A Arte de Menstruar Monika von Koss Menstruar é um fato central na vida de qualquer mulher. Entre as diferenças que existem entre homens e mulheres, 'sangrar sem morrer' certamente é uma das mais significativas e que deixou forte impressão na mente humana, desde o primórdio dos tempos. Para nossas ancestrais da Idade da Pedra, o sangue menstrual era sagrado. A palavra sacramento provavelmente se origina de sacer mens, literalmente, menstruação sagrada.
O sangue menstrual, representando o poder de criar vida que conecta as mulheres com o próprio universo
Menstruação significa "mudança de lua". Tem como sílaba-raíz mens, mensis, e está na origem da contagem do tempo. Forma palavras como medida, dimensão, metro, mente, para citar algumas. O sangue menstrual, representando o poder de criar vida que conecta as mulheres com o próprio universo, era tabu, palavra polinésia significando "sagrado" e "proibido". Nas sociedades tribais, a menarca, o início do fluir do sangue, era celebrado com um rito de passagem, auxiliando a menina a realizar sua entrada para o reino do mana: o poder sagrado transmitido pelo sangue e que tanto podia dar como tirar a vida. Ao longo dos milênios, as mulheres têm desaprendido a arte de menstruar, de fluir com a vida. O que era sagrado tornou-se proibido, sujo, contaminado. A regra passou a ser esconder a regra. O resultado disto foi que o evento central na vida de toda mulher madura tornou-se invisível. Mesmo mulheres "liberadas" acreditam que suas regras (aquilo que as rege) são uma inconveniência que deveria ser eliminada. A decantada imprevisibilidade feminina é, em grande parte, decorrente das oscilaçes a que a mulher está submetida, ao longo de seu ciclo mensal. É expressão da imprevisibilidade da própria vida. Se você quiser se conhecer melhor como mulher: · fique atenta ás oscilações que você sente durante seu ciclo menstrual · observe a lua e note a diferença de menstruar na lua cheia ou lua nova · anote seus sonhos e veja as diferenças entre ovulação e menstruação. · elabore um mapa dos padrões para ajudar você a programar seu 'tempo da lua'.
Ritualize sua menstruação: · aumente a fecundidade de sua vida, menstruando na terra · organize uma noite de relaxamento, sozinha ou com suas amigas · prepare comidas e bebidas especiais para os dias sagrados · retire-se para um lugar especial, na natureza · planeje uma noite de amor muito especial com seu parceiro (se ele concordar!)
Que a Deusa do Oceano de Sangue te abençoe!
Mulher ciclica – O dom de menstruar O ciclo menstrual é uma das mais impactantes influencias na motivação, nas energias, nas habilidades e na percepção das mulheres , já é hora do ciclo menstrual ocupar o lugar que realmente têm , como centro de recursos femininos. Uma mulher que toma consciência do próprio ciclo e das energias inerentes contidas nele , aprende a perceber um nível de vida que vai mais além do visível , mantém um vinculo intuitivo com as energias da vida , o nascimento e a morte , Sente a divindade dentro da terra e de si mesma .. Miranda Gray , autora do livro “ Lua vermelha , os dons do ciclo menstrual “
Abrimos o universo da Energia feminina em Amayum com o texto do mesmo nome . Agora é a vez da mulher ciclica . Estaremos compartilhando , cada tanto , assuntos afins à energia feminina, no espiritu da Tenda vermelha – Tenda da Lua Começarei eu , Tai , contando um pouco da minha vivência cíclica , na sequência , um texto de estudo sobre menstruação , anticoncepção , hormônios naturais e sinteticos. Agora que escrevo , acabando de editar este post , estou na minha tenda da lua , red tend , menstruando pela segunda vez desde que fiquei gravida do meu terceiro filho que têm 10 meses . com amor , o sangue sagrado inspira e informa estas linhas ..
