MOOC - Necessidades Educativas Especiais: como ensinar, como aprender Módulo I – Deficiências, Incapacidades e Necessidades Educativas Especiais
Definição de Deficiência A definição de deficiência não é simples, nem direta.
Esta diverge de acordo com as crenças, atitudes, áreas de estudo e culturas. Tanto as interpretações deste conceito variam, como as opiniões
relativamente à frequência com que a deficiência prejudica a adaptação da pessoa na vida em sociedade.
A deficiência é encarada de formas muito diferentes de acordo com a cultura vigente e isto pode ser verificado nas diferentes posições dos investigadores relativamente a este conceito.
Definição de Deficiência como incapacidade Os termos deficiência e incapacidade quando são encarados como sinónimos, a deficiência é vista como uma diferença e algo que o torna ou menos capaz ou inferior. A deficiência restringe assim a possibilidade do indivíduo alcançar o seu potencial.
Quando os dois conceitos não são encarados como sinónimos, existem evidências empíricas que revelam que os indivíduos com deficiência apresentam experiências de sucessos e insucessos similares a qualquer outra pessoa. Sem a discriminação e os preconceitos em relação à deficiência, os indivíduos podem ter uma vida em tudo similar a todos os outros indivíduos da sociedade.
Definição de Necessidades Educativas Especiais As crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) são definidas como os indivíduos que “manifestam limitações significativas ao nível da atividade e da participação, num ou vários domínios de vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de caráter permanente”.
Estas limitações resultam em dificuldades continuadas nas seguintes áreas: comunicação, aprendizagem, mobilidade, autonomia, relacionamento interpessoal e participação social.
Síntese histórica da evolução da conceção de deficiência
Momentos históricos
Perspetiva defendida O indivíduo portador de deficiência era visto como símbolo de
Sociedades primitivas superstição e maldade. A diferença era encarada como uma ameaça à própria sociedade.
A deficiência era condenada socialmente. As crianças portadoras de deficiências
Antiga Grécia
físicas eram colocadas nas
montanhas ou condenadas à morte. A sociedade não admitia sequer a sua existência e era realizado um verdadeiro extermínio destas crianças.
Momentos históricos
Perspetiva defendida No início desta época, a deficiência física e mental estavam
associadas a causas sobrenaturais (resultado de criações do “diabo”) e relacionadas com práticas de bruxaria e feitiçaria.
Idade Média
Estas pessoas eram perseguidas, julgadas e executadas. Mais tarde, a influência da igreja cria uma mudança de
perspetiva
acerca
da deficiência, direcionada
para o
protecionismo destes indivíduos.
Surgem novas teorias e obras de caráter científico: novos estudos e intervenções sobre a deficiência.
Renascimento
Mudança para uma perspetiva de deficiente enquanto ser suscetível de treino e educação, no sentido de desenvolver
atividades com carácter utilitário.
Momentos históricos
Perspetiva defendida
Conceção de deficiência na qual se assume uma identidade de cidadania de pleno direito. A conceção de deficiência direciona-se para uma perspetiva com fins educativos, aparecendo assim os primeiros serviços de educação de deficientes.
Finais do séc. XVIII e O pensamento da pedagogia especial é concretizado pelo recurso: séc. XIX
À individualização do ensino;
A uma perspetiva desenvolvimentista da organização das tarefas; À estimulação sensorial com o objectivo de tornar a criança mais capaz de responder a estímulos; À organização do meio ambiente; À utilização de técnicas de reforço e
À promoção da autonomia e independência da criança tornandose o ensino também funcional.
Momentos históricos
Perspetiva defendida Esta conceção é caracterizada pelos seguintes pontos:
1) Fazer a distinção entre as várias deficiências que até esta altura eram tratadas de forma igual; 2) Possibilitar a educação de todos os indivíduos com deficiência; 3) Impulsionar o desenvolvimento da área da educação nas
Século XX até à atualidade
deficiências sensoriais, surgindo as primeiras escolas para cegos e surdos; 4) Proporcionar tratamento educativo especializado a indivíduos com deficiência, havendo a implementação de novas formas de escolarização especializadas e/ou institucionalizadas. Na década de 70, surgiram nos Estados Unidos e no Reino Unido leis fundamentais e decisivas sobre a integração de crianças e jovens com deficiência.