Língua Portuguesa 3 Literatura Colonial
Capítulo 1 d) ( )
01.
Classifique as cantigas abaixo, usando o código: I. de amor III. de escárnio II. de amigo IV. IV. de maldizer maldize r a) ( ) Pela ribeira do riso salido (1) trebelhei (2), madre, con meu amigo: amor ei migo, que non ouvesse; (3) fiz por amigo que non fezesse! (4) Pela ribeira do rio levado trebelhei, madre, com meu amado: amor ei migo, que non ouvesse, fiz por amigo que non fezesse!
Martim Soares
Vocabulário: 1. mentiras, falsidades.
João Zorro
Vocabulário
1. 2. 3. 4. b) (
“Pela margem onde corre o rio”; “brinquei”; “Antes não tivesse tivesse tanto amor comigo”; “Fiz pelo meu amigo o que não devia ter feito”. )
Ua donzela coitado d’amor por si me fez andar; e en sas feituras falar quero eu, come namorado: rostr’agudo como foron, barva no queix’eno granhon (1), e o ventre grand’e inchado. Sobrancelhas mesturadas, grandes e mui cabeludas, Sobre-los olhos merjudas; e as tetas pendoradas e mui grandes, per boa fé; a un palm’ e meio no pé e no cós três polegadas.
Ai, madre, bem vos vos digo: mentiu-mh o meu amigo: sanhuda lh’and’eu’. Do que mh-ouve jurado, pois mentiu per seu grado, grado, sanhuda lh’and’eu’.
Non é de mi partido, mais por que mh-á mentido, sanhuda lh’and’eu’. In: PINA, Julieta Moreno. O tempo e a palavra. Porto, Portugal: Areal editores, 1991, p.33.
Vocabulário
Vocabulário: 1. bigode
c) ( ) Que razon cuidades vós, mia senhor, dar a Deus, quand’ant’El fordes, por mi, que matades, que vos non mereci outro mal se non que vos ei amor, aquel maior que vol’ eu poss’aver; ou que salva (1) lhi cuidades fazer da mia morte, pois per vós morto for?
Madre: mãe Sanhuda lh’and’eu’: ando zangada com ele Mentiu per seu grado: mentiu porque o quis fazer Non foi u ir avia: não foi aonde havia de ir Non é de mi partido: não rompi (o relacionamento) com ele 02.
D. Dinis
Vocabulário: 1. desculpa
Leia o texto a seguir e responda à questão 02.
Non foi u ir avia. mais bem des aquel dia sanhuda lh’and’eu’.
Pero Viviães
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Pero Rodriguez, da vossa molher non creades mal que vos ome diga, ca entend’eu dela que ben vos quer e quem end’al disser, dirá nemiga (1); e direi-vos em que lhe entendi: en outro dia, quando a fodi, mostrou-xi-mi muito por voss’amiga.
O paralelismo é um recurso muito utilizado no gênero lírico de várias épocas e consiste na repetição de versos ou na correspondência de construções sintáticas. Transcreva da cantiga os versos que utilizam esse recurso e justifique essa utilização. 49
03. Unifesp
Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade. Un cavalo non comeu á seis meses nen s’ergueu mais prougu’a Deus que choveu, creceu a erva, e per cabo si paceu, e já se leva! Seu dono non lhi buscou cevada neno ferrou: mai-lo bon tempo tornou, creceu a erva, e paceu, e arriçou, e já se leva!
05.
Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo E ai Deus, se verrá cedo! Ondas do mar levado, se vistes meu amado! E ai Deus, se verrá cedo! Se vistes meu amigo, O porque eu sospiro! E ai Deus, se verrá cedo! Se vistes meu amado porque ei gran cuidado! E ai Deus, se verrá cedo! Martim Codax
Cossante
Seu dono non lhi quis dar cevada, neno ferrar; mais, cabo dum lamaçal creceu a erva, e paceu, e arriç’ar, e já se leva! CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. harmonia mundi usa, 1995.
Ondas da praia onde vos vi, Olhos verdes sem dó de mim, Ai avatlântica! Ondas da praia onde morais, Olhos verdes intersexuais. Ai avatlântica!
Olhos verdes sem dó de mim, A leitur leitura a perm permite ite afirmar afirmar que se trata trata de uma cantig cantiga a de: de: Olhos verdes, de ondas sem fim, a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do Ai avatlântica! cavalo, que dele não cuidara, mas, graças ao bom tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde Olhos verdes, de ondas sem fim, recuperar-se sozinho. Por quem jurei de vos possuir, b) amor, em que se mostra o amor de Deus Deus com o Ai avatlântica! cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva que cresceu graças à chuva e ao bom tempo. Olhos verdes sem lei nem rei c) escárnio, na qual se conta conta a divertida história história do Por quem juro vos esquecer, esquecer, cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva, ali Ai avatlântica! mentou-se, recuperou-se e pôde, então, fugir do In Estrela da vida inteira , José Olympio/ INL, 1970. dono que o maltratava. Manuel Bandeira d) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo Aponte semelhanças entre a cantiga de Martim Codax não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do e o poema do poeta modernista Manuel Bandeira. mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas 06. mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se. e) maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o I. ( ) cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo, deixandoRui Queimado morreu com amor o entregue à própria sorte para obter alimento. em seus cantares, par Sancta Maria, por a dona que gran ben queria, queria, 04. Mackenzie-SP e, por se meter por mais trovador, Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorreto porque lh’ela non quis [o] ben fazer, fazer, afirmar que: fez-s’el en seus cantares morrer, a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo mas ressurgiu depois ao tercer dia! teocentrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas. Esto fez el por ua sa senhor b) representou um claro apelo popular à arte, que que quer gran ben, e mais vos en diria: passou a ser representada por setores mais baixos da sociedade. porque cuida que faz i maestria, maestria, enos cantares que fez a sabor c) pode ser dividida em lírica e satírica. de morrer i e desi d’ar viver; d) em boa parte de sua realização, realização, teve influência esto faz el que x’o pode fazer, provençal. mas outro’omem per ren non [n] o faria. (...) e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por P. Garcia Burgalês trovadores, expressam o eu lírico feminino. 50
03. Unifesp
Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade. Un cavalo non comeu á seis meses nen s’ergueu mais prougu’a Deus que choveu, creceu a erva, e per cabo si paceu, e já se leva! Seu dono non lhi buscou cevada neno ferrou: mai-lo bon tempo tornou, creceu a erva, e paceu, e arriçou, e já se leva!
05.
Ondas do mar de Vigo, se vistes meu amigo E ai Deus, se verrá cedo! Ondas do mar levado, se vistes meu amado! E ai Deus, se verrá cedo! Se vistes meu amigo, O porque eu sospiro! E ai Deus, se verrá cedo! Se vistes meu amado porque ei gran cuidado! E ai Deus, se verrá cedo! Martim Codax
Cossante
Seu dono non lhi quis dar cevada, neno ferrar; mais, cabo dum lamaçal creceu a erva, e paceu, e arriç’ar, e já se leva! CD Cantigas from the Court of Dom Dinis. harmonia mundi usa, 1995.
Ondas da praia onde vos vi, Olhos verdes sem dó de mim, Ai avatlântica! Ondas da praia onde morais, Olhos verdes intersexuais. Ai avatlântica!
Olhos verdes sem dó de mim, A leitur leitura a perm permite ite afirmar afirmar que se trata trata de uma cantig cantiga a de: de: Olhos verdes, de ondas sem fim, a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do Ai avatlântica! cavalo, que dele não cuidara, mas, graças ao bom tempo e à chuva, o mato cresceu e o animal pôde Olhos verdes, de ondas sem fim, recuperar-se sozinho. Por quem jurei de vos possuir, b) amor, em que se mostra o amor de Deus Deus com o Ai avatlântica! cavalo que, abandonado pelo dono, comeu a erva que cresceu graças à chuva e ao bom tempo. Olhos verdes sem lei nem rei c) escárnio, na qual se conta conta a divertida história história do Por quem juro vos esquecer, esquecer, cavalo que, graças ao bom tempo e à chuva, ali Ai avatlântica! mentou-se, recuperou-se e pôde, então, fugir do In Estrela da vida inteira , José Olympio/ INL, 1970. dono que o maltratava. Manuel Bandeira d) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo Aponte semelhanças entre a cantiga de Martim Codax não lhe buscou cevada nem o ferrou por causa do e o poema do poeta modernista Manuel Bandeira. mau tempo e da chuva que Deus mandou, mas 06. mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se. e) maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o I. ( ) cavalo, mas esqueceu-se de alimentá-lo, deixandoRui Queimado morreu com amor o entregue à própria sorte para obter alimento. em seus cantares, par Sancta Maria, por a dona que gran ben queria, queria, 04. Mackenzie-SP e, por se meter por mais trovador, Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é incorreto porque lh’ela non quis [o] ben fazer, fazer, afirmar que: fez-s’el en seus cantares morrer, a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo mas ressurgiu depois ao tercer dia! teocentrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas. Esto fez el por ua sa senhor b) representou um claro apelo popular à arte, que que quer gran ben, e mais vos en diria: passou a ser representada por setores mais baixos da sociedade. porque cuida que faz i maestria, maestria, enos cantares que fez a sabor c) pode ser dividida em lírica e satírica. de morrer i e desi d’ar viver; d) em boa parte de sua realização, realização, teve influência esto faz el que x’o pode fazer, provençal. mas outro’omem per ren non [n] o faria. (...) e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por P. Garcia Burgalês trovadores, expressam o eu lírico feminino. 50
II. ( ) En gran coita, senhor, que pelor que mort’ é, vivo, per bõa fé, e polo vosso amor esta coita sofr’eu por vés, senhor, senhor, que eu vi pelo meu gran mal
07.
D. Dinis
III. ( ) Vaiamos, irmã, vaiamos dormir nas ribas do lago, u eu andar vi a las aves meu amigo.
08.
Vaiamos, irmã, vaiamos folgar nas ribas do lago, eu vi andar a las aves meu amigo Fernando Esguio
IV. ( ) Ua donzela coitado d’amor por si me faz andar, e en sas feituras falar quero eu, come namorado: rostr’agudo como foron, barva no queix’e eno granhon, e o ventre grand’e inchado.
Através das cantigas trovadorescas, podemos conhecer muita coisa sobre a Idade Média. Sobre a estrofe acima, responda: a) A que fato comum da Idade Média ela faz referênreferência? b) Qual a importância de tal fato para a compreensão da sociedade medieval? 09. UniCOC-SP
Ondas do mar de Vigo, Se vistes meu amigo! E ai, Deus, se verrá cedo!
Pero Viviães
Ondas do mar levado, Se vistes meu amado! E ai, Deus, se verrá cedo! Se vistes meu amigo, O por que eu sospiro! E ai, Deus, se verrá cedo!
V. ( ) Pero eu dizer quysesse, creo que non saberia dizer, nen er poderia, per poder que eu ouvesse ouvesse a coyta que o coytado sofre que é namorado, nen er sey quen mh-o crevesse. crevesse .
Se vistes meu amigo, Poer que hei gran cuidado! E ai, Deus, se verrá cedo! Martim Codax
D. Dinis
Relacione: a) Cantiga de amor b) Cantiga de amigo c) Cantiga de escárnio d) Cantiga de maldizer
A Sant’lag’en romaria ven el-rei, madr’, e praz-me (1) de coraçon por duas cousas, se Deus me perdon, eu que tenho que me faz Deus gran ben: ca vere’i (2) el’rei nunca vi e meu amigo, que ven con el i. Vocabulário: 1. me dá prazer; 2. aí
Sobrancelhas mesturadas, grandes e mui cabeludas, sobre-los olhos merjudas; e as tetas pendoradas e mui grandes, por boa fé; a un palm’e meio no pé e nos cós três polegadas.
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Uma das afirmativas abaixo, feitas sobre os romances de cavalaria, não está correta nem pode ser justificada em hipótese nenhuma. Qual é ela? a) A Demanda do Santo Graal pertence Graal pertence ao ciclo de Carlos Magno e aos doze pares de França. b) Não se sabe sabe quem é o autor do Amadis do Amadis de Gaula, Gaula, romance datado do início do século XVI. c) Um dos importantes ciclos de cavalaria é o do rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda. d) Os romances romances de cavalaria têm sua origem origem nas canções de gesta (poemas com temas guerreiros). e) A penetração do romance de cavalaria em Portugal aconteceu no século XIII, durante o reinado de Afonso III.
Com relação ao texto, é incorreto dizer que: a) justifica a presença de recursos estilísticos que contribuem para o caráter musical do poema o fato de, no contexto em que ele foi produzido, a literatura ser veiculada literalmente. b) a musicalidade do texto é adequada, estilisticamente, à expressão de conteúdos emotivos. 51
c) sua musicalidade advém apenas da regularidade das rimas emparelhadas e da presença do refrão. d) pertence ao gênero lírico. e) pertence a um estilo de época vinculado, ideologicamente, ao teocentrismo.
13.
Leia atentamente o poema abaixo. Trata-se de uma homenagem que o poeta modernista Manuel Bandeira (1886-1968) presta ao Trovadorismo. Mha senhor, com’oje dia son, Atan cuitad’e sen cor assi!
10.
São características da cantiga de amigo: a) amor platônico e sentimento feminino. b) amor cortês e queixa da ausência do amado. c) amor de mulher e sentimento espontâneo. d) queixas do poeta e diversificação de assuntos.
E par Deus non sei que farei i,
11.
Nulha ren se non a morte vi,
Ca non dormho á mui gran sazon. Mha senhor, ai meu lum’e meu ben, Meu coraçon non sei o que ten. Noit’e dia no meu coraçon
Assinale a alternativa incorreta. E pois tal coita non mereci, a) Na cantiga de amor, encontramos a purificação do Moir’eu logo, se Deus mi perdon. apelo erótico, isto é, a idealização do amor. Mha senhor, ai meu lum’e meu ben, b) Na cantiga de amigo, o “eu lírico” é feminino e canta Meu coraçon non sei o que ten. a saudade do amigo (namorado) que partiu. c) A cantiga de maldizer utiliza muitas vezes o ero- Aponte no poema elementos formais e temáticos tismo. que caracterizem o texto como uma referência ao d) A cantiga de escárnio é uma sátira direta e de Trovadorismo. humor picante. 14.
12. Unicamp-SP Texto I
Noutro dia, quando m’eu espedi (1) de mia senhor, e quando mi’houv’a ir (2) e me non falou foi que non morri, que, se mil vezes podesse morrer, meor (3) coita me fora de sofrer! Vocabulário: 1. despedi; 2. tive de ir; 3. menor.
Senhor, quando vos vi e que fui vosco falar, sabed’agora per mi que tanto fui desejar vosso ben; e pois é si, que pouco posso duar, e moiro-m’assi de chan; porque mi fazedes mal,
Texto II
Toda gente homenageia Januária na janela Até o mar faz maré cheia Pra chegar mais perto dela O pessoal desce na areia E batuca por aquela Que, malvada, se penteia E nem escuta quem apela.
e de vós non ar ei al, mia morte tenho na man. D. Dinis
Quais são os indícios que nos permitem classificar a cantiga anterior como de amor? 15. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal. Os dois textos lidos são bastante separados no tempo. a) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poO primeiro foi escrito por um nobre, D. João Soares ema do ponto de vista feminino. Coelho, trovador de grande produção que viveu no século XIII, em Portugal. O segundo é uma letra de b) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre senhor e vassalo na sociedade feudal: música escrita pelo compositor brasileiro contemporâdistância e extrema submissão. neo Chico Buarque de Hollanda. Apesar da distância, ambos os textos abordam uma mesma postura da c) A influência dos trovadores provençais é nítida nas amada a que se referem. cantigas de amor galego-portuguesas. a) Que postura é essa? d) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre a poesia e a música. b) Aponte os versos em que a postura se evidencia, em cada um dos textos. e) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em c) Qual o efeito dessa postura, para o trovador, no livros ou coletâneas que receberam o nome de texto I? cancioneiros. 52
16.
17. Queixa
Um amor assim delicado Você pega e despreza Não o devia ter despertado Ajoelha e não reza Dessa coisa que mete medo Pela sua grandeza Não sou o único culpado Disso eu tenho a certeza Princesa Surpresa Você me arrasou Serpente Nem sente que me envenenou Senhora, e agora Me diga onde eu vou Senhora Serpente Princesa Um amor assim delicado Nenhum homem daria Talvez tenha sido pecado Apostar na alegria Você pensa que eu tenho tudo E vazio me deixa Mas Deus não quer Que eu fique mudo E eu te grito essa queixa Um amor assim violento Quando torna-se mágoa É o avesso de um sentimento Oceano sem água Ondas: desejos de vingança Nessa desnatureza Batem forte sem esperança Contra a tua dureza Princesa Surpresa Você me arrasou Serpente Nem sente que me envenenou Senhora, e agora Me diga onde eu vou Senhora Serpente Princesa Princesa Surpresa Você me arrasou Serpente Nem sente que me envenenou Senhora, e agora Me diga onde eu vou Amiga Me diga VELOSO, Caetano: In Cores, nomes. LP Polygram nº. 6328381, 1982. 4 3 R O P 7 0 D 2 V P
A cultura trovadoresca deixou claras influências na cultura de língua portuguesa. Aponte na canção dada características que a aproximem de uma das cantigas trovadorescas.
No mundo non me sei parelha(1) mentre(2) me for como me vai, ca já moiro por vós – e ai, mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia(3) quando vos eu vi en saia! Mau dia me levantei que vos enton non vi fea! E, mia senhor, des aquel dia, ai, me foi a mi mui mal, e vós, filha de don Paai Moniz, e ben vos semelha(4) d’haver eu por vós guarvaia(5) pois eu, mia senhor, d’alfaia nunca de vós houve nen hei valia dua correa.(6) Vocabulário: 1. igual; 2. enquanto; 3. retrate; 4. bem vos parece; 5. roupa luxuosa; 6. coisa sem valor. Esta é a primeira cantiga medieval portuguesa de que se tem notícia. Sua classificação não é tão simples quanto possa parecer em uma primeira leitura. a) Quais são os argumentos que podem ser usados para defender a hipótese de se tratar de uma cantiga de amor? b) Que outro tipo de classificação ela pode ter? Justifique sua resposta. 18.
Don Meendo, vós veestes falar migo noutro dia; e na fala que fezestes perdi eu do que tragia. Ar(1) querredes falar migo e non querrei eu, amigo. Vocabulário: 1. novamente. a) A cantiga anterior é de escárnio ou de maldizer? Justifique sua resposta. b) Qual a crítica que o autor faz ao satirizado? 19. Vunesp Estava a formosa seu fio torcendo
Paráfrase de Cleonice Berardinelli Estava a formosa seu fio torcendo Sua voz harmoniosa, suave dizendo Cantigas de amigo. Estava a formosa sentada, bordando, Sua voz harmoniosa, suave cantando Cantigas de amigo – Por Jesus, senhora, vejo que sofreis De amor infeliz, pois tão bem dizeis Cantigas de amigo. 53
Por Jesus, senhora, eu vejo que andais Com penas de amor, pois tão bem cantais Cantigas de amigo.
I.
a) b) II.
a) b)
(...) Entre os lugares a que seu recado chegou foi a cidade do Porto, onde suas cartas não foram ouvidas em vão. Mas, como foram vistas, com o coração, muito prestes logo se ajuntaram todos, especialmente o povo miúdo, que alguns outros dessa comunal gente, duvi – Abutre comestes, pois que adivinhais dando, receavam muito de poer em tal feito mão. In: Cantigas de trovadores medievais em português moderno. Então aqueles que chamavam arraia miúda disseram a Rio de Janeiro. Org. Simões, 1953. O paralelismo é um dos recursos estilísticos mais um, por nome chamado Álvaro da Veiga, que levasse a bandeira pela vila, em voz e nome do Mestre de Avis; comuns na poesia lírico-amorosa trovadoresca. e ele refusou de a levar, mostrando que o não devia Consiste na ênfase de uma idéia central, às vezes de fazer, o qual logo foi chamado traidor, que era da repetindo expressões idênticas, palavra por pala parte da Rainha, dando-lhe tantas cutiladas, e assim de vra, em séries de estrofes paralelas. A partir dessas vontade, que era sobeja cousa de ver. Este morto, não observações, responda às questões abaixo. se fez mais naquele dia; mas juntaram-se todos o outro O poema se estrutura em quantas séries de estro- seguinte, com sua bandeira tendida, na Praça, tendo fes paralelas? Identifique-as. ordenado que a levasse um bom homem do lugar, Que idéias centrais são enfatizadas em cada série que chamavam Afonso Anes Pateiro: e, se a levar não quisesse, que o matassem logo, como o outro. paralelística? Afonso Anes soube desta parte, por alguns deles que Considerando-se que o último verso da cantiga eram seus amigos, e bem cedo pela manhã, primeiro que caracteriza um diálogo entre personagens; consi- o convidassem pera tal obra, foi-se à praça da cidade, derando-se ainda que a palavra abutre grafava-se onde já todos eram juntos pera a trazer pelo lugar, e avuytor , em português arcaico, e considerando-se antes que lhe nenhum dissesse que a levasse, deitou ele que, de acordo com a tradição popular da época, mão da bandeira, dizendo ele altas vozes, que o ouviram era possível fazer previsões e descobrir o que está todos: Portugal, Portugal, pelo Mestre de Avis! (...) oculto, comendo carne de abutre, mediante essas 21. três considerações: identifique a personagem que se expressa em O registro da ação popular revela-nos um Fernão Lopes: discurso direto, no último verso do poema; a) medieval. d) humanista. interprete o significado do último verso, no contexto b) regiocêntrico. e) satírico. do poema. c) lírico.
20.
Leia o texto a seguir e indique as diferenças e as semelhanças entre este texto e as cantigas de amor e de amigo. Cantiga sua partindo-se João Ruiz de Castelo Branco
Senhora, partem tão tristes meus olhos por vós, meu bem, que nunca tão tristes vistes outros nenhuns por ninguém. Tão tristes, tão saudosos, tão doentes da partida, tão cansados, tão chorosos, da morte mais desejosos cem mil vezes que da vida. Partem tão tristes os tristes, tão fora d’esperar bem, que nunca tão tristes vistes outros nenhuns por ninguém. In S. Spina. Presença da literatura portuguesa. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1969.
Texto para as questões de 21 a 23.
O trecho a seguir pertence a uma das crônicas de Fernão Lopes. Nele, D. João, Mestre de Avis, sabendo que Castela estava prestes a invadir Portugal (Revolução de Avis), manda recados a cidades e aldeias, no sentido de que o povo o ajude a defender a terra. 54
22.
O trecho lido é teocêntrico ou antropocêntrico? Justifique. 23.
Após a leitura do texto anterior, responda às questões a seguir. a) Que característica de Fernão Lopes é evidenciada no texto? b) O texto lido pode ser caracterizado como teocêntrico ou antropocêntrico? Justifique. 24. Vunesp
Então se despediu da Rainha, e tomou o Conde pela mão, e saíram ambos da câmara a uma grande casa que era diante, e os do Mestre todos com ele, e Rui Pereira e Lourenço Martins mais acerca. E chegando-se o Mestre com o Conde acerca duma fresta, sentiram os seus que o Mestre lhe começava a falar passo, e estiveram todos quedos. E as palavras foram entre eles tão poucas, e tão baixo ditas, que nenhum por então entendeu quejandas eram. Porém afirmam que foram desta guisa: – Conde, eu me maravilho muito de vós serdes homem a que eu bem queria, e trabalhardes-vos de minha desonra e morte! – Eu, Senhor? disse ele. Quem vos tal cousa disse, mentiu-vos mui grã mentira. O Mestre, que mais tinha vontade de o matar, que de estar com ele em razões, tirou logo um cutelo comprido e enviou-lhe um golpe à cabeça; porém não foi a ferida tamanha que dela morrera, se mais não houvera.
Os outros todos, que estavam de arredor, quando viram isto, lançaram logo as espadas fora, para lhe dar; e ele movendo para se acolher à câmara da Rainha, com aquela ferida; e Rui Pereira, que era mais acerca, meteu um estoque de armas por ele, de que logo caiu em terra, morto. Os outros quiseram-lhe dar mais feridas, e o Mestre disse que estivessem quedos, e nenhum foi ousado de lhe mais dar. O texto transcrito anteriormente é de Fernão Lopes e pertence à Crônica de D. João I. As crônicas de Fernão Lopes caracterizam-se por tentarem reproduzir a verdade histórica como se esta tivesse sido testemunhada. Por outro lado, é com Fernão Lopes que a língua portuguesa inicia o percurso da sua modernidade. Nestes termos, assinale, nas alternativas a seguir indicadas, a que melhor caracteriza o trecho transcrito da Crônica de D. João I. a) Narração realista e dinâmica que quase nos faz visualizar os acontecimentos. b) Fidelidade absoluta aos acontecimentos históricos. c) Utilização de uma linguagem elevada, de acordo com a reprodução dos fatos históricos. d) Preocupação em mencionar os nomes de todas as pessoas presentes à morte do Conde. e) Exaltação do feito heróico do Mestre ao matar o inimigo do Reino. 25.
Apesar das diferenças entre os dois estilos, alguns temas permanecem sendo explorados na poesia do Humanismo. Leia os dois textos a seguir (o texto I é uma cantiga de amor e o texto II é uma poesia palaciana) e aponte a semelhança temática entre eles.
Marque a alternativa incorreta a respeito do Humanismo. a) Época de transição entre a Idade Média e o Renascimento. b) O teocentrismo cede lugar ao antropocentrismo. c) Fernão Lopes é o grande cronista da época. d) Garcia de Resende coletou as poesias da época, publicadas em 1516 com o nome de Cancioneiro geral . e) A Farsa de Inês Pereira é a obra de Gil Vicente cujo assunto é religioso, desprovido de crítica social. 28. Unicamp-SP
Leia com atenção os fragmentos de poemas transcritos abaixo. Fragmento 1 Trova à maneira antiga Francisco de Sá de Miranda, 1595
Comigo me desavim, Sou posto em todo perigo; não posso viver comigo nem posso fugir de mim. (...) Que meio espero ou que fim do vão trabalho que sigo, pois que trago a mim comigo, tamanho imigo de mim? (imigo = inimigo)
Fragmento 2 Dispersão Mário de Sá-Carneiro, 1913
Texto I
Ir-vos queredes, mia Senhor, e fiqu’end’ (1) eu con gran pesar, que nunca soube ren(2) amar ergo(3) vós, dês quando vos vi. E pois que vos ides d’aqui, senhor fremosa, que farei? Nuno Fernandes Torneol
Vocabulário: 1. por isso; 2. outra coisa; 3. exceto. Texto II
Ó meu bem, pois te partiste dante meus olhos, coitado, os ledos me farão triste, os tristes desesperado.
Perdi-me dentro de mim Porque eu era labirinto, E hoje, quando me sinto, É com saudades de mim. (...) E sinto que a minha morte – Minha dispersão total – Existe lá longe, ao norte, Numa grande capital. Ambos os poemas tratam do tema das relações do eu consigo mesmo, mas desenvolvem-no de maneira diferente. Exponha em que consiste esse desenvolvimento diferenciado do tema, em cada poema. 29. UEL-PR
Diogo de Miranda
26.
Segundo é fama, el-rei de Castela trazia até cinco mil homens de lança (...) e muitos bons besteiros, que eram bem seis mil, segundo escrevem alguns. 4 3 R O P 7 0 D 2 V P
27. Mackenzie-SP
Fernão Lopes, Crônicas d’EI-Rei D. João, 1ª parte
Conforme podemos depreender do texto acima, Fernão Lopes tinha especial interesse pela pesquisa histórica. Qual o significado desse interesse, no contexto do Humanismo?
