Percurso Modular de Ação Educativa Módulo: Modelos Psicológicos e fases do desenvolvimento da criança UFCD 3270 - Carga horária 50h Formadora: Telma Ferreira
Objetivos do Módulo: Promover nos Formandos: • O conhecimento dos diferentes fatores que influenciam o desenvolvimento da criança; • O conhecimentos dos principais modelos psicológicos do desenvolvimento da criança e as diferentes perspetivas; • A compreensão das várias etapas do desenvolvimento infantil.
Conteúdos do módulo 1. Psicologia do desenvolvimento; 2. Modelos psicológicos do desenvolvimento; 3. Etapas do desenvolvimento humano.
Apresentação e Dinâmica: A Árvore •
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Numa folha de papel desenhe a raiz de uma árvore e coloque aí a data de seu nascimento, o nome de pessoas que marcaram o seu passado e acontecimentos marcantes dos primeiros anos de vida. Desenhe o tronco da árvore e nele anote o que faz sempre (em que passa mais tempo), a motivação que o faz crescer. Desenhe folhas, flores e frutos e neles escreva as suas esperanças e os seus sonhos. Dê nome à sua árvore e partilhe o que escreveu.
O que é a Psicologia do Desenvolvimento?
Conceito e objecto da psicologia do Desenvolvimento
Psicologia e conceito de desenvolvimento: definição A palavra psicologia é utilizada no nosso dia-a-dia com enorme frequência, e por vezes parece que todos falam nela como se soubessem exactamente o que significa: “- Deve ser algum problema psicológico, porque ele não era nada assim…” “- Ela não sabia que profissão escolher e por isso decidiu ir fazer uns testes psicológicos.” “- Os problemas dele são psicológicos, porque fica logo bom quando vai de férias.” “- Coitado! Tem um medo terrível da escuridão! Deve ter sido algum trauma psicológico de infância.”
Psicologia e conceito de desenvolvimento: definição Mas, afinal, o que é a Psicologia? PSICO + LOGIA Pensame Estud nto o Espírito Ciênci Alma a Razão
Psicologia do Desenvolvimento No final do século XIX, diversas tendências importantes prepararam o caminho para o estudo científico do desenvolvimento infantil. A psicologia do desenvolvimento acompanhou a evolução da ciência e das transformações socioeconómicas, bem como das representações sociais do que é ser criança. No século XVIII, a infância não era perspectivada como um período de desenvolvimento diferenciado, com especificidade própria. As crianças eram encaradas como adultos em miniatura.
Psicologia do Desenvolvimento • Foi Charles Darwin que, no século XIX, ao estudar as semelhanças e as diferenças entre o animal e o ser humano, que evidenciou o papel da evolução e chamou a atenção para estudos sobre a infância. Não nos podemos esquecer que, comparando o período de crescimento entre o animal e o ser humano, o deste é consideravelmente mais longo, exigindo, por isso, uma reflexão e investigação próprias.
• A noção de infância também não é clara, sendo difícil estipular se decorre do nascimento à puberdade, se deve incluir a vida intrauterina, se a adolescência deve ser abrangida. À medida que se foi valorizando o papel da infância no comportamento adulto, foi crescendo o interesse sobre a evolução e desenvolvimento do ser humano nos primeiros tempos de vida.
Psicologia do Desenvolvimento • Outro aspecto relevante na história da psicologia do desenvolvimento é o facto de o século XX ser por muitos considerado o século dos direitos humanos, onde são expressos os direitos da criança. • A ambiguidade da palavra infância relaciona-se com representações sociais. • Associam-se à palavra infância termos como…..
Actividade: Concepções representações infância
e da
• Numa cartolina ilustre/represente a sua concepção do conceito de infância através de recortes de imagens, desenhos, palavras-chave, frases, entre outros. • Complete as frases.
Psicologia do Desenvolvimento • O Objecto da psicologia do desenvolvimento é o estudo das várias etapas da vida, do desenvolvimento dos processos psicológicos e biológicos nas relações interactivas da pessoa e do meio.
Conceito de Desenvolvime nto
Desenvolvimento • O desenvolvimento é o processo pelo qual o ser humano se forma enquanto ser, desde o momento da concepção, até à sua morte; • Este processo dá-se como uma interacção constante entre o indivíduo (as suas estruturas biológicas e mentais) e o meio em que se encontra inserido;
Desenvolvimento • O desenvolvimento é Vitalício;
• O desenvolvimento depende da história e do contexto; • O desenvolvimento é multidimensional e multidireccional; • O desenvolvimento é flexível ou plástico.
Ocorrem dois tipos de mudança no desenvolvimento:
Mudanças Quantitativas
Mudanças Qualitativas
Mudança no número ou quantidade
Mudança no tipo, organização e/ou estrutura
Ex.: peso, altura
Ex.: passagem da comunicação não verbal para a comunicação verbal
Desenvolvimento • Desde a concepção até à maturidade, há um paralelo no desenvolvimento do organismo, do cérebro e do comportamento. • O desenvolvimento do ser humano é ininterrupto, gradativo e obedece a uma certa ordem e regularidade. • Devido à continuidade do desenvolvimento é que uma fase da vida influência as outras fases posteriores.
Factores de Desenvolvimento Sempre que se fala em desenvolvimento, coloca-se um problema fundamental que tem sido insistentemente estudado:
• Que elementos influenciam o processo de desenvolvimento do ser humano? • Que peso têm cada um deles na influência que exercem?
Desenvolvimento Humano Estímulos
Ambiente social e Cultural
Características pessoais
Predisposição genética
Desenvolvimento humano como processo global e progressivo
Experiências de vida
Sistema Cognitivo
Sistema Fisiológico
Influências do Desenvolvimento As diferenças individuais aumentam com a idade. Que tipos de influência tornam uma pessoa diferente de outra? • A família;
• A condição socioeconómica; • Grupos étnicos e cultura; • Influências normativas e não normativas.
O que é mais importante Hereditariedade ou Ambiente?
Desenvolvimento
Natureza
Ambiente
Teorias do desenvolvimento Teoria Inatista
• Valoriza-se apenas os fatores internos Biológicos
Teoria Ambientalista
• Valoriza-se apenas os fatores externos Ambiente
Teoria Interacionista
• Valoriza-se a interação dos desses dois fatores (internos e externos)
Inatismo Importante! Para os inatistas, cada ser humano já traz consigo características básicas, definidas desde o nascimento, precisando apenas que essas características sejam desenvolvidas ao longo do tempo, com a maturação. Assim, para o Inatismo, o ambiente em que a criança vive não interfere naquilo que ela vai aprender, pois as suas características inatas vão desenvolver-se naturalmente em várias etapas predeterminadas.
