UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Campus de Montes Claros
Mestrado em Sociedade, Ambiente e Território Território
Disciplina: Cultura, População e Natureza Acadêmica: Raquel de Fátima Alves Alves Proessoras: Flávia !alizoni, Felisa Ana"a e Andr#a Narciso$
Montes Claros - MG - 2015
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Na obra de Marshall Sahlins “O ‘pessimismo sentimental’ e a experiência etnográfica: Por qe a cltra n!o " m ‘ob#eto’ em $ia de extin%!o& Parte '( o ator fa) cr*ticas a antropologia e tamb"m fala sobre a qest!o da nostalgia a qe lhe foi reser$ada desde a d"cada de +, com a teoria do desalento - enqanto ob#eto fadado . morte por conta do imperialismo coloni)ador erope/ 0 “cltra& n!o tem a menor possibilidade de desaparecer enqanto ob#eto principal da antropologia 1 tampoco( aliás( enqanto preocpa%!o fndamental de todas as ciências hmanas/ 2 claro qe ela pode perder( e #á perde( parte das qalidades de sbst3ncia natral adqiridas drante o longo per*odo em qe a antropologia ando fascinada pelo positi$ismo/ Mas a “cltra& n!o pode ser abandonada( sob pena de deixarmos de compreender o fen4meno 5nico qe ela nomeia e distinge: a organi)a%!o da experiência e da a%!o hmanas por meios simb6licos/ 0s pessoas( rela%7es e coisas qe po$oam a existência hmana manifestam8se essencialmente como $alores e significados 1 significados qe n!o podem ser determinados a partir de propriedades biol6gicas o f*sicas/ 0s di$ersidades cltrais adqirem $alor de acordo com m contexto( e a cltra ao contrário da ci$ili)a%!o( n!o pode ser transferida a otros po$os( mas " ela #stamente o modo singlar de organi)a%!o destes po$os qe se contrap7e a m pro#eto colonialista - o se#a( ela " fndamentalmente anti colonialista/ 0 id"ia do imperialismo colonial carrega m pressposto de sperioridade erop"ia relati$amente aos otros po$os qe interpreta o conceito de cltra red)indo8lhe ao instrmentalismo( diferentemente de sa inten%!o original/ 9esta maneira( com a expans!o da globali)a%!o econ4mica( temem algns qe as sociedades tribais perif"ricas est!o a caminho da desapari%!o - $*timas da hegemonia capitalista( e qe( portanto( o ob#eto de ma ciência antropol6gica qe seria exatamente esses ditos “po$os primiti$os&( o melhor( a cltra desses po$os(estaria em $ias de extin%!o/ ato " qe o contato com a “ci$ili)a%!o& ocidental e a integra%!o com o mercado global promo$e m enriqecimento da cltra dos po$os ind*genas - promo%!o qe se articla materialmente com o mercado( mas qe torno necessária ma re8elabora%!o do ni$erso cltral a partir dos no$os elementos qe passaram a reperctir na comnidade/ ;e8elabora%!o esta qe n!o está des$inclada dos significados tradicionais( mas ao contrário promo$e ma “intensifica%!o cltral& no sentido de responder( interpretar( organi)ar e $i$er as no$as possibilidades de Montes Claros - MG - 2015
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mndo atra$"s da pr6pria cltra( pois - Sahlins cita
" prodto da di$ersidade cltral( a coliga%!o le$a tanto a homogenei)a%!o qanto a di$ersifica%!o/ N!o mito longe dos Mendi( nas terras altas meridionais( Michael Nihill descre$e m processo semelhante de “desen$ol$imento& entre os 0nganen: “0pesar de ma resistência inicial . maior parte das coisas sgeridas pelos astralianos( os 0nganen logo se tornaram á$idos pelo desen$ol$imento( o ao menos pelos pro#etos qe eles considera$am como le$ando a tal fim/ ‘9esen$ol$imento’ ?di$elopman@ " m conceito amplo em anganen( mas qe " a$aliado sobretdo em termos de bens materiais( a$alia%!o reali)ada e simboli)ada atra$"s do dinheiro/ O dinheiro $i$o tem $árias tilidades( " claro 1 abrir lo#as comerciais( comprar carros( gado( bens de consmo( pagar taxas escolares o impostos( apostar em #ogos de a)ar etc/ 1( mas se maior significado para os 0nganen deri$a de sa proeminência nas trocas cerimoniais& ?Nihill ABCB:ADE@/ 0 troca “realmente floresce entre os 0nganen desde a chegada dos astralianos&( disse