Não queiras ser tão senhora: casa, filha, e aproveite; não percas a ocasião. Queres casar por prazer No tempo de agora, Inês? (...) sempre eu ouvi dizer: Ou seja sapo ou sapinho, ou marido ou maridinho, tenha o que houver posses Este é o certo caminho. VICENTE, Gil. Farsa de Inês Pereira. São Paulo: SENAC, 1996. p. 82. 55
Com base nessas palavras e nos conhecimentos sobre o Humanismo, é correto afirmar: a) O Humanismo procura retratar a realidade de forma ingênua, revelando uma visão idealizada do mundo expressa pelo verso “casa, filha, e aproveite”. b) O fragmento fragmento citado trata o casamento casamento como resultado de um envolvimento amoroso pleno. c) A leitura do fragmento confirma que o Humanismo, embora dirigido a um público palaciano, adota alguns padrões do discurso popular, como se observa nos quatro últimos versos. d) O verso “Este é o certo caminho” caminho” indica o predomínio de uma visão idílica e idealizada i dealizada em grande parte do discurso humanista. e) O olhar humanista, no fragmento fragmento citado, imprime à união conjugal uma motivação sentimental. Tal Tal postura suplanta o lirismo amoroso presente em algumas cantigas trovadorescas. 30. Mackenzie-SP
Gil Vicente, autor representativo do Humanismo em Portugal, (1) revela-nos, em sua obra lírica, (2) uma ambivalência típica desse período: (3) de um lado, a ideologia teocêntrica do mundo medieval; (4) de outro, influenciado pelo antropocentrismo emergente, (5) é o analista mordaz da sociedade portuguesa do século XVI. É essa ambivalência que o situa como autor de transição: (6) entre o Humanismo e o antropocentrismo. (7) Dos fragmentos destacados: a) todos estão corretos. b) todos estão incorretos. c) apenas 4 e 5 estão incorretos. d) apenas 2 e 7 estão incorretos. e) apenas 2, 5 e 7 estão estão incorretos. 31. PUC–SP
Esta questão refere-se às obras Auto obras Auto da barca do inferno, ferno, de Gil Vicente, e Morte e vida severina (auto de natal pernambucano), de João Cabral de Melo Neto. Leia as alternativas a seguir e assinale a correta. a) As duas obras apresentam uma crítica à sociedade de suas épocas: a de Gil Vicente, a partir das almas que representam classes sociais e profissionais de Portugal, a de João Cabral, a partir de personagens representativas de tipos sociais do Nordeste. b) As duas obras obras apresentam apresentam construções poéticas diametralmente opostas, uma vez que uma emprega o verso decassílabo e a outra, a redondilha. c) As duas duas obras obras apresentam apresentam aspectos em comum, como o julgamento e a condenação, condenação , isto é, em ambas, as personagens são julgadas e condenadas após a morte. d) As duas obras apresentam o julgamento ocorrendo na consciência de cada personagem. Entretanto, a execução da justiça, em Auto em Auto da barca barca do inferno, inferno, é somente realizada pelo Diabo, e, em Morte e vida severina, severina, pela miserabilidade da vida. 56
e) As duas obras apresentam estrutura de auto; assimilam, portanto, tradições populares e constroem a realidade por meio da crítica. Como autos, são representações teatrais que contêm vários atos. 32. Fuvest-SP
Considere as seguintes afirmações sobre o Auto da barca do inferno, inferno, de Gil Vicente: I. O auto atinge seu clímax na cena do Fidalgo, personagem que reúne em si os vícios das diferentes categorias sociais anteriormente representadas. II. A descontinuidade das cenas é coerente com o caráter didático do auto, pois facilita o distanciamento do espectador. espectador. III. A caricatura caricatura dos tipos sociais presentes no auto não é gratuita nem artificial, mas resulta da acentuação de traços típicos. Está correto apenas o que se afirma em: a) I d) I e II b) II e) I e III c) II e III 33. Mackenzie-SP Ninguém:
Tu estás a fim de quê? Todo Mundo:
A fim de coisas buscar que não consigo topar. Mas não desisto, porque o cara tem de teimar. Ninguém:
Me diz teu nome primeiro. Todo Mundo:
Eu me chamo Todo Mundo e passo o dia e o ano inteiro Correndo atrás de dinheiro, seja limpo ou seja imundo. Belzebu:
Vale a pena dar ciência e anotar isto bem, Por ser fato verdadeiro: que Ninguém tem consciência, E Todo Mundo, dinheiro. No trecho, Carlos Drummond de Andrade reconstruiu, com nova linguagem, parte de um texto de importante dramaturgo da língua portuguesa. Trata-se de: a) Gil Vicente. d) Sá de Miranda. b) Dom Diniz. e) Fernão Lopes. c) Luís Vaz de Camões. 34. Fuvest-SP
Indique a afirmação correta sobre o Auto o Auto da barca barca do inferno, inferno, de Gil Vicente. a) É intrincada a estruturação estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com o inesperado de cada situação.
b) O moralismo moralismo vicentino localiza os vícios vícios não nas instiinstituições, mas nos indivíduos que as fazem viciosas. c) É complexa complexa a crítica aos costumes costumes da época, já que o autor é o primeiro a relativizar a distinção entre o Bem e o Mal. d) A ênfase desta sátira recai recai sobre as personagens personagens populares, as mais ridicularizadas e as mais severamente punidas. e) A sátira é aqui demolidora demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer exemplo de valor positivo. 35. Unitau-SP
Em relação a Gil Vicente, é incorreto dizer que: a) recebeu, no início de sua intensa atividade literária, influência de Juan del Encina. b) sua primeira produção teatral foi Auto dos Reis Magos. Magos. c) suas obras se caracterizaram, caracterizaram, antes de tudo, tudo, por serem primitivas e populares. d) suas obras surgiram para entretenimen to nos ambientes da corte portuguesa. e) seu teatro caracterizou-se por observações satíricas às camadas sociais da época.
38. UniCOC-SP
Considere as seguintes asserções sobre o teatro de Gil Vicente. I. Autos pastoris, autos de moralidade e farsas são gêneros cultivados pelo autor. II. O espírito crítico do teatro vicentino não poupa o clero corrupto, que é ridicularizado. III. As personagens do autor representam tipos sociais como alcoviteiras, velhos ridículos, maridos ingênuos, nobres pedantes, entre outros. Deve-se firmar que: a) I, II e III estão corretas. b) apenas I e III III estão corretas. c) apenas II e III estão corretas. d) apenas I e II estão corretas. e) apenas II está correta. 39.
(...) Vêm quatro cavaleiros cantando. Trazem, cada um, a cruz de Cristo, por quem a mais por sua santa fé católica morreram em poder dos mouros. Diabo Cavaleiros, vós passais e não perguntais onde is?
36. PUC-SP
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Vós, satanás, presumis? Ainda sobre a peça O Velho da horta, horta, considerando o Cavaleiro Atentai com quem falais! texto como um todo, é correto afirmar-se que: a) a reza do “Pai Nosso” que inicia a peça, prepara o leitor para o desenvolvimento de um texto funda- Outro cavaleiro Vós que nos demandais? siquer conhece-nos bem. mentalmente religioso, confirmado, inclusive, pela Morremos das partes d’além, ladainha proferida pela alcoviteira. E não queiras saber mais. b) o velho relaciona-se, ao longo da peça, com quatro mulheres, das quais uma é a moça por quem se Entrai cá! Que coisa é essa? apaixona e com quem, correspondido, acaba se Diabo Eu não posso entender isso! casando. c) a farsa farsa tem como argumento argumento a paixão de um velho Cavaleiro Quem morre por Jesus Cristo por uma moça de muito bom parecer, por causa não vai em tal barca como esta! dela (e por via de uma alcoviteira) acaba gastando toda a sua fortuna. Tornam a proseguir, cantando, seu caminho direto à d) o texto se organiza a partir de uma estrutura verver- barca da Glória, e tanto que chegam, diz o Anjo: sificatória que revela ritmo poético, marcado por Anjo Ó cavaleiros de Deus, versos livres e por ausência de esquema rímico. a vós estou esperando, e) o diálogo estabelecido entre o velho e a moça cria que morrestes pelejando condições para o arrebatamento amoroso de am por Cristo Senhor dos dos céus! bos e revela ausência de ironia e de menosprezo Sois livre de todo o mal, de qualquer natureza. santos por certo sem falha, que quem morre em tal batalha 37. UniCOC-SP merece paz eternal. Na Farsa de Inês Pereira, Pereira , Gil Vicente: E assi embarcam. a) retoma a análise do amor do velho apaixonado, Considerando a leitura feita, responda ao que se desenvolvida em O Velho da horta. horta. pede: b) mostra a humilhação da jovem que não pode esco- a) De que peça teatral teatral de Gil Vicente Vicente foi extraído o lher seu marido, tema de várias peças desse autor. trecho acima? Vicente, nessa c) descreve a revolta de uma jovem confinada aos b) Por que se pode dizer que Gil Vicente, passagem, assume atitude medieval? serviços domésticos. d) conta a história de uma jovem que assassina o 4 0 . marido para se livrar dos maus-tratos. Leia atentamente o trecho a seguir, da peça Auto da e) aponta, quando Lianor Lianor narra as ações ações do clérigo, barca do inferno, inferno, de Gil Vicente. Nele, o personagem uma solução religiosa para a decadência moral de Parvo reage ao convite do Diabo para que entre na barca que o conduziria ao inferno. seu tempo. 57
PARVO Ao Inferno, em hora-má?!
Hiu! Hiu! Barca do cornudo, (...) Entrecosto de carrapato! Hiu! Hiu! Caga no sapato, Filho da grande aleivosa! Tua mulher é tinhosa e há de parir um sapo metido num guardanapo, neto de cagarrinhosa! Furta cebolas! Hiu! Hiu! Excomungado nas igrejas! Burrela, cornudo sejas! (...) Perna de cigarra velha, Caganita de coelha, Pelourinho de Pampulha, Rabo de forno de telha. a) Qual a reação do Parvo? b) Que estrato estrato social o Parvo Parvo representa? c) Moralmente, como se pode caracterizá-lo? 41. Fuvest-SP Todo o Mundo Ninguém
Folgo muito d’ enganar e mentir nasceu comigo. Eu sempre verdade digo sem nunca me desviar.
(Belzebu para Dinato) Belzebu Ora escreve lá, compadre, Dinato Belzebu
Não sejas tu preguiçoso! Quê? Que Todo Todo o Mundo é mentiroso E Ninguém diz a verdade. Auto da Lusitânia — Gil Vicente
O texto afirma que: a) todo o mundo é mentiroso. b) Ninguém é mentiroso. c) Todo o Mundo diz a verdade. verdade . d) ninguém diz a verdade. e) Todo o Mundo é mentiroso. mentiros o. 42. Umesp
Assinale a alternativa em que se encontra uma afirmação incorreta sobre a obra de Gil Vicente. a) Sofre influência de Juan del Encina, principalmente no teatro pastoril de sua primeira fase. b) Seus personagens representam tipos de uma vasta galeria de estratos da sociedade portuguesa da época. c) Por viver em pleno Renascimento, Renascimento, apega-se aos valores greco-romanos, desprezando os princípios da Idade Média. d) Um dos maiores valores valores de sua obra é ter contrabalançado uma sátira contundente com o pensamento cristão. e) Suas obras-primas, como a Farsa de Inês Pereira, ra, são escritas na terceira fase de sua carreira, período de maturidade intelectual. 58
43.
Em 1531, um terremoto abalou Portugal. Alguns frades de Santarém interpretaram o fato de tal forma que descontendesconten tou o dramaturgo Gil Vicente. Ele então resolveu escrever uma carta ao rei D. João III, narrando o fato e mostrando sua posição. Segue-se o trecho inicial da carta: Os frades de cá não me contentaram, nem em púlpito, nem em prática, prática, sobre esta tormenta tormenta da terra que ora passou; porque não bastava o espanto da gente, mais ainda eles lhes afirmavam duas cousas, que os mais fazia esmorecer. A primeira, que polos grandes pecados que em Portugal se faziam, a ira de Deus fizera aquilo, e não que fosse curso natural, nomeando logo os pecados por que fora; em que pareceu que estava neles mais soma de ignorância que de graça do Spírito Santo. a) Segundo Gil Vicente, Vicente, que interpretação os frades deram ao terremoto? b) Como Gil Vicente Vicente interpreta o terremoto? c) Qual o sentido dessa oposição no contexto humanista? 44. Fuvest-SP
Aponte a alternativ alternativa a correta correta em relação relação a Gil Gil Vicente. Vicente. a) Compôs peças de caráter caráter sacro sacro e satírico. b) Introduziu a lírica lírica trovadoresca em Portugal. c) Escreveu a novela Amadis novela Amadis de Gaula. Gaula. d) Só escreveu peças em português. e) Representa o melhor do teatro clássico português. 45.
O tipo mais insistentemente observado e satirizado é o clérigo, e especialmente o frade. Trata-se Trata-se de fato de uma classe numerosíssima, presente em todos os setores da sociedade portuguesa, na corte e no povo, na cidade e na aldeia. O texto crítico refere-se a qual autor? Além do frade, cite um outro tipo humano satirizado pelo autor em questão. 46.
O ditado popular que serviu de inspiração ins piração a Gil Vicente para escrever a peça Farsa de Inês Pereira é: Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube. Nesse ditado, a que deve ser associado o personagem per sonagem Brás da Mata? Justifique sua resposta. 47. PUC-SP
O argumento da peça Farsa de Inês Pereira, Pereira, de Gil Vicente, consiste na demonstração do refrão popular “Mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube”. Identifique a alternativa que não corresponde ao provérbio, na construção da farsa. a) A segunda parte do provérbio provérbio ilustra ilustra a experiência experiência desastrosa do primeiro casamento. b) O escudeiro escudeiro Brás Brás da Mata Mata corresponde corresponde ao cavalo, animal nobre, que a derruba. c) O segundo casamento exemplifica o primeiro primeiro termo, asno que a carrega. d) O asno corresponde a Pero Marques, primeiro pretendente e segundo marido de Inês. e) Cavalo e asno asno identificam identificam a mesma mesma personagem em diferentes momentos de sua vida conjugal.
48.
50.
Leia as três afirmações a seguir a respeito da Farsa de Inês Pereira. I. Pode ser colocada como representante do teatro de costumes vicentino. II. Encaixa-se na tradição da farsa medieval sobre o adultério feminino desenvolvida por Gil Vicente. III. Inês Pereira é uma moça que vive na vila e pretende subir de condição.
No trecho abaixo, do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, temos a chegada do fidalgo ao porto das almas. Anjo Que quereis? Fidalgo Que me digais, pois parti tão sem aviso, se a barca do paraíso é esta em que navegais. Anjo Esta é: que demandais? Fidalgo Que me deixeis embarcar, sou fidalgo de solar, é bem que me recolhais Anjo Não se embarca tirania neste batel divinal. Fidalgo Não sei porque haveis por mal que entre a minha senhoria. Anjo Pera vossa fantesia mui estreita é esta barca.
a) b) c) d) e)
Todas estão corretas. Todas estão incorretas. Apenas I e II estão corretas. Apenas I e III estão corretas. Apenas II e III estão corretas.
49.
Leia o texto que segue para responder às três questões posteriores. Inês
Renego deste lavrar e do primeiro que o usou ao diabo que o eu dou, que tão mau é de aturar; ó Jesus! Que enfadamento, que cegueira e que canseira! Eu hei de buscar maneira de viver a meu contento. Coitada, assim hei de estar encerrada nesta casa como panela sem asa que sempre está num lugar? Isto é vida que se viva? Hei de estar sempre cativa desta maldita costura? Com dois dias de amargura haverá quem sobreviva?
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a) Quais são as causas da condenação do Fidalgo ao inferno? b) Quais as razões que ele alega para ir para o céu? 51.
A cena seguinte, da peça Auto da barca do inferno, apresenta a chegada do parvo Joane no porto das almas. Anjo Quem és tu? Joane Samica alguém. Anjo Tu passarás, se quiseres; porque em todos os teus fazeres, per malícia non erraste, tua simpreza te abaste para gozar dos prazeres.
A expressão “samica” quer dizer “talvez”. Assim, Joane diz ser “talvez alguém”. O que essa fala indica? a) A indecisão de Joane quanto à sua própria identidade. Ele está confuso depois da conversa mantida com o Diabo, momentos antes, que o convenceu a tornar-se um pecador. Por essa indecisão, é condenado ao purgatório. b) A presunção de Joane quanto à sua condição social. Apesar de simplório, ele disfarçava sua pobreza freqüentando a aristocracia e cometendo Hei de ir para os diabos pequenos furtos para sustentar seus luxos. Por se continuo a coser. essa presunção, é condenado ao inferno. Oh! Como cansa viver c) O desprezo de Joane pelo Anjo. Conhecedor de suas virtudes, ele acredita que seu lugar no céu sozinha, no mesmo lugar. está garantido, não necessitando da aprovação do Todas folgam, e eu não. Anjo para embarcar. Esse desprezo faz com que Todas vêm e todas vão o Anjo se recuse a levá-lo. onde querem, menos eu. d) A desconfiança de Joane. Confundindo a barca do Hui! E que pecado é o meu, céu com a do inferno, ele imagina que o Anjo é o Diabo tentando enganá-lo: por isso, teme revelar ou que dor de coração? sua identidade. Ludibriado pelo Diabo, acaba indo para o inferno. a) Qual a reclamação de Inês Pereira nessa pase) A modéstia e a simplicidade de Joane. Na sua sagem? humildade, não se considera em condições sequer b) Que atitude ela tomaria para escapar de sua de afirmar-se como alguém, daí a dúvida que exsituação? pressa. Esse tipo de atributo é que o faz merecedor c) Quais as conseqüências dessa atitude? do céu. 59
52. Unifesp
Sobre a Farsa de Inês Pereira, é correto afirmar que é um texto de natureza: a) satírica, pertencente ao Humanismo português, em que se ridiculariza a ascensão social de Inês Pereira por meio de um casamento de conveniências. b) didático-moralizante, do Barroco português, no qual as contradições humanas entre a vida terrena e a espiritual são apresentadas a partir dos casamentos complicados de Inês Pereira. c) religiosa, pertencente ao Renascimento português, no qual se delineia o papel moralizante, com vistas à transformação do homem, a partir das situações embaraçosas vividas por Inês Pereira. d) reformadora, do Renascimento português, com forte apelo religioso, pois se apresenta a religião como forma de orientar e salvar as pessoas pecadoras. e) cômica, pertencente ao Humanismo português, no qual Gil Vicente, de forma sutil e irônica, critica a sociedade mercantil emergente, que prioriza os valores essencialmente materialistas. 53. PUC-SP
Diabo, Companheiro do Diabo, Anjo, Fidalgo, Onzeneiro, Parvo, Sapateiro, Frade, Florença, Brísida Vaz, Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado e Quatro Cavaleiros são personagens de Auto da barca do inferno, de Gil Vicente. Analise as informações a seguir e selecione a alternativa incorreta, cujas características não descrevam adequadamente a personagem. a) Onzeneiro idolatra o dinheiro, é agiota e usurário; de tudo que juntara, nada leva para a morte, ou melhor, leva a bolsa vazia. b) Frade representa o clero decadente e é subjugado por suas fraquezas: mulher e esporte; leva a amante e as armas de esgrima. c) Diabo, capitão da barca do inferno, é quem apressa o embarque dos condenados; é dissimulado e irônico. d) Anjo, capitão da barca do céu, é quem elogia a morte pela fé; é austero e inflexível. e) Corregedor representa a justiça e luta pela aplicação íntegra e exata das leis; leva papéis e processos. 54.
O trecho a seguir retrata a fala do Anjo no julgamento de quatro cavaleiros cristãos que tinham morrido nas guerras cristãs. Leia-o e responda o que se pede. Anjo: Ó Cavaleiros de Deus,
a vós estou esperando, que morrestes pelejando por Cristo, Senhor dos Céus! Sois livres de todo mal, Santos por certo sem falha, que quem morre em tal batalha merece paz eternal. 60
a) Por que os cavaleiros são perdoados dos seus pecados? Justifique a sua resposta. b) Que atitude do autor se revela através dessa passagem? 55. Velho
– Oh coitado! A minha é!
Mocinha
– Agora, má-hora, é vossa! Vossa é a treva. Mas ela o noivo a leva. Vai tão leda, tão contente, uns cabelos como Eva; Aosadas que não se lhe atreva toda a gente! O noivo, moço tão polido, não tirava os olhos dela, e ela dele. Oh que estrela! É ele um par bem escolhido!
Velho
– Ó roubado, da vaidade engano, da vida e da fazenda! Ó velho, siso enleado! Que te meteu desastrado em tal contenda? Se os jovens amores os mais têm fins desastradas que farão as cãs lançadas no canto dos amadores? Que sentias, triste velho, em fim dos dias? Se a ti mesmo contemplaras, souberas que não sabias, e viras como não vias, e acertaras. Quero-me ir buscar a morte, pois que tanto mal busquei. Quatro filhas que criei eu as pus em pobre sorte. Vou morrer. Elas hão-de padecer, porque não lhes deixo nada; de quanta riqueza e haver fui sem razão despender, mal gastada.
O trecho anterior é o diálogo final da peça O velho da horta, que narra a seguinte história: um velho rico apaixona-se por uma jovem e apela para uma alcoviteira que possa ajudá-lo a conquistar a amada. A alcoviteira vai enganando o velho que, ao final, nem conquistou a jovem e perdeu seu dinheiro. Ao terminar a narrativa, ele reconhece seu erro e lamenta o abandono a que deixara a família e, assim, as coisas voltam a seus devidos lugares. A par disso, responda às questões seguintes.
I. Aponte o item que melhor caracteriza as atitudes de Gil Vicente diante da sociedade, através dessa peça. a) Medieval e anticlerical b) Moralista e antropocêntrica c) Satírica e teocêntrica d) Anticlerical e satírica e) Moralista e pessimista II. Conte as sílabas poéticas e marque a opção do metro dominante. a) 5 sílabas (redondilha menor) b) 6 sílabas c) 7 sílabas (redondilha maior) d) 8 sílabas e) 9 sílabas 56. UniCOC-SP
Leia atentamente as proposições a seguir. I. Os cancioneiros foram os principais trovadores do período conhecido como Trovadorismo. II. O humanismo é um período de transição que vai do final da Idade Média ao início da Idade Moderna. III. O caráter alegórico do teatro de Gil Vicente pode ser tomado como exemplo de crítica social. Assinale: a) se I, II e III forem corretas. b) se I e II forem corretas. c) se I, II e III forem incorretas. d) se II e III forem corretas. e) se somente I for correta.
57. Unicamp-SP
Leia agora as seguintes estrofes, que se encontram em passagens diversas de Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. Inês Andar! Pero Marques seja! Quero tomar por esposo quem se tenha por ditoso de cada vez que me veja. Por usar de siso mero, asno que leve quero, e não cavalo folão; antes lebre que leão, antes lavrador que Nero. I onde quiserdes ir vinde quando quiserdes vir, estai quando quiserdes estar. Com que podeis vós folgar Que eu não deva consentir? Nota: folão, no caso, significa “bravo”, “fogoso”.
Pero
a) A fala de Inês ocorre no momento em que aceita casar-se com Pero Marques, após o malogrado matrimônio com o escudeiro. Há um trecho nessa fala que se relaciona literalmente com o final da peça. Que trecho é esse? Qual é o pormenor da cena final da peça que ele está antecipando? b) A fala de Pero, dirigida a Inês, revela uma atitude contrária a uma característica atribuída ao seu primeiro marido. Qual é essa característica? c) Considerando o desfecho dos dois casamentos de Inês, explique por que essa peça de Gil Vicente pode ser considerada uma sátira moral.
Capítulo 2 58.
59.
A propósito do Renascimento cultural, julgue as afirmações.
Considerando os traços identificadores do Renascimento, aponte a alternativa errada. a) Imitação dos clássicos antigos b) Preocupação com a técnica c) Racionalismo e universalismo d) Atitude apaixonada diante da natureza e) Equilíbrio, harmonia e concisão
I.
Um dos seus traços marcantes foi o racionalismo que atendia às aspirações da burguesia, no sentido de alcançar um domínio mais completo da natureza objetivando aumentar seus lucros.
II. O Renascimento retirou da Igreja o monopólio da explicação das coisas do mundo, fato que culminou no empirismo científico dos séculos XVII e XVIII. III. A arte renascentista comprometia-se predominantemente com os valores católicos, pois objetivava legitimar o monopólio religioso católico.
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Assinale a alternativa correta. a) I e III. b) Apenas I. c) Apenas II. d) Nenhuma. e) Todas.
60.
“Do que ao meu gado sobeja (1) Vou vivendo ano por ano; pouco ou muito que ele seja, a ninguém não faço dano, e não se há ao pouco enveja.” Sá de Miranda
Vocabulário: 1. sobra
No trecho anterior, o poeta clássico português Sá de Miranda expressa uma das noções mais caras do estilo. a) Que noção é essa? b) Como ela aparece no texto? 61
Bardo, foste os deuses mais as ninfas, as ondas em furor, céus em delírio, astúcias, pragas, guerras e cobiças, lodoso material fundido em ouro. *** Luís, homem estranho, pelo verbo és, mais que amador, o próprio amor latejante, esquecido, revoltado, submisso, renascendo, reflorindo em cem mil corações multiplicado. *** Camões – oh som de vida ressoando em cada tua sílaba fremente de amor e guerra e sonho entrelaçados...
61.
O Classicismo teve início em Portugal, em 1527, quando o poeta Sá de Miranda levou para aquele país o chamado dolce stil nuovo. Quais eram as novidades formais básicas desse novo estilo? 62. Unicamp-SP Cantiga sua, partindo-se João Roiz de Castelo Branco, 1516
Senhora, partem tão tristes meus olhos por vós, meu bem, que nunca tão tristes vistes outros nenhuns por ninguém. Tão tristes, tão saudosos, tão doentes da partida, tão cansados, tão chorosos, da morte mais desejosos cem mil vezes que da vida.
Carlos Drummond de Andrade. A paixão medida
a) Qual é a relação entre Luís de Camões e o Classicismo? b) Retire referências do texto de Drummond relacionadas à obra de Camões.
Partem tão tristes os tristes, tão fora de esperar bem, que nunca tão tristes vistes outros nenhuns por ninguém.
64.
Soneto
Aquela triste e leda madrugada, cheia toda de mágoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade, quero que seja sempre celebrada. Ela só, quando amena e marchetada saía, dando ao mundo claridade, viu apartar-se de uma outra vontade, que nunca poderá ver-se apartada. Ela só viu as lágrimas em fio, que duns e doutros olhos derivadas, se acrescentaram em grande e largo rio. Ela viu as palavras magoadas, que puderam tornar o fogo frio e dar descanso às almas condenadas. Camões
Ambos os poemas desenvolvem o tema da dor da separação, mas tratam-no de forma diferente. Exponha em que consiste esse tratamento diferenciado do tema, em cada poema. 63.
Leia atentamente o texto a seguir e responda ao que se pede. História, coração, linguagem
Dos heróis que cantaste, que restou senão a melodia do teu canto? As armas em ferrugem se desfazem, os barões nos jazigos dizem nada. É teu verso, teu rude e teu suave balanço de consoantes e vogais, teu ritmo de oceano sofreado que os lembra ainda e sempre lembrará. Tu és a história que narraste, não o simples narrador. Ela persiste mais em teu poema que no tempo neutro, universal sepulcro da memória. 62
Conheça-me a mim mesmo: siga a veia Natural, não forçada; o juízo quero De quem com juízo e sem paixão me leia. Na boa imitação, e uso, que o fero Engenho abranda, ao inculto dá arte, No conselho do amigo douto espero. Muito, ó Poeta, o engenho, pode dar-te. Mas muito mais que o engenho, o tempo, e [ estudo; Não queiras de ti logo contentar-te. É necessário ser um tempo mudo! Ouvir, e ler somente: que aproveita Sem armas, com fervor cometer tudo? Caminha por aqui. Esta é a direita Estrada dos que sobem ao alto monte Ao brando Apolo, às nove Irmãs aceita. Do bom escrever, saber primeiro é fonte. Enriquece a memória de doutrina Do que um cante, outro ensine, outro te conte. (...) Corta o sobejo, vai acrescentando O que falta, o baixo ergue, o alto modera, Tudo a ua igual regra conformando. Ao escuro dá luz, e ao que pudera Fazer dúvida aclara: do ornamento Ou tira, ou põe: com o decoro o tempera. Sirva própria palavra ao bom intento, Haja juízo, e regra, e diferença Da prática comum ao pensamento. Antônio Ferreira
O texto é uma carta em versos escrita por Antônio Ferreira (1528-1569), dirigida a Diogo Bernardes. Nela, o autor mostra a concepção de poesia de sua época. Aponte as características clássicas presentes no texto, transcrevendo os trechos que as explicitam.
65. Inatel-MG
Uma das características a seguir não é própria do Renascimento cultural. Assinale-a. a) O racionalismo do homem b) A paixão pelos prazeres mundanos c) O repúdio aos ideais medievais d) A intensificação do monopólio cultural exercido pela Igreja e) O individualismo do homem
a) A suspeita de amor que o poeta declara na conclusão. b) O jogo de contradições e perplexidades que atormentam o poeta. c) O fato de todos perguntarem ao poeta porque assim anda. d) O fato de o poeta não saber responder a quem o interroga. e) A utilização de um soneto para relato das suas amarguras.
66. Ufla-MG
Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade.
Texto para as questões de 68 a 70. Texto I
Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; Camões
Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luís Vaz de Camões. Obras completas
O poeta tenta definir o amor por meio do uso de antíteses, que se seguem umas às outras. Indique a que expressa, com mais ênfase, o tema do texto. a) “Um contentamento descontente” b) O próprio amor, pois é contrário a si mesmo. c) A invisibilidade do amor d) O fato de o amor ferir e não causar dor. e) Querer sempre mais, sem contentar-se. 67. Vunesp
Tanto de meu estado me acho incerto, Que em vivo ardor tremendo estou de frio; Sem causa, juntamente choro e rio, O mundo todo abarco e nada aperto.
Texto II
Amor é fogo? Ou é cadente lágrima? Pois eu naufrago em mar de labaredas Que lambem o sangue e a flor da pele acendem Quando o rubor me vem à tona d’água. E como arde, ai, como arde, Amor, Quando a ferida dói porque se sente, E o mover dos meus olhos sob a casca Vê muito bem o que devia não ver. Ilka Brunhilde Laurito
68. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa correta. a) O texto I, com sua regularidade formal, recupera do texto II o rígido padrão da estética clássica. b) Os dois textos, ao negarem a concepção carnal do amor, enaltecem o platonismo amoroso.
É tudo quanto sinto, um desconcerto; da alma um fogo me sai, da vista um rio; agora espero, agora desconfio, agora desvario, agora acerto.
c) O texto I e o texto II são convergentes no que se refere à concepção do sentimento amoroso.
Estando em terra, chego ao céu voando, num’hora acho mil anos, e é de jeito que em mil anos não posso achar um’hora.
e) Os dois textos convergem quanto à forma e à linguagem, mas divergem quanto ao conteúdo.
d) O texto II contesta o texto I no que se refere ao ponto de vista sobre o amor.
69. Mackenzie-SP
Se me pergunta alguém por que assi ando, respondo que não sei; porém suspeito que só porque vos vi, minha Senhora. 4 3 R O P 7 0 D 2 V P
O soneto transcrito é de Luís de Camões. Nele se acha uma característica da poesia clássica renascentista. Assinale essa característica, em uma das alternativas.
Assinale a alternativa correta sobre o texto II. a) A liberdade formal dos quartetos, associada à contenção emotiva, é índice da influência parnasiana. b) Por seguir os princípios estéticos clássicos, sua expressão é de teor mais universalista que individualista. 63
c) O caráter reflexivo das interrogativas iniciais impede que a linguagem seja marcada por índices de emotividade. d) Recupera, do estilo camoniano, a preferência por imagens paradoxais, como, por exemplo, “mar de labaredas.” e) Vale-se de recursos estilísticos conquistados pelos modernistas, por exemplo, versos decassílabos e expressão coloquial. 70. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa correta sobre o texto I. a) Expressa as vivências amorosas do eu lírico em linguagem emotivo-confessional. b) Apresenta índices de linguagem poética marcada pelo racionalismo do século XVI. c) Conceitua o amor de forma unilateral, revelando o intenso sofrimento do coração apaixonado. d) Notam-se, em todos os versos, imagens poéticas contraditórias, criadas a partir de substantivos concretos. e) Conceitua positivamente o amor correspondido e, negativamente, o amor não correspondido. 71.
