RELATÓRIO DOS ALUNOS:
A TRADIÇÃO HERMÉTICA DE MISTÉRIOS Por Rosa Sátiro Soror Maatkare, Probacionista dos Mistérios Relatório da Lição A Tradição Hermética de Mistérios
o Iniciado no Colegiado da Luz Hermética , cabe discernir quando da aplicabilidade do estudo da Tradição Hermética de Mistérios almejando que esta seja uma filosofia e estilo de vida, a fim de se alcançar um pleno desenvolvimento Consciencial da importância do Trabalho Divino, Conhecimento desta Natureza Divina e dos Mistérios, bem como, da sua influência sobre a matéria. Portanto é mister que o Iniciado se predisponha à compreensão de todo um legado de convergência e influência de civilizações berço culturais que muito contribuíram com seus cultos, celebrações, ritos, pensamentos filosóficos, sócio culturais e políticos para esta Tradição. Os contributos das civilizações Indo Européias e Hamítico Semitas tiveram uma influência muito importante para o corpo da Tradição Hermética e todas estas corroboraram para o processo de formação da intelectualização, da inquirição filosófica e do pensamento lógico dedutivo dos filósofos, ocultistas e hermetistas da Antiguidade. Lembrando das leis universais que regem o Cosmos e do princípio de que tudo oriunda no plano das ideias para manifestar-se no plano concreto, ao Iniciado cabe ser um pontífice entre a terra e o céu, sendo capaz de elevar-se ao plano sutil e intuitivo, a fim de materializar a manifestação de suas próprias ideias no plano físico. O próprio Platão em sua teoria das ideias descreve que tudo nasce primeiro no sutil para depois manifestar-se no plano concreto. Ora, todavia sabemos que todas as coisas existem e coexistem na Mente do Criador (Consciência Divina) e que o Universo manifestado como o conhecemos é um jogo dual de luz e sombras. Todos estes planos que nos parecem ser muito densos são ilusões e distrações, pois eles surgem e deixam de existir, assim como as formas mentais de pensamentos que obedecem à essas leis no seu fluxo. Assim, deparamo-nos vivemos na Mente do Todo. Diante de toda essa dialética, presume-se da importância crucial e necessidade do estudante de Hermetismo Tradicional na Antiguidade em aplicar-se no trabalho de amalgamar todo esse conteúdo de informações e conhecimentos para a consecução da Grande Obra, e ainda, que o mesmo faça incursões e aspire pela natureza do Conhecimento Divino e em ir buscar dos
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Códigos de Luz oriundos da Mente do Criador, da revelação dos Arcanos, das Chaves da Iniciação e dos Mistérios Ocultos através de um estado de henosis para a conexão com as criaturas espirituais que poderão o auxiliar na obtenção desses Códigos e Conhecimentos Ocultos. É fundamental ainda, que o Iniciado tenha o seu plano mental ordenado e estruturado numa linha de pensamento filosófico contemplativo, meditativo e reflexivo distinta do pensamento cartesiano racional comum. Ao Iniciado cabe constituir essa linha de pensamento lógico dedutiva do pensamento cartesiano ordinário em matéria de intelectualização para que este tenha a habilidade de se lançar com Mestria no plano sutil das ideias para a espiritualização desse pensamento primevo com a visão e intuito de se dispor à sair da margem de si mesmo em busca das profundezas dos Mistérios de Deus e da sua natureza andrógena, que é a integração dessas polaridades duais para que busquemos o religare com o Todo no nosso Micro e também no Macrocosmo, até retornarmos tão somente ao Uno. Em relação aos povos que serviram de núcleos de referência para a Tradição Hermética de Mistérios, os Indo Europeus em se tratando de sua cosmovisão (metafísica, teologia e mitologia), já que estamos nos atendo aqui há uma compreensão filosófica das origens e berço que culminaram