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Núcleo de Educação a Distância Créditos e Copyright
BRAZIL, Marcelo. Instrumento: Violão - Princípios Básicos. Marcelo Brazil. Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2015. 32p. (Material didático. Curso de musica). Modo de acesso: www.unimes.br acesso: www.unimes.br 1. Ensino a distância. 2. Música. 3. Instrumento: Violão Princípios Básicos. I. Título CDD 780
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos. Copyright (c) Unimes Virtual É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato.
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Núcleo de Educação a Distância UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PLANO DE ENSINO
CURSO: Licenciatura em Música COMPONENTE CURRICULAR: Instrumento: Violão: Princípios Básicos SEMESTRE: 2º CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 horas EMENTA: Estudo de técnicas instrumentais aliadas à leitura musical, direcionadas para a utilização do violão na prática docente. Explicitação das características do violão, postura corporal e afinação do instrumento. Trabalho com cifras e acordes. Desenvolvimento da leitura harmônica e melódica, acompanhamento e improvisação. fundam entos do violão como: introdução histórica, OBJETIVO GERAL: Introduzir os fundamentos postura, afinação e leitura harmônica e melódica.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: referencial histórico do instrumento; instrumento; Unidade I Apresentar referencial
Unidade II Conhecer as partes do instrumento e os princípios de técnica e repertório; Unidade III Exercitar aspectos relacionados à performance e à leitura musical. Unidade IV Oportunizar desenvolvimento da prática instrumental, diferenciando as qualidades de movimento da mão esquerda e da mão direita. abordagens ns técnicas e musicais que são tradicionalme tradicionalmente nte Unidade V Apreciar diferentes abordage abordadas com o violão.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: Unidade I Introdução - História do Violão e Postura: Esta unidade apresenta uma breve história do violão e fundamentos da postura corporal.
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Núcleo de Educação a Distância Unidade II Leitura e Posição: Desenvolver a técnica no instrumento através da leitura, posição das cordas soltas e acordes.
Unidade III Posição e Acompanhamento: Apresentar diferentes formas de acompanhamento por meio de gêneros musicais como: Baião, Choro, Valsa e Balada.
Unidade IV Exercícios técnicos e propostas de dificuldade elementar para oportunizar a prática do instrumento.
Unidade V Referencial teórico e estímulo à pesquisa e organização de informação sobre as diferentes possibilidades de utilização do violão dentro do repertório tradicional, popular e/ou erudito.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA: GALIFI, G. Iniciação ao violão: opus 41. São Paulo: Irmãos Vitale, 2010. PEREIRA, Marco. Cadernos de Harmonia para Violão - Vol. 1, 2 e 3. Rio de Janeiro: Ed. Garbolights, 2011. RODRIGUES, Juliano. Violão Para Iniciantes, Intermediários E Avançados. Clube de Autores, 2013. 2013. (eBook)
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: CASTAÑERA,, E. Método de violão: violão prático. São Paulo: HMP, 2006. CASTAÑERA MARIANI, S. O equilibrista das seis cordas: método de violão para crianças. Curitiba: Editora da UFPr / Imprensa Oficial do Estado, 2002. PEREIRA, M. Ritmos brasileiros. Rio de Janeiro: Garbolights, 2007. SÁ, R. 211 levadas rítmicas: para violão e outros instrumentos de acompanhamento. São Paulo: Irmãos Vitale, 2002. TENNANT, Scott. Pumping Nylon: Learn How to Play Guitar with this Classical Guitarist's Technique Handbook. Alfred Music, 2005. (disponível versão eBook)
METODOLOGIA: A disciplin disciplina a está dividida em unidades temáticas que serão desenvolv desenvolvidas idas por meio de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de textos, indicação de
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Núcleo de Educação a Distância pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo ensino/aprendizagem.
AVALIAÇÃO: A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente.
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Núcleo de Educação a Distância Sumário Nenhuma entrada de sumário foi encontrada.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 01 _ Apresentação No decorrer da presente disciplina de Instrumento: Violão - Princípios Básicos, procuramos contemplar questionamentos tanto de alunos iniciantes e curiosos quanto de alunos avançados, abarcando assuntos essenciais para todos aqueles que querem desenvolver técnica e musicalidade ao violão. Procuramos também contemplar às necessidades de futuros professores que possam se relacionar com o instrumento violão de diferentes maneiras. As novas tecnologias e a globalização da informação inevitavelmente engendraram uma nova relação do estudante de música com o violão clássico. Em nosso curso a distância, utilizaremos os seguintes recursos: -
Aulas texto
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Vídeos
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Áudios
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Aplicativos
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Comentários sobre gravações
Importante realçar que temos um enorme acesso a obras completas de compositores importantes como Fernando Sor, Dionísio Aguado, Mauro Giuliani ou Francisco Tárrega. Algo raramente possível em um passado próximo. Aquele estudante a querer se debruçar seriamente sobre o estudo do instrumento, terá acesso a diferentes materiais de estudo, como partituras e exercícios. Deixamos na plataforma indicação de referências para diferentes estilos e períodos. Convidamos a todos que compartilhem material no fórum em anexo na primeira semana de aula. Nossa disciplina visa preencher uma lacuna que existente no material que hoje encontra-se disponível ao estudante de violão e de música. Assuntos ligados à musicalidade são epicentro deste trabalho, como: fraseado, articulação, dinâmica, condução de vozes, elementos de improvisação e composição etc. E adotamos uma abordagem em hypertexto, na qual o leitor terá acesso à uma diversidade de elementos multimídia e visualizações esquemáticas.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 02 _ Histórico do violão Considero relevante para essa disciplina, conhecermos um pouco da história do instrumento no Brasil e, para isso, sugiro a leitura do texto abaixo, de autoria de um dos principais nomes da pedagogia do violão em nosso país, o professor Henrique Pinto (1941 – 2010). O Violão no Brasil - por * Henrique Pinto Um pouco de história O desenvolvimento do violão no Brasil passou por diversas fases que modificaram seu formato, sendo que em cada região houve uma readaptação e transformação, assim surgindo diversas variantes do primitivo instrumento que fora trazido pelos portugueses no século XVI. Neste período, na Europa, o instrumento que mais se assemelhava ao nosso atual violão era a vihuela, que tinha cinco cordas duplas e algumas tinham até seis cordas. Era muito usada nas cortes por músicos cultos, que liam, escreviam, tocavam seus instrumentos e ensinavam música. Neste mesmo período existia o violão de forma ainda primitiva, com quatro cordas e, consequentemente, com diferentes possibilidades composicionais. Junto com a corte portuguesa que veio a se estabelecer no Brasil, a vihuela fez parte do acervo cultural que influenciou a cultura do país recém-conquistado. A vihuela foi se modificando e se transformou na nossa “viola caipira”, com pequenas modificações no formato. Ficou mais “acinturada” e as cordas usadas foram as de aço, resultando numa
sonoridade peculiar, quase como um cravo. Esta viola, além de servir como instrumento de acompanhamento para cantores, era também instrumento solista, sendo utilizada até hoje com um repertório particular e uma técnica específica. Com a evolução do violão na Europa, principalmente na Espanha, suas primitivas quatro cordas, passaram a 5 e posteriormente 6, assim ficando definitivamente. A escola violonística tomou forma e surgiram compositores que elaboraram métodos e obras que formaram, com o tempo, a estrutura básica de todo ensino posterior. Os métodos principais que surgiram foram os dos compositores Ferdinando Carulli e Matteu Carcassi, com uma didática utilizada até nossos dias. Este movimento aconteceu no século XVIII e os métodos deles foram trazidos para o Brasil, dando inicio a uma primeira fase do estudo sistemático do violão. Como este material era escasso, sua utilização foi dando margem a métodos improvisados e conceitos didáticos particulares, mas, de certa forma, estava implementado o ensino do violão por música no Brasil. Seu conceito não era como o estudo de um instrumento de orquestra ou piano, era marginalizado social mente e considerado, pejorativamente, um instrumento de amadores que se tocava nas barbearias e reuniões, sem pretensões artísticas maiores. No início do século XX, o violonista uruguaio Isaias Sávio, se radicou no Brasil e trouxe consigo todo seu acervo da obra violonística editada na Europa. Além de possuir uma pedagogia mais atualizada, editou, pela Ricordi Brasileira, uma série de trabalhos que facilitaram ao professor o ensino do violão, estabelecendo certa ordem didática nas obras a serem administradas aos alunos. Isaías Sávio, além de sua visão pedagógica, foi concertista e viajou por todo Brasil, divulgando o violão com um repertório original, executando obras não só de autores clássicos do instrumento, mas também com obras próprias.
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Núcleo de Educação a Distância Sua Escola Violonística era baseada na “Escola de Francisco Tárrega”, pois toda uma série
de exercícios técnicos e didáticos era inspirada na forma como Tárrega pensou que um violonista devesse trabalhar com seu instrumento: escalas, arpejos, ligados, saltos, exercícios de dedos fixos, pestanas e ornamentos, postura das mãos, principalmente a mão direita, que os dedos indicador, médio e anular teriam que formar um ângulo reto com relação às cordas. Assim sendo, a primeira escola que oficializou o aprendizado do violão nos conservatórios como instrumento de concerto, elevando- o em um nível de “igualdade social” com os outros instrumentos, foi o Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. A cadeira foi instituída e idealizada por Isaias Sávio, com um programa didático do 1º ao 7º ano, com obras, estudos e técnica gradativamente progressiva. Foi o passo mais importante para os Conservatórios profissionalizarem seus violonistas. Sávio formou violonistas que atuam hoje no cenário nacional e internacional como: Carlos Barbosa Lima, Paulo Bellinati, Marco Pereira, Henrique Pinto, Paulo Porto Alegre, dentre outros. Paralelamente ao trabalho de Sávio, surgiram outros importantes métodos, que objetivavam sistematizar o ensino para o iniciante. Podemos citar: A Escola do Violão de Atílio Bernardini, Iniciação Violonística de Manoel São Marcos, Estudo Programado para Violão de Pedro Cameron, Comece a Estudar Violão pelas Cordas Soltas de Vicente Ferreira e outros métodos que são recompilações de exercícios de Tárrega. Este grande salto qualitativo dos intérpretes e da escola violonística motivou muitos compositores não violonistas a escreverem para o instrumento como: Ascendino Teodoro Nogueira, que tem uma extensa obra para violão, com destaque para sua série de Brasilianas, o Concerto para Violão e Orquestra, que foi gravado por Geraldo Ribeiro, o Concertino para viola caipira e orquestra gravado por Carlos Barbosa Lima; Marlos Nobre que tem extensa obra dedicada ao violão, inclusive um concerto para violão e coral, Yanomani e obras para dois violões gravadas pelos Irmãos Assad; Sergio Vasconcellos Correa tem seus estudos, Sonatina e o Concerto do Agreste para violão e Cordas; Camargo Guarnieri com a peça Ponteio, Valsa-Choro e estudo, obras de muita expressão musical; Ricardo Tacuchian com uma extensa obra; Nestor de Holanda Cavalcanti com sua obra camerística, incluindo o Violão em Várias Combinações; Edmundo Villani-Cortez com obras para várias combinações, das quais destacam-se aquelas escritas para 3 violões; Radamés Gnattali com sua extensa obra camerística e solística, incluindo vários concertos, como o Concerto para dois Violões e Orquestra gravado pelo Duo Assad. Citamos ainda os concertistas e compositores: Paulo Bellinati, Marco Pereira, Paulo Porto Alegre, Fred Schneiter, Luis Carlos Barbieri, Geraldo Ribeiro, Pedro Cameron, Douglas Lora, Sergio Assad e Egberto Gismonti com obras editadas no Brasil, Estados Unidos e Europa. Além destes, outros compositores, de maior ou menor expressão estão compondo para violão, enriquecendo sobremaneira o acervo deste instrumento. Não podemos deixar de citar os violonistas “populares” que, por sua força expressiva, legaram um a obra significativa para a música brasileira, explorando o violão de forma geralmente virtuosística e que são hoje consideradas obras de concerto. Músicos “intuitivos”, mas com rica criatividade
musical, como: Dilermando Reis, João Pernambuco, Américo Jacomino (o Canhoto), Armando Neves, Nicanor Teixeira e Garoto, dentre outros. PINTO, Henrique. Violão no Brasil. 2008. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2009. *Henrique Pinto foi importante professor, violonista e didata do violão no Brasil. Mais
informações sobre seu trabalho e obra, visite: http://hpviolao.sites.uol.com.br/principal.htm
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Núcleo de Educação a Distância Aula 03 _ Partes do violão O violão é um instrumento da família das cordas dedilhadas e a forma como hoje é comumente fabricado deve-se ao construtor Antonio de Torres (Espanha, 1817 – 1893). Em meados do século XIX, ele alterou a forma da caixa tornando-a mais larga e mais cintada, com a forma de 8 que conhecemos hoje.
