cos diferentes vivam em grande intimidade. Uma Polônia revi vida, por exemplo, incluiria não só uma comunidade substancial de judeus , mas tamb ém lituanos, ucraniano s, alemães e bielo-russos, cada um com sua língua e tradições. A dificuldade de criar ou manter a homogeneidade étnica contri buiu para a crescente preocu pação com a imigração em tod o o mundo. Poucos se opunham à imigração antes da década de 1860, mas ela passou a ser criticada nos países anfitriões nas déca das de 1880 e 1890. A Austrália tentou impedir o influxo de asiáti cos para poder conservar o seu caráter inglês e irlandês. Os Estados Unidos proibiram a imigração da China em 1882 e de toda a Ásia em 1917, e depois, em 1924, estabeleceram cotas para todos os demais com base na composição étnica corrente da população norte-americana. O governo britânico aprovou uma Lei dos Estrangeiros em 1905 para impedir a imigração de "indesejáveis", que muito s interpretav am serem os judeus da Europ a Oriental. Ao mes mo tem po que os trabalha dores e criados come çara m a ganhar direitos políticos iguais nesses países, barreiras bloqueavam aque les que não partilhavam as mes mas origens étnicas. Ne ss a no va at mo sf er a p ro te to ra , o na ci on al is mo as s um iu um caráter mais xenófobo e racista. Embora a xenofobia pudesse ter como alvo qualquer grupo estrangeiro (os chineses nos Estados Unidos, os italianos na França ou os poloneses na Alemanha), as últimas décadas do século xix assistiram a um crescimento alar mant e do antissemitism o. Os políticos de direita na Alema nha, na Áustria e na França usavam jornais, clubes políticos e, em alguns casos, novos partidos políticos para atiçar o ódio aos judeus c omo inimigos da verdadeira nação. Depois de duas décadas de propa ganda antissemítica nos jornais de direita, o Parti do Cons ervador Alemão fez do antissemitismo um artigo oficial da sua plataforma em 1892. Mais ou menos na me sm a época, o caso Dreyfus fez estra gos na política francesa, criando divisões duradouras entre os i86
defensores e os opositores de Dreyfus. O caso começou em 1894, quando um oficial judeu do exército chamado Alfred Dreyfus foi erroneamente acusado de espionar para a Alemanha. Quando foi ju lg ad o cu l pa do ap es ar d o g ra n de n ú m e r o d e ev id ên ci as p r o vand o a sua inocência, o famoso rom ancista Emile Zola publicou um artigo ousad o na primeira página dos jornais acusan do o exér cito e o governo francês de acobertar as tentativas de incriminar falsamente Dreyfus. Em resposta à crescente maré de opinião em favor de Dreyfus, uma recém-formada Liga Antissemítica francesa fomentou tumultos em muitas cidades e metrópoles, às vezes incluind o ataques de milhares de agitadores a propried ades judai cas. A Liga conseguia mobilizar tantas pessoas porque várias cida des tinham jornais que produziam em grande quantidade diatri be s an ti ss em ít ic as . O go ve rn o of er ec eu a Dr ey fu s um pe rd ão em 1899 e finalmente o exonerou em 1906, mas o antissemitismo tor nou-se mais venenoso por toda parte. Em 1895, Karl Lueger con seguiu se eleger prefeito de Viena com um programa antissemítico. Ele se tornaria um dos heróis de Hitler.
EXP LIC AÇÕ ES BIO LÓGI CAS
PARA A EXCLU SÃO
Quando se tornou mais intimamente entrelaçado com a etnicidade, o nacionalism o alim entou um a ênfase crescente nas expli cações biológicas para a diferença. Os argumentos para os direitos do homem tinham se baseado na pressuposição da igualdade da nature za huma na em todas as culturas e classes. Depois da Revo lução Francesa, tornou-se cada vez mais difícil reafirmar as dife renças simplesmente com base na tradição, nos costumes ou na história. As diferenças tin ham de ter um funda mento mai s sólido se os home ns quisessem mant er a sua superiori dade em relação às mulheres, os brancos em relação aos negros ou os cristãos em rela187