, Gary Saul; EMErson, Caryl.
Morson
Mikhail Bakhtin: criação de uma prosaística.
Tradução Tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Edusp, 2008. por Ester Maria de Figueiredo Souza *
O livro Mikhail Bakhtin: criação de uma prosaística é situado como uma publicação sobre pensadores. pensadores. É assim adjetivando Mikhail Bakhtin, como um pensador, que os autores explicitam o desenvolvimento das teses bakhtinianas. Não estamos diante de um simples livro sobre conceitos extraídos de vasta obra. Além de exposição de teses e conceitos, apresenta-se uma bgr d Mkhl Bkhn, rlcnnd sss ss cnxs hsórcs e às circunstâncias da vida de Bakhtin. De imediato, questiona-se: o que compõe o pensamento bakhtiniano? bakht iniano? É sbd qu ur d mus d sus scrs s crs é d pculr ndnçã. nd nçã. Mus só vrm públc várs ns pós su prduçã. Lvrs d príd d 1920 1924 – príd d dns prduçã – só frm publcds n Rúss m 1986, como, por exemplo, Para uma flosofa do ato, ainda sem tradução no Brasil. Assim, compreender o que se denomina como pensamento bakhtiniano sgnc prcrrr um cmnh qu nvlv nã pns ndvídu Bkhn, mas um conjunto de intelectuais, cientistas e artistas que, especialmente, nas décds d 1920 1930, dlgrm m dfrns spçs plícs, scs e culturais. Prfssr d Unvrsdd esdul d Suds d Bh (Usb). Dur m educçã pl Unvrsdd Fdrl d Bh (Ufb). e-ml: mfsuz@gml.cm.
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PoLiteia: Hs. Sc.
Vór d Cnqus
v. 8
n. 1
p. 241-245
2008
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Ester Maria de Figueiredo Souza
a rjór pssl nlcul d Mkhl Bkhn f rvssd pl prsã pl xíl, mbém mrcd pl su pçã m pr Rvluçã Russ pl mrgnldd d sus suds ns ms cdêmcs. os urs, nfznd nurz unvrsl d br d Mkhl Bkhn, prm pr xpr essa obra em blocos temáticos. As questões selecionadas pelos autores assentam br bkhnn sb um pn d fund d nurz muldscplnr. elgm dlgsm, nurz d lngugm, cm um nvdr cncpçã d méd dléc pr s nvsgr s dmíns, lms nrfcs d lngugm. Com comentários esclarecedores sobre os conceitos bakhtinianos, datandos qund d su prmr crrênc, xpnd s rfrmulçõs qu sss rms sfrrm lng d prduçã, s urs rvlm um Mkhl Bkhn rigoroso nas suas postulações e críticas, instigante nos desdobramentos de sua br, pnr n su críc prdgm sruurls vgn. Cnsró-s um prl d pnsdr lósf mbuíd d um psur sngulr d brdgm rmn órc-mdlógc sbr lngugm, rmnd- cm trabalho e processo de interação. Essa dimensão é transdisciplinar em toda a br, qu fcul, n cnsçã ds urs, nndr s fundmns d ética e da estética bakhtiniana. Mkhl Bkhn nscu m 16 d nvmbr d 1895, m orl, sul d Mscu. Flcu m 7 d mrç d 1975. Publcu pns ds lvrs, nqun vv. Frmu-s m Lrur Clássc Fls n Unvrsdd d Prgrd, m 1918. Rclus, pós r sd prs nd ss pn rnsfrmd m xíl, dvd su súd prcár, xrc dvrss vdds xrns m cdêmc. Vvnd n srcsm, é cm surprs qu um grup d sudns, m 1950, dscbr- m Srnsk. o cn cm sss estudantes provoca a revisão de muitos de seus escritos, o que repercutiu na ampliação dos estudos de textos de autoria de Bakhtin e do Círculo. Amplias prfusã ds dés d Círcul, ds próprs xs lvrs d ur designada a Bakhtin, divulgando-se sua concepção sobre a linguagem e a crítica à hegemonia do paradigma estruturalista. Essa breve situacionalidade da vida e obra de Bakhtin revela a mprânc d publcçã rsnhd. o lvr subdvd-s m rês prs. a primeira, “Conceitos chaves e períodos”, apresenta a constituição do campo órc s cndçõs crcunsncs hsórc-scs culurs d prduçã ds scrs bkhnns. ess pr subdvd-s m rês cpíuls. a sgund
