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Resenha: A história continua - Georges Dudy Por Luciane Glaeser 18/10/2002 às 18:19
Uma proposta de leitura da obra do historiador Georges Duby Resenha: DUBY, Georges. A história continua. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
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Sobre o autor: Nascido em Paris, em 1919, Georges Duby interessou-se inicialmente pela Geo-grafia, mas acabou dedicando-se à História medieval, por influência de Jean Déniau. Estudou em Besançon, cursou a Faculdade de Letras de Lyon e, após a Segunda Guerra Mundial, ingressou como docente na Faculdade de Aix-en-Provence. Seu primeiro livro, La Société aux XIe et XIIe siècles dans la région mâconnaise, obteve o prêmio Gobert da Academia Francesa e, em 1973, com Le Dimanche de Bouvines, alcançou sucesso, sendo reconhecido como um dos maiores me-dievalistas contemporâneos. Desde 1970, dava cursos no colégio de França e, em junho de 1987, foi eleito para a prestigiosa Academia Francesa. Em 1996, Duby morreu, acometido por câncer. “A Histór História ia continua”, de George Georgess Duby, é uma autobiograf autobiografia, ia, ao mesm mesmo o tempo em que não o é. Simplesmente porque a obra, ao contrário do que se possa inferir – tratando-se de uma autobio-grafia – não se restringe a contar a epopéia de um único indivíduo mas, principalmente, atém-se a falar sobre o contexto em que este se circunscreve. O personagem centro do livro é um histori-ador e, como tal, apresenta como cenário de suas vivências a própria História. Desta forma – em função da maneira particular que Duby escolhe para promover seu relato – muitas vezes, durante a leitura, nos questionamos sobre o real protagonista da obra: será o historiador, ou será a Histó-ria? Não é à toa que tal confusão pode nos acometer. Ora, ao entrarmos em contato com “A História continua”, devemos ter em mente que estamos diante de cinqüenta anos de experiência acadêmi-ca e investigativa – o que, sem dúvida, não representa pouca coisa… - de um dos mais destaca-dos expoentes da terceira geração da Escola dos Annales, um movimento histórico cujo enfoque é a História Social e das Mentalidades, que também ficou conhecida como “Nova História”. Nes-ta “Nova História”, o fator político, o econômico e o fato em si não representam a preocupação primordial no conhecimento histórico: nesta nova maneira de observar a História, as sociedades são o centro das atenções, o indivíduo comum ocupa o lugar que é atribuído aos grandes vultos nos outros enfoques, o cotidiano faz-se mais relevante que as datas que marcam os importantes acontecimentos. Desta forma, devemos observar e admirar o desempenho de Duby no exercício de sua profissão, tendo em vista que ele se propôs, mais de uma vez (Guilherme Marechal, ou o melhor cavaleiro do mundo; O domingo de Bouvines) a invadir os campos alheios aos preceitos que a Escola a que se fez discípulo visa seguir. Porém, o leitor atento, o leitor que não contenta-se com o título de uma obra para adivinha-la na íntegra, perceberá que Duby, ao contrário de “trair” seu referencial de pesquisa, apenas a diversifica, mostrando que a partir, por exemplo, de um grande nome – como o de Guilherme Marechal – consegue chegar ao coletivo, aos hábitos e feitos não de um único homem, mas de toda a categoria – cavalaria – que representava. Mas Duby faz questão de salientar que não nasceu historiador. Nem ao menos sabe explicar ao certo porque enveredou por este caminho, visto que – ao vasculhar suas lembranças – não encon-trou indícios que poderiam supor esta sua inclinação profissional. No início de suas atividades, aplicou-se à Geografia. Em seguida, interessou-se pela História econômica e estava muito incli-nado a seguir por esta vertente para confecção de sua tese de doutorado. Porém, houve, mais uma vez, a mudança: preferiu seguir pelos caminhos da História social. “Por que esta decis decisão? ão? Porque, antes de ser for formado mado por histori historiadores adores,, eu o fora por geógrafos, e estes muito cedo me haviam aconselhado a ler os Annales d´histoire économique et sociale e Marc Bloch.” (Duby, 1993, p. 12) Um dos aspectos onipresentes na vida de Georges Duby – e que ele faz questão de apresentar nesta sua autobiografia – é justamente este seu ecletismo, esta sua capacidade de multiplicar sua visão de mundo. Parece ser de sua natureza não se
