Neuropsicologia Hoje Vivian M. Andrade Flávia H. Dos Santos
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Filosofia, Marx riassunto completo e dettagliato
Nicola Sguera
Descripción: MATERIAL DEL CURSO ISO 14001 2016 Este curso consta de 2 módulos fundamentales, el primero, donde abordaremos la evolución del concepto ambiental, también veremos que es la Norma, y haremos una co...
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Universidade de São Paulo Departamento de Filosofia
Reler Marx hoje Curso de graduação ministrado no Primeiro Semestre de 2!" !# aulas
$ladimir Safatle
Reler Marx hoje %ula !
!& %s idei ideias as e a pr't pr'ti( i(aa “Os filósofos apenas interpretaram o mundo diferentemente, importa é transformálo”1. Tenho certeza de que todos vocs conhecem esta frase e !á meditaram so"re ela em al#um momento. Talvez n$o ha!a forma melhor de come%ar um curso intitulado “&eler 'ar( ho!e”, ministrado e(atamente em um )epartamento de *ilosofia, do que partir da discuss$o desta conhecida afirma%$o presente nas “Teses sobre Feuerbach” . +firma%$o muitas vezes lida como um convite a um certo primado da prática e da a%$o so"re o que seria entendido como a contempla%$o teórica do mundo produzida pela filosofia e a distncia pretensamente imposta por seus conceitos. rática que, ao contrário da multiplicidade de vises do mundo própria aos filósofos com seus conflitos dissonantes e incessantes de interpreta%$o, seria con!u#ada no sin#ular. /ma prática 0nica, uma maneira de transformar o mundo, contra a multiplicidade de interpr interpreta eta%e %ess dos dos filóso filósofos fos.. omo omo se encont encontrás rássem semos os enfim enfim a realiz realiza%$ a%$oo deste deste parado(al dese!o eminentemente filosófico, dese!o milenar, de encontrar uma a%$o que nos colocaria para além das á#uas incertas dos conflitos de interpreta%$o. 2e esco escolh lhii come come%a %arr por por esta esta afir afirma ma%$ %$o, o, escr escrit itaa em um rasc rascun unho ho nunc nuncaa pu"licado em vida por 'ar(, sem sem destina%$o certa, certa, mas apenas postumamente postumamente editado por 3n#els, que o ane(ará ao volume intitulado A ideologia alemã, é por ela colocar em quest$o n$o apenas o estatuto da filosofia enquanto discurso cr4tico, ao menos até o momento em que 'ar( aparecer, mas tam"ém por ela pro"lematizar o estatuto do 1 “)ie hilosophen ha"en die 5elt nur verschinden interpretiert 6 es 78mmt drauf an, sie zu verändern” 9'+&:, ;arl e 3<=3>2, *riedrich? “Teses so"re *euer"ach”, @n6 A ideologia alemã, iviliza%$o Arasileira, p. BC.
Reler Marx hoje %ula !
