TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO I
autora ELISABETE SHINEIDR
1ª edição SESES rio de janeiro 2016
TÉCNICAS DE EXAME PSICOLÓGICO I
autora ELISABETE SHINEIDR
1ª edição SESES rio de janeiro 2016
Conselho editorial
sergio augusto cabral, roberto roberto paes e paola gil de almeida
Autora do original
elisabete shineidr
Projeto editorial
roberto paes
Coordenação de produção
paola gil de almeida, paula r. de a. machado e aline
karina rabello paulo vitor bastos
Projeto gráfico Diagramação
bfs media
Revisão linguística
bfs media
Revisão de conteúdo Imagem de capa
cristiane de carvalho carvalho guimarães
michaeljung | shutterstock.com
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) S555t Shineidr, Elisabete
Técnicas de exame psicológico I / Elisabete Shineidr. Rio de Janeiro: SESES, SESES, 2016. 152 p: il. isbn: 978-85-5548-396-7 978-85-5548-396-7 1. Avaliação. 2. Ética. 3. Testes. 4. Laudo. I. SESES. II. Estácio. cdd 150.74
Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário Prefácio
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1. Avaliar é preciso...
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1.1 Conceituação e importância da avaliação psicológica 1.1.1 Áreas de aplicação da avaliação psicológica 1.1.2 Critérios de uma avaliação 1.1.3 Os testes psicológicos 1.1.4 A história do surgimento dos testes
2. Métodos para coleta de informações 2.1 Os instrumentos utilizados na avaliação psicológica 2.1.1 A observação 2.1.3 A testagem 2.2 Os cuidados na utilização dos testes 2.2.2 Preocupação com a aplicação dos testes 2.3 O informe psicológico 2.3.1 Críticas atuais aos instrumentos de avaliação psicológica
3. Testes psicológicos 3.1 A avaliação objetiva da personalidade 3.2 Inteligência, aptidão e interesse 3.2.1 Medidas de inteligência 3.2.2 Medidas de interesses 3.2.3 Levantamento de opinião e escalas de atitude 3.2.4 Medidas de aptidões 3.3 A importância das habilidades sociais
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4. Dos conceitos matemáticos à análise e construção dos testes psicológicos: medir é preciso... 4.1 Introdução 4.2 Bases históricas da estatística 4.3 Resumo de dados 4.4 Medidas-resumo 4.5 Noções básicas de correlação como prova estatística 4.6 Teoria da medida em psicologia: a Psicometria 4.7 Critérios para avaliação dos testes psicológicos 4.7.2 Fidedignidade 4.8 Breve introdução à análise fatorial: definição e finalidade 4.9 Etapas para a construção de testes psicológicos 4.10 Conclusão
5. Princípios éticos na avaliação psicológica 5.1 Ética e a formação 5.1.1 Competência 5.1.2 Integridade 5.1.3 Responsabilidade 5.1.4 Respeito à dignidade das pessoas 5.1.5 Preocupação com o bem-estar alheio 5.1.6 A responsabilidade social 5.2 Guia ético para avaliação psicológica 5.2.1 Seleção dos testes 5.2.3 Correção e interpretação 5.3 Os direitos dos testandos 5.4 Privacidade, confidencialidade e resultados
97 98 100 102 105 109 111 114 117 121 122 124
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Prefácio Prezados(as) alunos(as), O Projeto Livro Didático Estácio objetiva fornecer aos alunos da instituição um material didático que sirva de apoio e consagre o conteúdo programático dos Planos de Ensino que constam do Projeto Pedagógico da universidade, que é de âmbito nacional. O livro didático de Técnicas e Exame Psicológico I (TEP-I) foi elaborado com o objetivo de levar o aluno à compreensão dos principais conceitos que envol vem a avaliação e a testagem psicológica. psicológica. Para tanto, buscamos esclarecer fatos e acontecimentos importantes da Psicologia quanto à avaliação psicológica, contextualizando-os no momento histórico desde seu surgimento e suas implicações no momento atual. Nossa intenção é iniciar nossos alunos na prática para atuação diretamente com os testes psicológicos para fins de avaliação psicológica ou psicodiagnóstico. Lembramos que este livro didático é apenas a base, o início para despertar o interesse do aluno sobre a temática e, por isso, indicaremos leituras diversas que contemplem o assunto, certos de que ele possa enriquecer seu conhecimento no contexto específico da testagem. A Psicologia é uma área muito vasta, a avaliação psicológica permeia basicamente todas as áreas área s da Psicologia e, por isso, não tencionamos esgotar o assunto, apenas iniciar nossos futuros psicólogos em seus primeiros passos rumo ao conhecimento dos métodos utilizados para esse fim. Nossa intenção é desenvolver no aluno de Psicologia as habilidades para realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos e grupos, através da escolha de instrumentos pertinentes ao objetivo proposto. Para tanto, no primeiro capítulo conceituamos a avaliação psicológica ressaltando sua importância desde o surgimento dos primeiros testes psicológicos, os critérios e as diversas áreas de aplicação de uma avaliação. Com a intenção de inserir o aluno no contexto da aplicabilidade dos instrumentos, o segundo capítulo revela os métodos utilizados para fins de avaliação, os cuidados na utilização da testagem, os testes comercializados no Brasil e a interpretação dos resultados que culmina no informe psicológico. O capítulo se encerra com as críticas atuais ao modelo utilizado para fins de avaliação e aos testes psicológicos de maneira geral.
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O capítulo três tem foco especificamente nas medidas objetivas de personalidade, inteligência, aptidão e interesse. Os instrumentos de autorrelato, as dificuldades para conceituação e mensuração dos vários tipos de inteligência e a importância da avaliação das habilidades sociais na atualidade. Por conhecer a dificuldade dos alunos de Psicologia em compreender as relações entre os números e a mensuração na nossa área, tivemos o cuidado de abordar no capítulo quatro uma base sobre conceitos estatísticos que envolvem a testagem, tendo a preocupação em transformar o assunto, que é complexo, para uma linguagem acessível sem que isso possa afetar o conteúdo conceitual, permitindo uma leitura mais agradável e menos cansativa. Para finalizar, inserimos no capítulo cinco os princípios éticos pertinentes à avaliação psicológica, abordando desde a ética quanto à formação de profissionais competentes para atuação na área até o sentido de responsabilidade social inserido na atuação do profissional de psicologia. Na segunda parte deste capítulo, procuramos desenvolver um guia ético para a seleção, administração e apuração dos resultados, sempre de acordo com os preceitos da ética. O tempo inteiro estaremos envolvendo os conceitos apresentados em uma reflexão ética em respeito às normas que garantem a adequação do trabalho do profissional de Psicologia e dentro dos padrões técnicos necessários. Que esta leitura possa contribuir com a excelência na formação de vocês. Bons estudos!
1 Avaliar é preciso... Por Elisabete Shineidr1
1 Elisabete Shineidr é mestre em Psicologia Social, foi coordenadora do curso de Psicologia nos campi Ilha do Governador e Sulacap; atualmente coordena a CPA do campus Sulacap e a Clínica Social (SPA) do campus R-9; é coordenadora e professora da pós-graduação em Psicologia do Trânsito Norte e Nordeste e professora na graduação de Psicologia e no MBA de Gestão de Pessoas.
1. Avaliar é preciso... 1.1 Conceituação e importância da avaliação psicológica Caro aluno, a avaliação psicológica é um dos principais temas na formação do psicólogo, pois ela está presente implícita ou explicitamente em quase todas as áreas da Psicologia. Este capítulo foi preparado para que você possa apreender os conceitos que envolvem a avaliação psicológica, sua história e os métodos para coleta das informações necessárias para fins de avaliação.
OBJETIVOS •
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Compreender o que é uma avaliação e por que é tão importante avaliar; Refletir sobre aspectos que permeiam a eficácia do processo; Reconhecer a evolução da atuação do psicólogo em vários contextos que utilizam a avaliação psicológica; Reconhecer a importância dos testes como instrumentos de avaliação
Bem, quando precisamos tomar alguma decisão importante sobre alguma coisa, precisamos colher informações criteriosas sobre ela para podermos compreendê-la e obter os critérios necessários para tomada de decisão.
EXEMPLO Quando compramos um imóvel, visitamos o local, observamos todos os elementos para avaliarmos se a estrutura dele é firme. Procuramos as principais características positivas e negativas para só depois decidirmos se está a contento para as nossas necessidades.
CONCEITO Os dicionários definem o termo “teste” como “exame ou prova para determinar qualidade, natureza ou comportamento de algo. Observação ou avaliação crítica”.
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Podemos entender os testes psicológicos como instrumentos utilizados para avaliar algumas características de uma pessoa. O aluno crítico pode se perguntar: “Será que qualquer pessoa pode aplicar um teste e fazer uma avaliação? Será que podemos utilizar os testes que estão nas revistas e na internet para este fim?” São muitos os questionamentos, e as respostas virão no decorrer destas páginas. Primeiro, vamos fazer uma pequena distinção: diferenciar a avaliação profissional da avaliação não profissional. Segundo Pasquali (2001), a avaliação não profissional é aquela avaliação que fazemos no cotidiano ao interpretar o comportamento dos outros. Ou seja, a partir da decodificação do comportamento verbal e não verbal relacionando -os dentro de categorias de como as pessoas devam se comportar. Assim, “achamos” alguma coisa a respeito de algo ou alguém e já interpretamos conforme aquilo que acreditamos. Pasquali (2001) ressalta que essa habilidade é importante para nossa sobrevivência.
EXEMPLO Minha residência fica em uma rua que sofre assaltos constantes. Ao chegar nas proximidades, vejo uma pessoa apressada se aproximando com uma das mãos no bolso. O que faço agora? Saio correndo, porque acredito que aquela pessoa vem me assaltar, certo? Errado. Ela me achou confiável e resolveu tirar do bolso o endereço para perguntar onde fica a rua que procurava. A pessoa, que veio do interior do Estado, estava com receio de perguntar a qualquer um e ser assaltada.
Já a avaliação profissional, na área da psicologia, não há “achismo2 ”. Saímos do senso comum e vamos ao encontro da ciência. O psicólogo deve estar embasado nos seus métodos, que são técnico-científicos para coleta de informações. Pasquali esclarece que: Na Avaliação Profissional, são as avaliações mais formais, elas são confiáveis porque têm base em instrumentos e procedimentos adequados. Com a diversificação das 2 Achismo (gíria): Tendência em avaliar as situações segundo as próprias opiniões ou intenções, muitas vezes sem justificação. capítulo 1 •
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necessidades e das tecnologias de avaliação, tornou-se necessária a existência de um perito na área: o psicólogo. Assim, a avaliação passou a ser uma habilidade primordial do profissional psicólogo. (PASQUALI,2001, p.15).
CONCEITO Avaliação,
em Psicologia, refere-se à coleta e interpretação de informações psicológicas, resultantes de um conjunto de procedimentos confiáveis que permitam ao Psicólogo avaliar o comportamento. Aplica-se ao estudo de casos individuais ou de grupos ou situações. (Resolução CFP N.º 012/00, 2000, que institui o Manual para Avaliação Psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação e condutores de veículos automotores).
CONSIDERAÇÕES Para o CFP, é um processo técnico-científico de coleta de dados: A avaliação psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas – métodos, técnicas e instrumentos. Os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão do processo de avaliação psicológica (Resolução CFP N.º 007/2003).
Agora que você compreende a diferença entre a avaliação profissional e a avaliação não profissional, vamos refletir sobre a distinção entre avaliação psicológica e teste psicológico. A avaliação psicológica, como evidenciado anteriormente, refere-se a um processo técnico e científico para coleta de dados em que serão utilizados os métodos e instrumentos adequados para a compreensão daquilo que se investiga. Mais adiante, abordaremos cada um dos métodos utilizados para coleta das informações. Os testes psicológicos são os instrumentos utilizados para esse fim. Sendo assim, a avaliação é um processo, e os testes são os instrumentos. São vários os tipos de testes utilizados para fins
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de avaliação psicológica. Nos próximos capítulos, você conhecerá os tipos de testes e os mais utilizados. Devido aos inúmeros questionamentos acerca da utilização da testagem, o CFP editou uma resolução que define o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos. Para evitar uma utilização equivocada, o psicólogo deve orientar-se diante do Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (SATEPSI), que descreve os testes devidamente regulamentados, denominando sua recomendação em diferentes áreas da Psicologia. Cabe ao psicólogo utilizar somente os testes incluídos na lista dos aprovados e cumprir a resolução que rege o código de ética da sua profissão. No senso comum, percebemos uma grande preocupação com a utilização dos testes, posto que se compreende sua utilização como prova cujo resultado vai ser decisivo para a tomada de decisões sobre a vida daquele sujeito. Nosso interesse, aqui, para além da apresentação dos testes e sua utilização, é também o de promover uma compreensão que possa remover as ideias pessimistas e ameaçadoras sobre a utilização da testagem em Psicologia. Tal preocupação parece justa, porém a validade do instrumento utilizado, que é garantida pelos estudos na construção do próprio teste, também está relacionada à competência do profissional no que se refere tanto à escolha do instrumento quanto à sua aplicação.
EXEMPLO Um teste de inteligência construído e aprovado para avaliação da inteligência em adultos, quando aplicado em crianças, perde todo o sentido e perde também a validade.
REFLEXÃO A utilização de um único teste seria adequado ou suficiente para fins de apreender e compreender as características do sujeito em um processo de avaliação psicológica?
Nesse sentido, um teste pode ser bom, ter as propriedades psicométricas básicas com garantias de alto grau de confiabilidade, mas, quando utilizado indevidamente, pode perder sua validade.
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Chamamos a atenção para o fato de que um teste é válido quando aplicado na população adequada, caso contrário será um enorme prejuízo para o sujeito que passou pelo processo de avaliação. Como podemos confiar nos resultados de um teste? Como podemos saber se o teste está medindo, de fato, aquilo que ele disse que iria medir? Todo psicólogo deve ter noções dos parâmetros psicométricos dos instrumentos de medida. No capítulo 3 deste livro, você terá acesso à estatística básica e compreenderá melhor os conceitos a seguir, que visam dar cientificidade, legitimando a utilização da testagem com propósitos de avaliação.
CONCEITO se refere ao grau de precisão do instrumento. Devemos verificar se ele tem consistência interna que garanta certeza de que seu resultado seja confiável. É confiável o instrumento que não apresenta erros. Como nosso fenômeno é muito subjetivo e nossos instrumentos não conseguem mensurar diretamente. Quanto menor a margem de erro mais confiável. Validade se refere à capacidade do instrumento de medir o traço, a característica que informa medir. Não podemos confundir com a chamada “validade aparente”, ou seja, o teste se apresenta como teste de personalidade, mas na realidade mensura características que não correspondem ao conceito de personalidade. Portanto, não podemos confiar no “nome” do teste; devemos buscar no manual seu referencial teórico e suas propriedades psicométricas: validade e fidedignidade. Fidedignidade
CURIOSIDADE Você sabia que as propriedades psicométricas são temas que estão sempre em provas de concurso público? Vale a pena estudar!
Para Pasquali (2007), quem garante a qualidade da medida é a qualidade do instrumento. E a validade do instrumento diz respeito exclusivamente à pertinência do instrumento em relação ao objeto que se quer medir.
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Da garantia da competência do instrumento já falamos anteriormente. Fica ao encargo do CFP que: (...) instituiu em 2003 o Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (Satepsi) como uma de suas ações permanentes para qualificar os métodos e as técnicas empregados no processo de avaliação psicológica. Nesse processo reuniu um conjunto de profissionais da área que contribuíram com produções teóricas e metodológicas sobre essa prática privativa do psicólogo brasileiro. A Resolução CFP nº 002/2003, produto dos trabalhos da Comissão instaurada no período de 2002 a 2004, orientou as ações desenvolvidas na gestão de 2005 a 2007 e 2008 a 2010. Foi um marco no avanço da qualidade dos instrumentos utilizados na avaliação psicológica, bem como na construção de políticas comprometidas com o rigor científico e ético. (CFP,2010, p.11).
ESTUDO DE CASO O aluno deve acessar o SATEPSI em e identificar um teste favorável e um teste desfavorável e descobrir o porquê do parecer.
Os alunos de Psicologia devem se capacitar para: Reconhecer o tipo de instrumento adequado aos seus objetivos psicológicos; Aplicar adequadamente, cumprindo as instruções contidas no manual; Apurar com cautela os resultados; Interpretar de maneira correta todo material resultante da testagem, levando em consideração os outros métodos utilizados, como a observação e a entrevista. •
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Para o CFP (2010): A avaliação psicológica é um processo de construção de conhecimentos acerca de aspectos psicológicos, com a finalidade de produzir, orientar, monitorar e encaminhar ações e intervenções sobre a pessoa avaliada, e, portanto, requer cuidados no plane jamento, na análise e na síntese dos resultados obtidos. (CFP 2010, p.16) .
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O CFP chama a atenção para o fato de que não basta esclarecer a sociedade sobre a importância da avaliação psicológica. Mais do que isso, é importante tornar sua utilização mais pautada à promoção de visibilidade ao sujeito como um todo do que à patologia, tornando-a mais coerente aos objetivos do psicólogo. Assim, ao dar respostas às necessidades do entrevistado/avaliado, nosso trabalho será reconhecido como fundamental nas diversas áreas de atuação. Para que isso ocorra, porém, é preciso que se façam investimentos tanto na qualificação dos profissionais da área que fazem uso dos testes psicológicos como instrumentos de avaliação quanto no processo de formação do psicólogo (CFP,2010). Ainda com relação à discussão sobre o ensino da Avaliação Psicológica, Alchieri e Noronha (2005) reforçam a necessidade de conhecer melhor os instrumentos disponíveis no Brasil, sendo indispensável aprimorar a formação em psicologia, especialmente em avaliação psicológica.
ATENÇÃO Para o CRP, a avaliação psicológica é uma função privativa do psicólogo e, como tal, se encontra definida na Lei nº 4.119 de 27 de agosto de 1962 (alínea a, do parágrafo 1º do artigo 13).
CURIOSIDADE No dia 27 de agosto é comemorado o dia do Psicólogo.
ATIVIDADE O aluno deve fazer busca no site do CFP e consultar o Manual de Avaliação psicológica: diretrizes na regulamentação da profissão, identificar a conceituação de instrumento e formular a diferenciação entre método e técnica de avaliação psicológica.
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1.1.1 Áreas de aplicação da avaliação psicológica Vamos, então, conhecer as áreas mais comuns para utilização da avaliação psicológica.
PROCESSOS SELETIVOS
Para verificar se um candidato está apto para determinada função em uma empresa;
ORIENTAÇÃO VOCACIONAL
Possibilitar ao sujeito a percepção de suas habilidades e assim reduzir seu grau de ansiedade afim de auxiliar sua tomada de decisão quanto à escolha profissional;
REORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Permitindo àqueles que já estão em uma carreira profissional insatisfeitos encontrar suas habilidades e abrir seu leque de possibilidades para que, de forma consciente, possa utilizar todo o seu potencial;
PORTE DE ARMAS
Além de exigido por lei, estabelece critérios do perfil psicológico do indivíduo, aferindo-se a uma estrutura de personalidade que o torna apto ou não à obtenção do porte de armas;
CONCURSOS PÚBLICOS
Visando verificar características comportamentais e equilíbrio emocional ideal com a sua formação e o exercício da profissão;
PERÍCIAS JUDICIAIS
Como meio de demonstrar evidências, reconhecer e demonstrar registros psicológicos com veracidade dos fatos, procedidos de alterações que podem ser perceptivas, cognitivas e afetivas.
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CIRURGIAS PLÁSTICA E BARIÁTRICA
Em conjunto com uma equipe multiprofissional, o sujeito passa por uma avaliação para melhor adesão ao tratamento.
CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO (CNH)
São utilizados diversos testes para verificar as condições do candidato, avaliando se ele está apto a um desempenho adequado no trânsito.
ACOMPANHAMENTO CLÍNICO / ESCOLAR
Para fins de coleta de informações relevantes para intervenções.
1.1.2 Critérios de uma avaliação De acordo com Alchieri (2003): Podemos representar a avaliação psicológica como sendo resultante de três critérios ou aspectos interdependentes, a saber: a medida, o instrumento e o processo de avaliação. Cada um deles possui uma representação teórica e metodológica própria e que concebe assim, de forma constitutiva, uma via própria de compreensão do seu objeto de investigação, denominado de fenômenos ou processos psicológicos. (Pág.24).
Cada um dos aspectos mencionados tem uma função distinta e pode ser feito de modo isolado, como informa Alchieri (2003), pois só será considerado um processo de avaliação psicológica quando resultante da combinação desses três aspectos isolados. MEDIDA
INSTRUMENTO
AVALIAÇÃO
A medida, que oferece um valor de magnitude ao objeto estudado, é a responsável por traduzir para a linguagem matemática a compreensão do fenômeno observado, portanto cedendo objetividade. Reconhecemos que a linguagem
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verbal é ambígua, e um fenômeno pode ser interpretado de muitas maneiras. Por isso, a medida nos garante um caráter de objetividade. Quando digo que dois mais dois são quatro, não há dúvida alguma de que está certo, porque a linguagem dos números me garante a objetividade. No entanto, quando utilizo a linguagem verbal para expressar aquilo que observo ou penso em um determinado momento, será que você escuta ou compreende exatamente o que eu quis dizer?
EXEMPLO Sugiro a você, caro leitor, que faça uma representação mental daquilo que estou falando: “Esta é uma casa pequena”. Imaginou? Você pode ter imaginado muitos móveis em um ambiente mínimo, poderá imaginar muitas pessoas ou poderá imaginar um ambiente grande, porém muito conturbado por coisas e pessoas. Decerto, poderia mesmo ter sido isso a que estou me referindo, mas não é! Estava fazendo referência à casa do botão da minha calça, ao qual estava segurando, que está apertada, e, por isso, o botão não entra.
O fato de realizar operações científicas para estudar fenômenos e processos psicológicos supõe que uma das maneiras mais objetivas de observar e avaliar é através da medida (Alchieri, 2003). Podemos considerar como instrumento todo recurso usado para fins de coleta de informações, como testes, dinâmicas de grupo, entrevistas, questionários. Para Alchieri (2003), na investigação psicológica, os instrumentos são os testes que podem representar pela medida uma determinada ação que equivale a um comportamento, e assim, indiretamente, mensurar esse aspecto comportamental. A avaliação psicológica em si, conforme já evidenciado, é um processo que se refere à coleta e interpretação de informações psicológicas, resultantes de um conjunto de procedimentos confiáveis que permitam ao psicólogo avaliar o comportamento. Portanto, diz respeito a uma preocupação não só com a medida ou o instrumento a ser utilizado, mas com a habilidade e a competência do profissional de psicologia para sua correta utilização. Esse assunto será amplamente discutido mais adiante. capítulo 1 •
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1.1.3 Os testes psicológicos Os testes servem para fornecer informações sobre os indivíduos para a tomada de alguma decisão com respeito a estes. Eles visam apresentar dados confiáveis para alguma intervenção. Seu valor preditivo vai depender do grau em que ele serve de indicador de uma área do comportamento. Cronbach (1996) afirma que um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas. Para Pasquali (2001), o teste é um conjunto de comportamentos que querem expressar, em termos físicos, traços latentes, isto é, processos mentais, e não outros comportamentos. O fato é que um teste psicológico é uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de comportamento (Anastasi,2000). O Conselho Federal de Psicologia (2013) faz a distinção entre Avaliação Psicológica e Teste Psicológico: A avaliação psicológica é um processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de diversas fontes, dentre elas, testes, entrevistas, observações e análise de documentos, enquanto que a testagem psicológica pode ser considerada um processo diferente, cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferentes tipos. (CFP,2013, p.8).
Como o comportamento humano ocorre nas mais variadas situações, por razões e objetivos diferentes, os testes também deverão ter objetivos diferenciados: um teste pode ser apropriado para uma situação e menos apropriado para outra. Os testes psicológicos são caracterizados por um conjunto de tarefas ou problemas que o sujeito deve resolver ou responder em uma situação sistematizada. Os testes são construídos com rigor absoluto para que seus itens possam expressar a representação comportamental de um traço latente3 . Quando um teste é construído, passa por uma série de etapas para que, na sua forma final, seus itens possam realmente expressar aquela característica que ele informa medir. 3 Traços latentes podem ser considerados habilidades, traços ou construtos psicológicos não observáveis, subjacentes ao comportamento observável dos indivíduos, demonstrados por suas respostas aos itens do teste (Urbina, 2007).
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CURIOSIDADE Você sabia que o Conselho Federal de Psicologia lançou, em 2013, uma cartilha de avaliação psicológica? Você pode baixar o arquivo através do site: .
CONCEITO Testes psicométricos são
aqueles cujos resultados são valores numéricos, por isso são objetivos. Ou seja, o resultado é um número que vai nos dizer algo a respeito daquela pessoa avaliada. Mas como assim? O número fala? Sim, mas, para compreender sua linguagem, precisamos entender um pouco sobre suas propriedades. No capítulo sobre a estatística básica, você vai compreender melhor como entender a linguagem numérica. Os testes psicométricos têm ênfase na padronização e parâmetros que garantam a veracidade e a precisão dos resultados obtidos. Em geral são utilizados para a medida da capacidade geral, aptidões específicas, atitudes e interesses, além de inventários de personalidade. Testes projetivos são aqueles que têm análise qualitativa. O sujeito recebe uma tarefa não estruturada ou pouco estruturada. O estímulo incompleto favorece a projeção de sua experiência interna, distorce o estímulo e, por fim, a interpreta. Portanto, não é um número que me fala alguma coisa sobre o sujeito avaliado. As respostas podem variar de sujeito para sujeito. Então, como podemos obter o diagnóstico? A partir da constância das respostas apresentadas. Um exemplo de teste projetivo é aquele em que nos é solicitado desenhar uma casa, uma árvore, uma pessoa.
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CURIOSIDADE Você vai aprender a trabalhar com os testes projetivos em Técnicas e Exames Psicológicos II.
Nos testes psicométricos, as tarefas são apresentadas ao sujeito, e suas respostas são transformadas em números com determinado grau de magnitude e depois comparadas aos resultados nas tabelas estatísticas que permitem situar o comportamento do indivíduo testado às respostas da população amostral, que é o grupo de referência.
CONCEITO Uma amostra é uma seleção de elementos de uma população. Devemos estar seguros de que sabemos qual é a população estudada e escolher a amostra desta população.
Já nos testes projetivos, o sujeito recebe uma tarefa pouco estruturada, sem formas muito claras. No processo entre perceber e interpretar o estímulo recebido, devido à sua falta de clareza, o sujeito que sente necessidade de fechar a Gestalt4 projeta algo que é seu. Ao projetar algo seu àquela imagem, ela é distorcida e, quando interpretada, já está carregada de informações daquele sujeito.
EXEMPLO Quando questionados sobre o que está desenhado na figura, muitos poderão responder prontamente: é um triângulo. Porém, o que temos aqui são três retas que se encontram em duas extremidades.
4 Gestalt é um princípio psicológico segundo o qual não percebemos jamais senão conjuntos de elementos. (Japiassu, 2001).
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RESUMO A psicologia da Gestalt surgiu com Max Wertheimer. É uma doutrina que defende a ideia de que, para compreender as partes, é preciso, antes, compreender o todo. Entre as principais leis anunciadas pela corrente da Gestalt está a do fechamento, que esclarece que a mente acrescenta os elementos em falta para completar uma figura. Leia mais sobre os conceitos da Gestalt.
1.1.4 A história do surgimento dos testes A partir de agora vamos encaminhá-lo para uma breve viagem no tempo com a intenção de tornar mais evidente a história da testagem em Psicologia. Para tanto, vamos apresentar um quadro que pretende situar o surgimento dos testes. Antes, porém, vamos falar sobre a medida em Psicologia, assunto que parece sempre muito difícil para o aluno da psicologia e a maioria dos cientistas sociais. Vamos começar pelo surgimento da Psicometria, que é uma área da Psicologia que pretende estudar o fenômeno psicológico, e seu objeto é o número. Sendo assim, nós a compreendemos como a área que estuda a medida em psicologia. Para Pasquali (2003), a Psicometria deve ser concebida como um ramo da psicologia que se caracteriza por expressar (observar) o fenômeno psicológico através do número, em vez da pura descrição verbal.
ATENÇÃO Não se preocupe, caro aluno! Pasquali (2003) informa que, para ser um bom psicometrista, você não necessita ser um exímio estatístico. Deve ser, sim, um exímio conhecedor da teoria psicológica!
As raízes da testagem estão perdidas na antiguidade. Existem repetidos relatos do sistema de exames no serviço civil utilizado no império chinês por aproximadamente dois mil anos (Bowman, 1989 in Anastasi & Urbina, 2000).
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Anastasi & Urbina (2000) chamam atenção de que as limitações, assim como as vantagens, que caracterizam os testes atuais se tornam mais inteligí veis quando comparadas ao background em que eles se originaram. Segundo Pasquali (2001), os testes, como os conhecemos hoje em dia, datam do início do século XX. Contudo, na história do desenvolvimento dos testes psicológicos, há uma série de cientistas que desempenharam um relevante papel. Para Urbina (2007), o uso mais básico de um teste é como ferramenta na tomada de decisões que envolvem pessoas. Para ela, antes do estabelecimento de sociedades urbanas, industriais e democráticas, havia pouca necessidade de que as pessoas tomassem decisões a respeito de outras e, mesmo assim, muito antes do século XX já existiam diversos precursores do que conhecemos hoje como testagem moderna. Pasquali (2001) observa o registro de obras importantes que representam a avaliação psicológica separadamente por décadas. Citaremos alguns desses autores, evidenciando sua relevância para a época.
a) Década de Galton – 1880 – Inglaterra Sir Francis Galton nasceu na Inglaterra, em uma grande família de um banqueiro. Afirmam Hergenhahn e Henley (2000, p. 266) que Galton apresentava genialidade: com instrução caseira aprendeu a ler e escrever aos 2 anos e meio, e com a idade de 5 anos já conseguia ler qualquer livro em língua inglesa. No entanto, ao ser enviado para a escola, acabou por experimentar uma série de violências físicas, como ser chicoteado por motivos “pedagógicos”, sermões di versos dos professores e conflitos com os colegas de classe. Aos 16 anos, começou seus estudos de medicina, porém nunca chegou a concluir o curso. Como possuía grande fortuna, dedicou-se a estudar e trabalhar naquilo que mais lhe interessasse no momento – o que o levou a grandes explorações da África e ao reconhecimento da Royal Geographic Society em 1853. Seu maior interesse versava nas medidas das coisas, o que, segundo Hergenhahn e Henley (2000), lhe rendeu uma série de estudos, alguns até engraçados, que apresentamos abaixo a título de curiosidade: •
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Em suas tentativas de medir e prever o tempo, inventou o mapa do tempo e foi o primeiro a utilizar termos como “frentes”, “altas”, “baixas”.
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Foi o primeiro a sugerir que as impressões digitais poderiam ser utilizadas como identificação pessoal de indivíduos – procedimento mais tarde utilizado pela Scotland Yard. Ele tentou determinar a efetividade da reza (e a considerou inefetiva). Ele tentou determinar qual país tinha as mulheres mais bonitas. Ele mediu o nível de tédio observado em palestras científicas. (HERGENHAHN, B. R; HENLEY, Tracy. An Introduction to the History of Psychology. 1º ed California: Wadsworth, 2000 p. 267). G R O . A I D E M I K I W
Francis Galton tinha, também, interesse pela avaliação das aptidões e desenvolveu meio para compreendê-las a partir de medidas sensoriais. Foi responsável pelo desenvolvimento de escalas de atitude e pelos métodos estatísticos dos dados coletados em seus estudos.
©
Francis Galton
Primo de Charles Darwin (1809-1882), recebeu grande influência de suas ideias. Confiava na teoria da seleção natural, acreditava que na luta pela sobrevivência os seres humanos menos valiosos desapareceriam e, assim, surgiu a ideologia de utilização da ciência para a melhoria da raça humana. Criou o termo “eugenia5”. Em sua tese, com base na hipótese da hereditariedade, um homem de grande capacidade teria filhos também extraordinários. Galton, na tentativa de verificar semelhanças e diferenças entre pessoas afins ou não, criou instrumentos de medida,tornando-se pioneiro na criação de escalas e questionários e o primeiro a se preocupar com a necessidade de padronização dos testes. (Erthal,2003, p.17). Francis Galton é apontado por autores como Bodeker (2005, p. 2) como o introdutor de uma abordagem psicométrica à criatividade e, embora seus testes não tivessem produzido resultados satisfatórios, para Pasquali (2001, pág.20) sua contribuição foi fundamental para o surgimento da teoria dos testes ou da Psicometria. 5 Apesar de o termo “eugenia” ter sido cunhado em 1883, Nancy Stepan explica que o livro Hereditary genius, publicado por Francis Galton em 1969, é ainda hoje considerado o texto seminal sobre a formação das ideias eugênicas (STEPAN, 1991: 3). Sobre a trajetória de Francis Galton, ver também Kevles, 1985: 9-13. capítulo 1 •
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CONCEITO No dicionário, o termo “eugenia” é definido como o estudo das condições mais propícias à reprodução e melhora da raça humana.
