Paraísos comunais: identidade e significado na sociedade em rede
Moacir Alves da Silva 1 CASTELLS, Manuel. O Poder da Identidade, vol. II. São Paulo: Paz E Terra. Ed., 6 edi!ão, 1""". Manuel Castells Oliv#n, soci$lo%o es&an'ol, nasceu e( " de )evereiro de 1"*+ e( ellin, Al-acete, Al-acete, cursou ireito e Ci/ncias Econ0(icas na niversidade de 2arcelona, &or3( interro(&eu seus estudos devido ao e45lio &ol5tico e( (aio de 1"6+ vindo a conclu5los no ano ano de 1"67 1"67 &ela &ela n niv iver ersi sida dade de de Pari Paris. s. 8 dout doutor or e( Soci Sociol olo% o%ia ia &ela &ela n niv iver ersi sida dade de Co(&lutense de Madri, outor de Estado e( Letras e Ci/ncias u(anas &ela niversidade de Paris, &ro)essor e(3rito da niversidade do Sul da Cali)$rnia, 2er9le dei4andoa de&ois de +1 anos &ara voltar ; 2arcelona e incor&orarse na niversidade O-erta de Cataluna <OC=. 8 u( dos &ensadores (ais in)luentes do (undo. Considerado o &rinci&al analista da era da in)or(a!ão e das sociedades conectadas e( rede, ele investi%a os e)eitos da in)or(a!ão so-re a econo(ia, a cultura e a sociedade e( %eral. Te( (ais de +7 livros &u-licados, entre eles, a )a(osa trilo%ia: >A era da in)or(a!ão: Econo(ia, Sociedade e Cultura? e >A %al#4ia da internet?, o-ras @ue &rocura( co(&reender as trans)or(a!es @ue as novas tecnolo%ias estão &roduzindo e( nossas vidas. O ca&5tulo ao @ual trata essa resen'a, >Para5sos co(unais: identidade e si%ni)icado na sociedade e( rede? )az &arte do livro >O POEB A IETIAE DOLME DOLME II? e( @ue o autor a&resenta seus ol'ares co( rela!ão a al%uns conceitos co(o ta(-3( suas an#lises de &rocessos )unda(entais )unda(entais &ara a constru!ão da identidade coletiva. coletiva. E( >Para5sos co(unais: identidade e si%ni)icado na sociedade e( rede?, o autor inicia a)ir(ando @ue a Identidade >3 a )onte de si%ni)icado e e4&eri/ncia de u( &ovo, co( -ase e( atri-utos culturais relacionados @ue &revalece( so-re outras )ontes?. Alerta ta(-3( @ue não se deve con)undila co( &a&3is, &ois estes deter(ina( )un!es en@uanto a identidade 3 a )ont )ontee de sent sentid idoo e e4&e e4&eri/ ri/nc ncia ia.. As iden identi tida dade dess são são cons constr tru5 u5da dass &or &or u( &roc &roces esso so de individualiza!ão, se%undo iddens, re@uerendo ser internalizados &ara tornarse tal. Serve co(o (at3ria &ri(a dessa constru!ão ele(entos )ornecido &ela 'ist$ria, %eo%ra)ia, -iolo%ia, institui!es &rodutivas e re&rodutivas, &ela (e($ria coletiva, &or )antasias &essoais, &elos a&aratos de &oder e revela!es de cun'o reli%ioso. O autor &ro&e u(a di)erencia!ão entre tr/s )or(as e ori%ens de constru!ão de identidades: Aluno es&ecial no Pro%ra(a de P$sradua!ão de Mestrado e( Educa!ão F LIA E PESGISA: MODIMETOS SOCIAIS, POLHTICA E ECAJO POPLAB <KMT=
1
Identidade le%iti(adora: introduzida &elos do(inantes &ara e4&andir e racionalizar sua do(ina!ão e( rela!ão aos atores sociais Identidade de resist/ncia: criada &or atores contr#rios a do(ina!ão atual, criando resist/ncias co( &rinc5&ios di)erentes ou o&ostos a sociedade e Identidade de &roeto: @uando os atores, usando a co(unica!ão, constroe( u(a nova identidade &ara rede)inir sua situa!ão na sociedade. Para Castells <1""", &, +N= >... @ue( constr$i a identidade coletiva, e &ara @u/ essa identidade 3 constru5da, são e( %rande (edida os deter(inantes do contedo si(-$lico dessa identidade, -e( co(o de seu si%ni)icado &ara a@ueles @ue co( ela se identi)ica( ou dela se e4clue(.? Para e4&licar essa constru!ão da identidade, Castells a)ir(a @ue u(a sociedade de resist/ncia &ode aca-ar co(o de &roeto ou at3 (es(o le%iti(adora, le%iti(ando sua do(ina!