!& %s idei ideias as e a pr't pr'ti( i(aa “Os filósofos apenas interpretaram o mundo diferentemente, importa é transformálo”1. Tenho certeza de que todos vocs conhecem esta frase e !á meditaram so"re ela em al#um momento. Talvez n$o ha!a forma melhor de come%ar um curso intitulado “&eler 'ar( ho!e”, ministrado e(atamente em um )epartamento de *ilosofia, do que partir da discuss$o desta conhecida afirma%$o presente nas “Teses sobre Feuerbach” . +firma%$o muitas vezes lida como um convite a um certo primado da prática e da a%$o so"re o que seria entendido como a contempla%$o teórica do mundo produzida pela filosofia e a distncia pretensamente imposta por seus conceitos. rática que, ao contrário da multiplicidade de vises do mundo própria aos filósofos com seus conflitos dissonantes e incessantes de interpreta%$o, seria con!u#ada no sin#ular. /ma prática 0nica, uma maneira de transformar o mundo, contra a multiplicidade de interpr interpreta eta%e %ess dos dos filóso filósofos fos.. omo omo se encont encontrás rássem semos os enfim enfim a realiz realiza%$ a%$oo deste deste parado(al dese!o eminentemente filosófico, dese!o milenar, de encontrar uma a%$o que nos colocaria para além das á#uas incertas dos conflitos de interpreta%$o. 2e esco escolh lhii come come%a %arr por por esta esta afir afirma ma%$ %$o, o, escr escrit itaa em um rasc rascun unho ho nunc nuncaa pu"licado em vida por 'ar(, sem sem destina%$o certa, certa, mas apenas postumamente postumamente editado por 3n#els, que o ane(ará ao volume intitulado A ideologia alemã, é por ela colocar em quest$o n$o apenas o estatuto da filosofia enquanto discurso cr4tico, ao menos até o momento em que 'ar( aparecer, mas tam"ém por ela pro"lematizar o estatuto do 1 “)ie hilosophen ha"en die 5elt nur verschinden interpretiert 6 es 78mmt drauf an, sie zu verändern” 9'+&:, ;arl e 3<=3>2, *riedrich? “Teses so"re *euer"ach”, @n6 A ideologia alemã, iviliza%$o Arasileira, p. BC.
próprio discurso de 'ar(. +final, +final, que tipo de te(tos s$o estes que leremos durante um semes semestre treDD O capital , O 18 do Brumário de u!s Bonaparte ainda s$o te(tos de filosofia ou s$o te(tos de um outro re#ime discursivo, mais pró(imo da interven%$o pol4tica e da análise econEmicaD 'arcuse 'arcuse afirmava6 “todos os conceitos filosóficos da teoria mar(ista s$o cate#orias econEmicas e sociais, enquanto que todas as cate#orias econEmicas e sociais de Fe#el Ga fi#ura por e(celncia do discurso filosófico, ao mesmo no conte(to alem$o do século :@:H s$o conceitos filosóficos. 'esmo os primeiros tra"alhos de 'ar( n$o s$o filosóficos. 3les e(pressam a ne#a%$o da filosofia, em"ora o fa%am em lin#ua#em filosófica” B. 'as estaria 'arcuse totalmente certoD 3(pressar a ne#a%$o da filosofia em lin# lin#ua ua#e #em m filo filosó sófic ficaa n$o n$o seri seriaa aind ainda, a, de cert certaa form forma, a, faze fazerr filo filoso sofi fiaD aD 3 n$o n$o dever4 dev er4am amos os dizer dizer o mesmo mesmo desta desta ope opera% ra%$o $o peculi peculiar ar que con consis siste te em encon encontra trar r e(press$o de pro"lemas pro"lemas filosóficos em cate#orias cate#orias econEmicas econEmicas e sociaisD Ou se!a, ao ler 'ar( encontraremos te(tos de quem !á teria dei(ado para trás a filosofia, de quem sai a pre#ar o a"andono da filosofia no interior de uma cr4tica #eral da ideolo#ia, ou s$o eles uma certa forma de “realizar a filosofia”D artamos ent$o de uma hipótese. 3la será testada no decorrer do curso, servirá de #uia para nossas leituras e aos poucos mostrará sua pertinncia ou n$o. + hipótese se enun enuncia cia da se#uinte se#uinte maneira6 maneira6 talvez, talvez, para ler 'ar( ho!e, devamos devamos compreender compreender como seus te(tos te(tos n$o representam representam e(atamen e(atamente te um a"andono a"andono,, mas uma realiza%$ realiza%$oo insurrecional da filosofia. “@nsurrecional” por ser uma forma de realiza%$o que o"ri#a
