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DIREÇÃO D TRATAMENT .
EscRITos Jacques Lacan CAMPO FREUDIANO NO BRASIL
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RELATÓO DO COLÓQO DE ROYAUMONT 0-3 DE JLHO DE 958
I. Quem analisa hoje?
1 Que uma anáise raga consigo os os raços da pessoa do analisado, fala-se disso como se fosse óbvio Mas acredita-se dar mostras de audácia ao manifesar ineresse pelos efeios que nela surtiria a pessoa do analista. É isso, peo menos, que justifica o frêmio que nos percorre ane as expressões em voga sobre a conra transferência, o que sem dúvida contribui para hes mascarar a impropriedade conceitua: pensem na aivez de espírio de que damos esemunho ao nos mostrarmos feitos, em nossa argia, da mesma daquees que modamos. O que escrevi aí é uma impropriedade. É pouco para aquees a quem visa, quando hoje em dia já nem se faz cerimônia em decarar que, sob o nome de psicanálise, esá-se empenhado numa "reeducação emocional do paciene [22]. Situar nesse nvel a ação do analista impica uma posição de princpio diane da qua udo o que se possa dizer da conra ransferência, mesmo não sendo inúi, funcionará como uma manobra diversionista. Pois é para-aém disso que se situa, a parir daí, a imposura que aqui queremos desaojar. 3
Primero relatório do Colóquio Inteacional reunido nessa data, a convte da Socedade Francesa de Psicanálise publicado em L Psychanalyse, vo1.6. Os números ene colchetes remetem às referências coocadas no nal deste relatório 3 Para voltar contra o espírito de uma sociedade uma expressão por cujo valor podemos avaliá-la quando a rase em que Freud se iguala aos pré-socráticos traduz-se nela muito simplesmente para uso Wo es war soll Ich werden francês, por: O Eu deve desaojar o Isso 1.
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Nem por isso esamos denunciando o que a psicanálise tem hoje de anifreudiano Pois, nesse aspecto, deve-se reconhecer que tirou a máscara, uma vez que ela se vangloria de ultrapassar aquilo que aliás ignora, guardando da dourina de Freud apenas o suficiene para senir o quanto lhe é dissonante o que ela acabou de enunciar de sua experiência. Preendemos mosrar como a impotência em susentar auen icamene uma práxis reduzse, como é comum na história dos homens, ao exercício de um poder 2 O psicanalisa ceramente dirige o raameno. O primeiro princípio desse ratameno, o que lhe é solerado logo de saída, que ele enconra por toda pare em sua formação, a pono de ficar por ele impregnado, é o de que não deve de modo algum dirigir o paciene A direção de consciência, no sentido do guia moral que um fiel do catolicismo pode encontrar nese, achase aqui radicalmene excluída Se a psicanálise levana problemas para a eologia moral, não se rata daqueles da direção de consciência, a cujo respeio lembramos que a direção de cons ciência ambém os suscia A direção do raameno é oura coisa Consise, em primeiro lugar, em fazer com que o sujeio aplique a regra analíica, iso é, as direrizes cuja presença não se pode desconhecer como princípio do que é chamado "a siuação analíica , sob preexo de que o sueio as aplicaria melhor sem pensar nelas Essas diretrizes, numa comunicação inicial, revesem-se da forma de instruções, as quais, por menos que o analista as comene, podemos considerar que, aé nas inflexões de seu enunciado, veicularão a dourina com as quais o analisa se consiui, no pono de conseqüência que ela atingiu para ele O que não o oa menos solidário da profusão de preconceios que, no paciene, esperam nesse mesmo lugar, conforme a idéia que a difusão culural lhe tenha permiido formar acerca do procedimeno e da nalidade da empreiada. Isso já basa para nos mosrar que o problema da direção revela, desde as direrizes iniciais, não poder formularse numa linha de comunicação unívoca, o que nos obriga a permanecer aí, no momeno, para esclarecê-lo pelo que o segue Digamos anas que, ao reduzi-lo à sua verdade, verdade, esse e sse empo con sise em fazer o paciene esquecer que se raa apenas de palavras, mas que isso não jusifica que o próprio analisa o esqueça [16]
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3. Aiás, havíamos anunciado que é pelo ado do analista que tencionamos introduzir nosso assunto Digamos que, no investimento de capita da empresa comum, o paciente não é o único com dificudades a entrar com sua quota Também o anaista tem que pagar: - pagar com palavras palavras,, sem dúvida, se a transmu transmutação tação que eas sofrem pela operação analítica as eleva a seu efeito de interpretação - mas pagar pagar também também com sua pessoa, na medida medida em em que, haja o que houver, ele a empresta como suporte aos fenômenos singulares que a análise descobriu na transferência; - e haveremos haveremos de esquecer esquecer que ele tem tem que pagar com o que há de essencial em seu juízo mais íntimo, para intervir numa ação que vai ao cee do ser (Ke unseres Wesens, escreveu Freud [6) seria ee o único a ficar fora do jogo? Que não se preocupem comigo aqueles cujos votos se dirigem a nossas armas, ante a idéia de que eu me esteja expondo aqui, mais uma vez, a adversários sempre felizes por me devolverem à minha metafísica Pois é no seio da pretensão deles de se bastarem com a ecácia que se eleva uma afirmação como esta a de que o analista cura menos pelo que diz e faz do que por aquilo que é 22] Sem que, aparentemente, ninguém peça explicações dessa afirmação a seu autor, nem o lembre do pudor, quando, dirigindo um sorriso de enfado ao ridículo a que se expõe, é à bondade, a sua (é preciso ser bom, não há transcendência nesse contexto), que ee apela para pôr fim a um debate sem saída sobre a neurose de transferência4 Mas, quem teria a crueldade de interrogar aquele que se verga sob o fardo da bagagem, quando seu porte leva claramente a supor que ela está cheia de tijoos? No entanto, o ser é o ser, seja quem for que o invoque, e temos o direito de perguntar o que ele vem fazer aqui Colocarei novamente o analista na berinda, portanto, na medida em que eu mesmo o sou, para observar que ele é tão 4.
Franç. de Psychanalyse, Psychanalyse, " Comment terminer !e traitement anaytque, anaytque, Revue Franç. 19 4 4 IV, p . 19 e passim. passim. Para avaliar avaliar a inuência inuência de de tal formação formação ease ease C.-H. C.-H . Nodet "L psychanayste, L'Éolution Psychiatrique, 197 V p.689-9.
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menos seguro de sua ação quanto mais está nteressado em seu ser. Intérprete do que me é apresentado em colocações ou atos, decido acerca de meu oráculo e o artculo a meu gosto, únco mestre/senhor em meu barco, depos de Deus, e, claro, longe de poder avalar todo o efeito de minhas palavras, mas justamente advertdo e procurando prevenr-me contra isso, ou, dito de outra manera, sempre lvre quanto ao momento, ao número e também à escolha de mnhas intervenções, a tal ponto que a regra parece ter sido nteiramente ordenada para não atrapalhar em nada meu trabalho de executante, ao que é correlato o aspecto de "materal sob o qual mnha ação aborda aqu o que ela produziu. Quanto ao manejo da transferênca, mnha lberdade, ao contráro, vêse alenada pelo desdobramento que nela sofre mnha pessoa, e ninguém gnora que é aí que se deve buscar o segredo da análse. O que não impede que se creia estar progre dndo nesta douta armação: que a psicanálise deve ser estudada como uma stuação a dois Decerto se ntroduzem nela condções que lhe restrngem os movimentos, no entanto disso resulta que a stuação assm concebda serve para artcular (e sem maores artfícos do que a já citada reeducação emoconal) os prncípos de um adestramento do chamado Eu fraco, e por um Eu o qual há quem goste de consderar capaz de realizar esse projeto, porque é forte. Que não se enuncie sso sem constrangimento é o que atestam certos arrependimentos de uma inabilidade m pressonante, como aquele que esclarece não ceder à exigênca de uma cura por dentro [22]. 5 Mas só é mas sgnifcatvo constatar que o assentimento do sujeto, por sua evocação nesse trecho, vem apenas no segundo tempo de um efeto inicialmente mposto Não é por nosso prazer que expomos esses desvios, mas, antes, para, com seus escolhos, fazer balizas para nosso caminho. 5.
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Prometemos a nossos leitores não mais fatigá-los, no que se segue com fórmula fórmulass tão estúpidas estú pidas,, que q ue na verdad verdade e não têm outra out ra utilidade utilidade aqui senão se não mostrar mostrar a que ponto chegou o discurso analítico. Já nos desculpamos po elas junto a nossos ouvines estrangeiros que sem dúvida dispunham de outas tantas a seu serviço em sua língua mas talvez não exatamente dessa mesma banaidade.
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De fato, todo anaista (nem que seja os que assim se extraviam) sempre experimenta experimenta a transferência, no desumbramento do efeito menos esperado de uma reação a dois que seria como as outras. Ele diz a si mesmo que, nesse aspecto, tem que contemporizar com um fenômeno peo qua não é responsáve, e sabemos com que insistência Freud enfatizou sua espontaneidade no paciente. Faz algum tempo que os anaistas, nas diacerantes revisões com que nos brindam, preferem insinuar que essa insistência, da qual se fizeram baluartes por muito tempo, traduziria em Freud uma certa fuga do compromisso pressuposto pea idéia de situação. Como vocês vêem, estamos em dia Mas é sobretudo a exaltação fáci de seu gesto de atirar os sentim sentimen entos tos imputa imputado do à contra contratra transf nsferên erência cia no prato de uma balança em que a situação se equiibraria por seu peso que atesta, para nós, uma consciência pesada que se correaciona com a renúncia em conceber a verdadeira natureza da transfe rência. Não é possível raciocinar com o que o analisado eva a pessoa do analista a suportar de suas fantasias como com o que um jogador jogador ideal avaia das intenções intenções de seu adversário ad versário.. Sem dúvida, á também uma estratégia ai, mas não nos enganemos com a metáfora do espelo, por mais que ela convena à superfície una que o analista apresenta ao paciente. Cara fecada e boca cosida não têm aqui a mesma finalidade que no bridge. Com isso, antes, o anaista convoca a ajuda do que nesse jogo é camado de morto, mas para fazer surgir o quarto jogador que do analisado será parceiro, e cuja mão, através de seus lances, o anaista se esforçará por fazêo adivinhar: é esse o víncuo, digamos, de abnegação, imposto ao anaista peo cacife da partida na anáise Poderíamos Poderíamo s prosseguir prossegui r nessa nessa metáfora, daí deduzindo seu jogo conforme ee se coloque "à direita" ou "à esquerda" do paciente, ou seja, na posição de jogar antes ou depois do quarto jogador, isto é, de jogar antes ou depois deste com o morto. Mas o que há de certo é que os sentimentos do anaista só têm um ugar possíve nesse jogo o do morto; e que, ao ressuscitá-o, o jogo prossegue sem que se saiba quem o conduz Eis por que o anaista é menos livre em sua estratégia do que em sua tática.
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Vamos adiante O analista é ainda menos livre naquilo que domina a estratégia e a tática, ou sea, em sua política, onde ele faria melor situando-se em sua falta-a-ser do que em seu ser Dizendo as coisas de outra maneira maneira sua ação açã o sobre sobre o paciente paciente le escapa, juntamente com a idéia que possa fazer dela, quando ele não retoma seu começo naquilo pelo qual ela é possível, quando não retém o paradoxo do que ela tem de retalhada, para revisar no princípio a estrutura por onde qualquer ação intervém na realidade Para os psicanalistas de oe, essa relação com a realidade é evidente Eles le medem as defecções por parte do paciente com base no princípio autoritário dos educadores de sempre. Só que se fiam na análise didática para garantir sua manutenção num teor suficiente nos analistas, sobre os quais não deixamos de sentir que, para enfrentar os problemas da umanidade que se dirige a eles, suas visões às vezes são um pouco locais Isso equivale apenas a fazer recuar o problema a um nível individual tranqüilizado r vê-los traçar o percurso da análise análise E não é muito tranqüilizador na redução, no sueito, dos desvios imputados à sua transferência e a suas resistências, mas situados em relação à realidade, nem ouvi-los exclamar sobre a "situação simplíssima que a análise ofereceria para comensurar isso Homessa! o educador não está nem perto de ser educado, se pode ulgar com tanta leviandade uma experiência que, no entanto, ele próprio teve de atravessar Presumese em tal apreciação que esses analistas teriam dado a essa experiência outras facetas, se tivessem tido que se fiar em seu senso de realidade para inventá-la eles próprios: priori dade escabrosa de imaginar Eles têm ceras dúvidas, por isso são tão meticulosos na preservação de suas formas. É compreensível que, para alicerçar esteio a uma concepção tão visivelmente precária, alguns ultramarinos tenam sentido necessidade de introduzir nela um valor estável, um padrão de medida do real é o ego autônomo Tratase do conunto supos tamente organizado das mais díspares funções que presta seu apoio ao sentimento de inatismo do sueito É considerado autônomo porque estaria ao abrigo dos conflitos da pessoa
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(non-confictual sphere) [14].
Aí se reconece uma miragem surrada que a mais acadêmica psicologia da introspecção á avia reeitado como insustentável
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Essa regressão, no entanto, é celebrada como um retoo ao redil da "psicologia geral Seja como for, ela resolve a questão do ser do analista 6 Uma equipe de egos, decerto menos iguais do que autônomos (mas, por qual selo de origem se reconhecem eles na suficiência de sua autonomia?), se oferece aos norte-americanos para guiá-los em direção à happiness, sem perturbar as autonomias, egoístas ou não, que pavimentam o American way de chegar lá 7. Resumamonos Se o analista só lidasse com resistências, pensaria duas vezes antes de fazer uma interpretação, como efetivamente lhe acontece, mas ele ficaria quite com essa pru dência Só que essa interpretação, quando ele a faz, é recebida como proveniente da pessoa pessoa que a transferência lhe imputa ser Aceitará ele beneficiar-se desse erro de pessoa? A moral da análise não contradiz isso, desde que ele interprete tal efeito, sem o que a análise se reduziria a uma sugestão grosseira Posição incontestável, exceto pelo fato de que é como pro veniente venient e do Outro da transferência que a fala do analista continua a ser ouvida, e de que com isso o momento de o sueito sair da initum. transferência é adiado ad initum. É pois, pelo que o sujeito imputa ao analista ser (ser que está alhures) alhures) que é possível possível uma interpretação voltar ao lugar de onde pode ter peso na distribuição das respostas Ali, porém, quem dirá dirá o que ele é, o analista, analis ta, e o que resta dele, ao ser encostado contra a parede na tarefa de interpretar? Que ele mesmo ouse dizê-lo se, caso seja um homem, isso for tudo o que ele tem a nos responder Que ele tenha ou não tenha, seria pois toda a questão: mas é aí que ele volta atrás, não somente pela impudência do mistério, mas porque, nesse ter, é do ser que se trata, e como com o Veremos Veremos mais adiante adiante que esse como não é cômodo cômo do Por isso ele prefere se restringir a seu Eu e à realidade, da qual conhece um pedaço Mas, nesse caso, ei-lo no [eu] e no eu com seu paciente Como fazer, se eles estão de espada em riste? 6
Na França, o já ctado douináro do ser mostrou-se direto nessa solução: o ser do psicanaista é nato (cf. L PDA, I p.36). 7. Onde Lacan explora a homofona francesa entre egos e égau. (NE.)
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É aí que, astutamente, conta-se com as conivências que se deve ter nesse lugar, denominado, no caso, a parte sadia do eu, aquela que pensa como nós C.QNRP.D., podemos concluir, o que nos leva de volta ao problema inicial, ou seja, a reinventar a análise. Ou a refazêla: tratando a transferência como uma forma particular da resistência. Muitos o professam. É a eles que formulamos a pergunta que dá título a esta seção: Quem é o analista? Aquele que interpreta, tirando proveito da transferência? Aquele que a analisa como resistência? Ou aquele que impõe sua idéia da realidade? Pergunta que pode incomodar muito de perto aqueles a quem se dirige, e ser menos fácil de evitar do que a pergunta "quem fala?, com a qual um de meus alunos lhes azucrinou os ouvidos por conta conta do paciente paciente Pois sua sua resposta resposta de de impacien impacientes tes um animal de nossa espécie espécie seria seria para a pergunta modificad modificadaa mais deploravelmente tautológica, por ter que dizer: eu Nu e cr Il.
Qual é o lugar da nterpretação?
O que veio antes não responde a tudo o que aqui se promove de questões para o novato Mas, ao reunir os problemas que atualmente se agitam em too da direção da análise, na medida em que essa atualidade reflete seu uso presente, cremos ter respeitado suas proporções A saber, o lugar ínfimo que a interpretação ocupa na atualidade psicanalíti psicanalítica ca não porque se tenha tenha perdido perdido seu sentid sentido, o, mas porque a abordagem desse sentido sempre atesta um embaraço. Não há autor que se confronte com ele sem proceder destacando toda sorte de intervenções verbais que não são a interpretação: explicações, explicações, gratificações, gratificações, respostas à demanda etc. O proce dimento toa-se revelador quando se aproxima do centro do interesse Ele impõe que até uma formulação articulada para levar o sueito a ter uma visão (insight) de uma de suas condutas, sobretudo em sua significação de resistência, possa receber um nome totalmente diferente, como confrontação, por exemplo, nem que sea a do sueito com seu próprio dizer, sem merecer o de interpretação, simplesmente por ser um dizer esclarecedor 1.
