curso ano 2008
Orçamento, planejamento e custos de obras professor
Ivan Xavier
Expediente Fupam Fundação de Apoio a Pesquisa Ambiental Diretoria Diretor presidente • Pedro Taddei Neto Administração Conselho presidente • Vice-presidente • Conselheiros • Diretor de cursos • Paulo Pellegrino Coordenador do curso • Simões Redação/edição • Ivan Xavier Projeto gráfico e diagramação • Daniela Nogueira Secondo
Ficha catalográfica XAVIER, IVAN e-mail:
[email protected] APOSTILA DO CURSO – ORÇAMENTO, PLANEJAMENTO E CUSTOS DE OBRA: VISA OFERECER AOS PROFISSIONAIS INICIANTES NA ÁREA DE CONSTRUÇÃO CIVIL, EXPERIÊNCIAS PARA EXECUÇÃO DE ORÇAMENTO DE MATERIAS DE CONSTRUÇÃO E MÃO DE OBRA, PLANEJAMENTO DE OBRA E LEVANTAMENTO DE CUSTOS. APOSTILA DA FUPAM – FUNDAÇÃO PARA A PESQUISA AMBIENTAL 1.Introdução ao curso e objetivos; 2. Apresentação do curso; 3.Teoria do memorial; 4. Teoria do orçamento, 5. A elaboração de orçamento nas empresas; 6. Atributos do orçamento; 7. Etapas da orçamentação; 8. Graus de orçamento; 9. Levantamento de quantidades; 10. Custo direto, indireto, lucro, impostos, BDI e preço de venda; 11. Planejamento e custos de obra; 12. Bibliogra fia. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU – USP Universidade de São Paulo – USP FUPAM – Fundação para a Pesquisa Ambiental
Todos os direitos reservados por
Rua Alvarenga, n. 1882 - Butantã CEP 05509-004 - São Paulo - SP Telefone: 3554-6060 www.fupam.org.br
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Expediente Fupam Fundação de Apoio a Pesquisa Ambiental Diretoria Diretor presidente • Pedro Taddei Neto Administração Conselho presidente • Vice-presidente • Conselheiros • Diretor de cursos • Paulo Pellegrino Coordenador do curso • Simões Redação/edição • Ivan Xavier Projeto gráfico e diagramação • Daniela Nogueira Secondo
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Índice 1. Introdução ao curso e objetivos ............................................ ..................................................... ......... 4 2. Apresentação do curso .......................................... ................................................................. ......................... 5 O orçamento ................................................... ......................................................................... ............................... ......... 5 O planejamento planejamento de obra............................................. ................................................................. .................... 7 Ferramentas de planejamento ............................... ...................................................... ......................... 8 Controle de custos ................................................. ........................................................................ ......................... 9 3. Teoria do memorial.......................................... ................................................................ ............................. ....... 10 4. Teoria do orçamento ........................................... ................................................................. ......................... ... 14 5. Elaboração do orçamento nas empresas....................... empresas..................................... .............. 18 6. Atributos do orçamento .......................................... ................................................................ ...................... 19 Aproximação ................................................... ......................................................................... ............................. ....... 20 Especi ficidade ................................................ ...................................................................... ............................. ....... 21 Temporalidade ............................................ .................................................................. ................................. ........... 22 Enfoques do orçamento ............................................. ............................................................... .................. 22 7. Etapas da orçamentação orçamentação ........................................... ............................................................. .................. 23 Entendimento e estudo das condicionantes........... condicionantes................................. ...................... 24 Elaboração de custos......................................... ................................................................ .......................... ... 26 Utilidades do orçamento..................................... orçamento............................................................ .......................... ... 30 8. Graus de orçamento .......................................... ................................................................. .......................... ... 31 9. Levantamento Levantamento de quantidades.......................................... ..................................................... ........... 33 10. Custo direto, indireto, indireto, lucro, lucro, impostos, BDI e preço de venda ..... 40 11. Planejamento e cus custos tos de obras ................................................. ................................................. 44 Programação da obra – após a contratação ................................ ................................ 49 Organização de uma obra .......................................... ............................................................ .................. 52 Procedimentos Procedimentos prévios à execução ....................... ............................................. ...................... 52 Precedimentos Precedimentos gerenciais para controle da obra ......................... ......................... 53 Ferramentas de controle ..................................... ........................................................... ......................... ... 53 Diagrama de rede............................................ rede.................................................................. ............................. ....... 54 Gráfico de Ghant ............................................. ................................................................... ............................. ....... 54 Cronograma físico- financeiro .......................... ................................................ ............................. ....... 54 Operação e controle da obra ................................. ....................................................... ...................... 54 12. Bibliografia ..................................................... ........................................................................... ............................. ....... 62
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1. Introdução ao curso e objetivos O mercado da construção civil, com a rapidez das transformações tecnológicas (técnicas e tecnologia) associada à competitividade cada vez mais acirrada e abrangente entre as empresas, exige do mercado profissionais aptos e capazes de atender e dar respostas rápidas a estas demandas. As empresas e os contratantes, exigem qualidade associada à produtividade e rapidez (cronogramas cada vez mais apertados); hoje em dia este desempenho é quase uma obrigação. A satisfação do cliente tornou-se prioridade, assim o nosso pensar e agir devem estar relacionado com um novo processo de execução de projeto e obra, onde os trabalhos, a produção e o planejamento devem ser elaborados dentro desta nova realidade. A produtividade está relacionada com a qualidade e desempenho, com a eliminação do desperdício, o consumo elevado de materiais, mão de obra e equipamentos; acompanhados da utilização de técnicas, tecnologias e normas que respeitem o meio ambiente. Não temos mais condições de tomar decisões amadorísticas, devemos, pois, acompanhar a demandas de mercado e as novas sistematizações dos processos de construção. Devemos sempre estar à busca de boas soluções com qualidade e custos compatíveis de execução, associando ao máximo o aproveitamento de idéias que elevem o processo produtivo, aproveitando os novos conceitos de planejamento e de execução de obras. Precisamos ter em mente o que significa o projeto do produto e ou empreendimento, como definir e especificar a maior quantidade de informações e detalhes possíveis para, posteriormente temos uma execução mais racional e simplificada, não se esquecendo da máxima: Atrás de uma boa OBRA, sempre existe um bom PROJETO e um bom ORÇAMENTO. No projeto do produto / empreendimento, a elaboração do orçamento significa também a definição de como se executará cada uma das etapas participantes do processo produtivo ou seja: para podermos chegar aos melhores resultados necessitamos conhecer as melhores técnicas e tecnologia, o emprego de materiais adequados e mão-de-obra cada vez mais qualificada e preparada são necessidades fundamentais para tornar o objeto (edifício) cada vez eficiente. Este é o nosso grande desafio, considerando sempre neste processo a melhor relação entre o custo e benefício. 4
Precisamos definir e organizar os elementos disponíveis para que o processo de planejamento, execução e controle da obra ocorram da melhor forma possível considerando a realidade e as práticas vigentes no mercado atual.
2. Apresentação do curso A organização e execução de uma obra exigem dos profissionais, atenção em todas as suas fases, especialmente as dedicadas ao planejamento e ao controle da mesma. Este curso propõe discutir os principais elementos de planejamento de uma obra: O orçamento , o planejamento de obra em si, as ferramentas de planejamento e o controle de custos. Abordaremos os seguintes aspectos:
O orçamento O orçamento é um produto definido, informando o valor para a realização de um determinado produto ou serviço, as condições necessárias para a sua realização, o objeto a ser realizado e o prazo para que este produto ou serviço se realize. Elaborar um orçamento exige um processo ao qual denominamos de orçamentação. A técnica orçamentária exige identificação clara do produto e ou serviço, descrição correta, quantificação, análise e valorização de uma série de itens, requerendo técnica, atenção e, principalmente, conhecimento de como se executa uma determinada obra e ou serviço. O conhecimento detalhado do serviço, a interpretação detalhada dos desenhos, planos e especificações da obra lhes permite a melhor maneira de realizar cada tarefa de uma obra, bem como identificar a dificuldade de cada serviço e consequentemente seus custos. Além dos serviços identificados e extraídos do projeto, existem outros parâmetros que devem ser identificados, como é o caso das chuvas, condições do solo, acesso, dificuldades de abastecimento de materiais, flutuações na produtividade dos operários e despesas indiretas, tais como: água, luz, telefone, refeições, combustivéis, manutenção do canteiro, etc. A elaboração de um orçamento pode determinar o sucesso e ou fracasso de uma empresa construtora e ou construtor, um erro no orçamento acarreta imperfeições, frustações, falta de credibilidade e prejuizos a curto e médio prazo. O orçamento é à base de fixação do preço de um determinado projeto e ou empreendimento, é uma das mais importantes áreas no negócio da construção civil. 5
Executar um orçamento, não pode ser considerado um jogo de adivinhação, deve ser um trabalho bem executado com critérios, normas, regras e utilização de informações confiavéis; para que o verdadeiro custo de um empreendimento se aproxime ao máximo da estimativa de custo realizado, ou seja; nenhum orçamento fixa de antemão o valor exato dos custos, o que um bom orçamento realmente consegue é uma estimativa de custos bem precisa em função da qual a empresa construtora irá atribuir o seu melhor Preço de Venda. Em geral, um orçamento é elaborado considerando-se: • Custos diretos: Mão-de-obra de operários, materiais e equipamentos; • Custos indiretos: equipes de supervisão e apoio, despesas gerais com o canteiro de obras, taxas, etc; • Preço de venda: Incluindo custos diretos e indiretos, adicionando-se os impostos e lucro da operação. O preço final de um orçamento numa planilha de vendas proposto por uma construtora ou construtor não deve ser tão baixo a ponto de não permitir lucro, e também não deve ser tão alto a ponto de não ser competitivo com outras empresas na disputa da realização de determindo serviço e ou emprendimento. Na elaboração de um orçamento, duas empresas construtoras chegarão sempre a orçamentos bem distintos e diferentes para uma determinada concorrência; porque diferentes são os critérios utilizados, a metodologia de levantamento de quantidade, as técnicas e métodos utilizados para a execução de obra, os preços coletados, o BDI (Bonificação de Despesas Indiretas) adotado pelas empresas, dentre outros fatores. Em resumo, podemos afimar que o orçamento reflete a ideologia e as premissas de uma construtora, constituindo-se num produto que define a qualidade e competência da empresa. Nos próximos capítulos abordaremos: • Teoria do memorial e teoria do orçamento; • A elaboração de orçamentos nas empresas; • Atributos do orçamento (aproximação, especificidade e temporalidade); • Enfoque do orçamento (proprietário e construtor); • Etapas da orçamentação (estudos das condicionantes e composição dos custos); • Utilidades da orçamentação; • Graus de orçamento (no nível de estudo preliminar, anteprojeto e projeto executivo); 6
• Composição de custos (fontes de composição e apropriação de índices) • Levantamento de quantidades (formulários e critérios de levantamentos); • Custo de material, mão-de-obra e equipamento; • Custo indireto, lucro, impostos, BDI e Preço de Venda.
O planejamento de obra Planejamento de obra significa a execução de trabalho e preparação para qualquer empreendimento, segundo um roteiro e métodos determinados, com objetivos e bases técnicas definidas. O planejamento inclui muitas atividades e estas devem ser identificadas, analisadas, coordenadas e gerenciadas, sendo o resultado de um plano de ação, isto é, contém as definições antecipadas das decisões que deverão ser tomadas durante ao processo de realização da obra, incluindo organização , direção e controle. A organização é uma tarefa da qual se estabelece a melhor forma de se compor os recursos físicos, humanos e financeiros para se obter o melhor desempenho. A direção é a ação por meio da qual se define quando, como, onde, por quem, e com quais recursos devem ser executadas as tarefas planejadas. O controle de um determinado empreendimento é a ação de medir o resultado de uma operação e comparar o resultado obtido com o padrão estabelecido, para verificar se atende ou não aos limites de tolerâncias pré-estabelecidos. Planejamento é o processo de tomada de decisões interdependentes, visando uma situação futura desejada, ou seja, são decisões tomadas no presente que resultam em implicações futuras. Em outras palavras, podemos dizer que o planejamento é um método para definir qual a melhor seqüência das ações que vão gerar valor. Assim o profissional deverá conhecer o valor ou “Budget” que determinado cliente / empreendedor dispõe para realizar e ou investir, os recursos disponíveis para determinado empreendimento. O conceito de gerenciamento de obra e seus procedimentos consistem em: “Atividades associadas com planejamento, organização, direção e controle de recursos organizacionais para objetivos
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de curto e médio prazo, visando à complementação de objetivos específicos, dentro de um período determinado” Burton – Project Managment Methods and Studies.
O gerenciamento de qualquer empreendimento inclui os recursos financeiros, mão-de-obra, equipamentos de apoio, materiais de informática e tecnologia. O objetivo principal de um bom gerenciamento é o de se obter o melhor desempenho e qualidade de obra, dentro do prazo determinado e custo estimado. A realização de um determinado empreendimento envolve: • Primeira fase (planejamento e orçamento de obra para concorrência); • Segunda fase (contratação e programação de obra); • Terceira fase (operação e controle da obra).
