Apicultura Racional (Johann Dzierzon)

Apicultura Racional Johann Dzierzon

T Trraadduuççããoo CC.. A A.. O Ossoow wsskkii

APICULTURA RACIONAL Johann Dzierzon

Tradução Carlos A. Osowski

APICULTURA RACIONAL; OU

TEORIA E PRÁTICA DO

DR. DZIERZON, DE CARLSMAKKT,

Knight of the Imperial Austrian Order of Francis Joseph (Fourth Class), and of the Grand Ducal Hessian Order of Ludwig, Member of the Imperial Leopold-Carolinan German Academy of Naturalists, of theFree German Institute, and of many other Learned Societies at Home and Abroad. TRADUZIDO DA ÚLTIMA EDIÇÃO ALEMÃ POR

H. DIECK AND S. STUTTERD. EDITADO E REVISADO POR

CHARLES NASH ABBOTT, EDITOR DO 'BRITISH BEE JOURNAL.'

COM NUMEROSAS ILUSTRAÇÕES.

LONDRES HOULSTON & SONS, PATERNOSTER SQUARE. SOUTHALL: ABBOTT, BROS,

1882 Todos Direitos Reservados. Todos Direitos Reservados.

PREFÁCIO DA EDIÇÃO ALEMÃ. APÓS o aparecimento da Primeira Edição do 'Apicultura Racional', o último e mais completo trabalho sobre Abelhas do Autor, ocorreu um grande progresso na apicultura como também relevantes descobertas, tanto teóricas quanto práticas, nesta ciência. Fomos bem sucedidos ao modificar o skep de palha, a colméia de abelhas mais comum, a fim de permitir a remoção dos favos, ao construir uma máquina para esvaziar os favos de seu conteúdo sem os destruir; e assim usufruir toda a vantagem sua mobilidade. tarde tivemos sucesso em dos descobrir adenatureza e a causaMais da cria pútrida, o maior terror apicultores e, quase simultaneamente, descobrir no ácido salicílico uma cura infalível para a mesma; e, ultimamente, constatamos que leite com açúcar e ovos constitui um substituto seguro para a alimentação natural das Abelhas e é um poderoso meio de promover sua multiplicação. Estes grandes avanços e relevantes descobertas estão apropriadamente apresentados nesta Nova Edição do ‘Apicultura Racional', cuja publicação se fez necessária, e que penso ser justo chamar de Edição ampliada, especialmente porque o número de páginas, que era de 314, foi aumentado para 358. O cunho do trabalho permaneceu inalterado na Nova Edição e continua prático. Os aspectos teóricos, porém, foram focados muito brevemente e com vistas a uma apicultura prática, mas o objetivo do Autor é mostrar como criar Abelhas de modo racional e lucrativo e, ao mesmo tempo, permitir aos apicultores satisfazer sua própria curiosidade, bem como de outros, sobre a 7

Apicultura Racional

razão das diferentes operações em suas colméias; para o autor só pode ser chamado apicultor racional quem compreende claramente por que algo é feito de certa forma e não de outro modo qualquer e quem consegue justificar tudo que faz. Tenho certeza que todos que ao lerem este livro e se animarem a estudar praticamente a ciência da Apicultura, verificarão que ela é, não só, rentável, mas com ela se consegue, também, um prazer duradouro, à disposição de toda mente sensível, ao contemplar os trabalhos do Todo-Poderoso nas maravilhas de Natureza, como notavelmente ilustrado numa colônia de abelhas; um prazer vivido por mais de quarenta anos pelo AUTOR

8

Johnann Dzierzon

PREFÁCIO DA EDIÇÃO INGLESA. DESDE 1844 o Autor escreve artigos sobre Abelhas e gerencia várias Revistas, mas foi apenas em 1848 que ele publicou seu primeiro livro, intitulado Teoria e Prática do Novo Amigo das Abelhas - seguido de um apêndice em 1852. De 1854 a 1856 ele publicou uma revista mensal, O Silesiano Amigo das Abelhas, e em 1861 seu último trabalho, Apicultura Racional. A última edição, 1878, contém, de forma condensada, todos os experimentos e melhorias que podem ser encontrados espalhados nos trabalhos mencionados. Entre os mais recentes avanços na Apicultura merecem citação os seguintes três: 1. A Introdução de Abelhas Cipriota. Estas foram recebidas com grande entusiasmo por causa da sua cor maravilhosa, mas elas se mostraram agressivas e de difícil manejo. Elas continuam a desenvolver cria até Outono e, depois de anos medíocres, chegam ao final da estação do mel, na maioria das localidades, ricas em abelhas e pobres em mel. Assim, o Autor prefere, sem sombra de dúvidas, as abelhas italianas que ele introduziu há quase trinta anos e que são caracterizadas igualmente pela beleza, docilidade e operosidade e que estão agora perfeitamente climatizadas. 2. Recentemente foram introduzidas seções para que nelas as abelhas construam favos e os encham de mel. Elas são fa9

Apicultura Racional

cilmente acondicionadas, fáceis de transportar e tem um bom mercado. Os americanos constroem suas colméias para abrir na parte superior, para colocar melgueiras com estas seções organizadas em série; as colméias devem ser montadas separadamente exigindo muito espaço. Em Colméias Ständer as seções podem ser colocadas convenientemente pela porta lateral, removendo a cobertura e organizando as seções acima do ninho da cria; em Coméias Lager elas podem ser colocadas nas laterais. Na Alemanha as seções podem ser obtidas de Messrs. Schulz e Gühler, Buckow. 3. É sobejamente conhecido que o Ácido Salicílico foi recomendado, recentemente, para combater a cria pútrida, a mais perigosa de todas as doenças das abelhas, e este método de tratamento foi identificado pelo Sr. Hilbert. Antigamente ele aconselhava borrifar com tintura diluída de Ácido Salicílico, mas mais recentemente ele aconselha a fumigar com Ácido Salicílico em pó refinado espalhado sobre um prato de metal e aquecido sobre uma chama. Como este tratamento é muito mais simples do que borrifar repetidas vezes os favos separados, e é aplicável até mesmo em colméias com favos fixos; o Autor julga que não deve mais mencioná-lo.

DR. DZIERZON, Emeritirter Pfarrer Karlsmarkt, 29 de Abril de 1882.

10

Johnann Dzierzon

PREFÁCIO TRADUÇÃO PARA INGLÊS. Foi uma grande decepção saber que não tínhamos nenhuma tradução para o inglês dos recentes trabalhos alemães sobre Apicultura. Esta constatação me levou a tentar reparar esta deficiência com a tradução do trabalho do Dr. Dzierzon, que pode perfeitamente ser intitulando, concordando plenamente com o Barão von Berlepsch, o 'Pai da nova era Apícola'. Este trabalho foi selecionado como sendo a melhor visão geral dos métodos alemães de Apicultura por recomendação do Sr. Schmid, editor do Bienenzeitung . Ao escrever para o Dr. Dzierzon, soube que ele já tinha dado permissão para a tradução do seu livro para o Sr. A. Neighbour. O Sr. Neighbour e o Sr. Dieck colocaram à minha disposição, gentilmente, uma parte (cerca de um quinto) já traduzida, oferta que muito me agradou. Devo reconhecer minha grande dívida para com o Sr. Abbott pela sua cuidadosa revisão das notas, e por tudo que ele fez para ajudar na publicação. Acredito que o presente trabalho incentive o uso de métodos mais racionais e humanitários que são objetivos da Associação Britânica de Apicultores. S. STUTTERD. Bambury, 29 de Agosto de 1882.

11

Apicultura Racional

PREFÁCIO Edição Inglesa O grande mestre Apícola, o falecido T. W. Woodbury, tendo ficado profundamente impressionado com a riqueza das idéias e experiências alemãs em apicultura, uma amostra das quais ele obteve de publicações casualmente traduzidas, estudou o idioma alemão para poder se beneficiar totalmente da riqueza do conhecimento contida nos escritos das autoridades alemãs. Estivesse ele vivo, é mais do que provável que pelo seu alto apreço pelo renomado, com justiça, Dr. Dzierzon teria sido induzido a traduzir e publicar a obra-prima deste renomado mestre apícola – trabalho de uma autoridade que contém riquezas em toda página e que merece ser estudada e entendida por todos os apicultores; que, por estar agora disponível em inglês, será, estamos seguros, devidamente apreciada onde quer que este idioma seja falado. Nossa participação no trabalho agora oferecido ao público de língua inglesa consistiu, principalmente, em evitar interpretações erradas de termos técnicos e comentar as passagens * que poderiam gerar dúvidas a um apicultor amador; e oferecer, ocasionalmente, com toda humildade sugestões quando nossa experiência prática não coincide com a do sábio Doutor. O sistema alemão de apicultura, como exemplificado no Apicultura Racional, por insistir fortemente nos quadros móveis como um primeiro princípio, difere largamente do atualmente ensinado e praticado nas Ilhas britânicas e na América; entre estas diferenças está o alto valor do trabalho. Tivemos a honra de compartilhar com a produção desta obra para que a leitura e estudo pudessem ser agradáveis e benéficos a outros, como o foram

*

Os comentários feitos pelo Editor da tradução para o inglês estão nas notas de rodapé e são identificados por C.N.A. N.T.

13

Apicultura Racional

para nós, que é o primeiro desejo e esperança de seu Editor e Revisor. O EDITOR da British Bee Journal. Fairlaum, Southall, Middlesex. Setembro de 1882

14

Johnann Dzierzon

INDICE

APICULTURA: UMA OCUPAÇÃO AGRAD ÁVEL E LUCRATIVA........... 1 HISTÓRIA NATURAL DAS ABELHAS ........................ ....................... 1 Sexo das Abelhas .................................................................................... 4 Rainha.................................................................................................... 7 Fecundação da Rainha.......................................................................... 11 Operárias.............................................................................................. 18 Zangões ................................................................................................ 21 Atividades das Abelhas ......................................................................... 25 Construção de Favos e Alvéolos............................................................. 26 Finalidade dos Alvéolos ......................................................................... 27 Produção de Cera.................................................................................. 31 Comida das Abelhas ............................................................................. 33 Atividade Vital das Abelhas ................................................................... 38 Objetivo da sua Atividade...................................................................... 41

A PRÁTICA DA APICULTURA.............. ......................... .................. 47 Paradouro das Abelhas (Apiário)............................................................ 48 Moradia dasdas Abelhas............................................................................. Do Material Colméias...................................................................... 50 51 Forma................................................................................................... 55 Tamanho das Colméias ......................................................................... 58 Fácil de Manejar ................................................................................... 61 Porta Lateral ......................................................................................... 61 Quadros Móveis .................................................................................... 62 Tábuas de Cobertura ............................................................................ 67 Guiadas para Construir seus Favos Regularmente ................................ 69 Quadros................................................................................................ 75 Diferentes Tipos de Colméias ................................................................ 80 Colméia Tronco (Klotzstock, ou Klotzbeute) ......................................................81 Colméia de Palha.............................................................................................. 84 Bogenstülper de Gravenhorst...........................................................................85 Thorstock (Colméia de Porta)............................................................................ 86 Colméia Geminada 91 Uma Pequena Porta........................................................................................... Móvel................................................................................ 99 Colméia Lager Dupla ...................................................................................... 114 Vantagens das Colméias Geminadas.............................................................. 116 Colméia Lager, com Quatro Compartimentos ................................................. 125 Colméia Ständer............................................................................................. 128 Colméia Ständer de Um Compartimento ........................................................ 130 Colméia Ständer de Dois Compartimentos ..................................................... 140 Colméia Ständer de Quatro Compartimentos ................................................. 142 Pavilhão ......................................................................................................... 146 Colméia de Três Compartimentos................................................................... 154

15

Apicultura Racional

Colméia Sêxtupla ........................................................................................... 154 Colméias Quádruplas e Conjunto de Oito.......................................................159 Colméia para Criação de Rainha ....................................................................160 Colméia de Observação .................................................................................. 162

DIFERENTES MÉTODOS DE APICULTURA ....................... .......... 165 Manejo para Criação ........................................................................... 166 Manejo Zeidel...................................................................................... 168 Apicultura Racional ............................................................................ 169 Povoamento das Colméias novas ......................................................... 170 Acessórios da Colméia que será povoada ............................................. 173 Enxames............................................................................................. 180 Diferentes Tipos de Enxames, Sua Origem e Tratament o. .................... 181 Enxame Indigente .......................................................................................... 181 Enxames Regulares ou Indigentes.................................................................. 182 O Enxame Primário ........................................................................................ 182 Enxame Secundário ....................................................................................... 184 Evitando a Fuga dos Enxames ....................................................................... 189 Enxames artificiais......................................................................................... 196

Forçar a Criação ................................................................................. 203 O que Pode Ser Feito com a Ajuda de uma Rainha Fértil ..................... 213 Como Conseguir Rainhas Férteis ........................................................ 215 Realeiras............................................................................................. 219 Introdução da Abelha Italiana ............................................................. 226 Multiplicação da Abelha Italiana ......................................................... 230 Tratamento Adicional dos Enxames .................................................... 239 Manejo dos Estoques de Mel ............................................................... 243 Esvaziando o Espaço do Mel................................................................ 247 Vidro em Forma de Sino para Depósi to de Mel .................................... 252 A Denominada “Apicultura Migratória”................................................ 255 Aumento da Produção de Mel.............................................................. 262 Preparação para o Inverno .................................................................. 267 Sinais da Existência de uma Boa Rainha e da Sua Falta ..................... 275 Requisitos que um Enxame deve Satisfazer para Passar o Inverno....... 280 Hibernação ......................................................................................... 286 O que Deve ser inspecionado no Inverno ............................................. 294 Como Reanimar uma Abelha Congelada.............................................. 299 Os Enxames Devem Ser Mantidos Tanto Quanto Possível Sossegados ......................................................................................... 301 Limpeza Normal da Primavera............................................................. 303 Alimentação........................................................................................ 308 Pilhagem............................................................................................. 313 Corte dos Favos na Primavera ........................................................................ 319

Época para Cortar............................................................................... 321 Como e Onde Deve Ser Cortado? ......................................................... 322 Outros Assuntos que Devem Ser Observados ...................................... 324 Doenças das Abelhas .......................................................................... 326 Disenteria........................................................................ ...............................327 Cria Pútrida ................................................................................................... 328 Vertigem (Tollkrankheit)................................................................................. 336

16

Johnann Dzierzon

Inimigos das Abelhas .......................................................................... 338 Influências Nefastas do Clima ............................................................. 345 Implementos Apícolas ......................................................................... 347 Fumigador...................................................................................................... 347 Boné ou Capuz para Abelha ........................................................................... 350 Peneira ........................................................................................................... 351 Colméia de Transporte ................................................................................... 351 Cavalete ......................................................................................................... 354 Alicate ............................................................................................................ 355 Garfo .............................................................................................................. 355 Faca ............................................................................................................... 356 Pena ............................................................................................................... 356 Gancho........................................................................................................... 357 Gaiola para Rainha ........................................................................................ 357 Armadilha para Zangão.................................................................................. 358 Rede de Enxame............................................................................................. 360 Recipiente Escavado....................................................................................... 360 Alimentador.................................................................................................... 361 Panela de Lata................................................................................................ 362 Seringa........................................................................................................... 362 Parafuso......................................................................................................... 363 Centrífuga ...................................................................................................... 363 Faca de Desopercular..................................................................................... 366

Refinamento do Mel e da Cera............................................................. 366 Usos e Manufaturados Adicionais da Cera e do Mel............................. 369 Forragem Apícola ................................................................................ 371

Calendário Apícola................................... ........................... ........ 379 Janeiro ............................................................................................... 379 Fevereiro............................................................................................. 382 Março ................................................................................................. 386 Abril ................................................................................................... 388 Maio ................................................................................................... 392 Junho................................................................................................. 394 Julho .................................................................................................. 398 Agosto................................................................................................. 401 Setembro ............................................................................................ 402 Outubro.............................................................................................. 405 Novembro ........................................................................................... 407 Dezembro ........................................................................................... 409

Apicultura Racional 17

DZIERZON APICULTURA RACIONAL.

APICULTURA: UMA OCUPAÇÃO AGRADÁVEL E LUCRATIVA A apicultura é uma ocupação agradável e lucrativa. Nada é mais puro e duradouro do que o prazer de contemplar os trabalhos do Todo-Poderoso nas maravilhas de natureza; mas em nenhum outro lugar encontramos uma manifestação tão clara das maravilhas da natureza quanto numa colônia de abelhas. Não será fácil induzir um verdadeiro apicultor a trocar a apicultura por qualquer outra ocupação; quanto mais profundamente ele se familiarizar com a natureza das abelhas, mais maravilhas ele descobrirá e maior será o prazer que terá com a apicultura. O genial Barão von Ehrenfels que intitulou a apicultura de 'Poesia da Agricultura' não poderia ter expressado com mais propriedade o fascínio que a apicultura provoca. Mas as vantagens materiais conseguidas com a apicultura, levada adiante com zelo e princípios racionais, também são consideráveis. Uma única abelha não recolhe muito, mas uma grande população pode acumular muitas libras, até mesmo centenas, de mel e cera; da 1

Apicultura Racional

mesma forma, a apicultura praticada por muitos, mesmo que apenas em pequena escala, pode contribuir muito para aumentar a prosperidade de um país. Diz-nos a Bíblia que mel e cera eram produtos valiosos para os antigos, estas palavras eram usadas figurativamente para indicar a fertilidade de um país. A demanda por estes produtos comerciáveis na atualidade ainda é grande, e a recente elevação do preço da cera ajudou a provar que, apesar do progresso ocorrido na química e da aplicação de suas descobertas na arte e na indústria, ainda não foi encontrado nenhum substituto para a cera de abelha. Tudo o que é obtido da apicultura é, sem dúvida, lucro líquido. A comida para os animais domésticos deve ser produzida e fornecida a eles; mas com as abelhas o caso é diferente. Elas recolhem sua comida e, ao fazê-lo, nos proporcionam um serviço indireto melhorando a fertilização das flores das plantas, aumentando assim a produtividade de nossos jardins e campos. Foi afirmado que a apicultura só é rentável em locais onde a terra é pouco cultivada e não é rentável onde a agricultura é praticada extensivamente. A falácia desta afirmação é provada pelos lucros obtidos todos os anos em que a estação não tenha sido especialmente desfavorável para as abelhas. Até mesmo nas áreas mais intensamente cultivadas os resultados, em estações favoráveis, são tais que provocam uma depressão considerável e geral no valor de mercado do mel e da cera. Porque ficariam as abelhas impedidas de estender o forrageamento se as plantações abundam até junto delas com plantas cultivadas como colza, trevo, trigo-mouro, ervilhaca, feijão, tabaco, etc., etc. das quais elas conseguem recolher mel. Quanto melhor cultivada e adubada for a terra, mais luxuriante também será o crescimento de muitas ervas daninhas como a mostarda selvagem que pode ser vista florescendo abundantemente desde a Primavera até tarde do Outono, onde só elas fornecem uma rica pastagem para as abelhas; assim o fazendeiro deve cuidar até mesmo das ervas daninhas de seus campos se ele for também apicultor. 2

Johnann Dzierzon

Além disso, a apicultura é uma fonte de melhoria moral o que não pode ser desprezado. Qualquer um que tenha experimentado uma vez o prazer do estudo e conhecimento das abelhas irá, estou convencido, permanecer em seu apiário toda hora disponível; fazendo assim ele escapará das tentações a diversões imorais e caras e, contemplando a operosidade infatigável, os hábitos asseados e ordenados e a afeição das abelhas à sua rainha, ficará encorajado a seguir seu exemplo; até mesmo se as circunstâncias não possibilitarem nenhum ganho material, sua natureza moral, pelo menos, será grandemente melhorada. Então, com satisfação constatamos que ultimamente está sendo devotada mais atenção à apicultura que era antigamente, até mesmo, pouco compreendida e muito negligenciada. O autor foi agraciado com um grande número de certificados de louvor, medalhas de prata e ouro, a Universidade de Munich lhe conferiu o título honorário de ‘Doutor’, e foi condecorado com a Grand Ducal Hessian Order de Ludwig e a Imperial Austrian Order of Francis Joseph, alem de muitas outras distinções. Ele faz menção a estes títulos simplesmente para mostrar que os Governantes, não menos do que as instituições de ensino e sociedades agrícolas, têm ciência do real valor da apicultura e estão se esforçando para promover o interesse por ela. A apicultura pode até receber mais atenção se as pesquisas feitas para comprovar os estragos e a grande disseminação da Phylloxera, o terror dos viticultores, provarem não serem verdadeiros; neste caso a deficiência na vindima deverá ser suplementada pelo uso do vinho feito de mel. Sempre haverá demanda para a cera e o mel e a apicultura manterá sua posição de importante ramo da indústria. Mas qualquer um que queira obter lucro com a criação e treinamento de animais deve estar profundamente familiarizado com sua natureza, instintos e disposição; deve respeitar as condições necessárias para eles prosperarem. Na apicultura tal conhecimento é indispensável, pois as abelhas são insetos verdadeiramente delicados, tímidos e maravilhosos. Reparar qualApicultura Racional 3

quer desordem na colméia e assim evitar perdas é simples; mas aquele que não estiver familiarizado com a economia das abelhas não saberá onde o socorro se faz necessário, ou tomará medidas totalmente descabidas para remediar o estrago. Em locais onde a forragem é abundante e a estação favorável até mesmo um apicultor inexperiente tem quase certeza de obter lucros, pois as perdas em algumas colméias serão mais do que cobertas pelos grandes resultados em outras. Em condições menos favoráveis, no entanto, os efeitos do manuseio inadequado serão mais evidentes. Quanto menos abundante o suprimento de alimento, tanto mais manuseio criterioso as abelhas exigem e quanto mais intimamente familiarizado se estiver com as abelhas melhor serão elas manejadas. Não se exige de um apicultor apenas destreza em aparelhos mecânicos, pois podem ocorrer muitos casos não previstos nos quais um conhecimento meramente superficial seria inútil. Mas quem quer que domine completamente toda a economia das abelhas nunca ficará sem saber o que fazer, e empregará sempre os melhores meios para conseguir o objetivo perseguido. Toda pessoa com percepção sagaz e de bom senso pode conseguir o conhecimento necessário através de suas observações; mas para compreender perfeitamente e de forma completa a economia das abelhas, e descobrir os profundos segredos da colméia, a vida de uma pessoa dificilmente será suficiente. Assim, para não desperdiçar o precioso tempo e evitar as dificuldades e custos de experimentos caros, todo apicultor novato fará muito bem em usar, para a sua instrução, a experiência dos outros. O autor, que dedicou às abelhas a mais devotada atenção desde sua juventude – por mais de cinqüenta anos - e que manejou centenas de colônias em todos os tipos de colméias nos últimos quarenta anos, tenciona apresentar aqui, para uso e proveito do público, a experiência que ele acumulou, e espera que todo aquele que seguir suas instruções consiga obter da apicultura tanto lucro e prazer quanto ele conseguiu.

4

Johnann Dzierzon

TEORIA DA APICULTURA OU

HISTÓRIA NATURAL DAS ABELHAS As pequenas e maravilhosas criaturas que chamamos abelhas, das quais trata este livro, pertencem à espécie de insetos chamada Hymenoptera que vive em grandes sociedades ou enxames. Não é, porém, por casualidade e apenas ocasionalmente que elas se reúnem em grandes números, como muitos outros animais - como gafanhotos, mosquitos e muitos tipos de pássaros; mas elas não conseguem propagar sua espécie, ou até mesmo existir, em estado isolado, pois funções especiais e deveres especiais são executados por diferentes membros desta sociedade que nós chamamos de enxame, ou colônia, ou uma colméia de abelhas se desejarmos incluir também a colméia. Como todos os insetos, as abelhas são de sangue frio; mas para viver e prosperar elas precisam de temperatura moderada que, de acordo com a estação, varia de 10° a 30°R (54½° a 99½°F). Em temperatura mais baixa se esfriam e não conseguem se mover nem usar seus membros e, quando o termômetro desce ao ponto de congelamento, o frio gradualmente as en1

Apicultura Racional

torpece, e não mais recuperam a vitalidade ou, pelo menos, não atingem sua vitalidade anterior. Em nosso clima, bem como na maioria dos países da zona temperada, onde a temperatura cai freqüentemente abaixo de zero, elas não poderiam existir em absoluto se não produzissem calor e mantivessem sua colméia, constantemente, em temperatura necessária para seu bemestar; e isto elas só o conseguem quando reunidas em enxames consideráveis. Até mesmo quando a temperatura externa é baixa elas podem produzir calor e manter a temperatura, quando em agrupamento denso, quimicamente pela respiração, processo lento de combustão, combinação do oxigênio do ar atmosférico com o carbono do sangue, e mecanicamente por certos movimentos das asas e de outras partes do corpo, e pela vibração assim obtida; a perda de calor rápida é evitada pelo confinamento do ar nos alvéolos do favo, pelos cabelos dos seus corpos e, até mesmo, pela própria colméia. Para que as abelhas consigam propagar sua espécie é necessário que elas se reúnam em enxames, não só porque se congregando elas podem manter a temperatura necessária à cria, mas, também, porque as diferentes castas das abelhas têm funções diferentes e executam deveres diferentes, tudo absolutamente necessário à existência da colônia. A respeito destas funções e relações sexuais das diferentes castas de abelhas na colméia, existem opiniões muito divergentes que foram defendidas com grande tenacidade até recentemente. Para manter as visões expressas pelo Autor em sua Teoria e Pratica publicada em 1848, fui obrigado a enfrentar controvérsias, as mais violentas, que perduraram durante vários anos no Ei-

chstadt Bee das Journal, dosBienenfreund apicultores alemães, na maioria vezes,publicação aparecia no of Silesia,mas, publicação periódica mensal entre 1854 e 1856. Em sua maioria se referiam à introdução e propagação da abelha italiana que os preconceitos e erros, constantes durante séculos, tiveram que finalmente ceder caminho rápida e universalmente. A abelha italiana é uma raça distinta da Apis mellifica, e é 2

Johnann Dzierzon

distinta da abelha alemã comum* sendo diferente na cor e outras características. Enquanto na abelha alemã todos os anéis do abdômen são de cor igualmente cinza ou preta, na abelha italiana os primeiros dois anéis, ou os dois e meio, são de coloração laranja, se apresentando como uma faixa amarela que é visível até mesmo quando em vôo. Esta abelha de bela cor dourada era conhecida desde os tempos antigos, o poeta romano Virgilio, no quarto livro das Georgicas, que trata da apicultura, afirma que ela possui vantagens positivas que ainda se mantem boas até os dias de hoje. Em relação à abelha alemã é mais laboriosa, mais prolífica, capaz de defender melhor sua colméia quando atacada por ladrões, mais dócil, só fazendo uso do seu ferrão muito raramente e só quando apertada ou muito irritada. O Autor recebeu a primeira colônia destas abelhas em Fevereiro de 1853, desde então ela se espalhou a partir de Carlsmarkt não só por toda a Alemanha e países vizinhos, mas também na Suécia, Dinamarca e até mesmo na América †. Nos próximos capítulos sobre os sexos na colméia, será explicado como esta abelha contribuiu para acelerar o reconhecimento universal de uma verdade durante muito tempo escondida. Enquanto isso, a abelha egípcia também foi introduzida na Alemanha e lá se alastrou. É um pouco menor do que a abelha italiana, com a qual muito se assemelha, da qual pode ser distinguida pelos pêlos que são de cor branca e uma pequena mancha marrom nas costas, sobre o tórax. A abelha egípcia tem interesse apenas científico. Na opinião do Sr. Vogel, famoso apicultor e professor, primeiro a criar esta abelha, ela não tem nenhum valor prático, principalmente porque ela procria ao longo de todo o ano e, assim, hiberna muito mal. A abelha Carniolana não é considerada uma raça separada, mas uma variedade de nossa abelha alemã; ultimamente foi in-

*E

a abelha Inglesa. - C. N. A. De passagem podemos informar, que nas Ilhas britânicas existem, atualmente, muitas centenas de colônias. - C. N. A. Apicultura Racional 3 †

tensamente introduzida na Alemanha, principalmente por causa de sua docilidade e grande tendência para enxamear. É muito difícil manter esta abelha pura por causa de sua semelhança com a abelha alemã o que torna difícil distinguir um híbrido das duas.* Quem desejar aumentar intensamente o número de suas colméias encontrará na abelha Carniolana a resposta para seu propósito, embora seja obrigado, freqüentemente, a alimentálas; mas quem busca um alto retorno em mel, deverá preferir as abelhas italianas. Até mesmo a espécie alemã preta comum ou cinzenta pode ser usada como abelha para mel e abelha enxameadora. A última, também chamada abelha Heath†, como conseqüência do manejo adotado, enxameia continuamente; a enxameação se tornou quase uma segunda natureza desta abelha, tanto assim que, até mesmo, colônias com rainhas jovens tendo um ano de idade se preparam para enxamear e criam zangões, o que nunca acontece com a abelha que se encontra em grande parte do Sul e Centro da Alemanha.

SEXO DAS ABELHAS Sobre este assunto já foram apresentadas as mais errôneas visões. Até mesmo a rainha que, como todo apicultor novato atual sabe, bota os ovos dos quais se srcinam todas as abelhas da colméia, já foi considerada antigamente uma abelha masculina. O poeta Virgilio, há pouco citado, não a chama por ne-

Isto se aplica também para a Inglaterra. - C. N. A. Heath = charneca, urze - (Segundo Michaelis: charneca = terreno árido e inculto onde há, apenas, vegetação arbustiva e rasteira). N.T. 4 Johnann Dzierzon *

†

nhum outro nome a não ser rei; e o nome Weiser, ou Weisel, antigamente em uso na Alemanha, mostra que ali também predominava a mesma visão errada. Qualquer um que esteja familiarizado, apenas ligeiramente, com insetos sabe que as fêmeas das abelhas, bem como das mamangabas, vespas e vespões, parentes das abelhas, estão providas de ferrão, enquanto este não existe nas abelhas masculinas. Pela presença ou ausência do ferrão pode ser determinado, imediatamente, o sexo das abelhas. Os zangões que, como é bem conhecido, não tem ferrão, são abelhas masculinas; as operárias e a rainha que tem ferrão pertencem ao sexo feminino. As abelhas masculinas, ou zangões, são maiores de que as abelhas operárias comuns, e são necessários alvéolos mais largos para criar os zangões. Os alvéolos dos zangões têm cerca de um quarto de polegada de largura, e cerca de dezesseis deles ocupam uma polegada quadrada. Eles são também um pouco mais profundos do que os alvéolos das operárias. Mas embora em alguns casos - os quais, porém, muito excepcionais - os zangões são criados nos alvéolos mais estreitos de operária, que tem a largura de um quinto de polegada, e vinte e cinco dos quais ocupam uma polegada quadrada, zangões criados em alvéolos de zangão não diferem dos criados em alvéolos de operária, a não ser que, no último caso, os zangões são menores. Zangões pequenos são, também, perfeitamente capazes de copular com a rainha. Fazer uma distinção entre zangões grandes e pequenos é quase impossível;* zangões pequenos não são produzidos regularmente na colméia como um tipo distinto de abelha - apenas ocasionalmente é que eles aparecem, e quando surgem é geralSomos inclinados a discordar, neste ponto, com nosso instruído Autor. Se as fêmeas são pouco desenvolvidas, quando comparadas com as rainhas, por terem sido criadas em alvéolos menores, é razoável supor que zangões (machos) criados em alvéolos pequenos (de operária) também não se desenvolvem completamente. Eles certamente não são um tipo distinto de abelha, mas mantem a mesma relação para com os zangões como as operárias mantem para com as rainhas. - C. N. A. Apicultura Racional 5 *

mente sinal de que há algo errado na colméia. Mas com as abelhas femininas, que possuem ferrão, o caso é diferente. É verdade que todas elas se srcinam de ovos femininos, que são bastante semelhantes, mas elas se desenvolverem parcialmente ou perfeitamente depende se elas foram criadas em alvéolos pequenos de operárias, alimentadas menos abundantemente e com comida menos nutritiva, ou se elas foram criadas nas assim chamadas realeiras que são espaçosas, compridas e penduradas no favo, e foram alimentadas abundantemente com comida mais nutritiva. As fêmeas perfeitamente desenvolvidas nós chamamos de rainhas, mães, ou Weisel, e elas são capazes de sozinhas propagar a espécie. A outra classe e, sem dúvida, a mais numerosa na colméia são fêmeas não perfeitamente desenvolvidas. Elas estão preparadas para realizar todo trabalho necessário, mas não conseguem copular e propagar sua espécie, pois seu receptáculo seminal é pouco desenvolvido. Elas têm sido chamadas muito apropriadamente de abelhas operárias. De qualquer forma, não é correto chamá-las de neutras termo usado em muitos livros sobre apicultura e em trabalhos de história natural - pois elas se srcinam dos mesmos ovos que as rainhas, elas possuem ferrão como todas as fêmeas desta classe de insetos, e sob certas condições, especialmente quando o enxame fica privado de sua rainha e os trabalhos normais na colméia ficam suspensos, elas são, até mesmo, capazes de botar ovos, pois seus ovários, rudimentos que permaneceram por causa do seu desenvolvimento sexual imperfeito, nesta situação ficam ativos. Embora existam apenas dois gêneros de abelhas, macho e fêmea, contudo, porvigor ocasião do maior enxame – a plenitude do seu coincide com crescimento o período de do florescimento da maioria das plantas - na colméia são encontrados três tipos de abelhas, que diferem na forma e constituição, a saber: 1. Fêmea perfeita, rainha, Weisel ou mãe; 2. Fêmeas imperfeitas ou operárias; e 6

Johnann Dzierzon

3. Abelhas masculinas ou zangões, Se nós desejarmos acrescentar, uma quarta classe, como feito por muitos escritores, as operárias poedeiras que só aparecem em casos excepcionais, seria necessário mencionar essas rainhas não férteis como uma quinta ou sexta classe, ou rainhas que põem apenas ovos de zangão, que, às vezes, também são encontradas, mas isto seria fora de lugar e inútil pois tais condições são anormais.

RAINHA A rainha é a principal abelha da qual depende a prosperidade da colônia. A semelhança entre a rainha e a operária indica que elas são do mesmo sexo e produzidas de ovos similares, mas o desenvolvimento mais perfeito da rainha aparece pela forma mais reforçada do corpo, mais especialmente pela largura do tórax, pela cor mais marrom, pelo abdômen mais corpulento e mais alongado, suas asas dificilmente cobrem a metade do abdômen no período em que ela esta mais ativamente engajada na postura de ovos. Suas pernas são igualmente de cor marrom ou amarelada. Na abelha italiana a maior parte do abdômen é de cor amarelo dourado, preto apenas nas extremidades. É assim, muito mais fácil descobrir uma rainha italiana entre as numerosas operárias, do que encontrar uma rainha preta. Como regra existe apenas uma rainha na colméia, exceto quando predomina um tempo chuvoso na época da criação, caso em que a princesa emerge enquanto a rainha velha ainda está na colméia. Várias princesas podem coexistir na colméia por algum tempo. Mas, em qualquer tempo, diferente da estação de criação, é uma exceção a existência de duas rainhas na colméia no Outono, Inverno e Primavera e, nestas condições, uma é a velha, freqüenApicultura Racional 7

temente mutilada, que permanece resignada, enquanto a outra é vigorosa e jovem e é a rainha reinante. Neste caso as asas da rainha velha estão totalmente rotas como conseqüência, sem dúvida, dos ataques que sofreu das rainhas jovens. Desconfiança, um dos defeitos da rainha, atinge o máximo logo que ela emerge; depois a desconfiança desaparece aos poucos, e assim que a jovem rainha se torna fértil toda sua atenção é devotada para a postura de ovos nos alvéolos de cria. As rainhas são criadas em alvéolos especiais, chamados realeiras. Embora não exista diferença essencial entre as realeiras, ainda assim, com relação à sua causa, é feita uma distinção entre realeiras de enxameação e reposição. As operárias constroem as realeiras de enxameação normalmente nas bordas do favo, com a forma de um pequeno copo, alongado para baixo, no qual a rainha deposita um ovo.* À medida que a larva real cresce e exige mais espaço, a realeira é alongada mais para baixo e, por fim, ela é fechada, quando então se parece com uma xícara sem asa invertida. Realeiras de reposição são construídas quando as abelhas ficam privadas acidentalmente de sua rainha, mas dispõem de cria apropriada a partir da qual conseguem criar uma nova rainha. Por não conseguirem transportar ovos e larvas de um alvéolo para outro, um alvéolo comum de operária, que contenha um ovo ou larva, é modificado e alargado para a forma de uma realeira. Quando existirem alvéolos com pequenas larvas ou ovos próximos das bordas do favo, ou acima de uma passagem que pode existir no favo, as abelhas preferem construir ali as realeiras, pois elas não encontram, por

*

Receamos que aqui existam diferentes opiniões; o Autor dividiu as realeiras em duas classes, a segunda oferece melhores condições de observação, e poucos tiveram a oportunidade de observar a operação descrita para a primeira, eu mesmo me coloco entre este número, não estamos preparados para discutir o assunto. Nós, no entanto, respeitosamente discordamos do Autor quanto a falta de habilidade das abelhas em transportar ovos entre alvéolos, já obtivemos provas satisfatórias que elas podem e por vezes os removem. – C. N. A. 8 Johnann Dzierzon

não haver necessidade de destruir qualquer alvéolo abaixo delas, nenhum obstáculo em espichar a realeira para baixo. Mesmo assim algumas vezes elas começam realeiras no meio do favo onde elas devem espichar virando-a para baixo. Muitos apicultores são de opinião que as rainhas criadas em realeiras de reposição são mais fracas do que as produzidas em realeiras de enxameação, o que nem sempre é o caso. As jovens princesas atingem seu desenvolvimento mais perfeito mais devido à alta qualidade do alimento fornecido e à eficácia do alimento depende da disponibilidade de matéria nitrogenada, i.e., pólen, e também se existe um número suficiente de abelhas jovens na colméia para cuidar das larvas, mais especialmente das que se encontram nas realeiras. O desenvolvimento mais perfeito de uma rainha é, em parte, devido ao maior espaço existente na realeira e, em parte, ao fato de a larva receber comida com mais abundância, e comida de igual qualidade nutritiva durante todo o tempo até a realeira ser fechada, enquanto o alimento que as larvas nos alvéolos pequenos recebem se torna cada vez menos nutritiva, de forma que seu desenvolvimento sexual não ocorre na mesma extensão. Mas como o alimento das larvas é semelhante durante os primeiros dias, não importa se as abelhas escolhem um ovo ou uma larva com alguns dias de idade para criar uma rainha, a única diferença será que quanto mais velha a larva escolhida mais cedo a jovem princesa deixará a realeira. Antigamente se supunha que era impossível criar uma rainha de uma larva com mais de três ou, no máximo, quatro dias de idade, o Autor, porém, provou em seu Suplement to Teory and Practice, publicado em 1852, que rainhas perfeitas podem ser criadas de larvas até mais velhas, enquanto elas não estiverem operculadas. Em enxames artificiais encontramos, freqüentemente, uma jovem rainha dez dias depois de sua formação. Curiosamente, porém, o desenvolvimento de uma rainha desde o ovo até inseto perfeito, quando as abelhas começam a alimentar e dele cuidar desde cedo, é completado em dezesseis dias. As operárias, no Apicultura Racional 9

caso anterior, devem ter escolhido, então, uma larva com pelo menos seis dias de idade; supondo que a larva estivesse com quatro dias de idade, isto resultaria em quatorze dias para o desenvolvimento da rainha, o que é uma suposição impossível.* Nós também podemos nos certificar da veracidade do que é afirmado acima destruindo continuamente as realeiras começadas num enxame artificial, quando será verificado que as operárias começam realeiras novas novamente e novamente, enquanto existir cria aberta na colméia, até por volta do sétimo dia. Freqüentemente as realeiras são construídas em alvéolos normais e, seguidamente, é difícil distinguí-las dos alvéolos de zangão; não obstante, elas produzem rainhas perfeitas. Isto prova, ao mesmo tempo, que a posição inclinada das realeiras não é absolutamente necessária para o desenvolvimento perfeito da rainha, contudo, a conveniência desta posição das realeiras é inquestionável. O espaço disponível (entre os favos) seria freqüentemente insuficiente para alongar a realeira horizontalmente, nem seria possível garantir durabilidade para a realeira, pois na horizontal a realeira não estaria protegida dos detritos que caem. Uma realeira serve para criar apenas uma rainha e normalmente é destruída logo que a rainha emerge. Apenas quando uma colônia fica debilitada por causa da enxameação, e parte dos favos permanece desprotegida das abelhas é que algumas realeiras são, ocasionalmente, mantidas. Em todos os outros casos as realeiras só são encontradas na colméia quando são necessárias como berços para as princesas.

Nosso Autor não levou em conta, evidentemente, o fato que o ovo perdura, sem eclodir, por um período de cerca de três dias depois do qual a larva comum perdura como tal por três dias e mais dez dias para a transformação, o que resultará em dezesseis dias necessários para a evolução de uma rainha. Assim, não existe nada de estranho encontrar realeiras construídas sete dias depois que uma rainha tenha sido removida, pois muitas larvas terão apenas três ou quatro dias de idade. - C. N. A. 10 Johnann Dzierzon *

FECUNDAÇÃO DA RAINHA Quando a jovem princesa sai da realeira, ela ainda não é uma mãe perfeita. Ela adquire a capacidade para botar os ovos dos quais se srcinam todas as abelhas na colméia só através da fecundação, ou da cópula com uma abelha masculina ou zangão, um ato que sempre acontece fora da colméia e alto no ar, freqüentemente a uma grande distância da colméia. Então, toda abelha rainha para se tornar a regente reconhecida da colméia e para atingir a maturidade que, de acordo com a temperatura e atividade da colméia, leva de três a oito dias realiza um ou mais vôos, denominados de fecundação, em dia ameno, claro, durante a hora mais agradável do dia, horário em que é também habitual as abelhas jovens voarem em frente da colméia. Parece que em seu primeiro vôo raramente a rainha é fecundada; ela identifica cuidadosamente sua colméia e se afasta das vizinhanças muito lentamente. Talvez ela pretenda apenas se familiarizar com o lugar para ter certeza que encontrará sua colméia ao retornar das sucessivas excursões no mesmo ou dias seguintes. Quanto mais agradável e mais clara estiver a atmosfera, e maior o número de zangões que circulam no ar, mais rápido será alcançado o objetivo do vôo da rainha. Embora suas outras excursões sejam de mais curta duração, ela não retorna antes de um quarto de hora, ou até mesmo de meia hora, depois de se encontrar com os zangões e ficar fecundada; normalmente ela retorna com o órgão masculino do zangão aderido à extremidade do seu abdômen como que um sinal inconfundível a fecundação ocorreu. É possível a rainha se livre do que zangão que, de qualquer forma, não sobreviva ao ato da fecundação, da mesma forma que uma abelha que ferroou, quando o ferrão não penetra muito profundamente, tenta se livrar dele rodando continuamente. Porém, esta é só uma suposição e dificilmente será observado, uma vez que a fecundação ocorre longe, freqüentemente muito longe, da colméia. Foi observado, em muitos caApicultura Racional 11

sos, que abelhas italianas de raça mista apareceram nas colméias de abelhas pretas comuns, o que indica que a jovem rainha foi fecundada, também, por um zangão italiano, embora a colônia italiana mais próxima distasse a mais de uma milha*. Mesmo supondo que o zangão e a rainha tenham se encontrado na metade do caminho, ambos teriam viajado mais de meia milha (duas milhas e meia inglesas) desde suas colméias para se encontrarem onde se encontraram. É muito provável, se não certo, que o encontro ocorre alto no ar, onde os zangões, bem como as jovens princesas, em suas viagens de acasalamento se refugiam; certamente é pelo som que ambos emitem em vôo, que pode ser distinguido até mesmo pelo ouvido humano, que se comunicam e pelo qual são atraídos. Sua união ocorre provavelmente da mesma forma como no caso das libélulas e das efeméridas que nós freqüentemente temos a oportunidade de observar, pois estes insetos não voam tão alto. O par então, provavelmente, desce e pousa no objeto mais próximo onde a separação ocorre de forma violenta. Uma vez fecundada a rainha permanece fértil por toda a vida que dura até quatro anos. Se, por acidente, ela parar de por ovos, ela nunca fica novamente fértil, pois uma vez que ela tiver começado a depositar ovos, o que no Verão ocorre dois dias depois da fecundação, ela não tem mais condições de acasalar com os zangões, ela também não voará novamente, a menos para partir com toda a colônia, ou com um enxame, ou acontecer de ser retirada a força da colméia. É fácil averiguar, através de dissecação, se uma rainha foi fecundada ou não. Quando a extremidade do abdômen de uma rainha for de cortado, comouuma tesoura lá será encontrada projetada um lado do outro da afiada, seção uma pequena vesícula, cercada por uma rede, denominada receptáculo seminal, cuja função é receber o esperma masculino durante o ato de fecundação. Caso seu conteúdo seja um fluido claro, a rainha ainda não é fértil; mas a presença de uma substância viscosa e *

12

A milha Alemã é igual a cerca de cinco milhas Inglesas.

Johnann Dzierzon

branca indica que ela foi fecundada. Quando o conteúdo da pequena vesícula é observado sob um poderoso microscópio podese ver um muito grande número de pequenos corpos se movendo, dos quais pelo menos um terá que penetrar no ovo, por uma pequena abertura em sua abertura superior, chamada de microporo, ou o ovo não será fertilizado. Até aqui, não há nada de incomum no que foi dito acima; mas temos que discutir agora os acontecimentos na colméia, que são ímpares, os quais os apicultores já tentaram há muito tempo, em vão, explicar. Em muitas colméias encontramos rainhas – tanto rainhas jovens como também velhas e fracas por causa da idade - que só conseguem botar ovos de zangão. As operárias, também, sob certas condições, botam ovos que sempre produzem zangão; mas uma rainha perfeitamente fecundada tem o maravilhoso poder de sempre adaptar seus ovos aos alvéolos, depositando ovos de fêmea nos alvéolos pequenos e ovos de macho nos alvéolos de zangão, e assim determina o sexo dos ovos por sua decisão. Para resolver este enigma foram propostas várias hipóteses, as quais, porém, apenas tornaram o assunto mais complicado. Foi tentado explicar o fato afirmando que os ovos de macho e de fêmea eram depositados nos seus respectivos alvéolos supondo que algumas operárias eram as mães dos zangões, e que a rainha, ao contrário de todos os experimentos, só botava ovos dos quais eram produzidas as operárias; mas qualquer observador atento poderá testemunhar, freqüentemente, a rainha depositando ovos em alvéolos de zangão. Este assunto, todavia, conduziu a uma longa e amarga controvérsia, que foi finalmente esclarecida pelas abelhas italianas, pois quando uma rainha italiana é introduzida numa colméia de abelhas comuns, observa-se que surgem não apenas operárias italianas, mas também zangões italianos provando, claramente, que este último também deve sua existência à rainha. A ocorrência de fêmeas, seja rainhas seja operárias que só depositam ovos de zangão, foi tentado explicar supondo uma fecundação incompleta, pois, seApicultura Racional 13

gundo Busch, ela ocorreu na colméia, ou, segundo Huber, foi retardada; mas não existe nenhuma prova para esta conjetura e, quando examinada mais atentamente, é aparentemente insustentável. A fecundação nunca ocorre na colméia. Ainda que exista um grande número de zangões, uma princesa não será fecundada se o tempo ruim ou a época do ano lhe impedirem de voar para fora da colméia. A rainha e o zangão não são propensos a acasalar dentro da colméia; se a paixão dos zangões fosse provocada na colméia, não haveria descanso para a rainha enquanto ali existisse zangão. Em geral, a jovem rainha tem condições de ser perfeitamente fecundada enquanto ela tiver condições de realizar vôos de fecundação, que durante o Verão ameno ela chega a executar durante um mês; na Primavera fria e Outono, porém, quando a vida e desenvolvimento na colméia ficam suspensos, durante cinco ou seis semanas, ou até mais tempo. Realmente, não há nenhuma razão para que a fecundação, quando retardada, seja menos perfeita, e por que deveria ela resultar em rainha que só reproduz o sexo masculino. A verdade é, as mães que só produzem zangão não foram bem fecundadas, ou a fecundação ficou sem efeito ou se tornou assim, pois os ovos que produzem zangão não requerem fertilização; eles contêm o germe de vida ao deixar o ovário materno, e esta a razão de os ovos de zangão serem depositados sem serem fertilizados. Mas se o ovo é fertilizado por um espermatozóide do receptáculo seminal de uma rainha fértil, que entra no ovo quando ele desce do oviduto, ele se transforma no germe de uma operária ou de uma rainha. Esta afirmação contém a chave para todos os problemas que, até agora, pareciam impossíveis de resolver. conclusão acima se evidenciou para o jovens Autor quando ele teve aAoportunidade de assistir várias rainhas que, por terem as asas imperfeitas ou por terem emergido durante a estação fria, não conseguiram evidentemente fazer o vôo de acasalamento e que, quando dissecadas, se constatou não terem sido fecundadas; não obstante elas depositaram ovos dos quais, porém, foram produzidos somente zangões. Como estes mesmos ovos, foram inicialmente desenvolvidos no ovário, cer14 Johnann Dzierzon

tamente teriam se tornado ovos de operária caso a fertilização tivesse ocorrido, nada era mais natural do que esta conclusão, que os ovos são, srcinalmente, todos semelhantes, ou não tem distinção no que se refere ao sexo, e que eles se tornam masculinos ou femininos quando depositados por serem ou não fertilizados. Conseqüentemente é fácil entender por que as rainhas não fertilizadas, ou operárias que não podem ser fecundadas, só conseguem botar ovos de zangão, enquanto rainhas fecundadas podem botar ovos de operárias ou de zangão, de acordo com sua decisão, lhe sendo possível e fácil evitar ou provocar a fertilização do ovo pelo movimento muscular. Não obstante, esta teoria que o Autor, nos primeiros anos do Bienen Zeitung, não se aventurou a publicar a não ser como mera hipótese, foi apresentada mais completa e claramente em seus escritos posteriores - esta teoria foi recebida com a mais violenta oposição, como se opondo a, até então, teoria universalmente reconhecida que sem fertilização a vida era impossível. Mas como esta teoria explica os fenômenos na colméia tão perfeitamente como a hipótese de Copérnico trata a aparência do céu, angariou gradualmente cada vez mais adeptos; até mesmo fisiologistas declarados começaram a se interessar por ela, e começou a se tornar um fato reconhecido, depois de ter passado pela provação da ciência sob o microscópio e as agulhas de dissecação do grande fisiologista, agora Professor Theodor von Siebold, da antiga Breslau, atual Munich. Este abraçou a tarefa tediosa de examinar vários ovos de operárias, como também ovos de zangão, sobre sua fertilização, e o resultado foi que os ovos de zangão não mostraram de fertilização nem interna nem esexternamente;nenhum enquantorastro que nos ovos de operária um ou mais permatozóides, alguns dos quais mostrando ainda vitalidade, eram perfeitamente identificados. Os ovos de operária tinham sido previamente corretamente preparados, foram estourados

Apicultura Racional 15

entre lâminas de vidro para permitir visualizar seu interior.* Atualmente esta teoria não é mais questionada, mas ainda diferem as opiniões sobre como a rainha consegue depositar ovos não fertilizados nos alvéolos grandes e ovos fertilizados nos alvéolos estreitos. Foi proposto que a fertilização e a nãofertilização é um resultado puramente mecânico de uma simples pressão externa ou mudança de posição da rainha, necessária para que ela possa depositar os ovos nos alvéolos estreitos e nos mais largos e mais profundos à vontade; mas esta explicação é insustentável pois a rainha freqüentemente deposita ovos dentro de alvéolos largos e alvéolos estreitos apenas iniciados, ajustando cada ovo a seu alvéolo correspondente, ainda que não exista uma situação clara de pressão† ou mudança de posição. Devemos, em todo caso, admitir que a rainha possui o poder instintivo de botar ovos fertilizados em alvéolos pequenos e ovos não fertilizados em alvéolos grandes; e isto não é menos explicável do que a capacidade das operárias de passar da construção de alvéolos pequenos para a construção de alvéolos grandes no momento apropriado, e da rainha começar a depositar no momento certo ovos em alvéolos de zangão, se retirar e, então, só botar ovos de operária. Assim como a rainha é capaz de ajustar o sexo dos ovos em função dos alvéolos, assim também ela pode ajustar o número de ovos às exigências da colméia e às circunstâncias em geral.

Consulte o True Parthenogenesis in Moths and Bees de von Theodor Siebold. Van Voorst, Londres, 1857. *

†

Neste caso o Autor ignora completamente a pressão interna. A circunstância sob a qual uma rainha deposita ovos em alvéolos 'apenas iniciados' é quando ela está à frente de um enxame recém alojado e o tempo, bem como, a entrada de mel é satisfatória. Sua vontade de botar ovos é estimulada pelas abelhas, são produzidos ovos em números grandes, e nossa hipótese é que a acumulação de ovos nos ovários aumenta o que provoca pressão suficiente para garantir sua fertilização quando eles passam pela espermateca. - C. N. A. 16 Johnann Dzierzon

Quando uma colônia está fraca e o tempo frio e desfavorável ela bota diariamente apenas cerca de cem ovos; mas em colônias populosas e quando a forragem está abundante, ela deposita milhares. Sob circunstâncias favoráveis uma rainha fértil põe até 3000 ovos por dia; qualquer um pode se certificar desta afirmação colocando, simplesmente, um enxame numa colméia com favos vazios, ou inserindo favos vazios na área da cria de uma colméia e contando os ovos nos alvéolos alguns dias depois. Temos lido em livros sobre abelhas, ou trabalhos de história natural, ocasionalmente, que a rainha em sua vida põe aproximadamente 60,000 ovos. Tal afirmação é simplesmente ridícula; 600,000 a 1,000,000 estariam um pouco mais próximos da verdade; a maioria das rainhas, em colméias espaçosas e em uma estação de favorável, bota 60,000 ovos num mês. A rainha, como regra, começa a botar ovos em Fevereiro e continua até Setembro, entretanto nem sempre na mesma taxa. Uma rainha especialmente fértil em quatro anos, tempo médio de sua vida, pode, assim, botar mais de 1,000,000 ovos. O Autor teve uma rainha, uma vez, com cinco anos de idade que ainda era notavelmente vigorosa e teria vivido por mais outro ano ou dois se ela não tivesse sido destruída. Então, é razoável acreditar que a idade da rainha pode chegar a sete anos, como fomos noticiados por alguns apicultores que fizeram esta observação; ainda quando dizemos que em casos excepcionais as rainhas vivem onze a doze anos, a afirmação provavelmente não passa de ilusão, ou é um caso tão raro quanto um homem que atinge a idade de cem anos ou mais. Existe, certamente, uma grande diferença entre no que um se refere fertilidade; as melhores mães são as rainhas que depositam grandeà número de ovos e os depositam seqüencialmente nos alvéolos, não botando dois ovos num alvéolo nem deixando um alvéolo vazio. A colméia, possuindo uma rainha com tais características, terá a cria bem organizada e um bom número eclodindo simultaneamente, facilitando para a rainha repetir a operação de postura de ovos depois que os alvéolos são esvaziados. Quando isto acontece a Apicultura Racional 17

colméia prospera, seu bem-estar depende principalmente da rainha que, de qualquer forma, é a alma da colméia.

OPERÁRIAS As operárias formam, sem dúvida, o maior número de abelhas numa colônia, e são chamadas assim porque elas executam todos os trabalhos na colméia. Elas coletam os materiais para a construção dos favos e para a comida, elas mantêm a colméia limpa, constroem os alvéolos, mantem a cria aquecida e a alimentam, guardam e defendem sua colméia. Como qualquer um tem a oportunidade de as ver e examinar, seja na colméia seja nas flores, quando o tempo estiver bem, não nos deteremos em descrevê-las. Enquanto na forma de ovo, ou como pequena larva, todas podem se transformar em rainhas. Nos alvéolos pequenos, porém, e porque a comida que lhes é fornecida é menos nutritiva, só os órgãos necessários para o trabalho se desenvolvem completamente, enquanto os órgãos sexuais permanecem subdesenvolvidos; elas são, por esta razão, fêmeas imperfeitas. Como, porém, elas pertencem ao sexo feminino, e sem sombra de dúvida possuem um ovário rudimentar, não há razão para ficarmos surpresos se sob certas circunstâncias, como, por exemplo, quando a colméia está sem rainha, elas botem ovos. Mas por não serem fertilizadas e nem mesmo terem capacidade de serem fertilizadas os ovos por elas depositados, claro, só produzem zangões. Elas preferem os alvéolos de zangão para depositar seus ovos se existir algum na área da cria, mas elas também os depositam em realeiras que as abelhas têm o hábito de construir por causa da ansiedade em criar uma rainha. Na ausência de alvéolos grandes elas depositam seus ovos nos alvéolos pequenos de operária. Por muito tempo foi opinião firme dos seguidores da escola antiga que as operárias regularmente botavam ovos que produ18 Johnann Dzierzon

ziam zangões, até mesmo quando uma rainha estava na colméia; mas, graças à introdução da abelha italiana, esta opinião teve que ser abandonada por ser falsa e insustentável, como podemos nos convencer por um exame atento da forma como os ovos são depositados tanto pela rainha como pelas operárias. A rainha deposita ovos de zangão com a mesma regularidade com que deposita ovos de operária, mas as operárias põem seus ovos irregularmente, freqüentemente na borda do alvéolo, depositando vários ovos, e às vezes um agrupamento inteiro, num único alvéolo. Muitas pessoas supunham, e algumas ainda acreditam, que existe um outro tipo de abelha, que foi chamada de abelha preta. Sua cor, porém, é puramente acidental, provocada pelo aquecimento, por se esfregarem umas contra as outras, se morderem, se lambuzarem, se lamberem, etc. Como regra geral as abelhas pretas lustrosas são pilhadoras que têm procurado sua mercadoria durante tempo considerável. Há só uma variável, sua idade, em que basear a distinção entre as operárias pois no restante são bastante semelhantes. Elas podem ser divididas em operárias jovens, ou abelhas de casa que atendem os afazeres internos e mais especialmente cuidam da cria, e operárias velhas, carregadoras ou coletoras que transportam os materiais necessários. Quando a operária jovem deixa o alvéolo - o que, contando a partir do ovo, acontecerá ao término de dezenove dias, sob condições favoráveis, mas normalmente ao término de vinte a vinte e um dias - não voa para fora da colméia imediatamente. Passam-se, no Verão ameno, até mesmo vários dias antes de ela aparecer fora da colméia e, mesmo assim, só durante a hora mais agradável do dia para a higiene e retorna, imediatamente para os deveres domésticos na colméia com os quais fica primordialmente ocupada durante o primeiro período de sua vida. Quando na colméia existir um número suficiente de abelhas jovens para alimentar a cria, as abelhas mais velhas participam pouco ou nada dos afazeres de casa; durante a noite elas perApicultura Racional 19

manecem penduradas nos favos ou descansam contra as paredes da colméia ou ao lado dos favos, mas em tempo agradável elas trabalham infatigavelmente trazendo para casa os materiais necessários, especialmente mel e pólen que elas acumulam em sua colméia até que a morte as leve. Se não forem mortas por acidente, o que não resta dúvida é a maioria dos casos, elas morrem de esgotamento, quando suas asas, em frangalhos por causa do longo uso, não têm mais condições de suportar seu corpo pesadamente carregado, especialmente com vento forte. O tempo de vida da operária varia de acordo com as circunstâncias. Das operárias nascidas em Maio ou Junho poucas estarão vivas ao término de dois meses se o tempo lhes permitir trabalhar continuamente. Se uma rainha italiana for introduzida na Primavera ou no Verão numa colônia populosa com abelhas comuns pretas, existirá muito pouca abelha preta na colméia ao término de seis semanas e nenhuma, talvez, ao término de dois meses. A distância que as abelhas têm que voar, e o tipo de flores que elas visitam, porém, resulta em muita diferença em seu aspecto. Parece que elas envelhecem muito quando, por exemplo, visitam as flores do blue corn, cujas folhas afiadas, como também o milho grosso no meio do qual esta planta cresce, destrói suas asas muito rapidamente. Ao visitar as flores do trigo-mouro parece que elas mantem sua vitalidade por mais tempo, em parte porque suas visitas, embora muito freqüentes, só ocorrem durante algumas horas do dia e, em parte, porque elas podem pairar confortavelmente sobre as flores e suas asas não entram em contato com elas. Elas preservam melhor sua vitalidade e quase não envelhecem quando permanecem em repouso. Porserem conseguinte, operárias nascidaseem Setembro aparentam jovens easfortes em Fevereiro Março como se elas tivessem deixado os alvéolos só alguns dias antes. Mas se elas passarem o Verão em estado de repouso semelhante, como uma colméia sem rainha, ou por outra razão qualquer inativas, elas podem viver até doze meses ou até muito mais tempo. É muito improvável, porém, que uma operária, supondo que 20

Johnann Dzierzon

escape de todo o perigo, atinja a idade da rainha e viva durante vários anos, como Barão von Ehrenfels acreditava. Se ele tivesse se familiarizado com as abelhas italianas, e tivesse feito experimentos com elas, dificilmente ele teria feito tal afirmação. Sobre o número de operárias numa colméia, varia muito, de acordo com a diferença das colméias e a época do ano. Ao final do Inverno, ou início da Primavera, quando o número de abelhas numa colméia normalmente é pequeno, serão encontradas muitas colônias fracas contendo só algumas centenas de abelhas, mas a população de uma colônia forte durante seu desenvolvimento mais intenso no Verão pode atingir talvez 60.000 operárias. Em média, existem 20.000 operárias num enxame grande, 12.000 a 15.000 num enxame ordinário e 6.000 a 8.000 num enxame fraco.

ZANGÕES A terceira classe de abelhas na colméia é formada pelos zangões, o gênero masculino de cuja existência ninguém, que tenha algum conhecimento de história natural, dúvida. Sua função exclusiva é fecundar as princesas e toda sua atividade se resume em circular pelo ar durante as horas mais agradáveis de todo dia ameno quando é também habitual que as princesas saiam para seus vôos de fecundação. Durante o resto do dia eles ficam inativos na colméia e quase imóveis. Como no reino vegetal o pólen, parte masculina da flor, é produzido em abundância assim a Natureza produziu machos em abundância numa colônia de abelhas para que a princesa, de cujo bem estar toda a colônia depende, possa ser fecundada o mais rápido e com o menor risco possível. É óbvio que não é tarefa dos zangões, também, produzir calor na colméia como freqüentemente lhes foi atribuído, pois Apicultura Racional 21

quando a princesa foi fecundada com sucesso* e começou a bo-

Não podemos concordar com a afirmação do Autor que a fertilização das princesas é 'a única razão' da existência dos zangões. É bem conhecido que quando um enxame deixa uma colméia, freqüentemente, fica apenas um punhado de operárias em casa para tomar conta de uma enorme massa de cria que *

existe na colméia todas as fases; se uma seria noite impossível fria seguir à enxameação, comoem é freqüentemente o caso, a um punhado de operárias manter a temperatura necessária na colméia e haveria uma grande perda de cria e abelha vivas. Nesta situação os zangões, a grande maioria dos quais fica em casa (poucos acompanham o enxame), prestam um grande serviço, mantendo calor que, do contrário, as poucas operárias seriam obrigadas a gerar, deixando-as livres para alimentar as larvas recentemente eclodidas. É verdade que quando a princesa emergiu e foi fecundada e o tempo se torna frio, os zangões são mortos, mas neste momento haverá pouca, se existir alguma, cria não operculada na colméia, enquanto milhares de abelhas jovens terão emergido para a vida, tornando a colméia populosa ezangões os zangões desnecessários. podeenquanto ser esquecido quefrio os normalmente não sãoNem mortos 'o tempo não tenha se instalado' ou, em outras palavras, até que a colheita de mel tenha cessado, fato que nos deve convencer que eles são úteis para ajudar a evaporar o mel antes de ser operculado para a reserva de Inverno. Muitos devem ter observado o grande número de zangões normalmente encontrados nas melgueiras e ainda que seja normalmente suposto que eles estão ali apenas como consumidores, não parece ser este o caso. O velho ditado, ‘Dê um nome ruim para o cachorro,' &c., é totalmente válido para os zangões e parece que ninguém procura ou acredita que neles exista alguma qualidade boa; ainda que muitos possam confirmar, indubitavelmente, que alguns dos melhores resultados foram alcançados em colméias onde os zangões eram, pelo menos, numerosos. Neste caso o pensamento era, se as abelhas conseguiam tão bom resultado mantendo aquele imenso número de zangões o que não teriam feito sem eles? ignorando a possibilidade de os zangões terem ajudado a conseguir os bons resultados. E não é verdade que com o sistema atual, com as armadilhas para zangões durante a colheita de mel, muitos têm reclamado que suas melgueiras, embora cheias, não são operculadas pelas abelhas? Temos visto centenas 22 Johnann Dzierzon

tar ovos, o que acontece, talvez, ao mesmo tempo em que o tempo frio se instala e a temperatura na colméia deve ser mantida elevada, os zangões são expulsos pois não têm mais utilidade. Como os machos das mamangavas, vespões e vespas, os machos da colméia de abelhas não sobrevivem para o Inverno. As operárias do Verão anterior se dispersam e perecem no Outono, as fêmeas férteis hibernam sozinhas, num estado de torpor total, e assim não necessitam de calor; elas também conseguem construir os primeiros alvéolos na Primavera, e alimentar a primeira cria. A abelha rainha, porém, não age assim, e porisso é indispensável um certo número de operárias numa colméia de abelhas, inclusive no Inverno, quando os zangões são completamente inúteis. A rainha acumulou em sua espermateca o material de fertilização e ela sozinha fertiliza os ovos a serem postos. Quando, na Primavera seguinte, se aproxima o tempo para saírem os enxames e para criar as novas rainhas a criação de zangões recomeça novamente. Esta é uma preparação remota para a enxameação para a qual não há necessidade da hibernação dos zangões. Assim, de acordo com a teoria acima exposta, os zangões são produzidos de ovos não fertilizados que não só as rainhas fecundadas, mas também as rainhas não fecundadas e, de vezes as abelhas retornarem dos campos e darem mel para os zangões e temos visto freqüentemente os zangões com suas cabeças nos alvéolos de mel. Ou será que os zangões neste caso são, no sentido verdadeiro, carregadores de mel? Nós sabemos que eles não têm vesícula melífera, como as operárias, mas isso não tornará nossas sugestões ridículas; as abelhas preparam a comida para as abelhas lactentes em seus estômagos, não podem os zangões preparar mel para armazenamento de um modo semelhante? Eles não têm vesícula melífera para coletar o mel, razão porque o seu trabalho seria em casa a não ser em ocasiões especiais em certas horas do dia. Os anatomistas de abelha que só procuram o que eles esperam encontrar podem estar negligenciando verdades que, talvez, não tenham sido sugeridas. Mas deixando a influência de lado, não podemos acreditar que o zangão seja tão inútil quanto se acredita. - C. N. A. Apicultura Racional 23

até mesmo, as operárias podem botar. Parecia que as abelhas italianas poderiam fornecer também uma forma excelente para testar a exatidão desta teoria se os zangões Italianos fossem diferentes dos zangões alemães, que certamente são, embora a diferença não seja tão evidente quanto entre operárias italianas e alemãs. Se a teoria está correta, então as rainhas pretas produziriam só zangões pretos, e as rainhas italianas só zangões italianos, até mesmo se elas fossem fecundadas por um macho da outra raça. As conseqüências de miscigenar raças diferentes de abelhas só pode ser verificada na sua descendência feminina, pois só os ovos femininos exigem fertilização; realmente este é o caso. Numa ocasião alguns zangões amarelos apareceram numa colônia que tinha uma rainha preta que tinha sido fecundada por um zangão italiano. Mas era possível que uma operária amarela tivesse botado os ovos pois muitas operárias italianas já estavam na colméia. O caso de uma operária que bota ovos quando existe uma rainha fértil na colméia é muito raro contudo, às vezes, acontece como a ocorrência excepcional de duas rainhas férteis em uma colméia ao mesmo tempo. Embora a rainha se encontrando com o zangão em pleno ar, fora da colméia, torne um pouco difícil preservar a raça italiana pura, e assim aumentar o número de colônias italianas, contudo, como até mesmo essas rainhas italianas que foram fecundadas por um zangão preto produzem exclusivamente zangões italianos no ano seguinte, a dificuldade não é assim tão grande. Uma rainha italiana que tenha cruzado com um zangão preto e que esteja à frente de uma colônia populosa bota, freqüentemente, ovos de zangão no seu primeiro verão, o que as rainhas jovens da raça alemã nativa muito raramente o fazem. Foi perguntado se os zangões nascidos de ovos postos por operárias são machos perfeitos capazes de fecundar uma rai-

24

Johnann Dzierzon

nha.* Esta pergunta deve receber resposta afirmativa, pois eles são, sob todos os aspectos, iguais aos zangões gerados pela rainha, não havendo nenhuma razão para eles não possuírem também todas as capacidades dos últimos.

ATIVIDADES DAS ABELHAS O primeiro objeto da atividade das abelhas, assim como o de todos os outros animais, é a autopreservação e proliferação da sua espécie; atendendo as palavras Bíblicas, 'Crescei e multiplicai-vos', os objetivos da sua atividade estão definidos para elas. O primeiro objetivo de um enxame jovem é garantir sua própria existência. Com este propósito, sua primeira necessidade é uma casa nova, i.e., uma cavidade com uma entrada comparativamente pequena que o enxame normalmente identifica antes de partir da colméia materna através das assim chamadas batedoras. Várias abelhas que, nesta ocasião, vão à frente do enxame para tomar posse da nova moradia e se apressam em limpar o local, podem ser vistas durante o tempo da enxameação nos buracos das árvores, fendas de paredes, rachas de pedras, bem como em colméias de palha e de madeira vazias, especialmente se estas contêm algum pequeno favo. Ocorre também que muitos enxames parecem deixar a colméia materna sem ter providenciado uma casa nova e assim voam ao acaso, algumas

*

Esta pergunta é distinta de uma outra que freqüentemente nos fazem, entretanto, muito semelhante a esta, ou seja., se os zangões criados em alvéolos de operárias tem condições de copular? e, argumentando por analogia, nossa opinião é não. Ninguém consegue provar muitas afirmações feitas a respeito da reprodução das abelhas, mas observando que o alvéolo da operária atrofia e quase destrói os órgãos de reprodução da fêmea, é razoável concluir que um efeito semelhante é produzido nas abelhas masculinas. - C. N. A. Apicultura Racional 25

das abelhas pousam num ou noutro lugar para descansar, outros voam adiante, em parte procurando um domicílio satisfatório e em parte para recolher alimento. Quando o enxame toma conta do seu novo domicílio, ou foi alojado numa colméia satisfatória, ele se acomoda, na forma de um cacho de uvas, no lugar mais alto da colméia, e as abelhas começam a limpar tudo que esteja sujo, áspero e não apropriado, e começam a construir favos que gradualmente lotam o interior da colméia.

CONSTRUÇÃO DE FAVOS E ALVÉOLOS A estrutura que as abelhas erguem na sua colméia, e que gradualmente enche seu interior, consiste de vários favos, ou tortas, com cerca de uma polegada de espessura, que são fixados no topo da colméia, são alongados para baixo cada vez mais, à medida que a colônia deles tiver necessidade ou que o espaço da colméia permitir. Quando construídos regularmente os favos são paralelos, ficando a uma distância de cerca de meia polegada entre cada dois favos, de tal forma que a largura de um favo, junto com o espaço vazio ou passagem (entre ele e o próximo), é de uma polegada e meia. Assim, se a colméia tiver aproximadamente doze polegadas de largura e comprimento, as abelhas poderiam construir oito favos, cada um dos quais teria doze polegadas de comprimento. Agora, como a posição e a direção de cada favo novo é definida pelo precedente, o enxame não pode começar a trabalhar em todos eles ao mesmo tempo, mas é obrigado a começar um depois do outro, a menos que existam favos guias na colméia, os quais as abelhas tratariam de alongar imediatamente. Para que as abelhas possam transitar de uma passagem para a outra e em volta dos diferentes favos, 26

Johnann Dzierzon

elas não os ligam às paredes da colméia, especialmente próximo da entrada, mas deixam cerca de meia polegada livre e prendem os favos somente aqui e ali para dar firmeza à estrutura. Ocasionalmente elas deixam também uma passagem aqui e ali no meio do favo. Com a continuidade da boa forragem as abelhas alongam os favos para baixo, em direção ao piso da colméia, porém, elas não os fixam, mas deixam um folga, para que a traça da cera, que é freqüentemente encontrada no piso, não consiga subir para os favos tão facilmente.* Cada favo consiste em uma fila dupla de alvéolos hexagonais regulares que estão separados um do outro por paredes muito finas de cera. As extremidades destas duas filas de alvéolos, opostos uns aos outros, estão abertas nas duas superfícies do favo e todas se parecem com figuras hexagonais regulares. Entre as duas filas, no centro de cada favo, existe uma parede divisória que forma a base comum dos alvéolos. Como os favos são construídos de cima para baixo, os alvéolos são organizados, claro, horizontalmente, mas a extremidade aberta dos alvéolos, especialmente os destinados exclusivamente para o armazenamento de mel, são voltados ligeiramente para acima.

FINALIDADE DOS ALVÉOLOS Além do seu uso geral, fornecer às abelhas um lugar para repousar e também proteção contra o frio, os favos na colméia temprovisões dupla finalidade: servir como local para a cria e local maspara as necessárias de mel e pólen. Como as abelhas culinas, ou zangões, são sensivelmente maiores do que as operárias, os assim chamados alvéolos de zangão são também sensivelmente maiores do que os alvéolos de operária, como mosE, obviamente, para as próprias abelhas poderem passar facilmente por baixo deles. - C. N. A. Apicultura Racional 27 *

trado na ilustração abaixo. Já tratamos da relação entre alvéolos de operária e alvéolos de zangão, ao afirmar que numa polegada de comprimento há, aproximadamente, cinco alvéolos de operária ou quatro alvéolos de zangão. Mas todos os alvéolos destes dois tipos se assemelham uns aos outros perfeitamente quanto à forma. Onde não for exigida precisão matemática eles podem, assim, serem usados como uma medida, que seria entendida a todo o momento e em todos os locais onde existir nossa abelha. Os escritores de assuntos sobre abelhas, pelo menos ao informar medidas, costumam utilizar as dimensões de um único alvéolo. Para que não haja nenhuma dúvida sobre a escala adotada pelo Autor quando, por exemplo, informando as dimensões das colméias a serem descritas daqui para frente, ele pensa ser aconselhável mencionar que ele adotou a largura de cinco alvéolos de operária para representar uma polegada, e a largura de sessenta alvéolos de operária para doze polegadas, ou um pé. Alvéolos de operária são muito mais adequados do que alvéolos de zangão para estabelecer uma medida, porque eles existem em muito maior número dentro de toda colméia, e é muito mais fácil encontrar um favo regularmente construído com alvéolos pequenos do que um com alvéolos grandes. Muitas colônias jovens não constroem nem um único alvéolo de zangão no primeiro ano, pois elas ainda não precisam deles.* Por ser a autopreservação sua única consideração, elas só desenvolvem no início cria de operária, e não antes de - ou até mesmo no final do verão, se a forragem continua abundante, ou só na Primavera seguinte, quando a colméia está em parte repleta de favos e al-

Não concordamos que os alvéolos de zangão só são construídos pelas abelhas quando elas necessitam de zangão, a experiência nos convenceu que eles são (exceto em colônias sem rainha) construídos principalmente durante uma abundância de mel, com a finalidade de armazenamento. Muitas colméias constroem alvéolos de zangão no seu primeiro ano e os enchem de mel, sem criar um único zangão. - C. N. A. 28 Johnann Dzierzon *

véolos que estão cheios de cria e mel, quando o número de abelhas aumentou e a temperatura na colméia atingiu um alto valor - que a colméia, consciente de sua força e como a mais remota preparação para a enxameação, começa o desenvolvimento de zangões, para que não haja falta de machos para fecundar as jovens princesas a serem criadas. As abelhas, neste caso, passam da construção de alvéolos pequenos para a construção de alvéolos de zangão nas partes mais baixas dos favos, ou então elas constroem favos nas laterais da colméia, que são exclusivamente de alvéolos de zangão. Além disso, em colméias sem rainha, se a construção de favo não parar completamente, geralmente só serão construídos alvéolos de zangão,* porque as abelhas sentem, instintivamente, a necessidade de dispor de zangão para a jovem princesa que será criada.

ALVÉOLOS DE OPERÁRIAS

Já foi afirmado que o terceiro tipo de alvéolo - o denominado real ou realeira - só é construído em pequeno número e, normalmente, é destruído assim que as jovens princesas emergem e que estes, por esta razão, nem sempre são encontrados na

Não obstante seja verdade que se for dada para a colméia sem rainha cera alveolada de operária, as abelhas, quase certamente, construirão alvéolos de operária, fato que dá imensas vantagens para aqueles que usam este material. - C. N. A. Apicultura Racional 29 *

colméia. Como toda abelha jovem, ao emergir, deixa para trás seu invólucro (casulo), um alvéolo que já foi usado uma vez para criar é facilmente reconhecido, por sua cor escura ou castanha. Quanto mais vezes um favo tiver sido usado para criar, mais escura será sua cor e mais grossas as paredes dos alvéolos, ficando os alvéolos cada vez mais estreitos e cada vez menos apropriados para uso, de forma que, após algum tempo, é necessário que os favos sejam renovados, embora em caso de necessidade as abelhas, elas mesmas,removem em parte as coberturas, ou até mesmo retiram os alvéolos completamente.

ALVÉOLOS DE ZANGÕES

Os alvéolos servem também como recipientes para armazenar mel e pólen. Sob certas circunstâncias as abelhas usam todos os alvéolos da colméia, grandes pequenos e os já usados para desenvolver a cria, para armazenar seu mel, ainda que existam alvéolos destinados exclusivamente para armazenar mel, e que não podem ser usados como alvéolos para cria, porque eles estão situados nas partes mais frias da colméia e a rainha não tem condições de depositar regularmente seus ovos no fundo estes alvéolos por serem muito profundos. 30 Johnann Dzierzon

É notável, porém, que o pólen só é depositado em alvéolo de operária,* e que estejam tão próximo quanto possível da cria, pois ele é usado principalmente para ela. Se uma colméia, por causa da perda da rainha, cessar o desenvolvimento da cria quando a forragem for abundante, as abelhas enchem a maioria dos alvéolos da cria com pólen, mas voltam a consumi-lo gradualmente, usando-o como comida para a cria quando existir uma nova rainha fértil na colméia. Muitos alvéolos que contem pólen pela metade, são, também, completados até o topo com mel e operculados pelas abelhas, de forma que freqüentemente é encontrado muito pólen até mesmo em favos com mel operculado, especialmente nos que estão próximos da cria, onde é particularmente bem preservado, hermeticamente separado do ar, e será de grande utilidade para as abelhas na próxima Primavera, quando elas começarem a criar, e ainda não puderam coletar pólen fresco, e o que existe nos alvéolos abertos fica freqüentemente mofado e seco, e se torna assim parcial ou completamente inútil.†

PRODUÇÃO DE CERA O material com o qual as abelhas constroem seus favos e alvéolos é conhecido por nós como cera, preciosa substância cuja produção é um dos principais objetivos da apicultura. Mas de onde as abelhas recolhem esta cera? Elas a encontram já pronta na Natureza e elas só precisam coletá-la, como a própolis, com a qual elas vedam as frestas de sua colméia? Ou as pequeAceitamos que esta é a regra, mas ocasionalmente encontramos alvéolos de zangão com pólen armazenado. - C. N. A. † O pólen, quando seco ou mofado, como descrito, é descartado pelas abelhas na Primavera, quando os alvéolos são necessários para outros usos. O descarte das pelotas é um sinal saudável do progresso que ocorre dentro da colméia. - C. N. A. Apicultura Racional 31 *

nas pelotas que elas carregam para sua colméia é a cera? De forma alguma. A cera é um produto peculiar do organismo das abelhas - sua gordura, que ali está. Como a aranha produz a substância de sua teia a partir de seu próprio corpo as abelhas também elaboram o material para seus favos e alvéolos a partir delas mesmas. A cera aparece - quando as abelhas estão empanzinadas e a temperatura é satisfatória - a cera surge dos anéis sob seu abdômen, na forma de placas finas, semelhante a mica e ovais. No Verão pode-se ver do lado de fora dos corpos de algumas abelhas pequenas placas de cera com a forma descrita. Algum tempo depois que um enxame é instalado numa colméia vazia pode-se encontrar várias destas placas no fundo da colméia, se parecendo a pintas brancas de espuma. As abelhas que recém começaram a construção de favo não conseguem manusear a quantidade de cera que produzem e, por conseguinte, muitas destas pequenas placas caem no piso. As abelhas apanham estas pequenas placas de cera com suas patas traseiras e as levam para suas mandíbulas, com as quais, elas modelam a cera e a depositam onde pretendem continuar a estrutura. Normalmente elas prendem as placas para formar uma base um pouco mais grossa (ou borda) que cerca todos os alvéolos, até mesmo os que foram apenas começados, para lhes dar maior firmeza. Afinando esta base cada vez mais os alvéolos são alongados até adquirirem sua profundidade própria. Mas a borda é mantida espessa quando os alvéolos são terminados, e a cera usada para dar espessura à borda é usada, em parte, pelo menos, para opercular os alvéolos quando cheios de mel, ou quando as larvas atingiram seu tamanho apropriado. Para continuar sua estrutura, porém, as abelhas não usam apenas a cera recentemente produzida, mas, freqüentemente, retiram cera velha que se encontra nas vizinhanças, e a usam para construir os alvéolos. Assim, quando as abelhas constroem alvéolos novos na colméia continuando os velhos, estes alvéolos novos são de cor escura no início e só adquirem a cor branca gradualmente por causa da cera nova. As realeiras geralmente são da cor do favo no qual eles aparecem, pois as abelhas apanham a cera 32

Johnann Dzierzon

para as realeiras principalmente de alvéolos da vizinhança. É bem conhecido, por todo apicultor experiente, que a cera é uma secreção das suas abelhas e foi um grande erro supor, como era imaginado antigamente, que as pequenas pelotas nas pernas e a cera são substâncias semelhantes; mas os apicultores ainda não concordam sobre a partir do que a cera é preparada ou secretada. A cera, claro, só pode ser preparada a partir de algo que as abelhas podem comer e digerir, ou que lhes serve de alimento. Então, passemos agora para a seção sobre

COMIDA DAS ABELHAS A comida dos animais pode ser dividida em geral em duas classes. Os víveres da primeira classe servem para manter a respiração e gerar calor e foram chamadas 'meios de respiração'. Eles estão compostos dos elementos carbono, hidrogênio e oxigênio, e tais comidas são amido, açúcar, gordura, álcool e todas as substâncias digestíveis que não contêm nitrogênio. As comidas que se enquadram na segunda classe servem para formar a carne e o sangue, formar e desenvolver todo o corpo, e elas foram, então, chamadas de formadoras da carne ou do sangue, ou comidas plásticas das quais a albumina é a mais importante. Estas se distinguem das da classe anterior por conterem nitrogênio além de carbono, hidrogênio e oxigênio. O mel por ser uma comida não nitrogenada, serve principalmente para o processo de respiração e para gerar calor; as abelhas subsistem se alimentando só com ele quando em estado de repouso no Outono e no Inverno, quando não existe cria em desenvolvimento, e quando todas as outras atividades que despendem a energia do corpo são completamente descontinuados. Mas assim que o instinto de multiplicação desperta na colméia na Apicultura Racional 33

Primavera, ou já em fevereiro, se não antes, ocorre também a necessidade pela outra classe de comida. As abelhas não só consomem muito mais mel do que até então, porque se torna necessário gerar muito mais calor e manter a colméia mais quente, mas elas mostram também uma grande necessidade por comida nitrogenada ou albuminosa, e tal comida é o pólen anteriormente armazenado nos alvéolos que é agora avidamente consumido, até mesmo se estiver parcialmente coberto de mofo. Quando os dias são amenos as abelhas também se apressam em coletar pólen. É bem conhecido que quando pólen se torna necessário, a farinha comum colocada num favo e deixada à sombra será avidamente carregada pelas abelhas em suas pernas traseiras e levada para suas colméias como pequenas pelotas cinzentas*, principalmente por causa do nitrogênio que ela contém. Mas para que as abelhas possam preparar nos seus corpos a comida láctea nutritiva para a cria a partir da farinha seca, elas precisam também de água que elas carregam avidamente para a colméia na Primavera e até mesmo no verão, se o mel que elas juntaram já não a contém em quantidade suficiente. Água é indispensável para as abelhas na preparação da comida da cria. Elas podem sobreviver sem pólen durante algum tempo, e é certo que sem um único alvéolo de pólen uma colônia pode passar o Inverno, e até mesmo desenvolver alguma cria antes do seu primeiro vôo na Primavera. Para explicar este estranho fenômeno foi, até agora, suposto que abelhas podem manter uma certa quantidade de comida nitrogenada acumulada em seus estômagos durante um tempo considerável, suposição que, porém, é provavelmente errônea, pois não existe dúvida que mel e pólen - comida das abelhas - são digeridos imediatamente e seus componentes nutritivos são carreados em pouco tempo para dentro do sangue. Os apicultores não tinham formado, em geral, previamente uma idéia correta de como o chyle*

Quando é usada farinha de ervilha as pelotas são de cor amarelo luminoso e se parecem quase como ervilhas divididas presas às pernas traseiras da abelha. - C. N. A. 34 Johnann Dzierzon *

yle* era preparado no corpo da abelha e transferido para os alvéolos. Supunha-se que o pólen e o mel diluído eram consumidos pelas abelhas que cuidavam da cria, o material nutritivo era extraído por elas do chyme† e transferido para os alvéolos como chyle. Esta visão, porém, não coincide com a experiência; se uma abelha nutriz é esmagada, sempre aparece mel mas nunca qualquer comida da cria. A grande propriedade nutritiva do chyle é que ele passa integralmente para o sangue da abelha jovem sem deixar qualquer resíduo em particular, é mais evidente de ser segregado do sangue da abelha nutriz, da mesma maneira como o leite é segregado do sangue dos mamíferos. Recentemente, os naturalistas descobriram também os órgãos que extraem o chyle do sangue; eles se abrem na boca da abelha e se ramificam pela cabeça e tórax. O professor Von Siebold proferiu uma interessante conferência sobre o assunto, ilustrada com desenhos, durante a reunião anual dos apicultores ocorrida em Salzburg. Ainda não foi esclarecido se estes órgãos só participam da preparação do chyle, realizando uma assimilação mais completa de seus componentes, ou se eles produzem toda a massa da comida da cria; ainda, a segunda hipótese é mais provável, e esses órgãos podem, muito corretamente, ser chamados de glândula do chyle (Futtersaftdrüsen ), ou mais brevemente, glândula de leite (glândulas mesentéricas) (Milchdrüsen). Assim fica fácil explicar como as abelhas são capazes, durante um certo tempo, criar e, por conseguinte, preparar o chyle para a nutrição da cria, sem comida nitrogenada. Os elementos que não existem na comida são, durante um tempo, supridos pelo sangue, contudo gradualmente se esgota, o sangueasfica mais fraco e mais pobre; e, como ensina a experiência, abelhas que desenvolvem cria fora da estação morrem em grande núme-

Segundo Michaelis: “Chyle: produto líquido da digestão.” N.T. Segundo Michaelis: “Chyme: quimo: pasta a que se reduzem os alimentos pela digestão estomacal.” N.T. Apicultura Racional 35 *

†

ro - indubitavelmente por esgotamento.* Mas por maiores que sejam suas reservas de mel e pólen, as abelhas não conseguem preparar comida para a cria se lhes faltar água. A água não é acumulada na colméia, mas as abelhas vão buscá-la sempre que necessária, seja das flores, que elas coletam simultaneamente com o mel fresco, que normalmente é muito aguado, seja em poças ensolaradas próximas das bordas dos rios e piscinas; ou se o tempo não permite que elas voem para fora da colméia, de locais úmidos na colméia onde os vapores condensam em superfícies frias, ou do orvalho ou água de chuva que elas trazem para sua colméia. Mas as abelhas precisam de água não só para preparar a comida da cria, eles também precisam, freqüentemente, para dissolver ou diluir o mel quando ele fica muito grosso, ou solidifica completamente, e deixar apropriado para seu consumo; e se elas não tiverem condições de trazê-la para sua colméia, ou obter de dentro da colméia, o enxame pode perecer por carência de água (Durstnoth). O quanto as abelhas sofrem de sede pode ser constatado pela ânsia com que elas sugam toda gota da água que é borrifada na entrada da colméia para que elas não voem muito cedo no período e até mesmo como sugam a neve lançada na entrada com o mesmo propósito.† Mas elas necessitam muito mais de água quando a criação está em andamento com qualquer intensidade. Assim, tempo úmido, durante o qual as flores normalmente produzem mais pólen, é favorável para criar e enxamear; enquanto na estação seca normalmente é produzido mais mel, entretanto ocorrem poucos ou nenhum Este é o fato mais relevante e deveria ser lembrado por todo aquele que estivesse ansioso para iniciar a procriação de abelhas cedo ou tarde nas suas colméias. - C. N. A. † Concluímos que abelhas não resistem à tentação de apanhar água sempre que ela for borrifada dentro da sua colméia e, conseqüentemente, em colméias úmidas, em tempo frio, elas ficam freqüentemente tão saturadas a ponto de ficarem com disenteria. - C. N. A. 36 Johnann Dzierzon *

enxame. Sabemos de experimentos que a criação e construção de favo ocorrem mais favoravelmente quando existe uma certa quantidade de umidade, estas duas atividades sempre são dependentes, e uma segue a outra. Aumento da área da câmara de cria exige aumento da área de favo e ambas demandam alta temperatura na colméia. Assim que começa o desenvolvimento da cria as abelhas produzem, normalmente, também, uma pequena quantidade de cera para opercular os alvéolos da cria; considerando que se o desenvolvimento da cria for interrompido, o que pode ser conseguido pela remoção da rainha, a produção de cera também é descontinuada imediatamente, até mesmo durante a estação mais favorável.* Disto se conclui apenas que está errada a opinião de que a comida para a cria é preparada de pólen e que a cera é preparada apenas com mel. Esta distinção não é aceitável em absoluto. Tanto um como outro são produtos do organismo da abelha, quando sua atividade é elevada ao mais alto grau. Porém, durante este período, as abelhas não vivem apenas de mel, mas também consomem pólen e apenas consumindo ambos é que elas mantêm sua vitalidade; por esta razão, também, ambas as comidas são necessárias para a produção continuada de cera, entretanto, possivelmente, elas não são consumidas em proporções iguais. Até mesmo sendo a cera, como gordura, uma subsEstas afirmações, embora verdadeiras a princípio, não são totalmente corretas em todos os casos. É evidente que quando as abelhas estão diminuindo em número por terem estado sem ra*

inha por longo tempo não haverá nenhuma tentativa de construir favo; mas, na página anterior, foi afirmado que colméias sem rainha constroem favo de zangão. Também é bem conhecido que depois da enxameação, quando emergiu numero suficiente de abelhas e toda a cria foi operculada, a construção de favo nas melgueiras ocorre rapidamente com clima favorável; e, como muitos apicultores experimentaram, se um favo for removido de uma colméia sem rainha as abelhas encherão o espaço desocupado imediatamente com favo de zangão. - C. N. A. Apicultura Racional 37

tância não nitrogenada, e assim ser suficiente às abelhas se alimentarem apenas com mel ou açúcar para conseguirem prepará-la, não se conclui que o pólen não seja necessário para sua produção continuada. As abelhas, como já foi observado, podem preparar comida para sua cria durante tempo considerável sem pólen; assim ninguém poderia afirmar que o pólen seja desnecessário para a nutrição da cria. Tanto num caso, como no outro, as abelhas se mantem graças a reservas existentes em seus corpos, mas que lentamente são exauridas. Uma pergunta freqüentemente feita, e freqüentemente discutida, é quanto libras de mel as abelhas consomem para produzir uma libra de cera? As opiniões sobre este assunto diferem muito. Enquanto muitos apicultores consideram que são necessárias 20 lbs de mel para produzir 1 lb de cera, outros reduzem esta quantidade para 10 lbs. Um acordo sobre este assunto é quase impossível, porque a quantidade de mel consumida pelas abelhas produtoras de cera, não há dúvida, depende de quanto pólen elas consomem concomitantemente, o que pode aumentar a quantidade de cera segregada, pois o pólen contém carbono além de nitrogênio. Então, é natural que, onde a forragem é abundante, as abelhas recolham muito mais mel se os alvéolos nos quais ele será armazenado estiverem prontos na colméia para recebê-lo, do que se elas forem obrigadas a, primeiro, construí-los, supondo que a atividade das abelhas seja a mesma, em ambos os casos. Mas as abelhas que são obrigadas a construir alvéolos e favos novos são, como regra, muito mais ativas do que aquelas para as quais esta necessidade não existe.

