UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB UFPB CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA CCSA CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS INTERNACIONAIS Aluno: Caio Ponce de Leon Ribeiro Freire | Matrícula: 11413206
RESENHA CRÍTICA SOBRE O CAPÍTULO 5: O PAPEL DAS ARMAS NUCLEARES DO LIVRO COMPREENDER OS CONFLITOS INTERNACIONAIS – UMA INTRODUÇÃO À TEORIA E À HISTÓRIA DE JOSEPH NYE
João Pessoa 2014
Caio Ponce de Leon Ribeiro Freire
RESENHA CRÍTICA SOBRE O CAPÍTULO 5: O PAPEL DAS ARMAS NUCLEARES DO LIVRO COMPREENDER OS CONFLITOS INTERNACIONAIS – UMA INTRODUÇÃO À TEORIA E À HISTÓRIA DE JOSEPH NYE
Este trabalho é uma resenha para ser utilizada como nota na disciplina de História das Relações Internacionais na Idade Contemporânea.
Profª Me. Xaman Minillo
João Pessoa 2014
Nye começa o capítulo já mostrando o cenário no qual desenvolveu-se a Era Nuclear. No início do capítulo o autor dá um panorama geral sobre a Guerra Fria, alguns anos após o término da Segunda Guerra Mundial. Ele questiona o porquê desta não ter “esquentado” ao longo dos anos, e introduz o pensamento de que um dos principais fatores que impediram esse evento foi a existência da bomba nuclear. O autor discorre um pouco das implicações físicas e naturais que a nova arma é capaz, já dando uma base para argumentar, posteriormente, os motivos pelos quais uma guerra nuclear seria temida pelos países e por isso não eclodiu guerra alguma entre as duas grandes potências do sistema bipolar vivenciado à época. Ele afirma que os Estados Unidos não poderia influenciar diretamente a União Soviética a colaborar com seus interesses, mesmo, à época, sendo o único detentor da arma mais poderosa, pois esta poderia muito bem invadir os países europeus com suas forças terrestres. Este pensamento fez com que as duas possibilidades – a de um ataque nuclear em solo soviético e a invasão da Europa por estes – anulassem-se e, assim, o cenário mantivesse- se “frio”. É nesta parte do capítulo que ele fala, também, que a nova tecnologia que veio com as armas nucleares permitia que as guerras tornassem-se mais fáceis e obtivessem um maior alcance global já que “uma guerra intercontinental poderia ocorrer com apenas 30 minutos de aviso ” (NYE, 2002, p. 166). Com o passar do tempo a URSS conseguiu obter, também, a arma nuclear. Dentro desse contexto, Nye colocar o termo “Equilíbrio Nuclear”. Funcionaria da mesma maneira que o
pensamento falado mais acima. O temor que uma nação usasse seu poderio nuclear contra outra e esta última revidasse com tanta, ou mais, força que a primeira, evitou que ambos os lados se atacassem e que pensassem muito bem antes de cogitar o uso de tais armas. É este temor que, para o autor, manteve a Guerra Fria “estável” e não evoluísse para um conflito armado. Contudo, o autor apresenta momentos em que essa certa “estabilidade” pôde ter sido
acabada e o conflito armado podia ter eclodido. Em guerras como a do Vietnã, a do Golfo ou a do Afeganistão, ambas potências mundiais – Estados Unidos e União Soviética – abstiveramse de usar as armas nucleares e usaram, em vez disso, as armas mais convencionais (tais como Napalm e bombas incendiárias) . O não uso de poderio nuclear é explicado “ em parte, ao receio de que a utilização de qualquer arma nuclear (...) poderia abrir caminho à utilização de todas as armas nucleares, e esse risco era inaceitável ” (NYE, 2002, p. 168). Outro ponto abordado no capítulo, e que foi de certa forma impactante na história da Era Nuclear, é a Crise Cubana dos Mísseis. Foi este o episódio que mais “aqueceu” a Guerra Fria. Nye aborda o comportamento tido pelos Estados Unidos e seu presidente à época, Kennedy. Mesmo sendo um evento que pudesse ter atirado o mundo numa temível guerra nuclear, isto não ocorreu. Talvez devido ao receio e a cautela que foi tida durante as decisões tomadas sobre a Crise. Segundo o autor foi “ como se os Estados Unidos e a União Soviética tivessem deslizado até à borda de um penhasco, olhado para baixo e recuado. ” (NYE, 2002, p. 175). É mostrado, também, que alguns acharam que Kennedy não foi duro o bastante com a URSS neste episódio. Contudo, graças à cautela, foi após este quase incidente que a tensão diminuiu. Em 1963, o ano seguinte à Crise Cubana, foi criada uma linha de comunicação direta entre Moscou e Washington. Nye afirma que este contato direto entre os líderes de ambas nações que permitiu a queda da tensão e a volta da certa “estabilidade” dentro da Guerra Fria.
