Dicção Perfeita… ou quase! Para ler depressa do 1 ao 21. 1 - Comprei por um pinto em prata, que não há preço mais módico, uma pipia, uma prata, um pote, um pente, um periódico 2 - À boca do beco, na bica do belo, um bravo cadelo, berrava bau-bau 3 - O rato roeu a rolha da garrafa do Rei e da Rainha da Rússia 4 - Um Tigre, dois Tigres, três Tigres 5 - Se o Arcebispo de Constantinopla se quisesse desconstantinoplizar, só se desconstantinoplizaria se Constantinolpla se desconstantinoplizasse 6 - Em cima da sebe densa, papa a Pêga a fava seca. Porque papa a Pêga a fava e não papa a fava a Pêga? 7 - Debaixo da Pipa está uma Pita. A Pipa pinga e a Pita pia. Pia a Pita pinga a pipa. Pinga a Pipa pia a Pita 8 - Achei um ninho de Mafalagrifa com cinco Mafalagrifofinhos. Quando a Mafalagrifa veio já os cinco Mafalagrifofinhos tinham feito uma Mafalagrifofada 9 - As suas saias cinzentas são sedosas 10 - Uma velha Firinfinfelha de marincuntelha com sua filha Firinfinfilha de maracutilha foram ao circo Firinfinfirco de marincuncirco. A filha Finrinfinfilha de marincuntilha gostou do palhaço Finrifinfaço de marincuntaço. Mas a velha Finrinfinfelha de marincuntelha deu um fiasco Firinfinfasco de maricuntaço pegando na filha Firinfinfilha de marincuntilha, quebroulhe o braço Firinfinfanço de marincuntaço 12 - Uma goiaba verdolenga quem desverdolengá-la um bom desverdolengador será 13 - Sofia você sabia que o sábio não sabia que a sabiá não sabia que o saibá sabia a assobiar? 14 - Sou um original que não se deseroginalisará, nem quando todos os originais estiverem desoriginalizados 15 - Sabendo o que sei e sabendo o que sabes e o que não sabes e o que não sabemos ambos, saberemos se somos sábios ou simplesmente sabedores 16 - Essa pessoa assobia enquanto amassa, e assa a massa e faz passoca 17 - Debaixo daquela pipa tem um pinto, pia o pinto, pinga a pipa, a pipa pinga, o pinto pia 18 - Porco crespo tôco preto, pau preto, pão preto, onde digo digo, não digo digo, digo Diogo 19 - Um tigre, dois tigres, três tigres, tire o trigo dos três tigres 20 - O menino deu trigo ao tigre, e tigre comeu todo o trigo. Trazei três pratos de trigo para três tigres 21 - Um ninho de mafagafo com cinco mafagafinhos quem desmafagar o ninho do mafagafo, bom desmafagafador será
Exercícios de dicção Cada texto deve ser lido calmamente. Primeiro é preciso dizer correctamente aquilo que se lê. Num segundo momento, depois de já se ler o texto com alguma segurança, deve-se tentar dar a entoação e o ritmo que parecerem mais adequados para cada texto.
Á boca de um beco
Na toca de uma coruja
na bica do Belo
numa casa escangalhada
Um bravo cadelo
corria de canto a canto
berrava: bau, bau.
certa cobrinha cintada.
Um bêbado, um botas
Encontra um pinto calçudo
de bolsa e rabicho,
que por ali andava à caça
embirrava com o bicho,
das moscas e sevandijas
bateu-lhe com um pau.
e que ao ver a cobra embaça.
Foi grande a balbúrdia,
"Comadre", diz o coitado
a turba se ria,
lá no seu queriquiqui,
o bruto bramia,
"vem caçar? Eu já cacei.
e o broma a bater.
Entre que eu saio daqui".
Com o pau sobre o pobre,
Torna a cabeça escancarando
e bumba e mais bumba,
a boca: "caçaste? E eu não.
parece um zambumba.
Mas ambos temos faxina,
Bendito beber.
compadre do coração..."
Um doido destes de pedras,
Florência, Francisca, Eufrásia,
por nome Andrónico André,
todas de fraldas de folhos,
Casado com dona Aldonça,
foram fazer uma festa
Que em vez de dois, tinha um pé.
de filhós, bifes, repolhos.
Dia de corpo de Deus,
Três tafuis, três franchinotes,
disse à esposa: "Aldonça, andai
deitaram-lhes fel nos molhos,
adornai com as gualdrapas,
por tal feito que as três,
que herdei de Adão meu padrasto".
fartas de fome e de zanga, só comeram dessa vez,
"Dai-me a capa de bedel,
fígados fritos de franga.
o casaco de mandil, o meu chapéu de dedal, e a bengala d´aguazil." "Gravata dura (que é duplex), meu relógio de cadeia. O meio-dia oiço dar! Põe-me já depressa a ceia."
Eugénio Gomes da Gama e Gil Gonçalves Bugio
"Venha o pudim de bedum,
brigaram num desafio
que a dona Dulce nos deu,
pela grulha de uma dama.
e o presunto quadrilongo, do quadrúpede sandeu."
Grande desgraça e muito digna de lágrimas bem gerais!
E assim ceado a asseado.
Seus golpes foram mortais,
O tal Andrónico André,
e aquela magana indigna
saracoteando os quadris,
mangou nos seus funerais.