ATIVIDADE VITAL DAS ABELHAS varia muito em função das circunstâncias e da época do ano 38

Johnann Dzierzon

bem como da quantidade e da qualidade da comida disponível. A quantidade de mel que uma abelha pode carregar em seu estômago pode, sob certas circunstâncias, lhe garantir alimentação por mais de uma semana; e, em outras circunstâncias pode ser insuficiente para evitar sua morte por fome dentro de vinte e quatro horas. Se nós compararmos a vida a um processo de combustão, então a vida de uma abelha é, ao mesmo tempo, como uma faísca que brilha debaixo das cinzas e como uma chama luminosa que, em alguns minutos, consome o combustível disponível que teria alimentado o mais vislumbrante fogo durante um tempo muito mais longo. Certamente a vitalidade da abelha nunca é reduzida a ponto de torná-la insensível ou ficar totalmente entorpecida como é o caso de muitos insetos e até mesmo de espécies aparentadas como as mamangavas, vespas e vespões; ainda que no final do Outono e no começo de Inverno - isto é, de Outubro até Janeiro em nosso clima, - quando a vegetação quase adormece completamente, sua vitalidade fica reduzida ao mais baixo grau possível. As abelhas ficam totalmente quietas e não se ouve o menor zumbindo na colméia, especialmente com baixa temperatura ambiente.* Elas não manifestam o mínimo movimento para elevar sua temperatura estando a temperatura do ar que cerca o agrupamento de abelhas em aproximadamente 8°K (= 50°F), na qual as abelhas são apenas capazes de mover seus membros e ficam momentaneamente incapazes de voar. O desenvolvimento da cria, sem dúvida, parou agora, nem a cria prosperaria, embora a temperatura no interior do agrupamento de abelhas possa estar entre 12° e 15°R (=59° e 65¾°F). Até mesmo a maioria

As abelhas em tempo muito frio usam suas pernas e asas para promover a ventilação e, freqüentemente, produzem um zunido ou zumbindo. Os homens, em circunstancias semelhantes, esfregam seus braços em seus corpos e batem seus pés. Recordar este fato, e que as abelhas só precisam do calor para garantir sua vida, explica por que elas não fazem zumbidos dentro da colméia com temperatura de 50°F. - C. N. A.. Apicultura Racional 39 *

das abelhas jovens em alvéolos operculados - se existir alguma na colméia - deve morrer e será em seguida retirada dos alvéolos. O consumo de mel é agora muito pequeno, chegando a ser de meia onça por dia numa colônia com população tolerável, ou aproximadamente 1 lb por mês. As abelhas, especialmente se possuírem em seus alvéolos, especialmente se operculado, um suprimento de mel saudável recolhido das flores, podem dispensar o vôo de higienização durante três meses ou mais, embora seja muito desejável para elas realizarem um vôo em frente da colméia mais freqüentemente - talvez uma vez por mês. Quando, ao final do Inverno e início da Primavera, o sol sobe mais e mais alto no céu e os dias se tornam mais e mais longos e toda a natureza desperta para a nova vida, a colônia é despertada para aumentar sua vitalidade e, especialmente quando o sol está brilhando, aquecendo e a temperatura sobe a ponto de as abelhas poderem deixar suas colméias. Enquanto, durante o sono do Inverno, movimentos lentos dos seus corpos e algum movimento vibratório das suas asas eram os únicos sinais de estarem vivas; enquanto, além disto, elas não conseguiam se separar do seu agrupamento e não conseguiam sequer evitar que um rato que tivesse entrado em sua colméia roesse os favos e comesse seu mel, agora elas circulam apressadamente pelo ar como uma seta, removendo as abelhas mortas da sua colméia, trazendo água, pondo a correr qualquer inimigo que se aproxime da colméia, e colocando em uso total seus membros, e se esforçando para executar todas suas tarefas. Por causa do aumento da vitalidade o consumo de mel também é agora maior, e aumenta mais; de modo semelhante, a criação, que tinha sido descontinuada durante ou mais, cinco àmeses recomeça novamente - a cria se estendequatro cada vez medida que a temperatura se eleva, especialmente quando as primeiras flores produzirem pólen novamente e o tempo permitir que as abelhas o tragam para dentro de sua colméia. É principalmente pelo pólen que as abelhas têm, neste momento, grande desejo, o qual elas estão ansiosas por colher e trazer para casa toda vez que o sol aparecer por entre as nuvens, pois elas precisam dele para pre40 Johnann Dzierzon

parar a comida da cria, para cujo cuidado e aumento está agora voltada toda sua atenção. Como o grau da atividade vital varia, assim também varia

OBJETIVO DA SUA ATIVIDADE em diferentes períodos do ano. É verdade que as abelhas criam de Fevereiro até Setembro; recolhem mel e pólen e trazem água para sua colméia a fim de diluir o mel cristalizado, e própolis para vedar as fendas da colméia e prender os favos mais firmemente, se o tempo permitir; mas de acordo com a época do ano e a mudança do tempo elas têm, num momento, - ainda que não exclusivamente - um objetivo e em outro momento outro objetivo. Na Primavera quando toda a natureza desperta para a nova vida, a atividade da colméia é dirigida principalmente para o aumento da população e postura de ovos. No princípio são depositados ovos em alvéolos de operárias à taxa de duzentos por dia; porém, depois este número é aumentado para milhares toda colônia buscando em primeiro lugar garantir sua própria continuidade. Quando o número de abelhas, pelo crescimento diário, aumentou consideravelmente, quando a forragem ficou mais completamente desenvolvida e a temperatura na colméia subiu, então, confiante de sua força e de certa maturidade, começa, também, o desenvolvimento dos zangões, como uma muito remota para aumentarcheia a espécie. Quando a colméia não preparação estiver ainda totalmente de favo, as abelhas passam da construção de alvéolos de operárias para a construção dos alvéolos maiores de zangão, em um ou até mesmo em vários favos, e a rainha não demora em neles depositar ovos. Quando, ato contínuo, a colméia ficar toleravelmente cheia de cria e a colônia em sua força máxima, quando a temperatura – que para abelhas é a medida da sua força – tiver atingido valoApicultura Racional 41

res como, por exemplo, 30°R (= 99½°F), em que o calor começa a ficar incômodo para elas, são iniciadas realeiras aqui e ali, especialmente nas bordas dos favos, principalmente nas vizinhanças dos favos de zangão, se não no meio destes favos - e a rainha neles deposita ovos.* Estas realeiras são chamadas de realeiras de enxameação para distinguí-las das realeiras de substituição, que são construídas em alvéolos de operária que já contem um ovo ou uma larva, quando a colônia fica inesperadamente privada de sua rainha. Assim que uma ou outra das realeiras for operculada, e a larva real entrar no estado de crisálida, a rainha velha não se sente mais segura na colméia e parte, num dia ameno por volta do meio-dia, com o assim denominado enxame primário. Os mesmos fatos se repetem nove ou mais dias mais tarde com a primeira princesa a emergir, que por seus gritos 'Tüt!'† 'Tüt!', que ela profere de maneira clara e estridente, expressa o seu ciúme e temor, e assim anuncia o segundo enxame, ou enxame secundário. Este é seguido, por vezes, por um terceiro e até mesmo por vários enxames posteriores, por causas semelhantes e anunciadas de maneira semelhante, na maioria das vezes no dia seguinte ao do anúncio, se o tempo continuar favorável e a colônia não tiver ficado muito debilitada, e ainda existirem realeiras na colméia, pois os ovos não são postos todos ao mesmo tempo e só atingem a maturidade sucessivamente.

Nunca vimos uma rainha depositar um ovo numa realeira, como afirmado na nota anterior; sabendo do antagonismo exibido pelas rainhas à existência das realeiras numa colméia, *

sempre sua vontade em realeiras ajudar na produção delas. E seduvidamos as rainhas da botassem ovos em construídas em favo de zangão, como afirmado por nosso Autor, eles seguramente se desenvolveriam, freqüentemente, em rainhas o que, em nossa experiência, nunca aconteceu, embora tenhamos observado centenas destas realeiras. - C. N. A. † Segundo Michaelis: "Tut = (representa o som produzido ao colocar a língua entre os dentes aspirando o ar) indica desaprovação, impaciência, desprezo." N.T. 42 Johnann Dzierzon

Como a partida espontânea da rainha velha com o primeiro enxame é seguida, geralmente, por enxames secundários com rainhas jovens, eventos semelhantes acontecem quando a rainha é removida com um enxame artificial, ou quando a colônia fica acidentalmente privada de sua rainha. Mas como as realeiras são começadas só depois da remoção da rainha, passam-se pelo menos treze* geralmente quatorze dias, antes do aparecimento do próximo enxame com uma rainha jovem. Tais enxames são chamados enxames 'Tüt' (flautistas) porque eles são anunciados pelo piar da rainha jovem ansiosa e ciumenta, e podem aparecer num momento pouco comum do ano, ou muito cedo ou muito tarde, se o tempo está parcialmente favorável, e a colônia não muito fraca - do contrário as realeiras restantes são destruídas depois que uma jovem princesa emergiu - a princesa jovem começa o trabalho de destruição e as operárias completam o serviço. Desde o momento em que a rainha velha deixa a colméia até que uma rainha jovem reine no seu lugar e seja fecundada, a postura de ovos fica completamente descontinuada na colméia materna; assim - no caso de o vôo nupcial da rainha não ser retardado por causa do tempo desfavorável - existe um intervalo de cerca de três semanas durante o qual nenhum ovo é depositado. Depois que a princesa foi fecundada a criação recomeça novamente, e a colméia materna que, neste ínterim, acumulou uma quantidade de pólen, continua a criação por tempo maior do que as colônias nas quais não houve troca de rainha. Com continuação uniforme da forragem, até mesmo os en-

Em nossa experiência as assim denominadas rainhas adicionais emergem dentro de dez dias. Do ovo recentemente-posto passam-se dezesseis dias em média e como demora três dias para a larva eclodir do ovo, e para criar uma rainha pode ser escolhida uma larva de três a quatro dias de idade, é evidente que as rainhas jovens ficam, freqüentemente, prontas no nono ou décimo dia depois que uma colméia tenha ficado sem rainha; e os enxames podem sair quase imediatamente. - C. N. A. Apicultura Racional 43 *

xames, e especialmente enxames primários, fazem preparações por enxamear novamente construindo alvéolos de zangão e neles depositando ovos, quando encheram grande parte da sua colméia de favo, e grande parte dos alvéolos de operária contêm cria. Na maioria dos anos e na maioria dos locais a forragem apícola, porém, alcança seu clímax antes do final da estação de criação e em seguida diminui. A atividade das abelhas se volta agora para outra direção. Para armazenar tanto mel quanto possível para o período que se aproxima quando a comida já não será mais abundante, as abelhas têm agora como meta economizar. Para compensar a perda de abelhas, que é inevitável enquanto elas estiverem fora coletando, operárias ainda continuam sendo criadas, mas em menor número, enquanto não só a rainha deixa de botar ovos de zangão, mas a cria de zangão que ainda se encontra nos alvéolos é jogada fora da colméia e os próprios zangões são expulsos, por não terem mais uso algum. Também a produção de cera, que tinha sido empreendida tão zelosamente pelas abelhas na Primavera, agora cessa completamente, pois ela é produzida às custas de mel. Quando a forragem de Outono é muito favorável as abelhas realmente enchem todos os alvéolos de mel, a maioria dos quais tinha sido usado previamente para desenvolver cria, mas elas muito raramente constroem favo novo. O objetivo de sua atividade é agora garantir seu futuro acumulando a maior quantidade de mel possível, se proteger tanto quanto possível de ventos e frio, vedar toda fresta da sua colméia com própolis e reduzir o alvado e isto elas fazem enquanto o ambiente está ameno o suficiente que permita seu vôo, para o que exigem a temperatura de 13° R (= 61¼° F). A avidez das abelhas pelo mel nunca é satisfeita e, agora, quando a forragem está chegando ao fim, como também na Primavera antes da forragem aparecer, elas são inclinadas a pilhar umas às outras. Em primeiro lugar, elas procuram pelas colônias sem rainha e as saqueiam, elas atacam colméias muito fracas que não conseguem se defender corretamente. Pilhar é um hábito ruim das abelhas, hábito cuja culpa é dos apicultores que lhes dão a oportunidade de pilhar, permitindo que col44

Johnann Dzierzon

méias desfalcadas permaneçam no apiário, por não serem cuidadosos ao alimentar e por cortar favos com mel fora da colméia; as pilhadoras são as abelhas mais trabalhadoras. As abelhas italianas por serem particularmente laboriosas, são também muito propensas a pilhar. Mas, ainda que o tempo esteja agradável, quando não há mais nada para coletar, as abelhas, para economizar sua força e mel, não voam mais; elas se mantem em repouso perfeito, e só de vez em quando, depois de um intervalo de vários dias, elas voam para circular em frente da colméia, por volta do meio-dia de um dia ensolarado, para a higienização, uma vez mais antes do Inverno. Com o recrudescer do frio as abelhas deixam os favos laterais e se reúnem num agrupamento, mais denso possível, em algumas das passagens do meio, tão perto da entrada da colméia quanto possível, e abaixo das suas reservas que elas acompanham continua e lentamente.* Desta maneira, enquanto todo o mundo vegetal está dormente, as abelhas também passam o Inverno num estado semelhante à dormência, até que os raios mornos do sol, que agora sobe mais alto novamente nos céus, as desperte para renovar a vitalidade a fim de retomar novamente as atividades brevemente referidas acima. O que acima foi dito por nós de forma alguma esgotou a história natural das abelhas, mas forneceu apenas um esboço geral sobre o assunto. Um conhecimento mais profundo dos seus instintos e capacidades maravilhosos pode ser obtido facilmente manuseando-as e pela experiência. Então, nós nos voltaremos Isto talvez seja verdade com as abelhas em colméias alemãs altas, onde elas ficam bem supridas com mel, mas em colméias baixas, com o mel disposto ao redor do ninho da cria, e não sobre ele, o agrupamento de abelha alcança o topo dos favos, e de alguma forma recorrendo gradualmente para o centro da colméia à medida que elas consomem suas reservas. Mencionamos isto para os amadores não ficarem com impressão errada. C. N. A. Apicultura Racional 45 *

de imediato àquela parte de nosso trabalho que trata da prática da apicultura, onde poderemos discutir muitos pontos teóricos, no momento apropriado, mais clara e compreensivelmente do que foi feito nas páginas anteriores.

46

Johnann Dzierzon

A PRÁTICA DA APICULTURA

AS ABELHAS prosperam na maioria dos países da zona temperada e também na maioria das regiões tropicais. No estado selvagem seu habitat natural é a floresta, onde uma árvore oca lhes fornecerá moradia. Elas moram também em grutas de pedras e buracos na terra. Mas por causa do grande benefício obtido das abelhas, elas fornecem dois valiosos produtos, mel e cera, porque a contemplação da sua operosidade, da sua economiae maravilhosa e da sua habilidade, é fonte de grande prazer, desde antanho lhes é dada atenção particular. Elas são, como foram, transformadas em animais domésticos, e para facilitar mantê-las sob vigilância, foram trazidas para as proximidades da moradia do homem onde elas são mantidas em habitações artificiais de várias formas, tamanhos e arranjo, e construídas com diferentes materiais. A clareira onde as colméias são colocadas, e que geralmente pertence ao jardim contíguo à casa, é chamado jardim da abelha, local da abelha (apiário) ou casa da abelha, o último nome é usado quando as colméias são colocadas num prédio *separado o que, porém, não é necessário, nem mesmo desejável. Toda o conjunto, incluindo tudo que for necessário, é chamado Apicultura.

Nós endossamos a opinião do Autor, pelas razões apresentadas no parágrafo que segue. - C. N. A. 47 Apicultura Racional *

PARADOURO DAS ABELHAS (APIÁRIO) O sucesso da apicultura é influenciado em grande parte pela posição das colméias. É necessário, de alguma forma, que as abelhas sejam instaladas numa cabana especial - denominada casa das abelhas. Embora tal casa ofereça certas conveniências bem como abrigo às colméias, contudo tem também suas inconveniências e desvantagens. Quando as colméias são colocadas próximas umas das outras com uma grande quantidade de abelhas de diferentes colméias voando em frente das colméias ao mesmo tempo muitas se perdem, e até mesmo as rainhas entram em colméias erradas: as abelhas são freqüentemente perturbadas em seu sono de Inverno pelo barulho transmitido dentro da casa das abelhas no caso de qualquer manipulação, até mesmo se apenas uma colméia for inspecionada - elas são mais perturbadas pelos ratos, e não podem serlivre. inspecionadas tão convenientemente como num apiário ao ar As despesas para construir uma casa das abelhas especial também são consideráveis, que podem ser evitadas se as colméias forem colocadas separadas em clareiras apropriadas do jardim. A principal consideração a ser averiguada é colocar as colméias em posição tal que forneça às abelhas a maior proteção possível contra tempestades predominantes. Faz muito pouca diferença se as colméias são colocadas mais ou menos ao sol, ou se as abelhas voam para o leste, sul, oeste ou norte. Porém às vezes os raios mornos do sol são muito agradáveis para as abelhas e noutras ocasiões, novamente, eles são da mesma maneira problemáticos e perniciosos para elas, de forma que as vantagens e desvantagens ficam quase uniformemente equilibradas. É uma grande vantagem ter perto, e do lado norte* do apiário, uma cerA recomendação de uma cerca viva alta ou parede do lado norte do apiário aponta claramente para um fato freqüentemente citado por nós no British Bee Journal, ou seja, que é altamente 48 Johnann Dzierzon *

ca viva alta, uma parede, uma casa, ou outro objeto alto, em cujas superfícies mornas as abelhas podem descansar e se aquecer ao sol durante seus vôos de limpeza, os quais elas executam seguidamente quando o clima estiver bom. Tal objeto poderá também resguardar as abelhas da necessidade de, durante rajadas de vento, terem de pousar no solo ainda frio onde elas freqüentemente ficam entorpecidas. Qualquer barulho de desmoronamento é prejudicial para as abelhas, especialmente no Inverno, porque perturba seu repouso, contudo gradualmente elas ficam acostumadas a ele, e só ocorre quando o objeto que provoca o barulho entra em contato direto com a colméia, ou quando o solo é vibrado tão violentamente, que resulta em conseqüências prejudiciais.* Superfícies grandes de água, lagos, lagoas, ou rios largos nas vizinhanças imediatas do apiário são prejudiciais, pois muitas abelhas neles se afogam durante a tempestade; mas riachos pequenos, fossos rasos ou poças de água são desejáveis. Onde elas são desejadas, ou quando talvez elas tenham secado, será bom manter uma provisão de água em cochos rasos ou outros recipientes nos quais um pequeno musgo poderá ser colocado, numa ensolarada clareira, abrigado do vento. Isto tem influencia favorável no desenvolvimento sem atropelos da cria, as abelhas necessitam de muita água na Primavera, e também no verão, durante tempo seco prolongado, para dissolver ou diluir o mel cristalizado ou muito grosso e preparar a comida para a cria. As abelhas preferem água pura da chuva, mas eles apanham prontamente também água de outras fontes, especialmente se estiver levemente aquecida pelos raios solares. Elas

indesejável que as colméias sejam colocadas ao norte ou do lado sombreado, de tal abrigo. Sol na colméia pode ser, às vezes, uma desvantagem no verão, mas no Inverno sua ausência total nunca deveria ser constatada. - C. N. A. * Isto aponta para o fato, freqüentemente citado em nosso British Bee Journal, que a proximidade de estradas de ferro deveria ser evitada. - C. N. A. Apicultura Racional 49

sugam sofregamente o suco adocicado que flui abundantemente da árvore do vidoeiro na Primavera, quando machucado, e como contém açúcar, embora a quantidade seja insignificante, elas o preferem à água. Então, seria útil plantar algumas destas árvores nas vizinhanças do apiário. A árvore fornece bastante pólen para as abelhas, e sua copa espessa abrigo contra tempestades. É verdade que uma fila de pinheiros, que sempre estão verdes, oferecem abrigo ainda mais completo, e plantar esta cerca viva ao redor do apiário, mas mais especialmente do lado do tempo inclemente, é muito recomendado. Se existir uma estrada passando pelo apiário, é totalmente indispensável seja uma fila destas árvores, seja uma parede alta, seja uma cerca viva alta para obrigar as abelhas a voarem mais alto e tornar impossível que elas molestem as pessoas e o gado, ou causem qualquer dano aos transeuntes. Depois do paradouro, é

MORADIA DAS ABELHAS que, principalmente, devem ser consideradas na apicultura. As espécies afins, vespas e mamangavas, podem, de algum modo, construir sua moradia, com aquela famosa substância semelhante a papel mata-borrão e outra de musgo. As abelhas, por outro lado, podem realmente limpar sua moradia, alargá-la removendo as partes podres, para deixá-la mais habitável vedando as frestas e reduzindo as aberturas que são muito grandes, mas elas não podem fazer isto completamente. A natureza deve provê-las com uma moradia ou o homem deve prepará-la, e consiste de uma cavidade de cerca de um, ou às vezes vários, pés cúbicos, fechada de todos os lados e tendo pelo menos uma abertura. Esta moradia deve fornecer abrigo contra tempestades e chuvas, frio e calor, como também contra seus numerosos 50

Johnann Dzierzon

inimigos que, por vezes, buscam suas reservas de mel, outras vezes seus favos, e outras vezes as próprias abelhas, e quanto melhor este abrigo as proteger, sob todos os aspectos, melhor as abelhas prosperarão e melhor ele atenderá seu propósito. A conveniência da moradia depende principalmente

DO MATERIAL DAS COLMÉIAS do qual suas paredes são feitas. Calor é a principal necessidade das abelhas e da sua cria, ele é essencial para suas vidas. Este calor indispensável, que elas produzem só às custas de esforço e de suas provisões, a colméia deverá conservar tanto quanto possível, o que acontecerá se as paredes forem feitas de material não condutor de calor. Diferentes substâncias ou materiais, como é bem conhecido, apresentam grande diferença sob este aspecto. Metais conduzem o calor muito bem - eles são bons condutores de calor. Se uma extremidade de uma barra de ferro for colocada no fogo a outra extremidade ficará, em pouco tempo, tão quente que não poderá ser segurada com a mão nua. Um prato de metal, se aquecido em um lado, logo fica quente do outro lado, enquanto uma tábua pode estar queimando em um lado e estar bastante fria do outro lado, porque a madeira é pior condutor de calor do que o ferro, embora exista, novamente, grande diferença na condutividade do calor entre os diferentes tipos de madeira. Assim como muitos tipos de madeira se aproximam dos metais quanto à sua densidade e peso e, como os metais, afundam imediatamente quando postos na água, outras são porosas e queimam como palha. Geralmente, pode ser tomado como regra que quanto mais leve a madeira e quanto mais seca, menos material lenhoso existirá num determinado espaço, ou será mais poroso e esponjoso, conduzirá menos o calor e, por conseqüência, melhor retém o calor, pois os poros ou espaços intermediáApicultura Racional 51

rios vazios estão cheios de ar que, por estar preso em espaços confinados, permanece imóvel, prevenindo a perda de calor. Uma colméia reterá mais calor quanto mais grossas forem suas paredes, quanto mais ar ela contiver e quanto mais estiver isolada do ar externo que está em movimento. Se as paredes da colméia forem feitas de material bom condutor de calor, ou que transmite calor eficazmente, ocorrem duas desvantagens - 1º. As abelhas sofrem por causa do frio, se obrigam a consumir mais comida para elevar a temperatura, e não têm condições de iniciar o desenvolvimento da cria tão cedo e tão extensivamente, &c. 2º. A umidade que se deposita nas paredes das colméias provoca mildew, mofo, atmosfera insalubre e disenteria, &c. A água ao ser aquecida ou quando absorve calor converte-se em vapor, invertendo este processo, retirando o calor do vapor pelo corpo frio, ou numa superfície fria, o vapor é reconvertido em água e a superfície fria fica embaçada; como é habitual dizer. Assim como as janelas de vidro de um recinto aquecido, assim também as paredes da colméia ficam úmidas se elas permitirem a retirada rápida do calor. Quando a temperatura dentro colméia for diferente da temperatura ambiente externa, e quando as superfícies interiores esfriarem abaixo da temperatura do ar do interior da colméia, ocorrerá deposição de umidade, a qual, se o frio externo continuar a aumentar, será convertido em geada e gelo. Se a colméia tem vários compartimentos,* isto nunca acontecerá na parede divisória dos compartimentos. Estando todos os compartimentos na mesma temperatura, não haverá retirada de calor, nem resfriamento e, conseqüentemente, não ocorrerá condensação da umidade. Até mesmo dos compartimentos estivermais desocupado, a camada de arsealium existente forma uma parede morna que poderia ser conseguida de qualquer outro modo. De qualquer forma, seria impossível fazer que uma parede da colméia em contato com o ar externo retivesse melhor o calor do que construindo Isto é uma alusão à colméia dupla ou tripla povoada por abelhas em ambos os lados das divisórias. - C. N. A. 52 Johnann Dzierzon *

uma parede dupla e enchendo o espaço intermediário, de cerca de duas polegadas, com musgo seco, linho, refugo, serragem, cavacos pequenos de madeira, palha, feno, &c. para impedir a circulação do ar em seu interior. Mas tudo tem seus limites que não podem ser ultrapassados sem prejuízo e até mesmo na conservação de calor em colméias é possível ir longe demais. Muito é tão ruim quanto pouco. Certamente não ocorrerá dano direto na colméia se ela ficar muito aquecida, as abelhas não produzirão mais calor do que eles precisam; e seria fácil elas retirarem o calor produzido em excesso pela entrada da colméia através da ventilação. Indiretamente, porém, uma colméia muito quente se torna prejudicial por provocar, possivelmente, necessidade de água no Inverno e na Primavera antes de elas começarem a voar, pois não existirá nenhuma superfície fria em nenhuma parte da colméia na qual a umidade poderia se condensar. Assim seria ótimo mantermos um meio termo, e fazer nossas colméias da forma aprovada por longos experimentos, para que não tenhamos, no final das contas, grandes perdas depois de ter feito gastos consideráveis. Já foi motivo de muita discussão entre apicultores se a preferência deveria ser dada para a madeira ou para a palha como o material da moradia das abelhas. Palha se recomenda por si mesma por ser barata, leve e quente; por outro lado, a madeira por ser mais durável e limpa. As colméias de madeira podem ser feitas com qualquer forma, especialmente as angulares, e elas conservam a forma com que foram construídas; os favos são mais facilmente soltos das paredes lisas de madeira, as abelhas são afastadas mais convenientemente, &c. Se alguém tiver algumas tábuas ou pranchas, com espessura de uma polegada e meia ou duas, de um tipo de madeira macia, leve e quente, como a madeira do álamo, salgueiro, limão galego*, choupo, ou abeto, ou madeira esponjosa, leve e quente por causa de alguma decomposição, deve preferir paredes de *

Limão galego é tradução literal de lime-tree. N. T. Apicultura Racional 53

madeira para suas colméias, ainda que pela única razão que com ela se pode fazer uma colméia com qualquer forma desejada de maneira conveniente e fácil, enquanto é problemático e se gasta muito tempo para fazer colméias de palha. É possível, no entanto, empregar madeira e palha ao mesmo tempo, usando tábuas finas para fazer as paredes das colméias e uma camada de palha fixada do lado de fora para reter o calor necessário. Colméias feitas deste modo reúnem as vantagens das colméias de palha e das colméias de madeira e não deixam nada a desejar. O Autor tem todas as suas colméias feitas desta maneira e ele as considera insuperáveis. Antigamente foram recomendadas colméias de barro no Bienenzeitung pelo Diretor Stöhr de Würzburg e, recentemente, elas receberam especial atenção do Pastor Scholz de Hertwigswalden. Se as colônias de abelhas podem existir por muito tempo em fendas de rochas e paredes, que se formaram acidentalmente, como se sabe que as abelhas assim o fizeram, é certo que elas se sentirão muito bem em colméias feitas de barro queimado ou cru. Ainda, como o barro absorve facilmente umidade, é necessário que tais colméias descansem em base apropriada e tenham piso de madeira; o barro deveria ser misturado com tanta palha quanto possível, ou deveriam ser usados tijolos ocos ou muito porosos que podem ser obtidos se bastante palha, finamente cortada ou relva, for misturada com o barro. Mas a maior deficiência destas moradias é que elas não são transportáveis, e sabe-se que até mesmo os apicultores que não tem o hábito de mudar suas abelhas de lugar por causa da forragem apícola podem ser compelidos a remover suas colméias repentinamente como, por exemplo, no caso de uma inundação ou fogo, ou quando uma casa nova está sendo construída. Os meios de transporte sendo freqüentes e baratos, será possível obter a um custo moderado as poucas pequenas tábuas necessárias para fazer uma colméia, até mesmo em locais onde a madeira é escassa; a madeira de caixas velhas servirá perfeitamente. Não há nenhuma dúvida que a maioria dos api54

Johnann Dzierzon

cultores aderirá à madeira e à palha, e assim podemos nos referir a colméias feitas apenas com estes dois materiais, que passaremos agora a descrever de forma mais completa.

FORMA das colméias varia. Existem colméias redondas e angulares, bem como colméias perpendiculares e horizontais. Colméias angulares certamente serão preferidas às redondas, porque elas têm uma posição firme; nelas as abelhas podem construir seus favos de forma regular, podem ser instaladas laterais de vidro para possibilitar observações mais convenientes, mas principalmente porque os quadros móveis, sobre o qual temos algo a dizer agora, podem ser organizados nelas de modo mais conveniente.

Faz muito pouca diferença se as colméias são feitas para ficarem na posição perpendicular ou horizontal, i.e., se sua altura é maior que seu comprimento ou se seu comprimento é maior que sua altura. As abelhas sabem como se acomodar em função das circunstâncias. Eles entram e se instalam num tronco oco perpendicular da mesma maneira que um oco horizontal de uma árvore. Até as colméias Lager possuem esta vantagem, ou seja, se desejarmos removê-las, podemos posicionálas no carro na mesma posição em que elas se encontravam no Apicultura Racional 55

apiário, e pelo fato de as abelhas construírem nelas um maior número de favos, enchendo os alvéolos superiores de cada favo com mel tão depressa quanto possível, elas geralmente contêm mais mel,* e como os favos individuais são mais curtos eles ficam mais a salvo da quebra quando o tempo estiver muito quente. A principal objeção às colméias Lager é que é necessário que as abelhas, por estarem suas provisões de Inverno ar†

mazenadas em muitos favos, não só acima, mas em grande parte de ambos os lados da área a ocupar no Inverno, com o passar do tempo tem que se deslocar de lado a lado, o que, às vezes, quando o frio é severo e as paredes da colméia estão cobertas com geada, elas podem não ter condições de o fazer, e assim freqüentemente a colônia inteira, ou um grande número de abelhas morre de fome, embora a colméia disponha de provisões suficientes mas que se encontram fora do seu alcance. Então, não é aconselhável fazer colméias muito baixas, mas ficar entre as colméias Ständer e Lager, fazendo-as aproximadamente tão altas quanto largas.‡

As colméias Lager tem forma tal que tem todos seus quadros estão num piso; - colméias Ständer têm dois ou mais jogos de quadros, um sobre o outro. - C. N. A. † A colméia Lager do Autor tem as entradas no meio do lado mais longo, e o ninho da cria fica no centro da colméia, como é habitual nas colméias 'colaterais', o mel é armazenado em ambos os lados do ninho da cria, com a possibilidade de, o que acontece muito freqüentemente no Inverno, as abelhas consumirem o mel em um dos lados e não conseguirem apanhar o que está do outro lado. - C. N. A. *

‡

A colméia Lager descrita tem as extremidades móveis, e é por estes que os favos são removidos. Um operador que se posta numa das extremidades da colméia pode considerar a distância da esquerda para a direita, a largura; a perpendicular, a altura e a distância de uma extremidade até a outra, o comprimento, como na xilogravura anexa. Os apicultores britânicos têm que entender a recomendação do Autor que colméias Lager devem ter altura e largura iguais e de nove a dez polegadas da frente aos fundos. - C. N. A. 56 Johnann Dzierzon

A largura mais satisfatória talvez seja nove a dez polegadas. Quando as colméias não forem muito largas, até mesmo colônias que são um pouco fracas podem construir vários favos completos, numa das extremidades pelo menos, e os ocupar corretamente, e o espaço vazio é separado facilmente inserindo uma pequena tábua. Mas se um enxame numa colméia com largura igual ao comprimento* tiver apenas um canto preenchido com favo, ficará exposto ao frio por todos os lados, e só se recupera† com dificuldade e lentamente. Numa colméia de seção quadrada, ou até mesmo numa circular, uma colônia que tenha ficado forte geralmente manterá sua força, porque o calor se espalha igualmente em todas as direções, e o desenvolvimento da cria ocorre em todas as partes da colméia; mas precisamente a excessiva extensão da cria e, especialmente, da cria de zangão que, por causa do grande calor, é desenvolvido em grande número, é a razão porque os lucros das abelhas em tais colméias largas ou redondas são menores do que o esperado.‡ Em colméias tronco, que podem ser consideradas as primeiras colméias, isto pode ser observado muito bem. Quanto mais estreitas e mais longas elas forem maior será a quantidade de mel nelas acumulado. As abelhas que habitam tais colméias limitam o crescimento da cria a um certo espaço para o que são selecionados alguns dos favos no meio da colméia, e os favos que estão situados ao lado das partes mais frias da colméia as abelhas enchem de mel durante a primeira abundante safra de mel. Assim, a forma da colméia de abelha deveria ter o comprimento igual a duas vezes sua largura.§*

i.e., largura e comprimentos iguais. - C, N. UM. Depois do frio do Inverno. - C. N. A. ‡ A opinião do Autor é evidentemente antagônica ao uso da colméia de Pettigrew, e de forma alguma defende seus princípios. C. N. A. § Ou seja, se tiverem nove polegadas da frente até o fundo de acordo com a orientação dos favos, elas deveriam ter dezoito poApicultura Racional 57 *

†

TAMANHO DAS COLMÉIAS ou o espaço interior das colméias de abelhas que no caso de caixas quadradas é obtido multiplicando o comprimento interior, largura e altura, expressos na mesma medida, geralmente em polegadas, depende em parte da abundância da forragem apícola, e em parte no método de manejo. Quem desejar enxames cedo terá que manter suas abelhas em colméias comparativamente pequenas, mas se ele preferir grandes lucros em mel terá que usar colméias mais espaçosas. As colméias não podem, no entanto, serem feitas muito espaçosas se elas tiverem que ser construídas de tal maneira que qualquer excesso de mel recolhido pelas abelhas possa ser convenientemente retirado a qualquer hora e sem dano para a colônia, removendo um ou mais favos cheios exclusivamente de mel, até mesmo todos eles, ou devolvendo os favos para serem cheios novamente pelas abelhas depois de serem esvaziados do seu conteúdo por meio do extrator de mel que será descrito adiante. Como é possível, com boa forragem apícola e continuação do clima favorável, repetir a operação descrita dentro de alguns dias, uma quantidade considerável de mel pode ser colhida de uma colônia numa colméia menos espaçosa no curso de um bom Verão para abelhas. Um espaço de cerca de 3000 polegadas cúbicas (50 litros) será suficiente na maioria das regiões; não obstante, um espaço de 5000 a 6000 polegadas cúbicas (80 a 100 litros) não causará nenhum dano, se não houver nenhu-

legadas de largura na frente e, pela nota da página 48, elas deveriam ter dezoito polegadas de altura. - C. N. A. * O autor Dr. Dzierzon afirma em seu texto que a colméia deve ter altura igual à largura e comprimento igual ao dobro da largura. Diferente do que apregoa, em sua nota, o tradutor para o inglês. N. T. 58 Johnann Dzierzon

ma dificuldade em separar o espaço desnecessário.* Para dar às abelhas sempre tanto espaço quanto elas necessitam - ter condições de conceder para um enxame grande uma colméia espaçosa e para um enxame pequeno uma mais limitada - foram inventadas moradias divisíveis para as abelhas, que são feitas unindo colméias individuais, e estas combinações foram chamadas colméias Depósito. O Autor fez algum uso destas colméias, mas há muito tempo descontinuou seu uso depois de ter começado a construção de colméias que são muito mais convenientes para o manejo das abelhas, e que possuem todas as vantagens das colméias Depósito, mas nenhuma de suas desvantagens. Quanto mais complicada uma colméia mais cara será, pois as dificuldades e o tempo gasto são praticamente os mesmos para fazer uma colméia pequena que os gastos para fazer uma grande. Mas tempo é dinheiro - é capital. Não é mais satisfatório fazer logo cada colméia do tamanho normal, e fazer o enxame que a habita crescer até a força normal, adaptando assim o enxame à colméia, em vez da colméia ao enxame, uma vez que isto pode ser feito tão facilmente? E se o espaço da colméia puder ser diminuído, não é melhor efetuar isto por uma divisória, do que ter que acrescentar depois à colméia? Se o proprietário de uma fazenda tem mil ovelhas, mas deseja aumentar seu número para três mil em pouco tempo, certamente ele construirá seu estábulo (dobro) já para o último número, e não fará ampliações à medida que seu rebanho crescer. Todos os argumentos que foram apresentados a favor de caixas separáveis† para colméia são, então, aparentemente tão razoáveis, que não conseguem enganar um apicultor experiente. Então, a possível separação da colméia deve ser olhada, não como uma vantagem,

Exatamente o princípio da Combinação Longitudinal de Abbott, ou Colméia Irlandesa. - C. N. A. † Como, por exemplo, a 'Stewarton' ou Colméia 'Collateral de Nutt'. - C. N. A. Apicultura Racional 59 *

mas como uma desvantagem muito grande, pois as partes da colméia podem cair aos pedaços em nossas mãos, a colônia ser destruída e provocar dano aos homens e animais. Uma colméia construída sem que possa ser desmontada é muito mais simples, mais barata e mais sólida e, ainda, com um dispositivo simples o objeto de divisibilidade pode ser perfeitamente atingido. Até mesmo se uma colméia de tamanho normal ficar muito pequena para uma colônia num ano particularmente favorável, então pode ser aumentada temporariamente por um suplemento colateral, ou uma melgueira, mas na medida em que se pretende que contenha o ninho da cria e as provisões para o Inverno, a colméia deveria ser não-separável para ser quente, barata, fácil de movimentar e, alem de tudo, manuseável Mas é possível que a colméia seja construída do material mais adequado e da forma e tamanho mais satisfatórios, de forma que as abelhas nela se desenvolvam bem e, não obstante, a colméia pode ser completamente inútil ao apicultor prático. Temos exemplos de enxames que abandonaram e encontraram moradias bastante satisfatórias para eles em ocos de limoeiro, álamo, carvalho e outras árvores, ou em edifícios onde eles permaneceram por muitos anos em condição excelente; apesar disto, seu proprietário não obteve o menor lucro deles, porque ele não pôde colher o mel em excesso sem destruir ou, pelo menos, danificar grandemente a árvore e, ao mesmo tempo, a colônia. Um enxame de abelhas, porém, estará na mesma situação de uma colônia alojada numa árvore se sua colméia estiver organizada de tal forma que só permita a remoção do mel em excesso com muita dificuldade e com grande dano para as abelhas, o ninho da criaoudas abelhasvazio seguramente seráa destruído durante a operação, o espaço criado esfria cria e lhe causa dano. Muitas vezes o apicultor dificilmente é recompensado pelo trabalho duro e pelas ferroadas que recebe durante a operação tediosa e difícil com a pequena colheita obtida que lhe custa muito, considerando o dano infligido às suas colônias. 60

Johnann Dzierzon

Uma colméia para ser de valor ao apicultor prático deve, então, ser

FÁCIL DE MANEJAR i.e., deve permitir que se faça tudo aquilo que for necessário com facilidade, sem ser trabalhoso para o apicultor e sem prejudicar ou molestar as abelhas. Se uma colméia deve ser levantada, apenas para olhar em seu interior, ou se for necessário colocar um calço debaixo dela para dar para as abelhas mais espaço, já não pode ser considerada uma colméia conveniente. Quando as colméias ficam pesadas estas operações e outras semelhantes já não podem ser executadas sem um assistente que freqüentemente não é encontrado no momento em que é necessário, ou foge se acontecer de ser ferroado. A pessoa deve ter condições de a qualquer hora fazer tudo sozinha. Deve ser possível abrir e fechar uma colméia como um armário; assim a colméia deve, então, ter uma

PORTA LATERAL* como a assim chamada Colméia Tronco que é fechada por uma porta lateral. Em colméias feitas de troncos a porta, porém, é um pouco inconveniente, pois o buraco no tronco numa extremidade é menor do que na outra, e irregular em toda sua extensão. Mas as caixas, que descreveremos mais completamente agora, têm a mesma largura em todo seu comprimento, e

Por porta lateral, entenda-se 'porta ou abertura traseira'. - C. N. A. Apicultura Racional 61 *

a porta móvel é da mesma largura, ou, falando corretamente, meio polegada mais larga, não apenas se apoiando contra mas ficando entre as paredes, descansa tanto à direita quanto à esquerda contra um encaixe de uma polegada, para que não possa entrar mais para dentro da colméia do que sua própria espessura. Não há necessidade de encaixe no fundo da coroa da colméia ou na tábua do piso; os dois encaixes nas duas paredes laterais são suficientes, e tornam o encaixe na própria porta quase desnecessário. Então, a porta pode ser feita de um pedaço de prancha parcialmente aplainado de algum tipo de madeira macia, comprimento e largura apropriada e com aproximadamente uma polegada e meia de grossura e mantido na posição, para evitar que deslize para baixo, por botões ou tachas de ferro, os quais, sendo cravados, seja à direita ou à esquerda, e sendo dobrados podem ser virados convenientemente. Se a colméia for perfeitamente retangular, também será possível virar a porta, colocando o lado interno, que pode ter ficado úmido, temporariamente no lado de fora para secar, embora um revestimento de verniz torne-a imune à umidade. Como fazer portas limpas e apropriadas para colméias com ripas finas e palha será explicado mais adiante. Abrindo a porta lateral (ou traseira) ficaremos com o conjunto de favos diante de nós e teremos condições de limpar a colméia de toda sujeira que esteja no piso, ou de inserir um recipiente com comida, &c., mas não se ganhará muito mais do que isto. Precisamos também inspecionar o interior da fábrica, e nos convencer da presença da rainha, como também examinar a cria e ver se as abelhas têm reserva suficiente de mel, ou talvez queiramos privar a colônia de um ou do outro, tudo isso se torna possível tendo

QUADROS MÓVEIS 62

Johnann Dzierzon

ou um arranjo das colméias que nos permita remover todo favo e inseri-lo novamente quando desejado, da mesma forma como a porta de madeira pode ser removida e recolocada novamente em seu lugar. Mas como é isto possível, perguntará uma pessoa desconhecedora deste arranjo, uma vez que as abelhas prendem os favos à cobertura da colméia, os quais depois de soltos será quase impossível prendê-los novamente, especialmente se cheios com mel e cria o que aumenta seu peso. O desprendimento dos favos do topo é o que não acontece. Debaixo e separado da cobertura existem pequenos, finos e estreitos pedaços de tábua nos quais o favo que será removido está suspenso, que são retirados e os favos presos é óbvio os acompanham, eles tendo sido previamente solto das paredes laterais. Porém, estas não são as verdadeiras coberturas das colméias, as quais geralmente são pregadas e fixas, mas eles formam uma cobertura abaixo da cobertura, inserida em encaixes existentes um à direita e outro à esquerda da colméia, da mesma maneira como, às vezes, é feito um teto de gesso, são inseridas tábuas em encaixes nas vigas opostas, em vez de serem nelas pregados. Antigamente o Autor colocava estas peças móveis de tábua* em duas bordas pregadas nos lados internos da colméia, um à direita e o outro à esquerda, e fixadas na mesma altura; mas depois de algum tempo ele passou a usar encaixes de um quarto de polegada que decididamente ele prefere. Deve ser mencionado enfaticamente que os pequenos pedaços de tábua, nos quais os favos são presos, devem ser meia polegada mais longos do que a largura da colméia pois eles, não só alcançam de parede a parede, mas cada extremidade entra na parede na profundidade de um quarto de polegada. É melhor fazer os encaixes em forma de cunha, ou em ângulo agudo, fazendo um corte reto na parede e outro obliquo acima dele, ou serrando a parede na profundidade de um quarto de polegada, e cortando então *

Realmente, barras para favo. - C. N. A. Apicultura Racional 63

obliquamente com um cinzel na extremidade superior.* Quando os encaixes são feitos desta forma se torna fácil soltar qualquer favo preso pela própolis - dois cortes com uma faca serão suficientes; também é mais fácil de reduzir o comprimento de qualquer pedaço de madeira onde se pretende prender o favo, que porventura tenha ficado muito comprido, se a seção, correspondendo aos encaixes, for feita obliquamente (ver xilogravura na página 26), do que se ele for feito perpendicular às fibras da madeira (ver xilogravura na página 27). Embora as barras e os favos nelas suspensos sejam paralelos à porta, contudo é uma boa proposta se a extremidade que geralmente levantamos e puxamos ao tirar a barra - a qual como regra fica à nossa direita - fique um pouco mais próxima da porta - sempre muito pouco - a barra sendo conformada adequadamente recebendo a forma oblonga, com ângulos ligeiramente oblíquos (paralelogramo), arredondando levemente os cantos. Barras com tal forma, se puxadas para o operador mas muito lentamente, saem imediatamente dos encaixes, e podem ser retiradas convenientemente da colméia. Barras com um quarto de polegada de espessura serão resistentes o suficiente para suportar até mesmo o favo de mel mais pesado, pois o peso não atua só no meio da barra, mas é distribuído uniformemente em todo seu comprimento. A largura de uma barra deve, porém, ser de uma polegada e meia, pois o favo juntamente com o espaço entre dois favos tem esta dimensão. Mas para tornar mais fácil a separação das barras em que os favos estão presos – que ficam justapostas uma ao lado da

A colméia aqui descrita é uma colméia colateral com o fundo da coroa fixo, e a mobilidade dos favos é garantida por existirem portas em cada extremidade. Em vez de quadros, são usadas somente barras, que deslizam nos encaixes existentes nas paredes laterais debaixo do fundo da coroa, e os favos presos às barras ficam também presos nas paredes da colméia, e tem de ser separado com uma faca para ficarem móveis, eles são retirados deslizando as barras nos encaixes. - C. N. A. 64 Johnann Dzierzon *

outra e grudadas pelas abelhas, o que tornaria difícil separá-las - e também permitir que as abelhas possam passar para cima deste jogo de barras, bem como para baixo para um segundo jogo colocado abaixo na colméia, e lá continuar os favos, é necessário que se deixe passagens entre as barras justapostas, o que pode ser conseguido cortando parte da madeira em alguns lugares, deixando, porém, a largura total de uma polegada e meia, aqui e ali, para que elas possam ser encostadas uma contra a outra, e assim fiquem firmes na posição. Agora, podemos ou reduzir a largura das barras no meio para uma polegada, deixando pequena projeções de um quarto de polegada nas duas extremidades e de ambos os lados, ou podemos deixar a largura total no meio, reduzindo-a nas duas extremidades, ou podemos deixar projeções no meio como também em ambas as extremidades, ou fazer toda a barra com uma polegada de largura, e garantir a distância necessária de meia polegada para perfazer uma polegada e meia, pregando um prego próximo de cada extremidade, deixando-o exposto em meia polegada; finalmente, até mesmo os dois pregos podem ser omitidos, com um pouco de prática qualquer um poderá ajustar, com seus próprios olhos e dedos, a distância de meia polegada a ser mantida entre as barras, e estas serão prontamente propolisadas pelas abelhas, permanecendo na distância apropriada uma da outra, mesmo sem serem mantidas separadas por projeções ou pregos. A forma das barras pode ser como a mostrada na ilustração anexa. Entretanto a n°3 é a barra de mais fabricação, masporque é certa-é mentedifícil a mais satisfatória, possível segurar um favo grosso até mesmo pelas projeções do meio da barra, sem apertar ou danificar qualquer alvéolo. Como as abelhas enchem os esApicultura Racional 65

paços vazios nos encaixes com própolis, e também prendem os favos às paredes, aqui e ali pelo menos, não há necessidade de marcar a posição das barras separadas, tudo que é necessário é ter um pouco de cuidado na primeira inserção das barras. Se forem inseridas tantas barras quantas uma colméia de uma dada largura pode conter, e se todas as barras forem colocadas igualmente distanciadas uma da outra, tudo estará em ordem. Numa colméia de quinze polegadas de largura deveriam caber dez barras. Se a colméia tiver dezesseis polegadas de largura, as barras ou poderiam ser separadas um pouco mais uma da outra - especialmente no lugar onde sabemos que só será armazenado mel, e assim podem ser construídos favos mais grossos ou poderia ser inserida uma barra a mais e as demais serem aproximadas um pouco mais. O último talvez seja o preferido, uma vez que é mais fácil trabalhar com favos finos e leves do que com muito grossos e pesados, que se quebram mais facilmente. Particularmente no ninho da cria as barras não devem ser muito separadas uma da outra, pois se a distância entre dois favos for maior do que meia polegada as abelhas, possivelmente, construirão uma cunha entre eles, começando na parede, e depositando ovos nos alvéolos, srcinando assim empecilhos para futuras operações. Em colméias Lager, na qual o comprimento dos favos não é mais do que aproximadamente doze polegadas, um par de encaixes e um conjunto de barras será suficiente; nas colméias Ständer com vinte e quatro a trinta polegadas de altura, um segundo e um terceiro, e talvez um quarto par de encaixes deve ser feito a distâncias de 8, 9 a 10 polegadas mais abaixo, e inserido conjunto - entretanto nãofavos necessariamente tudo um de uma vez - de embarras cada encaixe, porque com mais do que dez polegadas de altura podem se quebrar quando o operador os soltar das paredes e tentar erguê-los da colméia. Nas

66

Johnann Dzierzon

colméias Ständer é melhor ter três divisões, * ou pavimentos, as duas inferiores para a câmara da cria e a superior para o depósito de mel. Mas para que as abelhas arranjem o ninho da sua cria e local de hibernação na divisória do meio e inferior, elas devem ser isoladas completamente da divisória superior. Isto é feito por uma camada de tábuas finas pequenas, as

TÁBUAS DE COBERTURA que são colocadas em cima do conjunto de barras, podem ser obtidas de caixas de charuto, ou serem feitas de troncos de madeira que dividem facilmente. Elas podem ter três a oito polegadas de largura, mas seu comprimento depende da largura das caixas. Elas podem ser colocadas longitudinalmente ou transversalmente. A mais larga é melhor que seja colocada na parte de trás da colméia, a estreita mais na frente, para que não haja necessidade de remover mais tábuas do que absolutamente necessário, quando só um ou dois favos forem retirados. Com barra planas sem projeções e pinos as tábuas de cobertura podem ser dispensadas, em parte, e ao mesmo tempo a distância adequada entre as barras pode ser ajustada em meia-polegada com pedaços de madeira inseridos entre cada duas barras que preenchem completamente os espaços intermediários.† Perto da porta este arranjo tem a vantagem, não é necessário quebrar nenhuma cobertura quando alguns favos forem re-

Isto é algo da natureza das colméias Stewarton quando em uso, mas sem as facilidades para a subdivisão apresentada pela Stewarton. - C. N. A. † O Autor parece não pensar muito no fantasma inglês, própolis, mas faz sua colméia confortável para as abelhas, aceitando a propolisação aparentemente como uma condição natural das coisas. - C. N. A. Apicultura Racional 67 *

movidos, não é provocada nenhuma perturbação na colméia, e há menos dificuldade em capturar a rainha se for desejado removê-la. Além disso não há nenhuma necessidade e ficar ansioso sobre os cuidados ao colocar as tábuas de cobertura. Quando a colônia organizou o ninho de sua cria na divisória inferior, as tábuas de cobertura podem permanecer deslocadas sem qualquer dano à colônia. Os encaixes superiores (nas paredes de colméia) devem ficar entre uma e duas polegadas abaixo da cobertura da colméia, a fim de ser possível medir a distância entre as barra com o dedo e apanhar e remover as barras mais facilmente. Tábuas de cobertura podem ser omitidas, mas se for desejado impedir que as abelhas encham com favo o espaço pequeno entre a cobertura e as barras, e para facilitar a remoção dos favos com mel, elas podem ser colocadas. As barras, até mesmo quando colocadas logo abaixo da cobertura, podem ser removidas por meio de um pequeno gancho ou um par de pinças; é mais difícil manipular quando não existir espaço suficiente para os dedos.* Quase não precisa ser mencionado que se não for intenção devolver os favos para as colméias, porque eles serão quebrados no pote de mel, as barra podem ser omitidos no espaço para mel, e as abelhas o encherão como quiserem, o que, porém, geralmente não é feito antes do segundo ano. Mas é preferível ter os favos presos às barras, até mesmo se eles forem quebrados logo depois, pois eles podem ser removidos da colméia mais fácil e rapidamente, e de uma forma mais limpa, até mesmo em tempo quente. A fim de não só ser possível retirar os favos da colméia e os substituir, mas também colocar os mesmos em qualquer outra colméia e eles ali se ajustaram perfeitamente, é necessário que todas as colméias de madeira tenham as mesmas dimensões internas, para que qualquer dois favos possam ser colocados ao Parece impossível entender que o Autor mantem o fundo da coroa instalado, quando, se fosse móvel, todas as operações descritas poderiam ser executadas muito mais facilmente. - C. N. A. 68 Johnann Dzierzon *

lado de qualquer outro sem ficar muito próximos um do outro em alguns lugares, e ficar muito afastados um do outro em outros lugares; os favos devem ser construídos retos e planos, tanto quanto possível, e acompanhando as barras tanto quanto possível. Isto não só lhes dá uma aparência limpa, mas também é um arranjo satisfatório. As abelhas, se deixadas por eles mesmas, raramente trabalharão desta forma. Em vez de começar os favos no meio da barra, elas começariam na extremidade, e talvez os construirão de uma barra para a outra, tornando a futura remoção muito trabalhosa, se não quase impossível. Para evitar este contra-tempo é necessário que as abelhas possam ser

GUIADAS PARA CONSTRUIR SEUS FAVOS REGULARMENTE e isto é feito fixando em cada barra nova, prestes a ser usada, um pedaço de favo, que deve, se possível, ser do comprimento da barra. Na ausência de pedaços grandes de favo, podem ser fixados dois pedaços menores à barra e podem ser unidos, para formar um favo guia maior. Isto pode ser feito com o famoso coalho-cimento, mas é mais apropriado à sua natureza empregar cera, que, neste caso, pode ser misturada com resina para aumentar sua tenacidade e que também é usada pelas abelhas para fixar seus favos mais firmemente. Se o favo, ou pelo menos o lado a ser preso à barra, for de cera pura, tudo que é necessário para fixá-lo é aquecer a barra no fogo ou num pedaço de metal, colocando o favo na barra e apoiando-o com um pedaço de madeira para manter o favo na posição perpendicular e ao mesmo tempo pressionar levemente contra a barra. Favos de cor castanha que foram usados para cria, uma ou várias vezes, mas que por sua maior rigidez são particularmente aproApicultura Racional 69

priados para serem presos como favos guia, devem ter sua extremidade (lado) imersa em cera que tenha sido derretida numa panela um tanto longa de folha de flandres ou alouçada sobre um prato (de metal), e deve ser apertado imediatamente contra as barras. Os alvéolos, é verdade, estão ligeiramente voltados para cima; com os pequenos favos guia, porém, não é necessário ser cuidadoso para colocá-los na posição exata que eles ocupavam anteriormente. Aquela parte do favo que previamente ficava situada na lateral pode agora, sem hesitação, ser fixada contra a barra. Será então possível conseguir, mais facilmente, tiras retas de favo, até mesmo a partir de favos curvados e trançados, uma vez que os favos são continuados para baixo perpendiculares. Favos grandes, porém, será melhor fixá-los na mesma posição que tinham anteriormente. Até mesmo se um pouco curvos, eles podem ser endireitados facilmente, se forem aquecidos um pouco - o que os torna flexíveis - e depois deitados sobre uma mesa, qualquer protuberância pode ser pressionada com a palma da mão, um pedaço de tábua, ou um livro. Isto pode ser feito quando o favo está sendo fixado à barra, o favo sendo apertado plano contra a mesa com a mão direita, enquanto a barra é segurada com a mão esquerda e apertada contra o favo até que a cera, na qual o favo tinha sido previamente imerso, endureça. Favos corretamente fixados não caem facilmente a menos que eles estejam podres caso em que eles serão roídos ou totalmente reduzidos a pó. Fixar favos que contem mel é mais difícil. Será necessário, em primeiro lugar, deixar escoar completamente o mel da superfície cortada, para depois fixar o favo da maneira já descrita e, além disso, manuseá-lo cuidadosamente, colocando-o talvez em algum lugar na colméia em posição invertida - a barra para baixo - até que ele seja mais bem fixado pelas abelhas. Favos de cria são prontamente fixados a barras que já tenham estado em uso e nas quais foram deixados restos de cera; as abelhas, por se manterem sempre mais ativas em volta da cria e vizinhanças do ninho, fixarão logo os favos às barras depois do que eles podem ser colocados corretamente. Favos que contêm muito pólen, que é difícil fixar 70

Johnann Dzierzon

às barras, podem ser deixados para serem fixados pelas próprias abelhas, da mesma maneira que os favos de cria. A barra precisa receber o favo guia apenas uma vez. Quando o favo for quebrado por causa da cera ou do mel, só uma pequena tira precisa ser deixada como guia para que o próximo favo novo seja feito. Se o favo a ser cortado for favo de mel, o melhor é cortálo a uma polegada da barra, e se os alvéolos de ambos os lados forem raspados em parte e o favo reduzido a ponto de permanecer quase nada mais do que a parede central, quase todo o mel escorrerá, e o que restar podemos deixar que as abelhas suguem, e manter a barra com a tira de favo limpa para uso futuro, no caso de não devolvermos imediatamente para as abelhas. Quanto maior o pedaço de favo colocado na barra mais trabalho será poupado das abelhas, e mais rapidamente elas poderão reconstruir o favo e enchê-lo com mel, quando existir forragem apícola abundante. Muito se poderia ganhar se apenas a parede interna do favo pudesse ser preservada intacta tanto quanto possível, o que é perfeitamente possível se os alvéolos forem cuidadosamente cortados com uma faca fina e afiada.* Um maior número de abelhas pode participar do trabalho de reconstrução do favo, e seria impossível construir alvéolos de zangão se a base fosse de um favo que tivesse apenas alvéolos de operária.† Podemos esvaziar um favo de mel cortando apenas, cuidadosamente, o material com que os alvéolos foram operculados, inclinando o favo em local morno e permitindo que o mel escorra lentamente. Pode ser feito ainda melhor se o lado do favo a ser esvaziado, que deve ser cortado tão uniformemente quanto possível, for colocado obliquamente sobre numa estrutura de malha muito aberta de fibra (vime) ou algodão trançado, ou sobre um pedaço de tábua com um grande número de pequenos en-

Esta é realmente uma forte recomendação para a cera alveolada, para a qual o Autor tem objeção o que é um dos maiores mistérios. - C. N. A. † Isto não está totalmente correto, pois as abelhas ocasionalmente desconsideram o tamanho da base do alvéolo. - C. N. A. Apicultura Racional 71 *

caixes feitos nela. Uma vez que o mel tenha penetrado nas fibras da textura ou da madeira ele será atraído e escorrerá para baixo. Recentemente foi inventada uma máquina por meio da qual é possível esvaziar mais depressa e completamente os favos cheios de mel, ainda não operculados ou que tenham sido desoperculados, contanto que o mel não esteja cristalizado em seu interior caso em que ficaria muito viscoso. As grandes vantagens das barras móveis foram aumentadas consideravelmente pela invenção desta máquina. Uma descrição completa dela será feita quando trataremos dos diferentes instrumentos que são necessários, úteis, ou convenientes na apicultura. Não é difícil entender que esta invenção tornou possível aumentar muito o lucro da apicultura durante a forragem abundante e prolongada, pois as abelhas têm condições de encher um favo muito mais depressa do que construí-lo. As tentativas feitas ultimamente, e que tiveram sucesso parcial, para produzir favos de cera, ou pelo menos a parede intermediária, artificialmente, conseguiram pouco valor prático, porque foi necessária uma boa quantidade de cera para os fabricar, razão pela qual eles continuarão um artigo muito caro e porque é difícil de fixar os favos artificiais ou a parede intermediária às barras.* O apicultor deve produzir e não consumir cera, e se ele tiver o cuidado de manter e preservar da traça da cera todos os pedaços de favo bons, para serem usados, que ele obteve ao unir colônias no Outono, ou ao aparar os favos na Primavera, ele não terá necessidade de guia para favos. † Até

*

Evidentemente o Autor está errado, como todoé apicultor que já usou cera que alveolada o sabe. A cera alveolada reconhecida hoje como a mola propulsora dos enxames, uma vez que com um suprimento criterioso a colméia ficará repleta de favos em três ou quatro dias, quando, em vez de as abelhas ficarem em casa como produtoras de cera, elas sairão a campo como coletoras de mel. - C. N. A. † Nós consideramos a prática de utilizar restos velhos de favo para guias como um dos meios mais eficazes de propagar o que 72 Johnann Dzierzon

mesmo no Verão podem ser obtidos favos frescos cortando parte dos construídos na colméia materna que liberou um enxame ou foi dividida, uma vez que toda a cria de operária terá nascido três semanas depois que a rainha fértil deixou a colméia, quando então se pode cortar favo em qualquer lugar na colméia sem causar qualquer dano.* Para preservar os favos excedentes da destruição pelas traças, eles não podem ser empilhados uns sobre os outros durante a estação quente, mas devem ser mantidos num local seco e tão frio quanto possível, ou em local bem ventilado. Se as traças já começaram a se procriar nos favos, sua cria deve ser destruída ou expulsa na temperatura de cerca de 40º R. (= 122º F = 50º C). Para tanto os favos podem ser expostos aos raios quentes do sol, mas não permitir que o calor derreta os favos; pois, como o ar dentro dos alvéolos está parado a temperatura sobe depressa a altos valores. Por esta razão os favos de cria não devem, durante a revisão das colméias, ficar em posição que exponha os alvéolos aos raios do sol diretamente, porque a cria pode morrer facilmente. Os favos podem ser amolecidos pelo calor do sol o que os torna flexíveis, podendo ser endireitados se colocados em baixo de um pedaço de tábua plana e suavemente apertados. Ao resfriarem eles mantem sua forma plana. Não é aconselhável remover a cria da traça com água, pois os favos podem ficar mofados se a umidade não for de imediato removio Autor descreve em seu prefácio como 'o maior terror dos apicultores,' ou seja; a doença ‘cria pútrida’, e nós não perdemos nenhuma oportunidade para desaconselhar esta prática. Com cera alveolada, favo novosido é mandatório, e todo pedaço velho ou qualquer um que tenha usado uma vez deve ser descartado para derretimento. - C. N. A. * Na Inglaterra deveríamos aconselhar, que se os favos da colméia tiverem de ser renovados que eles sejam completamente removidos e os quadros supridos com cera alveolada; mas na Inglaterra o mel é o produto desejado, enquanto na Alemanha, como mostrado pelo astuto Autor, a produção de cera é garantido ser de grande importância. - C. N. A. Apicultura Racional 73

da dos alvéolos. A água só será usada para limpar os favos que ficaram sujos pelas fezes das abelhas que sofrem de disenteria. Tais favos serão encharcados com água, a sujeira se solta e a água será retirada com uma escova macia ou uma esponja de banho, e o favo enxaguado com água até que fique limpo, a água será removida dos alvéolos tanto quanto possível batendo o favo várias vezes na palma da mão ou contra um pedaço de tábua depois do que é secado ao ar ou perto do fogão. Outros meios efetivos de preservar pedaços de favo, ou peças inteiras de favo, da destruição pela traça, e matar a cria da traça já depositada nos alvéolos, é o vapor de enxofre, queimando enxofre de vez em quando nas colméias de palha ou de madeira, ou outro recipiente que contenha o favo, e cuidando para evitar a saída rápida dos vapores de enxofre fechando cuidadosamente todas as frestas. Foi, também, sugerido encher os favos com areia seca como meio de preservar os favos excedentes; e o uso de areia se recomenda pela sua simplicidade. Favos ligeiramente danificados pelas traças não são de forma alguma considerados impróprios para uso. As abelhas sabem consertar habilmente pequenos danos bem como remover a cria da traça. Então, ou os favos estragados podem ser inseridos em colméias populosas em cima ou dos lados, e sua limpeza e reparo posterior podem ser deixados, seguramente, para as abelhas. Na estação fria, porém, é melhor remover todo favo vazio e guia de favos do espaço para mel, porque eles ficam, facilmente, mofados e se estragam. É mais difícil preservar favos cheios de pólen do que favos completamente vazios, porque o pólen fica mofado facilmente, e fica duro e impróprio para alimentação. Sua remoção exige um trabalho muito árduo das abelhas, e o pólen fica completamente inútil, enquanto na Primavera ele é de grande valor para as abelhas na preparação da comida da cria. É bem conhecido que o pólen é perfeitamente preservado quando protegido pelo mel, e 74

Johnann Dzierzon

assim é necessário apenas cobrir os alvéolos com mel para proteger o pólen de ficar estragado. Quando algumas colméias morrem de fome no Inverno, as abelhas mortas que ficam penduradas entre os favos ou aderidas nos alvéolos devem ser removidas de imediato, pois as abelhas ficam mofadas, e até mesmo os favos poderão ficar parcialmente estragados. As abelhas podem ser removidas dos alvéolos, em parte, batendo contra os favos e o restante é removido com um instrumento pontudo. Mas se uma colônia morrer de cria pútrida - da qual falaremos adiante - deve ser tomado cuidado para que os favos de tal colméia não sejam usados novamente, pois a doença poderia ser facilmente espalhada para as colméias saudáveis. Embora a barra móvel permita a remoção de todo favo, foi tentado fazer isto ainda mais facilmente. As abelhas não só fixam seus favos ao topo, mas também em diferentes lugares nas laterais ligações que devem ser cortadas em todo favo que desejamos remover. Isto pode ser feito facilmente e depressa com uma faca comum muito fina, especialmente se for previamente aquecida em fogo. Mas as pessoas gostariam de se livrar até mesmo deste trabalho, e assim foram preparadas não apenas barras para separar cada favo, mas foram preparados

QUADROS completos nos quais as abelhas ficam obrigadas a construir seus favos. as No. peças laterais presas barra, sentado pelaMas figura 1, ou melhor aindaà pela No.como 3, dareprepágina 55, não devem ficar encostadas nas paredes da colméia, pois assim elas seriam cimentadas à colméia, e sua remoção não seria fácil, mas ficaria muito difícil. A distância entre as peças laterais dos quadros e a parede deve ser de apenas um quarto de polegada, ou o suficientemente para permitir a passagem fácil das abelhas, porque passagens de menor largura serão enchiApicultura Racional 75

das por elas de imediato com própolis. Mas estas passagens, e especialmente a da parede oposta à entrada, não são naturais, e elas possibilitam a perda de calor e umidade que são necessárias para a cria e para a hibernação das abelhas, assim que as colônias normalmente passam o Inverno muito mal em colméia de quadros.* Assim, não é aconselhável colocar quadros no ninho; em lugares, porém, onde geralmente só é armazenado mel - perto da porta de onde se é obrigado mais freqüentemente a remover - eles são muito convenientes e menos prejudiciais, especialmente se feitos do maior comprimento, isto é do mesmo comprimento que a altura total do ninho.† A peça inferior não deve, é evidente, apoiar no piso da colméia; deve ficar meia polegada acima, e até mesmo um espaço de uma polegada pode ser mantido para permitir a limpeza mais conveniente do fundo. A distância dos quadros às paredes, como também a distância entre os quadros, pode ser ajustada com tachinhas pregadas nos quadros ficando projetadas em um quarto de polegada a meia polegada respectivamente. As barras podem ser combinadas em quatro ou duas e pregadas junto com pinos. No último caso podemos apanhar um pedaço de madeira de dureza aceitável, como madeira de faia preta, e cortar sarrafos com uma polegada de largura e um quarto de polegada de grossura, e Estamos simplesmente impressionados com o apoio que o Autor aqui demonstra, segundo nosso ponto de vista, expresso em tantas ocasiões, a favor dos quadros com as laterais fechadas. Não há nada menos natural do que a prática absurda de fazer ou deixar espaços em volta das estremidades dos quadros, seja por conveniências para as abelhas ou para evitar a propolisa*

ção. O Autor realmente é um apicultor ele considera primeiro o conforto das abelhas, e aceita‘Racional'; suas evidências do que é melhor para elas; assim ele prefere a barra simples ao quadro aberto para o ninho, buscando antes o conforto das abelhas em vez da conveniência para o apicultor. - C.N.A † Isto se refere a colméias que têm dois ou mais conjuntos de barras para favos. Em vez de fazer quadros separados para cada conjunto, o Autor recomenda que os quadros para mel sejam da altura de todos eles. - C.N.A. 76 Johnann Dzierzon

com o comprimento das três peças da parte de baixo dos quadros juntas, fazer dois entalhes da madeira nos lugares apropriados onde o pedaço será então dobrado para formar ângulos certos, como na figura. Eles são então unidos à parte superior – a própria barra, para formar um quadro fechado, ou através de espigas, ou, para formar um quadro fechado, seja através de espiga*, ou, o que é mais simples, com dois pinos em cada.† Quando os quadros forem feitos com quatro pedaços separados, o pedaço inferior é fixado aos dois pedaços laterais com pinos da mesma forma que o superior. Se o comprimento do pedaço inferior for cortado da mesma largura da colméia, ficará projetado em um quarto de polegada de cada lado além das peças laterais, e desta forma serão mantidos na distância apropriada das laterais da colméia. Para regular a distância entre os quadros um do outro - pois eles podem facilmente sair da posição os pedaços inferiores podem ter projeções de ambos os lados. Mas como detritos de cera e de outros materiais podem se acumular nas partes horizontais do quadro, especialmente no Inverno, seria mais recomendado fazê-los com apenas uma polegada de largura em todo o comprimento, e providenciar para os lados perpendiculares apêndices, ou orelhas, como mostrado na fig. 1, da página 55. Com este arranjo as barras superiores nunca tocam uma na outra, nem mesmo em suas extremidades, mas ficam sempre separadas de meia polegada, de forma que nada impede a introdução de um gancho atrás delas com o qual elas podem ser puxadas. Mas com toda sua conveniência os quadros têm suas desvantagens. Se eles ficarem próximos do fundo será difícil limpar as colméias, alimentar, &c.

Segundo Michaelis – Tenon = Espiga: Corte em uma peça de madeira que se encaixa em outra; macho. N.T. † A intenção é que a parte inferior do quadro seja entalhada e encaixada, como são as seções americanas de uma peça. - C. N. A. Apicultura Racional 77 *

A peça inferior do quadro, especialmente, é inconveniente para estas e outras operações, e justamente esta peça é a menos útil, pois é bem conhecido que as abelhas nunca estendem o favo até o fundo, nem o constroem até a barra inferior. Assim, muitos apicultores, em adotando quadros, deixam-no aberto embaixo, o que deve certamente ser preferido.* As peças laterais ficam em posição firme, e a distância apropriada de um quarto de polegada é facilmente mantida por meio de pinos parcialmente pregados nas laterais da colméia, ou as peças laterais podem ser mantidos separadas por pequenos pedaços de madeira, inserindo também peças com um quarto de polegada entre os pedaços laterais e as paredes da colméia, até que os quadros fiquem, no tempo apropriado, parcialmente cheios com favo. Existe um outro modo, porém, pelo qual os lados do quadro podem ficar em posição firme, isto é, inserindo entre os lados uma segunda barra, a uma distância de três a cinco polegadas, abaixo da superior, e firmando-a com pregos. Na figura desta página, a barra inferior está inserida e pregada para além da metade da altura total, mostrando um quadro, fechado na parte superior mas aberto embaixo. As vantagens de quadros feitos desta forma são evidentes a todo apicultor atencioso. O mel pode ser recortado da parte superior fechada, e favo vazio colocado em seu lugar, sem colocar em risco a cria que pode estar na parte de baixo. Fechando a parte superior com tela de arame em ambos os lados, pode ser feita uma gaiola que será uma grande prisão para a rainha. Se este for ainda dividido em vários compartimentos, como abrigo de pombos, e fechado de um lado com vidro, e no outro lado provido com pequenas portas de lata, formará uma proteção para realeiras onde as rainhas jovens podem ser mantidas co-

Aqui, novamente, o Autor insiste fortemente na opinião que freqüentemente emitimos, que o fundo dos quadros são ruins e inúteis, e ele se empenhou em dispensá-los. - C. N. A. 78 Johnann Dzierzon *

mo reserva e usadas quando necessário. Como o peso principal de um favo de mel está principalmente na parte superior, o perigo de quebra de tal favo pesado é minimizado pela barra intermediária, como acima mencionado. A maioria dos favos tem em sua parte inferior alvéolos de cria que freqüentemente estão vazios; por causa do peso reduzido conseqüente as abelhas não os constroem, nesta região, até as paredes, ou apenas os prendem aqui e ali. Assim não é necessário fazer as laterais dos quadros com a mesma altura do ninho. Elas podem, realmente, ter apenas o comprimento que permita inserir os quadros no espaço para mel mais baixo. Mas se as abelhas na área de cria mais alta puderem, apesar disto, estender os favos mais para baixo, isso não prejudicará em nada a sua remoção. Fornecerá ainda a vantagem de que os favos podem ser cortados a bel prazer, da mesma forma que com barras simples ou quadros não móveis. E deste modo se consegue uma fonte de favo bonito, dos quais os apicultores, que normalmente usam quadros, sentem falta sendo obrigados a recorrer a favo artificial.

Em vez de laterais em madeira, podem ser usadas tiras de lata, que têm a vantagem de ocupar pouco ou nenhum espaço, e de ultrapassarem a madeira em durabilidade. Um apicultor dinamarquês teve a feliz idéia de fazer quadros com arame grosso, e ele ficou satisfeito com o resultado. Uma barra de favo Apicultura Racional 79

normal em madeira forma a parte superior, e os outros três lados são feitos de três pedaços de arame, presos entre si como uma corrente. A fim de manter as laterais em posição firme por meio de pinos, é aconselhável fazer não apenas dois encaixes nas extremidades, mas também um no meio. Para fazer estas partes do quadro em quantidade, pregue quatro pregos numa tábua na distância e localização adequadas, enrole o arame no primeiro prego, espiche e enrole no segundo, terceiro, quarto e novamente do quarto para o primeiro de um modo semelhante, até que os pregos fiquem cheios, quando, então, cada parte pode ser separada com um alicate. Considerando que o arame será totalmente envolvido com favos pelas abelhas, não há razão para raspar os favos, eles fornecem firmeza considerável, de forma que não há risco do favo cair fora do arame, mesmo frente a seu grande comprimento e peso. Até mesmo com movimentos bruscos, o que podem ocorrer ao mover colméias de um lugar para outro, os favos de mel poderiam cair dos quadros de madeira mais facilmente do que dos de arame, porque a força do movimento é mitigada pela característica elástica do arame.

DIFERENTES TIPOS DE COLMÉIAS Tratamos da colméia de uma forma geral, como elas devem ser feitas para serem benéficas para as abelhas, e de como seu interior deve ser organizado para ser conveniente para o apicultor e adequado para uma apicultura racional, vamos agora descrever em mais detalhes os diferentes tipos de colméias, e tratar mais a respeito da sua arquitetura externa. Um das colméias mais antigas, que pode ser considerada 80

Johnann Dzierzon

como uma forma primitiva, é a já mencionada

Colméia Tronco (Klotzstock, ou Klotzbeute) A Colméia Tronco pode ser vertical ou horizontal. No primeiro caso é chamada colméia Ständer, e no último colméia Lager. Em troncos de grande diâmetro podem ser escavadas várias colméias lado a lado ou uma em oposição à outra, de forma a serem arranjados dois, três ou quatro enxames, de acordo com as circunstâncias. Elas todas em conjunto formam “colméias múltiplas” um termo que talvez precisemos quando quisermos falar de uma colméia com muitos compartimentos. Se o tronco for de tal diâmetro que depois de cavado para formar espaço suficiente sobrarem paredes com espessura de duas ou três polegadas ou mais, e se ele for de um tipo de madeira satisfatória, isto é, madeira macia ou que se tornou macia por deterioração, a Colméia Tronco obtida não pode ser menosprezada. As entradas podem ser localizadas ou nas portas, ou nas paredes opostas a elas, ou nas laterais, dependendo de como a colméia será instalada. É melhor instalá-las aos pares, isoladas no jardim. A Colméia Tronco pode ser adaptada facilmente para quadros móveis pregando sarrafos de madeira à direita e à esquerda. Isto, porém, só é praticável quando as paredes laterais forem bastante lisas e paralelas, ou seja, tenham a mesma distância uma da outra desde a frente até o fundo. Em colméias velhas, que geralmente são estreitas na frente e mais largas atrás, isto só pode ser feito quando a espessura da madeira for tal que permita obter a largura necessária na frente, ou se as paredes puderem ser forçados com cunhas para aumentar a largura sem as dividir. As que forem escavadas de forma redonda poApicultura Racional 81

dem ser usadas, com mais vantagem, da forma habitual. Favos em barras podem ser fornecidos a enxames jovens pendurandoos em encaixes ou em pregos cravados na parede posterior, ou as pregando na cobertura. Isto é feito freqüentemente quando se desejar fornecer cria a um enxame para o instalar numa colméia nova, ou com a finalidade de fazer enxames, ou fornecer mel para um enxame fraco. A Colméia Tronco vertical, especialmente se um pouco grande, será melhorada consideravelmente pela introdução de uma divisória horizontal. O tamanho da colméia pode ser diminuído então para os enxames, enxames fortes podem ser forçados o

enxamear mais cedo, pode-se também limitar a postura intensiva de ovos e assim conseguir maior rendimento em mel, o qual as abelhas armazenarão abaixo da divisória se existirem passa82

Johnann Dzierzon

gens para acessar este espaço. E se a terça ou quarta parte do espaço estiver abaixo, sempre é possível a formação de um enxame ou captura da rainha. Tudo o que é necessário fazer é retirar a divisória, virar a colméia de cabeça para baixo, e forçar as abelhas, através de fumaça e tamborilando, para o espaço vazio que ficou acima. Ninguém, no entanto, será aconselhado a montar uma nova Colméia Tronco, pois um grande tronco cortado em tábuas permitirá fazer um maior número de colméias de um tipo mais conveniente, ainda assim todo aquele que possuir uma boa Colméia Tronco já povoada com abelhas, poderá continuar fazendo um bom uso dela. Ele conseguirá dela enxames naturais e artificiais, bem como favos maravilhosos para suas caixas; e terá tempo suficiente para cuidar das colméias tronco quando ele tiver um grande número de caixas contendo enxames vigorosos.

Apicultura Racional 83

Colméia de Palha A colméia de palha em forma de sino, possivelmente não tão antiga como a anterior, é ainda usada com freqüência, especialmente em países com pouca madeira. Por causa da propriedade de seu material de reter o calor, sua forma arredondada, que possibilita uma distribuição uniforme de calor a todas suas partes, e seu tamanho geralmente limitado, esta colméia é adaptada particularmente para desenvolver a cria e enxames, mas não para mel prêmio.* Uma boa colheita de mel só poderá ser obtida colocando, no momento certo, encima, uma segunda colméia. Esta pode ser uma pequena colméia de palha, uma pequena caixa, um pote de flor, um vidro em forma de sino ou outro recipiente. Para isto deve ser feita uma abertura no topo da colméia e quanto maior for mais depressa as abelhas subirão para a colméia extra, e quando a forragem for abundante elas a completarão com bonitos favos de mel. A colméia de palha normal, em si, é mais do que uma colméia para cria e enxames. Por ser circular, em forma de sino, seu material reter o calor e ser de porte limitado, a temperatura fica normalmente mais alta em todo seu volume, o que faz a rainha botar ovos em todas as direções, e com o aumento do enxame com uma regularidade que dificilmente falha. As abelhas usam, novamente, em grande parte, o que reuniram, produzindo favo e cria, e se a próxima forragem falhar, tanto o enxame materno como o enxame que partiu ficarão completamente sem mel. Mas se os enxames coletarem alguma provisão no final do Verão e do Outono, será principalmente mel de urze, de cor escura e qualidade inferior, enquanto o melhor néctar da Primavera e das flores do Verão já foi usado pelas abelhas,† uma boa provisão dele já não poderá ser acumulada por causa de falta O que dirá a escola de Pettigrew sobre este assunto? - C. N. A. É impossível existir argumento mais forte a favor do fornecimento de cera alveolada para os enxames. C. N. A. 84 Johnann Dzierzon *

†

de espaço no ambiente limitado da colméia cheio com cria.

Bogenstülper de Gravenhorst A colméia Bogenstülper de Gravenhorst é uma colméia incomparavelmente melhor do que a colméia de palha normal (Korb, Stülpkorb, Stülper) e, ainda que tenha aparecido apenas há alguns anos já está sendo, por causa de sua conveniência, largamente adotada. É uma colméia de palha, de maior comprimento - como se fosse uma colméia dupla – e de altura e largura iguais, com os cantos retangulares, tanto quanto possível, arredonda só encima, ou seja, em sua forma, muito parecida com um forno alto e curvado de padeiro. Não é acessível pelo lado, mas só por baixo, e é, porisso, muito adequadamente chamada Stülper (que pode ser inclinado). É chamada Bogenstülper (Bogen, arco ou arqueado) por causa da forma dos quadros com que é provida. Estes têm a forma representada na figura - normalmente em número de quatorze - nos quais as abelhas, orientadas pela guia de favo, constroem um único favo. Na coroa, embaixo do arco, é colocado um tipo de cabide, em cujos encaixes os quadros em arco são pendurados. Os quadros são, desta forma, mantidos firmes; dois pregos curtos são cravados no topo dos quadros,ficando um de cada lado do cabide, e abaixo, as laterais são fixadas firmemente às paredes da colméia através de pregos mais longos, mas estes podem ser retirados depois que a colméia for virada; e quando dois quadros próximos forem empurrados um pouco para o lado, os equadros dem ser retirados sem dificuldade, ou recolocados ficarão pofirmes dentro da mesma ou de qualquer outra colméia semelhante. Para não perder nenhuma vantagem, todos os Bogenstülpers devem ter largura semelhante, e assim é melhor que sejam feitos com uma máquina. Tábuas divisórias são necessárias para limitar o espaço que pode ser muito grande para um enxame de tamanho moderado ou para reservar um espaço especial para o Apicultura Racional 85

mel, bem como, finalmente, para instalar dois ou três enxames diferentes, na mesma colméia, durante o Inverno. Estas tábuas divisórias têm o mesmo tamanho e forma dos quadros que contem os favos, e são firmadas e presas de forma semelhante. Talvez as entradas sejam localizadas mais adequadamente à meia altura da colméia, e toda colméia deve ter duas entradas num dos lados mais longos, e a pouca distância uma da outra. Se uma terceira se fizer necessária por pouco tempo será melhor abrir no nível do piso.

Thorstock (Colméia de Porta) O Bogenstülper é semelhante ao Thorstock, construído e descrito pelo Autor há muito tempo, como um ovo é igual ao outro. Embora as duas colméias sejam essencialmente diferenciadas por ser a colméia Bogenstülper acessível só por baixo, e para seu manejo deve ser virada, a colméia Thorstock tem uma tábua de piso fixa, e dispõe nas duas extremidades de portões móveis semelhantes a portas. Sem dúvida que são fixados sarrafos nas duas laterais onde começam os arcos, nas quais as barras normais para favos são apoiadas ou os quadros pendurados. Pode-se, também, adaptar quadros arqueados semelhante em altura e largura aos da colméia Bogenstülper. É muito mais fácil deixá-los firme nesta colméia, pois eles ficam em posição definida no piso, e só precisa ser evitado o seu deslocamento através de pregos cravados à direita e à esquerda deles. Os quadros em arco também podem ser suspensos, se tiverem orelhas em altura conveniente, sobre trilhos presos às laterais da colméia. Mas será sempre mais conveniente prover a colméia Thorstock apenas com quadros ou barras simples, e isolar durante algum tempo o espaço abaixo do arco com uma tábua e depois, mais tarde, liberar o acesso para as abelhas, a fim de 86

Johnann Dzierzon

elas o completarem com favo, se quiserem. Elas terão à sua disposição uma bela provisão de mel na parte superior e assim, certamente, passarão bem o Inverno - seja o Inverno rigoroso e longo como for. Mas enxames novos que não tiveram tempo de coletar a comida necessária para o Inverno podem receber ali ou favos com mel operculado ou açúcar com cevada em pedaços. Para conseguir favos neste espaço, se os enxames forem fortes, o espaço para mel poderia ser preenchido com pequenos quadros em arco. Estes poderiam ser feitos de lâminas de madeira curvadas em forma de arco, ou, de outra forma, de um meio-círculo, e as extremidades ligadas com uma cinta de arame. Papelão encerado, como também lata cortada em tiras com uma polegada de largura, seria um pouco mais firme, podem, muito bem, serem usadas para tais quadros.

Sobre as dimensões mais satisfatórias para a colméia, a largura pode ser de nove a dez polegadas, ou com quarenta e cinco a cinqüenta alvéolos de operária, e um e meio a um e três quartos desta dimensão para a altura até o início do arco, e dois e meia a três vezes esta dimensão para o comprimento. Apicultura Racional 87

A colméia pode ser construída de diferentes modos. Para manter sempre a mesma largura, é melhor trançá-la - como qualquer outra colméia de palha - sobre uma forma com altura, largura e comprimento definidos. Não se inicia pela coroa como a colméia Bogenstülper, mas numa das extremidades abertas, e é terminada na outra extremidade aberta. Uma madeira para o piso será sempre muito satisfatória, por causa da limpeza, e a colméia manterá melhor sua forma retangular, pois se for totalmente de palha terá maior tendência para assumir a forma redonda, e o método anterior de construção é muito mais fácil. Duas colméias Thorstcks podem ser obtidas a partir de uma grande colméia cilíndrica, se esta assumir a forma de uma longa caixa. Duas tábuas para piso são inseridas, as paredes são presas às tábuas do piso por tiras de madeira pregadas pelo lado de fora, e o todo é dividido em duas partes cortando cada lateral entre as duas tábuas de piso.