O autor também fala sobre a Dissuasão Nuclear, explicando o termo como sendo uma subdivisão da dissuasão total. Contudo, seu uso do termo “dissuasão” difere um pouco do usual. Nye explica a dissuasão como o “desencorajamento pelo medo” (NYE, 2002, p. 167), assim, a dissuasão que as potências poderiam se usar era ter a maior força de coação possível – que a
época traduzia-se na obtenção de armas nucleares. Porém, não somente é a retenção da força necessária, mas também a credibilidade em utilizá-la. É citado um evento hipotético onde, se os Estados Unidos tivessem ameaçado atacar Moscou em 1980 em troca da retirada das tropas soviéticas do Afeganistão, seria provável que tal ameaça não fosse levada em consideração, pelo fato de que dificilmente ocorreria um ataque nuclear americano contra seu inimigo soviético. Contudo, um outro aspecto que é posto como fundamental no capítulo é a moral. O autor cita que, mesmo que os pensamentos contra o uso das armas nucleares girassem em torno de questões político-militares, havia o questionamento da ética no uso de armas de destruição em massa. Há a indagação sobre se a guerra nuclear poderia adaptar-se ao conceito de guerra justa. Chega-se à conclusão de que sim, seria possível. Contudo, é questionado também que tal guerra poderia não apenas limitar- se à “justiça” do conflito que fosse, mas sim, poderia haver uma escalada do conflito ao ponto de que a guerra nuclear transformasse-se num conflito sanguinário e insustentável: “o que é que poderia valer cem milhões de vidas ou a destruição da Terra? ” (NYE, 2002, p. 176). É com esses preceitos morais que foi introduzido o Tratado de NãoProliferação Nuclear, o qual muitos países aderiram. Entretanto, o temor nuclear continua até hoje já que há ainda países que aspiram a obtenção da Bomba Nuclear. O autor cita que o movimento contra armas de destruição em massa é apoiado tanto por Estados que não têm pretensão em obtê-las como por aqueles que continuam a produzi-las, é classificado, este movimento, tanto moral como realista. A visão do último, explicada de maneira simples: “armas de destruição maciça têm um grande risco de escalada e um enorme potencial de devastação ” (NYE, 2002, pp. 177-178). No contexto geral, o texto é conciso em explicar o tema abordado. O autor é bem direto nos exemplos e em suas colocações. No entanto, a forma atemporal adotada por ele pode chegar a confundir o leitor em alguns momentos, já que, o texto segue uma linha cronológica em certas partes e no momento seguinte, já há um período diferente sendo abordado. Porém, a forma como Nye elenca seus argumentos e apresenta os fatos históricos é bem colocada e permite que seja possível a fácil compreensão das ideias as quais ele tenta passar.
Referências bibliográficas: NYE, Jr., Joseph S. O Papel das Armas Nucleares. In: Compreender os Conflitos Internacionais – Uma Introdução à Teoria e à História. Lisboa: Lisboa Gradiva, 2002. p. 164-178.