Adalberto B. M. S. Bassi
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Bases da Mecânica e da Termodinâmica Termodinâmica dos Meios Contínuos
Universidade Estadual de Campinas Instituto de Química Campinas 2011
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNICAMP Sistemas de Bibliotecas da UNICAMP / Diretoria de Tratamento da Informação Bibliotecário: Maria Lúcia Nery D. de Castro – CRB-8ª / 1724
B294b
Bassi, Adalberto Bono Maurizio Sacchi Bases da mecânica e da termodinâmica dos meios contínuos / Adalberto Adalberto B. M. S. Bassi. Bassi. -- Campinas, SP: UNICAMP/Instituto de Química, 2011. “Disponível no site ChemKeys (http://www.chemkeys.com) (http:// www.chemkeys.com) sob licença Creative Commons (http://www.creativecommons.org.br)” 1. Termodinâmica. 2. Química. Química. 3. Físico-química. Físico-química. I. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Química. II. Título. CDD – 541.369 – 540 – 541.3
ISBN 978-85-268-0948-2 (Suporte: Papel) ISBN 978-85-268-0949-9 (Suporte: Internet)
Palavras Chave:
Mecânica; Termodinâmica; Meios Contínuos; Álgebra Tensorial; Análise Tensorial; Termomecânica; Não Linearidade; Materiais; Matemática Aplicada; Físico-Química
Keywords:
Mechanics; Thermodynamics; Continuous Media; Tensor Algebra; Tensor Analysis; Thermomechanics; Non Linearity; Materials; Applied Mathematics; Physical Chemistry Equipe:
Capa: Giancarlo M. Stein dos Santos Editor: João Carlos de Andrade Universidade Estadual de Campinas
Instituto de Química Caixa Postal 6154 13084-970 Campinas (SP)
2011© Adalberto B. M. S. Bassi Disponível no site ChemKeys (http://www.chemkeys.com) (http://www.chemkeys.com) sob licença l icença Creative Commons (http://www.creativecommons.org.br)
Sobre o Autor Adalberto B. M. S. Bassi nasceu em 1945, em Niter´oi, RJ e formou-se Qu´ımico Industrial em 1966, pela antiga Escola Nacional de Qu´ımica da Universidade do Brasil, hoje Escola de Qu´ımica da UFRJ. Fez p´ os-gradua¸c˜ao no Centro Brasileiro de Pesquisas F´ısicas e ingressou no corpo docente do Instituto de Qu´ımica da UNICAMP em 1970, onde permanece at´e o presente momento. Doutorou-se pelo Instituto de Qu´ımica da UNICAMP em 1976, com uma tese na ´area de interpreta¸ca˜o, por meios mecˆanico-quˆanticos, de intensidades roto-vibracionais de mol´eculas em estado gasoso. Em 1977, fez p´ osdoutorado junto ao Quantum Theory Project da University of Florida e, posteriormente, nesta mesma a´rea foram defendidos, sob sua orienta¸ca˜o, trabalhos de mestrado e doutorado. Dedicou-se, ent˜ ao, a diversas atividades acadˆemico-administrativas, entre as quais destacam-se a de Diretor do Instituto de Qu´ımica da UNICAMP e a de Pr´ o-Reitor de Ensino de Gradua¸c˜ao da mesma Universidade. Ultimamente, restringe suas atividades acadˆemico-administrativas apenas a fun¸ c˜oes eletivas de representa¸ca˜o, junto aos o´rg˜aos colegiados superiores do Instituto e da Universidade, porque prioriza a pesquisa, a orienta¸ca˜o e o ensino em Mecˆ anica e Termodinˆ amica dos Meios Cont´ınuos, bem como em Termodinˆ amica dos Processos Homogˆeneos.
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Preˆ ambulo A mecˆanica dos meios cont´ınuos ´e um desenvolvimento da antiga mecˆ anica dos fluidos, a qual n˜ao considerava a segunda lei da termodinˆ amica. Ambas s˜ao ciˆencias para o mundo macrosc´opico, ou seja, como tamb´em faz qualquer outra ciˆencia cl´ assica, por causa da utiliza¸ca˜o do c´alculo diferencial e integral, elas extrapolam o comportamento macrosc´ opico para regi˜ oes microsc´ opicas, onde na verdade tal comportamento n˜ ao ocorre. Ali´ as, a confirma¸ca˜o experimental da corre¸ca˜o dos resultados obtidos mediante esta extrapola¸ c˜ao, em todas as ciˆencias cl´ assicas, foi o principal motivo porque tantos excelentes cientistas do passado defenderam ardorosamente a continuidade da mat´ eria. Hoje, sabe-se que esta extrapola¸ ca˜o ´e correta desde que sejam considerados exclusivamente os seus resultados no mundo macrosc´ opico. A mecˆanica dos meios cont´ınuos, por´em, n˜ ao ´e s´o um aperfei¸coamento da mecˆ anica dos fluidos. Ao incorporar a segunda lei e, em consequˆencia, propriedades como a energia de Gibbs, ela mostra suas profundas ra´ızes na termodinˆ amica cl´assica. Por´em, ao contr´ ario desta mas como faz a mecˆ anica newtoniana, a mecˆ anica dos meios cont´ınuos considera que os valores das grandezas materiais variam no tempo e no espa¸ co. Por isto, os seus processos n˜ ao s˜ao homogˆeneos e atemporais, como os da termodinˆ amica cl´assica. Tamb´em por isto, ela n˜ ao est´ a restrita a processos limites, nem a apenas interligar estados de equil´ıbrio. Ela pretende que o seu modelo represente o mundo macrosc´ opico real de modo muito mais pr´ oximo e detalhado do que o faz o modelo da termodinˆ amica cl´assica. Por outro lado, o uso intenso de funcionais constitutivos evidencia a absor¸ c˜ao, por parte da mecˆ anica dos meios cont´ınuios, dos conceitos b´ asicos da termodinˆ amica dos processos irrevers´ıveis. Estas duas ra´ızes s˜ a o t˜ ao fundamentais quanto aquela na mecˆ anica dos fluidos. A elas ´e adicionado o arsenal matem´ atico que a an´alise tensorial disponibiliza, facilitando um enfoque pragm´ atico e computacional extremamente util ´ para a engenharia dos materiais. A uni˜ ao de teorias que se sintetizou na mecˆ anica dos meios cont´ınuos apresenta um enorme potencial, inclusive porque a an´ alise tensorial ´e uma poderosa ferramenta matem´ atica moderna, absolutamente n˜ ao dispon´ıvel na ´epoca em que a termodinˆ amica cl´assica foi desenvolvida. De acordo com a mecˆ anica dos meios cont´ınuos, o que se conserva ´e a energia total, n˜ao ´e a energia interna. A conserva¸ c˜ao da energia ´e colocada como um dos pilares desta ciˆencia, junto com as conserva¸ co˜es da massa e dos momentos linear e angular. Por outro lado, frequentemente a segunda lei da termodinˆ amica ´e tratada como uma mera condi¸ ca˜o limitante, a ser inclu´ıda na constru¸ca˜o dos funcionais constitutivos. Por isto, embora a existˆencia das mencionadas ra´ızes termodinˆ amicas, este nome nem sempre ´e associado `a mecˆ anica dos meios cont´ınuos. Ali´ as, os t´ıtulos das sete referˆencias b´ asicas listadas na bibliografia evidencia a diversidade de nomes usados para designar esta ciˆencia. Este autor prefere manter associadas as palavras mecˆ anica e termodinˆ amica, como fazem os ii
t´ıtulos da primeira e quarta referˆencias. Isto parece correto porque come¸ ca-se a perceber uma baixa utiliza¸c˜ao do potencial antes mencionado, n˜ ao sob o enfoque da engenharia ou do desenvolvimento de “softwares”, mas sim sob o aspecto conceitual f´ısico-qu´ımico. De fato, feita exce¸ c˜ao a numerosos trabalhos puramente matem´ aticos, parece haver pouco interesse em tentar melhorar o entendimento dos conceitos fundamentais em que se baseia a mecˆ anica dos meios cont´ınuos. Pelo contr´ ario, percebe-se a tendˆencia de apenas aplic´ a-los, de modo cada vez mais eficiente e produtivo, naquilo que j´ a se sabe conduz a resultados experimentalmente corretos. Logo, estreitar a associa¸ca˜o entre a mecˆ anica e a termodinˆ amica, a primeira fortemente matem´atica e a segunda intensamente conceital, parece proveitoso para esta ciˆencia. Talvez, um dos maiores motivos deste aparente desinteresse esteja nos conhecimentos matem´aticos necess´ arios para uma precisa compreens˜ ao conceitual do que as equa¸co˜es refletem. De fato, trata-se de uma base matem´ atica incomum entre qu´ımicos e at´e mesmo entre f´ısicos, a n˜ao ser nos seus aspectos puramente operacionais. O objetivo deste texto ´e ajudar na aquisi¸ca˜o desta base matem´ atica conceitual, sem a qual ´e realmente imposs´ıvel entender o significado f´ısico das equa¸ c˜oes utilizadas pela mecˆ anica dos meios cont´ınuos. Este texto n˜ ao se destina a matem´ aticos, mas sim a leitores que possuam conhecimentos apenas operacionais, ou rudimentares, de c´ alculo diferencial e integral. Ele inicia-se com um longo cap´ıtulo de a´lgebra e c´ alculo tensorial, seguido por um cap´ıtulo de cinem´atica onde alguns conceitos f´ısicos come¸ cam a aparecer. A parte fundamental do segundo cap´ıtulo ´e a sua se¸ ca˜o sobre movimento, mas a compreens˜ ao deste conceito exige a leitura das se¸co˜es anteriores, principalmente da primeira. A u´ltima se¸ca˜o deste cap´ıtulo ´e um pouco mais complexa, mas n˜ ao pode deixar de ser entendida, porque ser´a usada em cap´ıtulos posteriores. O terceiro cap´ıtulo, sobre balanceamento, engloba a conceitua¸ca˜o f´ısica principal. No u´ltimo cap´ıtulo s˜ao colocadas algumas no¸co˜es b´ asicas sobre os funcionais constitutivos. Este texto segue, em suas linhas gerais, o apˆendice e os primeiros trˆes cap´ıtulos da segunda referˆencia citada procurando, por´em, ser mais acess´ıvel para o leitor n˜ ao matem´a tico. Devido a` forte admira¸ca˜o do autor pela pen´ ultima referˆencia, este texto ´e inevitavelmente influenciado por ela. Sofre, tamb´em, as consequˆencias de ser o autor muito interessado na termodinˆ amica dos processos homogˆeneos, que ´e uma vis˜ ao temporal da termodinˆ amica cl´assica, muito u ´til no estudo de estados da mat´eria homogˆeneos, mas n˜a o est´ aveis, tais como vidros, l´ıquidos superresfriados etc. A primeira referˆencia ´e extremante atual e abrangente. A ultima, ´ por causa da proposi¸ca˜o da desigualdade de Clausius-Duhem, ´e geralmente considerada o marco inicial da mecˆ anica e termodinˆ amica dos meios cont´ınuos. Sem dem´erito para dezenas de outras excelentes referˆencias, o autor considera as sete selecionadas como os marcos principais desta teoria. Campinas, janeiro de 2011.
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Sum´ ario 1 An´ alise Tensorial Elementar 1.1 S´ımbolos, Fun¸ca˜o e Funcional, Matriz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ´ 1.2 Algebra Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.1 Espa¸co Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.2 Produto Interno de Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.3 Base Dual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.4 Produto Tensorial de Vetores e Tensor de Segunda Ordem . . . . 1.2.5 Transposi¸c˜ao de Tensor Simples, de Segunda Ordem e Troca entre ´Indice e Super´ındice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.6 Composi¸ca˜ o de Tensores de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . 1.2.7 Tensor de ordem k . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.8 Regras para Transforma¸ ca˜o de Componentes de Vetor e de Tensor de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.9 Determinante e Tra¸ co . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.10 Produto Interno, Invers˜ ao, Ortogonalidade e Grupo de Tensores de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.11 Elemento de Volume . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.12 Produto Externo e Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.13 Teoremas para a Mecˆ anica dos Meios Cont´ınuos . . . . . . . . . . 1.2.14 Espa¸co Euclideano de Pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3 C´alculo Tensorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3.1 Diferencia¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3.2 Aplica¸co˜es da Diferencia¸ca˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3.3 Sistemas de Coordenadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3.4 Derivadas Covariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3.5 Operadores para a Mecˆ anica dos Meios Cont´ınuos . . . . . . . . . 2 Cinem´ atica 2.1 Configura¸c˜ao e Deforma¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.1.1 Gradiente de Deforma¸c˜ao . . . . . . . . . . . . . . . 2.1.2 Diferenciais Definidos pelo Gradiente de Deforma¸ c˜ao 2.1.3 Mudan¸ ca de Configura¸c˜ao Referencial . . . . . . . . . 2.2 Tra¸ca˜o e Rota¸ca˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 Tra¸ca˜o e Rota¸ca˜o Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4 Movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4.1 Conceito B´ asico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4.2 Descri¸c˜oes Material e Espacial . . . . . . . . . . . . . 2.5 Deforma¸ c˜ao Relativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . iv
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1 1 8 8 9 10 12 17 20 21 22 25 33 36 41 45 50 51 51 58 66 70 75
82 82 82 84 87 87 89 94 94 95 99
2.5.1 Conceito e Exemplo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5.2 Velocidade de Altera¸ c˜ao da Tendˆencia de Deforma¸c˜ao . 2.6 Mudan¸ ca de Estrutura Referencial . . . . . . . . . . . . . . . . 2.6.1 Transforma¸ca˜o Euclideana . . . . . . . . . . . . . . . . 2.6.2 Transforma¸co˜es Galileiana e R´ıgida Independente de t . 2.6.3 Aplica¸co˜es para Grandezas Cinem´ aticas . . . . . . . . . 2.6.4 Derivada Temporal Corotacional . . . . . . . . . . . .
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99 101 104 104 107 108 111
3 Balanceamento 3.1 Equa¸co˜es de Balanceamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1.1 Equa¸co˜es de Balanceamento na Configura¸c˜ao Corrente . . . . . . 3.1.2 Equa¸co˜es de Balanceamento na Configura¸c˜ao Referencial . . . . . 3.1.3 Compatibilidade Cinem´ a tica da Superf´ıcie Singular . . . . . . . . 3.2 Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3 Dinˆ amica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.1 Momentos Linear Angular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.2 For¸ca e Torque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.3 Tensor de Tra¸ c˜ao de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.4 Balanceamento de Momentos Linear e Angular . . . . . . . . . . . 3.3.5 Balanceamento de Energia Cin´e tica . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.6 Balanceamento de Energias Total e Interna . . . . . . . . . . . . . 3.4 Equa¸co˜es Complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4.1 Equa¸co˜es de Campo e de Rankine-Hugoniot na Descri¸ca˜o Material 3.4.2 Condi¸ c˜oes de Fronteira do Corpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4.3 Equa¸co˜es de Campo em Estrutura Referencial Arbitr´ aria . . . . .
112 112 112 118 122 123 126 126 128 129 131 133 135 139 139 141 142
4 Princ´ıpios B´ asicos das Teorias Constitutivas 4.1 Campos B´ asicos, Fun¸co˜ es e Funcionais Constitutivos 4.2 Princ´ıpio de Objetividade Material . . . . . . . . . . 4.2.1 Conceito Fundamental . . . . . . . . . . . . . 4.2.2 Aplica¸ca˜o a` Configura¸ca˜o Referencial . . . . . 4.2.3 Aplica¸ca˜ o a Classes Particulares de Materiais 4.3 Material Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
145 145 147 147 148 150 151
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Cap´ıtulo 1 An´ alise Tensorial Elementar 1.1
S´ımbolos, Fun¸c˜ ao e Funcional, Matriz
Nota¸c˜ ao 1.1.1 (S´ımbolos) O campo dos n´ umeros reais ´e representado por . A n˜ao ser no caso de s´ımbolos convencionais, como por exemplo o tensor elemento de volume e, de um modo geral escalares (tensores de ordem zero) ser˜ ao representados por letras min´ usculas em it´alico (a, α,...), vetores (tensores de primeira ordem) por letras min´ usculas romanas em negrito (u, v, . . . ) e tensores (de qualquer ordem salvo nula e primeira) por letras mai´ usculas it´alicas (T , F ,. .. ). O tensor identidade ser´a representado 1 , enquanto que a matriz identidade ser´a representada por [1]. Entretanto, letras it´alicas min´ usculas e mai´ usculas poder˜ ao ter outros significados, desde que estes sejam explicitamente informados. Trechos em negrito correspondem a chamadas no ´ındice e, quando deseja-se ressaltar uma palavra, ela ´e sublinhada por tra¸ co duplo. S´ımbolos matem´ aticos :
∈ pertence a ou pertencente a; ⊂ subconjunto de; ∀ para todo; ∃ existe; {·} conjunto constitu´ıdo pelo(s) elemento(s) representado(s) por · ; (·) conjunto ordenado constitu´ıdo pelo(s) elemento(s) representado(s) por · ; [·] matriz constitu´ıda pelo(s) elemento(s) representado(s) por · ; ·[·] aplica¸ca˜o do tensor representado pelo primeiro · ao tensor representado pelo segundo; | onde;
t´ermino de demonstra¸ c˜ao.
Defini¸ca ˜o 1.1.1 (Fun¸c˜ ao e Funcional) Sejam dois conjuntos, A e B, de escalares, vetores, tensores, ou de n-uplas (por exemplo, se n = 2 s˜ao duplas, o que significa o mesmo que pares ordenados) constitu´ıdas por escalares, vetores, ou tensores. Por
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defini¸ca˜o, uma regra que relaciona cada elemento de A a, no m´aximo, um u ´nico elemento de B, ´e uma fun¸c˜ B. A express˜ ao g : a b a ao g representada por g : A A, b B indica que, quando a fun¸c˜ao for aplicada ao espec´ıfico elemento a, que ser´ a chamado o argumento da fun¸ca˜o, este elemento ser´ a relacionado ao espec´ıfico elemento b, chamado imagem da fun¸c˜a o, formando o par ordenado (a, b). Por exemplo, cos : π/3 0, 5 π/3, 0, 5 , formando o par ordenado (π/3, 0, 5). O conjunto de todos os pares ordenados criados pela fun¸c˜ao g ´e a pr´ opria fun¸ca˜o g, porque tal conjunto explicita a regra que relaciona cada elemento de A a, no m´aximo, um elemento de B. ao correspondente ao arO par ordenado (a, b), portanto, ´e o elemento da fun¸c˜ gumento a (n˜ao a` imagem b, porque v´arios argumentos podem corresponder a` mesma ´ muito frequente o uso da representa¸c˜ ao g(a) para imagem, mas n˜ao o vice-versa). E indicar b, ou seja, define-se b g(a) e costuma-se afirmar que “b ´e fun¸ca˜ o de a” para indicar que b ´e a imagem correspondente ao argumento a, atrav´es da fun¸ca˜o g. Se o conjunto B for constitu´ıdo exclusivamente por escalares (ou vetores, ou tensores etc.), costuma-se afirmar que g ´e uma “fun¸c˜ao escalar” (ou vetorial, ou tensorial etc.), para indicar que a imagem da fun¸ca˜o g ´e necessariamente escalar (ou vetorial, ou tensorial etc.). Por outro lado, a representa¸ca opria fun¸ca˜o g, ˜o g( ) ´e utilizada para indicar a pr´ portanto g g( ). Se, para um espec´ıfico conjunto de argumentos a da fun¸ca˜o g : a b, a toda imagem b de a corresponder um u´nico argumento a, g ser´a dita fun¸c˜ao de um para um em e g −1 : b a a ser´a a inversa em da fun¸ca˜o g. Neste caso poder-se-´ a, tamb´em, afirmar que a fun¸ca˜o g ´e invert´ıvel em . Evidentemente, existe a possibilidade de que abranja todos os poss´ıveis argumentos da fun¸ c˜ao, situa¸c˜ao esta em que a express˜ ao “em ” ´e omitida. Sejam, agora, dois conjuntos, C e D, de escalares, vetores, tensores, fun¸ c˜oes h : A B ou de n-uplas constitu´ıdas por escalares, vetores, tensores ou fun¸ c˜oes h : A B. Por defini¸ca˜o, uma regra que relaciona cada elemento de C a, no m´aximo, um u ´nico elemento de D, ´e um funcional representado por : C D. Um tipo extremamente simples de funcional ´e a fun¸c˜ao, j´a discutida, porque a defini¸ca˜o de funcional ´e uma amplia¸ ca˜o da defini¸ca˜o de fun¸c˜ao, logo n˜ao exclui esta u´ltima. Por isto, tudo o que se seguiu a` seten¸ca de defini¸c˜ao de fun¸ca˜o, at´e ao fim do par´agrafo anterior, pode ser analogamente colocado para funcional. Por´em, usa-se o nome funcional apenas quando pelo menos um, entre os argumentos e imagens de considerados, for uma fun¸ca˜o, ou uma n-upla contendo pelo menos uma fun¸c˜ao, porque, quando isto n˜ao ocorrer, seria uma in´ util complica¸ca˜o usar o nome funcional, ao inv´es de fun¸ ca˜o, j´a que esta ´e uma denomina¸ca˜o muito mais conhecida. c˜ ao Considerando esta restri¸c˜ao, o exemplo mais simples de funcional ´e a composi¸ de fun¸c˜ oes, que pode ser grafada g 3 = g 2 g1 , onde g1 ´e a fun¸c˜ao argumento, = g 2 ´e o funcional e g 3 ´e a fun¸ca˜o imagem, logo g 3 = g 2 g1 ´e um caso espec´ıfico da express˜ ao mais geral g 3 = (g1 ). Impor = g 2 ´e igual a impor que, se g 1 : x y e g3 : x z , exista g2 : y z . Conforme ser´ a exemplificado a seguir, a existˆencia de g2 : y z corresponde a uma simplifica¸ca˜o t˜ ao radical, em rela¸c˜ao a` express˜ ao g3 = (g1 ), sendo ario para explicar g1 : x y e g3 : x z , que o pr´oprio conceito de funcional ´e desnecess´ a composi¸ca˜o de fun¸co˜es, assim como ´e desnecess´ ario para explicar a fun¸ca˜o. Por isto, n˜ao se usa o nome funcional no caso de composi¸ca˜o de fun¸co˜es, a qual ´e tamb´em chamada fun¸c˜ao de fun¸c˜ ao. Como a imagem z ´e a mesma, ´e usual escrever g(x) = g(y), ao inv´es
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∈
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|
→ | ∈
∈
≡
·
≡ · ∈ D D
D → | ∈ D
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D D
D D
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F
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F
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F →
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F
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F
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F
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2
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da representa¸c˜ao mais rigorosa g3 (x) = g 2 (y). Para exemplificar uma composi¸ca˜o de fun¸co˜es, seja y = g 1 (x) = sen x e z = g 2 (y) = cos y, logo z = g3 (x) = cossen x, onde a fun¸c˜ao sen ´e o argumento que o funcional cos relaciona a` fun¸ca˜o imagem cos sen. Note que, para que o funcional cos defina o elemento (x, z ) da sua fun¸ca˜o imagem cos sen, basta que seja conhecido o elemento (x, y) da sua fun¸ca˜o argumento sen. Isto ocorre porque existe a fun¸ c˜ao g 2 : y z , neste exemplo dada por cos : y z . Em geral, por´em, o conhecimento da fun¸ c˜ao imagem de um funcional, ou mesmo de apenas um elemento dela, exige o conhecimento de mais do que um u ´ nico elemento de pelo menos uma entre as fun¸ c˜oes presentes no seu argumento. Coerentemente com o afirmado no par´ agrafo anterior, usar-se-´ a o nome funcional somente quando houver esta exigˆencia, que n˜ ao existe no caso da composi¸c˜ao de fun¸co˜es. Os tipos mais conhecidos de funcionais s˜ ao a deriva¸ca˜o e a integra¸ca˜o, que s˜ao regras que relacionam fun¸co˜es entre si e que exigem o conhecimento de mais do que um unico ´ elemento das fun¸c˜oes argumento. A deriva¸ca˜o e a integra¸ca˜o s˜ao exemplos de funcionais universais, no sentido que s˜ ao regras que n˜ ao dependem de caracter´ısticas espec´ıficas do problema a ser resolvido. Por isto, mais uma vez, a deriva¸ c˜ao e a integra¸ca˜o costumam ser apresentadas sem que o conceito de funcional seja previamente colocado. Mas existem funcionais n˜ ao universais, cuja compreens˜ ao exige que o conceito de funcional seja previamente apresentado. Eles aparecem em v´ arias ciˆencias f´ısicas. Por exemplo, na mecˆ anica e termodinˆ amica dos meios cont´ınuos s˜ ao utilizados funcionais constitutivos, cujas formas dependem de especificidades do material considerado.
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→
→
Nota¸c˜ ao 1.1.2 (Einstein) Um super´ındice, geralmente, ´e escrito entre parˆentesis, para n˜ao ser confundido com um expoente. Por exemplo, pode-se ter ai ou a(i) , de acordo com a preferˆencia quanto a numerar a por meio de ´ındices ou super´ındices i = 1, 2, 3, . . . (considere que a n˜ao necessariamente seja um escalar). Por´ em, de acordo com a nota¸ c˜ao de Einstein, os parˆentesis s˜ ao omitidos do super´ındice. Outra caracter´ıstica desta nota¸ c˜ao ´e que, num produto, quando um mesmo indicador aparecer uma vez como ´ındice e outra como super´ındice, subentende-se o somat´ orio do produto para todos os valores poss´ıveis do indicador. Por exemplo, ai bi , sendo i = 1, 2ou3, implica em a1 b1 + a 2 b2 + a 3b3 , enquanto que a i bi representa o somat´ orio a 1 b1 + a2 b2 + a3 b3 . Mas, se o indicador aparecer duas vezes como ´ındice, ou como super´ındice, o somat´ orio n˜ao estar´ a subentendido. Portanto tanto ai bi como ai bi se referem a um u ´ nico entre os poss´ıveis valores permitidos para i. Para indicar a 1 b1 + a2 b2 + a3 b3 , ou a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 , deve-se respectivamente escrever 3i=1 ai bi , ou 3i=1 ai bi . O indicador somativo pode ser um ´ındice e um super´ındice que apresentem a mesma base. Por exemplo, sendo i = 1, 2 ou 3, tem-se T i i = T 1 1 + T 2 2 + T 3 3 . Podem, tamb´ em, ocorrer dois ou mais indicadores somativos. Por exemplo, g i j T i j indica a aplica¸ ca˜o sequencial dos somat´ orios em i e em j, sendo indiferente qual dos dois somat´orios ´e o primeiro a ser efetuado. Ap´ os efetuado o primeiro somat´ orio (se i = 1, 2 ou 3, aplicando inicialmente o somat´ orio em i a gi j T i j ter-se-´a g1 j T 1 j + g2 j T 2 j + g3 j T 3 j ), aparecem termos formados por fatores com ´ındice e super´ındice alfanum´ ericos iguais, o que exige a aplica¸ca˜o dos somat´ orios correspondentes a` parte alfab´etica dos ´ındices e super´ındices, para cada um destes termos. A nota¸ c˜ao de Einstein ser´ a subentendida a partir deste ponto do texto.
3
Defini¸ca ˜o 1.1.2 (Matriz) Seja um conjunto A, cujos elementos n˜ ao necessariamente s˜a o escalares e seja o conjunto I , formado pelos m primeiros n´ umeros naturais (os n´umeros naturais s˜ ao os inteiros positivos). Suponha que exista uma fun¸ca˜o ordenadora φ : I A tal que, i I , φ : i ai ai A, ou φ : i ai a i A, de acordo com o s´ımbolo escolhido para a imagem de φ ser, respectivamente, ai ou ai . Logo, a fun¸ca˜o φ cria, respectivamente, o conjunto ordenado (a1 , a2 , . . . , am−1 , am ) (ai )m i=1 , ou (a1 , a2 , . . . , am−1 , am ) (ai )m i=1 , usando elementos do conjunto A e representando por ai , ou a i , o elemento que ela associa a cada n´ umero natural i. Neste texto, tal conjunto ordenado ser´ a geometricamente representado, respectivamente, pela matriz coluna [ai ] i ou [a ], onde a 1 ou a 1 ´e colocado na linha superior, a 2 ou a 2 na linha logo abaixo da linha superior e assim sucessivamente, at´e a m−1 ou a m−1 na linha logo superior a` linha inferior e am ou am na linha inferior. Note que, embora neste texto o s´ımbolo [ai ], ou [ai ], sempre indique a mencionada matriz coluna, outras representa¸ c˜oes geom´etricas s˜ ao poss´ıveis para o conjunto ordenado considerado. Por exemplo, poderia ser imaginada uma representa¸ c˜ao sob a forma de uma matriz linha, ou mesmo uma matriz circular, onde fosse colocado a1 ou a1 na posi¸ca˜o em que se encontra o n´ umero doze no mostrador de um rel´ ogio anal´ ogico, seguido no 2 sentido hor´ ario pelos demais elementos a 2 ou a etc., espa¸cados entre si por arcos de igual comprimento. O que ´e significativo, portanto, ´e o conjunto ordenado, n˜ ao a representa¸ca˜o geom´etrica por matriz coluna que foi para ele convencionada. Seja, agora, o mesmo conjunto A e sejam os conjuntos I e J , respectivamente formados pelos m e pelos n primeiros n´ umeros naturais. Suponha que exista uma fun¸ ca˜o ordenadora φ : I J A tal que, i I e j J , tenha-se ou φ : (i, j) a i j ai j A, ou φ : (i, j) ai j ai j A, ou φ : (i, j) ai j ai j A, ou φ : (i, j) ai j ai j A,
→
∀ ∈
→ | ∈
≡
≡
× → → | ∈
→ | ∈
∀ ∈ ∀ ∈ → | ∈
→ | ∈ → | ∈
de acordo com o s´ımbolo escolhido para a imagem de φ ser, respectivamente, ai j , ai j , ai j ou ai j . Logo, a fun¸ ca˜o φ cria, respectivamente, o conjunto ordenado (ai j )m,n i=1, j =1 , m,n i i j m,n ou (ai j )m,n i=1, j =1 , ou (a j )i=1, j =1 , ou (a )i=1, j =1 , usando elementos do conjunto A e re-
presentando por ai j , ou ai j , ou ai j , ou ai j , o elemento que ela associa a cada par ordenado de n´ umeros naturais (i, j). Note a conven¸ c˜a o adotada, no sentido de que a ordem esquerda/direita dos indicadores (sejam eles ´ındices ou super´ındices), no elemento de A associado ao par ordenado, sempre ´e a ordem esquerda/direita conforme a qual, no par considerado, aparecem os n´ umeros naturais. j m,n m,n i Neste texto, o conjunto ordenado (ai j )m,n i=1, j =1 , ou (ai )i=1, j =1 , ou (a j )i=1, j =1 , ou (ai j )m,n a geometricamente representado, respectivamente, pela matriz retangular i=1, j =1 , ser´ [ai j ], ou [ai j], ou [ai j ], ou [ai j ], onde o indicador a` esquerda sinaliza a linha enquanto que o indicador a` direita mostra a coluna, independentemente deles aparecerem como ´ındices ou super´ındices. Novamente, o que ´e significativo ´e o conjunto ordenado, n˜ ao a representa¸c˜ao geom´etrica por matriz retangular que foi para ele convencionada. Por exemplo, seja A o infinito conjunto cont´ avel dos quocientes das divis˜ oes de todos os n´ umeros naturais por todos os n´ umeros naturais e seja a fun¸c˜ao φ tal que a imagem do par ordenado (i, j) seja o quociente i/j, logo a imagem do par ordenado ( j, i) seja o quociente j/i. No caso do par ordenado (i, j), tal imagem pode ser representada por ai j , ou ai j , ou a i j , ou ai j . Por outro lado, se o par ordenado for ( j, i), a representa¸ca˜o 4
poderer´ a ser a j i , ou a j i , ou a j i , ou a j i . Note que a fun¸ca˜o φ foi definida de modo tal que, nestas oito poss´ıveis representa¸ c˜oes da sua imagem, o indicador a` esquerda sempre seja o numerador do quociente, independentemente dele ser ´ındice ou super´ındice e, tamb´em, independentemente da letra usada neste indicador ser i ou j (analogamente para o indicador a` direita). Escolhamos, arbitrariamente, o s´ımbolo ai j, ou seja, consideremos ai j = i/j. Neste j caso, a fun¸c˜ao φ criou o conjunto ordenado (ai j )m,n = i/j, geometricamente i=1, j =1 ai
|
representado pela matriz retangular [ai j ]. Como foram inclu´ıdos, como numeradores, os n´umeros naturais desde i = 1 at´e i = m, a matriz apresenta m linhas. Por outro lado, foram considerados os denominadores desde j = 1 at´e j = n, logo a matriz tem n colunas. Mas, se de modo igualmente arbitr´ ario escolhermos o s´ımbolo a j i , logo considerarmos i a j i = j/i, a fun¸ca˜o φ criar´ a o conjunto ordenado (a j i ) jn,m =1, i=1 a j = j/i, geometricamente representado pela matriz retangular [a j i ]. Esta, evidentemente, apresenta n linhas e
|
m colunas. Note que as matrizes [ai j ] e [a j i ] s˜ao iguais nas suas respectivas partes quadradas, as quais contˆem um n´ umero l de linhas e colunas igual ao menor entre m e n, l, j =l ou seja, a i j = a j i ii= =1, j =1 . Mas, nas suas respectivas partes restantes, todos os elementos de cada uma das duas matrizes s˜ ao diferentes daqueles apresentados pela outra. i Isto mostra que, se m = n, ent˜ao [ai j ] = [a j ], o que pode confundir quem est´ a acostumado a` simbologia usada nos livros did´ aticos elementares de a´lgebra matricial. Ali´as, as representa¸co˜es [A] e [A]i j , respectivamente para uma matriz e para os elementos que a formam, embora muito encontradas em tais livros, n˜ ao s˜ao usadas neste texto. De fato, conforme a nota¸ca˜o para aplica¸c˜ao de tensor a tensor 1.2.6, que ser´ a posteriormente apresentada, M [N ] indicar´a a aplica¸ca˜o do tensor representado por M ao tensor representado N , logo n˜ao indicar´ a que [N ] seja uma matriz (para evidenciar o contraste, o s´ımbolo [ ] foi inclu´ıdo imediatamente ap´ os a`quele de matriz, [ ], na nota¸c˜ao para s´ımbolos 1.1.1). A diferen¸ca entre a simbologia usada neste texto e aquela que aparece nos livros did´aticos elementares de a´lgebra matricial deve-se ao fato de que os mencionados livros usam s´ımbolos adequados a um conceito de matriz semelhante ao de uma tabela, enquanto que o conceito de matriz apresentado no presente texto ressalta a a¸ c˜ao da fun¸ca˜o ordenadora φ e, por isto, utiliza uma simbologia mais coerente com este enfoque. Cabe, ainda, lembrar que, ao se representar um conjunto ordenado, n˜ ao ´e exigido que se informe o valor final assumido por cada um dos indicadores. Logo, s˜ ao absolutamente corretas,
|
·
· ·
j por exemplo, as representa¸c˜oes simplificadas (ai ), ao inv´es de (ai )m es i=1 e (ai ), ao inv´ de (ai j )m,n i=1, j =1 . Conforme j´ a afirmado, o indicador a` esquerda (ou a` direita), na representa¸ca˜o escolhida para o elemento do conjunto A, em geral tem algum outro significado especial al´ em de, na forma matricial, fornecer a linha (ou a coluna) a que o elemento pertence. No exemplo anterior, o significado especial era ser o valor do numerador do quociente, independentemente de qual fosse a letra usada para simbolizar tal valor e, tamb´em, independentemente deste indicador ser um ´ındice ou um super´ındice. Por´em, o significado especial pode, tamb´em, determinar se o indicador ´e ´ındice ou super´ındice, conforme, por exemplo, ser´ a mostrado na defini¸ca˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15.
5
No exemplo anterior, se i fosse o numerador e j o denominador do quociente, i seria a letra usada no indicador a` esquerda e j naquele da direita, logo o par ordenado seria (i, j). Ao se trocar (i, j) por ( j, i), se troca an´ aloga n˜ ao fosse efetuada no quociT
ente a fun¸c˜ao ordenadora, φ, seria transformada na fun¸c˜ao ordenadora φ, a qual ser´a apresentada na defini¸c˜ao de matrizes transposta e inversa 1.1.4. Esta troca de fun¸ c˜oes T i
l, j =l ordenadoras produziria a j = ai j m,n es de a j i = ai j ii= i=1, j =1 , ao inv´ =1, j =1 . De um modo geral, as letras usadas nos dois indicadores aparecem em diversas express˜ oes envolvidas no desenvolvimento matem´ a tico ao qual a matriz se relaciona e, ao se trocar (i, j) por l, j =l ( j, i), para se obter a j i = a i j ii= aloga deve ser efetuada em tais express˜ oes. =1, j =1 troca an´ Se for esquecida a necess´ aria troca em alguma das express˜ oes envolvidas, provavelmente um erro grave ser´ a cometido. Aconselha-se, ent˜ ao, muita cautela no uso de igualdades, j i para m = n, do tipo [ai ] = [a j ].
|
|
|
Defini¸ca ˜o 1.1.3 (Delta de Kronecker) O delta de Kronecker, representado por j δ i j , δ i , δ i j ou δ i j , ´e um real nulo sempre que i = j, mas igual a` unidade se i = j. Entretanto, pressup˜ oe-se que as possibilidades de igualdade e desigualdade entre os indicadores i e j se refiram a`s grandezas que estes indicadores representam, o que cria a exigˆencia de que as mencionadas grandezas sejam compar´ aveis, na teoria considerada. Em geral, a satisfa¸ca˜o desta exigˆencia ´e subentendida, mas em alguns casos pode ser conveniente explicit´ a-la, como por exemplo na defini¸ca˜o de matrizes transposta e inversa ´ evidente que o fato dos indicadores serem ´ındices ou super´ındices, ou mesmo 1.1.4. E estarem a` esquerda ou a` direita, n˜ ao afeta o valor do delta de Kronecker, ao contr´ ario do que, por exemplo, ser´a mostrado na defini¸ca˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15.
Defini¸ca ˜o 1.1.4 (Matrizes Transposta e Inversa) Seja um conjunto A e sejam os conjuntos I e J , respectivamente formados pelos m e pelos n primeiros inteiros positivos. Suponha que exista uma fun¸ca˜o φ : I J A tal que, i I e j J , tenha-se j
× →
j
∀ ∈
∀ ∈
T
→ a | a ∈ A. Suponha, tamb´em, que exista uma outra fun¸c˜ao φ: J × I → A tal que, ∀ j ∈ J e ∀ i ∈ I , tenha-se φ: ( j, i) →a | a = a . Enquanto a fun¸c˜ao φ φ : (i, j)
i
i
T i j T
T
cria o conjunto ordenado
(ai j )m,n i=1, j =1 ,
T i j
j
i
a fun¸c˜ao φ cria o conjunto ordenado
sendo o primeiro conjunto geometricamente representado pela matriz
T
segundo pela matriz retangular a j que a matriz
T i a j
i
T i a j
n,m
,
j =1, i=1 retangular [ai j ] e o
. A matriz [ai j] tem m linhas e n colunas, enquanto j T
apresenta n linhas e m colunas. Define-se [ai ]
≡ T i a j
, sendo [ai j ]T
denominada a transposta da matriz [ai j ]. i Note que, embora tanto [ai j ]T quanto [a j ] apresentem n linhas e m colunas, [ai j ]T =
[a j i ]. De fato, conforme colocado na defini¸ c˜ao 1.1.2, [ai j ] e [a j i ] s˜a o iguais nas suas respectivas partes quadradas, mas nas suas respectivas partes restantes todos os elementos de cada uma das duas matrizes s˜ ao diferentes daqueles apresentados pela outra. Ao j j T contr´ ario, [ai ] e [ai ] n˜a o s˜ao iguais nas suas respectivas partes quadradas, mas todos os elementos de [ai j ] est˜ao presentes em [ai j ]T e v.v. Note, ainda, que esta n˜ ao ´e a defini¸c˜ao de transforma¸c˜ao linear transposta, que ser´ a apresentada posteriormente 6
(defini¸c˜ao 1.2.17). A partir deste ponto do texto e at´e ao final desta defini¸ c˜ao 1.1.4, imponha m = n. Assim sendo, se [ai j ] = [ai j ]T a matriz ´e dita sim´etrica, enquanto que, se [ai j ] = [ai j ]T , a matriz ´e chamada antissim´ etrica . j j −1 A matriz inversa de [ai ], grafada [ai ] e definida de modo a que [ai j ]−1 [ai j ] = [ai j ][ai j ]−1 = [1], onde [1] ´e a matriz unidade, corresponde a um ordenamento de ele-
−
−1
× I → A tal que, ∀ j ∈ J e ∀i ∈ I , = δ , portanto [a ] ≡ a .
mentos do conjunto A produzido pela fun¸ca˜o φ : J −1
tenha-se φ : ( j, i)
−1
→
a j
i
|
−1
i
k
i j −1 a ak j
k
a j ai = δ j ,
k
i
i
j −1
−1 i j
Esta coloca¸ca˜o explicita a exigˆencia de que o conjunto A contenha tanto os elementos T i
−1 i
j j ai , quanto os elementos a j . Note que, como a j = a i , os elementos de [ai j ] e [ai j ]T j s˜ao os mesmos, logo ´e suficiente que [ai ] exista para que [ai j ]T exista. Por outro lado, j n˜ao ´e suficiente que [ai ] exista para que [ai j ]−1 exista, porque n˜ a o h´ a garantia alguma
−1 i
de que existam os elementos a j , logo, de que exista algum conjunto A que contenha −1 i
tanto os elementos a i ,j quanto os elementos a j . A matriz [ai j ] ´e dita singular quando [ai j ]−1 n˜ao existir e ´e dita ortogonal quando [ai j ]T = [ai j ]−1 . A escolha da matriz [ai j] foi totalmente arbitr´ a ria. Semelhantemente ao que foi apresentado para transposi¸ ca˜o, simetria, antissimetria, invers˜ ao, singularidade e ortogoj nalidade da matriz [ai ], definem-se transposi¸co˜es, simetrias, antissimetrias, invers˜ oes, singularidades e ortogonalidades das matrizes [ai j ], [ai j ] e [ai j ]. De acordo com a defini¸c˜ao de matriz 1.1.2, o indicador a` esquerda (ou a` direita) na representa¸ca˜o escolhida para o elemento do conjunto A, independentemente deste indicador ser um ´ındice ou um super´ındice e, tamb´em, independentemente de qual seja a letra usada para simbolizar o seu valor, em geral tal indicador tem algum outro significado especial al´em de, na representa¸ca˜o matricial, indicar a linha (ou a coluna) a que pertence o elemento. De fato, no exemplo fornecido pela defini¸c˜ao 1.1.2, o significado especial do indicador a` esquerda era referir-se ao numerador do quociente. Deve-se ressaltar que as defini¸co˜es apresentadas para matriz transposta e para matriz inversa, respectivamente
T i a j = a i j
e
−1 i
a j ai k = δ j k ,
−1 i ak j a j = δ k i
, indicam que, ao
se efetuar a transposi¸ca˜o ou a invers˜ ao, os mencionados significados especiais dos dois indicadores s˜ ao trocados entre si. No caso da primeira igualdade, para matriz transposta, a troca ´e evidente. No caso das ultimas ´ duas igualdades, para evidenciar a troca faz-se necess´ario informar que a defini¸c˜ao de matriz inversa subentende que sejam considerados compar´a veis, em termos de δ j k e δ k i (veja a defini¸ca˜o de delta de Kronecker 1.1.3), somente indicadores que apresentem o mesmo significado especial. Define-se, ainda, a j −T
matriz inversa transposta [ai ]
≡ −T j
ai
=
T −1 i
a j
=
−1 T i a j ,
cujos significa-
dos especiais dos dois indicadores s˜ ao os mesmos da matriz original. Evidentemente, defini¸co˜es an´ alogas existem para as matrizes [ai j ], [ai j ] e [ai j ].
7
´ Algebra Linear
1.2 1.2.1
Espa¸co Vetorial
Defini¸ca ˜o 1.2.1 (Espa¸co Vetorial Real) Um espa¸co vetorial real V ´e um conjunto que disp˜oe de duas opera¸co˜es: I. v + u V se v V e u V (adi¸c˜ao) e
∈
∈
∈ II. αv ∈ V se v ∈ V e α ∈ (multiplica¸ca˜o escalar), as quais satisfazem as seguintes regras: ∀ (u, v, w) ∈ V e ∀(α, β ) ∈ , 1. v + u = u + v (comutatividade da adi¸ca˜o). 2. v + (u + w) = (u + v) + w (associatividade da adi¸c˜ao). 3.
∃0 ∈ V tal que v + 0 = v, chamado vetor nulo e representado do mesmo modo que o escalar nulo, este u´ltimo denominado zero (defini¸ca˜o do vetor nulo).
4.
∀v ∈ V ∃ − v ∈ V tal que v + (−v) = 0 (operacionalidade da adi¸c˜ao).
5. α(β v) = (αβ )v (associatividade escalar da multiplica¸ca˜o escalar). 6. (α + β )v = α v + β v (distributividade escalar da multiplica¸ ca˜o escalar). 7. α(v + u) = α v + αu (distributividade vetorial da multiplica¸ca˜o escalar). 8. 1v = v , onde 1 ´e o escalar um (operacionalidade da multiplica¸ ca˜o escalar). Usando o conceito de diferen¸ca entre n´ umeros reais, ´e estabelecido o conceito de continuidade em . Logo, a opera¸ca˜o multiplica¸ca˜o escalar implica em que qualquer espa¸co vetorial real contenha infinitos vetores, sendo cont´ınua a varia¸ c˜ao entre eles. Estabelecese, assim, o conceito de continuidade em espa¸co vetorial. Note ainda que, de acordo com a presente defini¸ca˜o, ´e um espa¸co vetorial.
Defini¸ca ˜o 1.2.2 (Base) Um conjunto de vetores (ci )ni=1 ´e denominado uma base do espa¸co vetorial real V se e somente se
∀a , . . . , a ∈ , se a c + . . . + a c = 0 ent˜ao a = . . . = a = 0, logo, 1
1 1
n
1
n n
n
(1) h´ a independˆ encia linear entre os elementos de (ci )ni=1 1
n
∀u ∈ V tem-se u c + . . . + u c 1
n
= u , onde u 1 , . . . , un
e
∈ , logo,
(2) o conjunto ordenado (ci )ni=1 abrange o espa¸co V . Neste texto, os vetores de base ser˜ ao representados por ci (ci )ni=1 ou di (di )ni=1 . Perceba que, ao contr´ ario do que ocorre com o indicador i = 1, . . . , n, o uso subentendido da nota¸ca˜o de Einstein 1.1.2 n˜a o implica em que un cn seja um somat´orio, porque n apresenta um u´nico valor.
∈
8
∈
Defini¸ca ˜o 1.2.3 (Componente) De acordo com a defini¸ca˜o de base 1.2.2, se (ci )ni=1 for uma base de V e u V , ent˜ao u = ui ci . Cada elemento ui (ui )ni=1 , denominado componente de u, ´e bem definido em rela¸ca˜o a` base (ci )ni=1 .
∈
∈
Defini¸ca ˜o 1.2.4 (Dimens˜ ao de Espa¸co Vetorial Real) Um espa¸co vetorial real pode ter muitas bases, mas todas elas cont´em o mesmo n´ umero de elementos. Tal n´ umero ´e chamado dimens˜ ao se trate da ao, cuja representa¸c˜ ao ´e dim. Note que, mesmo que n˜ dimens˜ao de um espa¸co vetorial real, mas sim da dimens˜ao de alguma outra grandeza, o s´ımbolo ´e este. Por exemplo, se (ci )ni=1 for uma base de V , ent˜ao dim V = n. Neste texto ao finita . somente ser˜ ao considerados espa¸cos vetoriais reais de dimens˜
1.2.2
Produto Interno de Vetores
Defini¸ca ˜o 1.2.5 (Produto Interno de Vetores) O produto interno ´e uma fun¸ca˜o g : V V com as seguintes propriedades: u, v, w V e α ,
× →
∀
∈
∀ ∈
1. g(u, v) = g(v, u) (simetria), 2. g(u + αv, w) = g(u, w) + αg(v, w) (por causa da simetria, bilinearidade, ao inv´es de apenas linearidade, de acordo com a defini¸ca˜o 1.2.10, adiante),
3. g(u, u) > 0 se u = 0 (defini¸ c˜ao positiva).
Coment´ ario 1.2.1 (Espa¸co Vetorial Real com Produto Interno) Um espa¸co vetorial para o qual exista uma fun¸ca˜o g : V V bilinear, sim´etrica e de defini¸ca˜o positiva ´e denominado espa¸co vetorial com produto interno. Neste texto ser˜ ao considerados apenas espa¸cos vetoriais reais com produtos internos .
× →
Defini¸ca ˜o 1.2.6 (Espa¸co Vetorial Euclideano) De acordo com a defini¸ca˜o de produto interno 1.2.5, o produto interno ´e qualquer fun¸ c˜ao g : V V bilinear, sim´etrica e de defini¸ca˜o positiva. Se existir uma u´nica e bem determinada, entre tais fun¸c˜oes, por meio da qual u V , sendo V um espa¸co vetorial real de dimens˜ a o finita e com produto interno, se defina a norma u = u u, a imagem de tal fun¸c˜ao espec´ıfica ser´ a a mostra a pr´ opria defini¸ca˜o representada por u v , ao inv´es de g(u, v), conforme j´ de norma. Neste caso, V ser´a um espa¸co vetorial euclideano. Num espa¸co vetorial euclideano pode-se considerar qualquer vetor como um objeto de comprimento bem definido, comprimento este dado pela norma do vetor considerado. Note que, como n˜ ao h´a restri¸ca˜o quanto ao n´ umero finito de dimens˜ oes, a palavra comprimento tem, aqui, um significado generalizado em rela¸c˜a o ao usual. Se u = 1, u ´e chamado vetor unidade, o qual ´e representado por e.
× →
∀ ∈
·
| | √ ·
| |
Coment´ ario 1.2.2 (Imposi¸c˜ ao aos Espa¸cos Vetoriais) A partir deste ponto do texe euclideano . to, ser´ a subentendida a imposi¸c˜ao de que todo espa¸co vetorial ´ Defini¸ca ˜o 1.2.7 (Vetor Proje¸c˜ ao) Sendo u , v V ambos n˜ao nulos, para a espec´ıfica fun¸ca˜o produto interno que, de acordo com a defini¸ c˜ao de espa¸co euclideano 1.2.6, define a norma, define-se tamb´em o ˆ angulo θ(u, v), entre u e v , por meio de f (θ) = u v/( u v ), u v , o que garante ser onde exige-se obediˆencia a` desigualdade de Schwarz u v
∈
| · | ≤ | || |
9
· | || |
|f (θ)| ≤ 1. Note que esta defini¸ca˜o da fun¸ca˜o f n˜ao precisa coincidir com a defini¸ca˜o da fun¸ca˜o cos. Mas, sempre que esta coincidˆencia ocorrer, para que exista a fun¸ c˜ao arccos imp˜oe-se, adicionalmente, que 0 ≤ θ ≤ π. Ser´ a subentendido, a partir deste ponto do texto, que f = cos e que 0 ≤ θ ≤ π, o que corresponde a` defini¸ca˜o comum do aˆngulo plano θ. Os vetores u e v s˜ao ortogonais se u · v = 0, logo cos θ = 0 e θ = π/2. Todo
vetor apresenta um bem definido aˆngulo em rela¸c˜a o a cada um dos vetores c1 , . . . , cn de qualquer base (defini¸c˜ao de base 1.2.2) bem determinada do espa¸co considerado. O ao do vetor, em rela¸ca˜o a` base considerada. Note conjunto destes aˆngulos define a dire¸c˜ que, como θ(u, v) [0, π], neste texto a dire¸ca˜o, em rela¸c˜ao a determinada base, inclui tamb´em o sentido (para um lado, ou para o lado oposto ao primeiro). Entretanto, a dire¸ca˜o ´e considerada uma caracter´ıstica do vetor, assim como a sua norma. Em outras palavras, dado um vetor e duas poss´ıveis bases do espa¸ co considerado, os dois correspondentes conjuntos de aˆngulos indicam a mesma dire¸ca˜o do vetor. Note ainda que, como n˜ a o h´ a restri¸ca˜ o quanto ao n´ umero finito de dimens˜ o es, a palavra dire¸ca˜o apresenta, aqui, um significado generalizado em rela¸ca˜ o ao usual. A proje¸c˜ ao do vetor v sobre o vetor u ´e dada por v u/ u = v cos θ(u, v). Considera-se que e = u / u ´e o vetor unidade na dire¸c˜ ao de u e que (v e)e = v cos θ(u, v)e ´e o vetor proje¸ca ˜o de v na dire¸ca˜o de u.
∈
· || || ·
||
||
Coment´ ario 1.2.3 (Igualdade Entre Vetores) As defini¸c˜oes de espa¸co vetorial euclideano 1.2.6 e de vetor proje¸ c˜ao 1.2.7 indicam que todo vetor ´e completamente caracterizado por sua norma e sua dire¸ca˜o. Logo, dois vetores iguais apresentam iguais normas e iguais dire¸co˜es. Nota¸c˜ ao 1.2.1 (Produto Interno de Vetores de Base gi j ) Ser´a usada a representa¸ca˜o g i j = c i c j , onde (ci , c j ) ( ck )nk=1 , sendo (ck )nk=1 uma base de V , de acordo com a defini¸ca˜o de base 1.2.2. Usando a defini¸ca˜o de produto interno 1.2.5, tem-se g i j = g j i .
·
∈
Coment´ ario 1.2.4 (Decomposi¸c˜ ao do Produto Interno de Vetores) De acordo com a defini¸ca˜o de componente 1.2.3 e com a nota¸ ca˜o para produto interno de vetores n de base 1.2.1, se (ci )i=1 for uma base de V (defini¸c˜ao de base 1.2.2) e u, w V , ent˜ao u = u i ci , w = w j c j e u w = g i j ui w j , que ´e a decomposi¸ca ˜o do produto interno de vetores (de acordo com a nota¸c˜ao de Einstein 1.1.2, a primeira igualdade subentende um somat´orio em i, logo subentende n termos no segundo membro, a segunda um somat´ orio em j, logo tamb´em subentende n termos no segundo membro, enquanto que a terceira igualdade subentende um somat´ orio em i e um em j, logo n2 termos no segundo membro).
∈
·
1.2.3
Base Dual
Coment´ ario 1.2.5 (Obten¸c˜ ao de Componente) Seja (ci )ni=1 uma base de V . Necessariamente existe um vetor c 1 n˜ao nulo e ortogonal a todos os vetores c i ( c j ) jn=2 . Se a proje¸ca˜o (defini¸ca˜o de vetor proje¸c˜ao 1.2.7) de c1 sobre o vetor c1 for bem determinada, ent˜ ao c1 ser´a bem determinado. Pode-se, portanto, construir um conjunto de vetores (ci )ni=1 tal que c i c j = δ i j (ou c i c j = δ j ,i porque a comutatividade do produto interno torna indiferente usar δ i j ou δ j i). Note que esta u´ltima igualdade indica que o aˆngulo θ entre c i e c i satisfaz a` desigualdade 0 θ < π/2 e, tamb´em, que a pro je¸ca˜o de cada um
∈
·
·
≤
10
destes dois vetores, sobre o outro, ´e o inverso da norma deste outro. De acordo com a defini¸ca˜o de base 1.2.2, u V tem-se u j c j = u, logo ci u = δ i j u j = ui . Portanto, de acordo com a defini¸ c˜ao de componente 1.2.3, obt´em-se o i´ esimo componente de u na base (ci )ni=1 efetuando o produto interno dos vetores u e ca˜o de componente, ci . Conv´em ressaltar a diferen¸ca entre este procedimento para obten¸ v´a lido para uma base qualquer, em rela¸ c˜ao ao procedimento mais conhecido, por´em v´alido exclusivamente para base ortonormal. O coment´ ario 1.2.7, adiante, esclarecer´ aa coerˆencia entre os dois procedimentos.
∀ ∈
·
Defini¸ca ˜o 1.2.8 (Base Dual) Seja: 1. A combina¸c˜ao linear ai ci = 0, logo (ai ci ) c j = 0, ou ai δ i j = 0, portanto a j = 0. Ent˜ao, a i ci = 0 se e somente se a i = 0 para i = 1, . . . , n, logo os vetores (ci )ni=1 s˜ao linearmente independentes.
·
2. As decomposi¸co˜es (u = u i ci , w = w j c j ) V . Ent˜ao, de acordo com a nota¸ ca˜o gi j i j i j para produto interno de vetores de base 1.2.1, u w = g i j u w = g i j u c w, o que indica que u = g i j ui c j . Portanto, u ´e uma combina¸ca˜o linear dos vetores presentes no conjunto (ci )ni=1 .
∈
·
·
De acordo com os anteriores itens 1 e 2 e com a defini¸ c˜a o de base 1.2.2, se (ci )ni=1 for uma base de V , ent˜ao (ci )ni=1 tamb´em ser´a uma base de V . Se (ci )ni=1 e (ci )ni=1 forem duas bases de V relacionadas entre si pela express˜ ao ci c j = δ i j , elas formam um par de bases duais, ou uma ´e a base dual da outra. Portanto, se u V , ent˜ao u = ui ci = ui ci , onde ui = gi j u j , de acordo com o item 2 e lembrando que gi j = g j i (nota¸ca˜o 1.2.1). O componente ui de u (defini¸ca˜o de componente 1.2.3) passa a ser chamado componente contravariante de u, enquanto que o componente ui ser´a chamado componente covariante de u. Evidentemente, ´e arbitr´ aria a escolha de qual componente ´e covariante e qual ´e contravariante.
·
∈
Coment´ ario 1.2.6 (Fun¸co ˜es gi j e g i j ) Toda base apresenta sua base dual, cada uma delas bem determinada a partir da outra. Assim como, u V , ´e arbitr´ aria a escolha de qual base corresponde aos componentes covariantes e qual aos componentes contravariantes de u, as express˜ oes matem´ aticas referentes a cada uma, de um par de bases duais, s˜a o an´ alogas a`s express˜ oes referentes a` outra. Tem-se, ent˜ ao, utilizando o coment´ ario sobre obten¸c˜ao de componente 1.2.5 na primeira linha, a defini¸c˜ao de base dual 1.2.8 na segunda e a nota¸ca˜o g i j para produto interno de vetores de base 1.2.1 na terceira:
∀ ∈
ui = c i u ui = g i j u j gi j = c i c j
·
·
ui = c i u, onde ui = g i j u j , sendo gi j = c i c j .
·
e e e
·
Note que, de acordo com a segunda linha de equa¸co˜es, as duas fun¸co˜es gi j : u j u i e g i j : u j ui permitem, respectivamente, abaixar e levantar o ´ındice dos componentes de u. Usando esta segunda linha, pode-se escrever
→
→
u = u i ci = g i j u j ci = u j c j , u = u i ci = g i j u j ci = u j c j ,
11
logo logo
c j = g i j ci c j = g i j ci ,
e
o que mostra que estas fun¸co˜es tamb´ em permitem transformar qualquer base na sua base dual. Usando estas u ´ ltimas equa¸c˜oes tem-se
ci = g i j c j = g i j g j k ck = δ i k ck ,
g i j g j k = δ i k .
ou
Nota¸c˜ ao 1.2.2 (Base Dual) Representando por β uma base, sua base dual ser´ a re∗ presentada β . Defini¸ca ˜o 1.2.9 (Base Ortonormal) Uma base ´e dita ortogonal se ci c j = 0 quando i = j. Uma base ´e dita ortonormal se, al´em disto, ci = 1 i. Neste u ´ltimo caso, de acordo com a defini¸ca˜o de espa¸co vetorial euclideano 1.2.6, os vetores da base ser˜ ao representados ei , para i = 1, . . . , n.
| |
·
∀
Coment´ ario 1.2.7 (Base Ortonormal Dual) De acordo com a nota¸c˜ao gi j para produto interno de vetores de base 1.2.1 e com as defini¸ c˜oes de delta de Kronecker 1.1.3 e de base ortonormal 1.2.9, numa base ortonormal gi j = δ i j . Usando esta igualdade e a tranforma¸ca˜o entre bases duais apresentada no coment´ ario 1.2.6, sobre fun¸c˜oes g i j e g i j , tem-se e j = gi j ei = δ i j ei = e j , j. Portanto, uma base ortonormal ´e idˆentica a` sua base dual. Logo, numa base ortonormal n˜ ao existe distin¸c˜ao entre componentes contravariantes e covariantes, todos os ´ındices podem ser escritos no mesmo n´ıvel e obt´em-se o i-´esimo componente de u efetuando o produto interno dos vetores ei e u.
∀
1.2.4
Produto Tensorial de Vetores e Tensor de Segunda Ordem
Defini¸ca ˜o 1.2.10 (Transforma¸c˜ ao n-Linear) A fun¸ca˜o T : U V ´e chamada de transforma¸ca˜o linear do espa¸co vetorial U para o espa¸co vetorial V se, (u, w) U e α , T (u + αw) = T (u) + αT (w). A fun¸c˜ao T : U U V ´e chamada de transforma¸ ca˜o bilinear do espa¸co vetorial U para o espa¸co vetorial V se, (u1, u2 , w) U e α , T (u1 + α w, u2 ) = T (u1 , u2 ) + αT (w, u2 ) e T (u1 , u2 + αw) = T (u1 , u2 ) + αT (u1 , w). Se, entre estas duas igualdades, apenas uma for v´ alida, a transforma¸c˜ao somente ser´ a linear em rela¸c˜ao a` espec´ıfica vari´avel que sofre combina¸ca˜o linear na express˜ a o v´alida. Por isto, toda transforma¸ca˜o bilinear ´e uma transforma¸ca˜o linear T : U U V , mas o vice-versa n˜ ao ´e verdade. Analogamente, uma transforma¸c˜ ao n-linear T : U n V , do espa¸co vetorial U para o espa¸co vetorial V , ocorre quando, (u1 , u2, . . . , un , w) U e α , tem-se T (u1 , . . . , ui + α w, . . . , un ) = T (u1 , . . . , ui , . . . , un ) + αT (u1 , . . . , w, . . . , un ), para i = 1, . . . , n. Para n 2, toda transforma¸c˜ao n-linear ´e uma transforma¸c˜ao (n 1)-linear T : U n V , mas o vice-versa n˜ao ´e verdade. A transforma¸ca˜o linear aqui apresentada ´e uma fun¸c˜ao (de imagem) vetorial. Lembrando que, de acordo com a defini¸ca˜o de espa¸co vetorial 1.1.1, ´e um espa¸co vetorial, a presente defini¸ c˜ao engloba, como caso particular, n a transforma¸ca˜o n-linear escalar T : U .
→ ∀
× →
∀
∈
∈
∀ ∈ ∀ ∈
× →
→
∀
∈
≥
→
∀ ∈ −
→
Nota¸c˜ ao 1.2.3 (Espa¸co de Transforma¸c˜ ao Linear) O conjunto formado por todas as transforma¸co˜es lineares do espa¸co vetorial U para o espa¸co vetorial V ´e um espa¸co de transforma¸c˜ ao linear representado por (U, V ) = T : U V T ´e linear .
L
12
{
→ |
}
Defini¸ca ˜o 1.2.11 (Espa¸co Vetorial de Transforma¸ca ˜o Linear) A defini¸ca˜o de espa¸co vetorial real 1.2.1 e a nota¸ca˜o de espa¸co de tranforma¸c˜ao linear 1.2.3 mostram que (U, V ) ser´ a um espa¸co vetorial de transforma¸c˜ ao linear se e somente se, neste conjunto, forem definidas as opera¸ co˜es adi¸c˜ao e multiplica¸c˜ao escalar e tais opera¸co˜es satisfizerem as regras enumeradas de 1 a 8 na defini¸ ca˜o 1.2.1. Para que isto ocorra ´e suficiente que, para (T, S ) (U, V ) e α , w U :
L
∈L
∈ ∀ ∈
1. (T + S )(w) = T (w) + S (w) (defini¸c˜ao de adi¸ca˜o de transforma¸c˜oes lineares) e 2. (αT )(w) = αT (w) (defini¸c˜ao de multiplica¸ca˜o de transforma¸ca˜o linear por um escalar).
Defini¸ca ˜o 1.2.12 (Produto Tensorial de Vetores ou Tensor Simples) v V e U , o produto tensorial de v por u, representado por v u ´e, por defini¸ca˜o, u
∀ ∈
∀ ∈
⊗
uma transforma¸ca˜o linear de U para V tal que, w U , (v u )(w) = (u w )v. A transforma¸ca˜o linear produto tensorial de dois vetores, representada v u, ´e tamb´em denominada tensor simples. Portanto, um tensor simples ´e uma espec´ıfica transforma¸ c˜ao linear de um espa¸co vetorial para outro.
∀ ∈
⊗
⊗
·
Teorema 1.2.1 (Base de Espa¸co Vetorial de Transforma¸c˜ao Linear) Se (ci )ni=1 dα )ni=1 αm=1 ser´a uma e (dα )m α=1 forem bases de V e U respectivamente, o conjunto (ci base do espa¸co vetorial de transforma¸ca˜o linear (U, V ) apresentado na defini¸ca˜o 1.2.11. m Demonstra¸cao: ˜ Seja (ci )ni=1 a base dual de (ci )ni=1 , (dα )m α=1 a base dual de (dα )α=1 e ai α um escalar. Sejam, tamb´em, as opera¸ co˜es adi¸ca˜o e multiplica¸ca˜o por escalar apresentadas na defini¸c˜ao de espa¸co vetorial de transforma¸c˜ao linear 1.2.11. Se ai α ci dα = 0 ent˜ao, usando as defini¸c˜o es de produto tensorial 1.2.12 e de base dual 1.2.8, tem-se ai α (ci d α )(dβ ) = ai α (dα d β )ci = ai α δ αβ ci = ai β ci = 0, o que implica em ai α = 0, para i = 1, . . . , n e α = 1, . . . , m, porque (ci )ni=1 ´e uma base (defini¸c˜ao de base 1.2.2). Portanto, (ci dα )ni=1 αm=1 ´e um conjunto de elementos linearmente independentes
⊗
L
∈
⊗
⊗
·
⊗
entre si. Al´em disto, seja ci T (dα ) = T i α , T (U, V ). Ent˜ ao, v V e u U , v T (u) = v i ci T (uα dα ) = v i uα ci T (dα ) = T i α vi uα . Por outro lado, v (ci dα )(u) = v j c j (ci dα )(uβ dβ ) = v j uβ (c j ci )(dβ dα ) = v j uβ δ ji δ β α = v i uα . Substituindo este resultado na igualdade anterior tem-se v T (u) = T i α v (ci dα )(u), logo T (u) = T i α (ci dα )(u). Portanto, (ci dα )ni=1 αm=1 abrange o espa¸co (U, V ). Logo, de acordo com a defini¸ca˜o de
·
⊗
·
·
⊗ base 1.2.2, (c ⊗ d ) i
·
n m α i=1 α=1
·
·
∀ ∈ L
∀ ∈ · ⊗
·
· ⊗ L ´e uma base de L(U, V ).
∀ ∈
·
⊗
Coment´ ario 1.2.8 (Decomposi¸c˜ ao de Transforma¸c˜ ao Linear) O teorema 1.2.1 (base de espa¸co vetorial de transforma¸c˜ao linear) mostra que, embora nem toda transforma¸c˜ao linear entre espa¸cos vetoriais seja um tensor simples (defini¸ca˜o de produto tensorial 1.2.12), toda transforma¸c˜ao linear entre espa¸cos vetoriais ´e uma combina¸ ca˜o linear de tensores simples. Coment´ ario 1.2.9 (Dimens˜ ao de Espa¸co de Transforma¸c˜ ao Linear) De acordo com o teorema 1.2.1 (base de espa¸co vetorial de transforma¸ ca˜o linear) e a defini¸ca˜o de din m mens˜ao 1.2.4, dim(ci dα )i=1 α=1 = (dim V )(dim U ), logo dim (U, V ) = (dim V )(dim U ).
⊗
L
13
Defini¸ca ˜o 1.2.13 (Espa¸co de Produto Tensorial) Sempre que o espa¸co de transforma¸c˜ao linear representado, de acordo com a nota¸c˜ao 1.2.3, por (U, V ) = T : U ca˜o V T ´e linear for, de acordo com a defini¸ca˜o 1.2.11, um espa¸co vetorial de transforma¸ linear, (U, V ) poder´ a optativamente ser denominado espa¸co de produto tensorial de V por U e ser representado por V U , ou seja, ter-se-´a (U, V ) = V U . Sua
|
L
L
}
⊗
{
L
→
⊗
base (ci dα )ni=1 αm=1 , onde (ci )ni=1 e (d)m ao bases de V e U respectivamente, ser´ a α=1 s˜ α n chamada uma base produto de V U . Evidentemente, (ci d )i=1 αm=1 , (ci dα )ni=1 αm=1 e (ci dα )ni=1 αm=1 tamb´em s˜ao bases produto de V U .
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
Defini¸ca ˜o 1.2.14 (Tensor de Segunda Ordem) Toda transforma¸ca˜o linear T no espa¸co de produto tensorial V V (defini¸ca˜o 1.2.13) ´e denominada um tensor de segunda ordem.
⊗
Defini¸ca ˜o 1.2.15 (Componente Assoc. de Tensor de Segunda Ordem) Sejam (ci ) e (ci ) um par de bases duais de V . Ent˜ao, um tensor de segunda ordem T no espa¸co de produto tensorial V V pode ser representado em termos de qualquer uma entre as quatro bases produto (ci c j ), (ci c j ), (ci c j ) e (ci c j ), de V V . Geralmente, os componentes de T associados a uma destas bases diferir˜ ao dos componentes associados `as outras, usando-se a simbologia T = T i j ci c j = T i j ci c j = T i j ci c j = T i j ci c j , onde os escalares T i j , T i j , T i j e T i j s˜a o os componentes associados de T . O componente associado contravariante ´e T i j , o componente associado covariante ´e T i j , ´ importante distinguir enquanto que T i j e T i j s˜ao componentes associados mistos. E n˜ao apenas o n´ıvel (em cima ou em baixo) mas tamb´em a posi¸ c˜ao relativa (` a direita ou a` esquerda) dos ´ındices e super´ındices dos componentes de T . De fato, em geral T i j = T j i . Note que, no teorema 1.2.1 (base de espa¸co vetorial de transforma¸ca˜o linear), para T (U, V ), (U, V ) = V U (defini¸c˜ao de espa¸co de produto tensorial 1.2.13), u U , (ci ) uma base de V e (dα ) uma base de U , considerou-se T (u) = T i α (ci dα)(u).Houve, portanto, coerˆencia com a simbologia aqui adotada para componente associado de tensor de segunda ordem. Entretanto, tomou-se o cuidado de substituir a letra c , com ´ındice em letra romana, pela letra d, com ´ındice em letra grega, para sublinhar que tratava-se de bases de espa¸cos vetoriais diferentes, ao contr´ ario do que ocorre com o tensor de segunda ordem (defini¸c˜ao de tensor de segunda ordem 1.2.14).
⊗ ⊗
⊗
⊗
⊗ ⊗
⊗
⊗ ⊗
⊗
∈ L
L
⊗
∈
⊗
Coment´ ario 1.2.10 (C´ alculo de Componente Assoc. de Tensor) Sejam (ci ) e i (c ) um par de bases duais de V e seja T um tensor de segunda ordem no espa¸ c o de produto tensorial V V . Ent˜ao, T i j = c i T (c j ), T i j = c i T (c j ), T i j = c i T (c j ) e T i j = ci T (c j ). De fato, cm T (cn ) = cm (T i j ci c j )(cn ) = T i j (ci cm )(c j cn ) = T i j δ i m δ j n = T m n, onde usaram-se seguidamente as defini¸co˜es de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15 (primeira igualdade), produto tensorial 1.2.12 (segunda igualdade) e base dual 1.2.8 (terceira igualdade). Analogamente para T i j , T i j e ´ importante notar que o indicador a` direita, em T i j , T i j , T i j e T i j , ´e sempre o T i j . E
·
⊗
·
·
·
⊗
·
·
·
·
vetor da direita no tensor simples pertencente ao conjunto de base, que tamb´em ´e o vetor ao qual ´e aplicada a transforma¸ca˜o T , na express˜ a o para o c´ alculo do componente de T associado a` base considerada.
14
Note que, no teorema 1.2.1 (base de espa¸co vetorial de transforma¸ca˜o linear), para T (U, V ), (U, V ) = V U (defini¸c˜ao de espa¸co de produto tensorial 1.2.13), u U , (ci ) uma base de V e (dα ) uma base de U , mostrou-se que ci T (dα ) = T i α implica em T (u) = T i α (ci dα )(u). Isto ´e coerente com o c´ alculo de componente associado de tensor de segunda ordem aqui apresentado e com o segundo par´ agrafo da defini¸c˜a o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15.
∈ L
L
⊗
∈
·
⊗
Nota¸c˜ ao 1.2.4 (Tensor de Segunda Ordem como uma Matriz) De acordo com a defini¸c˜ao de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15, as matrizes ˜es matriciais do tensor T em rela¸ca˜o [T i j ], [T i j ], [T i j ] e [T i j ] s˜a o as representa¸co `as correspondentes bases produto. Portanto, um tensor de segunda ordem pertencente ao espa¸co V V pode ser representado por matrizes quadradas de dimens˜ ao dim V . Coerentemente com a defini¸ c˜ao de matriz 1.1.2, nestas representa¸c˜oes o indicador mais `a esquerda se refere a` linha e o mais `a direita fornece a coluna, independentemente de se tratar de ´ındice ou super´ındice. Al´em disto, o indicador a` esquerda tem o significado especial de apontar o vetor tamb´ em a` esquerda, na base produto a` qual o componente se associa, enquanto que o indicador a` direita se relaciona ao vetor tamb´ em a` direita. De acordo com o coment´ ario 1.2.10 (c´ alculo de componente associado de tensor de segunda ordem), pode-se tamb´em afirmar que o indicador a` direita mostra qual ´e o vetor ao qual ´e aplicada a transforma¸ca˜o T , na express˜ a o para o c´ alculo do componente de T associado a` base escolhida. Por outro lado, o fato de cada indicador ser um ´ındice ou um super´ındice informa quanto ao componente considerado ser contravariante, covariante ou mixto. Logo, se A for o conjunto de todos os poss´ıveis componentes do tensor de segunda ordem T , associados a bases do espa¸co V V , enquanto que I e J forem dois conjuntos, cada um deles formado pelos primeiros m n´umeros naturais, ent˜ ao a fun¸ca˜o ordenadora φ : I J A fornece os significados (esquerda-direita) e (em cima-em baixo) de ambos os dois indicadores, significados estes que n˜ ao dependem da letra utilizada para simbolizar o valor de cada indicador. Igualdades, como a exemplificada por [T i j ] = [T j i ], s˜ao portanto corretas e correspondem, na base produto associada ao componente em foco, a` mesma troca de indicadores. De fato, para o componente misto usado como exemplo, no caso do primeiro membro da igualdade a base produto deve ser escrita (ci c j ), enquanto que, para o segundo membro, ela deve ser anotada (c j ci ). Note que as duas grafias representam exatamente a mesma base produto, o que garante a igualdade. Em outras palavras, o elemento de matriz T 3 5 , por exemplo, ´e exatamente o mesmo, independentemente de 3 ser o valor tomado por i I e 5 ser atribu´ıdo a j J , ou v.v. Mesmo assim, aconselha-se muita cautela no uso da igualdade [T i j ] = [T j i ], por causa das raz˜ oes j´a apontadas na defini¸ca˜o de matriz 1.1.2. Note tamb´em que, de acordo com a defini¸ c˜ao de matrizes transposta e inversa 1.1.4, geralmente as representa¸ co˜es matriciais de um tensor de segunda ordem n˜ao s˜ao nem sim´etricas, nem antissim´etricas (por exemplo, T 3 5 = T 5 3 e T 3 5 = T 5 3 ).
⊗
⊗
× →
⊗
⊗
∈
∈
−
Coment´ ario 1.2.11 (Componente Associado de Tensor Simples) Considerando o coment´ ario 1.2.10 (c´ alculo de componente associado de tensor de segunda ordem), para (v, u) V e T = u v tem-se (u v )i j = ci ( u v )(c j ). Mas, usando a defini¸ca˜o de tensor simples 1.2.12 tem-se ci (u v)(c j ) = ci (v c j )u. Decom-
∈
⊗
⊗
15
· ⊗
· ⊗
· ·
pondo antes o vetor v e, depois, tamb´em em o vetor u em suas respectivas componentes contravariantes, de acordo com a defini¸ c˜ cao a˜o de base dual 1.2.8, tem-se ci ( v c j )u = ( v k ck c j )u = ci (v ( v k δ k j )u = v j ci u = uk ck v j ci = uk v j δ k i = ui v j . Po Portan rtanto, to, ci (v (u v)i j = ui v j e, de acordo com a defini¸c˜ cao a˜o 1.2.15 de componente associado contravariante T i j de tensor de segunda ordem, u v = (u v)i j ci c j = ui v j ci c j . componen ntes associad associados os dos tentenAs seguin seguintes tes igualda igualdades, des, portant portanto, o, definem definem os compone i j j i i j i sores sores simple simpless u v = u v ci c j = ui v c c j = u v j ci c = ui v j c c j e = v i u j ci c j = v i u j ci c j = v i u j ci c j = v i u j ci c j . v u = v Logo, de acordo com a nota¸ c˜ c˜ao ao matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4, no caso covariante a representa¸c˜ c˜ ao ao matricial matric ial de um tensor simples simple s pode ser escrita
· ⊗
⊗
·
·
·
· ·
·
⊗
⊗
⊗
[(v
[(u
portanto
⊗
⊗
⊗ u)
i j]
⊗ v)
i j]
=
=
[(u
⊗
⊗
⊗
⊗
v1u1 v1 u2 v1 u3 . . . v1 un v2u1 v2 u2 v2 u3 . . . v2 un v3u1 v3 u2 v3 u3 . . . v3 un .. . vn u1 vn u2 vn u3 . . . vn un u1v1 u1 v2 u1 v3 . . . u1 vn u2v1 u2 v2 u2 v3 . . . u2 vn u3v1 u3 v2 u3 v3 . . . u3 vn .. . un v1 un v2 un v3 . . . un vn
⊗ v)
i j]
= [(v
T i j]
⊗ u)
⊗
⊗
⊗
⊗
e
,
,
onde utilizou-se a representa¸c˜ c˜ao ao para matriz transposta colocada na defini¸ c˜ao ao de matrizes transposta e inversa 1.1.4. Isto evidencia que, geralmente, v u = u v. Mesmo para base ortonormal esta desigualdade em geral persiste mas, de acordo com o coment´ ario i j i j 1.2.7 (base ortonormal dual), neste caso ci c j = c c j = ci c = c c . Por isto, para os componentes associados dos tensores simples em base ortonormal , tem-se ui v j = ui v j = ui v j = ui v j e v i u j = v i u j = vi u j = vi u j (embora ui v j = v i u j , basta escrever um entre estes dois ultimos ´ conjuntos de igualdades, porque a permuta¸c˜ cao a˜o entre i e j transforma um conjunto no outro).
⊗ ⊗ ⊗ ⊗
⊗
⊗
Coment´ ario 1.2.12 (Transforma¸c˜ ario c˜ ao ao Escalar Escala r Bilinear Biline ar e Tensor) Seja (u, v) V e seja o tensor de segunda ordem T V V . V . Seja (ci ) uma base de V . V . De acor acordo do com a defini¸c˜ cao a˜o de base dual 1.2.8, tem-se u = u = u i ci = u i ci e v = v = v i ci = v i ci. Usando o coment´ ario ario 1.2.10, para o c´alculo alculo de componentes associados associados de tensor de segunda ordem, tem-se ent˜ ao ao u T ( T (v) = ui v j T i j = ui v j T i j = ui v j T i j = ui v j T i j . Seja, tamb´em em representada representada por T por T ,, a transforma¸c˜ c˜ao ao escalar bilinear bilinear (defini¸c˜ cao a˜o de transforma¸c˜ cao n a˜o n-linear -linear 1.2.10) T : (u, v) u T ( T (v), a qual, sempre que seu argumento for um par ordenado de vetores pertencentes p ertencentes a alguma poss´ poss´ıvel base do espa¸ co vetorial V , V , produz como imagem o correspondente componente associado do tensor de segunda ordem T V V . V . Logo, de acordo com a defini¸ c˜ cao a˜o de tensor de segunda ordem 1.2.14, a toda transforma¸c˜ c˜ao ao linear T no no espa¸co co de produto tensorial tensorial V V , V , a qual qu al ´e uma transf t ransforma¸ orma¸c˜ cao a˜o linear
∈
∈ ⊗
·
∈
→ ·
∈ ∈ ⊗ ⊗
⊗
16
c˜ ao ao escala esc alarr bilinea bil inearr T : V V T : V V , V , corresponde uma transforma¸c˜ que define os componentes associados de T em T em qualquer base de V , V , porque T ( T (u, v) = u T ( T (v) e vice-versa vice-versa.. Pa Para ra (u, v, u , v ) V V e considerando T = u v , pode-se ent˜ ao ao escrever (u v )(u, v) = u (u v )(v) logo, usando a defini¸c˜ cao a˜o de produto tensorial 1.2.12, (u v )(u, v) = (u u )(v v ) , o que mostra que u v ´e uma transf tra nsform orma¸ a¸c˜ cao a˜o escalar bilinear T : V V . Al´em em disto, se (u, v) for um par ordenado de vetores pertencentes a alguma poss´ poss´ıvel base do espa¸ co co vetorial vetorial V V ,, (u u )(v v ) ser´ a o correspondente componente associado de u v , conforme mostrado no coment´ ario ario 1.2.11 (componente associado de tensor simples).
→
× × →
⊗ ⊗
·
∈
· × × →
⊗
⊗ · ∈
⊗ ·
⊗
·
·
Defini¸c˜ cao a ˜o 1.2.16 (Transforma¸c˜ c˜ ao ao Tensori ens orial al Identidad Ident idade) e) A transforma¸c˜ c˜ao ao tenen c˜ao ao 1.2.14, represorial identidade ´e um tensor de segunda ordem, conforme a defini¸ sentado por 1 e tal que 1 (v) = v . Note que, enquanto o tensor identidade 1 V V , V , o escalar unidade 1 .