Ferramentas de planejamento Um dos instrumentos mais conhecidos para a realização do planejamento de obra é o cronograma de barras ou gráfico de “Gantt”, dentro de uma variedade de instrumentos e ferramentas existentes. O cronograma de barras e ou cronograma físico-financeiro mostra-nos a seqüência de atividades plane jadas previstas para a realização de um respectivo empreendimento, em determinado tempo associado ao recurso disponível a ser utilizado e consumido neste período de tempo. Outros instrumentos de planejamento utilizados são: o calendário, diagrama de rede, “Gantt” de controle, gráficos de recursos, planilha de recursos, uso de recursos, etc., o diagrama PERT-CPM (Program Evolution and Review Technique) e o ciclo de produção. O cronograma físico-financeiro é um instrumento clássico de planejamento, é a forma mais comum de representação, permite explicitar a duração das diferentes atividades através do comprimento das barras e a possível inter-relação com as atividades, possibilitando também introduzir neste o ciclo de produção. A representação do processo de produção possibilita uma visualização rápida do planejamento físico e a sua conseqüência imediata se este não for longo demais, determina e mostra-nos os recursos financeiros necessários para atingir as metas nele estabelecidas. O instrumento PERT-CPM corresponde a um ciclo de atividades identificadas no cronograma. Nesta rede as atividades são divididas em pequenas operações e são colocadas seqüencialmente, formando as cadeias de produção. A cadeia 8
de operações com maior duração será o nosso caminho crítico, ou seja, não devemos atrasar neste caminho. Outros instrumentos são as curvas de agregação. Nestas curvas podemos apreciar um primeiro período em que são gradativamente incorporadas, novas atividades, um período de estabilidade e um período de desmobilização.
Controle de custos O controle de custos e os preços fazem parte do conceito econômico , são estimativas e quantificações técnicas de despesas e receitas, não relacionadas diretamente com o dinheiro. O conceito econômico nas despesas são as obrigações contratuais e nas receitas são os direitos contratuais, já o conceito financeiro engloba as entradas e saídas de dinheiro propriamente dito, ou seja, desembolsos-saídas de caixa e recebimentos-entradas de caixas. Neste sentido o controle de custos no gerenciamento de um determinado empreendimento são as obrigações contratuais e correspondem às despesas necessárias para o cumprimento do contrato, portanto devem ser objeto de controle rigoroso, no sentido de ser cumprido o que foi previamente previsto quando da elaboração do orçamento. Na execução de uma obra devem ser considerados dois tipos de custos: • Custos diretos: Aqueles diretamente relacionados com os serviços a serem feitos na obra; • Custos indiretos: Aqueles que não estão diretamente relacionados com os serviços, mas fazem parte da estrutura organizacional da empresa construtora e da administração da obra. Fazem parte dos custos diretos a mão-de-obra produtiva, salário e encargos sociais, os materiais, os equipamentos, as despesas da obra com abastecimento, segurança e outros. Em relação aos custos indiretos, são as despesas reletivas às instalações do escritório, aluguel, condomínio, luz, telefone, etc; despesas com pessoal administrativo (diretor, gerente, contador, secretária e outros), com comercialização (montagem de propostas, visitas a clientes, marketing, brindes, etc.), despesas com apoio técnico de escritório com obras e horas ociosas (pessoal parado por falta de serviço). 9
3. Teoria do memorial Na elaboração de um orçamento completo de uma respectiva obra, a peça mais importante que deve ser elaborada previamente à elaboração do próprio orçamento é o Memorial Descritivo. O memorial descritivo, como o nome informa, é uma peça descritiva e, portanto, deve descrever e explicitar todos os materiais a serem utilizados na execução de uma obra, considerando todos os elementos previstos no projeto. O objetivo primordial do memorial é evitar erros durante o processo de execução de uma obra, tem que explicitar além dos materiais a mão-de-obra a ser utilizada e as soluções adotadas e propostas em projeto. O memorial é uma peça escrita que complementa a peça gráfica que é o projeto, pode ser elaborada em forma de texto, ou simplesmente em forma de tabela. Em forma de tabela, o memorial é uma maneira rápida e eficiente de visualizarmos todos os acabamentos propostos no projeto de arquitetura, além de ser fácil a sua alteração durante o processo de escolha dos materiais de acabamento. No memorial descritivo estão incluídas todas as diretrizes do projeto, além de registrar qualitativamente os elementos construtivos programados e previstos no projeto para a execução, contém o registro das características dos materiais e a sua manipulação, informando as técnicas e tecnologias adotadas e maneira correta de manipular e aplicar determinado produto e/ou material. A função essencial do memorial é descrever todos os objetos e elementos de uma obra, portanto é uma peça gráfica que faz parte do projeto, e também analisa as condições que não são registradas nos desenhos / projetos. O memorial aborda os três níveis de um projeto, ou seja: o Estudo Preliminar , o Anteprojeto e o Projeto Executivo. Deve conter todas as características dos materiais, sua especificação, manipulação, citando normas e orientações do fabricante, bem como valer-se de soluções conjunto entre proprietário, projetista e construtor. No Estudo Preliminar , o memorial contempla a análise prévia do empreendimento, no Anteprojeto ele justifica a solução adotada e no Projeto Executivo faz a discriminação dos itens que compõe toda a obra propriamente dita. Na análise do empreendimento, apreciamos as generali10
dades para a aplicação em casos gerais, quanto às formas de execução dos elementos do edifício, como, por exemplo, o tipo de estrutura, quais os tipos de esquadrias laje e/ou forro. No memorial estão incluídas todas as diretrizes que não se encontram explicitadas nos elementos gráficos do plane jamento e que foram abordadas durante a fase de análise e elaboração do plano de ação. Poderá, caso necessário, ser incluída uma planilha de antecedências, que estabelece os prazos necessários para realização das compras dos materiais, elaborada conjuntamente com o proprietário / empreendedor, que será utilizada com a finalidade de evitarem-se grandes alterações nas especificações prévias referentes à aquela obra. Na justificativa da solução realizamos a análise dos elementos que compõe o edifício, ou seja, relatamos e decidimos o detalhamento dos itens da obra; de como será realizado e “como vai ficar”. A discriminação das obras é o momento em que o memorial descritivo registra qualitativamente os elementos programados para execução das fases da construção, condensados ao nível de projeto. Após a descriminação das obras, o memorial deverá determinar as características dos materiais e a sua manipulação, citando sempre que possível as Normas Brasileiras (NBRs) e as especificações estabelecidas em conjunto com o profissional e o proprietário / empreendedor. A seguir, ilustramos (Tabela 1), os elementos mínimos de um Memorial Descritivo em forma de tabela. Memorial descritivo (identificação da obra, empresa e data) item nº 1.1
órgão/fase obra vedos paredes
2.1
pavimentos pisos
discriminação alvenaria de tijolos maciços com argamassa de cimento 1:3, espessura de 1 tijolo cerâmica esmaltada (33 x 33) cm da Incepa ref: 5670 - bege claro assentada com argamassa Quartzolit
posicionamento garagem, paredes laterais e edícula
copa e cozinha, banho social e lavabo
O memorial descritivo coloca e expõe detalhadamente o projeto, justifica a utilidade e o alcance das obras, o estilo e a conveniência das soluções adotadas. 11
No memorial são apresentados os itens importantes relativos à construção. As qualidades de um bom Memorial Descritivo são a clareza da exposição do texto, as precisões das soluções adotadas e dos materiais especificadas, a simplicidade na sua descrição (dados técnicos). A clareza resulta da enunciação racional dos assuntos, a fim de que não restem dúvidas no entendimento do projeto e do partido adotado. A decisão se refere aos argumentos expostos e a simplicidade ao estilo em que é baseada a redação. Finalmente exige-se que a redação seja de modo impessoal, tendo como único objetivo à obra em si mesma. Em resumo: “O Memorial Descritivo é uma peça grá fica que descreve os objetos da obra e analisa as condições nem sempre possíveis de serem representadas nos desenhos”. “O memorial descritivo deve conter as características dos materiais, sua especificação e a forma de manipulação, citando as normas e valendo-se das soluções adotadas juntamente com o proprietário /empreendedor”.
Os níveis de abordagem dos elementos (Tabela 2) no memorial descritivo devem abranger todas as fases do projeto (Estudo preliminar, Anteprojeto e Projeto executivo). Elementos
Memorial descritivo
Níveis de abordagem dos elementos Estudo preliminar Análise do empreendimento
Anteprojeto Justificativa da solução
Projeto EspecificaExecutivo ções Discriminação Normas das obras técnicas
A seguir, exemplificamos os itens necessários que o Memorial Descritivo deve conter. 1. Dados e condições do local; 2. Instalação do canteiro e demarcação da obra; 3. Serviços gerais e terraplanagem; 4. Fundação; 5. Superestrutura (lajes, vigas, pilares); 6. Paredes e painéis; 7. Esquadrias; 8. Vidros; 9. Cobertura; 10. Impermeabilizações; 11. Forros; 12. Instalações elétricas; 13. Instalações hidráulicas; 14. Revestimentos de paredes; 12
15. Pisos internos e externos; 16. Pintura e acabamentos especiais; 17. Serviços complementares finais. Além da descrição dos objetos de uma obra, as características dos materiais, sua especi ficação e manipulação, o memorial descritivo deve ter no seu conjunto o Caderno de Encargos, cujo objetivo principal é esclarecer as condições e os processos de construção (técnica e tecnologia). O caderno de encargos esclarecerá o tipo de serviço, o local onde serão aplicados os materiais especi ficados e a sua aplicação (modo de aplicação) e as formas dos processos construtivos para determinado ítem, as condições dos processos de construção e demais informações úteis, normas, etc., o que se deve empregado, bem como esclarecer as técnicas de execução que não podem apresentar elementos de possível dúbia interpretação. Por melhor e mais bem detalhado que sejam as plantas e cortes do projeto, muitos esclarecimentos ainda são necessários para que o construtor possa executar o que foi pro jetado corretamente. Uma vez que algumas técnicas de aplicação nem sempre são possíveis de representá-las grá ficamente, ou seja, não especi fica o modo de execução e acabamentos; as técnicas necessárias, para execução deste ou daquele ambiente, por exemplo: como serão executadas as alvenarias, pisos, etc., devemos esclarecê-las, por meio do caderno de encargos, de como deverá ser executado determinado serviço. Existem publicações especí ficas (PINI – TCPO, FDE, etc.) e cadernos de encargos privados de algumas empresas construtoras, cadernos estes que indicam as composições unitárias utilizadas nas suas diversas formas de execução. A seguir, reproduzimos parcialmente, a título de exemplo, itens de serviços que compõe um caderno de encargos. Exemplo 1
6.2. Regularização de base com aditivo impermeabilizante Local: sobre o contrapiso; Material: Vedacit – Otto Baumgart Neutrol – Otto Baumgart; Aplicação: Esta impermeabilização deverá ser aplicada sobre contrapiso regularizado. Limpar a superfície removendo partes soltas. Aplicar argamassa de cimento e areia 1:3 com 2 Kg de Vedacit por saco de cimento. Esta camada deverá ter 3 cm de espessura e ser sarrafeada e desempenada. 13
Exemplo 2 7.1. Alvenaria de Embasamento Local: sobre baldrames; Material: tijolo de barro comum; argamassa de cimento, cal e areia 1:2:8, com adição de 3% de Vedacit por m3; Aplicação: Os tijolos deverão ser bem queimados, com arestas vivas e dimensões uniformes em todo o lote. A argamassa composta de cimento, cal e areia serão devidamente misturada e dosada no traço mencionado. Todos os tijolos deverão ser imersos na água antes da colocação. Para controle de alinhamento e prumos as “linhadas” deverão ser estendidas fiada por fiada. Exemplo 3 5.3. Impermeabilização de laje com argamassa impermeabilizante Local: Calhas e laje de concreto; Material: Neutrol – Otto Baumgart Vedaprem – Otto Baumgart Vedacit – Otto Baumgart; Aplicação: Sobre a superfície das partes em concreto, devidamente limpas com escova de aço, aplicar chapisco de cimento e areia (1:3). Esta argamassa deverá ser devidamente amolentada com solução de água e Bianco, na proporção 1:1. Após a secagem do chapisco, aplicar argamassa de cimento e areia (1:3), com 2 Kg. De Vedacit por saco de cimento. Esta camada deverá ter espessura mínima de 2 cm, e após secagem, aplicar 1 demão de Neutrol. Aplicar Vedaprem em 4 camadas. Executar proteção mecânica com a mesma argamassa com Vedacit respeitando o caimento especi ficado em projeto.
