Universidade Federal de Sergipe Centro de Educação e Ciências Humanas Introdução à Psicologia da Aprendizagem Aprendizagem Aluna: Laísa de Carvalho Filgueiras Período: 2014.1 Turma: T09
23.04.2014
Fichamento dos Capítulos 1 e 2 do Livro Psicologia da Aprendizagem, de Dinah Martins de Souza Campos Capítulo 1 - Importância da Aprendizagem e Notícia Histórica da Evolução da Psicologia da Aprendizagem
O presente capítulo irá tratar, em linhas gerais, do conceito substancial de aprendizagem, seu papel na vida dos seres vivos - com destaque para o ser humano - e seu funcionamento ao longo dela, evidenciando-se causas e consequências. Além disso, será feito um panorama acerca do processo histórico da Psicologia da Aprendizagem, desde a filosofia antiga até as idades moderna e contemporânea. O texto se divide em tópicos e subtópicos, que aqui serão apresentados da mesma forma. Importância da Aprendizagem na Vida Humana
A importância da aprendizagem na vida do indivíduo varia, enormemente, de uma espécie para outra;
A aprendizagem é lenta, de pequena extensão e sem grande importância na vida animal. Para os protozoários, por exemplo, seu equipamento de respostas inatas é suficiente para satisfazer suas necessidades;
A capacidade de aprendizagem e sua importância na vida do organismo variam segundo a ascendência da escala animal, e no mesmo sentido tem-se um decréscimo dos comportamentos inatos e instintivos;
O homem é o animal que possui a maior capacidade de aprendizagem e o menor número de reações inatas, fixas e invariáveis;
A aprendizagem, na vida humana, se inicia com, ou até antes de, o nascimento e se prolonga até a morte. (CAMPOS, 1998, p. 13)
A aprendizagem acompanha toda a vida do indivíduo. Ela capacita o homem a se ajustar e se adequar ao seu ambiente físico e social. Todo indivíduo vive de acordo com o que ele aprende. Em sua maioria, cada indivíduo é o que é pelo que
aprendeu e pelo que ainda poderá aprender, integrando seu comportamento e experiência em novos padrões. (CAMPOS, 1998, p. 14)
A aprendizagem é um processo fundamental da vida. É através dela que se desenvolve os comportamentos que permitem o ser humano viver. Todas as atividades e realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem;
Os costumes, as leis, a religião, a linguagem e as instituições sociais têm-se desenvolvido e perpetrado como um resultado da capacidade do homem para aprender;
A aprendizagem é um processo tão importante para o sucesso da sobrevivência do homem que foram organizados meios educacionais e escolas para tornarem a aprendizagem mais eficiente. Tarefas como somar, multiplicar, ler, usar uma escova de dente, datilografar, demonstrar atitudes sociais etc não podem ser aprendidas naturalmente – não são inatas. (CAMPOS, 1998, p. 15)
O estudo da aprendizagem, sua natureza, suas características e fatores que nela influenciam constitui um dos problemas mais importantes para a psicologia e para a educação. É pela aprendizagem que o homem se afirma ser racional, forma a sua personalidade e se prepara para o seu papel na sociedade, e tal mecanismo é essencial para explicar o desenvolvimento do ser humano e como ele se ajusta no mundo. (CAMPOS, 1998, p. 16)
Notícia Histórica da Psicologia da Aprendizagem
Desde a antiguidade, filósofos e pensadores preocuparam-se com os fatos da aprendizagem do tipo “verbal” ou “ideativo”. (CAMPOS, 1998, p. 16) São
mostradas, em subtópicos, algumas concepções antigas da aprendizagem: A) Concepções sobre a Aprendizagem na Antiguidade
Sócrates – O conhecimento preexiste no espírito do homem e a aprendizagem consiste em despertar esses conhecimentos inatos e adormecidos. Adota o método da Maiêutica. (CAMPOS, 1998, p. 16)
Platão – A aprendizagem nada mais é do que uma reminiscência: a alma guarda a lembrança das ideias contempladas na encarnação anterior, que, pela percepção, voltam à consciência ( metempsicose);
Aristóteles – Ensina que todo conhecimento começa pelos sentidos e rejeita a preexistência de ideias no espírito, lançando o fundamento para o ensino intuitivo. Utilizou-se dos métodos dedutivo e
indutivo. Organizou
a teoria da associação com os princípios de semelhança, contraste e contiguidade. “Nada está na inteligência que não tenha primeiro estado nos sentidos”;
Santo Agostinho – Através do método indutivo, adotou a introspecção para registrar suas experiências mentais e esposou a teoria das faculdades mentais;
Santo Tomás de Aquino – Distinguiu as verdades científicas das verdades religiosas. Para ele, a aprendizagem consiste em um processo inteligente dinâmico e auto-ativo;
Juan Luis Vives – Utilizou-se, também, de métodos indutivos. (CAMPOS, 1998, p. 17)
B) Contribuições Modernas para a Conceituação da Aprendizagem
Locke – Retoma os princípios Aristotélicos, combate a concepção das ideias inatas de Platão e insiste em que o espírito seria uma tábula rasa. Admite a transferência e a generalização dos conhecimentos, mas combate a ideia de “disciplina formal” e a “doutrina das faculdades”. Suas ideias
tiveram enorme influência sobre a compreensão psicológica da educação na Inglaterra, na Alemanha e nos EUA. (CAMPOS, 1998, p. 18)
Herbart – Sistematizou muitas ideias de Locke. Estabeleceu a doutrina da apercepção e
os passos formais do ensino (preparação, apresentação,
associação, sistematização e aplicação). Era influenciado pelas ideias intelectualistas da tradição grega e medieval (“a educação pela instrução”);
Lloyd Morgan – Formulou a teoria do ensaio-e-erro. Com isso, começava-se a admitir a ação e os comportamentos como base da aprendizagem. (CAMPOS, 1998, p. 19)
C) Contribuições no Brasil
Rui Barbosa – Traduziu o livro “Lições de Coisas” , de Calkins, e redigiu pareceres
sobre o ensino, refletindo o uso do método intuitivo.