Para compreendermos melhor, vejamos o seguinte exemplo: • Um(a) professor(a) propõe a um grupo de 10 crianças, menores de 6 anos, que batam palmas acompanhando o ritmo de uma determinada música. Apenas três crianças do grupo conseguem acompanhar o ritmo da música. O bom desempenho destas crianças, na visão inatista, seria visto como um dom herdado, por exemplo, dos pais músicos. E as outras crianças que não acompanharam tão bem o ritmo da música podem ser vistas como incapazes de aprender um ritmo porque não herdaram dos pais esse dom.
Atenção!! Na prática sabemos que não é assim que acontece. Embora as crianças possam aprender de formas diferentes, todas são capazes de aprender!
Reflexão: que consequências tem esta teoria para a prática escolar?
Vejamos uma frase que também ajuda a entender a Teoria Inatista:
“Pedrinho é carinhoso e sensível. Isso ele herdou da mãe. Mas herdou do pai a teimosia e o temperamento difícil. Não é possível mudar a sua sina.”
Comentário A conceção inatista contribuiu mais para rotular as crianças como incapazes do que para entender o que realmente dificultava a aprendizagem.
Atividade
No seu cotidiano, destaque alguma situação ou, até mesmo, frases (ditados/provérbios) que nos remetam a essa teoria? Ex: “Pau que nasce torto morre torto”
Ambientalismo IMPORTANTE! Valoriza o ambiente na aprendizagem humana. Ou seja, a criança desenvolve a suas características em função das condições do meio em que vive. Esta visão considera as estimulações que o meio proporciona como fonte de aprendizagem. A Teoria Ambientalista acredita que a criança aprende em etapas determinadas pelo(a) professor(a) e através de treino. Desta forma, a prática pedagógica estaria voltada para a aquisição de determinados conhecimentos e valores pré-estabelecidos. O papel do(a) professor(a) seria estimular a criança a responder ao pedido, sem questionamento. Essa teoria acredita que o meio é responsável pela formação do sujeito, sendo o adulto quem vai controlar tudo o que a criança deve aprender. Através de testes, é avaliado se a criança absorveu a informação corretamente.
Comentário A Teoria Ambientalista não foi suficiente para explicar o desenvolvimento humano porque, ao considerar a criança como passiva, podendo ser controlada ou manipulada pela situação, desconsiderava a sua capacidade de compreender, raciocinar, contestar, deduzir, fantasiar, ter desejos, imaginar etc.
Ao descrever o seu trabalho na Educação Infantil, uma professora diz:
Atividade
– As crianças são como uma tela em branco. Nós, professores(as), temos as tintas e os pincéis, e depende de nós o quadro que será pintado nessa tela. Que relações podemos fazer entre este exemplo e a Teoria Ambientalista?
Interacionista • Valorização da experiência através da qual a criança aprende a olhar as situações de diferentes perspetivas.
• Para os interacionistas, é através da interação com outras pessoas mais experientes que a criança vai construindo as suas características (a sua maneira de pensar, sentir e agir) e a sua visão do mundo (o seu conhecimento).
Atividade
Que relações podemos fazer entre a história “Pedro e Tina” e o que estudamos sobre a Teoria Interacionista?
Existem duas correntes teóricas no interacionismo: A Teoria Construtivista – O principal representante é o biólogo Jean Piaget (18961980).
A Teoria Sócio-interacionista – O principal representante é o russo Lev Vygotsky (1896-1934).
Teoria Construtivista IMPORTANTE! • Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo ocorre numa série de estágios qualitativamente diferentes. • Esse desenvolvimento gradual ocorre através de três princípios inter-relacionados: Organização
Acomodação
Equilíbrio
Princípio de Organização Tendência de criar estruturas cognitivas cada vez mais complexas: sistemas de conhecimento ou modos de pensar que incorporam imagens cada vez mais precisas da realidade. Essas estruturas, chamadas esquemas, são padrões organizados de comportamento que uma pessoa utiliza para pensar e agir numa situação. Á medida que as crianças adquirem mais informações, os esquemas tornam-se cada vez mais complexos.
Noção de Esquemas • Para Piaget, o sujeito é ativo em todas as etapas de sua vida e procura conhecer e compreender o que se passa à sua volta. Mas não o faz de forma imediata, pelo simples contato com os objetos. As suas possibilidades, a cada momento, decorrem do que ele denominou esquemas de assimilação, ou seja, esquemas de ação (agitar, sugar, balançar) ou operações mentais (reunir, separar, classificar, estabelecer relações), que não deixam de ser ações, mas que se realizam no plano mental. • Estes esquemas modificam-se como resultado do processo de maturação biológica, experiências, trocas interpessoais e transmissões culturais.
Noção de Equilíbrio IMPORTANTE! • Todo ser vivo procura manter um estado de equilíbrio, uma harmonia, um estado de repouso na relação com o meio em que vive. Qualquer mudança que ocorra no meio provoca no indivíduo (no nosso caso, a criança) um desequilíbrio, um rompimento do estado de harmonia. A partir daí, a criança busca novamente um equilíbrio com relação ao meio em que vive. • Para se equilibrar novamente, a criança aciona dois mecanismos, os quais Piaget chamou de assimilação e acomodação.
Processo de equilibração
Assimilação Adaptação Acomodação
Equilibra ção
Após este exemplo, concluímos que: Assimilação
Acomodação
Processo cognitivo de colocar (classificar) novos eventos em esquemas existentes. É a incorporação de elementos do meio externo (objeto, acontecimento etc.) a um esquema ou estrutura do sujeito. Na assimilação, o indivíduo usa as estruturas que já possui.
Modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das particularidades do objeto a ser assimilado. A acomodação pode ser de duas formas, visto que se podem ter duas alternativas: criar um novo esquema no qual se possa encaixar o novo estímulo ou modificar um já existente, de modo que o estímulo possa ser incluído nele.
O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de adaptação.
O Erro Construtivo • Olhando mais atentamente para as respostas erradas das crianças, Piaget entendeu que o erro, na realidade, era uma forma de pensar da criança, diferente da forma de pensar do adulto. Ou seja, as respostas infantis seguiam uma lógica própria. • O erro para Piaget é algo positivo. Para ele, toda aprendizagem é acompanhada de erros e acertos. O erro construtivo é consequência de uma hipótese levantada para solucionar uma questão. Ao buscar a solução para um problema, a criança volta, tenta de novo e modifica o que fez até se satisfazer com o resultado. O erro faz parte da aprendizagem e do desenvolvimento cognitivo.
IMPORTANTE! Erro construtivo é aquele que mostra que a criança está elaborando uma hipótese, ou seja, que a criança está a seguir as suas conceções a respeito da realidade e a usar os seus próprios procedimentos para testar e experimentar as suas hipóteses. É o resultado do esforço que a criança faz para aprender.