Violão Torres datado de 1883 exposto no Museu da Música - Cité de La Musique – Paris. Disponível em: . Acesso em: Fev, 2017.
Partes do violão:
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Imagem Disponível em: Acesso em: Fev/2015 1 – Cabeça ou mão 2 – Pestana 3 – Tarraxas ou cravelhas 4 – Escala 5 – Trastes ou trastos 6 – Tróculo 7 – Faixas ou laterais 8 – Tampo 9 – Cavalete 10 – Rastilho 11 – Corpo 12 – Cordas 13 – Boca
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Núcleo de Educação a Distância Afinação das cordas O violão pode ser tocado com diversas afinações, mas a mais comum é a seguinte: Primeira corda: Mi (agudo) Segunda corda: Si Terceira corda: Sol Quarta corda: Ré Quinta corda: Lá Sexta corda: Mi (grave) É importante lembrar que as cordas do violão são sempre contadas de baixo para cima, da mais aguda para a mais grave. HENRIQUE, L. Instrumentos musicais. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 04 _ Aspectos relacionados à qualidade do instrumento/infraestrutura do ambiente do estudo
1.1 Aspectos relacionados à qualidade do instrumento/infraestrutura do ambiente do estudo 1.1.1 O Violão O violão é um instrumento de larga difusão em diversas regiões do mundo. Decerto que essa popularização traz seus benefícios. Por exemplo, a multiplicidade de estilos musicais e uma quantidade incrível de artistas que produzem as mais variadas referências sonoras e formas de se utilizar esse instrumento. Como exemplo, dentre incontáveis estilos musicais que usam violão podemos citar três bastante contrastantes entre si: bossa-nova, violão erudito e flamenco. Se abrirmos o leque para violões com cordas de aço ou guitarra elétrica, há ainda mais estilos! Poderia haver um ponto negativo decorrente dessa popularização? Infelizmente, há uma grande quantidade de violões com qualidade insatisfatória para aquisição nas lojas de instrumentos. São instrumentos inadequados para a prática musical em qualquer grau de evolução técnica. Instrumentos de f ábrica, de custo muito reduzido, refletem um controle de qualidade menos rigoroso. Muitas vezes, esses instrumentos não afinam com regularidade em todas as casas da escala, são muito duros para a mão esquerda e a sonoridade é debilitada em timbre e intensidade. Alunos iniciantes ou seus responsáveis podem me questionar: “estou [meu filho
está] somente começando meus [seus] estudos e não posso investir muito em um instrumento agora...”. Uma resposta possível seria: “se o instrumento é de qualida de ruim você não conseguirá tocá-lo com desenvoltura, logo, não lhe proporcionará o prazer em se praticar música e diminuirá seu envolvimento ao longo das seções de estudo. Não lhe trará benefício cultural/musical. E o pouco dinheiro investido tampouco se converterá em possibilidade de desenvolvimento musical, pois o aprendizado estará dificultado.” Paradoxalmente, por mais que nossas crenças
atuais digam o oposto, o aluno iniciante necessita de um instrumento tão bom quanto um aluno avançado. O custo de um bom violão pode facilmente atingir valores realmente elevados. Mas não é somente preço que deve ser levado em consideração. Sendo assim, quais são as características que podemos avaliar em um bom instrumento? Como avaliar e fazer uma boa aquisição? Quais elementos devem passar por manutenção regularmente? Apesar da qualidade das madeiras influencie muito no preço e na qualidade final do instrumento, o fator de maior relevância para violões para estudantes encontra-se no processo de fabricação. Dependendo da cota diária de instrumentos que uma fábrica produz, haverá uma maior probabilidade de incidir erros diversos em sua
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Núcleo de Educação a Distância construção. Dentre os mais graves, podemos destacar problemas como: erros de posicionamento dos trastes, ângulo da escala deficiente, distância irregular entre as cordas, cavalete mal posicionado e madeiras muito espessas, dificultando a vibração da caixa de ressonância. Contudo, dentro das fábricas há diferentes modelos de violão, quanto mais elevado o valor do custo final, maior é o investimento em tempo que a equipe de construtores disponibiliza para confecção de cada um dos instrumentos. (Nem sempre podemos confiar em vendedores de lojas de música, mesmo que não haja má fé, o simples desconhecimento do instrumento violão como um meio de expressão artística o impede de refletir sobre a importância de diferentes detalhes sobre necessidade técnica-musical de um aluno.) Outra opção aos instrumentos de fábrica são os instrumentos de luthier . Cada construtor disponibiliza diferentes valores e prazos para entrega e, tradicionalmente, a aquisição acontece diretamente na luthieria. Normalmente, esse mercado não tem vínculo com a publicidade e é incomum encontrar esses instrumentos disponíveis em lojas de música. A seguir, uma lista de detalhes pertinentes a um violão com cordas de nylon:
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Sonoridade: a) O tampo é uma das peças mais importantes, confeccionado usualmente de pinho ou de cedro. Tanto as características intrínsecas de cada peça de madeira, quanto o trabalho lapidar do luthier influenciam o resultado final do instrumento; b) O fundo e a lateral são feitos com Jacarandá Indiano ou, mais raramente, ao Jacarandá Baiano. Existem outras opções que utilizam inclusive madeiras compensadas, variando o custo, potencia sonora e timbre do in strumento. c) Quanto menor a espessura da madeira, haverá potencial de maior sonoridade no instrumento. Com a ação da corda, um tampo leve tende a transmitir mais a vibração da corda para o ambiente. Contudo, o instrumento será mais frágil e existe um limite em que a própria força das cordas poderá danificar o tampo, diminuindo a resistência à pressão das cordas; d) A escala e os trastes devem ter um posicionamento e distância perfeitos. Qualquer alteração, o violão estará impossibilitado de af inar adequadamente;
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Tocabilidade: a) As cordas devem ser suficientemente próximas à escala para que a mão esquerda pressione cada nota com suavidade. Um instrumento cujas cordas estejam altas, para a mão esquerda, causará desconforto e dificuldade para o executante. Contudo, se as cordas estiverem baixas demais a sonoridade será trastejada e com pouca potencia. b) A equidistância entre as cordas deve ser precisa, caso contrário a mão direita terá mais dificuldade em encontrar as cordas.
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Núcleo de Educação a Distância As cordas costumam ser vendidas em, ao menos, três tensões: alta (hard), média (normal) e leve (light). Nós, músicos, buscamos o instrumento que melhor expresse a musicalidade que almejamos. Ou seja, experimentamos diferentes encordoamentos em busca daquele que se adeque melhor com nosso conforto e praticidade. Diferentes tensões de corda também geram diferentes tempos de resposta para mão direita, pois uma corda mais macia tem uma ação e tempo maior para retorno, influenciando a ação da mão direita também. E dependendo do violão, o ideal é não escolher um jogo de cordas que sobrecarregue a musculatura da mão esquerda, evitando tensões desnecessárias. Cordas novas têm uma sonoridade mais brilhante e projetada, porém ela tende a desafinar mais no dia em que se efetuar a troca; assim como a possibilidade de aumentar a chance de ruídos durante as trocas de posição de mão esquerda. Já as cordas colocadas há muito tempo ou já oxidadas têm uma sonoridade fosca e com menor projeção. É importante que as cordas permaneçam com o mesmo diâmetro por toda sua extensão. Assim que houver qualquer deformidade na superfície da corda, será impossível obter a afinação adequada.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 05 _ Ambiente de estudo
1.1.2 Ambiente de estudo Se um dia o poeta cantou um cantinho e um violão[1], em nossa exposição constituiremos os detalhes desse espaço sacro em que as seções de estudo devem ocorrer rotineiramente. A rotina é algo que influencia significativamente o desenvolvimento do estudo. Por agora, vamos averiguar uma lista que poderá servir para aprimorar seu ambiente de estudo: A cadeira deve favorecer a postura ereta da coluna, oferecendo uma superfície plana e confortável. As seções de estudo podem durar até 30 minutos ou mais, uma boa cadeira contribui para a saúde física dessas seções e cria um vínculo positivo com esse hábito. Na medida do possível o local de estudo deve ser silencioso para favorecer a escuta e foco nos detalhes de interpretação. Contudo, a concentração não deve depender somente de fatores externos. A presença de um espelho pode ampliar seu ponto de vista em relação à postura corporal e, consequentemente, ao desenvolvimento técnico. Um dos erros posturais mais comuns entre os alunos é a necessidade de olhar constantemente para os movimentos dos dedos, principalmente, da mão direita[2]. Sim, a visão é importante e pode ajudar bastante no momento oportuno! Mas buscamos uma postura mais saudável e que favoreça a uma boa técnica e sonoridade. Olhar diretamente para os dedos é incompatível com a manutenção de uma postura saudável - pelo menos em tempo integral. Resultado? Cur vamos o pescoço para “olhar melhor”... nisso, prejudicamos o angulo saudável do pescoço. E, a longo prazo, nosso desenvolvimento técnico estará prejudicado. Se a visão é tão importante, que utilizemos um espelho! Este possibilita que enxerguemos, com um excelente ponto de vista, toda a posição e movimentação dos dedos, braços e postura corporal. Inclusive, inferindo em nós mesmos posturas que apreciamos de outros instrumentistas e, ao longo do tempo, moldar nossa própria postura. Outros itens que costumam auxiliar a qualidade de nossas seções de estudo são: -
Estante de partitura - favorece o posicionamento ideal da partitura;
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Diapasão ou afinador - referencia a nota de base para os sons;
Metrônomo - utilizado para exercícios de precisão rítmica ou consultas sobre o andamento requerido pelo compositor; -
Lápis/Borracha;
Boa qualidade de acesso à gravações, seja por meio de caixas de som ou fones de ouvido;
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Ventilação, temperatura e iluminação adequados;
Adentrando o universo específico do violão, podemos lançar duas questões iniciais. Por que queremos tocar violão? E quais são nossas possibilidades frente a esse instrumento? O dicionário Michaelis (2017) aponta um significado à palavra “instrumento”: Meio utilizado para obter um resultado. Pensando dessa forma, o violão é apenas um meio para expressarmos a musicalidade. Em nossas seções de estudo, o som deve ser eixo central do nosso foco, a audição é o sentido que avalia a qualidade de nossa execução musical. Enquanto nosso ouvido se incumbe de escutar atentamente cada som que produzimos, usamos nosso corpo para efetivamente tocar o instrumento. Logo, nossa relação física com o instrumento poderá acontecer de duas maneiras: - Tato: utilizando as pontas dos dedos para perceber diferenças entre diâmetro e textura das cordas. Ou partes do corpo para perceber o posicionamento e equilíbrio do instrumento. - Propriocepção: o corpo estabelece consciência interna por meio de sensibilidade dos ângulos das articulações corporais e do grau de tenacidade muscular. Ou seja, sabemos que nosso corpo encontra-se de determinada maneira por meio da propriocepção e não por outro sentido. Por exemplo, podemos citar que um ciclista sabe que seus pés estão nos pedais de sua bicicleta enquanto ele pedala. Seus olhos, ao invés de concentrarem-se nos pés, atentam-se ao caminho; nós, violonistas, sabemos que nossos dedos encontram-se próximos de determinada corda e traste, mesmo sem usar os olhos. Sendo assim, nossa atenção encontra-se na audição das sonoridades que produzimos e em nossa relação física com o instrumento. Normalmente, nossa visão deve atentar-se à partitura e outros elementos técnicos que abordaremos em [capítulo]. É inevitável a leitura de partituras em algum momento ao estudar música. Estas devem estar bem posicionadas a uma distância, altura e ângulo adequado em relação aos olhos por meio de uma estante de partituras. Sendo esse um dos meios mais versáteis de dar suporte as partituras impressas ou PDFs em tablets com conforto, inclusive, evitando desvios da postura adequada. Consequentemente, a iluminação adequada - seja natural ou artificial - tem uma importância na consolidação desse ambiente ideal de estudo. E, finalmente, uma boa qualidade de ar em relação à limpeza, temperatura e humidade, pois não apenas nossa saúde depende desses fatores mas o instrumento reage ao ambiente. Por exemplo, com muita humidade o violão ficará com o som opaco e as cordas envelhecerão mais rapidamente; e mudanças abruptas de humidade e temperatura podem danificar os veios da madeira, produzindo rachaduras no tampo, fundo ou lateral do instrumento. É importante consolidar boas referencias durante as seções de estudo, com uma afinação adequada: diapasão ou afinador ; e um metrônomo. Em capítulos posteriores voltaremos a tratar desses assuntos com maior detalhamento.