na Tradição, há que se observar também a formação de uma estruturação política por trás organizada e estratégica no que compreende todo o sistema de hierarquia e divisão das atribuições dos deuses, partindo do topo da pirâmide até a sua base. A importância de se ressaltar este aspecto de natureza política da civilização grega nos traz à luz e ao discernimento do ponto de vista filosófico em como era gerenciada a organização hierárquica e social dentro do núcleo helenista e em como essa linha de raciocínio política filosófica refletiu até no plano concreto em que se constituiu a sua Mitologia com toda a distribuição, classificação e hierarquização dos deuses. Compreender um aspecto organizacional político neste ínterim implica em se discernir toda uma linha comportamental dessa civilização, assim como a sua visão de mundo e organização no plano das ideias, o que consiste na habilidade do movimento de um plano para se gerar tendências ao aperfeiçoamento em todos os outros e isto é uma experiência mística e Magia Hermética na prática, se aplicando ao Princípio da Correspondência sendo este análogo e similar em vários planos diferentes. A associação de ideias e conceitos que insistimos aqui é puramente na observância da Causa e em como um ato de Consciência é capaz de movimentar vários outros planos por similaridade e com profunda influência no norteio de criação das bases da Tradição Hermética. Os gregos tinham a grande habilidade de elevar-se ao plano sutil das ideias, possuindo a capacidade intelectual de ir além, compreendendo com perspicácia os diversos símbolos e organizando-os nos diferentes planos, mas também tinham a habilidade hermética da comunicação advinda do
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próprio Hermes de transmitir e influenciar com profundos conceitos filosóficos e ideologias o Conhecimento.
Em 332 a.C., Alexandre Magno tomou posse do Egito sem luta e sem precisar utilizar do poder da espada em uma invasão de natureza militar que poderia ser extremamente bélica, valendo-se apenas do Poder do Logos, inspirando ter as características do próprio Hermes e detendo em si atributos e habilidades, como o dom da comunicação e oratória, da articulação das ideias, conseguindo habilidosamente conquistar seguidores em suas batalhas épicas, construir um grande Império e ainda se tornar um mito lendário. Os egípcios viram em Alexandre atributos que dignificavam-no à imagem e semelhança de um deus, pois deveras este personificava o espírito de Sabedoria do próprio Hermes sendo coroado como um filho de Amon. Durante a sua breve estada foi estabelecido o plano de construção de Alexandria, tendo este oferecido sacrifícios aos deuses egípcios e consultado o Oráculo de Amon , no oásis de Siwa. Após sua morte, Ptolomeu passou a governar o Egito como sua satrapia enterrando o seu rei em Mênfis. Em meados de 305 a 306 a.C., Ptolomeu proclamou-se então um rei independente do Egito e durante os 250 anos seguintes o Egito foi governado por gregos de forma independente e de acordo com seus próprios interesses, até então divergentes da população local culminando numa tirania, não mais do que os seus precursores autóctones. autóctones. Os reinados dos três últimos Ptolomeus marcaram um bom período de desenvolvimento para o Egito, durante o qual este foi incluído no mundo helenístico em termos de agricultura, comércio e, para a população grega, educação. Por conseguinte, a força que acabou por declinar a cultura tradicional egípcia e levou à destruição dos monumentos, não foram o Império Romano, mas o Cristianismo. O Egito acabou por contribuir para o Cristianismo na figura da Virgem Maria e na iconografia da Virgem com o Menino, que assemelham-se ao mito e representação de Ísis e de Hórus criança.