Erro Construtivo • Impedir a todo custo que a criança erre, é impedir que essa criança viva o processo de sucessivas aprendizagens e que construa os instrumentos necessários ao seu pensar. O importante é passar a olhar o erro de forma diferente, como parte da aprendizagem da criança. • O erro construtivo demonstra que a criança está a usar uma referência que não é a do adulto, isto é, uma lógica própria. Para compreender essa lógica, podemos partir da explicação da criança, fazendo perguntas, na tentativa de entender o seu pensamento. Desta forma, juntos podemos refletir sobre o erro e superá-lo.
Exemplo 1 • A Minha filha, no outro dia, definiu a palavra desmatamento, num texto copiado sobre ecologia, como desmatar, tornar vivo novamente. A sua interpretação apresenta uma certa coerência, se relacionarmos a palavra desmatar às palavras desarrumar ou despentear, por exemplo, que fazem parte do seu dia-a-dia e apresentam significado de contrário. A resposta da criança representa um ato inteligente à medida em que, desafiada a definir um termo que lhe era desconhecido, buscou o estabelecimento de relações com outras palavras do seu vocabulário. O que significa que ela inventou uma definição, criou uma alternativa de solução de acordo com a lógica de suas vivências anteriores. HOFFMANN, 1995.
Exemplo 2 A professora pergunta à criança: – Você sabe desenhar uma formiga? A criança responde: – Eu sabo.
Comentário Quando Piaget, compreendeu o erro como construtivo, ele procurou descobrir quando e como a lógica infantil se transforma em lógica adulta. Assim, ele passou a acreditar que o desenvolvimento é um processo contínuo de trocas entre o organismo vivo e o ambiente.
ATIVIDADE 4
Você seria capaz de identificar, na sua prática, um erro construtivo? Tente descrevê-lo e explicar porque o considera um “erro construtivo”.
Tomemos um exemplo Pedro: Eu acho que a minha mãe é mamífera.
Marcos: A minha foi, mas não é mais. Professora: E por quê? Marcos: Porque agora já não tem mais bebés em casa. Paula: Então agora ela é desmamífera.
In: Professor da Pré-escola/Fundação Roberto Marinho. Rio de Janeiro: FAE, 1991. v.I. p.20.
Teoria Sociocultural • O foco central de Vygotsky é o complexo social, cultural e histórico do qual uma criança faz parte. • Enfatiza o envolvimento ativo das crianças com o seu ambiente. • Mas, enquanto Piaget descrevia uma mente desacompanhada absorvendo e interpretando informações sobre o mundo, Vygotsky via o crescimento cognitivo como um processo cooperativo. Segundo Vygotsky, as crianças aprendem através da interação social.
Exemplo • Num dia de sol, uma turma de crianças de 5 anos tinha brincado no pátio, onde havia um pouco de água. Como consequência, muitas crianças se molharam. Ao regressarem para a sala, a educadora falou a uma das crianças, um garoto que estava mais molhado que os outros: “se eu fosse a ti, eu saía e ficava lá fora” (para tomar sol e secar a roupa), ao que o garoto respondeu-lhe: “se você fosse eu, você não saía porque você não deixava” (ou seja, se você-professora fosse eu aluno, você-aluno não sairia porque vocêprofessora não deixaria!). OLIVEIRA, 1992.
Teoria Sociocultural • As atividades compartilhadas ajudam as crianças a interiorizar os modos de pensamento e comportamento das suas sociedades e a torná-los seus. • Essa orientação é muito eficaz para ajudar as crianças a atravessarem a zona de desenvolvimento proximal (ZDP), a lacuna entre o que elas já são capazes de fazer e o que não estão totalmente prontas para fazer sozinhas.
Teoria Sociocultural IMPORTANTE! • O desenvolvimento humano é visto como realização coletiva e não individual, pois é na interação contínua com outros seres de sua espécie que a criança desenvolve todo um repertório de habilidades consideradas humanas.
Modelo Psicanalítico Sigmund Freud: Desenvolvimento Psicossexual
Perspetiva psicanalítica • No início do século XX, o médico vienense Sigmund Freud (18561939) desenvolveu a psicanálise, abordagem terapêutica cujo objetivo era fazer o paciente compreender os seus conflitos emocionais inconscientes. Fazendo perguntas destinadas a evocar lembranças há muito esquecidas, Freud concluiu que a origem das perturbações emocionais está nas experiências traumáticas reprimidas da primeira infância. • A perspetiva psicanalítica considera que o desenvolvimento é motivado por conflitos emocionais inconscientes. A psicanálise é a arte de reconciliar as pessoas com a sua infância. A psicanálise é também a arte de fazer com que as pessoas recuperem a sua infância.
Método catártico
A descoberta do inconsciente • “Qual poderia ser a causa de os pacientes esquecerem tantos fatos de sua vida interior e exterior...?”, perguntava-se Freud. • Freud abandonou as perguntas no trabalho terapêutico com os pacientes e deixou-os dar livre curso às suas ideias, observou que, muitas vezes, eles ficavam embaraçados, envergonhados com algumas ideias ou imagens que lhes ocorriam. A esta força psíquica que se opunha a tornar consciente, a revelar um pensamento, Freud denominou resistência. E chamou de repressão o processo psíquico que visa encobrir, fazer desaparecer da consciência, uma ideia ou representação insuportável e dolorosa que está na origem do sintoma. Estes conteúdos psíquicos “localizam-se” no inconsciente.
Surgimento da Psicanálise
A PRIMEIRA TEORIA SOBRE A ESTRUTURA DO APARELHO PSÍQUICO • Em 1900, no livro A interpretação dos sonhos, Freud apresenta a primeira conceção sobre a estrutura e o funcionamento da personalidade. Essa teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias psíquicas:
consciente pré-consciente inconsciente
A ESTRUTURA DO APARELHO PSÍQUICO • O consciente é o sistema do aparelho psíquico que recebe ao mesmo tempo as informações do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciência, destaca-se o fenômeno da perceção, principalmente a perceção do mundo exterior, a atenção, o raciocínio. • O pré-consciente refere-se ao sistema onde permanecem aqueles conteúdos acessíveis à consciência. É aquilo que não está na consciência, neste momento, e no momento seguinte pode estar. • O inconsciente exprime o “conjunto dos conteúdos não presentes no campo atual da consciência”. É constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos sistemas préconsciente/consciente, pela ação de censuras internas. Estes conteúdos podem ter sido conscientes, em algum momento, e ter sido reprimidos, isto é, “foram” para o inconsciente, ou podem ser genuinamente inconscientes.