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[1] Canção Corcovado, de Tom Jobim [2] Este livro possui a nomenclatura para destros em referência às mãos esquerda e direita. Canhotos devem inverter os termos citados de esquerda para direita e viceversa.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 06 _ Vibração da corda - produzindo movimento/som
1.2 Vibração da corda - produzindo movimento/som O violão é um instrumento que soa por meio da vibração de uma ou mais cordas que, ao vibrar, acionam a caixa de ressonância que, por sua vez, transmite os sons para o ambiente. Dependendo do modo em que as cordas entram em vibração o resultado sonoro será diferente. Forte /piano ou metálico/dolce são exemplos de dois parâmetros interdependentes (intensidade e timbre, respectivamente) que sofrem influências diretas sobre o modo em que colocamos as cordas em vibração. Primeiramente, observe que o gráfico[1] a seguir, trata-se da simulação de uma corda ideal em vibração. Repare como há dois pontos fixos, denominados nós nas extremidades, e um ponto central, denominado ventre, no ponto equidistante aos dois nós:
Essa situação anterior é uma onda ideal pois, na realidade, as cordas de um violão real vibram mais caoticamente, como:
Agora imaginemos a relação entre esta corda vibrante e o violão, como na imagem:
Repare como a ação da corda tem seus limites impostos pela presença da escala e
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Núcleo de Educação a Distância dos trastes. Agora compare com essa outra imagem, em que invertemos o formato de sua onda:
Neste segundo exemplo, há uma chance muito maior de que a corda atinja o traste, produzindo o som “trastejado”. Outro detalhe pertinente é a relação entre corda e
caixa de ressonância. Ao vibrar a corda em paralelo ao tampo (flecha preta), a caixa de ressonância também vibra nesse sentido e a difusão do som acontece de modo mais desfocada:
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Núcleo de Educação a Distância Ao contrário, se a corda vibra transversalmente ao tampo, a projeção será mais concentrada, com maior intensidade para o ouvinte:
Portanto, como podemos tocar a corda de modo que favoreça a uma sonoridade limpa e projetada? Veja como ocorre a ação da corda próximo à região da boca/roseta do instrumento. Ao acionarmos a corda comumente posicionamos a mão direita neste ponto, deslocando a corda como no, quadrante 4 do exemplo a seguir:
Assim que soltarmos a corda, primeira região em que a esta efetuará sua descarga máxima de energia será no quadrante 1, na região oposta, como em:
Logo após, essa energia estará em direção ao quadrante 3 lado oposto, mas com menor amplitude:
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Por fim, o ciclo se fecha no ponto inicial (quadrante 4). Contudo, com grande parte da energia cinética já convertida em energia acústica:
Desta forma, podemos perceber que o modo com o qual colocamos a corda em vibração influencia na forma de propagação do som, favorecendo a limpeza evitando que a corda alcance os trastes - e projetando o som no espaço. Nos capitulo [número do capítulo] voltaremos a abordar o mesmo assunto com maior atenção à técnica e movimentos de mão direita.
[1] As imagens de vibração da corda foram realizadas por meio de um aplicativo java disponível em: (acesso, 12/6/2017)
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Núcleo de Educação a Distância Aula 07_ Postura e Unhas É comum vermos violonistas utilizarem posturas diversas para a execução do instrumento e o fato é que não existe realmente uma posição obrigatória e sim uma busca de soluções para facilitar a performance aliada ao menor esforço e maior relaxamento do corpo. Vejamos alguns exemplos: 1 - Com um apoio no pé esquerdo http://www.youtube.com/watch?v=Nx7vOb7GNBg 2 - Com um apoio no pé direito http://www.youtube.com/watch?v=GFKqXU3YMQc&feature=related 3 - Na perna direita cruzada http://www.youtube.com/watch?v=1cIHHvNnx_Y&feature=related 4 - Com um suporte entre a perna e o violão https://www.youtube.com/watch?v=3yX_dEebKME 5 - Com uma correia http://www.youtube.com/watch?v=3h-w-IqmACw&feature=related 6 - Violão com um espigão https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=iY74itDa-Mw 7 - Violão em um suporte https://www.youtube.com/watch?v=nfH-0EBlfYg O importante é sempre termos o cuidado para que não existam pontos de tensão no corpo e que a nossa postura não limite os movimentos das mãos. Como sugestão, experimentem a posição chamada popularmente de clássica, ou seja, com um apoio no pé esquerdo (para os destros):
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Imagem disponível em: Acesso: Fev, 2017 Essa posição nos traz algumas vantagens como a total liberdade de movimentação da mão esquerda, um posicionamento adequado da mão direita sem tensão no pulso e uma boa visualização do instrumento. Alguns recursos do instrumento como a execução de pestanas funcionam melhor nessa posição. Antes de posicionarmos as mãos corretamente, é interessante conhecermos um pouco sobre os cuidados com as unhas. Na mão esquerda, o ideal é deixá-las bem curtas de modo que não impeçam o correto posicionamento do dedo na escala do instrumento. Isso deve ocorrer de forma perpendicular e a unha grande atrapalha um pouco. Na mão direita costumamos deixar as unhas crescerem um pouco acima dos dedos e lixamos para deixá-las com um formato arredondado. Por fim, após lixar as unhas em uma fôrma adequada é preciso polir sua superfície. O objetivo é eliminar qualquer relevo ou aspereza, fazendo com que a unha deslize sobre a corda sem qualquer atrito. Isso facilita o desenvolvimento técnico e a qualidade do som.
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Imagens disponíveis em: . Acesso em: Fev/2017. Dentre as possibilidades de lixa de polimento existem as de manicure, como: 1.
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Ou ainda lixas de madeira. O detalhe é que a gramatura deve ser bastante fina, entre 800 e 2500 grãos. Na imagem abaixo tem o exemplos de lixas adequadas de 1200 e 2500, já as de 600 para baixo não servem nosso propósito:
PINTO, Henrique. Iniciação ao violão (Princípios básicos e elementares para principiantes) - Ed. Vitale
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Núcleo de Educação a Distância Aula 08 _ Posicionamento das Mãos Para executarmos bem o instrumento, um dos principais detalhes a ser observado é o correto posicionamento das mãos. Ressalto que uma boa postura ao segurar o instrumento é fundamental para que as mãos possam atuar sem esforço. Para a mão direita é fundamental que os dedos possam se mover com liberdade para o centro da mão. Para isso, devemos manter o pulso afastado das cordas:
O polegar deve estar um pouco a frente para que possa se movimentar livremente.
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A mão esquerda deve estar posicionada de frente para a escala para que os dedos possam prender as cordas com um apoio perpendicular, sem esbarrar em outras cordas.
O polegar deve ser posicionado de forma a permitir uma livre movimentação dos dedos na escala do instrumento.
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(Imagens extraídas do livro Iniciação ao violão - Henrique Pinto - Editora Ricordi) Na maioria das vezes, a partitura traz a indicação da digitação dos dedos seguindo o seguinte sistema:
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Mão esquerda - Mão direita Iniciação ao violão (Princípios básicos e elementares para principiantes) - Henrique Pinto Editora Ricordi
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Núcleo de Educação a Distância Aula 09 _ Notação A escrita do violão na pauta tem algumas características interessantes que devem ser observadas: 1 - A clave utilizada é a de sol com uma oitava abaixo.
Isso se deve ao fato do violão ser um instrumento transpositor de oitava, ou seja, o que está escrito na pauta soa uma oitava abaixo. Vejam no exemplo:
Ao elaborarmos um arranjo ou reproduzirmos uma melodia para ser cantada, sempre devemos nos lembrar desse detalhe. 2 – O violão pode ser escrito em até três vozes na mesma pauta que deve mostrar também a digitação necessária para a correta execução da música. As notas das vozes inferior e intermediária devem ser escritas com a haste para baixo e as da voz superior com haste para cima.