∈ ⊗ ⊗
∈
Coment´ ario 1.2.13 (Componente Associado do Tensor Identidade) De acordo ario com a defini¸c˜ cao a˜o de transforma¸ transforma¸c˜ cao a˜o tensorial identidade 1.2.16 e o coment´ ario ario 1.2.10 (c´ alcualculo de componente associado de tensor de segunda ordem), tem-se 1 i j = c i 1 (c j ) = c i c j . Mas o coment´ ario ario 1.2.6 (fun¸c˜ c˜oes oes gi j e g i j ) mostra que ci c j = g i j . Logo Logo,, 1 i j = gi j , onde 1 i j ´e, e, conforme confo rme a defini¸ definic˜ c¸ao a˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15, o componente associado contravariante do tensor 1 . Po Portan rtanto, to, g i j ´e o compo com po-nente associado contravariante da transforma¸ c˜ao ao tensorial tensorial identida identidade. de. Po Porr outro outro lado, lado, c˜ao ao de base dual 1.2.8 mostra que c i c j = δ i j . Por1 i j = c i 1 (c j ) = c i c j . Mas a defini¸c˜ tanto, tem-se 1 i j = δ i j para este componente associado misto da transforma¸ c˜ao ao tensorial tensorial
·
·
·
·
·
·
identidade. identidade. Analogament Analogamente, e, para o outro componente associado misto tem-se 1i j = δ i j e, para o componente associado covariante, 1i j = g i j . Pode-se ent˜ ao ao escrever 1 = 1 i j ci c j = 1 i j ci c j = 1i j ci
⊗ c ⊗c
⊗ c ⊗ c .
⊗c
j
= 1i j ci
j
⊗ c , ou
i j = δ i j ci c j = δ i j i Note, Note, portan portanto to,, que que apenas apenas a j = gi j representa¸c˜ c˜ao ao matricial dos conjuntos de componentes associados mistos do tensor iden-
1 = g i j ci
⊗ c
j
⊗
j tidade, respectivamente representados por 1 i j e por 1i , coincide com a matriz unidade,
simbolizada [1]. Logo, [1 i j ] = [1] e [1i ]j = [1], mas [ 1 i j ] = [g i j ] = [1] e [1i j ] = [gi j ] = [1]. Note, tamb´ tamb´em, em, que as matrizes [1 i j ] = [gi j ] e [1i j ] = [gi j ] s˜ao ao sim´etricas, etricas, de acordo com a defini¸c˜ cao a˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4. Logo, nas quatro representa¸ c˜ coes o˜es matriciais do tensor identidade n˜ ao ao apenas se pode po de trocar os indicadore indicadoress i e j , conforme colocado na nota¸c˜ cao a˜o matricial matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4, como tamb´ tamb´em em cada representa¸c˜ c˜ao ao ´e igua ig uall a` sua transposta, ao contr´ ario do que geralmente ocorre. ario
1.2. 1.2.5 5
Tra rans nspos posi¸ i¸ c˜ cao a ˜o de Tensor ensor Simple Simples, s, de Segund Segunda a Ordem Ordem e Troca entre ´Indice Indi ce e Super Sup er´ ´ındice ındi ce
cao a˜o liDefini¸c˜ cao a ˜o 1.2.17 (Transforma¸c˜ c˜ ao ao Linear Lin ear Transpo rans posta) sta) Para toda transforma¸c˜ T near A V U , U , define-se a correspondente transforma¸ c˜ c˜ao ao linear A U V , V , denominada transforma¸c˜ U , ocorra cao a ˜o linear transposta de A, tal que, v V e u U , T v A(u) = u A (v) (veja a defini¸c˜ c˜ao ao de espa¸co co de produto tensorial 1.2.13 para notar
·
∈ ⊗ ·
∀ ∈
17
∈ ⊗ ⊗ ∀ ∈
que, por defini¸c˜ c˜ao, ao, A age sobre u e AT sobre v). Sublinh Sublinhe-s e-see que esta ´e a defini¸ defini¸ c˜ cao a˜o da transposi¸c˜ cao a˜o de uma transforma¸c˜ cao a˜o linear, cujo efeito n˜ao ao ´e, e, necessariamente, o de transpor a matriz que represente um conjunto de componentes associados a` mencionada transforma¸c˜ cao a˜o linear (a defini¸c˜ cao ˜ao 1.1.4 se refere a` transposi¸c˜ c˜ao a o e a` invers˜ ao ao de matrizes).
Coment´ ario ario 1.2.14 (gi j ou g i j Aplicado a Componente de Tensor) Conforme o coment´ ario ario 1.2.6 (fun¸c˜ c˜oes oes gi j e g i j ), a fun¸c˜ c˜ao ao g i j levanta levanta o ´ındice de um componente de um vetor vetor,, enqu enquan anto to que que a fun¸ fun¸ c˜ao ao gi j abaixa o ´ındice ındice de um componen componente te de um vetor. Sem mudar a posi¸c˜ c˜ao ao relativa, a` direita ou `a esquerda, esquer da, dos ´ındices ındice s e super sup er´´ındices, ındic es, estas fun¸c˜ coes o˜es apresentam efeito an´ alogo sobre os componentes associados de um tensor alogo de qualquer ordem T . T . Po Porta rtan nto, T i j = gk j T i k = gi k T k j , T i j = gi k T k j = g k j T i k , k De fato, de acordo com o coment´ ario ario T i j = g k j T i k = g i k T k j e T i j = g i k T k j = g k j T i . 1.2.10 (c´ alculo de componentes associados de tensor de segunda ordem), tem-se g alculo tem-se gk j T i k = gk j ci T ( T (ck ) = g k j ck T T (ci ) = c j T T (ci ) = c i T ( T (c j ) = T i j , onde foi usada a defini¸c˜ c˜ao ao de transforma¸c˜ cao a˜o linear transposta 1.2.17 na segunda e quarta igualdades. igualdades. Demonstra¸ Demonstra¸ c˜oes oes an´alogas alogas podem ser feitas nos demais casos. Usando a nota¸c˜ c˜ao ao matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4 tanto para o tensor T como, de acordo com o coment´ ario 1.2.13 (componente associado do tensor identidade), ario tamb´ tamb´em em para o tensor identidade, identidade, tem-se ent˜ ao a seguinte tabela, na qual cada linha cont´em em uma express˜ expre ss˜ ao tensorial e uma express˜ ao ao matricial com o mesmo significado, ao porque o indicador k representa o mesmo somat´ orio, tanto de acordo com a nota¸ orio, c˜ cao a˜o de Einstein 1.1.2, como em rela¸c˜ c˜ao ao as a`s regras elementares de multiplica¸c˜ cao a˜o matricial:
·
·
·
·
T i j = g k j T i k = g i k T k j
ou
[T i j ] = [T i k ][g ][gk j ] = [g i k ][T ][T k j ] ,
T i j = g i k T k j = g k j T i k T i j = g k j T i k = g i k T k j T i j = g i k T k j = g k j T i k
ou ou ou
[T i j ] = [gi k ][T ][T k j ] = [T i k ][g ][g k j ] , [T i j ] = [T i k ][g ][g k j ] = [g i k ][T ][T k j ] e [T i j ] = [gi k ][T ][T k j ] = [T i k ][g ][gk j ] .
∈
Coment´ ario 1.2.15 (Transposi¸c˜ ario cao a ˜o de Tensor Simples) Para (u, w1 ) U e (v, w2 ) V , V , de acordo com a defini¸c˜ cao a˜o de transforma¸ transforma¸ c˜ cao a˜o linear transposta 1.2.17 tem-se w1 (v T u) (w2 ) = w 2 (v u)(w1 ) = (w2 v)(u w1 ) = w 1 (u v)(w2 ), onde foi usada a defini¸c˜ cao a˜o T de produto tensorial 1.2.12. 1.2.12. Logo, para o tensor simples u v tem-se que (v u) = u v ou, de acordo com a nota¸ c˜ c˜ao ao matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4, em termos das respectivas representa¸c˜ coes o˜es matriciais dos conjuntos de componentes associados, por exemplo escolhidos covariantes, [(v u)iT j ] = [(u v)i j ]. Mas, de acordo com o coment´ coment´ ario T 1.2.11 (componente associado de tensor simples), tem-se [(u v)i j ] = [(v u)i j ] . A compara¸c˜ cao ˜ao entre as duas ultimas u ´ltimas igualdades mostra que [(v u)iT j ] = [(v u)i j ]T , ou seja, para um tensor simples, transpor a transforma¸ c˜ c˜ao ao linear implica em transpor a matriz matriz que a represent representa. a. No coment´ coment´ ario 1.2.16 ver-se-´a que, na transposi¸c˜ cao a˜o de tensor de segunda ordem, em geral isto n˜ ao ao ocorre.
∈
· ⊗
·
·
· ⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗ ⊗
· ⊗ ⊗
⊗ ⊗
Coment´ ario 1.2.16 (Transposi¸c˜ ario cao a ˜o de Tensor de Segunda Ordem) Se A for um tensor de segunda ordem em V V , V , demonstra-se demonstra-se a existˆ existˆencia encia das seguintes seguintes rela¸ c˜oes oes j ij i entre os componentes de A de A,, grafados A grafados A , A j , A , A i e A i j , respectivament respectivamentee associados as a`s
⊗
18
T j i
A = A T j
ij
A
i i = A j
T
i
=
j
i
i
i
j
j
·
·
j
T
i
T j i
T
i
T
i
j
j
A j = A i = ci A(c ) = c T
A j i = A i j =
i
i
T j
j
j
T
i
i
j
j
T j i
= [(AT ) j i ] , = [(AT ) j i ] e
T
(ci ) = (A )
T
(ci ) = (AT ) j i , logo A j i = [(AT ) j i ] ,
· ·A c · A(c ) = c · A i
T j
T j i
= c A(c j ) = c j A (c ) = (A ) j , logo A
j
i
⊗ V simbolizadas por (c ⊗ c ), (c ⊗ c ), (c ⊗ c ) e (c ⊗ c ): c · A(c ) = c · A (c ) = (A ) , logo A = [(A ) ] ,
quatro bases produto de V
i
, logo A j T
onde, em cada linha, usou-se a defini¸c˜ao de matrizes transposta e inversa 1.1.4 na primeira igualdade, o coment´ ario 1.2.10 (c´ alculo de componente associado de tensor de segunda ordem) na segunda e na quarta igualdades, a defini¸c˜ao de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17 na terceira igualdade e a transforma¸c˜ao em matriz do conjunto inicial de componentes, antes da primeira igualdade, ocorrendo o mesmo com o conjunto final de componentes, ap´ o s a quarta igualdade. Na igualdade matricial que ocorre em cada linha, a defini¸ca˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4 pode ser aplicada a` matriz no primeiro membro, enquanto que, de acordo com a nota¸ca˜o matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4, a troca dos ´ındices i e j pode ser aplicada a` matriz no segundo membro. Obt´em-se assim, respectivamente para cada linha: [A i j ]T = [(AT )i j ] , [A i j ]T = [(AT )i j ] , [A i j ]T = [(AT )i j ] e [A i j ]T = [(AT )i j ] . Portanto, as representa¸ c˜oes matriciais dos componentes associados contravariantes de T A e A s˜ao matrizes transpostas uma da outra, o mesmo acontecendo com as representa¸co˜es matriciais dos componentes covariantes. Entretanto, as representa¸ c˜oes matriciais de qualquer um entre os dois componentes associados mistos de A e AT n˜a o s˜ao matrizes transpostas uma da outra.
Defini¸ca ˜o 1.2.18 (Tensores Sim´etrico e Antissim´etrico) O tensor de segunda ordem S V V ´e dito sim´etrico se S T = S e antissim´ etrico se S T = S . Para (u, v) V e usando a defini¸c˜ao de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17 tem-se, ent˜ ao, que u S (v) = v S (u) se S for sim´etrico e u S (v) = v S (u) se S for antissim´etrico.
∈ ⊗ ∈ · ·
−
·
− ·
Nota¸c˜ ao 1.2.5 (Subespa¸cos Sim´ etrico e Antissim´etrico) Definem-se os subespa¸cos de V V
⊗
T
{ ∈ ⊗ V |S
Sym (V ) = S V
}
= S
e
(Sym de “symmetric” e Skw de “skew-symmetric”). 19
T
{ ∈ ⊗ V |S = −S }
Skw (V ) = S V
Coment´ ario 1.2.17 (Transposi¸ca ˜o de Tensores Sim´etrico e Antissim´etrico) O coment´ario 1.2.16 (transposi¸c˜ao de tensor de segunda ordem) mostra que: j j 1. Para S Sym (V ) tem-se [S i j ]T = [S i j ] , [S i j ]T = [S i ] , [S i ]T = [S i j ] e [ S i j ]T = [ S i j ] . Portanto, embora o tensor de segunda ordem S seja sim´etrico, somente suas representa¸ c˜oes matriciais contravariante e covariante s˜ ao matrizes sim´etricas.
∈
2. Para S Skw (V ) tem-se [S i j ]T = [S i j ] , [S i j ]T = [S i j ] , [S i j ]T = [S i j ] e [S i j ]T = [S i j ] . Portanto, embora o tensor de segunda ordem S seja antissim´etrico, somente suas representa¸ c˜oes matriciais contravariante e covariante s˜ ao matrizes antissim´etricas.
∈ −
1.2.6
−
−
−
Composi¸ ca ˜o de Tensores de Segunda Ordem
Defini¸ca ˜o 1.2.19 (Composi¸ ca ˜o de Tensores de Segunda Ordem) A composi¸ca ˜o de tensores de segunda ordem A B ´e tal que (A B)(v) = A(B(v)), v V . Esta igualdade deixa evidente que a composi¸ca˜o de tensores de segunda ordem ´e apenas um caso particular da composi¸ca˜o de fun¸c˜oes, apresentada na defini¸ c˜ao de fun¸ca˜o e funcional 1.1.1. Se (A, B) V V , tanto A como B transformam vetores percencentes a V em outros vetores tamb´em pertencentes a V . Neste caso, A(B(v)) ´e um vetor pertencente a V , portanto A B V V . Seja A = A i j ci c j , B = B mn cm cn e v = v k ck . De acordo com a defini¸c˜ao de produto tensorial de vetores 1.2.12 tem-se (cm cn )(v) = v n cm , logo B(v) = B mn v n cm e V (ci c j )(B(v)) = B j n v n ci , portanto A(B(v)) = A i j B j n v n ci . Ent˜ao, (Ak j B j n v n )dim k=1 ´e o conjunto dos componentes do vetor (A B)(v) associados a` base (ck ), podendo o vetor (A B)(v) ser representado pela matriz coluna [Ak j B j n v n ], onde o super´ındice k indica a
◦
∈ ⊗ ◦ ∈ ⊗ ⊗
⊗
⊗
◦
∀ ∈
⊗
◦
◦
linha a que se refere o elemento considerado. Por outro lado, as representa¸ c˜oes matriciais j n de A na base (ci c ), B na base (cm c ) e v na base (ck ) s˜ao, respectivamente, [Ai j ], [B mn ] e [v k ]. A express˜ao tensorial (A B)(v) = Ai j B j n v n ci corresponde, portanto, a` express˜ ao matricial [Ai j B j n v n ] = [Ai j ][B j n ][v n ], porque o indicador n representa o mesmo somat´orio, tanto de acordo com a nota¸ c˜ao de Einstein 1.1.2, como em rela¸c˜ao a`s regras elementares de multiplica¸c˜ao matricial, analogamente acontecendo com o indicador j. A propriedade associativa da multiplica¸c˜ao matricial permite escrever [Ai j B j n v n ] = [Ai j ][B j n ][v n ] = ([Ai j ][B j n ]) [v n ] = [(AB)i n ][v n ]. Como [Ak j B j n v n ] e [v n ] s˜ao, respectivamente, as representa¸ co˜es matriciais dos vetores (A B)(v) e v, necessariamente [(AB)i n ] ´e a representa¸c˜ao matricial do tensor de segunda ordem A B. Logo, a composi¸ca˜o de tensores de segunda ordem produz um tensor de segunda ordem cuja representa¸ca˜o matricial ´e a multiplica¸c˜ao matricial elementar das matrizes que representam os tensores que se comp˜ oem, devendo a ordem da composi¸ca˜o ser a ordem da multiplica¸ca˜o. Evidentemente, a conclus˜ ao seria a mesma, caso a base produto usada fosse oui tra. Note, tamb´em, que [A j ][B j i ] n˜ao ´e a representa¸ca˜o de uma composi¸c˜ao, porque
⊗
⊗
◦
◦
◦
[Ai j ][B j i ] = [(AB)i i ] = (AB)i i , ou seja, a ocorrˆencia de duplo somat´ orio (veja a nota¸ca˜o de Einstein 1.1.2) reduz a matriz a um u´nico escalar. Por simplicidade, a n˜ao ser quando 20
conste informa¸ca˜o em contr´ ario, a partir deste ponto do texto a composi¸ ca˜o de tensores de segunda ordem n˜ ao mais ser´ a escrita A B, mas sim AB.
◦
Coment´ ario 1.2.18 (Composi¸ ca ˜o com Tensor Simples) Usando as defini¸c˜oes de produto tensorial 1.2.12, de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17 e de composi¸ c˜a o de tensores de segunda ordem 1.2.19, para u U , v V e A V U tem-se:
∈
∈
∈ ⊗
∈ ⊗ ⊗ · · ⊗ ⊗ ⊗ 2. Se w ∈ U , ent˜ao ((u ⊗ v)A)(w) = (u ⊗ v)(A(w)) = u (v · A(w)) = u (w · A (v)) = (u ⊗ A (v))(w), logo (u ⊗ v)A = u ⊗ A (v). 1. Se w V , ent˜ao (A(u v))(w) = A((u v)(w)) = A(u(v w)) = A(u)(v w) = (A(u) v)(w), logo A(u v) = A(u) v. T
T
T
Coment´ ario 1.2.19 (Transposi¸ca ˜o de Composi¸ca ˜o) Usando a defini¸c˜a o de transforma¸c˜ao linear transposta 1.2.17 e a defini¸c˜ao de composi¸ca˜o de tensores de segunda ordem 1.2.19, se (v, u) V e, al´em disto, (A, B) V V , tem-se u (AB)(v) = u A(B(v)) = B(v) AT (u) = A T (u) B(v) = v B T (AT (u)) = v (B T AT )(u). Por´em u (AB)(v) = v (AB)T (u), logo (AB)T = B T AT .
· ·
·
1.2.7
∈
·
·
·
∈ ⊗
·
·
Tensor de ordem k
Defini¸ca ˜o 1.2.20 (Tensor de Ordem k) Conforme colocado na defini¸ c˜ao de tensor de 2
⊗ ≡ ⊗
segunda ordem 1.2.14, tal tensor existe no espa¸ co de produto tensorial V V V , o qual foi apresentado na defini¸c˜ao 1.2.13. Analogamente, um tensor de ordem k existe k
⊗ V . De acordo com a defini¸ca˜o de base dual 1.2.8, sendo (c ) e (c ) um par de bases duais de V , as quatro bases produto de ⊗ V s˜ao c ⊗ c , c ⊗ c , ario 1.2.9 c ⊗ c e c ⊗ c , o que mostra que dim ⊗ V = (dim V ) , conforme o coment´ no espa¸co de produto tensorial
2
i
i
i
i
i
j
2
j
j
i
j
2
(dimens˜ao de espa¸co de transforma¸c˜ao linear). Semelhantemente, as 2k bases produtos k vetores
k vetores
⊗ ⊗ ⊗ ⊗
k
k
de V s˜ao (ci . . . c j ), . . . , (ci . . . c j ), logo dim V = (dim V )k . Portanto, em concordˆ ancia com a defini¸c˜ao de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15, tem-se T = T i j ci c j = T i j ci c j = T i j ci c j = T i j ci c j , enquanto que
⊗
⊗
⊗
⊗
k vetores
⊗
⊗
k vetores
⊗ ⊗
⊗ ⊗
para o tensor de ordem k tem-se T = T i...j ci . . . c j = . . . = T i...j ci . . . c j . De acordo com o coment´ ario 1.2.12 (transforma¸c˜ao escalar bilinear e tensor de segunda 2
∈⊗
ordem), a cada tensor de segunda ordem T V corresponde uma transforma¸ c˜ao escalar bilinear T : V V , onde V V V 2 , tal que, para (u, v) V , tenha-se T (u, v) = u T (v), o que produz T (ci , c j ) = T i j , T (ci , c j ) = T i j , T (ci , c j ) = T ji e T (ci , c j ) = T i j , sendo verdadeira a afirma¸ca˜o rec´ıproca. Analogamente, a cada tensor de ordem k, grafado
× →
·
T
× ≡
k
∈⊗ V , corresponde uma transforma¸c˜ao k vetores
i
j
∈
escalar k-linear T : V k
k vetores
i...j
→ tal que
T (c , . . . , c ) = T , . . . , T (ci , . . . , c j ) = T i...j e vice versa. Como caso especial de tensor de ordem k define-se, em analogia a (u v )(u, v) = (u u )(v v ) (coment´ ario 1.2.12), o produto tensorial de k vetores k vetores
⊗
k vetores
·
k produtos internos
⊗ ⊗ · · (u
...
v ) (u, . . . , v) = (u u ) . . . (v v ), 21
·
onde (u , . . . , v , u, . . . , v) V . Conforme a nota¸ca˜o matricial de tensor de segunda ordem 1.2.4, um tensor de segunda
∈
2
⊗
ordem, pertencente ao espa¸ co V , ´e representado por uma matriz quadrada (matriz de ordem 2) de dimens˜ a o dim V . Coerentemente, um tensor de ordem k, pertencente ao k
⊗
espa¸co V , ´e representado por uma matriz de ordem k (por exemplo, matriz c´ ubica para k = 3) de dimens˜ a o dim V . Note que esta defini¸ca˜o mostra que um tensor de primeira ordem ´e um vetor.
1.2.8
Regras para Transforma¸ca ˜o de Componentes de Vetor e de Tensor de Segunda Ordem
¯ = (¯ci ), Defini¸ca ˜o 1.2.21 (Matrizes de Transforma¸ca ˜o) Seja duas bases β = (ci ) e β ¯ k j c j . De acordo com a defini¸ca˜o de base dual do mesmo espa¸co vetorial V e seja c¯k = M ¯ k j c j ci = M ¯ k i . Seja, tamb´em, as bases β ∗ = (ci ) 1.2.8, c j ci = δ j i . Portanto, ¯ck ci = M ¯∗ = (¯ci ), respectivamente bases duais de β e β ¯, de acordo com a nota¸c˜ao para base e β ¯ j i c¯ j . Assim como c¯k = M ¯ j c j implica em c¯k ci = M ¯k i , dual 1.2.2. Seja, ainda, ci = T k ¯ j i c¯ j implica em c¯k ci = T ¯k i . Logo, T ¯k i = M ¯ k i e ci = M ¯ j i c¯ j , ou tem-se que ci = T ¯ k j c¯k . Portanto, se c¯k = M ¯ k j c j , ent˜ao c j = M ¯ k j c¯k e v.v. Note que, em M ¯k j, c j = M ¯ e β ¯∗ , enquanto que o o indicador a` esquerda se refere a qualquer uma entre as bases β
·
·
·
·
·
indicador a` direita corresponde a qualquer uma entre as bases β e β ∗ , independentemente de cada indicador ser ´ındice ou super´ındice. Seja M um tensor de segunda ordem no espa¸ co de produto tensorial V V . Ent˜ao, de acordo com o coment´ ario 1.2.10 (c´ alculo de componente associado de tensor de segunda j ¯ = ¯ck M (¯c j ). Como M ¯ j = ¯ck c j , conclui-se que c j = M (¯c j ). Logo, ordem), tem-se M k k j k ¯ ¯c j , do tensor M : ¯c j c j (¯c j , c j ) V, M M k ´e o componente, associado a` base c¯ V V . Pode-se, ent˜ao, escrever ci c j = c i M (¯c j ). Mas, de acordo com a defini¸c˜ao de base dual 1.2.8, ci c j = δ i j = c¯i c¯ j , logo c¯ j c¯i = ci M (¯c j ). Usando a defini¸c˜a o de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17 tem-se, ent˜ ao, c¯ j ¯ci = ¯c j M T (ci ), o que implica em c¯i = M T (ci ). ¯ = (¯ci ), bem como suas bases duais, respecEm resumo, seja duas bases β = (ci ) e β ¯∗ = (¯ci ), pertencentes a um espa¸co vetorial V . Seja, tamb´em, o tivamente β ∗ = (ci ) e β tensor de segunda ordem
⊗
·
⊗
·
·
i
∈ ⊗ V tal que c
1. M V
⊗
·
·
·
·
→ |
· ·
∈
∈
·
= M (¯ci ) e c¯i = M T (ci ). Ent˜ao:
j ¯ k , ¯ k j = ¯ck c j , c¯k = M ¯ k j c j Seu componente M associado `a base ¯ck c¯ j , ´e tal que M ¯ k j c¯k . e c j = M ¯ k j , associado a` base ¯ck c¯ j , ´e tal que M ¯ k j = ¯ck c j , c¯k = M ¯ k j c j Seu componente M ¯ k j ¯ck . e c j = M
∈ ⊗ V tal que c = N (¯c ) e c¯
2. N V
i
i
i
⊗
·
⊗
·
= N T (ci ). Ent˜ao:
¯ k j , associado a` base ¯ck Seu componente N ¯ k j c¯k . e c j = N
22
⊗ c¯ , ´e tal que N ¯ j
k j
¯ k j c j = ¯ck c j , c¯k = N
·
¯k j , associado a` base ¯ck c¯ j , ´e tal que N ¯k j = ¯ck c j , c¯k = N ¯k j c j Seu componente N ¯k j ¯ck . e c j = N
⊗
·
Evidentemente, o tensor M do item 1 n˜ao ´e o tensor N do item 2. Ali´ a s, o uso do coment´ ario 1.2.32, sobre propriedades do tensor inverso (a ser posteriormente apresentado), mostra que que o tensor N ´e o tensor inverso transposto do tensor M e v.v., ou seja, N = M −T . ¯ = (¯ci ), β ∗ = (ci ) e De acordo com a defini¸c˜ao de matriz 1.1.2, as bases β = (ci ), β ¯∗ = (¯ci ) podem ser respectivamente representadas pelas matrizes coluna, formadas por β elementos vetoriais, [ci ], [¯ci ], [ci ] e [¯ci ]. Por outro lado, considerando a nota¸ca˜o matricial para tensor de segunda ordem 1.2.3, o tensor M definido no item 1 pode ser representado ¯ j ] e [M ¯ k j ], dependendo da base por qualquer uma entre as duas matrizes quadradas [M k escolhida para represent´ a-lo ser, respectivamente, c¯k ¯c j ou c¯k ¯c j . Analogamente, o tensor N definido no item 2 pode ser representado por qualquer uma entre as duas ¯ k j ] e [N ¯ k j ], dependendo da base escolhida para represent´ matrizes quadradas [N a-lo ser, respectivamente, c¯k ¯c j ou c¯k ¯c j . Como ser´ a notado a seguir, a possibilidade de transposi¸c˜ao e invers˜ ao de matrizes torna desnecess´ a rio utilizar ambos os itens 1 e 2. Coerentemente com as coloca¸ c˜oes iniciais ser´a, portanto, considerado apenas o item 1. Al´em disto, as combina¸ c˜oes lineares entre vetores de base fornecidas pelas representa¸ c˜oes mistas do tensor costumam ser mais u ´ teis do que aquelas produzidas pelas representa¸ c˜oes covariante e contravariante. Por este motivo, a partir deste ponto somente a representa¸ c˜ao mista do item 1 ser´ a usada. j ¯ k c j pode ser diretamente escrita em termos matriciais, porque, A igualdade c¯k = M em [c j ], o ordenamento da base β se reflete na sequˆencia de linhas, enquanto que, em j ¯ k ], [M o indicador a` direita se refere a qualquer uma entre as bases β = (ci ) e β ∗ = (ci ) ¯ k j c j corresponde a [¯ck ] = [M ¯ k j ][c j ], porque o e representa a coluna. Logo, c¯k = M indicador j representa o mesmo somat´ orio, tanto de acordo com a nota¸ca˜o de Einstein 1.1.2, como em rela¸ca˜o a`s regras elementares de multiplica¸ ca˜o matricial. ¯∗ se reflete na sequˆencia de ¯ k j c¯k , o ordenamento da base β J´a na express˜ ao c j = M ¯ j ], o indicador `a esquerda se refere a qualquer linhas de [¯ck ], enquanto que, em [M k ∗ ¯ ¯ uma entre as bases β = (¯ci ) e β = (¯ci ) e representa a linha. No que se refere a [¯ck ], ´e ¯∗ deixe de indicar a linha. Mas, no que se refere a impossivel que o ordenamento da base β
⊗
⊗
⊗
⊗
¯ k ], pode-se alterar a fun¸c˜ao ordenadora, usando [M ¯k ] [M j
j T
≡ T
¯ j M
k
¯ k j ], ao inv´es de [M
em conformidade com o colocado na defini¸ ca˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4. Em
T
¯ j M
k
¯ = (¯ci ) e β ¯∗ = (¯ci ) , o indicador a` direita se refere a qualquer uma entre as bases β
¯ k j c¯k corresponde a [c j ] = [M ¯ k j ]T [¯ck ], com o e representa a coluna. Portanto, c j = M ¯ k j ] n˜ao costuma ser uma indicador k representando o mesmo somat´ o rio. Note que [M ¯ j = M ¯ j k = ¯c j ck , logo [M ¯ j ] = [M ¯ j ]T . matriz sim´etrica porque, geralmente, ¯ck c j = M k k k Como uma base n˜ao pode ser previlegiada em rela¸c˜a o a qualquer outra, a trans¯ k j ] n˜ao ´e singular. Portanto, forma¸c˜ao inversa deve existir, o que garante que a matriz [M
·
23
·
a existˆencia das igualdades ¯ k j ][c j ] [¯ck ] = [M
e
¯ k j ]T [¯ck ] [c j ] = [M
e
¯ k j ]−T [c j ] . [¯ck ] = [M
garante a existˆencia das igualdades ¯ k j ]−1 [¯ck ] [c j ] = [M
¯ k j ]−1 De acordo com a defini¸c˜ao de matrizes transposta e inversa 1.1.4, tem-se [M
−1
¯ j M
k
−1
. Em
¯ j M
k
≡
, o indicador a` direita se refere a qualquer uma entre as bases
¯ = (¯ci ) e β ¯∗ = (¯ci ) e indica a coluna, o que evidencia ser correta a primeira entre as β −1
k
¯ j c¯k , u ´ ltimas duas equa¸c˜oes destacadas. Tal equa¸ca˜o pode, tamb´em, ser escrita c j =M onde o indicador k representa o mesmo somat´ orio que ocorre na multiplica¸c˜ao matricial. ¯k ] Por outro lado, [M
j −T
≡ −T j
¯k M
−1
¯ j = M
k T
−T j
¯k . Em M
o indicador a` direita
se refere a qualquer uma entre as bases β = (ci ) e β ∗ = (ci ) e indica a coluna, o que evidencia ser correta tamb´em a segunda entre as ultimas ´ duas equa¸c˜oes destacadas, a −1
k
¯ j c j , onde o indicador j representa o mesmo qual tamb´em pode ser escrita c¯ =M somat´orio que ocorre na multiplica¸ca˜o matricial. ¯ forem ambas orO coment´ ario 1.2.7 (base ortonormal dual) mostra que, se β e β tonormais, ter-se-´ a c j = c j e c¯ j = c¯ j . Considerando as quatro equa¸ co˜es matriciais j j j j ¯ ]T = [M ¯ ]−1 e [M ¯ ] = [M ¯ ]−T , logo exigir´a que a destacadas, isto exigir´ a que [M k k k k j ¯ matriz [M k ] seja ortogonal. Ap´ o s o terceiro par´ agrafo, foi referido exclusivamente o ¯ k j de um tensor de segunda ordem M , associado a` base c¯k ¯c j , tal que componente M ¯ k j = ¯ck c j , c¯k = M ¯ k j c j e c j = M ¯ k j c¯k . Coloca¸c˜oes semelhantes podem ser feitas para M as outras trˆes representa¸c˜oes matriciais do tensor de M , citadas no terceiro par´ agrafo. k
⊗
·
Coment´ ario 1.2.20 (Transforma¸c˜ ao de Componentes de Vetor) Seja as bases β ∗ ∗ i ¯ = (¯ci ) (logo, β = (c ) e β ¯ = (¯ci )), do mesmo espa¸co vetorial V e seja v V . = (ci ) e β Ent˜ ao, v = v j c j = v¯k c¯k = v j c j = v¯k ¯ck . Considerando a defini¸c˜a o das matrizes de ¯ k j c j e c j = M ¯ k j c¯k , logo v j c j = v¯k ¯ck = v¯k M ¯ k j c j e transforma¸ca˜o 1.2.21, tem-se ¯ck = M ¯ j c¯k , ou v j = M ¯ j v¯k e v¯k = M ¯ j v j . Utilizando o colocado na mesma v¯k ¯ck = v j c j = v j M k k k defini¸ca˜o citada, em termos matriciais pode-se, ent˜ ao, escrever
∈
¯ j ]T [¯v k ] [v j ] = [M k Lembrando que
¯ k j ][c j ] [¯ck ] = [M
e e
¯ j ][v j ] . [¯ vk ] = [M k ¯ k j ]T [¯ck ] , [c j ] = [M
conclui-se que a matriz que transforma os componentes contravariantes v¯k (covariantes v j ) ¯ = (¯ci ) (β ∗ = (ci )), nos componentes contravariantes do vetor v, representado na base β ¯∗ = (¯ci )), ´e a transposta v j (covariantes v¯k ) do vetor v, representado na base β = (ci ) (β da matriz que transforma as bases no sentido oposto. 24
¯ forem ambas ortonorO coment´ ario 1.2.7 (base ortonormal dual) mostra que, se β e β mais, ter-se-´a c j = c j e c¯ j = ¯c j , logo v j = v j e v¯ j = v¯ j . Neste caso, a u´ltima senten¸ca do par´ agrafo anterior precisa ser simplificada, devendo-se, em substitui¸ca˜o a`quela senten¸ca, afirmar que a matriz que transforma os componentes v¯k do vetor v, representado ¯ = (¯ci ), nos componentes v j do vetor v, representado na base β = (ci ), ´e a na base β transposta da matriz que transforma as bases no sentido oposto.
Coment´ ario 1.2.21 (Transforma¸c˜ ao de Componentes de Tensor) Seja duas ba¯ = c¯i (logo, β ∗ = (ci ) e β ¯∗ = (¯ci )) do mesmo espa¸co vetorial V e seja ses β = ci e β A um tensor de segunda ordem em V V . De acordo com a defini¸ca˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15, A = A i j ci c j = A¯i j ¯ci ¯c j = A i j ci c j = A¯i j c¯i ¯c j = Ai j ci c j = A¯i j ¯ci ¯c j = Ai j ci c j = A¯i j ¯ci ¯c j . Nos quatro casos apresentados a seguir, al´em destes resultados ser´ a tamb´em utilizado o coment´ ario 1.2.10 (c´alculo de componente associado de tensor de segunda ordem), a defini¸ c˜ao das matrizes de transforma¸ca˜o 1.2.21 e a defini¸ca˜o de matriz 1.1.2:
{ }
{ }
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
¯ i m cm e Tem-se que A¯i j = c¯i A(¯c j ) e Am n = cm A(cn ). Considerando c¯i = M ¯ j n cn , obt´em-se A¯i j = M ¯ i m M ¯ j n Am n , ou [A ¯i j ] = [M ¯ i m ][Am n ][M ¯ j n ]T . ¯c j = M
·
·
¯ i m cm e Tem-se que A¯i j = c¯i A(¯c j ) e Amn = cm A(cn ). Considerando c¯i = M
·
−1 j
·
¯ n cn , obt´em-se A¯i j = M ¯i c¯ =M j
m
−1 j
¯ n Amn , ou [A ¯i j ] = [M ¯ i m ][Amn ][M ¯ j n]−1 . M −1
i
¯ m cm e Tem-se que A¯i j = c¯i A(¯c j ) e Amn = cm A(cn ). Considerando c¯i =M
·
−1
·
i
¯ j n cn , obt´em-se A¯i j =M ¯ m M ¯ j nAmn , ou [A ¯i j ] = [M ¯ i m ]−T [Amn ][M ¯ j n ]T . ¯c j = M −1
i
¯ m cm e Tem-se que A¯i j = c¯i A(¯c j ) e Am n = cm A(cn ). Considerando c¯i =M
·
−1 j
¯ n c , obt´em-se A ¯c =M j
1.2.9
¯i j
n
−1
i −1 j
·
¯ m M ¯ n Am n , ou [A ¯i j ] = [M ¯ i m ]−T [Am n ][M ¯ j n ]−1 . =M
Determinante e Tra¸ co
Defini¸ca ˜o 1.2.22 (Permuta¸c˜ ao) Seja o conjunto I , formado pelos n 2 primeiros n n´umeros naturais. Chama-se permuta¸ca ˜o a uma fun¸c˜ao σ : I I tal que σ : (i)ii= =1 n (σ(i))ii= I . Uma permuta¸ ca˜o que envolva exclusivamente a =1 σ(i) = σ( j) i = j, (i, j) invers˜ao do ordenamento de dois elementos adjacentes ´e chamada transposi¸c˜ ao . Toda permuta¸c˜ao ´e uma sequˆencia de transposi¸ c˜oes, mas diversas sequˆencias de transposi¸co˜es podem corresponder a` mesma permuta¸ca˜o. Todas as sequˆencias de transposi¸ c˜oes que correspondem a uma mesma permuta¸c˜ao envolvem um n´ umero de transposi¸co˜es com a mesma paridade, embora tal n´ umero possa variar de uma sequˆencia para outra. Por isto, as permuta¸co˜es s˜ao classificadas em pares ou ´ımpares. O sinal da permuta¸c˜ ao, representado (sinal σ), ser´a +1 quando a permuta¸ca˜o for par e ser´ a 1 quando a pern muta¸ca˜o for ´ımpar. Entre as n! poss´ıveis permuta¸c˜oes de (i)ii= ao permuta¸co˜es =1 , metade s˜ pares (como n 2, o valor de n! ´e sempre um inteiro par).
|
∀
≥
→
∈
−
≥
25
→
Defini¸ca ˜o 1.2.23 (Fun¸c˜ ao n-linear Alternante) Seja V um espa¸co vetorial e seja, de acordo com a defini¸c˜ao de dimens˜ao de espa¸co vetorial 1.2.4, dim V = n. Seja, em conformidade com a defini¸ca˜o de transforma¸c˜ao n-linear 1.2.10, a fun¸ca˜o n-linear w : V n . ao n-linear alternante sempre que, (v1 , . . . , vn ) V , Esta fun¸c˜ao ser´ a uma fun¸c˜
∀
∈
w(vσ(1), . . . , vσ(n) ) = (sinal σ)w(v1 , . . . , vn ) .
→
n Uma fun¸ca˜o n-linear alternante ser´ a n˜ ao trivial quando existir um conjunto (vi )ii= =1 tal que w(v1 , . . . , vn ) = 0.
∈ V
Coment´ ario 1.2.22 (Redu¸c˜ao no N´ umero de Permuta¸co ˜es Distingu´ıveis) De acordo com a defini¸c˜a o de permuta¸c˜a o 1.2.22, s˜ ao permuta¸co˜es pares metade das n! n poss´ıveis permuta¸c˜oes do conjunto ordenado (vi )ii= V . Se dois entre os vetores que for=1 mam este conjunto forem iguais, a cada permuta¸ca˜o par corresponder´ a uma permuta¸ca˜o ´ımpar dela indistingu´ıvel, o que reduzir´ a o n´ umero de permuta¸co ˜es distingu´ıveis para n!/2. Se m vetores forem iguais, o n´ umero de permuta¸co˜es distingu´ıveis ser´ a n!/m!.
∈
Coment´ ario 1.2.23 (Fun. n-lin. Altern. e Base de Esp. Vet. - Parte I) Conforme o coment´ ario 1.2.22, sobre redu¸c˜ao no n´ umero de permuta¸co˜es distingu´ıveis, se uma n fun¸ca˜o qualquer f : V n tiver como argumento um conjunto ordenado (vi )ii= V =1 que contenha dois vetores iguais, para cada permuta¸ c˜ao par do argumento existir´ a uma permuta¸c˜ao ´ımpar do mesmo argumento tal que as duas imagens, produzidas por f , se jam iguais. Portanto, se w for uma fun¸ca˜o n-linear alternante, conforme sua defini¸ca˜o
→
∈
1.2.23, mesmo que w seja n˜ ao trivial ter-se-´ a w(. . . , u, . . . , v, . . .) = 0 quando u = v. n Como consequˆencia deste fato, se (vi )ii= ca˜o V for, de acordo com o item 1 da defini¸ =1 de base 1.2.2, linearmente dependente e w for uma fun¸ca˜o n-linear alternante, ent˜ ao w(v1 , . . . , vn ) = 0, mesmo que w seja n˜ ao trivial. Logo, se w for uma fun¸c˜ao n-linear alternante e w(v1 , . . . , vn ) = 0, ent˜ ao o conjunto n (vi )ii= V ser´a linearmente independente. Como, de acordo com a defini¸ c˜ao 1.2.23, =1 dim V = n, considerando o item 2 da defini¸c˜a o 1.2.2 tem-se que o conjunto (vi )ni=1 abranger´a V . Portanto, pode-se afirmar que, se w for uma fun¸ca˜o n-linear alternante n n˜ao trivial, existir´a um conjunto (vi )ii= V tal que w(v1 , . . . , vn ) = 0, o qual ser´a uma =1 i=n base (ci )i=1 de V .
∈
∈
∈
Teorema 1.2.2 (Unicidade da Propor¸c˜ ao entre Fun. n-lin. Altern.) Sejam w e w duas fun¸co˜es n-lineares alternantes e seja w n˜ao trivial. Existe apenas um valor λ tal que, (v1 , . . . , vn ) V , tenha-se w (v1 , . . . , vn ) = λw(v1 , . . . , vn ). a o trivial, existe o conjunto de vetores (ci )ni=1 tal que Demonstra¸cao: ˜ Como w ´e n˜ w(c1, . . . , cn ) = 0 e tal conjunto ´e uma base de V (coment´ ario 1.2.23, sobre fun¸ c˜ao n-linear alternante e base de espa¸ c o vetorial - parte I). Suponha que (v1 , . . . , vn ) V e que va = vai ci para a = 1, . . . , n, logo w(v1 , . . . , vn ) = w(v1i1 c i1 , . . . , vnin c in ) = i1 n n in ´ltima igualdade prov´em da n-linearidade i1 =1 . . . in =1 v1 . . . vn w(ci1 , . . . , cin ), onde a u de w(v1 , . . . , vn ), conforme a defini¸c˜ao 1.2.10 desta propriedade. No somat´ orio m´ ultiplo, todos os termos que contenham vetores de base repetidos s˜ ao nulos. Portanto, o somat´ orio m´ultiplo simplifica-se num somat´orio sobre todas as n! permuta¸co˜es de c1 , . . . , cn , ou seja, σ w(v1 , . . . , vn ) = σ v1 (1) . . . vnσ(n) w(cσ(1) , . . . , cσ(n) ). Considerando que, de acordo com a defini¸ ca˜o de fun¸ca˜o n-linear alternante 1.2.23, w(cσ(1) , . . . , cσ(n) ) = (sinal σ) w(c1 , . . . , cn ), tem-se w(v1 , . . . , vn ) = αw(c1 , . . . , cn ),
∀
∈
∈
∈
26
σ (1)
onde α = σ (sinal σ) v1 . . . vnσ(n) . Em analogia, w (v1 , . . . , vn ) = αw (c1 , . . . , cn ). w (c1 ,...,cn ) 1 ,...,vn ) Como w(c1 , . . . , cn ) = 0, tem-se α = ww((v c1 ,...,cn ) , logo w (v1 , . . . , vn ) = w(c1 ,...,cn )
w(v1 , . . . , vn ) = λw(v1 , . . . , vn ). Note que, como os reais w (v1 , . . . , vn ) e w(v1 , . . . , vn ) independem de qual for a base escolhida para o espa¸co V em que se encontram os vetores ´ ltima express˜ ao indica que o real λ = w (c1 , . . . , cn )/w(c1 , . . . , cn ) n˜ao v1 , . . . , vn , esta u depende de qual for a base escolhida. Se Coment´ ario 1.2.24 (Fun. n-lin. Altern. e Base de Esp. Vet. - Parte II) n n n w : V e w : V forem duas fun¸co˜es n-lineares alternantes e w : V for n˜ao trivial (defini¸ c˜ao de fun¸ca˜o n-linear alternante 1.2.23), existe uma base de V , grafada n (ci )i=1 , tal que w(c1 , . . . , cn ) = 0 (coment´ ario 1.2.23, sobre fun¸ca˜o n-linear alternante e base de espa¸co vetorial - parte I). Tem-se, ent˜ ao, w (c1 , . . . , cn ) = λw(c1, . . . , cn ), onde λ = 0 se w : V n for trivial. Por outro lado, como λ n˜ao depende do conjunto de vetores utilizado na express˜ ao w (v1 , . . . , vn ) = λw(v1 , . . . , vn ) (teorema da unicidade da propor¸ca˜o entre fun¸c˜oes n-lineares alternantes 1.2.2), w : V n ser´a trivial se λ = 0. n Portanto, w : V ser´a n˜ao trivial se e somente se λ = 0. Isto indica que, se (ci )ni=1 for uma base de V tal que w(c1 , . . . , cn ) = 0 e se w : V n for qualquer fun¸ca˜o
→
→
→
→
→
→ →
ao trivial, ent˜ ao (ci )ni=1 ser´a, tamb´em, tal que w (c1 , . . . , cn ) = 0. n-linear alternante n˜
Teorema 1.2.3 (Dependˆ encia da Propor¸c˜ ao entre Fun. n-lin. Altern.) Seja n w : V uma fun¸ca˜o n-linear alternante n˜ a o trivial e seja a fun¸c˜ao T w : V n tal que T w (v1, . . . , vn ) = w(T (v1 ), . . . , T ( vn )), onde (v1, . . . , vn ) V e T V V ´e uma transforma¸ca˜o linear. O valor λ , tal que T w (v1 , . . . , vn ) = λw(v1 , . . . , vn ), ´e determinado apenas por T . ca˜o linear T : v u , onde (v, u) V , Demonstra¸cao: ˜ Seja T V V uma transforma¸ n n sejam w : V e w : V duas fun¸c˜oes n-lineares alternantes n˜ a o triviais (defini¸c˜a o de fun¸c˜ao n-linear alternante 1.2.23) e seja uma fun¸c˜ao T w : V n tal que T w (v1 , . . . , vn ) = w(u1 , . . . , un ) = w(T (v1 ), . . . , T ( vn )) [eq.1]. Evidentemente, T w tamb´em ´e uma fun¸ca˜o n-linear alternante logo, por causa do teorema da unicidade da propor¸c˜ao entre fun¸co˜es n-lineares alternantes 1.2.2, existe um u´nico λ tal que T w (v1, . . . , vn ) = λw(v1 , . . . , vn ) [eq.2]. Analogamente, T w (v1 , . . . , vn ) = w (T (v1 ), . . . , T ( vn )) [eq.3], sendo T w (v1 , . . . , vn ) = λ w (v1 , . . . , vn ) [eq.4]. Por´em, devido ao mesmo teorema 1.2.2, existe um unico ´ µ tal que w (v1, . . . , vn ) = µw(v1 , . . . , vn ) [eq.5]. Subtituindo a eq.5 na eq.4 obt´em-se T w (v1 , . . . , vn ) = λ µw(v1 , . . . , vn ) [eq.6]. Como, de acordo com o teorema 1.2.2, a eq.5 ´e v´ alida tanto para o argumento v1 , . . . , vn como para o argumento u1, . . . , un , substituindo a eq.5 na eq.3 obt´em-se T w (v1 , . . . , vn ) = µw(T (v1 ), . . . , T ( vn )). Substituindo antes a eq.1 e depois a eq.2 nesta u ´ ltima express˜ ao obt´em-se T w (v1 , . . . , vn ) = µλw(v1 , . . . , vn ), que comparada com a eq.6 produz λ = λ, desde que µ = 0. Mas, de acordo com o coment´ ario 1.2.24, sobre fun¸ca˜o n-linear alternante e base de espa¸co vetorial - parte II, por causa da eq.5 o fato de que tanto w como w s˜ao n˜ ao triviais implica em µ = 0. Portanto λ = λ e as eqs.2 e 4 mostram que λ n˜ao depende de qual ´e a fun¸ c˜ao n-linear alternante n˜ ao trivial considerada, ou seja, λ depende apenas de T .
→
∈
∈
→
∈ ⊗
→ ∈ ⊗
→
→
∈
→
∈
∈
Defini¸ca ˜o 1.2.24 (Determinante de Transforma¸ca ˜o Linear) Seja a transformaao, det T ¸ca˜o linear T V V . O determinante desta transforma¸c˜ , ´e definido pela igualdade (det T )w(v1 , . . . , vn ) = w(T (v1), . . . , T ( vn )), (v1 , . . . , vn ) V e
∈ ⊗
∀
27
∈ ∈
n
∀w : V → |w ´e n-linear alternante n˜ao trivial. Note que det ´e uma fun¸ca˜o que, apli-
cada ao argumento T , produz como imagem o real λ apresentado no teorema 1.2.3, sobre a dependˆencia da propor¸ca˜o entre fun¸co˜es n-lineares alternantes, real este que depende apenas de T . A defini¸c˜ao desta fun¸ca˜o, portanto, ´e poss´ıvel por causa do que foi demonstrado no teorema citado. O dom´ınio da fun¸ c˜ao det ´e V V , porque T V V , enquanto que o seu contradom´ınio ´e , porque λ . Pode-se, ent˜ao, escrever det : V V . Note, tamb´em, que na defini¸ca˜o 1.2.25 ser´ a apresentado o conceito de determinante de uma matriz, enquanto que agora est´ a sendo apresentado o conceito de determinante de uma transforma¸ca˜o linear.
⊗
∈
∈ ⊗
⊗ →
Coment´ ario 1.2.25 (Fun. n-lin. Altern. e Base de Esp. Vet. - Parte III) Se ja uma fun¸c˜ao n-linear alternante n˜ ao trivial w : V n . H´a um conjunto (ci )ni=1 tal que w(c1 , . . . , cn ) = 0 e este conjunto ´e uma base de V , conforme o coment´ ario 1.2.23, sobre fun¸c˜ao n-linear alternante e base de espa¸co vetorial - parte I. De acordo com a defini¸ca˜o de determinante de transforma¸c˜ao linear 1.2.24 e o teorema 1.2.3, sobre a dependˆencia da propor¸c˜ao entre fun¸co˜es n-lineares alternantes, (detT )w(c1, . . . , cn ) = w(T (c1 ), . . . , T ( cn )) = T w (c1 , . . . , cn ) = w(d1 , . . . , dn ), onde d i = T ci , para i = 1, . . . , n. Esta express˜ ao mostra que, quando (ci )ni=1 for uma base de V tal que w(c1, . . . , cn ) = 0 e di = T ci para i = 1, . . . , n, se det T = 0 ent˜ao (di )ni=1 ser´a uma base de V tal que w(d1 , . . . , dn ) = 0. Mas, al´em de suficiente (uso do “se”), a condi¸ c˜ao det T = 0 tamb´em ´e necess´ aria (uso do “somente se”) para que (di )ni=1 seja uma base de V tal que w(d1 , . . . , dn ) = 0. De fato,
→
aplicando a` igualdade T w (c1 , . . . , cn ) = (det T )w(c1 , . . . , cn ) o teorema 1.2.2, referente a` unicidade da propor¸ca˜o entre fun¸co˜es n-lineares alternantes, percebe-se que det T = 0 implica em T w trivial, logo implica em T w (c1 , . . . , cn ) = w(d1 , . . . , dn ) = 0. Portanto, a seten¸c a completa diz que, se (ci )ni=1 for uma base de V tal que w(c1 , . . . , cn ) = 0 e se di = T ci para i = 1, . . . , n, ent˜ao (di )ni=1 ser´a uma base de V tal que w(d1 , . . . , dn ) = 0 se e somente se det T = 0.
Defini¸ca ˜o 1.2.25 (Determinante de Matriz) Seja [M i j ] uma matriz (defini¸c˜a o de matriz 1.1.2) quadrada com n linhas e n colunas (tanto i como j poderiam ser super´ındices). O determinante desta matriz , det[M i j ] ´e, por defini¸ca˜o, det[M i j ] =
(sinal σ) M σ(1)1 . . . Mσ (n) n ,
σ
onde o somat´ orio ocorre sobre todas as n! permuta¸co˜es do conjunto ordenado de n´ umeros naturais (1, 2, 3, . . . , n) referente a`s linhas da matriz. Note que na defini¸ c˜ao 1.2.24 foi apresentado o conceito de determinante de uma transforma¸ c˜ao linear, enquanto que agora est´a sendo apresentado o conceito de determinante de uma matriz. A partir da presente defini¸ca˜o demostram-se os conhecidos resultados da a´lgebra matricial elementar det([Ai j ][B j k ]) = det[Ai j ]det[B j k ] , por causa das regras de multiplica¸ c˜ao matricial e det([Ai j ]T ) = det[Ai j ] , por causa da comutatividade da multiplica¸ c˜ao escalar, a qual produz σ (sinal σ) M σ(1)1 . . . Mσ (n) n = σ (sinal σ) M 1 σ(1) . . . Mn σ(n) .
Nesta defini¸ca˜o de determinante de matriz, ambos os dois indicadores da matriz foram, arbitrariamente, considerados ´ındices. Evidentemente, cada um deles, independentemente do outro, poderia ser um ´ındice ou um super´ındice. 28
Coment´ ario 1.2.26 (Rela¸ca ˜o entre Determ. de Transf. Lin. e de Matriz) O determinante de uma transforma¸ c˜ao linear pode ser calculado em termos dos seus componentes associados a`s bases produto (ci c j ) e (ci c j ), sendo (ci )ni=1 uma base de V . De fato, a defini¸c˜ao de determinante de transforma¸ c˜ao linear 1.2.24 mostra que (det T )w(c1 , . . . , cn ) = w(T (c1 ), . . . , T ( cn )) = w((T i1 j1 ci1 c j1 )(c1 ), . . . , (T in jn cin
⊗
⊗
⊗
⊗
c jn )(cn )) = w((c j1 c1 )T i1 j1 ci1 , . . . , (c jn cn )T in jn cin ) = w(δ j11 T i1 j1 ci1 , . . . , δ j nn T in jn cin ) = w(T i11 ci1 , . . . , T inn cin ), onde foi usada a defini¸c˜ao de produto tensorial de vetores 1.2.12. Tem-se w(T i11 ci1 , . . . , T inn cin ) = ni1 =1 . . . nin =1 T i11 . . . T inn w(ci1 , . . . , cin ), por causa da
·
·
n-linearidade de w(v1 , . . . , vn ), conforme a defini¸c˜ao 1.2.10 desta propriedade. Neste m´ultiplo somat´ orio, todos os termos que contenham vetores de base repetidos s˜ ao nulos. Portanto, o somat´ orio m´ ultiplo simplifica-se num somat´orio sobre todas as n! permuta¸co˜es σ (1) de c1, . . . , cn , ou seja, w(T i11 ci1 , . . . , T inn cin ) = σ T 1 . . . T σ(n)n w(cσ(1) , . . . , cσ(n) ). Como, nesta u´ltima igualdade, o primeiro membro ´e igual a (detT )w(c1 , . . . , cn ), enquanto que, de acordo com a defini¸ca˜o de fun¸ca˜o n-linear alternante 1.2.23, w(cσ(1) , . . . ,
cσ(n) ) = (sinal σ) w(c1 , . . . , cn ), tem-se (det T )w(c1 , . . . , cn ) =
σ (1)
σ (sinal
σ) T
σ (1)
1
...
T σ(n)n w(c1 , . . . , cn ), logo det T = σ (sinal σ) T 1 . . . T σ(n)n = det[T i j ], de acordo com a defini¸ca˜o de determinante de matriz 1.2.25, sendo [T i j ] a matriz formada pelos componentes de T associados a` base considerada, ci c j . Analogamente, obt´em-se det T = det[T i j ]. De acordo com o coment´ ario 1.2.14, sobre gi j ou gi j aplicado a componente de tensor, tem-se T i j = g k j T i k = g i k T k j e T i j = g k i T k j = g j k T i k , logo
{ ⊗ }
j det T = det[T i j ] = det[T i ] = det[gk j T i k ] = det[gk i T k j ] = det[g i k T k j ] = det[g j k T i k ] .
Conforme o coment´ ario 1.2.13, sobre componente associado do tensor identidade, tem-se para os componentes contravariantes e covariantes respectivamente 1 i j = g i j e j j 1i j = gi j , enquanto que para os componentes mistos tem-se 1 i j = δ i j e 1i = δ i . Mas o coment´ ario 1.2.6, sobre fun¸co˜es gi j e gi j , mostra que gi k gk j = δ i j . Ent˜ a o, de i i ik acordo com a express˜ ao destacada, det 1 = det 1 j = det[δ j ] = det[g gk j ]. Como o indicador k representa o mesmo somat´ orio, tanto usando a nota¸c˜ao de Einstein 1.1.2, como em rela¸ca˜o a`s regras elementares de multiplica¸ ca˜o matricial, tem-se det[g i k gk j ] = det([g i k ][gk j ]). Considerando a defini¸ca˜o de determinante de matriz 1.2.25, conclui-se que det[g i k gk j ] = det([g i k ][gk j ]) = det[g i k ]det[gk j ] e det[δ i j ] = 1, logo det[g i k ]det[gk j ] = 1. Em resumo, enquanto os determinantes dos componentes mistos do tensor identidade s˜ao iguais a 1, o mesmo acontecendo, evidentemente, tamb´em com o produto destes determinantes, para os determinantes dos componentes contravariante e covariante somente se garante que o produto deles ´e igual a 1. Al´em disto, de acordo com o coment´ ario 1.2.7, ik kj sobre base ortonormal dual, numa base ortonormal gk j = δ k j e g = δ , portanto det[gk j ] = det[δ k j ] = det[g k j ] = det[δ k j ] = 1, o que simplifica a equa¸ca˜o destacada para j det T = det[T i j ] = det[T i ] = det[T i j ] = det[T i j ] .
Coment´ ario 1.2.27 (Propriedades de Determinantes - Parte I) A fun¸c˜a o det : V V , apresentada na defini¸ca˜o de determinante de transforma¸ c˜ao linear 1.2.24, tem as seguintes propriedades:
⊗ →
29
1. det(u v) = 0, (u, v) V . De fato, det(u v)w(t1 , . . . , tn ) = w((u v)(t1 ), . . . , (u v)(tn )) = w((v t1 )u, . . . , (v tn )u), por causa da defini¸c˜ao de produto tensorial de dois vetores, ou tensor simples, 1.2.12. Mas w((v t1 )u, . . . , (v tn )u) = 0 por causa da dependˆ encia linear entre os vetores presentes no argumento de w (coment´ ario 1.2.23, sobre fun¸ca˜o n-linear alternante e base de espa¸ co vetorial parte I).
⊗
⊗
∀
∈
·
⊗
·
⊗ ·
·
2. det(α1 ) = αn , onde α e 1 ´e, de acordo com a defini¸ c˜a o 1.2.16, a transforma¸ca˜o tensorial identidade para o espa¸co vetorial V de dimens˜ao n. De fato, det(α1 )w(v1, . . . , vn ) = w(α1 (v1 ), . . . , α1 (vn )) = w(αv1 , . . . , αvn ). Mas, por causa da n-linearidade de w, tem-se det(α1 )w(v1 , . . . , vn ) = αn w(v1 , . . . , vn ), ou det(α1 ) = α n .
∈
3. det(ST ) = (det S )(det T ), porque det(ST )w(v1 , . . . , vn ) = w(ST (v1), . . . , S T (vn )) = w(S (T (v1 )), . . . , S (T ( vn ))) = det(S )w(T (v1 ), . . . , T ( vn )) = det(S ) det(T )w(v1 , . . . , vn ), ou det(ST ) = det(S ) det(T ) = det(T S ). 4. det S T = det S . De fato, de acordo com o coment´ ario 1.2.26, sobre determinante de transforma¸c˜ao linear e de matriz, tem-se det S T = det[(S T ) i j ]. Mas, de acordo com o coment´ ario 1.2.16, sobre transposi¸ c˜ao de tensor de segunda ordem, [(S T ) i j ] = [S i j ]T , logo det S T = det([S i j ]T ). Conforme a defini¸c˜ao de determinante de matriz 1.2.25, det([S i j ]T ) = det[S i j ]. Portanto, det S T = det[S i j] = det S , a u ´ltima igualdade sendo novamente devida ao coment´ ario 1.2.26.
Defini¸ca ˜o 1.2.26 (Tra¸co de Transforma¸ca ˜o Linear) Semelhantemente a` defini¸ca˜o da fun¸c˜ao determinante de transforma¸ c˜a o linear 1.2.24, de acordo com a qual det : V V , um outro escalar pode ser a imagem da mesma transforma¸ c˜ao linear, por meio de uma outra fun¸ca˜o. Para definir esta outra fun¸ c˜ao, suponha que w : V n seja uma fun¸ca˜o n-linear alternante n˜ ao trivial e que a fun¸c˜ao Tw : V n seja tal que Tw (v1 , . . . , vn ) = ni=1 w(v1 , . . . , T ( vi ), . . . , vn ), onde (v1 , . . . , vn ) V e T V V ´e uma transforma¸ca˜o linear. Demonstra-se que Tw tamb´em ´e uma fun¸ca˜o n-linear alternante. Logo, por causa do teorema 1.2.2, sobre a unicidade da propor¸ c˜ao entre fun¸co˜es nlineares alternantes, existe um u´nico µ tal que Tw (v1, . . . , vn ) = µw(v1, . . . , vn ). O teorema 1.2.3, sobre dependˆ encia na propor¸ c˜ao entre fun¸co˜es n-lineares alternantes, foi demonstrado por meio da fun¸ ca˜o T w : V n tal que T w (v1 , . . . , vn ) = w(T (v1 ), . . . , T ( vn )). Ele podia, por´em, ser tamb´em demonstrado usando-se, ao inv´ es n de T w , a fun¸ca˜o Tw : V n tal que Tw (v1 , . . . , vn ) = i=1 w(v1 , . . . , T ( vi ), . . . , vn ). Portanto, demostra-se que µ n˜ao depende da escolha da fun¸ca˜o w, ou seja, µ depende apenas de T . Seja a transforma¸c˜ao linear T V V . O tra¸co desta transforma¸c˜ , ao, trT ´e definido pela igualdade (trT )w(v1 , . . . , vn ) = ni=1 w(v1, . . . , T ( vi ), . . . , vn ), (v1 , . . . , vn ) V e w : V n w ´e n-linear alternante n˜ ao trivial. Note que trT ´e o valor µ apresentado no par´ agrafo anterior, o qual depende apenas de T . O dom´ınio da fun¸c˜ao tr ´e V V , porque T V V , enquanto que o seu contradom´ınio ´e , porque trT . Pode-se, ent˜ ao, escrever tr : V V , analogamente a det : V V .
⊗ →
∈
→
→
∈ ⊗
∈
→
→
∈ ⊗
∈ ⊗
∀
→ | ∈ ⊗
∀
⊗ →
⊗ →
30
∈
∈
Coment´ ario 1.2.28 (Rela¸ca ˜o entre Tra¸co de Transf. Lin. e de Matriz) O tra¸co de uma transforma¸ca˜o linear pode ser calculado em termos dos seus componentes associados a`s bases (ci c j ) e (ci c j ), sendo (ci )ni=1 uma base de V . De fato, a defini¸ca˜o de tra¸co de transforma¸c˜ao linear 1.2.26 mostra que (trT )w(c1 , . . . , cn ) = ni=1 w(c1 , . . . , T (ci ), . . . , cn ) = ni=1 w(c1, . . . , (T k j ck c j )(ci ), . . . , cn ) = ni=1 w(c1 , . . . , (c j ci )T k j ck ,
⊗
⊗
⊗
·
. . . , cn ) = ni=1 w(c1, . . . , δ j i T k j ck , . . . , cn ) = ni=1 w(c1 , . . . , T k i ck , . . . , cn ), onde usouse a defini¸ca˜o de produto tensorial de vetores 1.2.12. Neste m´ ultiplo somat´ orio, todos os termos que contenham vetores de base repetidos s˜ao nulos. Por isto, para i = 1 existe apenas o termo w(T 1 1 c1, c2 , . . . , cn ) = T 1 1 w(c1 , c2 , . . . , cn ), onde a igualdade ´e causada pela n-linearidade da fun¸c˜ao w (defini¸c˜ao de fun¸ca˜o n-linear alternante 1.2.23), para i = 2 existe apenas o termo w(c1 , T 2 2 c2 , . . . , cn ) = T 2 2 w(c1, c2 , . . . , cn ) etc.. Portanto, (trT )w(c1, . . . , cn ) = T i i w(c1 , . . . cn ), ou trT = T i i onde, de acordo com a nota¸c˜ao de Einstein 1.1.2, T i i ´e soma dos elementos diagonais da matriz [T i j ], chamada tra¸co da matriz [T i j ], logo tr[T i j ] = [T i i ] = T i i . Analogamente para os componentes associados a` base (ci c j ). Tem-se, portanto,
⊗
trT = T i i = tr[T i j ] = T i i = tr[T i j ] . De acordo com o coment´ ario 1.2.14, sobre gi j ou g i j aplicado a componente de tensor, tem-se T i i = T i i = g i j T i j = g i j T i j . Mas, em termos matriciais, tr[T i j ] = tr[gk j T i k ] = tr([T i k ][gk j ]) = tr[g i k T k j ] = tr([g i k ][T k j ]), havendo express˜ o es an´ alogas para tr[T i j ] (notar que [gi j T i j ] = gi j T i j ´e um u´nico escalar, logo n˜ ao representa uma composi¸ca˜o de tensores de segunda ordem, de acordo com sua defini¸ c˜ao 1.2.19). Portanto, embora trT = tr[T i j ] = tr[T i j], os tra¸cos das matrizes T i j e T i j n˜ao precisam ser iguais a trT . Mas, de acordo com o coment´ ario 1.2.7, sobre base ortonormal dual, numa base ik ik ortonormal gk j = δ k j e g = δ , logo [gk j ] = [g i k ] = [1]. Ent˜ao, numa base ortonormal os tra¸cos das matrizes T i j e T i j s˜ao iguais a trT . , apresenComent´ ario 1.2.29 (Propriedades de Tra¸cos) A fun¸ca˜ o tr : V V tada na defini¸c˜ao de tra¸co de uma transforma¸ca˜o linear 1.2.26, tem as seguintes propriedades:
⊗ →
1. tr(αS + T ) = αtrS + trT . De fato, tr(αS + T )w(c1 , . . . , cn ) = ni=1 w(c1 , . . . , (αS + T )(ci ), . . . , cn ) = ni=1 αw(c1 , . . . , S ( ci ), . . . , cn ) + ni=1 w(c1 , . . . , T ( ci ), . . . , cn ) = (αtrS + trT )w(c1 , . . . , cn ), por causa da n-linearidade da fun¸c˜ao w (defini¸c˜a o de fun¸c˜ao n-linear alternante 1.2.23). Portanto o tra¸ co ´e uma fun¸ca˜o linear do espa¸co V V (o qual ´e o espa¸co das transforma¸c˜oes lineares do espa¸co vetorial V para o pr´oprio espa¸co vetorial V ) para o espa¸co . Note que o determinante ´e uma fun¸ ca˜o n˜ao linear do espa¸co V V para o espa¸co .
⊗
⊗
2. tr1 = n. De fato, tr1 w(c1 , . . . , cn ) = ni=1 w(c1 , . . . , 1 (ci ), . . . , cn ) = ni=1 w(c1 , . . . , cn ) = nw(c1 , . . . , cn ), por causa da defini¸c˜ao de transforma¸c˜ao tensorial identidade 1.2.16.
31
3. tr(v u) = v u. De fato, sendo (ci ) uma base do espa¸co vetorial V , para (v, u) V tem-se tr(v u)w(c1 , . . . , cn ) = ni=1 w(c1 , . . . , (v u)(ci ), . . . , cn ) = n n j i=1 w(c1 , . . . , (u ci )v, . . . , cn ) = i=1 w(c1 , . . . , (u ci )v c j , . . . , cn ), onde usou-se a defini¸ca˜o de produto tensorial de vetores 1.2.12. Neste m´ ultiplo somat´ orio, todos os termos que contenham vetores de base repetidos s˜ ao nulos. Por isto, para i = 1 existe apenas o termo w((u c1 )v 1 c1 , c2 , . . . , cn ) = (u c1 )v 1 w(c1 , c2 , . . . , cn ), onde a igualdade ´e causada pela n-linearidade da fun¸ca˜o w (defini¸c˜ao de fun¸ca˜o n-linear alternante 1.2.23), para i = 2 existe apenas o termo w(c1 , (u c2 )v 2 c2 , . . . , cn ) = (u c2 )v 2 w(c1 , c2 , . . . , cn ) etc.. Portanto, tr(v u)w(c1, . . . , cn ) = ( ni=1 u ci v i )w(c1 , . . . , cn ) = (u v)w(c1 , . . . , cn ).
⊗ ∈
·
·
⊗
⊗
·
·
·
·
·
⊗
·
·
4. tr(S T ) = trS . De fato, de acordo com o coment´ ario 1.2.28, sobre rela¸ca˜o entre tra¸co de transforma¸ca˜o linear e de matriz, tem-se tr(S T ) = (S T )i i = (S T )i i . Mas, de acordo com o coment´ ario 1.2.16, sobre transposi¸c˜ao de tensor de segunda ordem, [(S T )i j ] = [S i j ]T , logo (S T )i i = tr[(S T )i j ] = tr([S i j ]T ) = tr[S i j ] = S i i = trS onde o coment´ ario 1.2.28 foi novamente usado. 5. tr(ST ) = tr(T S ). De fato, novamente de acordo com o coment´ ario 1.2.28, temse tr(ST ) = (ST )i i = (ST )i i . Mas (ST )i i = tr[(ST )i j ] = tr([S i k ][T k j ]), onde a segunda igualdade prov´ em da defini¸ ca˜o de composi¸c˜ao de tensores de segunda ordem 1.2.19. Analogamente, tem-se (T S )i i = tr[(T S )i j ] = tr([T i k ][S k j ]). Como tanto i, como k e j podem assumir valores inteiros desde 1 at´e n, de acordo com a a´lgebra matricial elementar a soma dos elementos diagonais da matriz produto [S i k ][T k j ] ´e igual a` soma dos elementos diagonais da matriz produto [T i k ][S k j ], logo tr(ST ) = (ST )i i = (ST )i i = (T S )i i = (T S )i i = tr(T S ). Note que o terceiro item do coment´ ario 1.2.27, sobre propriedades de determinantes - parte I, mostra que det(ST ) = det(T S ), semelhantemente a tr(ST ) = tr(T S ). Por´em, enquanto det(ST ) = (det S )(det T ), geralmente tem-se tr(ST ) = (trS )(trT ).
Coment´ ario 1.2.30 (Propriedades de Determinantes - Parte II) det(1 + u v) = 1+ u v. De fato, det(1 + u v)w(c1 , . . . , cn ) = w((1 + u v)(c1 ), . . . , (1 + u v)(cn )) = w((c1 + (v c1 )u), . . . , (cn + (v cn )u)), onde foram usadas as defini¸c˜oes de determinante de transforma¸c˜ao linear 1.2.24 e de produto tensorial de vetores 1.2.12. Como, de acordo com a defini¸ca˜o de fun¸ca˜o n-linear alternante 1.2.23, w ´e uma fun¸ca˜o n-linear, tem-se w((c1 +(v c1 )u), . . . , (cn +(v cn )u)) = w(c1, . . . , cn )+ ni=1 w(c1 , . . . , (v ci )u, . . . , cn )+ termos envolvendo mais do que um ´ unico vetor u no argumento de w . Mas, de acordo com o coment´ ario sobre redu¸c˜a o no n´ umero de permuta¸co˜es distingu´ıveis 1.2.22, tais termos s˜ ao nulos, porque v ci . Portanto, usando novamente a defini¸ca˜o 1.2.12 tem-se det(1 + u v)w(c1, . . . , cn ) = w(c1, . . . , cn ) + ni=1 w(c1 , . . . , (u v)(ci ), . . . , cn ) = (1 + tr(u v))w(c1 , . . . , cn ), onde au ´ltima igualdade prov´em do uso da defini¸ ca˜o de tra¸co de transforma¸ca˜o linear 1.2.26. A utiliza¸c˜ao do terceiro item do coment´ ario 1.2.29, referente a propriedades de tra¸ cos, mostra que det(1 + u v)w(c1 , . . . , cn ) = (1 + u v)w(c1, . . . , cn ).
·
⊗
·
·
⊗
·
·
· ∈ ⊗
⊗
·
⊗
⊗
·
32
⊗
⊗
1.2.10
Produto Interno, Invers˜ ao, Ortogonalidade e Grupo de Tensores de Segunda Ordem
Defini¸ca ˜o 1.2.27 (Produto Interno de Tens. de Segunda Ordem) O produto interno de dois tensores de segunda ordem (A, B) V V ´e, por defini¸ca˜o, T 2 A B = tr(AB ). A fun¸ca˜o : (V V ) ´e bilinear, sim´etrica e de defini¸ ca˜o positiva, qualidades estas mostradas, para fun¸co˜es, na defini¸c˜ao de produto interno de vetores 1.2.5.
·
·
⊗
∈ ⊗
→
Coment´ ario 1.2.31 (Propriedades do Produto Interno Tensorial) Pode-se facilmente mostrar que:
· 2. A · B = B · A, 1. 1 A = trA,
T
T
∈ ⊗ V tem-se (AB) · C = B · (A C ) = A · (CB ), 4. (v ⊗ u) · A = v · A(u) e 5. se (c ) for uma base de V , ent˜ao (c ⊗ c ) · (c ⊗ c ) = (c ⊗ c ) · (c ⊗ c ) = n . 3. para (A,B,C ) V
n i i=1
i
j
i
i
j
j
i
2
j
Defini¸ca ˜o 1.2.28 (Norma de Tensor de Segunda Ordem) A norma de um tensor de segunda ordem A V V ´e, por defini¸c˜ao, A = A A = trAAT . Mostra-se
∈ ⊗
| |
facilmente que, numa base ortonormal, A =
| | √ ·
√
(A1 1 )2 + (A1 2 )2 + . . . + (An n )2 , enquanto
que, em qualquer base, A = (A1 1 )2 + (A1 2)2 + . . . + (Ann)2 (analogamente para a representa¸c˜ao contravariante e para a outra representa¸ c˜ao mista).
| |
Nota¸c˜ ao 1.2.6 (Aplica¸ c˜ ao de Tensor a Tensor) Sejam M e N dois tensores de ordem k = 0, 1, 2, 3 . . .. O conceito de aplica¸ca˜o do tensor M ao tensor N ´e grafado M [N ] e difere do conceito de composi¸c˜ao de tensores de segunda ordem apresentado na defini¸ c˜ao 1.2.19. Por exemplo, para h (escalar, ou tensor de ordem zero), (v, u, w) V
∈
∈ ⊗
ordem), T
V (tensor de ordem k
∈
∈ V ⊗ V ≡⊗ V (tensores de segunda
(vetores, ou tensores de primeira ordem), (A, B) k≥2
2
≥ 2), tem-se:
1. M [h] = hM , ou seja, a aplica¸ca˜o de um tensor de ordem k = 0, 1, 2, 3 . . . a um escalar ´e o produto deste escalar pelo tensor considerado; 2. v[u] = v u, conforme a defini¸c˜ao de produto interno de vetores 1.2.5;
·
3. T [u] = T (u), conforme mostrado a seguir; 4. (v
⊗ u)[w] = (v ⊗ u)(w) = (u · w)v, conforme a defini¸ca˜o de tensor simples 1.2.12; 5. A[B] = A · B = tr(AB ), conforme a defini¸c˜ao de produto interno de tensores de T
segunda ordem 1.2.27 e
6. (v u)[B] = (v u) B = v B u, conforme o quarto item do coment´ ario sobre propriedades do produto interno tensorial 1.2.31.
⊗
⊗ ·
·
33
O item 4 ´e um caso especial do item 3, v´ alido quando a transforma¸ca˜o linear for um tensor simples, ou seja, quando T = v u. Al´em disto, o item 6 ´e um caso especial do item 5, v´alido quando A = v u. Para explicar o item 3, considere os componentes de T e de u associados a`s suas respectivas bases. Supondo que i seja o indicador (´ındice ou super´ındice) mais a` direita nos componentes de T e que j seja o indicador de u , cada componente de T (u) ter´ a todos os indicadores dos componentes de T , salvo o u ´ltimo a` direita e ser´ a a soma dos produtos dos componentes de T e u que apresentam i = j. Logo, como a ordem de T ´e k 2, a ordem de T (u) ´e k 1. Coerentemente com o exposto na defini¸ c˜ao de transforma¸ca˜o n-linear 1.2.10, isto indica que a aplica¸c˜a o de T a um argumento formado por k 1 vetores produz como imagem um vetor. Por isto, a representa¸c˜ao matricial de A(u) ´e a matriz coluna resultante do produto matricial elementar entre a matriz quadrada que representa A e a matriz coluna que representa u. Por outro lado, embora a representa¸ c˜ao matricial da composi¸ca˜o de tensores de segunda ordem, simbolizada A B ou AB conforme sua defini¸c˜ao 1.2.19, tamb´em seja o resultado de um produto matricial elementar, ela n˜ ao ´e simbolizada A(B) e, conforme mostra a pen´ ultima linha, A[B] tem outro significado. Ou seja, a composi¸ca˜o A B n˜ao ´e a aplica¸c˜a o de A a B, mas sim a aplica¸ca˜o de B a u, seguida da aplica¸ca˜o de A ao vetor disto resultante, logo (A B)(u) = A(B(u)) = (AB)(u). O anterior item 1 mostra que a aplica¸c˜ao de um tensor a um escalar (tensor de ordem 0) n˜ ao reduz a ordem do tensor. Os itens 2, 3 e 4 mostram que a aplica¸ c˜ao de um tensor a um vetor (tensor de ordem 1) reduz em uma unidade a ordem do tensor. Os itens 5 e 6 indicam que a aplica¸ca˜o de um tensor a um tensor de ordem 2 reduz em duas unidades a ordem do tensor. Esta ´e a regra geral envolvida no conceito de aplica¸ c˜ao de tensor a tensor. Evidentemente, n˜ ao se pode aplicar um tensor a outro cuja ordem seja superior `aquela do primeiro.
⊗
⊗
≥ −
−
◦
◦
◦
Defini¸ca ˜o 1.2.29 (Tensor Inverso de Segunda Ordem) Seja o tensor de segunda ordem A V V e seja A −1 V V AA−1 = A −1 A = 1 , sendo A−1 u ´ nico e denominado inverso de A. Quando A−1 existir, A ser´a denominado invert´ıvel ou n˜ ao singular e, no caso contr´ ario, A ser´a chamado singular. De acordo com os itens 2 e 3 do coment´ ario 1.2.27, AA −1 = A −1 A = 1 implica em det(A−1 ) = (det A)−1 , logo A ´e invert´ıvel somente se det A = 0. Demonstra-se, por´em, que A ´e invert´ıvel se e somente se det A = 0.
∈ ⊗
∈ ⊗ |
Coment´ ario 1.2.32 (Propriedades do Tensor Inverso) Se, de acordo com a defini¸c˜ao de tensor inverso 1.2.29, A e B forem invert´ıveis, demonstra-se que: 1. (AB)−1 = B −1 A−1 e 2. (A−1)T = (AT )−1 = A −T , onde A−T ´e o tensor inverso transposto do tensor A.
⊗ V , o subespa¸co Inv (V ) =
Nota¸c˜ ao 1.2.7 (Subespa¸co Invert´ıvel) Define-se, em V F V V F ´e invert´ıvel .
{ ∈ ⊗ |
}
Defini¸ca ˜o 1.2.30 (Tensor Ortogonal de Segunda Ordem) O tensor de segunda ordem Q V V ´e denominado uma transforma¸ ca˜o linear ortogonal se ele preservar
∈ ⊗
34
o produto interno em V , isto ´e, se, (u, v) V , ocorrer Q(u) Q(v) = u v. De acordo com a defini¸c˜ao de transforma¸c˜ao linear transposta 1.2.17, Q(u) Q(v) = v QT Q(u), o que indica, por causa da simetria do produto interno de vetores apresentada na sua defini¸ca˜o 1.2.5, que QT Q = 1 ou, considerando a defini¸ca˜o de tensor inverso de segunda ordem 1.2.29, que QT = Q −1.
∀
∈
·
·
·
·
Coment´ ario 1.2.33 (Propriedades de Tensor Ortogonal) Demonstra-se que:
|
|
1. det Q = 1, sendo a transforma¸c˜ao ortogonal pr´ opria se det Q = 1 e impr´ opria se det Q = 1,
− 2. |Q(v)| = |v|, logo a transforma¸c˜ao ortogonal preserva a norma do vetor, de acordo sua defini¸ca˜o 1.2.6 e
3. θ(Q(v), Q(u)) = θ(v, u), logo a transforma¸c˜ao ortogonal preserva o aˆngulo entre os vetores, de acordo com sua defini¸ca˜o 1.2.7. 4. Se B = QAQT (ou se A = QT BQ), de acordo com o item: (a) 3 do coment´ ario 1.2.27, sobre propriedades de determinantes - parte I, tem-se det B = det(QAQT ) = det(QT QA) = det(1 A) = det A. Considerando o coment´ ario 1.2.26, sobre a rela¸ca˜o entre determinante de transforma¸ c˜ao linear e de matriz, igualdade an´ aloga a det B = det A pode ser escrita para qualquer uma das quatro poss´ıveis representa¸ co˜es matriciais de A e B , desde que, evidentemente, as representa¸ c˜oes de A e B sejam do mesmo tipo. (b) 5 do coment´ ario 1.2.29, sobre propriedades de tra¸ cos, tem-se trB = tr(QAQT ) = tr(QT QA) = tr(1 A) = trA. Considerando o coment´ ario 1.2.28, sobre a rela¸ca˜o entre tra¸co de transforma¸c˜ao linear e de matriz, igualdade an´ aloga a trB = trA pode ser escrita para qualquer uma das quatro poss´ıveis representa¸co˜es matriciais de A e B, desde que, evidentemente, as representa¸ c˜oes de A e B sejam do mesmo tipo.
Defini¸ca ˜o 1.2.31 (Grupo de Tensores de Segunda Ordem) O conjunto G de tensores de segunda ordem ser´ a denominado um grupo quando ele apresentar as seguintes propriedades, onde o produto AB n˜ao necessariamente indica a composi¸ ca˜o, conforme sua defini¸ca˜o 1.2.19:
∈
∈ G,
1. se (A, B) G ent˜ ao AB
∈
2. se (A,B,C ) G ent˜ ao A(BC ) = (AB)C , 3.