4. Teoria do Orçamento Na elaboração do orçamento, dependendo da etapa de concepção ou realização do projeto e ou empreendimento, devemos considerar os níveis de abordagem para a realização do mesmo: Estudo preliminar, Anteprojeto e Projeto Executivo. Tabela 3 - Níveis de abordagem Elementos
Orçamento
Níveis de abordagem dos elementos Estudo preliminar Custo limite
Anteprojeto Estimativa de custo
Projeto Executivo Custo calculado
Especificações Custo unitário
O Estudo Preliminar se refere às definições do custo limite, ou seja, se a capacidade financeira do investidor contempla o projeto realizado. 14
Na fase do Anteprojeto, a realização de um orçamento é de difícil execução; todavia o estabelecimento de algumas diretrizes permite uma avaliação mais próxima da realidade futura. Desta forma e ainda em bases empíricas, podemos realizar a Estimativa de Custo. No Projeto Executivo o orçamento é a previsão real do montante a ser utilizado na construção. O orçamento é uma peça que condiciona a realização do plano frente às condições econômicas, é o custo calculado. O orçamento, segundo o dicionário da língua portuguesa de Aurélio Buarque de Hollanda é: “... cálculo dos gastos para a realização de uma obra...”, e, para S. Giammusso é: “a determinação do custo de um empreendimento antes de sua realização”. No orçamento a elaboração das especificações, convertese na prática e na realização de uma obra, ou seja, as especificações tornam-se itens de custo unitário, apresentando uma unidade usual. O orçamento estabelece o custo provável de uma obra e pode ser dividido em dois tipos: Orçamento Sumário e Orçamento Detalhado. O Orçamento Sumário é um método precário de avaliação de custo, onde se considera o preço total da construção, tomando-se o produto da área construída do edifício pelo custo da unidade em metros quadrados, podendo, inclusive, com base nos índices da construção civil (PINI, e de outras publicações, etc.), detalhar o custo por metro quadrado provável, para cada fase da construção. Tabela 4 – Índices do custo de construção (%) Projetos e aprovações Serviços preliminares Fundações Estrutura Alvenaria Cobertura Instalações hidráulicas Instalações elétricas Impermeabilização / isolamento térmico Esquadrias Revestimentos / acabamentos Vidros Pintura Serviços complementares
5% a 12% 2% a 4% 3% a 7% 14% a 22% 2% a 5% 4% a 8% 7% a 11% 5% a 7% 2% a 4% 4% a 10% 15% a 23% 1% a 2,5% 4% a 6% 0,5% a 1%
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O Orçamento Detalhado é o método mais preciso para avaliação dos custos de uma determinada obra, pois o profissional tem que considerar todas as fases do empreendimento, quer na aquisição dos materiais, contratação de mão de obra, administração geral, pagamento de todos os impostos, taxas e leis sociais, e a definição do BDI (Bonificação das Despesas Indiretas) e a formação do Preço Final de Venda. Para a elaboração do Orçamento Detalhado, é fundamental que o profissional tenha um bom conhecimento dos métodos construtivos e, principalmente do processo de execução da obra. É necessário entender os seguintes itens: • Interpretação e entendimento do projeto, utilizando-se toda informação disponível, tais como: plantas baixas, cortes, elevações, detalhes construtivos, memorial descritivo e caderno de encargos; • Quantificação de todos os serviços, por meio da extração das plantas de todas as informações disponíveis (cálculos dos volumes e áreas); • Cálculo dos preços unitários (preço de mercado); • Elaboração da composição de preços (materiais e mão de obra); • Definição do BDI; • Formação da Planilha de Vendas. A interpretação e entendimento do projeto, é o momento em que o orçamentista estuda com calma e detalhadamente o projeto, identificando os elementos construtivos que requerem sua atenção, identificando detalhes arquitetônicos, que vão requerer fornecedores especiais; elementos e ou materiais que, por sua natureza e características, são mais caros, impactando no resultado final de orçamento. O profissional deve identificar também os serviços que vão ser realizados por profissionais próprios por profissionais terceirizados em função da sua complexidade e especificidade. Chamamos de quantificação de todos os serviços o levantamento de dados de todos os itens necessários à execução da futura obra, extraídos do projeto executivo devem conter todos estes itens, da sua fase inicial até a fase final, tomandose como base os serviços descritos no memorial descritivo e no caderno de encargos. O cálculo do preço unitário é o custo dos elementos que entram na composição de uma unidade de serviço, custos estes relativos à material, mão-de-obra, encargos sociais, etc. 16
Devemos lembrar que a consulta de preços, deve ser efetuada por meio do cadastramento de empresas fornecedoras e materiais e serviços, levando em conta: preço, qualidade, condições de pagamento, pontualidade de demais atributos e preferencialmente serem empresas certificadas para fornecimento de materiais e serviços. A obtenção do melhor preço, sempre é a concorrência; devemos lembrar que preços fornecidos em jornais e revistas, apenas são bases de referência e nunca devem utilizados como preço nos orçamentos. Tabela 5 - Composição de Preço – Aço CA-50 Insumo Armador Ajudante Aço CA-50 Arame recozido nº 18 Total
Unidade Índice Custo unitário H H Kg Kg
Composição de insumos
0,10 0,10 1,10 0,03
6,69 4,20 2,90 5,00
Custo total (R$) 0,69 0,42 3,19 0,15 4,45
Composição dos custos unitários
Na elaboração de uma determinada composição de preço, devemos considerar o custo dos materiais envolvidos, mão de obra e eventuais equipamentos (aluguel ou compra), leis sociais e, como já dissemos o BDI, que está diretamente relacionado com as características da futura obra e a infra-estrutura básica da empresa contatada para a execução dos serviços. A cotação dos preços dos materiais, mão de obra e locação de equipamentos, devem ser realizadas sistematicamente, preços oriundos de levantamentos de dados por revistas especializadas e demais publicações podem não refletir a realidade. Devemos lembrar que os preços destes insumos devem ser considerados quando os mesmos são entregues na obra (posto em obra), considerado a logística para tal fim e impostos tais como ICMS e IPI, envolvidos sempre em qualquer operação de compra. No caso da mão de obra, não devemos nos esquecer dos impostos relativos ao emprego desta (os encargos sociais – leis trabalhistas que garantem as obrigações e deveres dos empregadores e empregados) e suas respectivas provisões futuras, tais como férias, 13o salário, refeições, etc. O resultado de uma composição de preço, após as operações aritméticas, determina o preço de um determinado serviço, ou seja, o serviço contempla todos os insumos (materiais, 17
mão de obra, equipamentos, taxas e licenças, despesas diretas e indiretas e o BDI) necessários à sua execução. O BDI (Bonificação de Despesas Indiretas) é um índice definido previamente pela empresa construtora que se aplica à planilha de custo. Para chegarmos à planilha final – Planilha de Vendas, planilha integrante da proposta comercial para a construção e ou reforma de determinado serviço e ou obra. A Planilha de Vendas é a planilha final acompanhada da proposta comercial de vendas onde são apresentados todos os serviços que serão realizados pela empresa construtora, normalmente na proposta comercial apresenta-se os documentos fiscais que habilitam a empresa, a sua equipe técnica, os equipamentos, sua infra-estrutura, o cronograma físico-financeiro e todas as garantias comerciais necessárias a garantir-se que o respectivo serviço seja realizado de acordo com as condições previamente acertadas / negociadas.
5. A elaboração de orçamentos nas empresas Nas grandes empresas construtoras o local dedicado à elaboração dos orçamentos é normalmente conhecido como departamento comercial e/ou departamento de orçamentos, destinado exclusivamente a preparar orçamentos para concorrências públicas ou privadas. Este local da empresa construtora é de vital importância; ou seja, a garantia de sobrevivência da empresa depende diretamente da ação dos profissionais que trabalham neste departamento. O número de obras em andamento, as preparações das concorrências (habilitação técnica e jurídica) bem como as informações de obras passadas realizadas pela empresa, a especificidade dos diversos tipos de orçamentos são sempre subsídios para novas composições de custos. O que a realidade comprova é que quanto maior a experiência pratica de quem orça, no sentido da elaboração do orçamento e do conhecimento de obra, maiores são as chan-ces de sucesso em futuras obras. O que ocorre nas empresas são distorções provocadas pelo excesso em participações em concorrências, o que invariavelmente impossibilita o estudo e análise de projeto, não tendo tempo hábil para verificação do orçamento e nem tempo de efetuar simulações. Nestes casos o que ocorre é que estes profissionais de orçamentos são meros preenchedores de planilhas de preços; em algumas empresas, muitas vezes, o pacote de plantas nem é aberto. 18
Algumas empresas adotam o “feeling” ou sentimento para definir seus preços baseados muitas vezes em planilhas de obras passadas; nestes casos a surpresa ocorre quando da assinatura do contrato, dando-se conta das dificuldades de execução dos serviços, técnicas específicas e outros elementos que comprometem o orçamento. O setor de orçamento em várias empresas é destino líquido e certo dos engenheiros, arquitetos e técnicos recém-formados, aos profissionais mais antigos é destinado à produção (canteiro de obras), desprezando-se o trabalho do orçamentista por este não ser de natureza prática. O que ocorre é que os engenheiros de produção não alimentam os orçamentistas e vice-versa, ou seja, escritório e campo acabam sendo compartimentos estanques; planilhas e relatórios de produtividade, equipes e custos, acabam não sendo referências para os futuros orçamentos. É fundamental que o orçamentista visite as obras e receba apoio do pessoal de obra, para receber as produtividades reais, os percentuais de perdas dos principais insumos e comentários sobre os parâmetros do orçamento. Empresas organizadas, já no processo de licitação, fazem a designação do profissional a ser responsável por aquela futura obra; ou seja, este profissional participa da etapa de orçamento, conhecendo inclusive de antemão o projeto, suas particularidades e também seus futuros fornecedores quando da coleta de preços para a elaboração do orçamento. Finalmente, podemos dizer que o processo de orçamento não é específico da construção civil, escritórios de arquitetura, empresas projetistas, consultores, fábricas. Calculam sempre o custo final de seus produtos, empreiteiros, subempreiteiros, prestadores de serviços estimam seus custos e o poder público elabora seus orçamentos para as futuras obras, antes de licitá-las. Em resumo temos: “o lucro de uma obra não é merito somente da produção, pois o empreendimento pode conter um bom orçamento”.
6. Atributos do orçamento Podemos dizer que os atributos ou qualidade de um orçamento traduz a sua capacidade de retratar a realidade de um projeto; o orçamento, a composição de custos não podem ser simplesmente extraídos da literatura de uma forma simples e 19
ingênua, ao contrário, e ainda que não pareça deve ser fundamento por conceitos minímos e fundamentais para demonstrar o custo real e efetivo da futura obra. O trabalho de orçamento, na maioria das vezes, é um estudo antecipado, feito a priori, com grande margem de dúvidas; ou seja, será que este orçamento cobre todos os custos envolvidos e ainda é capaz de garantir o lucro previsto no BDI (Bonificação de Despesas Indiretas)? Em muitos casos entre a elaboração do orçamento e sua realização, enquanto obra, pode decorrer bastante tempo, neste período muitos fatos podem ocorrer: alteração das composições unitárias, alterações de preços por parte de fornecedores, alteração de projeto e outros fatores. Neste sentido a qualidade de um orçamento está relacionada ao índice de aproximação, a sua especificidade e a temporalidade.
Aproximação Em relação à sua aproximação podemos dizer que é dese jável que o orçamento se aproxime ao máximo de quanto este irá custar; nenhum orçamentista pretende acertar em cheio, de quanto custará uma determinada obra, mas não desviar de quanto de fato esta obra custará. Neste sentido o orçamento não tem por objetivo ser exato, mas conter sim um nivel de precisão, que seja o mais abrangente possível. Quando uma empresa elabora um orçamento de R$ 1.387,48, o valor com duas casas decimais, não retrata a precisão de quanto custará está obra; esta precisão decorre dos custos de todos os insumos envolvidos numa determinada planilha de composição. A qualidade de aproximação de um orçamento está diretamente relacionada: ao material empregado, à mão-de-obra e aos encargos sociais e trabalhistas; ao equipamento utilizado e aos custos indiretos. Em relação ao material empregado, não podemos afirmar que os preços cotados na ocasião da orçamentação serão os mesmos na ocasião de compra, inclusive quando o fornecedor informa o preço na fase de orçamento, em muitos casos a informação não é precisa e com certeza seu empenho não é o mesmo se fosse uma venda efetiva. Podem ocorrer no processo de compra, aumentos inesperados de impostos e outras taxas que não venham a garantir o preço orçado anteriormente. 20
Além das diferenças de preço, deve-se sempre considerar a perda de material (desperdício), que deve ser previsto nas composições de preços para cada insumo utilizado. Programas de qualidade, de certificação e de reaproveitamento são sempre bem-vindos, minimizando despesas futuras, o reaproveitamento de formas, por exemplo, é um item que deve ser incorporado e lembrado pelas empresas, bem como uma série de componentes e insumos. Em relação aos equipamentos utilizados, e o seu custo horário, depende principalmente dos cálculos da vida útil do referido equipamento: É melhor alugar ou mobilizar um determinado equipamento? A resposta a esta questão, está ligada diretamente à capacidade de produção (capacidade e rendimento do equipamento) por hora, a disponibilidade mecânica (tempo em que o equipamento está em condições de uso) pode ser do referido equipamento e o coeficiente de utilização deste equipamento, além das dificulades técnicas e do trabalho em si, e do volume financeiro do mesmo. A verificação da necessidade de utilização de equipamento deve ser auferida quando do processo de elaboração do orçamento, devendo, para tanto, ser elaborado um histograma de sua utilização, ao longo do perído de obra; após a elaboração deste instrumental, com a sua relação de produtividade e dos coeficientes de utilização, poderemos responder com precisão a pergunta entre o aluguel e a mobilização de um determinado equipamento.