ão. Cada ti&o de identidade leva a resultados distintos: a identidade le%iti(adora da ori%e( a u(a sociedade civil, co( or%aniza!es e institui!es a de resist/ncia )or(a co(unidades de resist/ncia coletiva a al%u(a )or(a de o&ressão e as de &roeto &roduze( sueitos, atin%indo seu si%ni)icado &ela sua e4&eri/ncia. esta (aneira, as identidades, e( rela!ão a co(o )ora( constru5das, deve( ser vistas de&endentes do conte4to social. Essas ti&olo%ias, se%undo Castels, estão inseridas no sur%i(ento da sociedade e( rede, @ue tr#s a tona novas )or(as de trans)or(a!es sociais. ( dos ele(entos no &rocesso )unda(ental &ara a constru!ão da identidade coletiva, analisado &or Castells, est# o )unda(entalis(o reli%ioso tanto na versão isl(ica @uanto cristã. E( sua an#lise, o )unda(entalis(o isl(ico nada (ais 3 @ue u(a )orte identidade @ue desea @ue todos si%a( a vontade de Al#, seu deus. Esta identidade isl(ica 3 )eita &or o&osi!ão ao ca&italis(o, socialis(o e nacionalis(o, id3ias )racassadas na visão deles. A sua versão conte(&ornea 3 u(a rea!ão aos e)eitos ne%ativos da %lo-aliza!ão, relacionando a )alta de ca&acidade dos Estadosna!ão de se inte%rar as (assas ur-anas, e4&andindose &ara todas as &artes do (undo @ue tenta(, (es(o co( o autossacri)5cio, criar u( &ara5so co(unal &ara )i3is. Q# o )unda(entalis(o cristão -aseiase no n(ero de reco(&ensas @ue a%uarda o cristão @ue o-edece aos &rinc5&ios de eus, co(&e( u(a )a(5lia &atriarcal tradicional tendo co(o ini(i%os as )e(inistas e os 'o(osse4uais. 8 u( (ovi(ento voltado a constru!ão da
identidade social e &essoal. A causa (ais i(&ortante do )unda(entalis(o cristão nos anos R e " 3 a rea!ão contra o &atriarcalis(o, )ruto de (ovi(entos das (inorias &or eles discri(inadas. A )a(5lia &atriarcal a(ericana est# e( crise. Por essa razão @ue o )unda(entalis(o cristão dos EA est# )orte(ente (arcado &elas caracter5sticas culturais do &a5s, vendoo co(o u(a )or(a de solucionar os &ro-le(as. Prosse%uindo e( suas an#lises, Castells a&resenta u(a visão %eral so-re o nacionalis(o considerando dois &rocessos distintos, &or3( si%ni)icativos. A era da lo-aliza!ão e ta(-3( a era do sur%i(ento do nacionalis(o, (ani)estado &ela reconstru!ão da identidade nacional. E( caso de sucesso, ela 3 acol'ida &elo estadona!ão, disse(inando se &ela sociedade, (as este (odelo não se co(&ara ao da era &$s Bevolu!ão Krancesa. O nacionalis(o de 'oe te( )or(a &r$&ria, inde&endente da condi!ão de Estado, criando a no!ão de co(unidades i(a%inadas, -aseada e( )atores culturais, @ue unto co( etnia, reli%ião, idio(a e territ$rio )or(a( u( estado. Este 3 constru5do a &artir de a!ão e rea!ão, tanto &or &arte da elite @uanto &or &arte das (assas, re)azendo u(a identidade nacional coletiva. A )i( de e4&lorar a co(&le4idade da identidade nacional o autor )az u(a -reve an#lise so-re a ascensão e decad/ncia de u( Estado centralizado e (ultinacional @ue )oi a e4tinta nião Sovi3tica. O Estado sovi3tico era )or(ado &or 17 re&-licas )ederais, acrescentandose as re&-licas aut0no(as dentro das )ederais, territ$rios e distritos nativos aut0no(os. Cada u(a das re&-licas )ederais , -e( co(o as re&-licas aut0no(as inseridas nas re&-licas )ederais, estava )undada e( u( &rinc5&io territorial de nacionalidade. Os desta@ues &ara esse e&is$dio são @ue (es(o sendo u( estado &oderoso, a BSS não conse%uiu criar u( identidade nacional e (es(o de&ois de sete d3cadas )racassou nesta tentativa, o recon'eci(ento )or(al das identidades nacionais não )ez sucesso e( ter(os de inte%ra!ão das nacionalidades no siste(a sovi3tico e @ue as &rov5ncias da BSS, sozin'as, não conse%ue( (anter u(a esta-ilidade econ0(ica e a&$s a se&ara!