Nihill( “em parte de$ido ao fato de o dinheiro ter se tornado m item leg*timo de troca& ?Nihill ABCB:ADD@/ “9esen$ol$imento& ?di$elopman@ " a pala$ra neomelan"sia para esse fen4meno/ 9i$elopman corresponde ostensi$amente . categoria ocidental de “desen$ol$imento& Fde$elopmentG mas( dadas as diferen%as irredt*$eis de significado( e prefiro escre$ê8la tal como ela soa realmente em inglês: “de$elop man&( “desen$ol$er ?o@ homem&( isto "( o desen$ol$imento das pessoas/ Mesmo qando se refere a “bisnis&( se#a( a ganhar dinheiro( o desen$ol$imento se manifesta caracteristicamente para os po$os da No$a Hin" como ma expans!o dos poderes e $alores tradicionais( sobretdo atra$"s da amplia%!o das trocas cerimoniais e de parentesco/ O 5ltimo trabalho qe Sahlins e$oca para complementar se argmento " o de Irner( ator qe coloca a cltra “como o meio pelo qal m po$o define e prod) a si mesmo enqanto entidade social em rela%!o . sa sita%!o hist6rica em transforma%!o/& ?Irner( ABCE( Montes Claros - MG - 2015
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p/ J apd Sahlins( ABBJ( p/ AKK@ Iamb"m " m ator qe ad$oga em fa$or da capacidade de agência hist6rica dos po$os ind*genas frente ao sistema mndial capitalista/ =ssa $is!o seria ma tentati$a de manter os po$os ind*genas ref"ns de sa hist6ria qe le$aria a pri$á8los da hist6ria/ =m sa tra#et6ria( Irner acompanho os ind*genas Laap6 em momentos diferentes/ =m ABJK( relata tê8los $isto $i$er em ma $ida dpla( na qal sa existência tradicional existia apenas nos limites tra%ados pelas exigências ocidentais/ 9essa forma( “sem consegir ob#eti$ar sa cltra e conferir8lhe m $alor instrmental( os Laap6 tampoco podiam fa)er de sa identidade "tnica ma afirma%!o de atonomia/& ?S0'NS@/ ontdo( ao $oltar a campo em ABC+( Irner passo a o$ir a pala$ra “cltra& com freqência( associada a no$as rela%7es estabelecidas com otros po$os ind*genas( com a sociedade nacional e com o sistema internacional( e tinham consciência de qe sas t"cnicas de sbsistência( dieta alimentar( cerim4nias( institi%7es e acer$os sobre saberes e costmes fa)iam parte de sa cltra e eram necessárias . $ida como a entendiam/ Sahlins coloca qe isso n!o significa nenhma $olta a ma sposta cltra primordial( mas perceberam qe sa reprod%!o depende do entendimento dos meios e do controle das for%as de sa transforma%!o hist6rica/ 2 nesse sentido qe se coloca qe na lta contra o sistema hegem4nico( “a continidade das cltras ind*genas consiste nos modos espec*ficos pelos qais elas se transformam/& ?S0'NS@/ 9rante esses K+ anos de inter$alo entre os dois trabalhos de campo( os Laap6 assmiram “o controle de todos os focos institcionais e tecnol6gicos de dependência em rela%!o . sociedade brasileira existentes dentro de sa comnidade e territ6rio/& ?Irner( ABBQ( p/ + apd Sahlins( ABBJ( p/ AKE@ Sahlins ent!o argmenta qe essa " ma express!o local de m fen4meno mito mais generali)ado( caracter*stico do fim do s"clo RR/ ários po$os ob#eti$aram sa cltra( transformando8a em ob#eto de gerra de $ida o morte/ Para Sahlins( isso significa qe estamos diante ma no$a organi)a%!o mndial a cltra e de no$os modos de prod%!o hist6rica/ =ssa( qe ele chama de ltra Mndia da?s@ cltra?s@ seria mais ma organi)a%!o da di$ersidade qe pra replica%!o da niformidade/ 2 desse interc3mbio entre o local e o global qe se fa) a hist6ria cltral( #á qe se percebe qe os po$os ind*genas n!o s!o apenas $*timas( mas tamb"m capa)es de agência hist6rica/ Bibliografia
N''( Michael/ ABCB/ “Ihe NeT Pearlshells: 0spects of Mone and Meaning Montes Claros - MG - 2015
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in 0nganen =xchange&/ anberra 0nthropolog( AK:ADD8AJ,/
S0'NS( Marshall/ ABCC/ “osmologies of apitalism: Ihe Irans8Pacific Sector of the
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of the MambTe People of Northern ;hodesia/ Manchester: Manchester Xni$ersit Press for the ;hodes8i$ingstone 'nstitte/
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