Especificidade Podemos dizer que não existe orçamento “generalista”, da mesma maneira que dizemos que não “existe terreno ruim e sim projeto, mal feito e elaborado...”, podemos dizer que cada orçamento traz em si as proprias especificidades do seu pro jeto; um orçamento de uma escola em São Paulo, no pode ser o mesmo para uma escola em São Bento do Sapucai. Todo orçamento tem relação direta com a política da empresa ou orgão público que o está elaborando, dos cargos de supervisão envolvidos para a relaização desta obra (engenheiro/arquiteto residente, mestres de obras e ou encarregados), da infraestrutura que a empresa dispõe para a realização dos serviços (despesas indiretas), a taxa de administração, o grau de terceiração dos serviços, a manutenção do canteiro, e o BDI que a empresa utilizou quando da elaboração do orçamento. 21
As condições locais, a acessibilidade, o clima, relêvo e vegetação, o tipo de solo, o lençol freático, as fontes de matériais, a qualidade e a disponibilidade de mão-de-obra local, oferta de equipamentos, qualidade dos subempreiteiros, diferentes taxas de impostos, afetam de sobremaneira o orçamento e exigem especificidade própria, em outras palavras, podemos dizer: elencar as especificidades de uma determinada obra na fase de orçamento é a precisão que o orçamento deve conter; pois quanto maior e apurado for a sua elaboração, menor será sua margem de erro.
Temporalidade A escala de tempo deve ser considerada, quando é dado o “estart” de uma obra, o orçamento realizado há tempos atrás deve ser atualizado e customitizados; ou seja, ajustes são importantes e fundamentais. A razão desta verificação está relacionada à flutuação dos insumos (custos dos materiais no mercado), criação ou alteração de impostos e encargos trabalhistas, tanto em quantidade como alíquotas, o governo adora criar novos impostos. A evolução de métodos construtivos (técnica e tecnologia) pode minizar custos e estes podem ser objeto de renegociação de valores em prol de componentes e insumos adicionais, a recíproca é verdadeira, pois dificuldades técnicas podem surgir, quando do início das obras e que na ocosião da elaboração do orçamento não havia. Finalmente devemos considerar que cenários financeiros e gerenciais podem ser alterados, custo do recurso financeiro, sua facilidade ou não de obtenção; podem alterar o cenário original. Necessidades de empréstimos e de capital de giro têm o poder de encarecer substancialmente o custo final de um determinado emprendimento. Enfoques do orçamento Entre contratante e contratado, tem a máxima que diz: “O bom orçamento tem que ser bom para ambas as partes; distorções no grau de confiabilidade do orçamento comprote a qualidade do produto em si, o que, de modo invariável, não é bom para o contratante e contratado”. Para o contratante o orçamento deve ser o mais sintético possível, onde temos a descrição de todos os serviços, devidamente qualificados e quantificados, os preços unitários de cada item de serviço, já considerados o BDI (planilha de vendas), os 22
subtotais para cada fase da obra e o preço total do empreendimento; ou seja, sua preocupação é se o orçamento está inserido dentro da sua capacidade financeira e na periodicidade do desembolso ao longo do período de execução da obra. Do ponto de vista do contratado e da empresa construtora, o orçamento deve ser o mais análitico possível, onde temos a descrição de todos os serviços, devidamente qualificados e quantificados, os preços unitários de cada item de serviço; e o detalhamento do BDI empregado, bem como a demostração da planilha de composição de custos, os percentuais de cada item de serviço da planilha, o reflexo deste no preço total, os subtotais e o total geral; deve ser ainda acompanhado da curva ABC, que retrata os itens e ou serviços que tem os maiores preços e pesos, portanto devem ser objetos de monitoramento ao longo da execução da obra. A empresa construtora após a assinatura de um contrato, tem para si a receita de parcelas mensais fixas enquanto o custo de produção mensal é variável. Esta condição em si já é o suficiente, para justificar toda medida de monitoramento no decorrer da execução das obras. A busca em atingir as metas em relação ao custo orçado é fundamental para garantir a sobrevivência da empresa num mercado altamente competitivo.
7. Etapas da orçamentação Na elaboração de um orçamento para um determinado empreendimento, devemos considerar as condicionantes (condições onde está localizado o imóvel), a elaboração dos custos e a determinação do preço final de venda. Antecipadamente ao estudo das condicionantes, devemos estudar cuidadosamente os projetos e as documentações disponíveis (alvarás, licenças, as diretrizes das concessionárias - Sabesp, Eletropaulo e Telefônica) para o local da obra, após o estudo e análise das condicionantes relativas ao projeto e as documentações é fundamental, realizar-se visita ao futuro local das obras, elaboramos consulta ao cliente e levantamos o histórico do local com os moradores vizinhos, estas informações são úteis, pois podem alterar substancialmente a infraestrutura necessária à execução das obras. Em seguida elaboramos os custos provenientes das definições técnicas previstas em projeto, bem como a infra-estrutura necessária à execução da referida obra, ou seja, montamos o plano e a logística de execução da obra, em seguida 23
elaboramos os quantitativos dos serviços, com as referidas produtividades e a cotação dos insumos. Com os quantitativos definidos e os insumos cotados, temos condições de saber o custo direto para a realização do empreendimento. Em seguida considerando as condicionantes envolvidas, podemos definir o custo total das despesas indiretas. Com este novo total, a certeza dos impostos a serem requeridos por ocasião do faturamento, podemos definir a margem de lucro desejado, lembrando: o lucro pode variar de zero a infinito por cento. O que temos de verificar é a viabilidade de aplicação de lucro aleatório, orçamento que não resulta em obra, não é orçamento. Com a aplicação do lucro desejado, obtemos assim o preço de venda final da obra, traduzido numa planilha sintética, demosntrando todas as etapas envolvidas e os itens contratados, comercialmente falando o preço final de venda é acompanhando de orçamento detalhado de todas das condicionantes envolvidas para a realização do serviços, tais como: memorial descritivo dos serviços, preço total e parciais, preço unitário, condições de pagamento, reajustes, obrigações de contratado e deveres do contratante e outras informações pertinentes relacionadas com as características da obra.
Entendimento e estudo das condicionantes Na construção civil se parte do princípio que a elaboração de orçamento está condicionada à existência de um projeto básico ou executivo, na realidade não é bem assim que ocorre, muitas vezes temos apenas como referência para a elaboração de um orçamento apenas uma planta baixa, e em relação ao projeto executivo, o que muitas empresas denominam, não passa de um projeto básico melhorado. A fase de estudo e entendimento das condicionantes, é o momento em que se tornam conhecidas as condições de entorno da obra, englobando as seguintes atividades: • Leitura e entendimento do projeto e especificações técnicas; • Leitura e interpretação do edital (carta convite, tomada de preço e concorrência); • Visita técnica. A leitura e entendimento do projeto e especificações técnicas é o momento onde o orçamentista toma conhecimento, ou seja, estuda, entende e compreende o projeto, o projeto básico de um emprendimento deve conter: 24
• Projeto de arquitetura completo (plantas, cortes, elevações, tabelas de acabamento, tabelas de esquadrias, definições de acabamentos e memorial descritivo detalhado, etc.); • Projeto de estrutura (cálculo estrutural, planta de locações de fundações, planta de formas, tabelas de pesos, volumes de concreto, etc.); • Projeto de instalações hidráulicas (planta de distribuição, reservatórios, isométricas, tabelas, etc.); • Projeto de instalações elétricas (plantas de circuitos, diagramas, centro de medição e distribuição, etc.); • Projetos complementares (ar condicionado, sistema de alarme, incêndio, paisagismo, etc.). Finalmente podemos dizer que a complexidade ou não da obra, determina o volume e a complexidade destes projetos, podemos afirmar ainda que a experiência do orçamentista e sua familiaridade com a tipologia da obra, determinam o grau de aproximação do orçamento em relação ao preço final da mesma. Além do entendimento do projeto é necessário o conhecimento e o entendimentos das condições técnicas da referida obra, estas condições são os documentos em forma descritiva, que trazem informatica de natureza qualitativa, estas contêm a descrição dos materiais empregados, o padrão de acabamento, a descrição da sua aplicação (caderno de encargos), as tolerâncias dimensionais dos elementos estruturais; critérios de recebimento de materiais e de medição, os ensaios requeridos para o processo de execução. A leitura e interpretação do edital, é o entendimento das regras e das leis que regem o processo de licitação, é o instrumento que contém as regras para a execução de determinado empremendimento. Todo edital dever ter: • O objeto do contrato (reforma, construção, ampliação, etc); • O projeto básico; • Planilha de orçamentos; • Cronograma físico-financeiro; • Prazo da obra; • Datas contratuais; • Minuta de contrato; • Penalidades por atraso e ou bônus por antecipação; • Críterios de medição, pagamentos e reajustamento; • Regime de preços (unitário, global, por adminstração); • Limitação de horário de trabalho; • Habilitação juridica fiscal (certidões negativas, etc.); 25
• Habititação técnica (acervos técnicos, atestados, etc.), com relação à empresa e o responsável técnico; • Documentação requerida; • Seguros exigidos (carta de fiança, etc.); • Facilidades disponibilizadas pelo contratante (instalações de água e energia, etc.); • Exigências e infra-estrutura e logistica da empresa contratada, entre outros itens. A visita técnica além de ser exigida pelo processo de concorrência é sempre útil e recomendavel para conhecermos as condições do local da obra. O objetivo da visita técnica é derimir dúvidas e levantar dados e informações para o orçamento, é conveniente tirar fotos, avaliar o estado das instalações, o local das futuras obras, conhecer as condições para guarda de materiais, equipamentos e ou alojamento de pessoal. Quando da visita técnica é fundamental o recebimento do atestado de visita devidamente certificado pelo licitante e avalizado pelo profissional e a empresa que irá participar do certame, atestando a visita em obra. A visita técnica e a obtenção dos dados podem ser facilitadas com a utilização de formulários, que permitem avaliar e registrar todas as condições do local, o que é muito útil para a tomada de decisões da futura concorrência.
Elaboração dos custos A elaboração do custo total de uma obra é o resultado orçado para cada um dos serviços integrantes da obra, portanto sua origem é a identificação clara destes serviços no processo de quantificação. Um orçamento só é considerado completo quando contempla a totalidade dos serviços requeridos pela obra, este processo é denominado de identificação dos serviços. No processo orçamentário após a identificação do serviço exigido pela obra, este precisa ser quantificado. O levantamento de quantitativos é uma das principais tarefas do orçamentista, pressupõe conhecimento de obra e conhecimento das etapas de execução, pois, nem sempre o projetista fornece estes quantitativos de forma detalhada. Um pequeno erro no cálculo de volume de concreto, metragem quadrada de piso e ou de fôrmas, entre tantos itens de um orçamento, por exemplo, podem gerar erros com consequências dolorosas à empresa construtora. 26
O levantamento de quantidades a partir de um projeto inclui a elaboração de cálculos baseados nas dimensões previstas em projeto, tais como: volume de concreto, áreas de piso, metragem de fôrmas, quantidades de portas, área de pintura, área de telhado, etc; bem como ao cálculo de volumes, escavação, lastros, nivelamento e apiloamento. A melhor maneira de elaboramos e/ou extrairmos os quantitativos de um determinado projeto é a utilização de uma listagem auxiliar, como lembrete, onde temos toda a sequencia dos serviços, para uma determinada fase de obra. No processo de levantamento de quantidades, é fundamental que o orçamentista crie o hábito de registrar e construir a memória de cálculo durante o processo de orçamentação. Esta regra é muito útil nos casos em que ocorre alteração de serviços e mudanças no orçamento. A memória de cálculo é o instrumento no qual justificamos os quantitativos extraídos do projeto. Exemplo de memória de cálculo: 2. COBERTURA 1. Cobertura com telha chapa aço ondulada zincada 0,5 mm, (19,46 x 30,25 m = 588,67 m2 ), menos 100 m2 em cobertura com telha de fi bra de vidro = 488,67 m2 ; 2. Cobertura com telha fi bra de vidro, ondulada, colorida, 10 x 10 m = 100,00 m2 ; 3. Estrutura metálica per fis “I” até 08” em aço laminado (viga isolada e pórtico, etc.) fornecimento e montagem incluindo perdas, 588,67 m2 x 10,08 kg/m2 = 5933,79 kg;
Os custos diretos de uma determinada obra, são aqueles diretamente relacionados com o projeto e ao trabalho de campo são todos os serviços que podemos extrair do projeto e todos aqueles listados como serviços e relacionados no orçamento, representam o custo orçado dos serviços levantados. Exemplo de custo direto:
No exemplo acima, cada um dos serviços listados é o custo direto, a unidade básica de um serviço listado, também denominamos de composição de custos, os quais na sua maioria 27
são unitários, ou seja, denominados por uma unidade de serviço (m, kg, m3, vb). São denominados composição de custos, pois em cada custo direto ou composição, temos os insumos necessários à realização dos respectivos serviços, com os seus respectivos índices e o valor destes (preço de mercado), provenientes da cotação de preços e da aplicação dos encargos sociais sobre a hora-base do trabalhador. Estes índices são quantidade de cada insumo necessário a realização de uma unidade de serviço, sendo os materiais e a mão-de-obra necessária, para a realização de 91,56 m3 de concreto em fundação, no exemplo acima.
