Processos Psicológicos Básicos: Atenção de VIGILÂNCIA
ATENÇÃO
de ACTIVAÇÃO (Arousal)
Estudar a Atenção Focalizada ou Dirigida permite-nos compreender: 1. As limitações no processamento processamento individual; 2. A capacidade dos processos atencionais A nossa Atenção é prestada através dos nossos Órgãos Sensoriais
Segundo Eysenk e Keane (1995) A Atenção Focalizada ou Dirigida é diferente da Atenção Dividida , na medida em que na apresentação de 2 estímulos, a Atenção focalizada atende apenas um dos estímulos sendo o outro ignorado, enquanto na Atenção Dividida são atendidos os 2 estímulos em simultâneo (estudos de dual-task).
Tipos de Atenção: - Atenção dirigida /focalizada Auditiva Quando seleccionamos, processamos e recordamos um som no meio de um conjunto de sons. Ex: Efeito Cocktail. - Atenção dirigida /focalizada Visual, Quando seleccionamos e processamos uma imagem visual entre várias imagens visuais. Ex: Wally. - Atenção dividida, Na apresentação simultânea de 2 estímulos com instruções para atender ou responder aos 2 estímulos (estudos de dual-task), facilmente realizam as duas tarefas ao mesmo tempo.
- Atenção Selectiva, É o processamento preferencial de informação, ou seja, é o mecanismo cognitivo da mente que permite processar estímulos (inputs), pensamentos ou acções relevantes enquanto ignoramos os outros estímulos distractores.
Modelo Geral de Hierarquização entre estados de Arousal, Atenção e Atenção Selectiva Vígil ou Acordado
Desatento
Dormir
Atento
Atende ou
Diferentes estados de Sono
Ignora
Atenção tem 2 categorias: Categoria Voluntária/Endógena , é quando um individuo voluntariamente ou intencionalmente atende um determinado estímulo. Categoria Involuntária/Exógena , quando um individuo se focaliza em algo associado a estímulos diferentes, bizarros ou insólitos. Gazzaniga, Ivry e Mangum (2002)
Teorias e Modelos Atenção Focalizada ou Dirigida Auditiva E. Colin Cherry (1953) – Estudou o efeito Cocktail Party Em experiências de laboratório utilizou o método de tarefas de escuta/audição dicótica em shadowing tasks . Cherry efectuou duas experiências: Na 1ª colocou os participantes a ouvir 2 mensagens em cada um dos ouvidos por interlocutores diferentes; Na 2ª testou os participantes através da audição dicótica, shadowing task (ecoada) onde eram transmitidas mensagens diferentes pela mesma pessoa; Conclusões do seu estudo: Na 1ª conclui-o que a capacidade que temos para ouvir uma conversa entre outras, tem a ver com a distinção das características físicas , relacionadas com:
- Intensidade; - Tom de voz; - Género do emissor (M ou F) - Posicionamento do emissor - É a partir destas características que nós seleccionamos o estímulo, ou seja, as características físicas da mensagem sobrepõe-se à do significado. Na 2ª Cherry conclui que a 2ª informação recebida, enquanto estava a repetir a 1ª mensagem era praticamente ignorada, logo pouco processada . Criticas aos Estudos de Cherry:
A crítica apontada aos trabalhos de Cherry é pelo facto de terem sido experiências realizadas em laboratório , o que pelo conceito de validade ecológica têm de estar relacionadas com o meio ambiente dos indivíduos testados.
