COMAROFF, J & COMAROFF, J. Etnografia e imaginação histórica. Tradução de racema !u""e# e O"i$ia Jane%uine. ' (roa ) Revista de Antropologia e Arte [online]. Ano *+, $o".*, n. *+, no$. +**. -REE TRO!/01O o"ta2se 3ara o "ugar da antro3o"ogia no mundo contem3or4neo e a3resenta a 3ro3osta teórico2metodo"ógica dos autores 3ara uma antro3o"ogia cr5tica, ref"etem so6re o "ugar da etnografia e da hist istória na antro3o"ogia como meios ios com3 com3"e "eme ment ntar ares es entr entre e si 3ara 3ara a ref" ref"e7 e7ão ão so6r so6re e o 8mesm 8mesmo9 o9 e so6r so6re e o 8out 8outro ro9. 9. o"tando2se 3rinci3a"mente 3ara a crise e3istemo"ógica %ue se configura como crise de autori autoridad dade e da etnogr etnografi afia a en%uan en%uanto to m:todo m:todo e7ce3c e7ce3cion iona"m a"ment ente e re$e"a re$e"ador dor,, os autores a3resentam uma argumentação com3"e7a %ue "e$a ; defesa desse m:todo, associado ; imaginação histórica a3resenta ref"e7fico se a3ro7ima muito mais do fa=er art5stico do %ue das ci?ncias 6io"ógicas de acordo com os autores, a 3rinci3a" 8tensão 3roduti$a9 da etnografia residi residiria ria @ustam @ustamen ente te na im3oss im3ossi6i" i6i"ida idade de de se3ara se3ararr o o6@eto o6@eto do conhec conhecime imento nto da%ue"e %ue o6ser$a. egundo os Comaroff, a etnografia crista"i=a em seu 3ró3rio 3rocedimento 8a inesca3>$ inesca3>$e" e" dia":tica do fato e do $a"or9, ou se@a, o tr4nsito tr4nsito ine$it>$e", ine$it>$e", na 3rodução 3rodução de %ua"%uer conhecimento, entre a em3iria %ue se o6ser$a e o "ugar teórico e e3is e3iste temo mo"ó "ógi gico co a 3art 3artir ir do %ua" %ua" se o6se o6ser$ r$a. a. O m:ri m:rito to da etno etnogr graf afia ia seri seria a 3rinci3a"mente o de reconhecer essa tensão, esse descom3asso, %ue necessita ser de a"guma forma contem3ori=ado na 3rodução do conhecimento os autores ref"etem cuidadosamente so6re o %ue consideram os 3rós e contras de cada a6ordagem 83as 83assa sada da9, 9, num num e7er e7erc5 c5ci cio o de cr5t cr5tic ica a %ue %ue term termin ina a com com um 3art 3artid ido o teór teóric ico o 6em 6em de"i de"ine nead ado. o. Tam6: am6:m m : o6@e o6@eto to de disc discus ussã são o e7te e7tens nsa a a re"a re"açã ção o entr entre e hist histór ória ia e etno etnogr graf afia ia,, defe defend ndid idas as 3e"o 3e"oss auto autore ress como como m:to m:todo doss com3 com3"e "eme ment ntar ares es na antro3o"ogia. (ARTE 8Buerreiros m5sticos ganham terreno em guerra moçam6icana9. A manchete era e7ótica o suficiente 3ara estar na 3rimeira 3>gina do Chicago Tri6une num domingo. !iante de ta" e$id?ncia, 3ode2se 3erdoar os antro3ó"ogos 3or du$idarem de ter causado causado %ua"%uer %ua"%uer im3acto im3acto na consci?nc consci?ncia ia ocidenta" ocidenta".. E$ans2(rit E$ans2(ritchar chard d DG DG demonstrou, numa escrita sim3"es e direta, %ue a magia a=ande era uma %uestão de ra=ão 3ratica %ue a noção de 8menta"idade 3rimiti$a9 : uma ficção da mente modernaH não e"iminamos o ref"e7o %ue fa= de 8su3ersticioso9 o me"hor ad@eti$o 3ara %ua"ificar as crenças africanasH ão im3orta %ue esses guerreiros em3edernidos se@am, na $erdade, $5timas de um conf"ito integra"mente moderno. Esses se"$agens 3rodu=idos 3e"o sensaciona"ismo, atirados ; so"eira de nossa 3orta numa manhã ne$oenta de domingo, ser$iram 3ara organi=ar nossas 3reocu3aç