A colméia Thorstock poderia ser feita com paredes mais li*

sas numa máquina ao Oettle. O moldeparasea trançada palha – com uma e meiasemelhante a duas polegadas de largura

Uma xilogravura seria explicativa aqui, mas esta ajuda é negada ao leitor; não obstante, não é difícil imaginar uma miniatura de ferro em arco que será coberta de palha, de forma que quando completada a cobertura a palha possa ser removida. C. N. A. 88 Johnann Dzierzon *

deveria ter a forma de um casco de cavalo, ou porta curvada, e não ser fechada do lado, mas aberta onde a tábua de piso é inserida. Os pequenos pilares entre os quais a palha é posta e bem apertada não precisam ter o comprimento de toda a colméia, pois a colméia pode ser preparada em duas ou três seções, e estas não precisam ficar juntas antes que a tábua do piso e as tiras para suportar os quadros sejam instaladas e pregadas. Com estas, o conjunto adquire uma certa firmeza, e precisaria apenas de três costuras ao longo de todo o comprimento acima, na parte curva, e duas abaixo, ao longo de cada lado. Seria melhor, e mais facilmente completado, por um sarrafo dividido ou arame preso por dentro e por fora, e os dois amarrados um ao outro, ou grampeados. As portas seriam feitas mais facilmente em tábua de algum tipo de madeira macia. Duas tábuas finas presas por pinos de madeira, com o espaço intermediário completado com jornal, feltro, palha, ou algo parecido, também fornecem uma porta morna. A tábua exterior poderia se projetar um pouco para cada lado, e formaria um encaixe com o qual todas as fendas seriam fechadas. As portas poderiam, também, sem dificuldade, serem feitas de palha. Sua parte mediana poderia consistir de um pedaço de tábua, arredondado encima; e a entrada, se for ali localizada, poderia ser cortada. A primeira faixa de palha subindo por um lado e descendo pelo outro lado da tábua, depois de ser amarrada com sarrafo ou arame, poderia ser pregada, e as faixas seguintes serem presas a ela. A faixa de palha externa, tanto da porta como da colméia, devem, por causa do uso e desgaste das repetidas aberturas, ser bem amaradas com arame ou sarrafo dividido, ou também poderiam ter uma armação de madeira curvada. Se quisermos, ou formos obrigados a deixar as abelhas voarem por um dos lados mais longos, podemos - como na colméia Bogenstülper – fazer dois buracos para vôo, de tal forma que inserindo uma tábua divisória justa, dois enxames poderiam ser hibernados, ou na época de criação um enxame, prestes o enxamear, poderia ser dividido. Fazer o buraco de vôo próximo do piso ou mais alto é indiferente. Se for desejado inspecionar a colméia por baixo, Apicultura Racional 89

basta fazer uma grande abertura na tábua do piso, de tal forma que possa ser facilmente fechada com uma tábua adequada, e se for desejado retirar os quadros do meio - como na colméia Bogenstülper - será necessário deixar móvel apenas a metade, ou a terça parte do piso. Mas isto realmente não é necessário, pois é mais fácil tirar a metade dos quadros pela porta lateral do que inverter a colméia para tirar um favo do meio. O Thorstock descrito é, certamente, uma colméia excelente, e tem - como o Bogenstülper - apenas uma deficiência é que deve ficar isolada, um grande número de tais colméias exige muita cobertura, espaço considerável, do qual nem todos dispõem. A colméia seria mais útil e fabricação mais fácil se fosse angular tanto encima como embaixo. Quadros móveis poderiam ser usados no espaço superior logo abaixo do topo, e seis ou oito destas colméias, se elas fossem duas vezes mais compridas do que largas, poderiam ser empilhadas aos pares cruzados, umas sobre as outras, sobre uma base, e debaixo de um pequeno telhado para o par do topo. Elas devem, é óbvio, ter resistência suficiente para suportar o peso, e com tal finalidade deveriam ser inseridas varas, a intervalos, nas paredes de palha. Para uma colméia ser colocada em pilha seria feita mais facilmente se uma caixa sem as extremidades for preparada com tábuas finas – vinte e quatro a trinta polegadas de comprimento, nove a dez polegadas de largura, e aproximadamente dezesseis a dezoito polegadas de altura - e coberta em espiral por uma tira contínua de palha. As extremidades poderiam ser feitas com ripas. Arames estirados de uma extremidade à outra e depois pregados tornariam a cobertura de palha mais compacta, e sua superfície áspera poderia, depois de terminada, ser alisada com uma pintura de verniz. Há a necessidade de um par de encaixes ou ripas para suportar as barras móveis a onze ou doze polegadas do piso, e outro par próximo da cobertura. As portas deveriam ser feitas com sulcos à direita e à esquerda e tão largos, pelo menos, quanto os encaixes são profundos, i.e. um quarto de polegada, ou a largura de um alvéolo de zangão. 90

Johnann Dzierzon

Não seria bom fazê-las mais larga, pois ao fechar batendo as portas as abelhas poderiam ser esmagadas. Se várias colméias forem empilhadas como descrito, os lados contíguos, em que um protege o outro, não precisam ser feitos para reter muito o calor. Eles podem ser construídos com tábuas finas, o que é mais satisfatório, pois as colméias podem ser aquecidas encostando uma na outra, ou separado-as, ou inserindo cunhas, podem ser resfriadas, o que em certas ocasiões é muito benéfico para as abelhas. A pilha, como um todo, também fica mais firme, porque as colméias se ajustam melhor umas contra as outras e, ao mesmo tempo, as superfícies lisas do piso e da cobertura facilitam a retirada de uma colméia do meio da pilha.* Isto nos leva à colméia que não só o Autor considera a mais satisfatória de todas as suas diferentes colméias, mas que também foi considerada ser a colméia superior pelos apicultores alemães em seus encontros em Dresden e Stuttgart, e recebeu o primeiro lugar. Esta colméia que combina o maior número de vantagens possíveis com a maior simplicidade e menor preço não deixa mais nada a ser desejado, é

Colméia Geminada assim chamada por serem sempre duas colméias colocadas uma contra a outra. Será aconselhável dar uma descrição completa desta colméia, ilustrada por numerosas xilogravuras, para que todo apicultor possa fabricá-la. Elas já são extensivamente

Dificilmente poderemos concordar com a recomendação de uma pilha de colméias, umas sobre as outras, e cobertas com um único telhado, por causa da oposição direta do Autor para os abrigos coletivos de colméias (página 41 – Suporte das colméias). - C. N. A. Apicultura Racional 91 *

usadas não só na Alemanha, mas também na Suécia, Rússia, Hungria e Itália e, até mesmo, na América. A fim de ser possível colocar as colméias referidas lado a lado (e cruzadas entre si), da forma acima mencionada, elas devem, é evidente, serem exatamente da mesma altura, e as partes superiores das duas caixas, colocadas lado a lado, devem formar uma superfície plana, como a superfície de uma mesa. Se as colméias, colocadas lado a lado, permanecerem sempre nesta posição, apenas estas duas deverão ser de altura precisamente iguais; mas com diferentes propósitos pode ser necessário remover uma ou outra caixa de outra pilha, substituindoa por uma terceira colméia. Para evitar contratempos, todas as colméias deveriam ter a mesma altura, para que cada colméia possa se ajustar no lugar de qualquer outra. Mas qual a altura mais satisfatória? O Autor possui colméias geminadas com quinze polegadas de altura, e também algumas com dezenove polegadas de altura, medidas internas, dando preferência, depois de longa experiência, para a primeira, que tem quinze polegadas de altura interna, e mais de dezesseis polegadas pelo lado de fora. Em ambas o espaço da cria é de doze polegadas de altura. O espaço de apenas três polegadas acima do conjunto de barras para favos, é suficiente para permitir a execução de todas as operações de forma conveniente, será completado com favo pelas abelhas já no primeiro ano, razão pela qual elas hibernam bem em tal colméia, pois elas têm, acima delas, comida suficiente e também a umidade de que necessitam, uma condensação copiosa que ocorre na colméia, especialmente no fundo da coroa.* Mas no espaço para mel, com o dobro de altura, em colméias de

Não conseguimos entender como a condensação da umidade dentro de uma colméia possa ser considerada benéfica, uma vez que sempre será maior em período muito frio, quando não é necessária, de forma alguma, para o desenvolvimento da cria. - C. N. A. 92 Johnann Dzierzon *

maior comprimento, a construção de favo geralmente não é iniciada pelas abelhas antes do segundo ano e, assim, talvez, elas armazenem mais mel ali do que elas podem acumular no compartimento abaixo, onde elas devem hibernar. Se, como medida de precaução, o corte dos favos do espaço para mel for postergado até a Primavera seguinte, poder-se-á constatar que a colônia inteira se encontra, talvez, no compartimento superior e ali *

organizou seu ninho da cria. Em colméias que têm um segundo espaço para mel, isto ocorre com menor freqüência e não tem maiores conseqüências, uma vez que os favos com mel permanecem, geralmente, intactos, pelo menos esses que ficam logo acima do lugar onde as abelhas se amontoam, as efetivas reservas de mel excedente se encontram mais dos lados,† de onde pode ser removido muito mais convenientemente e sem hesitação. O compartimento superior pequeno, quando completamente cheio com favo e quando todos os alvéolos estiverem cheios de mel, contém reserva suficiente para o Inverno, e estes estão sempre acessíveis às abelhas até mesmo quando a temperatura for muito baixa.‡ Se as Colméias Geminadas forem feitas com quinze ou deEsta oração, bem como a anterior, sugere claramente que, independente da câmara acima do ninho da cria, que dispõe de espaço frio para a condensação da umidade, é indesejável sob outros aspectos, e quando ampliada se torna positivamente prejudicial; pois se uma colônia toma posse de seu espaço para mel, pode-se concluir que grande parte de sua força será consumida na criação de zangões anormalmente cedo, porque os alvéolos para o espaço do mel terão principalmente alvéolos de zangão. - C. N. A. † Ou, em outras palavras (como preferimos dizer), no piso. - C. N. A. ‡ Nós só podemos pensar que o Autor se esforça para tornar o sistema o melhor possível mesmo sendo ele, o sistema, inconveniente como um todo. Com a tampa superior aberta e forrada, permitir a retirada dos quadros por cima, a colméia Lager seria praticamente uma colméia Colateral Inglesa, cujo princípio foi praticamente abandonado a favor da Combinação. - C. N. A. Apicultura Racional 93 *

zesseis polegadas de altura, é possível empilhar quatro pares delas, um sobre o outro, o que é uma vantagem adicional. A economia no custo das coberturas será considerável, e parece mais bonito e mais simétrico quando pares de colméias estiverem voltadas para o norte, sul, leste e oeste, do que a pilha contendo apenas três pares de colméias caso em que dois lados teriam as entradas de dois enxames, enquanto cada um dos outros dois teria a entrado de apenas um enxame. Até mesmo quando a altura interna for de apenas dezesseis polegadas, as duas entradas na mesmo face estarão ainda separadas de trinta e duas polegadas, de tal forma que será impossível* às abelhas ou rainhas se equivocarem da sua colméia. Mas um apicultor poderia desejar inserir, também, um conjunto de barras móveis no compartimento superior - que quase não valeria a pena fazer num espaço com três polegadas de altura – ele mesmo deve preferir colméias mais espaçosas, porque ele colhe o mel uma vez por ano, e é obrigado a construir colméias de dimensões adequadas para tanto, não hesitando em fazê-las com dezoito a vinte polegadas de altura interna; pois o espaço da colméia não pode ser aumentado ampliando seu comprimento e largura, porque estas dimensões têm que ser mantidas numa proporção definida uma em relação à outra, e não se pode alterar uma sem alterar a outra. Sobre a largura das colméias, qualquer largura, uma vez definida, deve ser seguida para poder trocar os favos de uma colméia com a outra. Quem não seguir esta recomendação deveria fazer suas colméias com largura de 8, 8 ½, 9, 9 ½ ou 10 polegadas; mas se acontecer de alguém ter colméias de largura consideravelmente maior, melhor que ele seja guiado por elas, e as Colméias Geminadas teriam que ser feitas proporcionalmente maiores, e se tornariam muito espaçosas. Por que impossível? Parece que nada é mais provável do que as abelhas ou a rainha de uma colméia superior, chegando em casa, carregada ou pesada, encontrando uma brisa, não encontrar o alvado de sua colméia e pousar diretamente no que se encontra logo abaixo dela - com as conseqüências habituais. C. N. A. 94 Johnann Dzierzon *

Olhando externamente, as Colméias Geminadas deveriam ter em comprimento o dobro da sua largura, para que duas colméias colocadas sobre outras duas formassem um quadrado, ou quase. É melhor ainda que o comprimento da colméia seja três a quatro polegadas maior do que o dobro da sua largura, para formar um quadrado e fazer que os cantos das diferentes colméias coincidam quando as Colméias Geminadas estiverem separadas por uma distância de três a quatro polegadas. Supondo que a largura das colméias seja de nove polegadas e meia por dentro, e considerando a espessura da parte que é colocada contra a outra colméia como de meia polegada, mais a espessura do lado da frente com duas polegadas e meia, então as colméias terão doze polegadas e meia de largura total. A largura de duas colméias seria de vinte e cinco polegadas, e por conseguinte elas deveriam ter vinte e oito a vinte e nove polegadas de comprimento. Não é absolutamente necessário que uma colméia tenha precisamente o mesmo comprimento da outra, mas não ficaria estético uma Colméia Geminada se projetar para além dauma outra. Então, elas deveriam ser feitas a fim de se ajustarem contra a outra de tal forma que quando colocadas lado a lado elas se parecessem exatamente como uma colméia dupla Lager. Mas para que as colméias, quando posicionadas, se ajustem perfeitamente não é necessário apenas que elas tenham dimensões iguais, mas também que elas tenham a forma perfeitamenApicultura Racional 95

te retangular, i.e., que suas longas laterais - especialmente a que forma a parte de trás - e seus dois lados mais curtos formem ângulos retos. Para ver de relance se a frente e a traseira* onde estão as portas formam ângulos, é preciso apenas girar totalmente a porta, para que a superfície externa fique para dentro e a superfície interna para fora. Isto nos traz uma vantagem adicional, permitir quando o lado interno da porta ficar um pouco úmido, colocar, ocasionalmente, este lado para fora para secar. Até mesmo se a colméia como um todo se deformar um pouco, não será problema. Considerando a elasticidade das laterais finas de madeira, a colméia logo ficará direita na pilha sob a pressão das colméias que estão acima e das portas que são retangulares, e que ainda existe um espaço considerável entre uma colméia e outra, elas podem ser aproximadas facilmente por meio de dois pregos (francês) e algum fio. Porém, um espaço pequeno não fará nenhum dano, e é preenchido facilmente com papel dobrado, ou fechado com fibra ou barro, se for necessário preservar o calor da colméia tanto quanto possível. A madeira é bem conhecida pela sua propriedade desagradável de inchar quando fica úmida, e encolher novamente quando seca. Este inchar e encolher não afeta, porém, o comprimento das tábuas, mas apenas sua largura. É, assim, necessário organizar as tábuas de tal forma que seu inchar e encolher não sejam prejudiciais. Porém, seria prejudicial se a colméia ficasse, por vezes, mais larga e, noutras vezes, mais estreita, pois se a colméia aumentar consideravelmente de largura as barras dos favos ficarão soltas, e talvez até mesmo caiam fora dos seus encaixes; os favos, por ficarem firmemente presos a ambos os lados da encolhesse colméia, necessariamente seriam quebrados, e na colméia que as barras de favo ficariam novamente tão apertadas que só seriam retiradas com muita dificuldade. Uma mudança na altura da colméia também poderia danificar os favos, uma vez que eles não conseguem, é evidente, se

Ou, como nós as entendemos, as extremidades. - C. N. A. 96 Johnann Dzierzon *

acomodar a tais mudanças; mas se a colméia tiver seu comprimento levemente alterado as conseqüências seriam mínimas. A partir disto se conclui que as tábuas que estão no fundo da coroa e no piso devem ser colocadas transversalmente, e as que formam as laterais, como também as portas que fecham a colméia, deveriam ser colocadas em posição vertical. Será, então, necessário unir ou colar dois pedaços de tábua com catorze polegadas, ou três pedaços com nove ou dez polegadas, ou quatro pedaços com sete polegadas de largura, para o piso, o fundo da coroa, bem como as duas laterais de uma colméia com vinte e oito polegadas de comprimento. Seria aconselhável cuidar para não coincidirem as juntas do fundo da coroa e do piso com as juntas das tábuas que formam as laterais, para que a colméia não caia aos pedaços mas ainda se mantenha em pé, se por casualidade a cola falhar.

dois lados mais longos, no a frente a traseira da colméia, são Os perfeitamente semelhante que see refere à altura e comprimento, mas eles diferem na espessura. A frente da Colméia Geminada (observe a ilustração oposta que mostra também a tábua de pouso) é, além das duas portas laterais, o único lado que é exposto continuamente à influência livre do ar externo, como também ao calor ardente do sol e ao Apicultura Racional 97

frio mais severo. Então, este lado deve ser feito de material com a menor condutividade possível, para que não permita nem o calor externo excessivo penetrar na colméia nem o calor interno escapar da colméia. Enquanto tábuas aplainadas de meia polegada de espessura são suficientes para o piso, fundo da coroa e para a parte de trás da colméia, tábuas com duas polegadas de grossura devem ser usadas na frente, se for intenção construíla totalmente de madeira. Deveriam ser colados dois, três, ou quatro pedaços de tábua para obter o comprimento de vinte e oito polegadas numa peça, tão firme quanto possível, para evitar que a colméia caia aos pedaços depois de estar em uso durante algum tempo. Se a colméia for montada pregando o piso e o fundo da coroa nas duas laterais, a precaução acima só caberá para a altura interna que se quer da colméia, i.e., quinze polegadas, mas será necessário acrescentar mais do que uma polegada para as sobras. Antes de a colméia ser montada serão cortados os encaixes do lado de dentro das duas laterais a uma distância de doze polegadas do fundo ou três polegadas do topo e, de acordo com as espessuras das portas que serão fixadas posteriormente, é feito um encaixe de um quarto de polegada, a uma polegada e meia a duas de cada extremidade, cortando madeira suficiente para fazer desaparecer o encaixe de um quarto de polegada. A entrada pode ser feita antes ou depois de unir as laterais; devem ser de três polegadas de largura por meia polegada de altura, e o lugar mais adequado é no meio da frente, uma polegada acima do piso.* Um pedaço de madeira com três polegadas de comprimento por uma polegada e meia de altura será cortado da tábua fina que forma parte de de vôo, trás eda colméia, precisamente mesma posição do aburaco por conseguinte no meio na da largura perto do fundo, o buraco feito terá exatamente as mesmas dimensões que a entrada teria se a madeira, que permanece acima do piso, tivesse sido recortada. A xilogravura abaixo ilustra Não conseguimos imaginar por que é melhor ter a entrada uma polegada acima do piso. - C. N. A. 98 Johnann Dzierzon *

o corte. Este buraco, porém, será fechado com um pequeno bloco de madeira, de três polegadas de comprimento por uma polegadas e meia de largura, ajustando-se exatamente, e só será aberto quando duas Colméias Geminadas justapostas forem mantidas em comunicação, o que será desejável em certos casos, que serão citados adiante. Se o fundo da coroa e o piso forem pregados firmemente às laterais – estas últimas tendo sido previamente preparadas como instruído - de forma que seja formada uma caixa com nove a dez polegadas de lado, quinze polegadas de altura e vinte e oito polegadas de comprimento, aberta em ambas as extremidades, e se estas extremidades forem fechadas com portas bem-ajustadas, então a colméia estará completa em suas partes essenciais. A única peça ainda necessária é

Uma Pequena Porta Móvel que pode ser feita de qualquer pedaço de tábua fina com a altura e largura da colméia, ou com dois vidros fixados num pequeno quadro de madeira; deve ter duas aberturas no meio da porta que possam ser facilmente fechadas com um pedaço de madeira. Apicultura Racional 99

A intenção desta é reduzir o espaço na colméia que é muito grande para o enxame, no começo, e obrigar as abelhas a organizarem seu ninho da cria no centro da colméia perto do buraco de entrada.* Se um enxame for instalado numa Colméia Geminada, e for permitido às abelhas entrarem por um lado,† elas, quase certamente correrão para a extremidade oposta onde elas se amontoarão e começarão a construção dos favos; elas também organizarão o ninho da cria ali e, por conseguinte, passarão o Inverno na parte mais fria da colméia. Mas se a pequena porta for empurrada cinco a seis polegadas para dentro a partir de uma extremidade da colméia e ali for fixada, e se, depois que a colméia for fechada se fizer o enxame entrar pela extremidade oposta, as abelhas se alojarão contra a pequena porta onde elas começarão a construir favo e organizarão o seu ninho da cria, como também sua residência de Inverno, e ficarão mais confortáveis, da mesma maneira que o centro de uma casa é sempre mais agradável do que qualquer canto. Nós também ganhamos um espaço que, quando as abelhas tiverem completado o espaço atrás da porta, elas completarão igualmente com favo, enchendo os alvéolos exclusivamente com mel puro, uma vez que a rainha raramente estaria ali. Embora um pequeno pedaço de uma tábua fina poderia atender perfeitamente para o propósito, contudo, é evidente, que uma porta de vidro é muito mais agradável, pois ela possibilita uma inspeção freqüente colônia e nos permite, até mesmo no da Inverno, sem perturbar as abelhas de modo algum, verificar se a colméia ainda dispõe de alguma provisão, ou, pelo menos, no favo mais próximo da porIsto, na Inglaterra, chamaríamos de casa móvel, ou divisória, que o Autor prefere seja de vidro. - C. N. A. † I.e., por uma extremidade. - C. N. A. 100 Johnann Dzierzon *

ta que pode ser visto claramente pelo vidro. As duas aberturas na porta de madeira, feitas principalmente com a finalidade de nos permitirem levantar e segurar a porta mais facilmente com os dedos e retirá-la, fornecem também passagens para as abelhas para o espaço que fica atrás, nos permitem verificar o interior da colméia, mas não muito. Porém, é possível retirar esta porta móvel fácil e totalmente, sem perturbar em demasia as abelhas, se sua altura for um oitavo de polegada menor do que a colméia, e se ela tiver sido inserido um pouco inclinada - da forma já recomendada para as barras - de forma que seu lado direito, pelo qual ela é normalmente agarrada primeiro, fique um pouco mais próximo da porta exterior. Poderíamos, também, fazer esta pequena porta consideravelmente menor - talvez uma polegada menor do que a altura da colméia – a fim de permitir, se necessário, fornecer passagens maiores para as abelhas pelo fundo como também pelo topo e para, em parte, limpar a colméia e alimentar as abelhas; e seria fácil fechar estas passagens novamente com pequenos blocos colocados na frente das, ou inseridos nas, passagens. Mas isto não é necessário, pois a porta, como um todo, pode ser retirada com a maior facilidade. Em alguns anos, quando o desenvolvimento da cria não for muito extensivo, por predominar tempo seco, ou o mel for surpreendentemente abundante, é melhor que esta porta móvel seja totalmente removida, pois é bastante provável que quando isto for feito, as abelhas encherão o espaço mais rapidamente do que se o acesso para este espaço tivesse sido sempre de forma tão conveniente. Em geral, quando a colônia organiza seu ninho da cria no centro e constrói um bom conjunto de favo, as a pequena porta é realmente especialmente quando portas exteriores previnem supérflua, a fuga do calor da colméia, e não precisa ser inserida, a não ser no caso de ficar um espaço vazio considerável na colméia por causa da remoção, numa ou noutra das extremidades, de vários favos cheios no Outono ou na Primavera, quando poderia ser aconselhável recolocar a porta móvel, para isolar a parte habitada da colméia do espaço vazio. Apicultura Racional 101

Um pequeno tapete de palha cumprirá também a função da porta móvel; e um tapete deste tipo pode ser feito por todo apicultor, e tudo o que ele precisa é palha cortada no comprimento necessário, duas agulhas longas e fortes e algum fio. A linha será enfiada na agulha, e esta passada alternadamente pelas camadas de palha, perfurando o meio da primeira camada e puxando a próxima; e este processo é continuado até que o tapete atinja a largura da colméia. Durante o Inverno podem ser postos tais tapetes na colméia, um próximo de cada porta, e será bom que eles sejam arejados ocasionalmente, ou substituídos por tapetes secos, pois eles podem absorver muita umidade. Ao proceder assim estaremos prestando uma grande ajuda para as abelhas, e podemos retirar as portas externas temporariamente, com a finalidade de secá-las ao fogo, se tivermos receio de elas ficarem muito deformadas por causa da umidade. Já foi dito que as portas podem também ser, de vez em quando, invertidas. Tudo isso pode ser feito facilmente com as portas móveis; já com a frente fixa da colméia que, é claro, também pode inchar, o caso é diferente. Revestindo o lado interno com uma tábua fina, cujas extremidades substituirão os encaixes das portas, e a borda superior o encaixe para as barras dos favos - certamente evitaria que toda a madeira da frente ficasse úmida; por outro lado, tornaria a colméia mais cara, e também mais pesada. Seria interessante, envolver o exterior da parede da frente, que resistiria melhor ao efeito da umidade e dos raios do sol, e reduziria o risco de os pedaços de tábua, que compõem a parede da frente, se desmantelarem. Seria bom manter esta cobertura exterior até a tábua de três pouso, que corre ao longoe de todana a frente só e possui cerca de polegadas de largura, fixada colméia, abaixo da entrada, um pouco inclinada para escorrer a água que venha a cair na frente da colméia. Em muitas regiões, porém, não existem tábuas de madeira de tipo satisfatório. As colméias feitas totalmente em madeira são também de peso considerável, o que é um inconveniente, 102

Johnann Dzierzon

não apenas quando o apicultor tem o costume de transportar suas colméias a alguma distância para tirar proveito de uma segunda colheita, mas também em outras circunstâncias. Nós conseguiremos uma colméia muito leve, e além disso uma colméia mais satisfatória, se usarmos tábuas finas para a parede da frente, cobrindo-a pelo lado de fora com uma camada de palha, para torná-la suficientemente quente. (Analisar a ilustração na página 81.) Fazendo assim podemos usar para a parede da frente o pior tipo de tábua, e até mesmo a tábua de fora, contanto que haja uma superfície plana na face que fica para o interior da colméia, pois a superfície lateral externa estará totalmente coberta de palha, de forma que a superfície parecerá quase perfeitamente plana. Para poder fixar a palha convenientemente, o fundo da coroa e o piso deveriam ser projetados para além da tábua fina da parede da frente de um valor igual à espessura que se deseja dar para a camada de palha– isto é, uma polegada e meia a duas polegadas. Neste caso, as tábuas finas da parede da frente não podem, claro, ser emalhetadas no fundo da coroa nem no piso como a parede da parte de trás, mas devem ser inseridas num encaixe, ou num entalhe; e, é totalmente desnecessário dizer, como a parede da parte de trás, o lado interno da tábua da parede da frente tem que conter os encaixes necessários para a inserção das barras de favo, como também um encaixe em cada extremidade para o batente das portas. O espaço entre as projeções do fundo da coroa e do piso são completados com palha que é posta horizontalmente e firmada no piso com quatro barras de madeira perpendiculares a igual distância uma da outra. Uma ripa com cerca de uma e meia a duas polegadas de espessura, e duas polegadas de largura, e com o comprimento total da colméia, é colocada em cima do piso e nele fixada, como também na parede através de pregos, em parte para nos permitir organizar facilmente os buracos de vôo (para os quais o lugar mais conveniente é o meio da parede da frente, uma polegada acima do piso), em parte para que possaApicultura Racional 103

mos fixar as quatro barras perpendiculares mais convenientemente, como também dar mais firmeza para a colméia. A barra deve ser bem fixada para prevenir seu rompimento caso a palha coberta pelas barras seja puxada com muita força. Estas barras não se estendem até o piso, mas só até onde a tábua inclinada fixada embaixo da entrada que serve como uma conveniente tábua de pouso para as abelhas e protege as colméias mais baixas da pilha da chuva forte - três polegadas é uma largura suficiente, exceto do lado exposto ao tempo onde pode ser fixada uma tábua um pouco mais larga. Seu comprimento corresponde ao da colméia, sendo adaptado à ripa mais baixa em seu comprimento total. Um pequeno encaixe - formando um ângulo reto, e ligeiramente inclinado para cima - pode ser feito na ripa ao longo de seu comprimento total, só debaixo da entrada, e a tábua de pouso nele pregada, para que esta tábua possa recolher e descartar a água coletada no lado da colméia durante uma tempestade de chuva. A tábua de pouso, porém, pode ser dispensada se o piso da colméia for projetado em aproximadamente três polegadas - a parte projetada será chanfrada para escorrer qualquer água de chuva que incida na parede da frente. O encaixe, acima citado, não será então, é claro, necessário. Não é absolutamente necessário ter uma ripa abaixo da projeção do fundo da coroa, pois as barras que fixam a palha podem ser firmadas na projeção do próprio coroa; é aindafundo mais da satisfatório, e a colméia fica mais vistosa, se uma ripa da mesma largura, mas menos espessa, for fixada da mesma maneira no topo como o ripa em cima do piso. O fundo da coroa é feito projetado em um quarto de polegada ou mais, de forma que as barras que têm quase esta espessura possam ficar alinhadas com a extremidade do fundo da coroa quando pregadas contra a ripa. Veja 104 Johnann Dzierzon

a ilustração anexa, onde são mostradas duas Colméias Geminadas colocadas uma contra a outra, as portas estão abertas. (Comparar com a xilogravura da página 80, que representa uma única colméia com a porta fechada.) Se o apicultor desejar construir Colméias Geminadas simplesmente unindo as tábuas com arame, e quiser empregar tábuas muito finas para a parede da frente; nas quais os pregos não firmariam bem, ele não poderia dispensar a ripa de topo, como forma de conectar o fundo da coroa com a parede. Ele deveria, em primeiro lugar, fazer a parede da frente pregando as tábuas em duas ripas colocadas transversalmente – tendo feito previamente um buraco para a entrada no meio da mais grossa - preparando o encaixe para as barras dos favos e os encaixes para as portas no lado liso das tábuas, e depois pregar nela o fundo da coroa e o piso. Para poder preparar a parede de trás a tábua não deve, é claro, ser muito fina. Para a parede de trás devem ser escolhidas tábuas mais grossas e mais largas, pois elas têm que ser colados ou unidas firmemente uma à outra de alguma maneira o que não era absolutamente necessária para construir a parede da frente. O fundo da coroa e o piso não precisam ser firmemente pregados, pois eles são pressionados entre as paredes laterais quando empilhadas umas sobre as outras e não podem ser separadas. Se as paredes forem unidas de acordo com as regras rígidas da mecânica ou simplesmente reunidas com pregos de arame que são preferíveis aos pregos ordinários porque suas cabeças não caem fora, faz muito pouca diferença, e não altera a aparência das colméias, contanto que a parte de fora da parede da frente tenha uma cobertura limpa. Esta cobertura pode externa a colméia capaz de maneira: reter o ca-lor necessário ser que feitatorna facilmente da seguinte Em primeiro lugar, a colméia é posta no chão, o lado a ser coberto é colocado para cima, e então as barras de madeira são fixadas. As duas barras de canto podem ser feitas com duas polegadas de largura, e as duas intermediárias com uma polegada e meia de largura e um quarto de polegada de grossura. O lado interno das barras do canto e ambos os lados das barras interApicultura Racional 105

nas poderiam ser rebaixadas e chanfradas o que melhoraria sua aparência. O seu comprimento é igual à distância do fundo da coroa ao piso, i.e., quinze polegadas, mas elas são cortadas um pouco mais curtas se uma tábua de pouso especial for instalada, pois, neste caso, elas precisam se estender para baixo até esta tábua. Elas são colocadas a distâncias iguais uma da outra, e são feitos buracos para os pregos. Um prego no topo e um no fundo serão suficiente para as barras estreitas, mas para a mais larga são necessárias dois em cada extremidade. Em seguida as barras são temporariamente afastadas, cuidando para não tirar da ordem na qual elas serão colocadas, e o espaço rebaixado entre as duas ripas é completado com palha bem compactada, a ponta grossa, ou o restolho do final, é colocado ora para a direita para a esquerda alternadamente, até a camada atingir, quando apertada sem muito esforço, a espessura da largura das ripas, como planejado. Porém, deve-se tomar cuidado para não pôr muita palha, pois isto tornaria a tarefa mais problemática; a ripa poderia curvar no meio e, à medida que o ar fosse expelido dos talos individuais de palha pela pressão excessiva, a palha de cobertura deixaria de reter o calor. A palha poderia, também, ser coberta com algum material que lhe desse uma aparência lisa melhorando a aparência da colméia e deixando-a assim mais durável. Junco - que cresce em lagoas pode ser recomendado especialmente para esta finalidade. Eles são cortados em pedaços do comprimento da colméia, e depois que a palha for ligeiramente apertada embaixo das duas barras de canto, e uma folha de papel estendida por cima, são inseridos os pedaços de junco um depois de outro, sendo empurrados primeiro debaixo de uma das ripas em qualquer ponta, e depois curvados um pouco e colocados embaixo da ripa da outra ponta. Vime - descascado ou com casca - também pode ser usado; vime muito grosso pode ser dividido ou pode ser aberto e então apertado para abrir e pode então ser inserido. Nesta condição certamente não é tão duro, mas deixa a superfície mais graciosa e lisa, e cobre três vezes mais do que se fosse inserido no formado redondo. Pequenos pedaços de tábua fina, ou divisões, 106

Johnann Dzierzon

colocadas umas sobre as outras, como venezianas, também ficam bem, e ainda são mais duráveis do que o vime. Estando toda a face assim coberta, as duas barras medianas são postas em seus lugares, e todas as quatro barras são fixadas então firmemente com pregos, enquanto a palha, especialmente nos cantos, está sendo firmemente apertada. Um acabamento melhor é conseguido colocando os nós do vime embaixo das barras. A palha que sobra nas extremidades será cortada com uma faca muito afiada e se as barras ficarem muito curvas, como geralmente acontece com barras muito estreitas, elas podem ser pregadas na madeira da parede com pregos através das barras e da palha. Estes pregos deveriam ser de comprimento que penetrassem a parede de madeira, e pudessem ser dobrados dentro da colméia. Assim a colméia estaria pronta, e terá um aspecto limpo e agradável, como mostrado na figura anexa Uma pintura com verniz dá ao junco um aspecto ainda mais bonito do que aquele que ele já possui em seu estado natural, e ainda torna a colméia mais durável. Claro que, sofrerá com o tempo, especialmente quando de frente para o tempo, mas será fácil, até mesmo se a colméia estiver habitada por abelhas, renovar o revestimento ou substituí-lo por divisões finas de madeira que para serem inseridas, precisam apenas ter o comprimento entre as barras. Todo aquele que desejar cobrir todo o lado da frente com pedaços finos de tábua que neste caso deveriam ser firmados da mesma forma que as quatro barras, e não deveriam ultrapassar a tábua de pouso, não precisam hesitar de fazê-lo. A cobertura externa é um assunto de gosto pessoal, e não afeta a colméia em seus pontos essenciais. O Autor começou a cobrir externamente suas colméias, papelão, cujo uso simplifica muito o trabalho,ultimamente, e se o exteriorcom for envernizado, a cobertura de papelão será tão bonita quanto durável. Além da parede da frente, há ainda as duas portas que, quando as Colméias Geminadas são colocados na pilha, entram em contato com o ar externo, e ficam expostas. Então, é necesApicultura Racional 107

sário que elas sejam feitas para reter melhor o calor e também mais lisas. Tábuas de álamo, salgueiro, álamo tremedor, madeira lima ou pinus com uma polegada meia, atenderão bem para a necessidade, e se envernizadas em ambos os lados elas serão pouco afetadas pela umidade e não se deformarão facilmente; e se assim mesmo elas se deformarem, elas serão endireitadas facilmente por meio de um parafuso preso a um grande anel, que depois de parafusado na porta, puxaria uma barra e a porta seria forçada para a posição. Mas isto só pode acontecer em colméias Schrank (Codomínio)* que serão descritas em seguida, mas nunca acontecerão em Colméias Geminadas. As paredes finas da última sempre permitirão que as portas sejam abertas facilmente com um canivete, especialmente se existir uma pequena folga junto da parede de madeira fina do lado da frente, de forma que esta possa ser ligeiramente coberta pela palha, e volta novamente a sua posição anterior quando a pressão for eliminada, permitindo-nos puxar a parede de madeira para a porta por meio de pequenas cunhas inseridas entre a porta e as duas ripas, no caso de a porta encolher de forma pouco usual, um pouco num Verão quente. Além disso, nenhum dano ocorrerá se a porta encolher um quarto de polegada, pois existe um batente de um quarto de polegada na colméia para a porta encaixar tanto à direita como também à esquerda; também será fácil fechar qualquer fresta pela aplicação de pequenos pedaços de madeira. Mas para evitar totalmente todos Esta proposta de parafusar um anel para endireitar as extremidades das portas com uma barra, consideramos ser um pouco pior do que a necessidade que já apareceu com a Colméia Woodbury, quando o fundo da coroa tinha de ser arrancado com uma pá de jardim. - C. N. A. 108 Johnann Dzierzon *

os inconvenientes que possam surgir de a madeira da porta inchar ou encolher, ou se não forem conseguidas tábuas grossas de madeira quente e leve, portas muito satisfatórias podem ser feitas de ripas finas, barras, palha e junco (ver a figura abaixo). Olhando para a parede da frente coberta com junco de uma Colméia Geminada, e supondo que ela seja instalada de forma que as barras fiquem atravessadas, temos na nossa frente uma porta de grande porte, com a única diferença que ambos os lados da porta serão cobertos com junco e podem ser providos com barras. As duas ripas, à direita e à esquerda, claro, são feitas com a largura das espessuras da porta com palha, aproximadamente uma polegada e meia, mas elas podem ser feitas com apenas meia polegada de grossura. As barras a serem fixadas no topo e no fundo podem ser feitas com as extremidades mais finas em sua face interna, para que toda umidade possa ser mais facilmente drenada. É necessário, também, que elas fiquem dentro das ripas em toda a extensão de sua espessura, de forma que nenhuma parte fique projetada e que a porta descanse no encaixe dentro da colméia em toda sua volta. A palha ficará mais comprimida nas duas extremidades pelas barras de ambos os lados que podem ser aproximadas ainda mais através de pregos, cravados no meio das barras. Para que qualquer umidade coletada possa escorrer livremente, será melhor eliminar as barras no meio da porta, e usar arame (dando preferência ao latão a qualquer outro material) ou dividir o junco que é colocado apertado em ambos os lados e depois costurado pelos lados opostos. Para as portas das Colméias Geminadas que são mais curtas, suficiente apenas a altas, palha como no meio entreserá as barras, mascosturar quando as portasuma são vez mais em colméias Ständer é, claro, deve ser costurado mais vezes a intervalos de cerca de seis polegadas. Mas como as ripas finas internas se dobram facilmente, se a tensão dos arames ou do junco for aumentada, seria necessário colocar vários pequenos pedaços planos de madeira entre uma ripa e outra, para mantêlas em distância apropriada uma da outra. Apicultura Racional 109

Visão lateral de uma pilha de Colméias GeminaSe elas forem inseridas onde se pretende colocar o arame ou o junco, será também possível puxar o arame ou junco contra estes pedaços de madeira cobertos pela palha através de pregos cravados de ambos os lados.

Visão lateral de uma pilha de Colméias Geminadas. Se for usado junco, será necessário pregar apenas nas duas ripas como nas barras, mas será melhor passar pelo buraco feito numa das ripas, começando ali a costura, e amarrar as duas pontas na outra ripa. 110

Johnann Dzierzon

O arame será, claro, passado por dentro de forma semelhante; pode também ser dobrado, e se um prego for ali colocado e dobrado, a tensão será maior. Se as ripas e as barra atravessadas forem corretamente ajustadas à colméia antes da colocação da palha, a porta terá que ser necessariamente ajustada, depois da palha, cortando as sobras nas duas extremidades.

Uma pilha de colméias geminadas, vista de um canto, de forma que dois lados são visíveis. Para confeccionar as ripas e barras escolher um tipo de madeira que não rache facilmente e na qual os pregos fiquem firmes. A madeira do álamo tremedor, salgueiro e árvore lima é particularmente satisfatória. Apicultura Racional 111

O lado interno da porta não precisa necessariamente ser coberto com junco, mas, se ela tiver uma cobertura de junco grosso, previamente dividido e apertado, sua aparência será ótima. Como tais portas não encolhem nem um pouco, nem espicham, elas estarão perfeitamente ajustadas, e os encaixes feitos na colméia para seu apoio serão quase desnecessários, uma vez que seu curso para dentro da colméia pode ser limitado projetando ligeiramente as extremidades das barras. As abelhas propolisam toda fresta na colméia, e assim com o passar do tempo ali existirá um tipo de encaixe. Mas as fendas das portas poderiam ser vedadas com argila ou massa de vidraceiro.* Porém, sempre será melhor existir um encaixe para as portas. Em vez de junco, claro, pode-se usar papelão para cobrir o exterior das portas. Toda pilha de Colméias Geminadas, formada por duas, quatro, seis ou oito colméias, deve ter um telhado que pode ser feito de acordo com o gosto do apicultor. Um telhado para Colméias Geminadas pode ser construído facilmente com duas ripas compridas e duas curtas, e algum compensado, ou pedaços finos de tábua. As quatro ripas são unidas para formar um quadro. O compensado, ou pedaços de tábua, será pregado nas duas ripas compridas (que devem se projetar em um pé além das bordas das colméias em ambos os lados) de modo a formar um ângulo reto, ou, melhor ainda, um ângulo obtuso, no topo, de forma que não seja necessária uma ripa. Um compensado é colocado depois do outro, ora de um lado e ora do outro, até que o telhado fique completo. Começando com uma tábua larga de um lado e uma estreita do outro o telhado pode ter melhor acabamento no topo. As tábuas são apenas apertadas uma contra a outra, finas divisões serão colocadas embaixo da linha de junção. Uma pintura de verniz, é claro, O Autor não tem, evidentemente, nenhum pouco da antipatia inglesa para com a própolis, e não fica alarmado com a idéia de sua presença na colméia. - C. N. A. 112 Johnann Dzierzon *

deixará o telhado mais durável, e é de baixo custo. Os pedaços atravessados devem ser colocados a tal distância um do outro que sua extremidade coincida com a borda das colméias. O telhado pode ser fixado à colméia por meio de dois pregos um dos quais será cravado na ripa e o outro no fundo da coroa, e algum fio; este será enrolado nos pregos que ficam um pouco salientes; firmados desta maneira não será possível que o telhado seja levado pelo vento, até mesmo durante a tempestade mais violenta. Não há porque temer que a pilha venha a ser derrubada pelo vento. Pode, talvez, ocorrer, se as colméias estiverem vazias, pois as que forem feitas da forma descrita são leves como as colméias de palha; mas quando elas estiverem povoadas será quase impossível, e nunca me aconteceu, pois, graças à sua base larga, elas são estáveis. Mas onde as Colméias Geminadas ficarem expostas a tempestades muito violentas elas podem ser amarradas umas às outras da mesma maneira que o telhado é amarrado ao par superior de colméias. Como precaução contra ladrões as colméias podem ser unidas através de parafusos, ou de algum outro modo, para tornar impossível carregar as colméias separadamente. Mas como as colméias são leves e podem ser removidas facilmente só podemos evitar o roubo fácil, colocando as colméias num prédio conveniente no final do Outono e deixando elas ali durante o Inverno. Colméias Geminadas e colméia dupla Lager podem ser colocadas numa mesma pilha. Colocando uma colméia dupla indivisível na base da pilha, em vez de um par de Colméias Geminadas, conseguimos uma base firme para a pilha, e não há o que temer quanto aos apoios sobre os quais as colméias irão descansar; se necessário, por exemplo, quando as abelhas são removidas para um brejo por pouco tempo, quatro pedras, colocadas embaixo do piso, serão suficientes; e se, em vez de o quarto conjunto, ou o conjunto superior ser de Colméias GemiApicultura Racional 113

nadas, for uma colméia dupla, a pilha de colméias teria maior estabilidade. No caso da remoção de um conjunto durante o Inverno, a colméia dupla superior da pilha será colocada no fundo; e quando as colméias retornarem para o apiário srcinal elas serão recolocados na sua ordem srcinal.

Colméia Lager Dupla É quase desnecessário fazer uma descrição completa desta colméia que, sob todos os aspectos, é semelhante à Colméia Geminada colocada uma contra a outra. A figura da página 81 representa esta colméia vista dos dois lados mais longos; e quando vista de qualquer um dos lados mais curtos ela tem a aparência como mostrado na xilogravura da página 87; a única diferença é que em vez das duas paredes de traz a colméia dupla tem apenas uma parede divisória, com uma polegada de espessura. O piso e o fundo da coroa, claro, são contínuos nos dois compartimentos, e muito se assemelham a uma mesa com tampo com três a quatro polegadas mais longa do que larga. O piso e o fundo da coroa mostram os pregos de madeira ou de ferro cravados para os firmar à parede de partição, a menos que sejam inseridos em encaixes, o que não é necessário. Encaixes para as barras dos favos devem ser feitos de ambos os lados da parede de partição, deveriam ser de, pelo menos, uma polegada de espessura, e as fibras da madeira devem correr na perpendicular. Entre as duas portas, em qualquer das extremidades a espessura meia polegada, um quarto da de partição polegada édareduzida madeirapara é retirado em ambosporque os lados para fazer os encaixes das portas. As extremidades das paredes de partição podem ser mais curtas do que as paredes da frente e de atrás da colméia, o equivalente às espessuras das portas, aproximadamente três polegadas (uma polegada e meia em cada extremidade), e um pedaço de madeira, com uma polegada e meia de largura, mas só meia polegada de grossura, de114 Johnann Dzierzon

pois será unido a ela; isto não só fornecerá um encaixe para as portas em ambos os lados, mas também aumentará a resistência da colméia, o pedaço acrescentado à parede de partição ficando entre o fundo da coroa e o piso, e a eles preso com cavilhas ou pregos. A comunicação entre os dois compartimentos de uma colméia dupla pode ser feita da mesma maneira que entre as Colméias Geminadas adjacentes. Para este propósito um buraco, com três polegadas de comprimento e uma polegada e meia de largura, é feito na parede de partição perto do fundo, a igual distância entre as extremidades da colméia, e em oposição às duas entradas; esta abertura será fechada por um pequeno bloco de madeira passível de ser removido facilmente de qualquer lado. Poderia ser feito para ficar projetado em meia polegada de ambos os lados, de forma que poderia ser retirado com um cinzel. Se firmemente grudado pelas abelhas pode ser necessário usar uma barra de ferro através de um dos buracos de vôo para retirar o bloco de madeira. Mas todo aquele que quiser se livrar do trabalho de remover os favos de um compartimento até esta passagem – o que seria inevitável em tal caso - poderia preparar uma cunha de madeira de forma que possa inserir e retirar por baixo do piso. Para que a comunicação entre os dois compartimentos adjacentes não ocorresse quando tivesse de ser cuidadosamente evitada, o apicultor teria que estar atento para a possibilidade de a cunha escorregar, o que pode ser feito facilmente com o uso de um botão. As Colméias Geminadas são mais convenientes neste respeito. Quando organizadas na pilha elas só precisam ser movidas um pouco para o lado a fim de permitir a remoção ou inserção cunha, dependendo se comunicação entre duas colméiasda deve ser estabelecida ou adescontinuada. Mas para evitar que as abelhas corram para fora em grande número quando da remoção das cunhas, e evitar que elas sejam esmagadas quando as colméias forem aproximadas, uma folha de papel, lambuzada de mel - a qual seria logo roída pelas abelhas - poderia ser colocada temporariamente na frente da abertura. Procedendo assim teríamos uma vantaApicultura Racional 115

gem adicional em unir duas colônias, o tempo que deveria ser dado para que passasse a excitação provocada pela perturbação, enquanto isso ficaria escuro, e as duas colônias seriam unidas da forma ainda mais pacífica, se apenas uma das rainhas tivesse sido previamente removida.

Vantagens das Colméias Geminadas e das colméias duplas Lager acima mencionadas, que são quase um par de Colméias Geminadas unidas uma à outra, são, realmente, tão óbvias que nenhum apicultor inteligente pode deixar de perceber imediatamente; embora estas vantagens já tenham sido citadas, nós as repetiremos aqui mais uma vez e, ao tratar dos diferentes métodos de apicultura, daremos algumas orientações sobre o manejo de abelhas nestas colméias para perceber as várias vantagens que elas oferecem. 1. As Colméias Geminadas são muito baratas. O material necessário é o mais simples, e não precisa ser de qualidade especial. As colméias também são facilmente fabricadas. Elas se tornam mais baratas ainda por ser possível dispensar um abrigo especial dentro do qual colocar as colméias, e elas duram muito tempo. A coroa, o piso e a parede de trás estão totalmente afastados da influência da atmosfera e do tempo, e durarão muito mais tempo do que a vida de um homem. A cobertura da parede da frente e as portas certamente sofrerão com o tempo, mas podem ser renovadas facilmente. As paredes individuais não podem se desprender, porque tábuas finas não dobram, e na pilha não há espaço para elas se curvarem. Até mesmo se a cola ceder, as colméias feitas da forma descrita não cairão aos pedaços se elas estiverem bem unidas nos cantos. É bom não confiar cegamente no emalhetamento; podem ser cravados alguns pregos, como também no piso e no fundo da coroa onde 116

Johnann Dzierzon

duas partes foram unidas, para evitar a separação que pode ocorrer porque a cola entre estas partes ficou, acidentalmente, úmida. 2. Embora estas colméias sejam muito simples e baratas, elas são bonitas, e foram admiradas no Apiário de Carlsmarkt por muitos visitantes, embora as colméias do Autor sejam muito artesanais e, até mesmo, não receberam pintura. As colméias ficam com aparência ainda mais agradável permanecendo com as partes externas de madeira na cor natural marrom, ou as pintando de verde e deixando o junco com a cor natural; e se em cima desta pilha de colméias for colocado um telhado formoso elas serão um ornamento até mesmo para o jardim mais bem organizado. 3. Tanto as colméias simples como as combinadas, ou colméias com mais de um compartimento, têm suas vantagens como também suas desvantagens. O último tipo de colméia, em particular, foi reprovado por ser muito complicado, por ser impossível ao apicultor dispor de uma colméia separada quando desejasse, impossibilitando que ele a pusesse num lugar diferente, &c. As Colméias Geminadas, porém, combinam as vantagens de colméias individuais com as das colméias combinadas, sem nenhuma das desvantagens das últimas. Elas nos permitem, sem ter que erguer a colméia que está acima, remover toda colméia da pilha e repor no mesmo lugar, ou em outro lugar, quando seu lugar tiver de ser ocupado por outra colméia, vazia ou habitada por uma colônia. Esta é uma grande conveniência e nos traz muitas boas vantagens. Pelo final do Inverno, quando, por muito tempo não ocorreu um dia favorável para inspecionar as abelhas, uma colméia depois da outra deve ser aberta para ser limpa convenientemente, remover favos vazios ou sujos, favos cheios de mel, ou inserir favo limpo, uma colônia populosa pode ser privada de uma quantidade de abelhas, ou de cria, e uma colônia fraca ser fortalecida, &c. Assim nós podemos, quase independentemente do clima, programar as várias operações, como nos for mais conveniente, quando não puderApicultura Racional 117

mos esperar por um dia favorável para inspecionar um grande número de colméias ao mesmo tempo. 4. Mas as vantagens oferecidas pelas Colméias Geminadas e colméias duplas são maiores quando as colônias devem ser divididas ou unidas. Enquanto é necessário transportar para um apiário distante os enxames artificiais retirados de colméias compostas de vários compartimentos, um segundo apiário será totalmente dispensado quando as abelhas forem mantidas nas Colméias Geminadas. Antes do primeiro vôo das abelhas na Primavera tudo deveria ser organizado para que sempre existisse uma colméia vazia ao lado de uma povoada, cujo enxame é intenção dividir mais tarde. Este tipo de mudança na posição das Colméias Geminadas pode ser feita sem causar qualquer dano e, mais, como as colméias podem ser postas em algum lugar conveniente durante o Inverno, e ali mantidas sem serem perturbadas durante três ou quatro meses, depois do que, tendo as abelhas esquecido seu lugar anterior que está agora ocupado por uma colméia vazia, nós poderíamos deixar elas entrarem em sua casa através daquela. Quando a estação de criação se aproximar as abelhas deveriam ser acostumadas a sair em vôo através de duas direções opostas e, se necessário, o par de Colméias Geminadas poderia ser girado, de forma que o compartimento vazio ocupasse o lugar da colméia materna e a última o lugar da colméia vazia. Se, agora, a comunicação entre os dois compartimentos for interrompida, tomando a precaução de fornecer à colônia sem rainha cria jovem, uma realeira, ou uma rainha, nós teremos sucesso em produzir um enxame artificial com a maior facilidade. 5. Mas se é fácil dividir um enxame de abelhas a união de duas colônias ainda é efetuada mais prontamente. Nós temos tão só que restabelecer a comunicação entre os dois compartimentos e remover uma das rainhas. Claro que, os dois compartimentos terão que permanecer em comunicação até o Inverno, e as abelhas do compartimento esvaziado voltarão sempre pela entrada a que elas estavam acostumadas, e através da colméia 118

Johnann Dzierzon

vazia. Para criar uma passagem mais conveniente para as abelhas a porta móvel (postiço) poderia ser empurrada para dentro, tão longe quanto possível da entrada e da abertura, pelas quais a comunicação é mantida entre os dois compartimentos, e uma pequena tábua poderia ser instalada do outro lado, para formar um tipo de ponte pela qual as abelhas poderiam passar para o compartimento ocupado de modo mais rápido. Mas não só comunidades vizinhas podem ser facilmente unidas e sem a perda de grande número de abelhas, é também possível unir qualquer colônia com qualquer compartimento que esteja baixo. As abelhas retornarão, claro, de seu primeiro vôo para a entrada a que elas estavam acostumadas, mas, encontrado-a fechada, elas logo descobrirão seu novo domicílio e nele entrarão com alegria, se apenas uma abertura tiver sido feita na projeção do fundo da coroa, suficiente para que apenas uma abelha passe por ela convenientemente. A tábua de pouso que cobre esta projeção e que existir sobre ela, deve ser, claro, temporariamente removida, ou ser, pelo menos, afastada da colméia para permitir que as abelhas desçam.* Como acontece freqüentemente que duas ou mais colônias são unidas no Outono, aberturas com a largura de um dedo, podem ser criadas quando da construção das Colméias Geminadas ou colméias duplas. Estas aberturas deveriam ser feitas no canto do fundo da coroa perto da porta, e na parte de trás, ou parede intermediária, em ambos as extremidades, mas elas devem ser mantidas fechadas até as colônias serem unidas. Mas se as colméias tiverem uma forma perfeitamente quadrada, e cobrirem perfeitamente uma à outra, seria necessário fazer uma entrada temporária para as abelhas não inserindo a porta muito firmemenSupõe-se aqui que o fundo da coroa da colméia inferior forma a tábua de pouso da colméia superior, e as instruções são para preparar uma passagem para as abelhas da colméia superior atravessar o fundo da coroa da colméia inferior, em vez de se amontoarem embaixo da sua própria tábua de pouso como normalmente o fariam. - C. N. A. Apicultura Racional 119 *

te, e retirando um pequeno pedaço de madeira do canto; isto atenderia perfeitamente bem o propósito até as abelhas ficarem acostumadas com sua nova entrada. Mas, embora comunidades em Colméias Geminadas possam ser divididas mais conveniente e seguramente, contudo não é necessário, de forma alguma, aumentar o número de enxames próprios artificialmente. Estas colméias deverão liberar enxames da mesma maneira que as outras colméias, e até com mais regularidade, e mais cedo, porque uma temperatura um pouco mais alta será alcançada mais cedo nas Colméias Geminadas do que, até mesmo, nas colméias de palha, se o espaço dentro da colméia for reduzido inserindo a porta móvel numa ou em ambas as extremidades; o espaço vazio pode, talvez, ser enchido com palha. 6. Por outro lado, é possível baixar a temperatura da colméia novamente para prevenir a criação excessiva, e estimular (aumentar) a operosidade das abelhas e elevar a produção de mel. Isto pode ser feito dando para as abelhas mais espaço, estabelecendo a comunicação entre a colméia vazia e uma colméia que contém uma colônia forte, separando duas colméias populosas, fazendo uma passagem para a ventilação, &c. No Verão quente, quando a temperatura ambiente subir, as colméias podem ser esfriadas ainda mais permitindo que o ar na temperatura do solo circule por entre as colméias. Neste caso as colméias deveriam ser colocadas em covas com pelo menos três pés de profundidade. Ali deve ser mantida uma distância de cerca de quatro polegadas entre as colméias de cada par, completamente fechado em ambos os lados para impedir a entrada do ar quente externo. É evidente que não seria possível ter uma colméia na pilha, exceto,Otalvez, posição superior dupla do parindivisível de Colméias Geminadas. efeito na refrescante seria sentido pelas tábuas finas da parede de trás das colméias, mas ainda mais, se a cunha desta parede for removida e a abertura fechada com uma lâmina de zinco perfurada. No Inverno severo, como também no Verão quente, pode ser, em certas ocasiões, muito benéfico permitir que ar, na tempera120

Johnann Dzierzon

tura do solo - que está mais morno do que o ar externo – circule pelas colméias. Sem remover as colméias de sua posição, elas podem ficar em condições tais como se estivessem (consideradas como) num porão, se as entradas forem fechadas ou muito reduzidas e o ar entrar por trás ou vindo de um espaço confinado igual a um porão. Mas abelhas não necessitam só de ar, elas precisam também saída livre a toda hora. Assim, se fecharmos completamente as entradas das colméias voltadas para o sul e poente, porque nessas colméias o perigo é maior uma vez que as abelhas poderiam ser induzidas por causa dos traiçoeiros raios do sol deixar suas colméia e morrer na neve em grande número, seria necessário que as abelhas tivessem, neste caso, saída livre pela parte de trás, porém, a abertura das colméias contíguas deveria ser fechada por um pedaço de zinco perfurado, para evitar que as abelhas se reúnam. Algumas abelhas ocasionalmente deixarão a colméia e se perderão, e para evitar que elas caiam no túnel formado entre as caixas seria aconselhável colocar um pedaço de tela de arame ou tecido horizontalmente acima das colméias. Porém, este arranjo é um tanto problemático, e suas vantagens são duvidosas, exceto, talvez, onde ocorrem extremos de calor e frio em que a temperatura do solo teria pouca influência. No nosso clima as abelhas sempre ficam bem nas Colméias Geminadas, até mesmo quando empilhadas umas contra as outras no Verão e no Inverno, uma vez que nem o calor nem o frio podem apresentar qualquer influência destrutiva para as abelhas numa coluna grossa formada por um conjunto de Colméias Geminadas. 7. Uma colméia vazia pode ser unida a uma colméia povoada a comunicação as duas estabelecida, com não abelhas só para efazer um enxameentre artificial, mas ser também para muitos outros propósitos, por exemplo, prover convenientemente as abelhas com mel, pólen ou água, ou no caso de ser necessário confiná-las na colméia por causa do ataque das pilhadoras, ou quando se fizer enxames artificiais, permitir-lhes esmorecer sua raiva na colméia vazia, e até mesmo se limpar lá. Uma colméia sem abelhas, mas tendo algum favo, pode ser colocada Apicultura Racional 121

em comunicação com uma colméia não povoada para permitir que as abelhas esvaziem os alvéolos do mel que ali existir, consumir pólen ali depositado, limpar os favos, preservar o favo das traças, ou até mesmo deixar que elas encham os favos com mel. 8. E, por último, estas colméias têm a grande vantagem de serem muito convenientes para transporte; e por esta razão, e porque elas podem ser colocadas em qualquer lugar, elas são recomendadas especialmente para aqueles que tem o costume de transportar suas abelhas de um lugar para outro, onde a forragem é mais abundante. Embora uma Colméia Geminada vazia pese talvez cinco libras (2,5kg) mais do que uma colméia de palha, seu peso pode ser reduzido em vinte libras facilmente antes de ser transportada privando as abelhas de alguns favos com mel; de forma que a Colméia Geminada terá uma vantagem considerável sobre a colméia de palha até mesmo quando o peso a ser transportado for considerado. Quando as colméias de palha são colocadas em uma nova posição muitas abelhas se perdem em sua primeira excursão, elas atacam e se matam umas às outras, e muitas colméias ficam totalmente despovoadas, enquanto as abelhas nas Colméias Geminadas encontrarão sua casa de imediato, desde que as colméias sejam colocadas na mesma ordem em que estavam antes, pois as abelhas reconhecem imediatamente sua colméia na pilha. Nenhuma preparação é necessária para o transporte exceto providenciar algumas frestas no fundo da coroa, especialmente próximo da porta, e estas podem ser feitas com um serrote quando da construção das colméias, para o transporte será necessário apenas remover a própolis das frestas. Se em vez de uma das portas normais um pedaço de tábua contendo as frestas, ou até mesmo se for usada uma tela de arame, não se estaria correndo nenhum perigo, nem mesmo com o tempo mais quente da estação. Para carregar as colméias convenientemente elas devem ter uma alça no topo no centro do piso da coroa, e esta alça ou poderia ser atarraxada ou ser fixada inserindo num corte feito na tábua, semelhantemente a uma chave que é en122

Johnann Dzierzon

caixada numa fechadura, sendo virada ligeiramente. Esta alça, peça em cruz, bastante longa e estreita, poderia ser usada, ao mesmo tempo, para remover a própolis das fendas. Duas colméias, possuindo estas alças, podem ser carregadas tão convenientemente quanto dois baldes de água por uma pessoa. Não é necessário dizer que aquela parte do fundo da coroa na qual as alças são fixadas deveriam ser unidas firmemente às paredes laterais, a fim de prevenir seu rompimento quando as colméias tiverem peso considerável. Quando as colméias forem removidas para um brejo por pouco tempo não é necessário que o telhado as acompanhe, pois as colméias podem ser cobertas, se necessário, com uma folha de papelão impermeável, uma pedra será colocada em cima para manter o papelão no lugar, pois só a colméia que está no topo da pilha, ou o par de Colméias Geminadas que estiver mais alto, tem que ser protegido de chuva porque as tábuas de pouso protegem da chuva as colméias abaixo. Não é exatamente essencial que as Colméias Geminadas sejam uma colméia Lager e com comprimento maior do que a altura. Quem prefere a forma Ständer não há porque hesitar em aumentar a altura da Colméia Geminada em aproximadamente vinte polegadas que dariam para o espaço superior para mel uma altura de oito polegadas. Neste caso seria necessário um segundo par de encaixes embaixo do fundo da coroa. A altura inteira poderia também ser dividida em duas partes iguais com o que teríamos a vantagem de poder inserir qualquer favo em qualquer parte da colméia sem sermos obrigados a encurtar os favos, o que não pode ser feito quando quadros fechados são usados. Mas com tais Colméias Geminadas altura mais consideravelmente não poderíamos colocar, node máximo, de seis numa maior pilha, pois ficaria muito alto. As colméias poderiam, também, serem organizadas de tal forma a ter todas as entradas para sul e norte, e todas as portas para leste e oeste, e as entradas ficariam em tal distância uma da outra que não haveria risco nenhum de qualquer abelha, e particularmente as rainhas jovens, se perderem. Apicultura Racional 123

Estas Colméias Geminadas maiores, com nove polegadas, ou mais, de largura, serão, certamente, um pouco grandes; mas isto não pode ser identificado exatamente como uma deficiência, pois é possível reduzir o espaço por meio da porta móvel (postiço). Este tipo de Colméia Geminada, ou cada compartimento de uma colméia dupla, pode, também, temporariamente, servir de domicílio para duas colônias separadas se a porta móvel, ou então uma tábua fina, for empurrada até o meio da colméia onde será fixada, e toda passagem, por pequena que seja, especialmente nos encaixes com as paredes, for cuidadosamente fechada. Serão necessárias, é evidente, duas entradas separadas, poderíamos dividir uma entrada - que neste caso especial deveria ser feita com aproximadamente cinco polegadas de comprimento - em duas partes iguais por uma cunha inserida no meio, ou a colméia poderia ser feita com duas entradas distintas que teriam que ser separadas externamente com um pedaço de tábua projetado, como pode ser visto na colméia do meio do conjunto de três colméias Quádruplas na página 106. Na realidade, esta idéia converte um par de Colméias Geminadas, ou uma colméia Lager dupla, considerada como um todo, numa colméia Quádrupla na qual quatro colônias separadas, reunidas umas com as outras, formam, como pode ser visto, um agrupamento capaz de hibernar. Será óbvio, para qualquer apicultor inteligente que, se existirem duas entradas separadas para estes compartimentos espaçosos - porque a colônia será dividida mais tarde - também será aconselhável ter duas aberturas separadas na parte de trás - ou parede de partição - uma oposta a cada entrada. Em toda colméia Múltipla, daqui para frente descrita, podem ser garantidas as vantagens das Colméias Geminadas, em parte, se uma abertura for feita na parede de partição que separa quaisquer dois compartimentos, tão perto quanto possível dos buracos de vôo; esta passagem, claro, permanece cuidadosamente fechada, mas pode ser aberta facilmente quando, em certos casos, for desejado estabelecer comunicação entre as duas 124

Johnann Dzierzon

colônias. Tendo agora, como espero, explicado exaustivamente a Colméia Geminada e a colméia dupla Lager, que na atualidade são consideradas as melhores colméias, as quais - principalmente por serem de fácil construção e baratas - receberam o primeiro prêmio em várias reuniões anuais de Apicultores Alemães - das quais eu posso citar as reuniões de Dresden e Breslau - poderíamos perfeitamente encerrar o capítulo sobre as colméias, pois todo apicultor escolherá naturalmente a colméia que lhe for mais conveniente. Porém, conveniência é um termo relativo. Por exemplo, poderia ser muito desejável para um apicultor que transporta suas abelhas para diferentes lugares em busca de forragem, que o transporte das colméias lhe trouxesse a menor dificuldade possível, enquanto outro apicultor poderia ficar totalmente alheio a este aspecto, e a conveniência para o transporte poderia ser até mesmo indesejável para ele, porque ele nunca remove suas colméias do lugar em que elas se encontram, mas teria, talvez, que tomar cuidados especiais contra ladrões. Assim descreveremos outras colméias Lager, de vários compartimentos, e logo depois os diferentes tipos de colméias Ständers; uma vez que a última também possui muitas qualidades boas, e existirá sempre algum apicultor que a defenda.

Colméia Lager, com Quatro Compartimentos Se supusermos a colméia dupla Lager, já descrita tão extensamente, e cada um dos dois longos compartimentos divididos ao meio perpendicularmente em seu comprimento por uma tábua divisória, teremos uma idéia da colméia Lager com quatro compartimentos. Mas como cada compartimento só é acessível Apicultura Racional 125

por uma extremidade, e a retirada dos favos seria inconveniente na distância de quase trinta polegadas pela parte de trás, é desejável diminuir o comprimento dos compartimentos e aumentar sua altura. O comprimento de cada compartimento pode ser então de aproximadamente vinte e quatro polegadas e dezoito a vinte polegadas de altura, como na Colméia Geminada, doze polegadas podem formar o ninho da cria e as restantes seis ou oito polegadas acima servir de espaço para mel. Com um espaço para mel desta altura é vantajoso organizar as barras móveis para favo a uma ou uma polegada e meia da cobertura, e fazer os encaixes nesta distância. Não há necessidade de uma porta móvel, como na Colméia Geminada, porque o espaço é suficientemente limitado para um enxame pela divisão do espaço para mel, e as abelhas, até mesmo com sobra de espaço, se mantem suficientemente aquecidas, uma vez que quatro enxames se apóiam mutuamente. Fazer as colméias de pranchas, ou de tábuas finas recobertas com palha por fora, depende das circunstâncias, e é indiferente. O piso e a cobertura não precisam mais do que tábuas finas, porque estas colméias podem ser arranjadas em pilhas de três, umas sobre as outras, e apenas o piso da inferior e a cobertura da superior deveria ser mais forte ou deveria ser protegido na estação fria. Se nós temos pranchas e tábuas da mesma largura das colméias, dezoito a vinte polegadas, elas podem ser usadas horizontalmente, as paredes poderão encolher e inchar pelas tábuas divisórias perpendiculares no meio, e nas extremidades por tiras ou ripas nelas pregadas, também podem formar os encaixes para as portas. Isto atenderá perfeitamente se a colméia tiver um envólucro exterior com tábuas finas externas na vertical. Mesmo que as paredes tenham sido feitas com tábuas de uma polegada elas reteriam suficientemente o calor se uma camada fina de palha, trapos ou papel for inserida entre a colméia e o envólucro. No arranjo das entradas temos que tomar cuidado apenas para que as abelhas e rainhas não se equivoquem facilmente de qual é sua colméia. Isto pode ser conseguido posicionando as entradas nas colméias do meio de uma pilha em posição dife126 Johnann Dzierzon

rente das colméias superior e inferior. Estas podem ter as entradas mais perto das portas, aproximadamente a seis polegadas delas, enquanto a colméia do meio pode ter as entradas perto da parede divisória, como mostrado na figura.

Uma pilha de três colméias Lager, com quatro compartimentos.

Mas como as duas entradas da colméia do meio estão muito próximas, é necessário que eles sejam separadas por uma tábua com aproximadamente dez polegadas de largura, para que as abelhas não saiam em vôo lado a lado. Esta divisória é presa Apicultura Racional 127

por baixo na tábua de pouso que é instalada inclinada abaixo das entradas e, para proteger as colméias inferiores da chuva, deve se estender em todo o comprimento. Abaixo das outras entradas é suficiente instalar pequenos pedaços de madeira inclinados para fora. Nas colméias Lager quádruplas as abelhas têm uma moradia de Inverno singularmente morna, mas isto pode ser uma desvantagem, por vezes um enxame, quando usou todo o mel, preferirá em tempo severo passar fome a deixar o canto onde desfruta do calor do seu vizinho e se deslocar até suas reservas. Até mesmo com superabundância o espaço de mel nunca deveria ser totalmente esvaziado no Outono até a parte de trás, e favos com mel deveriam ser ali colocados sempre sem deixar de cobrir com pequenas tábuas, uma vez que com o calor os quatro enxames se posicionam na parte posterior, e basta uma pequena fenda na parede divisória para atrair as abelhas para o depósito de mel e consumir os favos, ou pedaços de favo, ali existentes. Também pode ser vertida água nos alvéolos destes ou de outros favos, de forma que as abelhas não sofram por falta de água, pois estas colméias se mantêm extraordinariamente secas, uma vez que a conservação de calor e o ambiente seco estão sempre inseparavelmente conectados.

Colméia Ständer As colméias Ständer, ou colméias verticais, são colméias mais altas do que profundas, ou compridas; enquanto na colméia Lager, já descrita, as dimensões são invertidas. Em colméias nas quais o interior forma um todo sem interrupção formas diferentes conduzem a resultados diferentes. Nas colméias Ständer as abelhas constroem apenas alguns favos e, claro, quase todos ficam, em seguida, ocupados com cria; a maioria dos alvéolos novos que são construídos quando 128

Johnann Dzierzon

os favos são estendidos são imediatamente utilizados pela rainha, e servem inicialmente como alvéolos de cria. Mais para baixo as abelhas mudam a construção para alvéolos de zangão, e não os convertem tão prontamente para alvéolos de operária. Assim, as colméias Ständer são as preferidas para desenvolver cria, zangão e enxames. Com as colméias Lager é o contrário. Nestas, quando os favos estiverem estendidos, os srcinais não são alongados, mas são começados novos continuamente.

A mesma pilha vista de lado, mostrando as portas nos dois compartimentos inferiores. Apicultura Racional 129

Todo favo contém mel, pelo menos nos alvéolos superiores. A rainha se limita a um número definido de favos para a cria, e deixa os outros às abelhas para o depósito de mel. Como regra, então, nas colméias Lager se encontra não só mais mel mas também de melhor qualidade, porque uma parte dos favos não foi usada anteriormente para o desenvolvimento da cria. Então, as colméias Lager serão preferidas como colméias para mel, embora em anos bons para a criação elas também forneçam enxames. Mas com as colméias que temos que diferenciar entre a forma vertical e horizontal não é tão considerável. Nestas, as colméias Lager mais apropriadas para mel podem ser perfeitamente alcançadas pelas colméias Ständer, se as abelhas tiverem um espaço definido para o desenvolvimento da cria, e se o acesso para o espaço do mel estiver arranjado para que as abelhas não possam reunir os dois espaços num único todo grande: não importa então se o espaço reservado para o mel estiver situado - como na colméia Lager - ao lado, ou - como na colméia Ständer - acima, ou talvez abaixo. Todo aquele que tiver escolhido a colméia Ständer pode permanecer contente com ela. Elas têm, em muitos aspectos, vantagens até mesmo superiores às colméias Lager, como será mostrado na descrição mais completa delas.

Colméia Ständer de Um Compartimento A colméia Ständer simples é tão fácil de ser montada quanto a colméia Lager simples. Os encaixes necessários para suportar os favo são cortados em duas pranchas nas faces que ficarão do lado de dentro, e em um dos lados é feito o batente para a porta; o fundo da coroa e o piso são pregados; o lado aberto é fechado com tábuas, de forma que tenha uma caixa com vinte e quatro a trinta polegadas de altura, quinze a vinte polegadas de 130

Johnann Dzierzon

comprimento e oito a dez polegadas de largura, aberta só na frente,* e a colméia Ständer simples está pronta. A tábua que fica do lado oposto à porta deve ser feita com um pouco de cuidado. É melhor que tenha parede dupla, e o espaço interior com cerca de uma polegada e meia será completado com musgo seco, cavacos miúdos, ou serragem. A parede interna pode ser inserida em encaixes perpendiculares, e a exterior pregada nos cantos das pranchas. Mas como isto envolve, obviamente, mais trabalho do que a instalação de uma porta móvel, pode-se fazer a porta, especialmente se a colméia for de comprimento considerável. Uma das portas móveis, que raramente será aberta, perto da qual o enxame começará os favos, deve, claro, ser feita de material que retenha o calor, e ela, ou ambas, podem ser feitas de ripas finas, tiras, palha, e junco, da forma já descrita. É interessante descrever como esta porta de palha bem como a parede de palha pode ser facilmente feita, e com igual espessura em toda sua extensão; a porta comprida da colméia Ständer, com o ajuste ou costura de ambos os lados com cinco ou seis camadas de junco partido ou arame, pode parecer ser um trabalho que tomaria muito tempo. O ajuste dos arames, esticados de cada lado de forma que eles não possam se separar um do outro mais do que a espessura da própria porta, é garantido melhor usando braçadeiras de arame. Para fazer isto mais facilmente e de comprimento exatamente igual, uma polegada e meia, cravar dois pregos na distância de uma polegada e meia, apanhar o arame, bastante duro, mas não muito grosso, dobrar uma ponta com alicate, por o gancho que é formado num dos pregos, enrolar o arame, enrolar no outro prego, e cortar a braçadeira que você fez; prosseguir assim até dispor de um número suficiente de braçadeiras. Para cada par de arame a ser amarrado, são necessárias três ou quatro braçadeiras, e se forem

Na Inglaterra a entrada das abelhas é considerada sempre ‘a frente'; mas neste caso o lado que pode ser aberto, e que tem vinte e quatro a trinta polegadas de altura e oito a dez polegadas de largura é chamado de frente. - C. N. A. Apicultura Racional 131 *

usados cinco arames de cada lado, serão necessárias quinze ou vinte braçadeiras. Se as superfícies das portas de palha estiverem cobertas com junco bastará colocar um arame a cada seis polegadas, caso contrário, será necessário um a cada três ou quatro polegadas, ou então a palha poderia se deslocar. Primeiro, as barra atravessadas que estão em ambos os lados no topo e no fundo, devem ser fixadas nas duas ripas finas que têm aproximadamente uma polegada e meia de largura, quer dizer, elas devem ficar afastadas o suficiente para não se projetarem. Num dos lados estas barras serão pregadas, e ao mesmo tempo os arames serão espichados de uma ripa para a outra em distâncias iguais. A ponta do arame ou será dobrada em ângulo reto e cravada, ou enrolada num prego e este cravado em seguida. Na outra ripa os arames rodeariam a parede de palha que, claro, é bastante longo para alcançar ambos os lados, é passado pelos pequenos buracos, curvado do outro lado e cravado. A outra ponta não pode ser muito espichada pois impediria a colocação da palha. Palha limpa, tão dura e inflexível quanto possível, com cerca de duas polegadas mais comprida do que a porta, é agora apanhada, e começando pela ripa na qual os arames foram enfiados, e ao mesmo tempo a cada duas polegadas é colocada uma braçadeiras, contudo não em todos os arames ao mesmo tempo, pois se formariam pequenos sulcos com elevações entre eles. Quando uma camada com uma polegada de largura estiver colocada, aplique as braçadeiras ao primeiro, terceiro e quinto arame, e assim por diante. No princípio a parede de palha fica um pouco solta mas ela ficará mais firme à medida que mais palha é adicionada, e mais ainda se for apertada ao mesmo tempo com as braçadeiras, bem como os arames superiores que ainda estão soltos devem ser espichados de vez em quando ou devem ser apertados. Quando for apertado deve ser amarrado com linha e assim mantido apertado, durante algum tempo, para evitar que se estenda novamente. Se um ou ambos os lados forem cobertos com junco deve-se aplicar ao mesmo tempo empurrando a palha por baixo dos arames enquanto a parede de palha ainda está solta. Se o espaço entre 132

Johnann Dzierzon

as ripas estiver agora tão cheio com palha que nenhuma mais possa ser colocada, prepare as pontas dos arames que estão soltos, dobre-os e crave na ripa. Agora podem ser pregadas em cada uma das extremidades as duas barras atravessadas que já foram colocados em posição, podem também ser firmadas com pregos longos na barra oposta, e finalmente, cortar a sobra de palha em ambos os lados. Se o comprimento das ripas for exatamente igual à altura do interior da colméia, sua largura igual à profundidade dos batentes, e o comprimento das barras atravessadas igual à largura da colméia, então as portas irão se ajustar com precisão. A cobertura exterior mais simples e mais durável para as portas de palha é a feita com ripas de madeira, como as que podem ser obtidas, facilmente e em quantidade, de telha de madeira ou madeira fina para caixas. Suas pontas podem ser empurradas um pouco por baixo da barra superior, e a outra ponta em baixo da barra inferior, e então, claro, elas incharão por causa da palha que está no meio e devem ser pregadas com pregos de comprimento adequado, de forma que não será necessária nenhuma braçadeira adicional, embora as braçadeiras possam ser muito bem aplicadas nos espaços entre as ripas. Mas para que os pregos segurem e puxem corretamente as pequenas tábuas de um lado - talvez do interior - não devem ser muito finos, os pregos, porém, podem ser finos e bastante longos para passarem para o lado oposto a serem dobrados. Pranchas finas, com o lado liso para fora, podem ser usadas para este propósito. Se um pedaço não cobrir um lado inteiro, podem ser usados dois. Papelão liso também pode ser usado para a cobertura superfície exterior das de palha e quando pintado seda torna muito durável. Masportas há o perigo de os pregos atravessarem. Isto pode ser evitado pondo, nos lugares adequados, um arame duplo, junco espanhol divido, pequenas tiras de lata fina, ou barras de madeira fina, e fazer os pregos os atravessarem. Como a fabricação desta porta não exige, certamente, muito Apicultura Racional 133

mais trabalho do que fechar com tábua um dos lados da colméia Ständer simples com parede dupla para reter o calor, será sempre mais conveniente fabricar esta, assim como na colméia Geminada, com portas móveis de cada lado, embora uma das portas raramente seja aberta, talvez, para aumentar o espaço com uma caixa lateral, retirar algum favo inacessível do outro lado, renovar o ninho da cria, pegar a rainha, ou o que for. Colméia Ständer suficientemente profunda pode, assim como Colméia Geminada espaçosa, ser dividida em duas partes por uma tábua interposta no meio, e assim ser usada como colméia dupla. Neste caso deve haver uma segunda entrada que deverá estar situada em uma das duas portas. Uma tábua deve ser colocada na palha na quandel a entrada será feita. Onde há um grande número de portas de palha ou paredes de palha para serem feitas é bom usar uma máquina na qual a palha é, primeiro, apertada na forma da porta ou parede e então presa por barras ou arames. A parede da colméia pode ser feita com duas, duas e meia ou até mesmo três polegadas de grossura, mas é suficiente que as portas sejam cobertas com meia polegada de grossura. Podem ser feitas duas a duas na mesma máquina, desde que o molde para a palha seja estreito, colocando as barras contra uma das filas de pilares. Em tal máquina podem ser feitas paredes de palha bonitas e satisfatórias, com encaixes para as barras de favo, se uma ripa sulcada for marchetada na posição adequada, e não ficar visível do exterior. Também podem ser incluídas barras de madeira na parede de palha, para firmar os arames e barras com pregos que a atravessem. O recentemente falecido apicultor, Schmidt, de Ingolstadt, que fez colméias muito convenientes, bem como máquinas, aplicou nas paredes de palha, do lado de fora, quatro barras de madeira (como na Colméia Geminada), e do lado de dentro braçadeiras de arame para prender ripa com ripa. As barras devem ser bem fortes, para não vergar. Este arranjo deixou a superfície interna da parede muito desigual. Seria melhor prender a pare134

Johnann Dzierzon

de de palha com barras de madeira nas duas extremidades (a barra do lado de dentro deveria ser mais fina), e entre estas um arame mais fino, que por esta razão deveria ser duplo. No lado de dentro, os arames das ripas superiores para as inferiores podem ficar nos encaixes, pois, se pregados nas ripas poderiam ser facilmente arrancados, e assim não apresentariam nenhum obstáculo, especialmente se as ripas tiverem sulcos feitos com serra nos lugares necessários. Caso contrário os arames devem ser firmados às barras de madeira escondidas na palha ou devem ser presos por braçadeiras, entretanto as braçadeiras podem ser aplicadas ao mesmo tempo em que a palha é colocada, como previamente descrito. Se duas paredes de palha são fixadas em distância, uma da outra, igual à largura da colméia – ou seja nove a nove e meia ou dez polegadas – o fundo da coroa for pregado firmemente no topo, e o piso em baixo e as portas preparadas de modo semelhante e presas a elas; a colméia de palha estará pronta. Embora de construção simples e fácil, a fabricação de uma colméia de palha requer algum tempo. Quem não gostar pode fazer as paredes laterais da colméia de tábuas finas; deixar o piso e o fundo da coroa se projetarem; encha o espaço com palha, retendo-a ali com barras do modo mencionado na descrição da Colméia Geminada devendo, apenas na colméia Ständer mais alta, além da ripa inferior e superior, colocar uma terceira ripa no meio para pregar as barras que do contrário vergariam. E onde será feita a entrada será colocado um pedaço de ripa. Muitos podem querer a entrada da colméia Ständer junto do piso, ou logo acima dele, que será a posição mais satisfatória para as quando elas tiverem construído os favos até da o piso, masabelhas enquanto as abelhas estiverem agrupadas no alto colméia uma entrada situada mais alta, talvez à meia altura do ninho, seria sempre mais conveniente para elas. Nas Colméias Tronco a entrada fica normalmente mais próxima da coroa do que do piso, e nas colméias de palha comuns os apicultores do brejo colocam a entrada bem alta, e acham que ela fica apropriadamente situada. Para permitir às abelhas sair ora mais no alApicultura Racional 135

to e ora mais abaixo, de acordo com suas necessidades, podem ser feitas duas entradas em alturas diferentes, uma delas a uma polegada do piso e uma segunda no meio do espaço da cria. Isto possibilitaria uma redução da temperatura no calor extremo do Verão e ventilação no Inverno, sendo as entradas consideravelmente menores ao mesmo tempo. Em que lado instalar a entrada depende da situação da colméia. É melhor na parede oposta à porta, mas se for numa das paredes laterais deveria ser sempre que possível na parte de trás. Pois as abelhas se agrupam junto da entrada e ali colocam o ninho da cria e no lado oposto as reservas de mel que poderão ser retiradas convenientemente pela porta.*

Uma Colméia Ständer simples com a porta dos fundos removida. Da mesma maneira que a Colméia Lager, mais comprida do Este é exatamente o princípio que orienta a construção da 'Colméia Combinada de Abbott, ' agora de uso geral na Inglaterra. - C. N. A. 136 Johnann Dzierzon *

que alta, pode ser dividida com tábuas, portas ou janelas de vidro inseridas perpendicularmente em dois ou três espaços adjacentes, assim a colméia Ständer que é mais alta do que comprida, pode ser dividida em pelo menos dois espaços, um sobre o outro, como andares, formando um espaço para cria embaixo e um espaço para mel acima. A colméia Ständer foi melhorada inserindo uma tábua horizontal fixa, com uma passagem, como divisão entre o ninho da cria e o espaço para mel. Mas tal arranjo não atendeu, porque tornou muitas operações difíceis e, até mesmo, impossíveis. Uma divisória feita de várias tábuas pequenas justapostas umas às outras, colocadas em barras ou quadros, atendem perfeitamente como tábua divisória fixa, e permitem ser parcial ou totalmente removida, para retirar os favos que estão abaixo e os pôr novamente, e poder, a toda hora, forçar um enxame para cima o que nunca poderia ser feito por uma abertura relativamente pequena. Não há razão para usar uma medida definida para a altura do ninho da cria e espaço para mel. Se a colméia Ständer completa não tem mais do que dois pés de altura, uma altura de doze polegadas será perfeitamente boa para o ninho da cria que no caso de uma colméia mais alta poderia ser de dezoito polegadas que, se necessário, poderia ser diminuída facilmente por uma tábua inserida horizontalmente.

Quem tem em uso quadros de altura definida deverá fazer o ninho da cria alto suficiente para reservar algum espaço no piso, de forma que a colméia possa ser limpa convenientemente, e uma caixa de alimentação, ou favo com mel, ou pólen, possa ser empurrado por baixo. Um ninho de cria mais alto, especialmente com o uso de barras simples, pode conter barras à meia altura, e as paredes laterais com encaixes correspondentes, porque favos de mel e cria, especialmente quando as barras caem dos suportes, podem se romper. Não há necessidade de fazer uso imediato dos Apicultura Racional 137

encaixes mais baixos, ou inserir barra para favo para um enxame jovem, as quais seriam apenas empecilhos para a retirada dos favos. É melhor não inserir as barras antes da próxima Primavera depois de um corte correspondente dos favos. Mesmo assim é melhor não colocar as barras em baixo do ninho da cria, pois elas serão um obstáculo para a extensão da cria. Uma barra para favo, então, só será inserida abaixo do último favo, porque ali normalmente não há cria. Deixar o espaço para quatro ou cinco barras livre, e colocar os demais até a porta. Para servir de apoio aos favos da cria, que seria preferível continuassem sem interrupção, são postas uma ou duas barras arredondadas assim que elas entrarão nos favos, ficando em ângulo reto com eles, e servindo de apoio.* Mas quando estas barras redondas ficam agarradas se forem giradas levemente elas podem ser sempre retiradas, e não será impedida a retirada de todos os favos. Muitos apicultores usam uma fila dupla de quadros curtos no ninho da cria. Isto pode ser muito conveniente para eles, mas a quantidade de madeira no meio do ninho da cria é, certamente, muito desvantajoso para as abelhas. Ali deveriam ser usados apenas quadros inteiros, ou, pelo menos, todo segundo quadro deveria ser inteiro. Não há nada melhor, no próprio ninho da cria, do que barras simples ou quadros, abertos embaixo, que não oferecem limite ou obstáculo para as abelhas alongar seus favos nem para a rainha no uso dos alvéolos. Sempre podem ser inseridos quadros mais curtos nas proximidades da porta onde, no compartimento da cria de colméias um pouco mais compridas existirá apenas mel. Ali eles não apresentam nenhum inconveniente, e são até muito convenientes. Como relação à altura do espaço para mel - se não estiverEstas são iguais aos sarrafos atravessados usados em skeps na Inglaterra; aconselha-se que sejam redondos e lisos, e seria melhor fossem cônicos, de forma que quando 'girados um pouco', como o Autor sugere, possa ser mais fácil retirá-los. - C. N. A. 138 Johnann Dzierzon *

mos presos a uma altura definida de quadro não há necessidade de maiores cuidados. Um espaço para mel menor, claro, fica mais aquecido e será completado mais depressa, mas deve ser esvaziado mais seguidamente em estações boas. Um espaço um pouco maior poderia ser dividido, como o espaço do ninho da cria, em duas partes iguais, aos quais as abelhas deveriam ter acesso, por vezes, ao todo e, outras vezes, só à metade. Quando as abelhas tivessem construído corretamente a cera alveolada posta na divisória inferior e começassem a se mover para diante, a cera alveolada poderia ser transferida então para cima, a fim de manter o espaço inteiro cheio de favo, de forma que as abelhas não tivessem que trabalhar favos novos que sempre trazem alguma perda de tempo. Uma colméia Ständer bastante alta pode ser dividida em três partes iguais das quais a superior pode ser reservada para mel e as duas abaixo para ninho da cria. Uma vez que é fácil fazer os encaixes - um rasgo cortado com uma serra será sempre suficiente – na colméia Ständer com trinta polegadas de altura podem ser feitos cinco encaixes (separados de seis polegadas), formando cinco divisões as quais poderiam ser usadas duas para mel e três para a cria. Um número maior de encaixes traz a conveniência de se poder inserir favos altos e baixos para, por exemplo, impedir as abelhas de construir favos de zangão, ou alongar os favos curtos, e assim completar um conjunto imperfeito, e aquecer durante o Inverno. Quando os encaixes não estiverem sendo usados eles não causam nenhum dano, e podem ser fechados facilmente com barro. Em colméia Ständer mais baixa o ninho da cria e espaço para mel poderiam ter altura igual, de forma que qualquer favo se ajustasse em qualquer lugar. O que foi dito acima sobre as portas, posição das entradas, divisões interiores e outros arranjos da colméia Ständer simples, é perfeitamente aplicável a toda divisória simples da colméia com vários compartimentos recém descrita e, assim, não falaremos mais sobre o assunto. Se for intenção colocar duas colméias Ständer simples lado Apicultura Racional 139

a lado, as paredes que ficarem encostadas podem ser finas, como as das Colméias Geminadas colocadas lado a lado. Mas da mesma maneira que pode ser feita uma Colméia Tronco dupla, inseparável, em vez de uma Colméia Geminada, assim, pode ser feito, também, com duas Ständer simples.

Colméia Ständer de Dois Compartimentos Isto é feito dividindo uma colméia Ständer simples com o dobro do comprimento em dois compartimentos, lado a lado. A parede divisória deveria ser de uma polegada de grossura, e contendo encaixes de ambos os lados. Ela pode ser limitada numa extremidade ou, se tiver o comprimento em torno de vinte e quatro polegadas, pode ter portas móveis em ambas as extremidades e, se cada compartimento estiver separado no meio por uma tábua divisória, pode, às vezes, ser organizada para acomodar quatro enxames diferentes. Ständers duplas baixas de, no máximo, dois pés de altura e, talvez, largura exterior igual ao comprimento, podem, muito bem, conter três pavimentos, mas mais alta do que a que tem só dois, um em cima do outro. Nas colméias duplas é melhor que as entradas sejam postas nas paredes das pontas, opostas uma à outra. Mas se for preferido que ambas fiquem numa ponta, porque o conjunto terá que ser abrigado numa cabana, tomar cuidado para que os pequenos blocos nos quais as entradas são feitas não fiquem desalinhados um do outro na parede dupla, permitindo que as abelhas passem pela abertura. Cada entrada deve ser feita num bloco em separado, e o espaço entre eles cuidadosamente isolado. Seguir o que foi dito na descrição da colméia Lager de quatro compartimentos, que as entradas devem ser divididas exter140

Johnann Dzierzon

namente por uma tábua larga que descansa na tábua de vôo inclinada. A tábua divisória pode ser instalada de forma que possa ser removida, para que na união de dois enxames, ou divisão, possa ser retirada facilmente e novamente recolocada.

Duas Colméias STÄNDER Dupla Empilhadas. Se duas entradas estiverem próximas, perto de cada lado da tábua divisória, para unir dois enxames será suficiente mover a tábua divisória em cerca de um quarto de polegada, ou fazer uma abertura nela, para que as abelhas possam passar de um lado para o outro. Apicultura Racional 141

Estas Colméias Ständers duplas podem, muito bem, serem colocadas uma sobre a outra, como mostrado na figura acima, e com mais vantagem se as entradas estiverem a trinta polegadas de distante uma da outra, ou situadas em lados diferentes. Desta forma será economizado o telhado de uma colméia. Mas existe ainda mais economia, tanto de trabalho como de material, se em vez de colocar duas Colméias Ständer duplas uma sobre a outra nós construirmos duas Colméias STÄNDER Dupla Empilhadas.

Colméia Ständer de Quatro Compartimentos Sua construção não é essencialmente diferente da construção da Colméia Ständer dupla. Uma Colméia Ständer dupla é feita com mais do que o dobro da altura normal, de forma que quando cada um dos dois compartimentos for dividido em duas partes por uma tábua divisória inserida horizontalmente, teremos quatro compartimentos iguais, que terão uma relação semelhante um com o outro como as quatro vidraças de uma janela, duas acima e duas abaixo. Tais colméias são feitas, facilmente, de pranchas com quinze ou vinte polegadas de largura. Dois pedaços de tábua, com uma polegada ou uma polegada e meia de grossura e aproximadamente cinco pés de comprimento e outra, com igual comprimento e largura, serão as paredes laterais e a parede do meio. As tábuas para a cobertura e piso devem ter a mesma largura, e seu comprimento depende da largura dos dois compartimentos adjacentes e as espessuras das três paredes verticais. O piso e o fundo da coroa podem ser pregados nas três paredes que têm comprimento precisamente igual. No lado em que as portas estarão situadas o fundo da coroa e o piso podem ser unidos com mais firmeza às paredes laterais por tiras de lata que são pregadas, ou podem ser amarrados com 142

Johnann Dzierzon

braçadeiras, cravando dois pregos passando o arame por eles diversas vezes e então cravados. Unidas desta forma freqüentemente as colméias ficam mais firmes do que quando reforçadas com lâminas metálicas.

Duas colméias Ständers empilhadas uma sobre a outra, vista de trás. A porta de uma das partes está aberta. No meio, as paredes laterais são impedidas de se deformarem pelas tábuas divisórias horizontais. Mas para que elas não se dobrem nos cantos, e assim se separem uma da outra, elas Apicultura Racional 143

podem ser rodeadas, na altura da tábua divisória, com aro de ferro que não é caro e contribui consideravelmente para a firmeza da colméia. As tábuas divisórias horizontais deveriam ser antes curtas do que muito longas, pois elas se projetariam se as paredes laterais encolhessem com o passar do tempo. E melhor que elas sejam atravessadas, assim elas poderiam, sem desvantagem, inchar e encolher com as outras. Antes de montar todo o conjunto, é claro que, devem ser feitos os encaixes para as portas nas paredes laterais e na parede do meio em ambos os lados.

O corte das ranhuras pode ser feito agora, e estes podem ser feitos com uma serra normal grossa para madeira. O ângulo superior dos encaixes deveria ser um pouco inclinado com um 144

Johnann Dzierzon

cinzel. Tudo deve, é claro, ser feito antes de fechar a frente com tábuas, isto é, se for fechada com tábuas e não fechada com portas móveis. Se duais destas colméias com quatro compartimentos, precisamente semelhantes, forem montadas em comum em duas longas soleiras, com suas paredes unidas, então é fácil fechar com tábua, e pode ser feito com tábuas finas pregadas nas três paredes. As duas colméias reunidas se parecerão então nos dois lados como mostrado na figura seguinte.

A colméia quádrupla de lado é vista como representado acima. É melhor colocar as entradas na parte de trás, na parede há pouco mencionada. Ali haverá sempre duas entradas próximas, uma da primeira colméia e a outra da segunda; e estas devem estar separadas por uma tábua que se estende do telhado ao Apicultura Racional 145

piso. Tábuas inclinadas serão fixadas abaixo das entradas separadas. As tábuas divisórias devem se extender até o telhado, para que as abelhas da frente, que freqüentemente se reúnem junto do telhado, não se misturem. Porém, as entradas poderiam ser feitas a meia profundidade de cada compartimentos, no meio de cada parede, e assim ficariam a aproximadamente um pé e meio uma da outra caso em que uma separação cuidadosa entre elas não seria necessária. Em algumas circunstâncias as abelhas podem, apesar da distância, brigar entre si. Será então bom colocar no lugar onde as duas colméias se juntam, estopa ou tiras de pele em cima da qual as abelhas não caminham. Além disso, na frente das quatro portas simples* de cada quatro colméias duplas pode ser instalada uma porta grande que servirá para evitar a água da chuva e o sol ardente como também será uma proteção para o frio do Inverno. Se for trancada, ou presa com parafusos fortes para madeira, as colméias podem ficar, de alguma forma, protegidas de roubo quando for necessário. No verão, quando as colméias são manejadas freqüentemente, e roubo não é tão provável de ocorrer, estas portas podem ser removidas. Será um arranjo muito satisfatório, econômico em material, e agradável aos olhos, se não só duas mas quatro colméias Ständers semelhantes, com quatro compartimentos forem unidas em um todo grande, formando o assim denominado

Pavilhão Este é feito na forma de uma cruz. Suponha que duas colméias com a forma há pouco descrita sejam colocadas uma da outra em distância igual à sua largura, e duas outras forem insQuer dizer, nas pontas das colméias, não junto às entradas. C. N. A. 146 Johnann Dzierzon *

taladas junto destas, de tal forma que os ângulos das paredes da frente se toquem um ao outro formando um espaço vazio quadrado, teremos a forma do grupo.

Planta baixa do Pavilhão

As duas colméias opostas estão sobre a mesma soleira. Se o Pavilhão inteiro for apoiado em soleiras, e não em bases feitas de tijolo, as soleiras de ambos os lados devem ser cruzadas e devem encaixar uma na outra, para ficarem niveladas na parte superior. As quatro colméias formam, como pode ser visto, quatro asas de um todo, e suas portas estão voltadas para os quatro pontos cardeais. A economia de material neste método reside em que as paredes externas das colméias individuais podem ser de tábua de uma polegada, porque o calor pode ser retido Apicultura Racional 147

colocando material isolante nos cantos fechando-os e enchendo o espaço fechado com material isolante. A maior vantagem reside em que as colméias reunidas num conjunto são menos influenciadas pelas mudanças de temperatura do que quando elas ficam isoladas, e os efeitos do calor extremo e frio intenso podem ser minimizados circulando ar na temperatura do solo entre as colméias que as afetariam consideravelmente. Só é necessário fazer uma cova funda em baixo do espaço vazio existente no meio das quatro colméias. Esta escavação seria um tipo de extensão do espaço para baixo e necessitaria proteção contra desmoronamento. Se o espaço inteiro for fechado, formar-se-á um pequeno porão no qual, tanto no Verão como no Inverno, se teria a mesma temperatura, a qual, claro, afetará as colméias que formam o quadrado, resfriando no Verão e aquecendo no Inverno. Esta influência será sentida pelas abelhas, até mesmo através da parede de tábua de uma polegada, e mais ainda se pequenas fendas forem abertas cima do piso, abaixo do fundo da coroa, e onde começa o espaço para mel. Nestes lugares a própolis pode ser removida convenientemente sem retirar os favos do ninho da cria, ou no máximo, se eles tivessem alcançado o piso, teriam que ser encurtados. Uma vantagem adicional deste agrupamento consiste em que as abelhas, ainda que dezesseis colméias estão num pequeno espaço, não se perdem nem se equivocam de suas colméias, porque elas têm as entradas voltadas para diferentes direções e em diferentes alturas. Assim, a perda de rainhas é tão rara na colméia Pavilhão quanto nas Colméias Geminadas. Para que as entradas vizinhas, f f, fiquem a uma distância satisfatória uma da outra, as colméias devemvinte ter uma profundidade – ou aproximadamente polegadas. Se esteconsiderável não for o caso as seja colméias teriam que ser mais afastadas, para aumentar a circunferência do Pavilhão inteiro e, como os cantos não mais se tocariam um com o outro, o vão teria que ser fechado com tábuas verticais, para formar no meio um espaço octogonal em vez de um quadrado. 148

Johnann Dzierzon

Assim como o exterior é surpreendente, o incontestável Pavilhão ultrapassa, neste respeito, a todas as outras habitações para abelhas. Até mesmo se colméias simples tiverem um acabamento

grosseiro, e forem simplesmente pregadas juntas, o conjunto se apresentará muito bonito se apenas externamente for aplainado, alisado e pintado, e coberto com um telhado em forma de cúpula. As quatro paredes de tábua finas com que os cantos, ou ângulos, são fechados, ficam especialmente visíveis. Ali só Apicultura Racional 149

permanece visível parte das paredes das colméias necessária para expor as entradas, isto é, aproximadamente quatro polegadas, pois as entradas só podem, claro, começar depois das portas, e avançar uma polegada e meia para o fundo das colméias. Nos compartimentos superiores elas são colocadas tão alto quanto possível, ou seja, na divisão do meio diretamente abaixo do encaixe superior, mas nos compartimento mais abaixo elas são colocadas junto da ranhura inferior. Se cada compartimento tiver a altura de vinte e sete a trinta polegadas as entradas ficarão bastante separadas.

Fazer estas partes das paredes da colméia para reterem ainda mais o calor, e para conseguir fixar mais convenientemente as paredes já mencionadas nos quatro cantos, ripas são pregadas em toda altura nos dois lados das colméias. Os cantos destas ripas são bizelados na direção da parede mencionada, de tal forma que as paredes só precisam ser empurradas contra as ripas que foram pregadas, para ficar firmemente fixas na posição desejada. Veja a f e b f , na página 123. É necessário que as entradas passem pelas ripas. As ripas ficam projetadas para fora, como mostrado na planta baixa. O propósito disto é que uma grande porta, que é muito conveniente, seja instalada em cada uma das quatro asas, apenas empurrando da mesma forma que uma veneziana de janela interior é empurrada entre as ripas da janela. A extensão da projeção é determinada pela espessura das portas que ali serão instaladas. As portas não devem ser presas por conexões fixas, porque, quando abertas, as abelhas seriam perturbadas em seu vôo. É melhor simplesmente colocar elas ali e fazer buracos nos quais elas podem ser firmadas por cavilhas ou botões. Quando necessário, as portas são erguidas e retiradas, ou, em certas estações, totalmente guardadas, quando forem necessárias inspeções freqüentes. Quando no local, elas ajudam muito a reter o calor, especialmente se as portas pequenas forem bastante finas, e elas dão uma aparência melhor para o Pavilhão do qual nada mais pode ser visto além 150

Johnann Dzierzon

destas portas, bem como as ripas em toda a altura de ambos os lados e as quatro paredes construídas sobre os cantos. A figura na página 125 representa a asa sem a porta, e outra à esquerda com a porta instalada. Com relação às quatro paredes construídas até os cantos, elas ou podem ser feitas previamente como venezianas completas e então, empurradas atrás das ripas, ou de pequenas tábuas, ou tabuletas que devem ser ajustadas com as juntas para baixo de forma que as paredes terão a aparência de venezianas. O enchimento do espaço pode ser feito ao mesmo tempo convenientemente, de forma que, a cada tábua instalada, poderá ser posto ao mesmo tempo uma nova camada de musgo, pequenos cavacos, linho descartado, serragem, ou algo semelhante. Quando existir muita formiga que são um incômodo para as abelhas o espaço o espaço se tornará desagradável para elas pondo camadas de cinzas a intervalos com o material de enchimento. Se a parede, com o passar do tempo, encolher ou inchar outras tábuas, ou tabuletas, podem ser acrescentadas. Tábuas com aproximadamente quatro polegadas de largura são presas nestas paredes de asa a asa próximo da entrada superior e inferior, inclinadas, para ser mais conveniente para o pouso, e estas tábuas, com as barras atravessadas das portas, formarão dois anéis contínuos em volta de todo o pavilhão. As barras atravessadas das portas são postas, evidentemrnte do lado de fora, são colocadas numa altura correspondente, e elas devem se projetar um pouco para ambos os lados, de forma que as portas nelas se apóiem, e sejam mais facilmente tiradas e novamente recolocadas. Toda estrutura ficará melhor, e mais natural, se for um pouco mais larga na base, como, por exemplo, um fogão. No Pavilhão isto é acompanhado por outra vantagem que é a maior área de sua base, e mais vantagens ele terá da temperatura da terra. A cornija inclinada na base do Pavilhão onde a circunferência é diminuída, pode ser formada adequadamente pelas tábuas de vôo inclinadas postas em baixo das entradas inferiores. Apicultura Racional 151

Estas podem ser postas por primeiro. Elas devem ser bastante largas, e bem firmes; para que elas possam ser pressionadas gradualmente pelas paredes de tábuas finas que são levantadas sobre elas. A tábua de vôo inclinada, ou a tábua da cornija, devem, por esta razão, se estender um pouco por baixo das paredes de forma que a água da chuva que cair destas possa ser conduzida para fora. O espaço em baixo das entradas inferiores é agora completado com tábua para o que uma tábua com um pé de largura será suficiente. Estas devem ter algumas polegadas a mais na largura, pois elas são consideravelmente mais proeminentes do que a parede superior, é óbvio, entretanto a tábua inclinada sempre tem que se projetar um pouco sobre esta. É evidente que os quatro espaços assim construídos devem ser fechados por baixo com tijolos ou tábuas com a forma de triângulos isósceles, para que os ratos não entrem, quer dizer, se a colméia inteira não descansar numa base construída, mas só se apoiar em soleiras.