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São comoventes comoventes os esforços de um autor na tentativa tenta tiva de forçar a teora da forma para nea encontrar a metáfora que he permita permi ta exprmr o que a nterpretação ntroduz de resoução numa ambgüdade intencional, de fechamento a uma ncompetude que, no entanto, só se realiza a posteriori [2] 2 . Percebese que o que aqui se furta é a natureza de uma
transmutação transmutação no sujeito, e de um modo ainda mas doloroso para o pensamento, por he escapar no exato momento em que passa à ação Nenhum ndicador basta, com efeito, para mostrar onde age a nterpretação, quando não se admite radicamente um conceto da função do sgnifcante que capte onde o sueto se subordina a ee, a ponto de por ele ser suboado A interpretação, para decfrar a diacronia das repetções n conscientes, deve ntroduzir na sincronia dos sgnifcantes que nela se compõem ago que, de repente, possibilte a tradução precsamente aquilo que a função do Outro permite no receptá culo do códgo, sendo a propósto dele que aparece o elemento fatante. Essa mportância do significante na localzação da verdade analítca aparece em fiigrana, tão logo um autor se atém frme mente às conexões da experiência na defnção das aporas. Basta ler Edward Glover para avaiar o preço que ee paga pea falta desse termo, quando, ao articular as opnões mas pertinentes, ele encontra a nterpretação por toda parte, na mpossbldade de retê-la em parte alguma, e até mesmo na banaidade da receita médica, e acaba dzendo, muito simpesmente, sem que se saba se ele se escuta, que a formação do sntoma é uma nterpretação nexata do sujeito [13] Assim concebida, a nterpretação toa-se uma espécie de flogístc flogístco, o, manfes manfesto to em tudo o que se compreende compreende com ou sem razão, por menos que ee almente a chama do imagnário da pura pura ostentaç ostentação ão que, sob o nome nome de agressvdad agressvdade, e, tira proveito da técnica dessa época (1931; o que aiás é novo o bastante para ainda ser atua. Cf. 13]). Somente por vr a interpretação culminar culminar no hic et nunc desse jogo é que ela se distingue da leitura da signatur rerum em que Jung rivaiza com Boehme Seguo nisso convira muto pouco ao ser de nossos anastas.
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Mas estar na hora de Freud8 diz respeito a outra tablatura, o que significa não ser supéruo saber desmontarhe o reógio. Nossa doutrina do significante é, para começar, disciplina na qual aqueles a quem formamos se exercitam nos modos de efeito do significante no advento do significado, única via para conceber que, ao se inscrever aí, a interpretação possa produzir algo novo Pois ela não se fundamenta em nenhuma assunção dos arqué tipos divinos, mas no fato de o inconsciente ter a estrutura radical da linguagem, que um material funciona nela segundo eis, que são as descobertas pelo estudo das ínguas positivas, das ínguas que são ou foram efetivamente faadas. A metáfora do flogístico que há pouco nos inspirou Glover retira seu caráter apropriado do erro que evoca: a significação emana tão pouco da vida quanto o ogístico, na combustão, escapa dos corpos Antes, seria preciso falar dela como da combinação da vida com o átomo O do signo,9 do signo no que, antes de mais nada, ee conota a presença ou a ausência, intro duzindo essenciamente o e que as liga, pois, ao conotar a presença ou a ausência, ele institui a presença com base na ausência, assim como constitui a ausência na presença. Havemos de estar lembrados de que, com a segurança de sua marcha por seu campo, Freud, buscando o modeo do automa tismo de repetição, detém-se no cruzamento de um jogo de ocultação e de uma escansão alteada de dois fonemas cuja conjugação, numa criança, o impressiona É que ai também aparece, ao mesmo tempo, o vaor do objeto como insignificante (aquio que a criança faz aparecer e desa parecer), aém do caráter acessório da perfeição fonética, com parada à distinção fonemática, que ninguém contestaria que Freud tem o direito de traduzir imediatamente peos Fort! Da! do aemão faado por ee, aduto (9]. 3
expressão ancesa être à l'heure de tem te m o sentido sentido de seguir o estlo de ser como (NE.) E. ) 9 O que em vez de ser se r vocaizado como a lea le a simbólica simbólica do do oxigênio oxigênio evocada evocada pea metáfora metáfora seguida seguida pode ler-se como c omo zero" , na medida em que esse número simboliza a função essencial do lugar na estrutura do signicante. 8.
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Ponto de inseminação de uma ordem simbólica que preexiste ao sujeito infantil e segundo a qual será preciso que ele se estruture. Poupar-nos-emos de foecer as regras da interpretação. Não que elas não possam ser formuladas, mas suas fórmulas pressu põem desenvolvimentos que não podemos tomar como conecidos, na impossibilidade de condensá-los aqui. Atenhamonos a observar que, ao ler os comentários clássicos sobre a interpretação, sempre lamentamos lamentamos ver quão pouco pouc o partido se sabe tirar dos próprios dados que são propostos. Para dar um exemplo disso, cada qual atesta à sua maneira que, para conirmar a pertinência de uma interpretação, o que importa não é a convicção que ela acarreta, já que melor se reconecerá seu critério no material que vier a surgir depois dela. Mas tão poderosa é a superstição psicologizante nas mentes, que se continua a invocar o fenômeno no sentido de um assen timento do sujeito, omitindo por completo o que resulta das colocações de Freud sobre a Vereinung como forma de confis são, da qual o mínimo que se pode dizer é que não se pode fazêla equivaler a um resultado nulo. É assim que a teoria traduz como a resistência é gerada na prática É também isso o que queremos deixar claro, quando dizemos que não há outra resistência à análise senão a do próprio analista. 4.
5. O grave é que, com os autores de oje, a seqüência dos efeitos analíticos parece tomada pelo avesso. A interpretação, a seguir mos suas colocações, seria apenas um balbucio, comparada à abertura de uma relação maior onde, enfim, se é compreendido ("por dentro, sem dúvida). A interpretação toase aqui uma exigência da fraqueza à qual é preciso acudir. É também uma coisa muito difícil de fazêla engolir sem que ela a rejeite. É ambas as coisas ao mesmo tempo, ou seja, um recurso bastante incômodo. Mas isso é apenas efeito das paixões do analista: de seu receio, que não é do erro, mas da ignorância, de sua predileção; que não é satisfazer, porém não decepcionar de sua necessidade, que não é de govear, mas de ficar por cima. Não se trata, em absoluto, da contratransferência deste ou daquele: trata-se das
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conseqüências da relação dual, caso o terapeuta não a supere e como haveria de superála, se faz dela o ideal de sua ação? Primum vivere, sem dúvida: há que evitar o rompimento Que se classifique com o nome no me de técnica a civilidade civilidade pueril e honesta que ensina com tal finalidade, ainda passa. Mas, quando se confunde essa necessidade fsica da presença do paciente na hora marcada com a relação analítica, comete-se um engano e se desencaminha o novato por muito tempo 6.
A transferência, nessa perspectiva, toase a segurança do analista, e a relação com o real, o terreno em que se decide o combate A interpretação, adiada até a consolidação da transfe rência, fica desde então subordinada à redução desta. Daí resulta que ela é reabsorvida num working through que podemos muito bem traduzir, simplesmente, por trabalho da transferência, que serve de álibi para uma espécie de revanche pela timidez inicial, ou seja, para uma insistência que abre as portas a todas as forçagens, colocadas sob a bandeira do forta lecimento do Eu [2122].
7. Mas será que se observou, ao ctcar o procedimento de Freud, tal como ele se apresenta, por exemplo, no Homem dos Ratos, que o que nos surpreende como uma doutrinação prévia decorre, simplesmente, de ele proceder exatamente na ordem inversa? Ou seja, ele começa por introduzir o paciente numa primeira localização de sua posição no real, mesmo que este acarrete acarrete uma uma precipitação precipitação não hesi hesite temo moss em dizer dizer uma uma sistematiz sistematização ação dos sintomas sintomas [8]. Outro exemplo notório é quando ele obriga Dora a constatar que, da grande desordem do mundo de seu pai, cujo estrago constitui o objeto de sua reclamação, ela faz mais do que participar; que ela se constituiu a cavilha dessa desordem, e que não poderia continuar sem sua complacência [7]. Há muito muit o tempo tenho ten ho enfatizado o processo hegeliano hegeliano dessa dessa inversão das posições da bela alma quanto à realidade que ela denuncia. Não se trata de adaptá-la a esta, mas de lhe mostrar que ela está mais do que bem adaptada nela, uma vez que concorre para sua fabricação Mas aqui se detém o caminho a percorrer com o outro. Pois a ransferência já fez seu trabalho, mostrando que se trata de algo bem diferente das relações do Eu com o mundo.
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Freud nem sempre parece haver-se muio bem com isso, nos casos que relaa E é por isso que eles são tão preciosos. Pois ele reconheceu pronamente que nisso esava o princípio de seu poder, no que este não se disinguia da sugestão mas também que esse poder só lhe dava a solução do problema na condição de não se servir dele, pois era enão que assumia todo o seu desenvolvimento de ransferência. A partir desse momeno não é mais àquele a quem maninha em sua proximidade que ele se dirigiu, e foi por essa razão que lhe recusou o face a face A intereação em Freud é ão audaciosa que por havêla vulgarizado, já não reconhecemos seu alcance de adivinhação Quando ele denuncia uma tendência, aquilo a que chama Trieb, coisa toalmene diferene de um insinto o frescor da descobera nos mascara o que o Trieb implica em si de um adveno do significane. Mas, quando Freud traz à luz o que só podemos chamar de linhas de desino do sujeito, é pela figura de Tirésias que nos interrogamos diante da ambigüidade em que opera seu veredio Pois essas linhas adivinhadas conceem tão pouco ao Eu do sujeito, ou a udo o que ele pode presentificar e nunc na relação dual que é ao opar na hora certa, no caso do Homem dos Ratos, com o pacto que regeu o casamento dos pais dese, com o que se passou, portano, muito antes do nascimento dele, que Freud reencontra reencontra ali uma uma mistura mistura de condiç condições ões honra salva no úlimo minuto, raição senimenal, compromisso social e dívida prescri prescrita ta das quais quais o grande roeiro roeiro compulsivo que lhe foi levado pelo paciente parece ser o decalque criptográfico, e no qual vem a motivar enfim os impasses onde se desgarram sua vida moral e seu desejo. Porém o mais incrível é que o acesso a esse maerial só enha sido aberto por uma interpretação em que Freud presumiu uma inerdição que o pai do Homem dos Raos teria imposto com relação à legitimação do amor sublime a que se devoou, para explicar a marca de impossível de que, sob todas as suas modalidades, esse laço lhe parece er o cunho. Inerpretação da qual o mínimo que se pode dizer é que ela é inexata, uma vez que é desmenida pela realidade que presume, mas que mesmo assim é verdadeira na medida em que Freud nela dá mosras de uma intuição em que ele anecipa o que inroduzimos sobre a
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função do Ouro na neurose obsessva, demonsrando que essa função, na neurose obsessiva, adme ser susenada por um moro, e que, nesse caso, não podera ser mas bem exercda do que pelo pai, uma vez que, esando efeivamene moro, ee reoou à posção que Freud reconheceu como sendo a do Pa absouo 8 Que nos perdoem aqueles que nos lêem e os que acompanham nosso ensno, se ees enconram aqu exempos um ano repi sados por mm em seus ouvdos. Não é apenas que eu não possa car minhas própras anáises para demonsrar o plano em que ncde a nerpreação, por não poder a inerpreação, reveandose coexensiva à hisóra, ser comunicada no meo comuncane em que se passam muas de nossas análses sem risco de rair o anonimao do caso. É que, em cera ocasão, consegu dzer o basane sem faar demas, ou seja, deixar claro meu exempo sem que ninguém, a não ser o ineressado, o reconhecesse. Tampouco se raa de que eu consdere o Homem dos Raos um caso que Freud enha curado, pois, se eu acrescenasse que não creo que a anáise não enha ido nada a ver com a rágica concusão de sua hisóra com sua more no campo de baaha, o quano não esara eu conrbuindo para nfamar aquees que ma pensam nisso? Dgo que é numa direção do raameno que se ordena, como acabo de demonsrar, segundo um processo que vai da reficação das relações do sujeio com o real, ao desenvolvmeno da ransferência, e depos, à inerpreação, que se siua o horizone em que a Freud se revelaram as descoberas fundamenais que aé hoe experimenamos, no ocane à dnâmca e à esruura da neurose obsessiva Nada mais, porém ambém nada menos. Cooca-se agora a quesão de saber se não foi por er invertdo essa ordem que perdemos esse horzone. O que se pode dzer é que as novas vias em que se preendeu egaizar a marcha abera pelo descobridor demonsram uma confusão nos ermos, que requer a singulardade para se revear Reomaremos, pois, um exempo que já conrbuu para o nosso ensno; nauramene, ee fo escohdo de um auor qualficado 9.
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e que é especialmente sensível, por sua origem, à dimensão da interpretação. Trata-se de Est Kris e de um caso que ele não nos dissimula haver retomado de Melitta Schmideberg [15]. Tratase de um sueito inibido em sua vida intelectual e particularmente incapaz de conseguir publicar qualquer de suas pesquisas pesquisas isso em razão de de um impulso impulso de plagiar plagiar do qual qual ele não parece capaz de assenhorear-se. Esse é o drama subjetivo. Melitta Schmideberg o havia compreendido como a recorrên cia de uma delinqüência infantil o sujeito costumava furtar guloseimas e alfarrábios, e por esse viés é que ela empreendeu a análise do conflito inconsciente. Est Kris vangloria-se de haver retomado o caso de acordo com uma interpretação mais metódica, a que procede da super fície à profundidade, como ele diz. Que ele a coloque sob a égide da psicologia do ego segundo Hartmann, da qual ulgou dever ser seu propugnador, é secundário para apreciarmos o que vai acontecer. Est Kris modifica a perspectiva do caso e pretende dar ao sueito o insight de um novo começo, a partir de um fato que não passa de uma repetição de sua compulsão mas no qual Kris, muito louvavelmente, não se contenta com os dizeres do paciente; e, quando este presume haver a despeito de si mesmo, colhido as idéias de um trabalho que acaba de concluir num livro que, tendo-lhe voltado à memória permitiu lhe controlar isso a posteriori Kris examina as provas e descobre que, aparentemente, nada nelas ultrapassa o que a comunidade do campo de pesquisas comporta. Em suma, havendo se certi ficado de que seu paciente não é plagiário embora embo ra acredite sê-lo, Kris tenciona demonstrarlhe que ele quer sê-lo para se impedir de sêlo sêlo realme realmente nte o que que se chama chama analisar a defesa defesa antes antes da pulsão, que aqui se evidencia na atração atr ação pelas idéias dos outros. Podese presumir que essa intervenção sea errônea, pelo simples fato de supor que defesa e pulsão seam concêntricas e, por assim dizer moldadas uma pela outra O que prova que ela efetivamente o é é aquilo em que Kris a vê confirmada, ou sea o fato de que no momento em que ele acredita poder perguntar ao doente o que ele acha dessa virada de casaca, este, pensando por um momento retruca-lhe que há algum tempo, ao sair da sessão vagueia por uma rua repleta de restaurantezinhos atraentes, para cobiçar em seus cardápios o anúncio de seu prato predileto: miolos frescos.
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Declaação que, em e m vez de se consdeada como sancionadoa sancionadoa do caáte felz da intevenção pelo p elo materia que taz, paecenos, antes, te o vao coetvo do acting out, no pópo eato que é feto dee. Essa mostada depos do janta que o pacente espia 0 mas me paece dze ao anftião que ea fatou no sevço. Po mas compulsivo que ele seja ao cheála, ela é um hint11;' sendo sntoma tanstóio, sem dúvida, ea advete o anaista: você passou ao lago. De fato você passou ao lago, etomo eu, drgindo-me à me móa de Est Kis, ta como ecodo o Congesso de Maenbad, do qua, no da seguinte à minha comunicação sobe o estádo do espeho, fui emboa, peocupado que estava em i espia o a do tempo, de um tempo caegado de pomessas, na Ompíada de Berim. Berim. Ee me objetou objeto u gentlmente: "Ça ne se fait pas ! (essa ocução, em fancês), já j á seduzdo po essa tendênca ao espetáve que talvez aqu tenha inetido seu pocedimento Seá sso que o faz extaviase, Est Kis, ou apenas o seem etas as suas intenções, pois seu julgamento também o é, sem dúvda, enquanto as cosas, po sua vez, estão em ziguezague? Não é o fato de seu paciente não ouba que mpota aqu. É que ele não... não... Sem "não : é que ee ouba nada. E ea isso que tea sido pecso fazêlo ouv. Muito ao contáo do que você acedta, não é a defesa dee conta a idéia de ouba que o faz ce que ouba. Que ele possa te uma déia pópia é que não he vem à déa, ou que só o vista com difculdade. Inúti, pois, engajá-o nesse pocesso de detemna a pate, onde nem Deus podea econhece-se, daqulo que seu colega lhe suupa de mais ou menos ogna quando o sujeito bate papo com ele Não pode essa ânsa de miolos fescos efescar-lhe seus pópos conceitos e faze você se lemba, nas formulações de Roman Jakob Jakobson, son, da da função função da metonímia? voltaem voltaemos os a sso dento em pouco. 10 Metáfora a partir do idiomatismo
la moutarde lui monte au nez
tomado de impaciência, de de cólera cólera . (N ( NE E ) Uma psta um indício (N.E.)
