INTRODUÇÃO À À M METODOLOGIA CIENTÍ FICA IVAN C CARLO A ANDRADE D DE O OLIVEIRA
© Copyright 2008, Ivan Carlo Andrade de Oliveira. Capa: Marcos Mendes Diagramação: xxxxxxxxxxxxx 3ª edição revista de acordo com a NBR 14724:2011 1ª impressão (2011) Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida - em qualquer meio ou forma, nem apropriada e estocada estocada sem a expressa expressa autorização de Ivan Ivan Carlo Andrade de Oliveira.
Oliveira, Ivan Carlo Andrade de. Introdução À Metodologia Científica. Ivan Carlo Andrade de Oliveira. Pará de Minas, MG: Virtualbooks, 20011.xxxxxxxp.; 14x20 cm. (Coleção xxxxxxxx) ISBN 00000000000000000 1. xxxxxxxxx – Brasil. I. Título. II. Série. CDD- xxxxx
Livro preparado e editado por VIRTUALBOOKS EDITORA E LIVRARIA LTDA. Rua Benedito Valadares, Valadares, 560 - centro – 35660-000- Pará de Minas - MG - Brasil Tel.: (37) 32316653 - e-mail:
[email protected] http://www.virtualbooks.com.br
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© Copyright 2008, Ivan Carlo Andrade de Oliveira. Capa: Marcos Mendes Diagramação: xxxxxxxxxxxxx 3ª edição revista de acordo com a NBR 14724:2011 1ª impressão (2011) Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida - em qualquer meio ou forma, nem apropriada e estocada estocada sem a expressa expressa autorização de Ivan Ivan Carlo Andrade de Oliveira.
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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------1 CONHECIMENTOS NÃO-CIENTÍFICOS --------------------------------------------------------------1.1 CONHECIMENTO EMPÍRICO -----------------------------------------------------------------------------1.2 CONHECIMENTO TEOLÓGICO -----------------------------------------------------------------------1.3 CONHECIMENTO FILOSÓFICO -----------------------------------------------------------------------1.4 CONHECIMENTO ARTÍSTICO ---------------------------------------------------------------------------1.5 CONHECIMENTO JORNALÍSTICO -------------------------------------------------------------------2 O CONHECIMENTO CIENTÍFICO CIENTÍFICO -------------------------------------------------------- ---------2.1 CÍRCULO DE VIENA ----------------------------------------------------------------------------- --------2. 2 KARL POPPER --------------------------------------------------------------------------------------------------------2. 3 THOMAS S. KUHN --------------------------------------------------------------------------------------------2. 4 - EDGAR MORIN -----------------------------------------------------------------------------------------------------3 A PESQUISA CIENTÍFICA CIE NTÍFICA -----------------------------------------------------------------------------------------------3.1 TIPOS DE PESQUISA ------------------------------------------------------------------------------------------------------3.2 A PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ------------------------------3.2.1 Pesquisa quantitativa ----------------------------------------------------------------------------------------3.2.2 Pesquisa qualitativa --------------------------------------------------------------------------------------4 PROJETO DE PESQUISA -------------------------------------------------------------------------------------------------4.1- ESCOLHA DO TEMA ----------------------------------------------------------------------------------------------4.2 - DELIMITAÇÃO DO TEMA -------------------------------------------------------------------------------4.3 PROBLEMA -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------4.4 HIPÓTESE -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------4.5 OBJETIVO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------4.6 JUSTIFICATIVA ---------------------------------------------------------------------------------------------------------4.7 METODOLOGIA --------------------------------------------------------------------------------------------------------4.8 CRONOGRAMA --------------------------------------------------------------------------------------------------------4.9 REVISÃO DE LITERATURA ---------------------------------------5 A REDAÇÃO CIENTÍFICA ------------------------------------------------------------------------------------------------5.1 – CARACTERÍSTICAS ------------------------------------------------------------------------------------------------5.1.1 Linguagem unívoca ------------------------------------------------------------------------------------------5.1.2 Linguagem impessoal ------------------------------------------------------------------------------------5.1.3 Uso de citações e referências --------------------------------5.1.4 Clareza ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.2 TIPOS DE TEXTOS CIENTÍFICOS --------------------------------------------------------------------5.2.1 Fichamento ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.2.2 Resenha -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.2.3 Paper -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.2.4 Artigo ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.2.5 Monografia ---------------------------------------------------------------------------------------------------------5.3 APRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA MONOGRAFIA -----------5.3.1 Margem ----------------------------------------------------------3
5 8 8 9 10 11 11 13 17 18 20 22 25 25 26 26 30 34 34 34 35 36 39 39 39 39 40 46 46 46 47 47 51 51 51 54 58 59 63 63 63
5.3.2 Texto ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.3.3 Capa -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.3.4 Folha de rosto ------------------------------------------------------------------------------------------------------5.3.5 Resumo -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.3.6 Abstract -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.3.7 Dedicatória (opcional) -----------------------------------------------------------------------------------5.3.8 Agradecimentos (opcional) ------------------------------------5.3.9 Epígrafe (opcional) -----------------------------------------------------------------------------------------5.3.10 Sumário ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------5.3.11 Estrutura da monografia monografia -----------------------------------5.4 PLANO DE OBRA ------------------------------------------------------------------------------------------------------6 COMO FORMATAR A BIBLIOGRAFIA ---------------------------------------------------------------7 EXERCÍCIOS ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
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APRESENTAÇÃO Uma pergunta comum de meus alunos é: “Para que serve a metodologia científica?”. A resposta mais simples, e também a mais reducionista é que a metodologia serve para que o aluno possa fazer o trabalho de conclusão de curso, o famoso TCC. Recuso-me a acreditar que a metodologia científica sirva só para isso. Na verdade, espero que a disciplina desperte nos alunos o espírito científico. Não quero dizer com isso que pretenda transformá-los em cientistas (embora alguns provavelmente sigam essa carreira), mas que utilizem os critérios científicos no seu dia-a-dia. Segundo Humberto Maturana, a ciência é uma forma de explicar o mundo. É através dela que compreendemos a realidade em que vivemos. Existem outras formas de explicações, algumas das quais são até superiores à ciência em determinados recortes da realidade. Mas a ciência se destaca por seguir uma metodologia que foi construída ao longo de séculos, e critérios específicos para distinguir o que é uma boa explicação e o que não é. Recentemente meu filho de oito anos se viu em dúvida sobre qual é o animal mais rápido do mundo. Alguns diziam que era guepardo; já para outros, era o falcão. Quem estava com a razão? Eu o orientei a verificar a fonte de cada informação. Nesse assunto, por exemplo, a opinião de um zoólogo tem muito mais validade que a opinião de um leigo. Ao se deparar com duas informações controversas, o ideal é verificar qual das fontes tem mais credibilidade. A revista Superinteressante é mais confiável que a Recreio. Por sua vez, a Scientific American é mais confiável que a Super. Por outro lado, uma revista científica, editada por uma sociedade de pesquisa, é mais confiável que a Scientific American. Diante de informações contraditórias sobre fontes igualmente confiáveis (digamos que a Galileu diga uma coisa e a Super outra), o ideal é procurar uma terceira fonte. Isso vale até para informações que recebemos oralmente. Se um amigo me diz que o supermercado foi assaltado e outro afirma que a vítima foi a padaria, e se estou interessado no assunto, devo procurar uma terceira pessoa, de preferência alguém que estivesse presente ao acontecimento (uma fonte, portanto, mais confiável). 5
Esse princípio básico, que jornalistas, administradores e profissionais em geral, usam em seu dia-a-dia é um critério científico que remonta ao filósofo René Descartes, segundo o qual nunca devemos aceitar como verdade, algo que não conhecemos evidentemente como tal e, antes de chegar a uma conclusão sobre um assunto, fazer todas as revisões e verificações necessárias. Um aspecto que costuma assustar os estudantes que se deparam com a metodologia científica é o projeto de pesquisa. Talvez porque ele seja ensinado como um modelo rígido que deve ser seguido sem que seja necessário compreender muita coisa. Acontece que cotidianamente fazemos, informalmente, projetos de pesquisa. Um exemplo corriqueiro: quero fazer uma receita de bolo. Eu tenho consciência de que um bolo é uma junção sólida de uma série de ingredientes, tais como ovos, farinha de trigo e leite, mas percebo que sou incapaz de fazer algo comível sem uma receita. Então me lembro que minha avó me conseguiu uma receita de um delicioso bolo de milho com queijo. Surge um problema: onde está a receita? O problema é uma pergunta, que deve ser respondida através de uma pesquisa. É um ponto básico de qualquer projeto científico. Mas não basta ter um problema, também é necessário ter uma hipótese, uma resposta provisória, que irá orientar minha pesquisa. Senão corro risco de passar anos procurando pela receita. Minha hipótese é: a receita está dentro de um dos livros de minha biblioteca. Quando mais específica for minha hipótese, melhor. A hipótese “A receita do bolo está dentro do livro O nome da rosa” é melhor que a anterior, pois é mais específica. Bem, resta pesquisar, mas para isso é necessário ter um método. Posso decidir, por exemplo, que o melhor método para encontrar a receita é abrir o livro e folheá-lo. Em seguida, faço a pesquisa, que pode confirmar ou falsear a hipótese. Estão aí os elementos básicos de um projeto: o tema (o bolo); um problema (Onde está a receita de bolo?); uma hipótese (a receita de bolo está dentro do livro O nome da rosa) e uma metodologia. Poderíamos acrescentar o objetivo (encontrar a receita de bolo). 6
O exemplo, espero, demonstra que a metodologia não é uma coisa misteriosa, que deve ser decorada para passar de ano e depois esquecida. Ao contrário, o espírito científico e sua forma de agir (a metodologia) são essenciais para lidarmos com boa parte das questões com as quais nos deparamos no nosso cotidiano, seja a indagação sobre onde está a receita de bolo ou a decisão, por parte de um administrador, se acredita ou não em determinada informação. Os grandes autores aos quais a metodologia científica é devedora (René Descartes, Karl Popper, Thomas S. Kuhn, Humberto Maturana, Edgar Morin) não estavam pensando em criar um método que deveria ser seguido apenas por cientistas, mas uma forma de pensar que ajudasse as pessoas, em geral, a compreenderem o mundo em que vivem. É com esse espírito que espero que este livro seja lido. IVAN CARLO ANDRADE DE OLIVEIRA
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1 CONHECIMENTOS NÃO-CIENTÍFICOS Durante muito tempo, o conhecimento científico foi tido como o único tipo de conhecimento válido. A frase “isso não é científico” virou sinônimo de “isso não é verdadeiro”. Filósofos recentes têm procurado resgatar a necessidade de valorizarmos os mais variados tipos de conhecimento, pois eles são complementares ao científico. Edgar Morin, um dos mais importantes pensadores de nossa época, com obras na área de educação, metodologia e comunicação, é um dos mais severos críticos da supervalorização da ciência e de sua compartimentação em disciplinas estanques. Para ele, os diversos conhecimentos devem dialogar entre si. Não se trata de querer dizer que o conhecimento teológico, por exemplo, é do mesmo tipo do científico, mas de demonstrar a importância de cada um desse tipos de conhecimento. Antes de entrarmos no conhecimento científico, faz-se necessário conhecer essas outras formas de saber. 1.1 CONHECIMENTO EMPÍRICO Como fazer para o sal não endurecer no saleiro? Qual a melhor época para plantar? Como tirar manchas da roupa? Essas são perguntas com as quais o homem se depara em sua vida diária. A maioria delas permite uma resposta sem que seja necessário recorrer à ciência. O homem comum sabe que, se colocar grãos de arroz no saleiro, o sal ficará soltinho e será fácil retirá-lo de lá. Esse conhecimento é chamado de empírico, ou vulgar. É o conhecimento que nasce da observação diária dos fatos. O ser humano observa relações de causa e conseqüência, aquilo que os semióticos chamam de índice: se há uma poça no chão, é por que choveu e há uma goteira no teto. Se vejo fumaça saindo da floresta, intuo que há fogo. Observando essas relações de causa e conseqüência, o homem vai criando um conhecimento que lhe permite fazer diversas atividades diárias. Entretanto, esse é um conhecimento não sistemático, assim como sua transmissão. O homem comum não faz diversas experiências com vários tipos de materiais até chegar ao grão de arroz como o mais 8
apropriado para colocar no saleiro. Simplesmente alguém um dia colocou um grão de arroz lá e observou que deu certo. Também é um conhecimento que não vai aos porquês. O homem comum sabe que o arroz faz com que o sal saia facilmente do saleiro, mas não sabe porque. Não sabe que o arroz tira a umidade do ar e que o atrito com os grãos faz com que as moléculas do sal fiquem soltas. Apesar de suas limitações, o conhecimento empírico tem feitos realizações realmente extraordinárias. A utilização de plantas medicinais é uma delas. Os ribeirinhos da Amazônia sabem coisas sobre as propriedades curativas das plantas que a ciência só tem descoberto muito recentemente (inclusive muitas pesquisas científicas estão indo buscar, justamente nesse conhecimento empírico, informações sobre essas plantas). Um outro exemplo é a maniçoba. Descobrir que a planta da maniva deveria ser cozida durante sete dias e sete noites deve ter sido uma aventura tão surpreendente quanto qualquer pesquisa científica. É de se supor que tenha havido muitas tentativas antes de se chegar ao ponto ideal de cozimento (infelizmente muitos heróis devem ter morrido no meio do caminho). CARACTERÍSTICAS DO CONHECIMENTO EMPÍRICO Surge da observação É não-sistemático Não vai aos porquês 1.2 CONHECIMENTO TEOLÓGICO Você acredita em Deus? Por quê? A uma pergunta dessas, dificilmente alguém responderá que acredita em Deus porque o observou ou porque a lógica científica o diz. O conhecimento religioso, portanto, não surge da observação ou da lógica. É um conhecimento revelado, razão pela qual dizemos que ele se baseia na fé. Uma pessoa tem uma revelação sobre uma verdade eterna e a divulga a outras pessoas, que acreditam na mensagem e passam a também propagá-la. Todas as tentativas de explicar Deus utilizando a razão fracassaram, pois a religião não faz parte das coisas explicadas pela razão. Só podemos entender suas verdades se acreditarmos. 9
O conhecimento teológico está baseado no discurso da autoridade. A autoridade é Deus, que revela aos homens suas verdades, ou o profeta. Ao discutir com uma pessoa religiosa, ela certamente usará em seu discurso frases como “Está na Bíblia”, a “Bíblia diz isso”, que revelam a importância do discurso da autoridade para esse tipo de conhecimento. CARACTERÍSTICAS DO CONHECIMENTO TEOLÓGICO É um conhecimento não descoberto através da observação, mas revelado. Não se usa a observação ou a razão, mas a fé. O discurso da autoridade é essencial. Diz respeito a verdades eternas. 1.3 CONHECIMENTO FILOSÓFICO A filosofia trata de objetos que não podem ser medidos ou aferidos. Ela se interessa por questões como: O que é felicidade? Qual o sentido da vida? Como podemos levar nossa vida de uma maneira moralmente correta? O filósofo não precisa observar ou medir aquilo sobre o qual está produzindo conhecimento. Como medir a felicidade? Como pesar o sentido da vida? Diante da impossibilidade de usar instrumentos de medição ou observação, o filósofo usa apenas a lógica e a razão. A filosofia trata de questões universais. Ao perguntar como o homem pode ser mais feliz, a filosofia quer saber como toda a humanidade pode se tornar mais feliz, e não uma pessoa específica. Algumas questões que antes eram filosóficas, com o desenvolvimento de instrumentos de pesquisas (lentes, microscópio, telescópio) tornaram-se científicas. É o caso de questões sobre a origem do universo, sobre do que são feitas as coisas ou sobre como surgiu a vida. CARACTERÍTICAS DO CONHECIMENTO FILOSÓFICO É baseado na lógica e na razão Trata de questões universais Trata de questões que não podem ser medidas. 1.4 CONHECIMENTO ARTÍSTICO Mais recentemente, alguns autores têm destacado a existência de um outro tipo de conhecimento, o artístico. Entre eles, Silvio Zambo10
ni, Doutor pela ECA/USP e responsável pela distribuição de bolsas na área de artes do CNPQ. Silvio publicou um pequeno, mas valioso livro no qual caracteriza as especificidades do conhecimento artístico. Para ele, o conhecimento artístico seria fruto da intuição e nasceria no hemisfério direito do cérebro, no inconsciente. Como trata de questões inconscientes, a arte teria a possibilidade de perceber verdades que permanecem ocultas para a ciência. Não é à toa que psicológicos como Carl Gustav Jung e Freud se debruçaram sobre obras de arte para descobrir verdades sobre a mente humana. Da mesma forma, sociólogos e antropólogos têm usado a arte de determinado período para compreender como funcionava a sociedade daquela época. Talvez seja mais interessante entender a sociedade norte-americana da década de 50 através dos filmes produzidos naquela época do que pelas pesquisas científicas e objetivas realizadas no período. O conhecimento artístico tem influenciado, inclusive, a metodologia científica. Em alguns países já são aceitos, em projetos de pesquisas, hipóteses intuitivas. CARACTERÍSTICA DO CONHECIMENTO ARTÍSTICO Ë intuitivo 1.5 CONHECIMENTO JORNALÍSTICO Recentemente, o jornalismo tem sido visto como uma importante forma de adquirirmos conhecimentos sobre o mundo. Tanto que muitas pesquisas na área de história, por exemplo, têm sido feitas tomando por base dados coletados por jornais. Na área de história, especificamente, tem estado em moda a chamada história do cotidiano, que é uma aproximação do conhecimento jornalístico. No Brasil, o mais famoso representante dessa nova corrente, Eduardo Bueno, autor da coleção Terra Brasilis (editora Objetiva) é um jornalista. O principal teórico do jornalismo como forma de conhecimento é o catarinense Adelmo Genro. Ele parte de três categorias criadas por Hegel para explicar o que é o jornalismo e sua diferença da ciência. Para Hegel, havia três categorias de conhecimento: o singular, o particular e o universal. O singular trata daquilo que o fato ou objeto de estudo tem de diferente dos demais. O particular vê esse fato pelo que ele tem de se11