O Pavilhão estaria então pronto até o telhado o qual cada um fará a seu gosto, seja de zinco, lata, papelão, tábuas, tabu152

Johnann Dzierzon

letas ou palha. Seria ser melhor fazer primeiro uma armação octogonal grande de tábuas, cobrir o espaço aberto no meio, como também os quatro espaços triangulares que foram preenchidos. Esta armação deveria se projetar um pouco em todos os lados, e então o telhado poderá ser construído sobre esta armação. Ele pode ser inteiro ou truncado. Se existir um pedaço circular grande de zinco ou lata, ou outro material, para o topo, haverá uma economia considerável de tábuas e material. O espaço abaixo do telhado também pode ser preenchido com musgo, ou algo semelhante, para manter isolado do frio e do calor, não somente toda a colméia mas, especialmente, o espaço central do porão. Alguns apicultores construíram Pavilhões maiores, perseguindo a idéia de fazer um recinto à prova do frio pela reunião de várias colméias em seu interior. Estes Pavilhões foram organizados de forma que os compartimentos individuais ficassem separados do recinto interno e acessíveis por uma porta e as abelhas dali manipuladas. Tal arranjo, porém, não é prático, porque o quarto interno é muito limitado e muito escuro para a execução, conveniente e segura, de todas as tarefas. E quando algumas operações devem ser executadas em tempo frio, muitas abelhas das que saem se perderão, porque elas ficam congeladas antes de entrarem, encontrarem as portas, e alcançar suas colméias novamente. Além disso é pouco prático, porque os compartimentos individuais são fechados só por uma porta de vidro sem ficarem escurecidos por uma porta de madeira separada. Quando uma operação está sendo executada num compartimento, centenas e milhares de abelhas ficam esvoaçando nas portas de vidro ocasiões, dos outros compartimentos e tentando sair. As abelhas, nestas freqüentemente, abrem os alvéolos com mel já operculado e tratam de esconder o mel e colocar em segurança, pois a claridade repentina leva-as a acreditar que sua colméia foi aberta. O conjunto de colméias até aqui comentado não pode ser considerado a não ser como um agrupamento de colméias duApicultura Racional 153

plas, porque tão só dois compartimentos ficam lado a lado neles. Em um conjunto mais largo podem ser postos três compartimentos lado a lado um do outro, como colméias para três enxames separados. Isto é especialmente satisfatório, porque então as entradas dos três compartimentos podem ser dirigidas para três pontos diferentes da bússola, enquanto as três portas ficarão situadas para o quarto lado. A colméia terá também maior largura e posição mais firme, desde que, claro, seja montada ao ar livre.

Colméia de Três Compartimentos A colméia tripla é feita igual a colméia dupla, só deve ser correspondentemente mais larga, e em vez de uma tábua divisória perpendicular, com uma polegada ou uma polegada e meia de espessura, são inseridas duas, formando compartimentos de igual largura. Sua largura externa, ou o comprimento das tábuas que formam o piso e o fundo da coroa, terão o comprimento igual à a largura dos três compartimentos e as quatro paredes perpendiculares. Se os três compartimentos forem acessíveis de ambos os lados, a entrada do compartimento mediano deve ser situada numa de suas portas. Mas, como regra, a frente é coberta com cuidado como já foi comentado na colméia dupla. Fica melhor se duas destas colméias forem empilhadas, se economizará um telhado. A pilha terá a aparência de um armário normal. Mas em vez de duas colméias triplas separadas, se a fazer probabilidade de mover a colméia forsemínima, pode-se ferir uma colméia sêxtupla, quando conseguirá umapregarantia contra possíveis roubos.

Colméia Sêxtupla 154

Johnann Dzierzon

O que foi dito na descrição da Colméia Ständer quádrupla cabe perfeitamente aqui. As duas só diferenciam pelo fato de que aquela tem dois compartimentos a mais - os dois do meio. As entradas destas ficam na parede da frente, que é fechada por último, enquanto as entradas dos compartimentos laterais ficam nas paredes laterais, próximas da parede da frente e longe

das portas. A respeito da altura, elas podem ser colocadas no meio das três partes iguais em que a colméia é dividida, nos compartimentos superiores um pouco mais para o topo, no de baixo um pouco mais para o fundo, de forma que elas fiquem afastadas pelo menos de três pés. Colocar as mais inferiores na parte mais baixa só seria aconselhável se a colméia ficasse bastante alta, de forma que elas não ficassem muito perto do chão. A parede da frente será fechada com tábuas da seguinte forma. Uma parede de tábua fina é pregada transversalmente. Se esta cobertura é pregada nas paredes laterais, e não inserida Apicultura Racional 155

em encaixes, a colméia é menos propensa a ceder mais tarde. Todas as quatro paredes têm que ter a mesma largura então; a do meio pode se projetar até mesmo um pouco, assim a cobertura se ajustaria melhor, que é como deveria ser. Isto é conseguido melhor pregando as ripas do lado de fora e as fixando fortemente às paredes por pregos longos que segurarão bem. Em vez de duas ripas medianas, uma tábua inteira, um pouco grossa, é pregada no meio do comprimento total ou da altura, e nesta serão recortadas as duas entradas do compartimento do meio. Deve, claro, ser tão larga que atinja um pouco acima das duas paredes medianas nas quais a cobertura é firmemente pregada. Duas tábuas, planas e chanfradas no lado de dentro, são agora pregadas em ambos os lados, num lado a tábua mediana, no outro as ripa laterais, como também para os cantos do fundo da coroa e do piso. Estas devem ser de tal largura que cubram o lado inteiro, ficando visíveis apenas nas três ou quatro polegadas da tábua mediana, ou na largura das entradas. Estes ficarão apoiados numa espécie de canal, como mostrado na figura. A chuva que bate na colméia desliza melhor para baixo sobre as tábuas, e se encolher não abrirá nenhuma fresta, porque as duas tábuas pregadas por último têm um pequeno jogo em cima da inferior. O espaço oco debaixo delas será completado antes de elas serem pregadas, os cavacos, ou o que for, serão misturados com cinzas, de forma que as formigas não farão, especialmente no fundo, seus ninhos. Se as duas paredes do lado não conservarem o calor suficientemente elas podem ser cobertas com tábuas finas. As tábuas da cobertura podem ser postas então uma um pouco em cima da outra, para que elas possam contrair e inchar sem rachar, e podem ser organizadas para que as entradas fiquem num canal ou depressão, semelhante ao que ficou na frente. Um pedaço de tábua, chanfrado é fixado embaixo de toda a entrada, para ficar inclinado.

Duas Colméias Sêxtuplas Vistas de Ângulo. Como o piso está sujeito a apodrecer, especialmente nesses 156

Johnann Dzierzon

lugares que ficam em contato com as soleiras nas quais a colméia fica apoiada, é melhor que alguma tábua com nós e fina seja instalada nos lugares requeridos, ou o contato deveria ser evitado com tiras de lata. Estas devem, em todos os casos, serem cobertas com verniz, para não absorver umidade, e assim preservar da decomposição. E para o piso deveriam ser selecionadas tábuas com muitos nós. As colméias sêxtuplas ficam bem se empilhadas aos pares em piso comum e debaixo de um telhado comum; mas muito diferentes do que foi recomendado e descrito para a colméia quádrupla. Elas não podem ser colocadas com os lados da frente um contra o outro, porque as entradas dos compartimentos medianos ficam nesta parede. Pelo contrário, elas são colocadas com estes lados para fora, e com as portas uma em frente da outra, e afastadas para que haja espaço para, no verão, ficar de pé entre elas e fazer tudo convenientemente, como pode ser visto na figura. No Outono elas podem ser movidas para ficarem juntas e aproveitar o calor mútuo, e tudo deve ser feito para que externamente elas fiquem próximas, e que acima do solo fique um pequeno espaço aberto entre elas. Se uma escavação pequena for feita na posição certa antes de elas serem deslocadas, um fluxo contínuo de ar morno circulará entre as colméias que, durante um frio severo, será de muita vantagem para as abelhas. Esta vantagem será aumentada cercando a base das colméias com musgo, restos de madeira, folhas, &c., assim evita-se que o frio penetre no solo. Para ser possível aproveitar a temperatura do solo do Inverno para as colméias sêxtuplas empilhadas aos pares, da mesma forma que nas Colméias Geminadas em pilha, as portas são providas com algumas fendas, como pode ser visto na figura da página 132. Estas incisões nas portas têm grande vantagem no verão, quando da ocorrência de grande calor ar fresco flui entre Apicultura Racional 157

as colméias, enquanto o ar quente é soprado para fora pelas abelhas que ventilam a entrada.

A maior vantagem da colméia armário, talvez, esteja nisto, que elas dispõem de mais segurança contra roubo, pois elas devem ser transportadas juntas e de forma pouco conhecida. Por exemplo, isto pode ser feito instalando nos cantos do fundo da coroa que se tocam um no outro, num lado um gancho e no outro lado um olho. Se, então, as colméias ao serem transportadas juntas enquanto uma colméia é inclinada para a outra, o gancho é feito entrar no olho, e as colméias são empurradas pelo fundo, elas ficarão tão presas umas às outras que dificilmente serão separadas. Também, pode ser amontoado um pouco de terra ao redor da base, de forma que quando congelar será difícil de separá-las. Quando as colméias têm que ser vigiadas dos ladrões no verão, o espaço do meio pode ser fechado por duas portas uma das quais é fixa e a outra móvel e serão trancadas. Se o espaço do topo entre as colméias for também fechado, e lá for colocado em todos os lados musgo ou restos de madeira, as abelhas pas158

Johnann Dzierzon

sarão o Inverno em repouso perfeito e temperatura razoável, como se estivessem instaladas num porão. Mas, se as entradas normais forem fechadas, deverão ser feitas aberturas nas portas para entrada de ar além das frestas, e estas devem ser suficientes apenas para as abelhas, e não grande a ponto de permitir a entrada de um rato. Se um enxame forte for acidentalmente perturbado e encontrar todas as saídas fechadas, buscará desesperadamente por uma saída e em pouco tempo as abelhas morrerão. Mas se elas encontrarem uma saída e saírem para um espaço totalmente escuro, como ali estará, eles recuperam a calma pensando que é noite.

Colméias Quádruplas e Conjunto de Oito Quase não precisaria ser dito que podem ser feitas, em vez de colméias triplas e sêxtuplas, colméias quádruplas e em grupo de oito, quer dizer, a colméia Ständer na qual quatro compartimentos de igual altura ficam lado a lado, e que o conjunto de oito pode ser montado aos pares, com as portas de frente uma para a outra, como na colméia sêxtupla. A diferença é que duas entradas ficam na parede da frente do estágio superior e as duas do inferior. Se as duas entradas adjacentes forem separadas tanto quanto possível, uma tábua divisória entre elas pode muito bem ser poupada. Porém, poderia ser mais satisfatório instalar elas juntas, e as separar da mesma maneira como nas duas colméias quádruplas (ver figura, página 121), a tábua divisória se projetando bem para a frente, tem a vantagem de que as abelhas, até mesmo com ventos fortes, podem levantar vôo com tranqüilidade.

Apicultura Racional 159

Colméia para Criação de Rainha são freqüentemente mencionadas e recomendadas nos trabalhos apícolas. Estas são caixas pequenas, poderíamos chamá-las de colméias duodécimo, servem como moradia temporária para pequenos enxames, de forma que rainhas jovens podem ser criadas nelas. O apicultor que trabalha da forma antiga, com a colméia de palha normal ou Colméia Tronco, ou caixas semelhantes a elas com favos fixos, tem a maior necessidade de tal colméia para o propósito mencionado. Mas quem utiliza caixa colméia com favos móveis, descrita acima, sejam elas Lager ou Ständers, simples ou compostas, não tem necessidade delas. Todo compartimento desocupado serve como uma col160

Johnann Dzierzon

méia pequena quando o espaço supérfluo abaixo e dos lados for fechado e completado com material isolante, e neste local aquecido, por estar protegido de todos os lados, for instalado um enxame pequeno. A partir de uma colméia acessível de ambos os lados, como a Colméia Geminada, podem ser feitas imediatamente duas colméias com a metade da profundidade inserindo uma tábua firmemente presa no meio, do modo previamente descrito. Colméias Ständers mais altas poderiam ser divididas horizontalmente em duas partes a meia altura ou onde começa o espaço para mel, e cada parte poderia ser usada como uma colméia separada. Uma entrada também poderia ser aberta na porta que, claro, poderia ser construída em duas partes com altura correspondente. Se houver a disponibilidade de várias colméias vazias, tais compartimentos serão usados para criação de rainha cujas entradas ficarão tão distante quanto possível das outras ocupadas com abelhas, de forma que as rainhas jovens, no seu vôo de fecundação, não se percam facilmente e assim pereçam. Durante a estação mais morna do ano, de Maio em diante, o espaço supérfluo não apresenta nenhum inconveniente, e podem ser alojados pequenos enxames em toda colméia de tamanho normal, e mais tarde, quando os enxames criaram a rainha e ela estiver fecundada, eles podem ser transformados facilmente em enxames completos pela adição de cria ou abelhas, e isto pode ser feito sem remover para outra colméia, que será o caso se as rainhas forem criadas em colméias pequenas para aquele propósito especial. Agora que foi resolvido o problema de esvaziar favos cheios e os devolver novamente para as abelhas encher, até mesmo as colméias normais não precisam ser feitas tão grandes como antigamente; se a máquina para esvaziar, ou slinger,* da qual falaremos adiante, for usado, uma grande quantidade de mel pode, pouco a pouco, ser colhida de uma colméia pequena. Podem ser *

Segundo Michaelis – Slinger: funda, estilingue. N.T. Apicultura Racional 161

instaladas peças laterais ou superiores em colméias menores durante as estações boas, quando as abelhas começam a ficar com falta de espaço para armazenar mel, e estes serão, claro, novamente ocupados no Outono. Uma capacidade interna de cerca de 2000 polegadas cúbicas pode muito bem ser suficiente para locais moderadamente favoráveis, enquanto 3000 a 4000 polegadas cúbicas não apresentariam nenhuma deficiência em colméias que podem ser facilmente diminuídas e podem ser divididas em duas colméias para dois enxames. Mas se tratando de apicultura migratória o último tamanho teria uma evidente desvantagem, pois o transporte de colméias seria mais difícil e mais caro.

Colméia de Observação Muitos esperam encontrar num livro sobre abelha alguma orientação de como obter uma colméia de observação. As observações mais variadas podem ser feitas em toda colméia de quadro móvel sem ser especialmente preparada para tanto. Considerando que de vez em quando se queira olhar para todos os alvéolos, apreciar o começo do desenvolvimento da cria, sua extensão gradual, o início e progresso de realeiras, tudo pode ser acompanhado se os favos de interesse são retirados de vez em quando e são examinados. Mas como as Colméias Geminadas continuam as melhores entre todas descritas, assim elas são boas, e continuam sendo, a colméia de observação mais conveniente. O fato de ela ser acessível pelos dois lados* torna-a ótima para a observação. Se não for intenção retirar os favos, mas só olhar calmaQuer dizer, pelas duas extremidades. - C. N. A. 162 Johnann Dzierzon *

mente a atividade das abelhas, deveriam ser aplicadas, nos lados opostos, as portas de vidro móveis previamente descritas. A porta exterior tem que se ajustar facilmente, para poder ser retirada sem perturbação. As abelhas, se não perturbadas por solavanco, continuarão seu trabalho, e a rainha depositando os ovos, e nossos olhos, após observação continuada, nos convencerão, se um favo de zangão for trazido até a porta de vidro, que ela não só põe os ovos de operária mas também os ovos de zangão. E o favo no qual se deseja observar algo, como, por exemplo, alvéolos de zangão para os quais o tempo de ocupação já acabou, ou realeiras recém iniciadas, pode ser posto diretamente na frente de uma das portas de vidro, retirando o que ali se encontrava, ou retirando o primeiro durante algum tempo. Um único favo pode ser dado a um enxame fraco, e pode ser observado pelas duas portas de vidro tudo que está acontecendo na colméia. Não apenas nosso conhecimento teórico pode ser aumentado pela possibilidade de observação, mas podem serem obtidos outros de cunho prático. Por exemplo, nós podemos ter um favo de cria com várias realeiras com as rainhas prontas para emergir as quais não podem ser separadas sem serem machucadas ou sem destruir muitas realeiras. Se este for posto num enxame forçado, ou num enxame sem rainha, de tal forma que possa ser mantida vigilância sobre todas as realeiras através das portas de vidro, o aparecimento da primeira rainha pode ser aguardado. Esta rainha, ou as realeiras restantes, será imediatamente removida e usada. Quem gostaria de observar a Colméia Geminada de um terceiro lado poderia pôr um vidro maior ou menor na parede da parte de trás. Uma colméia isolada deveria ser, claro, escurecida, o que numa pilha não seria necessário: mas para ver, por exemplo, se ainda existem reservas suficientes, as colméias teriam que ser separadas. Se os vidros fossem retirados de ambas as Colméias Geminadas se conseguiria uma segunda passagem pela qual as abelhas poderiam ser unidas em tempo severo, ou poderiam buscar mel no compartimento vizinho. Quem desejar pode pôr na parede da parte de trás das Colméias Geminadas, um vidro com aproxiApicultura Racional 163

madamente cinco polegadas de largura por duas polegadas e meia de altura, ou portas móveis. Eles não produziriam nenhum dano, e em muitos casos seriam muito úteis.

164

Johnann Dzierzon

DIFERENTES MÉTODOS DE APICULTURA Existem dois métodos diferentes de manejar as abelhas para obter mel e cera, seus valiosos produtos. Num deles todoa uma parte da colméia é retirada no momento em que as abelhas tiverem a maior reserva e estiverem sem cria, o que acontece geralmente entre a metade e final de Setembro, e o enxame é afugentado com enxofre ou as abelhas são distribuídas entre as demais colméias que ficarão com os enxames. No segundo o mel e a cera, que não fazem falta para o enxame, são retirados parcialmente no verão, parcialmente no Outono e parcialmente na próxima Primavera. Para se estar em condições de colher muito mel no Outono, pelo primeiro método de manejo, tudo deve ser organizado de forma que o número de colméias possa ser aumentado tanto quanto possível através da enxameação durante a Primavera e o verão. Este método de manejo é chamado 'Método da Criação'. O outro é chamado 'método Zeidel', porque a retirada do excesso, o despojar as abelhas dos favos é chamado, no idioma dos apicultores, deé 'Zeideln.'*

Uma palavra equivalente, em sentido e significando, ao termo inglês 'depriving' na língua portuguesa, para possível tradução, é despojar. N. T. 165 Apicultura Racional *

MANEJO PARA CRIAÇÃO O método da criação é aplicável quando as abelhas têm forragem continua durante algum tempo, mesmo que não seja extraordinária; ela não pode ser deficiente, especialmente no Outono. Só em tais regiões rurais é que os enxames maternos podem se recuperar novamente, ficando populosos e bem providos de mel, e os enxames delas liberados conseguem encher suas colméias com favo e coletar reservas suficientes para o Inverno. O número total de enxames no Outono será então maior do que seria se não tivesse ocorrido a divisão dos enxames, não importando se tenha sido por método natural ou artificial. O número de colméias aumentado, onde antes havia uma rainha, agora existem duas, três ou mais, de forma que o número de operárias é largamente aumentado, e isto mostrará, ao mesmo tempo, uma maior operosidade do que se elas estivessem amontoadas em número muito grande numa colméia. Em tal caso elas iriam, como é bem conhecido, freqüentemente, até mesmo na hora da forragem mais abundante, se amontoar inativas em cachos na frente da colméia, por causa do calor excessivo e da falta de espaço. Além disso, um enxame diminui consideravelmente sua operosidade quando completa uma quantidade considerável de favo e acumula muita reserva. O aumento do peso já não continuará proporcional à sua força, pelo contrário, enxames novos apresentam maravilhosa operosidade tanto na construção como no armazenamento, como é bem conhecido de todo apicultor. Assim, através deste método se conseguirá não só colher mais cera e mel se o aumento de colméias no Outono for reduzido para seu número srcinal, mas esta vantagem será ainda maior, pois pode-se escolher os enxames a serem mantidos para o próximo ano olhando para a fertilidade da rainha, idade do favo e quantidade de reserva, enquanto no método Zeidel os enxames devem ser hibernados como eles estão. Mas apesar destas brilhantes características o método da criação tem seu lado negro. 166 Johnann Dzierzon

Em toda produção, e especialmente nos produtos de apicultura, a questão não é meramente de quantidade mas, também, de qualidade. No método da criação o pior mel é que é colhido, ou seja, especialmente mel da rica forragem do Outono, o urze, que não é nem agradável para nosso paladar nem saudável para as abelhas como comida de Inverno, enquanto que o valioso mel da Primavera e flores de Verão é usado, principalmente, para a construção de favo e desenvolvimento da cria. Nas pequenas colméias de criação as abelhas não conseguem, nem mesmo com a forragem mais rica, acumular reserva considerável por falta de espaço, pois a cria ocupa quase que a colméia inteira. E os enxames que partem levam consigo parte das reservas acumuladas e a usam de imediato na construção de favo.* A maior parte do mel que o enxame novo, bem como o velho, possui no Outono é mel de urze. Será difícil, então, por este método, conseguir favos operculados bonitos contendo mel de alta demanda e que alcance preço mais alto. Até mesmo a quantidade colhida é, às vezes, menor no método da criação; realmente, em certas circunstâncias, tanto as colméias maternas como os enxames delas oriundos estarão completamente desprovidos de mel no Outono, e todo o apiário entrará em decadência se o dono não tiver recursos para suprir uma alimentação cara e problemática, enquanto as colméias manejadas para Zeidel terão recolhido além do necessário para atender suas necessidades se o Verão tiver sido favorável e o Outono deficiente.

Este parece ser um dos mais fortes argumentos a favor do uso da cera alveolada. Em vez de consumirem o mel das flores de árvores frutíferas, que colhem primeiro, para a construção dos favo as abelhas o armazenam sem demora nos alvéolos novos feitos para o mel e o mel virgem pode ser armazenado pelos enxames muito antes que, enxames sem cera alveolada, tenham qualquer favo para guardar o mel. - C.N.A Apicultura Racional 167 *

MANEJO ZEIDEL O manejo Zeidel, ou despojamento, é o mais certo dos dois, uma vez que, em regiões não tão desfavoráveis, raramente acontecerá de as colméias não recolherem o suficiente para suas necessidades. Em nenhum ano seriam necessários mais dias favoráveis para permitir aos enxames fortes, como estes devem estar, e alojados em colméias de grande capacidade acumular reservas suficientes. Só o manejo Zeidel pode conseguir algum lucro em regiões nas quais a forragem apícola seja limitada às flores da colza, trevo, trevo branco ou trigo-mouro que assim como são abundantes no momento do seu florescimento são também efêmeras. Tanto para enxames velhos como para jovens o Inverno será pobre em mel se o curto período de fluxo de mel for usado em preparações não apropriadas para criação e o mel recolhido for gasto novamente para a construção de favo e desenvolvimento da cria. Mas como o declínio dos enxames não pode ser prevenido existirão formas para, neste método, tomar providências a fim de regular o crescimento e reparar as deficiências. A forragem apícola pode ser, em certas circunstâncias, consideravelmente prolongada numa região, que em outras ocasiões dispõe de forragem curta, se ocorrer uma Primavera antecipada e especialmente favorável, se plantas melíferas tiverem sido cultivadas mais intensamente, ou se ervas daninhas melíferas crescerem em maior abundância do que habitualmente. Por outro lado, a produtividade da região, que normalmente se prolonga, pode ficar reduzida a um tempo curto porsecausa do clima desfavorável. Então, o apicultor sensato não prenderá a nenhum dos métodos mencionados, mas, de acordo com a qualidade do clima, usará agora um manejo e em outro momento outro.

168

Johnann Dzierzon

APICULTURA RACIONAL O modo de levar adiante, racionalmente, a apicultura é se armando de um profundo e extenso conhecimento da natureza das abelhas, e tratar os enxames de forma a se conseguir deles segura e continuamente a maior vantagem que pode ser obtida sob as condições existentes de produção de mel e clima. O apicultor que não estudou é melhor que deixe suas abelhas seguirem o que elas preferem, e se ele tiver qualquer coisa para fazer com suas colméias que o faça da mesma maneira que seu pai e seu avô faziam antes dele. Ou, então, então faça uso da apicultura racional. Ele administrará seu negócio sistematicamente interferindo na economia das abelhas, estimulando por vezes e outras vezes apenas verificando e tendo em tudo o que ele faz uma razão por fazê-lo. Ele agiria de um modo quando estivesse aumentando o número de suas colméias e de outro quando o número desejado de colméias já tivesse sido atingido. Se ele estivesse buscando lucros da venda de enxames e não houvesse comprador o manejo seria mudado para produção de mel e cera. Ele não se lamentaria, como ouvimos freqüentemente, de que, por vezes, as abelhas estão enxameando muito e em outras o agrupamento permanece inativo na frente da colméia e não enxameia. Porque ele sabe como identificar o aumento exagerado do enxame e como fazer enxames artificiais, de amontoados de abelhas, quando ele concluir que, nas circunstâncias vigentes, a divisão de colméias fortes é vantajosa. Ele se lamentará, no máximo, apenas com o que não pode ser remediado pela força do homem, como o clima constantemente desfavorável que torna todos os esforços inúteis em toda atividade especialmente na agricultura, e que pode frustrar os resultados de toda a atividade humana. Do que foi dito sobre os diferentes métodos de manejo podese concluir que é vital distinguir entre colméias e manejos apícolas. Diferentes manejos podem ser aplicados a diferentes colméias, e o mesmo manejo pode, essencialmente, ser aplicado a Apicultura Racional 169

colméias diferentes. A verdade é que a apicultura racional pode ser aplicada em toda colméia, até mesmo na colméia de palha normal. Mas às custas de quanto tempo, dificuldade e recursos o objetivo seria atingido num caso, e com que certeza de sucesso no outro? Isso é outra pergunta. Por exemplo, a rainha de uma colméia deve ser apanhada porque ela está deficiente, ou por qualquer outra razão. Na Colméia Tronco normal ou colméia de palha isto é extremamente difícil, toma tempo e, freqüentemente, é quase impossível sem danificar todos os favos, enquanto em colméias de quadros móveis este trabalho é realizado com certeza e em poucos minutos. Pode ser dito como conclusão que a apicultura só pode ser racionalmente conduzida em colméias de quadros móveis, porque não é racional executar algo de modo demorado, difícil e duvidoso quando pode ser executado por um método rápido, fácil e infalível. Não pude deixar de descrever neste livro as demais colméias extensamente utilizadas em apicultura como a Colméia Tronco normal e colméias de palha, mas falarei preferencialmente sobre o manejo das abelhas nas colméias de quadros móveis também descritas. Pode-se esperar que estas colméias, até mesmo se feitas de palha em países onde a madeira é escassa, e ainda que redondas, angulares ou providas de porta, substituam mais e mais as colméias inconvenientes que têm quadros fixos. Para iniciar o assunto o manejo das abelhas propriamente dito, me encontro parcialmente embaraçado no que se refere à ordem em que os assuntos devem ser tratados bem como por onde começar e como terminar. Talvez alguma instrução sobre o modo como os enxames devem ser alojados em colméias novas poderia adequadamente o capítulo sobre a fabricação e arranjo dasseguir colméias mais satisfatórias.

POVOAMENTO DAS COLMÉIAS 170

Johnann Dzierzon

NOVAS Seria desnecessário falar da época em que o povoamento pode ser feito mas se torna necessário uma vez que muitos apicultores ficam ansiosos por introduzir estas colméias em seus apiários e não se conscientizam dos prejuízos que resultam em transferir enxames de colméias tronco e de colméias palha no Outono - um tempo muito impróprio. Eles, ale de se prejudicarem, criam preconceitos contra as novas colméias, porque os resultados desfavoráveis serão tributados às colméias e não à época inadequada em que as transferências foram realizadas. Colméias novas devem ser povoadas quando as abelhas estão naturalmente prontas para se mudarem. Não há razão para esperar que a época da criação esteja em curso, como no caso das outras colméias, porque podemos fornecer favo já em adiantado estado de uso para as abelhas de forma que ovos podem ser postos imediatamente, e assim as colméias podem ser alojadas em abril. Mas o clima deve ser tal que as abelhas possam produzir cera para consertar e construir novos favos, e que possam preencher as fendas da colméia e assim se instalar confortavelmente e aquecer o ninho da cria. Não há porque se precipitar para introduzir as colméias novas. Seria loucura descartar as colméias tronco ou de palha enquanto elas ainda estão em condições e seus favos não estão muito velhos. Elas deveriam ser usadas por tanto tempo quanto possível, e os enxames delas formados, sejam naturais ou artificiais, seriam alojados nas colméias novas. Já foi mencionado, ao falar da colméia de palha (página 69), como os favos com criaColméias podem ser retirados destas colméias para as colméias novas. tronco podem ser manejadas de modo semelhante. Se os favos do topo não estiverem presos a barras móveis, pode-se colocar barras logo abaixo dos favos, de forma que, mais tarde poderão ser retirados favos com cria para enxames artificiais ou para o fortalecimento de enxames postos em colméias novas. Se a largura das colméias tronco diferir muito da largura das colméias novas, pode-se forApicultura Racional 171

necer barras móveis às super-colônias alojadas em colméias tronco para que os favos, quando cheio com cria ou mel, possam ser postos nas colméias novas. Se, mais adiante, for desejável acabar totalmente com as colméias velhas isto poderia ser feito no Outono quando não existisse mais cria presente, quando então tudo seria cortado e as abelhas distribuídas entre os outros enxames, ou no começo da época da criação se for desejado preservar os enxames. Isto é feito apanhando a rainha velha, com ou sem abelhas, e três semanas depois, quando toda a cria tiver nascido, todos os favos serão cortados e as abelhas com a rainha jovem, talvez já fecundada, será posta numa colméia nova.* Aclm, enquanto isso, talvez, pode liberar um segundo enxame, Se for intenção que os favos fiquem completamente livres de cria dever-se-á esperar cerca de vinte e cinco dias após a remoção da rainha, pois muitos ovos poderão estar um pouco atrasados no desenvolvimento, e os zangões exigem mais quatro dias para seu desenvolvimento. Mas como todo dia a mais é um dia perdido pelo novo enxame, e como os alvéolos de cria já operculados não serão perdidos se os favos estiverem presos às barras, pois se eles estiverem satisfatórios serão dados novamente para as abelhas e os pedaços irregulares de favo fornecidos de alguma forma para as abelhas, conclui-se que o corte dos favos pode ser feito assim que a maior parte da cria tiver emergido. Em Colméia Tronco o corte dos favos é feito mais facilmente invertendo a colméia, e desalojando as abelhas, enquanto os favos estiverem sendo cortados um a um, para o espaço vazio que agora se encontra acima, onde elas se amontoam como um enxame normal. Dali elas podem ser escumadas com uma caixa, lata ou concha e postas na colméia nova, ou numa colméia de transporte se elas forem instaladas num cavalete distante que deverá estar preparado se a colméia nova não permanecer no

Este é um ensinamento excelente, e realmente 'racional'. - C. N. A. 172 Johnann Dzierzon *

lugar srcinal, uma vez que as abelhas retornam sempre para o lugar familiar. Quem possuir um bom suprimento de favos completos e vazios, e puder formar com eles um jogo completo de quadros, pode pôr o enxame numa colméia nova até mesmo no começo da Primavera antes que sejam depositados muitos ovos. Como esta operação normalmente toma algum tempo e com clima frio as abelhas ficam resfriadas e com clima quentes as pilhadoras são atraídas, a transferência, especialmente de colméias de palha, deveria ser feita em ambiente fechado. As abelhas que levantassem vôo, voariam de imediato para a janela (que pode, porém, ser escurecida), e seriam reunidas, depois de voarem por algum tempo, em pedaços de favo colocados perto delas, especialmente se eles contiverem alguma cria, e seriam em seguida reunidas às demais na colméia. Se o recinto estiver frio, ou se for possível resfriá-lo, as únicas abelhas que se espalharem na janela fria ou perto dela, podem ser varridas com uma pena para um pedaço de papel e podem ser reunidas às demais, e pode ser permitido que as que ficaram para trás na colméia velha que foi esvaziada, que se resfriem, e assim elas serão coletadas mais facilmente. Se for desejado terminar o trabalho rapidamente, pode-se colocar água bastante fria num recipiente, lata ou caixa, na qual a massa principal de abelhas é recolhida e as abelhas individuais que ainda permaneceram para trás podem ser escovadas para dentro dela, quando então elas se resfriam imediatamente, e podem ser reunidas convenientemente junto com as demais, assim não se perderá nenhuma abelha.

ACESSÓRIOS DA COLMÉIA QUE SERÁ POVOADA Isto praticamente não precisaria ser mencionado, pois seus Apicultura Racional 173

internos podem ser entendidos do que já foi dito. Algumas observações, porém, sobre o assunto podem ser úteis para o novato. Começando pela parte de trás da colméia, as barras para os favos são postas diretamente onde se espera que as abelhas preparem o ninho para a cria, e para o Inverno, o que nas colméias Ständer, não será nas ranhuras mais altas, mas no próximo par que divide o ninho da cria do espaço para o mel. As barras inseridas serão providas de inícios mais longos ou mais curtos de favos, e se possível ao longo de todo seu comprimento. Os favos fornecidos devem ser proporcionalmente maiores se a ocupação for muito antes ou depois da época da criação. Até mesmo nesta época inícios mais longos são muito desejáveis, embora não imprescindíveis, porque as abelhas são propensas a estendê-los rapidamente. As abelhas normalmente não estendem igualmente todos os favos, mas seus favos são normalmente longos sem no entanto alcançarem o piso, formam um conjunto com o formato de um cacho de uva - uma forma que o próprio amontoado de abelha normalmente tem, esteja ele pendurado numa árvore ou na colméia. Os favos de trás são, como regra geral, os mais longos, os da frente, pelo contrário, ficam mais curtos à medida que se aproximam da porta, que se torna claro pela figura ao lado que representa uma Colméia Geminada, ainda não completamente cheia de favos. As tábuas de cobertura foram afastadas, de forma que as barras dos favos podem ser vistas. Podemos imitar as abelhas neste arranjo, fornecendo-lhes favos mais longos atrás e mais curtos na frente.* Isto tem a vantagem adicional de ser possível verificar facilmente se os inícios de favo foram inseridos e intervalos apropriados, ficando separados um do outro de cerca de meia polegada apenas, ou a largura de dois alvéolos de operária. É muito desejável colocar numa das posições mais

Quer dizer, mais próximo da extremidade na qual a porta foi aberta. - C. N. A. 174 Johnann Dzierzon *

atrás um favo que não seja meramente longo mas que seja também largo, a ponto de atingir quase as laterais da colméia se possível. Um enxame fraco, ou que se formou muito tarde, freqüentemente não completa os favos em sua totalidade no mesmo ano e fica, conseqüentemente, com um ninho frio no Inverno, porque o calor escapa pelos locais sem favo. O favo longo posto atrás estimula as abelhas a construir os outros de mesmo tamanho tão depressa quanto possível.

É evidente que não é necessário colocar imediatamente barras com inícios de favos completando a colméia, mas só tantas quantas as abelhas podem cobrir e estender de imediato. Especialmente para um enxame tardio não se deve fornecer muitos inícios de favo. É melhor que sejam terminados cinco favos razoavelmente do que tenham sido iniciados oito e no final todos fiquem curtos. Uma colméia recentemente povoada é, como é bem conhecido, às vezes, abandonada pelo enxame que nela foi instalado, não importando se é um enxame natural ou artificial, ou um enxame velho transferido. Isto pode ser evitado pela inserção de Apicultura Racional 175

um favo, ou um pedaço de favo, contendo cria, tendo alguns alvéolos de cria abertos. A cria fornecida provoca-as de imediato a uma grande operosidade e, além disto, previne de elas ficarem sem rainha sua jovem rainha, ainda não fertilizada, se perca durante o vôo de fecundação. Pela introdução de um favo, ou pedaço de favo com cria é indicado para as abelhas o lugar onde se deseja a cria. A rainha se dirige para ele de imediato, ali se instala e começa a estender a cria para todos os lados. Quanto mais baixo ou mais para trás as abelhas instalarem seu ninho da cria maior será a vantagem, pois elas terão mais espaço e oportunidade para acumular mel acima dele. Deveria ser escolhido um favo que estivesse vazio na parte superior, ou que ali só existisse mel e a cria estivesse na parte de baixo, ou quando se estiver usando colméia Ständer uma barra com favo curto contendo cria fosse inserida nas ranhuras inferiores e em cima dele, como continuação para cima, um favo vazio ou que contivesse apenas mel; ou, pelo menos, pode ser colocado um favo de cria, com a ajuda de suportes, no piso da colméia, ou uma barra ser inserida a uma altura satisfatória, de forma que ao ser construído seja unido com o vazio instalado acima. É evidente que as abelhas devem ser capazes de, se ocorrer tempo frio, cobrir completamente o favo de cria que foi inserido. Se as abelhas, para se agruparem, forem obrigadas a abandonar o favo com cria, esta perecerá e o enxame, em vez de se sentir atraído pela colméia, será induzido a abandoná-la. As barras para favos inseridas no topo são, claro, cobertas cuidadosamente com pequenas tábuas e, além disso, em tempo frio, com musgo seco, feno, palha ou será estendido sobre eles um tapete normal de palha. Na parte de trás as tábuas de cobertura podem ser postas em paralelo com o comprimento da colméia, ou seja em direção perpendicular à das barras. Em conjuntos de colméias primeiro é posta a tábua junto da parede exterior e depois a que ficar junto da parede divisória. 176

Johnann Dzierzon

Se for desejado deixar que as abelhas tenham acesso ao espaço para mel neste ou no ano seguinte, será necessário apenas remover a última tábua ou deslocá-la um pouco para longe da parede e deixar um pouco mais sobreposta à primeira tábua de cobertura. Poder-se-ia, também, deixar junto desta parede uma pequena fenda que seria fechada temporariamente com uma barra lisa que, mais tarde, seria facilmente removida. Como é bem conhecido, durante o Inverno as abelhas gostam de se amontoar em cachos sobre a parede comum, pois assim elas podem desfrutar do calor mútuo, de forma que até mesmo com frio intenso elas poderão subir pela passagem acima citada em busca de mel se ele não estiver disponível embaixo. Na maioria dos casos, em colméias Ständer com três ou mais divisórias, seria bastante inútil, até prejudicial, colocar uma segunda série de barras abaixo se o enxame não é muito forte e a forragem não permanecer disponível por mais tempo. As abelhas ficariam impedidas de construir, e se a altura de uma divisória fosse de aproximadamente oito polegadas elas teriam, para o Inverno, um ninho muito baixo, e assim muito frio. Divisória de 10 polegadas de altura seria menos prejudicial, pois esta divisória, estando bem próxima, forneceria sempre para as abelhas um ninho morno durante Inverno. A inserção de barras na divisão inferior pode ser feita, normalmente, somente no ano seguinte. Sempre que alguma parte do favo estiver projetada abaixo dos encaixes inferiores será cortada fora e estes cortes serão usados para guias nas barras de favos. Já foi mencionado que as barras não precisam ocupar toda a profundidade da colméia, mas é preciso que sejam colocadas da porta até a metade, ser totalmente omitidas na parte de trás, e os favos terãopodem mais espaço disponível. A situação é um pouco diferente se o enxame é forte, a forragem excelente e promete continuar durante algum tempo. Neste caso as barras dos favos podem ser instaladas não só abaixo, mas também no espaço para mel acima depois que as abelhas tiverem organizado seu ninho da cria no meio. Um Apicultura Racional 177

grande enxame, que poderia ficar muito congestionado pode ser dividir e construirá, ao mesmo tempo, no topo, no meio e abaixo. Não podem ser dadas regras gerais sobre este assunto. Bom senso e experiência indicarão quantos favos serão deixados para as abelhas construírem, e quando lhes será permitido ocupar o espaço para mel. Nas colméias Lager e especialmente nas Colméias Geminadas, pode-se permitir às abelhas, às vezes, construírem acima mesmo que o ninho da cria não tenha sido totalmente construído. Se as abelhas construíram só uma parte do espaço superior e o encheram de mel, elas passarão melhor o Inverno por disporem de provisão abundante acima delas que estará acessível até mesmo em caso de frio intenso. Em abrir o tância, mente,

colméias Ständers, porém, não convem se precipitar em espaço para mel, pois as abelhas em qualquer circunsaté mesmo no caso de a forragem cessar inesperadanão só preparam um ninho de Inverno adequado, mas

nele acumulem reservas suficientes para o Inverno. O aquecimento não depende tanto do comprimento dos favos como de quanto o espaço está congestionado em favos, e doze polegadas de favos construídos próximos um do outro fornecem às abelhas um ninho mais morno do que um ninho de quinze por dezoito polegadas mas construção descontínua e imperfeita. Nosso objetivo de fazer as abelhas construírem favos próximos, e ao mesmo tempo de disporem de bastante mel, é conseguido melhor impedindo o alongamento dos favos pela inserção horizontal de uma tábua que as obrigará a completar em toda a largura disponível e completar até os cantos. Na descrição da colméia Ständer não houve menção a esta tábua com a qual o espaço inferior pode ser limitado, como pode ser feito nas colméias Geminadas, lateralmente, pelo “dummy”; não é em absoluto necessário, mas com ela pode-se conseguir ainda muitas vantagens. Além de compelir as abelhas a construir o espaço limitado 178

Johnann Dzierzon

mais compactamente, como já foi dito, deste modo se consegue um ninho de Inverno mais morno para elas, pois a tábua impede a subida do ar quente, e descida do ar frio. Isto ficará ainda melhor se a tábua for colocada acima da entrada. O ar frio de fora não entrará tão diretamente no ninho de Inverno das abelhas e elas não serão provocadas tão facilmente pelo sol no caso de existir neve. Neste caso, claro, a tábua deverá ficar um pouco afastada da parede na qual se encontra a entrada, ou pelo menos tem que ter um corte que sirva de passagem para as abelhas. Por meio da tábua inserida horizontalmente, que pode descansar em quatro pregos ou em duas barras atravessadas, os favos ficam limitados a um comprimento definido, como desejado, independente da altura da colméia. Será então possível remover a cria da colméia Ständers para a colméia Lager como também para as colméias Geminadas que são muito mais baixas sem haver necessidade de encurtar os favos. Com sua ajuda a limpeza da colméia é feita muito mais facilmente, porque todo o detrito pode ser retirado com a tábua. No Outono pode ser colocada um pouco mais baixa para permitir o acúmulo das abelhas mortas e detrito que cair sobre ela. A comida a ser dada às abelhas, seja ela cevada açucarada, pedaços de favo com mel ou mel cristalizado em pedaços, pode ser posta embaixo perto do ninho das abelhas sobre a tábua mencionada, assim que até mesmo em baixas temperaturas elas podem descer e podem se alimentar. Ao começar a construção do ninho a tábua pode ser rebaixado até uma polegada acima do piso onde ela poderá descansar em quatro pregos pregados no fundo como se fossem quatro pés. Deste modo é reservado um espaço vazio abaixo que é muito útil em diferentes operações especialmente para afastar as abelhas ou aplicar fumaça, que será descrito adiante. Se a tábua for posicionada um pouco mais alta, embaixo poderá ser formado um espaço para mel. Com força suficiente e Apicultura Racional 179

boa forragem, as abelhas começarão a encher o espaço inferior com favo muito mais cedo, se forem colados inícios de favo embaixo da tábua favos esses paralelos à profundidade da colméia ou comprimento da tábua, de forma que possam ser retirados mais facilmente e serem fornecidos a um enxame desprovido de mel que, deste modo, seria alimentado de forma mais fácil com a necessária comida de Inverno. Em enxames fortes haverá continuamente grandes massas de abelhas penduradas embaixo da tábua da qual um grande número pode ser apanhado facilmente e usado nos núcleos ou para o fortalecimento de enxames fracos. A tábua é retirada cuidadosamente, e se permite que as abelhas ou entrem na colméia nova ou serão sacudidas para dentro de algum recipiente. Se a tábua contendo inícios de favos for colocada no espaço para mel superior, um enxame artificial forçado que se desloca para lá pode ser retirado facilmente, e a dificuldade de escovar as abelhas será dispensada. Até mesmo em um espaço para mel bastante baixo, como da colméia Geminada, esta forma de pegar a rainha geralmente é bem sucedida, e não será necessário retirar os favos isoladamente quando eles estiverem pesando muito, o que exigirá cuidado e tempo. Não há necessidade que toda colméia tenha uma tábua para este uso temporário, basta uma aplicável a todas as colméias que tiverem a mesma largura.

ENXAMES Muitas vezes já foi perguntado, quem apareceu primeiro a galinha ou o ovo, a mesma questão pode ser formulada com relação ao enxame e à colônia materna, embora toda colônia materna tenha sido enxame, e como tal, se mudou para a sua habitação atual, e enxames jovens se tornam colônias completas, 180

Johnann Dzierzon

populosas que, por sua vez, liberam enxames novamente. Os diferentes fenômenos na vida da abelha se sucedem num ciclo contínuo, mas, como é bem conhecido, a linha circular não tem começo nem fim, ou o começo é exatamente onde o primeiro evento ocorre. Reportando-nos ao que falamos, há pouco, sobre os preparativos que ocorrem em colméias novas que estão sendo ocupadas, ou naquelas já povoadas, parece ser mais conveniente e natural imaginarmos que o enxame apareceu primeiro.

DIFERENTES TIPOS DE ENXAMES, SUA ORIGEM E TRATAMENTO. Um enxame é um conjunto de abelhas temporariamente sem residência que, com sua rainha, abandonou sua moradia anterior a fim de passar para uma nova e criar uma nova colônia independente. Se a colônia inteira abandonar uma colméia ocupada por muito tempo e perfeitamente construída com favos é chamado, normalmente, ‘enxame indigente’, que se forma por causa da fome ou outras causas.

Enxame Indigente Necessidade ou fome não é o único estímulo para este tipo de enxameação, pois sujeira, colméia fria, favos frios, infestação pela traça da cera induzirão seu aparecimento. Um enxame fraco abandona sua colméia prontamente se tiver pouca ou nenhuma cria e, especialmente, se não há cria aberta, ou seja, como regra, a maioria dos enxames indigentes ocorre na PrimaApicultura Racional 181

vera e, novamente, no Outono. Muitos chamam de enxames indigentes os que aparecem em momento incomum, ou longo antes do ou depois do tempo normal de criação. Estes ocorrem porque a rainha de uma colméia morre e das rainhas jovens criadas, uma, como regra a primeira que emerge, enxameia com uma parte da colônia. Mas o termo não é, de forma alguma, adequado. Eles são enxames, mais precisamente, secundários ou 'enxames tüt'.

Enxames Regulares ou Indigentes Assim descrevemos os enxames de abelhas que saem de colméias populosas, em que só uma parcela dos habitantes da colméia parte com a rainha, e a outra parcela permanece para trás. A velha colméia que liberou um enxame é, com propriedade, chamada de colméia materna, porque o enxame deve a ela sua existência.

O Enxame Primário Este sai com a rainha fértil velha quando ela ainda está viva e as realeiras já foram fechadas, cuja presença deixa a rainha velha desconfortável e a incita a sair, exatamente da mesma maneira que pobreza, temperatura incompatível, sujeira ou traça fazem surgir enxames indigentes ou famintos. Por causa do tom lamuriante da rainha as abelhas ficam excitadas, com ardor ou desejo de enxamear, e por volta do meio-dia de um dia agradável ela, junto com seu séqüito, deixa a colméia como um enxame. A formação tem sua srcem no ciúme da rainha e intolerância para com outra rainha, ou até mesmo para com as realeiras fechadas. O impulso se srcina na rainha, mas o momen182

Johnann Dzierzon

to de partida é determinado pela população, e só a população sabe quando o tempo apropriado para partida chegou, e têm ocorrido casos em que um enxame parte, embora a rainha tenha abandonado a colméia há algum tempo. Muito raramente acontece que o primeiro enxame saia simplesmente porque a temperatura subiu repentinamente a um nível intolerável sem que realeiras tenham sido previamente iniciadas. Um certo instinto inato impede as abelhas de construir realeiras, e isto é manifestado quando a cria ficou consideravelmente extensa – estando a cria de zangão presente, e a colméia tendo atingido alta temperatura. Com o aumento da temperatura na colméia, com tempo morno e úmido, o desenvolvimento da cria é favorecido pela possibilidade de trazer água continuamente de uma piscina da vizinhança, ou a frente sul menos fria, tudo contribuindo para a cria. As abelhas podem ser incitadas, em parte, artificialmente fazendo pequenos recortes nos cantos dos favos de cria ou em suas laterais onde as abelhas prontamente iniciarão a construção de realeiras. Seguidamente tem-me acontecido de um enxame sair de um compartimento de uma colméia dupla sem qualquer preparação prévia, simplesmente porque acidentalmente se abriu uma fenda na parede intermediária, não, realmente, grande o suficiente para que as abelhas pudessem passar, mas suficiente para alertar as rainhas da presença uma da outra, de forma que uma delas se mudou temendo pela sua vida. Talvez pudesse ser possível provocar a criação natural de modo artificial, especialmente em Colméias Geminadas, se os dois enxames vizinhos só estivessem separados por uma tela de arame, ou por uma tábua perfurada possa ser instada ou esta removida. Apicultores que o quisessem que poderiam experimentar alternativa e poderiam enviar os resultados ao editor do Bienen Zeitung de Eichstädt. Até agora os enxames eram obtidos deixando uma rainha, casualmente obtida, entrar num enxame forte. É provável que este experimento só teve sucesso porque o enxame tinha perdido acidentalmente sua rainha velha e só possuía realeiras. NesApicultura Racional 183

te caso ele aceitaria uma rainha não fertilizada prontamente. Mas se as abelhas estão inclinadas o enxamear elas não deixarão que as realeiras já começadas sejam destruídas, mas continuarão a cuidar delas e forçarão a rainha a deixar a colméia com o séqüito que ela conseguir. A mesma coisa resulta freqüentemente se uma realeira quase madura é introduzida num enxame sem rainha. A rainha jovem que emerge desta realeira sai, em poucos dias, com um enxame, se as abelhas não deixarem que as realeiras que elas começaram sejam destruídas, as quais elas continuarão cuidando. Em enxames fracos, i.e, esses que ficaram temporariamente muito debilitados, pela formação de enxames, o fornecimento de uma rainha ou de realeiras operculadas resulta na destruição das realeiras já começadas, e mais nenhum enxame seja liberado. Colméias que liberaram o primeiro enxame estão na mesma situação que os enxames sem rainha e são, em todos os aspectos, semelhantes a esses dos quais ela foi levada, ou nos quais ela morreu acidentalmente. Se, então, amanhã for acrescentada uma rainha jovem, seja dentro ou fora da realeira, a uma colméia materna que hoje liberou seu enxame primário, na maioria dos casos, os enxames secundários, que são mais desvantajosos do que úteis, serão evitados. A denominação ‘Enxame Primário’ já indica, como regra, que o enxame libera não apenas um mas vários enxames.

Enxame Secundário Os enxames sucessivos são chamados, como é bem conhecido, enxames secundários, “casts”, ou enxames 'tüt', porque eles são precedidos pelo piar das rainhas jovens, e eles se anunciam a si mesmos desta maneira alguns dias antes. Estes são formados porque as abelhas constroem não apenas uma realeira mas várias, freqüentemente cerca de vinte. A rainha 184

Johnann Dzierzon

que emerge primeiro não tem nada mais de urgente a fazer do que procurar as realeiras ainda presentes para abri-las e dar um golpe fatal, ou ferroada, em suas rivais ali ainda existentes, em seguida as operárias completam o trabalho de destruição. Mas se o tempo estiver favorável e as abelhas fortes e ansiosas por enxamear elas mantem a rainha afastada, que corre à procura das realeiras como um gato à procura de sopa quente e, de vez em quando, produz um som bem conhecido com notas distintas expressando seu ciúme e ansiedade, ao que as outras rainhas já maduras mas imóveis confinadas nas realeiras lhe respondem com o 'quack, quack'. Se a primeira das rainhas jovens deixar a colméia com o primeiro dos enxames secundários, que saiu nove dias depois do primeiro enxame, uma sucessora assume seu lugar. Assim é possível, dependendo da quantidade de abelhas jovens que emergem diariamente dos alvéolos, que todo o dia ocorra um segundo, terceiro e até mesmo um quarto, ou quinto, enxame secundário. Finalmente uma das rainhas jovens fica na colméia, as outras são exterminadas ou são expulsas e as não totalmente maduras são retiradas das realeiras. Se a rainha velha morreu, foi descartada, ou foi embora com o primeiro enxame, isto só faz diferença para os enxames secundários, estes só saem cerca de cinco dias depois da partida da rainha velha com um primeiro enxame, ou seja em aproximadamente nove dias; caso contrário eles não saem até que tenham se passado quatorze dias, pois num caso as realeiras estão em desenvolvimento, e no outro são começadas outras sucessivamente. Enxames primários nunca podem ser previstos com certeza total a menos que a inspeção interna identifique estarem presentes tanto realeiras como a rainha velha. Enxames secundários ou enxames tüt são anunciados não só pelo piar da rainha, mas podem ser previstos com grande certeza. Qualquer um que quiser ter a satisfação de ver um enxame ser liberado num dia de verão, como 24 de Junho, deve, no dia 10 de Junho, retirar a rainha da colônia sem debilitá-la muito, ou no caso que ele teApicultura Racional 185

nha retirado, ao mesmo tempo, um enxame inteiro com a rainha, deve torná-la forte novamente trocando-a de lugar com uma colméia populosa, da forma a ser descrita mais adiante. Os enxames aparecem, como é bem conhecido, no melhor momento do ano, na parte mais quente do dia, no entanto eles podem, especialmente se seu vôo for retardado pelo tempo chuvoso dos dias anteriores e a rainha for muito insistente, sair tão cedo como oito horas da manhã ou tão tarde como cinco horas da tarde. Mas a hora em que as abelhas normalmente voam na frente da colméia é a hora normal para a enxameação. São raros os casos em que o enxame recém saído se desloque imediatamente para grande distância. Como regra, ele pousa numa árvore, arbusto, moita ou outro objeto, e as abelhas fazem isto rápido. Se as abelhas voarem para mais longe, mais rapidamente a rainha, especialmente se velha, ficará cansada, cairá no chão e se perderá, mais abelhas voltarão para a colméia materna ou, num apiário grande, pousarão em outras colméias onde elas podem ser ferroadas ou, até mesmo, em sua excitação, elas podem ferroar a rainha da sua colméia ou, se nada disso acontecer, elas não serão tão úteis quanto o são nos enxames. Porém, há meios de induzir o ajuntamento e pouso de um enxame sem o que um enxame fraco seria subjugado pelo zumbido das abelhas que voam diante das outras colméias, e possa ser, talvez, completamente destruído. As abelhas pousam imediatamente num objeto que seja escuro ou marrom, pensando que um agrupamento de abelhas já está ali pousado. Assim, elas entram prontamente numa cesta de salgueiro marrom, pousam num poste com abertura para o lado se neste poste for colocado um favo de cera marrom enegrecido, velho ou um pedaço de casca de carvalho marrom. O cheiro de bálsamo atrai as abelhas e é bom manter uma reserva desta planta perene de cheiro doce nas vizinhanças do apiário. Se o lugar onde se deseja que o enxame pouse for esfregado com bálsamo, ou um ramo dele for posto ali, as abelhas que enxameiam geralmente pousam ali 186

Johnann Dzierzon

imediatamente, e permanecem juntas por algum tempo, ainda que a rainha não esteja entre elas, de forma que se ganha tempo para distribuí-las entre as colméias velhas que precisam de fortalecimento, ou entre os enxames jovens. Bálsamo pode ser esfregado numa colméia nova e pronta para ser ocupada, e será patente o quanto esta fragrância é agradável às abelhas. As abelhas exploradoras tomam conta de uma colméia da qual apenas o alvado tenha sido esfregado e, claro, será ocupada pelo enxame se este já não se alojou. As abelhas de um enxame são guiadas principalmente pelo sentido do ouvido e se juntam imediatamente quando ouvem um som alto ou um zumbido provocador. Se, então, existe a possibilidade de um enxame ser perdido e causar desastre em outras colméias, o que é bastante provável com enxames formados por causa da fome, será bom provocar este zumbido nas vizinhanças. Por exemplo, uma colméia fraca é aberta, as abelhas são sacudidas de um dos favos caindo parte no chão, parte na entrada ou se lançando no ar. Enquanto elas estão voando para casa zumbindo e atraindo, elas atraem as abelhas que estão enxameando que resolvem seguí-las, zumbindo como elas. Pelo menos é sabido onde a rainha pode ser procurada se for intenção salvá-la. A rainha da colméia, por correr grande risco de ser ferroada pelas intrusas, deve, claro, ser protegida do perigo que a ameaça engaiolando-a. É melhor, neste caso, atrair as abelhas para um enxame artificial que possui apenas realeira, onde é possível evitar também outros danos se o ferroar mútuo for prevenido com muita fumaça. Mas um enxame pode ser induzido pelo zumbido de outras abelhas a ir onde não é desejado, como se reunir a um enxame há pouco alojado e suficientemente forte, ou a um enxame ainda pousado numa árvore. A colméia deve ser coberta imediatamente com um pano, ou as abelhas que voam para ela devem ser afugentadas com fumaça. A colméia materna pode ser mantida sob fumaça, de forma que muitas abelhas não retornem, o que elas são muito inclinaApicultura Racional 187

das a fazer. Especial atenção deve ser dada à rainha. Pode acontecer que ela não consiga sair por ela tentar sair por uma fenda estreita da porta de uma caixa colméia cuja abertura tenha sido reduzida. Então, a porta deve ser aberta para que todas que quiserem possam sair. As rainhas jovens freqüentemente retrocedem novamente, ocasionando o retorno do enxame inteiro o que sempre é muito desagradável porque não só um dia é perdido pelo enxame, mas muitas abelhas, na confusão, pousam em colméias vizinhas e são ferroadas. A rainha pode ser impedida de retornar colocando uma obstrução na entrada e prolongando para fora. Um canudo de papel atenderá o objetivo. É possível que a rainha caia no chão por ter suas asas defeituosas ou feridas. Se for uma rainha jovem será inútil, porque ela não poderá ser fecundada e deveria ser descartada imediatamente. Se for a rainha fértil do enxame primário seria sem piores conseqüências. Realmente uma asa pode ser cortada de toda rainha assim que ela começar a botar, para prevenir a perda dos enxames; quando o enxame sair, se for durante o mesmo ano ou no próximo, ela deve ser procurada cuidadosamente e capturada se ela cair no chão ou rastejar próximo da colméia, presa numa gaiola e levada ao enxame que, enquanto isso, começa a pousar normalmente em algum lugar. Se a rainha é vista quando o enxame sai, especialmente se for um enxame primário, será sempre mais seguro pegá-la. Se, por causa da recente perturbação e excitação ela parou de botar e ficou mais leve ela tem mais facilidade de voar, contudo ela sempre é um pouco desajeitada e pode, com vento, se perder facilmente. Quando a rainha é apanhada, o enxame inteiro está em nosso poder, e se não pousar de forma alguma, ou só em local inconveniente, uma colméia vazia pode ser imediatamente posta no lugar da colméia materna, a rainha presa ser posta dentro, e o enxame retorna e entrará sozinho. Assim como a gaiola da rainha é uma prisão para rainha, assim também, quando for seguido o manejo de criação a, as188

Johnann Dzierzon

sim denominada, rede ou saco para enxame é um dispositivo para pegar o enxame inteiro quando ele sair da colméia e evitar sua fuga. É feito de um material transparente, tão aerado quanto possível, e tem a forma e tamanho de um saco de milho normal, é mantido aberto por meio de arcos, e permitir que uma extremidade seja facilmente ajustada na colméia que enxameia. Depois da saída do enxame é levado embora e mantido num lugar fresco até as abelhas se acalmem e se agrupem.

Evitando a Fuga dos Enxames A captura e alojamento de um enxame numa colméia preparada para tanto é, claro, muito conveniente. O enxame pode ser sacudido diretamente numa colméia normal de palha. Mas como com clima quente o enxame poderia voar novamente, poderia subir e, talvez, voar sem pousar novamente, é melhor colocar ele aos poucos, com o auxílio de um pequeno recipiente, em sua nova colméia. Se, inicialmente, uma parte é posta as outras abelhas vão sozinhas, atraídas pelo jovial zumbido, e assim as perambulantes são reunidas. Pode-se deixar as restantes entrarem pelo alvado, as abelhas apreenderão algo sobre sua nova casa. Elas podem ser sacudidas sobre um pano estendido, preso em baixo da entrada com dois pregos. Quanto mais demorada for esta mudança mais abelhas, que pertencem ao enxame, serão atraídas de todos os lados. Somente quando outro enxame é esperado, ou está pronto para sair é que temos que apurar e temos que sacudir enxame em sua colméia tão depressa e completamente quantoo possível. Se o enxame pousou num objeto que pode ser trazido perto da colméia, por exemplo, numa cesta preparada para tanto, numa casca de árvore, ou num galho fino que pode ser cortado facilmente, sua retenção é procedida da mesma maneira. Mas as circunstâncias especiais de enxame pousado num galho Apicultura Racional 189

grosso, ou tronco de uma árvore, ou num arbusto, têm que ser avaliadas para buscar a melhor solução. Para começar é bom, especialmente em calor intenso e sol quente, borrifar o enxame com um pouco de água com uma seringa ou um aspersor, a fim de reduzir sua temperatura, e evitar que as abelhas voem. Porém, elas não podem ser ensopadas, como um novato pode, por vezes, fazer. O trabalho só se tornaria mais difícil, e muitas, inclusive a rainha, poderiam se perder. Apenas quando o enxame for obrigado a permanecer pendurado por longo tempo, e especialmente exposto aos raios solares quentes pode ser borrifado com mais liberdade e repetidamente, de forma que não possa voar. Normalmente a colméia destinada para o enxame não pode ser levada até o enxame, isto não é aconselhável nem mesmo com uma simples caixa-colméia, porque os favos podem se desarrumar, assim é melhor colocar o enxame numa cesta usada para apanhar enxames, ou numa colméia de transporte, ou numa peneira na qual o arame tenha sido substituído por tecido. Se possível é melhor deslocar o enxame sacudindo-o dando um puxão violento, varrendo-o, aplicando fumaça, tudo dependendo das circunstâncias, se o objeto é móvel ou fixo, liso ou rugoso, acessível ou inacessível. Freqüentemente as abelhas têm que ser deslocadas primeiro com fumaça forte para um lugar mais conveniente, como para galhos finos mais altos para depois serem sacudidas para o skep, ou colocar elas junto com os galhos. Se uma parte entrar o restante irá atrás, especialmente se o skep tiver sido esfregado com bálsamo e se a fumaça continuar a ser aplicada no lugar onde o enxame se encontra. Se por casualidade pudermos ver a rainha, a engaiolar e a colocar no skep as abelhas deixarão o lugar gradualmente e se juntarão à rainha. No dia seguinte, à noite, a rainha pode ser libertada. Apenas em lugares onde os enxames podem ser perdidos por causa do número de árvores ocas nos bosques vizinhos é que ela deve ser mantida engaiolada por mais tempo - três ou quatro dias. Sempre, porém, é melhor prender o enxame na colméia pondo um favo de cria e deixando a rainha em liberdade, para que ela possa começar a botar ovos ou, se ela for jo190

Johnann Dzierzon

vem, que possa sair para o vôo de fecundação. Durante os primeiros dias o enxame voa na frente da colméia mais do que o habitual para aprender a localização da sua casa nova, e será menos provável de a rainha não encontrar sua colméia. Para garantir, é melhor dar para os enxames rainhas jovens, um local reconhecível, e tão isolado quanto possível, e não as levar para perto de outras colméias.* A entrada pode ser obscurecida, durante alguns dias, com tábuas apoiadas contra a colméia ou por galhos, para que a rainha do enxame não a perca facilmente. Do lado de fora da colméia nada deve ser mudado, menos ainda deslocar ou mudar sua orientação até que a rainha retorne do vôo de fecundação. Em seus últimos vôos ela não observa tão atentamente sua colméia como no primeiro, e assim ficará facilmente perdida se neste intervalo de tempo algo for mudado. O fechamento da fenda pela qual a rainha pode ter voado a primeira vez pode resultar na sua perda. Pôr o enxame em local diferente, se a rainha já fez um vôo de reconhecimento, é perigoso. Até mesmo com rainha jovem já fecundada, se a colméia é colocada em novo local, precaução deve ser tomada para que ela não voe quando o enxame é posto dentro ou quando ela é liberada da gaiola, pois ela voará à procura do primeiro lugar bem conhecido por ela, do qual ela fez seu primeiro vôo de fecundação, e se ela não o encontrar ela ficará, na maioria dos casos, perdida. Em apiários grandes freqüentemente é impossível, nem mesmo com o maior cuidado, prevenir que dois ou mais enxames saiam ao mesmo tempo. Se eles forem do mesmo tipo, apenas enxames primários ou enxames secundários, sua reunião normalmente não apresenta desvantagem. Neste caso a procura e captura de pelo nenhuma menos uma parte das rainhas é obri-

Estas instruções estão muito pouco de acordo com o elogio do Autor ao sistema de empilhamento sob o título 'Vantagens das Colméias Geminadas' nas quais, por estarem agrupadas, não é possível considerar seu isolamento através de nenhuma extravagância da imaginação. - C. N. A. Apicultura Racional 191 *

gatória. Isto é facilitado jogando a massa de abelhas sobre a grama ou sobre um pano estendido, trazendo um skep ou caixa para a qual as abelhas começarão a se deslocar de imediato, quando a rainha poderá ser encontrada facilmente e poderá ser engaiolada. Se só dois enxames voarem juntos, as abelhas podem ser divididas igualmente em duas colméias e a rainha engaiolada colocada na divisão que começa a ficar inquieta, o que indica que não tem rainha. As abelhas normalmente aceitam de imediato uma rainha velha e fecundada, até mesmo se não for a que elas tinham antes. Mas enxames secundários com rainhas jovens só aceitam a rainha que as conduziu da colméia materna cuja voz é bem conhecida por elas, e prestam pouca ou nenhuma atenção a outras rainhas jovens, embora elas sejam da mesma colméia materna e, talvez, tenham sido criadas ao mesmo tempo. Mas uma rainha fecundada, mesmo que estranha, é motivo de alegria. Se for desejado introduzir as dóceis e operosas abelhas italianas, o modo mais simples e mais seguro é adquirir uma rainha italiana fecundada na hora dos enxames secundários. As abelhas de um enxame primário, bem como de toda colméia com uma rainha velha, devem ficar sem rainha por mais tempo,* a fim de ficarem dispostas a receber uma destas rainhas, enquanto que enxames secundários, como também a colméia materna, ficam alegres em recebê-las.† Como as abelhas do enxame primário não só não aceitam uma rainha não fecundada jovem, mas normalmente a atacam Isto é decididamente contrário à nossa experiência, invariavelmente encontramos abelhas que estavam sem rainha por *

muito C. N. A.tempo e totalmente indispostas a receber uma rainha. † Introduzir rainhas caras do modo aqui sugerido requer muito cuidado, porque acontece freqüentemente que enxames secundários têm com eles, ao enxamear, duas ou mais rainhas jovens, e é provável que outros se unam a ele quando for alojado; e em qualquer destes casos existe o perigo de um ou mais deles ficarem com as abelhas quando a rainha cara for apresentada, quando ela seria, quase certamente, sacrificada. - C. N. A. 192 Johnann Dzierzon

e a ferroam, é ruim se um enxame primário e um enxame secundário saíam juntos. As abelhas que saírem juntas ficam, certamente, mais dóceis do que o habitual, por causa da confusão em que elas se encontram e não atacam umas às outras, mas uma batalha desesperada geralmente acontece entre as rainhas que pode resultar facilmente na morte de ambas. A rainha velha facilmente sucumbe ferroada pela rainha jovem mais ágil, superior a ela na batalha, e esta última, também, pelas ferroadas das operárias que se vingam da morte da sua soberana. É preciso garantir a vida de ambas as rainhas, tão depressa quanto possível, para evitar este infortúnio. Se for intenção ocupar apenas uma colméia com os dois enxames, talvez, por não serem muito fortes ou terem saído um pouco tarde, a rainha fértil é dada a ele, e a paz é logo restabelecida. Mas se for intenção dividir o enxame, não se pode proceder de forma incerta como se procede ao unir dois enxames primários. A parte com uma rainha velha se comportará, talvez, pacificamente, mas as abelhas do enxame primário, porque elas eram lideradas por uma rainha fértil velha, dificilmente aceitarão uma rainha jovem. Elas irão, com grande certeza, retornar para a colméia onde elas foram criadas. De qualquer modo as abelhas só poderão ser mantidas unidas pela introdução imediata de um favo com cria, e se a rainha for protegida da morte ou de possível dano por um demorado confinamento. Será preferível deixar que as abelhas se dividam colocando-as numa grande caixa, ou recipiente, colocando as duas rainhas, tão longe uma da outra quanto possível, e deixando-as passar a noite em lugar fresco e escuro. Na manhã seguinte os dois enxames estarão separados, cada um reunido em volta da sua rainha. Neste caso a vantagem da Colméia Geminada é evidente. Os dois enxames podem se dividir como quiserem. Se , na manhã seguinte, a comunicação entre os dois compartimentos for aberta as abelhas se dividirão de acordo com sua decisão e estarão reunidas em volta de sua própria rainha. Tendo em vista as abelhas que ficaram com a rainha jovem, como pode ser previsto, estarão em menor número, é possível garantir-lhes um cresciApicultura Racional 193

mento maior pela inserção imediata de um favo com cria no compartimento por ela ocupado, pois a cria é sempre muito atrativa para as abelhas, embora o que lhes é oferecido não passe de um pedaço de inútil cria de zangão que é posta temporariamente no piso da colméia. Não precisaria ser dito que os dois enxames primários ou secundários podem ser tratados da mesma maneira. Porém, um enxame secundário se acostumará mais facilmente a uma rainha jovem estranha se ela permanecer engaiolada, por exemplo durante uma noite, em um lugar fresco; com favo de cria ele pousa normalmente até mesmo sem rainha. Um favo de cria deve ser dado de imediato a um enxame secundário cuja rainha voltou para a colméia materna ou se perdeu, ou também, pode-se fornecer uma rainha excedente de outro enxame secundário evitando assim o abandono repetido da colméia o que faria as abelhas desperdiçarem tempo valioso e exigiria do apicultor muito trabalho desagradável. Para evitar repetidas enxameações secundárias, o primeiro enxame secundário, especialmente se for muito fraco, pode ser posto no lugar da colméia materna e esta levada a um novo lugar escolhido para ela. Esta não pensará mais em enxamear, mas verá o que fazer com as rainhas jovens supérfluas. Pôr o enxame primário no lugar da colméia materna nem sempre é sensato, embora aconselhado por muitos, pois uma colméia boa pode muito bem liberar dois enxames. Pode ser que sempre aconteçam, no período da enxameação, muitos acidentes desagradáveis, parcialmente comentados, contudo o mais desagradável de todos é quando um enxame consegue escapar, ou quando sai sem pousar, voa para longe e nunca é encontrado, ou é encontrado já alojado no buraco de uma árvore, pedra, parede ou edifício. Se sua retirada não representar perigo de vida ou risco de incêndio, pode ser tentada, mas a retirada favorável só será possível se o enxame tiver se mudado há pouco e ainda não tiver construído favo nem depositado cria. Se estes tiverem sido começados, as abelhas e especialmente a rainha serão removidas apenas com muita fumaça e todo o en194

Johnann Dzierzon

xame só pode ser removido deixando seu ninho e favos próximos. Muita fumaça fará apenas as abelhas saírem. Isto será mais eficiente se a fumaça for aplicada por baixo, fazendo as abelhas sair através de uma fenda existente ou aberta acima do seu grupamento. Especialmente fazendo as abelhas correr na frente da fumaça de madeira em decomposição saturada em solução concentrada de salitre e seca novamente, ou se cera, ou especialmente “assafoetida”, é evaporada sobre carvão em brasa. Se conseguíssemos fazer as abelhas saírem voluntariamente não haveria nenhuma dificuldade adicional e nenhuma abelha se perderia até mesmo se a cavidade ocupada estivesse situada perto da colméia. Isto, talvez, seja conseguido pela aplicação de um óleo volátil desagradável ou queijo forte cheirando a velho, e mantendo as abelhas fechadas durante algum tempo e permitido que se aqueçam sem no entanto deixar que se sufoquem. Enxames que estiveram fechados durante algum tempo, como durante o transporte, gostam de sair quando conseguirem. Talvez o enxame que se deseja retirar possa ser transportado para sair da mesma maneira. Quando um enxame que fugiu é capturado é muito provável que saia novamente. Para evitar sua fuga ser-lhe-á fornecida cria, a rainha será mantida confinada durante um tempo mais longo, ou uma de suas asas será cortado se ela for velha e fértil. Se for intenção derrubar a árvore em que o enxame que escapou se encontra alojado, talvez seja melhor esperar até o Outono, e então retirar o mel e cera e juntar as abelhas a outras que precisam ser fortalecidas. A retirada imediata do enxame dificilmente é bem sucedida e, até mesmo, nos casos de sucesso, muito freqüentemente, não pagam o trabalho exigido. Muitos se dão o trabalho de recuperar um enxame que lhes escapou, ou que descobriram, e não preparam enxames que eles poderiam obter muito mais facilmente, dividindo os enxames que são fortes, bem como os que estão amontoados em cacho na frente de suas colméias. Existe muita ansiedade e inexperiência a este respeito, entretanto só pode realmente ser chamado Apicultura Racional 195

de apicultor aquele que aumenta o número de suas colméias sistematicamente, ele mesmo cuida delas, e não deixa chance ao capricho das abelhas, que muito freqüentemente não enxamearão quando seria vantajoso e enxamearão em demasia quando não for vantajoso nem para elas nem para o seu dono. Se forem considerados os diferentes, infelizes e desagradáveis acidentes mencionados acima que podem acontecer quando um enxame de fato parte, como se unir a outro enxame, pousar noutra colméia, pousar em local inconveniente, desaparecer em vôo imediatamente, perder sua rainha, não se poderá esperar por enxames incertos, mas devemos produzi-los assim que chegar o tempo apropriado. Por existir uma forma correta de começar e não se pode ter prejuízo com a tarefa, mas sim vantagens, nos propomos a fornecer, no próximo capítulo, a teoria e orientações necessárias de como obter enxames artificiais.

Enxames artificiais O argumento de que a enxameação voluntária, por ser um método natural de aumento, deve ser preferida à enxameação artificial, não é razoável. Não mantemos abelhas por elas, para elas seguirem seus próprios instintos, mas por causa do lucro que podemos obter delas, tanto mel e cera quanto possível. O fazendeiro não deixa seus cavalos e gado por conta de seus instintos. Por um lado ele deixa que satisfaçam seus instintos de reprodução, perfeitamente expressos; por outro ele também priva, da mais mesma forma, da capacidade reprodutiva, para que eles sejam dóceis e mais dispostos para o trabalho pesado, ou mais providos de alimento; e só um bobo concluiria que isto não é apropriado porque não está de acordo com a natureza. Da mesma maneira como é tola a objeção apresentada freqüentemente que um enxame forçado é uma divisão artificial. Os mais míopes conseguem ver que se, no momento certo, for provocada a criação de várias rainhas jovens, mais ovos serão postos, mais 196 Johnann Dzierzon

operárias criadas e, com forragem adequada, mais poderá ser colhido. É evidente que até mesmo em regiões com só uma estação curta de forragem onde o método de criação não pode ser aplicado com vantagem, lá deverão ser criadas, todos os anos, algumas rainhas jovens, vigorosas e favo novo construído, não para o aumento da colméia, mas para mantê-la completa e eficiente. Mas se for desejado aumentar o número das colméias, este propósito só pode ser atingido depressa e com certeza por enxames artificiais ou divisões. Como existem diferentes modos para multiplicar plantas e melhorar as árvores frutíferas, como inserindo um broto de uma melhor linhagem, enxertando ou trazendo um enxerto para unir com um pedaço de raiz, assim há diferentes modos de iniciar novas colméias de abelha e fazer novos enxames. O que normalmente deve ser feito para iniciar uma colônia já foi dito na parte teórica sobre economia e reprodução das abelhas. É necessária uma rainha fértil, ou a possibilidade de criar uma e que ela seja fecundada. Cria jovem, ovos ou pequenas larvas ainda não operculadas ou uma realeira ocupada retirada de outra colméia, é suficiente ou necessário para o objetivo. A fecundação ocorre, como é bem conhecido, pelos zangões em pleno ar. Como nem a rainha nem os zangões investigam para saber se eles pertencem à mesma ou colméia diferentes*, não há necessidade de importunar os zangões por toda parte. Porém, cuidado deve-se ter para que a jovem rainha, em seus Esta é uma afirmação que a experiência parece contradizer, pois existe um pouco de dúvida em nossa mente se a rainha é *

excessivamente exigente na escolha de seu companheiro e, aparentemente, se ela se opõe a acasalar com um da sua própria família. Com vinte colméias Ligurian, todas contendo muito zangão, e uma colméia de outras abelhas, que também têm zangão, a probabilidade é que de vinte princesas Ligurian dezenove acasalem com zangão da colméia não-Ligurian - pelo menos, sempre foi assim em nossa experiência, levando a acreditar que 'a seleção natural' é mais que um mito, pelo menos com as abelhas. - C. N. A. Apicultura Racional 197

vôos de fecundação, encontre zangões no ar, embora na ocasião em que ela saia possa não encontrar nenhum. A rainha começa seus vôos alguns dias depois de sair da realeira e os repete durante três semanas, até que a fecundação ocorra. O tempo do ano deve ser tal que dias agradáveis possam ocorrer com 70 a 80º F na sombra. A abelha rainha sozinha, porém, não tem condições de fundar uma colônia como uma vespa rainha ou uma mamangava, mas ela deve estar cercada, continuamente, por um certo número de operárias. Estes são então requisitos essenciais para um enxame artificial. O número de abelhas necessário não é muito grande, especialmente para os primeiros enxames feitos em Abril e mais especialmente se uma abelha rainha tem que ser criada e fecundada. O enxame, que é no princípio pequeno, pode ser fortalecido mais tarde com cria e abelhas, quando grande quantidade de abelhas estiver presente nas outras colméias e quando a rainha do enxame estiver fecundada e tanto a postura quanto a construção estiverem avançando apropriadamente. Mas como conseguir as abelhas necessárias para os enxames artificiais? É muito fácil, especialmente em colméias com favos móveis, apanhar tantas abelhas quanto quisermos diretamente para qualquer colméia nova ou juntar elas numa colméia de transporte e depois colocar na nova colméia, da mesma forma como retiramos um enxame do recipiente no qual foi apanhado de sua nova habitação. Durante o Verão existirão, antes deste tempo, muitas abelhas reunidas junto do alvado. Estas são sacudidas ou varridas, ou deixadas entrar sozinhas. Varrer com uma pena, não com uma asa de ganso inteira, só é aceitável quando o recipiente ocupado pelas abelhas não pode ser sacudido, e não pode ser aberto de forma que as abelhas caiam fora, porque varrer as irrita e faz muitas voarem. O varrer de abelhas na sua porta pode ser totalmente evitado se ali forem postos dois favos sem abelhas e apoiados na parede. As abelhas corre198

Johnann Dzierzon

rão imediatamente para eles e elas podem ser sacudidos deles novamente de forma bastante conveniente. Para facilitar a retirada de abelhas dos enxames fortes, que podem produzir em Maio e Junho enxames moderados todas as semanas, para núcleos, favos velhos - vazios, e tão firmes quanto possível, que não se quebrem com os movimentos necessários - serão colocados pela porta, depois de remover todo favo com mel que possa estar ali. As sobras ou emendas, com as quais as abelhas sempre os prendem às paredes, serão cortadas. Eles, os favos. podem, da próxima vez, serem tirados mais depressa sem a necessidade de usar a faca, e neles haverá mais abelhas, pois elas não terão tempo de sair dali. Se os favos no ninho da cria já estiverem muito pesados para serem sacudidos, talvez os do espaço para mel ainda estejam leves e apropriados para o propósito. Se não forem encontradas abelhas suficientes sobre eles, uma quantidade apropriada pode ser movida com fumaça ou tamborilando. Se acima não existir favo, as abelhas podem ser recolhidas com uma caixa, uma concha ou uma panela de lata, da mesma maneira que as agrupadas na frente, apanhando sempre por baixo e levando para cima o recipiente. As abelhas, porém, devem ser continuamente acalmadas com fumaça, pois aquelas que se agrupam na frente são especialmente irritáveis e estão prontas para ferroar. As abelhas já sacudidas devem, de vez em quando, receber fumaça, especialmente antes de outras serem sacudidas, de forma que as que já estão ali não sejam excitadas pelo zumbido. A fumaça fará as primeiras entrar com mais boa vontade. Se isto for feito de vez em quando e novas continuamente sacudidas, as abelhas permanecerão quietas mesmo sem rainha, embora a operação possa demorar mais de uma hora. Elas não pensarão em ferroar umas às outras por causa da confusão em que elas estão envolvidas pela sacudida e queda súbitas, ainda que elas tenham sido apanhadas de diferentes colméias. Para evitar brigas em instantes em particular elas podem ser sacudidas, o recipiente em que estão pode ser batido no chão, de forma que as abelhas caiam em grande confusão, ou serem borrifadas com mel e água, assim elas teráo Apicultura Racional 199

que se lamber umas às outras e se reconciliem. Para que elas se agrupem mais facilmente, um ou mais favos firmes são inclinados na colméia de transporte, de forma que as abelhas se aglomerem atrás deles, com os quais, depois, elas serão mais facilmente colocadas na colméia nova. De outros tipos de colméias pode-se sempre conseguir abelhas para enxames artificiais entorpecendo-as com fungo, fumaça, “damp gunpowder”, ou madeira podre saturada em salitre, e quando elas caíram amontoadas numa folha de papel elas podem ser postas onde quisermos. Em outras operações como, por exemplo, ao retirar mel, abelhas para enxames artificiais ou para o fortalecimento de enxames fracos podem ser conseguidas escovando as abelhas para uma colméia de Transporte que estará ao lado. Isto é aconselhável até mesmo se as abelhas serão devolvidas para sua própria colméia, porque com o escovar as abelhas para sua colméia as outras ficam muito irritadas e as que caem no chão ficarão congeladas, enquanto que na colméia de Transporte elas se aquecem umas às outras. Com a colméia Magazine, que ainda está em uso aqui e ali, pode ser acrescentada uma caixa acima ou na lateral, bem como favos, que ficaram lambuzados com mel, e quando muitas abelhas entraram pode-se de preferência à noite colocar na ou abaixo da colméia, ou apenas colocar perto da colméia para a qual se deseja adicioná-las. Durante a noite certamente as abelhas se mudarão se lá existir cria e não existir outra colméia na vizinhança para a qual elas possam ir. Seguidamente é feita a pergunta, as abelhas permanecerão nos enxames artificiais formados deste modo? Elas só permanecerão até a próxima manhã, no máximo até seu próximo vôo, depois irão pousar em sua colméia anterior como o pombo que um vizinho compra de outro, sem dúvida, voará de volta, em seu primeiro vôo, para o velho pombal. O enxame artificial assim formado deve ser posto em um local que está a uma distância de dois mil passos ou mais, de forma que as abelhas não 200

Johnann Dzierzon

consigam ver sua antiga posição. Neste caso elas voltam para o lugar de onde levantaram vôo e assim formam uma nova colônia. Existindo apiários distantes, dois apicultores cujas colméias estão separadas de algumas milhas, podem trocar enxames artificiais ou só as abelhas necessárias para eles. Mas quem pretende prosseguir na apicultura de modo intenso tem que tentar instalar colméias a uma certa distância uma da outra. Isto não só traz vantagem para a produção de enxames artificiais mas para outros manejos dos quais se falará adiante. Outra pergunta feita, não é possível fazer enxames artificiais de tal forma que eles possam ser mantidos no mesmo apiário assim como um enxame natural? Isto é possível; e pode ser feito melhor com colméia Geminada, se uma colméia vazia é mantida junto da povoada que será dividida. É necessário apenas, então, no período da criação colocar as duas colméias próximas - ou se for uma colméia dupla inseparável, os dois compartimentos em comunicação, de forma que as abelhas passem por ela se acostumando a voar pelas duas entradas situadas em extremidades opostas. Para conseguir isto mais depressa a colméia Geminada, ou colméia Dupla, é pivotada e assim os dois compartimentos e suas entradas trocam de posição. As abelhas velhas entrarão agora pela nova entrada que está ocupando a outra posição e as jovens usarão a entrada velha para seu primeiro vôo, voarão em frente da colméia e em pouco tempo o trânsito de abelhas será igual em ambas as entradas. Se, agora, a comunicação entre os dois compartimentos for fechada e for tomado cuidado para que a parte sem rainha receba uma rainha, ou tenha condições de criar uma, foi conseguido, com pouca dificuldade, um enxame que poderá fracassar. Não há necessidade algumaartificial de fechar denão imediato e hermeticamente a comunicação entre os dois compartimentos. Ali pode ser colocada, durante um certo tempo, uma tábua corrediça perfurada ou uma tela de arame, de forma que as abelhas ouçam o calmo zumbido da colméia vizinha e permaneçam quietas e sentirão pouca ou nenhuma falta da rainha. Mas elas vão, apesar disto, começar de imediato a construir realeiras, como Apicultura Racional 201

um enxame cuja rainha foi engaiolada e não pode se mover livremente entre as abelhas. O único acidente que pode acontecer ao enxame artificial é que a rainha jovem pode se perder no vôo de fecundação, o que não pode acontecer tão facilmente por causa da grande distância entre as diferentes entradas e pode ser facilmente recuperado pela introdução de outra rainha, uma realeira, ou um favo de cria nova. Se ambos os compartimentos vizinhos já estão ocupados com enxames fortes e velhos e um ou ambos podem ser divididos, podem ser feitos enxames artificiais deles, de um modo similar, nos compartimentos situados em cima deles, se eles já não ocupam a posição mais alta na pilha. Será aberta uma segunda entrada no lado da porta, elevando um pouco a porta, ou cortando o canto da porta que está mais próximo da entrada situada logo acima. Mas para não estragar uma porta boa, outro pedaço de tábua pode ser ali colocado temporariamente. Se, além disto, a entrada velha for agora estreitada, as abelhas jovens, atraídas pela claridade forte que chega, usarão a nova entrada mais do que a velha e quando esta abertura for fechada entrarão pela entrada situada acima e se juntarão ao enxame artificial que ali foi posto. Muito se ganhará se o enxame artificial tiver ou receber só algumas centenas de abelhas que foram trazidas de outro apiário, ou porque já fizeram seu vôo, “are to be depended on”, e no princípio podem buscar água que é indispensável para a preparação da comida da cria. Por causa da cria que é desenvolvida imediatamente, ou adicionada, o enxame se torna mais forte diariamente, e pela introdução continuada de cria pode, como se através de vapor, se tornar tão forte quanto quiser. É largamente ele precisar você de fortalecimento poderá conhecido introduzidaque criaquando tão velha quanto possível, mas nunca serão introduzidos mais favos do que aqueles que podem ser realmente cobertos pelas abelhas. Outro modo de fazer enxames artificiais no mesmo apiário, mas aplicável só a colméias individuais que podem ser movidas facilmente, é o seguinte: a posição srcinal é dividida entre a 202

Johnann Dzierzon

colméia velha e o enxame artificial, colocando uma à direita e o outro à esquerda, de forma que as abelhas se dividam, metade voando para a colméia velha e metade para a nova. Em colméias com favo móveis não importa qual das duas fica com a rainha velha, porque um jogo completo de favos com cria, mel e alvéolos vazios pode ser fornecido para a colméia sem rainha, ela ficará na situação de uma colméia velha que perdeu sua rainha. O assunto é outro em colméias nas quais uma série grande de favos não pode ser fornecida para as abelhas, o que acontece em colméias de palha normal ou Colméias Tronco onde, no máximo, pode ser garantido, com dificuldade, um favo com cria. Neste caso a rainha deve ser dada para a parte que terá de construir um conjunto de favos primeiro, porque sem a rainha não ocorre construção, ou o que é construído é quase exclusivamente favo de zangão que normalmente não é vantajoso. Na colméia velha, que já está bem suprida de favo e está ocupada em encher os favos construídos, a perda temporária da rainha não só não tem nenhuma desvantagem, mas apresenta, até mesmo, dupla vantagem armazenar mais mel por dispor de mais alvéolos e fornecer, em catorze dias, um ou mais enxames secundários dos quais podemos obter colônias jovens valiosas, quer elas saiam sozinhos quer sejam provocados da mesma maneira como foi provocado o primeiro enxame artificial com a rainha velha.