Donald Broadbent (1958)- Tarefa de escuta Dicótica com Dígitos Na sua Experiência, os participantes tentam recordar os dígitos na ordem da sua preferência (não há padrão), no entanto existe uma clara preferência por recordarem os dígitos orelha por orelha em vez de em paralelo ou par a par. É o primeiro a colocar a ênfase em termos teóricos e empíricos no problema do Processamento de Informação, implicando a existência de um filtro seleccionador da informação. Para Broadbent a abordagem do processamento de informação tem as seguintes premissas: 1º A informação disponível no meio ambiente é processada por uma série de sistemas de processamento. Ex: Atenção, Percepção, memória de trabalho, etc. 2º Estes sistemas de processamento transformam a informação de várias formas . Ex: vemos 2x4 e pensamos 8. 3º O objectivo da pesquisa é identificar e expressar os processos e as estruturas de modo a compreender o desempenho cognitivo. 4º Muito do processamento de informação nas pessoas assemelha-se ao dos computadores. Teoria do Filtro Atencional de Broadbent , perante 2 estímulos ou mensagens apresentadas ao mesmo tempo, com acesso em simultâneo a um buffer sensorial , que irá conter a informação por um curto período de tempo até serem admitidas ou desaparecerem do sistema de processamento. Um desses estímulos , ou inputs, mercê das suas características físicas, atravessa o filtro , enquanto o outro estímulo fica no buffer para processamento posterior, o filtro é necessário para prevenir a sobrecarga do mecanismo de capacidade limitada que está depois do filtro, este mecanismo processa o input de forma minuciosa.
É uma teoria consistente com a de Cherry porque os sistemas de processamento de informação são de capacidade limitada . E a mensagem não atendida é rejeitada num estádio inicial do processamento.
Neville Moray (1959)- Intrusão do Estímulo Não Atendido Conceito de intrusão do estímulo não atendido , consiste num estímulo que não era suposto ser atendido mas que pela sua prioridade passou a ser.
Ex: Numa conversa formal ouvirmos o nosso nome e… - Levou a mudar de ideias em relação ao “filtro” - Toda a informação será analisada de forma equivalente e, mais tarde, durante o processamento, alguma informação é atendida e outra será ignorada.
Gray & Wedderburn (1960) - dual task auditiva dicótica A selecção pode ocorrer quer antes, quer após o processamento de informação de ambos os inputs;
O processamento pode ser, baseado no significado da informação (inconsistente com a teoria do filtro ). Este estudo veio demonstrar que as palavras eram recordadas em termos de significado.
Teoria de Selecção Inicial (Broadbent, 1958) Versus
Teorias de Selecção Tardia (Treisman, 1964; Deutsch e Deutsch, 1963; Johnston e Heinz, 1978) Na selecção Inicial, o estímulo não necessita de ser completamente analisado, no plano perceptivo, e codificado como informação semântica ou categorial antes de ser seleccionado para posterior processamento ou rejeitado por ser irrelevante. Na selecção Tardia, os estímulos atendidos ou ignorados são processados de forma equivalente pelo sistema perceptivo, alcançando um determinado estádio de codificação e de análise semântica (significado), passando depois para o nível de processamento.
Anne Treisman (1964) – Teoria de Atenuação (redução da intensidade) Na teoria de Treisman o processamento de informação da palavra não atendida é atenuado, ou seja, o item não atendido é reduzido na sua intensidade.
O conceito de “engarrafamento” é quando á muita informação para ultrapassar o filtro. Esse “engarrafamento” ocorre de uma forma mais flexível, não é tão inicial como na Teoria do Filtro de Broadbent (1953). O processamento é efectuado de uma forma mais sistemática , a análise inicial é baseada em pistas (cues) ou características físicas, sendo a posterior análise baseada no significado. Não existindo suficiente capacidade de processamento para análise total do estímulo, algumas dessas não serão processadas e constituirão estímulos não atendidos ou ignorados. As características físicas (Ex: voz feminina ou masculina) sobrepõem-se, ou têm primazia relativamente ao significado. Criticas: A Teoria de Treisman é criticada por não conseguir explicar como ocorre a Atenuação.
Deutsch e Deutsch (1963) A teoria de Deutsch e Deutsch, foi conceptualizada para responder às limitações da teoria de Broadbent. Tem como base que, todos os estímulos são analisados por completo, sendo que o mais importante é que vai determinar uma resposta ou comportamento. A teoria também assume a ideia de “engarrafamento” da informação. Porém o “engarrafamento” é colocado próximo do final do sistema de processamento.
Criticas: Esta Teoria foi criticada porque não respeita a economia cognitiva , não fazendo sentido estar a gastar recursos cognitivos em informação desnecessária.