Os custos indiretos de uma determinada obra são aqueles que não estão diretamente associados aos serviços no canteiro, mas são fundamentais para que o conjunto de serviços denominados de custo direto seja realizado. Custos indiretos são aqueles serviços que não podemos extrair de um projeto, mas essenciais à execução da obra. Nesta fase dimensionamos as equipes técnicas (engenheiros, arquitetos, mestres e encarregados), a mão-de-obra de serviços auxiliares (almoxarife, apontador, cozinheiro, vigia, etc.), os equipamentos e instalações necessárias à execução das obras (britador, central de concreto, equipamentos leves, barracão de obra, tapume, etc.) e as despesas operacionais, necessárias à execução dos serviços, tais como alimentação, aluguéis, telefone, veículos de apoio, taxas e emolumentos. Determinado os custos diretos e indiretos ainda se fazem necessários a verificação e o lançamento dos custos incidentes sobre o custo direto, esta incidência refere-se a: taxa de administração central, custos financeiros, despesas eventuais e “reservas técnicas”. Estas incidências são fundamentais e sempre fazem parte do processo de negociação de fechamento do preço final de venda. 28
Exemplo de etapas do orçamento – definição BDI: 29.462,90
A Total do custo direto B Custo indireto local Mão de obra indireta (MO IND + MO IND 2) Leis sociais (125,58%)
2.560,00 125,58%
3.214,85
Equipamentos e instalações
1.300,00
Despesas operacionais
3.000,00
Total
10.074,85
C Incidentes sobre o custo direto Administração central
3%
883,89
CF = despesas financeiras - taxa de juros do mercado
7%
2.749,87
Período - para receber em dias
45
Custo direto da obra/contrato Despesas eventuais
Total Sub-Total (A + B +C)
29.462,90 -
3.633,76 43.171,51
Finalmente com a identificação dos custos diretos e indiretos e de posse de todos os insumos envolvidos, é fundamental a realização da coleta de preços de mercado, a cotação de preços para os diversos insumos envolvidos na obra, tanto os diretos bem como os indiretos. Lembramos que o preço sugerido por publicações especializadas apenas são referências, não devendo ser tomados para efeito do orçamento. Com a determinação dos custos diretos, indiretos e suas incidências, já temos o custo parcial direto no processo de elaboração do orçamento. De posse do custo parcial direto no processo de fechamento do orçamento, devemos definir a lucratividade desejada, baseado nas condições técnicas, dificuldades de exe-cução, prazos, condições locais, características do cliente, fatores relativo à concorrência, risco do empreendimento, necessidade de conquista de determinada obra. O empresário com base nestas condições define sua taxa de lucro. A aplicação da lucratividade e aos impostos relativos ao faturamento, denominamos de incidentes sobre o custo parcial direto, e a sua aplicação é em percentual, a qual denominamos de BDI (Bonificação de despesas indiretas ou Benefícios e despesas indiretas). 29
A utilização de um BDI, sobre o custo direto, considerando seus indiretos e suas respectivas incidências; é pela simples razão das propostas serem elaboradas em planilhas e os serviços serem baseadas nesta descrição; ou seja, é uma necessidade do construtor diluir sobre esses itens todos os seus custos que não aparecem explicitados. Em outras palavras, sobre o custo direto de uma obra é necessária a aplicação de um percentual que represente o custo indireto, os impostos e o lucro, este fator de majoração é que denominamos de BDI. Exemplo de aplicação – impostos / lucratividade e BDI: D Incidentes sobre o custo parcial diretos (orçameno + indiretos)
E
PIS
0,65
280,61
CONFINS
3,00
1.295,15
ISS
5,00
2.158,58
IPRJ
4,80
2.072,34
CSLL
2,88
1.243,34
LUCRO
15,00
6.475,73
Total
31,33
15.525,63
Impostos (aplicados sobre A + B + C = E)
F Preço de venda (A + B + C + E = F) G BDI (%) (Preço venda = F x 100/custo direto = A) - 100
13.525,63 56.697,14
92,44
Utilidades da orçamentação O objetivo principal de um orçamento não é a determinação do custo e do preço final de venda de uma determinada obra, ele também pode ser útil em outras atividades, dando subsídio, para diversas aplicações. O levantamento de quantidades de materiais e serviços, por meio da sua descrição e quantificação, ajuda diretamente no planejamento da obra. em função dos ítens levantados temos que identificar fornecedores em potencial, estudar as formas de pagamento e analisar as técnicas e tecnologias envolvidas nestes serviços. O orçamento também é utilizado para a obtenção de índices de produtividade (mão-de-obra) e índices de consumo (material e equipamento), ou seja, comparar o orçado com o que efetivamente está ocorrendo na obra, o índice é indicador também de metas de desempenho de uma determinada equipe de campo. 30
O orçamento também ajuda com base nos seus insumos e respectivos coeficientes no dimensionamento de equipes e a quantidade de homem-hora necessária à realização de determinado serviço. O orçamento eleborado de maneira análitica e desenvolvido por uma planilha eletrônica, possibilita revisões e alterações simultâneas e instantâneas, podendo ser facilmente recalculado em função da alterção de preços, mudanças de custos que determinam o BDI, alteração de insumos (coeficientes) e alteração de serviços. Além destas revisões é possível realizar simulações, quando alteramos metodologia de trabalho, alteramos componentes importantes, lucratividade, impostos, etc. O orçamento estruturado numa planilha eletrônica e ou “softwear” específicos, pode gerar ferramentas destinadas ao planejamento da obra, como o cronograma físico e financeiro, retratando a evolução dos serviços ao longo do tempo, quantificando mensalmente os custos e receitas desses memos serviços, gerando gráficos de desempenho em relação ao previsto e o realizado (curvas de agregação). A análise do balanço entre os custos e as receitas mensais fornece uma previsão da situação financeira da obra ao longo dos meses, o que denominamos de análise da viabilidade econômico-financeira.
8. Graus do orçamento Como vimos na Teoria do Orçamento, o grau de elaboração de orçamento, é uma preocupação do gestor de determinado empreendimento em ter noção do custo provável do empreendimento, efetuando a análise nas suas diversas fases: Estudo preliminar, Anteprojeto e Projeto executivo. Dependendo do grau de detalhe do orçamento, ele pode ser classificado em Estimativa de custo, Orçamento Preliminar e Orçamento analítico ou detalhado. Na estimativa de custos, utilizamos uma avaliação histórica em comparação com projetos similares, dando uma idéia da ordem de grandeza do custo do empreendimento. Em construção o indicador bastante utilizado é o custo do metro quadrado construído, sendo o Custo Unitário Básico (CUB) e o Custo Unitário PINI de edificações os mais utilizados. A lei 4591/64 atribui à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a tarefa de padronizar critérios e normas de cálculo de custos unitários de cosntrução. 31
A NBR 12721 define os critérios de coleta e são baseados em preços resultantes de pesquisa feita pelos sindicatos, conhecidos como SINDUSCON. Na tabela CUB – SINDUSCON, os custos estão divididos conforme a unidade autônoma, o tipo de construção e número de quartos, número de pavimentos e padrão de acabamento.
Padrão H8 – 3 N Tipo: H - Habitacional e C – Comercial; Número de pavimentos: 1, 4, 8, 12, 16; Número de quartos: 2, 3, 4; Padrão: B - Baixo, N – Normal, A – Alto. Em relação à tabela CUB – SINDUSCON, temos que saber diferenciar entre o CUB e o Índice CUB. O CUB representa o valor, por m2 da construção de uma habitação conforme os padrões demostrados acima, onde o CUB é um valor em Reais. Já o índice CUB é a variação acumulada do CUB entre o mês anterior e o atual, e é um percentual. A PINI desenvolveu uma metodologia própria de cálculo do custo do metro quadrado construído, é uma referência paralela ao CUB, como estes ítens tem critérios e padrões diferentes, ficam distantes entre si; cabe ao orçamentista enquadrar sua obra e verificar qual o índice que mais se adapta ao seu caso. No orçamento preliminar detalhamos um pouco mais, levantando quantidades e atribuimos custos a alguns serviços, seu grau de certeza é mais alto que a estimativa de custos. Com base em alguns indicadores úteis podemos levantar quantitativos que podem ajudar na elaboração do orçamento preliminar. No levantamento de quantidades podemos calcular: No volume de concreto, o indicador é a espessura média do concreto caso este fosse distribuído regularmente pela área do pavimento. Estrutura abaixo de 10 pavimentos: entre 12 a 16 cm; Estrutura acima de 10 pavimentos: entre 16 a 20 cm. Volume de concreto = área construída x espessura média (refere-se à super estrutura). 32
No peso da armação, verifica-se que em construções prediais a taxa de aço média fica numa faixa. Estrutura abaixo de 10 pavimentos: entre 83 a 88 kg por m3 de concreto; Estrutura acima de 10 pavimentos: entre 88 a 100 kg por m3 de concreto. Peso da armação = volume do concreto x taxa de aço. No cálculo da área de forma para moldagem de um pilar, viga e laje, verifica-se que a utlização média de fôrma recai numa determinada faixa. Fôrma: entre 12 e 14 m2 por m3 de concreto. Área de fôrma = volume de concreto x taxa de fôrma. No orçamento analítico, é a maneira mais precisa e detalhada de se prever o custo de uma obra. Efetuado com base nas composições de custo dos diversos serviços existentes, efetuamos a pesquisa de preço e de insumos de maneira cuidadosa, deste modo, conseguimos chegar num valor bem próximo do custo real e final de uma obra. O orçamento analítico tem para cada serviço e especificação de projeto uma composição de custos unitários, que leva em consideração, material, mão-de-obra e equipamentos necessários à sua execução. Além dos custos diretos são computados também os custos com a manutenção do canteiro de obra, equipes técnicas, administrativa e suporte da obra, taxas, impostos, emolumentos, etc., aos quais denominamos de custo indireto, acrescidos em forma de percentual chamado de BDI.
9. Levantamento de quantidades O levantamento de quantidades é a fase mais importante no processo de elaboração do orçamento, sendo exigido do orçamentista todo o conchecimento a respeito de como é feito determinado serviço, além do conhecimento dos serviços que envolvem uma obra. Todo orçamentista no processo de elaboração do levantamento de quantidades, produz o que denominamos de memória 33
de cálculo, que deve ser fácil de ser manipulada e entendida para que outro profissional possa conferir com agilidade e facilidade. A memória tem que ser clara o suficiente para que, na mudança eventual de caracteríisticas ou dimensões do projeto, não acarrete num segundo levantamento, ou que ao nosso entender é pelo menos é contra producente, além de onerosa à organização. As empresas diante desta questão organizam formulários adequados e tabelas padronizadas, que fazem parte do conjunto do orçamento. O levantamento de quantidades envolve elementos de natureza diversa, nas suas dimensões, tais como: • Lineares : Tubulação, rodapé, muros, cercas, etc.; • Super ficiais ou de área: Limpeza de terreno, fôrma, alvenaria, piso, etc.; • Volume: Concreto, escavação, aterro, etc.; • Peso: Armação, estrutura metálica; • Adimensionais: Serviços de simples contagem, postes, portões, placas, luminaárias, etc. Os materiais empregados numa obra podem ser de caráter permanente, ou seja, ficam incorporados ao produto final, tais como: concreto, aço, tinta, pisos, areia, brita, cimento, tijolos, etc.; e materiais de caráter não permanentes, que são utilizados somente na fase da construção e removidos depois de utilizados, tais como: madeira para fôrmas, escoramentos, tensores de fôrmas, prego, desmoldantes e instalações provisórias. No processo de levantamento de quantidades dos principais serviços, devemos conhecer os critérios de levantamento de quantidades, que podem ser revistos e adaptados pela empresa e a critério do orçamentista, devemos lembrar que estes critérios, ajudam e formatam a maneira pela qual vamos receber determinado serviço (critérios de medição). A seguir apresentamos os principais critérios de levantamento de quantidades, adotado pelo FDE (Fundação para o Desenvolvimento Escolar). LIMPEZA DO TERRENO Serviços • Limpeza do terreno, retirando a vegetação existente, inclusive tronco até 05 cm de diâmetro; Critério: M2 – pela área real. 34
MOVIMENTO DE TERRA Serviços • Corte e aterro dentro da obra com transporte interno; • Aterro com transporte por caminhão nos primeiros 100 m; Critério: M3 – Volume de corte ou aterro executado, medido na caixa. TRANSPORTE Serviços • Transporte de terra por caminhão; Critério: M3 x Km – Medição pelo produto do volume de terra transportado pela distancia percorrida, menos 100 m (medição tomada no corte ou no aterro compactado). INFRA-ESTRUTURA (FUNDAÇÃO) Serviços • Brocas de concreto diâmetro 20, 25 ou 30 cm; Critério: M – Comprimento determinado pela profundidade concretada. Serviços • Aço CA – 50 (A ou B), FyK = 500 Mpa; • Aço CA – 60 (A ou B), Fyk = 600 Mpa; Critério: Kg – Pelo levantamento das diversas bitolas ou telas nos seus pesos nominais, nas plantas de armadura. As perdas não devem ser incluídas. Consideram-se as armaduras de infra-estrutura as utilizadas até o respaldo superior da viga baldrame. • Concreto dosado e lançado, Fck = 20 Mpa/30 Mpa; Critério: M3 – Volume calculado no projeto de formas. Os volumes das intersecções devem ser computados uma só vez. • Formas de madeira maciça; Critério: M2 – Pelas áreas das superfícies desenvolvidas em contato com o concreto, calculado no projeto estrutural.