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"ele é
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Você fala de Melitta Schmideberg como se ela houvesse confundido a delinqüência com o Isso. Não esou tão seguro disso, e, ao me referir ao artigo em que ela cita esse caso, os ermos de seu tulo me sugerem uma metáfora. Você trata o paciente como um obsessivo, mas ele está lhe estendendo a mão com sua fantasia de comesvel: para lhe dar a oportunidade de adiantar um quaro de hora sobre a nosologia de sua época, diagnosicando: diagnosicando : anorexia menal. Ao A o mesmo tempo, você refrescaria, restituindo-o a seu sentido próprio, esse par de ermos, cujo uso comum o reduziu à qualidade duvidosa de uma indicação etiológica. Anorexia, no caso, quanto ao mental, quano ao desejo do qual vive a idéia, o que nos leva ao escorbuto que impera na jangada em que a embarco junto com as virgens magras. A recusa delas, simbolicamene motivada, pareceme ter muita relação com a aversão do paciene por aquilo que ele cogita. Ter idéias era um recurso de que já o papai dele, como nos diz você, não dispunha. Será que o avô [grand-pre], que nelas se havia ilustrado, lhe teria inspirado essa aversão? Como saber? Você por certo tem razão em fazer do significane grand, includo no termo de parentesco, a origem pura e simples da rivalidade exercida com o pai pelo peixe maior fisgado na pescaria. Mas esse desafio de pura forma inspira-me, anes, que ele queira dizer: nada a fritar. Nada em comum, portano, enre o modo de proceder que você usa, dito a parir da superfície, e a retificação subjetiva posta em destaque mais acima no méodo de Freud, onde ela ambém não é motivada por nenhuma prioridade ópica. É que, ademais, essa retificação em Freud é dialética e parte dos dizeres do sujeito para voltar a eles, o que significa que uma inerpretação só pode ser exata se for ... uma inerpreação inerpreaç ão Tomar o partido do objeivo, aqui, é um abuso, nem que seja pelo fao de o plágio ser relaivo aos cosumes vigenes 1 2 u m exempo: nos EUA, onde acao acao Kis, pubicação tem valo valo de de tíulo 1 2 Eis um
e m ensno como o meu deveia, toda semana, gaanti sa pioidade cona a pihagem a qe não deixaia de dar ensejo. Na Fança é à maneia da infltação qe minhas idéias penetram num gpo onde são oedecidas as odens qe
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Mas a idéia de que a superfície seja o nvel do superficial é perigosa em si mesma Oura opoogia é necessária para não haver engano quano ao ugar do desejo Apagar o desejo do mapa, quando ee já esá recobero na paisagem do paciene, não é o mehor seguimeno a dar à ição de Freud. Nem o meio de acabar com profundidade, pois é na superfície que ela é visíve como herpes em dia de fesa a orescer no roso III. Em que ponto estamos com a transferência? É ao rabaho de nosso coega Danie Lagache que convém recorrer para consiuir uma hisória exaa dos rabahos que, em oo de Freud, dando seguimeno à sua obra e desde que ee a legou a nós, foram dedicados à ransferência, por ee descoberta O objeo desse rabalho vai muio aém disso, inroduzindo na função do fenômeno as disinções de esruura, essenciais à sua críica. Basa lembrar a aleaiva muio perinene que ele formula, quano à sua naureza úlima, enre necessidade de repeição e repeição da necessidade Tal rabalho, a acrediarmos haver sabido em nosso ensino exrair as conseqüências que ee acarrea, oa bem evidene, pela ordenação que inroduz, a que pono são freqüenemene parciais os aspecos em que se concenram os debaes e, em especia, o quano o emprego comum do ermo, na própria análise, coninua aderido à sua abordagem mais discuível, se bem que mais vulgar: fazer dea a sucessão ou a soma dos senimenos posiivos ou negaivos que o paciene voa a seu anaisa Para avaiar a que pono chegamos em nossa comunidade cienífica, podemos dizer que não se fizeram nem acordo e nem 1.
proíem meu ensino ens ino Por serem maldit malditas as ali ali as idéias idéi as só podem sevir de adoo adoo para alguns dândis. Não importa: o vazio que elas fazem ressoar que me ciem ou não, faz ouvir uma outra voz
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luz sobre os seguintes aspectos onde no entanto eles pareceriam exigíveis: será que é o mesmo efeito da relação com o anaista que se manifesta no enamoramento primário observado no início do tratamento e na trama de satisfações que toa essa relação tão difíci de romper quando a neurose de transferência parece ultrapassar os meios propriamente anaticos? E será também que são a relação com o anaista e sua frustração fundamental que no segundo perodo da análise sustentam a escansão frus tração-agressãoregressão em que se inscreveriam os efeitos mais fecundos da anáise? Como havemos de conceber a subor dinação dos fenômenos quando sua esfera é atravessada peas fantasias que impicam abertamente a figura do anaista? Dessas obscuridades persistentes, a razão foi formuada num estudo excepciona por sua perspicácia: a cada uma das etapas em que se tentou revisar os probemas da transferência as divergências técnicas que motivavam sua urgência não deram margem a uma crtica verdadeira de sua noção [20] 2 É tão centra para a ação anatica a noção que queremos aqui alcançar que ea pode servir de medida para a parcialidade das teorias em que há quem se detenha em pensála. Ou seja não estaremos enganados em julgáas segundo o manejo da trans ferência que elas implicam. Esse pragmatismo é justificado É que esse manejo da transferência é idêntico à noção dela e por menos elaborada que seja esta na prática ea só pode incuirse nas parcialidades da teoria. Por outro lado a existência simultânea dessas parcialidades nem por isso as faz se competarem. O que confirma que eas sofrem de um defeito central Para já ir introduzindo nisso um pouco de ordem reduziremos a três essas particuaridades da teoria ainda que desse modo tenhamos nós mesmos de nos conformar a aguma opinião preconcebida menos grave por ser apenas de exposição. Ligaremos o geneticismo na medida em que ele tende a fundamentar os fenômenos anaticos nos momentos de desen vovimento impicados e a se nutrir da chamada observação direta da criança a uma técnica particuar: a que faz a essência desse procedimento incidir sobre a análise das defesas. 3.
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Esse laço é historicamente manifesto. Podese aé dizer que não em outro fundamento, já que só se consiuiu pelo fracasso da solidariedade que supõe Podemos mosrar seu início no crédito legítimo dado à noção de um eu inconsciene pela qual Freud reorienou sua doutrina Daí passar à hipótese de que os mecanismos de defesa que se agrpavam sob sua função deviam poder, ees mesmos, rair uma lei de manifestação comparável, ou até mesmo correspondente à sucessão de fases pela qual Freud havia tenado ligar a emergência pulsiona à fisiologia, eis o passo que Anna Freud, em seu ivro sobre Os mecanismos de defesa, propõe transpor, para submetê-lo à prova da experiência. Isso poderia ter sido a oporunidade de uma crítica fecunda das relações do desenvolvimeno com as estruturas manifesta mene mais complexas que Freud introduziu na psicoogia. Mas a operação deslizou mais abaixo, ão mais entador era buscar inserir nas etapas observáveis do desenvolvimento sensóriomo tor e das capacidades progressivas de um comportamento ine ligente esses mecanismos, supostamene desvinculados do pro gresso deas Pode-se dizer que as esperanças que Anna Freud depositava nessa exploração foram frstradas: por essa via, nada se revelou de escarecedor para a écnica, embora os detahes que se pôde disceir aravés da observação da criança, esclarecida pela análise, sejam às vezes muito sugestivos A noção de pater, que vem funcionar aqui como um áibi da tipoogia maograda, apadrinha uma écnica que, por seguir na detecção de um pater não aua, se inclina de bom grado a jugáo por seu desvio de um pater que enconra em seu conformismo as garanias de sua conformidade. Não é sem consrangimento que evocamos os critérios de êxito a que leva esse trabaho postiço: a passagem para o patamar superior de renda e a saída de emergência da ligação com a secreária, regulando o escape de forças rigorosamente subjugadas no ma trmônio trm ônio,, na profissão e na comunidade comunidade política, polític a, não nos parecem de uma dignidade que requeira o apelo, articulado no planning do anaista ou mesmo em sua interpretação, à Discórdia enre os instintos instintos de vida e de more mesmo oamen oamenando ando seu seu propósio propósio com o preensioso preensioso qualificaivo qualificaivo de de "econômico , para para eválo adiane, em completo contrasenso com o pensamento
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de Freud, como o jogo de um par de forças homólogas em sua oposição. Menos degradada em seu relevo anaíico parecenos a segunda face em que surge aquilo que se furta da transferência, ou seja, o eixo tomado da relação de objeto. Essa eoria, não importa a que ponto de avitamento tenha chegado nestes úlimos empos na França, em, como o geneticismo, sua origem nobre. Foi Abraham quem inaugurou seu regisro, regisro, e a noção de objeo parcial foi uma contribuição original sua. Este não é o lugar de lhe demonstrar o vaor. Estamos mais interessados em indicar sua ligação com a parcialidade do aspecto que Abraham Abraham desvincula desvincula da transfer transferência, ência, para para promovêlo promovêlo em sua opacidade como a capacidade de amar, ou seja, como se esse fosse um dado constitucional do doene em que se pudesse ler o grau de sua curabilidade, e, em especial, o único em que fracassaria o ratamento da psicose Temos aqui, na verdade, duas equações. A transferência qualificada de sexual (Sexualübertragung) achase no princípio do amor a que, em francês, chamouse objea (em alemão, Objektliebe). A capacidade de ransferência mede o acesso ao real. É impossível enfaizar em demasia o quanto há nisso de petição de princípio Ao contrário dos pressuposos do geneicismo, que pretende se basear numa ordem das emergências formais no sujeio, a perspeciva de Abraham explicase numa finaidade que se autoriza por ser instintual, na medida em que se faz imagem da mauração de um objeto inefável, o Objeo com maiúscula que comanda a fase da objeaidade (significativamente distinguida da objetividade por sua substância de afeto). Essa concepção ectoplásmica do objeto logo mosrou seus riscos ao se degradar na dicotomia grosseira que se formula opondo o caráer prégenita ao caráer genital. Essa emática primária se desenvolve, de um modo sumário, aribuindose ao caráer prégenia os raços acumulados do irrealismo projeivo, do auismo mais ou menos comedido, da resrição das saisfações pela defesa, e do condicionamento do objeto objeto por um isolamento duplamene proteor quanto quan to aos efeitos de destruição que o conotam, ou seja, um amálgama de odos os defeitos da reação de objeo, para mosrar os moivos da 4.
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extrema dependênca que resuta dela para o sujeito. Quadro que seria útil, a despeito de sua tendênca à confusão, se não parecesse parecesse feto para servir de negativo do estlo água-com-açúcar "da passagem da forma prégenta à forma genital, onde as pusões "já não assumem o caráter de necessdade de posse incoercível, ilmtada, ncondiciona, que comporta um aspecto destrutivo. Eas são verdadeiramente teas, amorosas, e, se o sujeito nem por sso se mostra obatvo, isto é, desinteressado, e se esses objetos (neste ponto, o autor se lembra de meus comentários) "são tão ntrnsecamente objetos narcísicos quanto no caso anterior, aqui ele é capaz de compreensão e de adaptação ao outro. Aliás, a estrutura íntima dessas relações objetais mostra que a partcipação do objeto em seu própro prazer é indispen sáve para a feicdade do sujeito. As convenências, os desejos e as necessdades do objeto (que salada!)3 são evados em consideração no mas ato grau . Isso não mpede, contudo, que "o Eu tenha aqui uma estab idade que não corre o risco de ser comprometda pela perda de um Objeto sgnificativo Ele permanece independente de seus objetos. "Sua organização é tal que o modo de pensamento que ee utlza é essencialmente lógco. Ele não exbe espontaneamente uma regressão a um modo de apreensão da realdade que seja arcaco, o pensamento afetivo e a crença mágica desempenham nele apenas um pape p ape absoutamente secundário, e a simbolização simbolização não ultrapassa, em extensão e importânca, o que ela é na vida habitual (!!)_ O esto das reações entre o sujeito e o objeto é dos mas evouídos (sic)." Es o que se promete àquees que, "ao fm de uma análse bem sucedida sucedida ( ..), ..), apercebem-se da enorme diferença entre o que eles outrora acredtavam ser a aegria sexual e aqulo que expermentam agora agora . É compreensível que, para os que têm de saída essa alegra, "a relação relação genita seja, em suma, suma, desprovda desprovda de hstór hstória ia [21 [2 1 ] Sem outra históra senão a de se conjugar irresistvemente no verbo "bater com o traveseiro no lustre, cujo lugar nos parece marcado aqu para o futuro escoliasta, por encontrar nisso sua etea oportunidade. 3 Parênteses do auor do presene relatório.
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5 Se S e d e fao fao é preciso preciso seguir Abraham quando ele nos apresena a relação de objeo como ipicamene demonsrada na aividade do colecionador, talvez sua regra não se dê nessa aninomia edificante, mas deva anes ser buscada em algum impasse cons titutivo do deseo como tal. O que faz o objeo apresentarse como quebrado e decomposo talvez seja algo diferente de um faor paológico E que em a ver com o real esse hino absurdo à harmonia do genital? Convirá riscar de nossa experiência o drama do edipianismo, quando por Freud ele teve de ser forjado usamene para explicar as barreiras e as degradações (Emiedrigungen) que são o que há de mais banal na vida amorosa, mesmo a mais realizada? Caberá a nós camuflar Eros, o Deus negro, de caeirinho do Bom Pasor? A sublimação decero é empregada na oblação que se irradia do amor, mas dediquemonos a ir um pouco mais longe na esruura do sublime, e que não o confundamos, coisa a que Freud, sempre acusa de falso, com o orgasmo perfeito. O pior é que as almas que se derramam na mais natural eura acabam se perguntando se saisfazem a normalidade delirane da relação relação genital genital fardo inédio inédio que, que, a exemplo dos dos que o Evangelisa amaldiçoa, amarramos para os ombros dos inocentes. Mas ao nos lerem, se algo disso chegar a épocas em que já não se saiba a que correspondiam na práica essas efervescentes colocações, poderão imaginar que nossa arte se dedicava a reavivar reavivar a fome sexual sexual em retardado retardadoss da glândula para cuja fisiologia, no enano, não contribuímos em nada, e por haver feito de fao, muio pouco para conhecê-la. É preciso que haja ao menos três faces em uma pirâmide, ainda que de heresia. A que fecha o diedro aqui descrito na hiância da concepção da ransferência se esforça, por assim dizer, por lhe junar as bordas. Se a transferência reira sua virtude do ser reconduzida à realidade da qual o analisa é o represenane, e se se traa de fazer o Objeto amadurecer na esufa de uma situação confinada, á não resa ao analisado senão um objeto, se nos permiem a expressão, em que fincar os denes, e ese é o analisa. Daí a noção de inrojeção inersubeiva, que é nosso erceiro erro, se insalar, lamenavelmene, numa relação dual 6.
