UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES- CH
Curso de Ciências Sociais Bacharelado
Disciplinas – Antropologia II
Professor: George Paulino
RESENHA 6
Oneide Facundo Vasconcelos de Oliveira
Matrícula:
343149
Fortaleza
Dezembro-2013
Resenha do livro: O processo Ritual- Estrutura e Antiestrutura
Autor: Victor W. Turner
Traduzida : Nancy Campi de Castro
O texto inicia abordando sobre os planos de classificação de um Ritual da Vida e da Morte, ele cita que Lewis Henry Morgan foi um autor que o inspirou enquanto na condição de estudante.
Victor Turner discute no capitulo Liminaridade e "Communitas" de seu livro O processo ritual um tipo especifico de ritual: o chamado rito de passagem. Arnold van Gennep (1960, citado por Turner, 1974), define esses ritos como \ritos que acompanham toda mudança de lugar, estado, posição social de idade". É sobre essa espécie de ritual que trato no presente ensaio para discutir os conceitos de liminaridade e communitas.
Alguns autores, entre eles Turner, falam de rituais de passagem como um ritual de distanciamento do individuo da sua estrutura social e, depois, um retorno, com novo status. A Liminaridade, ou fase liminar e a fase intermediaria entre o distanciamento e a reaproximação em que as características do individuo que esteja "transitando" são ambíguas, misturando sagrado e profano, por exemplo.
Arnold Van Gennep(1960) definiu "ritos de passagem em três fases:
Separação, margem (ou "limen") e agregação.
A primeira fase separação-abrange o comportamento simbólico eu significa o afastamento do indivíduo ou de um grupo, que de um ponto fixo anterior na estrutura social, quer de m conjunto de condições culturais, ou ainda de ambos.
Segunda fase- período Limiar- essa fase intermediária, é onde as características do sujeito ritual( o "transitante") são ambíguas, passa através de um domínio cultural que tem poucos , ou quase nenhum , dos atributos do passado ou do estado futuro.
Terceira fase (reagregação)-consuma-se a passagem. O sujeito ritual ,seja ele individual ou cletivo,permance num estado relativamente estável mais uma vez, e em virtude disto tem direitos e obrigações perante os outros de tipo claramente definido e "estrutural".
Durante os períodos liminares, os indivíduos que participavam do ritual se encontravam fora das estruturas da sociedade, entre as quais se movimentavam – e esta movimentação é o sentido do rito de passagem. Esses indivíduos liminares eram os neófitos, os adolescentes, os noivos, a parturiente etc.
Communistas
Communitas é o estado em que se encontra o indivíduo no interior da Liminaridade do processo ritual. Na Communitas, as regras sociais baseadas numa série de oposições identificadas pela antropologia estrutural, como as estruturas de parentesco, perdessem toda a razão de ser, e o indivíduo se encontra em um tipo de 'limbo', de meio termo. Communitas é um estado de comunhão, de indivíduos iguais.
Communitas
"a experiência da vida de cada indivíduo o faz estar exposto alternadamente á estrutura e á Communitas, a estados e a transições" (TURNER, 1964, p.117).
A Dialética do Ciclo de Desenvolvimento
"A passagem de uma situação mais baixa para outra mais alta é feita através de um limbo de ausência de "status". Em tal processo, os opostos por assim dizer constituem-se uns aos outros e são mutuamente indispensáveis" (TURNER,1964,p.120).
A LIMINARIDADE DE UM RITO DE INVESTIDURA
OS ATRIBUTOS DAS ENTIDADES LIMINARES
Na Liminaridade o subordinado torna-se o predominante. Em segundo lugar, a suprema autoridade política é retratada "como um escravo". O chefe precisa exercer o autocontrole nos ritos para ser capaz de autodomínio depois, diante das tentações do poder.
A LIMINARIDADE CONFRONTADA COM O SISTEMA DE POSIÇÕES SOCIAIS
Expressemos, agora, à maneira de Lévi-Strauss, a diferença entre as propriedades da Liminaridade e as do sistema de posições sociais, em termos de uma série de oposições, ou discriminações binárias.
