ADER ER NO D E L EITURAS : Q UANDO OS LIVROS SÃ SÃO OO C AD CAMPO Jo J o ão Pa u l o A pr íg i o Mo re ir a Re s en h as , co m en tá r i os d (e ) cl ás si co s . ( Sa b e a u el e antigo caderno! "ntão esse # o meu. $ogo, trata%se de anota&'es apenas rascunho. ão reparem se o raciocínio estancar ou aspectos *ormais como uest'es de gramática. Aui eu registro id#ias para a constru&ão de meus trabalhos. +uando ira publica&ão coloco o lin- e aí sim tem%se algo mais *ormal. "ntonces aproeitem o caráter eperimental do blog mesmo) Aceito sugest'es/
Sobre Mito e Significado (1978) de C. Lévi-Strauss outubro 24, 2010 por stormblast
1 – Mito e Ciência
O primeiro tema abordado por Lévi-Strauss em Mito e Sini!icado é sobre a rela"#o entre mito e a ciência$ %ma das caracter&sticas do te'to é o !ato de sua !ala retomar partes de sua biora!ia como ilustra"(es de suas considera"(es$ ) assim *ue, + no come"o do livro, o autor cita sua rela"#o positiva para com a ciência ao mencionar sua leitura cotidiana da revista Scientific American e, como veremos, também, no !inal de seu livro .*uando trata da rela"#o entre mito e m/sica menciona outra passaem da sua biora!ia a vontade de ter sido m/sico desde novo$ ste livro é !ruto das palestras Massey reunidas no livro 3Mito e Sini!icado e *ue !oram transmitidas no prorama Ideas, da 5dio C6C, em de7embro de 1899$ O arran+o do te'to seue o posicionamento de Lévi-Strauss acerca do pensamento cient&!ico$ Sua re! re!le' le'#o #o sob sobre re est estee tem temaa ter teria ia sus suscit citado ado co contr ntrov ovérs érsias ias *ue imp imputa utaram ram a ele uma duvidosa predile"#o ao pensamento m&tico, *uando destacou a necessidade de retorno a este ao compar-lo com pensamento cient&!ico$ sta rela"#o distanciada, n#o para o autor, entre a ciência e o mito seria resultado de um movimento operado no pensamento cient&!ico com o ob+etivo de a!irm-lo como !orma de con:ecimento$ sta rela"#o resultou para o campo de pes*uisa sobre mitos, no problema de ter *ue en!rentar, a partir de ent#o, a pec:a de *ue o ob+eto n#o teria *ual*uer sini!icado relevante$ ;esta !orma o autor ob+etivou mostrar o contrrio, no sentido de a!irmar *ue o mito, como outra linuaem, também seria pleno de sini!icado$ Caracteri7ando mel:or esta !ratura, o autor a!irma *ue o depreciamento da mitoloia, por parte do pensamento cient&!ico, !oi operado durante os séculos <=>> e <=>>>, *uando a matemtica e o pensamento abstrato tomaram !orma na m#o de aluns !il?so!os
como a linuaem mais apropriada para tratar da realidade em detrimento de e'plica"(es *ue recorressem aos dados sensoriais, como no caso do pensamento m&tico$ @ arumenta"#o do autor passa primeiramente pela caracteri7a"#o do pensamento m&tico, salientando a sua di!eren"a com rela"#o ao pensamento cient&!ico$ Aara Lévi-Strauss, o mito parte do mundo dos sentidos 3o mundo *ue se vê, *ue se saboreia$ ste !orma de apreender a realidade !oi a *ue a ciência teria tornado um tanto *uanto obsoleta$ Bal posicionamento se !irmaria na premissa de *ue o mundo sensorial é um mundo ilus?rio, ao passo *ue o mundo real seria um mundo de propriedades matemticas *ue s? podem ser descobertas pelo intelecto e *ue est#o em contradi"#o total com o testemun:o dos sentidos$D .Lévi-Strauss, 189E, p$1F Geste percurso Lévi-Strauss