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Pois traase mesmo de uma via unitiva, da qual os diversos molhos eóricos que a preparam, de acordo com a ópica a que se faz referência, só podem conservar a metáfora, variandoa conforme o nível de operação considerado sério: introjeção, em Ferenczi, idenificação com o Supereu do analista, em Strachey, e transe narcísico terminal, em Balint. Tencionamos chamar aenção para a substância dessa consumação mística, e se mais uma vez temos que denunciar o que acontece à nossa porta, é por sabermos que a experiência experi ência analítica exrai sua força do paricular Assim é que a importância dada no tratameno à fanasia de devoração fálica suprida pela imagem do analista parece-nos digna de ser destacada, em sua coerência com uma direção da análise que a faz caber inteira na disposição da distância entre o paciente e o analisa como objeto da relação dual. Pois, a despeio da debilidade da teoria com que um autor sistematize sua écnica, nem por isso ele deixa de analisar realmente, e a coerência revelada no erro consiui aqui o garane de que efetivamente se toma o bonde errado. É a função privilegiada do significante falo no modo de presença do sujeio no desejo que se ilustra aqui, mas numa experiência que podemos chamar de cega isso, por falta de qualquer orientação sobre as verdadeiras relações da siuação analíica, a qual, do mesmo modo que qualquer outra siuação em que se fale, só pode, ao querer inscrevêlo numa relação dual, ser destroçada. Sendo desconhecida, não sem motivo, a natureza da incorpo ração simbólica, e não havendo possibilidade de que se consuma seja o que for de real na análise, evidenciase, pelas balizas elemenares de meu ensino, que nada mais pode ser reconhecido senão de imaginário naquilo que se produz. Pois não é necessário conhecer a plana de uma casa para bater a cabeça contra as paredes para isso, aliás, prescinde-se muito bem dela. Eu mesmo indiquei a esse auor, numa época em que deba tíamos entre nós, que, em se ficando preso a uma relação imaginária entre os objetos, restava apenas a dimensão da dis tância para poder ordená-la Isso não esava na visada em que ele abunda em seus pareceres. Fazer da distância a única dimensão em que se articulam as relações do neurótico com o objeto gera conradições insuperá
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veis, que são bastante disceíveis, tanto no interior do sistema quanto na direção oposta que autores diferentes extraem da mesma metáfora para organizar suas impressões. As distâncias excessiva ou insuficiente do objeto parecem, às vezes, confun dir-se a ponto de se embaralhar. E não era a distância do objeto, mas sua intimidade grande demais no sujeito, que parecia a Ferenczi caracterizar o neurótico. O que decide sobre o que cada um quer dizer é sua utilização técnica, e a técnica do rapprocher, por mais impagáve que seja o efeito desse termo, não traduzido, numa exposição em ingês, revela na prática uma tendência que confina na obsessão. É difíci acreditar que o ideal prescrito na redução dessa distância a zero (nil em ingês) não deixe seu autor perceber que nisso se concentra seu paradoxo teórico Seja como for, não há dúvida de que essa distância é tomada por um parâmetro universa, regendo as variações da técnica (por mais extravagante que se afigure o debate sobre a amplitude delas) em prol do desmantelamento da neurose. O que ta concepção deve às condições especiais da neurose obsessiva não deve ser coocado por inteiro do ado do objeto. Nem sequer parece haver, no ro de suas reaizações, um privilégio a destacar dos resultados que ea obteria na neurose obsessiva. obse ssiva. Pois, se como a Kris nos é permitido citar citar uma análise retomada na condição de segundo anaista, anaista, podemos po demos testemunhar que tal técnica, na qual o talento não deve ser contestado, acabou provocando, num caso clínico de pura obsessão num homem, a irrupção de um enamoramento não menos desmedido por ser patônico, e que não se revelou menos irredutíve por ter-se exercido, depois do primeiro, sobre os obetos do mesmo sexo a seu alcance. Faar de perversão transitória pode satisfazer aqui um otimis mo ativo, mas ao preço de se reconhecer, nessa restauração atípica do terceiro da reação, excessivamente negligenciado, que convém não puxar demais para o recurso da proximidade na relação com o objeto 7. Não há limite para os desgastes da técnica por sua descon ceituação. Já fizemos referência aos ao s achados de uma certa análise selvagem a respeito dos quais foi doloroso nosso espanto que
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nenhuma supervisão se alarmasse. Poder sentir 14 o odor do analista apareceu num trabalho como uma realização a ser tomada tomada ao pé da letra, para assinalar a saída exitosa da transferência. Podemos disceir aí uma espécie de humor involuntário que é o que dá valor a esse exemplo. Ele teria encantado Jarry. Tratase apenas, em suma, da conseqüência previsível de tomar ao real o desenvolvimento da situação analítica e é verdade que, afora a gustação, o olfativo é a única dimensão que permite reduzir a zero (nil) a distância, dessa vez no real. O indício a encontrar nele para a direção do tratamento e os princípios de seu poder é mais duvidoso Mas, que um odor de gaiola vagueie por uma técnica que se conduz "pelo faro , como se costuma costuma dizer, não é apenas um um traço de ridículo. Os alunos de meu seminário estão lembrados do odor de urina que marcou o momento decisivo de um caso de perversão transitória, transitória, no qual qua l nos detivemos em prol da crítica dessa técnica. Não se pode dizer que ele não tenha tido ligação com o acidente que motivou a observação, já que foi ao espiar uma mulher que urinava, através do tabique de um water que, súbito, o paciente transmudou sua libido, sem que nada, ao que parecia, o predestinasse a isso, porquanto as emoções infantis ligadas à fantasia da mãe fálica haviam assumido até então as feições da fobia [23]. Mas essa não é uma ligação direta, assim como não seria correto ver nesse voyeurismo uma inversão da exibição implicada na atipia da fobia, no diagnóstico muito precisamente formulado: sob a angústia do paciente de ser ridicularizado por sua estatura demasiadamente grande. Como dissemos, a analista a quem devemos essa notável publicação deu mostras de rara perspicácia, retoando, até a exaustão, à interpretação que dera de uma cera ce ra armadura surgida surgida num sonho, em posição de perseguidor, e, ainda por cima, armada com uma bomba de Flit, como sendo um símbolo da mãe fálica. Não Não deveri deveriaa eu ter, ter, antes antes,, falado falado do pai? pergu pergunta ntase se ela. ela. E justifica ter-se desviado disso pela carência do pai real na história do paciente.
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Vale notar que entir ( cheirar" cheirar" em fancês) tem também a acepção de suportar suportar"" ou tol tolerar erar"" , como no coloquialismo ne pas pouvoir pouvo ir entir quelqu 'un. (N.E.
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Meus alunos hão de aqui deplorar que o ensino de meu seminário não tenha podido ajudála na época, á que eles sabem com base em que princípios lhes ensinei a distinguir o obeo fóbico como significane para odo uso, para suprir a fala do Ouro, e o fetiche fundamental de toda perversão como obeo percebido no corte do significane. Na falta disso, por que não se lembrou essa novaa talenosa do diálogo das armaduras no Discours sur le peu de réalité, de André Breon? Isso a eria colocado no trilho. Mas, como esperálo, quando essa análise recebia na super visão uma orientação que a fazia pender para uma pressão consante no sentido de reconduzir o paciene à siuação real? Como nos espanarmos com o fao de, ao conrário da rainha da Espanha, a analista ter peas, quando ela mesma o enfatizava na rdeza de seus chamamentos à ordem do presente? É claro que al procedimeno não deixou de ter a ver com o desfecho benigno do acting out aqui examinado, uma vez que também a analista, aliás consciente disso, viu-se permanene mente numa inervenção castradora. Mas, sendo assim, por que atribuir esse papel à mãe, da qual tudo indica, na anamnese dessa observação, que ela sempre funcionou mais como alcovieira? O Édipo faloso foi compensado, mas sempre sob a forma, aqui de desconcerante ingenuidade, por uma invocação oal mente forçada, senão arbitrária, da pessoa do marido da analisa, no caso favorecida pelo fato de, sendo ele mesmo psiquiara, er sido ele quem lhe foeceu esse paciene. Essa não é uma circunstância comum. De qualquer modo, deve ser recusada como exterior à siuação analíica Os desvios imperdoáveis do raameno não são em si o que cria reservas quanto a seu desfecho, e o humor, provavelmene não sem malícia, dos honorários surrupiados da úlima sessão como preço pelo estupro, não é um augúrio nada mau para o fuuro. A quesão que podemos levantar é a do limite enre a análise e a reeducação, quando seu próprio processo é norteado por uma soliciação preponderane de suas incidências reais Coisa que se vê ao comparar, nessa observação, os dados da biografia com as formações ransferenciais: a contribuição do deciframeno do inconsciente é realmene mnima. A pono de nos pergunarmos se sua maior pare não permanece intaca no enquisameno do enigma que, sob o rótulo de perversão ransitória, é obeo dessa insrtiva comunicação.
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8. Que o eitor não analista não se engane: nada disto é paa depeciar um tabalho que qu e o epteto vigiiano improbus qualifica com justeza. Não temos outro desgnio senão o de advertir os analistas sobe o deslizamento sofrdo por sua técnica quando se desco nhece o verdadeio ugar em que se poduzem seus efeitos. ncansáveis na tentativa de defini-a não podemos dizer que, encerrandose em posições de modéstia e até mesmo guiandose por ficções a experiência que eles desenvolvem seja sempre infecunda. As pesquisas genéticas e a observação dieta longe estão de estar desvinculadas de um ânimo propriamente anatico. E, por havemos nós mesmos retomado, num ano de nosso seminário, os temas da relação de objeto mostramos o valo de uma concepção em que a observação da ciança se nutre da mais precisa reformulação da função dos cuidados mateos na gênese do objeto: objeto : referimon referimonos os à noção de objet objetoo tansicio tansicional nal introduzida po D.W. Winnicott, ponto-chave paa a explicação da gênese do fetichismo [27]. A verdade é que as flagrantes incertezas da leitura dos gandes conceitos freudianos são correlatas às faquezas que oneram o labo prático Queremos deixar clao que é na medida dos impasses expe rimentados para captar sua ação em sua autenticidade que os pesquisadoes, assim como os gupos acabam po foçála no sentido do execício de um poder. Esse poder ees o substituem pea relação com o se em que se dá essa ação fazendo com que seus meios nomeadamente os da faa, decaiam de sua eminência verdica. Eis por que é eamente uma espécie espéc ie de retoo do recalcado, po mais estanho que seja que faz com que, das petensões menos incinadas a se preocupa com a dignidade desses meios eleve-se a algaravia do ecurso ao se como a um dado do rea quando o discuso que ali impea rejeita qualque interrogação que uma estupenda mediocrdade já não tenha reconhecido. IV. Como agir com eu er 1 É muito cedo na históia da anáise que aparece a questão do ser do analista. Que isso se dê atavés daquele que foi o mais
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aormentado pelo problema da ação analíica não é de nos surpreender. Com efeio, podese dizer que o arigo de Ferenczi intitula intitulado do Inrojeçã Inrojeção o e ransf ransferênc erência ia" " , datado datado de 1 909 [3], [3] , é inaugural nesse aspeco e se anecipa de longe a odos os emas posteriormente desenvolvidos da ópica Se Ferenczi concebe a transferência como a introjeção da pessoa do médico na economia subjeiva, já não se traa aqui dessa pessoa como suporte de uma compulsão repeitiva, de uma condua inadap inadaptad tada, a, ou o u como figur fi guraa de uma u ma fantasia. Ele enende enende com isso a absorção, na economia do sujeito, de udo o que o psicanalisa presenifica no duo como hic et nunc de uma problemática encaada. Pois não chega esse autor ao exremo de aricular que a conclusão da análise só pode ser aingida na declaração que o médico faz ao doene do abandono que ele mesmo está em vias de sofrer? 5 2. Será preciso pagar com esse preço em comicidade para que simplesmente se veja reconhecida a falta-a-ser do sujeito como o cee da experiência analtica, como o campo mesmo em que se exibe a paixão do neurótico? Exceuado esse núcleo da escola húngara, de archotes hoje dispersos e logo transformados em cinzas, somene os ingleses, em sua fria objetividade, souberam articular a hiância que o neurótico atesta ao querer jusificar sua exisência, e, com isso, souberam implicitamene distinguir da relação inter-humana, de seu calor e seus engodos, a relação com o Ouro onde o ser encontra seu satus Basta-nos citar Ella Sharpe e seus comentários perinentes ao acompanhar as verdadeiras preocupações do neurótico [24] A força deles encontra-se numa espécie de ingenuidade que se reete nas asperezas, jusificadamene célebres, de seu esilo de erapeuta e escrtora. Não é um raço corriqueiro que ela chegue aé mesmo à osenação, na exigência que impõe de uma onis ciência ao analisa para ler corretamene as intenções dos dis cursos do analisado.
5 Retcação do exto na antepenúltma ase e na primeira linha do parágrafo
seguinte ( 966).
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Devemos reconhecerhe o mérito de colocar em primeiro lugar nas escoas do praticante uma cutura literária, mesmo que ea não pareça perceber que, na lista de leituras mínimas que hes propõe, predominam as obras da imaginação em que o significante do falo desempenha um papel central, sob um véu transparente transparente Isso Isso apenas apenas prova que a escolha é tão menos guiada pela experiência quanto é feliz a indicação de princípio 3. Autóctones ou não, foi ainda pelos ingleses que o fim da análise foi f oi mais categoricamente categoricamente definido atravé atravéss da identificação do sujeito com o anaista Certamente, varia a opinião quanto a ser de seu Eu ou de seu Supereu que se trata Não se domina com tanta faciidade a estrtura que Freud destacou no sujeito, quando nea não se distingue o simbóico do imaginário e do real Diga Dig amos apenas apenas que não se s e forjam colocações tão apropriada apropriadass para chocar sem que alguma coisa pressione aqueles que as formulam A diaética dos objetos fantasísticos promovida na prática por Melanie Klein tende a se traduzir, na teoria, em termos de identificação É que esses objetos, parciais ou não, mas seguramente signi ficantes o seio, o excremento, o fao , , o sujeito sujeito decerto decerto os ganha ou os perde, é destruído por eles ou os preserva, mas, acima de tudo, ele é esses objetos, conforme o lugar em que eles funcionem em sua fantasia fundamenta, e esse modo de identificação só faz mostrar a patoogia da propensão a que é impelido o sujeito num mundo em que suas necessidades são reduzidas a valores de troca, só encontrando essa mesma pro pensão sua possibilidade radical pela mortificação que o signi ficante impõe à sua vida numerandoa 4. Ao que parece, o psicanaista, simpesmente para ajudar o sujeito, deveria estar a savo dessa patologia, que, como vemos, não se insere em nada menos do que uma ei férrea É justamente por isso que se imagina que o psicanaista deva ser um homem feliz Não é a felicidade, aliás, que se vai pedirlhe? E como lhe seria possível dá-a se não tivesse um pouco dela, diz o bom senso? É fato que não nos recusamos a prometer a feicidade, numa época em que a questão de sua medida se complicou: antes de
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mais nada porque a felicidade, como disse SaintJust, toouse um fator da política. Sejamos justos: o progresso humanista, de Aristóteles a são Francisco (de Sales), não satisfez as aporias da felicidade Perde-se tempo, como sabemos, procurando a camisa de um homem feliz, e aquilo a que se chama uma sombra feliz deve ser evitado, pelos males que propaga. É realmente realmente na relação com o ser que o analista tem de assumir seu nível operatório, e as chances que para esse fim lhe oferece a análise didática não devem ser calculadas apenas em função do problema supostamente já resolvido pelo analista que o guia nela Há desventuras do ser que a prudência dos colégios e o falso pudor que garante as dominações não ousam suprimir deles mesmos Cabe Cabe formular uma ética que integre as conquistas freudianas freudianas sobre o desejo para colocar em seu vértice a questão do desejo do analista. 5 A decadência que marca a especulação analítica, especialmente nessa ordem, não tem como não causar impacto, simplesmente ao sermos sensíveis à ressonância dos trabalhos antigos. De tanto compreender um monte de coisas, os analistas em geral imaginam que compreender é um fim em si e que só pode ser um happy end. O exemplo da ciência física, no entanto, pode mostrarlhes que os mais grandiosos sucessos não implicam que se saiba aonde se está indo. Muitas vezes, mais vale não compreender para pensar, e é possível percorrer léguas compreendendo sem que disso resulte o menor pensamento. Foi justamente esse o ponto de partida dos behavioristas: renunciar a compreender. Mas, na falta de qualquer outro pen samento samento numa numa matér matéria ia a nossa, nossa, que é a antiphysis , eles tenderam a se servir, sem compreendê-lo, daquilo que compreen demos: ensejo, para nós, de um resgate de orgulho. Uma amostra do que somos capazes de produzir em matéria de moral é dada pela noção de oblatividade Essa é uma fantasia de obsessivo, em si incompreendida tudo para o outro, meu semelhante, é o que se profere, sem reconhecer nisso a angústia que o Outro (com maiúscula) inspira por não ser um semelhante
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Não pretendemos ensnar aos psicanaistas o que é pensar. Ees o sabem. Mas não é que o tenham compreenddo por si. Aprenderam essa lição com os pscólogos O pensamento é uma enativa de ação, repeem eles gentimente. (O próprio Freud cai nessa esparrela, o que não o impede de ser um pensador rigoroso e cua ação se consuma no pensamento.) A bem da verdade, o pensameno dos analsas é uma ação que se desfaz. O que dexa uma cera esperança de que, se os fizermos pensar nsso, ees, ao retomá-la, acabem repensandoa. 7 O anaisa é o homem a quem se fala e a quem se faa lvremene. Está ai para isso. E o que sso quer dzer? Tudo o que se pode dzer sobre a assocação de idéas não passa de um figurno fi gurno pscoogista Os ogos de paavras nduzidos nduzidos á vão longe ; aiás, aiás , a ulgar por seu protocolo, nada é menos ivre. O sueito convdado a falar na análise não mostra naquilo que dz, para dzer a verdade, uma iberdade muito grande. Não que ee seja agrilhoado peo rgor de suas associações: elas decerto o oprimem, mas é que, antes, desembocam numa fala ivre, numa faa pena que lhe seria penosa. Nada é mas emível do que dzer ago que possa ser verda dero Pos logo se transformara nsso, se o fosse, e Deus sabe o que acontece quando aguma cosa, por ser verdadeira, já não pode recair na dúvida. Será esse o procedmento da anáise, anái se, um progresso da verdade? verdade ? Já escuto os coxas-grossas a murmurarem sobre mnhas análises nteectualstas, quando sou o primero, ao que eu saba, a preservar neas o indzíve. Que sea para-aém do discurso que se acomoda nossa escuta, sei disso mehor do que nnguém, quando simpesmente tomo o caminho de ouvr, e não de auscutar. Sim, isso mesmo, não de auscutar a resstência, a ensão, o opistótono, a paidez, a descarga de adrenalna (sic) em que se reconsiuria um Eu mas fore (resic): o que escuo é por ouvr. 1 6
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Entendement, n o oiginal, que em a acepção de forma orma discursva do pensamento" , além além de estar estar ligado ao vebo vebo entendre (usado logo a seguir seg uir), ), que
sgnifca ouvir" e tamb também ém entende entender, r, capt captar ar,, reconhecer reconhecer"" etc. (NE (N E. .