melhante com uma categoria de coisas e o universal se interessa por suas semelhanças com uma categoria ainda maior. Assim, um homem é singular pelo que tem de diferente de todos os outros. É particular porque ele participa de uma determinada categoria, como uma família, uma profissão, ou mesmo uma nação. E é universal porque faz parte do gênero humano. Para o singular, interessa o homem específico, com características que o fazem diferente de todos os outros. O conhecimento filosófico interessa-se apenas pelos universais. O conhecimento científico oscila entre o particular e o universal. O conhecimento jornalístico trata do singular. Diante de um homem que se suicidou, o jornalismo vai tratar da singularidade do fato. Quem era ele? Que método ele utilizou para se matar? Quando ocorreu a morte? Por que ele se matou? Onde? A ciência, ao contrário, vai interessar em perceber o que o fato tem de semelhante a outros? Outras pessoas já se mataram na região? O que elas tinham em comum? É possível identificar algum traço coincidente que possa ser usado para explicar o fato (por exemplo, todos era desempregados)? No livro A Viagem do Descobrimento, Eduardo Bueno fala da chegada dos portugueses ao Brasil sob um ótima do singular. Enquanto para a ciência normal interessa o que esse fato representa no contexto das grandes navegações, o livro vai se preocupar com as singularidades dessa viagem. Um exemplo: os portugueses passaram quase um mês no Brasil, ao lado de um rio, e não há registro de que tenham tomado um único banho. Por outro lado, o jornalismo cumpre um importante papel: o de divulgar as descobertas e teorias científicas. A característica do jornalismo de universalização do público faz com que conhecimentos que eram opacos até mesmo para cientistas de outras áreas, se tornem facilmente compreensíveis. Esse papel do jornalismo ganha destaque diante das críticas que especialmente Edgar Morin tem feito à especialização da ciência. CARACTERÍSTICAS DO CONHECIMENTO JORNALÍSTICO Trata da singularidade dos fatos Parte da observação dos fenômenos É um dos principais divulgadores do conhecimento científico. 12
2 O CONHECIMENTO CIENTÍFICO Ao contrário do que dá a entender a maioria dos livros de metodologia, o conhecimento científico não é algo pronto e acabado, indiscutível. Desde o final da Idade Média, vários pensadores têm discutido os limites e as características da ciência. O filósofo René Descartes é considerado o fundador da metodologia científica e seu modo de pensar influenciou cientistas e pensadores. Descartes queria criar um novo tipo de pensamento, que superasse as limitações da lógica medieval que, segundo Descartes, só servia para revelar aquilo que todos já sabiam. Descartes pretendia chegar a uma nova forma de raciocínio que permitisse a descoberta de novos conhecimentos. TEXTO COMPLEMENTAR DESCARTES E O DEMÔNIO DA DÚVIDA Ivan Carlo Andrade de Oliveira Um dos pensadores mais importantes da humanidade foi o filósofo francês René Descartes. Suas idéias mudaram a forma de pensar do mundo ocidental e inauguraram os pilares da metodologia científica. Descartes era tudo, menos humilde. Ele queria criar uma nova forma de pensar, que fosse mais adequada aos novos tempos. É importante lembrar que o filósofo viveu em uma época de mudanças. O mundo passava do geocentrismo (a idéia de que tudo, inclusive o Sol, gira ao redor da Terra) ao heliocentrismo (a idéia de que é a Terra que gira ao redor do Sol), as grandes navegações demonstravam que havia todo um mundo a ser descoberto, a imprensa tornava possível que um pensamento se dissipasse com grande velocidade e, finalmente, os reis passavam a ter mais poder do que jamais tiveram em toda a Idade Média. Em 1619, Descartes teve um sonho em que o espírito da verdade descia sobre ele. A partir desse dia, passou a se dedicar à busca da verdade e de uma nova forma de pensar, que tornasse o caminho em direção à verdade mais rápido. Depois de andar por boa parte do mundo conhecido, recolhendo conhecimentos, Descartes se isolou em busca de um método próprio. Ele percebeu que o método característico da Idade Média, a lógica, não o 13
levaria longe: “Verifiquei que, quanto à lógica, os seus silogismos e a maior parte de suas restantes instruções serviam mais para explicar aos outros as coisas que já se sabem”, escreveu ele no seu livro O Discurso do Método. O novo pensamento, criado por Descartes, seria baseado em quatro princípios: 1 – Nunca aceitar como verdadeira nenhuma coisa que não se conhecesse evidentemente como tal. Ou seja, duvidar sempre. Aí o filósofo difere o conhecimento científico do teológico, baseado na fé. Enquanto a religião prega o acreditar sem pre, a ciência partiria sempre da dúvida. 2 – Dividir cada uma das dificuldades que devesse examinar em tantas partes quanto fosse possível e necessário para resolvê-las. Descartes inaugurou com esse princípio a divisão do saber. Segundo a lógica cartesiana, não devemos pesquisar o fenômeno no todo, mas em partes. Para conhecer o corpo humano, devo dividi-lo em partes e estudar uma a uma. Esse princípio deu origem à especialização que se reflete na própria organização da escola. Temos professores de geogra fia, história, ciências, literatura, redação... muitas vezes o professor de história não entende nada de geografia e o professor de literatura não sabe nada de redação. A crítica a esse princípio seria a base do pensamento da cibernética e de Edgar Morin. 3 – Conduzir em ordem os pensamentos, iniciando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para chegar, aos poucos, gradativamente, ao conhecimento dos mais compostos, e supondo também, naturalmente, uma ordem de precedência de uns em relação aos outros. Em outras palavras, ao resolver um problema devemos solucionar primeiro as partes mais simples para depois chegar às mais complexas. Esse princípio também leva a crer que o complexo é na verdade uma junção de partes simples, uma idéia que depois seria criticada por pensadores como Edgar Morin. 4 – Fazer, para cada caso, enumerações tão completas e revisões tão gerais que tivesse a certeza de não ter omitido nada. Esse princípio, certamente advindo da matemática, teve como conseqüência, na ciência, na idéia de que não se deve confiar no primeiro resultado de uma experiência. O cientista deve refazer suas experiências à exaustão até ter certeza de que o resultado está correto. Mesmo em 14
uma pesquisa bibliográfica esse princípio pode ser adotado. Já vi alunos que, ao fazerem uma pesquisa, usam apenas um livro como referência. Isso não é pesquisa, é cópia. Um trabalho de pesquisa deve comparar as idéias de informações de vários autores. Confiar na primeira obra que encontramos pode ser perigoso, pois o autor pode estar equivocado. Alguns anos depois, um cientista inglês, Isaac Newton, usaria os princípios de Descartes para resolver um problema científico: por que a Lua não cai na Terra? Mas antes disso, Descartes usou o método para resolver um problema filosófico. O que o filósofo se perguntou é como podemos chegar a certezas. Ele já havia identificado que os sentidos não são confiáveis. Afinal, as pessoas haviam acreditado durante anos que o Sol girava ao redor da Terra simplesmente porque os sentidos lhe diziam isso. Quantas vezes não somos enganados por nossos sentidos? Às vezes estamos em um navio e achamos que já começou a viagem, quando na verdade foi o barco ao lado que começou a se movimentar? Quantas vezes não temos sonhos que parecem perfeitamente reais? A não confiabilidade dos sentidos fica demonstrada em filmes como Matrix. Neo acreditava piamente que a vida que levava era real, até descobrir que tudo era uma ilusão criada por um programa de computador... No filme Uma Mente Brilhante, o personagem principal, um ganhador do prêmio Nobel, conversava com pessoas que não existiam. Descartes imaginou-se dominado por um demônio da dúvida que o faria ter dúvida de tudo. Se eu duvido de tudo, se duvido até mesmo se estou realmente aqui escrevendo este texto, qual a minha única certeza? A minha única certeza é de que tenho dúvidas. Se tenho dúvidas é porque penso. Se penso, logo existo. Cogito ergo sum. Esse raciocínio de Descartes teve duas conseqüências. Por um lado a ciência procurou aperfeiçoar cada vez mais os instrumentos de pesquisa para fugir da validação subjetiva. Balanças, cronômetros, questionários, observação sistemática são instrumentos de pesquisa que tentam fugir da dúvida deixada pelos sentidos. Na filosofia, as idéias de Descartes inauguram o postulado da razão, que dominaria toda a Idade Moderna.
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Bibliografia DESCARTES, René. Discurso do método e regras para a direção do espírito. São Paulo: Martin Claret, 2002. GARDNER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. TURNBULL, Neil. Fique por dentro da filosofia. São Paulo: Cosac & Naify, 2001. Durante muito tempo as bases metodológicas lançadas por Descartes e Newton foram suficientes, mas no final do século XIX ficou claro que era necessária uma melhor definição para a pergunta: “O que é ciência?” Havia uma necessidade urgente de diferenciar a ciência da pseudociência. O século XX foi palco de uma apaixonada discussão sobre o que é ciência, quais são suas características e sua relação com os outros tipos de conhecimento. Os pensadores que exploraram o tema discordam entre si e há até aqueles que defendem que um método científico é impossível. Outros têm denunciado a ideologia por trás do método científico, tais como Edgar Morin e Hebert Marcuse, que acusam a ciência e a tecnologia de promoverem a transformação do homem em coisa e a compartimentação do saber. Outros apresentam propostas que discordam completamente do que a maioria entende por ciência. Exemplo disso é a gonzologia, uma corrente de pensamento influenciada pelo jornalismo gonzo. Para esses pensadores, a única metodologia possível dentro da ciência é a observação participante. Entretanto, a noção que se tem hoje do conhecimento científico é influenciada pelos pontos de vista do Círculo de Viena e dos pensadores Karl Popper e Thomas S. Kuhn pela importância de suas propostas epistemológicas.
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2.1 – CÍRCULO DE VIENA Essa corrente de pensamento de inspiração positivista surgiu na Europa no início do século XX. Acreditava na possibilidade das ciências humanas e sociais seguirem as mesmas metodologias das ciências naturais. O Círculo de Viena estava preocupado em diferenciar o conhecimento científico dos outros tipos de conhecimento. Eles partiam de algumas perguntas básicas: o que é conhecimento científico? Que tipo de conhecimento pode ser caracterizado como científico? Eles iniciaram distinguindo dois contextos: o da descoberta e o da verificação. O contexto da descoberta é aquele em que o cientista faz sua descoberta. Para o Círculo de Viena, esse era um contexto irrelevante para se definir se esse conhecimento é científico ou não. A descoberta pode ter surgido, por exemplo, de um sonho, de uma alucinação ou simplesmente de uma coincidência... Para o Círculo de Viena, o que realmente importa na definição do que é científico ou não é o contexto da justificativa. Ou seja, é a forma como o cientista vai explicar sua descoberta aos pares. O Círculo de Viena dava grande importância à verificação. Assim, o cientista deveria explicar detalhadamente como chegou aos seus resultados para que outros pesquisadores, repetindo a experiência, pudessem chegar aos mesmos resultados. Para evitar equívocos (intencionais ou não) era necessário usar uma linguagem unívoca. Ou seja, cada termo utilizado no trabalho deveria ter uma única interpretação. Nas ciências sociais, o pensamento do Círculo de Viena influenciou os pesquisadores a definirem muito bem os termos utilizados. Em um trabalho sobre aborto em casos de violência sexual, o que é aborto? O que é violência sexual? Será que uma esposa pode acusar o marido de a tê-la violentado? A definição desses termos, e a utilização dos mesmos com uma única significação ao longo de todo o trabalho, asseguram a interpretação correta e a cientificidade do trabalho. O Círculo de Viena também estabeleceu o princípio da verificação. Ou seja, o cientista deve repetir a experiência e verificar se chega 17
sempre ao mesmo resultado antes de divulgar suas tese. Jamais se deve fazer juízos precipitados. Essa corrente de pensamento também acreditava que o método cientifico deveria utilizar a indução. O QUE É INDUÇÃO? Indução é o princípio segundo o qual deve-se partir das partes para o todo. Ou seja, ao fazer uma pesquisa, deve-se ir coletando casos particulares e, depois de certo número de casos, pode-se generalizar, dizendo que sempre que a situação se repetir o resultado será o mesmo. Se, por exemplo, eu quero saber a que temperatura a água ferve. Coloco água no fogo e, munido de um termômetro, meço a temperatura. Descubro que a fervura aconteceu a 100 graus centígrados. Repito a experiência e chego ao mesmo resultado. Repito de novo e vou repetindo até chegar à conclusão de que a água sempre ferverá a 100 graus centígrados. Umberto Eco dá um outro exemplo curioso: os sacos de feijões. Vejo um saco opaco sobre a mesa. Quero saber o que tem no mesmo. Uso o método indutivo: vou tirando o conteúdo do saco um a um. Da primeira vez, me deparo com um feijão branco. Na outra tentativa, de novo um feijão branco. Repito a experiência até achar que está bom (ou até acabar a verba). Então extraio uma lei: dentro deste saco só há feijões brancos. 2. 2 - KARL POPPER Para esse autor inglês, a ciência é caracterizada pelo falseamento. Ou seja, uma teoria só é científica se for possível provar que ela está errada. Assim, seria não-científico afirmar que vai chover amanhã. É certo que amanhã vai chover em algum lugar do planeta, em algum horário. É científico dizer que vai chover amanhã às 17 horas em Macapá, pois essa afirmação é passível de falseamento. A ciência não aceita formulações vagas, que não podem ser falseadas, características dos videntes e cartomantes: “Você vai viver um grande amor”; “Um grande reino vai cair”. É impossível provar que essas 18
afirmações são falsas. Em algum momento a pessoa vai viver um grande amor e em uma guerra, inevitavelmente um reino irá ser derrotado. Para Popper, O cientista não deveria procurar fatos que comprovassem sua tese, mas fatos que o falseassem, que provassem que ela é falsa. Imaginemos que estejamos estudando as galinhas. Pesquiso uma e descubro que ela bota ovos. Encontro outra galinha e observo o mesmo comportamento. Por indução, chego à conclusão de que todas as galinhas botam ovos. Para Popper isso não é científico, pois se eu encontrar uma única galinha que não bote ovos, minha tese cai por terra. Para Popper, a indução é falha e a única maneira de sermos científicos é usarmos a dedução. Assim, eu crio uma lei geral: todas as galinhas botam ovos. Então pego uma galinha ao acaso e verifico se ela bota ovos. Se isso ocorrer, a tese está correta, por ora. Se um dia aparecer uma galinha que não bote ovos, a tese será falseada. Popper nos ensinou que as verdades científicas são provisórias. São apenas hipóteses esperando pelo falseamento. O QUE É DEDUÇÃO? A dedução é uma forma de raciocínio científico segundo o qual devemos partir do geral para o particular. Assim, devemos primeiro criar uma lei geral e depois observar casos particulares e verificar se essa lei não é falseada. Para os adeptos da dedução, o cientista não precisa de mil provas indutivas. Basta uma única prova dedutiva para que a lei possa ser considerada válida. No exemplo do saco, imaginem que o vendedor nos disse que ele estava cheio de feijões brancos. Eu então retiro um feijão de dentro do saco. Se for um feijão branco, então minha hipótese está, por enquanto, correta. Um problema da dedução é que ela geralmente se origina de induções anteriores. Geralmente fazemos uma lei geral depois de já termos observado casos particulares.
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2. 3 - THOMAS S. KUHN Thomas Kuhn percebeu uma falha na teoria de Popper: nenhum cientista procura falsear sua hipótese. Ninguém passa a vida toda pesquisando clonagem para depois chegar à conclusão de que clonar um ser vivo é impossível (falseamento). Ele percebeu que a ciência caminha através de revoluções científicas. Para melhor explicar sua teoria, ele utilizou o termo Paradigma. Paradigmas são grandes teorias que orientam a visão de mundo do cientista. Uma mudança de paradigma pode representar uma alteração total na maneira como as pessoas vêm o mundo. São as chamadas revoluções científicas. Por que as coisas queimam? Antes de Lavoisier: porque contém flogisto, um produto altamente inflamável. Lavoisier: por que entram em contato com oxigênio. Os paradigmas fornecem uma visão de mundo que orienta os pesquisadores. De tempos em tempos surgem as anomalias, fenômenos que não se encaixam no paradigma. Para explicá-los os cientistas mais jovens criam um novo paradigma, que leva bastante tempo para ser aceito, pois os cientistas antigos não mudam de idéia. Exemplos de revoluções científicas: O heliocentrismo, a teoria da evolução, a lei da gravidade, a teoria da relatividade, A psicanálise... TEXTO COMPLEMENTAR PARADIGMAS Uma das expressões mais recorrentes no vocabulário de quem tenta falar difícil é paradigma. No entanto, são poucas as pessoas que conhecem o real significado dessa palavra. O termo paradigma, no sentido definido pelo filósofo T.S. Kuhn, está intimamente relacionado à ciência e às revoluções científicas. Ele representa um guia, para análise e interpretação da natureza. Ou, como cos-
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tumo dizer, é um óculo que ajuda o cientista a ver e compreender a natureza. Vamos a um exemplo. Durante uma aula de ciências, o professor solta uma pedra e ela cai ao chão. O mestre, em seguida, explica aos alunos que o objeto despencou em decorrência da força da gravidade, que o puxou para baixo. A explicação é baseada no paradigma newtoniano, segundo o qual matéria atrai matéria. Quanto maior o objeto, mais atração ele exerce. Como nosso planeta é muito maior que a pedra, ele a atrai, e não o contrário. Assim, o paradigma estabelecido por Newton nos ajuda a observar e entender o fenômeno das coisas que caem. A explicação pode parecer óbvia, mas não é. Os aristotélicos, anteriores a Newton, tinham uma maneira diferente de compreender o fenômeno. Para eles, a tendência das coisas é voltar ao seu estado natural. O estado natural dos objetos pesados é os locais baixos, assim como o estado natural das coisas leves são os locais altos. Assim, uma pedra cai pelo mesmo motivo pelo qual um balão sobe: ela está voltando ao seu estado natural. Digamos, no entanto, que, ao invés de cair, a pedra fique flutuando no ar. Professores e alunos certamente ficariam estarrecidos. Por quê? Porque a natureza estaria contrariando o paradigma. A pedra voadora seria uma anomalia, um fenômeno que não se encaixa na expectativa que temos com relação à natureza. (Detalhe: um bebê não acharia nada de anormal no episódio, pois ele ainda não aprendeu o paradigma segundo o qual as coisas caem quando soltas) A maioria dos cientistas tende a ignorar as anomalias. “Ei, crianças! Isso é apenas uma alucinação. Essa pedra não está flutuando”, diria o professor. Mas alguns pesquisadores, jovens e aventureiros, decidem pesquisar a anomalia e descobrem que, para explicá-la, é necessário mudar a maneira como vemos o mundo. São as chamadas revoluções científicas. A história é repleta de revoluções científicas: o Heliocentrismo de Galileu; a Teoria da Evolução, de Darwin; a Teoria da Relatividade, de Einstein e, mais recentemente, a Teoria do Caos.