CURIOSIDADE As ideias eugenistas, apesar de terem sido desenvolvidas e estudadas por intelectuais e estudiosos da época, historicamente ficaram marcadas por suas relações com Adolf Hitler (1889-1945) e o nazismo, que culminou no Holocausto.
REFLEXÃO Devido à associação com a ideia de pureza das raças, filósofos e sociólogos chamam a atenção para os problemas éticos na eugenia, como, por exemplo, o abuso da discriminação.
b) Década de Cattell –1890 – EUA Cattell, psicólogo americano, influenciado por Galton, desenvolveu suas medidas de diferenças individuais dando ênfase, ainda, às medidas sensoriais por considerá-las mais precisas. Ficou famoso ao usar, em seu artigo de 1890, o termo “teste mental” (mental test) para as provas aplicadas aos alunos universitários, com a intenção de avaliar seu nível intelectual, o que fez sucesso internacional. Percebeu que algumas medidas objetivas para avaliação das funções mais complexas não produziam resultados condizentes com o desempenho acadêmico. Contudo, os resultados dos seus próprios testes também não foram satisfatórios. (Pasquali 2003, p.20)
c) Década de Binet – 1900 – França Então, na França, surgiu o pedagogo e psicólogo francês Alfred Binet (18571911) e com ele realmente começaram os testes de inteligência, propondo-se a medir as funções mais complexas. Ele não pensava no determinismo biológico nem na hereditariedade. Estava preocupado em como ajudar crianças que ti-
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capítulo 1
nham problemas na escola e que não se desenvolviam tão bem quanto as outras, em como medir e criar instrumentos para avaliar e, assim, auxiliar para que essas crianças progredissem mais. Lembramos que os primeiros testes mentais práticos surgiram, na França, a partir da tradição humanista, cujo interesse era o bem-estar social. Elabora tenha construído testes de conteúdo mais cognitivo, para medir funções mais amplas como a memória, a atenção, a compreensão, a imaginação, iniciou-se a era dos testes de inteligência, incluindo de Q.I. ©
W I K I M E D I A . O R G
Alfred Binet
O primeiro teste com validade produzido para medir inteligência foi desen volvido por Binet (1857-1911) e pelo químico e fisiologista franco-russo Victor Henri (1872-1940) no ano 1895, conforme aponta McDonald (1999, p.20). Este teste foi melhorado em 1905 por Binet e Simon, consistindo em uma série de itens passíveis de escolha em que a porcentagem de respostas corretas tenderia a aumentar com a idade cronológica. Assim, seria possível estabelecer a “idade mental” com base nos resultados colhidos com uma série de indivíduos, constituindo, então, o início do que hoje grande parte da população conhece por Testes de QI (Testes de Quociente de Inteligência). Binet e Simon (in Tyler,1956) criticaram os testes até então desenvolvidos, considerados demasiadamente sensoriais. Foi assim que, para compreender as causas de reprovação na escola, eles desenvolveram, em 1905, a Escala Binet-Simon (Erthal, 2003, pág.17), que, conforme apontado na introdução à parte histórica, é uma revisão do trabalho anteriormente realizado entre Binet e Henri. Segundo Pasquali (2001, p.22), esta orientação de Binet e Simon em elaborar testes de conteúdo mais cognitivo fez grande sucesso nos anos subsequentes, inaugurando de uma vez por todas a era dos testes, inclusive com a introdução do Q.I., termo criado por Stern em 1912. Embora Binet tenha sido o marco dessa época, outros grandes estudiosos foram de extrema importância, tal como Spearman na Inglaterra, que fundamentou a teoria da Psicometria clássica (Pasquali, 2001). capítulo 1 •
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d) Charles Spearman e o conceito de “inteligência geral” Charles Spearman (1863-1945) teve uma carreira predominantemente militar até os 34 anos, quando começou a estudar psicologia, sendo aluno de Wundt e Külpe, na Alemanha. Segundo Hergenhahn e Henley (2000, p. 277), ao retornar à Inglaterra, Spearman entrou em contato com a obra de Galton após reproduzir seus experimentos com sucesso, o que confirmou uma premissa de Galton sobre a acuidade sensorial e a inteligência terem uma relação, e foi além. Em 1904, publicou o seu artigo chamado “‘General Intelligence, Objectively Determined and Measured .”6 , o que o auxiliou a conseguir uma posição na Universidade de Londres, onde seus estudos foram a base para o que se chama de “análises fatoriais”7 . Hergenhahn e Henley (2000, p. 278) explicam esta análise como capacidade de “medir tanto um indivíduo ou um grupo de indivíduos de formas variadas. Após, todas as medidas são intercorrelacionadas para determinar quais delas variam de modo sistemático”. Spearman descobriu, então, que a inteligência poderia ser explicada por dois fatores: A) fatores específicos (matemática, línguas, música), que ganhou a letra S como identificador; B) fator geral (G), que teria uma ligação determinante com as questões hereditárias. Assim se chegaria a duas descrições de inteligências possíveis, a S (específica) e a G (geral), e suas conclusões, conforme apontam Hergenhahn e Henley (2000, p. 279), seriam importantes por enfatizar a natureza unitária da inteligência, enquanto Binet enfatizava sua diversidade, assim como Spearman entendia a inteligência como hereditária, enquanto Binet a observava como modificável através da experiência e, por fim, sua concepção de inteligência é que predominou nos Estados Unidos da América, ao contrário das teorias de Binet. Por conseguinte, podemos afirmar que os testes de QI são medidas conforme identificadas pelo fator G de Spearman, daí a sua importância na próxima era a ser estudada.
e) A era dos testes de inteligência – 1910/1930 Com a Primeira Guerra Mundial (1916), surgiu a necessidade de realização de testes para convocação para o Exército americano. Foram criadas centenas de testes. O objetivo era medir a inteligência como um todo, mas a maioria dos 6 Em tradução livre: “Inteligência geral, objetivamente determinada e medida”. 7 É a técnica para se reduzir o número de variáveis de uma base de dados, buscando gerar um número menor de novas variáveis latentes, calculadas a partir dos dados originais.
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capítulo 1
testes criados media apenas algum aspecto da inteligência. O artigo de Spearman sobre o Fator G (1904) e a revisão do teste de Binet (1916) junto ao impacto da guerra com a imposição de um processo de seleção rápida, universal e eficaz culminaram para o desenvolvimento dessa era dos testes de inteligência. Depois surgiram os testes de aptidão e de personalidade. Hoje, são diversos os testes que buscam a mensuração dos aspectos do comportamento humano (Pasquali, 2001).
f) Década da Analise Fatorial – 1930 Década marcada pelo declínio dos testes de inteligência e a desilusão com a ideia de um fator geral universal (fator G de Spearman) 8 capaz de avaliar um elemento básico geral, que seria universal, independentemente da cultura e do local onde os sujeitos teriam sido criados. Psicólogos estatísticos começaram a repensar as ideias de Spearman e surgiu, assim, a Análise Fatorial, trazendo reconhecido avanço para a Psicometria.
CONCEITO Análise fatorial é uma análise multivariada que se aplica à busca de fatores num conjunto de medidas realizadas (Pereira, 2004). Verifique o assunto no capítulo que aborda a estatística.
g) A era da sistematização – 1940/1980 Para Pasquali (2001, p.24), este foi um período marcado por duas tendências opostas. Ambas tinham a intenção de resgatar a confiabilidade dos testes psicológicos. Nas obras de síntese, havia o interesse em sistematizar os avanços da Psicometria através dos estudos de Gulliksen (1950), Torgerson (1958), Thurstone (1947), Harman (1967), Cattell (1965) e Guilford (1967). Na mesma época, a American Psychological Association – APA – introduziu as normas de elaboração e uso dos testes. 8 Relembrando: Fator G – proposta de que haja um elemento básico e comum a todas as atividades cognitivas (teoria do fator geral ou g). Spearman (1927) é autor da primeira teoria de inteligência baseada na análise estatística dos resultados nos testes. Em sua opinião, a inteligência poderia ser definida através de um fator simples (fator g) subjacente a todo tipo de atividade intelectual e responsável pela maior parte da variância encontrada nos testes. (Almeida, 2002). capítulo 1 •
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Nas obras consideradas de crítica, foram levantados os problemas da teoria clássica, como aqueles referentes às escalas de medida. Com a obra de Lord e Novick (1968) tivemos o ponto de partida para a teoria moderna da psicometria, conhecida como Teoria de Resposta ao Item, sistematizada pelo próprio Lord (1980). Outra tendência crítica que surgiu na tentativa de superar as dificuldades da psicometria clássica foi a partir de Sternberg (1977, 1982, 1985), através da psicologia cognitiva e de seus estudos na área da inteligência. (Pasquali, 2001).
h) A era da Psicometria moderna – 1980 Esta era culmina com o surgimento da TRI – Teoria de Resposta ao Item –, que foi sistematizada a partir da obra de Lord e Novick (1968). Embora esta teoria seja considerada um modelo do primeiro mundo, ainda não conseguiu resolver todos os problemas da Psicometria, mas substitui parte do modelo clássico e é baseada no modelo do traço latente (Pasquali, 2001). O modelo do traço latente, segundo a Teoria de Resposta ao Item (TRI), tem bases no escore bruto de um sujeito (seu resultado em um teste) que, por ser uma variável abstrata, portanto não observável, corresponde ao que a TRI chama de escore verdadeiro, que, por sua vez, representa um traço latente que pode ser, segundo Urbina (2007), habilidades, traços ou construtos psicológicos não observáveis, subjacentes ao comportamento observável dos indivíduos, demonstrados por suas respostas aos itens do teste. Sendo assim apresentado, compreendemos a necessidade de muita cautela na construção do teste, a começar pela seleção dos itens que vão compor a sua forma final. Vamos compreender que um teste é composto por uma série de itens (tarefas) e recebe um ponto por cada tarefa corretamente respondida, obtendo um escore total (a soma dos pontos correspondentes às respostas consideradas
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capítulo 1
exatas). Segundo Pasquali (2003), esse escore expressa a magnitude daquilo que o teste mede no sujeito avaliado e, como esta é uma operação empírica, está sujeita a uma margem de erro. Quanto menor a possibilidade de erro inerente à medida, maior sua precisão. Na Teoria Clássica dos Testes (TCT), o foco do interesse está no escore de um teste, que representa um conjunto de comportamentos. Na TRI (Teoria de Resposta ao Item), o foco está no traço latente. O impacto da TRI para a Psicometria é devido à sua capacidade em superar limitações consideradas graves da Psicometria clássica, tais como os parâmetros dos itens, seu grau de dificuldade e poder de discriminação, com relação ao conceito de fidedignidade ou precisão, além de outros (Pasquali, 2003). Para Pasquali (2003), concretamente, a TRI está dizendo o seguinte: Você apresenta ao sujeito um estímulo ou uma série de estímulos (tais como itens de um teste) e ele responde aos mesmos. A partir das respostas dadas pelo sujeito, isto é, analisando as suas respostas aos itens especificados, podemos inferir sobre o traço latente do sujeito, hipotetizando relações entre as respostas observadas deste sujeito com o nível do seu traço latente. Estas relações podem ser expressas através de uma equação matemática que descreve a forma de função que estas relações assumem (P. 83).
Segundo Urbina (2007), desde a década de 1980, vários foram os avanços a partir de alguns conceitos da psicologia cognitiva, do desenvolvimento e progressos na TRI e da revolução na tecnologia da informática, dentre eles a sua aplicabilidade para geração de itens de forma computadorizada. A geração computadorizada de itens é uma metodologia que está engatinhando e vai crescer rapidamente, devido às grandes vantagens que apresentam em termos de eficiência, economia e aplicabilidade.
ATIVIDADES 01. Por que é considerada atribuição do CFP definir quais são os testes adequados ao uso do psicólogo? 02. Quais são as propriedades psicométricas dos instrumentos de mensuração?
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03. .Onde encontramos as informações básicas sobre a aplicação e a apuração dos resultados? 04. Qualquer pessoa pode aplicar um teste? E interpretar os escores do teste? 05. Apesar das críticas e divergências, os testes podem ser considerados um importante instrumento para a sociedade? 06. Qual a sua crítica com relação ao uso dos testes no processo de avaliação? 07. Por que a utilização de um único instrumento psicológico pode ser considerada um erro para o processo da avaliação?
REFERÊNCIAS ALCHIERI , J. C. & A. P. P. Noronha. Reflexões Sobre os Instrumentos de Avaliação Psicológica (in Temas em Avaliação Psicológica/ Ricardo Primi, (organizador). São Paulo: Casa do Psicólogo; Porto Alegre: IBAP, 2005. ALCHIERI, J.C. Avaliação psicológica: conceito, métodos e instrumentos/ João Carlos Alchieri, Roberto Moraes Cruz. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. ALMEIDA, Leandro S.. As aptidões na definição e avaliação da inteligência: o concurso da análise fatorial. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v. 12, n. 23, p. 5-17, 2002. Disponível em: . Accesso en: 26 Mar. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X2002000200002. ANASTASI, A. & URBINA,S. Testagem Psicológica /Anne Anastasi e Susana Urbina. Porto Alegre: Artes MédicasSul, 2000. GRUBER, Howard E.; BÖDEKER, Katja (Ed.). Creativity, Psychology and the History of Science. Netherlands: Springer, 2005. 500 p. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Avaliação psicológica: diretrizes na regulamentação da profissão / Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2010. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Cartilha de Avaliação Psicológica 2013. CFP. Brasília, 2013. CRONBACH, L.J. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. Dicionário on line de Português-DICIO. Disponível em: . Acesso em: 23 mar. 2016.
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ERTHAL, T. C. Manual de psicometria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. HERGENHAHN, B. R; HENLEY, Tracy. An Introduction to the History of Psychology. 1º ed California: Wadsworth, 2000 p. 267 JAPIASSÚ, H. & Marcondes, D. Dicionário Básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001. KEVLES, D. J. In the Name of Eugenics. Genetics and the uses of human heredity. New York. Knopf, 1985. MCDONALD, Roderick P.Test theory: a unified treatment. Lawrence Erlbaum Associates, Inc.Mahwah, New Jersey:Taylor & Francis e-Library, 2009. PASQUALI, L. Psicometria: teoria dos testes na psicologia e na educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. PASQUALI,L. Técnicas de Exame Psicológico – TEP. Luiz Pasquali organizador. – São Paulo: Casa do Psicólogo / Conselho Federal de Psicologia, 2001. PASQUALI,L. Validade dos Testes Psicológicos: Será Possível Reencontrar o Caminho? Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2007, Vol. 23 n. especial, pp. 099-107. PEREIRA, J.C. Análise de Dados Qualitativos: Estratégias Metodológicas para as Ciências da Saúde, Humanas e Sociais. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. STEPAN, Nancy L. The hour of eugenics: race, Gender, and nation in Latin America. Londres: Cornel University Press, 1991. TYLER, L.E. The Psicology of Human Differences in Erthal, Manual de psicometria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
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2 Métodos para coleta de informações Por Elisabete Shineidr
2. Métodos para coleta de informações 2.1 Os instrumentos utilizados na avaliação psicológica Sendo a Avaliação Psicológica a atribuição de qualidade aos valores numéricos obtidos através da medida, então envolve sempre um juízo de valor (Erthal,2003). Por isso a importância de instrumentos adequados e psicólogos habilitados para sua utilização.
OBJETIVOS • Compreender a importância da entrevista e da testagem como instrumentos de avalia-
ção psicológica; • Refletir sobre as condições e os procedimentos necessários para a aplicação de uma entrevista ou teste; • Compreender como interpretar os resultados e como deve ser feito um informe deles; • Reconhecer o papel do psicólogo ao utilizar seus instrumentos, assim como suas limitações.
Você já sabe o quanto é importante colher informações de forma criteriosa para fins de avaliação psicológica. Já sabe, também, que, sendo um processo técnico-científico, deve utilizar métodos, técnicas e instrumentos adequados. Todas as técnicas são importantes para fins de coleta de informações. Agora, você precisa conhecer quais são as técnicas que podem ser empregadas e reconhecer quais as mais apropriadas para as diversas finalidades,já que são inúmeras as atividades exercidas pelo psicólogo. Apresentaremos, para cada uma das técnicas, os respectivos instrumentos. Dentre as técnicas utilizadas para a coleta de informações para fins de avaliação psicológica, podemos citar a observação, a inquirição e a testagem (Erthal, 2003).
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Resgistro de comportamento 1. Observação Escala de classificação Inventário Questionário 2. Inquisição
Escala de atitude Levantamento de opinião
Entrevista
Testes não padronizados 3. Testagem Testes padronizados
CONCEITO Técnica de avaliação é o método utilizado para obtenção da informação. Instrumento
é o recurso usado para esse fim. (Erthal,2003)
Todas as técnicas são de grande valor. Na Psicologia, de modo geral, fazemos uso da observação. Dentre os instrumentos de inquirição, para fins de avaliação psicológica, fazemos uso mais comumente da entrevista. Quanto à testagem, devemos utilizar os testes padronizados que são aprovados pelo Satepsi. Os testes nos apresentam muitas informações a respeito do comportamento e da personalidade de uma pessoa, mas não podemos depender somente deles. A observação direta do comportamento é uma das técnicas que empregamos.
2.1.1 A observação A observação naturalista tem sido muito útil para os psicólogos infantis, mas sua aplicação é amplamente utilizada em programas que trabalham o comportamento em escolas, clínicas, hospitais e em qualquer contexto. Anastasi (2000) menciona que as observações naturalistas têm muito em comum com os testes situacionais.
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VAMOS LEMBRAR M O C . Y A B A X I P ©
Observação é a simples constatação de um fato exatamente como se apresenta ao indivíduo
(Erthal, 2003).As observações diretas do comportamento desempenham um papel essencial na avaliação da personalidade, seja clínica ou em qualquer outro contexto (Anastasi, 2000).
CONCEITO Um teste situacional é aquele que coloca o testando em uma situação que simula uma situação de critério de “vida real”.
Então, a observação é uma das técnicas utilizadas para coleta de informações, e os instrumentos de observação mais conhecidos são os registros do comportamento e escalas de classificação. O primeiro é composto por anotações escritas sobre o comportamento padronizado observado. Fica evidente que os registros devem ser feitos sem a introdução da opinião ou do julgamento do observador. Quanto às escalas de classificação, são instrumentos que ob jetivam ordenar os eventos, mantendo um intervalo fixo entre eles. São muito utilizadas em situações organizacionais e educacionais, mas também pode ser utilizado na clínica. O sistema gráfico é prático e muito utilizado. Para construir uma escala de classificação utilizando o sistema gráfico, devemos primeiro definir as características a serem observadas. A linha representa o grau de magnitude delimitada ao traço avaliado. O observador vai marcar de acordo com suas observações.
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Exemplo: Característica ou traço = desenvoltura na conversação
Excelente
Acima da Média
Média
Abaixo da Média
Deficiente
DICA Se você tem interesse em construir uma escala de classificação ou de avaliação, você vai encontrar maiores explicações no livro Manual de Psicometria, de Tereza Cristina Erthal.
2.1.2 A Inquirição Inquirir é arguir,perguntar,questionar. A inquirição é considerada uma das técnicas mais importantes e aquela que todo psicólogo utiliza para fins de coleta de informação. Dentre os instrumentos de inquirição, Mediano (1976) cita o questionário e a entrevista. No questionário, o autor diferencia os inventários das escalas de atitude e do levantamento de opinião. O questionário pode ser considerado como uma série de perguntas que tem por finalidade obter as respostas do sujeito que estão, de modo geral, impregnadas com suas ideias e sentimentos. Os inventários, geralmente usados como instrumento de autoavaliação, são um tipo de questionário em que são dispostas afirmações sobre um determinado tema e o respondente deve concordar ou não. Segundo Erthal (2003), o indivíduo é seu próprio juiz, pois lhe cabe dar sua opinião a respeito das informações que lhes são apresentadas. São dois tipos de inventários: o de interesse, que é profissional ou vocacional, e o de personalidade, que pode medir traços para identificar as diferenças individuais e assim traçar um diagnóstico e o inventário de ajustamento que mede a capacidade em realizar ajustamentos necessários quando o sujeito está exposto em situações de pressão e tensão. Em uma escala de atitude, o sujeito recebe um número de afirmações sobre um determinado tema, geralmente polêmico, e deve expressar sua atitude em relação a elas.
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CONCEITO Atitude pode ser conceituada como sentimentos pró ou contra pessoas e coisas com quem
entramos em contato (Rodrigues, 1999). São inúmeras as definições de atitude. Dentre tantas, gostaria de ressaltar aquela que a situa como uma predisposição para a ação. Não é a ação em si. Posso ter uma atitude favorável a um determinado fato e agir de forma congruente. Mas posso afirmar que sou favorável e, na hora da ação, faço o oposto.
EXEMPLO Suponhamos que sou uma pessoa favorável ao casamento homoafetivo. Então, tenho uma atitude positiva diante do fato. No entanto, quando minha filha me informa de que vai casar com sua namorada, fico arrasada,ou seja, “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Meu discurso é totalmente incongruente com minha ação.
ATENÇÃO Para Rodrigues (1978), as atitudes são variáveis intervenientes (não observáveis, mas diretamente inferíveis de comportamentos observáveis) e são compostas por três componentes: o cognitivo, o afetivo e o comportamental.
Segundo Erthal (2003), há dois tipos importantes de escalas de atitudes: a escala do tipo Thurstone e a escala do tipo Likert. As escalas de Thurstone são escalas diferenciais, ou seja, as posições dos itens na escala seguem uma ordenação ou avaliação feita previamente por juízes. Neste tipo de escala deve-se obter o maior número possível de afirmações (100 ou mais) sobre o assunto, exprimindo aspectos diversos, sejam favoráveis ou desfavoráveis ao tema, e são apresentados aos juízes (1, 7, 9 ou 11), sendo feita a média da avaliação da consistência de cada afirmativa efetuada pelos juízes. Já as escalas de Likert são consideradas escalas somatórias. O sujeito responde a cada item, indicando graus de acordo ou desacordo. Nesse tipo de escala, oferecemos afirmativa são sujeito,e ele deve expressar sua posição sobre o
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assunto e o grau em que se sente afetado por elas por intermédio de uma pontuação que vai de 1 a 5, como por exemplo: 1 ponto para concordo plenamente, 2 pontos para concordo em parte, 3 pontos para não tenho opinião, 4 pontos para discordo em parte e 5 pontos para discordo totalmente. Nesse tipo de escala, não são necessários juízes para a classificação das informações. A consistência interna é o critério para a seleção dos itens (Erthal, 2003). O levantamento de opinião é um tipo de questionário que busca inquirir informações específicas de um único tema. Pode ser apresentado sob o formato de questão única, e o sujeito vai responder sim ou não. O referendo é um exemplo de um levantamento de opinião. Nesse ponto, o caro aluno poderá inquirir: mas o que tem a ver inquirição com mensuração? Medir é um ato de colher informações e ordená-las, levando em conta seu aspecto quantitativo numérico. A avaliação é um processo mais amplo que a medida, mas uma avaliação pode utilizar tanto descrições quantitativas como qualitativas, ou ambas. Todos são instrumentos que podem ser utilizados para coleta de dados. Contudo, a partir de agora, é a entrevista que receberá nossa maior atenção. A entrevista não é um instrumento de uso apenas do profissional de psicologia; é, também, a observação. No entanto, a entrevista psicológica é entendida como aquela em que se buscam objetivos psicológicos (investigação, diagnóstico entre outros).A entrevista psicológica é o instrumento de trabalho não somente para o psicólogo, como também para outros profissionais: psiquiatra, assistente social, sociólogo, enfermeiro, profissional de recursos humanos etc. (Bleger,1989) O único instrumento que é unicamente de competência do psicólogo é o teste psicológico. Erthal (2003) esclarece que a entrevista é mais um processo de obtenção de informação do que propriamente um instrumento, pois o inquiridor é aquele que ao mesmo tempo efetua o processo e o avalia. A entrevista não é uma conversação, um bate-papo; é uma técnica utilizada para colher informações que serão muito importantes para a vida de alguém. Toda entrevista deve ser muito bem planejada e sistematizada para que seja eficaz.
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OBSERVAÇÃO Vamos distinguir entrevista de consulta e anamnese?
CONSULTA
é uma assistência profissional.
ENTREVISTA
é um procedimento técnico para atender a uma consulta.
ANAMNESE
vem do grego ana (remontar) emnesis (memória); é a evocação voluntária do passado.
Sendo fundamental para o método clínico, a entrevista psicológica é um procedimento de investigação científica em psicologia que tem regras. Devemos ter atenção ao tipo de entrevista que faremos. Mais uma vez, é evidenciada a necessidade de estar atento ao objetivo do psicólogo. Se estou na área clínica, vou aplicar a mesma entrevista que utilizaria na área de recrutamento e seleção de pessoal? Não. De acordo com Erthal (2003), existem três tipos de entrevista: a estruturada, a semiestruturada e a não estruturada. TIPOS DE ENTREVISTAS É aquela em que você já tem uma série de informações preestabelecidas, como, por exemplo, o currículo vitae. ESTRUTURADA OU DIRETIVA OU Quando você está trabalhando de uma forma mais objetiva, usa esse tipo de entrevista. Aqui você dirige e controla, SISTEMÁTICA OU FECHADA portanto é controlada. Muito utilizada em situações de seleção de pessoal.
NÃO ESTRUTURADA OU NÃO DIRETIVA OU NÃO SISTEMÁTICA OU ABERTA OU DE LIVRE ESTRUTURAÇÃO
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O entrevistado escolhe por onde vai começar a falar. As perguntas são de caráter geral, objetivando colher maior número de informações. A diferença é que aqui você não tem questões a priori sobre o sujeito. A não diretividade encoraja o sujeito a se expressar do modo que desejar, e os comentários feitos por ele são o material que o entrevistador usa para avaliar a sua opinião e sua atitude em relação a alguma coisa. Apesar de não ter uma ordenação rígida, há um objetivo específico a ser atingido. Ela está limitada aos fins que se pretende atingir. Aqui cabe ao entrevistador intervir, quando necessário, no sentido de reconduzir o sujeito ao assunto de interesse. É utilizada, por exemplo, na clínica.
SEMIESTRUTURADA OU SEMIDIRETIVA OU MISTA
TIPOS DE ENTREVISTAS Pode acontecer que muitos dados deixam de ser falados na entrevista aberta, então o entrevistador deve esclarecê-los através da investigação mais sistemática. Assim, na entrevista mista, a entrevista estruturada segue-se à não estruturada com o objetivo de melhorar a qualidade e a quantidade das informações colhidas. É frequentemente usada no psicodiagnóstico e em situações de orientação profissional.
Fazendo alusão à entrevista aberta ou não estruturada, Cunha (2000) argumenta, ao abordar as entrevistas clínicas, que “todos os tipos de entrevista têm alguma forma de estruturação na medida em que a atividade do entrevistador direciona a entrevista no sentido de alcançar seus objetivos”. Por isso, refere-se a esse tipo de entrevista como entrevista de livre estruturação. Uma entrevista, na prática, antes de poder ser considerada uma técnica, deve ser vista como um contato social entre duas ou mais pessoas. O sucesso da entrevista dependerá, portanto, de qualidades gerais de um bom contato social, sobre o qual se apoiam as técnicas clínicas específicas. Desse modo, a execução da técnica é influenciada pelas habilidades interpessoais do entrevistador. (Cunha, 2000, p.52).
Assim,para realizar uma boa entrevista, Cunha (2000, p.52) aponta algumas habilidades interpessoais que o entrevistador deve ter:
1
O ENTREVISTADOR DEVE SER CAPAZ DE: Estar presente, no sentido de estar inteiramente disponível para o outro naquele momento e poder ouvi-lo sem interferência de questões pessoais;
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Ajudar o paciente a se sentir à vontade e a desenvolver uma aliança de trabalho;
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Facilitar a expressão dos motivos que levaram a pessoa a ser encaminhada ou a buscar ajuda;
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Buscar esclarecimentos para colocações vagas ou incompletas;
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Gentilmente confrontar esquivas e contradições;
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Tolerar a ansiedade relacionada aos temas evocados na entrevista;
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Reconhecer defesas e modos de estruturação do paciente, especialmente quando elas atuam diretamente na relação com o entrevistador (transferência);
capítulo 2
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O ENTREVISTADOR DEVE SER CAPAZ DE: Compreender seus processos contra transferenciais;
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Assumir a iniciativa em momentos de impasse;
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Dominar as técnicas que utiliza.
Ao levar que consideração que o instrumento de trabalho do entrevistador é ele mesmo, que estará em uma relação interpessoal, e o objeto que se estuda é outro ser humano, ao colher as informações sobre a vida do paciente, poderá implicar em um exame de sua própria vida. Então, na sua atuação, o entrevistador deve estar dissociado, de maneira a conseguir graduar o impacto emocional e a desorganização ansiosa (Bleger,1998). De acordo com Cunha (2000), para estar presente e poder ouvir o paciente, o entrevistador deve ser capaz de isolar outras preocupações e, momentaneamente, focalizar sua atenção no paciente. Para tanto, é preciso o controle do grau de ansiedade. A ansiedade do entrevistador é um dos fatores mais difíceis de manipular. Toda investigação implica em certo grau de ansiedade diante do desconhecido, a qual o entrevistador deverá ser capaz de tolerar (Bleger,1998). Todo entrevistador deve ter domínio das técnicas que utiliza para sentir segurança e possa estar preocupado com o processo e não o que precisa ou deve fazer. Cunha (2000) chama a atenção para o fato de que a falta desse domínio pode resultar em uma aplicação mecânica e desconexa das diretrizes da técnica. Com a prática e a experiência, a entrevista flui e a atuação do profissional transforma a técnica em arte. Toda entrevista psicológica é uma relação, com características particulares, que se estabelece entre pelo menos duas pessoas. Você já pode perceber que o ambiente onde ocorrem essas relações interpessoais é de expressiva importância. Para Bleger (1998), o campo da entrevista é dinâmico, pois está sujeito a mudanças, e a observação deve ser estendida do campo específico existente em cada momento à continuidade e sentido dessas mudanças. (p.11). Sendo o campo a dinâmica que se estabelece a partir do contato entre entre vistador e entrevistado, onde estão presentes características de personalidade de um e de outro, devemos ter cautela para que não haja variações que causem interferências no campo. Por isso, Bleger (1998) chama a atenção que:
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Para se obter o campo particular de entrevista, devemos contar com um enquadramento rígido, que consiste em transformar um conjunto de variáveis em constantes(...) o enquadramento funciona como uma espécie de padronização da situação estímulo que oferecemos ao entrevistador; com isso não pretendemos que esta situação deixe de atuar como estímulo para ele, mas que deixe de oscilar como variável para o entrevistado. (p.10).
Então, o que nesse campo não pode variar? O que tem de ser constante? O papel do entrevistador, os objetivos, o lugar, o tempo da entrevista e, inclusive, os honorários do profissional.
ESTUDO DE CASO Imagine como seria ruim se o psicólogo marcasse um horário de atendimento semanal para o seu atendimento e na semana seguinte modificasse o local ou o horário,na outra mudasse novamente e assim por diante. Isso poderia causar um mal-estar na relação. Tendo o fato ocorrido, como o psicólogo evidenciaria se o mal-estar se relacionava a alguma situação interna do paciente ou se foi pelo transtorno causado pelas sucessivas mudanças?
EXEMPLO Recordo-me de um rapaz que me relatou ter desistido de ir a psicólogos porque era uma experiência muito ruim. A sua psicóloga muitas vezes desmarcava as sessões, devido a problemas pessoais, e ele ficava angustiado, porque sentia muita necessidade de falar sobre seus problemas. No começo ele relevava, porém certo dia sua sessão coincidiu com o jogo do Brasil (ao qual ele queria assistir), mesmo assim foi ao consultório, porque precisava muito do atendimento, e seu horário estava confirmado. Ao chegar, ela o dispensou, porque era dia de jogo e o trânsito poderia ficar ruim. Ora, ele desistiu daquela psicóloga? NÃO. Ele desistiu de TODAS.
EXEMPLO O enquadramento parece uma bobagem, mas não é! Muitas vezes até mudanças na disposição dos móveis ou objetos novos inseridos no contexto podem causar interferência no pro-
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cesso. Lembro-me de que certa vez uma paciente levou para meu consultório uma escultura que havia feito em minha homenagem. No mesmo dia recebi um paciente que estava em crise e com pensamentos persecutórios: sentia-se atormentado com a ideia de que alguém pudesse estar seguindo-o. No meio da sessão, quando se virou para o lado e viu a escultura, deu um pulo e se jogou para mim acreditando que era ele (apontando para a escultura) o homem que o perseguia.
