VERNANT, Jean-Pierre. Mito e pensamento entre os gregos: Estudos de psicologia histórica, Capítulo VII pp. !"#-#$%&. Tradu'(o de )aiganuch *arian. *(o Paulo+ Edusp, $"#. Por+ Ana Paula *antos )uoa Estudante do Bacharelado Bacharelado Interdisciplinar Interdisciplinar em Humanidades, UFBA.
ilóso/o /ranc0s e 1ilitante re2olucion3rio na 4poca da *egunda 5rande 5uerra, Jean-Pierre Vernant te2e co1o principal al2o de estudo os helenos e, especial1ente, sua 1itologia. 6essa /or1a, pu7licou 1ais de 8uin9e li2ros, dentre eles, Origem do pensamento grego, Mito e sociedade na Grécia antiga e Mito e religião na Grécia antiga. No seu li2ro A Origem do pensamento grego ,
pu7licado e1 $":!, $":!, Ve Vernant ;3 apresenta sua tese, ta1741 desen2ol2ida desen2ol2ida na presente presente o7ra cu;o cerne 4 laici9a'(o do pensa1ento político originando a /iloso/ia, e1 oposi'(o < tese do =1ilagre grego>. ? trecho da o7ra a8ui tratado est3 di2idido e1 8uatro partes, sendo a pri1eira a introdu'(o. Nesta, apresenta-se a tese de @urnet so7re do =1ilagre grego> e1 8ue de/ende 8uando e onde nasceu a /iloso/ia+ surge no s4culo VI, se1 /a1ília, na 5r4cia co1o u1 co1e'o a7soluto, u1a realidade se1 história. Isso /ica claro e1 =Tal 4 o sentido do =1ilagre> grego+ atra24s da /iloso/ia dos ;nios, reconhece-se a Ra9(o inte1poral encarnada no te1po> VERNANT, p. !"B&. Este /ato te2e co1o conse8u0ncia o entendi1ento dos gregos co1o superiores, pois /oi e1 8ue1 o logos apareceu. A parte I do teto, contrapondo-se < introdu'(o, a/ir1a 8ue esse 1ilagre /oi derru7ado atra24s do contato co1 ci2ili9a'Des antigas e orientais. 6essa /or1a, 4 necess3rio rea2aliar a orige1 do pensa1ento racional atra24s da história. por isso 8ue, ;3 no s4culo FF, . G. Corn/ord, autor de rincipium sapientiae citado por Vernant, aparece co1 o discurso de 8ue a ra9(o teria surgido do 1ito grego, ou se;a, as indaga'Des /ilosó/icas reto1a1 indaga'Des indaga'Des respondidas atra24s do 1ito, por ee1plo, e1 rela'(o < e1erg0ncia da orde1 e1 detri1ento do caos. Isso ocorreu tanto na Ilíada de )o1ero 8uanto na Teogonia de )esíodo. Esta Esta Hlti Hlti1a 1a te1a te1ati ti9a 9a o orde ordena na1e 1ent ntoo do 1und 1undoo atra atra24 24ss de dua duas pass passag agen ens+ s+ u1a u1a a7soluta1ente 1itológica e outra despro2ida de i1agens 1íticas. inal1ente, o ordena1ento se d3, co1o na /iloso/ia dos ;nios, atra24s da luta e uni(o incessante de opostos. Assi1, Assi1, considera-se 8ue =os /ilóso/os se contenta1 co1 repetir, e1 u1a linguage1 di/erente, o 8ue ;3 di9ia o 1ito> VERNANT, VERNANT, p.!"%&, o 8ue, depois de reconhecida a considera'(o, /e9 aparecer a pro7le13tica de se destacar o 8ue /a9 a /iloso/ia ro1per co1 o 1ito. A/inal, o apareci1ento de no2as /or1as políticas
na Cidade 1ostrou 8ue so7rara1 apenas 2estígios do 1ito+ desapareceu-se o rei 13gico e senhor do te1po para o surgi1ento do /ilóso/o. assi1 8ue Vernant, apoiado e1 Corn/ord, 8uestiona a pro7le13tica posta. *o7re o desapareci1ento do 1ítico e1 detri1ento do /ilosó/ico, Vernant coloca+ *o7 esse aspecto di3logo entre 1ito e nature9a no 1undo dos ;nios, a re2olu'(o 4 t(o a1pla e le2a t(o longe o pensa1ento 8ue, nos seus progressos ulteriores, a /iloso/ia parecer3 /a90-lo retroceder. Entre os =ísicos>, a positi2idade in2adiu de sH7ito a totalidade do ser, se1 eecutar o ho1e1 ne1 os deuses. Tudo 8ue 4 real 4 Nature9a. E esta nature9a, separada do seu pano de /undo 1ítico, torna-se ela própria pro7le1a, o7;eto de u1a discuss(o racional. VERNANT, p. #KK&.