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Ouvir não me força a compreender. O que ouço não deixa de ser um discurso, mesmo que ão pouco dscursivo quano uma inerjeção. Pois uma interjeição é da ordem da linguagem, e não do grio expressivo. É uma pare do discurso que não cede a nenhuma outra no que tange aos efetos de sinaxe numa língua deerminada. Naquio que ouço, sem dúvida, nada enho a replicar, se nada compreendo dsso ou se, ao compreender algo, enho certeza de estar enganado. Isso não me impediria de responder É o que se faz, fora da anáise, em casos similares. Eu me calo Todos concordam em que frustro o falante, e ele em primeiríssimo ugar, assim como eu. Por quê? Se eu o frustro, é que ele me demanda alguma coisa. Que eu lhe responda, justamene. Mas ee sabe muito bem que isso seriam apenas palavras. Tais como as recebe de quem quser. Ele nem em cereza de que me seria grato pelas boas palavras, muio menos peas ruins Essas paavras não são o que ele me pede Ele me pede.. pelo fato de que fala: sua demanda é ntransiiva, não impica nenhum objeto. É claro que sua demanda se manfesta no campo de uma demanda implícta, aquela pela qua ee está ali de ser curado, de ser revelado revelado a si mesmo, de ser evado a conhecer a psicanáise, de ser habiiado como analista Mas essa demanda, ele sabe, pode esperar Sua demanda aua nada tem a ver com isso, nem sequer é dele, pois, afna, fu eu que lhe fiz a oferta de falar (Somente o sujeio é ransiivo aqui) Consegui, em suma, aquio que se gostara, no campo do comércio comum, de poder reaizar com a mesma faciidade: com a ofera, criei a demanda 8 Mas trata-se de uma demanda, por assm dizer, radical Sem dúvida a sra. Macapne tem razão em querer buscar na simples simples regra analítca o moor da transferênca. Mas M as anda and a assim ea se extrava, ao aponar na ausência de quaquer objeo a porta aberta para a regressão nfantl [24]. Isso mas seria um obstáculo, pos odos sabem, e os pscanaisas de crianças em prmeiro ugar, que é precso um bocado de pequenos objetos para maner uma reação com a crança. Por inermédio da demanda, todo o passado se enreabre, aé recôndios da primeira infância Demandar: o sujeto nunca fez outra coisa, só pôde vver por isso, e nós entramos na seqüênca.
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É por essa via que a regressão analítca pode se produzr e que de fato se apresenta. Fala-se dela como se o sueito se pusesse a bancar a crança Sem dúvda isso acontece, e essa momce não é do melhor augúro De qualquer modo, ela sai do que é comumente observado no que é tido por regressão. Pois a regressão não mostra outra coisa senão o retoo, no presente, de sgnficantes comuns, em demandas para as quais há uma prescrição. 9 Voltanto ao ponto de partda, essa situação explca a transfe rênca prmára e o amor em que ela às vezes se declara Pois, se o amor é dar o que não se tem, é verdade que o sujeito pode esperar que sso lhe sea dado, uma vez que o pscanalista nada mas tem a lhe dar Mas nem mesmo esse nada ele lhe dá, e é bom que sea assim: e é por sso que se paga a ele por esse nada, e generosamente, de preferênca, para deixar bem claro que, de outro modo, sso não valeria grande cosa Mas, se na maora das vezes a transferência prmára man tém-se no estado de sombra, não é sso que impede essa sombra de sonhar e de reproduzir sua demanda, quando não há mais nada a demandar. Essa demanda, por ser vazia, será anda mais pura Observase que o analista, no entanto, dá sua presença, mas creo que a prncípo ela é apenas a implicação de sua escuta, e que esta é apenas a condção da fala Aliás, por que exgiria a técnica que ele a fzesse tão discreta, se assm não fosse? É mais tarde que sua presença se faz notar Além do mais, o sentmento mais agudo de sua presença está lgado a um momento em que o sujeito só pode se calar, isto é, em que recua até mesmo ante a sombra da demanda. Assm, o analsta é aquele que sustenta a demanda, não, como se costuma dzer, para frustrar o sueto, mas para que reapareçam os signfcantes em que sua frustração está retda Ora, convém lembrar que é na demanda mas antiga que se produz a identificação prmária, aquela que se efetua pela on potênca matea, ou seja, a que não apenas toa dependente do aparelho sgnificante a satisfação das necessidades, mas que as fragmenta, as filtra e as molda nos desflamentos da estrutura do sgnificante 10.
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As necessidades subordinam-se às mesmas condições conven cionais que são próprias do significante em seu duplo regisro sincrônic sincrônico, o, de oposição oposição enre element elementos os irredutív irredutíveis, eis, e dia crônico, de substiuição e combinação , pelas quais a linguagem, se certamente não preenche tudo, estrutura a totalidade da relação inter-humana. inter-humana. Daí a oscilação oscilação que se observa observa nas colocações colocações de Freud sobre as relações entre o Supereu e a realidade O Supereu não é, evidentemente, a fonte da realidade, como ele diz em algum lugar, mas rastreia suas vias, anes de se enconrar enconrar no inconsciente as primeiras marcas ideais em que as tendências se consiuem como recalcadas, na subsituição das necessidades pelo signifi cane. 1 Não Não há qualquer qualquer necessidad necessidade, e, portanto, de ir ir buscar mais mai s longe long e a mola da identificação identificação com o analisa. Ela pode p ode ser s er muito variada, mas será sempre uma idenificação com significantes. À medida que se desenvolve uma análise, o analista lida aleadamene com odas as articulações da demanda do sujeito Mas só deve, como diremos mais adiane, responder aí a parir da posição da transferência. Quem não frisa, além do d o mais, a importância do que se poderia chamar de hipótese permissiva da análise? Mas não é preciso um regime político particular para que o que não é proibido se oe obrigaório. Os analisas analisas que podemos chamar de fascinados pelas seqüelas da frustração aêmse tão-somene a uma postura de sugesão, que reduz o sujeio a repassar sua demanda. Sem dúvida é isso que se enende por reeducação emocional. A bondade é decerto mais necessária ali do que em outros lugares, mas não em como curar o mal que engendra O analisa que quer o bem do sujeito repee aquilo em que ele foi formado, e até, ocasionalmente, deformado. A mais aberrane educação nunca teve outro moivo senão o bem do sujeio Concebese uma eoria da análise que, conrariando a delicada ariculação da análise de Freud, reduz ao medo a mola dos sinomas. Ela engendra uma prática onde se imprime o que alhures chamei de figura obscena obscena e feroz do Supereu, onde não há oura saída para a neurose de ransferência senão fazer o doente sentar para lhe mostrar pela janela os aspecos risonhos
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da naureza, dizendo-lhe: "Vá em frente Agora você é um menino comportado [22]. V. É preso omar o desejo ao pé da le Um sonho, afinal, é apenas um sonho, ouvese dier hoe em dia [22]. Não significa nada que Freud nele enha reconhecido o desejo? O desejo, não as tendências Pois é preciso ler a Tudeutung para saber o que quer dizer o que Freud chama ali de desejo. É preciso nos deermos no vocábulo Wunsch e no Wish que o traduz em inglês para disinguilos do deseo, quando o ruído de petardo molhado em que eles se fundem não evoca nada menos do que a concupiscência. São votos. Esses voos podem ser piedosos, nostálgicos, incômodos, brincalhões. Uma senhora pode ter um sonho que não é movido por outro deseo senão o de dar a Freud, que lhe expôs a teoria de que o sonho é um deseo, a prova de que não é nada disso. O aspeco a reter em mente é que esse desejo se articula num discurso muito ardiloso Porém Poré m não menos imporante é perceber as conseqüências de Freud se saisfazer em reconhecer ali o deseo do sonho e a confirmação de sua lei pelo que quer dizer o deseo em seu pensameno. Pois ele leva mais longe sua excenricidade, uma vez que um sonho de punição pode, em sua opinião, significar o desejo daquilo que a punição reprime Não nos detenhamos nas etiquetas etiqueta s das gavetas, embora muitos os confundam com o fruto da ciência. Leiamos Leiamos os extos; extos ; sigamos o pensamento de Freud nos meandros que ele nos impõe e aos quais, não nos esqueçamos, deplorando-os ele próprio frene a um ideal do discurso científico, Freud afirma ter sido forçado por seu obetoY Vemos então que al objeto é idênico a esses meandros, pois, na primeira curva de sua esrada, Freud desemboca, no que ange 1.
Cf. a Cata Cata 1 18 ( 1 1.09. 1.09. 1899) 1899) a Fliess, em Aus den Anfngen Londres, Imago [Cf J.M. Masson org.), A correspondênca completa de Sgmund Freud par Wilhelm Fliess, 1887-1904, Rio de Janeio !mago 1986 (N.E)] 17.
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ao sonho de uma histérica, no fato de que nele se satisfaz por desocamento aqui, precisamente por alusão ao desejo de uma outra um desejo desejo da véspera, que é sustentado sustentado em sua posição posição eminente eminente por um desejo desejo de ordem bem diversa, na medida em que Freud o ordena como o desejo de ter um desejo insatisfeito [7] 1 8 Contemos o número de remissões exercidas aqui para elevar o desejo a uma potência geometricamente crescente Um único ndice não bastaria para caracterizar caracterizar seu grau. É que seria preciso distinguir duas duas dimensões nessas remissões: um desejo de desejo, de sejo, ou seja, um desejo significado por um desejo (o desejo da histérica de ter um desejo insatisfeito é significado sig nificado por seu desejo de caviar: o desejo de caviar é seu significante), inscrevese no registro diferente de um desejo que substitui um desejo (no sonho, o desejo de salmão defumado próprio da amiga vem substitur o desejo de caviar da paciente, o que constitui a substituição de um significante por um significante). 19 2 O que assim encontramos encontramos nada tem de microscópico, tal como não há necessidade de instrumentos especiais para reconhecer que a folha tem os traços de estrutura da panta de que é destacada. Mesmo nunca tendo visto senão pantas desprovidas de folhas, perceber-seia prontamente que é mais mais verossímil que uma um a folha seja uma parte da panta do que um pedaço de pele. O desejo do sonho da histérica, bem como quaquer coisinha de nada no lugar dee nesse texto de Freud, resume o que o ivro inteiro explica sobre os chamados mecanismos inconscientes, condensação, condensação, desizamento desizamento etc., etc. , atestando atestando sua estrutura comum, com um, qual seja, a reação do desejo com essa marca da inguagem, que especifica o inconsciente freudiano e descentra nossa con cepção do sujeito. 18
Eis esse sonho tal como é consignado, a partir do reao que dee fa a paciente, na página !52 das GW, 11-II 1 1-III: I: Quero ofer oferece ecerr um jantar Mas só me resa um pouco de salmão defumado Tenho a idéia de fazer compras, mas me embro que é domingo à arde e que odas as loas estão fechadas Dgo a mim mesma que vou telefonar para alguns fornecedores Mas o telefone está com defeio Assm tenho que renunciar à minha vontade de oferecer um antar." 19 No que Freud motiva a denificação hisérica, esclarecendo que o salmão defumado desempenha para a amiga o mesmo papel que o caviar desempenha para a paciente
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Creio que meus alunos apreciarão o acesso que propicio aqui à oposição fundamental entre o significante e o signicado, na qual les demonstro que começam os poderes da linguagem, não sem que, ao conceber o exercício dela, eu lhes dê pano para para manga. Relembro o automatismo das leis pelas quais se articulam, na cadeia significante: a) a substituição de um termo por outro para produzir o efeito de metáfora; b) a combinação de um termo com outro para produzir o efeito efeito de metoním metonímia ia [ 1 7]. Apliquemolas aqui e veremos evidenciar-se que enquanto, no sono de nossa paciente, o salmão defumado, objeto do desejo de sua amiga, é tudo o que ela tem a oferecer, Freud, ao afirmar que o salmão defumado é aqui um substituto do caviar, que aliás ele toma como o significante do desejo da paciente, propõenos o sonho como metáfora do desejo. Mas, que é a metáfora senão um efeito de sentido positivo, isto é, uma certa passagem do sujeito ao sentido do desejo? Sendo o desejo do sujeito apresentado aqui como aquilo que seu discurso (consciente) implica, isto é, como pré-consciente dado que é óbvio, já que o marido está dispos disposto to a le satisfazer satisfazer o desejo, porém a paciente, que o convenceu da existência desse desejo, faz questão de que ele não faça nada disso, mas dado que também é preciso ser Freud para articular como o desejo de ter um desejo insatisfeito insatisfeito , persiste persiste o fato de que é preciso preciso ir mais além para saber o que tal desejo quer dizer no incons ciente. Ora, o sono não é o inconsciente, e sim, como nos diz Freud, sua via régia O ue nos confirma que é pelo efeito da metáfora que ele procede E esse efeito que o sonho desvenda. Para quem? Voltaremos a isso dentro em pouco. Por ora, vejamos que, se o desejo é expresso como insatisfeito, ele o é pelo significante caviar" , na medida em que esse significante o simboliza como inacessível; mas, a partir do momento em que ele desliza como desejo no caviar, o desejo de caviar é sua metonímia, toada necessária pela falta-aser a que ele se atém. A metonímia, como les ensino, é o efeito possibilitado por não aver nenuma significação que não remeta a outra signi ficação, e no qual se produz o denominador mais comum entre
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elas, ou seja, o pouco de sentdo (comumente confunddo com o nsgnfcante), o pouco de sentdo, dgo eu, que se revela no fundamento do desejo e lhe confere o toque de perversão que é tentador denuncar na hstera atual O verdadero dessa aparênca é que o desejo é a metoníma da falta-a-ser. 3. Voltemos agora ao lvro chamado A czencia dos sonhos (Traumdeutung): sobretudo mântca, ou melhor, sgnfcânca Freud não pretende al, em absoluto, esgotar do sonho os problemas pscológcos Basta lê-lo para constatar que em pro blemas pouco explorados (contnuam raras, senão pobres, as pesqusas sobre o espaço e o tempo no sonho, sobre seu estofo sensoral, sonho sonho em cores cores ou atonal atonal e o odorífero, odorífero, o saboroso saboroso e a ptada táctl porventura entram nele, se o vertgnoso, o túrgdo e o pesado al estão?) Freud não toca Dzer que a doutrna freudana é uma pscologa é um grossero equívoco. Freud está longe de almentar esse equívoco. Adverte-nos, ao contráro, de que no sonho só lhe nteressa a elaboração. Que quer dzer sso? Exatamente o que traduzmos por sua estrutura de lnguagem Como tera Freud reparado nela, uma vez que essa estrutura, por Ferdnand de Saussure, só depos fo artcu lada? Se ela recobre seus própros termos, só faz ser mas espantoso que Freud a tenha antecpado Mas, onde fo que ele a descobru? Num uxo sgnfcante cujo mstéro consste em que o sujeto não sabe sequer fngr que é seu organzador. Fazê-lo reencontrarse nele como desejante é o nverso de fazê-lo reconhecer-se al como sujeto, pos é como que em derivação da cadea sgnfcante que corre o regato do desejo, e o sujeto deve aprovetar uma va de conuênca para nela surpreender seu própro feedback. O desejo só faz sujetar o que a análse subjetva. 4 E sso nos leva à pergunta dexada em suspenso mas acma: a quem o sonho desvenda seu sentdo antes que chegue o analsta? Esse sentdo preexste preexste à letura letur a dele e à cênca de sua decfração Ambos demonstram que o sonho é feto para o reconhec mento.. mento.. mas nossa voz fraqueja em conclur do desejo. Pos o desejo, se Freud dz a verdade sobre o nconscente e se a análse é necessára, só é captado na nterpretação.
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Mas, retomemos: a elaboração do sonho é alimentada pelo desejo; por que hesita nossa voz em concluir "de reconhecimen to , como se se extinguiss extinguissee a segunda palavra, palavra, que, tendo sido sido há pouco a primera, reabsorveu a outra em sua luz? É que, afinal, não é dormindo que nos fazemos reconhecer. E o sonho, diz-nos Freud, sem que pareça ver nisso a menor contradição, serve antes de mais nada nad a ao desejo de dormir. É retração narcsica narcsica da libido e desinvestimento da realidade. Aliás, sabe-se por experiência que, quando meu sonho chega a alcançar minha demanda (não à realidade, como se diz impro priamente, que pode preservar meu sono), ou àquilo que mostra aqui ser-lhe equivalente, a demanda do outro, eu desperto.
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5 Um sonho, afinal de contas, é apenas um sonho Os que hoje desdenham de sua instrumentalidade para a análise descobrram, como vimos, vias mais seguras e mais diretas para reconduzir o paciente aos bons princípios e aos desejos normais, aqueles que satisfazem necessidades verdadeiras Quais? Ora, as neces sidades de todo o mundo, meu caro! Se é isso que lhe dá medo, confie em seu psicanalista e suba na torre Eiffel para ver como Paris é bonta. Pena que haa os que pulam da balaustrada logo no prmeiro prmeiro andar, an dar, e justamente aqueles aqueles cujas necessidades foram todas reconduzidas à sua exata medida Reação terapêutica negativa, dirão. Graças a Deus, a recusa não vai tão longe em todos ! O sintoma simplesmente toa a brotar qual erva daninha, compulsão de repetição. Mas isso, é claro, não passa de um malentendido. Não se fica curado porque se rememora. Rememora-se porque se fica curado Desde que se descobriu essa fórmula, a reprodução dos sintomas já não constitu problema, mas somente a reprodução dos analistas; a dos pacientes está resolvida. Um sonho, portanto, é apenas um sonho. Podese até ler, na pena de um psicanalista que se mete a ensinar, que ele é uma produção do Eu Isso prova que não se corre grande perigo ao querer despertar os homens do sonho: ei-lo que prossegue à luz do dia, e entre aqueles que nem se comprazem em sonhar Mas, mesmo por estes, caso sejam psicanalistas, Freud, quanto ao sonho, deve ser lido, pois de outro modo não é possvel nem 6.
