1) Generalização: Tomar um simples evento e generalizá-lo para todos, como algo padronizado que ocorrerá continuamente. Exemplos: •
“Já que eu me sai mal nessa apresentação, vou me sair mal em todas as outras.
•
“!e sempre "ico nervoso, sempre "icarei.
•
“Todos me ac#am incompetente.
•
“$essoas t%midas são malsucedidas.
•
“&s pessoas não se interessam por pessoas t%midas.
•
“!e tive di"iculdades para aprender uma coisa ' porque sou limitado intelectualmente
2) Pensamento Dicotômico (Tudo-Nada): Tend(ncia a interpretar experi(ncias em termos de categorias opostas polarizadas, a)solutistas. $alavras "requentes: tudo x nada, sempre x nunca, "racasso total x sucesso total, per"eito x p'ssimo. Exemplos: •
“!ou um "racasso total, nunca vou conseguir.
•
“*unca conseguirei "alar em p+)lico. esisto
•
“!empre cometo ga"es
•
“Tudo o que "alei "oi p'ssimo
3) Leitura de Pensamento: &ntecipar negativamente sem provas, o que os outros vão pensar. Exemplos: •
“Ele está insatis"eito com meu desempen#o.
•
•
“Todos estão perce)endo que estou ansioso e pensam que ten#o um transtorno mental. “&s pessoas t(m pena de mim
) Ditadura dos De!eria: "riação de re#ras r$#idas (%ara si e %ara os outros)& Exemplos: •
“Eu deveria. - era culpa, auto-decepção e vergon#a.
•
“/s outros deveriam. - era raiva e decepção.
ever x $razer. Eu devo ao inv's de eu quero, aumenta a ansiedade e te distancia daquilo que voc( quer alcançar. Exemplo: •
•
“ Eu ten#o que me sair )em “Eu devo parecer 0 vontade.
•
“1in#a voz deve sair "irme
•
“Eu ten#o que ser extrovertido
') aimização do Ne#ati!o: 2uando magni"icamos, exageramos os resultados de um evento negativo em detrimento do que "oi )om.
Exemplo: •
“Ten#o uma p'ssima dicção 3ap4s gague5ar6
•
“& min#a apresentação "oi p'ssima3porque teve alguns )rancos6.
*) inimização do Positi!o:
esvalorizar ou não dar a devida atenção a algo importante ou positivo. 7eduzir a import8ncia de suas realizaç9es e qualidades.
Exemplo: •
“!ou um p'ssimo apresentador. 31esmo rece)endo aplausos e elogios6
•
&p4s ter "eito um )om tra)al#o... “*ão consigo "azer nada direito
+) ,stração .eleti!a: Tend(ncia a "ocalizar um +nico detal#e retirado de um contexto, ignorando outros aspectos importantes. once)er a totalidade de uma dada experi(ncia com )ase em apenas um +nico "ragmento. Exemplos: - “ Está todo mundo dormindo na min#a apresentação. 3&p4s ver que uma pessoa coc#ilou6 - “1in#a apresentação está muito c#ata. 3&p4s uma pessoa ter levantado e sa%do6
/) 0uminação: 7epetir ideias pertur)adoras. ;sso "az com que essas ideias adquiram "orça e aumentem a sua pro)a)ilidade de cometer os mesmos erros no "uturo. Exemplos: •
“Eu não vou conseguir ... Eu não vou conseguir ... Eu não vou conseguir.
•
“!empre "ico nervoso... sempre "icarei nervoso...
) Personalização: & pessoa se v( como a +nica responsável pelo que acontece. Exemplos: “Ele está )oce5ando porque sou muito c#ato 3a pessoa dormiu poucas #oras na noite anterior6.
“esmarcou o compromisso porque não sou interessante 3depois desco)re que a pessoa "icou doente6.
