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Entrevista
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LERÉAÚNICACURA QUETENHOPARATUDO.
PARA A DEPRESSÃO,
PARA A DOENÇA, PARA A ANGÚSTIA.
ENTREVISTA DE CARLOS VAZ MARQUES FOTOGRAFIA DE PEDRO LOUREIRO
Já está sentado à mesa quando chego, chego, à hora marcada.
Escolheu o Gambrinus, restaurante lisboeta onde é tratado como alguém da casa. Não precisa sequer de pedir. É o costume. Imagino-o durante tardes inteiras neste canto, em con versas com amigos de longa data. Imagino-o destilando a célebre acidez de quem já escr es crev eveu eu a re resp spei eito to de si pr próp ópri rioo te terr de desc scob ober erto to um di dia, a, pr prec ecis isam amen ente te nu num m al almo moço ço de dess sses es,, que os próprios amigos o consideram um «“terrorista” intelectual». Vasco Pulido Valente não poupa alguns dos nomes consagrados da cultura portuguesa mas, faça-se-lhe essa justiça,, também não se poupa a si próprio. Durante justiça Durante quat quatro ro horas falaremos de livros e de leitu lei tura ras. s. Af Afina inal,l, aq aqui uilo lo qu quee o ma mant ntém ém viv vivoo nu num m mu mundo ndo,, as assu sume me-o -o,, de qu quee já de deix ixou ou de go gost star ar..
Oqueéquefazcommaisfrequência:leroureler? Nuncafiz Nu ncafiz as co cont ntas as masposs maspossoo di dizer zer-lh -lhee qu quee re relei leioo mu muito ito.. Mai Maiss do qu quee ant anteri eriorm orment ente. e. Vem um liv livro ro no novo vo sob sobre re um ass assunt untoo qualquereeutendoalerdepoisoslivrosque,naqueledomínio, sãopar são paraa mim mimuma umaref referên erência. cia. Éentãoumleitormetódico. Metódic Met ódico? o? Não Nãoper perceb ceboo bem bemem em que quesent sentido. ido. Nosentidodeiràprocuradetudooqueserelacionecomalgoquelhe interessa intere ssanum numdete determinad rminadoo momen momento. to. Não. Nã o. Nã Nãoo souum lei leito torr met metód ódico ico.. Ex Excep cepto to no sen sentid tidoo em qu quee tenho ten hocin cinco co ou ouseisintere seisinteressesem ssesem que queest estou,normal ou,normalment mente, e,aa par dosgrandeslivrosquesepublicaramnessasáreas.Quandosai 32
algo denov alg denovo,rel o,relei eioo ascois ascoisasque asque játen játenhoem hoem ca casaa saa es esseres seres-peitoou, pe itoou, se o liv livro ro tr traz azsu suge gest stõesnova õesnovas, s,vo vou u at atrá ráss de delas las.. Éaissoquemeparecepoderchamar-se«umleitormetódico»:alguém quepeganumtemaeodesfialendoerelendotudooqueencontra a es esse seres respei peito. to. Eudesfio.Tendoadesfiareareler.Paraissoéquetenhoos livros livr os em casa casa.. Sen Senão ão dei deitav tava-osfora. a-osfora. Mesmoassim,imaginoqueterádedeitarforamuitoslivros,devez em qua quando ndo.. Deito.Nãoébemdeitarfora:dou.Masissosãolivrosqueestão complet comp letamen amente te for foraa das minh minhas as pre preocu ocupaç pações. ões.Livr Livros os sobr sobree assun ass unto toss ac acerc ercaa do doss qu quais ais nu nunc ncaa se serei rei ca capa pazz de me ed educ ucar ar.. [julho 2009] revista LER
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Entrevista
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ratu tura ra da Am Amér éric icaa La Lati tina na.. É um umaa Jos oséé Sa Sara rama maggo é um umaa de deri riva vaçã çãoo da lilitetera
prosa adm prosa admiss issív ível el nas nasCar Caraíb aíbas as ou num numpor portug tuguês uêsque quetiv tivess essee viv vivido idoaa vid vidaa int inteir eiraa nas nasCa Cara raíba íbas. s. Mass as Ma assi sim m nã nãoo fa fazz se sent ntid idoo ne nenh nhum um.. O Lo Lobo bo An Antu tune ness é um umes escr crit itor or.. Nã Nãoo me in inte tere ress ssaa na nada da,, ma mass
Portantosão Portanto são livr livros os perd perdidos idos,, comi comigo. go.É É melh melhor or dá-l dá-los os a out outras ras pessoas. Quee te Qu temassão massão es essescinc sescincoo ou se seis is em qu quee es está tá pe perma rmane nente nteme mente nte informadosobreaquiloquesepublica? Têm Tê m aum aument entado,com ado,com a idad idade. e.Alémda Alémda Hist Históriaportug óriaportugues uesaa des des-deoséculoXVIII–queagoraestouaestenderumbocadopara oséculoXVII–,leioomáximoquepossosobreonazismo. Dissehápoucotempo,aliás,quegostavadefazerumdiaumensaio histórico histór icosobre sobreHitler Hitler.. Procurotodaainformaçãopossívelefaçobuscas.Conseguiaté encont enc ontrarlivros rarlivrossob sobre reoo Hit Hitler lerqueforam queforampub publica licadosenqua dosenquanto nto eleeravivo.Livroshojeraríssimosequeparamimsãoumadespesa.Aliá pe sa.Aliás, s, de deix ixee-me me fa fazerum zerum ap apart arte: e: o Es Esta tado do nã nãoo me de deix ixaa descontar descont ar isso. Jádev Já devee tercartãode clie clientefiel ntefielda daAma Amazon zon.. Nãoo te Nã tenhoporq nhoporque ue nã nãoo so sou u do dogé géner neroo de dete terr ca cartõ rtões. es. Tambémachoquenãohátalcoisa.ÉnaAmazonquefazessaspesquisas? É.Háoutradecujonomejánãomelembroequetemumanúncio extr extraordi aordinário náriono no New NewYor York k Revi Review ew of Book Bookss.Diz:«O Prí PrínnDescart cartes. es.»» Depo Depois, is,em em bai baixo,esclar xo,esclarece:«Este ece:«Esteliv livro ronão não cipe, de Des existe exis temas masse sequi quiser serum umlivr livroo queexista queexistaaa ge gente nteenco encontr ntra-o. a-o.» Não seise ser serei ei um le leito itorr met metód ódicomas icomas cad cadaa liv livro ro qu quee le leio io tr traz az-me -me sugestõ sug estões es par paraa ler lerout outros. ros. Entre Ent reos os as assun suntos tospe perma rmanen nentespelosquaisse tespelosquaisse int intere eress ssaa ain ainda dacon con-tinuamaestarosevangelhos? Nãosãobemosevangelhos.Sãoasorigensdocristianismo.Éevidentee que dent queisso issoimpl implica icaum umconhe conhecime cimento ntodos dosevang evangelhos elhos,, senã senãoo nãoerauminteressesério.LeiomuitoaBíblia.TantooVelhocomo oNovoTestamento.Tentoleroslivrosclássicoseoquesevai acrescenta acres centando ndode de novo novo.. Essa Essaárea áreadas dasorig origens ens do cris cristiani tianismo smo implic imp licaa um umcer certo to con conhec hecime iment ntoo de deHis Histór tória,da ia,da dou doutr trinae inae teologiacristãseumcertoconhecimentodoImpérioRomano.Essa é outra das minhas áreas de interesse: o Império Romano. Emrelaçãoaestesinteressesnãovouestabelecerumaordemhierárquica–exceptonoqueéaminhaprofissão,aHistóriaportuguesa–masinteresso-metambémmuitopelonazismoepelaSegunda Guerra Mundial – o que não é a mesma coisa – e pelo fascismo,comoumapêndicedisso.OutraáreaaindaéaRevolução Francesa.Leiomuitoeprocuroestarapardoquevaisaindoaesse respeito.Aomesmotempoqueprocurodescobriroslivrosque foramosgrandesclássicosdainterpretaçãodaRevoluçãoFrancesa.. Pa sa Paralhedar ralhedardo doisexem isexempl plos:o os:o Mi Mich chel elete ete o Au Aular lard,quefoio d,quefoio gr gran an-dehistoriadorrepublicanodarevolução.Andavaháanoseanos a ten tentardesco tardescobri brirr o liv livro rodel dele. e.Con Conseg seguiui-oo e fiq fiqueimuit ueimuitoo sat satisf isfeit eito. o. ÉsóaHistóriaquelheinteressa? Não.. De mane Não maneira ira nenh nenhuma.Interes uma.Interessa-m sa-mee tam também bém a lite literat ratuura.. É ev ra evid iden enteque teque a gr grand andee li lite tera ratu turado rado fi fim m doImpé doImpéri rioo Ro Roma ma-34
no é o Sa Sant ntoo Ag Agost ostinh inho, o, não sã sãoo ro roman mances ces.. Ma Mass le leio io mu muit itos os romances. Continuaaserumleitorcompulsivodepoliciais? Não. Nã o. De há 15 15an anos os pa paracá, racá, co com m ra rara rass ex exce cepç pçõe ões, s, já le leio io mu muit itoo pouc po ucos ospo polic licia iais.E is.E as ex exce cepç pçõe õess nãotêm a ve verr co com m a qu qual alid idad adee do liv livro ro,, ma mass co com m o meu est estad adoo de esp espír írito ito.. Lei Leioo ro roman mance cess policiai poli ciaiss sobr sobretu etudo do qua quando ndoesto estou u mui muito to dep deprim rimido. ido. Noperíodoemquefoiumaespéciedeconsultorinformaldaeditora MariadaPiedadeFerreira,sugerindooslivrosquevaliaapenapublicar e os osqu quee nã nãoo er eram amsuf sufici icient entem ement entee bo bons nspa para raaa col colec ecçã çãoo depolic depoliciai iaiss daGótica da Gótica,, esta estava vanuma numades dessas sasfasesdepress fasesdepressivas? ivas? Naquela Naq uela alt altura ura não est estava ava tan tanto. to. Aind Aindaa est estava ava na tra transiç nsição ão de se serr ca capa pazz de le lerr aq aqui uilo lo – e at atéé deme di dive vert rtir ir–– pa para ra a mi minh nhaa situação situ ação de ago agora. ra. Ago Agora ra só leio roma romances nces pol policia iciais is qua quando ndo estou esto u mui muito, to,muit muito, o, mui muito to dep deprim rimido. ido. Háalgumarazãoparaisso? É ass assim im um umaa es espé péciede ciede nar narcót cótico ico.. É com comoo ve verr te tele levis visão.Séri ão.Séries es de tel televi evisão são,, porexem porexemplo plo.. Aqu Aquilonão ilonão me int intere eressa ssa.. Façoum esforço esf orçopor porrepr reprodu oduzir ziroo meu meuant antigo igo… … Longa [Longa pau pausa. sa.] Entusiasmo? Não é bem ent entusi usiasm asmo. o. Ant Antiga igamen mente,os te,os rom romanc ances es pol polici iciais ais tinhamavirtudedemepermitirpassarduasoutrêshorassem pensa pe nsarr em mi mim. m. Ho Hoje,aqui je,aquilo lo com começ eçaa a inc incom omod odarar-me me ao fi fim m de umas páginas. Sei logo, mais ou menos, como é que vai cont co ntin inua uarr e já jánã nãoo me mein inte tere ress ssa.Tal a.Talco como moas as sé séri ries esde dete tele levis visão ão mecomeçamaincomodaraofimdeunsminutos. Aborrece-se? Aborreço-me. Aborre ço-me.Aquil Aquiloo é mecâni mecânico co e não tem valor valorliter literário. ário.No No sentidoemquenãovamosdescobriralinadadeextraordinário sobre sob renósou nósou so sobr bree os osout outros ros.. Fo Fora raiss isso, o,eu eusem sempr pree li lilit liter erat atur ura. a. Maisficçãodoquepoesia? Sim,, em tem Sim tempo po de lei leitu tura ra.. Nã Nãoo se lê ta tantapoesi ntapoesiaa com comoo pr prosa osa.. Mas não é men menos os imp import ortant ante. e. Ult Ultima imamen mente te ten tenho ho fei feito to uma revisão revi são da mat matéria éria.. Napoesi Na poesia? a? Naliteraturaemgeral.Volteialeroslivrosquejátinhalidoede quegos que gostav tavaa mui muito. to.Uns Unscom comdes desilus ilusão, ão,out outros rossem semdesi desilus lusão. ão. Oqueéqueprevaleceu? Se que querr que quelhe lheseja sejasinc sincero,preval ero,prevaleceua eceua des desilus ilusão. ão. Amaioriadoslivrosqueomarcaramacaboupornãoestaragoraàalturadaquiloquetinhasidoaimportânciaquetiveramparasiquando osleupelaprimeiravez? Eu não nãogo gostoda stoda exp expres ressão são«q «que ue me mar marcar caram» am».. Fo Foramlivro ramlivross quee me de qu deslu slumb mbra rara ram m e qu quee já nã nãoo me de deslu slumb mbra ram m ag agor ora. a. Alguns Alg unsaind aindaa cont continua inuam m a des deslum lumbra brar-me r-me.. Dê-meumexemplodeumdesses? Ah,issohá Ah, issohá mui muitos.Certos tos.Certoslivr livros os do Bal Balzac zac.. Agoraacabadesairumanovaediçãode As Ilusõ Ilusões es Perd Perdidas idas . [julho 2009] revista LER
é um es escri crito torr. El Elee pu publi blica ca con const stan antem tement ente. e. Se ti tive vesse ssees escri crito to qu quat atro ro ou oucin cinco co li livr vros os ta talv lvez ez tiv tives esse se sidoo um gra sid grande ndeesc escrit ritor or.. Aq Aqui uilo loac acab abaa é po porr se serr um umaa pa past sta. a.É É co como moaa Ag Agus usti tina na.. É um umaa lilite tera ratu tura raqu quee acab ac abru runha nha,, se sem m ca camin minho ho.. Se Sem. m.....se sem.. m.... sem sem...... Eu Euia iadiz dizer eraa coi coisa sama mais isho horr rrív ível: el:sem semfo form rma. a.