Em uma carta dirigida a Alcáçova Carneiro, secretário de Estado do rei D. João III, o poeta clássico português Antônio Ferreira expressa a seguinte opinião: Santa alma, real zelo; a quem só guia Amor, justiça, e paz, cujos bons meios Em ti busca, em ti acha, em ti confia. São letras, justas armas, dois esteios Firmíssimos de Império só tenhamos. a) No texto, verificamos a valorização do trabalho intelectual. Quais os versos que expressam essa valorização? b) O que o poeta quis dizer com esses versos? c) Qual é a relação entre essa valorização e o Classicismo? 72. UFRGS-RS
Leia o soneto a seguir, de Luís de Camões. Um mover de olhos, brando e piedoso, sem ver de quê; um riso brando e honesto, quase forçado, um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso; um despejo quieto e vergonhoso; um desejo gravíssimo e modesto; uma pura bondade manifesta indício da alma, limpo e gracioso; um encolhido ousar, uma brandura; um medo sem ter culpa, um ar sereno; um longo e obediente sofrimento: Esta foi a celeste formosura da minha Circe, e o mágico veneno que pôde transformar meu pensamento. 64
Em relação ao poema, considere as seguintes afirmações. I. O poeta elabora um modelo de mulher perfeita e superior, idealizando a figura feminina. II. O poeta não se deixa seduzir pela beleza feminina, assumindo uma atitude de insensibilidade. III. O poeta sugere desejo erótico ao se referir à figura mitológica de Circe. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) I, II e III. 73. Unicamp-SP
Leia o seguinte soneto de Camões: Oh! Como se me alonga, de ano em ano, a peregrinação cansada minha. Como se encurta, e como ao fim caminha este meu breve e vão discurso humano. Vai-se gastando a idade e cresce o dano; perde-se-me um remédio, que inda tinha. Se por experiência se adivinha, qualquer grande esperança é grande engano. Corro após este bem que não se alcança; no meio do caminho me falece, mil vezes caio, e perco a confiança. Quando ele foge, eu tardo; e, na tardança, se os olhos ergo a ver se inda parece, da vista se me perde e da esperança. a) Na primeira estrofe, há uma contraposição expressa pelos verbos “alongar” e “encurtar”. A qual deles está associado o cansaço da vida e qual deles se associa à proximidade da morte? b) Por que se pode afirmar que existe também uma contraposição no interior do primeiro verso da segunda estrofe? c) A que termo se refere o pronome “ele” da última estrofe? 74. UFPA
O poema Os lusíadas traz à tona a descoberta do caminho marítimo para as Índias, apresentando informações que abarcam história, geografia, ciências, astronomia, mitologia etc. O episódio do Gigante Adamastor é um exemplo dessa variedade de assuntos que o poema apresenta e sobre ele não é correto afirmar o seguinte: a) Adamastor representa os medos de todos os navegadores que passaram, antes de Vasco da Gama, pela costa africana. b) O episódio é uma criação poética em que se destacam referências ao passado e ao futuro das conquistas portuguesas.
c) Um dos momentos líricos, no episódio, é aquele do encontro do gigante com Thetys, relatado na estrofe 52. d) A “alta esposa de Peleu”, Thetys, cede aos apelos de Adamastor e isso facilita a passagem dos portugueses pelo cabo das Tormentas. e) O episódio faz menção ao casal amoroso, Sepúlveda e Leonor, o que ressalta a presença do lírico no poema épico camoniano. 75.
Está o lascivo e doce passarinho Com o biquinho as penas ordenando; O verso sem medida, alegre e brando, Expedindo no rústico raminho. O cruel caçador, que do caminho Se vem calado e manso desviando, Na pronta vista a seta endireitando, Lhe dá no estígio lago (1) eterno ninho. Desta arte o coração, que livre andava (Posto que já de longe destinado), onde menos temia, foi ferido. Porque o Frecheiro cego me esperava, Para que me tomasse descuidado, Em vossos claros olhos escondido. Vocabulário: 1. Inferno Luís Vaz de Camões
a) Comente a forma do poema mostrado. b) Qual é a comparação feita no poema? c) Quem é o “Frecheiro cego” ? A utilização dessa imagem indica que aspecto do Classicismo? 76.
Leia o trecho a seguir, retirado do canto III de Os lusíadas: “Tu, só tu, puro Amor, com força crua, Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta morte sua, Como se fora pérfida inimiga. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras banhar com sangue humano.” CAMÕES, Luís de. In TUFANO, Douglas. De Camões a Pessoa. SP, Moderna, 1994, pp. 18.
Com base no trecho e no seu conhecimento sobre a obra, responda por que o poeta atribui a culpa do assassinato ao amor. 4 3 R O P 7 0 D 2 V P
77. UFSCar-SP
A questão adiante baseia-se no poema épico Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões, do qual se reproduzem, a seguir, três estrofes.
Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto) Que ficava nas praias, entre a gente, Postos em nós os olhos, meneando Três vezes a cabeça, descontente, A voz pesada um pouco alevantando, Que nós no mar ouvimos claramente, C’um saber só de experiências feito, Tais palavras tirou do experto peito: “Ó glória de mandar, ó vã cobiça Desta vaidade a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça C’uma aura popular, que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça Fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, Que crueldades neles experimentas! Dura inquietação d’alma e da vida Fonte de desamparos e adultérios, Sagaz consumidora conhecida De fazendas, de reinos e de impérios! Chamam-te ilustre, chamam-te subida, Sendo digna de infames vitupérios; Chamam-te Fama e Glória soberana, Nomes com quem se o povo néscio engana. Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como O velho do Restelo. Nela, o velho: a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à procura de uma vida melhor. b) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se baseiam na cobiça e busca de fama. c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os mares até chegar às Índias. d) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de tão importante empresa. e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem encontrar para buscar fama em outras terras. 78.
Sobre Os lusíadas, é errado afirmar o seguinte. a) Trata-se de um poema de estrito interesse nacionalista, pois celebra fatos gloriosos da história portuguesa, que em nada se relacionam com a situação do mundo em sua época. b) São compostos segundo modelos da epopéia clássica da Antigüidade (Homero, Virgílio) e dos poemas épicos mais recentes do Renascimento italiano (Ariosto, sobretudo). c) O verso utilizado é o decassílabo clássico (especialmente o heróico) e as estrofes, de modelo italiano, são as oitavas-rimas. d) Os dez cantos do poema se dividem em proposição (os feitos heróicos portugueses), invocação (às Tágides), dedicatória (a D. Sebastião), narração (da viagem de Vasco da Gama) e epílogo (encerramento, em tom desalentado). e) Episódios importantes do poema, como os de Inês de Castro e do Gigante Adamastor , incluem-se na longa narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde. 65
79. UFSCar-SP
82. Vunesp
Partimo-nos assim do santo templo Que nas praias do mar está assentado, Que o nome tem da terra, para exemplo, Donde Deus foi em carne ao mundo dado. Certifico-te, ó Rei, que se contemplo Como fui destas praias apartado, Cheio dentro de dúvida e receio, Que a penas nos meus olhos ponho o freio. Camões. Os Lusíadas, Canto 4.º 87
O trecho faz parte do poema épico Os lusíadas, escrito por Luís Vaz de Camões e narra a partida de Vasco da Gama para a viagem às Índias. a) Em que estilo de época ou época histórica se situa a obra de Camões? b) Para dizer que o nome do templo é Belém, Camões faz uso de uma perífrase: Que o nome tem da terra, para exemplo,/Donde Deus foi em carne ao mundo dado. Em que outro trecho dessa estrofe, Camões usa outra perífrase? 80. Fuvest-SP
Tu, só tu, puro amor, com força crua, Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta morte sua, Como se fora pérfida inimiga. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras banhar em sangue humano. Camões, Os lusíadas – episódio de Inês de Castro.
Vocabulário:
Molesta: lastimosa; funesta Pérfida: desleal; traidora Fero: feroz; sanguinário; cruel Mitiga: alivia; suaviza; aplaca Ara: altar; mesa para sacrifícios religiosos a) Considerando-se a forte presença da cultura da Antigüidade Clássica em Os lusíadas, a que se pode referir o vocábulo “Amor”, grafado com maiúscula, no 5º verso? b) Explique o verso “Tuas aras banhar em sangue humano”, relacionando-o à história de Inês de Castro. 81. Unifap
A que novos desastres determinas De levar estes reinos a esta gente? Que perigos, que mortes lhe destinas, Debaixo dalgum nome preminente? Os versos de Camões são parte do(a): a) invocação. b) proposição. c) episódio Batalha de Ourique. d) dedicatória. e) episódio O velho do Restelo. 66
Apontam-se, a seguir, algumas características atribuídas pela crítica à epopéia de Luís Vaz de Camões, Os lusíadas. Uma dessas características está incorreta. Trata-se de: a) concepção da história nacional como uma seqüência de proezas de heróis aristocráticos e militares. b) apologia dos poderes humanos, realçando o orgulho humanista de auto-determinação e do avanço no domínio sobre a natureza. c) efabulação mitológica. d) contraposição da experiência e da observação direta à ciência livresca da Antigüidade. e) eliminação do pan-erotismo, existente na parte lírica, em favor da ênfase mais objetiva na narração dos feitos lusitanos. 83. Fuvest-SP
No mar tanta tormenta, tanto dano, Tantas vezes a morte apercebida; Na terra, tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade aborrecida! Onde pode acolher-se um fraco humano, Onde terá segura a curta vida, Que não se arme e se indigne o Céu sereno Contra um bicho da terra tão pequeno? Nessa estrofe, Camões: a) exalta a coragem dos homens que enfrentam os perigos do mar e da terra. b) considera o quanto o homem deve confiar na providência divina que o ampara nos riscos e nas adversidades. c) lamenta a condição humana ante os perigos, os sofrimentos e as incertezas da vida. d) propõe uma explicação a respeito do destino do homem. e) classifica o homem como um bicho da terra, dada a sua agressividade. 84. Mackenzie-SP
Sobre Os lusíadas, é incorreto afirmar que: a) quando a ação do poema começa, as naus portuguesas estão navegando em pleno oceano Índico, portanto, no meio da viagem. b) na invocação, o poeta se dirige às Tágides, musas do rio Tejo. c) na Ilha dos Amores, após o banquete, Tétis conduz o capitão ao ponto mais alto da ilha, onde lhe desvenda “a máquina do mundo”. d) tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da Gama a fim de estabelecer contato marítimo com as Índias. e) é composto por sonetos decassílabos, mantendo, em 1102 estrofes, o mesmo esquema de rima.
85. FCC-SP
Nem cinco sóis eram passados que de vós partíramos, quando a mais temerosa desdita pesou sobre nós. Por uma bela noite dos idos de maio do ano traslato, perdíamos a muiraquitã; que outrem grafara muraquitã, e alguns doutos, ciosos de etimologias esdrúxulas, ortografam muyrakitan e até mesmo muraquéitã, não sorriais! Nesse fragmento da “Carta pras Icamiabas”, em Macunaíma, de Mário de Andrade, encontramos: a) uma paródia do estilo clássico lusitano. b) um elogio à eloqüência dos parnasianos. c) a valorização da linguagem utilizada pela estética do século XVIII. d) uma apologia ao estilo pretensioso e à oratória vazia de conteúdo. e) uma sátira aos romances indianistas do século XIX.
89.
Pode-se afirmar que o Velho do Restelo é: a) personagem central de Os lusíadas. b) o mais fervoroso defensor da viagem de Gama. c) símbolo dos que valorizam a cobiça e a ambição. d) símbolo das forças contrárias às investidas marítimas lusas. e) a figura que incentiva a ideologia expansionista. 90.
86.
(...) Não acabava, quando uma figura Se nos mostra no ar, robusta e válida, De disforme e grandíssima estatura; O rosto carregado, a barba esquálida, Os olhos encovados, e a postura Medonha e má e a cor terrena e pálida; Cheios de terra e crespos os cabelos, A boca negra, os dentes amarelos. (...) Forneça o nome do episódio em que a figura descrita na estrofe anterior aparece e informe o que essa figura personifica. 87. UFPA
Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Esse poema de Fernando Pessoa retoma, no século XX, a temática da expansão ultramarina também utilizada por: a) Gil Vicente em seus autos. b) D. Dinis em seus poemas de amor. c) D. Dinis em seus poemas de amigo. d) Camões em sua épica. e) Bocage em seus sonetos. 88.
4 3 R O P 7 0 D 2 V P
d) lamenta que, apesar de ter dominado os mares e descoberto novas terras, Portugal acabe subjugado pela Espanha. e) tem como objetivo elogiar a bravura dos portugueses e o faz através da narração dos episódios mais valorosos da colonização brasileira.
Em Os lusíadas, Camões: a) narra a viagem de Vasco da Gama às Índias. b) tem por objetivo criticar a ambição dos navegantes portugueses que abandonaram a pátria à mercê dos inimigos para buscar ouro e glória em terras distantes. c) afasta-se dos modelos clássicos, criando a epopéia lusitana, um gênero inteiramente original na época.
A estrofe a seguir pertence ao canto X de Os lusíadas. Trata-se de uma fala da deusa Tétis ao capitão Vasco da Gama, na Ilha dos Amores. Aqui, só verdadeiros, gloriosos Divos estão, porque eu, Saturno e Jano, Júpiter e Juno, fomos fabulosos Fingidos de mortal e cego engano. Só para fazer versos deleitosos Servimos; e, se mais o trato humano Nos pode dar, é só que o nome nosso Nestas estrelas pôs o engenho vosso. No trecho, Tétis: a) afirma que os deuses gregos e latinos são superiores aos deuses católicos. b) lamenta que os homens jamais se referem aos deuses em suas obras artísticas. c) afirma que os deuses gregos e latinos só existem na imaginação dos homens. d) mostra que a ambição dos homens se equipara aos poderes divinos. e) narra a decadência portuguesa após a viagem de Vasco da Gama. 91.
No mais, Musa, no mais, que a lira tenho Destemperada e a voz enrouquecida, E não do canto, mas de ver que venho Cantar a gente surda e endurecida. O favor com que mais se acende o engenho Não no dá a Pátria, não, que está metida No gosto da cubiça e na rudeza Dua austera, apagada e vil tristeza. Camões, Os lusíadas, X, 145
a) Quem é a “gente surda e endurecida” a que se refere a estrofe? b) Qual a acusação que o poeta faz a essa gente? c) Como se pode entender essa acusação no panorama português da época? 67
92.
Sobre Os lusíadas, é correto afirmar que: a) os deuses pagãos presentes no poema representam a admiração de Camões pela grandeza do mundo antigo e sua descrença no cristianismo. b) Baco é favorável à empresa dos portugueses; Marte e Vênus se opõem a ela; Júpiter toma sempre o partido de Baco. c) o episódio da ilha dos Amores representa a merecida recompensa pelos grandes feitos portugueses, feitos que os elevam ao nível dos deuses antigos. d) o Velho do Restelo representa, no poema, a opinião progressista da sociedade portuguesa. e) o episódio sobre a morte de Inês de Castro é uma ficção camoniana absolutamente épica. 93.
A estrofe abaixo pertence ao poema Os lusíadas, de Camões. Assim lho aconselhara a mestra experta: Que andassem pelos campos espalhadas; Que, vista dos barões a presa incerta, Se fizessem primeiro desejadas. Algumas, que na forma descoberta Do belo corpo estavam confiadas, Posta a artificiosa fermosura, Nuas lavar se deixam na água pura.
a) conclama os deuses a auxiliarem os portugueses na Ásia como recompensa pelos ásperos perigos da viagem. b) encontra acolhida a suas palavras entre os deuses maiores e menores. c) reconhece a grandeza do povo lusitano, que enfrenta o mar desconhecido em frágeis embarcações. d) aceita as justificativas de Baco para impedir a chegada dos navegadores portugueses à Índia. e) mostra dúvidas quanto à possibilidade de que os feitos do povo lusitano venham a suplantar a glória dos gregos e romanos. 96. Fuvest-SP
Responda às seguintes questões sobre Os lusíadas, de Camões: a) Identifique o narrador do episódio no qual está inserida a fala do Velho do Restelo. b) Compare, resumidamente, os principais valores que esse narrador representa, no conjunto de Os lusíadas, aos valores defendidos pelo Velho do Restelo, em sua fala. 97. Fuvest-SP
Assinale a parte do poema a que pertence a estrofe transcrita. a) Proposição. b) Invocação. c) Dedicatória. d) Narração. e) Epílogo.
Em Os lusíadas, as falas de Inês de Castro e do Velho do Restelo têm em comum: a) a ausência de elementos de mitologia da Antigüidade clássica. b) a presença de recursos expressivos de natureza oratória. c) a manifestação de apego a Portugal, cujo território essas personagens se recusavam a abandonar. d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e conquistador. e) o emprego de uma linguagem simples e direta, que se contrapõe à solenidade do poema épico.
94. UFRGS-RS
98. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa incorreta. Sobre Os lusíadas, é incorreto afirmar que: No canto V de Os lusíadas: a) é dividido em cinco partes e dez cantos. a) Adamastor representa os perigos enfrentados pe- b) o Canto I contém a introdução, a invocação, a los navegadores lusitanos na travessia do oceano dedicatória e o início da narrativa. Atlântico para o oceano Índico. c) a pedido do rei de Melinde, Vasco da Gama conta b) os portugueses assistem à transformação do partes da história de Portugal. gigante Adamastor em penedo quando tentam d) os deuses reúnem-se no Olimpo para decidir a ultrapassar a parte mais meridional da África. sorte dos portugueses. c) apesar das ameaças do gigante, os navegantes prosseguem, esperando ardentemente que os e) no Canto X, a fala do Velho de Restelo acusa os portugueses de vaidade e cobiça excessivas. perigos e castigos profetizados sejam afastados. d) a nuvem negra que se desfaz, antes associada ao 99. Unicamp-SP Cabo das Tormentas, abre novas esperanças em Mas um velho, de aspecto venerando, relação aos objetivos da viagem. (...) e) a voz de “tom horrendo e grosso” do gigante Adamastor, ao dar lugar a um “medonho choro”, A voz pesada um pouco alevantando, deixa ver aos navegadores que o perigo já fora (...) Tais palavras tirou do experto* peito: afastado. – Ó glória de mandar, ó vã cobiça. 95. UFRGS-RS Desta vaidade a quem chamamos Fama. Assinale a alternativa correta. Ó Fraudulento gosto, que se atiça No canto I de Os lusíadas, na passagem que narra o Cua aura popular, que honra se chama. concílio dos deuses, Júpiter: Camões, Os lusíadas, canto IV. 68
... e então uma grande voz se levanta, é um labrego** de tanta idade já que o não quiseram, e grita subido a um valado***, que é púlpito dos rústicos. Ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça, e tendo assim clamado, veio dar-lhe o quadrilheiro uma cacetada na cabeça, que ali mesmo o deixou por morto.
O trecho a seguir pertence a Os lusíadas. Leia-o e responda às questões 102 e 103.
Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandre e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta.
José Saramago, Memorial do convento, p. 293.
*experto – que tem experiência **labrego – indivíduo grosseiro, rude, tosco (...) ***valado – elevação de terra que limita propriedade rústica Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
102. Vunesp
Uma leitura atenta da estrofe citada revela que o conteúdo dos primeiros seis versos é retomado e sintetizado nos últimos dois versos. Interprete a estrofe de acordo com esta observação.
Confrontando os fragmentos, percebe-se que Memorial do convento dialoga com os clássicos. O episódio do Velho do Restelo, do Canto IV de Os lusíadas, refere-se 103. Vunesp ao engajamento voluntário dos portugueses na grande empresa que foi a descoberta de novos mundos. Já A oitava apresentada constitui a terceira estrofe de Os no Memorial do convento, entretanto, o recrutamento lusíadas, de Luís de Camões, poema épico publicado em 1572, obra máxima do Classicismo português. para Mafra deu-se, em geral, à força. a) Cite ao menos uma razão que levou “o rei infame” O tipo de verso que Camões empregou é de origem de Memorial do convento a tornar obrigatório italiana e foi introduzido na literatura portuguesa o engajamento de todos os operários do reino, algumas décadas antes, por Sá de Miranda. Quanto ao conteúdo, o poema Os lusíadas toma como ponto quaisquer que fossem suas profissões. b) Quem era esse “rei infame” a que se refere o de referência um episódio da história de Portugal. trecho citado e em que século essa ação do Baseado nesses comentários e em seus próprios conhecimentos, releia a estrofe citada e indique: romance se passa? c) Aponte, no trecho, ao menos uma passagem que a) o tipo de verso utilizado (pode mencionar simplesmente o número de sílabas métricas); indique a irreverência de Saramago em relação ao b) o episódio da história de Portugal que serve de texto de Luís de Camões. núcleo narrativo do poema. 100. Mackenzie-SP
Põe-me onde se use toda a feridade, Entre leões e tigres, e verei Se neles achar posso a piedade Que entre peitos humanos não achei. Ali, co’o amor intrínseco e vontade Naquele por quem morro, criarei Estas relíquias suas, que aqui viste, Que refrigério sejam da mãe triste. O trecho evidencia características: a) da poesia trovadoresca. b) do Barroco português. c) de um auto vicentino. d) da poesia lírica de Antero de Quental. e) da poesia épica camoniana. 101. Mackenzie-SP
4 3 R O P 7 0 D 2 V P
O tom pessimista apresentado por Camões no epílogo de Os lusíadas aparece em outro momento do poema. Isso acontece no episódio: a) do Gigante Adamastor. b) do Velho do Restelo. c) de Inês de Castro. d) dos Doze de Inglaterra. e) do Concílio dos Deuses.
104. Fuvest-SP
I.
Eis aqui se descobre a nobre Espanha, Como cabeça ali de Europa toda II. Eis aqui quase cume da cabeça De Europa toda, o reino Lusitano, Onde a terra se acaba e o mar começa III. A Europa jaz, posta nos cotovelos: De Oriente a Ocidente jaz, fitando, E toldam-lhe românticos cabelos Olhos gregos, lembrando. O cotovelo esquerdo é recuado; O direito é em ângulo disposto. Aquele diz Itália onde é pousado; Este diz Inglaterra onde, afastado, A mão sustenta, em que se apóia o rosto. Fita, com olhar sphyngico e fatal, O Ocidente, futuro do passado. O rosto com que fita é Portugal. Os textos I e II iniciam respectivamente as estâncias 17 e 20 do canto III de Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões, e o texto III é um poema do li vro Mensagem, de Fernando Pessoa. a) A que movimento literário pertence cada um dos autores? b) De que recurso comum aos dois textos se valem os autores para elaborar a descrição da Europa? 69
105. Fuvest-SP
1. Natura: talento, qualidade inata, índole, aptidão.
Já vai andando a récua dos homens de Arganil, acompanham-nos até fora da vila as infelizes, que vão clamando, qual em cabelo, Ó doce e amado esposo, e outra protestando, Ó filho, a quem eu tinha só para refrigério e doce amparo desta cansada já velhice minha, não se acabavam as lamentações, tanto que os montes de mais perto respondiam, quase movidos de alta piedade (...)
2. Virgílios nem Homeros: referência aos dois poetas épicos da Antigüidade Clássica.
José Saramago. Memorial do convento.
Em muitas passagens do trecho transcrito, o narrador cita textualmente palavras de um episódio de Os lusíadas, visando a criticar o mesmo aspecto da vida de Portugal que Camões, nesse episódio, já criticava. O episódio camoniano e o aspecto criticado são, respectivamente: a) O Velho do Restelo; a posição subalterna da mulher na sociedade tradicional portuguesa. b) Aljubarrota; a sangria populacional provocada pelos empreendimentos coloniais portugueses. c) Aljubarrota; o abandono dos idosos decorrente dos empreendimentos bélicos, marítimos e suntuários. d) O Velho do Restelo; o sofrimento popular decorrente dos empreendimentos dos nobres. e) Inês de Castro; o sofrimento feminino causado pelas perseguições da Inquisição. 106. UniCOC-SP
Podemos afirmar que, na época da expansão mercantilista, havia duas correntes de opinião em Portugal: uma fundada em valores medievais, mais preocupada com a agricultura e com princípios da velha nobreza fundiária; outra voltada para a renovação do perfil econômico do país, mais preocupada com o comércio e com os princípios da burguesia em ascensão. Na obra Os lusíadas, uma das cenas marcantes é a do Velho do Restelo. A partir das afirmações expostas, assinale a alternativa correta. a) O velho se identifica com a segunda corrente apresentada na afirmação. b) O velho se identifica com a primeira corrente apresentada na afirmação. c) O velho, como era uma pessoa estudada e de origem nobre, conhece bem a situação econômica de Portugal na época. d) O velho não se posiciona sobre as navegações. Seu discurso é sobre questões metafísicas. e) O velho, por sua idade e falta de sensatez, apresenta um discurso que não deve ser avaliado. 107. UniCOC-SP
Lamentando o descaso dos portugueses, seus contemporâneos, para com a arte da poesia, diz Camões, em Os lusíadas: Por isso, e não por falta de natura, Não há também Virgílios nem Homeros; Nem haverá, se este costume dura, Pios Enéias nem Aquiles feros. Mas o pior de tudo é que a ventura Tão ásperos os fez, e tão austeros, Tão rudes e de engenho tão remisso, Que a muitos lhe dá pouco ou nada disso. 70
3. Pios Enéias: Enéias generosos, piedosos; referência ao protagonista da Eneida, de Virgílio. 4. Aquiles feros: Aquiles bravos, guerreiros; referência ao protagonista da Ilíada, de Homero. 5. Ventura: destino, sorte, experiência de vida. 6. Engenho: habilidade, capacidade. 7. Tão remisso: acanhado, embotado, negligente, desleixado. A leitura atenta da estrofe transcrita de Os lusíadas permite concluir corretamente que: a) Camões antecipa uma das críticas que fará, mais tarde, no epílogo do poema, aos portugueses de sua época. b) o poeta retoma o mesmo tom ufanista da proposição, na qual, logo na apresentação do poema, revela seu descontentamento com a decadência de seu país. c) afastando-se do rigor formal dos decassílabos e da oitava-rima, o poeta vale-se de uma forma livre, criada por ele mesmo. d) há uma reclusa explícita da influência clássica de Virgílio e de Homero, exemplos negativos que fazem os portugueses “tão ásperos”, tão “austeros” e “tão rudes”. e) a citação de heróis da cultura greco-latina, como Aquiles e Enéias, revaloriza elementos tradicionais de cultura ibérica medieval, que remontam à época da dominação romana. 108.
Dos episódios “Inês de Castro” e “O Velho do Restelo”, da obra Os lusíadas, de Luiz de Camões, não é possível afirmar que: a) “O Velho do Restelo”, numa antevisão profética, previu os desastres futuros que se abateriam sobre a pátria e que arrastariam a nação portuguesa a um destino de enfraquecimento e marasmo. b) “Inês de Castro” caracteriza, dentro da epopéia camoniana, o gênero lírico porque é um episódio que narra os amores impossíveis entre Inês e seu amado Pedro. c) Restelo era o nome da praia em frente ao templo de Belém, de onde partiam as naus portuguesas nas aventuras marítimas. d) Tanto “Inês de Castro” quanto “O Velho do Restelo” são episódios que ilustram poeticamente diferentes circunstâncias da vida portuguesa. e) O Velho, um dos muitos espectadores na praia, engrandecia com sua fala as façanhas dos navegadores, a nobreza guerreira e a máquina mercantil lusitana.
Leia o texto a seguir e responda às questões de 109 a 111.
As armas e os barões assinalados, Que, da Ocidental praia lusitana, Por mares nunca dantes navegados, Passaram muito além da Taprobana, Entre perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana. Entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram: E também as memórias gloriosas Daqueles reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da morte libertando: Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e a arte. Cessem do sábio grego e do troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandre e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre lusitano A quem Netuno e Marte obedeceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta. Camões, Os lusíadas, I, pp. 1-3.
109.
Quem são os “barões assinalados” a que se refere o poeta na primeira estrofe? 110.
Na segunda estrofe, o poeta aponta dois dos motivos que, segundo ele, teriam levado os portugueses à expansão marítima. a) Aponte os versos em que esses motivos estão explicitados. b) Explique os sentidos desses versos. c) Aponte uma passagem da obra que desmente a visão expressa pelo poeta nesses versos. 111.
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Estavas, linda Inês, posta em sossego, De teus anos colhendo doce fruito, Naquele engano da alma ledo e cego, Que a fortuna não deixa durar muito, Nos saudosos campos do Mondego, De teus fermosos olhos nunca enxuito, Aos montes ensinando e às ervinhas, O nome que no peito escrito tinhas. Os lusíadas, obra de Camões, exemplificam o gênero épico na poesia portuguesa, entretanto oferecem momentos em que o lirismo se expande, humanizando os versos. O episódio de Inês de Castro, do qual o trecho exposto faz parte, é considerado o ponto alto do lirismo camoniano inserido em sua narrativa épica. Desse episódio, como um todo, pode afirmar-se que seu núcleo central: a) personifica e exalta o amor, mais forte que as conveniências e causa da tragédia de Inês. b) celebra os amores secretos de Inês e de D. Pedro e o casamento solene e festivo de ambos. c) tem como tema básico a vida simples de Inês de Castro, legítima herdeira do trono de Portugal. d) retrata a beleza de Inês, posta em sossego, ensinando aos montes o nome que no peito escrito tinha. e) relata em versos livres a paixão de Inês pela natureza e pelos filhos e sua elevação ao trono português. 113. Fuvest-SP
Considere as seguintes afirmações sobre a fala do Velho do Restelo, em Os lusíadas: I. No seu teor de crítica às navegações e conquistas, encontra-se refletida e sintetizada a experiência das perdas que causaram, experiência esta já acumulada na época em que o poema foi escrito. II. As críticas aí dirigidas às grandes navegações e às conquistas são relativizadas pelo pouco crédito atribuído a seu emissor, já velho e com um “saber só de experiências feito”. III. A condenação enfática que aí se faz à empresa das navegações e conquistas revela que Camões teve duas atitudes em relação a ela: tanto criticou o feito quanto o exaltou.
Na terceira estrofe, pode-se ler um verso que resume o conteúdo de todo o poema. Transcreva esse verso e explique-o.
Está correto apenas o que se afirma em: a) I. d) I e II. b) II. e) I e III. c) III.
112. PUC-SP
114.
Tu só, tu, puro amor, com força crua Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta morte sua, Como se fora pérfida inimiga. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras banhar em sangue humano.
Um dos mais famosos sonetos de Camões assim se inicia: Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Você diria que no quarteto apresentado podemos perceber a visão platônica que Camões tem do amor? Por quê? 71
115.
