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GERENCIAMENTO DE RISCOS NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO: ROUBO DE CARGAS
ANDRÉ LUÍS LOPES
Monografia apresentada à Faculdade de Tecnologia de Jahu, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Tecnólogo em Informática – Ênfase: Gestão Financeira. Orientador: Prof. Dra. Ana Paula C. Larocca
Jahu
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Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Jahu Curso Superior de Tecnologia em Informática Ênfase: Gestão Financeira
GERENCIAMENTO DE RISCOS NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO: ROUBO DE CARGAS
André Luís Lopes
Orientadora: Prof. Dra. Ana Paula C. Larocca
Jahu 2007
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Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Jahu Curso Superior de Tecnologia em Informática Ênfase: Gestão Financeira
GERENCIAMENTO DE RISCOS NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO: ROUBO DE CARGAS
André Luís Lopes
Orientadora: Prof. Dra. Ana Paula C. Larocca
Jahu 2007
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Aos meus pais, pelo apoio e incentivo que sempre me levaram a buscar os melhores caminhos.
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AGRADECIMENTOS À professora Ana Paula, pelo apoio, esclarecimento e partilha de seus conhecimentos. Ao Reinaldo, responsável pelo rastreamento da A. M. C. Transportes, pela indicação de fontes e disponibilização de material de apoio para o desenv des envolvimento olvimento do trabalho. traba lho. Aos diversos transportadores que, de forma anônima, auxiliaram na elaboração deste trabalho, respondendo perguntas, explicando a operação de equipamentos. Aos meus irmãos, pelo apoio incondicional. Aos companheiros de sala, pela aprendizagem e companheirismo que tornaram mais valiosa e agradável essa fase de nossas vidas. À minha namorada, pela compreensão nos momentos de ausência para a elaboração deste trabalho.
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RESUMO A movimentação de cargas brasileiras é realizada, em sua grande maioria, através de rodovias. Apesar disso, o Estado investe pouco em segurança e infra-estrutura para transportes. Para sanar essa deficiência, transportadoras e operadores logísticos são levados a investir em tecnologia para manter-se no mercado com competência técnica, confiabilidade, segurança e eficiência, que são requisitos mínimos impostos pela forte concorrência do setor que está em fase de grande expansão. Com isso, rastreadores via satélite e diversas ferramentas para o gerenciamento de riscos são adotadas para minimizar perdas, reduzir custos operacionais e obter vantagens competitivas através de diferenciais estratégicos. Serão apresentadas no decorrer deste trabalho, algumas dessas tecnologias e ferramentas empregadas na operação logística.
Palavras chaves: rastreamento, transportes, risco.
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ABSTRACT The Brazilian load movement is carried through in great majority through highways. However, the State's investments in security and transports' infrastructure. To solve this logistic deficiency, transporters and operators have led to invest in technology to remain in the market with ability technique, trustworthiness, security and efficiency, those are minimums requirements placed for the strong competition of the sector that is great expansion. Then, tracking it saw satellite and diverse tools for the management of risks are adopted to minimize losses, to reduce operational costs and to get competitive advantages through strategical differentials. They will be presented in elapsing of this work, some of these technologies and tools used in the logistic operation.
Keywords: tracking, transports, risk.
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SUMÁRIO LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 1 1.1 METODOLOGIA ................................................................................ 3 1.2 OBJETIVOS ....................................................................................... 3 1.3 ABRANGÊNCIA DA PESQUISA .................................................... 4 2 ESTATÍSTICAS ................................................................................................. 5 2.1 AS RODOVIAS .................................................................................. 5 2.2 SOBRE ROUBOS E FURTOS DE CARGAS............................... 7 2.2.1 – Cargas de alto valor agregado..................................... 9 3 RASTREAMENTO ............................................................................................ 11 3.1 VIA SATÉLITE ................................................................................... 12 3.2 BLOQUEADOR, LOCALIZADOR E RASTREADOR .................. 15 3.3 FUNÇÕES DOS RASTREADORES.............................................. 16 3.3.1 Operação ............................................................................ 17 3.4 MODELOS E PREÇOS ................................................................... 20 4 GERENCIAMENTO DE RISCOS .................................................................. 23 4.1 RISCO ................................................................................................. 24 4.2 FONTES DE PERIGO ...................................................................... 24 4.3 CARACTERÍSTICAS DE RISCO DO PRODUTO ....................... 25 4.4 ÁREAS PRIORITÁRIAS ................................................................... 25 4.5 FERRAMENTAS PARA O GERENCIAMENTO ........................... 27 4.5.1 Consultoria de segurança................................................. 28 4.5.2 Cadastro.............................................................................. 28 4.5.3 Escolta ................................................................................. 28 4.5.4 Roteirização ........................................................................ 29 4.5.5 Manutenção preventiva. .................................................... 29 4.5.6 Desconcentração de riscos.............................................. 29 4.5.7 Treinamento ........................................................................ 30 4.5.8 Segurança em depósito ................................................... 30 4.6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES...................................................... 31 4.7 SEGUROS E GERENCIAMENTO.................................................. 31 4.8 – CRIAÇAO DO PLANO DE GERENCIAMENTO ....................... 32 5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 34 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 36
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LISTA DE TABELAS Tabela I – Avaliação do estado geral das rodovias brasileiras – 2006 ......... Tabela II – Avaliação do estado do pavimento .................................................. Tabela III – Avaliação das rodovias quanto à sinalização ............................... Tabela IV – Resultado das condições das rodovias de 1999 a 2006............ Tabela V – Número de Ocorrências de Roubo e Furtos – 1999 a 2005 ....... Tabela VI – Evolução da Taxa de Crescimento anual dos prejuízos ............. Tabela VII – Tecnologias utilizadas pelos prestadores de serviços logísticos.. ................................................................................................................................... Tabela VIII – Principais funções dos sistemas de rastreamento e descritivo ................................................................................................................................... Tabela IX – Macros de Operação (Comunicação Veículo – Base)................
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LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Evolução do número de ocorrências de roubos e Furtos .......... Figura 2 – Evolução dos Prejuízos por furtos e roubos de cargas.............. Figura 3 – Tela do Software de Rastreamento Qtracs BR da Autotrac ...... Figura 4 – Funcionamento dos sistemas de rastreamento por satélites .... Figura 5 – Funcionamento do sistema OmniSAT, da Autotrac. ................... Figura 6 – Kit de Rastreador JaburSat – DMR200 ........................................ Figura 7 – Teclado para mensagens livres e em formato macro ................ Figura 8 – Rastreador Geo Studio Tracker II...................................................