porr ex exem emplo plo.. As Gran As Ilu Ilusõe sõess Per Perdid didas as, po Grandeza dezass e Misé Misérias riasdas das Cortesãs.Oslivrosqueeulianaminhaadolescência–oMauriac, o Bern riac, Bernanos anos… … Oscatóli Os católicos cosfranc franceses? eses? Católi Cat ólicos cosee não nãocat católi ólicos cos.. Ta També mbém m o Gir Giraud audoux oux,, o Sar Sartre tre… … des desiiludiram-me. ludir am-me.Não Não me parecer pareceram am suficie suficientement ntementee sólidos sólidos.. Oqueéquemudoumais:foramoslivrosoufoioVasco? É difí difícil cil diz dizer er.. Os livr livros os não mud mudaram aram,, evid evidente entement mente. e. Por Portantanto,afi to, afinal nalnão não é dif difícildizer ícildizer.. Porvezes,oslivrostambémmudamcomacircunstânciahistórica: certo ce rtoss liv livrosque rosque tê têm m umagran umagrande deimp import ortânc ância ianumcert numcertoo mom moment entoo acabamporsetransformarnoutracoisamaistarde. Ah,sim.E Ah, sim.E já ago agora, ra,par paraa não fic ficarmo armoss nest nestaa cois coisaa dos doscat católic ólicos os e do docat catolic olicismo ismo:: o Malr Malraux aux,, o Sai Saintnt-Exu Exupéry péry.. Na Naminh minhaa adol adolesescência cên ciaas as pes pessoa soass era eram m edu educad cadas as na lit litera eratur turaa fr franc ancesa esa.. Li pr praaticame tic amentetoda ntetoda a lit liter eratu atura ra fr franc ancesa esaqu quee se pu publi blicav cavaa naq naquel uelaa altura. OseuprimeirodesejodehorizonteintelectualfoiodeirparaParis. Nãofoi. Háumtextoseu,jáantigo,emquerefereodesejoadolescentedeir paraa Pari par Paris. s. [«C [«Comu omuniq niqueia ueia Rég Régio io a min minha ha int intenç ençãode ãode emi emigra grarr par para a Paris.Os Pa ris.Os art artist istas as à ép épocaemigr ocaemigrava avam m tod todos ospar para a Par Paris» is»,, in «O Medo Medo», », texto tex to inc incluí luído dono no liv livro ro Às ÀsAves Avessas sas, Ass Assírioe írioe Alv Alvim, im,pág pág.. 64. 64.] ] Deir a Paris Paris.. Não para Par Paris. is. Mes Mesmo mo os ame americ ricanos anos,, que eu naquela naqu ela alt altura ura li com gra grande nde entu entusias siasmo, mo, tam também bém hoje me parecem pare cem frá frágei geis: s: o Hemi Hemingwa ngway, y,oo Ste Steinbe inbeck, ck,oo Cald Caldwel well.l. Eram as co coisa isass qu quee se selia liam m na naqu quel elee te temp mpo. o.Ma Mas, s,po porr ex exem empl plo, o,oo Sc Scot ottt Fitzg Fit zger erald ald,, ho hoje jeem emdi diaa ai aind ndaa nãome pa pare rece cefr frág ágil.Rel il.Relii há hápo pouucotempoalgunslivrosdeleenãomeparecenadafrágil.Nãosei atéquepontoéqueistodependedemim.Depende,comcerteza. Tenhorelid Te nhorelidoo mu muit itos os liv livrosde rosde mem memóri órias as – se cal calharisto haristo é um umaa tendênc tend ência ia da épo época. ca.Gost Gostoo cad cadaa vez vezmais maisde de mem memória órias. s. Apesardejáterditoerepetidoquenãotemintençãodeescrever as sua suass pró própri prias asmem memória órias. s. Nãoo ten Nã tenho ho,, ag agor ora. a.Nã Nãoo se seii se te tere reii de depo pois. is. Querdizerqueafinalpõeahipótesededaquiaunstemposescrever umlivrodememórias? Nãoépôrahipótese.Seeutiverumavidasossegadaeisolada… Emborajátenhaumavidabastanteisoladahoje–tantoquanto posso pos so,, po porq rque ue ten tenho ho de ga ganh nhar ar a vid vida. a. Se eu ti tive vess ssee um umaa vid vidaa semgr sem grand andes es cont contact actos os com comoo ext exteri erior or,, tal talvezfosse vezfossecap capaz az de escrever crev er uma umass memó memórias rias.. Mas Massó só ness nessas as circ circuns unstânc tâncias. ias. Entãoassuassucessivasafirmaçõesdequenãoescreveriamemórias nãosãoumarelutânciadeprincípio. Não,, não Não nãotenh tenhoo uma umarelu relutânc tância ia de prin princíp cípio. io. Parece Par eceu-m u-mee em emdec declar laraçõ ações essua suass ant anteri eriore oress queera queeraumaquest umaquestão ãode de prin pr incíp cípio ioqu quee te teri riaa a ve verr co com m o fa fact ctoo denão en enco cont ntra rarr nasua vi vivê vênc ncia ia pessoalacção pes soalacçãosufi suficient cientee par paraa escr escreve everr umasmemória umasmemóriass inter interess essante antes. s. revista LER [julho 2009]
E não nãohá.Mas há.Mas as me memór móriaspode iaspodem m rep reprod roduz uzir ir um mu mund ndo. o. Há duas objecções que eu tenho contra as memórias. Uma é o «Eu u con conhec hecii o “A”,conhe ”,conheci ci o “B “B”. ”.»» Sãoepisó Sãoepisódio dioss name-droping : «E altamente altam entedesi desintere nteressant ssantes. es. Não Nãofaria farianunca nuncaumas umasmemór memórias ias dessas. dess as. Ta També mbém m não far faria ia uma umass memó memórias riasde de inco inconfid nfidênci ência: a: «O “A” dis dissese-me me ist isto.» o.»«Ac «Acont ontece eceu-m u-mee aqu aquilo ilo com a “B” “B”.» .» Ach Achoo quemem que memória óriass des dessas sasnão nãotêm têmgra grande ndeint interes eresse. se. Mesmoque«A»e«B»sejamfiguraspúblicascruciaisdeumadeteminadaépoca? Sobretudo se forem figuras públicas. Acho que as grandes memórias memó rias pod podem em envo envolve lverr fig figura urass púb pública licas, s, epis episódi ódios os com figura fig urass púb públic licas as e até atéepi episód sódios ios com alg alguma umarel relevâ evânci nciaa his histótórica.. No rica Nomeu meucaso caso,, esse essess epi episód sódios ios ser seriam iam pou poucos cos.. Julgueique Julg ueique ter teria iabas bastan tantes tes,, da dasuapass suapassage agem m pel pelaa pol políti ítica. ca. Não, Nã o,nãotenh nãotenho. o.De Derel relevâ evânci nciaa his histó tóric ricaa nãotenho nãotenho.. As Asmem memóri órias as podemenvolverepisódiosmasoqueumasboasmemóriassão é a re recri criaçã açãoo de um mu mund ndo. o. As pe pess ssoassó oassó se po pode dem m ex expl plica icarr dentr de ntroo do mu mund ndoo em qu quee nas nasce cera ram, m, fo fora ram m ed educ ucad adas,cres as,cres-cera ce ram m e ag agir iram am.. Pa Paraisso raisso,, al além ém detale detalent nto, o, qu quee eu nã nãoo se seii se tenho, tenh o,éé prec preciso isouma umagra grande ndeconc concentr entração açãono noesse essencia ncial.l.Ou Ouseja seja,, as pes pessoa soass per perceb cebere erem m que que,, par paraa que quem m lê,para lá da int intrig rigaa e da inc inconf onfid idên ência cia,, o fi fim m nob nobre re da dass mem memór órias ias é a rec recria riaçã çãoo de um ummu mund ndo. o. Seforsóinconfidênciaébisbilhotice. Mesmo Mes moqu quee nãoseja nãosejabi bisbi sbilho lhotic ticee é um umaa fo formainfe rmainferio riorr de dere recri criaaçãodomundo.Nãoécomoquempublicaascartasdatia:«Atia eraa ass er assim im e diz dizia ia-meisto -meisto e na naqu quel elaa ép épocaos ocaos val valore oress er eram am di dife fe-rente ren tes.»As s.»As gr grand andes es mem memóri órias as nãosão ass assim. im. Com Comoo cal calcul cula, a, o Tro Trotsk tskii não nãoand andou ou a con contar tartr trivi iviali alidad dades es par paraa mos mostr trar ar qu quee o mundoemquenasceueradiferentedomundoemquemorreu. Masnessecaso,avidadeletambémnãofoinadatrivial. A vida vidadele delenão não foi nada nadatriv trivial, ial,éé verd verdade. ade.Mas Mas há pess pessoas oas que tiveram tive ramvid vidas as triv triviaise iaise esc escreve reveram ramrom romance ancess ext extrao raordi rdinári nários. os. Oquesetrataésempredarecriaçãodeummundo.Éumaideia muitoo pró muit próxim ximaa da do doroma romance nceee port portantomuito antomuito dif difícilde ícilde faz fazer er.. Oromanceé,detudo,oquehádemaisdifícildefazer. Algumavezteveatentaçãodoromance? Tive a tentaç tentação ão mas descobr descobrii rapidamente que não tinha os meio meios. s. Glória correspondeaessatentaçãodeescreverumromance? Não. Glória é um umaa ten tenta tativ tivaa de pe perce rcebe berr umacult umacultur uraa com comoo ela seent se entend endia ia a si pró própri pria; a;comos comos seu seuss val valore ores, s,con confli flitose tose pr preco econnceit ce itos.Ou os.Ou se seja,com ja,com o mí mínim nimoo de int interv ervenç enção ão do au auto torr. Ni Niss sso, o, ohistoriadorficadoispassosatrásparadeixaroleitorvercomo é que queaqu aquela elagen gente te vivi vivia, a, pen pensav sava, a, agia agia.. Perguntei-lhesenãohaveriatambémnesseseulivroumatentaçãode romanceporqueháneleumaexuberâncianarrativaquenãoestamos habituadosa habit uadosa encon encontrar trarno no ensai ensaioo histór histórico. ico. 35
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Entrevista
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infin inita ita.. Co Com m cer certe teza za qu quee A bi bibl blio iogr graf afia ia pa pass ssiv ivaa do Eç Eçaa de Qu Quei eiró róss é inf encontrará dois livros, três artigos sobre o que quer que seja. Mas não está estabelecido na int inter erpr pret etaçã açãoo ort ortodo odoxa xado do Eç Eçaa qu quee ele ele,, a mei meioo da vi vida da,, esc escrev reveu eu do dois is ro roma mance ncess rel religi igios osos os qu quee