a situa%$o atual que confi#ura o mundo presente a se transformar, a devir outro 9verändernI permitindo a realiza%$o de uma emancipa%$o que, como espero mostrar no inte interi rior or dest destee curs curso, o, é muito muito mais mais comp comple le(a (a do que que esta estamo moss norm normal alme ment ntee disp dispos osto toss a acei aceita tarr. ois ois tal tal eman emanci cipa pa%$ %$oo é inco incomp mpre reen ens4 s4ve vell sem sem o recu recurs rsoo a considera%es filosóficas so"re a “essncia humana” que estar$o claramente presentes no !ove !ovem m 'ar( 'ar( e que, que, cont contra raria riame ment ntee ao que que acre acredit ditam am al#u al#uns ns,, nunc nuncaa ser$ ser$oo a"andonadas. &ecordemos rapidamente o conte(to intelectual no qual 'ar( se encontra ao escrev escrever er suas suas “Teses sobre Feuerbach” . 3stamos em 1JKL-KM. )esde a morte de Fe#el, em 1JN1, o pensamento alem$o se v assom"rado pelo tema do fim da filosofia, o que neste conte(to si#nifica, de forma mais espec4fica, assom"rado pela necessidade de sair das “a"stra%es” he#elianas e suas reconcilia%$o pretensamente conservadoras por serem aparentemente formais. ós-he#elianos como ;ier7e#aard, 2 '+&/23, Fer"ert? "a#ão e revolu$ão revolu$ão, az e Terra, p. BNC
*euer"ach, 2tirner, 'ar( tem em comum ao menos a cren%a de que dever4amos a"andonar o discurso filosófico 9representado aqui pelo sistema he#elianoI a fim de caminhar em dire%$o compreens$o concreta dos processos e indiv4duos. Pue tal caminho se d pela recupera%$o da reli#i$o revelada como modelo de li"erta%$o do indiv4duo 9;ier7e#aard NI, pela afirma%$o do indiv4duo como 0nica e(istncia real 92tirnerI ou pela den0ncia da teolo#ia ainda presente na filosofia a fim de reinstalar o pensamento em um modelo peculiar de materialismo empirista 9*euer"achI, o que temos é a enuncia%$o de uma tarefa, que 'ar( fará sua, de a"andono ou realiza%$o da filosofia através do retorno s condi%es concretas. Q ela que lhe levará, por e(emplo, a criticar de forma acer"a o espiritualismo do idealismo próprio a !ovens he#elianos como 3d#ar e Aruno Aauer, arl &einhardt, *ranz 2zeli#a, entre outros. 3ste campo do pós-he#elianismo é o campo de 'ar(. 3le se divide claramente so"re o tema do caminho a se#uir diante do reconhecimento he#eliano de que, nos “tempos modernos”, o 3sp4rito “perdeu” a imediatez de sua vida su"stancial, ou se!a, nada lhe aparece mais como su"stancialmente fundamentado em um poder, de natureza reli#iosa, capaz de unificar as várias esferas sociais de valores K. )ivide-se assim o campo dos pós-he#elianismo em dois 9a direita e a esquerdaI levando em conta inicialmente o pro"lema do destino da e(perincia reli#iosa e suas e(pectativas de unifica%$o e reconcilia%$o6 “)a reli#i$o crist$, a direita 9=oeschel, =a"ler, Aruno AauerI adota positivamente, de acordo com a distin%$o he#eliana entre o Rconte0doS e a RformaS, o conte0do, enquanto que a esquerda su"metia sua cr4tica tanto a forma da representa%$o reli#iosa quanto seu conte0do” L, de onde se se#ue a necessidade da #uinada materialista a"erta por *euer"ach e se#uida por 'ar(.