REFLEXÃO Como você reagiria nas situações exemplificadas?
Portanto, lembrem-se: manter constantes as variáveis é sempre uma ótima ideia! Na entrevista, as manifestações do objeto que estudamos dependem da relação estabelecida com o entrevistador, e todos os fenômenos que aparecem estão condicionados por essa relação. Para Bleger (1998), “a chave fundamental da entrevista está na investigação que se realiza durante o seu transcurso, as observações são sempre registradas em função de hipóteses que o observador vai emitindo”. As etapas da investigação são nítidas e sucessivas: Observação; Hipótese; Verificação. •
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No entanto, como afirma Cunha (2000): Muitas vezes o aspecto avaliativo de uma entrevista inicial confunde-se com a psicoterapia que se inicia, devido ao aspecto terapêutico intrínseco a um processo de avaliação e ao aspecto avaliativo intrínseco à psicoterapia. O entrevistador deve estar atento aos processos no outro, e a sua intervenção deve orientar o sujeito a aprofundar o contato com sua própria experiência. (p.46).
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O psicólogo, ao utilizar a entrevista como instrumento para coleta de informações, não está conversando, como imagina a maioria dos leigos. Ele está trabalhando, observando, levantando alguma hipótese e criando condições para verificação delas. Inclusive quando o paciente for uma criança. Nesse caso, de vemos levar em consideração que o trabalho deve ser feito em ambiente lúdico. A criança não sabe expressar seus pensamentos, seus conflitos. É no ato de brincar que ela experiencia e expõe para o profissional o material que precisa ser averiguado e trabalhado. Vamos lembrar que o primeiro contato deve ser feito com o responsável;só depois é que o psicólogo falará com a criança. Entretanto, devo alertá-lo de que isso seria o ideal, porém, não raro, o que acontece é que a mãe, mesmo avisada anteriormente de que deve vir sem a criança, a traz para a primeira consulta. Então, sugiro que você se apresente à criança, crie um grau de empatia e peça a ela que faça uma tarefa enquanto você conversa com a mãe.
2.1.3 A testagem Conforme visto anteriormente, a avaliação é um processo mais amplo do que a testagem, já que integra as informações. Um teste é um procedimento sistemático para observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas (Cronbach, 1996). São considerados padronizados,segundo Cronbach: (...) quando as palavras e os atos da examinadora, o aparelho e as regras de avaliação foram fixados, de modo que os resultados coletados em momentos e lugares diferentes são inteiramente comparáveis. Se a padronização é completamente efetiva, todas as examinadoras “aplicam o mesmo teste”.(...) Se um procedimento é objetivo, todos os observadores de um desempenho chegam à mesma conclusão. (p.51).
Anastasie Urbina (2000, p.20) alertam para o fato de que padronização sugere uniformidade de procedimento na aplicação e na pontuação do teste. Para que os escores obtidos por diferentes pessoas sejam comparáveis, as condições de testagem devem ser as mesmas para todos.
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De acordo com Anastasi&Urbina (2000): Para assegurar a uniformidade das condições de testagem, o construtor do teste dá instruções detalhadas para a aplicação de cada teste desenvolvido. A formulação das instruções é uma parte importante da padronização de um novo teste. Essa padronização se estende aos materiais exatos empregados, aos limites de tempo, às instruções orais, às demonstrações preliminares, às maneiras de manejar as perguntas dos testandos e a todos os outros detalhes da situação de testagem. (p. 20).
O psicólogo, ao aplicar um teste, deve estar atento aos fatores sutis que possam influenciar os resultados dos avaliados. Dentre eles precisamos manter o tom da voz e a velocidade da fala, assim como as expressões faciais. Sempre arguir, ao final da orientação, se há alguma dúvida, criando, assim, um clima menos ansiogênico. Na sua padronização, o teste é aplicado a uma população amostral que seja representativa do tipo de pessoa para o qual o teste foi construído. Este grupo servirá para estabelecer as normas do teste (Anastasi & Urbina,2000). O estabelecimento de normas é de fundamental importância para a padronização. Segundo Pasquali (2001), “a normatização diz respeito a padrões de como se deve interpretar um escore que o sujeito recebeu num teste. Isto porque um escore bruto produzido por um teste precisa ser interpretado”.
CONCEITO Escore bruto é o resultado produzido pela soma dos pontos no resultado final de um teste. Escore percentílico é o escore bruto transformado em uma tabela em quede 0 a 100, 50 é a metade. Percentis são medidas que dividem a amostra ordenada (por ordem crescente dos dados) em 100 partes, cada uma com uma porcentagem de dados aproximadamente igual.
A partir do que foi visto, podemos compreender que os testes não padronizados são aqueles que não têm padronização e normas a serem seguidas. São instrumentos construídos para observar um determinado comportamento, porém, na sua construção, não obedeceram aos procedimentos necessários,
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como a análise de itens. Como não são instrumentos comercializados e não há garantia de fidedignidade, não são comercializados.
2.2 Os cuidados na utilização dos testes 2.2.1 A comercialização Quem pode comprar e aplicar um teste psicológico? Um psicólogo com CRP. Os testes psicológicos são de uso e competência exclusiva dos psicólogos. Devemos ter cautela e respeito ao material que é de competência única do profissional de psicologia, para que esse material não seja banalizado. O Conselho, que defende o uso responsável e ético dos instrumentos de avaliação, preocupado com o processo de banalização dos testes através da internet, investe na conscientização de profissionais e estudantes.
CURIOSIDADE Para evitar a disseminação indiscriminada desses testes e garantir a qualidade do trabalho de milhares de psicólogas(os) do país, o Conselho Federal de Psicologia, em parceria com o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (Fenpb), lançou uma campanha nacional para conscientização de profissionais e estudantes.
Com o advento da internet e o fácil acesso a todas as informações que se busca, vários instrumentos de avaliação psicológica estão sendo divulgados em redes sociais e canais do YouTube. Desde 2008, o CFP tem tomado medidas visando a eliminar a divulgação indevida de testes psicológicos na internet, uma
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vez que são instrumentos privativos de psicólogos e sua utilização por pessoas não habilitadas configura o cometimento de contravenção penal do exercício ilegal da profissão. O objetivo do Conselho é defender o uso responsável e os bons resultados que podem advir dos testes psicológicos. O assunto deve ser amplamente debatido nas aulas de Técnicas de Exame Psicológico I, sendo considerada de grande relevância a reflexão sobre as implicações que a vasta divulgação e banalização dos instrumentos de avaliação psicológica acarreta na prática do profissional de psicologia. Assim como se torna imperativa a inserção dos futuros psicólogos nos debates e pesquisas sobre a construção de novos instrumentos para a avaliação da nossa população. Anastasi (2000) chama a atenção para o fato de que há sempre um amigo ou um familiar interessado em conhecer ou aplicar um teste. No entanto, como qualquer instrumento científico ou ferramenta de precisão, os testes psicológicos precisam ser usados apropriadamente para serem efetivos e acrescenta: Nas mãos de usuários inescrupulosos ou nas mãos de pessoas bem-intencionadas, porém desinformadas, eles podem causar sérios danos. Aqui estão duas razões principais para controlarmos o uso dos testes psicológicos: (a) para garantir que o teste será aplicado por um examinador qualificado e que os escores serão adequadamente utilizados; e (b) para evitar uma familiaridade geral com o conteúdo do teste, o que o invalidaria. (p. 23) Para adquirir um teste, devemos procurar as editoras e/ou seus respectivos representantes e distribuidores.Para facilitar, no quadro abaixo, você pode verificar as principais Editoras de testes no Brasil e os sites dos respectivos distribuidores de venda. São inúmeros pontos de venda, então sugerimos que o aluno verifique qual fica mais próximo de sua região. CASAS EDITORAS DE TESTES NO BRASIL CASA DO PSICÓLOGO VETOR EDITORA PSICO-PEDAGÓGICA LTDA CEPA – CENTRO DE PSICOLOGIA APLICADA CETEPP – CENTRO EDITOR DE TESTES E PESQUISAS EM PSICOLOGIA Quadro de editoras e distribuidoras de testes
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DISTRIBUIDORES E REPRESENTANTES DE VENDAS NO SITE: www.casadopsicólogo.com.br www.vetoreditora.com.br www.psicocepa.com.br www.cetepp.com.br
OBSERVAÇÃO Visite a distribuidora mais próxima de sua região. Marque uma entrevista com a psicóloga e conheça os diversos instrumentos.
DICA Leia o manual de aplicação dos testes e aplique em você mesmo. Isso vai ajudá-lo a compreender melhor os itens do teste, a fazer a apuração e a leitura dos resultados. Obs.: Esta dica é apenas um exercício, com a intenção de promover maior compreensão dos itens e da apuração dos resultados, e não tem validade.
CUIDADO Cautela para não fazer caras e bocas na hora em que estiver aplicando um teste. Também não é adequado ficar circulando em torno dos candidatos, “espiando” suas respostas. Esta postura é intimidadora,e o testado pode se sentir muito incomodado e mais ansioso, o que pode prejudicar o seu real potencial para responder às tarefas.
2.2.2 Preocupação com a aplicação dos testes A utilização dos testes deve ser cautelosa. Sendo instrumentos técnicos, sua utilização requer um profissional habilitado, ou seja, devidamente treinado e com profundo conhecimento do material. O manual de instruções informa como aplicar, em que população deve ser aplicado, como se faz a apuração dos resultados e, por fim, a interpretação deles.
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Nossa primeira preocupação ao utilizar um teste é a escolha dele. O teste deve estar adequado ao objetivo. Reveja, no primeiro capítulo, o quadro informativo sobre as várias áreas da psicologia em que efetivamente trabalhamos com a avaliação psicológica e,portanto, com o teste. Se trabalho como psicólogo em setor de Recrutamento e Seleção de Pessoal, devo estar afinado com esse objetivo ou finalidade para poder escolher os instrumentos que são mais adequados para coleta das informações de que necessito. Se trabalho com psicodiagnóstico, minha finalidade é colher informações para fins de diagnóstico e prognóstico, devo levar em consideração as hipóteses levantadas a partir das observações e do material colhido nas entrevistas para então selecionar os testes que devo utilizar para confirmar ou refutar minhas hipóteses diagnósticas iniciais.
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É muito importante escolher os testes adequados à minha finalidade, para que os resultados descortinem, de fato, sobre exatamente o que preciso conhecer daquele sujeito. Para que a escolha seja coerente, precisamos verificar uma série de informações sobre a construção do teste, os parâmetros psicométricos, sobre o referencial teórico, sobre a população amostral. Segundo Cronbach (1996), os usuários de testes devem selecionar testes adequados ao propósito para o qual estão sendo empregados, e que sejam apropriados para todas as populações-alvo em que serão aplicados.
LEITURA Os usuários de testes devem selecionar testes adequados ao propósito para o qual estão sendo empregados, e quem sejam apropriados para todas as populações-alvo em que serão aplicados Os usuários de testes devem:
1. Primeiro, definir o propósito da testagem e a população a ser testada. Depois, selecionar um teste para esse propósito e essa população, baseados num cuidadoso exame das informações disponíveis. 2. Investigar fontes de informação potencialmente úteis, além dos resultados de teste, e corroborar as informações fornecidas pelos testes. 3. Ler os materiais fornecidos pelos criadores de testes e evitar usar testes sobre os quais existem apenas informações confusas ou incompletas. 4. Ficar a par de como e quando o teste foi desenvolvido e experimentado. 5. Ler avaliações independentes de um teste e de possíveis medidas alternativas. Procurar as evidências necessárias para confirmar as afirmações dos criadores do teste. 6. Examinar um conjunto de amostra, testes divulgados ou amostras de questões, orientações, folhas de resposta, manuais e os relatórios de resultados antes de selecionar um teste. 7. Determinar se o conteúdo do teste e o(s) grupo(s) de controle e grupo(s) de comparação são adequados para os testandos. 8. Selecionar e utilizar apenas aqueles testes para os quais estejam disponíveis as habilidades para aplicar e interpretar corretamente os resultados. Fonte: Code of Fair Testing Practices in Education, 1988; inCronbach, Fundamentos da Testagem Psicológica, 1996, p.37
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Alguns cuidados também devem ser levados em consideração quanto às condições da aplicação: o ambiente físico e psicológico. O espaço físico deve ser confortável, com iluminação e ventilação apropriada, mesas e cadeiras adequadas e livres de barulho. Segundo Urbina (2007), os princípios mais importantes que devem ser seguidos para a adequada preparação do ambiente são antecipar e remover qualquer fonte de distração e, para evitar interrupções, devemos pôr um aviso na porta da sala de exames para que as pessoas saibam que uma testagem está acontecendo. Na sala devem permanecer apenas o examinador e o(s) testando(s). A presença de qualquer pessoa estranha à situação pode influenciar o ambiente da testagem. Caso haja qualquer adaptação que possa influenciar a interpretação dos resultados, elas devem ser incluídas no relatório.
CRÍTICA Tenho observado que, em muitas situações de testagem, o psicólogo que aplica o teste fica acompanhado de colega em conversação amigável, desconsiderando as instruções aprendidas.
Como ambiente psicológico consideram-se as condições de saúde física e psicológica do testando, as instruções devem ser claramente compreendidas e o rapport deve ser apropriado para que o testando se sinta à vontade ao fazer o teste (Pasquali,2001). Para Urbina (2007,p.267), o termorapport se refere à relação harmônica que deve existir entre testandos e examinadores. Uma atmosfera amigável deve ser estabelecida desde o início da sessão de testagem, e o rapport inicial deve ser de bom a excelente.
CONCEITO é o estabelecimento de uma sintonia,um grau de empatia. Esta palavra tem origem no termo em francês rapporter, que significa "trazer de volta". Na aplicação de testes, orapport se refere aos esforços do examinador para despertar o interesse dos testandos, obter sua cooperação (Anastasi,2000). Rapport
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Lembre-se:
Empatia é sentir o que o outro sente, MAS não viver o que o outro vive!
Ainda com relação aos cuidados que devemos ter ao trabalharmos com a testagem, ressaltamos a importância de usar sempre os testes originais e em perfeito estado de conservação. Não é permitido reproduzir o material. Wechsler (2001, apud CFP, 2010) esclarece que, com relação ao uso e à reprodução indevida do material, em âmbito internacional, nos países ibero-americanos, foram encontradasdez deficiências mais graves no uso dos testes, que foram apontadas por juízes e especialistas de cada cultura. Assim caracteriza-se, por ordem decrescente: 1. fotocopiar material sujeito a direitos autorais, 2. utilizar testes inadequados na sua prática, 3. estar desatualizado na sua área de formação, 4. desconsiderar os erros da medida nas suas interpretações, 5. utilizar folhas de resposta inadequadas, 6. ignorar a necessidade de explicações sobre pontuação nos testes aos solicitantes da avaliação, 7. permitir aplicação dos testes por pessoal não qualificado, 8. desprezar condições que afetam a validade dos testes em cada cultura, 9. ignorar a necessidade de arquivar o material psicológico coletado, 10. interpretar além dos limites dos testes utilizados. (p.68).
Retomando o momento inicial de aplicação dos testes, sob a mesa, junto com o caderno de aplicação e a folha resposta, deixamos um lápis preto bem apontado e caneta, quando permitido. Não é recomendado o uso de lapiseira. Antes da aplicação, devemos deixar separado todo o material, tendo o cuidado de verificar se os cadernos, quando reutilizáveis, estão em perfeitas condições. O psicólogo deve apresentar-se de maneira adequada, com vestuário adequado e limpo, evitando extravagâncias e causando uma boa impressão. Deve fazer uso de vocabulário apropriado e compreensível ao sujeito ou grupo avaliado, transmitir seriedade e serenidade, mas mantendo uma postura de confiança. Deve evitar o uso de perfume, interrupções durante a prova, irritarse ou gritar durante a prova.
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O examinador deve conhecer bem o material utilizado e estar preparado para responder a qualquer dúvida que possa surgir e lidar com qualquer emergência que possa surgir durante a testagem. M O C . Y A B A X I P ©
Ao iniciar a testagem, após o rapport, devemos informar os objetivos da testagem, ler as instruções conforme apresentadas no manual e, ao final, questionar se há dúvidas. No término da aplicação, devemos agradecer a presença de todos e informar como será divulgado o resultado. Lembre-se de que os sujeitos estão ansiosos porque serão avaliados, temerosos porque precisam apresentar um bom resultado. Nossa intenção não deve ser a de aumentar seu sofrimento, e sim de reduzir o nível de ansiedade para que eles possam fazer os testes de maneira adequada. Verificar, também ao final da aplicação, que todos os testandos tenham entregado o material. Enfim, chegou a hora da apuração dos resultados ou correção e interpretação dos testes. O psicólogo deverá sempre seguir as instruções contidas no manual, lembrando que toda norma é restrita à população amostral e ao usar as tabelas de percentis para que os resultados possam ser comparados ao do grupo padrão. Um escore, ou seja, o resultado da soma total da pontuação no teste deve nos ajudar a predizer o seu desempenho ou o quanto se sente ou se comporta diante de uma situação ou função. Quaisquer influências que são específicas da situação de teste constituem variância de erro e reduzem a validade do teste. É importante que se perceba a extensão em que as condições de testagem podem influenciar os escores (Anastasi,2000). Anastasi (2000) observa que:
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A influência do comportamento do examinador imediatamente precedente ou durante a aplicação do teste sobre os resultados foi demonstrada mais claramente. Por exemplo, investigações controladas revelam diferenças significativas no desempenho em testes de inteligência em função de um relacionamento interpessoal “amigável”. (p. 29)
As atividades anteriores à utilização dos testes também podem interferir no resultado, especialmente quando produzem perturbação emocional. Por exemplo, uma pessoa que trabalha como enfermeira e fez um plantão de 24 horas que sai direto para uma prova do Detran para fins de obter a Carteira Nacional de Habilitação estaria em condições de responder a um teste de atenção concentrada? Sendo assim, um processo de avaliação depende da atitude orientada para a compreensão do que se quer avaliar, da habilidade do avaliador em escolher estratégias e procedimentos específicos às necessidades advindas da avaliação (Alchieri, 2003).
2.2.2.1 A interpretação dos resultados Nos testes avaliados objetivamente, as respostas são contadas (escore bruto) e depois transformadas em escores padrões, que envolvem uma série de cálculos e a respectiva equivalência através de tabelas oferecidas nos manuais do teste. Esse procedimento, conhecido por apuração dos resultados, deve ser feito cautelosamente, respeitando-se todas as orientações indicadas no manual de utilização do teste. Embora muitos testes já tenham programas de computação, que são oferecidos pela editora no ato da compra, ainda assim devemos reconhecer que qualquer erro pode afetar a precisão do instrumento. Segundo Urbina (2007), as boas práticas de testagem requerem uma dupla verificação dos cálculos obtidos.
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Os escores de testes psicológicos fornecem dados quantitativos mais ou menos fidedignos que descrevem de maneira concisa o comportamento produzido pelos indivíduos em resposta aos estímulos do teste. Quando são cuidadosamente selecionados, administrados e avaliados, os testes fornecem informações que podem ser usadas em uma variedade de formas.
Tomar decisões a respeito de pessoas envolve julgamentos de valor e uma consequente responsabilidade ética. Para Urbina (2007): Infelizmente, na prática, as questões contextuais frequentemente são ignoradas, os julgamentos de valor não são reconhecidos explicitamente e os escores de teste muitas vezes se tornam o principal ou mesmo o único fator determinante na tomada de decisões. Como resultado, por motivos de conveniência, o peso da responsabilidade por muitas decisões é transferido injustificavelmente dos usuários e responsáveis pelas decisões para os testes em si. (p. 274).
Como em todo e qualquer instrumento ou técnica, são reconhecidas vantagens e desvantagens, além das limitações. Por isso, buscamos orientar você, caro aluno, sobre os cuidados quanto ao manuseio desse instrumental. Sendo assim, podemos dizer que os testes, quando bem utilizados, com o rigor e critérios necessários para garantia da manutenção de suas propriedades psicométricas, são ferramentas eficazes para a coleta de informações fidedignas sobre o sujeito avaliado, sendo componente valioso para o profissional. Ocorre que muitas vezes o próprio psicólogo, que é contrário ao uso dos testes, mas sequer conhece com profundidade o material, acredita que o teste rotula,o que parece, no mínimo, desconhecimento. Preste atenção! Vamos reforçar que o teste é apenas um instrumento e não tem caráter decisivo sobre a avaliação feita. Quem pode concluir alguma coisa a respeito do sujeito avaliado é o psicólogo, que faz uso ou não do teste. Deixamos claro, também, que um único instrumento não é adequado para fins de avaliação. O processo se dá por intermédio da utilização das várias técnicas e instrumentos e a conclusão será feita por você, psicólogo! Concordamos com Almeida (1999):“Os instrumentos são meios, não fins”.
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ATENÇÃO A utilização de um único teste para estabelecer a avaliação do sujeito é inadequada, pois com apenas um instrumento só colhemos alguns dados, o que faria a avaliação ser pouco consistente. Isso pode rotular o sujeito.
Anastasi e Urbina (1977) informam que, para minimizar as pressões negati vas sobre a utilização dos testes, é necessário melhorar, além da construção, a interpretação dos escores e a orientação para as pessoas que utilizam os testes. Para elas, os testes devem ser encarados como instrumentos e, como tal, sua eficácia está ligada à habilidade, ao conhecimento e à integridade de quem o utiliza.
DICA É desejável que o psicólogo, ao fazer uso de um teste, estude-o com antecipação,faça autoaplicação e realize a apuração e interpretação dos resultados, a fim de conhecer melhor o instrumento. O treinamento é sempre a solução adequada para que o profissional, através da prática, sinta-se familiarizado com o material que vai utilizar.
REFLEXÃO Um martelo pode ser empregado para construir uma mesa grosseira de cozinha ou um armário fino – ou como uma arma para agredir. (Anastasi&Urbina, 1977, p.678).
Para Urbina (2007, p. 279), devemos ter clareza sobre o que fazer e o que evitar na interpretação de testes.
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ALGUNS EXEMPLOS DO QUE NÃO É INTERPRETAÇÃO DE TESTES • Relatar escores numéricos: mesmo que expresso em percentis, simplesmente
listá-los não basta para transmitir seu sentido e suas implicações. • Atribuir rótulos: classificar indivíduos em categorias diagnósticas ou tipologias, com base em seus escores, não é um substituto adequado para a interpretação que melhora a compreensão. • Formular achados em termos de generalidades triviais.
COMO DEVE SER A INTERPRETAÇÃO DE TESTES • A interpretação de escores deve incluir uma explicação clara do que o teste trata,
do sentido dos escores, das limitações da precisão dos escores derivada do erro de mensuração. • A interpretação dos escores agrega valor às amostras de comportamento coletadas
com os testes, integrando-as com todos os outros dados disponíveis e usando o julgamento para chegar a inferências úteis e válidas.
REFLEXÃO Na hora da interpretação dos resultados, quem se sai melhor,o homem ou computador?
Se, por um lado,somente o homem é capaz de pesar valores e decidir os riscos que deve assumir, o computador pode ponderar sobre qualquer número de fatos. A máquina também aplica a regra imparcialmente e com consistência perfeita e ainda processa de forma barata as informações padronizadas. Mas o computador não pode processar a informação que a regra não diz como usar. O homem avaliando outro homem aplica julgamentos que o computador ignora (Cronbach, 1996). O computador desempenha muitos papéis por trás do cenário da testagem e pode fazer o papel de astro como aplicador de testes. O computador leva a
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padronização a um extremo, em virtude de sua consistência. Ele pode realizar uma mensuração e uma devolução personalizada a cada testando. A devolução pode ser complexa. O fato é que o computador pode criar um teste novo para cada pessoa, o que o torna uma grande atração. Com inúmeros itens, o computador pode montar um formulário diferente para cada candidato e adaptar todos os resultados a uma escala comum(Cronbach,1996). Atualmente, um teste impresso que se ajuste a determinadas exigências locais pode ser produzido rapidamente através de um "banco de itens" –um arquivo de itens classificados por conteúdo e nível de dificuldade. Atualmente, é prático armazenar bancos de itens e montar testes. Um número infinito de testes equivalentes pode ser criado selecionando-se conjunto de itens de acordo com o mesmo planejamento.
EXEMPLO O banco de questões da Universidade Estácio de Sá.
Os computadores são bons em apresentar testes diretamente aos indivíduos, pois dá instruções visualmente ou através de fones de ouvido, modifica os sinais sem erro e os sinais de tempo com precisão. Naturalmente, computadorizar um teste traz algumas perdas, especialmente ao eliminar as observações não padronizadas que um clínico experiente faz durante um teste individual tradicional. Crianças pré-escolares e pacientes com doença mental também respondem bem às apresentações automatizadas. A paciência do computador é interminável. Atualmente, são muitos os testes e inventários que têm versões para testagem computadorizada. A versão computadorizada de um teste originalmente desenvolvido em forma impressa ou oral normalmente é muito semelhante à versão original. Parece que as versões convencional ou computadorizada de um teste realmente costumam medir as mesmas variáveis, mas a dificuldade ou confiabilidade pode mudar facilmente. Mesmo quando o teste em si não é modificado, interagir com uma máquina pode ser psicologicamente diferente de responder a um examinador humano.
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REFLEXÃO Será que a versão computadorizada é realmente representativa do teste na sua forma antiga no papel?
O fato é que, atualmente, não podemos mais ignorar a tecnologia. A aplicação de testes computadorizados pode evitar erros na administração dos testes, além de eliminar a influência de variáveis indevidas na aplicação. Na verdade, o que verificamos é uma tendência à utilização dos computadores como facilitadores do processo de avaliação, sem deixar de compreender, no entanto, que o ato de avaliar implica em tomada de decisão e já temos citado em vários momentos: quem conclui alguma coisa é o psicólogo, que é um especialista e conhecedor de todo instrumental para cumprimento de sua atividade.
2.2.2.2 Será que ele disse a verdade? Segundo Cronbach (1996), cada pessoa conhece bastante o seu próprio comportamento. Os questionários –frequentemente chamados de "inventários" – são usados para obter autodescrições. Um dos problemas dos Inventários de Personalidade é o fato de serem instrumentos de autorrelato, ou seja, o sujeito responde a questões que abordam fatos que dizem respeito a ele mesmo, à sua maneira de ser ou agir, o que poderá gerar dificuldade para responder de maneira honesta e coerente. Para Anastasi (1977): A construção e uso dos inventários de personalidade possuem dificuldades especiais que vão além dos problemas comuns encontrados em todos os testes psicológicos. A questão da simulação e fraude é muito mais séria na mensuração de personalidade do que no teste de aptidão. O comportamento medido pelos testes de personalidade é também muito mais mutável do que o medido pelos testes de capacidade.
E a grande pergunta é: será que ele respondeu de verdade o que ele é ou mentiu para conseguir passar no teste?
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Os respondentes podem fingir para causar uma má/boa impressão, parecendo mais perturbados psicologicamente do que na verdade são. Muitas vezes o testando acredita que poderá manipular o resultado do teste. Anastasi e Urbina (2000) ressaltam que: Esta tendência não indica necessariamente uma fraude por parte do respondente. Estudos apontam que a desejabilidade social –para os que desejam causar boa impressão está relacionada com a necessidade de autoproteção, de evitação de críticas, de conformidade social e aprovação social. Para os que escolhem itens desfavoráveis podem estar motivados por uma necessidade de atenção,simpatia ou ajuda em seus problemas pessoas. As que buscam psicoterapia provavelmente vão apresentar-se como mais desajustadas do que são.
Na construção dos inventários, vários procedimentos foram seguidos para resolver o problema da fraude e das tendências: A construção de itens sutis; O estabelecimento de um bom rapport para motivar o testando a responder francamente; A construção de escalas que verificam se as repostas são válidas ou não, ou seja, se o sujeito respondeu sem faltar com a verdade, a escala de tendenciosidade e desejabilidade social, ou seja, se respondeu como ele de fato é ou se respondeu como gostaria de ser visto pelos outros. •
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2.3 O informe psicológico Segundo Pasquali e Guzzo (2001), o laudo psicológico é um instrumento de grande importância para o trabalho do psicólogo. O laudo apresenta uma conclusão sobre uma avaliação realizada e, a partir das informações nele contidas, poderá contribuir ou não para uma intervenção apropriada. (...) o laudo psicológico pode ser considerado uma expressão da competência profissional. Espera-se que a partir dele medidas possam ser tomadas para intervenções
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coletivas ou individuais. A importância do laudo serve não somente ao psicólogo, mas, principalmente, aos outros profissionais cujo trabalho depende dos resultados de uma avaliação psicológica, como juízes, professores e médicos. (Pasquali, 2001, p.155).
Os resultados apresentados no laudo devem estar contextualizados no momento histórico e social e devem ser apresentados de forma escrita para evitar algum tipo de má interpretação dos resultados relatados.
OBSERVAÇÃO Já chamamos a atenção para o fato de que a linguagem verbal pode ser ambígua e que muitas vezes emitimos uma fala e o interlocutor ouve não aquilo que falamos, mas aquilo que ele queria ouvir.
A Resolução CFP N.º 30/ 2001, institui o Manual de Elaboração de Documentos, produzidos pelo psicólogo, decorrentes de Avaliações Psicológicas. Este manual dispõe sobre os seguintes itens: Princípios norteadores; Modalidades de documentos; Conceito / Finalidade / Estrutura/ Modelos; Validade dos Documentos; Guarda dos Documentos. •
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De acordo com a resolução, em seu Art. 3º dispõe que toda e qualquer comunicação por escrito decorrente de Avaliação Psicológica deverá seguir os princípios norteadores indicados neste Manual. O CFP informa que o psicólogo, na elaboração de seus documentos, deverá adotar como princípios norteadores as técnicas da linguagem escrita e os princípios éticos, técnicos e científicos da profissão. De acordo com Pasquali(2001), o objetivo de um laudo é apresentar um resultado conclusivo de acordo com os objetivos propostos, seguindo as normas de um documento técnico. Do ponto de vista judicial, a palavra laudo se refere a um documento legal para servir de prova ou consulta esclarecedora acerca de um fato. Do ponto de vista técnico, o laudo é um instrumento de
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registro dos dados colhidos na avaliação psicológica e deverá ser arquivado junto aos protocolos dos instrumentos utilizados. Do ponto de vista de conteúdo, a redação deve conter uma análise descritiva dos eventos ou situações sob sua investigação.
UM LAUDO DEVE CONTER OS SEGUINTES ELEMENTOS: • Dados de identificação; • Motivo ou objetivo da avaliação; • Solicitante; • Técnicas utilizadas; • Sumário dos resultados quantitativos e qualitativos (fatores de desempenho e dinâ -
mica da personalidade); • Conclusão (diagnóstico, se for o caso, usando o CID-10 e o DSM-IV); • Identificação do profissional (registro no CRP);
PASQUALI (2001) ESCLARECE QUE O LAUDO DEVE CONTER: • Identificação do examinando • Motivo da consulta • Descrição física • Impressão geral obtida durante o rapport • Comportamento do examinando • Variáveis ambientais • Instrumentos usados • Planejamento das sessões de aplicação (quantos e quais testes foram aplicados em
cada sessão) • Resultados dos testes • Conclusão • Limitações
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Com relação à comunicação dos resultados obtidos em uma avaliação psicológica, para que um laudo seja considerado adequado, é necessário selecionar, organizar e integrar os dados com a devida preocupação quanto à linguagem, que deve ser adequada ao nível sociocultural, intelectual e emocional daquele que vai receber a comunicação (Cunha,2000). Guzzo e Pasquali (2001) também recomendam que sejam evitados termos técnicos e sentenças abreviadas, que sejam incluídos os instrumentos empregados e o objetivo da avaliação. Da mesma forma, Anastasi e Urbina (2000) destacam a necessidade de fornecer explicações apropriadas,de forma compreensível dos resultados e recomendações.
2.3.1 Críticas atuais aos instrumentos de avaliação psicológica Hultze Bandeira (in Primi, 2005) apresentam, em suas conclusões sobre um levantamento a respeito do uso dos testes psicológicos, realizado em 1993, a discrepância entre a quantidade de instrumentos nacionais e internacionais e a necessidade de uma atualização do instrumental brasileiro. Segundo Primi (2005), quanto ao ensino da avaliação psicológica: (...) destaque deve der dado aos trabalhos de Ribeiro (1996); Pereira & Carellos (1995); Jacquemin (1995); Kroeff (1988); Alves, Alchieri&Marques (2001) e, Vasconcelos & Toledo de Santana (2001). Embora tenham enfoques metodológicos diferentes, eles convergem para a necessidade de se repensar a formação profissional, de forma que ela se adapte melhor às necessidades da prática do profissional. (p. 32).