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABGR ABTC
– Associação Brasileira dos Gerenciadores
de Risco – Associação Brasileira dos Transportadores de Cargas
ANTT CEL CNT
– Agência
Nacional de Transportes Terrestres – Centro de Estudos em Logística – Confederação Nacional do Transporte
DoD – Department of Defense ESALQ – Escola Superior Agrícola “Luiz de Queiroz” GPRS – General Packet Radio Service GPS – Global Positioning System GSM – Global System for Mobile Communications ISO NTC OBC PPE PPF
– International Standardization Organization – Associação Nacional do Transporte de Carga
SIR WC
– Sistema
– On
Board Computer – Computador de Bordo – Proteção Patrimonial Eletrônica – Proteção Patrimonial Física Integrado de Rastreamento – Banheiro
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1 – INTRODUÇÃO No Brasil, o modal rodoviário é o meio de transporte mais utilizado para movimentação de cargas. Com a expansão do número de transportadores autônomos e empresas e os baixos investimentos em infraestrutura e segurança nas rodovias brasileiras, aumenta consideravelmente o número de furtos e roubos de cargas. Segundo a Comissão Permanente de Segurança / NTC 1, de 1999 a 2005, a taxa de crescimento do número de ocorrências de roubo ou furto foi aproximadamente, 1,4%. Em contrapartida, a taxa de crescimento no valor dos prejuízos devido ao roubo ou furto de cargas foi de 66,7%. Estima-se que cerca de 20% do faturamento bruto das transportadoras são despendidos com sistemas de segurança de cargas. As cargas mais visadas são as de fácil escoamento no varejo, alto valor e de difícil reconhecimento de fontes de origem (ABTC 2, 2003), como produtos eletrônicos, químicos, medicamentos e cigarros. Diante desse quadro alarmante de roubo de cargas, transportadores e operadores logísticos têm que investir em uma forma segura da carga chegar íntegra ao destinatário, dentro do prazo de entrega contratado, o que pode ser determinante para a permanência da empresa no mercado. Para Ballou (2001, p. 21) a missão da logística nas empresas é "dispor a mercadoria ou o serviço certo, no tempo certo e nas condições desejadas, ao mesmo tempo em que fornece a maior contribuição à empresa". Para que a logística cumpra seu papel é necessário que sejam criadas ferramentas para a melhora do desempenho operacional, que é o 1 2
NTC: As so ciação Nacional d e Transpo rte de Cargas ABTC: As so ciação Brasileira dos Trans portadores de Cargas
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"tempo decorrido desde o recebimento de um pedido até a entrega da respectiva mercadoria" (Bowersox e Closs, 2001, p. 24). Segundo Porter (1985), “a tecnologia é o principal fator
alavancador de vantagem competitiva, quando utilizada para desempenhar um papel significativo no posicionamento estratégico de custo e diferenciação”. Devido a isto, aumenta em larga escala a utilização de
sistemas de rastreamento de veículos de transporte de cargas, em especial, por meio de satélite. De acordo com Reis (1997), os sistemas de rastreamento via satélite possuem três funções básicas, que são a comunicação entre a estação de controle e os veículos, a localização on-line de veículos e o controle da frota em relação ao nível de combustível, velocidade do veículo, temperatura do compartimento de cargas, fechamento de portas, presença de caronas, entre outros. Com a utilização de rastreadores se conquista um controle mais efetivo da movimentação das cargas, otimizando o tempo de resposta, integridade do material entregue e conseqüentemente, desempenho operacional. Os Sistemas Integrados de Rastreamento de Veículos (SIR), que podem ser definidos como a tecnologia empregada para controlar a movimentação dos veículos no transporte de cargas, aumentando eficiência, segurança e otimizando a utilização da frota, auxiliam na melhoria contínua dos serviços logísticos. Apesar de reduzir o número de sinistros ocasionados por roubo e furto de cargas e veículos, o uso de rastreadores não é suficiente para eliminá-los. Nesse contexto, surge o gerenciamento de risco, que, além de rastreamento, possui outras técnicas para previsão, gerenciamento e contingenciamento de riscos. O gerenciamento de risco consiste no planejamento das ações de prevenção de riscos operacionais relacionados à segurança das cargas transportadas, objetivando reduzir e minimizar o índice de sinistros, garantir a qualidade dos serviços prestados e o cumprimento dos prazos de entrega
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contratados. Realizado através do rastreamento, permite melhores coberturas securitárias, que contemplam desde acidentes rodoviários, avarias e faltas de mercadorias, até incêndios, furtos e roubos, assim como a administração da movimentação da frota. O gerenciamento de risco se afirma como uma ferramenta imprescindível para o aprimoramento do setor, pois, se estima que os sistemas integrados de rastreamento de veículos foram responsáveis diretos pela recuperação de mais de 1 bilhão de reais em cargas roubadas entre 1997 até 2002 (Toscano, 2002).
1.1 – METODOLOGIA O presente trabalho foi desenvolvido através de revisão bibliográfica, além de reunião de dados estatísticos de órgãos oficiais. A pesquisa contempla dados relacionados a roubo de cargas, tecnologia de rastreamento via satélite e gerenciamento de riscos em transportes de cargas através do modal rodoviário. A compilação dos dados foi realizada no período de março de 2007 a maio do mesmo ano.
1.2 – OBJETIVOS O objetivo deste trabalho é:
Apresentar dados estatísticos sobre o uso do modal rodoviário, roubo e furto de cargas. Relacionar o uso de rastreadores de veículos transportadores de carga, com o gerenciamento de riscos no transporte.
Qualificar e quantificar vantagens financeiras obtidas com o uso de rastreadores e gerenciamento de riscos. Apresentar vantagens do uso de rastreadores, bem como, funcionalidades dos sistemas de rastreamento. Definir riscos e formas de redução.
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1.3 – ABRANGÊNCIA DA PESQUISA A pesquisa trata do uso de rastreadores, especialmente via satélites empregados no rastreamento e gerenciamento de riscos no transporte e movimentação de cargas através das rodovias brasileiras. Outros tipos de rastreadores e meios de transporte diferentes do rodoviário não são objetivos de investigação neste estudo.
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2 – ESTATÍSTICAS Este capítulo tem por finalidade apresentar dados referentes à utilização do transporte rodoviário de cargas de alto valor agregado. Através dos dados, fica evidente o motivo que leva as rodovias a serem o meio mais utilizado, assim como se pode notar os diversos problemas enfrentados pelos transportadores, que tornam a avaliação ou estudo e o gerenciamento de riscos em ferramentas imprescindíveis à qualidade na prestação de serviços logísticos.