(CAMPOS, 1998, p. 19) D) Outras Contribuições Atuais São importantes nomes como: Binet, Thorndike, Piaget (Psicologia Pedagógica Moderna); Pavlov, Bechterev (Reflexologia); Watson, Lashley
(Behaviorismo); Koffka, Köhler, Wertheimer (Psicologia da Gestalt); K. Lewin; Freud, Jung (Psicanálise); Husserl, Scheler (Fenomenologia); Heidegger, Sartre (Existencialismo); Skinner (Neobehaviorismo); J. S. Bruner. (CAMPOS, 1998, p. 19-20) Capítulo 2 - Classes de Comportamento e Aprendizagem
O objetivo deste capítulo é caracterizar o processo de aprendizagem, fazendo, para isso, uma apresentação das classes de comportamento que permitirão distinguir os efeitos dos fatores genéticos ou hereditários da experiência no desenvolvimento do comportamento. (CAMPOS, 1998, p. 21) A seguir, tem-se as classes de comportamento até o item IV, para depois chegar à aprendizagem e às implicações práticas de tais processos (itens V e VI). I. Reflexos São comportamentos ou respostas específicas a estímulos específicos, não suscetíveis à modificação proveniente de experiência anterior. São advindos de fatores genéticos. (CAMPOS, 1998, p. 21) II. Instintos Tratam-se de um comportamento mais complexo que os reflexos, porém ainda sem consistir em uma aprendizagem. Esse comportamento não depende de um receptor específico e envolve grande parte dos efetores do corpo inteiro, ao invés de limitar-se a uma só glândula ou grupo muscular. Apesar de caracterizar-se como complexo, o comportamento instintivo é previsível (de acordo com a espécie), inflexível, automático e mecânico, com pouca variabilidade ou possibilidade de aprendizagem, ou seja, esta não é necessária para o seu aparecimento. (CAMPOS, 1998, p. 22) III. Estampagem Consiste em estabelecer uma ligação entre um padrão complexo de comportamento exibido e um estímulo presente no momento apropriado. Nela estão todas as características do comportamento instintivo, com o adendo de depender de uma certa experiência do organismo, implicando aprendizagem (não a comum, mas um tipo especial e limitado). Também chamada de aprendizagem primitiva, a estampagem apresenta algumas características, como: 1) a existência em um período crítico que varia de acordo
com a espécie (geralmente das 12 às 24 primeiras horas de vida); 2) o não requerimento de esforço primário; 3) não se dá em uma única e simples experiência; 4) atinge maior sucesso em tempos reduzidos de prática; 5) é acelerada por estímulos nocivos; 6) pode ser eliminada por certas drogas, como tranquilizantes; 7) na estampagem, a primeira experiência com uma situação é a mais importante. (CAMPOS, 1998, p. 23-24) IV. Primeira Experiência Trata-se de um comportamento que faz parte do equipamento genético do organismo, mas que jamais ocorreu anteriormente, não podendo então receber a denominação de comportamento aprendido. Foi constatado que a falta das primeiras experiências, cujos estímulos naturais são necessários para a manutenção de estruturas neurais, parece restringir a capacidade ulterior de aprendizagem e limitar, desta maneira, o desenvolvimento normal. (CAMPOS, 1998, p. 24-25) V. Aprendizagem Consiste em uma modificação sistemática de conduta, advinda da repetição de uma mesma situação. Será examinada em capítulo à parte. (CAMPOS, 1998, p. 26) VI. Implicações Práticas Tanto os comportamentos aprendidos como os não aprendidos são importantes para o desenvolvimento dos organismos vivos. O comportamento do adulto depende, fundamentalmente, da experiência na infância. Os comportamentos reflexo e instintivo não exigem experiência anterior, enquanto a motivação natural, a percepção e a inteligência requerem primeiras experiências em condições normais. Porém, tanto o comportamento inato como o comportamento sujeito às primeiras experiências dependem da hereditariedade e dos processos de crescimento. Para psicólogos e educadores, tais pontos são de grande relevância para promover investigações sobre o desenvolvimento do ser humano e colaborar clinicamente em tal processo, bem como propiciar o aproveitamento mais adequado e eficiente de todo o potencial hereditário de cada indivíduo. (CAMPOS, 1998, p. 26-27) Referência Bibliográfica
CAMPOS, Dinah M. S. Psicologia da Aprendizagem. Rio de Janeiro: Vozes, 1998. p. 1327.