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Na fusão dos pólos destes dois núcleos, Grécia e Egito houve uma rica confluência de conhecimentos e interesses entre as duas culturas harmonizando-se os elementos culturais de ambas, tendo-se de um lado a cultura egípcia de natureza profundamente animista com os seus respectivos cultos, celebrações, ritos e magias bem primitivas aos deuses do Egito e em paralelo, a civilização grega que contribuiu com a organização, sistematização e aperfeiçoamento da dialética e fusão entre as duas culturas. Na Tradição Hermética da Antiguidade, não existia realmente qualquer distinção entre filosofia, religião, arte e ciência sendo todas estas englobadas numa cosmovisão animista que ressaltava seu aspecto mágico. Todavia é interessante salientar que uma particularidade da antiga filosofia grega é que ela foi uma filosofia materialista, além do seu idealismo e a visão romanceada que se tem do berço cultural grego é que não são somente flores. A Grécia, posteriormente acabou por se tornar uma sociedade escravista recaindo no materialismo em nome do progresso, tanto ela como a Roma Antiga, descarregou todo o trabalho físico sob os ombros dos escravos, a fim de se dedicar à criação da própria filosofia, ciência e artes, no qual os escravos não tinham direitos e nem liberdade para as atividades sociais, políticas e culturais. Então, já que aspiramos retornar ao Uno e depurar todo o espesso desse materialismo exacerbado que nos segrega, separa e afasta da Grande Obra, não podemos incorrer jamais no levianismo da não observância de que até mesmo na origem de uma civilização que serviu como núcleo e berço cultural para a constituição de uma Tradição Hermética de Mistérios, esta caminhou na contramão de princípios de leis universais causualísticas na busca pelo progresso material. Outrora não podemos incorrer na demagogia e hipocrisia em não se questionar, avaliar outros lados da moeda e em não se permitir pensar na possibilidade de que se não houvesse essa subjugação de uma força maior por outra menor que estava na base da pirâmide em escala social e imbuídos desse propósito puramente materialista de desenvolvimento e progresso, se a Grécia teria sido o berço cultural de confluências com várias outras culturas e inclusive de contribuição para a Tradição Hermética. Desejamos aqui fazer esta provocação e indagação de natureza filosófica como estudante da filosofia desta Tradição porque nos cabe o viés do pensamento crítico de examinar as causas, os conteúdos, as intenções, finalidades e sombras por trás de cada fato, eventos históricos, motivos e razões em uma ordenação de pensamento que nos inquira e desperte à compreensão da dinâmica da dualidade presente na humanidade, já que aspiramos ao Uno, se faz imprescindível que se compreenda a geração no plano concreto. Acreditamos todavia, que para ser um bom Teurgo, este deve ser completo em matéria de Conhecimento de natureza filosófica sim, mas também, científica, anímica e operacional prática, onde este desenvolve seu tirocínio e visão crítica de sua cosmovisão de mundo aperfeiçoando paulatinamente a sua Mestria Pessoal e o seu progresso e evolução espiritual. Ao trabalho do Teurgo, soma-se um estilo de vida que envolva adorações, sacrifícios, invo-
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cações e animações de deuses em estatuetas, telesmância, ritos de purificação e cura, congressus cum daemones, além da invocação do seu daimon pessoal, este deve estabelecer contato com o mesmo, visto se tratar de uma entidade que segundo Jâmblico, nos acompanha ao longo de várias existências no progresso e aperfeiçoamento de nossa alma, através do qual o Teurgo irá ganhar um revestimento de poder e autoridade para comandar outras criaturas espirituais que exercerão poder na sua vida, devendo esta ser uma própria expressão do Trabalho Divino. A Divinação na Teurgia através da possessão divina, o que requer do Teurgo a capacidade de assumir formas divinas, devendo este sublimar ao seu Ego para que seja revestido doa poderes da Deidade invocada. Este é arrebatado em um estado de êxtase espiritual, através do qual é tomado a proferir palavras sagradas que somente a sua alma conhece. O estudante Iniciado da Tradição Hermética deve se visualizar com as características do próprio Hermes, chamando-o para si e invocando-o, mas também sabendo aplicar o Hermetismo em sua vida prática discernindo isto, a fim de compreender e incorporar dentro de si o Conhecimento externando-o e manifestando-o no seu Macro, na sua filosofia de vida e conduta. O papel do Colegiado da Luz Hermética dentro desta Tradição dos Mistérios é resgatar o Hermetismo nos primórdios da Antiguidade, eliminando quaisquer referências de conhecimentos, usos, práticas e sistematizações que sejam oriundas de imersões na Tradição Oriental, valorando o resgate in de um conhecimento animista advindo da influência de uma civilizanatural de ção berço cultural que influenciou todo o Ocidente. Dentro da Tradição Hermética de Mistérios na Antiguidade, não há dúvidas de que o Hermetismo é em todo o seu escopo a reunião do cânone filosófico, mas caminhando conjuntamente com o cânone mágico e técnico na composição da formação de um Hermetista Teurgo Completo e Arrojado. Thelos!
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