ão &arado4al(ente e(er%e( Estadosna!ão &ara )azer valer suas identidades su&ri(idas, (as @ue se o&un'a( e( so-reviver e( u(a certa união. Assi(, durante essa an#lise, Castells a&resenta outro caso distinto @ue 3 a )or(a!ão e ressur%i(ento do nacionalis(o catalão. 8 u( caso &eculiar, &ois a Cataluna 3 u(a na!ão se( Estado, co( sua &r$&ria l5n%ua e costu(es, (as &ertencente ao estado es&an'ol. E( sua 'ist$ria, c'e%ou a ser u( i(&3rio so-erano, (as a&$s o acordo de união volunt#ria co( o reino de Castela )oi @uando a Cataluna dei4ou de ser u(a entidade &ol5tica so-erana, sendo e4clu5da de (uitos &rivil3%ios co(erciais e decaindo total(ente co( isso. Tentou u(a luta
&or sua autono(ia entre 17 e 11*, (as &erdeu a e co( isso &erdeu (ais direitos ainda. Seus &oderes econ0(icos e sociais se contraria( co( sua (ar%inalidade &ol5tica, (as (es(o assi( seu nacionalis(o se (anteve. A&esar da ditadura do eneral Kranco @ue re&ri(iu toda a cultura catalã os (es(os não (ostra( interesse e( se&ararse da Es&an'a, &elo contr#rio, -usca( u(a nova )or(a de Estado, (ostrando sua identidade catalã e res&eitando o Estado es&an'ol. Isso &arte ta(-3( da Es&an'a @ue a&$s todos os con)litos anteriores res&eita e li-era a identidade catalã. Tal inova!ão &arece ser u(a das (el'ores (aneiras de rela!ão de(ocr#tica. Por não -uscar u( Estado, (as si( &reservar sua na!ão, isso (ostra @ue os catalães são u( &ovo (uito li%ado as suas ori%ens e tradi!es co(erciais se( )ronteiras, o @ue caracteriza a era da in)or(a!ão. Essa an#lise &elos dois e4tre(os da Euro&a d# no!ão do novo si%ni)icado do nacionalis(o e( )ace da era da in)or(a!ão. 8 i(&rescind5vel a di)erencia!ão entre na!es e Estados
&r$&rio es&a!o, u( &rocesso de so-reviv/ncia coletiva de co(unidades de -ai4a renda e se não tivere( resultado de )or(a al%u(a, torna(se (ovi(entos #vidos &or destrui!ão. As co(unidades locais, @ue (onta( seu &r$&rio (ovi(ento, constitue( )ontes es&ec5)icas de identidade, @ue se de)ende( e( orde( %lo-al construindo não u( &ara5so, (as si( u( a-ri%o. Concluindo, o autor a&resenta u(a s5ntese das &rinci&ais lin'as de @uestiona(entos resultante do e4a(e de diversos &rocessos conte(&orneos de constru!ão de identidade co( -ase na resist/ncia co(unal. Para as &essoas e4clu5das ou resistentes ; individualiza!ão da identidade nas redes %lo-ais de ri@ueza e &oder, as co(unas culturais de cun'o reli%ioso, nacional ou territorial a&resenta( co(o alternativa &ara a constru!ão de si%ni)icados e( nossa sociedade. A etnia analisada não resulta na )or(a!ão de co(unas, e a constru!ão destas de&ende da cultura )ornecida &elo seu &assado. E( rela!ão ao )unda(entalis(o reli%ioso, nacionalis(o cultural e as co(unas territoriais, são rea!es de)ensivas, visando u(a rea!ão ; %lo-aliza!ão a )or(a!ão de redes e a )le4i-ilidade, @ue individualiza( as rela!es sociais e a crise da )a(5lia &atriarcal. Estas rea!es de)ensivas torna(se )ontes de si%ni)icado e identidade, construindo u(a nova cultura a &artir da 'ist$ria. Assi( sendo, essa )or(a de constru!ão de identidade %ira e( torno da identidade de resist/ncia, estando a le%iti(adora e( crise estrutural e a de &roeto %an'ando si%ni)icados dessas co(unas @ue @uere( a trans)or(a!ão social. A &ro&osta desse ca&5tulo 3 a de trazer u(a nova visão e u( novo si%ni)icado da &ol5tica de identidade na sociedade e( rede. A an#lise dos &rocessos, condi!es e resultados da trans)or(a!ão da resist/ncia co(unal e( sueitos trans)or(acionais 3 o terreno ideal &ara o desenvolvi(ento de u(a teoria de trans)or(a!ão social na era da in)or(a!ão.