2.1 – AS RODOVIAS Foi desenvolvido um estudo pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e analisado pelo Centro de Estudos em Logística (CEL/COPPead - UFRJ). A partir desse trabalho foram publicados diversos indicadores de transporte rodoviário. Os resultados foram obtidos através de uma avaliação que considerou diversos aspectos da malha rodoviária brasileira. As rodovias brasileiras foram consideradas deficientes em 38% dos 84.382 km avaliados (Tabela I). Essa análise utilizou como critérios o pavimento, a sinalização e a geometria (pistas simples, duplas, mãos de direção). Tabela I – Avaliação do estado geral das rodovias brasileiras – 2006
Fonte: CNT(2006)
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Com relação ao pavimento, houve um equilíbrio entre ótimo e deficiente, com 38% e 36%, respectivamente. A Tabela II apresenta o indicador pavimento em extensão (km). Tabela II – Avaliação do estado do pavimento
Fonte: CNT (2006)
A qualidade do pavimento é fator determinante para a qualidade do transporte, pois, com a precariedade da malha viária, aumentam-se os custos operacionais com manutenção do veículo, tempo de viagem do usuário na rodovia, segurança do transportador, da carga e conseqüentemente, crescimento do risco da operação. A sinalização influencia muito na forma do condutor dirigir nas estradas. Com base no estudo, 70% dos 84382 km avaliados foram indicados como deficiente, ruim ou péssimo em relação à sinalização (Tabela III). Tabela III – Avaliação das rodovias quanto à sinalização
Fonte: CNT (2006)
Grande parte das rodovias brasileiras encontra-se em situação precária. Isso se deve, em grande parte a políticas governamentais que permanecem desde a década de 50. A matriz dos transportes brasileira se caracteriza pela forte participação do modal rodoviário que se expandiu para
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atender aos interesses da indústria automobilística e ao crescimento da economia, entre 1950 e 1980, segundo MELLO apud (REAL, 2000)3. A evolução da utilização das rodovias não foi acompanhada pelo volume de investimentos em infra-estrutura. Em virtude disso, a qualidade viária brasileira decai. A Tabela IV apresenta as notas ponderadas das rodovias, onde: ótimo = 5; bom = 4; deficiente = 3; ruim = 2; péssimo = 1. Tabela IV – Resultado das condições das rodovias de 1999 a 2006
Fonte: CNT (2006)
2.2 – SOBRE ROUBOS E FURTOS DE CARGAS As estatísticas de roubos e furtos de cargas não são números exatos, afinal, muitas vítimas deixam de denunciar por medo, falta de informação ou outros motivos que os impeçam. Segundo dados estimados da Comissão Permanente de Segurança / NTC, de 1999 a 2005, houve uma taxa de crescimento de 1,4% no número de ocorrências de roubos e furtos de cargas em rodovias e áreas urbanas, conforme ilustra o gráfico na Figura 1.
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MELLO, J. C. Documento do Instituto Fernand Braundel de Economia Mundial. www.braundel.org.br/paper19.htm. apud REAL, M. V. A informação como fator de controle de riscos no transporte rodoviário de produtos perigosos.
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Ocorrências
Figura 1 – Evolução do número de ocorrências de roubos e Furtos Fonte: Comissão Permanente de Segurança / NTC (2006)
A tabela a seguir apresenta as estatísticas, em número de ocorrências de roubos e furtos, juntamente com as taxas de crescimento anual, comparados ao ano anterior. Tabela V – Número de Ocorrências de Roubo e Furtos – 1999 a 2005
Fonte: Comissão Permanente de Segurança / NTC (2006)
A partir da Figura 1 e da Tabela V constata-se uma pequena queda no número de ocorrências de 2002 a 2005. Embora o número de ocorrências tenha sido menor, o valor dos prejuízos tem crescido de forma acelerada. A Figura 2 e Tabela VI, a seguir, apresentam o valor totalizado dos prejuízos de roubos e furtos de cargas em rodovias e áreas urbanas e a taxa de crescimento anual dos prejuízos. Os dados são estimados.
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Figura 2 – Evolução dos Prejuízos por furtos e roubos de cargas Fonte: Comissão Permanente de Segurança / NTC (2006)
Tabela VI – Evolução da Taxa de Crescimento anual dos prejuízos
Fonte: Comissão Permanente de Segurança / NTC (2006)
Dados da Polícia Militar indicam que no estado de São Paulo, em média, são roubados 07 caminhões por dia. Com o crescimento do número de roubos de cargas e o valor dos prejuízos causados pelos mesmos e a apresentação da situação das rodovias brasileiras, pode-se perceber a importância de técnicas de contingência e prevenção ao roubo e furto de cargas, principalmente através de novas tecnologias.
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2.2.1 – Cargas de alto valor agregado Segundo a ABTC, as cargas mais visadas são as de fácil escoamento e as de alto valor agregado. As de alto valor agregado são produtos eletrônicos, de alta tecnologia, peças automotivas, produtos químicos, cigarros, combustíveis, medicamentos, entre outros. Como o gerenciamento de riscos é uma estratégia de alto custo, os investimentos, em sua grande maioria, são feitos em veículos que transportam cargas de alto valor agregado, uma vez que cargas de baixo valor inviabilizam os investimentos e possuem altas tarifas para cobertura securitária. Segundo dados apresentados pelo Jabur Sat Notícias, em 2005 ocorreram 2592 roubos de carga no estado de São Paulo. Desses, 607 foram de produtos alimentícios, 244 de cigarros, 223 de produtos farmacêuticos, 208 de produtos eletroeletrônicos, 208 de metalúrgicos e o restante, de cargas de baixo valor. A partir desses dados conclui-se que aproximadamente 57% dos roubos foram de cargas de alto valor agregado. Isso justifica o interesse de empresários do setor na aquisição de equipamentos de segurança e implantação de estratégias que aumentem a segurança e reduzam os riscos.
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3 - RASTREAMENTO Rastrear, segundo o dicionário Aurélio, é o “processo de
acompanhar satélite, míssil ou veículo espacial por meio de radar, rádio ou fotografia”.
No contexto do rastreamento de frotas, a tecnologia agrega satélite ou rádio, a imagens digitalizadas, com o intuito de acompanhar a movimentação dos veículos. Através desse sistema, a base de controle do transportador permite visualizar um caminhão movimentando-se em um mapa digitalizado exibido no monitor. A partir daí, o controlador tem condições de aproximar a imagem através de aumento da imagem e obter maiores detalhes sobre o deslocamento, como pode ser observado na Figura 3.
Figura 3 – Tela do Software de Rastreamento Qtracs BR da Autotrac. Fonte: Apresentação Multimídia – Autotrac
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O sistema é composto por um terminal móvel com antena receptor de GPS, uma central de processamento e módulo com monitor e teclado, que formam a interface entre as mensagens enviadas e recebidas entre o veículo e a base, onde se localiza a central de gerenciamento que possui a estação com software de rastreamento, conforme mostrado na figura 3.
3.1 – VIA SATÉLITE O rastreamento via satélite é baseado no Global Positioning System (GPS) ou Sistema de Posicionamento Global. O GPS foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD), para fins militares no início da década de 1960 por um custo superior a 10 bilhões de dólares, mas só foi considerado totalmente operacional em 1995. O sistema se baseia numa constelação de 24 satélites, em 06 órbitas diferentes, cada uma com 04 satélites. Esses satélites circundam a Terra duas vezes por dia na velocidade de 11265 quilômetros por hora e possuem suas posições determinadas com grande precisão. Qualquer aparelho GPS exibe a hora padrão GPS com uma precisão de nano-segundos pelo fato dos satélites possuírem um relógio atômico controlado pelas oscilações de um átomo (Leick, 2004). Os satélites GPS localizam-se a uma altitude de 20200 quilômetros e a captação dos seus sinais por receptores permite que a base de controle receba informações como altitude, latitude, longitude e velocidade do veículo, que são calculados pelo receptor do mesmo. Quando determinada sua posição, o receptor envia a informação a outro satélite, de baixa órbita e destinados à comunicação, que retransmite a base. Com base nisso, o sistema de rastreamento agrupa as informações, insere as mesmas em um mapa digitalizado que transforma a interface com o usuário mais agradável e funcional. Segundo Reis (1997), o sistema de rastreamento via satélite possui três funções básicas, que são a comunicação entre a estação de controle e os veículos, a localização on-line de veículos e o controle da frota
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em relação ao nível de combustível, velocidade do veículo, temperatura do compartimento de cargas, fechamento de portas, presença de caronas, entre outros. Para Lopez (1996), para que um veículo parado ou em movimento seja rastreado, é necessário que haja a coleta de sua posição através do sistema de GPS e, em seguida, suas coordenadas devem ser transmitidas a um satélite de comunicação (baixa órbita), para, então serem transferidas a uma estação terrena e na seqüência chegarem ao usuário. Também pode ser utilizada uma estação intermediária entre o satélite e o usuário. Esta estação tem a função de gerenciar os dados antes de enviá-los ao usuário. O funcionamento pode ser notado através da Figura 4.
