EXAME FÍSICO: SISTEMAS GASTRINTESTINAL E GENITURINÁRIO
Professora: Brígida Karla F. Anízio E-mail:
[email protected]
EXAME FÍSICO DO ABDOME PRÉ-REQUISITOS: Conhecimento de técnicas de inspeção, palpação, percussão, ausculta; conhecimento de anatomia e fisiologia do abdome. LEVANTAMENTO DE DADOS DURANTE A ENTREVISTA Sinais e sintomas Abdome: anorexia, emagrecimento, dor, polifagia, dispepsia, disfagia; Estômago: náuseas, vômitos, regurgitação, halitose, pirose, eructação, gastrite, úlcera, hematêmese, gastralgia; Fígado: Icterícia, intolerância a alimentos gordurosos; Intestinos: constipação, diarréia, meterorismo, tenesmo, enterorragia, acolia fecal, melena; Ânus: hemorróidas, fissura, fístula.
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Exame Físico de Abdome
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DIVISÃO DO ABDOME NAS 9 REGIÕES
Hipocôndrio Direito
Hipocôndrio Epigastro
Lateral Direita Inguinal Direita
Esquerdo Lateral
Mesogastro Hipogastro
Esquerda Inguinal Direita
Linhas imaginárias delimitando o abdome: 1 hipocôndrio, 2 flanco, 3 fossa ilíaca, 4 epigástrio, 5 mesogástrio, 6 hipogástrio. 03/05/2012
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EXAME FÍSICO ABDOMINAL
Sequência do exame:
1) Inspeção 2) Ausculta 3) Percussão 4) Palpação
INSPEÇÃO
O abdome é plano, apresentando ligeira depressão na parte superior e uma ligeira proeminência na inferior. Sua rede venosa superficial não é visível. A pulsação mediana supra umbilical da aorta abdominal é somente observada em indivíduos magros. Investiga-se: · Forma/volume · Abaulamento localizado · Característica da pele (SINAL DE TURNER) · Cicatriz umbilical (SINAL DE CULLEN) . Movimentos
Abdome flácido 03/05/2012
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Abdome plano 5
TIPOS DE ABDOME: • Plano: quando estiver horizontal e sem alterações; • Globoso: em pacientes que possuem a musculatura abdominal flácida ou excesso de gordura; • Escavado: côncavo aparentando afundar-se na parede muscular; • Batráquio: predomínio da largura quando o paciente mantem-se na posição dorsal por causa da pressão de líquidos sobre as paredes laterais do abdome (pode ser observado em pacientes com ascite em regressão; • Abdome em avental: encontrado em indivíduos com obesidade severa, em que o abdome cai como se fosse um avental.
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SINAL DE CULLEN Sinal caracterizado por equimoses na região periumbilical devido a hemorragia intraperitoneal; bem característico da pancreatite aguda.
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SINAL DE TURNER Refere-se a equimoses nos flancos, devido a hemorragia abdominal. Aparece em torno de 24 a 48 horas, podendo revelar pancreatite, ou até hemorragia intra-abdominal em pós operatório. 03/05/2012
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Hepatoesplenomegalia Ascite
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AUSCULTA
• Ambiente tranquilo • Permanência por 2 minutos
Recomenda-se executar a ausculta antes da palpação para evitar aumento involuntário do peristaltismo.