Al41 dessa leitura da realidade, h3 outra corrente de pensa1ento 8ue se con/igura co1o segunda trans/or1a'(o 1ental+ recusa a i1age1 1ítica da uni(o de opostos, para a/ir1ar u1a =/or1ula'(o categórica do princípio de identidade> VERNANT, p. #K#&. Gais tarde, outros estudiosos co1o @en;a1in arrinton e 5eorge Tho1son discutiria1 acerca das trans/or1a'Des sociais e políticas 8ue possi7ilitara1 o apareci1ento do logos e sua rela'(o co1 as t4cnicas e as /or1as de go2erno no ?cidente e ?riente. Na parte II do teto, Vernant re1onta u1a segunda corrente de pensa1ento /ilosó/ico 8ue eplana a orige1 do /ilóso/o. Por apresentar u1a realidade 8ue /oge do conheci1ento 2ulgar, alguns poetas, s37ios e adi2inhos s(o a8ueles 8ue dera1 orige1 ao /ilóso/o. A/inal, estes produ9ia1 conheci1ento para eplicar a g0nese do cos1o, di/erente1ente de poetas co1o )o1ero 8ue procurou relatar aconteci1entos hu1anos. 6entre eles, os adi2inhos e poetas tinha1 a capacidade de re2elar a realidade i1ut32el. Ao contr3rio deles, o *37io se de/inia co1o eleito capa9 de /a9er e 2er o in2isí2el atra24s da gra'a di2ina. Al41 disso, pratica2a eercícios de 1e1ória. ? do1ínio da al1a per1ite ao s37io, no ter1o de u1a dura ascese, 2ia;ar no outro 1undo, con/ere-lhe u1 no2o tipo de i1ortalidade pessoal. ? 8ue /a9 dele u1 deus entre os ho1ens, 4 8ue ele sa7e, gra'as a u1a disciplina de tens(o e de concentra'(o espirituais ... concentrar so7re si 1es1a a al1a ordinaria1ente dispersa e1 todos os pontos do corpo. Concentrada assi1, a al1a pode destacar-se do corpo, e2adir-se dos li1ites da 2ia e1 8ue ela est3 1o1entanea1ente encerrada e encontrar de no2o a recorda'(o de todo ciclo de suas encarna'Des passadas. VERNANT, p. #K%&.
Assi1, Vernant destaca 8ue o /ilóso/o 4 di/erente do chamã. Pois, este Hlti1o de2e ensinar+ passa para seus discípulos as pr3ticas secretas, organi9ando-a e1 doutrina. 6i/erente do chamã, o /ilóso/o estende o conheci1ento, o segredo, a u1 grupo a7erto. ? apareci1ento da Cidade, portanto, parece /acilitar a pu7licidade do sa7er, o 8ue aca7a ro1pendo a sacrali9a'(o do conheci1ento da aristocracia tradicional. A/inal, o 8ue era =1ist4rio> aparece e1 pra'a pH7lica+ o conheci1ento /oge da seita para se re2elar na 3gora co1o de7ate político.