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Ao contrário do que se poderia pensar, ou do que nos fazem crer os livros de história, os cientistas revolucionários dificilmente são aclamados pela sociedade de seu tempo. Galileu quase morreu na fogueira. Darwin sofreu todo tipo de crítica. A Teoria do Caos chegou a ser acusada de charlatanismo. A principal contribuição da noção das revoluções científicas parece ter sido acabar com o mito da ciência acumulativa, vista como um muro no qual cada cientista ia acrescentando seu tijolinho. Durante as revoluções científicas, gerações de novos pesquisadores entram em conflito com os cientistas “normais”. E o que definirá se um paradigma irá sobreviver não é a sua cientificidade, e sim sua capacidade de explicar o mundo. E, bem, há uma outra razão: a comunicação. Triunfam aquelas teorias cujos adeptos divulgam seu ponto de vista. OLIVEIRA, I. C. A. Cultura Pop. Macapá: Faculdade Seama, 2002, p. 46-49
2. 4 - EDGAR MORIN Um dos pensadores mais importantes da atualidade é o francês Edgar Morin. Suas idéias, inicialmente criadas para discutir a questão do conhecimento, espalharam-se por várias áreas e tornaram-se uma referência obrigatória na área de educação a partir do livro Os sete saberes necessários à educação do futuro, escrito a pedido da Unesco. Essencialmente, o pensamento de Morin, chamado de teoria da complexidade, baseia-se na busca de uma ética na ciência e na crítica ao que ele considera os três pilares da ciência moderna: a ordem, a separabilidade e as lógicas indutivas e dedutiva. Morin também insiste na necessidade de se trabalhar com as limitações do pensamento científico. A busca da ordem sempre foi o interesse principal da ciência. Para a ciência, caótico é tudo aquilo que é desconhecido. A partir do momento em que se descobre como algo funciona, revela-se a ordem. A teoria da informação ensina que ordem é falta de varidade/informação. Já caos é variedade/informação em estado puro. Um relógio é um exemplo perfeito de ordem. Ele sempre fará as mesmas coisas, sempre se movimentará de maneira uniforme a totalmente previsível. Já a bolsa de valores é um fenômeno mais caótico, pois é muito 22
mais difícil prever seus movimentos. Uma outra maneira de definir ordem, complementar à anterior, é através da determinação. Fenômenos ordenados são determinados. Determinação sugere uma relação causal. Se determinado fenômeno ocorre, ele terá obrigatoriamente uma conseqüência. A relação de causa e consequência é extremamente determinada na Ciência Clássica, por isso o relógio foi tomado como modelo do mundo. A crença na determinação fez com que os cientistas e filósofos sonhassem com a possibilidade de decifrar a verdade definitiva. A Ciência Clássica ignorava os fenômenos dinâmicos, que estão mais próximos do caos que da ordem. A bolsa de valores, o trânsito de cidade, as sociedades e até a vida humana são fenômenos que escapam ao determinismo. Morin vai criticar justamente essa idéia de determinismo, que até pouco tempo predominava nas ciências sociais. Edgar Morin diz que a complexidade nos dá a liberdade, pois nos livra do determinismo. Não somos prisioneiros de uma determinação, seja biológica ou social. Ao contrário, construímos nosso próprio destino a partir de nossas escolhas, sejam elas conscientes ou não. Para Morin, portanto, o mundo é uma mistura de caos e ordem e o cientista deve aprender a lidar com ambos. A segunda parte da teoria de Edgar Morin, e também a mais difundida, refere-se à crítica à separabilidade. A ciência sempre trabalhou com a idéia de que, para resolver um problema, é necessário dividi-lo em pequenas partes e estudá-las uma a uma. Esse princípio provocou a divisão do saber e a especialização, que permitiu um grande avanço tecnológico. Mas a especialização logo revelou suas deficiências, pois os cientistas, cada vez mais especializados, perderam a visão do todo. A teoria dos sistemas demonstrou que os fenômenos são processos de retroação contínua. É, portanto impossível em algumas situações estabelecer a causa e a conseqüência. O que é causa de um fenômeno é também causada por outro fenômeno numa rede de interações infinita. Como conseqüência da separabilidade, a responsabilidade sobre as decisões, incompreensíveis para os leigos, são deixadas nas mãos de
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especialistas, que não consideram as conseqüências amplas de suas ações. Em lugar da separabilidade, Morin propõe a complexidade, que significa abraçar o todo. Ou seja, é o princípio de que é impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, assim como conhecer o todo sem conhecer as partes. A terceira parte da crítica de Edgar Morin à Ciência Clássica diz respeito à lógica indutiva. Desde Galileu a indução tem sido considerada o procedimento científico mais correto. Mas mesmo os defensores da dedução não conseguem responder a uma pergunta: quantos casos é necessário pesquisar para se chegar a uma conclusão geral sobre o assunto? Morin usa a crítica de Karl Popper para fundamentar sua posição. Para Popper, essa falha da indução faz com que ela não seja científica. Para Popper, a ciência só pode se utilizar da dedução, em que se faz uma generalização e depois vai se pesquisar casos singulares. Se os casos baterem com a hipótese, dizemos que ela foi corroborada (não confirmada, pois é possível que estudos futuros cheguem a conclusões diferentes). Se não baterem com a hipótese, dizemos que a mesma foi falseada. Popper demonstrou que só é científico aquele conhecimento que pode se mostrar falho, ao contrário do conhecimento teológico, que não pode ser falseado. Edgar Morin aproveitou a crítica de Popper à indução em sua filosofia, mas também fez crítica à dedução, citando o paradoxo lógico do mentiroso de Creta. Imagine que um cretense diz que todos os cretenses são mentirosos. Se ele estiver dizendo a verdade, está mentindo, pois ele também é cretense e, pela lógica, deveria estar mentindo. Se ele estiver mentindo, está dizendo a verdade. É uma situação que não tem escapatória lógica. Embora admita que a dedução é mais confiável que a indução, Morin propõe uma nova lógica, menos classificadora, que não fosse baseada no OU/OU, mas no E/E. Uma lógica complementar e não excludente, que permitisse termos contrários, como: “A vida surge da morte”. De fato, a morte do grão é o início da semente, que irá dar origem a outra planta. A cada dia nossa pele se renova em grande parte. É a morte das células da epiderme que nos permite continuar vivendo.
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3 A PESQUISA CIENTÍFICA 3.1 TIPOS DE PESQUISA PESQUISA PURA - Tem como objetivo principal a busca do saber. PESQUISA APLICADA – Busca de solução para problemas concretos e imediatos. Muitas vezes pesquisas puras revelam grande importância em nossa vida. É o caso da eletricidade. Quando os primeiros cientistas começaram a pesquisá-la, o único objetivo era a curiosidade. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA É feita a partir de documentos (livros, livros virtuais, cd-rom, internet, revistas, jornais...). A pesquisa bibliográfica deve anteceder todos os tipos de pesquisas. PESQUISA DESCRITIVA Observa, registra e analisa os fenômenos, sem manipulá-los. É muito utilizada em pesquisas sociais. Procura descobrir a freqüência com que o fenômeno ocorre, sua natureza, suas características, sua relação com outros fenômenos. PESQUISA EXPERIMENTAL Manipula diretamente as variáveis relacionadas ao objeto de estudo. Quer saber as causas e efeitos, como o evento ocorre. O cientista cria situações de controle para evitar interferências (o placebo, por exemplo). O QUE SÃO VARIÁVEIS? Variável é um aspecto ou dimensão de um fenômeno que pode sofrer alteração. Variável independente é aquela que é a causa, que provoca, influencia ou determina outra variável. Variável dependente é aquela que é influenciada ou determinada pela variável independente. É, portanto, a conseqüência da variável inde pendente. Variável interveniente é a que se coloca entre as variáveis estudadas a fim de anular, diminuir ou ampliar o impacto da variável independente sobre a dependente. Em um estudo sobre que analise se o professor dinâmico exerce in fluência positiva sobre a aprendizagem do aluno, o dinamismo do pro25
fessor é a variável independente, o aprendizado é a variável dependente e os outros fatores (como o salário do professor, seu nível de atualização, etc) que podem interferir nessa relação são as variáveis intervenientes. 3.2 A PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS Dois tipos de pesquisas dominam o campo das pesquisas sociais, as pesquisas quantitativas e qualitativas. Vamos estudar essas duas maneiras utilizadas para se chegar ao conhecimento e as técnicas utilizadas por cada uma. 3.2.1 Pesquisa quantitativa De inspiração positivista. Teve grande desenvolvimento na escola funcionalista. Parte do princípio de que, para estudar o homem e a sociedade, é possível utilizar a mesma metodologia e o mesmo instrumental das ciências naturais. A pesquisa quantitativa tem sido muito criticada por procurar reduzir as relações humanas a números exatos. Um exemplo disso seria a preferência das pessoas por determinada comida, digamos sorvete de chocolate e morango. Para os funcionalistas, essa questão pode ser tranqüilamente explicada com números, como no exemplo abaixo: As pessoas gostam mais de sorvete de chocolate ou de morango? 55% das pessoas gosta de chocolate 40% prefere morango 5% não gosta de sorvete TÉCNICAS QUANTITATIVAS OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA Nessa técnica, o observador, munido de uma listagem de comportamentos, registra a ocorrência dos mesmos durante um período de tempo. Quem já leu o Analista de Bagé, de Luís Fernando Veríssimo, conhece o procedimento: Enquanto preenche a ficha, Lindaura, a secretária, dá uma cuia de chimarrão em formato de seio ao paciente. A seguir ela anota as reações do mesmo em uma lista de comportamentos: quis chupar a cuia em vez
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da bomba; começou a gemer e a acariciar a cuia; atirou a cuia contra a parede. Para evitar interferências, é comum se utilizar câmeras na observação sistemática. É uma situação semelhante ao do programa Big Brother. QUESTIONÁRIO É um tipo de entrevista em que perguntas e respostas são fechadas e o informante apenas escolhe entre as várias opções de respostas dadas pelo entrevistador. O uso de questionário requer algumas condições: O pesquisador deve saber exatamente o que procura, o objetivo de cada questão; O informante deve compreender perfeitamente as questões, portanto cuidado com o repertório do informante; O questionário deve seguir uma estrutura lógica. Deve ser progressivo (do mais simples ao mais complexo), conter uma questão por vez e ter linguagem clara. Exemplo: Dentre os sabores de sorvete abaixo, qual é o que você mais gosta? ( ) Açaí ( ) Chocolate ( ) Morango ( ) Creme ATENÇÃO: Jamais pergunte em um questionário por quê? A grande maioria dos informantes simplesmente vai ignorar essa pergunta. ENTREVISTA DIRIGIDA A entrevista dirigida é um método diferente do questionário, em que o informante apenas escolhe uma entre várias possibilidades. Enquanto o questionário já tem perguntas e respostas fechadas, na entrevista apenas as perguntas são fechadas, ficando as respostas por conta do informante. Mas importante: todos os informantes devem responder às mesmas perguntas para que seja possível a tabulação das respostas. Exemplo: Qual o sabor de sorvete que você mais gosta? É possível fazer questionários mistos, com perguntas abertas e fechadas, especialmente quando se torna difícil prever todas as possibilidades de respostas. 27
Exemplo: Você trabalha? ( ) Sim ( ) Não Qual a sua profissão? No caso acima a impossibilidade de prever todas as respostas para a pergunta faz com que o melhor seja deixar a resposta em aberto. DICAS PARA ELABORAÇÃO DE QUESTIONÁRIO E ENTREVISTA A – FAÇA UMA PERGUNTA BÁSICA Algo importante a ser lembrado quanto ao questionário é definir exatamente o que se quer saber com o questionário ou a entrevista. O ideal é elaborar uma pergunta básica que será desmembrada em várias outras perguntas. Para quem já fez o projeto de pesquisa, essa pergunta básica é o problema. Importante: todas as perguntas devem ter relação com a pergunta básica. Alguns exemplos de perguntas básicas: O candidato X tem chances de ser eleito? Qual a opinião do corpo acadêmico sobre a diretora da escola Y? B – TODAS AS PERGUNTAS DEVEM TER RELAÇÃO COM A PERGUNTA BÁSICA Não faça perguntas só por curiosidade. As perguntas devem estar relacionadas ao assunto que está sendo pesquisado e, portanto, com a pergunta básica. Nos exemplo de uma pesquisa que pretende medir as chances do candidato X ser eleito, perguntar se o eleitor confia nos políticos é irrelevante. Não é isso que se quer saber e, portanto, essa pergunta não terá nenhuma utilidade para a pesquisa. No segundo exemplo, não faz sentido algum perguntar se os alunos concordam com a maneira como são escolhidos os diretores de escola. Afinal, a pesquisa quer saber a opinião sobre a atuação da diretora. C – A PERGUNTA BÁSICA DEVE SER DESTRINCHADA EM OUTRAS PERGUNTAS A pergunta básica é sempre uma pergunta genérica, que envolve vários fatores. O ideal é descobrir quais são esses fatores e desenvolver perguntas a partir deles. Por exemplo, no caso da pesquisa eleitoral, vários aspectos influenciam na aceitação de um candidato: o candidato passa credibilidade? Ele se veste corretamente? Ele é simpático? As 28
pessoas conhecem seu plano de governo e, se conhecem, concordam com ele? O candidato sabe se expressar em público? Os antecedentes do candidatos são positivos? D – CADA ITEM DEVE TER UMA SÓ PERGUNTA Não misture assuntos em uma só pergunta, nem faça mais de uma pergunta de uma só vez. Por exemplo: Você acha que o candidato X passa jovialidade e credibilidade? Joviabilidade e credibilidade não são valores tão relacionados que possam ser unidos em uma só pergunta. Diante de um questionamento assim, o informante não sabe o que fazer. E, diante de sua resposta, mesmo o pesquisador ficará em dúvida. Se a resposta foi sim, o informante quis dizer que acha que o candidato tem jovialidade e credibilidade, ou só joviabilidade ou só credibilidade? Um outro exemplo: Você acha que a Secretaria de Educação deve oferecer aos professores atividades complementares, como cursos de atualização, no período de férias? Leia com atenção. Há três perguntas aí. O ideal era destrinchar cada item em uma só pergunta: Você acha que a Secretaria de educação deve oferecer atividades complementares aos professores? Você acha que essas atividades poderiam ser cursos? Você acha que esses cursos poderiam ser no período das férias? E – EVITE PERGUNTAS TENDENCIOSAS Algumas perguntas, por si só, levam a determinada resposta. Elas devem ser evitadas, pois o que se quer não é confirmar as opiniões do pesquisador, mas saber a opinião do informante. Alguns exemplos de perguntas tendenciosas: Você acha que a falta de materiais áudio-visuais prejudica a qualidade das aulas? Você acha que a falta de estrutura da feira dificulta as atividades dos feirantes? Nos dois casos acima, a pergunta está influenciando a resposta. F – CUIDADO COM O REPERTÓRIO DO INFORMANTE O repertório é o conjunto de informações que uma pessoa tem e que usa para decodificar uma mensagem. O repertório de um estudan29
te é diferente de um professor, assim como o repertório de uma criança é diferente do repertório de um adulto. Faça perguntas de acordo com o repertório das pessoas que vão responder ao questionário. G – DADOS DO INFORMANTE É comum em questionários pedir alguns dados do informante, como idade, sexo, nível de renda e escolaridade. Essas perguntas devem ser feitas se forem importantes para a pesquisa. Por exemplo, em uma pesquisa sobre pobreza em um bairro periférico, informações sobre nível de renda e escolaridade são importantíssimas. Pedir o nome do informante pode não ser aconselhável, especialmente se isso puder criar algum possível constrangimento. Em uma pesquisa sobre o nível de satisfação dos alunos e professores com relação ao diretor de uma escola, muitos alunos e professores podem não ser sinceros se souberem que suas respostas poderão ser descobertas. Nesse caso, o anonimato é essencial. H – TESTE O QUESTIONÁRIO Antes de aplicar o questionário, teste-o entrevistando uma pessoa do universo que será pesquisado. Por exemplo, se os informantes forem lixeiros, faça o teste com um lixeiro. Esse teste serve para demonstrar se o questionário está correto e se o nível das questões está de acordo com o repertório do informante. I – APRESENTE-SE, EXPLIQUE O OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO E O QUE SE ESPERA DO INFORMANTE Ao aplicar o questionário, não se esqueça de algumas regras básicas de educação. Identifique-se, explique ao informante o objetivo do questionário e o que se espera dele. Se for fazer a pesquisa em uma instituição ou empresa, não se esqueça antes de pedir permissão da direção da instituição. Isso pode evitar algumas dores de cabeça. 4.2.2 Pesquisa qualitativa Nos últimos anos, a pesquisa quantitativa vem sofrendo diversas críticas (ver 5.2.4). A cibernética, por exemplo, argumenta que a sociedade é um demônio maniqueu, que muda de estratégia de acordo com as informações que recebe, sendo, portanto, impossível matematizar o homem, explicá-lo a partir de números. As pesquisas qualitativas estão ganhando importância até em campos dominados pelo positivismo/funcionalismo, como as pesquisas eleitorais. 30
TÉCNICAS QUALITATIVAS OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE É obtida através do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado. Procura compreender o sentido que os atores atribuem aos fatos. Exemplos de observação participante podem ser encontradas nos livros de Carlos Castañeda, em especial A Erva do Diabo. Outros exemplos são as pesquisas do antropólogo Clifford Geertz. Em uma pesquisa em Bali, ele era completamente ignorado pelos nativos. Um dia descobriu que um dos eventos mais concorridos do local eram as brigas de galo e foi ver. No meio da briga, a polícia apareceu. Geertz poderia ter explicado que era só um pesquisador e que não tinha nada a ver com aquilo, mas, ao contrário, preferiu fugir junto com os outros. A partir daí, ele, que era um “fantasma” passou a ser respeitado pelos nativos e conseguiu conhecer melhor os códigos e valores dos balineses. OBSERVAÇÃO NÃO-SISTEMÁTICA Nesse tipo de técnica, o autor observa um fenômeno sem participar dele, mas não sabe exatamente o que irá encontrar. Ao final da observação, deve-se fazer um relatório do que viu que se relaciona com o tema da pesquisa. A observação não-sistemática surge justamente da necessidade de se pesquisar fenômenos cujos resultados são difíceis de se prever. Um exemplo de observação não-sistemática foi orientado pelo autor em uma pesquisa sobre critérios de escolha de notícias no jornalismo amapaense. Os pesquisadores ficavam em redações de jornais na hora do fechamento observando as relações entre jornalistas e editores e quais critérios ambos usavam na escolha do que entraria e o que não entraria na edição. Muito do que foi observado fugia à expectativa do grupo de estudo e, portanto, não se enquadraria em uma observação sistemática.