AUSCULTA Os ruídos intestinais ou hidroaéreos ocorrem em consequência dos movimentos peristálticos e do descolamento de ar e líquidos ao longo dos intestinos. Através do estetoscópio detectam-se os ruídos peristálticos em toda a extensão do abdome. Devese preceder a palpação e à percussão, pois estas podem alterar os sons intestinais. Parâmetro normal: Os ruídos intestinais são audíveis no mínimo um a cada dois minutos como resultado da interação do peristaltismo com os líquidos e gases. Problemas de enfermagem: Borborígono: oclusão intestinal por verminoses, tumor; Íleo paralítico: pós-operatório de cirurgias abdominais, peritonite. Exame: Usar o estetoscópio com o diafragma previamente aquecido. Iniciar a ausculta pelo QID fazendo uma leve pressão e identificando a presença e a qualidade dos ruídos intestinais. Ruídos hidroaéreos presentes: avaliar a frequencia irregular (5 a 35 por minuto); intensidade e característica do som normal (gargarejo ou borbulhas), podendo ser Hipoativo (pós-operatório de cirurgias abdominais, íleo paralítico, isquemia de cólon, obstrução intestinal avançada); Hiperativos (ruídos altos, em gargarejo ou tinidos – refletem hipermotilidade e acompanhado quadros de diarréia, uso de laxantes ou na fase inicial de obstrução intestinal). 03/05/2012
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SONS DETERMINADOS NA AUSCULTA: RHA Normais: quando auscultados entre 5 a 20 segundos; Hipoativos: quando auscultado a cada 2 minutos; Hiperativos: quando auscultados 6 ou mais sons em menos de 30 segundos; Ausentes: quando não é auscultado nenhum som em pelo menos 2 minutos.
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PERCUSSÃO
• Técnica • Sequência
• O que é esperado
PERCUSSÃO
. Avaliação da presença e distribuição de gases, líquidos e massas; . Iniciar pelo QID; . Características dos sons: Timpânico: sons claros, timbre baixo, semelhante a batida de tambor devido a presença de gás das vísceras ocas do TGI; Macicez ou submacicez: sons breves, com timbre alto de macicez ou submacicez, são percebidos sobre órgãos sólidos como o fígado, o baço ou sobre vísceras preenchidas por líquidos ou fezes.
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Exame Físico de Abdome Percussão do abdome
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Medição do fígado- HEPATIMETRIA Percussão
Claro pulmonar
Maciço
Timpânico
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Percussão dígito-digital intensamente dolorosa, localizada e circunscrita consiste o Sinal de Torres-Homem, característico de abscesso hepático.
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MANOBRA DO PIPAROTE – Percussão – Pesquisa de Ascite Paciente interna no POM 1° andar do HUOC. Transplantada de fígado por hepatite autoimune. Presença de ascite mesmo após paracentese.
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Ascite
Sinal de Jobert - Percussão A presença de timpanismo na região da linha hemiclavicular direita onde normalmente se encontra macicez hepática, caracteriza pneumoperitônio (presença de ar na cavidade abdominal).
T6-T12
PALPAÇÃO Antes de realizá-la deve-se prestar atenção aos seguintes pontos: Observar se há dor; fazer inicialmente palpação superficial; aproveitar a fase inspiratória para aprofundar mais a palpação; distrair a atenção do cliente, para relaxá-lo; observar suas reações; verificar sensibilidade, mobilidade, consistência dos órgãos; sempre observar uma ordem a palpar. Palpação superficial Parede abdominal: observa-se: espessura, turgor. Pode estar aumentada (edema, adiposidade), diminuída (desnutrição, desidratação), flácida (aumentos repetidos do abdome); tensão da parede; soluções de continuidade da parede: hérnias, abaulamentos da parede; sensibilidade. ATENÇÃO!
SINAL DE SISTER MARY JOSEPH 03/05/2012
Palpação superficial
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PALPAÇÃO PROFUNDA É empregada para palpar as vísceras, massas ou tumores. Se encontrar tumores verificar a localização, volume, forma (malignos são irregulares e os benignos são mais regulares), consistência (malignos são mais duros), sensibilidade (malignos são geralmente indolores), mobilidade (malignos são geralmente fixos). Deve ser realizada a manobra de compressão e descompressão brusca: o profissional aplica a palpação profunda para pressionar com a mão a área a ser examinada e para rapidamente. O teste é positivo se houver dor. CB+ (durante a compressão brusca o paciente sente dor); CB - (durante a compressão brusca o paciente não sente dor); DB+ (durante a descompressão brusca o paciente sente dor), pode-se denominar Blumberg + DB - (durante a descompressão brusca o paciente não sente dor);
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Descompressão brusca x Sinal de Blumberg
Presença de peritonite provoca dor tanto à compressão quanto à descompressão podendo ser, por vezes, mais desconfortável à descompressão.
