RESENHA: TRABALHADORES E SINDICATOS SINDICATOS NO BRASIL
Pablo Mateus dos Santos Jacinto 1
MATTOS, M. B.. Trabalhadores e sindicatos no Brasil . São Paulo, Editora Expressão Popular, 200. A prop propos osta ta de Marc Marcel eloo Bada Badar! r! Matt Mattos os "dou "douto torr e# $ist $ist!r !ria ia,, pro% pro%es esso sorr da &ni'ersidade (ederal (lu#inense e autor de di'ersos textos sobre o #undo do trabal)o, co# desta desta*ue *ue aos te#as te#as *ue en' en'ol' ol'e# e# #o'i# #o'i#ent entos os sociai sociais+, s+, ao escre' escre'er er o li'ro li'ro Trabal)adores e sindicatos no Brasil "MATTOS, 200+ %oi considerar os aspectos *ue, )istorica#ente, %o#entara# a necessidade de u#a orani-aão trabal)ista no Brasil. / i#portante ressaltar *ue a editora *ue publicou o li'ro %unciona co# u#a ideoloia pr!xi#a aos #o'i#entos sociais de luta pela terra, co# %orte % orte 'is #arxista, por ter sido ideali-ada por interantes do Mo'i#ento Se# Terra. O li'ro al'o desta resen)a %a parte de u#a coleão #aior, intitulada Trabal)o Trabal)o e E#ancipaão, E#ancipaão, e estas in%or#a3es 45 predi-e# a proposta proposta do con4unto da obra. Para alcanar os prop!sitos estabelecidos, o li'ro escrito traando linear#ente u# percurso )ist!rico, no decorrer de seis cap6tulos, no *ual aluns pontos #arcantes da )ist!ria brasileira ser'e# de anteparo para a an5lise das a3es trabal)istas. O autor di'ide os #o#entos de an5lise seuindo o tra4eto pol6tico da naão, en%ati-ando o #o#ent #o#entoo i#edi i#ediata ata#e #ente nte p!s7ab p!s7aboli olicio cionis nista ta "8ap6t "8ap6tulo ulo 19 A (or#a (or#aã ãoo da 8lasse 8lasse Trabal)adora9 Pri#eiros Mo#entos+, os per6odos da :ep;blica
o'erno olpe D o'a Transião Transião e#ocr5tica+ e as etapas #ais recentes da estrutura neoliberal *ue se i#ple#enta no pa6s desde a dcada de 0 do sculo passado "8ap6tulo C9 Os Sindicatos Brasileiros, da 8rise da itadura Militar D F#plantaão da itadura do Mercado+. 1
Estudante de Psicologia da Universidade do Estado da Bahia, 9º período.
Apesar do en%o*ue )ist!rico, o autor, %orte#ente inclinado aos estudos da socioloia, pre-a por discutir os aspectos sociais *ue se#pre per#eara# a 'ida dos trabal)adores, *uer se4a os aspectos co#porta#entais de rupo, os aspectos pol6ticos, ou os aspectos econG#icos. / i#portante ressaltar *ue, para cateori-ar a orani-aão trabal)ista brasileira, o li'ro se 'ale de di'ersas de#onstra3es de ati'idade trabal)ista, *ue não a pura ati'idade laboral. este #ontante insere#7se as re'es, as paralisa3es, as asse#bleias por cateoria, as neocia3es co# patr3es e o'ernos, en%i#, todas estas #obili-a3es *ue e'idencia# a existHncia e a atuaão de u# rupo de trabal)adores buscando arantir direitos de classe. O pri#eiro #o#ento descrito no li'ro u#a #obili-aão re'ista orani-ada por u# rupo de padeiros e# Santos, no ano 1IC, e encabeada por João de Mattos, na *ual os ob4eti'os se #escla'a# entre busca de #el)ores condi3es trabal)istas e luta pela abolião. O 'is abolicionista se 4usti%ica pelo %ato de *ue, na*uele per6odo, con%undia#7se as %un3es de trabal)adores escra'i-ados e trabal)adores li'res, 45 *ue estes rupos con'i'ia# e co#partil)a'a# ati'idades nos centros urbanos. / relatada a6, u#a proposta pioneira dos patr3es e# se orani-are# para en%ra*uecer as lutas trabal)istas. / i#portante ressaltar a preocupaão *ue o autor te# e# rediir o ter#o escra'i-ados e não escra'os, para deter#inar u#a condião *ue não natural, #as *ue %oi institu6da. Ap!s este per6odo, nos pri#!rdios da :ep;blica
o pri#eiro o'erno de >et;lio oulart, %icou e'idente *ue o o'erno neociaria co# os sindicalistas, contanto *ue os sindicatos %osse# leislados pelo Estado. a ditadura #ilitar, )a'ia u#a prioridade e# reestabelecer a econo#ia brasileira *ue )a'ia sido %erida nos o'ernos anteriores. este #o#ento, o controle das redes sindicais era essencial, 45 *ue u#a das estratias do o'erno seria instituir o arroc)o salarial, e seria necess5rio ter u# plano para e'itar as #ani%esta3es do operariado. O o'erno sabia da i#portLncia e da %ora dos sindicatos e busca'a apropriar7se dele não s! pelo 'is lealista, #as ta#b# in%iltrando peleos 2 ? *ue inclusi'e c)ea'a# aos caros dirientes ? para atuare# co#o in%or#antes. Outro #todo era en%ra*uecer a inclinaão pol6tica dos sindicatos, trans%or#ando7os e# polos assistencialistas ou burocr5ticos, e não espaos de discussão e construão. Ainda e# #eados do rei#e #ilitar, os trabal)adores ? incon%or#ados co# a no'a posião to#ada pelas entidades sindicais peleas ? le'anta# a ideia de u# #odelo 2
O ter#o peleo %oi utili-ado para no#ear as pessoas *ue trabal)a'a# direta#ente co# o o'erno e *ue se ca#u%la'a# entre os de#ais trabal)adores "a*ueles *ue se orani-a'a# nas estruturas sindicais+, co# a %inalidade de coletar in%or#a3es e ? obedecendo ordens o'ernistas 7 pro#o'er a3es as *uais, por'entura, poderia# en%ra*uecer os #o'i#entos sindicalistas.