FORÇAR A CRIAÇÃO O propósito de forçar um enxame é expulsar a rainha com uma parte das abelhas para fora de uma colméia da qual elas não podem ser retiradas de outra forma porque os favos estão fixos, ou tão cheios de mel que sua separação é difícil ou perigosa. Mas como o enxame será forçado, ou como se diz, como será a colméia tamborilada,? Esta operação merece ser descrita Apicultura Racional 203

com precisão porque é uma operação usada freqüentemente para outros propósitos como, por exemplo, quando se deseja retirar as abelhas de um conjunto de favos fim de preservá-los para uso futuro, ou retirar os favos, ou substituir uma rainha deficiente por uma nova, ou a rainha preta comum por uma italiana amarela, ou conseguir abelhas para enxames artificiais, ou para fortalecer enxames. Seja fumegando, batendo ou tamborilando é especialmente o calor que incita as abelhas a sair do favo, como é mostrado pela formação de cachos na frente da colméia. Para forçar deveria ser escolhida a tarde de um dia abafado e, se possível, sem vento. Com baixa temperatura as abelhas se aglomeram muito firmemente e ficam imóveis em seu ninho e não ficam, de forma alguma, dispostas a sair, pelo menos é assim com a rainha, lembrando que forçar o enxame é executado principalmente ou apenas por causa da rainha. Para que as abelhas sejam forçadas com sua rainha para fora dos favos deve haver um espaço vazio na colméia, ou este deve ser feito ou arranjado para o qual as abelhas possam ir e onde possam se agrupar. O espaço vazio só poderá estar acima ou abaixo, durante a operação, porém, deve estar acima, porque as abelhas sempre se dirigem para acima e vão para lá de boa vontade, se amontoando em cachos como num enxame. Se o espaço vazio ainda sem favo construído está no fundo, como na Colméia Tronco Ständer normal, ou se só pode ser feito no fundo, como na colméia de palha ou colméias semelhantes que são abertas apenas no fundo, a colméia deve ser invertida, colocada de cabeça para baixo. Deste modo as abelhas saem fácil e depressa, porque para esta direção as passagens entre os favos são largas, encima maispodem contraídas pois os favos de mel são enquanto mais grossos. As são abelhas ser forçadas para fora nesta direção simplesmente fumegando-as fortemente. Em colméias diferentes, terá que ser adotado tratamento diferente. Em Colméia Tronco Ständer sem barras, forçar só é possível quando existir um espaço vazio de dez polegadas de altura, ou que possa ser feito abaixo cortando as extremidades dos favos, 204

Johnann Dzierzon

ou tirando uma tábua que tenha sido previamente inserida horizontalmente. A seqüência do procedimento é abrir a colméia, fumegar as abelhas, limpar o piso, borrifar tudo com água de forma que os favos não fiquem cobertos de pó, e inverter a colméia colocando-a de cabeça para baixo. A virada da colméia deve ser executada de modo que os favos não sejam inclinados para a lateral mas erguidos pelas extremidades. Se uma Colméia Tronco (ou qualquer colméia vazia) é previamente transportada para o lugar, e a colméia for inclinada em cima desta, a inversão e colocação da Colméia Tronco pesada é muito facilitada. Com tempo calmo e agradável a colméia pode permanecer aberta enquanto estiver sendo forçada, de forma que a rainha poderá ser vista facilmente quando as abelhas se dirigem para cima. Com temperatura mais baixa e com vento é melhor fechar a colméia, pelo menos durante um tempo, porque lufadas de vento, ou até mesmo uma brisa, dirigida contra as abelhas, as faz voltar atrás. No princípio as abelhas são fumegadas fortemente e afastadas dos seus favos; isto faz elas ficarem aquecidas e faz elas se moverem para cima com tumulto, enquanto a colméia é tamborilada do lado de fora com um martelo ou um pequeno machado,* sopro após sopro, em sucessão contínua. Com uma Colméia Tronco forte e forte os sopros devem ser mais fortes, mas com uma fraca, mais fracos. No princípio as abelhas atacam o mel e se empanturram, em seguida marcham para acima. Para economizar tempo a colméia deveria ser aberta e as abelhas fumegadas com um pouco de antecedência. Dando algumas baforadas sobre a colméia, enquanto ainda de pé, fará as abelhas se preparar para viagem e elas tratarão de se apoderar da comida necessária. Quanto mais forte a colméia, maior será o fluxo de abelhas subindo e mais rápido o enxame será forçado, embora pegar a As colméias, deve ser lembrado, são colméias tronco, formadas de árvores ocas ou galhos de árvores. Um martelo ou um machado aplicado a skeps deve resultar na destruição dos favos. C. N. A. Apicultura Racional 205 *

rainha é, freqüentemente, um pouco mais difícil. Neste caso a massa principal de abelhas deve ser escumada para uma colméia de Transporte, ou para uma peneira; as abelhas devem ser fumegadas mais uma vez fortemente e a colméia deve ser tamborilada até se conseguir escumar a rainha junto com as abelhas, ou a ver correndo para cima sobre a parede da colméia, quando poderá ser apanhada e engaiolada. Como ela facilmente se esconde entre as abelhas é melhor escovar para abaixo com uma pena para dentro de uma caixa ou panela de lata segurada abaixo, ou escumar as abelhas quando a rainha está entre elas. Para isto é necessária, certamente, vista esperta e prática, e quem não tem deve se valer mais do comportamento das abelhas, enquanto as abelhas são escumadas, quando a rainha está entre elas ou não. Ele será, talvez, obrigado a tentar apanhar a rainha colocando favos vazios no topo inclinados sobre o conjunto de favos, e quando eles estiverem cobertos de abelhas tirá-los e sacudir as abelhas. Este é um modo garantido de pegar uma rainha que ficou fraca ou deficiente e já não consegue subir na parede da colméia. Muitas rainhas são avessas à luz e só saem quando a colméia está fechada ou quando elas se sentem fustigadas pela fumaça por baixo. Um fumigador, com um tubo longo no bocal, pelo qual a fumaça pode ser jogada profundamente na colméia, neste caso atende bem para o objetivo. As abelhas e a rainha também podem ser mudadas, simplesmente, soprando sobre elas com a boca, ou pelo sopro causado por um pequeno par de foles. Existem rainhas que não abandonam os favos de maneira alguma, e são persistentes como a ovelha que prefere ser queimada e morrer a sair do estábulo. a operação uma vez não será repetida, porque é muitoSe possível que afalhou rainha tenha acidentalmente se ido. Na colméia permanece cria jovem e até mesmo ovos. Se não for possível reparar sua perda, de imediato, com uma rainha fértil de outra colméia, e não se deseja fazer

206

Johnann Dzierzon

um enxame artificial com a cria*, o que na Colméia Tronco, já foi dito, é uma forma desvantajosa de enxameação artificial, não há nada mais a ser feito além de deixar as abelhas voltarem para sua colméia depois que ela for colocada em sua posição original. O máximo que pode ser feito depois que a maioria das abelhas voou é usar as abelhas jovens, que estão ainda parcialmente incapazes de voar, para fortalecer uma colméia fraca. Mas se tivermos, junto com a Colméia Tronco, uma colméia de quadros móveis, tudo que é necessário é colocar um conjunto de quadros de cria e favos com mel na colméia de quadros e deixar as abelhas correrem para dentro. As abelhas jovens permanecerão, sempre, como um enxame forçado, e uma parte das velhas pode ser conservada por confinamento, ou pondo no escuro, até que a colméia tenha aumentado graças à cria ali existente. Seria melhor, certamente, colocar o enxame artificial num cavalete distante. Haveria uma proteção contra o perigo de as abelhas serem ferroadas por voltar para a colméia materna. Se a tentativa de fazer a rainha sair da Colméia Tronco for bem sucedida - o que se conseguiria, normalmente, com o tratamento descrito - ou se as abelhas escumadas informarem que a rainha está entre elas pelo seu comportamento calmo continuado, o enxame forçado será alojado como um enxame normal. O enxame forçado é semelhante a um enxame normal com exceção que o último saiu naturalmente da sua colméia e sempre pode ser colocado onde se queira, e as abelhas do enxame artificial, por não saberem o que ocorreu, guardam apenas seu lugar antigo e retornam para ele. Se o enxame forçado pudesse enxamear da peneira, da colméia de transporte, ou do skep, seria trocado então poderia ser posto onde se desejasse. Isto para não éenxame muito natural difícil dee realizar. Se muitos enxames forçados abandonam suas colméias como um enxame, com certeza eles estarão inclinados a abandonar o recipiente no Quer dizer, de uma colméia sem rainha mas que tem cria, parte da qual será dada para o enxame e da qual as abelhas devem criar uma rainha. - C. N. A. Apicultura Racional 207 *

qual se encontram quando sua rainha, desajeitado no princípio, se tornar mais leve. Se as abelhas forem colocadas no dia seguinte sob os raios do sol quente e borrifadas com mel líquido, nunca será necessário esperar muito tempo pela sua criação. Se uma segunda rainha ou um segundo enxame forçado for trazido para tão perto que ambas as rainhas, separadas apenas por uma tela de arame, se dêem conta da presença da outra, ou se for aplicado um cheiro ruim, pelos meios anteriormente mencionados, os enxames sairão mais pronta e certamente. Mas tudo isso não será necessário se o local permitir o deslocamento das colméias sempre que indicado. O enxame forçado é posto numa colméia nova, a posição srcinal é compartilhada entre a colméia velha e a nova, tomando cuidado para que as abelhas se dividam tão igualmente quanto possível. O mais fraco pode ser ajudado colocando-o mais perto do lugar original.* Se for intenção obter um enxame extremamente forte, por que a colméia nova é grande, a colméia nova deverá ficar exatamente no local da colméia materna. Se a colméia velha tem muitas abelhas jovens há pouco emergidas, ou a ponto de emergirem, todas deverão ser, se possível, deixadas com ela, ou se elas tiverem sido retiradas deverão ser devolvidas, quando então poderá ser colocada num local diferente. Apenas deverá ser tomado cuidado para não enfraquecer demais a colméia velha, pois não só a cria não operculada poderá passar fome e morrer, mas pode não ser construída nenhuma realeira, ficando a colméia sem rainha. Para evitar isto será bom devolver para a

Na prática achamos mais seguro (num dia bom quando as abelhas estão trabalhando vigorosamente e prontas para enxamear) pôr a rainha, com um punhado de abelhas numa colméia nova, corretamente preparada, e deixar no lugar da colméia velha, quando as abelhas que voltam dos campos formarão um enxame. - C. N. A. 208 Johnann Dzierzon *

colméia velha, à noite, duas caixas de abelhas* retiradas do enxame forçado, se não for possível conseguir de outro apiário o que certamente seria melhor uma vez que todas permaneceriam na colméia. Forneça mel diluído para a colméia, de forma que as abelhas debilitadas tenham condições de preparar, gradualmente, a comida necessária para a cria até a colméia recuperar sua força. Não há necessidade, no entanto, de fortalecer a colméia velha da qual o enxame foi forçado, se ela for colocada completa, ou em parte, no lugar de outra colméia; elas voarão para lá sozinhas, a quantidade de abelhas será tal que não só recolherão muito mel, porque mais alvéolos estão sendo esvaziados continuamente, mas um número grande de realeiras será formado e em quatorze dias, provavelmente, sairão enxames secundários. Não há porque temer que as colméias que foram forçadas ou enxamearam fiquem muito debilitadas por lhe ter sido dada uma posição totalmente nova, pois elas não perderão uma única abelha jovem e muitas das outras abelhas permanecerão com ela, porque elas, à semelhança das abelhas jovens, circulam em frente da colméia quando saem em vôo e assim registram a nova posição. Contudo o deslocamento de colméias não é aconselhado, pois ele coloca em risco a vida das rainhas. Mas neste caso nenhuma rainha morrerá, pois não existe nenhum presente. As abelhas adicionais que voaram ajudarão muito a repor a perda da rainha e na construção de realeiras. Assim, este tratamento é fortemente aconselhado para colméias tronco, como também para skeps de palha, com os quais é ainda mais facilmente realizado. Sobre o forçar em colméias de palha, o tratamento não precisa ser descrito mais particularmente, pois essencialmente ele é o mesmo, as únicas mudanças que podem ocorrer dependem

Isto é bastante vago sobre a quantidade; mas de um modo geral, metade a três quartos de libra em peso de abelhas será bastante. - C. N. A. Apicultura Racional 209 *

da construção da colméia. O skep a ser forçado, claro, é invertido, intensamente fumegado, sobre ele é colocado um skep vazio, o enxame é forçado através de batidas com uma pequena vara ou martelo e quando elas se amontoarem em cachos no topo serão retiradas com o skep. Se for aplicada fumaça às abelhas durante um tempo através da entrada abaixo, ou por um tubo empurrado pela parede lateral de palha, elas subirão depressa e mais certamente. Não há necessidade alguma de pôr um pano preto ou uma tábua em baixo delas para saber, a partir da existência de ovos depositados, se a rainha está entre elas ou não. Isso será conhecido de imediato pelo comportamento das abelhas. Se elas permanecerem quietas e continuarem agrupadas elas estão com a rainha e o enxame forçado foi um sucesso. Sobre o tratamento adicional foi comentado há pouco. Em colméias Lager, tanto tronco como também de palha, forçar um enxame só é possível quando os favos não estão atravessados, mas são paralelos ao comprimento da colméia. Em Colméia Tronco o espaço que ainda não está cheio, sem o que não é possível forçar enxames neles, é colocado para o topo; em colméia de palha, depois de elas serem viradas para cima, outro skep é posto em cima – quanto ao resto eles são tratados como nas colméias Ständers. Se os favos estão atravessados será difícil apanhar a rainha, embora as abelhas possam ser apanhadas para um enxame artificial se, sem apoiar a colméia pela extremidade, o que seria perigoso, faz-se as abelhas se deslocarem para o espaço vazio fumegando e batendo, e depois escumando-as ou retirando-as com os favos que previamente tinham sido postos lá dentro. Com Colméia Tronco Ständer é fácil conseguir abelhas em quantidade, apenas inclinando a colméia, e forçando as abelhas de abaixo para o topo por fumaça e pelo tamborilamento persistente simultâneo. Isto as obriga a se afastar da entrada onde elas se agrupam podendo então ser retiradas. Outro modo é deslocá-las do topo para o fundo, onde elas serão escumadas ou podem ser retiradas com os favos que ali foram postos para elas 210

Johnann Dzierzon

se agruparem. Se os enxames forem forçados de colméia caixa com quadro móvel o tratamento será diferente. O modo mais eficaz de atingir o objetivo é retirar quadro depois de quadro até encontrar a rainha, quando então serão acrescentadas tantas abelhas quantas se considerar suficiente. Quando os favos estão muito pesados o objetivo pode ser atingido mais facilmente fumegando as abelhas para cima para o espaço de mel depois que a cobertura de tábua tenha sido removida. Se uma colméia múltipla está sendo manejada o piso de tábua só deve ser batido suavemente a fim de não perturbar as outras colméias. * As abelhas e a rainha têm que ir para cima se abaixo existir apenas um pequeno espaço não construído, ou se tal espaço estiver limitado por uma tábua inserida horizontalmente, permitindo à fumaça subir por todas as passagens. O enxame inteiro pode ser retirado imediatamente inserindo previamente, de cabeça para baixo, uma caixa feita de tábuas finas, de caixa para charuto, na qual as abelhas se agrupariam. O fundo da caixa, que agora formará a cobertura, deve possuir começos de favo, de forma que as abelhas tenham onde se firmar e não caiam. Assim as abelhas têm ponto mais seguro, e é mais provável que a rainha ali permaneça. Em colméias Lager de duas portas móveis a captura da rainha é muito mais fácil do que em compartimentos acessíveis só de um lado. A rainha pode se retirar para o fundo quando os favos são tirados um a um, o que obrigará retirar todos os favos. Mas, em colméias com duas portas, se ela se deslocar gradualmente para trás, por causa da fumaça e do tamborilar, e a colméia é aberta repentinamente na outra extremidade, ela será com muita certeza encontrada nos primeiros favos. As portas

Este é um testemunho prático e convincente a favor do uso do quadro móvel, particularmente em 'colméias Geminadas', de forma que tamborilar pode não ser de todo necessário, e favos e abelhas serão removidos sem perturbação. - C. N. A. Apicultura Racional 211 *

devem ser previamente soltas, para não se perder tempo.* É bem sabido que a rainha, como regra, será encontrada num favo com cria e, assim, estes devem ser cuidadosamente inspecionados. Então, devemos lembrar aqui que inserindo um favo com cria, especialmente cria jovem, podemos encontrar facilmente uma rainha jovem numa colméia que esteja sem cria; ou pegar facilmente uma rainha estéril ou defeituosa. Toda a vida e atividade estão concentradas onde se encontra a cria, ali é produzida a maior quantidade de calor e mantida a melhor temperatura, e na próxima inspeção a rainha será certamente encontrada ali, e poderá ser capturada facilmente se ela não for afugentada pela perturbação. Se estivermos à procura de operárias poedeiras, que não se consegue distinguir das outras abelhas, todas as abelhas que se encontram nos favos de cria devem ser descartadas. Claro que não deve existir cria em nenhum outro lugar na colméia, nem mesmo cria de zangão. Em colméia caixa não há necessidade freqüente de fazer procura especial da rainha. Ela é vista, com bastante freqüência, casualmente, ao inspecionar ou retirar as abelhas. Ela pode ser apanhada, engaiolada, um enxame artificial pode ser feito de imediato ou assim que houver oportunidade. Mas como serão, em seguida, tratados os enxames artificiais? Caixas simples para enxame, como as colméias Geminadas, podem ser tratadas como as colméias skeps, pois elas são Ainda não encontramos nenhuma vantagem em qualquer uma das colméias do Autor sobre as normais colméias inglesas de quadros a menos da obtida usando apenas barras para o ninho *

da cria que faz as abelhas construírem da frente até atrás da colméia e evita perda de calor pela circulação em volta das extremidades dos favos. Não obstante, não aprovamos a barra simples para este propósito. Mas quando se trata da captura da rainha o Autor reconhece o quanto é difícil e as precauções necessárias, enquanto com uma colméia de quadros atual pode-se capturar uma rainha sem dificuldade em alguns minutos, as vantagens do sistema britânico são notavelmente evidentes. - C. N. A. 212 Johnann Dzierzon

facilmente deslocadas. O enxame artificial pode ser colocado numa colméia Geminada e ser deixado no lugar da colméia materna, e para esta pode ser escolhido o lugar de outra colméia forte. Em conjuntos de colméias o enxame é levado para um local distante, e a colméia materna é mantida sem ser perturbada.

O QUE PODE SER FEITO COM A AJUDA DE UMA RAINHA FÉRTIL Com a ajuda de rainhas férteis, que podem ser conseguidas de enxames fracos recém chegados no apiário ou de colméias parcialmente subnutridas, podem ser feitos enxames artificiais muito cedo, até mesmo em abril. O método é utilizar abelhas que podem ser apanhadas de diferentes colméias removendo as colméias, escovando ou sacudindo, e o enxame assim feito é levado para um apiário distante em outra área de vôo. Não importa se o enxame é colocado imediatamente em sua colméia definitiva e levado para longe ou se é colocado numa colméia de transporte e depois transferido para outra colméia já no lugardefinitivo. O último procedimento provavelmente será o mais simples. Podem ser enviados dois ou mais enxames de abelhas juntos numa colméia de transporte grande para o outro local, entretanto é aconselhável que exista apenas uma rainha em cada caixa; a outra pode ser mantida em separado, ou ser enviada anteriormente para o outro apiário se lá já existirem outras colméias. Contudo, na confusão instalada entre as abelhas, normalmente, elas nada fazem para a rainha, se a rainha estranha for madura e fecundada, contudo é bom mantê-la engaiolada por Apicultura Racional 213

um, dois ou três dias e até mais tempo, se as abelhas não ficarem calmas e agrupadas em cachos sobre sua gaiola mas a cercam, fazem um barulho sibilante e tentam agarrar a rainha. Se não for possível liberar a rainha no segundo ou terceiro dia, as abelhas o farão se uma fina folha de cera tiver sido aplicada sobre a abertura da gaiola. A gaiola da rainha deve ser posta de forma que permita que as abelhas a cerquem, embora elas se *

amontoem em cachos em noite fria. Com tempo frio a gaiola pode ser posta na parte superior, em cima dos quadros, e debaixo de uma cobertura de tábua. É de bom alvitre, em todas as circunstâncias, fornecer logo um favo de cria para o enxame artificial, até mesmo se tiver que ser tirado de outro enxame artificial feito mais cedo no mesmo ano. O enxame se sentirá preso à sua colméia e muito disposto a entrar em atividade e a rainha correrá menos perigo. O manejo da colônia velha comprada ou desalojada, depende da condição do tempo quando as abelhas fizerem seu primeiro vôo externo. Por vezes um grande número pode ser perdido e em outros, talvez, nem uma única abelha será perdida. Se estiver frio, com vento e tempo instável, manter as abelhas em repouso tanto quanto possível e restringir seu vôo soprando fumaça no alvado, borrifando água fria na entrada e nas abelhas que quiserem sair; ou, finalmente, confinado-as completamente. Seu confinamento deve receber ventilação instalando na entrada uma tábua corrediça perfurada, uma pequena peneira ou um chapéu de abelha de tela de arame. Mas se começar um tempo favorável, ou prometer se instalar de imediato, estimular as abelhas para voarem na frente da colméia usando mel diluído ou água com açúcar dentro da colméia ou injetar pela entraDurante a estação fria devemos preferir, sempre, colocar a gaiola da rainha entre a cria e o agrupamento de abelhas – a primeira frase fornece a razão. Abelhas nem sempre se agruparão em volta ou darão atenção a uma rainha estranha se o tempo as obrigar a se amontoarem para a própria preservação ou para a proteção da sua cria. -C. N. A. 214 Johnann Dzierzon *

da, de forma que elas aprendam a nova rota de vôo e possam começar a colher. Se as abelhas foram colocadas em atividade pela primeira vez desta forma não haverá necessidade de ficar apreensivo quanto a seu futuro, até mesmo se ocorrer prolongado tempo desfavorável, embora, neste caso, elas devam ser ajudadas novamente com comida. Deverá ser tomado muito cuidado para que a rainha a ser usada no enxame artificial, se produzida no ano corrente, já esteja fecundada, e se for entregue a abelhas que já tinham uma rainha mais velha ela será mantida engaiolada por mais tempo, para que não seja ferroada. Uma rainha jovem, e porisso valiosa, é melhor fornecer abelhas que ou têm uma rainha jovem ou não têm rainha mas só realeiras; ou se só for possível fornecer abelhas de uma rainha velha é melhor que elas sejam antes mantidas sem rainha, talvez, durante um dia ou, pelo menos, durante uma noite, fornecendo-lhes comida necessária, tornando-as receptivas para receber uma rainha mais jovem. Deixando as abelhas atordoadas por uma das formas mencionadas não ocorrerá nenhum dano, mas é aconselhável só como último recurso se as abelhas forem retiradas de uma colméia com uma rainha velha.

COMO CONSEGUIR RAINHAS FÉRTEIS Outra pergunta seguidamente feita é, como conseguir rainhas férteis para usar em enxames artificiais ou para o salvear enxames sem rainha? Como já foi dito, uma rainha boa, às vezes, pode ser obtida por casualidade quando um enxame chega por si próprio fugido de um apiário de alguém outro, ou quando um enxame subnutrido é saqueado pelas pilhadoras. No final do Verão e do Outono seria de pouco valor e só poderia ser usaApicultura Racional 215

da, no máximo, para um enxame que não tem rainha, ou uma rainha com mais de três anos de idade. Nenhum apicultor prudente fará um enxame nesta época, até mesmo se ele pudesse reunir, para tanto, um conjunto completo de favos.* Na Primavera, pelo contrário, uma rainha fértil vale meio enxame, especialmente para quem possuir algumas colméias bastante fortes. Retirar algumas milhares de abelhas deste enxame para um enxame artificial não trará nenhum dano, e pode, realmente, ter a vantagem de evitar tanto a construção de favo de zangão quanto criar zangões. Mas quanto mais cedo o enxame artificial for feito mais completo deve ser o conjunto de favos cheios e vazios reunidos para ele. Para ter rainhas férteis em excesso na Primavera com certeza, elas devem ser mantidas desde o Outono anterior durante o Inverno. Isto é bastante problemático, incerto e um pouco caro, porque um pequeno enxame de cerca de duas mil abelhas que deve atender a rainha continuamente, consome sempre algumas libras de mel no Inverno e pode enxamear e deixar a colméia num dos primeiros dias bons da Primavera. Então só vale manter durante o Inverno as rainhas de primeira linha. Isto é feito no espaço para mel de uma colméia caixa ou cilindro nas quais algum calor do ninho da cria flui continuamente para cima. O calor na parte de trás de uma colméia quádrupla, ocupada por quatro enxames fortes, é especialmente grande. De qualquer modo, a hibernação será bem sucedida se o espaço estiver isolado do espaço inferior de forma que as abelhas não possam se aproximar. Um pequeno conjunto de favos cheios e vazios é reunido e se deixa o pequeno enxame tomar posse. Mas não se pode que as abelhas completamente confinadas.supor Isto poderia ser feito possam durante ficar alguns dias com rainha a-

Isto parece insinuar que os enxames tardios – ‘abelhas condenadas’ - não merecem ser criados ou que é imprudente tentar formar com eles colônias, mas a experiência de centenas de apicultores ingleses contesta, agora quando a cera alveolada é barata e fácil de se conseguir. - C. N. A. 216 Johnann Dzierzon *

tendida por aproximadamente cem abelhas, embora seria até mesmo mais conveniente colocar a rainha numa pequena caixa e as abelhas junto com ela. Um pequeno enxame mais numeroso poderia morrer ou ficar doente de disenteria. Deve-se, de alguma forma, isolar a colméia para manter o frio do lado de fora, mas deve ser deixada uma abertura para a saída livre e vôo das abelhas para que num dia agradável possam realizar seu vôo de limpeza. É evidente que as abelhas devem ser colocadas num apiário distante, pois do contrário elas retornam para sua posição srcinal, ou então devem ficar com sua nova entrada quase no mesmo lugar onde a antiga estava situada. Isto seria assim se elas tivessem vivido na colméia Geminada situada um compartimento acima da colméia nova, e agora saírem e entrarem por uma abertura feita no piso da coroa debaixo da entrada anterior. O piso inclinado da coroa deve ser então, durante algum tempo, removido. Mas o sucesso não é garantido, e o pequeno enxame pode, facilmente, na Primavera, sair antes de o apicultor ter uma oportunidade para usar a rainha. É melhor, então, produzir rainhas férteis jovens na Primavera o mais cedo possível. Indubitavelmente elas não podem ser obtidas tão cedo assim, talvez não antes do começo de maio, mas teriam sido evitadas as dificuldades e despesas da hibernação. Os preparativos podem ser feitos quando as abelhas começarem a depositar ovos de zangão, que normalmente é o caso quando elas podem recolher pólen em abundância, principalmente na hora do florescimento do salgueiro. Quem cria abelhas só em Colméia Tronco ou skeps tem que usar pelo menos algumas caixas ou colméias pequenas com quadros móveis.para Quem tem especialmente tais caixas pode usarastodos os compartimentos estejáfim, todas colméias Geminadas, desde que ele possa diminuir o espaço quase para a metade empurrando a porta móvel até a entrada, pelo que a retirada e colocação dos favos será muito facilitada. Em primeiro lugar, um enxame artificial é feito de forma que possa construir realeiras e, se possível, várias delas e, como ele Apicultura Racional 217

precisa de apenas uma rainha para si mesmo, preparará o caminho para os enxames a serem feitos mais tarde. Considerando que este enxame deve ser feito no período do ano que está frio, não deveria ser feito muito fraco. Um enxame moderadamente forte pode ser usado para o propósito, se a rainha for retirada e fornecida a um enxame feito há pouco do modo já descrito, ou para melhorar um enxame sem rainha. Proceder desta forma é melhor do que fazer primeiro o enxame para construir as realeiras. É natural que ao deslocar um enxame no início da estação, as abelhas facilmente entram nas colméias vizinhas, ou se percam de outros modos, em tempo frio do ano podem ser vistas caídas cá e lá congeladas. Para evitar isto, as abelhas deveriam ser confinadas por vinte e quatro a quarenta e oito horas, ou deveriam ser postas num lugar escuro até se acalmarem e começarem a construir as realeiras. Não precisaria ser dito que abelhas de um enxame recentemente preparado deveriam ser postas num local distante se elas não forem trazidas de um apiário distante, ou ficar próxima, talvez ocupar a posição do enxame do qual elas foram retiradas. Escritores sobre abelha já escreveram que as abelhas de um enxame artificial depois que construíram realeiras ficam em qualquer lugar novo que lhes seja dado. Mas a experiência ensina o contrário. As abelhas voltam, principalmente para sua antiga colméia, e o enxame artificial ficará quase desprovido de abelhas, se não tiver recebido tanta cria pronta para emergir suficiente para recuperar a perda. Atrasando um pouco o corte de favos na Primavera, os apicultores que têm Colméia Tronco podem conseguir favos de cria suficiente satisfatórios para enxames artificiais, prendendo-os imediatamente em barras, para reunir um conjunto de favos em parte vazio e em parte contendo mel. As abelhas podem ser conseguidas sacudindo favos ou levando-os embora com uma caixa, pois as abelhas normalmente se aglomeram em abundância em baixo dos favos encurtados.* Nós não podemos imaginar um método de tratamento mais cru. - C. N. A. 218 Johnann Dzierzon *

REALEIRAS Para conseguir realeiras a fim de cortá-las convenientemente, um favo de cria é selecionado para o enxame artificial, o qual, com relação a, pelo menos, uma das extremidades laterais, onde as abelhas estão sempre mais dispostas a construir realeiras, tenha alvéolos não aglomerados um ao lado do outro, mas aqui e ali com pequenas larvas ou ovos. Com muita certeza, depois de alguns dias, ali serão encontradas realeiras construídas. No segundo ou terceiro dia é bom olhar, e se forem encontradas várias realeiras começadas muito próximas algumas deveriam ser destruídas, como, por exemplo, a do meio de cada três, para tornar seu corte mais tarde mais simples. Mais tarde no verão, quando as abelhas descerem, elas ficam dispostas a construir realeiras especialmente quando ao cortar um favo forem cortados alguns alvéolos contendo pequenas larvas. Nestes cortes as abelhas constroem, freqüentemente, uma realeira depois da outra, de forma que elas se parecem com tubos de órgão. Nesta posição sua formação é conveniente para as abelhas, e a atividade das abelhas é sempre maior num favo encurtado. O pedaço de favo, com cria, cortado, claro, contem ovos e pequenas larvas na extremidade cortada. Este pode ser preso de imediato a uma barra, claro, em posição invertida, e pode ser fornecido ao mesmo ou a outro enxame artificial; e mais tarde serão achadas várias, talvez muitas, realeiras construídas. Alimentação repetida no princípio, mesmo que as reservas sejam abundantes, mantém as abelhas mais ativas e provoca a construção de mais realeiras e nutrição mais abundante da larva real. A maioria das realeiras estará, doze dias depois da montagem do enxame artificial, ou da remoção da rainha velha, tão madura que as jovens rainhas estarão mordendo com suas mandíbulas afiadas a cobertura que então, como um sinal de emergência bem sucedida, cai no piso da colméia como um pequeno boné, ou por acaso permanece pendurado na realeira abandonada, ou retorna para sua posição srcinal, de forma Apicultura Racional 219

que a realeira pode nos enganar e pode parecer estar ainda ocupada. Pelo tamanho da tampa, ou da abertura da realeira, pode-se deduzir o tamanho da rainha, pois normalmente elas se correspondem perfeitamente. No entanto, é possível que uma rainha emirja em dez dias se uma larva com seis dias de idade for selecionada para o propósito. A rainha começa a destruir as outras realeiras imediatamente. Pode ser começado agora um segundo e um terceiro enxame artificial da mesma maneira desde o princípio, e esperar aproximadamente doze dias para o aparecimento da rainha. Podem ser economizados dificuldade e tempo dos próximos enxames artificiais, como também dos enxames sem rainha, lhes fornecendo realeiras construídas a mais. Eles ganham uma rainha cerca de dez dias mais cedo que é um tempo significativo para o desenvolvimento de uma colônia de abelhas. Esta introdução de realeiras operculadas, com a rainha madura, pronta para sair, é de grande vantagem. Nesta conveniência reside a principal vantagem da divisão artificial sobre a divisão natural. O assunto merece ser tratado mais particularmente. Em primeiro lugar, deveria ser registrado claramente o dia em que o enxame artificial é feito, ou em que a rainha é retirada da colméia, e deveria sempre ser registrado na porta da colméia com giz. Se for esquecido, ou nunca se soube, pois as rainhas podem, por acaso, ter partido sem avisar, a hora para cortar as realeiras será, quando todos os alvéolos com cria da colméia estiverem operculados. Muitos deles só tinham um ovo quando a rainha partiu, pode ter decorrido pelo menos uma semana, e é melhor que as realeiras sejam cortadas de preferência um ou dois dias antes do que um ou dois dias mais tarde, quando então elas já teriam roído a realeira. Não há necessidade de recortar todas ao mesmo tempo, mas só as mais velhas, as mais jovens podem ser deixadas por mais tempo pois elas foram operculadas mais tarde. Se o enxame artificial for inspecionado no terceiro ou quarto dia será fácil concluir em que circunstâncias elas atingirão a maturidade e devem ser cortadas, o que pode 220

Johnann Dzierzon

ser registrado adequadamente. Algumas realeiras já estarão operculadas, outras não; e destas, algumas terão uma larva grande, outras uma de meio tamanho e outras uma bastante pequena. Se o favo for segurado contra o sol, já é possível divisar a rainha na realeira escura ou, até mesmo, o movimento dos seus membros, ela emergirá em algumas horas, e está na hora de cortar a realeira para não arriscar a destruição das demais. O corte deve ser feito com cuidado para que as outras realeiras não sejam prejudicadas. Um pequeno dano não faz nenhum mal, e a realeira pode ser aberta com a ponta de um canivete para ver se a pupa está bem ou podre, e até onde a rainha já está desenvolvida; a abertura deve ser fechada novamente, aplicando uma camada grossa de cera no lugar com a ponta aquecida de uma faca. A realeira pode ser inserida de forma que o lugar que foi aberto não fique acessível para as abelhas, ou colocando a parte afetada contra a parede da colméia ou aplicando cera branca fresca sobre ele em quantidade considerável. As realeiras devem ser inseridas onde prevalece a maior temperatura, onde a cria ou está ou estará presente; na extremidade lateral de um favo densamente coberto, ou no meio dele numa abertura já existente, ou que seja feita. Uma depressão pode ser feita com o dedo mindinho e a realeira colocada no lugar como seria feito pelas abelhas, e de imediato colada com cera amolecida para que não caia. No calor do Verão as realeiras, especialmente quando a rainha estiver quase pronta para emergir, na qual ela talvez já esteja se movimentando, podem ser postas no topo embaixo da tábua de cobertura, deitadas sobre uma barra para favo ou entre dois favos junto do ninho da cria, de forma que a ponta por onde a rainha sairá fique livre. Em skeps a realeira poderá ser inserida sempre pela abertura. A introdução é mais fácil de ser feita quando as realeiras em excesso estiverem em favos separados. A realeira é posta com o favo e as abelhas aderentes. Em outros casos é melhor esperar Apicultura Racional 221

até as abelhas perceberem estarem sem rainha e que tenham começado a construir realeiras. Se isto não for feito a realeira pode ser facilmente destruída e, até mesmo, a princesa que emergir pode ser ferroada. Se o favo inteiro com uma massa de abelhas é colocado na colméia a introdução pode ser realizada mais cedo, porque as abelhas introduzidas continuam a cuidar da realeira e as outras logo seguirão seu exemplo. Quando todas as realeiras estão num favo ele pode ser retirado e uma realeira pode ser recortada e fornecida ao enxame artificial, pois não há razão para temer que o enxame fará algum dano a sua própria realeira. Caso se disponha de tempo para ficar observando, pode-se esperar a saída da jovem rainha e ela será deixada com o enxame artificial, e o favo com as outras realeiras será introduzido em outra colméia. A princesa jovem pode ser capturada da mesma maneira e depois usada. Se as realeiras, como freqüentemente acontece, tiverem sido construídas tão próximas que não se consegue separá-las sem dano considerável, não há nada mais a ser feito do que esperar a saída de uma delas, e então remover as outras realeiras ou a rainha. Quando um enxame rompe uma realeira boa e perfeita que lhe tenha sido fornecida, não se deve fornecer uma segunda porque normalmente terá o mesmo destino; mas uma rainha jovem recém emergida em outro enxame artificial pode lhe ser dada e naquele será introduzida uma realeira, ou se deixa que o primeiro crie sua própria rainha a partir de cria. Deve ser tomado cuidado para não se enganar. Às vezes a realeira parece ter sido destruída pelas abelhas, por ter um buraco do lado, e a rainha jovem pode ter saído ou pela abertura lateral que as abelhas fizeram, oufechada, pela abertura pelo topo, que foi novamente e aindafeita ter por sidoela, soldada pelasmas abelhas com mais firmeza. Então, se a ninfa real não for encontrada dentro ou na frente da colméia, deve ser feita uma inspeção mais detalhada, pois as rainhas não são sacrificadas desnecessariamente. É bom examinar a princesa jovem para ver se seus membros estão perfeitos - especialmente se as asas estão sãs e se ela não é muito pequena e fraca, porque tais rainhas nor222 Johnann Dzierzon

malmente atingem a fertilidade depois que as fortes. Muitas rainhas emergem deformadas e aleijadas de realeiras curtas construídas próximas do piso da colméia. Estas deveriam ser removidas imediatamente, mas não devem ser jogadas na frente da colméia. Eles poderão se rastejar para dentro de uma das colméias e provocar dano, por exemplo, destruindo realeiras, ou causando uma comoção na qual a rainha boa da colméia poderia ser sacrificada. Se não for possível usar imediatamente todas as realeiras em excesso que forem cortadas, elas podem ser mantidas durante um dia, ou durante vários dias, colocando-as numa pequena caixa e mantendo-as em um lugar morno, por exemplo, debaixo da tábua de cobertura de um enxame forte, numa chocadeira ou no ninho de uma galinha choca. As realeiras podem ser garantidas também numa pequena caixa com um pequeno favo de mel e um amontoado de abelhas retirado do enxame artificial, ou sendo colocadas no espaço para mel de uma colméia para esperar a emergência da rainha. Uma realeira não pode cair nem ser agitada violentamente, pois a tenra ninfa poderá ser morta ou ficar mutilada. Em tempo ameno as realeiras podem ser carregadas por duas ou três milhas, mas enviar realeiras a longa distância pelo correio, como é freqüentemente feito com rainhas perfeitas sem risco, não deve ser pensado. Quando as abelhas forem preparadas pela, orfanação mais prolonga, para receber uma rainha, e for introduzida uma que ainda é jovem e tenra, ela não ficará engaiolada, mas lhe será dada liberada entre as abelhas onde elas estão aglomeradas em grande quantidade, talvez num favo de cria, o local natural da rainha; porque em outros lugares que não lhe pertencem seria mais provável de ela ser agarrada e ferroada. Ela pode ser previamente lambuzada um pouco com mel, ou assim que ela é colocada sobre o favo, de forma que as abelhas ao lambê-la fiquem mais amigáveis e não enfurecidas por causa do odor que ela traz, talvez derivado do contato com as mãos do apicultor. Ao mesmo tempo as abelhas poderiam ficar um pouco estupefaApicultura Racional 223

tas. Uma rainha jovem pode ser introduzida muito mais cedo depois que outra não fertilizada tenha se perdido, talvez, em seu vôo de fecundação, do que depois de uma velha fertilizada, de cuja perda as abelhas só se convencem e esquecem com muita dificuldade. A introdução pode ser feita mais cedo, sempre só no dia seguinte, se as abelhas por serem forçadas para um skep vazio ou caixa, estão confusas. Se for permitido que a rainha jovem corra entre um punhado de abelhas estupefatas, elas podem permanecer no recipiente até o próximo dia com a comida necessária, de forma que elas fiquem melhor familiarizadas com a rainha. Elas são transferidas, então, para outra colméia, se elas já não foram trazidas dela e alojadas de modo semelhante a outros enxames. Assim, enxames artificiais podem ser feitos com rainhas de excesso jovens e abelhas que foram forçadas ou coletadas. Um enxame artificial não será considerado um sucesso, nem uma colméia materna que liberou um enxame voluntariamente ou forçadamente poderá ser considerado um sucesso, até que a rainha jovem seja fecundada e comece a botar ovos de operárias. Muito, talvez, pode ser feito por compulsão e planejamento, mas a fecundação deve ser aguardada com paciência pois depende do tempo e de outras condições. No tempo agradável do ano, quando houver menos zangão, a fecundação pode demorar dois, três dias ou várias semanas; mas no calor do Verão ocorre normalmente dentro de oito dias. Com calor e atividade intensificados, então, em enxames artificiais para os quais foi fornecida cria, ou enxames secundários que constroem com presteza, a rainha atinge a maturidade e fertilidade mais cedo do que em outros casos. Na Primavera e novamente no Outono quando os zangões só estão presentes em algumas colméias, o máximo que pode ser feito para promover fecundação é estimular os enxames com rainhas prontas para fertilização e outras com o máximo de zangão. Isto é conseguido lhes fornecendo comida diluída, ou injetando-a pela entrada no momento agradável do dia, 224

Johnann Dzierzon

incitando as abelhas voarem, fazendo isto é mais provável que rainhas e zangões se encontrem no ar. Depois de dois dias, podem ser vistas na rainha evidências da fecundação bem sucedida, cujas conseqüências são o desenvolvimento dos ovários que se enchem de germes de ovos, aumento considerável do seu abdômen, mas só a postura recente de ovos, encontrados nos alvéolos no terceiro dia, e que fornece prova irrefutável. Agora a rainha atingiu, pela primeira vez, seu valor completo e se tornou uma mãe fértil completa e, como não sai mais da colméia, a não ser com todo o enxame, pode ser capturada e utilizada para a formação de um enxame artificial, se for intenção usar o enxame artificial que a criou para a criação de mais rainhas. Se o enxame que perdeu sua rainha recebe outra realeira cortada de outro lugar, este enxame terá novamente outra rainha fecunda em aproximadamente dez a quatorze dias. Desta forma várias rainhas férteis podem ser conseguidas durante o Verão a partir de enxames artificiais fracos e enxames enfraquecidos de outra forma, até mesmo por cria pútrida, se a eles forem fornecidas boas realeiras. Como não há necessidade de roubar as rainhas dos outros enxames fortes e o desenvolvimento da cria não sofre nenhuma perturbação ou interrupção, mais abelhas poderiam ser gradualmente retiradas deles, talvez tantas quanto o equivalente a quatro a seis enxames, e o número de colméias poderia ser muito aumentado. Se não for possível ter tantas rainhas quantos forem os enxames retirados das colméias, uma rainha deve ser dada aos enxames feitos, pelo menos no princípio, e ali deixada até que as abelhas aprendam o caminho de casa e se instalem corretamente. A rainha pode ser engaiolada e em colméias Lager postas no piso; em Ständers, abaixo do ninho das abelhas. A presença dela faz com que as abelhas, que de outra forma, apenas com a cria, com uma realeira ou com uma rainha não fecundada, não permaneceriam quietas e poderiam eventualmente se espalhar e pousar em outras colméias, permanecem juntas e se acomodam à sua volta. Uma rainha fraca velha, sem valor, pode Apicultura Racional 225

ser usada como uma rainha chamariz. Depois de aproximadamente dois dias não é mais necessário que ela permaneça no enxame artificial e pode passar para outro fazendo o mesmo serviço, manter junto o enxame não satisfeito. Cria de zangão contribui muito bem para acalmar um enxame ainda sem rainha, porque as abelhas sentem a necessidade de zangão instintivamente para a fecundação da rainha jovem que será criada. Então, elas cuidam dos alvéolos da cria de zangão tão bem quanto de uma realeira. Mas elas constroem menos realeiras, porque sua atenção fica voltada mais para a cria de zangão e as realeiras são construídas, freqüentemente, por engano, em favo de zangão. Assim, não é aconselhável introduzir cria de zangão se for desejado que sejam construídas muitas realeiras. Aqui é o lugar apropriado para, ao falar do aumento do número de enxames, dizer algo sobre a propagação da abelha Italiana. Convem que esta raça seja multiplicada e disseminada, ela possui vantagens distintas em relação às abelhas cinzentas ou pretas. Não só é mais bonita e dócil, mas mais laboriosa e capaz de se defender melhor. Sua criação, conseqüentemente, não só trará maior prazer mas produzirá lucros maiores. Até mesmo os híbridos ou os mestiços desta raça são reconhecidos pela sua operosidade extraordinária, assim, a introdução desta raça não será sem valor e sem lucro, até mesmo se não tivermos sucesso em preservá-la pura e genuína.

INTRODUÇÃO DA ABELHA ITALIANA Isto é muito facilitado pois não há nenhuma necessidade de transportar uma colméia inteira a uma longa distância - algo que sempre é arriscado, pois um único solavanco violento pode destruir todos os favos, e um enxame forte se mantido confina226

Johnann Dzierzon

do por muito tempo sofrerá demais e pode, até mesmo, ficar sufocado por causa do calor excessivo e pela falta de ar. Para fazer um enxame italiano é suficiente apanhar uma rainha desta raça já fertilizada e a introduzir num enxame normal ou num enxame cuja rainha foi retirada. Uma rainha, acompanhada por apenas algumas poucas abelhas, pode ser enviada através do correio para o lugar mais distante da quarta parte do nosso globo sem risco; e é enviada por custo irrisório. A rainha italiana pode ser introduzida a qualquer hora quando a temperatura moderada permitir a abertura das colméias, clima que perdura de Março a Outubro. As condições para o sucesso da introdução podem ser conseguidas do que foi dito acima. A introdução tem melhor sucesso em enxames que têm uma rainha jovem não fértil, como enxames secundários e colméias maternas que enxamearam. Estes ficam satisfeitos com a troca e neles a introdução pode ser feita. As abelhas notam imediatamente a perda da sua rainha e começam a se inquietar, pode-se deixar a rainha fértil correr entre as abelhas depois que ela tenha sido lambuzada com um pouco de mel. É aconselhável lambuzar as asas da rainha com mel, assim ela fica impedida de voar, para o que uma jovem e disposta rainha fértil está propensa; ela fica temerosa de qualquer odor forte que ela carregue e pode, por um momento, enfurecer as abelhas. Se, porém, uma das abelhas tentar agarrar a rainha e tentar ferroá-la, que neste caso raramente acontece, ela deve ser engaiolada durante, aproximadamente, vinte e quatro horas. A rainha italiana é recebida prontamente, da mesma maneira, tanto por um enxame que está sem rainha há uma semana, só possui realeiras, que lhe dará boas-vindas, como por um enxame feito com favos de cria, ou uma colméia materna que liberou um enxame ou da qual um enxame foi forçado. As realeiras já iniciadas serão, na maioria dos casos, imediatamente destruídas pelas abelhas; mas será bom que o próprio apicultor faça isto. Pode acontecer um acidente duplamente indesejável. Se as Apicultura Racional 227

abelhas forem toleravelmente fortes, ansiosas por enxamear e continuarem desejando as realeiras que tinham sido começadas, a rainha recentemente introduzida pode ser levada a deixar a colméia com um enxame “with what following she might have gained”; e se este acidente não acontecer, uma ou outra realeira poderia facilmente não ter sido destruída e a rainha fértil pode, depois de alguns dias, ser ferroada pela rainha jovem recém emergida. O ciúme que impele a princesa a procurar e destruir todas as realeiras que existem numa colméia só é especialmente forte nos seus primeiros dias. A rainha que já é fértil tem sua atenção voltada mais para encher os alvéolos com cria e pode facilmente não perceber uma realeira que esteja situada nas bordas da colméia, e que esconde uma perigosa rival. Em colméias com quadros móveis a destruição ou recorte de toda realeira é bastante fácil, mas em Colméia Tronco é totalmente impossível, e até mesmo em skeps, só acessíveis por baixo, é difícil e incerto, pois uma realeira existente na coroa pode, muito facilmente, passar despercebida. Nestas colméias, então, deve-se esperar que o tempo passe para que uma rainha jovem saia e as abelhas destruam as realeiras restantes. Se, então, a rainha jovem foi tamborilada ou apanhada ao sair para seu vôo de acasalamento haveria certeza que não resta mais nenhum perigo para a rainha italiana que pode ser introduzida. Se fosse desejado instalar uma nova colméia com favo de cria para ser Italianizada, seria necessário fazer quando todas as realeiras estivessem operculadas, quando a recepção da rainha pelas abelhas retiradas estaria assegurada. Se um enxame feito deste modo receber favos sem abelhas mas cheio de cria e sem realeiras, seria conseguido um enxame italiano muito facilmente e com certeza. Se um pequeno enxame, cujo transporte não é tão arriscado, for obtido com a rainha italiana pode-se adotar com segurança a última proposta. É possível fornecer um conjunto completo de favos cheios de cria, ou podem lhe ser dados gradualmente favos com cria.* No calor de Verão a cria operculada eExatamente, o princípio que 'inventamos' e adotamos quase a 228 Johnann Dzierzon *

merge sem cuidados adicionais e, embora alguma cria de alvéolos não operculados pereça, o dano não é grande. Se for desejado evitar até mesmo isto, serão selecionados favos de um enxame que está privado de sua rainha durante uma semana. Todos os alvéolos de cria estarão operculados. No início, até que o enxame aumente em força, deve ser bem cuidado, e colocado em noites excepcionalmente frias em lugar morno, ou as abelhas deveriam ser estimuladas à produção de mais calor pela comida que lhes será dada todas as noites. A introdução da rainha é mais difícil e perigosa quando o enxame no qual ela será inserida possuía previamente uma rainha velha, e quanto mais velha ela for maior será a dificuldade de elas esquecerem e superarem sua perda. As abelhas devem, então, serem mantidas sem rainha durante pelo menos três dias e a rainha que lhes for apresentada será mantida engaiolado durante aproximadamente dois dias. Bufa de lobo (Lycoperdon bovista) é um meio infalível, como foi informado pelo Sr. Hübler, farmacêutico do Tribunal em Altenburg, na reunião de apicultores de Hanover. À noite, quando todas as abelhas estão em casa, o enxame - não a rainha - é entorpecida pela fumigação com a queima de bufa de lobo até que não se perceba mais nenhum movimento. A colméia é então aberta, de forma que a fumaça seja substituída por ar fresco, e a rainha a ser inserida é colocada no montão de abelhas sobre as quais ela imediatamente se desloca rastejando e permanece tranqüila. Seguindo este método, seria desnecessário engaiolar a rainha. Embora normalmente eu não pense muito na bufa de lobo, ela pode, neste caso especial, fazer um bom serviço, pelo menos até que a rainha tenha odordedaascolméia, mais familiarizada com oadquirido enxame, oantes abelhas eseficará recuperarem do seu tor-

uma década e sempre recomendamos como o mais seguro e melhor de Ligurianização e que os apicultores americanos aprenderam e seguem desde então. - C. N. A. Apicultura Racional 229

por.* Assim um enxame normal que recebeu uma rainha italiana fértil, por algum dos métodos acima mencionados, será considerado Italianizado, da mesma maneira que uma linhagem de fruta silvestre pode ser dita melhorada quando um enxerto ou broto melhor foi unido a ela. Da mesma maneira que a árvore produz, agora, folhagem diferente e outra fruta, assim o enxame produzirá uma geração de abelhas de cor diferente e a anterior desaparecerá gradualmente. Se a introdução da rainha italiana ocorrer no Outono, serão encontradas abelhas pretas até mais tarde na colméia, até na Primavera seguinte, porque no Outono a postura de ovos é limitada, ou cessa completamente. Mas se a rainha é inserida na Primavera depois de aproximadamente dois meses será difícil achar uma abelha preta na colméia. Mas o enxame italiano freqüentemente permanece puro só enquanto a rainha introduzida continua viva. Se ela for embora com o enxame primário, a raça italiana pura será propagada através dela. Para que a colméia materna, e os enxames secundários que talvez se sigam, sejam italianos genuínos, depende se suas princesas forem fecundadas por zangões italianos ou de outras raças.

MULTIPLICAÇÃO DA ABELHA ITALIANA Houve muita discussão se deve ser dada preferência a aumentar o número de enxames pelo método natural ou se pelos métodos artificiais de divisão. Eu fui, há muito tempo, altamente favorável ao método anterior. Quando em 1853, eu recebi o Este método de introdução será sempre seguro ou certo. - C.N. A. 230 Johnann Dzierzon *

primeiro enxame italiano, fiz a seguinte declaração ao Bienenzeitung: - ‘O Senhor von Baldenstein, que foi o primeiro a ter sua atenção voltada para as abelhas italianas deixou que suas abelhas italianas aumentassem naturalmente, mas eu, pelo contrário, fiz uso do método artificial também para esta raça. O resultado pode trazer alguma resposta para a pergunta sobre que método de propagação atinge seu objetivo mais segura e rapidamente.’ O Senhor von Baldenstein, embora desejasse multiplicar esta raça de abelhas, por causa de suas vantagens incontestáveis, o que ele afirmou um pouco depois no Bienenzeitung, No. 11, 1851, tinha durante oito anos apenas um enxame puro italiano e depois que nove anos ele não tinha mais nenhum. Por outro lado, eu tinha no Outono do primeiro ano vinte e sete enxames italianos e desde então despachei milhares de enxames Italianos, com rainhas férteis, para todos os países da Europa e até mesmo para a América. Através da divisão artificial podem ser atingidos resultados extraordinários. A posse de um enxame italiano genuíno permite Italianizar um apiário inteiro de cem colméias no curso de um verão, porque uma rainha pode ser criada a partir de todo ovo feminino posto pela rainha italiana e basta a introdução de uma realeira para transformar um enxame normal num enxame italiano. Ser italiano puro depende se a princesa que emergiu da realeira for fecundada por um zangão italiano em seu vôo de fecundação. O principal esforço, antes de qualquer outro, deve ser direcionado para conseguir zangões italianos tão cedo e em tão grande número quanto possível. Como só enxames fortes se preparam para criar zangão, os enxames devem estar bastante fortes no da início estação o que podede seroutros conseguido pelauma introdução criadapronta para emergir enxames vez que não é aconselhável a adição de abelhas, por causa do risco a que ficará exposta a valiosa rainha. Abelhas jovens são melhores do que as velhas, porque elas apresentam maior interesse no desenvolvimento da cria. O enxame já deveria, então, possuir favos de zangão no ninho da cria, ou deveria ser provido com eles no começo da coleta de pólen. Os melhores favos a uApicultura Racional 231

sar são os que têm alvéolos de operária ao lado dos alvéolos de zangão; pois como a rainha enche imediatamente os anteriores, e está sobre o favo, ela vai encher de imediato também os alvéolos de zangão. A introdução de favos com muito pólen e alimentação com mel estimula a rainha para depositar ovos mais livremente e assim ajuda a começar a criação de zangão. Para a preparação da comida da cria as abelhas necessitam de muita água. Se elas estiverem impedidas pelo tempo de buscar o que for necessário, não pode haver nenhuma demora em lhes providenciar, talvez com um favo colocado abaixo ou ao lado. Quando as abelhas de uma região não têm nenhuma oportunidade de conseguir pólen cedo da nogueira e do amieiro, farinha de trigo ou de centeio, ou, melhor ainda, mingau de aveia, deveria ser posto para elas em favos em algum lugar ensolarado do jardim, protegido do vento, e elas deveriam ser atraídas por um pouco de água com mel. Elas formarão imediatamente pelotas deste material em suas pernas, e ficarão estimuladas criar. Alguns dias geniais da Primavera podem ser seguidos por dias ainda frios e severos e até mais geniais que não permitirão às abelhas fazer nem mesmo vôos curtos, e as deixará novamente desanimadas. Em tal caso o desenvolvimento da cria é suspenso e em seguida toda a cria de zangão é sacrificada. Não só os ovos já postos em alvéolos de zangão são descartados, mas as pequenas larvas são sugadas e até mesmo as ninfas já operculadas são jogadas fora. Não se deveria permitir chegar a este ponto, os favos nos quais são encontrados vários alvéolos ocupados com ovos, deveriam ser retirados e deveriam ser postos em colméias sem rainha, ou podem ser postos num enxame artificial forte (sem para eles eclodam, para a colméia italiana serárainha), dado, em seu que lugar, outro favo dee zangão, de forma que quando estiver com a maioria dos alvéolos ocupados pode ser tratado da mesma maneira como o primeiro. Deste modo milhares de zangões podem ser conseguidos de uma colméia italiana se a rainha se mostrar disposta a encher os alvéolos de zangão fornecidos, o que nem sempre é o caso. A esperança de sucesso será grande e genuína se o desenvolvimento 232 Johnann Dzierzon

de zangão for realizado, tanto quanto possível, nas outras colméias. Assim que sejam observadas larvas de zangão em número apreciável, devem ser feitos os preparativos para iniciar o desenvolvimento das rainhas, para tirar vantagem imediata do desenvolvimento adiantado de zangões; para que as rainhas sejam, com mais certeza, genuinamente italiana eles, os zangões italianos, devem sair antes dos outros para os vôos de fecundação e uma rainha fértil jovem é mais valiosa se for obtida mais cedo. Se as princesas emergirem um pouco antes dos zangões, não importa, pois nesta época do ano, ainda fria, podem se passar oito ou dez dias antes que as princesas saiam para seu vôo, e elas o repetem por duas, três ou mais semanas. Enquanto isso, os zangões se desenvolverão a ponto de se lançarem em vôo quando os dias estiverem satisfatórios. Infelizmente, a primeira criação de rainhas falha muito freqüentemente para as necessidades desses dias e na Silésia não se pode esperar pela fecundação das jovens princesas, com toda certeza, antes de maio. Como muitas rainhas se perdem em seus vôos de fecundação e muitas são fecundadas por zangões pretos, pois suas colméias se encontram no mesmo lugar ou nas vizinhanças, deve haver então tantos enxames artificiais pequenos quanto for possível fazer do modo acima descrito; deixe que as realeiras sejam continuamente construídas das quais tantas quantas possível serão fornecidas aos enxames cujas rainhas foram retiradas ou estiveram sem elas, de forma que poderá ser conseguido o maior número possível de rainhas italianas férteis. Entre as muitas haverá sempre algumas genuínas a serem identificados, e algumas que não acasalaram genuinamente, se elas forem de descendência propagação durante italianos, o próximo ano será mais pura fácil, italiana pois elasaproduzem só zangões a fecundação não tem influência nos ovos de zangão ou na descendência masculina.* Este é um ponto sobre o qual existe uma grande diversidade de opinião. É sabido que uma galinha branca pura, tendo acasalado uma vez com um galo preto, nunca mais cria galinhas Apicultura Racional 233 *

Como não importa se as rainhas italianas jovens sejam criadas por abelhas amarelas ou pretas, a cria para os enxames artificiais deve ser tirada das colméias italianas, mas as abelhas podem ser apanhadas dos enxames normais. Não debilitar muito o enxame italiano pela retirada contínua de favos com cria, como compensação pode ser colocada cria de outras colméias. Assim o enxame não perde nada, mas sai ganhando, se um favo com cria operculada é inserido quando um com ovos e larvas pequenas for retirado. Se o favo com cria da colméia italiana contém ovos, ele não deveria ser usado para um enxame artificial antes de decorridos seis dias. Ou seja, é conveniente colocar favos que só contêm cria operculada que tenham sido retirados de um enxame artificial ou de um enxame privado de sua rainha. A introdução de tal favo é, além disso, o meio para excitar a fertilidade da rainha ao mais alto grau, ela está com pressa de encher todos os alvéolos vazios, que formam vazios entre os cheios, para completar a cria. Em poucos dias toda a cria operculada que estava presente emerge e o favo será ocupado então só por larvas pequenas e ovos. Cortando o favo na horizontal e prendendo o pedaço inferior invertido numa barra separada, são obtidos dois favos com cria, tão bons quanto pode ser desejado, para conseguir uma quantidade de realeiras convenientemente situadas para divisão. É bom, embora não absolutamente necessário, pôr um favo com cria em todo enxame artificial ou em enxames nos quais uma rainha jovem emergiu. Com a atividade e calor aumentados, que então prevalece na colméia, a rainha atinge a maturidade mais cedo e inicia seus vôos de fecundação, e ao mesmo tempo mais provavelmente encontra sua colméia, porque as abelhas voam na frente da colméia em maior número, novamente. Para as princesas italianas acasalarem com zangões italianos é questão de chance, especialmente em pleno verão, quando zangões e rainhas voam a brancas puras, a influência preta penetrou em seu organismo; e não é imaginação acreditar que um efeito semelhante ocorra na rainha das abelhas, e os resultados tendem a convencer que é assim. - C. N. A. 234 Johnann Dzierzon

grande distância da colméia. Contudo, o apicultor pode influenciar um pouco no acasalamento, excitando as abelhas fornecendo-lhes comida líquida ou injetando-a com seringa nas colméias que têm zangões e rainhas italianas prontas para voar, o que fará elas voarem mais cedo na frente das colméias, enquanto os outros zangões ainda estão descansando em suas colméias. É evidente, então, que é melhor ter os zangões italianos em poucas colméias mas em grande número. Orfanando os enxames, os zangão podem ser preservados até o Outono, e assim se terá um pouco de esperança por um acasalamento genuíno das rainhas que realizarem seu vôo de fecundação depois da extinção dos outros zangões. Preparar enxame italiano numa colméia completamente isolada não é na verdade necessário, nem mesmo vantajoso. Quanto maior o número de colméias num mesmo apiário, maior é a oportunidade de ajudar as italianas com favos contendo cria e abelhas. As rainhas italianas mais jovens podem ser mantidas fora, assim a maioria das mais genuínas estarão entre elas. Mas não se deve permitir criar zangões nas outras colméias. Isto é conseguido removendo os favos de zangão e cria tanto quanto possível, e retirando enxames de vez em quando, o que fará os enxames deixarem de criar zangões durante o ano. Se vários zangões saírem, eles podem ser capturados pelas assim denominada armadilha para zangão. Para este propósito bastará ter um tubo de arame, lata, ou em parte de madeira, com aberturas do lado que permitam a passagem de operárias mas não de zangões. Se esta for instalada na entrada das colméias, assim que as abelhas começarem a voar de forma que se projete para fora, os zangões sairão da colméia mas não retornarão, e podem ser mortos facilmente. Para impedir os zangão de sairem em vôo, e para economizar a dificuldade de os matar individualmente, o tubo tem que se abrir num recipiente de arame e tem que se projetar um pouco no seu interior. As operárias devem poder sair por todos os lados do recipiente que pode ter a forma de uma bola ou um cu-

Apicultura Racional 235

bo.*Para facilitar a remoção os zangões que são mortos em água quente, a armadilha deve ter uma tampa ou uma pequena porta. A figura desta armadilha para zangão se encontra mais adiante entre os instrumentos usados em apicultura. Quando os enxames ou as abelhas para enxames artificiais são trazidos de longe, com um grande número de zangões pretos, como seria muito tedioso e consumiria muito tempo matálos individualmente na hora da preparação do enxame, o tratamento pode ser o seguinte: - A rainha que está na colméia de transporte (claro que engaiolada) é retirada e posta com uma parte das abelhas na colméia que será ocupada, a colméia de transporte é trazida para perto da entrada, e a tampa erguida o bastante para que as operárias saiam e entrem na colméia, mas não alto bastante para a saída dos zangões. Outro método é fazer com antecedência, na borda superior da colméia de transporte, uma ou duas aberturas, para sair e entrar na colméia, que só permitam a passagem das operárias e não dos zangões. As aberturas são abertas agora e colocadas perto da entrada. As abelhas se mudarão lentamente e os zangões ficarão para trás. Se só foram trazidas abelhas de um apiário distante para fazer enxames artificiais, ou fortalecer os já feitos, deixar que elas descansem durante a noite (uma vez que o retorno para casa normalmente é à noite) passar elas para o melhor enxame artificial, que deve estar sem rainha, contendo apenas realeiras, assim as abelhas não causarão dano algum. Na manhã seguinte, antes de as abelhas começarem o vôo, elas serão distribuídas entre as colméias necessitadas. As que são acrescentadas ficam no lugar do qual elas fazem seu primeiro vôo, e receberão uma princesa, pois as princesas já estão Este é exatamente o princípio da armadilha para zangão comumente usado na Inglaterra, mas atualmente considera-se mais fácil e mais barato prevenir a produção de zangão completando (parcialmente) os quadros das colméias apenas com cera alveolada de operária, prevenindo assim a construção de alvéolos de zangão a não ser em pequena quantidade. - C. N. A. 236 Johnann Dzierzon *

disponíveis nas realeiras. Contudo é necessário, para ter certeza disto, deixar as abelhas um pouco mais tempo com o enxame artificial e ou as confinar, para impedir que o enxame artificial levante vôo, ou colocar o enxame num lugar escuro. Para fazer um enxame artificial novo, é necessário apenas pôr uma parte dos favos com abelhas aderentes, numa colméia nova. O favo com as realeiras será um deles, até mesmo se existir apenas um no enxame, de forma que as abelhas fiquem quietas e se fixem na nova posição. Esta parte deve ter a maioria das abelhas, pois as que já estão familiares com o posto voam de volta para a outra parte e a fortalecerão. Até mesmo se tiver que retirar todas as realeiras, não trará nenhum dano, como a maioria das abelhas está familiarizada com o caminho para casa, e não se espalharão, mesmo que ocorra alguma perturbação temporária na colméia, em seguida elas iniciarão os preparativos por criar rainhas a partir da cria nova que lhes foi dada. Se não há tempo nem oportunidade para separar e usar imediatamente as abelhas, elas podem ser preservadas para ocasiões futuras, como, por exemplo, para fazer um enxame às pressas, quando exigido, a fim de alojar uma rainha fértil que necessita de um número adequado de abelhas. Mas o enxame não poderia ser instalado nem no local atual nem no local de onde as abelhas foram trazidas – deverá ser providenciado um terceiro. Pode haver alguma expectativa de que um enxame seja liberado em quatorze dias depois de sua formação; realmente, na época da criação, com realeiras presentes e muitas abelhas, o enxame pode ser esperado com grande certeza. Apicultores que ainda mantêm suas abelhas em skeps de palha podem conseguir um grande número de enxames com rainhas italianas jovens, colocando o enxame italiano com a rainha genuína ora num e ora noutro skep que esteja provido de favo e, quando possível, já contenha cria. Quando a rainha depositar cria, este skep é posto no lugar do skep de um enxame forte, as abelhas tomarão conta dos favos que chegaram sem abelhas, construirão realeiras e, provavelmente, se dividirão Apicultura Racional 237

dentro de quatorze dias em vários enxames conduzidos por rainhas italianas. Ainda muitos enxames podem ser conseguidos fortalecendo os enxames mais uma vez depois que se debilitaram, passando-os para o lugar de sua vizinha forte. Se ainda existirem realeiras na colméia, pode-se, numa estação favorável, esperar novos enxames. Nos enxames separados podem ser encontradas várias rainhas, e as que estiverem em excesso podem ser retiradas e usadas. Quando a colméia materna parar de enxamear, suas rainhas em excesso podem ser tamboriladas e usadas como convier. Elas podem ser preservadas com a companhia de algumas abelhas durante algum tempo numa pequena caixa que pode ser inserida convenientemente no espaço para mel de uma colméia até surgir uma oportunidade para lhes dar uma casa. Em caso de necessidade é possível manejar skeps e Colméia Tronco, mas não com aquela conveniência e certeza que temos com colméias de quadros móveis cujas vantagens no que se refere só à propagação são tão extraordinariamente grandes que elas são evidentes a todo que não tiver preconceito. O aumento progride maravilhosamente nas colméias onde há vários enxames fortes e existe um conjunto de favos e a estação é moderadamente favorável. Este aumento é tão grande que por vezes é difícil alojar os enxames no apiário, as colônias aumentam quase contra a vontade do apicultor, de forma que colméias novas têm que ser construídas, enquanto outros apiários estão em decadência. Se fosse necessário fazer uma redução considerável do número de enxames num ano ruim, o apiário pode ser expandido novamente no ano seguinte favorável, se os favos dos enxames tiverem sido suficientes preservados. O que com eles já foi desfeitos descrito com detalhes acima. Sefazer esta descrição parecer a qualquer um muito detalhada e difusa, ele tem que lembrar que presentes são diferentes, enquanto um considerar a mais detalhada descrição ininteligível, para outro será suficiente uma mera sugestão. Uma vez que a divisão artificial é tão fácil com colméias de 238

Johnann Dzierzon

quadro móvel, especialmente o novato pode ser facilmente tentado a dividir em demasia. Embora seja uma operação tão útil em si pode, se feita em demasia, resultar em grandes danos e, no final das contas, arruinar todo o apiário. Devem ser consideradas as condições do clima e quando este mudar o tratamento tem que variar. Enquanto em estações boas os enxames podem ser aumentados facilmente em seis vezes, já enxames artificiais feitos no começo de Agosto exigem mais cuidados e em anos ruins, com tempo frio e úmido, enxames velhos não divididos requerem ajuda para passarem o Inverno. Ou seja não confie ao tempo. Aumente, mas moderadamente e pare a tempo, pelo menos quatorze dias antes de terminar a forragem, porque um enxame natural ou artificial requer este tempo, pelo menos, para fazer um conjunto completo de favos e estoque alguma reserva. Quanto mais curto o tempo previsto de forragem abundante mais forte deverá ser o enxame e melhor deverá ser a reserva, para conseguir atravessar o Inverno.*

TRATAMENTO ADICIONAL DOS ENXAMES Isto depende do propósito para o qual eles foram montados ou feitos. Enxames novos nem sempre são feitos com o objetivo de passarem o Inverno, mas, em parte, para obrigar rainhas velhas, cujas vantagens aparecerão na preparação dos enxames artificiais, tão facilmente formados com sua ajuda, que são Este parágrafo deveria ser impresso em letras de ouro e deveria ser afixado em todo apiário, uma vez que ele aponta para um dos maiores perigos do apicultor amador. Qualquer um fica impressionado com o poder recém conseguido de fazer enxames artificiais, mas poucos conseguem rapidamente o discernimento que fazê-lo é essencial para o sucesso. - C. N. A. Apicultura Racional 239 *

mantidos para construir algum favo e coletar um pouco de mel, ou para dispormos de rainhas no caso de necessidade para ajudar enxames que ficaram sem rainha. Com este propósito o principal item a ser cuidado é que eles não passem necessidade em tempo chuvoso prolongado; do contrário não há razão para montá-los. Pelo contrário, seus favos com cria poderiam ser fornecidos como reforço de enxames secundários que serão hibernados, ou para o reforço de enxames que ficaram sem rainha. Deve ser prestada maior atenção nos enxames que serão hibernados. Antes de tudo, verificar se as rainhas jovens dos enxames artificiais, enxames secundários, como também das colméias maternas, foram perfeitamente fecundadas. Em colméias de quadros móveis se terá certeza assim que a rainha for vista, ou o interior dos alvéolos do ninho forem inspecionados. Nas outras colméias, especialmente Colméia Tronco, a conclusão só pode ser confirmada pela atividade e comportamento das abelhas, bem como se tudo está certo ou não. Em enxames naturais e artificiais com rainhas jovens não pode haver nenhuma dúvida sobre o assunto. Se as abelhas continuam construindo apenas favo de operária diligentemente a rainha está presente, e se ela foi fecundada os ovos frescos postos serão vistos no fundo dos alvéolos sem retirar os favos, e mais tarde olhando melhor entre os favos um pouco separados um do outro pode ser vista a cria operculada. É mais difícil concluir, com antecedência, se a rainha foi perdida na colméia materna que liberou enxames naturais, ou da foram forçados alguns enxames. Será dada oportunidade para as abelhas construírem favo a fim de ver se elas recusam construir, constroem favoEm de zangão ou se favo de operária que ou sempre será apenas um sinal. skeps, parte de um favo junto da entrada pode ser quebrado, onde elas constroem uma abertura. Em Colméia Tronco Ständer ou caixas o favo pode ser encurtado consideravelmente, talvez, pela metade. Os favos longos não têm serventia para a colméia materna debilitada, e podem muito facilmente se tornar presa das traças. É muito mais vantajoso entregá-los para en240 Johnann Dzierzon

xames jovens, especialmente enxames secundários cujos favos ganham assim em firmeza e calor. A colméia materna não será prejudicada por isto mas bastante beneficiada, porque é incitada a maior atividade interna e desenvolve maior operosidade fora e as abelhas constroem favo de operária, se a rainha está presente e já fecundada, considerando que, talvez, em parte, o favo cortado era de zangão. Se o enxame não começar a completar o favo consideravelmente encurtado é porque não tem condições de cobri-lo, seria apenas uma prova que está muito debilitado e precisa ser fortalecido para ter condições de hibernar. Favos não muito velhos devem ser cortados com moderação; mas em colméias velhas podem ser cortados mais livremente. O tempo mais apropriado para a renovação de favo que estão se tornando velhos é quando a cria já emergiu e a rainha começaria a botar ovos novamente, porque o enxame liderado por uma rainha jovem normalmente não constrói no primeiro ano nenhum favo para zangão que, no entanto, é abundantemente construído na Primavera. Mais tarde, deve ser verificado tudo, especialmente se os enxames jovens estão fortes o suficiente para construir favo necessário para acumular reservas adequadas. No caso de frio, tempo instável, chuva freqüente e tempestades muitas abelhas se perdem freqüentemente. Em enxames velhos a perda é reposta pela cria emergente, e dificilmente será notado, mas é mais visível em enxames jovens nos quais há pouco começou a postura de ovos e nos quais as abelhas jovens não aparecerão novamente antes de três semanas ou mais. Até mesmo enxames fortes podem, sob circunstâncias desfavoráveis, ficar debilitadas de modo pouco usual passados quatorze dias. Eles podem ser ajudados de imediato pela adição de abelhas trazidas de um apiário distante, entretanto isso significa sempre um pouco de risco, embora as abelhas a serem adicionadas sejam mantidas isoladas durante a noite para se conscientizarem de sua condição de estarem sem rainha. Estes enxames deveriam ser ajudados com bastante cria operculada a qual emerge logo. Seria Apicultura Racional 241

desnecessário dizer aqui que os favos devem ser selecionados, os que contêm mel acima e os com cria abaixo. Isto faz as abelhas transferirem a cria continuamente mais para baixo e alongar os demais favos tanto ou mais. Mas é necessário se precaver de estender muito o ninho da cria, no qual o favo inserido está sendo incorporado, em relação à largura. Quanto mais favo um enxame comparativamente fraco tiver que proteger menor será a camada de abelhas em cada favo em separado e mais lenta será a construção de mais favo. Um enxame constrói, em seus primeiros dias, muito rapidamente se favorecido pelo clima. Se o clima desfavorável se instalar, alimente; não frugalmente, só para manter as abelhas vivas, mas liberalmente, para elas não interromper a construção. Em nenhum caso a despesa com comida é mais ricamente recompensada do que com enxames jovens. Se parte de suas reservas foram retiradas para lhes abrir espaço, não se consegue uso mais vantajoso para a água doce que é obtida quando os fragmentos de cera são lavados, depois de refinados, que dar aos enxames jovens. As abelhas são fortemente estimuladas a construir e depositar cria quando recebem alimento diluído, mas suas reservas de mel não serão aumentadas em nada; para tal propósito deve ser dado mel muito abundantemente e de maior consistência. Os enxames jovens receberão reservas apropriadas para o Inverno, se eles não estiverem em condições de coletarem sozinhos, muito mais rápida, fácil e economicamente, dando a eles favos com mel operculado, tão próximo quanto possível do ninho. Isto pode ser feito no verão. As abelhas têm então todo o tempo para arranjar tudo adequadamente e assim organizar como se elas tivessem construído todos os favos e os enchidos com mel. Em colméias geminadas, quando a forragem ainda é abundante e as abelhas ainda estão construindo, são feitas passagens pela parede da parte de trás até o topo retirando ou trocando parte das tábuas de cobertura, de forma a criar um espaço para mel pequeno, pelo menos em cima do ninho da cria, no qual as abe242

Johnann Dzierzon

lhas passarão o Inverno, o qual será o melhor de todos para as reservas ficarem encima. A conclusão dos favos é acelerada pondo favos pequenos, ou de qualquer modo barra para favo com começos de favo no topo, porque a construção está parando agora gradualmente, e as abelhas estão mais propensas a encher os favos que estão na colméia do que começar a construir favo novo. Mais tarde podem ser inseridos pedaços completos de favo antes da preparação para o Inverno, se uma adição ainda for necessária. Pedaços de açúcar podem ser colocados dentro, para cuja solução condensará umidade suficiente no topo da colméia. Em colméia Ständer, com um espaço para mel mais alto, consistindo talvez da terça parte de todo o interior, não deixar os enxames naturais e artificiais jovens subirem no primeiro ano, porque em distritos e estações moderadamente boas eles têm muito a fazer construindo o espaço do ninho. Eles armazenariam ali muito pouco para eles e, talvez, não manteriam reservas de Inverno adequadas embaixo.* Enxames do cedo e fortes, em estações excelentes e distritos favoráveis certamente são exceções a esta regra. Estes podem, no primeiro ano, dispor de um excesso de mel e deveriam ser tratados então como enxames dedicados a coletar mel.

MANEJO DOS ESTOQUES DE MEL A idéia aqui apresentada é, evidentemente, que as abelhas se empenhando em encher o 'espaço para mel' acima consumiriam muito daquilo que de outra forma seria armazenado embaixo, e assim oferecer-lhes um espaço para mel encima é provável ser prejudicial. - C. N. A. Apicultura Racional 243 *

Um enxame de mel é aquele que é destinado a auferir lucro ou não produzir, durante o ano, enxames naturais ou artificiais, mas especialmente favos de mel completos. Embora quando forem retiradas dele alguns milhares de abelhas, isto não trará prejuízo especial ao mel produzido a menos que a rainha seja retirada, porque neste caso a construção de favo diminui imediatamente na colméia e só é retomada depois que a rainha jovem ficar fértil. É melhor, então, escolher aquelas colméias cujas rainhas não precisam ser trocadas; então, deveriam ser escolhidas aquelas que têm uma rainha do ano anterior. Mas se por qualquer razão a rainha da colméia de mel deverá ser retirada por ela ser muito velha ou porque ela se faz necessária em outro lugar, sua substituição deve ser rápida, pela introdução de uma realeira ou de uma rainha jovem. A parte essencial do tratamento consiste em, quando existe abundância de mel e enquanto dura, deve ser providenciado continuamente espaço vazio e, até onde possível, alvéolos vazios para o depósito do mel colhido. Todo favo de zangão que tenha sido cuidadosamente afastado do ninho pode ser aplicado vantajosamente no espaço para mel, só deve ser cuidado para não levar junto a rainha para cima e que ela ali faça postura, especialmente se a estação está úmida que será mais favorável para postura do que para depósito de mel. São feitas entradas para o espaço do mel bastante estreitas, de forma que só as operárias possam subir, passagens que só são feitas pela porta da frente e pela parede da parte de trás* onde a rainha raramente vai, porque ali não há nenhuma cria. A aplicação dos favos de zangão pode ser retardada até o final do verão, quando o desenvolvimento Os alvéolos de zangão são enchidos com mel,dee zangões um favoacabou. de zangão não provoca nenhum dano no

Lembrando que 'a frente da porta' é numa das extremidades da colméia, e a 'parede de traz' a outra extremidade, a instrução insinua que o acesso para o espaço do mel (equivalente à melgueira inglesa) só deveria ser feita por fendas em ambos os lados do espaço do ninho. - C. N. A. 244 Johnann Dzierzon *

espaço do ninho, mas serve de limitador (como todo favo cheio de mel numa colméia, além do qual a rainha não fará postura prontamente*), e todos os favos seriam enchidos no lado de fora só de mel, se sob os outros aspectos o clima é favorável. No espaço aberto no topo, as abelhas constroem de duas formas - ou construindo o favo para baixo, como sempre, do topo para o fundo, ou começando do fundo e estendendo o favo para acima. Há muitas vantagens em deixar que o estoque de mel nas colméias Ständer seja construído de acordo com o último método. Por um lado, as abelhas ficam logo acostumadas a fazer os favos, estendidos para cima, mais grossos, e assim eles não se curvam, bem como não há nenhuma chance de a rainha ocupá-los com cria, porque os alvéolos são muito fundos† Então, a massa total de mel, tanto do espaço da cria quanto do espaço para mel, formam um todo sem interrupção e ao retirar o excesso das abelhas pode ser deixado quanto desejado, pois os favos podem ser cortados na altura que se quiser. Pode ser deixado mais do que aquilo que será utilizado, prevendo a possibilidade de ocorrer um Inverno longo e severo, pois o excesso até mesmo o das barras sempre poderá ser recortado na Primavera seguinte. Depois que a cobertura em cima do espaço do ninho foi removida, as abelhas são induzidas a construir regularmente depositando cera nas barras de separação dos favos, se possível em todo o comprimento, que as abelhas alongarão rapidamente.

*

Temos chamado a atenção para isto muitas vezes a tolice de

usar colméias nas quais favos ser nãoajustados são móveis, que sob cir-cunstâncias adversas nãoospodem corretamente. C. N. A. † As vantagens parecem muito pequenas comparadas com as desvantagens que surgem pelas abelhas não poderem se agrupar naturalmente enquanto trabalham. Elas podem construir para baixo com pelo menos quatro vezes mais rapidez do que elas conseguem elevar os favos a partir do piso da coroa. - C. N. A. Apicultura Racional 245

Quanto maiores os pedaços de favo postos no fundo, mais eficiente será o serviço das abelhas e elas conseguirão encher todo o espaço mais rapidamente, se a forragem for abundante,. Os favos maiores podem ser postos na parte de trás e podem ser mantidos em posição perpendicular por pedaços de cera interpostos atrás e barras de suporte na frente, as abelhas os firmarão de imediato. As pequenas tiras podem ser simplesmente depositadas. Dentro de alguns dias, deveria ser inspecionado se eles foram firmados pelas abelhas na mesma posição e se necessário eles podem ser retificados. Este arranjo embaixo não impede o uso de barras no espaço para mel encima. As abelhas podem de alguma forma construir ao mesmo tempo de baixo para cima e do topo para baixo. Elas uniriam os favos no meio e, favorecidas pelo tempo, completariam a construção ocupando todo o espaço. Se as abelhas constroem no espaço para mel para cima ou para baixo, regularmente ou irregularmente, não importa muito. As conseqüências são maiores se os favos no espaço para mel e no ninho da cria não estiverem em comunicação, de forma que as abelhas, que em colméias Ständers nem sempre guardam comida suficiente para o Inverno acima delas no ninho da cria, possam se mover para cima, até mesmo com frio severo, e se manter nas reservas do topo. Para isto, no Outono deve ser feita uma passagem conveniente tirando, talvez, uma parte da cobertura, até mesmo se durante o Verão lá tinha sido deixada uma passagem muito estreita, ou apenas passagens na parte de trás e na frente assim que a rainha será mantida à distância. Para ter o espaço para mel construído do modo mencionado em uma estação ruim, e por um enxame fraco e até mesmo jovem, será necessário que as abelhas sejam admitidas apenas na parte mais baixa inserindo as barras à meia altura. Um par de encaixes feitos a meia altura no espaço para mel que em sua altura total tem de oito a dez polegadas, traria muitas vantagens. A condução de um enxame para o topo seria mais conveniente, porque favos com cinco polegadas de altura 246

Johnann Dzierzon

são postos e retirados mais facilmente do que quando muito próximo abaixo do piso da coroa. A construção do espaço para mel completo pode desta forma ser mais conveniente para as abelhas colocando as barras embaixo enquanto as abelhas não estejam muito fortes e os favos não estejam muito estendidos. Mais tarde, as barras podem ser postas mais alto quando se espera que as abelhas construam e encham todo o espaço para mel. Mas se forem inseridas barras em ambos os pares de encaixes, um número dobrado de favos de meio comprimento seria conseguido, que seriam convenientes para fornecer aos enxames fracos. Para garantir que um enxame tenha a comida necessária para o Inverno, até mesmo se estivesse bastante vazio de mel, tudo o que seria necessário seria tirar a camada superior de favos e os pôr abaixo para a operação desejada. Tal interrupção e tal arranjo dos favos, peça por peça, não provoca nenhum dano no espaço para mel e tem a vantagem adicional que o favo com mel não será facilmente quebrado. Apenas no ninho da cria tal operação é prejudicial e deve ser evitada.

ESVAZIANDO O ESPAÇO DO MEL Isto pode ser feito a qualquer hora que quisermos, quando estiver completamente ou só parcialmente construído, apenas que não esteja muito próximo da cria. A operação é empreendida melhor na hora da melhor forragem e vôo mais intenso. Haverá menos aborrecimento tanto pelas próprias abelhas como pelas abelhas de outros. O processo de refino é efetuado facilmente porque o mel está líquido e o ar em todos lugares morno. A água doce obtida da lavagem da cera será usada com vantagem como comida dos enxames. Os favos que talvez contenham pólen, ou por acidente alguma cria, podem ser devolvidos para Apicultura Racional 247

os enxames, e os vazios manterão as abelhas ao mesmo tempo em operosidade uniforme, pois sem eles elas deixariam de coletar quando houvesse necessidade de espaço e a temperatura tivesse ficado intoleravelmente quente. A retirada imediata do mel existente, até mesmo no ninho da cria, é especialmente recomendada quando as abelhas recolheram, no final de Maio e em Junho, muito mel de pinho que pode provocar disenteria no Inverno; mas deve haver uma forma de abastecer seu lugar abundantemente com mel saudável de trevo branco, árvore lima, trigo-mouro e outras flores. A parte cheia de mel, até mesmo os favos que contêm cria na parte de baixo, pode ser recortada com cuidado se parte que for deixada está levemente presa à parede da colméia, ou está apoiada um pouco abaixo, de forma que não venha a cair. Quanto maiores os inícios de favos vazios dados às abelhas em lugar dos favos cheios tirados, mais rapidamente elas, com fontes continuamente abundantes de mel, construirão novamente e encherão o espaço, e mais cedo a colheita será repetida. Se todos os favos vazios e início de favos já foram usados em uma boa estação de mel, muito será ganho deixando o máximo possível da parede do meio do favo quando os favos destinados para os potes forem quebrados. O método de esvaziar os favos de mel inteiros de forma que eles possam ser reposto para serem enchidos novamente será explicado mais adiante quando da descrição da máquina de extração chamada o ‘Honey Slinger’*. É prática normal instalar, em estações boas, laterais à Colméia Tronco quando ela foi completada, mas mais trabalho das abelhas seria economizado, e os ganhos aumentados, se mais espaço fosse fornecido na própria colméia. Não só é possível recortar os favos com mel situados abaixo da tábua divisória inserida horizontalmente, mas também dos espaços do topo da coTradução literal para “Honey slinger” é funda de mel. No contexto, porém, o qutor está se referindo à centrífuga. N. T. 248 Johnann Dzierzon *

roa da colméia, embora seja mais problemático do que retirá-los de uma caixa-colméia. Isto é feito mais facilmente quando os favos são construídos atravessados, ou um pouco oblíquos, e é bom induzir os enxames a construir assim com pequenos inícios de favo. Do primeiro favo é cortado um pedaço tão grande quanto possível, e de todo favo que segue um pedaço um pouco mais curto, de forma que possa ser retirado convenientemente. Se as abelhas coletaram mel insalubre, tem favo velho e existe muita pastagem para colher, os favos da coroa podem ser cortados mais altos. É melhor se as aberturas que foram feitas possam ser enchidas com favos vazios; ou, pelo menos, se as abelhas receberem orientação com inícios grandes de favo, construirão novamente os favos novos na direção desejada, ou então as abelhas encherão o espaço irregularmente, levando para acima os favos de baixo, e os do topo para baixo em direções diferentes, tornando a retirada do mel extremamente difícil no futuro. A Colméia Läger, seja ela tronco, cilindro ou caixa enxame, é colméia especialmente para mel. Nela as abelhas limitam a cria a alguns favos e enchem o resto, situado em um ou em ambos os lados da cria, só com mel. Embora nestas colméias o mel possa ser retirado de cada lateral até encontrar a cria, é bom retirar ao mesmo tempo os favos de zangão e velhos. As Colméias Geminadas, que podem ser consideradas como Lägers, têm, no entanto, um pequeno espaço para mel no topo, nestas é melhor deixar o espaço para mel intacto, até mesmo quando estiver totalmente construído, na esperança que ele esteja cheio com mel não tão saudável e exista perspectiva de aparecer melhor forragem para as abelhas. A maior quantidade de mel retirada com maior facilidade é conseguida dos favos compridos construídos perto da porta e fora do espaço fechado pela porta móvel, para o qual foi cedido acesso cedo para as abelhas. Já foi dito anteriormente que numa estação de mel especialmente boa na qual a cria só é limitada pela abundância de mel, e não há necessidade de qualquer outra verificação, as Apicultura Racional 249

abelhas construirão e encherão o espaço mais cedo se a porta móvel (ou tábua divisória) estiver bastante afastada. Favos de mel cheios serão retirados durante o verão, uma vez de um lado e outra vez do outro, e a porta poderá ser reposta novamente no final da coleta do lado em que ficou o maior espaço não construído. Em verões úmidos, para favorecer a produção de cria em lugar de mel, a tábua divisória é deixada intacta e o espaço ao lado é feito acessível só às operárias. Até mesmo se os espaços laterais restantes não estiverem construídos, é melhor do que se as abelhas gastarem o pouco mel coletado para aumentar os favos construídos e ampliarem a postura de cria, e tenham que entrar no Inverno desabastecidas de mel. O skep Ständer é o menos adaptado de todos para uma colméia de mel. É uma colméia especialmente para cria e para enxame; sua forma redonda e material morno favorecem a distribuição uniforme do calor e conseqüentemente da cria, em toda sua extensão. Não haverá muito mel a colher cortando seu interior no máximo, talvez, um par de favos de cada lado que serão, além disso, de difícil remoção. Se for desejado tratar o skep como uma colméia de mel e obter dele uma quantidade considerável de mel puro, será possível instalando um skep superior em separado, lateral ou adicional. Para colocar um skep acima, o skep inferior deveria ser plano no topo e ter um buraco para saída. Quanto maior a abertura (que estará, caso contrário, fechada com um tampão) mais facilmente as abelhas tomarão posse e construirão dentro do pequeno skep, caixa, tigela ou outro recipiente que for colocado no topo. Elas tomam posse mais cedo se for colocado um favo pequeno, o qual eles estendem logo. Melgueiras, skeps fracos, pequenos completados, podem serespecialmente postos em enxames que assim serão supridos, de modo muito simples, com comida necessária. Com uma ampliação normal, será apenas fornecida oportunidade às abelhas para ampliar a área de cria, especialmente de cria de zangão e seria, em muitas estações, motivo para a diminuir em vez de aumentar as reservas de mel. Só nos anos ex250

Johnann Dzierzon

cepcionais para mel, quando o aumento da cria tiver que parar antes de a quantidade de mel ser recolhida, que os alvéolos construídos abaixo seriam enchidos imediatamente com mel, caso contrário eles seriam ocupados imediatamente com ovos pela rainha e assim por três ou quatro semanas estariam indisponíveis para mel, período em que a disponibilidade de mel teria talvez terminado. Se for desejado que a ampliação - que pode ser de palha ou pode ser uma caixa de madeira - seja enchida rapidamente com mel, o acesso para a rainha deve se tornar impossível ou muito dificultado. O espaço inferior deve ser dividido do superior por uma tábua horizontal, ou a ampliação deve possuir uma tampa fina e as abelhas só podem descer pelos lados e por fendas estreitas. A tábua pode ser substituída por um conjunto de barras se os espaços entre as barras no meio da ampliação estiverem fechados por sarrafos de meia polegada ali deixados. Se imaginarmos um lado da caixa móvel e possível de abrir, é fácil entender como uma caixa lateral pode ser adicionada, ajustando uma caixa semelhante, fornecendo assim à colméia uma extensão do seu espaço. Este espaço lateral pode ser aumentado pondo uma caixa ou um skep no topo, que será de imediato enchido se já tiver favos. Como a comunicação entre o dois skeps é feita através de duas caixas mais baixas que unem um ao outro, podendo formar um todo único, isto pode ser feito também por uma tábua com uma canaleta colocada embaixo de ambos. Poderiam ser feitas fendas nos dois skeps para colocálos em comunicação e então poderiam ser posicionados lado a lado, mas por este método eles seriam muitos danificados. A combinação de seriam dois skeps poderia ser de feita pondo embaixo anéis dos quais tirados pedaços cerca de três polegadas mantendo-os abertos. Mesmo que um skep construído deste modo e colocado em comunicação com um enxame forte não seja enchido com mel, ainda assim se ganharia algo, pelo menos, os favos não seriam destruídos pela traça. Para conseguir um mel bonito para mesa, o melhor recipienApicultura Racional 251

te de entre todos é uma pequena caixa ou skep, mas os vidros em forma de sino têm vantagens especiais como melgueiras sob vários aspectos.

VIDRO EM FORMA DE SINO PARA DEPÓSITO DE MEL O vidro em forma de sino, quando posto do lado de fora da colméia, normalmente é coberto para evitar a luz. Uma vantagem desta forma de depósito é que a cobertura pode ser retirada, o progresso das abelhas na construção e coleta pode ser sempre observado, pode ser visto quando o sino está completo e poderá ser retirado. Posteriormente o mel terá maior valor, uma vez que um vidro em forma de sino assim construído tem melhor apresentação, o favo de mel nele existente é mais convidativo ao paladar e não foi tocado pela mão do homem. Os vidros em forma de sino podem, claro, ser colocados no espaço para mel de uma colméia vertical, caso em que não há necessidade de outro escurecimento. Para este propósito será feita uma abertura grande, ou várias pequenas, na cobertura e as abelhas serão impedidas cuidadosamente de acessar o espaço fora do sino, de forma que elas não poderão construir ali e deixar o sino vazio. É bom que o sino seja provido de uma saliência no topo para facilitar sua manipulação. Se esta saliência contiver uma abertura, ali pode ser fixado um pequeno suporte, de cima abaixo no sino, que permitirá às abelhas começar e firmar os favos nele. Para facilitar seu começo, e ao mesmo tempo as induzir a uma construção regular e bonita, podem ser fixados ao pilar, ao longo de seu comprimento, seis ou oito tiras de favo fino mas puro. Isto pode ser feito antes de ser colocado na abertura mencionada, e os favos serão presos com cavilhas ou grudados com cera. O pilar pode ter tantos cantos como de252

Johnann Dzierzon

sejado, de acordo com o tamanho do sino que receberá as tiras de cera. Assim, os diferentes favos se projetarão para lados diferentes, como filas de alvéolos se alinham em cada um dos seis lados de um alvéolo. Depois de certo tempo, quando as abelhas já conseguiram trabalhar, eles podem ser inspecionados e corrigidos, onde couber correção. Se as abelhas construíram um favo um pouco torto, este pode ser endireitado. Se elas construíram um favo muito em frente aos outros, pode ser apertado ou reduzido. Ajuda deste tipo deve ser dada se preciso for, ou os favos mais longos e mais largos ficariam mais grossos que os outros, e a simetria seria perdida. Mas se for desejada uma estrutura totalmente regular, cuidado deve ser tomado para que os favos sigam direções diferentes e, especialmente, que os favos adjacentes sejam mantidos uniformes nas dimensões respectivas, e que toda desigualdade seja corrigida imediatamente. Se os vidros em forma de sino forem um pouco contraídos ou estreitos embaixo, a retirada de um favo inteiro é mais difícil, mas não cairá, até mesmo caso se desprenda pela vibração de uma viagem. Se for desejado que nos vidros em forma de sino os favos sejam construídos do modo normal, paralelos uns aos outros, isto pode ser feito ou do topo para o fundo ou vice versa. As abelhas constroem mais pronta e rapidamente de baixo para cima em recipientes mais planos e com a forma de prato. O recipiente pode ser colocado acima depois que as abelhas, guiadas do modo mencionado acima, já tiverem começado a construir no espaço para mel; quer dizer, já tenham construído algumas polegadas dos favos. Tudo que estiver no caminho do recipiente pode serfechar cortado. devem ser tomadas providências para todoAnteriormente acesso ao espaço para mel e, então, a cobertura dos quadros poderia ser removida apenas parcialmente. Não deve ser esquecido que o recipiente deve ser instalado de forma que seja possível, quando completado, ser cortado com um arame fino, ou que os favos possam ser separados do fundo com uma faca fina comprida. Deve ser colocado, previamente, embaixo do recipiente um anel fino de madeira (ou metal) para que Apicultura Racional 253

seja retirado a fim de possibilitar a inserção da faca. O recipiente destacado, será elevado um pouco, é mantido assim por algum tempo para que as abelhas suguem o mel solto, em seguida será retirado. Se quisermos que as abelhas construam no recipiente de cima para baixo, e tão regularmente quanto possível, devemos fornecer favos-guia presos no topo. As abelhas começam seus favos com muita má vontade em vidro porque elas não conseguem se manter penduradas no vidro. E como tudo que é começado a ser construído de baixo para cima sempre deve ser cortado, pois o favo de baixo, claro, não se ajusta ao superior, e o todo não ficaria bonito. Não só começos, mas favos maiores, podem ser aplicados muito mais convenientemente no topo; e a construção no recipiente é concluída muito mais depressa usando uma caixa de vidro no lugar de um vidro em forma de sino. A caixa pode ter uma cobertura móvel, e ser provida com encaixes na frente e na parte de trás, de forma que barras para favo possam ser postos no topo. Os favos de mel serão mais finos ou mais grossos de acordo com o número de favos guias que forem colocados. Numa caixa com oito polegadas de largura as abelhas fazem normalmente cinco favos, mas elas podem ser induzidas a construir só quatro, ou até mesmo só três no mesmo espaço, e farão, proporcionalmente, favos mais grossos, se lhes for dado tantos começos; porque os favos de mel não têm, como os favos de cria, uma espessura definida, mas são feitos grossos, ou os alvéolos com a profundidade permitida pelo espaço. Para impedir que as abelhas comecem a construir outro favo entre os começos colocados muito longe um do outro, uma lâmina de vidro poderia ser posta no topo como cobertura, ou abaixo da cobertura, ou poderiam ser postas tiras de vidro entre as barras. A caixa pode ter um piso móvel. No princípio pode ficar sem piso, porque as abelhas ocupam-no mais cedo e constroem mais rápido; quanto maior for o acesso para ele, mais calor flui de baixo até ele. Se for construído logo, o piso provido de passagens 254

Johnann Dzierzon

pode ser inserido. Tudo que é necessário então, quando ele estiver quase totalmente construído, é não cortar, mas simplesmente retirar. *Quando as poucas abelhas na caixa descobrirem sua condição sem rainha e forem perturbadas, a caixa pode ser posta ao final do dia na entrada da colméia, as abelhas entrarão pelas aberturas do chão e fluirão para a colméia. Tanto o enxame como a reserva de mel renderá uma produção maior quanto mais abundante for a forragem e mais longa sua duração. Em muitos lugares toda a comida para as abelhas é cortada quando é feita a colheita de favo, enquanto em outros lugares a forragem mais luxuriante para as abelhas ocorre com o florescimento do trigo mouro e mais tarde do urze. Para aproveitar tal forragem abundante, apicultores de muitas regiões e algumas estações transportam suas colméias regularmente para esta forragem, ou, como dizem eles, viajam para lá com elas.