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ENTREVISTA NÃO-DIRETIVA Esse instrumento de pesquisa foi criado pelo psicólogo Carl Rogers. Parte do princípio de que o informante é capaz de se exprimir com clareza. O entrevistador deve se manter apenas escutando, anotando e interagindo com breves perguntas. Exemplo de entrevista não diretiva é o livro Santarém Conta, coordenada pelos Professores Maria do Socorro Simões e Christophe Golder (UFPa). ANÁLISE DE CONTEÚDO Tem como objetivo analisar o documento. Pode ser feita uma classificação do texto, uma análise semiótica ou uma análise informacional. Ex: análise de um software educacional. ESTUDO DE CASO O estudo de caso parte de uma lógica dedutiva. O caso é tomado como unidade significativa do todo. Três fases 1 - Seleção e delimitação do caso O uso do software João Teimoso na escola Tabotão da Serra. 2 – Trabalho de campo Coleta de informações: diários de classe, depoimentos de professores, gravações (as crianças usando o software). 3 – Organização e redação do relatório O estudo de caso pode incluir várias outras técnicas: entrevista (diretiva e não diretiva), análise de conteúdo, observação (sistemática ou participante), questionário...
HISTÓRIA DE VIDA Técnica muito utilizada pela chamada Escola de Chicago, no início do século XX. Segundo Chizzotti (1991, p. 95), “A história é um instrumento de pesquisa que privelegia a coleta de informações contidas na vida pessoal de um ou vários informantes”. A história de vida pode 32
ser caracterizada pelas memórias e biografias de homens célebres, mas também pode valorizar a oralidade, as vidas ocultas e o testemunho vivo de fatos históricos e sociais. PESQUISA-AÇÃO A pesquisa-ação pretende não só estudar uma realidade, mas também fazer uma intervenção psicosociológica nessa mesma realidade. É utilizada em pesquisas sociais, psicológicas e organizacionais.
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4 PROJETO DE PESQUISA Cada instituição tem suas regras próprias para a elaboração do projeto de pesquisa, mas uma estrutura básica deve conter os seguintes itens: Tema Delimitação do tema Problema Hipótese Objetivo Justificativa Metodologia Cronograma Revisão de literatura 4.1- ESCOLHA DO TEMA É o passo inicial. Geralmente a escolha do tema está relacionada a fatores internos do pesquisador (afetividade com o tema, tempo disponível para a realização da pesquisa) e fatores externos (significação do tema escolhido, originalidade, relação com a linha de pesquisa da instituição, etc). Antes de se decidir sobre um tema, faça uma pesquisa geral sobre o mesmo para verificar se a sua pesquisa já foi realizada antes. Um cientista não deve reinventar a roda. Novas abordagens sobre temas já pesquisados também são válidas.
4.2 - DELIMITAÇÃO DO TEMA A tendência dos pesquisadores novatos é querer “abraçar o mundo com as pernas”. Temas muito amplos tornam difícil e demorada a pesquisa. Quanto mais delimitado o tema, melhor se sai o pesquisador. Uma boa maneira de fazer isso é delimitar a pesquisa no tempo e no espaço. Exemplos de delimitação: Tema amplo: Arquitetura Tema delimitado: Catedrais góticas na Itália do séc. XV. Tema amplo: Aborto Tema delimitado: Aspectos legais do aborto em caso de violência sexual. 34
4.3 PROBLEMA Todo trabalho começa com um questionamento, uma pergunta que deve ser respondida. De acordo com Köche (2003, p. 106), um problema inteligente é aquele que contem uma possível resposta e delimita a pesquisa, além de relacionar duas ou mais variáveis: “Um problema de investigação delimitado expressa a possível relação que possa haver entre, no mínimo, duas variáveis conhecidas. Deve ser uma pergunta inteligente, isto é, que indique os possíveis caminhos que devem ser seguidos pelo investigador”. Assim, o problema abaixo não é uma pergunta inteligente: Qual o impacto das novas tecnologias sobre o comportamento das pessoas? O que há de errado com ele? Primeiro, ele não delimita a pesquisa, segundo ele não faz relação entre variáveis. O mesmo problema poderia ser melhor expresso da seguinte maneira: O uso do computador torna as pessoas mais solitárias? Formulado assim, o problema nos dá uma idéia de como deveremos fazer a nossa pesquisa e até a respeito da metodologia necessária para responder a essa pergunta. Ele estabelece uma relação entre uma variável independente (uso do computador) e uma variável dependente (aumento de solidão). A problemática deve ser elaborada de forma clara e precisa. Um outro exemplo: Qual a causa do grande número de assassinatos com armas brancas em Macapá? A problemática acima, embora seja uma pergunta, não cumpre a função de delimitar a pesquisa e indicar uma relação entre variáveis. O mesmo problema seria melhor descrito da seguinte maneira: O grande número de assassinatos com armas brancas em Macapá é provocado pelo uso abusivo de bebidas alcoólicas? Redigida assim, o problema dá ao pesquisador uma boa noção de como fazer a pesquisa. Ele deverá procurar uma relação entre os assassinatos com arma branca (variável dependente) e o consumo abusivo de bebidas alcoólicas (variável independente). Segundo Rudio (2002, p. 94), o problema deve apresentar três qualidades fundamentais: a) enunciar uma questão cuja melhor solução seja uma pesquisa; b) apresentar uma questão que possa ser resolvida 35
através de processos científicos; c) ser factível com relação à capacidade de pesquisa do investigador. Assim, indagar quantos dias tem o ano não é um problema científico, pois a resposta é conhecida e não é necessário pesquisar para descobri-la. Da mesma forma, questões que não possam ser resolvidas cientificamente não servem. Por exemplo: qual é a cor das asas dos anjos? Até o momento, a ciência não desenvolveu instrumentos que permitam descobrir a resposta para essa pergunta. Esse, portanto, não é um problema científico. Quanto ao item c, muitas vezes os alunos escolhem um problemática que demanda grandes recursos ou toda uma equipe. Exemplo: “O papel da mulher sofreu alterações na literatura de todos os países do mundo na virada do século XIX para o século XX?”. Uma problemática dessas é impossível de ser realizada por um único pesquisador. Semelhante tema poderia ser melhor formulado da seguinte maneira: “O papel da mulher sofreu alterações significativas na literatura brasileira durante a virada do século XIX para o século XX?”. 4.4 - HIPÓTESE A hipótese é uma resposta provisória para o problema. É sempre representada por uma frase afirmativa e deve, preferencialmente, estabelecer a relação entre as mesmas variáveis do problema: EXEMPLO: PROBLEMA: O uso do computador torna as pessoas mais solitárias? HIPÓTESE: O computador promove a socialização de tímidos. As hipóteses podem ser indutivas ou dedutivas. Se forem indutivas, pesquisa-se vários casos para se chegar a uma lei geral. Parte-se do singular para o universal. A hipótese dedutiva parte do universal para o singular. Assim, formula-se uma lei geral, que deve ser confirmada ou falseada pelo estudo dos casos. Atualmente a hipótese dedutiva é mais usada. Lembre-se: sua hipótese pode ser confirmada ou falseada. Sua hipótese deve permitir o falseamento, assim, quanto mais específica for, melhor. Popper já dizia que o enunciado “Vai chover amanhã” não é científico, pois certamente vai chover amanhã em algum lugar do mundo. É impossível falsear essa hipótese. 36
Imaginemos o seguinte problema: A doença X é causada por uma bactéria ou um vírus? A hipótese pode ser ou “A doença X é causada por uma bactéria” ou “A doença X é causada causada por um vírus”. A hipótese: “A doença doença X é causada por uma bactéria ou por um vírus” não é científica, pois é difícil de ser falseada. Rudio (2002, p.990) explica que uma hipótese deve ser: a) plausível; b) consistente; c) específica; d) verificável; e) clara; f) simples; g) econômica; h) explicativa. explicativa. A seguir, analisaremos cada um desses critérios. crit érios. Plausível A hipótese deve indicar uma situação possível de ser admitida. Assim, diante da problemática “O remédio X cura a inflamação de garganta?”, não serve a formulação: “O remédio X cura imediatamente não só a inflamação de garganta, como a diarréia, o câncer de mama e alergia”. A hipótese não é científica porque, primeiro, nenhum remédio cura imediatamente uma doença e, segundo, nenhum remédio consegue curar doenças tão díspares quanto inflamação de garganta, diarréia e câncer de mama. Formulações desse tipo são características da pseudociência, não da ciência. Consistente A consistência indica que a hipótese não está em contradição com o conhecimento científico existente. Ela também indica que o enunciado não tem contradições internas. Assim, não serve a hipótese: “O remédio X cura a inflamação inflamação de garganta, garganta, pois essa doença não tem causas físicas e só pode pode ser curada através de um processo espiritual”. A hipótese está errada, pois o conhecimento científico tem demonstrado que a inflamação de garganta tem sim causas físicas. Além disso, o enunciado tem uma contradição interna. Se a doença só pode ser curada através de um processo espiritual, então um remédio físico não pode curá-la. É importante notar que há situações incomuns em que as hipóteses vão contra o paradigma dominante. Entretanto, essas hipóteses revolucionárias são baseadas em fatos científicos que não se encaixam na explicação do paradigma, as chamadas anomalias.
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Específica O enunciado deve ser específico. Hipóteses muito amplas são impossíveis de serem falseadas. Assim, não serve a hipótese: “O remédio X cura doenças”. Quais são as doenças que ele cura? Em que situação? Outro exemplo: “Em qualquer caso, em qualquer situação, o uso de psicotrópicos levará seus consumidores a praticarem crimes”. É impossível observar qualquer caso, qualquer situação referente a esse fenômeno. Por outro lado, uma hipótese específica caracteriza-se como científica: “Os jovens do bairro do Congós em Macapá, envolvidos em crimes no ano de 2000, na sua maioria, são consumidores de drogas psicotrópicas”. Verificável A hipótese deve ser verificável em termos do conhecimento científico atual. Assim, a hipótese “O remédio X cura doenças de origem espiritual” não é científica porque não tem como investigar o espírito humano. Outro exemplo de hipótese que não pode ser verificada: “Os crimes são cometidos por influência de forças malignas” Clara A hipótese deve ser a mais clara possível. Termos não muito claros devem ser evitados, assim como frases repletas de períodos compostos. Exemplo: “Num contexto holístico humano, dentro de uma perspectiva pós-moderna do neoliberalismo contigente, o remédio X pode servir de paliativo numa situação de enfermidade crônica”. Simples e econômica Deve-se evitar todas as palavras que não são necessárias à hipótese. Não enrole ou use uma linguagem pomposa. Exemplo: “Diante do problema dado, pode-se afirmar que o remédio X, de ótima fórmula, cura a doença Y, que tantas vítimas tem feito”. Para começo, toda a parte inicial da hipótese pode ser simplesmente eliminada. “Diante do problema dado” não acrescente nada à hipótese. Ademais, expressões como “de ótima fórmula” ou “que tantas vítimas tem feito” só servem para embelezar a frase, mas não trazem nenhuma informação. Podem, portanto, ser cortadas. Explicativa A hipótese deve, obrigatoriamente, se relacionar com o problema. Uma hipótese que não responda à problemática não tem utilida-
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de. Assim, diante do problema “O remédio X cura a doença Y? “ não serve a hipótese: “O remédio X tem um sabor agradável”. 4.5 – OBJETIVO O objetivo está diretamente relacionado ao problema de pesquisa e demonstra o que se pretende com a pesquisa. Além do objetivo geral, o projeto pode ter objetivos específicos, que tratam de questões operacionais específicas específicas dentro do tema proposto. Evite verbos como fazer, conscientizar, produzir, provar, demonstrar. Alguns verbos que podem ser usados: analisar, avaliar, identificar, comparar... 4.6 - JUSTIFICATIVA Deve dizer porque porque a pesquisa é importante. importante. Não faça simplesmente simplesmente uma introdução ao tema. Lakatos e Marconi (1990) afirmam que a justificativa consiste “numa exposição sucinta, porém completa das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização r ealização da pesquisa”. Ainda segundo as mesmas autoras, a justificativa deve enfatizar: o estágio em que se encontra a teoria a respeito do tema; as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer; a importância do tema do ponto de vista geral; importância do tema para os casos particulares em questão; possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema proposto; descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares. A justificativa não deve conter citações. 4.7 - METODOLOGIA Qual metodologia será usada no trabalho? Pesquisa quantitativa? Qualitativa? Estudo de caso? Observação participante? Questionário? Serão necessários vários instrumentais de pesquisa? Esse item deve deixar bem claro como você como você pretende conduzir a pesquisa para dar ao seu orientador subsídios para orientá-lo. Lakatos e Marconi (1990) distinguem entre método de abordagem e método de procedimento. O método de abordagem seria o processo lógico utilizado na pesquisa. Em resumo, pode-se usar a indução ou a dedução. Entretanto, a própria estrutura dos projetos de pesquisa forçam o pesquisador a
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utilizar o método hipotético dedutivo, com a elaboração de problemas e hipóteses. O método de procedimento seria, na prática, como será feita a pesquisa, com metodologia que pode ser quantitativa ou qualitativa (ou ambas) e técnicas. Deve-se indicar qual é o universo da pesquisa (total de pessoas que a pesquisa pretende representar – por exemplo: alunos da Faculdade de Macapá) e a definição da amostragem (o número real de pessoas que se pretende entrevistar – por exemplo: 500 alunos da Faculdade de Macapá). No caso de censo (em que se entrevista todas as pessoas do universo) não é necessário indicar a amostra. O ideal é que haja um critério para escolha da amostra, um critério não subjetivo. Quanto mais aleatória for a amostra, melhor. Exemplo: A pesquisa usará metodologia hipotética-dedutiva com utilização de método quantitativo. A técnica empregada será a de questionários. O universo pesquisado será os feirantes da feira do produtor rural do bairro Buritizal, em Macapá. Será feita uma amostra de um terço (33%) dos feirantes, sendo que serão entrevistados todos os primeiros feirantes de cada banca, que comporta três tr ês feirantes. 4.8 - CRONOGRAMA É o planejamento da pesquisa. Pode ser feito na forma de quadro. Lembre-se de que a pesquisa bibliográfica deve ser, sempre o primeiro item do cronograma. 4.9 - REVISÃO REVISÃO DE LITERATURA Não é uma simples relação de obras. A revisão de literatura resume o pensamento dos principais autores que trataram do assunto. Serve para demonstrar que o aluno teve contato com os conceitos e teorias básicas sobre o tema e está preparado para iniciar o trabalho. Também serve para demonstrar que ao orientador ou à banca que o aluno não pretende reinventar a roda (ou seja, fazer uma pesquisa que já foi realizada). realizada).
