APENDICE C
INFLAÇÃO Raul Paulo Sarmento 1 CONCEITO DE INFLAÇÃO
Podemos definir a inflação como “aumento persistente dos preços em geral, de que resulta uma contínua contínua perda do poder poder aquisitivo da da moeda”. Deve ficar claro que esse aumento no índice de preços deve ser generalizado e contínuo, ou seja, os movimentos inflacionários não podem ser confundidos com altas ocasionais de preços, em função de fatores sazonais ou outros que acontecem em períodos limitados. Nessa perspectiva é importante destacar que a inflação: (a) é um processo e não um fato isolado; (b) envolve aumentos contínuos e não esporádicos de preços; e (c) aumentos generalizados de preços e não isolados. De um modo geral, não se pode padronizar as fontes que ocasionam a ocorrência de um processo inflacionário em um país. Isso vai depender das condições do momento econômico e de outros fatores que envolvem: i) O tipo de estrutura de mercado (oligopolista, concorrencial concorr encial etc.), que condiciona a capacidade dos vários setores repassarem aumentos de custos aos preços dos produtos; pro dutos; ii) ii ) O grau de abertura da economia economia ao comércio exterior: quanto mais aberta à economia à competição externa, maior a concorrência interna entre fabricantes, e menores os preços dos produtos; iii) A estrutura das organizações trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes salariais acima dos índices de produtividades, e maior a pressão sobre os preços.
2 TIPOS DE INFLAÇÃO
Podemos identificar três tipos de inflação: i) Inflação de Demanda; ii) Inflação de Custos; iii) Inflação Inercial.
2.1 INFLAÇÃO DE DEMANDA A inflação de demanda refere-se ao excesso de demanda agregada em
relação à oferta de bens e serviços. Normalmente, a inflação de demanda tem a sua origem em três fatores: i) Aumento da renda disponível, em decorrência de reajustes salariais ou da redução da carga tributária, ocasiona um aumento no poder aquisitivo e pressiona o consumo em níveis maiores do que a capacidade de expansão da produção e, desse modo, gerando um desequilíbrio no mercado e pressionando os preços para cima; ii) Expansão do crédito ao consumidor que, mesmo com limitações na sua renda disponível, passa a dispor de um mecanismo de compra;
iii) Diminuição das taxas de juros, que quando altas limitam o poder de compra do consumidor. 2.2 INFLAÇÃO DE CUSTOS A inflação de custos também conhecida como “inflação de oferta” ocorre quando o nível de demanda permanece o mesmo, mas os custos dos fatores de produção aumentam. Essa situação provoca uma queda na produção induzindo um aumento dos preços de mercado. Pode-se detectar como principais causas da inflação de custos os seguintes fatores: i) aumento do custo da mão de obra; ii) aumento do custo das matérias-prima e materiais secundários; iii) aumento da taxa de juros (esse item ocorre quando as empresas
utilizam capital de terceiros sobre o qual pagam remuneração); tributária.
iv) aumento da carga
2.3 INFLAÇÃO INERCIAL A inflação inercial ocorre em função da indexação da economia, portanto, de forma independente das pressões de demanda ou de custos. Normalmente, o processo inflacionário é autoalimentado pelo reajuste pleno de preço que tem como base a inflação do período anterior. Nesse caso, o aspecto mais negativo da indexação é o fato da mesma tornar a inflação rígida para baixo, isto é, mesmo sem pressões de demanda e de custos a inflação não cede.
3 PRINCIPAIS EFEITOS CAUSADOS POR TAXAS ELEVADAS DE INFLAÇÃO
Dentre os efeitos mais nocivos provocados por taxas elevadas de inflação, destaca-se a diminuição relativa do poder aquisitivo das pessoas. Esse efeito ocorre principalmente nas classes de assalariados que dependem de rendimentos fixos, com reajustes fixados em prazos estabelecidos por meio da política salarial instituída pelo governo. Nesse caso, quanto maior for o intervalo de reajuste, maior é a redução do seu poder de compra que só é restabelecido a partir de novo reajuste. Por outro lado os efeitos da inflação atingem, dentro da classe assalariada – os de menor renda –, cujo salário, via de regra, destina-se totalmente a sua subsistência não lhes deixando condições de aplicar seus recursos de modo a se defender da inflação, como ocorre com as classes de maior rendimento ou com a classe empresarial. Esta, além da possibilidade de utilizar o mercado financeiro, ainda dispõe do mecanismo de repassar aos preços os efeitos da inflação nos custos de produção ou das mercadorias. No âmbito do poder público vale destacar o efeito de altas taxas de inflação sobre as finanças públicas. De acordo com o chamado Efeito Oliveira Tanzi, a inflação tende a diminuir o valor real da arrecadação fiscal do governo, pelo hiato de tempo existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto. Nesse caso, quanto maior inflação, menor a arrecadação real do governo.
Outro efeito da inflação diz respeito ao balanço de pagamentos. No caso das taxas de inflação se mostrarem superiores ao aumento dos preços praticados no mercado internacional, o produto nacional ficará mais caro em relação ao externo o que provocará um estímulo às importações e um desestímulo às exportações. Essa situação afetará o saldo da balança comercial que poderá apresentar-se deficitário.
PRINCIPAIS INDICADORES DE PREÇOS UTILIZADOS NO BRASIL
INDICADOR
INSTITUIÇÃO
COLETA
UTILIZAÇÃO
ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLIADO – IPCA.
IBGE
1º ao último Correção de Balanços e dia do mês. demonstrações financeiras.
ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR – INPC.
IBGE
1º ao último Reajustes salariais. dia do mês.
ÍNDICE DE PREÇOS AO CONSUMIDOR -IPC-Fipe.
FIPE/USP
ÍNDICE DO CUSTO DE VIDA ICV – Dieese.
Dieese
ÍNDICE GERAL DE PREÇOS –IGP.
FGV
1º ao último Contratos. dia do mês.
ÍNDICE GERAL DE PREÇOS NO MERCADO – IGPM.
FGV
Dia 11 do mês Contratos. anterior ao dia 10 do mês de referência.
ÍNDICE DE PREÇOS POR ATACADO – IPA.
FGV
1º ao último Contratos. dia do mês.
Semanal.
Reajustes de contratos e utilização generalizada.
1º ao último Acordos salariais. dia do mês.