Estrat'gias de reetruturação cognitiva no tratamento da "o)ia social
0esumo: Estudos comprovam a e"icácia da a)ordagem cognitiva no tratamento da "o)ia social. / o)5etivo deste relato de caso ' contri)uir com a área, demonstrando a e"etividade das estrat'gias de reestruturação cognitiva no tratamento deste transtorno. / paciente do sexo "eminino, <= anos, aprendeu nas dez primeiras sess9es so)re o transtorno e as t'cnicas da terapia cognitiva, e"etuando mudanças no padrão de pensamentos que a mantin#am presa ao #umor negativo e aos padr9es evitativos de comportamento. Esses mantin#am os sintomas da "o)ia social e rea"irmavam crenças de auto-desvalorização e de inadequação social. *as dez sess9es posteriores aprendeu a identi"icar e registrar na "ol#a de registro: situaç9es pro)lemas do dia-a-dia> medidas do estado de #umor> identi"icação dos pensamentos automáticos> levantamento das evid(ncias que apoiavam e re"utavam os pensamentos automáticos> ela)oração dos pensamentos alternativos e novamente medida do #umor. ?oi selecionada a seguinte situação exemplo: via5ar de @ni)us intermunicipal para ir ao tra)al#o, "ato que "ez a paciente apresentar modi"icaç9es dos pensamentos dis"uncionais, resultando na diminuição do #umor negativo. *esta situação, em que a ansiedade "oi auto-perce)ida com intensidade de ABC e ap4s a reestruturação cognitiva, cu5o processamento l#e possi)ilitou uma interpretação mais realista, reduziu para um intensidade de DBC. /s comportamentos de segurança mostraram "requ(ncia diminu%da e concomitante aquisição de comportamentos adaptados e mais realistas. Estes resultados preliminares apontaram para e"etividade das estrat'gias de reestruturação cognitiva para o presente caso de "o)ia social.
ntrodução: & reação de ansiedade, "rente a uma variedade de situaç9es sociais como "alar em p+)lico, iniciar uma conversa, marcar um encontro, constitui uma mani"estação normal e adaptativa, uma vez que permite 0s pessoas comportar-se de uma maneira adequada em interaç9es sociais importantes. Entretanto, quando a ansiedade ' muito intensa, tende a ser resistente ap4s um tempo de interação ou ap4s exposição repetida, inter"erindo no "uncionamento social e gerando pre5u%zos na vida pro"issional> essa ansiedade adquire um signi"icado e ' c#amada de transtorno de ansiedade social ou "o)ia social. istos os crit'rios diagn4sticos para ansiedade social de acordo com o !1-; 3FAAD6, os indiv%duos com "o)ia social mani"estam um medo excessivo de serem o)servados comportando-se de um modo- e#umil#ante ou em)araçoso - pela demonstração ansiedade de desempen#o inadequado de consequente desaprovaçãoGre5eição por partededos outros. ou /s "4)icos sociais podem ser inclu%dos em um su)tipo generalizado 3medo da maioria das situaç9es de interação social e de desempen#o6 e em um su)tipo mais circunscrito 3 medo de uma situação p+)lica de desempen#o e de algumas situaç9es de interação social6. &s situaç9es de desempen#o mais temidas são: "alar em p+)lico, comer e )e)er na "rente dos outros, urinar em )an#eiro p+)lico e entrar em salas onde 5á este5am pessoas sentadas. &s
situaç9es interacionais incluem conversar ao tele"one, "alar com estran#os, participar de reuni9es sociais, interagir com o sexo oposto, lidar com "iguras de autoridade e manter contato visual com pessoas não "amiliares. &ssim, o medo da avaliação negativa pelos outros ' a marca da "o)ia social em)ora os "4)icos sociais dese5em realizar o contato social que eles temem. onsiderando a relev8ncia desse transtorno, o o)5etivo desse estudo de caso ' demonstrar a aplica)ilidade e e"etividade das estrat'gias de reestruturação cognitiva em uma paciente com o diagn4stico de "o)ia social, utilizando um m'todo auto-administrável. & terapia cognitiva consiste na identi"icação, contestação e reestruturação de interpretaç9es distorcidas que o paciente "az das situaç9es sociais que l#e eliciam ansiedade. / modelo cognitivo tem como meta tornar o paciente mais consciente de seus processos de pensamento para permitir a correlação de erros l4gicos ou de conte+do por meio de perguntas que o conduz a constatr seus erros.