No que se refere ao trabalho do psicólogo na área de avaliação, as dificuldades encontradas só serão superadas com o envolvimento maior do profissional no desenvolvimento de pesquisas, na divulgação de trabalhos que possam sustentar e melhorar nossa atuação por intermédio de técnicas eficazes. Na preocupação com o ensino das práticas utilizadas para fins de avaliação e – porque não? – na construção de novos instrumentos adequados tanto aos nossos objetivos quanto à nossa população amostral.
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ATIVIDADES 01. Leia mais sobre o assunto e anote três pontos que você considerou importante para um debate em sala de aula: . 02. Os múltiplos sentidos da palavra “teste” e identifique qual o sentido específico do termo “teste psicológico”. 03. Quais informações devemos buscar nos manuais dos testes antes de sua utilização? 04. Podemos utilizar qualquer teste em todas as áreas da psicologia? 05. De que maneira um psicólogo pode fazer mau uso do teste? 06. Identifique a diferença entre laudo, parecer e atestado psicológico.
REFERÊNCIAS ALCHIERI, J. C. Avaliação psicológica: conceito, métodos e instrumentos/ João Carlos Alchieri, Roberto Moraes Cruz – São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003. ALCHIERI, J. C. & A. P. P. Noronha. Reflexões Sobre os Instrumentos de Avaliação Psicológica. In:/ Ricardo Primi. (Org.).Temas em Avaliação Psicológica. São Paulo: Casa do Psicólogo; Porto Alegre: IBAP, 2005. ALMEIDA, Leandro S.Avaliação Psicológica: Exigências e Desenvolvimentos nos seus Métodos. In: Wechsler, Solange e Muglia (Org.). Avaliação Psicológica: perspectiva internacional.São Paulo: Casa do Psicólogo,1999. AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). Ethical principles of psychologists and code of conduct. American Psycologist, 2002. In
ANASTASI, A. &URBINA,S. Testagem
Urbina, S. Fundamento da Testagem Psicológica.2007.
Psicológica /Anne Anastasi e Susana Urbina. Porto Alegre:
Artes MédicasSul, 2000. ANASTASI, A. Testes
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BLEGER, J. Temas de psicologia: entrevista e grupos. São Paulo: Martins Fontes, 1998. CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP 30/2001. Manual de Elaboração de Documentos de Avaliação Psicológica. Brasília, 2001b.
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CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Avaliação psicológica: diretrizes na regulamentação da profissão / Conselho Federal de Psicologia. - Brasília: CFP, 2010. CRONBACH, L.J. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico V. Porto Alegre: Artmed, 2000. ERTHAL, Tereza Cristina. Manual de Psicometria. 7. Ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. MEDIANO, Z.D. Módulos instrucionais para medidas e avaliação em
Educação. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1976. PASQUALI,L. Técnicas de Exame Psicológico – TEP. Luiz Pasquali organizador. – São Paulo: Casa do Psicólogo / Conselho Federal de Psicologia, 2001. PRIMI, Ricardo. Temas em avaliação psicológica. Ricardo Primi (Organizador). São Paulo: Casa do Psicólogo; Porto Alegre: IBAP- Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica, 2005. RODRIGUES, A.; ASSMAR,E.M.L.; JABLONSKI, B. Psicologia Social. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. RODRIGUES, A. Psicologia Social. Petrópolis, RJ: Vozes, 1978. URBINA, Susana. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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3 Testes psicológicos
3. Testes psicológicos 3.1 A avaliação objetiva da personalidade Por que as pessoas são como são? O termo “personalidade” sempre exerceu um grande fascínio tanto para os teóricos da psicologia quanto para o senso comum. Quantas vezes o aluno ouviu algum comentário a respeito da “personalidade difícil”ou“personalidade marcante”de algum conhecido?
OBJETIVOS •
Compreender a personalidade como um construto passível de mensuração;
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Promover a compreensão da relevância dos testes psicométricos de personalidade;
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Promover a compreensão da importância da utilização dos testes de inteligência, aptidão e interesse;
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Promover a compreensão da natureza e relevância dos testes de habilidades sociais;
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Reconhecer os instrumentos comercializados e utilizados no Brasil;
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Reconhecer a funcionalidade dos instrumentos para a prática psicológica.
REFLEXÃO Existe um tipo de personalidade boa ou ruim?
ATIVIDADE a) Diz o ditado popular que “pau que nasce torto morre torto”. O que você acha? Que tal lembrarmos, em sala de aula, de algum caso em que o ditado se configure e, a partir do exemplo, discutir as condições sócio-históricas e culturais, afetivas, materiais do exemplo citado? Que tal projetarmos o exemplo no futuro para averiguar as possibilidades de realizações do exemplo citado? b) E agora, o que você acha?
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Para refletir sobre o questionamento acima, retornemos ao capítulo 1, quando discutimos a avaliação profissional. Segundo Pasquali (2001), todos nós “avaliamos” as pessoas e as situações no cotidiano. Isso acontece porque temos uma espécie de habilidade, que é necessária à sobrevivência, de interpretar o comportamento das outras pessoas e que também está relacionada às nossas expectativas pessoais. A partir dessas primeiras impressões, já nos tornamos juízes e formamos julgamentos de valor. Vamos lembrar que esta é a considerada avaliação “não profissional” e já não faz mais parte do plano de ação para fins de avaliação do aluno que se forma em psicologia. Convém perceber que, em se tratando de personalidade, não há certo nem errado, cada pessoa tem suas características próprias, que foram sendo modeladas ao longo de sua história de vida, das experiências e das percepções adquiridas ao logo do seu desenvolvimento, sendo, portanto, singulares. Dessa forma, compreendemos que as pessoas, no senso comum, façam seus julgamentos. Mas, como profissionais, buscaremos uma postura mais isenta, com o afastamento das nossas ideias, conceitos e, sobretudo, dos nossos preconceitos para observarmos o fenômeno de maneira tal qual se apresenta. O aluno poderá nos questionar se estamos defendendo a tão discutida “neutralidade” e abrimos espaço, então, para uma discussão sobre o tema.
REFLEXÃO No contato entre entrevistador e entrevistado, há como manter a neutralidade?
ATIVIDADE Os alunos devem pesquisar, em artigos científicos, o conceito de neutralidade e sua compreensão para os diversos posicionamentos teóricos e, também, a evolução histórica do construto.
CONCEITO Personalidade – Etimologicamente, a palavra personalidade designa máscara, tal qual a
máscara do ator, que no teatro antigo era fixa e imutável durante toda a sua apresentação.
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Para Lindzay& Hall (1975), o termo torna-se obscuro, devido à variedade de significados que os psicólogos lhe atribuem e a uma multiplicidade teórica que envolve a temática.
Existem muitas definições para a “personalidade”. De forma bem genérica, pode-se dizer que seria tudo o que distingue um indivíduo de outro, um con junto de características que determinam a individualidade, que permite conhecer como esse indivíduo se relaciona consigo mesmo, com as pessoas e com o mundo à sua volta.(Costa,1997) Allport, em 1937, já identificava mais de 50 definições diferentes para a personalidade. Segundo Lindzay & Hall (1975): (...) a personalidade é definida por conceitos particulares contidos em uma teoria considerada adequada para a completa descrição e compreensão do comportamento humano. (...) uma teoria é constituída de um conjunto de hipóteses (...) que permitem ao pesquisador passar da teoria à prática. (p. 28).
O termo personalidade se refere, então, a determinados padrões de comportamento e atitudes que são peculiares em cada indivíduo. Assim,embora os traços de personalidade sejam diferentes nos indivíduos, podem ser considerados relativamente constantes e estáveis em cada um deles (Rebollo & Harris, 2006). Allport (1966) caracteriza a personalidade como "a organização dinâmica, no indivíduo, dos sistemas psicofísicos que determinam seu comportamento e seus pensamentos característicos" (p. 50). Para Trentini, Hutz, Bandeira, Teixeira, Gonçalvez e Thomazoni (2009), a personalidade se refere às características dos indivíduos, sendo única e o distinguindo dos demais a partir de padrões consistentes de sentimentos, pensamentos e comportamentos. Embora haja uma variedade de definições para esse construto, a avaliação da personalidade irá depender da teoria adotada pelo pesquisador, de maneira que a forma como as teorias conceituam o termo acaba por definir as principais características de cada posição teórica. São várias as teorias de personalidade, dentre as quais se destacam as de Freud, Jung, Adler, Murray, Allport, Rogers, Murphy e outras de igual valor e
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importância para a psicologia. No entanto, quando se trata de testes de personalidade, sobretudo os testes objetivos, precisamos relembrar a Teoria dos Traços.
PERGUNTA Imagine que um colega de turma esteja ansioso, devido à proximidade da AV-2. M O C . Y A B A X I P ©
Isso é suficiente para que alguém possa classificá-lo como uma pessoa ansiosa?
CONCEITO Traços de personalidade referem-se, de maneira geral, a padrões consistentes na forma
como os indivíduos se comportam, como sentem e pensam. (Lawrence & Oliver, 2004).
A partir da análise fatorial, foi possível agrupar as características (traços) de personalidade. Teóricos dos traços de personalidade estão principalmente interessados na mensuração destes, ou seja, dos padrões habituais de comportamento, pensamento e emoção.
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Para Silva e Nakano (2011): Os traços de personalidade podem ser usados para resumir, prever e explicar a conduta de um indivíduo, de forma a indicar que a explicação para o comportamento da pessoa será encontrada nela, e não na situação, sugerindo, assim, algum tipo de processo ou mecanismo interno que produza o comportamento. Embora considerados parte constante, devido ao fato de representarem uma tendência, de forma a se poder afirmar a presença de traços ou tendências da personalidade, os traços não são imutáveis (Pacheco &Sisto, 2003). Os traços de personalidade seriam características psicológicas que representam tendências relativamente estáveis na forma de pensar, sentir e atuar com as pessoas, caracterizando, contudo, possibilidades de mudanças, como produto das interações das pessoas com seu meio social (Sisto& Oliveira, 2007). Essa visão também é compartilhada por Costa e McCrae (1998) ao afirmarem que os traços podem sofrer influência de aspectos motivacionais, afetivos, comportamentais e atitudinais.
REFLEXÃO Apesar do grande esforço e das inúmeras definições, o conceito de personalidade parece ainda um evasivo. Pare para refletir: por que você acha que isso acontece?
Para Cohen & Swerdlik (2009, p.397), a avaliação da personalidade pode ser definida como a medição dos traços, estados, valores, interesses, atitudes, visão de mundo, aculturação, identidade pessoal, senso de humor e/ou características relacionadas aos estilos cognitivos e comportamentais individuais. Os autores afirmam, ainda, que por anos os teóricos da personalidade e seus sucessores assumiram que os traços de personalidade são relativamente resistentes ao longo da vida de um ser humano. Roberts e Del Vechhio(2000) exploraram a durabilidade de traços de personalidades por meio de meta-análise de 152 estudos longitudinais. Estes pesquisadores concluíram que a consistência de um traço da personalidade aumenta em um padrão de estágios até que este atinja 50 a 59 anos, estágio no qual esta consistência tem seu pico. Suas descobertas podem ser interpretadas como um testemunho convincente para a
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natureza relativamente resistente dos traços de personalidade ao longo da vida de um ser humano. Na sequência, Cohen & Swerdlik (2009, p.379-383), afirmam que podemos diferenciar os traços de personalidade dos tipos de personalidade. Considerandose personalidade como uma constelação única de traços e estados, podemos definir um “tipo de personalidade” como uma constelação de traços e estados que são similares em um padrão com uma categoria de personalidade identificada dentro de uma taxonomia de personalidades. Traços são frequentemente discutidos como características que um indivíduo tem,enquanto tipos são mais do que meras descrições. Ao descrever um indivíduo como "deprimido", é diferente de descrever este indivíduo como um "tipo depressivo" –neste caso, o termo tem uma abrangência maior em suas implicações quando ligadas a aspectos característicos de um indivíduo tais como sua visão de mundo, capacidade para apreciar a vida e o seu nível de interesse social. Podemos considerar “estado de personalidade”, atualmente considerado o termo mais utilizado, como referindo-se à exibição transitória de algum traço de personalidade. Ou seja, o uso da palavra "traço"pressupõe uma predisposição comportamental relativamente duradoura, enquanto o termo “estado” é um indicador de uma predisposição relativamente temporária (Chaplin et al. 1988). Então,por exemplo, Sally pode ser descrita como estando em um "estado de ansiedade" antes dos exames universitários, mas ninguém conhece bem Sally para descrevê-la como "uma pessoa ansiosa". Devemos considerar que alguns teóricos têm sido críticos sobre a predominância do conceito de traços na teoria da personalidade. Tais críticos também fazem alusão ao fato de que alguns comportamentos podem ser governados mais por expectativas sociais e pelas restrições relativas ao papel cultural do que pelos traços de personalidade de um indivíduo (Barker,1963; Offman L, 1963 in Cohen & Swerdlik, 2009). O mesmo traço de personalidade pode ser mensurado por intermédio de instrumentos diferentes. Considere as muitas maneiras possíveis de se compreender as diferenças discriminando 9 aqueles que têm ou não têm as características mensuradas e poder determinar quanto uma pessoa é agressiva, persistente ou egocêntrica. Algumas pessoas veem o mundo com amor e bondade, outras com ódio e desesperança. Algumas pessoas têm percepções relativamente realistas 9 Discriminar aqui significa apontar diferenças, não no sentido de separar ou marginalizar, mas de compreender em termos comparativos o quanto a pessoa avaliada se aproxima ou se afasta da média da população amostral.
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de si mesmas, outras se percebem de forma irrealisticamente distorcida e imprecisa. Para que os psicólogos possam compreender melhor as diferenças entre as pessoas no que diz respeito a estas e outras dimensões, muitas ferramentas diferentes encontram-se disponíveis no mercado. Para avaliação da personalidade, a partir dos testes objetivos, podemos citar alguns dos instrumentos aprovados 10 no Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (Satepsi) do Conselho Federal de Psicologia e comercializados no Brasil, que constam no final do capítulo no Anexo I. A personalidade permite uma avaliação muito ampla, podendo ser promo vida a partir de um inventário geral de personalidade, obtendo informações sobre muitas variáveis relacionadas com a personalidade ou avaliando um único aspecto dela. Como observamos anteriormente, os instrumentos que mensuram a personalidade diferem na medida em que dependem de uma teoria da personalidade em seu desenvolvimento e interpretação. Ao se trabalhar com instrumentos de autorrelato, ou seja, instrumentos cujos itens abordam questões em que os sujeitos, ao responderem, estarão fornecendo informações a respeito de si mesmos, devemos ter um cuidado especial. Você pode saber qual o grau de certeza que teremos quanto à veracidade das respostas se o testando fala de si mesmo? Outra dúvida que pode surgir é sobre o fato de que ele possa responder como ele gostaria de ser visto (desejabilidade social),e não como ele é de fato. Para Anastasi (1977): Os inventários de autodescrição são especialmente sujeitos à simulação ou “cola” apesar das afirmações introdutórias em contrário a maioria dos itens nesses inventários tem uma resposta reconhecida como socialmente mais conveniente ou aceitável do que as outras. (p. 546).
Por isso, segundo Anastasi (1977), a construção e o uso dos inventários de personalidade têm dificuldades especiais que vão além dos problemas comuns dos testes psicológicos: A simulação e a fraude são muito mais sérias do que nos testes de aptidão. 10 Os instrumentos apresentados são considerados aprovados e aptos no momento da construção deste livro – abril de 2016. Antes da utilização de qualquer teste padronizado, o psicólogo deve buscar as informações no SATEPSI.
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Os inventários de autorrelato estão especialmente sujeitos à possibilidade de respostas incorretas deliberadas, pois a maioria dos itens tem uma resposta que é reconhecida como socialmente mais desejável ou mais aceitável. Os respondentes podem “fingir para causar uma má/boa impressão”, parecendo mais perturbados psicologicamente do que na verdade são. Outro problema é a maior especificidade de resposta (um indivíduo pode ser muito mais sociável e extrovertido no escritório do que em situações formais / um estudante que “cola” na prova pode ser muito escrupuloso em questões de dinheiro).
A possibilidade de “simular” ou “colar” não indica necessariamente uma fraude por parte do respondente. Alguns estudiosos apontam que a desejabilidade social pode estar relacionada com a necessidade de autoproteção, de evitação de críticas, de conformidade social e aprovação social (Crowne e Marlowe, 1964; Frederiksen;1965 in Anastasi, 1977). Na construção dos instrumentos de autorrelato, vários procedimentos são seguidos para resolver o problema da fraude e das tendências. Dentre eles estão a construção de itens “sutis”, o estabelecimento do rapport,que deve motivar o testando a responder francamente, a construção de escalas especiais para este fim com itens direcionados a averiguar a veracidade, a tendenciosidade e a desejabilidade. Retomando a importância dos instrumentos que mensuram a personalidade, na avaliação clínica,tanto os testes como outras ferramentas são empregados para coletar dados. A partir desses dados, diagnósticos e inferências são feitas a respeito da existência de uma força de constructos psicológicos. Diante da diversidade de teorias e instrumentos disponíveis para avaliação da personalidade,torna-se cada vez mais necessário que os psicólogos desen volvam pesquisas que envolvam análise dos instrumentos e consequente relação com o referencial teórico no sentido de buscar maior clareza e adequação da utilização dos instrumentos de investigação. O futuro psicólogo deve estar atento, também, sobre a importância de conhecer bem os instrumentos utilizados, assim como a finalidade de sua utilização. Deve reconhecer as limitações e as potencialidades do nosso instrumental e ter clareza sobre sua responsabilidade ao ser conclusivo a respeito do diagnóstico produzido.
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3.2 Inteligência, aptidão e interesse 3.2.1 Medidas de inteligência
O campo da inteligência tem dominado a literatura psicológica durante décadas. Atualmente,engloba uma diversidade de domínios tais como a psicologia cognitiva, a psicologia clínica e a psicologia escolar entre outras. No entanto, será um equívoco acreditar que o construto inteligência possa ser definido mais claramente do que personalidade. De acordo com Domino & Domino (2006), não existe nenhuma definição consensual sobre a inteligência como as conclusões obtidas a partir da psicologia cognitiva são tão rápidas que qualquer novidade pode tornar-se rapidamente obsoleta antes mesmo de seu desenvolvimento. Em contrapartida, o campo da testagem ainda segue com movimentos muito lentos, não sendo rapidamente desatualizados. São inúmeras as teorias sobre inteligência. Dentre elas, a inteligência geral, a inteligência emocional, inteligências múltiplas, inteligência para o sucesso etc. Para o senso comum, ser inteligente significa obter sucesso, ganhar dinheiro, ter satisfação profissional e pessoal.
PERGUNTAS Quem não gostaria de ser considerado uma pessoa inteligente? Uma pessoa bem-sucedida é aquela que sempre foi muito inteligente?
REFLEXÃO Quantas pessoas você conhece que são consideradas muito inteligentes, mas nunca tiveram sucesso na vida?
Embora a“inteligência” seja um dos construtos mais estudados, continua sendo um conceito ambíguo que provoca discussões e críticas rigorosas. Segundo Pasquali (in Primi, 2005), falta à Psicologia uma teoria mais consistente, obrigando estudiosos a definirem os construtos e apelando sempre para alguém, ou seja, quando se pergunta o que é inteligência, as primeiras questões a serem
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respondidas são: que tipo de inteligência? Inteligência segundo quem? Pasquali (p.125) afirma que “assim é inevitável que haja confusão quando se fala de inteligência pura e simplesmente porque cada interlocutor irá assumir naquela expressão um processo diferente, tal como raciocínio, imaginação, intuição etc.” Tal dificuldade se apresenta como um desafio para os estudiosos da área.
COMENTÁRIO Provavelmente, a maioria das pessoas também concorda que inteligência, ou pelo menos um comportamento inteligente, pode ser observada e talvez avaliada ou medida.
Os testes de inteligência parecem sofrer de uma perpétua crise de identidade (Hogan, 2006). Devido à grande dificuldade em definir o construto inteligência, muitas são as formas de identificá-la “capacidade mental”, “habilidade cognitiva”. Cohen e Swerdlik (2009) definem a inteligência como uma capacidade multifacetada que se manifesta de formas diversas durante todo o ciclo de vida. Em geral, a inteligência inclui a capacidade para: Adquirir e aplicar conhecimentos; Raciocinar logicamente; Planejar de forma eficaz; Inferir perceptivelmente; Fazer julgamentos e resolver problemas; Vislumbrar e entender conceitos; Prestar atenção; Ser intuitivo; Pensar e encontrar palavras certas com facilidade; Ajustar-se e aproveitar ao máximo situações novas. •
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COMENTÁRIO Você não deve aceitar essas descrições como uma certeza absoluta sobre o assunto. Em vez disso, use-as como ponto de partida para refletir sobre o termo que pode ser considerado intrigante,já que, ao mesmo tempo em que parece simples, constitui-se de forma tão complexa.
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A maioria das pessoas acredita que pode reconhecer a inteligência quando é expressa em comportamentos observáveis. No entanto, a definição dessa denominação "facilmente observável" permanece uma incógnita. Talvez a inteligência não seja observável em tudo. E, assim, uma definição aceitável de inteligência continua sendo um grande desafio (Cohen &Swerdlik, 2009, p. 278). Traçando um breve histórico sobre o conceito de inteligência, podemos perceber seu desenvolvimento ao longo do tempo. Iniciamos com Alfred Binet, que, embora tenha sido pioneiro ao lançar seu teste com a proposta de medir as funções mais complexas, não nos deixou uma definição explícita de inteligência. Ele, no entanto, escreveu sobre seus componentes que incluíam raciocínio, julgamento, memória e abstração (Varon, 1936 in Cohen &Swerdlik, 2009). David Wechsler propôs o conceito de inteligência como uma entidade global e ao mesmo tempo única (razão pela qual utilizou o escore de QI), conforme outros autores da época, mas a baseou em um conjunto de habilidades específicas que são mais ou menos complexas e qualitativamente distintas (Lezak, Howieson & Loring, 2004). Para Spearman, idealizador da análise fatorial, a inteligência poderia ser compreendida tanto em função de um único fator geral, conhecido como fator "g", que permeia o desempenho em todos os testes de capacidade mental, como em função de um conjunto de fatores específicos, cada um envolvido no desempenho de uma capacidade mental. Segundo Primi (2003): A concepção de inteligência da abordagem psicométrica está sustentada na análise fatorial. A análise fatorial por sua vez baseia-se nas diferenças individuais reveladas por uma centena de testes criados para avaliar as capacidades cognitivas. O propósito da análise fatorial é identificar subgrupos de testes que avaliam uma mesma capacidade cognitiva. A lógica deste procedimento é que, se dois testes requerem uma mesma capacidade cognitiva, então pessoas que tiverem esta capacidade desenvolvida tenderão apresentar escores mais altos nos dois testes simultaneamente. Ao contrário, pessoas com menor desenvolvimento tenderão apresentar escores baixos nos dois testes simultaneamente. Como se deseja descobrir quais são as capacidades que compõem a inteligência percorre-se o caminho inverso, isto é, aplica-se uma bateria de testes cobrindo uma diversidade de capacidades intelectuais, emprega-se a análise fatorial para descobrir os agrupamentos de testes e por fim, analisa-se estes grupos entendendo quais são as capacidades comuns envolvidas na resolução dos testes dentro deles.
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Cattel subdividiu a inteligência geral em: inteligência fluida (GF– fluid intelligence ), que, associada a componentes não verbais reflete a rapidez e exatidão do raciocínio abstrato; e inteligência cristalizada (GC – c rystallized intel- ligence ), que, associada a conhecimento e vocabulário acumulados, reflete as capacidades exigidas para a solução de problemas cotidianos complexos. Uma das mais destacadas teorias de inteligência é a de Jean Piaget (18961980), exercendo grande influência na psicologia do desenvolvimento. Em sua teoria, o desenvolvimento cognitivo se dá por meio de quatro estágios: os estágios sensório-motor, pré-operacional (pré-operatório), operatório concreto e operatório formal, que o aluno já conhece através dos estudos feitos na disciplina de desenvolvimento humano. Embora sua teoria tenha sido muito importante para a psicologia e para a educação de modo geral, não exerceu muita influência no campo da testagem. O fio condutor das teorias de Wechsler e Piaget é o foco interacionista, que se refere à compreensão de que hereditariedade e meio ambiente interagem e influenciam o desenvolvimento da inteligência. Outros teóricos concentraram-se em outros aspectos da inteligência, como, por exemplo,a identificação da capacidade ou grupos de habilidades consideradas como inteligência. Nas teorias de processamento de informação, a foco específico está na identificação dos processos mentais que constituem a inteligência (Cohen &Swerdlik, 2009, p. 282). 3.2.1.1 Inteligência geral
Segundo Anastasi &Urbina (2000, p. 248), “todos os testes psicológicos são planejados para medir o comportamento”. Quando se trata da avaliação da inteligência, algumas questões devem ser discutidas: o termo inteligência tem uma grande diversidade de definições e, não raro, é identificado com a sigla QI como uma abreviação para o termo “inteligência”. O QI – quociente de inteligência – é uma medida obtida a partir dos testes que avaliam a capacidade cognitiva em relação às normas padronizadas obtidas a partir da população amostral correspondente à sua faixa etária. Durante muito tempo, o QI foi uma medida utilizada para descrever sujeitos considerados muito inteligentes ou pouco inteligentes. A inteligência era considerada a mais valiosa das qualidades humanas e todos desejavam o status de inteligentes, promovendo, de certa forma, uma marginalização daqueles que
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apresentavam resultados baixos. Esta foi a época dos “testadores”, muitos deles com pensamentos eugenistas 11. Hoje, já sabemos que um QI altíssimo pode não resultar em grandes benefícios para as pessoas. Há alguns anos, pesquisas realizadas mostraram que as pessoas que obtiveram maior pontuação em testes de QI não foram necessariamente aquelas que tiveram ascensão profissional. Na atualidade, espera-se que um candidato a uma vaga de emprego, por exemplo, seja inteligente e que tenha também algumas habilidades sociais desejadas, a fim de preencher aquela determinada vaga. Ser só inteligente já não é o grande ponto de aspiração das empresas. Muitas vezes a pessoa tem QI alto, mas tem uma grande dificuldade das relações interpessoais.
REFLEXÃO Qual a garantia de que a criança prodígio se torne um adulto de sucesso?
Para Anastasi e Urbina (2000), devemos lembrar dois pontos importantes: Primeiro, a inteligência testada deveria ser considerada um conceito descritivo e não um conceito explanatório. Um QI é uma expressão do nível de habilidade de um indivíduo em um determinado momento do tempo, em relação às normas de idades disponíveis. Nenhum teste de inteligência pode indicar as razões para o desempenho de uma pessoa. Atribuir o desempenho inadequado em um teste ou em atividades da vida cotidiana à “inteligência inadequada” é uma tautologia, e de maneira nenhuma faz avançar o nosso conhecimento da deficiência do indivíduo. (...) Os testes de inteligência, assim como qualquer outro tipo de teste, não devem ser usados para rotular as pessoas, e sim para compreendê-las. (...). Um segundo ponto a lembrar é que a inteligência não é uma habilidade única, unitária, mas um composto de várias funções.
As autoras também chamam a atenção para o entendimento de que as qualificações de desempenho bem-sucedido diferem em culturas diferentes e em diferentes épocas na mesma cultura (p.249). 11 Eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido". Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente". (José Roberto Goldim. «Eugenia». UFRGS, 1998) .
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A partir das tentativas de unificar o conceito de inteligência de forma que fosse aceito e aplicável universalmente, promoveu a criação dos tradicionais testes de inteligência, todavia não existe um ou dois tipos de inteligência,pois a inteligência é um conceito multifacetado (Anastasi&Urbina, 2000). 3.2.1.2 Inteligência emocional
Segundo Primi (2003), uma série de estudos tem procurado expandir o construto inteligência integrando aspectos da cognição com a emoção. Estes estudos estão sendo feitos com relação ao conceito de inteligência emocional. Mas o que é inteligência emocional? Esse termo foi inicialmente utilizado por Salovey e Mayer (1990), que definiram inteligência emocional como "a capacidade de perceber, avaliar e expressar emoções com precisão; a capacidade de acessar e/ou gerar sentimentos de modo a facilitar o pensamento; a capacidade de entender as emoções e o conhecimento emocional e a capacidade de regular emoções para promo ver o crescimento emocional e intelectual" (Mayer, Salovey& Caruso, 1997, p.10).A divulgação do termo se deu por intermédio do livro de grande sucesso de Daniel Goleman (1996). No entanto, os conceitos considerados como a base da Inteligência Emocional já estavam presentes nas pesquisas e nos modelos teóricos dos estudos da Inteligência de modo geral. O modelo de inteligência emocional amplamente divulgado por Goleman é diferente da concepção original desses autores,pois inclui aspectos muito mais amplos do que o proposto originalmente. “Além disso, algumas afirmações como a que diz que o a inteligência emocional é mais importante do que a inteligência tradicionalmente medida pelos testes psicométricos não é verdadeira”(Primi,2003).
A definição de inteligência emocional depende da definição da inteligência, emoção e sobre sua interação (Primi,2003). O autor considera, ainda, que: Uma definição bastante ampla diz que a inteligência é a capacidade de se adaptar ao meio. Os fatores cognitivos discutidos anteriormente indicam áreas mais especializadas do funcionamento cognitivo que favorecem a adaptação. Por exemplo, a inteligência
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cristalizada elevada está associada ao maior conhecimento de informações sobre a cultura o que por sua vez facilita muito a adaptação. A inteligência fluida elevada está associada à capacidade de resolver problemas por meio da descoberta de relações entre várias informações disponíveis. Isso faz com que a pessoa tenha uma maior compreensão dos eventos complexos que a rodeiam trazendo uma vantagem adaptativa.
Para Mayer &Salovey (1997): A inteligência emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional e intelectual. (p.15)
Já foram desenvolvidos vários instrumentos para mensuração da inteligência emocional. Algumas já se encontram disponíveis no mercado editorial, embora ofereçam informação insuficiente sobre suas propriedades psicométricas, o que é fundamental para estabelecer se esse tipo de inteligência é um construto empiricamente útil e conceitualmente justificável (Roberts, FloresMendoza e Nascimento, 2002). O conceito de inteligência emocional, sem dúvida, tornou-se um dos mais populares das últimas décadas. Talvez a sua rápida absorção pela sociedade esteja ligada à crença de que haja uma correlação tanto entre inteligência emocional e bem-estar quanto ao sucesso profissional, já que a inteligência emocional é compreendida como “a capacidade das pessoas de perceber e gerenciar suas próprias emoções assim como perceber e, porque não, conduzir as dos outros”(Roberts, Flores-Mendoza e Nascimento, 2002). Para Roberts, Flores-Mendoza e Nascimento (2002): São muitos os problemas, de ordem metodológica e conceitual, que envolvem o conceito desta inteligência. Não há certeza se a IE é um tipo de inteligência (por exemplo, inteligência cristalizada) ou se ela pertence ao campo da personalidade (por exemplo, como componente de ordem inferior). Parece haver sérias evidências que a IE não
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é inteligência psicométrica, do tipo fluido (ou fator g) reconhecida em um século de investigações e para a qual existem diversas medidas psicometricamente bem construídas. Assim sendo, pode-se afirmar que a IE é um conceito ainda em fase de construção e suas medidas precisam ser refinadas. Portanto, o alarde da mídia e de certos setores acadêmicos desprevenidos não se justifica no momento atual da ciência psicológica.