Não ach Não acho. o. Eu nu nunca ncafaç façoo ps psico icolog logia, ia,naq naquil uilo. o. Est Estou ou sem sempr pree do ladoo de for lad fora. a. Lim Limito ito-me -me a con contar taruma umahis histór tória. ia. É uma umahis histór tória ia melodramática,evidentemente. melodr amática,evidentemente. É nes nessesent sesentidoqueeu idoqueeu di digo goqu quee o liv livro ropa parti rticip cipaa dogéne dogénero rorom romane anesc sco. o. Participadoromanescoporduasrazões.Emprimeirolugarporquee é o qu qu quee rev revela ela mel melhor hor aq aquel uelaa esp espéci éciee de cu cultu ltura ra.. Dep Depois ois,, porque aquele episódio e aquela personagem geraram document cum entaçã açãoo queé mui muito to rar raroo enc encont ontrar rar;; que quenão não se enc encont ontra ra numaa vid num vidaa ban banal.Ningu al.Ninguém émse se int intere eressapelo ssapelo Sr Sr.. Sil Silva,que va,que pod podia ia teraquelasideiastodaseparticiparnaqueleshorrores…Eparticipav tici pava. a. Mas Masnão não mat matou ou a mul mulher her.. Porissoéque,paramuitosleitores,écapazdeserumlivroqueselê comuminteressemaisliteráriodoquehistórico. Eunão se seii co com m qu quee in inte tere ress ssee é qu quee aspes aspesso soasler asleram am.. A mi minh nhaa intenção inten çãofoi foirecon reconstitu stituir ir a cult cultura urasubsub-român romântica ticaque quedomin dominava ava Portug Por tugal al naq naquel uelaa alt altura ura.. Pa Parec receueu-me me um bom bompon ponto to de depart partida ida paraa a des par descriç crição ão e exp explica licação çãodes dessa sa cul cultur tura, a, sem semter terde de int intervi ervirr didact did actica icamen mente,dize te,dizendo ndo:: «“ «“A A” é ass assim im e dep depois“B” ois“B” e dep depois“C” ois“C” e dep depois“D”. ois“D”.». ». Pe Pela la acç acção,pelo ão,pelo qu quee ele eless di dizia ziam, m, qu quis is mos mostr trar ar emvezdeexplicar.UmadascoisasmásdaHistória,hojeemdia, équeaspessoastêmmuitomaistendênciaparacategorizar 36
e ex expl plic icar ar e an anal alisa isarr do doqu quee pa para ra na narr rrar ar.. Pa Paramim,a ramim,a Hi Hist stór ória ia é fun fundam dament entalme almente nteumanarrat umanarrativa.Todo iva.Todoss os osmeu meuss livr livros, os,tod todos os os meu meuss ens ensaio aioss his histór tórico icoss são nar narra rativ tivas. as. Ach Achoo a nar narra rativ tivaa muitoo mai muit maiss rev revela elador doraa do doquea quea cat categ egori orizaç zação ãoou ouaa exp explic licaçã ação. o. Foiessafaltadecaracterísticasdidácticasquemefezler Glória mais comoumromancedoquecomoumlivrodeHistória. Todaa To daa Hi Hist stór ória iaqu quee euescr euescrev evii – ex exce cept ptoo umlivr umlivroo qu quee fo foi,de i,de ce cert rtaa maneir man eira, a, uma umaimp imposi osição çãoaca académ démica ica–– é nar narrat rativa iva.. A His Histór tória, ia, para mim, é um género literário. Mais do que uma ciência. Claro Cla roquetem quetem umadiscip umadisciplin lina. a. Nis Nisso,difer so,diferee da lit litera eratur tura. a. Temdeterfactospordetrás. Tem Te m de deserveri serverifi ficá cável vel.. Ma Mass est estáá mai maiss pr próx óximade imade umanarr umanarrat ativa iva liter lit erár ária ia do doqu quee de um umaa ciê ciênci ncia. a. Quan Qu ando do di dizz qu quee o ro roma manc ncee é o ma mais is di difí fíci cill de tu tudo do,, qu quer er di dize zerr qu quee o col colocanum ocanum pla plano no sup superi erior orao aoda danar narra rativ tivaa his históri tórica? ca? Com cert certeza.Da eza.Da His Históri tóriaa ou da narr narrati ativa va hist históric óricaa ao gé género nero liter lit erár ário io rom roman ance ce va vaii um umpa passoenor ssoenorme:é me:é o pa pass ssoo de ima imagi ginar nar comosuc como sucede ederam ramas as cois coisas. as. Acriaçãodeummundo. Umoutromundo.Masnãoésóisso.HáumacoisaqueaIrène Némir Né mirovs ovsky ky diz diz.. A Irè Irène ne Né Némir mirovs ovsky ky é uma umajud judia ia qu quee o Hit Hitler ler [julho 2009] revista LER
indicam indic amqu quee te teve veum umgr grav avee pr probl oblem emaa re relig ligios ioso. o. O Man são, o, em emúl últi tima ma an anál álise ise,, Mandar darim im e A Rel Relíq íquia uia sã umaa de um decl clar araç ação ão de at ateí eísm smo. o. Se fo forr a qu qual alqu quer er bi biog ogra rafi fiaa ou en ensa saio io so sobr bree o Eç Eçaa nu nunc ncaa en enco cont ntra ra isso is so.. De Deve ve te terr si sido do o po port rtug uguê uêss ma mais is in inte teli lige gent ntee de dest stes es úl últi timo moss 20 2000 an anos os.. Ou ma mais is..
assassinouequequandoosnazisinvadiramaFrançacomeçou a esc escrev rever er um rom romanc ancee [A Sui Suite te Fra France ncesa sa , ed. Dom Quixote] sobre sob re a inv invasã asão. o. Elaquer Elaqueria ia esc escre reverum verum gr grand andee pai painelsobre nelsobre aque aq uela la ca catá tást stro rofe fe e nã nãoo ch cheg egou ou a ac acab abaro aro li livr vro,que o,que vi viri riaa a se serr publica pub licado docom comoo um umrom romanc ancee ina inacab cabado ado.. Fo Foii apa apanha nhada,em da,em 194 1942, 2, com co m os osbo bons nsof ofíci ícios osdo doss fr franc ances eses esqu quee ti tinha nham m reg regist istad adoo tod todos osos os judeus. jude us. Com esse esserecen recenseame seamento, nto,foi foi apanh apanhada ada e assas assassinad sinadaa emAuschwitz,semnuncatersequercorrigidooquetinhaescrito.Mastinha,então,umcaderninhoemqueiadeixandoumasreflexõ fl exões es sob sobre reoo rom romanc ancee his histór tórico ico.. Ne Nele,faz le,faz umaobserv umaobservaçã açãoo sobreo Gu Guerr erra a e Pa Paz z que,paramim,édecisiva:opoderdoromance doTolstóiéaprimeirapartedeumatrilogiaqueelenãoiriaacabar.. O To bar Tolst lstói óique queriaescre riaescreverum verum rom romanc ancee sob sobre reos osdez dezemb embris ris-taseo Gu quee ac acab abaa em mi mill oi oito toce cent ntos os e pi pico cos,1812 s,1812 Guer erra ra e Pa Paz z , qu se nãome eng engano ano,, dev devia ia ir iraté1820 até1820.. To Toda dass aqu aquela elass per person sonag agens ens teria te riam m um sen sentid tidoo dif difere erente nte.. O pod poder er da daqu quilo ilovemdo vemdo fac facto to de, apesardenãotersidoescrito,terumfuturoeterumpassado. O fac facto to de es esse se pa pass ssadoe adoe es esse se fut futuro uro não ser serem em exp explíci lícitos tos alt alter eraa a fo form rmaa co comoele moeleéé lilido do?? Alte Al tero rou u o po pode derr dorom doroman ance ce.. Aq Aque uelerom leroman anceerapar ceeraparaa vi virr detrá detrás, s, parateraquelecorpocentraleparacontinuaraté1820.Opoder revista LER [julho 2009]
daquilovemdeserumapartedotempo.Umaparteindeterminada.. Osrom da Osroman ance cess qu quee co come meça çam m nodia1 e ac acab abamno amno di diaa 30são fracos.Idealmente,umapessoadeviaescreverumromancecomo o Gue quenunc nuncaa verd verdadei adeirame ramente ntecome começass çassee e nunc nuncaa Guerrae rrae Paz : que verd ve rdade adeira iramen mente teaca acaba basse sse.. Qu Quee de deixa ixassetud ssetudoo em emsu susp spens enso. o. O Gue Guerrae rrae Paz éumadasobrasdoseucânone? éumadasobrasdoseucânone? Eu hes hesit itoo ta tant ntoo no me meu u cân cânone one!! Se est estabe abelec lecer er um cân cânone one,, tenho ten ho tan tantos,tantos tos,tantoslivr livros os par paraa pôr pôrnele nele… … Háalg Há algum umroma romanceportu nceportuguê guêss nes nesse seseuhipot seuhipotéti ético cocân cânone one?? Há,, comcert Há comcertez eza. a.O O Eçaquas Eçaquasee to todo do.. Alg Algun unss ro roman mancesdo cesdo Cam Camiilo.. O ún lo únicoroma icoromancedo ncedo Eç Eçaa de qu quee eu nu nuncacons ncaconseg egui ui go gost star ar,, porquenuncao por quenuncao con conseg segui uiper perceb ceber er,, é A Il Ilus ustr tree Cas Casa a de deRa Rami mire ress. Todo odoss os ou outr tros os liv livro ross de dele le eu co consi nsigo go pe perc rceb ebê-l ê-los. os. Me Mesmo smo os que quesão sãosemi semiapóc apócrif rifos. os.Àqu Àquele elenão nãooo cons consigoperceb igoperceber er.. Oqueéquelhefaltaperceber? Falta-me Fal ta-me perceb perceber er tudo. Nãoentendeopropósitodoromance? O pro propós pósito,a ito,a con constr struçã ução, o, as per persona sonage gens. ns. Par Paraa mim mim,, aqu aquele ele romance rom ance,, vist vistoo pel pelos os olho olhoss do doEça Eça,, não faz fazgra grande ndesent sentido. ido. Porque é que pôs de parte a ideia de fazer uma biografia de Eça de Queir Queirós? ós? 37
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Entrevista
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nãoo se ca candi ndida data taaa pr prime imeir iroo ten tenor or.. Vai pa para raoo Umaa pe Um pesssoa com uma voz oziinha nã
coro.. Nã coro Nãoo es esto tou u en enve verg rgon onha hado doda dami minh nhaa vo vozi zinh nha. a.É É um umaa bo boaa vo vozi zinh nha. a.O O qu quee me mees espa pant ntaa na nama maio io-riadaspessoasqueescrevemromancesemPortugaléquetêmumavozinhaejulgamquepodem