A DENOMINADA “APICULTURA MIGRATÓRIA” Não há nada de peculiar nisto; se um apicultor não viaja com suas colméias porque elas estão bem situadas e as abelhas podem visitar tanto trigo-mouro como o urze sem que suas colméias sejam movidas, ninguém pode concluir que ele segue um método diferente dos que movem seus enxames para os campos de trigo-mouro e para o urzal porque, por casualidade, estes não os têm em suas vizinhanças. Enxames para mel podem ser transportados da mesma maneira que enxame para abelhas; sob este aspecto não há diferença, apenas a estrutura das colméias deve resistir ao transporte em regiões onde as O sentido da frase que segue nada tem a ver com o teor do parágrafo. N.T. Apicultura Racional 255 *

condições locais recomendam mover de um lugar para outro. Foi feita uma crítica às minhas colméias, no sentido que elas não são apropriadas para o transporte; esta critica certamente é válida e com respeito ao Conjunto, ao Condomínio Sêxtuplo, ao Pavilhão e outros, pois eles são feitos de tábuas, são muito pesados para serem movidos e são inadequados para o transporte; mas a Colméia Geminada e a colméia Lager dupla, como também duas Colméias Geminadas colocadas uma sobre a outra, são adequadas para a apicultura migratória desde que não exista nenhuma outra colméia. Além das razões apresentadas na descrição das colméias (página 102), para esta conclusão, muitas outras poderiam ser acrescentadas; aqui podemos fazer as seguintes observações: Como é bem conhecido, quanto menor a quantidade de mel que uma colméia tiver no início da colheita de mel mais ela aumentará de peso. Em skeps normais, que têm sido usados até agora, principalmente para o transporte, se eles tiverem um estoque considerável o transporte pode se tornar perigoso e pode comprometer o sucesso da operação; ao mesmo tempo, os favos cheios das caixas podem ser deixados em casa e em seu lugar podem ser colocados favos vazios, e assim pode ser esperado um aumento maior no peso das colméias. A asfixia das abelhas e a demolição dos favos será menos provável se for possível providenciar um espaço vazio antes do transporte pela retirada de uma parte das reservas disponíveis. O conjunto total dos favos pode se tornar mais leve; e até mesmo se ocorrer a quebra de um ou outro favo por acidente o reparo do dano será muito fácil em colméias de quadros móveis, enquanto todas as outras colméias ficam quase totalmente destruídas com tais acidentes. Além disto, não há nenhum risco em retirar o mel das colméias caixa antes do transporte, como também seria o caso com outras colméias; se não existir nenhuma necessidade de extrair o mel dos favos, eles podem ser preservados (e isto é muito aconselhável), de forma que eles podem ser em parte ou totalmente devolvidos novamente, se por tempo desfavorável as colméias 256

Johnann Dzierzon

devem ser trazidas de volta para casa novamente com o mesmo peso ou até mais leves. Se muitos dos favos com mel retirados contiverem cria eles podem, durante algum tempo, serem colocados numa colméia que ficará em casa. No transporte não é aconselhável levar todas as colméias sem distinção. As que contem favos pesados, que são ao mesmo tempo tenros e quebráveis, deveriam ser deixadas em casa. Se uma parte grande da estrutura quebrar a perda não compensará o mel adicional coletado. O perigo não é muito grande se a estrada não for muito defeituosa e o carregamento, descarregamento e transporte forem realizados com cuidado e prudência. Um colchão de palha ou uma esteira de palha em baixo das colméias minimizará o efeito da agitação e as colméias forem organizadas de forma que os solavancos laterais encontrem as extremidades dos favos. Colméias Geminadas serão, então, colocadas no comprimento da carroceria. Favos com cria ou favos de mel não devem ser soltos da parede lateral, por razão alguma, imediatamente antes da viagem, e os favos novos não devem ser postos na colméia, porque eles balançariam de um lado para outro e assim se quebrariam facilmente. As abelhas devem ter tempo de, durante a noite pelo menos, prendê-los novamente. Já com favos vazios não há nenhum perigo os quais deveriam ser colocados tantos quanto possível nas colméias que estão sendo transportadas para uma forragem melhor. É habitual viajar à noite com as colméias por causa do frio. Porém, se o calor não for grande pode-se viajar de dia. As abelhas se mantêm perfeitamente quietas com o movimento balançante da carroceria, desde que não falte ar. Especial cuidado deve ser tomado quanto a isto, ou por incisões no fundo da coroa, que poderiam ser fechadas novamente pelas colméias colocadas acima, ou através de incisões na parede da parte de trás, ou por lâminas de zinco perfuradas e deslizantes instaladas na frente das aberturas. Nas Colméias Geminadas as abelhas pode ser ventiladas do modo mais simples, fazendo na porta móvel Apicultura Racional 257

tantas fendas quantas possível, movendo ela para trás, até onde possível, antes da viagem e firmando-a ali e removendo, ao mesmo tempo, a porta exterior. A porta móvel, que poderia ser firmada com alguns pregos, ficaria protegida de batidas, pois ela está afastada da saída pelo menos duas polegadas, ou a espessura da porta exterior, e as incisões nunca poderiam ser cobertas pelas colméias adjacentes, e assim as abelhas nunca ficariam privadas do ar necessário. Portas de ventilação podem ser feitas facilmente de algumas tábuas estreitas pregadas uma perto da outra sobre duas ou três barras atravessadas. É habitual inverter os skeps normais ou instalar suas coroas, para prevenir o rompimento de favos. Mas o mel não operculado provavelmente sairá dos alvéolos maiores o que provocará excitação e calor considerável entre as abelhas. As colméias caixa, por sua vez, são colocados na carroceria em sua posição normal. Se for intenção ter mais garantia contra a destruição dos favos, como as abelhas nunca constroem os favos até o piso, um pedaço de madeira, como um ripa, pode ser empurrado por baixo de cada favo, e outros pedaços colocados embaixo deste, apertando tudo para cima contra o favo, de forma que todo favo fique devidamente apoiado. Favos que serviram para o desenvolvimento da cria adquirem crescente firmeza e não quebram tão facilmente. O favo de cria quebra normalmente, como regra, acima da cria perto da coroa da colméia, perto das barras onde normalmente só é armazenado mel. Isto deve ser considerado nas colméias de transporte e as barras deveriam ter favos tão longos e tão firmes quanto possível. Para minorar o risco de destruição nas Colméias Geminadas, quando elas são regularmente usadas para transporte o espaço para mel pode ter, ao construir a colméia, uma ou duas polegadas a mais na altura afastando-o do espaço da cria, dando assim para o espaço para mel uma parte maior do peso. Em colméias de transporte, um segundo par de encaixes pode ser feito à meia altura do espaço mais baixo, ou aproximadamente a seis polegadas do piso, ali podem ser inseridas 258

Johnann Dzierzon

barras, a qualquer hora, ao lado do ninho da cria, nas proximidades das portas de cada lado, onde estão os favos com mel mais pesados; mas pode ser dado mais apoio e suporte aos favos com cria na forma mencionada na página 115, aplicando pedaços de madeira paralelos ao comprimento da colméia, para serem trabalhados no ninho da cria pelas abelhas, e ainda ser possível sempre girá-los e retirá-los facilmente. Com este arranjo, mais mel pode ser retirado das colméias que serão transportadas do que de qualquer outro modo, porque o mel pode ser retirado, sem dano, da parte superior dos favos cuja parte inferior está ocupada com cria. O transporte de colméias de abelhas para grandes distâncias sempre envolve muito cuidado e risco, mas onde a estrada de ferro pode ser usada desaparecem, em grande parte, e as colméias são transportadas rápida e suavemente, como já é feito em Lüneburg Heath. Se o uso da estrada de ferro for mais difundido, a apicultura poderia receber um grande impulso. Os apicultores poderiam despachar suas colméias a grandes distâncias em busca das flores da videira e do mirtilo, para os campos de trigo-mouro e finalmente para o urze; eles ganhariam mais e os proprietários dessas ricas forragens para as abelhas poderiam participar da renda ao mesmo tempo. Todo apicultor aceitaria, de boa vontade, realizar um pequeno pagamento se, ao mesmo tempo, fosse realizada alguma supervisão das colméias e se fossem feitas melhores instalações para o seu transporte da estrada de ferro até o urze e novamente de volta. Colméias podem ser transportadas também conveniente, suave e rapidamente por água em navio ou transporte com balsa, especialmente rio abaixo. Em tais balsas centenas de colméias poderiam ser arranjadas em pilhas e, sem descarregar as colméias, as abelhas poderiam voar para um campo de trevo branco ou trigo-mouro em flor ou para uma mata de árvore lima das vizinhanças e quando as flores terminassem, partir novamente, talvez de noite, para onde uma nova fonte de mel esteja disponível. Realmente, é notável que este tipo de apicultura Apicultura Racional 259

migratória realizada pelos antigos egípcios é tão pouco usada atualmente ou não utilizada de maneira alguma, ainda que atualmente, na idade da máquina a vapor, poderia ser usada com muita maior certeza e conveniência. Seja qual for a estrada, bem como os meios de transporte, o uso de Colméias Geminadas e colméias Lager duplas para o transporte se mostrarão, entre todas as outras colméias, especialmente satisfatórias para a viagem, porque sem preparação e do modo mais fácil possível, elas podem ser montados em todos lugares em sua ordem anterior, garantindo a identificação de suas colméias pelas abelhas e economia de espaço. Numa caixa espaçosa são mantidas facilmente tantas abelhas quantas em dois skeps normais, e é possível conseguir o dobro do lucro numa caixa-colméia com igual dificuldade e custo. É evidente que não depende de quantos enxames são empilhados, mas de quantas operárias são enviadas para a colheita. Se as abelhas de dois enxames fracos forem sacudidas para uma caixa, será economizado o transporte e o espaço, de uma colméia quando o pagamento for por colméia. O número dobrado de operárias certamente renderá mais do que o dobro quando os dois pequenos conjuntos de favos forem unidos em um grande; e no Outono as abelhas sofrem mais por falta do que por excesso de calor. O que previamente foi dividido pode ser unido novamente. Este foi então um começo sem futuro? Isso é o que muitos perguntariam. Esta divisão não tinha outro propósito. Foi feito para manter as abelhas com operosidade uniforme, pois elas não poderiam ser mantidas em tão grande quantidade numa colméia pois reduziriam sua colheita por se renderem ao calor. Foi feito para provocar a criação de rainhas jovens, e para a construção de favo novo pois assim será construído mais favo com mel, pois estes são capazes de segurar mais mel; e por último, e principalmente, o número de operárias deveria ser aumentado pelo aumento do número de rainhas. No começo da colheita as operárias são um capital, de grande interesse; e todo apicultor que sabe onde está sua vantagem tenta aumentar o seu núme260

Johnann Dzierzon

ro, e não lamenta o mel gasto para as criar, porque ele espera receber de volta dez vezes em produto armazenado. Depois da colheita, pelo contrário, as operárias são capital improdutivo do qual o apicultor tem que buscar se desfazer. Apicultor inteligente irá, três ou quatro semanas antes do fim da forragem, conferir ou evitar o depósito de cria tanto quanto possível, porque as abelhas jovens que saem não acharão mais nada para cole*

tar. Se por ocasião do início da forragem, e sempre que ela se tornar mais intensa, ele se alegrar vendo os alvéolos cheios de cria, ao final da forragem ele se alegrará em os ver cheios de mel. Pois ele quer colher mel e cera no fim, como recompensa do seu trabalho. Mas com que freqüência ele não se engana em suas expectativas. Enquanto um enxame apresenta reservas consideráveis, outro que é igualmente forte, se mostra quase vazio de mel. A razão só pode ser porque as abelhas colheram menos do que elas poderiam ter colhido, ou consumiram mais que era necessário. A pergunta surge então, o que deve fazer o apicultor para ele ter um bom equilíbrio no final da estação?

Apicultores ingleses não devem, em hipótese alguma, serem enganados por esta instrução peculiar, que sequer pode ser aplicada no sistema usado por apicultores de vanguarda neste país. Como regra não há necessidade de conferir a produção de cria ao final da forragem, i. e. no Outono, pois se houve uma boa produção de mel a quantidade armazenada no ninho fará isto a contento e, se a estação não foi nada favorável, o desen*

volvimento da cria parará naturalmente a tempo para o bemestar da colméia. A explicação da instrução do Autor pode, como sempre, ser encontrada mais adiante, onde ele diz, 'Pois ele (o apicultor de vanguarda) quer colher mel e cera no fim, como recompensa do seu trabalho´, implicando que a produção de abelhas jovens para a hibernação não será desejada quando elas forem produzidas às custas de mel, uma política que dirá que muitas colméias são impróprias para a hibernação, e pela “união” ficarão muito grandes necessariamente. - C. N. A. Apicultura Racional 261

AUMENTO DA PRODUÇÃO DE MEL Como pode a produção de mel ser aumentada e assim aumentar o lucro das colméias? Isto é conseguido seguindo duas regras principais - induzir as abelhas para colher tanto quanto possível e retirar novamente sempre o pouco que elas tenham acumulado. Entenda-se, todo excesso pode ser retirado das abelhas. É evidente que o apicultor terá de cuidar para desenvolver todas seus enxames até a força adequada no começo da principal colheita de mel que começará mais cedo ou mais tarde, dependendo da localidade, para poder tirar vantagem da forragem. Aqui, porém, estamos tratando simplesmente dos meios de estimular as abelhas para algo ao qual elas já apresentam operosidade máxima. Assim como quando um enxame fraco, sem rainha, nas vizinhanças for saqueado, normalmente várias, embora nem todas, as colméias se envolvem na pilhagem, porque nem todas tomaram conhecimento da sua existência, como pode acontecer quando uma nova fonte de mel aparece para as abelhas a grande distância. Colméias individuais podem estar colhendo ativamente do murtilo e da uva, enquanto outras ainda permanecem quietas. A última deveria ser, então, alimentada com um pouco de mel diluído e algumas delas deveriam ser borrifadas internamente pela entrada, para que elas se lancem em vôo e depois sigam as que já estão colhendo diligentemente. Se as abelhas puderem apenas sair, elas sempre trarão algo desde que haja algo para ser colhido. Para as manter no trabalho regular, tudo que é preciso cuidar é que não falte espaço e, tanto quanto quando possível, não faltem alvéolos vazios nos quais elas possam depositar o mel que é trazido em abundância. Claro que as abelhas constroem, mas elas não são capazes 262 Johnann Dzierzon

de, em tempo de abundância extraordinária, preparar tantos alvéolos quantos elas podem encher e uma parte das abelhas que poderia estar colhendo tem que permanecer em casa para preparar cera e construir os alvéolos. Assim os favos vazios que puderam ser reunidos serão colocados tanto em enxames velhos fortes como também nos novos. Eles serão enchidos e poderão ser retirados em pouco tempo, quando os enxames ficarão sem eles. Não há necessidade que eles permaneçam na colméia até todos os alvéolos serem operculados, se os favos se destinam para potes ou serão postos em seguida em enxames jovens. Apenas os favos que se deseja preservar por tempo mais longo, talvez durante o Inverno, ou até mesmo para colocar em enxames fracos no Inverno, devem ter a maior parte operculada. Somente estes então, devem ser retirados do enxame quando for desejado lhes dar mais espaço, mas os que não estão acabados e nem operculados devem ser devolvidos novamente. Se a colméia for muito pequena para um enxame muito forte, a colméia deve ser aumentada ou o enxame forte deve ser dividido, para que o calor não lhe seja prejudicial e nem sua operosidade diminua. A temperatura das colméias pode ser baixada, e a diligência das abelhas aumentada, sombreando e ventilando-as; em Colméias Geminadas, afastando-as e fornecendo ar fresco por baixo, da mesma maneira bem como pela ampliação do espaço. Para evitar que o mel acumulado, tanto quanto possível, seja consumido novamente pelas abelhas, deve-se tomar cuidado para que a cria não atinja extensão desproporcional, e também prevenir a postura de ovos de zangão até onde possível, pois o aumento da cria custa uma boa quantidade de mel. Ainda que a comida da larva seja preparada mais com pólen do que com mel, ainda assim a cria custa mel que poderia ser coletado enquanto também o pólen está sendo coletado. Custa o mel que poderia ser coletado pelas abelhas que alimentam a cria, com também o mel que com forragem abundante poderia ser depositado nos alvéolos ocupados pela cria. Esforço deve ser feito para Apicultura Racional 263

limitar até mesmo a produção de cria de operária, especialmente quando a forragem já passou pelo seu máximo. Por isto não é razoável produzir, às custas de mel,* abelhas que não terão mais nenhum uso, e que serão sulfuradas, de acordo com o costume de muitas regiões, na hora em que elas apenas saíram dos alvéolos e dificilmente atingirão a maturidade. O método teria alguma justificativa se as peles das abelhas sulfuradas tivessem algum valor, se o mel consumido pudesse ser extraído ou pudesse ser destilado delas novamente, ou se não existisse meios para evitar a produção destas abelhas. Certamente é mais difícil em skeps inacessíveis, mas fácil bastante em colméias com quadros móveis, e assim só estas é que possibilitam realmente um manejo racional. A cria será limitada destinando a ela um espaço definido - o espaço da cria tão freqüentemente mencionado - mesmo assim, este, em enxames jovens, para os quais ainda seria comparativamente muito grande, é reduzido mais tarde do modo indicado pela inserção de uma tábua. O desenvolvimento da cria é parado completamente quando a rainha é engaiolada ou retirada. Uma rainha que não será preservada para após o Inverno poderia, talvez, ser impedida da postura de cria arrancando ou amarrando suas pernas traseiras. Embora isto possa parecer repugnante a nossos sentimentos não é mais horrível do que sufocar milhares de abelhas. Anulando uma rainha com dois ou três anos de idade numa colméia que será hibernada será dada, ao mesmo tempo, oportunidade de criar uma jovem e vigorosa. Mas isto não deve ser feito muito tarde porque a rainha jovem correria o risco de não ser fecundada. Porém, não há necessidade de ficar ansioso quanto à feA instrução e justificativa aqui fornecidas explicam de alguma forma o que foi dito acima, nenhuma das quais, em nossa opinião, deveria ter lugar no manual do apicultor de vanguarda. É bastante razoável parar a produção da cria quando a colheita de mel está em andamento, pois muita vantagem pode ser conseguida pelo modo mencionado, mas orientar que o aumento da cria deve ser parado por causa da vala de enxofre a vista é, para dizer o mínimo, 'uma forma ruim'. - C. N. A. 264 Johnann Dzierzon *

cundação, até mesmo se a rainha não fizer seu vôo de fecundação antes do meio de Setembro, depois do massacre dos zangões; pois se ocorrerem alguns dias bons ela será fecundada, pois até mesmo em enxames saudáveis os zangões são tolerados Outono a dentro, e nas colméias sem rainha que são mantidas por apicultores negligentes, e milhares continuam vivos durante o Inverno, assim é muito provável que a jovem rainha produza uma geração ainda no Outono, de forma que podemos ficar tranqüilos pois ela não só será fecundada mas não terá outros defeitos, e não misturará cria de operária com cria de zangão, ou botará os ovos muito irregularmente. Até onde anular a rainha aumenta a produção de mel das colméias pode ser observado, freqüentemente, em enxames que acidentalmente ficaram sem rainha. Quando estes não são muito fracos e com pouca cria de zangão ainda toleravelmente pequena eles, às vezes, acumulam maiores reservas de mel do que outros enxames que estão em dia. Se enxames sem cria reduzirem sua coleta, o que acontece freqüentemente em casos individuais, eles podem ser excitados novamente para grande atividade pela introdução de um favo com cria jovem. Poderia ser acrescentado um terceiro meio para aumentar a produção de mel, aos dois já mencionados, que é a introdução de uma variedade ou raça de abelhas mais produtiva de mel. Entre as abelhas pretas ou cinzentas normais muitos apicultores fazem uma distinção entre abelhas de mel e abelhas de enxame, porque um tipo fornece mais mel e o outro mais enxames, e com muita certeza. A distinção é óbvia. O hábito de enxamear repetidamente se tornou uma segunda natureza das abelhas de enxame srcinárias do urzal. Então, elas enxameiam antes das outras abelhas começarem a pensar nisto. Até mesmo enxames secundários se preparam para enxamear e desenvolvem cria de zangão no mesmo ano, o que outras abelhas nunca

Apicultura Racional 265

fazem até mesmo sob as condições mais favoráveis.* A diferença entre preta e amarela, ou raça Italiana, é ainda mais notável. A última, especialmente, é uma abelha de mel. Em estações excelentes todas as colméias de qualquer força se enchem de mel, mas em estações ruins, que não são muito raras, até mesmo um enxame italiano jovem bem como enxames híbridos conseguem uma boa quantidade de mel operculado, enquanto outros estão quase vazios. Nenhum outro resultado poderia ser esperado da sua operosidade incansável e ganância insaciável em acumular mel, até mesmo depois da colheita principal, sem nenhuma flor, sem frutas doces e, até mesmo, sem outras colméias. Em colméias italianas não há nenhuma necessidade de aumentar a produção de mel por qualquer método inteligente; não há nenhuma necessidade para limitar a cria, pois pela quantidade de mel recolhida, que no final do Verão é colocada mais para o centro da colméia, elas diminuem muito o ninho, porque os favos externos não continuam tão densamente cobertos e mornos.† Não há nenhuma necessidade de afastar as rainhas velhas, fracas com a finalidade de criar uma jovem. Por causa de extraordinária fertilidade que as rainhas italianas desenvolvem na Somos inclinados a questionar esta afirmação, entretanto nossa objeção poderia ser posta de lado pela afirmação de que as abelhas que sabemos criar zangões no seu primeiro ano foram chamadas de 'abelhas de enxame'; não obstante, pelo uso da cera alveolada fornecida liberalmente, enxames de Ligusticas do último ano se tornaram prósperos tão rapidamente que a cria *

de zangão foi desenvolvida propriadamente. - C. N. A. livremente, e zangões eclodiram a† Os alvéolos nos favos exteriores de uma colméia, quando cheios com mel, são alongados e operculados, deixando apenas a metade do espaço entre os favos que existe no ninho; conseqüentemente os favos exteriores não podem ser tão bem cobertos pelas abelhas. Mas nós acreditamos que a diminuição da cria é por causa da contração do ninho por causa do enchimento dos favos exteriores com mel. - C. N. A. 266 Johnann Dzierzon

Primavera, parece que elas atingem o fim da sua vida proporcionalmente mais cedo e se retiram para dar lugar a sucessoras jovens e vigorosas. A troca da rainha é imediatamente evidente no enxame de abelhas amarelas, pois a família de uma rainha nova normalmente aparece de cor diferente – seja mais clara ou mais escura, dependendo se a rainha foi fecundada por um zangão amarelo ou preto. Não há nenhuma necessidade de se preocupar inutilmente com uma rainha italiana, como freqüentemente acontece com enxames de abelhas pretas nas quais é necessário remover a rainha velha ou fraca, pois lá já pode se encontrar uma jovem e vigorosa, porque a troca de rainhas pode ter ocorrido sem ter sido notada. Da mesma maneira que o criador de outros animais introduz outra raça quando a que ele possui não atende suas expectativas a respeito da delicadeza ou abundância da lã, quantidade de leite, ou capacidade de se alimentar, ou, de qualquer modo, busca melhorar pelo cruzamento, da mesma maneira pode o apicultor aumentar a produção de suas colméias introduzindo nelas uma raça mais industriosa. Ao mesmo tempo, isto é muito fácil com abelhas, pois com apenas uma rainha um apiário populoso pode ser melhorado num verão. Enquanto isso o apicultor, ao final da colheita de mel, limita o crescimento da cria para aumentar a produção de mel e diminui o número de rainhas e o número dos enxames, combinando assim com a mais remota preparação para o Inverno.

PREPARAÇÃO PARA O INVERNO O apicultor estará agora em posição de avaliar quais os enxames que valem ser hibernados e os que devem ser eliminaApicultura Racional 267

dos. Até mesmo o proprietário de abelhas que queira aumentar seu apiário e, com o tempo, deixa de ter ganho, irá, dentro de um grande número de enxames, até mesmo depois de uma boa estação, encontrar um ou mais enxames que por alguma razão ou outra não vale serem hibernados. * Uma colméia pode ter uma rainha que seja talvez muito velha ou não eficiente; outra tem muitos favos velhos ou talvez curtos e imperfeitos; numa terceira suspeita-se a existência de cria pútrida; numa quarta a deficiência de mel é muito grande para ela sobreviver, e sua hibernação pode ser muito cara e incerta. Estas serão descartadas sem questionamento adicional. Pois apenas enxames bons e sãos devem ser hibernados, e o erro principal que pode ser feito, que especialmente os novatos cometem freqüentemente, é tentar hibernar o que não vale ser hibernado. Um enxame fraco consome no Inverno quase tanto quanto um forte, porque a população pequena num conjunto incompleto de favos, exposta possivelmente ao frio, é obrigada a fazer mais esforço para produzir o calor necessário para manter a vida, e apesar de todos seus esforços, e provavelmente por causa deles, pode afinal fracassar. Até mesmo se por felicidade ele for salvo, dificilmente recompensará as dificuldades e despesas da hibernação. Favo limpo que contenha alguma reserva (no Outono) tem valor mais alto na próxima Primavera ... † do que uma fraca, e talvez, colméia acometida de disenteria que, provavelmente, enxameará no primeiro bom dia da Primavera, e pode provocar grande perturbação e pode danificar o apiário. Quando, alguns dos enxames são desfeitos, especialmente os que têm favo muito curto e muito frio, os materiais podem ser aproveitados ao mesmo tempo para enquanto formar outros enxames raipara desenvolvimento mais robusto; as melhores nhas podem ser inseridas em outros, as abelhas podem ser aComo pode ser muito bem esperado depois do tratamento para o qual chamamos a atenção. - C. N. A. † A frase que segue nada tem a ver com o que estava sendo dito no início do parágrafo. N.T. 268 Johnann Dzierzon *

crescentadas a outros para serem fortalecidos, em outros podem ser inseridos os melhores favos para completar seus ninhos. É melhor levar a cabo estas operações o quanto antes, enquanto o tempo ainda está ameno e não protelar até que o Inverno tenha se instalado. Se forem postos favos numa colméia, é melhor fazê-lo a tempo, para que as abelhas possam prender corretamente outra vez e propolisar a tábua de cobertura. Um favo de mel deve, claro, ser inserido onde o enxame já tem alguma reserva, de forma que as abelhas, ao se moverem gradualmente para suas reservas de Inverno não encontrem um favo vazio e passem fome. Se muito mel líquido tiver que ser dado para a conclusão das reservas de Inverno, ou se muito tiver que ser tirado de favos inseridos, isto deveria ser feito a tempo, de forma que as abelhas pudessem opercular, pelo menos em parte, os alvéolos que estão cheios. Se houver alguma necessidade, em estações ruins, de fornecer algum recurso em substituição ao mel, como xarope de malte, xarope de batata, açúcar dissolvido, &c., a alimentação deveria ser feita, quando possível, enquanto as abelhas ainda estão coletando algo, e ainda possuem a força necessária para purificar os doces líquidos e evaporar a umidade em excesso. Se houver alguma necessidade, por circunstâncias especiais, de hibernar, ao contrário da regra, enxames com favos muito curtos e muito frios devem, sempre, ser protegidos do frio enchendo as aberturas da parte de cima com pedaços de favo, as distâncias muito grandes dos favos às paredes da colméia, favos inteiros podem assim, de alguma forma, proteger contra a entrada de ar frio por baixo. Quanto mais velhos os favos, melhor será para o propósito. Se eles contiverem pólen, eles serão de grande utilidade para os enxames jovens que normalmente tem grande deficiência de pólen. Os skeps podem ser invertidos e as aberturas enchidas por cima com pedaços de favo aplicados à vontade e as colméias podem ser mantidas nesta posição durante a noite. Se os pedaços contiverem aqui e ali um pouco de mel, ou se algum mel tiver sido derramado neles, as abelhas os cobrirão imediatamente e os prenderão de tal forma que a colméia poderá ser colocado Apicultura Racional 269

novamente em sua posição anterior pela manhã. Na Primavera, quando as abelhas começarem a construir novamente, os pedaços de favo que foram postos de forma irregular, ou em posição horizontal, serão, claro, removidos. Muitos dos enxames que forem hibernados precisarão reforços de abelhas. Um apicultor justo e sensível não deixa que as abelhas dos enxames desfeitos morram, menos ainda as coloca na vala de enxofre, mas as divide entre as outras colméias. Com tratamento apropriado sob outros aspectos no Outono não haverá grande quantidade de abelhas presentes nas colméias para se temer a superpopulação das colméias a hibernar. Quando o desenvolvimento da cria diminuiu, o número de abelhas diminui muito na colméia, e se elas tiverem que estar fortes na Primavera, elas devem entrar no Inverno com força maior, não havendo razão para destruí-las em grande número. Até mesmo se um enxame forte consumir bastante, isto pode ser bem recompensado, porque o maior consumo será ricamente reembolsado na próxima Primavera e verão. A época para reforçar ou unir depende das circunstâncias, principalmente da construção das colméias. Se for praticada apicultura migratória, seria melhor realizar esta operação assim que as colméias fossem trazidas para casa do urze - antes de as abelhas voarem - de forma que elas façam seu primeiro vôo da colméia à qual eles foram acrescentadas. Quando o tempo não permitir uni-las imediatamente, ou se ainda não puder ser executada porque os favos necessários ainda contêm alguma cria cuja emergência deve ser aguardada, a colméia fraca deve ser posta tão próximo quanto possível daquela para a qual, mais tarde, as abelhas serão transferidas. Quanto mais tarde for feita a retirada e a união das abelhas será menos provável que os favos sejam atacados pela traça da cera e mais pacíficas estarão as abelhas, porque elas são muito facilmente excitáveis no final do Outono já frio. Uma rainha, claro, a mais velha ou a pior, é afastada e a outra será engaiolada durante algum tempo, se puder ser feito facilmente. Isto não é necessário se as abelhas a 270

Johnann Dzierzon

serem adicionadas foram mantidas sem rainha durante um ou dois dias. Se for provocada alguma confusão entre as abelhas do enxame a ser reforçado fumegando-as fortemente e batendo suavemente ao mesmo tempo ou se uma parte das abelhas retiradas com os favos for sacudida no chão em frente da colméia e postas a correr e zumbir da mesma forma como acontece quando um enxame é forçado, elas não pensarão em atacar e ferroar até as abelhas estranhas que lhes forem fornecidas, especialmente se elas forem borrifadas um pouco com mel. Brigas ocorrem principalmente com abelhas que foram mantidas sem rainha por muito tempo e se tornaram zanganeiras, porque elas provavelmente trazem um odor peculiar. Neste caso deve-se provocar maior confusão com as duas partes sacudindo-as todas juntas numa colméia de transporte, borrifando-as com mel, toda vez que for observada uma briga, sacudir violentamente do recipiente no chão, de forma que as abelhas caiam e fiquem misturadas ao máximo. Fumegar forte, bem com os demais métodos para entorpecer, já freqüentemente mencionados, serão de grande utilidade. Borrifar ambas as parte com xarope alcoólico, recomendado por muitos escritores de abelha, não provocará nenhum dano. Seus elementos principais simplesmente são álcool e mel. À noite as abelhas são muito pacíficas, então é melhor fazer a união depois que começou a escurecer. Claro que, as abelhas a serem adicionadas já devem estar em um skep sem favo ou colméia de transporte no qual elas foram colocadas de uma colméia distante, ou os favos móveis do enxame a ser desfeito já foram soltos durante o dia e a rainha foi apanhada, porque ela pode muito facilmente não ser encontrada à noiteuma com pequena a luz da lanterna. Quando as abelhas forem sacudidas, tocha de madeira podre, do tamanho do dedo mindinho, que queima lentamente sem chama, pode ser colocada na colméia quando ela for novamente fechada, para prevenir toda hostilidade. Se tivermos que trabalhar com skeps, as abelhas podem ser Apicultura Racional 271

derrubadas com uma sacudida violenta sobre uma folha estendida, e pode-se permitir que elas entrem no skep que será fortalecido e que é posto sobre ou próximo da folha. Claro que, o favo deve ter sido previamente retirado ou, se for intenção preservá-lo, as abelhas devem ser previamente dirigidas para um skep vazio. Isto é feito tocando tambor, como previamente descrito na página 176 e páginas seguintes. Embora não haja necessidade de ser agora tão cuidadoso como anteriormente, porque os favos não têm cria, estão leves e assim não quebram facilmente, e se quebrarem o dano não será muito grande. Depois que a maioria das abelhas estiver fora do ninho de onde foram afastadas pela fumaça e batidas, elas podem ser manejadas com uma sacudida violenta para as jogar no skep vazio que foi posto em cima, mas, claro, agora está novamente embaixo. Nos skeps que foram construídos só até a metade, o skep vazio pode ser perfeitamente dispensado, e durante a transferência será posto um boné ou uma cobertura. As abelhas podem ser sacudidas sobre um tecido estendido em frente do cavalete, ou sobre a grama, e será permitido que passem diretamente para o skep a ser fortalecido. A retirada das abelhas de colméias com favos móveis é muito mais fácil. Em Colméias Geminadas as abelhas se reúnem em volta da rainha se ela for levada embora, e depois de aproximadamente dois dias é aberta a comunicação entre os dois compartimentos. Se um enxame é acrescentado a uma caixa colméia colocada embaixo, as abelhas são sacudidas para ela do modo mencionado, a entrada da colméia é fechada, outra entrada é feita na coroa da outra colméia ou na porta, tão próximo quanto possível da entrada de remover a tábua de pouso, de forma que asanterior, abelhas depois que foram acrescentadas que buscam uma entrada ao retornar de seu próximo vôo possam entrar na colméia mais baixa para a qual elas foram divididas, até que elas gradualmente aprendem o local da nova saída. Dois enxames que tem seu vôo para a mesma direção podem 272

Johnann Dzierzon

ser unidos em Colméias Geminadas e Colméia Conjunto, especialmente se a de baixa é unida à de cima. A colméia do fundo que foi esvaziada será mantida coberta durante algum tempo por uma porta, veneziana, ou pedaços de tábua inclinados contra ela. Quando a mudança é feita com colméias com vôo em direções opostas, a colméia do topo é retirada e a de baixo será, de alguma forma, colocada mais alto. As abelhas sempre se corrigem para esta sua nova colméia que fica situada perto se ocorrerem alguns bons dias depois da união. Elas se orientam pelo jovial zumbido das outras abelhas e voam para a entrada. As abelhas deveriam ser incitadas a voar na frente da colméia por um pouco de comida, de forma que elas possam reconhecer perfeitamente a mudança que for feita, para que quando elas voarem em momento mais fresco não tenham que procurar como também não percam muito tempo. Não é aconselhável unir dois enxames que estejam no mesmo apiário mas a uma distância considerável um do outro, porque as abelhas que foram acrescentadas durante seu primeiro vôo na frente da colméia voarão para seu lugar antigo e a maior parte se perderá. A união não deve ser executada antes de Novembro e o enxame a ser unido será posto ou num porão ou à sombra, de forma que as abelhas não façam nenhum vôo antes de repousarem durante várias semanas. Elas identificarão perfeitamente sua colméia, e de qualquer modo não voltarão em tão grande número para sua posição antiga. É novamente evidente, tanto ao unir quanto ao dividir, que é vantajoso ter dois apiários a certa distância um do outro. Qualquer enxame de um apiário pode ser unido a qualquer enxame do outro, sem que uma única abelha se perca em seu próximo vôo, se sob os demais aspectos o dia for favorável. Não há necessidade alguma de pôr todo enxame fraco numa colméia de transporte em separado, mas muitas abelhas podem ser colocadas juntas numa colméia maior se houver lugar para todas. Claro que, as rainhas são retiradas. Os favos que estão muito cobertos com abelhas podem ser postos na colméia de transporApicultura Racional 273

te inclinados para os lados e apoiados um contra o outro, com uma pequena tira de favo entre eles para evitar o esmagamento das abelhas, e as abelhas dos outros podem ser sacudidas. As poucas abelhas que ainda restarem na colméia são escovadas para uma caixa mantida abaixo, ou fumegadas e escovadas para fora da colméia e, depois que elas se amontoarem em volta da entrada fechada, será permitido que passem para a colméia de transporte. Chegando no outro apiário, muitas abelhas serão sacudidas para os enxames a serem fortalecidos como conveniente, ou para as colméias que têm reservas que as possam sustentar. Elas podem ser misturadas imediatamente ou depois de serem mantidas durante um dia sem rainha. Até mesmo se os enxames a serem hibernados já estão bastante populosos, haverá vantagem no fortalecimento, porque o excesso de abelhas poderá ser usado no começo de Primavera para enxames artificiais. O notável apicultor Knauff manejava seis ou oito enxames ao mesmo tempo no Outono, e dobrava o número de suas colméias na próxima estação para um número correspondente com a ajuda dos favos vazios que ele tinha preservado. Contudo, uma união tão considerável não é aconselhável, mas sempre será possível transferir dois enxames moderados para uma colméia, especialmente com colméias de quadros móveis, pois nestas o crescimento pode começar mais cedo na Primavera seguinte com uma reserva de abelhas e de favos parcialmente cheios, e podem ser ajudadas em mais certeza e vigor do que era possível a Knauff com a sua colméia de palha. Mas é necessário que não falte ar para um enxame forte passar bem o Inverno. Enquanto as entradas de enxames fracos são consideravelmente reduzidastratar no Outono, pordecausa ladrões e do frio, não é necessário os fortes mododos semelhante, até mesmo com Inverno rigoroso. Se os favos alcançam o piso eles devem ser encurtados um pouco no Outono a fim de existir espaço para o lixo e abelhas mortas que caem, pois estes detritos podem bloquear as passagens entre os favos e impedir a entrada de ar fresco. 274

Johnann Dzierzon

Ao selecionar colméias para multiplicação, o apicultor deve ter sua atenção voltada principalmente para a situação da rainha, se o enxame tem rainha, se ela ainda é vigorosa e livre de defeitos sob todos os aspectos; pois o consumo de um enxame que hibernou e que está sem rainha ou com uma rainha deficiente, será apenas jogado fora, uma vez que normalmente ele não sobrevive ao Inverno, e as poucas abelhas que talvez possam atingir a Primavera, não tem valor algum, e um enxame sem rainha, na inquietação e excitamento em que normalmente se encontra, geralmente consome muito mais do que um perfeito. É aqui, por esta razão, o lugar para falar mais particularmente dos sinais e das condições das coisas que estão certas ou erradas com relação à rainha, que não são a esta altura tão evidentes e palpáveis.

DARE XISTÊNCIA DE SINAIS UMA BOA AINHA E DA S UA FALTA A presença de cria de operária na Primavera e no Verão é um sinal infalível que uma rainha fértil está presente, ou pelo menos estava presente, até pouco tempo. Até mesmo no Outono, quando as rainhas param de botar ovos por algum tempo, em muitos lugares serão encontrados restos de cria de operária em enxames sadios, tanto nos favos com cria como também no piso da colméia, porque depois que terminou a forragem as abelhas se amontoam muito próximas, não mantem mais a temperatura necessária para a cria, uma parte da cria jovem mais afastada morre nos alvéolos e mais tarde é jogada fora. Se, pelo contrário, inda forem encontrados rastros de cria de zangão no Outono, nos alvéolos ou no piso da colméia, é sinal de que não existe rainha na colméia ou que ela não é mais fértil. Enxames Apicultura Racional 275

saudáveis, como é bem conhecido, se livram dos zangões quando termina a forragem. Até mesmo se, excepcionalmente, alguns enxames saudáveis mantiverem de forma pouco usual seus zangões - até mesmo durante o Inverno, eles não desenvolvem, porém, nenhum zangão novo. Mas se existir cria de zangão nos favos de zangão não existe rainha presente; se existir nos alvéolos de operária, caso em que é chamado cria buckel, porque os alvéolos são construídos para cima, existe apenas uma rainha não fértil ou degenerada, embora neste caso os ovos possam ter sido postos por operárias simples, se não existir favo de zangão no ninho da cria. O enxame sem rainha volta sua atenção, como é bem conhecido, para a cria de zangão, e normalmente constrói só favo de zangão se continuar construindo. Porém, se não estiver construindo o favo de zangão já presente é limpo e preparado para receber cria. Este desejo intenso pela cria de zangão continua por algum tempo depois que uma rainha fértil foi inserida no enxame que estava sem rainha, de forma que ela freqüentemente no princípio ocupa alguns alvéolos de zangão, tão diligentemente preparados pelas abelhas, antes de ela começar a botar ovos de operária. Cria de zangão em alvéolos grandes, enquanto os alvéolos de operária estiverem completamente vazias, sempre é um sinal toleravelmente seguro de estar sem rainha, porque o caso de uma operária poedeira que bota ovos junto com uma rainha não fértil é extremamente raro. As abelhas sem rainha constroem realeiras ao mesmo tempo aqui e lá próximo da cria de zangão, e freqüentemente as enchem com vários ovos, da mesma maneira que freqüentemente em outros al*

véolos sãodaencontrados ovos. Um sinal infalível adicional ausência damontões rainha édequando se encontra alvéoloe

Não estaria mais próximo da verdade dizer que as abelhas constroem as realeiras em volta dos muitos ovos depositados pelas operárias poedeiras? Estamos convencidos que as abelhas ocasionalmente removem ovos para realeiras, mas pensar 'não prova' que elas os transferem em montões. - C. N. A. 276 Johnann Dzierzon *

de pólen estendido e transformado nos começos de realeiras. As abelhas fazem isto quando elas não têm nenhuma cria. Elas tratam os alvéolos que contem o principal elemento da comida da cria como elas tratariam os alvéolos de cria - elas tentam transformá-los em realeiras. Meros inícios de realeiras vazias ou pequenas xícaras não têm nenhum significado. Estes começos são freqüentemente construídos por enxames com rainha jovem. Um enxame sem rainha não possui cria, ou no máximo, depois de muito tempo sem rainha, só um pouco de cria de zangão; mas as abelhas, colhendo continuamente, especialmente no princípio, quando elas alimentam a esperança de criar uma rainha, acumulam uma quantidade de pólen, de forma que quase todos os alvéolos no ninho ficam cheios de pólen. A partir disto, e quando os alvéolos de pólen parecerem estar envernizados, porque as abelhas não os estão usando, pode ser concluído seguramente que a rainha fértil esteve ausente por algum tempo. Mas a partir do comportamento das abelhas pode ser concluído se não há rainha ou só uma jovem não fértil está presente na colméia, se os sinais mencionados acima não permitirem uma conclusão. Um enxame sem rainha mostra sempre uma certa inquietação, excitação e confusão que se manifesta fortemente depois da perda da rainha ou mesmo bastante depois de elas se darem conta, e nunca ficaram calmas completamente. As abelhas, inquietas e agitadas, se deslocam pela colméia e principalmente na entrada, da mesma maneira que em colméias saudáveis em noites amenas de Verão quando elas tentam evitar que as pequenas traças da cera pousem ali. Quando fumegadas, ou até contínua, mesmo sem provocação, abelhas levantam uma lamúria umesta genuíno grito deasangústia que pode ser ouvido a alguma distância da colméia. Cedo e tarde, quando as outras abelhas estão quietas, abelhas individuais continuam saindo de colméias sem rainha, especialmente quando as abelhas, depois de longo repouso, puderam levantar vôo novamente. Os vôos alegres normais na frente das colméias, que ocorrem tão freqüentemente nas colméias saudáveis, quase não ocorrem Apicultura Racional 277

nas colméias sem rainha; como é bem conhecido, são as abelhas jovens e as nutrizes que principalmente realizam estes vôos, tanto para a higienização como, ao mesmo tempo, para se familiarizar com a posição da colméia. Mas não há razão para eles ocorrerem na frente das colméias sem rainha, porque não aparece nenhuma abelha jovem, nem é preparada comida para a cria que já existe. A respeito da inquietude ou lamentação das abelhas recém mencionada, deve ser observado, para evitar decepção, que os sinais acontecem freqüentemente quando a rainha, procurada e agarrada por um grupo hostil, ou só por uma abelha, começa a gritar de angústia, ao que parte das outras abelhas se dispõe a protegê-la envolvendo-a num amontoado; outras começam a correr, se lamentando, para lá e para cá ansiosamente. Depois se percebe um assobio na colméia são vistas algumas abelhas ferroadas caídas no chão e entre eles, freqüentemente, encontra-se a rainha. Mas freqüentemente a calma é restabelecida, provavelmente pela abelha hostil, que se perdeu voando na frente de outra colméia e sendo ferroada antes de pudesse dar uma ferroada fatal na rainha. Mas até mesmo as próprias abelhas freqüentemente atacam sua rainha de um modo hostil, e tentam ferroá-la, especialmente quando ela deixa a colméia, talvez para o vôo de fecundação, ou até mesmo se ela só deixa o ninho da cria e retorna em seguida, porque elas suspeitam provavelmente que se trata de uma estranha intrusa, uma vez que o lugar natural da rainha é no ninho da cria. Mas se uma abelha a agarrar uma vez e a atingir com o veneno do seu ferrão, normalmente mais abelhas a atacam, de forma que freqüentemente a rainha fecundada é morta sua própria colméia, porjovem causaque de volta um odor estranho trazidonapor ela, se o apicultor atento não a salvar deste perigo engaiolando-a. Aqui a conveniência dos favos móveis é novamente muito clara, pois é apenas com tal pronta ajuda que é possível retirar o ninho da cria aos pedaços para se ter certeza da condição da colméia que se suspeita estar sem rainha. Em outras colméias, pelo contrário, se consegue certeza após algum tempo, porque as abelhas 278 Johnann Dzierzon

mantêm uma operosidade uniforme, especialmente se elas são capazes de criar zangão e suas condições só são reconhecidas quando nada pode ser feito para as ajudar. Se um enxame sem rainhas receber bons favos e dispuser de reserva suficiente em Agosto, pode ficar bem pela simples introdução de uma rainha fértil. Com sua grande reserva de pólen, o enxame criará ainda milhares de abelhas jovens, e pode se tornar uma colméia boa para passar o Inverno. Mais tarde, talvez depois do meio de Setembro, pode-se fornecer um enxame completo a um enxame sem rainha, como também uma rainha, se é desejado que ele passe o Inverno. A colméia sem rainha poderia ser considerada apenas uma colméia cheia de favo e, claro, ser montada, ou os favos do enxame sem rainha serem inseridos no lugar onde o enxame adicionado tinha seu vôo, se não foi trazido de um apiário distante. Nenhum cuidado é necessário com as velhas, e então enfraquecidas abelhas do enxame sem rainha; realmente, se elas criaram zangão, seria aconselhável retirá-las previamente e deixar as ocupantes novas se mudarem com sua rainha, deixando que as abelhas que foram retiradas façam seu vôo retornando para sua colméia por si, por via de adição, de forma que nenhum zangão nem qualquer rainha não fecundada que esteja presente na colméia possa colocar em risco a rainha fecundada. Se a retirada das abelhas for muito difícil, como em Colméia tronco, para prevenir um mal maior, temos que escolher o menor, e enxofrar o já fraco e sem rainha, vendo que as abelhas que estiveram sem rainha por muito tempo normalmente são ferroadas, provocando, ao mesmo tempo, a morte de uma parte das outras. No caso de os favos de uma colméia sem rainha já estarem velhos, o melhor que se pode fazer é descartá-los, e retirar o enxame, mantendo, porém, os favos que têm muito pólen. Estes podem ser postos embaixo no ninho da cria para ser consumido imediatamente pelas jovens, se ainda estiver ocorrendo cria, ou na Primavera. Porém, se uma parte dos favos é deixada na coroa da colméia, um enxame ali introduzido na Primavera prosApicultura Racional 279

perará excelentemente, porque haverá muito pólen entre o mel. Até mesmo o apicultor que não tem intenção de aumentar seu apiário e desejar obter lucro de suas colméias na forma de favo de mel, fará muito bem se evitar possíveis acidentes com colméias que tem favo, ou uma reserva de favos vazios e meiocheios, para reunir conjuntos de favos. Ele pode então, no começo de Primavera, colocar estes conjuntos de favos em colméias que tiveram seus favos estragados por ratos ou sujos por uma erupção de disenteria, ou que foram destruídos por um infeliz acidente, ou se tornaram inservíveis.

REQUISITOS QUE UM ENXAME DEVE SATISFAZER PARA PASSAR O INVERNO As condições necessárias são 1. Rainha sã e vigorosa com não mais do que dois anos de idade. Não devemos hibernar uma que já tenha três anos de idade, e não se deve deixar de capturar a rainha de um enxame de criação forte e a substituir por uma jovem; a maioria das rainhas morre naturalmente em aproximadamente quatro anos, se elas não morrerem antes por outro acidente, a colméia não rende o que deveria se a rainha morre antes do próximo período de criação, além do fato que uma rainha velha, por causa de sua fraqueza, não bota tantos ovos quanto uma jovem, e ao mesmo tempo, especialmente, é inclinada à produzir cria de zangão. 2. Um enxame suficientemente forte no que se refere ao tamanho da colméia. Se 5,000 a 8,000 abelhas são suficientes para um skep pequeno no Outono, para um caixa-colméia mode280

Johnann Dzierzon

rada 8,000 a 12,000, e para uma colméia grande 15,000 a 20,000, não será muito. Depois de um Inverno desfavorável, não haverá a metade delas se lançando em vôo no início da Primavera. Um enxame é relativamente forte quando suas abelhas puderem cobrir razoavelmente todos os favos nos dias mais amenos do Outono. 3. Um conjunto limpo de favos, tão completo e livre de favo de zangão quanto possível, nem muito velho nem muito recente . As abelhas sempre hibernam melhor em favo velho. Permanecendo o restante igual, para a hibernação de um enxame deveriam ser escolhidos favos velhos, até mesmo se tiverem que ser cortados na Primavera por causa da renovação, ou até mesmo se o enxame tiver que receber favo novo. 4. Reservas de mel que perdurem, pelo menos, até Março ou Abril próximos. É verdade que um enxame moderadamente forte consome, quando perfeitamente quieto, não mais do que aproximadamente uma libra por mês. Mas como o consumo de mel é maior em tempo mais frio e, novamente, em vôo mais freqüente ou distúrbio de outro tipo, é melhor, para segurança, considerar o dobro, quer dizer, aproximadamente 10 libras de Outubro a Março, e cerca de outro tanto para o tempo entre Março e a próxima estação de mel que, talvez, não ocorra antes de Junho. Faremos bem quando tivermos a liberdade de escolher para hibernar apenas enxames que possuem a quantia total de mel que por longa experiência é tida como necessária, em alvéolos operculados, porque deveríamos dar o dobro de mel líquido para as abelhas e, ao mesmo tempo, perturbar em momento não oportuno e em seu detrimento. Mas quando houver necessidade de alimentar depois de uma estação ruim, não deve ser dado no Outono mais mel líquido do que o necessário para hibernação, porque sabemos, por experiência, que as abelhas sofrem severamente no Inverno com a presença de muitos alvéolos abertos com mel. A deficiência é atendida nos enxames que estão muito pobres em mel com pedaços de açúcar amarelo ou de cevada marrom, uma parte do qual especialmente os pedaApicultura Racional 281

ços pequenos, serão dissolvidos, fervidos e fornecidos a elas na forma líquida. O açúcar de cevada tem que ser colocado dentro para que quando as abelhas consumirem sua reserva de mel, elas possam ter acesso imediatamente a ele, e possam consumir dissolvendo-o e gradualmente pelo calor, como também pela umidade que condensa na colméia, ou fornecido a elas numa esponja ou num favo. Então, as reservas de Inverno deveriam ser colocadas imediatamente acima de ou próximo do ninho. Em colméia caixas é melhor colocar os pedaços de açúcar de cevada em cima das barras, depois que a tábua de cobertura for parcialmente removida ou afastada da parede. Em Colméia Tronco eles são postos em uma cavidade feita no favo quase no topo na coroa, e a cavidade deve ser afundada bastante até encontrar o mel ou as abelhas. Nos skeps os pedaços devem ser postos em uma pequena caixa feita de madeira fina, e instalada acima da abertura de entrada. Nos Skeps que não tem abertura de entrada esta deverá ser feita - eles podem ser feitos facilmente com uma faca afiada - ou os skeps devem ser invertidos, e no favo acima do ninho das abelhas será cortada uma cavidade na qual serão postos os pedaços de açúcar de cevada e cobertos com um favo, e a colméia, coberta por uma tábua, é mantida nesta posição.* Mais tarde pode ser posto açúcar em baixo do ninho das abelhas. Os favos devem ser encurtados o suficiente pois as abelhas se penduram embaixo deles, e o açúcar de cevada deveria ser posto sobre uma tábua ou sobre um favo firme logo abaixo. Em colméia Lager baixa o açúcar pode ser posto no piso embaixo do ninho das abelhas. Aqui as abelhas podem dissolvê-lo mais facilmente porque a umidade necessária se deposita no piso frio. Até mesmo se, com frio severo, as abelhas tiverem que se mover para cima e buscar refúgio nos favo, em tempo moderado elas descem e apanham novamente o açúcar exisIsto parece ser um modo peculiarmente prolixo e desajeitado de dar açúcar de cevada para as abelhas. Pela nossa experiência normalmente é suficiente empurrar entre os favos perto da massa principal das abelhas a fim de perturbá-las o mínimo possível. - C. N. A. 282 Johnann Dzierzon *

tente abaixo, e assim economizam suas outras reservas das quais elas não devem, claro, ser totalmente privadas. Uma vez que as abelhas em Colméias Geminadas, colméias duplas e todas as colméias múltiplas, como regra, considerando suas divisões para compartilhar o calor mútuo pela parede divisória, se movem nesta parede, de um lado para outro para cima e para baixo, a comida deve ser posta sempre perto desta parede mencionada, seja ela em pedaços de favo, açúcar de cevada, ou mel cristalizado embrulhado em papel, de forma que elas possam tê-lo sempre à mão. Ao escolher os enxames a hibernar e o mel com que serão alimentados, não basta considerar o peso do mel, mas também do que ele consiste. Depois da estação de 1858-59, os últimos enxames, ao contrário da experiência normal, hibernaram melhor, por disporem apenas de mel de trigo mouro, enquanto enxames velhos e enxames do cedo, que tinham armazenado previamente muito mel de pinho nas coroas das colméias e se viram obrigados a usá-lo, sofreram terrivelmente de disenteria. A lição é óbvia e não precisa de explicação adicional. Não importa se o mel é fresco e líquido, ou mais velho e em parte cristalizado. Se muitos chegarem à conclusão que as abelhas não conseguem dissolver mel cristalizado no Inverno, e porisso passam fome, simplesmente copiaram esta informação de outros, e não chegaram a ela por observação pessoal; se as abelhas conseguem dissolver os pedaços de açúcar, até mesmo muito mais duros, elas estarão em situação muito mais fácil de consumir mel cristalizado se elas não estiverem muito fracas, e podem produzir o calor necessário. Até mesmo se por acidente muitos cristais mel caírem, não estarão desde quemoderado o apicultor, por de descuido, não os varra paraperdidos fora. Com tempo as abelhas, individualmente, descem para o piso e dissolvem os cristais caídos. Mas se um enxame derrubar uma quantidade incomum destes cristais, ou possuir apenas algumas abelhas incapazes de se manter corretamente mornas por mais tempo, ou elas estão atormentadas por sede tão violenta que elas buscam loucamente pela mínima quantidade de umidade que posApicultura Racional 283

sa existir no mel; um pouco de umidade é igualmente necessária para a solução tanto do mel cristalizado como do açúcar. Se as abelhas tiverem só este mel disponível e não conseguem umidade nem da colméia nem conseguem coletar água, o apicultor deverá providenciá-la, para o que a injeção eventual de um pequeno borrifo de água pela entrada será suficiente. Pela metade de Outubro será colocado na colméia caixa outro favo com mel cristalizado que as abelhas começarão a levar imediatamente para o meio de seus favos. Nos dias seguintes abelhas individualmente sairão em busca de água, até mesmo com tempo bastante frio, e outras, com a maior ânsia, lamberão o orvalho que se forma na entrada. Quando, por este sinal óbvio de grande sede, um favo cheio de água for colocado dentro da colméia, as abelhas o deixarão seco em pouco tempo. O mesmo resultado ocorre quando o favo for completado e novamente fornecido, e não será antes de um terceiro fornecimento que as abelhas o deixarão pela metade como sinal que sua sede está satisfeita. Nenhuma abelha volta a voar, e a colônia que estava tão excitada muito rapidamente recupera a calma. A partir deste exemplo pode ser visto que abelhas têm muita necessidade de água, não só para a preparação da comida da cria, mas para outros propósitos, e a necessidade de água no Outono e Inverno, quando as abelhas necessitam de repouso, pode resultar em inquietação, alvoroço, perda de muitas abelhas e, finalmente, na ruína do enxame inteiro. Por causa desta grande sede surge a necessidade da grande resistência à condução de calor das paredes das colméias, assim que uma certa moderação deve ser observada a este respeito quando as abelhas são deixadas por sua conta no Inverno, como já foi registrado na descrição das colméias. Porque as abelhas podem, no caso de necessidade, produzir calor, mas não podem, por esforço algum, produzir umidade se não existir nenhuma depositada na colméia. O depósito pode ocorrer até mesmo sobre o favo das abelhas onde existir uma parede divisória fina entre uma massa mais morna e outra mais fria de ar. 284

Johnann Dzierzon

As tábuas de cobertura formam na colméia caixa uma parede divisória entre o ar mais morno do ninho das abelhas e o espaço vazio frio da outra parte da colméia. O resfriamento da superfície inferior da cobertura ficará mais abundante em água pelo vapor mais morno que é condensado. E isto acontecerá mais abundantemente quando os espaços superiores e inferiores forem divididos cuidadosamente, para prevenir toda a perda e equalização da temperatura. É evidente, então, que o espaço superior da cobertura não deve ser enchido e que, alimentando com açúcar, ocorre uma condensação mais extensa quando laminas de vidro, zinco ou ardósia forem usadas para cobertura.* Mas a umidade também será depositada nas laterais e nos alvéolos dos favos que separam o agrupamento de abelhas e a massa de ar mais morna que ali existe, do espaço mais frio que está desocupado ou não construído. Como mais umidade é encontrada na janela onde não existe uma segunda janela exterior ou veneziana para mitigar a influência do ar frio exterior, mais umidade será depositada nos favos mencionados quando só existir favo cheio e coberto pelas abelhas em sua frente, e quando a massa de ar mais morna daquele lado é separada ou isolada da massa mais fria deste lado fechando, ou estreitando, tanto quanto possível as distâncias e passagens entre as extremidades dos favos e as paredes da colméia. Usando quadros que

O princípio de construção da colméia insinuado neste parágrafo está diametralmente em oposição ao que temos, durante anos, nos esforçado a incutir nas mentes dos apicultores britânicos. Na Inglaterra foi concluído que a condensação dos vapores *

das abelhas sobre o mel não operculado, o pólen, os favos e as paredes da colméia é a causa principal das doenças de Inverno, enquanto o uso da forração, que permite a evaporação suave da umidade sem perda de calor é a maior proteção contra eles. Não podemos aconselhar nossos amigos britânicos a providenciarem superfícies frias dentro de suas colméias para a condensação dos vapores a não ser com a visão de prevenir sua condensação em outras partes da colméia, e que o líquido formado possa ser imediatamente levado para fora, longe das abelhas. - C. N. A. Apicultura Racional 285

ficam a certa distância da parede em toda volta da colméia, a porta e o portão são, como devem ficar, mantidos abertos para permitir que o ar morno flua para fora do ninho de Inverno das abelhas; e não há porque ficar perplexo com o número de reclamações feitas pelos usuários de colméia de quadros móveis de que suas abelhas sofrem pela falta de água, sede e hibernação ruim.* A razão reside na retenção desmesurado do calor pelas colméias e pelos quadros, que é tão prejudicial no ninho da cria e no espaço de Inverno como eles é conveniente nos espaços de mel. Mas a maioria das colméias de abelhas sofre da falta oposta. Elas são construídas muito simples e leves, fornecem muito pouca proteção para as abelhas durante o Inverno contra o frio e condensam muita umidade. Para o Verão a construção leve não apresenta nenhuma desvantagem, uma vez que a sombra da cobertura ou de árvores próximas protege suficientemente do sol quente; mas o dano no Inverno será maior se proteções especiais não garantirem o que a colméia necessita de retenção de calor. A hora para isto é quando o Inverno começa a se instalar, ou já se instalou, o que em nossa região ocorre por volta do Martinmas†. Isto nos leva à seção sobre hibernação.

HIBERNAÇÃO Uma vez concluídas as preparações já mencionadas há algum tempo, a própria hibernação é efetuada rapidamente, pois as abelhas, se suas colméias são construídas para reter suficiNesta frase o autor está claramente de acordo conosco e fornece um apoio a nosso favor contra o uso de quadros abertos tanto para a porta como o portão para que o fluxo de ar morno do ninho da cria flua para fora, provocando consumo anormal de comida para a reposição do calor perdido e, freqüentemente, conduzindo a sintomas de disenteria entre as abelhas. - C. N. A. † Segundo Michaelis – Martinmas: festa de São Martinho. N.T. 286 Johnann Dzierzon *

ente o calor, não exigem mais nada do seu dono ou criador mas apenas serem deixadas, tanto quanto possível, quietas e em paz; mas ele não só deve deixá-las em paz, mas garanti-la a elas evitando tudo que as possa perturbar, como ratos, titmice*, pica-paus e outros perturbadores da paz. As entradas são protegidas contra ratos por pregos ou pequenos pedaços de madeira, de forma que as abelhas possam entrar e sair mas não seus inimigos, nem mesmo os míseros pequenos ratos que deslizam por fendas estreitas. Contra titmice, que freqüentemente perturba as abelhas no Inverno o que as faz sair para a neve e então as faz em pedaços e as come, o meio mais fácil seria pegálas, pois os que estiveram uma vez num apiário voltam novamente diariamente e regularmente; embora as colméias poderiam ser protegidas desses pássaros por tábuas ou tapetes de palha inclinados na frente das entradas, que as protegerão do sol, quando houver neve no solo, a qual atrai milhares de abelhas para a morte fora das colméias. Não pode ser esquecido de afastar estas proteções quando ocorrer um dia em que as abelhas possam, sem perigo, realizar seu vôo de higienização. Mas se forem usadas tábuas pequenas, com aproximadamente quatro polegadas de largura, para evitar os pássaros e raios solares, as abelhas poderiam entrar facilmente nas colméias desviando as tábuas, não haveria necessidade de estar atento para removêlas em dias amenos; podem ser perdidas dez vezes, se não cem vezes, mais abelhas se for esquecido de escurecer a entrada depois da ocorrência de fraca neve, seguido por dia ensolarado, especialmente em colméias que têm a entrada alto acima da coroa. Não é aconselhável fechar a entrada lâmina de zinco perfurada porque as abelhas, quandocom elasuma permaneceram quietas por muito tempo na colméia e aguardam pelo vôo de higienização, atraídas pelo sol que brilha sobre elas, poderiam ficar alvoroçadas e tentar fazer uma saída para eles à força e Segundo Michaelis – titmice: chapim, pássaro pequeno do gênero Parus. N.T. Apicultura Racional 287 *

muitas morreriam. É melhor, então, fechar completamente a entrada e abrir novamente à noite. Para enxames velhos já construídos e instalados em colméias bem-fabricadas, não há necessidade de precauções adicionais contra o frio. Se for intenção fazer alguma coisa mais, o espaço vazio em colméias Ständer pode ser enchido no topo com palha, e em colméias Läger o espaço vazio ao lado. Em enxames jovens com favo vazio e incompleto, os espaços vazios do ninho podem ser enchidos; especialmente o musgo se adapta para o propósito, porque se acomoda ao espaço e quando ficar úmido não produz mofo ou cheiro de ranço. Então, não é necessário, nem será bom, deixar que fique muito seco, pois uma certa umidade no ar parece contribuir mais para a saúde das abelhas do que ser prejudicial. Musgo, como esponja, é capaz de absorver bastante água, água necessária que pode ser dada às abelhas para a solução do açúcar seco e mel cristalizado. O recheio não deveria ser retirado muito cedo, quando o tempo ainda está morno, porque as traças da cera podem achar nele um refúgio e depois podem atacar os favos. No Outono elas ficam satisfeitas de poder passar para a coroa por causa do calor e elas podem ser facilmente ali encontrados e debaixo da tábua de cobertura e destruídas. Uma camada de palha, ou melhor, um tapete de palha, pode ser posto no lado de dentro antes da porta da colméia caixa se ela não retiver suficientemente o calor; mas neste caso, quando a colméia é montada, o primeiro favo, pelo menos, deve ser retirado previamente, pois pode facilmente ficar mofado pela umidade que condensa na porta. A porta de madeira pode ser retirada completamente em dias moderados com algum vento para deixar que mais ar fresco flua para dentro da colméia. O tapete de palha que ficou um pouco úmido e rançoso depois de certo tempo, pode ser trocado por um que esteja seco e arejado. Isto, claro, não é necessário em colméias com portas que retem o calor, especialmente portas de palha. Para colméias bem construídas não há necessidade de proteção exterior; esta não as torna mais aquecidas, mas fornece lugar para os ratos se esconderem, até mesmo se eles não con288 Johnann Dzierzon

seguirem entrar nas colméias, contudo pela inquietação, morder e arranhar perturbam o descanso hibernal das abelhas. Em colméias Múltiplas, que ficam sozinhas ou são colocadas juntas com as portas para fora, a porta grande comum, se for feito assim, é agora, claro, colocada na frente das quatro ou seis portas simples, mais com a finalidade de evitar a chuva que o frio. Se esta porta exterior é firmada com pregos, ou mais fortemente firmada com longos parafusos de madeira, as colméias estarão de alguma forma protegidas do roubo. Mas este último objetivo é melhor atingido pelas seis ou oito colméias duplas montadas aos pares, se movidas juntas antes de Inverno e firmadas juntas do modo mencionado onde foi descrito. Se as frestas entre as colméias que não ficarem bem próximas forem fechadas e as colméias forem rodeadas em baixo com restos da floresta, folhas ou musgo, elas formam junto com o solo um todo ininterrupto e o mais rigoroso frio não terá, sobre elas, influência especial. No Pavilhão este é mais claro pois sua circunferência é maior e maior será o fluxo de calor de debaixo para cima se houver corrente do exterior. Outras colméias caixa serão montadas umas sobre as outras tendo as frestas intermediárias fechadas com musgo, chumaço ou papel, ou calafetadas com barro. Debaixo do piso da colméia inferior, que talvez seja fina, especialmente da Colméia Geminada, será colocado musgo, palha, &c., pelo menos dos lados, de forma que no máximo o ar mais morno da terra possa penetrar, mas nenhum ar frio pelos lados. Qualquer coisa que seja posta sobre o topo, embaixo do telhado, para a proteção do piso da coroa dos compartimentos superiores dependerá da espessura do piso da coroa e se têm seus espaços imediatamente abaixo deles, ou as se abelhas há um espaço grande intermediário; embora proteção em excesso não fará mal algum e só será inconveniente quando as abelhas precisarem de umidade para diluir a comida seca e para a preparação, na Primavera, de comida para a cria. Se existirem compartimentos desocupados numa pilha de Apicultura Racional 289

Colméias Geminadas ou numa colméia Múltipla não há necessidade de os encher com palha; se as entradas forem fechadas a massa de ar imóvel ali existente forma uma parede morna como uma camada de palha de igual espessura. Eles podem ser usados para a preservar os favos vazios e começos de favo que deveriam ser retirados dos espaços de mel de compartimentos ocupados no Outono porque eles poderiam facilmente se deteriorar e poderiam se tornar inúteis, por causa do vapor ascendente. É habitual proteger em volta da Colméia Tronco com palha, especialmente do lado da porta; e quando esta, como é freqüentemente o caso, é feita de tábua muito fina é uma boa medida fazê-lo; mas esta proteção não é necessária para colméias que retem o calor. Skeps com paredes grossas e de trançado bem apertado não precisam de nenhuma proteção adicional contra o frio; considerando que os skeps, com paredes finas, que podem ser encontrados aqui e ali, é melhor que sejam cobertos com uma proteção exterior de feno, musgo, palha, &c. Apesar de que um frio moderado não prejudica em nada as abelhas, e enxames fortes não sofrem com uma temperatura de -10°R (9½°F) mas se a temperatura cair ainda mais a -18° ou 20°K. (8½° a 13° abaixo de zero, F), e este frio se mantiver durante vários dias ou semanas, gradualmente ele penetra as partições e paredes mais grossas, as abelhas zumbem num tom mais alto, e os enxames fracos sofrem consideravelmente. Assim como recintos, que devem ser mantidos numa certa temperatura devem ser mais freqüentemente aquecidos com fogo, assim as abelhas devem dispor mais freqüentemente de carvão; quer dizer, elas têm que consumir mais mel, cujo elemento predominante é o carbono. Como o texugo em seu sono de Inverno consome a própria gordura para manter a temperatura indispensável para a manutenção da vida, assim o enxame de abelhas consome a gordura acumulada no verão, quer dizer, sua provisão de mel; e o consome mais abundantemente se for obri290

Johnann Dzierzon

gado a produzir o calor necessário. O texugo passa seu Inverno, como é bem conhecido, como muitos outros animais, em sua cova na terra, e escapa assim dos extremos de frio que freqüentemente ocorrem acima da superfície da terra em nosso clima. Nós enterramos produto vegetal, para os quais o frio congelante é perigoso ou destrutivo, para os proteger do frio. Enxames de abelhas podem ser enterrados ou colocados em covas no chão, como é freqüentemente feito na Rússia e assim pode ser garantido um Inverno uniforme como se pode desejar para as abelhas. Enterrar abelhas e as colocar em porões foi, muitas vezes, discutido no Eichstadt Bienenzeitung e o Pastor Scholz ultimamente tem recomendado neste periódico colocar os enxames para hibernar nas assim chamadas covas, como é agora usual hibernar batatas; quando for providenciada ventilação e as colméias protegidas dos ratos e da umidade, os enxames hibernam nelas saudáveis e a baixo custo. Porém, isto não garante nada além da temperatura para as colméias de abelhas. O apicultor deve inspecionar sua carga de vez em quando no Inverno para ter certeza que suas pequenas estão vivas e bem, não necessitam de nada e que nenhum rato foi inteligente bastante a ponto de encontrar uma entrada, &c. Somos capazes de colocar batatas, para o Inverno, da mesma maneira num porão ou numa cova ou vala e não ficamos ansiosos em saber se elas estão apodrecendo ou sendo destruídas porque nós podemos observálas diariamente, assim as colméias de abelhas podem ser colocadas muito mais convenientemente para hibernar num porão seco ou em outro recinto semelhante a um porão. Não há necessidade à prova de congelamento, vez(9½°F). que as abelhas, comodejáser mencionado, nada sofrem auma 10°R. Mas muito será ganho se elas tiverem que se manter em ambiente a 10° em vez de a 20° negativos, enquanto elas estarão, ao mesmo tempo, a salvo de todas as outras influências destrutivas e perigos, especialmente o perigo de morrerem aos milhares na neve em dias ensolarados. Em vez de colocar em covas todos os anos é, sob todos os aspectos, melhor, onde não existir disponível um Apicultura Racional 291

porão satisfatório, transformar um recinto em algo semelhante a um porão permanente perto do apiário. No verão pode ser usado para muitas outras finalidades, como por exemplo evitar o vôo de enxames durante algum tempo colocando-os no escuro, proteger o mel das pilhadoras, esconder rapidamente o mel colhido do ataque das abelhas, ou até mesmo como um casa de ferramentas ou porão para leite. A principal exigência é que o recinto seja perfeitamente escuro quando a porta for fechada, de forma que as abelhas ali colocadas permaneçam quietas até mesmo quando o clima moderado estiver em curso. As colméias Geminadas são especialmente convenientes para este modo de hibernação, pois uma pequena quantidade delas pode ser instalada num pequeno espaço, desde que elas possam ser empilhadas até o teto do recinto. É melhor colocálas em pilhas como estavam ao ar livre, mas em ordem invertida. Ao retirar novamente as caixas a mais alta ficará no fundo como elas estavam antes. As colméias únicas deveriam ter escolhida uma outra posição para elas depois do repouso do Inverno, cerca de três meses, por alguma razão especial, como para, mais tarde, preparar enxames artificiais mais convenientemente. Do contrário elas deveriam ficar exatamente no mesmo lugar que tinham, anotando na colméia sua posição e sentido se não se confiar na memória. No transporte, deve ser prestada atenção a este respeito para que as colméias sejam postas novamente em posições semelhantes, especialmente na mesma altura, porque as abelhas que voavam do fundo procurarão sua colméia, neste novo posto, novamente em posição semelhante e encontrando-a ali se sentirão em casa mais depressa. Não há necessidade de se apressar em proteger para o Inverno até mesmo se começar a chover e congelar. Ainda devem ocorrer dias agradáveis e não há porque privar as abelhas de mais uma oportunidade de fazerem os vôos de higienização antes do Inverno. Quanto mais tarde as abelhas puderem fazer seu vôo de higienização no Outono mais tempo elas podem ficar nas colméias sem um vôo na Primavera sem que seja prejudici292

Johnann Dzierzon

al para sua saúde. Se realmente existir tal dia no final de novembro, ou até mesmo em dezembro, no qual enxames individuais começam a voar, os outros deveriam ser provocados para o vôo batendo, soprando no alvado, borrifando mel para dentro da colméia, de forma que as abelhas não fiquem dormindo com oportunidade favorável para voar, que talvez não ocorrerá novamente antes de Março ou abril. Quando o Inverno finalmente começar sério, as colméias podem ser abrigadas. Onde não houver disponível nenhum porão ou outro tipo de abrigo, pode ser usada a proposta do Count Stosch no Bienenzeitung. Ele recomenda que as colméias caixas sejam arranjadas para formar um espaço escuro com ar um pouco temperado colocando-as umas ao lado das outras com suas entradas dirigidas para o espaço incluso, como as quatro caixas que formam o Pavilhão (ver a planta baixa, página 123), só o quarto lado pode, muito adequadamente, formar uma parede contra a qual três ou mais colméias, ou pilhas de colméias, são colocadas do modo indicado. Se for construído um recinto completo os problemas de empilhamento serão menores em baixo de um telhado. Casos mencionados no Bienenzeitung relatam sobre colméias colocadas em abrigos que não hibernaram tão bem quanto as deixadas ao ar livre. Isto deve ter suas próprias causas, sobre as quais nada mais pode ser dito alem de sugestões. Ou as abelhas foram perturbadas, ou elas sofreram por falta de água o que pode acontecer em colméias mantidas muito secas, mais cedo do que as mantidas ao ar livre, ou houve falta de ventilação porque as entradas poderiam ser talvez muito estreitas, ou muito fechadas, de forma que o ar não pôde ser facilmente renovado em lugar sem vento; enquanto ao ar livre rajadas de vento sempre podem soprar algum ar fresco para a colméia, até mesmo por uma pequena entrada. As entradas não devem ser mantidas fechadas a não ser enquanto as colméias estão sendo levadas para dentro, uma vez ali elas devem ser abertas novamente, de forma que toda abelha que quer deixar a colméia de Apicultura Racional 293

vez em quando, talvez por causa da disenteria, pode encontrar facilmente uma saída sem perturbar mais abelhas com seu zumbido. Até mesmo se o chão do porão ficar coberto de abelhas, não é razão suficiente para ficar perturbado. A morte de muitas abelhas não chega a pesar para uma colméia, e ao ar livre muito mais abelhas teriam sido perdidas. Como de costume, quando enxames instalados em escuridão completa mostrarem uma grande perturbação, a causa deve ser investigada e, se possível, afastada.

O QUE DEVE SER INSPECIONADO NO INVERNO A maior parte deste assunto foi mencionado acima. Quanto mais o frio aumenta, mais cuidados devem ser tomados para não perturbar as abelhas - todo barulho contínuo como quebra de madeira – deve ser evitado nas vizinhanças das colméias; porque abelhas individuais se separam do agrupamento e esfriam facilmente dentro ou fora da colméia antes que elas consigam retornar para o ninho morno. Mas se a perturbação é maior as abelhas amontoadas zumbem, se desagrupam e ficam mais espalhadas. Quando elas se amontoarem novamente, muitas se extraviam, são deixadas para trás e ficam perdidas, como quando da instalação do primeiro frio severo no Outono. O enxame inteiro é levado por perturbações repetidas a aumentar o consumo e como as abelhas lambem ao mesmo tempo a umidade depositada nas paredes e favos da colméia, elas se tornam mais enfastiadas e há maior possibilidade de disenteria. Sendo perturbadas em seu repouso natural, as abelhas poderiam começar a criar antes do tempo o que é altamente prejudicial e pode conduzir enxames fracos à ruína. Enxames que são alojados em locais de temperatura muito alta podem ter o mesmo 294

Johnann Dzierzon

fim. Neste caso, o espaço deveria ser esfriado abrindo-o durante algum tempo, talvez durante uma noite inteira, quando o frio não é severo, e o ar será renovado ao mesmo tempo. É melhor mantê-las dois graus acima do congelamento do que mantê-las em temperatura muito alta. Manter a temperatura um pouco acima do ponto de congelamento é a mais satisfatória, assim nos Invernos em que o mercúrio não cai muito abaixo, ou não sobe muito acima daquele ponto são especialmente favoráveis para as abelhas. Invernos muito variáveis, nos quais o frio severo é seguido por descongelamento e novamente por congelamento, são muito prejudiciais. A geada formada nas colméias derrete e congela novamente em gelo e faz o frio sucessivo ser sentido mais frio, podendo fechar a entrada. Esta também pode ficar obstruída pelo lixo e pelas abelhas mortas; muitos enxames morreram desta causa. As pessoas sem experiência pensam então que o enxame foi congelado a ponto de morrer, quando na verdade foi sufocado. As abelhas podem ser privadas totalmente do ar pela geada que, em noites frias, se forma na entrada, ou pela neve solta que cai na entrada, a neve não provoca outro dano além de impedir acesso livre para o ar. Geada não se forma apenas na entrada mas também no interior da colméia e, geralmente, de forma mais estável. Estreitar as aberturas pelas quais os vapores mornos podem escapar, ajuda a manter o calor; isto não faz nenhum mal às abelhas. Frio intenso acompanhado de vento cortante é muito mais sentido por elas e é muito mais perigoso, porque cria na colméia uma forte corrente que esfria todas as abelhas que estão separadas do agrupamento. Com tais geadas as abelhas se mantêm normalmente e semais limitam à posição e nunca podem dormirquietas para não despertar se o assumida seu mel naquele lugar já acabou, embora ainda possa existir reserva em outro lugar. Nesta condição crítica poderia ser usada uma perturbação para incitar as abelhas e se moverem um pouco, como um mal menor para prevenir um maior. As entradas das colméias são diminuídas ainda mais do que antes, especialmente se elas estiverem muito expostas a correntes, as de enxames fracos são feApicultura Racional 295

chadas completamente. Isto deve ser feito com neve, de forma que serão abertas novamente em atmosfera mais moderada. Mas se as abelhas tiverem esgotado suas reservas sob outras circunstâncias, elas ficam extremamente excitadas como se estivessem em pleno vigor. Algumas abelhas procuram por mel com grande ânsia por toda a colméia e em tempo moderado elas também buscam por ele fora da colméia. Elas roem e fragmentam em pedaços a cera dos alvéolos, abrem buracos nos favos em busca do mel. Se for encontrado na próxima passagem, elas se transferem para lá ou o trazem para seu espaço; ou então elas ficam até mesmo mais exaustas, e finalmente morrem. Um sinal seguro desta condição perigosa está na quantidade incomum de pedaços de cera que caem. Pois, normalmente, só caem poucos pedados dos opérculos dos alvéolos de mel; mas, sem dúvida, eles se acumulam pouco a pouco em baixo das passagens ocupado-as com pequenos montes, de forma que disto se pode concluir quantas passagens o enxame ocupa e exauriu, ou começou a esvaziar. Naquela parte do favo debaixo do qual não se vêem pedaços de cera caídos, ou no chão ou numa tábua ou favo colocado embaixo dos favos, os alvéolos ainda não foram atacados, e ainda devem estar cheios se estavam cheios antes. A neve protege as sementes para semear; mas a umidade que surge no seu descongelamento é destrutiva se não for drenada imediatamente, e assim é também com a umidade que se forma da geada abundante - é destrutiva tanto para as abelhas como para seus favos, porque ela gera mofo e deterioração. Muitos estão acostumados a abrir a Colméia tronco quando ocorre o descongelamento após congelamento severo, escovam e esfregam a geada derretida dos favos e das paredes. Mas esta operação também poderia perturbar e levar à morte muitas abelhas. Com skeps e colméia caixa, porém, poderia ser realizado sem risco num quarto moderadamente morno. Em colméias que são bem construídas e cuidadosamente mantidas se encontrará pouca umidade para ser removida, até mesmo depois de frio severo. No máximo, haverá um pouco na porta que pode ser esfregada ou pode ser retirada para secar. Se os 296

Johnann Dzierzon

próximos favos se mostrarem um pouco úmidos, podem ser retirados sem agitação, se foram soltos no Outono anterior em preparação para ocasião deste tipo e podem ser secados em lugar fechado. A umidade existente em outros lugares será seca facilmente pelo ar se a colméia é mantida aberta durante a noite ou parcialmente fechada com um tapete de palha. Na maioria das colméias caixas é aconselhável borrifar água, ou jogar neve para que as abelhas possam matar sua sede e possam dissolver a comida que está muito seca. Este é o caso especialmente nos compartimentos medianos de colméias triplas e colméia Lager quádruplas quando todos os compartimentos estão povoados e nos quais o musgo que foi colocado para encher o espaço vazio encontra-se, normalmente, bastante seco a ponto de se esfarelar. Contudo não será fornecida água sem necessidade óbvia. É melhor que as abelhas sofram um pouco de sede quando ainda pode ser esperado um frio severo, do que provocá-las a criar no caso de temperatura confortável temporária pois a introdução de água sempre promove a criação. O frio seria ainda muito mais destrutivo. Frio com vento cortante afeta muito mais as abelhas do que frio sem vento, assim frio mais tarde prejudica-as muito mais do que frio mais cedo. Especialmente em Dezembro e Janeiro, as abelhas são mais fortes, mais saudáveis, rodeadas por todos os lados de provisão para o Inverno e podem, então, desafiar até mesmo congelamento severo. Mas se as reservas do ninho e de suas vizinhanças tiverem se esgotado, a condição das abelhas é perigosa, porque elas estão agora em menor número e mais desajeitadas por causa da condição enfastiada do abdômen. É especialmente perigoso elasnão já começaram a criar e ocorrem frios severos pois quando assim elas podem se desagrupar nem trazer mel para o ninho. Elas apenas passarão fome e frio muito facilmente na pequena área de cria que foi depositada enquanto seu dono estiver pensando como eles passaram bem o Inverno. Como é impossível saber se não haverá depois de alguns dias moderados em Fevereiro um segundo Inverno mais longo e mais severo, nada deve ser feito que incentive as abelhas a criar preApicultura Racional 297

maturamente. Se, em caso extremo, tiver que se fornecer comida, esta não pode ser líquida nem mel diluído, porque o enxame inteiro poderá ficar excitado com ela e ser levado a uma condição confortável que deve ser evitada. Pedaços de açúcar devem ser postos dentro da colméia para elas ou mel cristalizado embrulhado em papel e só deveria ser exposto um pouco de um lado ou um favo operculado perto do ou em cima do ninho. Elas só vão consumir lentamente, e perdurará por muito mais tempo do que se a mesma provisão tivesse sido dada a elas na forma líquida. Com alguma precaução a introdução pode ser feita com tanta calma que as abelhas não serão perturbaram em absoluto com a operação. Nas colméias Múltiplas, especialmente nas colméias Lager quádruplas, nas quais os enxames ficam mais aquecidos um perto do outro, poderá ser necessário que se separem se eles consumiram todas suas reservas naquele lugar; e até mesmo se houver ainda reserva em outro lugar, sempre pode ser posta comida novamente para elas no topo até que o tempo melhor se instale. Um enxame fraco com frio severo prefere passar frio a se afastar do ninho aquecido. É ruim quando se foi tão longe com um enxame que passa frio porque sua comida terminou ou seu ninho ficou exaurido, quando ele está fraco, também por outras razões, e a Primavera está longe ainda, seria melhor escovar imediatamente as abelhas e bater e tirar as que permanecessem aderidas aos alvéolos, de forma que, de qualquer modo, o favo seja mantido útil para receber um enxame novo. Mas se o enxame não é fraco, possui uma boa rainha e já passou a maior parte do Inverno, vale a pena tentar reavivá-lo. As abelhas podem, como é bem conhecido, permanecerem frias por um, ou até mesmo dois, dias e serem reavivadas novamente quando forem aquecidas, se o congelamento não as tiver atingido profundamente. Mas se elas estiverem completamente congeladas é difícil salvá-las da morte, até mesmo se, quando aquecidas, elas ainda consigam cambalear. Elas não apanham o mel que lhes é dado, sinal que elas 298

Johnann Dzierzon

não têm condições de serem reanimadas.

COMO REANIMAR UMA ABELHA CONGELADA Isto depende em parte da colméia, se é simples ou múltipla, leve ou pesada. Para retirar as abelhas, tão depressa quanto possível, dos efeitos nefastos do frio, o enxame todo é transportado para um quarto aquecido, ou a colméia inteira será posta sobre uma pedra aquecida, tijolo, ou garrafa morna embrulhada em trapos, de forma que o calor não afete repentinamente as abelhas e, se caírem, não sejam queimadas. Se as abelhas mostrarem sinais de vida, depois de certo tempo, será dado bastante mel líquido, morno, diluído com água, deixando que ele flua em gotas aqui e ali as abelhas. Elas sugarão prontamente, lambendo umas àsentre outras; a temperatura do agrupamento subirá e elas recuperarão o vigor e vivacidade anterior imediatamente. Com uma colméia caixa será melhor separar os favos e pendurá-los, junto com as abelhas aderidas, perto do fogão morno, e quando as abelhas mostrarem sinal de vida borrifá-las com mel líquido e, então, talvez, colocar elas numa colméia de Transporte. A retirada das abelhas de uma colméia Múltipla teria que ser feita ao ar livre para não perturbar os outros enxames. Mas em vários graus de congelamento isto deve ser feito depressa e a colméia Transporte onde os favos cobertos são colocados deve ser previamente aquecida e mantida cuidadosamente coberta com uma almofada morna. Ao mesmo tempo, deve-se, claro, ter cuidado especial para com a rainha para que ela não venha a cair no chão gelado e morrer de frio quando os favos são retirados. Para prevenir este acidente uma folha de papel pode ser colocada embaixo e as abelhas que nela caírem Apicultura Racional 299

podem ser sacudidas para junto das outras. Essas que já se encontram no chão, não há dúvida, estão mortas; porém, com um pouco de trabalho é bom escová-las todas e colocar, esparramadas sobre uma tábua ou uma peneira, em cima do fogão. As abelhas que ainda estão vivas serão rapidamente reconhecidas e elas podem ser postas então com as outras. Se não for intenção colocar as abelhas que foram reavivadas numa colméia separada até que o tempo melhore, mas colocar imediatamente na colméia ao ar livre que elas ocupavam anteriormente, isto pode ser feito de duas maneiras. Ou elas serão postas novamente dentro da colméia de onde foram retiradas com os favos, depois que as realmente mortas tenham sido removidas dos alvéolos, ou as abelhas são sacudidas no quarto para uma pequena caixa colocada na tábua da janela; o favo é posto na colméia e a pequena caixa com as abelhas é colocada embaixo dele, de forma que elas possam subir para o favo imediatamente. Não apenas enxames inteiros congelam, mas centenas e milhares de abelhas individuais congelam na neve, no chão, nos telhados das colméias e outros lugares quando elas começam a voar, atraídas pelos raios solares convidativos e quando o sol desaparece e ocorrem ao mesmo tempo rajadas frias de vento, e tudo repentinamente sobre as abelhas. Um apicultor que tenha sentimento não deixa nem mesmo que estas pereçam. Na sombra, em caso de congelamento, elas realmente morrem em alguns segundos embora, mesmo congeladas, se descongeladas todas elas revivem novamente. Elas são apanhadas, aquecidas e, quando o sol aparece, elas voam na frente da colméia novamente, ou são postas num enxame que necessite de fortalecimento. Se um pouco de mel é derramado nas abelhas esfriadas e elas forem empurradas para dentro de uma colméia embaixo do ninho, as abelhas serão aquecidas ao serem lambidas, serão reanimadas e ainda serão aceitas amavelmente. Com sol elas podem ser sacudidas na frente da entrada; quando reavivadas pelo calor, elas ou entram ou voarão de volta ao enxame para o 300

Johnann Dzierzon

qual elas pertencem. Mas porque enquanto o ar e chão estiverem frios mais abelhas podem se perder em um único vôo do que na colméia durante todo o Inverno, esforços devem ser feitos para manter os enxames quietos enquanto possível e evitar seu vôo perigoso.

OS ENXAMES DEVEM SER MANTIDOS TANTO QUANTO POSSÍVEL SOSSEGADOS As abelhas não ficam resfriadas só nas vizinhanças da colméia onde elas podem, de qualquer modo, serem coletadas, mas também a alguma distância da colméia, pois uma abelha que chega quase resfriada se incapaz de entrar na colméia normalmente levanta vôo ou, mais provavelmente, se deixa levar pelo vento até cair completamente congelada. As colméias alojadas deveriam ser mantidas abrigadas pelo tempo que fosse possível. Se elas começarem a se inquietar, esfrie o lugar tanto quanto possível abrindo a colméia à noite ou pela manhã fria, ou então que seja mantida cuidadosamente fechada. Na escuridão total as abelhas não voarão, mas talvez façam a higiene fora da colméia e voltem novamente. Com um pouco de mel de flor as abelhas podem ser mantidas durante quatro meses e por muito mais tempo se confinadas e por mais tempo em colméias abrigadas, porque com temperatura mais estável e sem perturbação elas consomem relativamente menos. Os enxames podem ser levados para a higienização em Fevereiro, mas só quando não houver neve e em dia especialmente bonito, agradável e sem vento. Será muito bom abrigá-las novamente, talvez, durante o equinócio e mantê-las em perfeita calma novamente. Como as abelhas ficam ansiosas para voar na Primavera, Apicultura Racional 301

freqüentemente é difícil fazê-las retornar para as colméias, para que não caiam em grande número na neve. O perigo não é tão grande quando a neve estiver firme ou coberta com uma crosta, porque choveu ou ocorreu um descongelamento, e se os telhados e outros objetos elevados estejam livres da neve. Com sol brilhante e sem vento, as abelhas podem até mesmo levantar vôo novamente da neve; elas não ficam ofuscadas, porque a neve tem uma cor cinzenta, e a maior parte volta novamente com segurança para a colméia depois da higiene. As que caíram na neve muito provavelmente ali ficarão, seja qual for o caso, e podem ser coletadas mais facilmente do que no chão escuro. É mais perigoso quando a neve recém caída é esponjosa e de um branco ofuscante e os telhados, cerca viva e as árvores ficam cobertas com a neve. Neste caso a maioria das abelhas em vôo é perdida porque elas são ofuscadas pela neve e voam direito para ela, pensando que estão voando para a luz do sol; elas não reconhecem sua colméia e esfriam antes de conseguirem se recuperar um pouco da sua confusão. Deve-se fazer de tudo para evitar que elas voem. Se a colméia é espaçosa e não há risco de falta de ar, a entrada deveria ser fechada completamente de manhã, enquanto as abelhas ainda estão quietas, e aberta novamente ao entardecer quando está ficando mais frio. Se o enxame está começando a se agitar, e há risco de ocorrer um forte aquecimento das abelhas, pode ser colocado na frente da entrada uma tela, um chapéu de abelha ou uma rede, para que as abelhas sejam resfriadas, se acalmem da agitação e possam se limpar. Para induzi-las a se acalmarem mais depressa, elas podem ser borrifadas com um pouco de água ou pode ser jogado um pouco de neve sobre elas e serem, eventualmente, fumegadas. Em dias com clima frio, é suficiente obscurecer a entrada, cercando-a por todos os lados com neve para que a abelha que sair seja induzida pelo frio a retornar. Invernos e Primaveras diferem muito para as abelhas. Enquanto num ano as abelhas não só voam em Março e até coletam pólen, em Março de outro ano, e até mesmo em abril, pode existir um pé de altura de neve. Em muitos anos ocorre um 302 Johnann Dzierzon

tempo verdadeiramente lamentável para o apicultor ansioso. Mal ele removeu a neve da frente das colméias e dos telhados e espalhou cinzas e terra em outros lugares para reduzir a brancura ofuscante, durante a noite ocorre a queda de neve e novamente centenas de suas abelhas, que até então passavam bem, encontram sua sepultura sobre a neve; ou levanta um vento frio, quando as abelhas estão em grande número em vôo, e centenas a milhares de abelhas são derrubadas ficando incapazes de voar, de forma que elas ficam no chão, nas soleiras e nos telhados das colméias, em pequenas aglomerações, congeladas. Mas se as abelhas não puderem nem mesmo tentar um vôo de higienização, porque o tempo está continuamente muito frio, incapazes de reter o excremento que dilata seus abdomens elas começam a sujar a entrada, as paredes da colméia perto da entrada e até seus favos e umas às outras. A sujeira deve ser removida imediatamente, pelo menos da entrada, para que as abelhas que saem não sujem suas asas e assim, com grande certeza, caiam no chão frio. A limpeza de outros objetos pode ser feita mais tarde com tempo mais favorável, e as colméias fortes cuidam de si. Porém, não só é muito mais fácil remover a sujeira quando ainda não está seca, mas um grande serviço será prestado às abelhas que tanto amam a limpeza. Aqui a grande vantagem das Colméias Geminadas é novamente evidente, elas podem ser levadas, uma depois da outra para o abrigo aquecido a fim de receberem os cuidados e deixar que as abelhas se limpem. Desta forma muitos enxames fracos podem ser salvos da destruição que de outra forma, certamente, cairiam presos de um segundo longo e frio Inverno.