Comparação das Teorias: Treisman (1964) Informação e processamento Atenuados;
Deutsch e Deutsch (1963)
Toda a informação é processada por completo; Consistente com Cherry (1953): efeito Os inputs mais relevantes ou importantes “cocktail party” as características físicas determinam a resposta; sobrepõem-se ao significado; O mecanismo foi demonstrado em A Teoria vai contra o princípio da estudos posteriores, mas a teoria como é economia cognitiva: que a Atenuação ocorre. - Analisa completamente incluindo os estímulos considerados desnecessários.
Teorias e Modelos Atenção Focalizada ou Dirigida Visual Donald Broadbent (1958) – Teoria do Holofote Broadbent defende que a Atenção Focalizada Visual é comparada a um “holofote”. Onde qualquer área dentro da “iluminação” do holofote é vista com clareza. As áreas “não iluminadas” são “vistas” com menos clareza ou “não vistas”.
Eriksen (1990) – Modelo da Objectiva com Zoom (Zoom Lens) Eriksen defende que a Atenção é, de forma geral, amplamente distribuída, mas podese efectuar zooms para determinados pontos do nosso campo visual, quando necessário, e assim obter mais informação.
No modelo de Eriksen da objectiva com Zoom, é sugerida a ideia de que o foco da atenção é para uma determinada área no espaço visual, contudo, existe alguma evidência de que, frequentemente, focalizamos mais objectos que determinadas localizações.
Juola e Colegas (1991) – Teoria do Alvo Fizeram o seguinte teste:
- Num género de alvo, composto por 3 circunferências concêntricas, onde numa delas iria aparecer uma Letra Alvo; - Aos participantes eram dadas algumas pistas que forneciam alguma informação para qual dos círculos a letra Alvo poderia aparecer; - Hipótese: se a atenção funcionar como um holofote ajustável, então a detecção da Letra Alvo será maior no círculo interno. - De facto o desempenho era melhor quando a Letra Alvo aparecia no círculo para o qual havia sido dada uma pista .
Kramer e Hahn (1995) – Objectos ou Áreas? Colocam a seguinte questão: A atenção pode ser focalizada numa área determinada ou num objecto específico. Verificaram, nas suas experiências, que os participantes conseguiam dar atenção a duas áreas simultaneamente, ignorando o estímulo distractor apresentado entre as duas áreas. Vão criticar a teoria de Eriksen (1990), categorizando-a como muito inflexível, porque a Atenção pode ser focalizada numa só área ou em objectos parcialmente obscurecidos por outros estímulos, em 2 áreas diferentes.
Francolini e Egeth (1980) / Johnston e Dark (1986) - Apresentaram trabalhos anteriores á Teoria de Eriksen (1990), onde concluíram que os estímulos que estão fora da atenção recebem muito pouco processamento .
Driver e Tripper (1989) Vem contradizer todas as outras teorias, usando estudos com medidas mais sensíveis verificaram que a informação que não era para ser processada efectivamente foi igualmente processada.
Eysenck (2000) Refere que o significado dos estímulos visuais não atendidos é processado, pelo menos, algumas vezes. Pode ter um processamento menos extensivo do que os estímulos atendidos, mas os estímulos não atendidos recebem, tipicamente, menos processamento.
Neisser (1964) Na sua tarefa de pesquisa visual refere que quando o individuo é confrontado com vários estímulos e tem de identificar um o mais rápido possível, o individuo é mais rápido no seio de letras de apresentação arredondada e mais lento em letras com linhas rectas. Definiu ainda que com a prática a detecção de alvos se torna automática.
Teoria da Integração de características – Treisman e Gelade (1980) De acordo com a Teoria da Integração das Características (TIC) (Treisman & Gelade, 1980;, o processo de busca visual pode ocorrer basicamente de duas maneiras: 1ª Pré-atentiva, de busca rápida, e outra mais lenta realizada mediante a mobilização serial do foco da atenção. A busca pré-atentiva ocorre simultaneamente sobre todo o campo visual e possibilita a detecção automática do alvo. Características como a cor, tamanho, textura, brilho, orientação, frequência espacial, curvatura e extremidades das linhas. 2ª Por outro lado, se o alvo é composto por uma combinação de várias características a sua detecção torna-se consideravelmente mais lenta, este processo mais lento de análise da informação é atribuído a uma estratégia serial de integração e identificação dos objectos representados.