aponta uma oposi"#o + antia no pensamento !ilos?!ico entre idealismo e empirismo$ ;ando continuidade a sua arumenta"#o sobre a rela"#o do mito e da ciência, Lévi-Strauss recorre, mais uma ve7 a biora!ia, desta ve7 para dar o e'emplo de como este aprendeu a ler desde cedo$ >sto para introdu7ir na palestra a apresenta"#o do seu método estrutural$ ste método é a base para demonstrar a constitui"#o de sini!icado nos mitos *ue analisou$ ;esde a tenra idade Lévi-Strauss a!irma sua rela"#o com um tipo de pensamento estrutural$ Geste conte'to, o autor de!ine o estruturalismo da seuinte maneira, trata-se da busca de invariantes ou de elementos invariantes entre di!eren"as super!iciais$D .Lévi-Strauss, 189E, p$12 Lévi-Strauss é bastante claro ao a!irmar *ue o método estruturalista n#o constitui uma novidade e *ue se procede da mesma !orma nas ciências naturais$ Gesse sentido, os modelos n#o correspondem H realidade, contudo e'primem de maneira redu7ida elementos *ue s#o poss&veis observar em muitos outros campos$ Go caso das ciências da nature7a isto é mais recorrente$ O autor e'empli!ica tal !ato a partir do c?dio enético concluindo *ue Lone de mim a idéia de tentar redu7ir a Cultura, como di7emos no nosso cal#o antropol?ico, H Gature7a contudo, a*uilo *ue observamos ao n&vel da cultura s#o !enImenos do mesmo tipo, se considerados a partir de um ponto de vista !ormal .n#o *uero de !orma aluma di7er em substJncia$ Aodemos, pelo menos, analisar ao n&vel da mente o mesmo problema *ue observamos na Gature7a, embora, evidentemente, o cultural se+a muito mais complicado e e'i+a um maior n/mero de variveis$ .Lévi-Strauss, 189E, p$14 Ga busca destas invariantes, Lévi-Strauss ressalta seu trabal:o com rela"#o Hs reras de casamento e, posteriormente, no mesmo sentido, no caso da anlise de mitos$ ste tipo de abordaem tende a levar incautos a associarem o estruturalismo ao !ormalismo$ Go entanto, este te'to de Lévi-Strauss é bastante ilustrativo no sentido contrrio, *uando o mesmo vai tratar da rela"#o do sini!icado com a !orma e o conte/do, de!endendo *ue este est
também diretamente conectado ao conte/do$ O *ue isto *ue di7erK Lembrando de seu te'to sobre as teses de Aropp, o autor possibilita o entendimento do erro de *uem con!unde o estruturalismo com !ormalismo$ Brata-se, sobretudo, de ac:ar *ue se deve dedu7ir o sini!icado do conte/do a partir da !orma sendo este o ob+etivo !inal da anlise$ Aara o autor este procedimento é e*uivocado, pois, e a& recorremos a uma a!irma"#o de Mauro @lmeida comentando a obra de Lévi-Strauss @ identidade n#o é dita de ob+etos ou de substJncias$ la relaciona-se a propriedades relacionais$ @ de!ini"#o de el para simetria é a de alo *ue podemos !a7er a uma coisa .uma trans!orma"#o, conservando alo$ ;escrever a identidade de um ob+eto é ent#o e*uivalente a descrever suas simetrias, isto é, o rupo de trans!orma"(es a *ue pertence$ .