∃ 1 ∈ G tal que, ∀A ∈ G, tenha-se 1 A = A1 = A, onde 1 ´e o tensor identidade, conforme sua defini¸ca˜o 1.2.16 e
4.
−1
∀A ∈ G ∃ A
tal que AA−1 = A −1 A = 1 .
Nota¸c˜ ao 1.2.8 (Grupos Especiais) Os grupos abaixo citados possuem representa¸ c˜oes espec´ıficas:
35
1. Considerando o caso espec´ıfico em que, na defini¸ ca˜o de grupo de tensores de segunda ordem 1.2.31, AB indique a composi¸ca˜o A B, percebe-se que, usando a nota¸ca˜o para subespa¸co invert´ıvel 1.2.7, Inv (V ) ´e um grupo. Por isto, Inv (V ) ´e tamb´em denominado grupo linear geral de V , ou GL(V ).
◦
2. Considerando a defini¸c˜ao de tensor ortogonal de segunda ordem 1.2.30, o conjunto (V ) = Q V V Q ´e ortogonal forma um grupo denominado grupo ortogonal de V .
O
3.
4.
{ ∈ ⊗ |
(V ) = Q (V ) det Q = 1 , onde o conjunto + (V ) forma um grupo porque o elemento identidade do conjunto (V ) pertence a este seu subconjunto. O subconjunto de (V ) cujos elementos apresentam o valor 1 como determinante n˜ao formam um grupo, porque n˜ a o h´ a elemento identidade neste subconjunto. O + oprio, ou subgrupo (V ) do grupo (V ) ´e denominado grupo ortogonal pr´ ao rota¸c˜oes. grupo rotacional de V , porque seus elementos s˜
O
+
}
{ ∈O | O O O
}
O
O
−
U (V ) = {T ∈ V ⊗ V || det T | = 1}, denominado grupo unimodular de V , porque seus elementos s˜ ao chamados tensores de segunda ordem unimodulares.
{ ∈ ⊗ V | det T = 1}, denominado grupo linear especial de V .
5. SL(V ) = T V Evidentemente, tem-se
O 1.2.11
+
(V )
⊂
SL(V ) (V )
O
⊂ U
(V )
⊂ GL(V ) .
Elemento de Volume
Defini¸ca ˜o 1.2.32 (Classe e Base de Orienta¸ca ˜o Positiva) Duas fun¸co˜es alternantes n-lineares n˜ao triviais w1 : V n e w2 : V n (defini¸c˜ao de fun¸c˜ao n-linear alternante 1.2.23) s˜ ao ditas equivalentes se w1(c1 , . . . , cn ) = λw2 (c1 , . . . , cn ) λ , ario 1.2.23, sobre fun¸c˜ao n-linear alternante e base de espa¸co λ > 0 e, conforme o coment´ vetorial - parte I, (ci )ni=1 ´e uma base de V tal que w2 (c1 , . . . , cn ) = 0. De acordo com o coment´ ario 1.2.24, sobre fun¸c˜ao n-linear alternante e base de espa¸co vetorial - parte II, a u ´nica outra possibilidade existente, al´em de λ > 0, ´e λ < 0. A rela¸c˜ ao de equivalˆencia w1 (c1, . . . , cn ) = λw 2 (c1 , . . . , cn ) λ e λ > 0 separa o conjunto das fun¸co˜es alternantes n-lineares n˜ao triviais w em duas classes. De acordo com a teoria de conjuntos, toda rela¸ c˜ao de equivalˆ encia produz uma parti¸c˜ao, do conjunto a que ela se aplica, em subconjuntos chamados classes. Classes n˜ao se interceptam, a uni˜ ao delas coincide com o conjunto que as cont´em e os elementos que formam cada classe s˜ ao ditos equivalentes entre si. No presente caso, os elementos s˜ao as fun¸co˜es w, as classes s˜ao duas e s˜ao denominadas:
→
→
| ∈
| ∈
classe com orienta¸c˜ ao positiva de fun¸c˜oes w de V , grafada ∆, que cont´em fun¸co˜es alternantes n-lineares n˜ao triviais w cujos valores w(c1 , . . . , cn ) apresentam todos eles o mesmo sinal (positivo ou negativo, de acordo com qual for a espec´ıfica base (ci )ni=1 utilizada) e classe com orienta¸c˜ ao oposta de fun¸co˜es w de V , grafada ∆oposta , que cont´em fun¸co˜es alternantes n-lineares n˜ao triviais w cujos valores w(c1, . . . , cn ) tamb´em apresentam, todos eles, o mesmo sinal, o qual ´e: 36
negativo no caso de, para a mesma base (ci )ni=1 , a classe ∆ apresentar sinal positivo, ou positivo no caso de, para a mesma base (ci )ni=1, a classe ∆ apresentar sinal negativo. Note que metade das fun¸co˜es w encontra-se em cada uma das duas classes. Se (ci )ni=1 for uma base de V tal que, w ∆, tenha-se w(c1 , . . . , cn ) > 0, esta ser´ a uma base n orientada positivamente . Portanto, se (ci )i=1 n˜ao for orientada positivamente, w ∆ ter-se-´a w(c1 , . . . , cn ) < 0. Al´em disto, se (ci )ni=1 for orientada positivamente, w ∆oposta ter-se-´a w(c1 , . . . , cn ) < 0. Logo, se esta base n˜ ao for orientada positivamente, w ∆oposta ter-se-´a w(c1 , . . . , cn ) > 0. Evidentemente, se forem trocados entre si os conjuntos de fun¸c˜oes arbitrariamente rotulados ∆ e ∆oposta , as bases de orienta¸ca˜o positiva passar˜ ao a ser as bases n˜ao orientadas positivamente e vice-versa.
∀ ∈
∀ ∈ ∀ ∈
∀ ∈
Defini¸ca ˜o 1.2.33 (Transforma¸c˜ ao Linear Orienta¸c˜ ao Preservante) Seja a transforma¸c˜ao linear, no caso tensor de segunda ordem, A V V e seja (v1 , . . . , vn ) V . A transforma¸ ca˜o A ser´a orienta¸c˜ ao preservante se, w ∆, ocorrer que Aw ∆ Aw (v1 , . . . , vn ) = w(A(v1), . . . , A(vn )), onde ∆ ´e a classe das fun¸ c˜oes alternantes n-lineares n˜ao triviais com orienta¸c˜ao positiva, conforme a defini¸c˜a o de classe e base de orienta¸ca˜o positiva 1.2.32. Evidentemente, se A for orienta¸ca˜o preservante, ent˜ ao w ∆oposta ter-se-´a que Aw ∆oposta Aw (v1 , . . . , vn ) = w(A(v1 ), . . . , A(vn )). De acordo com a defini¸c˜ao de determinante de transforma¸ c˜ao linear 1.2.24, A w (v1 , . . . , vn ) = (det A)w(v1 , . . . , vn ). Logo, a transforma¸ca˜o A ser´a orienta¸ca˜o preservante se e somente se det A > 0. Por exemplo, sejam (ci )ni=1 e (¯ci )ni=1 duas bases do espa¸co V e seja a transforma¸ca˜o linear, no caso tensor de segunda ordem A, tal que c¯i = A(ci ), para i = 1, . . . , n, logo (A(c1 ), . . . , A(cn )) = (¯c1 , . . . , c¯n ). Se det A > 0 ou det A < 0, as bases (ci )ni=1 e (¯ci )ni=1 ao igual ou oposta . ter˜ao respectivamente orienta¸c˜
∈ ⊗ ∀ ∈
|
∀ ∈
∈
∈
∈
|
Defini¸ca ˜o 1.2.34 (Fun¸c˜ ao e Tensor Elemento de Volume) Seja V um espa¸co vetorial tridimensional, seja (ei )3i=1 uma base ortonormal de V orientada positivamente e seja uma fun¸ca˜o alternante trilinear n˜ ao trivial com orienta¸ c˜ao positiva w : V 3 , logo w ∆, de acordo com a defini¸ca˜o de classe e base de orienta¸ca˜o positiva 1.2.32. Impondo w : (e1, e2, e3 ) 1, a fun¸ca˜o ser´ a bem definida, representada por e e denominada elemento de volume. De fato, devido a` defini¸c˜a o de fun¸ca˜o n-linear alternante 1.2.23, a imposi¸ ca˜o e : (e1 , e2 , e3 ) 1 implica em e(e1 , e2 , e3 ) = 1 , e(e2 , e3 , e1 ) = 1 , e(e3 , e1 , e2 ) = 1 , e(e3 , e2 , e1 ) = 1, e(e1 , e3 , e2 ) = 1 e e(e2 , e1, e3) = 1, onde todas as permuta¸co˜es pares (defini¸ca˜o de permuta¸c˜ao 1.2.22) s˜ ao positivas porque e ∆. A mesma defini¸ca˜o 1.2.23 indica, tamb´em, que o valor da imagem da fun¸ c˜ao e ser´a nulo sempre que, no seu argumento, estiver repetido um dos trˆes vetores da base (ei )3i=1 . Por outro lado, a defini¸ca˜o de transforma¸ca˜o n-linear 1.2.10 mostra que, dadas as informa¸co˜es anteriores, a imagem de e(u, v, w) ´e bem definida (u, v, w) V . Logo, para definir completamente uma fun¸c˜ao n-linear alternante n˜ ao trivial basta informar um u ´ nico elemento da fun¸ca˜o,
→
∈
→
→ −
−
−
∀
∈
37
∈
tal como faz a imposi¸c˜ao e : (e1 , e2 , e3 ) 1. Conforme colocado na defini¸ca˜o de tensor de ordem k, numerada 1.2.20, a fun¸ca˜o elemento de volume, e, ´e a transforma¸ca˜o escalar correspondente ao tensor elemento de co de produto tensorial V V V , volume, e, de terceira ordem, o qual pertence ao espa¸
→
⊗ ⊗
3
∈⊗
ou seja, e V . Um tensor de terceira ordem pode ser representado em termos dos componentes associados a qualquer uma de suas 23 = 8 bases. Mas, de acordo com o coment´ ario 1.2.7, sobre base ortonormal dual, as oito bases s˜ ao iguais entre si, porque 3 3 a base considerada ´e ortonormal. Tem-se, ent˜ ao, e = i=1 j=1 3i=k i j k ei e j ek , onde i j k = e(ei , e j , ek ) ´e um dos 33 = 27 componentes do tensor de terceira ordem 3 3 3 e, associados a` base (ei e j e k )i=1 ca do j =1 k=1 . De acordo com a primeira senten¸ par´agrafo anterior,
⊗ ⊗
⊗ ⊗
1. 1 2 3 = 2 3 1 = 3 1 2 = 1 [permuta¸co˜es pares de (1,2,3)], 2. 3 2 1 = 1 3 2 = 2 1 3 =
−1 [permuta¸c˜oes ´ımpares de (1,2,3)] e
3. s˜ao nulos os demais 21 componentes (algarismo 1, 2 ou 3 repetido no ´ındice de ). Por causa destes valores assumidos, i j k ´e denominado s´ımbolo de permuta¸ca ˜o. Ainda de acordo com a defini¸c˜ao 1.2.20, os 27 valores do s´ımbolo de permuta¸ c˜ao podem ser ordenados de modo a formar uma matriz c´ ubica com um valor no centro do cubo, um valor no centro de cada uma das seis faces, um valor no meio de cada uma das doze arestas e um valor em cada um dos oito v´ertices. Entre todos estes valores, apenas n˜ ao s˜ao nulos aqueles localizados no meio de seis arestas. Os seis pontos correspondentes formam um hex´ agono regular num plano perpendicular a` diagonal do cubo que passa pelos v´ertices onde se localizam 1 1 1 e 3 3 3 . Se o hex´agono for substitu´ıdo por dois triˆ angulos equil´ateros cujos centros coincidam com o centro do hex´ agono, formando assim uma figura com forma de estrela de seis pontas, o triˆ angulo que contiver 1 2 3 corresponder´ a a`s permuta¸c˜oes pares.
Coment´ ario 1.2.34 (Propriedades do S´ımbolo de Permuta¸c˜ ao) Sejam a, b e c trˆes pares ordenados bem determinados, sendo cada elemento do par escolhido entre os trˆ es algarismos 1, 2 e 3. Evidentemente, existem 3! = 6 poss´ıveis ordenamentos do conjunto a, b, c , constitu´ıdo por estes trˆes pares. Sejam, tamb´em, os trˆes pares ordenados (i, l), ( j, m), (k, n), onde i, j, k, l, m e n s˜ao ´ındices do s´ımbolo de permuta¸ca˜o. Para estes pares de ´ındices, s´ o ´e permitido o ordenamento dado por ((i, l), ( j, m), (k, n)). O conjunto ordenado ((i, l), ( j, m), (k, n)) poder´ a ser igualado a qualquer uma das seis poss´ıveis permuta¸co˜es do ordenamento do conjunto a, b, c . Analogamente, suponha que s´ o existam os pares a e b, considere que os dois pares ordenados de ´ındices ( j, m) e (k, n) sejam sempre mantidos na ordem (( j, m), (k, n)) e que este conjunto ordenado possa ser igualado a qualquer uma das duas poss´ıveis permuta¸ c˜oes do ordenamento de a, b . Ainda, considere apenas o par a e que (k, n) possa ser igualado a a. De acordo com a defini¸ca˜o de fun¸ca˜o e tensor elemento de volume 1.2.34, para os 33 = 27 componentes i j k do tensor e demonstra-se que:
{
}
{
}
{ }
1. Existem 33 33 = 36 = 729 poss´ıveis produtos i j k l m n , entre os quais 6 6/2 = 18 iguais a 1, outros 18 iguais a 1 e os restantes 693 nulos. Os 18 produtos iguais a 1 s˜ao obtidos igualando ((i, l), ( j, m), (k, n)) a`s 6 permuta¸co˜es de cada um dos
×
×
−
38
trˆes conjuntos distintos a, b, c 1 , a, b, c 2 e a, b, c 3 , os quais s˜a o os u ´nicos que n˜ao anulam o produto nem produzem resultado negativo. Por exemplo, podese considerar a, b, c 1 = (1, 1), (2, 2), (3, 3) , a, b, c 2 = (1, 2), (2, 3), (3, 1) e a, b, c 3 = (1, 3), (2, 1), (3, 2) . Os 18 produtos iguais a 1 s˜ao obtidos igualando ((i, l), ( j, m), (k, n)) a`s 6 permuta¸co˜es de cada um dos trˆes conjuntos distintos a, b, c 4 , a, b, c 5 e a, b, c 6 , os quais s˜ao os u ´ nicos que n˜ao anulam o produto nem produzem resultado positivo. Por exemplo, pode-se considerar a, b, c 4 = (1, 3), (2, 2), (3, 1) , a, b, c 5 = (1, 1), (2, 3), (3, 2) e a, b, c 6 = (1, 2), (2, 1), (3, 3) .
{
{ { {
}
} {
} { } {
{ } { } { } } { } { } } { } {
} }
} {
{ −
}
{ } {
}
2. Existem 32 3 2 = 34 = 81 somat´ orios de produtos 3i=1 i j k i m n = δ j m δ k n δ j n δ k m , entre os quais 6 iguais a 1, outros 6 iguais a 1 e os restantes 69 nulos. Os 6 somat´ orios de produtos iguais a 1 s˜ ao obtidos igualando (( j, m), (k, n)) a`s 2 permuta¸co˜es de cada um dos trˆes conjuntos distintos a, b 1 , a, b 2 e a, b 3 , os quais s˜a o os u ´ nicos que n˜ ao anulam o somat´ orio de produtos nem produzem resultado negativo. Por exemplo, pode-se considerar a, b 1 = (1, 1), (2, 2) , a, b 2 = (1, 1), (3, 3) e a, b 3 = (2, 2), (3, 3) . Os 6 somat´ orios de produtos iguais a 1 s˜ao obtidos igualando (( j, m), (k, n)) a`s 2 permuta¸co˜es de cada um dos trˆes conjuntos distintos a, b 4 , a, b 5 e a, b 6 , os quais s˜a o os u ´nicos que n˜ao anulam o somat´ orio de produtos nem produzem resultado positivo. Por exemplo, pode-se considerar a, b 4 = (1, 2), (2, 1) , a, b 5 = (1, 3), (3, 1) e a, b 6 = (2, 3), (3, 2) .
×
{ } { { } {
−
−
− { } { } { } { } { }
} { } { } { } { } { } { } { } { } { }
}
3. Existem 32 = 9 duplos somat´ orios de produtos 3i=1 j3=1 i j k i j n = 2δ k n , entre os quais 3 iguais a 2 e os restantes 6 nulos. Os 3 duplos somat´ orios de produtos iguais a 2 s˜ ao obtidos igualando (k, n) a cada um dos trˆes pares ordenados distintos a1 , a 2 e a3 , os quais s˜a o os u ´nicos que n˜ao anulam o duplo somat´ orio de produtos (resutado negativo ´e imposs´ıvel). Por exemplo, pode-se considerar a1 = (1, 1), a2 = (2, 2) e a3 = (3, 3). 4. Existe 1 tr´ıplice somat´ orio de produtos
3 i=1
3
j =1
3
k=1 i j k i j k
= 6.
Note que resultado an´ alogo ao apresentado no item 2 seria obtido se o ´ındice repetido fosse o segundo ou o terceiro. Al´em disto, resultado an´ alogo ao apresentado no item 3 seria obtido se os ´ındices repetidos fossem o primeiro e o terceiro, ou o segundo e o terceiro.
Coment´ ario 1.2.35 (Propriedades dos Componentes do Tensor e) Seja V um espa¸co vetorial tridimensional, seja (ei )3i=1 uma base ortonormal de V orientada positivamente, conforme a defini¸c˜ao de classe e base de orienta¸ca˜o positiva 1.2.32 e seja (ci )3i=1 outra base do mesmo espa¸co. Seja A V V tal que ci = A(ei ), para i = 1, 2, 3, logo (c1 , c2 , c3) = (A(e1), A(e2 ), A(e3)), portanto seja A uma transforma¸c˜ao linear da base (ei )3i=1 para a base (ci )3i=1 , o que indica que A ´e um tensor de segunda ordem. De acordo com o coment´ ario 1.2.25, sobre fun¸c˜ao n-linear alternante e base de espa¸co vetorial Parte III, se e somente se det A = 0 tem-se que, se (ei )3i=1 for uma base de V tal que w(e1 , e2 , e3 ) = 0, ent˜ ao (ci )3i=1 ser´a uma base de V tal que w(c1, c2 , c3 ) = 0. Em termos dos seus componentes covariantes associados a` base produto (ci c j ck )3i=1 j3=1 k3=1 (conceito an´ alogo ao que se encontra na defini¸ ca˜o de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15), o tensor tridimensional de terceira ordem e,
∈ ⊗
39
⊗ ⊗
apresentado na defini¸ca˜ o de fun¸ca˜o e tensor elemento de volume 1.2.34, pode ser escrito e = ei j k ci c j c k . Por outro lado, em termos da fun¸ c˜ao alternante trilinear n˜ao trivial com orienta¸c˜ao positiva e : V 3 correspondente a este tensor, denominada fun¸ca˜o elemento de volume e tamb´em apresentada na defini¸ c˜ao 1.2.34, tem-se ei j k = e(ci , c j , ck ) = e(A(ei ), A(e j ), A(ek )) = (det A)e(ei , e j , ek ) = (det A)i j k , onde a pen´ ultima igualdade ´e devida a` defini¸ca˜o de determinante de transforma¸ca˜o linear 1.2.24 eau ´ltima novamente utiliza a defini¸ca˜o 1.2.34. De acordo com o coment´ ario 1.2.6, sobre as fun¸co˜es gi j e gi j , tem-se gi j = ci c j = A(ei ) A(e j ) = e j AT A(ei ) = (AT A) j i = (AT A)i j , onde usou-se as defini¸co˜ es de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17 e de composi¸c˜ao de tensores de segunda ordem 1.2.19 na terceira igualdade, o coment´ ario 1.2.10 sobre c´ alculo de componente associado de tensor de segunda ordem na pen´ ultima igualdade e o fato de que o tensor de segunda T ordem (A A) ´e sim´etrico, conforme a defini¸ c˜ao de tensores sim´etrico e antissim´etrico 1.2.18, na u´ltima igualdade. Tem-se, ent˜ ao, det[gi j ] = det[(AT A)i j ] = (det[A]i j )2 = (det A)2 , onde a pen´ ultima igualdade ´e devida ao terceiro e ao quarto item do coment´ ario 1.2.27, sobre propriedades de determinantes - parte I, enquanto que a ultima ´ deve-se ao coment´ ario 1.2.26, sobre determinante de transforma¸ c˜ao linear e de matriz. Definindo g = det[gi j ], tem-se det A = g. Para os componentes covariantes do elemento de volume obt´em-se, ent˜ ao,
⊗ ⊗
·
→
·
·
±√
ei j k =
±√ g
i j k ,
onde, de acordo com a defini¸c˜ao de transforma¸c˜ao linear orienta¸ca˜o preservante 1.2.33, o sinal positivo ocorrer´ a quando A for orienta¸ca˜o preservante. Para os componentes contravariantes do elemento de volume obt´em-se ei j k =
±(√ g)
−1
i j k =
±(√ g) , √ = ± g e , porque, de acordo com a −1
ijk
ijk onde a primeira igualdade deve-se a que i j k defini¸ca˜o de matrizes de transforma¸c˜ao 1.2.21, se ck = A(ek ), ent˜ ao ek = A T (ck ) e v.v.. J´a a segunda igualdade resulta da considera¸ ca˜ o de que i j k = i j k , de acordo com a j´a mencionada defini¸c˜ao 1.2.34. As duas u ´ ltimas express˜ oes destacadas mostram que os quatro itens do coment´ ario 1.2.34, sobre propriedades do s´ımbolo de permuta¸ c˜ao, podem ser escritos em termos dos componentes covariantes e contravariantes do tensor elemento de volume. Em especial,
1. no primeiro item usa-se ei j k el m n no lugar de i j k l m n ,
2. no segundo item usa-se = δ j m δ k n δ j n δ k m ,
−
3. no terceiro item usa-se 2δ k n e 4. no quarto item usa-se i j k = 6.
3 ijk ei m n = δ jm δ kn i=1 e
3 i=1
3 i=1
3
j =1
3
j =1
j k n δ m no
− δ
ei j k ei j n = 2δ kn no lugar de 3
k=1
ei j k ei j k = 6 no lugar de
40
3 i=1 i j k i m n
lugar de 3 i=1
3 i=1
3
j =1 i j k i j n
3
j =1
3
=
k=1 i j k
Defini¸ca ˜o 1.2.35 (Rela¸c˜ ao entre Tensor e e Determinante) Se T V V e T = T i j ci c j ent˜ ao, de acordo com o coment´ ario 1.2.26, sobre rela¸c˜ao entre determinante de transforma¸c˜ao linear e de matriz, tem-se det T = det[T i j ]. Usando o primeiro item ao final do coment´ ario 1.2.35, sobre propriedades dos componentes do tensor elemento de volume e, demonstra-se ent˜ ao que, para os componentes contravariantes e l m n e covariantes ei j k deste tensor, tem-se
∈ ⊗
⊗
1 det T = el m n ei j k T i l T j m T kn . 6 J´a os seis tipos de componentes mistos do tensor e, respectivamente referentes a cada uma das 23 2 bases mistas, n˜ao apresentam rela¸co˜es simples com det T .
−
1.2.12
Produto Externo e Produto Vetorial
∀ ⊗ − ⊗
∈
Defini¸ca ˜o 1.2.36 (Produto Externo de Vetores) (v, u) V , o produto externo de v por u, notado v u, ´e definido por v u = v u u v. Esta defini¸ca˜o mostra que o argumento da fun¸c˜ao produto externo s˜ ao dois vetores, logo seu dom´ınio ´e V 2 , enquanto que a imagem desta fun¸c˜ao ´e uma transforma¸ca˜o linear, resultante da subtra¸c˜ao de dois produtos tensoriais (defini¸ca˜o 1.2.12 de produto tensorial de vetores ou tensor simples), a qual pertence a V V . Por isto, : V 2 V V . A partir desta defini¸ c˜ao pode-se facilmente demonstrar que a imagem de ´e um tensor de segunda ordem (defini¸ c˜ao de tensor de segunda ordem 1.2.14) bilinear (defini¸c˜ao de transforma¸c˜ao n-linear 1.2.10) e antissim´etrico (defini¸c˜ao de tensores sim´etrico e antissim´etrico 1.2.18).
∧
∧
⊗
∧
∧
→ ⊗
Coment´ ario 1.2.36 (Produto Externo como Base para Skw (V )) Seja a base produto (ci c j )in=1 jn=1 (defini¸ca˜o de espa¸co de produto tensorial 1.2.13) de V V . Neste −1 n caso, (ci c j )ni=1 a uma base para Skw (V ), onde usou-se a nota¸ca˜o para su j =2 i < j ser´ bespa¸cos sim´etrico e antissim´etrico 1.2.5. Foi imposto i < j porque os demais elementos de (ci c j )in=1 jn=1 ou s˜ao nulos, ou tˆem mesmo m´ odulo mas sinal oposto a elementos −1 n inclu´ıdos em (ci c j )ni=1 encia, tem-se que, de acordo com j =2 i < j. Como consequˆ o coment´ ario 1.2.9 (dimens˜ ao de espa¸co de transforma¸ca˜o linear), se dim V = n, ent˜ao −1 n dim V V = n 2 e dim Skw (V ) = n(n 1)/2, porque dim(ci c j )ni=1 j =2 i < j = n(n 1)/2. De fato, o n´ umero de elementos desta base ´e igual a` soma dos elementos da progress˜ ao linear 1, 2, 3, . . . , (n 1), cujo valor ´e n(n 1)/2. Em particular, para dim V = 3 tem-se dim Skw (V ) = 3. −1 n Para mostrar que (ci c j )ni=1 e uma base de Skw (V ) considere a decomposi¸ca˜o j =2 i < j ´ W = W i j ci c j = W j i c j ci , onde, de acordo com a defini¸c˜ao de componente associado de tensor de segunda ordem 1.2.15, a primeira igualdade ´e v´ alida para qualquer tensor desta ordem, enquanto que a segunda igualdade prov´em da troca entre os indicadores i e j. De acordo com o coment´ ario 1.2.17, sobre transposi¸c˜ao de tensores sim´etrico e antissim´etrico, para W antissim´etrico tem-se W i j = W j i , portanto W = (W i j ci c j + W j i c j ci )/2 = (W i j ci c j W i j c j ci )/2 = W i j ci c j / 2 = W i j ci c j i < j, onde a pen´ ultima igualdade prov´em da defini¸ c˜ao de produto externo de vetores 1.2.36 e a ultima ´ do fato de que W i j ci c j = W j ic j ci e W i i ci ci = 0. Note que o duplo somat´orio ´e sobre todos os i e j em W i j ci c j / 2, mas apenas sobre i < j em W i j ci c j i < j.
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− ∧
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41
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∧ |
⊗
Defini¸ca ˜o 1.2.37 (Fun¸c˜ ao Linear Dualidade) Seja tridimensional o espa¸co vetorial V . Como, de acordo com o coment´ ario 1.2.36, sobre produto externo como base para ca ˜o Skw (V ), o espa¸co Skw (V ) tamb´em ´e tridimensional, (u, v, w) V define-se a fun¸ linear dualidade τ : Skw (V ) V τ (u v) w = e(u, v, w). Em palavras, se a fun¸ca˜o τ for aplicada a` transforma¸ca˜o bilinear u v, denominada produto externo de vetores de acordo com a sua defini¸ca˜o 1.2.36 e pertencente ao espa¸co a como imagem um vetor pertencente ao espa¸ co V . Este vetor ser´ a tal Skw (V ), produzir´ que seu produto interno, com qualquer outro vetor w V , produzir´ a um escalar igual ao escalar obtido quando a fun¸ca˜o elemento de volume do espa¸co V , grafada e de acordo com a sua defini¸ca˜o 1.2.34, for aplicada ao conjunto ordenado dos trˆes vetores (u, v, w) V . A fun¸c˜ao τ tem inversa, ou seja, a cada tensor antissim´etrico corresponde um e apenas um vetor, vetor este ao qual corresponde um e apenas um tensor antissim´etrico. Note que, como e ´e uma fun¸ca˜o trilinear alternante n˜ a o trivial, de acordo com o coment´ ario 1.2.23, sobre fun¸ca˜o n-linear alternante e base de espa¸co vetorial - parte I, se os vetores u, v e w n˜ao forem linearmente independentes entre si, ent˜ ao e(u, v, w) = 0. Isto ocorrer´ a sempre que w for uma combina¸c˜ao linear de u e v . Mas ocorrer´ a, tamb´em, sempre que u e v forem colineares. Ali´as, neste caso ter-se-´ a e(u, v, w) = 0 qualquer que seja o vetor w , logo τ (u v) w = 0 qualquer que seja o vetor w , o que exige τ (u v) = 0 (note que, de acordo com a defini¸ca˜o de espa¸co vetorial real 1.2.1, o primeiro 0 ´e o escalar zero, enquanto que o segundo simboliza vetor nulo). Por outro lado, sempre que os vetores u, v e w forem linearmente independentes entre si, eles formar˜ao uma base (ci , c j , ck ) do espa¸co vetorial tridimensional V . Neste caso, o tensor e, tamb´ em apresentado na defini¸ ca˜o 1.2.34, apresentar´ a componentes associados `as bases produto do espa¸co V V V provenientes desta base de V . Aos componentes covariantes e contravariantes poder´ a ser aplicado o conte´ udo do coment´ ario 1.2.35, sobre propriedades dos componentes do tensor e.
→ |
∀
∧ ·
∈
∧
∈
∈
∧ ·
∧
⊗ ⊗
Nota¸c˜ ao 1.2.9 (Vetor Associado a Tensor Antissim´etrico) Seja o tensor antissim´etrico W ca˜ o 1.2.18 e com a nota¸c˜a o para suSkw (V ), de acordo com sua defini¸ bespa¸cos sim´etrico e antissim´etrico 1.2.5. Seja, tamb´em, a fun¸ c˜ao linear dualidade τ , conforme sua defini¸ca˜o 1.2.37. Aplicando esta fun¸ca˜o a W obt´em-se o vetor associado ao tensor antissim´etrico W , representado por < W > τ (W ) e denominado vetor axial. Para entender a raz˜ ao desta denomina¸ca˜o, considere (u, v, w) V e Q V V . Usando novamente a defini¸ca˜o 1.2.37, < Q(u) Q(v) > Q(w) = e(Q(u), Q(v), Q(w)) = (det Q) e(u, v, w) = (det Q) < u v > w, onde na segunda igualdade utilizou-se a defini¸ca˜o de determinante de transforma¸ ca˜o linear 1.2.24. Por´em, se Q for ortogonal (defini¸c˜ao de tensor ortogonal de segunda ordem 1.2.30) o produto interno vetorial ser´ a invariante, ou seja, Q(< u v >) Q(w) = < u v > w. Substituindo esta u´ltima igualdade na anterior tem-se < Q(u) Q(v) > Q(w) = (det Q)Q(< u v >) Q(w), ou < Q(u) Q(v) > = (det Q) Q(< u v >). Lembrando que, de acordo com o coment´ ario 1.2.33, sobre propriedades de tensor ortogonal, se Q for um tensor ortogonal ent˜ ao det Q = 1, obt´em-se < Q(u) Q(v) > = Q(< u v >). Portanto, ainda conforme o coment´ ario 1.2.33, um tensor de segunda ordem ortogonal transforma os vetores u , v e < u v > respectivamente em Q(u), Q(v) e Q(< u v >), preservando os m´ o dulos e os aˆngulos entre os vetores. Mas < Q(u) Q(v) > , embora tendo o mesmo m´ odulo de Q(< u v >), tanto pode coincidir com este vetor como pode apontar no sentido oposto a ele, dependendo da transforma¸ c˜ao ortogonal ser pr´ opria ou
∈
≡
∧
∧
·
∧
±
∧
·
∧
·
·
∧
∧
∧
±
∧ ∧
∈
·
∧
·
∧
∧
42
∈ ⊗
∧
impr´opria. Como, de acordo com o coment´ ario 1.2.36, sobre produto externo como base para Skw (V ), tem-se W = W i j ci c j i < j se W Skw (V ) e, como o que foi afirmado para u, v e < u v > tamb´em ´e v´ alido para cada um dos conjuntos ci , c j , ci c j com i < j, todo vetor < W > associado a um tensor antissim´ etrico W ´e denominado vetor axial.
∧ |
∧
∈
{
∧ }
Coment´ ario 1.2.37 (Propriedades do Vetor Axial) Seja (ci , c j , ck ) uma base de V . De acordo com a defini¸ca˜o de fun¸c˜ao linear dualidade 1.2.37 tem-se τ (ci c j ) ck = e(ci , c j , ck ) = e i j k , onde a u ´ltima igualdade prov´em do coment´ ario 1.2.35, sobre propriedades dos componentes do tensor e. Mas ei j k = e i j l c l ck , logo τ (ci c j ) = e i j k ck e, usando a nota¸c˜ao para vetor associado a tensor antissim´ etrico 1.2.9, < c i c j >= ei j k ck . Obt´em-se, de forma an´ aloga, as quatro express˜ oes
∧ ·
·
1. < c i 2. < c i 3. < c i 4. < c i
∧c ∧c ∧c ∧c
j j j j
>= τ (ci
∧ c ) = e >= τ (c ∧ c ) = e >= τ (c ∧ c ) = e >= τ (c ∧ c ) = e i
i i
j
ijk
j
i j k
j
j i k
j
ij k
∧
∧
ck = ei j k ck ,
ck = ei j k ck , ck = ei j k ck
e
ck = e i j k ck ,
para os 23 = 8 tipos de componentes do tensor de terceira ordem e. Como, de acordo com o coment´ ario 1.2.36, sobre produto externo como base para Skw (V ), tem-se W = Skw (V ), usando a primeira equa¸c˜ W i j ci c j / 2 se W ao destacada mostra-se que < W > = e i j k W i j ck / 2. Para uma base ortonormal (conforme a sua defini¸ c˜ao 1.2.9) de V , orientada positivamente (de acordo com a defini¸ c˜a o de classe e base de orienta¸ca˜o positiva 1.2.32), a defini¸ca˜o de fun¸c˜ao e tensor elemento de volume 1.2.34, junto com as express˜ oes destacadas, mostram que τ : e 1 e2 e 3 , τ : e 2 e3 e 1 e τ : e 3 e1 e 2 . Al´em disto, para tal base simplifica-se a express˜ ao < W > = e i j k W i j ck / 2. Por exemplo, para o componente do vetor < W > com k = 1 tem-se < W >1 = i j 1 W i j /2 = (W 2 3 W 3 2 )/2 = W 2 3 = W 2 3 , onde, para a segunda igualdade, usou-se novamente a defini¸c˜a o 1.2.34 . Analogamente, obt´em-se < W >2 = W 3 1 e < W >3 = W 1 2 . Para esta base especial a forma matricial do tensor antissim´ etrico W , em termos dos componentes do vetor a ele associado, ´e portanto escrita
∧
∈
∧ →
∧ →
∧ →
−
[W i j ] =
−
0 < W >3 < W >2
< W >3 0 < W >1
−
− < W >
2
< W >1 0
.
Defini¸ca ˜o 1.2.38 (Produto Vetorial) O produto vetorial de u por v, grafado u v, ´e definido por u v < u v >, (u, v) V . Portanto, o vetor produto vetorial de dois vetores ´e o vetor associado ao produto externo destes vetores. Logo, considerando a nota¸ca˜o para vetor associado a tensor antissim´etrico 1.2.9, o vetor produto vetorial ´e um tipo especial de vetor axial, tipo este que, para o caso de u e v serem vetores de base, j´ a foi utilizando no coment´ ario 1.2.37, sobre propriedades do vetor axial. Considerando a defini¸ca˜o de produto externo de vetores 1.2.36, percebe-se que a fun¸ c˜ao
× ≡
∧
∀
∈
43
×
2
× : V → V ´e bilinear e antissim´etrica (o vetor produto vetorial passa a apontar no sentido oposto quando u e v trocam de posi¸ca˜o). De acordo com o mesmo coment´ ario 1.2.37, tem-se < u ∧ v > = e (u ∧ v) c / 2 onde, usando de novo a defini¸c˜ao 1.2.36, (u ∧ v) = (u ⊗ v) − (v ⊗ u) . Mas, de acordo ij
ij
ij k ij
ij k
com o coment´ ario 1.2.10, para o c´ alculo de componentes associados de tensor de segunda ordem, (u v)i j = ci (u v)c j . Logo, considerando a defini¸ c˜ao de produto tensorial de vetores 1.2.12, (u v)i j = (ci u)(v c j ). Como u = u k ck e v = v k ck tem-se, ent˜ao, (u v)i j = u i v j , portanto (u v)i j = u i v j u j v i , ou < u v > = e i j k (ui v j u j v i )ck / 2 = (ei j k ui v j + e j i k u j v i )ck / 2 = e i j k ui v j ck , onde na pen´ ultima igualdade utilizou-se o fato de que e j i k = ei j k , conforme a defini¸ca˜o de fun¸ca˜o e tensor elemento de volume 1.2.34 e, na u ´ ltima igualdade, o fato de que i e j s˜ao dois indicadores que podem ser trocados. Como u v < u v >, conclui-se que u v = ei j k ui v j ck . Usando novamente a defini¸c˜ao 1.2.34, agora para o caso especial de uma base ortonormal de V orientada positivamente, obt´em-se u v = (u2v3 u3v2 )e1 + (u3v u1 v3 )e2 + (u1 v2 u2 v1 )e3 , que ´e a defini¸ca˜o elementar de produto vetorial.
⊗
· ⊗ ⊗ · ∧
⊗
·
−
∧
−
−
−
−
× ≡
∧
×
×
−
Coment´ ario 1.2.38 (Propriedades do Produto Vetorial) Demonstra-se que:
× v = −W (v), onde W ´e um tensor antissim´etrico. 2. (u × v) × w = (u · w)v − (v · w)u. 3. |u × v| = |u| |v| − |u · v| . 4. |u × v| = |u||v|senθ(u, v). Defini¸ca ˜o 1.2.39 (Produto Triplo) ∀(u, v, w) ∈ V , o produto triplo de u por v e w, grafado [u, v, w], ´e definido por [u, v, w] ≡ ( u × v) · w =< u ∧ v > ·w = e(u, v, w), 1. < W >
2
2
2
2
onde usou-se a defini¸c˜ao de produto vetorial 1.2.38 na pen´ ultima igualdade e, na u ´ltima igualdade, a defini¸ca˜o de fun¸c˜ao linear dualidade 1.2.37, junto com a nota¸ ca˜o 1.2.9 para vetor associado a tensor antissim´etrico. Como, usando novamente a defini¸ c˜ao 1.2.38, u v = ei j k ui v j ck , considerando w = wl cl tem-se [u, v, w] = ei j k ui v j wk . Logo, ca˜o e(u, v, w) = ei j k ui v j wk , resultado este que pode ser obtido diretamente da defini¸ de fun¸ca˜o e tensor elemento de volume 1.2.34. De fato, e(u, v, w) = e(ui ci , v j c j , wk ck ) = 3 3 3 i j k i j k ultima igualdade prov´em da i=1 j =1 k=1 u v w e(ci , c j , ck ) = e i j k u v w , onde a pen´ trilinearidade de e, conforme a defini¸ca˜o 1.2.10 desta propriedade. No somat´orio m´ ultiplo 3i=1 j3=1 3k=1 ui v j wk e(ci , c j , ck ), s˜ao nulos todos os termos que contenham vetores de base repetidos. Portanto, o somat´ orio m´ ultiplo simplifica-se num somat´ o rio sobre todas as 3! = 6 permuta¸co˜es de c1 , c2 , c3, ou seja, e(u, v, w) = σ (1) σ(2) σ (3) c˜a o de v w e(cσ(1) , cσ(2) , cσ(3) ). Considerando que, de acordo com a defini¸ σ u fun¸ca˜o n-linear alternante 1.2.23, e(cσ(1) , cσ(2), cσ(3) ) = (sinal σ)e(c1 , c2 , c3 ), tem-se ent˜ ao que e(u, v, w) = λe(c1 , c2, c3 ), onde λ = σ (sinal σ)uσ(1) v σ(2) wσ(3) (note que esta demonstra¸ca˜o ´e semelhante a`quela do teorema 1.2.2, sobre unicidade da propor¸ ca˜o entre fun¸co˜es n-lineares alternantes). Usando novamente a defini¸ c˜ao 1.2.34, agora para uma base ortonormal de V orientada positivamente, tanto esta ultima ´ express˜ a o, como a igualdade e(u, v, w) = ei j k ui v j wk produzem e(u, v, w) = u1 v 2 w3 + u2 v 3 w1 + u3 v 1 w2 u3 v 2 w1 u1 v 3 w2 u2 v 1 w3.
×
−
−
−
44
Coment´ ario 1.2.39 (Determinante, Tra¸co e Produto Triplo) Usando a defini¸ca˜o de determinante de matriz 1.2.25 e n = 3, tem-se det[M i j ] = M 3
σ (3)
σ (sinal
σ) M 1
σ(1)
M 2
σ (2)
, onde [M i j] ´e uma matriz quadrada de trˆes linhas e trˆes colunas. Consideσ (i)
σ (i)
σ (i)
rando M 1 = uσ(i) , M 2 = v σ(i) e M 3 = wσ(i) , i = 1, 2, 3, tem-se det[M i j ] = σ (1) σ (2) σ(3) v w = e(u, v, w)/e(c1 , c2 , c3 ), onde a u´ltima igualdade se deve ao σ (sinal σ)u uso da defini¸c˜ao de produto triplo 1.2.39. Mas, de acordo com o coment´ ario 1.2.26, sobre j a rela¸ca˜o entre determinante de transforma¸ c˜ao linear e de matriz, det M = det[M i ], logo det M = e(u, v, w)/e(c1, c2 , c3 ). Por outro lado, conforme a defini¸c˜ao de determinante de transforma¸ca˜o linear 1.2.24, (det M )e(c1 , c2 , c3 ) = e(M (c1 ), M (c2 ), M (c3 )) o que indica que u = M (c1 ), v = M (c2 ) e w = M (c3 ). Portanto, a defini¸ca˜o 1.2.39 ainda mostra que e(M (c1 ), M (c2 ), M (c3 )) [M (c1 ), M (c2 ), M (c3 )] det M = = . e(c1 , c2, c3 ) [c1 , c2 , c3]
Analogamente, demonstra-se que tr M =
1.2.13
[M (c1 ), c2, c3 ] + [ c1 , M (c2 ), c3 ] + [ c1 , c2, M (c3 )] . [c1 , c2 , c3 ]
Teoremas para a Mecˆ anica dos Meios Cont´ınuos
∈ ⊗
∈
ser´a Defini¸ca ˜o 1.2.40 (Autovalor e Autovetor) Seja A V V . O escalar λ um autovalor de A se v V v = 0, chamado autovetor de A associado ao autovalor λ, tal que A(v) = λ v. Note que λ = 0 se e somente se A = 0.
∃ ∈ |
Teorema 1.2.4 (Condi¸c˜ ao Nec. e Suf. de Autovalor) Tem-se A(v) = λ v, para A V V , v V v = 0 e λ , se e somente se det(A λ1 ) = 0. Demonstra¸cao: ˜ A igualdade A(v) = λv pode ser escrita (A λ1 )(v) = 0. Seja (ci )ni=1 uma base de V , logo v = ni=1 v i ci e v i (A λ 1 )(ci ) = 0. Portanto, o conjunto de vetores ((A λ1 )(ci ))ni=1 ´e linearmente dependente, de acordo com o item 1 da defini¸ c˜ao de base 1.2.2. Como ((A λ1 )(ci ))ni=1 ´e linearmente dependente, o coment´ ario 1.2.23, sobre fun¸c˜ao n-linear alternante e base de espa¸co vetorial - parte I, afirma que, se w for uma fun¸ca˜o alternante n-linear n˜ ao trivial, ent˜ao w((A λ1 )(c1 ), . . . , (A λ1 )(cn )) = 0. Logo, de acordo com a defini¸ca˜o de determinante de transforma¸ca˜o linear 1.2.24, tem-se det(A λ1 ) = w((A λ1 )(c1 ), . . . , (A λ1 )(cn )) / w(c1 , . . . , cn ) = 0. Por outro lado, seguindo o mesmo racioc´ınio, mas na sequˆencia oposta, tem-se que, se det(A λ1 ) = 0, ent˜ ao A(v) = λ v.
∈ ⊗
∈ |
∈
−
−
−
−
−
−
−
−
−
−
−
Defini¸ca ˜o 1.2.41 (Equa¸c˜ ao Caracter´ıstica) Observando a defini¸c˜ao de determinante de matriz 1.2.25 e o coment´ ario 1.2.26, sobre a rela¸c˜ao entre determinante de transforma¸c˜a o linear e de matriz, percebe-se que a igualdade det(A λ1 ) = 0, apresentada no teorema da condi¸c˜ao necess´ aria e suficiente de autovalor 1.2.4, pode ser escrita ( λ)n + I 1( λ)n−1 + . . . + I n−1 ( λ) + I n = 0. O membro esquerdo desta u´ltima express˜ao ´e um polinˆ omio de grau n em λ, onde n ´e a dimens˜ ao do espa¸co vetorial V . Os coeficientes I 1, . . . , In s˜ao fun¸c˜oes escalares de A denominadas invariantes principais ao caracter´ıstica da transforma¸ca˜o linear de A. A u ´ltima igualdade ´e chamada equa¸c˜
−
−
−
−
45
∈ ⊗
A V V . Em geral, a equa¸ ca˜o caracter´ıstica de A pode n˜ao apresentar ra´ızes reais. Por´em , se ela apresentar ra´ızes reais, estas ultimas ´ ser˜ao os autovalores de A.
Teorema 1.2.5 (Cayley-Hamilton: tensor satisfaz sua eq. caract.) O teorema de Cayley-Hamilton, cuja demonstra¸c˜ao ´e omitida, mostra que A satisfaz a sua pr´opria equa¸ca˜o caracter´ıstica, ou seja, ( A)n + I 1 ( A)n−1 + . . . + I n−1( A) + I n 1 = 0, sendo A2 = A A, A3 = A (A A), A4 = A (A (A A)). . . , onde usou-se a defini¸ ca˜o de composi¸c˜ao de tensores de segunda ordem 1.2.19.
◦
◦ ◦
−
− ◦ ◦ ◦
−
Coment´ ario 1.2.40 (Eqs. Caract. de Tensores de Dimens˜ ao 2 e 3) Prova-se que, para dim V = 2 (conforme a defini¸ca˜o de dimens˜ a o de espa¸co vetorial real 1.2.4) e A V V , a equa¸c˜ao caracter´ıstica de A, de acordo com a sua defini¸ca˜o 1.2.41, ´e λ2 (trA)λ+det A = 0. Para dimV = 3 e A Inv (V ) (nota¸c˜ao para subespa¸co invert´ıvel 1.2.7), a equa¸c˜ao caracter´ıstica de A ´e λ3 + (trA)λ2 (tr(A−1 )det A)λ + det A = 0, sendo costumeiro o uso dos s´ımbolos I A = trA, II A = tr(A−1 )det A e III A = det A.
∈ ⊗ −
−
∈
−
∈ ⊗
Coment´ ario 1.2.41 (Rela¸ca ˜o entre A e 1 + A) Para dim V = 3, A V V e B = 1 + A, demonstra-se que I B = 3 + I A , II B = 3 + 2I A + II A e III B = 1 + I A + II A + III A , onde foram utilizados os s´ımbolos apresentados no fim do coment´ ario 1.2.40, sobre equa¸co˜es caracter´ısticas de tensores de dimens˜ ao 2 e 3. Isto indica que: 1. trB = 3 + trA , 2. tr(B −1 )det B = 3 + 2trA + tr(A−1 )det A e 3. det B = 1 + trA + (1 + tr(A−1 ))det A . Se A
≈ 0 ent˜ao det A << trA, logo tr(B
−1
)det B
≈ 3 + 2trA e det B ≈ 1 + trA .
Teorema 1.2.6 (Espectral: autovalores de tensor sim´ etrico) O teorema espectral, cuja demonstra¸ c˜ao ´e omitida, mostra que, se S Sym (V ) (nota¸c˜ao para subespa¸cos sim´etrico e antissim´etrico 1.2.5), existir´ a uma espec´ıfica base ortonormal (e j ) jn=1 , do espa¸co vetorial n-dimensional V , tal que S possa ser escrito sob a forma S = jn=1 λ j e j e j j ( j) jn=1 λ j . Esta igualdade mostra que s˜ ao nulos todos os componentes S i j associados aos elementos com i = j da base (ei e j ), enquanto que S j j = λ j . Tal base especial (e j ) jn=1 de V ´e u´nica, sendo denominada base principal de S . Tem-se S (ei ) = jn=1 λ j (e j e j )(ei ) = jn=1 δ i j λ j e j = λ i ei . Logo, considerando a defini¸ca˜o de autovalor e autovetor 1.2.40, os reais λ j s˜ao n autovalores de S , nenhum deles nulo se S = 0, cada um deles associado a um dos n autovetores e j (cada autovalor se associa ao aotovetor de mesmo ´ındice). Como existem n autovalores λ j , todas as ra´ızes da equa¸ca˜o caracter´ıstica de um tensor sim´etrico S , de acordo com defini¸ca˜o 1.2.41 desta equa¸ca˜o, s˜ao reais. Mas tais ra´ızes podem ser, ou n˜ ao, distintas entre si. Portanto, considera-se que ´ındices de λ numericamente distintos tanto possam corresponder ao mesmo autovalor, como a autovalores diferentes entre si.
∈
|∀ ∈
∃ ∈
⊗
⊗
⊗
Coment´ ario 1.2.42 (Diagonaliza¸ca ˜o) De acordo com o teorema espectral 1.2.6, referente aos autovalores do tensor S Sym (V ), a matriz dos componentes de S associados `a base (ei e j ) ´e uma matriz diagonal [λ j ] , cujos elementos λ j (o ´ındice j indica a
⊗
∈
46
linha e a coluna) s˜ ao n = dimV autovalores de S , o que indica que todas as ra´ızes da equa¸ca˜o caracter´ıstica s˜ ao reais. Pode-se, ainda, construir uma matriz quadrada [ei j ] , tamb´em com n linhas e colunas, justapondo os autovetores associados aos autovalores mencionados. Nesta constru¸ c˜ao, o autovetor e j corresponde a` j-´esima coluna de [ei j ] , enquanto que a linha i desta matriz cont´em os componentes, associados ao i-´esimo vetor de uma base arbitrariamente considerada de V , (ci )ni=1 , de todos os n autovetores. A representa¸c˜ao matricial do tensor S , na base (ck ci ), ´e a matriz [S k i ]. A igualdade S (ei ) = λi ei pode, ent˜ ao, ser escrita em termos matriciais, por meio da express˜ ao [S k i ] [ei j ] = [ei j ][λ j ]. Como (e j ) jn=1 ´e uma base ortonormal de V , temse [ei j ] [ei j ]T = [1], ou [ei j ]−1 = [ei j ]T , logo, de acordo com a defini¸ca˜o de matrizes transposta e inversa 1.1.4, a matriz [ei j ] ´e ortogonal. De acordo com o coment´ ario 1.2.33, sobre propriedades de tensor ortogonal, tem-se det[S k i ] = det[λ j ] e t r [S k i ] = tr[λ j ].
⊗
Defini¸ca ˜o 1.2.42 (Espa¸co Caracter´ıstico) Seja λ um autovalor de T V V . Denomina-se espa¸co caracter´ıstico de T associado a λ ao conjunto de autovetores V λ = v V T v = λ v .
∈ ⊗
{ ∈ |
}
Coment´ ario 1.2.43 (Componente Vetorial em Rela¸c˜ ao a Tensor Sim´ etr.) De acordo com o teorema espectral 1.2.6, referente aos autovalores do tensor S Sym (V ), a espec´ıfica base ortonormal (e j ) jn=1 do espa¸co vetorial n-dimensional V , tal que S = n e j ´e, tamb´em, o conjunto dos n autovetores de S . Ao inv´es de continuar j =1 λ j e j considerando que distintos ´ındices de λ tanto possam corresponder ao mesmo autovalor, como a autovalores diferentes entre si, a partir deste ponto do texto passa-se a utilizar λ, µ, . . . para indicar autovalores numericamente diferentes, enquanto que ´ındices em λ, µ, . . . distinguem diferentes autovetores correspondentes ao mesmo autovalor. Ent˜ ao, de dλ acordo com a defini¸ca˜o de espa¸co caracter´ıstico 1.2.42, (eλi )i=1 ´e uma base de V λ , onde dλ = dimV λ ´e denominado degenera¸c˜ ao do autovalor λ. Sejam λ e µ dois autovalores distintos de S . Sejam v V λ e u V µ . Demonstra-se facilmente que v u = 0, ou seja, que v e u s˜ao mutuamente ortogonais. De acordo com o mesmo teorema 1.2.6, se v V ent˜ ao v = λ vλ , onde v λ V λ , estendendo-se a soma sobre todos os espa¸cos caracter´ısticos de S e, em cada espa¸co caracter´ıstico, envolvendo um u ´nico vetor v λ . Evidentemente, cada vetor v λ pode ser expresso em termos dos seus λ componentes, associados a` correspondente base (eλi )di=1 . Portanto, todo vetor v V ´e formado por componentes ortogonais entre si, cada componente correspondendo a um dos autovalores distintos de um arbitr´ ario S Sym (V ).
∈
⊗
∈
·
∈
∈
∈
∈
∈
Teorema 1.2.7 (Comuta¸c˜ ao de Composi¸ca ˜o de Tensores) Seja T V V e, de acordo com a nota¸c˜ao para subespa¸cos sim´etrico e antissim´etrico 1.2.5, S Sym (V ). Ter-se-´a ST = T S se e somente se T preservar os espa¸cos caracter´ısticos de S , ou seja, se a aplica¸ca˜o de T a todos os vetores pertencentes a cada espa¸ co caracter´ıstico de S reproduzir respectivamente o mesmo espa¸ co caracter´ıstico de S . Demonstra¸cao: ˜ Suponha que S e T comutem e que S vλ = λvλ . Neste caso, S (T vλ ) = T (S vλ ) = λ(T vλ ). Portanto, de acordo com a defini¸ c˜ao de espa¸co caracter´ıstico 1.2.42, (vλ , T vλ ) V λ , ou seja, se S e T comutam o espa¸co caracter´ıstico ´e preservado. Por outro lado, se (vλ , T vλ ) V λ , ent˜ao S (T vλ ) = λ(T vλ ) = T (λvλ ) = T (S vλ ), logo c˜ao de composi¸ca˜o de tensores de segunda ordem λ S (T vλ ) = λ T (S vλ ). Mas a defini¸
∈ ⊗ ∈
∈
∈
47
1.2.19 mostra que λ S (T vλ ) = S (T λ vλ ) e λ T (S vλ ) = T (S λ vλ ). Como, de acordo com o coment´ ario 1.2.43, sobre componente vetorial em rela¸ ca˜o a tensor sim´etrico, tem-se v = λ vλ , pode-se escrever S (T v) = T (S v). Logo, se o espa¸co caracter´ıstico ´e preservado, ent˜ ao S e T comutam.
Coment´ ario 1.2.44 (Comuta¸ca ˜o de Tensores Sim´ etrico e Ortogonal) Prova-se que, de acordo com a defini¸ca˜o de tensor ortogonal de segunda ordem 1.2.30, existe apenas um subespa¸co de V que ´e preservado por toda e qualquer transforma¸ c˜ao ortogonal, sendo tal subespa¸co o pr´ oprio espa¸co V . Portanto, considerando o teorema sobre comuta¸ c˜ao de composi¸ca˜o de tensores 1.2.7 e utilizando as nota¸ co˜es para subespa¸cos sim´etrico e antissim´etrico e para grupos especiais, respectivamente 1.2.5 e 1.2.8, tem-se que S a com toda e qualquer transforma¸ca˜o ortogonal Q (V ) se e somente Sym (V ) comutar´ se S apresentar um u´nico espa¸co caracter´ıstico, o qual ser´ a pr´ oprio espa¸co n-dimensional V , ou seja, se e somente se todos os n autovalores de S forem iguais entre si. Utilizando o coment´ ario 1.2.42, sobre diagonaliza¸ c˜ao, percebe-se que, para que todos os n autovalores sejam iguais entre si, ´e necess´ ario e suficiente que S = λ 1 , onde λ . Mas a defini¸ca˜o da transforma¸ca˜o tensorial identidade 1.2.16 mostra que 1 comuta com qualquer tensor de segunda ordem.
∈
∈O
∈
Defini¸ca ˜o 1.2.43 (Tensor de Defini¸c˜ ao Positiva, Negativa e Semi-Defini¸ca ˜o) At´e ao momento foram mencionadas apenas fun¸ c˜oes de defini¸c˜ao positiva, conforme mostrado na defini¸ca˜o de produto interno de vetores 1.2.5. Um tensor de segunda ordem ao positiva , ou de semi-defini¸c˜ao positiva, respectivamente T V V ser´a de defini¸c˜ se, v V v = 0, ocorrer que v T v > 0 ou v T v 0. Analogamente, T ser´a de defini¸ c˜ao negativa, ou de semi-defini¸c˜ao negativa, respectivamente se, v V v = 0, ocorrer que v T v < 0 ou v T v 0.
∈ ⊗ ∀ ∈ | ·
·
· ≤
· ≥
∀ ∈ |
Teorema 1.2.8 (Tensor Sim´ etrico de Defini¸c˜ ao Positiva ou Negativa) Um tensor sim´etrico ser´a de defini¸ca˜o positiva ou negativa, de acordo com a defini¸c˜ao 1.2.43 destas caracter´ısticas tensoriais, se e somente se todos os seus autovalores forem, respectivamente, positivos ou negativos. Demonstra¸cao: ˜ O teorema espectral 1.2.6, sobre autovalores de tensor sim´etrico, mostra que v V v = 0, tem-se v S v = v i v j ei S e j = v i v j λ j ei e j = v i v j λ j δ i j = (v i )2 λi .
∀ ∈ |
·
·
·
Coment´ ario 1.2.45 (Determinante de Tens. Sim. de Def. Pos. ou Neg.) Se ja, de acordo com sua defini¸ c˜ao 1.2.43, um tensor sim´etrico de defini¸ c˜ao positiva ou negativa S e seja [S i j ] a representa¸ca˜o matricial deste tensor. De acordo com o coment´ ario sobre diagonaliza¸ca˜o 1.2.42, det[S i j ] = det[λ j ]. Mas, de acordo com o teorema sobre tensor sim´etrico de defini¸ ca˜o positiva ou negativa 1.2.8 e com a defini¸ca˜o de determinante de matriz 1.2.25, tem-se respectivamente det[S i j ] > 0 ou det[S i j ] < 0 logo, considerando a defini¸c˜ao de tensor inverso de segunda ordem 1.2.29, S ´e n˜ ao singular. Entretanto, o fato de S ser n˜ao singular n˜ ao exige que S seja de defini¸ca˜o positiva ou negativa. Teorema 1.2.9 (Quadrado de Tens. Sim. de Def. Pos. ou Neg.) Para todo tensor sim´etrico de defini¸ca˜o positiva S , existe um u ´nico tensor sim´etrico de defini¸ ca˜o positiva − + + 2 ´nico tensor sim´etrico de defini¸ c˜ao negativa S tais que (S ) = (S − )2 = S . S e um u Os autovalores de S + s˜ao, respectivamente, as ra´ızes quadradas positivas dos autovalores de S associados aos mesmos autovetores. Os autovalores de S − s˜ao, respectivamente, 48
as ra´ızes quadradas negativas dos autovalores de S associados aos mesmos autovetores. Como, de acordo com o teorema espectral 1.2.6, sobre autovalores de tensor sim´etrico, S = ni=1 λi ei ei , tem-se S + = ni=1 λi ei ei e S − = ni=1 λi ei ei . Demonstra¸cao: ˜ De acordo com o teorema sobre tensor sim´etrico de defini¸ c˜ao positiva ou negativa 1.2.8, S e j = λ j e j j, λ j > 0. Impondo (S )2 = S , tem-se (S )2 e j = λ j e j .
⊗
√
|∀ ±
⊗
−√
⊗
±
Se e somente se S e j = λ j e j ter-se-´a S (S e j ) = λ j S e j , ou (S )2 e j = λ j e j . Evidentemente, de acordo com o mesmo teorema 1.2.8, existe um u´nico S de defini¸ca˜o positiva, S + e um u ´nico S de defini¸c˜ao negativa, S − .
Nota¸c˜ ao 1.2.10 (Tensor Raiz Quadrada) O tensor sim´etrico de defini¸ca˜o positiva + S apresentado no teorema 1.2.9, sobre quadrado de tensor sim´etrico de defini¸ c˜ao posi+ tiva ou negativa, costuma ser representado por S = S e denominado tensor raiz quadrada de S .
√
Teorema 1.2.10 (Decomposi¸ca ˜o Polar) invert´ıvel 1.2.7): 1.
∀F ∈ Inv (V ) (ver nota¸ca˜o para subespa¸co
∃ (V, U ) ∈ Sym (V ) (ver nota¸ca˜o para subespa¸cos sim´etrico e antissim´etrico 1.2.5), sendo ambos V e U de defini¸ca˜o positiva (conforme a defini¸ca˜o de tensor de defini¸ c˜ao positiva, negativa e semi-defini¸ca˜o 1.2.43) e
∃ Q ∈ O(V ) (ver nota¸c˜ao para grupos especiais 1.2.8), tais que F = QV = UQ. Al´ em disto, as transforma¸c˜oes V , Q e U s˜ao unicamente √ √ determinadas, respectivamente por V = F F , Q = F V e U = QV Q = F F 2.
−1
T
T
T
(ou as transforma¸co˜es U , Q e V s˜ao unicamente determinadas, respectivamente por U = F F T , Q = U −1 F e V = Q T U Q = F T F ). ˜o de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17, Demonstra¸cao: ˜ De acordo com a defini¸ca ( v, u ) V , v F T F u = F u F v = F v F u = u F T F v. Por´em, v F T F u = u (F T F )T v, logo (F T F )T = F T F , portanto F T F Sym (V ). Al´em disto, para v = 0 tem-se v F T F v = F v F v > 0, porque ´e imposs´ıvel ter F v = 0, uma vez que F Inv (V ). Logo, de acordo com a defini¸ca˜o 1.2.43, F T F ´e uma transforma¸ca˜o linear de defini¸ca˜o positiva. Analogamente, F F T Sym (V ) e F F T ´e uma transforma¸ca˜o linear de defini¸ca˜o positiva. Defina-se V = F T F . De acordo com a nota¸ c˜ao para tensor raiz quadrada 1.2.10, V ser´a sim´etrica de defini¸ca˜o positiva e, de acordo com o coment´ ario 1.2.45, sobre determinante de tensor sim´etrico de defini¸ c˜ao positiva ou negativa, V ser´a n˜ao singular. −1 Pode-se, ent˜ ao, definir Q = F V e U = QV QT . De acordo com o coment´ ario 1.2.19, sobre transposi¸ c˜ao de composi¸ca˜o, tem-se QQ T = F V −1 (F V −1 )T = F V −1 V −T F T . Como V = V T implica em V −1 = V −T quando V for n˜ao singular, tem-se ent˜ ao QQT = F V −2F T = F (F T F )−1 F T = F F −1 F −T F T , tendo sido, na u ´ ltima igualdade, usado o primeiro item do coment´ ario 1.2.32. Portanto QQ T = 1 , logo Q (V ). Tem-se, tamb´em, U 2 = QV QT (QV QT ) = QV (V QT ). Por´em, V QT = (QV T )T = (QV )T e F = QV , logo U 2 = QV (QV )T = F F T . Como F F T ´e um tensor sim´etrico de defini¸ ca˜o positiva, de acordo com o teorema 1.2.9, sobre quadrado de tensor sim´etrico de defini¸ ca˜o positiva ou negativa, existe um tensor ((F F T ) )2 = F F T . Mas, embora impor U = QV QT seja suficiente para garantir que U 2 = F F T , impor U 2 = F F T n˜ao ´e suficiente para garantir que U = QV QT , ou seja, esta u´ltima igualdade ´e
√
∀
·
√
∈
·
·
·
·
·
√ ∈
∈O
49
∈
·
·
∈
mais restritiva. De fato, de acordo com o coment´ ario 1.2.33, sobre propriedades de tensor ortogonal, a u´ltima igualdade exige que det U = det V e trU = trV . Esta exigˆencia implica na restri¸c˜ao (F F T ) = F F T , ou seja, como V ´e sim´etrico de defini¸c˜ao positiva, necessariamente U tamb´em ´e sim´etrico de defini¸ca˜o positiva, logo U = F F T .
√
√
∀ ∈ ⊗
∃ ∈
V V , A Coment´ ario 1.2.46 (Decomposi¸ c˜ ao Cartesiana) T Sym (V ) e B Skw (V ) (nota¸c˜ao para subsepa¸cos sim´etrico e antissim´etrico 1.2.5) tais que T = A + B, sendo as transforma¸co˜es A e B unicamente determinadas, respectivamente por A = (T + T T )/2 e B = (T T T )/2. Note que, de acordo com a defini¸ c˜ao de tensores sim´etrico e antissim´ etrico 1.2.18, estas duas ultimas ´ igualdades tornam evidente que A Sym (V ) e B Skw (V ).
∃ ∈
−
∈
∈
1.2.14
Espa¸co Euclideano de Pontos
Defini¸ca ˜o 1.2.44 (Espa¸co Euclideano de Pontos) Seja um conjunto de pontos no espa¸co n e seja V um espa¸co vetorial euclideano, de acordo com sua defini¸ c˜ao 1.2.6. Considerando a defini¸ca˜o de dimens˜ao 1.2.4, seja n a dimens˜a o de V . Se, (x, y) v V tal que
E
∀
E ∃ ∈
1. v seja u ´ nico, grafado v = y
∈
− x e chamado vetor diferen¸ca entre y e x,
∀x ∈ E , x − x = 0 ∈ V , 3. ∀x ∈ E e ∀v ∈ V , ∃ y ∈ E , u ´ nico e tal que v = y − x, ou y = x + v e 4. ∀(x,y,z ) ∈ E , (x − y) + (y − z ) = (x − z ), ent˜ ao E ser´a grafado E e denominado espa¸co euclideano de pontos de dimens˜ ao n, ao de E . Define-se a fun¸c˜ ao distˆ anenquanto que V ser´a chamado espa¸co de transla¸c˜ cia entre dois pontos (x, y) ∈ E por d(x, y) = |v| = (x − y) · (x − y). A defini¸ca˜o de 2.
espa¸co vetorial real 1.2.1 indica que tal espa¸co cont´em infinitos vetores e ´e cont´ınuo. Por causa da condi¸ca˜o 3 da presente defini¸c˜ao, isto por sua vez implica em continuidade em espa¸co euclideano de pontos , ou seja, implica em que o espa¸co euclideano de pontos seja o espa¸co n , provido das anteriores quatro condi¸c˜o es e da defini¸c˜a o de distˆ ancia entre dois pontos. A mesma condi¸ca˜o 3 mostra, tamb´ em, que dados um ponto x e um vetor v, o ponto y est´a bem definido, mas o mesmo ponto y pode corresponder a diversos pares (x, v). De modo an´ alogo, dados os pontos x e y, o vetor v est´a bem definido, mas o mesmo vetor v pode corresponder a diversos pares (x, y). Note que, quando n = 1, ter-se-´a = V = e a fun¸ca˜o distˆancia ser´ a o m´odulo da diferen¸ca entre dois reais, d(x, y) = x y .
E | − | Defini¸ca ˜o 1.2.45 (Espa¸co Tangente) Seja E = {v = (x, v)| v = y − x, ∀y ∈ E}, logo seja v o vetor diferen¸ca entre um ponto fixo x ∈ E e um ponto qualquer y ∈ E e seja E o conjunto de todos os vetores diferen¸ca entre y e x, ∀ y ∈ E . Considerando o item 2 da defini¸c˜ao de espa¸co euclideano de pontos 1.2.44 percebe-se que E cont´em
x
x
x
x
x
exatamente os mesmos vetores que V , mas:
1. com a restri¸c˜ao de serem considerados vetores diferen¸ca para um ponto fixo x;
50
2. sem que tenham sido definidas as opera¸c˜oes de adi¸ca˜o e multiplica¸ca˜o por escalar, as quais, de acordo com a defini¸c˜ao de espa¸co vetorial real 1.2.1, caracterizam tais espa¸cos. Entretanto, tais opera¸co˜es est˜ ao definidas em V . Por isto, para defini-las em x basta impor que v x + ux = (v + u)x e αvx = (αv)x . Efetuando esta imposi¸c˜ao x ser´a grafado co tangente de em x. x e denominado espa¸ orficos, o que ´e representado por x = V e significa Os espa¸cos x e V s˜ao ditos isom´ ca ˜o paralelismo que um ´e a c´ o pia do outro. A fun¸ca˜o ix : V x , chamada fun¸ euclideano , estabelece uma correspondˆencia de um para um, conforme apresentado na defini¸ca˜o de fun¸ca˜o e funcional 1.1.1, entre V e x . A composi¸ca˜o de fun¸co˜es, tamb´em 1 apresentada na mencionada defini¸ c˜ao 1.1.1, τ x, y = iy i− : x y , que transforma x vx = (x, v) vy = (y, v), ´e denominada fun¸c˜ ao transla¸c˜ao paralela dos vetores em ao o mesmo x para os vetores em y . Portanto, vx = (x, v) x e uy = (y, u) y s˜ vetor se e somente se v = u . Desta forma, vetores em diferentes espa¸ cos tangentes podem ser somados como se estivessem no mesmo espa¸co vetorial.
E
→
E
1.3 1.3.1
E E ∼
E
E
→ E E ◦
E
E
E → E
∈ E
∈ E
C´ alculo Tensorial Diferencia¸c˜ ao
a aberto quando os eleDefini¸ca ˜o 1.3.1 (Subconjunto Aberto) Um subconjunto ser´ mentos que o constitu´ırem, embora possam situar-se t˜ ao pr´ oximo quanto o desejado de elementos n˜ ao pertencentes ao subconjunto considerado, jamais alcan¸ carem tais elementos estranhos ao subconjunto. Um intervalo aberto ´e um subconjunto escalar, ordenado, cont´ınuo e aberto, representado por (a, b) (lembre que ´e cont´ınuo, conforme afirmado na defini¸ca˜o de espa¸co vetorial real 1.2.1, al´em de ser escalar e ordenado), o que indica que a e b s˜ao respectivamente cotas inferior m´ axima e superior m´ınima n˜ ao pertencentes ao subconjunto. Se a cota a, b, ou ambas, pertencerem ao subconjunto, usar-se-´ a respectivamente a representa¸ c˜ao [a, b) , (a, b] , ou [a, b] , que respectivamente correspondem a um intervalo fechado abaixo, fechado acima, ou fechado abaixo e acima.
⊂
⊂
⊂
⊂
Defini¸ca ˜o 1.3.2 (Derivada Escalar em Escalar) Considerando a defini¸c˜a o de subconjunto aberto 1.3.1, seja f : (a, b) uma fun¸ca˜o aplic´ avel a qualquer escalar t (a, b) , cuja imagem tamb´em seja um escalar. Se, (t + h) (a, b) , existir o limite indicado na express˜ a o a seguir, a derivada de f no valor t do seu argumento ser´a, por defini¸c˜ao,
∈
→
⊂
˙ = df = lim 1 (f (t + h) f (t) dt h→0 h
− f (t)), ou
∀
1 lim (f (t + h) h→0 h
∈
⊂
˙ = 0, − f (t) − hf (t))
˙ onde f (t) , logo f ˙ : (a, b) . De acordo com a segunda entre as duas equa¸ c˜oes ao o(h) de modo a que conjuntamente destacadas, definindo a corre¸c˜
∈
o(h) = f (t + h)
→
˙ tem-se − f (t) − hf (t),
lim
h→0
51
1 o(h) = 0, logo h
lim
|h|→0
1 o(h) = 0, h
| ||
|
conforme ser´ a mostrado na defini¸ca˜o 1.3.3, de derivada vetorial, tensorial ou de pontos, em escalar. ˙ Tradicionalmente, df = f (t)dt ´ e o diferencial de f . Se dt for um acr´escimo arbitr´ ario em t, restrito apenas pela condi¸ca˜ o de que (t, t + dt) (a, b) ou seja, se dt n˜ao necessariamente for um acr´ escimo infinitesimal (conforme, por exemplo, a defini¸ c˜ao de diferencial fornecida por Tom M. Apostol, Calculus, Vol. I, Wiley, 2a. ed., New York, ˙ ser´ 1967), ent˜ ao hf (t) a o diferencial de f . Por´em, diversos livros did´ aticos de c´ alculo exigem que diferenciais sejam infinitesimais. Por isto, evitam-se equ´ıvocos n˜ ao chamando ˙ (onde a n˜ hf (t) ao exigˆencia de que h seja infinitesimal ´e colocada j´ a como hip´ otese) de ˙ ´e denominado derivada direcional de f no escalar t, diferencial. Pelo contr´ ario, hf (t) para o escalar h.
∈
⊂
Defini¸ca ˜o 1.3.3 (Derivada Vetorial, Tensorial ou de Pontos, em Escalar) A defini¸ca˜o de derivada escalar de escalar 1.3.2 pode ser estendida para fun¸ co˜es cujos argumentos continuem pertencendo a (a, b) (defini¸c˜ao de subconjunto aberto 1.3.1), mas cujas imagens sejam tensores de ordem superior a zero. Para isto, seja W um espa¸co normatizado, o que significa que o espa¸co W disp˜o e ou de uma norma, ou de uma fun¸ca˜o distˆancia (os conceitos de limite e convergˆ encia s´ o fazem sentido num espa¸co para o qual seja definida uma norma, ou uma fun¸c˜ao distˆ ancia) e seja f : (a, b) W uma fun¸ca˜o aplic´ avel a um escalar, que varie dentro de (a, b) , fun¸ca˜o esta cuja imagem perten¸ca a W . Neste texto, s˜ao considerados somente os seguintes espa¸ cos W :
⊂
→
⊂
E
(a) W = , que ´e um caso especial de W = V e de W = , cuja norma e fun¸ca˜o distˆancia ´e u = d(x, y) = x y (derivada escalar de escalar, j´ a apresentada em sua defini¸ca˜o 1.3.2), ou
| |
| − |
(b) W = V , cuja norma, de acordo com a defini¸c˜ao de espa¸co vetorial euclideano 1.2.6, ´e u = u u (derivada vetorial de escalar), ou
| | √ · (c) W = V ⊗ V , sendo V ⊗ V um espa¸co de produto tensorial, de acordo com a sua defini¸ca˜o 1.2.13, cuja norma, considerando a defini¸ca˜o de norma de tensor de segunda √ ordem 1.2.28, ´e |A| = trAA (derivada tensorial de escalar), ou (d) W = E , cuja fun¸ca˜o distˆancia, de acordo com a defini¸ca˜o de espa¸co euclideano de pontos 1.2.44, ´e d(x, y) = (x − y) · (x − y) (derivada de pontos, de escalar). Se, ∀(t + h) ∈ (a, b) ⊂ , existir o limite indicado na express˜ao a seguir, a derivada de T
f no valor t do seu argumento ser´ a, por defini¸ca˜o,
1 df f ˙ (t) = = lim ( f (t + h) dt h→0 h
− f (t)) ,
onde f ˙ (t) W 1 , sendo W 1 = V (V ´e o espa¸co de transla¸ca˜o de ) quando W = (item (d)) e W 1 = W nos trˆes primeiros casos. A u´ltima equa¸c˜ao destacada pode ser escrita
∈
1 lim (f (t + h) h→0 h
E
− f (t) − hf ˙ (t)) = 0 ,
logo
porque: 52
lim
|h|→0
1 f (t + h) h
| ||
E
− f (t) − hf ˙ (t)| = 0 ,
(a) quando W = , f (t + h) f (t) hf ˙ (t) = x = 0 exige x = 0 e v.v. (portanto, na ˙ mencionada defini¸c˜ao 1.3.2, a condi¸ca˜o limh→0 h1 (f (t + h) f (t) h f (t)) = 0 ´e ˙ = 0), satisfeita se e somente se lim|h|→0 1 f (t + h) f (t) hf (t)
−
−
| |
−
−
− (b) quando W = V , f (t + h) − f (t) − hf ˙ (t) = u = 0 exige |u| = 0 e v.v., (c) quando W = V ⊗ V , f (t + h) − f (t) − hf ˙ (t) = A = 0 exige |A| = 0 e v.v., (d) quando W = E , sendo f (t + h) − f (t) = u e hf ˙ (t) = v, f (t + h) − f (t) − hf ˙ (t) = u − v = w = 0 exige |w| = 0 e v.v.. Pode-se definir a transforma¸ca˜o linear D f (t) : → W (defini¸ca˜o 1.2.6 de transforma¸c˜ao n-linear), cuja forma depende de t ∈ (a, b), por meio da igualdade |h|
|
− |
Df (t)[h] = h f ˙ (t) ,
onde o produto h f ˙ (t) deixa evidente a linearidade da transforma¸ ca˜o aplicada a h. Logo, de acordo com a nota¸c˜ao para aplica¸ca˜o de tensor a tensor 1.2.6, D f (t) ´e um tensor que, se for aplicado ao tensor h, produzir´ a como resultado o mencionado produto. Como h ´e um escalar, considerando o item 1 da mencionada nota¸c˜ao 1.2.6 conclui-se que D f (t)[h] = hDf (t), logo Df (t) = f ˙ (t). Por´em, embora Df (t) e f ˙ (t) sejam o mesmo tensor, enquanto que hf ˙ (t) representa o escalar h multiplicando um tensor que ´e a imagem do argumento t atrav´es da fun¸ca˜o f ˙ , Df (t)[h] representa a fun¸ca˜o (transforma¸ca˜o) Df (t), cuja forma depende de t, aplicada ao argumento h. Portanto, o principal significado da ultima ´ igualdade destacada ´e alterar o argumento ao qual a fun¸ c˜ao ´e aplicada (evidentemente, ˙ no caso da citada defini¸ca˜o 1.3.2 pode-se definir Df (t)[h] = hf (t)). Tem-se, ent˜ao, 1 lim f (t + h) f (t) Df (t)[h] = 0 . |h|→0 h A equa¸ca˜o destacada no in´ıcio desta defini¸ ca˜o tem exatamente a mesma abrangˆencia desta u ´ ltima igualdade, sendo uma consequˆencia da outra. Mas, ao contr´ ario da express˜ ao inicial, esta u ´ ltima est´ a escrita de modo tal que a defini¸ca˜o de derivada, adequada para fun¸co˜es f : (a, b) W , possa ser facilmente estendida para fun¸c˜oes f : W , onde ´e um subconjunto aberto, de acordo com a j´ a mencionada defini¸c˜ao 1.3.1, conjunto este que n˜ ao se restringe exclusivamente ao intervalo (a, b) . Logo, assim como a igualdade apresentada na defini¸c˜ao de derivada escalar de escalar 1.3.2 ´e uma particulariza¸ca˜o daquela destacada no in´ıcio da presente defini¸ c˜ao, a u ´ ltima equa¸ca˜o destacada ´e uma particulariza¸c˜ao de express˜ oes mais gerais, que ser˜ ao apresentadas nas defini¸c˜oes de gradiente de campo real, vetorial, tensorial ou de pontos 1.3.5 e gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor 1.3.6. Note que, enquanto f : (a, b) W , como h tem-se Df (t) : W 1 , onde W 1 = W se W = e W 1 = V se W = . Logo, de acordo com a defini¸ c˜ao de espa¸co de transforma¸c˜ao linear 1.2.4 e considerando uma extens˜ ao da defini¸c˜a o de espa¸co de produto tensorial 1.2.13, Df (t) ( , W 1 ) = W 1 . Semelhantemente ao colocado na mencionada defini¸c˜ao 1.3.2, D f (t)[h] = hf ˙ (t) ´e a derivada direcional de f no escalar
| ||
D
−
−
|
→
D →
⊂
E
→
E
∈L
∈
→
⊗
t, para o escalar h. Ainda em analogia ao apresentado na defini¸ c˜ao 1.3.2, mas agora de acordo com a u´ltima equa¸ca˜o aqui destacada, definindo a corre¸ca ˜o o(h) de modo a que 53
1 |h|→0 |h|
f (t + h)
− f (t) = D f (t)[h] + o(h), tem-se lim | o(h)| = 0. Defini¸ca ˜o 1.3.4 (Campo) Seja D ⊂ E|D ´e aberto (defini¸c˜ao de subconjunto aberto 1.3.1) e seja f : D → W . Tais fun¸c˜oes f s˜ao denominadas campos. Se, conforme afirmado na defini¸ca˜o de derivada vetorial, tensorial ou de pontos, de escalar 1.3.3 e utilizando a defini¸ca˜o 1.2.45 de espa¸co tangente E , 1. W = , ent˜ao a fun¸c˜ao f : x ∈ D → f (x) ∈ ´e um campo escalar aplicado a D; 2. W = E ∼ = V , ent˜a o a fun¸ca˜o f : x ∈ D → f (x) ∈ E ´e um campo vetorial aplicado a D; 3. W = E ⊗ E ∼ = V ⊗ V , ent˜a o a fun¸ca˜o f : x ∈ D → f (x) ∈ E ⊗ E ´e um campo tensorial de segunda ordem aplicado a D; 4. W = E , ent˜ao a fun¸ca˜o f : x ∈ D → f (x) ∈ E ´e um campo de pontos aplicado a D, ou uma deforma¸c˜ao de D. x
x
x
x
x
x
x
Defini¸ca ˜o 1.3.5 (Gradiente de Campo Esc., Vet., Tens. ou de Pontos) Seja o campo f : W , de acordo com sua defini¸c˜a o 1.3.4. A fun¸ca˜o f : W ´e dita diferenci´avel em x ´e aberto (defini¸ca˜o de subconjunto aberto 1.3.1), se existir uma transforma¸c˜ao linear Df (x) : V W 1 , logo, de acordo com a defini¸ca˜o de espa¸co de transforma¸c˜ao linear 1.2.4 e considerando uma extens˜ ao da defini¸ca˜o de espa¸co de produto tensorial 1.2.13, Df (x) (V, W 1 ) = W 1 V , onde
D →
D →
∈ D ⊂ E|D
→
∈L
⊗
E
V ´e o espa¸co de transla¸c˜ao do espa¸co euclideano de pontos ,
E ∼= V , ou W = E ⊗ E ∼= V ⊗ V , ou W = E e = E e W = V se W = E , W = W se W tal que, ∀v = y − x|(x, y) ∈ D , logo v ∈ V ,
W = , ou W = 1
x
x
x
1
1 f (x + v) lim |v|→0 v
| ||
− f (x) − Df (x)[v]| = 0 .