ideal de sindicato, *ue seria a reto#ada da autono#ia sindical e do seu car5ter de orani-aão pol6tica e de#ocr5tica *ue orani-aria e to#aria iniciati'as %rente Ds ideias dos trabal)adores. Apesar de este #o'i#ento ter sido o estopi# para o au#ento de re'es "aora destacando7se as re'es por cateoria+, o rano dos sindicatos o%iciais não per#itia #aiores a'anos na estrutura sindical. A dcada de 0 #arcada por alu#as caracter6sticas be# espec6%icas ? a exe#plo da internacionali-aão do capital, da a#pliaão do setor de ser'ios sobre a ind;stria, e do r5pido desen'ol'i#ento tecnol!ico. Fsto exiiu rapida#ente u# n6'el de *uali%icaão *ue os trabal)adores não possu6a#, o *ue erou de#iss3es #assi'as "dese#preo estrutural+. As orani-a3es trabal)istas necessita'a#, desta %or#a, abarcar esta parcela de trabal)adores *ue não esta'a trabal)ando, e este %oi u# dos seus percursos neste per6odo. Por outro lado, #uitos sindicatos %icara# do lado do patronato por acreditare# *ue a #anutenão dos postos de trabal)o era a pauta priorit5ria, na*uele #o#ento. Todos estes %atores, per#eados pela pol6tica neoliberal, perdurara# inclusi'e durante o o'erno Nula, *ue %oi u# sindicalista no rei#e #ilitar e de%endia o no'o sindicalis#o, #as na pr5tica, não trouxe randes a'anos Ds lutas trabal)istas e# seu o'erno. O li'ro se encerra co# aluns pontos *ue o autor estabelece en*uanto i#portantes para a reto#ada da ati'idade sindical ideal "*ue de'eria, seundo ele, se rea%ir#ar en*uanto #o'i#ento autGno#o e anticapitalista+. Ta#b# seria interessante a#pliar as lutas e# busca da reduão da 4ornada de trabal)o e aliar o debate aos ser'ios p;blicos e seus usu5rios, e# busca de cooperaão e co#preensão das di'ersas cateorias. 8onsiderando estes aspectos, Mattos insere7se de %or#a pertinente %a-endo u#a an5lise pro%unda dos aspectos )ist!ricos da orani-aão trabal)ista no Brasil, não se %urtando a %a-er cr6ticas sobre a con4untura sindical de certos #o#entos "dentre eles, o %orte #o#ento neoliberal deste in6cio de sculo+. Fsto, pro'a'el#ente, pelo %ato de o autor se #ostrar inclinado Ds propostas basais do #o'i#ento sindical. O li'ro conseue passar para o leitor u#a 'isão #ais a#pla acerca dos ideais pri#ordiais do sindicalis#o autGno#o e e%iciente, o *ue per#ite a *ue# ler co#preender o por*uH das cr6ticas endereadas D estrutura sindical nos per6odos citados. A obra obt# sucesso e# elucidar o leitor acerca dos aspectos sociopol6ticos dos di'ersos #o#entos 'i'idos pelas classes trabal)istas do Brasil. Saber u# pouco da )ist!ria brasileira a4uda a entender as an5lises %eitas na obra, e os #ais a%iados pode# at estabelecer outras lia3es co# aspectos pouco in'estidos por Mattos neste li'ro
"co#o criar rela3es entre a con4untura pol6tica #undial dos per6odos do ;lti#o sculo e a situaão trabal)ista no Brasil+. A l!ica seuida pelo autor no decorrer da obra per#ite #el)or co#preensão da situaão sindicalista atual "#ais inclinada Ds neocia3es co# o o'erno e apropriada da pol6tica partid5ria+, principal#ente para a*ueles *ue possue# alu#a relaão co# as lutas trabal)istas. ota7se *ue, apesar de todas as pistas concedidas nas entrelin)as do li'ro, na escol)a da editora para publicaão dos seus estudos, e na escol)a da te#5tica de an5lise, não )5 u#a den;ncia clara do posiciona#ento #arxista do autor. Fsto torna a obra #ais acess6'el ao p;blico *ue ? #ini#a#ente ? se interessa pela )ist!ria dos trabal)adores brasileiros, se# erar descon%orto causado por randes di'erHncias ideol!icas entre o leitor e o conte;do do texto.