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compreender o que ele entende por desejo do neurótico, por recalcado, por inconsciente, por interpretação e pea própria anáise, nem chegar perto de seja á o que for de sua técnica ou de sua doutrina. Veremos os recursos do pequeno sonho que pinçamos antes para nosso propósito. Pois o desejo de nossa histérica espirtuosa (é Freud que a qualifica qualifica assim) assim) refirom refiromee a seu desejo desperto, desperto, a seu desejo de caviar é um desejo de mulher satisfeita, satisfeita, e que justamente não o quer estar. Pois seu marido açougueiro, em matéria das satisfações de que todo o mundo precisa, é bastante competente em pôr os pingos nos is, e não tem papas na íngua para dizer a um pintor que o bajua, sabe Deus com que obscuros desígnios, a respeito de sua cara interessante Que nada! um naco do traseiro de uma bela rameira, é disso que você precisa, e se você espera que eu lhe vá oferecer, você pode pendurá-lo onde estou pensando" Aí está um homem de quem uma muher não tem do que se queixar, um caráter genital e que, portanto, deve zear como convém para que a sua, quando ele a possui, depois já não precise precise se masturbar. Aiás, Freud não nos disfarça que ela é muito apaixonada peo marido e que o provoca incessantemente. Mas, vejam, ela não quer ser satisfeita apenas em suas ver dadeiras necessidades. Quer outras, gratuitas, e, para ter toda a certeza de que o são, não quer satisfazêlas Por isso, à pergunta que deseja a espirituosa açougueira?", podemos responder caviar. Mas essa resposta não é promissora, porque caviar é também o que ela não quer. 7. O que não é a totalidade de seu mistério. Longe de esse impasse aprisionála, a mulher encontra nele a liberdade de ação, a chave do campo 20 dos desejos de todas as histéricas espirituosas, açougueiras ou não, que existem no mundo. É isso que Freud apreende num daqueles relances com que surpreende o verdadeiro, desfazendo, de passagem, as abstrações que os espíritos positivistas gostam de transformar na explicação de todas as coisas: no caso, a imitação, tão cara a Tarde Devese clef du champ e a expressão gurada la 20 Lacan faz aqui um jogo ente la clef
clef clef des de s champs a iberdade de r e vr, a liberdade de ação). (N.E
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Escrito Escritos s [Écrits [Écrits - acques acques Lacan Lacan
empregar no particuar a caviha essencia 2 1 que ee foece aí da identificação histérica. Se nossa paciente se identifica com sua amiga, é por esta ser inimitável inimitáve l no desejo insatisfeito insat isfeito daquee samão, que Deus mande para o infeo! se não for Ee a defumá-lo. Assim, o sonho da paciente responde à demanda de sua amiga, que é de ir jantar na casa dea E não se sabe o que reamente a impele a isso, salvo que ai se janta bem, se não é um fato que não escapa à sensibiidade de nossa açougueira: é que seu marido sempre fala da amiga com ouvor Ora, magra do jeito que é, ea não é feita para agradá-lo, a ele que só gosta de caes roliças Não teria também ele um desejo que lhe fica atravessado, quando tudo está satisfeito? Essa é a mesma moa que, no sonho, do desejo da amiga faz o insucesso de sua demanda Pois, por mais precisamente simboizada que seja a demanda, através do acessório do telefone recém-surgido, não adianta O telefonema da paciente não dá resultado; tinha graça ver a outra engordar para que seu marido se regalasse com ela Mas, como pode uma outra ser amada (não basta, para que a paciente pense nisso, que seu marido a considere?) por um homem que não pode se satisfazer com ea (ele, o homem do naco de traseiro)? Eis a questão escarecida, que é, em termos muito gerais, a da identificação histérica. 8. É nessa questão que se transforma o sujeito aqui mesmo Com o que a muher se identifica com o homem, e a fatia de salmão defumado surge no lugar do desejo do Outro Não bastando esse desejo para nada (como receber, com essa única fatia de samão defumado, toda essa gente?), é preciso mesmo, no fim dos fins (e do sonho), que eu renuncie a meu desejo de oferecer um jantar (isto é, a minha busca do desejo do Outro, que é o segredo do meu) Deu tudo errado, e o senhor diz que o sonho é a reaização de um desejo. Como é que o senhor sai dessa, professor? dans le particulier la cheville 2 1 Usando nesse trecho a formuação faire jouer dans
essentielle. . . Lacan alude ao idiomatismo pour un trou y avoir vingt chevilles (ter resposta para tudo) e, através dele, a Gabriel Tarde sociólogo francês que escreve escreveu u em 1 890 As leis da imitação (NE.)
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Assim interpelados, faz muito tempo que os psicanalistas não respondem responde m mais havendo eles mesmos renunciado a se interrogar interroga r sobre os desejos de seus pacientes: eles os reduzem às demandas destes o que simplifica a tarefa para convetêlos nos seus próprios. Pois se essa é a via do razoável, ora, eles a adotaram Mas acontece que o desejo não se escamoteia com toda essa facilidade por ser visível demais, plantado bem no meio do palco, na mesa dos ágapes como aqui, sob a aparência de um salmão por sote um belo peixe e que é só apresentar como se faz nos restauran restaurantes tes sob uma tela na na para que a suspensão desse dess e véu se iguale àquela a que se procedia no fim dos antigos mistérios. Ser o falo, nem que seja um falo meio magrelo. Não está aí a identificação última com o significante do desejo? Isso não leva jeito de ser evidente no que concee a uma mulher e há entre nós quem prefira não ter mais nada a ver com esse logogrifo. Será que vamos ter que soletrar o papel do significante só para nos vermos às voltas com o complexo de castração e com essa inveja do pênis da qual oxalá Deus nos livre, quando Freud, havendo chegado a esse calvário já não sabia como se arranjar não divisando paraalém dele senão o deserto da análise? Sim, mas ele os levou até ali e era um lugar menos infestado do que a neurose de transferência que constrange vocês a expulsar o paciente enquanto lhe rogam que ande devagar para levar suas moscas2 9. Articulemos, no entanto o que estutura o desejo. O desejo é aquilo que se manifesta no intervalo cavado pela demanda aquém dela mesma na medida em que o sujeito, articulando a cadeia significante, traz à luz a faltaaser com o apelo de receber seu complemento do Outro, se o Outro lugar da fala é também o lugar dessa falta. O que é assim dado ao Outro preencher, e que é propriamente o que ele não tem pois também nele o ser falta é aquilo a que se chama amor, mas são também o ódio e a ignorância. É também isso paixões do ser o que toda demanda evoca para-além da necessidade que nela se articula e é disso mesmo 22 Mouché é também o nome da pinta feita com láps de maquilagem no roso,
sinal sinal postiç postiço" o" Chasser les mouches: pedir para ir embora (N.E)
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que o sujeito fca tão mais propriamente privado quanto mas a necessidade articulada na demanda é satisfeita. Mais ainda, a satsfação da necessdade só aparece aí como o engodo em que a demanda de amor é esmagada, remetendo o sujeto ao sono em que ee freqüenta os lmbos do ser, dexando que este fale nee. Pois o ser da inguagem é o não-ser dos objetos, e o fato de o desejo ter sido descoberto por Freud, em seu lugar no sonho, desde sempre o escândao de todos os esforços do pensamento de se situar na realidade, basta para nos instruir Ser ou não ser, dormr, sonar, sonar , tavez, os pretensos sonhos sonho s mais mais simples da criança (smples" como a situação anaítca, sem dúvida) mostram, simplesmente, objetos miracuosos ou nterdtos 10 Mas a criança nem sempre adormece assm no seio do ser, sobretudo quando o Outro, que também tem suas déas sobre as necessdades dela, se ntromete nsso e, no lugar daquilo que ele não tem, empanturra-a com a papinha sufocante daquio que ee tem, ou seja, confunde seus cudados com o dom de seu amor. É a criança alimentada com mais amor que recusa o aimento e usa sua recusa como um desejo (anorexia mental). Lmites em que se apreende, como em nenhum outro lugar, que o ódio retribu a moeda do amor, mas onde a ignorânca não é perdoada. Afnal de contas, a criança, ao se recusar a satisfazer a demanda da mãe, não exige que a mãe tenha um desejo fora dea, porquanto é essa a via que lhe falta rumo ao desejo? 1 Com efeito, um dos princíp princípos os decorrentes decorrentes dessa dessass premissas premissas é que: se o desejo efetivament efetivamentee está no no sujeito sujeito pea condição condição,, que lhe é imposta pela existência do discurso, de que ele faça sua necessdade passar pelos desfiamentos do signficante; e se, por outro ado, como demos demos a entender entender antero anterorme rmente, nte, abrindo a dialética da transferência, é preciso fundar a noção do Outro com maúscula como sendo o lugar de manifestação da fala (a ( a outra cena, cena, eine andere Schauplatz de que faa Freud na Trumdeutung),
deve-se afirmar que, obra de um anima presa presa da linguagem, linguagem, o desejo do omem é o desejo do Outro.
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Isso visa a uma função totalmente diversa daquea da identi ficação primária anteriormente evocada pois não se trata da assunção das insígnias do outro pelo sujeito, mas da situação de o sujeito ter que encontrar a estrutura constitutiva de seu desejo na mesma hiância aberta pelo efeito dos significantes naquees que para ee representam o Outro, na medida em que sua demanda lhes está sujeita Talvez possamos vislumbrar aqui, de passagem, a razão do efeito de ocultação que nos reteve no reconhecimento do desejo do sonho O desejo do sonho não é assumido peo sujeito que diz [Eu] em sua faa. Articulado no entanto no lugar do Outro, ee é discurso discurso cuja gramática Freud começou a enunciar como tal. Assim é que os votos que ee constitui não têm exão optativa para modificar o indicativo de sua fórmula Com o que se veria por uma referência lingüística que aquilo a que se chama aspecto verbal é, aqui o do consumado (verda deiro sentido da Wunscherüllung). É essa ex-sistência (Entstellung) 23 do desejo no sono que explica que a significância do sono mascare nele o desejo, enquanto sua moa se esvaece, simpesmente por ser problemá tico 12. O desejo se produz no paraaém da demanda, na medida em que, ao articular a vida do sujeito com suas condições ela desbasta ai a necessidade mas também ee se cava em seu para-aquém, visto que como demanda incondicional da presença e da ausência, ela evoca a faltaaser sob as três figuras do nada que constitui a base da demanda de amor do ódio que vem negar o ser do outro e do indizíve daquilo que é ignorado em seu pleito. pleito. Ness Nessaa aporia aporia encada da qual podemos podemos dizer dizer em imagem que extrai sua alma pesada dos rebentos vivazes da ess e termo é empregado empregado pela primeira 23. Sobre a qua não convém esquecer: que esse vez na Trumdeutung a propósto do sonho, e que esse emprego foece o sentido sentido dee e, ao mesmo tempo, o do termo termo distorção" distorção" que o traduz, traduz, quando os ingeses o aplicam ao Eu. Observação que permite julgar o uso que se faz a França França do termo termo dstorção dstorção do Eu" peo qua qua os amantes do refo reforç rço o do Eu, Eu , pouco aertados aertados a desconf desconfiar iar dos do s fasos amgos" que qu e são as palavras ingesas (as palavras não é mesmo?, têm tão pouca importância), entendem simplesmente um Eu torcido
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tendência ferida, e seu corpo sut, da morte atualzada na seqüência sgnifcante , o desejo se afrma como condição absoluta. Menos anda que o nada que perpassa a ronda das signficações signficações que agitam os homens, ele é o rastro inscrito do transcurso e como que a marca do ferro do sgnifcante no ombro do sujeito que fala É menos paixão pura do sgnifcado do que pura ação do sgnificante, que pára no momento em que o vivente trans formado em signo, a toa insgnifcante. Esse momento momen to de corte é assombrado pela forma de um farrapo ensangüentado: a ibra de ce paga pela vida para fazer dee o sgnifcante dos sgnifcantes, como tal impossíve de ser restituído ao corpo maginário; é o fao perdido de Osíris em basamado. 13. A função desse sgnifcante como tal, na busca do desejo, realmente é, como a stuou Freud a chave do que é precso saber para terminar suas anáises: e nenhum artifício suprirá o que fata para acançar esse fm. Para dar uma idéia dsso, descreveremos um ncidente ocorrdo no fim da anáise de um obsessvo, ou seja s eja após um longo trabalho em que não se ficou contente em "analisar a agressivdade do sujeto (em outras palavras, palavras, em se lixar para para suas agressões imaginárias) mas em que se o fez reconhecer o ugar que ele havia assumido no jogo da destruição exercida por po r um de seus pas sobre o desejo do outro Ele adivnha a impotênca em que se encontra de desejar sem destruir o Outro e, com isso, destrur seu próprio desejo, na medida em que ee é desejo do Outro. Para chegar a sso, foi-lhe reveada sua manobra ininterrupta no intuto de proteger o Outro esgotando no trabalho da trans ferênca (Durcharbeitung) todos os artifícios de uma verbaliza ção que dstngue o outro do Outro (pequeno e grande) e que, do camarote reservado ao tédio do Outro (grande) faz com que ele organize os jogos circenses entre os dois outros (o pequeno a e o Eu, sua sombra) Seguramente, não basta girar em círculos nesse canto bem exporado da neurose obsessva para leválo a esse cruzamento nem conhecer este últmo para conduzi-o até lá, por um caminho que nunca será o mais dreto. Para isso, não é preciso apenas o traçado de um labirnto reconstruído nem tampouco um lote de
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mapas já desenhados É preciso, antes de mas nada, possuir a combinaóra geral que lhes rege a varedade, sem dúvida, mas que, de manera ainda mas sut, nos dá conta dos trom trompe-l pe -l 'oeil ' oeil,, ou mehor, das mudanças à vsa do abrinto. Pois não fatam nem uns nem outros nessa neurose obsessva, arquteura de conrastes anda não muio acentuados, e que não basta aribur a formas de fachada No meio de anas aiudes sedutoras, nsurretas e impassveis, devese captar as angúsias lgadas aos desempenhos, os ressenimenos que não impedem as generosi dades (armar que fala oblaividade aos obsessvos!), as ncons tâncias mentas que sustenam ideldades nquebranáves Tudo sso se movimena soldaramene numa análse, não sem aronas pontuas; o grande comboio prossegue, no entano Eis porano nosso sujeo, esgotados todos os seus recursos, no momeno de tentar nos apanhar em uma rodada de d e bonneteau24 muo especia, pelo tanto que revea de uma estrutura do desejo. Digamos que, sendo de idade madura, como se diz comca mente, e de espírito desluddo, ele nos ludbriara de bom grado com uma menopausa que sera sua para se jusicar uma mpo tênca ocorrida e denunciar a nossa. De ao, as redsribuções da lbdo não se dão sem custar a aguns objeos seu posto, mesmo que ele seja namovíve Em sínese, ele é impotene com a amante e, pensando em se valer de suas descoberas sobre a unção do tercero potencial no casa, propõe-lhe que ela durma com outro homem, para ver no que dá Ora, se ea ca no ugar em que a neurose a nstaou e se a análse lhe diz respeto nesse ponto, é peo acordo que sem dúvida ea fez há muio tempo com os desejos do pacente, porém, mais ainda, com os posulados nconscenes que ees sustenam Por sso, não há de surpreender que, sem delongas, ou seja, na mesma noie, ela enha o segune sonho, que reata ncon nent a nosso despetado: Ela tem um fao e sentehe a forma sob suas roupas, o que não a impede de er também uma vagna e, acma de tudo, de desejar que esse ao a penere. 24.
Bonneteau: jogo em e m que ês cartas de baralho baralho são movidas
com muita rapidez para que se adivinhe onde está a que foi previamente mostrada. (N.E.)