O mito : de$eras antigo, mas tem um im3acto duradouro no 3ensamento 3ósi"uminista em gera" e, es3ecia"mente, nas ci?ncias. (or e7em3"o, ainda : fre%Iente a su3osição de %ue comunidades 8tradicionais9 6aseiam2se em certe=as sagradasH das sociedades modernas, 3or sua $e=, su3ficas ;s contracorrentes da história. Ainda se3aramos comunidades "ocais de sistemas g"o6ais, a descrição densa de cu"turas 3articu"ares da narrati$a ra"a dos e$entos mundiais. A3esar de admitirmos %ue a consci?ncia e a re3resentação histórica 3ossam assumir formas muito diferentes das do Ocidente, resu"ta %ue as 3essoas em todos os "ugares sem3re ti$eram história. "e$aram histórias 3articu"ares, histórias 6em menos 3re$is5$eis do %ue :ramos inc"inados a 3ensar. (ois não o6stante as a"egaçfica, e %ue, 3ara fa=er $a"er esta intenção, desen$o"$amos uma antro3o"ogia genuinamente historici=ada. (ERB/TA' Mas como exatamente devemos fazê-lo?
Ao contr>rio do %ue 3ensa certa o3inião acad?mica, não : tão f>ci" afastarmo2nos de nosso 3ró3rio conte7to de significação, estranhar nossa 3ró3ria e7ist?ncia. Como fazer etnografias da e na ordem mundial contemporânea?
uais podem ser! de fato! as orienta"#es su$stantivas de tal antropologia %ist&rica 'neomoderna(? )AR*+ , p. /
!ois temas com3"ementares %ue começam se3arados e, como num 3as2de2 deu7 c">ssico, fundem2se "entamente, 3asso a 3asso. 0 primeiro 1 relativo 2 etnografia3 o outro! 2 %ist&ria.
Estatuto atua" da etnografia nas ci?ncias humanas : a"go paradoxal . (or um "ado, sua autoridade foi, e continua sendo, seriamente 4uestionada tanto dentro da antro3o"ogia %uanto fora de"aH 3or outro, a etnografia tem sido am3"amente apropriada como um m1todo li$erador em cam3os %ue não o nosso . A am6i$a"?ncia : e$idente tam6:m nas cr5ticas ; antro3o"ogia, %ue a acusam tanto de fetichi=ar a diferença cu"tura" %uanto de ) 3or causa de seu ine7or>$e" $i:s 6urgu?s ) e"iminar 3or com3"eto a diferença. Mas 3or %ue essa am6i$a"?ncia duradoura er> a etnografia, como muitos de seus cr5ticos deram a entender, 3ecu"iarmente 3rec>ria em seu em3iricismo ing?nuo, em sua aus?ncia de ref"e7i$idade teórica, em sua arrog4ncia inter3retati$a !o 3onto de $ista metodo"ógico, e"a de fato a3resenta ecos estranhamente anacrPnicos %ue remetem ao credo c">ssico do 8$er 3ara crer9. Ainda %ue nunca tenha sido homog?nea do 3onto de $ista teórico, as diferenças e dis3utas internas %uase nunca "e$aram a re$is"ise 3adroni=adas, definidas a 3riori, 3or e7em3"o, ao se $a"erem de um o"har des3ersona"i=ado %ue se3ara su@eito e o6@eto. sso 3or%ue a etnografia 3ersonifica, em seus m:todos e mode"os, a inesca3>$e" dia":tica do fato e do $a"or. Ainda assim, a maior 3arte de seus 3raticantes insiste em afirmar a uti"idade ) de fato, o 3otencia" criati$o ) desse ti3o de conhecimento 8im3erfeito9. E"es tendem tanto a reconhecer a im3ossi6i"idade do $erdadeiro e do a6so"uto %uanto a sus3ender a descrença. ão o6stante o @argão rea"ista de seu of5cio, aceitam am3"amente %ue ) como todas as outras formas de entendimento ) a etnografia : historicamente contingente e cu"tura"mente configurada. (or $e=es, chegaram mesmo a achar a contradição estimu"ante. !e %ua"%uer modo, a etnografia não fa"a 3e"os outros, mas so6re e"es. E"a @amais 3ode 8ca3turar9 sua rea"idade 3or meio da imaginação, nem da em3iria. Em6ora 3areça im3ro$>$e", isso se tornou c"aro 3ara nós num $an%eiro da 5ondon 6c%ool of +conomics em 789.