Consciente Préconsciente
Inconsciente
A DESCOBERTA DA SEXUALIDADE INFANTIL • Na teoria freudiana a personalidade forma-se nos primeiros anos de vida, momento em que as crianças passam por conflitos inconscientes entre os seus impulsos biológicos inatos e as exigências da sociedade. • Esses conflitos ocorrem numa sequência invariável de fases de desenvolvimento psicossexual, baseada na maturação em que o prazer muda de uma zona corporal para a outra – da boca para o ânus e depois para os genitais. • Em cada fase, o comportamento, que é a principal fonte de gratificação, muda - da alimentação para a eliminação e posteriormente para a atividade sexual.
Principais aspetos • A função sexual existe desde o princípio da vida, logo após o nascimento, e não só a partir da puberdade como afirmavam as ideias dominantes. • O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar à sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção do prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. Esta afirmação contrariava as ideias predominantes de que o sexo estava associado, exclusivamente, à reprodução. • A libido, nas palavras de Freud, é “a energia dos instintos sexuais e só deles”.
Desenvolvimento psicossexual • No processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo, nos primeiros tempos de vida, tem a função sexual ligada à sobrevivência, e, portanto, o prazer é encontrado no próprio corpo. O corpo é erotizado, isto é, as excitações sexuais estão localizadas em partes do corpo, e há um desenvolvimento progressivo que levou Freud a postular as fases do desenvolvimento sexual em:
Fase oral Fase anal, Fase fálica; Latência; Fase genital
Estágios Psicossexuais
Oral
• (Nascimento aos 12-18 meses). A principal fonte de prazer do bebê envolve atividades ligadas à boca (sugar e alimentar-se).
Anal
• (12-18 meses aos 3 anos). A criança obtém gratificação sensual retendo e expelindo as fezes. A zona de gratificação é a região anal, e o abandono das fraldas é uma atividade importante
Fálica
• (3 aos 6 anos). A criança apega-se ao genitor do sexo oposto e posteriormente identifica-se com o genitor do mesmo sexo. Desenvolve-se o superego. Zona de gratificação transfere-se para região genital.
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Desenvolvimento Psicossexual • Das cinco fases de desenvolvimento da personalidade que Freud descreveu ele considerava as três primeiras - as dos primeiros anos de vida - cruciais. • Ele sugeriu que, se as crianças recebem muito pouca ou excessiva gratificação em qualquer uma das etapas, estão em risco de desenvolverem uma fixação - uma interrupção no desenvolvimento que pode aparecer na personalidade adulta.
Desenvolvimento Psicossexual • Segundo Freud, um acontecimento fundamental no desenvolvimento psicossexual ocorre durante a fase fálica da segunda infância, quando a zona de prazer. transfere-se para os genitais. Os meninos desenvolvem apego sexual às mães (o complexo de Édipo) e as meninas aos pais (o complexo de Electra), tendo impulsos agressivos pelo genitor de mesmo sexo, que vêm como rival.
A SEGUNDA TEORIA DO APARELHO PSÍQUICO • Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de id, ego e superego para referir-se aos três sistemas da personalidade.
Instâncias psíquicas Freud propôs três partes hipotéticas da personalidade:
Id
• Os recém-nascidos são governados pelo id, a fonte de motivos e desejos que está presente no nascimento. O id busca satisfação imediata. É regido pelo principio de prazer.
Ego
• Representa a razão ou o senso comum. Desenvolve-se durante o 1º ano de vida. O seu objetivo é encontrar modos realistas de gratificar o id que sejam aceitáveis para o superego
• Desenvolve-se aproximadamente aos 5 anos. Inclui a consciência e incorpora deveres e proibições socialmente Superego aprovados ao próprio sistema de valores da criança. É muito exigente; Se suas demandas não são atendidas, a criança pode sentir-se culpada e ansiosa
OS MECANISMOS DE DEFESA, OU A REALIDADE COMO ELA NÃO É • A perceção de um acontecimento, do mundo externo ou do mundo interno, pode ser algo muito constrangedor, doloroso, desorganizador. Para evitar este desprazer, a pessoa “deforma” ou suprime a realidade — deixa de registrar perceções externas, afasta determinados conteúdos psíquicos, interfere no pensamento. • São vários os mecanismos que o indivíduo pode usar para realizar esta deformação da realidade, chamados de mecanismos de defesa (modos mediante os quais as pessoas inconscientemente lidam com a ansiedade distorcendo a realidade). São processos realizados pelo ego e são inconscientes, isto é, ocorrem independentemente da vontade do indivíduo.
Mecanismos de defesa • Recalque: o indivíduo “não vê”, “não ouve” o que ocorre. Existe a supressão de uma parte da realidade. Este aspeto que não é percebido pelo indivíduo faz parte de um todo e, ao ficar invisível, altera, deforma o sentido do todo. • Formação reativa: o ego procura afastar o desejo que vai em determinada direção, e, para isto, o indivíduo adota uma atitude oposta a este desejo. • Regressão: o indivíduo retorna a etapas anteriores de seu desenvolvimento; é uma passagem para modos de expressão mais primitivos. • Projeção: O indivíduo localiza (projeta) algo de si no mundo externo e não percebe aquilo que foi projetado como algo seu que considera indesejável. • …..
Freud conscientizou-nos: da importância dos pensamentos, dos sentimentos e das motivações inconscientes; do papel das experiências de infância na formação da personalidade; da ambivalência das respostas emocionais, especialmente dos pais; dos modos mediante os quais as imagens mentais dos primeiros relacionamentos influenciam os relacionamentos posteriores.
Modelo maturacionista A. Gesell (1880-1961)
Teoria da Maturação de Gesell • Psicólogo Americano que se especializou na área do desenvolvimento infantil. Os seus primeiros trabalhos visaram o estudo do atraso mental nas crianças, mas cedo percebeu que é necessária a compreensão do desenvolvimento normal para se compreender um desenvolvimento “anormal”. • Foi pioneiro na sua metodologia de observação e medição do comportamento e, portanto, foi dos primeiros a implementar o estudo quantitativo do desenvolvimento humano, do nascimento até à adolescência.
Teoria da Maturação de Gesell • Realizou uma descrição detalhada e total do desenvolvimento da criança; realça, com base em pesquisas rigorosas e sistemáticas, o papel do processo de maturação no desenvolvimento. • Gesell vê a maturação seguindo um cronograma herdado em que as habilidades e capacidades emergem numa sequencia predefinida. Gesell acredita que, devido ao facto do bebé e a criança estarem sujeitos a forças do crescimento previsíveis, os padrões de comportamento resultantes não são subprodutos estranhos ou acidentais.
Teoria da Maturação de Gesell • Gesell considerava que o desenvolvimento era o conjunto de fenómenos que concorrem para que o indivíduo seja capaz de realizar funções cada vez mais complexas.
O comportamento da criança traduz o seu desenvolvimento
Teoria da Maturação de Gesell “Assim como o corpo cresce a conduta evolui, é um processo contínuo (DOCKHORN, 1995)”
A evolução da conduta inicia-se com a conceção e segue uma sucessão ordenada , representando cada uma delas um grau ou nível de amadurecimento
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Teoria da Maturação de Gesell • Gesell afirma que a criança nunca estará apta enquanto o seu sistema nervoso não o estiver.