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Nosso paciente, ao ouvir isso, recupera no ato seus recursos e o demonstra brilhantemente à sua sagaz companheira. Que interpretação se indica aqui? Adivinhamos, pela demanda que nosso paciente fez à sua amante, que ele nos pede há muito tempo para ratificar na homossexualidade recacada. Efeito prontamente previsto por Freud a partir de sua desco berta do inconsciente: dentre as demandas regressivas, uma de fábuas estará saciada pelas verdades divugadas pela análise. De vota da América, a anáise superou suas expectativas. Mas nós, penso eu, ficamos antes rabugentos em relação a esse ponto Observemos que a sonhadora já não é complacente, uma vez que seu roteiro afasta qualquer coadjuvante O que guiaria até mesmo um novato a se fiar somente no texto, se ele se formou em nossos princípios. Não analisamos seu sonho, contudo, mas o efeito dele em nosso paciente. Mudaríamos nossa conduta, fazendoo ler nele a seguinte verdade, menos difundida por ser, na história, uma contribuição nossa: que a recusa da castração, se há algo que com ea se pareça, é, antes de mais nada, uma recusa da castração do Outro (da mãe, em primeiro ugar). Opinião verdadeira não é ciência, e consciência sem ciência não passa de cumplicidade de ignorância Nossa ciência só se transmite ao articular oportunamente o particular. Aqui, é única a oportunidade para mostrar a figura que enunciamos nestes termos que o desejo inconsciente é o desejo do Outro uma vez que o sonho é feito feito para satisfazer satisfazer o desejo desejo do paciente paraaém de sua demanda, como é sugerido pelo fato de ee ter sucesso. Não é por não ser um sonho do paciente que ee tem menos valor para nós, se, por não se dirigir a nós, como acontece com o analisado, dirigese tão bem a ee quanto o poderia fazer o analista Essa é a ocasião de fazer o paciente apreender a função de signicante que o fao tem em seu desejo. Pois é como tal que o fao opera no sonho, para fazê-lo recuperar o uso do órgão que ele representa, como iremos demonstrar através do lugar visado pelo sonho na estrutura em que seu desejo está aprisionado. Além de a mulher ter sonhado, há o fato de ela lhe falar disso Se nesse discurso ela se apresenta como tendo um fao, será só
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por isso que lhe é restituído seu valor erótico? Ter um fao, com efeto, não basta para lhe resttuir uma posição de objeto que a aproprie a uma fantasa a partir da qual nosso paciente, como obsessvo, possa possa manter seu desejo num mpossível que preserve suas condções de metoníma Estas regem, em suas escolhas, um jogo de evasão que a anáise perturbou, mas que a mulher restaura, restaur a, aqui, por uma astúcia cuja rudeza oculta um refinamento refiname nto que é a conta certa para ilustrar a ciência ncusa no nconscente. Isso porque, para nosso paciente, de nada serve ter esse falo, já que seu desejo é sêlo. E o desejo da muher, aqui, cedeo ao seu, mostrandolhe o que ea não tem. A observação de todo o mundo continuará dando grande importânca ao anúnco de uma mãe castradora, por menos que a isso se preste a anamnese E ela se exbe aqui como convém Acredtase, portanto, ter tudo competo. Mas nada temos a fazer com sso na interpretação, na qual nvocá-la não evara muito longe, mas recoocaria o pacente no exato ponto em que ele se insnua entre um desejo e o seu desprezo por este: certamente, o menosprezo de sua mãe recalctrante, a depreciar o desejo demasiado ardente cuja magem seu pa lhe egou. Mas isso he ensinaria menos do que o que he diz sua amante: que, em seu sonho, ter esse fao não fez com que o desejasse menos. Com o que, é sua própra fataaser que é tocada. Fata que provém de um êxodo: seu ser está sempre alhures. Ee o "pôs de lado, por assm dizer. Acaso dzemos isso para explcar explcar a dfculd dfculdade ade do desejo? desejo? Ou mehor, que o desejo seja de dficuldade Não nos dexemos enganar, portanto, com a garantia que o sujeto recebe, pelo fato de a sonhadora ter um fao, de que ela não terá terá que que tomá tomáo o dele dele nem que que seja seja para para apont apontar ar douta mente que essa é uma garantia forte demas para não ser frágil Pos isso é justamente desconhecer que essa garantia não exigira tanto peso se não tivesse que se mprimr num signo, e que é ao mostrar esse signo como ta, ao fazê-o aparecer ai onde ee não pode estar, que ela adquire seu efeto A condição do desejo que retém emnentemente o obsessvo é a própria marca pela qua ee o descobre estragado, pela origem de seu objeto: o contrabando. Singuar modo da graça de só se representar peo desmentido da natureza. Nele se esconde um benefício que, em nosso noss o sujeito, sempre faz antecâmara. E é ao mandáo embora que um dia ee o dexará entrar.
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A importância de preservar o lugar do desejo na direção do tratamento requer que esse ugar seja oientado em relação aos efeitos da demanda, os únicos atualmente concebidos como princípio do poder da anáise Que, com efeito, o ato genital tenha que encontrar seu lugar na articulação inconsciente do desejo, é essa a descoberta da anáise, e foi precisamente por isso que nunca pensamos em ceder à iusão do paciente de que facilitar sua demanda em pro da satisfação da necessidade de algum modo seu probema resolveria (E muito menos autorizálo com o cássico coitus 14.
normalis dosim repetatur.)
Por que há quem pense de maneira diferente, jugando mais essencial para o progresso da análise operar seja á como for com outras demandas, a pretexto de de que estas seriam regressivas regressivas?? Toemos a partir mais uma vez de que, antes de mais nada, é para o sujeito que sua faa é uma mensagem, porque ea se produz no ugar do Outro Que, em virtude disso, sua própria demanda provenha dele e seja formulada como tal não significa apenas que ela está submetida ao código do Outro É que é desse ugar do Outro (ou mesmo de sua época) que ea data Coisa que se lê com clareza na faa mais livremente proferida peo sujeito. Sua muher ou seu mestre, para que recebam sua confiança, confiança, é com um u m tu és (uma ou o outro)" que ee os invoca, sem se m decara decara o que qu e ele próprio próprio é, a não ser mumuran mumurando do contra si mesmo uma ordem de assassinato que o equvoco do francês toa audvel O desejo, por sempre transparecer na demanda, como se vê aqui, nem por isso deixa de estar paraalém. E está também para-aquém de uma outra demanda em que o sujeito, repercutindo no lugar do outro, menos apagaia sua dependência por um acordo de retoo do que fixaia o próprio ser que ee vem propor ali. Isso quer dizer que é de uma fala que suspenda a marca que o sujeito recebe de seu dito, e apenas dela, que podeia ser recebida a absolvição que o devolveria a seu desejo. Mas o desejo nada é senão a impossibiidade dessa faa, que, por responder à pimeira, não consegue fazer outra coisa senão redupicar sua marca, consumando a fenda (Spaltung) que o sujeito sofre por só ser sujeito na medida em que fala
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(É o que simboliza a barra oblíqua, de nobre bastardia, com que assinalamos o S do sujeito, para grafálo como sendo esse sujeito: � )25 A regressão que se coloca em primeiro plano na análise (regressão temporal, sem dúvida, mas desde que se esclareça tratarse do tempo da rememoração) referese apenas aos signi ficantes (orais, anais etc.) da demanda e só concee à pulsão correspondente através deles. Reduzir essa demanda a seu lugar pode efetuar no desejo uma aparência de redução, através da atenuação da necessidade. Mas isso não passa, antes, do efeito do peso do analista Pois, se os significantes da demanda sustentaram as frustrações em que o desejo se fixou (a Fixierung de Freud), é somente no lugar deles que o desejo é sujeitador Quer se pretenda frustradora ou gratificante, toda resposta à demanda na análise conduz a transferência à sugestão. Há entre entre transferência transferência e sugestão sugestão essa é a descobert descobertaa de Freud Freud uma uma relaç relação: ão: é que a transferência transferência també também m é uma sugestão, porém uma sugestão que só se exerce a partir da demanda de amor, que não é demanda de nenhuma necessidade O fato de essa demanda só se constituir como tal na medida em que o sujeito é sujeito do significa signifi cante, nte, eis o que permite utilizá-la mal, reduzindoa às necessidades das quais esses significantes são tomados de empréstimo, coisa que os psicanalistas, como vemos, não deixam de fazer. Mas não se deve confundir a identificação com o significante onipotente da demanda, do qual já falamos, e a identificação com o objeto da demanda de amor. Esta Es ta também é uma regressão, e Freud insiste nisso ao fazer dela a segunda modalidade da identificação, que ele distingue em sua segunda tópica ao escrever a Psicologia das massas e análise do eu. Mas tratase de uma outra regressão. Nela está o exit que permite que se saia da sugestão A identificação identificação com o objeto como regressão, por partir da demanda grafo, aqui retomado retomado na Subversão do 25 Cf o (�D) e o ($0a) de nosso grafo,
sujeito" sujeito" p p 8 3 1 O sinal regis registra tra as relações envolvimento envolvimentodesenvolvimeno desenvolvimeno-con -con junção-disjunção As igações que ele sgnca nesses dos parênteses permitem ler o S baado: S como fading no corte da demanda S como fading dante do objeto do desejo Ou seja, nominalmente a pulsão e a fantasia.
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de amor, abre a seqüênca da transferência (abre-a, em vez de fechá-a), ou seja, a via em que poderão ser denunciadas as identifcações que, detendo essa regressão, a escandem. Mas essa regressão depende tão pouco da necessidade na demanda quanto o desejo sádico é explcado pela demanda ana, pois acredtar que o cíbao é um objeto nocvo em si é somente um engodo corriqueiro de compreensão. (Entendo compreensão, aqu, no sentido sentido nefasto cujo quinhão quinhão é extraído extraído de Jaspers: "Você compreende compreende. . exórdio meda medante nte o qual acredi acredita ta impor-se a quem nada compreende aquele que nada tem a he dar para compreender.) Mas a demanda de ser uma merda, eis o que torna preferível que nos coloquemos meio de esguelha quando o sujeito se descobre nea. Desgraça do ser, evocada mais acima. Quem não sabe levar suas anáises didáticas até o ponto de viragem em que se revela, tremulamente, que todas as demandas que se artcuaram artcuaram na análise análise e, mais que que qualquer qualquer outra, outra, a que esteve em seu princípio, a de toar-se analsta, que então e sgota sgota seu seu prazo prazo não passaram de transferênc transferências ias destinadas destinadas a manter nstaurado um desejo nstável ou duvidoso em sua problemática, este nada sabe do que é preciso obter do sujeto para poder garantir a direção de uma análse, ou para simpes mente fazer nea uma nterpretação com conhecmento de causa. Essas considerações nos confrmam que é natura anaisar a transferência. Pois a transferência em s já é anáise da sugestão, na medda em que coloca o sujeito, com respeito à sua demanda, numa posição que ele deriva unicamente de seu desejo. É somente em prol da manutenção desse enquadramento da transferência transferência que a frustração deve prevalecer prevalecer sobre a gratfcaç gratfcação. ão. A resistênca do sujeito, quando se opõe à sugestão, é apenas desejo de manter seu desejo. Como tal, conviria incluí-la na categoria de transferência postiva, já que é o desejo que mantém a dreção da análse, fora dos efeitos da demanda. Estas proposições, como se vê, alteram alguma cosa nas opnões adtidas nessa matéria. Basta que levem a pensar que em agum ugar as cartas foram mal dadas e teremos atngdo nossa meta. 15. Aqui se colocam aguns comentários sobre a formação dos sintomas.
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Freud, desde seu estudo demonstrativo dos fenômenos subje tivos sonhos, lapsos e chistes , dos dos quais nos diz formal mente que lhes são estruturalmente idênticos (mas é claro que tudo isso, para nossos doutos, está muito abaixo da experiência que eles eles adqu adquiri iriram ram e por que caminh caminhos os ! para para que seque sequerr pensem em voltar a esse assunto), Freud, dizíamos, frisou cem vezes: os sintomas são sobredeterminados. Para o bajulador empenhado na propaganda cotidiana que nos promete para ama nhã a redução da análise a suas bases biológicas, isso não traz nenhuma dificudade; lhe é tão cômodo proferir que ele nem sequer o escuta Como assim? Deixemos de lado minhas observações de que a sobredeter minação só é estritamente concebível na estrutura da linguagem. Nos sintomas neuróticos, que quer dizer isso? Quer dizer que, nos efeitos que respondem num sujeito a uma determinada demanda, vêm interferir os de uma posição em relação ao outro (aqui, o outro, seu semelhante) que ele sustenta enquanto sujeito. Que ee sustenta sustenta enquanto sujeito" significa que a inguagem lhe permite considerarse como o maquinista ou o diretor de cena da captura imaginária da qual, de outro modo, ele seria apenas a marionete viva. A fantasia é a própria ilustração dessa possibiidade original. Eis por que qualquer tentação de reduzi-a à imaginação, na impossibilidade de admitir o próprio fracasso, é um contrasenso permanente, um contra-senso do qual a escola kleiniana, que nisso levou as coisas muito longe, não sai, por não poder nem mesmo entrever a categoria do significante Entretanto, uma vez definida como imagem utilizada na es trutura significante, a idéia de fantasia inconsciente não mais cria dificuldade. Digamos que a fantasia, em seu uso fundamental, é aquio mediante o qual o sujeito se sustenta no nível de seu desejo evanescente, evanescente porquanto a própria satisfação da de manda lhe subtrai seu objeto. Oh! mas os neuróticos, eles são tão deicados, e como agir? Ees são incompreensív incompreensíveis, eis, essa gente, paavra paavra de pai de família família É justamente o que se tem dito há muito tempo, desde sempre, e os anaistas continuam nessa. O pateta chama a isso de o irraciona, não havendo sequer percebido que a descoberta de
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Feud se homologa ao começa começa omando po ceo o que derruba medatamene nosso exegeta que o ea é acona e depos ao constaa que o aconal é eal. Medante o que ele pode acula que o que se apesenta como pouco azoáve no desejo é um efeto da passagem do acona como eal so é da nguagem ao eal enquano o aconal já taçou aí sua ccunvaação. Pos o paadoxo do desejo não é pvégo do neuótco atando-se anes de que ele leva em cona a exsênca do paadoxo em sua manea de confroná-lo Isso não o cassfca nada mal na odem da dgndade humana e não hona os anastas medíoces (so não é uma apecação mas um deal fomuado num voo foma dos neessados) que quanto a esse aspecto não atngem essa dgndade: surpeendene dsânca que sempe sempe fo notada em palavas palava s encoberas peos anastas .. ouos sem que se saba como dstngu estes útmos já que eles nunca team magnado fazêo po s pópos se antes não vessem tdo que se opo ao descamnho dos pmeos. É, pos a posção do neuóco em elação ao desejo dgamos paa encura encura à fanasa que vem maca maca com sua sua pesença a esposa do sujeto à demanda ou do de outa manea a sgnfcação de sua necessdade. Mas essa fantasa nada tem a ve com a sgnfcação em que nefee. Essa sgnfcação com efeto povém do Outo na medda em que dele depende que a demanda seja atendda Mas a fanasa só chega a sso po se enconta na va de eoo de um ccuo mas ampo aquele que levando a demanda aos lmes do se faz com que o sujeto se nteogue sobe a fala em que ee apaece a s mesmo como desejo. É ncível que emboa desde sempe gtantes aguns aços da ação do homem como al não tenham sdo esclaecdos pela anáse Refeimo-nos àqulo peo qual essa ação do homem é a gestculação que se apóa em sua hstóa onea. Essa face de poeza de desempenho de saída esangulada pelo símbolo o que potanto a toa smbólca (mas não no sentdo alenan alenanee que esse temo vugarmene denoa) aquo enfm peo qual se faa em passagem ao ato esse Rubcão cujo desejo pópo esá sempe camuado na hstóa em benefíco de seu sucesso tudo aqulo a que a expeênca do que o analsa chama de acting out lhe dá um acesso quase expemenal já que heda 16.
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disso todo o artifício tudo isso, na melhor das hipóteses, o analista o rebaixa a uma recaída do sujeito, e na pior a uma falha do terapeuta. Ficamos estupefatos com esse falso pudor do analista diante da ação, em que por certo se dissimula uma vergonha verdadeira: a que ele tem de uma ação, a sua uma dentre as mais elevadas quando ela cai na abjeção. Pois, afinal que acontece senão isso quando o analista se interpõe de modo a degradar a mensagem de transferência que ele está ali para interpretar numa significação falaciosa do real que não passa de mistificação? Porque o ponto em que o analista de hoje pretende captar a transferência é a distância que ele define entre a fantasia e a chamada resposta adaptada Adaptada a quê, senão à demanda do Outro, e em que teria essa demanda maior ou menor consis tência do que a resposta obtida se ele não se julgasse autorizado a denegar qualquer valor à fantasia pelo padrão que retira de sua própria realidade? Aqui o próprio caminho pelo qual ele avança o trai, quando lhe é preciso, por essa via introduzir-se na fantasia e se oferecer como hóstia imaginária a ficções em que prolifera um desejo embrutecido, Ulisses inesperado que se oferece como pasto para que prospere o chiqueiro de Circe E não venham dizer que estou aqui difamando quem quer que seja, pois esse é o ponto exato em que aqueles mesmos que não conseguem articular de outro modo sua prática se preocupam e se interrogam: as fantasias, não será nelas que foecemos ao sujeito a gratificação por onde soçobra a análise? Eis a pergunta que eles se repetem com a insistência sem sem saída de um tormento do inconsciente 17 Assim é que, quando muito, o analista de hoje deixa seu paciente no ponto de identificação puramente imaginário do qual o histérico permanece cativo, porquanto sua fantasia implica seu visgo. Isto é no ponto exato do qual Freud em toda a primeira parte de sua carreira quis arrancálo com demasiada pressa forçando o apelo do amor no objeto da identificação (no tocante a Elisabeth von R, o cunhado [5]; quanto a Dora, o Sr. K.; no tocante à jovem homossexual do caso de homossexualidade feminina ele
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enxergou melhor, mas tropeçou ao se considerar vsado no real pea transferênca negatva) Fo preciso o captulo da Psicologia das massas e análise do caramente eu sobre "a identifcação para que Freud distnguisse caramente esse terceiro modo de identfcação, ident fcação, condcionado condcionado por sua função de sustentação do desejo e especficado, portanto, pela indife rença de seu objeto. Mas nossos psicanalstas insistem: esse obeto indiferente é a substância do obeto, comei meu corpo, bebe meu sangue (a evocação profanatória é da avra deles). O mstéro da redenção do anaisado está nessa efusão imaginára, da qua o analista é a oferenda Como é que o Eu de que ees pretendem se valer aqui não sucumbira, de fato, à alenação forçada a que eles induzem o sueto? Os pscólogos sempre souberam, desde antes de Freud, ainda que não o tenham dto nesses termos, que, se o desejo é a metonímia da fataaser, o Eu é a metoníma do desejo. É assm que se opera a dentificação fna de que os anaistas se vangloriam. Se é do Eu ou do Supereu do pacente que se trata, ees hestam, ou antes, dramos, não estão preocupados com isso, mas aquo com que o paciente se identfica é com o Eu forte deles Freud prevu muito bem esse resutado no artgo ctado há pouco, mostrando o papel de deal que o mais insignificante objeto pode assumir na gênese do der Não é à toa que a psicologa analtica orentase cada vez mas para a psicoogia de grpo, ou até para a pscoterapia do mesmo nome. Observemos os efeitos disso no própro grpo anatico. Não é verdade que os anaisados a ttulo ddático se conformem à imagem de seus anaistas, não mporta em que nvel se quera apreendê-la Antes, é entre si que os analsados de um mesmo analsta se lgam, por um traço que pode ser totalmente secun dáro na economa de cada um, mas no qua se assinala a insufciênca do anaista com respeto a seu trabalho. É desse modo que aquele para quem o probema do desejo reduzse à suspensão do véu do medo dexa envoltos nessa mortaha todos aquees a quem conduziu
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18 Eis-nos, pos, no princípio maligno 6 desse poder sempre passível de um direconameno cego. É o poder de fazer o bem nenhum poder poder em ouro ouro fim, fim, e é por isso que o poder não tem fm Mas aqu, traase de outra coisa, trata-se da verdade, da únca, da verdade sobre os efeios da verdade. Desde que Édpo enveredou por esse caminho, ele já renuncou ao poder Para onde vai, portanto portanto,, a direção direção do ratamento? ratamento? Talvez baste nterrogar seus meios para defn-la em sua retidão. Observese: 1 . Que a fala em aqui todos os poderes, os poderes especas do ratamento; 2. Que estamos muito longe, pela regra, de drigir o sujeio para a fala plena ou para o discurso dis curso coerene, coeren e, mas que o deixamos de ixamos livre para se experimentar nisso; 3. Que essa liberdade é o que ele tem mais dificuldade de olerar; 4. Que a demanda é propriamene aquilo que se coloca entre parênteses na análse, estando excluída a hpótese de que o analsta satisfaça a qualquer uma; 5. Que, não sendo colocado nenum obstáculo à declaração do desejo, é para lá que o sujeto é dirgdo e aé canalizado; 6. Que a ressência a essa declaração, em últma nstância, não pode aerse aqu a nada além da ncompaibildade do desejo com a fala. Proposções com que talvez anda haja alguns, mesmo em mna audiência cosumeira, que se espanem por encontrar em meu dscurso Percebe-se aqu a ardente enação que deve ser, para o analsa, responder, nem que seja um pouco à demanda. Mais anda, como impedr o sujeio de lhe atribuir atribuir essa ess a resposa, respo sa, sob a forma da demanda de curar, e de conformdade com o horizonte de um dscurso que ele le impua com tão maior dreto quanto nossa autordade o em assumdo a três por dos? Quem nos livrará, doravane, desse manto de Nesso que para ns mesmos tecemos: porventura a análise atende a todos os também bém pode pode sgnfcar sgnfcar malicioso" malicioso" , cáustico cáustico , ardloso" rdloso" etc. 6 Malin, que tam (N.E.)