120. Mackenzie-SP
Camões distinguiu-se, na literatura portuguesa, entre outras razões: a) por ter sido o primeiro escritor clássico de Portugal. b) por ter sido o maior caricaturista da sociedade portuguesa do século XVI. c) por ter criado o teatro popular. d) por ter escrito a melhor interpretação poética dos valores espirituais, morais e cívicos que distinguiam a civilização portuguesa.
Sobre a lírica camoniana, é incorreto afirmar que: a) boa parte de sua realização se encontra na poesia de inspiração clássica. b) sua temática é variada, encontrando-se desde temas abstratos até tradicionais. c) no aspecto formal, é toda construída em versos decassílabos em oitava rima. d) sonda o sombrio mundo do eu, da mulher, da natureza e de Deus. e) muitas vezes, o poeta procura conceituar o amor, lançando mão de antíteses e paradoxos.
116.
Quais são os temas da lírica camoniana? 117.
Sobre a lírica de Camões, é correto afirmar que: a) é composta inteiramente segundo modelos do Classicismo renascentista. b) é composta com versos de “medida nova”, totalmente adaptada à técnica renascentista. c) tem em seu centro a tentativa de compreensão da natureza, do amor e do mundo. d) tem como elemento fundamental a visão sensual do amor, sempre carregada do sentido físico, erótico. e) mostra uma atitude puramente emocional, sem a reflexão e o racionalismo próprios do Classicismo. 118.
Sobre a lírica camoniana, é incorreto afirmar que: a) está escrita em medida velha e medida nova, isto é, em versos redondilhos e versos decassílabos, respectivamente. b) apresenta-se no estilo clássico e no estilo maneirista, sendo este último uma transição para o Barroco. c) expressa-se em temática variada, contendo principalmente temas como o “desconcerto do mundo”, “a mutabilidade das coisas” e o “ideal de perfeição”. d) estabelece, através da introspecção, um amplo painel da sociedade portuguesa do início do século XVI. e) busca, além da universalização, uma visão platônica do conceito amoroso. 119. Mackenzie-SP
Desde seu descobrimento, escreveu-se sobre o Brasil. Alguns escritores, após tal evento, compuseram textos com o propósito fundamental de retratar não só a terra recém-descoberta como também as características de seus habitantes. Trata-se, pois, de uma literatura de teor informativo, apesar de se encontrarem, às vezes, algumas passagens onde se mostram elementos artísticos. Aponte a alternativa em que se encontra o nome de um texto que não se encaixe nessa tendência. a) Carta do descobrimento b) Tratado da terra do Brasil c) Tratado descritivo do Brasil d) Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda e) História da província de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil 72
121. Fuvest-SP
Qual a diferença mais significativa entre a poesia épica e a lírica: o tipo de verso empregado ou o conteúdo? Justifique sua resposta. 122.
Cara minha inimiga, em cuja mão Pôs meus contentamentos a ventura, Faltou-te a ti na terra sepultura, Por que me falta a mim consolação. Eternamente as águas lograrão A tua peregrina fermosura; Mas, enquanto me a mim a vida dura, Sempre viva em minha alma te acharão. E, se os meus rudes versos podem tanto Que possam prometer-te longa história Daquele amor tão puro e verdadeiro, Celebrada serás sempre em meu canto; Porque, enquanto no mundo houver memória, Será minha escritura teu letreiro. Luís de Camões
a) Aponte e explique a antítese que há no início do poema. b) Neste poema, há referência a um acontecimento que parece ter relação com um dado da biografia de Camões: a perda da amada. Segundo o poema, em que circunstâncias se deu essa morte? Quais os versos que se referem a ela? c) Qual o tipo de verso empregado? Trata-se da medida velha ou da nova? d) Por que se trata de um soneto? Qual seu esquema de rimas? 123. Soneto do amor total
Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te a fim de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de amar assim, muito e amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. Vinícius de Moraes. Livro dos sonetos.
A crítica costuma apontar Vinícius de Moraes como um dos herdeiros da lírica camoniana. Aponte semelhanças entre as duas obras tanto do ponto de vista temático quanto formal. 124. A terra
Esta terra, Senhor, me aparece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. (...) Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho.(...) Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
125. UFBA
As manifestações literárias no Brasil do século XVI foram, fundamentalmente: a) relatos de viajantes e missionários estrangeiros e escritos catequéticos de Anchieta. b) poemas épicos indianistas e poesia lírica de caráter religioso. c) teatro de sátira política e crônicas sobre o cotidiano das pequenas cidades. d) obras de caráter pedagógico, de circulação restrita. e) cartas dos colonos aos familiares da metrópole e documentos de protesto contra a escravização dos negros. 126. Fuvest–SP
Na lírica de Camões: a) método usado para a composição dos sonetos é a redondilha maior. b) encontram-se sonetos, sátiras, odes e autos. c) cantar a Pátria é o centro das preocupações. d) encontra-se uma fonte de inspiração de muitos poetas brasileiros do século XX. e) a mulher é vista em seus aspectos físicos, despo jada de espiritualidade. 127. Unicamp-SP
Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer; Lírica de Camões, seleção, prefácio e notas
Caminha, Pero Vaz de. A carta de Caminha.
Carta de Pero Vaz
A terra é mui graciosa, Tão fértil eu nunca vi. A gente vai passear, No chão espeta um caniço, No dia seguinte nasce Bengala de castão de oiro. Tem goiabas, melancias, Banana que nem chuchu. Quanto aos bichos, tem-nos muitos, De plumagens mui vistosas. Tem macaco até demais. Diamantes tem à vontade, Esmeralda é para os trouxas. Reforçai, senhor, a arca, Cruzados não faltarão, Vossa perna encanareis, Salvo o devido respeito. Ficarei muito saudoso Se for embora daqui. MENDES, Murilo. História do Brasil .
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Os dois textos, representantes de dois períodos literários distantes, revelam duas perspectivas diferentes. Indique: a) a diferença entre o texto original e o segundo, em função da descrição da terra; b) o período literário a que corresponde cada texto.
de Massaud Moisés
Terror de te amar num sítio frágil como o mundo. Mal de te amar neste lugar de imperfeição Onde tudo nos quebra e emudece Onde tudo nos mente e nos separa. Sophia M. B. Andresen, Terror de amar , em Antologia poética.
Dos dois textos transcritos, o primeiro é de Luís Vaz de Camões (século XVI) e o segundo, de Sophia M.B. Andresen (século XX). Compare-os, discutindo, através de critérios formais e temáticos, aspectos em que ambos se aproximam e aspectos em que ambos se distanciam. 128. Vunesp Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela, que tens o trom e o silvo da procela E o arrolo da saudade e da ternura! 73
Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma, Em que da voz materna ouvi: “meu filho!” E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho! Olavo Bilac, Tarde (1919)
Língua (a Violeta Gervaiseau)
Gosto de sentir a minha língua roçar A língua de Luís Camões. Gosto de ser e de estar E quero me dedicar A criar confusões de prosódia E uma profusão de paródias Que encurtem dores E furtem cores como camaleões. Gosto do Pessoa na pessoa Da rosa no Rosa, E sei que a poesia está para a prosa Assim como o amor está para a amizade. E quem há de negar que esta lhe é superior? E deixa os portugais morrerem à míngua, “Minha pátria é minha língua” – Fala Mangueira! Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó O que quer O que pode Esta língua? Caetano Veloso, em Velô (1984)
Além de Luís de Camões, que aparece mencionado nos dois textos, o poema de Caetano menciona outros dois escritores. Cite pelo menos uma obra importante de cada um destes dois literatos. 129.
Leia o texto seguinte, retirado de um poema de Camões. Aquela cativa Que me tem cativo, Porque nela vivo Já não quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos Que para meus olhos Fosse mais fermosa. a) Qual o tipo de verso empregado no poema? b) Trata-se de um poema tipicamente clássico? Justifique sua resposta. c) A expressão “cativo(a)” quer dizer “escravo(a)”. Sabendo disso, responda: o que o poeta quis dizer nos dois primeiros versos? 130.
O culto à natureza, característica da Literatura Brasileira, tem sua origem nos textos da Literatura de Informação. Assinale o fragmento da Carta de Caminha que já revela a mencionada característica: a) Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. 74
b) Assim, quando o batel chegou à foz do rio, estavam ali dezoito ou vinte homens pardos, todos nus, sem nenhuma roupa que lhes cobrisse suas vergonhas. c) Mas a terra em si é muito boa de ares, tão frio e temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. d) Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve alcançar. e) Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. 131. Unama-PA
Seguimos nosso caminho por este mar de longo Até a oitava da Páscoa Topamos aves E houvemos vista de terra Os selvagens Mostraram-lhes uma galinha Quase haviam medo dela E não queriam pôr a mão E depois a tomaram como espantados primeiro chá Depois de dançarem Diogo Dias Fez o salto real as meninas da gare Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis Com cabelos mui pretos pelas espáduas E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas Que de nós as muito bem olharmos Não tínhamos nenhuma vergonha. Oswald de Andrade, Poesias reunidas
A terra é tão fermosa e de tanto arvoredo tamanho e tão basto que o homem não dá conta. No clarão matutino os tucanos rombudos eram como figuras a lápis encarnado e que houvessem fugido do caderno escolar em que Deus aprendia desenho, em menino. Tupis em alvoroço, Tribos guerreiras, mansas, troféus verdes na ponta dos chuços e das lanças. Jequitiranabóias.
Colar de osso ao pescoço, vermelhas araçóias, cocares multicores. Cada qual com o seu sol de plumas à cabeça. Guerreiros da manhã que haviam já descido dos Andes à procura da Noite, que estaria para os lados do Atlântico. .......................................... Cassianos Ricardo, Martim Cererê
Os excertos mostrados, de poetas da 1ª fase do Modernismo, têm seu referencial na origem e na formação da Literatura Brasileira. Assinale a alternativa que identifica esse referencial. a) Literatura dos jesuítas — Auto de São Lourenço b) Literatura dos viajantes — Carta do Descobrimento c) Literatura dos viajantes — Tratado da terra do Brasil d) Seiscentismo — Prosopopéia e) Seiscentismo — Sermão da sexagésima
132. UFV–MG
Sobre José de Anchieta, é incorreto afirmar que: a) cultivou especialmente os autos, buscando, na alegoria, tornar mais acessíveis às mentes indígenas os conceitos e os dogmas do cristianismo. b) no teatro, o Auto de São Lourenço destaca-se como obra catequética de influência medieval. c) na poesia lírica, encontram-se suas mais belas composições, expressivas de uma fé profunda. d) apesar de pautada na língua e na cultura do índio, sua produção literária não se caracteriza como literatura já tipicamente brasileira. e) sua obra teatral, marcadamente alegórica e antireligiosa, moldou-se nos padrões renascentistas. 133. Ufla-MG
Todas as alternativas sobre o Padre José de Anchieta são corretas, exceto: a) Foi o mais importante jesuíta em atividade no Brasil do século XVI. b) Foi o grande orador sacro da língua portuguesa, com seus sermões barrocos. c) Estudou o tupi-guarani, escrevendo uma cartilha sobre a gramática da língua dos nativos. d) Escreveu tanto uma literatura de caráter informativo como de caráter pedagógico. e) Suas peças apresentam sempre o duelo entre anjos e diabos.
Capítulo 3 134. UniCOC-SP
É correto afirmar que a estética barroca se valeu de: a) um acentuado equilíbrio em suas manifestações artísticas, em que o homem se sente capaz de igualar as capacidades dos deuses, que sempre o favorecem. b) uma insatisfação em relação à vida de sua época, dando destaque ao sofrimento amoroso e à religiosidade inata do homem. c) uma linguagem rebuscada, entremeada de inversões e figuras, mostrando um homem em conflito entre o pecado e o perdão divino. d) um requinte formal, de uma linguagem castiça em sonetos que muitas vezes procuravam descrever objetos raros e preciosos, como vasos e taças. e) uma postura bastante otimista, pois o cientificismo da época valoriza especialmente a ação humana. 135. UniCOC-SP Texto 1
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. 4 3 R O P 7 0 D 2 V P
Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem (se algum houve...) as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía. Luís Vaz de Camões
Texto 2
É a vaidade, Fábio, nesta vida, Rosa, que da manhã lisonjeada, Púrpuras mil, com ambição dourada, Airosa rompe, arrasta presumida. É planta, que de abril favorecida, Por mares de soberba desatada, Florida galeota empavesada Sulca ufana, arrasta destemida. É nau, enfim, que em breve ligeireza, Com presunção de Fênix generosa, Galhardias apresta, alentos preza: Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa, De que importa, se aguarda sem defesa Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa? Gregório de Matos 75
Assinale a alternativa correta sobre os textos dados. a) O texto 1 é claro exemplo de poesia neoclássica, enquanto o texto 2 é nitidamente barroco. b) A temática de ambos é a mesma: o desconcerto do mundo. c) Enquanto o texto 1 aborda a temática do desconcerto do mundo, o texto 2 combate a vaidade e o culto da aparência. d) O texto 1 é exemplo de poema cuja temática é a frustração amorosa, assunto sutilmente abordado no texto 2. e) O texto 2 é um caso de poesia encomiástica, em que se presta homenagem a alguém, no caso a Fábio, possivelmente um amigo do poeta. 136. UFPB
Leia o texto abaixo e responda ao que se pede. Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Vinícius de Moraes Um dos recursos instaurados pela contemporaneidade poética é a “liberdade de expressão”, que possibilitou, inclusive, a permanência de modelos clássicos do fazer poético. Em Soneto da separação, observa-se o resgate da forma fixa, além do uso da antítese para expressar a angústia da separação. a) Retire do poema duas antíteses. b) Que estilo de época acrescenta à presença de antíteses o exagero expressivo como reflexo de um intenso conflito espiritual? 137. Fuvest-SP
Leia atentamente o texto. Entre os semeadores do Evangelho há uns que saem a semear, há outros que semeiam sem sair. Os que saem a semear são os que vão pregar à Índia, à China, ao Japão; os que semeiam sem sair são os que se contentam com pregar na pátria. Todos terão sua razão, mas tudo tem sua conta. Aos que têm a seara em casa, pagar-lhes-ão a semeadura: aos que vão buscar a seara tão longe, hão-lhes de medir a semeadura, e hão-lhes de contar os passos. Ah! dia do juízo! Ah! pregadores! Os de cá, achar-vos-eis com mais paço: os de lá, com mais passos... Padre Antônio Vieira 76
Todas as características barrocas citadas podem ser identificadas no texto, exceto: a) gosto pelas antíteses. b) jogo de palavras. c) contraposição de espírito e matéria. d) jogo de idéias. e) raciocínio rebuscado. 138. Fuvest-SP
O cultismo e o conceptismo, aspectos contrastantes fundidos no Barroco, relacionam-se respectivamente a todas as oposições a seguir, exceto: a) forma e conteúdo. d) vida e morte. b) sentidos e inteligência. e) fantasia e raciocínio. c) imaginação e razão. 139.
Ofendido vos tem minha maldade, É verdade, Senhor, que hei delinqüido, Delinqüido vos tenho, e ofendido, Ofendido vos tem minha maldade. Maldade que encaminha a vaidade, Vaidade que todo me há vencido, Vencido que ver-me e arrependido, Arrependido a tanta enormidade. Gregório de Matos
Que aspectos da arte barroca são encontrados no trecho exposto? 140. UFPE
Discreta e formosíssima Maria Enquanto estamos vendo a qualquer hora Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos e boca, o sol e o dia: ............................................................ Goza, goza da flor da mocidade Que o tempo trata a toda ligeireza E imprime em toda flor sua pisada. Gregório de Matos
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora, A lua nas janelas bate em cheio. Boa-noite, Maria! É tarde...é tarde... Não me apertes assim contra teu seio. ......................................................... Mas não me digas descobrindo o peito Mar de amor onde vagam meus desejos Castro Alves
Nos versos acima, o lirismo barroco, em Gregório de Matos, e o romântico, em Castro Alves, apresentam pontos de divergência e convergência, apesar de pertencerem a movimentos literários diferentes, distanciados por séculos. As convergências se devem a que: a) a visão do amor, fundamentada na religiosidade contra-reformista, elimina a expressão do amor físico, sublimando o sentimento. b) as relações amorosas são apresentadas de uma maneira sensual e ardente.
c) o tema do Carpe diem faz referência ao aproveitamento da vida e da beleza, na sua brevidade; esse tema aparece em ambos como uma reflexão sobre a transitoriedade das coisas. d) utilizando o discurso direto, os poetas descrevem suas amadas recorrendo a metáforas alusivas a elementos da natureza. e) em ambos os poemas, as mulheres são descritas como figuras contraditórias, simultaneamente angelicais e demoníacas. 141.
Assinale a alternativa incorreta. O Barroco surgiu como reação aos ideais da Idade Média e à valorização demasiada da Antigüidade Clássica, apresentando: a) a fusão do teocentrismo com o antropocentrismo. b) predomínio do equilíbrio em todas as formas artísticas. c) estilo rebuscado como manifestação de angústia. d) predomínio de forma, cor e riqueza, em detrimento de conteúdo. e) a fusão do pecado com o perdão. 142. Fuvest-SP
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia. Depois da luz, se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas e alegria. Na estrofe acima, de um soneto de Gregório de Matos Guerra, a principal característica do Barroco é: a) o culto da Natureza. b) a utilização de rimas alternadas. c) a forte presença de antíteses. d) o culto do amor cortês. e) o uso de aliterações.
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c) O cultismo é perceptível no rebuscamento da linguagem, pelo abuso no emprego de figuras semânticas, sintáticas e sonoras. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, o que se concretiza no discurso pelo emprego de sofismas, silogismos, paradoxos. d) O cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também conhecido como gongorismo e seu mais ardente defensor, no Sermão da Sexagésima, propõe a primazia da palavra sobre a idéia. e) Os métodos cultistas mais seguidos por nossos poetas foram os de Gôngora e Marini, e o conceptismo de Quevedo foi o que maiores influências deixou em Gregório de Matos. 145.
Explique o conceito de “cultismo”, recurso tão encontrado nos textos barrocos. Utilize, para isso, os seguintes versos de Gregório de Matos: O todo sem a parte não é o todo; A parte sem o todo não é parte; Mas se a parte faz o todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo o todo. Em todo o Sacramento está Deus todo, E todo assiste inteiro em qualquer parte, E feito em partes todo em toda a parte, Em qualquer parte sempre fica todo. 146. Ufla-MG
Assinale a alternativa que contém características incompatíveis com o estilo de época conhecido por Barroco. a) Contradições, sobrenatural humanizado, céu e terra ligados. b) Gosto pela polêmica, pelo panfleto, colisão de cores e excesso de relevos. c) Sentido de universalidade, racionalismo e objetividade. 143. d) As coisas, pessoas e ações não são descritas, mas Duas atitudes diferentes, dois diferentes processos: apenas evocadas e refletidas através da visão das a atitude sensual de rebusca do mais pulcro e personagens. fulgurante para o encanto dos olhos; a atitude in- e) Largo sentimento de grandiosidade e esplendor, de telectual , que formula o conceito engenhoso, para pompa e grandeza heróica, expressos na tendência deliciado pasmo do espírito dialético. De comum, ao exagero e ao hiperbólico. apenas o objetivo de surpreender pela singularidade 147. Uniube-MG espantosa. Hernâni Cidade Castigada, desfeita, malograda, [a mariposa] Quais são os dois processos a que se refere o crítico Por ousada, por débil, por briosa, português, respectivamente? Ao raio, ao resplendor, à luz formosa, Cai triste, fica vã, morre abrasada. 144. O texto lembra que na estética barroca foram freSobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos qüentes: construtivos do Barroco, assinale a única alternativa a) a tendência ao narrativo, a impessoalidade da incorreta. expressão e do léxico, a concisão. a) O cultismo opera através de analogias sensoriais, b) a economia de recursos de estilo, o uso de léxico valorizando a identificação dos seres por metáfonão-poético, a reiteração das idéias. ras. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, c) a prolixidade, a tendência ao descritivo, a reiteraa argumentação. ção das idéias. b) Cultismo e conceptismo são partes construtivas do d) o uso intenso de metáforas, a extrema contenção, Barroco que não se excluem. É possível localizar a economia de recursos expressivos. no mesmo autor e até no mesmo texto os dois e) o uso de contrastes, a impessoalidade da expreselementos. são, o uso de léxico não-poético. 77
148. FCC-BA
Teme o fim, flor ufana, que a temê-lo A própria formosura te convida. A vós divinos olhos, eclipsados, De tanto sangue e lágrimas cobertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos E, por não condenar-me, estais fechados. O texto barroco, conforme lembram os excertos mostrados, não raro: a) se angustia com a fatuidade e a brevidade da existência e busca a redenção pela religiosidade. b) traz ao leitor uma visão paradisíaca da existência, abençoada pelo sacrifício da divindade. c) é fortemente moralista e exorta o homem a desprezar os prazeres e a vida terrena, porque a divindade o espreita, sempre vigilante. d) é densamente espiritualizado, fortemente religioso e descompromissado com a observação da realidade física e com os aspectos materiais do mundo. e) é fortemente emocionado e, por conseqüência, valoriza a capacidade do indivíduo de fruir os aspectos positivos que o mundo lhe oferece. 149. USF-SP
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te, Te lembrar hoje Deus por sua Igreja; De pó te fez espelho, em que se veja A vil matéria, de que quis formar-te. Conforme sugere o excerto, o poeta barroco não raro expressa: a) o medo de ser infeliz; uma imensa angústia em face da vida, a que não consegue dar sentido; a desilusão diante da falência de valores terrenos e divinos. b) a consciência de que o mundo terreno é efêmero e vão; o sentimento de nulidade diante do poder divino. c) a percepção de que não há saídas para o homem; a certeza de que o aguardam o inferno e a desgraça espiritual. d) a necessidade de ser piedoso e caritativo, paralela à vontade de fruir até as últimas conseqüências o lado material da vida. e) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses imprimem a seu destino e à vida na terra. 150. ESPM-SP
Considere os versos: Mui grande é Vosso amor e meu delito; Porém pode ter fim todo o pecar, E não o Vosso amor, que é infinito. Essa razão me obriga a confiar Que, por mais que pequei, neste conflito Espero em Vosso amor de me salvar. Esses versos que o poeta barroco Gregório de Matos dirige a Cristo apresentam uma visão sofismática típica da época. Assinale a opção em que ocorre o mesmo tipo de argumentação. 78
a) O amor divino pode salvar o ser humano do conflito de confiar na infinitude do pecado. b) Como o amor de Cristo é muito maior que o pecado do indivíduo, a salvação é certa. c) A razão que o poder divino impõe ao ser humano faz com que ele confie no amor e na salvação. d) O amor de Cristo, infinito, faz o poeta desejar o fim do ato de pecar. e) O conflito divino induz o ser humano a buscar o amor infinito com a salvação. 151. Cefet-PR
Queimada veja eu a terra, onde o torpe idiotismo chama aos entendidos néscios, aos néscios chama entendidos. Queimada veja eu a terra, Onde em casa, e nos corrilhos Os asnos me chamam d’asno, Parece coisa de riso. Eu sei de um clérigo zote Parente em grau conhecido Destes, que não sabem musa, mau grego e pior latim Famoso em cartas, e dados (...) Ambicioso, avarento, Das próprias negras amigo. No fragmento poético-satírico mostrado, o poeta Gregório de Matos, ao sair da Bahia colonial, escreve sobre essa sociedade e seus integrantes. Podemos afirmar que, nesse fragmento, o poeta: a) demonstra grande apreço pela sociedade baiana. b) reforça o preconceito em relação ao elemento negro. c) fortalece uma visão positiva do consórcio das raças. d) usa de antítese, característica da linguagem barroca, para exaltar os baianos. e) descreve de modo imparcial o meio colonial baiano. 152.
Que é terra, homem, e em terra hás de tornar-te, Te lembra hoje Deus por sua Igreja; De pó te faz espelho em que se veja A vil matéria de que quis formar-te. Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te, E como o teu baixel sempre fraqueja Nos mares da vaidade, onde peleja, Te põe à vista a terra, onde salvar-te. Alerta, alerta pois, que o vento berra. E se assopra a vaidade, e incha o pano, Na proa a terra tens, amaina, e ferra. Todo o lenho mortal, baixel humano Se busca a salvação, tome hoje terra, Que a terra de hoje é porto soberano. O poema acima desenvolve uma metáfora. a) De que metáfora se trata? b) Qual o desenvolvimento que o poema dá a ela?
153.
157. PUC-RJ
Dê argumentos que permitam considerar o padre Antônio Vieira como um expoente tanto da literatura portuguesa quanto da literatura brasileira.
01 Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pirata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito 05 Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim. – Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador? – Assim é. O roubar 10 pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades e interpretar as significações, a uns e outros definiu com o mesmo nome: 15 Eodem loco pone latronem et piratam, quo regem animum latronis et piratae habentem. Se o Rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.
154. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa incorreta. a) Julgada em bloco, a literatura brasileira do quinhentismo é uma típica manifestação barroca. b) Na poesia de Gregório de Matos, percebe-se o dualismo barroco: mistura de religiosidade e sensualismo, misticismo e erotismo, valores terrenos e aspirações espirituais. c) A literatura no Brasil colonial é clássica, tendo nascido pela mão dos jesuítas, com intenção doutrinária. d) Com Antônio Vieira, a estética barroca atinge o seu ponto alto em prosa no Brasil. e) Não se deve dizer que a literatura seiscentista brasileira seja inferior por ser barroca, mas sim que é uma literatura barroca de qualidade inferior, com exceções raras. 155.
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Fragmento do Sermão do bom ladrão, de Pe. Antônio Vieira.
Uma das mais importantes características da obra do Padre Antônio Vieira refere-se à presença constante em seus sermões das dimensões social e política, somadas à religiosa. Comente esta afirmativa em função do texto acima.
Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte está branco, da outra há de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há de estar noite; se 158. de uma parte dizem luz, da outra hão de dizer sombra; Assinale a alternativa incorreta. se de uma parte dizem desceu, da outra hão de dizer a) Em seus sermões, de estilo conceptista, o Padre subiu. Aprendamos do céu o estilo da disposição, e Antônio Vieira segue os moldes da parenética também o das palavras. medieval. No excerto, Padre Vieira, condenando o abuso de ____ b) Caracteriza o Barroco a tentativa de unir os valores ______, critica alguns excessos do estilo ________. medievais aos renascentistas. a) antíteses – barroco c) O poema épico Prosopopéia foi escrito em versos decassílabos e oitava-rima e é considerado o b) metáforas – arcádico marco inicial do Barroco no Brasil. c) metonímias – romântico d) Apesar de ser conhecido como poeta satírico, d) antíteses – arcádico Gregório de Matos também escreveu poesia lírica e) metonímias – barroco e religiosa. e) O cultismo caracteriza-se como uma seqüência 156. PUC-MG de raciocínios lógicos, usando uma retórica O texto a seguir, de padre Antônio Vieira, pertence ao aprimorada, que despreza a linguagem rebusestilo barroco. Comprove a afirmação, identificando, cada. no trecho, três características do estilo. Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo pode proceder de um de três princípios: ou da parte do 159. Fuvest-SP pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. A respeito do padre Antônio Vieira, pode-se afirmar Para uma alma se converter por meio de um que: sermão, há de haver três concursos: há de concorrer a) embora vivesse no Brasil, por sua formação lusio pregador com a doutrina, persuadindo; há de contana, não se ocupou de problemas locais. correr o ouvinte com o entendimento, percebendo; há de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um b) procurava adequar os textos bíblicos às realidades de que tratava. homem ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelhos e luz. Logo, há mister luz, há mister c) dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresespelho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de se por assuntos mundanos. uma alma senão entrar um homem dentro de si e ver-se d) em função de seu zelo para com Deus, utilizava-O a si mesmo? Para essa vista são necessários olhos, para justificar todos os acontecimentos políticos e é necessária luz e é necessário espelho. O pregador sociais. concorre com o espelho, que é doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem concorre com os e) mostrou-se tímido diante dos interesses dos poderosos. olhos, que é o conhecimento. 79
160. UFRGS-RS
Assinale a alternativa que preenche adequadamente as lacunas do texto a seguir, na ordem em que aparecem. Padre Antônio Vieira é um dos principais autores do _____________, movimento em que o homem é conduzido pela ______________ e que tem, entre suas características, o ______________, com seus jogos de palavras, de imagens e de construção, e o _____________ com o uso de silogismo, processo racional de demonstrar uma asserção. a) gongorismo – exaltação vital – cultismo – preciosismo b) conceptismo – fé – preciosismo – gongorismo c) Barroco – depressão vital – conceptismo – cultismo d) Conceptismo – depressão vital – gongorismo – preciosismo e) Barroco – fé – cultismo – conceptismo
Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama para que o amem, esse só é fino. E tal foi a fineza de Cristo, em respeito a Judas, fundada na ciência que tinha dele e dos mais discípulos. Vieira, Sermões.
162. Vunesp
O Padre Antônio Vieira (1608-1697), em cuja prosa coexistem os princípios barrocos do cultismo e do conceptismo, é considerado um dos maiores oradores de todos os tempos, em língua portuguesa. Em seus sermões, serve-se freqüentemente do simbolismo das Sagradas Escrituras para desenvolver argumentos de raciocínio complexo, mas sempre de modo claro e preciso. No fragmento transcrito, Vieira aborda fundamentalmente o tema do “amor”. Releia o texto dado e, a seguir, responda: quantas e quais são as espécies de “amor”, segundo Vieira?
161.
Da mesma maneira, uma coisa é o semeador, e outra o que semeia; uma coisa é o pregador, e outra o que prega. O semeador e o pregador é nome; o que semeia e o que prega é ação; e as ações são as que dão o ser ao pregador. Ter nome de pregador, ou ser pregador de nome, não importa nada; as ações, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o mundo. O melhor conceito que o pregador leva ao púlpito, qual cuidais que é? É o conceito que de sua vida têm os ouvintes. Padre Antônio Vieira, Sermão da sexagésima.