materialismo no qual a realidade é apreendida apenas so" a forma do o"!eto ou da intui%$o 9 Anschauung I, como quer *euer"ach, nem 9e este será um tema maior de A ideologia alemã I através da eleva%$o do indiv4duo condi%$o de perspectiva concreta 3 >em"remos de 'arcuse falando so"re ;ier7e#aard6 “+ verdade se situa na a%$o, e só pode ser e(perimentada através da a%$o. + e(istncia do próprio indiv4duo é a 0nica realidade que pode ser efetivamente compreendida e o indiv4duo e(istente, ele mesmo, é o 0nico su!eito e(ecutor desta compreens$o” 9'+&/23, &az$o e revolu%$o, az e Terra, p. BKKI 4 )a4 uma afirma%$o como6 “G, =5*? Fenomenologia do %sp!rito, etróplis, p. BK 5 >5@TF, ;arl? &e 'egel ( )iet#sche, =allimard, p. UN
insuperável, como quer 2tirner. O materialismo é a via de afastamento da filosofia, mas trata-se de qualificá-lo melhor, de defini-lo como perspectiva que nos permite apreender a realidade como “atividade humana sens4vel” 9 sinnlich menschlische Tätig*eit IM. /m peculiar “materialismo sem matéria”, para falar com Aali"ar, pois um
materialismo da atividade. Q este conceito-chave de “atividade” que permitirá a 'ar( afirmar6 + quest$o de sa"er se ca"e ao pensar humano uma verdade o"!etiva V n$o é uma quest$o de teoria, mas sim uma quest$o prática. Q na prá+is que o ser humano tem de provar a verdade, isto é, a realidade e o poder, o caráter terreno de seu pensar U. + princ4pio, a quest$o parece resolvida. 2u"meter critérios de verdade prá+is, atividade humana implicaria reconhecer que a essncia humana é, como dirá
'ar( no mesmo te(to, o “con!unto das rela%es sociais” 9 das ensemble des gesellcha,tlichen -erhältnisseI visando a produ%$o da realidade material com seus
modos he#emEnicos de vida? o que fornece verdade uma defini%$o pra#mática e historicamente determinada. 'as, 'ar( estaria ent$o a dizer que se a"andona a filosofia através de um certo pra#matismo que eleva o con!unto das rela%es sociais condi%$o de fundamento historicista para nossos critérios de verdadeD )e fato, seria este o caso se 'ar( estivesse interessado nas condi%es de esta"ilidade sistmica da situa%$o atual, e n$o, como é seu caso, no processo interno de transforma%$o do “con!unto das rela%es sociais”. em"remos a este respeito de suas análises so"re os desdo"ramentos da revoltas de !unho de 1JKJ com suas “paródias” de transforma%es. @sto nos coloca uma quest$o maior6 haveria ent$o uma defini%$o diferencial do movimento propriamente revolucionárioD + posteridade 6 O que n$o dei(a de ressoar ;ant lem"rando que as determina%es particulares da sensi"ilidade só podem aceder condi%$o de o"!eto através da aplica%$o do esquema transcendental da ima#ina%$o como “conceito sens4vel de um o"!eto” 9 sinnliche Begri,, eines .egenstandes I 9;+
de 'ar( mostrará como esta quest$o era, de fato, muito mais complicada do que poderia parecer.
o"!etos com os quais ela lida, quando apreende toda forma desenvolvida no flu(o do movimento, é n$o apenas perspectiva cr4tica, mas tam"ém a%$o revolucionária. Ou se!a, ela opera a transforma%$o que as interpreta%es do mundo eram incapazes de produzir, pois mostra como o entendimento correto do que e(iste inclui a compreens$o da necessidade de sua transforma%$o, do movimento real que supera o estado de coisas e(istente. Puando n$o se dei(a intimidar por nada, a dialética n$o fornece uma interpreta%$o que !ustifica o e(istente, nem é a "ase para a aplica%$o de um pro#rama de reforma social e de educa%$o das massas no estilo daquele proposto pelos socialistas utópicos 9*ourier, 2aint-2imonI. 