LIMPEZA NORMAL DA PRIMAVERA Apicultura Racional 303

Nos enxames que são mantidos nos abrigos, esta tarefa pode ser feita de uma só vez; mas nas demais colméias não será executado antes que ocorra um dia agradável e as abelhas estejam voando normalmente. Mas como isto deve ser feito num grande número de enxames em pouco tempo a tarefa deve ser executada independentemente do tempo se a limpeza dos enxames for realizada em lugar fechado, como seguidamente acontece. As abelhas mortas, bem como os detritos de cera que estão sobre o piso são varridos, mas a última não é jogada fora, mas separada das abelhas mortas com uma pequena peneira e misturada com a cera a ser derretida porque contém a mais pura cera. A retirada das abelhas mortas é feita pelas abelhas, mas muitas abelhas vivas são perdidas, pois ao cair na água, ou no chão frio, se resfriam antes de conseguirem se desvencilhar de sua carga. É então preferível livrá-las do trabalho, o que pode ser feito pelo apicultor em poucos segundos, com a ajuda de uma pena, e um longo gancho de ferro, tudo o que está sobre o piso pode ser arrastado facilmente e descartado, até mesmo de colméias que estão quase cheias de favo. Mas como freqüentemente existem abelhas penduradas nos favos e muitas abelhas mortas aderidas aos alvéolos, cuja remoção pelas abelhas é especialmente difícil, é bom submeter os favos a um exame, e os favos devem ser todos removidos, ou pelo menos nos lugares necessários, com a finalidade de remover das paredes e dos favo a sujeira feita pelas abelhas. A sujeira pode ser inteiramente removida das paredes com uma esponja úmida, ou um trapo, ou com uma faca que dificilmente deixará um rastro sequer; em colméias de palha a sujeira fica tão firmemente presa que é difícil de remover completamente. Os favos são limpos umedecendo-os, na medida de sua sujeira, com uma esponja molhada, ou os esfregando com uma escova macia. Eles podem ser enxaguados, a retirada da água é feita, então, golpeando-os contra a palma da mão, e depois secando no fogão ou no ar. Se não houver nenhum outro conjunto de favos à mão eles podem ser devolvidos imediatamente às abelhas mesmo um pouco úmidos, uma vez que as abelhas pre304 Johnann Dzierzon

cisam de alguma umidade como é muito bem sabido. Se uma colméia estiver muito suja as abelhas podem ser postas em outra colméia limpa e, talvez, em favo limpo e fresco. Colméia e favo sujos podem ser limpos depois, para estar em condições de receber outro enxame novamente no mesmo dia ou no seguinte. Mas se as abelhas ainda não tiveram oportunidade de voar normalmente para a higienização, e se tal oportunidade não se espera que ocorra muito de imediato, a oportunidade deve ser criada para elas num abrigo, porque, do contrário, elas sujariam a colméia e os favos novamente. Um abrigo com só uma janela, voltada para o sul, adapta-se muito bem para o propósito. Se houver mais janelas, elas devem ser escurecidas de forma que as abelhas voem só para uma janela e possam ser repostas na colméia mais facilmente. As abelhas, claro, espalham seu excremento marrom por tudo perto da janela, que poderá ser removido do chão e da janela onde a maioria cai, com uma esponja molhada. Outros objetos próximos, os quais não são fáceis de mover, devem ser cobertos com papel, ou panos se eles tiverem que ser mantidos limpos. As abelhas podem se limpar em parte em vôo e em parte em repouso. Se elas fizerem isto em vôo, a colméia é colocada numa cadeira a pouca distância da janela. Se o sol estiver brilhando através da janela, a colméia pode ser posta diretamente ao sol. As abelhas, incitadas pela comida diluída que pode ser posta dentro da colméia ou pode ser borrifada sobre elas, começarão a voar imediatamente e ainda mais fortemente se elas forem previamente um pouco aquecidas, fechando a entrada da colméia. A maioria das abelhas que circulam em volta terá feito a higiene antes de alcançarem a janela, mas muitas podem não fazê-lo assim e a janela deverá ser limpa continuamente, de forma que as abelhas não se sujem mutuamente. Esta limpeza continuada pode ser evitada instalando uma rede fina aplicada sobre a tábua da janela, de forma que a sujeira caia através da tela e as abelhas não entrem em contato com a sujeita. Favos, de outra forma inservíveis, especialmente favos de zangão, exiApicultura Racional 305

gem o mesmo cuidado pela necessidade de remover o excremento das abelhas de dentro dos alvéolos. As abelhas que se debatem na janela, apanhando sol, ou se amontoando em pequenos cachos aqui e ali, serão devolvidas à colméia quando a entrada da colméia ou o lado aberto for colocado, depois de certo tempo, junto da janela. Podem ser postos continuamente favos na tábua da janela, as abelhas se reunirão imediatamente sobre eles em quantidade, e podem ser devolvidas para a colméia ou as abelhas sacudidas, quando então elas se mudam. As remanescentes serão varridas tanto da janela como do chão para um recipiente e sacudidas na mesma colméia ou para outra que se deseja fortalecer nesta oportunidade se ela precisar e a outra tiver excesso de abelhas. As abelhas acostumam fazer a higiene imediatamente quando pousam separadamente, especialmente numa superfície frio. Um favo depois do outro pode ser tirado de uma colméia caixa, as abelhas sacudidas para o chão e varridas com uma pena. Pedaços de tábua ou outros objetos podem ser colocados sobre os pequenos agrupamentos que se formam separadamente, para que as abelhas subam neles. A maioria das abelhas assim que se afasta do agrupamento faz sua higiene e depois ou voa para a janela ou volta para o agrupamento, que pode ser varrido para uma folha de papel e devolvida par a colméia. Claro que o chão deve ser limpo previamente e as manchas de sujeira devem ser removidas continuamente de forma que as abelhas, meio resfriadas, possam ser varridas com uma pena sem que sejam sujadas novamente. Se as abelhas resfriadas coletadas forem postas próximas, acima ou abaixo do ninho do enxame, elas reavivadas imediatamente pelo calor de que do peninho; serão ou então elas podem ser reavivadas dentro umflui vidro lo calor das mãos, até que elas possam voltar para seu agrupamento quando colocadas na frente da entrada ou sacudidas na colméia. Se as abelhas tiverem sujado muito sua colméia e seus favos, especialmente se elas já estavam meio resfriadas por causa 306

Johnann Dzierzon

frio severo, elas sujam, freqüentemente, tanto umas às outras que ficam completamente incapacitadas para voar. Elas devem ser borrifadas então com um pouco de água, quando estiverem apanhando sol dentro do abrigo sobre os favos que estão junto da janela, de forma que elas possam limpar suas asas novamente, ou elas podem tomar banho e se lavar totalmente, deixando que revivam ou sequem novamente ao sol ou pelo fogão. É desnecessário dizer que a rainha que normalmente é bastante limpa, não precisa ser submetida a este banho.* As colméias que forem submetidas à limpeza, está claro, serão, nesta ocasião, providas com a comida que for necessária ou na colméia caixa os favos cheios de mel são postos perto do ninho das abelhas, se ainda pode ocorrer um frio intenso. Uma vez que até mesmo no começo da Primavera prevalecem noites frias, as colméias ainda devem ser protegidas cuidadosamente, porque elas precisam de calor agora mais do que no Inverno por causa de cria. O desenvolvimento da cria começa, em enxames moderadamente fortes, normalmente, depois do primeiro vôo considerável, se não antes. Muitos apicultores acreditam ser de grande

O Autor pinta um quadro vívido da condição miserável dos enxames por causa da disenteria no Inverno e da dificuldade em curá-la. Lembramos perfeitamente bem de experiências semelhantes às aqui narradas, quando usamos colméias com espaço acima dos quadros e um fundo da coroa firmemente ajustando, mas, graças a melhorias nas colméias atuais e a atenção cuidadosa na preparação do ninho para a hibernação das abelhas, *

nós podemos agora prevenir a disenteria quase completamente e assim economizar os procedimentos laboriosos e desagradáveis acima descritos. É peculiar que nos países onde é dito que a apicultura deve ser melhor compreendida, notadamente na Alemanha e na América, com o açoite do Inverno a disenteria corre solta e a cada ano seus apiários são dizimados, enquanto aqui na Inglaterra prestando atenção às necessidades das abelhas, por elas manifestas, a doença foi praticamente erradicada de colméias bem manejadas. - C. N. A. Apicultura Racional 307

vantagem alimentar seus enxames repetidamente com mel líquido com a finalidade de promover o desenvolvimento da cria. A Primavera é, além disso, o tempo quando alimentar é muito habitual; assim, este é o lugar certo para dizer algo sobre a alimentação das abelhas, como deve ser feito, e o que se consegue por isto.

ALIMENTAÇÃO Como a alimentação representa uma parte do mel colhido ela é vista, normalmente, como um mal necessário que tem que ser limitado aos casos mais urgentes, quando se desejar atingir algum objetivo importante com ela. O comportamento das abelhas, quando deixadas à sua sorte, corresponde sempre à situação de condição vegetativa e depende do tempo. Se a forma vegetativa for de paralisação ou frio, prevalecendo tempo desfavorável, a atividade na colméia também é paralisada, ou se torna muito limitada. Mas se a natureza oferecer néctar e pólen as abelhas coletarão e criarão sem que sejam estimuladas para tal. Se líquido e mel diluído for dado para as abelhas para suprir artificialmente a falta de forragem natural, e para reavivar a coragem das abelhas, elas serão induzidas a erro que sempre, mais ou menos, as castigará. As abelhas são enganadas para sair em vôo, que não só são inúteis, mas custa a vida de muitas abelhas. Elas são incitadas a depositar cria que mais tarde elas não terão condições de cuidar, alimentar e desenvolver adequadamente. A comida que é dada aos enxames com a finalidade de aumentar a cria no começo de Primavera é, não só na maioria dos casos, pura perda mas, freqüentemente, provoca verdadeiro dano, pois mais abelhas se perdem por um lado do que são a-

308

Johnann Dzierzon

crescentadas pelo desenvolvimento pelo outro.* Em alguns casos, não obstante, o estímulo pela alimentação pode ser muito vantajoso. Por exemplo, pode ter sido preparado um enxame artificial do qual se deseja obter muitas e boas realeiras, mas o tempo se torna completamente desfavorável, devem, então, serem feitos esforços para manter as abelhas ativas e alertas pela alimentação, porque, caso contrário, elas ou entrariam numa condição de desânimo e inatividade que resultaria na construção de poucas ou, até mesmo, nenhuma realeira. O que elas deixarem de fazer no início elas não poderão recuperar mais tarde, porque a cria terá ficado muito velha. Ou um enxame italiano já é zanganeiro e o tempo se tornou novamente desfavorável; ou um enxame ficou muito debilitado por ter sido mudado de posição ao fazer um enxame artificial, e há razão

Isto em princípio parece estar contra o nosso (de Abbott) sistema de alimentação lenta, contínua, estimulante na Primavera *

epara no Outono, produção abelhas jovens e tarde, tomarem para lugara das velhas de e das larvas. Mas cedo o sistema de construção da colméia recomendado pelo nosso Autor não permite o uso do vidro e do disco perfurado, e podemos presumir que ele não está familiarizado com o sistema de alimentação do qual eles são parte tão essencial. Porém, ele reconhece o princípio da alimentação lenta e contínua sob certas condições, ‘para manter as abelhas continuamente alertas’; como o leitor encontrará adiante. Temos a maior fé na alimentação estimulante quando adequadamente aplicada; i.e. suprir os materiais naturais mel e pólen na Primavera quando eles começam a aparecer e no Outono quando eles estão desaparecendo. No último caso o fornecimento de xarope deveria começar (como regra, com o florescimento de açafrão) um pouco que as abelhas conseguem recolher, aumentando gradualmente para três ou quatro vezes, e deveria ser dada proporcionalmente farinha de ervilha, começando por encher as xícaras de açafrão em parte e aumentando a provisão borrifando em grande parte nos skeps invertidos cheios de raspas; e, no último caso, fazendo a mesma coisa inversamente. Não obstante se constatará, normalmente, que as abelhas levam muito pouco, se levam algo, do pólen artificial no Outono. - C. N. A. Apicultura Racional 309

para temer a destruição de uma parte da cria. Nestes, e casos semelhantes, a alimentação será fortemente recomendado, de forma que nenhum dano aconteça quando a depressão e a fraqueza tiverem passado. Se houver muita cria para alimentar, alimente abundantemente, ou então que a comida seja dado seguidamente e em porções menores, ou que seja dada às abelhas de tal forma que elas só possam levar em porções menores para o ninho da cria, e assim serão mantidas continuamente em alerta, ou durante um tempo mais longo; quer dizer, será dado de uma forma que não seja facilmente solúvel, como açúcar, ou mel cristalizado ou sólido, seja em favo ou num pedaço cortado do tambor. A água necessária para a solução pode ser posta para as abelhas dentro da colméia, próximo do favo, quando o tempo não permitir que elas a busquem. Uma provisão de água pode ser mantida sempre num recipiente em lugar morno quieto perto da colméia, pois as abelhas usam muita água para a preparação de comida da cria, especialmente na Primavera. A superfície deve ser coberta com musgo, palha, canas ou equivalente a fim de prevenir que as abelhas se afoguem. Elas irão buscá-la alegremente, especialmente se estiver um pouco aquecida pelo sol. As abelhas podem ser facilmente atraídas colocando um pouco de mel na água. Quando não existirem apiários alheios nas vizinhanças as abelhas podem, mais tarde, com estação amena, serem alimentadas em recipientes abertos com mel, açúcar, xarope, cerveja fervida, mosto e outros líquidos doces. Mas em apiários com muitas colméias ocorrem zunidos tão grandes que um enxame fraco pode ser levado o enxamear pelo som semelhante ao da enxameação. Já foi quando não centeio existir pólen podese oferecer para as mencionado, abelhas farinha de trigo, ou mingau de aveia em favos e elas recolhem imediatamente em pelotas e levam para dentro da colméia. A respeito da alimentação, o que foi dito aplica-se também para a alimentação com mel, contudo poderia não ser necessário e se poderia economizar mel se usado imediatamente antes da primeira coleta de pólen, quando o tempo já está agradável, pois se as abelhas receberem só açúcar 310 Johnann Dzierzon

e água convertem o amido da comida em açúcar e ficam em condições de obter todos os elementos nutritivos nela contidos. Alimentando nos primeiros dias bons da Primavera temos a vantagem de poder descobrir mais facilmente um enxame sem rainha pelo menos porque permanece inativo, enquanto os outros estão carregando comida, embora também há um sinal seguro, até certo ponto, de estarem sem rainha pela inquietação contínua que dura até o escurecer no dia do primeiro vôo. O objetivo de aumentar a postura em enxames só será atingido com certeza e completamente pela alimentação denominada estimulante quando as abelhas forem mantidas excitadas, não só pela maior atividade, mas quando pela comida lhes for oferecido todo material necessário para a preparação da comida da cria, especialmente os elementos nitrogenados que não existem no mel, razão pela qual elas sempre coletam tão diligentemente e, freqüentemente com risco de vida e carregam pólen, especialmente na Primavera. Enxames velhos possuem, certamente, como regra, reserva considerável de pólen; mas uma parte dele terá, provavelmente, arruinado e se tornado inútil, e aquele que foi bem conservado é, freqüentemente, usado antes que a região e o tempo permitam recolher pólen fresco em quantidade suficiente. O desenvolvimento da cria deve sentir um choque quando sua extensão contínua e sempre maior é muito desejável uma vez que a estação de melhor forragem está sempre mais próxima. Então, é um problema essencial da apicultura racional descobrir um substituto para o pólen da mesma maneira que o substituto saudável para mel, que freqüentemente se torna escasso, foi descoberto no açúcar, especialmente em doce. Este problema foi brilhantemente resolvido pelo Sr. Emil Hilbert, proprietário sediado em Maciejewo, através de experimentos múltiplos alimentando com ovo e leite, cujos resultados, em sua maioria, foram comunicados desinteressadamente nas reuniões de Halle, Strasburg e Breslau, e que foram motivo de manifestações a ele de gratidão por todos os apicultores. Os materiais Apicultura Racional 311

mencionados, usados na alimentação de animais jovens, contem, especialmente, nitrogênio em forma concentrada necessário para o desenvolvimento do corpo animal e, assim, pelo seu baixo custo são particularmente recomendados como comida de abelha. Destes, especialmente o leite porque fornece para as abelhas, ao mesmo tempo, a indispensável água para a preparação da comida da cria. O leite fresco é fervido e fortemente adoçado com açúcar. Mel é menos recomendado para isto, porque coalha o leite facilmente e induz à pilhagem. Os conteúdos do ovo são perfeitamente misturados com o mel ou com açúcar e assim usados como comida, as abelhas levam só o que elas usarão imediatamente na preparação da comida da cria; já elas depositam uma certa reserva do leite açucarado nos alvéolos. Em colméias isoladas o leite adoçado pode ser dado às abelhas ao ar livre em favos, pequenos cochos, ou outros recipientes. O tratamento é bastante diferente quando os enxames são alimentados com a finalidade de completar suas reserva para o Inverno que não se espera muito ameno. Para tanto se usa mel puro ou xarope puro fervido para adquirir a consistência do mel. Com quadros móveis o modo mais simples, mais natural e mais barato de alimentar é fornecer mel operculado. As abelhas não precisam sugar o mel fornecido em favos e elas não ficam excitadas e não são induzidas por causa da comida a realizar vôos inúteis. Com esta forma de aumentar o mel armazenado pelo enxame, seja a que horas for feita, não haverá nenhuma das desvantagens que ocorrem com a alimentação normal então em época imprópria. Além disso, como já foi dito, as abelhas administram muito mais economicamente o mel operculado e resistem muito mais tempo do que com mel líquido. Caso não se disponha de mel operculado em favo, ou se a colméia não permitir sua inserção, as abelhas não devem ser alimentadas para não as excitar a iniciar a criar. Elas não devem ser alimentadas para estimular, como é dito, mas para suprir a necessidade e aumentar as reservas necessárias. A comida é fornecida em porções tão grandes quanto possível, e nem um 312

Johnann Dzierzon

pouco ou nada diluída, de forma que sejam evitadas excitações repetidas a criar extensamente, e que o mel fornecido, que será reservado para o futuro, não possa, parcial ou completamente, ser gasto imediatamente pelas abelhas. A alimentação deve ser evitada, tanto quanto possível, como um mal necessário e que seja limitada aos casos mais urgentes, porque, se não é administrada com precaução apropriada pode, facilmente, trazer outro mal, ou seja, pilhagem, especialmente com enxames fracos.

PILHAGEM Como previamente foi observado, ao final da parte teórica, página 39, as abelhas são muito propensas a roubar umas às outras e entrar em todo lugar onde elas descobrem sinais de mel e não encontram nenhuma resistência, ou apenas muito fraca. Isto ocorre especialmente no começo da Primavera, antes de elas encontrarem néctar fresco na natureza, e antes de elas ficarem habituadas a buscar sua comida a distância maior. No início, as forrageadoras, individualmente, circulam timidamente próximo da entrada, tentando penetrar, se retiram depressa quando uma abelha em guarda as agarra ou tentam se libertar a força quando agarradas. Mas se várias abelhas conseguem penetrar, sair carregadas com o fruto do saque e retornar para casa, elas vêm novamente com grande reforço, atacam a colméia em maior força e põe seus habitantes tal como confusão acaba toda resistência adicional e as coisas em ficam elas que desejam, de forma que as estranhas saqueiam desde o início da manhã até o entardecer, enquanto lá existir algo para ser carregado. Não só o mel é carregado, mas no final o favo é parcialmente fragmentado a pedaços, porque um agrupamento inteiro de abelhas se aglomera em todo alvéolo. Por se empurrarem mutuamente e, conseqüentemente, se aquecerem elas sugam o Apicultura Racional 313

que estiver no fundo dos alvéolos de mel, penetram em aberturas e fendas estreitas e, por serem puxadas e mordidas pelas suas oponentes e lambidas por parte das abelhas da própria colméia, as abelhas pilhadoras ficam com cor preta brilhante e assim são facilmente reconhecidas, entretanto algumas abelhas podem ficar assim por acidente, especialmente se elas estão fechadas e se aqueceram. As abelhas pretas sobre as quais muito se falou acima nada tem a ver com estas. As abelhas se tornam mais dispostas a pilhar quanto mais seguidamente elas se envolveram em pilhagem. O hábito se transforma, aqui, numa segunda natureza. Se uma colméia foi saqueada, outra é atacada e pode ter o mesmo destino se ela não resistir corajosamente ao ataque, ou se o apicultor não vier em seu socorro. Uma vez acostumadas a pilhar elas abandonam o trabalho, até mesmo quando a forragem for muito abundante, e retiram, até mesmo de colméia populosa, muitas libras de mel na hora dos vôos mais intensos. Elas se tornam meio de casa na colméia estranha e afinal entram e saem sem serem absolutamente molestadas. Algumas chegam, até mesmo, a entrar na colméia sem dificuldade, atacam uma abelha depois da outra das que ficam na frente, conseguindo assim retirar até a última gota de mel, e então voam carregando o saque para sua colméia. É muito difícil acabar com o hábito das abelhas tão profundamente enraizado. É muito bem sabido por todo que está familiarizado de alguma maneira com a natureza das abelhas que é simplesmente um hábito adquirido e que não existe uma variedade de abelha que por natureza seja pilhadora, e que as abelhas não são induzidas a pilharem.* Então, não é possível proParece ter sido uma idéia entre alguns dos antigos apicultores da Alemanha que os professores avançados de um sistema melhor, entre outras coisas inteligentes que eles fizeram com abelhas, tiveram o poder de as treinar para saquear as colméias de outras pessoas. Podemos imaginar, muito bem, que quando os vizinhos viram as abelhas amarelas italianas do Doutor chegarem em tão grande número, rondando em volta, eles não só as 314 Johnann Dzierzon *

duzir abelhas pilhadoras. Certamente podem ser feitas abelhas entusiasmadas, vivas e então talvez persistentes, alimentando, especialmente se licor alcoólico for misturado com a alimentação de mel, mas nenhum apicultor tem condições de induzir diretamente suas abelhas à pilhagem. Fazer isto seria extremamente irracional, porque as abelhas pilhadoras seriam submetidas completamente ao poder do homem cujo apiário elas iriam pilhar. Ele teria que matar ou teria que envenená-las e destruir o enxame inteiro. Pilhar é desagradável para ambos os lados, e tendo em conta que a alimentação denominada estimulante, até mesmo de enxames fortes, nos quais, de qualquer modo, poderia ser vantajoso, será preferencialmente omitida, porque excita as abelhas antes do tempo, as torna intrusas, e pode facilmente deixá-las encantadas com a pilhagem. Mas como não podemos culpar nenhum apicultor por ter tentado fortalecer seus enxames e deixá-los excitados, ele não pode ser responsabilizado pela pilhagem. Apesar de toda a coragem e obstinação das pilhadoras, os enxames que estão em ordem e que são tratados com precaução não sofrerão nenhum dano. Quando a pilhagem se torna destruidora é uma prova da necessidade de conhecimento ou atenção por parte do apicultor cujo apiário está sendo pilhado. É mais fácil prevenir e evitar a pilhagem do que acabar com ela depois de iniciada. Se existirem diversos apiários nas vizinhanças, o apicultor tem razão em dobro para evitar tudo que possa ocasionar a pilhagem. Ele não deveria deixar nenhum enxame fraco, especialmente os que estão sem rainha, e deveria investigar minuciosamente todo aquele que apresentar qualquer sinal oumais suspeita de estarpelas sem pilhadoras. rainha, especialmente aqueles que são perturbados Se ele não pode fortalecer imediatamente o fraco, adicionando abelhas ou restabelecendo a ordem no que está sem rainha introduzindo uma rainha, deixe ser destruída ou ponha-o no escuro, deixando-as voviram como nascidas para pilhar, mas como pilhadoras que tinham desfrutado de um curso superior sobre a arte. - S. S. Apicultura Racional 315

ar só de vez em quando, talvez um pouco antes do pôr-do-sol, até que ela possa ser efetivamente socorrida. Mas se as abelhas oferecerem alguma resistência às estranhas, basta reduzir o alvado a ponto de permitir a passagem de uma única abelha de cada vez. A entrada pode ser esfregada com produtos fortemente aromáticos, como alho, cebola, losna ou semelhantes. As pilhadoras, especialmente, se afastam do cheiro pungente, até do seu próprio ferrão. O ferrão de uma abelha que ferroou pode ser esfregado na entrada, ou a própria abelha pode ser fixada ali, de forma que as abelhas intrusas tenham de passar pelo ferrão cheio de veneno. Como o ácido ou veneno das formigas tem o mesmo efeito, algumas formigas das quais as abelhas têm sempre alguma reserva, podem ser esfregadas no mesmo lugar ou serem ali fixadas. A entrada pode também ser escurecida por uma pequena tábua cuja superfície interna tenha sido esfregada com alguns dos produtos mencionados, de forma que as abelhas pilhadoras não poderão entrar na colméia diretamente e quase em vôo, como geralmente elas fazem. Deve ser cuidadosamente evitado alimentar de dia, não o fazer antes do entardecer e tudo aquilo que as abelhas não carregaram e, sem dúvida, até mesmo o recipiente vazio que cheira a mel deve ser recolhido. Abelhas pilhadoras caem mais sofregamente em comida diluída, tendo condições de se carregar mais rápido com ela e a pilhagem pode se instalar muito rapidamente. Por isto, mel cristalizado posto dentro da coroa, é mais aconselhável como comida do que o mais líquido. O perigo é menor se ele puder ser colocado no topo fornecendo-o, para os skeps, num vidro coberto com musselina ou papel perfurado e invertido sobre o buraco de entrada. Às vezes acontece que um enxame forte que está em ordem deixa as estranhas entrarem e saírem livremente levando seu mel. Às vezes dois enxames se roubam mutuamente um ao outro. Esta tolerância que só pode ser explicada pelo odor semelhante ou outra condição, pode ser terminada retirando a rainha da um enxame, ou dando a uma um odor muito diferente, talvez com almíscar. A medida, recomendada por muitos, de 316 Johnann Dzierzon

trocar a posição dos dois enxames só será viável quando ambas pertencerem ao mesmo dono, ou quando os dois aceitaram a troca. Se o hábito de pilhar estiver profundamente arraigado nas abelhas é difícil de acabar com ele. De qualquer modo, é melhor levá-las para um apiário distante, onde elas terão de se acostumar a uma nova atividade como também a uma nova rota de vôo. Talvez a colméia pilhadora inteira tenha que ser levada ou só as abelhas que estão acostumadas a pilhar. Estas devem então, claro, serem apanhadas. Isto é facilmente conseguido na colméia que elas estão pilhando. Se sua entrada for fechada até que as abelhas pilhadoras tenham se reunido em número considerável na frente, a entrada será aberta, elas estarão todas juntas, e a maior parte será presa se a colméia for novamente fechada. As pilhadoras podem, ainda, serem capturadas mais completamente com a ajuda de um tubo colocado na entrada, projetando-se um pouco para o interior da colméia, e provido com uma tampa que possa ser facilmente removida. Colocando a colméia, então, durante algum tempo no escuro, até que as abelhas fiquem acostumadas umas com as outras, e levando-as então para local distante, elas continuarão trabalhando unidas se o enxame e tudo o mais estiver certo. Mas se a colméia roubada não puder ser removida, por ser um dos compartimentos de uma colméia Múltipla, as abelhas pilhadoras devem ser apanhadas de outra forma. A colméia pilhada deve ser fechada antes do começo do vôo e as pilhadoras serão apanhadas numa colméia de Transporte da seguinte forma. Assim que as pilhadoras tiverem se reunido sobre um favo, ou em algo coberto com mel um pouco firme, eleas serão rapidamente sacudidas na colméia de Transporte por uma abertura lateral pequena até que elas fiquem todas juntas. Levadas para um apiário distante, e deixando que no escuro elas passem para um enxame que necessite de fortalecimento, na maioria das vezes, elas permanecem com ele. Se quiséssemos acrescentar de dia, elas voariam imediatamente para fora da colméia aberta, Apicultura Racional 317

em todas as direções, e a maior parte se perderia, a não ser as que tivessem estado fechadas com alguma cria, mel e água, até começarem a construir realeiras. Na Primavera e no Verão as pilhadoras podem ser usadas para formar enxames artificiais ou, pelo menos, para reforçá-los, fechando-as com um favo de cria e mel e depois as levando para um local distante. Desta forma será gerado um prejuízo para o proprietário das pilhadoras. Ao mesmo tempo o enfraquecimento de sua colméia será, sem dúvida, parcialmente recompensado com o mel carregado pelas abelhas e é possível que ele seja recompensado de outras formas. Aquele que desejar envenenar as pilhadoras e talvez destruir toda a colméia pode ser acusado de grande injustiça e se ele tiver usado veneno para as abelhas pode ser perigoso para o homem, ele deverá não só reparar o estrago, mas está sujeito a ser processado criminalmente e ser preso. O apiário onde a pilhagem esteja claramente ocorrendo sempre deve ser passível de ser inspecionado sem aviso prévio para se certificar do que acontece e remover sua causa, e ter condições de ter prova do envenenamento, se estiver acontecendo. Marcar as pilhadoras com farinha, como é feito normalmente para identificar a colméia pilhadora, é uma operação inútil, pois nenhuma culpa pode ser imputada ao proprietário. Quem se queixa seguidamente de pilhagem prova que ele não sabe manejar as abelhas e não pode se envolver com a atividade. A ele se aplica perfeitamente o provérbio, 'Whoever by his own folly injures himself, 'must not mind being laughed at.' Todo aquele que compra sua loucura prejudica a si mesmo não pode se preocupar com o ridículo. Chegamos a uma operação que merece ser explicada mais especificamente, pois é a única que muitos apicultores executam, especialmente muitos possuidores das colméias Log, e porque já foram apresentadas as mais diferentes e contraditórias visões de diferentes lados sobre o assunto.

318

Johnann Dzierzon

Corte dos Favos na Primavera Muitos olham o corte, quer dizer, a diminuição do favo, como sendo equivalente à ruína do enxame, e um apicultor notável foi tão longe no conselho que chegou a dizer que nem mesmo um único alvéolo deveria ser cortado de uma Colméia Tronco cheia de favo e de mel. Tal visão merece ser, no máximo, ridicularizada mas não refutada. Seguir tal conselho é equivalente a renunciar a todo lucro. Certamente deixamos de boa vontade um pouco do ganho, quando existe a esperança de colher mais no futuro. Mas esta esperança não acontece aqui, pois, por experiência, a perda nos enxames nos quais não foi feito o corte, comparados com aqueles que foram cortados mais favoravelmente mas menos, é o dobro. Os oponentes do corte do favo na Primavera argumentam com a visão que um enxame, quando não for cortado, não precisa construir, pode criar mais e, tendo esta vantagem sobre o que foi cortado, renderá mais. Mas seguramente pode-se afirmar que um enxame consegue produzir o máximo apenas se ele desenvolver também em todo os outros aspectos uma maior atividade tanto dentro como fora. O enxame que é cortado moderadamente normalmente não depositará menos, mas mais cria do que aquele que não foi cortado. Quando as operárias forem excitadas a maior atividade a rainha será incitada a por mais intensamente. Até mesmo um conjunto de favos cortados mais curtos conterá um número suficiente de alvéolos de cria necessários no princípio; e, mais tarde, quando a ninhada exigir mais espaço, as abelhas providenciarão a extensão necessária, desde que elas tenham naquele momento uma inclinação especial para construir. Mas o apicultor tem que saber tirar proveito de toda inclinação das abelhas. Então, ele tem que deixar que elas construam novos favos ativamente na Primavera, assim ele poderá retirar mais favos cheios mais tarde. As abelhas têm tempo suficiente para isto na Apicultura Racional 319

Primavera, enquanto a forragem não abriu completamente, e podem, com os cuidados com a cria, ao mesmo tempo, construir convenientemente os alvéolos que o desenvolvimento da cria sempre em expansão requer. O calor que a construção de favo requer, e por sua vez produz, é ao mesmo tempo uma vantagem para a cria. Neste sentido a construção de favo pode ser chamada um subproduto, como o Pastor Köhler o chamou há pouco tempo no Bienenzeitung. Mas se esta identificação é vista no sentido da própria produção de cera pelas abelhas como um subproduto, sem consumo especial de mel, nós devemos ter claramente como um erro. A produção de cera sempre custa mel, mas o consumo adicional pelas operárias para construir ocorre novamente em abundância por causa da maior operosidade que elas desenvolvem fora, de forma que, também deste lado, a construção que o enxame teve que fazer na Primavera por causa do favo fresco que foi cortado será visto como verdadeiro ganho. Os favos cortados trarão um pouco de lucro até mesmo para o apicultor que não sabe dar a eles uso melhor do que derretê-los para aproveitar a cera, mas ele terá muito mais lucro adiante se os preservar cuidadosamente para serem pendurados no espaço para mel dos enxames fortes na hora de forragem mais abundante ou com a finalidade de fornecer aos enxames jovens. Não existe nenhum modo mais fácil de conseguir um conjunto completo grande de favos vazios do que pelo corte de favos na Primavera. Muitos objetivos secundários são também atingidos com o corte. A limpeza das colméias do lixo e abelhas mortas que ficam não só no chão mas freqüentemente grande número fica entre favos aderida como aos alvéolos, notavelmente facilitada tanto os para nósoumesmos para asé abelhas; a alimentação porventura necessária é realizada mais conveniente; reconhecer se a colméia está sem rainha, ou com cria pútrida, ou qualquer outro problema, será muito mais fácil e certo; ao mesmo tempo os favos do enxame são renovados. Até mesmo em colméia Lager os favos podem, pelo menos, ser encurtados o suficiente para que todo o detrito possa ser removido do fundo; um favo para 320 Johnann Dzierzon

fornecer mel, pólen ou água pode ser empurrado por abaixo. Como as extremidades inferiores dos favos têm muita cera, existe algo a ganhar deles, pelo menos, até mesmo se favos maiores só for possível conseguir das colméias verticais. Depois de uma longa discussão ocorrida no Bienenzeitung sobre o assunto, as maiores autoridades concordaram que este corte de favos na Primavera é vantajoso e foi recomendado sem hesitação. Mas se for desejado obter lucro e não incorrer em perdas com esta operação temos que saber quando o corte do favo deve ser feito.

ÉPOCA PARA CORTAR Considerando que as abelhas ficam excitadas para trabalhar no local cortado, é evidente que não devem ser provocadas antes do tempo em que elas podem ficar continuamente ativas fora da colméia e quando seus vôos trazem mais lucro do que perda para o enxame. As abelhas já devem estar em condições de coletar pólen abundantemente; e como elas não conseguem preparar cera só do pólen ou deve existir um bom estoque de mel ou então que lhes seja fornecido, ou que elas consigam encontrar um pouco de mel na natureza. Enquanto estas condições não se verificarem é melhor não perturbar as abelhas, mas esperar por tempos melhores deixando-as quietas. Além disso, é melhor atrasar o corte dos favos da colméia do que fazê-lo muito cedo. mesmo se pouco da cria for então de poucaAté influência, e éum maior a garantia de que oscortada, enxamesserá estarão bem. O tempo não permite fixar exatamente a data pois pode ser diferente dependendo da região e da Primavera. Mas, na maioria das localidades da Alemanha, a melhor época para cortar poderia ser no meio de abril ou na floração do salgueiro.

Apicultura Racional 321

COMO E ONDE DEVE SER CORTADO? A parte mais baixa do favo - talvez a metade - será cortada fora uniformemente; mas em colméias altas, como Colméia Tronco, será cortado mais, de forma que fique apenas cerca de um pé da parte superior. Não será prejudicial cortar fora uma polegada a mais ou a menos, pois um enxame forte bem suprido de reservas tem condições de fazer novamente, à noite, centenas - realmente milhares - de alvéolos se deles precisar. Quanto mais velho for o favo e quanto mais favo de zangão existir se estendendo longe para cima, mais mel o enxame pode acumular, ou quanto mais precisamente desejamos saber da sua condição - mais alto cortamos, quer dizer, maior será a seção obtida. Algumas vezes é interessante retirar tanto mel quanto possível pelo corte, porque o enxame está bem suprido de reservas, ou porcaso, ser necessário defrente enxames cos. Neste quando os para favosadealimentação mel estão na eles frapodem ser cortados muito mais curtos; e ao atingir o ninho a faca pode ser gradualmente abaixada para poupar a cria. Será evitado, tanto quanto possível, fazer aberturas na coroa retirando favos inteiros; porque o ninho da cria será esfriado desta forma e o desenvolvimento do enxame ficará atrasado. Se for necessário fazer uma abertura na coroa, o espaço deveria ser fechado imediatamente, ou pelo menos enchido novamente de imediato com favos vazios. Em vez de fazer aberturas na coroa, é melhor encurtar todos os favos um pouco mais, mas igualmente; até mesmo se for intenção retirar a cria parcial ou totalmente do enxame. Não há necessidade alguma de deixar esta cria morrer; pode ser suspensa numa colméia caixa, ou usada para fazer um enxame artificial que preparado no meio de Abril poderá ser muito bem sucedido. As abelhas necessárias para isto podem ser retiradas facilmente de enxames fortes que foram cortados e que se encontram longe, quando elas se mantêm amontoadas 322

Johnann Dzierzon

embaixo do favo encurtado. Os oponentes do corte argumentam, especialmente, que as abelhas podem fazer muito favo de zangão onde foi cortado favo de operária. Mas é possível, da mesma maneira, que as abelhas construam favo de operária onde foi cortado favo de zangão, se o corte foi feito onde chegou a construção de favo de operária. Enxames muito fortes ficam muito dispostos a construir favo de zangão na Primavera, com tempo favoravelmente agradável e úmido para a cria e enxameação, e passam a construir imediatamente, em vários favos de operária, alvéolos de zangão. Mas as abelhas podem ser demovidas facilmente de seu propósito se um único favo de zangão - talvez o mais afastado - é deixado para elas; e removendo logo os alvéolos de zangão que foram começados nos outros favos. É com este propósito que o apicultor está ali para inspecionar; e ele tem os meios de, nos vazios obtidos pelo corte dos favos, as abelhas fabricarem e construírem favo de zangão o que seria absolutamente impossível se um favo com alvéolos de operária fosse colocado para elas no lugar requerido, o que pode ser facilmente executado em Colméia Tronco e skeps. Aquele que, pelo contrário, não tem tempo nem vontade de cuidar dos seus enxames no momento certo, mas os deixa por sua conta, certamente pode tratar o favo com mais paciência, se contém alvéolos de operária em sua maior parte e não for velho; especialmente se ele não tiver necessidade de favo vazio. E em locais onde o vigor da forragem surge de repente com sua força total com o florescimento da colza, sem passagem gradual, será necessário cortar menos; em parte porque poderia faltar alvéolos para o depósito do fluxo abundante de mel e as abelhas seriam obrigadas a usar seu valioso tempo construindo favo fresco e, em parte, porque naquele momento seria difícil contê-las de construir muitos alvéolos de zangão com o impulso enxameatório surgindo e dominando. Além disso, o desenvolvimento de cria de zangão cessa quando a rainha velha for embora com um enxame natural ou artificial, ou quando as abelhas pararam Apicultura Racional 323

com os preparativos para a enxameação por causa do tempo muito seco, embora rendendo mel em abundância. Esta a razão porque os alvéolos de zangão são, antes dos demais, enchidos com mel; de forma que muito favo de zangão pode representar não uma desvantagem, mas uma vantagem. Então, não há necessidade de, a este respeito, ficar muito ansioso.

OUTROS ASSUNTOS QUE DEVEM SER OBSERVADOS Estes podem ser feitos em pouco tempo. Muitos enxames que estavam bem durante a limpeza e inspeção da Primavera ou durante o corte de favo na Primavera, podem ter ficado sem rainha mais tarde. Deveria ser verificado se todos os enxames estão coletando com aa postura mesma diligência, os favos que foram pólen cortados, da rainha, completando se têm abelhas jovens que voam na frente da colméia em dias bons, e deveria ser feita uma inspeção cuidadosa sobre as possíveis causas de uma ou outra destas ocorrências; de forma que a pilhagem, para a qual as abelhas estão especialmente dispostas na Primavera, não seja provocada por deixar enxames sem rainha durante algum tempo. Em colméias com quadro móvel um enxame sem rainha pode ser recuperado, se valer a pena, fornecendo, de vez em quando, um favo com cria, e possibilitar remover uma rainha, que foi criada talvez mais cedo, em torno do meio de Abril para um novo a ser montado, que poderá, então muito bem, ser fecundada. Mas é melhor que as Colméias Tronco e skeps que perderam suas rainhas antes de Abril sejam destruídas. Sua recuperação é muito incerta e especialmente difícil, porque não é fácil saber se elas estão realmente sem rainha ou têm uma rainha não fecundada. No último caso, rainha boa inserida não é aceita, mas será sacrificada desnecessariamente, e nenhuma 324

Johnann Dzierzon

nova será criada a partir da cria fornecida. É realmente difícil pegar uma rainha não fecundada e ágil, porque ela dificilmente deixa o favo na estação fria pelo tamborilar. Seria mais fácil obter sucesso pondo uma quantidade de abelhas de um enxame são na colméia duvidosa; ou pondo o enxame, se está num skep, em combinação com outro enxame forte durante algum tempo, de forma que um é invertido e o outro colocado sobre o primeiro. A rainha não fertilizada é então, imediatamente, morta pelas abelhas estranhas, ou ela será peloteada de forma que pode ser apanhada ou pode ser arrancada por um puxão rápido. Se não existir nenhuma rainha presente as abelhas estranhas ficarão inquietas e começarão a correr de um lado para o outro. É muito provável que o enxame estará então em condições mais seguras para criar uma rainha nova a partir da cria fornecida e adequada para o propósito, porque a ânsia por uma rainha, que gradualmente desaparece num enxame que ficou sem rainha durante algum tempo, foi novamente despertada. Uma colméia Geminada que tenha ficado nestas condições pode ser colocada em comunicação com sua vizinha, será possível às abelhas trabalhar em conjunto; e elas serão separadas novamente com a aproximação do período da enxameação. O maior cuidado do apicultor na Primavera deve ser verificar se seus enxames não passam nenhuma necessidade. Se eles esgotaram suas reservas e a natureza ainda não dispõe de mel fresco ou se elas estão impedidas, pelo mau tempo, de coletar o apicultor terá que ajudar com comida. Embora seja desaconselhado estimular as abelhas a criar prematuramente na Primavera, contudo uma vez iniciada, - que, até mesmo em enxames fracos, seráprossiga por volta dointerrupção, equinócio – oe até apicultor deve cuidar para que ela sem mais extensivamente; e que os enxames nunca tenham necessidade de parar com ela, e até mesmo sugar e descartar a cria já depositada. Toda descontinuidade ou suspensão que ocorrer na forragem apícola natural, especialmente a descontinuidade que acontece em muitas regiões depois da floração das árvores frutíferas, deve ser compensada artificialmente; mantendo sempre as abelhas bem disApicultura Racional 325

postas. Como as abelhas usam muita água na preparação da comida da cria o alimento pode ser bem diluído; e pode, no caso de necessidade, consistir quase exclusivamente de mosto adocicado de cerveja. Em colméias isoladas as abelhas podem ser alimentadas ao ar livre, mas onde existirem enxames na vizinhança a alimentação deve ser realizada com maior precaução. Se a comida é vertida em lugar fechado nos alvéolos de favos vazios e eles forem inseridos imediatamente nas colméias para as abelhas, ou empurrados debaixo do seu ninho, as abelhas estranhas serão muito pouco despertadas. Se o apicultor não omitiu nenhum destes cuidados e cuidar de suas pequenas na estação fria que não produz nenhuma comida, ele terá melhores probabilidades de se alegrar com sua operosidade quando a forragem apícola tiver atingido seu total desenvolvimento, os enxames estarão carregando intensamente desde o início da manhã até o cair da noite, aumentando a cada dia sua força e peso e começando a liberar enxames. Isto começa para o apicultor um bom negócio, assim como é, ao mesmo tempo, um grande prazer para ele um outro, isto é, o alojamento dos enxames jovens que aparecem, ou o aumento do número de seus enxames através de enxames artificiais. Como iniciamos por este ponto, e já o tratamos particularmente, interromperemos aqui nossa descrição das diferentes ocupações e afazeres do apicultor que se repete todos os anos na mesma ordem, a fim de tocar em alguns assuntos relativos à apicultura que não estão conectados com qualquer tempo ou ordem em particular, as diferentes doenças das abelhas, seus diferentes inimigos e alguns dos instrumentos necessários, ou úteis, para a prática da apicultura.

DOENÇAS DAS ABELHAS Estas não são numerosas, e a ciência apagou ultimamente 326 Johnann Dzierzon

do seu catálogo de doenças peculiares alguns tipos que constavam nos livros mais antigos sobre abelha.

Disenteria A disenteria que, freqüentemente, ocorre no final do Inverno e que foi mencionada no lugar apropriado, talvez seja um mal apenas em países com longos e severos Invernos; consiste na incapacidade das abelhas em reter o excremento além de um certo tempo e quantidade, mas não é nenhuma doença especial porque o mal desaparece assim que as abelhas conseguem fazer a higiene. As causas da disenteria são os Invernos longos e severos, mel deteriorado, ou que foi colhido ou fornecido muito tarde e que, principalmente não estava operculado, o frio da colméia e dos favos, perturbações freqüentes, muita umidade, como também pouca água, razão pela qual as abelhas ficam freqüentemente inquietas, desenvolvem prematuramente a cria e, mais tarde, tudo que incita as abelhas a aumentar o consumo de comida, razão pela qual mais excremento ficará acumulado em seus abdômenes, e porque elas ficam muito mais tempo privadas da oportunidade de se livrarem dele em seus vôos de higienização na frente da colméia. Mas porque, em algumas circunstâncias, os abdomens de muitas abelhas estão tão inchados pelo excremento acumulado que elas podem apenas se arrastar para a entrada e não conseguem levantar vôo e fazer a higiene, então o mal resulta certamente numa doença pela qual muitas abelhasenxames morrem parece, tanto naàs colméia fora dela. Em alguns vezes, como que otambém mal é contagioso, o que aprendemos por experiência, pois num enxame que ficou reduzido por causa da disenteria e foi fortalecida com abelhas saudáveis a mortalidade continuou e o enxame se tornou logo igualmente fraco como estava antes. Apenas a rainha não é afetada pela disenteria, e se mantem saudável, embora a maior parte do enxame tenha morrido por causa da doença. A razão é Apicultura Racional 327

porque ela é alimentada apenas com o mel e comida mais refinada, e sempre lança naturalmente seu excremento, que consiste de um líquido aguado e um pouco turvo, na colméia e com facilidade. Quem quiser manter durante o Inverno seus enxames saudáveis e completamente limpos tem que evitar as causas especificadas acima, por enquanto está nas mãos do homem fazer assim, e só devem ser hibernados enxames que tem condições de passar bem. Já foi fornecido, nos capítulos anteriores, o manejo quando a disenteria começa a aparecer e como, em casos extremos, podem ser fornecidas às abelhas oportunidades para fazer sua higiene em recinto aquecido. Um mal que é incomparávelmente mais grave, sem dúvida insuperavelmente o maior, que pode visitar o apicultor é a cria pútrida.

Cria Pútrida Como o próprio nome já indica esta doença nada tem há ver com as abelhas adultas, mas com a cria jovem que morre e se decompõe no estado larval ou já como ninfa. O perigo da doença consiste que não só a cria atacada está perdida, mas os alvéolos da cria ficam impróprios para o desenvolvimento de nova cria, pois o mal não se propaga apenas através do enxame para um número sempre-crescente de alvéolos, mas a contaminação se alastra para um número sempre crescente de enxames do mesmo apiário e da mesma localidade se não forem tomadas medidas eficazes para combatê-la imediatamente. Até mesmo as colméias ficam inúteis por causa dos esporos que se prendem a elas por muito tempo, se não, até mesmo, para sempre.

Sintomas da Cria Pútrida Um sintoma infalível da presença da cria pútrida é a descoberta de cria morta, seca, larvas e ninfas secas ou em alvéolos 328 Johnann Dzierzon

isolados entre cria saudável. As larvas mortas ficam como uma papa ou massa disforme e, mais tarde, de cor cinza-marrom e crosta preta em baixo ou na parte mais baixa do alvéolo. Se a maioria dos alvéolos estiver nesta condição a infecção ocorreu há algum tempo e o mal já atingiu grandes proporções. Como um enxame afetado pela cria pútrida normalmente ventila bastante o mal pode ser reconhecido, em colméias com quadros móveis, pelo cheiro desagradável que exala do alvado; o cheiro é semelhante ao de cola ou carne pútrida. Como as abelhas encontram dificuldade para retirar as larvas que ainda não ficaram completamente podres elas serão encontradas, por vezes, no piso das colméias afetadas. As abelhas têm dificuldade para remover a crosta marrom enegrecida que se forma ao final do apodrecimento. Assim, encontra-se no piso um pó de cor escura e peles inteiras rasgadas que, quando esfregado entre os dedos, libera o mesmo cheiro desagradável. Na Primavera, quando outros enxames já estão construindo diligentemente, a cria pútrida normalmente não aparece; no máximo ela só aparece quando os enxames estão bastante fortes e existir uma forragem maravilhosa pouco usual. Se os favos forem examinados a cria fechada nunca será vista em massa , mas salteada, em manchas irregulares. Para ter certeza total, deve ser cortado ou rasgado um pedaço de favo com cria e, caso se encontre alvéolos no estado descrito, certamente a cria pútrida está presente.

Cria Pútrida é de dois tipos Há um tipo que é moderado e curável e outro maligno e incurável; porém, ambos são contagiosos. A curável ocorre da seguinte forma: a maioria das larvas morre quando ainda não operculada, enquanto ela ainda se encontra enrolada no fundo do alvéolo apodrece e seca ficando como uma crosta cinzenta que pode ser removida com certa facilidade. A cria que não morre antes de ser operculada quase sempre atinge a perfeição e só excepcionalmente os alvéolos com cria pútrida menos maligna são operculados. Apicultura Racional 329

Exatamente o contrário ocorre com a cria pútrida maligna. Nesta as larvas normalmente não morrem antes de se levantarem do fundo do alvéolo, serem operculadas e começarem a se transformam em ninfas. A matéria podre não é encontrada no fundo do alvéolo mas na parede inferior do alvéolo, é castanha, que endurece e seca formando uma crosta preta firme, seja por causa do calor que prevalece na colméia seja por causa de uma pequena abertura existente na cobertura rebaixada. As abelhas não conseguem remover esta matéria; e quando elas tiverem ainda um pouco de força elas podem, no máximo, livrar-se dela roendo os alvéolos estragados e construindo novos. Esta doença perigosa pode ser transmitida facilmente pelo mel que é dado às abelhas, ou que as abelhas buscam em enxames contaminados com cria pútrida. Se isto acontece quando os enxames têm cria, é quase certo que a doença começa a aparecer quem sabe, até mesmo, de imediato. Só no Outono, quando cessou o desenvolvimento da cria, é que, em caso de necessidade, o mel de enxames afetados poderá ser usado para alimentar.* Isto deve ser feito sem colocar os favos inteiros, porque a colméia poderá ser, muito facilmente, infectada com os germes da doença, se os favos permanecerem até a Primavera. Embora existam exemplos de um enxame numa colméia dupla estar contaminado no mais alto grau com cria pútrida e o outro continuar perfeitamente saudável e assim permanecer, é provável, contudo, que a doença pode passar de um enxame para o outro simplesmente por eles estarem próximos um do outro; o apicultor pode, realmente, muito facilmente transmitir a doença se ele realizar uma operação num enxame com cria pútrida e, sem lavar intensamente, logo em saudável. seguida, suas mãos, alguma tarefa em outro enxame No caso de realizar sermos visitados pelo mal, é evidente a grande vantagem de dois apiários afastados entre si, pois os enxames saudáveis podem ser afastados do risco de contágio, separando-os dos afetados e os Mas nunca, sob qualquer condição, sem antes primeiro ferver. - C. N. A. 330 Johnann Dzierzon *

instalando a certa distância dos demais.

Tratamento dos Enxames Doentes O tratamento será diferente dependendo do período do ano em que a doença se manifesta ou é identificada, e se for do tipo ruim ou não. O tipo curável pode desaparecer por si, sob certas condições de coleta de néctar, especialmente quando as abelhas estão trabalhando no mirtilo e no pinho, e às vezes desaparece também quando as condições mudam. Mas o apicultor não pode se fiar nesta possibilidade. A doença pode aumentar depressa, continuamente e pode destruir os enxames. Recomenda-se acabar imediatamente com o mal e apanhar a rainha sem demora, assim que for encontrado o primeiro alvéolo com cria pútrida. Na Primavera e começo do Verão ela pode ser usada vantajosamente para fazer um enxame artificial. Se ela for reunida com abelhas de enxames saudáveis podemos ficar tranqüilos de ter um enxame saudável. Mas se ela for reunida a abelhas de sua colméia ouser de colocado outro enxames afetado de pelaTransporcria pútrida,própria o conjunto deve numa colméia te, peneira, ou algo parecido durante vinte e quatro a quarenta e oito horas antes de ser posto em sua colméia, e a rainha deve ser mantida engaiolada durante alguns dias de forma que não seja depositada cria nem preparada comida de cria antes de as abelhas gastarem todo o mel e comida, retirado com elas do enxame materno, e tenham gasto tudo construindo favo. Como agora não existe mais cria no enxame, pois a rainha foi removida, nenhuma cria pode morrer nem pode ficar ruim, então será fornecida uma nova princesa que será fecundada e começará a botar ovos; as abelhas terão ganho tempo, se elas ainda estão toleravelmente fortes, para limpar completamente o ninho da cria. Elas podem ser ajudadas nesta tarefa cortando os favos a ponto de as abelhas conseguirem cobri-los densamente. A nova geração prosperará então normalmente bem e o enxame recuperará novamente sua saúde. O tratamento será mais eficiente se o favo inteiro, assim que estiver sem cria, for Apicultura Racional 331

cortado e o enxame inteiro for colocado numa colméia nova. A questão será: o enxame ainda é bastante forte e ainda há forragem suficiente à vista para as abelhas conseguirem construir favo novo e conseguirem acumular reservas adequadas. O aparecimento da doença será evitado com mais certeza se a rainha jovem for retirada novamente do enxame assim que ela estiver fecundada e tiver usado o ninho da cria razoavelmente, desde que exista algum outro uso vantajoso para ela. Alem disso, não se consegue nenhuma vantagem maior de um enxame infectado pela cria pútrida do que usá-lo para a produção de rainhas férteis, para preparar enxames artificiais, ou para ajudar enxames que acidentalmente ficaram sem rainha. Existe apenas um risco nesta proposta, de a criação de uma nova rainha por ele, especialmente depois de retirada a primeira rainha, não ter sucesso, porque todas as realeiras podem ficar contaminadas facilmente e a colméia terá que ser ajudada então, ou com uma realeira sã de outro enxame artificial ou com uma rainha jovem. Desta forma os enxames doentes podem trazer mais lucro do que um forte. Eles fornecem no curso do Verão várias rainhas e no final, ainda, algumas libras de mel. O apicultor, visitado pela cria pútrida, fará muito bem em usar as rainhas e desenvolver enxames jovens e assim poder no Outono se desfazer de todos aqueles que não estão perfeitamente bem. Seria loucura querer hibernar enxames que se suspeita estarem infetados pela cria pútrida, quando centenas de milhares de enxames sadios são simplesmente sulfurados no Outono para colher o mel e a cera. Seria especialmente imperdoável se alguém quisesse manter no Outono um enxame que sofreu do pior tipo de cria pútrida, infelizmente, é feito em afetado regiões onde sãocomo, mantidas colméias freqüentemente tronco, porque o enxame era, antes, um bom enxame. Até mesmo na Primavera tal enxame deveria ser destruído imediatamente, mas evitando que outras abelhas carreguem o mel, porque assim elas levarão a doença para sua casa. A colméia desocupada deve ser chamuscada para que outras abelhas não sejam infectadas por ela, por sugarem o mel que nela ainda pode ser encontrado, ou roam a 332 Johnann Dzierzon

própolis e a levem para sua colméia.* A colméia que continha um enxame infectado não será usada de forma alguma, será mantida de lado durante dois anos, aberta ao ar, para se estar seguro de que a doença não aparecerá novamente. Não temos nenhuma evidência segura que os germens de infecção sejam destruídos no momento da sulfuração, como concluiu Hübber, embora seja muito provável. Por vezes, até mesmo ferver a colméia infetada numa grande panela se mostrou ineficaz. Ao repovoar a colméia seca a cria pútrida reapareceu.† Com doença tão resistente é bastante fácil entender o valor de certas receitas, recomendadas por muitos escritores em apicultura. No máximo a forma moderada da doença poderia ser curada por tal meio, mas nunca a forma maligna. Isto posto, resta a pergunta de como reduzir as perdas do dono dos enxames doentes. Em Esta é uma fértil fonte para contaminação com cria pútrida e contra a qual os apicultores na Inglaterra não estão suficientemente precavidos. Quando um enxame morre, ou é 'destruído,' *

como nossoque ilustre Autor escreve ao tratar da 'criasepútrida,' imagina-se se está suficientemente protegido os favos, mel e cria forem postos de lado; mas acontece freqüentemente, por descuido ou por capricho, que a tampa, os quadros ou a tábua de piso são deixados expostos e no primeiro dia de sol a própolis, de qualquer um deles, amolece e emite seu odor atraente e as abelhas se amontoam sobre ela e a levam para casa, introduzindo os germens da doença, que ela com certeza contem, nas suas próprias colméias. Um quarto de uma onça de própolis exposta pode ser suficiente para provocar a doença em cem colméias. - C. N. A. † Era quase certo que reapareceria por uma condição insalubre da colméia? É dito, pelas maiores autoridades, que os germens de todas as doenças que afetam os humanos são destruídos pelo calor não maior do que da água fervente o que seguramente deveria ser suficiente para destruir os germens da cria pútrida que são quase, se não totalmente, da mesma natureza que os germens tifóides, que sob certas condições, são tão perigosos à vida humana. Colméias infetadas chamuscadas com palha podem ser recuperadas, mas deixando-as expostas ao ar livre durante dois anos sem ferver ou chamuscar é, nós entendemos, um modo provável de esparramar a doença. - C. N. A. Apicultura Racional 333

primeiro lugar pode-se usar a rainha que deve ser capturada tão depressa quanto possível, se o enxame inteiro não for imediatamente destruído. Mas se as abelhas que ficaram sem rainha conseguiram remover toda cria pútrida até a emergência e fecundação da nova rainha, não há dúvida que se obterá um enxame saudável. A doença apareceria logo com maior severidade do que antes, porque durante este tempo o veneno provavelmente teria permeado, ainda mais completamente, por toda a comida da cria acumulada. Então, nos apressamos para retirar a rainha novamente assim que ela tiver sido fertilizada e depois de certo tempo nós colocaremos uma nova realeira no enxame, ou limpamos a colméia usando o mel para qualquer propósito que não comida das abelhas, pois elas poderiam dar para a cria. Mas se ainda alimentamos a esperança de conseguir um enxame saudável das abelhas elas devem ser submetidas a um tratamento semelhante mas mais longo do que o já descrito. Depois de elas serem mantidas por dois ou três dias fechadas num recipiente ventilado sem comida, ou com comida dada com parcimônia, elas serão postas numa colméia nova, a rainha será mantida engaiolado durante algum tempo, para prevenir a postura, para impedir que ela saia, para o que este enxame está muito disposto. Inserir favo de cria, ou favos até maiores, não é aconselhável, porque o enxame deve consumir todo o material alimentício que tem, e tanto quanto possível em cera, para que não deposite nos alvéolos. O enxame poderá também acabar, ou apresentar novamente os sintomas de cria pútrida, e assim todo o tempo gasto e cuidado dispensado para sua cura foram perdidos. Então, é melhor reduzir o trabalho, descartar o conteúdo das colméias doentes, e o melhor que se pode fazer é comprar enxames saudáveis para substituí-los. Como é mais fácil prevenir o aparecimento da doença do que remediar depois que se instalou, deveríamos ser cautelosos ao comprar mel estranho, especialmente para alimentação da Primavera. Em vez de comprar mel americano, especialmente mel de barril, use bastante açúcar ou xarope de malte como comida das abelhas. O açúcar é, sob todos os aspectos, o melhor substituto para o mel em es334

Johnann Dzierzon

tações ruins e o açúcar de uva é o mais barato. A cria pútrida, tão temida antigamente e vista como o maior mal da apicultura, tem, recentemente, perdido seu poder aterrador. Pelos estudos de Dr. Preuss, Sanitary Councillor of Dirschau, Pastor Schönfeld de Tentschel e outros investigadores, foi constatado que a causa da doença reside no crescimento de certos fungos, só vistos ao microscópio que, em certas condições, se multiplicam enormemente e destroem o tenro organismo da larva da abelha. Felizmente, quase ao mesmo tempo, o Professor Kolbe de Leipsic descobriu no ácido salicílico um dos meios de sustar esse crescimento sem prejudicar as abelhas ou a cria que ainda está saudável, se o medicamento for manipulado com precaução e corretamente diluído. O Sr. Hilbert, proprietário de terra, já mencionado ao se falar sobre a alimentação com leite, também fez muitos experimentos no tratamento a ser seguido para a cura dos enxames afetados pela cria pútrida, e apresentou os resultados espontaneamente, para proveito de todos os apicultores, em documentos divulgados nas reuniões de apicultores alemães em Strasburg e Breslau. Quem quiser fazer seus próprios experimentos de tratamento deve ler os relatórios e discussões registradas nos últimos números do Eichstadt Bienenzeitung , órgão dos apicultores alemães, dos anos 1875 e 1876. A parte essencial do tratamento é o ácido salicílico, de difícil solubilização em água, que é preparado dissolvendo-se uma parte, em peso, em oito a dez partes, em peso, de álcool e mantido hermeticamente fechado para uso futuro. No momento do uso a solução alcoólica será dissolvida em água, que deve ser mantida em 20ºK (77ºF). Trinta partes de água são misturadas com uma parte da solução alcoólica que será aspergida nos favos de cria da colméia doente; a aspersão é repetida a cada quinto dia até que a cura seja completa. Mas para a desinfecção de colméias vazias e de favos sem cria pode ser usada uma mistura mais forte. O ácido carbólico, mais barato, também pode ser usado para a desinfecção das colméias. Apicultura Racional 335

O medicamento pode também ser administrado internamente misturando um pouco da solução de ácido salicílico com a comida das abelhas. Com o objetivo de prevenir a podridão um pouco da solução de ácido salicílico pode sempre ser misturado com o leite adoçado. Ao aplicar este medicamento não é necessário remover a rainha da colméia doente, de qualquer forma é sempre seguro usar esta prevenção ao mesmo tempo, e assim assegurar que os favos não serão re-ocupados com cria nova antes de estarem completamente limpos de toda doença. É melhor remover completamente os favos que estejam muito sujos ou que não contenham nada de cria saudável; em colméias tronco, skeps e outras colméias que não têm quadros móveis é melhor cortar o favo que esteja muito afetado pela doença; deixando para as abelhas apenas o que elas conseguem cobrir completamente e estejam em condições de limpar adequadamente.

Vertigem (Tollkrankheit) Esta doença é manifestada por abelhas individuais que caem no chão, ou na colméia, ou fora, rodopiando, até enfim morrer. Não é tanto uma doença quanto um envenenamento que pode ter sido provocado por pessoas mal intencionadas ou pela própria natureza. Por volta do final da floração das árvores frutíferas, tempo realmente crítico para as abelhas, parece que a Natureza, freqüentemente, prepara um veneno para as abelhas; assim que nesta região encontramos, freqüentemente, neste período, na colméia e fora dela uma quantidade de abelhas, principalmente jovens, lutando contra a morte. Se as abelhas trazem o veneno de rochas vulcânicas, do crow-foot*, ou da maçã que floresce neste momento ou se é uma conseqüência de alSegundo Michaelis - Crow-foot: botão de ouro, ranúnculo. N.T. 336 Johnann Dzierzon *

guma geada que ocorre à noite não foi confirmado. Não há registro de envenenamento onde as abelhas trabalham na colza – que elas preferem a toda outra flor, e para a qual uma geada não faz dano algum. O Horn ou Tuft (chifre ou topete), antigamente citado como doença das abelhas que aparece depois da floração das árvores frutíferas merece ser mencionado, pelo menos como curiosidade. O professor von Theodor Siebold provou, no Bienenzeitung , que os tufts amarelos ou verde-escuros que aparecem na testa das abelhas não são o crescimento de um fungo, mas é pólen muito plástico de certas orquídeas que permanece aderido nas abelhas. Há um fenômeno peculiar com as abelhas quando elas estão trabalhando no trigo-mouro; elas perdem a capacidade de voar quando o céu fica nublado, caindo em grande número na frente das colméias e caindo, também, em outros lugares, isto acontece também com temperatura de 15°R (65¾ ºF) temperatura em que elas normalmente podem voar continuamente. Mas elas levantam vôo imediatamente e retornam vivamente para a colméia assim que o sol aparece e a temperatura aumenta. Existe dúvida se esta fraqueza é uma conseqüência da sua excitação, de intoxicação, ou de cansaço momentâneo; ou se tem a ver apenas com os órgãos de vôo ou o organismo inteiro. Existe outro fenômeno, que só foi observado uma vez por aqui e parece ser semelhante a este, mas é essencialmente diferente. Neste, não são as abelhas que chegam carregadas as que caem, mas as abelhas que saem da colméia é que caem; e em vez de permanecerem quietas, tremulam impacientemente e podem ser coletadas em depressões, na frente da colméia, em número considerável. Parece que elas não recuperam a capacidade de voar. Talvez seja o mesmo mal do qual os apicultores do urze tão freqüentemente reclamam e que eles chamam Füssgangerei (caminhar em vez de voar); razão porque, às vezes, as colméias ficam consideravelmente despovoadas, sob certas condições de tempo. Se a causa desta estiver no tempo, para enfrentá-lo o Apicultura Racional 337

apicultor poderá apenas manter seus enxames fortes e aumentar a população para enfrentar seu declínio. O fato de os naturalistas, que ultimamente colocaram as abelhas como assunto de cuidadosa investigação, terem descoberto no estômago das abelhas muitos tipos de fungos em crescimento é de pouco interesse para os apicultores práticos para quem estas linhas foram escritas mais particularmente, porque nada de novo pode ser notado nos enxames dos quais as abelhas foram retiradas para investigação.

INIMIGOS DAS ABELHAS Estes são consideravelmente numerosos e se encontram entre mamíferos, pássaros, anfíbios e insetos. Não há necessidade de pensar em animais que por sua natureza têm aversão às abelhas e as perseguem; pelo contrário, seus inimigos são completamente apaixonados por elas - alguns, pelas próprias abelhas; outros, pelo mel; e outros pela cera - de forma que eles consomem abelhas, mel e comem o favo, e assim são prejudiciais aos enxames e freqüentemente os destroem totalmente. Entre os mamíferos, o urso é notoriamente apaixonado por mel, embora não precisa ser temido pelos apicultores, no máximo em algumas regiões de Rússia. Em todos os países o minúsculo rato é causa de muito mais ansiedade para os apicultores. Mas só apresenta risco na estação fria, quando as abelhas estão aglomeradas em agrupamento compacto do qual elas não podem se separar. Nestas ocasiões os ratos passam despercebidos nas colméias, comem em primeiro lugar as abelhas mortas, depois o mel e pólen, e roem e lambiscam pedaços de favos. Nós temos que tornar sua entrada impossível, ou por pregos ou com uma lâmina, sem privar as abelhas de uma saída livre. Pegá-los todos é a melhor forma de prevenir que eles perturbem a paz 338

Johnann Dzierzon

das colméias; eles perturbam as abelhas, igualmente do lado de fora, e podem prejudicar as colméias de palha de muitas formas. A marta parece não desprezar o mel, algumas vezes ela visita repetidamente enxames de abelhas que vivem na floresta em buracos de árvores, e fazendo isto ela chama a atenção das pessoas para os enxames. Os inimigos das abelhas são mais numerosos entre os pássaros. Entre estes, os mais destrutivos são os que visitam as colméias no Inverno; porque as abelhas são menos numerosas e não podem recompor as perdas logo, e porque elas são consideravelmente perturbadas no momento em que elas devem ser mantidas o mais quietas possível. O pica-pau, especialmente o pica-pau verde, destrói totalmente muitas colméias de abelhas que vivem em árvores na floresta, visitando-as diariamente depois que foram uma vez descobertas, bicando a entrada leva as abelhas a grande perturbação, come muitas delas, e ocasiona a morte de muitas mais por esfriar no frio intenso tanto dentro como fora da colméia. Se este inimigo, perturbador da paz da colméia, for visto repetidamente no apiário temos que tentar matá-lo ou apanhá-lo. O grande chapim não se contenta em apanhar e comer as abelhas congeladas sobre a neve, mas perturba as abelhas durante seu descanso do Inverno, bicando as atrai para fora. Por causa dos outros usos que o chapim tem, se deveria antes torná-los inofensivos, cobrindo as entradas, do que os apanhando. É pouco acreditável que a cegonha, quando estiver à caça nos prados próximos, esteja apanhando abelhas, entretanto é provável que esteja, porque uma quantidade de abelhas já foi encontrada nos papos de cegonhas mortas. Se o rouxinol, a andorinha, o papamoscas e outros pássaros insetívoros capturam e comem abelhas foi, muitas vezes, assunto de discussão entre os apicultores. Se eles capturaram algumas abelhas por necessidade, o dano que eles causaram aos enxames quase não vale o que se fala e, certamente, não existe razão para estes pássaros serem Apicultura Racional 339

perseguidos e destruídos, pois são, por outro lado, tão úteis nos libertando de tantos insetos problemáticos e prejudiciais. Eles não aparecem em nossa área antes de as abelhas terem uma boa quantidade de cria e a perda de algumas centenas de abelhas não será tão sentida. Entre os anfíbios especialmente os sapos comem muitas abelhas que acidentalmente caem no chão, especialmente quando elas são ficam quietas durante a noite. Eles também saltam para cima das colméias e apanham abelhas individuais. Mas os pequenos e mais numerosos inimigos que estão entre os insetos fazem o maior dano para as abelhas. Os próprios enxames de abelhas são inimigos mútuos perigosos, porque eles são inclinados a atacar, pilhar e destruir um ao outro. Quando no Outono o número das abelhas diminui tão sensivelmente na colméia, a causa principal de as abelhas estarem especialmente dispostas a entrarem nas outras colméias é porque a forragem terminou, e elas são agarradas e ferroadas. Enxames de um mesmo apiário não se molestam um ao outro tanto, mas enxames de apiários situados a pouca distância um do outro são mais inclinados a fazê-lo. Além da forragem abundante esta é uma das razões por que abelhas prosperam tão bem em colméias isoladas em florestas ou nas suas vizinhanças. Abelhas que vivem em compartimentos diferentes da mesma colméia Múltipla, podem brigar se suas entradas ficarem muito próximas, ou não estão perfeitamente divididas, ou se existirem fendas nas portas situadas do mesmo lado, ou até mesmo na parede divisória. Isto deve ser evitado cuidadosamente. Embora em tempo de muito calor, as abelhas agrupadas na frente da colméia se dão muito bem, a rainha, especialmente se for jovem, pode ser facilmente ferroada ou machucada. Entre outros insetos, o fly-wolf (Philantus apivorus) pode ser o maior destruidor de abelhas. Tem grande semelhança com a vespa ordinária, e é distinto desta principalmente pela cabeça mais grossa, tórax mais forte e abdômen mais longo e mais fino. Sabe agarrar as abelhas nas flores mesmo, estrangulando-as 340

Johnann Dzierzon

com suas mandíbulas moldadas em forma de garra, as ferroa ao mesmo tempo com seu ferrão curto, voa em seguida para sua cova com elas, apertando-as tão firmemente com suas pernas contra seu corpo que parecem formar um corpo único com elas. Sua cova é feita, como a da raposa, em qualquer lugar no chão, especialmente nos barrancos de valas e outros declives. Se estes inimigos das abelhas em verões secos se multiplicam grandemente, eles trazem grande perda para as colméias de abelhas no Outono e sua população cai muito. O hornets também são genuínos bee-wolves que, às vezes, pegam as abelhas nas flores, às vezes na entrada das colméias, e depois de arrancarem as partes não aproveitáveis, voam com os abdomens para seu ninho para colocar na frente de sua cria como comida. No Outono, quando eles ficam mais numerosos, eles provocam grandes danos às abelhas nas vizinhanças de florestas, especialmente em árvores de carvalho onde eles encontram muitas oportunidades para construir seus ninhos em troncos ocos. Então, deve ser feito um grande esforço, especialmente na Primavera, para matar suas grandes rainhas, porque assim se evitará a formação de muitos ninhos. As vespas pequenas só são menos prejudiciais porque agarram apenas uma abelha e, talvez, também são mortas quando atacam as abelhas e obrigadas a resistir; caso contrário elas só procuram mel e no Outono não carregam mais que uma gota quando as abelhas se amontoam e a entrada fica desguarnecida. Quando elas se multiplicam muito, em estações especialmente secas, elas trazem para as abelhas bastante trabalho e podem lhes causar grandes perdas, de forma que seria muito bom a entrada da colméia com quando uma lâmina perfurada sem, proteger porém, deixar de abrir novamente as abelhas desejarem voar com tempo melhor. O assim chamado piolho da abelha, um inseto pequeno de cor de noz-marrom que se prende principalmente nas costas das abelhas, só ocorre em casos isolados e mais freqüentemente nas rainhas. Foram observados outros insetos pequenos e larApicultura Racional 341

vas de insetos em abelhas; mas como eles só aparecem excepcionalmente e raramente e o apicultor nada ou pouco pode fazer contra eles, não nos deteremos em enumerá-los e descrevê-los. Quem estiver interessado no assunto pode encontrar informação explícita sobre eles em vários lugares no Bienenzeitung. Na revista citada, foi mencionada, recentemente e com freqüência, a traça de death's-head (cabeça da morte), às vezes tida como um inimigo danoso das abelhas, e outras vezes tida como inteiramente inofensiva. É certo que ela entra nas colméias atraída pelo cheiro do mel. Foi encontrada aqui em colméia caixa e Colméia Tronco, mas geralmente morta. Mas como ela ocorre muito raramente seu dano às colméias não vale ser mencionando. Mas se ocorresse em grande número, em várias localidades, poderia causar um dano considerável aos enxames de abelhas, pois ela não só as perturba muito com seu esvoaçar mas, por ser grande, é capaz de roubar de cada vez o equivalente a uma colher de chá cheia de mel. É mais perigoso para as abelhas e seus favos um outro inseto, muito menor, a assim chamada traça da cera, e especialmente sua larva ou lagarta que é muito bem conhecida de todo apicultor, assim que não há necessidade de descrevê-la com mais detalhes. Existem, como é bem conhecido, duas espécies delas; uma pequena e a outra, consideravelmente maior, peculiarmente perigosa. A menor está presente normalmente em muito maior número mas causa pouca perda para as abelhas. A espécie pequena cujas asas cinza prateadas ficam na forma de um telhado enxameiam em grande número ao anoitecer em dias agradáveis na frente das entradas das colméias, de forma que as abelhas, para mantê-las do lado de fora, correm ansiosamente e de mau humor, como se tivessem perdido sua rainha e a estivessem procurando. A pequena lagarta é encontrada normalmente no chão e se alimenta dos restos de cera. Elas roem também os favos a pedaços, mas sem tecer uma teia sobre todo ele como fazem as larvas da espécie maior, a qual, quando desenvolvida, atinge quase o tamanho de uma pena. Ela torna o 342

Johnann Dzierzon

armazenando de favos e conjuntos inteiros de favos extremamente difícil. Pois eles são muito facilmente roídos a pedaços e perfurados ao tecerem os casulos, o que os torna parcial ou completamente inservíveis. Realmente, favos isolados são mais facilmente salvos delas, porque eles podem ser inspecionados cuidadosamente de vez em quando. Seus ovos, que são um pouco mais grossos do que os ovos das abelhas, podem ser removidos com um instrumento pontudo e assim também a pequena lagarta que deles eclode, que fecha com teia a entrada do alvéolo no qual elas ficam escondidas. Enquanto estiver frio e os ovos não eclodirem, as larvas que saíram permanecem entorpecidas e não podem continuar seu trabalho destrutivo. Mas assim que o tempo melhora os favos devem ser cuidados mais freqüentemente, se não existir nenhum lugar suficientemente frio disponível para serem guardados. Amontoados ou pendurados, separadamente em um lugar arejado, eles não serão, de qualquer modo, tão facilmente atacados; as traças da cera não agüentam um local ventilado.* Elas fazem o maior estrago quando encontram os favos com cria. Mordem as paredes divisórias em pedaços, passam de um alvéolo para o outro, emaranhando as abelhas jovens na sua teia, ou deixando-as impossibilitadas de voar. Freqüentemente as larvas das traças pequenas escavam embaixo dos opérculos da cria e como conseqüência as abelhas retiram toda a cobertura de forma que, freqüentemente, serão vistas fileiras inteiras de alvéolos de ninfas não operculados. As larvas das traça podem ser mais facilmente retiradas dos favos com cria operculada sacudindo-os. Se os insetos nocivos conseguiram tomar conta da colméia, o que pode ser visto pelas muitas ninfas embaraçada nas suas teias e outras desSeria muito mais próximo da verdade dizer que a traça da cera não tolera atmosfera seca. Onde existir ventilação ali será possível o acesso da traça, e uma condição climática úmida as ajudará no trabalho de destruição, mas em ambiente morno, seco, estando os favos separados, é provável que elas invadam, e os ovos de traça, previamente neles depositados, secarão e se transformam em nada. - C. N. A. Apicultura Racional 343 *

cartadas pelas abelhas, o melhor que se pode fazer é retirar a rainha, como nos casos de cria pútrida, para ajudar a colméia a ficar em melhor condição. Se ela estiver muito fraca, deve ser fortalecida fornecendo abelhas. Quando toda a cria tiver emergido, e as traças já não encontram nenhum lugar nos favos com cria para se esconder, os favos podem ser limpos completamente pelas abelhas, consertados onde foram estragados, e a nova geração que nascerá da rainha que foi criada ou foi introduzida prospera novamente com sucesso. As larvas da traça devem ser removidas também das outras partes da colméia, limpando todas as fendas pequenas onde as abelhas não podem chegar facilmente, erguendo a tábua de cobertura e destruindo lagartas que forem encontradas embaixo dela. É melhor deixar uma pequena folga embaixo destas tábuas, de forma que as abelhas possam ir a todos os lugares e as traças não consigam se esconder. Se uma tábua for posta no piso da colméia as traças irão para debaixo dela e as abelhas não poderão localizá-las. Elas podem ser muito facilmente ali destruídas. As traças têm um esconderijo semelhante, confortável e seguro, debaixo da gaveta que muitos recomendam que se ponha na colméia. Esta deveria ser jogada fora seguramente, porque será propolisada pelas abelhas e será difícil de retirar. A traça da cera não é assim tão perigosa como geralmente é tido ser. No máximo, elas atacam enxames fracos até certo ponto e podem destruí-los ou podem impeli-los a deixar suas colméias. Tais enxames pequenos que são mantidos, talvez, só por causa das rainhas podem ser ajudados freqüentemente na estação quente do ano limpando a colméia dos detritos, examinando os matando favos particularmente os as quelarvas não estão cobertos abelhas, ou removendo de traça que pelas neles existirem, talvez, colocando-os ao sol quente sem, porém, permitir que a cerra derreta. Enxames fortes sabem como se defender destes inimigos, se eles não tiverem muito favo vazio com eles. Formigas são conhecidas, desde muito tempo, como inimi344

Johnann Dzierzon

gas das abelhas e as espécies marrons grandes, se tiverem seu ninho próximo, podem dar um bom trabalho para as abelhas; embora elas tenham uma utilidade, afugentam as espécies menores de formigas que, freqüentemente, são problemáticas por fazerem seus ninhos dentro ou entre as próprias colméias de abelhas. Elas podem ser afugentadas facilmente pelo uso da cinza e podem ser, da mesma forma, mantidas a certa distância de recipientes com mel. Será bom misturar um pouco de cinza com o material que será colocado no espaço vazio entre as paredes duplas das colméias, especialmente no fundo, que pode ser musgo, bons cavacos, linho descartado ou algo semelhante. Se as colméias caixas forem empilhadas umas sobre as outras, podem ser espalhadas cinzas entre elas. Isto faz uma união precisa entre as duas, e será impossível para as formigas como também para a traça da cera ali se abrigar. Todo apicultor reconhece as aranhas como inimigas das abelhas, porque as aranhas pegam-nas, sugam sua hemolinfa e muitas ficam emaranhadas em suas teias que são postas freqüentemente diretamente na frente das entradas. Retiramos estas teias e matamos as aranhas quando possível, o que é melhor fazer ao cair da noite quando elas saem dos seus esconderijos. No entanto, a perda que as aranhas de casa causam para as abelhas é muito insignificante e não merece ser mencionada. O dano é maior com as aranhas do campo que são numerosas no Outono, cobrem a flor do urze com suas teias, tornando muito difícil, ou quase impossível, para as abelhas trabalhar nesta flor. Só pancadas intensas de chuva podem remover este obstáculo depois das quais sempre será visto vôo mais abundante para o urze.

INFLUÊNCIAS NEFASTAS DO CLIMA Apicultura Racional 345

Muitos tipos de influências destrutivas do tempo, tanto no Inverno como no verão, provocam maior perda para as abelhas do que todos os inimigos aqui citados, aos quais, em muitas regiões, muitos outros poderiam ser acrescentados. Em alguns minutos, no Inverno, podem ser perdidas milhares de abelhas quando elas começarem a voar, atraídas pelos raios do sol, e encontrarem sua sepultura na neve ou, derrubadas por rajadas frias de vento ficam caídas no chão frio. Mas frio severo e prolongado não é menos destruidor. Não só muitas abelhas individuais das colméias são resfriadas, mas enxames inteiros dormem para sempre quando suas reservas de mel acima ou dos ninhos se esgotarem, por causa do frio severo que exige maior consumo. Na Primavera muitas abelhas morrem por estarem tão ansiosas em carregar pólen que elas se arriscam a vôos distantes e se resfriam quando o sol se esconde atrás de nuvens escuras. No Verão o tempo destrói das abelhas quando ele for tal que a Natureza não fornece mel algum, ou as abelhas ficam impedidas de coletar por causa dos ventos frios ou chuva contínua, ou quando as abelhas, enquanto forrageiam, são surpreendidas e destruídas por uma chuva pesada. Embora as abelhas normalmente gostem de calor, contudo um excesso pode ser prejudicial e até as destruir. De qualquer forma, muito calor não só enfraquece seu ardor, mas o favo se torna muito macio e pode derreter, parcial ou completamente, e pode vir a acontecer a ruína completa de um enxame por causa do calor. Embora o homem normalmente possa fazer muito pouco contra as forças de Natureza, contudo o apicultor pode afastar, ou pelo menos aliviar, muitas de suas influências prejudiciais. Ele pode provocar as abelhas no final do Outono e Inverno para um vôo de higienização quando ocorrer um dia realmente favorável para tanto, pois elas podem não querer voar em dias menos favoráveis. No Inverno, quando o chão estiver coberto de neve, ele coloca suas colméias em abrigos ou evita que os raios 346

Johnann Dzierzon

de sol incidam sobre elas. Para livrar as abelhas, na Primavera, de vôos distantes em busca de água, o apicultor providencia água para elas, ou mantém uma provisão de água continuamente à mão, num lugar livre de vento. Ele coloca sua colméia em posição que fique, tanto quanto possível, abrigada dos ventos e tempestades e protege suas colméias de calor excessivo, sombreando-as e mantendo-as ventiladas. Contra outras ocorrências destrutivas do tempo que provoca a morte de muitas abelhas durante o forrageamento longe da colméia, o apicultor não pode fazer nada mais além de manter seus enxames sempre fortes, uma redução considerável na população pode ser compensada facilmente com cria.

IMPLEMENTOS APÍCOLAS Em tudo que se disse até aqui, foram mencionadas, aqui e ali, diferentes operações que são executadas em apicultura. Embora a maioria seja feita com as mãos, certas ferramentas não podem ser dispensadas. Vamos, então, falar dos diferentes instrumentos que são, alguns deles, necessários e, outros, úteis e convenientes na atividade apícola.

Fumigador Este é o instrumento muito necessário na atividade apícola, e sem ele não pode ser executada nenhuma operação no interior da colméia. As abelhas são fumegadas com um duplo propósito para proteção contra suas ferroadas e para afastá-las de lugares onde se deseja trabalhar. Sem dúvida que a ferroada das abelhas é deApicultura Racional 347

sagradável, assim, acima de tudo, não é desejada. A abelha não ferroa sem causa. As abelhas são provocadas, se enfurecerem e ferroam por batidas na colméia, por barulhos, pela vibração da sua colméia ou outros objetos em que elas estão pousadas, por todo movimento rápido ou violento e, especialmente, pela respiração sobre elas ou submetendo-as a qualquer outra exalação animal. Especialmente quando elas pousam em animais e outros objetos de cor escura, cabeludos ou de superfície áspera, elas permanecem penduradas com suas mandíbulas, se emaranham e pelo seu assobio e zumbido excitam um número sempre crescente terminando por enfurecer gradualmente até o enxame inteiro ficar furioso. Simplesmente, ao abrir uma colméia uma parte das abelhas será levada a se enfurecer; deve então ser soprada fumaça sobre elas sem demora, com isto ocorrerá uma mudança imediata do tom. Em vez de raiva, as abelhas ficam possuídas de um tipo de embaraço em que elas não têm a mínima intenção de ferroar.

Com a finalidade de as pacificar e torná-las submissas a fumaça de tabaco é suficiente é peculiarmente para as acalmar. A fumaça pode eser aplicada diretoapropriada do cachimbo, especialmente se sua cobertura tiver o formato de um tubo cônico dirigido para fora, mas é melhor encher a boca de fumaça e assoprar sobre as abelhas. Mas se é intenção afastar as abelhas e mantê-las em movimento, é melhor usar fumaça da queima sem chama de tocos de madeira. Se forem grandes pedaços que podem ser divididas facilmente ou cortados em pedaços meno348 Johnann Dzierzon

res, não há necessidade nenhuma de outro recipiente para fumegar. Apanha-se um pedaço com a espessura do dedo polegar, ou um graveto fino, acende-se numa extremidade, e deixa-se a fumaça subir, ou soprando com a boca, para o lugar para onde queremos dirigi-la. Se às vezes o favo de cera for tocado com a brasa viva, ou um pedaço de cera é colocado sobre a brasa, o vapor faz as abelhas se moverem e correrem mais livremente. O efeito da fumaça é aumentado imergindo a madeira podre em salitre e, claro, secando-a bem novamente. Em vez de madeira podre pode-se usar um glimmering para fazer fumaça. Se a madeira podre estiver toda em pequenos pedaços, ou se é for tal que só queimará quando sobre brasas, então, claro, deve ser usado algum tipo de recipiente, o tipo mais simples é uma panela pequena na qual são postos, primeiro, alguns pedaços de carvão em brasa e sobre eles, de tempos em tempos, alguns pedaços de madeira podre. Pode ser usada madeira em decomposição ou outro material glimmering, como esterco seco de vaca, para a produção de fumaça. Em operações como forçar as abelhas e outras nas quais é freqüentemente necessário soprar a fumaça profundamente na colméia, um fumegador apropriado como o aqui representado torna o serviço excelente. Ele consiste de pequenos foles e uma cápsula de lata que ou pode ser posta na frente do bocal como na figura, ou ser colocada na válvula de ar. É provido, em ambas as extremidades, com pedaços de zinco perfurado, de forma que as faíscas não possam ser arrastadas nem lançadas. Um par simples de foles pode ser usado segurando um pedaço acesso de madeira podre em frente à válvula de ar e as abelhas a serem são postas emna movimento apenas pelaatiragem. Se um forçadas bocal pontudo é posto frente do dispositivo, fumaça pode ser dirigida com mais precisão para o ponto desejado. Outra menos necessária e menos conhecida peça para a proteção contra as ferroadas das abelhas, é o denominado

Apicultura Racional 349

Boné ou Capuz para Abelha em sua forma habitual, é uma tela oval pequena com uma bolsa presa de largura correspondente, e quando em uso é colocada em cima da cabeça, mas, em clima quente, é sufocante e extremamente incômoda. A forma representada aqui é muito mais confortável na qual o lugar da peneira está ocupado por uma máscara de arame. Mas o autêntico apicultor raramente ou nunca faz uso de um capuz de abelha. Assim como a dor da ferroada da abelha é instantânea, da mesma forma ela passa rápido; e se o ferrão for retirado imediatamente e o local esfregado violentamente com um pano molhado, uma parte do veneno que entrou no ferimento é removido, a ferroada não tem nenhum risco adicional, especialmente depois de o apicultor ter se acostumado com ela. Um pano molhado deveria ser mantido sempre à mão em operações longas. Mas quem tem muita predisposição para inchar, se ele for clérigo, professor, ou outro funcionário que têm que se apresentar em público, ele sempre deverá se proteger mais cuidadosamente das ferroadas das abelhas. Mas a melhor defesa contra elas é a introdução das abelhas italianas dóceis que muito raramente ferroam e só quando elas são muito irritadas ou apertadas. Ao trabalhar na colméia é melhor dobrar as mangas da camisa se elas não forem muito justas, para que as abelhas não sejam apertadas e levadas a ferroar se, por acidente, eles entrarem em baixo das mangas. Entre todas as precauções não é necessário proteger as mãos com luvas, em parte, porque uma ferroada nas mãos tem pouco 350

Johnann Dzierzon

significado e, em parte, porque muitas atividades serão executadas com dificuldade e desajeitadamente.

Peneira Uma pequena peneira do tamanho da usada para o capuz é muito útil em apicultura como, por exemplo, para separar as abelhas mortas dos pedaços de cera na limpeza da Primavera, para prevenir as abelhas de voarem em dias com neve e a outros tempos; ou para prender um pequeno enxame que esteja chegando, ajustando a peneira na colméia. Uma peneira um pouco maior pode ser muito convenientemente usada para pegar e alojar os enxames, bem como levá-las para um apiário que esteja distante, se a peneira tiver presa às suas extremidades um pano de tamanho adequado.

Colméia de Transporte Mas muito mais convenientes são as colméias denominadas de Transporte, caixas pequenas com uma tampa de tela de arame que feche facilmente; estas são usadas para levar enxames naturais, enxames forçados, ou abelhas para fortalecer outras. De acordo com a diferença dos métodos apícolas e diferença de objetivos, elas podem ser de diferentes tamanhos. As menores podem ser largas o suficiente para permitir de sejam colocadas diretamente na colméia, para, por exemplo, poder inserir, talvez à noite, abelhas fornecidas para fortalecer imediatamente com a colméia de Transporte, ou ser possível forçar um enxame artificial de uma colméia inserindo, invertida, para dentro, pelo topo e assim por diante. Mas pode, por exemplo, ser feita do tamanho de uma Colméia Geminada pelo lado de fora, Apicultura Racional 351

para ser possível carregar quatro enxames ou abelhas para quatro enxames. A tampa móvel da colméia, feita de tela de arame num quadro, pode ser presa no topo ou na lateral. Nós podemos pôr a colméia de Transporte inicialmente com o lado aberto para cima, e quando tivermos sacudido tantas abelhas que elas começam a se aglomerar no topo aberto, nós deitamos a colméia e colocamos o resto pela lateral. O ponto essencial é, não só que a tampa deveria ser tão arejada quanto possível, construída em tela de arame ou outro material semelhante, mas que o outro lado tenha aberturas para permitir as correntes de ar, de forma que até mesmo com grande calor as abelhas não sofram nenhum dano. É evidente que a colméia de Transporte deve ser feita de tábuas tão finas quanto possível, de forma que nós não tenhamos que carregar peso desnecessário de um lado para outro. Para a tampa, deve ser selecionado um material rígido se não for usada tela de arame por ser um pouco cara, porque se um material frágil semelhante a flygauze for usado, em pouco tempo as abelhas abrirão buracos, e assim poderão escapar. Isto não pode acontecer porque as abelhas são mantidas freqüentemente na colméia de Transporte durante noites inteiras, até mesmo durante alguns dias, sem rainha ou só com alguma cria para torná-las, por exemplo, mais dispostas a receberem uma rainha jovem, ou torná-las mais dóceis na união com outro enxame. Não deve ter nenhuma folga, por mínima que seja, na colméia após fechamento da tampa, porque isso levaria cen352 Johnann Dzierzon

tenas de abelhas a terem suas cabeças esmagadas quando fechada sem cuidado. Quem tem um fabricante de cesta hábil em suas vizinhanças pode ter colméias de Transporte bastante convenientes feitas de vime trançado ou raízes de salgueiro. Se elas forem de trançado apertado, e fechadas com firmeza para não deixar sair nenhuma abelha, serão excelentes para transporte e para despachar enxames. Mas as caixas normais têm a vantagem de permitirem separar muito mais facilmente as abelhas das paredes lisas e sacudi-las para um pano e elas podem também ser usadas como caixas para mel, de forma que nelas podem ser levados para casa favos bons de uma colméia distante. A colméia deve ser impermeável no fundo, de forma que o mel que gotejar não seja perdido, e os buracos de ventilação fiquem a pelo menos uma polegada do fundo. Caso contrário uma folha de papel deve ser posta ao fundo com suas bordas viradas para acima pelo qual nem mesmo mel límpido atravesse. Colméias de transporte que tenham profundidade adequada são muito apropriadas para manter os quadros durante a inspeção da colméia ou qualquer outra operação; elas são muito convenientes pois durante períodos de pilhagem os favos podem ser protegidos imediatamente do ataque das abelhas estranhas cobrindo-a com um tecido. Todo aquele que tiver colméias Geminadas com o espaço da cria com dez a doze polegadas de altura deve ter colméias de transporte construídas com a mesma altura, para que os favos completamente construídos possam ser mantidos nela. O comprimento, também, deve ser tal, ou maior, que permita receber todos os favos de mel ou de cria, quando eles forem invertidos, mas podem ser deitados de lado no fundo da colméia.da A largura de transporte corresponder à largura colméia.da Nocaixa entanto, se a caixadeve colméia for muito larga, pode ser resolvido colocando um sarrafo no lado aberto e pendurar as barras dos favos com uma extremidade no sarrafo e a outra na parede lateral. Mas pode ser intenção olhar os dois lados do favo, eles então devem ser retirados, mais particularmente para apanhar a raiApicultura Racional 353

nha, cortar uma realeira ali existente, ou algo semelhante, o que não será possível quando eles estiverem pendurados para baixo numa caixa. Para tê-los à nossa frente com liberdade para os observar, eles devem ser colocados sobre um cavalete.

Cavalete Este consiste de um pedaço curto de madeira e dois mais longos pregados, e três pernas pregadas neles inclinadas um pouco para fora. Os dois pedaços de madeira mais longos são colocados um do outro em distância igual ao comprimento das colméias e dos favos. Assim as barras de favos atingem com suas extremidades os dois encaixes e ultrapassam os pedaços de madeira que tem um encaixe de um quarto de polegada, de forma que os favos fiquem firmemente encaixados. A figura mostra a forma e estrutura do cavalete para favo.

354

Johnann Dzierzon

Alicate Para tirar e recolocar os favos é melhor usar os instrumentos que cada um tem sempre consigo e que todos sabem mane-

jar com habilidade, isto é, a própria mão e dedos. Mas quem grita e recua assim que uma abelha pousa em sua mão pode se valer de um par de alicates. Um par ordinário de alicates para arame serve perfeitamente. Ele pode ser levemente curvo, como mostrado na figura, de forma que as barras para favo possam ser agarradas mais facilmente quando estiverem embaixo do fundo da coroa da colméia.