• O desenvolvimento do comportamento depende, então, do amadurecimento, ou de um processo de maturação, do sistema nervoso (embora também seja influenciado por uma troca de fatores intrínsecos e ambientais que afetam a criança). • A constituição genética do indivíduo, bem como as suas experiências, intra e extrauterinas, afetam o seu crescimento físico, intelectual e emocional e isto, por sua vez, determinará a sua reação favorável ou desfavorável às posteriores modificações do ambiente.
Teoria da Maturação de Gesell • Gesell reforça a ideia afirmando que: “Sem dúvida ele (o bebé) carece de um ambiente em que desenvolve as suas capacidades, e um ambiente favorável garante-lhe uma realização também favorável das suas capacidades de crescimento. Mas é preciso ter em mente que os fatores ambientais favorecem, influem e modificam as progressões do desenvolvimento mas não lhe dão origem. As sequências e progressões vêm de dentro do organismo. “ (Gesell, 1989, p.8)
Teoria da Maturação de Gesell • Não há duas crianças que crescem da mesma maneira. Cada criança tem um ritmo e um estilo de desenvolvimento tão característico de sua individualidade como sua fisionomia. • O desenvolvimento é regular, ou seja segue uma sequência de etapas.
Teoria da Maturação de Gesell Gesell descreve quatro campos do comportamento: motor,
adaptativo, Linguagem, pessoal-social.
Teoria da Maturação de Gesell • Conduta motora - considera os movimentos corporais amplos e os de coordenação fina: reações posturais (sustentação da cabeça, sentar-se, forma de tocar um objeto, manejá-lo); • Conduta adaptativa - tipo de comportamento que se evidencia quando a criança tem que resolver problemas, refere-se às mais delicadas adaptações sensório-motoras perante um objeto ou situação (por exemplo a coordenação de movimentos oculares e manuais para alcançar objetos);
Teoria da Maturação de Gesell • Conduta da linguagem – considera a linguagem no seu sentido mais amplo, incluindo toda a forma de comunicação verbal e audível, bem como gestos, movimentos posturais; inclui também a imitação e a compreensão do que expressam as outras pessoas; • Conduta pessoal-social - compreende as reações da criança perante a conduta social do meio em que vive. (por exemplo: o controlo esfincteriano é uma exigência do meio, sua aquisição porem, depende, primeiramente, do amadurecimento das funções esfincterianas).
Teoria da Maturação de Gesell • De acordo com esse ponto de vista, a organização do comportamento começa muito antes do nascimento.
• o crescimento e o desenvolvimento motor seguem os dois princípios de maturação: o princípio céfalocaudal e o princípio próximo-distal. • Segundo o princípio céfalocaudal, o desenvolvimento ocorre da cabeça para a cauda. • Segundo o princípio próximo-distal (do interior para o exterior), o crescimento e o desenvolvimento motor ocorrem do centro do corpo para fora.
Teoria da Maturação de Gesell Nesta perspectiva, Gesell atribui um papel decisivo: À maturação nervosa (do SNC) À maturação muscular À maturação hormonal
No processo de desenvolvimento humano
O maior contributo de Gesell talvez seja precisamente a exaltação que faz da componente genética do desenvolvimento, com uma profunda valorização do comportamento motor
Comportamento motor 1º trimestre do 1º ano de vida (até 16 sem.) • Quando bebês (ou adultos) piscam por causa de uma luz brilhante, agem involuntariamente. Essas reações inatas automáticas à estimulação são chamadas de comportamentos reflexo. • Os comportamentos reflexos desempenham um papel importante na estimulação do desenvolvimento inicial do sistema nervoso central e dos músculos.
Comportamento motor 1º trimestre do 1º ano de vida • No primeiro trimestre do primeiro ano de vida, o recémnascido ganha o controlo sobre os músculos e sobre os nervos da face
Envolvidos
Na visão Na audição No paladar Na sucção Na deglutição No olfato
Comportamento motor 2º trimestre do 1º ano de vida (16-28 sem.) • No segundo trimestre de vida, o bebé começa a desenvolver o comando dos músculos do pescoço e da cabeça e move os braços intencionalmente. • Com 4 meses de idade mantem a cabeça ereta enquanto alguém o segura, ou enquanto está sentado com apoio. • Aproximadamente aos 3 meses e meio, pega num objeto de tamanho moderado, mas tem dificuldade para segurar um objeto pequeno. • Depois dos 3 meses de idade, o bebê começa a revirar-se deliberadamente (e não acidentalmente, como antes) primeiro de bruços para ficar de costas e depois de costas para ficar de bruços.
Comportamento motor 3º trimestre do 1º ano de vida (28-40 sem.) • No terceiro trimestre de vida, o bebé ganha o controlo do tronco e das mãos. O bebé começa a pegar em objetos, a passálos de uma mão para a outra e a demonstrar afeto por eles. • Um bebê mediano pode ficar sentado sem apoio aos 6 meses e consegue sentar-se sozinho cerca de 2 meses e meio depois. • Entre 6 e 10 meses, começa a deslocar-se por sua própria conta gatinhando e rastejando de diversas maneiras. • Apoiando-se em alguém ou em algum móvel, o bebê pode ficar de pé com um pouco mais de 7 meses de idade.
Comportamento motor 4º trimestre do 1º ano de vida (40-52 sem.) • No quarto trimestre, o controlo estende-se às pernas e aos pés do bebé, assim como aos dedos indicadores e polegares, o que permite ao bebé pegar em pequenos objetos.
• É por volta desta altura que o bebé começa a querer falar (balbucia e faz vocalizações).
Comportamento motor 2º ano de vida No segundo ano de vida, o bebé anda e corre, fala algumas palavras e frases com clareza, adquire o controlo sobre a bexiga e o intestino e começa a desenvolver um sentido de identidade pessoal e de posse. Durante o segundo ano, as crianças começam a subir degraus um de cada vez, colocando um pé e depois o outro em cada degrau; mais tarde, elas alternarão os pés. Descer escadas vêm depois. No segundo ano de vida, as crianças correm e pulam.
Comportamento motor 3º ano de vida • No terceiro ano de vida, a criança diz frases claras, usando as palavras para expressar os seus pensamentos. Já deixou de ser um bebé e agora tenta manipular o ambiente.
• Entre os 3 e 6 anos, as crianças fazem grandes avanços nas habilidades motoras gerais, como correr e pular, que envolvem os grandes músculos. • Os seus ossos e músculos são mais fortes, e a sua capacidade respiratória é maior, tornando possível correr, saltar e escalar maiores distâncias, com mais rapidez e melhor. • Preferência no uso das mãos.