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EXEMPLO DE REVISÃO DE LITERATURA A revisão de literatura abaixo trata do tema hipótese. Veja como o texto apresenta uma visão ampla sobre o assunto, com destaque para os avanços mais recentes nessa área de conhecimento. A visão que positivista da ciência excluiu a ciência qualitativa em favor de uma ciência empírica de base indutiva, provavelmente baseada na frase de Newton hypotheses non fingo, “não formulo hipóteses”. No livro Princípios Matemáticos, no capítulo Escólio geral, Newton assim se manifestou sobre o assunto: Mas até aqui não fui capaz de descobrir a causa dessas propriedades da gravidade a partir dos fenômenos, e não construo nenhuma hipótese; pois tudo que não é deduzido dos fenômenos deve ser chamado uma hipótese; e as hipóteses, quer metafísicas ou físicas, quer de qualidades ocultas ou mecânicas, não têm lugar na filosofia experimental. Nessa filosofia as proposições particulares são inferidas dos fenômenos, e depois tornadas gerais pela indução. (NEWTON, 2000, p. 258) Assim, a não criação de hipóteses levava o cientista a lidar diretamente com os fatos, sem pré-conceitos a respeito deles, numa atitude considerada neutra. Tal visão foi fundamental para a epistemologia desenvolvida pelo Círculo de Viena. Essa corrente de pensamento expressou a convicção de que apenas o método indutivo poderia diferenciar a ciência do pensamento especulativo da pseudo-ciência (JAPIASSU, 1988). No método indutivo, o cientista tem apenas a pergunta, mas não a resposta. Ele pesquisa um assunto estudando caso após caso, esperando que a ciência lhe dê a resposta na forma de uma generalização que possa vir a ser aplicada a todos os casos posteriores. Karl Popper, no entanto, demonstrou que a via da indução levava a ciência a um impasse. Ele se perguntou como é possível que casos singulares possam ser usados para a criação de uma teoria geral. 41
A essa questão, Popper responde dizendo que, por maior que seja o número de enunciados observacionais verificados, não temos o direito de concluir pela existência da verdade de uma teoria universal. E a razão que ele dá é a seguinte: uma teoria universal afirma algo que ultrapassa, de muito, aquilo que pode ser expresso numa enorme quantidade de enunciados observacionais. (JAPIASSU, 1988, p. 94). Em lugar da indução, Popper propõe, como princípio científico, o método hipotético dedutivo. “A partir de uma idéia nova, formulada conjecturalmente e ainda não justificada de algum modo – antecipação, hipótese, sistema teórico ou algo análogo – podem-se tirar conclusões por meio da dedução lógica”. (POPPER, 2003, p. 33). A visão epistemológica de Popper baseia-se no princípio do falseamento, segundo o qual só é científico o enunciado que possa vir a ser falseado. Assim, cabe ao cientista realizar uma hipótese dedutiva e coloca-la à prova. à prova, confrontando-a com os dados empíricos. “Daí se segue que todo teste genuíno de uma teoria é uma tentativa de refutála. Uma teoria é testável na medida em que for possível dizer em que condições ela seria dada como falsa.” (CARVALHO, 1994, p. 70) A partir de Popper, a hipótese passou a ser parte fundamental do trabalho científico a ponto de alguns autores afirmarem que um trabalho não é científico se não tiver por base uma hipótese. Valdir Viegas afirma que a hipótese é a ferramenta do cientista: Hipóteses desempenham papel importante no processo de pesquisa científica, quer do ponto de vista pragmático, quer do ponto de vista lógico. Pragmaticamente, a hipótese é uma garantia de via metódica na busca da explicação, evitando a dispersão do pesquisador; sob o aspecto lógico, ela tende a conduzir o pesquisador com mais eficácia até as causas de um fenômeno. (VIEGAS, 1999, p78).
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Segundo Köche (2002, p.109), “O principal objetivo da investigação científica é, justamente, o de saber se essa sugestão apresentada, isto é, essa hipótese, enquanto enunciado objetivo e independente do pesquisador, será corroborada ou faseada.”. Kerlinger (1980, p. 38) afirma que “Problemas e hipótese são semelhantes. Ambos anunciam relações, só que os problemas são sentenças interrogativas e as hipóteses são sentenças afirmativas. Às vezes são idênticos em substância.”. Para esse autor, a diferença entre os dois está na especificidade. Hipóteses são mais específicas, o que, aliás, lhes confere a possibilidade de falseamento. Assim, hipóteses generalistas, como “Vai chover amanhã” não são científicas. Para Rúdio (2002), a hipótese deve ter as seguintes características: plausível; consistente; específica; verificável; clara; simples; econômica e explicativa. Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi, no livro Metodologia do trabalho científico, afirmam que as hipóteses podem ser básica e secundária. “A principal hipótese é denominada hipótese básica, podendo ser complementada por outras, que recebem a denominação de secundárias.”(LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 104). Para as autoras, as hipóteses secundárias são afirmações complementares à básica, abarcando em detalhes o que a hipóteses afirma em geral, englobando aspectos não especificados na básica, identificando relações deduzidas na primeira, decompondo em pormenores a afirmação geral e apontando outras relações possíveis de serem encontradas. REFERÊNCIAS CARVALHO, Maria Cecília M. de (Org.). Construindo o saber. Campinas: Papirus, 1994. CERVO, A. L. ; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. São Paulo: McGraw-hill, 1983. JAPIASSU, Hilton. Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. KERLINGER, Fred N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais. São Paulo: EPU, 1980. KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2003. 43
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1991. NEWTON, Isaac. Princípios matemáticos, Óptica, o peso e o equilíbrio dos fluídos. São Paulo: Nova Cultural, 2000. POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 2003. RÚDIO. Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2002.
PRINCIPAIS ITENS DO PROJETO DE PESQUISA Tema/ Delimitação do tema Escolha um tema pelo qual tenha predileção. Antes de fechar esse item, verifique se é possível desenvolver o tema no tempo pro posto. Delimite o tema utilizando a situação, o tempo e o espaço. Problema É a pergunta que o trabalho deve responder. Normalmente apresenta uma relação entre duas variáveis. Deve delimitar a pesquisa, ser elaborado de forma clara e precisa e ser passível de investigação científica. Hipótese É a resposta ao problema. Deve abordar as mesmas variáveis do problema. Deve também ser falseável, específica, clara, simples e econômica. Justificativa Deve dizer porque a pesquisa é importante. Comece com uma abordagem geral sobre o tema, depois especifique no que a sua pesquisa irá contribuir para a com preensão do mesmo. Se a sua pesquisa tiver resultados sociais importantes, esclareça isso na justificativa. 44
Objetivo
Deve se dizer o que se pretende com o trabalho. Está diretamente relacionado ao problema. Alguns verbos utilizados no objetivo: avaliar, analisar, relacionar, identificar, comparar... Evite verbos que ex pressem preconceito, como provar e demonstrar.
Metodologia
Deve especificar como será feita a pesquisa. Qual o método lógico (indução ou dedução), que tipo de pesquisa (bibliográfica, descritiva, experimental, quantitativa, qualitativa) e que técnica será usada. Deve ser feito na forma de quadro, com as atividades seguidas das datas previstas para realização das mesmas. Lembrar de reservar no cronograma um período para revisão do texto. É um texto com citações que faz uma revisão do que já foi escrito sobre o assunto. Deve deixar claro de quem são as idéias ou dados apresentados. Expressões que normalmente são usadas na revisão de literatura: segundo..., de acordo com..., ... argumenta, ... defende.
Cronograma
Revisão de literatura
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5 A REDAÇÃO CIENTÍFICA “As pessoas tendem a colocar palavras onde faltam idéias” Johann Wolfgang von Goethe 5.1 – CARACTERÍSTICAS Uma das grandes dificuldades de quem vai produzir uma monografia é confundir texto científico com texto de divulgação científica. Ao pedir para alunos textos científicos, a maioria me traz revista como a Galileu, a Superinteressante ou a Revista dos Curiosos. Essas revistas são exemplos do que é chamado de comunicação científica secundária. Na comunicação científica primária, o cientista fala para outro cientista. Exemplos de comunicação científica primária são as monografias, teses, dissertações de mestrado e papers. Na comunicação científica secundária, o cientista, ou um repórter, divulga conhecimentos científicos a um público leigo, formado na sua maioria por não cientistas. Embora revistas como a Superinteressante tenham características de textos científicos (é importante lembrar que o texto jornalístico tem muitas semelhanças com o científico), elas não seguem normas de apresentação de trabalho exigidas em comunicações científicas. Entre as características dos textos científicos, podemos citar os seguintes: 1.Linguagem unívoca; 2.linguagem impessoal; 3.uso de citações (argumento da autoridade – paradigma); 4.referências; 5.clareza. 5.1.1 - Linguagem unívoca Em um texto científico, cada palavra-chave deve ter um sentido único e indistinto e, deve ser usada com esse sentido durante todo o trabalho. É por essa razão que quase todos os trabalhos na área de ciências sociais sempre iniciam com definição de termos. Se a sua monografia é sobre o uso da teoria das inteligências múltiplas na escola, na parte inicial do trabalho você deverá explicar o que significa “inteligências múltiplas”.
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O contrário da linguagem unívoca é a linguagem plurívoca, típica da poesia, que permite várias interpretações. Às vezes, a linguagem plurívoca pode aparecer em uma frase mal construída. Veja o exemplo: Os tetos que não são pintados freqüentemente oxidam. (FEITOSA, 1991, p. 135) O que o autor quer dizer? Que os tetos que não são freqüentemente pintados oxidam ou que os tetos que não são pintados oxidam freqüentemente? Embora pareça só um jogo de palavras, o significado muda, pois a primeira interpretação diz que os tetos devem ser pintados freqüentemente para não oxidarem. A segunda interpretação dá conta que basta pintar uma vez para que não haja oxidação. 5.1.2 - Linguagem impessoal Em textos científicos evita-se expressões pessoais. Ao invés de dizer “Os resultados do trabalho realizado por mim”, diz-se: “Os resultados deste trabalho”. Em monografias evita-se expressões como acho, penso, creio. A linguagem impessoal também se expressa em oposição à linguagem subjetiva. Assim, ao invés de dizer “A sala estava suja”, o cientista dirá: “O entrevistado, enquanto falava, deixou cair cinzas de seu cigarro no chão. Viam-se restos de cigarros apagados e fragmentos de papel no chão”. Ao invés de dizer “A sala era grande e espaçosa, dirá “A sala media 12 m de comprimento por 8 m de largura”. (CERVO ; BERVIAN, 1983, p. 136) 5.1.3 - Uso de citações e referências A citação ocorre quando se utiliza uma frase, uma idéia ou informação coletada por outro autor. Ela é a base do argumento da autoridade, em que o autor usa uma autoridade para reforçar seu pensamento. Embora Karl Popper duvide da validade do argumento da autoridade, Kuhn demonstrou que os cientistas se baseiam no paradigma, que é uma autoridade. Assim, um autor marxista irá certamente citar Marx em seus trabalhos. Um físico não pode ignorar os trabalhos de Einstein, e, se puder, vai citá-lo para reforçar seu raciocínio. Em todo caso, mesmo autores influenciados por Popper admitem que em algumas áreas, como o direito, o argumento da autoridade 47
é inevitável. É impossível, por exemplo, escrever um texto jurídico sem citar leis. Mas é bom ter cuidado com as citações. É necessário antes verificar se o autor citado é realmente uma autoridade na sua área. Além disso, deve-se verificar se a citação tem relação com seu argumento. O direito de citação é garantido pela lei 9610, de 19.02.98: Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: ®III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicandose o nome do autor e a origem da obra. As citações podem ser diretas ou indiretas. Na citação indireta, usa-se a idéia do autor, mas não exatamente suas palavras. A citação não vem entre aspas, mas deve ser referenciada. Exemplo de citação indireta: Para Aristóteles (1996), a comédia é a imitação das pessoas inferiores. O filósofo ressalta, no entanto, que o cômico se refere a um tipo de feio específico, no qual não cabe a dor. Um exemplo disso é a máscara cômica usada no teatro grego que, apesar de feia, não expressa dor. Na citação direta, a idéia é expressa exatamente como o autor citado a escreveu. Exemplo de citação direta: Para Aristóteles (1996, p. 35), a comédia é a imitação das pessoas inferiores e refere-se à feiúra. Entretanto, para ele, a comicidade “(...) é um defeito e uma feiúra sem dor nem destruição; um exemplo óbvio é a máscara cômica, feia e distorcida, mas sem expressão de dor.”. As citações curtas (de até três linhas) devem vir dentro do texto, entre aspas. As citações longas devem vir em parágrafo próprio com um recuo de quatro centímetros. Um detalhe importante sobre as citações é que elas não podem ser muito extensas. Citações maiores devem ter autorização por escrito do autor. Assim, pegar um capítulo inteiro de outro autor não é citação, é plágio. 48
Toda informação ou idéia colocada no texto que tenha sido criada ou coletada por outra pessoa, deve ser referenciada. Como vimos, as citações são um procedimento científico normal, mas citar sem dizer quem é o autor original é plágio. A boa citação deve vir, obrigatoriamente, acompanhada de referência bibliográfica que indique o autor, a obra e a página da qual foi tirada a citação. Há dois sistemas de referência: o autor-data e de notas de rodapé. Atualmente, em decorrência da internet, a maioria das instituições tem aconselhado o usa do sistema autor-data. No sistema autor, data, coloca-se o sobrenome do autor, virgula, ano de publicação, vírgula, a abreviatura de página e o número da página. Exemplo: (RUIZ, 1979, p. 86) No caso de dois autores, coloca-se o sobrenome dos dois, separados por ponto e vírgula. Exemplo: (CERVO; BERVIAN, 1983, p. 136). Quando o nome do autor já aparece no texto, apenas o ano e a página aparecem entre parênteses e o nome do autor é grafado em caixa baixa. Exemplo: Para Ruiz (1979, p. 86), “o conhecimento científico...”. Quando se trata de uma citação que foi retirada de um livro de outro autor que não o autor original , deve-se colocar o sobrenome do autor da frase, seguida pela expressão apud e pelo sobrenome do autor do livro consultado. Quando o nome do autor vier fora do parênteses, admite-se a expressão “citado por”. Exemplo: (POPPER apud HEGENBERG,1979, p.86). Ou: Popper citado por Hegenberg (1979, p.86). Quando a citação se refere a uma idéia do autor e não a uma informação ou frase específica, a página não é obrigatória na referência. Exemplo: Num estudo recente (BARBOSA, 1980) demonstrou-se que... Quando houver dois autores com o mesmo sobrenome, colocase o prenome abreviado. Exemplo: (BARBOSA, C., 1956) (BARBOSA, O., 1956) 49
Quando forem citados vários documentos do mesmo autor publicados no mesmo ano, acrescenta-se, após a data, letras minúsculas, sem espacejamento (essas letras também devem aparecer na bibliográfica, sempre após o ano). Exemplo: (OLIVEIRA, 1999a) (OLIVEIRA, 1999b) Quando se tratar de informação oral (palestras, debates, comunicações pessoais), utiliza-se, entre parênteses, a expressão informação verbal. Exemplo: Franco de Rosa afirma que a Grafipar começou a contratar desenhistas de outros estados no ano de 1980 (informação verbal). Quando o texto não tiver autor, a entrada é feita pelo título ou pela instituição. Quando o título for extenso, pode-se abreviá-lo, colocando a primeira palavra seguida de reticências. Exemplos: (UNESCO, 2001) (CROSSGEN..., 2003) Quando a citação direta tiver até três linhas, deve vir entre aspas, no corpo do próprio texto. Exemplo: Mais recentemente, os estudos sobre buracos negros terminaram de enterrar o demônio laplaciano. Stephen Hawking descobriu que os buracos negros não são completamente negros: “O que pensamos como espaço vazio não é realmente vazio, mas é preenchido com pares de partículas e antipartículas. Estas aparecem juntas em algum ponto do espaço e tempo, movem-se separadamente e então, juntam-se e aniquilam-se” (HAWKING, 2004). Quando a citação direta tiver mais de três linhas, deve vir em parágrafo à parte, com recuo de quatro centímetros, fonte em tamanho menor, espaçamento simples e sem aspas, itálico ou negrito. Exemplo: A noção do universo como relógio deu origem à idéia ao determinismo científico, expresso publicamente pela primeira vez pelo cientista francês Laplace. Acreditava-se que a natureza seguia regras fixas que
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podiam ser descobertas com o uso da razão, como no caso de um relógio. Para Laplace, Uma inteligência que conhecesse em determinado momento todas as forças da natureza e posição de todos os seres que a compõem, que fosse suficientemente vasta 4 cm. para submeter estes dados à análise matemática, poderia exprimir numa só fórmula os movimentos dos maiores astros e dos menores átomos. Nada seria incerto para ela, e tanto o futuro como o passado estariam diante de seu olhar. (LAPLACE apud EPSTEIN, 1986, p. 30) 5.1.4 - Clareza Um texto científico deve ser claro. Ao contrário do que muitos acham, escrever cientificamente não é escrever de maneira difícil. Claro que há um certo grau de dificuldade para o público, mas essa dificuldade está na linguagem técnica, não na formatação das frases. Para garantir a clareza do texto, deve-se evitar o excesso de períodos compostos, que dificultam a compreensão e podem dar margem a dupla interpretação, como no exemplo abaixo: Carlos, que foi preso pelo policial, que é pessoa violenta, que roubou a casa de uma pessoa que mora no bairro do Congós e é caixa em um supermercado muito conhecido nesta cidade. As mesmas informações ficam muito mais claras com a melhor organização da frase: Carlos, pessoa violenta, foi preso pelo policial. Ele é acusado de roubar a casa de uma pessoa no bairro do Congós. A vítima trabalha em um supermercado muito conhecido na cidade. 5.2 TIPOS DE TEXTOS CIENTÍFICOS 5.2.1- Fichamento O Fichamento é, na verdade, um instrumento de pesquisa, mas é comum professores pedirem fichamentos como forma de testar a capacidade de leitura e compreensão do aluno.
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Originalmente, como instrumento de pesquisa, as fichas se dividem em bibliográfica, de citações e de leitura. FICHA BIBLIOGRÁFICA A ficha bibliográfica é a primeira a ser feita e constitui a primeira parte de uma pesquisa. Nela anotamos todos os documentos (sites, artigos em revistas, livros, textos em jornais) que possam ter qualquer tipo de interesse para nosso trabalho. Ela serve para que, depois, possamos ter uma boa idéia do tipo de bibliografia com o qual podemos contar e onde se encontram esses documentos. A estrutura da ficha bibliográfica é a seguinte: -Tema da pesquisa - Indicação bibliográfica das obras pesquisadas. EXEMPLO DE FICHA BIBLIOGRÁFICA
Cibernética EPSTEIN, Isaac. Teoria da informação. São Paulo: Ática,1986. EPSTEIN, Isaac (Org.). Cibernética e comunicação. São Paulo: Cutrix,1973. PIGNATARI, Décio. Informação. Linguagem. Comunicação. São Paulo:Perspectiva, 1976.