3la é a lei de modifica%$o, o entendimento do princ4pio de transforma%$o que a"re o mundo e os su!eitos ao que ainda n$o se realizou C. +final, como dirá 'ar( em uma frase plena de consequncias6 O comunismo n$o é, para nós, um estadoWsitua%$o 9 5ustand I que deve ser implementado, um ideal ao qual a realidade deve se su!eitar. <ós chamamos de comunismo o movimento real que supera o estado atual 1X. Ou se!a, comunismo n$o é o nome de uma situa%$o a ser implementada, de um ideal utópico a ser realizado. 3le é o nome de um tipo espec4fico de movimento, um tipo de insur#ncia capaz de a"rir a situa%$o atual ao que ela só pode determinar como contradi%$o profunda, produzindo assim o aniquilamento do modo de vida atualmente reproduzido. Ou se!a, e devemos tirar todas as consequncias disto, a possi"ilidade do comunismo, para 'ar(, está lo#icamente vinculada compreens$o do movimento real das sociedades modernas a partir das formas #erais de movimento fornecidas pela dialética e por suas cate#orias. or isto, há al#o aqui que n$o deve desaparecer de vista. ois é evidente como, neste momento decisivo, 'ar( se v o"ri#ado a reconhecer uma rela%$o profunda de filia%$o e transmiss$o. 3le dirá6 devemos virar a dialética he#eliana de ca"e%a para "ai(o, mas há de se reconhecer que as formas #erais do movimento responsáveis pela compreens$o correta da processualidade do e(istente !á est$o todas confi#uradas na 9 O que Aali"ar compreendeu "em ao afirmar6 “+ prática revolucionária da qual nos fala as “Teses” n$o deve realizar um pro#rama, um plano de reor#aniza%$o da sociedade, ele deve ainda menos depender de uma vis$o de futuro proposta pelas teorias filosóficas e socioló#icas 9como estas dos filantropos do século :Y@@@ e do in4cio do :@:I. 3la deve coincidir com Ro movimento real que aniquila o estado de coisas e(istenteS, como 'ar( n$o tardará a escrever na 4deologia alemã ao e(plicar que se trata da 0nica defini%$o materialista do comunismo” 9A+>@A+&, 3tienne? a philosophie de 6ar+, >a découverte, BX1K, p. LCI. 10 '+&:, ;arl e 3<=3>2, *riedrich? A ideologia alemã, op. cit., p. LC
filosofia de Fe#el. 'ais, ainda. 'ar( assume que tais formas estar$o presentes em seu próprio te(to. roposi%$o aparentemente surpreendente pois como é poss4vel separar a estrutura ló#ica de um pensamento que pensa o movimento e a transforma%$o, como separar sua maneira de apreender a #nese processual das formas e das normatividades que se querem ontolo#icamente asse#uradas, e sua impotncia em funcionar de forma “cr4tica e revolucionária”D omo retirar o cerne racional de seu invólucro m4stico, ou se!a, li"erar a dialética da natureza apressada de suas s4nteses, como se tal pressa n$o estivesse, de certa forma, inscrita no interior da estrutura ló#ico-formal da dialéticaD ois, se n$o se trata de criticá-la no plano ló#ico, nem, por consequncia, de criticá-la no plano ontoló#ico, ent$o como seria poss4vel or#anizar uma auto-cr4tica da dialética que, de forma parado(al, é a própria realiza%$o insurrecional da dialéticaD 'esmo que tais questes se!am dif4ceis de responder, n$o só para 'ar( como para sua posteridade, elas mostram al#o de decisivo na rela%$o entre teoria e pra(is dentro da e(perincia intelectual inau#urada por 'ar(, a sa"er, a pra(is é uma realiza%$o insurrecional da teoria, de uma certa teoria que se realiza ao ser virada de ca"e%a para "ai(o. odemos mesmo dizer que a pra(is é a dialética em seu ponto insurrecional, o que nos dei(a com uma quest$o maior, a sa"er, o que devemos entender por “dialética” neste conte(to. )ialética é o mesmo movimento que encontramos em Fe#el, que encontraremos em +dorno, em >u7cs, que será criticado por +lthusser, desprezado por filósofos t$o diferentes entre si quanto Aertrand &ussell e =illes )eleuze, entre tantos outrosD &esponder esta per#unta será um dos o"!etivos centrais deste curso e o ei(o que nos #uiará no primeiro módulo de nosso curso.