@lmeida, 1888 sta *uest#o também !a7 re!erência ao sini!icado$ m Mito e Sini!icado Lévi-Strauss a!irma *ue o sini!icado é a capacidade de tradu7ir e esta tradu"#o s? é obtida mediante reras *ue a possibilitem$ Aara Lévi-Strauss, você n#o pode substituir *ual*uer palavra por outra$ stas reras, portanto, e'istem tanto para as !ormas, como *uanto para o conte/do$ Os dois com sini!icados interliados, n#o devendo dar prima7ia a um para dedu7ir o sini!icado do outro$ Ou se+a, as reras est#o tanto para as !ormas como para o conte/do, o *ue comunica n#o é apenas a !orma, mas também o pr?prio conte/do, ambos pass&veis de sini!icado$ ) bom lembrar *ue esta discuss#o est no seio da anlise estrutural dos mitos, ou se+a, no procedimento de criar modelos para estruturas narrativas e *ue, *uando o autor !ala de !orma, se re!ere aos estudiosos *ue partem da anlise mor!ol?ica do mito para ter uma compreens#o do mesmo, como de!endido até ent#o pela escola !ormalista russa, posi"#o *ue Lévi-Strauss *uestiona veementemente$ sta busca de invariantes, tanto no n&vel do conte/do como no da !orma, caracteri7am o método estruturalista$ Lévi-Strauss c:ama aten"#o para o luar das reras e como estas permitem a constitui"#o dos sini!icados, sendo uma caracter&stica intr&nseca das coisas$ O simb?lico apro'ima-se, portanto, do n&vel da anlise sinttica na ramtica das l&nuas naturais$ @ busca das rela"(es entre os termos no mito s#o de mesma estirpe$ stas reras, a!irma o autor, se ol:armos para a :umanidade, ela poderia ser caracteri7ada por sempre inserir esta espécie de ordem$ staria a& a oriem do simb?lico, o *ue permite produ7ir sentido$ sta ordem n#o é dada na nature7a do pensamento, mas pela cultura, sendo totalmente arbitrria$ ;isto o autor de!ende *ue Se isto representa uma necessidade bsica de ordem na es!era da mente :umana e se a mente :umana, no !im de contas, n#o passa de uma parte do universo, ent#o *ui" a
necessidade e'ista por*ue : alum tipo de ordem no universo e o universo n#o é um caos$ .Lévi-Strauss, 189E, p$1N Lévi Strauss assim retoma sua discuss#o sobre a separa"#o entre o pensamento m&tico, tributrio dos dados dos sentidos – *ue o autor c:ama de l?ica do concreto – em oposi"#o ao pensamento cient&!ico, para concluir *ue : uma necessidade da ciência retomar o pr?prio pensamento m&tico como parte interante de seu prorama$ ste posicionamento, alerta o autor, pode ser +ulado como cientismo ou cren"a no proresso da ciência$ Lévi-Strauss dei'a bem claro *ue n#o se trata disso – de se c:ear a uma verdade !inita – + *ue isto tem a ver com a pr?pria !eitura do trabal:o cienti!ico, constitu&do sempre a partir do aparecimento de novas peruntas H medida *ue encontramos respostas para os problemas$ Gesse sentido, a ciência nunca c:earia a todas respostas$
2-
Aensamento n#o-moderno
Levi-Strauss na seunda parte tratar das di!eren"as entre o pensamento dos povos civili7ados e os dos primitivosD$ @ primeira ressalva do autor é para *ue este /ltimos n#o devem ser tomados como primitivos, pec:a de uma vis#o evolucionista *ue toma como prima7ia a cultura européia em detrimento das outras$ 5etomando *ue esta teoria por muito tempo dominou as teorias na antropoloia$ Are!ere re!erir-se a eles como povos sem escrita, e a partir desta *ualidade de!iniu o escopo da antropoloia *ue : alum tempo vem ultrapassando esse limite$ @o de!inir seu ob+eto, Lévi-Strauss ent#o seue para o *ue !alam sobre do ponto de vista cient&!ico$ Ga antropoloia pelo menos duas vis(es para o autor se destacaram na caracteri7a"#o do pensamento primitivoD primeiro a dos !uncionalistas *ue redu7iam o pensamento primitivo a necessidades primrias como a subsistência, as puls(es se'uais entre outros$ stas teorias tentavam ilustrar o *ue uiaria primordialmente o pensamento desses povos$ O seundo modo de de!ini"#o do pensamento desses povos é tom-lo como !undamentalmente di!erente do nosso$ @ncorado na perspectiva de Lev-6:rul, esta teoria a!irma o pensamento primitivoD como um pensamento m&stico e totalmente dependente da emo"#o$ Loo incapa7es de um pensamento uiado pela ra7#o$ ;esta !orma Lévi-Strauss mostra *ue as duas teorias se !undam em pro+e"(es utilitrias ou a!etivas$ Lévi-Strauss tentou desmontar essas pro+e"(es apontando o carter desinteressado e intelectual do pensamento desses povos, caracter&sticas até ent#o apenas atribu&das aos
modernos$ Gesse sentido, seu ob+etivo !oi mostrar nesses povos a possibilidade de interesse intelectual, tal como !il?so!osD, ou se+a, se uiarem por desinteresse atribuindo ra7#o ao pensamento cient&!icoD$ O autor a!irma O *ue tentei mostrar, por e'emplo, em Totémisme ou La Pensée Sauvage, é *ue esses povos *ue consideramos estarem totalmente dominados pela necessidade de n#o morrerem de !ome, de se manter em num n&vel m&nimo de subsistência, em condi"(es materiais muito duras, s#o per!eitamente capa7es de pensamento desinteressado ou se+a, s#o movidos por uma necessidade ou um dese+o de compreender o mundo *ue os envolve, a sua nature7a e a sociedade em *ue vivem$ Aor outro lado, para atinir este ob+etivo, aem por meios intelectuais, e'atamente como !a7 um !il?so!o ou até, em certa medida, como pode !a7er e !ar um cientista$ sta é a min:a :ip?tese de base$ .Lévi-Strauss, 189E, p$18
Ou se+a, est impl&cito na base do método estrutural demonstrar a constitui"#o de sini!icados, para tanto deve-se ter um no"#o impl&cita de *ue todo ser :umano é capa7 produ7i-lo, estender o *ue se entende como cultura a todos os povos$ Mas nesta discuss#o Lévi-Strauss acrescenta para outros povos, a possibilidade *ue o uso da ra7#o o!erece na atitude de se interessar por *uest(es para a resolu"#o de problemas, para a cria"#o, na produ"#o de idéias tirando desses povos a caracter&stica de su+eitos passivos da realidade em *ue vivem$ >lus#o criada sobre eles, pelo !ato de *uando est#o em nosso meio, demonstrarem certas incapacidades, resultando na pro+e"#o automtica por parte dos ocidentais de suas capacidades intelectuais$ Contudo, ao tra7er as semel:an"as entre os pensamentos, Lévi-Strauss n#o dei'a de marcar as di!eren"as caracter&sticas destes dois$ 5essalta *ue, um e outro, s#o superiores e in!eriores em di!erentes aspectos$ O pensamento m&tico considera a totalidade para entender os !atos, ao passo *ue o pensamento cient&!ico consiste em avan"ar etapa por etapa$ Citando ;escartes a!irma *ue o pensamento cient&!ico divide as di!iculdades em *uantas partes necessrias !or para o entendimento do problema$ Aara ilustrar a importJncia de um maior diloo dos modernos com esse tipo de pensamento o autor ilustra a!irmando *ue ;evemos notar, no entanto, *ue, como pensadores cient&!icos, usamos uma *uantidade muito limitada do nosso poder mental$ %tili7amos o *ue é necessrio para a nossa pro!iss#o, para os nossos ne?cios ou para a situa"#o particular em *ue nos encontramos envolvidos na altura$ Aortanto, se uma pessoa merul:a, durante vinte anos ou mais, na investia"#o