Porduasrazões.Estoupróximodofimdavidaenãomeapetece remastigar remastig ar Portug Portugal. al. Nãoéoquetemfeitopermanentemente? FaçoFa ço-oo mas em peq pequen uenas as dos doses.Não es.Não é aqu aquela ela coi coisa sa de diz dizer: er: «Vamosláveroqueéisto,outravez!» Esteseulivronovo, Por Portug tugal al–– Ens Ensaio aioss deHistó deHistóriae riae dePolít dePolítica ica nãooé também,umavezmais? É, mas não foi escrito agora. É uma coisa como fez o Gore Vidal.. Cheg Vidal Chegou ou a altu altura ra de dize dizer: r: «Olh «Olhem, em, isto são as coisa coisass que eu ac acho hoqu quee es escre crevi vi de derel releva evant ntee sob sobre re Po Portu rtuga gal.l.»» Nã Nãoo é a mes mes-ma coi coisa. sa. DisseDis se-me mequehavi quehaviaa dua duass raz razõesparater õesparater des desist istidoda idoda bio biogra grafiado fiado Eça deQueirós. Uma,onãoquererremastigaredepoisporqueachoque,tirando alg alguma umass cois coisas as esc escrita ritass pel peloo Edu Eduard ardoo Lour Lourenço enço,, tud tudoo o que se es escr crev eveu eu so sobr bree o Eç Eçaa é tã tãoo di disp spar arat atad adoo e fo fora ra de pr prop opós ósit ito, o, quemeintimideicomatarefadepôrascoisasnosítio. Masessee ar Masess argum gument entoo po podeservi deservirr ta tamb mbém émpa paradize radizerr qu quee se setud tudoo o qu quee seescreve seescre veuu é tã tãoo for foraa deprop depropósi ósito tohá háum umaa ra razã zãoo ad adici iciona onall pa paraescr raescreeveralgumacoisa,nãoparadeixardeescrever. Eudo Eu dou-l u-lhe he um umex exemp emplo lo.. A bib bibli liog ogra rafi fiaa pa pass ssivado ivado Eçade Qu Queieiróséé infi rós infinita nitae, e,port portant anto, o, com comcert certeza ezaque queenco encontr ntrará arádois doislivr livros, os, três tr ês art artig igos os so sobr bree o qu quee qu quer erqu quee sej seja. a.Ma Mass nãoestáesta nãoestáestabe bele lecicidonainterpretaçãoortodoxadoEçaqueele,ameiodavida,escreveu crev eu doisromanc doisromances es reli religios giosos os que queindi indicam camque quetev tevee um gra gra- vepro ve proble blema marel religi igioso oso.. O Mand Mandarim arim e A Rel Relíq íquia uia são,emúltima anális aná lise, e, umadecla umadeclaraç ração ãode de ate ateísm ísmo. o. Se Sefora fora qua qualqu lquer er bio biogr grafi afiaa doEçaouaqualquerensaiosobreoEçanuncaencontraisso. Sobret Sob retud udoo na aná anális lisee do pen pensam sament entoo del dele, e, ond ondee iss issoo de devia via ir – e ta tamb mbém ém nasbiog nasbiogra rafi fias as.. Do me meu u po pont ntoo de vi vist sta, a, aq aqui uilo lo é o pa pass ssoo do Eç Eçaa da dass vár vária iass vi visõ sões es re relig ligios iosas as qu quee el elee ti tinh nhaa an an-tes–edaéticadaconsciênciaqueusouatéaliequeusanoprincípio cíp io de Os Mai pessoa soass de devemser vemser hon honra radasporq dasporque ue são Maias as: as pes honra hon rada dass – pa para ra um umaa po posi sição ção de ab absol solut utoo at ateí eísm smo. o. Da Daíí não se perceber muito claramente, na versão ortodoxa sobre o Eça, Eç a, po porq rque ue é qu quee eleacab eleacabaa A Relí daquela uelaman maneira eira–– de Relíquia quia daq resto,muit res to,muitoo pa parec recidacom idacom o mod modoo com comoo aca acaba ba O Mand Mandarim arim. Termina dizendo que a natureza humana é perversa e que as pe pesso ssoas as nã nãoo se po pode dem m li livr vrar ar da suapróp suaprópriaperve riaperversi rsidad dade. e. Nofundo,éessaamoralde O Mand Mandarim arim. BastaaoprotagonistatocarumacampainhaparamataroMandarim elheextorquirasriquezas. Basta.Mas Bas ta.Mas mes mesmo mo qu quand andoo ele elese se ten tenta ta des desfaz fazer er dasrique dasriquezas zas,, as riq riquez uezas as pe perse rsegu guemem-no.Ele no.Ele não nãocon conseg segue ue vol volta tarr a sero homemsimplesque memsimp lesque er era. a. O qu quee aq aquil uiloo qu quer er di dizer zer,, no fu fundo ndo,, é qu quee elenão ele não con conseg segue ue liv livrar rar-se -seda da suaprópr suaprópria ia perv pervers ersida idade.Não de.Não é dasriquezasquenãoécapazdeselibertar.Aquilonãoéumcontolig to ligeir eiro, o,um umaa fá fábu bula.É la.É um umcon conto tofil filosó osófic fico. o.Ta Tall com comoo A Re Relí líqu quia ia 38
é a recusa da religião católica, inevitavelmente susceptível de ac acaba abarr em coi coisaslitú saslitúrg rgic icas as e de devo vota tas, s,qu quee el elee re recu cusa.E sa.E qu que, e, aliás,como ali ás,como bem dizo Ed Eduar uardo do Lou Louren renço, ço, são sub substi stitu tutos tos do sexo se xo.. O Ed Edua uard rdoo Lo Lour uren enço çore refe fere reis istoparao toparao Ra Rapo posã sãoo ma mass é as as-sim si m ta tant ntoo pa para ra o Ra Rapo posã são, o, co como mo pa para ra a Pa Patr troc ocín ínio io e pa para ra to toda da aquelagent aqu elagente. e. Elerecus Elerecusaa ess essaa rel religi igião,tal ão,tal com comoo rec recus usaa a di divin vin-dadee de dad deCri Cristo sto.. Te Tem m um umepi episód sódio io ter terrív rível el no nosonh sonhoo do doTe Teodor odorico: ico: quan qu andose dose es está tá a es esco colh lher er en entr tree o Cr Cris istoe toe o Ba Barr rrab abás ás,, es está tá um homem hom em ao pé do Te Teodo odoric ricoo a gri grita tarr «B «Barr arrabá abás! s! Bar Barra rabás bás!! Ba Barrrabás ra bás!» !» e o Te Teodo odoric ricoo pe perg rgunt unta: a: «M «Mas as po porq rque ue é qu quee voc vocêê est estáá contr con traa est estee hom homem? em?»» Ent Então,ele ão,ele exp explic lica-l a-lhe:«Eu he:«Eu viv vivoo aqu aquii per per-todeJerusalém,tenhoumaterramá,tenhocincofilhos(ouseis, jánãome já nãome lem lembrobem) brobem),, e só sócon consig sigoo su suste stenta ntarr aqu aquelafamí elafamíliafaliafazendo zen doun unss mod modelo eloss de depe pedr draa do dotem temploe ploe ve vende ndendo ndo-osaqui -osaqui;; vei veioo estegajo,oCristo,partiu-metudoeagoraaminhafamíliavaipassarfomeduranteoInverno.»OTeodoricometeamãonobolsoe dá-lhetodasasmoedasquetem.IstoimplicaqueCristonãoéomnisci nis cien ente teee qu quee o Teod eodor oric icoo é su supe peri rior or a el ele, e,co como moho home mem. m.De Deii-lheumexemplo,apenas.Olivroestácheiodeepisódiosdestes. Pode-sedizerqueestácheiodeheresias? Não.. Est Não Estáá che cheio io de neg negaçõe açõess da divi divinda ndade de de Cri Cristo. sto. O queparaa épo época caser seriampres iampressup supost ostos os her heréti éticos cos.. A her herétic éticaa é um des desvio vioda da fé. fé.Ele Elenão nãotem temfé. fé. Istoo vinh Ist vinhaa a prop propósit ósitoo de ter des desist istido ido de escr escreve everr uma biog biograf rafia ia do Eç Eçaa deQuei deQueirós rós.. Achei Ach ei quese tiv tivess essee men menos os 10 anos anos,, se pud pudesseler esseler tod todaa a int intererminável miná vel bibl bibliogr iografia afiadele dele,, proc procurar uraros os prec preceden edentes tes dist disto, o, valia a pen penaa neg negar araa ort ortodo odoxia xiaint interp erpret retati ativa va do doEça Eça.. Semuma inv invesestigação bibliográfica que me levava cinco ou seis anos – ou mais…Eistonãoéoúnicoponto.Seleraestaluz O Mand Mandarim arim ou a A Relíq doisdos dos gra grandes ndeslivr livros os del dele, e, conc concorda ordará rá que Relíquia uia, dois é dif difíci ícill inv invert erter er as id ideia eiass com comunssobreisso. unssobreisso.Já Jápar paraa não nãofal falar ar de Os Mai Maias as,queéumassuntoaindamaiscomplicado. OqueéquemaislheinteressanoEçadeQueirós:acapacidadedecriar ummundopróprioouacapacidadedeobservaçãodomundoemque viveu? Éamesmacoisa.Acapacidadedeobservarécapacidadedecriar. EucontinuoaleroEça.NãoháumanoemquenãoleiaoEçatodo. Todo?! Ouquasetodo.Douagoradebaratoqueestamosafalardeum grande gra ndeesc escrit ritor or.. Com Comoo diz dizia ia o meuamigo meuamigoJo João ão Bén Bénard ard:: «Umescritor crit or inad inadject jectivá ivável. vel.»» Par Partind tindoo des desse se pri princíp ncípio io de que quenão não se podedizerqueoEçaéumescritordequemnãosepodedizer quee é bo qu bom, m, ne nem m gr gran ande de,, in inad adje ject ctiv iváv ável el,, pa para ra o qu qual al nã nãoo há ad ad- jectivosapropr ject ivosapropriad iados, os,oo queme fazler o Eça Eçatod todos os os anos– e às vezes vez es maisde umavez por porano ano–– é a ext extrao raordi rdinár nária ia int intelig eligênc ência ia daquele daq uelehome homem. m.Deve Deveter tersido sidooo port portugu uguês ês mais maisinte intelig ligentedesentedestesúltimos200anos.Oumais.Aprovaéqueestálongedeser [julho 2009] revista LER
fazeros fazer os gr grand andes es pa papéi péis. s. Nã Nãoo pod podem em can canta tarr Ver erdi, di,nem nemW Wag agner ner.. Nã Nãoo pod podem em ser seroo Sie Siegfr gfried ied,, nem o Tan annh nhäu äuse serr. Nã Nãoo po pode dem m se serr o du duqu quee de deMâ Mânt ntua ua,, ne nem m o Ro Rodr drig igo. o.Nã Nãoo po pode dem m se serr a Tur uran ando dot.t.Nã Nãoo pode po dem m ca cant ntar argr gran ande deóp óper era. a.Sã Sãoo do door orfe feão ão.. Par araa es escr crev ever erum umro roma manc ncee um umaa vo vozi zinh nhaa nã nãoo ba bast sta. a.