% (r)ti(a da e(onomia pol)ti(a 'as desdo"remos um pouco mais esta hipótese de "ase, a sa"er, a e(perincia intelectual de 'ar( n$o é o a"andono da filosofia, mas a continua%$o da filosofia por outros meios.
inicialmente ser analisado, pois ele diz respeito muta%$o que o conceito de “cr4tica” sofre nas m$os de 'ar(. =rosso modo, podemos dizer que conhecemos trs infle(es fundamentais do conceito de cr4tica no pensamento alem$o do final do século :Y@@@ e século :@:. + primeira é fornecida por ;ant, que anunciará um verdadeiro pro#rama ao afirmar6
ao menos para Fe#el, a"andonar a estraté#ia transcendental, própria a ;ant, de defini%$o das condi%es a priori de possi"ilidade da e(perincia. 3m seu lu#ar, entra em cena uma refle($o so"re a #nese histórica daquilo que aparece conscincia como limite de toda e(perincia poss4vel. )escri%$o da #nese que é, ao mesmo tempo, cr4tica de suas e(pectativas de validade universal. 2e Fe#el !o#ava tanto com o trocadilho alem$o entre ir ao fundamento 9 #u .rund gehenI e perecer 9 #ugrunde gehenI é porque se tratava de dei(ar evidente como a cr4tica mostra que o verdadeiro
esclarecimento do fundamento equivale dissolu%$o do fundado.
filosofia iluminista será uma das "ases do processo revolucionário, mas servido constru%$o de uma mitolo#ia que servia apenas para !ustificar intelectualmente a natureza do atraso social 1K. Ou se!a, ter4amos um caso e(emplar do que, entre nós, chamar4amos de “ideias fora de lu#ar”. Os alem$es seriam contemporneos ,ilos:,icos do presente sem serem contemporneos hist:ricos da realidade atual. )a4 porque 'ar( dirá que, enquanto as outras na%es do mundo viveram sua pré-história na mitolo#ia, a +lemanha teria vivido sua pré-história e(atamente na filosofia, que seria o verdadeiro nome da mitolo#ia alem$. +ssim, por e(emplo, através da filosofia alem$ do direito e do 3stado, a +lemanha procurou li#ar sua história on4rica s condi%es presentes. ois os alem$es teriam simplesmente pensado o que os outros fizeram, sendo por isto o"ri#ados a acertar o descompasso entre ideia e efetividade a partir de concilia%es meramente formais, participando, por e(emplo, de todas as iluses do re#ime constitucional sem compartilhar suas realidades. or isto, 'ar( tem de insistir que6 “todas as formas e todos os produtos da conscincia n$o ser$o destru4dos por o"ra da cr4tica espiritual 9...I mas t$o somente podem ser dissolvidas com a derrocada prática das rela%es sociais reais, das quais emanam essas quimeras idealistas”1L. Tal diagnóstico de época é um dos elementos que levará Marx a propor uma guinada materialista na perspectiva hegeliana, compreendendo a estraté#ia de reconstru%$o da
#nese histórica do processo de forma%$o da conscincia preferencialmente a partir da #nese dos processos de reprodu%$o material da vida que encontram sua melhor descri%$o naquilo que o século :@: entendia por “economia pol4tica”, ou se!a, o estudo do que os estados-na%$o n$o podem ne#li#enciar a fim de produzir a riqueza comum no interior da ló#ica do sistema capitalista. 'ar( v como profundamente sintomático o fato da economia pol4tica ser, na +lemanha, uma “cincia estran#eira”, !