Esta igualdade pode ser obtida substituindo t por x e h por v na u´ltima equa¸ca˜o destacada na defini¸ca˜o 1.3.3, de derivada vetorial, tensorial ou de pontos, de escalar. A tranforma¸ca˜o linear Df (x) (V, W 1 ) = W 1 V , definida de modo u´nico pela u´ltima express˜ao destacada, transforma v num elemento do espa¸co W 1 . Ela ´e chamada gradiente de f em x e ´e grafada grad f (x), ou f (x), ou x f (esta ´e a simbologia utilizada neste texto). A transforma¸ca˜o linear x f ´e:
∈ L
⊗
∇
∇
∇
Um tensor de primeira ordem u quando W = (a fun¸ca˜o f : x f (x) ´e um campo escalar), portanto neste caso x f [v] = u [v] = u v (item 2 da nota¸ca˜o 1.2.6, para aplica¸ca˜o de tensor a tensor).
∇
·
∈ D →
∈
Um tensor de segunda ordem A quando W = x (a fun¸c˜ao f : x f (x) e x ´ um campo vetorial), portanto neste caso x f [v] = A[v] = A(v) (item 3 da nota¸ca˜o 1.2.6, para aplica¸ca˜o de tensor a tensor, com k = 2).
∇
54
E
∈D→
∈ E
Um tensor de terceira ordem T quando W = x f (x) c˜ao f : x x (a fun¸ e um campo tensorial de segunda ordem), portanto neste caso x f [v] = x x ´ T [v] = T (v) (item 3 da nota¸ca˜o 1.2.6, para aplica¸c˜a o de tensor a tensor, com k = 3).
E ⊗ E
E ⊗ E
∈ D → ∇
∈
Um tensor de segunda ordem A quando W = (a fun¸c˜ao f : x f (x) ´e uma deforma¸ca˜o), portanto neste caso x f [v] = A[v] = A(v) (item 3 da nota¸ca˜o 1.2.6, para aplica¸ca˜o de tensor a tensor, com k = 2).
∇
E
∈ D →
∈ E
Em analogia ao apresentado na mencionada defini¸ ca˜o 1.3.3, mas agora de acordo com a equa¸c˜ao aqui destacada, definindo a corre¸c˜ ao o(v) de modo a que f (x + v) f (x) = 1 x f [v] + o(v), tem-se lim|v|→0 |v| o(v) = 0. Sendo h , fazendo hv = v , grafando v por v e substituindo v por hv na primeira equa¸ca˜o destacada, tem-se
∇
|
∈
−
|
1 lim f (x + hv) |hv|→0 hv
| ||
− f (x) − ∇ f [hv]| = 0. x
Supondo v fixo e n˜ ao nulo, o real h ser´a a u ´nica vari´ avel desta equa¸ca˜o, uma vez que x ´e um parˆametro. Considerando a linearidade da transforma¸ c˜ao x f , esta equa¸ca˜o pode, ent˜ ao, ser escrita 1 lim f (x + hv) f (x) h x f [v] = 0. |h|→0 h
∇
| ||
−
− ∇
|
Esta, conforme colocado na defini¸ c˜ao 1.3.3, de derivada vetorial, tensorial ou de pontos, de escalar, ser´ a satisfeita se e somente se limh→0 h1 ( f (x + hv) f (x) h x f [v]) = 0, logo
−
− ∇
∇ f [v] = lim h1 (f (x + hv) − f (x)). x
h→0
Sendo t , fazendo x + tv = x, grafando x por x e substituindo x por x + t v na equa¸ca˜o anterior, tem-se x+tv f [v] = limh→0 h1 ( f (x + (t + h)v) f (x + tv)), ou
∈
∇
∇
−
1 x f [v] = lim ( f (x + (t + h)v) h→0 h
− f (x + tv))
. t=0
A diferen¸c a entre as duas u´ltimas equa¸c˜o es destacadas reside no fato de que, na primeira, antes foi imposto t = 0 e, em seguida, foi efetuado o limite, enquanto que a grafia da segunda indica que antes foi efetuado o limite e, posteriormente, foi imposto t = 0. Como a ordem conforme a qual estas duas opera¸ c˜oes s˜ao efetuadas n˜ a o afeta o resultado final, o primeiro membro de ambas ´e o mesmo. A forma da ultima ´ express˜ ao destacada ´e decorrente do fato de v e x terem sido supostos parˆ ametros, logo esta condi¸ca˜o n˜ao pode ser alterada. Mas nada impede que t seja considerada a vari´ avel do seu membro direito, ao inv´es de h. Ali´as, isto ´e equivalente a procedimento adotado na mencionada defini¸ca˜o 1.3.3, mas em sentido oposto. Neste caso, f (x + tv) ´e uma fun¸c˜ao do argumento t, f (x + (t + h)v) ´e a mesma fun¸ca˜o, agora aplicada ao argumento t acrescido de h e, de acordo com a primeira igualdade destacada na citada defini¸ca˜o 1.3.3, lim h→0 h1 (f (x + (t + h)v) f (x + tv)) = dtd f (x + tv), ou d . f (x + tv) x f [v] = dt t=0
∇
55
−
Logo, a aplica¸ca˜o da transforma¸ca˜o linear gradiente de f em x, x f , ao vetor v , representada por x f [v], produz o valor da derivada dtd f : (a, b) W , para t = 0, da fun¸c˜ao f de argumento escalar x + tv, onde x e v s˜ao constantes (se x e v n˜ao fossem constantes, o argumento seria um ponto do espa¸co euclideano de pontos, ao inv´es de um escalar). Tal valor ´e a derivada direcional de f no ponto x, para o vetor v. Note que, neste caso, a denomina¸c˜ao derivada direcional ´e, sob aspecto geom´etrico, especialmente apropriada. Para casos an´ alogos, como os que foram e ser˜ ao apresentados, esta denomina¸ c˜ao ´e, por extens˜ao, mantida.
∇
∇
→
´lDefini¸ca ˜o 1.3.6 (Grad. Esc., Vet., Ten. ou de Pontos, em Vet. ou Ten.) A u tima equa¸c˜ao destacada na defini¸ca˜o 1.3.3, de derivada vetorial, tensorial ou de pontos, de escalar, permite outras generaliza¸co˜es al´em daquela referente a` defini¸c˜a o de campo 1.3.4, onde f : W , sendo ´e aberto (defini¸ca˜o de subconjunto aberto 1.3.1), o que conduz ao conceito de gradiente de campo escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, apresentado na sua defini¸ ca˜o 1.3.5. De fato, sejam W 1 e W 2 dois espa¸cos normatizados, escolhidos entre aqueles listados de (a) a (d) no come¸co da citada defini¸ca˜o 1.3.3, mas excluindo-se as possibilidades W 1 = e W 1 = , porque j´a consideradas. A fun¸ca˜o F : W 2 ´e dita diferenci´avel em X W 1 ´e aberto, se existir uma transforma¸ca˜o linear DF(X ) : W 1 W 3 , logo, de acordo com a defini¸ca˜o de espa¸co de transforma¸c˜ao linear 1.2.4 e considerando uma extens˜ ao da defini¸c˜a o de espa¸co de produto tensorial 1.2.13, DF(X ) (W 1 , W 3) = W 3 W 1 , onde W 3 = W 2 se W 2 = e W 3 = V se W 2 = , tal que, (X + Y ) , logo Y W 1
D→
D ⊂ E|D
D →
E
∀
lim
|Y |→0
→ ∈ L
E ∈ D ⊂ |D ⊗ ∈
∈D
E
1 Y
| | | F(X + Y ) − F(X ) − DF(X )[Y ]| = 0 .
Note que: 1. A equa¸c˜ao anterior ´e a u´ltima equa¸c˜ao destacada na citada defini¸ ca˜o 1.3.3, ap´os as substitui¸co˜es de
∈
t (a, b)
⊂
h por Y .
∈ D ⊂ W | D ´e aberto e
por X
1
2. A transforma¸ca˜o linear DF(X ) ´e determinada de modo unico ´ pela express˜ ao destacada, ´e denominada gradiente de F em X e ´e grafada ∂ F(X ) ou ∂ X F (esta ´e a simbologia utilizada neste texto). 3. Em analogia ao apresentado na mencionada defini¸ ca˜o 1.3.5, mas agora de acordo com a equa¸c˜ao aqui destacada, definindo a corre¸c˜ ao o(Y ) de modo a que F(X + 1 Y ) F(X ) = ∂ X F [Y ] + o(Y ), tem-se lim|Y |→0 |Y | o(Y ) = 0.
−
|
|
4. De modo an´ alogo ao efetuado na citada defini¸ca˜o 1.3.5, demonstra-se que
d ∂ X F[Y ] = F(X + tY ) dt
, t=0
onde (F, ∂ X F) : W 2 , sendo W 1 ´e aberto e dtd F : (a, b) W 2 . Denomina-se derivada direcional de F no vetor ou tensor X , para o vetor ou tensor Y , a ∂ X F[Y ].
D→
D⊂ 56
|D
→
5. Considerando os tipos de espa¸co listados no in´ıcio da mencionada defini¸ c˜ao 1.3.3, as possibilidades W 1 = e W 1 = j´a foram discutidas. Restam W 1 = V e alculo de ∂ X F [Y ] W 1 = V V . No quadro a seguir, para o c´ W 2 ´e utilizada a nota¸c˜ao para aplica¸c˜ao de tensor a tensor 1.2.6. Por simplicidade, W 1 = V ´e combinado s´ o com W 2 = e W 2 = V , enquanto que W 1 = V V apenas com W 2 = . Por analogia, outras possibilidades podem ser calculadas.
⊗
∈ ⊗
L(W , W ) V V ⊗ V V ⊗ V V ⊗ V V ⊗ V
W 1 W 2 V V V V V V V V V
⊗ ⊗
E
1
2
∂ X F
∈ L(W , W ) 1
v A
v
⊗u A v⊗u
2
∈
∂ X F [Y ] W 2 v[u] = v u A[u] = A(u) (v u)[w] = (u w)v A[B] = A B = tr(AB T ) (v u)[B] = v B(u)
⊗ ⊗
·
·
·
·
Nota¸c˜ ao 1.3.1 (Derivada e Gradiente Generalizados) Se a transforma¸ca˜o linear considerada indicar a tendˆencia de varia¸ c˜a o de uma fun¸c˜ao num determinado escalar, ela ser´ a chamada derivada, como nas defini¸co˜es de derivada escalar em escalar (s´ımbolo ˙ Df (t) = f (t)) e de derivada vetorial, tensorial ou de pontos, em escalar (s´ımbolo D f (t) = f ˙ (t)), respectivamente 1.3.2 e 1.3.3. Se a transforma¸ c˜ao linear considerada indicar a tendˆencia de varia¸ca˜o de uma fun¸ca˜o num determinado ponto, vetor ou tensor, ela ser´ a chamada gradiente, como nas defini¸co˜es de gradiente de campo escalar, vetorial, tensorial ou de pontos (s´ımbolo Df (x) = x f ) e de gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor (s´ımbolo D F(X ) = ∂ X F), respectivamente 1.3.4 e 1.3.5. Como s´ımbolo gen´erico desta transforma¸ c˜ao linear, abarcando todos estes casos, neste texto ´e utilizado D ( ), onde o primeiro representa o s´ımbolo escolhido para a fun¸ c˜ao, enquanto que o segundo representa a vari´ avel que define a forma da transforma¸ca˜o linear. O s´ımbolo gen´erico da aplica¸ca˜o desta transforma¸ca˜o linear a uma determinada vari´ avel, ou seja, o s´ımbolo gen´erico de derivada direcional, neste texto ´e D ( )[ ]. Conforme colocado na mencionada defini¸ca˜o 1.3.2, pode-se entender D ( )[ ] como uma generaliza¸ca˜o do conceito de diferencial, portanto D ( ) como uma opera¸c˜ao que gera um diferencial, ou seja, uma opera¸ca˜o de diferencia¸ca˜o, o que justifica o t´ıtulo da presente subse¸ c˜ao. Estes s´ımbolos gen´ericos podem ser usados em qualquer circunstˆ ancia, mas s˜ ao obrigat´orios sempre que n˜ ao se tratar de algum caso espec´ıfico, entre aqueles neste texto citados, para os quais outros s´ımbolos tamb´ em s˜ ao aceitos e, inclusive, costumam ser mais usados. Portanto, se W e W 1 forem quaisquer dois espa¸cos normatizados (defini¸ca˜o 1.3.3, de derivada vetorial, tensorial ou de pontos, em escalar) e lembrando que normas se anulam quando os respectivos elementos se anulam e v.v., bem como distˆancias se anulam quando as correspondentes diferen¸ cas entre elementos se anulam e v.v.:
∇
··
·
·· ·
··
D→
· · ·
∈ D ⊂ |D
1. A fun¸ca˜o F : W 1 ´e dita diferenci´ avel em X W ´e aberto (defini¸c˜ao de subconjunto aberto 1.3.1), se existir uma transforma¸ ca˜o linear DF(X ) : W 2 W 3 tal que, (X + Y ) , sendo Y W 2 ,
∀
∈D
lim
|Y |→0
∈
→
1 Y
| | | F(X + Y ) − F(X ) − DF(X )[Y ]| = 0 .
Quando W for provido de norma ter-se-´ a W 2 = W , mas quando W for provido de 57
E
fun¸c˜ao distˆ ancia isto n˜ao ocorrer´ a (por exemplo, para W = ter-se-´a W 2 = V ). Por outro lado, quando W 1 for provido de norma ter-se-´ a W 3 = W 1 , mas quando W 1 for provido de fun¸c˜ao distˆancia isto n˜ ao ocorrer´ a (por exemplo, para W 1 = ter-se-´a W 3 = V ). De acordo com a defini¸c˜ao de espa¸co de transforma¸c˜ao linear 1.2.4, DF(X ) (W 2 , W 3) = W 3 W 2 , correspondendo esta u´ltima igualdade a uma extens˜ ao do conceito de espa¸co de produto tensorial, conforme a sua defini¸ca˜o 1.2.13.
E
∈ L
⊗
−
2. Define-se a corre¸c˜ ao o(Y ) de modo a que F (X + Y ) F(X ) = D F(X )[Y ] + o(Y ), 1 logo a express˜ ao destacada no item 1 implica em lim|Y |→0 |Y | o(Y ) = 0.
|
|
3. Demonstra-se que a derivada direcional d DF(X )[Y ] = F (X + tY ) dt
1.3.2
d F : (a, b) dt
, onde t=0
→ W . 3
Aplica¸co ˜es da Diferencia¸c˜ ao
Coment´ ario 1.3.1 (Gradientes de φ , sendo φ(A, v) = v A(v)) Seja a fun¸ca˜o real bilinear φ : V V V , definida por φ(A, v) = v A(v), onde A V V e ( u, v) V . Lembrando do coment´ ario 1.2.12, sobre transforma¸ c˜ao escalar bilinear e tensor, onde ´e discutido que todo tensor A, al´ em de ser uma fun¸ ca˜o vetorial linear A : V V , corresponde a uma fun¸ca˜o escalar bilinear A : V V tal que A(u, v) = u A(v), onde o primeiro A representa a fun¸ca˜o escalar biliner a ser aplicada ao argumento (u, v), enquanto que o segundo representa o tensor A a ser aplicado ao vetor v, percebe-se que φ(A, v) = A(v, v) = v A(v). Por´em, s˜ ao interessantes as express˜ oes dos gradientes ∂ v φ e ∂ A φ da fun¸ca˜o φ(A, v). Al´em disto, o c´ alculo de tais gradientes ilustra, para o caso de fun¸c˜a o de m´ ultiplas vari´aveis, o uso do item 4 da defini¸ca˜o 1.3.6, de gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor e a obediˆencia ao item 3 da mesma defini¸ca˜o. De fato, de acordo com o mencionado item 4 tem-se
⊗ × →
·
·
∈ ⊗
× →
·
∈ →
·
d φ(A, dt
d (( dt
v + tu) v + tu) A(v + tu)) ∂ v φ[u] = = , onde ∂ v φ ´e o gradiente t=0 t=0 de φ em v e ∂ v φ[u] ´e a derivada direcional de φ em v, na dire¸c˜a o de u (note que A ´e ignorado nestas nota¸c˜oes e denomina¸c˜oes, porque ´e suposto constante). Como (v + tu) A(v + tu) = v A(v) + t v A(u) + t u A(v) + t 2 u A(u), ent˜ ao ∂ v φ[u] = v A(u)+ u A(v). Mas, de acordo com a defini¸ca˜o de transforma¸ ca˜o linear transposta 1.2.17, v A(u) = u AT (v), logo v A(u) + u A(v) = (A + AT )(v) u = (A + AT )(v)[u] , provindo a u ´ltima igualdade da segunda linha da tabela presente no item 5 da citada defini¸ca˜o 1.3.6. Tem-se, portanto,
·
·
· ·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
∂ v φ = (A + AT )(v).
·
·
·
·
·
Note que φ(A, v + u) = (v + u) A(v + u) = v A(v) + v A(u) + u A(v) + u A(u) = φ(A, v) + ∂ v φ[u] + u A(u). Comparando esta igualdade com a imposi¸ca˜o efetuada no item 3 da mencionada defini¸c˜ao 1.3.6, tem-se o(u) = u A(u). Se e = u/ u , lim|u|→0 ( u A(u) / u ) = lim|u|→0 ( u e A(e) ) = 0, resultado este de acordo com 1 a exigˆencia de que lim|Y |→0 |Y | o(Y ) = 0.
·
| ·
|| |
| || · | | 58
|
·
| |
∂ A φ[B] =
d φ(A dt
+ tB, v)
t=0
=
d ( dt
v (A + tB)(v))
·
t=0
, onde ∂ A φ ´e o gradiente de φ
em A e ∂ A φ[B] ´e a derivada direcional de φ em A, na dire¸ca˜o de B (note que v ´e ignorado nestas nota¸c˜oes e denomina¸co˜es, porque ´e suposto constante). Como v (A+tB)(v) = v A(v)+t v B(v), tem-se ∂ A φ[B] = v B(v). Mas, de acordo com au ´ltima linha da tabela no item 5 da citada defini¸ca˜o 1.3.6, v B(v) = (v v)[B], logo ∂ A φ = v v .
·
·
·
·
·
⊗
⊗ Note que φ(A + B, v) = v · (A + B)(v) = v · A(v) + v · B(v) = φ(A, v) + ∂ φ[B]. A
Portanto, comparando esta igualdade com a imposi¸ ca˜o efetuada no item 3 da mencionada defini¸ca˜o 1.3.6, obt´em-se o(A) = 0, ficando satisfeita a exigˆencia de que 1 lim|Y |→0 |Y | o(Y ) = 0.
|
|
·
∈
Coment´ ario 1.3.2 (Gradiente de φ , sendo φ(A) = u A(v)) Sejam (u, v) V vetores constantes e seja a fun¸ca˜o real linear φ : V V , definida por φ(A) = u A(v) (conv´em sublinhar que, conforme colocado no in´ıcio do coment´ ario 1.3.1, sobre gradientes de φ, sendo φ(A, v) = v A(v), esta u ´ltima, a fun¸ca˜o escalar bilinear A : V V e a fun¸ca˜o vetorial linear A : U V j´a foram definidas, n˜ ao podendo ser confundidas entre si, ou com a quarta fun¸c˜a o agora apresentada). De acordo com o item 4 da defini¸ c˜ao 1.3.6, de gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor, tem-se, para a derivada direcional de φ em A, para B,
⊗ →
·
· × →
→
d ∂ A φ[B] = φ(A + tB) dt
t=0
d = ( u (A + tB)(v)) dt
·
= u B(v) .
·
t=0
Como, considerando a u´ltima linha da tabela existente no item 5 da mencionada defini¸ c˜ao 1.3.6, u B(v) = (u v)[B], ent˜ao
·
⊗
∂ A φ = u
⊗ v.
Note que φ(A + B) = u (A + B)(v) = u A(v) + u B(v) = φ(A) + ∂ A φ[B]. Portanto, comparando esta igualdade com a imposi¸ c˜ao efetuada no item 3 da citada defini¸ca˜o 1.3.6, 1 obt´em-se o(A) = 0, ficando satisfeita a exigˆencia de que lim|Y |→0 |Y | o(Y ) = 0. Considerando o coment´ ario 1.2.46, sobre decomposi¸ca˜o cartesiana de tensor, bem como o coment´ ario 1.2.15, sobre transposi¸ca˜o de tensor simples, as parcelas aditivas sim´etrica e antissim´etrica de ∂ A φ s˜ao, respectivamente, (u v+v u)/2 e (u v v u)/2. Por outro lado, o item 4 da mencionada defini¸ca˜o 1.3.6 mostra que A Sym(V ) implica em ∂ A φ Sym(V ) e v.v., enquanto que A Skw(V ) implica em ∂ A φ Skw(V ) e v.v.. Portanto, se A Sym(V ) tem-se ∂ A φ = (u v + v u)/2 ,
·
·
·
|
⊗
∈
mas se
⊗
∈ ∈
∈
∈
⊗
∈
⊗ v − v ⊗ u)/2 .
A Skw(V ) tem-se ∂ A φ = (u
|
⊗−⊗
⊗
Coment´ ario 1.3.3 (Gradiente de Tra¸co) Tem-se d ∂ A tr[B] = tr(A + tB) dt
t=0
d = (trA + t trB) dt
t=0
∂ A tr = 1 , onde utilizou-se 59
·
= trB = 1 B = 1 [B], ou
o item 4 da defini¸ca˜o 1.3.6, de gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor, para a primeira igualdade, o primeiro item do coment´ ario sobre propriedades de tra¸cos 1.2.29 para a segunda, o primeiro item do coment´ ario sobre propriedades do produto interno tensorial 1.2.31 para a quarta e a pen´ ultima linha da tabela presente no item 5 da mencionada defini¸ca˜o 1.3.6, para a quinta igualdade. Note que tr(A+B) = trA+trB = trA+∂ A (trA)[B]. Portanto, comparando esta igualdade com a imposi¸c˜ao efetuada no item 3 da citada defini¸ ca˜o 1.3.6, obt´em-se o(A) = 0, ficando 1 satisfeita a exigˆencia de que lim|Y |→0 |Y | o(Y ) = 0.
|
|
Coment´ ario 1.3.4 (Gradiente de Determinante) De acordo com o item 4 da defini¸c˜ao 1.3.6, de gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor, tem-se
d ∂ A det[B] = det(A + tB) dt
t=0
d w((A + tB)(v1 ), . . . , (A + tB)(vn )) = dt w(v1, . . . , vn )
, t=0
onde, para a segunda igualdade, utilizou-se a defini¸ c˜ao de determinante de transforma¸ c˜ao linear 1.2.24. A fun¸ca˜o n-linear alternante w((A + tB)(v1), . . . , (A + tB)(vn )) pode ser decomposta nas seguintes parcelas aditivas: 1. um termo independente de t, w(A(v1 ), . . . , A(vn )) = w(v1 , . . . , vn ) det A ; 2. a soma de n termos de ordem 1 em t, t 3. termos cuja ordem, em t, ´e superior a 1.
n i=1
w(A(v1 ), . . . , B(vi ), . . . , A(vn )) ;
Por isto, ∂ A det[B] = =
n i=1
w(A(v1 ), . . . , B(vi ), . . . , A(vn )) = w(v1 , . . . , vn )
ou ∂ A det[B] = det A
n i=1
n i=1
w(A(v1 ), . . . , A A−1 B(vi ), . . . , A(vn )) , w(v1, . . . , vn )
w(v1 , . . . , A−1 B(vi ), . . . , vn ) = det A tr(A−1B) w(v1 , . . . , vn )
onde, na u ´ ltima igualdade, foi utilizada a defini¸ ca˜ o de tra¸co de transforma¸c˜ao linear 1.2.26. Mas, usando a pen´ ultima linha da tabela apresentada no item 5 da mencionada defini¸ca˜o 1.3.6, tem-se tr(A−1 B) = A −T B = A −T [B], logo
·
∂ A det = (det A)A−T . Note que, de acordo com a imposi¸c˜ao apresentada no item 3 da citada defini¸ ca˜o 1.3.6, o(B) corresponde `a soma das parcelas com mais de um B em que se decomp˜ oe a fun¸ca˜o n-linear alternante w((A + B)(v1 ), . . . , (A + B)(vn )) / w(v1 , . . . , vn ). Isto garante que lim|B|→0 |B1 | o(B) = 0, porque w ´e linear e porque, conforme a sua defini¸ c˜ao 1.2.28, a
| |
|
|
| |
norma B de um tensor de segunda ordem B ´e um real tal que B/ B seja um tensor de norma igual a` unidade. 60
Coment´ ario 1.3.5 (Diferencia¸c˜ ao em Cadeia) Sejam W 1 , W 2 e W 3 espa¸cos normatizados, como aqueles apresentados na defini¸ c˜ao 1.3.3, de derivada vetorial, tensorial ou de pontos, em escalar. Sejam, tamb´ em, 1 W 1 1 ´e aberto (defini¸ca˜o de subconjunto aberto 1.3.1) e 2 W 2 2 e´ aberto. Sejam, ainda, φ : 1 W 2 , ψ : 2 W 3 e φ( 1 ) avel em X avel em φ(X ) 2 . Seja φ diferenci´ 1 e seja ψ diferenci´ 2 . Como este coment´ ario n˜ ao se restringe a algum caso espec´ıfico, entre aqueles citados neste texto, os s´ımbolos s˜ ao utilizados em concordˆ a ncia com a nota¸c˜ao de derivada e gradiente generalizados 1.3.1. De acordo estas considera¸ c˜oes e com a defini¸ca˜o de fun¸ca˜o e funcional 1.1.1, a composi¸c˜a o de fun¸co˜es ψ φ, tal que (ψ φ)( 1) = ψ(φ( 1 )), ´e diferenci´avel em X , obtendo-se, Y (X + Y ) 1 , que
D ⊂ D
D ⊂
D ⊂ |D
|D
∈D
D →
◦ ∈D
∀ |
D → ∈ D
◦ D
D
◦
D(ψ φ)(X )[Y ] = D(ψ(φ(X )))[Y ] = Dψ(φ(X ))[Dφ(X )[Y ] ]. Nesta express˜ ao destacada:
◦
A derivada de ψ φ se refere aos mesmos X e Y aos quais tamb´em se refere a derivada de φ, enquanto que a derivada de ψ respectivamente se refere a φ(X ) e a Dφ(X )[Y ]. A express˜ao mostra que, impondo isto, a derivada de ψ φ se iguala a` derivada de ψ. A esta igualdade costuma-se chamar regra de diferencia¸c˜ ao em cadeia
◦
Dφ(X )[Y ] representa, em rela¸ca˜o a φ(X ), o mesmo que Y representa, em rela¸ca˜o a X . De fato, Y ´e uma varia¸ca˜o no valor X que, quando Y 0, define a derivada da fun¸c˜a o que tem X como vari´ avel. Analogamente, Dφ(X )[Y ] ´e uma varia¸ca˜o no valor φ(X ) que, quando Dφ(X )[Y ] 0, define a derivada da fun¸c˜ao que tem ao destacada no item 1 φ(X ) como vari´avel. Al´em disto, de acordo com a express˜ da referida nota¸ca˜o 1.3.1, Y 0 implica em Dφ(X )[Y ] 0 e v.v..
| | →
|
|→
| | →
|
|→
◦
D(ψ(φ(X ))) = Dψ(φ(X )), porque no primeiro termo a deriva¸ca˜o da fun¸ca˜o ψ φ ocorre em X , como em D(ψ φ)(X ), enquanto que no segundo termo a deriva¸ca˜ o da fun¸c˜ao ψ ocorre em φ(X ). Esta desigualdade indica a necessidade de n˜ ao se usar o mesmo s´ımbolo nos dois u´ltimos termos da igualdade destacada (p.e., n˜ ao utilizar Dψ(φ(X )) em ambos os termos).
◦
Coment´ ario 1.3.6 (Gradientes Escalar e Vetorial em Campo Vetorial) Seja a fun¸ca˜o escalar de vetor ϕ : ϕ V e aberto, (defini¸ca˜o de subconjunto aberto ϕ ´ 1.3.1) a fun¸ca˜o vetorial de vetor h : h V V h e´ aberto e, de acordo com a defini¸ca˜o de campo 1.3.4, o campo vetorial g : g V g ´e aberto.
D ⊂ → |D D ⊂ → |D D ⊂ E → |D
(ϕ g)(x) = ϕ(g(x)) : De acordo com o coment´ ario sobre diferencia¸ca˜o em cadeia 1.3.5, se g for deriv´ avel em x avel em g(x), para a ϕ e se ϕ for deriv´ g , se g(x) composi¸c˜ao ϕ g : g existe a derivada direcional
◦
∈ D ∈ D ◦ D → ∇ (ϕ ◦ g)[v] = ∇ ϕ(g(·))[v] = ∂ uϕ|u g [∇ g[v]], onde (v + x) ∈ Dg , u ∈ D assume o valor g (x) e, em ∇ ϕ(g(·))[v], o ´ındice x em ∇ ´e fundamental para indicar que se trata do gradiente em x da composi¸ca˜o, n˜ao do gradiente de ϕ em g(x), cujo s´ımbolo n˜ao seria ∇. Por outro lado, grafar apenas ∇ ϕ(g)[v] n˜ao esclareceria que x ´e o argumento de g. Note que a composi¸c˜ao ϕ ◦ g x
x
= (x)
ϕ
x
x
x
nao poderia ser grafada ϕg porque, conforme a defini¸ca˜o de composi¸ca˜o de tensores 61
de segunda ordem 1.2.20, o s´ımbolo ϕg, para indicar composi¸ca˜o, seria espec´ıfico para tais tensores.
|
Tanto o s´ımbolo ∂ u ϕ u=g(x) , quanto o s´ımbolo ∂ g(x) ϕ s˜ao corretos, mas utilizou-se o primeiro para sublinhar o fato de que a express˜ ao do gradiente, num gen´erico vetor u, deve ser utilizada no espec´ıfico vetor g(x). A defini¸c˜ao de gradiente de campo escalar, vetorial, tensorial ou de pontos 1.3.5 mostra que x g ´e um tensor de segunda ordem. Como ϕ ´e uma fun¸c˜ao escalar de um vetor, ∂ u ϕ u=g(x) ´e
∇
|
um vetor. De acordo com as linhas 2 e 3 da tabela do item 5 da defini¸ c˜ao 1.3.6, de gradientes escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor, temT se ent˜ ao ∂ u ϕ u=g(x) [ x g[v]] = ∂ u ϕ u=g(x) x g(v) = ( x g) (∂ u ϕ u=g(x) ) v,
|
∇
|
· ∇
∇
|
·
onde a u ´ ltima igualdade decorre do uso da defini¸ ca˜o de transforma¸c˜ao linear transposta 1.2.17. Logo, usando novamente a linha 2 da mencionada tabela, tem-se T x ϕ(g( ))[v] = ( x g) (∂ u ϕ u=g(x) )[v], ou o vetor
∇
·
∇
|
∇ ϕ(g(·)) = (∇ g) x
x
T
|
(∂ u ϕ u=g(x) ).
(h g)(x) = h (g(x)) : De acordo com o mencionado coment´ ario 1.3.5, se g for deriv´avel em x g , se g(x) h e se h for deriv´avel em g(x), para a composi¸ca˜o h g : g V existe a derivada direcional
◦
∈D ◦ D →
∈D
∇ (h ◦ g)[v] = ∇ h(g(·))[v] = ∂ uh|u g [∇ g[v]], onde (v+x) ∈ Dg e u ∈ Dh assume o valor g(x). Como no item anterior, ∇ g ´e um tensor de segunda ordem. Como h ´e uma fun¸ca˜o vetorial de um vetor, ∂ u h|u g x
x
= (x)
x
x
= (x)
tamb´ em ´e um tensor de segunda ordem. Logo, de acordo com a linha 3 da citada tabela, ∂ u h u=g(x) [ x g[v]] = ∂ u h u=g(x) ( x g(v)) = (∂ u h u=g(x) x g)(v) = (∂ u h u=g(x) ´ ltima igualdade deve-se a` x g)[v] = ∂ u h u=g(x) x g[v], onde a u defini¸ca˜o de composi¸ca˜o de tensores de segunda ordem 1.2.19. Tem-se, portanto, x h(g( ))[v] = ∂ u h u=g(x) x g[v], ou o tensor de segunda ordem
| ∇ ◦ ∇
|
∇
·
|
|
|
∇
∇
∇ ∇ h(g(·)) = ∂ uh|u
=g(x)
x
|
◦ ∇
∇ g. x
Note que este coment´ ario apresenta as u´teis express˜ oes dos gradientes escalar e vetorial em campo vetorial, ilustra o uso da regra de diferencia¸ c˜ao em cadeia mostrada no coment´ ario 1.3.5, aprofunda a compreens˜ ao do uso dos s´ımbolos utilizados na diferencia¸ ca˜o e, ainda, sublinha a necessidade de se trabalhar com derivadas direcionais e, s´ o ap´ o s obtida a express˜ao final, escrever esta express˜ a o em termos de gradientes. De fato, se este n˜ ao tivesse sido o procedimento, percebe-se facilmente os absurdos que poderiam ter sido obtidos.
Coment´ ario 1.3.7 (Diferencia¸c˜ ao de Produto) A ´algebra linear cont´em diversos tipos de produtos, mas todos eles tˆem uma propriedade em comum, a saber, a bilinearidade. Seja, ent˜ ao, a opera¸ca˜o bilinear π : W 1 W 2 W 3 , a qual atribui, φ(X ) W 1 e ψ(X ) W 2 , o produto π(φ(X ), ψ(X )) W 3 , onde φ : X φ(X ) W 1 e ψ : X ψ(X ) W 2 , sendo W ´e aberto (defini¸c˜ao de subconjunto aberto 1.3.1) e W ´e normatizado (defini¸ca˜o 1.3.3, de derivada vetorial, tensorial ou de pontos,
∀
∈ ∈ D →
∈
× → ∈ D ⊂ |D 62
∈ D →
∀
∈
∈
em escalar). Define-se f (X ) = π(φ(X ), ψ(X )), X , logo f : W 3 . Sejam φ e ψ diferenci´aveis em X W . A bilinearidade de π(φ(X ), ψ(X )) garante, ent˜ ao, que f ´e diferenci´avel em X , sendo, (X + Y ) ,
∈ D ⊂
∀ ∈ D
∀
D →
∈D
D f (X )[Y ] = π(Dφ(X )[Y ], ψ(X )) + π(φ(X ), Dψ(X )[Y ]) .
Coment´ ario 1.3.8 (Diferencia¸c˜ ao de Tensor ao Quadrado) Se A V V , ent˜ao ∂ A A2 [B] = BA + AB. De fato, usando o item 3 da defini¸ca˜o 1.3.6 de gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor, tem-se ∂ A A2 [B] = dtd (A + tB)2 .
∈ ⊗
Mas
d ((A + tB)(A + tB)) dt
= B(A + tB) + (A + tB)B, logo
d (A dt
+ tB)
2
t=0
t=0
= BA + AB.
Coment´ ario 1.3.9 (Diferencia¸c˜ ao de Tensor Inverso) Se, de acordo com a defini¸ca˜o de tensor inverso de segunda ordem 1.2.29, A V V for invert´ıvel, ent˜ ao ∂ A A−1 [B] = A−1 BA −1 . De fato, usando o item 3 da defini¸ca˜o 1.3.6 de gradiente escalar,
∈ ⊗
−
−1
vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor, tem-se ∂ A A [B] =
d (A dt
+ tB)
−1
−1
t=0
(como A ´e invert´ıvel e t ´e arbitr´ario, existe t n˜ao nulo tal que (A+tB) exista, al´em disto ocorrer em t = 0). Como (A + tB)−1(A + tB) = 1 , ent˜ao dtd ((A + tB)−1 (A + tB)) = 0, ou ( ddt (A + tB)−1 )(A + tB) + (A + tB)−1 dtd (A + tB) = 0, ou ( ddt (A + tB)−1 )(A + tB) = −1
−(A + tB) B, ou −A BA . −1
d (A + tB)−1 dt
−(A + tB)
=
−1
−1
−1
B(A + tB) , logo
d (A dt
+ tB)
−1
t=0
=
Coment´ ario 1.3.10 (Diferencia¸c˜ ao de Tra¸co de Tensor Inverso) Se, conforme a defini¸ca˜o de tensor inverso de segunda ordem 1.2.29, A V V for invert´ıvel, ent˜ao ∂ A tr(A−1 ) = (A−2)T . De fato, usando a regra de diferencia¸ c˜ao em cadeia apresentada no coment´ ario 1.3.5 e, em seguida, o afirmado no coment´ ario sobre diferencia¸ca˜o de tensor inverso 1.3.9, obt´em-se ∂ A tr(A−1 )[B] = ∂ tr(A−1 )[∂ A A−1 [B]] = ∂ tr(A−1 )[A−1 BA −1], onde o ´ındice A−1 foi omitido no s´ımbolo ∂ , para evitar redundˆ ancia. Note, por´em, que embora redundˆ ancias sejam deselegantes e denotem inexperiˆencia ou desaten¸ c˜ao, elas n˜ao s˜ao erradas. Por isto, na d´ uvida, corra o risco de ser redundante, antes de correr aquele de errar. Usando o item 4 da defini¸c˜ao 1.3.6 de gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor, seguido dos itens 1 e 5 do coment´ ario sobre propriedades de tra¸cos 1.2.29, tem-se que ∂ tr(A−1 )[A−1BA −1 ] = dtd tr[A−1 + tA−1 BA −1] = tr(A−1 BA −1 ) =
∈ ⊗
−
−
−2
−1
−
t=0
−2
tr(A B), logo ∂ A tr(A )[B] = tr(A B). Considerando a pen´ ultima linha da tabela do item 5 da citada defini¸ca˜o 1.3.6, novamente o coment´ ario 1.2.29 e tamb´em o coment´ ario 1.2.19, sobre transposi¸ca˜o de composi¸c˜ao, tem-se ∂ A tr(A−1 )[B] = (A−2 )T [B], logo ∂ A tr(A−1 ) = (A−2 )T .
−
−
ca˜o Coment´ ario 1.3.11 (F´ ormulas para Diferencia¸c˜ ao de Produtos) Seja a fun¸ escalar f e as fun¸co˜es vetoriais h e q, sendo o argumento delas uma vari´ avel pertencente a W ´e aberto (defini¸c˜ao de subconjunto aberto 1.3.1). De acordo com o coment´ ario 1.3.7, sobre difernecia¸ca˜o de produtos, tem-se que:
D ⊂ |D
1. para W =
˙ f h = f ˙ h + f h˙ ˙ q h = q˙ h + q h˙
·
·
63
·
2. para W =
E ∇(f h) ∇(q · h)
= h f + f h = ( q)T (h) + ( h)T (q)
⊗∇ ∇
∇ ∇
3. para W = V ∂ (f h) = h ∂f + f∂ h ∂ (q h) = (∂ q)T (h) + (∂ h)T (q)
⊗
·
∇
Note que, coerentemente com a simbologia adotada, os parˆ entesis ap´ os os s´ımbolos e ∂ indicam que a fun¸c˜a o, a` qual o gradiente ´e aplicado, ´e o produto de duas fun¸ c˜oes. Portanto, tais parˆentesis n˜ ao indicam qual ´e o valor da vari´ avel que define a forma da opera¸c˜ao gradiente, porque tal valor apareceria como ´ındice dos s´ımbolos e ∂ .
∇
Coment´ ario 1.3.12 (Derivada e Gradiente de Ordem Superior) Seja F : W W 1 diferenci´ avel em X ´e aberto (defini¸c˜ao de subconjunto aberto 1.3.1). Ent˜ ao, conforme a nota¸c˜ao de derivada e gradiente generalizados 1.3.1, DF(X ) : W 2 W 3 e DF(X ) W 3 W 2 , logo DF : X W DF(X ) DF( ) W 3 W 2 . Seja DF : W W 3 W 2 diferenci´ avel em X . Ent˜ ao D2 F(X ) : W 2 W 3 W 2 e D2 F(X ) W 3 W 2 W 2 , logo D2 F : X W D2 F(X ) D2 F( ) W 3 W 2 W 2 , onde D2 F(X ) ´e uma fun¸ca˜o derivada ou gradiente de segunda ordem. Procedendo sucessivamente desta forma, pode-se atingir derivadas ou gradientes de ordem cada vez maior, enquanto as fun¸co˜es forem diferenci´ aveis. Evidentemente, as correspon-
→
⊗
D⊂
∈ D|D
∈ ⊗ D ⊂ → ⊗ ∈ ⊗ ⊗ ⊗
∈ D ⊂
→
∈D⊂
∈
→
→
D ⊂ ⊗ → ⊗ ∈ D ⊂
dentes derivadas direcionais s˜ ao DF(X )[Y ], D2 F(X )[Y ] etc., para (X + Y ) , logo Y W 2 . Evidentemente tamb´em, n˜ ao se trata de composi¸c˜ao de fun¸co˜es, ao contr´ ario do que ocorre no coment´ ario 1.3.5, sobre diferencia¸c˜ao em cadeia.
∈ D
∈
W W 1 for diferenci´ avel em X ´e Defini¸ca ˜o 1.3.7 (Classe C k ) Se F : aberto (defini¸ca˜o de subconjunto aberto 1.3.1) e, conforme o coment´ ario 1.3.12, sobre derivada e gradiente de ordem superior, DF : W W 3 W 2 for cont´ınua em , afirmar-se-´a que F pertence a` classe C 1 . Se D F : avel em W W 3 W 2 for diferenci´ X e D2 F : W W 3 W 2 W 2 for cont´ınua em , afirmar-se-´a que DF pertence `a classe C 1 e F pertence a` classe C 2. Procedendo sucessivamente desta forma, pode-se concluir que F pertence a` classe C k , onde, necessariamente, k ´e um inteiro maior ou igual a` unidade. Uma fun¸ca˜o ´e dita suave (“smooth”) quando ela pertencer a alguma classe C k . Seja ´e um espa¸co euclideano de pontos, de acordo com a sua defini¸ ca˜o 1.2.44. O ponto x ser´a regular se todos os campos tensoriais para este fim considerados forem suaves neste ponto mas, se isto n˜ ao ocorrer, ele ser´ a singular. Uma superf´ıcie em ser´a seccionalmente suave quando ela for constitu´ıda por pontos regulares salvo, no m´aximo, sobre um n´ umero finito de curvas. Um subconjunto de ser´a uma regi˜ ao regular quando for totalmente envolvido por uma superf´ıcie a ele pertencente, que o separe do restante de e, al´em disto, a superf´ıcie envolvente for seccionalmente suave.
D ⊂
D ⊂ →
⊗
→
∈ D|D
D ⊂ → ⊗ D ⊂ → ⊗ D
⊗
D
E ∈ E
E
E
E
64
Coment´ ario 1.3.13 (Gradiente de Gradiente de Campo Escalar) Seja ´e aberto (defini¸c˜ao de subconjunto aberto 1.3.1) e seja φ : φ pertence a` classe 2 ario 1.3.12, sobre derivada e gradiente de ordem superior e C . Considerando o coment´ de acordo com a defini¸ca˜o de classe C k 1.3.7, tem-se ent˜ao que, sendo V o espa¸co de transla¸ca˜o de ,
D → |
D ⊂ E|D
E ∃∇ φ : V → tal que ∇φ : x ∈ D ⊂ E → ∇ φ ∈ ∇ φ ⊂ V seja cont´ınua em D e, al´em disto, ∃∇ ∇φ : V → V tal que ∇∇φ : x ∈ D ⊂ E → ∇ ∇φ ∈ ∇ ∇φ ⊂ V ⊗ V seja cont´ınua em D. Aten¸c˜ao: n˜ao usar o s´ımbolo ∇ , o qual, conforme a defini¸ca˜o de laplaciano de campo esx
D
x
x
D
x
2
calar ou vetorial 1.3.14, representa uma transforma¸ c˜ao completamente diferente daquela aqui proposta. Seja v V . Na express˜ao f (x+ v) f (x) = x f [v]+o(v), apresentada na defini¸c˜ao de gradiente de campo escalar, vetorial, tensorial ou de pontos 1.3.5, pode-se, ent˜ ao, impor que f = φ, o que resulta na igualdade
∈
−
∇
∇
∇
vφ
x+
− ∇ φ = (∇ ∇φ)[v] + o(v), x
x
na qual cada um dos termos ´e um vetor e, de acordo com a terceira linha da tabela no item 5 da defini¸ca˜o 1.3.6, de gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor, ( x φ)[v] = ( x φ)(v), porque x φ ´e um tensor de segunda ordem. Deve-se sublinhar que esta igualdade n˜ ao representa uma composi¸ca˜o de fun¸co˜es ( φ ´e aplic´avel a um ponto de , n˜ao a um vetor). A aplica¸c˜ao de x a φ antecede qualquer opera¸c˜ao sobre v, o que ´e o oposto do que acontece na composi¸ c˜ao. Impondo u V , pode-se efetuar o produto interno da igualdade destacada por u,
∇∇
∇∇
∇∇
E
∇
∇
∇
∈
∇
v φ[u]
x+
− ∇ φ[u] = u · (∇ ∇φ)(v) + o(v), x
x
porque o(v) indica alguma corre¸ca˜o, a qual ´e fun¸c˜ao de v . Mas, porque f (x + u) x f [u] + o(u), tem-se
∇ ∇ vφ[u] = φ(x + v + u) − φ(x + v) + o(u) e ∇ φ[u] = φ(x + u) − φ(x) + o(u).
− f (x) =
x+ x
Substituindo estas duas igualdades na u´ltima express˜ ao destacada tem-se
u (
· ∇ ∇φ)(v) = φ(x + v + u) − φ(x + v) − φ(x + u) + φ(x) + o(u) + o(v) , x
cujo segundo membro n˜ ao se altera com a troca entre u e v, logo
u (
· ∇ ∇φ)(v) = v · (∇ ∇φ)(u) . x
x
Considerando a defini¸c˜ao de tensores sim´etrico e antissim´ etrico 1.2.18, percebe-se que, se o gradiente do gradiente de um campo escalar pertencer a` classe C 2 , ele ser´a um tensor sim´etrico. Este coment´ ario, al´ em de exemplificar o uso do conceito de derivada e gradiente de ordem superior, apresentado no coment´ ario 1.3.12, produz um resultado muito u ´ til para a mecˆ anica dos meios cont´ınuos. 65
Teorema 1.3.1 (Fun¸ca ˜o Inversa) O teorema da fun¸ca˜o inversa, cuja demonstra¸c˜ao ´e omitida, mostra que, para W ´e aberto (defini¸ca˜o de subconjunto aberto 1.3.1), se a fun¸ca˜o F : W pertencer a` classe C k e for de um para um em , respectivamente de acordo com as defini¸c˜oes de classe C k 1.3.7 e de fun¸ca˜o e funcional 1.1.1, ent˜ ao a transforma¸ca˜o linear DF(X ) ser´ a invert´ıvel X e, al´em disto, tamb´em pertencer´ a `a classe C k a fun¸c˜ao inversa de F em , grafada F−1 conforme a mesma defini¸ca˜o 1.1.1. Como exemplo de transforma¸ c˜ao linear invert´ıvel pode-se considerar o caso em que DF(X ) V V , o qual obedece `a defini¸ca˜o de tensor inverso de segunda ordem 1.2.29.
D ⊂ |D
D→
D
D
∀ ∈ D
∈ ⊗
1.3.3
Sistemas de Coordenadas
D ⊂ E|D
´e aberto (defini¸c˜a o de Defini¸ca ˜o 1.3.8 (Sistema de Coordenadas) Seja subconjunto aberto 1.3.1). Um sistema de coordenadas ´e uma fun¸ca˜ o de um para um que pertence a` classe C 2 , respectivamente de acordo com as defini¸ co˜es de fun¸c˜ao e n funcional 1.1.1 e de classe C k 1.3.7, grafada ψ : . De acordo com o teorema 1.3.1, sobre fun¸ca˜o inversa, isto garante que ψ −1 existe e pertence a` classe C 2. Se x , ent˜ao ψ:x (x1 , . . . , xn ) ´e um sistema de coordenadas, sendo (x1 , . . . , xn ) = ψ(x) as coor, tal que χi : x xi para i = 1, . . . , n, ´e uma denadas de x. Cada fun¸c˜ao χi : esima fun¸c˜ ao coordenada do sistema de coordenadas ψ, tamb´em ela pertencente a` i-´ 2 classe C . Seja χ = ψ −1, portanto seja x = χ(x1 , . . . , xn ) = χ(χ1 (x), . . . , χn (x)).
D →
→
D →
∈D
→
esima coordenada Seja, ainda, a fun¸ca˜o λi : , a qual define a curva da i-´ passando por x quando t = 0, curva esta grafada λi (t) = χ(x1 , . . . , xi + t, . . . , x n ), onde x1 , . . . , xi−1 , xi+1 , . . . , xn s˜ao mantidos fixos. Como λi (t) , a tangente a esta curva no ponto x ´e um vetor ci (x) e o espa¸co tangente de em x, isom´orfico x , onde x ´ ao espa¸co de transla¸ca˜o V de , conforme a defini¸ca˜o de espa¸co tangente 1.2.45. Tem-se ci (x) = λ˙ i (t) = dtd χ(X + tY ) , onde X = ψ(x) e Y = (0, . . . , 0, xi = 1, 0, . . . , 0). t=0 t=0 Mas, de acordo com o item 4 da defini¸ c˜ao 1.3.6, de gradiente escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, em vetor ou tensor, tem-se que dtd χ(X + tY ) = ∂ X χ[Y ]. Portanto,
→ D
∈ E E
E
ci (x) = λ˙ i (t)
t=0
= ∂ X χ[Y ] =
∈ D
E
t=0
∂χ 1 (x , . . . , xn ) , i ∂x
onde a u´ltima igualdade indica que o c´ alculo de ∂ X χ[Y ] pode ser efetuado pelo m´etodo ∂χ n tradicional, porque x = χ(x1 , . . . , x ) mostra que o argumento de χ (e de ∂x e um i) ´ conjunto de escalares independentes entre si.
Teorema 1.3.2 (Base de Espa¸co Tangente) O conjunto ordenado (ci (x))ni=1 ´e uma base do espa¸co tangente x . v Demonstra¸cao: ˜ x pode-se definir uma curva passando por x quando t = 0, a saber λ(t) = x +tv , onde t . Mas, de acordo com a defini¸ca˜o de sistema de coordenadas 1.3.8, λ(t) = x+tv = χ(χ1 (x+tv), . . . , χn (x+tv)), sendo χ i (x+tv) = (x+tv) i . Portanto, para x e v fixos,
E ∀ ∈ E ∈ E ∈
˙ v = λ =
n
dχ i ∂χ dχ i n 1 v v ci (x + tv) , ((x + t ) , . . . , (x + t ) ) = i dt ∂χ dt i=1
66
onde, na terceira igualdade da u´ltima express˜ ao destacada, foi novamente usada a defini¸c˜ao 1.3.8. A express˜ ao destacada independe de t. Para t = 0 ela pode ser escrita i ˙ v = dχ λ = dt
ci (x) .
t=0
Esta u ´ltima express˜ ao indica que o conjunto ordenado (ci (x))ni=1 abrange todo o espa¸co em disto, os vetores ci (x) s˜ao derivadas parciais em rela¸ca˜o a vari´aveis index . Como, al´ pendentes, eles s˜ ao linearmente independentes entre si. Logo, de acordo com a defini¸ c˜ao de base 1.2.2, eles formam uma base para x .
E
E
Defini¸ca ˜o 1.3.9 (Campo de Bases) De acordo com o item 2 da defini¸ca˜o de campo 1.3.4, ci (x) e um campo vetorial aplicado a , motivo porque o conjunto x ´ ordenado (ci (x))ni=1 ´e dito um campo de bases (uma base para cada ponto x, de acordo com o teorema sobre base de espa¸co tangente 1.3.2). Cada campo de bases ´e chamado base natural, no espa¸co V de transla¸ca˜o de , das correspondentes coordenadas (xi )ni=1 que o originam, por meio das fun¸c˜oes λi (t) apresentadas na defini¸ca˜o de sistema de coordenadas 1.3.8.
∈ E
D ⊂ E
E
Coment´ ario 1.3.14 (Tensor M´ etrico e Base Natural Dual) A base natural vista na defini¸ca˜o de campo de bases 1.3.9, (ci (x))ni=1 , ´e contravariante. Sua base dual covariante ´e (ci (x))ni=1 . Os produtos internos gi j (x) = ci (x) c j (x) e g i j (x) = ci (x) c j (x) s˜ao, respectivamente, componentes covariantes (obtidos a partir da base contravariante) e contravariantes (obtidos a partir da base covariante) do tensor m´ etrico do sistema de coordenadas para o ponto x. Note que, conforme o coment´ ario 1.2.13, sobre componente associado do tensor identidade, o tensor m´ etrico do sistema de coordenadas ´e a forma assumida pelo tensor identidade em cada ponto x, em termos das bases naturais contravariante e covariante referentes a determinado sistema de coordenadas. Considerando, de acordo com a defini¸c˜ao de sistema de coordenadas 1.3.8, x i = χ i (x) e x = χ(x1 , . . . , xn ), tem-se xi = χ i (χ(x1, . . . , xn )). Logo, usando a regra de diferencia¸ c˜ao em cadeia apresentada no coment´ ario 1.3.5, a saber D f (X )[Z ] = Dψ(φ(X ))[Dφ(X )[Z ] ], tem-se
·
∂x i 1 (x , . . . , xn ) = δ i j = j ∂x i ∂χ (x1 , . . . , xn ) = xχ j ∂x i c j (x) , onde: xχ
∇ ∇ ·
·
∂χ (x , . . . , x ) = ∇ χ · ∂x x
1
i
n
j
todos os membros foram divididos pelo acr´escimo escalar [Y ], a primeira igualdade prov´ em do fato das coordenadas serem independentes entre si, i
∇ χ
tanto
x
quanto
∂χ (x1 , . . . ∂x j
, xn ) s˜ao vetores,
a terceira igualdade prov´em do uso da linha 2 da tabela no item 5 da defini¸ c˜ao 1.3.6, de gradiente escalar, vetorial ou de pontos, em vetor ou tensor e
67
a quarta igualdade considera a express˜ ao destacada na defini¸c˜ao de sistema de coordenadas 1.3.8. Como, de acordo com a defini¸c˜a o de base dual 1.2.8, ci (x) c j (x) = δ i j , a express˜ ao destacada mostra que ci (x) = x χi . Portanto, x as duas bases naturais duais das coordenadas (x1 , . . . , xn ), no espa¸co V de transla¸ca˜o de , s˜ao, para i = 1, . . . , n,
∇
ci (x) =
∀
∂χ 1 (x , . . . , xn ) i ∂x
·
E
ci (x) =
e
i
∇χ, x
respectivamente a base contravariante e a covariante das mesmas coordenadas.
Coment´ ario 1.3.15 (Transforma¸c˜ ao de Sistema de Coordenadas) Considerann do a defini¸ca˜o de sistema de coordenadas 1.3.8, sejam os dois sistemas ψ : n e ψ¯ : , onde ´e aberto (defini¸ca˜o de subconjunto aberto 1.3.1) e ¯ sejam (x1, . . . , xn ) = ψ(x) e ( x¯1 , . . . , ¯ xn ) = ψ(x) as correspondentes coordenadas de x. Suponha que a transforma¸ca˜o de coordenadas seja dada por
D→
D →
D ⊂ E|D
xi = x i (¯ x1 , . . . , ¯ xn ) e x¯i = x¯i (x1, . . . , xn ) . Impondo xi = χ i (x) e x¯i = χ¯i (x), para i = 1, . . . , n e aplicando o gradiente em x, para i a equa¸ca˜o destacada a` esquerda tem-se x χi = jn=1 ∂ ∂xx¯j (¯ x1 , . . . , x¯n ) x χ¯ j , enquanto que
∇
∂ x ¯i
∇
para aquela a` direita tem-se x χ¯i = jn=1 ∂x j (x1 , . . . , xn ) x χ j . Note que estas u ´ltimas duas igualdades podem ser obtidas pelos m´etodos tradicionais de deriva¸ c˜ao, porque xi e x ¯i s˜ao fun¸co˜es escalares de escalares e, conforme indica a defini¸ ca˜o de campo 1.3.4, χi e χ¯i s˜ao campos escalares. Como, de acordo com o coment´ ario 1.3.14, sobre tensor m´etrico e base natural dual, i i i i c (x) = x χ e c¯ (x) = x χ¯ , tem-se
∇
∇
∇
n
∂x i 1 (¯ c (x) = x , . . . , x¯n ) c¯ j (x) j x j =1 ∂ ¯ i
∇
Al´em disto, c i (x) =
∂χ (x1 , . . . ∂x i
χ(¯ ¯ x1 , . . . , ¯ xn ), logo ci (x) =
n
e
, xn ) e c¯i (x) = ∂χ (x1 , . . ∂x i
. , xn )
∂ x ¯j
∂ ¯ xi 1 (x , . . . , xn ) c j (x) . c¯ (x) = j j =1 ∂x i
∂ χ ¯ (¯ x1 , . . . , x¯n ), onde x = χ(x1 , . . . , xn ) ∂ x ¯i j = jn=1 ∂ ∂ x¯χ¯j (¯ x1 , . . . , x¯n ) ∂ ∂xx¯ i (x1 , . . . , xn )
= =
(x1 , . . . , xn )¯c j (x). As primeiras duas igualdades prov´em do mesmo coment´ ario 1.3.14, enquanto que a seguinte espress˜ ao para x utiliza a j´a citada defini¸ca˜o 1.3.8. A express˜ ao que liga ci (x) a c¯ j (x) pode ser obtida pelos m´etodos tradicionais de deriva¸ c˜a o e uma express˜ao an´ aloga existe para c¯i (x). Tem-se, portanto, ∂x i
∂ ¯ x j 1 (x , . . . , xn ) c¯ j (x) ci (x) = i ∂x
e
∂x j 1 (¯ x , . . . , x¯n ) c j (x) . c¯i (x) = i ∂ ¯ x
As quatro igualdades destacadas podem ser escritas, em analogia ao exposto na defini¸ca˜o de matrizes de transforma¸ca˜o 1.2.21, ¯ j i c¯ j (x) c (x) = M i
c¯ j (x)
i
e e
¯ i j c j (x) , c¯i (x) = M
−1 j
¯i ci (x) =M
−1
¯ j c j (x) , c¯ (x) =M
68
i
o que permite a associa¸ca˜o ∂x i ¯ M j = j , ∂ ¯ x i
i
−1 j
∂ ¯ xi ¯ M j = j , ∂x −1
∂ ¯ x j ¯ M i = ∂x i
∂x j j ¯ e M i = . ∂ ¯ xi
Feita esta associa¸ca˜o, as regras de transforma¸ ca˜o de componentes de vetor e de tensor, respectivamente apresentadas nos coment´ arios 1.2.20 e 1.2.21, s˜ao diretamente aplic´ aveis.
Coment´ ario 1.3.16 (Deforma¸c˜ ao em Termos de Coordenadas) Seja uma deforma¸c˜a o, conforme o item 4 da defini¸ c˜a o de campo 1.3.4, κ : , sendo ´e aberto (defini¸ca˜o de subconjunto aberto 1.3.1), logo x = κ(x), onde x e x κ( ). Sejam, tamb´em, as correspondentes coordenadas, de acordo com a defini¸ c˜ao de sistema de coordenadas 1.3.8, (x1 , . . . , xn ) = ψ(x) e (x1 , . . . , xn ) = ψ (x) e as fun¸c˜oes inversas dos sistemas de coordenadas, respectivamente χ e χ. A deforma¸c˜ao, que ocorre de um ponto x para um ponto x, tamb´em pode ser entendida como a altera¸ c˜ao das coordenadas associadas a x para aquelas referentes a x, por meio da express˜ ao xα = κ α (x1 , . . . , xn ), para α = 1, . . . , n. Como x = κ(x) = χ(x1 , . . . , xn ), usando a express˜ ao da deforma¸ca˜o em termos de coordenadas e a igualdade xi = χ i (x), mostrada na citada defini¸ca˜o 1.3.8, pode-se escrever n n ∂ χ ∂κ α i κ = x xχ . α i ∂x α=1 i=1 ∂ x
D → E
E|D ∈ D
∇
∇
D⊂ ∈ D
onde utilizou-se deriva¸c˜ao tradicional. De acordo com o coment´ ario 1.3.14, sobre tensor m´ etrico e base natural dual, a express˜ao destacada inclui os vetores ∂ χ 1 (x , . . . , xn ) = cα (x) = cα (κ(x)) e α ∂ x
∇χ x
i
= c i (x) .
α
Al´em disto, ela tamb´em inclui o escalar ∂κ (x1 , . . . , xn ) e, considerando a defini¸c˜a o de ∂x i gradiente de campo escalar, vetorial, tensorial ou de pontos 1.3.5, o tensor de segunda ordem x κ. Isto indica que os dois vetores no segundo membro formam um tensor simples. Tal tensor deve ser cα (κ(x)) ci (x), n˜ao ci (x) cα (κ(x)), porque x κ ´e aplicado a um vetor diferen¸ca entre pontos pertencentes, ambos, a , produzindo um vetor diferen¸ca entre pontos pertencentes, ambos, a κ( ). Obt´em-se, ent˜ao,
∇
⊗
⊗
D
∇
D
n
∇
∂κ α 1 (x , . . . , xn ) cα (κ(x)) x κ = i i=1 ∂x
i
⊗ c (x) ,
onde o somat´ orio sobre α obedece a` nota¸ca˜ o de Einstein 1.1.2. A u ´ ltima express˜ ao destacada mostra componentes mixtos do tensor gradiente de deforma¸c˜ ao, associados `a base produto correspondente a`s bases naturais contravariante e covariante de quaisquer dois sistemas de coordenadas, referindo-se cada sistema de coordenadas a um ponto distinto do espa¸co euclideano de pontos. De fato, de acordo com a defini¸ ca˜o de tensor de segunda ordem 1.2.14, a express˜ ao destacada indica que ∂κ α 1 α ( x κ) i = (x , . . . , xn ) . i ∂x
∇
69
Portanto, utilizando a base produto mencionada, os componentes do gradiente da deforma¸c˜ao s˜ao as derivadas parciais das fun¸c˜oes escalares de escalares κ α : (x1 , . . . , xn ) xα , para α = 1, . . . , n, que fornecem a deforma¸c˜ao em termos das rela¸c˜oes entre as coordenadas destes dois pontos. Mas, usando o coment´ ario 1.2.15, sobre transposi¸ca˜o de tensor simples, tem-se que
→
n
∂κ α 1 ( x κ) = (x , . . . , xn ) ci (x) i i=1 ∂x
∇
T
⊗ c (κ(x)) , logo ((∇ κ)
α
x
T
)i
α
∂κ α 1 = (x , . . . , xn ) . i ∂x
De fato, de acordo com o coment´ ario 1.2.16, sobre transposi¸c˜ao de tensor de segunda i T i ordem, A j = (A ) j . O conceito de tensor gradiente de deforma¸ c˜ao ´e de extrema importˆ ancia para a termodinˆ amica dos meios cont´ınuos, usando-se, geralmente, os componentes associados agora mostrados.
1.3.4
Derivadas Covariantes
Defini¸ca ˜o 1.3.10 (Componente de Gradiente de Campo) O gradiente de campo escalar, vetorial, tensorial ou de pontos foi apresentado na defini¸ c˜ao 1.3.5. No coment´ ario 1.3.16, sobre deforma¸c˜ao em termos de coordenadas, foram indicados os componentes do gradiente de campo de pontos, associados a` base produto correspondente a`s bases naturais contravariante e covariante de quaisquer dois sistemas de coordenadas, referindo-se cada sistema de coordenadas a um ponto distinto do espa¸co euclideano de pontos. Ser´ a, agora, considerado um u´nico sistema de coordenadas, aplic´ a vel a todos os pontos do espa¸co euclideano e os dois campos de bases naturais, um contravariante e o outro covariante, referentes a este sistema de coordenadas (defini¸ c˜ao de campo de bases 1.3.9 e coment´ ario 1.3.14, sobre tensor m´etrico e base natural dual). De fato, os componentes dos gradientes dos campos escalar, de bases naturais, vetorial e tensorial de segunda ordem, associados aos dois campos de bases mencionados, apresentam especial interesse para a mecˆ anica dos meios cont´ınuos. Portanto, seja ψ o sistema de coordenadas, de acordo com sua defini¸ c˜ao 1.3.8 e sejam (x1 , . . . , xn ) = ψ(x) as correspondentes coordenadas, ou x = χ(x1 , . . . , xn ), onde x ´e aberto (defini¸c˜ao de subconjunto aberto 1.3.1). De acordo com o j´ a citado coment´ ario 1.3.14, sejam, x, (ci (x))ni=1 e (ci (x))ni=1 as bases naturais, respectivamente contravariante e covariante, referentes a estas coordenadas.
∈ D ⊂ E|D
∀
D →
1. Campo escalar f : : o gradiente de f ´e um vetor, portanto seus componentes s˜ ao produtos internos do vetor gradiente pelos vetores de base. Logo, de acordo com a defini¸ca˜o de base dual 1.2.8, os componentes covariantes do gradiente de f s˜ao dados por
∇ f · c (x) = ∇ f [c (x)] = lim 1t (f (x + tc (x)) − f (x)) , x
i
x
i
t→0
i
onde na u ´ ltima igualdade usou-se sequencialmente a express˜ ao para derivada direcional da citada defini¸c˜ao 1.3.5, seguida da defini¸ca˜o de derivada escalar em es-
70
∂χ 1 n i n 1 1 calar 1.3.2. Como ci (x) = ∂x i (x , . . . , x ) = limt→0 t (χ(x , . . . , x + t, . . . , x ) χ(x1 , . . . , xn )), onde na primeira igualdade usou-se o mencionado coment´ ario 1.3.14 1 e na segunda a citada defini¸ca˜o 1.3.2, tem-se limt→0 t (χ(x1 , . . . , xi + t, . . . , xn ) χ(x1 , . . . , xn ) tci (x)) = 0. Portanto, limt→0 1t χ(x1 , . . . , xi +t , . . . , x n ) = limt→0 1t (x +tci ). Usando o conceito de composi¸ ca˜o de fun¸co˜es apresentado na defini¸ca˜o de fun¸c˜ao e funcional 1.1.1 tem-se, ent˜ ao, x f c i (x) = limt→0 1t (f χ(x1 , . . . , xi + t , . . . , x n ) f χ(x1 , . . . , xn )), ou
−
−
−
∇ ·
− ◦
◦
∇ f · c (x) = ∂ (f ∂x ◦ χ) (x , . . . , x ) . x
Se
∇ f = x
ci (x) =
∂ (f ◦χ) n 1 j =1 ∂x j (x , . . .
∂ (f ◦χ) j n j =1 ∂x j δ i
=
1
i
, xn ) c j (x), ent˜ ao
∂ (f ◦χ) , ∂x i
x
∇ f · c (x) x
i
=
logo
n
∇ f =
n
i
∂ (f ◦χ) n j =1 ∂x j
c j (x)
·
◦
∂ (f χ) 1 (x , . . . , xn ) c j (x) . j ∂x j =1
Portanto, os componentes covariantes do vetor gradiente de um campo escalar, evidentemente associados a` correspondente base natural covariante de um sistema de coordenadas de um espa¸co euclideano de pontos, s˜ ao as derivadas parciais de f χ em rela¸ca˜o `as mencionadas coordenadas. Tais escalares costumam ser grafados
◦
◦
∂ (f χ) 1 (x , . . . , xn ) = f , j (x) , j ∂x sendo denominados derivadas covariantes de campo escalar . Tem-se, ent˜ao, j
∇ f = f (x) c (x) , x
,j
que claramente mostra ser o nome derivada covariante proveniente do fato de que trata-se dos componentes, do gradiente campo escalar f (x), associados a` base natural covariante referente ao ponto x (derivadas contravariantes n˜ ao ser˜ ao tratadas neste texto). Como deseja-se utilizar a nota¸ c˜ao de Einstein 1.1.2, esta ´e a raz˜ ao porque o indicador referente a` coordenada de deriva¸ca˜o (no caso, j) aparece como ´ındice, n˜ao como super´ındice do s´ımbolo do campo (no caso, f ). 2. Campo de bases naturais: as bases naturais s˜ ao (ci (x))ni=1 (contravariante) e (ci (x))ni=1 (covariante). Para cada i fixo tem-se ci : x ci (x) x , sendo o gradiente de ci um tensor de segunda ordem grafado Γi (x) = x ci x x . i i i i c (x) e Γ (x) = xc Analogamente, c : x x x . Os componentes de Γi e Γi associados a`s bases produto naturais s˜ ao os s´ımbolos de Christoffel, a seguir relacionados (nas express˜ oes abaixo, todas as grandezas dependem de x, motivo porque esta dependˆencia ser´ a omitida at´e ao final deste item):
∈ D →
∈ D →
Γi = Γi j k c j Γi = Γi j
k
∇ ∈ E ⊗ E
⊗ c = Γ c ⊗ c = Γ
k j
i j k
k
c j
k
⊗c = Γ c ⊗ c = Γ
k j
ij
i j j k
k
71
c
k
= Γi j k c j
k
= Γi
⊗c c ⊗c
i k j j
∈ E ∇ ∈ E ⊗ E
j k
⊗ c c ⊗ c j
k
k
e .
Note que os s´ımbolos de Christoffel n˜ ao representam componentes associados de algum tensor de terceira ordem, porque o indicador i n˜ao se refere a` base associada, mas sim ao fato de se tratar de um componente do gradiente de c i (primeira entre as u ´ ltimas duas linhas destacadas) ou de ci (segunda entre as u´ltimas duas linhas destacadas). De acordo com a segunda igualdade do item 2 do coment´ ario 1.3.11, sobre f´ ormulas para diferencia¸ca˜o de produtos, tem-se que 0 = (ci c j ) = ( ci )T (c j )+( c j )T (ci ) = (Γi )T (c j ) + (Γ j )T (ci ). Seja Γi = Γi m k cm c k , logo, (Γi )T = Γi m k ck c m . Analogamente, seja Γ j = Γ j m k cm ck , logo (Γ j )T = Γ j m k ck cm . Substituindo (Γi )T e (Γ j )T na express˜ ao de (ci c j ) obt´em-se (ci c j ) = Γi j k ck +Γ j i k ck = 0 , ou Γi j k = Γ j i k .
∇ · ⊗
⊗ ∇ ·
∇
∇
⊗
⊗
∇ ·
−
Usando sempre o mesmo produto (ci c j ), mas cm c k ao inv´es de cm c k e ´ cm ck ao inv´es de c m ck , obt´em-se Γi j k = Γ j i k ao inv´es de Γi j k = Γ j i k . E f´acil perceber que n˜ ao s˜ao obten´ıveis mais outras igualdades an´ alogas a estas duas. j i De fato, usando (c c i ), ao inv´es de (c c j ), apenas se intercambiam i e j nos dois s´ımbolos de ambas as duas u´ltimas igualdades, cabendo, ainda, lembrar que o produto interno ´e comutativo.
⊗
·
⊗
⊗
−
·
−
⊗
·
Por´em, considerando o coment´ ario 1.3.14, Γi (x) = x ci = x χi , onde xi = χ i (x). Ent˜ao, de acordo com o coment´ ario 1.3.13, sobre gradiente de gradiente de campo escalar, x χi ´e sim´etrico, porque a defini¸ca˜o 1.3.8 afirma que χ i pertence a` classe C 2 . Portanto, c m Γi cn = c n Γi cm , ou c m Γi j k (c j ck )cn = c n Γi j k (c j ck )cm , ´ f´acil perceber que, embora Γi = Γi j k c j ck = Γi j k c j ck , ou Γi m n = Γi n m . E n˜ao existe uma rela¸ca˜o an´ aloga para Γi j k . Como a simetria ´e uma propriedade que muito facilita os c´alculos, apenas a igualdade destacada costuma ser utilizada. Esta, pode ent˜ ao ser re-escrita
∇
∇∇
·
·
·
Γi k j = Γi j
k
=
∇∇
⊗
−Γ
j
i k
=
⊗
−Γ
i
k
·
⊗
⊗
j .
Por causa da existˆencia desta ultima ´ express˜ ao destacada, usa-se um u´nico s´ımbolo de Christoffel. Geralmente, escolhe-se o componente Γ j i k , freq¨ uentemente chaecie. mado o s´ımbolo de Chistoffel de segunda esp´ 3. Campo vetorial v : V : de acordo com a primeira igualdade do item 2 do coment´ ario 1.3.11, sobre f´ormulas para diferencia¸c˜ao de produtos, tem-se (todas as grandezas dependem de x, motivo porque esta dependˆencia ser´ a omitida at´e ao i i i final deste item) v = (v ci ) = c i v + v ci . Mas, usando o primeiro item
D →
∇ ∇ da presente defini¸ca˜o, ∇v
i
=
n j =1
⊗∇
∂ (v i ◦χ) ∂x j
∇
(x1 , . . . , xn ) c j = v i , j c j . Por outro lado,
usando o segundo item da presente defini¸ ca˜o tem-se ci = Γi = Γi j k c j Portanto, v = v i , j ci c j + v i Γi j k c j ck .
∇
∇
⊗
k
⊗ c .
⊗
Considerando que, no primeiro termo do segundo membro da u´ltima equa¸c˜ao destacada, tanto i quanto j s˜ao indicadores mudos, eles poder ser respectivamente
72
∇v em termos da derivada
substitu´ıdos por j e k, disto resultando a express˜ ao de covariante do componente contravariante do vetor v, j
∇v = v
c
k
⊗ c
, k j
, sendo v j, k = v j, k + v i Γi j k .
Alternativamente, pode-se considerar v = (vi ci ) = ci vi + v i ci , sendo vi ◦χ) vi = jn=1 ∂ (∂x (x1 , . . . , xn ) c j = vi, j c j e ci = Γi = Γi j k c j ck . Portanto, j a express˜ ao de v em termos da derivada covariante do componente covariante do vetor v ´e v = v i, j ci c j + vi Γi j k c j ck , ou
∇
∇
∇
∇
∇v = v
j, k
c j
k
⊗c
⊗
∇ ∇
⊗∇
⊗
, sendo v j, k = v j, k
−v
i
⊗
∇
Γ j i k ,
onde foi utilizado Γi j k = Γ j i k . Os escalares v j , k e v j, k representam, respectivamente, componentes associados a bases produto mista e covariante do tensor x v . Estes escalares s˜ ao denominados derivadas covariantes de campo vetorial. Note que, semelhantemente ao colocado no final do item 1, o indicador referente a` coordenada de deriva¸ ca˜o (no caso, k) aparece como ´ındice porque a correspondente base natural no ponto x (no caso, (ck (x))nk=1 ) ´e covariante, justificando o nome derivada covariante.
−
∇
4. Campo tensorial de segunda ordem. A aplica¸ca˜o, a um tensor de segunda ordem, da opera¸ca˜o gradiente e dos s´ımbolos de Chistoffel selecionados no item 2 desta defini¸c˜ao produz um tensor de terceira ordem. Os componentes de tal tensor, a seguir apresentados sem demonstra¸ c˜a o, s˜ao escalares denominados derivadas covariantes de campo tensorial de segunda ordem . Informa-se, portanto, que: (a) Para a representa¸c˜a o mista do campo tensorial de segunda ordem A(x) = Ai j (x) ci (x) c j (x) tem-se
⊗
∇A = A¯
i j, k
onde Ai j, k =
ci
j
k
⊗c ⊗c
∂ (Ai j ◦χ) ∂x k
, sendo A¯i j, k = A i j, k + Al j Γl i k
−A
i l
Γ j l k ,
(x1, . . . , xn ).
(b) Para a representa¸c˜a o mista do campo tensorial de segunda ordem A(x) = Ai j (x) ci (x) c j (x) tem-se
⊗
∇A = A¯
j i ,k
onde Ai j, k =
ci
⊗ c ⊗ c j
k
j
, sendo A¯i j, k = A i j, k + Ai l Γl j k
∂ (Ai ◦χ) (x1 , . . . ∂x k
−A
j l
Γi l k ,
, xn ).
(c) Para a representa¸c˜ao contravariante do campo tensorial de segunda ordem A(x) = A i j (x)ci (x) c j (x) tem-se
∇A = A¯
ij ,k
onde Ai j, k =
⊗ c ⊗ c ⊗ c i
j
k
∂ (Ai j ◦χ) (x1, . . ∂x k
, sendo A¯i j, k = A i j, k + Al j Γl i k + Ai l Γl j k , . , xn ).
73
(d) Para a representa¸ c˜ao covariante do campo tensorial de segunda ordem A(x) = Ai j (x)ci (x) c j (x) tem-se
⊗
∇A = A¯
ij,k
onde Ai j , k =
ci
j
k
⊗c ⊗c
, sendo A¯i j , k = A i j , k
∂ (Ai j ◦χ) (x1 , . . . ∂x k
−A
lj
Γi l
k
−A
il
Γ j l k ,
, xn ).
Note que o nome derivada covariante pode ser justificado do mesmo modo j´ a apresentado no final do item 3.
Nota¸c˜ ao 1.3.2 (Derivada Covariante) A aplica¸c˜ao do gradiente transforma um tensor de ordem 0, 1 ou 2 respectivamente num tensor de ordem 1, 2 ou 3. Mas, nos trˆes casos, ao se aumentar em uma unidade a ordem do tensor, na defini¸ca˜o de componente de gradiente de campo 1.3.10 foi adicionado um ´ındice, n˜ ao um super´ındice, aos componentes associados do tensor. Isto ocorreu porque, conforme ent˜ ao explicado, a deriva¸ca˜o efetuada foi covariante. A v´ırgula presente nos s´ımbolos das derivadas covariantes indica que tais grandezas resultam da aplica¸ca˜o de uma ou mais deriva¸co˜es covariantes e, ao mesmo tempo, separa dos outros ´ındices aqueles que foram adicionados em decorrˆencia da realiza¸ c˜a o de tais opera¸co˜es. Na citada defini¸ca˜o 1.3.10, sempre apenas um ´ındice ´e separado a` direita da v´ırgula, porque uma unica ´ deriva¸ca˜o covariante ´e realizada. Mas, a cada nova deriva¸ca˜o covariante porventura executada, um ´ındice ´e adicionado a` direita dos ´ındices anteriormente posicionados ap´ os a v´ırgula, os quais se referem a deriva¸ c˜oes anteriormente efetuadas (existe, sempre, uma u´nica v´ırgula). Coment´ ario 1.3.17 (Derivada Covariante de 1 e de e) De acordo com a defini¸ca˜o de transforma¸ca˜o tensorial identidade 1.2.16, 1 v = v mas, considerando o coment´ ario 1.3.7, sobre diferencia¸ca˜o de produto, D f (X )[Y ] = π(Dφ(X )[Y ], ψ(X ))+π(φ(X ), Dψ(X ) [Y ]). Como consequˆencia, a derivada covariante de 1 ´e necessariamente nula, independentemente da representa¸ c˜ao (uma das duas mistas, contravariante ou covariante) escolhida para 1 . De acordo com o coment´ ario 1.2.13, sobre componente associado do tensor identidade, j 1 = g i j ci c j = δ i j ci c j = δ i ci c j = gi j ci c j . Mas, de acordo com o coment´ ario 1.3.14, sobre tensor m´ etrico e base natural dual, gi j (x) = ci (x) c j (x) e g i j (x) = c i (x) c j (x), ou seja, os componentes g i j e gi j , do tensor m´etrico de um sistema de coordenadas de um espa¸co euclideano de pontos, s˜ ao fun¸co˜es do ponto considerado. Portanto, embora os campos escalares g i j e g i j n˜ao sejam fun¸co˜es constantes de x, suas derivadas covariantes s˜ ao nulas, logo g i j , k = 0 e g i j, k = 0. De fato, a u´ltima express˜ ao destacada, no item 1 da defini¸ca˜o de componente de gradiente de campo 1.3.10, deixa evidente que o valor da derivada covariante depende n˜ ao s´o do campo escalar considerado, −1 como tamb´ em, por meio da fun¸ c˜ao χ = ψ , do sistema de coordenadas utilizado. Considerando a defini¸ca˜o de campo de bases 1.3.9 e o coment´ ario 1.3.14, sobre tensor m´etrico e base natural dual, isto ´e an´ alogo a dizer que o valor da derivada covariante depende n˜ ao s´o do campo escalar considerado, como tamb´em dos campos de bases duais definidos pelo sistema de coordenadas. No caso dos componentes gi j e gi j do tensor m´etrico, a dependˆencia em x destes componentes ´e compensada pela dependˆencia em x
⊗
⊗
⊗
⊗
·
74
·
das correspondentes bases (ci c j ) e (ci c j ), de modo a que 1 = g i j ci c j = g i j ci c j , ou seja, de modo a que gi j , k = 0 e g i j, k = 0. O coment´ ario 1.2.35, sobre propriedades dos componentes do tensor e, indica que, sendo g = det[gi j ], tem-se ei j k = g i j k e ei j k = ( g)−1 i j k , onde o s´ımbolo de permuta¸c˜ao i j k independe de x. Como a derivada covariante de gi j ´e nula, por causa do coment´ ario 1.3.5, sobre diferencia¸c˜ao em cadeia, o mesmo ocorre com a derivada covariante de det[gi j ] (o coment´ ario 1.3.4, sobre gradiente de determinante, fornece tal gradiente, no tensor gi j ). Logo, a derivada covariante de e ´e nula, independentemente da representa¸c˜ao ser qualquer uma entre as 23 = 8 poss´ıveis. Por exemplo, para as derivadas covariantes das representa¸ co˜es covariante e contravariante tem-se respectivamente ij k ei j k , l = 0 e e , l = 0. Conclui-se, portanto, que os componentes do tensor m´etrico e do tensor elemento de volume apresentam derivadas covariantes nulas embora, em geral, tais componentes sejam fun¸co˜es de x.
⊗
⊗
⊗
±√
⊗
± √
Coment´ ario 1.3.18 (Propriedades do S´ımbolo de Christoffel Γi j k ) Utilizando a express˜ao apresentada no item 4d da defini¸ca˜o de componente de gradiente de campo 1.3.10 e a igualdade gi j , k = 0, apresentada no coment´ ario 1.3.17, sobre derivada covariante de 1 e de e, obt´em-se uma express˜ ao que relaciona o s´ımbolo de Christoffel de segunda esp´ecie aos componentes covariantes dos tensores m´etricos, para um dado sistema de coordenadas, a saber Γi j k
1 ∂g l i ∂g l k = g j l + 2 ∂x k ∂x i
−
∂g i k ∂x l
.