Qe$ando a %uestão adiante ! a etnografia n:o 1 uma v: tentativa de tradu":o literal! em 4ue se veste o manto do ser de um-outro! conce$ido como algo comensur;vel ao nosso pr&prio. Trata2se de um modo historicamente
situado de com3reensão de conte7tos historicamente situados, cada um com seus 3ró3rios ) e ta"$e= radica"mente distintos ) ti3os de su@eitos e su6@eti$idades, o6@etos e o6@eti$idades. A etnografia tem sido, ademais, um discurso inesca3a$e"mente ocidenta". im3oss5$e" "i$rarmo2nos com3"etamente do etnocentrismo %ue 3ersegue nosso dese@o de conhecer outras 3essoas, ainda %ue nos e7as3eremos de formas cada $e= mais refinadas com o 3ro6"ema. Assim, muitos antro3ó"ogos t?m desconfiado de onto"ogias %ue conferem 3rima=ia aos indi$5duos em re"ação aos conte7tos. sto 3or%ue estas se a3óiam manifestamente em 3ressu3ostos ocidentaisH entre e"es, o de %ue os seres humanos 3odem triunfar so6re seus conte7tos com 6ase a3enas na força de $ontade, o de %ue a economia, a cu"tura e a sociedade são o 3roduto agregado da ação e da intenção indi$iduais. Ainda assim, como e73"icitaremos a6ai7o no$amente, e73u"sar o su@eito 6urgu?s do recorteS antro3o"ógico tem se mostrado e7tremamente dif5ci". E"ea tem retornado com di$ersas rou3agens, do homem ma7imi=ador de Ma"inoUsVi ao criador de significados de Beert=. Tratar a etnografia como um encontro entre um o6ser$ador e um outro ) : fa=er da antro3o"ogia uma entre$ista g"o6a" etnoc?ntrica. E : @ustamente essa 3ers3ecti$a %ue em6asa o a3e"o 3ara %ue a etnografia se@a 8dia"ógica9 ) 3ara %ue façamos @ustiça ao 3a3e" do 8informante nati$o9, do su@eito singu"ar, na 3rodução de nossos te7tos. A etnografia, argumentar5amos, : um e7erc5cio mais de dia":tica do %ue de di>"ogo, ainda %ue o W"timo se@a sem3re 3arte da 3rimeira. A":m de con$ersa, e"a im3reas inferiores da sociedade, ;s $idas dos 83e%uenos9, $istas de 6ai7o 3ara cima o m5nimo dos m5nimos, 3recisamos enfrentar a com3"e7idade de nossas re"aç
conce$idas estat a dial1tica! no espa"o e no tempo! das sociedades e dos seres particulares7! das pessoas e dos lugares! das ordens e dos eventos >! ent:o nos tornaremos receptivos 2s conven"#es cr
Xue "iç"ogo $er Turner, DD*'YfH Johnson, DDG, a história cu"tura" tem sido es3ecia"mente h>6i" em re$e"ar %ue todos os cam3os sociais são territórios de dis3utaH %ue a 8cu"tura9 : gera"mente uma %uestão de 3o"?mica, um confronto entre signos e 3r>ticas ao "ongo das "inhas fa"has do 3oderH %ue : 3oss5$e" recu3erar, a 3artir de fragmentos, discord4ncias, e mesmo a 3artir de si"?ncios, o materia" 6ruto com %ue escre$er socio"ogias imaginati$as do 3assado e do 3resente. )AR*+ Assim! com tudo isso em mente! 4ue tipo de antropologia $uscamos? + 4ual exatamente o lugar da etnografia?