perceb perc ebid ido. o. De ca cada da ve vezz qu quee o le leio io pe perc rceb eboo mai maiss um umaa co coisi isinh nhaa queme que me esca escapou pouna na últ última imaleit leitura ura.. Issoacont Isso aconteceece-lhe lhecom commais maisalgum algumautor autorportugu português? ês? Não. NemcomoCamilo? Não.. Cami Não Camilo lo tamb também ém leio leiomuit muito. o. Dev Devoo ser ser,, nest nestee mome momento,dos nto,dos portugu port ugueses eses que mai maiss lêem Cam Camilo. ilo. Leio mui muito to a lite literat ratura ura port po rtug ugue uesa sa:: o Eç Eçaa e o Ca Cami milo lo e va vari riad adís íssi simo moss ou outr tros os.. E at atéé a literat lite ratura uradita ditacont contempo emporâne rânea. a. Só que a lite literat ratura uraportu portugues guesaa contempo cont emporâne râneaa inter interessaessa-me me muit muitoo pouc pouco. o. Interessa Inter essa-lhe -lhepouco poucoee aindaassim lê-a? Rara Ra ramen mente te ch cheg egoo ao aofi fim. m.Dei Deixo xoaa mei meio. o. Qualfoioúltimolivroemquechegouaofim? O úl últim timoo liv livro roqu quee li liat atéé ao aofim fim,, de delit liter erat atur uraa por portu tugu guesacont esacontem em-porâ po rânea nea?? Pa Para ralh lhee sersinc sersincero ero,, est estee úl últim timoo li livrodo vrodo Mig Migue uell So Souusa Tava Tavares. res. O Ri Rio o daFlo daFlore res s –portertidoqueescreversobreele? Não. Nã o. Po Porqu rquee se arr arranj anjou ou aqu aquele ele sar sarilh ilhoo abs absurd urdo. o. Eu ach achoo que elee te el tem m to todo dooo dir direi eito to de deesc escre reve verr aq aque uele less liv livro ros. s. Mass le Ma leuu-oo at atéé aofim po porr in inte tere ress ssee ou oupo porq rquetinh uetinhaa deescr deescrev evero ero te texxtoquedepoissaiuno Público ? Da pr prime imeir iraa ve vezz lili-oo po porr cu curio riosid sidad adee at atéé ao fi fim. m. De re rest sto, o, li os doispor dois porcuri curiosid osidade ade.. Qua Quanto nto aos escr escritor itores es dito ditoss cons consagr agrados ados nãome não me int interes eressam samnad nada. a. Estáareferir-seaSaramago,porexemplo? Interes Int eressa-m sa-mee meno menoss do que o Mig Miguel uel Sou Sousa sa Ta Tavare vares. s. Por Porque que o Mi Migu guel el So Sous usaa Ta Tava vare res, s, ao me meno nos,é s,é gen enuí uíno no.. Tu Tudo do o qu quee se poss po ssaa diz dizer er de dele,eu le,eu di disse sse.. Ma Mass é ge genu nuín íno. o. O Sa Sara ramag magoo é um umaa derivaç der ivação ão da lite literat ratura urada da Amér América icaLati Latina. na.Mas Masele ele não nãonasc nasceu eu nass Ca na Cara raíb íbas!É as!É um umaa pe pena. na. Considera-oumsucedâneodaliteraturalatino-americanaemquesentido: tid o: pel pelaa com compon ponent entee de defan fantás tástic ticoo de dealg algunsdos unsdos roma romance ncess del dele? e? Sefo Se foss ssee pe pelo lo fa fant ntás ástic ticoo er eraa o me menos nos.. Eletemromancesmuitodistintos. É pel pelaa pr prosa osa.. Aqu Aquiloera iloera umapros umaprosaa ad admis missí sívelnas velnas Ca Caraí raíba bas. s. É adm admiss issíve ívell nasCaraí nasCaraíbasou basou numportu numportugu guês êsquetives quetivesse seviv vivido ido avidainteiranasCaraíbas.Masassimnãofazsentidonenhum. OfactodeeleterganhooPrémioNobelnãotemparasiimportância? Nenhu Ne nhuma. ma.Leiaa Leiaa list listaa dos dospré prémiosNobel. miosNobel. Quando Qua ndo dis disse se que queos os cons consagra agrados dosnão não lhe inte interes ressam samnadaestav nadaestavaa a in incl clui uirr norol ta tamb mbémo émo Lo LoboAntu boAntune nes? s? Seeletivesseescritosó…Secalharelenãopodeexpor-seassim. O Lo Lobo bo An Antu tune ness é um es escr crit itor or.. Nã Nãoo me in inte tere ress ssaa na nada da,, de devo vo dizer di zer,, masé um esc escrit ritor or.. Est Estou ou a pe pensa nsarr nu num m ou nou noutr troo liv livro ro dele. del e. Ele pub publica lica cons constant tanteme emente. nte. Se tive tivesse sse esc escrito rito qua quatro tro ou cinc cincoo livr livros os talv talvez ez tiv tivessesido essesido um gra grande ndeescr escritor itor.. Mas os livros que considera menos bons estragam aqueles a que reconhecevalor? revista LER [julho 2009]
Não ão.. Aq Aqui uilo lo ac acab abaa é po porr se serr um umaa pa past sta. a. É co como mo a Ag Agus usti tina na.. Éumapasta.Seeulheperguntarquaissão,parasi,asgrandes personagensdoLoboAntunesoudaAgustina,vocênãoécapaz de me res respon ponder der.. Se eu lheperg lhepergun untarquai tarquaiss sãoas gr grand andes es re re- velaç ve laçõesmora õesmorais isda daAg Agust ustinaou inaou do doLob Loboo Ant Antune unes, s,vo você cêtam também bém nãomediz. Masaa liter Mas literatur aturaa conte contemporâ mporânea… nea… [ Inter Ouas as gr grand andes es rev revelaç elações õesfil filosóf osóficas icas.. Bas Basta ta di Interro rompe mpend ndo o.] Ou zerfil zer filosó osófic ficas. as.Ou Ou mor morais ais.. Ou est estéti éticas cas.. Ou éti éticas cas.. O qu quee é que eudevoàAgustina?Nãolhedevonada.Ouumaparticularcompreen pr eensãoda sãoda soc socie ieda dade de em qu quee nó nóss viv vivem emos os?? Ta Tamb mbém ém aí nã nãoo lhedev lhe devoo nad nada. a. Por Portan tanto, to,aqu aquilo iloéé uma umalit litera eratur turaa que que,, por porassi assim m dizer diz er,, acab acabrunh runha. a. Não Nãoleva levaaa sít sítio io nenh nenhum. um.É É uma umalite literat ratura urasem sem camin ca minho.Sem…sem… ho.Sem…sem…se sem… m… Hesita [Hesitação çãodem demora orada da.]Euiadizer a cois coisaa maishorrív maishorrível: el:sem semfor forma. ma. Oqueéqueentendeporescreverbem? Nãopos Não posso so dar dar-lheuma -lheuma def definiç inição. ão. Masquand Mas quandoo pergu pergunta ntapela pelapers personage onagem… m… [ Inter .]Per Pergun gunteipela teipela per person sonag agem em mastambé mastambém m não Interrom rompe pend ndo o.] é ess essenc encial ial.. Pod Podee ser uma ref reflex lexão ão inq inquie uietan tante te sob sobre re mor moral, al, sobre sob re est estétic ética, a, sobr sobree éti ética. ca.Ta També mbém m não nãohá. há. Eoestilo? Nãoháestilo,hápertinência.Oestilo,paramim,éapertinência. Oestiloéuminstrumento:éadequadoounãoéadequado.Você nãoo va nã vaii fa faze zerr um umaa op oper eraç ação ãoaocére aocérebr broo co com m um umaa fa faca cadecozi decozinh nha. a. Masjápodecortarumdedocomumafacadecozinha.Oestiloé uminstru uminst rume ment ntoo qu quee o es escr crit itormuda ormuda.. A vo vozz é ou outr traa co coisa isa.. O es esti tilo lo doFlaubertno Sal Salamb ambô ô nãoéoestilodoFlaubertno Bou Bouvar vard d .OestilodoEça,porexemplon’ A e Pécuch Pécuchet et .OestilodoEça,porexemplon’ A Re Relí líqu quia ia,vaimudando.Ele do. Elevai vaiusa usando ndoinst instrum rument entos os dif diferen erentes.O tes.O sonh sonhoo do Te Teodoodorico ri conã nãoo é es escr crit itoo damesm damesmaa ma mane neir iraa doante doantess e dodep dodepoi ois.Pod s.Podee haverumaobradetalmaneiraregularemquesepossausaro mesmoestilo.Masoestiloéquefazaobra.Sevocêcomeçaraescrevercomo cre vercomo o Hem Heming ingwa wayy fazsubfazsub-Hem Heming ingwa wayy. Se com começa eçarr a faze fa zerr out outra racoi coisa sa qu qualq alque uerr – um umGa Gabr brielGarc ielGarcía ía Má Márq rque uezz – não faznadade esp especi ecial.Fazsub-G al.Fazsub-Garc arcía íaMár Márqu quez ezou ouout outra racoi coisa saqu qualalquerquelhepassarpelacabeça.Ousub-MilanKunderaousu sub bistoou su sub b-aquilo.Oestiloéuminstumentoparaoescritorfazer aqui aq uilo lo qu quee qu quer:par er:paraa fa faze zerr um umaa op oper eraç ação ão ao aocér céreb ebro roou ou pa para ra cortarumaunha.Avozéumacoisadiferente. NãoreconheceumavozpróprianaAgustina? Ah,isso Ah, issorec reconhe onheço. ço. OunoLoboAntunes. E reconheço uma voz própria no Lobo Antunes. Mas a voz nãoo ch nã cheg ega.Par a.Paraa lá ládavoz davozéé pr prec ecis isoo umdomí umdomíni nioo té técn cnic icoo qu quee el eles es nãotêm não têm.. Foiessareflexão–dequeavoznãochega–queofezpôrdeparte as suas suasambiç ambições õesliter literárias árias?? 39
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Um do doss me meus us gr gran ande dess pr praz azer eres es dosúltimosanosfoiler
Entrevista
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O Sol Solda dado do Sc Schwe hweik ik .