SUPERESTRUTURA (ESTRUTURA) Serviços • Aço CA – 50 (A ou B), FyK = 500 Mpa; • Aço CA – 60 (A ou B), Fyk = 600 Mpa; Critério: Kg – Pelo levantamento das diversas bitolas ou telas nos seus pesos nominais, nas plantas de armadura. As perdas não devem ser incluídas. 35
Consideram-se as armaduras de superestrutura as utilizadas a partir do respaldo superior da viga baldrame. • Concreto dosado e lançado, Fck = 20 Mpa/30 Mpa; Critério: M3 – Volume calculado no projeto de formas. Os volumes das intersecções devem ser computados uma só vez. Consideram-se concreto de superestrutura o utilizado a partir do respaldo superior da viga baldrame. • Formas de madeira maciça; Critério: M2 – Pelas áreas das superfícies desenvolvidas em contato com o concreto, calculado no projeto estrutural. • Cimbramento de madeira; Critério: M3 – Pelo volume, no cômputo da altura do cimbramento, devem-se excluir os 03 m, correspondente ao escoramento normal. • Laje mista de vigotas protendidas H-8, H-12, H-16, sobrecarga 100 kg, 300 kg, 450 kg; Critério: M2 – pela área determinada pelos eixos das paredes e/ou vigas.
VEDOS Serviços • Alvenaria de fundação e embasamento com bloco de concreto; Critério: M3 – Pelo volume real da alvenaria executada. • Alvenaria de bloco de concreto E = 14 cm; Critério: M2 – pela área real de alvenaria executada, deduzindo-se todo e qualquer vão de interferência. • Placa divisória em concreto E = 5 cm; Critério: M2 – pela área real. VÃOS Componentes • Caixilho de Madeira / Ferro / Alumínio / Esquadria Veneziana de aço; Critério: UN – por unidade instalada. • Porta de Madeira / Ferro / Alumínio / Esquadria Veneziana de aço; Critério: UN – por unidade instalada. 36
COBERTURAS Serviços • Telha de barro portuguesa / Telha tecnologia CRFS ondulada E = 8 mm; Critério: M2 – pela área de projeção horizontal de cober-tura executada, com os seguintes acréscimos: • 5% para coberturas de 18% a 27% de inclinação; • 8% para coberturas de 28% a 38% de inclinação; • 12% para coberturas de 39% a 50% de inclinação. • Cumeeira e espigão emboçados para telha de barro portuguesa / Cumeeira normal para telha tecnologia CRFS ondulada; Critério: M – pelo comprimento real dos serviços. FORROS Serviços • Forro de placa de gesso quadriculada; Critério: M2 – pela área real. IMPERMEABILIZAÇÃO Serviços • Impermeabilização respaldo de alvenaria, alvenaria, embasamento com argamassa de cimento e areia traço 1:3 contendo hidrófugo e tinta betuminosa; Critério: M2 – pela área real da superfície impermeabilizada. REVESTIMENTOS DE PAREDES E TETOS Serviços • Chapisco com argamassa de cimento e areia traço 1:3; Critério: M2 – pela área real (chapisco efetivamente executado). • Emboço desempenado; Critério: M2 – pela área efetivamente executada. Deduzir vãos maiores que 02 m 2, neste caso as espaletas são desenvolvidas. • Revestimento com gesso liso desempenado; Critério: M2 – pela área real, deduzindo-se toda e qualquer interferência. 37
• Azulejos lisos brancos 15 x 15 cm; Critério: M2 – pela área real da superfície efetivamente revestida, deduzindo-se toda e qualquer interferência, acrescentando-se as áreas desenvolvidas como espaletas ou dobras. • Revestimento texturizado acrílico branco e pintura acrílica; Critério: M2 – pela área real revestida.
PISOS / PAVIMENTAÇÃO Serviços • Concreto desempenado com requadro 1,80 m – espessura 06 cm; Critério: M2 – pela área real do piso executado. • Lastro de pedra britada; Critério: M3 – pelo volume real. Quando não especi ficada em projeto, considerar espessura de 5 cm. • Lastro de concreto; Critério: M3 – pelo volume real. Quando não indicado em projeto, adotar espessura de 5 cm. • Argamassa de regularização de cimento e areia, traço 1:3, espessura 2,5 cm; Critério: M2 – pela área real. • Cerâmica esmaltada antiderrapante - 30 x 40 cm PEI-4 Coeficiente atrito 0,35 a 0,50; Critério: M2 – pela área real. • Rodapé de cerâmica antiderrapante 30 cm por com altura de 07 cm; Critério: M – pelo comprimento real. VIDROS Serviços • Vidro Fantasia / Incolor E = 4 mm; Critério: M2 – pela área real dos caixilhos, deduzindose as áreas de chapas de vedação ou de qualquer natureza ou finalidade. PINTURA Serviços • Massa corrida para tinta acrílica; Critério: M2 – pela área efetivamente emassada, não se descontando vão até 02 m2. 38
• Massa corrida PVA; Critério: M2 – pela área efetivamente emassada, deduzindo-se toda e qualquer interferência. • Tinta acrílica / PVA em paredes e tetos; Critério: M2 – pelas áreas pintadas, não se descontando vãos até 2 m2; não considerar espaletas, filetes ou molduras desenvolvidas. • Grafite em estruturas metálicas; Critério: M2 – pela área da projeção horizontal da cobertura. • Esmalte sintético em esquadrias de ferro; Critério: M2 – pela área do vão de luz multiplicada pó 2, em caixilhos e portas chapeadas, portas de ferro onduladas e articuladas de enrolar e portas pantográficas pela área do vão de luz multiplicada por 2,5 (dois e meio). • Esmalte sintético em esquadrias de madeira; Critério: M2 – pela área do vão de luz, multiplicada por 3 (três). Em não havendo batente multiplicar por 2 (dois), em venezianas ou persianas multiplicar por 5 (cinco).
LIMPEZA FINAL Serviços • Limpeza da obra; Critério: M2 – pela área real. INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS Serviços • Abrigo, caixas de alvenaria; Critério: Un – pela quantidade. • Registros, Válvulas, equipamentos contra incêndio; Critério: Un – pela quantidade. • Tubulações, Aço, PVC – Água Fria, Quente, Esgoto, Combate a Incêndio inclusive conexões; Critério: M – pelo comprimento real. • Acessórios, Louças, Metais, Motores, Caixas de Água, incluindo acessórios; Critério: Un – por unidade instalada. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS / TELEFONIA Serviços 39
• Abrigo, caixas de entrada de energia, cabines, postes, conduletes, quadros, disjuntores, terra completo, interruptores, tomadas, quadros de disjuntores; Critério: Un – pela quantidade. • Cabos, Fios, Eletrodutos; Critério: Ml – pelo comprimento.
No levantamento de quantidades para calcularmos e documentar em memória de cálculo os acabamentos de uma obra, a maneira mais pratica é a utilização de um formulário e ou planilha eletrônica, cujos dados de entrada são a largura, comprimento e a altura de cada cômodo, como estes serviços estão vinculados à área ou perímetro de paredes, o cálculo fica simplificado.
10. Custo direto, indireto, lucro, impostos, BDI e Preço de Venda O BDI e as suas respectivas definições e a decisão do orçamento é sempre uma das tarefas mais difíceis, ajustar o orçamento e gerenciamento às reais necessidades do negócio é quesito fundamental para a saúde financeira da empresa. Essa não é tarefa fácil, pois as formas de gestão são variáveis e dependem do amplo conhecimento do mercado. 40
Uma das razões das empresas não conseguirem auferir os lucros desejados em seus empreendimentos é o fracionamento do poder. O poder do empreendimento tem que estar concentrado numa figura denominada gerente de contrato, é este quem ajusta as atividades comerciais, técnicas, administrativas e financeiras por meio de um plano de ação que realmente gere àquele determinado empreendimento como um negócio à parte, solto. Em um canteiro há os custos diretos além da administração local e central. A administração local tem que abranger toda a gestão do empreendimento e a central tem que ser muito pequena. O gerente de contrato tem que trabalhar mediante um compromisso de resultados. Sem este compromisso é impossível assegurar o sucesso do referido empreendimento. A decisão do orçamento até a sua apresentação ao cliente e/ou concorrência, envolve muito discernimento e métodos de averiguação, se determinado orçamento foi executado de forma correta ou não e dentro da margem de segurança e do BDI, proposta pela empresa e/ou profissional, é um quesito importante de avaliação. É fundamental efetuar-se a verificação do orçamento após sua conclusão, checar se os preços de vendas parciais e finais estão em conformidade com a prática vigente no mercado, comparar ítens de grande peso é outro fator importante, qual é o custo do metro quadrado final comparado em termos de custo por metro quadrado vigentes no mercado, são algumas das técnicas que podem evitar surpresas futuras. Outra maneira é a verificação do custo final em relação ao tempo previsto para a execução, especialmente em relação à mão de obra. Devemos contabilizar o número de profissionais envolvidos e o tempo para a execução da obra; desta forma podemos estabelecer uma correlação de tempo e custo de uma obra, no caso específico para a mão de obra. Outro erro comum é a não formação correta do preço de venda dos serviços. O preço de venda considera os seguintes itens: • Custo direto; • Custo indireto local; • Custos incidentes sobre os custos diretos; • Custos incidentes sobre o custo parcial direto (impostos e lucro); • Preço de venda dos serviços. 41
Os custos diretos são todos os serviços constantes do pro jeto executivo e, por conseqüência, apresentados na planilha de quantitativos do orçamento, além das atividades de mobilização e desmobilização da administração local e de qualquer outro custo apresentado na planilha de orçamento. É todo e qualquer custo mensurável em alguma unidade correta de medição. Os custos indiretos local são aqueles serviços que não podemos extrair de um projeto, mas essenciais à execução da obra. Nesta fase dimensionamos as equipes técnicas (engenheiros, arquitetos, mestres e encarregados), a mão-de-obra de serviços auxiliares (almoxarife, apontador, cozinheiro, vigia, etc.), os equipamentos e instalações necessárias à execução das obras (britador, central de concreto, equipamentos leves, barracão de obra, tapume, etc.) e as despesas operacionais necessárias à execução dos serviços tais como alimentação, aluguéis, telefone, veículos de apoio, taxas e emolumentos. Os custos incidentes sobre os custos diretos se referem aos custos referentes às despesas financeiras, administração central, e despesas eventuais, sempre expressos em valores percentuais. Os custos incidentes sobre o custo parcial direto se referem aos impostos sobre as notas fiscais e ainda à margem de lucro da empresa. O preço de vendas dos serviços é o custo de todos os serviços acompanhado de todos os insumos, impostos, BDI, etc., para a realização de determinado serviço. A mobilização e desmobilização são consideradas custo direto e deve constar da planilha de quantidade dos: • Pessoal a ser transferido; • Equipamentos e utensílios de propriedade da empresa que serão utilizados na obra. O preço é sempre definido por valor global e o critério de medição será: 60% para a mobilização e 40% para a desmobilização. A instalação provisória de obra, consiste na construção do canteiro de obra e se constituirá de: • Aluguel de terreno para implantação do canteiro; • Construções provisórias para escritórios, alojamentos e refeitório; • Implantação de unidades industriais (britados, central de concreto, canteiro de pré-moldados, etc); • Instalações provisórias de água e esgoto. 42
Administração local (AL) – (custo direto): São os custos relativos à administração do canteiro de obras. Planilha semelhante à planilha de quantidades da obra, onde constam todos os custos que lhe pertencem. O seu custo deverá ser lançado na planilha de quantidades e a quantidade será sempre 100. % AL (administração local) = valor da medição do mês (sem AL) x 100 Valor contratual AL (no período) = 12.000,00/50.000,00x 100 = 24% AL = 24% (é a porcentagem a ser recebida do AL nesta medição)
Assim calculamos a porcentagem de 24% sobre o valor da administração local (AL) do orçamento a receber neste período.
Lucro, administração central, imposto sobre a nota (LACI): Define-se como sendo o percentual a ser acrescido aos custos unitários diretos dos serviços constantes da planilha de quantidades do orçamento. • Lucro (L) ........................................................... 20,00% • Administração Central (AC) ...............................10,00% • Impostos sobre as notas fiscais (I) ................... 22,15% • Despesas financeiras (DF) ................................. 2,90% LACI % = {((I + DF)/1- (AC+I+L)) – 1} x 100
A porcentagem a ser acrescida aos custos unitários é de 115,04%.
A administração central (AC): Corresponderá ao rateio dos custos da sede da construtora pelo faturamento da empresa, parcela esta que deverá ser absorvida pelos contratos em andamento da mesma. AC % = 5.000,00 (custo mensal) / 50.000,00 (faturamento mensal) = 0,1 x 100 = 10%
Os impostos sobre a nota fiscal: Correspondem à apropriação aos custos unitários diretos 43
pelos quais são exigidos pagamentos sobre a emissão da nota fiscal. • ISS (São Paulo) = 5,00% • PIS / CONFINS / CSLL = 4,65% • IRPJ = 3,30% (1,5% na fonte, restante a cada trimestre). • INSS = 11,00% TOTAL = 23,95%
Despesas financeiras: São aquelas decorrentes do emprego do capital próprio da empresa para garantir a prestação de serviço. Cabe ao construtor definir, em função das condições de pagamento, se a obra for superavitária, não haverá necessidade de sua inclusão. Entretanto, nos casos de obras públicas, haverá necessidade de se apropriar o custo financeiro, assim sugerimos a adoção da seguinte fórmula: DF = [(1+ t) n/30 - 1], onde: “t” é a taxa de juros de mercado ou de correção monetária em porcentagem do mês. “n” é o número de dias decorridos, entre o centro de gravidades dos desembolsos e a efetivação do recebimento contratual. Exemplo: Calcular o custo financeiro no orçamento de uma obra, cujo custo direto e indireto totaliza R$ 20.000,00, com taxa de 8% ao mês, com defasagem de 60 dias para recebimento. DF = [(1+ t) n/30 - 1] = [(1+0,08) 60/30 – 1)] = 16,00% Em valores absolutos, o custo financeiro para o período corresponde a 16% x R$ 20.000,0 = R$ 3.200,00.