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pr, mzd d “Prblms d ur”, rvl cmplxdd d cnc de autoria e sua apropriação por campos distintos de conhecimento, sendo subdvdd, mbém, m rês cpíuls. Nss pr, ncursn-s pls plvrs-chvs: mlngüísc, plfn, urdd, dscurs c. Pd-s rmr qu é pr ms prnn à frmulçã d um r d dscurs, crrnd-s rsc d rduçã ddác qu rmçã d rsnhs prfss. a pr iii, dnmnd “trs d rmnc”, rcupr s ndícs vsígs d nscmn d rmnc cm gênr, rculnd- cm dfícl cnc d crnóp. inusdmn, msm rgnznd-s n frm nrduçã/ prs/cpíuls, lvr nã prsn um cnclusã, cm pdr sr usul. após rcr pr, xpõm-s s ns, rcmn dlhds. o lvr r dnsdd d prduçã bkhnn. Dn ss prduçã cm fscnn, pnr, dns. os urs dmnsrm rblh d psqus curd, n ns cnárs bgrács, cm n cnsruçã rcnsruçã ds dés frmulçõs órc-mdlógcs crds pr Bakhtin. Fica exposta a dicotomia entre os dois modos de se conceber a realidade: um que a concebe como unidade – monologismo e acabamento – e outro que a considera como diversidade, dialogismo e interação verbal. Os autores, com a subdivisão didática, intentam subsidiar o leitor para cnsrur ncnrr (r) snhs qu prvqum nndmn d prsísc. N págn 30 nfrmm qu “Bkhn mprgv cnsnmn s rms nã-nlzbldd dálg; prsísc, cnud é nlgsm nss”. o lvr vrclz pnsmn bkhnn, rfrnd lscmn s cncs-chvs d d prcurs prduv d Bkhn. É um lur fulcrl para se investigar e incursionar sobre a essencialidade da obra bakhtiniana. A dvsã m rês prs cncb lbrdd lr d nã sgur um rdm lnr. Mus ds cncs sã rmds, xmpl d nã-nlzbldd prsísc, pr rfrçr cmprnsã d qu, scrvr, Bkhn dslcv plvr, cnfrnd-lh nurldd ncssár pr nsurçã d prcss de interação verbal. Cns-s qu lvr nã rm pns âmb ds suds lsócs lrárs. os urs, cm prnênc, sndm br pnsmn bakhtiniano para outros campos de conhecimento, a saber, a psicologia, a hsór, lngüísc, ducçã. Rrmm cnrldd d ncmplud inacabamento da linguagem na obra de Bakhtin. A linguagem e a palavra são qus ud n vd humn, rfrm-s s urs (p.100), cnd-.
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Ester Maria de Figueiredo Souza
os urs sum Bkhn sus urs. Cnfrnm-n cm Sussur, Sigmund Freud, Vigotsky e Volochinov etc. Amplia-se, com esse movimento de nã-vrdd, pr m d srégs d cnfrnçã, prllsm ngçã d dés, rl dmnsã prnênc d cncs nvnds rcrds pr Mkhl Bkhn. em lguns spcs, nfr-s qu nã s fg d ngv pr s rmr pnsmn bkhnn. ess cnsruçã nsísc prsn-s m d lvr, xgnd-s rux rmds d págns dns lds. D d md lur u, pl gm d nvs nfrmçõs qu s urs apresentam. Situa-se Bakhtin como um humanista, paradoxalmente um religioso mrxs; dspõ-s sbr su vd rdnár su vd cdêmc. Cnsró-s um prsísc, lnd d “bx pr cm, pr m d frms d pnsr rísc”. Há um Bkhn nrcns, lsóc, críc lrár, lngüs ns múlpls. Prcsmn um humns, xr rr. a br rsnhd dsdbr-s pr prsnr spcífc d pensamento bakhtiniano. Como toda obra compõe-se de valores, sendo carregada dos contextos de produção e recepção de uma época. É inusitado ndgr sbr uldd ds ss bkhnns, ss s urs fzm. a essa proposta os autores constatam no Hoje, com seus valores dominantes de xclusã ngçã d lrdds, qu, ms d qu nunc, br s ulz m cncs sgncds, dsdbrds m mrz lsóc. Bkhn, pr s urs, nã f (é) ms um frmls russ. É um cns mulfcd, snd, n prpsçã d lvr rsnhd, ncssár bdcr d róuls, pr s xrr bs órc qu susn su br. os scrs d Bkhn su Círcul êm mrcd númrs rduçõs prprcnd lbrçã d númrs nss ss cdêmcs. o lvr, ms um prduçã nss snd, sngulrz-s pr pur, pl prmr vz, s dvrss fss d rjór nlcul d Bkhn. Msm prmnd frmulçã rfrmulçã d númrs cncs xríds ds mnuscrs bkhnns, lguns nd cm pr mrcr mr dsqu, cm pr xmpl, nuncd cncr. o msm nã s pd rmr m rlçã à prsísc – plvr íul ds lvr –, crnvlzçã, rs d rmnc dentre outras. o lvr frc um dé d cnjun d pnsmn bkhnn, n sua unidade e diversidade, na aplicação de seus principais conceitos em campos dvrss qu s plcm lqu mác d Lrur, Lngüísc, Hsór,
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anrplg, Psclg, Cmuncçã c. Sm dúvd, M. Bkhn f um ds mrs pnsdrs d sécul XX. Um nlcul qu rpnsu su br cm um undd nã-mnlógc, cm ncnclus ncmpl, curvnds dmnsã dléc d lngugm cm nçã fundn pr cnsruçã d sus ss. a vldd d pnsmn bkhnn s ulz pr su rgnldd rgr órc. os urs d Mikhail Bakhtin: criação de uma prosaística prduzrm, ssm, um rc cmbnçã d x bgrác x cdêmc-cníc.
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