Descobri Desco briag agor oraa a tr trad aduç ução ão ing ingles lesa, a, qu quee é im impec pecáv ável. el.T Talv alvez ez ten tenha ham m sid sidoo dos dosmeu meuss di dias as ma mais is fel feliizes. ze s.Ri Ri-m -me, e, ri ri-m -me, e, ri ri-m -mee co com m aq aqui uilo lo.. Qu Quas asee nã nãoo co cons nseg egui uiaa do dorm rmir ir.. Par araa mi mim m – is isto tova vaii so soar ar corny,
Eu, mo Eu, mode dest stam amen ente te,, te tenh nhoo um umaa vo voz. z. Só qu quee é um umaa vo vozi zita ta.. Um Umaa vozi vo zita tach cheiade eiade lim limit ites es.. Dá Dápr prat atic icam amen ente tepa paraeu raeu ch cham amar arum umtá táxi xi.. Nãodáparamuitomais,percebe?Nãochegaterumavoz.Épreciso desenvolv desenvolvê-la, ê-la, expandiexpandi-la, la, diversif diversificá-la, icá-la, dobrá-la. dobrá-la.Todos Todos os gra grande ndess esc escrito ritores resfiz fizera eram m isso isso.. Emquemomentoéqueentendeuqueosseussonhosdeadolescência,deviraserromancista… Foramsósonhosdeadolescência. Emquemomentoéqueospôsdeparte? Quandodescobriquetinhaumavozitadeorfeãodeliceu.Tendosóumavozitanãopodiacantarópera.Nãopodiaaparecerao mundo mun doaa diz dizer:«Eu er:«Eu ag agor oraa voucanta voucantarr Verd erdii ou Wagn agner er.» .» Des Desaatava-se tav a-setud tudoo a rir rir.. Nãohánissoumexcessodeautolimitação? Não.Éumanoçãodoslimites. Numtextoqueescreveunosanos80diziaquefoinumjantarcomoJosé Régioquepôsdeparteassuasambiçõesliterárias. Issoera uma umahipé hipérbo rbole. le.Ache Acheii o gaj gajoo horr horríve ível.l. Masantesdeterjantadocomelenãooachavahorrível. Não. Nã o. A ge gent ntee tempaix tempaixõesde õesde ad adole olescê scênci ncia. a. Nã Nãoo go gost stei ei do doRég Régio io comopes como pessoa,naquel soa,naquelaa noit noite. e. Porter Por teruma umapose posegrand grandiloque iloquente? nte? Não. Nã o.O O Ré Régioera gioera umapess umapessoa oamu muitomode itomodesta sta.. Est Esteve eve-mea -mea exp explilicarquenãoprecisavadesairdoPaísporqueaquiencontrava tudo. tud o. Cont Contou-m ou-mee de um sapa sapateir teiroo de Por Portale talegre greque quetinh tinhaa sodomizad domi zadoo a filh filha. a. Por Portant tanto, o, diz dizia ia ele,todo o univ universoestava ersoestavaem em Portal Por talegr egre. e. Fiq Fiquei ueihor horrori rorizad zadoo com comest estaa ide ideia. ia.O O Uni Univer verso so tod todoo nãoestáemPortalegre. Aideiadequetodoouniversocabenumgrãodeareianãooseduz. Não.Assimsedesistedesabertudooquehánomundo.Tudo o qu quee – pe pelomeno lomenoss naEur naEurop opaa – o Ho Home mem m cr crio iou.O u.O Ma Masa sacc ccio io nãoest não estáá em Po Porta rtaleg legre.O re.O Fil Filipp ippoo Lip Lippi pinão nãoest estáá em Po Porta rtaleg legre. re. O Br Bron onzi zino no nã nãoo es está tá em Po Port rtal aleg egre re.. O Da Dant ntee nã nãoo es está tá em Po Porrtalegr tal egre. e.Tiv Tivee a per percep cepção çãoimed imediat iataa de queaquiloera uma umared reduuçãoabsurd çãoabsu rda. a. O qu quee nãoé de es espa panta ntarr no Po Portu rtuga gall de Sa Sala lazar zar.. EraaissoqueoSalazarnosqueriareduzir. ORégioeraumprodutodosalazarismo? Nãoeraumproduto,eraumavítima.Cuidadocomaspalavras. Todosaqueleshomensdageraçãoda Pr Pres esen ença ça,comodepoisos neo-realist neo-re alistas, as, fora foram m vítim vítimas. as. Não perc percebera eberam m que havi haviaa mais mundos mun dosno no mun mundo. do.Não Nãoos os dei deixar xaram. am. Comoéqueintuiuisso?PorquenaalturaemquejantoucomoRégio aindanão ain danão tin tinhavivid havividoo for foraa dePortu dePortugal gal,, ain aindanão danão tin tinha hatid tidoo exp experi eriênênciascosmop cias cosmopolitas olitas.. Não,mas Nã o,mas er eraa mu muit itoo no novo vo.. E nã nãoo qu quer eria iaes esta tarr pr pres eso.Já o.Já ti tinh nhaa li lido do o suf suficie iciente ntepar paraa per perceb ceber er que queaqu aquilo ilonão não era eraassi assim. m. Disse-me,noentanto,queaideiadeterpercebidonessejantarque nãopoderia nãopoder iaserroman serromancis cista taerauma erauma hip hipérb érbole ole.. 40
É umahipér umahipérbol bolee mas maspe perce rcebi bi rap rapida idamen mente te – mui muito tonov novoo – pelascons las constriç trições…Eu ões…Eu tiv tivee uma umaedu educaç cação ão comu comunist nista. a. Depo Depois, is,tiv tivee influên infl uências ciasque quevier vieram am de for fora. a. Sob Sobret retudo udodo do meu meuavô avôPul Pulido ido Valente, Va lente,que que me dav davaa livros livrospara paraler ler,, que discu discutia tia comig comigo. o. Era um hom homem em qu quee não se tin tinha ha de deixa ixado do pr prend ender er.. Aos set setent entaa e ta tall an anos os es esta tava va a le lerr o Ka Kafk fka. a. Issonosanos60? Anos50, aind ainda. a. Ele Elemorr morreu euem em 63.Porta 63.Portanto nto,, tiv tivee cois coisas as que queme me puxa pu xara ram m pa para ra fo fora ra.. Me Mesmoo smoo me meu u painão er eraa mu muit itoo rí rígi gido do,, embora embo ra foss fossee um pouc poucoo tra tradici dicional onalista istaem em mat matéria éria lite literár rária. ia. Pagava Pag ava-me -meos os livr livros, os,oo que queera erauma umacois coisaa fun fundam dament ental. al. Mandavavirlivrosdoestrangeiro? Não.Dava-medinheiroparaeuiràBuchholz.Aindaeraaopé doCon do Conde des. s. Li to toda daaa lit liter erat atur uraa fr franc ancesaque esaque est estav avaa em vog vogaa na minha min ha inf infânc ância.Só ia.Só com comece eceii a con conhec hecer er bema lit liter eratu atura ra ing inglelesa qua quando ndofui fuipar paraa Oxf Oxford ord.. Já Jácon conhec hecia ia uma umass coi coisas sasmas mas uma educaçã edu caçãoo na lit litera eratur turaa ingl inglesa esasó só a tiv tivee mais maistar tarde. de. Nuncaensaiounenhu Nuncaensaiou nenhuma ma tenta tentativa tivade deromanc romancee ness nessee perí período odoadole adolesscenteemqueseviacomocandidatoaescritor? Não. Epoesia? Aindaa meno Aind menos. s. Nãofezversosnaadolescência? Não.Tivesempreaideiadequeumdiahaveriadeescreverum romance.Até roma nce.Até perc percebe eberr que quenão nãooo pod podia ia escr escreve everr. Quenãopodiaouquenãoqueria? Nãopodia.Éoquelheestouadizer:aspessoasquesótêmuma vozinha voz inhanão nãose se cand candida idatam tamaa cant cantores oresde de ópe ópera. ra. Poder Pod eresc escrev rever er,, pod podia. ia.TTalv alvez eznão nãoest estive ivess ssee eraà alt alturadas uradas sua suass próprias expectativas. Umaa pe Um pesso ssoaa comuma voz vozinh inhaa nãose can candi dida data ta a pr prime imeiro iro tenor te nor.. Vai pa para ra o co coro.Tão ro.Tão si simp mple less co como mo is isso.Não so.Não ju julg lgue ue qu quee eu est estou ou env enverg ergonh onhadoda adoda min minha ha vo vozin zinha.Não ha.Não est estou ou.. É um umaa boavozinh boavozi nha. a. O qu quee me esp espant antaa na ma maior ioria ia da dass pe pesso ssoas as qu quee escrev esc revem em rom romanc ances es em Po Portu rtuga gall é qu quee têm uma voz vozinh inhaa e julgam julg am que podem fazer os grand grandes es papéis papéis.. Não podem fazer os grandes papéis. Não podem cantar Verdi, nem Wagner. Nãoo po Nã podem dem ser o Si Siegf egfrie ried, d, nem o Ta Tannh nnhäus äuser er.. Nã Nãoo pod podem em serr o du se duqu quee deMân deMântu tua,nem a,nem o Ro Rodr drig igo.Não o.Não po pode dem m se serr a Tu Tu-randot ran dot.. Não pod podem em can cantar tar gr grand andee ópe ópera.São ra.São do orf orfeão eão.. Não chegam cheg am par paraa aqui aquilo. lo. Issotemtudoavercomasexpectativascomqueseescreve. Nãome Não me ven venha ha com comoo adj adject ectivo ivo«ex «expec pectáv tável» el».. Não,quantoaissopodeficardescansado. É qu quee sóa ti tiro ro,, pe perc rceb ebe?As e?As ex expe pect ctat ativ ivasde asde ca cadaum daum sã sãoo asexpect pe ctat ativ ivas as de ca cada da um um.. Eu ta tamb mbém ém po poss ssoo te terr a ex expe pect ctat ativade ivade tropeçaralinummagnataeeledar-me10mileuros.Sãoexpectativas.Oproblemaéquenarealidadeomundoéomundo. [julho 2009] revista LER
sentim sent imen enta tal,l, ba bara rato to e nã nãoo te tem m na nada daqu quee ve verr co com m a mi minh nhaa vi vida da pe pess ssoa oall – os mo mome ment ntos os de le leit itur uraa sãoo as ún sã únic icas as oc ocas asiõ iões es em qu quee du dura rant ntee um umas as ho hora rass te tenh nhoo o se sent ntim imen ento to de vi vive verr nu num m mu mund ndoo de pe perf rfei eiçã ção. o.Nã Nãoo é só sóde depe perf rfei eiçã ção. o.De Depe perf rfei eiçã çãoo e de deex exal alta taçã ção. o.