do modo como operam os sistemas de parentes, casamentos, mitos, utili7a essa por"#o do seu poder mental$ Mas n#o podemos e'iir *ue toda a ente este+a interessada precisamente nas mesmas coisas da& *ue cada um de n?s utili7e uma certa por"#o do seu poder mental para satis!a7er as necessidades ou alcan"ar as coisas *ue o interessam$ Com isto, apesar de pensamentos distintos, a mente :umana é uma em todos os luares e com a mesma capacidade, a despeito da ên!ase *ue cada povo d Hs suas d/vidas$ Gesse debate poderia surir a perunta da busca de uma uni!ormidade do pensamento em todas partes do lobo$ Lévi-Strauss insiste *ue a di!eren"a é salutar e é o *ue permite as novas descobertas$ Gesse sentido, em meio ao debate da época sobre a lobali7a"#o, o autor se mostra cético a uma tendência uni!ormi7ante, arumentando *ue *uanto mais uni!ormes as culturas, mais as !raturas tendem a se evidenciar$ Aara e'empli!icar uma rela"#o inversa sobre como o pensamento cient&!ico a+uda a entender o pr?prio mito, Lévi-Strauss ent#o !ala sobre um mito do Canad a raia e o vento sul$ Geste mito se estabelece a periodicidade do vento$ O autor indica *ue n#o se deve tomar a :ist?ria como a cria"#o de uma mente em del&rio, + *ue evidentemente n#o acontecera$ Seu crédito est na possibilidade da perunta de por *ue a raia e por *ue o vento sulK Aara narrar a :ist?ria, Lévi-Strauss descreve minuciosamente o sini!icado da raia$ Concluindo a possibilidade de ser usada para contar a :ist?ria, seu modo e comportamento como dados tirados da e'periência da*ueles *ue a usam para narrar a :ist?ria$ Mas : mais, como LéviStrauss estava preocupado em caracteri7ar a rela"#o do pensamento m&tico com o pensamento cient&!ico, ele busca um mito *ue utili7a um conceito *ue !oi aparecer na ciência apenas na cibernética, *ue s#o as oposi"(es binrias – sim e n#o @ssim, de um ponto de vista l?ico, : uma a!inidade entre um animal como a raia e o tipo de problema *ue o mito tenta resolver$ ;e um ponto de vista cient&!ico, a :ist?ria n#o é verdadeira, mas n?s somente pudemos entender esta propriedade do mito num tempo em *ue a cibernética e os computadores apareceram no mundo cient&!ico, dando- nos o con:ecimento das opera"(es binrias, *ue + tin:am sido postas em prtica de uma maneira bastante di!erente, com ob+etos ou seres concretos, pelo pensamento m&tico$ @ssim, na realidade n#o e'iste uma espécie de div?rcio entre mitoloia e ciência$ S? o estado contemporJneo do pensamento cient&!ico é *ue nos :abilita a compreender o *ue : neste mito, perante o *ual permanec&amos completamente ceos antes de a idéia das opera"(es binrias se tornar um conceito !amiliar para todos$ .Lévi-Strauss, 189E, p$ 2F
O autor suere *ue n#o esta tentando colocar em pé de iualdade o con:ecimento produ7ido pelos dois tipos de pensamento, mas seu principal arumento é de *ue n#o : o !osso colocado pela ciência do século <=>> entre a mente e a realidade, e a +un"#o entre o pensamento m&tico, o primeiro partindo das e'periências sens&veis, e o pensamento cient&!ico, *ue e'pressa suas rela"(es a partir de idéias abstratas$ Seundo o autor, as duas s#o parte de uma /nica ordem a simb?lica$
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@nlise estrutural em ato