3.2.1.3 Inteligências múltiplas
Thurstone, em 1938, criticou o modelo de inteligência geral evidenciada por Spearman e postulou que a inteligência poderia ser desmembrada em várias capacidades básicas através da análise fatorial. Foi quando criou o Teste de Capacidades Mentais Básicas (Butcher,1974). Em 1995, Howard Gardner, em meio a uma avalanche de publicações, defendeu sua teoria das inteligências múltiplas, evidenciando sete tipos de inteligência: linguística, musical, lógico-matemática, espacial, corpóreo-cinética, intrapessoal e interpessoal. Recentemente, Gardner (1999) evidenciou de três a quatro novos tipos de inteligência: a naturalista, a espiritual, a existencial e a moral. (Hogan, 2006). Para Wechsler (2001), “decididamente a proposta teórica de Gardner(1993) de sete tipos básicos de inteligência, apoiada sobre uma base psicofisiológica de funcionamento cerebral, teve uma grande influência sobre a visão atual da multiplicidade deste construto”. Um modelo de vários tipos de inteligência foi observado nos trabalhos de Horn (1991), unindo os conceitos de inteligência fluida e cristalizada, anteriormente apresentadas por Cattell, para um modelo das nove dimensões: raciocínio fluido, conhecimento da cultura, memória de curto prazo, memória delongo prazo, processamento visual, processamento auditivo, rapidez de raciocínio, precisão de raciocínio e conhecimento quantitativo. Com o avanço das pesquisas sobre o funcionamento mental,devem ser considerados vários tipos de inteligência, e não um único conceito. Wechsler (2001) chama a atenção para a necessidade de pesquisas a partir de bases de dados, levando-se em consideração as diferenças culturais. Os psicólogos brasileiros devem também dedicar esforços para mapear as múltiplas dimensões da inteligência em nosso país. “A responsabilidade social da Psicologia de contribuir para a melhoria da vida humana é diretamente afetadas pela noção de capítulo 3 •
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“inteligências.”Portanto, são reconhecidamente muitos os dilemas e os desafios para os pesquisadores no que se refere aos procedimentos mentais. 3.2.1.4 Teoria triárquica de inteligência
Sternberg (1985) apresentou uma teoria de inteligência que articula três subteorias referenciadas ao mundo interno (tratamento da informação), ao mundo externo (interação com o meio) e ao protagonismo da inteligência na adaptação a ambos (as experiências individuais mediadoras). Em seu contexto, apresenta as subteorias: a) componencial, relacionada aos meta componentes planejamento, monitoramento e avaliação da atividade cognitiva,também chamada de função executiva; b) a contextual, relacionada ao pensamento inteligente, com objetivos de adaptação e modelação ao meio como recurso adaptativo; e c) a experiencial, relacionada aos pontos críticos da atividade cognitiva e visa à captação da experiência anterior na adaptação a uma nova situação gerando eficácia na resposta. 3.2.1.5 Críticas aos testes de inteligência
Grande parte das críticas que envolvem a mensuração da inteligência em testes como o Stanford-Binet podem ser resumidas no fato de que os esforços concentram-se muito mais no teste em si do que na teoria que o envolve. Muitos foram construídos como medidas práticas, concebidos em contextos aplicados, com um foco no critério em vez de foco na validade do construto. Principalmente como parte da "revolução" da psicologia cognitiva, tem havido forte ênfase em diferentes abordagens para o estudo da inteligência, abordagens que são mais teóricas, com maior foco no processo (como a criança pensa) do que no produto (qual é a resposta certa), e que tentam definir inteligência, em termos de base e capacidades essenciais. Hoje temos um foco bem grande no modelo de processamento de informações. Para as teorias cognitivas de inteligência,o computador representa um modelo de como o cérebro funciona (K. Richardson, 1991 in Domino & Domino, 2006). Provavelmente mais do que qualquer outro tipo de teste, os testes de inteligência têm gerado um grande número de controvérsias e críticas. “Mas os testes de inteligência certamente não são perfeitos e muitas das críticas são
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válidas, uma delas é que os testes não mudaram muito desde o trabalho de Binet.”(Domino & Domino, 2006) No Brasil, pesquisas realizadas sobre o ensino de Técnicas de Exame Psicológico evidenciaram que os testes mais ensinados nos cursos de Psicologia são respectivamente o WISC, o Raven, o Columbia, o GoodenoughHarris, o G-36, o INV, o D-48, o D.70 e o CIA(Alves, Alcchieri e Marques, 2001 in Alves, 2005). Alves (2005) cita pesquisa realizada por Noronha (1999) evidenciando que,entre os dez testes mais utilizados na prática profissional pelos psicólogos, somente dois de inteligência foram relatados: o WISC, utilizado por 15% dos respondentes e o Raven, citado por 6,1% deles. Tais resultados nos remetem, mais uma vez, à reflexão sobre a importância e a utilização dos testes de inteligência, assim como o ensino da disciplina e da aplicabilidade dos testes de inteligência nos cursos de Psicologia. Talvez o caro aluno possa ainda se questionar sobre a real importância do instrumento para fins de avaliação psicológica. Talvez não tenha tido a oportunidade de vivenciar a aplicação, a apuração e a interpretação dos resultados de um teste. Quem sabe, ainda, o aluno possa pensar que os testes sejam instrumentos muito difíceis e, por isso, requeiram muito tempo dedicado aos estudos para sua compreensão. De fato, todo psicólogo precisa dedicar muito do seu tempo para ter uma formação de qualidade, para a compreensão dos testes ou das teorias psicológicas. O aluno deve refletir sobre a responsabilidade de sua atuação profissional e sobretudo sobre a importância do seu trabalho para inúmeras pessoas. Deve procurar uma formação de qualidade, que não é dada unicamente pela instituição de ensino –só será garantida por seu esforço pessoal e dedicação. O diploma, seja de onde for, não garante competência ou excelência na atuação.
VAMOS PESQUISAR Quais são as áreas em que o psicólogo poderia fazer uso dos testes de inteligência de maneira que seus resultados possam ser realmente de grande valia para o objetivo definido no processo de avaliação?
A partir dos seus estudos desta disciplina, esperamos que você possa compreender a real importância dos testes psicológicos como instrumentos de capítulo 3 •
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competência unicamente do psicólogo e que compreenda que sua utilização consciente e qualificada pode ser de grande valia para o processo da avaliação psicológica ou psicodiagnóstico. Apresentamos,no anexo II, um quadro que indica os testes de inteligência comercializados no Brasil. Lembramos a necessidade de que o profissional, antes de adquirir e utilizar os testes citados, verifique no SATEPSI (Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos) se naquele momento estão aprovados e adequados para uso. 3.2.2 Medidas de interesses
Tanto a natureza quanto a força dos interesses e atitudes de um indivíduo evidenciam uma característica importante de sua personalidade que podem afetar vários aspectos de sua vida, como, por exemplo a realização educacional e ocupacional, as relações interpessoais e até mesmo o prazer da pessoa que deriva de atividades de lazer e outras etapas do seu cotidiano (Anastasi & Urbina, 2000. P.320). Da mesma forma, as escolhas promovidas ao longo da vida também se relacionam com os valores, que, frequentemente são debatidos em comunhão com os interesses, as atitudes e as preferências. Enquanto o estudo dos interesses encontra-se mais associado à avaliação educacional e profissional, o estudo das atitudes está mais intimamente ligado às questões da psicologia social e mais recentemente tem seu foco também no domínio do consumidor. Os inventários de interesse são extremamente importantes, e jovens do mundo inteiro respondem aos inventários todos os anos com o intuito de reconhecer quais as áreas profissionais mais indicadas para si. De acordo com Cronbach (1996): O inventário é uma maneira de ajudar a pessoa a confrontar aquilo que ela já sabe sobre si mesma, pois quem mais pode dizer quais são seus interesses? O inventário é mais conveniente do que uma entrevista e apresenta mais perguntas, talvez perguntas indiretas. (...) Diferentemente de quase todas as outras mensurações psicológicas, os inventários de interesse têm como intenção principal informar o respondente, não oferecer informações que permitam a uma outra pessoa – professores, legisladores ou terapeutas – fazer julgamentos acertados.
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Para Anastasi (1977), a mensuração dos interesses começou como um processo relativamente específico, secundário e tangencial ao estudo da personalidade. Muitos estudos revelam associações significativas entre interesses vocacionais medidos e aspectos da personalidade. Os inventários de interesse buscam predizer a satisfação de uma pessoa em uma determinada área. A predição da escolha da carreira tem um resultado exato quando os interesses que foram evidenciados no teste apontam para os interesses declarados pela pessoa. No entanto, sabemos que muitos adolescentes não têm clareza sobre seus próprios interesses, sendo os inventários, então, de grande utilidade para eles, pois os resultados obtidos nos inventários discriminam (apontam) as pessoas que gostarão de um determinado trabalho de outras que não gostarão. Os testes de interesses em conjunto com os de capacidades fornecem uma excelente predição (Cronbach, 1996, p. 408). O trabalho do psicólogo que atua na área de orientação profissional tem o objetivo de promover o autoconhecimento para que as suas escolhas sejam mais apropriadas, ou seja, preparar o jovem para tomar as decisões mais assertivas na hora do conflito referente às escolhas profissionais. Certamente os resultados obtidos devem ser trabalhados com outras técnicas e preferencialmente devem ser amplamente discutidos nos grupos de orientação profissional.
REFLEXÃO Quais efeitos os inventários de interesse podem produzir no testando?
Anastasi e Urbina (2000) relatam que, para uma determinada pessoa, os in ventários podem apoiar e reforçar as aspirações vocacionais já existentes. Para outra, eles podem servir como estímulo para uma exploração maior do mundo profissional, evidenciando opções até então não consideradas. Para outras, podem proporcionar maior auto entendimento. 3.2.3 Levantamento de opinião e escalas de atitude
Nos primeiros capítulos deste livro, o aluno aprendeu que, dentro da inquirição, são encontrados vários instrumentos. Dentre eles foi citado o levantamento de opinião. Muitas vezes temos “opinião” formada sobre um determinado assunto, e essas opiniões estão ligadas às nossas atitudes. capítulo 3 •
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REFLEXÃO A esta altura convém perguntar: opinião e atitudes são diferentes? Uma atitude é uma motivação para a ação? O que você acha?
As atitudes são variáveis intervenientes, ou seja, não podem ser diretamente observadas, precisando ser inferidas a partir de comportamentos manifestos. De modo geral, a atitude é associada a estímulos sociais e respostas emocionalmente matizadas e envolvem julgamento de valor (Anastasi & Urbina, 2000). As atitudes têm três componentes: o componente cognitivo, que é o conhecimento que a pessoa tem sobre o objeto atitudinal; o componente afetivo, que representa os sentimentos que a pessoa tem quanto ao objeto atitudinal, que podem ser favoráveis ou desfavoráveis a ele; e o componente comportamental, que diz respeito à predisposição que aquela pessoa tem de se comportar diante do objeto atitudinal e deve ter congruência com os componentes cognitivo e afetivo (Rodrigues, 1976). Assim como nos hábitos12, nas atitudes o afetivo é um dos componentes com maior força. Para melhor compreensão, vamos citar um exemplo.
12 Hábito sm. 1. Disposição adquirida pela repetição frequente dum ato, uso, costume. (Miniaurélio Século XXI, 2000).
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EXEMPLO Minha mãe faz tratamento para diabetes, doença que retrata níveis altos de açúcar no sangue, por isso está proibida de comer doces. Ela sabe que não deve comê-los, ela é uma pessoa que lê e se informa, é inteligente. Mas não consegue se controlar ao passar por uma padaria e come dois sonhos escondido. Escondido de quem?
A opinião, segundo Anastasi & Urbina (2000), é às vezes diferenciada da atitude, mas com frequência esses dois termos são utilizados com o mesmo sentido. Todavia, em se tratando de avaliação, os levantamentos de opinião, que são compostos por perguntas mais específicas, são tradicionalmente distintos das escalas de atitude. Segundo Bunchaft e Cavas (2002), a atitude sempre foi foco da psicologia social, porque desempenha papel específico em cada pessoa, “servindo para a avaliação do objeto – como um padrão para as nossas reações diante do objeto específico e outros a ele relacionados, para o ajustamento social, para a defesa do eu – proteção contra o reconhecimento de verdades indesejáveis etc.”. Como elaborar uma escala de atitude? Para elaboração de uma escala de atitude, é recomendável que o aluno reveja o capítulo que versa sobre estatística básica para a testagem neste livro e o livro Sob Medida de Bunchaft e Cavas (2002). Apresentamos, no anexo III, o quadro contendo alguns dos instrumentos que avaliam os interesses e aptidões comercializados atualmente no Brasil. 3.2.4 Medidas de aptidões
O aproveitamento do talento de cada pessoa é uma meta da sociedade com a qual a testagem psicológica muito contribuiu. A escolha profissional requer tomadas de decisões importantes, o que certamente implicará no grau de satisfação pessoal e profissional futura do jovem que hoje faz suas escolhas. Anastasi (1977, p.379) evidencia que, desde a Segunda Guerra Mundial, observa-se um rápido aumento no desenvolvimento e na aplicação de instrumentos que admitem a análise do desempenho, relativo a diferentes aspectos da inteligência. Esses instrumentos, diferentemente do QI, que apresenta uma medida única e geral, permitem um conjunto que resulta em várias aptidões.
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Apresenta, assim, um perfil intelectual que permite visibilidade às partes fortes e fracas do indivíduo. O desenvolvimento das baterias de aptidões múltiplas foi estimulado por ter ficado claro que, nos testes de inteligência, certas áreas, como de aptidões mecânicas, normalmente não eram tocadas, exceto em algumas escalas de desempenho. Na medida em que essas limitações dos testes de inteligência ficaram evidentes, começou-se a qualificar o termo inteligência, do tipo acadêmica e prática, ou abstrata e mecânica ou social. Testes de aptidões especiais foram construídos para suplementar os de inteligência, mas análises mostraram que os testes de inteligência podiam ser considerados capazes de medir uma certa combinação de aptidões especiais, tais como as habilidades verbais e numéricas (Anastasi, 1977). Muitos dos instrumentos que avaliam as aptidões e os interesses se caracterizam pela falta de uma teoria que possa justificar as diversas áreas que são avaliadas (Sparta, Bardagi, Teixeira, 2006). Os inventários de interesse sempre foram o carro-chefe das intervenções em Orientação Profissional chegando a ser utilizado como sinônimo do próprio processo de orientação (Anastasi & Urbina,2000). Segundo Sparta, Bardagi e Teixeira (2006): A partir da década de 1970, houve também uma mudança de paradigma na Orientação Profissional brasileira. Influenciada pelas teorias evolutivas, principalmente a de Super, pelo aconselhamento psicológico não-diretivo de Rogers, pela valorização da Psicologia Clínica que acompanhou a criação dos cursos de Psicologia e pelo surgimento da Abordagem Clínica de Orientação Profissional de Rodolfo Bohoslavsky (1977), a orientação profissional, em nosso país, passou a ser menos centrada nos testes psicológicos e iniciou-se uma maior valorização dos processos de aprendizagem envolvidos na escolha (Carvalho, 1995; Melo-Silva & Jacquemin, 2001; Rosas, 2000; Sparta, 2003a). Por outro lado, os processos de orientação profissional baseados nos modelos Evolutivo e Clínico não excluíram totalmente o uso de testes psicológicos, mas modificaram o seu papel e, com isso, propuseram uma utilização diferenciada dos instrumentos tradicionais e a criação de novos instrumentos que pudessem auxiliar os orientadores profissionais principalmente no momento inicial do processo de orientação, o momento de diagnóstico (Bohoslavsky, 1977; Super & colaboradores,1996).
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Para os autores, ainda, a perda da confiança no uso de instrumentos psicométricos, como os testes de inteligência e de aptidões e os inventários de interesses e de personalidade,teve início em resposta a uma percepção de insuficiência daquele modelo que combina indivíduo e profissão, no qual a apuração das características individuais e a definição das atribuições e categorias das carreiras garantiam uma indicação precisa ao final do processo de orientação. A partir de um determinado momento, não era mais possível estabelecer uma correspondência entre o sujeito e uma determinada profissão ou mesmo área de atuação (Sparta, Bardagi e Teixeira, 2006). Segundo Chiodi e Wechsler (2008): O momento atual da avaliação psicológica no Brasil centraliza-se na discussão sobre instrumentos válidos e confiáveis, destacando-se a construção e validação de testes nacionais tendo em vista a carência de instrumentos com qualidades psicométricas apropriadas à população brasileira. A baixa frequência no uso de testes psicológicos em pesquisas além de sua concentração em alguns temas, como inteligência e personalidade, construtos com vários testes disponíveis, pode ser reflexo da carência de testes psicológicos que atendam à necessidade dos pesquisadores. Desta forma, a demanda aponta para estudos psicométricos com vistas à construção e validação de testes que avaliem construtos de interesse da área.
Outro aspecto fundamental para o descrédito nos resultados dos testes de aptidão e interesses como definidores do processo de orientação profissional é a percepção, cada vez mais difundida entre os profissionais da área, de que os indivíduos podem exercer diferentes profissões, independentemente de suas características de personalidade, e de que as aptidões e habilidades exigidas pelo trabalho podem ser apreendidas e aperfeiçoadas ao longo da carreira, sem serem condições a priori para a definição da escolha (Sparta, Bardagi e Teixiera, 2006). À medida que as profissões se tornam híbridas e multifacetadas, os profissionais também precisam ser diferentes entre si e apresentar características múltiplas; os estereótipos profissionais vão perdendo força e uma mesma carreira pode ser exercida por pessoas com características, aptidões e interesses variados (Lassance, 1997 in Sparta, Bardagi e Teixeira, 2006). Desta forma, torna-se necessário que os psicólogos da área lancem esforços para a produção de estudos e pesquisas. Que os jovens psicólogos iniciem sua jornada, despidos de todo preconceito quanto à medida ou a mensuração capítulo 3 •
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e permita descortinar o mundo dos testes, desenvolvendo interesse na construção e validação de instrumentos mais atuais e, ao mesmo tempo, a contento para nossa população, permitindo, então, que a testagem possa realmente dar sua contribuição a esta importante área social.
3.3 A importância das habilidades sociais O interesse e os estudos sobre as habilidades sociais tiveram origem na Psicologia Clínica e do Trabalho, porém rapidamente se expandiram para diversas áreas da Psicologia. Atualmente, os programas de treinamento de habilidades sociais são aplicados a diversos campos. Na base do desenvolvimento desse campo encontram-se os conceitos de habilidades sociais e competência social que qualificam um tipo especial de desempenho social. Os termos habilidades sociais, desempenho social e competência social se diferenciam, conforme destacamos em Del Prette e Del Prette (2001): O desempenho social refere-se à emissão de um comportamento ou sequência de comportamentos em uma situação social qualquer. Já o termo habilidades sociais aplicasse à noção de existência de diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar com as demandas das situações interpessoais. A competência social tem sentido a avaliativo que remete aos efeitos do desempenho das habilidades nas situações vividas pelo indivíduo. (p. 31).
Garcia (2006, p. 11) apresenta uma síntese de alguns aspectos fundamentais para a compreensão das habilidades sociais, incluindo as premissas a seguir: a) As habilidades sociais são aprendidas e contemplam as dimensões pessoal, situacional e cultural (Del Prette & Del Prette, 1999); b) Ter um bom repertório de habilidades sociais não garante, por si só, um desempenho socialmente competente. c) Os conceitos sobre habilidades sociais e competência social não se equivalem. O termo “habilidades sociais refere-se à existência de diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar de maneira adequada com as demandas das situações interpessoais” (A. Del Prette & Del Prette, 2001,p. 31). Em contrapartida, a competência social tem um sentido avaliativo e, portanto qualifica “a proficiência de um desempenho esse refere à capacidade do indivíduo de organizar pensamentos, sentimentos e ações em
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função de seus objetivos e valores articulando-os às demandas imediatas e mediatas do ambiente” (A. Del Prette & Del Prette, 2001, p. 31). d) A competência social como construto avaliativo implica em instrumentos de avaliação, especificidade da situação em que o desempenho ocorre e critérios de avaliação. Os principais critérios, conforme Del Prette e Del Prette (2001, p. 34) são: consecução dos objetivos da interação; manutenção ou melhora da autoestima; manutenção ou melhora da qualidade da relação; maior equilíbrio entre ganhos e perdas entre os parceiros da relação; respeito e ampliação dos direitos humanos básicos. e) O Treinamento de Habilidades Sociais foi constituído em termos de escopo e definições conceituais anteriormente ao Treinamento Assertivo. Ambos, historicamente, são movimentos independentes, o primeiro iniciado na Inglaterra e o segundo nos Estados Unidos. Atualmente, alguns autores (Del Prette & Del Prette, 1999; A. Del Prette & Del Prette, 2005) incluem a assertividade como uma subárea do Treinamento de Habilidades Sociais. f) Diferentes abordagens sobre o relacionamento interpessoal compõem o sistema teórico amplo que forma o campo do Treinamento de Habilidades Sociais, entre elas as teorias de aprendizagem derivada do modelo de Skinner e de Bandura têm uma posição de destaque. Atualmente, alguns instrumentos são comercializados no Brasil para a avaliação das habilidades sociais. Para consulta verifique o quadro no Anexo IV. A interconexão entre o comportamento e as habilidades sociais tem provocado interesse da psicologia e a produção de vários estudos correlacionando as habilidades sociais com personalidade, com as práticas educativas, depressão, auto eficácia, estresse etc. Já podemos evidenciar alguns estudos e projetos de Treinamento e Desenvolvimento das Habilidades Sociais na infância, na vida acadêmica e em instituições, sendo uma área a ser amplamente explorada pelos psicólogos. Deixamos, assim, nossa dica para leituras complementares. A partir do exposto acima, devemos relembrar e conscientizar nosso corpo discente, alunos do curso de Psicologia, que antes da utilização de qualquer dos testes citados neste livro, deve ser verificado junto ao SATEPSI se o mesmo está apropriado para o uso. A leitura do manual do teste é outro fator importante, assim como a auto aplicação para melhor compreensão dos itens e das dificuldades que o testando poderá encontrar. A apuração dos resultados que devem ser procedidas rigorosamente de acordo com o determinado no manual capítulo 3 •
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com a atualização adequada das tabelas que transformam os resultados brutos em resultados percentílicos, lembrando que um resultado bruto é apenas a soma dos pontos e que o instrumento só vai “nos dizer” alguma coisa a respeito do sujeito avaliado quando o resultado bruto for comparado ao resultado percentil que nos indicará o quanto ele se aproxima ou se afasta da média da população amostral.
ATIVIDADES 01. Cite uma característica psicológica e informe qual o teste você utilizaria para sua mensuração. 02. Conceitue inteligência geral e aponte as diferenças entre inteligência geral e inteligência emocional. 03. Ao aplicar um teste padronizado, porque devemos seguir as instruções exatamente como determina o manual? 04. Apesar das críticas e das divergências, os testes podem ser considerados um importante instrumento para a sociedade? 05. Quais as preocupações dos profissionais quanto à utilização dos inventários de autorrelato e o que pode ser feito para minimizá-las?
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capítulo 3
4 Dos conceitos matemáticos à análise e construção dos testes psicológicos: medir 13 é preciso... Por Vivian Martins Gomes e Elisabete Shineidr
13 Este capítulo foi elaborado em parceria com Vivian Martins Gomes, psicóloga, mestre em psicologia social e doutoranda do programa de pós-graduação em psicologia social da UERJ.
4. Dos conceitos matemáticos à análise e construção dos testes psicológicos: medir é preciso... 4.1 Introdução Os números costumam assustar alunos e até mesmo profissionais ligados às ciências humanas, como a Psicologia. Mas por que esse temor aos números se eles tanto nos falam acerca de um sujeito? A fim de responder a esta pergunta, o presente capítulo visa desmistificar conceitos básicos da Estatística e da Psicometria.
OBJETIVOS •
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Compreender os princípios básicos da estatística na construção e interpretação dos testes; Reconhecer a importância da mensuração para fins de avaliação psicológica; Conhecer os conceitos fundamentais da Psicometria e sua aplicabilidade; Reconhecer e avaliar as propriedades psicométricas dos testes psicológicos.
O aluno de Psicologia, em geral, tem muito receio da estatística que se apresenta nas salas de aula, devido à uma dificuldade em estabelecer relações do que os números representam para a Psicologia na prática do contexto psicológico em si. Portanto, desmistificar faz-se necessário. Mesmo que o sujeito não esteja diretamente voltado às atividades de pesquisa (situação na qual os conceitos estatísticos são muito mais explorados), o psicólogo clínico também deve deter o conhecimento numérico para conseguir interpretar os resultados trazidos pelos testes por ele aplicados. E aqui vale ressaltar essa importância, já que somos os únicos profissionais capazes capazes de utilizar tais instrumentos, instrumentos, tornando-nos peritos na área. Assim sendo, em alguma fase de seu trabalho, inevitavelmente, inevitavelmente, o sujeito, e neste caso em especial o psicólogo, vai se deparar com um problema para analisar e entender um conjunto de dados relevante ao seu particular objeto de estudo. Ele necessitará trabalhar os dados para transformá-los em informações,
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capítulo 4
para compará-los com outros resultados ou, ainda, para julgar sua adequação a alguma teoria. Pode-se dizer que o descrito anteriormente é a espinha dorsal da Ciência, ou seja, há a observação do fenômeno e, após sua constatação, há o que se chama de objetivo básico, qual seja a inferência. A inferência é uma das partes da Estatística. Esta, por sua vez, é a parte da metodologia científica que tem por objetivo a coleta, a redução, a análise e a modelagem dos dados, a partir do que, finalmente, faz-se a inferência para uma população da qual os dados (a amostra) foram obtidos. Assim sendo, há a coleta dos dados, o seu estudo matemático e, por fim, a inferência do que aqueles números apresentam, possibilitando fazer previsões, a partir das quais se pode tomar decisões. A partir da utilização desse método científico, cientistas podem testar suas teorias ou hipóteses. O sentido literal da palavra "Psicometria" vem da junção de duas palavras: Psiquê (vem de alma) e Metria (vem de métrica). É um ramo da Psicologia que estuda instrumentos de Avaliação Psicológica, que servem para medir algum construto, e, de acordo com Pasquali (2009), fundamenta-se na teoria das medidas em geral e tem origem na Psicofísica, cujo fundador é o Inglês Francis Galton. Este autor descreve que ela procura explicar os sentidos das respostas dadas pelos sujeitos em determinadas tarefas, denominadas itens. Basicamente a psicometria se propõe a estudar os fundamentos dos testes psicológicos. Esses fundamentos dizem respeito à validade e à precisão dos testes. A validade se refere ao conteúdo dos instrumentos, se, em algum grau, eles medem aquilo que se propõem a medir. A precisão, ou fidedignidade, relaciona-se à consistência e avalia se o tempo, as ocasiões ou mesmo os sujeitos retestados são variáveis que produzem pr oduzem resultados correlatos (Pasquali, 2009). Quando o psicólogo adquire um teste, independentemente independentemente da finalidade de seu trabalho, já que ele pode utilizá-lo para diversos fins – como Psicoterapia individual ou em grupo, Avaliações do Trânsito, Psicologia do Trabalho, dentre outros –, deve reconhecer que nenhum teste deve ser considerado como verdade absoluta sobre um sujeito, mas, sim, como um recorte, em determinado tempo, espaço, estado afetivo, dentre outras variáveis, que fornecem uma amostra comportamental do avaliado e deve ser confrontado com outras formas de Avaliação Psicológica. De modo geral, um teste só pode ser comercializado se passar por longos processos de validação e subsequente aprovação de pareceristas do Conselho
capítulo 4 •
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Federal de Psicologia. Feito isso, somente o psicólogo devidamente registrado em seu Conselho Regional de Psicologia poderá comprar o instrumento e utilizá-lo (conforme Resolução CFP nº 002/2003). Desejamos, então, desmistificar o medo dos números, entendendo que, nesta ciência, eles representam fenômenos psicológicos, devendo a Psicometria ser concebida como um ramo da Psicologia e que se caracteriza por expressar (observar) o fenômeno psicológico através do número em vez da pura descrição verbal (Pasquali, 2003).
4.2 Bases históricas da estatística A exigência da utilização do conhecimento através dos números começou a se fazer necessária antes mesmo do nascimento de Cristo. O primeiro dado estatístico disponível foi o de registros egípcios de presos de guerra na data de 5000 a.C. Em 3000 a.C., também há registros estatísticos de recenseamento acerca da falta de mão de obra relacionada à construção de pirâmides. Da mesma forma, em 2238 a.C., o Imperador da China, Yao, ordenou que fosse feito o primeiro recenseamento com fins agrícolas e comerciais. Dessa forma, nota-se a importância, desde os primórdios, dos números na compreensão de questões ligadas ao dia a dia dos sujeitos, inclusive refletindo nos dias atuais, onde vivemos rodeados por uma quantidade de informação tão grande, fazendo-se necessário pensar no quanto a Estatística nos é útil e o quanto esta ciência vem tomando proporções de ferramenta importante para quem precisa tomar decisões. Não podemos escapar dos dados, assim como não podemos evitar o uso de palavras. Tal como palavras os dados não se interpretam a si mesmos, mas devem ser lidos com entendimento. Da mesma maneira que um escritor pode dispor as palavras em argumentos convincentes ou frases sem sentido, assim também os dados podem ser convincentes, enganosos ou simplesmente inócuos. A instrução numérica, a capacidade de acompanhar e compreender argumentos baseados em dados, é importante para qualquer um de nós. O estudo da estatística é parte essencial de uma formação sólida. Moore (2000)
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capítulo 4
A palavra estatística tem origem na palavra em latim status, traduzida como o estudo do Estado, e significava, originalmente, uma coleção de informação de interesse para o Estado sobre população e economia. Essas informações eram coletadas objetivando-se o resumo de informações indispensáveis para os governantes conhecerem suas nações e para a construção de programas de governo. “A Estatística é uma ciência que se dedica ao desenvolvimento e ao uso de métodos para a coleta, resumo, organização, apresentação e análise de dados” (Farias, Soares & César, 2003). Com o passar do tempo, verificou-se a necessidade de acrescentar o estudo da Estatística ao ensino da Matemática nas escolas, tendo esse movimento se iniciado na década de 1970. Este movimento propôs que o ensino da estatística fosse incluído desde o curso secundário, sob a justificativa de ela estar presente em praticamente todas as atividades da sociedade moderna e, também, no fato de muitos estudantes, nas suas vidas futuras, utilizarem-se das noções de probabilidade e estatística como instrumentos em suas profissões, sendo necessário que eles argumentem com base na probabilidade e no raciocínio estatístico. No entanto, todo esse movimento em prol da inclusão da ciência estatística somente chegou ao Brasil muitos anos depois, em 1997, com o estabelecimento dos Novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). De acordo com tais parâmetros, o ensino da estatística na escola vem ao encontro de uma sociedade que, muitas vezes, se comunica através de gráficos, tabelas e estatísticas descritivas (estatísticas do trânsito, estatísticas de saúde, estatísticas do jogo de futebol etc.). Para que o cidadão sobreviva e consiga acompanhar e assimilar esse “mar de estatísticas”, faz-se necessário que alguns conceitos sejam trabalhados desde a escola. Após versarmos rapidamente sobre as bases históricas da estatística e percebermos que ela se faz presente em nossas vidas desde a antiguidade, tornando-se a cada dia que passa mais essencial nos contextos do dia a dia em função da sua natureza descritiva e organizadora de dados, facilitando a visualização de informações, proporcionando melhor capacidade de absorção do que está sendo transmitido, bem como facilitando a tomada de decisões acerca de algum assunto, passaremos ao próximo tópico deste capítulo.
capítulo 4 •
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Nele, serão conceituados alguns pontos-chave para uma análise estatística básica futura, introduzindo conceitos que fazem parte do resumo de dados que são apresentados, quais sejam os conceitos de variáveis e seus tipos e distribuição de frequência.
4.3 Resumo de dados Quando nos deparamos com um conjunto de dados, por exemplo, dados lançados em uma planilha de Excel após uma testagem para detectar níveis de ansiedade, temos ali um conjunto de dados brutos, que são características que foram observadas ou medidas de alguma maneira. Essas características observadas e que, normalmente, são as coisas que medimos são denominadas de variáveis. As variáveis são o foco principal da pesquisa em ciências, sendo simplesmente algo que pode variar, isto é, pode assumir valores ou categorias diferentes (DANCEY & REIDY, 2013). Alguns exemplos de variáveis são gênero (sexo), velocidade de digitação, velocidade máxima de um carro, número de sintomas registrados de uma doença, temperatura, público em um festival de rock, nível de ansiedade, número de gols em uma partida de futebol, inteligência, número de encontros sociais ao levar o cachorro para passear, quantidade de violência na televisão, ocupação e cores favoritas. Mas por que nos interessamos pelas variáveis? Geralmente esse interesse vem de uma necessidade pessoal em querer entender o motivo da sua variação. Para tanto, devemos ter capacidade de medir e registrar as alterações nessas variáveis em qualquer situação dada. Diante dos exemplos citados anteriormente, pode-se notar que as variáveis apresentam diferentes características. Algumas delas, como sexo, educação, estado civil, apresentam como possíveis realizações uma qualidade (ou atributo) do indivíduo pesquisado, ao passo que outras, como número de filhos, salário, idade, apresentam como possíveis realizações números resultantes de uma contagem ou mensuração. As variáveis do primeiro tipo são chamadas qualitativas, e as do segundo tipo, quantitativas. As variáveis qualitativas ainda assumem dois tipos: variável qualitativa nominal, para a qual não existe nenhuma ordenação nas possíveis realizações, e variável qualitativa ordinal, para a qual existe uma ordem nos seus resultados. Em contrapartida, as variáveis quantitativas podem sofrer uma classificação dicotômica: (a) variáveis quantitativas discretas, cujos possíveis valores formam um conjunto finito ou enumerável de números e que resultam, frequentemente,
102
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capítulo 4
de uma contagem, como por exemplo o número de filhos (0,1,2,3...); (b) variá veis quantitativas contínuas, cujos possíveis valores pertencem a um intervalo de números reais e que resultam de uma mensuração, como por exemplo estatura e peso de um indivíduo.