Na epoca do nascimento do meu primeiro filho, comecei a tomar consciência da minha natureza ciclica , do meu útero, da forma em como a vida passava através de mim , pari em casa e dei de mamar pela primeira vez , comecei a utilizar bioabsorventes, a ter contato com o meu sangue , ainda sem muita noção precisa disso tudo… meu corpo , mente e coração estavam se aproximando , se integrando com cada experiência , muitas provações vieram , muitas alegrias , fui me fortalecendo , a cada menstruação , a cada lunação .. fui , vou , aprendendo de mim e de tudo que me rodeia como um tecido vibrante em interconexão total . nada é separado no meu ser . nada está separado na existência . tudo é unidade. os hormônios estão ligados às emoções , por sua vez as emoções ligadas à própria energia e como esta é desenvolvida em todos os níveis da vida da gente . Sei que devo prestar atenção especialmente na fase post ovulação , premenstrual já que qualquer motivo pode me tirar do centro , estar atenta pois manifesta-se especialmente tudo o que fica guardado , o inconsciente aflora , às vezes perturbadoramente , outras inspiradoramente , o que preciso trabalhar e lapidar fica bem nitido quando fico em silencio , quando aquieto a mente , me escuto e escuto aos demais mesmo , sem tanto ruído mental e pre conceitos , olho sem autoenganos para dentro , me conheço .. Aparece meu ser inferior , a minha “sombra “ que repete uma e outra vez chips negativos ou limitantes adquiridos e sustentados por mim quando não os faço conscientes e por consequência os transformo a cada dia . Meu ser essencial , superior, que me guia determinando os anseios e motivação verdadeira , também aparece , se faço o meu trabalho e deixo que brilhe , susurre no meu ouvido através de sonhos e inspirações diversas . Meus ciclos dentro dos ciclos naturais que são uma mesma coisa giram sempre voltando aos mesmos pontos críticos de uma ou outra forma , sempre se movendo em fases sempre a oportunidade de despertar, de curar , de iluminar os cantos em desencanto …. A menstruação é instinto animal , humanidade sublime REGENERAÇÃO Venho faz tempo observando o meu ciclo e me dou conta , por exemplo , que : Após a menstruação , na Pre ovulação fico expansiva , visionaria , ativa , comunicativa , realizadora . Na Ovulação fico receptiva para as pessoas , a sensualidade vêm como uma vontade profunda de se relacionar intimamente de forma mais completa , não só com o companheiro , não só sexualmente, mas também sensorialmente com todas as minhas relações . No estudo vivencial cotidiano vou me dando conta dos ritmos que o meu corpo – ser dança na dança da vida junto às lunações , às estações , aos movimentos planetarios .. , aprendendo , inspirando e expirando .. sangrando , amando , concretizando projetos a partir do respeito à contração e expansão presente na minha natureza ..
sou mulher cíclica!!!!! vou subindo e descendo como as marés , conectada à lua e ao luar . girando entorno ao meu centro , à rotação da terra , ao nosso sistema planetário que gira entorno ao nosso sol e mais além .. sempre desde o momento presente , desde as pequenas coisas .. Oferecer o sangue para a terra , por exemplo , mesmo que um pouco em cada ciclo menstrual , é uma pratica simbólica que me conecta com a terra e a natureza através do meu corpo , como um microcosmos do mistério da constante regeneração da vida . Diluir o sangue em agua e regar plantas , árvores, horta é super recomendado. o sangue menstrual é riquíssimo para nutrir aos reinos que moram no solo . Esta pratica deixa rastos fortes na psique , e por consequência em todos os nossos corpos . ativando a nossa memoria celular instintiva , espiritual, natural . Vicky Noble, uma escritora , artivista feminina , criadora do Tarot Mother Peace , diz que o fato de apagar da memoria esta pratica originaria está relacionada com o estabelecimento da nossa civilização dominadora, que mediante a guerra derramava sangue humano em sacrificio para os deuses masculinos guerreiros que junto à hierarquia , a desigualdade social e de gênero , o predomínio da razão e do materialismo exacerbado firmaram a atual sociedade em que vivemos . Espero que com o tempo , só o sangue menstrual seja derramado na terra . Almejo também que através do resgate do verdadeiro, da natureza , da vida mesma , dentro de cada