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desiderta da
demanda, e por normas dfundidas? Quem varrerá esse estrume descomuna dos estábulos de Augias, a lteratura analítca? A que qu e siênco deve agora obrigarse o anaista para evdencar, acma desse pântano, o dedo ergudo do São João de Leonardo, para que a nterpretação reencontre o horizonte desabitado do ser em que deve se desdobrar sua virtude ausva? Já que se trata de tomar o desejo e que ee só pode ser tomado ao pé da etra, porquanto são as redes da letra que determnam, que sobredetermnam seu lugar de pássaro ceeste, como não exgr do passarnhero que ele seja, antes de mais nada, um letrado? Da parte "terára "terára da obra de Freud, como um professor professor de lteratura lteratura em Zurque que começou começo u a soletrála, soletrála, quem que m dentre nós tentou artcuar a mportância? Isso é apenas uma indcação Vamos adiante. Questionemos o que deve acontecer com o anaista (com o "ser do analsta) quanto a seu própro desejo. Quem terá ainda a ngenudade de se ater, no tocante a Freud, à imagem de burguês bem situado de Vena que espantou seu vsitante André Breton, por po r não se aureolar de nenhum convívo convívo com as Mênades? Agora que já não temos senão sua obra, acaso não reconheceremos nea um ro de fogo que nada deve ao racho artifca de Franços Maurac? Quem soube mehor que ee, decarando seus sonhos, desfar a corda em que desza o ane que nos une ao ser, e fazer uzir entre as mãos fechadas que o passam de umas às outras, no jogo-do-anel da paxão pax ão humana hum ana,, seu breve brev e fugor? Quem trovejou trovejou como esse homem de gabnete contra contra o açam barcamento do gozo por aquees que amontoam amontoam sobre os ombros dos outros os fardos da necessdade? Quem, tão ntrepidamente quanto esse cínico apegado ao terra-aterra do sofrmento, nterrogou a vda em seu sentdo, e não para dzer dzer que ea ea não o tem tem maneira maneira cômoda de lavar lavar as mãos mas para dzer que tem apenas apenas um, onde o desejo desejo é carregado pea morte? Homem de desejo, de um desejo que ele acompanhou a contragosto peos camnhos onde ele se mra no sentir, no domnar e no saber, mas do qual soube desvendar, somente ee, qua um nciado nos antgos mistéros, o sgncante ímpar: 19.
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esse falo o qual recebê-lo e dá-lo são igualmene impossíveis para o neuróico quer ele saiba que o Outro não o em ou que o tem pois, em ambos os casos, seu desejo está alhures em sê-lo e porque é preciso que o homem macho ou fêmea aceie êlo e não tê-lo, a partir da descobera de que não o é. Aqui se inscreve a Spaltung derradeira pela qual o sujeito se aricula com o Logos e sobre a qual Freud Fr eud começando começa ndo a escrever [ 1 2 ] nos ia dando, na última aurora de uma obra com as dimensões dimensões do ser, a solução da análise "infinita quando sua morte ali veio apor a palavra Nada.
ADVRÊNA RRÊNA
Este relatório é uma seleta de nosso ensino Nosso discurso no Congresso e as respostas que ele recebeu substituíramno em sua seqüência. Nessa seqüência ariculamos um grafo que articula com precisão as direções aqui propostas para o campo da análise e para sua manobra Damos aqui classicadas por ordem alfabética de autores, as referências a que nosso texo remee através dos números colocados entre colchetes. Usamos as seguintes abreviaturas: GW: Gesammelte Werke, de Freud, edição da mago Publishing de Londres. O número romano subseqüente indica o volume. SE: Standard Edition tradução inglesa dessas obras, editada pela Hogarth Press de Londres Mesma observação. ESB para a edição em português] P P Inteational Jou Joual al of Psychoanalysis. Psychoanalysi s. The PQ: The Psychoanalytic Quarterly L PDA: ivro intitulado L psychanalyse d'aujourdhui publicado pela PUF ao qual nos referimos unicamente pela simplicidade ingênua com que nele se apresenta a tendência a degradar, na psicanálise, a direção da análise e os princípios de seu poder. Obra de difusão para o exterior sem dúvida mas também no interior de obstrução Assim não citaremos seus autores que não intervêm aqui por nenhuma contribuição propriamente científica [1 Abraham, Karl Die psychosexuelen Differenzen der Hysterie und der Dementia praecox" praecox" (I Congresso nteacional nteacional de Psicanáise Psicanáis e Salzburgo Salzburgo 2 de abril de 1 908) 908 ) Zentralbla Zentralblatt tt r Nerv Nervenheilkunde enheilkunde und Psychiatrie 2° cad de julho de 1908 Neue Folge vol9 .521- e in Klinische Beitrge zur Psychoanalyse (nt. Psych Verlag eipzigViena-Zurique 1921): The Psy
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Escrito Escritos s [Écrits [Écrits - ]acques ]acques Lacan
cho-sexua Diff Differ erences ences between betwe en Hystera and Dementia Dementia Praecox Praecox"" , Selected Papers Hogarth Press p.64-79 [2 Devereux Georges Some Criteria Criteria for the Timing of Confrontations and Interp Interpret retat ations" ions" abril abril de 195 1 950 0 P XXXII, I aneiro de 195), p9-24. 3] Ferenczi Sandor Sandor Intro Introjekton jekton und Übertr Übertragu agung" ng" 909 Jarbuch für psy p. 422-5 -57; 7; nojecton nojecton and and r ran ansfe sfere rence" nce" , Sex choanalytische Forschungen, I, p.422 in Psychoanalysis Nova York, Basic Books p.35-93 [4 [4 Freud, Freud, Anna Das Das Ich und un d die di e Abwehr Abwehrmec mechan hanismen" ismen" , 1 936 in cap.IV Die Abwehrme Abwehrmecha chanismen nismen"" Cf Versuch Versuch einer Chrono Chronoog ogie" ie" , p60 p 6033 nte. psychoanal. Verlag Viena, 1936). [ O ego e os mecanismos de defesa Rio de Janeiro, Civiização Brasieira 6 ed 982. 5] Freud, Sigmund, Studien über Hysterie 1895 GW I, Fal Elisabeth von R p 96-25 96-25 , esp especia eciallment mentee p 25-7; Studies on Hysteria p 58-6 58-600 [Estudos Hysteria SE , p sobre a histeria ESB 2 ed. rev 1987 [6 Freud, Sigmund, Die Tumdeutung GW -III Cf cap.IV, Die Traument stel stelu ung ng"" , p 52-6 p. p. 5 7 e p. p. 63-8 Ke unse unsere ress Wese Wesens" ns",, p.609 p.609 e Intere tation ofDreams ofDreams SE IV IV cap.I cap.IV V Dis Disttori orion on in Drea Dreams ms"" , p p 46-50, 46-50, p 5 1 , p p 57-62 e p603 [A interetação dos sonhos ESB IVV, 2 ed rev, 1987 [7] Freud, Sigmund Bruchstück einer Hysterie-Analyse (Doa) concluído em 24 de janeiro de 1901 (cf. carta 10 de Aus den Anfngen correspondência com of Hysteria Hysteria SE vo. Fiess pubicada em ondres): GW V p94-5; A Case of VII, p35 p 35-6 -6 [ Fr Fragm agment entoo da análise análise de de um caso de de histeri histeria" a" , ESB VII 2 ed rev, 1987 8] Freud Sigmund Bemerkungen über einen Fall von Zwangsneurose 909 GW VI Cf. Die Einführung ins Verstndnis der Kur (Introdução ao entendimento da anáise), p02- e nota das p.404-5; ver também I Die Krankeitsveranassung ou seja, a decisiva interpretação de Freud sobre o que traduziría traduziríamos mos por o sueito sueito da doença" , e .) Der Vaterkompex und und die Notes upon a Case of of Obsessional Neurosis, Neurosis, Lõsung der Rattenidee, p.17-38. Notes SE X; cf I Initiation Initiation into into the Nature Nature of the reatment, reatment, p 1 7878 - 8 1 e noa noa da da p 8 ; depois, depois, The The Preci Precipi pita tati ting ng Caus Causee of the the Illness, e g The Father Compex and the Soution of the Rat Idea p95-220 Notas sobre um caso de neurose obsessiva" ESB X, ed] ed] 9] Freud Sigmund, Jenseits des Lustprinzips 1920 GW, XIII cf., se ainda houver houver necessidade as as p. -4 do do capí capítu tuoo 11; Beyond the Pleasure Principe SE XVIII XVII I p 11 - 6 [ Além do prncípi prncípioo de praze prazer" r" ESB XVIII, 1 a ed.. Massenpsychologie logie und un d h-Analyse h-Analyse 192 GW, XIII. [ O] Freud, Freud, Sigmund, Sigmund, Massenpsycho XIII . Ver cap.VII Die den dent tf fzi zier erun ung" g" esp esp p 6-8 6-8 Group Psychology Psychology and the Analysis of the Ego SE XVIII p 1 06-8 [ Psicoogia Psicoogia de de grup grupoo e a anáise anáise do do ego" ego" , ESB XVIII ed..
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[ 1 1 ] Feu Feud, d, Sigm Sigmun und, d, Die endliche und die unendliche Analyse 1937, GW XVI, p59-9 p5 9-99, 9, taduz taduzido ido com co m o ttu ttuoo de Analyse emin eminée ée (!) et anayse inteminable nossos pontos de exclamação visam aos padões paticados na adução das obas de Feud para o fancês. Apontamos esa poque, para a edição das GW volXV, pubicado em 1950, ea não existe, cf. p.280; in Re anç Pchan. Pchan. XI, 1939, 193 9, 1, p3p 3-38 38 [Análi [ Análise se termin termináve ávell e inte intermin rminável" ável",, ESB XI, 1ª ed.] ed.] [ 1 2] Feud Feud,, Sigmund, Die chspaltung im Abwehrvorgang GW XVII, Schifen aus dem Nachass, p.5 p .58 862 62 Da Data ta do do manusc manusco o 2 de aneio aneio de 1 9 3 8 (inacabado). (inacabado). Splitting of the th e Ego Ego in the t he Def Defensie ensi e Process, Process, Collected Paper Paperss V, 32, p.372-5 [A [ A divisão do ego no no processo de defe defesa" sa" , ESB XXIII, 1 ª ed]. ed ]. [13 Glove, Edward, The Theapeuic Effec of Inexact Interpetation: A Conibuion Conibuion to the Theo Theoyy of Suggestion" , JP XII, 4 (outubo de 1931), p399-411. [14] Hartmann, is e oewensein, suas pubicações em equipe em The Psychoanalytic Psychoanalytic Study Study of the Child Child a parti de 1946. [ 1 5] Kis, Enst, Eg Ego o psychology psychology and ine inep pet etati ation on in psychoanal psychoanalytic ytic the theap apy" y" , XX,, 1 , jan aneeio io de 195 1 , p.21 -5 The PQ XX [16] Lacan, acques, nosso eatório de Roma, 26-27 de setembo de 1953 Fonction Fonction et e t champ champ de la l a paro/e et e t du du langage en e n psychanalyse psychanalyse i n L psychanalyse volI, PUF. Cf, neste volume, p238. [ 17 17 Lacan, Lacan, Jacq Jacques, ues, L'Instance de la lettre dans linconscient ou la aison depuis Freud 9 de maio de 1957, in L psychanalyse vo.3, p 47-81, PUF. Cf, neste volume, p.496. [ 1 8 Lagache, Daniel, Le L e poblm poblmee du an ansfe sfe" " (Relatóio (Relatóio da XIV Confe Confeência ência dos Psicanaisas de Língua Fancesa, 1Q de novembro de 1 9 5 1 ) , Re. fnç. Psychan. XVI, 1952, nQ12, p5-115 [19] Leclaie, Sege, " À la echeche des pincipes d'une psychothéapie des psychoses" (Congesso de Bonneva, 15 de abi de 1957), LÉolution Psychiatrique 1958, fas. 2, p.377-419. [20 Macapine, Ida, Ida , The Deveopment Deveopment o f he Ta Tansf nsfeence eence"" , The PW, XIX, 4, ouub ouubo o de de 1950, p500-39, p 500-39, especia especiamen mene e p.5028 e 5228 522 8 [21 L PDA p.5 p. 5 1 2 (sob (sobe e pé pé-gen -geniais" iais" e geni g eniais" ais" ), passim passi m (sobe (sobe o efo efoç çoo do Eu e seu método) método),, p 1 02 (sobe a distância distânc ia do ob obeto, eto, princípio princípio do método método de uma anáise). [22] L PDA cf. cf. sucessivamen sucessivamenee p 1 3 3 (ee (eeduc ducaçã ação o emociona) emociona),, p 1 33 (oposição (oposição da PDA a Feud quano à imporância primodia da eação a dois), p132 (a cua cua po den den o" o" ) , p 1 35 (o impo impoan ane e . nã não o é tano o que o anaisa diz diz ou faz, faz, mas o que que ee é), é), e p.1 p. 1 36 etc., etc., passim, passim, e ainda p. 1 62 (sobe (sobe a despedi despedida da do do fim do taamento) e p149 (sobe o sonho) [23 R.L R. L,, Pevesion Pevesion sexuee sexue e ansi ansitoi toiee au cous dun d un aitement psychana yique", Bulletin d'Actiités de l'Association des Psychanalystes de Belgique 25 25 p 1 - 1 7 1 1 8, ue ue Froi Froiss ssa a, , Bru Bruxe xeas as -
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Escrito Escritos s [Écrits [Écrits - ]acques ]acques Lacan Lacan
[24] Sharpe, Ella, echnique echnique of Psychoan Psychoanalysis" alysis" , Coll. Papers Hogarth Press Cf p.8 p .8 1 (sobre (sobre a necessidad necessidadee de usticar usticar sua existênci existência); a); p. p . l 2-4 sobe sobe os conhecimentos e técnicas exigíveis do analista). 25] Schmideberg, Melitta, Inteektuele Hemmung und Essstrng", Zeitschr fr psa Pagogik, Pagogik, VIII, 1934. 26] Williams, JD., The Complete Strategist, The Rand Seies, McGraw-Hi Book Company, Inc, Nova Yok, Toronto, Londres ransitiona Objects and and ransit ransitiona ionall Phenome Phenomena" na" , 1 5 [27 Winnicott, DW , ransitiona de junho de 1951, in IP XXXI XXXIV, V, 195 3, p. l l, p.29-97 p.29-97 ra raduz duzido e m L Psychanalyse, vo.5, p2141, PUF