Figura 4 – Funcionamento dos sistemas de rastreamento por satélites. Fonte: “Gerenciamento de Frotas do Transporte Rodoviário de Cargas Utilizando Sistemas de Rastreamento por Satélite” (adaptado de Lopez (1996)), ANEFALOS, L. C., ESALQ,
Dissertação (1999)).
A figura a seguir ilustra o sistema OmniSAT, da Autotrac, que possui
uma estação intermediária entre o usuário e o satélite.
FIGURA 5 – Funcionamento do sistema OmniSAT, da Autotrac. Fonte: Apresentação Multimídia – Autotrac
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De acordo com LOPEZ apud (ANEFALOS, 1999)4, o aumento da segurança e a interface dos rastreadores com os roteirizadores se torna um grande incentivo para as empresas adquirirem essa tecnologia. Além disso, Penha (1998) preconizou a formação de dois segmentos: o gerenciamento de riscos, com foco voltado às cargas mais visadas e a logística, para aqueles que necessitam de acompanhamento mais efetivo das condições físicas da carga e do tempo de percurso. Reis (1997) aponta diversos pontos de melhora provenientes do uso dos sistemas de rastreamento de veículos. Segundo ele, ocorre a melhoria do serviço ao cliente, aumento da eficiência operacional do veículo, menor ociosidade, melhor aproveitamento da capacidade do veículo, melhor controle da jornada do motorista, aumento da segurança, socorro mais rápido em caso de acidentes e menor perda de tempo para revisões e manutenções. Com a utilização dos rastreadores, se torna mais próxima a realização do atendimento do pedido perfeito, que exige maior desempenho operacional da transportadora. Com essa tecnologia, cargas podem ser desviadas para que sejam atendidos com prioridade os clientes que geram maior valor à transportadora. Para a Autotrac (1996), o retorno dos investimentos em equipamento para rastreio por satélite acontece dentro do prazo de 12 meses, pois, ocorre a redução de sinistros e roubos, de despesas com telefonemas na estrada e despesas com socorro e salvamento em acidentes ocorridos com produtos (batidas, tombamentos), que refletem em mais eficiência e menores preços. Pesquisas revelam que apesar do aumento do número de veículos equipados com rastreadores, muitas empresas ainda não utilizam essa tecnologia. Os motivos são a falta de conhecimento do sistema, os custos de implantação, a utilização de frota pequena ou terceirizada ou uso de tecnologias alternativas como bip , rádio ou escolta. 4
LOPEZ, I. Rastread ores aliam segurança a facilidades logísticas . Revist a Tecno logística. V. 2, n. 13, p. 30-40, outubro de 1996. a pud ANEFALOS, L. C., ESALQ, Dissertação (1999). Gerenciamento de Frotas do Trans porte Rodov iário de Cargas Utilizando Sistemas de Rastreamento p or Satélite.
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A Tabela a seguir apresenta o uso de tecnologias utilizadas por prestadores de serviços logísticos no período de 2001 a 2006. Tabela VII – Tecnologias utilizadas pelos prestadores de serviços logísticos
Fonte: Revista Tecnologística (2006)
Ainda, segundo a Revista Tecnologística, no período entre 2001 e 2006, houve um aumento de 69% no rastreamento por satélite da frota própria e de 77% da frota de terceiros. Segundo a Folha de São Paulo (Folha Online), calcula-se que cerca de 250 mil veículos sejam monitorados no Brasil. O que equivale a 0,7% da frota. Desses, 90% têm bloqueadores, e 10% estão equipados com localizadores ou rastreadores. Dados da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) indicam que existem no Brasil cerca de 1,5 milhão de veículos de transporte de carga, dos quais se estima que apenas 100 mil sejam equipados com sistema de comunicação móvel e rastreamento por satélite.
3.2 – BLOQUEADOR, LOCALIZADOR E RASTREADOR Apesar de possuírem conceitos semelhantes, bloqueadores, localizadores e rastreadores são equipamentos com funções e aplicações diferentes, que se completam, mas não há necessidade ou obrigatoriedade de serem usados em conjunto ou paralelamente. Os bloqueadores servem para a realização de bloqueio do veículo. Possuem comunicação unidirecional, da base para o veículo. Os localizadores permitem identificar a região onde o veículo está e bloqueá-lo. Os rastreadores, por sua vez, permitem que seja efetuado o monitoramento do percurso todo do veículo, em tempo real, com riqueza de detalhes e recursos, como localização, velocidade, temperatura do compartimento de
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cargas, desvio de rotas. Possui comunicação bidirecional, do veículo para a base e da base para o veículo, permitindo, assim, o envio e recebimento de mensagens (Extraído da apresentação multimídia Autotrac).
3.3 – FUNÇÕES DOS RASTREADORES Desde o surgimento dos rastreadores, diversas funções foram agregadas aos mesmos. Com isso, os equipamentos ficam cada vez mais modernos, eficientes, confiáveis e práticos para uso. Além de controle de movimentação do veículo, há outras funções que permitem uma melhor utilização da frota, com redução de ociosidade e custos. Com isso, surgiu o conceito de inteligência embarcada, uma vez que com a utilização dos computadores de bordo agregados ao sistema, podem ser controlados e monitorados diversos recursos, como travamento de baú, desengate da carreta, sensoriamento de partes mecânicas e temperatura do baú. Com a utilização do computador de bordo (OBC – On Board Computer ), são obtidas vantagens diversas, afinal, com ele, pode ser efetuado o monitoramento de diversas partes do veículo através de sensoriamento remoto, e em caso de anormalidades, são enviadas mensagens binárias que ativam bloqueios, alarmes e travas. Segundo (Valente et al., 1997), podem ser acoplados periféricos como teclados, impressoras, vídeos, unidades de sinalização que melhoram a interface com o usuário e facilitam o uso do sistema, pois permitem a impressão e visualização de relatórios, comunicação efetiva com a base. As unidades de sinalização podem ser instaladas na base e podem indicar eventos que ocorrem com o veículo, seja através de sinais sonoros ou visuais. Os rastreadores permitem a localização e a busca de veículos em relação a pontos de referências ou até mesmo, outros veículos. O usuário do sistema cria pontos de referência no sistema e, caso o veículo passe por este ponto determinado, o sistema dispara um alerta sobre a proximidade do veículo à referência. Diretamente ligado a este recurso está a cerca eletrônica, onde, o usuário define regiões e o sistema ativa opções pré-
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determinadas. Essas regiões podem ser de alta incidência de roubos e acidentes e como exemplo de opções pré-definidas, temos travamento de baú, entre outros. A tabela abaixo apresenta as principais funções dos sistemas de rastreamento, um descritivo resumido da função e os principais benefícios. Tabela VIII – Principais funções dos sistemas de rastreamento e descritivo FUNÇ O Comunicação Monitoramento
DESCRITIVO
BENEFÍCIOS
Permite o envio e recebim ento de mensagens
Redução de custos com ligações
Acompanhamento em tempo real da movimentação da frota
Redução de ociosidade, controle do tempo de carga e descarga, manutenção, eliminação de desvios de rotas
O com putador de bordo apresenta diversas informações ao m otorista, como condições do trânsito Informa a temperatura do com partimento de cargas, acompanha o funcionam ento de partes mecânicas
Evita paradas des necessárias para solicitação de informações.
