PSICODIAGNÓSTICO FORMAL E AVALIAÇÃO INFORMAL
Em geral, começa-se por uma inscrição efetivada em uma entrevista de triagem, após a qual o paciente aguarda chamada para psicodiagnóstico, como uma trajeto obrigatório que dará acesso a algum tipo de terapia, se a avaliação indicar sua necessidade. Se levarmos em conta os encaminhamentos após o psicodiagnóstico, os abandonos e o pouco número de vagas disponíveis para psicoterapia nas instituições de atenção à saúde mental. Segundo a concepção psicodinâmica, proposta por Ocampo e Garcia Arzeno, seus objetivos são: conhecer, investigar e compreender o paciente por meio de técnicas de entrevistas, observações dirigidas e aplicação de testes. Entretanto, na avaliação, o profissional não se restringe à interpretação dos dados fornecidos pelo paciente no psicodiagnóstico formal. Não basta investigar apenas aspectos do paciente; é preciso também levar em conta os aspectos do próprio profissional e da relação que se estabelece entre ambos. A elaboração desses aspectos processa-se de uma forma muito particular para cada profissional, que lança mão de recursos pessoais para compreender as possibilidades do paciente e as suas para o desenvolvimento de um trabalho psicológico. Pelo menos duas formas de avaliação são utilizadas: a primeira, decorrente de um trabalho sistematizado, o psicodiagnóstico formal; e a segunda, decorrente de um processo mais pessoal, pelo qual se avaliam alguns aspectos da relação os psicólogo-paciente que não são passíveis de ser analisados no processo convencional do psicodiagnóstico. É a este processo que chamamos de “avaliação informal”.
O diagnóstico informal: tal aceitação implica que o profissional julga que tem recursos pessoais para ajudar o paciente e que este tem condições de se beneficiar da relação. A avaliação formal surgiu da necessidade do profissional apegar-se a instrumentos “mais confiáveis”. confiáveis”. Por um bom tempo os profissionais profissionais utilizaram mal, com a certeza e a tranqüilidade “cegamente” os recursos da avaliação for mal, de estarem fazendo a coisa “certa”. Para tanto, psicologia utilizou -se de
modelos de identificação, principalmente do modelo médico, para se afirmar e ser aceita como ciência, tentando estabelecer as conexões causais para explicar e compreender o homem. Ocorre um outro diagnóstico que é “não formalizado, que atende às
necessidades do psicoterapeuta de conhecer seu paciente para poder tratá-lo adequadamente”.
Por mais completo e exaustivo que seja o relatório de outro profissional, o terapeuta precisa “ver com os próprios olhos” e “sentir” o paciente através de
sua própria experiência. Nas palavras de Marques para o atendimento infantil: “o terapeuta precisa sentir a mãe de seu paciente, utilizando seus próprios
recursos para identificar os pontos que considera importantes como apoio para o trabalho psicoterápico. Nesse sentido, verificamos que a avaliação informal não é só complemento, mas parte integrante no estabelecimento de uma relação profissional-paciente. Na medida em que o paciente não é considerado um mero “objeto” mas um “outro” mais participativo, com necessidades e recursos
próprios, a cada início de um novo processo com um novo profissional, exigese que se leve em conta, que se avalie a possibilidade do trabalho psicológico conjunto, nesta relação especifica. Considera que o mais importante é obter informações para determinar se duas pessoas podem trabalhar juntas, de um modo particular, em direção a um objetivo particular. Neste sentido, importa tentar esclarecer nas entrevistas iniciais: o que a pessoa pode e que fazer a respeito dos seus problemas; a quem incomoda os problemas e quem deseja ajuda: a própria pessoa ou alguém da família; que tipo de relação a pessoa procura: a pessoa quer aquilo que o terapeuta está preparado para oferecer? Herrmann prossegue enfatizando que “mais importante é antecipar
corretamente como funcionarão juntos no campo transferencial, pelo menos o bastante para decidir que o processo tem alguma chance de ser produtivo. Não basta um paciente apto, alado a um analista capaz, é preciso uma dupla minimante ajustada”.
A intervenção só é possível quando há consonância entre o que o paciente procura e o que o profissional tem a oferecer. A experiência pessoal acumulada permite interpretar os dados obtidos formalmente e integrá-la num todo significativo. Esse processo tende a ser cada vez mais automatizado e rápido, quanto maior a experiência do profissional. A dificuldade de enumerar essas operações e explicitá-las decorre em parte dessa automação, que torna menos explícito o caminho percorrido. Neste sentido, ao entendermos o psicodiagnóstico formal e informal como processos configurados a partir do chamado conhecimento representacional e pessoal, constatamos que não há como prescindir de um ou de outro. Permanecem como dois processos distintos, mas complementares. Devemos supor esta possibilidade na medida em que se mantêm os atendimentos supervisionados na formação do terapeuta em uma determinada técnica e linha teórica. Segundo Herrmann, o único modo de transmitir essa experiência a outra pessoa, é empreender com ela uma reflexão sobre “como se faz”. Cada um deve viver sua própria experiência.
O psicólogo deve receber do supervisor a orientação mínima acerca das diretrizes que nortearão seu trabalho. No psicodiagnóstico formal, é necessário que o psicólogo saiba qual o seu objetivo, de que instrumentos dispõe e como utilizá-los para avaliar o paciente: se numa entrevista livre ou observação lúdica, se numa situação de aplicação de testes. Pode ser orientado quanto aos aspectos a atentar e investigar, quanto à seqüência e ao manejo adequado do material utilizado.