Assinale a alternativa que indique a idéia básica do texto apresentado. a) Vieira defende a separação entre as atividades religiosas e as agrícolas, para as quais, naquele tempo, era dedicado o tempo dos padres. b) Vieira defende que os religiosos da época deviam dividir seu tempo entre a pregação e o trabalho agrícola. c) Vieira despreza a atividade do pregador, que considerava extremamente improdutiva e inútil para a vida nacional. d) Vieira afirma que as atitudes do pregador, na vida pessoal, devem estar totalmente desligadas de sua pregação ao púlpito. e) Vieira afirma que as atitudes do pregador, na vida pessoal, devem coincidir com sua pregação no púlpito.
163. Vunesp
Verifique no texto as menções feitas por Vieira ao amor de Cristo pelos apóstolos e, a seguir, justifique como se dá o amor de Cristo a Judas, de acordo com a argumentação de Vieira. 164. Vunesp
Em sua argumentação insistente e repetitiva, Vieira sintetiza a sua teoria do amor com a frase: “O amor fino não busca causa nem fruto”. Lendo atentamente a seqüência do texto em pauta, percebemos que os vocábulos causa e fruto dessa frase apresentam relação contextual, respectivamente, com os conectivos porque e para que em orações como: “porque me amam” e “para que me amem”. Partindo desse comentário: a) explique a relação textual acima mencionada; b) justifique-a em função da teoria de amor proposta por Vieira. 165. ENEM
A respeito de Padre Antônio Vieira, o crítico literário Affonso Ávila afirma: “Mas o uso de jogos vocabulares do mesmo teor prosseguirá ao longo do discurso, embora diluídos em meio ao vigor persuasório da composição e atenuados ora por formas de gradação mais paronomásica ou trocadilhesca, ora pela empostação mais sóbria de antítese e de paradoxo”. Nos trechos a seguir, extraídos de Os sermões, de Padre Vieira, assinale a opção que não seja exemplo de nenhuma das características citadas por Affonso Ávila. Texto para as questões de 162 a 164. a) O polvo, com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos Tão inteiramente conhecia Cristo a Judas, como a parece uma estrela... Pedro, e aos demais; mas notou o Evangelista com especialidade a ciência do Senhor, em respeito de b) Não diz Cristo: saiu a semear o semeador, senão, saiu a semear o que semeia. Judas, porque em Judas mais que em nenhum outro campeou a fineza de seu amor. Ora vede: definindo c) Os mortos são pó, nós também somos pó: em que nos distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos vivos S. Bernardo o amor fino, diz assim: Amor non quaerit dos mortos, assim como se distingue o pó do pó. causam, nec fructum: “O amor fino não busca causa nem fruto”. Se amo porque me amam, tem o amor cau- d) Ah dia do juízo! Ah pregadores! Os de cá, achar-voseis com mais paço; os de lá, com mais passos. sa; se amo para que me amem, tem fruto: e amor fino não há de ter por quê, nem para quê. Se amo porque e) Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo me amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para do seu risco, estes sem temor nem perigo; os que me amem, é negociação, busco o que desejo. Pois outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e como há de amar o amor para ser fino? Amo, quia amo, enforcam. amo, ut amem: amo, porque amo, e amo, para amar. 80
166. PUC-SP
168.
Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la para que se conheça, há de dividi-la para que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com a razão, há de confirmá-la com o exem plo, há de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências que se hão de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar; há de responder às dúvidas, há de satisfazer às dificuldades, há de impugnar e refutar com toda a força da eloqüência os argumentos contrários, e depois disto há de colher, há de apertar, há de concluir, há de persuadir, há de acabar.
Vieira, em seu sermão, afirma que uma mesma causa pode produzir efeitos contrários, conforme a presença ou não de determinado fator. Com base nesta constatação: a) determine o fator que, segundo afirma Vieira, é responsável por fazer com que uma mesma causa produza efeitos contrários; b) indique o fenômeno físico que Vieira apresenta como uma das provas do que afirma.
Esse trecho do Sermão da Sexagésima, de autoria do Padre Antônio Vieira, aponta as partes que compõem o discurso argumentativo e ilustra o Barroco, em seu estilo conceptista. Em que consiste esse estilo? Exemplifique-o com o texto dado.
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169.
Identifique as partes em que se dividem os sermões de Vieira, indicando o conteúdo de cada uma delas. 170. UFRGS-RS
Sobre a obra de Gregório de Matos, é correto afirmar que: a) os vícios da colônia são criticados e as autoridades públicas são ridicularizadas. b) sua infância e sua família são temas recorrentes Texto para as questões de 167 a 169. em seus poemas. c) a escravidão é denunciada como instituição perSermão do Mandato versa e desnecessária. Começando pelo amor. O amor essencialmente é união, e naturalmente a busca: para ali pesa, para ali d) o elogio da mulher amada está inserido em um quadro bucólico e pastoril. caminha, e só ali pára. Tudo são palavras de Platão, e de Santo Agostinho. Pois se a natureza d o amor é e) o ideal da racionalidade resulta na sintaxe simples e na ordem direta das frases. unir, como pode ser efeito do amo r o apartar? Assim é, quando o amor não é extremado e excessivo. As 171. UEL-PR causas excessivamente intensas produzem efeitos Incêndio em mares d’água disfarçado, contrários. A dor faz gritar; mas se é e xcessiva, faz emudecer: a luz faz ver; mas se é excessiva, cega: Rio de neve em fogo convertido. a alegria alenta e vivifica; mas se é excessiva, mata. Assim o amor: naturalmente une; mas se é exces- Nesses versos de Gregório de Matos, ocorre um sivo, divide: Fortis est ut mors dilectio: o amor, diz procedimento comum ao estilo da poesia barroca, Salomão, é como a morte. Como a morte, rei sábi o? qual seja: Como a vida, dissera eu. O amor é união de almas; a) a imitação direta dos elementos naturais. a morte é separação da alma: pois se o efeito do b) a submissão da sintaxe às regras da clareza. amor é unir, e o efeito da morte é separar, como pode c) a interpenetração de elementos contrastantes. ser o amor semelhante à morte? O mesmo Salomão d) a ordem casual e descontrolada das palavras. explicou. Não fala Salomão de qualquer amor, senão e) a exaltação da paisagem nativa. do amor forte? Fortis est ut mors dilectio: e o amor 172. UFRGS-RS forte, o amor intenso, o amor excessivo, produz efeitos contrários. É união, e produz apartamen- Sobre a poesia de Gregório de Matos Guerra, é correto afirmar que: tos. Sabe-se o amor atar, e sabe-se desatar como Sansão: afetuoso , deixa-se atar; forte, forte rompe a) privilegia os cenários bucólicos percorridos por pastores e ninfas examinados sob uma perspectiva ataduras. O amor sempre é amoroso; mas umas satírica e irônica. vezes é amoroso e unitivo, outras vezes amoroso e forte. Enquanto amoroso e unitivo, ajunta extremos b) expõe em sintaxe simples o caráter sereno e amoroso de um pastor que corteja sua amada com mais distantes: enquanto amoroso e forte, divide os promessas de vida amena e burocrática. extremos mais unidos. c) expõe em sintaxe complexa e com metáforas Antônio Vieira. Sermão do Mandato. antitéticas os dilemas do amor e do espírito no quadro da Contra-Reforma. 167. Mencione e explique uma característica do estilo bar- d) privilegia o cenário urbano para denunciar as arbitrariedades da Inquisição e o racismo dos roco que Vieira explora com insistência no seguinte portugueses instalados na colônia. trecho: O amor é união de almas; a morte é separação da alma: pois se o efeito do amor é unir, e o efeito da e) privilegia os cenários palacianos em que ocorrem intrigas e conspirações envolvendo nobres buromorte é separar, como pode ser o amor semelhante cratas, monges e prostitutas. à morte? 81
173. Fatec-SP
No colégio dos padres, Gregório de Matos escreveu: Quando desembarcaste da fragata, meu dom Braço de Prata, cuidei, que a esta cidade tonta, e fátua*, manda va a inquisição alguma estátua, vendo tão espremida salvajola* visão de palha sobre um mariola*. Sorriu, e entregou o escrito a Gonçalo Ravasco. Gonçalo leu-o, gracejou, entregou-o ao vereador. O papel passou de mão em mão. “A difamação é o teu deus”, disseram, sorrindo. Ana Miranda, Boca do inferno. *fátua: tola; *salvajola: variante de “selvagem”; *mariola: velhaco
II. O poema evidencia a “fórmula da ordem barroca” ditada por Gérard Genette: diferença transforma-se em oposição, oposição em simetria e simetria em identidade. III. O poema inscreve, no âmbito da linguagem, o conflito vivido pelo homem do século XVII. De acordo com o poema, pode-se concluir que: a) são corretas todas as afirmações. b) são corretas apenas as afirmações I e II. c) são corretas apenas as afirmações I e III. d) é correta apenas a afirmação II. e) é correta apenas a afirmação III. 175. UEL-PR
O techo ilustra: Assinale a alternativa cujos termos preenchem correa) a poesia erótica de Gregório de Matos, inspirada na tamente as lacunas do texto inicial. vida nos prostíbulos da cidade da Bahia e que deu Como bom barroco e oportunista que era, este poeta de origem à alcunha do poeta, “Boca do inferno”. um lado lisonjeia a vaidade dos fidalgos e poderosos, b) a poesia lírica de Gregório de Matos, voltada para de outro investe contra os governadores, os “falsos fia temática filosófica, em linguagem marcada pelos dalgos”. O fato é que seus poemas satíricos constituem recursos da estética barroca. um vasto painel .................., que ............................. c) a poesia satírica de Gregório de Matos, dedicada compôs com rancor e engenho ainda hoje admirados à descrição fiel da sociedade da época, utilizando pela expressividade. recursos expressivos característicos do barroco a) do Brasil do século XIX – Gregório de Matos português. b) da sociedade mineira do século XVIII – Cláudio d) a poesia erótica de Gregório de Matos, caracManuel da Costa terizada pela crítica aos comportamentos e às c) da Bahia do século XVII – Gregório de Matos autoridades baianas da época colonial. d) do ciclo da cana-de-açúcar – Antônio Vieira e) a poesia satírica de Gregório de Matos, que re- e) da exploração do ouro em Minas – Cláudio Manuel presenta, no conjunto de sua obra, uma fuga aos da Costa moldes barrocos e ataca, no linguajar baiano da época, costumes e personalidades. 176. UEL-PR Identifique a afirmação que se refere a Gregório de 174. PUC-SP Matos. “Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da a) No seu esforço de criação da comédia brasileira, dama a quem queria bem.” realiza um trabalho de crítica que encontra seguidores no Romantismo e mesmo no restante do Soneto século XIX. Ardor em firme coração nascido; b) Sua obra é uma síntese singular entre o passado Pranto por belos olhos derramado; e o presente: ainda tem os torneios verbais do Incêndio em mares de águas disfarçado; quinhentismo português, mas combina-os com a Rio de neve em fogo convertido: paixão das imagens pré-românticas. c) Dos poetas arcádicos eminentes, foi sem dúvida Tu, que em um peito abrasas escondido; o mais liberal, o que mais claramente manifestou Tu, que em um rosto corres desatado; as idéias da ilustração francesa. Quando fogo, em cristais aprisionado; d) Teve grande capacidade em fixar num lampejo os Quando cristal em chamas derretido. vícios, os ridículos, os desmandos do poder local, valendo-se para isso do engenho artificioso que Se és fogo como passas bradamente, caracterizava o estilo da época. Se és neve, como queimas com porfia? e) Sua famosa sátira à autoridade portuguesa na Mas ai, que andou Amor em ti prudente! Minas do chamado ciclo do ouro é prova de que seu talento não se restringia ao lirismo amoroso. Pois para temperar a tirania, Como quis que aqui fosse a neve ardente, 177. Fuvest-SP Permitiu parecesse a chama fria. A poesia lírica de Gregório de Matos subdivide-se em Considere atentamente as seguintes afirmações sobre amorosa e religiosa. o poema de Gregório de Matos: a) Quais são os dois modos contrastantes de ver a mulher, em sua lírica amorosa? I. O par fogo e água, que figura amor e contentação, passa por variações contrastantes até evoluir para b) Como aparece em sua lírica religiosa a idéia de Deus e do pecado? o oximoro. 82
178.
180. Fragmento I
A nossa Sé da Bahia, como ser um mapa de festas, é um presépio de bestas, se não for estrebaria: Fragmento II
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Recobrai-a; e não queirais, Pastor divino, Perder na Vossa ovelha a Vossa glória. Fragmento III
Não vira em minha vida a formosura, Ouvia falar nela cada dia, E ouvida, me incitava e me movia A querer ver tão bela arquitetura. Relacione os textos de poemas de Gregório de Matos Guerra aos gêneros. Fragmento I ( ) Amoroso Fragmento II ( ) Sacro Fragmento III ( ) Satírico 179. UFV-MG A cidade da Bahia
Triste Bahia! Oh, quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, e tu a mim empenhado Rica te vi eu já, tu a mim abundante. A ti tocou-te a máquina mercante, Que em tua larga barra tem entrado A mim foi-me tocando e tem tocado Tanto negócio e tanto negociante. Deste em dar tanto açúcar excelente Pelas drogas inúteis que, abelhuda, Simples aceitas do sagaz brichote. Oh, se quisera Deus que, de repente, Um dia amanheceras tão sisuda, Que fora de algodão o teu capote!
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As afirmações a seguir estão corretas em relação ao texto, exceto: a) Fixa, de maneira vivaz, a paisagem física de sua bela cidade, templos, praças e ruas. b) Além da temática, nota-se, no texto, como marca tempo/ espaço, certa atmosfera lingüística, própria da Bahia seiscentista (máquina mercante, brichote etc.). c) Poema satírico, com forte dose de realismo na descrição do ambiente moral da cidade. d) Compara, em tom de ironia e desencanto, sua própria situação à daquele outrora próspero núcleo colonial. e) A obra satírica de Gregório de Matos (de que o soneto é fragmento) é um espelho, visão e denúncia de sua época.
Num Brasil colonial, pode-se dizer que Gregório de Matos Guerra e suas obras: a) funcionaram como nosso primeiro jornal. b) estão desvinculados do contexto da época tanto local como universalmente. c) surgem de maneira postiça, sem relação com os valores do tempo. d) pregaram com veemência a idéia de emancipação política. e) surgem como anunciantes de uma nova era para o mundo, cheia de harmonia e de paz. 181.
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado Da vossa alta clemência me despido; Porque, quanto mais tenho delinqüido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto um pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido; Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida e já cobrada Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na sacra história, Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada. Cobrai-a; e não queirais, pastor divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. Na terceira estrofe há a menção de um episódio bíblico que se liga diretamente à quase ameaça da última estrofe. Indique o episódio e explique tal ligação. 182.
Anjo no nome, Angélica na cara! Isso é ser flor e Anjo juntamente; Ser Angélica flor, e Anjo florente, Em quem, senão em vós, se uniformara: Quem vira uma tal flor, que a não cortara, Do verde pé, da rama florescente; E quem um Anjo vira tão luzente, Que por seu Deus o não idolatrara? Se pois como Anjo sois dos meus altares, Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda, Livrara eu de diabólicos azares. Mas vejo, que por bela, e por galharda, Posto que os Anjos nunca dão pesares, Sois Anjo que me tenta, e não me guarda. A imagem da mulher é propositadamente contraditória. Como se percebe tal contradição? Qual é a relação entre essa contradição e o estilo barroco? 83
183.
Das alternativas abaixo, apenas uma não apresenta características da obra do poeta barroco Gregório de Matos. Assinale-a. a) Sentido vivo de pecado aliado à busca do perdão e da pureza espiritual. b) Poesia com força crítica poderosa, pessoal e social, chegando à irreverência e à obscenidade. c) Destaca a beleza física da amada e a sua transitoriedade. d) Realça a beleza da flora, da fauna e da paisagem brasileiras, em manifestação nativista. e) Tentativa de conciliar elementos contraditórios, busca da unidade sob a diversidade.
Sonetos de Gregório de Matos para as questões 186 a 188. Soneto I
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz, se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza.
184. UEBA
A respeito de Gregório de Matos, é correto afirmar que: a) as poesias atribuídas a ele dividem-se em amorosas, religiosas, encomiásticas, satíricas e fesceninas. b) embora conhecido como “Boca do Inferno”, escreveu poesias satíricas sem nenhum poder de crítica, cujos versos não passam de meros “destemperos verbais”. c) nas poesias amorosas e religiosas, afastou-se do português erudito, chegando a criar um estilo notadamente brasileiro. d) não foi um poeta cultista, como era de se esperar; enveredou pelo conceptismo para poder expressar as tensões do espírito barroco. e) por desprezar a contribuição da linguagem brasileira, criou uma poesia, no geral, monótona, salvando-se apenas nos poemas fesceninos (obscenos). 185. Unimep-SP
Há, em Gregório de Matos, ressonância da poesia de Camões. Os versos camonianos: Amor é fogo que arde sem se ver / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer influenciaram que versos do poeta brasileiro? a) Ardor em firme coração nascido Pranto por belos olhos derramado; Incêndio em mares d’água disfarçado. b) E quer meu mal, dobrando os meus tormentos, Que esteja morto para as esperanças, E que ande vivo para os sentimentos. c) Ó tu do meu amor fiel traslado Mariposa, entre chamas consumida, Pois se à força do ardor perdes a vida, A violência do fogo me há prostrado. d) Ontem, a amar-vos me dispus; e logo Senti dentro de mim tão grande chama, Que vendo arder-me na amorosa flama. e) Essas luzes de amor ricas, e belas Vê-las basta uma vez, para admirá-las, Que vê-las outra vez, irá ofendê-las. 84
Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. Soneto II
Discreta, e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo a qualquer hora Em tuas faces a rosada Aurora, Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia: Enquanto com gentil descortesia O ar, que fresco Adônis te namora, Te espalha a rica trança voadora, Quando vem passear-te pela fria: Goza, goza da flor da mocidade, Que o tempo trota a toda ligeireza, E imprime em toda a flor sua pisada. Oh não aguardes, que a madura idade Te converta essa flor, essa beleza Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. 186.
Identifique a temática comum aos dois sonetos – a qual é também comum na arte barroca. 187.
Identifique, nos dois textos, exemplos de antíteses. 188.
Encontre, no soneto I, argumentos que justificam o conselho dado pelo eu lírico a Maria, no texto II. 189.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se é tão formosa a Luz, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol e na Luz falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. O soneto anterior é um dos mais conhecidos de Gregório de Matos Guerra. O tema do poema e a linguagem utilizada para expressar esse tema são típicos do estilo barroco. Responda às questões. a) Qual o tema do soneto? b) Aponte uma figura de linguagem utilizada no texto. c) O que o poeta quis dizer nos dois últimos versos? 190. UFRJ
A certa personagem desvanecida Soneto
Um soneto começo em vosso gabo: Contemos esta regra por primeira, Já lá vão duas, e esta é a terceira, Já este quartetinho está no cabo. Na quinta torce agora a porca o rabo; A sexta vá também desta maneira: Na sétima entro já com grã canseira, E saio dos quartetos muito brabo. Agora nos tercetos que direi? Direi que vós, Senhor, a mim me honrais Gabando-vos a vós, e eu fico um rei. Nesta vida um soneto já ditei; Se desta agora escapo, nunca mais Louvado seja Deus, que o acabei. MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. (org.) José Miguel Wisnik.
No mundo barroco, predominam os contrastes. Partindo das idéias contidas no 1º e nos dois últimos versos do soneto de Gregório de Matos, explique a oposição básica que confere ao texto feição satírica. Leia os textos a seguir e responda às questões 191 e 192. Texto I
Largo em sentir, em respirar sucinto, Peno, e calo, tão fino e tão atento, Que fazendo disfarce do tormento, Mostro que o não padeço, e sei que o sinto. O mal que fora encubro, ou que desminto, Dentro no coração é que o sustento: Com que para penar é sentimento, Para não se entender, é labirinto.
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Ninguém sufoca a voz nos seus retiros; Da tempestade é o estrondo efeito: Lá tem ecos a terra, o mar suspiros. Mas oh! Do meu segredo alto conceito! Pois não chegam a vir à boca os tiros Dos combates que vão dentro do peito. Gregório de Matos Guerra. Sonetos.
Texto II O tempo não pára
Disparo como um sol. Sou forte sou por acaso Minha metralhadora cheia de mágoas Eu sou um cara Cansado de correr na direção contrária Sem pódio de chegada ou beijo de namorada Eu sou mais um cara Mas se você achar que eu tô derrotado Saiba que ainda estou rolando os dados Porque o tempo ... o tempo não pára Dias sim ...dias não eu vou sobrevivendo sem um [arranhão Da caridade de quem me detesta A tua piscina tá cheia de ratos Tuas idéias não correspondem aos fatos O tempo não pára Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não pára.... não pára... não... não pára Eu não tenho data pra comemorar Às vezes os meus dias são de par em par Procurando agulha num palheiro Nas noites de frio é melhor nem nascer Nas de calor se escolhe é matar ou morrer E assim nos tornamos brasileiros Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro Transformam um país inteiro num puteiro Pois assim se ganha mais dinheiro Cazuza
191. UFF-RJ
As estéticas literárias não se confinam a determinados tempos e a determinados autores na express ão do sentimento e da visão de mundo. De uma forma ou de outra, os poetas Gregório de Matos e Cazuza (séculos XVI e XX, respectivamente) discutem as contradições que, atemporalmente, cercam a existência humana. Transcreva dois versos seguidos do texto I e dois versos seguidos do texto II que comprovem o caráter contraditório da visão de mundo de cada autor. 192. UFF-RJ
O poeta Gregório de Matos e o compositor Cazuza, como homens de seus tempos, apresentam, em certos aspectos, atitudes distintas em relação aos conflitos existenciais. O primeiro reconhece a existência dos conflitos que o atormentam. O segundo, além de reconhecer conflitos pessoais, expõe as mazelas que cercam o ser humano em geral. Transcreva, de cada autor (texto I e texto II), dois versos seguidos que confirmem tal afirmativa. 85
Leia os textos abaixo e responda às questões 193 e 194. Texto I
Bela Floralva, se Amor me fizesse abelha um dia, em todo o tempo estaria picando na vossa flor: e quando a vosso rigor quisesse dar-me de mão por guardar a flor, então, tão abelhudo eu andara, que em vós logo me vingara com vos meter o ferrão. Texto II
Que falta nesta cidade?......................Verdade. Que mais por sua desonra?..................Honra. Falta mais que se lhe ponha?.............Vergonha. O demo a viver se exponha por mais que a fama a exalta numa cidade onde falta Verdade, Honra, Vergonha. (...) E nos Frades há manqueiras?.............Freiras. Em que ocupam os serões?..................Sermões. Não se ocupam em disputas?..............Putas. Com palavras dissolutas me concluís na verdade, que as lidas todas de um frade são Freiras, Sermões e Putas. O açúcar já se acabou?.......................Baixou. E o dinheiro se extinguiu?..................Subiu. Logo já convalesceu?..........................Morreu. À Bahia aconteceu o que a um doente acontece, cai na cama, o mal lhe cresce, Baixou, Subiu, e Morreu. A Câmara não acode?.........................Não pode. Pois não tem todo o poder?.................Não quer. É que o governo a convence?............Não vence. Quem haverá que tal pense, que uma Câmara tão nobre por ver-me mísera e pobre Não pode, Não quer, Não vence. 193.
O texto I é um tipo específico de sátira. Indique o nome que recebe e por quê. 194.
Que tipo de crítica evidencia-se no texto II? Cite segmentos do texto que comprovem, sua resposta. 86
195. UFU–MG
Leia o poema a seguir. Definição do Amor
(...) Uma ferida sem cura, uma chaga, que deleita, um frenesi dos sentidos, desacordo das potências. Uma dor, que se não cala, pena, que sempre atormenta, manjar, que não enfastia, um brinco, que sempre enleva. O Amor é finalmente um embaraço de pernas, uma união de barrigas, um breve tremor de artérias. Uma confusão de bocas, uma batalha de veias, um rebuliço de ancas, quem diz outra coisa, é besta.
Gregório de Matos, Antologia poética.
Marque a alternativa correta. a) O Gregório de Matos barroco abandona o estilo clássico, de tema e tratamento nobres e superiores, optando por temas prosaicos, e redimensiona a forma literária elevada para composições mais populares, o que implica na conservação do decassílabo, como no poema acima. b) No soneto “Amor é fogo que arde sem se ver”, Camões não alcança a definição exata do Amor, definindo-o pelas indefinições, por considerá-lo um sentimento contraditório. Nesse sentido, os versos acima são uma paráfrase ao famoso poema camoniano. c) A vertente maneirista da obra poética de Gregório de Matos é pautada pelas tensões oriundas da Contra-Reforma, que alertava sobre a fragilidade humana e a conseqüente necessidade de valorizar o espiritual. A vertente barroca é voltada para o prazer, o riso e a festa: as delícias da vida terrena. O poema em questão é da vertente maneirista. d) A partir do verso “O amor é finalmente”, o poeta afasta as antíteses que corroboram as contradições do amor espiritualizado, resumindo o amor aos aspectos físicos desse sentimento. 196. Mackenzie–SP
“Quem deixa a Deus por Deus não o perde, antes o assegura. Deus é Caridade; e, assim, a alma que por respeito da Caridade se priva de Deus, aparta-se donde na verdade fica, e fica donde parece que se aparta.” Assinale a afirmativa correta a respeito do texto acima. a) O tratamento dado à temática religiosa mostra que o fragmento pertence ao Trovadorismo, estilo de época da Idade Média. b) A temática religiosa e o jogo de antíteses presentes nesse fragmento dissertativo identificam seu estilo barroco conceptista. c) O enfoque maniqueísta do narrador, associado à linguagem emotiva, justifica classificar o fragmento como romântico. d) A linguagem descritiva e a ausência de argumento dogmático caracterizam o estilo renascentista do fragmento. e) A linguagem pleonástica na construção de efeitos sinestésicos caracteriza o estilo cultista desse fragmento narrativo.
Capítulo 4 197.
Leia atentamente o texto abaixo e responda ao que se pede. O ledo passarinho, que gorjeia D’alma exprimindo a cândida ternura, O rio transparente, que murmura, E por entre pedrinhas serpenteia: O Sol, que o céu diáfano passeia, A Lua, que lhe deve a formosura, O sorriso da aurora alegre e pura, A rosa, que entre os zéfiros ondeia: A serena, amorosa Primavera, O doce autor das glórias que consigo, A deusa das paixões, e de Citera: Quanto digo, meu bem, quanto não digo, Tudo em tua presença degenera, ‘Nada se pode comparar contigo’. Explique o último verso do soneto, à luz do Arcadismo. 198. UFU-MG
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e [aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos [enlaçadas. (Enlacemos as mãos.) (...) Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena [cansarmo-nos. Quer gozemos, quer não gozemos, passamos [como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassossegos grandes.” Ricardo Reis/Fernando Pessoa
Enquanto pasta alegre o manso gado, Minha bela Marília, nos sentemos À sombra deste cedro levantado. Um pouco meditemos Na regular beleza, Que em tudo quanto vive nos descobre A sábia natureza. Tomás Antônio Gonzaga
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Marque a afirmativa incorreta. a) Ricardo Reis e Tomás Antônio Gonzaga são considerados neoclássicos porque resgatam elementos da tradição literária greco-romana. Uma das características do neoclassicismo é tomar a natureza como modelo, procedimento observado nos versos destes poetas. b) Os poetas sentam-se e meditam à beira do rio e à sombra do cedro. Ricardo Reis e Tomás A. Gonzaga valem-se desses elementos, rio e cedro, como imagens comparativas do fluir incessante da vida.
c) Ricardo Reis trabalha com a consciência da efemeridade da vida: tudo é breve. Dessa consciência, surge a necessidade de se aproveitar o tempo presente (carpe diem), convite que o poeta faz à amada. d) Aproveitar o tempo, para Ricardo Reis, é simplesmente viver, deixar a vida decorrer, sem nada dese jar, como se percebe no verso “Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.” 199. UFRGS-RS
Leia as afirmações abaixo sobre o Arcadismo brasileiro. I. Os poetas árcades colocavam-se como pastores para realizarem, dessa forma, o ideal de uma vida simples em contato com a natureza. II. O Arcadismo brasileiro, embora tenha reproduzido muito dos modelos europeus, apresentou características próprias, como a incorporação do elemento indígena e a sátira política. III. O tema do carpe diem, em que o poeta expressa o desejo de aproveitar intensamente o momento presente, fugaz e passageiro, foi ignorado pelos árcades brasileiros, excessivamente racionalistas. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III. e) I, II e III.
200. Fuvest-SP
I. Porque não merecia o que lograva, Deixei, como ignorante, o bem que tinha, Vim sem considerar aonde vinha, Deixei sem atender o que deixava. II. Se a flauta mal cadente Entoa agora o verso harmonioso, Sabei, me comunica este saudoso Influxo a dor veemente; Não o gênio suave, Que ouviste já no acento agudo e grave. III. Da delirante embriaguez de bardo Sonhos em que afoguei o ardor da vida, Ardente orvalho de febris pranteios, Que lucro à alma descrida? Cada estrofe, a seu modo, trabalha o tema de um bem, de um amor almejado e passado ou perdido. Avaliando atentamente os recursos poéticos utilizados em cada uma delas, podemos dizer que os movimentos literários a que pertencem I, II e III são, respectivamente: a) barroco – arcadismo – romantismo. b) barroco – romantismo – parnasianismo. c) romantismo – parnasianismo – simbolismo. d) romantismo – simbolismo – modernismo. e) parnasianismo – simbolismo – modernismo. 87
201. Fatec-SP
Voltaram à baila os deuses esquecidos, as ninfas esquivas, as náiades, as oréadas e os pastores enamorados, as pastoras insensíveis e os rebanhos numerosos das bucólicas de Teócrito e Virgílio. Ronald de Carvalho, Pequena história de literatura brasileira.
O trecho acima refere-se ao seguinte movimento literário: a) Romantismo. d) Parnasianismo. b) Barroco. e) Naturalismo. c) Arcadismo. 202. FEI-SP
Preenchidos os parênteses, a seqüência correta é: a) II – I – III – I b) IV – I – II – II c) I – II – II – I d) I – IV – III – I e) II – IV – III – IV 204. Ufla-MG
Leia com atenção os juízos estéticos transcritos abaixo e marque: Juízo I. Intérprete dos anseios do homem seiscentista solicitado por ideais em conflitos. O fusionismo é a sua tendência dominante – tentativa de conciliar, incorporando contrários.