Botão de Pânico / Bloqueio
Quando pressionado, o botão de pânico informa à bas e que algo es tá acontecendo de errado, então o bloqueio do veículo é acionado
Permite que a base bloqueie o veículo antes que s eja efetuado o roubo
Acionam ento de Alarmes / travamento de portas do Baú
A base pode acionar alarmes , sirenes e travar portas do baú, bem com o verificar se o mes mo encontra-se travado
Aumenta a segurança, permitindo que a base possa agir remotamente em s ituações de risco
Identificação do desengate da carreta
Ferramenta impres cindível, uma vez que, diversas cargas são roubadas com a transferência da carreta de um caminhão a outro.
Diminui o risco de transferência da carreta juntamente com a carga para outro caminhão
Computador de Bordo Sensoriamento automático e contínuo
Permite um maior controle de manutenção corretiva e preventiva e evita perecibilidade de cargas
Fonte: Elaborada pelo autor
3.3.1 – OPERAÇÃO Para facilitar a operação e a comunicação, entre o veículo e a base de operações, o equipamento possui códigos de operação prédefinidos, onde o motorista deve acionar cada um dos códigos no momento exato, sem que outras atitudes sejam tomadas antes de informar à base qual será o próximo procedimento a ser adotado. Os códigos variam de acordo com a prestadora de serviços de rastreamento. Caso o condutor desvie a rota, pare o veículo ou efetue uma
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ação diferente das planejadas sem antes informar o centro de controle, o bloqueio é ativado e as sirenes e alarmes são acionados. O código é composto de dois ou três números, onde o primeiro é a opção e o segundo é a macro, que indica o status da tarefa a ser iniciada. A tabela abaixo ilustra os códigos de operação adotados por uma transportadora de Araraquara, que utiliza o sistema da Control Loc. Tabela IX – Macros de Operação (Comunicação Veículo – Base) NÚMERO OPÇÃO
NÚMERO MACRO
DESCRIÇÃO DA MACRO
3
1
Início de viagem
3
2
Parada para entrega
3
3
Reinício de viagem
3
4
Parada em Posto Fiscal
3
5
Parada para abastecimento
3
55
Informação do Abastecimento
3
6
Parada justificada
3
7
Retorno Vazio
3
8
Fim de Viagem
3
50
Socorro Mecânico
Fonte: Entrevista realizada pelo autor
A cada mensagem que o transportador envia à base, a mesma solicita informações complementares, que permitem um melhor controle do percurso e da carga. Para o início de viagem (código 31), o motorista precisa digitar o número da Nota Fiscal, o hodômetro do caminhão entre outras informações. Em cada parada para entrega (32), é necessário que informe o nome do cliente. Para realizar uma parada, é necessário que informe o código 36 e digite a justificativa de parada, como WC, Refeição, Borracheiro, entre outros. Em alguns sistemas, ao invés de digitar, no terminal existem diversas opções, onde basta o condutor clicar e a mensagem é automaticamente enviada. Trata-se de uma opção mais prática e que facilita para os motoristas com menor nível de instrução. Caso o veículo efetue retorno sem carga (código 37), a mensagem é enviada a base. Ao fim da viagem (código 350), o motorista informa o local, o hodômetro, entre outros. Caso tenha esquecido ou deixado
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de enviar qualquer um dos códigos propositalmente antes da realização da tarefa, o bloqueio é acionado pela base. Eventos como a abertura da porta do motorista sem informar a base ou abertura da porta do carona em qualquer momento forçam o bloqueio do veículo. As mensagens enviadas pela base são chamadas de mensagens de envio, enquanto as enviadas pelos terminais são conhecidas como mensagens de retorno. Ambas podem ter o formato livre, quando aceitam caracteres alfa-numéricos, ou macro, quando são pré-definidas e completadas conforme solicitação. Como a comunicação é bidirecional, as mensagens podem ser enviadas com solicitação de confirmação de recebimento, o que garante maior confiabilidade do recebimento da mesma. Segundo definições da Autotrac, o rastreador gera eventos, que “informam sobre situações programadas ou não que podem estar ocorrendo no veículo”. Esses eventos são classificados em alguns grupos, de acordo
com o tipo ocorrência. Os eventos de informação podem ser indicativos de atraso, confirmação de leitura de mensagem ou não recebimento de mensagem. Os eventos de segurança informam sobre o acionamento do botão de pânico, desvio de rota, entrada em área de risco, saída da área de viagem, inversão de sentido de viagem, desvio de rota, parada não programada, saída de área de risco, entre outros. Existem também os eventos de serviço da base, classificados como eventos de viagem, que indicam início ou fim de viagem, carregamento, descarregamento, coleta, paradas, reinício, chegada ou saída do destino, mudança de trecho, passagem por referência. Todos esses eventos são disparados automaticamente, através do envio de macros, ou manualmente pelo operador. Apesar de os sistemas de rastreamento possuírem excelentes ferramentas para o monitoramento da frota, é necessário que os usuários, tanto da base, quanto os transportadores, tenham treinamento adequado para utilização eficiente do mesmo, o que significa conhecer o
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funcionamento do sistema e as medidas preventivas de segurança adotadas pela transportadora, pois um simples esquecimento pode gerar diversos transtornos. A boa utilização implica em melhoria contínua e gradativa nos níveis de segurança dos transportes rodoviários de cargas. Além da redução do risco, geralmente, ocorre o aumento no índice de recuperação de veículos e cargas roubados. Diversos sistemas de rastreamento foram apresentados ao autor por transportadores. Poucas diferenças na operação foram constatadas. As maiores diferenças foram encontradas na flexibilidade que o condutor possuía em relação a escolha de rotas. Alguns sistemas permitem que o condutor escolha a rota que irá percorrer, sem interferência, desde que esteja no perímetro delimitado como sua área de atuação. Outros, consultam o motorista em caso de mudança no caminho percorrido comumente. Os mais rígidos bloqueiam o veículo e exigem que o transportador entre em contato para liberá-lo. Essa série de medidas adotadas pelas empresas, de forma a reduzir a probabilidade da ocorrência de sinistros, revela uma forte tendência na prestação de serviços logísticos, que é o gerenciamento de riscos, tema que será abordado no próximo capítulo.
3.4 – MODELOS E PREÇOS Existem no mercado, diversos modelos de rastreadores, com funções variadas e preços diversos no equipamento. A JaburSat possui o modelo SKY DMR200, que não permite e ação de sensores e atuadores. O custo do equipamento é R$ 3.199,00 e a mensalidade custa R$ 109,00 e é acrescida de valores referentes a comandos adicionais, como R$ 9,00 pelo acionamento do botão de pânico. Figura 6.