FÍGADO Palpação profunda: Deve-se permanecer á direita do tórax do paciente com o dorso voltado para sua cabeceira. Colocar as maõs paralelas com os dedos fletidos em garras, desde a linha axilar anterior, deslizando cuidadosamente do hipocôndrio direito até o hipocôndrio esquerdo solicita-se ao cliente que respire profundamente, pois nesta fase, devido ao impulso diafragmático, o fígado desce facilitando a palpação da borda hepática. Padrão normal: Pode ou não ser palpável, é macio, tem superfície lisa e borda fina. O seu limite inferior não excede a dois ou três dedos transversos abaixo do rebordo costal. Problemas de enfermagem: Não palpável: cirrose hepática (hipertrofia do fígado); Palpável: hepatopatias.
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Técnica de Lemos-Torres
Técnica de Mathieu
BAÇO
Palpação profunda e percussão: Posicione o cliente em decúbito lateral D, mantenha-se a esquerda com o dorso voltado para a cabeceira da cama. Com as mãos paralelas fletidas em garra, deslize-as desde a linha axilar média E, hipocôndrio E, até o epigástrio. Este órgão somente é palpável nas esplenomegalias. No entanto percussão digito-digital pode ser percebida na borda superior do baço, inclusive nos pequenos aumentos de volume. Parâmetro normal: O baço é de consistência mole, contorno liso, triangular, e acompanha a concavidade do diafragma. Problemas de enfermagem: Consistência mole e dolorosa: infecções agudas; consistência dura e pouco dolorosa: esquistossomose, cirrose hepática, leucemias.
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INTESTINOS
Palpação profunda: Somente o seco e o sigmóide são palpáveis, por se localizarem sobre o músculo psoas. Posicione a direita do cliente com as mãos paralelas fletidas em garra. Na expiração, penetrar com as mãos ao nível da cicatriz umbilical até o músculo psoas. Deslizar as mãos obliquamente em direção a região inguinal D. Caso o cliente se queixe de dor após esta manobra, poderá apresentar sinal
de
Blumberg positivo, sugerindo inflamação do apêndice vermiforme. Repita novamente no lado E para palpação do sigmóide, indicando presença de fecaloma. Parâmetros normais: O ceco possui forma de pêra, e é móvel. O apêndice vermiforme está funcionando a base do ceco, não sendo possível sua palpação. Problemas de enfermagem:dor na região inguinal D pode sugerir apendicite. O sigmóide está no nível da crista ilíaca, curva-se para trás continuando como reto, onde as fezes ficam acumuladas até a defecção. Problemas de enfermagem: enterite, constipação, oclusão intestinal.
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PÂNCREAS • Propedêutica limitadíssima; • Sinal de Grey-Turner e Sinal de Cullen
VESÍCULA BILIAR
• Palpável quando há grande aumento de volume • Sinal de Murphy
RINS
INSPEÇÃO Paciente sentado ou em pé. Observa-se aspecto, saliência e simetria em flancos e fossas ilíacas.
PERCUSSÃO Paciente sentado ou em pé. Na pesquisa de dor renal, percutir a região lombar com a borda da mão cubital com a mão espalmada, a partir da região torácica até a baixo da área de projeção renal, assim como nas regiões laterais a esta área.
ATENÇÃO!
SINAL DE GIORDANO
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Exame Físico de Abdome da região lombar
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PALPAÇÃO
Palpação bimanual do rim esquerdo.
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Exame Físico de Abdome Inspeção, palpação e percussão da bexiga
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RETO E ÂNUS Ao final do exame abdominal avaliam-se reto e ânus, por meio dos procedimentos de inspeção e palpação, a fim de detectar a presença de edemas, ulcerações, abcessos, hemorróideas, entre outros.