FICHA DE CITAÇÃO A ficha de citações serve para anotarmos trechos das obras que pretendemos citar no trabalho. Ela é muito útil, por exemplo, quando estamos lendo um livro da biblioteca, ou emprestado por um amigo. A estrutura da ficha de citação é a seguinte: tema, bibliografia, citações entre aspas seguidas da página onde estas se encontram.
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EXEMPLO DE FICHA DE CITAÇÃO
Megalópolis de informação MCLUHAN, M.; FIORE, Q. Os meios são as massa-gens. Rio de Janeiro:Record, 1969. “A cidade do futuro, de circuitos elétricos, não será esse fenomenal aglomerado de propriedade imobiliária concentrada pela ferrovia. Ela adquirirá um significado inteiramente novo sob condições de movimentação extremamente rápida. Será uma megalópolis de informação. O que resta da configuração das cidades ´anteriores´se parecerá muito com as Feiras Mundiais –lugares onde se exibem novas tecnologias, não Lugares de trabalho ou de moradia”. (p. 100)
FICHA DE LEITURA A maioria dos professores, quando pede o fichamento do um livro, está se referindo a uma ficha de leitura, ou ficha de resumo. A estrutura dessa ficha é muito mais completa e pode mudar de autor para autor. Aqui é usada uma estrutura básica, que inclui: Tema, referência bibliográfica da obra, informações sobre o autor, resumo, comentários e citações. O exemplo abaixo foi feito como instrumento de pesquisa para uma dissertação de mestrado e inclui comentários sobre a possibilidade de utilização do livro no trabalho. No caso de um trabalho pedido aos alunos como exercício de leitura, esse tipo de comentário é dispensável. Aliás, quanto ao comentário, é melhor não tê-lo do que ter comentários pessoais, do tipo “Não gostei desse livro” ou “Acho esse livro muito importante”.
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Exemplo de ficha de leitura
Determinismo na ciência EPSTEIN, I. Teoria da Informação. São Paulo: Ática, 1986. Epstein é uma autoridade na área de cibernética e teoria da informação. Foi autor de um dos primeiros livros sobre o assunto publicados no Brasil: Cibernética e Comunicação, de 1971. Doutor em filosofia, é professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo. Esse, embora seja um livro de introdução ao assunto, acabou se tornando uma referência obrigatória para a Teoria da Informação. Epstein fala de códigos, mensagens, decifração de mensagens codificadas, redundância e sintaxe. Outros temas: entropia, redundância, fontes ergódicas e quantificação da informação. De fundamental importância é o terceiro capítulo: “O que é informação”. Nesse, Epstein trabalha o conceito de entropia e explora os conceitos de Demônio de Maxwell e Demônio Laplaciano. O Demônio Laplaciano é uma entidade imaginada por Laplace para explicar o determinismo da natureza. De posse de informações sobre todas as partículas do universo, seria capaz de prever o futuro. O Demônio de Maxwell, ao contrário, trabalha com a indeterminação e opera utilizando a entropia a seu favor. “A inteligência suposta por Laplace seria onisciente, mas impotente para provocar qualquer modificação no curso dos eventos. , pois nada poderia Restaria a ela um olhar entediado sobre o porvir
ocorrer que não tivesse já previsto” (p. 30-31). 5.2.2 - Resenha Uma resenha, ao contrário do que imagina a maioria das pessoas, não é um resumo de uma obra. A resenha exige uma leitura atenta e conhecimento sobre o assunto a ser resenhado. Historicamente, a resenha surgiu da necessidade de escolha entre diversos livros que estavam sendo publicados. Como escolher entre tantas obras? O resenhista era a pessoa que lia, fazia o comentário e dava ao leitor informações que permitiriam saber se interessava ou não ler a obra original. Essa função ainda é cumprida atualmente pelos ca54
dernos de cultura dos jornais, que apresentam resenhas sobre livros, filmes e até CDs. Um interessante site de resenhas é o Digestivo Cultural (www.digestivocultural.com.br) Normalmente, também revistas científicas apresentam resenhas. Nesse caso, o resenhista deve ser um pouco mais cuidadoso, pois ele estará falando para pessoas especialistas em determinada área de conhecimento. Muitos autores têm classificado a resenha, mas a que parece mais adequada é a divisão entre resenha literária e resenha científica. A literária se destina ao público leigo e tem menos elementos obrigatórios. O objetivo é apenas apresentar informações sobre uma determinada obra, dando ao leitor condições de escolher se quer ou não comprá-la. A resenha científica deve, além disso, apresentar a importância científica da obra, o paradigma do autor, entre outras informações. Abaixo, alguns elementos necessários a uma resenha: Referência bibliográfica completa O resenhista deve colocar, no início da resenha, todos os elementos bibliográficos, de acordo com as regras da ABNT. No caso de uma resenha literária, bastam o título do livro, o nome do autor e a editora. Credenciais do autor Informações sobre o autor, em especial sua formação universitária, títulos e livros publicados. Resumo da obra (digesto) Aqui se resume as idéias principais do autor. É aconselhável que dê uma visão geral da obra, e haja um aprofundamento de um capítulo ou mais. Conclusões da autoria Qual é a tese do autor? O que ele quer provar com seu livro? A que conclusões ele chega? Metodologia Qual foi a metodologia utilizada pelo autor? O texto é apenas um ensaio, ou é resultado de uma pesquisa de campo? Sua pesquisa é qualitativa ou quantitativa? Quadro de referências do autor (paradigma) Qual é o paradigma no qual o autor sustenta suas idéias? Cada área de conhecimento tem seus paradigmas específicos. Nas ciências sociais,
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por exemplo, há o paradigma marxista, o positivista/funcionalista, o estruturalista... Crítica do resenhista Esse é o momento em que o resenhista faz sua análise da obra. Qual a sua importância? Que contribuição ela traz para o seu campo de estudo. Como é a linguagem do autor? Simples, clara, complexa, rebuscada? O livro aprofunda os assunto estudados? Indicações do resenhista A quem se destina a obra? Quem poderia se interessar por ela? O leitor precisa ter algum tipo de conhecimento prévio para compreender o livro? É um dos itens mais importantes da resenha. Nem sempre é possível fazer uma resenha com todos esses elementos e já li ótimas resenhas que não de fato não tinham um ou mais elementos apresentados acima. Também é importante dizer que esses elementos foram divididos por questões didáticas, mas a maioria dos autores faz um texto corrido no qual aparecem as informações necessárias de uma resenha. A resenha científica deve evitar expressões pessoais. EXEMPLO DE RESENHA BERLINSKI, David. O advento do algoritmo: a idéia que governa o mundo. São Paulo: Globo, 2002. Gottfried von Leibniz foi um dos maiores gênios do século XVII. Ele se movia com facilidade pela matemática, filosofia e direito. Além disso, ele se envolveu em projetos de prensa hidráulica, horticultura e construção de moinhos de vento. Mas Leibniz acalentava um projeto especial: criar uma enciclopédia que contivesse todos os conceitos humanos. Ele acreditava que, por mais que pudesse haver muitos conceitos complexos, a quantidade de conceitos simples deveria ser pequena. E, se existe um número finito de conceitos simples, deve haver no pensamento um princípio de organização, que orquestre o modo como são combinados. No final, o filósofo concluiu que existem apenas dois conceitos sim ples: Deus e o Nada. A partir desses dois, todos os outros poderiam ser construídos. A idéia, que parece absurda e sem nenhuma utilidade prática, é, na verdade, um dos mais úteis instrumentos da atualidade. Sem ela os computadores não seriam possíveis. Os conceitos de Deus e Nada de 56
Leibniz são a base do 0 e 1, a linguagem binária usada pelos computadores digitais. Toda informação que adentra um computador, por mais complexa que seja, é transformada em uma série de 0 e 1, ou Deus e Nada. Leibniz foi, portanto, o avô do algoritmo, um sistema lógico que tornou possível os computadores. É a história da criação do algoritmos que David Berlinsk, professor norte-americano de lógica matemática, conta em O Advento do Algoritmo. Berlinski é doutor pela universidade de Princenton e contribui regularmente com a revista Comentary. Seus ensaios sobre o darwinismo e o big bang ficaram famosos. É autor de três romances e cinco obras de não-ficção, entre elas O Legado de Newton, que será lançado em breve no Brasil pela editora Globo. O autor faz um ensaio histórico, demonstrando a evolução da lógica matemática que levaria à criação do algoritmo. O livro pode parecer um volume hermético, de interesse único dos viciados em matemática, lógica e computadores, mas não é. Berlinski tem uma linguagem simples e um jeito muito agradável de falar de coisas complicadas. Além disso, ele é um tanto poético, às vezes exageradamente poético. Ao falar da lógica aristotélica, ele se refere à decadência do Império romano da seguinte forma: “A cultura brilhante e única dos gregos antigos se exauriu quando o sol ainda brilhava. Os bárbaros começaram a vagar pelas margens rotas e esfarrapadas do Império Romano”. O volume tem momentos exclusivamente literários, como aquele sobre um homem que vendia sonhos, colocado ali para nos fazer ver que sonhar com a verdade pode ter um preço muito caro. Um preço muito caro pagou o lógico inglês Alan Turing, que se suicidou comendo uma maçã envenenada. Turing percebeu que muitas vezes seres humanos faziam trabalhos mecânicos, que podiam perfeitamente ser feitos por um computador e imaginou uma máquina capaz de realizá-los. Ele partiu da idéia de Leibniz, de que conceitos complexos podem ser expressos através de conceitos simples. Ou seja, todas as coisas poderiam ser expressas através de dois símbolos, 0 e 1. Ou melhor, um, pois o 0 é a ausência de símbolo. O computador de Turing teria uma fita infinitamente longa dividida em quadrados. Teria também um mecanismo de leitura que poderia 57
realizar três operações: 1) ler os símbolos nos quadrados; 2) mover-se pelos quadrados, de acordo com uma programação; 3) imprimir símbolos nos quadrados. Um exemplo simples e, ao mesmo tempo, maravilhoso de utilização da máquina de Turing é a soma 1 + 1. O número 1 é expresso através de dois símbolos, 11. O espaço em branco representa o sinal de somatória. Assim, 1+1 seria expresso da seguinte maneira: 11 espaço11. A seguir, basta dar uma programação à máquina. A programação é a seguinte: A leitura se move para a direita até encontrar um espaço vazio e, então, imprime 1. Os sinais, que eram 11 11, ficam 11111. A seguir ela se move novamente para a direita até encontra um espaço em branco, sinal de que agora ela deve se mover para a esquerda e, ao invés de imprimir, deve apagar os dois primeiros da esquerda e, então, parar. O símbolo resultante é 111, justamente o símbolo do número dois. Simples e extremamente eficiente. O método proposto por Turing permite que computadores possam processar qualquer informação usando apenas o Deus e o Nada. Só por nos mostrar que idéias aparentemente sem nenhuma utilidade prática podem se tornar extremamente importantes (e, de certa forma, governar o mundo), o livro de Berlinski já valeria a pena. Como se isso não bastasse, a editora Globo fez um belo trabalho gráfico, com uma capa belíssima e uma encadernação de primeira. Uma leitura obrigatória para os interessados em lógica matemática ou em computadores. 5.2.3 - Paper O paper é um texto feito para ser apresentado em congresso científico. O objetivo dos congressos é permitir a troca de informações entre cientistas que certamente trará um melhor desenvolvimento do conhecimento em uma área específica. Cada congresso tem sua regra de apresentação de trabalhos, mas a maioria pede um texto entre 10 e 15 páginas, incluindo bibliografia. Ou seja, é um texto curto, que muitas vezes apresenta resultados parciais de pesquisas maiores. Aconselha-se procu-
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rar no site do congresso as normas de apresentação de trabalhos antes de iniciar a produção de um paper. 5.2.4 - Artigo Da mesma forma que o paper, o artigo científico deve seguir as regras ditadas pela publicação. Normalmente os artigos têm menos de 15 páginas. É muito comum que papers sejam transformados em artigos. Os artigos devem ter uma estrutura de introdução, desenvolvimento e conclusão. EXEMPLO DE ARTIGO CIÊNCIAS DA NATUREZA E CIÊNCIAS HUMANAS: DIFERENÇAS EPISTEMOLÓGICAS Ivan Carlo Andrade de Oliveira Mestre em comunicação científica e tecnológica pela Universidade Metodista de São Paulo O artigo trata da diferença entre as ciências humanas e naturais, utilizando a metáfora do Demônio Maniqueu e Demônio Agostiniano, proveniente da cibernética. Tal metáfora demonstra que na pesquisa com seres humanos é impossível falar em exatidão, mesmo no caso das metodologias quantitativas. Palavras-chave: Epistemologia, ciências humanas, ciências naturais Os autores cibernéticos encontraram nos demônios Agostiniano e Maniqueu metáforas apropriadas para compreensão das diferenças entre os fenômenos naturais e sociais. O maniqueismo, religião babilônica, acreditava que o universo era governado por duas forças antagônicas, uma boa e outra má. O termo sobreviveu como sinônimo de uma separação rígida entre dois pólos antagônicos. Diz-se, por exemplo, que os gibis de super-heróis são maniqueístas, pois os heróis são totalmente bons e bem intencionados. Os vilões, ao contrário, são totalmente maus. Não há meios-tons. Mas o que é esta análise e como os maniqueístas viam essa força negativa? Para eles, o demônio era astuto o bastante para mudar de estratégia, caso sua vítima lhe percebesse o ardil 59
Imagine-se que o demônio maniqueu colocasse uma casca de banana à porta de um homem. Este, assim que saísse de casa, escorregaria, e soltaria uma série de palavras impublicáveis, para regozijo do demônio. Isso acontece por dias seguidos, até que o homem, cansado da brincadeira, resolve sair pela janela. O demônio, percebendo a mudança, passaria a deixar a casca de banana abaixo da janela, até que surgissem novos fatos que o forçassem a mudar novamente de estratégia. Santo Agostinho, ao contrário, achava que o demônio seguia leis divinas, das quais não podia escapar. O demônio não poderia blefar ou mudar de estratégia. Foi esse tipo de pensamento que permitiu a Henrick Kramer e Jacobus Sprenger escreverem o livro “Malleus Maleficarum”, verdadeiro manual dos inquisidores. O objetivo era descobrir como agia o demônio e seus agentes tem porais, as bruxas, indicando a melhor forma de combater a ação destes. Os títulos de alguns capítulos falam por si: “Métodos Diabólicos de Atração e Sedução”; “Como as bruxas podem infringir enfermidades graves”; “Métodos para destruir e curar a bruxaria”. Jamais ocorreria a tais autores que o demônio, percebendo que seu modo de ação fora descoberto e dissecado, pudesse mudar de estratégia. Os demônios agostinianos são os fenômenos naturais. Eles seguem leis rígidas, das quais não podem escapar. “O que caracteriza, portanto, o demônio agostiniano é o mesmo atributo que indentifica o pressuposto implícito do pensamento científico: a ausência de intenções ou a indiferença da natureza em relação ao cientista. Ela não prepara ardis ou mudanças de estratégias, quando julga oportuno para evitar a dominação”. (EPSTEIN, 1986, p. 62) Se uma pessoa solta uma pedra, ela, incapaz de desobedecer à lei de gravitação universal, cairá, atraída pela Terra. A pedra não cogita flutuar no ar apenas para contrariar as expectativas de quem a jogou. Este poderá dizer “A pedra irá cair” sem medo de ser desmentido pela pedra. O mesmo já não ocorre com fenômenos sociais. Imagine-se um aluno relapso sobre o qual o professor faz a seguinte previsão: “Você não será aprovado, pois não estuda”.