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restringir a um único campo de pesquisa, fato que podemos constatar em uma rápida averiguada em algumas de suas publicações: A sociedade cavaleiresca, As três ordens ou o imaginário no feudalismo, Guerreiros e camponeses: os pri-mórdios do crescimento econômico europeu do século VIII ao século XII, Idade Média, idade dos homens: do amor e outros ensaios, O cavaleiro, a mulher e o padre, O tempo das catedrais: arte e sociedade, 980-1420, São Bernardo e a arte cisterciense… Este ecletismo de Duby pode ser interpretado de diversas maneiras. Uma delas e, creio, a mais leviana, seria dize-lo confuso e, por conta de tal confusão, teria ele perambulado por domínios tão distintos. Um alguém, como tantos, que não sabe o que quer. Outra das interpretações cabí-veis coloca Duby como um indivíduo, sobretudo, curioso, determinado a não se deixar levar pelo comodismo a que tantos historiadores são levados, desenvolvendo uma mesma pesquisa durante toda a extensão de sua vida acadêmica. Se aceitarmos esta possibilidade, estaremos diante de um historiador genuíno, um historiador com os olhos abertos para os mais diversos questionamentos que alguém, dedicado a leituras (e, sem dúvida, ele não fez poucas…) e produção de conheci-mento, certamente se deparará. Duby não faz vistas cegas a estes questionamentos, como poderia escolher fazer. Aliás, no decorrer de todo o livro, Duby faz questão de salientar a importância do ato de escolher. E ter a oportunidade de escolher significa estar diante de opções. Opções que representam dúvidas. Dúvidas que são uma constante na vida de um bom historiador, visto que é preciso ter-se em mente que, no campo historiográfico, nunca se estará diante de plenas certezas. Duby não se envergonha de seus medos, medos da distância de casa, medo de escolher o cami-nho errado, medo do fracasso. Medos humanos, medos de quem se depara com riscos. Todo o relato autobiográfico de Duby retoma o título de seu primeiro capítulo: a escolha. Quan-do fala de seu orientador (de sua tese de doutorado), do material do tratamento, da construção… ele fala o tempo todo de escolhas. E, percebemos, no decorrer de sua vida, ele segue escolhendo, mas isto não significa que suas escolhas sejam excludentes. Ao contrário! É com admiração que vemos o ecletismo de Duby expandir-se, desvinculando-se de qualquer espécie de amarras que se poderia imaginar. Duby diz que observa a vida e, como observador de tal objeto, não pode per-mitir-se aprisionar por uma teoria. Não que ele seja totalmente livre, visto que é impossível fugir de um referencial teórico, mas ele gosta de sentir-se livre ao menos no momento de elaborar suas perguntas. As pessoas paralisadas por uma teoria não elaboram perguntas que não têm certeza que saberão responder. Duby, ao contrário, prefere o desafio. E é este desafio que Duby aponta como o coração da História. Atento aos acontecimentos con-temporâneos, ao escrever as suas anotações autobiográficas, colocou-se contra as teses do fim da História. Ora, se existem os desafios, a História não pode acabar! Mas aí está: é preciso deixar que o modo antigo – um tanto alienado – de fazer História dê-se por executado. No mundo de hoje, não há mais espaço para a História sem sentido, para a História para os historiadores. A História precisa encontrar uma nova erudição, uma forma de comunicar-se para que faça-se en-tendida e interessante ao grande público, pois este deseja o conhecimento. Mas o conhecimento significativo, não o conhecimento desvinculado do mundo que a historiografia tradicional aco-modou-se em produzir. Sendo a História um relato do mundo, como poderá imaginar-se sem ele? A História não pode permitir-se enclausurar eternamente entre as paredes das universidades. E chegou o momento das rupturas. De amplas rupturas. A História está viva, viva como nunca. Viva e imaginativa. Duby não poupa espaços em seus parágrafos para salientar a importância da imaginação, da ca-pacidade interpretativa no ofício do historiador. Neste sentido, poderíamos dizer que o capítulo destinado às “Mentalidades” é o que possui mais força na obra, visto que é neste momento que Duby mais atém-se a falar sobre as novas posturas do historiador em sua arte. Fazer História é ter diante de si vestígios e saber somá-los. Saber criar elos, associações. Sem imaginação, não há História. É preciso um organismo vivo para montar as peças de um quebra-cabeça: sem este or-ganismo, as peças serão apenas peças e jamais formarão um todo coerente. Lógico, é preciso ter cuidado com a medida desta imaginação. Neste sentido, é fundamental a formação do historia-dor, pois é durante seu aprendizado acadêmico que perceberá a ética e as regras de sua profissão, sendo estas as guias fundamentais de sua produção futura. Não há maneira de descobrir a dife-rença entre interpretação e despropósito sem conhecer as regras historiográficas. Mas a substituição de uma História onde se produz meramente a narrativa dos fatos por uma his-tória investigativa, interpretativa, dirigida pela busca de respostas a um problema, - segundo Duby - seria apenas o primeiro passo para a construção de uma História mais relevante. Ora, não basta mudar a metodologia, é preciso também diversificar os objetos. Estaríamos, então, diante de uma História preocupada em abranger todos os campos da ação humana, e não apenas os campos tradicionais de investigação. Uma história global. Uma vez dispostos a seguir esta orien-tação, seremos
