Bases históricas da Epidemiologia O presente ensaio tenta sistematizar uma série de informações esquemáticas sobre a história da Epidemiologia, a fim de compreender a sua evolução enquanto disciplina articulada ao desenvolvimento histórico dos principais movimentos sociais na área da saúde. Discute-se as raízes da Epidemiologia a partir do tripé Clínica-Estatística-Medicina Clínica-Estatística-Medicina Social, o seu desenvolvimento inicial subsidiário à Saúde Pública, a sua constituição ideológica e o seu avanço técnico no bojo do projeto preventivista. Finalmente, a Epidemiologia moderna é vista como uma disciplina que retorna às suas raízes históricas e políticas no movimento da Saúde Coletiva, opondo-se, a nível teórico, às pressões para torná-la um mero instrumento "método-lógico " da pesquisa clínica. Ao longo do tempo, a epidemiologia foi construída a partir dos conhecimentos bási bá sico coss da Clí líni nica ca,, qu quee ab abor orda dam m os sa sabe bere ress da saú aúde de--do doen ença ça,, as ca caus usas as,, os si sint ntom omas as,, a evolução das doenças e suas terapêuticas; da Estatística, que possibilitou quantificar a ocorrência das doenças, analisar os riscos ao adoecimento; e da Medicina Social, que permitiu compreender os processos, determinantes e condicionantes sociais, a relação entre o modo de viver, de trabalho e hábitos de vida com a saúde e o adoecimento da população. Por esta razão, autores assumem que a Epidemiologia se alicerçou sobre uma tríade: Clínica, Estatística e Medicina Social. Contribuições da Clínica e Estatística Na co cons nstr truç ução ão do sa sabe berr cl clín ínic icoo ra raci cion onaali list staa mod oder erno no,, qu quee é um do doss pi pila larres da Epidemiologia, podemos destacar que leigos e religiosos envolvidos no processo saúde-doença buscaram conhecimentos científicos e métodos clínicos adequados para pa ra se con ontr trap apor or às pr prát átic icaas at atéé en entã tãoo ad adot otad adas as na Ida dade de Mé Médi dia. a. Pos oste terrio iorm rmen ente te,, a medicina, com seu saber técnico e uma rede de instituições para prática profissional, ampliou o saber clínico a partir de estudo de casos de pacientes enfermos hospitalizados. E, em meados do século XIX, surgem os estudos da Fisiologia Moderna de Claude Bernard, que se estruturam por meio das patologias e suas lesões; Louis Pasteur, com suas contribuições na bacteriologia e na compreensão de doenças infeciosas; e Robert Koch descobriu o agente causador da tuberculose Era necessário um projeto de quantificação das enfermidades e surge a Estatística como pilar para a Epidemiologia, que nasce após o Renascimento para quantificar o povo po vo e o ex exér érci cito to..Jo John hn Gr Grau aunt nt,, co cons nsiide derrad adoo o pe perc rcur urssor da Es Esta tatí tíst stic icaa e da Demografia, por seu tratado com tabelas mortuárias de Londres, analisou nascimentos e óbitos e quantificou o padrão de doença na população londrina.
Em 1825, Pierre Louis publicou estudou em Paris, com 1.960 casos de tuberculose e, também, foi o primeiro a realizar avaliação da eficácia de tratamento clínico por meio da estatística. Posteriormente, William Farr, em 1839, criou um sistema de registro anual de mortalidade e morbidade para a Inglaterra e País de Gales, introduzindo sistema de informação em saúde. Com a aritmética médica de Louis e a estatística médica de Farr integrava-se a Clínica Moderna e a Estatística, mas, ainda assim, faltava a questão social e política para possibilitar as transformações na situação da saúde. Contribuições da Medicina Social No final do século XVIII, implantou-se a medicina urbana, período em que houve predomínio do movimento sanitarista com ações e práticas de saneamento, imunização e controle de vetores, principalmente destinadas à população pobre e excluídos da sociedade.Com a Revolução Industrial, o desgaste da classe trabalhadora motivou Louis Villermé, na França, a investigar condições de vida, trabalho e saúde. No final do século, o trabalho de Friederich Engels trouxe contribuições para a formulação da epidemiologia científica quando revelou as condições de vida e saúde degradantes do proletariado urbano. Deste trabalho surgiu o movimento organizado para politização da medicina, denominado Medicina Social.O termo Medicina Social tem sido utilizado para retratar modos de abordar coletivamente a questão da saúde e seus determinantes sociais. Surgiram vários expoentes na medicina social, como o médico sanitarista Rudolf Virchow, que identificou que as causas do tifo na Silésia, atual Polônia, eram