@ terceira empresa de Lévi-Strauss neste livro é a analise de um mito strictu sensu$ @ maneira como !a7 sua perunta + direciona o tipo de abordaem *ue buscar$ O ponto de partida é um mito relatado por um Aadre no Aeru em 1N1$ @ men"#o a este mito !oi !eita por outros mit?ra!os, no entanto, n#o do ponto de vista de Lévi-Strauss$ @parecem dois temas, os lbios rac:ados e os êmeos$ Aara o estruturalismo ent#o importar descrever estes dois sinos como invariantes *ue condu7em um sini!icado dentro de di!erentes sistemas$ O *ue isto *uer di7erK Considerando o papel dos êmeos para a mitoloia americana como + ressaltado pelo autor, Lévi-Strauss vai buscar por *ue um e outro comunicam alo e por *ueK Gesse sentido, o sini!icado dos dois termos s? ser encontrado na rela"#o *ue estes operadores simb?licos têm no sistema inteiro$ @ despeito da !un"#o *ue desempen:am no mito a *ue pertencem$ =e+amos mel:or esta a!irma"#o, a perunta ent#o é Aarece-me *ue o cerne do problema consiste em descobrir por *uê os êmeosK Aor *uê os de lbios rac:adosK por *uê associar êmeos e lbios rac:adosK .Lévi-Strauss, 189E, p$29 Como a!irmado anteriormente, na resolu"#o do problema Lévi-Strauss vai procurar as rela"(es entre estes operadores em mitos di!erentes, ou se+a, responde um mito norteamericano com um mito sul-americano$ O autor menciona as ob+e"(es *ue se !a7em a este procedimento, *uando aluns autores a!irmam *ue um mito s? pode ser entendido com re!erência a cultura *ue este !a7 re!erência$ m respostas a tais ob+e"(es o autor a!irma *ue os mitos devem ser tomados como pertencentes a um todo e *ue, por e'emplo, um sini!icado *ue n#o é encontrado em um mito espec&!ico aparece em outro pleno de sini!icado$ ste tipo de resposta !undamenta a anlise das trans!orma"(es$ @ resposta para a possibilidade de compara"#o se estabelece na de!esa de *ue estas culturas estavam em permanente contato e *ue estes mitos aparecem n#o s? em dois luares, mas repetidamente
em uma 7ona cont&nua$ O mito tal como encontrado na @mérica do Sul, conta a seuinte :ist?ria Ora, entre os Bupinambs, os antios &ndios da costa do 6rasil ao tempo da descoberta, como também entre os &ndios do Aeru, : um mito *ue !ala de uma mul:er *ue um indiv&duo pobre conseuiu sedu7ir de uma maneira tortuosa$ @ vers#o mais con:ecida, reistrada pelo mone !rancês @ndré B:evet no século < = >, e'plicava *ue a mul:er sedu7ida deu H lu7 êmeos, um deles nascido do pai le&timo, e o outro do sedutor, *ue é o 6url#o$ @ mul:er ia encontrar- se com o deus *ue seria o seu marido, mas no camin:o intervém o burl#o e l:e !a7 crer *ue ele é o deus ent#o ela concebe do burl#o$ Puando, mais tarde, encontra a*uele *ue deveria ser o le&timo marido, concebe também dele, e depois d H lu7 êmeos$ , uma ve7 *ue estes !alsos êmeos têm di!erentes pais, possuem caracter&sticas antitéticas um é cora+oso e o outro covarde um d bens aos &ndios, en*uanto o outro, pelo contrrio, é responsvel por uma série de desra"as$ . Lévi-Strauss, 189E, p$2E