• As habilidades motoras refinadas, como abotoar camisas e desenhar figuras, envolvem coordenação entre mão e olho e pequenos músculos.
Comportamento motor 4º ano de vida • No quarto ano, a criança faz várias perguntas e começa a formar conceitos e a generalizar. Já depende quase que totalmente dela mesma nas rotinas domésticas. Porque é que as estrelas estão tão longe? Porque é que não consigo apanharte?
Comportamento motor 5º ano de vida Aos 5 anos, a criança já está bastante madura no controlo motor de grandes músculos:
• ela brinca e salta normalmente, pula num só pé. • Fala sem fazer sons infantis e pode contar uma história longa e algumas piadas simples.
• E também sente orgulho nas suas realizações, além de ser bastante segura no contexto doméstico.
Modelo cognitivo Jean Piaget (1896-1980)
Perspetiva cognitiva • Cognição - é o ato ou processo de conhecer Raciocínios Memória
Juízo
Perceção
Atenção
Pensamento
Cognição
Linguagem
Teoria dos Estágios Cognitivos de Jean Piaget • Piaget tinha uma visão organicista das crianças, considerando-as seres ativos em crescimento, com os seus próprios impulsos internos e padrões de desenvolvimento. Ele via o desenvolvimento cognitivo como produto dos esforços das crianças para compreender e atuar sobre o seu mundo. • Piaget acreditava que o desenvolvimento cognitivo inicia com uma capacidade inata de se adaptar ao ambiente.
O Estágio Sensório-Motor (nascimento-2 anos) • Piaget observou crianças desde a primeira infância, concluindo que o modo de pensar da criança é qualitativamente diferente do modo de pensar adulto. • O primeiro dos quatro estágios de desenvolvimento cognitivo é o estágio sensório-motor. • Durante esse estágio, os bebês aprendem sobre si mesmo e sobre o seu ambiente através do desenvolvimento de sua atividade sensorial e motora. De seres que reagem basicamente por reflexos, os bebês transformam-se em crianças orientadas a metas.
Sub-estágios do Estágio Sensório-Motor • Segundo Piaget, o estágio sensório-motor é composto de seis sub-estágios que fluem de um para o outro à medida que os esquemas de um bebê, os seus padrões organizados de comportamento, se tornam mais complexos.
5 Primeiros Sub-estágios
• Aprendem a coordenar as informações dos sentidos e a organizar as suas atividades em relação ao seu ambiente
6º Sub-estágio
• Progridem da aprendizagem por tentativa e erro para a utilização de símbolos e conceitos para resolver problemas simples.
Sub-estágios do Estágio Sensório-Motor • Grande parte desse desenvolvimento cognitivo inicial ocorre através de reações circulares, em que um bebê aprende a reproduzir eventos agradáveis ou interessantes originalmente descobertos por acaso. • O processo baseia-se no condicionamento operante. Inicialmente, uma atividade produz uma sensação tão agradável, que o bebê deseja repeti-la. A repetição então retroalimenta-se, formando um ciclo contínuo em que causa e efeito se invertem. O comportamento originalmente casual consolidou-se num novo esquema.
Primeiro sub-estágio (do nascimento até aproximadamente 1 mês) • Ao exercitarem os seus reflexos inatos, os recém nascidos adquirem certo controlo sobre eles. Começam a apresentar um determinado comportamento mesmo quando o estímulo que normalmente o provoca não está presente. • Assim, os bebês modificam e ampliam o esquema de sucção quando dão início à atividade.
Segundo sub-estágio (1 a 4 meses) • Os bebês aprendem a repetir uma sensação corporal agradável primeiramente obtida por acaso (como, por exemplo, sugar o polegar. Piaget chamou isso de reação circular primária. • Os bebês começam a prestar mais atenção aos sons, demonstrando capacidade de coordenar diferentes tipos de informações sensoriais (visão e audição).
Reação circular primária
Terceiro sub-estágio (4 a 8 meses) • Coincide com um novo interesse em manipular objetos e aprender sobre as suas propriedades. O bebê apresenta reações circulares secundárias: ações intencionais repetidas não apenas por seu próprio valor, como no segundo sub-estágio, mas para obter resultados que vão além do próprio corpo. .
Reações circulares secundárias
Quarto sub-estágio (8 a 12 meses) • Coordenação de esquemas secundários: os bebês já elaboraram os poucos esquemas com os quais nasceram. Aprenderam a generalizar a partir das experiências passadas para resolver novos problemas e distinguir meios de fins. Gatinham para conseguir algo que querem pegar, ou afastam algo que os atrapalhe.
Quinto sub-estágio (12 a 18 meses) • Os bebês começam a experimentar novos comportamentos para ver o que acontece.
• Depois de começarem a caminhar, podem explorar o ambiente com mais facilidade. Agora apresentam reações circulares terciárias, variando uma ação para obter um resultado parecido, em vez de simplesmente repetir um comportamento agradável que descobriram acidentalmente.
Reação circular terciária
Sexto sub-estágio (em torno dos 18 meses a 2 anos) • Associações mentais: é uma transição para o estágio pré-operatório da segunda infância. Desenvolve-se a capacidade representacional, isto é, a capacidade de representar mentalmente objetos e ações na memória, principalmente através de símbolos, como palavras, números e imagens mentais. A capacidade de manipular símbolos liberta as crianças da experiência imediata. Agora elas são capazes de imitação diferida, imitar ações que não veem mais à sua frente.
Desenvolvimento do Conhecimento sobre Objetos e Espaço • O conceito de objeto - a ideia de que os objetos possuem existência, características e localização no espaço próprias independentes - é fundamental para uma visão organizada da realidade física. • O conceito de objeto é a base para a consciência das crianças de que elas mesmas existem separadamente dos objetos e das outras pessoas. Ele é essencial à compreensão de um mundo repleto de objetos e acontecimentos.
Desenvolvimento do Conhecimento sobre Objetos e Espaço • Piaget achava que os bebês desenvolviam conhecimento sobre objetos e espaço pela coordenação de informações visuais e motoras. • Antes de poderem movimentar-se por sua conta, o conhecimento dos bebês sobre o tamanho e a forma dos objetos, o quanto estão próximos ou distantes e as suas posições relativas no espaço, não vai muito além daquilo que está ao seu alcance.
Permanência do Objeto • Um aspeto do conceito de objeto é a permanência do objeto, a compreensão de que um objeto ou uma pessoa continua existindo mesmo quando não se pode vê-lo. • É a permanência do objeto que permite que uma criança cujo pai ou cuja mãe deixou a sala sinta-se segura por saber que ele(a) continua a existir e irá voltar.
Permanência do Objeto 3º Subestágio
• Procuram algo que derrubaram mas se não conseguem vê-lo, agem como se ele não existisse mais.