sociais, políticas e liderou o movimento médico social na Alemanha.Os avanços da fisiologia, patologia, bacteriologia e microbiologia no século XIX fortaleceram a medicina organicista e a abordagem curativista individual, dispensando o conhecimento da vertente social e política da saúde na época, pois as doenças infectocontagiosas prevaleciam.O conhecimento básico sobre as doenças transmissíveis cresceu rapidamente entre 1860 e 1900, fazendo com que os conhecimentos da epidemiologia se concentrassem no processo de transmissão e controle de enfermidades transmissíveis Em 1831, John Snow, desafiado pela epidemia de cólera e por não encontrar relação desta com a teoria miasmática (teoria que relaciona as doenças à qualidade do ar), que predominava na época, iniciou estudos mapeando onde os doentes viviam e de quem recebiam a água. Com a Revolução Industrial, o avanço tecnológico e a especialização dos cuidados de saúde encareciam a prática médica. Com a Crise de 1929 houve a necessidade de retomar o discurso social, a abordagem da epidemiologia com seu caráter coletivo para ampliar o controle social e prover condições mínimas de saúde para a população.No início do século XX, a Epidemiologia foi consolidada como disciplina científica com a criação de departamento de Epidemiologia em diversas Universidades pelo mundo. Na década de 50, a Epidemiologia se impôsao ensino médico e de saúde pública como um dos setores de investigação médico-social mais frutífero, com utilização de inquéritos epidemiológicos, principalmente relacionados a enfermidades não infecciosas.
Nesta década surgiram novos métodos de estudo epidemiológico, os indicadores de incidência e prevalência. Nas décadas de setenta e oitenta, com o uso da microcomputação e softwares, observou-se avanço nas análises epidemiológicas, com aprofundamento das bases matemáticas, além disto, o uso da Epidemiologia Clínica para avaliar a eficácia terapêutica ganhou destaque. E, na década de 90, surgiu a tendência de uso de estudos ecológicos, agregados e outros campos, como Epidemiologia molecular, Farmaco epidemiologia, Epidemiologia Genética e Epidemiologia dos serviços de saúde. Na primeira década do século XXI, as pesquisas e práticas da Epidemiologia mantêm o foco nas doenças não transmissíveis. Autores e epidemiologistas assumem que a tendência atual da epidemiologia é ter maior intercâmbio com outras disciplinas, como biologia e ciências sociais, propõem modelo ecossistêmicos, com conexões estreitas com políticas de saúde e responsabilidade social. Variáveis relacionadas á pessoa Ao passo que as variáveis populacionais ligam-se, de uma forma ou de outra, como variáveis geográficas que são, ao espaço ocupado, as variáveis relacionadas á pessoa independem do espaço e, portanto, não devem ser confundidas com as variáveis populacionais. É necessário esclarecer que a mesma designação pode referir-se, alternativamente, a uma variável pessoal ou a uma variável populacional de mesmo nome. Inserem-se neste caso as variáveis raça, etnia, cultura, religião e nível socioeconômico. Será considerada uma variável populacional se a sua função lógica for a de possibilitar a comparação de grupos populacionais homogêneos espacialmente localizados. Tratando-se, no entanto, de estudo descritivo da incidência de uma doença em uma população heterogênea, em condições tais que os atributos de população não possam ser tomados como característica de lugar, as mesmas variáveis passam a ser pessoais, próprias para caracterizar grupos específicos cujos indivíduos componentes estejam dispersos no seio da população abrangente, heterogênea. Conforme adaptação feita com base em lenicek & Cleroux(1982). As abaixo discriminadas são algumas das variáveis relacionadas á pessoa, já aprovadas como epidemiologicamente significativas em estudos anteriores referentes á distribuição de doenças e causas de morte: características gerais – idade e sexo; característica familiares – estado civil, idade dos pais, dimensão da família, posição na ordem de nascimento, privação dos pais, dimensão da família, posição na ordem de nascimento, privação dos pais, de um ou de ambos e morbidade familiar por causas específicas, características étnicas – raça, cultura, religião ,grupo étnico e lugar de nascimento. Nível socioeconômico – ocupação, renda, nível de instrução, tipo e zona de residência, valor da taxa de IPTU e sinais exteriores de riqueza, ocorrências durante a vida intra-uterina e ao nascer- idade materna, número de fetos
gestados,(único ou gemelar),características e ocorrências durante o parto,condições físicas da m