FIGURA 6 – Kit de rastreador JaburSat – DMR200. Fonte: www.jabursat.com.br
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A mesma empresa disponibiliza um equipamento semelhante, mas que permite a utilização de sensores e atuadores. Seu custo é R$ 4.412,00 e a mensalidade varia de R$ 109,00 a R$ 169,00, de acordo com o plano escolhido. Também possuem adicionais de acordo com comandos adicionais. No veículo também é necessária a presença do teclado. Cada teclado, ilustrado na figura abaixo custa R$ 659,00. O teclado pode ser integrado para envio de mensagens livres e macros, ou ser composto por um para mensagens livres e outro para mensagens em formato macro.
FIGURA 7 – Teclado para mensagens livres e em formato macro Fonte: www.jabursat.com.br
A Graber (www.graber.com.br) conseguiu baratear os custos de seus rastreadores. Os custos para instalação são de R$ 599,00 em regime de comodato. O sistema Graber é híbrido. Realiza o rastreamento via satélite, mas a comunicação é feita através da rede GSM (Global System for Mobile Communications), por transmissão de dados GPRS (General Packet Radio Service). Outra opção existente no mercado é disponibilizada pela Geo Studio Tecnologia. É o módulo rastreador Tracker II (Figura 8). O rastreamento é feito pelos satélites GPS e a comunicação é feita através de GPRS.
FIGURA 8 – Rastreador Geo Studio Tracker II. Fonte: www.geostudio.com.br
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O módulo custa R$ 1.490,00 e o grande diferencial é que o monitoramento é feito pelo próprio cliente, apenas com a instalação do equipamento e do software e a configuração do GPS TrackMaker. O Monitoramento só terá o custo de utilização da transmissão de dados por GPRS, sem mensalidade.
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4 – GERENCIAMENTO DE RISCOS Segundo Ballou (2001), a missão dos profissionais de logística “é
colocar as mercadorias ou os serviços certos, no lugar certo e no instante corretos e na condição desejada, ao menor custo possível”.
Para que, na prática, esse conceito seja aplicado, surgiram diversas técnicas de monitoramento e controle de cargas, que têm como principal finalidade, “diminuir o hiato entre a produção e a demanda, de
modo que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde quiserem e na condição fís ica que desejarem”. Uma dessas técnicas é o rastreamento de cargas que é apenas um dos recursos do gerenciamento de riscos. O transportador é responsável pela segurança e condições da carga, desde a coleta até o destinatário final, conforme previsto no contrato. Segundo a ABGR (Associação Brasileira dos Gerenciadores de processo de planejar, organizar, dirigir e controlar os recursos humanos e materiais de uma organização, no sentido de minimizar os efeitos dos riscos sobre essa organização, ao mínimo custo Risco), gerenciamento de riscos é “o
possível”.
O gerenciamento de riscos é uma atividade que busca agregar valor à atividade logística através de medidas preventivas com o intuito de minimizar perdas materiais, financeiras, humanas, ao meio-ambiente e à imagem da empresa. É uma estratégia que exige planejamento, investimento e execução competente. Consiste de ações preventivas e corretivas que envolvem mudanças tecnológicas, organizacionais e operacionais. Seus objetivos são a redução de riscos, assim como a severidade dos mesmos, sinistros e prêmios de seguros, que aumentam a viabilidade da contratação dos
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mesmos, com preços mais acessíveis e de acordo com o material transportado. Também objetiva a preservação de vidas e do patrimônio, otimização de processos, com conseqüente aumento na eficiência, produtividade e competitividade, melhorando a imagem da empresa e a motivação dos funcionários envolvidos. Surgiu da necessidade de iniciativas de prevenção a perdas e, principalmente, ao roubo de cargas.
4.1 – RISCO Existem diversas definições para risco. O conceito mais usado define risco como a probabilidade de um fato ou evento gerar conseqüências indesejadas ou inesperadas, causando danos ano negócio da instituição. Nas atividades logísticas, especialmente, no transporte de cargas, diversos fatores podem oferecer risco ao sucesso da entrega, como precariedade das rodovias, problemas burocráticos e com fiscalização, desvios de rota, problemas mecânicos ou outros que prejudiquem o funcionamento do veículo, além de roubo, furto, acidentes e transbordo de carga. Com a realização de um controle eficiente da manutenção da frota, análise do percurso e da carga transportada, além da adoção de outras técnicas de prevenção e controle, o risco pode ser reduzido, o que garante diversas vantagens competitivas, uma vez que o transporte consome, em média, um ou dois terços dos custos logísticos.
4.2 – FONTES DE PERIGO Uma fonte de perigo é uma condição ou situação que cria ou aumenta o risco. A exposição a uma fonte de perigo não implica na certeza de resultados inesperados ou indesejados, uma vez que as técnicas de prevenção e controle, visando o gerenciamento e redução do risco, podem ser aplicadas, minimizando os efeitos da exposição ao risco.
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FAERTES apud (REAL, 2000)5 define o risco matematicamente, através da equação: Risco =
Fonte de perigo . Mecanismos de controle
Através da equação, conclui-se que o risco é inversamente proporcional ao número de mecanismos de controle, medidas de proteção adotadas, ou seja, quanto mais medidas de prevenção forem empregadas, menor a intensidade do risco da operação. Os riscos podem ser reduzidos, alterados, controlados, mas não eliminados, uma vez que para se estabelecer riscos tendendo à zero, é necessário o emprego de muitos recursos, já que os riscos podem ser frutos de falha humana.
4.3 – CARACTERÍSTICAS DE RISCO DO PRODUTO Segundo Ballou (1993), as características de risco do produto estão
diretamente
ligadas
“aos
atributos
de
valor,
perecibilidade,
flamabilidade, tendência à explosão e facilidade de roubo”. A conseqüência da apresentação de alto risco em um ou mais dessas características é a imposição de restrições ao sistema de distribuição, que ocasiona maiores custos de transporte, armazenagem e preço de venda.
4.4 – ÁREAS PRIORITÁRIAS Para o enfoque do gerenciamento, são consideradas as áreas mais vulneráveis a riscos na empresa, onde as medidas de proteção devem ser aplicadas. Geralmente, as áreas mais atingidas são os recursos humanos, as instalações e áreas físicas, os sistemas de informação e as operações móveis de transporte. Os recursos humanos sejam eles, funcionários, autônomos, prestadores de serviços terceirizados, merecem uma atenção especial, uma 5
FAERTES, D. Sobre um critério de aceitabilidade de riscos para plataformas marítimas de petróleo, Tes e de M. Sc., COOPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, 1994. apud REAL, M. V. A informação como fator d e controle de risco s no t ranspo rte rodoviário de produ tos perigosos , Rio de Janeiro, 2000.