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obrigados a seguir o exemplo de Duby e embarcarmos em seu ecletismo cultural e epistemológico, visto que, para respondermos os questionamentos que a História nos traz, é imprescindível que façamos uso do conhecimento disponível através das outras disciplinas – como a Geografia, a Sociologia, a Psicologia, a Economia, a Lingüística, a Antropologia… (para uma História global, a globalidade de referências…) Para sermos historiadores, não basta lermos a produção de historiadores. Para entendermos as coisas do mundo, precisamos estar abertos a elas. E dispostos a ir onde estas podem nos levar. “A história de hoje renuncia à busca ilusór ia da objetividade total, não em con-seqüência da torrente de irracionalidade que há algum tempo invade nossa cultu-ra, mas por duas razões principais. Quando chega a se interessar pelos aconte-cimentos, ela os considera de maneira diferente. Fixa sua atenção no fundo a par-tir do qual eles aparecem surgir e que repercutem, ou seja, fixa-se em conjuntos vagos que não têm limites precisos. Ela tende, com isto, a querer tratar de tudo, a ampliar indefinidamente seu campo… Por outro lado, examinando o movimento das estruturas no interior de um sistema, a história nova não está mais em condi-ções de discernir as relações de causalidade simples como as que se estabelecem entre os acontecimentos… A idéia de verdade em história modificou-se porque o objeto da história se deslocou, porque a história passou a se interessar menos pe-los fatos que pelas relações.” (Duby, 1993, p. 59) Para onde vai a História? Nem Duby sabe responder. É fato que pode-se diagnosticar uma perda do fôlego, nos últimos anos. Isto se compararmos o impulso inicial que as idéias de Marc Bloch e Lucien Febvre - com sua revista dos Annales - propagaram na profissão do historiador, com os dias de hoje. Duby pertence à geração dos Annales que comemora a conquista, ou seja, a ultra-passagem dos obstáculos. Novos obstáculos existem, é apenas uma questão de saber percebê-los. Por exemplo? Duby aceitou o desafio de escrever “História da França”, uma obra que preocupa-se com aspectos políticos da França na Idade Média. Segundo ele, após a contribuição dos Anna-les, no sentido de ter enfatizado os movimentos profundos das estruturas e os choques da conjun-tura, a história está mais madura. Logo, após a compreensão da importância dos aspetos ineren-tes às sociedades, é chegada a hora de voltarmos nossa atenção para os aspectos que haviam sido deixados em segundo plano – como a política – visto que a História aprimorou seu olhar crítico e está pronta para deparar-se com este novo tipo de desafio. Ou melhor, antigo desafio. Mas a capacidade criativa não é inerte e, portanto, Duby prefere não ousar arriscar palpites sobre os caminhos que a História tomará. Ao proclamar que “a História continua”, Duby procura justi-ficar-se fazendo um balanço de sua vida e da vida da História na França. O título do capítulo que adotou para encerrar seu relato autobiográfico foi “Projetos”. Projetos são hipóteses de vida, não obras concluídas. Ao fazer isso, Duby esquivou-se de colocar um apressado ponto final em sua autobiografia. Ora, se assim tratou de sua pessoa, por que faria diferente com a própria História? Em todo seu relato, Duby preocupou-se em comunicar-nos hipóteses sobre o porvir da História. E como poderia ser diferente? Em se tratando de História, nunca nos depararemos com certezas. Todas as sentenças são frutos de interpretações, inclusive – e talvez, principalmente – aquelas que se referem ao futuro da História. Referências bibliográficas adicionais: DOSSE, François. A história à prova do tempo: da história em migalhas ao resgate do sentido. Capítulo: Georges Duby, o historiador da globalidade. Ensaios de Ego-História. Capítulo: O prazer do historiador, por Georges Duby. Email::
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