A poesia desta época, localizada em fins do século XVIII e início do XIX, caracteriza-se pelo lirismo. Fiéis ao espírito bucólico e pastoril, os poetas adotavam Juízo II. Procurando libertar a língua de termos es pseudônimos e, em seus textos, falavam e agiam púrios, restituindo-lhe uma sobriedade castiça e o como pastores, tratando de pastoras suas amadas. O rigor de sentido, é a revitalização do pastoralismo e mundo greco-romano vem completar o quadro lírico bucolismo. das composições da época. a) se o primeiro se referir ao barroco e o segundo, ao Assinale a alternativa que contém o período literário a arcadismo. que se refere o trecho acima: b) se o primeiro se referir ao arcadismo e o segundo, a) Romantismo. d) Arcadismo. ao barroco. b) Simbolismo. e) Barroco. c) se ambos se referirem ao barroco. c) Parnasianismo. d) se ambos se referirem ao arcadismo. e) se ambos se referirem à literatura dos jesuítas no 203. ITA-SP Brasil. As opções a seguir referem-se aos textos A, B, C e D. Texto A (
)
Ah! enquanto os destinos impiedosos não voltam contra nós a face irada, façamos, sim, façamos, doce amada, os nossos breves dias mais ditosos. Texto B (
)
Ó não aguardes, que a madura idade te converte essa flor, essa beleza, em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada. Texto C (
)
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto, E rompe em profundíssimos suspiros, Lendo na testa da fronteira gruta De sua mão já trêmula gravado O alheio crime e a voluntária morte. Texto D (
)
O todo sem a parte não é todo; A parte sem o todo não é parte; Mas se a parte faz o todo, sendo parte, Não se diga que é parte, sendo todo. Preencha os parênteses anteriores dos textos dados, obedecendo à seguinte convenção: I. Gregório de Matos II. Tomás Antônio Gonzaga III. Basílio da Gama IV. Cláudio Manuel da Costa 88
205. Mackenzie-SP
Assinale a alternativa que não apresenta um trecho do Arcadismo brasileiro. a) Se sou pobre pastor, se não governo Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes; Se em frio, calma, e chuvas inclementes Passo o verão, outono, estio, inverno; b) Destes penhascos fez a natureza O berço em que nasci! oh quem cuidara, Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza! c) Musas, canoras musas, este canto Vós me inspirastes, vós meu tenro alento Erguestes brandamente àquele assento Que tanto, ó musas, prezo, adoro tanto. d) Meu ser evaporei na lida insana Do tropel das paixões que me arrastava, Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava Em mim, quase imortal, a essência humana! e) Não vês, Nise, este vento desabrido, Que arranca os duros troncos ? Não vês esta, Que vem cobrindo o Céu, sombra funesta, Entre o horror de um relâmpago incendido?
206. UFV-MG
Leia o texto a seguir e faça o que se pede. Ornemos nossas testas com as flores E façamos de feno um brando leito; Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos amores. Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre, E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre. Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Lira XIV.
Todas as alternativas a seguir apresentam características do Arcadismo, presentes na estrofe anterior, exceto: a) o ideal de ÁUREA MEDIOCRIDADE, que leva o poeta a exaltar o cotidiano prosaico da classe média. b) tema do CARPE DIEM – uma proposta para se aproveitar a vida, desfrutando o ócio com dignidade. c) o ideal de uma existência tranqüila, sem extremos, espelhada na pureza e amenidade da natureza. d) a fugacidade do tempo, a fatalidade do destino, a necessidade de envelhecer com sabedoria. e) a concepção da natureza como permanente reflexo dos sentimentos e paixões do eu lírico. 207. UFV-MG
Leia o fragmento de texto a seguir e faça o que se pede. Esprema a vil calúnia muito embora Entre as mãos denegridas, e insolentes, Os venenos das plantas, E das bravas serpentes. Chovam raios e raios, no seu rosto Não hás de ver, Marília, o medo escrito: O medo perturbador, Que infunde o vil delito. [...] Eu tenho um coração maior que o mundo. Tu, formosa Marília, bem o sabes: Eu tenho um coração maior que o mundo. Tu, formosa Marília, bem o sabes: Um coração .... e basta, Onde tu mesma cabes. Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Parte II, Lira II.
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Sobre o fragmento de texto de Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, assinale a alternativa falsa. a) A interferência do mito na tessitura dos poemas, mantendo o poeta dentro dos padrões poéticos clássicos, impede-o de abordar problemas pessoais. b) A interpelação feita a Marília muitas vezes é pretexto para o poeta celebrar sua inocência e seu destemor diante das acusações feitas contra ele.
c) A revelação sincera de si próprio e a confissão do padecimento que o inquieta levam o poeta a romper com o decálogo arcádico, prenunciando a poética romântica. d) A desesperança, o abatimento e a solidão, presentes nas liras escritas depois da prisão do autor, revelam contraste com as primeiras, concentradas na conquista galante da mulher amada. e) Embora tenha a estrutura de um diálogo, o texto é um monólogo – só Gonzaga fala e raciocina. 208. UFV-MG
Leia a estrofe de Tomás Antônio Gonzaga e faça o que se pede. Os teus olhos espalham a luz divina, A quem a luz do sol em vão se atreve; Papoila ou rosa delicada e fina Te cobre as faces, que são cor da neve. Os teus cabelos são uns fios de ouro; Teu lindo corpo bálsamo vapora. Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora, Para glória de amor igual Tesouro. Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu, Lira XIV. Parte I, Lira I.
Sobre a personagem central feminina, podemos afirmar que: a) Marília é mostrada, ao mesmo tempo, como pessoa e como encarnação do Amor, como categoria absoluta. b) Apesar da beleza deslumbrante da amada, não se verifica, na construção dessa personagem, qualquer idealização clássica da mulher. c) O poeta dirige-se a Marília unicamente como sua noiva e futura esposa. d) A beleza luxuriante de Marília contrasta com o ideal de serena fruição dos prazeres sadios da vida. e) Marília, pela sua intensa sensualidade, representa o ideal de amante e não o de noiva ou esposa. 209. UFV-MG
Sobre o Arcadismo no Brasil, podemos afirmar que: a) produziu obras de estilo rebuscado, pleno de antíteses e frases tortuosas, que refletem o conflito entre matéria e espírito. b) não apresentou novidades, sendo mera imitação do que se fazia na Europa. c) além das características européias, desenvolveu temas ligados à realidade brasileira, sendo importante para o desenvolvimento de uma literatura nacional. d) apresenta já completa ruptura com a literatura européia, podendo ser considerado a primeira fase verdadeiramente nacionalista da literatura brasileira. e) presente sobretudo em obras de autores mineiros como Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Basílio da Gama, caracteriza-se como expressão da angústia metafísica e religiosa desses poetas, divididos entre a busca da salvação e o gozo material da vida. 89
210. UFV-MG
213. Mackenzie-SP
Fazendo um paralelo entre Romantismo e Arcadismo, Assinale a alternativa em que os versos evidenciam podemos concluir que: ideais do Arcadismo. a) o Arcadismo prenuncia o Romantismo porque já apresenta ruptura radical com os cânones literários a) Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi: clássicos. Sou filho das selvas, b) o Arcadismo antecede o Romantismo na evasão Nas selvas cresci; da realidade pelo sonho, pela fantasia e pelo mergulho nas profundezas do “eu”. Guerreiros, descendo c) o Romantismo prolonga aspectos do Arcadismo na Da tribo tupi. idealização da natureza, da mulher e do amor. d) o Romantismo dá continuidade ao Arcadismo na b) Torno a ver-vos, ó montes; o destino Aqui me torna a pôr nestes oiteiros; atração pelos conflitos entre a alma e a matéria. Onde um tempo os gabões deixei grosseiros e) o Arcadismo e o Romantismo perseguem o ideal de Pelo traje da Corte rico, e fino. expressão livre de esquemas preestabelecidos. 211. UEL-PR
Sou Pastor; não te nego; os meus montados São esses, que aí vês; vivo contente Ao trazer entre a relva florescente A doce companhia dos meus gados. Os versos acima são exemplos: a) do espírito harmonioso da poesia arcádica. b) do estilo tortuoso do período barroco. c) do refinamento e da ostentação da poesia parnasiana. d) do intento nacionalista na poesia romântica. e) do humor e do lirismo dos primeiros modernistas. 212. Mackenzie-SP
Uma das afirmações a seguir não se refere ao Neoclassicismo nem se relaciona com seu contexto histórico-social. Aponte-a. a) “O poeta que não seguir os Antigos perderá de todo o norte, e não poderá jamais alcançar aquela força, energia e majestade que nos retratam o famoso e angélico semblante da Natureza. Devemos imitar e seguir os antigos: assim no-lo ensina Horácio, no-lo dita a razão; e o confessa todo o mundo literário.” b) “Este é o chamado Século das Luzes, na medida exata em que se opõe a um certo obscurantismo do século anterior e propaga a ciência, o saber e o progresso: Iluminismo, Ilustração, Enciclopedismo.” c) “Nomear um objeto significa suprimir as três quartas partes do gozo de uma poesia, que consiste no prazer de adivinhar pouco a pouco. Sugerir, eis o sonho.” d) “... recriam, em seus textos, as paisagens campestres de outras épocas, com pastores e pastoras cantando e vivendo uma existência sadia e amorosa, preocupados apenas em cuidar de seus rebanhos.” e) “A arte deveria ser universal, isto é, preocupar-se com problemas, verdades e situações eternas do homem, do homem de todos os tempos, e não se limitar a sentimentos de ordem individual ou a situações puramente pessoais.” 90
c) São uns olhos verdes, verdes, Uns olhos de verde-mar, Quando o tempo vai bonança; Uns olhos cor de esperança, Uns olhos por que morri; Que ai de mi! Nem já sei qual fiquei sendo Depois que os vi! d) Hão de chorar por ela os cinamomos, Murchando as flores ao tombar do dia. Dos laranjais hão de cair os pomos, Lembrando-se daquela que os colhia. e) Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! 214. Mackenzie-SP
I.
Já se afastou de nós o Inverno agreste, Envolto nos seus úmidos vapores; A fértil Primavera, a mãe das flores, O prado ameno de boninas veste. Varrendo os ares, o subtil Nordeste Os torna azuis; as aves de mil cores Adejam entre Zéfiros e Amores, E toma o fresco Tejo a cor celeste.
II. Oh retrato da morte, oh noite amiga, Por cuja escuridão suspiro há tanto! Calada testemunha de meu pranto, De meus desgostos secretária antiga! Pois manda amor que a ti somente os diga, Dá-lhes pio agasalho no teu manto; Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto Dorme a cruel, que a delirar me obriga. Os quartetos anteriores apresentam diferentes características, embora pertençam à obra do mesmo autor. Nos dois primeiros, há típicas atitudes árcades, enquanto que os dois últimos prenunciam o movimento literário posterior.
Assinale a alternativa em que aparece o nome do respectivo autor. a) Antero de Quental. b) Almeida Garrett. c) Manuel Maria du Bocage. d) Antônio Feliciano de Castilho. e) Cesário Verde. 215. PUC-MG Texto I
Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo claramente Na vossa ardente vista o sol ardente, e na rosada face a aurora fria; Enquanto pois produz, enquanto cria Essa esfera gentil, mina excelente No cabelo o metal mais reluzente, E na boca a mais fina pedraria. Gozai, gozai da flor da formosura, Antes que o frio da madura idade Tronco deixe despido o que é verdura. Que passado o zenith da mocidade, Sem a noite encontrar da sepultura, É cada dia ocaso da beldade. Gregório de Matos.
Texto II
Minha bela Marilia, tudo passa; A sorte deste mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça. Estão os mesmos deuses Sujeitos ao poder do ímpio Fado: Apolo já fugiu do Céu brilhante, Já foi pastor de gado. Ah! enquanto os Destinos impiedosos Não voltam contra nós a face irada, Façamos, sim façamos, doce amada, Os nossos breves dias mais ditosos, Um coração, que frouxo A grata posse de seu bem difere, A si, Marília, a si próprio rouba, E a si próprio fere.
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Ornemos nossas testas com as flores; E façamos de feno um brando leito, Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos Amores. Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre. Tomás Antônio Gonzaga.
O texto I é barroco; o texto II é arcádico. Comparandoos, é correto afirmar, exceto: a) os barrocos e árcades expressam sentimentos. b) as construções sintáticas barrocas revelam um interior conturbado. c) o desejo de viver o prazer é dirigido à amada nos dois textos. d) os árcades têm uma visão de mundo mais angustiada que os barrocos. e) a fugacidade do tempo é temática comum aos dois estilos. 216. UFMG
Leia o soneto que segue, de Cláudio Manuel da Costa. Pastores, que levais ao monte o gado, Vede lá como andais por essa serra; Que para dar contágio a toda a terra, Basta ver-se o meu rosto magoado: Eu ando (vós me vedes) tão pesado; E a pastora infiel, que me faz guerra, É a mesma, que em seu semblante encerra A causa de um martírio tão cansado. Se a quereis conhecer, vinde comigo, Vereis a formosura, que eu adoro; Mas não; tanto não sou vosso inimigo: Deixai, não a vejais; eu vo-lo imploro; Que se seguir quiserdes, o que eu sigo, Chorareis, ó pastores, o que eu choro. Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre esse soneto, exceto: a) O poema opõe um estilo de vida simples a um estilo de vida dissimulado. b) A palavra “guerra” enfatiza a recusa da pastora a corresponder aos afetos do poeta. c) O sentido da visão é o predominante em todas as estrofes do poema. d) A expressão “para dar contágio a toda a terra” revela a intensidade do sofrimento do pastor. 217. UEL-PR
Destes penhascos fez a natureza O berço em que nasci: oh quem cuidara Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza. Os versos anteriores constituem exemplo da: a) sátira de Gregório de Matos aos poderosos da Bahia. b) lírica amorosa de Tomás Antônio Gonzaga. c) paisagem bucólica idealizada na poesia de Cláudio Manuel da Costa. d) da sátira de Tomás Antônio Gonzaga ao governador de Minas. e) ambivalência cultural na poesia de Cláudio Manuel da Costa. 91
218. ITA-SP
Torno a ver-vos, ó montes; o destino Aqui me torna a pôr nestes oiteiros; Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte rico, e fino. Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia, Que da Cidade o lisonjeiro encanto; Aqui descanse a louca fantasia; E o que té agora se tornava em pranto, Se converta em afetos de alegria. Dadas as asserções: I. O poema manifesta o conflito do poeta, homem nativista provinciano, ligado à terra natal, cuja formação superior deu-se na metrópole. II. O poema mostra como o autor soube explorar a característica principal do Arcadismo: a celebração da vida urbana pelo intelectual, consciente das dificuldades da vida no campo. III. O poema manifesta a preocupação do poeta com os problemas sociais da época: transferência de riquezas da colônia para a metrópole, oriundas da pecuária e empobrecimento do homem do campo. Está(ão) correta(s): a) Apenas a I. d) I e III. b) Apenas a II. e) II e III. c) I e II. 219. UFV-MG
Considere as afirmações a respeito do Arcadismo brasileiro. Todas as alternativas estão corretas, exceto: a) Foi o movimento literário que se desenvolveu no século XVIII, quando o “saber” assumiu uma importância fundamental. b) Confirmou um dos princípios ideológicos do Iluminismo, por uma forte preocupação com a ciência e com o raciocínio. c) Sob o ponto de vista literário reagiu contra o Barroco, retomando a simplicidade e o bucolismo dos clássicos. d) Empreendeu uma minuciosa análise do personagem, revelando-nos claramente os traços de seu corpo e de sua alma. e) Vivenciou uma expressiva transformação social, sendo fortemente marcado pelos ideais políticofilosóficos do enciclopedismo francês. 220. UEL-PR
Sou pastor; não te nego; os meus montados São esses, que aí vês; vivo contente Ao trazer entre a relva florescente A doce companhia do meu gado. 92
Nos versos anteriores, de Cláudio Manuel da Costa, exemplifica-se o seguinte traço da lírica arcádica: a) valorização das circunstâncias biográficas do poeta. b) imaginação delirante de paisagens exóticas. c) valorização das classes humildes, opostas às aristocráticas. d) representação da natureza amena e do sentimento bucólico. e) representação da natureza como espelho das fortes paixões. 221. UFV-MG
Sobre o Arcadismo, anotamos: 1. desenvolvimento do gênero lírico, em que os poetas assumem postura de pastores e transformam a realidade num quadro idealizado. 2. composição do poema “Vila Rica” por Cláudio Manoel da Costa, o Glauceste Satúrnio. 3. predomínio da tendência mística e religiosa, expressiva da busca do transcendente. 4. propagação de manuscritos anônimos de teor satírico e conteúdo político, atribuídos a Tomás Antônio Gonzaga. 5. presença de metáforas da mitologia grega na poesia lírica, divulgando as idéias dos inconfidentes. Considerando as anotações anteriores, assinale a alternativa correta. a) Apenas 1 e 3 são verdadeiras. b) Apenas 2 e 4 são falsas. c) Apenas 2 e 5 são verdadeiras. d) Apenas 3 e 5 são falsas. e) Todas são verdadeiras. 222. UFES
Destes penhascos fez a natureza O berço, em que nasci! oh queima cuidara, Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza! Amor , que vence os tigres, por empresa Tomou logo render-me; ele declara Contra o meu coração guerra tão rara, Que não me foi bastante a fortaleza. Pois mais que eu mesmo conhecesse o dano, A que dava ocasião minha brandura, Nunca pude fugir ao cego engano: Vós, que ostentais a condição mais dura, Temei, penhas, temei; que Amor tirano, Onde há mais resistência, mas se apura. Cláudio Manuel da Costa
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Considerando as obras supracitadas como ilustrativas da poesia árcade e da poesia concreta, assinale a opção cuja ordem preenche corretamente as afirmativas seguintes: 1. “O __________ é, pois, consciência de integração: de ajustamento a uma ordem natural, social e literária, decorrendo disso a estética da imitação, por meio da qual o espírito reproduz as formas naturais, não apenas como elas aparecem à razão, mas como as conceberam e recriaram os bons autores da Antigüidade.” 2. “Os elementos de composição característicos da poesia _________ são a organização geométrica do espaço e o jogo de semelhanças de significantes.” 3. “Os ___________ se recusavam a uma exploração mais completa da psicologia humana, assim como se tinham negado a uma concepção mais imaginativa da linguagem.” 4. “Talvez se pudesse concluir que um poema ___ _______ seja definido mais ou menos assim: um tipo de composição poética centrada na utilização de poucos elementos dispostos no papel de modo a valorizar a distribuição espacial, o tamanho e a forma dos caracteres tipográficos e as semelhanças fônicas entre as palavras.” 5. “A poesia __________ significou o reconhecimento do poema como objeto também espacial, e da necessidade de procedimentos composicionais compatíveis com essa realidade.” a) 1. Arcadismo; 2. concreta; 3. concretistas; 4. concreto; 5. árcade. b) 1. Concretismo; 2. concreta; 3. concretista s; 4. árcade; 5. concreta. c) 1. Arcadismo; 2. concreta; 3. árcades; 4. concreto; 5. concreta. d) 1. Concretismo; 2. árcade; 3. árcades; 4. árcade; 5. concreta. e) 1. Arcadismo; 2. árcade; 3. árcades; 4. concreto; 5. árcade. 223.
Olha, Marília, as flautas dos pastores Que bem que soam, como estão cadentes! Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes Os zéfiros brincar por entre as flores? Vê como ali beijando-se os Amores Incitam nossos ósculos ardentes! Ei-las de planta em planta as inocentes, As vagas borboletas de mil cores!
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Naquele arbusto o rouxinol suspira, Ora nas folhas a abelhinha pára, Ora nos ares sussurrando gira: Que alegre campo! Que manhã tão clara! Mas ah! Tudo o que vês, se eu não te vira, Mais tristeza que a morte me causara. Indique, nas duas primeiras estrofes, características neoclássicas.
224. Mackenzie-SP
Leia a posteridade, ó pátrio Rio. Em meus versos teu nome celebrado, – Por que vejas uma hora despertado O sono vil do esquecimento frio: Não vês nas tuas margens o sombrio, Fresco assento de um álamo copado; Não vês ninfa cantar, pastar o gado Na tarde clara do calmoso estio. Turvo banhando as pálidas areias Nas porções do riquíssimo tesouro O vasto campo da ambição recreias. Que de seus raios o planeta louro , Enriquecendo o influxo em tuas veias, Quanto em chamas fecunda, brota em ouro. O bucolismo presente no texto foge ao modelo árcade. Explique. 225.
Leia atentamente o texto abaixo e responda ao que se pede. Ó retrato da morte, ó Noite amiga Por cuja escuridão suspiro há tanto! Calada testemunha de meu pranto, De meus desgostos secretária antiga! Pois manda Amor, que a ti somente os diga, Dá-lhes pio agasalho no teu manto; Ouve-os, como costumas, ouve, enquanto Dorme a cruel, que a delirar me obriga: E vós, ó cortesãos da escuridade, Fantasmas vagos, mochos piadores, Inimigos, como eu, da claridade! Em bandos acudi aos meus clamores, Quero a vossa medonha sociedade, Quero fartar meu coração de horrores. Que traços do texto dado prenunciam o Romantismo, levando o soneto a classificar-se como pré-romântico? 226. ESPM-SP
Ah! Marília, que tormento Não tens de sentir saudosa! Não podem ver os teus olhos A campina deleitosa, Nem a tua mesma aldeia, Que tiranos não proponham À inda inquieta idéia Uma imagem de aflição. 93
Os seguintes elementos indicam que são de um poeta arcádico os versos anteriores: a) “sentir saudosa” e “teus olhos”. b) “Marília e “campina deleitosa”. c) “sentir saudosa” e “tormento”. d) “tiranos” e “inquieta idéia”. e) “imagem de aflição” e “não tens de sentir”. Texto para as questões 227 e 228.
230. Mackenzie-SP
Leia o texto abaixo e assinale a alternativa incorreta. E, se entre versos mil de sentimento Encontrardes alguns, cuja aparência Indique festival contentamento, Crede, ó mortais, que foram com violência Escritos pela mão do Fingimento, Cantados pela voz da Dependência. Bocage
Texto I
Olha, Marília, as flautas dos pastores, Que bem que soam, como estão cadentes! Olha o Tejo a sorrir-se! Olha, não sentes Os Zéfiros brincar por entre as flores? Bocage
Texto II
Ah! Não roubou tudo a negra sorte: Inda tenho este abrigo, inda me resta O pranto, a queixa, a solidão, e a morte. Bocage
227. Mackenzie-SP
No texto I, encontra-se representação da natureza que: a) se caracteriza como o locus amoenus (lugar aprazível), motivo poético desenvolvido pela estética árcade. b) corresponde a um quadro harmonioso, seguindo modelo típico das cantigas de amor medievais. c) é resultado de uma concepção romântica, característica do mal do século. d) é expressão da religiosidade cristã que marcou os ideais iluministas. e) corresponde a um padrão estético que reflete a cosmovisão dos escritores naturalistas do século XIX. 228. Mackenzie-SP
Sobre os textos I e II é correto afirmar: a) ambos indicam, por meio do vocativo, a presença da mulher amada. b) em I, concretiza-se poeticamente a alegria por meio da personificação. c) ambos expressam um lamento frente àquilo que a negra sorte pode roubar do ser humano. d) em II, o pranto, a queixa, a solidão, e a morte apresentam-se como algo indesejável. e) em I, a recorrência de exclamação é índice de contenção emotiva. 229. Cefet-MG
Fatigado de calma se acolhia Junto o rebanho à sombra dos salgueiros, E o sol, queimando os ásperos outeiros Com violência maior no campo ardia. Não pertence ao estilo literário dos versos acima a
a) As expressões “mão do Fingimento” e “voz da Dependência” são referências metonímicas que revelam a crítica do poeta ao estilo árcade. b) O padrão formal dos textos de Bocage é típico da estética setecentista. c) A obra desse poeta divide-se em duas fases: árcade e romântica. d) No texto, a expressão “festival contentamento” faz referência à idealização que marca a visão de mundo do estilo árcade. e) Embora a primeira fase da produção poética do autor ainda se prenda ao imaginário árcade, trilhou caminhos próprios, resgatando para a poesia lírica portuguesa a linguagem emotiva e confessional. 231.
Alguém há de cuidar que é frase inchada, Daquela que lá se usa entre essa gente Que julga que diz muito e não diz nada. Glauceste Satúrnio (pseudônimo de Cláudio M. de Costa)
A doutrina literária do Arcadismo impunha que os poetas criassem seus textos de modo a atender a muitas convenções. Qual delas está sendo defendida no trecho acima? a) Inutilia truncat (corta o inútil) b) Fugere urbem (fugir da cidade) c) Aurea mediocritas (equilíbrio de ouro) d) Locus amoenus (lugar sossegado) e) Mimesis (imitação dos clássicos) 232.
Leia o texto abaixo. Importa, porém, distinguir dois momentos ideais na literatura dos Setecentos para não incorrer no equívoco de apontar contrastes onde houve apenas uma justaposição: a) momento poético que nasce de um encontro, embora ainda amaneirado, com a natureza e os afetos comuns do homem, refletidos através da tradição clássica e de formas bem definidas, julgadas dignas de imitação (...); b) o momento ideológico, que se impõe no meio do século, e traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero (...). A.Bosi. História concisa da literatura brasileira.
Assinale a alternativa em que os dois termos preenseguinte característica: cham as lacunas, respectivamente. a) ideal de simplicidade. a) Barroco – Ilustração b) aceitação de regras e modelos. b) Renascimento – Classicismo c) crítica ao êxodo urbano. c) Iluminismo – Arcádia d) ânsia de integração na natureza: bucolismo. e) arte vista como recriação idealizada da Ordem d) Classicismo – Iluminismo Natural. e) Arcádia – Ilustração 94
233. Fuvest-SP
E em arte aos de Minerva se não rendem Teus alvos, curtos dedos melindrosos. Indique a característica presente nos versos acima, de autoria de Bocage. a) Uso de pseudônimos. b) Rompimento com os clássicos. c) Recurso à mitologia greco-romana. d) Predominância do subjetivismo. e) Tema pastoril. 234.
Incultas produções da mocidade Exponho a vossos olhos, ó leitores. Vede-as com mágoa, vede-as com piedade, Que elas buscam piedade e não louvores. Ponderai da Fortuna a variedade Nos meus suspiros, lágrimas e amores; Notai dos males seus a imensidade, A curta duração dos seus favores. E se entre versos mil de sentimento Encontrardes alguns, cuja aparência Indique festival contentamento, Crede, ó mortais, que foram com violência Escritos pela mão do Fingimento, Cantadas pela voz da Dependência.
237. Unifesp
Leia os versos do poeta português Bocage. Vem, oh Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo. Deixa louvar da corte a vã grandeza; Quanto me agrada mais estar contigo, Notando as perfeições da Natureza! Nestes versos: a) o poeta encara o amor de forma negativa por causa da fugacidade do tempo. b) a linguagem, altamente subjetiva, denuncia características pré-românticas do autor. c) a emoção predomina sobre a razão, numa ânsia de se aproveitar o tempo presente. d) o amor e a mulher são idealizados pelo poeta, portanto, inacessíveis a ele. e) o poeta propõe, em linguagem clara, que se aproveite o presente de forma simples junto à natureza. 238. FGV-SP
Bocage
Nesse poema, o poeta, que adotou o pseudônimo Elmano Sadino, traduz sua insatisfação com os modelos árcades que adotou em parte de sua obra. a) Dois versos referem-se a dois aspectos da poesia árcade que discutem o momento de composição de um poema. Identifique-os e dê uma possível explicação para eles. b) Sua insatisfação se revela em indícios de ruptura com o Arcadismo. Localize no poema passagens que sustentem essa afirmação. 235. Fuvest-SP
Bocage foi: a) o poeta mais representativo do Arcadismo em Portugal. b) o poeta mais representativo do Arcadismo no Brasil. c) um poeta pré-romântico. d) o escritor-chave para a compreensão do Barroco. e) um cronista medieval. 236.
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d) Do ponto de vista filosófico, o Arcadismo se liga ao pensamento racionalista da época, ou seja, ao movimento enciclopedista. e) Alguns poetas árcades já revelam traços prenunciadores do Romantismo.
Indique a alternativa incorreta. a) O Arcadismo foi uma tendência literária dominante dentro do Neoclassicismo do século XVIII. b) As academias em que se reuniam os poetas árcades eram chamadas Arcádias por referência a uma região da Grécia ligada ao pastoreio e à poesia. c) A primeira característica do Arcadismo é sua oposição ao Humanismo, defendendo, por isso, uma linguagem rebuscada e labiríntica.
Assinale a alternativa que apresenta erro na correlação autor-obra-época, relativamente à literatura portuguesa. a) Pe. Antônio Vieira – Sermão da Quarta-feira de Cinzas – Século XVII. b) Gil Vicente – Auto da Barca do Inferno – Século XVI. c) Manuel Maria Barbosa du Bocage – Nova Arcádia – Século XVIII. d) Camilo Peçanha – Clepsidra – Século XIX/XX. e) Almeida Garrett – Viagens na Minha Terra – Século XIX. 239. ESPM-SP
Em todas as alternativas abaixo, há versos característicos do Arcadismo, exceto em: a) Eu vi o meu semblante numa fonte: Dos anos inda não está cortado; Os Pastores, que habitam este monte, Respeitam o poder do meu cajado; b) Ah! enquanto os Destinos impiedosos Não voltam contra nós a face irada, Façamos, sim façamos, doce amada, Os nossos breves dias mais ditosos; c) Os teus cabelos são uns fios d’ouro; Teu lindo corpo bálsamos vapora. Ah! não, não fez o Céu, gentil Pastora, Para glória de Amor igual tesouro; 95
d) Se estou, Marília, contigo, Não tenho um leve cuidado; Nem me lembra se são horas De levar à fonte o gado;
241. Mackenzie-SP
e) Ó florestas! ó relva amolecida, A cuja sombra, em cujo doce leito É tão macio descansar nos sonhos! Arvoredo do vale! derramai-me Sobre o corpo estendido na indolência O tépido frescor e o doce aroma!