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Núcleo de Educação a Distância Repare como os números dentro de círculos representam as cordas em que as notas serão tocadas, enquanto os números fora dos círculos representam os dedos de mão esquerda. As cifras são escritas acima do compasso e, de preferência, respeitando a pulsação do compasso. Em alguns casos o ritmo da cifra também aparece acima do compasso, normalmente quando existe apenas uma melodia:
Caso o ritmo se repita por um trecho da música, não existe a necessidade de escrevê-lo novamente, basta um compasso. Notação de Cifras As cifras são símbolos que representam os acordes através de letras, números e sinais. Para os nomes das notas utilizamos letras: A – Lá,
B – Si,
C – Dó,
D – Ré,
E – Mi, F – Fá, G – Sol
De acordo com os intervalos existentes nos acordes acrescentamos alguns números e símbolos conforme tabela abaixo:
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(Tabela extraída do livro Dicionário de Acordes Cifrados de Almir Chediak) Exemplos: - Lá menor – Am - Sol maior com sétima menor – G7 - Ré bemol menor com sétima maior – Dbm7M - Mi maior – E
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Núcleo de Educação a Distância - Fá sustenido menor com sétima menor e nona maior –
F#m7(9) Nessa outra tabela temos algumas opções para a notação de cifras:
(Tabela extraída do Dicionário de Acordes Cifrados de Almir Chediak)
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Núcleo de Educação a Distância Chediak, A. Dicionário de acordes cifrados . Irmãos Vitale: São Paulo, 1984.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 10 _ Sobre a importância do estudo mental
1.3 Sobre a importância do estudo mental A prática mental pode ajudar músicos no processo de assimilação de uma nova peça musical por facilitar o estabelecimento de imagens sonoras e mecânicas. (Palmer & Highben, 2004) Tocar um instrumento exige uma simultaneidade de dezenas de habilidades. Algumas habilidades são estritamente físicas, outras auditivas e outras emocionais ou expressivas. Inclusive, reagimos diferentemente a uma série de informações físicas e auditivas. Condicionamo-nos a solfejar previamente e organizamos nossos movimentos com a finalidade de obter a sonoridade almejada. Observem que, portanto, realizamos duas estratégias simultâneas: uma relacionada à técnica (movimentos corporais) e outra à escuta. Ambas atuam coordenadamente, cada qual reunindo inúmeras habilidades físicas, auditivas e conhecimentos teóricos e técnicos distintos. Destacamos que a prática conhecida como estudo mental não está estritamente ligado ao universo da música. Inclusive, o Dicionário Oxford de Esporte, Ciência & Medicina (Kent, 2007, p.430) aponta que esta trata-se de uma forma de prática na qual o sujeito produz uma vívida imagem mental da verdadeira performance técnica. Em outras palavras, a prática mental contempla todo o complexo que
envolve a prática física, mas sem a realização direta dos movimentos. Voltando ao caso da música, podemos organizar a prática mental como a união entre: - Solfejo - condução dos diferentes parâmetros musicais, como: sonoridades, harmonias, melodias e ritmos; - Técnica - organização dos diferentes movimentos corporais para obtenção das sonoridades almejadas, como: postura, digitação e controle muscular. Dois pesquisadores canadenses (Mielke & Comeau, 2017) apontam dezenas de estudos sobre essa temática desde 1916 e, ainda, destacam que músicos como Fritz Kreisler, Vladmir Horovitz e Walter Gieseking praticavam música também mentalmente. De fato, essa área do conhecimento recebe cada vez mais destaque entre estudantes, músicos profissionais e professores. O estudo mental ao violão pretende confluir os diferentes elementos de ordem musical e técnica. Em outras palavras, buscamos a internalização internalizar e a interdependência entre: - Imaginário acústico: representações psico-acústicas de objetos ou eventos sonoros, como: sonoridades, intervalos, motivos, melodias, harmonias, contrapontos, ritmos, estruturas etc.
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Núcleo de Educação a Distância - Imaginário cinético: representações mentais relacionadas à sensação do movimento sem, no entanto, executar fisicamente o movimento: um tipo de imaginário motor. Procuramos desenvolver uma técnica de prática mental na qual favoreça o exercício, cognitivamente, do repertório do violão com a finalidade de aprimorar ou manter sua proficiência. Dentre as técnicas, pode-se incluir o uso de análise de partitura, imaginário acústico e cinético e apreciação de modelos. Dentre os modelos, destacam-se recitais ou concertos ao vivo assim como gravações.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 11 _ Reflexão sobre performance e aprendizagem
1.4 Reflexão sobre performance e aprendizag aprendizagem em A Música é uma área do conhecimento que tem muita proximidade com o ser humano, independente de ser profissional, amador ou leigo. É comum que pessoas gostem, conheçam e deixem-se levar pela apreciação musical. Ela faz parte de nossa história e, eventualmente, algumas pessoas querem estabelecer uma relação mais íntima com essa Arte, praticando algum instrumento ou cantando. No decorrer de sua aprendizagem, o estudante entra em contato com diversas disciplinas musicais que compõe um complexo de elementos teóricos e técnicos. A dificuldade da disciplina exige uma racionalização e dedicação diária, no decorrer de anos de estudos. Mas o estudante deve preservar aquela relação mais empírica e emocional, enquanto desenvolve sua técnica e seus conhecimentos. De acordo com Daniel Baremboim, esse equilíbrio entre razão e emoção (disciplina e liberdade) está constantemente presente na performance musical. Nosso ponto de vista é que o intérprete, ao tocar um instrumento, lida com um emaranhado de elementos interdependentes de forma síncrona e com determinada fluência no tempo/espaço. Em outras palavras, uma música, mesmo que simples, apresenta simultaneamente um emaranhado de aspectos musicais e técnicos, como:
o
Aspectos musicais: musicais: timbres, intensidades intensidades articulação, articulação, fraseado, respiração, respiração, ritmos, agógica, melodia, expressividade, expressividade, harmonias, polifonias etc.
o
Aspectos técnicos: técnicos: postura, ação das articulações articulações,, independência independência da musculatura, musculatura, relaxamento, audição, audição, fôrma das unhas, disposição dos dedos etc.
São tantos elementos simultâneos a serem assimilados que não há como o aprendizado acontecer rapidamente. Não há como desenvolver tantas habilidades sem uma dedicação rotineira, no decorrer de anos de prática. Somente assim o sujeito poderá estar preparado e com os reflexos automatizados, que haja confluência entre todos os aspectos musicais e técnicos necessários. Cada seção de estudo, cada aula, cada música pode ter um foco diferente, em que haja uma complementação entre os diversos conhecimentos e habilidades necessários. Progressivamente, o aprendiz se torna autossuficiente na percepção dos elementos musicais e na tomada de decisões sobre a qualidade dos seus movimentos corporais, de acordo com seu próprio imaginário acústico e cinético. Importante destacar que uma rotina de prática de estudos do instrumento estruturará e sedimentará um dos diversos modos possíveis de fazer música no decorrer do tempo. Logo, tocar com um postura, sonoridade e digitação adequadas acarretará em relações positivas com o instrumento. Enquanto, tocar com uma postura, sonoridade e digitação digitação inadequadas, inadequadas, acarretará em relações negativas, mais conhecidas como vícios.
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Núcleo de Educação a Distância Esse é o motivo pelo qual necessitamos da maior atenção possível durante a assimilação de cada etapa. Mesmo para um profissional, a leitura de uma nova peça passa por uma série de tomadas de decisões sobre sonoridade e técnica que, caso sejam realizadas sem controle, a assimilação ocorrerá deficitariamente. Consolidando, portanto, um hábito vicioso e prejudicial para o equilíbrio da prática instrumental. Em outras palavras, cada trecho musical é uma súmula de pequenos elementos musicais e técnicos a partir dos quais o intérprete obterá determinado resultado. Desde o princípio, tomar consciência e automatizar esse complexo de acontecimentos - formado pela concomitância de diferentes elementos simples trará uma abordagem saudável e musicalmente prazerosa ao intérprete. Mesmo que todos esses elementos sejam síncronos, há uma lógica clara em todos os métodos. Edward Kreitman (1998) nos indica diretrizes sobre as quais podemos balizar a prática instrumental. Partimos do princípio que uma boa postura é condição base para uma boa sonoridade. A partir da sonoridade, podemos incluir aspectos da mão esquerda, organizando seus movimentos com a finalidade de obter uma melhor digitação. A partir desta lógica, constituímos um processo lógico e síncrono para a realização de elementos de ordem musical. Reiteramos que são esses elementos musicais que regem as tomadas de decisão sobre postura, sonoridade e digitação. Fechamos, portanto, o ciclo de ações e tomadas de decisão de um instrumentista. KREITMAN, E. Teaching from balance point – A guide for Suzuki parents, teachers and students. Western Springs, 1998
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Núcleo de Educação a Distância Aula 12 _ Cordas soltas Exercícios de cordas soltas
Agora que já conhecemos conhecemos um pouco sobre o violão, vamos começar começar a tocar! Nesses primeiros exercícios vamos explorar as cordas soltas. Mesmo que alguém já saiba tocar, poderá utilizar esses exercícios iniciais para praticar a leitura e resolver problemas de postura. Lembrem-se que, para extrair um bom som do instrumento, o corpo deve estar relaxado e sem pontos de tensão. Para esses exercícios iniciais, vamos utilizar o toque com apoio pois ele proporciona uma maior estabilidade para a mão. Ao perceber que sua mão está estável e relaxada, poderão utilizar o toque sem apoio. Lembrem-se de alternar o dedos da mão direita e de utilizar um andamento lento no início. Esses exercícios estão disponíveis em um arquivo pdf caso alguém prefira imp rimir para os estudos. Exercício 1.1
Para o exercício 2 existe uma sugestão de acompanhamento. Se você quiser, pode gravar o acompanhamento ou estudar em dupla revezando a leitura das notas. Na execução, siga alternando os dedos i e e m. Exercício 1.2
,
Fiquem atentos agora para as mudanças de corda.
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Núcleo de Educação a Distância Exercício 1.3
No próximo teremos alguns saltos entre as cordas, prestem atenção! Exercício 1.4
E agora percebam que os dedos indicador e médio estão atuando em cordas separadas. Exercício 1.5
Estudem sem pressa, procurando um som limpo no violão. Quando se sentirem seguros, gravem os exercícios. É uma ótima experiência e a gravação revela vários detalhes da nossa execução. Bons estudos!
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Núcleo de Educação a Distância Aula 13 _ Ritmo em cordas soltas Temática: Exercícios de cordas soltas com ritmos variados Dando continuidade aos exercícios de cordas soltas, vamos praticar agora utilizando ritmos variados ao longo de cada exercício. Antes de iniciar, afine o violão e verifique se a sua postura está confortável, sem pontos de tensão, e se os seus movimentos estão livres. Procurem sempre extrair o melhor som possível do seu instrumento e utilizem um andamento confortável no início. Relembrando as cordas soltas na pauta:
O exercício está disponível em pdf caso alguém prefira imprimir para estudar.
Exercício 2.1 Nesse exercício temos mínimas semínimas, fiquem bem atentos à duração correta das notas. Assim como nos exercícios anteriores, existe uma sugestão de acompanhamento para quem quiser gravar ou estudar em dupla.
Exercício 2.2
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Núcleo de Educação a Distância Reparem que nesse exercício existe uma sugestão de mão direita com a utilização do dedo anelar e a utilização de uma semibreve. A nota deve soar exatamente o valor dela.
Exercício 2.3 Agora fiquem atentos aos saltos de corda que aparecem. Escolham bem os dedos da mão direita ou sigam a digitação sugerida.
Exercício 2.4 Nesse exercício aparecem colcheias. Alternem sempre os dedos para destacar a articulação das notas.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 14 _ Digitação
1.4.1 - Digitação Enquanto a sonoridade é um momento em que concentramo-nos mais na postura e ação da mão direita, a digitação atua de maneiras distintas em ambas as mãos. Resumidamente, uma boa digitação é resultado da habilidade de avaliar e aprimorar o trajeto percorrido pela estrutura física composta de: dedos, mãos, braços e corpo. Esse trajeto é composto por uma sequencia de movimentos coordenados frente à uma necessidade musical; definida por aspectos relacionados à forma, ao fraseado ou a diferentes aspectos ligados às opções musicais do intérprete. No Quadro de diferenças entre a mão esquerda e mão direita, disponível na aula Mão direita-Esquerda, observamos o contraste geral entre as técnicas de ambas as mãos. A digitação deve favorecer a manutenção das estruturas expostas naquele capítulo. Neste momento organizaremos cenários específicos de atuação das mãos.
Mão direita A mão direita possui um rol de movimentos distintos, aqui organizados de acordo com a amplitude do movimento, em quantidade decrescente, como: rasgueio, plaquet de 2 a 6 sons, alternância p/i ou p/m, alternância i/m e i/a, arpejo (ascendente/descendente), arpejo circular, cruzamento e dedo mínimo.