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vez que são responsáveis pela carga e por grande parte da exposição aos riscos no transporte. Para isso, é necessária uma rigorosa seleção de pessoal, através de pesquisa de antecedentes criminais, pesquisas sócioeconômicas, de modo a evitar que sejam contratados funcionários que possuam restrições ou possam favorecer para que o transporte não seja realizado a contento. Após a contratação dos profissionais, é necessário que sejam adotadas e mantidas uma mentalidade segura e um comportamento defensivo. Cada integrante da equipe deve conhecer as situações de risco e a conduta que deve adotar caso ocorram. É de grande importância a realização de treinamentos e reciclagem dos funcionários, pois, em constante atualização podem colaborar de forma mais efetiva no processo. Os processos devem ser controlados para que ocorra a detecção de falhas, sejam evitados desvios, investigadas as denúncias, suspeitas e violações às normas de segurança, além de checarem se os controles são eficientes e propor a solução dos problemas encontrados. As instalações e áreas físicas a serem protegidas são as sedes, depósitos de cargas, combustíveis e materiais, bem como as áreas restritas e sensíveis, como o departamento financeiro, a central de informática e comunicações, que oferecem diversos riscos em caso da interceptação de informações e acesso a dados confidenciais. As técnicas de proteção devem ser planejadas e executadas para barrar intrusos, controlar a circulação e evitar danos a equipamentos, bens patrimoniais móveis e imóveis da empresa. Os sistemas de informação estão sujeitos a riscos como perda de dados por problemas de hardware e software , violação, perda de confidencialidade, interceptação de dados, sabotagem, espionagem, invasão, frutos de ação criminosa. Por isso, merecem especial atenção, com implantação de técnicas de contingenciamento, como backup . Os dados devem ser protegidos, mantendo sua integridade, consistência e sigilo.
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Para o acesso a documentos e sistemas da empresa, devem existir barreiras, sejam elas através de software , como níveis de acesso e privilégio ou hardware , como coletores biométricos para acessar o sistema. Os meios de comunicação também estão sujeitos a vulnerabilidades, como interceptação, invasão, envio de informações privilegiadas a concorrentes ou agentes externos à organização. Devem existir mecanismos de criptografia, certificação digital e proteção aos dados, assim como a criação de log (gravação de registro que contém data, hora, tarefa realizada e responsável), que permitam que cada funcionário seja monitorado na execução de suas tarefas. As operações móveis de transporte são a área mais vulnerável, uma vez que integram recursos humanos, instalações, sistemas e comunicações, além de serem menos protegidas, pois está baseada em localização, comunicação entre veículo e centro de controle e recursos humanos e tecnológicos.
4.5 – FERRAMENTAS PARA O GERENCIAMENTO Para a realização do gerenciamento do risco, diversas ferramentas foram criadas e são constantemente utilizadas pelos operadores e prestadores de serviços logísticos. Uma delas é o rastreamento, monitoramento e bloqueio de frotas, abordado nos capítulos anteriores e que é considerado de maior relevância e de resultados mais significativos. A gerência dos riscos pode ser realizada de formas variadas e quando diversas técnicas são usadas paralelamente, apresentam excelentes resultados. Segundo a Porto Seguros (www.portoseguros.com.br), as mais usadas são consultoria de segurança, cadastro, escolta, roteirização, manutenção preventiva, desconcentração de riscos, treinamento, segurança em depósito, além de rastreamento e monitoramento, anteriormente citados. As ferramentas abaixo são comumente utilizadas e suas definições abaixo seguem o conteúdo descrito pela Porto Seguros, constantes em seu site.
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4.5.1 – Consultoria de Segurança É um recurso utilizado para análise e detecção de falhas de segurança da operação. Permite que sejam estudados os riscos e analisadas diversas propostas de redução dos mesmos, com apoio à tomada de decisão.
4.5.2 - Cadastro As empresas fazem uma análise minuciosa do histórico das pessoas ligadas ao transporte, remessa, obtendo antecedentes criminais, análise sócio-econômica para obtenção de informações que qualifiquem ou imponham restrições ao exercício da atividade pelo profissional avaliado. Isso reduz a possibilidade de pessoas ligadas à empresa envolverem-se em esquemas que facilitem o roubo de cargas. Com esse procedimento, é possível manter um alto grau de confidencialidade sobre as cargas transportadas. A Pamcary (http://www.pamcary.com.br), empresa especializada em gerenciamento de riscos, possui um banco de dados com o cadastro de inúmeros motoristas. O serviço, denominado Telerisco, existe há aproximadamente 25 anos e permite que a transportadora ou operador logístico visualize uma ficha completa do motorista, veículos suspeitos, proprietários, pessoas envolvidas em roubo de cargas, sinistros, entre outros dados.
4.5.3 – Escolta É realizada por empresas legalmente constituídas, autorizadas pelo Ministério da Justiça. Ocorre quando a carga possui alto valor, é bastante visada, ou possui riscos para transporte, como máquinas de grande porte, peças como caldeiras, que, em alguns casos, chegam a ocupar duas pistas (cargas indivisíveis). Nesses casos, a carga é acompanhada por uma ou mais viaturas, com vigilantes armados ou não. A escolta pode ser ostensiva, quando os vigilantes e a viatura são identificados ou velados, quando a identificação não é possível, nem por parte do motorista. Essa
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ferramenta eleva o custo do transporte consideravelmente, uma vez que é necessário o emprego de profissionais qualificados e com remuneração adequada.
4.5.4 – Roteirização Através da roteirização, que também é efetuada pelo sistema GPS, a empresa pode verificar a melhor rota, observando as condições das estradas brasileiras, postos fiscais, de polícia rodoviária, praças de pedágio, locais para abastecimento e refeições que possuam segurança e boa estrutura para a parada dos veículos de carga. Esses fatores aceleram a entrega, as condições dos transportadores e evitam desvios de rota. Com a roteirização também é possível realizar o mapeamento do risco, com áreas de maior risco, seja por condições da pista, alto índice de acidentes ou roubos na região. Também é efetuado o briefing , que é a checagem do veículo e a definição da conduta a ser adotada durante o trajeto.
4.5.5 – Manutenção Preventiva Um veículo com a mecânica revisada diminui o risco de quebras durante o percurso. A verificação periódica das condições do veículo também evita multas, diminui os custos com manutenção corretiva e os riscos de acidente por falha mecânica. A quebra do veículo, além de gerar atrasos na entrega, aumenta custos e pode ocasionar avarias na carga. O veículo parado em locais impróprios torna-se um alvo vulnerável a ação de bandidos.
4.5.6 – Desconcentração de Riscos É um recurso que dificulta o acesso de bandidos a cargas visadas ou de alto valor. Consiste em colocar cargas de grande valor ou interesse para ladrões em veículos diferentes, o que torna mais difícil o roubo da carga, além de minimizar as perdas, caso as mesmas ocorram. As empresas
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também são orientadas a não organizarem o comboio, pois, isso pode facilitar o roubo, uma vez que as quadrilhas estão cada vez mais especializadas e com estrutura maior que a de grandes empresas prestadoras de serviços logísticos. Com o mix de carga, o veículo não trafega com capacidade ociosa e reduz o custo da carga a ser transportada.
4.5.7 – Treinamento De nada adianta as empresas investirem em tecnologia, consultorias, implantação de técnicas e doutrinas de segurança se os colaboradores não conhecerem os processos, seu funcionamento e não estiverem comprometidos com o sucesso do projeto. Eles devem saber como e quando agir, usar os equipamentos de forma adequada e segura, ocasionando melhores retornos para a empresa e a atividade que exercem. O treinamento é fundamental e deve ser constante, contínuo e possuir apoio da direção da empresa.