,%resentação do caso: & paciente H, <= anos de idade, solteira, segundo grau de escolaridade> apresentou-se espontaneamente 0 terapia, motivada pelo dese5o de realizar mudanças em sua vida. on"orme o relat4rio psiquiátrico, o diagn4stico detectou o transtorno de "o)ia social do su)tipo generalizado, pois temia a maioria das situaç9es sociais, con"irmadas nas sess9es su)sequentes de terapia. er)alizava que Isempre que eu preciso me expor ou interagir com outras pessoas, penso que não vai dar certo, que os outros vão ignorar-me ou desprezar-me e esses pensamentos me dão medo e, se eu insistir em en"rentar a situação, sou acometida de taquicardia e "orte ansiedade, corpo tr(mulo e sudorese.I $or isso, no decorrer dos anos a paciente "oi isolandose das pessoas e das situaç9es sociais como estrat'gia de segurança para evitar sentir-se ansiosa. & partir da%, sua vida se resumiu em via5ar todos os dias para o tra)al#o, o qual era cansativo, permanecer em casa, de pre"er(ncia em seu quarto, assistir televisão 5unto aos pais, rece)er a visita de seus dois so)rin#os. Este estilo de vida adotado não l#e estava proporcionando prazer porque qualquer ind%cio de mudanças neste eventos cotidianos preditivos, como por exemplo: atraso do @ni)us desencadeava "ortes sentimentos de ansiedade e nervosismo. & partir da% a paciente desenvolveu comportamentos dis"uncionais, tais como: aguardar com muita anteced(ncia a c#egada do @ni)us> sentar-se na mesma poltrona, com a ca)eça virada para a 5anela para não ser o)servada pelos passageiro e não precisar cumprimentar pessoas con#ecidas> ocupar o re"eit4rio nos primeiros #orários para evitar que os colegas a vissem almoçando> não comparecer 0s reuni9es de tra)al#o e sociais porque tin#a medo de interagir com um grupo de pessoas> pensar que poderia estar sendo o)servada "azia-a enru)escer e "icar nervosa> não emitir opini9es de tra)al#o devido ao medo de ser ridicularizada. & in"8ncia "oi marcada por comparaç9es com seus irmãos mais novos, e portanto, era-l#e exigida maior responsa)ilidade e o)edi(ncia aos pais. Era v%tima de castigos "%sicos como pux9es de orel#as, xingamentos e proi)iç9es de )rincar com as amigas quando não atendia 0s expectativas do pai, de quem se distanciou cada vez mais. *a 5uventude, teve c#ances de
tra)al#ar em escrit4rios> entretanto, não se adaptou> prestou serviços dom'sticos e por +ltimo tra)al#ava #avia dois anos na lavanderia de um #ospital. 2uanto ao plano de ação para aprendizagem das estrat'gia de en"rentamento dos pro)lemas sociais consistiu em dois momentos: o primeiro, desenvolvido em dez sess9es estruturadas, em que a paciente aprendeu, por meio de in"ormaç9es apresentadas pelo terapeuta, leitura de material, exerc%cios e tare"as, os conceitos )ásicos da terapia cognitiva, que consistem nos procedimentos para realizar de modo plane5ado as mudanças de pensamentos distorcidos. Trata-se da etapa de aquisição de #a)ilidades e con#ecimentos, educando a paciente so)re o transtorno da "o)ia social> o modelo cognitivo> como discriminar as reaç9es "%sicas, o #umor, os pensamentos e os comportamentos> como esta)elecer a relação entre pensamento e #umor, pensamento e comportamento, pensamento e reaç9es "%sicas, pensamento e am)iente, como identi"icar pensamentos automáticos, ou se5a, a interpretação distorcida que ela "az da situação, para compreensão dos estados de #umor. &s sess9es "oram intercaladas com tare"as e registros dos acontecimentos semanais e auto)iogra"ia no diário da paciente, o que permitiu um maior monitoramento do processo terap(utico.
/ segundo momento "oi desenvolvido dez sess9es estruturadas, quais a paciente utilizou uma "ol#a espec%"ica de Iregistro em de pensamentosI a partir das nas #a)ilidades conceituais adquiridas no primeiro momento. on"orme as metas esta)elecidas nas sess9es, "oram analisadas, "oram analisadas as experi(ncias di"%ceis do dia-a-dia, por meio da t'cnica de exposição evocada e imaginária, contendo as seguintes especi"icaç9es: F- situação: / que voc( estava "azendo om quem 2uando "oi /nde voc( estava K- estado de #umor: escreva com uma palavra cada estado. &valie a intensidade do #umor 3B a FBBC6 para cada um. <- pensamentos automáticos: / que estava passando por sua ca)eça instantes antes de voc( começar a se sentir deste modo &lgum outro pensamento ircule o pensamento quente. L- quais as evid(ncias que apoiam o pensamento quente Histe. D- 2uais as evid(ncias que não apoiam o pensamento quente Histe. =- rie pensamentos alternativos. Escreva-os na "ol#a de registro. M- 1eça novamente os estados de #umor 3B a FBBC6 e registre. $ara o prop4sito deste artigo "oi selecionada uma situação exemplo em que "oram tra)al#adas as distorç9es cognitivas com consequentes mudanças de pensamentos, #umor e comportamentos. *este procedimento, "oi realizada uma revisão detal#ada de evid(ncias que con"irmam e descon"irmam a #ip4tese da paciente so)re a situação vivida, utilizando-se do questionamento socrático. $ara o mane5o da ansiedade, "oi administrada a estrat'gia de exposição evocada. &)aixo segue uma situação do relato: !ituação: ia5ar de @ni)us intermunicipal para ir ao tra)al#o.