Outra propriedade importante ´e a regra de transforma¸ c˜ao entre s´ımbolos de Christoffel de segunda esp´ecie relativos a dois diferentes sistemas de coordenadas de um espa¸ co euclideano de pontos, dada por ¯ j = Γr s Γ i k
1.3.5
t
∂x r ∂ ¯ x j ∂x t ∂ 2 xr ∂ ¯ x j + i k . ∂ ¯ xi ∂x s ∂ ¯ xk ∂ ¯ x ∂ ¯ x ∂x r
Operadores para a Mecˆ anica dos Meios Cont´ınuos
Defini¸ca ˜o 1.3.11 (Divergˆ encia de Campo Vetorial) De acordo com a defini¸ca˜o de encia deste campo vetorial ´e um campo 1.3.4, seja o campo vetorial u(x). A divergˆ campo escalar definido por div u(x) = tr( x u). De fato, para x u fornecido em termos da derivada covariante do componente contravariante do vetor u, conforme o item 3 da defini¸ca˜o de componente de gradiente de campo 1.3.10, tem-se tr( x u) = tr(¯ u j , k c j ck ) . Mas, de acordo com os itens 1 e 3 do coment´ ario 1.2.29, sobre propriedades de tra¸cos, tr(¯ u j , k c j ck ) = u¯ j , k tr(c j ck ) = u¯ j , k c j ck = u¯ j, k δ k j = u¯k, k . Por outro lado, para
∇
∇
∇
⊗
⊗
⊗
·
∇ u fornecido em termos da derivada covariante do componente covariante do vetor u, tem-se tr(∇ u) = tr(¯ u c ⊗ c ) = u¯ tr(c ⊗ c ) = u¯ c · c = u¯ g = u ¯ , onde x
x
j, k
j
k
j, k
j
k
j, k
j
k
j, k
j k
k ,k
a pen´ ultima igualdade ´e devida ao coment´ ario 1.2.6, sobre fun¸c˜oes gi j e g i j , enquanto que a u ´ltima prov´em do coment´ ario 1.2.14, sobre gi j ou g i j aplicado a componente de tensor. Portanto,
∇ u) = u¯
div u(x) = tr(
x
j, k (x)
75
g j k (x) = u¯k, k (x).
Defini¸ca ˜o 1.3.12 (Rotacional de Campo Vetorial) De acordo com a defini¸c˜a o de campo 1.3.4, seja o campo vetorial u(x). O rotacional de u(x) ´e um campo vetorial definido por rot u(x) =< ( x u)T c˜ao 1.2.9, para vetor x u >, onde foi utilizada a nota¸ associado a tensor antissim´etrico, o que indica que rotu(x) ´e um campo vetorial axial. De acordo com o coment´ ario 1.2.46, sobre decomposi¸ca˜o cartesiana, ( x u)T e xu ´ o dobro da parte antissim´ etrica do tensor x u, mas com sinal oposto. Portanto, rot u ´e o vetor axial correspondente a` parte antissim´ etrica do gradiente do vetor ( 2u). De acordo com o item 3 da defini¸ca˜o de componente de gradiente de campo 1.3.10, tem-se u = u¯k, j ck c j = u¯k, j ck c j . Portanto:
∇
−∇
∇
∇
∇
⊗
−∇
−
⊗
∇
1. Para x u fornecido em termos da derivada covariante do componente covariante do vetor u tem-se, de acordo com o coment´ ario 1.2.15, sobre transposi¸ca˜o de tensor u = u¯k, j (c j c k c k c j ) = u¯k, j c j c k , onde a u simples, ( u)T ´ltima igualdade deve-se a` defini¸ca˜o de produto externo de vetores 1.2.36. De acordo T com a mencionada nota¸c˜ao 1.2.9, < ( x u)T x u >= τ (( x u) x u), logo j k rot u(x) = u¯k, j τ (c c ). De acordo com o coment´ ario 1.2.37, sobre propriedades j k i j k j k i do tensor axial, τ (c c ) = e ci = e i c , onde e j k i = e(c j , ck , ci ) e e j ki = e(c j , ck , ci ). Mas, conforme a defini¸ ca˜ o de fun¸ca˜o e tensor elemento de volume 1.2.34, e : V 3 ´e uma fun¸c˜ao alternante trilinear n˜ ao trivial de orienta¸ca˜o positiva, logo e(c j , ck , ci ) = e(ci , c j , ck ) e e(c j , ck , ci ) = e(ci , c j , ck ), portanto e j k i = e ij k e e j ki = e i j k , ou seja,
∇
−∇
∧ ∧
⊗ − ⊗
∧
∇
∇
−∇
−∇
→
rot u(x) = eij k u¯k, j (x)ci (x) = e i j k u¯k, j (x)ci (x) , onde, de acordo com o coment´ ario 1.3.17, sobre derivada covariante de 1 e de e, as u ´ nicas grandezas independentes de x s˜ao eij k e ei j k . 2. Analogamente, para x u dado em termos da derivada covariante do componente contravariante do vetor u, obt´em-se
∇
rot u(x) = ei jk ¯ uk, j (x)ci (x) = ei jk ¯uk, j (x)ci (x) .
Coment´ ario 1.3.19 (Rotacional e Divergˆ encia de Campo Vetorial) De acordo com a defini¸c˜ao de campo 1.3.4, sejam os campos vetoriais u(x) e v(x) cte , sendo v(x) cte = vl cl (x) um campo tal que seus componentes (vl )nl=1 , no campo de bases (cl (x))nl=1 , independam de x. Portanto, v(x) cte ´e um campo vetorial constante, ou independente de x, em rela¸ca˜o ao campo de base, logo em rela¸c˜ao ao sistema de coordenadas escolhido, mas n˜ao em rela¸c˜ao ao espa¸co euclideano de pontos. Conforme a defini¸ c˜ao de rotacional de campo vetorial 1.3.12, tem-se v rot u = vl cl eij k u ¯k, j ci = vl eij k u¯k, j δ l i = vi eij k u ¯k, j , ou v (x) cte rot u(x) = v i eij k u¯k, j (x), porque v j independe de x por hip´ otese e, de acordo com o coment´ ario 1.3.17, sobre derivada covariante de 1 e de e, tamb´em eij k independe de x. Por outro lado, de acordo com a defini¸ ca˜o de produto vetorial 1.2.38, tem-se u v =<
|
|
|
| ·
·
·
×
76
u v >= e ij k ui v j ck = eij k ui v j ck = w k ck , logo, considerando a defini¸ca˜o de divergˆencia de campo vetorial 1.3.11, tem-se div (u(x) v (x) cte ) = div(wk (x)ck (x) ) = w¯k, k (x).
∧
×
|
Por´em wk (x) = eij k v j ui (x), portanto w¯k, k (x) = eij k v j ¯ui, k (x) e div(u(x)
× v(x)|
cte )
=
v j eij k u¯i, k (x) = v i ek i j u ¯k, j (x) . Como, conforme a defini¸ c˜ao de fun¸ca˜o e tensor elemento de volume 1.2.34, e : V 3 ´e uma fun¸c˜ao alternante trilinear n˜ ao trivial de orienta¸ca˜o positiva, tem-se ek i j = e ij k , logo div(u(x) v(x) cte ) = v i eij k u ¯k, j (x) . A express˜ ao
→
×
|
v(x) cte rot u(x) = div(u(x)
| ·
× v(x)|
cte )
´e uma defini¸c˜ao alternativa do campo vetorial rotacional de u(x). Sugere-se comparar o conceito agora apresentado para v (x) cte = v l cl (x) com o conceito de 1 = g i j ci c j = gi j ci c j , conforme discutido no mencionado coment´ ario 1.3.17.
|
⊗
⊗
Defini¸ca ˜o 1.3.13 (Divergˆ encia de Campo Tensorial) De acordo com a defini¸ca˜o de campo 1.3.4, seja o campo tensorial de segunda ordem A(x). A divergˆ encia deste campo tensorial, div A(x), ´e um campo vetorial definido por v(x) cte
| · div A(x) = div(A
T
(x)(v(x) cte )),
|
onde v(x) cte foi definido no coment´ ario 1.3.19, sobre rotacional e divergˆencia de campo vetorial. Informa-se, sem demonstra¸ca˜o, que a partir desta defini¸c˜ao se obt´em:
|
1. div A(x) = A¯i j, j (x)ci (x), onde o componente A¯i j, j (x) do tensor de terceira ordem, que ´e a derivada covariante da representa¸ c˜ao contravariante A(x) = A i j (x)ci (x) c j (x) do tensor de segunda ordem, ´e fornecida na letra (c) do quarto item da defini¸ca˜o de componente de gradiente de campo 1.3.10.
⊗
2. div A(x) = g j k A¯i j, k (x)ci (x), onde o componente A¯i j, k (x) do tensor de terceira ordem, que ´e a derivada covariante da representa¸ c˜ao mista A(x) = Ai j (x)ci (x) c j (x) do tensor de segunda ordem, ´e fornecida na letra (a) do quarto item da citada defini¸ca˜o 1.3.10. Por´em, considerando o coment´ ario 1.2.14, sobre gi j ou g i j aplicado a componente de tensor, tem-se g j k A¯i j, k = A¯i k, k = A¯i j, j , a u ´ltima igualdade sendo devida ao fato de k ser um ´ındice mudo somativo. O resultado, portanto, ´e o mesmo do item 1.
⊗
3. div A(x) = A¯i j , j (x)ci (x), onde o componente A¯i j , j (x) do tensor de terceira ordem, que ´e a derivada covariante da representa¸ c˜ao mista A(x) = Ai j (x)ci (x) c j (x) do tensor de segunda ordem, ´e fornecida na letra (b) do quarto item da defini¸ c˜ao 1.3.10.
⊗
4. div A(x) = g j k A¯i j , k (x)ci (x), onde o componente A¯i j , k (x) do tensor de terceira ordem, que ´e a derivada covariante da representa¸ c˜ao covariante A(x) = A i j (x)ci (x) c j (x) do tensor de segunda ordem, ´e fornecida na letra (d) do quarto item da mencionada defini¸ca˜o 1.3.10. Analogamente ao afirmado no item 2, tem-se g j k A¯i j , k = A¯i k, k = A¯i j , j , portanto o resultado ´e o mesmo do item 3.
⊗
77
Defini¸ca ˜o 1.3.14 (Laplaciano de Campo Escalar ou Vetorial) De acordo com a defini¸ca˜o de campo 1.3.4, sejam os campos escalar φ(x) e vetorial h(x). Os laplacianos destes campos s˜ ao respectivamente o campo escalar definido por 2x φ = div( x φ) e o campo vetorial definido por 2x h = div( x h).
∇
∇
∇
∇
1. Considerando o item 1 da defini¸c˜ao de componente de gradiente de campo 1.3.10, para φ(x) tem-se x φ = φ , j (x)c j (x). Logo, usando-se defini¸ca˜o de divergˆencia de campo vetorial 1.3.11 tem-se
∇ 2
c j (x)) = (φ¯, j ), k g j k = g j k φ¯, j k (x) ,
∇ φ = div(φ x
, j (x)
onde a u´ltima igualdade prov´em do uso da nota¸ ca˜o de derivada covariante 1.3.2. 2. Considerando o item 3 da citada defini¸ ca˜o 1.3.10, para h (x) tem-se x h = ¯hi , j ci ¯ i, j ci c j . Usando o item 2 da defini¸c˜ao de divergˆ c j = h encia de campo tensorial 1.3.13 obt´em-se, para a representa¸ ca˜o mista de x h,
∇
⊗
⊗
∇
2
j k ¯ ¯i
∇ h = g x
h
, j k (x) i (x) .
c
Por outro lado, usando o item 4 da defini¸ca˜o 1.3.13 obt´em-se, para a representa¸ ca˜o covariante de x h, j k ¯ 2 ¯ i , j k (x)ci (x) . h x h = g
∇
∇
Note que, nas u´ltimas duas express˜ o es destacadas, foi usada a j´ a mencionada nota¸c˜ao 1.3.2.
Coment´ ario 1.3.20 (Express˜ oes para Divergˆ encia e Laplaciano) De acordo com a defini¸c˜ao de campo 1.3.4, seja um campo escalar f (x), dois campos vetoriais u(x) e arios v(x) e um campo tensorial de segunda ordem A(x). Ser˜ao utilizados os coment´ 1.2.6, sobre fun¸co˜es gi j e g i j , 1.2.10, sobre c´ alculo de componente associado de tensor de segunda ordem, 1.2.14, sobre gi j ou g i j aplicado a componente de tensor, 1.2.18, sobre composi¸ca˜o com tensor simples, 1.2.29, sobre propriedades de tra¸cos, 1.2.31, sobre propriedades do produto interno tensorial, 1.3.17, sobre derivada covariante de 1 e de e e as defini¸co˜es 1.1.2, de matriz, 1.2.34, de fun¸c˜ao e tensor elemento de volume, 1.2.38, de produto vetorial, 1.3.10, de componente de gradiente de campo, 78
1.3.11, de divergˆencia de campo vetorial, 1.3.12, de rotacional de campo vetorial, 1.3.13, de divergˆencia de campo tensorial, 1.3.14, de laplaciano de campo escalar ou vetorial, para demonstrar as quatro express˜ oes (a dependˆencia em x ´e omitida): 1. div(f u) = u
· ∇f + f div u
(a) div(f u) = ( f u )i , i = ( fui ), i , usando a defini¸c˜ao 1.3.11 em termos do componente contravariante do vetor f u e, em seguida, o fato de que se trata da multiplica¸ca˜o de um escalar por um vetor. (b) u
j
· ∇f = u c · f j
,i
ci = u j f , i δ j i = f , i ui , usando item 1 da defini¸ca˜o 1.3.10.
(c) f div u = f ¯ ui, i , usando a defini¸ca˜o 1.3.11 em termos do componente contravariante do vetor u. Logo, ( fui ), i = f , i ui + f ¯ ui, i . Como as regras comuns para deriva¸c˜ao de escalares foram obedecidas, pode-se considerar demonstrada a express˜ ao. Lembrar que a barra indica que um termo, espec´ıfico para cada um dos dois casos, deve ser adicionado a`s derivadas covariantes dos campos escalares f (x)ui (x) e ui (x), para se obter as correspondentes derivadas covariantes dos respectivos campos vetoriais. 2. div(A(u)) = u div AT + tr(A u)
·
∇
(a) div(A(u)) = ( A(u) )i , i usando a defini¸c˜ao 1.3.11 em termos do componente contravariante do vetor A(u). Mas A(u) = Ai j uk (ci c j )ck = Ai j uk (c j ck )ci = Ai j uk δ j k ci = Ai j u j ci , logo (A(u))i = Ai j u j , ou div(A(u)) =
⊗
·
( Ai j u j ), i . (b) u div AT = uk ck ( AT )i j, j ci = uk ( AT )i j, j δ ki = ( AT )i j, j ui = A¯ j i, j ui = A¯i j, i u j , usando na primeira igualdade o item 1 da defini¸ c˜a o 1.3.13 e, na
·
·
quarta igualdade, a defini¸ca˜o 1.1.2. (c) tr(A u) = tr(A(¯ u j, i c j ci )) = tr(¯ u j, i A(c j ci )) = u¯ j, i tr(A(c j ci )), usando o item 3 da defini¸c˜ao 1.3.10, para a componente covariante do vetor, na primeira igualdade e, na terceira igualdade, o primeiro item do coment´ ario 1.2.29. Mas, utilizando o primeiro item do coment´ ario 1.2.18, tem-se A(c j ci ) = A(c j ) ci , logo tr(A(c j c i )) = tr(A(c j ) c i ) = A(c j ) c i = Ai j , onde na segunda igualdade foi usado o terceiro item do coment´ a rio 1.2.29 e, na terceira, o coment´ ario 1.2.10. Portanto, tr(A u) = A i j u ¯ j, i .
∇
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
·
⊗
⊗
∇
Logo, ( Ai j u j ), i = A¯i j, i u j + A i j u¯ j, i , podendo-se considerar demonstrada a express˜ao. 3. div(u
× v) = v · rot u − u · rot v 79
(a) div(u v) = (u v)l, i g i l usando a defini¸c˜ cao a˜o 1.3.11 em termos do componente covariante do vetor u v e lembrando que, de acordo com o coment´ ario ario 1.2.6, g i l = g l i . Mas, Mas, de acord acordoo com a defin defini¸ i¸ c˜ao ao 1.2.38, u v = ei j k ui v j ck , ou = e j k l u j v k cl = e l j k u j v k cl , sendo a ultima u ´ ltima igualdade devida a` defini¸c˜ cao a˜o u v = e 1.2.34, logo (u v)l = el j k u j v k , portanto (u v)l, i g i l = (el j k u j v k ), i g i l = (g i l el j k u j v k ), i , sendo a ultima u ´ ltima igualdade devida a que, de acordo com o il coment´ ario ario 1.3.17, g 1.3.17, g , i = 0. Tem-se, ent˜ao, ao, div(u v) = (gi l el j k u j v k ), i .
×
×
×
×
×
×
×
×
(b) v rot u = v = v l cl ei jk ¯ uk, j ci , usando os componentes componentes contrav contravariantes ariantes do vetor u , de acordo com o item 2 da defini¸c˜ c˜ao ao 1.3.12. 1.3.12. Conside Considerand randoo que cl ci = δ l i , tem-se ent˜ ao ao v rot u = e = e i jk ¯ uk, j v i = eki j ¯ u j, i v k = g i l ek l j ¯ u j, i v k , onde a ultima u ´ltima igualdade ´e devida ao coment´ ario ario 1.2.14. 1.2.14. Como, Como, de acordo com a defini¸ c˜ao ao 1.2.34, e(ck , cl , c j ) = e( e (cl , c j , ck ), tem-se v rotu = g = g i l el j k ¯ u j , i v k .
·
·
·
·
·
(c) u rot v = ei jk ¯ v k, j ui , obtido permutando u com v na express˜ ao ao v rot u =
·
·
ei jk ¯ uk, j v i , calculada calculada no anterior anterior item (b). Por´ Por´em, em, em analogia analogia mas diferentemen temente te do efetua efetuado do no item item (b), (b), pode-s pode-see fazer fazer ei jk ¯v k, j ui = e j i k ¯ v k, i u j = g i l e j l k ¯ v k, i u j . Como, conforme a defini¸c˜ cao a˜o 1.2.34, e(c j , cl , ck ) = e(cl , c j , ck ), tem-se u rot v = g = g i l el j k ¯v k, i u j .
−
− ·
Portanto, (g (g i l el j k u j v k ), i = g i l el j k ¯ u j , i v k + g i l el j k u j v¯k, i . Como Como as regras comuns comuns para deriva¸c˜ cao a˜o de escalares foram obedecidas, a express˜ ao ao pode ser considerada demonstrada. 4.
2
2
2
∇ (u · v) = ∇ u · v + 2∇u · ∇v + u · ∇ v (a) ∇ (u · v) = g (u · v) = g (u c · v c ) 2
j k
= g j k (ui vl δ i l ), j k = g j k (ui vi ), j k , onde a primeira igualdade prov´em em do item 1 da defini¸ de fini¸ c˜ao ao 1.3.14. ¯ i , j k ci v l cl = g j k u ¯ i , j k vl δ i l = g j k u ¯ i , j k vi , onde a primeira (b) 2 u v = g j k u igualdade prov´ em em do item 2 da defini¸ c˜ c˜ao ao 1.3.14, para representa¸ c˜ cao a˜o mista.
∇ ·
(c)
j k
,j k
i
i
l
l
,j k
·
i
cao a˜o c ck ) (¯vi, j ci c j ), de acordo com o item 3 da defini¸c˜ 1.3.10 1.3.10,, para a componen componente te contra contrav variant ariantee de u e covariante de v. Por´em, em, v¯i, j ci c j = g j k v¯i, j ci ck , por causa do coment´ ario ario 1.2.14. Logo, u v =
∇u · ∇v = (u¯ ⊗
⊗
·
,k i
⊗
⊗
∇ · ∇
g j k u ¯i , k ¯vi, j (ci ck ) (ci ck ) = g j k u¯i , k ¯vi, j , onde a ultima u ´ltima igualdade iguald ade ´e devida ao item 4 do coment´ ario ario 1.2.31. 2 (d) u v = ul cl g j k v¯i , j k ci = ul g j k v¯i , j k δ l i = g j k ui v¯i , j k , onde a primeira igualdade igualdade ´e provenien proveniente te do item 2 da defini¸ c˜ao ao 1.3.14 1.3.14,, para represen representa¸ ta¸ c˜ao ao covariante.
· ∇
⊗ · ⊗ ·
¯i , j k vi +2g Logo, g Logo, g j k (ui vi ), j k = g j k u +2g j k u ¯i , k ¯ regras comuns comuns vi, j +g j k ui v¯i , j k . Como as regras para deriva¸c˜ cao a˜o de escalares foram obedecidas, a express˜ ao ao pode ser considerada demonstrada. Este coment´ coment´ ario, ario, al´em em de apresentar quatro express˜ oes de grande utilidade para a mecˆ oes aanica dos meios cont´ cont´ınuos, exemplifica o uso de derivadas covariantes covariantes no c´ alculo tensorial. 80
Tal uso pode ser muito conveniente porque, conforme mostrado, as express˜ oes oes se reduzem a fun¸c˜ coes o˜es escalares, para as quais as regras comuns de deriva¸c˜ c˜ao ao s˜ao ao aplic´aveis. aveis.
Teorema eore ma 1.3.3 1.3 .3 (Divergˆ (Di vergˆ encia) enci a) Seja um um espa¸co co euclideano de pontos, conforme a sua defini¸c˜ cao a˜o 1.2.44 e seja ´e regular, de acordo com a defini¸ c˜ c˜ao ao de classe C k , 1.3.7. Se
E
R ⊂ E|R
R
R
R
∂ indicar indic ar a superf sup erf´´ıcie de , enquanto que da que da indicar o diferencial da area a´rea de ∂ de ∂ e dv d v o diferencial do volume de ,
R
cao a˜o 1.3.4), de m´ odulo odulo unit´ario, ario, n(x) indicar um campo vetorial (conforme a sua defini¸c˜ normal a ∂ , dirigido para fora de e
R φ : R → , h : R → V
R A : R → V ⊗ V forem campos, respectivamente escalar, ⊗ V forem
e vetorial e tensorial de segunda seg unda ordem, or dem, que apresentem dep endˆencia encia em e m x suave x suave (de acordo com a j´ a citada defini¸c˜ cao a˜o 1.3.7),
ent˜ ao ao 1. 2. 3. 4.
da = ∂ R φ(x) n(x) da =
·
∇ ∇ R
x φ dv
,
∂ R
da = h(x) n(x) da =
R div h(x) dv ,
∂ R
A(x)(n(x)) da = da =
divA(x) dv R divA
∂ R
h(x)
da = ⊗ n(x) da =
R
x
e
dv . h dv.
A demonstra¸c˜ cao a˜o do teorema teor ema da divergˆencia encia ´e omitida. omitid a.
Teorema 1.3.4 (Fun¸c˜ cao a ˜o Identicamente Nula em ) Seja um espa¸co co euclideano de pontos, conforme a sua defini¸c˜ c˜ao ao 1.2.44 e seja ´e aberto abe rto (defini¸ (defin i¸c˜ cao a˜o de subconjunto aberto 1.3.1). Seja, tamb´em, em, φ : W W uma fun¸c˜ cao a˜o cont´ınua, ınua , onde ond e W ´ W ´e um espa¸co co normatizado, de acordo com o colocado na defini¸ c˜ c˜ao ao 1.3.3, de derivada vetorial, tensorial ou de pontos, em escalar. Se, , ocorrer N φ( φ (x) dv = dv = 0, ent˜ao, ao, x , ter-se-´a φ(x) = 0, ou seja, ent˜ ao ao φ ser´a identicamente nulo em . , como φ ´e cont´ınua tal que Demonstra¸c˜ cao: ˜ Se φ(x◦ ) = 0 para algum x◦ φ(x) = 0 x . Logo, usando-se o teorema do valor m´edio edio do c´ alculo integral tem-se φ (x) dv = K φ(x¯), onde K ´ K ´e o volume volu me de e o valor m´edio edio x¯ , logo φ(x¯) = 0, N φ( portanto N φ( φ (x) dv = 0, o que contraria a hip´ otese otese inicial. inicial.
D → ∀N ⊂ D
∀ ∈ N
E E D ⊂ E|D
∈ D
N
81
D
∀ ∈ D
∃N ⊂ D
∈ N
Cap´ıtulo 2 Cinem´ atica 2.1
Configur figura a¸c˜ c˜ ao ao e Defo De form rma¸ a¸c˜ ao
2.1.1 2.1.1
Gradie Gra dien nte de Deform Deforma¸ a¸ c˜ ao
As ciˆ c iˆencias encia s natura na turais is utiliza u tilizam m fun¸ fu n¸c˜ coes, o˜es, chamadas estruturas referenciais ou observadores, aplic´aveis aveis aos corpos e aos instantes pertencentes a algum espa¸ co-tempo, o qual ´e uma abstra¸c˜ cao a˜o mental do universo material real que se sup˜ oe contenha estes corpos e instantes. oe Tal aplica¸c˜ cao a˜o produz imagens, destes conjuntos corpo-instante, as quais pertencem a algum espa¸co co capaz de descrever matematicamente a abstra¸ c˜ cao ˜ao mental considerad considerada. a. Uma estrutura referencial , ou observador, de Newton, φ, ´e apli ap lic´ c´avel avel a conjuntos corpoco-tempo po de Newton Newton, instante pertencentes ao espa¸co-tem , que ´e a abstra¸ c˜ cao a˜o mental correspondente a` suposi¸c˜ c˜ao ao de que o universo material real seja governado pelas leis da mecˆanica anica cl´ assica. assica. A aplica¸c˜ cao a˜o de uma estrutura referencial, ou observador, de Newton a conjuntos corpoinstante instante pertencentes pertencentes ao espa¸ co-tempo de Newton produz imagens no espa¸co co produto do espa¸co co euclideano de pontos tridimensional, , pelo espa¸co co unidimensional dos n´ umeros umeros reais, , ou seja, φ : .
W
E W → E × Isto permite que qualquer ponto pertencente a E seja associado a qualquer instante pertencente a e v.v., o que indica que o tempo e o ponto s˜ ao considerados independentes. ao
Deve ser notado que diferentes observadores de Newton registrar˜ ao ao de modo diferente os fatos que ocorram em . Na subse¸c˜ c˜ao ao 2.6.1 ser´ a discutida a rela¸c˜ cao ˜ao entre estes diferentes registros registros mas, ao longo de todo o presente presente texto, apenas ap enas estruturas referenciais referenciais de Newton ser˜ao ao consideradas. consideradas. Seja o s´ımbolo utilizado para representar um corpo pertencente a . Como omo φ ´e uma um a fun¸ fu n¸c˜ cao a˜o de um para um em (veja a defini¸c˜ cao a˜o 1.1.1 de fun¸c˜ cao a˜o e funcional), n˜ ao ao s´o em o tempo ´e uma vari´ avel independente do conjunto de pontos que forma avel a imagem de , como tamb´em em em o o tempo e s˜ao ao independen independentes. tes. Po Porr isto, isto, nada impede impe de a existˆencia encia de uma u ma fun¸ f un¸c˜ c˜ao ao de para , de um para um em , v´alida alida em qualquer cao a ˜o de . Uma espec´ instante. instante. Tal fun¸c˜ c˜ao ao ´e chamada cham ada uma configura¸c˜ espec´ıfica configura¸c˜ cao a˜o de , grafada κ, ser´a considerada a configura¸c˜ cao a ˜o referencial de . Se X for o ponto material pertencente a que corresponde ao ponto matem´ atico atico X , tem-se ent˜ao ao
W
B
B
E × B
B
W
W B
E
B
B
B
κ :
B → E
e 82
κ(X) = X .
B
B ∈ E
(2.1)
A imagem do corpo na configura¸c˜ao κ ´e grafada κ , logo X . As coorκ denadas (ver a defini¸ca˜o 1.3.8 de sistema de coordenadas) de X, (X α , α = 1, 2, 3) s˜ao as coordenadas referenciais , tamb´em chamadas coordenadas materiais, porque o ponto material X ´e matematicamente identificado pelo ponto X . Seja χ uma configura¸ca˜o arbitr´ aria, tamb´em chamada configura¸c˜ ao corrente, de . Tem-se, ent˜ao χ : e χ(X) = x , portanto
B
B
χκ = χ κ−1
◦
B
B → E : B → B κ
χ
∈ B ⊂ E
, logo x = χ κ (X) = χ(κ−1 (X)),
(2.2)
onde x , as coordenadas de x s˜a o as coordenadas correntes , grafadas (xi , χ i = 1, 2, 3) e χ ´e a imagem do corpo na configura¸c˜ao χ. A fun¸ca˜o χκ ´e denominada deforma¸c˜ ao de desde κ at´e χ. Em termos das coordenadas (X α , α = 1, 2, 3) e (xi , i = 1, 2, 3), a deforma¸ca˜o χκ pode ser escrita
∈ B ⊂ E B B
B
xi = χ iκ (X 1 , X 2 , X 3 ),
(2.3)
˜es de deforma¸ c˜ ao χiκ pode ser abreviaonde o argumento (X 1 , X 2 , X 3 ) das fun¸co damente escrito (X α ). Define-se, tamb´em, o tensor de segunda ordem gradiente de deforma¸c˜ ao, de χ em rela¸c˜ao a κ no ponto X, F κ (X) =
∇X χ
κ
.
(2.4)
Quando n˜ ao houver d´ uvidas sobre qual ´e a configura¸ca˜o referencial, o ´ındice pode ser i omitido tanto em χκ como em F κ (n˜ao pode ser omitido em χκ porque a fun¸ca˜o χ tem outro significado, j´ a apresentado). Isto ser´ a suposto a partir deste ponto do texto. Como a fun¸c˜ao φ ´e de um para um em , χ κ ´e de um para um em κ , o que implica em ser F n˜ao singular, ou seja, implica em que
B
B
J = det F = 0,
(2.5)
de acordo com a defini¸ca˜o de tensor inverso de segunda ordem 1.2.29. Em rela¸c˜ao a`s coordenadas (xi , i = 1, 2, 3) e (X α , α = 1, 2, 3), respectivamente referentes a` configura¸ca˜o deformada e referencial, F pode ser representado em termos α=3 dos seus componentes associados a` base (ci (x) cα (X))ii=3 =1 α=1 , ou seja,
⊗
∂χ i F = F α ci (x) c (X) e F = (F )α c (X) ci (x) , onde F α = (F )α = , ∂X α (2.6) de acordo com o coment´ ario 1.3.16 (deforma¸c˜ao em termos de coordenadas). Note que a fun¸ca˜o deforma¸c˜ao apresentada pela eq. 2.3 n˜ ao precisa ser fornecida em coordenadas cartesianas, sendo utilizado um componente de car´ ater contravariante (defini¸ca˜o de base dual 1.2.8) em x, referente a` base natural (defini¸ca˜o de campo de bases 1.3.9) (ci (x))3i=1 e um componente de car´ ater covariante em X, referente a` base natural (cα (X))3α=1 . S˜ao tamb´em poss´ıveis outras representa¸ c˜oes do tensor gradiente de deforma¸ ca˜o, em rela¸ca˜o a pontos do espa¸co euclideano. Mas a representa¸ c˜ao fornecida pelas eqs. 2.6 ´e particularmente simples, porque envolve apenas as derivadas parciais escalares ∂χ i /∂X α . i
⊗
α
T
T
i
α
83
⊗
i
T
i
2.1.2
Diferenciais Definidos pelo Gradiente de Deforma¸ c˜ ao
De acordo com a defini¸c˜ao 1.3.5 de gradiente de campo escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, o gradiente de deforma¸ca˜o, F , ´e uma transforma¸c˜ao linear F : V V , no espa¸co de transla¸ca˜o V de (defini¸ca˜o de espa¸co euclideano de pontos 1.2.44). Tal transforma¸ca˜o satisfaz a` express˜ ao
→
E
− χ (X ) = F (X )[ X − X ] + o(X − X ), onde lim |o(X − X )| = 0, (2.7) sendo = | X − X | a norma (defini¸c˜a o de espa¸co vetorial euclideano 1.2.6) do vetor X − X ∈ V | (X, X ) ∈ B . A eq. 2.7 mostra, portanto, que o valor F (X ) determina χκ (X)
κ
0
0
0
0
0
→0
0
0
0
0
κ
o valor de χκ (X) em rela¸ca˜o ao valor χκ (X0 ), a menos de um erro de segunda ordem
| − X | .
em = X
0
Em outras palavras, numa aproxima¸ c˜ao de primeira ordem o vetor
imagem do vetor X X0 , ap´os a aplica¸c˜ao da transforma¸c˜ao F (X0 ) a este vetor, ´e o vetor χκ (X) χκ (X0 ) (χκ (X), χκ (X0 )) χ . O verdadeiro vetor imagem do vetor X X 0 , ap´os a aplica¸ca˜o da transforma¸ca˜o F (X0 ) a este vetor, ´e F (X0 )[ X X0 ] V . Logo, definindo
−
− |
∈B
−
dX = X
−X
0
e
∈
−
dx = F (X0 )[ X
− X ] , 0
tem-se
dx = F (X0 )dX ,
(2.8)
sendo dx uma aproxima¸c˜ao de primeira ordem ao vetor χκ (X) χ κ (X0 ) e (X, X0 ) ca ˜o definidora dos diferenciais dX e dx, mostra que a κ . A eq. 2.8, chamada equa¸ defini¸ca˜o de diferencial independe dos valores das normas dos vetores dX e dx, embora
−
B
∈
tal independˆencia esteja limitada pela obediˆencia a` condi¸ca˜o (X, X0 )
∈ B . Por´em: κ
1. Devido `a continuidade do espa¸co euclideano de pontos, se for imposto que a norma de dX seja infinitesimal, isto implicar´a em que, se X0 ao X κ , ent˜ κ , logo (χκ (X), χκ (X0 )) ca˜ o de que a norma de χ . Portanto, se X0 κ , a imposi¸ dX seja infinitesimal ser´a suficiente para garantir que seja satisfeita a exigˆencia da eq. 2.7 de que (χκ (X), χκ (X0)) ao seja necess´ aria para que esta χ , embora n˜ satisfa¸ca˜o ocorra.
∈ B
∈ B
∈B
∈ B
∈ B
|
−
|
2. Como a defini¸c˜ao de gradiente exige que lim→0 ( o(X X 0 ) /) = 0 (eq. 2.7), a imposi¸ca˜o de que a norma de dX, grafada conforme j´ a colocado, seja infinitesimal, corresponde a` imposi¸c˜ao de que o(X X0 ) = 0 , logo, por causa da eq. 2.7, tamb´ em de que χ κ (X) χκ (X0 ) = d x e, considerando a eq. 2.8, de que a norma deste ultimo ´ vetor tamb´em seja infinitesimal. Estas trˆes imposi¸ co˜es, por´em, s˜ao desnecess´ arias `a satisfa¸ca˜o de qualquer uma entre as eqs. 2.7 e 2.8.
−
| − |
Fatos absolutamente an´ alogos a estes correspondem a` defini¸ca˜o costumeira de diferencial de escalar. A correta defini¸ c˜ao de diferencial de escalar pode, por exemplo, ser encontrada em Tom M. Apostol, Calculus: Volume I e II , Wiley, segunda edi¸ca˜o, New York, 1969, onde ´e utilizada uma equa¸ c˜ao escalar an´ aloga a` eq. 2.8. Muitos livros de matem´ atica, por´em, no conceito de diferencial destacam a opcional imposi¸ c˜ao de infinit´esimo, ao inv´es da equa¸ca˜o definidora dos diferenciais (ao inv´es da eq. 2.8, ou 84
de uma equa¸ca˜o an´ aloga a ela). Tal enfoque ´e replicado por in´ umeros livros de f´ısica, f´ısico-qu´ımica e engenharia, mas sem consequˆencias prejudiciais ao desenvolvimento da correspondente teoria, porque a equa¸ ca˜o definidora, embora algumas vezes seja apenas subentendida ou mesmo ignorada, n˜ ao obstante isto ela sempre existe. Mas a atemporalidade da termodinˆ amica tradicional, ao exclu´ı-la de qualquer espa¸co-tempo quadridimensional, tem como consequˆ encia a poss´ıvel inexistˆencia da equa¸cao ˜ definidora, quando ent˜ ao o conceito de diferencial passa a ser unicamente o de infinit´ esimo. Isto leva a termodinˆ amica tradicional a diversos ilogismos matem´ aticos, conforme mostrado por Clifford A. Truesdell, Rational Thermodynamics, Springer, New York, 1984.
Evidentemente, por´em, a imposi¸ca˜ o de que a norma de dX seja infinitesimal n˜ao ´e errada, uma vez que a defini¸ca˜o de diferencial permite qualquer norma tal que (X, X0 ) ca˜o de que a norma de dX seja infinitesimal pode, inclusive, ser muito u´til κ . A imposi¸ para simplificar a compreens˜ ao de diversos conceitos matem´ a ticos. Por exemplo, de acordo com o anterior item 2, tal imposi¸c˜ao corresponde a` obrigatoriedade de que ocorra o(X X0 ) = 0 e χκ (X) χκ (X0 ) = dx = F (X0 )dX, sendo tamb´ em infinitesimal a norma de dx, o que pode ajudar na compreens˜ ao do significado da transforma¸ca˜o linear F (X0 ). De fato, este ´e o modo costumeiramente utilizado pelos livros de texto para apresentar, ao leitor iniciante, o conceito de derivada de escalar. Mas um infinit´esimo n˜ao precisa ser um diferencial, assim como um diferencial n˜ ao precisa ser um infinit´esimo. Por exemplo, seja o vetor A, que representa uma a´rea plana de dimens˜ ao finita. Tal vetor ´e perpendicular ao plano que cont´em a area ´ e tem como norma o valor da a´rea. Neste caso, certamente a norma de A n˜ao ´e infinitesimal, mas A pode ser um diferencial, ou seja, pode-se ter dX = A, obedecendo dX a alguma equa¸ca˜o definidora do tipo da eq. 2.8. Mas, se a a´rea considerada n˜ ao for plana, haver´ a um vetor para cada sub-´ area plana que ela contenha, sendo poss´ıvel que cada sub-´ area plana se reduza a apenas um ponto (imagine, por exemplo, a a´rea de uma superf´ıcie esf´erica). Neste caso, cada area ´ plana ser´ a infinitesimal, o mesmo ocorrendo com a norma do vetor A que a representa, logo, se A for um diferencial, com a norma de dX = A. Por´ em, o simples fato de que seja infinitesimal o valor de A , sem que exista uma equa¸ca˜o definidora de diferenciais, n˜ao permite que se escreva dX = A, ou seja, n˜a o permite que se afirme que A ´e um diferencial, j´ a que para um diferencial a equa¸ca˜o definidora por hip´ otese existe. Seja ou n˜ ao infinitesimal o valor de A , o vetor unidade na dire¸ca˜o de A (defini¸ca˜o de vetor proje¸ca˜o 1.2.7) ´e o vetor A/ A = (v1 v2 )/ v1 v2 , onde v1 e v2 s˜ao vetores linearmente independentes que tangenciam a superf´ıcie plana considerada (seja ou n˜ao infinitesimal a´rea de tal superf´ıcie). Conforme colocado na eq. 2.2, sejam κ e χ respectivamente a imagem do corpo na configura¸ca˜o referencial e numa configura¸ ca˜o arbitr´aria, contendo κ a a´rea (infinitesimal ou n˜ ao) tangenciada pelos vetores v1 e v2 . Imponha-se que cada um dos vetores v 1 e v 2 possa ser definido por dois pontos do espa¸co euclideano, sendo ambos os pontos pertencentes a κ . Portanto, seja v1 = X1 X10 e v2 = X2 X20 , onde (X1 , X10 , X2 , X20 ) ´rea for infinitesimal, isto κ . Se a citada a exigir´a que as normas de v1 e v2 sejam infinitesimais. Se a citada a´rea n˜ ao for infinitesimal, esta exigˆencia n˜ ao mais existir´ a, mas nada impedir´a que normas infinitesimais sejam consideradas. Evidentemente, normas infinitesimais de v1 e v2 n˜ao implicam em ´area infinitesimal.
∈
B |
−
|
−
| |
| | | |
B
−
×
| × |
B B
B
∈ B
85
B
−
Sejam as normas dos vetores X 1 X10 e X 2 X20 infinitesimais ou n˜ ao, por meio da eq. 2.8 obt´em-se os correspondentes vetores imagens, ap´ os a aplica¸ca˜o da transforma¸ca˜o F (X10 ) e F (X20 ) respectivamente, bem como definem-se os diferenciais d X1 = X1 X10 e dX2 = X2 X20 , com seus correspondentes diferenciais imagens, dx1 = F (X10 )dX1 e dx2 = F (X20 )dX2 . Por´em, se for imposto que as normas dos vetores X1 X 10 e X2 X20 sejam infinitesimais, de acordo com o anterior item 2 os diferenciais imagens, respectivamente F (X10 )dX1 e F (X20 )dX2 , ser˜ao iguais aos correspondentes vetores χκ (X1 ) χκ (X10 ) e χ κ (X2 ) χκ (X20 ). Por isto, tal imposi¸ca˜o em muito simplifica as express˜oes dos vetores unidade perpendiculares a` superf´ıcie, numa configura¸ca˜o arbitr´ aria. De fato tem-se, ent˜ ao, os vetores unidade perpendiculares ` a superf´ıcie
−
−
−
−
−
−
−
−
eκ =
|
dX1 dX1
× dX × dX | 2
e =
e
2
|
F dX1 F dX1
× F dX , × F dX | 2
2
respectivamente referentes a` configura¸ca˜o referencial e arbitr´ aria. Note que, nestas u ´ltimas equa¸c˜oes destacadas, foram omitidos os pontos que definem as formas dos operadores gradiente. Isto ocorreu porque, al´em de ter sido imposto que que as normas dos vetores X 1 X10 e X 2 X20 fossem infinitesimais, foi adicionalmente imposto que fosse tamb´em infinitesimal a a´rea que eles tangenciam, o que implica na coincidˆencia dos pontos X10 e X20 . Implica, tamb´em, em que seja infinitesimal a a´rea tangenciada pelos vetores dx1 e dx2 . Portanto, a mencionada imposi¸ c˜ao adicional n˜ ao apenas permite a omiss˜ ao dos pontos que definem as formas dos operadores gradiente, como tamb´em implica em que
−
−
|dX × dX | = da 1
2
| F dX × F dX | = da
e
κ
1
2
sejam as equa¸co˜es definidoras dos diferenciais correspondentes as ` a´reas planas, os quais s˜ao infinitesimais. Seja um vetor v do espa¸co de transla¸ca˜o V de . Considerando infinitesimal o diferencial daκ , tem-se que v e da = v (F dX1 F dX2 ) = F (F −1 v) (F dX1 F dX2 ). De acordo com a defini¸c˜a o de produto triplo 1.2.39, F (F −1 v) (F dX1 F dX2 ) = [F dX1 , F dX2 , F (F −1 v)]. Mas, [F dX1 , F dX2 , F (F −1 v)] = det F [dX1 , dX2 , (F −1 v)], de acordo com o coment´ ario 1.2.39, sobre determinante, tra¸ co e produto triplo. Considerando a eq. 2.5 e usando novamente a defini¸ c˜ao 1.2.39 tem-se, ent˜ ao, v e da = J (F −1v) (dX1 dX2 ) = J (F −1v) eκ daκ = v JF −T eκ daκ , sendo a u ´ltima igualdade devida a` defini¸c˜ao de transforma¸ ca˜o linear transposta 1.2.17. Portanto, e da = J F −T eκ daκ .
·
·
·
×
×
·
E
·
·
×
×
·
·
Analogamente, seja v3 = X3 X30 , onde (X3 , X30 ) ao pertencente κ , um vetor n˜ ao plano dos vetores v1 e v2 . Defina-se o diferencial dX3 = X3 X30 , bem como o seu diferencial imagem dx3 = F (X30 )dX3 , correspondentes a` equa¸c˜ao definidora 2.8 e imponha-se que X3 X 30 e daκ sejam infinitesimais. De acordo com o anterior item 2, neste caso dx3 = χκ (X3) χκ (X30 ). Tem-se, ent˜ ao, o volume infinitesimal dv = dx3 dx1 dx2 = F dX3 F dX1 F dX2 . Usando novamente a defini¸ca˜o 1.2.39 e o coment´ ario 1.2.39, tem-se que F dX3 F dX1 F dX2 = det F dX3 dX1 dX2 = J dvκ , logo dv = J dvκ . Isto indica que, se J = 1, a deforma¸c˜ao preserva o volume. A rela¸c˜ ao entre os diferenciais infinitesimais de ´ area referencial e arbitr´ aria ,
−
| −
|
| |
·
× | | | |
|
· |
∈B
−
× ·
| × | |
86
| |
−
||
·
×
|
˜o entre os diferenciais infinitesimais de volume referencial e bem como a rela¸ca arbitr´ ario, respectivamente e da = J F −T eκ daκ
| |
dv = J dvκ ,
e
(2.9)
muito u ´ teis para a mecˆ anica dos meios cont´ınuos, foram facilmente obtidas por causa da grande simplifica¸c˜ao proveniente de terem sido consideradas infinitesimais as normas dos diferenciais daκ e dX3 .
2.1.3
Mudan¸ ca de Configura¸c˜ ao Referencial
B
Seja κ uma outra configura¸c˜ao referencial de , definida de modo an´ alogo a` configura¸ca˜o referencial κ (eq. 2.1), pertencendo as imagens de ambas as duas configura¸c˜oes ao espa¸co euclideano de pontos , correspondente a` estrutura referencial de Newton φ. A composi¸ca˜o λ = κ κ−1 : , tal que X = λ(X) = κ(κ−1 (X)) ,
E ◦
E → E
ao referencial de κ para κ. Seja χ κ definida ´e chamada uma mudan¸ca de configura¸c˜ de modo an´ alogo a χ κ (eq. 2.2). As deforma¸co˜es desde cada uma das duas configura¸ co˜es referenciais κ e κ , at´e a configura¸ca˜o arbitr´ aria χ , respectivamente χκ e χκ , s˜ao relacionadas entre si por meio da composi¸ca˜o
◦ − ∇ ∇
χκ = χ κ λ :
Se dX = X λ) dX =
B → B κ
χ
,
tal que x = χ κ (X) = χ κ (λ(X)) = χ κ (X) .
∇X χ
´ ltima equa¸c˜ao destacada X0 , de acordo com a u
χκ [
κ
0
∇X (χ ◦
dX =
0
κ
λ dX], onde a u´ltima igualdade ´e devida ao coment´ ario 1.3.5, sobre X 0 X0 diferencia¸ca˜o em cadeia. Por´em χκ [ λ dX] = ( χκ λ) dX ou, usando X X 0 0 X0 X0 a eq. 2.4, F κ (X) =
∇
∇
∇X χ = ∇Xχ ◦ ∇X λ κ
κ
◦ ∇
e, sendo
F κ = F κ P , onde
2.2
∇
Tra¸c˜ ao e Rota¸c˜ ao
P (X) =
∇X λ = ∇X (κ ◦ κ
∇ F κ ( X ) =
X
χκ .
−1
),
(2.10)
O gradiente da deforma¸c˜ao (eq. 2.4) ´e uma medida da deforma¸ ca˜o no ponto X . κ Mas outras medidas existem, cujos significados f´ısicos s˜ ao, at´e, mais evidentes. Como o gradiente da deforma¸c˜ao F ´e n˜ a o singular (eq. 2.5), de acordo com o teorema da decomposi¸ca˜o polar 1.2.10 h´ a dois tensores sim´etricos (defini¸ c˜ao de tensores sim´etrico e antissim´ etrico 1.2.18) de defini¸ca˜o positiva (defini¸c˜ao de tensor de defini¸ca˜o positiva, negativa e semi-defini¸ ca˜o 1.2.43), U e V e um tensor ortogonal (defini¸c˜a o de tensor ortogonal de segunda ordem 1.2.30), R, determinados de modo u´nico a partir de F , tais que
∈ B ⊂ E
F = RU = V R ,
U =
√
F T F
,
T
V = RU R =
√
F F T e R = F U −1 . (2.11)
˜o a R, tensor direito de estiramento a U e tensor Denomina-se tensor de rota¸ca esquerdo de estiramento a V , onde direito e esquerdo referem-se a` posi¸ca˜o do tensor, 87
◦
◦
em rela¸c˜ao a R, na composi¸c˜ao F = R U = V R (note que ´e esta composi¸ca˜o que d´a origem ao nome decomposi¸ c˜ao polar). Estas denomina¸co˜es provˆem da interpreta¸c˜ao f´ısica destes tensores. De fato, de acordo com o teorema espectral 1.2.6, sobre autovalores de tensor sim´etrico, como os tensores U e V s˜ao sim´etricos, para cada um deles existe uma base ortonormal, do espa¸co vetorial tridimensional, tal que o tensor possa ser representado como uma matriz diagonal de autovalores. Al´ em disto, de acordo com o teorema 1.2.8 (tensor sim´etrico de defini¸ ca˜o positiva ou negativa), como U e V s˜ao de defini¸c˜ao positiva, todos os seus autovalores s˜ ao positivos. Por isto, U e V representam estiramentos puros, ao longo de trˆes eixos ortogonais entre si. Mas, como a aplica¸c˜ao de tensor ortogonal a dois vetores preserva o produto interno entre eles, R representa uma rota¸ca˜o pura. Logo, o gradiente de deforma¸ c˜ao resulta de um estiramento puro U seguido de uma rota¸c˜ao R, ou da mesma rota¸ca˜o R seguida de um estiramento V = U . Enquanto que ambos os tensores de estiramento medem a tra¸ c˜ao, ou mudan¸ca de forma, o tensor de rota¸ca˜o mede a mudan¸ca de orienta¸ca˜o, ou rota¸ca˜o. Como U 2 = F T F e V 2 = F F T , o uso dos itens 3 e 4 do coment´ ario 1.2.27, sobre 2 propriedades de determinantes - parte I, mostra que (detU ) = (det F )2 = (det V )2 . Mas, de acordo com o coment´ ario 1.2.45, sobre determinante de tensor sim´etrico de defini¸ca˜o positiva ou negativa, como U e V s˜ao sim´etricos de defini¸c˜ao positiva, seus correspondentes determinantes s˜ ao positivos. Pode-se, portanto, escrever
|
|
det U = det V = det F .
(2.12)
Sejam os autovalores e autovetores de U respectivamente vi e ei , para i = 1, 2, 3, logo seja U ei = vi ei (de acordo com a nota¸ca˜o de Einstein 1.1.2, n˜ ao ocorre somat´ orio T T sobre o ´ındice i). Como V = RU R , tem-se V (Rei ) = RU R (Rei ) = RU (ei ) = v i (Rei ). Portanto U e V tˆ em os mesmos autovalores e seus autovetores diferem apenas pela rota¸cao ˜ R. Os autovalores vi , todos eles positivos, s˜ ao chamados estiramentos principais e os ˜es princicorrespondentes autovetores, mutuamente ortonormais, s˜ ao chamados dire¸co pais. Utilizando as eqs. 2.12, U e V podem ser obtidos a partir de F , calculando-se a raiz quadrada dos tensores sim´etricos de defini¸ c˜ao positiva F T F e F F T , respectivamente. Para isto, basta considerar o teorema 1.2.9, sobre quadrado de tensor sim´etrico de defini¸c˜ao positiva ou negativa e a nota¸ca˜o 1.2.10, para tensor raiz quadrada. Mas, para ao de Cauchy efeito de c´ alculo, ´e mais conveniente introduzir os tensores de tra¸c˜ Green direito e esquerdo , respectivamente definidos por C = U 2 = F T F e B = V 2 = F F T .
(2.13)
Usando a representa¸ ca˜o F = F jβ c j cβ do gradiente de deforma¸c˜ao (eqs. 2.6), bem como o coment´ ario 1.2.15, sobre transposi¸ca˜o de tensor simples e a defini¸ca˜ o de matrizes transposta e inversa 1.1.4, tem-se F T F = F i α F jβ (cα ci )(c j cβ ) e F F T = F i α F jβ (c j cβ )(cα ci ) . Por meio do item 1 do coment´ ario 1.2.18, sobre composi¸ca˜o com tensor simples, obt´em-se (cα ci )(c j cβ ) = ((cα ci )(c j )) cβ . Considerando a defini¸ca˜o de produto tensorial de vetores ou tensor simples 1.2.12 e, em seguida, o coment´ ario 1.2.6, sobre fun¸c˜oes gi j e g i j , tem-se ((cα ci )(c j )) cβ = (ci c j )cα cβ = g i j cα cβ , logo
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
88
⊗
⊗
·
⊗
⊗
(cα ci )(c j cβ ) = g i j cα cβ . Analogamente, (c j cβ )(cα ci ) = g α β c j ci . Logo, F T F = gi j F i α F jβ cα cβ e F F T = g α β F i α F jβ c j ci = g α β F i α F jβ ci c j , porque F F T ´e sim´etrico. Tem-se, portanto,
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗ ⊗
C α β = g i j F i α F jβ
⊗
⊗ ⊗
e
B i j = g α β F i α F jβ ,
e
[B i j ] = [F i α][gα β ][F jβ ]T .
ou, na forma matricial, [C α β ] = [F i α ]T [gi j ][F jβ ]
Conv´em lembrar que g i j e g α β s˜ao, de acordo com a eq. 2.6 e com o coment´ario 1.3.14, sobre tensor m´etrico e base natural dual, respectivamente um componente covariante do tensor m´etrico referente ao sistema de coordenadas no ponto x da configura¸ca˜o deformada e um componente contravariante do tensor m´etrico referente ao sistema de coordenadas no correspondente ponto X da configura¸ca˜o referencial. Como exemplo, considere a deforma¸c˜ao x = χ κ (X), dada em coordenadas cartesianas tanto na configura¸ ca˜o referencial como na deformada e definida por meio das express˜ oes x = X + κY ,
y = Y
e
z = Z .
(2.14)
Esta deforma¸ca˜o ´e chamada cisalhamento simples e κ > 0 ´e chamado quantidade de cisalhamento. Usando as eqs. 2.3 e 2.6, conforme as quais F i α = ∂χi /∂X α , tem-se a forma matricial 1 κ 0 [F i α ] = 0 1 0 . (2.15) 0 0 1
Note que, como det F = 1, de acordo com a eq. 2.9 o cisalhamento simples preserva o volume. Sugere-se acompanhar pelo livro (p. 6 e 7) o tratamento restante deste exemplo.
2.3
Tra¸c˜ ao e Rota¸c˜ ao Lineares
Os tensores de tra¸ca˜o e rota¸c˜ao mostrados na se¸ca˜o 2.2 podem representar quaisquer deforma¸co˜es. Mas, nesta se¸ca˜o, somente ser˜ ao consideradas deforma¸co˜es suficientemente pequenas para que a imposi¸c˜ao da linearidade, nos tensores que que as representam, cause erros desprez´ıveis. De acordo com a eq. 2.8, tem-se dx1 dx2 = F dX1 F dX2 = d X2 (F T F ) dX1 = d X2 CdX1 ,
·
·
·
·
onde a segunda igualdade prov´em da defini¸ c˜ao de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17 e a terceira igualdade prov´ em da eq. 2.13. A express˜ ao destacada mostra que dx1 dx2
·
− dX · dX = dX · (C − 1 ) dX C − 1 E = 1
2
2
1
= 2 dX2 E dX1 , onde
·
(2.16)
(2.17) 2 ao de Green - St. Venant, ou tensor de tra¸c˜ao referen´e chamado tensor de tra¸c˜ cial (de acordo com a defini¸ca˜o de transforma¸c˜ao tensorial identidade 1.2.16, o s´ımbolo 1 representa o tensor identidade). Analogamente, tem-se dX1 dX2 = F −1 dx1 F −1 dx2 = d x2 (F −T F −1) dx1 = d x2 B −1 dx1 , logo
·
·
·
89
·
dx1 dx2
·
− dX · dX 1
2
−1
= dx2 (1
· − B ) dx = 2 dx · e dx 1 − B e = 1
2
1
, onde
(2.18)
−1
(2.19) 2 ˜o de Almansi - Hamel, ou tensor de tra¸ca ˜o corrente. ´e chamado tensor de tra¸ca Se n˜ao houver deforma¸ca˜o (ou para deforma¸ca˜o infinitesimal), χκ (X) χ κ (X0 ) = X X0 (X, X0 ) a que o(X X0 ) = 0 e F = 1 . Portanto, κ , logo a eq. 2.7 indicar´ a eq. 2.13 mostrar´ a que C = B = 1 e as eqs. 2.17 e 2.19 respectivamente produzir˜ ao E = 0 e e = 0. Por isto,
− ∀
∈ B
−
−
para deforma¸coes ˜ pequenas os tensores E e e n˜ ao diferem muito de tensores nulos.
Para tratar adequadamente deforma¸ c˜oes pequenas, utiliza-se o vetor deslocamento u = x X. Em rela¸c˜ao a` configura¸c˜ao referencial, κ, o vetor deslocamento pode ser escrito u(X) = χ κ (X) X
−
−
(sendo χκ definido pela eq. 2.2), o que permite obter o tensor gradiente referencial de deslocamento u = F (X) 1 , H (X) = X onde foi usada a eq. 2.4. Mas o vetor deslocamento tamb´em pode ser escrito em rela¸ c˜ao `a configura¸ca˜o corrente, χ, tendo-se ent˜ ao
∇
−
u(x) = x
−1
−χ
κ
(x) ,
o que produz o tensor gradiente espacial de deslocamento −1
∇x u = 1 − F
h(x) =
∇x χ
porque, do acordo com a eq. 2.4,
−1 κ
( x) ,
= F −1 (x). Evidentemente,
para deforma¸coes ˜ pequenas os tensores H e h tamb´ em n˜ ao diferem muito de tensores nulos.
Utilizando as equa¸co˜es acima destacadas para H (X) e h(x), bem como as eqs. 2.13, 2.17 e 2.19, tem-se E =
C −1
e =
1 −B −1
2
2
= =
F T F −1
2
=
1 −(F F T )−1
2
(H +1 )T (H +1 )−1 2
=
=
1 −(1 −h)T (1 −h)
2
H + H T + H T H 2 h + hT hT h = . 2
−
e
(2.20)
Sublinhe-se que, ao contr´ ario do conceito de infinitesimal apresentado na subse¸ ca˜o 2.1.2, o conceito de deforma¸ c˜ao pequena independe do m´ odulo do vetor X X0 , enquanto
∀ ∈ B | |
−
−
que, X odulo pequeno para o vetor χ κ (X) X. Usando a primeira κ , implica em m´ das duas eqs. 2.20 e simbolizando qualquer conjunto de termos de ordem igual ou superior a dois em H por meio de o(2), obt´em-se E = E + o(2), onde
H + H T E = 2
90
(2.21)
˜o infinitesimal introduzido por Cauchy na teoria cl´ ´e o tensor de tra¸ca assica da elasticidade. Numa aproxima¸ c˜ao de primeira ordem em rela¸ca˜o a H considera-se o(2) = 0, logo E = E , portanto imp˜ oe-se a linearidade da defini¸c˜ao de E a partir de H . Evidentemente, tal aproxima¸ca˜o se justifica somente se H for suficientemente pr´ oximo de um tensor nulo, ou seja, somente se a deforma¸ c˜ao for suficientemente pequena para que o erro causado seja desprez´ıvel. Evidentemente, para tra¸ c˜ao infinitesimal E = E = 0. A segunda das eqs. 2.11 indica que U = F T F logo, usando a defini¸ca˜o de H antes
√ √ destacada, tem-se U = (H + 1 ) (H + 1 ) = 1 + H + H + H H . A quarta das eqs. √ 2.11 mostra que R = F U = (H + 1 )/ 1 + H + H + H H . Considere, agora, o desenvolvimento em s´erie de MacLaurin (1 + x) = 1 + nx + n(n − 1)x /2! + . . ., o qual cont´em um n´ umero finito de termos se n for um inteiro positivo e, caso contr´ ario, converge √ para x < 1. Fazendo n = 1/2 e x = H + H + H H tem-se 1 + H + H + H H = 1 + (H + H )/2 + o(2). Fazendo n = −1/2 e x = H + H + H H tem-se (H + √ 1 )/ 1 + H + H + H H = (H + 1 )(1 − (H + H )/2 + o(2)) = 1 + (H − H )/2 + o(2). Portanto, √ F F = 1 + U = + o(2) = 1 + E + o(2) e
T
T
−1
T
T
T
2
n
2
T
T
T
T
T
T
T
H +H T
T
R =
T
T
T
2
F U −1 = 1 +
H −H T
2
onde
R =
T
+ o(2) =
1 + R + o(2),
(2.22)
T
− H
H
(2.23) 2 ˜o infinitesimal, em analogia ao tensor de tra¸ca˜o infinite´e chamado tensor de rota¸ca simal, E . Note que, de acordo com o coment´ ario sobre decomposi¸ca˜o cartesiana 1.2.46, E e R s˜ao, respectivamente, a parte sim´etrica e a parte antissim´ etrica do tensor H . Pode-se obter interpreta¸ c˜oes geom´etricas para os componentes do tensor infinitesimal de tra¸ca˜o E , em rela¸c˜ao a um sistema de coordenadas cartesianas. Para isto:
1. Seja dX1 = dX2 = s0 e1. Neste caso, eq. 2.16 indica que dx1 dx2 s20 e1 e1 = 2s20 e1 E e1 , ou dx1 dx2 s20 = 2s20 E 1 1 . De acordo com a subse¸c˜ao 2.1.2, a eq. 2.8 define os diferenciais dx1 = F (X10 )dX1 e dx2 = F (X20 )dX2 , respectivamente em rela¸ca˜o aos diferenciais dX1 = X1 X10 e dX2 = X2 X20 . Estes u ´ ltimos s˜ao arbitr´ arios, sujeitos apenas a` restri¸ca˜ o de que (X1 , X10 , X2 , X20 ) κ . Mas, porque
·
· −
· −
−
−
·
∈ B
s´ o faz sentido comparar diferenciais correspondentes ` a mesma equa¸cao ˜ definidora,
a igualdade dX1 = d X2 implica n˜ao apenas em vetores respectivamente com igual norma e dire¸c˜ao (dire¸ca˜o inclui sentido), conforme colocado no coment´ ario 1.2.3, sobre igualdade entre vetores, mas tamb´em com igual ponto de aplica¸ c˜ao no espa¸co euclideano de pontos tridimensional. Logo, dx1 = dx2 e dx1 d x2 = s2 , onde o comprimento s ´e o comprimento s0 ap´os deforma¸c˜a o. Note que a dire¸c˜a o de dx1 = d x2 n˜ao precisa ser a mesma de d X1 = d X2 . Tem-se, portanto,
·
(s s2 s20 E 1 1 = = 2 2s0
−
91
− s )(s + s ) 0
2s20
0
e analogamente para E 2 2 e E 3 3 . Numa deforma¸ca˜o suficientemente pequena para que se possa considerar E = E , tamb´em pode-se impor s + s0 = 2s0 , portanto
E1 1 =
s
−s
0
s0
.
A ´ultima igualdade destacada mostra que os componentes diagonais do tensor E , em rela¸ca˜o a um sistema de coordenadas cartesianas, s˜ ao as altera¸co˜es de comprimento sofridas, por unidade de comprimento original. 2. Seja dX1 = s0 e1 e dX2 = s0 e2 . Neste caso, eq. 2.16 indica que dx1 dx2 s20 e1 e2 = 2s20e2 E e1 , ou dx1 d x2 s 20 cos(π/2) = 2s20 E 2 1 . A eq. 2.8 mostra que dx1 dx2 = F dX1 F dX2 = s 20 F e1 F e2 = s 20 F e1 F e2 cos θ, onde θ [0, π] ´e o ˆangulo formado entre os dois vetores ap´ os a deforma¸ca˜o. Logo, F e1 F e2 cos θ =
·
·
· −
·
·
·
|
||
|
|
||
−
∈
·
|
2E 2 1 = 2E 1 2 (para confirmar que E ´e sim´etrico veja as eqs. 2.13 e 2.17). Se γ = π/2 θ , ter-se-´a
−
senγ E 1 2 E 2 1 = = , 2 F e1 F e2 F e1 F e2
|
||
| |
||
|
onde γ ´e o sim´etrico da altera¸ c˜a o sofrida no aˆngulo entre os dois vetores, como consequˆencia da deforma¸ca˜o. Numa deforma¸ca˜o suficientemente pequena para que se possa considerar E = E , tamb´em pode-se impor F e1 = F e2 = 1 e senγ = γ , obtendo-se γ E1 2 = E 2 1 = . 2
|
| |
|
Os outros componentes de E , fora da diagonal, tˆem interpreta¸ c˜oes an´ alogas a esta. 3. Como F = 1 + H , de acordo com o coment´ ario 1.2.41, sobre a rela¸ca˜o entre A e 1 +A, para H 0, tem-se det F 1+trH . Por outro lado, de acordo com a segunda das eqs. 2.9, para diferenciais de volume infinitesimais tem-se dv = det F dvκ , que neste caso pode ser escrito dv = det F dvκ , porque det F 1. Numa deforma¸ca˜o suficientemente pequena para que se possa considerar E = E tem-se H 0 logo, se adicionalmente forem impostos diferenciais de volume infinitesimais,
≈
≈
|
≈
dv
− dv
κ
dvκ
det F dvκ = dvκ
− dv
κ
| ≈
3
− 1 = trH =
= det F
E i i ,
i=1
onde a u ´ltima igualdade ´e devida a` eq. 2.21. Portanto, a soma dos elementos diagonais de E ´e a altera¸c˜ao de volume sofrida, em rela¸c˜ao a um volume infinitesimal original.
Pode-se, tamb´ em, interpretar os componentes do tensor infinitesimal de rota¸ c˜ao, R, em rela¸ca˜o a um sistema de coordenadas cartesianas. Para isto, considere dX = s 0 (cos θ e1 + sen θ e2 ), logo considere que dX forme um ˆangulo θ com e1 . De acordo com a eq. 2.8, tem-se dx = F dX = (1 + H ) dX = (1 + E + R) dX, onde a segunda igualdade deve-se a` defini¸ca˜o do gradiente referencial de deslocamento, H , enquanto que a terceira prov´em das eqs. 2.21 e 2.23. Seja dxh o vetor proje¸c˜a o de dx sobre o plano definido por e1 e e2 , sendo s a norma deste vetor proje¸ca˜o. Considere que e3 seja perpendicular
92
ao mencionado plano. Como o outro vetor componente de dx ´e paralelo a e3 , tem-se dX dx e3 = dX dxh e3 = s0 s senw, onde w ´e o aˆngulo de rota¸c˜ao desde dX at´e dxh . Tem-se, portanto,
× ·
×
s0s senw = dX
·
× dx · e
3
= d X
× (1 + E + R) dX · e
3
= d X
× (E + R) dX · e
3
.
Substituindo dX = s0 (cos θ e1 + sen θ e2 ) na igualdade destacada e efetuando-se as opera¸c˜oes indicadas, entre os vetores de base ortonormais ei , obt´em-se
− 21 sen2θ(E − E
−
−
s0 s senw = s 20 (R2 1 + cos 2θE1 2
11
2 2 )) .
Numa deforma¸c˜ao suficientemente pequena para que se possa considerar E = E , tamb´em pode-se impor s = s0 e senw = w. Neste caso, a u´ltima igualdade destacada toma a forma 1 w = R2 1 + cos 2θE 1 2 sen2θ(E1 1 E2 2 ) . 2 Esta igualdade mostra que w depende de θ, ou seja, o ˆangulo de rota¸c˜ao desde dX at´e dxh depende do aˆngulo entre os vetores dX e e1 . Mas conv´em lembrar que, por causa da eq. 2.8, que define dx em fun¸c˜a o de dX, o vetor dX = X X 0 necessariamente apresenta norma e dire¸ca˜o (dire¸c˜ao inclui sentido) completamente arbitr´ arias, sendo bem estabelecido apenas o seu ponto de aplica¸ca˜o, X0 . Logo, o aˆngulo θ ´e necessariamente arbitr´a rio e a u ´ ltima equa¸ca˜o destacada define w em fun¸c˜ao de θ, assim como a eq. 2.8 define dx em fun¸c˜ao de dX. Evidentemente, os tensores E e R n˜ao dependem de θ. De fato, eles respectivamente s˜ao a parte sim´etrica e antissim´ etrica do tensor gradiente referencial de deslocamento H = F 1 (texto logo ap´ os a eq. 2.23), o qual, assim como o gradiente de deforma¸ca˜o F , depende apenas do ponto de aplica¸c˜ao do vetor dX (veja a eq. 2.4). Seja
−
−
1 2π < w >= w(θ) dθ 2π 0 o aˆngulo m´edio de rota¸ca˜o desde dX at´e d xh , quando o aˆngulo θ, entre d X e e1 , variar desde 0 at´e 2π rd. Integrando, para θ variando entre desde 0 at´e 2π rd, a pen´ ultima igualdade destacada, percebe-se que
< w >= R2 1 .
Interpreta¸c˜oes an´ alogas valem para R1 3 e R3 2 , que s˜ao os outros dois componentes n˜ ao nulos do tensor antissim´ etrico, correspondentes ao mesmo vetor axial. Foi efetuado um estudo das interpreta¸ co˜es geom´etricas dos tensores de tra¸ ca˜o infinitesimal, E e de rota¸c˜ao infinitesimal, R, que respectivamente s˜ ao as partes sim´etrica e antissim´ etrica do gradiente referencial de deslocamento, H . Tratamento semelhante pode ser feito usando-se o gradiente espacial de deslocamento, h. Por´em, h = 1 F −1 e H = F 1 diferem apenas em o(2), conforme pode ser mostrado efetuando-se o desenvolvimento em s´erie de F −1 , em termos de F . Portanto, numa deforma¸ca˜o suficientemente pequena para que se possa considerar E = E , tem-se h = H . Tem-se, ainda, as express˜oes para componentes dos tensores de tra¸ca ˜o e de rota¸c˜ ao infinitesimais, em termos de derivadas do vetor deslocamento em coordenadas cartesianas da configura¸ c˜ao corrente,
−
−
1 E i j = 2
∂u i ∂u j + ∂x j ∂x i
e 93
Ri j
1 = 2
∂u i ∂x j
−
∂ u j ∂x i
.
(2.24)
2.4 2.4.1
Movimento Conceito B´ asico
Desde o in´ıcio do presente cap´ıtulo, a vari´ avel tempo foi utilizada apenas para explicar, nos primeiros par´ agrafos da subse¸ca˜o 2.1.1, o conceito de estrutura referencial, ou observador. Isto ocorreu porque, devido ao fato de serem espa¸ cos produtos ambos os espa¸cos entre si relacionados por meio do observador de Newton, φ, existe uma fun¸ca˜o que, ao ser aplicada ao corpo material , produz uma imagem de no espa¸co euclideano de pontos tridimensional . Tal fun¸ca˜o, de um para um em e v´ alida em qualquer instante, foi chamada configura¸c˜ao. A teoria desenvolvida at´e a este ponto do texto ´e consequˆencia da existˆencia da fun¸c˜ao configura¸ca˜o e, por isto, independe da vari´ avel tempo, logo ´e atemporal. A perda conceitual envolvida em toda teoria atemporal ´e devida ao fato de que, evidentemente, numa teoria atemporal perdem a separa¸ c˜ao temporal eventos que, numa teoria temporal, ocorrem em instantes distintos. Por exemplo, para a teoria atemporal at´e agora desenvolvida, as configura¸ c˜oes arbitr´arias de poderiam ser distinguidas entre si por meio da aplica¸c˜ao, ao s´ımbolo χ, de um ´ındice identificador. Neste caso, o valor do ´ındice n˜ ao seria o valor da vari´ avel tempo, mas sim uma identifica¸ c˜ao da configura¸c˜ao considerada. Mas, na teoria temporal, a cada instante t, pertencente a determinado intervalo temporal, corresponde uma unica ´ configura¸ca˜o. Logo, para o mencionado intervalo, o valor t indica qual ´e a configura¸ca˜o considerada, por isto mesmo chamada configura¸ ca˜o corrente. O s´ımbolo χ( , t) (defini¸ca˜o de fun¸c˜ao e funcional 1.1.1) ´e mais apropriado do que o uso de t como um ´ındice, uma vez que t ´e uma vari´avel que se altera de modo cont´ınuo. Al´ em disto, o uso de t como ´ındice ter´a um outro significado, que ser´ a apresentado na subse¸ca˜ o 2.5.1. Na teoria temporal a fun¸ c˜ao espacial χ( , t) ´e uma configura¸ca˜o, assim como, na teoria atemporal, a fun¸ca˜o espacial χ, que pode ser grafada χ( ), ´e uma configura¸ca˜o. Constitui-se a u´nica diferen¸ca na determina¸c˜ao, por meio do valor t, de qual ´e a configura¸c˜ao, ou seja, desaparece a fun¸ca˜o χ( ), considerada v´ alida em qualquer instante, sendo substitu´ıda pela fun¸ ca˜o χ( , t), espec´ıfica para o instante t. Uma sequˆencia temporal cont´ınua de configura¸ co˜es χ( , t) : ´e, por defini¸ca˜o, um movimento de , simbolizado por
B
E
B
B
B
·
·
·
·
χ =
·
·
B χ(·, t) : B → E| χ(·, t) varia continuamente para t
B → E
# <
#
t
∈
.
Note que o s´ımbolo χ passa a ter, a partir deste ponto do texto, significado distinto do anterior, apresentado na primeira subse¸ ca˜o. Altera¸ c˜oes an´ alogas ocorrer˜ ao com outros s´ımbolos, mas a mudan¸ca de significado n˜ ao mais ser´ a destacada. Evidentemente, como a fun¸c˜ao espacial configura¸ca˜o χ( , t) varia continuamente para t# < t < t# , o mesmo acontece com a imagem do corpo em . O conjunto χ de fun¸c˜oes, chamado movimento, ´e uma fun¸ca˜o espacial-temporal
· B E
χ :
B × → E ,
tal que
x = χ(X, t).
(2.25)
Enquanto o s´ımbolo χ(X, t) indica que tanto o valor X como o valor t s˜ao fornecidos, sendo a fun¸c˜ao espacial-temporal movimento χ = χ( , ) a eles aplicada e disto resultando como imagem o ponto χ(X, t) = x, o s´ımbolo χ( , t) indica que apenas o valor t ´e fornecido, sendo a fun¸ca˜o espacial-temporal movimento χ = χ( , ) a ele aplicada e disto resultando
·
94
··
··
·
B
E
como imagem a fun¸ca˜o χ( , t), que aplicada ao corpo produz a imagem dele em , no instante t (tal imagem ´e o conjunto dos pontos x). Isto confirma que χ( , t) ´e a fun¸ca˜o espacial configura¸c˜ao, que produzir´ a x se for aplicada a X. ao do movimento de por meio da sequˆencia Tem-se, tamb´em, a representa¸c˜ temporal cont´ınua de deforma¸c˜oes, em rela¸c˜ao a` configura¸ca˜o referencial κ, a qual, assim como acontece com o corpo material , permanece independente do tempo e v´ alida em qualquer instante,
·
B
B
·
−1
#
B → B | χ (·, t) = χ(·, t) ◦ κ varia cont. para t < t < t , t ∈ , onde B ´e a imagem do corpo B na configura¸ca˜o χ(·, t). Assim como acontece com o χκ = χκ ( , t) :
κ
t
κ
#
t
conjunto χ de fun¸co˜es (que ´e o movimento), tamb´em o conjunto χκ de fun¸co˜es (que ´e a representa¸c˜ao do movimento) ´e uma fun¸ca˜o espacial-temporal χκ :
B × → E ,
x = χ κ (X, t) = χ(κ−1 (X), t).
tal que
κ
(2.26)
Note que, para um ponto fixo X da imagem da configura¸ca˜o referencial, o conjunto das imagens x = χ κ (X, t) da fun¸ca˜o temporal χκ (X, ) :
· → E
forma uma curva no espa¸co euclideano de pontos. Tal curva, chamada caminho ou trajet´ oria do ponto X , ´e, respectivamente, a imagem κ , ou do ponto X do corpo da fun¸ca˜o temporal χ κ (X, ), ou da fun¸ca˜o temporal χ(X, ). Os vetores velocidade, v e acelera¸c˜ ao , a do ponto X s˜ao, por defini¸ca˜o, respectivamente a primeira e a segunda derivada temporal da posi¸ c˜ao deste ponto, quando esta se altera ao longo do caminho percorrido pelo ponto X κ , ou seja,
∈B ·
B
·
∈B
v : a :
B × → V κ
B × → V κ
∂χ κ (X, t) ∂t
tal que
v(X, t) =
tal que
∂ 2 χκ (X, t) a(X, t) = , ∂t 2
e
(2.27)
(2.28)
E
onde V ´e o espa¸co de transla¸ca˜ o de e χκ (X, t) ´e deriv´avel em rela¸ca˜o a t, o mesmo ocorrendo com a sua derivada temporal. Por outro lado, χ κ (X, t) ´e deriv´avel em rela¸ca˜o a X , produzindo a express˜ ao do gradiente de deforma¸c˜ ao da configura¸c˜ao corrente no instante t, configura¸ca˜o esta grafada χ( , t), em rela¸c˜ao a` configura¸ca˜o referencial κ, no ponto material X da imagem desta u ´ltima,
·
F κ (X, t) =
∇X χ (·, t) . κ
(2.29)
Na atemporalidade, a eq. 2.29 se reduz a` eq. 2.4. A partir deste ponto do texto, ser´ a implicitamente considerado que as fun¸c˜oes satisfazem as condi¸co˜es necess´ arias para que as opera¸c˜oes indicadas possam ser efetuadas, sem que isto precise ser de cada vez afirmado.
2.4.2
Descri¸co ˜es Material e Espacial
Os vetores velocidade (eq. 2.27) e acelera¸c˜ao (eq. 2.28), bem como o tensor de segunda ordem gradiente de deforma¸ c˜ao (eq. 2.29), s˜ao exemplos de quantidades f´ısicas atribu´ıdas 95
a cada ponto de um corpo material, quantidades estas cujos valores variam de ponto para ponto do citado corpo e, dado um ponto fixo X (logo, dado um ponto fixo X), variam com a altera¸ca˜o exclusivamente temporal de x = χ κ (X, t) (eq. 2.26), ou seja, variam a medida que o ponto X prossegue no seu caminho, definido pela fun¸ ca˜o temporal χκ (X, ). Embora a modifica¸ca˜o temporal destes dois vetores e tensor dependa apenas da altera¸ c˜ao temporal
·
de x = χκ (X, t), existem outras quantidades f´ısicas cujas modifica¸co˜es temporais, al´em de dependerem da altera¸ca˜o temporal de x = χκ (X, t), tamb´em dependem diretamente do instante considerado. O estudo de tais quantidades pode basear-se em dois enfoques alternativos, os quais levam a`s mesmas conclus˜ oes:
• enfocando-se inicialmente como evolui o valor da quantidade considerada, ao longo do caminho percorrido pelo ponto X ∈ B , como efetuado no final da subse¸ca˜o anκ
terior para os vetores velocidade e acelera¸ c˜ao e conforme poderia ser efetuado para o tensor gradiente da deforma¸ca˜o (obtendo-se a correspondente derivada parcial temporal), ou
• enfocando-se inicialmente como se altera o valor da quantidade considerada, de ponto para ponto da imagem da configura¸ca˜o corrente do corpo.
O primeiro enfoque corresponde a` descri¸ca˜o material, ou referencial, ou lagrangeana da quantidade, enquanto que o segundo ´e chamado descri¸ c˜ao espacial, ou eulerico˜es, considere uma configura¸ ca˜o referenana. Para melhor apresentar estas duas descri¸ cial κ e uma quantidade f´ısica cujos valores Q perten¸cam a um espa¸co W . Na descri¸ca˜o material, os valores Q s˜ao definidos, em rela¸c˜ao ao movimento χ do corpo material , por meio da fun¸ca˜o temporal f (X, ) : W . Seja f = f (X, ) o conjunto espacial cont´ınuo de tais fun¸co˜es temporais, que engloba todos os pontos de κ e somente estes pontos. Tem-se, ent˜ ao,
· →
f :
B × → W, κ
{
·}
B
B
tal que Q = f (X, t).
A segunda entre as equa¸co˜es acima destacadas, an´ aloga a`s eqs. 2.27, 2.28 e 2.29, ´e a descri¸c˜ao material da quantidade f´ısica cujo valor ´e Q W . J´a a descri¸ca˜o espacial da mesma quantidade ´e dada pela fun¸ c˜ao espacial f ( , t) : t W . Considerando a
∈
· B → ·
sequˆencia temporal cont´ınua de tais fun¸co˜es, grafada f = f ( , t) , tem-se
B ×→
f : Evidentemente,
W,
t
tal que Q = f (x, t) .
Q = f (x, t) = f (χκ (X, t), t) = f (X, t).
(2.30)
Na mecˆanica dos meios cont´ınuos, a eq. 2.30 ´e escrita por meio da simbologia (an´ aloga `a utilizada na termodinˆ amica tradicional) f = f (X, t) = f (x, t),
onde Q foi substitu´ıdo por f e f (x, t) foi substitu´ıdo por f (x, t). Esta simbologia simplificada pode causar equ´ıvocos, especialmente quando forem envolvidas diferencia¸ c˜oes. Tais equ´ıvocos podem ser evitados escrevendo-se explicitamente as vari´ aveis envolvidas, como por exemplo em ∂f (X, t)/∂t, para a derivada temporal na descri¸c˜ao material e 96
∂f (x, t)/∂t, para a derivada temporal na descri¸ca˜o espacial. Como as duas descri¸ c˜oes s˜ao igualmente diferenci´ aveis, tanto em rela¸c˜ao ao tempo quanto em rela¸ca˜o ao ponto (X ou x conforme o caso), a diferen¸ca entre elas se reduz a uma simples troca entre X e x. Por´em, abandonando a simbologia matem´ atica rigorosa, para evitar os mencionados equ´ıvocos a mecˆanica dos meios cont´ınuos introduz s´ımbolos espec´ıficos, a seguir apresentados (as quais, na verdade, n˜ ao precisariam existir). Tem-se, assim, os s´ımbolos: 1. Para derivada parcial temporal de f (X, t), df ∂f (X, t) f ˙ = = , dt ∂t onde, em df/dt, evidentemente f representa a fun¸c˜ao temporal f (X, ), a qual ´e uma fun¸ca˜o local. Note que o adjetivo “local” indica “num determinado ponto fixo do corpo ”, logo num determinado ponto fixo da imagem de alguma configura¸ c˜ao referencial do corpo. Portanto, fixado um ponto do corpo, df/dt ´e a derivada u´nica de uma fun¸ca˜o temporal.