Rasgueio A essência deste tipo de toque encontra-se na utilização da musculatura externa dos dedos, os extensores, assim como o braço de modo mais amplo. A prática do rasgueio favorece ao tônus muscular global da mão direita, sendo que ao exercitar rasgueados estimulamos a musculatura responsável pela abertura dos dedos e, consequentemente, o movimento de retorno de um dedo que realiza um toque com ou sem apoio. Este toque pode acontecer sob algumas categorias gerais de movimentos, como por exemplo: 1) movimentação ascendente e descendente do braço, alternando toques da parte externa do polegar durante o movimento ascendente do braço e do dedo indicador ou médio durante o movimento descendente. O Exercício n.2 é um exemplo desta categoria em subdivisão binária. Uma variação possível encontra-se na subdivisão ternária, o Estudo n.6 possui um exemplo deste movimento. 2) Dedos mínimo (ñ), anular (a), médio (m) e indicador (i) abrindo-se um movimento cadenciado. Sumamente importante neste movimento será a sincronia entre o relaxamento daquele dedo que acabou de tocar no mesmo momento em que o seguinte dedo efetua o toque das cordas. Em outras palavras, para este tipo de toque o instrumentista deve revezar os movimentos dos dedos, revezar os momentos de tensão e relaxamento a cada dedo. Um erro comum é terminar o rasgueio com os 4 dedos tensos com a mão aberta.
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Núcleo de Educação a Distância Mão esquerda Dentre as técnicas que abordaremos de mão esquerda, destacaremos: disposições (longitudinal, transversal e envesado), distribuição dos dedos em relação aos trastes, disposição dos dedos em relação à cordas, caminhos a percorrer com os dedos, saltos de posição, dedo guia, ligados ascendentes/descendentes, acordes fixos, melodias (movimento ascendente/descendente).
Sincronia A sincronização entre os tempos para realizar os movimentos de ambas as mãos deve ser perfeito. Trataremos sobre a antecipação em breve, mas adiantamos que a mão esquerda pode chegar antes da mão direta caso não haja impedimento, ou seja, caso não haja necessidade de deixar algum som prolongado. De qualquer forma, a mão esquerda que encosta na corda antes da mão direita estará abafando o som. No caso da mão direita, caso toque antes da mão esquerda prender a corda, escutaremos uma nota errada e, logo após, a mão esquerda abafará o som. Em ambas as situações, será impossível realizar uma frase legato - essa expressão visa a conexão de dois ou mais sons de maneira ininterrupta, sem silêncios e sem destacar nenhum dos sons.
Antecipação Ao analisar os movimentos de uma excelente performance musical, percebemos que todos os movimentos devem ser planejados. Não necessariamente deve-se tocar com movimentos, rápidos, súbitos e bruscos, mas aproximar os dedos espacialmente o máximo possível, em relação ao seu próximo destino. Uma parte ativa das seções de estudo e um dos motivos pelos quais devemos praticar o repertório lentamente está em aprimorar a antecipação de todos os movimentos. Em outras palavras, após um determinado som ser tocado, a mão direita já poderá antecipar-se ao som posterior enquanto a esquerda sustenta o som anterior. A não ser que a mão esquerda possua dedos que estiverem livres, levando as pontas destes a milímetros das respectivas casas que estarão soando em um futuro próximo.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 15 _ Postura
1.4.1 - Postura Postura é o elemento base para consolidação de uma prática saudável e com abordagem musical adequada. Trata-se da complexa interação entre o corpo (sua musculatura e articulações) com o ambiente que o cerca (chão, cadeira e apoio de pé, força da gravidade etc.). Assim como, da igualmente complexa relação que o corpo estabelece com o instrumento (peso, equilíbrio e ângulos de ação). A prática do violão exige uma organização das articulações que favoreça conforto e boa sonoridade. Para realização da postura mais difundida entre os violonistas eruditos, o peso da parte superior de seu corpo distribui-se uniformemente entre os dois ísquios (vide imagem Ischial_tuberosity_-_animation02-1.gif). Logo, deve-se elevar a perna esquerda, colocando o respectivo pé sobre o apoio. Esta elevação não pode causar um desequilíbrio entre o peso que está distribuído entre os ísquios. Tórax, ombros e braços devem preservar as mesmas características naturais de outras ações do dia-a-dia. A coluna ereta com o pescoço sobre o tronco e a cabeça sobre o pescoço. Há três pontos de apoio do instrumento no corpo: 1) a perna esquerda é o local em que grande parte do peso do violão é repousado; 2) a perna direita recebe a parte mais larga do corpo do instrumento e o estabiliza; 3) o último ponto de apoio encontra-se no tórax em algum ponto entre a parte frontal e a lateral direita - essa inclinação é especialmente importante, pois o posicionamento frontal forçará um desequilíbrio entre a disposição dos ombros. O braço direito repousa suavemente sobre o aro superior, servindo também como um ponto de equilíbrio secundário. Algumas vezes esse ponto de apoio assume importante função para alívio da musculatura interna da mão esquerda, como veremos no capítulo sobre pestana. Cada uma das mãos tem uma função específica, trabalhando com qualidade de movimento e energia completamente diferentes. Com o interesse exclusivo à técnica do violão, podemos destacar as seguintes estruturas físicas das mãos e braços: - Sistema esquelético: conjunto de ossos, dos quais destacamos as falanges, como veremos mais a frente. - Sistema muscular: fundamentais para a prática musical os músculos contratores e extensores produzem a movimentação por meio do consumo de oxigênio (Anatomy and Physiology, 1999). - Sistema circulatório: o sistema cardiovascular transporta elementos essenciais para o funcionamento dos tecidos, entre outras funções transporta os gazes oxigênio e carbônico (Gonçalves, 2018) - Sistema respiratório: possui dupla função de troca gasosa com o sistema circulatório e, também, na vocalização. Em música, o termo respiração está associado com a duração de uma frase;
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Núcleo de Educação a Distância - Sistema nervoso: partindo do cérebro como eixo central dos impulsos nervosos, tendo a medula como principal canal condutor das sinapses nervosas. É essa rede neural que controla os movimentos conscientes e inconscientes do corpo. - Sistema linfático: não destacaremos esse sistema por não relacionar-se diretamente com a prática musical. A seguir, descreveremos como as necessidades musicais moldam diferentemente a postura e ação de cada uma das mãos.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 16 _ Tocando acordes em ritmos simples Temática: Tocando acordes em ritmos simples
Vamos iniciar o trabalho de acompanhamento ao violão utilizando acordes bem simples. Alguns aspectos são fundamentais para que seja possível executar um bom acompanhamento, vejamos: 1 - Mantenha a postura relaxada e certifique-se que existe espaço entre os dedos da mão esquerda e a escala do instrumento. O posicionamento do polegar no centro do braço facilita essa posição e isso permite uma boa mobilidade dos dedos na mudança dos acordes. 2 - Tão importante quanto montar o acorde corretamente é realizar a mudança entre um acorde e outro no tempo correto. Explicando melhor: para que exista um caráter de acompanhamento, basta que se toque uma vez cada acorde no início do compasso, mas que isso aconteça ao longo de toda a música respeitando o andamento. Estude sempre com um metrônomo. 3 - Além de memorizar o posicionamento dos dedos na escala para cada acorde, faça lentamente a mudança entre um acorde e outro, prestando bastante atenção no movimentação de cada dedo e deixando fixos os dedos que forem comuns entre os acordes. Está disponível um pequeno dicionário de acordes com as indicações de dedos para cada acorde. 4 - Não é proibida a utilização de palhetas para fazermos uma levada (ritmo), no entanto elas são mais adequadas aos violões com cordas de aço. Nas cordas de nylon, as palhetas produzem bastante ruído sujando o som. Gosto mais de utilizar a unha do dedo indicador. Nos primeiros exercícios faremos apenas a descida nas cordas, indo do grave para o agudo. Vamos aos exercícios, lembrando que também está disponível uma versão em pdf para impressão. Exercício 3.1 Nesse primeiro exercício vamos trabalhar com dois acordes: Em e Am. O Em deverá ser feito com os dedos 2 e 3 pois isso facilita o posicionamento dos dedos na escala e a mudança para outros acordes. O Am será feito com os dedos 2 e 3. na mesma disposição do Em, no entanto posicionados uma corda abaixo. Procure fazer essa mudança de corda afastando o mínimo possível os dedos das cordas, aproveitando o posicionamento dos dedos. Para o acorde de Am, acrescente o dedo 1 na segunda corda e evite tocar a sexta corda.
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Núcleo de Educação a Distância Fique atento ao ritmo proposto: apenas uma vez para cada compasso tentando manter o acorde soando o máximo de tempo que conseguir! Para que o acorde esteja montado no início de cada compasso, certamente o acorde anterior será desmontado um pouco antes do final do compasso. Mesmo que isso aconteça no meio do compasso, o mais importante, para quem ainda não tem prática, é que o próximo acorde esteja pronto e seja tocado no início do compasso seguinte. Utilize um metrônomo, isso é muito importante para a definição da pulsação. Vamos lá:
Exercício 3.2 Utilizando o mesmo princípio, vamos acrescentar mais um acorde: o D7. Perceba que existe um dedo comum entre o Am e o D7. Procure fazer a mudança sem tirar esse dedo da escala do violão e, para o acorde novo, toque apenas da quarta corda para baixo.
Exercício 3.3 Vamos agora tentar tocar duas vezes em cada compasso. Utilize um andamento confortável que permita uma mudança no tempo exato. Se fizermos uma contagem o primeiro toque estará no tempo 1 e o segundo no tempo 3. Fique atento ao ritmo do compasso final!
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Exercício 3.4
Vamos agora tentar quatro vezes por compasso! Toque apenas descendo nas cordas.
Exercício 3.5 Ainda com os mesmo acordes, toque o exercício prestando bastante atenção ao ritmos propostos.
Dicionário de acordes cifrados - Almir Chediak - Editora Lumiar 211 levadas rítmicas Renato Sá - Editora Vitale Ritmos Brasileiros - Marco Pereira - Editora Garbolights
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Núcleo de Educação a Distância Aula 17_Tocando acordes em ritmos variados Nessa aula vamos acrescentar novos acordes e novos ritmos. Caso tenho dúvidas sobre a postura, sugiro que releia o texto inicial da aula anterior. Um elemento novo é a subida do dedo indicador produzindo som nas cordas, ou seja, vamos tocar na descida e na subida da mão direita. Para quem optar em tocar com o dedo indicador, deixe-o relaxado na subida (para que não trave nas cordas) e produza o som com a ponta da unha. Alguns violonistas tocam com a unha do polegar na subida, podem experimentar essa possibilidade.
Exercício 4.1 Reparem no andamento sugerido e na passagem do acorde de D para o acorde de G. Nessa mudança o dedo 3 pode permanecer fixo, facilitando o movimento. Existem algumas outras possibilidades de montagem do acorde de G, mas considero essa a mais funcional e cômodo para os iniciantes. Todos os toques devem ser na descida para esse exercício.
Exercício 4.2 Agora vamos experimentar o toque na descida e na subida, dividindo o pulso pela metade. Reparem que existe um pulso de pausa que deve ser respeitado entre os dois toques, podendo abafar as cordas ou deixá-las soando. Fiquem atentos ao ritmo do compasso final.