Terapeuta: / que voc( estava "azendo om quem /nde estava e quando "oi Paciente: Estava na rodoviária esperando o @ni)us> como toda man#ã, c#eguei muito cedo e ele estava demorando. &s pessoas começaram a c#egar e eu 5á me coloquei na primeira da "ila. Terapeuta: 2uais pensamentos passaram por sua ca)eça naquele momento Paciente: $or que esse @ni)us está demorando tanto $ode c#egar algu'm con#ecido e me ver> irá reparar em mim e "azer comentários so)re o meu visual> motorista tam)'m vai me
perce)er e comentar do meu ca)elo> não vou conseguir su)ir no @ni)us> meu coração está disparado.
Terapeuta: 2ual ' o pensamento quente Paciente: &lgu'm con#ecido aproximar-se para conversar. Terapeuta: / que voc( sentiu naquele momento escreva com uma palavra cada sentimento. Paciente: Estou "icando ansiosa, com as mãos tr(mulas e geladas> taquicardia. Terapeuta: &valie de B a FBB a intensidade da sua ansiedade. Paciente: ABC Terapeuta: / que "az para en"rentar este tipo de situação provocadora de ansiedade Paciente: #ego )em cedo no ponto do @ni)us e me posiciono )em na "rente da "ila> aperto min#a )olsa contra o corpo para ningu'm perce)er meu tremor> ca)eça e ol#os )aixos> sento-me sempre no mesmo lugar pr4ximo 0 5anela e ol#o para "ora evitando ol#ar para os passageiros. Terapeuta: 2uais as evid(ncias que apoiam os seus pensamentos Paciente: &s vezes o @ni)us se atrasa> o motorista 5á reparou em mim e "ez um comentário> sempre tem pessoas con#ecidas que "icam conversando a toa e podem estar "alando at' de mim. Terapeuta: 2uais evid(ncias que não apoiam seus pensamentos Paciente: / motorista ' con#ecido de todos e sempre conversa com os passageiros e tam)'m me cumprimenta> meu visual ' sempre o mesmo e por isso não c#amou atenção de outras pessoas> nen#um passageiro conversou comigo. Terapeuta: rie pensamentos alternativos para su)stituir aqueles, a parti da análise que "izemos at' agora. Paciente: &s pessoas costumam conversar e interagir quando via5am> as pessoas estão vestidas semel#antes a mim e não #á motivo para comentários> eu sou uma passageira como os demais. Terapeuta: &valie novamente seu estado de ansiedade mediante esses novos pensamentos. Paciente: DBC ansiosa. &qui a paciente suspira. *o per%odo das vinte sess9es, outras situaç9es "oram analisadas o)edecendo a estruturação do relato acima, tais como: esperar na "ila do caixa do supermercado> demissão da c#e"ia> tornar a "requentar as "estas "amiliares, a igre5a, as camin#adas e a conquistar amigos,
segundo suas metas.
0esultados: / tratamento do transtorno da "o)ia social, cu5a estrat'gia escol#ida "oi a de reetruturação cognitiva, possi)ilitou 0 paciente criar pensamentos alternativos, mais realistas e menos catastr4"icos, resultando no re)aixamento do n%vel de ansiedade e menor "reqN(ncia de comportamentos de segurança. & paciente, dispondo de uma nova interpretação do "ato, reetruturou seus pensamentos negativos de tal "orma que ela não se autoperce)ia mais como o centro das atenç9es, deixando de ter uma percepção exagerada da situação. isto que se tratava de uma situação cotidiana, a paciente "oi capaz de tornar a experimentar a situação com menor ansiedade, re)aixando o n%vel de ABC para DBC, não se prendendo a comportamentos de segurança como c#egar antecipadamente no ponto de @ni)us, esquivando-se de ol#ar para as pessoas, de cumprimentá-las e de interagir.
Discussão e "onclusão &o realizar os procedimentos que caracterizam modelo cognitivo 0 exposição na para o mane5o da ansiedade, "oram alcaçadas mudançasocognitivas, seguidasaliado de re)aixamento intensidade do #umor ansioso, resultando em maior adaptação da paciente 0s situaç9es de sua vida. Estas mudanças sugerem a desativação, na paciente, das crenças de autodesvalorização e inadequação social. e acordo com a literatura, os resultados alcançados nesse relato de caso rea"irmam que a terapia de reestruturação cognitiva para o tratamento da "o)ia social ' e"etiva, utilizando-se tam)'m de estrat'gias com)inadas de exposição. ?inalmente, ' necessãrio uma maior di"usão desta a)ordagem para um incremento de seus )ene"%cios na área da sa+de mental.