O PERIGO MÍSTICO E OS PODERES DOS FRACOS
Na perspectiva daqueles aos quais incumbe a manutenção da "estrutura", todas as manifestações continuadas da "Communitas" devem aparecer como perigosas e anárquicas, e precisam ser rodeadas por prescrições, proibições e condições.
A Liminaridade não é a única manifestação cultural da "Communitas". Na maioria das sociedades há outras áreas de manifestação, facilmente reconhecidas pelos símbolos que se agrupam em torno delas e pelas crenças a elas vinculadas.
OS MOVIMENTOS MILENARISTAS:
Homogeneidade, igualdade, anonímia, ausência de propriedade (muitos movimentos realmente ordenam aos seus membros a destruição de qualquer propriedade que possuam, a fim de tornarem mais próximos o advento do estado perfeito de harmonia e comunhão que desejam). A "communitas", ou "sociedade aberta", difere neste ponto da estrutura ou da sociedade fechada, pelo fato de ser potencial ou idealmente extensiva aos limites da humanidade.
OS "HIPPIES", A "COMMUNITAS" E OS PODERES DOS FRACOS
A "communitas" pertence ao momento atual; a estrutura está enraigada no passado e se estende para o futuro pela linguagem, a lei e os costumes. Embora nosso interesse se centralize aqui nas sociedades pré-industriais tradicionais ,torna-se claro que as dimensões coletivas, a "communitas" e a estrutura, devem encontrar-se com todos os estádios e níveis da cultura e da sociedade.
OS TALENSIS
Em determinadas crises da vida, a adolescência, a chegada da velhice e a morte, variando em significação de cultura para cultura, a passagem de uma condição estrutural para outra pode ser acompanhada por um forte sentimento de "bondade humana", um sentido do laço social genérico entre todos os membros da sociedade - em alguns casos transcendendo do mesmo as fronteiras tribais ou nacionais – independentemente das afiliações subgrupais ou da ocupação de posições estruturais
OS NÚERES
O irmão da mãe, que tem fraca autoridade jurídica sobre o sobrinho, pode ter contudo um estreito vínculo pessoal de amizade com ele.
O principal papel do sacerdote está em conexão com o homicídio, pois dá abrigo ao assassino, negocia um acordo, realiza sacrifícios para que as relações sociais sejam retomadas e reabilita o assassino. Esse tipo generalizado de irmão da mãe possui assim muitos dos atributos de "communitas" com os quais nos estão os familiarizando.
OS ASHANTIS
Os Ashantis pertencem a um grupo de sociedades da Africa Ocidental, que possuem sistemas políticos e religiosos muito desenvolvidos. Todavia, o parentesco unilinear . Os Ashanti ou Asante são um importante grupo étnico do Gana. Eles foram um poderoso povo, militarista, e altamente disciplinado da África Ocidental.
Entre as divindades Ashantis, apenas a deusa da Terra não tem um fetiche específico. Os Ashantis acreditam que a Terra é ela mesma a seu fetiche. Um grupo de sacerdotes supervisiona o culto dos fetiches, já que acreditam que seus feiticeiros possuem certos poderes especiais. Segundo eles, os feiticeiros podem convencer um fetiche a falar através dos lábios de um agente humano chamado médium, que geralmente é um sacerdote que serve a esta função.
Segundo Victor Turner (1969) apud Raymond Firth (1951), "Nos tipos de sociedades comumente estudadas pelos antropólogos a estrutura social pode incluir relações críticas ou fundamentais provenientes de modo semelhante de um sistema de classes, baseado nas relações com o solo.
Outros aspectos da estrutura social surgem mediante a participação em outros tipos de grupos persistentes, os cIãs, castas, grupos etários ou sociedades secretas. Outras relações básicas devem-se também à posição no sistema de parentesco".
A "communitas" só torna evidente ou acessível, por assim dizer, por suA justaposição a aspectos da estrutura social.
A maximização da "communitas" provoca a maximização da estrutura, a qual por sua vez produz esforços revolucionários pela renovação da "communitas". A história de toda grande sociedade fornece provas dessa oscilação no nível político.