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Exercício 4.3 Nesse exercício existe uma mudança de acorde dentro de cada compasso e um acorde novo: o A7. Utilize os dedos 2 e 3 para montar o acorde de A7 e aproveite o dedo 3 na segunda corda para guiar a montagem do acorde de G, passando-o, sem tirar da corda, da casa 2 para a casa 3.
Exercício 4.4 Agora faremos o ritmo invertido, com a pausa antes do toque. Alguns gêneros como o Reggae, utilizam essa rítmica. Temos também um acorde novo, o C9 (dó com nona - cifra alternativa Cadd9). Reparem que esse acorde é muito parecido com o G o que facilita a sua montagem dentro dessa sequência. Muitos professores ensinam o acorde de C para os iniciantes, no entanto ele é de difícil montagem. O C9 é uma boa opção!
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Núcleo de Educação a Distância Exercício 4.5 Nesse exercício temos uma combinação de ritmos dentro dos compassos. Fique atento ao penúltimo compasso onde existem dois acordes.
Bons estudos!!
Dicionário de acordes cifrados - Almir Chediak - Editora Lumiar 211 levadas rítmicas - Renato Sá - Editora Vitale Ritmos Brasileiros - Marco Pereira - Editora Garbolights
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Núcleo de Educação a Distância Aula 18 _ Mão direita-Mão esquerda Mão dir eita
A mão direita produz o som. Ela participa do primeiro momento no qual o som surge. Esse som pode ser suave ou enérgico, os dedos dessa mão devem ser estar preparados para produzir o som e, logo, relaxar. Dessa forma, entrando em estado de repouso em todos os momentos “entre sons”, ou seja, entre um ataque e outro. De certo modo, podemos inferir qualidades de movimento ideais para cada ação instrumental tendo por base movimentos que estamos habituados em nosso cotidiano. Em outras palavras, desde o nosso nascimento treinamos uma série habilidades motoras, muitas das quais, com as mãos. Todas as ações como agarrar, apertar, abrir, fechar, balançar, empurrar, carregar etc. já foram “treinadas” antes da
prática do instrumento. Muitas dessas ações podem criar um referência para a técnica instrumental. Por exemplo, levando em consideração que uma fôrma ideal de mão direita deve favorecer uma ação enérgica e vigorosa, podemos utilizar uma ação referência para auxiliar nessa postura de mão, como carregar algo pesado. No dia-a-dia levantar algo que seja pesado, como uma mala, nos obriga a manter os dedos fechados e firmes com o punho cerrado. Esse gesto condiz com as necessidades da mão direita ao violão. A diferença encontra-se somente nas falanges midal e distal dos dedos, que devem estar abertas. A partir desse ponto, uma ligeira adaptação dos dedos deve ocorrer com a finalidade de formar uma “linha reta” entre as pontas dos dedos. Isso se deve ao fato de que
as cordas também estão dispostas paralelamente, todas com a mesma altura. Ao desenvolver um pouco mais essa “referência-ação” repare como em um
movimento enérgico os dedos têm uma mobilidade reduzida. Normalmente, não há pequenas variantes, somente uma única fôrma com a qual todo movimento é realizado. O mesmo ocorre ao violão com algumas adaptações. Os dedos indicador ao mínimo estão subjugados ao braço enquanto o polegar tem um pouco mais de liberdade. Isso significa que o polegar pode tocar diferentes cordas mesmo sem o reposicionamento do braço, enquanto os demais dedos dependem de uma participação ativa do braço durante as mudanças de corda. No momento em que o braço participa do posicionamento dos dedos, esses acionarão as diferentes cordas sempre com o mesmo ângulo, logo, com uma maior uniformidade de timbre. Portanto, uma mão cujos dedos devem agir energicamente, a participação do braço deve ser ativa procurando minimizar movimentos complexos dos dedos.
Terminologia base: - Toque com apoio: cada dedo da mão direita toca uma corda e repousa em sua corda adjacente. Por exemplo, o polegar ao tocar a 6a corda repousa na 5a corda; enquanto isso, os dedos i, m e a, ao tocarem a 1a corda, repousam na 2a - o inverso em relação ao polegar.
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Núcleo de Educação a Distância - Toque sem apoio: o movimento de fechar os dedos é realizado sem encostar em cordas vizinhas. Esse toque depende de um excelente posicionamento da mão direita. Mão es querda
Os dedos de mão esquerda têm uma ação mais leve e precisa, como quando seguramos delicadamente uma folha de papel para não amassá-la, ou quando usamos uma tesoura ou estilete com muita precisão. As pontas dos dedos tem que ser posicionados próximo ao traste daquela nota que queremos tocar. Ponto este que requer a menor força, favorecendo uma sonoridade limpa e bem sustentada. Caso os dedos sejam posicionados sem precisão, ao centro da casa - entre um traste e outro, a força a ser aplicada será maior. Isso acarretará um maior gasto de energia, cansaço e risco de sonoridade insatisfatória. E tudo isso acontece em um âmbito de 3 a 5 milímetros. Outra particularidade da ação desta mão encontra-se da diversidade de ângulos aos quais cada falange está sujeita. A ação requer uma grande flexibilidade, como: as falanges mais fechadas para alcançar a primeira corda, mais abertas para a sexta corda, dedos mais comprimidos para posicionamentos próximos ou mais distendidos para posicionamentos em casas distantes. Finalmente, o braço é responsável por dispor a mão esquerda e seus dedos nas diferentes posições na escala do instrumento. Portanto, denominamos posição a localização da mão a cada casa do instrumento, por exemplo: 1a posição é na primeira casa, 2a posição na 2a casa e assim por diante. Quadro de difer enças entre a mão esquerda e a dir eita
Essa grande diferença na ação entre a mão esquerda e a mão direita é uma das primeiras dissociações que devem ocorrer em nossa coordenação motora. Desde um primeiro momento e durante todas as seções de estudo o violonista deve organizar seu corpo favorecendo o seguinte esquema:
Mão
Esquerda
Direita
Energia
Suave
Forte
Fôrma da mão
Aberta
Fechada
Referência-ação
Precisão
Energia
Dedos
Curvados
Esticados
Amplitude do movimento
Pequeno
Grande
Relação com o som
Ataque + sustentação
Ataque
Dedos em relação ao braço
Independentes
Dependentes
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Núcleo de Educação a Distância Aula 19 _ Tocando notas presas Bem, chegou a hora de tocarmos algumas notas presas no violão! Antes, vamos lembrar de alguns detalhes: •Afine o violão •Verifique a armadura de clave •Faça uma leitura rítmica •Identifique as notas na pauta •Identifique a região do braço do violão onde a música deverá ser tocada
Nesses primeiros exercícios, trabalharemos com a escala de sol maior na primeira posição do violão (dedo 1 na casa 1, dedo 2 na casa 2, etc.). Vejam as notas na pauta:
Fiquem bem atentos ao posicionamento dos dedos na escala do instrumento. Se cada dedo estiver posicionado na frente de uma casa, não é necessário ficar olhando para o braço do violão o tempo todo. Dessa forma, o olhar pode ficar mais tempo fixado na leitura da partitura. Vamos lá:
Exercício 7.1 Nesse exercício, perceba que sempre tocaremos uma nota solta e uma presa na mesma corda. Se for possível, peça para alguém tocar os acordes.
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Exercício 7.2 Agora fiquem atentos às mudanças de cordas e reparem que não é necessário repetir a digitação das notas que já tocamos no exercício anterior. Procure memorizar!
Exercício 7.3
Exercício 7.4
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Pratiquem bastante! No ambiente existem outros exercícios com a escala de sol maior.
Iniciação ao violão (Princípios básicos e elementares para principiantes) - Henrique Pinto Editora Ricordi Na ponta dos dedos - Exercícios e repertório para grupos de cordas dedilhadas Marcelo Brazil. Digitexto, 2012.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 20 _ Sonoridade
1.4.2
Sonoridade
As cordas do violão são tocadas diretamente pelos dedos e, conforme abordaremos neste livro, o toque por meio do uso das unhas é o mais amplamente utilizado. Muitos parâmetros confluem para obtenção das diferentes sonoridades do violão, alguns dos quais estão exclusivamente a cargo do instrumento, outros das cordas utilizadas e, grande parte, relacionados à forma com a qual tocamos. Em relação às diferenças entre instrumentos, destacam-se variações de timbre, sustentação e volume. Essas diferentes sonoridades podem ser advindas dos tipos de madeiras utilizadas, como observamos na aula 1.1.1 O Violão, do envelhecimento dessas madeiras e da forma com a qual o instrumento foi planejado (espessuras e estruturas internas e externas). Cabe ao instrumentista escolher o instrumento que mais corresponder às suas necessidades expressivas e compreender as reações necessárias para esse instrumento. Ao longo da experiência, o violonista será capaz de reconhecer como cada sonoridade é obtida ao longo de toda a tessitura do instrumento. Em relação às cordas, já refletimos sobre esse assunto no item 2) Tocabilidade. Grande parte da sonoridade do instrumento advém da relação do dedo com a corda. Nesse sentido, podemos destacar uma combinação entre três parâmetros interdependentes: 1. Posicionamento em relação às cordas
a) Contato unha/corda b) Ângulo de ataque (curvatura do punho ou braço em relação às cordas) c) Inclinação do antebraço 2. Intensidade do toque Neste sentido, o aluno pode explorar como o posicionamento e ações corporais influenciam diretamente na produção e na qualidade do timbre. Como principal sugestão, toque repetidas vezes uma mesma nota, mudando algum detalhe do posicionamento ou energia. Sempre com a atenção voltada à qualidade de timbre produzido. E memorizar todas aquelas ações corporais que resultarem em timbres que possam ser utilizados em contextos musicais.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 21 _ Posicionamento em relação às cordas 1.4.2.1 P os ic ionamento em relação às cor das
A princípio, a fôrma da unha deve favorecer uma sonoridade mais encorpada, sem acrescentar ruídos indesejáveis ou atritos que dificultem o desempenho técnico. Sendo assim, há um equilíbrio entre o posicionamento da mão direita e a forma das unhas. Muitas variantes podem ocorrer entre diferentes anatomias e modos de concepção sonora. Destacaremos somente os elementos principais neste momento. Por meio da imagem anterior, podemos refletir sobre o momento de contato da ponta do dedo com a corda. Com a unha mais longa, há uma maior chance do superfície rígida da unha encostar diretamente na corda, produzindo um som percussivo no ataque de cada nota tocada. Inclusive, se a unha realmente estiver longa, o caminho que a corda percorre sob a unha até efetuar o som pode ser mais longo, levando mais tempo e, consequentemente, diminuindo a agilidade. Já uma unha curta demais pode prejudicar o toque de duas formas, 1) não chegar a tocar efetivamente na corda ou 2) apenas um pequeno pedaço da unha toca a corda produzindo um som deficiente, muitas vezes com bastante ruído de ataque. De qualquer forma, o violonista poderá ter um tempo de ataque muito alongado, dificultando a agilidade do movimento e precisão do som. De forma geral, o ideal é acostumar os dedos a sempre se posicionarem no ponto de conexão entre dedo e unha. Ao encostar no dedo, evitamos o ruído da unha encostando diretamente na corda. Tão logo o dedo encoste na corda, a unha já iniciou seu contato e, devido sua forma e polimento, a ultima parte desta ação deve ser fluida e rápida. Podemos pensar a técnica de mão direita de modo tridimensional, ou seja, qualquer ângulo de inclinação ou rotação, do punho ou do antebraço, causará uma sonoridade e/ou uma abordagem técnica diferente. Como averiguamos no capítulo Mão Direita, devemos aproveitar o movimento natural de fechamento das mãos, em uma fôrma que favoreça um movimento potente. A cada mudança de ângulo temos que desenvolver a consciência sobre as mudanças de ordem sonora ou de facilidade/dificuldade técnica. O polegar da mão direita pode tirar vantagem do movimento do braço como um todo, com ajuda da gravidade. Mas sempre mantendo a estabilidade da mão e do braço como um todo, lembrando que quanto maior a velocidade, menor o movimento. A forma da unha do polegar deve condizer com o tipo de toque em relação à corda. O caminho que a corda percorre no toque com o polegar pode acontecer: 1-
do centro para a lateral do dedo
2-
da lateral para o centro
Aliado a todos esses detalhes está a inclinação ou rotação do antebraço. O objetivo principal no domínio desta angulação está em regular a distância entre as falanges
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Núcleo de Educação a Distância distais dos dedos polegar e indicador. Quanto mais angulamos o antebraço em sentido horário, menor será a distância entre polegar e indicador, ou vice-e-versa. Qualquer ângulo de ataque do polegar interferirá na relação e comodidade deste dedo em relação aos demais dedos. O violonista deve desperte a consciência do contato da corda com o dedo e o caminho percorrido pela corda até produzir o som. Somente assim conseguirá aprimorar o lixamento e o posicionamento da mão direita, sempre buscando melhor sonoridade e facilidade técnica.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 22 _ Tocando notas presas 2 Nessa aula vamos realizar mais alguns exercícios com notas presas explorando outra tonalidade: Ré maior. Lembrando: •Afine o violão •Verifique a armadura de clave •Faça uma leitura rítmica •Identifique as notas na pauta
•Identifique a região do braço do violão onde a música deverá ser tocada
Para essa tonalidade, utilizaremos a segunda posição do violão. Nomeamos as posições do violão pela casa onde está posicionado o dedo 1 (indicador). Então, se tocaremos na segunda posição, teremos o dedo 1 na casa 2, dedo 2 na casa 3, etc. Primeiro vamos explorar as notas da escala de ré maior nessa posição.