·
B
2. Para o gradiente, no ponto X, de f (X, t), Gradf =
∇X f (·, t),
e analogamente Div para a divergˆencia e Rot para o rotacional. 3. Para derivada parcial temporal de f (x, t), ∂f ∂f (x, t) = . ∂t ∂t 4. Para o gradiente, no ponto x, de f (x, t), gradf =
∇xf (·, t),
e analogamente div para a divergˆencia e rot para o rotacional. As rela¸co˜es entre estas nota¸co˜es s˜ao de grande importˆ ancia. Sendo v dado pela eq. 2.27 tem-se, respectivamente para f = ψ, onde ψ ´e um escalar e para f = u, onde u ´e um vetor: ∂ψ ∂ u ˙ ψ = + (gradψ) v, + (gradu)v e (2.31) u˙ = ∂t ∂t Gradψ = F T gradψ, Gradu = (gradu)F. (2.32)
·
Nas eqs. 2.31, a derivada parcial ∂f/∂t informa a tendˆencia de varia¸ ca˜o temporal de f no ponto x, considerando nula a tendˆ encia de altera¸ c˜ao temporal na localiza¸ca˜o deste ponto. Esta ´e, portanto, a derivada a que se refere o item 3. Logo, ∂f/∂t = 0 indica que f apresenta a dependˆencia temporal direta citada no primeiro par´ agrafo desta subse¸ca˜o. ˙ Por outro lado, a derivada u´nica f informa a tendˆencia de varia¸ c˜ao temporal de f no ponto x, levando por´em em considera¸ ca˜o a tendˆencia de altera¸ ca˜o temporal na localiza¸ca˜o
97
deste ponto, dada pelos segundos termos dos segundos membros das eqs. 2.31. Por esta ˙ e a derivada a que se refere o item 1, que engloba a tendˆencia total de varia¸ raz˜ao, f ´ c˜ao de f com t, neste instante, para um determinado ponto fixo do corpo . O tensor de segunda ordem F κ (X, t) = χ ( , t) (eq. 2.29), ao ser aplicado a um X κ vetor diferen¸ca infinitesimal entre dois pontos da imagem da configura¸ c˜ao referencial, produz um vetor diferen¸ca infinitesimal entre dois pontos da imagem da configura¸ c˜ao corrente 1 (eq. 2.7 e 2.8). Por outro lado, o tensor de segunda ordem F κ−1 (x, t) = x χ− κ ( , t), ao ser aplicado a um vetor diferen¸ca infinitesimal entre dois pontos da imagem da configura¸ ca˜o corrente, produz um vetor diferen¸ ca infinitesimal entre dois pontos da imagem da configura¸ca˜o referencial. O tensor F κT ( X, t), embora ainda relacionado a χ ( , t) assim X κ como F κ (X, t), por causa da transposi¸c˜ao ´e aplicado a um vetor diferen¸ ca infinitesimal entre dois pontos da imagem da configura¸c˜ao corrente e produz um vetor diferen¸ca infinitesimal entre dois pontos da imagem da configura¸ c˜ao referencial (ao contr´ a rio de 1 F κ−1 (x, t), o tensor F κT ( X, t) n˜ao se relaciona a x χ− κ ( , t)). Por isto, enquanto que F pode ser aplicado a um vetor diferen¸ ca cujos componentes contravariantes se refiram a` base natural (cα (X))3α=1 (eq. 2.6), F T pode ser aplicado a um vetor cujos componentes covariantes se refiram a` base natural (ci (x))3i=1 , com ´e o caso do vetor gradψ = x ψ( , t), o que esclarece alguns aspectos fundamentais da primeira entre as eqs. 2.32. Quanto a` segunda equa¸c˜ao, se o tensor de segunda ordem gradu for fornecido k=3 k=3 j na base mista (c j (x) ck (x)) j j=3 c k (x)) j j =3 =1 k=1 , ou na base covariante (c (x) =1 k=1 , a composi¸c˜ao (gradu)F fornecer´ a o resultado indicado. Para o caso espec´ıfico em que u = v tem-se, usando a eq. 2.27, o gradiente material da velocidade,
∇
B
·
∇
∇
·
∇
·
·
∇ ·
⊗
Gradv =
⊗
∇X v(·, t) = ∇X ∂t∂ χ (·, t) = ∂t∂ ∇X χ (·, t) = ∂t∂ F (X, t) = F˙ , κ
κ
onde foi usada a eq. 2.29 na pen´ ultima igualdade. Logo, ˙ Gradv = F
(2.33)
˙ ou, para o gradiente espacial da e, usando a segunda eq. 2.32, tem-se (gradv)F = F , velocidade , gradv = F˙ F −1 . (2.34) Re-escrevendo a eq. 2.26, x = χκ (X, t), sob a forma x = x(X, t) (em analogia a f = f (X, t)) e usando a simbologia apresentada no item 1, eq. 2.27 mostra que v = x˙ . ¨ . Portanto, usando a segunda entre as eqs. 2.31 Analogamente, obt´em-se a = v˙ = x ao em fun¸c˜ ao da velocidade , chega-se a` express˜ a o da acelera¸c˜
a =
∂ v + (gradv)v. ∂t
(2.35)
Ser˜ao a seguir apresentadas, sem demonstra¸ ca˜o, duas u ´teis equa¸co˜es complementares: GradJ = J div(F T ) Div(JF −T ) = 0
e
e
div(J −1 F T ) = 0;
gradJ = 98
−T
−J Div(F
).
(2.36)
(2.37)
Um tipo importante de movimento, definido por meio da eq. 2.26, ´e dado por χκ (X, t) = x ◦ (t) + Q(t)(X
− X ),
◦
(2.38)
onde Q(t) ´e um tensor ortogonal dependente do tempo. Para este movimento demonstrase que
v = x˙ ◦ + w
× (x − x ) ◦
¨ ◦ + w ˙ e a = x
× (x − x ) + w × (w × (x − x )), ◦
◦
onde a velocidade angular w ´e definida como o vetor axial do tensor antissim´ etrico QQ˙ T , ou seja, w =< QQ˙ T >. Demonstra-se, tamb´em, que neste movimento a forma (comprimento e aˆngulo) de qualquer elemento material n˜ ao se altera. Por isto, ele ´e chamado movimento r´ıgido. Outro tipo importante ´e o movimento harmˆ onico, descrito pelo campo de acelera¸ ca˜o, na descri¸ca˜o espacial,
a(x, t) = k 2 xex + k 2y ey ,
(2.39)
onde (ex , ey ) ´e a base natural do sistema de coordenadas cartesianas bidimensional.
2.5
Deforma¸c˜ ao Relativa
2.5.1
Conceito e Exemplo
A eq. 2.25 definiu o movimento por meio da fun¸ca˜o espacial-temporal χ : que x = χ(X, t), ou x = χ(X, τ ),
B × → E , tal (2.40)
onde a vari´ avel x foi substitu´ıda por x e a vari´avel t foi substitu´ıda τ . Esta substitui¸ca˜o foi feita para permitir que a fun¸ca˜o espacial χ( , τ ) , que ´e configura¸c˜ao no instante τ , seja comparada com a configura¸ ca˜o correspondente a um instante referencial t, χ( , t), embora κ : , tal que X = κ(X), continue sendo uma configura¸ca˜o referencial atemporal. Deseja-se, portanto, comparar configura¸ c˜oes em momentos τ anteriores e posteriores ao instante t (o qual pode, por exemplo, ser o instante corrente). Assim como as eqs. 2.26 representam o movimento por meio da fun¸ca˜o χ κ : κ , que ´e uma sequˆencia temporal cont´ınua de deforma¸ c˜oes em rela¸ca˜o a` configura¸c˜ao referencial atemporal κ, pode-se representar o movimento por meio da sequˆencia temporal cont´ınua oes relativas de deforma¸c˜
·
·
B → E
B × → E
χt :
B × → E , t
1 tal que x = χ t (x, τ ) = χ(χ−1 (x, t), τ ) = χ κ (χ− κ (x, t), τ ), (2.41)
1 onde a fun¸ca˜o espacial χt ( , τ ) = χ( , τ ) χ−1 ( , t) = χκ ( , τ ) χ− e a t τ ´ κ ( , t) : deforma¸ca˜o relativa no instante τ . Em analogia ao gradiente de deforma¸c˜ao apresentado pela eq. 2.29, define-se o tensor de segunda ordem gradiente de deforma¸c˜ao relativa ,
·
· ◦
·
· ◦
·
B → B
(2.42) ∇x χ (·, τ ) , que ´e o gradiente de deforma¸ c˜ao da configura¸ca˜o χ(·, τ ), referente ao instante τ , em rela¸ca˜o a` configura¸ca˜o χ(·, t), relativa ao momento t, no ponto x da imagem desta u´ltima F t (x, τ ) =
t
configura¸ca˜o. Evidentemente,
F t (x, t) = 1 . 99
(2.43)
Por outro lado, de acordo com a eq. 2.29 tem-se F κ (X, t) =
∇X χ (X, t) κ
e F κ (X, τ ) =
∇X χ (X, τ ). Usando estas duas express˜oes e a eq. 2.42 obt´em-se κ
F κ (X, τ ) = F t (x, τ )F κ (X, t) .
(2.44)
Por exemplo, seja um movimento no plano x-y, dado em rela¸ca˜o `a configura¸ca˜o referencial κ (eqs. 2.26) e considerando-se, para todas as configura¸ c˜oes, o sistema de coordenadas cartesianas. Considere o movimento espec´ıfico dado por
x = χ κ (X,Y,t) = (X e t , Y (t + 1)) , onde X = (X, Y ).
(2.45)
Em termos de fun¸co˜es de deforma¸c˜ao an´ alogas a` eq. 2.3, tem-se x = χ xκ (X,Y,t) = X et e y = χ yκ (X,Y,t) = Y (t + 1), logo X = x e−t e Y = y/(t + 1), ou −t 1 X = χ − κ (x,y,t) = (x e ,
y ). t+1
Usando a eq. 2.41, calcula-se a deforma¸ca˜o relativa −t 1 x = χ κ (χ− κ (x,y,t), τ ) = χ κ (x e ,
y τ + 1 , τ ) = (x eτ −t , y) . t+1 t+1
Aplicando as eqs. 2.6 a este caso especial tem-se F = F xX ex ex + F xY ex ey + F yX ey ex + F yY ey ey , onde (ex, ey ) ´e a base natural do sistema de coordenadas cartesianas e F xX = ∂χxκ /∂X = e t , F xY = ∂χxκ /∂Y = 0, F yX = ∂χyκ /∂X = 0 e F yY = ∂χyκ /∂Y = t+1. Portanto, F κ (t) = e t ex ex + (t + 1) ey ey .
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
⊗
Por outro lado, aplicando a eq. 2.42 a este caso especial tem-se, considerando a pen´ ultima equa¸ca˜o destacada, ∂ (x eτ −t ) F t (τ ) = ex ∂x
⊗
∂ (x eτ −t ) ex + ex ∂y F t (τ ) = eτ −t ex
⊗
+1 ∂ ( τ t+1 y) ey + ey ∂x
+1 ∂ ( τ t+1 y) ex + ey ∂y
⊗
⊗ e + τ t ++ 11 e ⊗ e x
y
y
⊗ e , y
ou
.
Evidentemente, a express˜ a o de F κ (τ ) ´e obtida substituindo-se t por τ na express˜ a o de F κ (t). Fazendo τ = t na express˜a o de F t (τ ), percebe-se que a eq. 2.43 ´e satisfeita. Sustituindo-se as express˜ o es de F κ (τ ), F t (τ ) e F κ (t) na eq. 2.44, percebe-se que ela, tamb´em, ´e satisfeita. Na subse¸ca˜o 2.4.1 foi informado que o caminho ou trajet´ oria ´e o conjunto das imagens x = χκ (X, t) da fun¸ca˜o temporal χκ (X, ) : . Logo, para este caso espec´ıfico o caminho ´e dado pela eq. 2.45, considerando-se fixo o ponto X. Mas, para X = 0, o tempo pode ser eliminado nas fun¸co˜es de deforma¸c˜ao x = X e t e y = Y (t + 1), obtendo-se y = Y (ln xX + 1). Logo, para o ponto fixo X com X = 0, a u ´ ltima equa¸c˜ao fornece a coordenada y referente a cada coordenada x e v.v., evidentemente correspondendo x = (x, y) a algum instante t n˜ao diretamente explicitado pela equa¸ca˜o. Mas, se X = 0, ent˜ ao x = 0 e y = Y (t + 1), sendo portanto imposs´ıvel eliminar a vari´ avel t. As fun¸co˜es de deforma¸ca˜o ainda mostram que, neste caso especial, a configura¸ c˜ao referencial ´e a
· → E
100
configura¸ca˜o corrente no instante t = 0. Como outro exemplo, demonstra-se que o campo de velocidades (2.46) v(x, t) = u(y) ex , denominado escoamento newtoniano, apresenta o gradiente de deforma¸ c˜ao relativa
e ⊗e − t) du dy
F t (τ ) = 1 + (τ
2.5.2
x
y
.
(2.47)
Velocidade de Altera¸ c˜ ao da Tendˆ encia de Deforma¸ca ˜o
A eq. 2.29 define o gradiente de deforma¸c˜ao, o qual mede a tendˆ encia de deforma¸ c˜ao da configura¸c˜ao corrente no instante t, em rela¸c˜ao a` configura¸ca˜o referencial, no ponto c˜ao desta tendˆencia X da imagem desta u´ltima. Uma medida da velocidade de altera¸ ˙κ (X, t), no instante t (item 1 de deforma¸c˜ao ´e o valor da derivada temporal material F ˙ κ (X, t) = Gradv, onde Gradv ´e o da subse¸ca˜o 2.4.2). Mas, de acordo com a eq. 2.33, F gradiente material (item 2 da subse¸ca˜o 2.4.2) da velocidade v , sendo esta u ´ltima definida pela eq. 2.27. Esta equa¸ c˜ao mostra que v ´e a velocidade de altera¸c˜ao, no instante t, da posi¸ca˜o x ocupada pelo ponto material X naquele momento t. Logo, Gradv mede a tendˆencia de modifica¸c˜ao desta velocidade, dentro da imagem da configura¸ ca˜o corrente referente ao instante t, em rela¸ca˜o `a configura¸ca˜o referencial, no ponto X da imagem desta u ´ ltima. A igualdade entre estes dois conceitos, expressa pela eq. 2.33, ´e matematicamente ∂ explicada pela troca de ordem de deriva¸ca˜o, ou seja ∂t∂ χκ ( , t) = χκ ( , t). ∂t X X ˙κ (X, t)F κ−1 (X, t). Uma an´aloga igualdade conceitual prov´ em da eq. 2.34, gradv = F De acordo com o item 4 da subse¸c˜a o 2.4.2, gradv mede a tendˆ encia de modifica¸ c˜ao espacial da velocidade num ponto x da imagem da configura¸c˜ao corrente, no instante t que corresponde a` configura¸c˜ao corrente. Faz-se, portanto, necess´ ario mostrar qual ´e o − 1 ˙κ (X, t) com F κ (X, t). Para isto, considerando o gradiente significado da composi¸ca˜o de F de deforma¸c˜ao relativa apresentado pela eq. 2.42, pode-se definir
∇
L(x, t) =
·
∇
∂ ˙ t (x, τ ) τ =t = F ˙t (x, t) , F t (x, τ ) τ =t = F ∂τ
|
|
·
(2.48)
onde a segunda igualdade ser´ a justificada no pr´ oximo par´ agrafo e ∂ F t (x, τ )/∂ τ ´e uma medida da velocidade de altera¸c˜ao, no instante τ , da tendˆencia de deforma¸c˜a o da configura¸ca˜o referente ao instante τ em rela¸ca˜o a` configura¸c˜ao corrente no momento t, no ponto x da imagem desta u´ltima. Portanto, L(x, t) ´e uma medida da velocidade de altera¸ca˜o, no instante t, da tendˆencia de deforma¸ca˜o da configura¸ca˜o corrente no momento t, em rela¸ca˜o a ela mesma, no ponto x da imagem desta configura¸c˜ao. No in´ıcio da subse¸ca˜o 2.4.2 foi colocado que F κ (X, t) varia com t apenas devido a`
101
altera¸ca˜o temporal de x = χ κ (X, t) (eq. 2.25) e, no item 1 daquela subse¸ca˜o, foi mostrado ˙κ (X, t) = ∂F κ (X, t)/∂t. Analogamente, F t (x, τ ) que este fato pode ser simbolizado por F varia com τ apenas devido a` altera¸c˜ao temporal de x = χt (x, τ ) (eq. 2.41). Logo, pela ˙ κ (X, t) = ∂F κ (X, t)/∂t, tem-se que F ˙ t (x, τ ) = ∂ F t (x, τ )/∂ τ , ou seja, mesma raz˜ ao que F o gradiente local da deforma¸ca˜o relativa ´e uma fun¸ca˜o u´ nica do tempo, o que justifica a segunda igualdade na eq. 2.48. De acordo com a eq. 2.44, F κ (X, τ ) = F t (x, τ )F κ (X, t). −1 ˙t (τ ) = F (τ )F ˙ Derivando em rela¸c˜ao a τ tem-se, ent˜ao, F (t). Mas, de acordo com a eq. ˙ ˙t (τ ) = (gradv(τ ))F (τ )F −1(t). Usando novamente a 2.34, F (τ ) = (gradv(τ ))F (τ ), logo F ˙ t (τ ) = (gradv(τ ))F t (τ ). Como F t (t) = 1 (eq. 2.43), tem-se F ˙t (t) = eq. 2.44, obt´em-se F gradv(t) ou, de acordo com a eq. 2.48, L = gradv .
(2.49)
A eq. 2.49, proveniente da eq. 2.34, indica a igualdade entre as interpreta¸ co˜es conceituais de gradv e de L, ambas apresentadas no par´ agrafo anterior. Como, de acordo com a subse¸ca˜o 2.1.1, as estruturas referenciais, ou observadores, s˜ao de um para um no corpo material β , n˜ao apenas o gradiente de deforma¸ c˜ao F tem inversa (eq. 2.5), como tamb´em existe a transforma¸ c˜ao linear inversa do gradiente de deforma¸ca˜o relativa F t (x, τ ), definido pela eq. 2.42. Portanto, de acordo com o teorema da decomposi¸ca˜o polar 1.2.10, h´ a dois tensores sim´etricos (defini¸ c˜ao de tensores sim´etrico e antissim´ etrico 1.2.18) de defini¸ca˜o positiva (defini¸c˜ao de tensor de defini¸ca˜o positiva, negativa e semi-defini¸c˜ao 1.2.43), U t e V t e um tensor ortogonal (defini¸c˜a o de tensor ortogonal de segunda ordem 1.2.30), Rt , determinados de modo u´nico a partir de F t , tais que F t = R t U t = V t Rt ,
U t =
F tT F t
,
V t = R t U t RT t
=
F t F tT e Rt = F t U t−1 , (2.50)
analogamente ao definido para a decomposi¸ ca˜o polar do tensor de deforma¸c˜ao F (eqs. 2.11). Continuando a analogia, U t ´e o tensor direito de estiramento relativo , V t ´e o tensor esquerdo de estiramento relativo e R t ´e o tensor de rota¸ca ˜o relativa. As interpreta¸co˜es f´ısicas destes tensores tamb´em s˜ a o an´ alogas a`s ent˜ ao efetuadas, valendo coment´ arios e equa¸c˜oes an´ alogas, inclusive no que se refere `a defini¸ca˜o dos tensores de tra¸c˜ ao relativa de Cauchy-Green direito e esquerdo , respectivamente grafados C t e Bt . Para τ = t, de acordo com a eq. 2.43 tem-se F t = F tT = 1 . Logo, considerando as eqs. 2.50, U t (t) = V t (t) = R t (t) = 1 . Mantendo x e t constantes e derivando em rela¸c˜ao a τ a primeira entre as eqs. 2.50, ˙t (τ ) = Rt (τ )U ˙ t (τ ) + R˙ t (τ )U t (τ ). Impondo τ = t nesta express˜ obt´em-se F a o e usando a u ´ ltima express˜ ao destacada, bem como a eq. 2.48, tem-se ˙ t (t) + R˙ t (t) . L(t) = U
(2.51)
Como U t ´e sim´etrico tem-se a U t (τ )b = b U t (τ )a. Como os vetores a e b s˜ao arbitr´arios, eles podem independer de τ , logo o fato de U t ser sim´etrico implica em ˙ t (τ )b = b U ˙ t (τ )a, o que indica que U ˙ t (τ ) ´e um tensor sim´etrico. Analogamente, a U R˙ t (τ ) ´e um tensor antissim´etrico. Portanto, de acordo com o coment´ ario 1.2.46, sobre decomposi¸ca˜o cartesiana, a eq. 2.51 mostra a decomposi¸ca˜o de L(t) em suas partes
·
·
·
·
102
sim´etrica e antissim´etrica. Logo, definindo o tensor estirante ˙ t (t) = D T (t) D(t) = U e o tensor rotativo
W (t) = R˙ t (t) =
(2.52)
T
−W (t) ,
(2.53)
as eqs. 2.49, 2.51, 2.52 e 2.53 mostram que 1 (gradv + gradvT ) 2
D =
1 W = (gradv 2
e
− gradv
T
).
(2.54)
De acordo com a nota¸ca˜o para vetor associado a tensor antissim´ etrico 1.2.9 e o coment´ ario 1.2.37, sobre propriedades do vetor axial, o vetor axial associado ao tensor antissim´ etrico W ´e grafado < W >. Define-se o vetor axial w, chamado vorticidade, tal que
w =<
−2W >= rotv,
(2.55)
onde a u´ltima igualdade ´e devida a` defini¸ca˜o de rotacional de campo vetorial 1.3.12. O tensor direito de tra¸ca˜o relativa de Cauchy-Green ´e dado por C t (τ ) = F tT (τ )F t (τ ) ,
(2.56)
em analogia a` primeira entre as eq. 2.13. Os tensores de Rivlin-Ericksen, grafados An (x, t), s˜ao as n-´esimas derivadas temporais de C t (τ ) aplicadas ao instante τ = t, (n)
An (x, t) = C t
∂ n (x, t) = n C t (x, τ ) τ = t , ∂τ
|
n = 1, 2, 3, . . . .
(2.57)
Para n = 1 tem-se ˙ t (x, t) = F ˙ tT (x, t) + F ˙t (x, t) = L T + L , A1 (x, t) = C onde a primeira igualdade ´e justificada da mesma forma que a segunda igualdade na eq. 2.48, a segunda igualdade ´e obtida usando as eqs. 2.56 e 2.43 e a ultima ´ ´e devida a` eq. 2.48. Usando a eq. 2.49 e a primeira entre as eqs. 2.54, a equa¸ca˜o antes destacada produz A1 = 2D .
(2.58)
Demonstra-se, ainda, que
v˙ =
∂ v 1 ∂ v 1 + grad(v v) + 2 W v = + grad(v v) + w ∂t 2 ∂t 2
·
·
×v
(2.59)
e que, para o campo de velocidades dado pela eq. 2.46 (escoamento newtoniano), tem-se du A1 = (ex dy
⊗ e + e ⊗ e ) , y
y
x
du A2 = 2 dy
103
2
(ey
⊗ e )(e ⊗ e ) x
x
y
e A3 = 0. (2.60)
2.6 2.6.1
Mudan¸ca de Estrutura Referencial Transforma¸c˜ ao Euclideana
Conforme apresentado na subse¸ ca˜o 2.1.1, uma estrutura referencial de Newton, φ, ´e uma fun¸ca˜o que, ao ser aplicada a um conjunto corpo-instante pertencente a , produz uma imagem em , logo φ : . Como φ ´e uma fun¸ca˜o de um para um em , o tempo ´e uma vari´ avel independente tanto em quanto em . Por´em, diferentes estruturas referenciais de Newton produzem imagens diferentes do mesmo conjunto corpoinstante, seja em como em . Mas, se as unidades de medida de espa¸ co e de tempo forem respectivamente as mesmas para todos os observadores de Newton,
E ×
W
W → E ×
E
W
B
E ×
E
1. as distˆa ncias e os aˆngulos das imagens do corpo em , referentes a um mesmo instante em , ser˜ao os mesmos e
W
W , a sua imagem em independer´a da estrutura
2. para todo intervalo temporal em referencial escolhida.
Estas duas condi¸c˜oes ser˜ ao impostas, ao se mudar de uma estrutura referencial de Newton para outra. Sejam φ e φ∗ duas estruturas referenciais de Newton e seja ∗
−1
∗ = φ ◦ φ : E × → E × ,
tal que
∗
∗
∗ : (x, t) → (x , t ),
uma mudan¸ca de φ para φ∗ . A mudan¸ca de estrutura referencial de Newton mais geral poss´ıvel, mas que obedece a` imposi¸c˜a o colocada no par´ agrafo anterior, ´e uma transao euclideana , definida forma¸c˜ao r´ıgida dependente do tempo chamada transforma¸c˜ por x∗ = Q(t)(x x◦ ) + c(t) e t∗ = t + a , (2.61)
−
onde a , (x◦ , c(t)) e Q(t) (V ), sendo, conforme a nota¸c˜ao para grupos especiais 1.2.8, (V ) o s´ımbolo do grupo ortogonal do espa¸ co vetorial V , o que indica que Q(t) ´e um tensor ortogonal de segunda ordem. Note que x◦ ´e um ponto referencial para x , enquanto que c (t) ´e um ponto referencial para x ∗ e perceba que a eq. 2.61 define x∗ como uma fun¸ca˜o de x e t, enquanto que t∗ ´e definido como fun¸ca˜o apenas de t. As eqs. 2.61 indicam que, se em determinado momento t forem registrados os pontos x1 e x2 pelo observador φ, logo for registrado o vetor u = x2 x1 , no correspondente momento t∗ ser´a registrado o vetor u∗ = x ∗2 x∗1 pelo observador φ ∗ , sendo
∈
∈ E
O
∈ O
−
−
u∗ = Q(t)u .
(2.62)
De modo an´alogo, pode-se definir os vetores v = x4 x3 e v∗ = x∗4 x∗3 . De acordo com a defini¸c˜ao de tensor ortogonal de segunda ordem 1.2.30, Q(t)u Q(t)v = u v . Por outro lado, considerando o segundo item coment´ ario 1.2.33, sobre propriedades de tensor ortogonal, Q(t)u = u e Q(t)v = v . Estas trˆes u´ltimas igualdades mostram que a primeira entre as eqs. 2.61 garante que os dois observadores registram os mesmos comprimentos e aˆngulos, enquanto que a segunda garante os mesmos intervalos temporais. Se a configura¸c˜ao referencial, κ, coincidir com a configura¸c˜ao corrente de registrada pela estrutura referencial φ no instante t, ter-se-´a X = x e X◦ = x◦ . Neste caso, a diferen¸ca χκ (X, t) x◦ (t), na eq. 2.38, coincidir´a com a diferen¸ca x∗ c(t), na primeira entre as eqs. 2.61. Portanto, na transforma¸c˜ao euclideana o registro feito pela estrutura
−
|
| | | |
− ·
·
| | |
B
−
−
104
referencial φ ∗ , no momento t ∗ = t + a, ´e o resultado da aplica¸ca˜o de um movimento r´ıgido ao registro efetuado pela estrutura referencial φ, no instante t, movimento este que depende de t. Ou seja, coerentemente com o que foi colocado no primeiro par´ agrafo, os dois observadores registram exatamente os mesmos comprimentos e angulos, ˆ mas os percebem em locais do espa¸co e em instantes diferentes, sendo fixa a diferen¸ca temporal, enquanto que a diferen¸ca espacial depende do instante (t ou t∗ de acordo com o observador) em que a observa¸ca˜o ´e efetuada. De acordo com a defini¸ca˜o de tensor de ordem k 1.2.20, existe o espa¸co de produto n tensorial V , no qual se encontram os tensores de ordem n. Define-se a transforma¸ca˜o ˜o linear induzida, no espa¸co de produto tensorial linear Q∗ , a qual ´e denominada fun¸ca n V , pela rota¸ca˜o Q(t) da transforma¸c˜ao euclideana entre as estruturas referenciais (prin n meira entre as eqs. 2.61). A fun¸ca˜o linear induzida Q ∗ : V V ´e uma transforma¸ca˜o n linear que, ao ser aplicada a um tensor de ordem n do espa¸co de produto tensorial V , transforma-o em outro tensor de ordem n pertencente ao mesmo espa¸co, sendo os dois tensores respectivamente os registros que as estruturas referenciais φ e φ∗ , onde a segunda ´e uma transforma¸ ca˜o euclideana da primeira, efetuam para um tensor de ordem n definido pelos mesmos pontos de . Por exemplo, para n = 1 tem-se Q∗ : V V , ou seja, a fun¸c˜ao linear induzida, ao ser aplicada a um vetor do espa¸co vetorial V , transforma-o em outro vetor pertencente ao mesmo espa¸co. A eq. 2.62 mostra ent˜ao que, neste caso,
⊗
⊗
⊗ →⊗
B
⊗
→
Q∗ [u] = Q u .
(2.63)
Assim como, por causa da eq. 2.62, a` transforma¸ca˜o linear Q ∗ : V V corresponde a eq. n n 2.63, por causa da mesma eq. 2.62 `a transforma¸ca˜o linear Q∗ : V V corresponde
→
Q∗ [u1
⊗ u ⊗ . . . ⊗ u ⊗ u ] = Qu ⊗ Qu n−1
2
1
n
2
⊗ →⊗ ⊗ . . . ⊗ Qu ⊗ Qu n−1
n
,
(2.64)
sendo a eq. 2.63 uma forma particular da eq. 2.64 para n = 1, ou seja, para Q ∗ : V Para n = 2, tem-se Q∗ : V V V V tal que, de acordo com a eq. 2.64,
Q∗ [u1
⊗ → ⊗ ⊗ u ] = Qu ⊗ Qu 2
1
2
= Q(u1
T
⊗ u )Q 2
→ V .
,
devendo-se a u ´ltima igualdade aos dois itens do coment´ ario 2.18, sobre composi¸ca˜o com tensor simples. De acordo com o coment´ ario 2.8, sobre decomposi¸ca˜o de transforma¸ca˜o linear, toda transforma¸ca˜o linear entre espa¸cos vetoriais ´e uma combina¸ ca˜o linear de tensores simples. Portanto, o tensor de segunda ordem T V V ´e uma combina¸ca˜o linear de tensores simples u1 u2 , o que implica em
∈ ⊗
⊗
T ∗ = Q ∗ [T ] = QT QT ou T i∗1 i2 = Q i1j1 T j1 j2 (QT ) j2 i2 = Q i1j1 Qi2j2 T j1 j2 ,
(2.65)
onde a segunda equa¸ca˜o est´ a escrita em termos dos componentes covariantes de T ∗ e T , logo i1 , i2 , j1 , j2 = 1, . . . , d, sendo d a dimens˜a o de V . Note que a u ´ ltima igualdade da segunda equa¸c˜ao ´e devida ao uso do coment´ ario 1.2.16, sobre transposi¸ca˜o de tensor de segunda ordem. n De um modo geral, para n > 0 e M V tem-se
∈ ⊗
M ∗ = Q ∗ [M ]
e
M i∗1 ...in = Q i1j1 . . . Qinjn M j1 ... jn , 105
(2.66)
onde a segunda equa¸ca˜o, em termos de componentes, ´e uma generaliza¸ c˜ao da eq. 2.65. A segunda, entre as eqs. 2.66, evidentemente indica que, para um espa¸co vetorial V de dimens˜ao trˆes, pode-se efetuar inicialmente a soma Qin1M j1 ... jn
1 1
−
+ Qin2 M j1 ... jn
1 2
−
+ Qin3 M j1 ... jn
1 3
−
= (QM ) j1 ...jn
1 in
−
,
seguida da soma Qin1 1 (QM ) j1 ... jn (Q2 M ) j1 ... jn
2 1 in
−
−
2 in−1 in
−
+ Qin2 1 (QM ) j1 ...jn
2 2 in
−
−
+ Qin3 1 (QM ) j1 ... jn −
2 3 in
−
=
e assim sucessivamente at´e a` soma
Qi11 (Qn−1 M )1 i2 ,...i n + Qi12 (Qn−1 M )2 i2 ,...i n + Qi13 (Qn−1 M )3 i2 ,...i n = (Qn M )i1 ... in = M i∗1 ... in , porque cada um dos ´ındices i1 . . . in e j1 . . . jn assume os valores 1, 2 e 3, podendo o tensor tridimensional de segunda ordem Q(t) ser representado por uma matriz quadrada de dimens˜ ao trˆes. Por outro lado, para n = 0 a eq. 2.61 mostra que, se um escalar for aplicado ao ponto x, o mesmo escalar ser´ a aplicado a x∗ . Logo, para n = 0 tem-se e (2.67) Q∗ : Q∗ = 1.
→
As eqs. 2.66 (n > 0) e 2.67 (n = 0) comp˜oem a defini¸ca˜o matem´ atica completa da fun¸ca˜o ∗ linear induzida Q . Se Φ for o conjunto de todas as estruturas referenciais, pode-se definir a fun¸ c˜ao n
→⊗ V , denominada observ´avel, cujo argumento, φ ∈ Φ, ´e alguma estrutura referencial e cuja imagem, f (φ) ∈ ⊗ V , ´e o valor do observ´ avel f registrado pela estrutura φ. Note que f : Φ
n
esta defini¸ca˜o de observ´ avel considera que todas as imagens f (φ) perten¸cam ao mesmo espa¸co tensorial de ordem n, qualquer que seja a estrutura referencial escolhida. Isto ´e uma generaliza¸ca˜o do fato de que, para uma transforma¸ c˜ao euclideana, tanto o argumento ∗ como a imagem de Q pertencem, sempre, ao mesmo espa¸co de ordem n. O conjunto de todas as transforma¸ co˜es euclideanas ´e chamado classe euclideana, representada por Σ. Seja Ψ uma sub-classe pertencente a Σ. O observ´ avel f ´e dito indiferente `a estrutura referencial em Ψ, ou invariante `a altera¸c˜ao de estrutura referencial em Ψ, se f (φ∗ ) = Q ∗ f (φ) (2.68) sempre que a mudan¸ca entre estruturas referenciais pertencer a Ψ. Em palavras, o n observ´avel f ´e dito indiferente a` estrutura referencial em Ψ se suas imagens em V se transformarem uma na outra de modo coerente com a eq. 2.61. Se Ψ = Σ diz-se que f ´e indiferente a` estrutura referencial, ou invariante a` mudan¸ca de estrutura referencial, ou objetivo, sob transforma¸ca˜o euclideana. Especificamente, um escalar s, um vetor u e um tensor de segunda ordem T s˜ao objetivos quando
⊗
s∗ (t∗ ) = s(t) ,
u∗ (t∗ ) = Q(t)u(t)
e
T ∗ (t∗ ) = Q(t)T (t)QT (t).
(2.69)
Como exemplo de grandezas objetivas temos escalares, vetores e tensores associados a pontos do corpo , conforme considerado para a dedu¸ca˜o da defini¸ca˜o matem´ atica ∗ completa da fun¸c˜ao linear induzida Q . Como exemplo de grandezas n˜ ao objetivas, pode-se citar grandezas relacionadas ao movimento, conforme ser´ a mostrado na pr´ oxima subse¸ca˜o. Pode-se, tamb´ em, mostrar que n˜ ao s˜ao objetivos os vetores axiais associados a tensores antissim´etricos ob jetivos.
B
106
2.6.2
Transforma¸co ˜es Galileiana e R´ıgida Independente de t
··
De acordo com a subse¸ca˜o 2.4.1, o movimento ´e dado pela fun¸ c˜ao χ( , ), a qual ´e uma sequˆencia temporal de configura¸c˜oes do corpo tal que x = χ(X, t), onde t ,X e x . De acordo com a subse¸ca˜o 2.6.1, seja uma mudan¸ca de estrutura referencial de φ para φ∗ . Na nova estrutura referencial o movimento ´e representado por χ∗ ( , ), tal que x∗ = χ ∗ (X, t∗ ), onde t∗ ,X e x∗ . A eq. 2.61 mostra, ent˜ao, que
B ∗
∈ E
∈
∈B
∈
··
∈ E
χ∗ (X, t∗ ) = Q(t)(χ(X, t)
∈B
∗
− x ) + c(t) e t = t + a . (2.70) Note que a eq. 2.70 pressup˜oe que o tempo, em W , seja definido a menos de uma cons◦
tante aditiva. De fato, os argumentos de χ e χ∗ s˜ao conjuntos ponto corporal-instante que diferem entre si apenas pela constante aditiva temporal permitida pela transforma¸ c˜ao euclideana. Em outras palavras, cada estrutura referencial pressup˜ oe que seus registros temporais coincidam com os correspondentes valores do tempo em e todas as estruturas referenciais consideradas s˜ ao interlig´ aveis por meio de transforma¸ca˜o euclideana. As eqs. 2.27 e 2.28 respectivamente definiram os vetores velocidade e acelera¸ c˜ao como derivadas parciais temporais referentes a um ponto fixo da imagem da configura¸ c˜ao referencial, porque esta era considerada u´nica. Por´em, na pr´oxima subse¸ca˜o ser´ a considerada a altera¸c˜ao da configura¸ca˜o referencial causada por uma altera¸ ca˜o de estrutura referencial. N˜ao sendo u´nica a configura¸c˜ao referencial, conv´em propor defini¸ co˜es mais fundamentais para os vetores velocidade e acelera¸ca˜o, ou seja, conv´em considerar um ponto fixo do corpo , ao inv´es de um ponto fixo da imagem da configura¸ c˜ao referencial. Por outro lado, de acordo com a subse¸c˜ao 2.4.2, na descri¸ca˜o material esta derivada parcial pode ser anotada x˙ , o que tamb´em ser´a feito quando o ponto fixo pertencer ao corpo . Calculando a derivada parcial da eq. 2.70 tem-se, ent˜ ao,
W
B
B
∂χ ∗ (X, t∗ ) ˙ x = Q( x˙ = ∗ ∂t ∗
− x ) + Qx˙ + c˙
x˙ ∗
ou
◦
∗
− Qx˙ = Ω (x − c) + c˙ , (2.71)
˙ x x ◦ ) = QQ ˙ T Q(x x ◦ ) = QQ ˙ T (x∗ c ) = Ω (x∗ c ), sendo a primeira porque Q( igualdade devida ao fato de Q ser ortogonal, a segunda devido a` aplica¸c˜ao da eq. 2.70 e a terceira a` defini¸ca˜o T ˙ (t), (2.72) Ω (t) = Q(t)Q
−
−
−
−
onde Ω (t) ´e denominado o tensor velocidade angular de φ∗ em rela¸c˜ao a φ. Derivando T T T ˙ ˙ ˙ Q(t)QT (t) = 1 obt´em-se Q(t)Q (t) + Q(t)Q˙ T (t) = 0 ou Q(t)Q (t) + (Q(t)Q (t))T = 0 ou, usando a eq. 2.72, Ω T = Ω , (2.73)
−
logo Ω ´e antissim´etrico. Derivando a segunda entre as duas eqs. 2.71 obt´em-se
− Q¨x = Q˙ x˙ + Ω (x˙ − c˙ ) + Ω ˙ (x − c) + ¨c . Qx˙ = Ω (x˙ − Ω (x − c) − c˙ ), onde a primeira igualdade ´e devida a` ¨∗ x
∗
∗
∗ ∗ ˙ T Tem-se Q˙ x˙ = QQ ortogonalidade de Q e a segunda ´e devida, conjuntamente, a` eq. 2.72 e `a segunda entre as eqs. 2.71. Substituindo Q˙ x˙ = Ω (x˙ ∗ c˙ ) Ω 2 (x∗ c) na u´ltima equa¸ca˜o destacada obt´em-se ˙ ¨ ∗ Q¨ x x = ¨c + 2Ω (x˙ ∗ c˙ ) + ( Ω Ω 2 )(x∗ c) . (2.74)
−
− − − 107
− −
−
Note que, de acordo com a segunda entre as eqs. 2.69, tanto a segunda entre as eqs. 2.71, quanto a eq. 2.74, deveriam apresentar o segundo membro nulo caso, respectivamente, a velocidade e a acelera¸ca˜o fossem vetores objetivos. Mas a eq. 2.72 mostra que, se Q(t) for uma fun¸c˜ao constante do tempo, Ω = 0. Se, al´em disto, c(t) for uma fun¸ca˜o linear no tempo, a eq. 2.74 mostra que a acelera¸ca˜o ser´ a um tensor objetivo. Tal mudan¸ ca de estrutura referencial ´e chamada transforma¸ca ˜o galileiana, dada por
x∗ = Q(x
∗
(2.75) − x ) + Vt + c e t = t + a , onde a ∈ , (x , c ) ∈ E , Q ∈ O (V ) e V ∈ V . Al´em disto, a, x , c , Q e V s˜ao, ◦
◦
◦
◦
◦
◦
todas elas, fun¸co˜es constantes do tempo. Por´em, embora a acelera¸c˜ao seja indiferente a` mudan¸ca galileiana de estrutura referencial, a segunda entre as eqs. 2.71 mostra que a velocidade n˜ ao ´e objetiva nem em rela¸ca˜o `a transforma¸ca˜o galileiana. De fato, a velocidade apenas ´e indiferente a` transforma¸ca ˜o r´ıgida independente do tempo entre estruturas referenciais, definida por
x∗ = Q(x
−x )+c ◦
◦
t∗ = t + a ,
e
(2.76)
onde valem para a, x◦ , c◦ e Q os mesmos coment´ a rios feitos para o caso da transforma¸c˜ao galileiana.
2.6.3
Aplica¸co ˜es para Grandezas Cinem´ aticas
A configura¸c˜ao referencial, κ, correspondente a` estrutura referencial φ ´e grafada κφ e coincide com a configura¸ca˜o corrente de registrada pela estrutura referencial φ no instante t◦ . Tem-se, ent˜ao,
B
X = κ φ (X) = χ(X, t◦ )
e
X∗ = κ φ (X) = χ ∗(X, t∗◦ ).
∗
(2.77)
Mas, de acordo com a primeira entre as eqs. 2.70, χ∗ (X, t∗◦ ) = Q(t◦ )(χ(X, t◦ )
− x ) + c(t ) , logo ◦
◦
X∗ = Q(t◦ )(X
− x ) + c(t ). ◦
◦
Fazendo K = Q(t◦ ) um tensor ortogonal de segunda ordem e c◦ = c(t◦ ) um ponto, ambos independentes de t, obt´em-se a express˜ ao, para a transforma¸c˜ao euclideana de um ponto da imagem da configura¸c˜ao referencial, 1 X∗ = κφ (κ− φ (X)) = K (X ∗
−x )+c ◦
◦.
(2.78)
Note que a eq. 2.78 implica em que, definida a configura¸ c˜ao referencial κφ , est˜ao definidas as configura¸c˜oes referenciais correspondente a todas as estruturas referenciais obtidas por transforma¸ca˜o euclideana de φ. De acordo com as eqs. 2.26, em termos de deforma¸ c˜oes o movimento, nas duas estruturas referenciais, pode ser respectivamente representado por χκ ( , ), logo x = χ κ (X, t) e χ∗κ ( , ), logo x∗ = χ∗κ (X∗ , t∗ ). Portanto, usando-se a primeira entre as duas eqs. 2.61 tem-se χ∗κ (X∗ , t∗ ) = Q(t)(χκ (X, t) x◦ ) + c(t) .
··
··
−
108
Definindo F κ∗ (X∗ , t∗ ) =
∗
∗
∇X χ (·, t ) em analogia a F (X, t) = ∇X χ (·, t) (eq. 2.29), con(κ (·))) = K de acordo com a eq. 2.78 e lembrando que K = ∗
κ
κ
κ
−1
T
∇X (κ K , a aplica¸ca˜o de ∇ a` u ´ltima equa¸c˜ao destacada produz, por meio do uso em seu priX meiro membro da express˜ ao χ (X , t ) = χ (κ (κ (X)), t ), logo ∇ χ (κ (κ (·)), t ) X = ∇ χ (·, t )∇ (κ (κ (·))), deduzida a partir do coment´ ario 1.3.5, sobre diferenX X siderando que
φ∗
−1
φ
∗
κ
∗
∗
κ
∗
φ∗
∗
∗
∗
φ∗
κ
−1
∗
φ
∗
κ
−1
φ∗
∗
φ
−1 φ
cia¸c˜ao em cadeia,
F κ∗ (X∗ , t∗ ) = Q(t)F κ (X, t)K T , ou, simplificadamente, F ∗ = QF K T .
(2.79)
Comparando a eq. 2.79 com a terceira entre as eqs. 2.69 percebe-se que o gradiente de deforma¸ca˜ o n˜ ao ´e um tensor de segunda ordem objetivo, em rela¸ c˜ao a` transforma¸ca˜o euclideana. De acordo com o teorema 1.2.10 (decomposi¸c˜ao polar), F = RU = V R e F ∗ = ca˜o positiva, R∗ U ∗ = V ∗ R∗ , sendo V , U , V ∗ e U ∗ bem determinados, sim´etricos e de defini¸ ∗ enquanto que R e R s˜ao bem determinados e ortogonais (veja as eqs. 2.11). A eq. 2.79 mostra, ent˜ ao, que R∗ U ∗ = F ∗ = QRUK T = QRK T KUK T e V ∗ R∗ = F ∗ = QV RK T = QV QT QRK T , logo
R∗ = QRK T ,
U ∗ = K UK T
e
V ∗ = QV QT .
(2.80)
Porque as eqs. 2.13 mostram que C = U 2 e B = V 2, tem-se tamb´em que C ∗ = KCK T
e
B ∗ = QBQT .
(2.81)
Comparando as eqs. 2.80 e 2.81 com a terceira entre as eqs. 2.69 percebe-se que o tensor de rota¸ca˜o R, o tensor de estiramento direito U e o tensor direito de Cauchy-Green C n˜a o s˜ao tensores de segunda ordem objetivos, em rela¸ c˜ao a` transforma¸c˜ao euclideana, enquanto que o tensor de estiramento esquerdo V e tensor esquerdo de Cauchy-Green B s˜ao objetivos em rela¸c˜ao a esta transforma¸ca˜o. Derivando a eq. 2.79 em rela¸c˜ao ao tempo obt´em-se ˙ ∗ = Q F˙ K T + QF ˙ K T . F ˙ = LF , que substitu´ıdo na u´ltima equa¸ca˜o Considerando as eqs. 2.34 e 2.49 tem-se F destacada produz ˙ K T = QLQT QF K T + QQ ˙ T QF K T = QLQT F ∗ + QQ ˙ T F ∗ , L∗ F ∗ = QLFK T + QF devendo-se a u´ltima igualdade a` eq. 2.79. P´os-multiplicando a u ´ltima equa¸c˜ao destacada ∗ −1 por (F ) e usando a eq. 2.72 obt´em-se, ent˜ ao, L∗ = QLQ T + Ω .
(2.82)
Considerando a decomposi¸ c˜ao de L em sua parte sim´etrica D (tensor estirante, eq. 2.52) e antissim´etrica W (tensor rotativo, eq. 2.53), tem-se L = D + W (eq. 2.51), portanto a eq. 2.82 pode ser escrita D∗ + W ∗ = Q(D + W )QT + Ω 109
de onde, separando os termos sim´etricos e antissim´etricos (a eq. 2.73 mostra que Ω ´e antissim´etrico), obt´em-se D∗ = QDQ T
e
W ∗ = QW QT + Ω .
(2.83)
Portanto, a terceira entre as eqs. 2.69 mostra que, enquanto que os tensores gradiente espacial da velocidade L e rotativo W n˜ao s˜ao objetivos em rela¸ca˜o a uma transforma¸ca˜o euclideana, o tensor estirante D ´e objetivo em rela¸c˜ao a esta transforma¸c˜ao. Seja u(x, t) um campo vetorial objetivo, em rela¸c˜ao a` transforma¸c˜ao euclideana. De acordo com a segunda entre as eqs. 2.69 tem-se, ent˜ ao,
u∗ (x∗ , t∗ ) = Q(t)u(x, t).
(2.84)
Lembrando que, de acordo com o in´ıcio da subse¸ c˜ao 2.6.1, : (x, t) (x∗ , t∗ ), tem-se u∗(x∗ , t∗ ) = u∗ ( (x, t)), logo x u∗ ( ( , t)) = x u∗ ( , t∗ ) x ( , t) = x u∗ ( , t∗ )Q(t) onde, para a pen´ ultima igualdade, foi utilizado o coment´ ario 1.3.5, sobre diferencia¸ca˜o em cadeia, enquanto que para a u´ltima foi usada a primeira entre as eqs. 2.61. Logo,
∗
∇
∗·
∇
∗
∗
∗
∗ → · ∇ ∗ · ∇
·
∗
∗
∇xu (∗(·, t)) = ∇x u (·, t )Q(t). Por outro lado, aplicando ∇x a` eq. 2.84 tem-se ∇xu (∗(·, t)) = Q(t)∇xu(·, t) ∗
∗
e, igualando os segundos membros das duas u´ltimas equa¸co˜es destacadas, obt´em-se ∗
∗
∇x u (·, t ) = Q(t)∇xu(·, t)Q ∗
T
(t), ou (gradu)∗ = Q(gradu)QT .
(2.85)
Portanto, se u(x, t) for um campo vetorial objetivo, gradu ser´a um campo tensorial de segunda ordem objetivo. Analogamente, demonstra-se que, se f for um campo tensorial objetivo de grau n, ent˜ao gradf ser´a um campo tensorial objetivo de grau n + 1. Mas a eq. 2.84 mostra que a derivada ∂ ∂tu n˜ao ´e objetiva. Por outro lado, reescrevendo a eq. 2.84 na configura¸ c˜ao referencial, u∗ (X∗ , t∗ ) = Q(t)u(X, t) e calculando tanto a derivada temporal, quanto o gradiente em rela¸ c˜ao a X , obt´em-se u˙ ∗ = Q u˙ + Q˙ u e (Gradu)∗ = Q(Gradu)K T , (2.86) onde
∇X (κ
−1
φ∗ (κφ
·
( ))) = K , de acordo com a eq. 2.78. Portanto, embora u(X, t) seja
um vetor objetivo em rela¸ca˜o a` transforma¸ca˜o euclideana, tanto a sua derivada temporal material, que ´e o vetor u˙ , quanto o tensor de segunda ordem Gradu, n˜ao s˜ao objetivos em rela¸ca˜o a esta transforma¸c˜ao. Seja, agora, um campo escalar objetivo ψ, logo ψ ∗ = ψ, de acordo com a primeira entre as eqs. 2.69. Obt´em-se, de modo an´ alogo ao efetuado para o campo vetorial u , que ψ˙ ∗ = ψ˙ , (gradψ)∗ = Q(gradψ)
e
(Gradψ)∗ = K (Gradψ),
(2.87)
˙ gradψ s˜ao objetivos em rela¸c˜ao a` transforma¸ca˜o euclideana, enquanto que portanto ψ e Gradψ n˜ao ´e objetivo em rela¸ca˜o a esta transforma¸ca˜o. 110
2.6.4
Derivada Temporal Corotacional
A derivada temporal corotacional de um campo vetorial pode ser definida por 1 ◦ u= lim (u(t + h) h→0 h
− P (t + h)u(t)),
(2.88)
→
onde a transforma¸c˜ao linear P : V V ´e o tensor de rota¸c˜ao relativa Rt apresentado na se¸ca˜o 2.5.2, ou seja, onde imp˜oe-se P (τ ) = Rt (x, τ ). Portanto, P (t + h) aplica ao vetor u(t) a tendˆencia de rota¸ca˜o existente no ponto x = χ(t) (x, t + h) (eq. 2.41) que corresponde ao instante t + h, relativa ao ponto x no instante t. O vetor resultante ´e subtra´ıdo do vetor u (t + h). Mas, ao se fazer h 0, tende-se ao mesmo instante e ponto, ◦ indicando u a velocidade de altera¸ca˜o do vetor u em rela¸c˜ao a` sua velocidade de rota¸ca˜o devida ao movimento do corpo. Como R t (x, t + h) = R t (x, t) + hR˙ t (x, t) + o(2) (defini¸ca˜o de derivada), Rt (t) = 1 (subse¸c˜ao 2.5.2) e R˙ t (t) = W (t) (eq. 2.53), a eq. 2.88 pode ser escrita 1 ◦ ou u= lim (u(t + h) u(t) hW (t)u(t)) , h→0 h
→
−
◦
−
u= u˙
− W u
(2.89)
A eq. 2.89 indica, portanto, que a derivada temporal corotacional de um campo vetorial ´e a diferen¸ca entre a derivada temporal do campo e o resultado da aplica¸ c˜ao do tensor rotativo ao campo vetorial (nesta equa¸ca˜o, evidentemente todos os termos se referem ao mesmo instante e ao mesmo ponto). Se o campo vetorial u for objetivo em rela¸ca˜o a` transforma¸ca˜o euclideana, ent˜ ao, de acordo com a segunda entre as eqs. 2.69, ∗ oes e a segunda entre u∗(t∗ ) = Q(t)u(t) e u˙ = Q˙ u + Qu˙ . Usando estas duas express˜ ◦∗ as eqs. 2.83 obt´em-se u = u˙ ∗ W ∗ u∗ = Q˙ u + Qu˙ (QW QT + Ω )Qu. De acordo com ˙ T , logo Ω Qu = QQ ˙ T Qu = Q˙ u, porque Q e´ ortogonal. Substituindo a eq. 2.72, Ω = QQ ◦∗ ◦∗ este resultado na express˜ a o de u obt´em-se u = Q(u˙ W u) ou, usando a eq. 2.89,
−
−
−
◦∗
◦
u = Q u . Au ´ ltima equa¸c˜ao destacada mostra que, se o campo vetorial u for objetivo em rela¸ca˜o `a transforma¸ca˜o euclideana, sua derivada temporal corotacional tamb´ em ser´ a um campo vetorial objetivo. Define-se, tamb´em, a derivada temporal corotacional de um campo tensorial de segunda ordem, S , por meio da equa¸ca˜o ◦
1 (S (t + h) h→0 h
S (t) = lim
T
− P (t + h)S (t)P (t + h))
(2.90)
e prova-se que impor P (τ ) = R t (x, τ ), na eq. 2.90, implica em que ◦
˙ S = S
− W S + SW . ◦
A partir da u´ltima equa¸ca˜o destacada demonstra-se que, se S for ob jetivo, S ser´a ob jetivo.
111
Cap´ıtulo 3 Balanceamento 3.1
Equa¸c˜ oes de Balanceamento
3.1.1
Equa¸co ˜es de Balanceamento na Configura¸c˜ ao Corrente
A forma integral para balanceamento cl´ assico na configura¸ ca ˜o corrente, de qualquer grandeza material ψ, ´e d dt
P t
ψ dv =
∂ Pt
Φ ψ [n] da +
P t
σψ dv .
(3.1)
Na eq. 3.1: 1.
P ⊂ B, sendo P a imagem da configura¸ca˜o corrente de P no instante t e impondose que P seja regular (o significado de regular ´e apresentado na defini¸ c˜ao de classe C 1.3.7). O s´ımbolo ∂ P representa a superf´ıcie que separa P do restante de B . Note que, embora a regi˜ao P varie com o tempo, ela sempre corresponde aos mesmos pontos materiais X ∈ B , qualquer que seja o instante t, analogamente ocorrendo com ∂ P . Por isto, P e ∂ P s˜ao respectivamente denominadas imagens t
t
k
t
t
t
t
t
t
t
da configura¸ca˜o corrente de uma regi˜ao material e de uma superf´ıcie material, enquanto que dtd P t ψ dv ´e a derivada u´nica de uma fun¸ca˜o temporal.
2. v representa volume, a simboliza ´area e n (x, t) ´e um campo vetorial de norma igual `a unidade, perpendicular a ∂ t e que aponta para fora da regi˜ ao t .
P
P
3. A descri¸c˜ao espacial (subse¸ c˜ao 2.4.2) ψ(x, t) e o seu suprimento mecˆanicocl´ assico dentro de t , simbolizado σψ (x, t), s˜ao campos tensoriais de ordem m, anico-cl´ assico de ψ(x, t) atrav´es de ∂ t , representado enquanto que o fluxo mecˆ por Φ ψ (x, t), ´e um campo tensorial de ordem m +1. Como indicam seus nomes, suprimentos e fluxos mecˆ anico-cl´assicos s˜ao explicados por meio de modelos cl´ assicos do comportamento da mat´eria.
P
P
4. A aplica¸c˜ao de Φ ψ a n ´e descrita na nota¸ ca˜o para aplica¸c˜ao de tensor a tensor 1.2.6. 5. Existem fluxos e suprimentos mecˆ anico-estat´ısticos, os quais s˜ao explicados por meio de modelos estat´ısticos do comportamento da mat´eria, mas eles n˜ ao aparecem na eq. 3.1. Eles apareceriam, como parcelas aditivas, no segundo membro dela, o 112
que a tornaria mais abrangente. Mas este texto limita-se ao enfoque cl´ assico da mat´eria. Como exemplos de fluxos e suprimentos mecˆ anico-cl´assicos pode-se citar o fluxo de massa (por defini¸ c˜ao, inexiste suprimento mecˆ anico-cl´assico de massa), bem como fluxos e suprimentos de momento linear, momento angular, energia cin´etica, energia interna e energia total. Como exemplo de fluxo mecˆ anico-estat´ıstico podese mencionar o fluxo difusivo, para o caso de solu¸c˜oes com ou sem rea¸c˜ao qu´ımica e, como exemplo de suprimento mecˆ anico-estat´ıstico, pode-se lembrar suprimentos de massa de esp´ecies qu´ımicas distintas, decorrentes de rea¸ c˜oes qu´ımicas.
P
A eq. 3.1 mostra que, no instante t e em t , a velocidade de altera¸c˜ao da grandeza d e o resultado da adi¸ca˜o de duas parcelas: P t ψ dv, dada por dt P t ψ dv , ´
P no instante t, atrav´es de ∂ P , dada por
a velocidade de ingresso ou egresso de ψ em e ∂ Pt Φ ψ nda
t
t
P
a velocidade de cria¸c˜ao ou aniquila¸c˜a o de ψ em t no instante t, dada por P t σψ dv, onde o suprimento σψ pode ser devido a fontes externas e tamb´em internas, estas u ´ ltimas causadas pelo movimento do corpo. S˜ao chamadas conservativas as grandezas para as quais os correspondentes suprimentos s˜ ao devidos exclusivamente a fontes externas. Esta denomina¸ c˜ao prov´em do fato de que, quando isto acontecer, para qualquer regi˜ ao material isolada (separada do restante do corpo por meio de uma superf´ıcie material ∂ imperme´ avel a` mat´eria e a` energia) ocorrer´ a a conserva¸ca˜o de P t ψ dv . A lei cl´ assica de conserva¸c˜ ao de P t ψ dv ´e um conjunto de condi¸ co˜es suficiente para que
B
∀x ∈ ∂ P , ∀x ∈ P ,
P
P
Φ ψ (x, t) = 0 e
σψ (x, t) = 0.
Entretanto, poderiam ser criados v´ınculos entre parcelas de Φ ψ e σψ que garantissem a conserva¸c˜ao temporal de P t ψ dv sem que se tivesse Φ ψ = σψ = 0 na eq. 3.1, ou seja, a lei cl´assica de conserva¸c˜ao poderia n˜ ao ser necess´ aria para que ocorresse a conserva¸ca˜o de P t ψ dv . Por outro lado, se existirem fluxos ou suprimentos mecˆ anico-estat´ısticos, impor Φ ψ = σψ = 0 na eq. 3.1 pode ser insuficiente para que ocorra a conserva¸ c˜ao de P t ψ dv. Neste caso, a lei cl´assica de conserva¸c˜ao dever´ a ser substitu´ıda por outra lei, n˜ ao apenas cl´ assica, que seja suficiente para garantir a mencionada conserva¸ c˜ao. Por´em, s´o quando a grandeza a alguma lei de conserva¸ca˜o (apenas cl´ assica ou n˜ao), ou seja, φ for conservativa existir´ s´o quando n˜ao existirem fontes internas de suprimento para φ. O teorema de transporte coloca que
d dt V (t)
∂ψ ψ dv = dv + V V ∂t
∂V
ψ un da ,
onde
(3.2)
⊂ E|V (t) ´e regular, ∂V (t) ´e a superf´ıcie que separa V (t) do restante de E e x n˜ao mais simboliza a representa¸c˜ao corrente do ponto X do corpo B , mas apenas um ponto pertencente ao subconjunto V (t) do espa¸co euclideano de pontos. 113
v representa volume, a simboliza area ´a rea e o escalar un (x, t) ´e a norma do componente, perpendicular a` supe su perf´ rf´ıcie ıc ie ∂V ( ∂V (t), do vetor velocidade de um ponto x ∂V ∂ V ((t). Tal norma ser´ a afetada por sinal positivo quando o componente for dirigido para fora de V ( V (t) e por sinal negativo em caso contr´ ario. ario.
∈
ψ (x, t) ´e um campo tensorial suave (o significado de suave ´e apresentado na defini¸ c˜ao ao k de classe C 1.3.7) para todo ponto interior a V ( V (t) (logo, ψ (x, t) n˜ ao ao precisa ser suave para todo ponto em ∂V ( ∂V (t)). Deve-se Deve-se notar que o teorema de transporte ´e uma vers˜ versao ˜ tridimensional da conhecida f´ ormula ormula de Laplace do c´alculo, alculo, d dt
f (t)
g (t)
ψ (x, t)dx = dx =
f (t)
g (t)
∂ψ dx + ψ(f ( f (t), t)f ( f ˙(t) ∂t
− ψ(g(t), t)g˙ (t) ,
(3.3)
onde ψ onde ψ((x, t) precisa ser suave no intervalo aberto (defini¸ c˜ cao a˜o de subconjunto aberto 1.3.1) (g (t), f ( ao se exigindo suavidade nos pontos terminais do intervalo, g intervalo, g((t) e f ( f (t)), n˜ao f (t). No caso particular de V ( V (t) ser uma imagem t de uma regi˜ao ao material, como a superf´ superf´ıcie
P
∂V ( ∂V (t) ser´ a imagem de uma superf´ superf´ıcie material ter-se-´ a un (x, t) = x˙ (x, t) n(x, t), onde c˜ao a o corrente do ponto X do corpo e x˙ ´e o vetor vet or x voltou a simbolizar a representa¸c˜ veloci velocidade dade definid definidoo pela eq. 2.27. 2.27. Neste Neste caso, a eq. 3.2 pode ser escrita, escrita, utilizando utilizando a descri¸c˜ cao ˜ao espacial (subse¸c˜ cao ˜ao 2.4.2) da grandeza ψ , o que exige o uso das imagens das configura¸c˜ coes o˜es correntes da regi˜ ao ao e da superf´ superf´ıcie material, respectivamente t e ∂ t ,
B
d dt
P t
ψ dv = dv =
P t
∂ψ dv + dv + ∂t
Pt ∂ P
·
P
·
ψ (x˙ n) da .
P P
(3.4)
Como um exemplo de aplica¸c˜ cao a˜o da eq. 3.4 suponha ψ = 1, o que reduz esta equa¸c˜ cao a˜o a
d x˙ n da . dv = dv = dt P t ∂ P Pt Definindo V Definindo V ((t) = P t dv e lembrando o item 2 do teorema 1.3.3 (teorema (teore ma da divergˆ encia) encia) tem-se, ent˜ao, ao, dV = div x˙ dv . (3.5) dt P t Se o movimento for inco se in comp mpre ress´ ss´ıvel ıvel, ou seja, se o volume de qualquer parte de mantiver constante durante o movimento, ent˜ ao, ao, como o integrando integra ndo ´e cont´ cont´ınuo (sup˜ oeoese que o vetor acelera¸c˜ cao a˜o possa ser definido), de acordo com o teorema 1.3.4 (fun¸c˜ cao a˜o identicamente nula em ) a divergˆ encia encia da velocidade dever´ a ser nula, ou seja,
·
P
E
div x˙ = 0.
(3.6)
Note que, ao contr´ ario do que ocorre para a eq. 3.1, a satisfa¸c˜ ario cao ˜ao da eq. 3.2 exige que ψ (x, t) seja um campo tensorial suave para todo ponto interior a` regi˜ ao ao de integra¸c˜ cao a˜o V ( V (t). Esta exigˆencia, encia, evidentement evidentemente, e, persiste para a eq. 3.4, no que se refere a` regi˜ ao ao de integra¸c˜ cao a˜o t , embo e mbora ra o s´ımbolo ımb olo t represente qualquer regi˜ ao regular que seja imagem ao de uma regi˜ ao ao material, ou seja, embora este s´ımbolo n˜ ao ao informe sobre esta exigˆencia encia adicional. adicio nal. Suponha Sup onha agora ag ora que, que , ao inv´es es de ψ de ψ((x, t) ser um campo tensorial tensorial suave suave para todo ponto interior a t , ele sofresse uma descontinuidade desc ontinuidade finita nos pontos p ontos de uma superf sup erf´´ıcie
P
P
P
114
orientada , interior a t , a qual, de acordo com a defini¸c˜ c˜ao ao de classe C k 1.3.7, seria portanto uma superf´ superf´ıcie singular em rela¸ c˜ cao ˜ao ao campo tensorial ψ (x, t). Neste caso, em o campo sofreria a descontinuidade finita o
S
P
S
+
= ψ − ψ ψ = ψ
−
(3.7)
sendo, em cada ponto x , ψ + (x) e ψ − (x) os valores limites do campo, dos dois lados de . Seja uma uma especial regi˜ ao ao t com, no m´aximo, aximo, uma descontinuidade finita de campos tensoriais sobre uma unica u´nica superf´ sup erf´ıcie ıcie interna . Imponha-se, portanto, que todos os campos tensoriais considerados sejam suaves suaves em . Embora seja seja uma regi˜ ao ao t especial, ainda ainda n˜ao ao ´e suficiente su ficientemente mente espec esp ec´´ıfica para garantir gara ntir que q ue a eq. 3.4 3 .4 seja se ja aplic´ a plic´ avel. Por´em, em, assim como co mo a eq. 3.4 foi escrita esc rita usando-se t e admitindo-se uma restri¸c˜ c˜ao ao adicional n˜ao ao explicitada explicitada neste s´ımbolo, ımbolo, nada impede que ela seja grafada usando-se e admitindo-se uma an´ aloga aloga restri¸c˜ c˜ao ao adicional. + Considere que o limite ψ aconte¸ca ca na subregi˜ ao ao + e que o limite ψ− esteja na subregi˜ao ao − . N˜ao ao se imp˜oe oe que a sup s uperf´ erf´ıcie ıci e seja seja material. Portanto, Portanto, os pontos do corpo correspondentes correspondentes a` descontinu descontinuidade idade finita de ψ de ψ((x, t) n˜ao ao precisam ser os mesmos em cada momento, ao contr´ ario do que ocorre com os pontos de ∂ . Logo, ario Logo, o escalar escalar velocida velocidade de un (x, t), com que cada ponto de se se move, n˜ ao ao precisa ser x˙ n. A super sup erff´ıcie ıc ie ´ ´e orie or ient ntad adaa de modo a que u que un (x, t) seja positivo quando o correspondente vetor velocidade for dirigido + para . Nestas condi¸c˜ c˜oes, oes, o teorema de transporte pode ser aplicado separadamente as ` − + duas subregi˜ oes oes e , obtendo-se respectivamente
∈ S
S V
P
S V − S P
V
V
V
V
V
S
V V ·
S
V
d dt d dt
V
V +
V
−
V
ψ dv = ψ dv =
V +
V
−
P
∂ψ dv + dv + ∂t ∂ψ dv + dv + ∂t
V )+ (∂ V
V ) (∂ V
−
· ψ (x˙ · n) da +
ψ (x˙ n) da +
S
S
S
ψ + ( un )da,
−
e
ψ − un da .
Somando estas duas igualdades e usando usand o a eq. 3.7 obt´em-se em-se d dt
∂ψ ψ dv = dv + dv + V V ∂t
∂ V V
ψ (x˙ n) da
·
− S
ψ un da .
(3.8)
Evidentemen Evidentemente, te, a eq. 3.4 pode ser considerada considerada um caso particular da eq. 3.8, espec´ espec´ıfico para ψ = 0. Igualando os segundos membros das eqs. 3.1 e 3.8, para uma regi˜ ao ao contendo contendo uma superf´ sup erf´ıcie ıci e singul sin gular ar tem-se
S
∂ψ dv + dv + V ∂t
V
∂ V V
·
ψ (x˙ n) da
− S
ψ un da = da =
∂ V V
Φ ψ [n] da +
V
σψ dv . (3.9)
Restrinja-se, a partir de agora e at´e a` eq. 3.11 inclusive, a defini¸c˜ c˜ao ao de ψ de ψ de modo a que ou ψ e σψ sejam escalares, portanto ψ (x˙ n) = (ψ x˙ ) n e Φ ψ [n] = Φ ψ n, logo ψ x˙ e Φ ψ sejam vetores que, na eq. 3.9, fazem produto interno com o vetor n,
·
·
·
⊗
·
ou ψ e σψ sejam vetores, vetores, portanto ψ (x˙ n) = (ψ x˙ )(n) (defini¸c˜ cao a˜o de produto tensorial de vetores ou tensor simples 1.2.12) e Φ ψ [n] = Φ ψ (n), logo ψ x˙ e Φ ψ sejam tensores de segunda ordem que, na eq. 3.9, s˜ ao ao aplicados ao vetor n . 115
⊗
No primeiro prime iro caso, ´e aplic´avel avel o item 2 do teorema t eorema 1.3.3 (teorema (t eorema da divergˆ d ivergˆ encia) encia) as ` duas integrais sobre ∂ da eq. 3.9, enquanto enquanto que, no segundo caso, ´e aplic´ avel o item 3 do mesmo teorema, as a`s mesmas me smas integrais. integra is. Obt´em-se em-se ent˜ ao, ao, respectivamente,
V V
V
∂ψ + div(ψ div(ψ x˙ ∂t
V
∂ψ + div(ψ div(ψ ∂t
− Φ ) ψ
− − σψ dv =
⊗ x˙ − Φ )
S
σψ dv =
ψ
ψ un da e
S
ψ un da .
Lembrando que todo ponto regular r egular ´e um ponto interno de uma regi˜ ao cons c onstit titu u´ıda apena ap enass por pontos regulares, seja R uma uma regi˜ ao formada exclusivamente por pontos reguao lares e seja x ao, ao, para R R qualquer um dos pontos regulares pertencentes a . Ent˜ as duas ultimas u ´ ltimas equa¸c˜ coes o˜es destacadas respectivamente indicam que
V ⊂ V
∈ V
V
V R
∂ψ + div(ψ div(ψ x˙ ∂t
V R
∂ψ + div(ψ div(ψ ∂t
− Φ ) − σ ψ
ψ
⊗ x˙ − Φ ) − σ ψ
V
dv = 0 e
ψ
dv = dv = 0.
(3.10)
A partir de agora apenas a eq. 3.10 ser´ a utilizada, porque convenciona-se que o s´ımbol bolo ψ
⊗ ˙ deve ser entendido como ψ ˙ , quando ψ for escalar, x
x
sendo ψ x˙ denominado fluxo convectivo de d e ψ . Como o integrando ´e cont´ cont´ınuo, de acordo com o teorema 1.3.4 (fun¸ c˜ ao ao identicamente nula em ) obt´em-se, em- se, ent˜ao, ao, a equa¸c˜ c˜ao ao de balanceamento em um ponto regular, tamb´em em c˜ ao ao de camp ca mpo o, chamada equa¸c˜
⊗ E
∂ψ + div(ψ div(ψ ∂t
⊗ x˙ − Φ ) − σ ψ
ψ
= 0.
(3.11)
Conforme a subse¸c˜ cao a˜o 3.1.1, a lei cl´assica assica de conserva¸c˜ c˜ao a o de P t ψ dv ´ dv ´e um conjunto conju nto de condi¸c˜ coes o˜es suficiente para que Φ ψ = σψ = 0, na eq. 3.1. Eviden Evidentem tement ente, e, em termos termos da eq. 3.11 esta lei pode ser descrita como um conjunto de condi¸c˜ coes o˜es suficiente para que, x tenha-se se divΦ ψ (x, t) = σ ψ (x, t) = 0. t , tenhaVolte, a partir de agora, a considerar que ψ (x, t) seja um campo tensorial de ordem arbitr´aria aria m e suponha um ponto singular qualquer x . Logo, Logo, imp˜ imp˜ oe-se oe-se apenas que , sendo uma superf´ıcie ıcie interna em na qual ψ , Φψ e σψ podem apresentar x descontinu descontinuidades idades finitas. Seja S uma uma regi˜ ao ao que cont´em em o ponto singular x e seja S s = S . Mantenha a area s a´rea s inalterada inalterada enquanto que o volume de S S S tende para zero, − + ou seja, fa¸ca ca (∂ S para s.. Deseja-se encontrar a forma para a qual S ) e (∂ S S ) tenderem para s tender´a a eq. 3.9, quando S limite. Para Para isto, isto, deve-se deve-se lembrar lembrar que o S tender para este limite. escalar un ´e positivo positivo quando o correspondente correspondente vetor velocidade for dirigido dirigido para + e deve-se impor que, no limite considerado, n tamb´em em seja dirigido dirig ido para + (ao contr´ ario ario de ser sempre dirigido para fora de S S , o que seria coerente com o segundo esclarecimento ap´os os a eq. 3.1 mas, no limite considerado, deixaria indeterminado o sentido de n). Para encontrar a desejada forma da eq. 3.9, ela deve ser discutida termo a termo:
∀ ∈ P
∈ S S V ∩ S V V
V ⊂ V
V
∈ V
V
V V V
V
V
116
V
V , obt´em-se que
1. Considerando que ∂ψ/∂t e σψ s˜ao finitos em
lim
V S →0 V S
∂ψ dv = lim V S →0 ∂t
V S
S
σψ dv = 0 .
2. Lembrando que χ κ (X, t) n˜ao precisa ser suave, embora precise ser cont´ınua, considere a possibilidade de que a descontinuidade finita do campo tensorial ψ, na a´rea s, por motivo f´ısico cause uma descontinuidade finita da velocidade x˙ nesta mesma ´area, dada por x˙ = x˙ + ˙x− (por exemplo, suponha que a a´rea s perten¸ca a uma frente de onda ac´ ustica que se propague num l´ıquido em movimento). Definindo ψ (x˙ n) = ψ + (x˙ + n) ψ − (x˙ − n) tem-se, ent˜ao,
− · −
·
lim
V S →0 ∂ VS
·
ψ (x˙ n) da =
s
·
+
+
[ψ (x˙
· n) − ψ
−
(x˙
−
· n)] da =
s
·
ψ (x˙ n) da .
3. Considerando que a descontinuidade finita do campo tensorial ψ, na ´area s, cause uma descontinuidade finita do campo tensorial fluxo de ψ, nesta mesma a´rea, grafada Φ ψ = Φ ψ+ Φ ψ− , tem-se
−
lim
V S →0 ∂ V S
Φ ψ [n] da =
s
(Φ ψ
−
+
− Φ ) [n] da = ψ
s
Φ ψ [n] da .
−
Lembrando que ψ = ψ +
− ψ e definindo ψ(x˙ · n − u ) = ((x˙ · n) − ψ +
n
+
− (ψ
un )
−
(x˙ − n)
· −ψ
−
un ) ,
a forma limite da eq. 3.9 pode ent˜ao ser escrita
{ s
ψ(x˙ n
· − u ) − Φ [n]} da = 0. n
ψ
(3.12)
Como o integrando ´e cont´ınuo, de acordo com o teorema 1.3.4 (fun¸ c˜ao identicamente nula em ) obt´em-se, ent˜ao, a equa¸ca˜o de balanceamento em um ponto singular, tamb´ em ao de Rankine-Hugoniot chamada equa¸c˜
E
ψ(x˙ · n − u ) − Φ [n] = 0 . n
ψ
Definindo os dois escalares velocidades locais de propaga¸c˜ ao, de corpo em movimento U ± = u n x˙ ± n ,
(3.13)
S em rela¸ca˜o ao
− ·
logo
ψ U = (ψ
+
un
−ψ
+
(x˙ + n))
·
− (ψ
−
un
−ψ
−
(x˙ − n)) =
·
(3.14)
−ψ(x˙ · n − u ) , n
a eq. 3.13 pode ser escrita
ψ U + Φ [n] = 0 . ψ
(3.15)
Conforme a subse¸ca˜o 3.1.1, a lei cl´assica de conserva¸c˜a o de P t ψ dv ´e um conjunto de condi¸co˜es suficiente para que Φ ψ = σψ = 0, na eq. 3.1. Evidentemente, em termos das eqs. 3.13 e 3.15 esta lei pode ser descrita de igual modo. Se for uma superf´ıcie material ter-se-´a x˙ ± = x˙ . Al´ em disto, conforme j´a afirmado logo ap´ o s a eq. 3.3, neste caso un = x˙ n. Portanto, de acordo com a eq. 3.14, neste caso U ± = 0 e, considerando a eq. 3.15, Φ ψ [n] = 0 (no caso de Φ ψ ser um tensor, ele n˜ao pode ser descont´ınuo e, no caso de Φ ψ ser um vetor, ou ele ´e cont´ınuo, ou a sua descontinuidade ´e perpendicular a n).
S
·
117
3.1.2
Equa¸co ˜es de Balanceamento na Configura¸c˜ ao Referencial
Para qualquer grandeza material ψ, sua forma integral para balanceamento cl´ assico na configura¸ca ˜o referencial deve ser uma express˜ ao com o mesmo formato matem´ atico da equa¸ca˜o 3.1, porque tal formato reflete um significado f´ısico que n˜ ao pode ser alterado ao se passar de uma configura¸ ca˜o corrente para a configura¸c˜ao referencial. Tem-se, portanto, d ψκ dvκ = σκψ dvκ , (3.16) Φ κψ [nκ ] daκ + dt P κ P κ ∂ Pκ onde κ ´e a imagem da configura¸c˜ao referencial de , sendo κ regular (o significado de regular ´e apresentado na defini¸ c˜a o de classe C k 1.3.7). Evidentemente, a imagem da configura¸c˜ao referencial, κ , de uma regi˜ao material, ´e uma fun¸c˜ao constante de t, o mesmo ocorrendo com a imagem da configura¸ca˜o referencial, ∂ κ , de uma superf´ıcie material, ao contr´ ario do que acontece com as correspondentes imagens das configura¸ c˜oes correntes, respectivamente t e ∂ t (subse¸ca˜o 3.1.1). Note que, at´e este ponto do texto, o ´ındice κ apareceu em , χ, F , nas descri¸co˜es material e espacial (subse¸c˜ao 2.4.2) da derivada temporal de F e, somente na subse¸ca˜o 2.1.2, tamb´em em e, da e dv. Exclusivamente na subse¸ ca˜o 2.1.3 encontra-se o ´ındice κ, em F e χ. Em todos estes casos, o significado do uso do ´ındice κ, ou κ, foi claramente explicitado. Para que isto tamb´em ocorra em rela¸ c˜ao a` eq. 3.16, deve-se inicialmente lembrar que, de acordo com o colocado na subse¸ c˜ao 2.4.2, a eq. 2.30, a saber Q = f (x, t) = f (χκ (X, t), t) = f (X, t), em mecˆ anica dos meios cont´ınuos ´e escrita f = f (X, t) = f (x, t), embora a eq. 2.30 explicite que f = f . Assim como κ e ∂ κ respectivamente diferem de t e ∂ t , as eqs. 2.9 mostram que dvκ e daκ respectivamente diferem de dv e da. Por isto, de acordo com a conven¸ca˜o lembrada no par´ agrafo anterior e com a exigˆencia de que as eqs. 3.1 e 3.16 sejam ambas satisfeitas, tem-se
P
P⊂B
P
P
P
P
P
B
P
P
P
P
ψκ (X, t) = ψ(X, t) = ψ(x, t) , Φ κψ (X, t) = Φ ψ (X, t) = Φ ψ (x, t) e σκψ (X, t) = σψ (X, t) = σ ψ (x, t) .
(3.17)
P
Como a imagem da configura¸ca˜o referencial, κ , de uma regi˜ao material, matematicamente identifica tal regi˜ ao, a eq. 3.16 matematicamente identifica o que ocorre na regi˜ ao material. Por isto, ψκ (X, t) = ψ(X, t) , Φ κψ (X, t) = Φ ψ (X, t) e σκψ (X, t) = σψ (X, t) ,
(3.18)
o que indica que ´e a descri¸ c˜ao material das fun¸co˜es indexadas por κ, n˜a o a descri¸ca˜o material das fun¸c˜oes n˜ ao indexadas, que pode ser igualada a`s correspondentes grandezas materiais. Para prosseguir, deve-se utilizar as eqs. 2.9, a saber n da = JF −T nκ daκ e dv = J dvκ . Considere que:
| |
1. Como da ´e um escalar, aplicar um tensor ou um vetor a n e, depois, multiplicar o resultado por da ´e o mesmo que aplicar um tensor ou um vetor a nda. Analogamente em rela¸c˜ao a daκ e nκ . 118
2. Para impor que nκ aponte sempre para fora da regi˜ ao κ , analogamente ao que foi imposto para n, ao inv´es de, em termos da igualdade n da = JF −T nκ daκ , o vetor nκ corresponder ao vetor n, deve-se substituir, nesta igualdade, J por J . De fato, enquanto que o vetor axial nκ daκ transforma-se em concordˆ ancia com esta u´ltima igualdade, o vetor diferen¸ca infinitesimal entre dois pontos do espa¸co euclideano de pontos, dX, transforma-se de acordo com a express˜ ao dx = F dX (eq. 2.8). Conforme a subse¸c˜ao 2.1.2, a transforma¸c˜a o de nκ daκ pode ser escrita F dX1 F dX2 = (det F )F −T (dX1 dX2 ). Se, ao inv´es de F , tiv´essemos um tensor ortogonal Q, como Q = Q −T e det Q = 1 ter´ıamos QdX1 QdX2 = Q(dX1 ao esta coerente com a utiliza¸ca˜o da defini¸ca˜o de produto vetorial dX2 ), express˜ 1.2.38 na nota¸ca˜o para vetor associado a tensor antissim´etrico 1.2.9. De acordo com o coment´ ario 1.2.33, sobre propriedades do tensor ortogonal, a transforma¸ c˜ao ortogonal preserva as normas dos vetores e os angulos ˆ entre eles.
P
| |
×
×
±
×
±
×
Adicionalmente, a transforma¸c˜ao ortogonal pr´ opria (det Q > 0) preserva tamb´em o sentido de rota¸ca˜o (p.e., de 1 para 2 nos dois casos), enquanto que a impr´opria (det Q < 0) reverte o sentido de rota¸ca˜ o (de 1 para 2 em um caso e de 2 para 1 no outro). Analogamente, embora a aplica¸ c˜ao do gradiente de deforma¸c˜ao F n˜ao preserve as normas dos vetores e os aˆngulos entre eles, se o sentido de rota¸ca˜o for de dX1 para dX2 e de F dX1 para F dX2 (ou de dX2 para dX1 e de F dX2 para F dX1 ), ter-se-´a det F > 0 e os vetores axiais n e nκ apontar˜ ao, ambos, ou para fora, ou para dentro das respectivas regi˜ oes materiais (de acordo com as defini¸co˜es de nκ e ao para fora). Caso contr´ ario, ter-se-´ a det F < 0 e, enquanto um n, ambos apontar˜ vetor apontar´ a para dentro, o outro apontar´ a para fora (ou a defini¸ca˜o de nκ , ou a defini¸c˜ao de n ser´a violada). Por isto, deve-se impor que n da = J F −T nκ daκ .
||
3. No caso espec´ıfico de Φ ψ ser um vetor, para o primeiro termo do segundo membro da equa¸ca˜o 3.1 tem-se
∂ Pt
Φ ψ [n]da =
| | ∂ Pκ
∂ Pt
·
| |
Φ ψ n da =
J F −1 Φ ψ nκ daκ =
·
∂ Pκ
∂ Pκ
Φ ψ
−T
· |J |F
nκ daκ =
J F −1Φ ψ [nκ ]daκ .