PRÁTICAS - ATENÇÃO Teste de Atenção de Toulouse-Pieron • Criado em 1904 por Toulouse e Piéron • Inspiraram-se no teste de Bourdon, de 1895, e que consistia em cortar as letras “a”, “e” e “r” num texto previamente preparado;
Finalidade: • Tem duas formas, a Forma de Adultos, a partir dos 10 anos, e a Forma de Crianças, para idades inferiores a 10 anos; • Averiguar a atenção voluntária permanente (capacidade de concentração); • Averiguar o poder de realização e também a resistência à fadiga; • É de aplicação colectiva ou individual; • O tempo de prova é de 10 minutos, controlados de minuto a minuto; • A correcção pode ser feita com grelha ou não;
Wolfgang Köhler A psicologia de Gestalt é um movimento que actua na área da teoria da forma, onde a percepção está para além dos elementos fornecidos pelos órgãos sensoriais. kohler defende que “o todo é mais do que a somo de todas as partes”. As leis básicas da Gestalt são: - Semelhança; Proximidade; Continuidade; Pregnância; Fechamento.
A Psicologia da Gestalt pode ser também vista como a Psicologia da forma. Os gestaltistas estão preocupados em compreender quais os processos psicológicos envolvidos numa ilusão de óptica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade. Kohler, estudou o modo como os chimpanzés lidavam com situações problemáticas, tendo chegado à conclusão que possuíam a capacidade de organizar os diversos elementos de uma situação num todo coerente permitindo assim encontrar a solução para o problema. As suas experiências com estes animais (que empilhavam caixotes para alcançar o alimento) comprovaram que estes têm condições para resolver problemas relativamente complexos. Com o objectivo de demonstrar a importância da organização da informação num todo, foram produzidas imagens que podem ser interpretadas de diferentes formas (as ilusões de óptica).
Testes de Stroop É um teste mais utilizado na neuropsicologia. As provas de Stroop tem como objectivo a concentração num estímulo ou na dimensão (cor), tentando abstrair-se do restante. Ilustram também a natureza do Processamento Automático, isto é, mesmo quando tentamos ignorar o significado de cada estímulo, o cérebro regula automaticamente os seus significados. Efeito sub-cor, este efeito resulta da nomeação da cor e não da leitura da palavra, chama-se Efeito Stroop Cor. O efeito Stroop cor é uma demonstração de interferência no tempo de reacção de uma tarefa. Por exemplo, quando uma palavra como azul, verde, vermelho, etc., é impressa numa cor que difere da cor expressa pelo significado semântico (exemplo: a palavra vermelho impressa com tinta azul), ocorre um atraso no processamento da cor da palavra, causando tempos de reacção mais lentos e um aumento de erros. Ficha Técnica:
- Só pode ser usado individualmente; - Para maiores de 18 anos (maturidade cognitiva); - Duração de 120 segundos, cada lista; - Não pode ser realizado por sujeitos daltónicos e que não saibam ler; - Objectivo: Avaliar as capacidades perceptivas e a Atenção Focalizada.
Cegueira Atencional É um fenómeno que deriva da atenção focalizada levando o sujeito a concentrar-se apenas num único estímulo em detrimento de todos os outros. Influências na Cegueira Atencional
- Quanto maior for a aprendizagem num determinado estímulo, menor a cegueira atencional;
- Dependente da semelhança do objecto distractor com um alvo atencional, poderá contribuir para uma maior cegueira atencional;
- Capacidade selectiva de atenção, quanto mais se selecciona o estímulo mais cegueira atencional se vai proporcionar;
- A instrução dada aos participantes da experiência; - A cegueira atencional é uma função adaptativa da mente. Processamento Controlado, é quando temos consciência da realização das tarefas. Processamento Automático, é quando realizamos tarefas para as quais não tomamos consciência da sua execução, pois são exercidas ou praticadas frequentemente. Ex: conduzir e comer.