Antes de tocar os exercícios que se seguem, memorize bem a digitação proposta para as notas acima. Isso evitará que você precise olhar muitas vezes para o braço do violão. Se a mão permanecer bem posicionada, os dedos estarão em frente às casas corretas. Portanto, identifique a nota na pauta e, sem olhar para a sua mão esquerda, tente prender a nota correta. Vamos lá! Fiquem atentos ao ritmo proposto. A harmonia é apenas uma sugestão e se algum colega puder tocar para vocês será muito bom. Mudando a fórmula de compasso!
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Núcleo de Educação a Distância Mudando a fórmula do compasso!
Exercício 8.3
Exercício 8.4 Nesse exercício existe a sugestão de tocarem duas notas simultâneas no último compasso. Experimentem!
Iniciação ao violão (Princípios básicos e elementares para principiantes) - Henrique Pinto Editora Ricordi Na ponta dos dedos - Exercícios e repertório para grupos de cordas dedilhadas - Marcelo Brazil. Digitexto, 2012.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 23 _ Intensidade do toque 1.4.2.2 Intensidade do toque
Ultimo fator que merece destaque na contribuição timbrística é o local e intensidade do toque. Ao tocar próximo dos trastes ( sul tasto), produzimos uma sonoridade mais dolce, mais aveludada, com uma menor quantidade de formantes mais agudos. Vide um gráfico esquemático que simula o toque em uma região sul tasto, repare com há uma quantidade maior de energia para os sons fundamental e o primeiro harmônico:
Enquanto tocar na região sul ponticello favorece uma maior energia para harmônicos mais agudos, resultando na sonoridade metálica e brilhante, repare como há 5 harmônicos com bastante energia além da vibração fundamental:
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Trazendo este assunto para questões de ordem musical, cabe destacar uma interdependência existente entre timbre e intensidade. Por exemplo, ao tocar um acorde com muita suavidade na região sul tasto há uma maior tendência a perder clareza das notas tocadas, criando uma falta de definição nos sons. Na maior parte dos casos, esse efeito pode ser indesejado. Inclusive, tocar fortíssimo na região sul ponticello pode causar uma sonoridade desagradável ou até mesmo cômica, imitando o grasnado de patos, por exemplo. O intérprete deve usar com parcimônia esses extremos. Existe ainda uma extensa gama de possibilidades timbrísticas e dinâmicas entre esses dois extremos: sul ponticello e sul tasto. Vide a a generalização exposta na tabela, a seguir: Região da escala
Intensidade
Sul Tasto
central
Sul Ponticello
Forte
Dolce com
Sonoridade potente, com ataques mais
Sonoridade adversa, desde
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Núcleo de Educação a Distância presença e corpo
agressivos
cômico até emulando outros instrumentos
Média
Dolce
Neutralidade, local com maior tempo de utilização
metalico
Piano
Falta de claridade, misterioso, etéreo
Suavidade e menor ruído de ataques
Metálico, claridade
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Núcleo de Educação a Distância Aula 24 _ Acompanhamento Temática: Ritmos de acompanhamento
Agora que já temos um bom conhecimento do instrumento, vamos começar a explorar os ritmos de acompanhamento. Antes, algumas observações pertinentes: 1 - Antes de escolher um ritmo (levada) para acompanhar uma melodia, descubra se o compasso é binário, ternário, quartenário, simples, composto, etc. 2 - Se tiver dificuldades de montar uma levada, tocar o acorde uma ou duas vezes nos tempos fortes do compasso já se caracteriza como um acompanhamento. Vejamos um exemplo à partir de uma melodia simples: (Aula 12.1.mp3) Ouça agora a mesma melodia com apenas um acorde em cada compasso: (Aula 12.2.mp3) A sequência de acordes é a seguinte:
Experimente tocar os acordes sobre a melodia. Fique atento à marcação do andamento e vamos lá! (Aula 12.3.mp3) Ouça agora a mesma melodia com cada acorde sendo tocado duas vezes em cada compasso, nos tempos 1 e 3. (Aula 12.4.mp3) Agora, utilizando uma antecipação no acorde do tempo 3 já teremos uma ritmo mais interessante, ouça. (Aula 12.5.mp3) O ritmo utilizado foi o seguinte:
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Agora vamos fazer uma levada "Pop" utilizando o seguinte ritmo:
Ouça (Aula 12.6.mp3) Para fazer esse ritmo, eu utilizo uma regra bem simples: mantenho a mão direita sempre em movimento, para cima e para baixo, mesmo nos momentos em que ela não toca nas cordas. (Aula 12.7.mp3) Pratique bastante, experimente tocar músicas conhecidas com essa levada! Dicionário de acordes cifrados - Almir Chediak - Editora Lumiar 211 levadas rítmicas - Renato Sá - Editora Vitale Ritmos Brasileiros - Marco Pereira - Editora Garbolights
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Núcleo de Educação a Distância Aula 25_Musicalidade Gostaríamos de dedicar um tempo maior às características relacionadas à musicalidade, tanto de maneira geral como de maneira específica. Procuramos um ponto de equilíbrio entre aspectos relacionados à musicalidade e à técnica, ao ponto em que os aspectos técnicos favoreçam a execução instrumental de forma expressiva. Em outras palavras, tocar expressivamente depende de um domínio técnico mínimo; e não há motivos para um desenvolver sua técnica senão para contemplar todos os elementos expressivos que temos à nossa disposição. Uma boa técnica não se trata exclusivamente de tocar escalas, arpejos e acordes com boa sonoridade e agilidade. Trata-se também de dominar uma gama de timbres, tipos diferentes de articulações, sutilezas rítmicas, equalização das vozes, controle da intensidade, ornamentação, improvisação etc. Esses complexos detalhes musicais regem as opções técnicas que temos disponíveis ao interpretar uma obra. Em outras palavras, estudar uma peça significa interpretar a música, buscando opções musicais para cada sequencia escrita e encontrando ações corporais que, tecnicamente, viabilizem nossa interpretação. Por esse motivo, postura, sonoridade e digitação antecederam o presente capítulo que, por sua vez, será sucedido por uma série de exercícios e estudos em que os alunos poderão se desenvolver de maneira holística ou integral. Se pudéssemos confabular em um esquema gráfico a relação entre técnica e musicalidade, quiçá, obteríamos algo como:
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O intuito desse gráfico não está em mostrar um método ou uma abordagem para interpretar uma música. Mas, sim, verbalizar e refletir sobre o complexo envolvido no ato da interpretação. Interpretar uma música demanda tomadas de posição sobre a condução de múltiplas possibilidades de combinações entre seus sons. Contudo, é possível que os músicos assumam pontos de vista empíricos ao interpretar uma peça musical. Neste caso, o intérprete deve ter profunda familiaridade com o estilo/período musical a ser interpretado. Após conhecer profundamente a obra e seu contexto histórico, uma interpretação bem sucedida poderá se consolidar com maior eficácia e fundamentação. Desta forma, podemos entender a musicalidade como a capacidade de um indivíduo de conduzir os múltiplos elementos musicais de acordo com as expectativas prescritas por determinado estilo ou período. Para tal, as habilidades técnicas instrumentais devem harmonizar-se com as necessidades aurais. Não obstante, reiteramos que a expressão musical pode, inclusive, transcender os paradigmas tais expectativas prescritas. Neste caso, modificando ou rompendo com as estruturas pré-existentes. Cabe ao artista, portanto, procurar uma forma de expressão na qual consiga equilibrar Técnica e Musicalidade, estabelecendo coerência ao complexo dos sons e expectativas existentes com a busca novas possibilidades.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 26_ Acompanhamento baião Temática: Ritmos de acompanhamento - Baião Antes de praticarmos outros ritmos de acompanhamento no violão, vamos conhecer um pouco mais sobre um deles, o baião: " O baião é um dos ritmos mais populares do universo rítmico brasileiro e, com certeza, o mais difundido na região Nordeste do país. A origem do nome baião, como a de muitos outros ritmos brasileiros, está na mistura de diferentes expressões culturais que sempre povoaram o Brasil de norte a sul. Várias interpretações sobre a origem desse nome foram feitas mas nenhuma delas é precisa. Os musicólogos que se debruçaram sobre o tema se limitaram a meras especulações linguísticas que não ajudaram muito a elucidar a questão. O que se sabe, com certeza, é que o artista que fixou o baião na memória do povo brasileiro foi o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga, o "Rei do baião". A estética criada por Gonzagão, como foi carinhosamente apelidado pelo povo, é uma das mais belas e profundas expressões brasileiras. O sentimento gerado pelo timbre de sua voz (e de sua sanfona) ultrapassa os limites do universo artístico e musical sendo, para o povo do Nordeste, quase uma experiência religiosa."
(Texto extraído do livro Ritmos Brasileiros de autoria do violonista Marco Pereira) Para saber um pouco mais sobre Luiz Gonzaga, clique no link abaixo: Dicionário Cravo Albin da MPB - Luiz Gonzaga No livro de Renato Sá, encontramos alguns exemplos de baião no violão:
Convenção 3: Baião Tradicional nº 3
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Muitas melodias simples de autoria do Luiz Gonzaga como Asa Branca e Assum Preto são acompanhadas com esses ritmos. Experimentem! Dicionário de acordes cifrados - Almir Chediak - Editora Lumiar 211 levadas rítmicas - Renato Sá - Editora Vitale Ritmos Brasileiros - Marco Pereira - Editora Garbolights
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Núcleo de Educação a Distância Aula 27_Articulações Articulações são símbolos anexos à notação musical que indicam ao interprete uma maneira particular para tocar as notas e/ou as frases (Brown, 2001). Mesmo com o grande desenvolvimento da escrita de articulações no decorrer do Século XIX, os dois grandes grupos de articulação organizam-se ao redor das indicações ligado e stacatto, em uso desde o Século XVII.