11. Planejamento e custos de obras Planejar uma obra, um evento, uma festa, ou um casamento é uma decisão que envolve tomada de algumas ações, objetivando o cumprimento de um desejo, no tempo certo, com a qualidade desejada, e preços previstos. Em outras palavras podemos dizer que, quando planejamos algo o ideal é que 44
o desejo ocorra da melhor forma possível, sem obstáculos, presumindo inclusive, que o resultado final seja o melhor do que o planejado. Planejamento “é o processo de tomada de decisões interdependentes, visando uma situação futura desejada, ou seja, são decisões tomadas no presente, que resultam em implicações futuras”. Consistem em atividades associadas ao planejamento, organização, direção e controle de recursos organizacionais para objetivos de curto e médio prazo, visando à complementação de objetivos especificos, dentro de um determinado período. – Burton – Project Management Methods and Studies. Para que um objetivo específico ocorra dentro de determinado período, o planejamento exige: Organização, Direção e Controle. A organização é a ação através da qual se estabelece a melhor forma de se compor os recursos físicos, humanos e financeiros para se obter o melhor desempenho. A direção é a ação através da qual se define quando, como, onde, por quem e com quais recursos devem ser executadas as tarefas planejadas. O controle é a ação de medir o resultado de uma operação e comparar o resultado obtido com o padrão estabelecido, para se verificar se atende ou não aos limites estabelecidos durante o processo de planejamento. No processo de planejamento e posteriormente ao da realização do objeto planejado, os componentes custo e preço estão presentes de forma decisiva neste processo, ou seja, sem os recursos econômicos e financeiros, não é possivel a realização de um bem previamente planejado e ou desejado. Neste sentido os custos e os preços fazem parte do conceito econômico, são estimativas e especificações técnicas de despesas e receitas, que não estão diretamente relaciondas com o dinheiro.
Conceito econômico: Despesas (obrigações contratuais); Receitas (direitos contratuais). Em contrapartida o conceito financeiro está diretamente relacionado com as entradas e saídas de dinheiro efetivamente. 45
Conceito financeiro: Desembolsos (saídas de caixa); Recebimentos (entradas de caixa). Por outro lado os custos de uma determinada obra são as obrigações constratuais, correspondendo às despesas geradas pelo objeto do contrato e que são necessárias ao seu cumprimento. Num orçamento e posteriormente numa obra devemos considerar dois tipos de custos: • Custos diretos, aqueles diretamente relacionados com os serviços a serem feitos na obra; • Custos indiretos, aqueles que não estão diretamente relacionados com os serviços, mas faz parte da estrutura organizacional necessária a realização dos serviços da empresa construtora e da administração da obra1. Numa empresa construtora o planejamento de uma ou várias obras, está ligado diretamente ao departamento comercial e a direção da empresa. A decisão quanto a viabilizar determinado empreendimento ou de participar de determinação licitação, se restringe a esta área envolvendo, as seguintes etapas: • Planejamento e orçamento da obra para concorrência; • Programação da obra – após a contratação; • Operação e controle da Obra. Na elaboração do planejamento e orçamento para concorrência de uma obra, pública ou privada devemos conhecer o fluxograma de atividades: PLANEJAMENTO DE OBRA - PRIMEIRA FASE
Concorrência Pública Privada
Análise do projeto
Análise da carta convite empreendimento Análise do projeto
1
Adquire carta convite convidado marketing Análise do projeto
Ver capítulo: Etapas da orçamentação. 46
PLANEJAMENTO DE OBRA - PRIMEIRA FASE
Elaboração Documentação Habilitação Preparação dos documentos jurídico-fiscais
Preparação dos atestados acervo técnico
PLANEJAMENTO DE OBRA - PRIMEIRA FASE
Elaboração Proposta comercial Quantificação do projeto
Planilha de custos unitário
Orçamento da obra
Cronogramas de barras Ghant
Cronograma físico financeiro
Histograma mão-de-obra
O processo de contratação de obra poderá ser feito pelo setor público ou privado, a contratação pelo setor público, exige o conhecimento do fluxo de atividades apresentado acima, é regido pela lei 8.666/93, onde o poder público só pode contratar por esta lei, que foi reeditada em 1994, estabelecendo que: “A obra pública só poderá ser contratada pelo menor preço”. Entende-se como poder público, as empresas ligadas à administração direta, autarquias e empresas públicas nos âmbitos federais, estaduais e municipais. 47
Na licitação pública existem algumas modalidades de licitação, as quais são definidas com procedimentos específicos, e alteradas ao longo do tempo, e publicada no Diário Oficial da União. Nós temos a Carta convite, Tomada de preço, Concorrência pública e Pregão e ou Leilão eletrônico; estas modalidades foram criadas em função dos valores da obra e de uma melhor transparência no processo de licitação. O setor privado tem a liberdade de contratar da forma mais adequada, e as exigências não são tão rígida, em muitos casos a contratação é feita com base na aprovação de um pedido de compra. A proposta elaborada por uma construtora para o setor privado é muito mais um instrumento de negociação, ou seja, no decorrer do processo são feitas alterações e adequações para atender perfeitamente às necessidades do cliente, conhecido em muitos casos como parceiros na realização de um determinado empreendimento. No setor privado o enfoque é para a proposta técnica, e não somente pelo valor proposto; a contratação não está condicionada à obra de menor preço. Como a proposta técnica em muitas situações é o fator decisivo numa contratação, esta proposta técnica deve conter: o conhecimento do problema e a metodologia de como será executado determinado serviço. O conhecimento do problema, nada mais é do que a experiência em obras semelhantes e a melhor descrição dos serviços e de como a empresa pretende resolvê-los, tais como: implantação do canteiro, as escavações das fundações, a estrutura, e outras dificuldades técnicas existentes. Na metodologia, a empresa explica como vai executar a obra, quais equipamentos utilizarão, qual será a equipe técnica e corpo de operários, apoios e infra-estrutura necessária à execução dos trabalhos. Em resumo, a empresa privada analisa as propostas técnicas, define as melhores empresas, analisando os preços e posteriormente negociando-os. O setor privado, de modo geral, estabelece três fases distintas da negociação: preliminarmente verifica a situação jurídico-fiscal da empresa, os atestados de capacidade técnica em execução de obras semelhantes, posteriormente é executada a análise da proposta técnica e finalmente é analisada a proposta do preço. 48
A proposta técnica deve conter: • A descriminação dos serviços, elaborada a partir do pro jeto recebido; • Conhecimento do problema; • Plano de trabalho; • Metodologia; • Execução (mão de obra e equipamentos). A proposta comercial deve conter: • Preço; • Condições de pagamento e eventuais reajustes; • Prazos de execução; • Cronograma físico-financeiro com os serviços e valores distribuídos ao longo do período (meses). A execução de obra tanto pelo setor público ou privado é garantida por instrumento ao qual denominamos de contrato, onde são definidos os deveres e direitos da construtora em relação à obra. O gerenciamento de uma obra vai ser feito com base no contrato, neste sentido é que dizemos: “Nós não gerenciamos obras, mas sim contratos..”. Um bom contrato deve ter como base o equilíbrio entre contratante e contratado, não privilegiando deveres e ou obrigações em favor de uma parte ou de outra, devendo conter: • Escopo: definição do vai ser contratado e contendo cópia do projeto e das especificações técnicas; • Prazo global e prazos das etapas; • Condições de execução da empresa e subcontratados; • Responsabilidade da construtora – qualidade dos materiais e mão-de-obra e equipamentos utilizados; • Preço unitário e global; • Cronograma físico - financeiro detalhado das etapas mensais.
Programação da obra – após a contratação Um dos instrumentos mais conhecidos para a realização da programação e planejamento de uma obra é o cronograma de barras ou gráfico de “Gantt”, dentro de uma variedade de instrumentos e ferramentas existentes. O cronograma de barras e ou cronograma físico-financeiro mostra-nos a seqüência de atividades planejadas previstas, 49
para a realização de um respectivo empreendimento, em determinado tempo associado ao recurso disponível a ser utilizado / consumido neste tempo para à realização deste. Outros instrumentos de planejamento são o calendário, diagrama de rede, “Gantt” de controle, gráficos de recursos, planilha de recursos, uso de recursos, etc., o diagrama PERTCPM e o ciclo de produção. O cronograma físico-financeiro é um instrumento clássico de planejamento, é a forma mais comum de representação, permite explicitar a duração das diferentes atividades através do comprimento das barras e a possível inter-relação com as atividades, possibilitando também introduzir neste o ciclo de produção. A representação do processo de produção possibilita uma visualização rápida do planejamento físico e a sua conseqüência imediata se este não for longo demais, determina e mostra-nos os recursos financeiros necessários para atingir as metas nele estabelecidas. O instrumento PERT- CPM corresponde a um ciclo de atividades identificadas no cronograma. Nesta rede as atividades são divididas em pequenas operações e são colocadas seqüencialmente, formando as cadeias de produção. A cadeia de operações com maior duração será o nosso caminho crítico, ou seja, não devemos atrasar neste caminho. Outros instrumentos são as curvas de agregação. Nestas curvas podemos apreciar um primeiro período em que são gradativamente incorporados, novas atividades, num período de estabilidade e num período de desmobilização. Essas curvas mostram recursos parciais previstos para serem incorporados ao produto: período por período, sem levar em conta o fluxo dos investimentos para o empreendimento. As curvas identificam os máximos e mínimos que ocorrerão durante o processo. Curvas estas que representam altos e baixos, devem ser analisadas para determinar a sua origem (pode estar ocorrendo falhas nas programações das atividades). As curvas permitem visualizar o ritmo de investimento e também detectar os máximos e os mínimos que ocorrerão no processo. A análise das curvas pode, de forma pontual, introduzir alterações no planejamento para adequá-lo às necessidades e possibilidades da empresa (compras antecipadas ou pagamentos parcelados). 50
A análise das curvas pode ser útil na análise da oferta do produto construção. Uma curva que indique carregamento no começo demonstra obtenção de recursos financeiros para a empresa construtora, mas tem um custo adicional para o cliente. Curva dos investimentos parciais, previstos mês a mês, fortemente “carregados”no começo Valores em % 16 14 12 10 8 6 4 2 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tempo
Curva dos investimentos parciais, previstos mês a mês, de uma obra com problemas de mobilização no começo Valores em % 16 14 12 10 8 6 4 2 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tempo
Curvas dos investimentos previstos e acumulados Valores em % 160 140 120 100 80 60 40 20 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tempo
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Curvas dos investimentos previstos e acumulados Valores em % 160 140 120 100 80 60 40 20 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tempo
Na curva “S”, podemos sobrepor dois planos de ação, e a área entre as duas curvas são equivalentes à diferença de custo financeiro entre os dois planos de ação. Essa área, tomada entre as duas curvas, representa o custo financeiro adicional do agente financeiro (público, privado, própria empresa).
Organização de uma obra Esta organização consiste em definir e coordenar os meios necessários para organização da obra, respeitando sempre as diretrizes gerais impostas pelas condições do cliente, do cronograma e recursos previstos. As diretrizes gerais se firmam em certos elementos básicos; a rapidez exigida pelo cliente ou pelo rendimento da operação (não podemos tomar como princípio básico, pois devemos preservar a qualidade); a economia, resultado de uma organização racional, que precisa ter um estudo do projeto e detalhamento dos planos e dedicação dos profissionais rigorosa; a qualidade obtém-se por meio de conhecimento dos materiais e a sua colocação organizadamente na obra, bem como da mão de obra a ser empregada. Procedimentos prévios a execução Após a definição das diretrizes de intervenção, podemos iniciar a procura e/ou escolha da mão-de-obra, o levantamento dos preços e definição dos materiais de acabamento, bem como os equipamentos a serem comprados ou alugados. Devemos considerar também, as condições exigidas e estabelecidas pelo proprietário e as condições técnicas derivados dos contratos terceirizados. Deverão ser considerados os períodos de interrupção devido a férias, intempéries e licenças legais, quando se tratar de empresas. 52
O cronograma efetuado pode prever estas condicionantes, sendo possível prever com antecedência a troca ou substituição de profissionais ou falhas na execução parcial de uma fase da obra.
Procedimentos gerenciais para controle da obra Quanto aos procedimentos gerenciais para controle da obra, podemos considerar que devemos realizar reuniões programadas com o proprietário, propor a existência de um diário de obra, executar um controle semanal de programação de materiais e entradas e saídas de mão-de-obra de serviços terceirizados. É interessante elaborar um relatório mensal das atividades exercidas na obra, para atualização e conferência dos dados ao proprietário, justificando as alterações, caso isso aconteça. Manter sempre em mente o acompanhamento dos controles dos materiais, mão-de-obra e equipamentos, qualidade dos serviços e principalmente o controle financeiro (cronograma). Devemos sempre estar atentos quanto à segurança, higiene e medicina do trabalho, nas questões de relações com os funcionários. Ferramentas de controle A primeira e a mais importante ferramenta de controle e plane jamento de uma obra é a utilização do calendário. Na sua forma mais simples e rudimentar é capaz de mostrar na escala do tempo as etapas ainda a serem realizadas e as etapas previstas (eventos futuros). É o instrumento mais eficaz para mostrar-nos os prazos limites, o início e o fim de uma etapa, o previsto e o realizado de um determinado serviço ou fase de obra.