AquihátemposoMiguelEstevesCardoso,aquemfizamesmapergunta,, re ta resp spon onde deuu-mequea mequea re regr graa é a dequecad dequecadaa umescr umescrev evee o qu quee po pode de,, nãooquequer,edepoiscabeaquemleravaliaroqueaquiloé? EugostoimensodoMiguelmaseleestá,aí,aelidirumacoisa fundamental.Équenãoéassim.Aspessoasescrevemoquepodemmasovalordaquiloqueescrevemnãodependedaopinião daspessoass quecompra daspessoa quecompram m os livr livros. os.Sen Senão ãooo maio maiorr roma romancis ncista ta domundoeraaqu domun doeraaquel elee ra rapa pazz – co comoé moé qu quee el elee secha sechama ma?? – qu quee escrev esc reveu eu a filh filhaa de Cri Cristo… sto… DanBrown. Sim.Asançãonãoéessa. Massóvaleapenaescreverseaquiloqueseescreveforumaobra-prima? Sóvaleapenaescreverquandosetemanoção…Nãoéseruma obra-pr obr a-prima imamas masquan quando doéé uma umacois coisaa bem bemfeit feita. a.Cons Conscien cienteme temenntebemfeita.Eupossoserumbomartesão,umbommembrodo
revista LER [julho 2009]
coro, uma coro, umaper persona sonage gem m sec secund undáriamas áriamas se faç façoo aqu aquilo iloque quefaç façoo comsegurançaecomaconsciênciadequeestouafazeruma coisabemfeita. Então En tão,, is isso soqu quer erdiz dizer erqu quee comuma voz vozinh inhaa ta talv lvez ezta també mbém m seposs sepossaa escreverumromancebemfeito,parausarasuaexpressão. Comavozinha…Vocêestáàvoltadomeuputativoromance.Um roman ro mance ce pr preci ecisa sa de ma mais is do qu quee um umaa voz vozinh inha. a. Pa Para ra esc escrev rever er um rom romance anceuma umavozi vozinha nhanão nãobast basta. a. O se seuu nov novoo liv livro ro co come meçacom çacom um umaa fr fras asee la lapi pida dar: r: «A mu muda danç nçaa ve veio io de for fora.»É a.»É umafraseque se seref refere ere,, no tex texto to em cau causa,ao sa,ao lib liber erali alissmo – apl aplicáicá-la-i la-iaa tam também bémaa resp respeit eitoo da dalite literat ratura uraport portugue uguesa? sa? Aplica Apl icava, va,com comcert certeza eza.. Nãoencon Não encontra tranada nadade deorigina originall na naliter literaturaportuguesa aturaportuguesa?? Não.. Enco Não Encontroadapta ntroadaptações ções,, com commais maisou oumeno menoss tale talento,e nto,e enco enconntroo um tr umaa pe pess ssoa oa qu quee ex exce cede deu u a ad adap apta taçã ção,que o,que fo foii o Eç Eça.E a.E em certos cert os rom romance ances, s, o Cami Camilo. lo. Nemvaleapena,então,perguntar-lheporqualquertraçodeoriginalidadeemrelaçãoàliteraturaportuguesacontemporânea. Eu go goste steii mui muito to do pri primei meiro ro rom romanc ancee da Cla Clara ra Pin Pinto to Cor Correi reia, a, o Adeu Mass de depo pois is aq aqui uilo lo nãose de desen senvo volv lveu eu.. El Elaa Adeus, s, Pri Princes ncesa a. Ma estámuit está muitoo disp dispersa. ersa.Pela Pelabiolo biologia, gia,pela pelacarre carreira ira unive universit rsitária, ária, etc.. Sup etc Suponho onhoquefoi quefoi por porissoque issoque aqu aquilo ilonão nãotev tevee cont continui inuidad dade. e. Escreveréum full time job. Exi Exige ge,, mes mesmo mo par paraa umavozin umavozinha ha comoeu, como eu,uma umaded dedicaç icação ão qua quase se abs absolut oluta. a. OVascotemessaobsessãomuitopresente? A obsessão da escrita e a da leitura, tenho. É o que eu faço. Exceptonoúltimoanoemquefuiumashorasàtelevisão.Apenas um umas as ho hora ras. s. E me mesmo smo iss issoo es está tá a int interf erfer erir ir um boc bocad ado. o. São uns circu circuitos itosdife diferent rentes. es. Estáaa gostardessa Está gostardessaexpe experiênci riênciaa telev televisiva isiva?? Nãolhevouresponderaisso. ConsideraConsid era-se se sobre sobretudo tudoum um histor historiador iadorou ou um escrit escritor? or? Sou um historiador narrativo e, portanto, um escritor. Um escritormenor escr itormenor.. Mesm Mesmoo den dentro troda da His Históri tória. a. No cas casoo por portug tuguês uês,, par paraa alé além m do Oli Olive veira ira Mar Martin tins, s, enc encont ontra ra mai maiss algum alg um esc escrito ritorr mai maior orda daHis Históri tória? a? Não.Mas,apes Nã o.Mas,apesar arde detu tudo do,, nã nãoo est estam amos ossoz sozinh inhos os no nomu mund ndo. o.Há Há maiss mu mai mundopara ndoparalá lá da His Histór tória ia po portu rtugu guesa esa.. Há o To Tocq cquev uevill ille, e, háoMichelet,háoTaine.Hámuitagente.HáoGibbon,para começar come çar.. Há gr grand andes es hist historia oriador dores es que quefor foram am gra grande ndess esc escriritores. tore s. Tam Também bémaí, aí,eu eu sou souuma umaper persona sonagemmenor gemmenor.. Sentequepassouaoladodealgumacoisa,quepodiatersidouma personagemmaior? person agemmaior? PoramordeDeus,issoéumaperguntaextraordinária.SeeufossecapadoericoépossívelquetivesseescritomelhorHistória. Capado,porquê? Paraa não Par nãotertido tertido dis distr tracç acções õescom commul mulher heres. es.Se Seeu eufos fosse secap capado ado ericoousefosseummonge.Secalhar,seilá… 41
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Entrevista
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Admi Ad mirrava vapr prof ofu und ndam ameent ntee Jos oséé Ca Card rdos osoo Pir irees. Eraumapessoade
grandecor grande corag agem em e de gr grand andee int integr egrida idade. de.Nã Nãoo er eraa il mig miglio liore re fab fabbro bro maseraum fa fabb bbro ro.Foimuito gener ge neroso osocom comig igo. o. Ens Ensino inou-m u-mee a ser serum umhom homenz enzinh inho, o, a ser serres respon ponsá sável velpor poraq aquil uiloo qu quee esc escrev revia. ia.
Pergunto-lheistoporjáoterouvidodizermaisdoqueumavezque, escrev esc revend endoo sob sobre reHis Histór tória iapor portug tugues uesaa e sen sendo doPor Portuga tugall um umpaí paíss per periiférico fér ico,, nãopoder nãopoderia iaterescrit terescritoo sob sobre recoi coisasdecis sasdecisiva ivas. s. Issoéaoutrafacedamoeda. Eraa a es Er essafaceda safacedamoe moedaque daquemerefe mereferiaao riaaope pergu rgunt ntar ar-lh -lhee sesent sesentee qu quee poderiateridomaislongesetivessetidoàsuadisposiçãoumtema maisrelevante,emtermoshistóricos. Primeira Prim eiracois coisa: a: par paraa escr escreverHistór everHistória ia da Eur Europa opaeu eu prec precisa isava va desab de saber erlín língu guas asqu quee nãome ens ensina inara ram. m.Os Osgr grand andes es his histor toriad iadooresda res da Eu Europ ropaa sab sabem em ale alemão mão,, ing inglês lês,, ita italia liano… no…Eu Eulei leioo ita italia liano no com co m umdic umdicio ioná nári rioo ma mass nã nãoo é a me mesm smaa co cois isa.Muit a.Muitos os de dele less sa sa-bemrus bem russo so ou pol polaco aco,, sab sabem em uma umalín línguaeslav guaeslava. a. Sab Sabem em mui muito to maisdeeconomiadoqueeusei.Tiveramumtreinoemeconomiaqu mia quee eu nãotive nãotive.. Po Porr mu muitoque itoque as fa famíl míliascompe iascompensa nsasse ssem m o sal salaza azaris rismo,e mo,e os meu meuss pai paiss com compe pensa nsaram ram,, não nãosub subst stitu ituía íam m uma univer universidade sidadedecente decente.. O salaz salazarismo arismofez fezestra estragos. gos. Naminhaa ge Naminh gera raçãofez çãofezgr grand andes eses estr trag agos osee nã nãoo seise nãocont nãocontinu inuaa a fa fazernest zernesta. a.Um Umbomhist bomhistori oriad ador or,, ho hoje,devesabe je,devesaberr cin cinco coou ousei seiss línguas.UmhistoriadorcapazdeirparaalémdaHistóriade Portug Por tugal, al,queé queé uma umapro provín víncia ciada da Eur Europa opa.. Pre Precisamesmo. cisamesmo. Normalmenteéissoqueaconteceouessessãooscasosexcepcionais? Os gra grande ndess hist historia oriadore doress cont contempo emporân râneos eossabe sabem m essa essass líng línguas uas todas. tod as.Est Estão ão à vont vontade ade ness nessas as líng línguas uastod todas. as.Muit Muitos os del deles es tam tam-bémsab bém sabem em gre grego go.. Fo Fora ra ter terem em umaprepa umapreparaç ração ãoeco económ nómica icaque que eu não nãoten tenho.Eu ho.Eu pos posso so fan fantas tasiar iarqu quee se tiv tivess essee fic ficadoem adoem Ing Inglalaterr te rraa tin tinha ha ap apre rend ndid idoo iss issoo tu tudo do.. O fa fact ctoo é qu quee nã nãoo ap apre rend ndi.i. EporqueéquenãoficouemInglaterra? Não fiq fiquei uei e não apr aprendi endi.. Por Portant tanto, o, as minh minhas as poss possibil ibilidad idades es estãoo limit estã limitadas adas.. Fo Foramram-me me limit limitadas adaspela pelauniv universi ersidade dadeport portuuguesa.Euatétiveasortedenascernumafamília… Well-off. intelectu ectual al. Queachav Queachavaa qu quee eu dev devia ia fal falar ar fr franc ancês ês Well-off e intel
e in ingl glêse êse mepôs a fa fala larr in ingl glêse êse fr fran ancê cêss at atéé ao aoss 20ano 20anos.Mas s.Mas devi de viaa te terr-me me po post stoo a fa fala larr al alem emão ãoee ru russ ssoo e nã nãoo pô pôs. s. De Devi viaa-me me terensinadoeconomiaeachouqueeradesnecessário.Aminha famíli fam íliaa não é cul culpad padaa dis disso. so. A min minha ha fam famíli íliaa não faz fazia ia cur currírículosde culos de historia historiador dor.. Tamb ambém émnãoera nãoera evi eviden dente tequequise quequisess ssee vira serhisto serhistoria riador dor.. Desdemuitocedofoioquequis. Antestinhaqueridoserromancista,primeiro,ecineasta,depois. Sim.. Masisso for Sim foram am coi coisasque sasque du durar raram am mes meses.Os es.Os meu meuss pa pais is é qu quee não nãosab sabiam iamqu quee ia sai sairr dal dalii um his histor toriad iador or.. Ne Nem m tin tinham ham obriga obr igação çãonen nenhu huma ma de sab saber er.. Qua Quando ndoche chegu guei ei a Oxf Oxfordé ordé qu quee percebi per cebiaa ext extensã ensãoo ate aterror rrorizan izante te da minh minhaa igno ignorân rância. cia. Issoangustiou-o? Nãoo seise me ang Nã angust ustiou iou.. Eu ia par paraa cas casa, a, com compr prav avaa os liv livros ros e lia lia,, lia lia,, lia lia.. Ia Iaest estud udar ar.. A pr prin incí cípioaqui pioaquilo lofo foii um umch choq oque ue.. 42
Houve algum momento em que lhe tenha passado pela cabeça desistir? Não. Nã o.At Atéé po porq rque ue nã nãoo ti tinhaoutr nhaoutraa saí saída da.. O qu quee é qu quee eu ia fa fazer zer?? Dizerr à Gul Dize Gulbenk benkian ianque queest estava avamal malpre prepar parado adopar paraa aqu aquilo? ilo?Ne Nem m pensar pens ar.. Tra Trabal balhei heicomo comoum um cão.E não nãofiq fiquei ueibem bempre prepar parado. ado. Mesmoassim,étalvezumadaspessoasmaisbempreparadasdasua geração. O qu quee nãoquer diz dizer er mu muito ito.. Eu Eutiv tivee umaforma umaformaçãomuito çãomuitode defificiente cie nte.. Ha Havia viaum um pr profe ofesso ssorr de ma matem temáti ática ca qu quee da dava va as aul aulas as e quee no fimdas au qu aulas las,, qu quand andoo um alu aluno no lev levant antav avaa o br braçocom açocom umadúv uma dúvida,respond ida,respondia: ia:«Eu «Eunão não dou encores.»Eeutiveprofessores sor es na Facu aculd ldad adee de Let Letra rass qu quee er eram,purae am,purae sim simpl plesm esment ente, e, analfab anal fabetos etos.. Não Nãosab sabiam iam nad nadaa de cois coisaa nenh nenhuma uma.. Comoéqueserelacionahojecomotempoemquevive? [ Silênc Silêncio io lon longo go.] Aquiháunstemposdiziaquenãoqueriatermais20anosdisto. Não,, não Não nãoque quero. ro.Nemdez, Nemdez, qua quanto ntomaisvinte. maisvinte. Pornãogostardomundoemquevive? Destee mun Dest mundo doque queexis existe te ago agora? ra?Não Não.. Poroacharpiordoqueaqueleemqueviveuasuajuventude? Não. Nã o. Vou di dizer zer-lh -lhee um umaa coi coisa sa qu quee me vai pô pôrr de ra rast stos os pa para ra toda to dass as aspe pess ssoa oass ma mais isno nova vass doque eu eu.. Euuso umcomp umcomput utad ador or e es escre crevo vo no com compu puta tado dorr e tu tudo do iss issoo massou um umaa pe pesso ssoaa da palavra pala vra escri escrita. ta. As minha minhass princ principais ipais font fontes es de alime alimentaçã ntaçãoo intele int electu ctual al con contin tinuam uamaa vir da pal palavr avraa esc escrit rita. a. Um boc bocadi adinho nho do cin cinema ema,, tam também bém.. Nã Nãoo da datel televi evisão são.. Masdo cin cinema– ema– pou pouco, co, muito mui to po pouco uco.. Há mui muito to pou poucosautor cosautores es de cin cinemaque emaque eu estime. Embora ache que estime os mais estimáveis: o Ford, o Ha Hawk wks,o s,o Cu Cuko korr. Tu Tudogen dogentedos tedos an anos os 40e 50 50.. Todosamericanos? Todos americanos? Quas Qu asee to todo dos. s. Há um fr fran ancê cêss ou ou outr tro, o, en enfi fim. m. Ma Mass pa para ra mi mim m a fon fonte tepri princi ncipalconti palcontinuaa nuaa sera pal palavr avraa esc escrit rita. a.Os Osmeu meuss gr granandesprazeresvêmdaleitura.Leréaúnicacuraqueeutenhopara tudo.Paraadepressão,paraadoença,paraaangústia.Éaúnica coisaquemetiradomundo.Dosmeusgrandesprazeresdos últimosanos,talvezomaiortenhasidoler O Sold Soldado adoSch Schwei weik k . Nuncaotinhalido? Tinha, Tinh a, mas masnum numaa tra traduç dução ãorel reles. es.Des Descob cobri ri ag agoraa oraa tr tradu adução çãoininglesa,queéimpecável.Talveztenhamsidodosmeusdiasmais felizes fel izes.. RiRi-me, me,ri-m ri-me, e,riri-me me com comaqu aquilo.Quase ilo.Quasenão nãocon conseg seguia uiador dor-mir.. Dor mir Dormi miaa um umas asho hora rass pa paravolt ravoltar arpa paraaqui raaquilo.Par lo.Paraa mi mim m – is isto to vaisoa vai soarr corny,sentimental,baratoenãotemnadaquevercom a min minha ha vid vidaa pes pessoa soall – os mom moment entos os de lei leitu tura ra sãoas ún única icass ocasiõ oca siões es em qu quee du dura rante nte uma umass hor horas as ten tenho ho o sen sentim timent entoo de viver num mundo mundode de perfe perfeição. ição. Não é só de perfei perfeição. ção. De perfeição feiç ão e de exa exaltaç ltação. ão. QuerdizerquenãoésónosclássicosdaAntiguidadequeencontraessa exaltação. [julho 2009] revista LER
Oqueeunãoera.Escreviaoquemevinhaàcabeça.Depois,háoutrapessoaquefoimuitoinfluenteemmim:oJoãoBénarddaCosta.Adquirideleouatravésdeleaideiadequenãosepodesaber asco as cois isas asma mais isou oume meno noss e qu quee nã nãoo há hása sabe berr qu quee ch cheg egue ue.. Ap Apre rend nder eréé um umaa al aleg egri riaa e um umpr praz azer er..