O grupo de notas ligadas indica que as estas devem ser tocadas evitando qualquer silêncio que possa existir entre seus ataques. Além da escrita gráfica, o compositor poderá indicar o termo legato. Ao violão essa escrita também pode indicar uma abordagem técnica, na qual somente a primeira nota do grupo é tocada com a mão direita; e as notas seguintes soam somente pela movimentação mão esquerda. As indicações de ligadura não especificam claramente se devemos tocar legato ou efetuar a técnica de ligadura de mão esquerda. Contudo, alguns detalhes são pertinentes para decidir qual abordagem tomar, como: 1Há uma maior possibilidade de compositores não violonistas indicarem o legato ao invés da técnica de ligadura; 2A técnica de ligadura pode ser facilmente aplicada em duas notas dispostas na mesma corda; 3A opção por fazer a técnica de ligadura modificará a relação entre as mãos. Há casos em que a ligadura pode facilitar ou dificultar uma seção musical. Já na articulação stacatto as notas devem estar destacadas umas das outras. O intérprete Um espaço deve acrescentar um silêncio entre as notas, reduzindo a duração do som. O tamanho exato dessa diminuição ficará a cargo do intérprete seja um stacatto sutil até um bem curto. Uma característica peculiar do stacatto está no fato da mão esquerda estar livre para o próximo evento/movimento ou, somente, relaxar-se do movimento anterior.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 28 _ Ritmos de acompanhamento - Valsa Temática: Ritmos
de acompanhamento - Valsa
Nessa aula vamos conhecer um pouco sobre o ritmo de valsa que, apesar de ser um ritmo genuinamente europeu, está incorporado à cultura brasileira desde o século 19. Muitos compositores eruditos brasileiros criaram valsas assim como os populares o fazem até hoje. Alguns violonistas compositores como Dilermando Reis e Baden Powell, criaram valsas fazem parte do repertório de muitos intérpretes: Valsa sem nome - Baden Powell- https://www.youtube.com/watch?v=1S64milVe_g Se ela perguntar - Dilermando Reis https://www.youtube.com/watch?v=Q9yrCxDGPVU Na canção popular temos diversos exemplos: Valsinha - Chico Buarque e Vinícius de Moraes https://www.youtube.com/watch?v=9sE_iRDGMto Luiza - Tom Jobim - Arranjo de Raphael Rabello https://www.youtube.com/watch?v=SZUPPLDhGcY Para o nosso curso é importante sabermos realizar um acompanhamento ternário simples, como é uma valsa, pois algumas canções infantis possuem essa divisão rítmica. Alguns exemplos: Terezinha de Jesus, O cravo brigou com a rosa. No seu livro "211 levadas rítmicas", Renato de Sá nos mostra a escrita da valsa:
Reparem que no vídeo da música Valsinha (link acima), O compositor Chico Buarque utiliza exatamente esse tipo de acompanhamento. Reparem como os dedos i , m e a da mão direita trabalham sempre juntos marcando os tempos 2 e 3 e o polegar marca o início do compasso (tempo 1).
Pratiquem!
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211 levadas rítmicas - Renato Sá - Editora Vitale Ritmos Brasileiros - Marco Pereira - Editora Garbolights Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira Instituto Moreira Sales - Coleção Humberto Franceschi
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Núcleo de Educação a Distância Aula 29_ Ritmos de acompanhamento - Balada Temática:
Ritmos de acompanhamento - Balada
Um outro ritmo muito comum na música pop é o que chamamos de balada. Esse é também um ritmo em compasso quaternário, assim como a batida pop (aula 12). Algumas músicas populares utilizam esse ritmo:
Aonde quer que eu vá - Paralamas do Sucesso https://www.youtube.com/watch?v=ZZmOVlCSCt8 Nessa música aparecem algumas pequenas variações mas a base é sempre a de uma balada. Para executarmos esse ritmo, o importante é sempre deixarmos a mão direita em movimento, mesmo nos momentos em que ela não toca nas cordas. Isso faz com que a levada fique
fluente, dentro da pulsação definida e garante que o violonista irá manter o padrão do movimento durante toda a música (batidas para baixo e para cima). Veja o exemplo abaixo com a indicação dos movimentos da mão direita e o ritmo escrito sobre a pauta. Os dois acordes sugeridos podem ser utilizados para acompanhar a música "Segue o seco " de Carlinhos Brown (https://www.youtube.com/watch?v=l4WLDrN_5k0)
Experimentem realizar essa levada com bastante calma e paciência.
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Núcleo de Educação a Distância No link abaixo existe um vídeo que pode auxiliar no aprendizado desse ritmo. Aproveitem para reparar como o músico realiza a mudança entre os acordes de G e D sem retirar o dedo 3 da segunda corda. Aproveitar os dedos que já estão posicionados é muito eficiente para manter a posição adequada da mão e diminuir o tempo na mudança dos acordes.
211 levadas rítmicas - Renato Sá - Editora Vitale
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Núcleo de Educação a Distância Aula 30_Equalização e Intensidade Este parâmetro é comum aos estúdios de produção musical, e trata-se do controle da proporção de volume a cada banda de frequências de um instrumento ou voz. Tal controle, que é feito por meio de processadores, visa o moldar o timbre deste instrumento para melhor coexistir com outros elementos musicais do contexto geral da música. No violão solo, trata do equilíbrio de intensidade e timbre de cada voz frente à textura da seção. Em outras palavras, trata-se do controle que o intérprete estabelece no resultado entre a combinação simultânea de diferentes vozes. Na aula sobre Vibração da Corda averiguamos como podemos pesquisar toda a gama de timbres - desde o dolce até o metálico. Timbre é um parâmetro interdependente à Intensidade. Isso ocorre porque ao combinar diferentes intensidades e timbres, obtemos resultados musicais distintos. Ao violão, um timbre dolce pode perder a clareza ao ser tocado com a intensidade piano. Enquanto isso, em uma região diametralmente oposta, um timbre metálico pode soar cômico se tocado com a intensidade forte. Logicamente, esses resultados sonoros têm referencia com aspectos culturais e dependem do período e estilo musical. Contudo, a emissão clara dos sons independe de elementos de estilo musical e a tabela a seguir pode servir de guia para equilibrar Timbre x Intensidade:
Nesta tabela exprimimos como 5 graus de intensidade se relacionam com interdependência ao timbre. A linha azul corresponde à clareza de recepção do som pelo ouvinte. Ou seja, um som muito suave terá uma maior probabilidade de ser audível com um timbre metálico ao invés de um timbre dolce. C ontrole da intens idade
É comum que diversos sons sejam tocados simultaneamente ao violão. O intérprete deve, portanto, avaliar a intensidade do toque de cad a voz. De maneira simples, duas perguntas guiam as tomadas de decisão: Qual é a voz principal? Qual é o acompanhamento? Com isso, estabeleceremos um relevo de dinâmica que corresponda à expectativa de textura da peça. A princípio a mão direita é a responsável por essa proporção. Cada dedo ou grupo de dedos podem ser acionados com maior ou menor amplitude para destacar
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Núcleo de Educação a Distância determinada função musical. Por exemplo, uma melodia no baixo com acordes nos dedos indicador , médio e anular , obviamente, exigem uma maior pressão do polegar nas cordas, como é o caso do Prelúdio n.1 do H. Villa-Lobos. Outras vezes a melodia encontra-se com o anular, como no Estudo Op.6 n.11 de F. Sor.
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Núcleo de Educação a Distância Aula 31_Ritmos de acompanhamento - Choro Vamos conhecer agora um pouco sobre o choro: "A exata origem do termo choro como estilo e também como forma musical, é bastante confusa e se perde um pouco na própria história da música popular brasileira. A explicação mais coerente parece ser a do historiador Vasco Mariz que diz que choro é uma derivação da palavra "cholo" que já significou, na história da música popular brasileira, um grupo de músicos populares que animavam festas familiares. Esse grupo era formado basicamente por flauta, violão e cavaquinho e tocava os ritmos em voga no final do século XIX e início do século XX: polcas, schottishes, mazurkas e valsas."
(Texto extraído do livro Ritmos Brasileiros de autoria do violonista Marco Pereira) Talvez o principal nome do choro seja o compositor e instrumentista Pixinguinha. Saiba um pouco mais sobre ele nos links abaixo: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira - Pixinguinha Pixinguinha Carinhoso - Youtube Vamos ver como o autor Renato de Sá sugere o acompanhamento para o choro no violão: 10. Chorinho (MM = 112 a 120)
Obs.: Todos os exemplos aqui descritos correspondem à Levada de Choro-Canção, quando executados em Andamento Lento.
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Núcleo de Educação a Distância Reparem que o autor utiliza o termo Chorinho que também é bastante utilizado para denominar esse gênero da MPB. O violonista Marco Pereira, em seu livro " Ritmos Brasileiros" sugere ainda um outro tipo de acompanhamento bastante comum, repetindo os baixos para cada acorde e ainda produzindo melodias:
Essas frases executadas na região grave são conhecidas como "baixarias" e são realizadas, na maioria das vezes, por um violão de sete cordas. Pesquisem sobre esse gênero, seus compositores e intérpretes. Ritmos Brasileiros - Marco Pereira - Editora Garbolights
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Núcleo de Educação a Distância Aula 32_Teoria musical aplicada ao violão O seguinte capítulo designa-se às questões de ordem teóricas, que podem f ornecer subsídios importantes para compreensão do fenômeno musical aplicado à performance ao violão. Neste sentido, sugerimos o vocabulário dos elementos musicais via a teoria de Jan LaRue (Guidelines for Style Analysis, 1970), que organiza a terminologia musical em Som, Harmonia, Melodia, Ritmo e Estrutura. 1. Aspectos harmônicos (cor/tensão) Em cada estilo e a cada período da história da música a organização dos empilhamentos entre duas ou mais alturas ocorreu de maneira distinta. Contudo, princípios básicos se estruturaram em torno de procedimentos harmônicos principais, destacando-se: Modalismo, Tonalismo e Atonalismo; que veremos no decorrer do curso. 2. Escordatura / Localização das notas Os elementos estruturais do violão limitam e favorecem suas características e possibilidades harmônicas. As notas musicais são distribuídas ao longo de dois eixos principais: 1) ao longo da corda e 2) entre as cordas, conforme a descrição seguinte: 1) Ao longo da corda: os trastes do violão subdividem a corda com a finalidade de segmentar suas frequências de vibração em intervalos regulares d e semitom. Ao violão, os trastes são fixados no momento de sua construção, pelo luthier. Sendo assim, a afinação de cada semitom já está estabelecida previamente. 2) Intervalos entre as cordas: a distância intervalar com a qual afinamos cada corda tem um padrão principal e diferentes alternativas a depender de contextos particulares a cada estilo musical ou repertório específico. A principal escordatura que usamos é aquela na qual afinamos as 6 cordas do violão da seguinte maneira:
Para atingir tal afinação, diferentes abordagens práticas são válidas, como: a. Uníssonos: considerando que a 5 a corda esteja precisamente afinada na nota Lá 220Hz - por meio de um diapasão 440Hz - e conhecendo os intervalos musicais, encontramos os uníssonos entre as cordas vizinhas de acordo com os diagramas indicados na figura anterior;
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