á que lhe faltava o “terreno vivo” 1M das rela%es capitalistas de produ%$o. 3sta ausncia da economia pol4tica aparecia para 'ar( como e(press$o da incapacidade alem$ em tematizar como os processos de 14 >em"remos, por e(emplo, de uma afirma%$o como6 “+ situa%$o da +lemanha no final do século passado espelha-se completamente na /r!tica da ra#ão prática de ;ant. 3nquanto a "ur#uesia francesa se impulsionou, através da mais colossal das revolu%es que a história !amais conheceu, ao poder, e conquistou o continente europeu, enquanto a "ur#uesia in#lesa revolucionou a ind0stria e su"meteu comercialmente a @ndia e todo o resto do mundo, os impotentes "ur#ueses alem$es alcan%aram apenas che#ar R"oa vontadeS” 9'+&:, ;arl e 3<=3>2, *riedrich? A ideologia alemã, op. cit., p. B1CI 15 '+&:, ;arl e 3<=3>2, *riedrich? A ideologia alemã, op. cit., p. MB 16 '+&:, ;arl? O /apital ; volume 4 , op. cit., p. JK
racionaliza%$o social e o esta"elecimento de formas de vida eram indissociáveis da racionalidade interna s e(i#ncias de reconstru%$o da vida social, de modifica%$o do espa%o, do tempo, do tra"alho, da rela%$o si, fam4lia, ao 3stado, sociedade civil produzidas pelo advento do capitalismo como modo de produ%$o. <$o escapa a 'ar( o fato da racionaliza%$o da sociedade a partir dos princ4pios da economia pol4tica ser, ao mesmo tempo, uma conforma%$o do mundo e uma transforma%$o dos su!eitos 9o que *oucault entendeu claramente mais de um século depois com seu curso O nascimento da biopol!tica I.
17 omo nos lem"rará *oucault6 “+ partir de +dam 2mith, o tempo da economia n$o será mais este, c4clico, dos empo"recimentos e enriquecimentos, n$o será tam"ém o tempo do crescimento linear de pol4ticas há"eis que, ao aumentar levemente sempre as espécies de circula%$o aceleram a produ%$o mais rápido que a eleva%$o de pre%os? ele será o tempo interior de uma or#aniza%$o que cresce se#undo sua própria necessidade e se desenvolve se#undo leis autóctones V o tempo do capital e do re#ime de produ%$o” 9*O/+/>T, 'ichel? es mots et les choses, =allimard, p. BNJI 18 ;+&+T+<@, ;o!in? Transcriti=ue> on ?ant and 6ar+ , '@T ress, p. L
2e 'ar( parasse por aqui ter4amos, "asicamente, uma #uinada materialista da perspectiva cr4tica que se desenvolveu no interior do chamado “idealismo alem$o”. =uinada que terminaria necessariamente uma “teoria das crises” da racionalidade econEmica. 'as 'ar(, como vimos, n$o se contenta em ser o e(positor de uma teoria da necessidade das crises no interior das sociedades capitalistas. 3le quer, principalmente, pensar o ponto no qual a perspectiva cr4tica se transforma em a%$o revolucionária. 3sta é a maior de suas realiza%es. 3la se concretiza a partir do momento que 'ar( nomear esse processo que indica uma contradi%$o real no interior da racionalidade da economia pol4tica e que impulsiona a sociedade a uma transforma%$o capaz de dei(ar para trás o mundo descrito pela economia pol4tica. /m nome que todos nós conhecemos, a sa"er, “proletariado”, uma classe produzida pela con!un%$o entre universaliza%$o do sistema capitalista de trocas e despossess$o #eneralizada, completa aliena%$o cada vez mais universal. + cr4tica da economia pol4tica é, em 'ar(, a refle($o so"re o processo de constitui%$o do proletariado como ponto de contradi%$o real da racionalidade econEmica própria ao capitalismo. 'as notemos com mais va#ar o que 'ar( realmente tem em mente ao nomear esse processo que indica uma contradi%$o real no interior da racionalidade da economia pol4tica. 'ar( n$o é responsável pela cria%$o do termo “proletário”.
pol4ticas feitas em nome da !usti%a social. >]A&+22, eter? “'ar( and hetero#eneit^6 thin7in# the lumpemproletariat” @n6 &epresentations, vol X, n. N1, p. JK 21 '+&:, ;arl e 3<=3>2, *riedrich? 6ani,esto /omunista, 2$o aulo6 Aoitempo, p. LX 22 @dem, p. MM