Um janízaro em jejum
Pondo loja de capela,
viu num jardim um jarreta,
Pantaleão do Cardeal,
que estava a jantar peru,
alardeia o que tem nela,
gergelim e ginja preta.
pregando-lhe um edital:
De júbilo encheu-se todo,
"linhas, lonas, alfinetes,
e pregou-lhe uma peta
lamparinas, chalés, luvas,
que tirou o pé do lodo
lenços, lâmpadas, colchetes,
e gamou tudo ao jarreta.
leques, luto de viúvas. Lustres, lacre, lã, palitos, ferrolhos, lápis, lanternas, papel, galões, passarinhos, ligas de enlaçar as pernas!" Com esta longa parlanda,
Comprei um pinto em prata
o feliz Pantaleão
(que não há preço mais módico)
já tem pilhado um milhão
uma pipa uma pata,
e vai comprar a outra banda.
um pote, um pente, um periódico. Depois pus tudo isto à venda, que parvo negócio fiz! um rapaz moço de tenda prometeu-me uma de xis.
Amaro Simão de Sousa
Pedro Paulo Pinto Pereira,
tem mendiga muito fatal:
pobre pintor português,
semeando qualquer coisa,
pinta portas paredes e painéis,
jamais lhe nasce outra igual.
por preços populares, para poder partir para Paris,
Suponhamos que semeia
pois pode praticar Ping-Pong,
mostarda ou manjericão:
que é desporto parco,
vem-lhe malvas, vem-lhe aveia,
mas de prática particularmente perversa.
ou melancia ou melão. Malmequeres dão-lhe amoras, amoras dão-lhe marmelos: marmelos criam-lhe esporas, e estas moncos amarelos. Teima e afirma muita gente
O rato roeu a rolha da real garrafa
de moleirinha machucha
do rei da Rússia.
que esta mendiga indecente
O Borges relojoeiro ruminara
foi manobra de uma bruxa.
roendo raspas de raiz de romãzeira. O tambor rufará rápido: três rufos e seis batidas, para o remador desamarrar rente o remo e remar contra a corrente. O doutor receitou remédios drásticos: três colheres de óleo de rícino
Um rato roendo roía
e raspas de rosa rara.
o rabo do rodovalho
O livro raro traz trais trechos
e a Rosa Rita Ramalho
que rapidamente se o rasga.
de o ver roer se ria.
Quem há que queira comprar
Comprei na feira do Rato,
em Queluz um bom quintal?
no largo das amoreiras,
No Verão é muito quente;
arroz de peru num prato
no Inverno tal e qual.
arranjado pelas freiras.
Tem quinze árvores de quina,
Sabia a chouriço moiro;
quarenta cardos de coalho,
era comer e gritar!
quatro flores de quaresma
Carne, rins, recheio coiro,
que não requerem trabalho.
roí sem resto deixar.
Dá três alqueire e Quarta
Porém, fiquei muito doente,
de quássia e doze de milho,
tanto que o doutor Cabral
e do líquido que esquenta:
me receitou para o ventre
seis quartolas e um quarlilho.
raspas de unicórnio e tal.
Qualquer pessoa querendo ver este prédio esquisito pode falar com o quinteiro Quirino Joaquim Cabrito.
Que eco que há aqui! Que eco é? É o eco que há aqui. O quê, há eco aqui?! Susana! Se saíres sai só. Sou o sempre seu Serafim Sá de Sousa.
Há eco, há.
Nasce-se, cresce-se, desce-se...
Um rapaz tendo uma Zebra
os senhores as senhoras...
metida num casarão,
os senadores as senadoras...
desancou-lhe um dia a febra que a pôs magra como um cão.
Se os seis sábios são susceptíveis, seguramente sereis satisfeito.
A azêmola era cinzenta, e, depois daquela tosa,
Céus! se Cecília sabe,
ficou da cor da pimenta
seus sentimentos serão sempre sinceros.
e a atirar para fanhosa.
Os assassinos sobre seus seios sugavam sangue sem cessar.
Triste trolha atrapalhado de taipar tanta trapeira, consertar tanto telhado, estragar tanta goteira. Eis trinta cães famintos (outros dizem trinta e seis)
Na festa de Santo Entrudo
entram de tropel ladrando.
entra trôpego e zoupeiro,
Que estrago!... Agora o vereis.
de tamancos, tosco e rude, no interior do seu palheiro.
Trastes, trancas, tocos, troncos, estoiram...tudo é tropel.
Sentou-se num tamborete,
Bater, latir, tombos, roncos
sem dizer nem chus nem bus
terminam este aranzel.
e pôs-se a entrudar sozinho com tripas de atum de truz.
Vinde ouvir caros ouvintes.
Excelente chá da China
Vale a pena!
em caixotes de charão
Era uma vez Vitorino Vaz Ventura
trouxe a charrua xarroco,
dos Arcos de Valdevez.
que é xaveco de feição.
Vai ele um dia e vestiu-se
Além deste chá de luxo,
com a véstia verde-gris,
mil coisas muito curiosas
luva nova cor de couve
trouxe da China. Por exemplo
e verónica de Aviz.
Chambres roxos, seda fina.
Adivinhais o motivo
Chibatas e chifarotes,
porque assim se ataviou?
lenços para chischisbéus,
É porque ia a Vila Verde
Chorinas de franchinotes,
à voda do pai-avô.
frascos de óleo de xaréus.
- Como vens viçoso e grave!
Xargões, enxergas, enchovas,
Diz o pai-avô.
enxofre, enxós, chocolate,
- Trago-vos trovas em verso,
enxúdias, enxertos, lixas,
lhe volve o vivo camelo.
lagartixas e um orate.
E tais trovas e tais versos
Xavier consignatário,
dum livro lhe vomitou
chineiro gordo e convexo,
que virou de uma vez o bucho
vendo tanta esquisitice
ao ciso do pai-avô.
dizem que ficou perplexo.