Figura 4.1 – Classificação de uma variável. Elaborada pelo autor.
Mas por que nós, psicólogos, precisamos saber sobre esses diferentes tipos de variáveis e classificá-las corretamente? Porque precisamos saber qual tratamento estatístico deveremos dar, ou seja, em linhas gerais, o tratamento estatístico para cada tipo de variável vai depender das suas características. Esta etapa é fundamental no delineamento de pesquisa para aqueles que optem por realizar estudos nesta área. Assim sendo, podem-se utilizar, como tratamento estatístico, as correlações de Spearman ou de Pearson, por exemplo, dependendo do tipo de variável que se tenha no estudo. Avançando nas questões relativas ao resumo dos dados estatísticos, após compreendermos o que são as variáveis que pretendemos estudar e como elas se classificam, adentramos na maneira como essas variáveis se comportam. Tal maneira é estudada através da distribuição de frequências, onde se analisa a ocorrência de suas possíveis realizações. A distribuição de frequência dos dados apresentados e que se constituem ao mesmo tempo nos resultados das variáveis que se deseja estudar, já representam um dado em si para aquele que esteja estudando determinado fenômeno. Por exemplo, se estamos estudando sujeitos dentro de uma empresa que apresentam grau de estresse, e queremos saber a frequência destes sujeitos de acordo com o seu grau de instrução, devemos categorizá-los por grau de instrução (fundamental, médio ou superior) e contar quantos sujeitos dentro no nosso universo amostral encontram-se em cada uma das referidas categorias.
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GRAU DE INSTRUÇÃO FUNDAMENTAL MÉDIO SUPERIOR TOTAL
Frequência (n) 12 18 6 36
Proporção 0,3333 0,5000 0,1667 1,0000
Porcentagem (%) 33,33 50,00 16,67 100,00
Tabela 4.1 – Frequências e porcentagens dos 36 empregados da Companhia X segundo o grau de instrução. Fonte: dados hipotéticos criados pelo próprio autor.
Reparem que, de uma rápida organização através da frequência dos dados obtidos, já podemos perceber que, na sua grande maioria, os sujeitos desta companhia em estudo têm ensino médio. As colunas de proporção (ou também popularmente conhecida como frequência relativa) e porcentagem também representam uma forma de analisar os dados obtidos. Na coluna proporção, temos a proporção de cada realização em relação ao total. Assim, 6/36=0,1667 dos empregados da companhia têm instrução superior. Na última coluna são apresentadas as porcentagens para cada realização da variável grau de instrução. Os dados apresentados na forma de porcentagem proporcionam, para além de uma fácil visualização e inferência acerca do que se está sendo estudado, uma capacidade de comparação entre dados. Por exemplo, digamos que agora não estão sendo mais estudados apenas 36 empregados, e sim 4 mil empregados segundo o mesmo critério: GRAU DE INSTRUÇÃO FUNDAMENTAL MÉDIO SUPERIOR TOTAL
Frequência 1650 1020 1330 4000
Porcentagem (%) 32,50 51,00 16,50 100,00
Tabela 4.2 – Frequência e porcentagens dos 4 mil empregados da empresa X, segundo o grau de instrução. Fonte: dados hipotéticos criados pelo próprio autor.
Reparem o quanto a porcentagem é importante, pois, apesar de estarmos falando da mesma população, não podemos comparar diretamente as colunas de frequência das Tabelas 1 e 2, pois os totais de empregados são diferentes nos dois casos. Mas as colunas das porcentagens são comparáveis, pois reduzimos as frequências a um mesmo total (no caso 100%). Assim sendo, nós, psicólogos, temos de nos habituar a trabalhar com os dados em formato percentílico para que possamos inferir melhores conclusões
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capítulo 4
acerca dos dados e das variáveis que desejamos comparar através de nossos métodos de análise disponíveis para uma avaliação do sujeito. Podemos perceber, portanto, que, neste primeiro momento, em que os dados são trazidos ainda de maneira bruta aos nossos olhos, faz-se necessária uma rápida organização deles, resumindo-os e agrupando-os em classes ou intervalos, para que se consiga obter os primeiros resultados acerca da obser vação realizada, qual seja a frequência com que o fenômeno acontece, exprimindo o comportamento da variável a ser estudada. Esta organização inicial fornece muito mais informações sobre o comportamento de uma variável do que a própria tabela original de dados. No entanto, para fins de comparação entre dados, devemos deixar claro que os dados, para se estabelecer uma relação, não podem ser utilizados em seu estado bruto, sendo necessário transformá-los sempre em escore percentílico, propiciando, assim, a comparação através da redução dos valores a um mesmo total (100%), deixando-os em “pé” de igualdade. Entretanto, em alguns momentos, faz-se necessário resumir ainda mais esses dados apresentados inicialmente. Isto posto, faz-se necessário apresentar um ou alguns valores que sejam representativos da série toda. Esta será a discussão apresentada no próximo tópico deste capítulo, reservada para as medidas-resumo.
4.4 Medidas-resumo As medidas-resumo servem para, como o próprio nome sugere, resumir o que a distribuição vem nos apresentando. Dessa forma, temos como principais medidas-resumo e muito citadas para iniciantes no estudo da estatística as medidas de posição e as medidas de dispersão. Apesar de existirem outras, trataremos neste capítulo apenas dessas duas, em virtude da sua maior utilização e por serem os conceitos básicos da análise representativa de uma série. As medidas de posição são aquelas que apresentam valores representativos da série toda, utilizando-se de uma redução drástica dos dados. Usualmente emprega-se uma das seguintes medidas de posição (ou localização) central: média, mediana ou moda. A moda é definida como a realização mais frequente do conjunto de valores observados. Utilizando-se do trocadilho no mundo fashion, onde o que está na moda é o que as pessoas com maior frequência utilizam, podemos inferir,
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105
portanto, que a medida de posição modal será aquela que apresentar a maior frequência, ou seja, a que aparecer mais vezes dentro da distribuição. Como exemplo temos a tabela a seguir, onde estão apresentadas as notas em matemática de uma turma de 30 alunos. Na coluna da esquerda, temos as notas da disciplina de matemática e, na coluna da direita, quantos alunos obtiveram a respectiva nota. Dessa forma, segundo o conceito de moda anteriormente apresentado, podemos observar que a nota que mais aparece nesse con junto de dados é 7. Portanto, a moda dessa distribuição será 7. NOTAS FREQUÊNCIA (F)
Moda
3 4,5 5 6,5 7 8 9 10
4 5 2 3 6 5 4 4
Total
30
Em alguns casos, pode haver mais de uma moda, ou seja, a distribuição dos valores pode ser considerada bimodal, trimodal etc. Vejamos o exemplo para clarificar ainda mais esse conceito: os dados apresentados são referentes ao número dos calçados vendidos em uma loja num determinado dia (35, 33, 36, 35, 37, 36, 39, 40, 42, 43, 35, 36, 42). Repare que, nessa distribuição, os números de calçado 35 e 36 apareceram 3 vezes cada um e, neste caso, existem dois números de sapato que aparecem mais vezes. Logo, a moda pode ser 35 ou 36. Quando isso ocorre, dizemos que o conjunto de dados é bimodal. A próxima medida de posição muito utilizada nas análises da distribuição é a mediana. Esta medida é aquela que ocupa a posição central da série de observações, quando estão ordenadas em ordem crescente. Reparem o grifo, pois, para encontrar a mediana de uma distribuição, faz-se necessário obrigatoriamente que os dados estejam organizados dessa maneira. Conceitualmente caracteriza-se por ser o valor que divide o conjunto de dados em dois subcon juntos de mesmo tamanho. Como exemplo temos: considere o conjunto de dados a seguir, referentes ao salário médio dos funcionários de uma empresa em reais (1500, 1300, 1200, 1250, 1600, 1100, 1450, 1210, 1980). Observe que, nesse conjunto, temos 9 elementos, 9 salários. Antes de mais nada, devemos montar o rol, ou seja, ordená-los em ordem crescente (1100, 1200, 1210, 1250, 1300, 1450, 1500, 1600, 1980). Quando o número de elementos do conjunto de dados
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capítulo 4
for ímpar, a mediana será o valor que divide o conjunto ao meio, portanto a mediana desta distribuição será 1300. Observe que, à esquerda e à direita de 1300, existem exatamente 4 elementos de cada lado. Mas e quando uma distribuição apresentar número de elementos par, o que devemos fazer para calcular a mediana? Considere o conjunto de dados a seguir, referente ao salário médio dos funcionários de uma empresa (1500, 1300, 1200, 1250, 1600, 1100, 1450, 1210, 1980, 1420). Organizando o rol desta distribuição, temos (1100, 1200, 1210, 1250, 1300, 1420, 1450, 1500, 1600, 1980). Nesse conjunto existem 10 elementos. Nesse caso, a mediana será a média aritmética dos dois valores centrais. Note que, tanto à direita como à esquerda dos dois valores centrais, há 4 elementos. Assim sendo: Md
1300 =
+
1420
2
2720 =
2
=
1360
Finalmente, a última medida de posição é a média aritmética, conceito bastante familiar e fácil de calcular, consistindo na soma das observações dividida pelo número delas. Assim, a média aritmética de 3, 4, 7, 8 e 8 é (3+4+7+8+8) / 5 = 6. Um outro tipo de medidas-resumo são as medidas de dispersão. O resumo de um conjunto de dados por uma única medida representativa de posição central, como as citadas anteriormente, pode esconder toda a informação sobre a variabilidade do conjunto de observações. Por esse motivo, faz-se necessário o uso das medidas de dispersão. Para medir a dispersão dos dados em torno de sua média, duas medidas são as mais usadas: o desvio-médio (ou desvio-padrão) e a variância. Imagine a seguinte situação: o dono de uma microempresa pretende saber, em média, quantos produtos são produzidos por cada funcionário em um dia. O chefe tem conhecimento de que nem todos conseguem fazer a mesma quantidade de peças, mas pede que seus funcionários façam um registro de sua produção em uma semana de trabalho. Ao fim desse período, chegou-se à seguinte tabela: FUNCIONÁRIOS A B C D
SEGUNDA 10 15 11 8
QUANTIDADE DE PEÇAS PRODUZIDAS POR DIA TERÇA QUARTA QUINTA 9 11 12 12 16 10 10 8 11 12 15 9
SEXTA 8 11 12 11
Dados hipotéticos criados pelo próprio autor. capítulo 4 •
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Para saber a produção média de seus funcionários, o chefe faz o cálculo da média aritmética de produção, isto é, a soma do número de peças produzido em cada dia dividida pela quantidade analisada de dias. Portanto, a média produzida pelo funcionário A (10+9+11+12+8) / 5 é de 10; para o funcionário B (15+12+16+10+11) / 5 é de 12,8; para o funcionário C (11+10+8+11+12) / 5 é de 10,4 e por fim, do funcionário D (8+12+15+9+11) / 5 é de 11. A partir desse cálculo temos a produção diária de cada funcionário. Mas, se observarmos bem a tabela, veremos que há valores distantes da média. O funcionário B, por exemplo, produz uma média de 12,8 peças por dia. No entanto, houve um dia em que ele produziu 16 peças e outro dia em que ele confeccionou apenas 10. Será que o processo utilizado pelo dono da empresa é suficiente para o seu propósito? Para esse exemplo ficou fácil concluir que não, pois há muita variação entre a produção de cada funcionário. Mas e se essa fosse uma grande empresa, com mais de mil funcionários, ou se fosse observada a produção em um ano, será que conseguiríamos definir essa variação com tanta facilidade? A fim de conseguirmos analisar a dispersão dos dados em uma distribuição, necessitamos buscar uma medida que mostre o quão distantes os valores estão da média. O nome dado a essa medida é variância. O cálculo da variância é obtido por meio da soma dos quadrados da diferença entre cada valor e a média aritmética, dividida pela quantidade de elementos observados. Var =
(segunda − m dia aritm tica )
+
(ter a − m dia aritm tica )
+
... + ( sexta − m dia aritm tica )
Quantidade de dias
Vamos então calcular a variância para cada funcionário, com base nos cálculos da média aritmética já realizados anteriormente: Funcionário A:
Var
=
(10 −10 )
+
( 9 − 10)
+
( 11 − 10)
+
( 12 − 10)
+
( 10 − 12, 8)
+
( 8− 10)
5
=
10 / 5
=
2, 0
Funcionário B:
Var
=
108
(15 − 12,8)
+
(12 − 12, 8)
+
( 16 − 12, 8) 5
•
capítulo 4
+
( 11 − 12, 8)
=
26,/5
=
5, 0
Funcionário C:
Var
=
(11 − 10, 4 )
+
(10 − 10, 4 )
+
( 8 − 10, 4)
+
( 11 −10, 4)
+
( 12 −10, 4)
5
=
9, 2 / 5
=
1,84
Funcionário D:
Var
=
(8 − 11)
+
(12 − 11)
+
(15 − 11)
+
( 9 − 11)
+
( 11− 11)
5
=
30 / 5
=
6, 0
Pela análise dos números apresentados, podemos afirmar que a produção diária do funcionário C é mais uniforme do que a dos demais funcionários, assim como a quantidade de peças diárias de D é a mais desigual. Dessa forma, concluise que, quanto maior for a variância, mais distante da média estarão os valores e, quanto menor for a variância, mais próximos os valores estarão da média. Em algumas situações, apenas o cálculo da variância pode não ser suficiente, pois essa é uma medida de dispersão muito influenciada por valores que estão muito distantes da média. Além disso, o fato de a variância ser calculada “ao quadrado” causa uma certa camuflagem dos valores, dificultando sua interpretação. Uma alternativa para solucionar esse problema é o desvio-padrão, outra medida de dispersão. O desvio-padrão é, de maneira simples, o resultado positivo da raiz quadrada da variância. Na prática, o desvio-padrão indica qual é o “erro”, ou, em outras palavras, qual a “margem de segurança” que se pode usar. Por isso, nas pesquisas de Ibope para eleições, ouvimos que o candidato X tem tantos votos para mais ou para menos. Dessa forma, as medidas de dispersão dão maior fidedignidade ao que se pretende analisar através da ciência estatística, fazendo com que os estudos possam ser os mais corretos possíveis, retratando a realidade científica através de dados empíricos.
4.5 Noções básicas de correlação como prova estatística No dicionário da língua portuguesa Michaelis13, encontramos a seguinte definição para correlação: “1 Ato de correlatar ou correlacionar. 2 Relação mútua entre pessoas, coisas, ocorrências etc. 3 Interdependência entre variáveis matemáticas, especialmente em estatística”. 13 michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues.
capítulo 4 •
109
Correlação ou coeficiente de correlação, em teoria da probabilidade e estatística, indica a força e a direção do relacionamento linear entre duas variáveis aleatórias, ou seja, quando uma variável está, de alguma forma, relacionada com a outra. Portanto, correlações são parâmetros estatísticos que verificam o quanto a alteração de uma variável provoca alterações no valor da outra variá vel. O coeficiente de correlação expressa o grau de correspondência (a relação) que existe entre 2 escores.
EXEMPLO Aplicamos um teste em 100 sujeitos para avaliar a inteligência. Após 30 dias, reaplicamos o mesmo teste de inteligência aos mesmos sujeitos. Na sequência, utilizamos a prova estatística para verificar a correlação ou o grau de correspondência entre os resultados das duas aplicações.
A correlação será sempre um valor entre –1 e 1. Se a classificação for idêntica nas duas ocasiões, o coeficiente de correlação será 1, ou seja, há uma correspondência de 100%, perfeita. Isto significa que os mesmos sujeitos, ao responderem aos mesmos itens do mesmo teste, responderam na segunda aplicação exatamente igual ao que responderam na primeira aplicação. Contudo, sabemos que há vários fatores que influenciam os resultados dessa correlação, pois os sujeitos podem ter memorizado alguns itens ou podem estar menos motivados a responderem o teste e, assim, os resultados podem variar. Então, quanto mais próximo de 1 o resultado da correlação, mais próximo de 100% a correspondência. Quanto mais próxima de –1 a correlação (negativa), mais certeza temos de que os primeiros classificados na primeira aplicação do teste foram os últimos na segunda ou vice-versa. O coeficiente 0 (zero) indica que não há nenhuma relação entre o que aconteceu na primeira aplicação e na segunda, ou seja, a partir da classificação do sujeito na primeira aplicação, não dá para predizer nada sobre como será a classificação na segunda. Como valores extremos, zero ou um, dificilmente são encontrados em uma correlação, torna-se importante compreender como podemos interpretar uma correlação. Para Cohen (1988), valores entre 0,10 e 0,29 podem ser considerados pequenos; escores entre 0,30 e 0,49 podem ser considerados como médios; e valores entre 0,50 e 1 podem ser interpretados como grandes.
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O coeficiente de correlação de Pearson é um tratamento estatístico que foi desenvolvido por Karl. No entanto, a origem desse coeficiente remonta o trabalho conjunto de Karl Pearson e Francis Galton (Stanton, 2001). O cálculo do coeficiente de correlação de Pearson deve ser feito a partir de fórmula específica. Caso o aluno tenha interesse em conhecer mais detalhes sobre ele, indicamos o livro “Manual de Psicometria”, de Tereza Cristina Erthal (2003), no qual serão encontrados exemplos de análises de correlações de Pearson.
4.6 Teoria da medida em psicologia: a Psicometria A psicometria ou medida em psicologia se insere no modelo da teoria da medida em geral, que, por sua vez, desenvolve uma discussão em torno da utilização ou não do símbolo matemático (número) no estudo científico dos fenômenos naturais. Apesar da distância entre ciência e matemática e toda essa discussão epistemológica, a primeira se apercebeu das vantagens consideráveis que ela pode obter ao se utilizar a linguagem da matemática para descrever o seu objeto próprio de estudo. Para tanto, ela se utilizou do número na descrição dos fenômenos naturais, o qual se constitui no objeto da teoria da medida. No entanto, a natureza da medida implica em alguns problemas básicos, dentre os quais três devem ser mencionados: a representação, a unicidade e o erro. O problema da representação ou o isomorfismo questiona a legitimidade em se expressar através dos números as questões naturais, ou seja, é justificável designar ou expressar objetos ou fenômenos naturais através de números? Se neste questionamento houver a intenção de se preservarem tanto as propriedades estruturais do número quanto as características próprias dos atributos dos fenômenos empíricos, então a resposta é afirmativa. Trata-se, pois, de representar com números (objeto da matemática) as propriedades dos fenômenos naturais (objeto da ciência). O problema da unicidade da representação questiona se o número é a única e a melhor representação dos objetos naturais pelo homem. Os defensores ferrenhos da medida em ciência responderiam a esta pergunta de maneira afirmativa sem hesitar. No entanto, eles alertam para o fato de que a representação numérica, apesar de ser a melhor na opinião deles, apresenta níveis diferentes
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de qualidade ou precisão, dependendo principalmente de características dos objetos que se está focalizando. Por exemplo, um número representa muito bem um objeto, como o peso (quilograma). Já para um objeto como a inteligência, por exemplo, o número é menos preciso. Dessa problemática da unicidade da representação tem-se a necessidade da criação de escalas de medida, ou seja, define-se se a escalada obtida será ordinal, intervalar, nominal e razão. A escala nominal é aquela que divide os dados em categorias mutuamente exclusivas e coletivamente exaustivas, o que implica que toda a fração de dados se encaixe numa única categoria e que todos os dados se encaixem numa categoria da escala. Por exemplo, para escala nominal sexo, utiliza-se o número 1 para o masculino e o 2 para o feminino. A escala ordinal mantém a característica da escala nominal, mas tem a capacidade de ordenar os dados. Organiza os indivíduos numa série que varia de inferior para superior, de acordo com as características que desejamos medir. Indica a ordem de ranking de um grupo de itens associados a determinadas características, mas não indica a medida das diferenças entre os rankings. Não há uma constante intervalar. Por exemplo, a ordem de classificação no vestibular, em que 1º > 2º > 3º, mas a diferença entre o 1º e o 2º não é a mesma que entre o 2º e o 3º e também não está clara a diferença entre eles. Outro exemplo que demonstra essa escala é o nível socioeconômico = alta > média > baixa, de acordo com poder aquisitivo, mas não há uma constante intervalar. A escala intervalar contém todas as características das escalas ordinais e, além disso, conhecem-se as distâncias entre quaisquer dois números (posições) dessa escala. Os intervalos entre os números dizem a posição e quanto as pessoas, objetos ou fatos estão distantes entre si em relação a determinada característica. Este tipo de escala permite ao investigador discutir as diferenças que separam dois objetos. Além de expressar a ordem, expressa também o tamanho da diferença relativa entre as categorias na medida, permitindo comparar as diferenças, mas não permite concluir quanto à magnitude absoluta das medições. Por exemplo, os testes escolares, em que é possível comparar os pontos obtidos por dois estudantes e dizer que um deles está com 16 pontos abaixo de outro. Por fim, a escala de razões tem todas as características das escalas discutidas anteriormente, fornecendo um zero absoluto ou uma origem significativa. Por haver um acordo universal acerca das localizações do ponto zero, as comparações entre magnitudes de valores na escala de razão são aceitáveis,
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refletindo a quantidade real de uma variável. São exemplos de escalas de razão: idade, peso, altura, área, distância, quantias em dinheiro, índices de retorno, contagem da população, períodos de tempo etc. Na psicologia, a escala da razão só é usada para medir uma característica mental através de unidades físicas de alguma espécie, como tempo de reação (segundos e frações de segundos), produtividade etc. O ponto fixo zero não é arbitrário como na intervalar. Nesse nível, os números expressam não somente a ordem relativa dos objetos, mas também o tamanho da diferença entre o objeto e o zero absoluto.
COMENTÁRIO O zero relativo é aquele em que o ponto zero é arbitrado. Por exemplo, não temos um instrumento, como na física, que possa mensurar a inteligência de um indivíduo simplesmente encostando o ponto zero dele (uma régua, por exemplo) no ponto zero da inteligência. Portanto, construímos instrumentos com o ponto zero arbitrado. Mas o ponto zero não significa ausência absoluta do elemento. Exemplo: Um aluno pode tirar zero em uma prova de estatística, mas isso não quer dizer que os conhecimentos dele sejam nulos nessa disciplina. O zero absoluto é aquele que demonstra ausência do objeto. Exemplo: você visita uma amiga que, ao te oferecer café, verifica que não tem nenhum grão de pó na lata. Tem zero de pó de café, ou seja, este zero representa uma ausência absoluta dele.
Retomando os problemas básicos da natureza da medida, temos o terceiro e último problema relacionado ao erro. A observação dos fenômenos empíricos é sempre sujeita a erros, devidos tanto ao instrumental de observação quanto às diferenças individuais do observador, além de outros erros aleatórios, sem causas identificáveis. Assim sendo, toda e qualquer medida vem acompanhada de erros e, por consequência, o número que descreve um fenômeno empírico deve vir acompanhado de algum indicador do erro provável, o qual será analisado dentro de teorias estatísticas para determinar se o valor encontrado e que descreve o atributo empírico está dentro dos limites de aceitabilidade de medida. Dessa forma, em matemática o número está sempre solitário, inconfundível, enquanto na medida ele vem sempre acompanhado da variância, que indica o erro.
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Concluindo, o uso do número na descrição dos fenômenos naturais, isto é, a medida, somente se justifica se for possível responder afirmativamente às duas questões seguintes: é legítimo utilizar o número para descrever os fenômenos da ciência? É útil, vantajoso, utilizar o número para descrever os fenômenos da ciência? Diante de tais questionamentos percebe-se que a medida em psicologia ainda suscita questionamentos ardorosos entre os psicólogos, não constituindo campo pacífico entre os pesquisadores, sobretudo em ciências psicossociais. Outro complicador é a tendência de alguns em reduzir a psicometria, cuja preocupação central é a construção e verificação de hipóteses científicas, à psicoestatística, cuja preocupação é a inferência a partir de amostras. A fim de tentar explicar o sentido que têm as respostas dadas pelos sujeitos a uma série de tarefas, tipicamente chamada de itens, a psicometria se utiliza de dois modelos: da teoria clássica dos testes (TCT) e da teoria de resposta ao item (TRI). A TCT se preocupa em explicar o resultado final total, isto é, a soma das respostas dadas a uma série de itens, expressa no chamado escore total (T). Por exemplo, o T em um teste de 30 itens seria a soma dos itens corretamente assinalados, ou seja, se é dado 1 para um item acertado e 0 para um errado, e o sujeito acertou 20 itens e errou 10, seu escore T seria de 20. A TCT, então, se pergunta o que significa este 20 para o sujeito? Já a TRI não está interessada no escore total em um teste, e sim especificamente em cada um dos 30 itens e quer saber qual é a probabilidade e quais são os fatores que afetam essa probabilidade de cada item individualmente ser acertado ou errado ou de ser aceito ou rejeitado. Ambos os modelos citados anteriormente convergem para um objetivo: a construção de testes psicológicos cada vez mais válidos e fidedignos, além de garantir melhor interpretação dos escores dos testes psicométricos. Este será o próximo assunto a ser aqui abordado.
4.7 Critérios para avaliação dos testes psicológicos 4.7.1 Validade A avaliação psicológica constitui-se na busca sistemática de conhecimento a respeito do funcionamento psicológico das pessoas, de forma a poder orientar ações e decisões futuras. Constitui-se num processo integrado, composto por
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quatro etapas, quais sejam identificar e integrar (onde se faz a coleta de informações), inferir e intervir (onde se realiza o diagnóstico e o prognóstico). Para tanto, existem três técnicas de coleta de informações, sendo elas a observação, a inquirição e a testagem. Os testes psicológicos têm o objetivo de avaliar e quantificar comportamentos observáveis, através de técnicas e metodologias especificas, embasadas cientificamente em constructos teóricos que norteiam a análise de seus resultados. Os testes dividem-se, quanto ao método, em psicométricos e projetivos. Os testes psicométricos são instrumentos capazes de descrever através de números os fenômenos psicológicos (são quantitativos). Já os testes projetivos têm a característica de serem livres, em que o testando terá um estimulo (imagem, frase etc.), fazendo-o criar uma resposta consciente ou inconsciente para o estímulo dado. O seu resultado se expressa através de uma tipologia, interpretada pelo psicólogo através da constância das respostas, obedecendo às regras estabelecidas em manual (são qualitativos). Partindo-se da premissa de que os testes psicológicos são ferramentas que auxiliam o psicólogo a fazer inferências acerca do sujeito, uma questão importante que se faz em relação aos testes versa sobre a legitimidade das inferências que são feitas. Esta legitimidade vem de atributos de validade, precisão e normatização pelos quais os testes devem passar, sendo esses requisitos estipulados pela Resolução CFP nº 002/2003, a qual estabelece minimamente os parâmetros necessários a fim de garantir a legitimidade do instrumento ao qual se pretende utilizar. O ponto crítico dos testes psicológicos e a validade das interpretações feitas das respostas dadas na testagem e, por isso, a validade se constitui numa característica fundamental dos instrumentos de avaliação. Conforme Pasquali (2003), a validade diz respeito ao aspecto da medida de ser congruente com a propriedade medida dos objetos, e não com a exatidão com que a mensuração, que descreve essa propriedade do objeto, é feita. Por exemplo, na física, o instrumento é um objeto físico que mede propriedades físicas. Então parece fácil ver que a propriedade do objeto mensurante é ou não congruente com a propriedade do objeto medido. Tal fato não fica tão claro nas ciências psicossociais, o que torna, consequentemente, a prova da validade nessas ciências algo fundamental e crucial. Isto é particularmente o caso nos enfoques que, em Psicologia, trabalham com o conceito de traço latente, em que se deve
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demonstrar a correspondência (congruência) entre traço latente e sua representação física (o comportamento).
COMENTÁRIO Temos de diferenciar a validade aparente da validade de constructo. A validade aparente é quando o instrumento aparenta medir um conceito, mas não há garantia alguma de que ele mede aquilo que disse medir. Muitas vezes o título do teste apresenta uma informação que é incongruente com aquilo que realmente mensura em seu conteúdo.
Como afirmam Anastasi e Urbina (2000), (...) a validade de um teste não pode ser relatada em temos gerais. Não podemos dizer que um teste tem `alta` ou `baixa`validade em termos abstratos. Sua validade precisa ser estabelecida com referência ao uso específico para o qual o teste está sendo considerado. (p.107).
Nesse sentido, cada afirmação sobre alguma característica psicológica diferente observada a partir de algum indicador no teste deve ser validada. Existem várias formas de se buscar evidenciar a validade das interpretações do teste, dentre as quais aquelas baseadas na análise do conteúdo dos itens do teste, nas relações com outras variáveis, no processo de resposta, na estrutura interna dos itens ou nas consequências de aplicação de testes. Todas essas formas consistem em procedimentos diferentes de coleta de informações sobre validade e respondem a questões diferentes, cada uma com maior pertinência em razão dos propósitos e contextos em que se pretende utilizar o instrumento de avaliação. Dessa forma, a Resolução CFP nº 002/2003 subdivide as pesquisas para validação de um teste psicológico em três maneiras: validade de conteúdo, validade de constructo e validade de critério. A validade de constructo construc to, ou também conhecida como validade de conceito, é considerada, conforme Pasquali (2003), a forma mais fundamental de validade dos instrumentos psicológicos psicológicos e com toda a razão, dado que ela constitui a maneira direta de verificar a hipótese da legitimidade da representação
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comportamental dos traços latentes e, portanto, encaixa-se muito bem com a teoria psicométrica. Logo, tem-se que o problema não é descobrir o construto a partir de uma representação existente (teste), mas, sim, descobrir se a representação (teste) constitui uma representação legítima, adequada ao construto. A validade de critério de um teste é concebida através de um teste do grau de eficácia que ele tem em predizer um desempenho específico de um sujeito. O desempenho do sujeito torna-se, assim, o critério contra o qual a medida obtida pelo teste é avaliada. Há dois tipos de validade de critério: validade preditiva e validade concorrente. A diferença fundamental entre elas encontra-se no tempo que ocorre entre a coleta da informação pelo teste a ser validada e a coleta da informação sobre o critério. Ou seja, se as coletas forem (mais ou menos) simultâneas, a validação validação será do tipo concorrente; caso os dados sobre o critério sejam coletados após a coleta da informação sobre o teste, fala-se em validade preditiva. O que é relevante aqui, portanto, é a determinação de um critério válido. A validade de conteúdo, por fim, constitui-se numa amostra representati va de um universo finito de comportamentos. Trata-se de detalhar o conteúdo em termos de tópicos (unidades) e subtópicos e de explicitar a importância relativa de cada tópico dentro do teste. A validade de conteúdo de um teste é praticamente garantida pela técnica de construção dele. Tal técnica comporta os seguintes passos: definição do domínio cognitivo (definir os objetivos ou os processos psicológicos que se quer avaliar); definição do universo de conteúdo (definir e delimitar o universo do conteúdo programático em termos de divisões e subdivisões forem necessárias); definição da representatividade de conteúdo (definir a proporção com que cada tópico e subtópico devem ser representados no teste); elaboração da tabela de especificação (relacionar os conteúdos com os processos cognitivos a avaliar); construção do teste (elaborar itens que irão representar o teste); análise teórica dos itens (verificar a compreensão das tarefas propostas no teste e avaliar a pertinência do item) e análise empírica dos itens (após a aplicação do teste, os dados podem ser utilizados para uma validação empírica do mesmo para uso futuro).