Usando os trˆes itens anteriores, a compara¸ c˜ao entre as eqs. 3.16 e 3.1 indica que ψκ = Φ κψ = Φ κψ = σκψ =
| J | ψ | J | Φ F | J | F Φ | J | σ
−T
ψ
−1
ψ
ψ
onde ψκ ´e um tensor de ordem m, se Φ κψ for um tensor de ordem m + 1 > 1, se Φ κψ for um vetor e onde σκψ ´e um tensor de ordem m.
(3.19)
Como o teorema de transporte se refere a qualquer regi˜ ao regular, V (t), pertencente a um espa¸co euclideano de pontos e a qualquer campo tensorial suave em todo ponto interior a V (t), este teorema ´e v´ alido tanto para a descri¸ca˜o espacial, quanto para a descri¸c˜ao material do campo tensorial. Portanto, usando na eq. 3.2 o tensor ψ κ (X, t), ao inv´es do tensor ψ(x, t), pode-se escrever d dt
V
ψκ dvκ =
V
ψ˙ κ dvκ + 119
∂V
ψκ U κ daκ ,
onde X n˜ao mais simboliza a representa¸ca˜o referencial do ponto X do corpo , mas apenas um ponto pertencente ao subconjunto V (t) do espa¸co euclideano de pontos, enquanto que o escalar U κ (X, t) ´e a norma do componente, perpendicular a` superf´ıcie ∂V (t), do vetor velocidade de um ponto X ∂V (t). Tal norma ser´ a afetada por sinal positivo quando o componente for dirigido para fora de V (t) e por sinal negativo em caso contr´ ario. Analogamente ao que foi feito ap´ o s a eq. 3.2 pode-se, agora, impor que V (t) seja a imagem κ de uma regi˜ ao material ou, desde j´ a, impor que V (t) seja a imagem κ de uma regi˜ ao material. Isto implica em que X volte a simbolizar a imagem, na configura¸ ca˜o referencial, do ponto X do corpo . Neste caso, como κ e ∂ κ s˜ao fun¸co˜es constantes de t, tem-se ˙ n = 0, j´a que X ˙ = 0. Logo, a u U κ = X ´ ltima equa¸ca˜o destacada produzir´ a, analogamente `a eq. 3.4 mas para a descri¸c˜ao material (subse¸ca˜o 2.4.2) da grandeza ψ, o que exige o uso da imagem κ da configura¸c˜ao referencial da regi˜ ao material, imagem esta na qual o campo ψκ seja suave, a igualdade
B
∈
P
V
B
·
V
V
V
d dt
V κ
ψκ dvκ =
ψ˙ κ dvκ .
V κ
(3.20)
S (t) movendo-se dentro da regi˜ao V , analogamente
Se existir uma superf´ıcie singular `a eq. 3.8 obt´em-se
d dt
κ
ψκ dvκ =
V κ
κ
V κ
ψ˙ κ dvκ
−
S κ (t)
ψ U da κ
κ
κ
,
(3.21)
onde ψκ = ψ κ+ ψκ− . O escalar U κ ter´ a sinal positivo quando o correspondente vetor velocidade for dirigido para a regi˜ ao que apresentar ψ κ+ como valor limite de ψ κ , quando X se aproximar de κ (t) e, caso contr´ ario, ter´ a sinal negativo. Igualando o segundo membro da eq. 3.21 ao segundo membro da eq. 3.16, mas para κ = κ e ∂ κ = ∂ κ nesta u ´ltima equa¸ca˜o, tem-se
−
S
V κ
ψ˙ κ dvκ
−
S κ (t)
ψ U da = κ
κ
κ
∂ Vκ
Φ κψ
[nκ ] daκ +
P V
P
V κ
σκψ dvκ ,
que ´e a igualdade an´ aloga a` eq. 3.9. Restrinja-se, apenas neste par´ agrafo, a ordem m de ψκ , impondo-se m
V
(3.22)
≤ 1. Aplicando
o item 2 ou o item 3 do teorema 1.3.3 (teorema da divergˆencia),respectivamente quando Φ κψ ´e um vetor (ψκ e σκψ s˜ ao escalares) ou Φ κψ ´e um tensor de segunda ordem (ψκ e σκψ s˜ao vetores), obt´em-se
V κ
˙ κ (ψ
−
DivΦ κψ
−
σκψ ) dvκ
=
S κ (t)
ψ U da κ
κ
κ
.
Lembrando que todo ponto regular ´e um ponto interno de uma regi˜ ao constitu´ıda apenas por pontos regulares, seja κR ao formada exclusivamente por pontos κ uma regi˜ R regulares e seja X ao, κ . Ent˜ κ qualquer um dos pontos regulares pertencentes a R κ
V
para
∈ V
V ⊂ V
au ´ ltima equa¸ca˜o destacada indica, analogamente a` eq. 3.10, que
V κR
˙ κ (ψ
ψ κ
ψ κ ) dvκ
− DivΦ − σ 120
= 0.
V
(3.23)
Como o integrando ´e cont´ınuo, usando o teorema 1.3.4 (fun¸ c˜ao identicamente nula em ) obt´em-se (3.24) ψ˙ κ DivΦ κψ σκψ = 0 ,
E
−
−
que ´e an´ aloga a` equa¸ca˜o de campo 3.11. Duas igualdades u´teis s˜ao ∂ψ ψ˙ κ = J ( + div(ψ ∂t
⊗ x˙ ))
DivΦ κψ = J divΦ ψ .
e
(3.25)
Multiplicando a eq. 3.11 por J e usando as eqs. 3.25, a eq. 3.24 pode ser obtida diretamente da eq. 3.11. Retire a restri¸ca˜o imposta, no par´ agrafo anterior, ao valor da ordem m de ψκ e considere que, no instante t, ψκ , Φ κψ e σκψ possam apresentar descontinuidades finitas S S S num ponto XS κ (t). Seja, no instante t, X κ e seja sκ (t) = κ (t). κ κ Mantenha a a´rea sκ (t) inalterada enquanto que o volume de κS tende para zero, ou seja, fa¸ca (∂ κS )+ e (∂ κS )− tenderem para sκ (t). Deseja-se encontrar a forma para a qual tender´ a a eq. 3.22, quando κS tender para este limite. Para isto, deve-se lembrar que o escalar U κ ´e positivo quando o correspondente vetor velocidade for dirigido para (∂ κS )+ e deve-se impor que, no limite considerado, n κ tamb´em seja dirigido para (∂ κS )+ (ao contr´ ario de ser sempre dirigido para fora de κS , o que seria coerente com a segunda considera¸c˜ao ap´ os a eq. 3.16 mas, no limite considerado, deixaria indeterminado o sentido de nκ ). Para encontrar a desejada forma da eq. 3.22, ela deve ser discutida termo a termo:
∈ S
V
∈ V ⊂ V
V
V ∩ S
V
V
V
V
V
1. Lembrando que ψ˙ κ e σκψ s˜ao finitos em lim S
V κ →0
V κS
S κ
V , tem-se
ψ˙ κ dvκ = lim S
V κ →0
V κS
σκψ dvκ = 0.
2. Por outro lado, lim S
V κ →0
∂ V κS
Φ κψ
[nκ ] daκ =
sκ
Φ κψ [nκ ] daκ , onde
ψ κ
ψ + κ
ψ − κ
Φ = (Φ ) − (Φ )
.
Portanto, neste limite a eq. 3.22 pode ser escrita
sκ
( ψκ U κ + Φ κψ [nκ ] ) daκ = 0.
Como o integrando ´e cont´ınuo, usando o teorema 1.3.4 (fun¸ c˜ao identicamente nula em ) chega-se a ψκ U κ + Φ κψ [nκ ] = 0. (3.26)
E
A eq. 3.26 ´e an´aloga a` eq. 3.15. Note que, tanto na descri¸c˜ao espacial como na descri¸ca˜o material, a descontinuidade finita no campo, respectivamente ψ e ψκ , gera descontinuidade finita no respectivo fluxo, mas a descontinuidade finita na velocidade x˙ , tamb´em gerada na descri¸c˜ao espacial, n˜ ao ´e gerada na descri¸ca˜o material.
121
3.1.3
Compatibilidade Cinem´ atica da Superf´ıcie Singular
Usando a eq. 2.33 e o fato, comentado logo ap´ os a eq. 2.34, de que v = x˙ , tem-se que ˙ Grad x˙ . F = (3.27) A eq. 3.27 ´e uma condi¸ca˜o de integrabilidade, ou seja, ´e a condi¸ ca˜o de existˆencia de uma fun¸ca˜o χκ tal que x = χ κ (X, t), conforme colocado pela eq. 2.26. De fato, a eq. 3.27 iguala as derivadas segundas mistas, com ordem reversa de deriva¸ca˜o, da fun¸c˜ao χκ , porque F = Gradχκ (X, t) e x˙ = ∂χ κ (X, t)/∂t (respectivamente eqs. 2.29 e 2.27, mas trocando s´ımbolos por aqueles apresentados na subse¸ c˜ao 2.4.2). A eq. 3.27 evidencia uma necess´ aria rela¸ca˜o entre F e x˙ . Como consequˆencia desta rela¸ c˜ao, efetuando uma manipula¸ ca˜o matem´atica da eq. 3.27 obt´em-se uma necess´ aria rela¸c˜ao entre as descontinuidades finitas de F e x˙ , sobre a superf´ıcie singular. Para isto, deve-se inicialmente considerar a quarta express˜ ao do teorema da divergˆencia 1.3.3, a seguir transcrita,
h
∂ R
V
⊗ n da =
∇
h dv .
R
(3.28)
P ⊂ B
Lembrando que κ ´e a imagem de uma configura¸c˜ao referencial de , imagem esta por hip´ otese regular e que cont´em, no m´ aximo, uma descontinuidade finita de campos tensoriais sobre uma u´nica superf´ıcie singular m´ ovel, κ (t), usa-se a eq. 3.28 para integrar a eq. 3.27 sobre κ , obtendo-se
S
V
V κ
F˙ dvκ =
∂ V κ
x˙
⊗n
κ
daκ .
(3.29)
Entretanto, como a eq. 3.28 exige que o campo v seja suave, a eq. 3.29 exige que F n˜ao apresente descontinuidade em κ . Nestas condi¸co˜es, ´e v´alida a eq. 3.20, o que permite que a eq. 3.29 seja escrita
V
d x˙ nκ daκ . F dvκ = (3.30) dt V κ ∂ V κ Considere a eq. 3.30 como um caso particular da eq. 3.16 (a qual ´e v´ alida para tensor ψκ de qualquer ordem m), para
⊗
ψκ = F , o que implica em m = 2, Φ κψ [nκ ] = x˙
⊗n
κ
e
σκψ = 0. Supondo, agora, que F apresente descontinuidade finita na superf´ıcie singular m´ ovel, ca˜o com a eq. 3.26 obt´em-se κ (t), por compara¸
S
U κ F + x˙
⊗n
κ
= 0,
(3.31)
c˜ ao de compatibilidade cinem´ atica da superf´ıcie singular. A chamada condi¸ eq. 3.31 mostra que ( x˙ n κ )(nκ ) = (U κ F )(nκ ), ou x˙ = U κ a, onde o vetor a = F nκ ´e a descontinuidade finita de F , na dire¸c˜ao normal a κ (t) (note que a n˜ao precisa ser normal a κ (t)). Usando novamente a eq. 3.31 tem-se, ent˜ ao, que U κ F = x˙ nκ = U κa nκ , logo F = a nκ . Portanto, a eq. 3.31 ´e equivalente a qualquer uma das duas igualdades
− ⊗
⊗
⊗
S
−
− S
⊗
x˙ = −U a κ
e 122
F = a ⊗ n
κ
.
(3.32)
Tanto a eq. 3.31 como a primeira entre as eqs. 3.32 mostram que as descontinuidades finitas F e x˙ est˜ao relacionadas entre si. Isto ´e de se esperar, porque a deforma¸ c˜ao ao ´e descont´ınua na superf´ıcie κ (t), mas nela apresenta um χκ (X, t) evidentemente n˜ ˆangulo que se reflete em descontinuidades finitas em suas derivadas, descontinuidades estas cuja interrela¸ca˜o depende de n κ e de U κ (ou seja, depende da dire¸ca˜o perpendicular `a superf´ıcie κ (t) e da velocidade de deslocamento da superf´ıcie nesta dire¸ c˜ao, no ponto de κ (t) e no instante considerados). Tal aˆngulo aparece porque a superf´ıcie singular m´ovel afeta, de modo diferenciado, a deforma¸ca˜o a` sua frente, em rela¸ca˜o a` deforma¸ca˜o atr´as dela. Demonstra-se que, para uma superf´ıcie singular m´ ovel que seja caracterizada pela condi¸ca˜o f (X, t) = 0, usando tanto a descri¸c˜ao espacial da grandeza e a configura¸ca˜o corrente da parte do corpo, quanto a descri¸c˜ao material da grandeza e a configura¸ca˜o referencial da mesma parte do corpo, tem-se as igualdades
S
S
S
P
Grad f , Grad f f ˙ U κ = , Grad f (F T )± n nκ = (F T )± n
nκ =
|
−|
n =
|
un =
|
|
grad f , grad f
|
∂f/∂t , − |grad f |
U ± U κ = . (F T )± n
e
|
|
|
|
(3.33)
(3.34)
As quatro eqs. 3.33 fornecem vetores e escalares previamente definidos, usando-se na coluna da esquerda a descri¸ca˜o material da grandeza e a configura¸ c˜ao referencial de , enquanto que na coluna da direita tem-se respectivamente o mesmo vetor e escalar, mas na descri¸c˜ao espacial da grandeza e na configura¸ca˜o corrente de . J´a as duas eqs. 3.34, envolvendo os valores limites do gradiente de deforma¸ ca˜o transposto (F T )± , relacionam entre si escalares e vetores referentes as ` descri¸c˜oes referencial (U κ e nκ ) e corrente [as velocidades locais de propaga¸ca˜o de em rela¸ca˜o ao corpo em movimento, U ± (eq. 3.14) e o vetor n].
P
P
S
3.2
Massa
B → E
B
B → B
Seja representada por β : toda configura¸c˜a o do corpo e seja β : β . Imponha a existˆencia de uma fun¸ c˜ao integr´ avel (toda fun¸ca˜o cont´ınua ´e integr´ avel, mas o oposto n˜ ao ´e verdade) e positiva ρβ :
B → β
+
, chamada densidade volum´etrica
de massa correspondente a` configura¸ca˜o β , tal que, para toda regi˜ao material (subse¸ca˜o 3.1.1) , tenha-se M ( ) = ρβ dvβ , (3.35)
P ⊂ B
P
P β
ao de massa de , que ao ser onde β : e a distribui¸c˜ β β , enquanto que M ´ aplicada a cada uma de suas regi˜ oes materiais produz o correspondente escalar massa M ( ) daquela regi˜ ao material. Logo, a eq. 3.35 mostra que o escalar massa associado `as imagens de todas todas as configura¸c˜oes de determinada regi˜ ao material ´e o mesmo, ou seja, alterar este escalar implica em alterar a pr´ opria regi˜ ao material (n˜ao, apenas, em alterar a configura¸ ca˜o de ). Porisso, a massa ´e uma medida da regi˜ ao material .
P → P ⊂ B
P
P
P
B
P ⊂ B P
P
123
| |
Tem-se a segunda entre as eqs. 2.9, a saber dv = J dvκ , onde J = det F κ (eq. 2.5), sendo, de acordo com a eq. 2.29, F κ (X, t) = χ ( , t). Logo, de modo mais expl´ıcito a X κ segunda entre as eqs. 2.9 pode ser escrita
∇
·
| ∇X χ (·, t)| dv . Definindo β : B → B , β : B → B e λ = β ◦ β : B → B u ´ ltima equa¸ca˜o destacada pode-se escrever, se β : X → x , dv = | det ∇x λ| dv , dv = det
1
2
β 1
κ
κ
−1 1
2
β 2
1
β 2
β 1
β 2 ,
analogamente a`
β 1
β 1
β1
a qual, junto com a eq. 3.35, mostra que
P
M ( ) =
P β1
P β1
ρβ 1 dvβ 1 =
P β2
ρβ 2 dvβ 2 =
P β1
− ρ | det ∇λ| ) dv
( ρβ 1
β 2
ou
= 0 , portanto
β 1
ρβ 2 =
| ∇|
ρβ 2 det λ dvβ 1 ,
ρβ 1
| det ∇x λ| ,
(3.36)
β1
porque o integrando ´e cont´ınuo, logo pode ser aplicado o teorema 1.3.4 (fun¸ c˜ao identicamente nula em ) . Como β 1 e β 2 s˜ao duas configura¸co˜es quaisquer, eq. 3.36 indica que a densidade volum´ etrica de massa de uma configura¸ c˜ao determina as densidades volum´etricas de massa de todas as outras poss´ıveis configura¸ c˜oes do corpo. Quando β 1 = κ, logo xβ 1 = X, a eq. 3.36 poder´a ser escrita
E
ρ =
|
ρκ , det F κ (X, t)
|
(3.37)
onde ρκ (X, t) na verdade deve ser escrito ρκ (X), conforme ser´ a mostrado pela primeira entre as eqs. 3.94 e ρ(x, t) = ρ(X, t), de acordo com a simbologia apresentada imediatamente ap´ os a eq. 2.30. Para cada configura¸ca˜o corrente χ( , t) χ( , ), onde χ( , ) ´e o movimento do corpo (subse¸c˜ao 2.4.1), seja a descri¸ca˜o espacial ρ(x, t) da densidade volum´ etrica de massa, onde x por meio da configura¸c˜ao corrente t e t t , sendo t a imagem de considerada. Qualquer que seja o movimento χ, tem-se
B
· ∈ · ·
∈ P P ⊂ B
B
··
B
d dt
P t
ρ dv = 0 ,
(3.38)
porque a eq. 3.35 indica que a altera¸ ca˜o temporal da configura¸ c˜ao corrente de uma mesma regi˜ao material n˜ao modifica a massa da configura¸ca˜o corrente. A garantia de que a eq. 3.38 seja satisfeita para qualquer movimento χ s´o pode ser obtida mediante a imposi¸ca˜o
P
de que, na eq. 3.1 (descri¸c˜ao espacial), se ψ = ρ , ent˜ ao
Φ ψ = 0
e
σψ = 0 .
Logo, a satisfa¸c˜ao da eq. 3.38 ´e suficiente para a satisfa¸ c˜a o das u ´ltimas duas igualdades destacadas. Lembrando que a lei cl´ assica de conserva¸ca˜ o de P t ψ dv ´e o conjunto de condi¸co˜es suficientes para que Φ ψ = σ ψ = 0 na eq. 3.1 (subse¸c˜ao 3.1.1), percebe-se que a eq. 3.38 ´e a lei cl´ assica de conserva¸ca ˜o da massa.
124
Logo, para que o movimento provoque uma altera¸c˜ cao a˜o temporal da configura¸c˜ cao a˜o corrente de uma mesma regi˜ ao ao material , mas esta altera¸c˜ cao a˜o n˜ ao ao modifique a massa da configura¸c˜ cao a˜o corrente, ou seja, para garantir que, no enfoque cl´ assico, a eq. 3.38 seja obedecida, o conceito f´ısico de regi˜ ao material de um corpo deve ser imaginado de modo ao tal que, obrigatoriamen obrigatoriamente, te, Φ ψ e σψ sejam nulos na eq. 3.1. Mas suponha, por exemplo, que por causa de difus˜ ao ocorresse uma altera¸ ao c˜ cao a˜o nas concentra¸ concentra¸ c˜ coes o˜e s das da s esp´ es p´ecie ec iess qu´ımica ımi cass presentes em , mesmo sem que houvesse rea¸c˜ c˜ao ao qu´ımic ım icaa em . Neste caso, o movimento incluiria as mudan¸cas cas produzidas pela difus˜ ao ao (talvez devesse, ent˜ao, ao, ser chamado chamado de processo) e um conceito f´ f´ısico de , imaginado de modo a garantir que Φ ψ = σψ = 0 na eq. 3.1, em geral permitiria que a difus˜ ao ao modificasse o escalar M escalar M (( ). ). Logo, para tal conceito de a a eq. 3.38 n˜ao ao seria obedecida, embora a lei cl´assica assica de conserva¸c˜ cao a˜o da massa continuass continuassee satisfeita. Isto seria inaceit´ avel, porque a obed ob ediˆ iˆenci en ciaa a` eq. e q. 3.38 ´e, e, conforme confo rme j´ a afirmado, a firmado, uma consequˆencia encia da eq. 3.35, 3 .35, sendo send o esta e sta ultima u ´ ltima um postulado b´ asico asico da presente teoria. Logo, em tal situa¸c˜ cao a˜o obrigatoriamente o conceito f´ısico de teria teria que ser alterado, o que exigiria exigiria que a eq. 3.1 fosse fosse modificada. modificada. De fato, se a eq. 3.1 inclu inclu´´ısse ısse fluxos fluxos ou suprimentos supri mentos estat esta t´ısticos, ıstico s, a obediˆ obe diˆencia encia a` eq. 3.38 exigiria anula¸c˜ cao ˜ao de outras grandezas, al´ al´em em de Φψ e σψ , logo eq. 3.38 n˜ao ao seria apenas a lei cl´ assica assica de conserva¸ conserva¸c˜ cao a˜o da massa. Como a difus˜ao ao n˜ao ao ´e explicada exp licada por p or meio me io de algum modelo mo delo cl´ assico assico do comportamento comportamento da mat´eria, eri a, ela n˜ao ao ´e englobada englobada pela eq. 3.1. Entretanto, Entretanto, se ao segundo membro da eq. 3.1 fossem adicionadas parcelas referentes ao efeito da difus˜ ao, ao, a defini¸c˜ cao a˜o dada pela eq. 3.38 seria a lei cl´assica assica e difusiva de conserva¸c˜ c˜ao ao da massa. Neste caso, ca so, o conceito f´ısico de seria imaginado de modo a que, adicionalmente a Φψ e σψ , fossem fosse m tamb´em em anuladas anulada s as parcelas do segundo membro da eq. 3.1 referentes ao efeito de difus˜ ao. ao. Em resumo, resumo, na teoria teoria apresen apresentada tada imp˜ oe-se que a massa de toda parte material
P
P
P
P P
P
P
P
de qualquer corpo n˜ao a o se altere durante o movimento (ou processo), o que pode ser repres represen entad tadoo pela pela eq. eq. 3.38. 3.38. De acordo acordo com o que que acont aconte¸ e¸ ca ao corpo, a obediˆ encia encia a` eq. 3.38 pode corresponder apenas a` lei cl´assica assica de conserva¸c˜ cao a˜o da massa, ou exigir leis de converva¸c˜ c˜ao ao mais restritivas, como no exemplo dado, onde a lei de conserva¸ c˜ ca˜o ´e cl´assica assica e difusi difusiv va. Leis Leis de conserva¸ conserva¸ c˜ c˜ao ao mais restritivas exigem a adi¸c˜ cao ˜a o de termos ao segundo membro da eq. 3.1 e, tamb´ t amb´ em, em, exigem exige m a reformula¸ c˜ao ao do conceito conc eito f´ısico de e a amplia¸c˜ cao a˜o do conceito de movimento. Cabe, ainda, ressaltar que:
P
1. Neste texto, apenas o enfoque cl´ assico assico ´e considerado consid erado (difus˜ (difu s˜ ao, ao, rea¸c˜ cao a˜o qu´ qu´ımica ımic a etc. etc . n˜ao ao s˜ao ao consideradas). consideradas). 2. A massa ´e um conceito primitivo. primitivo. Por isto, imp˜ oe-se oe-se que a distribui¸c˜ cao a˜o de massa, logo tamb´em em a densidade densid ade volum´ vol um´etrica etric a de massa, sejam objetivas ob jetivas sob so b transfo tr ansforma¸ rma¸ c˜ao ao euclideana euclideana (subse¸ c˜ cao a˜o 2.6.1).
B → B.
3. Toda teoria na qual exista a fun¸c˜ c˜ao ao ρβ : teori a para meio cont´ cont´ınuo em ´e uma teoria
β
+
, sendo β qualquer qualquer configura¸c˜ cao, a˜o,
Por exemplo, a fun¸c˜ c˜ao ao ρβ n˜ao ao existiria numa teoria que supusesse pontos m´ assicos assicos (locais com volume nulo e massa n˜ ao nula) imersos num ambiente de massa nula, ou ao seja, que admitisse uma distribui¸c˜ cao a˜o discreta de massas. Logo, tal teoria n˜ ao ao poderia ser classificada como uma teoria para meios cont´ cont´ınuos. Para obter ob ter um conceito f´ısico realista r ealista 125
P ⊂ B
da parte , que seja coerente co erente com as parcelas inclu´ inclu´ıdas no membro membro direito da eq. 3.1 (generalizada, ou n˜ ao, ao, por meio da inclus˜ ao ao de fluxos ou suprimentos estat´ estat´ısticos), pode ser mais conveniente visualizar uma distribui¸c˜ c˜ao ao discreta de massas do que uma distribui¸c˜ cao a˜o cont´ınua. ınua. Mas, embora e mbora tal t al visualiza¸ visua liza¸c˜ cao ˜ao discreta possa ser util u´til `a compreens˜ compreensao a˜o do problema, probl ema, ´e necess´ nece ss´ ario ario lembrar que ela ´e absolutamente inconsistente com qualquer teoria teor ia de meio cont´ cont´ınuo. Considerando (descri¸c˜ c˜ao ao espacial) ψ = ρ e σψ = 0 , al´em em de divΦ ψ = 0 na eq. 3.11 e Φ ψ = 0 na eq. 3.13, as eqs. 3.11 e 3.13 indicam respectivamente que ∂ρ + div(ρ div(ρx˙ ) = 0 e ρ(x˙ n un ) = 0 . (3.39) ∂t As eqs. 3.39 est˜ao ao na descri¸c˜ cao a˜o espacial. espacial. A segunda, segunda, entre elas, elas, indica indica que s´ o existir´a descontinuidade em x˙ se houver descontinuidade em ρ e vicevice-v versa. ersa. Mas, Mas, como o valor ρ ´e necessariamen necessariamente te real, apenas ap enas descontinuidades descontinuidades finitas p odem ocorrer. Pode ser mais convenien conveniente te escrever esta igualdade igualdade em termos das velocidades velocidades locais de propaga¸ c˜ao ao definidas pela eq. 3.14, obtendo-se imediatamente
· −
ρ U = 0 .
(3.40)
Por outro lado, para a primeira entre as eqs. 3.39 pode ser mais util ´ utilizar a descri¸c˜ cao a˜o material da derivada derivada temporal da densidade densidade volum´ volum´ etrica etrica de massa. Para efetuar esta transforma¸c˜ cao a˜o pode-se lembrar que, de acordo com o primeiro item do coment´ ario ario 1.3.20 (express˜oes oes para divergˆ encia encia e laplaciano), tem-se div(ρ div(ρx˙ ) = x˙ gradρ gradρ + ρ divx˙ , enquanto que, que, de acordo acordo com a primei primeira ra entre as eqs. 2.31, 2.31, tem-se tem-se ρ˙ = (∂ρ/∂t) ∂ρ/∂t) + x˙ gradρ gradρ. Portanto, a primeira entre as eqs. 3.39 pode ser escrita
·
ρ˙ + ρ divx˙ = 0,
·
(3.41)
ainda na descri¸c˜ c˜ao ao espacial (lembrar a equa¸c˜ cao f a˜o f = f ( f (X, t) = f ( f (x, t) da subse¸c˜ cao a˜o 2.4.2). c˜ ao ao da continuida conti nuidade de. A eq. A eq. 3.41 costuma ser chamada equa¸c˜ eq. 3.6 3.6 indi indica que que divx˙ = 0 quando um fluido for incompress incompress´´ıvel. ıvel. Substituindo Substituindo esta indica¸ c˜ao ao na eq. 3.41 tem-se, ent˜ ao, ao, que ρ˙ = 0 (3.42) quando um fluido for incompress´ incompress´ıvel, resultado este que ´e esperado. e sperado. A partir par tir da d a eq. e q. 3.41 obt´em-se em- se duas d uas expres exp ress˜ s˜ oes oes muito uteis, u ´ teis, que ser˜ao ao apresentadas sem demonstra¸c˜ cao. a˜o. Tem-se que, para qualquer quantidade tensorial ψ , ˙ = ρψ
∂ (ρψ) ρψ ) + div(ρψ div(ρψ ∂t
(3.43) ⊗ v) mas, se ψ se ψ((x, t) for uma fun¸c˜ c˜ao ao arbitr´ aria, aria, para a imagem P de qualquer regi˜ao ao material t
ter-se-´a
d dt
3.3
P t
ψρdv = ψρdv =
P t
˙ ψρdv.
(3.44)
Dinˆ amica amic a
3.3.1 3.3.1
Mome Moment ntos os Linear Linear Angula Angularr
·
··
B
Seja χ( , t) uma uma config configura ura¸c˜ c¸˜ao ao corren corrente te pertencen pertencente te ao movim movimen ento to χ( , ) do corpo (subse¸c˜ c˜ao a o 2.4.1) e seja uma regi˜ ao ao material . Defin Definee-se se o vetor vetor momento momento li-
P ⊂ B
126
near de
ao P , em χ(·, t), pela express˜ao P(P , t) = ρ x˙ dv , (3.45) sendo P ⊂ B a imagem da configura¸c˜ cao ˜ao corrente, no instante t, da regi˜ao ao material (subse¸c˜ c˜ao ao 3.1.1) P ⊂ B . Define-se, Define -se, tamb´em, em, o tensor tenso r antissim´etrico etric o momento angular de P em em rela¸c˜ cao a˜o a x ∈ E , em χ(·, t), pela express˜ao ao Hx (P , t) = ρ (x − x ) ∧ x˙ dv . (3.46)
P t
t
t
◦
◦
P t
◦
Os primeiros membros das defini¸c˜ c˜oes oes dadas pelas eqs. 3.45 e 3.46 claramente indicam que, ao contr´ ario da massa, os momentos linear e angular n˜ ario ao a o s˜ ao ao medidas da regi˜ ao ao material (se¸c˜ cao a˜o 3.2), uma vez que dependem de mas, ma s, tamb´ ta mb´em, em , de d e t. Como Hx ( , t) ´e um tensor tenso r antissim´etrico etric o (defini¸ (defi ni¸ c˜ cao a˜o de tensores sim´etrico etrico e antissim´etrico etrico 1.2.18), de acordo com a nota¸ c˜ cao a˜o 1.2.9 (vetor associado a tensor antissim´ etrico) etrico) ele geralmente ´e representado como um vetor axial. Portanto, na eq. 3.46 o s´ımbolo pode ser interpretado tanto com indicando um produto externo (defini¸ c˜ ao ao de produto externo de vetores 1.2.36) como um produto vetorial (defini¸ c˜ao ao de produto vetorial 1.2.38). Como a velocidade n˜ ao ao ´e ob o b jetiva sob s ob transforma trans forma¸ c˜ c¸ao a˜o euclideana (subse¸c˜ cao a˜o 2.6.2), as eqs. 3.45 e 3.46 mostram que P e H tamb´ ta mb´em nao a˜o s˜ ao ao objetivos. As leis da dinˆamica amica ser˜ ao a seguir postuladas, em conformidade com o enfoque cl´ ao assico de Newton e Euler, de acordo com o qual os movimentos s˜ ao ao produzidos pela a¸c˜ cao a˜o de ca total agindo sobre for¸cas cas e torques sobre o corpo considerado. Seja f ( , t) o vetor for¸ca no instante t instante t e e seja m x ( , t) o tensor antissim´ etrico, etrico, ou vetor axial, torque to rque total t otal agindo sobre no instante t, em rela¸c˜ cao a˜o a x◦ . Na mecˆanica, anica, for¸cas cas e torques s˜ao ao conceitos primitivos e, por isto, imp˜ oe-se oe-se que f ( , t) e m x ( , t) sejam objetivos sob transforma¸c˜ cao a˜o euclideana euclideana.. Dados Dados estes conceitos, conceitos, pode-se agora enuncia enunciarr as duas leis fundamenta fund amentais is da dinˆamica ami ca :
P
◦
P
P
∧
P⊂B
◦
P ⊂ B
P ∈ E P
P
◦
P
1. Existe uma estrutura referencial φ referencial φ,, chamada inercial, em rela¸c˜ c˜ao ao a` qual, se f ( , t) ˙ ( , t) = 0, para qualquer movimento χ de qualquer regi˜ = 0, ent˜ao ao P ao ao material . De fato, como a primeira primeira igualdade igualdade ´e indiferente indiferente a` transforma¸c˜ c˜ao ao euclideana, mas a segunda n˜ ao ao ´e, e, ocorrendo esta rela¸ c˜ cao a˜o causa-efeito em determinada estrutura referencial, ela n˜ ao pode ocorrer em todas as outras estruturas referenao ciais obten´ obten´ıveis, ıveis, a partir da primeira, primeira, por transforma¸ transforma¸ c˜ao ao euclideana euclideana.. Postula-se, Postula-se, portanto, a existˆencia encia de alguma estrutura estr utura referencial re ferencial em que tal rela¸ c˜ao ao de causaefeito ocorra.
P ⊂B
P
P
2. Para qualquer qualquer movimen movimento to em rela¸ c˜ cao a˜o a` estrutura inercial, s˜ ao ao v´alidas alidas a primeira e c˜ coes o˜es a seguir a segunda lei de Euler , respectivamente fornecidas pelas duas equa¸ apresentadas: ˙ ( , t) = f ( , t) P e ˙ x ( , t) = mx ( , t) . H ◦
P P
P
◦
P
(3.47) (3.48)
Evidentemente, as duas leis de Euler n˜ ao ao s˜ao ao objetivas sob transforma¸c˜ c˜ao ao euclideana. 127
Utilizando as eqs. 3.45 e 3.46, com rela¸ca˜o a esta u´ltima lembrando que as defini¸co˜es de produto externo e de produto vetorial implicam em que sejam nulos tais produtos para dois vetores iguais e usando a eq. 3.44, tem-se ˙ ( , t) = P
P
P t
¨ dv ρx
˙ x ( , t) = H
e
◦
P
P t
ρ (x
− x ) ∧ x¨ dv . ◦
(3.49)
Como a acelera¸ca˜o ´e indiferente a` transforma¸ca˜o galileiana, quando as eqs. 3.49 forem obe˙ e H ˙ tamb´em ser˜ao indiferentes a tal transforma¸ca˜o. Como f ( , t) e m x ( , t) decidas P s˜ao objetivos sob transforma¸c˜a o euclideana, as leis de Euler s˜ ao objetivas sob transforma¸c˜ao galileiana, ou seja, se φ for uma estrutura de referˆencia inercial, φ∗ tamb´em ser´a uma estrutura de referˆ encia inercial se e somente se tais estruturas estiverem entre si relacionadas por meio de uma transforma¸ c˜ao galileiana. Logo,
P
◦
P
as leis da dinˆ amica se apresentar˜ ao conforme as mesmas express˜ oes matem´ aticas, em todas as estruturas de referˆ encia entre si relacionadas por meio de transforma¸coes ˜ galileianas.
3.3.2
For¸ca e Torque
No enfoque cl´ assico, a for¸ca total f ( , t), que age sobre decomposta em duas parcelas aditivas:
P
P ⊂ B no instante t, pode ser
a for¸ca corporal f b ( , t) que, embora seja produzida por fonte externa a , age diretamente no interior de , portanto n˜ ao ´e transmitida a pela superf´ıcie desta parte do corpo (p.e., for¸ca da gravidade),
P
P b
P
f ( , t) =
P
P t
ρ b dv ,
onde
B
(3.50)
b ´e o vetor densidade m´ assica de suprimento de for¸ca corporal e a for¸ca de contato f c ( , t), transmitida a
P
P por meio da mencionada superf´ıcie,
c
f ( , t) =
P
∂ Pt
t da ,
onde
(3.51)
t ´e o vetor densidade de tra¸c˜ ao superficial por unidade de a´rea. Portanto, foi considerado que a intera¸ c˜ao entre as diferentes partes do corpo se manifesta somente por meio das for¸cas de contato, logo b = b(x, t), ou seja, a densidade m´ assica de suprimento de for¸ca corporal n˜ ao depende do que ocorra em outros pontos do corpo. Por outro lado, para x ∂ t tem-se t = t (x, t , ∂ t ), porque f c ( , t) ´e a for¸ca exercida, pelo restante do corpo , sobre sua parte no instante t, por meio da superf´ıcie ∂ t , sendo t a densidade desta for¸ca, por unidade de a´rea, no ponto x ∂ t . Tem-se, ent˜ao, a decomposi¸ca˜o da for¸ca total que age sobre no instante t,
∈ P B
f ( , t) =
P
P
P ∈ P
P P ⊂ B
ρ b(x, t) dv +
t(x, t , ∂ t ) da .
P
(3.52) P Analogamente, tem-se a decomposi¸ca˜o do torque total mx (P , t), que age sobre P ⊂ B no instante t, em rela¸c˜ao a x ∈ E , (x − x ) ∧ ρ b dv + (x − x ) ∧ t da . (3.53) mx (P , t) = P t
∂ Pt
◦
◦
◦
P t
◦
∂ Pt
128
◦
Conv´ em novamente destacar que o enfoque cl´ assico n˜ao permite que uma parte material ou ponto do corpo exer¸ ca qualquer influˆencia sobre outra parte material ou ponto do mesmo corpo, a n˜ ao ser que tal influˆencia seja transmitida por meio da superf´ıcie que delimita cada parte material considerada. Por exemplo, n˜ ao s˜ao considerados os efeitos produzidos por estruturas moleculares polarizadas.
3.3.3
Tensor de Tra¸ca ˜o de Cauchy
Seja n um vetor de norma unit´ a ria, dirigido para fora de t e perpendicular a ∂ t ¯ um vetor de norma unit´ no ponto x ∂ t . Seja n aria, dirigido para fora de ¯t e ¯ ∂ ¯t . O postulado de Cauchy imp˜oe que, se ∂ t e ∂ ¯t perpendicular a ∂ ¯t no ponto x ¯ , ent˜ao t(x, t , ∂ t ) = apresentarem, num ponto x ∂ t ∂ ¯t , um mesmo vetor n = n t(x, t , ∂ ¯ t ) . Portanto, o postulado de Cauchy imp˜ oe que
P
∈ P P
P P P P P
∈ P ∈ P ∩ P
P
P
t(x, t , ∂ t ) = t (x, t, n) .
(3.54)
·
Tomando a eq. 3.54 como base, impondo que t( , t, n) seja uma fun¸ca˜o integr´ avel (conforme j´ a colocado na se¸ca˜o 3.2, toda fun¸c˜ao cont´ınua ´e integr´ avel, mas o oposto n˜ao ´e ¨ quanto b sejam finitos em t , demonstra-se que a primeira verdade) de x e que tanto x lei de Euler (eq. 3.47) implica em
B
t(x, t, n) =
−t(x, t, n) ,
(3.55)
t(x, t, n) = T (x, t)n(x, t) .
(3.56)
−
que por sua vez implica em
A eq. 3.55 reflete o princ´ıpio de Cauchy , enquanto que a eq. 3.56 representa o teorema de Cauchy . A eq. 3.56 define o tensor de tra¸ca ˜o de Cauchy , T (x, t), que ´e um campo tensorial de segunda ordem que, aplicado ao campo vetorial n (x, t), produz o vetor tra¸c˜ao superficial t(x, t, n). A tra¸c˜ao superficial t pode ser decomposta num componente perpendicular a` superf´ıcie, a tra¸c˜ao normal
·
·
(n t)n = (n T n)n = (n
⊗ n)T n ,
(3.57)
onde usou-se a eq. 3.56 e a defini¸c˜ao de produto tensorial de vetores ou tensor simples ˜o de cisalhamento 1.2.12 e uma tra¸ca
t
− (n · t)n = (1 − n ⊗ n)T n ,
(3.58)
onde usou-se a eq. 3.57. Se T i j forem os componentes de T , em rela¸c˜a o ao sistema cartesiano de coordenadas, ent˜ ao e eq. 3.56 mostra que ˜ do i-´ esimo eixo coordenado, do vetor tra¸cao ˜ T i j ´e o componente, na dire¸cao superficial t referente a uma superf´ıcie perpendicular ` a dire¸cao ˜ do j -´ esimo eixo coordenado.
Por este motivo, os componentes T 1 1 , T 2 2 e T 3 3 s˜ao, respectivamente, os componentes normais a`s superf´ıcies perpendiculares a`s dire¸co˜es 1, 2 e 3, enquanto que T 2 1 e T 3 1 s˜a o os componentes de cisalhamento da superf´ıcie perpendicular a` dire¸ca˜o 1, 129
T 1 2 = T 2 1 e T 3 2 s˜ao os componentes de cisalhamento da superf´ıcie perpendicular a` dire¸ca˜o 2, T 1 3 = T 3 1 e T 2 3 = T 3 2 s˜ao os componentes de cisalhamento da superf´ıcie perpendicular `a dire¸c˜a o 3 (a raz˜ ao da simetria ser´ a explicada posteriormente). De um modo geral, os componentes diagonais s˜ ao chamados componentes normais e os componentes fora da diagonal s˜ ao chamados componentes de cisalhamento. Alguns espec´ıficos tensores de tra¸ c˜ao ser˜ ao a seguir apresentados:
Tensor de Press˜ ao Hidrost´atica T = p1 : A eq. 3.56 mostra que, para este tensor, a tra¸ca˜o t sobre qualquer superf´ıcie ´e o vetor tra¸ c˜ao normal p n, onde o escalar ao hidrost´atica . p recebe o nome press˜
−
−
−
Tensor de Tens˜ao ou Compress˜ ao Pura, ou Uniaxial T = σ(e e): Para uma superf´ıcie perpendicular ao vetor e, cuja norma ´e igual a` unidade, a eq. 3.56 mostra, usando a defini¸ca˜o de produto tensorial de vetores ou tensor simples 1.2.12, que t = σ(e e)e = σ e, ou seja, mostra que a tra¸c˜ao sobre esta espec´ıfica superf´ıcie ´e o vetor tra¸ca˜o normal σ e, onde σ ´e um escalar positivo no caso de tens˜ ao e negativo no caso de press˜ ao.
⊗
⊗
⊗
⊗
Tensor de Cisalhamento Puro T = τ (c d + d c), n˜ao sendo colineares c e d : Se (c∗ , d∗ ) for a base dual de (c, d) (defini¸ca˜o de base dual 1.2.4), usando a eq. 3.56 tem-se d∗ c∗ τ τ t1 = T ∗ = ∗ c t2 = T ∗ = ∗ d , e d d c c
| | | |
| | | |
onde t 1 ´e um vetor tra¸ca˜o de cisalhamento em rela¸ca˜o a` superf´ıcie normal ao vetor de norma unit´ aria d∗ / d∗ , enquanto que t2 ´e um vetor tra¸ca˜o de cisalhamento em rela¸c˜ao a` superf´ıcie normal ao vetor de norma unit´ aria c∗ / c∗ . Por constru¸ca˜o geom´etrica planar constata-se que o angulo ˆ entre os vetores d e d∗ ´e igual ao aˆngulo entre os vetores c e c ∗ , porque os dois aˆngulos apresentam dire¸co˜es perpendiculares entre si, sendo ambos agudos. Isto causa a igualdade
| |
| |
c c∗ d d∗ = , c c∗ d d∗
· · | || | | || | onde c · c = d · d = 1, logo |c| / |d | = |d| / |c | = a . Substituindo, nas primeiras duas express˜ oes destacadas, respectivamente c = |c| (c/|c|) e d = |d| (d/|d|) ∗
∗
∗
∗
tem-se, ent˜ ao,
t1 = aτ
c c
||
e
t2 = aτ
d , logo d
||
|t | = |t | = aτ . 1
2
Tensor de Tra¸c˜ ao Planar: Se, para um determinado j fixo, acontecer que T 1 j = T j 1 = 0, T 2 j = T j 2 = 0 e T 3 j = T j 3 = 0, ter-se-´a um tensor de tra¸ca˜o planar, porque o vetor t pertencer´ a ao plano dos outros dois vetores de base. Tensores de tens˜ ao ou compress˜ao pura, bem como tensores de cisalhamento puro, s˜ ao casos especiais de tensores de tra¸c˜ao planar.
130
3.3.4
Balanceamento de Momentos Linear e Angular
Usando as eqs. 3.45 (defini¸c˜ao de momento linear) e 3.52 (decomposi¸ca˜o da for¸ca total), numa estrutura inercial (subse¸c˜ao 3.3.1) a eq. 3.47 (primeira lei de Euler) pode ser escrita d dt
P t
ρ x˙ dv =
P t
ρ b dv +
∂ Pt
t da .
(3.59)
A eq. 3.59, usando a eq. 3.56 (defini¸ca˜o do tensor de tra¸c˜ao de Cauchy), por sua vez pode ser escrita d ρ x˙ dv = ρ b dv + T n da , (3.60) dt P t ∂ Pt P t chamada primeira lei de Cauchy . Comparando a eq. 3.60 com a eq. 3.1 tem-se que, no enfoque cl´ assico, na configura¸ca˜o corrente e utilizando a descri¸ ca˜o espacial,
ψ = ρ x˙ ,
Φ ψ = T
e
σψ = ρ b .
Portanto, T = b = 0 ´e uma condi¸ca˜o suficiente para que Φ ψ = σψ = 0 na eq. 3.1, logo T = b = 0 ´e a lei de cl´ assica conserva¸c˜ ao do momento linear (subse¸ca˜o 3.1.1). Por´em, para o momento linear, tamb´ em poderia ser deduzida uma lei de conserva¸ c˜ao n˜ao apenas cl´ assica, analogamente ao que foi indicado para o caso da massa. De fato, se a eq. 3.1 fosse generalizada por meio da adi¸ca˜o, ao seu segundo membro, de parcelas referentes a fluxos ou suprimentos estat´ısticos, a compara¸ c˜ao dela com a eq. 3.60 mostraria que a conserva¸ca˜o do momento linear ocorreria se T = b = 0 e se, al´em disto, na eq. 3.1 fossem anuladas todas as parcelas referentes a fluxos ou suprimentos estat´ısticos. Deve-se adicionalmente lembrar que, conforme ressaltado na subse¸ c˜ao 3.3.2, o enfoque cl´assico n˜ao permite que uma parte material ou ponto do corpo exer¸ ca qualquer influˆencia sobre outra parte material ou ponto do mesmo corpo, a n˜ ao ser que tal influˆencia seja transmitida por meio da superf´ıcie que delimita cada parte material considerada. Para incluir tais influˆencias, a eq. 3.60 deveria ser alterada. Retornando ao enfoque cl´ assico e considerando ψ = ρ ˙x, Φ ψ = T e σψ = ρ b, as eqs. 3.11 e 3.13 indicam respectivamente que ∂ (ρ x˙ ) + div(ρ x˙ ∂t
⊗ x˙ − T ) − ρ b = 0
e
ρ x˙ (x˙ · n − u ) − T n = 0 . (3.61) n
A primeira entre as eqs. 3.61, que ´e a forma local da primeira lei de Cauchy para pontos regulares, costuma ser chamada equa¸c˜ ao do movimento . Assim como ocorre com a primeira entre as eqs. 3.39, ela cont´em a descri¸ c˜ao espacial da derivada temporal, mas pode ser mais u ´til a descri¸ca˜o material desta derivada. Para se efetuar esta transforma¸ c˜ao, x . Por isto, uma basta perceber que a eq. 3.43 indica que ∂ (ρ x˙ ) / ∂t + div(ρ x˙ x˙ ) = ρ¨ express˜ao mais usual da equa¸c˜ao de movimento ´e
⊗
x ρ¨
− div T = ρ b ,
(3.62)
a qual mostra que a conserva¸c˜ao do momento linear, para um ponto regular, implica em ¨ = 0. Por outro lado, assim como ocorre com a segunda entre as eqs. 3.39, as x ` vezes ´e mais conveniente escrever a segunda entre as eqs. 3.61 em termos das velocidades locais de propaga¸ca˜o definidas pela eq. 3.14, obtendo-se imediatamente
ρ U x˙ + T n = 0 . 131
(3.63)
Usando as eqs. 3.46 (defini¸c˜ao do momento angular) e 3.53 (decomposi¸c˜ao do torque total em materiais apolares), numa estrutura inercial a eq. 3.48 (segunda lei de Euler) pode ser escrita d dt
P t
ρ (x
− x ) ∧ x˙ dv = ◦
P t
(x
− x ) ∧ ρ b dv + ◦
∂ Pt
(x
− x ) ∧ t da .
◦
(3.64)
A eq. 3.64, usando a eq. 3.56 (defini¸ca˜o do tensor de tra¸c˜ao de Cauchy), por sua vez pode ser escrita d ρ (x x◦ ) x˙ dv = (x x◦ ) ρ b dv + (x x◦ ) T n da , (3.65) dt P t P t ∂ Pt
−
∧
−
∧
−
∧
denominada segunda lei de Cauchy . Comparando a eq. 3.65 com a eq. 3.1 tem-se que, no enfoque cl´ assico, na configura¸ca˜o corrente e utilizando a descri¸ ca˜o espacial, ψ = (x
− x ) ∧ ρ x˙ ,
Φ ψ = (x
◦
− x ) ∧ T
σψ = (x
e
◦
− x ) ∧ ρb. ◦
Como o ponto x◦ ´e completamente arbitr´ ario, T = b = 0 ´e uma condi¸c˜ao suficiente assica de conserva¸ca ˜o para que Φ ψ = σψ = 0 na eq. 3.1, logo T = b = 0 ´e a lei cl´ do momento angular . Note que os momentos linear e angular apresentam a mesma lei cl´assica de conserva¸ca˜o, cabendo considera¸co˜es an´ alogas sobre a sua generaliza¸ ca˜o. Logo, impor T = b = 0 na eq. 3.1 ´e suficiente para que ambos os dois momentos se conservem, embora, sem a imposi¸ c˜ao desta condi¸ca˜o, cada um deles ainda possa ser individualmente conservado, mediante a cria¸c˜ao de v´ınculos espec´ıficos n˜ ao permitidos pelas leis de conserva¸c˜ao (subse¸c˜ao 3.1.1). A substitui¸ca˜o de ψ = (x x◦ ) ρ x˙ , Φ ψ = (x x◦ ) T e σψ = (x x◦ ) ρ b na eq. 3.13 leva, novamente, a` segunda entre as eqs. 3.61. Por outro lado, efetuando esta mesma substitui¸c˜ao na eq. 3.11, ap´ os v´arias transforma¸co˜es alg´ebricas obt´em-se, por meio do uso da eq. 3.62, T = T T , (3.66)
−
∧
−
∧
−
∧
que ´e a forma local da segunda lei de Cauchy para pontos regulares. O fato de T ser sim´etrico apresenta importante consequˆencia. De fato, de acordo com o teorema 1.2.6 (espectral: autovalores de tensor sim´etrico), a simetria de T garante que existam trˆes campos vetoriais ortonormais n(x, t) tais que, para cada um deles, T (x, t)n(x, t) = σ(x, t)n(x, t) ,
(3.67)
˜o principal, enquanto que o onde o escalar real σ(x, t) (autovalor) ´e chamado tra¸ca vetor n(x, t) (autovetor) ´e denominado dire¸ca ˜o principal. de T (x, t). Embora ha jam trˆes dire¸c˜oes principais, existem no m´aximo trˆes diferentes tra¸c˜oes principais a elas correspondentes. Por exemplo, para o tensor de press˜ ao hidrost´ atica T = p1 (subse¸c˜ao 3.3.3), toda dire¸ca˜o ´e uma dire¸ca˜o principal e o escalar p ´e a tra¸ca˜o principal. Ali´as, uma situa¸ca˜o comum ´e a de um escoamento com press˜ ao hidrost´ atica T = p1 e densidade m´assica suprimento de for¸ca corporal b = grad φ. Para esta situa¸ca˜o, o teorema de Bernouilli demonstra que
−
−
− −
1 v2 v grad( + φ) + v grad p = 0 e (3.68) se ∂ v/∂t = 0 , ent˜ ao 2 ρ 2 1 v se ∂ v/∂t = 0 e rot v = 0 , ent˜ ao grad( + φ) + grad p = 0 . (3.69) 2 ρ
·
132
·
3.3.5
Balanceamento de Energia Cin´ etica
Pode-se efetuar o produto interno dos termos da eq. 3.62 pelo vetor velocidade x˙ . Considerando que
x˙ ρ¨ x = ρ ddt ( 12 ˙x x˙ ) ,
· · ario 1.3.20 (exx˙ · div T = div(T x˙ ) − tr(T ∇x˙ ) , de acordo com o item 2 do coment´ T
T
press˜oes para divergˆencia e laplaciano),
div(T T x˙ ) = div(T x˙ ) , de acordo com a eq. 3.66 e tr(T T x˙ ) = T grad ˙x , de acordo com a defini¸ca˜o de produto interno tensorial 1.2.27, obt´em-se
∇
·
d 1 ( ˙x x˙ ) = div(T x˙ ) + ρx˙ b T grad x˙ . (3.70) dt 2 Tanto a primeira entre as eqs. 3.61, quanto a equa¸c˜ao de movimento 3.62, s˜ ao equa¸co˜es vetoriais que expressam a forma local, para pontos regulares, da primeira lei de Cauchy, a qual ´e o balanceamento cl´ assico de momento linear, na configura¸ca˜o corrente e utilizando a descri¸ca˜o espacial, referente a uma estrutura inercial. J´ a a eq. 3.70 ´e escalar, porque interrelaciona as proje¸c˜oes dos vetores, presentes na eq. 3.62, sobre a dire¸c˜ao do vetor velocidade x˙ (nesta igualdade, todas as proje¸co˜es aparecem multiplicadas x˙ ), enquanto que a eq. 3.66, tamb´em envolvida na dedu¸ca˜o da eq. 3.70, ´e tensorial e se refere a` segunda lei de Cauchy, que ´e o balanceamento cl´ assico de momento angular. Por´ em, no mais as eqs. 3.61, 3.62, 3.66 e 3.70 tˆem exatamente as mesmas caracter´ısticas. Seja χ( , t) uma configura¸ca˜o corrente pertencente ao movimento χ( , ) do corpo (subse¸c˜ao 2.4.1) e seja uma regi˜ ao material (subse¸c˜ao 3.1.1) . Define-se a energia ao cin´ etica da regi˜ao material , em χ( , t), pela express˜ ρ
·
· − ·
| |
·
P
P ⊂ B
·
1 K ( , t) = 2
P
··
B
ρ x˙ x˙ dv ,
(3.71) · sendo P ⊂ B a imagem da regi˜ ao material P ⊂ B, por meio da configura¸ca˜o corrente χ(·, t). Se j´a tivessem sido definidas as grandezas Φ e σ referentes a` energia cin´etica, considerando ψ = ρ x˙ · x˙ /2 na eq. 3.11 ter-se-ia a forma local, para pontos regulares, do balanceamento cl´ assico de energia cin´etica, na configura¸ ca˜o corrente e utilizando a descri¸c˜ao espacial. Tal forma local, portanto, envolve a derivada ( ˙x · x˙ ). Como a t
P t
t
ψ
ψ
∂ ρ ∂t 2
eq. 3.70, que resulta da aplica¸ca˜o da eq. 3.11 aos momentos linear e angular, envolve a derivada ρ ddt ( 12 ˙x x˙ ), conv´ em relacionar entre si estas duas derivadas. Tem-se, ent˜ ao,
·
∂ ρ ( ˙x x˙ ) = ∂t 2 d ρ ρ = ( ˙x x˙ ) x˙ grad( ˙x x˙ ) (primeira entre as eqs. 2.31) dt 2 2 d 1 dρ 1 ρ = ρ ( ˙x x˙ ) + ( ˙x x˙ ) x˙ grad( ˙x x˙ ) dt 2 dt 2 2 d 1 ρ ρ = ρ ( ˙x x˙ ) [( ˙x x˙ )divx˙ + x˙ grad( ˙x x˙ )] (eq. 3.41) dt 2 2 2 d 1 ρ = ρ ( ˙x x˙ ) div[( ˙x x˙ )x˙ ] (item 1 do coment´ a rio 1.3.20). dt 2 2
·
· − · · · · − · · − · · · − · 133
·
·
(3.72)
Como x˙ ´e completamente arbitr´ ario, a eq. 3.72 mostra que os balanceamentos de momentos linear e angular implicam no balanceamento de energia cin´etica. De fato, subtra´ındo div[(ρx˙ x˙ )x˙ /2] aos dois membros da eq. 3.70 tem-se
·
∂ ρ ( ˙x x˙ ) = div[T x˙ ∂t 2
·
− ( ρ2 ˙x · x˙ )x˙ ] + ρx˙ · b − T · grad x˙ ,
(3.73)
que ´e a forma local do balanceamento cl´ assico de energia cin´ etica em ponto regular. Comparando a eq. 3.73 com a eq. 3.11 percebe-se que ρ ψ = ˙x x˙ , 2
·
˙ Φ ψ = T x
· − T · grad x˙ .
σψ = ρ x˙ b
e
Aplicando as u ´ltimas trˆes equa¸co˜es destacadas a` eq. 3.1 obt´em-se a forma integral de balanceamento cl´ assico da energia cin´etica, na configura¸ ca˜o corrente e utilizando a descri¸ c˜ao espacial, referente a uma estrutura inercial, d dt
P t
ρ ˙x x˙ dv = 2
·
∂ Pt
·
T x˙ n da +
P t
· − T · grad x˙ ) dv ,
(ρx˙ b
onde
(3.74)
T x˙ n = n T T x˙ = x˙ T n = x˙ t, sendo a primeira igualdade devida a` eq. 3.66, a segunda `a defini¸ca˜o de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17 e a terceira a` eq. 3.56 (defini¸ca˜o de ρ ˙ ( , t) = d ˙x x˙ dv, a tensor de tra¸ca˜o de Cauchy). Como a potˆ encia cin´ etica K dt P t 2 eq. 3.74 pode, ent˜ ao, ser escrita
·
·
·
·
P
˙ ( , t) = K
P
·
∂ Pt
·
x˙ t da +
P t
·
ρx˙ b dv
·
− · P t
T grad x˙ dv ,
·
(3.75)
onde os termos ∂ Pt x˙ t da e P t ρ x˙ b dv s˜ao absolutamente coerentes com os termos que definem as respectivas for¸cas mecˆ anicas f c ( , t) = ∂ Pt t da (eq. 3.51) e f b ( , t) = encia mecˆ anica transmitida a` regi˜ao material P t ρ b dv (eq. 3.50), constituindo a potˆ , em χ( , t), P ( , t) = ρx˙ b dv . (3.76) x˙ t da +
P
·
P
P
·
∂ Pt
P t
P
·
Quanto a` eq. 3.13, a descontinuidade de x˙ sobre a superf´ıcie singular faz grad ˙x divergir sobre tal superf´ıcie. Portanto, n˜ ao existe, para a energia cin´etica, uma express˜ ao com a forma da eq. 3.13. O aparecimento do produto interno tensorial T grad x˙ , por´em, produz mais consequˆencias, cujas caracter´ısticas at´e a este ponto do texto ainda n˜ ao tinham ocorrido, do que somente impedir a existˆencia de uma equa¸ c˜ao de RankineHugoniot para a energia cin´etica. De fato, trata-se de um suprimento produzido por fonte necessariamente interna a` regi˜ ao material , o que indica que a energia cin´etica n˜ao ´e uma grandeza conservativa, portanto indica que n˜ ao existe uma lei de conserva¸ca˜o da energia cin´etica, fosse ela cl´ assica ou n˜ ao (subse¸c˜ao 3.1.1), embora o balanceamento de energia cin´etica tenha sido obtido a partir dos balanceamentos de momentos linear e angular, os quais apresentam uma mesma lei de conserva¸c˜ao. Como a lei cl´ assica de conserva¸ca˜o dos momentos linear e angular ´e T = b = 0 na eq. 3.1, ou seja, ´e T (x, t) = t(x, t) = 0 x ∂ e b(x, t) = 0 x , sempre que for imposta esta lei as eqs. 3.76 e 3.75 tornar-se-˜ao, respectivamente, P ( , t) = 0 e
·
P
| ∈ P
˙ P =0 ( , t) = K
P
−
P t
134
·
T grad x˙ dv ,
| ∈ P P
(3.77)
˙ P =0( , t) ´e a potˆ encia cin´ etica sem potˆ encia mecˆanica. Substituindo as eqs. onde K 3.76 e 3.77 na eq. 3.75 obt´em-se
P
˙ ( , t) = P ( , t) + K ˙ P =0 ( , t) . K
P
P
P
(3.78)
Deve-se, por´em, lembrar que v´ınculos especiais podem permitir a conserva¸ c˜ao dos momentos linear e angular sem que seja imposta a lei cl´ assica de conserva¸ca˜o de tais momentos. Em outras palavras, ´e poss´ıvel conservar estes momentos tendo-se, simultaneamente, ˙ ( , t) = ˙ dv . P ( , t) = 0, logo K P t T grad x Qualifica-se como homogˆeneo ao processo durante o qual, para todo t, qualquer
P
P −
·
propriedade intensiva (por exemplo densidade, press˜ ao, temperatura, concentra¸ c˜ao etc.) apresente o mesmo valor em todos os pontos de t , embora tal valor possa variar com t. Impondo que, num processo homogˆeneo, a velocidade tamb´em apresente igual valor em todos os pontos, ent˜ ao, por defini¸ca˜o, a homogeneidade exige que grad ˙x = 0 (n˜ao confundir com o conceito de material homogˆeneo, a ser apresentado no final da se¸ c˜ao 4.3). Portanto, num processo homogˆeneo:
P
˙ P =0 ( , t) = 0, de acordo com a eq. 3.77. 1. K
P
˙ ( , t) = P ( , t), de acordo com as eqs. 3.78 e com o primeiro item. 2. K
P
P
3. Existe a lei cl´assica de conserva¸c˜ao da energia cin´etica e esta coincide com a lei cl´assica de conserva¸c˜ao dos momentos linear e angular.
3.3.6
Balanceamento de Energias Total e Interna
Conforme um dos conceitos centrais da mecˆ anica, a energia ´e conservativa. Isto gera a id´eia de existˆencia de uma conservativa energia total, divis´ıvel em parcelas aditivas, as quais n˜ao precisariam ser conservativas. Uma parcela n˜ ao conservativa seria a energia cin´etica, j´a definida pela eq. 3.71. A energia cin´etica ´e um conceito fundamental da dinˆamica, intimamente relacionado aos conceitos de momento linear e angular, conforme mostrado na subse¸ca˜o 3.3.5. Por diferen¸ca, a parte restante da energia total ´e denominada energia interna . Evidentemente, a energia interna deve ser n˜ ao conservativa, sua altera¸ca˜o compensando a altera¸ca˜o de energia cin´etica, ou seja, numa regi˜ ao material isolada (subse¸ca˜o 3.1.1) a potˆencia que altera a energia cin´etica deve ser, a cada instante, igual e de sinal contr´ ario a` potˆencia que modifica a energia interna. Em outras palavras, tal potˆencia deve, apenas, transformar energia cin´etica em interna e vice-versa. Seja χ( , t) uma configura¸c˜ao corrente pertencente ao movimento (subse¸ ca˜o 2.4.1) χ( , ) do corpo e seja uma regi˜ao material (subse¸ca˜o 3.1.1) . Define-se a energia interna de , em χ( , t), pela express˜ ao
··
· B P ·
P ⊂ B
P
E ( , t) =
P t
ρdv,
(3.79)
assica sendo t na configura¸c˜ao corrente e (x, t) a densidade m´ t a imagem de de energia interna . Define-se, tamb´em, a potˆencia total trocada por t t ,
P ⊂ B
P
∂ Pt
·
x˙ t da +
∂ Pt
h da +
P t
135
·
ρ x˙ b dv +
P t
P ⊂ B
ρrdv,
(3.80)
onde os termos ∂ Pt x˙ t da e P t ρ x˙ b dv j´a foram comentados logo ap´ os a eq. 3.75. O escalar densidade m´ assica de suprimento de calor r = r(x, t), assim como ocorre com o vetor b, ´e produzido por fonte externa a (por exemplo, ´e uma radia¸c˜ao proveniente de fonte externa ao corpo). Este escalar ´e o an´ alogo, para a energia interna, do que ´e o escalar x˙ b, para a energia cin´etica. O escalar densidade de calor condutivo superficial, h = h(x, t , ∂ t ), ´e o an´alogo, para a energia interna, do que ´e o escalar x˙ t para a energia cin´etica. Imp˜ oe-se que tanto quanto r e h sejam objetivos sob transforma¸ca˜o euclideana, porque trata-se de conceitos primitivos. Semelhantemente ao postulado (eq. 3.54), princ´ıpio (eq. 3.55) e teorema de Cauchy (eq. 3.56), o princ´ıpio de fluxo t´ ermico de Fourier-Stokes afirma que
·
·
B
·
P
·
P
h(x, t , ∂ t ) = h(x, t, n) =
−q(x, t) · n(x, t) ,
(3.81)
onde q(x, t) ´e o vetor fluxo t´ ermico . A eq. 3.81 ´e a defini¸ca˜o de q(x, t). Usando as eqs. 3.71 (defini¸ ca˜o de energia cin´etica), 3.79 (defini¸ c˜ao de energia interna), 3.80 (defini¸ca˜o de potˆencia total trocada, nela fazendo a substitui¸ c˜ao x˙ t = T ˙x n, de acordo com a subse¸c˜ao 3.3.5, imediatamente ap´ os a eq. 3.74) e 3.81 (defini¸c˜ao do vetor de fluxo t´ermico q ), para uma estrutura inercial obt´em-se a express˜ ao para o balanceamento cl´assico de energia total, na configura¸c˜ao corrente e utilizando a descri¸ ca˜o espacial,
·
d dt
ρ ( x˙ x˙ + ρ ) dv = P t 2
·
∂ Pt
(T x˙
− q) · nda +
P t
·
ρ (x˙ b + r) dv .
·
(3.82)
Ao se comparar a eq. 3.82 com a eq. 3.1 obt´ em-se ψ =
ρ x˙ x˙ + ρ , 2
˙ Φ ψ = T x
·
−q
σψ = ρ (x˙ b + r) .
·
e
Portanto, a lei cl´ assica de conserva¸c˜ ao da energia total (subse¸ca˜o 3.1.1) ´e obedecida se e somente se T = q = b = r = 0 na eq. 3.82, ou seja, T e q s˜ao nulos na superf´ıcie, enquanto que b e r s˜ ao nulos em todo ponto da regi˜ ao material. Conv´em, ainda, lembrar que, desde a subse¸ c˜ao 3.3.2, considera-se que densidades m´assicas de suprimento n˜ a o dependam do que ocorra em outros pontos do corpo, ou seja, que a intera¸c˜ao entre as diversas partes do corpo se manifeste somente por meio de contato superficial. At´ e ao fim da subse¸ c˜ao anterior, isto se referia apenas ao suprimento de for¸ca corporal b e a` tra¸c˜ao superficial t = T n. Mas, a partir da presente subse¸ c˜ao, este conceito envolve tamb´em o suprimento de calor r e o calor condutivo superficial h = q n. As eqs. 3.11 e 3.13 indicam respectivamente que
·
∂ ρ ρ ( x˙ x˙ + ρ ) + div(( x˙ x˙ + ρ )x˙ T x˙ + q) ρ (x˙ b + r) = 0 e (3.83) ∂t 2 2 ρ ( x˙ x˙ + ρ )(x˙ n un ) + q T x˙ n = 0 . (3.84) 2 A eq. 3.83 (equa¸ca˜o de campo) ´e a forma local, em pontos regulares, da eq. 3.82, enquanto que a eq. 3.84 (equa¸ca˜o de Rankine-Hugoniot) ´e a forma local da mesma equa¸ ca˜o, mas para pontos sobre uma superf´ıcie singular. Pode ser mais util ´ escrever a eq. 3.84 em termos das velocidades locais de propaga¸ c˜ao definidas pela eq. 3.14, obtendo-se imediatamente 1 ρ U ( + x˙ x˙ ) + T x˙ q n = 0 . (3.85) 2
·
·
−
−
·
·
· − − ·
· − · 136
A partir da eq. 3.85 demonstra-se que, supondo que a componente tangencial da velocidade seja cont´ınua na superf´ıcie singular, tem-se
q · n = (ρ U ) − ρ1 (n · T n) + 12 U . −
2
(3.86)
Subtraindo a eq. 3.73 da eq. 3.83 obt´em-se ∂ (ρ ) + div(ρ x˙ + q) ∂t
− T · grad x˙ − ρ r = 0.
(3.87)
Como foi subtra´ıda a equa¸c˜ao de campo para a energia cin´etica da equa¸ c˜ao de campo da energia total, a eq. 3.87 ´e a equa¸ c˜ao de campo para a energia interna. Comparando as eqs. 3.87 e 3.11 obt´em-se que ψ = ρ ,
Φ ψ =
−q
·
σψ = T grad x˙ + ρ r ,
e
resultado este absolutamente coerente com os resultados an´ alogos, obtidos para a energia cin´etica e para a energia total. Portanto, assim como a energia cin´etica, a energia interna tamb´em n˜ ao ´e conservativa. A eq. 3.87 cont´em a descri¸ c˜ao espacial da derivada temporal, mas pode ser mais u´til a descri¸c˜ao material desta derivada. Para se efetuar esta transforma¸ca˜o, nota-se que ∂ (ρ ) ∂ρ ∂ = +ρ = ∂t ∂t ∂t
− div(ρ x˙ ) + ρ ˙ − ρ (grad ) · x˙ = ρ ˙ − div(ρ x˙ ) ,
onde foram usadas a primeira entre as eqs. 3.39, a primeira entre as eqs. 2.31 e o item 1 do coment´ ario 1.3.20 (express˜ oes para divergˆencia e laplaciano). Substituindo a ultima ´ express˜ao destacada na eq. 3.87, obt´em-se
·
ρ ˙ + div q = T grad ˙x + ρ r .
(3.88)
Tamb´em em analogia ao que acontece para a energia cin´etica, n˜ ao existe uma equa¸ca˜o de Rankine-Hugoniot para a energia interna. Ou seja, ao contr´ ario do que ocorre para pontos regulares, n˜ ao ´e poss´ıvel decompor a eq. 3.84 numa express˜ ao para energia cin´etica e outra para energia interna. A medida que o ponto regular se aproximar da superf´ıcie singular, as divergˆencias das energias cin´etica e interna se anular˜ ao entre si, de modo a tender para uma descontinuidade finita para a energia total (eq. 3.84). Conforme destacado logo ap´ os a eq. 3.87, para a energia interna deve-se considerar ψ = ρ , Φ ψ = q e σψ = T grad x˙ + ρ r . Ent˜ao, para a energia interna a eq. 3.1 deve ser escrita
−
·
d dt
P t
ρ d v =
−
∂ Pt
·
q n da +
P t
·
T grad x˙ dv +
P t
ρrdv,
(3.89)
que ´e o balanceamento cl´ assico de energia interna, na configura¸ca˜o corrente e utilizando a descri¸c˜ao espacial, para uma estrutura inercial. Note que, conforme esperado, somando as eqs. 3.74 (balanceamento cl´ assico de energia cin´etica) e 3.89 obt´em-se a eq. 3.82 (balanceamento cl´ assico de energia total). Em analogia a` defini¸c˜ao de potˆencia mecˆanica dada pela eq. 3.76, define-se a potˆ encia t´ermica Q( , t) = ρrdv. (3.90) q n da +
P
−
∂ Pt
·
137
P t
Usando as eqs. 3.77 e 3.90, a eq. 3.89 pode ser re-escrita sob a forma ˙ ( , t) = Q( , t) E
P − K ˙ (P , t) ,
P
P =0
(3.91)
que ´e an´ aloga a` eq. 3.78. Somando a eq. 3.78 a` eq. 3.91 tem-se ˙ ( , t) + K ˙ ( , t) = Q( , t) + P ( , t) , E
P
P
P
P
(3.92)
conforme esperado. De acordo com o primeiro item do ultimo ´ par´ agrafo da subse¸c˜ao 3.3.5, ˙ P =0( , t) = 0. Isto indica que, neste processo: para um processo homogˆeneo tem-se K
P
1. As energias cin´ etica e interna n˜ a o se transformam diretamente uma na outra, ˙ P =0 ( , t). Por isto, tanto a energia porque ´e anulada a potˆencia transfer´ıvel, K cin´etica como a energia interna s˜ ao conservativas, apresentado respecticamente as leis cl´assicas de conserva¸ca˜o T (x, t) = 0 x ∂ , b(x, t) = 0 x e q(x, t) = 0 x ∂ , r(x, t) = 0 x . O fato de ser poss´ıvel conservar, separadamente, cada uma das duas energias, confirma que elas n˜ ao se transformam, diretamente, uma na outra.
P | ∈ P
{ | ∈ P}
| ∈ P
| ∈ P} {
˙ ( , t) = Q( , t), de acordo com a eq. 3.91, enquanto 2. Para a energia interna tem-se E ˙ ( , t) = P ( , t). N˜ao que, considerando a eq. 3.78, para a energia cin´etica tem-se K se altera, portanto, a eq. 3.92, v´alida para qualquer processo em meio cont´ınuo.
P
P
P
P
Grafando P ( , t) a` potˆencia mecˆ anica correspondente a` conserva¸ca˜o dos momentos linear e angular sem que seja imposta a lei cl´ assica de conserva¸c˜ao de tais momentos (ver texto imediatamente ap´ os a eq. 3.78), nos processos homogˆeneos costuma-se subtrair ˙ ( , t) = P ( , t), que passa a ser escrita P ( , t) de ambos os membros da igualdade K ˙ ( , t) = P ( , t) P ( , t), sendo P ( , t) P ( , t) a potˆencia mecˆanica corresponK ˙ ( , t) ´e a potˆencia cin´etica do movimento dente ao movimento de corpo r´ıgido, logo K de corpo r´ıgido. Por outro lado, nos processos homogˆeneos costuma-se adicionar P ( , t) a ambos ˙ ( , t) = Q( , t), obtendo-se E ˙ ( , t) = Q( , t) + P ( , t), os membros da igualdade E chamada primeira lei da termodinˆ amica dos processos homogˆ eneos. Logo, a ˙ ( , t), a que se refere a primeira lei da termodinˆ potˆencia interna E amica dos processos ˙ ( , t) homogˆeneos, n˜ao ´e a mesma a` que se refere a eq. 3.91. De fato, a diferen¸ca entre E ˙ ( , t), n˜ao ´e a potˆencia cin´etica e a potˆencia total ´e a potˆencia cin´etica de corpo r´ıgido K
P
P P
P P − P P
P − P
P
P
P
P
P
P
P P
P
P
total definida pela eq. 3.75. Conv´em, ainda, lembrar que, a rigor, ´e irrealiz´ avel um processo em meio cont´ınuo que mantenha, ao longo de todo o seu tempo de existˆencia, a homogeneidade de todas as suas propriedades intensivas, inclusive da velocidade pontual, mesmo supondo-se que os valores de tais grandezas possam variar no tempo. Por´em, quando as velocidades de homogeneiza¸ ca˜o das propriedades intensivas e da velocidade pontual forem suficientemente maiores do que a velocidade de avan¸ co do processo, dentro da precis˜ ao desejada o processo pode ser considerado homogˆeneo. Mas, para processos em meio cont´ınuo de um modo geral, a primeira lei da termodinˆ amica deve ser fornecida em termos da energia total, ou seja, por meio das eqs. desde 3.82 at´e 3.86, ou de express˜ oes obtidas a partir destas igualdades.
138
3.4 3.4.1
Equa¸c˜ oes Complementares Equa¸co ˜es de Campo e de Rankine-Hugoniot na Descri¸c˜ ao Material
Ser˜ao apresentadas as equa¸co˜es de campo e de Rankine-Hugoniot, na descri¸c˜ao material, para a massa, os momentos linear e angular, a energia interna, a energia total e a energia cin´etica, quando existirem tais equa¸co˜es.
Massa Como, para a massa, ψ = ρ , Φψ = 0 e σψ = 0 (se¸ca˜o 3.2), de acordo com as eqs. 3.19 tem-se ψκ = J ρ = ρ κ , Φψκ = 0 e σκψ = 0. (3.93)
||
Logo, usando as eqs. 3.24 e 3.26 tem-se, respectivamente, ρ˙ κ = 0
ρ U
e
κ
κ
= 0.
(3.94)
Como considerar U κ = 0 seria uma particulariza¸ca˜o que, conforme a condi¸c˜ao de compatibilidade cinem´ atica na superf´ıcie singular expressa pela primeira entre as eqs. 3.32, implicaria em impor x˙ = 0, a segunda entre as eqs. 3.94 pode ser escrita
ρ = 0.
κ
(3.95)
Note que a primeira entre as eqs. 3.93 ´e a eq. 3.37.
Momento Linear Como, para o momento linear, ψ = ρ x˙ , Φψ = T e σψ = ρ b (subse¸c˜ao 3.3.4, logo ap´ os a eq. 3.60), de acordo com as eqs. 3.19 tem-se Φψκ = J T F −T = T κ
ψκ = J ρx˙ = ρ κ ˙x ,
||
||
σκψ = J ρb = ρ κ b , (3.96)
||
e
onde na primeira e terceira equa¸ca˜o foi utilizada a primeira entre as eqs. 3.93 e o tensor T κ ´e denominado tensor de tra¸ca ˜o de Piola-Kirchoff . Logo, usando as eqs. 3.24 e 3.26 tem-se, respectivamente, ¨ ρκ x
− DivT − ρ b = 0 κ
ρ ˙xU + T n
e
κ
κ
κ
κ
κ
= 0,
(3.97)
onde na primeira equa¸ca˜o foi usada a primeira entre as eqs. 3.94. Por meio da primeira entre as eqs. 3.32 e da eq. 3.95, a segunda entre as eqs. 3.97 pode ser escrita 2
T n = ρ U F n . κ
κ
κ
κ
κ
(3.98)
Usando a primeira entre as eqs. 2.9, que relaciona eκ daκ com eda e, tamb´em, o que foi colocado na subse¸c˜ao 3.1.2, sobre a substitui¸c˜ao de J por J , mostra-se que
∂ Pt
T n da =
∂ Pκ
139
| |
T κ nκ daκ .
(3.99)
Momento Angular De acordo com a subse¸ca˜o 3.3.4, a equa¸c˜ao de Rankine-Hugoniot para os momentos linear e angular ´e a mesma na descri¸ ca˜o espacial, logo tamb´em ´e a mesma na descri¸ca˜o material. Quanto a` equa¸ca˜o de campo, ela ´e, na descri¸c˜ao espacial, a eq. 3.66, a saber, T = T T . Considerando esta igualdade e a segunda entre as eqs. 3.96, tem-se que T κT = J F −1 T ,
||
(3.100)
logo T κT = F −1 J T F −T F T = F −1 T κ F T , onde, na u ´ltima igualdade, usou-se novamente a segunda entre as eqs. 3.96. Tem-se, portanto, F T κT = T κ F T , que indica que, embora tenha sido usada a igualdade T = T T , n˜ao foi obtida igualdade an´ aloga para o tensor T κ . Logo, o tensor de tra¸ca˜o de Piola-Kirchoff n˜ao ´e sim´etrico.
||
Energia Interna
−
·
Como, para a energia interna, ψ = ρ , Φψ = q e σψ = T gradx˙ + ρ r (subse¸ca˜o 3.3.6, logo ap´ os a eq. 3.87), de acordo com as eqs. 3.19 tem-se Φψκ =
||
ψκ = J ρ = ρ κ ,
−1
−|J |F
q =
−q
e
κ
˙ + ρκ r , (3.101) σκψ = T κ F
·
onde na primeira equa¸c˜a o foi utilizada a primeira entre as eqs. 3.93 e o vetor q κ ´e denominado vetor fluxo t´ ermico material. A aplica¸c˜ao da terceira entre as eqs. 3.19 a σψ = T gradx˙ + ρ r inicialmente produz σκψ = J (T gradx˙ + ρ r). Mas tem-se que ˙ T ) = tr(T κ F ˙ T ) = J T gradx˙ = J tr(T (gradx˙ )T ) = tr( J T (F˙ F −1 )T ) = tr( J T F −T F ˙ , onde para a primeira e u´ltima igualdades utilizou-se a defini¸ca˜o de produto T κ F interno de tensores de segunda ordem 1.2.27, na segunda igualdade usou-se a eq. 2.34 e, na quarta, a segunda entre as eqs. 3.96. Usando, ainda, a primeira entre as eqs. 3.93 no termo J ρ r , chega-se ao resultado apresentado na terceira entre as eqs 3.101. Logo, usando a eq. 3.24 (lembrar que a energia interna diverge numa superf´ıcie singular), tem-se
| | · ·
·
| |
| | ·
||
||
| |
ρκ ˙ + Div q κ
− T · F ˙ − ρ κ
κ
r = 0,
(3.102)
onde foi utilizada a primeira entre as eqs. 3.94. Usando a primeira entre as eqs. 2.9, que relaciona eκ daκ com eda e, tamb´em, o que foi colocado na subse¸ c˜ao 3.1.2, sobre a substitui¸ca˜o de J por J , mostra-se que
| |
∂ Pt
q n da =
·
∂ Pκ
qκ nκ daκ .
·
(3.103)
Energia Total Como, para a energia total, ψ = 2ρ x˙ x˙ +ρ , Φψ = T x˙ q e σψ = ρ (x˙ b + r) (subse¸ca˜o 3.3.6 logo ap´ os a eq. 3.82), de acordo com as eqs. 3.19 tem-se
·
ψκ = Φψκ = σκψ =
−
·
|J | ( ρ2 x˙ · x˙ + ρ ) = ρ2 x˙ · x˙ + ρ |J | F (T x˙ − q) = T x˙ − q |J | ρ (x˙ · b + r) = ρ (x˙ · b + r) , κ
κ
−1
T κ κ
140
κ
(3.104)
onde, na primeira e na terceira equa¸ c˜ao, foi utilizada a primeira entre as eqs. 3.93. Usando a eq. 3.100 conjuntamente com a segunda entre as eqs. 3.101, confirma-se a ultima ´ igualdade da segunda equa¸c˜ao. Logo, utilizando as eqs. 3.24 e 3.26 tem-se, respectivamente, ¨ + ) ˙ + Div(q κ T κT x˙ ) ρκ (x˙ b + r) = 0 ρκ (x˙ x 1 e ρκ ( x˙ x˙ + ) U κ + T κT x˙ q κ nκ = 0, 2
·
−
·
−
·
− ·
(3.105)
onde, na primeira equa¸ca˜o, foi usada a primeira entre as eqs. 3.94. Por meio da condi¸ca˜o de compatibilidade cinem´ atica na superf´ıcie singular expressa pelas eqs. 3.32, a segunda entre as eqs. 3.105 pode ser escrita
q · n = U ( ρ − < T n > ·F n ) , κ
κ
κ
κ
κ
κ
κ
(3.106)
onde usa-se o s´ımbolo < A >= (A+ + A− )/2 para o valor m´edio de A sobre a superf´ıcie singular.