J3 na parte III do capítulo, ainda so7re o apareci1ento da Cidade, Vernant re2ela 8ue a indaga'(o /ilosó/ica 1igrou da orde1 cós1ica < ordena'(o política. Neste 1o1ento, o /iloso/o ganha a co1pet0ncia de propor u1 e8uilí7rio político para u1a nascente sociedade de econo1ia 1ercantil, 7uscando a har1onia entre ele1entos para 8ue n(o ha;a cis(o da Cidade+ =Ls pri1eiras /or1as de legisla'(o, aos pri1eiros ensaios de constitui'(o política, a 5r4cia associa o no1e dos seus *37ios.> VERNANT, p.#$$&. Neste 1o1ento do teto, o autor apresenta as rupturas sociais 8ue pode1 con/igurar as ra9Des pelas 8uais a /iloso/ia surgiu. 6entre elas est3 a Cidade 8ue ro1pe co1a seita, ao 1es1o te1po e1 8ue produ9 o pensa1ento positi2o e a7strato. Por /i1, ela separa nature9a e sociedade ao unir cidad(os independente1ente das rela'Des /a1iliares. Al41 da Cidade co1o ruptura, h3 a 1oeda. Esta acelerou o desen2ol2i1ento da econo1ia grega, per1itiu a cria'(o de no2os tipos de ri8ue9a e per1itiu o surgi1ento de u1a no2a classe de ricos 8ue agira1 decisi2a1ente na reorgani9a'(o política da polis. Ade1ais, /oi ela 8ue1 uni2ersali9ou o 2alor, criando u1a no'(o positi2a e a7strata desteM ela ro1pe co1 a no'(o de 2alor de uso, su7stituindo-a pelo 2alor de troca. Por /i1, Vernant tenta des2endar se o *er surge co1 a a7stra'(o 8ue a 1oeda apresentou no 8ue se di9 so7re o 2alor uni2ersali9ante. 6esco7re, por /i1, 8ue o *er n(o se desdo7ra da a7stra'(o do signo 1onet3rio. ? *er, especi/ica1ente e1 Par10nides, 4 no. Ele eclui a pluralidade e a 1udan'a e1 oposi'(o ao 1undo sensí2el. neste 1o1ento 8ue Par10nides ro1pe co1 a lógica de pensa1ento dos ;nios anunciando u1 no2o 1odo de perguntar+ de =Co1o e1erge do caos a orde1O> passa para =ue eiste de i1ut32el na nature9aO>. depois de Par10nides 8ue a /iloso/ia to1a o ru1o de e2itar as contradi'Des para construir unicidades atra24s de conceitos. Conclui-se assi1 8ue n(o h3 u1 =1ilagre grego>, pois dois tra'os ;3 indica2a1 o surgi1ento do logos+ por u1 lado a re;ei'(o da eplica'(o atra24s do so7renatural e por outro a eli1ina'(o da dicto1ia na procura de de/ini'Des uni2ersais. Assi1, a ra9(o grega se propDe a n(o eperi1entar, n(o se de7ru'ar so7re o sensí2elM ela per1ite agir de /or1a positi2a e 1etódica, se1 trans/or1ar a nature9a. Para al41 da o7ra tratada, de7ru'ando-se so7re a o7ra !o"ista de Plat(o, por ee1plo, 4 possí2el encontrar a ruptura destacada por Vernant e1 seu teto. Aparece na o7ra o car3ter uni2ersali9ante ao 8ual a /iloso/ia apontou 8uando se des2inculou do 1ito+ Plat(o procura, e1 sua o7ra, de/ini'Des uni2ersais, onde o *er 4 i1ut32el na 1udan'a. *eus di3logos est(o e1 Q17ito pH7lico e ;3 n(o s(o respondidos por s37ios atra24s do di2inoM seu o7;eto 4 8uestionado se1 a7ranger te1po e espa'o. Portanto, Vernant de1onstrou propriedade e consist0ncia 8uando
argu1enta a /a2or da derru7ada da tese do =1ilagre grego>. A di2is(o do capítulo e1 partes 1ostra a /or1a did3tica e interessante de apresentar sua argu1enta'(o 8ue se de1onstra /acil1ente o7ser2ando e co1parando o7ras produ9idas por gregos de /or1a 8ue se entende o 1o1ento eato e 8ue tipo de indaga'(o cindiu co1 o 1ito.
@I@I?5RAIA @IANC)I, Sl2aro. Jean Pierre Vernant, um helenista nas barricadas . 6isponí2el e1+ http+UUre2istacult.uol.co1.7rUho1eU!K$KUK#U;ean-pierre-2ernant-u1-helenista-nas-7arricadasU. Acesso e1 #K /e2. !K$B. VERNANT. ?s 5regos In2entara1 Tudo, Folha de São Paulo Online, #$ out. $""", Caderno GAI*W pp. B-X&. Entre2ista concedida < olha de *(o Paulo ?nline. 6isponí2el e1+ http+UUYYY.paulo1oreira.pro.7rU/ilesUos-gregos-in2entara1-tudoZ!K.pd/ . Acesso e1 K" de 1ai. !K$B.