De acordo com o texto, é correto afirmar que: a) “a noite escura e feia” é a razão da tristeza do eu lírico. b) a natureza, para o eu lírico, é, nesse contexto, expressão da morte. c) a perspectiva da morte iminente torna o eu lírico angustiado. d) “a alma” está caracterizada como “matéria lânguida”. e) “a noite escura e feia” transformou-se em noite iluminada e silenciosa.
240.
242. Mackenzie-SP
Assinale qual a explicação que não corresponde à regra árcade indicada: a) Fugere urbem: os árcades defendiam uma vida simples e natural, junto ao campo, distante dos centros urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização corrompe os costumes do homem, que nasce naturalmente bom. b) Aureas mediocritas: outro traço presente advindo da poesia horaciana é a idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e triste na cidade. c) Locus amoenus: na poesia árcade, as situações são artificiais; não é o próprio poeta quem fala de si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um pastor que confessa o seu amor por uma pastora. d) Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível – tema já bastante explorado pelo Barroco – é retomado pelos árcades e faz parte do convite amoroso. e) Inutilia truncat : eliminar os excessos, optando por uma linguagem simples sem muitos torneios verbais.
Está presente no texto o seguinte traço característico da poesia de Bocage: a) temática religiosa. b) idealização do locus amoenus. c) quebra dos padrões formais clássicos. d) supremacia dos efeitos sonoros em detrimento da idéia. e) linguagem emotivo-racional.
Texto para as questões 241 a 243.
Já sobre o coche de ébano estrelado Deu meio giro a noite escura e feia; Que profundo silêncio me rodeia Neste deserto bosque, à luz vedado! Jaz entre as folhas Zéfiro abafado, O Tejo adormeceu na lisa areia; Nem o mavioso rouxinol gorjeia, Nem pia o mocho, às trevas costumado: Só eu velo, só eu, pedindo à sorte Que o fio, com que está minha alma presa À vil matéria lânguida me corte: Consola-me este horror, esta tristeza; Porque a meus olhos se afigura a morte No silêncio total da natureza. Bocage
Vocabulário coche de ébano: carruagem de madeira escura jaz: está ou parece morto mocho: coruja lânguida: doentia 96
243. Mackenzie-SP
Nesse poema, a referência à cultura mitológica (Zéfiro) revela influência da estética: a) romântica. b) simbolista. c) trovadoresca. d) árcade. e) parnasiana. Texto para as questões de 244 a 246.
1 Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelos e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! 2 Eu vi o meu semblante numa fonte: Dos anos inda não está cortado; Os pastores que habitam este monte Respeitam o poder do meu cajado. Com tal destreza toco a sanfoninha, Que inveja até me tem o próprio Alceste: Ao som dela concerto a voz celeste Nem canto letra, que não seja minha. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela!
3 Mas tendo tantos dotes da ventura, Só apreço lhes dou, gentil pastora, Depois que o teu afeto me segura Que queres do que tenho ser Senhora. É bom, minha Marília, é bom ser dono De um rebanho, que cubra monte e prado; Porém, gentil pastora, o teu agrado Vale mais que um rebanho e mais que um trono. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! 4 (...) Irás a divertir-se na floresta, Sustentada, Marília, no meu braço; Aqui descansarei a quente sesta, Dormindo um leve sono em teu regaço; Enquanto a luta jogam os pastores, E emparelhados correm nas campinas, Toucarei teus cabelos de boninas, Nos troncos gravarei os teus louvores. Graças, Marília bela, Graças à minha Estrela! 244.
Identifique, estrofe por estrofe, as características árcades mais evidentes. 245.
Indique, na terceira estrofe, um traço pré-romântico. 246.
Há um termo em letra maiúscula que remete a um princípio da cultura clássica. Qual é e o que significa?
249. UFPA
A pastora Marília, conforme nos é apresentada nas liras de Tomás Antônio Gonzaga, carece de unidade de enfoques; por isso é muito difícil precisar, por exemplo, seu tipo físico. Esta imprecisão da pastora: a) é suficiente para seu autor ser apontado como pré-romântico. b) é fundamental para situar o leitor dentro do drama amoroso do autor. c) reflete o caráter genérico e impessoal que a poesia neoclássica deveria assumir. d) é responsável pela atmosfera de mistério, essencial para a poesia neoclássica. e) mostra a intenção do autor em não revelar o objeto do seu amor. 250. Texto I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelos e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Texto II
Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro, Fui honrado Pastor da tua Aldeia; Vestia finas lãs e tinha sempre A minha choça do preciso cheia. Tiraram-me o casal e o mesmo gado. Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.
247. PUCCamp-SP
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Pode-se afirmar que Marília de Dirceu e as Cartas Os dois textos são de autoria de Tomás Antônio Gonzaga e fazem parte da obra Marília de Dirceu, chilenas são, respectivamente: a) altas expressões do lirismo amoroso e da sátira respectivamente da primeira e da segunda partes. Os dois poemas mostram dois momentos diferentes política, na literatura do século XVIII. b) exemplos da poesia biográfica e da literatura da vida de Gonzaga. Aponte de que maneira essas diferenças aparecem nos textos. epistolar cultivadas no século XVII. c) exemplos do lirismo amoroso e da poesia de combate, cultivados sobretudo pelos poetas românticos 251. UEBA Assinale a alternativa correta a respeito do Arcadismo da chamada “terceira geração”. d) altas expressões do lirismo e da sátira da nossa brasileiro. a) Estilo de época que coincidiu com o ciclo do açúcar poesia barroca. na Bahia, da mesma forma que o Barroco coincidiu e) expressões menores da prosa e da poesia do com o ciclo do ouro em Minas Gerais. nosso Arcadismo, cultivadas no interior das Academias. b) Sob a influência da Contra-Reforma, o Arcadismo brasileiro não conseguiu libertar-se do estilo barro248. UFPA co, só produzindo obras de inspiração religiosa. Tomás Antônio Gonzaga expressou, através de alguns c) O estilo árcade é amaneirado à moda dos culde seus poemas, toda a sua revolta pelos reveses da tistas, antítese do estilo natural dos escritores sua sorte. Tal fato: clássicos. a) torna-o um poeta pré-barroco. d) Entre as características árcades, destacam-se b) vai de encontro aos princípios do Arcadismo. o bucolismo, a simplicidade formal e a busca do c) desvincula-o dos princípios românticos indo ao enequilíbrio. contro dos valores modernos que ele professou. e) Tentando fugir à forte influência barroca, o Arcad) rompe com a orientação parnasiana de seus versos. dismo brasileiro confundiu-se com o Romantismo, sobrepondo à racionalidade o sentimentalismo. e) transforma-o em um poeta elegíaco. 97
252. Mackenzie-SP
Leia as três afirmações que se seguem, referentes à obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, e assinale a alternativa correta. I. É uma obra composta por vários sonetos, que aparecem numa seqüência numerada. II. É uma coletânea de poesias amorosas, revestidas de sentimentalidade e simplicidade. III. Divide-se em duas partes: a primeira, anterior à prisão do poeta, e a segunda, posterior à mesma. a) b) c) d) e)
II e III são corretas. Todas são corretas. I e III são corretas. I e II são corretas. Todas são incorretas.
Quando, Lídia, vier o nosso outono Com o inverno que há nele, reservemos Um pensamento, não para a futura Primavera, que é de outrem, Nem para o estio, de quem somos mortos, Senão para o que fica do que passa O amarelo atual que as folhas vivem E as torna diferentes. Ricardo Reis. Odes.
a) Em que consiste a “filosofia de vida” que a passagem do tempo sugere ao eu lírico do poema de Tomás Antônio Gonzaga? b) Os dois poetas valorizam o momento presente, embora o façam de maneira diferente. Em que consiste essa diferença? 255.
253. UFOP-MG
Com relação a Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, assinale a alternativa incorreta. a) As liras que compõem o livro são quase sempre poemas de lirismo amoroso que invocam a pastora Marília, amada do pastor Dirceu. b) Apesar de invocarem com grande freqüência o tema do amor, as liras não apresentam a atmosfera atormentada dos conflitos da paixão, antes exaltam a serenidade e a naturalidade na relação amorosa. c) Muitas das liras são dedicadas à tarefa de demonstrar à bem-amada a ordem e a harmonia das coisas naturais. d) Tendo sido Gonzaga um inconfidente, escreveu esse livro para descrever a situação geral da Colônia, oprimida pela exploração ferrenha da metrópole portuguesa. e) Algumas liras são destinadas a afirmar a dignidade e a valia do pastor Dirceu. Grande parte delas foi escrita no período em que Gonzaga esteve preso e, assim, revela-se, sob o disfarce do pastor, a presença dos dramas pessoais do autor, caído em desgraça, no momento da produção dos poemas. 254. Unicamp-SP
Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis refletem, de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela extraindo uma “filosofia de vida”. Leia-os com atenção. Texto I
Minha bela Marília, tudo passa; a sorte deste mundo é mal segura; se vem depois dos males a ventura, vem depois dos prazeres a desgraça. .......................................................... Que havemos de esperar, Marília bela? que vão passando os florescentes dias? As glórias, que vêm tarde, já vêm frias, e pode enfim mudar-se a nossa estrela. Ah! não, minha Marília, Aproveite-se o tempo, antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças e ao semblante a graça. Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu. 98
Texto II
Vou retratar a Marília, A Marília, meus amores; Porém como? se eu não vejo Quem me empreste e as finas cores: Dar-mas a terra não pode Não, que a sua cor mimosa Vence o lírio, vence a rosa, O jasmim e as outras flores. Ah! socorre, Amor, socorre Ao mais grato empenho meu! Voa sobre os astros, voa, Traze-me as tintas do Céu. Por que o poeta se julga impotente para retratar a amada? 256. UFPB
Considere o trecho seguinte: Tenho próprio casal e nele assisto; dá-me vinho, legume, fruta, azeite; das brancas ovelhinhas tiro o leite, e mais as finas lãs, de que me visto. (…) É bom, minha Marília, é bom ser dono de um rebanho, que cubra monte e prado; porém, gentil pastora, o teu agrado vale mais que um rebanho e mais que um trono. O fragmento acima demonstra que o seu autor, Tomás Antônio Gonzaga, vinculou-se ao Arcadismo e foi, ao mesmo tempo, um antecipador do movimento romântico. Justifique. Texto para as questões 257 e 258.
Ornemos nossas testas com as flores, e façamos de feno um brando leito; prendamo-nos, Marília, em laço estreito, gozemos do prazer de sãos amores (...) (...) aproveite-se o tempo, antes que faça o estrago de roubar ao corpo as forças e ao semblante a graça. Tomás Antônio Gonzaga
257. Mackenzie-SP
Nos versos acima: a) o eu lírico, ao lamentar as transformações notadas em seu corpo e alma pela passagem do tempo, revela-se amoroso homem de meia-idade. b) que retomam tema e estrutura de uma “canção de amigo”, está expresso o estado de alma de quem sente a ausência do ser amado. c) nomeia-se diretamente a figura ironizada pelo eu lírico, a mulher a quem se poderiam fazer convites amorosos mais ousados. d) em que se notam diálogo e estrutura paralelística, o ponto de vista dominante é o do amante que vê seus sentimentos antagônicos refletidos na natureza. e) a natureza é o espaço onde o amado se sente à vontade para expressar diretamente à amada suas inclinações sensuais. 258. Mackenzie-SP
Quanto ao estilo, os versos: a) revelam a presença não só de formas mais exageradas de inversão sintática — hipérbatos —, como também de comparações excessivas, resíduos do estilo cultista. b) comprovam a predileção pelo verso branco e pela ordem direta da frase, característicos da naturalidade desejada pelos poetas do Arcadismo. c) denotam — pela singeleza do vocabulário, pela sintaxe quase prosaica — a vontade de alcançar a simplicidade da linguagem, em oposição à artificialidade do Barroco. d) organizam-se em torno de antíteses, na busca de caracterizar, em atitude pré-romântica, o amor ideal e a pureza do lavor da terra. e) constroem-se pelo desdobramento contínuo de imagens, compondo um quadro em que a emoção é tratada de modo abstrato, de acordo com a convenção árcade. 259. UFPE Texto 1
Basta senhor, porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós que roubais em uma armada sois imperador? Assim é. Roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza. O ladrão que furta para comer, não vai nem leva ao inferno: os que não só vão, mas que levam de que eu trato, são outros... ladrões de maior calibre e mais alta esfera... Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos, os outros furtam debaixo de seu risco, estes sem temor nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, e estes furtam e enforcam. Pe. Antônio Vieira. Sermão do bom ladrão.
Texto 2
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Que havemos de esperar, Marília bela? Que vão passando os florescentes dias? As glórias que vêm tarde já vêm frias; E pode enfim mudar-se a nossa estrela. Ah! Não, minha Marília, Aproveite-se o tempo, antes que faça O estrago de roubar ao corpo as forças E ao semblante a graça. Tomás Antônio Gonzaga. Lira XIV
Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas abaixo. 1. A obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O tema dos versos anteriores é o carpe diem (gozar a vida presente), escrito numa linguagem amena, sem arroubos, própria do Arcadismo. 2. Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares, a linguagem arcádica, no poema de Gonzaga, diferencia-se da linguagem rebuscada usada pelo Barroco. 3. O texto de Vieira, sendo barroco, está pleno de metáforas, de linguagem figurada, de termos inusitados e eruditos, sendo de difícil compreensão. 4. Vieira adota a tendência barroca conceptista que leva para o texto o predomínio das idéias, do raciocínio, da lógica, procurando adequar os textos religiosos à realidade circundante. Está(ão) correta(s) apenas: a) 1, 2 e 3. d) 1, 2 e 4. b) 1. e) 2, 3 e 4. c) 2. 260.
Dê o título das duas obras mais importantes e o nome dos seus respectivos autores, do Arcadismo brasileiro. 261. UFRGS-RS
Leia os excertos abaixo, extraídos de Marília de Dirceu (Lira XIV), de Tomás Antônio Gonzaga. 01. Minha bela Marília, tudo passa; 02. A sorte deste mundo é mal segura; 03. Se vem depois dos males a ventura, 04. Vem depois dos prazeres a desgraça. 05. Ornemos nossas testas com as flores 06. E façamos de feno um brando leito; 07. Prendamo-nos, Marília, em laço estreito, 08. Gozemos do prazer de sãos Amores. 09. Sobre as nossas cabeças, 10. Sem que o possam deter, o tempo corre; 11. E para nós o tempo, que se passa, 12. Também, Marília, morre. 13. Ah, não, minha Marília, 14. Aproveite-se o tempo, antes que faça 15. O estrago de roubar ao corpo as forças, 16. E ao semblante a graça. Considere as seguintes afirmações sobre esses excertos. I. Os versos chamam a atenção para a passagem do tempo e expressam um convite aos prazeres de um amor sadio. II. Os versos de 05 a 12 descrevem uma cena amorosa ambientada na paisagem mineira da cidade então chamada de Vila Rica. III. Marília é um nome literário adotado para a referida noiva do poeta inconfidente, cujo nome verdadeiro era Maria Dorotéia de Seixas Brandão. 99
Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III. 262. UFRGS-RS
1.
Nise? Nise? onde estás? Aonde espera Achar-te uma alma, que por ti suspira (…)
2.
Glaura! Glaura! não respondes? E te escondes nestas brenhas? Dou às penhas meu lamento; Ó tormento sem igual!
3.
Minha bela Marília, tudo passa; A sorte deste mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça.
Os poetas árcades brasileiros tinham as suas musas inspiradoras, a quem se dirigiam freqüentemente em seus poemas. Pelas musas evocadas nos versos acima, pode-se dizer que seus autores são, respectivamente: a) Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Tomás Antônio Gonzaga. b) José Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto. c) Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto. d) Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Frei Santa Rita Durão. e) José Basílio da Gama, Frei Santa Rita Durão e Tomás Antônio Gonzaga. 263. PUC-SP
Encontra-se alusão a um importante ciclo econômico do século XVIII, na segunda passagem de Cláudio Manuel da Costa: a) Árvores aqui vi tão florescentes Que aziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. b) Turvo banhado as pálidas areias Nas porções do riquíssimo tesouro ....................................................... O vasto campo da ambição recreias. c) De um ramo desta faia pendurado Vejo o instrumento estar do pastor Fido. d) O mel dourado dos carvalhos duros. e) Não vês nas tuas margens o sombrio Fresco assento de um álamo copado. 264. Mackenzie-SP
A respeito do Arcadismo brasileiro, é incorreto afirmar que: a) assume uma postura de imitação dos ideais renascentistas. b) um de seus conceitos básicos é que, na Natureza, reside toda a beleza, pureza e espiritualidade. 100
c) seu início é assinalado pela publicação de Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa. d) revestiu-se de aspectos religiosos ligados à temática medieval. e) é comum o aparecimento de referências a figuras mitológicas clássicas. 265. Vunesp Altéia Cláudio Manuel da Costa
Aquele amor amante, Que nas úmidas ribeiras Deste cristalino rio Guiava as brancas ovelhas; Aquele, que muitas vezes Afinando a doce avena, Parou as ligeiras águas, Moveu as bárbaras penhas; Sobre uma rocha sentado Caladamente se queixa: Que para formar as vozes, Teme, que o ar as perceba. Poemas de Cláudio Manuel da Costa.
São Paulo, Cultrix, 1966, p. 156.
Nesse fragmento do romance Altéia, de Cláudio Manuel da Costa, acumulam-se características peculiares do Arcadismo. Releia o texto que lhe apresentamos e, a seguir: a) aponte duas dessas características; b) justifique sua resposta com, pelo menos, duas citações do texto. 266. Vunesp
Leia atentamente o texto abaixo e assinale a alternativa incorreta. Não permitiu o Céu que alguns influxos, que devi às águas do Mondego, se prosperassem por muito tempo; e destinado a buscar a Pátria, que por espaço de cinco anos havia deixado, aqui, entre a grosseria dos seus gênios, que menos pudera eu fazer que entregar-me ao ócio, e sepultar-me na ignorância! Que menos, do que abandonar as fingidas Ninfas destes rios, e no centro deles adorar a preciosidade daqueles metais, que têm atraído a este clima os corações de toda a Europa! Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia dos versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que arrebate as idéias de um Poeta, deixa ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhes tem pervertido as cores. Costa, Cláudio M. da. Fragmento do Prólogo ao Leitor. In: Candido, A. & Castello, J. A. Presença da literatura brasileira. São Paulo, Difusão Européia do Livro,1971, vol. I, p. 138.
a) O poeta estabelece uma conexão entre as diferenças ambientais e o seu reflexo na produção literária. b) Cláudio Manuel da Costa manifesta, no texto, a sua formação intelectual européia, mas deseja exprimir a realidade tosca de seu país.
c) Depreende-se do texto uma forma de conflito entre o academicismo árcade europeu e a realidade brasileira que passaria a ser a nova matéria-prima do poeta. d) Apesar dos índices do Arcadismo presentes no texto, há um questionamento do contexto sobre a validade de adotar esse modelo literário no Brasil. e) O poeta sofre mediante o fato de não mais poder, na Europa, contemplar as praias da Arcádia de onde retirava suas inspirações poéticas. 267. Vunesp
Filinto Elísio (1734-1819) é um poeta neoclássico português. Sintetize o principal conselho dado por ele em consonância com a poética do Neoclassicismo para que um poeta consiga escrever bem. Em defesa da Língua
Lede, que é tempo, os clássicos honrados; Herdai seus bens, herdai essas conquistas, Que em reinos dos romanos e dos gregos Com indefesso estudo conseguiram. Vereis então que garbo, que facúndia Orna o verso gentil, quanto sem eles É delambido e peco o pobre verso. ............................................................. Abra-se a antiga, veneranda fonte Dos genuínos clássicos e soltem-se As correntes da antiga, sã linguagem. Rompam-se as minas gregas e latinas (Não cesso de o dizer, porque é urgente); Cavemos a facúndia, que abasteça Nossa prosa eloqüente e culto verso. Sacudamos das falas, dos escritos Toda a frase estrangeira e frandulagem Dessa tinha, que comichona afeia O gesto airoso do idioma luso. Quero dar, que em francês hajam formosas Expressões, curtas frases elegantes; Mas índoles dif’rentes têm as línguas; Nem toda a frase em toda a língua ajusta. Ponde um belo nariz, alvo de neve, Numa formosa cara trigueirinha (Trigueiras há, que às louras se avantajam): O nariz alvo, no moreno rosto, Tanto não é beleza, que é defeito Nunca nariz francês na lusa cara, Que é filha de latina, e só latinas. Feições lhe quadram. São feições parentas. In: Elísio, Filinto. Poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa-Editora, 1941, pp. 44 e 51.
c) a valorização da vida urbana, em detrimento dos ideais de integração na natureza. d) a preocupação em usar uma linguagem requintada, que amenizasse os rigores da natureza hostil. e) a preocupação em exaltar as atividades agrárias, mais que as pseudo-intelectuais. 269. Cesesp-PE
I.
“O momento ideológico, na literatura do Setecentos, traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.” II. “O momento poético, na literatura do Setecentos, nasce de um encontro, embora ainda amaneirado, com a natureza e os afetos comuns do homem.” III. “Façamos, sim, façamos, doce amada, Os nossos breves dias mais ditosos.” A característica que está presente nestes versos é o carpe diem (gozar a vida). a) Só a proposição I é correta. b) Só a proposição II é correta. c) Só a proposição III é correta. d) São corretas as proposições I e II. e) Todas as proposições são corretas. 270. UEL-PR
No prefácio de suas Obras poéticas, escreveu Cláudio Manuel da Costa: Não são estas as venturosas praias da Arcádia, onde o som das águas inspirava a harmonia dos versos. Turva e feia, a corrente destes ribeiros, primeiro que arrebate as idéias de um Poeta, deixa ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhes tem pervertido as cores. Afirma o poeta, portanto, que: a) a natureza de sua região natal guarda harmoniosa correspondência com a Arcádia. b) a inspiração, que brota harmoniosa da natureza arcádica, é perturbada pela realidade das águas turvas dos rios em mineração. c) a harmonia dos versos arcádicos é embalada pelo som dos ribeiros de sua terra, graças à mineração que lhes turva as águas. d) é preciso esquecer a harmonia dos versos arcádicos, em vista da beleza maior dos inspiradores rios de mineração. e) a beleza natural dos rios da Arcádia e dos de sua terra é afetada pela ambição econômica, que perverte a uns e a outros. 271. Mackenzie-SP
A respeito de Cláudio Manuel da Costa, é correto afirmar que: O uso de pseudônimos pastoris, como Dirceu (Tomás Antônio Gonzaga) ou Glauceste Satúrnio (Cláudio a) é o nosso maior representante da poesia barroca. Manuel da Costa), e o tratamento de “pastoras”, dado às musas inspiradoras, são índices que revelam, nos b) as liras de Marília de Dirceu espelham o maior momento de sua criação poética. poetas árcades: a) a busca da harmonia entre campo e cidade, que c) desenvolveu-se exclusivamente a tendência épica em sua obra. se torna possível quando seus habitantes se end) em seus sonetos, segue a lírica de Camões. contram. b) a idealização da vida campestre, considerada a e) não se encontra em seus poemas qualquer preocupação com a natureza brasileira. verdadeira fonte da poesia. 268. UEL-PR
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101
272. Vunesp
273. Centec-BA
Leia os textos a seguir.
Quando o poeta neoclássico pinta uma paisagem como um “estado de alma”, podemos dizer que estamos diante de uma paisagem: a) tipicamente neoclássica. b) sugestivamente simbolista. c) rebuscadamente barroca. d) prenunciadora do Parnasianismo. e) antecipadamente romântica.
Convite à Marília
Já se afastou de nós o Inverno agreste A fértil Primavera, a mãe das flores, O prado ameno de boninas veste. Varrendo os ares, o sutil Nordeste Os torna azuis; as aves de mil cores Adejam entre Zéfiros e Amores, E toma o fresco Tejo a cor celeste. Vem, ó Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo. Deixa louvar da corte a vã grandeza: Quanto me agrada mais estar contigo, Notando as perfeições da Natureza! Bocage, Obras de Bocage. Porto: Lello & Irmão, 1968, p. 142.
Bye bye Brasil Mulher Nordestina – Meu Santo, minha família foi
embora, meu santo. Filho, nora, neto… Fiquei só com o meu velho que morreu na semana passada. Agora, quero ver o meu povo. Meu santo, me diga, onde é que eles foram, meu santo? Lord Cigano – E eu sei lá? Como é que eu vô saber? Quer dizer… eu sei…eu… Eu tô vendo. Eu estou vendo a sua família, eles estão a muitas léguas daqui. Mulher Nordestina – Vivos? Lord Cigano – É, vivos, se acostumando ao lugar novo. Mulher Nordestina – A gente se acostuma com tudo… Onde é que eles estão agora, meu santo? Lord Cigano – Ah, pêra aí, deixa eu ver! Eu tô vendo: eles estão num vale muito verde onde chove muito, as árvores são muito compridas e os rios são grandes feito o mar. Tem tanta riqueza lá, que ninguém precisa trabalhar. Os velhos não morrem nunca e os jovens não perdem sua força. É uma terra tão verde… Altamira! Diálogo do filme Bye bye Brasil (1979). Produzido por Lucy Barreto. Escrito e dirigido por Carlos Diegues.
Os escritores clássicos gregos e latinos produziram certas fórmulas de expressão que, retomadas ao longo dos tempos, chegaram até nossa modernidade. Uma dessas fórmulas é a chamada tópica do lugar ameno, ou seja, a evocação literária de um recanto ideal, delicado, geralmente bucólico, cuja paz e tranqüilidade servem de palco ao idílio dos amantes e ao sossego da vida. Simboliza o porto almejado ou o retorno à felicidade perdida. Tomando por base este comentário, releia os textos em pauta, e, a seguir: a) aponte, na seqüência de Bye Bye Brasil , dois elementos da paisagem descrita por Lord Cigano que caracterizam Altamira como um lugar ameno; b) localize, no segundo terceto de Bocage, o verso em que se estabelece relação opositiva com a tópica do lugar ameno. 102
274. Vunesp
Quem vê girar a serpe da irmã no casto seio, pasma, e de ira e temor ao mesmo tempo cheio resolve, espera, teme, vacila, gela e cora, consulta o seu amor e o seu dever ignora. Voa a farpada seta da mão, que não se engana; Mas ai, que já não vives, ó mísera Indiana! Nesses versos de Silva Alvarença, poeta árcade e ilustrado, faz-se alusão ao episódio de uma obra em que a heroína morre. Assinale a alternativa correta em que se mencionam o nome da heroína (1), o título da obra (2) e o nome do autor (3). a) (1) Moema; (2) Caramuru; (3) Santa Rita Durão. b) (1) Marabá; (2) Marabá; (3) Gonçalves Dias. c) (1) Lindóia; (2) O Uraguai ; (3) Basílio da Gama. d) (1) Iracema; (2) Iracema; (3) José de Alencar. e) (1) Marília; (2) Marília de Dirceu; (3) Tomás A. Gonzaga. 275.
Aponte a alternativa em que houver erro. a) O padre Antônio Vieira, embora sacerdote, foi nacionalista (pregou contra os holandeses invasores) e se preocupou com problemas sociais (foi contrário a que os colonos portugueses escravizassem os índios). b) Gregório de Matos Guerra não passou de um panfletário; em sua obra satírica, não perdoou a ninguém; no campo humorístico, chegou à obscenidade; no campo lírico, nada produziu; embora tesoureiro-mor e vigário-geral da catedral da Bahia, não há poesia sua sobre religião levada a sério. c) Uraguai , epopéia de Basílio da Gama, foge a estritos moldes camonianos e é sobretudo antijesuítica. d) Santa Rita Durão, quando compõe o Caramuru, não perde de vista a estrutura formal de Os lusíadas. e) Vida e obra de Tomás Antônio Gonzaga são indissociáveis de Marília, a quem consagrou muitas liras. 276. Cefet-PR
Marque a alternativa incorreta sobre o Arcadismo brasileiro. a) Algumas obras árcades assimilam certa ideologia da época, valorativa da vida natural, do homem primitivo. b) A cosmovisão iluminista, enaltecedora do saber erudito, encontra-se presente em vários poemas dos árcades brasileiros.
c) Em Caramuru, obra épica de Santa Rita Durão, ocorre a apologia do cristianismo. d) A obra O Uraguai , de Basílio da Gama, liga-se ideologicamente à política do Marquês de Pombal, à proporção que retrata de modo positivo a expulsão dos jesuítas de suas reduções. e) A exaltação da vida simples, do homem natural, do bom selvagem leva os poetas árcades a repudiarem em suas obras poéticas o saber erudito. 277. Vunesp
Leia os textos a seguir. O Uraguai (Canto IV – fragmento)
Este lugar delicioso, e triste, Cansada de viver, tinha escolhido Para morrer a mísera Lindóia. Lá reclinada, como que dormia, Na branda relva, e nas mimosas flores, Tinha a face na mão, e a mão no tronco De um fúnebre cipreste, que espalhava Melancólica sombra. Mais de perto Descobrem que se enrola no seu corpo Verde serpente, e lhe passeia, e cinge Pescoço, e braços, e lhe lambe o seio. Fogem de a ver assim sobressaltados, E param cheios de temor ao longe; E nem se atrevem a chamá-la, e temem Que desperte assustada, e irrite o monstro, E fuja, e apresse no fugir a morte. Basílio da Gama
Caramuru (Canto VI, estrofe XLII)
Perde o lume dos olhos, pasma e treme, Pálida a cor, o aspecto moribundo. Com mão já sem Vigor, soltando o leme, Entre as salsas escumas desce ao fundo. Mas na onda do mar, que irado freme, Tornando a aparecer desde o profundo: “Ah, Diogo cruel!” disse com mágoa, E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água. Santa Rita Durão
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A epopéia Os lusíadas (1572) tem servido de modelo aos demais poemas épicos escritos em língua portuguesa. As comparações destes com a obra-prima de Luís Vaz de Camões são inevitáveis. Releia atentamente os textos apresentados e, a seguir: a) aponte, do ponto de vista da versificação, em qual deles o autor revela seguir mais à risca o modelo camoniano; b) cite duas características do texto escolhido que evidenciam essa aproximação com a versificação de Os lusíadas.
278.