Energia Cin´ etica Subtra´ındo a eq. 3.102 da primeira entre as eqs. 3.105 (veja a se¸ c˜ao 3.3.6), obt´em-se
· − Div(T x˙ ) + T · F ˙ − ρ x˙ · b = 0,
¨ ρκ x˙ x
T κ
κ
κ
(3.107)
que corresponde ao uso da eq. 3.24 para a energia cin´etica (lembrar que a energia cin´etica diverge numa superf´ıcie singular).
3.4.2
Condi¸ co ˜es de Fronteira do Corpo
A fronteira do corpo, em determinado instante t, s˜a o os pontos da imagem ∂ t de sua superf´ıcie material (subse¸ ca˜o 3.1.1), sendo nulas as velocidades locais de propaga¸ ca˜o U ± = u n x˙ ± n (eq. 3.14). Por isto, na fronteira a descri¸ c˜ao espacial dos balanceamentos locais em pontos singulares, para momento linear e angular (eq. 3.63) e energia total (eq. 3.85), s˜ao respectivamente
B
− ·
T n = 0
q · n = x˙ · T n , onde, para a segunda equa¸ca˜o, considerou-se T x˙ · n = x˙ · T n, por causa da defini¸ca˜o e
±
±
±
±
de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17 e da equa¸ca˜o de campo para momento angular (eq. 3.66) T = T T . Mas, como a primeira entre as ultimas ´ duas express˜ oes destacadas ± mostra que T ´e bem determinado na fronteira, tem-se T = T , logo a segunda, entre tais express˜oes, pode ser escrita (3.108) q n = x˙ T n .
·
·
A eq. 3.108 mostra que, se a fronteira for fixa ( x˙ = 0) ou livre (T n = 0), para todas as configura¸co˜es correntes e para a configura¸c˜ao referencial, ent˜ ao a componente normal do vetor fluxo t´ermico ser´ a, sempre, bem definida na fronteira. Se a componente normal do vetor fluxo t´ermico for, sempre, bem definida na fronteira, como, por exemplo, acontece nos dois casos citados no par´ agrafo anterior, ent˜ ao o atica, ou seja, termicamente isolante, o que corpo poder´ a apresentar uma fronteira adiab´
141
indica que a componente normal do vetor fluxo t´ermico ser´ a sempre nula na fronteira. Optativamente, pode-se usar, para a fronteira, a descri¸ ca˜o material dos balanceamentos locais em pontos singulares, para momento linear (segunda entre as eqs. 3.97) e energia total (segunda entre as eqs. 3.105). Lembrando que U κ = 0 sobre a fronteira do corpo, tem-se ent˜ ao, respectivamente,
T n κ
κ
=0
T κ
T x˙ − q · n = 0 .
e
κ
κ
A primeira equa¸c˜ao mostra que T κ ´e bem determinado na fronteira e, para a segunda equa¸ca˜o, considera-se (T κT ) ± x˙ ± nκ = x˙ ± T κ± nκ . Mas, como T κ ´e bem determinado na fronteira, tem-se T κ± = T κ , logo a segunda, entre as u ´ ltimas duas equa¸co˜es destacadas, pode ser escrita (3.109) x˙ T κ nκ = qκ nκ .
·
·
·
·
A eq. 3.109 confirma que, se a fronteira for fixa ou livre, ent˜ ao a componente normal do vetor de fluxo t´ermico material ser´ a bem definida na fronteira. Evidentemente, sempre a componente normal do vetor fluxo t´ermico material for bem definida na fronteira, ela poder´a ser nula, o que ocorre no caso de fronteira adiab´ atica.
3.4.3
Equa¸co ˜es de Campo em Estrutura Referencial Arbitr´ aria
Grandezas Objetivas nas Equa¸c˜ oes de Campo Ao longo deste cap´ıtulo, foram definidas v´ arias grandezas objetivas, em rela¸ca˜o a` transforma¸c˜ao euclideana (subse¸ca˜o 2.6.1). Entre elas, podem ser destacadas:
P
1. O escalar massa M ( ), logo o escalar densidade volum´ etrica de massa ρ (se¸ca˜o 3.2). Portanto (primeira entre as eqs. 2.69), ρ∗ (x∗ , t∗ ) = ρ(x, t).
P
P
2. Os vetores for¸ca f ( , t) e torque mx ( , t) (subse¸c˜ao 3.3.1), logo os vetores densidade m´assica de suprimento de for¸ca corporal b (eq. 3.50) e tra¸ca˜o superficial t (eq. 3.51), assim como o tensor de tra¸ca˜o de Cauchy T (eq. 3.56). Portanto (respectivamente segunda e terceira entre as eqs. 2.69), ◦
b∗(x∗ , t∗ ) = Q(t)b(x, t)
e
T ∗ (x∗ , t∗ ) = Q(t)T (x, t)QT (t)
3. Os escalares densidade m´assica de energia interna , densidade m´assica de suprimento de calor r e densidade de calor condutivo superficial h (se¸ca˜o 3.3.6), logo o vetor de fluxo t´ermico q (eq. 3.81). Portanto, ∗ (x∗ , t∗ ) = (x, t) ,
r∗ (x∗ , t∗ ) = r(x, t)
e
q∗(x∗ , t∗ ) = Q(t)q(x, t) .
Na subse¸c˜ao 2.6.3 foi indicado que o gradiente da velocidade L = grad x˙ satisfaz a` eq. 2.82, a qual pode ser re-escrita sob a forma (grad x˙ )∗ = Q (grad ˙x) QT + Ω ,
(3.110)
onde Ω = Q˙ QT ´e um tensor antissim´ etrico denominado tensor de velocidade angular de ∗ φ em rela¸ca˜o a φ (eq. 2.72). Tem-se, ent˜ao, que: 142
A. Considerando que, de acordo com a defini¸ c˜ao de divergˆencia de campo vetorial 1.3.11, tem-se divu(x) = tr( x u) e que trΩ = 0, porque Ω ´e antissim´etrico, a eq. 3.110 mostra que tr(grad x˙ )∗ = tr(Q (grad x˙ ) QT ). Mas, de acordo com o item 5 do coment´ ario 1.2.29 (propriedades dos tra¸cos), tem-se tr(Q (grad x˙ ) QT ) = tr((grad x˙ ) QT Q) = tr(grad x˙ ), porque Q ´e ortogonal (subse¸c˜ao 2.6.1). Logo,
∇
(div x˙ )∗ = div x˙ . B. Considerando que, de acordo com a defini¸c˜ao de produto interno de tensores de segunda ordem 1.2.27, tem-se A B = tr(AB T ), a eq. 3.110 mostra que, lembrando que T ´e objetivo (item 2), tr(T ∗ (grad x˙ )∗ ) = tr(Q T QT Q (grad x˙ ) QT )+tr(T ∗ Ω) = tr(T (grad x˙ )), por causa do item 5 do coment´ ario 1.2.29, porque Q ´e ortogonal e porque T ∗ ´e sim´etrico (eq. 3.66) e Ω ´e antissim´etrico, o que causa tr(T ∗ Ω) = 0. Logo, (T grad x˙ )∗ = T grad x˙ .
·
·
·
Tem-se, ainda, que: I. A eq. 2.85 mostra que o gradiente de um campo vetorial objetivo ´e objetivo. Como ca˜o de divergˆencia de q ´e objetivo (item 3), x q ´e objetivo e, de acordo com a defini¸ campo vetorial 1.3.11, div q = tr( x q), logo div q ´e um escalar objetivo, ou seja,
∇
∇
(div q)∗ = div q . II. De acordo com a defini¸ca˜o 1.3.13 de divergˆencia de campo tensorial S , tem-se v divS = div(S T v) = tr( x (S T v)), onde a u ´ ltima igualdade se deve a` defini¸ca˜o de divergˆencia de campo vetorial 1.3.11. Como v ´e um campo vetorial constante qualquer, v ´e objetivo. Ent˜ao, o vetor S T v ser´a objetivo se S for objetivo, porque, neste caso, (S T v)∗ = (S T )∗ v∗ = QS T QT Qv = QS T v. Logo, de acordo com a eq. 2.85, se S for objetivo ser´ a objetivo o escalar v divS = div(S T v) = tr( x (S T v)). Mas (v divS )∗ = v∗ (divS )∗ = v divS , sendo v∗ = Qv, implica em (divS )∗ = Q divS , porque Qv Qu = u QT Qv = u v (defini¸ca˜o de transforma¸ca˜o linear transposta 1.2.17). Logo, se S for objetivo ent˜ ao o vetor divS e´ objetivo. Como T ´e objetivo sob transforma¸ca˜o euclideana (item 2), ent˜ ao
·
∇
·
·
·
·
·
·
∇
·
(div T )∗ = Q div T . ´ objetiva a derivada temporal material de um campo escalar objetivo, conforme III. E indica a primeira entre as trˆes eqs. 2.87. Portanto, como ρ e s˜ao objetivos, respectivamente de acordo com os itens 1 e 3, (ρ) ˙ ∗ = ρ˙
e
() ˙ ∗ = ˙ .
Equa¸co ˜es de Campo As observa¸c˜oes apresentadas na primeira parte desta subse¸c˜ao mostram que as equa¸co˜es de campo para massa (eq. 3.41), ρ˙ + ρ divx˙ = 0 143
e para energia interna (eq. 3.88), ρ ˙ + div q = T grad ˙x + ρ r ,
·
s˜ao objetivas sob transforma¸c˜ao euclideana. Mas na subse¸ca˜o 2.6.2 mostrou-se que a velocidade e a acelera¸c˜ao n˜ ao s˜ao vetores objetivos, em rela¸c˜ao a` transforma¸ca˜o euclideana, porque elas respectivamente satisfazem a` segunda entre as eqs. 2.71 e a` equa¸ca˜o 2.74. Logo, a equa¸c˜ao de campo para o momento linear (eq. 3.62),
x ρ¨
− div T = ρ b ,
¨ , embora, em n˜ao ´e objetiva sob transforma¸ ca˜o euclideana, porque cont´em a acelera¸ ca˜o x rela¸ca˜o a` tranforma¸c˜ao galileiana, seja indiferente a` estrutura de referˆencia. De acordo com a eq. 2.74, tem-se ¨∗ x = x Q¨
∗
−i
, onde
i∗ = ¨c + 2Ω (x˙ ∗
− c˙ ) + (Ω ˙ − Ω )(x − c) . 2
∗
Portanto, ao se aplicar a transforma¸ c˜ao Q aos vetores da equa¸ca˜ o de campo para o ¨ Q div T = ρ Q b , ou, como ρ, div T e b s˜ao objetivos, momento linear obt´em-se ρ Q x
−
x∗ ρ∗ (¨
∗
− i ) − (div T )
∗
= ρ ∗ b∗ .
¨ ∗ i ∗ ´e objetivo sob transforma¸ca˜o euclideana. Portanto, Demonstra-se que o vetor x as equa¸c˜oes de campo objetivas sob transforma¸ca˜o euclideana s˜ ao, respectivamente para massa, momento linear e energia interna,
−
ρ˙ + ρ divx˙ = 0 ,
x ρ¨
− div T = ρ(b + i)
e
ρ ˙ +div q
− T · grad x˙ = ρ r , (3.111)
onde o vetor i ´e nulo se φ∗ for uma estrutura de referˆencia inercial, porque neste caso ¨ ∗ (div T )∗ = ρ ∗ b∗ , logo Ω = ¨c = 0 numa estrutura de referˆencia inercial. Por isto, ρ∗ x i ´e denominado vetor densidade m´ assica de suprimento de for¸ca inercial, enquanto que b + i ´e o vetor densidade m´ assica de suprimento de for¸ca corporal aparente . Note que:
−
• A partir das trˆes eqs.
3.111 e da equa¸ c˜ao de campo para o momento angular (simetria do tensor T ) tem-se equa¸co˜es de campo objetivas para as energias cin´etica e total.
• A partir das equa¸co˜es de campo objetivas para massa, momentos e energias, temse as correspondentes equa¸co˜es integrais objetivas de balanceamento, bem como as correspondentes equa¸ c˜oes objetivas de Rankine-Hugoniot.
• E´ usual se escrever b significando b + i, em qualquer estrutura de referˆencia, com a particularidade de se considerar i = 0 se a estrutura for inercial.
• A densidade m´assica de for¸ca inercial i ´e formada pelas parcelas de Coriolis 2Ω (x˙ − ˙ (x ¨ − i) e inercial referente a` transla¸ca˜o, c¨. c˙ ), centr´ıfuga −Ω (x − c), de Euler Ω • As trˆes eqs. 3.111 apresentam as descri¸co˜es materiais das correspondentes deriva2
das temporais. Evidentemente, elas podem ser escritas em termos das descri¸ c˜oes espaciais destas derivadas. 144
Cap´ıtulo 4 Princ´ıpios B´ asicos das Teorias Constitutivas 4.1
Campos B´ asicos, Fun¸co ˜es e Funcionais Constitutivos
De acordo com o cap´ıtulo anterior, as equa¸ c˜oes de balanceamento locais, para pontos regulares e singulares, dependem da:
B× → E
1. fun¸c˜ao pontual movimento χ : , fornecida pela eq. 2.25 e de todas as grandezas cinem´ aticas dela decorrentes (posi¸ca˜o, velocidade, gradiente de deforma¸ca˜o etc.); + 2. fun¸c˜ao escalar densidade volum´ etrica de massa ρ : , cuja descri¸ca˜o + espacial, que pode ser escrita ρ : t , ´e definida pela eq. 3.35 (sendo β a configura¸ca˜o corrente, ou seja, retirando-se os ´ındices β do integrando e, no ´ındice do sinal de integra¸ca˜o, substituindo β por t);
B ×→
B × →
3. fun¸c˜ao vetorial densidade m´ assica de suprimento de for¸ca corporal b : V , cuja descri¸c˜ao espacial, que pode ser escrita b : t V , ´e definida pela eq. 3.50;
B × →
B × →
B × →
4. fun¸c˜ao escalar densidade m´ assica de suprimento de calor r : , cuja descri¸ca˜o espacial, que pode ser escrita r : t , ´e definida pela eq. 3.80;
B ×→ 5. fun¸c˜ao tensorial de Cauchy T : B × → V ⊗ V , cuja descri¸ca˜o espacial, que pode ser escrita T : B × → V ⊗ V , ´e fornecida pela eq. 3.56; 6. fun¸c˜ao escalar densidade m´ assica de energia interna : B × → , cuja descri¸ca˜o espacial, que pode ser escrita : B × → , ´e definida pela eq. 3.79 e 7. fun¸c˜ao vetorial de fluxo t´ermico q : B × → V , cuja descri¸c˜ao espacial, que pode ser escrita q : B × → V , ´e definida pela eq. 3.81. t
t
t
Al´em destas sete fun¸c˜oes, deve-se agora introduzir a fun¸ ca˜o escalar temperatura, por + defini¸ca˜o positiva, grafada θ : . A temperatura ´e suposta ser um primitivo,
B × →
logo ´e suposta ser objetiva sob transforma¸ c˜ao euclideana (subse¸ca˜o 2.6.1). Considera-se que: 145
asico e que o conjunto A. cada um entre ρ(X, t), χ(X, t) e θ(X, t) seja um campo b´ dos trˆes campos b´ asicos caracterize as propriedades do material, enquanto que B. T (X, t), q(X, t) e (X, t) sejam grandezas constitutivas , as quais dependem dos trˆes campos b´ asicos e, al´ em disto, tamb´em dependem do tipo de material que constitui o corpo ao qual pertence o ponto X (este ´e o significado do adjetivo constitutivo). Note que, enquanto os campos b´ asicos s˜ao exatamente os trˆes indicados, existem infinitas outras grandezas constitutivas, al´em das trˆes mencionadas, que n˜ao aparecem nas ante-citadas equa¸c˜oes de balanceamento.
B
C. b(X, t) e r(X, t) influenciem ρ(X, t), χ(X, t) e θ(X, t), portanto indiretamente influenciem as grandezas constitutivas, mas que n˜ ao influenciem diretamente tais grandezas. Note que nos anteriores itens de A a C escreveu-se, por exemplo, ρ(X, t), embora a ausˆencia de ´ındice em ρ seja costumeiramente associada a ρ(x, t). Logo, para evitar confus˜oes, quando a fun¸ca˜o sem ´ındice se referir a (X, t) este fato dever ser explicitado. Para o estudo de como as grandezas constitutivas dependem dos campos b´ asicos, fazse inicialmente necess´ ario definir o conceito de hist´ oria de uma fun¸c˜ao temporal ψ( ), dado por ψ t (s) = ψ(t s) , sendo s [0, ), (4.1)
·
− ∈ ∞ onde o intervalo fechado abaixo [0, ∞) (defini¸c˜ao 1.3.1 de subconjunto aberto) mostra que s ´e uma coordenada temporal apontada para o passado, a partir do instante presente t. Como s = 0 corresponde ao momento presente, tem-se ψ (0) = ψ(t). Sendo C (X, t) o valor, no ponto X ∈ B e no instante t, de uma grandeza constitutiva qualquer, postula-se, t
ent˜ ao, o princ´ıpio de determinismo t
t
t
C (X, t) = F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), X, t) , ∀Y ∈ B e ∀s ∈ [0, ∞), (4.2) onde F ´e um funcional constitutivo (defini¸c˜a o de fun¸ca˜o e funcional 1.1.1). Logo, o
princ´ıpio de determinismo imp˜ oe que as hist´ orias completas da densidade, do movimento e da temperatura, em todos os pontos Y do corpo , determinam os valores das grandezas constitutivas, para todo instante t e ponto X pertencente a . Portanto, o valor (X, t) ser´ a anotado (ρt (Y, s), χt (Y, s), θ t (Y, s), X, t) sempre que se desejar ressaltar o seu car´ ater constitutivo. Por outro lado, ( , ) = (ρt (Y, s), χt (Y, s), θ t (Y, s), , ) ´e uma fun¸ca˜o constitutiva espacial e temporal. Evidentemente, a forma correta do funcional , que depende do tipo de material que constitui o corpo , deve ser confirmada experimentalmente. Por outro lado, experimentos podem sugerir formas matem´ aticas para os funcionais. Mas, provavelmente, n˜ ao ´e poss´ıvel determinar usando apenas experimentos. Existem, por´em, algumas exigˆencias universais que devem ser satisfeitas por qualquer funcional constitutivo, como condi¸ ca˜o necess´aria para a sua confirma¸ca˜o experimental. As mais importantes exigˆencias deste tipo s˜ao:
B
C
F
B
C · · F F
F
I. o princ´ıcio de objetividade material , II. o princ´ıpio de simetria material e III. considera¸co˜es termodinˆ amicas. 146
B
··
4.2
Princ´ıpio de Objetividade Material
4.2.1
Conceito Fundamental
C
Na eq. 4.2, evidentemente (X, t) ´e o valor de uma grandeza constitutiva observ´ avel, logo a igualdade corresponde a alguma estrutura referencial. Isto pode ser explicitado escrevendo-se, ao inv´es da eq. 4.2, t
t
t
C (X, t; φ) = F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), X, t) , ∀Y ∈ B e ∀s ∈ [0, ∞), (4.3) onde C (X, t; φ) indica que (X, t) ´e argumento da estrutura referencial φ, estrutura esta por meio da qual o valor C ´e determinado (ver o colocado imediatamente ap´ os a eq. 2.70). Na eq. 4.3 o ´ındice φ de F indica que a forma do funcional depende desta estrutura referencial e subentende-se que (Y, s) ´e argumento da estrutura referencial φ, estrutura esta por meio da qual as fun¸c˜oes ρ , χ e θ s˜ao determinadas. Mas, se C for uma grandeza constitutiva φ
t
t
t
objetiva em rela¸ca˜o a` transforma¸c˜ao euclideana, postula-se que a forma do funcional n˜ ao dependa da estrutura referencial, embora o seu argumento se altere de acordo com a estrutura referencial considerada. Sendo (X, t) o valor de uma grandeza constitutiva objetiva em rela¸ca˜o a` transforma¸ca˜o euclideana, postula-se, portanto, o princ´ıpio de objetividade material (4.4) φ = φ ,
C
F F
∗
para quaisquer estruturas referenciais φ e φ∗ . De acordo com a eq. 2.68, supondo que seja o valor de uma grandeza constitutiva objetiva e que C S n (n = 0, 1, 2 respectivamente para espa¸co escalar, vetorial e tensorial
C
∈
de segunda ordem), tem-se ∗
∗
∗
C (X, t ; φ ) = Q C (X, t; φ) , onde Q∗ ´e a transforma¸ca˜o linear induzida no espa¸co tensorial S n pela transforma¸ca˜o euclideana. Substituindo a eq. 4.3 na u´ltima igualdade destacada e impondo = φ = φ (eq. 4.4), tem-se
F
F F
∗
∗
∗
∗
∗
∗
∗
∗
F (ρ (Y, t − s), χ (Y, t − s), θ (Y, t − s), X, t ) = Q F (ρ(Y, t − s), χ(Y, t − s), θ(Y, t − s), X, t) , ∀Y ∈ B ∗
e
∀s ∈ [0, ∞).
Lembrando que as grandezas ρ (se¸c˜ao 3.2) e θ (se¸ca˜o 4.1) s˜ ao ob jetivas sob transforma¸ ca˜o euclideana, a qual ´e fornecida pela eq. 2.61, a saber
x∗ = Q(τ )(x
− x ) + c(τ ) ◦
e τ ∗ = τ + a
e considerando x∗ = χ ∗ (Y, τ ∗ ) e x = χ(Y, τ ), sendo τ ∗ = t∗ ∗
∗
−s
∗
e τ = t
− s, tem-se
F (ρ(Y, t − s), χ (Y, t − s), θ(Y, t − s), X, t ) = Q F (ρ(Y, t − s), χ(Y, t − s), θ(Y, t − s), X, t) , onde χ (Y, t − s) = Q(t − s)(χ(Y, t − s) − x ) + c(t − s) , sendo t = t + a , ∀Y ∈ B e ∀s ∈ [0, ∞). (4.5) ∗
∗
∗
◦
∗
147
A eq. 4.5 ´e a restri¸ ca˜o imposta, pelo princ´ıpio de objetividade material, ao funcional constitutivo correspondente a uma grandeza objetiva. Sublinhe-se que, se a grandeza a que se refere o funcional n˜ ao for objetiva, esta restri¸ca˜o geralmente n˜ ao ser´ a v´alida. Entretanto, a restri¸ c˜ao imposta ao funcional ´e bem maior do que explicitamente mostra a eq. 4.5. De fato, conv´em lembrar que a transforma¸ c˜ao euclideana ´e uma transforma¸c˜ao r´ıgida dependente do tempo (eq. 2.61), a transforma¸ c˜ao galileiana ´e uma transforma¸c˜ao euclideana espec´ıfica, em que Q independe de t e c ´e uma fun¸c˜ao linear de t (eq. 2.75), mas ainda existe uma transforma¸ c˜ao galileiana especial, que ´e a transforma¸ca˜o r´ıgida independente do tempo (eq. 2.76). Uma espec´ıfica transforma¸ c˜ao r´ıgida independente do tempo considera Q(t) = 1 e c◦ = x ◦ , o que reduz a transforma¸ca˜o euclideana a e t∗ = t + a , logo x∗ = x Q∗ = 1 . Como a eq. 4.5 ´e v´ alida para qualquer transforma¸ca˜o euclideana, ela necessariamente ´e v´alida para esta especial transforma¸ca˜o r´ıgida independente do tempo. Mas, para o caso desta especial transforma¸ca˜o, tem-se, simplificando a simbologia da eq. 4.5, t
t
t
t
t
t
F (ρ , χ , θ , X, t + a) = F (ρ , χ , θ , X, t) , F
o que implica em n˜ao depender explicitamente de t, porque o valor a ´e totalmente arbitr´ario. Portanto, enquanto que para o valor de uma grandeza constitutiva qualquer devese usar a eq. 4.3, para o valor de uma grandeza constitutiva objetiva o princ´ıpio de objetividade material implica em t
t
t
C (X, t; φ) = F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), X) , ∀Y ∈ B
∀s ∈ [0, ∞),
e
(4.6)
onde subentende-se que (Y, s) ´e argumento da estrutura referencial φ, estrutura esta por meio da qual as fun¸co˜es ρ t , χ t e θ t s˜ao determinadas. Por outro lado, a forma correta da eq. 4.5 ´e dada pela igualdade t ∗
t
t
F (ρ (Y, s), (χ ) (Y, s), θ (Y, s), X) (χ ) (Y, s) = Q (s)(χ (Y, s) − x ) + c (s) , t ∗
t
t
◦
t
= Q∗ (ρt (Y, s), χt (Y, s), θ t (Y, s), X) , t∗ = t + a, Y e s [0, ).(4.7)
F
∀ ∈ B ∀ ∈ ∞
Em resumo, para uma grandeza constitutiva objetiva devem ser usadas as eqs. 4.6 e 4.7, as quais prov´em da aplica¸c˜ao do principio de objetividade material a` eq. 4.3. A eq. 4.5 deve ser considerada uma etapa intermedi´ aria da dedu¸ca˜o feita, porque ela n˜ ao revela, explicitamente, uma importante restri¸ c˜ao imposta, pelo princ´ıpio de objetividade material, ao funcional constitutivo correspondente a uma grandeza objetiva.
4.2.2
Aplica¸c˜ ao ` a Configura¸c˜ ao Referencial
Tem-se χκ (X, t) = χ(X, t) , ρκ (X, t) = ρ(X, t) , θκ (X, t) = θ(X, t) e
C (X, t) = C (X, t) , (4.8) κ
onde a primeira igualdade ´e devida a`s eqs. 2.25 e 2.26 e as u ´ltimas trˆes podem ser obtidas a partir da primeira entre as eqs. 3.18. Logo, de acordo com a eq. 4.6, para o valor de 148
C
uma grandeza constitutiva objetiva (X, t) tem-se
C (X, t)
= (ρt (Y, s), χt (Y, s), θ t (Y, s), X) = κ (X, t) =
F
C
t
t
t
F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), X) , F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), κ F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), κ t κ t κ
t κ t κ
−1
t κ t κ
(X)) e −1 (X)),
onde na segunda linha foram utilizadas as primeiras trˆes entre as eqs. 4.8 e a eq. 2.1 e, na terceira linha, foi usada a u´ltima das eqs. 4.8. Definindo t κ
t κ
t κ
t κ
t κ
t κ
F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), X) = F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), κ κ
−1
(X)) , (4.9)
tem-se, ent˜ ao, t κ
t κ
t κ
C (X, t) = F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), X) , ∀Y ∈ B κ
κ
∀s ∈ [0, ∞).
e
κ
(4.10)
A eq. 2.1 pode ser escrita X = κ(X), na estrutura de referˆencia φ e X∗ = κ∗ (X), na estrutura de referˆencia φ∗ . Logo, de acordo com a ultima ´ entre as eqs. 4.8 e com a eq. 2.68, supondo que seja uma grandeza constitutiva objetiva tem-se
C
C
∗
κ∗ (
X∗, t∗ ) = (X, t∗; φ∗ ) = Q ∗ (X, t; φ) = Q ∗ κ (X, t) .
C
C
C
Usando a eq. 4.10 pode-se, portanto, escrever
F (ρ κ∗
∗
Y∗ , t∗ s), χ∗κ (Y∗ , t∗ s), θκ∗ (Y∗ , t∗ s), X∗) = Q∗ κ (ρκ (Y, t s), χκ (Y, t s), θκ (Y, t s), X) .
− F
κ∗ (
−
∗
−
∗
−
−
−
(4.11)
Mas, usando a eq. 4.9, tem-se tamb´em que
F (ρ κ∗
∗
κ∗ (
Y∗, t∗ s), χ∗κ (Y∗ , t∗ s), θκ∗ (Y∗, t∗ s), X∗ ) = (ρ∗κ (Y∗ , t∗ s), χ∗κ (Y∗ , t∗ s), θκ∗ (Y∗ , t∗ s), (κ∗ )−1 (X∗ )) = (ρκ (Y, t s), χ∗κ (Y∗ , t∗ s), θκ (Y, t s), (κ∗ )−1(X∗ )) , (4.12)
F F
−
−
∗
∗
−
−
−
∗
−
∗
−
∗
−
∗
−
sendo a u ´ ltima igualdade devida ao fato de que as grandezas ρ (se¸c˜ao 3.2) e θ (se¸c˜ao 4.1) s˜ao objetivas sob transforma¸c˜ao euclideana. A express˜ ao que mostra como se altera um ponto da configura¸c˜ao referencial, quando ocorre uma transforma¸ca˜o euclideana da estrutura de referˆencia φ para a estrutura de referˆencia φ∗ , ´e dada pela eq. 2.78, a seguir transcrita,
X∗ = γ (X) = K (X
−x )+c ◦
◦,
sendo
γ = κ ∗ κ−1 :
◦
B → B κ
κ∗ ,
(4.13)
onde K ´e um tensor ortogonal de segunda ordem e c◦ ´e um ponto, ambos fixos (independentes de t). Para o funcional na terceira linha da eq. 4.12 pode-se, ent˜ ao, escrever ∗
∗
∗
∗ −1
∗
F (ρ (Y, t − s), χ (Y , t − s), θ (Y, t − s), (κ ) (X )) = F (ρ (Y, t − s), χ (γ (Y), t − s), θ (Y, t − s), (κ ) (γ (X))) = F (ρ (Y, t − s), χ (γ (Y), t − s), θ (Y, t − s), (κ) (X)) = F (ρ (Y, t − s), χ (γ (Y), t − s), θ (Y, t − s), X) , κ
κ∗
κ κ
κ
κ
κ
∗
∗
∗
∗
κ∗ κ∗
∗
κ∗
∗
149
κ κ
κ
∗ −1 −1
(4.14)
onde a segunda linha ´e devida ao uso da primeira entre ae eqs. 4.13, a terceira linha a` u ´ ltima entre as eqs. 4.13 e a quarta linha, `a eq. 4.9. Substituindo a eq. 4.14 na eq. 4.12 tem-se
Y∗ , t∗
∗
F (ρ
∗
∗
∗
∗
∗
∗
∗
− s), χ (Y , t − s), θ (Y , t − s), X ) = F (ρ (Y, t − s), χ (γ (Y), t − s), θ (Y, t − s), X)
κ∗ (
κ∗
κ∗
κ
κ∗
∗
κ
∗
κ∗
κ
(4.15)
e, substituindo a eq. 4.15 na eq. 4.11 obt´em-se ∗
∗
F (ρ (Y, t − s), χ (γ (Y), t − s), θ (Y, t − s), X) = Q F (ρ (Y, t − s), χ (Y, t − s), θ (Y, t − s), X) , sendo χ (γ (Y), t − s) = Q(t − s)(χ (Y, t − s) − x ) + c(t − s) , t = t + a , ∀Y ∈ B e ∀s ∈ [0, ∞) , κ
κ
κ∗
∗
κ
κ
κ
κ
∗
κ
∗
κ∗
◦
κ
∗
κ
(4.16)
de acordo com a defini¸c˜ao de transforma¸c˜a o euclideana, dada pela eq. 2.61, a saber x∗ = Q(t)(x x◦ ) + c (t) e t∗ = t + a. Note que, usando a igualdade que aparece na sua terceira linha, a eq. 4.16 envolve apenas a configura¸ca˜o referencial κ da estrutura de referˆencia φ. Utilizando a simbologia usual
−
χ∗κ (γ (Y), t∗ ∗
t ∗ κ
t ∗ κ
− s) = (χ ) (γ (Y), s) = (χ ) ◦ γ (Y, s) ,
a eq. 4.16 pode ser escrita t ∗ κ
t κ
t κ t κ
F (ρ (Y, s), (χ ) ◦ γ (Y, s), θ (Y, s), X) = Q F (ρ (Y, s), χ (Y, s), θ (Y, s), X) , sendo (χ ) ◦ γ (Y, s) = Q (s)(χ (Y, s) − x ) + c (s) , t = t + a , ∀Y ∈ B e ∀s ∈ [0, ∞) . κ
∗
κ
t κ
t ∗ κ
t κ
t
∗
t κ
t
◦
κ
(4.17)
Note que tanto na eq. 4.7 como na eq. 4.17 a forma do funcional n˜ao se altera e o seu argumento altera-se no que se refere a` hist´oria do movimento ou da deforma¸ca˜o respectivamente, mas n˜ ao se modifica em rela¸c˜ao a`s hist´orias da densidade e da temperatura do corpo. Note tamb´em que, de acordo com a eq. 4.10, tem-se t κ
t κ
C (X, t) = F (ρ (Y), χ (Y, s), θ (Y, s), X) , ∀Y ∈ B κ
κ
κ
κ
e
∀s ∈ [0, ∞) ,
(4.18)
porque ρtκ (Y, s) deve ser substitu´ıdo por ρκ (Y), conforme mostra a primeira igualdade das eqs. 3.94. Esta mesma substitui¸ c˜ao deve, evidentemente, ser tamb´ em aplicada aos dois termos das respectivas primeiras igualdades das eqs. 4.16 e 4.17.
4.2.3
Aplica¸ca ˜o a Classes Particulares de Materiais
O princ´ıpio de objetividade material apresenta importantes aspectos gerais. Al´em disto, ele causa efeitos espec´ıficos em funcionais constitutivos referentes a classes particulares de materiais. Isto ser´ a exemplificado usando a fun¸ca˜o constitutiva (de acordo com a defini¸ca˜o de fun¸c˜ao e funcional 1.1.1, uma fun¸ca˜o constitutiva tamb´em ´e um funcional constitutivo), para o tensor de tra¸c˜ao de Cauchy, T =
T (ρ, v, L) , 150
(4.19)
onde v ´e o vetor velocidade definido pela eq. 2.27 e L = gradv = F˙ F −1 , apresentado usando-se as eqs. 2.34 e 2.49, ´e o tensor gradiente espacial do vetor velocidade. Como c˜ao 4.1) objetiva (item 2 da se¸c˜ao 3.4.3) tensorial (eq. T ´e uma grandeza constitutiva (se¸ 3.56), de acordo com a eq. 2.65 tem-se ∗
∗
∗
T
(4.20) T (ρ , v , L ) = QT (ρ, v, L)Q , onde foi imposto que T = T , por causa da eq. 4.4 (princ´ıpio de objetividade mateφ∗
φ
rial). De acordo com a defini¸c˜ao de transforma¸ca˜o euclideana dada pela eq. 2.61, Q(t) ´e qualquer tensor ortogonal e c(t) ´e qualquer vetor. Como 1. ρ∗ = ρ, de acordo com o item 1 da se¸c˜ao 3.4.3, ˙ x 2. v∗ = Q v + Q(
− x ) + c˙ , de acordo com a eq. 2.71 e ◦
˙ T , de acordo com as eqs. 2.82 e 2.72, 3. L∗ = QLQT + QQ tem-se
T (ρ, Qv + Q(˙ x − x ) + c˙ , QLQ ◦
T
˙ T ) = Q (ρ, v, L)QT . + QQ
T
Evidentemente, a u´ltima igualdade destacada deve ser v´ alida para Q(t) = 1 , situa¸ca˜o esta na qual ela admite a forma especial (ρ, v + c˙ , L) = (ρ, v, L). Como c(t) ´e um vetor arbitr´ ario, esta forma especial indica que n˜ao pode depender de v. Portanto,
T
T
T
T
T = (ρ, L). Al´em disto, de acordo com as eqs. 2.51, 2.52 e 2.53, tem-se L(t) = D(t) + W (t), sendo sim´etrico o tensor estirante, D(t) e antissim´ etrico o tensor rotativo, W (t). Demonstra-se que, para todo tensor antissim´etrico W , existe um tensor ortogonal Q(t) tal que, ˙ ◦ ) = W . para t = t ◦ , tenha-se Q(t◦ ) = 1 e Q(t
−
Certamente, a u´ltima igualdade destacada deve tamb´ em ser v´ alida para este espec´ıfico ˙ T = QDQ T +QW QT + QQ ˙ T = tensor Q = Q(t◦ ), situa¸ca˜o esta u´ltima na qual QLQT +QQ D, logo (ρ, L) = (ρ, D), o que exige que n˜ao dependa de W . Portanto, a aplica¸ca˜o do princ´ıpio de objetividade material exige que a eq. 4.19 se reduza a
T
T
T
T =
T (ρ, D) .
(4.21)
Ent˜ ao, usando a primeira entre as duas eqs. 2.83 a eq. 4.20 se reduz a
T (ρ,QDQ
T
) = Q (ρ, D)QT ,
T
(4.22)
v´alida para qualquer tensor ortogonal Q(t), quando for v´ alida a eq. 4.19.
4.3
Material Simples
De acordo com o funcional existente na eq. 4.18, as hist´ orias t´ermica e deformativa de qualquer parte do corpo podem afetar o comportamento presente de qualquer ponto do corpo. Entretanto, geralmente apenas as hist´ orias de uma vizinhan¸ca, com dimens˜ oes vari´ aveis, do ponto considerado afeta de modo significativo o comportamento presente de tal ponto. Neste caso, considera-se que tais hist´ orias possam ser representadas por desenvolvimentos convergentes em s´erie de Taylor, em torno do ponto considerado, ocorrendo 151
o truncamento da s´erie numa ordem tal a manter a precis˜ ao desejada. Note que este procedimento mant´em completas as hist´ o rias de todas as partes do corpo, mas limita geometricamente a regi˜ ao considerada significativa. Se apenas os termos de primeira ordem forem mantidos nas s´eries, ter-se-´ a ρκ (Y) = ρκ (X) + Grad ρκ (X)(Y X) + o(2), χκ (Y, t) = χκ (X, t) + Grad χκ (X, t)(Y X) + o(2), θκ (Y, t) = θκ (X, t) + Grad θκ (X, t)(Y X) + o(2).
−
− −
Note que: 1. Ser˜ ao considerados desprez´ıveis os termos de ordem igual ou superior a dois, grafados o(2).
−
B
2. Y X ´e o vetor posi¸c˜ao de cada um dos pontos pertencentes a κ , em rela¸c˜ao ao ponto X considerado, tamb´em pertencente a κ . Em cada uma das trˆes equa¸co˜es do conjunto destacado, as transforma¸ co˜es lineares Grad ρκ (X), Grad χ κ (X, t) e Grad θκ (X, t) s˜ao respectivamente aplicadas ao vetor posi¸ c˜ao de cada ponto de ca˜o a X . Como a forma destas transforma¸c˜oes lineares n˜ ao depende de κ , em rela¸ Y e como a informa¸ca˜o sobre a geometria do corpo considerado pode ser inclu´ıda na defini¸ca˜o do funcional presente na eq. 4.18, Y pode ser omitido do argumento do funcional.
B
B
3. De acordo com a eq. 2.29, tem-se F κ (X, t) = 4. Define-se gκ (X, t) =
∇X χ (·, t) = Grad χ (X, t). κ
κ
∇X θ (X, t) = Grad θ (X, t). κ
κ
5. Como ρκ (X) e Grad ρκ (X) s˜ao fun¸co˜es exclusivamente de X , a presen¸ca delas no argumento do funcional que aparece na eq. 4.18 pode ser absorvida pela expl´ıcita presen¸ca de X no citado argumento. 6. De acordo com a eq. 4.1, tem-se χtκ (Y, s) = χ κ (Y, t s) = χ κ (X, t s)+Grad χκ (X, t s)(Y X) + o(2), onde a u ´ltima igualdade ´e devida a` segunda entre as trˆes equa¸co˜es do conjunto destacado. Usando a mesma eq. 4.1 tem-se, ent˜ ao, χtκ (Y, s) = χtκ (X, s) + F κt (X, s), onde F κt (X, s) = F κ (X, t s) = Grad χκ (X, t s), sendo a u ´ ltima igualdade devida ao anterior item 3. Analogamente, θκt (Y, s) = θκt (X, s) + gtκ (X, s), onde gtκ (X, s) = gκ (X, t s) = Grad θ κ (X, t s), sendo a segunda igualdade devida ao anterior item 4.
−
−
−
−
−
−
−
−
Portanto, a aproxima¸ ca˜o de primeira ordem a` eq. 4.18 pode ser escrita t κ
t κ
t κ
t κ
C (X, t) = F (χ (X, s), F (X, s), θ (X, s), g (X, s), X) , ∀s ∈ [0, ∞) . κ
κ
(4.23)
De modo an´ alogo, ap´ os substitui¸ca˜o de ρtκ (Y, s) por ρκ (Y) (conforme colocado imediatamente depois da eq. 4.18), a eq. 4.16 pode ser escrita
F (χ κ
∗
X), t∗
∗
∗
− s), ∇X χ (γ (·), t − s), θ (X, t − s), ∇X θ (·, t − s), X) = Q F (χ (X, t − s), ∇ χ (·, t − s), θ (X, t − s), ∇ θ (·, t − s), X) , (4.24) X X κ∗ (γ (
∗
κ
κ
κ∗
κ
κ
κ
152
κ
κ
onde foi usado o fato da temperatura (se¸ca˜o 4.1), logo tamb´ em o seu gradiente na descri¸ca˜o material, serem objetivos. De acordo com a eq. 2.26 e sendo a fun¸ c˜ao γ definida pela segunda entre as eqs. 4.13, tem-se
x = χ κ (X, t
e x∗ = χ ∗κ (γ (X), t∗
− s)
∗
− s) = χ
∗
κ∗ (
X∗ , t∗
− s) .
De acordo com a transforma¸ca˜o euclideana, a qual ´e fornecida pela eq. 2.61, a saber x∗ = Q(t)(x x◦ ) + c(t) e t∗ = t + a, tem-se ent˜ao
−
χ∗κ (γ (X), t∗ χ∗κ (γ ( ), t∗ X χ∗ (γ ( ), t∗ X κ
− s) = Q(t − s)(χ (X, t − s) − x ) + c(t − s) , logo (4.25) ∇ · − s) = Q(t − s)∇X χ (·, t − s) , ou (4.26) ∇ · − s) = Q(t − s)F (X, t − s) [note que ∇ χ (·, t − s) = F (X , t − s) = ∇ χ (γ (·), t − s)]. Substituindo, na X X eq. 4.24, a eq. 4.26, bem como ∇ χ (·, t − s) = F (X, t − s), tem-se X F (χ (γ (X), t − s), Q(t − s)F (X, t − s), θ (X, t − s), ∇X θ (·, t − s), X) = Q F (χ (X, t − s), F (X, t − s), θ (X, t − s), ∇ θ (·, t − s), X) . (4.27) X Por outro lado, considerando Q(t − s) = 1 , logo Q = 1 , a eq. 4.25 ser´a escrita χ (γ (X), t − s) = χ (X, t − s) − x + c(t − s) , ◦
κ
∗
κ
∗
κ
∗
∗
∗
κ∗
∗
∗
∗
∗
κ∗
∗
κ
∗
κ
κ
∗
κ∗
∗
κ
κ
κ
∗
κ∗
κ
κ
κ
κ
κ
∗
∗
∗
κ∗
◦
κ
que, substitu´ıda na eq. 4.27, produz
F (χ (X, t − s) − x + c(t − s), F (X, t − s), θ (X, t − s), ∇X θ (·, t − s), X) = F (χ (X, t − s), F (X, t − s), θ (X, t − s), ∇X θ (·, t − s), X) . κ
◦
κ
κ
κ
κ
κ
κ
κ
κ
κ
Como a eq. 4.27 deve ser v´ alida para qualquer transforma¸ca˜o euclideana e como x◦ ´e arbitr´a rio, a u ´ ltima igualdade destacada mostra que o funcional κ n˜ao depende do ponto x = χ κ (X, t s). Logo, a eq. 4.23, na verdade, deve ser escrita
F
−
t κ
t κ
t κ
C (X, t) = F (F (X, s), θ (X, s), g (X, s), X) , ∀s ∈ [0, ∞), κ
κ
(4.28)
enquanto que a equa¸c˜ao 4.27 deve ser escrita
F (Q(t − s)F (X, t − s), θ (X, t − s), ∇X θ (·, t − s), X) = Q F (F (X, t − s), θ (X, t − s), ∇ θ (·, t − s), X) . X κ
κ
∗
κ
κ
κ
κ
κ
κ
Usando a eq. 4.1 e o anterior item 4, a u´ltima igualdade destacada pode ser escrita t
t κ
t κ
t κ
F (Q (s)F (X, s), θ (X, s), g (X, s), X) = Q F (F (X, s), θ (X, s), g (X, s), X) , ∀s ∈ [0, ∞). κ
∗
κ
t κ
t κ
t κ
(4.29)
Note que o princ´ıpio da objetividade material n˜ ao impˆos restri¸ca˜o alguma a`s hist´orias t t t´ermicas, θκ (X, s) e gκ (X, s), mas relacionou as hist´ orias dos gradientes de deforma¸ ca˜o 153
nas duas estruturas de referˆencia. Este fato ´e coerente com o comentado no in´ıcio do par´agrafo logo ap´ os a eq. 4.17. Um material cujas express˜ oes constitutivas dos valores das suas grandezas objetivas apresentem a forma fornecida pela eq. 4.28 ´e denominado um material simples. Um material simples ´e chamado homogˆeneo quando existir uma ao homogˆenea, para a espec´ıfica configura¸ca˜o de referˆencia κh , chamada configura¸c˜ qual o funcional κ , nas eqs. 4.28 e 4.29, n˜ ao dependa explicitamente de X, ou seja,
F
C
κh (
X, t) =
t κh (
F (F κh
X, s), θκt h (X, s), gtκh (X, s)) ,
∀s ∈ [0, ∞).
(4.30)
Um material pode ser simples sem ser homogˆeneo e um material pode ser homogˆeneo sem ser simples. Evidentemente, um material pode ser nem simples, nem homogˆeneo e o conceito de material homogˆeneo ´e totalmente distinto do conceito de processo homogˆeneo, este u ´ltimo apresentado no par´ agrafo final da subse¸ca˜o 3.3.5, sobre balanceamento de energia cin´etica.
154
Bibliografia The Mechanics and Thermodynamics of Continua , de Morton E. Gurtin, Eliot Fried e
Lallit Anand, Cambridge, Cambridge, 2010. Continuum Mechanics , de I-Shih Liu, Springer, Berlim, 2002. Rational Extended Thermodynamics , de Ingo Muller e Tommaso Ruggeri, Springer,
Berlim,1998. y, SprinThe Mechanics and Thermodynamics of Continuous Media , de Miroslav ˇSilhav´ ger, Berlim, 1997. The Non-Linear Field Theories of Mechanics , de Clifford Ambrose Truesdell e Walter
Noll, Springer, Berlim, 1992. Rational Thermodynamics , de Clifford Ambrose Truesdell, Springer, Berlim, 1984. The Classical Field Theories , de Clifford A. Truesdell e R. Toupin, “Handbuch der
Physik” v. III, parte 1, p. 226 – 793, Springer, Berlim, 1960.
155
´Indice Remissivo aberto, intervalo, 51 aberto, subconjunto, 51 abrangˆencia, 8 acelera¸c˜ao a(X, t) defini¸ca˜o, 95 em fun¸ca˜o da velocidade, 98 ´area, rela¸ca˜o entre daκ e da, 86, 87 autovalor defini¸ca˜o, 45 degenera¸ca˜o, 47 autovetor, 45 balanceamento cl´ assico forma integral configura¸c˜ao corrente, 112 configura¸c˜ao referencial, 118 base campo de, 67 com orienta¸ca˜o igual, 37 com orienta¸ca˜o oposta, 37 de espa¸co vetorial de trans. linear, 13 defini¸ca˜o, 8 dual defini¸c˜ao, 11 fun¸co˜es gi j e gi j , 11 representa¸ca˜o, 12 matriz de transforma¸ca˜o de, 22 natural defini¸c˜ao, 67 dual, 68 orientada positivamente, 37 ortogonal, 12 ortonormal defini¸c˜ao, 12 dual, 12 representa¸ca˜o para vetor de, 12 principal, 46 produto, 14 produto interno g i j de vet. de, 10, 11 produto interno g i j de vetores de, 11
representa¸ca˜o para vetor de, 8 Bernouilli, teorema de, 132 calor condutivo superficial h, 136 suprimento de, r, 136 caminho, 95 campo b´asico, 146 de bases, 67 de pontos, 54 defini¸c˜ao, 54 escalar, 54 gradiente de, 54 tensorial de segunda ordem, 54 vetorial, 54 Cauchy primeira lei de, 131 princ´ıpio de, 129 segunda lei de, 132 tensor de tra¸ca˜o de componentes de cisalhamento do, 129 componentes normais do, 129 defini¸ca˜o, 129 dire¸ca˜o principal do, 132 tra¸c˜ao principal do, 132 teorema de, 129 Christoffel s´ımbolo de segunda esp´ecie de, 72 s´ımbolos de, 71 cisalhamento quantidade de, 89 simples, 89 classe C k , 64 conceito, 36 de orienta¸c˜ao oposta, 36 de orienta¸c˜ao positiva, 36 euclideana, 106 coment´ ario 156
1.2.1 (espa¸co vetorial real com produto interno), 9 1.2.2 (imposi¸ca˜o aos esp. vetoriais), 9 1.2.3 (igualdade entre vetores), 10 1.2.4 (decomposi¸c˜ao do produto interno de vetores), 10 1.2.5 (obten¸c˜ao de componente), 10 1.2.6 (fun¸co˜es gi j e g i j ), 11 1.2.7 (base ortonormal dual), 12 1.2.8 (decomposi¸ca˜o de transforma¸ca˜o linear), 13 1.2.9 (dimens˜ a o de espa¸co de transforma¸c˜ao linear), 13 1.2.10 (c´ alculo de componente assoc. de tensor de segunda ordem), 14 1.2.11 (componente associado de tensor simples), 15 1.2.12 (transforma¸ ca˜o escalar bilinear e tensor de segunda ordem), 16 1.2.13 (componente assoc. do tensor identidade), 17 1.2.14 (gi j ou g i j aplicado a componente de tensor), 18 1.2.15 (transpos. de tensor simples), 18 1.2.16 (transpos. de tensor de segunda ordem), 18 1.2.17 (transpos. de tensores sim´etrico e antissim´etrico), 20 1.2.18 (compos. com tens. simples), 21 1.2.19 (transposi¸ca˜o de composi¸ca˜o), 21 1.2.20 (transforma¸ca˜o de componentes de vetor), 24 1.2.21 (transforma¸ca˜o de componentes de tensor), 25 1.2.22 (redu¸ca˜o no n´ umero de permuta¸co˜es distingu´ıveis), 26 1.2.23 (fun¸ca˜o n-linear alternante e base de esp. vet. - parte I), 26 1.2.24 (fun¸ca˜o n-linear alternante e base de esp. vet. - parte II), 27 1.2.25 (fun¸ca˜o n-linear alternante e base de esp. vet. - parte III), 28 1.2.26 (rela¸c˜ao entre determinante de transf. linear e de matriz), 29 1.2.27 (propriedades de determinantes parte I), 29 1.2.28 (rela¸ca˜o entre tra¸co de transforma¸c˜ao linear e de matriz), 31 157
1.2.29 (propriedades de tra¸cos), 31 1.2.30 (propriedades de determinantes parte II), 32 1.2.31 (propriedades do produto interno tensorial), 33 1.2.32 (propried. do tensor inverso), 34 1.2.33 (propriedades de tensor ortogonal), 35 1.2.34 (propriedades do s´ımbolo de permuta¸ca˜o), 38 1.2.35 (propriedades dos componentes do tensor e), 39 1.2.36 (produto externo como base para Skw (V )), 41 1.2.37 (propriedades do vetor axial), 43 1.2.38 (propriedades do produto vetorial), 44 1.2.39 (determinante, tra¸ c o e produto triplo), 45 1.2.40 (equa¸c˜oes caracter´ısticas de tensores de dimens˜ a o 2 e 3), 46 1.2.41 (rela¸c˜ao entre A e 1 + A), 46 1.2.42 (diagonaliza¸ca˜o), 46 1.2.43 (componente vetorial em rela¸ca˜o a tensor sim´etrico), 47 1.2.44 (comuta¸c˜ao de tensores sim´etrico e ortogonal), 48 1.2.45 (determinante de tensor sim. de defini¸c˜ao positiva ou negativa), 48 1.2.46 (decomposi¸c˜ao cartesiana), 50 1.3.1 (gradientes de φ, sendo φ(A, v) = v A(v)), 58 1.3.2 (gradiente de φ, sendo φ(A) = u A(v)), 59 1.3.3 (gradiente de tra¸co), 59 1.3.4 (gradiente de determinante), 60 1.3.5 (diferencia¸ca˜o em cadeia), 61 1.3.6 (gradientes escalar e vetorial em campo vetorial), 61 1.3.7 (diferencia¸ca˜o de produto), 62 1.3.8 (diferencia¸ c˜a o de tensor ao quadrado), 63 1.3.9 (diferenc. de tensor inverso ), 63 1.3.10 (diferencia¸c˜ao de tra¸co de tensor inverso ), 63 1.3.11 (f´ ormulas para diferencia¸c˜a o de produtos), 63
·
·
B
1.3.12 (derivada e gradiente de ordem corpo do espa¸co-tempo de Newton, 82 superior), 64 corre¸ca˜o de argumento 1.3.13 (gradiente de gradiente de campo escalar, 51, 53 escalar), 65 gen´erico, 58 1.3.14 (tensor m´etrico e base natural vetorial ou tensorial, 56 dual), 67 vetorial para ponto, 55 1.3.15 (transforma¸c˜ao de sistema de codefini¸c˜ao ordenadas), 68 1.1.1 (fun¸ca˜o e funcional), 1 1.3.16 (deforma¸ca˜o em termos de coor1.1.2 (matriz), 4 denadas), 69 1.1.3 (delta de Kronecker), 6 1.3.17 (derivada covar. de 1 e de e), 74 1.1.4 (matrizes transposta e inversa), 6 1.3.18 (propriedades do s. de Christoffel 1.2.1 (espa¸co vetorial real), 8 Γi j k ), 75 1.2.2 (base), 8 1.3.19 (rotacional e divergˆencia de cam1.2.3 (componente), 9 po vetorial), 76 1.2.4 (dimens˜ ao de esp. vetorial real), 9 1.3.20 (express˜ oes para divergˆencia e la1.2.5 (produto interno de vetores), 9 placiano), 78 1.2.6 (espa¸co vetorial euclideano), 9 compatibilidade cinem´ atica da superf´ıcie 1.2.7 (vetor proje¸ca˜o), 9 singular, condi¸ca˜o de, 122 1.2.8 (base dual), 11 composi¸c˜ao 1.2.9 (base ortonormal), 12 de fun¸co˜es, 2 1.2.10 (transforma¸ ca˜o n-linear), 12 de tensores de segunda ordem 1.2.11 (espa¸co vetorial de transformacom tensor simples, 21 ¸ca˜o linear), 13 defini¸c˜ao, 20 1.2.12 (produto tensorial de vetores ou transposi¸ca˜o de, 21 tensor simples), 13 configura¸ca˜o 1.2.13 (espa¸co de produto tensorial), 14 corrente, 83 1.2.14 (tensor de segunda ordem), 14 defini¸ca˜o, 82 1.2.15 (componente associado de tensor homogˆenea, 154 de segunda ordem), 14 referencial 1.2.16 (transforma¸ca˜o tensorial identidefini¸c˜ao, 82 dade), 17 mudan¸ca de, 87 1.2.17 (transforma¸ca˜o linear transposconservativa, grandeza, 113 ta), 17 constitutiva, grandeza, 146 1.2.18 (tensores sim´etrico e antissim´econstitutivo, funcional, 3, 146 trico), 19 continuidade 1.2.19 (composi¸ca˜ o de tensores de seem , 8 gunda ordem), 20 em espa¸co 1.2.20 (tensor de ordem k), 21 euclideano de pontos, 50 1.2.21 (matrizes de transforma¸c˜ao), 22 vetorial, 8 1.2.22 (permuta¸c˜ao), 25 coordenada 1.2.23 (fun¸ca˜o n-linear alternante), 26 i-´esima fun¸c˜ao, 66 1.2.24 (determinante de transforma¸ca˜o corrente, 83 linear), 27 curva da i-´esima, 66 1.2.25 (determinante de matriz), 28 defini¸ca˜o, 66 1.2.26 (tra¸co de transform. linear), 30 material, 83 1.2.27 (produto interno de tensores de referencial, 83 segunda ordem), 33 sistema de, 66
158
1.2.28 (norma de tensor de segunda ordem), 33 1.2.29 (tensor inverso de segunda ordem), 34 1.2.30 (tensor ortogonal de segunda ordem), 34 1.2.31 (grupo de tensores de segunda ordem), 35 1.2.32 (classe e base de orienta¸c˜ao positiva), 36 1.2.33 (transforma¸ c˜ao linear orienta¸ca˜o preservante), 37 1.2.34 (fun¸ca˜o e tensor elemento de volume), 37 1.2.35 (rela¸c˜ao entre tensor e e determinante), 41 1.2.36 (produto externo de vetores), 41 1.2.37 (fun¸c˜ao linear dualidade), 42 1.2.38 (produto vetorial), 43 1.2.39 (produto triplo), 44 1.2.40 (autovalor e autovetor), 45 1.2.41 (equa¸ca˜o caracter´ıstica), 45 1.2.42 (espa¸co caracter´ıstico), 47 1.2.43 (tensor de defini¸c˜ao positiva, negativa e semi-defini¸ ca˜o), 48 1.2.44 (espa¸co euclideano de pontos), 50 1.2.45 (espa¸co tangente), 50 1.3.1 (subconjunto aberto), 51 1.3.2 (derivada escalar em escalar), 51 1.3.3 (derivada vetorial, tensorial ou de pontos, em escalar), 52 1.3.4 (campo), 54 1.3.5 (gradiente de campo escalar, vetorial, tensorial ou de pontos), 54 1.3.6 (gradiente esc., vet., tens. ou de pontos, em vetor ou tensor), 56 1.3.7 (classe C k ), 64 1.3.8 (sistema de coordenadas), 66 1.3.9 (campo de bases), 67 1.3.10 (componen. de gradiente de campo), 70 1.3.11 (divergˆencia de campo vet.), 75 1.3.12 (rotacional de campo vet.), 76 1.3.13 (divergˆencia de campo tens.), 77 1.3.14 (laplaciano de campo escalar ou vetorial), 78 deforma¸ca˜o defini¸ca˜o, 54, 83
fun¸c˜ao de, 83 gradiente de, 69 gradiente, F , de, 83, 95 relativa defini¸ca˜o, 99 gradiente, F t , de, 99 degenera¸ca˜o, 47 delta de Kronecker, 6 derivada covariante de campo escalar, 71 de campo tensorial de seg. ordem, 73 de campo vetorial, 73 direcional em escalar, 52, 53 em ponto, 56 em vetor ou tensor, 56 gen´erica, 58 escalar em escalar, 51 vetorial, tensorial ou pontual em escalar, 52 descri¸ca˜o espacial ou euleriana, 96 material, referencial ou lagrangeana, 96 determinismo, princ´ıpio de, 146 diferencia¸ca˜o em cadeia, regra de, 61 diferenciais, equa¸c˜ao definidora, 84 dimens˜ao de espa¸co de transforma¸c˜ao linear, 13 de Skw (V ), 41 de espa¸co vetorial real, 9 representa¸ca˜o, 9 dire¸c˜oes principais, 88 divergˆencia de campo tensorial, 77 de campo vetorial, 75 Einstein, nota¸c˜ao de, 3 energia cin´etica K , 133 interna E , defini¸c˜ao, 135 densidade m´ assica , 135 total, 135 equa¸c˜ao 2.1, 82 equa¸c˜ao 2.2, 83 equa¸c˜ao 2.3, 83 equa¸c˜ao 2.4, 83
159
equa¸ca˜o 2.5, 83 equa¸ca˜o 2.6, 83 equa¸ca˜o 2.7, 84 equa¸ca˜o 2.8, 84 equa¸ca˜o 2.9, 87 equa¸ca˜o 2.10, 87 equa¸ca˜o 2.11, 87 equa¸ca˜o 2.12, 88 equa¸ca˜o 2.13, 88 equa¸ca˜o 2.14, 89 equa¸ca˜o 2.15, 89 equa¸ca˜o 2.16, 89 equa¸ca˜o 2.17, 89 equa¸ca˜o 2.18, 90 equa¸ca˜o 2.19, 90 equa¸ca˜o 2.20, 90 equa¸ca˜o 2.21, 90 equa¸ca˜o 2.22, 91 equa¸ca˜o 2.23, 91 equa¸ca˜o 2.24, 93 equa¸ca˜o 2.25, 94 equa¸ca˜o 2.26, 95 equa¸ca˜o 2.27, 95 equa¸ca˜o 2.28, 95 equa¸ca˜o 2.29, 95 equa¸ca˜o 2.30, 96 equa¸ca˜o 2.31, 97 equa¸ca˜o 2.32, 97 equa¸ca˜o 2.33, 98 equa¸ca˜o 2.34, 98 equa¸ca˜o 2.35, 98 equa¸ca˜o 2.36, 98 equa¸ca˜o 2.37, 98 equa¸ca˜o 2.38, 99 equa¸ca˜o 2.39, 99 equa¸ca˜o 2.40, 99 equa¸ca˜o 2.41, 99 equa¸ca˜o 2.42, 99 equa¸ca˜o 2.43, 99 equa¸ca˜o 2.44, 100 equa¸ca˜o 2.45, 100 equa¸ca˜o 2.46, 101 equa¸ca˜o 2.47, 101 equa¸ca˜o 2.48, 101 equa¸ca˜o 2.49, 102 equa¸ca˜o 2.50, 102 equa¸ca˜o 2.51, 102 equa¸ca˜o 2.52, 103
equa¸c˜ao 2.53, 103 equa¸c˜ao 2.54, 103 equa¸c˜ao 2.55, 103 equa¸c˜ao 2.56, 103 equa¸c˜ao 2.57, 103 equa¸c˜ao 2.58, 103 equa¸c˜ao 2.59, 103 equa¸c˜ao 2.60, 103 equa¸c˜ao 2.61, 104 equa¸c˜ao 2.62, 104 equa¸c˜ao 2.63, 105 equa¸c˜ao 2.64, 105 equa¸c˜ao 2.65, 105 equa¸c˜ao 2.66, 105 equa¸c˜ao 2.67, 106 equa¸c˜ao 2.68, 106 equa¸c˜ao 2.69, 106 equa¸c˜ao 2.70, 107 equa¸c˜ao 2.71, 107 equa¸c˜ao 2.72, 107 equa¸c˜ao 2.73, 107 equa¸c˜ao 2.74, 107 equa¸c˜ao 2.75, 108 equa¸c˜ao 2.76, 108 equa¸c˜ao 2.77, 108 equa¸c˜ao 2.78, 108 equa¸c˜ao 2.79, 109 equa¸c˜ao 2.80, 109 equa¸c˜ao 2.81, 109 equa¸c˜ao 2.82, 109 equa¸c˜ao 2.83, 110 equa¸c˜ao 2.84, 110 equa¸c˜ao 2.85, 110 equa¸c˜ao 2.86, 110 equa¸c˜ao 2.87, 110 equa¸c˜ao 2.88, 111 equa¸c˜ao 2.89, 111 equa¸c˜ao 2.90, 111 equa¸c˜ao 3.1, 112 equa¸c˜ao 3.2, 113 equa¸c˜ao 3.3, 114 equa¸c˜ao 3.4, 114 equa¸c˜ao 3.5, 114 equa¸c˜ao 3.6, 114 equa¸c˜ao 3.7, 115 equa¸c˜ao 3.8, 115 equa¸c˜ao 3.9, 115 equa¸c˜ao 3.10, 116 160
equa¸ca˜o 3.11, 116 equa¸ca˜o 3.12, 117 equa¸ca˜o 3.13, 117 equa¸ca˜o 3.14, 117 equa¸ca˜o 3.15, 117 equa¸ca˜o 3.16, 118 equa¸ca˜o 3.17, 118 equa¸ca˜o 3.18, 118 equa¸ca˜o 3.19, 119 equa¸ca˜o 3.20, 120 equa¸ca˜o 3.21, 120 equa¸ca˜o 3.22, 120 equa¸ca˜o 3.23, 120 equa¸ca˜o 3.24, 121 equa¸ca˜o 3.25, 121 equa¸ca˜o 3.26, 121 equa¸ca˜o 3.27, 122 equa¸ca˜o 3.28, 122 equa¸ca˜o 3.29, 122 equa¸ca˜o 3.30, 122 equa¸ca˜o 3.31, 122 equa¸ca˜o 3.32, 122 equa¸ca˜o 3.33, 123 equa¸ca˜o 3.34, 123 equa¸ca˜o 3.35, 123 equa¸ca˜o 3.36, 124 equa¸ca˜o 3.37, 124 equa¸ca˜o 3.38, 124 equa¸ca˜o 3.39, 126 equa¸ca˜o 3.40, 126 equa¸ca˜o 3.41, 126 equa¸ca˜o 3.42, 126 equa¸ca˜o 3.43, 126 equa¸ca˜o 3.44, 126 equa¸ca˜o 3.45, 127 equa¸ca˜o 3.46, 127 equa¸ca˜o 3.47, 127 equa¸ca˜o 3.48, 127 equa¸ca˜o 3.49, 128 equa¸ca˜o 3.50, 128 equa¸ca˜o 3.51, 128 equa¸ca˜o 3.52, 128 equa¸ca˜o 3.53, 128 equa¸ca˜o 3.54, 129 equa¸ca˜o 3.55, 129 equa¸ca˜o 3.56, 129 equa¸ca˜o 3.57, 129 equa¸ca˜o 3.58, 129
equa¸c˜ao 3.59, 131 equa¸c˜ao 3.60, 131 equa¸c˜ao 3.61, 131 equa¸c˜ao 3.62, 131 equa¸c˜ao 3.63, 131 equa¸c˜ao 3.64, 132 equa¸c˜ao 3.65, 132 equa¸c˜ao 3.66, 132 equa¸c˜ao 3.67, 132 equa¸c˜ao 3.68, 132 equa¸c˜ao 3.69, 132 equa¸c˜ao 3.70, 133 equa¸c˜ao 3.71, 133 equa¸c˜ao 3.72, 133 equa¸c˜ao 3.73, 134 equa¸c˜ao 3.74, 134 equa¸c˜ao 3.75, 134 equa¸c˜ao 3.76, 134 equa¸c˜ao 3.77, 134 equa¸c˜ao 3.78, 135 equa¸c˜ao 3.79, 135 equa¸c˜ao 3.80, 135 equa¸c˜ao 3.81, 136 equa¸c˜ao 3.82, 136 equa¸c˜ao 3.83, 136 equa¸c˜ao 3.84, 136 equa¸c˜ao 3.85, 136 equa¸c˜ao 3.86, 137 equa¸c˜ao 3.87, 137 equa¸c˜ao 3.88, 137 equa¸c˜ao 3.89, 137 equa¸c˜ao 3.90, 137 equa¸c˜ao 3.91, 138 equa¸c˜ao 3.92, 138 equa¸c˜ao 3.93, 139 equa¸c˜ao 3.94, 139 equa¸c˜ao 3.95, 139 equa¸c˜ao 3.96, 139 equa¸c˜ao 3.97, 139 equa¸c˜ao 3.98, 139 equa¸c˜ao 3.99, 139 equa¸c˜ao 3.100, 140 equa¸c˜ao 3.101, 140 equa¸c˜ao 3.102, 140 equa¸c˜ao 3.103, 140 equa¸c˜ao 3.104, 140 equa¸c˜ao 3.105, 141 equa¸c˜ao 3.106, 141 161
equa¸ca˜o 3.107, 141 equa¸ca˜o 3.108, 141 equa¸ca˜o 3.109, 142 equa¸ca˜o 3.110, 142 equa¸ca˜o 3.111, 144 equa¸ca˜o 4.1, 146 equa¸ca˜o 4.2, 146 equa¸ca˜o 4.3, 147 equa¸ca˜o 4.4, 147 equa¸ca˜o 4.5, 147 equa¸ca˜o 4.6, 148 equa¸ca˜o 4.7, 148 equa¸ca˜o 4.8, 148 equa¸ca˜o 4.9, 149 equa¸ca˜o 4.10, 149 equa¸ca˜o 4.11, 149 equa¸ca˜o 4.12, 149 equa¸ca˜o 4.13, 149 equa¸ca˜o 4.14, 149 equa¸ca˜o 4.15, 150 equa¸ca˜o 4.16, 150 equa¸ca˜o 4.17, 150 equa¸ca˜o 4.18, 150 equa¸ca˜o 4.19, 150 equa¸ca˜o 4.20, 151 equa¸ca˜o 4.21, 151 equa¸ca˜o 4.22, 151 equa¸ca˜o 4.23, 152 equa¸ca˜o 4.24, 152 equa¸ca˜o 4.25, 153 equa¸ca˜o 4.26, 153 equa¸ca˜o 4.27, 153 equa¸ca˜o 4.28, 153 equa¸ca˜o 4.29, 153 equa¸ca˜o 4.30, 154 equa¸ca˜o caracter´ıstica, 45 da continuidade, 126 de campo, 116 de Rankine-Hugoniot, 117 definidora de diferenciais, 84 do movimento, 131 escoamento newtoniano, 101 espa¸co-tempo de Newton , 82 espacial, descri¸c˜ao, 96 espa¸co de transla¸ca˜o, 50 euclideano de pontos de dimens˜ ao n
W
defini¸ca˜o, 50 ponto regular, 64 ponto singular, 64 regi˜ao regular, 64 superf´ıcie seccionalmente suave, 64 isom´orfico, 51 normatizado, 52 tangente, 51 vetorial real caracter´ıstico, 47 com produto interno, 9 de dimens˜ ao finita, 9 defini¸ca˜o, 8 euclideano, defini¸ c˜ao, 9 euclideano, impos. subentend., 9 estiramentos principais, 88 estrutura referencial de Newton φ, 82 indiferen¸ca a`, ou invariˆancia a` mudan¸ca de, 106 inercial, 127 Euler, leis de, 127 euleriana, descri¸ ca˜o, 96 fluxo convectivo, 116 mecˆanico-cl´assico Φ ψ , 112 mecˆanico-estat´ıstico, 112 t´ermico q, 136 t´ermico material q κ , 140 for¸ca corporal f b , 128 corporal aparente, suprimento b + i, 144 corporal, suprimento b, 128 de contato f c , 128 defini¸c˜ao, 127 inercial, suprimento i, 144 Fourier-Stokes, princ. de fluxo t´ermico, 136 fronteira adiab´atica, 141 defini¸c˜ao, 141 fixa, 141 livre, 141 fun¸c˜ao argumento, 2 bilinear, 9 composi¸ca˜o de, 2 coordenada, i-´esima, 66 162
de fun¸ca˜o, 2 de defini¸c˜ao positiva, 9 de deforma¸c˜ao, 83 de um para um em , 2 defini¸ca˜o, 2 distˆancia, 50 elemento de, 2 imagem defini¸c˜ao, 2 representa¸ca˜o, 2 inversa em , 2 invert´ıvel em , 2 linear dualidade, 42 induzida, 105 n-linear alternante defini¸c˜ao, 26 elemento de volume, defini¸ca˜o, 37 elemento de volume, rela¸ca˜o com determinante, 41 n˜ao trivial, defini¸ca˜o, 26 n˜ao trivial, equivalente, 36 paralelismo euclideano, 51 representa¸c˜ao, 2 sim´etrica, 9 suave, 64 temporal, hist´ oria de, 146 transla¸ca˜o paralela, 51 funcional constitutivo, 3, 146 defini¸ca˜o, 2 universal, 3
D
D D
independˆencia linear, 8 intervalo aberto, 51 fechado abaixo, 51 abaixo e acima, 51 acima, 51 invariantes principais, 45 lagrangeana, descri¸ c˜ao, 96 Laplace, f´ ormula de, 114 laplaciano de campo escalar, 78 de campo vetorial, 78 lei(s) cl´assica de conserva¸c˜ao da energia total, 136 da massa, 124 defini¸ca˜o, 113 do momento angular, 132 do momento linear, 131 de Cauchy primeira, 131 segunda, 132 de Euler, 127 fundamentais da dinˆ amica, 127 local, 97
massa densidade volum´etrica de, 123 distribui¸c˜ao de, 123 escalar, 123 material descri¸ca˜o, 96 gradiente regi˜ao de campo escalar, vetorial, tensorial ou defini¸ca˜o, 112 de pontos, 54 isolada, 113 de deforma¸c˜ao F , 83, 95 medida de, 123 de deforma¸c˜ao relativa F t , 99 simples escalar, vetorial, tensorial ou de pontos, defini¸ca˜o, 154 em vetor ou tensor, 56 homogˆeneo, 154 espacial de velocidade, 98 superf´ıcie, 112 material de velocidade, 98 matriz grandeza antissim´etrica, 7 conservativa, 113 de transforma¸ca˜o de base, 22 constitutiva, 146 defini¸c˜ao, 4 hist´oria de fun¸ca˜o temporal, 146 determinante de, 28 inversa, 7 incompress´ıvel, movimento, 114 163
observador de Newton φ, 82
inversa transposta, 7 ortogonal, 7 sim´etrica, 7 singular, 7 tra¸co de, 31 transposta, 6 meio cont´ınuo, teoria para, 125 momento angular, 127 linear, 127 movimento defini¸ca˜o, 94 harmˆonico, 99 incompress´ıvel, 114 r´ıgido, 99 representa¸c˜ao por deforma¸ca˜o, 95 n-upla, 1 Newton escoamento de, 101 espa¸co-tempo, , de corpo, , pertencente ao, 82 defini¸c˜ao, 82 estrut. refer., ou observador, φ, de, 82 nota¸c˜ao 1.1.1 (s´ımbolos), 1 1.1.2 (Einstein), 3 1.2.1 (produto interno de vetores de base gi j ), 10 1.2.2 (base dual), 12 1.2.3 (espa¸co de transform. linear), 12 1.2.4 (tensor de segunda ordem como uma matriz), 15 1.2.5 (subespa¸cos sim´etrico e antissim´etrico), 19 1.2.6 (aplica¸ca˜o de tensor a tensor), 33 1.2.7 (subespa¸co invert´ıvel), 34 1.2.8 (grupos especiais), 35 1.2.9 (vetor associado a tensor antissim´etrico), 42 1.2.10 (tensor raiz quadrada), 49 1.3.1 (derivada e gradiente generalizados), 57 1.3.2 (derivada covariante), 74
B
W
permuta¸ca˜o defini¸c˜ao, 25 distingu´ıvel, 26 ´ımpar, 25 par, 25 s´ımbolo de, 38 sinal de, 25 Piola-Kirchoff, tensor de tra¸c˜ao de, 139 ponto regular, 64 singular, 64 potˆencia cin´etica ˙ , defini¸c˜ao, 134 K ˙ P =0 , 135 sem potˆencia mecˆ anica K mecˆanica P , 134 t´ermica, 137 total, 135 press˜ao hidrost´ atica, 130 processo homogˆeneo defini¸c˜ao, 135 primeira lei da termodinˆ amica, 138 produto externo de vetores como base para Skw (V ), 41 defini¸ca˜o, 41 vetor associado a, 43 interno de tens. de segunda ordem, 33 interno de vetores de base em esp. vet. eucl., g i j , 10, 11 de base em esp. vet. eucl., g i j , 11 decomposi¸ca˜o em esp. vet. eucl., 10 defini¸ca˜o, 9 representa¸c˜ao em esp. vet. eucl., 9 ordin´ario de tensores de segunda ordem, ao veja composi¸c˜ tensorial de vetores defini¸ca˜o, 13 espa¸co de, 14 triplo, 44 vetorial, 43
referencial, descri¸ ca˜o, 96 objetividade material, princ´ıp. de, 146, 147 regi˜ao material objetivo, 106 defini¸c˜ao, 112 observ´avel, 106 isolada, 113 164
regular ponto, 64 regi˜ao, 64 rela¸ca˜o de equivalˆencia, 36 representa¸c˜ao de campo dos n´ umeros reais, 1 escalar, 1 matriz identidade, 1 tensor, 1 tensor identidade, 1 vetor, 1 rotacional de campo vetorial, 76, 77 s´ımbolo de Christoffel de seg. esp´ecie, 72 s´ımbolos de Christoffel, 71 matem´aticos da mecˆ anica dos meios cont´ınuos, 97 gerais, 1 simetria material, princ´ıpio de, 146 suave fun¸ca˜o, 64 superf´ıcie seccionalmente, 64 subconjunto aberto, 51 superf´ıcie material, 112 singular, condi¸ca˜o de compatibilidade cinem´atica da, 122 suprimento de calor r, 136 de for¸ca corporal b, 128 de for¸ca corporal aparente b + i, 144 de for¸ca inercial i, 144 mecˆanico-cl´assico σψ , 112 mecˆanico-estat´ıstico, 112 temperatura, 145 tensor de cisalhamento puro, 130 de ordem k defini¸c˜ao, 21 e transforma¸c˜ao escalar k-linear, 21 de press˜ ao hidrost´ atica, 130 de Rivlin-Ericksen, 103 de rota¸ca˜o R, 87 infinitesimal R, componentes, 93 infinitesimal R, defini¸ca˜o, 91
165
relativa Rt , 102 de segunda ordem antissim., representa¸c˜ao espa¸co de, 19 antissim´etrico, vetor associado a, 42 antissim´etrico, defini¸ca˜o, 19 antissim´etrico, transposi¸c˜ao de, 20 aplica¸ca˜o g i j ou g i j a componente, 18 autovalor de, 45 autovetor de, 45 c´alculo de componente associado, 14 componente assoc. contravariante, 14 componente assoc. covariante, 14 componente assoc. misto, 14 componente, transforma¸ c˜ao de, 25 composi¸c˜ao, 20 de defini¸c˜ao negativa, 48 de defini¸c˜ao positiva, 48 de semi-defini¸ca˜o negativa, 48 de semi-defini¸ca˜o positiva, 48 defini¸ca˜o, 14 defini¸ca˜o de componente assoc., 14 e transforma¸ca˜o escalar bilinear, 17 equa¸ca˜o caracter´ıstica de, 45 espa¸co caracter´ıstico de, 47 grupo linear especial SL(V ), 36 grupo linear geral GL(V ), 36 grupo ortogonal , 36 grupo ortogonal pr´ oprio + , 36 grupo rotacional + , 36 grupo unimodular , 36 grupo, defini¸c˜ao, 35 invariantes principais de, 45 inverso, 34 inverso transposto, 34 invert´ıvel ou n˜ao singular, 34 norma, 33 orienta¸ca˜o preservante, 37 ortogonal impr´ oprio, 35 ortogonal pr´ oprio, 35 ortogonal, defini¸ ca˜o, 34 produto interno de, 33 raiz quadrada, 49 representa¸c˜ao matricial, 15 sim´etrico, defini¸c˜ao, 19 sim´etrico, representa¸c˜ao espa¸co de, 19 sim´etrico, transposi¸ca˜o de, 20 singular, 34 transposi¸c˜ao, 18
O O O U
unimodular, 36 de tens˜ ao ou compress˜ ao pura, ou uniaxial, 130 de tra¸ca˜o corrente e, 90 de Almansi - Hamel e, 90 de Cauchy - Green direito C , 88 de Cauchy - Green esquerdo B, 88 de Cauchy, compon. normais do, 129 de Cauchy, componentes de cisalhamento do, 129 de Cauchy, defini¸ca˜o, 129 de Cauchy, dire¸ca˜o principal do, 132 de Cauchy, tra¸ca˜o principal do, 132 de Green - St. Venant E , 89 de Piola-Kirchoff, 139 infinitesimal E , componentes, 93 infinitesimal E , defini¸c˜ao, 90 planar, 130 referencial E , 89 relativa Cauchy - Green direi. C t , 102 relativa Cauchy - Green esqu. Bt , 102 direito de estiramento U , 87 estiramento relativo U t , 102 elemento de volume defini¸c˜ao, 38 rela¸c˜ao com determinante, 41 esquerdo de estiramento V , 87 estiramento relativo V t , 102 estirante, 103 gradiente de deforma¸ca˜o F , 83, 95 de deforma¸ca˜o relativa F t , 99 espacial de deslocamento h, 90 espacial de velocidade, 98 material de velocidade, 98 referencial de deslocamento H , 90 identidade componente associado, 17 defini¸c˜ao, 17 m´etrico, 67 momento angular, 127 rotativo, 103 simples componentes associados, 16
componentes associados em base ortonormal, 16 composi¸c˜ao, 21 defini¸ca˜o, 13 representa¸c˜ao matricial, 16 transposi¸c˜ao, 18 torque, 127 velocidade angular Ω , 107 teorema 1.2.1 (base de espa¸co vetorial de transforma¸ca˜o linear), 13 1.2.2 (unicidade da propor¸c˜ao entre fun¸co˜es n-lineares alternantes), 26 1.2.3 (dependˆencia da propor¸ca˜o entre fun¸c˜oes n-lineares alternantes), 27 1.2.4 (condi¸c˜ao necess´ aria e suficiente de autovalor), 45 1.2.5 (Cayley-Hamilton: tensor satisfaz sua equa¸ca˜o caracter´ıstica), 46 1.2.6 (espectral: autovalores de tensor sim´etrico), 46 1.2.7 (comuta¸ca˜o de composi¸ca˜o de tensores), 47 1.2.8 (tensor sim´etrico de defini¸ ca˜o positiva ou negativa), 48 1.2.9 (quadrado de tensor sim´etrico de defini¸c˜ao positiva ou negativa), 48 1.2.10 (decomposi¸c˜ao polar), 49 1.3.1 (fun¸ca˜o inversa), 66 1.3.2 (base de espa¸co tangente), 66 1.3.3 (divergˆencia), 81 1.3.4 (fun¸c˜ao identicam. nula em ), 81 torque, 127 tra¸ca˜o de cisalhamento, 129 normal, 129 superficial t, 128 trajet´oria, 95 transforma¸c˜ao n-linear base de espa¸co vetorial de, 13 decomposi¸ca˜o, 13 defini¸ca˜o, 12 determinante de, 27 dimens˜ao de espa¸co de, 13 escalar e tensor de ordem k, 21 escalar e tensor de segunda ordem, 17 espa¸co vetorial de, 13
166
E