4º Subestágio
• Procuram um objeto no lugar onde o encontraram pela primeira vez depois de vê-lo escondido, mesmo que posteriormente o tenham visto ser colocado noutro lugar.
5º subestágio 6º subestágio
• Não cometem mais esse erro e procuram um objeto no
último lugar em que o viram escondido; entretanto, eles não o procuram num lugar onde não o tenham visto ser escondido.
• A permanência do objeto está plenamente estabelecida, e as crianças procuram um objeto mesmo que não o tenham visto ser escondido.
permanência do objeto
Estágio pré-operatório • Neste segundo grande estágio de desenvolvimento cognitivo, que dura aproximadamente dos 2 aos 7 anos, as crianças gradualmente tornam-se mais sofisticadas no seu uso do pensamento simbólico, que surge no final do estágio sensório-motor. • Contudo, segundo Piaget, elas não são capazes de pensar logicamente antes do estágio de operações concretas na terceira infância.
A Função Simbólica • "Eu quero um gelado!" declara Joana de 4 anos, ao entrar em casa vindo da rua quente e empoeirada.
• Essa ausência de indicadores sensoriais ou motores caracteriza a função simbólica: a capacidade de usar símbolos ou representações mentais - palavras, números ou imagens a que uma pessoa atribuiu um significado. • Dispor de símbolos para as coisas ajuda as crianças a pensar sobre elas e lembrá-las sem que estejam fisicamente presentes.
Compreensão de Identidades • O mundo torna-se mais organizado e previsível à medida que as crianças desenvolvem uma melhor compreensão das identidades: a ideia de que as pessoas e muitas coisas são basicamente as mesmas ainda que mudem de forma, tamanho ou aparência. A emergência do autoconceito está subordinada a essa compreensão
Pensamento Espacial • O desenvolvimento do pensamento representacional permite às crianças fazer julgamentos mais precisos sobre as relações espaciais. • Aos 19 meses, as crianças compreendem que uma fotografia é uma representação de outra coisa, mas, até os 3 anos, têm problemas para entender as relações entre figuras, mapas ou maquetes e os objetos ou os espaços que eles representam.
hipótese de dupla representação
Causalidade • Embora Piaget reconhecesse que as crianças possuíssem alguma compreensão de uma conexão entre ações e reações, sustentava que as crianças pré-operacionais ainda não raciocinam logicamente sobre causa e efeito. Em vez disso, dizia ele, raciocinam por transdução.
Ex: podem pensar que os seus "maus" pensamentos ou comportamento causaram uma doença em si mesmas ou noutra criança, ou o divórcio dos seus pais.
Categorização • A categorização ou classificação exige identificação de semelhanças e diferenças. Aos 4 anos, muitas crianças são capazes de classificar por dois critérios, como cor e forma. Classificação por cores
Classificação por formas
• As crianças utilizam essa capacidade para organizar diversos aspetos de suas vidas, categorizando as pessoas como "boas, "más", "amigas", "não-amigas," e assim por diante.
Número 3-4 anos
• As crianças já expressam palavras para comparar qualidades.
5 anos
•A maioria das crianças sabe contar até 20 ou mais e sabe os tamanhos relativos dos números de 1 a 10. Algumas são capazes de fazer adição e subtração simples de um só dígito. As crianças intuitivamente criam estratégias de adição, contando nos dedos ou utilizando outros objetos.
Número • Em algum ponto da segunda infância, as crianças começam a reconhecer cinco princípios de aritmética): 1.
O princípio de um para um;
2.
O princípio da ordem estável;
3.
O princípio da irrelevância da ordem;
4.
O princípio de cardinalidade;
5.
O princípio da abstração.
Aspetos Imaturos do Pensamento Pré-operatório • Segundo Piaget, uma das principais características do pensamento pré-operacional é a centração: a tendência de se concentrar num aspeto de uma situação e negligenciar outros. • Ele disse que os pré-escolares chegam a conclusões ilógicas porque não conseguem descentrar - pensar sobre vários aspetos de uma situação ao mesmo tempo.
Conservação • Um exemplo clássico é não compreender a conservação, o fato de que duas coisas iguais continuam iguais se a sua aparência for alterada, contanto que nada seja acrescentado ou retirado. Fases do desenvolvimento cognitivo segundo Piaget
Egocentrismo • O egocentrismo é uma forma de centração. Segundo Piaget, as crianças pequenas concentram-se tanto no seu próprio ponto de vista, que não conseguem perceber o de outra pessoa. • O egocentrismo pode ajudar a explicar por que as crianças pequenas às vezes, têm dificuldade para distinguir a realidade do que acontece dentro das suas próprias cabeças e porque elas podem demonstrar confusão sobre o que causa o quê.
A Criança nos estágio das Operações Concretas • Aproximadamente os 7 anos aos 11 anos, segundo Piaget, as crianças entram no estágio de operações concretas, quando podem utilizar operações mentais para resolver problemas concretos (reais). • As crianças são então capazes de pensar com lógica porque podem levar múltiplos aspetos de uma situação em consideração. Entretanto, as crianças ainda são limitadas a pensar em situações reais no aqui e agora.
Espaço • Porque podemos confiar que crianças de 6 ou 7 anos sabem ir e voltar da escola sozinhas, enquanto a maioria das crianças de menos idade não o fazem? • Um dos motivos é que as crianças no estágio de operações concretas sabem compreender melhor as relações espaciais.
• Elas possuem uma ideia mais clara da distância entre um lugar e outro e de quanto tempo se leva para chegar lá; têm mais facilidade para se lembrar do trajeto e dos seus pontos de referência. A experiência desempenha um papel nesse desenvolvimento.
Causalidade • Os julgamentos sobre causa e efeito aperfeiçoam-se durante a terceira infância.
Categorização • A categorização agora inclui habilidades sofisticadas como seriação, inferência transitiva e inclusão de classe.
• As crianças demonstram que compreendem a seriação quando sabem dispor os objetos numa série de acordo com uma ou mais dimensões, como peso (do mais leve ao mais pesado) ou cor (do mais claro ao mais escuro).
Categorização • Inferência transitiva é a capacidade de reconhecer uma relação entre dois objetos, conhecendo-se a relação entre cada um deles e um terceiro. • Inclusão de classe é a capacidade de identificar a relação entre o todo e suas partes.
Conservação • Ao resolver diversos tipos de problemas de conservação, as crianças no estágio de operações concretas podem encontrar as respostas mentalmente; elas não têm que medir ou pesar os objetos. • Compreensão dos princípios de identidade e reversibilidade e capacidade de descentração.
• Tipicamente, as crianças sabem resolver problemas que envolvem conservação de substância em torno dos 7 ou 8 anos.
Número e Matemática • As crianças intuitivamente criam estratégias para somar, contando nos dedos ou utilizando outros objetos.
