Universidade Federal de Alagoas Curso: História Licenciatura Disciplina: História do Brasil 2 Aluno: Joaquim Gomes de Farias Neto Professor: Gian Carlo de Melo Silva
JÚNIOR, Caio Prado. “Era do Liberalismo (1808-1850)”; “O império escravocrata e a aurora burguesa (1850-1889) ”. In: História Econômica do Brasil . São Paulo: Brasiliense, 1998. pp: 123-141; 157-171; 192-206. 1.
Contextualização
Caio Prado Júnior estudou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (19241928), formando-se bacharel em ciências jurídicas e sociais aos 21 anos. Durante sua formação universitária e prática advocatícia, vivenciou toda a efervescência política, social e cultural no Brasil, durante as décadas de 20 e 30. Iniciou suas atividades políticas ingressando no Partido Democrático (1928). Participou ativamente da Revolução (1930) e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro. Outras obras importantes foram A evolução política do Brasil (1933), Estruturalismo e marxismo (1971) e História e desenvolvimento (1972). Faleceu em 23 de novembro (1990), aos 83 anos. 2.
Fichamento
2.1 Era do Liberalismo (1808-1850) “O antigo sistema colonial,
fundado naquilo que se convencionou chamar o pacto
colonial, e que representa o exclusivismo do comércio das colônias para as respectivas metrópoles, entra em declínio. Prende-se isto a uma transformação econômica profunda: é o aparecimento do capitalismo industrial em substituição ao antigo e decadente capitalismo comercial ”. (p.123) “A sua obra, neste terreno, achava- se terminada; e o Reino se tornara em simples parasito
de sua colônia. Protegido pelo monopólio comercial, impunha-se como intermediário forçado das suas transações, tanto na exportação como na importação ”. (Idem, p.125)
“Finalmente é o conjunto todo
que efetivamente fundamenta e condiciona o resto que
entra em crise: a estrutura econômica básica de um país colonial que produz para exportar e que se organizara, não para atender a necessidades próprias, mas para servir a interesses estranhos. É na base das contradições geradas por este sistema que resultará a paulatina transformação do regime, em todos seus aspectos, de colônia e m nação”. (Idem, p.126) “[...] o Regente, apenas desembarcado em terra brasileira, e
ainda na Bahia onde arribara
em escala para o Rio de Janeiro, assina o decreto que abre os portos da colônia a todas as nações, franqueando-os ao comércio internacional livre”. (Idem, p. 127) “[...]
o progresso econômico do país é geral, e em todos os setores sente-se o influxo da
grande transformação operada pela revogação da política de restrições que até 1808 pesara sobre a colônia”.(Idem, p. 131) “Até a abertura dos portos, as deficiências do
comércio português tinham operado como
barreira protetora de uma pequena indústria local, pobre indústria artesã, é verdade, mas assim mesmo suficiente para satisfazer a uma parte do consumo interno. Esta pequena indústria não poderá sobreviver à livre concorrência estrangeira, mesmo nos mais insignificantes artigos”. (Idem, p. 135) “[...] a emancipação
do Brasil representa um ponto de partida bem nítido para o novo
surto econômico do país, porque dentro dos quadros políticos e administrativos coloniais, e ligado a uma metrópole decadente que se tornara puramente parasitária, ela não encontraria horizontes para utilizar-se das facilidades que o mundo do séc. XIX lhe proporcionava”. (Idem, p. 140) 2.2 O império escravocrata e a aurora burguesa (1850-1889) “A explicação geral disto
encontra-se sobretudo na decadência das lavouras tradicionais
daquele primeiro setor; decadência para que não se encontrou, como se deu no Sul com o café, um substituto adequado. Decadência aquela cuja causa precípua se encontra na desfavorável conjuntura internacional ”. (Idem, p. 157) “[...] o primeiro grande cenário da lavoura cafeeira no Brasil é o vale do rio Paraíba, no
seu médio e depois alto-curso. As condições naturais são aí esplêndidas. Uma altitude que oscila entre 300 e 900 m mantém a temperatura, embora em latitude tropical, dentro dos limites ideais para a planta, e regulariza as precipitações ”. (Idem, p. 162)
“Repetia-se mais uma vez
o ciclo normal das atividades produtivas do Brasil: a uma fase
de intensa e rápida prosperidade, segue-se outra de estagnação e decadência. Já se vira isto (sem contar o longínquo caso do pau-brasil) na lavoura da cana-de-açúcar e do algodão no Norte, nas minas de ouro e diamantes do Centro-Sul. A causa é sempre semelhante: o acelerado esgotamento das reservas naturais por um sistema de exploração descuidado e extensivo ”. (Idem, p.163) “A
lavoura do café marca na evolução econômica do Brasil um período bem
caracterizado. Durante três quartos de século concentrasse nela quase toda a riqueza do país; e mesmo em termos absolutos ela é notável: o Brasil é o grande produtor mundial, com um quase monopólio, de um gênero que tomará o primeiro lugar entre os produtos primários no comércio internacional”. (Idem, p.167) “As crescentes exportações de café que tomam logo um vulto que deixa a
perder de vista
o intercâmbio comercial do passado, permitirão não somente restaurar o balanço das contas externas do país, tão comprometidas na fase anterior, mas restaurá-lo em nível nitidamente superior a tudo quanto o Brasil conhecera no passado ”. (Idem, p.168) “A
lavoura do café, gênero então de largas perspectivas nos mercados internacionais,
contará com uma base financeira e de crédito, bem como um aparelhamento comercial suficiente que lhe permitirão a considerável expansão [...]”. (Idem, p.194) “Doutro
lado, aparelha-se a vida financeira do país. A multiplicação dos bancos, das
empresas financeiras em geral, das companhias de seguros, dos negócios de bolsa, permitem captar e mobilizar em escala que se vai fazendo significativa, as fontes da acumulação capitalista ”. (Idem, p.195) “Ao contrário de São Paulo, nestas regiões temperadas [no extremo sul]
onde não existe
a grande lavoura tropical, o imigrante não se fixa como assalariado, mas encontra facilidades para aquisição de pequenas propriedades, e é nestas condições que se estabelece”. (Idem, p.204) 3. Análise Epistemológica 3.1. Teoria e Metodologia
O autor se utiliza de estatísticas econômicas – história econômica – para delinear as principais transformações sofridas pelo Brasil por meio das rupturas e consequência
da adaptação do capitalismo europeu. Trabalha principalmente com o materialismo histórico marxista, tendo como base os meios de produção e a formação da sociedade. 4. Conclusões sobre o texto
O texto aborda as transformações econômicas sofridas pelo Brasil, tendo em vista o atraso causado pelo monopólio comercial que a metrópole portuguesa manteve durante séculos com o pais, onde nenhum rendimento da terra era investida nela mesma, e que, o capitalismo mercantil ibérico, mesmo com o estabelecimento da cede do império português no pais, foi de grande atraso mediante a economia capitalista europeia que literalmente se locomovia a todo o vapor, deixando grandes marcas no desenvolvimento econômico posterior. Caio Prado, sendo um dos pioneiros ao abordar a história econômica do pais, desenvolve seu trabalho por meio da análise das três principais culturas mercantis que permearam a economia brasileira da virada do XVIII para o XIX: açúcar, metais preciosos e café, sendo a última, a que levou o pais uma grande e prospera (curta) estabilidade econômico que forneceu os meios (junto ao capital de investimento excedente após a proibição do tráfico negreiro) para que o pais pode-se ter acumulo de capital suficiente para poder transitar de maneira bem embrionária para a econômica capitalista.