Gota-se, portanto, uma e'plica"#o neativa para o nascimento de Qêmeos, + para a @mérica do Gorte, o mito assume a seuinte !ei"#o @contece *ue na @mérica do Gorte encontramos também e'atamente o mesmo mito, especialmente no Goroeste dos stados %nidos e no Canad$ Bodavia, em compara"#o com as vers(es sulamericanas, as provenientes da rea do Canad apresentam duas di!eren"as importantes$ Aor e'emplo , entre os Rootena , *ue vivem nas Montan:as 5oc:osas, : apenas uma !ecunda"#o o, a *ual tem como conse*uência o nascimento de êmeos, *ue mais tarde se tornam, um, a Lua e, o outro, o Sol$ entre outros &ndios da ColImbia britJnica – os &ndios B:ompson e os Oanaan – : duas irm#s *ue s#o enanadas aparentemente por dois indiv&duos di!erentes, dando cada uma H lu7 um !il:o n#o s#o realmente êmeos, por*ue nasceram de m#es di!erentes$ Mas, dado *ue nasceram precisamente de circunstJncias semel:antes, pelo menos dum ponto de vista psicol?ico e moral, s#o em certo sentido semel:antes a êmeos$
Seundo Lévi-Strauss o mito tem seu prosseuimento ao a!irma *ue os êmeos, ou os *ue se entendem por êmeos como no caso Rootena, tem em outros mitos aventuras di!erentes cada um$ @té c:ear a uma trama em *ue a m#e deu para n#o repetir o erro passado cuida de sua !il:a *ue é abordada por uma lebre no meio do camin:o$ Lévi-Strauss !a7 a associa"#o da Lebre como pertecente H !am&lia dos leporinos *ue têm os lbios rac:ados$ Ou
se+a, s#o duplos em potencial, neste caso, êmeos em potencial$ staria a& estabelecida a rela"#o$ O autor conclui *ue O realmente importante é *ue em toda a mitoloia americana, e também na mitoloia do mundo inteiro, : deidades ou personaens sobrenaturais *ue desempen:am o papel de intermedirios entre os poderes de cima e a Tumanidade em bai'o$ Aodem ser representa das de di!erentes maneiras :, por e'emplo, personaens do tipo de um Messias e êmeos de carter celeste$ Aode-se ver *ue o papel da lebre na mitoloia aloniana se encontra precisamente entre o Messias – ou se+a o intermedirio /nico – e os êmeos de carter celeste$ @ lebre n#o é um par de êmeos, mas um par de êmeos incipiente$ mbora se+a um indiv&duo completo, tem um lbio rac:ado e est a meio camin:o de se tornar em êmeos$ >sto e'plica a ra7#o por*ue nesta mitoloia a lebre, en*uanto deus, possui um carter amb&uo – o *ue tem preocupado os comentadores e antrop?loos$ Us ve7es é uma deidade muito sbia *ue tem a seu caro a ordem do universo, outras aparece como um pal:a"o rid&culo *ue vai de contratempo em contratempo $ este !ato também se poder entender mel:or se se e'plicar a escol:a da lebre por parte dos Vndios @lonianos por ser um indiv&duo entre as duas condi"(es a uma deidade sinular bené!ica para a Tumanidade e b êmeos, um dos *uais é bom, e o outro mau$ G#o estando ainda totalmente dividida em duas metades, n#o sendo ainda êmeos, as duas caracter&sticas opostas podem permanecerem !undidas numa /nica e mesma pessoa$ .Lévi-Strauss, 189E, p$
O importante é ressaltar a !orma da anlise, a busca de invariantes em di!erentes mitos para a compreens#o de como um sino, por e'emplo, os êmeos e os lbios rac:ados assumem di!erentes sini!icados com rela"#o Hs culturas *ue est#o inseridos$ stes di!erentes sini!icados n#o impendem a anlise estrutural acompan:e a !orma como s#o mane+ados internamente nos mitos$ O sini!icado é obtido no todo, o *ue permitiria perceber sua sini!ica"#o local também$
4 – @ *uarta parte di7 respeito a rela"#o entre o Mito a Tist?ria, s#o, portanto, considera"(es *ue passaram os limites de um !ic:amento e n#o vou public-las por en*uanto$
F – Mito e M/sica