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SINAIS QUE PODEM SER ENCONTRADOS NO EXAME DO ABDOME:
Sinal de Grey-Turner Sinal de Cullen Sinal de Sister Mary Josehp Sinal do Piparote Sinal de Blumberg Sinal de Giordano Sinal de Rosving Sinal de Murphy Sinal de Torres-Homem Sinal de Jobert 03/05/2012
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Sinal de Grey-Turner: Refere-se a equimoses nos flancos, devido a hemorragia abdominal. Aparece em torno de 24 a 48 horas, podendo revelar pancreatite, ou até hemorragia intra-abdominal em pós operatório;
Sinal de Cullen: Sinal caracterizado por equimoses na região periumbilical devido a hemorragia intraperitoneal; bem característico da pancreatite aguda;
Sinal de Sister Mary Josehp: Sinal caracterizado pela palpação de linfonódulos na região do mesogastro podendo indicar metástase de pâncreas, evidenciado através da palpação superficial;
Sinal do Piparote: Revela a presenta de ascite; Sinal de Blumberg: Durante a descompressão brusca do abdome o paciente sente dor;
Sinal de Giordano: Revela a presença de dor na percussão renal podendo indicar alterações renais;
Sinal de Rosving: Identificado por meio da palpação profunda e contínua na região do QIE, o qual produz dor irradiada intensa no QID. Quando + esse sinal pode evidenciar quadros de apendicite aguda; 52
Sinal de Murphy: é pesquisado por meio da palpação do hipocôndrio direito, a presença de algia durante a palpação evidencia quadros de colecistite;
Sinal de Torres-Homem: A borda inferior do fígado fica palpável a 4cm do rebordo costal durante a inspiração; percussão digito-digital dolorosa indicativo de abcesso hepático;
Sinal de Jobert: A presença de timpanismo na região da linha hemiclavicular direita onde normalmente se encontra macicez hepática, caracteriza pneumoperitônio.
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EXAME FÍSICO: APARELHO GENITURINÁRIO Genitália feminina: compreendem a vulva, formados pelos grandes lábios, pequenos lábios, clitóris, meato da uretra, intróito vaginal, hímen, glândulas e ducto de Bartolini, períneo, vagina, útero e os anexos (tuba uterina, ligamentos e ovários). O exame físico é realizado inspeção, palpação, percussão e ausculta. A cliente deve ser colocada em posição ginecológica.
INSPEÇÃO Observa a morfologia, à presença ou não de lesões e a distribuição de pêlos. A inspeção do orifício vaginal é realizada tracionando os grandes e pequenos lábios para baixo e para trás e separando no sentido lateral. Observam-se, então, a colocação, a presença e hiperemia. Problemas: cistocele, corrimento vaginal e prolapso uterino.
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Inspeção
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EXAME FÍSICO DA GENITÁLIA MASCULINA Genitália masculina: compreende o pênis, bolsa escrotal, testículos, epidídimos, o cordão espermático, a próstata e as vesículas seminais. A uretra é uma estrutura comum aos aparelhos urinário e genitla. Devem-se avaliar as regiões inguinais, linfonodos, região perineal e pélvica. É utilizada a inespeção, palpação e transluminação. O cliente pode estar de pé ou decúbito dorsal horizontal.
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AVALIAÇÃO DO GLOBO VESICAL Para avaliar o globo vesical realizam-se inspeção, palpação e percussão. A inspeção verifica-se abaulamentos e lesões na região supra-púbica. O globo vesical não é palpável quando se apresenta vazio, quando está cheio deve ser palpado suavemente durante o movimento expiratório, em toda sua extensão para delimitar o seu tamanho. A percussão deverá ser realizada a 5cm de distância da sínfise púbica, o som gerado nesse região geralmente é timpânico, o que torna, o que torna a presença de som maciço uma evidência de distensão do globo vesical ou presença de ascite.
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“Nunca desista dos seus sonhos”
Até a próxima aula!!!
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REFERÊNCIAS BARROS, Alba Bottura Leite. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no adulto Porto Alegre: Artmed, 2002. POTTER, Patrícia A; PERRY, Anne G. POTTER E PERRY: Fundamentos de Enfermagem. 7ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. PORTO, Celmo Celeno. Exame Clínico: bases para a prática médica. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
POSSO, Maria Belém Salazar. Semiologia e semiotécnica de enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2004. VIANA, Dirce Laplaca; PETENUSSO, Marcio. Manual para realização do exame físico. São Caetano do Sul, SP: Yendis editora, 2010.