4.7.2 Fidedignidade Outra característica ligada aos fundamentos científicos dos instrumentos é a precisão ou, como também é conhecida, a fidedignidade. Como toda avaliação é vulnerável ao erro, uma questão de ordem prática é saber o tamanho do erro capítulo 4 •
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que geralmente ocorre nas avaliações, ou seja, a fidedignidade ou a precisão de um teste diz respeito à característica que ele deve ter, a saber, a de medir sem erros. Medir sem erros significa que o mesmo teste, medindo os mesmos sujeitos em ocasiões diferentes, ou testes equivalentes, medindo os mesmos sujeitos na mesma ocasião, produzem resultados idênticos, isto é, a correlação entre essas duas medidas deve ser de 1. Entretanto, como o erro está sempre presente em qualquer medida, essa correlação se afasta tanto do 1 quanto maior for o erro cometido na medida. Logo, a análise de precisão de um instrumento psicológico quer mostrar precisamente o quanto ele se afasta do ideal da correlação 1, determinando um coeficiente que, quanto mais próximo de 1, menos erro o teste comete ao ser utilizado. Assim sendo, a precisão ou fidedignidade refere-se ao quanto os escores escores de um teste são imunes às flutuações geradas por fatores indesejáveis, isto é, os fatores incontroláveis que inevitavelmente interferem nos escores, mas que não possuem nenhuma relevância para o que é avaliado. Tais fatores são denominados de fontes de erro. Várias fontes de erro podem interferir na avaliação, produzindo ruídos ou erros nos escores dos testes, dentre elas a subjetividade no processo de correção, flutuações entre diferentes situações de avaliação ou problemas no conteúdo das tarefas usadas na avaliação. Além das características dos próprios itens e do teste, há outros fatores, externos ao conteúdo do teste, que afetam a fidedignidade dele. Dois deles são particularmente relevantes: a variabilidade da amostra e o comprimento do teste. A variabilidade da amostra está ligada ao tamanho da amostra de sujeitos, ou seja, quanto maior e mais variável for a amostra de sujeitos, maior será o coeficiente de correlação e, consequentemente, o índice de fidedignidade. Pode-se dizer, portanto, que o coeficiente de fidedignidade de um teste é diretamente proporcional ao aumento ou diminuição da variabilidade da amostra de sujeitos, não sendo, portanto, fixo. O comprimento do teste está relacionado ao número de itens dele. Quanto maior o número de itens que o teste tiver, maior será seu índice de precisão, pois o erro tende a zero quando o número se aproxima do infinito. Para saber se o teste é preciso, devemos calcular o coeficiente de fidedignidade. Este coeficiente pode ser calculado a partir de determinados métodos. Cada um deles tem suas vantagens e suas desvantagens, problemas que deverão ser avaliados pelo psicometrista, a fim de escolher a melhor forma de obter a fidedignidade.
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Através do método teste-reteste, a precisão é verificada através da estabilidade temporal do teste. Ou seja, a fidedignidade é obtida dos escores repetindo-se o teste em uma segunda ocasião. O coeficiente de fidedignidade é a correlação entre os escores obtidos pelas mesmas pessoas nas duas aplicações do teste. O intervalo entre a aplicação do teste e o reteste deve ser entre 10 dias e 6 meses no máximo. Para crianças, devemos considerar em média um mês de intervalo para o reteste. São considerados problemas deste método quando o tempo entre as duas aplicações for curto, pois há o efeito da memória e o coeficiente de correlação será inflacionado; quando o tempo for longo, pode ocorrer o desenvolvimento do indivíduo ou o efeito aprendizagem; nos testes de raciocínio ou criatividade, o sujeito pode apreender o princípio do problema ou de sua solução e poderá, em novas aplicações, encontrar a resposta correta sem passar pelas etapas intermediárias do raciocínio; a dificuldade em reproduzir e manter as condições nas duas aplicações; a perda de sujeitos de uma aplicação para outra e o fato de que a segunda aplicação geralmente não desperta interesse e problemas de motivação podem interferir no resultado.
ATENÇÃO A correlação usada: Correlação de Pearson/ momento produto/ linear. A correlação de Pearson é só uma parte do teste; depois faz-se também a de Spearman-Brown. O coeficiente de correlação de Pearson recebe o nome de coeficiente de estabilidade.
No método do teste-reteste com formas paralelas, as mesmas pessoas são testadas com um teste na primeira ocasião e com outro, equivalente, na segunda. Deve-se tomar cuidado para que as duas formas sejam verdadeiramente paralelas, independentemente de satisfazerem às mesmas especificações. Os critérios de equivalência são o conteúdo dos itens, índice de dificuldade dos itens e o poder de discriminação. Nesse método, o objetivo é obter o índice de correlação entre escores de duas formas paralelas de testes equivalentes que é denominado coeficiente de equivalência. Como os demais, essa forma também tem problemas como dificuldade em se conseguir duas versões equivalentes de um mesmo teste, e as duas aplicações ainda mantêm o problema da transferência de aprendizagem, apesar de já mais atenuada, pela não perfeita coincidência do material.
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No método das metades ou bipartição, procede-se uma única aplicação e em seguida se analisa a correlação entre duas metades formadas pela divisão dos seus itens. São obtidos dois escores para cada pessoa se o teste for homogêneo, ou seja, se tiver o mesmo grau de dificuldades de itens, divide-se o teste em número de itens e depois faz-se a correlação. Se o teste for heterogêneo, ou seja, se os itens tiverem graus de dificuldade diferenciados, divide-se entre pares e ímpares e faz-se a correlação. O índice de fidedignidade é chamado coeficiente de consistência. Por fim, ainda temos o método Kuder-Richardson, que consiste em uma única aplicação a uma amostra representativa de sujeitos com o objetivo de verificar a consistência interna dos testes por meio da variância. Parte do pressuposto de que a dificuldade dos itens é a mesma e, portanto, as variâncias dos itens são semelhantes.
COMENTÁRIO Como escolher o método de fidedignidade a ser usado? Se o teste for homogêneo (mesmo grau de dificuldade), a técnica será a de formas paralelas ou de duas metades – porque está interessado na consistência do teste. Se o teste for heterogêneo (grau diferente de dificuldade), o método mais aconselhável será o teste-reteste, mas também se pode usar o de duas metades. No teste de potência é usado o das formas paralelas ou duas metades. No de rapidez, é usado o teste-reteste e o de formas paralelas. Normalmente é homogêneo. •
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ATENÇÃO A validade e a fidedignidade são condições (qualidades) primárias para que se possa confiar nos resultados de qualquer instrumento de avaliação psicológica.
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A fidedignidade é fundamental para a validade – o teste pode ser fidedigno e não ser validado, mas não pode ser válido sem ser fidedigno. Se um teste tem fidedignidade baixa, vai afetar a validade do que se está estudando.
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Assim, a fidedignidade é condição necessária, mas não suficiente para que um instrumento seja válido. Uma coisa muito importante para a fidedignidade e a validade é a instrução dos testes.
4.7.3 Padronização Outro aspecto importante dos instrumentos refere-se ao sistema de interpretação dos escores ou indicadores obtidos no teste. Para tanto, a padronização ou normatização refere-se à necessidade de existir uniformidade em todos os procedimentos no uso de um teste válido e preciso, que vão desde as precauções a serem tomadas na aplicação do teste (uniformidade nas condições de testagem, controle do grupo, instruções padronizadas e motivas os examinandos pela redução da ansiedade – Rapport) até o desenvolvimento de parâmetros ou critérios para a interpretação dos resultados obtidos. A padronização objeti va, ao unificar os procedimentos, que se tenha uma avaliação tão exata quanto possível, diminuindo as variâncias de erro (Erthal, 2003).
4.8 Breve introdução à análise fatorial: definição e finalidade A análise fatorial compreende uma série de técnicas estatísticas que trabalham com análises multivariadas e matrizes. Constitui-se numa técnica estatística imprescindível para a Psicometria principalmente no que tange à validação de instrumentos psicológicos e à sua fidedignidade. No caso da fidedignidade, é quase somente através da análise fatorial que se pode estabelecer este parâmetro psicométrico para bateria de testes. Trata-se de uma matemática demasiadamente complexa, fato pelo qual procuraremos aqui explicitá-la somente na sua lógica. O modelo da análise fatorial é uma técnica estatística calcada no pressuposto de que uma série de variáveis observadas, medidas, chamadas de variáveis empíricas ou observáveis pode ser explicada por um número menor de variáveis hipotéticas, não observáveis, mais conhecida pelo nome de fatores. Se as variá veis empíricas se relacionam entre si, é porque elas têm uma causa comum que produz essa correlação entre elas. É a essa causa comum que se chama de fator e cuja descoberta é precisamente a tarefa da análise fatorial.
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Assim sendo, tem-se que, através da utilização do modelo da análise fatorial para cada um dos itens propostos no teste, há como se garantir a sua validade e fidedignidade, produzindo testes mais confiáveis para o fim ao qual se destina.
4.9 Etapas para a construção de testes psicológicos Para elaborar um instrumento que objetiva o estudo dos comportamentos humanos através do estabelecimento de medidas de tendência central em uma população amostral com intuito de distinguir as diferenças entre indivíduos (interpessoais) ou as diferenças de um mesmo indivíduo (intrapessoais) em momentos diferentes, torna-se necessário que sejam seguidos de forma rigorosa alguns critérios tanto na construção do instrumento quanto na utilização dele. A construção de um instrumento de qualidade requer etapas bem definidas e procedimentos rigorosos. FORMA DO INSTRUMENTO
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1. Definir os objetivos Forma inicial
2. Produção do referencial teórico consistente 3. Elaboração dos itens que irão compor a forma inicial do instrumento – pré-teste. Forma inicial
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4. Análise teórica dos itens. Composta pela análise de conteúdo e análise semântica.
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SEGUIMENTOS Os objetivos devem ser bem delimitados e de forma muito clara Erthal (2003). Definir o construto que determina a que o teste se propõe. Delimitar a população amostral. O instrumento vai mensurar que população específica? Levar em consideração sexo, idade, nível de escolaridade, localidade. Revisão bibliográfica cuidadosa em material de referência, livros, artigos científicos (Kline, 1995). A fundamentação teórica deve garantir a validade do construto. Construir em média 3 vezes mais o número de itens que comporá a forma final. Os itens são preparados para se equivalerem à definição do construto. Os juízes, em média 10 especialistas da área do construto, deverão avaliar se os itens estão adequados e se medem aquilo que se propõe medir, além de analisar a semântica. Para ser aprovado, cada item deve obter 80% da aprovação dos juízes.
FORMA DO INSTRUMENTO
Forma experimental
Forma final
ETAPAS
SEGUIMENTOS
Os itens que não foram aprovados são 5. Seleção e reformulaexcluídos. Os itens que permaneceram são ção de itens aleatorizados. O instrumento deve ser aplicado em uma 6. Primeira Aplicação amostra representativa da população a qual experimental se destina. Verificar, através de procedimentos estatísticos adequados, a consistência interna dos 7. Análise estatística itens. dos itens Os itens aprovados na análise estatística são mais uma vez aleatorizados. A validade do conteúdo deve ser garantida nas etapas anteriores. Também pode ser veri8. Análise da Validade ficada a validade por outros métodos a partir do conteúdo de correlações com outros instrumentos já validados (Bunchaft & Cavas,2002). Descrição de todo o processo de aplicação, avaliação e interpretação (Kline, 1995). 9. Padronização O manual de instruções deve conter todo o processo assim como todas as informações obtidas nas análises estatísticas. 10. Apresentação para Ao término de todas as etapas o instrumento aprovação e comercia já está em sua forma final. lização do instrumento
Tabela 4.3 – Etapas para construção de um instrumento. Fonte: Elaborado pelo autor.
Para que o instrumento tenha as qualidades psicométricas adequadas e satisfatórias, ou seja, que seja capaz de mensurar uma determinada característica de forma eficaz, precisa incluir pesquisas de normatização e padronização. É através da normatização que se estabelece um padrão de referência para os resultados do instrumento; já a padronização informa os meios adequados de aplicação e interpretação dele (Pasquali, 1999). Sendo a construção dos itens uma etapa de grande importância, devemos levar em consideração que a redação dos itens seja clara e de acordo com o grau de conhecimento da população amostral. Os itens não podem ser tendenciosos, banais ou cheios de tecnicismos. Os itens objetivos não devem ser ambíguos e obscuros. Deve-se evitar que um item contenha informações que possam responder a um outro item, ou que a opção correta seja mais bem explicitada.
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4.10 Conclusão Para muito além dos cálculos matemáticos mirabolantes de que a estatística se utiliza para transmitir seus dados, neste capítulo buscou-se desmistificar os números, tornando-os mais familiares aos estudos que não são da área de exatas, como os psicólogos. Saber os cálculos, compreender a lógica da sua confecção e saber lê-los é fundamental e faz parte de um pesquisador. Para o psicólogo então faz-se fundamental, já que a ferramenta principal por ele utilizada, os testes, necessitam ser interpretados corretamente para que se consiga fazer inferências válidas e fidedignas no que tange ao comportamento humano. Neste sentido, este capítulo buscou transmitir minimamente os cálculos mais básicos da estatística, mas, visou sempre fazer com que o conceito das medidas fosse bem compreendido. Softwares fazem os cálculos complexos que le vamos horas para fazer. No entanto, se soubermos o conceito escondido por de trás de cada cálculo e de cada medida que está sendo utilizada para explicar um fenômeno, fica muito mais fácil inferir conclusões acerca do número divulgado. Esse é o grande “pulo do gato” para o psicólogo e para todo e qualquer profissional que se utilize da estatística como ferramenta, seja de estudo, seja de fornecimento de informações. A partir dos conceitos estatísticos e psicométricos, somos capazes de tomar decisões, criar escalas e testes, levantar hipóteses em nossa clínica a partir de testes aplicados, traçar planos de ação para um paciente/cliente, fazer pesquisa e transmitir às demais pessoas conhecimento com propriedade. Que este capítulo tenha contribuído para que o medo dos números por parte de estudantes e profissionais da psicologia se transforme numa fagulha pronta para atear fogo em corações ávidos por conhecimento, pois é isso que a estatística e a psicometria fazem: traduz em números o conhecimento de um contexto pelo qual passamos. Cabe a nós saber o que fazer com tais informações e extrair o melhor que pudermos em prol da ciência.
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5 Princípios éticos na avaliação 14 psicológica Por Marisa Almeida Braga e Elisabete Shineidr
14 Este capítulo foi elaborado em parceria com Marisa Almeida Braga, psicóloga, mestre em motricidade humana, coordenadora do curso de Psicologia no campus Sulacap.
5. Princípios éticos na avaliação psicológica 5.1 Ética e a formação A avaliação psicológica é de responsabilidade exclusiva dos profissionais de psicologia e, como tal, está definida na Lei N.º 4.119 de 27/08/62 (alínea “a”, do parágrafo 1° do artigo 13). Consiste em um processo de coleta de dados e na interpretação deles a partir da aplicação de instrumentais psicológicos, sendo seus resultados utilizados para diferentes finalidades, interferindo diretamente na vida de um ser humano, podendo causar prejuízos irreparáveis a ele.
OBJETIVOS •
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Compreender a importância de seguir os preceitos éticos na escolha dos testes psicológicos a serem utilizados; Reconhecer os princípios éticos para a aplicação, apuração e interpretação dos resultados em situação de testagem psicológica; Compreender a importância da comunicação dos resultados, assim como suas implicações para o avaliado.
ATENÇÃO O psicólogo precisa ter conhecimento pleno da legislação referente à avaliação psicológica brasileira, dentre as quais as resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e do Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Existe, por parte dos psicólogos e dos órgãos que os representam, uma grande preocupação com os princípios e questões relativas à ética profissional que regem o uso da avaliação psicológica. Em 2013, o CFP – Conselho Federal de Psicologia – e os CRPs – Conselhos Regionais de Psicologia – desenvolveram uma cartilha de “Avaliação Psicológica”, na qual estão inseridas questões éticas e gerais sobre a utilização dos testes psicológicos para diversas áreas, como porte de armas, concurso público, sistema judiciário e prisional, trânsito, pessoas com deficiência e a divulgação indevida de testes.
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capítulo 5
A palavra ética deriva do vocábulo grego ethos. Sf. 1. Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal. 2. Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano. (Dicionário Aurélio da Língua portuguesa, 2000.)
REFLEXÃO Quando falamos sobre a conduta humana, será que temos realmente noção do bem ou do mal que poderemos promover às pessoas, de modo geral?
CURIOSIDADE Imagine uma psicóloga que atende uma senhora por indicação do seu marido, que é médico, sendo que a senhora, aqui intitulada paciente, não sabia que seu médico era esposo da psicóloga. Quando a paciente começa a relatar suas angústias à psicóloga, introduz em seu discurso a paixão platônica que sente pelo médico. De acordo com as diretrizes que regem o código de ética do psicólogo, qual seria a conduta adequada em uma situação como a citada?
A American Psychological Association (APA) publicou, em 1953, seu primeiro guia de princípios éticos, desenvolvido pelo seu próprio Comitê de Ética, configurando, assim, o primeiro Código de Ética, o qual investigava e julgava questões dos membros dessa instituição. O CPTA – Comitê de Testes de Avaliação Psicológica – dedica-se a estudar os problemas referentes à prática de testagem e avaliação, oferecendo, assim, subsídios técnicos como orientações sobre práticas e problemas relativos à sua aplicação e adequação da sua utilização. De acordo com Wecheler, citado em Pasquali (2001), a base do desenvolvimento ético foi desenvolvida pela APA – American Psychological Association – em 1992, definido seis pontos fundamentais que devem ser os norteadores no desen volvimento e atuação do psicólogo: 1 – competência; 2 – integridade, 3 – responsabilidade científica e profissional; 4 – respeito pela dignidade e direitos das pessoas; 5 – preocupação com o bem-estar do outro; 6 – responsabilidade social. capítulo 5 •
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5.1.1 Competência Entende-se por competência a manutenção de altos padrões de excelência, por meio de contínuo aprimoramento profissional; atualização a partir de cursos de especialização, participação em congressos e outros que são fundamentais para qualificar o processo e resguardar o testando de inconsistências que possam surgir. Um bom conhecimento e treinamento possibilitam uma escolha correta do teste para o objetivo desejado, como também para as características do testado. Entretanto, reconhecer suas limitações e ater-se à sua especialidade são pontos fundamentais relacionados diretamente à competência pessoal.
5.1.2 Integridade Todas as atividades desenvolvidas pelos psicólogos devem ser minimamente respaldadas na honestidade, na realização daquilo a que se propõe: um comportamento esperado na perspectiva consciente do seu sistema de valores, não só no processo, como também – e principalmente – no produto resultante das avaliações. A fim de resguardar a integridade psicológica do testando, os Códigos de Ética possibilitam esse conhecimento e estabelecem critérios para que os valores pessoais não afetem a relação com o atendido em todas as esferas da avaliação psicológica.
5.1.3 Responsabilidade A responsabilidade está diretamente relacionada ao reconhecimento da necessidade do respeito em todas as etapas do processo direcionado à clientela em questão, tanto científica quanto profissionalmente. A escolha de procedimentos, técnicas, estratégias e testes deve ser fundamentada nas necessidades dos testados, reconhecendo a importância do seu comportamento e atuação, buscando um atendimento que supra as necessidades específicas de cada cliente. A colaboração e a integração dentro de equipes multiprofissionais devem focar o bem-estar da população atendida a partir do respeito mútuo, no mais puro viés ético e profissional.
5.1.4 Respeito à dignidade das pessoas Uma questão que emerge grandemente é a preocupação com a invasão de pri vacidade; por isso, o examinador deve saber de maneira clara a utilização dos
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resultados. É relevante o objetivo para o qual a testagem é realizada, o destino do produto resultante dos testes aplicados. A clientela tem direito a privacidade, confidencialidade, autodeterminação e autonomia, o que remete obrigatoriedade ao sigilo total. Outra especificação importante do psicólogo é que este ja sempre preocupado com as diferenças individuais, como idade, orientação sexual, etnia, religião, história de vida, inserção cultural, nível socioeconômico e outros, que de alguma forma possam interferir no processo a ser realizado.
5.1.5 Preocupação com o bem-estar alheio O atendimento deve priorizar o bem-estar do cliente, por isso todo o desenvol vimento de qualquer avaliação deve preocupar-se em minimizar conflitos e os riscos envolvidos, estando sempre o psicólogo atento ao relacionamento profissional, a fim de evitar atitudes e esclarecendo as dúvidas, que possam assemelhar-se a engano ou exploração da pessoa envolvida no processo. Todos os procedimentos devem seguir os princípios éticos quer sejam para diagnóstico, prognóstico ou pesquisa.
5.1.6 A responsabilidade social Preocupação com a responsabilidade de sua atuação como profissional de psicologia diante da comunidade e sociedade, em relação à divulgação e utilização dos conhecimentos pertinentes à profissão. Esses conhecimentos de vem seguir sempre na direção da possibilidade de redução do sofrimento e na melhoria da vida em sociedade. A responsabilidade do psicólogo perpassa do trabalho isolado, alinhando-se ao desenvolvimento de políticas que possam beneficiar a humanidade, sem a obtenção de vantagens, principalmente como pesquisador, atuação preponderante para novas práticas de melhoria. Os pontos acima mencionados, embora já se encontrem devidamente divulgados e trabalhados, ainda não são totalmente respeitados. Alguns dos testes, mesmo tendo sido construídos em outro momento cultural, ainda são aplicados atualmente, demonstrando uma defasagem histórico-social, sem a devida validação e adaptação às características da população em questão no momento da sua aplicação. Quanto ao ensino da Avaliação Psicológica nos cursos de graduação, muitas vezes os profissionais da área não têm competência e experiência sobre o assunto, repassando somente a teoria pura e simples, sem contextualizar o capítulo 5 •
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momento atual. É necessário que seja desenvolvido um treinamento específico e supervisionado com os alunos preparando-os para a aplicabilidade apropriada. Somente aplicar testes em sala de aula objetivando aprender as instruções técnicas do teste não os qualifica para uma aplicação em outras pessoas. Quando os examinadores estão bem preparados, relacionam os testes não só com as necessidades dos testados, mas também com as características pessoais e sociais destes. A qualificação é essencial para que o resultado seja coerente e dentro das perspectivas necessárias para uma interpretação apropriada ao desempenho no teste. De acordo com pesquisa realizada por Pietro, Muniz, Almeida e Bartram (1999), 10 falhas graves foram listadas em ordem decrescente, que ainda são muito comuns nos dias de hoje, em relação ao instrumento de avaliação (Wecheler in Pasquali, 2001). Fotocopiar material sujeito a direitos autorais; Utilizar testes inadequados na sua prática; Estar desatualizado na sua área de atuação; Desconsiderar os erros da medida nas suas interpretações; Utilizar folhas de respostas inadequadas; Ignorar a necessidade de explicações sobre pontuação nos testes aos solicitantes da avaliação; Permitir a aplicação de testes por pessoal não qualificado; Desprezar condições que afetam a validade dos testes em cada cultura; Ignorar a necessidade de arquivar o material psicológico coletado; Interpretar além dos limites dos testes utilizados. •
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Essas falhas imputam irresponsabilidades aos aplicadores, descaracterizando a importância das avaliações psicológicas, seu desenvolvimento e muitas vezes invalidando os resultados, assim como a não preocupação com o bem -estar alheio.
5.2 Guia ético para avaliação psicológica A partir de publicações no Brasil, recomendações da Americam Psycological Association sobre Código de ética, como também a Associação dos Psicólogos Portugueses (1991) e um grupo de psicólogos paulistas (Conselho Regional de Psicologia, 1999) (Wechsler, Guzzo, et al., 1999) elaboraram um guia relacio-
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nado com as condutas éticas a serem seguidas nas principais etapas da avaliação psicológica. O referido guia, que será descrito a seguir, está relacionado com a condução ética antes, durante e depois de uma avaliação psicológica, referindo-se somente à utilização de testes e escalas do tipo objetivo, não respondendo a dúvidas relacionadas a questionários, entrevistas, observações e provas situacionais.
5.2.1 Seleção dos testes No que se refere à seleção do instrumento, deve-se estar conectado ao objetivo, à finalidade da avaliação. A primeira coisa a fazer é se preocupar com o que vai ser avaliado, investigado, e só então definir e decidir que instrumento disponibilizado pelo CFP se mostra mais adequado. Para decidir se o instrumento está adequado, deve-se, também, avaliar a validade e a precisão do mesmo, assim como a existência de normas específicas e atualizadas para a população brasileira. Considerar as variáveis idade, orientação sexual, escolaridade, nível socioeconômico, urbano ou rural, condições físicas e nacionalidade. Verificar se os manuais de testes têm informações necessárias para aplicação, correção e interpretação.
ATENÇÃO Na escolha do teste, o psicólogo tem o dever de consultar o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), disponível no site do Conselho Federal de Psicologia (www.cfp.org.br), com a finalidade de averiguar se o instrumento foi aprovado para utilização em avaliação psicológica. Após a consulta, em caso afirmativo, é o momento de consultar o manual do teste para obter todas as informações sobre o construto a ser avaliado, assim como as qualidades psicométricas do instrumento.
5.2.2 Administrando os testes É uma questão ética de grande importância prestar informações aos envolvidos no processo de testagem. Tais informações se referem à natureza e ao objetivo dos instrumentos empregados, obtendo, por escrito, o seu consentimento li vre e esclarecido para participar do processo de avaliação psicológica; sendo capítulo 5 •
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menor ou em situação de vulnerabilidade, o consentimento será realizado por seus responsáveis. A verificação do ambiente, que deve ser adequada em termos de condições físicas, como ventilação, mobiliário, qualidade de silêncio para assegurar melhor desempenho. Os cuidados com o material implicam na organização dele, antes de iniciar o processo de avaliação, verificando a especificidade do material necessário para a aplicação. Motivar a pessoa para o processo de avaliação sem interferir no desempenho. Estabelecer o rapport, desenvolvendo um relacionamento de confiança, que é essencial na aplicação individual. Estar atento ao comportamento do avaliado, observando a forma de resposta e o envolvimento dele na situação de avaliação. No que se refere às instruções do material, o psicólogo deve segui-las fielmente, assim como os exemplos, o tempo e outros, evitando improvisações que possam desqualificar os instrumentos ou a testagem. O psicólogo que vai aplicar o teste deve evitar a ausência na sala, evitar con versas diversas, evitar atender ao telefone e outros que possam desviar a atenção do avaliado. A responsabilidade deve permear o trabalho do profissional para que haja qualidade na aplicação dos testes e então a obtenção de um resultado fidedigno. É importante lembrar que é vetado ao psicólogo reproduzir material em quaisquer circunstâncias. Gravações das sessões só podem ser feitas com o consentimento do indivíduo que está sendo testado. São vedadas, também, avaliações psicológicas que interfiram no trabalho de outro colega.
5.2.3 Correção e interpretação No momento da correção, é imprescindível a utilização dos critérios e tabelas definidas para cada instrumento. As avaliações devem considerar os resultados quantitativos e qualitati vos dos testes, integrando todos os dados observados durante a aplicação dos instrumentos. A interpretação dos resultados deve ser feita de forma dinâmica, sob a perspectiva de um conjunto de circunstâncias. O profissional deve considerar os resultados dentro da atualidade das normas nas tabelas apresentadas.
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A análise computadorizada deve ser utilizada cautelosa e cuidadosamente e somente quando houver orientações e aprovação para o procedimento desse material. A conservação do material deve ser feita por meio do arquivamento dos dados coletados de forma confidencial, por no mínimo cinco anos, de acordo com o nosso Código de Ética.
ATENÇÃO De acordo com a Resolução CFP nº 007/2003, “os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão”.
5.2.4 Laudos e entrevistas de devolução No momento da confecção dos laudos, o profissional deve evitar influências nas suas conclusões por valores pessoais, como religião, preconceitos, diferenças sociais ou características físicas do avaliado. A elaboração do relatório deve ser produzida de maneira clara, abrangendo o todo do indivíduo, enfatizando a natureza dinâmica e circunstancial. É importante que o profissional utilize uma linguagem clara e adequada, sem tecnicismos e de acordo com o grau de instrução do receptor, evitando interpretações errôneas e duvidosas, incluindo recomendações específicas aos solicitantes. Deve evitar fornecer resultados em forma de respostas certas e esperadas pelo instrumento utilizado. Todos os participantes do processo de testagem, ou seja, o próprio testado, assim como o solicitante, tem direito ao conhecimento dos resultados, das interpretações feitas e das fundamentações de onde foram extraídas. Quando o testado for menor de idade, os responsáveis devem ser informados. O profissional deve guardar sigilo das informações e conclusões obtidas, conservando sempre o anonimato em quaisquer ocasiões: ensino, pesquisa ou extensão.
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A redação das informações deve ser produzida em forma de laudo, mesmo que a solicitação seja de um parecer. Arquivar o laudo com os outros documentos do indivíduo.
ATENÇÃO Um Manual de Elaboração de Documentos Escritos foi elaborado por psicólogos a partir da Resolução CFP nº 007/2003, com o objetivo principal de orientar o profissional para a confecção de documentos decorrentes das avaliações psicológicas e fornecer subsídios técnicos e éticos necessários para a elaboração qualificada da comunicação escrita. Toda e qualquer comunicação por escrito deverá seguir as diretrizes descritas no Manual, e a não observância constitui falta ética disciplinar.
CONEXÃO Para conhecer o “Manual de Elaboração de Documentos Escritos”, elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia, basta acessar:
5.3 Os direitos dos testandos A partir da compreensão de que a pessoa que está sendo avaliada sabe mais a respeito de si mesma do que nós imaginamos e que “são capazes de avaliar, melhor do que o profissional, o que serve aos seus interesses”, os padrões profissionais mudam. Sabemos que a atuação do profissional em testagem é intrincada por regras e recomendações sobre privacidade, consentimento informado e liberdade de informação que fazem parte do considerado direitos dos testandos (Cronbach,1996). Apresentaremos, a seguir, algumas das principais Recomendações para proteção dos testandos que constam no Excerto das páginas 85-87 dos Padrões para a Testagem Educacional e Psicológica. Copyright 1985 da American Psychological Association e reproduzidos com permissão in Cronbach, 1996, p. 97. Deve ser obtido o consentimento informado dos testandos ou de seus representantes legais antes da realização da testagem, exceto quando for feita por •
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determinação de regulamentos legais ou governamentais; quando a testagem for realizada como parte regular das atividades escolares; ou quando o consentimento está claramente implícito, a exemplo da seleção de pessoal e admissão educacional, em que o consentimento não se faz necessário.
OBSERVAÇÃO O consentimento informado está relacionado ao conhecimento dos testandos ou de seus representantes sobre as razões da testagem, quais instrumentos serão utilizados e com que finalidade, as consequências e, também, o que será feito a partir das informações obtidas com a testagem.
Em aplicações escolares, clínicas e de aconselhamento, os profissionais que trabalham com testes devem fornecer as explicações, de forma apropriada, sobre os resultados dos testes. Em aplicações escolares, clínicas e de aconselhamento, quando os escores dos testes são utilizados para a tomada de decisões a respeito daquele su jeito, a pessoa afetada ou o seu representante legal deve ser capaz de obter esse resultado e sua interpretação para qualquer uso apropriado. •
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Segundo os princípios éticos dos psicólogos e código de conduta (APA, 2002), o consentimento informado deve ser obtido oralmente ou por escrito antes da testagem. Na explicação oferecida aos testandos, além da explicação clara e adequada sobre a finalidade e natureza da testagem, deve haver clareza sobre o sigilo e a segurança dos resultados (Urbina, 2007). Ainda no que se refere ao consentimento informado, em 13 de junho de 2013 foi publicada no Diário Oficial da União a resolução nº 466/2012, que trata de pesquisas e testes em seres humanos. A resolução foi aprovada pelo Plenário do Conselho Nacional de Saúde (CNS) na 240ª Reunião Ordinária, em dezembro de 2012. De acordo com o Conselho Nacional de Saúde (2013): (...) a resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, referenciais da bioética, tais como, autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, dentre outros, e visa assegurar os direitos e deveres dos participantes da pesquisa.
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CONEXÃO Para conhecer a Resolução nº 466, acesso o link: .
5.4 Privacidade, confidencialidad confidencialidadee e resultados A venda dos testes psicológicos está restrita a distribuidores devidamente autorizados e registrados, que restringem a comercialização em função da segurança do material e da utilização indevida. Os testes utilizados em relação à seleção de pessoal precisam ser seguros e passar segurança não só para o avaliado como também para o solicitante, e eles não podem servir para outra finalidade que não seja essa seleção (Anastasi e Urbina, 2000). Uma relação maior com a privacidade são os testes de personalidade; o seu desenvolvimento é uma invasão que muitas vezes limita muito o compartilhar das informações pessoais. O examinado deve ter conhecimento e compreender claramente como os resultados dos testes serão utilizados. Ainda de acordo com Anastasi e Urbina (2000), as preocupações com as in vasões de privacidade são mais expressas nos testes de personalidade, entretanto os testes de inteligência ou aptidão podem mostrar menores habilidades e conhecimentos que o indivíduo prefira que não sejam revelados. Os resultados dos testes psicológicos fornecidos para o examinando não podem vir acompanhados das informações referentes às respostas esperadas, porque, nesse caso, esse comportamento inviabiliza seu uso no futuro (Wechsler, 1999). O testando também deve ter a oportunidade de comentar o conteúdo do laudo e, se necessário esclarecer ou corrigir informações fatuais. Os conselheiros estão atualmente tentando envolver mais os clientes como participantes ativos em sua própria avaliação. (Anastasi e Urbina, p. 438, 2000).