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Ele pode se deixar abater pela previsão e desistir plenamente de ser aprovado. Mas, por outro lado, poderá estudar com mais afinco, para provar que o professor estava errado. Quando se trata de seres humanos, as previsões podem ser autodestrutivas e auto-realizadoras. Um jornal que estampe uma previsão de inflação fará com que os consumidores corram para estocar produtos antes do anunciado aumento de preços. O aumento da demanda fará com que os vendedores aumentem o preço das mercadorias. Talvez a inflação não tivesse ocorrido se o jornal não a tivesse anunciado. É fato sabido que nenhum banco tem em caixa dinheiro o bastante para cobrir a retirada de todos os seus correntistas. Se corre o boato de que o banco irá falir, haverá uma corrida ao mesmo. O excesso de saques deixará a instituição sem capital e, portanto, falida. Mais de uma empresa bancária já fechou suas portas em decorrência de previsões desse tipo. Os fenômenos naturais são demônios agostinianos: jogam um jogo difícil, mas, uma vez decobertas suas leis, eles não a mudarão apenas para nos contradizer ou agradar. Os fenômenos sociais, ao contrário, são demônios maniqueus, pois o fluxo de informações pode fazer a sociedade ou grupos mudarem de comportamento. Como um jogador de pôquer, a sociedade muda seu comportamento e suas estratégias. Segundo Epstein (1986a), as leis que o cientista social descobre sobre o desenvolvimento dos indivíduos ou dos grupos podem ser traduzidas, em certos casos, em poder e dominação. “Os ‘objetos’ deste conhecimento, se conscientes deste fato, podem, numa certa medida e também em algumas circunstâncias, engendrar uma mudança de seus comportamentos e conseqüentemente uma alteração das ‘leis’que os regem”. As investigações de Karl Marx sobre a sociedade capitalista foram muito acuradas, mas não servem para nossos dias, pois o capitalismo se utilizou dessas mesmas análises para se transformar e, portanto, sobreviver.Segundo Norbert Wiener (1968), comparado ao demônio maniqueu, dono de refinada malícia, o demônio agostiniano é estúpido. Joga um jogo difícil, mas pode ser derrotado completamente pela inteligência e pela observação. A metáfora dos demônios maniqueu e agostiniano faz cair por terra a falácia de pesquisadores do início do século XX que pretendiam investi61
gar os fenômenos sociais com as mesmas ferramentas e a mesma lógica com que se investiga a natureza. Para pesquisar tais fenômenos, surge uma nova teoria, parte da cibernética, chamada teoria dos jogos. O jogo praticado pela sociedade constantemente é do tipo somazero, em que os ganhos de uma parte revertem em perdas para o outro lado. É o que ocorre, por exemplo, nos casos de dominação política: uma vitória do dominador transforma-se em perda para o dominado. Sabe-se que a dominação política e econômica é baseada no conhecimento do homem sobre o homem. Em especial o conhecimento sobre como a sociedade dominada age. Nesse caso, interessa aos dominados agirem como demônios maniqueus, o que torna inútil esse conhecimento. (EPSTEIN, 1986b) O melhor exemplo desse tipo de comportamento é a guerrilha. A guerrilha não respeita as regras dos conflitos armados: ataca de surpresa, em pequenos grupos que escapam rapidamente de uma posterior perseguição. Os terroristas também agem como demônios maniqueus. O ataque às torres gêmeas do Word Trade Center é um exemplo perfeito de demônio maniqueu. Os EUA estavam muito preocupados com a criação de um escudo anti-mísseis, que tornasse inviável qualquer ataque aéreo às cidades americanas. Os terroristas atacaram justamente de onde os militares norte-americanos não esperavam nenhum ataque. Eles seqüestraram aviões comerciais, de transporte de passageiros, e os jogaram sobre os alvos. Para sequestarem os aviões, os terroristas usaram facas. Um comportamento absolutamente imprevisível e, portanto, maniqueu: atacar a maior potência militar do planeta utilizando apenas facas! O inusitado da ofensiva foi justamente a característica que tornou o ataque possível . REFERÊNCIAS ASHBY, W. R. Introdução à cibernética. São Paulo: Perspectiva, 1970. EDWARDS. E. Introdução à Teoria da Informação. São Paulo: Cultrix, 1971. EPSTEIN, I. (org.). Cibernética e Comunicação. São Paulo: Cultrix & Edusp, 1973. 62
_______. Cibernética. São Paulo: Ática, 1986. _______. Teoria da Informação. São Paulo: Ática, 1986a. KRAMER, H. ; SPRENGER, J. Manual de caça às bruxas. São Paulo: Três, 1973. WIENER, N. Cibernética e Sociedade. São Paulo: Cultrix, 1968. 5.2.5 -Monografia É o tipo mais completo de texto científico. Como o nome sugere, a monografia deve ser um trabalho profundo sobre um assunto específico. Segundo Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi (1991, p. 151), a monografia é “um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo e que obedeça a rigorosa metodologia. Investiga um assunto não só em profundidade, mas em todos os seus ângulos e aspectos”. Uma monografia não é: -Uma mera manifestação de opiniões pessoais sobre um determinado assunto. As conclusões apresentadas na monografia são resultado de uma pesquisa, de observação, e não podem ser apenas “imaginadas” pelo autor. -Uma repetição do que já foi escrito por outro autor. A monografia pressupõe uma pesquisa bibliográfica em diversos autores. -Uma exposição de idéias puramente abstratas. O trabalho científico se apóia em dados empíricos. -Um questionário. Fazer uma monografia não é apenas responder a uma série de perguntas. 5.3 APRESENTAÇÃO GRÁFICA DE UMA MONOGRAFIA A monografia deve ser apresentada em papel A4 branco ou reciclado de acordo com as especificações abaixo. 5.3.1 - Margem Hoje, com o advento da informática e o uso dos editores de texto, como o Microsoft Word, a margem se tornou uma preocupação a menos. A maioria dos programas já vêm com uma formatação correta
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para uma monografia, mas caso isso não ocorra, as medidas são as seguintes: Superior: 3 cm Esquerda: 3 cm Direita 2 cm Inferior: 2 cm A NBR 14724 de 2011 traz uma novidade: a possibilidade do uso do verso da página na parte textual (nos elementos pré-textuais, deve-se usar somente a frente da folha). Caso seja adotado esse procedimento, as margens mudam no verso, seguindo o seguinte esquema: Superior: 3 cm Esquerda: 2 cm Direita 3 cm Inferior: 2 cm Se for usado o verso da página, os títulos das sessões primárias devem vir sempre na frente, e nunca no verso. 5.3.2 - Texto O texto deve vir em fonte 12, Times New Roman, com espaçamento de 1.5. Deve ser dado um espaço entre títulos e texto. Os textos devem ser destacados, podendo ser usados caixa alta, negrito e itálico. Os títulos textuais devem ser alinhados à esquerda da página, sem recuo de margem. Os títulos pré-textuais devem ser centralizados. 5.3.3 - Capa Segundo a ABNT (NBR 14724), o elemento opcional da capa é o nome da instituição. O nome do aluno, o título do trabalho, o local e a data são itens obrigatórios e devem ser apresentados nessa ordem. Se houver uma opção por colocar o nome da instituição, este deve vir na parte superior da capa. Atenção: é aconselhável colocar o nome completo, ou pelo menos o primeiro e último nome e, se for o caso, o número de matrícula. Há pessoas que colocam apenas o primeiro nome, o que é um erro gravíssimo. Nome como Maria, João, Paulo e Alan são muito comuns e é bastante provável que haja mais de uma pessoa com esse nome na turma.
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Outro erro comum é colocar apenas o nome do meio, ou um apelido. Assim, alguém chamado José Aparecido Santos da Silva, acaba assinando apenas como Cido, ou Aparecido, ou Santos. As três formas estão erradas. 5.3.4 - Folha de rosto Deve conter o nome do aluno, o título do trabalho e um texto explicativo sobre o trabalho. 5.3.5 - Resumo Normalmente, a maior parte das instituições exige que as monografias ou papers apresentados tenham um resumo. No caso dos congressos, o resumo costuma ser publicado em um catálogo com todos os trabalhos apresentados. Mesmo quando o trabalho acaba não sendo publicado, o resumo é importante. Existem empresas especializadas em recuperação de informação para as quais os resumos são muito úteis. Digamos que você esteja fazendo uma tese sobre os duplos em Edgar Allan Poe. Essas empresas podem conseguir para você todo o material inédito (monografias, dissertações e teses) escritas sobre o assunto. E elas se guiam pelos resumos. Algumas universidades exigem que os trabalhos tenham, além do resumo, um abstract, que é o resumo em inglês. O objetivo é justamente facilitar a recuperação da informação. O resumo deve conter no máximo 500 palavras em um único parágrafo. EXEMPLO 1: O artigo demonstra a importância e a significação do tema “o duplo” na poética de Edgar Allan Poe. O tema dos duplos, além de suas significações psicológicas, demonstra a influência de Poe sobre autores contemporâneos, em especial Rubem Fonseca, Umberto Eco e Jorge Luís Borges. EXEMPLO 2 A relação história em quadrinhos/ciência passou por várias fases distintas. Em um primeiro momento, as HQs ignoram a ciência. Depois, com o surgimento da ficção científica nos quadrinhos, escritores e desenhistas se esforçaram em usar a ciência e a tecnologia em suas histórias, tentando prever suas realizações. Esse é um período marcado por muitas antecipações. Finalmente, em nossos dias, os quadrinistas estão 65
divulgando uma visão crítica da ciência. Isso representa o amadurecimento da linguagem da HQ: os quadrinistas estão tomando partido de uma ciência ética e de paradigmas emergentes, representados pela teoria do caos. Watchmen é, provavelmente, o melhor exemplo desse processo. 5.3.6 - Abstract É a versão em inglês do resumo. Normalmente pedido em dissertações de mestrado e teses de doutorado. 5.3.7 - Dedicatória (opcional) Na dedicatória o autor homenageia alguém, dedicando-lhe o trabalho. A dedicatória é livre, podendo ser feita para pessoas conhecidas (filho, mãe, amigo) ou para personalidades. EXEMPLO DE DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos os cientistas que foram incompreendidos em seu tempo, de Galileu a Darwin. 5.3.8 -Agradecimentos (opcional) Em geral o agradecimento deve se restringir às pessoas que tiveram alguma relação com o trabalho. Há pessoas que agradecem a toda a família, do tataravô ao netinho. EXEMPLO Ao Professor Isaac Epstein, pela paciência e sabedoria. A Flávio Calazans, pelos valiosos conselhos. A Antonio Eder, pela biblioteca de Babel e pelos desenhos. 5.3.9 - Epígrafe (opcional) A epígrafe é uma citação livre que se refere ao trabalho. São comuns citações mais literárias ou poéticas. EXEMPLO “O que os perturba? São os robôs dos sonhos que esvoaçam por seus berços alimentando-os com o néctar fresco da inteligência, a estrutura química de cada gota codificada com um oceano de conhecimentos? Seus bicos estreitos gotejam álgebra, ciberbotânica e uma cascata de linguagens excelentes. Não seriam eles que os impedem de dormir?” Alan Moore 66
5.3.10 - Sumário O sumário é o índice do trabalho. Deve conter o número e o título dos capítulos, assim como a página de início dos mesmos. A formatação dos títulos no sumário deve estar como no interior do trabalho, inclusive em termos de formatação dos títulos. Por exemplo, um título que aparece em caixa alta e negrito no trabalho deve aparecer da mesma forma no sumário. 5.3.11 Estrutura da monografia Parte externa Capa (obrigatório) Lombada (opcional) Parte interna Elementos pré-textuais Folha de rosto (obrigatório) Errata (opcional) Folha de aprovação (obrigatório) Dedicatória (opcional) Agradecimentos (opcional) Epígrafe (opcional) Resumo na língua vernácula (obrigatório) Resumo em língua estrangeira (obrigatório) Lista de ilustrações (opcional) Lista de tabelas (opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório) Elementos textuais Introdução Desenvolvimento Conclusão Elementos pós-textuais Referências (obrigatório) 67
Glossário (opcional) Apêndice (opcional) Anexo (opcional) Índice (opcional) OBS: O apêndice refere-se a elementos produzidos pelo próprio autor, que não entraram na parte textual. O anexo é composto de partes reproduzidas de outras fontes. Ambos devem ser precedidos pela sua identificação e por letras que o identifiquem e pelo título do elemento. Exemplo: ANEXO A – Representação gráfica de contagem de células inflamatórias presentes nas caudas em regeneração 5.4 PLANO DE OBRA O plano de obra é um roteiro de como vai ser o trabalho final. Ele serve para organizar as idéias e mostrar ao orientador como o aluno pensa desenvolver o texto. O plano de obra também é utilizado por editoras, inclusive editoras de quadrinhos, para aprovação de um projeto de livro ou de revista. Nesse caso, o plano de obra serve para demonstrar como será o livro, sua viabilidade econômica e público. Através do plano de obra, o editor pode sugerir modificações no livro antes mesmo do autor escrevê-lo. No plano de obra se coloca quantos capítulos vai haver no trabalho e o que cada um irá conter. Atenção: plano de obra não é o trabalho, não é o texto, é apenas o esqueleto, a organização dele, é um sumário com uma breve descrição do que cada capítulo conterá. É óbvio que haverá diferenças entre o plano de obra e o trabalho final. É possível que o autor decida colocar um capítulo a mais, ou o orientador sugira retirar um capítulo. Mas é melhor ter um planejamento que vai ser modificado do que não ter nenhum. Ao sair de casa, o motorista de um carro tem idéia de onde pretende chegar e traçará o trajeto em sua mente. É possível que, na hora em que estiver de fato dirigindo, ocorram problemas que o levem a mudar o caminho (uma rua pode estar interditada, por exemplo), mas ainda assim é melhor ter um planejamento. Imagine um motorista que sai de casa sem saber para onde vai e como vai chegar lá. Quem começa a fazer uma monografia sem fazer o plano de obra é como esse desastrado motorista. 68
O plano de obra muda de acordo com o tipo de trabalho ou sua finalidade, mas uma outra simples estrutura poderia ser assim distribuída: Tema do trabalho 1 – INTRODUÇÃO – apresentação do problema, hipótese, metodologia, delimitação do tema, objetivo, determinação dos termos principais a serem utilizados no trabalho. 2 - histórico do assunto e revisão de literatura. 3 – CAPÍTULO II - apresentação do que foi observado, dos dados coletados 4 – CAPÍTULO III - Analise dos dados e do que foi observado 5 – CONCLUSÃO – resultado da pesquisa. (Preferencialmente explicar se a hipótese foi falseada ou corroborada) Imaginemos que vamos pesquisar a validade de um projeto que pretende diminuir a evasão escolar. A projeto é nacional, mas iremos analisar apenas os dados da cidade de Macapá. EXEMPLO 1 1 – TEMA: Análise do projeto Criança 2 – INTRODUÇÃO – apresentar o tema e explicar que serão analisados apenas os dados de Macapá. Demonstrar a metodologia (pesquisa bibliográfica, inclusive de documentos como diários de classe, entrevistas com professores, alunos e pais). Explicar o que é evasão escolar e qual a importância desse fator. Demonstrar o problema: o projeto está funcionando? 3 – CAPÍTULO I - O PROJETO CRIANÇA - Apresentar um apanhado do que já foi escrito sobre evasão escolar e mais especificamente sobre o Projeto Criança. Citar os documentos oficiais, além de matérias de jornais e outros pesquisadores que já tenham analisado o projeto, caso haja. 4 – CAPÍTULO II - O PROJETO CRIANÇA EM MACAPÁ - Apresentar o resultado das entrevistas e análises de diários de diário de classe. 5 – CAPÍTULO III – ANÁLISE DE CASO – Analisar os casos de pessoas que estão sendo beneficiadas pelo projeto e verificar o grau de satisfação.
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6 – CAPÍTULO IV - O PROJETO FUNCIONA? – Análise crítica do projeto. Ele funciona? Realmente diminuiu a evasão? Crianças e pais estão satisfeitos? 7 – CONCLUSÃO – Se a observação demonstrar que o projeto funciona, explicitar isso na conclusão e tentar explicar porque é um projeto vitorioso. É possível aqui fazer uma projeção do futuro do projeto. Claro que essa é uma estrutura imaginária, que deve ser adequada a cada caso. Seria possível, por exemplo, dividir o item 4 em dois capítulos, um com as entrevistas e outro com os dados coletados em diários de classe e outros documentos. Vejamos agora um plano de obra de uma monografia sobre literatura, mais especificamente sobre livros virtuais. EXEMPLO 2 TEMA: LIVROS VIRTUAIS – a literatura na Internet INTRODUÇÃO – Definição dos principais termos do trabalho, em especial do conceito de virtual. Falar da metodologia (pesquisa bibliográfica e entrevistas por e-mail). CAPÍTULO I – HISTÓRICO – Quando surgiram os livros virtuais? Quais foram os principais autores? Como foi a aceitação? CAPÍTULO II - AS LIVRARIAS VIRTUAIS – Histórico das livraria virtuais no Brasil. Quais são as principais livrarias? Como funcionam? O que cada uma oferece? CAPÍTULO III – UM CASO DE SUCESSO – Falar sobre o caso do Livro Riding The Bullett, de Stephen King. Como foi o lançamento? Quantas pessoas leram? Qual foi a repercussão na mídia? CAPÍTULO IV – CARACTERÍSTICAS DOS LIVROS VIRTUAIS – O que é um livro virtual? Quais as suas características? Os livros virtuais disponibilizados atualmente exploram toda a potencialidade da linguagem? CONCLUSÃO – Falar sobre o futuro dos livros virtuais. A experiência até o momento tem sido positiva? Os livros virtuais vão substituir os livros convencionais? O QUE NÃO SE DEVE FAZER NO PLANO DE OBRA NÃO COMECE A ESCREVER O TEXTO - O plano de obra é um sumário detalhado, não o trabalho em si, assim não comece a escrever a monografia no plano de obra. Veja o exemplo:
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CAPÍTULO I – HISTÓRICO DO PROJETO CRIANÇA – O projeto criança foi criado em 1984 e implementado em 1985. Na época seu diretor era o senhor Abrósio da Silva Teixeira. Desde esse início o projeto já passou por várias fases. Como se vê pelo exemplo acima, o autor começou a produzir o texto. Ele ainda não tem dados para fazer um bom histórico e esse não é o momento. O correto seria o seguinte: CAPÍTULO I – HISTÓRICO DO PROJETO CRIANÇA – Quando foi criado o projeto? Quem era responsável por ele? Desde que surgiu, o projeto já sofreu transformações? Quem é o atual diretor? NÃO COPIE O PROJETO Quando a monografia for a análise de um projeto social, por exemplo, existe uma tendência de, no plano de obra, copiar o projeto original. O monstrengo, resultado disso, acaba ficando mais ou menos assim: INTRODUÇÃO – Justificativa e objetivos do Projeto Criança. CAPÍTULO I – METODOLOGIA – Como o projeto será implantado. CAPÍTULO II – CAPACITAÇÃO DE TÉCNICOS – Como serão capacitados os técnicos que irão trabalhar no projeto criança. CAPÍTULO III – RECURSOS – de onde virão os recursos do projeto. CONCLUSÃO – Quando será concluído o projeto. É importante lembrar que nosso objetivo é analisar o Projeto Criança, e não implementá-lo. Vejam que até mesmo o verbo está no futuro, o que não faz nenhum sentido, pois o projeto já existe e está implementado. INTRODUÇÃO NÃO FAÇA: Elogios, comentários óbvios, comentários sobre a importância do trabalho para o autor. FAÇA: Apresentação do problema, da hipótese, delimitação do tema, objetivo, descrição da metodologia (quando foi feita a pesquisa, como, quem foi entrevistado), definição dos termos principais utilizados no trabalho. EXEMPLO DE INTRODUÇÃO ERRADA:
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Este nosso trabalho foi pedido pelo magnífico professor Ivan Carlo e ele vai servir para que nós tenhamos um pouco mais de conhecimento sobre esse assunto tão importante. EXEMPLO DE INTRODUÇÃO CORRETA: Este trabalho tem como objetivo descobrir e analisar as leis internas do Copen. Ele parte da idéia de que os apenados, para melhor convivência, criam regras que devem ser seguidas por todos. A pesquisa foi realizada no mês de outubro de 2002 e consistiu em pesquisa bibliográfica em documentos (...) e entrevistas. Foram entrevistados o Diretor do Copen, senhor..., os guarda-penitenciários... e os detentos... Leis são... CONCLUSÃO NÃO FAÇA: Elogios, comentários sobre a importância do trabalho para o grupo, comentários óbvios. FAÇA: Comentário sobre o resultado do trabalho e defesa da tese. EXEMPLO DE CONCLUSÃO ERRADA: Concluímos que este trabalho foi muito gratificante para todos nós, pois através dele pudemos descobrir mais informações sobre um assunto tão importante e que tanta influência tem na sociedade atual. EXEMPLO DE CONCLUSÃO CORRETA: A pesquisa revelou que as leis criadas pelo internos do Copen, embora não sejam escritas, são mais respeitadas que as regras da penitenciária, pois quem não as respeita paga com a vida...