Garfo

Um garfo de comprimento satisfatório pode ser útil na época de corte dos favos para o apicultor que teme ser ferroado. Até mesmo os proprietários de colméias Tronco tiram proveito deste utensílio algumas vezes para apanhar um favo de mel que será cortado e assim retirá-lo do recesso da colméia. Em colméias Apicultura Racional 355

com quadros móveis o garfo é, claro, ainda mais útil. Se um favo for perfurado logo abaixo da barra do favo ele ficará firmemente preso no garfo e não só pode ser retirado sem ficar muito estragado, mas pode ser recolocado novamente da mesma maneira. O garfo pode ainda ser mais bem manejado se suas pontas tiverem uma depressão com uma polegada de comprimento, não muito longe da ponta, de forma que quando a barra com uma polegada cair nela o favo fique firme no garfo. As pontas não deveriam se projetar mais do que meia, no máximo, uma polegada alem da depressão, ou caso contrário o próximo favo seria prejudicado desnecessariamente.

Faca Para soltar os favos que se deseja retirar e que estejam presos às paredes da colméia aqui e ali, qualquer faca normal, até mesmo uma faca de mesa, arredondada na ponta, é satisfatória. Quanto mais fina, mais afiada e mais flexível for mais conveniente será para separar os favos das paredes. Em tempo frio, quando a cera estiver mais dura, a faca pode ser aquecida no mesmo fogo usado para fumegar; desliza então muito mais facilmente pela cera.

Pena Para escovar abelhas dos favos, das paredes, &c., não há nada melhor que uma simples pena forte. Quando uma asa de ganso inteira é usada algumas das abelhas ficam com as garras de suas pernas emaranhadas nas penas, ficam irritadas, e assim outras ficam irritadas. Para limpar a colméia uma simples pena é suficiente, pois a parte principal dos detritos e as abe356

Johnann Dzierzon

lhas mortas pode ser removida previamente com uma barra ou um gancho de arame.

Gancho

O gancho pode ser usado para soltar e tirar as barras de favo que por vezes estão muito propolisadas. Este gancho pode ser feito facilmente dobrando a ponta de um grande prego com cabeça. Um prego de porta serve muito bem para o objetivo. Tal gancho é especialmente necessário quando queremos tirar os últimos favos, embaixo do fundo da coroa, que não conseguimos agarrar com a mão, ou próximo dos favos de mel que assim serão retirados sem serem machucados.

Gaiola para Rainha Para engaiolar a rainha, para mantê-la em nosso poder, ou para protegê-la das ferroadas das abelhas, ou para que ela não ponha ovos, precisamos da assim chamada gaiola para rainha.

A forma não tem maiores conseqüências apenas que atenda a seu propósito - permitir que a rainha se movimente livremente, seja alimentada pelas abelhas e que seja facilmente retirada e recolocada na gaiola. Uma gaiola para rainha pode ser feita Apicultura Racional 357

facilmente tomando um pedaço de um galho de salgueiro, com cerca de duas polegadas de comprimento e um pouco mais de uma polegada de grossura, fazendo nele um entalhe afastado das duas extremidades, em um pouco mais de meia polegada de profundidade, removendo a parte intermediária de madeira, e colocando, por cima do espaço aberto, uma tela de arame, fechada o suficiente para que nenhuma abelha consiga passar e, se possível, que nem mesmo consiga inserir sua cabeça. Numa das pontas será feita um orifício para a introdução e liberação da rainha. Em vez de ser arredondada por cima a gaiola pode ser plana e baixa. A abertura para introduzir a rainha pode ser situada então num dos lados onde em vez de colocar arames será colocada e fixada uma cunha móvel entre as partes projetadas. Em tal gaiola pode ser inserida uma realeira onde pode ser mantida durante algum tempo, também pode ser posta em qualquer colméia sem receio de que a rainha seja destruída. Gaiolas para rainhas, totalmente chatas, são mais convenientes para esta finalidade – pois elas podem ser colocadas entre os favos ou podem ser postas embaixo da cobertura. Como a abertura da última extremidade é maior que da anterior, a rainha engaiolada será com mais facilidade liberada, depois de um certo tempo, pelas abelhas, supondo que (a abertura) tenha sido fechada com cera.

Armadilha para Zangão serve para apanhare,zangões quando quando eles estão presentes Esta em grande quantidade especialmente, queremos manter abelhas italianas puras e as propagar. Seus pontos essenciais foram apresentados na descrição da página 197 e esperamos que a figura esclareça suficientemente. Não importa se é redonda ou quadrada ou se é toda ou só parcialmente de arame. Quem não for muito hábil com arame 358

Johnann Dzierzon

pode fazer, mais facilmente, uma armadilha quadrada e se ela

for de madeira, o lado pelo qual passa o tubo como também a lateral oposta, onde está a porta para retirar os zangões que podem ser mortos em água quente, que é de construção ainda mais fácil. Os arames poderiam ser, como nas gaiolas para rainhas, estendidos de uma tábua para a outra dobrando as extremidades para baixo, como uma braçadeira, e os martelando nas extremidades das tábuas, ou os puxando por pequenos buracos feitos perto da borda. Será mais prático colocar quatro pilares um em cada um dos cantos de tábua a tábua, e circular o arame em volta da estrutura, continuamente, sem quebra, como uma espiral. Se os arames tiverem sido colocados muito próximo ou muito afastados, o erro poderá ser mais facilmente corrigido. Se os arames são colocados mais próximos do que a largura de um alvéolo de operária sua distância será corrigida. As operárias podem passar entre eles facilmente, mas os zangões serão retidos. Para construir uma armadilha corretamente serão usados vinte arames com dezenove espaços para a distância total de 3⅜ de polegada, equivalente à largura de dezesseis alvéolos de operária. Neste caso deve ser observado que os arames sejam bastante finos. Os arames que formam o tubo devem ficar igualmente afastados e a forma do tubo deve ser adaptada à entrada. Até mesmo se a entrada não for totalmente preenchida não será problema. Seria até mesmo bom se ficassem aberturas do lado, para que as operárias pudessem entrar Apicultura Racional 359

diretamente na colméia por estas sem ter que andar primeiro pelo tubo. Uma vez que a rainha tem aproximadamente as mesmas dimensões dos zangões e realiza seus vôos ao mesmo tempo em que os zangões, é preciso cuidar para não usar a armadilha numa colméia que tem uma princesa jovem não fecundada, para que não seja apanhada e morta. Usar a armadilha numa colméia que está pronta para enxamear a fim de pegar a rainha, ou evitar a saída do enxame durante um afastamento temporário do apiário, também seria perigoso, pois existe o risco de congestionamento do tubo com abelhas precipitadas para acompanhar o enxame e a colméia poderia ficar então facilmente sufocada. O tubo deve ter então a largura igual ao comprimento total da entrada, e diminuir gradualmente seu tamanho.

Rede de Enxame A rede de enxame é usada para prevenir que um enxame levante vôo e pegá-lo assim que ele sair. É aqui mencionada apenas para atender o objetivo. Não há nenhuma necessidade de descrevê-la mais particularmente, pois o que é necessário já foi dito na página 158 e o apicultor racional que continua a aumentar seus enxames sistematicamente raramente estará em frente de tantos enxames que seja obrigado a usar o recurso da rede de enxame para impedir seu vôo. Ter disponível à mão esta rede assim que o enxame começar a sair envolve tanta atenção e ansiedade intermitente que o apicultor negligenciaria completamente outra coisa talvez de maior importância.

Recipiente Escavado 360

Johnann Dzierzon

Para separar e recolher abelhas nós podemos usar, certamente, o primeiro recipiente que encontrarmos, como uma caixa, uma concha ou algo parecido, mas podemos dispor de um feito especialmente para esta finalidade, construído em forma de concha em madeira ou lata provida de cabo. É mais conveniente que tenha a forma arredondada para possibilitar seu uso em skeps e, freqüentemente, em colméias tronco que são redondas, mas para colméias de caixa é melhor que seja quadrado. Se for redonda numa extremidade e quadrada na outra, pode ser usada em todos os tipos de colméias. Deve ser firmada então no cabo de forma a permitir ser girada em torno do prego com que está presa, e ser virada de forma que, por vezes, a extremidade redonda fique para a frente e, por vezes, a extremidade quadrada.

Alimentador Tal caixa, sem manivela, pode ser usada ao mesmo tempo como alimentador - caixa para dar mel líquido para as abelhas, entretanto é melhor que ela tenha os lados perpendiculares, de forma que o junco, palha, ou pedaços de madeira, com os quais o mel é coberto para evitar que as abelhas se afoguem, possam, à medida que o líquido desce, continuar baixando até o fundo sem empecilho. Em colméias com quadros móveis podemos Apicultura Racional 361

muito bem alimentar sem recipientes especiais, desde que possamos verter o mel para os alvéolos de um favo vazio em local abrigado e depois suspender na colméia quando não tivermos mais nenhum favo cheio em cima. Podem ser postos pedaços de mel sólido no espaço para mel e em tempo mais ameno serem postos no chão da colméia, ou serem postos abaixo no primeiro recipiente que servirá perfeitamente para o propósito.

Panela de Lata Já foi dito que uma lata ou panela de louça é necessária para derreter a cera a fim de prender os começos de favo nas barras. Uma panela com 12 polegadas de comprimento e 2 polegadas de largura no fundo atenderá muito bem para a finalidade. Em outras oportunidades pode ser usada como recipiente escavado e alimentador de cocho.

Seringa Uma seringa com uma ponta longa e abertura fina, semelhante a uma seringa cirúrgica, será freqüentemente muito útil em apicultura. Um enxame pode ser borrifado convenientemente com ela, as abelhas de um enxame podem ser induzidas a 362

Johnann Dzierzon

saírem mais depressa se usarmos a seringa debaixo delas; pode ser injetada água para o enxame nos favos através da entrada ou pela porta; um enxame pode ser induzido a voar na frente da colméia, excitando-o com mel diluído, e o efeito contrário pode ser obtido, as abelhas serem levadas a descansar, quando elas querem começar a voar em momento desfavorável, borrifando água fria sobre elas, fazendo-as supor que está chovendo.

Parafuso Um canivete normal é geralmente suficiente para abrir a porta da colméia. No entanto, no Inverno as portas de madeira podem inchar tanto que teremos de usar um pouco de força para as abrir. Neste caso nós podemos fazer uso de um parafuso no qual é preso um grande anel. Depois que o atarraxamos à porta e colocarmos uma vara um tanto longa através dele como alavanca a porta é arrancada mesmo quando muito inchada.

Centrífuga Uma das invenções mais úteis recentemente feitas em apicultura prática é a máquina pela qual o mel pode ser extraído do favo sem destruí-lo. As tentativas anteriores eram virando o favo para baixo fazer o mel sair dos alvéolos pela simples força da gravidade, mas o resultado era muito imperfeito, porque a força de adesão com que o mel é retido nos alvéolos é sempre mais forte do que a da gravidade. O Major Von Hruschka, de Pólo, perto de Veneza, teve a feliz idéia de usar outra força mais intensa, a força denominada centrífuga que é produzida e pode ser aumentada à vontade quando os corpos forem colocados em Apicultura Racional 363

movimento rotacional rápido. De acordo com a primeira lei dos movimentos, todo corpo tende para uma linha direta, a menos que sob a ação de uma força externa, mas quando colocado em rotação rápida sua direção é continuamente alterada, tudo que não estiver firmemente preso a ele é arrancado de sua superfície, como a pedra é jogada da funda, a água da escova de aspersão, a lama da roda do carro. Assim acontece com o mel do favo que voa dos alvéolos abertos voltados para fora, quando o favo é colocado em rotação rápida. Pelo fato de o mel ser jogado para fora normalmente é usada a denominação honey-slinger*,

por causa da rapidez. Consiste de duas partes principais, isto é, um tipo de manivela pela qual e com a qual os favos são postos em movimento rotatório rápido e um recipiente envolvente que

Honey-slinger significa, ao pé da letra, funda de mel. N. T. 364 Johnann Dzierzon *

captura e coleta o mel atirado. Se imaginarmos uma mesa pequena de forma quadrada com suas quatro pernas voltadas para cima, com um eixo perpendicular atravessando o meio do tampo da mesa, e as extremidades das pernas conectadas através de braços, teremos algo com a forma de uma manivela para quatro favos, como geralmente elas são feitas. Os favos de mel a serem esvaziados são postos dentro ou ficam pendurados entre cada duas pernas adjacentes, e quando um lado do favo está vazio este é virado e a máquina é posta novamente em movimento. Para evitar que os favos se quebrem enquanto eles ainda estiverem pesados, eles devem ser apoiados contra um tipo de rede pela qual o mel pode passar, ou contra vários arames ou linhas esticados. Para o invólucro exterior foi recomendada no Bienenzeitung, por um apicultor prático, qualquer caldeira grande normal, mas um recipiente igual a uma banheira de madeira, com parede perpendicular certamente é mais bem adaptado para o objetivo. A panela na qual o eixo perpendicular trabalha está no meio do fundo. No topo o eixo passa por uma barra em que é firmado. O ponto principal é o mecanismo pelo qual a manivela pode ser posta em movimento mais rápido possível. O mais simples é apenas uma corda forte que é repetidamente puxada violenta e rapidamente depois de ter sido enrolada no cabo redondo do topo, e que será enrolada novamente quando começar o movimento. O Sr. Schmidt, apicultor de Ingolstadt, considerou este equipamento suficiente e fez muitas máquinas com este princípio. Mas os movimento que resultam são aos trancos. Movimento uniforme se obtém girando uma roda provida de manivela é muito mais adequada. Não importa muito for conseguido movimento incomparavelmente mais rápido dase manivela através de uma roda dentada ou se através de uma corda ou uma correia motriz,. No último caso, a roda que será girada com a mão, pode ser posta em qualquer lugar fora da máquina e a correia motriz ou corda pode ter o comprimento que preferirmos. Claro que, na máquina só sai fora o mel de alvéolos abertos. Se os favos de mel estiverem total ou parcialmente operculados, eles Apicultura Racional 365

devem ser desoperculados antes de serem postos na máquina. Para isto, é usada uma faca apropriadamente moldada,

Faca de Desopercular Outro instrumento tem sido recomendado com o mesmo propósito, o rolo de favo, com o qual os opérculos são quebrados em pequenos pedaços de forma que sejam jogados fora junto com o mel. Mas a faca será preferida por ser mais simples.

REFINAMENTO DO MEL E DA CERA 366

Johnann Dzierzon

Estritamente falando, esta não é uma tarefa para o apicultor que vende mel em favo e favo de cera natural, e deixa para os outros a extração do mel e refinamento da cera. Mas como os apicultores geralmente querem eles mesmos fazer, podem ser dadas algumas sugestões sobre o assunto.

A extração, ou retirada do mel, pode ser feita a frio ou morno. Extraído a frio, o mel preserva sua cor clara bonita, e seu sabor puro natural. Isto ocorre prontamente tão longo ele ficar límpido. Os favos de mel são lançados numa cesta, feita de vime, os favos são quebrados em pedaços, de forma que todo alvéolo seja destruído, deixando o mel gotejar num recipiente posto abaixo. Com temperatura mais morna o fluxo de mel será mais rápido e mais completo. O que fica é extraído vertendo repetidamente água morna que será usada para alimentar as abelhas, ou para preparar vinagre ou hidromel, ou será fervido para obter mel sólido. Mel parcialmente cristalizado deve primeiro ser liquefeito com calor moderado, e então será tratado do modo mencionado. Mas como o mel adquire uma cor mais escura, muito rapidamente, e um sabor de queimado, é melhor por o recipiente com o mel numa caldeira, enchendo-a parcialmente com água e deixando ferver até que o mel fique totalmente dissolvido. Mel e cera são separados pelo calor, pondo o recipiente cheio de mel, talvez, no forno de assar, depois que o pão tenha sido retirado. A cera derretida sobrenada, e no dia seguinte está solidificada na forma de um bolo firme que ou pode ser retirada ou pode ser deixada para preservar melhor o mel que está abaixo. Se nos favos de mel nunca foi armazenado pólen nem cria o Apicultura Racional 367

bolo de cera que se forma em cima do mel é de cera bastante pura. A maioria dos favos de mel, especialmente os favos de cera vazios que vão para a panela de derretimento, contem alvéolos com pólen aqui e ali, e uma quantidade de casulos de ninfa que as abelhas jovens neles criadas deixaram para trás. O refinamento da cera consiste na separação deste dois elementos estranhos. É evidente que isto não pode ser feito sem dissolver a cera, quer dizer, ferver na caldeira ou panela, com quantidade satisfatória de água, até que todas as partículas de cera fiquem líquidas. Tudo que deve ser feito depois é separar a cera limpa dos outros elementos. A cera se separa da água, sobrenada como uma substância gordurosa com menor peso específico. A separação das outras substâncias que igualmente nadam na água é mais difícil. A única coisa a fazer é mantê-los em baixo permitindo a subida da cera líquida. Se uma lâmina perfurada é posta no recipiente cheio até a metade, e for derramada água quente, a cera quente passará para cima da tampa continuamente e pode ser retirada, escumada, ou pode ser deixada para mais tarde quando solidificará num bolo. Com grande quantidade a operação pode ser terminada mais rapidamente por pressão do que por uma simples ebulição. A principal tarefa é apertar a massa fervida tão quente quanto possível e tão depressa quanto possível. Para isto é necessária uma bolsa bastante forte, mas não muito fechada, e uma prensa que permita aplicar pressão forte. Não importa se é uma prensa de estampagem ou uma prensa de parafuso. Uma prensa para esmagar, com longos braços, é um dispositivo simples mas bastante prático para a operação. Uma pressão forte pode ser aplicada, permitindo ao mesmo tempo relaxar, a todo o momento, e sacudir a bolsa um pouco. Para prevenir que a cera espirre e seja desperdiçada, podem ser posicionados favos para pegar a cera líquida que poderão ser fervidos novamente. Se o fluxo que escorre para baixo for recebido num recipiente com um pouco de água a cera será separada imediatamente por solidificação. É recolhida e fervida novamente com água para purificar totalmente. Depois que a espuma foi retirada, e a cera clareou, é 368

Johnann Dzierzon

vertida num recipiente. Panela com parede alta é melhor, assim a impureza que ainda existe cairá para o fundo e não ficará parcialmente na margem, o que daria ao bolo de cera um aspecto escuro. O recipiente pode ser untado com um pouco de água com mel do qual a cera poderá ser removida mais facilmente, e assim que um bolo tenha se formado pode ser solto cuidadosamente com a ponta de uma faca onde estiver aderido ao recipiente e começa a rachar. A cera impura que foi escumada no topo, e que ficou no fundo do bolo, é armazenada para ser fervida novamente no próximo derretimento.

USOS E MANUFATURADOS ADICIONAIS DA CERA E DO MEL Zzzz Isto apropriadamente não pertence a um livro sobre abelhas. Mas como um conhecimento melhor de como converter produtos das abelhas em dinheiro pode contribuir indiretamente para a promoção da apicultura aqui podem ser fornecidas algumas sugestões sobre o assunto. Fazer referência aos múltiplos usos da cera é perfeitamente desnecessário. A investigação freqüente prova suficientemente que existem artigos de alto valor que só podem ser feitos com cera e que sempre haverá compradores a postos. Poderá existir em estações excelentes para as abelhas a necessidade de um mercado para o mel, embora seus usos também sejam muitos. Mas o consumo de mel poderia ser muito e mais generalizado do que é. Assim como o apicultor, na falta de mel, usa açúcar para alimentar as abelhas, assim o mel pode, quando houver excesso, substituir o açúcar. Mel é excelente para preservar e adoçar fruta. Melões sabem muito melhor com Apicultura Racional 369

mel do que com açúcar. Para adoçar chá o mel se adapta muito bem, como também possui um caráter sudorific. Por causa de sua afinidade próxima com o açúcar de uva, o mel poderia ser usado para a preparação de hidromel e vinho de mel, ou para a melhoria de vinhos que precisam de açúcar, poderia ser usado em maior quantidade do que é. O Sr. Blume, farmacêutico de Berlim, mostrou as esplêndidas bebidas que podem ser feitas com mel e trouxe para a reunião de apicultores alemães em Hanover diferentes tipos de hidromel e vinho de mel de sua própria fabricação que receberam a mais efusiva aprovação. Grandes somas que são enviadas ao estrangeiro por conta de vinhos adulterados poderiam ser mantidas no país se o consumo de hidromel e vinho de mel fosse mais difundido. As diferentes associações que se empenharam para a promoção da apicultura deveriam fazer um esforço nesta direção e eles mesmos abrir caminho, especialmente em suas reuniões. Então, não há porque ficar ansioso sobre o que será feito com o mel se a atividade apícola se tornar mais generalizada e ocorrer uma boa estação para a abelha. A um preço moderado, até mesmo então, não será necessário procurar mercado. Mel bom, especialmente mel em favo, valerá talvez sempre 6d. por lb, e se forem colhidas maiores quantidades o lucro sempre será bom. Se pudermos colher 60 lbs de um enxame bom, numa estação de mel boa, isto daria um lucro de 30s., com que podemos ficar bem satisfeitos. Além disso, mel se mantém por muitos anos e não precisa ser entregue por preço ridículo; um apicultor cuidadoso sempre reserva parte da sua colheita como segurança para dele no caso de a próxima estação vir a ser ruim. Ele seleciona para isto, claro, o mel que é menos vendável, contendo pólen, colhido de favos pretos velhos, ou tendo cor escura como mel de trigo-mouro, mas que é uma comida especialmente aceita e saudável para as abelhas por causa de sua força peculiar. Se mel tiver seu preço ainda mais reduzido, como é dito ocorrer em certas regiões da América onde é quase sem valor, ainda assim estaria nas mãos do apicultor racional produzir 370

Johnann Dzierzon

mais cera do que mel.* Isto seria conseguido cortando tanto quanto possível na Primavera e depois do tempo da enxameação, e pela multiplicação máxima possível de enxames no Verão e redução no Outono. Mas se o resultado da apicultura for para ser lucrativo, não é simplesmente uma questão de aumentar o número de enxames, ou manejá-los sempre como devem ser, mas deve ser prestada atenção para que as abelhas nunca sofram falta de comida abundante. As abelhas não conseguem fazer mais do que coletar e refinar o mel que a Natureza lhes oferece, elas não têm poder para produzi-lo. Se os apicultores de um distrito pensarem apenas em aumentar o número de seus enxames, facilmente poderia ocorrer uma superpovoação depois de algumas estações de enxameação. Assim, não é de todo supérfluo, em conclusão, dizer algo sobre pasto apícola, do qual todo apicultor deve saber e ao qual deve estar atento, de forma que suas abelhas e ele possam ser bem sucedidos.

FORRAGEM APÍCOLA As abelhas certamente visitam a maioria das flores, entretanto algumas em particular são especialmente preferidas por elas, em parte porque elas rendem pólen e mel em abundância, e em parte porque elas são facilmente acessíveis a elas. Muitas

*

Considerando que toda libra de cera produzida será às custas de aproximadamente 20 lbs. de mel, dificilmente podemos admitir que a cera seja vista como um produto remunerador da apicultura. Um enxame normal de abelhas, em um ano, não produzirá em média mais do que, digamos, 2 lbs. de cera na forma de favo, e para mantê-las neste trabalho será necessário remover o que elas fazem continuamente, e o resultado de 1s. 6d. para 1s. 8d. por lb. não pode ser considerado altamente remunerativo. - C. N. A. Apicultura Racional 371

têm valor especial para as abelhas por fornecerem comida muito cedo, como a aveleira da qual eles levam freqüentemente pólen e preparam comida da cria já em fevereiro, mas como regra em março. Depois o amieiro, a faia, ou choupo tremedor, mas especialmente as diferentes espécies de salgueiros que florescem um depois de outro de Março a Maio; e entre os quais os salgueiros masculinos são de grande valor para as abelhas, porque eles não só fornecem mel mas também pólen em abundância, e favorece muito o desenvolvimento da cria. O salgueiro palma, Salix caprea, é notoriamente valioso para as abelhas, e pode fornecer outros brotas, uma vez que ele não enraíza tão prontamente como as outras espécies, e desta forma podem ser conseguidas árvores grandes muito rápido, e ao mesmo tempo o sicômoro e a flor do olmo fornecem pólen e mel em abundância. Em seguida seguem os diferentes tipos de árvores frutíferas, cujas flores formam o pasto principal da Primavera em regiões onde são cultivadas, considerando que em floresta o mirtilo ou mirtilo europeu floresce ao mesmo tempo, oferecendo mel em abundância talvez excedendo a qualquer outra planta de forma que recompensa transportar as colméias de abelhas para lá onde se estende por uma área considerável da floresta. Infelizmente ali ocorre uma interrupção do pasto e do vôo das abelhas na maioria dos distritos depois que as flores de árvores frutíferas terminam e quando o espinheiro está em flor; e como existe agora cria em abundância as colméias devem ser alimentadas se as abelhas não tiverem nenhuma reserva. Esta pausa é menos notável em distritos onde são cultivadas plantas oleaginosas, nabo e colza, a última permanece em flor especialmente durante algum tempo até a hera de chão, trevo branco, e milho começarem a florescer. Com relação a arbustos o florescimento do bird-cherry provoca os mais intensos vôos no final de Maio ou começo de Junho. Este arbusto merece, então, pelo menos, ser protegido até mesmo se não especialmente cultivado. O buckthorn (Licium), desde que dispõe de mel em abundância na Primavera e no Outono, e serve muito bem para cerca viva e árvore de sombra, merece ser freqüentemente plantado pois isto pode 372

Johnann Dzierzon

ser feito facilmente através de galhos. Entre as árvores que merecem menção há a horse-Chestnut e o bordo dos quais todas as espécies são intensamente visitadas pelas abelhas, e especialmente a acácia comum e a lima. Elas não só fornecem uma quantidade de mel, mas é de um sabor extremamente agradável e conseguem facilmente altos preços. Então, seu cultivo também é recomendado, não só pelo interesse da apicultura, mas para o embelezamento do país, pois elas têm folhagem muito bonita e fornece sombra abundante. Entre as coníferas, os abetos e pinheiros (especialmente o inseto da casca do pinheiro que vive neles) fornece, freqüentemente, como é conhecido, grandes quantidades de mel. Mas, infelizmente, quando este mel é a única comida das abelhas, e elas estão impedidas de voar há muito tempo provoca, normalmente, o aparecimento da disenteria. Mais ou menos, se consegue os mesmos produtos de todos os afídios que, em tempo ameno e continuamente seco, freqüentemente aparecem nas folhas de muitas árvores e são conhecidos pelo nome apropriado de honey-dew*. Embora as abelhas não desprezem os afídios, mas até mesmo coletam intensamente, e apanham quando é dissolvido pelo orvalho ou uma chuva mansa, contudo o néctar das flores é sua comida natural e porisso mais saudável. Entre as ervas, denominadas daninhas, o field radish, Raphanus raphanistrum, o blue corn-flower, Centaurea cyanus, e o eyebright, Euphrasia odontides, podem ocupar, talvez, a primeira posição como plantas melíferas. Perto de Carlsmarkt, a flor do milho é quase o único pasto de verão, e sem ele a apicultura dificilmente poderia ser ali desenvolvida. Talvez entre as plantas cultivadas o trevo branco, Trifolium

repens fornece o pasto abundante, porque a flor nãolástisó é muito ,rica em mel mas mais porque dura muito tempo. É uma ma que as abelhas só visitem o trevo vermelho sob certas circunstancias, porque tem uma corola profunda. Entre as espécies de trevo que merecem serem cultivadas há, especialmente,

*

Honey-dew, traduzido para melato. N.T. Apicultura Racional 373

o trevo vermelho Trifolium incarnatum que, entretanto floresce só um vez, pode ser semeada no Inverno, ou talvez em Agosto, e começa a florescer assim que as flores das árvores frutíferas estão acabando; e o colorido luminoso do trevo sueco, Trifolium hybridum que floresce novamente mais tarde e ainda fornece comida para as abelhas em Agosto. O sainfoin é bem conhecido como excelente planta melífera, como também o heath-corn ou trigo mouro que prosperam especialmente em terras fracas e às vezes são semeados como cultura do cedo; mas não antes do fim de Maio ou em Junho, por causa de sua sensibilidade a geada; e às vezes é semeado como uma cultura do tarde para ryestubble. Horsebeans e ervilhaca secretam muito mel, mas, muito notavelmente, não nas flores, e sob condições favoráveis de tempo são muito visitadas pelas abelhas. O tremoço, que agora está sendo cultivado sempre mais extensivamente, com certeza não é completamente desprezado pelas abelhas, mas freqüentemente não é tão visitado como poderia ser desejável. A urze é bem conhecida como fornecedor de abundante pasto no Outono. As flores do tabaco, quando é cultivado extensivamente, rende muito mel em Setembro, e até mesmo em Outubro, se não for, antes deste tempo, destruído pela geada, como também as flores do groundivy são muito abundantes em declives acentuados, e em campos de colza e de nabo. Existem ainda muitas plantas cujo cultivo melhoraria muito e prolongaria o pasto apícola entre as quais apenas uma única deve ser aqui mencionada. Um zeloso aficionado de abelhas da Rússia, Sr. John Kalinski, recomendou insistentemente ao Autor, e deixou algumas sementes dela com ele. É uma planta de verão, cresce rápido e floresce depressa, até mesmo se não for semeada antes de julho, talvez no solo que tenha fornecido previamente uma colheita de ervilha. A planta se torna um arbusto grande, a folha é semelhante à do cipreste, a flor é de um azul semelhante ao do viper´s bugloss, Echium vulgare, e é trabalhada pelas abelhas em outubro, e até mesmo em novembro. Ele a identificou como sendo Phacelia congesta. Mas o pasto das abelhas pode ser melhorado e pode ser pro374 Johnann Dzierzon

longado transportando-as para um local onde elas podem ter um pasto melhor, ou onde ainda exista depois que terminou nas vizinhanças do local anterior. Certamente as abelhas voam muito longe, até cinco milhas inglesas, quando elas já não encontram nada mais próximo; mas, claro, elas não podem fazer tantos vôos, e podem morrer em sua longa viagem, e caem ao chão exaustas pelos ventos fortes, ou se tornam uma presa de seus numerosos inimigos, de forma que para vôos a grandes distâncias, no final, a perda é maior do que o lucro. Até mesmo em regiões nas quais a apicultura migratória não é executada em algumas circunstâncias pode ser muito vantajoso transportar uma parte das colméias a pequena distância quando a colza, trevo e trigo-mouro estão, por casualidade, um pouco distantes. Removendo algumas colméias consegue-se melhorar o pasto para as que ficam, porque agora fica para elas dividirem o que as outras teriam levado. Todas essas vantagens são também conseguidas ao separar e reunir duas colméias que se encontrem distantes uma da outra, o que já foi muitas vezes mencionado nos devidos lugares. A partir disto pode ser visto que, da mesma forma, existe vantagens e conveniências quando os favos individuais de uma colméia são móveis e podem ser postos em outro lugar a bel prazer, não é menos vantajoso quando colméias individuais forem móveis e podem ser transportadas facilmente para qualquer apiário que quisermos. Como conclusão, o Autor não pode, então, recomendar muito fortemente a Colméia Geminada, como também os colméia Lager dupla. Um motivo adicional para ele recomendar é a excelente possibilidade de hibernar as abelhas em Colméias Geminadas, mais destruidor que possa ser o Inverno como para as abelhas. por Hibernar Abelhas é obra-prima do apicultor, disse Von Ehrenfels. Embora o Autor tenha conseguido, freqüentemente, amargos resultados das devastações causadas por causa do clima extremamente frio continuado, e embora ele tenha perdido muitas colônias, até mesmo populosas, em colméias conjunto, e em colméias feitas de troncos, ele constatou que as abelhas sempre passaram bem o Inverno em Colméias GeminaApicultura Racional 375

das, por pequena que seja a colônia, seus favos permanecem muito limpos, elas consomem pouca comida, enquanto o consumo em outras colméias é normalmente grande com clima frio. Quando o Inverno mostrar sinais de ficar severo, as Colméias Geminadas são postas em algum lugar abrigado, de forma que o interior das colméias dificilmente atinge o ponto de congelamento, enquanto a temperatura dentro das colméias onde é permitida a livre circulação do ar fique freqüentemente tão baixa quanto 20°R. (13°F. abaixo de zero), ou até mais baixa. Também, as colméias de palha podem ser colocadas facilmente em abrigos, mas não podem ser empilhadas tão facilmente quanto as Colméias Geminadas. Onde o espaço é limitado, as últimas podem ser colocadas umas sobre as outras, como troncos de madeira. Se as colméias tiverem que ficar encostadas, as entradas podem ser fechadas e as portas ficando todas voltadas para uma passagem, que deveria permanecer bastante livre, o ar pode ser admitido abrindo um pouco as portas ou as removendo completamente, no caso de as colônias serem grandes e exigirem mais ar. Na ausência de lugar satisfatório para manter as abelhas durante o tempo em que o frio for muito intenso, um apicultor poderia colocá-las num quarto excedente, ou até mesmo removê-las para um canto fresco da sua sala de estar, e fazendo assim ele vai prestar um grande serviço para as abelhas, pois alguns dias extraordinariamente frios são suficientes para dar o golpe mortal a uma colônia. Mas no apiário ao ar livre as abelhas sempre hibernam melhor em Colméias Geminadas do que em outras colméias, especialmente quando observarmos que os enxames jovens que nelas foram colocados construíram favos no oespaço da cria, mas construíram e encheram menos imediatamente pequeno espaço, de qualquer modo, acima do ninho da cria e espaço de Inverno. Elas ficam então rodeadas por todos os lados com reservas que podem se mover mais convenientemente de um lado para outro, e não será o seu conjunto, como é o caso de muitas colônias em outras colméias, que permanecerá frio em favos vazios enquanto reservas adequadas ainda existem em suas pro376 Johnann Dzierzon

ximidades. Nós nos permitimos fazer muitas alterações nas Colméias Geminadas, mas o velho perito, o Forester Krüger, projetou-as de forma a não receber nenhum melhoramento. A única alteração que recomendo, e que tem uma certa justificativa, se relaciona à colocação de umas sobre as outras ou ao seu empilhamento para não ser cruzado mas paralelo, de forma que as entradas fiquem voltadas apenas para duas direções, e o apicultor, operando, seja menos incomodado pelas abelhas. Uma pilha de seis Colméias Geminadas simples, ou três colméias duplas, se pareceria então como o mostrado na figura da página 107. Todo trabalho humano é capaz de melhoramento e aperfeiçoamento e assim também com as colméias das abelhas e todo método descrito pelo Autor. Toda melhoria e experiência nova ele irá, como anteriormente, trazer para a apreciação dos apicultores através do órgão da Associação Alemã de Apicultores, o Eichstädt Bienenzeitung. É habitual, na introdução à apicultura, especialmente para novatos, dar uma compilação das diferentes operações a serem empreendidas numa colméia no decurso do ano, de acordo com a sucessão dos meses. Embora o Autor siga a prática indicada neste guia para apicultura racional, ele não desejaria indicar nada mais do que a sucessão ordenada dos trabalhos do apicultor, e de forma alguma estabelece tempos fixos para suas operações. A vida na natureza é despertada de acordo com a diferença do clima e da região e de acordo com a estação; e as operações com colméias devem ser executadas por vezes mais cedo e em outros momentos consideravelmente depois. O desenvolvimento adicional dos enxames, e a época para o apicultor executar certas atividades, dependem da estação. A definição do momento, então, só será considerada como uma média, e de forma alguma apropriada para todas as estações.

Apicultura Racional 377

Calendário Apícola JANEIRO O ano de abelha pode muito corretamente começar com o ano civil ou calendário. Pela existência de uma estação fria as abelhas ficam como que dormindo para um longo descanso; a fim de despertar, quando o sol estiver mais alto novamente, para uma vida nova e um novo dia de trabalho. Esta espera para uma renovada e crescente atividade e renovação da cria acontece, freqüentemente, já em Janeiro; mas é então só para prejuízo das abelhas como também para o seu dono, já que, pelo menos, serão consumidas as reservas que mais tarde ou poderiam ser colhidas ou poderiam ser usadas mais vantajosamente pelas abelhas. Se as abelhas já iniciaram a criação e depois aparecer um frio severo será ainda mais perigoso. Tendo começado a criar, as abelhas ficam presas a uma parte definida do favo e já não podem mais se mudar, ou elas fazem isto pelo menos muito sem vontade; podem passar fome e morrer, sempre com grandes reservas, se eles gastaram suas reservas do ninho. Continuando o frio severo por muito tempo será impossível a elas deixarem o amontoado e trazer o mel dos favos situados mais ao lado. Então, embora a regra geral afirma que as colméias sejam perturbadas agora o menos possível seria, em certas circunstâncias, útil ou totalmente necessário inserir alguns favos com mel totalmente operculado perto do ninho das abelhas no lugar dos já usados, para afastar o perigo indicado acima. Trazer reservas frescas perto do ninho das abelhas é bom também 379

Apicultura Racional

por outra razão - em colméias duplas e múltiplas as colônias podem ficar próximas umas das outras junto da parede divisória, e não serão separadas uma da outra pela necessidade de se mover para suas reservas. Até mesmo enxames fracos - se eles sempre têm comida ao seu lado ou com eles, e assim podem permanecer quietos durante todo o Inverno no ninho morno do qual eles tomam posse - cuja maior parte será consumida no Inverno, e então crescerão de forma excelente; enxames fortes sofrem freqüentemente consideravelmente, ou podem ser arruinados totalmente, se eles gastaram tudo em seu ninho e, com frio severo, forem obrigados a se mover para mais longe caso em que um número grande de abelhas geralmente é deixado para trás passando frio. Comida fresca é dada mais convenientemente às abelhas pelo topo, até mesmo no meio de Inverno. Para que as abelhas possam acessar o espaço de mel por todas as passagens, é feita uma fresta na parede que separa os espaços em colméias duplas, na parede comum aos dois compartimentos. Nesta parede e nestes cantos são colocados pedaços de mel, um pedaço de tábua é inclinado por cima, e o resto do espaço vazio será cheio com palha. Como o calor sempre sobe, as abelhas podem dirigir-se para cima até mesmo em grande frio, e podem trazer mel para seu ninho. Por esta fenda as abelhas nos diferentes espaços mantêm melhor comunicação umas com as outras; e até mesmo o movimento para outros espaços é muito facilitado. Mas esta pequena passagem para o espaço de mel deve ter sido feita no Outono, e a tábua de cobertura será movida um pouco, porque forçar sua remoção no Inverno causaria perturbação muito grande que deve ser evitada sempre que possível. Durante algum tempo a fresta pode ser coberta com uma tábua talvez com uma barra de favo, não a abrindo antes de colocar mel para alimentar no topo. Será melhor fornecê-lo em favos operculados. Não importa se eles forem colocados atravessados ou longitudinalmente, ou se eles ficarem deitados ou apoiados pelas extremidades. As abelhas saberão chegar ao mel, até mesmo se elas tiverem de abrir os alvéolos. Se os favos esvaziados não foram retirados antes com a finalidade de pôr 380

Johnann Dzierzon

outros cheios em seu lugar, eles devem, de qualquer modo, ser retirados na Primavera durante a limpeza para colocar tudo em ordem. É muito conveniente a introdução de mel sólido ou cristalizado deste modo. Embrulhado em papel, pode ser apertado tanto quanto o espaço a preencher exigir, e é dissolvido gradualmente e consumido pelas abelhas se ele for descoberto através da passagem. Se estivermos com falta de mel e existir alguma razão para sermos econômicos, podem ser misturados pedaços de doce. O açúcar fica mais suave e mais solúvel com o mel. No caso de ser necessário fornecer doce este só será posto em pedaços; mas quando a colônia estiver um pouco fraca e quando a colméia estiver muito seca as abelhas podem estar com falta de água e força para dissolver o açúcar, e elas podem até passar fome ou até mesmo morrer de sede sobre os pedaços de doce. Além de comida em suas vizinhanças próximas ou acima do seu ninho - as abelhas precisam de calor, especialmente no Inverno. A melhor proteção contra a geada é conseguida colocando as colméias em abrigos que, se não completamente à prova de frio, ainda oferecem de alguma forma alguma proteção. Nestes as abelhas são mantidas durante o tempo que for possível, não nos iludindo em retirá-las antes por ocorrerem alguns dias agradáveis, porque Fevereiro não é confiável nem mesmo Março, e ainda pode ocorrer frio severo. Quem deixou de abrigar suas colméias, ou talvez não teve oportunidade de fazê-lo, deverá protegê-las em seu cavalete da forma possível contra o frio, se as colméias já não foram construídas de material isolante térmico para que o frio severo de Inverno não possa destruir as abelhas. Agora elas não podem ser aquecidas. Quanto mais protegidas da influência do frio elas estiverem menos estarão as abelhas envolvidas com a dificuldade de produzir o calor necessário, e mais economizarão sua força. Enrolando-as muito, ou estreitamento por demais suas entradas, muito facilmente poderá ocorrer falta de ar, cuja entrada nunca deveria ser totalmente impedida. Calor e ar fresco são garantidos removendo a Apicultura Racional 381

cobertura de palha, favos, &c., que ficaram mofados ou úmidos e substituindo-os por outros frescos, ou abrindo as portas durante um tempo em dias moderados ou, melhor ainda, em noites ventosas e deixando que a umidade seja removida pela ventilação.* É bem conhecido como os ratos são perigosos para as colméias de abelhas neste momento. Embora sempre deva ser deixada uma saída livre para as abelhas, os ratos devem ser cuidadosamente excluídos de entrar por pregos ou lâminas ou apanhando-os. É especialmente difícil de manter afastados os pequenos ratos. As colméias devem ser protegidas mais cuidadosamente onde eles ocorrem em abundância. É verdade que eles não roem o favo, mas eles comem abelhas; não só as mortas, mas, com grande probabilidade, as vivas também. Se o apicultor evita todos os outros tipos de perturbação às suas colméias como pássaros, animais domésticos e raios solares e provê para elas um pouco de proteção contra roubo e depredação, ele fez o que, é primordial, que seja feito neste mês.

FEVEREIRO Neste mês os dias ficam notoriamente mais longos, e o efeito dos raios solares sempre mais intensos. Toda a Natureza gradualmente desperta do seu sono do Inverno. Assim também desperta na colméia de abelha a cada dia uma vida mais ativa. Enxames fortes normalmente, pelo Se menos, começam a criar agora, até mesmo em Invernos frios. não puder ser completamente evitado, não deve, de qualquer modo, ser incentivado, porque ainda é mais prejudicial que útil. Nos vôos que os enxames empreendem mais freqüentemente depois que começaNós deveríamos nos lamentar por sermos incluídos entre os que aprovam este último tipo de manejo. - C. N. A. 382 Johnann Dzierzon *

ram a criar, muito mais abelhas são perdidas do que são acrescentadas pela criação, e são consumidas suas reservas de mel e pólen; mesmo nos casos mais favoráveis, o prejuízo é maior que o benefício. Mas se o frio severo continuar, ou uma rainha velha e fraca tem sua fertilidade terminada por causa da postura prematura e morre antes que seja possível providenciar uma substituta para ela, o resultado pode ser a ruína total do enxame. Quem quiser atravessar o Inverno com seus enxames, e passar por ele de forma barata, segura e saudável, tanto quanto possível, tem que tentar manter os enxames em repouso perfeito e evitar, tanto quanto possível, de criar. Porém, um vôo de higienização pode ser muito bem favorecido para elas neste mês, porque as abelhas têm, antes deste tempo, um desejo forte para tanto, se elas não puderam voar talvez durante um quarto de ano ou mais. As abelhas podem empreender este vôo – estando o tempo adequado para isto, o ar morno, ainda, e ameno - quando o solo está ainda, em sua maior parte, coberto de neve, se só os telhados, cerca viva e árvores estiverem livres dela. Com ar morno e sol brilhante as abelhas podem voar até mesmo por cima da neve, se ela estiver firme ou coberta com uma crosta. Ao redor das colméias, quando for esperado o vôo das abelhas, a neve pode ser retirada com o pé ou apertada e espalhada cinzas, palha, &c., de forma que as abelhas não fiquem ofuscadas pela brancura brilhante, e poderão encontrar mais depressa e facilmente seus apoio e voltar a suas colméias. Mas se as abelhas não mostram nenhuma necessidade de vôo de higienização é preferível deixá-las em repouso, e não retirar dos abrigos. Enxames que puderam realizar vôo de higienização almejam voaro novamente maisdepois cedo do que aquelesfreqüentes que não voaram desde Outono. Estes, do vôo, começam a criar, limpar os favos, sugar a umidade existente e tudo isto resulta que, pouco tempo depois, tem necessidade urgente de novo vôo de higienização, razão pela qual esses enxames nada querem se manter quietos em agrupamentos compactos. Se uma nova posição for dada a uma parte das colméias isto deve ser feito antes do primeiro vôo. As abelhas não esqueApicultura Racional 383

cem completamente sua posição prévia depois de um quatro meses de repouso de Inverno, mas elas se habituam a qualquer outro sem dificuldade e sem grande perda de abelhas se o dia em que ocorre seu primeiro vôo a partir do novo lugar for bastante ameno, e se elas começam a voar imediatamente em grande número na nova posição, atraindo-se mutuamente umas às outras. Isto é conseguido dando as abelhas um pouco de comida diluída, borrifando através de um tubo pela entrada, ou até mesmo borrifando só a entrada. Se a entrada for mantida fechada durante alguns minutos e aberta novamente quando as abelhas se aglomeram na entrada, o enxame inteiro poderá ser jogado na frente da colméia. Se nós desejamos formar alguns enxames de uma colméia múltipla numa nova posição, as abelhas devem ser retiradas e serem postas num novo compartimento, isto só pode ser feito no mesmo apiário antes do primeiro vôo de higienização das abelhas, e teria melhor sucesso só quando as abelhas, assim que postas no seu novo compartimento, pudessem começar a voar imediatamente. Em colméias facilmente móveis, como as colméias duplas, nas quais a operação pode ser executada convenientemente em lugar fechado, até mesmo em tempo frio nenhuma abelha será perdida. As abelhas podem, ao mesmo tempo, receber comida fresca, e podem, talvez, receber favos novos previamente providenciados para elas na colméia nova, não sendo necessário fornecer os favos que contêm cria. Se uma quantidade de favos bons, parcialmente cheios de mel, foram preservados do Outono, ou se reservas excedentes ficaram nos enxames velhos, deles pode ser feito uso conveniente e vantajoso nos próximos meses reunindo conjuntos de favos frescos, para melhorar e completar os conjuntos que estão estragados e sujos, e para suprir com comida, mais facilmente, enxames necessitados. É evidente que se forem comprados enxames velhos eles devem ser trazidos para o apiário próprio antes do primeiro vôo da Primavera, para não perder muitas abelhas. Se a distância, porém, entre os dois apiários for considerável, isto é cerca de mil 384

Johnann Dzierzon

passos*, a remoção poderia ter sucesso bem depois, pois as abelhas raramente voam para muito longe em seus primeiros vôos, e uma pequena perda é substituída novamente pela cria que o enxame começará a desenvolver depois de seu primeiro vôo. Porém, se forem comprados enxames de outro lugar, a remoção pode ser realizada a qualquer hora. Mas a remoção é realizada com menos perigo se os enxames não tiverem construído nenhum favo novo e não tiveram muita cria, e o favo não estiver ainda muito amolecido pelo calor. Seria bastante desejável, porém, que as abelhas já tivessem feito seu vôo de higienização em seu posto srcinal, porque então haveria menos riso de sujar os favos durante a remoção. As abelhas poderão permanecer presas por tempo mais longo sem risco. A remoção das colméias pode ser realizada mais convenientemente e suavemente num trenó, especialmente depois de uma recente precipitação de neve. Quem quiser montar um apiário deveria selecionar um local calmo, protegido de tempestades prevalecentes, ou seja, do norte e noroeste. A proteção pode ser formada por construções, arbustos, parede ou cerca viva. Para montar apiários como o Autor recomenda e descreve não há necessidade de construção cara. Duas vigas ou toras deitadas, paralelas para colméias duplas ou quádruplas, com o comprimento dos troncos normais, é todo o conjunto no qual as colméias são apoiadas para ficarem uma ao lado da outra. Para colméias sêxtuplas os troncos devem ter o dobro do comprimento. Embora, em caso de necessidade, uma quantidade maior pode ser arranjada num espaço menor, contudo fará bem o apicultor que tiver uma área maior para suas colméias em grupos, comseparados as pilhase,individuais decolocar colméias caixas e os pavilhões mais quando possível, de forma que as colméias desfrutem da sombra de uma árvore próxima, pelo menos na parte mais quente do dia, Na tradução para o ingês é utilizada a palavra “pace” cujo significado, Segundo Michaelis, é medida de comprimento (0,762m) – N.T. Apicultura Racional 385 *

embora isto também possa ser conseguido pela borda do telhado um pouco mais projetada, ou por abrigos. Na escolha do local a necessidade de considerar o sol é apenas para que as colméias não fiquem muito expostas a seus raios, porque eles lhes são prejudiciais no Inverno e é extremamente sufocante, se não igualmente prejudicial, no calor do verão. Como Fevereiro freqüentemente não fica atrás de seu predecessor em matéria de frio, o que foi mencionado para Janeiro é aplicável, e será atendido agora, e certamente o que se relaciona à provisão de comida é agora mais aplicável, porque as abelhas podem ter gasto completamente seus estoques no ninho durante o Inverno.

MARÇO Março permite que as abelhas façam certamente seu primeiro vôo de higienização se já não foi possível em fevereiro. Deverá ser inspecionado se não existem colméias sem rainha, o que pode ser observado facilmente, especialmente no primeiro dia de vôo, por uma certa inquietação, pela saída e vôo de abelhas individuais até tarde da noite, e pelo tom melancólico previamente mencionado, que as abelhas às vezes emitem, especialmente quando a colméia é aberta e as abelhas são fumegadas. Como a criação de uma rainha jovem neste momento não tem sucesso, um enxame fraco com uma rainha é unido ao sem rainha ou então é unido com seu vizinho mais próximo, de forma que não ocorra nenhuma provocação à pilhagem por manter a colméia sem rainha por mais tempo, porque as abelhas estão especialmente dispostas à pilhagem nos primeiros dias amenos da Primavera. Em enxames fracos reduzir a entrada, esfregar alho, cebola, losna ou outras coisas de odor penetrante que afugente as pilhadoras. Mas o cheiro do seu próprio veneno, ou 386

Johnann Dzierzon

ácido fórmico é muito eficaz para afugentar as pilhadoras. Podem ser esfregadas um ou mais ferrões de abelha ou formigas na entrada, ou pode ser posto na frente da colméia como uma cortina uma tábua ou folha de papel na qual estes produtos tenha sido esfregados; é melhor colocar acima da entrada. Com clima agradável as abelhas começam a se espalhar mais amplamente na colméia, limpar os favos de toda a impureza e retirar as abelhas mortas que jazem no chão. Como muitas abelhas perdem sua vida nesta atividade deveríamos livrá-las deste trabalho varrendo todo o lixo que esteja sobre o piso e retirando ou cortando os favos mofados, deteriorados e muito sujos. Quando o frio do Inverno não continuar por muito tempo até mesmo os enxames fracos começam a criar e os mais fortes estão ampliando continuamente mais adiante sua cria. Claro que nós não podemos intervir ou prevenir esta atividade mais do que podemos prevenir o brotar das árvores, mas já teremos feito bastante se nada fizermos, da mesma maneira como nenhum jardineiro prudente desejaria ver suas árvores florescerem mais cedo do que a estação do ano as faz florescer. A alimentação denominada estimulante para promover o desenvolvimento da cria normalmente não tem mais utilidade neste momento; não só a comida e o trabalho despendido serão puro gasto, mas há um verdadeiro dano com isto, os enxames, repetidamente alimentados e cujo vôo foi prematuramente provocado, perdem mais abelhas do que eles acrescentam pela criação. Eles se tornam, desta forma, menos saudáveis e, no começo da forragem, pouco compensadores e ficam muito atrás de enxames que não foram provocados a criar, aos quais a comida foi fornecida com a mínima perturbação e excitação quanto possível toda vezes que pudesse haver o risco de sua falta real. Alimentar, que pode acontecer em dias amenos deste mês, sacudindo trigo ou farinha de centeio nos favos, colocando-os num lugar calmo, ensolarado no jardim, e atraindo as abelhas para eles com um pouco de água com mel, certamente não será prejudicial, provocará consideravelmente o desenvolvimento da cria, e trará para o apicultor um espetáculo muito agradável, mas ainda, pela razão dada Apicultura Racional 387

acima, não tem vantagem especial alguma. As abelhas ficam provocadas tanto para atividade dentro como fora da colméia, que não está em harmonia com o primeiro despertar da vida na natureza que, então, não produzirá a fruta que teria desenvolvido no momento certo. Certos objetivos podem, indubitavelmente, serem atingidos forçando artificialmente a colméia de abelhas. Pela alimentação ou fornecimento de um favo com pólen, combinados com suprimento repetido de mel diluído, nós podemos neste mês aumentar tanto o desenvolvimento da cria que a rainha ocupará com ovos os favos de zangão situados no ninho da cria ou propositadamente agora fornecidos. Mas se quisermos criar zangão com certeza devemos privar este enxame de sua rainha ou fornecer favos de zangão em outra colméia suficientemente forte, sem rainha ou enxame artificial, porque, de outra forma, as abelhas, percebendo que começaram prematuramente, e pensando em aumentá-la, começarão a retirar a cria de zangão de toda parte onde esteja sendo desenvolvida. Mas, por outro lado, dificilmente se consegue resultado prático com alimentação estimulante. Se o clima for agradável podem estar coletando pólen, e até algum mel da aveleira, do amieiro e talvez do álamo e salgueiro e de outras flores da Primavera, e assim muito em breve elas terão uma quantidade de cria sem o estímulo de alimentação artificial. Se, pelo contrário, o clima for muito frio, é melhor que as abelhas permaneçam quietas e esperem com paciência o início da Primavera.

ABRIL Este mês oferece às abelhas um pasto melhor e realmente luxuoso em regiões onde existem muitos salgueiros franceses ou outros tipos de salgueiros. Quando as abelhas começarem a coletar em abundância o pólen destes, tendo o tempo se firmado, está na hora de cortar os favos nas colméias. Muitos são 388

Johnann Dzierzon

contrários a toda redução do favo por considerarem-na prejudicial e, então, não deixam cortar nem mesmo uma polegada sequer. Outros cortam o favo, especialmente em Colméia Tronco e em skeps, quase integralmente. O Pastor Scholz apresenta no No. 7 do Bienenzeitung uma prova notável que nem mesmo o corte integral é, de forma alguma, prejudicial, mas sob certas circunstâncias os enxames prosperam magnificamente e podem até mesmo ultrapassar os que não foram cortados. Mas como nunca podemos confiar no tempo, especialmente porque instabilidade durante este mês é proverbial (até mesmo o mês de Maio pode trazer ainda dias ruins, frios), assim, cortar no meio termo pode ser o melhor. Nós só cortamos moderadamente, de forma que numa estação mais amena as abelhas possam cobrir completamente seus favos e em dias mais frios elas podem se retirar para entre os favos. Favo recente e limpo, contendo poucos alvéolos de zangão, deveria receber tratamento mais brando. Em colméias baixas do tipo Lager é suficiente encurtar os favos tanto que seja permitida a limpeza completa da colméia. Enxames que já mostram considerável operosidade não precisam de qualquer estímulo e seus favos não precisam ser cortados tão profundamente como os que parecem indolentes. Quando, ao cortar profundamente, não for encontrado nenhum rastro de cria, ou quando o enxame não fizer nenhuma preparação para completar seu favo com clima favorável, qualquer defeito possível pode ser identificado naquele momento e remediado. Se não quisermos cortar os favos onde mais conseguiremos favos vazios para os enxames artificiais ou para realizar o lucro de abundante forragem melífera? Os quantidade apicultores necessámenores têmuma a oportunidade de conseguir favos em ria pela compra, entretanto, o método pode falhar justamente pela razão de não se sustentar sobre suas próprias pernas, e buscar alguém outro ajudar. Os favos obtidos pelas uniões do Outono podem não ser suficientes e sua obtenção não é tão barata, enquanto esses conseguidos com o corte são ganho puro, já que os enxames, se eles não tivessem sido cortados, não meApicultura Racional 389

lhorariam nem um pouco. Muitos outros propósitos secundários são atingidos com o corte, o que é muito conveniente. A comida que pode, talvez, ser necessária e que agora é mais facilmente fornecida por baixo, pode ser fornecida muito mais convenientemente às abelhas pondo um favo de mel embaixo do ninho das abelhas, ou no piso ou sobre dois pedaços de madeira apropriadamente atravessados. Desde que a cria se torne, agora, continuamente mais numerosa quando as reservas estão, provavelmente, se acabando, não podemos deixar de alimentar os enxames agora, especialmente se ocorrerem dias frios ou chuvosos. Esta não tem como finalidade provocar a extensão da cria, mas prevenir que, por falta de comida, suguem e descartem a cria que já está sendo desenvolvida. Com reservas de mel disponíveis isto será feito por causa da falta de água da qual as abelhas necessitam muito para a preparação da comida da cria, em busca da qual elas voam até mesmo com risco de vida com tempo frio e chuvoso. Será prestado um grande serviço aos enxames se lhes for fornecido, em dias frios com clima muito seco, algumas colheradas de água derramadas nos alvéolos de um favo, coberto com alguns pedaços de mel sólido, que podem ser colocados dentro das colméias. É mais fácil as abelhas se livrarem, durante o vôo, de um possível excesso do que buscar o que elas dela precisarem. A umidade tão necessária para as abelhas é produzida na parede da própria colméia, porta, fundo da coroa ou piso que tem superfície lisa onde a umidade da colméia pode condensar em gotas. É especialmente conveniente para as abelhas sugar a umidade condensada no fundo da coroa ou piso. Os grãos de são melassim que caíram, ou meldissolvidos ou pedaçose de que jazem no piso, parcialmente ficadoce mais fácil para as abelhas os aproveitarem. Com esta intenção deveríamos inserir uma cunha entre as colméias Caixa quando empilhadas umas sobre as outras. Nas colméias que recebem doce seco isto também deveria ser feito durante o Inverno. As abelhas conseguem elevar a temperatura sempre que necessário, mas nem sempre é possível suprir a indispensável necessidade de água 390 Johnann Dzierzon

para a solubilização do açúcar.* Enxames fracos, sempre existem alguns em grande apiários na Primavera, deveriam ser fortalecidos, de outra forma eles poderiam enxamear e causariam algum dano nas colméias nas quais eles pousassem. Com um só apiário isto pode ser feito pela inserção de um favo com cria, a maior parte operculada, e a ponto de emergir. Mais tarde dois de tais favos poderia ser acrescentados. As abelhas aderentes podem ir com eles, já que as jovens permanecerão na colméia. Existe pouco risco de a cria fornecida se resfriar. Com dois apiários distantes, será preferível fortalecer com abelhas, porque enxames fortes sentem bem menos a perda de alguns milhares de abelhas do que a perda de um favo de cria. São coletadas abelhas numa colméia de Transporte sacudindo-as dos favos, removendo-as de dentro das caixas por baixo dos favos encurtados, atraindo-as para os favos com mel, ou de forma semelhante. Quando possível, as abelhas devem ser coletadas de várias colméias para deixá-las mutuamente confusas. Levá-las ao outro apiário, deixar elas passar à colméia fraca no escuro, quando as abelhas pararam de voar; ou, se várias forem fortalecidas, sacudir uma porção em cada uma. Nós não devemos deixar de, antes de fechar a caixa, lhes oferecer mel, de forma que as abelhas não fiquem exaustas e possam ser aceitas com mais boa vontade. Se, além do fortale-

O princípio de facilitar a condensação da umidade dentro da própria colméia pode ser bom na Alemanha, mas na Inglaterra talvez por conta da maior umidade ambiente, a dificuldade principal no Inverno é manter as colméias suficientemente se*

cas para prevenir que os favos de pólen mofem bem como e a fermentação e a transpiração do mel dos alvéolos abertos. Não vemos a dificuldade apresentada pelo Autor para a solubilização do açúcar ou doce, pois, quando qualquer um for fornecido para as abelhas em pedaços pequenos de favo, água também pode ser fornecida, ou toda dificuldade pôde ser eliminada alimentando com açúcar de cevada que absorverá a umidade da atmosfera da colméia e se tornará uma excelente comida para as abelhas. - C. N. A. Apicultura Racional 391

cimento com abelhas, for também fornecida alguma cria, o enxame fraco será efetivamente ainda mais ajudado. Porém, temos que nos certificar que a colméia tem uma rainha fértil livre de defeito. Pois se a causa da fraqueza for a infertilidade ou inutilidade da rainha e não qualquer outra, o fortalecimento não ajuda em nada. A operação que, em outros casos é tão útil, será totalmente desperdiçada e dela só resultará perda. Quando os enxames cortados começam a completar seus favos, o que acontece novamente principalmente na hora do florescimento das árvores frutíferas, devemos cuidar para que elas não construam muito favo de zangão. Na frente, ao lado da porta, talvez, pode ser deixado um favo para elas, o qual poderá ser convenientemente removido mais tarde. Mas, mais tarde, temos que cortar os favos de zangão no ninho da cria até os alvéolos das operárias, ou impedir que elas continuem o favo de zangão colocando uma barra por baixo. Como só será permitida a construção de favo de zangão em enxames muito fortes, a remoção de uma parte de suas abelhas para fortalecer os fracos não só não é nenhuma desvantagem, mas pode se mostrar ser uma real vantagem, porque então, no lugar de favo de zangão, elas construirão mais favos de operárias, e para a colheita de mel haverá mais operárias e menos consumidores inúteis.

MAIO da felicidade não émas apenas, normalmente, mais alegre O aomês amante da natureza, o é também para ooaficionado em abelhas. Os enxames ficam continuamente mais populosos e apresentam continuamente uma maior operosidade. Em dias excepcionalmente agradáveis, na segunda metade do mês provavelmente, serão vistos zangões entre as abelhas em vôo e em regiões com forragem no cedo, onde a colza é cultivada, os primeiros enxames aparecerão por volta do final do mês. Infeliz392 Johnann Dzierzon

mente há regiões em que, depois das primeiras flores, cessa praticamente todo fornecimento, e o apicultor terá que, em muitas estações, alimentar até que o pasto de Verão comece a florescer o ground-ivy, o trevo branco ou o cornflower azul. Em tais regiões dificilmente se espera que ocorram enxames antes do solstício do verão, visto que as abelhas, desanimadas pelo grande espaço que não pode ser perfeitamente pré-enchido com alimentação, tem que primeiro recomeçar os preparativos para a enxameação. Alimentação pode ser mais convenientemente fornecida colocando-a ao ar livre em grandes cochos, caixa de alimentação ou grandes favos de zangão nos quais é vertida comida bem diluída, pois o clima já permite que as abelhas voem da colméia. Mas se outras pessoas mantiverem abelhas no mesmo lugar, estas serão alimentadas ao mesmo tempo, e muito mel ou açúcar será consumido, se o pasto apícola for moderado, e quisermos forçar enxames mais cedo com a alimentação. O objetivo é mais certo e barato fazendo enxames artificiais e fornecendo mel para sua alimentação. Nós podemos começar a fazer enxames artificiais assim que cria de zangão for vista nos enxames fortes. Enquanto as rainhas estão sendo criadas e até que realizem seu vôo de acasalamento, os zangões estarão voando na frente das colméias. Certamente não seria muito bom fazer todos os enxames artificiais muito cedo. Mas se uma parte das colméias (de preferência as que se deseja criem muitos zangões) forem forçadas bastante cedo, ou se enxames artificiais forem formados por outro método com cria e abelhas, depois de dez a quatorze dias existirá uma quantidade de rainhas jovens ou realeiras que podem ser usadas com a maior vantagem nos enxames artificiais a serem feitos ou nas colméias a serem forçadas mais tarde. Uma rainha fértil tem, neste momento, grande valor porque ela pode produzir milhares de operárias que surgirão no melhor momento da colheita. O valor de muitos enxames fracos, hibernados com dificuldade, não valem na Primavera muito mais do que sua rainha. Não precisaria ser dito que uma vantagem é conseguir rainhas férteis bastante cedo, as quais serão ainda mais valiosas do que as do ano anteriApicultura Racional 393

or. Um enxame fraco que possuir uma destas rainhas e receber um ou dois favos com cria, removidos de um enxame forte aos quais causará pouco dano, pode se desenvolver num enxame muito bom se as abelhas tiverem pela frente dois ou três meses de pasto à sua disposição. Não é toda rainha criada que se torna uma mãe fértil. Muitas encontram a desgraça durante seu vôo. Deveria ser tomado cuidado para repor a perda imediatamente por outra rainha disponível, ou uma realeira, ou colocar um favo com cria, o que sempre pode ser feito por precaução. Então, especialmente as colméias com rainhas jovens serão observadas todos os dias claros em que elas estiverem voando muito. Ao fortalecer enxames artificiais que têm rainhas jovens, deve ser tomada precaução, e é melhor conseguido colocando cria operculada, que no presente período agradável do ano não passa frio tão facilmente, até mesmo se não for completamente coberta pelas abelhas. Se a colônia for duas vezes ou três vezes tão forte nós sempre podemos adicionar mais favos com cria e assim levar a colméia, em pouco tempo, para a força que quisermos.

JUNHO Este mês disponibiliza para as abelhas, se o tempo não for muito desfavorável, o mais extenso pasto, que posteriormente só aumenta mais em regiões onde o trigo-mouro é largamente cultivado. No começo do mês florescem o trevo branco, o cornflower azul, e o rabanete do campo e fornecem, exatamente agora, a maior quantidade de néctar. Os dias são agora mais longos, o que permite que as abelhas colham mais. Na maioria das regiões começa agora o tempo da enxameação, os enxames que chegam neste momento são os melhores porque eles são mais fortes do que os que aparecem em maio, e encontram imediatamente pasto em abundância, que freqüentemente falta para 394

Johnann Dzierzon

os que chegam mais cedo. Agora é o período em que o apicultor tem mais trabalho, porém, todos executam-no com muito boa vontade. Das nove da manhã até três da tarde, e até depois, ele tem que assistir seu apiário para não perder enxames, tem que manter à mão colméias vazias e os instrumentos necessários para apanhar os enxames. As barras com os começos de favos devem ter sido preparadas anteriormente nas colméias a serem ocupadas com os enxames, para poder alojar os enxames quando eles chegarem sem perda de tempo. Uma maior pressa é especialmente necessário quando o apiário é grande e outras colméias apresentarem indícios de enxamear. Mas se os enxames estiverem atrasados, ou se por razões especiais não se tem a intenção de deixar que eles enxameiem, nós procedemos, quando os enxames são populosos e começaram a se amontoar em grande número em cachos na frente, para separar ou dividir artificialmente, ou prosseguir caso um começo já tenha sido feito no mês anterior. Não teremos razão para nos arrepender mais tarde, a menos que tenhamos empurrado para muito tarde. Forçaremos especialmente as colméias que têm favos muito velhos ou rainha que seja muito velha. Quando toda a cria emergiu, depois de aproximadamente três semanas, podemos cortar fora, completa ou parcialmente, o favo que seja muito velho e colocar outro novo na colméia, ou destruí-la por completo, dependendo se um ou outro parecer ser vantajoso para a condição da colméia, o pasto ainda em vista para as abelhas, e a força do enxame. Se com pasto apícola bom e contínuo as abelhas começarem a sofrer de falta de espaço e de alvéolos vazios para depositar o mel, abrimos o espaço de mel, que ou pode estar situado no topo ou ao lado, se o espaço da cria ainda não estiver totalmente construído. As abelhas estão dispostas a construir no espaço que lhes é oferecido agora mais do que mais tarde, quando o pasto tiver passado pelo seu máximo e quando, além disso, podem ter começado tempos um pouco mais secos. Mas para tanto é suficiente prover o espaço a ser construído com meros começos de favo quando nós tivermos favos vazios disponíveis, pois as próprias abelhas os espicham rapidamente com Apicultura Racional 395

construção de favo neste momento. Mais tarde as abelhas enchem os favos que lhes são oferecidos, se ainda existir pasto para elas, mas não constroem favo novo de boa vontade, assim é bom preservar o que foi construído para o final do verão, para poder disponibilizar favos de imediato aos últimos enxames, tão extensivamente quanto possível. Preservar favo vazio no calor de Verão tem suas dificuldades especiais, já que a traça da cera toma conta muito rapidamente destruindo-o e tornando-o inútil. Então, devemos olhar freqüentemente os favos separados e destruir imediatamente as pequenas traças que possam ser vistas. As próprias abelhas preservam melhor estes favos da destruição. Então, podemos pôr estes favos, presos a barras, em tais colônias bem como em enxames recentes que têm excesso de espaço vazio em suas colméias. As abelhas exploradoras que agora são vistas, freqüentemente quando as abelhas têm a intenção de enxamear, em buracos de árvores, fendas, construções, e, especialmente, em colméias vazias que tenham favo, não só protegem o favo de destruição adicional, mas limpam com grande zelo quando já foi atacado por traça da cera. Os favos vazios armazenados podem ser postos então em colméias que são visitadas seguidamente pelas exploradoras, e eles serão preservados de serem destruídos pelas traças. Às vezes um enxame toma posse imediatamente de uma colméia assim preparada, especialmente se tiver sido esfregada com bálsamo, cheiro pelo qual as abelhas são apaixonadas. Os enxames que chegam nidificam de boa vontade em lugares que foram esfregados com bálsamo. Quanto mais tarde um enxame chegar ou for feito, mais forte deverá ser do se Inverno. tiver queColocar se preparar as necessidades favos adequadamente bastante longos para em tais enxames é especialmente útil, pois eles não têm muito tempo para construir um conjunto completo de favos, e seu favo seria muito frágil e muito frio para o Inverno, pois provavelmente não mais de uma geração de abelhas jovens teria sido criada neles. Se não existirem mais favos vazios disponíveis, alguns podem ser conseguidos recortando ou cortando completamente da 396 Johnann Dzierzon

colméia materna, que ou liberaram enxames ou tiveram enxames forçados delas, três ou quatro semanas depois da partida da rainha velha, antes de a rainha jovem começar a botar ovos. É melhor renovar os enxames com favo velho deste modo, ou retirar de colméias estragadas ou inservíveis para outras melhores. Assim pode ser conseguida uma quantidade de favo, tanto vazios como cheios de mel, que poderão ser usados com muita vantagem para alimentar e para fornecer a enxames jovens, especialmente os últimos. Os favos que já estão um pouco velhos não são colocados no ninho da cria de enxames jovens, mas mais para o lado de onde mais tarde eles podem ser facilmente removidos. Se estes contêm muito mel e pólen, como geralmente é o caso numa estação favorável, eles devem ser postos, previamente pelo menos, para as abelhas a fim de que elas utilizem o pólen e o mel das superfícies cortadas de forma que eles poderão ser firmados às barras. A alimentação de enxames jovens, quando o pasto não é bom e o tempo e desfavorável, será de grande vantagem, e nunca será suficientemente recomendado. A construção de favo ocorre lentamente no início. Gradualmente o enxame constrói menos diligentemente pois mais abelhas são perdidas e o favo já é extenso e, conseqüentemente, será coberto por camada menos espessa de abelhas. Se o enxame parou totalmente de construir dificilmente ele terá condições de recomeçar novamente até que um número maior de abelhas jovens tenha emergido o que, em enxames tardios, ocorre muito tardiamente, pois o pasto terminou há tempo. Então, quando o tempo tornar imperativo, ajudaremos os enxames jovens com comida que pode ser consideravelmente de forma eles possam construir com zelo enquantodiluída conseguirem. Nosque enxames tardios nós pusemos sempre poucas barras com início de favo. É melhor um enxame construir alguns favos completamente, ou os estender, pelo menos, a um comprimento considerável, do que começar muitos e os deixar todos a meio caminho. No primeiro caso, um jogo completo de favos pode ser feito facilmente no Outono acrescentando favos cheios de outros enxames saudáApicultura Racional 397

veis, considerando que a não ser com vários favos curtos não é fácil preparar um ninho morno de Inverno para as abelhas.

JULHO Julho é para a maioria das regiões da Alemanha o mês decisivo. De sua qualidade depende principalmente se o ano será bom, moderado ou um ano ruim para a apicultura. É o mês especial da colheita das abelhas. Para o enxame ser lucrativo para seu dono deve agora, gradualmente, diminuir a postura e voltar sua atividade, principalmente, para o aumento de suas reservas de mel. Isto as abelhas normalmente fazem por si, mas nem sempre. Se Julho for úmido e mais favorável para o desenvolvimento da cria do que para a colheita de mel, as abelhas continuam criando regularmente, e talvez ainda mais intensamente, e continuam criando zangão. Se o pasto cessar então repentinamente os favos que tinham cria permanecerão vazios mais tarde, e o enxame terá que entrar o Inverno com pouco mel. O apicultor terá que prevenir isto até onde possível. O manejo bem como toda sua atividade é definida, este mês, pelo tempo que prevalecer. Se for seco e permitir às abelhas coletar mel em quantidade ele não tem nada mais a fazer além de providenciar espaço para seu armazenamento abrindo os espaços para mel para as abelhas, colocando melgueiras laterais ou superiores para as colméias pequenas, mas melhor retirando o evidente excesso pois as abelhas não têm nada mais para fazer com ele e pode orientar todos seus esforços para coletar novas reservas. É justamente quando as abelhas estiverem colhendo a maior parte do mel que a maior parte pode ser retirada numa boa estação de mel pelo seu proprietário. Desta forma a operosidade das abelhas é mantida continuamente ativa, pois quando elas perceberem estar em posse de um excesso considerável elas deixam de colher de modo singular, e não voam mais proporcionalmen398

Johnann Dzierzon

te à sua força. Se pudermos colocar favos vazios no lugar dos cheios retirados, podemos repetir a colheita de mel mais cedo, se a disponibilidade continua abundante. Se as abelhas colhem mel em abundância, a postura diminui por si, porque quase todos os alvéolos ficam imediatamente cheios e a rainha só consegue depositar poucos ovos. Com tempo úmido e pouco néctar disponível, o apicultor deve tentar conferir a postura, tanto quanto possível, ou pelo menos tornar impossível que as abelhas a estendam mais. Em colméias verticais isto é conseguido inserindo uma tábua horizontalmente que impeça às abelhas prolongar os favos com cria para baixo. É melhor que os enxames, especialmente os enxames novos, construam um pequeno espaço até o fim e o encham parcialmente com mel, do que fazer longos favos que no Outono estarão, em sua maior parte, vazios, porque o mel colhido foi gasto em favo e cria. Mas se nós não só quisermos pôr um limite na cria, mas evitá-la completamente, a rainha deve ser engaiolada ou deve ser removida se, por causa de idade ou qualquer defeito, valer a pena mantê-la durante o Inverno. Como o massacre dos zangões ocorre freqüentemente ao final deste mês, é agora tempo para renovar as rainhas, quer dizer, providenciar a remoção das que têm dois ou três anos de idade, se nós não tivermos nenhuma colméia reserva, que será destruída no Outono, cujas rainhas podem ser dadas para aquelas que desejamos hibernar. De muitos enxames, que ou enxamearam voluntariamente ou dos quais um enxame foi forçado, sua jovem rainha pode ter sido perdida em seu vôo de fecundação sem que isto seja notado imediatamente. Quando nós não pudermos, ou não investigarmos o interior, aproximadamente seis semanas depois da partida da rainha velha, observaremos se na frente da colméia materna existem novamente abelhas jovens voando, ou se mais tarde elas se preparam para eliminar os zangões. Colméias maternas cujas rainhas se tornaram normalmente férteis fazem isto mais cedo do que as que conservam suas rainhas do ano anterior. Se nós queremos colocar em ordem as que estão sem rainha, nós lhes damos rapidamente uma rainha fértil boa quando isto for possível; Apicultura Racional 399

mas se uma não fértil ou uma inútil estiver presente no enxame, esta deve ser removida, claro, previamente. Nós devemos agora ajudar efetivamente os enxames jovens, que estão muito fracos ou apareceram muito tarde, se nós pretendemos que eles passem o Inverno. Isto é feito fornecendo favos com cria e mel, mas só no caso de termos colméias com excesso de população e mel. Caso contrário é melhor unir os enxames jovens, no Outono, com outros e reservar seus favos para uso futuro. Enquanto as abelhas ainda conseguem colher razoavelmente elas estão em condições de combinar os favos fornecidos com os favos que tinham previamente, completar as falhas e concentrar suas reservas de mel para tornar possível uma melhor e mais segura hibernação. Se o pasto nos campos escassear consideravelmente, ou tiver cessado inteiramente, as abelhas acostumadas a colher ficam muito dispostas a penetrarem em outras colméias e as pilhar. Nós aplicamos então, especialmente nas colméias fracas ou que se suspeita estarem sem rainha, os meios previamente mencionados para prevenir a pilhagem; especialmente não permitindo que colméias que estão seguramente sem rainha permaneçam assim, mas deixando-as em condições ou desmanchando-as completamente. Existem regiões, porém, nas quais a colheita do mel da flor do trigo-mouro está começando agora. Neste caso, o que foi dito para Junho cabe bem para este mês. Nós ainda podemos receber enxames ou podemos fazê-los artificialmente e eles podem ainda se tornar fortes e bons quando esta flor - tão extraordinariamente rica em mel em terras pobres, arenosas e com ar morno e úmido – se mantiver até Agosto ou quando as abelhas tiverem, mais tarde, oportunidade de trabalhar no urze. Em muitas regiões e estações os próprios enxames primários liberam enxames novamente, os quais são chamados de enxames maiden*. Se eles serão aceitos e alojados

Segundo Michaelis – maiden: virgem, solteiro, novo, sem uso. N.T. 400 Johnann Dzierzon *

ou devolvido novamente à sua colméia materna dependerá de considerações sobre o pasto em vista e da experiência.

AGOSTO Na maioria das regiões ocorre neste mês o fim do pasto apícola. Os enxames continuam expulsando os zangões. Observamos isto e mantemos em observação cuidadosa as colméias que toleram os zangões. É muito provável que elas estejam sem rainha. Para prevenir a pilhagem o apicultor deve agora dobrar sua vigilância, porque as abelhas são muito rápidas. Colher mel em excesso bem como alimentar enxames que não têm o suficiente para suas necessidades, deve ser realizado nas horas frescas da manhã ou, melhor ainda, à noite, em clima fresco, fazendo o trabalho rapidamente, não deixando nenhum favo com mel aberto a descoberto nem manter aberta qualquer colméia. Evite provocar as abelhas de outros apicultores pelo cheiro do mel; embora as abelhas possam voltar para casa carregadas com mel, elas retornam novamente com reforços redobrados e atacam vigorosamente as colméias. As entradas devem ser reduzidas para facilitar a defesa das abelhas contra os ataques das pilhadoras. Todas as frestas, pelas quais as abelhas podem penetrar ou pelas quais o cheiro de mel pode escapar das colméias, devem ser fechadas. Quando muitas colméias forem mantidas num mesmo lugar, e quando a estação for pobre em mel a precaução deve ser maior, ou o apicultor sofrerá grande perda com as abelhas pilhadoras. Em regiões de brejo a principal colheita de mel da flor do urze começa no meio deste mês. É normal, quando o brejo ficar muito distante para as abelhas voarem até ele a partir de sua colméia, transportar as colméias ou viajar com elas até o urze. Isto é mais aconselhado quando esta oportunidade se apresenta ao apicultor cujos enxames não puderam acumular grande reApicultura Racional 401

serva de mel durante a colheita de verão. Viajar com colméias já pesadas é menos compensador; em primeiro lugar, porque elas aumentarão menos de peso, e, em segundo, porque sua remoção é mais difícil. O perigo de os favos colapsarem e de as abelhas serem sufocadas é muito maior do que em colméias leves. Nas colméias descritas pelo Autor este perigo não acontece. Antes da viagem os espaços de mel podem ser esvaziados e até mesmo os favos mais pesados podem ser tirados do espaço do ninho e podem ser deixados em casa. As colméias transportadas para o brejo aumentarão de peso na proporção em que elas forem privadas de suas reservas, favos vazios lhes forem fornecidos e forem acrescentadas abelhas de outros enxames. Nós encontraremos mais mel nelas ao final do pasto se a postura for suspensa engaiolando a rainha previamente por aproximadamente três semanas. Para colméias que deverão ser hibernadas isto é menos aplicável, porque no Outono poderia haver uma deficiência de abelhas, especialmente de jovens e vigorosas. Em colméias a serem desmontadas, porém, isto é muito aconselhável. Nestas será economizado o mel que, caso contrário, seria gasto com a cria; e as abelhas, especialmente se elas já tiverem favo suficiente, podem acumular mais, porque não será necessário que algumas se encarreguem com os cuidados com a cria e sempre sobrarão mais alvéolos vazios para o depósito de mel.

SETEMBRO Em regiões de brejo as abelhas podem, com clima favorável, dispor ainda de algum pasto pela metade de Setembro; caso contrário elas podem juntar só mel quando se formar o honeydew o qual, neste mês, abunda nos pinheiros. Mas este geralmente traz mais prejuízo do que lucro para os enxames, porque neste mês ocorre pouca ou nenhuma cria nova; as abelhas quando voam se perdem em quantidade ficando emaranhadas 402

Johnann Dzierzon

nas teias das numerosas aranhas, e muitas são apanhadas e comidas pelo hornets. Os enxames ficam, deste modo, muito reduzidos; o mel colhido é agora, em si mesmo, de qualidade ruim, não será mais corretamente refinado, permanecerá, em sua maior parte, não operculado e será, freqüentemente, a causa de disenteria quando ocorrer um Inverno longo e severo. Quando toda a cria tiver emergido, o que normalmente ocorre no meio ou no final do mês variando com a região e o clima, as colméias que não queremos hibernar podem ser esvaziadas das abelhas, os favos separados para o mel e cera ou para preservar para uso futuro. Em colméias com quadros móveis não há necessidade de esperar este tempo, pois os favos que ainda contêm cria podem ser postos em outras colméias. A união pode ainda ser feita com mais vantagem ao mesmo tempo, se for evidente quais são os enxames sem valor para hibernar e que devem ser desfeitos. Certamente não é intenção hibernar todos que estão no apiário, mas antes unir todos que, por qualquer razão, não se tem intenção de hibernar. Fazer enxames artificiais é uma arte valiosa somente por esta razão - fornece ocasião para criar rainhas vigorosas e jovens. Mas será improdutivo e prejudicial para o apicultor hibernar enxames leves e fracos. Esses enxames que não possuem dez libras de mel, pelo menos, principalmente operculado, favo adequado, rainha vigorosa e tantas abelhas que no Outono cubram completamente cerca de cinco favos, é melhor unir do que manter. Quando a estação for ruim para as abelhas devemos ser mais condescendentes em unir enxames; de forma que os que permanecerem recebam reservas adequadas de mel e ainda possamos manter uma quantidade de favos - alguns cheios e algunsque vazios - com os quais poderemos socorrer tanto os enxames foram hibernados como os enxames artificiais a serem feitos deles no próximo ano. Um enxame artificial bom depois de um mês será muito melhor do que um enxame fraco e velho cuja hibernação causou muito trabalho e despesa. Todo aquele que hibernar enxames leves e fracos está preparando mais carga para si próprio para a Primavera - se ele viver até lá - com mais trabalho e terá de seu Apicultura Racional 403

negócio apícola mais perda e amolação do que lucro e alegria. Embora, depois de um Verão favorável, todas os enxames devessem ter acumulado o necessário para atender suas próprias necessidades, contudo, uma parte deles não poderá ser hibernada porque suas rainhas já estão muito velhas e não valem serem hibernadas. Se um enxame tem uma reserva de Inverno adequada e um bom favo, nem muito velho nem muito novo, mas tem uma rainha que é muito velha, ela será retirada e substituída por uma rainha jovem, fértil de outro enxame que será desfeito, depois de o primeiro ter ficado sem rainha durante algum tempo. Se quisermos Italianizar um enxame normal, introduzindo uma rainha italiana, o período mais favorável para isto é este mês, porque como as abelhas não constroem realeira depois da remoção da sua rainha não há necessidade de destruí-las com a finalidade de defender a rainha a ser introduzida dos perigos e porque podemos manter a rainha engaiolada durante uma semana sem qualquer desvantagem até que as abelhas fiquem perfeitamente familiarizadas com ela e a aceitem, e lembrando que, se ela não estivesse engaiolada, não haveria mais desenvolvimento de cria em andamento*. Além disso, podemos agora obter rainhas italianas férteis mais facilmente e mais baratas do que na Primavera, já que ninguém poderá privar de sua rainha um enxame que passou o Inverno. O Autor tem condições de, em qualquer época do ano, enviar rainhas italianas quando o envio for possível a um preço diferenciado de acordo com a diferente época do ano. Para tornar as consultas desnecessárias num futuro, quando os pedidos tiverem de alguma forma diminuído, estabelecer uma regra de modo que rainhas italianas e genuínas valerão emEspécimes Março, Abril e Maio 12 xelins, eférteis de Junho a Outubro 9 xelins. bonitos que são uma raridade terão um preço mais alto e nem mesmo em Outono serão remetidas por valor inferior a 15 xelins. Por um pequeno enxame serão pedidos 3 xelins a mais do

O sentido, ao final da frase, está contraditório. N.T. 404 Johnann Dzierzon *

que para a rainha sozinha. Quem não aumentou seus enxames na época da enxameação deve hibernar o que ele tiver em seu apiário e só fará a colheita de mel cortando os favos ou tomando o excesso, o que pode ser feito, em parte, durante este mês. Uma parte do excesso pode ser retirada agora sem dano para as colméias tronco, skeps ou Lager, e outras colméias semelhantes cujos favos devem ser cortados, só não devemos chegar muito perto do ninho de Inverno das abelhas, para não torná-lo muito frio, e temos que deixar reservas suficientes para as abelhas no caso de o Inverno ser longo e severo e uma Primavera fria. O possível excesso pode realmente ser retirado no corte da Primavera. Durante o corte temos que tomar as precauções adequadas para não atrair abelhas estranhas e provocar a pilhagem. Pois, em busca de pasto, as abelhas estão agora extremamente dispostas à pilhagem. Enxames que ainda toleram zangão estão como regra sem rainha; considerando que eles têm principalmente só algumas abelhas velhas é melhor recortar os favos e desfazê-los. Uma grande quantidade de pólen é normalmente encontrada neste favo. Pode ser preservado especialmente para fornecer na Primavera para enxames jovens que possuem pouco ou estão sem reserva de pólen.

OUTUBRO Se por falta de tempo ou porque as abelhas continuam criando em clima agradável, a união de enxames que não serão hibernados já não foi executada no mês anterior, pode ser feita muito bem, ou talvez até melhor, agora. Toda a cria é provável ter emergido e, por esta razão e por causa do clima frio do ano, existe menos probabilidade de o favo vazio ser atacado pelas Apicultura Racional 405

traças; a pilhagem, embora não totalmente impossível, não é para ser tão temida agora desde as abelhas, em sua maior parte, permanecem quietas em suas colméias, e só voam algumas vezes na frente das colméias ao meio-dia. Vôos freqüentes são tão prejudiciais a elas no final do Outono como no início da Primavera; através destes as abelhas se perdem e já não serão substituídas por abelhas jovens. Então, não devemos perturbar os enxames com alimentação repetida; se o que elas precisam não puder ser dado em favo de mel operculado, e tivermos que lhes dar mel líquido, é melhor dar em grande quantidade ao entardecer, quando os vôos estão sendo encerrados. Se, depois de um Verão singularmente ruim, ocorrer uma deficiência muito grande para as necessidades de Inverno nos enxames que serão hibernados, deixar que pelo menos uma parte de sua provisão lhes seja dada em pedaços de doce, porque muita comida líquida fornecida no Outono torna a hibernação cara e incerta, já que as abelhas estando frias em seus espaços consomem muito mais e, seguidamente, sofrem de disenteria. O doce, o melhor é do tipo amarelo, é posto dentro em cima ou próximo de seus espaços de Inverno. Se isto não for possível por causa da construção da colméia, pode ser posto embaixo. O favo deve ser então encurtado tanto que as abelhas possam cobri-lo convenientemente. A comida pode ser empurrada por baixo sobre um favo firme velho que, ao mesmo tempo, evita o resfriamento por baixo. Com frio severo as abelhas podem usar suas reservas que estão nos favo que, então, não devem ser muito escassos; mas em dias agradáveis elas descem e se alimentam no doce posto abaixo. O açúcar pode ser dado a skeps de palha em uma pequena caixa feita de tábua fina colocada acima do buraco de entrada, ou a colméia será invertida e, depois que um tipo de treliça for feita de tábuas finas, o açúcar é posto encima, de forma que as abelhas possam muito bem subir, e os pedaços de açúcar não possam cair entre os favos. Uma vez que a colméia deve permanecer invertida deste modo, a comida não deveria ser fornecida antes de as abelhas não terem mais oportunidade adicional para vôo. São postas tábuas em cima da comida, e o 406

Johnann Dzierzon

espaço restante será cheio com feno. Pedaços de favo com mel, se existir algum, podem ser postos na colméia invertida, imediatamente sobre seus favos, talvez nos lados ou nos cantos não construídos. Em pouco tempo as abelhas prendem os pedaços que estão deitados, talvez na mesma noite, e a colméia pode ser revertida novamente. Deste modo a provisão de Inverno necessária não só pode ser fornecida às abelhas, mas um jogo incompleto de favos pode ser completado e pode ser protegido da tiragem do ar, e um enxame que de outra forma passariam necessidade pode ser hibernado. Mas a hibernação de tais enxames só é desculpável quando ocorreram perdas incomuns por cria pútrida ou outros acidentes, e existirem poucos enxames bons para serem hibernados. Eles são de hibernação problemática, cara e extremamente incerta. As abelhas, embora possamos mantê-las na Primavera, podem abandonar seu favo frio em algum dia agradável e sair voando ou provocar dano e desordem no apiário. Quando as abelhas se amontoarem mais próximas com clima frio, e já não vigiarem a entrada, as vespas têm livre acesso à colméia, e roubam, quando elas forem numerosas, muitas gotas de mel e matam muitas abelhas, em relação às quais são normalmente superiores na batalha. Seus ninhos deveriam ser destruídos ou as vespas deveriam ser apanhadas em garrafas abertas com um pouco de líquido doce. No final do Outono os ratos tentam entrar nas colméias. Sua entrada deve ser prevenida com pregos ou lâminas, sem, porém, impedir a saída livre das abelhas.

NOVEMBRO Os dias estão ficando mais curtos e mais frios. As abelhas estão se amontoando num grupamento mais apertado. A maior parte delas se mantem perfeitamente quieta, de forma que não se ouve um único zumbido na colméia. Porém, normalmente Apicultura Racional 407

ocorrem dias durante este mês em que as abelhas voam ao meio-dia e ainda podem realizar sua higiene antes do Inverno. Tal vôo tardio é muito útil para eles, porque elas podem então permanecer por mais tempo na Primavera sem voar. Se apenas uma parte dos enxames fizer estes vôos em dias amenos enquanto outras se mantem quieta, estas podem ser provocadas para voar ao mesmo tempo, se elas não voaram durante algum tempo, batendo nas colméias ou soprando pelas entradas. Um vôo tardio é especialmente útil para as abelhas quando elas recolheram honey-dew tarde na estação ou foram alimentados com mel líquido. Dar tal comida agora a elas seria um pouco tarde. Os enxames, porém, podem ser alimentados sempre com favos com mel operculado, mel sólido, ou pedaços de doce, agora como também durante os meses de Inverno. Mas isto deve ser feito de tal modo que as abelhas não fiquem muito transtornadas e entusiasmadas. Quem estiver acostumado a abrigar suas colméias durante o Inverno num porão ou outro lugar que possa ser usado com esta finalidade não precisa de forma alguma ter pressa. Às vezes cai neve e gela na primeira metade deste mês e depois ocorrem dias agradáveis, quando as abelhas ainda podem realizar seu vôo de higienização. Pelo final do mês, ou começo do próximo, quando o Inverno ameaçar ficar severo, as colméias podem ser abrigadas. As abelhas não devem ser impedidas de sair e retornar para seus abrigos de Inverno. Ratos são facilmente mantidos afastados, capturando-os em armadilhas ou eles podem ser impedidos de entrar na colméia por pregos cravados na entrada. As colméias deixadas em seu local habitual devem receber proteção o frio enchendo com oscolocar espaçospalha vazios existirem para no topo e nas laterais. Nãopalha é bem noque lado de fora das colméias por causa dos ratos; eles se escondem na palha e podem, no mínimo, perturbar os enxames mesmo sem conseguirem entrar nas colméias.

408

Johnann Dzierzon

DEZEMBRO Se as colméias não foram preparadas para o Inverno no mês anterior devem ser preparadas agora. Onde há o perigo de roubo das colméias elas deveriam ser protegidas. As pilhas de colméias conjunto que estiverem separadas serão aproximadas e presas entre si de forma que elas não possam ser movidas isoladamente e assim serem roubadas. As colméias duplas são atarraxadas umas às outras de forma que elas não possam ser levadas facilmente, as portas são presas para não permitir que sejam facilmente abertas, ou é instalada uma porta exterior, comum a todas elas, assim serão facilmente fechadas, ou elas são presas umas às outras de algum outro modo. Mas as colméias ficam protegidas de todos os perigos que as ameaçam desde homem, pássaros, congelamento severo, ventos cortantes, neve e sol se forem transportadas para um abrigo. Assim, é muito aconselhável a todo apicultor que quer hibernar suas colméias com segurança e quer multiplicá-las rapidamente, construir um abrigo de Inverno deste tipo para suas colméias, se ele já não possui um, em uma adega calma, ou porão seco, ou algo parecido. O custo desta construção será muito provavelmente reembolsado em um ano pela hibernação segura e barata das suas colméias. Ele consegue as mesmas vantagens para as abelhas no Pavilhão ou nas colméias separadas com compartimentos adjacentes como se elas estivessem abrigadas ou estivessem enterradas como foi mencionado na seção onde a Colméia Geminada e o Pavilhão são descritos. Mas não deve haver nenhuma demora, antes do Inverno, em abrir as fendas perfeitamente propolisadas pelas abelhas, uma vez que estas aberturas são os caminhos para fornecer ar para as abelhas com a mesma temperatura do solo. O Inverno pode trazer então o clima que quiser, frio ou moderado, seco ou com neve, permanente ou mutável. Isoladas de todas as mudanças as abelhas sobreviverão através dele com pequeno consumo e perda insignificante e darão alegremente as boas-vindas à Primavera. As opeApicultura Racional 409

rações já mencionadas começam então mais uma vez para o apicultor e as velhas mas sempre novas alegrias que os cuidados com as abelhas possibilitam tão freqüentemente esperam por ele.

410

Johnann Dzierzon