Também.Lia Odisseia naversãodoFredericoLourençoefuncionounamesma.Outrodosgrandesprazeresquetivenosúltimos anos,nãotãoforte,foileroTácito,quenãopercebocomodeixou deseler.Porissolhedigo:souumapessoaforademoda.OTácito, para pa ra mim mim,, foiuma des descob cobert erta. a. É um hom homem em de um umaa mod moderernidadeincom nid adeincompar paráv ável.Não el.Não é umavozin umavozinha.É ha.É umagran umagrande devoz voz.. Tudoissoquerdizerquesesentedeslocadodoseutempo? Não.Euachoqueestetempotemagrandevantagemdeaspessoaspoderemler,aomesmotempo,oTácitoeO Solda Soldado doSchwe Schweik ik , depod de podere erem m ter terace acesso ssoàà Int Intern ernet etee man mandar darem em vir viros os doc docume umenntosmaisabstrusos. Sepud Se pudes esse seesc escolhe olherr viv viver ernou noutrotempo,viver trotempo,viveria iaape apesarde sarde tud tudoo est este? e? Ah, com certe certeza. za. Por Poramor amor de Deus Deus.. Diz-s Diz-see muit muitoo mal da ger geraaçãode70masadécadade70foiadainauguraçãodaliberdade. Depois, Dep ois,os os anos anos80 80 for foram am os da inau inaugur guração açãoda da univ universa ersalid lidade ade doespírito.Aspessoas–comaNet,comaAmazon–podemsabertudo o quequise quequiserem rem.. Iss Issoo é uma umacoi coisa sa inc incomp ompará arável velpar paraa umaa pes um pessoa soa qu quee viv viveu eu num numaa coi coisa sa est estrei reitin tinha, ha,qu quee se lim limita itava va aoChiado,àRuadoCarmo.Issoparamiméummilagrequeaos 17ou18anosnuncaimagineiquepudessealgumavezsuceder na minh minhaa vid vida. a. FoinessaidadequeconheceuJoséRégio,naquelejantardequejá falámos.Nãogostoudelemas,deentreosescritoresqueconheceu pesso pe ssoalm alment ente, e,hou houvealgum vealgumquetive quetivesseficad sseficadoo na nasuamemór suamemória iacom comoo umafiguraimportante uma figuraimportante?? Houveum,oJoséCardosoPires.Umhomemdequemeraamigo.Admirava-o go.Admira va-oprof profunda undament mente. e.Esta Estass pala palavrasdevem vrasdevem ser serdita ditas, s, apes ap esar arde dejá játe tere rem m si sido dodi dita tass e re redi dita tas: s:er eraa um umaa pe pess ssoa oadegran degran-de cor corag agem,de em,de gr grand andee int integr egrida idade de e eraum fabbro.Nãoera Ensi sino nouu-me me is isso so.. Qu Quee a il mig miglior lioree fabb fabbro ro maseraum fabb fabbro ro. En gent ge ntee tin tinha ha de fa faze zerr aq aquil uiloo o mel melho horr qu quee pu pude desse sse.. Ti Tinhaque nhaque ir verdua ver duass vez vezes, es,trê trêss veze vezes, s, qua quatro troveze vezes, s, mil milvez vezes, es,se se foss fossee pre pre-ciso.Fazeraquiloqueháafazeromaisperfeitoqueforpossível. Elefoimuitogenerosocomigo.OZéCardosoPiresensinou-me aserumhomenzinho. Entãofoiumensinamentoquevaiparaládaescrita. Não. Nã o. Na esc escrit rita. a. Ens Ensino inou-m u-mee a ser res respon ponsáv sável el por poraqu aquilo ilo qu quee escrevia.Oqueeunãoera.Escreviaoquemevinhaàcabeça. Isson’OTempoeoModo . N’O Alma Almanaq naque ue enosanosqueselheseguiram.N’ O Alm Almana ana-que eu via-o pouco. Depois, há outra pessoa que foi muito influ inf luent entee em mim mim,, qu quee foi o Jo João ão Bén Bénard ard,, qu quee mor morreuagor reuagora. a. Adquirii dele ou atra Adquir através vés dele a ideia de que não se pode saber as co cois isas as ma mais is ou me meno nos. s. Tem de se sa sabe berr me mesm smo. o. Se é az azul ul,, se é cor cor-de -de-ro -rosa sa (eupor aca acaso so soudalt soudaltóni ónico) co).. Is Isso so é a pr prime imeir iraa cois co isa. a. A se segu gund ndaa é qu quee nã nãoo há sa sabe berr qu quee ch cheg egue ue.. As pe pess ssoa oass nunc nu ncaa po pode dem m en enco cost star ar-s -see e di dize zer:«O r:«O qu quee eujá se seii já jámedá. medá.»» Pr Priimeiro me iro,, po porq rque ueap apren rende derr é um umaa al aleg egriae riae é um umpr praz azer er.. revista LER [julho 2009]
Aprendeumaisnaleituraounocontactohumanocompessoascomo essas? Aprend Apr endii mui muito tono no con contac tacto tohum humano ano.. Mastambé Mastambém m aí dev devoo rec recoonhecer nhe cerque queapr aprend endii mui muito to no con contac tacto to com compes pessoa soass par paraa que quem m osabernãoerasupérfluo.Semvirtudenenhumadaminhaparte.Eramaspessoasdequemeugostava.Émuitodifícilparauma pessoacomaminhacabeçavivercompessoasdesinteressadas. Oqueéquediriaqueéasuacabeça? Éumacabeçacuriosa.Curiosanãonopequenosentidodotermo:: desab mo desabero ero qu quee fa fazz a D. Id Idál ália ia.. É um umaa ca cabe beça ça ex exci cita tadapel dapelas as coisasqueeunãosei. Continuaaserassim? Atéé ago At agora. ra. Mesmonãogostandodotempoemquevivemos. Sabeporqueéquenãogostodotempoemquevivo?Éporque hátanto trash! Issoéumaparticularidadedestetempo? É. Em pro propor porção ção,, é. Se Sempr mpree hou houve ve trash,écerto.Sabeoque estáá esc est escrit ritoo num numaa par paredede edede Pom Pompei peia? a? «Se «Sextu xtuss não nãosei seiquêdeu quêdeu aqui aq uium umaa gr gran andefod defoda. a.»» Eunun Eununcalá calá fu fuii ma mass te tenh nhoo o li livr vroo deepí deepí-graf gr afes es e ess essaa é a de qu quee eu go gost stoo mai mais. s. «P «Pomp omponi onius us qu qualq alque uerr coisa coi sa deu deuaqu aquii uma umagr grand andee fod foda.» a.»Há Há sem sempre pregaj gajos os par paraa faz fazer er isso, iss o, per perceb cebe? e? Alé Além m de iss issoo dem demons onstr trar ar a lit litera eracia cia daq daquel ueles es tipos ti pos naq naquel uelaa ép época oca.. Aq Aquil uiloo não era eram m as tr treva evass qu quee de depoi poiss se segu seguiram iram.. Nu Nunca nca leu leuas as epíg epígraf rafes es de Pom Pompeia peia?? Não. Aquil Aq uiloo é mu muitoparec itoparecidocom idocom o qu quee hoj hojee se sedi diz: z:«O «Ocan candid didat atoo não seiquantosroubounãoseiquemais;ooutrolevanocu…» Issoo lev Iss leva-n a-nos os à vel velha hacon conclus clusão ão de dequea quea nat nature ureza zahuma humana na afi afinal nalnão não mudougrande coisa coisa.. A última campanha eleitoral estaria perfeitamente ao nível dePom de Pompeia peia.. Há Háuma umass cois coisas asper permane manentes ntes.. Aqu Aquilo ilode deque queeu eunão não gostonasociedadedehojeéqueasparedesestãocheiasdisso. Nãosevêéoutracoisa.Querdizer, trash sempre semprehouve. houve.«Caius «Caius deuaquiumagrandefoda.»Hoje,vocêligaatelevisãoesóvê:vamosdar,jádemosevariaçõessobreisso.Oquemechateiaéisso: o estreitamento –nãoseiseseráestaapalavracerta,setivesse aquiumdicionárioiaver–doespírito.EuachograçaqueoCaius tenhadadoumagrandefodaemPompeiamasachograçaporquee iss qu issoo pro prova va a lit litera eracia ciadaq daquel uelaa ge gente nte.. Masquant Masquantoo à fod fodaa pro pro-priament pria mentee dita ditanão não esto estou u muit muitoo inte interess ressado. ado.Nemestou Nemestou muit muitoo intere int eressa ssado dono no ero erotic ticism ismoo da soc socied iedademoder ademoderna. na.Nã Nãoo lev levaa lon lon-ge.Quehá-deumgajopensarsobreisso?O«A»pôs-seno«B», o «B «B»» pô pôss-seno seno «A «A».O ».O «C «C»» an andacomo dacomo «Y «Y»,o »,o «Y «Y»» an andacoma dacoma «X «X». ». Sente Sen tequehoje quehojeiss issoo est estáá dem demasi asiadoprese adopresente nte.. Completa Comp letament mentee pres presente. ente.Nas Nas tele telenovel novelas, as, nas cançõ canções, es, nos livros. Em toda a parte. A dimensão histórica das pessoas perdeu-s perd eu-se. e. O triu triunfo nfo do trash é um umaa co cois isaa qu quee me de depr prim ime. e. T 43