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6 COMO FORMATAR A BIBLIOGRAFIA ENCICLOPÉDIA TÍTULO da enciclopédia. Cidade: Editora, volume, data. EXEMPLO: ENCICLOPÉDIA médica. São Paulo: Viverbem, v. 3, 1987. LIVRO AUTOR (SOBRENOME, Prenome). Título. Cidade: Editora, ano. EXEMPLO: SEVERO, Antônio. A Invenção da ciência. Lavras: Tempobom, 2001. OBS: A ABNT permite a abreviação dos prenomes do autor. EXEMPLO: SEVERO, A. A Invenção da ciência. Lavras: Tempobom, 2001. LIVRO (com edição) Quando houver mais de uma edição, coloca-se as informações sobre a mesma entre o título e a cidade. Atenção: no caso de primeira edição, essa informação não deve aparecer na bibliografia. AUTOR (SOBRENOME, Prenome). Título. N. ed.Cidade: Editora, ano. EXEMPLO: SEVERO, Antônio. A revolução científica. 2. ed.Lavras: Tempobom, 2003. MAIS DE UM AUTOR AUTOR; AUTOR. Título. Cidade: Editora, ano. EXEMPLO: SEVERO, Antônio ; SILVA, José. O texto científico. Lavras: Tempobom, 2002. MAIS DE TRÊS AUTORES AUTOR et al. Título. Cidade: Editora, ano. EXEMPLO: SEVERO, Antônio et al. Como escrever um livro em grupo. Lavras: Tempobom, 2000. 73
COLETÂNEA ORGANIZADOR (SOBRENOME, Prenome) (Org.). Título. Cidade:Editora, ano. EXEMPLO: SILVA, J. (Org.). Como não errar na bibliografia. Lavras: Tempobom, 2002. ARTIGO EM COLETÂNEA AUTOR. Título do artigo. In: ORGANIZADOR (SOBRENOME, Prenome abreviado) (Org.) Título do livro. Cidade: Editora, ano, p. EXEMPLO: SEVERO, A. A referência de coletâneas. In: SILVA, J. (Org.). Como não errar na bibliografia. Lavras: Tempobom, 2002, p. 12-24. REVISTAS TÍTULO. Cidade: Editora, volume, número, data. Total de páginas. EXEMPLO: VEJA. São Paulo: Abril, v. 31, n. 24, jun. 1998. 154 p. ARTIGO EM REVISTA AUTOR DO ARTIGO. Título do artigo. Título da revista, Cidade, volume, ano,número, página, data. EXEMPLOS: TOURINHO NETO, F. C. Dano ambiental. Consulex: revista Jurídica, Brasília -DF, ano 1, n.1, p. 18 – 23, fev. 1997. SIMAS FILHO, M. Ferrão de marimbondo. Istoé, Cajamar, n. 1717, p. 39 41, 28 mar. 2002.
OBS: Como mostrado nos exemplos acima, as palavras Neto e Filho não configuram sobrenome e, na referência, devem ser acompanhadas do sobrenome do autor.
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JORNAL AUTOR DO ARTIGO (SOBRENOME, Prenome abreviado). Título do artigo.Título do Jornal, Cidade, data, Caderno, página. EXEMPLO: NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 jun. 1999. Folha Turismo, Caderno 8, p. 3. OBS: Quando não houver caderno, a pagina antecede a data. EXEMPLO: LEAL, L. N. MP fiscaliza a autonomia total. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, p. 3, 25 de abr. 1999. BÍBLIA BÍBLIA, parte (antigo ou novo testamento). Língua. Título. Tradução. Local: Editora, ano, capítulo, versículo. EXEMPLO BÍBLIA, N.T. João. Bíblia Sagrada. Reed. Versão de Antônio Pereira de Figueiredo. São: Américas, 1950, Cap. 12, ver. 12. CD-ROM AUTOR. Título. Cidade: Editora, ano. No. CD-ROM EXEMPLO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. Catálogo de produção intelectual da UFSCar. São Carlos: UFSCar, 1996. 1 CD-ROM. CD-ROM -TRABALHOS APRESENTADOS EM CONGRESSOS AUTOR. Título do trabalho. In: NOME DO CONGRESSO, ano em que se realizou o congresso, cidade em que se realizou o congresso. Anais... Cidade da publicação: Editora, ano. No. de CD-ROM. EXEMPLO: OLIVEIRA, I.C.A. Grafipar: trincheira cultural e cidadania. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 25., 2002, Salvador. Anais... São Paulo: Intercom, 2002. 1 CD-ROM.
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CD-ROM SEM INDICAÇÃO DE AUTORIA TÍTULO DO CD. Cidade: Editora, ano. Número de CD. EXEMPLO TURMA da Véa. São Paulo: Vídeo Engenho & Arte, (1988?). 1 CD-ROM. INTERNET PÁGINA NO TODO TÍTULO da página. Disponível em: < endereço>. Acesso em: dia, mês, ano. EXEMPLO MUNDO cultural. Disponível em:
. Acesso em 25 jul.2002. ARTIGO EM SITE AUTOR. Título do artigo. Título do site. Disponível em: < > . Acesso em: EXEMPLO DANTON, G. Público, massa e multidão. Digestivo Cultural. Disponível em:. Acesso em 01 out. 2002. DOCUMENTOS JURÍDICOS
CONSTITUIÇÃO JURISDIÇÃO. Constituição (data). Título da Constituição. Cidade: Editora, ano de publicação. EXEMPLO BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 2001. CÓDIGO JURISDIÇÃO. Título do código. Organizador (se houver). Edição. Cidade: Editora, ano. Exemplo: BRASIL. Código civil. Organização dos textos, notas remissivas e índices por Juarez de Oliveira. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995.
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JURISPRUDÊNCIA BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Processo penal. Hábeas-corpus. Constrangimento ilegal. Hábeas-corpus n. 181.636-1 da 6 ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Brasília, DF, 6 de dezembro de 1994. Lex – Jurisprudência do STJ e Tribunais Regionais Federais. São Paulo, v. 10, n. 103, p. 236-240, mar.1998. DOUTRINA Aplica-se para doutrina, a regra de acordo com o veículo de comunicação. Se a doutrina foi divulgada em um jornal, usa-se a norma de jornal. No exemplo abaixo, uma doutrina divulgada em revista. BARROS, R.G. Ministério Público: sua legitimidade frente Código do Consumidor. Revista Trimestral de Jurisprudência dos Estados, São Paulo, v. 19, n. 139, p. 53-72, ago. 1995. APOSTILA AUTOR. Título. Cidade, Editora, ano, número de páginas. Apostila. (OBS: como geralmente as apostilas não trazem a identificação de cidade e editora, usa-se as expressões s.l e s.n). OLIVEIRA, I.C.A . Metodologia científica. (s.l: s.n), 2003, 45 p. Apostila. OBSERVAÇÃO: Em todas as referências, título principal deve ser grifado. A ABNT permite o uso de itálico, negrito ou grifado. No entanto, deve-se usar apenas uma forma de grifo no trabalho. Ou seja, não se pode começar grifando com itálico e depois passar para negrito.
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7 EXERCÍCIOS EXERCÍCIO 1 Transforme as referências abaixo para o sistema autor-data. SINGH, Simon. O livro dos códigos. Rio de Janeiro: Record, 2001. SHIMP, Terence A. Propaganda e promoção: aspectos complementares da comunicação integrada de marketing. Porto Alegre: Bookman, 2002, p. 17. MARQUES, Amadeu. English: segundo grau. São Paulo: Ática, 1995. 3 v. BERTOLIN, Rafael; SILVA, Antonio de Siqueira. Apostila língua inglesa: novo ensino médio. São Paulo: IBEP, 1998. ROBINSON, William A. Marketing promocional: a promoção de vendas integradas como ferramenta estratégica para o sucesso do marketing dos anos 90. São Paulo: Makron, 1993.
FIGUEIREDO, Luciane Cassela; SILVEIRA, Marília de Figueiredo. Improve your English. São Paulo: Ática, 1991. 3 v. PRESCHER, Elisabeth; PASQUALIN, Ernesto; AMOS, Eduardo. Inglês: graded English. São Paulo: Moderna, 2000. FERRARI, Mariza; RUBIN, Sarah G. Inglês para o ensino médio. São Paulo: Scipione, 2002, p. 27.
BEKENSTEIN, Jacob. Informação no universo holográfico. Scientifc American, São Paulo, n. 16, p. 42, set. 2003. LAGE, Nilson. Teoria da informação e da mídia. Disponível em: www.jornalismo.ufsc.br/nildis.4.html . Acesso em: 20 abr. 2001.
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CURSO de promoção de vendas. Aula fácil. Disponível em: www.aulafacilorg/cursomarketing/cursopromocion.htm. Acesso em: 02 set. 2003. EXERCÍCIO 2 No texto abaixo, faltam as referências (sistema autor-data). Faça as referências, baseando-se na bibliografia ao final ( a bibliografia está em ordem de aparição das citaçoes no texto). No livro Apocalípticos e Integrados, Umberto Eco sugere uma metodologia de análise de programas que incluiria, como categoria de análise, diversos subcódigos. Um deles seria o subcódigo iconológico: “Certas imagens conotam alguma coisa a mais, por tradição. Um velhinho curvado e sorridente, que corre ao encontro de um garotinho alegre, de braços abertos, conota ‘vovô’”.( )1. De acordo com esse subcódigo, a figura da terceira vinheta conota vovô e neto. O texto não precisa dizer isso e não o dirá, pois o leitor acostumado ao código quadrinístico, certamente decodificará a imagem de maneira correta, em seu sentido denotativo e conotativo. O texto deste terceiro quadro diz: “Os cestos indígenas já não despertam mais a curiosidade dos turistas”. Nesse mesmo quadro há dois balões. Um deles indica o velho e diz: “Ibá conhece um bom lugar. Lá, todos param na fonte. Aí José aparece com os cestos”. O outro aponta para o menino menino e diz: “Eu queria comprar uma alpargata. Mãe Jussara disse que no Armazén do Seo Tenório são mais baratas...” ( ) 2. Essa primeira página é chamada de página de ambientação. Ela tem o objetivo de mostrar ao leitor o ambiente em que se passará a história. Ainda que não houvesse texto, o leitor identificaria a paisagem e saberia que a história se passa nos pampas gaúchos, e não no sertão nordestino. Nessa primeira página, Flávio Colin usa um recurso metalinguístico: as figuras saem de seu requadro e invadem o quadrinho anterior e posterior. Algumas pessoas, desacostumadas ao código quadrinístico, têm atacado os quadrinhos por desestimularem a criatividade do leitor, uma vez que é dado a este tudo pronto. Entretanto, a imaginação do leitor
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atua entre um quadro e outro, entre a elipse de ação efetuada pelo desenhista. Segundo Eco ( )3, A relação entre os sucessivos enquadramentos mostra a existência de uma sintaxe específica, melhor ainda de uma série de leis de montagem. Dissemos ‘leis de montagem”, mas o apelo ao cinema não nos pode fazer esquecer de que a estória em quadrinhos “monta” de um modo original, quando não mais seja porque a montagem da estória em quadrinhos não tende a resolver uma série de enquadramentos imóveis num fluxo contínuo, como no filme, mas realiza uma espécie de continuidade ideal através de uma fatual descontinuidade. A estória em quadrinhos quebra o continuum em poucos elementos essenciais. O leitor, a seguir solda esses elementos na imaginação e os vê como continuum. Moacy Cirne, no livro Para ler os quadrinhos explica essa relação, denominando-a de elipse, por sua semelhança com a elipse literária: Nos quadrinhos, cada hiato (em Enric Sió, o espaço branco é substituído por uma tênue linha dividindo os planos) que separa as cercaduras dos quadros – quando existem – praticamente representam uma elipse. O corte, em si, já indica uma particular situação elíptica, impondo ao consumidor uma leitura de imagens ocultas ou subentendidas pela narrativa. ( )4 Flávio Colin não mostra toda a caminhada do avô e seu neto, e sim instantâneos de tempo. Em um primeiro instantâneo, os dois estão tão longe que não se pode vê-los. Em um segundo, é possível vê-los, mas à distância. Em um terceiro, estão tão próximos que o leitor se sente íntimo deles. É a imaginação do leitor que preenche o vácuo entre uma ação e outra. 80
Segundo Isaac Epstein ( ) 5, “A função metalingüística está centrada no código, isto é, a linguagem fala de si mesma”. As referências dos textos citados no trabalho (em ordem de citação): 1 -ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2000, p. 376. 2 - RETTAMOZO, Luiz; COLIN, Flávio. Sepé Tiarajú. Sertão e pampas. Curitiba: Grafipar, 1979, p. 3. 3 - ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 2000, p. 147. 4 - CIRNE, Moacy. A explosão criativa dos quadrinhos. Petrópolis: Vozes, 1972, p. 41. 5 - EPSTEIN, Issac. Gramática do poder. São Paulo: Ática, 1993, p. 44. EXERCÍCIO 3 A partir dos dados abaixo, faça a referência bibliográfica completa (bibliografia) e no sistema autor-data: AUTOR: Athos Eischler Cardoso TÍTULO: O que é aventura CIDADE: São Paulo EDITORA: Brasiliense ANO: 1987 AUTOR: Marisa Ferrari. Sarah Rubin TÍTULO: Inglês SUBTÍTULO: ensino médio CIDADE: São Paulo EDITORA: Scipione ANO: 2000 AUTOR: Pedro Coimbra, Maria Arruda TÍTULO: Cidades e vilas do Pará CIDADE: Belém EDITORA: Verbo ANO:2001
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AUTOR: José Silva, Maria Coimbra, Fernando Sobral TÍTULO: Voar é bom CIDADE: Macapá EDITORA: Gaivota ANO:2000
AUTOR: Carlos Oliveira, José Silva, Maria Coimbra, Fernando Sobral TÍTULO: Voar, voar CIDADE: Macapá EDITORA:Gaivota ANO: 1989
AUTOR: Fernando Sobral, Carlos Oliveira, José Silva, Maria Coimbra, Márcia Correa TÍTULO: Voar em grupo CIDADE: Macapá EDITORA: Gaivota ANO: 1978
TÍTULO: Michaelis: novo dicionário da língua portuguesa CIDADE: São Paulo EDITORA: Melhoramentos ANO: 1998 AUTOR: Paulo Figueiredo TÍTULO DO ARTIGO: Liberdade para as borboletas TÍTULO DA REVISTA: Liberty LOCAL DE PUBLICAÇÃO: São Paulo NÚMERO: 6 82
PÁGINAS: 22-29 DATA DA REVISTA: 16.12.03
TÍTULO DO SITE: Omelete LINK: www.omelete.com.br Data do acesso: 12.12.2003 TÍTULO: Nova enciclopédia Barsa CIDADE: São Paulo EDITORA: Britannica ANO: 1997 QUANTIDADE DE VOLUMES: 16 ORGANIZADOR: Ivan Carlo Andrade de Oliveira TÍTULO: Agulha hipodérmica: o poder e os efeitos dos meios de comunicação de massa. CIDADE: Macapá EDITORA: Seama ANO: 2002 ORGANIZADOR: Ivan Carlo Andrade de Oliveira AUTOR DO ARTIGO: Flávio M. A. Calazans TÍTULO DO ARTIGO: A midiologia subliminar explica o pânico Pokémon TÍTULO: Agulha hipodérmica: o poder e os efeitos dos meios de comunicação de massa. CIDADE: Macapá EDITORA: Seama ANO: 2002 PÁGINAS: 13-19
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REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBRS 10520: Apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro: 2002. ______. NBR 14724: Informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação. Rio de Janeiro: 2011. ______. NBR 6023: Informação e documentação – referências – elaboração. Rio de Janeiro: 2002. ______. NBR 6027: Informação e documentação – sumário – apresentação. Rio de Janeiro: 2003. BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é como se faz. São Paulo: Loyola, 1998. CERVO, Arnaldo Luiz ; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. São Paulo: McGraw-Hill, 1983. CHIZZOTTI, A. A pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 1991. DESCARTES, René. Discurso do método e regras para a direção do espírito. São Paulo: Martin Claret, 2002. ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1998. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Saraiva, 2003. FEITOSA, Vera Cristina. Redação de textos científicos. São Paulo: Papirus, 1991. FERNANDES, Eduardo. Gonzologia: o gonzo pode dar mais ao mundo do que somente o jornalismo? Eduf.com . Disponível em: < www.eduf.com.br/gonzo.php?Tid=35>. Acesso em: 11 maio 2002. GARDNER, Jostein. O mundo de Sofia: romance da história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. GENRO, Adelmo. O segredo da pirâmide. Disponível em: . Acesso em: 22 ago. 2003. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991. JAPIASSU, Hilton. Introdução ao pensamento epistemológico. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2003. KUHN, Thomas. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1992. 84
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Exemplo de capa
INSTITUIÇÃO
NOME DOS ALUNOS
TÍTULO DO TRABALHO
CIDADE DATA
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Exemplo de folha de rosto
NOME DOS ALUNOS
TÍTULO DO TRABALHO Trabalho apresentado à disciplina.... do curso de.... do (instituição) sob orientação do professor....
CIDADE DATA
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