4.5.8 – Segurança em Depósito Com os altos investimentos realizados pelas empresas em tecnologia e métodos de segurança para o transporte de mercadorias, o roubo de cargas em trânsito foi dificultado. As quadrilhas se estruturaram e passaram a atacar os depósitos, que continuavam vulneráveis a ação de bandidos. Para que o gerenciamento dos riscos fosse completo, da origem ao destino, as empresas despenderam recursos com a finalidade de equipar os depósitos e torná-los mais seguros para a remessa da carga. Dessa necessidade, surgiram a Proteção Patrimonial Física (PPF) e a Proteção Patrimonial Eletrônica (PPE). A PPF requer a atuação de vigilantes armados para a realização da segurança do local. A PPE é realizada através da instalação de equipamentos de segurança, como alarmes e monitoramento dos mesmos.
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4.6 – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES O processo de gerenciamento deve ser contínuo, buscar a excelência profissional e efetuar a correção de falhas. Toda a operação deve ser avaliada, com a análise e o cálculo da probabilidade de ocorrência do risco, com a melhor proposta de redução, procedimentos necessários e os planos de prevenção e contingência. Todas as atividades devem ser monitoradas, a fim de possibilitar um melhor controle da execução das tarefas, simulando situações, encontrando caminhos para a solução do problema e corrigindo falhas. Caso todas as medidas adotadas não sejam suficientes, há a administração de desvios, que visa à proteção dos recursos humanos, a proteção do meio-ambiente e a recuperação dos bens possivelmente sinistrados. O intuito da administração de desvios é minimizar perdas e efetuar as correções cabíveis. O gerenciamento não permite a eliminação de riscos porque grande parte do processo depende do fator humano que é passível, e geralmente, comete diversas falhas. Daí a importância de um treinamento adequado e a valorização do profissional. A motivação do profissional, aliado às tecnologias e procedimentos adequados, auxilia na redução dos riscos de forma considerável.
4.7 – SEGUROS E GERENCIAMENTO Esse tópico apresenta um diferencial que surgiu da inovação realizada pela Pamcary, que com base em todas as restrições impostas pelas seguradoras, conseguiu reverter os investimentos realizados pelas transportadoras em segurança, viabilizando o acesso ao seguro de cargas, através de preço compatível com a carga, trajeto e riscos da operação. Com o aumento do roubo de cargas, as seguradoras passaram a adotar estratégias de forma a reduzir os prejuízos. Para isso, aumentaram as restrições nas apólices e passaram a excluir a cobertura de mercadorias de alto valor ou bastante visadas, o que aumentou custos para as transportadoras, assim como a exigência do gerenciamento de riscos.
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Com a dificuldade para a realização de seguros, pois, os limites impostos pelas seguradoras implicam em capacidade ociosa, surgiram no mercado, seguradoras que passaram a utilizar o gerenciamento como aliado, permitindo que as tarifas de seguros fossem reduzidas juntamente com as restrições impostas. As restrições para a contratação do seguro podem ser o valor máximo para cobertura sem gerenciamento, o limite a ser segurado de acordo com o motorista escolhido, valor máximo de garantia para embarque e exclusão de mercadorias visadas, como cigarros, entre outros. Com essas medidas, o valor dos seguros pode ser nivelado por baixo, garantindo que até mercadorias de baixo valor possam ser seguradas, pois, o valor da mercadoria, o risco do trajeto, motorista e diversas outras variáveis, são levadas em conta para o cálculo do valor do seguro, além de não existirem restrições para a aceitação do contrato, nem limite de carga a ser transportada ou exigência de fracionamento. Para o cálculo da apólice é realizada uma análise estatística dos transportes anteriormente realizados, com a análise do risco, que inclui o estudo do trajeto, desde a origem até o destino, o valor total embarcado e o tipo de mercadoria, assim como o motorista, que tem o seu histórico pesquisado. Também são de suma importância os tipos de ferramentas de gerenciamento utilizados pela transportadora, onde o investimento realizado é revertido para a mesma, como desconto para a formação do preço, uma vez que o gerenciamento custa, em média, 12% do faturamento do transportador e apresenta diversos pontos de melhora em segurança, eficiência e eficácia na operação. Segundo informativo eletrônico JaburSat Notícias, algumas transportadoras chegam a receber um desconto de 20% no preço do seguro.
4.8 – CRIAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO Para a criação de um plano de gerenciamento de risco, diversos fatores são analisados, dos quais se obtém uma análise completa dos riscos e de possibilidade de redução dos mesmos.
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Através da definição completa do projeto, seu escopo, abrangência, é possível determinar os recursos necessários, alocar os mesmos, prover treinamento. A partir da avaliação dos riscos é possível vislumbrar as possibilidades de redução, bem como efetuar um equacionamento de todas as alternativas, buscar informações que colaborem para a resolução dos problemas. Com essa seqüência, ficam delimitados quais são os objetivos do plano, sua estrutura e quais as reais necessidades para o sucesso do programa.
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5 – CONCLUSÃO No Brasil, os investimentos em infra-estrutura de transportes são mínimos, assim como em segurança. Com o aumento dos índices de roubos e furtos de cargas, aliados ao acelerado crescimento da área de logística, faz-se necessária a busca e utilização de novas tecnologias, como forma de obter vantagens competitivas, devido ao crescimento da concorrência e exigência de níveis de excelência nunca requeridos em transportes. O uso de tecnologia otimiza processos e desempenho operacional, geralmente, conquistando vantagens financeiras, como minimização de perdas, redução de custos e, conseqüentemente, aumento dos lucros. Com base nesses conceitos, transportadoras tem realizado altos investimentos em rastreadores de veículos e técnicas de gerenciamento de riscos, o que permite um controle mais efetivo, alcançando maiores índices de segurança, melhor atendimento ao cliente e integridade das cargas. Além disso, conquistam vantagens financeiras frente às seguradoras, que retornam parte dos investimentos como desconto para a formação do preço do seguro, uma vez que também são beneficiadas com a redução de sinistros e prêmios de seguro. Ao cliente, além de vantagens na qualidade da entrega, integridade da carga, acrescenta-se melhor tempo de resposta, melhores preços e controle mais efetivo das mercadorias à receber, uma vez que grande parte das empresas de rastreamento disponibilizam o serviço de localização da carga em suas páginas na Internet. Em termos do gerenciamento de risco, as técnicas de prevenção diminuem os riscos e fortalecem a imagem das empresas. Os riscos são de diversas fontes, como sinistros, atrasos, perecibilidade e de acidentes
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ambientais, entre outros. Com as empresas buscando a Certificação ISO (International Standardization Organization) 14000, que visa cuidados com o meio-ambiente, o gerenciamento torna-se um quesito quase obrigatório para a obtenção do certificado. Com o alto valor das mercadorias transportadas, a ocorrência de perdas pode significar o fim de uma empresa e como o nível de risco depende das técnicas de segurança empregadas, novas tecnologias devem surgir a velocidades cada vez maiores, uma vez que o crime também evolui, as tecnologias tornam-se obsoletas e há constante necessidade de melhorias para obtenção de níveis ótimos de serviço. Com base nesses dados, fica evidente a importância da adoção de tecnologia, do gerenciamento de riscos e controle logístico como ferramentas auxiliares à gestão financeira de empresas de qualquer ramo de atuação, uma vez que o transporte de cargas está sujeito aos mais diversos tipos de riscos e possibilita a redução de custos, obtenção de maior nível de excelência, competitividade, geração de vantagens financeiras.