• Aos 6 ou 7, muitas crianças sabem fazer contas mentalmente. Também aprendem a contar adiante: para somar cinco e três, começam no cinco e então contam seis, sete e oito para acrescentar o três. • Também sabem inverter os números, começando pelo três e acrescentando cinco. Pode levar mais dois ou três anos para que elas realizem uma operação comparável de subtração.
Teoria cognitiva de Jerome Bruner Teoria da Instrução
Teoria da instrução Teoria da instrução
Motivação
Estrutura
Sequência
Reforço
Princípio da motivação Condições que predispõem um individuo para a aprendizagem Quais são as variáveis, especialmente nos anos préescolares, que ajudam a motivar a criança e lhe permitem aprender?
Motivação intrínseca = curiosidade Impulso para adquirir competência Reciprocidade
Princípio da motivação Para Bruner, as motivações internas são por si próprias recompensadores e por isso autossuficientes. Como pode o professor tirar partido desta situação na sala de aula?
Os professores devem facilitar e regular a exploração de alternativas por parte dos seus alunos . Ativação Manutenção Direção
Princípio da motivação • O primeiro princípio de Bruner indica que as crianças têm uma vontade intrínseca para aprender,
• Os professores terão de gerir e aumentar esta motivação de forma a que as crianças vejam a exploração guiada como mais significativa e satisfatória do que a aprendizagem espontânea que poderão alcançar por si próprias. • Resumindo, o primeiro princípio de Bruner justifica a escolarização formal.
Princípio da Estrutura • Qualquer assunto ou tema pode ser organizado para poder ser transmitido e compreendido por praticamente qualquer aluno.
• Se apropriadamente estruturada, qualquer ideia, problema ou corpo de conhecimentos pode ser apresentado de uma forma suficientemente simples para que qualquer aluno em particular o possa compreender de uma forma reconhecível.
Princípio da Estrutura • A estrutura de qualquer corpo de conhecimentos pode ser caracterizada pelo seu modo de apresentação
Refere-se à técnica, ao método, pelo qual a informação é comunicada.
Princípio da Estrutura Bruner acredita que a pessoa tem 3 meios de alcançar a compreensão: • Representação Motora; • Representação Icónica;
• Representação Simbólica.
Representação motora (até aos 3 anos): • A criança representa o mundo (objetos) pela ação que exerce sobre eles. A ação é a forma privilegiada de representação, e descoberta da realidade. Ex: para uma criança compreender melhor uma história, por exemplo, é melhor que lhe mostrem uma dramatização do que lhe contar ou ler essa mesma história, pois o seu interesse é com a ação e o seu objetivo é estabelecer, através do movimento, a comunicação com o mundo.
Representação Icónica (3 aos 9 anos) • Já representa mentalmente os objetos, baseia-se na organização visual, no uso de imagens e na organização de perceções.
Ex: A criança é capaz de ouvir uma história e responder ao desafio de a recriar pela escrita ou pela ilustração. A criança pode desenhar a imagem de uma colher sem encenar em termos motores o ato de comer.
Representação Simbólica (A partir dos 10 anos) • Utiliza símbolos sem necessidade de imagens ou ação. As experiências são traduzidas em termos de linguagem.
Ex: as crianças, nesta fase, podem consultar textos de referência e discutir umas com as outras as suas descobertas.
Princípio da Estrutura Qual destes modos deve o professor utilizar para facilitar o processo de aprendizagem?
Depende da idade do aluno, das suas experiências anteriores com a matéria em causa.
Banda desenhada da Mafaldinha sobre o tema do planeta terra
História do Ruca na quinta pedagógica
Princípio da sequência O grau de dificuldade sentido pelo aluno ao tentar dominar uma matéria depende, em larga medida, da sequência em que o material é apresentado. Assim o professor deverá começar por ensinar mensagens sem palavras, falando em especial para respostas musculares dos alunos. Em seguida deverá levar o aluno a explorar diagramas e diversas representações pictóricas.
Finalmente a mensagem seve ser comunicada simbolicamente, pelo uso de palavras.
Princípio do Reforço • A aprendizagem requer reforço. Para atingir a mestria de um problema, temos de receber informação retroativa sobre o que estamos a fazer. • A altura em que o reforço é dado é crucial para o sucesso da aprendizagem. • Requer alguma sensibilidade por parte do professor em fornecer um reforço na altura certa e de uma forma compreensível para o aluno.
Em suma… • A aprendizagem pela descoberta é muito mais duradoura e útil do que a baseada na memorização.
• Ensinar bem exige que se encoraje o aluno a explorar alternativas e a descobrir novas relações. • Bruner insiste, também, no facto de qualquer assunto pode ser compreendido por praticamente qualquer criança desde que apropriadamente apresentado.
Teoria do Ciclo vital Erik Erikson (1902-1994)
Teoria do Ciclo Vital – Erik Erikson • Erik Erikson psicanalista nascido na Alemanha, enfatiza a influência da sociedade sobre o desenvolvimento da personalidade. A teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson abrange oito estágios durante o ciclo vital. • Cada estágio envolve uma "crise" na personalidade - As crises, que surgem de acordo com um cronograma de maturação, devem ser satisfatoriamente resolvidas para um saudável desenvolvimento do ego.
Teoria do Ciclo Vital – Erik Erikson • O êxito na resolução de cada uma das oito crises exige que um traço positivo seja equilibrado por um traço negativo correspondente. Embora a qualidade positiva deva predominar, alguma medida do traço negativo é igualmente necessária. • O êxito na resolução de cada crise é o desenvolvimento de uma determinada virtude ou força
Teoria do Ciclo Vital – Erik Erikson • Confiança básica versus (nascimento aos 18 meses)
desconfiança
O bebé desenvolve o sentido do mundo ser um lugar bom e seguro. Questão - chave: “Será o meu mundo social previsível e protetor?” Virtude: esperança
Teoria do Ciclo Vital – Erik Erikson • Autonomia versus dúvida e vergonha (18 meses aos 3 anos) A criança desenvolve um equilíbrio independência sobre a vergonha e a dúvida.
de
Questão-chave: “Será que consigo fazer as coisas sozinho ou tenho de depender quase sempre dos outros?” Virtude: vontade
Teoria do Ciclo Vital – Erik Erikson • Iniciativa versus culpa (3 aos 6 anos) A criança desenvolve a iniciativa quando tenta coisas novas e não está preocupada com a culpa. Questão-chave: “Serei bom ou mau?”
Virtude: finalidade
Teoria do Ciclo Vital – Erik Erikson • Mestria versus inferioridade (6 anos à puberdade) A criança deve aprender competências da cultura ou enfrenta sentimentos de incompetência. Questão-chave: incompetente?”
“Serei
Virtude: competência.
competente
ou