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Diagrama de rede O diagrama de rede mostra-nos claramente em cada “box” o serviço a ser executado e a sua inter-relação com os demais serviços, o tempo de duração, bem como o término e o início de cada serviço, apresenta fácil visualização; mas não tem muita praticidade, pois em função do seu formato torna-se muito extenso em termos de apresentação.
Gráfico de Gantt O Gráfico de “Gantt” ou “ciclo de produção” mostra-nos a escala de tempo necessária para executar determinada tarefa, ou uma seqüência de tarefas, o tempo de duração de cada tarefa e o tempo final de todo as tarefas e ou serviços. Este gráfico é útil pois deixa clara a relação entre as tarefas; tarefas que iniciam em conjunto, tarefas que terminam em conjunto, tarefas de início a término e tarefas de término a início, mostrando claramente como se processa um ciclo de produção.
Cronograma físico-financeiro A execução de uma obra de edificação é tarefa, de certo modo, industrial e, conseqüentemente a análise do trabalho, os estudos dos tempos, o controle da produção e a apropriação 54
do custo, devem ser encarados isoladamente e como um todo, de modo a ter-se o maior rendimento possível e uma melhor produção. No cronograma em relação aos níveis de abordagem temos: no estudo preliminar, definimos o prazo limite; no anteprojeto, realizamos a estimativa do prazo e no projeto executivo o prazo calculado de fato. O objetivo principal do cronograma é fornecer dados seguros para controle da obra, quanto ao prazo de execução das diversas fases, bem como indicar coeficientes de consumo, produção, o custo real e efeitos das eventuais mudanças em função dos caminhos críticos, inclusive podendo antecipar algum tipo de atraso e ou antecipação da obra. Dentre as funções do cronograma, é a sua visualização, ou seja, os serviços a serem executados e os prazos pré-determinados, que alertam as causas de algum atraso e as providências necessárias para saná-las, atingindo assim os objetivos ini-ciais previstos.
O cronograma permite, com antecedência, antecipar a necessidade de contratação de maior número de operários e equipamentos, para que os prazos possam ser cumpridos, segundo a programação inicial. Para a elaboração de um cronograma devemos conhecer: • Quantidade de todos os serviços; • Prazo para a execução da obra; • Custo para cada item dos serviços; • Disponibilidade financeira e desembolso mensal; • Metodologia do trabalho; • Caminhos críticos. No cronograma que representa um conjunto de atividades sucessivas sem interrupções, obedecemos à seqüência dos serviços chamados de caminho, representados pelo PERT (Program Evolution and Review Technique) e pelo planejamento de um ciclo de produção. 55
Exemplo de sistema PERT – Rêdes Elementares – Fundação (após abertura de vala). A – Endireitar e cortar ferro B – Preparar madeira C – Dobrar ferro D – Montar Forma E – Armar e colocar ferro nas forma F – Preparar concreto G – Lançar concreto H – Curar concreto
Eventos Inicial 0 0
Final 1 2
1 2 3 4 5 6
3 3 4 5 6 7
Na elaboração de um cronograma devemos estudar os tempos destinados à elaboração de um determinado serviço. A elaboração do tempo exige conhecimento da produtividade do conjunto de profissionais envolvidos na elaboração das tarefas:
Para a elaboração de formas comuns planas para fundação no exemplo acima, vamos necessitamos de 65 horas de carpintei-ro e de ajudante, portanto necessito de 08 dias de carpinteiro e ajudante para realizar 50,00 m2 de forma. Considerando a produtividade de um bom carpinteiro que realiza 50 ml de formas comuns plana ao dia, indexando os valores destes coeficientes, no exemplo acima, seria necessaria apenas 02 dias para a realização do mesmo serviço. A definição dos prazos no cronograma é uma tarefa que exige cautela e conhecimento prévio dos índices que cada empresa construtora extrai dos serviços realizados anteriormente, 56
devem ser estudados e análisados em função da analogia de serviços e de suas caracteristicas técnicas, servindo de base e referência para futura obras. Em resumo podemos dizer: “Não podemos simplesmente, dividir o total de horas da planilha analítica do orçamento pelo regime de horas e do total de trabalhadores envolvidos, numa determinada tarefa...” É fundamental que a empresa adote padrões minímos de produtividade nas suas equipes de campo, abaixo alguns exemplos de produtividade minímo que algumas empresas exigem: • Um ajudante tem que ser capaz de servir 02 pedreiros por dia; • Um bom pedreiro produz de 25 a 30 m2 de alvenaria por dia; • Um bom pedreiro produz em média 40 m2 de massa única por dia; • Um bom azulejista produz em média 35 a 40 m2 de assentamento de azulejo e piso por dia; • Um bom carpinteiro produz em formas de fundação 50 ml por dia e formas de estrutura vigas/lajes e escoramento 100 m2; • Um bom carpinteiro produz em estrutura de madeira para telhado em média 15 m2; • Um bom telhadista instala de 15 a 20 m2 de cobertura de telha de barro. No processo de programação de uma obra, devemos elaborar as seguintes tabelas e ou planilhas, para ajudar na programação das tarefas ao longo do período, bem como visualizarmos as necessidades de materiais, mão-de-obra e locação de equipamentos ao longo da execução da obra; além de efetuarmos análise crítica dos tempos necessários e custos envolvidos na realização dos serviços previstos no orçamento. • Histograma de mão-de-obra; • Histograma de programação de equipamentos.
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Para elaborarmos o histograma de equipamentos por etapas de serviços e equipamentos, devemos conhecer a capacidade de produção dos mesmos, abaixo destacamos a produtividade de alguns equipamentos:
Betoneira Bomba de concreto Bomba de drenagem Caminhão basculante Caminhão betoneira Carregadeira dumper Compactador c/placa vibratória Escadeira hidráulica Guincho ou monta-carga elétrico Guindaste hidráulico Guindaste mecânico Guindaste de torre
320, 580 ou 750 litros 30, 50 ou 60 m3/h 4 a 15 l/s 10 a 14 m3 5 a 7 m3 2500 kg/h 100 m2/h 0,24 a 2.60 m3 0,4 a 3 t 2,7 a 20 t até 28 m altura 20 50 t 0,7 t p/ até 16 m de altura Até 20 t / até 60 m de altura 58
Pá carregadeira Pavimentador com 2,5 m Retro escavadeira ou escaavadeira Rolo compactador Rolo compactador auto propelido Usina de asfalto Usina de concreto
1,60 a 2,60 m3 5,00 m p/minuto 0,2 a 0,9 m3 4,6 t 5 a 14 t 60 t /h 50 a 120 m3/h
Na programação de uma obra é fundamental que realizemos a avaliação e a escolha do melhor fornecedor para determinado insumo e ou serviço. Lembrando que no caso da contratação do fornecedor, não é somente o melhor preço que conta, mas o conjunto de fatores, tais como pontualidade, condições de pagamento, qualidade e preço.
A operação e controle de uma obra, estão ligados às posturas gerenciais que devemos tomar em relação a uma obra. São as técnicas e atitudes que devemos tomar e assumir para conseguir impor o rítimo da obra e fazer cumprir o cronograma, neste sentido o gerente da obra deve ter presença marcante de persuasão e comunicação, mas deve evitar sempre o uso de agressividade. O gerente de um contrato deve buscar o resultado efetivo e correto, sem muita explicação e justificativa, pois sua ação efetiva siginifica buscar resultados e concretização do serviço, ou seja, tem que cumprir suas metas, independente de qualquer fato. No gerenciamento de uma obra temos que partir do princípio que todos que trabalham na obra são profissionais e empresas devidamente habilitadas e credênciadas. Em situações em que ocorrem a impossibilidade de executar um serviço ou uma tarefa no prazo, devemos buscar explicação ou justificativa coerente para o evento, tomando este fato como indicador e referência futura. Como profissionais devemos buscar o melhor método com a organização adequada para a execução das atividades previstas no orçamento; esta organização é a ação que estabelece 59
a melhor forma de se compor os recursos fisicos, humanos e financeiros, para a obtenção do melhor desempenho; a organizaçao deve ser implantada desde o planejamento da obra e ser aplicada de forma constante e ininterrupta. No canteiro de obras, devemos executar procedimentos que resultem em trabalho com o menor esforço possível, no menor prazo, menor custo e com segurança, pois o “gerente da obra gerência um contrato e não a obra, a obra é consequência do contrato”. Na execução de uma obra, o contrato define: • O escopo da obra (o que dever ser executado); • A metodologia (como deve ser feito); • O plano de trabalho (quais recursos fisicos/humanos); • A qualidade requerida; • O sistema construtivo (projeto/especificações normas); • Os prazos; • E condições comerciais (margem operacional/lucro). O gerente deve antever os procedimentos e métodos para evitar atrasos; deve, com medidas preventivas evitar sempre acidentes e aumento de prazo e custos, deve distribuir as tarefas e responsabilizar os profissionais relacionados e concientizá-los da importância das mesmas. Deve também ser estabelecidos programas de treinamento que evitem acidentes e garanta o conjunto de ações relativo à Segurança do Trabalho (PCMAT – Programa de condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil – NR - 18). Além da obrigatoriedade do PCMAT, dotar sempre a obra e os profissionais que trabalham com equipamentos de segurança. O gerente da obra é responsável pela segurança, higiêne e medicina do trabalho, ou seja, o custo de um acidente de trabalho é maior que todas as medidas adotadas. Na execução de uma obra temos uma ação e consequentemente o seu respectivo resultado, neste sentido devemos buscar sempre o resultado efetivo e correto de uma tarefa ou serviço. A ação deve substituir as “desculpas”, a explicação e a justificativa do porque a tarefa não foi realizada. Ação é fazer acontecer a tarefa, utilizando os meios e os recursos organizacionais necessários, a ação implica na mobilização de recursos humanos, físicos (materiais e equipamentos e financeiros), mesmo quando não programado 60
previamente, siginifica também o agir de forma imediata, rápida e ininterrupta até conseguir o resultado almejado. No dia a dia, pedir que um profissional ou empresa execute uma tarefa não significa uma ação, representa apenas uma providência inicial, devendo ser seguida de outras providências até se conseguir o resultado previsto. Neste sentido temos: • Ação – conjunto de providências; • Resultado – é portanto, a realização efetiva de uma tarefa quando necessária, mesmo quando temos contratempos, condições desfavoráveis durante a sua execução. Para o gerente de uma obra, o que interessa é saber qual a ação que está sendo posta em prática para garantir a qualidade, e como se pretende recuperar o atraso com um mínimo de prejuízo. A organização e método de uma empresa não devem ser apenas “slogan” e ou frases de efeito para o marketing desta ou aquela empresa. Uma obra deve ser planejada, programada e operada com organização, utilizando sempre o melhor método para a execução de cada atividade. A organização é a ação através da qual se estabelece a melhor forma de compor os recursos: físicos, humanos e financeiros, para obter o melhor desempenho, devendo ser implantada do planejamento da obra e durante todas as fases da sua execução. O método é a adoção de procedimentos com a utilização de técnicas que resultem em um trabalho com o menor esforço possível, no menor prazo, no menor custo e com segurança.
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12. Bibliografia Construção Mercado 86 – GUIA DA CONSTRUÇÃO – Setembro 2008. Arquitetura & Construção, revista fev/2005 – Abril Cultural. Especificações da Edificação Escolar – FDE – CD de Componentes e cadernos de Insumos e Composições. Borges, Alberto de Campos, 1972 – Prática das Pequenas Construções Vol. I e II – São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda. Baud, G. – Manual da Construção, título original Lê Bátinment – tradução Torrieri Guimarães: Hemus – Livraria Editora Ltda. Cardão. Celso, 1976 – Técnica da Construção – Vol. I e II – Belo Horizonte: Edições de Engenharia e Arquitetura. Lara, Francisco de Assis, – Manual de Projetos Técnicos: Como Vender Projetos e De Engenharia Consultiva – São Paulo: PINI, 1994. Mattos, Aldo Dórea – Como preparar orçamentos de obra: dicas p/orçamentistas, estudos de caso, exemplos. São Paulo: Editora Pini, 2006. Mila, Ariosto – O edifício – Universidade de São Paulo – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Varella, Rui – Planejamento e Controle de Obras – São Paulo: O Nome da Rosa 2003 (coleção primeiros passos da qualidade no canteiro de obras). Xavier, Ivan Silvio de Lima – Caderno de Composição de Preços – Orça – Orçamento para Construção Civil. Apostila do Curso Técnica Construtiva para Implantação de Edifícios – FUPAM. Apostila do Curso Patologia e Terapia das Construções – FUPAM. Fotos e arquivos pessoais e experiência pro fissional adquirida.
Rua Alvarenga, n. 1882 - Butantã CEP 05509-004 - São Paulo - SP Telefone: 3554-6060 www.fupam.org.br
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