A confiabilidade confiabilidade dos registros só pode dar acesso a uma terceira terceira pessoa, que não o indivíduo, se o testado for menor (aos pais ou responsáveis) ou a partir
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do conhecimento e consentimento do testando. Sem os quesitos apontados, somente poderá haver liberação se solicitada pela lei ou permitida por ela. Ainda de acordo com Anastasi e Urbina (2000), as aplicações realizadas em contextos institucionais devem ser precedidas de informações claras e precisas no momento da testagem, sobre o objetivo do teste, como seus resultados serão utilizados e principalmente para quem eles serão dirigidos. De acordo com o Manual de Avaliação Psicológica (2007), é importante mostrar a dinamicidade e a natureza não definitiva do objeto do estudo, levando em consideração a situação e o momento da avaliação. Um grande erro em criar documentos com muitas informações, além do que foi solicitado, é a possibilidade de prejudicar o atendido; o documento deve responder somente o necessário para atender ao que foi pedido. A Resolução 07/2003 apresenta diferentes modalidades de documentos, como declaração, atestado psicológico, relatório ou laudo psicológico e parecer psicológico, que são utilizados com objetivos diferenciados.
Declaração – Documento informativo para: comparecimentos do aten-
dido; acompanhamento psicológico do atendido; informações sobre as condições do atendimento (tempo, dias, horários). Estrutura: papel timbrado ou carimbo com nome/sobrenome e CRP; Registro do nome e sobrenome do solicitante; Finalidade; Registro das informações solicitadas; Registro do local e data de expedição; Registro do nome completo do psicólogo e CRP; Assinatura. •
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Atestado Atesta do psicológico psicoló gico – Documento que certifica uma determinada si-
tuação ou estado psicológico: justifica falta e/ou impedimento; informa se indi víduo está apto ou não para atividades específicas; específicas; solicita o afastamento e/ou a dispensa do solicitante após a realização de um processo de avaliação psicológica dentro do rigor técnico e ético. Estrutura – restringe-se ao que foi solicitado; Estrutura – papel timbrado ou carimbo com nome/sobrenome e CRP; Registro do nome e sobrenome do solicitante; Finalidade – informação do sintoma, situação ou condições psicológicas que justifiquem o atendimento, afastamento afastamento ou falta; •
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Registro do local e data de expedição; Registro do nome completo do psicólogo e CRP; Assinatura; Ressalta-se a importância de evitar parágrafos, evitando inclusão de informações. •
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Relatório ou laudo psicológico – apresentação descritiva que envolve si-
tuações e/ou condições psicológicas com seu contexto histórico, político e cultural, substanciado a partir da utilização de instrumentos técnicos, como entrevistas, dinâmicas, testes, observações, exames psíquicos, intervenção verbal. Estrutura – identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão. Etapas: – Identificação: Auto ou relator; – Quem elabora Nome e CRP; – Interessado - quem solicita: Empresa, cliente, justiça; – Assunto / Finalidade - qual a razão: – Motivo do pedido Série Técnica – Descrição da Demanda: Informações referentes ao problema e seus motivos, razões e expectativas apresentadas; Análise da demanda para justificar o procedimento desenvolvido. Procedimento: apresentação dos instrumentos e recursos técnicos que embasam as informações; Análise: descrição metódica, metódica, objetiva e fiel do que foi coletado coletado e das situações vividas de acordo com o que foi solicitado; deve ser relatado somente o que for necessário para esclarecer o que foi solicitado; Conclusão: resultado e/ou considerações a respeito da investigação; Local, data de emissão e identificação do psicólogo; Assinatura. •
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Parecer – Documento resumido com fundamentação sobre uma questão específica psicológica, em que o resultado pode ser indicativo ou conclusi vo. O objetivo é responder com competência e esclarecer a questão formulada. Deve ser analisado o problema e emitida uma opinião sobre este, respondendo aos pontos apresentados de forma objetiva e sucinta. Identificação: nome do parecerista e sua titulação; Nome do autor da solicitação e sua titulação;
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Exposição dos motivos; Transcrição do objetivo da consulta e dos quesitos ou a apresentação das dúvidas apresentadas pelo solicitante; Análise: detalhamento da questão apresentada e argumentada embasada e fundamentada; Conclusão: apresentação do posicionamento do profissional, respondendo a questão levantada; Local, data de emissão e identificação do psicólogo; Assinatura. •
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Todo o material resultante de avaliações psicológicas, sempre que possí vel, deve ser arquivado e guardado por um tempo mínimo, definido pelo CFP (Manual de Avaliação Psicológica, 2007).
REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION. Ethical principles of psychoilogists and code of conduct. Washington, DC: American Psychological Association, 1992.
ANASTASI, A. & URBINA, S. Testagem Psicológica /Anne Anastasi e Susana Urbina. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. CRONBACH, L.J. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. MACHADO, A. P. Manual de Avaliação Psicológica – Curitiba : Unificado, 2007. PASQUALI,L. Técnicas de Exame Psicológico – TEP. Luiz Pasquali organizador. – São Paulo: Casa do Psicólogo / Conselho Federal de Psicologia, 2001. URBINA, Susana. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed, 2007. WECHLER, S.M. Princípios Éticos e Deontológicos na Avaliação Psicológica. In Técnicas de Exame Psicológico – TEP org. Luis Pasquali. São Paulo: Casa do Psicólogo / Conselho Federal de Psicologia, 2001. WECHSLER, S. M. & GUSSO, R. S. L. Avaliação psicológica: perspectiva internacional – São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
Anexo I Para avaliação da personalidade, a partir dos testes objetivos, podemos citar alguns dos instrumentos aprovados no Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (Satepsi) do Conselho Federal de Psicologia e comercializados no Brasil: capítulo 5 •
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TÉCNICAS OBJETIVAS A Bateria Fatorial de Personalidade BFP foi criada a partir do modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF). Em sua formulação atual propõe as dimensões: Extroversão, Socialização, Realização, Neuroticismo e Abertura a novas experiências e suas subescalas: E1 – Comunicação, E2 – Altivez, E3 – Dinamismo, E4 – Interação Social; S1 – Amabilidade, S2 – Pró-sociabilidade, S3 – Confiança nas pessoas; R1 – Bateria Fatorial de PerCompetência, R2 – Ponderação / Prudência, R3 - Empenho sonalidade (BFP) / Comprometimento; N1 – Vulnerabilidade, N2 – Instabilidade Autor: Carlos Henrique Emocional, N3 – Passividade / Falta de Energia, N4 – DeNunes, Claudio Hutz e pressão; e A1 – Abertura a ideias, A2 – Liberalismo, A3 – Maiana Nunes Busca por novidades. Pesquisas indicam sua utilidade para: Avaliações no contexto da Psicologia do Trabalho e Psicologia Organizacional; Avaliações no contexto da área de Segurança (porte de arma) e contexto da área do Trânsito (CNH); Avaliações Clínicas e Psicodiagnóstico; Orientação Profissional; Psicologia Forense; Psicologia Escolar e Educacional; Avaliação Neuropsicológica e Pesquisa. O CPS é um inventário de personalidade baseado no método de autodescrição para identificação dos principais fatores de constituição do indivíduo. Em apresentação com 100 itens, o Escala de Personalida- CPS forma revisada, mantém o tradicional rigor psicométrico de de Comrey desta escala de personalidade. Autor: Revisão Flá O CPS avalia 8 dimensões da personalidade: Confiança e vio Rodrigues Atitude Defensiva; Ordem e Falta de Compulsão; Conformidade Social e Rebeldia; Atividade e Passividade; Estabilidade e Instabilidade Emocional; Extroversão e Introversão; Masculinidade e Feminilidade; Empatia e Egocentrismo. Apresenta ainda as escalas de Validade e Tendenciosidade nas respostas. A área de Recursos Humanos é o setor em que o emprego do CPS tem apresentado os melhores índices de aproveitaEscala de Personalidamento e compatibilidade. Sua capacidade de avaliação rápida de de Comrey e objetiva de diversos fatores da personalidade ajuda os Autor: Revisão Flápsicólogos a selecionarem candidatos e a recolocarem, com vio Rodrigues maior eficiência e ajustamento, funcionários eventualmente incompatíveis, sob aspectos de personalidade, com suas atuais funções.
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TÉCNICAS OBJETIVAS A Escala de traços de Personalidade para Crianças – ETPC possui poucas questões, mas o suficiente para se ter uma avaliação bastante razoável das principais tendências das crianças em temos de grandes características de personalidade. Como teste de personalidade, é de suma importância para o diagnóstico e tratamento dos problemas emocionais e de conduta no trabalho clínico, além de grande quantidade de situações escolares que vem, também, exigindo esse tipo ETPC (Escala de Traços de informação. No ambiente escolar pode contribuir com a de compreensão das necessidades de desenvolvimento pessoal Personalidade de cada criança, com a interpretação de diferentes aspetos para Crianças) da adaptação escolar do aluno, como as discrepâncias entre Autor: Fermino Fernanas aptidões e o rendimento escolar, as adequações do aluno des Sisto. diante das demandas da escolarização, os tipos de relação que os alunos estabelecem entre si na formação dos grupos de brinquedo e de estudo, por exemplo. Sendo instrumento desenvolvido para avaliar crianças de forma rápida, e projetado para ser pequeno, de fácil entendimento para as crianças, se propõe a captar tendências gerais, não sendo considerado seu uso para diagnóstico de patologias. Como se trata de avaliar pessoas ainda em fase de aquisição de experiências e formas de lidar com o mundo, fornece apenas indicadores de possíveis problemas, sem poder para diagnosticá-los com precisão. O EPQ-J vem sendo uma das escalas de personalidade mais estudadas nos últimos anos, haja vista a alta precisão e validade do instrumento encontrada em diferentes países, sendo consideradas como consistentes e robustas as três EPQ-J - Questionádimensões da personalidade propostas. rio de PersonalidaAs pesquisas apontam a capacidade do EPQ-J de se de para Crianças e associar e predizer diversidade de critérios externos a ele, Adolescentes importante na infância e/ou adolescência, uma vez que as Autor: Hans J. Eysenck e diferenças individuais iniciais moldam a maneira como os Sybil B. G. Eysenck. indivíduos experienciam, interpretam e respondem ao mundo à sua volta. Um dos critérios de associação recorrente é o comportamento antissocial ou delinquente – de forma geral, todos os estudos apresentados demonstram que o Psicoticismo é um importante preditor do comportamento antissocial em adolescentes. As áreas de aplicação do questionário contemplam a PsicoloEPQ-J - Questionágia Escolar, Psicologia Clínica, Psicologia da Saúde, Psicologia rio de PersonalidaForense e Pesquisa do comportamento humano em geral. de para Crianças e Adolescentes
Autor: Hans J. Eysenck e Sybil B. G. Eysenck.
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IFP- II Inventário Fatorial de Personalidade
Autor: Irene F. Almeida de Sá Leme, Ivan Sant'Ana Rabelo e Gisele Aparecida da Silva Alves.
NEO PI-R Inventário de Personalidade NEO Revisado
Autor: Paul T. Costa e Robert R. McCrae - Padronização: Carmem E. Flores
NEO FFI-R- Inventário Personalidade Cinco Fatores Revisado
Autor: Paul T. Costa e Robert R. McCrae - Padronização: Carmem E. Flores NEO FFI-R- Inventário Personalidade Cinco Fatores Revisado
Autor: Paul T. Costa e Robert R. McCrae - Padronização: Carmem E. Flores
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TÉCNICAS OBJETIVAS O IFP-II é um instrumento de avaliação da personalidade, com base na teoria das necessidades ou motivos psicológicos de Henry Murray. A versão ora apresentada é resultado da atualização dos estudos psicométricos e normas envolvendo participantes de amostras representativas de todos os estados brasileiros. Esta nova versão apresenta a exclusão de alguns fatores e itens, e assim, passa a ser composto por 100 afirmativas e 13 fatores: Assistência, Intracepção, Afago, Autonomia, Deferência, Afiliação, Dominância, Desempenho, Exibição, Agressão, Ordem, Persistência e Mudança. Através do agrupamento dos fatores, criou-se uma estrutura fatorial de segunda ordem, denominadas: Necessidades Afetivas, Necessidades de Organização e Necessidades de Controle e Oposição. O IFP-II pode ser utilizado em contextos de avaliação clínica, em orientação profissional / carreira, em contexto organizacional, entre outros onde se faz necessária a avaliação da personalidade. O inventário de personalidade NEO Revisado, mais conhecido como NEO PI-R, é um instrumento de avaliação da personalidade normal, baseado no modelo pentafatorial das personalidades - cinco grandes fatores de personalidade (BigFive): neuroticismo, extroversão, abertura, amabilidade e conscienciosidade. A versão do NEO PI-R para uso no contexto brasileiro é a forma S - respondida pelo próprio indivíduo - sendo composta de 240 afirmativas, às quais o examinando deve responder utilizando uma de cinco alternativas de resposta. As principais áreas de aplicação são: Psicologia do Trabalho e das Organizações, Psicologia Clínica, Psicologia da Saúde, Orientação Vocacional, Pesquisa do comportamento humano em geral. O inventário de personalidade NEO-FFI-R, é uma versão curta do inventário NEO PI-R, que consta de 60 itens. É indicado para situações de limitação de tempo e quando se deseja apenas obter uma informação global da personalidade. Instrumento de avaliação da personalidade normal, baseado no modelo pentafatorial das personalidades - cinco grandes fatores de personalidade (BigFive): neuroticismo, extro versão, abertura, amabilidade e conscienciosidade. Apresenta cinco escalas, cada uma com 12 itens que medem cada domínio. As principais áreas de aplicação são: Psicologia do Trabalho e das Organizações, Psicologia Clínica, Psicologia da Saúde, Orientação Vocacional, Pesquisa do comportamento humano em geral.
TÉCNICAS OBJETIVAS O Questionário de Avaliação Tipológica QUATI, dirigido à população brasileira e à sua cultura, é um instrumento investigativo baseado na teoria Junguiana e em sua tipologia. Visa definir estilos cognitivos e de comportamento individual, QUATI - Questionário classificando semelhanças e as diferenças em determinados de Avaliação Tipológica grupos, auxiliando na organização de grupos de trabalho, na Autor: José Jorge de detecção e solução de conflito nas organizações, no treinaMoraes Zacarias. mento empresarial e remanejamento de pessoal, na criação de programas de ensino-aprendizagem, na orientação de pais e professores, na orientação vocacional e aconselhamento familiar. Informações obtidas no site
Anexo II Apresentamos, a seguir, um quadro indicando os testes de inteligência comercializados no Brasil. Torna-se necessário que, antes de sua utilização, o profissional verifique no SATEPSI (Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos) se os testes que se pretende utilizar naquele momento estão aprovados para e adequados para uso. TESTES DE INTELIGÊNCIA O Matrizes Progressivas de Raven (APM), considerado padrão ouro mundial na avaliação da inteligência geral, foi desenvolvido para avaliar APM-RAVEN - Maum componente central do fator g de Spearman de forma o mais trizes Progressivas precisa e objetiva possível. O APM fornece informações sobre as Avançadas de habilidades das pessoas para gerar novos insights (habilidade edutiva), Raven principalmente não verbais. Autor: J. Raven, J.C. O APM é amplamente utilizado em pesquisas psicológicas. Pode ser Raven, J. H. Court. utilizado em seleção de pessoal para um nível técnico elevado e postos gerenciais, ou em outros contextos nos quais se faça necessária a avaliação da inteligência e da habilidade edutiva. TESTE DOS O Teste dos Cubos é composto por 15 itens, que foram criados CUBOS: Para Ava- tendo por base o Cubo de Rubik. Os itens são compostos por liação do Raciocíimagens concretas que deverão ser manipuladas mentalmente nio Visuoespacial para encontrar a resposta correta e, dessa forma, avaliar o raciocíAutor: Fabián Javier nio visuoespacial. M. Rueda e Monaliza Contribui para avaliações psicológicas nas áreas clínica, organizaMuniz. cional, educacional e de orientação profissional. D-70 - Teste de O Teste D-70 pode ser utilizado para diagnóstico clínico, na seleInteligência ção profissional e na orientação profissional, abrangendo, portanto, Autor: Irai Cristina uma grande área de aplicação. Boccato Alves
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G-36 - Teste Não Verbal de Inteligência
Autor: Efraim Rojas Boccalandro. G-38 - Teste não Verbal de Inteligência
Autor: Efraim Rojas Boccalandro.
TESTES DE INTELIGÊNCIA Teste saturado de fator G e de múltipla escolha para as respostas. As questões são apresentadas em ordem crescente de dificuldade, envolvendo os seguintes raciocínios: a) compreensão de relação de identidade simples, b) compreensão de relação de identidade mais raciocínio por analogia, c) raciocínio por analogia envolvendo mudança de posição, d) raciocínio por analogia de tipo numérico e envolvendo mudança de posição e raciocínio de tipo espacial. O Teste Não Verbal de Inteligência – G-38 surgiu da necessidade de se ter outro instrumento que permitisse retestar sujeitos que já tivessem sido submetidos ao G-36, apresentando duas questões a mais que este teste.
O Teste de Matrizes de Viena – WMT-2 é um instrumento de avaliação da inteligência geral, construído segundo o modelo de Rasch (análise pela Teoria de Resposta ao Item – TRI), que traz como benefício a possibilidade de medir a inteligência por tarefas livres de influências culturais, resultando numa medida de QI em um tempo bastante reduzido quando comparado aos testes de Autor: Anton K. For- inteligência multidimensionais. mann, Karin Waldherr Adequado para aplicação nas áreas clínica, organizacional, trânsito e Karl Piswanger . e orientação vocacional. O Teste de Inteligência - TI é composto por 30 exercícios com 06 TI - Teste de opções de resposta cada, dentre as quais o sujeito deve escolher Inteligência apenas uma. É um teste não verbal, uma vez que os exercícios Autor: Fabián Javier são compostos por figuras geométricas e abstratas. A correção é M. Rueda e Nelimar realizada por meio de um crivo e o resultado equivale ao total de R. de Castro. questões respondidas corretamente. O Teste Conciso de Raciocínio - TCR é um teste curto, possui 20 exercícios, em 04 séries, organizadas por ordem de dificuldade. A TCR - Teste Concibase para sua construção foi o raciocínio inferencial (habilidade so de Raciocínio para se chegar a conclusões). Autor: Fermino FerDe aplicação rápida, o TCR permite detectar possíveis casos de nandes Sisto. deficiência cognitiva preocupante, como também níveis elevados de inteligência. O Teste de Inteligência Geral Não Verbal -TIG-NV avalia desempenhos característicos dos testes de inteligência não-verbais, mas diferencia-se por possibilitar uma apreciação mais detalhada de seus resultados, como uma análise neuropsicológica, a qual permite TIG-NV - Teste de identificar os tipos de raciocínios errados e os processamentos Inteligência Geral envolvidos na sua execução, além das classificações habituais do Não Verbal potencial intelectual. Pode ser utilizado para fins de seleção, pois possibilita uma classificação dos sujeitos em termos de Percentil ou QI, além da classificação da inteligência de acordo com o grau de escolaridade e idade. WMT-2 Teste de Matrizes de Viena - Inteligência Nãoverbal Escalonado segundo Modelo Rasch
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TESTES DE INTELIGÊNCIA BETA III - Teste O Teste Não Verbal de Inteligência Geral, instrumento conheciNão Verbal de do internacionalmente como Revised Beta Examination, com a Inteligência Geral: sigla BETA-III, é uma importante ferramenta para a avaliação da Subtestes Raciointeligência geral. Para a versão brasileira foram realizados estudos cínio Matricial e com dois subtestes: Raciocínio Matricial e Códigos. Não há obriCódigos gatoriedade de aplicação de ambos, podendo-se optar por apenas Autor: Ivan Sant'Ana um subteste. Rabelo, Silvia Paca- Além do contexto do trânsito (o manual apresenta estudos sobre naro, Irene Sá Leme, amostra de trânsito) o BETA-III pode ser utilizado nas áreas: eduRodolfo Ambiel, cacional, organizacional, avaliação para porte de arma, forense e Gisele Alves outras em que a avaliação da inteligência se faz necessária. O Teste R-1 se caracteriza por ser uma medida não verbal de inteliR-1 - Tesgência e foi construído para ser usado principalmente com pessoas te Não Verbal de baixo nível de escolaridade, tendo sido seu uso estendido, de Inteligência posteriormente, a outros grupos da população. Pode ser aplicado Autor: Rynaldo de em estrangeiros, pois os sinais que aparecem em alguns problemas Oliveira. são internacionais. A Bateria de Funções Mentais para Motorista BFM-3 - Teste de Raciocínio Lógico é constituída por apenas um teste, o TRAP-1. O teste é composto por 40 questões com placas de trânsito, que investigam os diversos tipos de raciocínio que o examinando utiliza na resolução das questões com o intuito de verificar se a sua BFM 3 - Bateria de tomada de decisões está se processando de maneira adequada. Funções Mentais A correção é realizada pelo total de acertos, avaliação quantitativa para Motorista e qualitativa. Autor: Emilio Carlos Pelo fato do TRAP-1 proceder a uma investigação nos diferentes Tonglet. tipos de raciocínio, pode ser utilizado em processos seletivos de admissão de candidatos a emprego (principalmente vigilantes e seguranças), nas avaliações periódicas e de potencial de funcionários, sendo indicado também para avaliação neuropsicológica de idosos. A Escala de Inteligência Wechsler para Adultos – WAIS III é um dos mais importantes instrumentos para avaliação clínica da capacidade intelectual, imprescindível para avaliações psicológica e neuropsicológicas. Pode ser utilizado para mensurar a avaliação de rendimento escolar, problemas de aprendizagem e identificação WAIS III - Escala de de indivíduos excepcionais e superdotados além de diagnóstico Inteligência Wechsdiferencial de transtornos neurológicos e psiquiátricos que afetam ler para Adultos o funcionamento mental. Autor: David O WAIS III, permite a possibilidade de se derivar os resultados Wechsler. quantitativos de quatro domínios cognitivos: compreensão verbal, memória operacional, organização perceptual e velocidade de processamento. Portanto, além do Q.I., o profissional tem à sua disposição informações quantitativas para gerar conclusões acerca do funcionamento cognitivo de adolescentes e adultos.
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BENDER - TESTE GESTALTICO VISOMOTOR DE BENDER (B-SPG) Sistema de Pontuação Gradual
Autor: Fermino Sisto / Ana Paula Porto / Acácia Angeli.
ESCALA DE MATURIDADE MENTAL COLUMBIA – CMMS
Autor: Padronização: Iraí Boccato / José Luciano Duarte. WISC-III - Escala de Inteligência Wechsler para Crianças - 3ª edição
Autor: padronização: Vera Figueiredo. WISC-III - Escala de Inteligência Wechsler para Crianças - 3ª edição
Autor: padronização: Vera Figueiredo. WISC IV - Escala de Inteligência Wechsler para Crianças - 4ª edição
Autor: David Wechsler.
TESTES DE INTELIGÊNCIA O Teste Gestáltico Visomotor de BENDER está associado a medidas de inteligência (como fator g) e também mostra relação com a aprendizagem (aquisição da escrita e diferenciação de séries). O Sistema de Pontuação Gradual (B-SPG) está baseado nos pressupostos teóricos preconizados por Bender, de que por meio da reprodução de desenhos pode-se estabelecer o nível de maturação da função gestáltica visomotora. Para Bender a função gestáltica estaria associada a diversas funções intelectuais, tais como percepção visual, habilidade motora manual, conceitos temporais e espaciais e organização ou representação. Considerava ainda a percepção e a reprodução das figuras gestálticas determinadas por princípios biológicos e de ação sensório-motora, que podem variar de indivíduo para indivíduo, em razão do padrão de desenvolvimento de cada um, bem como de eventuais alterações patológicas funcionais ou orgânicas. A Escala de Maturidade Mental Colúmbia avalia especialmente capacidades que são importantes para o sucesso na escola, principalmente as capacidades para discernir as relações entre os vários tipos de símbolos. O fato de necessitar apenas de uma resposta motora mínima da criança, torna o CMMS especialmente adequado para o uso com crianças que tenham paralisia cerebral ou outra lesão cerebral, retardo mental, deficiência visual, dificuldades na fala ou perda de audição. Instrumento clínico, de aplicação individual, para avaliar a capacidade intelectual de crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos e 11 meses. É composto de vários subtestes, cada um medindo um aspecto diferente da inteligência. O desempenho nestes subtestes é resumido em 3 medidas compostas: QIs verbal, de Execução (perceptivo-motor) e o Total, que oferecem estimativas das capacidades intelectuais; além de fornecer quatro escores opcionais de índices fatoriais, como: Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Resistência à Distração e Velocidade de Processamento das Informações. A Escala de Inteligência Wechsler para Crianças - WISC-IV é um instrumento clínico que pode ajudar a diagnosticar potenciais problemas nos processos cognitivos das crianças, o que pode ser usado para determinar se há necessidade para uma intervenção como acompanhamento pedagógico ou tratamento psicológico, tudo isso planejado de acordo com as necessidades individuais da criança.
Informações obtidas no site .
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Anexo III Na sequência, apresentamos o quadro que contém alguns dos instrumentos que avaliam os interesses e aptidões comercializados atualmente no Brasil. INVENTÁRIOS DE INTERESSE E TESTES DE APTIDÃO A Matriz de Habilidades e Interesses Profissionais é uma ferramenta que oferece a possibilidade de articular e visualizar níveis de competência e de motivação percebidos em relação a um conjunto de 72 habilidades de trabalho relacionadas a Matriz De Habilidades e esclarecer e priorizar preferências por habilidades e áreas ocuInteresses Profissionais pacionais; identificar competências estratégicas para o sucesso Autor: Mauro de Oliveira na carreira; definir metas de treinamento, desenvolvimento e Magalhães educação de competências profissionais. Este modelo propõe que as pessoas e os ambientes de nossa cultura podem estar descritos por meio de seis tipos: Realista (R)/ Investigativo (I) / Artístico (A) / Social (S)/ Empreendedor (E)/ Convencional (C) O AIP – Avaliação dos Interesses Profissionais, surgiu da necessidade de oferecer aos psicólogos que trabalham com orientação vocacional um instrumento eficaz e atualizado na avaliação dos interesses profissionais. AIP - Avaliação dos Elegeu-se para o AIP, dez campos de interesses que, se perInteresses Profissionais cebidos em conjunto, poderão remeter a uma série de profisAutor: Rosane Schotgues sões a serem consultadas no manual do teste. São eles: Levenfus e Denise RusA – CFM - Campo Físico / Matemático chel Bandeira B – CFQ – Campo Físico / Químico C – CCF – Campo Cálculos / Finanças D – COA – Campo Organizacional / Administrativo E – CJS – Campo Jurídico / Social F – CCP – Campo Comunicação / Persuasão AIP - Avaliação dos G – CSL – Campo Simbólico / Linguístico Interesses Profissionais H – CMA – Campo Manual / Artístico Autor: Rosane Schotgues I – CCE – Campo Comportamental / Educacional Levenfus e Denise Rus- J – CBS – Campo Biológico / Saúde chel Bandeira EAP - Escala de Acon- A Escala de Aconselhamento Profissional – EAP, se propõe selhamento Profissional a disponibilizar aos psicólogos um instrumento que poderá Autor: Ana Paula Porto / auxiliá-los no processo de busca por alternativas para a opção profissional de pessoas que busquem por essa ajuda, aconseFermino Sisto / Acácia lhando-as melhor para a identificação com uma carreira, deixando Santos transparecer que há alternativas e não uma diretriz de mão única.
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INVENTÁRIOS DE INTERESSE E TESTES DE APTIDÃO O Teste das Dinâmicas Profissionais – TDP, foi desenvolvido com base nos princípios semelhantes aos de Kuder, clasTDP - Teste das Dinâsificando-se as profissões em grandes áreas de interesse. micas Profissionais Utilizou-se das mesmas 10 áreas do inventário de interesses Autor de kuder, sendo acrescidas mais duas áreas: Religiosa e Gustavo Lisboa Braga / Militar, ficando composto assim, por doze áreas, cada qual Ângela Maria Fontes de abrangendo atividades e trabalhos específicos, que serão, numa segunda etapa, analisados, explorados, questionados e Andrade discutidos em dinâmicas de grupo, visitas a locais de trabalho e a universidades, dentre outras atividades. A Bateria de Provas de Raciocínio – BPR-5 está organizada em duas formas: A (de 6ª a 8ª série do ensino fundamental) e B (de 1ª a 3ª série do ensino médio e nível superior). É BPR-5 - Bateria de Pro- composta por 05 subtestes: Prova de Raciocínio Abstrato vas de Raciocínio – RA, Prova de Raciocínio Verbal – RV, Prova de Raciocínio Autor Espacial – RE, Prova de Raciocínio Numérico – RN, e Prova Ricardo Primi / Leandro de Raciocínio Mecânico – RM. A BPR-5 auxilia os psicólogos a tomarem decisões sustentaS. Almeida das na avaliação das aptidões e raciocínio geral em diversos segmentos, tais como: orientação profissional, avaliação das dificuldades de aprendizagem e seleção de pessoal. A Bateria TSP é um instrumento do tipo lápis e papel, composto de nove testes objetivos que avaliam diferentes aptidões. Para avaliação de: resolução de problemas em termos de raciocínio lógico (JULGAMENTO), memorização de nomes, fisionomias e detalhes (MEMÓRIA), rapidez e precisão BATERIA TSP no manejo e na compreensão de sistemas numéricos, cálAutor culos e códigos - habilidade numérica (NÚMEROS), aptidão Atualização: Drª Carmem para distinguir rapidamente semelhanças e diferenças de natureza não verbal - habilidade perceptual / concentração e E. Flores e Drª Elizaperseverança (PRECISÃO e PERCEPÇÃO), relação espacial beth Nascimento envolvida em aspectos de motricidade - habilidade espacial (DIMENSÃO), aptidão para visualizar tamanhos, formas e a relação do todo com as partes - percepção espacial (PARTES), aspectos de relações espaciais ligados à capacidade de estimar quantidades - habilidade espacial (BLOCOS) e fluência vocabular simples (FLUÊNCIA). Informações obtidas no site .
Anexo IV Atualmente, alguns instrumentos são comercializados no Brasil para a avaliação das habilidades sociais, conforme exposto abaixo, para consulta.
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IHS - Inventário de Habilidades Sociais
Autor: Zilda Del Prette / Almir Del Prette
IHSA - Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes
Autor: Almir Del Prette e Zilda A. P. Del Prette
SSRS – Inventário Habilidades Sociais, Problemas Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças
Autor: Adaptação e padronização Brasileira: Zilda A. P. Del Prette, Lucas Cordeiro Feitas SSRS – Inventário Habilidades Sociais, Problemas Comportamento e Competência Acadêmica para Crianças
INVENTÁRIOS DE HABILIDADES SOCIAIS O Inventário de Habilidades Sociais - IHS-Del-Prette é um instrumento de autorretrato para aferir o repertório de habilidades sociais usualmente requeridas em uma amostra de situações interpessoais cotidianas. O teste descreve situações sociais em vários contextos (trabalho, lazer, família) com diferentes tipos de interlocutores (colegas, familiares, superiores) e com demandas para uma diversidade de habilidades (falar em público, expressar sentimento, pedir mudança de comportamento). O Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes – IHSA é um instrumento de autorrelato, que permite avaliar o repertório de habilidades sociais dos adolescentes em dois indicadores: a frequência e a dificuldade com que reagem às diferentes demandas de interação social. O IHSA permite a identificação de déficits e recursos em classes e subclasses das principais habilidades sociais requeridas na adolescência, junto a diferentes interlocutores e contextos. Em termos de contextos, temos as demandas próprias das relações familiares e escolares, de amizade, afetivo-sexuais, de lazer e de trabalho, como particularmente críticas nessa fase do desenvolvimento. Em termos de interlocutores, estão representadas as demandas para habilidades requeridas na relação com pais, irmãos, colegas, amigos, parceiros afetivo-sexuais, pessoas de autoridade (professor, chefe, religiosos etc) e desconhecidos. O Inventário de Habilidades Sociais SSRS é um instrumento de fácil aplicação e apuração, válido e preciso para mapear as competências acadêmicas, habilidades sociais e comportamentos, além de monitorar a efetividade de intervenções voltadas para o desenvolvimento socioemocional de crianças e adolescentes. Com a possibilidade de coletar e comparar informações a cerca de três fontes distintas, o inventário pode atender a diferentes tipos de situações de pesquisa e prática, junto à população infantil, tais como: - Rastreamento e diagnóstico de problemas de ajustamento psicossocial; - Planejamento de intervenções, através de identificação de recursos e déficits que devem ser alvos da atenção terapêutica e/ou educativa; - Acompanhamento do desenvolvimento socioemocional; - Avaliação da efetividade de práticas e programas de intervenção com crianças; - Descrição de características de populações específicas de interesse.
Autor: Adaptação e padronização Brasileira: Zilda A. P. Del Prette, Lucas Cordeiro Feitas
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