Aor !im, Lévi-Strauss encerra sua discuss#o sobre Mito e Sini!icado pensando a rela"#o entre o mito e a m/sica$ sta rela"#o é suerida a partir do tema abordado em outras obras suas como em O Cru e o Co7idoD e na parte !inal de O Tomem GuD$ O arumento do autor passa pela rela"#o entre estas duas !ormas derivadas da linuaem$ @ rela"#o entre mito e m/sica era considerada como uma rela"#o arbitrria até ent#o pelos estudiosos e do ponto de vista do autor n#o é$ @ssim o *ue sustentaria seu arumento seriam duas apro'ima"(es inicias – de similaridade e de contiWidade – sendo a primeira a c:amar H aten"#o do autor$ Bodavia, esta rela"#o proposta pelo autor est circunscrita, a meu ver, na pr?pria base do método estruturalista *ue subsume os !enImenos culturais a uma teoria linW&stica, *ue assinala a rela"#o entre pensamento a linuaem$ Gesse sentido, a rela"#o entre os sinos sendo arbitrria como na constitui"#o das l&nuas, s? pass&vel de sini!icados *uando em rela"#o, seria o *ue concederia uma l?ica interna a outras linuaens e suas particularidades, bem como sua capacidade de comunicar a partir da constitui"#o de sini!icados$ G#o seria, portanto, di!erente no caso da m/sica$ sta pro+e"#o, por sua ve7, é oriunda de uma rela"#o interna estvel *ue permite a compreens#o desses c?dios H maneira do processamento de um computador na e'ecu"#o de proramas considerando a linuaem computacional, como, por e'emplo, a Xava$ Bais linuaens seuem certas leis de estrutura"#o das l&nuas naturais$ ;este modo a m/sica, também seria outro c?dio$ Aara ilustrar mel:or estas semel:an"as, sobretudo a *uest#o da similaridade *uanto H !orma de compreens#o do sini!icado entre o mito e a m/sica, o autor nos !ornece aluns e'emplos para a compreens#o do sini!icado de um mito$ O ponto crucial é a !orma de leitura do mesmo como destacado em outra con!erência + a*ui comentada, o autor a!irma *ue sta é a ra7#o por*ue devemos estar conscientes de *ue se tentarmos ler um mito da mesma maneira *ue lemos uma novela ou um artio de +ornal, ou se+a, lin:a por lin:a, da es*uerda para a direita, n#o poderemos c:ear a entender o mito, por*ue temos de o apreender como uma totalidade e descobrir *ue o sini!icado bsico do mito n#o est liado H se*uência de acontecimentos *ue narra, mas antes, se assim se pode di7er, a rupos de acontecimentos, ainda *ue tais acontecimentos ocorram em momentos di!erentes da :ist?ria$ .Lévi-Strauss, 189E, p$42
O e'emplo ent#o mostra o papel *ue a totalidade e'erce na compreens#o das partes H maneira da partitura musical$ @ partir desde aspecto, Lévi-Strauss coloca a perunta sobre a possibilidade de se apreender esta totalidade, e, nesse sentido, sure o seundo aspecto, *ue permitiu o mesmo a!irmar a apro'ima"#o do mito e a m/sica – a contiWidade$ Lévi-Strauss usa a :istoriora!ia para mostrar como a partir do desaparecimento do pensamento m&tico, durante o per&odo do renascimento, *ue apareceram as novelas e as randes pe"as musicais$ Puando Levi-Strauss est !alando de m/sica ele sobre a m/sica clssica, *ue depende do todo para a compreens#o das partes, e n#o da musica pop *ue muitas ve7es o sentido de cada parte é autore!erenciado, sem buscar um conte'to eral$ Gas palavras do autor mas a m/sica tal como suriu na civili7a"#o ocidental, nos primeiros *uartéis do século <=>> , com Yrescobaldi, e nos primeiros anos do século <=>>> , com 6ac:, m/sica *ue atiniu o seu m'imo desenvolvimento com Mo7art, 6eet:oven e aner, nos séculos <=>> e <>