Este lugar delicioso, e triste, Cansada de viver, tinha escolhido Para morrer a mísera Lindóia. Lá reclinada, como que dormia, Na branda relva, e nas mimosas flores, Tinha a face na mão, e a mão no tronco De um fúnebre cipreste, que espalhava Melancólica sombra. Mais de perto Descobrem que se enrola no seu corpo Verde serpente, e lhe passeia, e cinge Pescoço, e braço, e lhe lambe o seio. (...) Porém o destro Caitutu, que treme Do perigo da irmã, sem mais demora Dobrou as pontas do arco, quis três vezes Saltar o tiro, e vacilou três vezes Entre a ira, e o temor. Enfim sacode O arco, e faz voar a aguda seta, Que toca o peito de Lindóia, e fere A serpente na testa, e a boca, e os dentes Deixou cravadas no vizinho tronco. Açouta o campo co´a ligeira cauda O irado monstro,e em tortuosos giros Se enrosca no cipreste, e verde envolto Emnegro sangue o lívido veneno. Leva nos braços a infeliz Lindóia O desgraçado irmão, que ao despertá-la Conhece, com que dor! no frio rosto Os sinais do veneno, e vê ferido Pelo dente sutil o brando peito. Os olhos, em que Amor reinava um dia, Cheios de morte; e muda aquela língua, Que ao surdo vento, e aos ecos tantas vezes Contou a larga história de seus males Nos olhos de Caitutu não sofre o pranto, E rompe em profundíssimos suspiros, Lendo na testa da fronteira gruta De sua mão já trêmula gravado O alheio crime, e a voluntária morte. a) Indique o nome da obra e o autor. b) Sintetize o enredo do poema. c) Aponte, no texto dado, as rupturas com o modelo camoniano. 279.
Qual é o argumento histórico do poema Caramuru?
103
Língua Portuguesa 3 – Gabarito 01. a) II
c) I b) III d) IV 02. Os versos em que ocorre a utilização do paralelismo são: “mentiu-mh o meu amigo:” , “mentiu per seu grado” , e “mais bem des aquel dia” , “mais por que mh-á mentido,” . Justifica-se essa utilização para enfatizar que o amado havia mentido para o eu-lírico. O refrão “sanhuda lh’ and’ eu” , presente no final de cada estrofe, justifica-se para representar o quanto a jovem ficou zangada com a mentira do amado. 03. A 04. B 05. A ambientação no litoral é semelhante e também a presença do refrão em ambas. 06. I. D IV. C II. A V. A III. B 07. A 08. a) Refere-se às romarias, eventos comuns na época. b) A referência às romarias indicia a religiosidade medieval, aspecto fundamental da cultura do período, marcada pelo teocentrismo. 09. C 10. C 11. D 12. a) Em ambos os textos, a amada procura desprezar o amante ou aquele que a admira. b) Texto I
⇒
e me non falou
Texto II ⇒ E nem escuta quem apela c) O trovador afirma que o desprezo da amada provoca nele uma dor pior que a morte. 13. Formalmente o texto faz referência ao Trovadorismo, por meio do uso do português arcaico (galego-português), apresentando inclusive expressões próprias da Idade Média lusitana (non dormho á mui gran sazon/ ai meu lum’e meu ben). O tema da coita 104
amorosa, da separação seguida de sofrimento por parte do apaixonado trovador, é outra característica trovadoresca presente. 14. A confissão de apaixonado do
eu lírico e a presença do amor cortês identificado na palavra “Senhor” com que é tratada a mulher amada. 15. D 16. Cantiga de amor: vassalagem
20.
amorosa (princesa, senhora), coita (você me arrasou), eu lírico masculino. 17. a) Presença do eu lírico mas-
culino e abordagem da coita amorosa. b) Pode ser tomada como cantiga de maldizer, por mostrar 21. uma situação satírica, ou 22. maliciosa (uma moça sendo vista seminua), envolvendo alguém claramente identificado (Filha de Don Paai 23. Moniz). 18. a) Cantiga de maldizer, por
apresentar uma crítica direta e explícita a alguém cujo nome é, inclusive, citado (Don Meendo) b) O trovador acusa o satiri- 24. zado de tê-lo roubado (ou 25. enganado com sua conversa esperta). 19. I.
a) A cantiga estrutura-se em duas séries paralelísticas: 1ª série – estrofes 1 e 2; 2ª série – estrofes 3 e 4. Ao final de cada estrofe, repete-se o refrão. O último verso não integra o paralelismo. b) Na primeira série paralelística, é enfatizada a imagem da moça que canta para o amigo enquanto trabalha; já na segunda série, por meio da fala de uma personagem, são expostos os sentimentos da moça, que canta sua infelicidade amorosa.
II. a) A personagem que se expressa no último verso é a moça apresentada na 1ª série paralelística. b) Ao dizer que seu observador adivinhou seus sentimentos, a moça confessa seu sofrimento amoroso que, antes, ela exprimia indireta e disfarçadamente com as cantigas. Apontar para a mudança no vocabulário (mais fácil), em comparação aos textos trovadorescos. Além disso, permanece a temática em que a mulher é um ser superior (vassalagem amorosa) que faz o eu lírico sofrer (coita). D Texto antropocêntrico, pois centraliza o foco nas atividades e paixões humanas, terrenas. a) Atitude “científica”, detalhada na observação dos fatos históricos. b) Texto antropocêntrico, pois centraliza o foco nas atividades e paixões humanas, terrenas. A O tema do abandono e o sofrimento decorrente dele aparecem tanto na poesia trovadoresca como na poesia palaciana.
26. O interesse de Fernão Lopes
pela pesquisa histórica indica a tendência humanista para o cientificismo. 27. E 28. O primeiro texto, a partir de uma antítese, acaba por não chegar a uma explicação. Já o segundo texto, na oposição interior x exterior, demonstra que o eu poético sabe em que lugar se perdeu. 29. C 30. D 31. A 32. C 33. A 34. B 35. B 36. C 37. C 38. A
39. a) Auto da barca do inferno.
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b) Pela atitude teocêntrica de salvar a alma dos cavaleiros, já que morreram defendendo interesses da Igreja Católica. 40. a) Lança uma série de impropérios e ofensas ao Diabo. b) Representa o homem mais humilde e simplório. c) Um homem ingênuo, sem malícia. 41. E 42. C 43. a) Como tendo sido castigo divino (a ira de Deus fizera aquilo). b) Como curso natural, fenômeno natural, obra da natureza, e não de Deus. c) Indica uma postura mais independente da ortodoxia católica. No contexto humanista, isso ilustra a passagem de concepções teocêntricas para concepções antropocêntricas. 44. A 45. Gil Vicente. Povo, juízes, agiotas, artesãos etc. 46. Brás da Mata representa o cavalo, pois ele “derruba” Inês com sua repressão. 47. E 48. A 49. a) Inês reclama dos serviços domésticos que a prendem na casa da mãe, desejando viver e folgar como outras moças. b) Inês optaria por casar-se. Por meio do casamento, ela pensa encontrar a liberdade. c) Inês seria aprisionada pelo primeiro marido, Brás da Mata, enquanto ele partisse para a guerra. Assim, ficaria sem a liberdade que pensava obter com o casamento. Depois de viúva, casaria novamente, valendo-se da experiência para conseguir garantir a vida livre que sempre desejou. 50. a) A soberba, a vaidade e a exploração dos pobres.
51. 54.
55. 57.
58. 60.
61.
62.
b) Ele afirma ser “fidalgo de ao período humanista, sendo solar”, isto é, ser de família exemplo de poesia palaciana. importante e, por isso, meO 2º texto pertence ao Classirecer o céu. cismo. 52. E 53. A E 63. a) Camões foi o maior reprea) Porque lutaram em nome de sentante do Classicismo em Jesus Cristo. língua portuguesa. b) Pensamento teocêntrico b) Heróis que cantaste/armas/ barões/oceano/a história 56. D I. B e II. C que narraste/deuses/nina) O trecho que se relaciona fas/guerras/cobiças/amaliteralmente com o final da dor/etc. peça é “asno que me leve quero”. Pero Marques age 64. A carta de Antônio Ferreira permite identificar uma série como um “asno” em duas de elementos clássicos: arte situações: a primeira quancomo expressão da natureza do serve de cavalgadura; a humana, conceito humanista segunda, por não saber que antropocêntrico — “ConheçaInês o traía. me a mim mesmo” –; racionab) O primeiro marido de Inês lismo – “O juízo quero! De quem – Brás da Mata – tratava-a com juízo, e sem paixão me de modo agressivo e tirâleia” –; imitação dos clássicos nico, já Pero dá-lhe total antigos – “Na boa imitação” liberdade. – ; valorização da bagagem cultural – “Muito, ó Poeta, o enc) É uma sátira moral da sociegenho pode dar-te./ Mas muito dade portuguesa da época. mais que o engenho, o tempo, Inês abandona seus ideais e estudo” –; referências mitocom o propósito de levar lógicas – “Apolo”, “nove Irmãs” uma vida prazerosa. –; equilíbrio – “Corta o sobejo, 59. D C vai acrescentando/ O que falta, o baixo ergue, o alto modera”, a) Trata-se da noção de equilí“do ornamento / Ou tira ou põe” brio. –; universalismo – “Tudo a ua b) O poeta, no texto, prega uma igual regra conformando” –; existência simples e equilíbralinguagem clara – “Ao escuro da, vivendo de seus próprios da luz, e ao que pudera/ fazer recursos, de forma humilde, dúvida aclara” –; sobriedade, para se manter longe da contenção –“com o decoro o inveja. A mediania (ou “aurea tempera”. mediocritas”) é louvada: não 66. B 67. E ter muito, nem pouco, apenas 65. D 69. D 70. B o necessário, isto é, o que 68. D está no meio, o equilíbrio. 71. a) Os dois versos finais (“Sãs letras, justas armas, esteios/ Formalmente, a grande novidade Firmíssimos de Império só do dolce stil nuovo era o uso de tenhamos.”). versos decassílabos (por isso b) O poeta coloca, em um chamados de “medida nova”), em mesmo plano de importância substituição aos tradicionais verpara a administração do reisos de redondilha maior e menor no, tanto a força das armas (que passaram a ser conhecidos (“justas armas” ) quanto a como “medida velha”). influência do saber (“Sãs O primeiro texto é mais sentiletras” ). mental e emotivo, tematizanc) No Classicismo, ocorre a vado uma experiência amorosa lorização da racionalidade, particular. O segundo mostra da inteligência, que é exauma concepção mais raciotamente o aspecto realçado nalista e generalizadora do aqui pelo poeta. amor, tratado aqui de forma universal. O 1º texto pertence 72. A 105
73. a) O verbo “alongar” associa-
74. 75.
76.
77. 79.
80.
81. 84. 106
86. No episódio conhecido como
se a cansaço da vida. O “Gigante Adamastor”. Ele re“encurtar” relaciona-se à presentaria a personificação do proximidade da morte. Cabo das Tormentas. 88. A b) Há, no primeiro verso da 87. D 90. C segunda estrofe, uma opo- 89. D sição entre “gastando” e 91. a) A “gente surda e endurecida” “cresce”. Quanto mais a a que se refere o poeta são idade avança, mais o poeta seus contemporâneos. se aproxima do fim da vida. b) O poeta os acusa de abdicac) O pronome “ele” refere-se ao rem de suas tradições gloriovocábulo “bem”. sas em nome da cobiça e da pura preocupação material, D sem grandeza, sem aspiraa) Trata-se de um soneto deções maiores. cassílabo. b) O poeta compara o próprio c) O poeta registra o estado de coração com um passarinho. espírito de um povo marca Assim como um caçador do então pela decadência, acaba com a vida do semuito distante das glórias gundo, o Frecheiro cego dos heróis do poema camoacaba com a liberdade do niano, seus antepassados. primeiro. 92. C 93. D c) O Frecheiro cego é Cupido, 94. B 95. C o deus do Amor na mitologia 96. a) O narrador é Vasco da clássica. Ele é representado Gama. por uma criança: um anjo de b) Vasco da Gama representa a olhos vendados (por isso modernidade e o ideal expané chamado de “cego” ) que sionista, enquanto o velho reatira flechas para todos os presenta o apego à tradição. lados, acertando aleatoria98. E mente e fazendo com que 97. A os flechados se apaixonem 99. a) Porque tinha medo de moruns pelos outros. rer sem terminar a construção do convento de Mafra. Porque a ligação entre Inês e D. Pedro era mais forte que os b) D. João V. laços aristocráticos. Além disso, c) Para Saramago, “velho” é ao responsabilizar o Amor, o posinal de incapacidade para eta atenua a responsabilidade o trabalho; em Camões, do pai de D. Pedro pelo crime. “velho” é experiência. 78. A B 100. B 101. B a) Camões é autor representati- 102. Os dois últimos versos são uma vo do Classicismo, movimenconfirmação, uma ênfase em to estético renascentista. relação aos anteriores. Vide a b) Pôr freio a penas significa repetição do verbo “cessar”. “Não chorar”. 103. a) Decassílabo (10 sílabas a) O vocábulo Amor grafado poéticas) com maiúscula no 5º verso b) Viagem de Vasco da Gama está relacionado à personiàs Índias, feita em 1498, ficação do amor, o deus do como parte da constituição Amor (Eros). do Império Colonial Portub) O poder tirânico do amor foi guês. a causa mortis de Inês de 104. a) Luís Vaz de Camões castro, exigência de Eros, que (1525-1580), autor de Os não se satisfaz apenas com lusíadas, é o expoente do lágrimas e sim com sangue Classicismo lusitano. Ferhumano. nando Pessoa (1888-1935) 82. E 83. C E é a grande expressão do Modernismo português. 85. A E
b) O poema de Fernando Pessoa é uma paródia séria do texto de Camões. Ambos fazem uma descrição do mapa da Europa através da personificação de acidentes geográficos: para Camões, Portugal é “quase cume da cabeça / De Europa toda”; para Fernando Pessoa, é “o rosto com que fita”. Esse recurso é a figura de linguagem chamada prosopopéia. 105. D 106. B 107. A 108. E 109. Os “barões assinalados” (isto é, varões ou homens ilustres, importantes) são os heróis portugueses das Grandes Navegações. A expressão indica o elitismo da concepção histórica do poeta, que entendia a História como uma sucessão de feitos promovidos pela aristocracia. 110. a) São os versos 2 – 4 da segunda estrofe: “Daqueles reis que foram dilatando / A Fé, o Império, e as terras viciosas / De África e de Ásia andaram devastando. b) Nesses versos, o poeta insinua que os motivos que teriam levado os portugueses a se empenharem na tarefa das Grandes Navegações teriam sido a expansão do Império e a eliminação do paganismo. c) No episódio do “Velho do Restelo”, outros motivos são revelados, como a cobiça e a ambição que nortearam a empresa das navegações lusitanas. 111. Trata-se do verso 5 da terceira estrofe: “Que eu canto o peito ilustre lusitano”. Nele, o poeta define a matéria temática de Os lusíadas: a coragem e a ousadia dos portugueses, que os tornaram superiores aos gregos (o “sábio grego” é Ulisses), troianos (Enéias), macedônios (Alexandre) e romanos (Trajano, general).
112. A
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113. E
124. a) O texto original revela um
139. Basicamente, a religiosidade
114. Sim. A incorporação do objeto
olhar encantado com as terras descobertas e repleto de sentimento nativista. O segundo revela olhar irônico e iconoclasta. b) O primeiro texto pertence ao Quinhentismo e o segundo, ao Modernismo. 125. A 126. D 127. Os dois textos discorrem sobre o amor, considerando basicamente as contradições que envolvem esse sentimento. Todavia, Camões considera o amor dificultoso em si, ou seja, faz parte da sua própria essência ser dor, fogo e descontentamento, disfarçados nos seus opostos: ferida indolor, fogo invísivel ou contentamento. Para S. Andresen, é o mundo que determina os sofrimentos do amor: “sítio frágil”, “lugar de imperfeição”, onde tudo “quebra, emudece, mente e separa”. A simetria formal do soneto camoniano contrasta com os versos livres e brancos da poetisa. 128. João Guimarães Rosa – Grande sertão: veredas Fernando Pessoa – Cancioneiro 129. a) Verso de 5 sílabas, chamado pentassílabo ou redondilha menor. b) Não. O Classicismo introduziu em Portugal o chamado verso de “medida nova”, ou seja, o decassílabo. No entanto, durante algum tempo, conviveram a medida nova e a medida velha. c) Expressou a relação de servidão que mantém com a sua amada, uma escrava que o retém escravo por subjugá-lo sentimentalmente. 130. C 131. B 132. E 133. B 134. C 135. C 136. a) Como exemplo de antíteses pode-se citar: riso/pranto; triste/contente; calma/vento; próximo/distante. b) O conflito espiritual é marca do Barroco. 137. C 138. D
e os caracteres conseqüentes desse tema: angústia (expectativa pelo perdão divino); oposição céu e terra; sinuosidade de raciocínio e de linguagem, além de ser uma mescla de cultismo e conceptismo. 141. B 142. C D Cultismo (atitude sensual) e conceptismo/conceitismo (atitude intelectual). D O uso abusivo da figura de sintaxe – silogismo – caracteriza o cultismo no trecho. 147. C 148. A C 150. B 151. B B a) A metáfora que fundamenta o soneto é a associação entre o ser humano, ou a vida humana, e um barco. b) No soneto, temos a sugestão de que o ser humano é um barco que navega no mar da vida, sujeito às perturbações do pecado. Para escapar delas, o poeta sugere a Igreja, metaforizada em porto seguro. O Padre Vieira teve atuação decisiva na vida política portuguesa, o que afetava o Brasil, então colônia de Portugal. Por isso, seus sermões tematizavam tanto a realidade lusitana quanto a brasileira. Sua biografia confirma: passou metade da vida em Portugal e a outra metade no Brasil. 155. A A As características de estilo barroco presentes no trecho de Vieira são: apelo à inteligência e à compreensão racional; argumentação; exposição tortuosa; exploração do paradoxo (cegueira/luz); religiosidade; tema da conversão: contra-reformismo. O fragmento da questão é um bom exemplo da preocupação do Padre Antônio Vieira com temas de caráter social e de dimensão política. A aproximação e a comparação da figura de Alexandre Magno, grande conquistador do mundo antigo,
amado sem a necessidade da materialização. 115. D 116. Fugacidade das coisas, efemeridade da vida, preocupação com a definição do sentimento amoroso, desconcerto do mundo, citações bíblicas. 117. C 118. D 119. D 120. C 121. A diferença mais significativa é o conteúdo. Na poesia épica, o conteúdo é narrativo, geralmente com pano de fundo histórico, associado a concepções mitológicas. Na poesia lírica, a temática expressa os estados emocionais de um eu lírico. O tipo de verso não poderia ser colocado como diferença significativa, porque Camões, por exemplo, escreveu em decassílabos tanto poesia épica (Os lusíadas) quanto poesia lírica (Os sonetos). 122. a) A antítese do início do poema se expressa através da oposição entre a vida e a morte: a amada está morta, porém viva nas lembranças dele. b) Segundo o poema, essa morte se deu tragicamente, em um naufrágio. Os versos que indicam esse episódio da biografia camoniana são: “Eternamente as águas lograrão / A tua peregrina fermosura”. c) O verso empregado no poema foi o decassílabo, verso de medida nova. d) Trata-se de um soneto, por possuir catorze versos dispostos em duas estrofes de quatro versos (quadras) e duas de três versos (tercetos). Os versos são decassílabos, como mandava a tradição clássica, e o esquema de rima é: abba abba cde cde, um dos esquemas utilizados nessa tradição. 123. Rigor formal (soneto decassílabo), amor racionalizado e uso de imagens antitéticas (últimos versos).
140. 143.
144. 145.
146. 149. 152.
153.
154. 156.
157.
107
com a do pirata saqueador evipelo sujeito “interesseiro”. denciam a crítica aos valores Essas são as duas espémorais e a visão ideológica do cies de amor preteridas por autor. Vieira em função do amor “fino”, que traduz, por sua (Outras respostas poderão gratuidade, o desinteresse ser aceitas, desde que aten – amor que “não há de ter dam às especificações do por quê, nem para quê”. enunciado). 165. A 158. E 159. B 160. E 161. E 166. O conceptismo é uma das vertentes da estética barroca. 162. Para Vieira, há três espécies Geralmente, o conceptismo de “amor”: o amor que tem é associado ao uso da ar“causa”, aquele que ama porgumentação para expressão que o amam; o amor que tem das contradições próprias “fruto”, aquele que ama para do estilo. No texto de Vieira, que o amem; e o amor “fino”, o que se nota é exatamente que não possui causa nem o desenvolvimento de um fruto, isto é, de quem ama “não raciocínio. porque o amam, nem para que 167. O dualismo barroco está o amem”. presente na utilização de an163. Cristo amou Judas como a títeses e paradoxos, técnica outros apóstolos na dimensão típica da tendência conceptista do conhecimento que tinha da qual Vieira é o maior representante. deles. A Judas, amou-o ciente de sua vilania, desinteressa- 168. a) “As causas (...) cega” b) “a luz faz (...) cega” damente, num exercício de amor em que não se exige 169. • Intróito ou exórdio – aprenada do outro, nem se usa o sentação do tema. outro para fins determinados. • Desenvolvimento ou argu A fineza do amor praticado por mentação – defesa da idéia Cristo reside na disposição do trazida pelo tema, por meio sujeito amante em exercitar de argumentos. um sentimento que se com• Peroração – epílogo com a pleta pelo próprio exercício, reafirmação do sentido moisto é, o ato de amar tem como ral e religioso desejado. causa e finalidade a realiza- 170. A 171. C 172. C ção do próprio sentimento de 173. E 174. A 175. C amor. 176. D 164. a) O conectivo porque e 177. a) A mulher divinizada e a mulher mais terrena e o vocábulo causa possensual. suem o traço semântico comum da causalidade, b) Como homem, Gregório reda motivação; para que conhece-se pecador e Deus é fruto, o traço comum da representa a possibilidade finalidade. de redenção dos pecados. b) Porque relaciona-se con- 178. III, II e I textualmente à causa na 179. A 180. A apresentação de uma das 181. O episódio é a volta do filho espécies de amor, o que pródigo. A ligação é feita traduz uma “obrigação” que pelo fato de o poeta coloé praticada por um sujeito car-se como o filho pródigo, “agradecido”. Já para que cobrando de Deus o mesmo recupera fruto, explicando perdão paterno bíblico, numa a espécie de amor que alusão direta ao que o poeta implica finalidade, o amor considera a função do Deus “negociação”, praticado Pai. 108
182. Percebe-se no enfoque da
mulher como anjo que guarda, indiciando um bem, e o anjo que tenta, indiciando um mal. Tal contradição relaciona-se ao dualismo barroco, em que pólos opostos se fazem presentes. 183. D 184. A 185. A 186. Os dois sonetos abordam a transitoriedade da vida, a efemeridade dos dias. 187. No soneto I: “nasce” x “não dura”; “tristeza” x “alegria”; “firmeza” x “inconstância”, dentre outras. No soneto II: “flor” e “cinza”, “pó”, “sombra” ... 188. A transitoriedade da vida e a ação do tempo sobre as coisas justificam o conselho que o eu-poético oferece à Maria, no segundo soneto, para que ela goze da flor da mocidade. 189. a) O soneto fala da fugacidade da vida, a passagem rápida do tempo. b) O texto é repleto de antíteses (Luz / noite escura; tristes sombras / formosura; tristezas / alegria; firmeza / inconstância). Mas podemos citar também o hipérbato do verso 3: “Em tristes sombras morre a formosura”. c) O poeta afirma que a única coisa firme (isto é, constante) no mundo é a inconstância. Como se vê, trata-se de uma afirmação paradoxal, bem ao gosto barroco. 190. As idéias contidas no primeiro e nos últimos versos do soneto se opõem porque, de início, o poeta desejava louvar e, no fim, dava graças a Deus por ter acabado a tarefa. 191. Texto I
“Largo em sentir, em respirar sucinto, Peno, e calo, tão fino e tão atento,” Texto II
“Cansado de correr na direção contrária Sem pódio de chegada ou beijo de namorada”
192. Texto I
“Largo em sentir, em respirar sucinto, Peno, e calo, tão fino e tão atento,” “Que fazendo disfarce do tormento, Mostro que o não padeço, e sei que o sinto.” “O mal que fora encubro, ou que desminto, Dentro no coração é que o sustento:” “Pois não chegam a vir à boca os tiros Dos combates que vão dentro do peito.”
207. A
208. D
209. C
245. A supervalorização do afeto
210. C
211. A
212. C
213. B
214. C
215. D
216. A
217. E
218. A
219. D
220. D
221. D
da mulher amada, idealizada também como uma Senhora. 246. Estrela. Significa destino, a força que atinge a todos, mortais e deuses, sem exceção. 247. A 248. B 249. C 250. Devido ao seu envolvimento com a Inconfidência Mineira, Gonzaga foi preso em 1789. A primeira parte da obra foi escrita ainda em liberdade; e a segunda, com o poeta já preso. Seu romance com Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, celebrado na primeira parte, é referido na segunda em tom de lamento e saudade, misturado à incerteza da própria sobrevivência. Nos textos, essas diferenças de situação são evidenciadas já a partir dos tempos verbais utilizados em cada um deles: presente no primeiro e passado no segundo. Além disso, o otimismo orgulhoso do texto I é substituído pela saudade desiludida no texto II. 251. D 252. A 253. D 254. a) Trata-se do carpe diem, isto é, o aproveitamento do momento presente, do tempo presente, do aqui-agora. b) Gonzaga valoriza o presente relativo a um processo mais longo, ou seja, uma etapa da vida. Reis o faz, levando em conta apenas o instante, o momento preciso. 255. Porque não existe beleza na terra que se compare à de Marília. 256. São marcos do Arcadismo: bucolismo, uso de pseudônimo de pastores gregos ou latinos e racionalismo. São marcos que antecipam o Romantismo: subjetivismo e egocentrismo (uso da 1ª pessoa), além de referência idealizada à mulher amada. 257. E 258. C 259. D 260. Marília de Dirceu – Tomás Antônio Gonzaga. O Uraguay – José Basílio da Gama.
222. C 223. Pastoralismo, bucolismo, influ-
ência da cultura greco-romana carpe diem etc.. 224. É um bucolismo sombrio, sem a idealização dos textos árcades em geral, com uma função expressiva de mostrar os sentimentos do poeta, atitude nitidamente pré-romântica. 225. Presença de ambientes noturnos e subjetividade, expressa Texto II especialmente nos dois últi“A tua piscina tá cheia de ratos mos versos. Tuas idéias não correspondem 226 B 227. A 228. B aos fatos” 229. B 230. A 231. A “Eu vejo o futuro repetir o 232. E 233. C passado
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Eu vejo um museu de grandes novidades” “Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro Transformam um país inteiro num puteiro” “Transformam um país inteiro num puteiro Pois assim se ganha mais dinheiro” 193. Poesia fescenina. Por apresentar elementos pornográficos em seu conteúdo. 194. Crítica social, abrangendo os aspectos moral, econômico e político. Moral – segunda estrofe Econômico – terceira estrofe Político – quarta estrofe 195. D 196. B 197. O poeta relativiza a natureza ao compará-la à amada e, conseqüentemente, sobrepôe a amada, numa tendência idealizadora clara em relação à mulher. Não é uma postura tipicamente árcade e sim préromântica, por essa idealização feminina. 198. B 199. A 200. A 201. C 202. D 203. A 204. A 205. D 206. A
234. a) São os seguintes versos:
“Escritos pela mão do Fingimento,/Cantados pela voz da Dependência”. No primeiro, o eu lírico mostra-se insatisfeito com a idéia de abafar o “eu”; no segundo, refere-se ao incômodo de haver modelos a serem seguidos, imitados. b) O eu lírico incita o leitor a emocionar-se diante da obra que produz; vale mais a emoção que o equilíbrio formal ou temático de que o eu lírico se tenha valido em sua obra. Exemplos: “Vede-as com mágoa, vede-as com piedade,/Que elas buscam piedade e não louvores”. 235. A 236. C 237. E 238. C 239. E 240. C 241. A 242. C 243. D 244. Estrofe 1: bucolismo (fugere urbem) Estrofe 2: pastoralismo; aureas mediocritas Estrofe 3: aureas mediocritas Estrofe 4: pastoralismo, bucolismo (locus amoenus)
109
261. D
262. A
263. B
264. D
265. a) As características mais evi-
dentes são o bucolismo e o pastoralismo, concretizando o ideal de simplicidade do Arcadismo, além da busca da simplicidade formal, que determina o uso do heptassílabo, de versos brancos alternados com rimas imperfeitas e de uma adjetivação convencional. b) Pastoralismo: “Aquele pastor amante”(…) “Guiava as brancas ovelhas”. Bucolismo: todos os elementos da paisagem campestre: “úmidas ribeiras”, “cristalino rio”, “bárbaras penhas” etc. Heptassílabo: A/que/ le/pas/tor/a/man/te. Versos brancos: “Aquele pastor amante”/”Deste cristalino rio”. Rimas imperfeitas: ribeiras/ovelhas; avena/ penhas; queixa/perceba.
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266. 267.
268. 270. 272.
273. 275.
Adjetivação convencional: 277. a) Santa Rita Durão segue “úmidas” ribeiras”; “cristalimais de perto a forma do no rio”; “brancas ovelhas”; poema camoniano. “doce avena”; “ligeiras b) Os elementos formais que águas” etc. evidenciam a adesão de Durão ao modelo camoniaD no são: estrofes de oito verO Neoclassicismo procura sos (oitava) decassílabos, recuperar valores clássicos. com esquema de rimas Filinto Elísio crê no artista que abababcc (oitava rima). se embebe em fontes latinas ou gregas, ou seja, fontes 278. a) O Uraguay – José Basílio genuinamente clássicas: “Lede da Gama (…) os clássicos honrados;/ b) Aborda a guerra entre jesuherdai os bens, herdai essas ítas e índios do projeto Sete conquistas,/ Que em reinos dos Povos das Missões contra romanos e dos gregos/ Com intropas portuguesas, como defesso estudo conseguiram”. conseqüência da aplicação 269. E B do Tratado de Madri. 271. D B c) Texto sem estrofação e brancos (sem rima), apesar dos a) “É uma terra tão verde…” versos decassílabos como e “Tem tanta riqueza (…) no poema de Camões. trabalhar”. b) “Deixa louvar (…) grandeza”. 279. Observações sobre a natureza e sobre usos e costumes da 274. C E cultura indígena e brasileira. 276. B B
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