um(a) , o planeta seja regenerado , @s noss@s filh@s e gerações futuras possam vivenciar os ciclos dentro do grande ciclo sem distorções nem bloqueios . VIVA A NATUREZA !!!! VIVA A BENÇÃO DE MENSTRUAR!! Mulheres irmãs , as deixo com um artigo bem informativo e completo sobre os dons da menstruação , métodos anticoncepcionais , coletores e bioabsorventes menstruais , psicologia hormonal – espiritual feminina , distúrbios , origem dos distúrbios .. O texto que vêm a seguir , “Redescobrindo os dons da menstruação” é de uma socióloga holistica estudiosa desta temática , chama-se Maria del Mar Jimenez . ele é uma síntese de um texto de 45 pag chamado “Menstruacion , sabedoria oculta” ambos são da mesma autora , este resumo – sintese foi publicado no No 69 da revista espanhola “Athanor” www.athanor.es . Traduzi o texto ao português assim como adicionei informações complementares em certos pontos , na forma de nota identificada com o sinal de asterisco , quando achei necessário . Tudo isto com sincera motivação de nos apoiar, conectar e expandir junt@s , contribuindo humildemente em atos , gestos e veiculação de informações que
estimulem o reencantamento , restauração e cura da nossa nave mãe Terra desde dentro de cada uma , de cada um . Abraço infinito Tai TIKAI
Redescobrindo os dons da Menstruação
“O nosso ciclo é como o ciclo de uma planta . Existe um tempo próprio para plantar as sementes , para crescer e desenvolver os galhos , para desprender as sementes , para voltar às nossas raízes “. Annie Shaw Antigamente , a menstruação era um “dom” a partir do qual a mulher gerava vida (física ou psíquica) . A sincronicidade entre o ciclo feminino e a órbita da lua ao redor da terra revelava o vinculo que une a menstruação com os grandes ciclos da vida e do universo . Isto fazia com que o nosso corpo e o nosso período fossem sagrados. Hoje em dia na nossa civilização tecnológica , o aspecto sagrado da menstruação têm dado lugar ao estigma , à incompreensão , a infravalorização ,a alteração do nosso sistema endócrino (anticoncepção hormonal ) e recentemente ao aniquilamento do período menstrual (nova pílula que reduz o ciclo menstrual a 4 por ano ) Passamos do todo à nada . . Uma boa forma de recuperar o nosso poder de mulher é redescobrir, compreender, desestigmatizar e utilizar os dons verdadeiros da menstruação . As mulheres ocidentais do século XXI somos modernas , independentes , temos estudos e conquistamos o mundo externo ,mas nos desconectamos do mundo interno : dos nossos corpos, , da nossa essência e da terra . O avanço da mulher nas ultimas décadas têm sido principalmente intelectual ,conquistando o mundo masculino , Só que no caminho , deixamos a compreensão intuitiva e espiritual da nossa natureza ..
.Cedemos à sociedade dominante e à medicina toda a nossa natureza e o nosso corpo: menstruação (pílula e outros medicamentos) parto (excessiva intervenção, cesáreas desnecessárias de forma rotineira) cuidado e alimentação dos nossos filhos (mamadeira, creches , relações de vinculo limitado) , menopausa (terapia hormonal). De fato, ser mulher têm se convertido numa doença muito lucrativa para os laboratórios que querem tratar todos os problemas femininos com medicamentos. REIVINDICANDO A MENSTRUAÇÃO .A nossa sociedade pensa na menstruação como uma coisa desagradável, patológica , associada a incomodação e fraqueza. Pelo qual têm sido ocultado e manipulado o dom de sangrar. Além da violência e o medo , nada foi tão eficiente para relegar às mulheres para um segundo lugar , quanto a desvalorização do nosso ciclo menstrual . O tabu associado ao ciclo menstrual segue hoje mais vigente do que nunca, e por causa disto são oferecidas oficialmente pílulas para eliminar a menstruação . Afinal, serve pra que ? Não é só um inconveniente? Não . não é . A grande verdade oculta é que a menstruação e muito mais do que uma manifestação física : é uma fonte de criatividade , intuição , espiritualidade, conhecimento interior. Por isso tudo , a menstruação é uma fonte de poder feminino. A nossa guiança interna surge primeiramente a través dos nossos sentimentos e da sabedoria do nosso corpo , não a través da compreensão intelectual . O sangue é justamente o que liga as mulheres à natureza assim como o que nos lembra da nossa condição humana e divina . Na antiguidade , através deste estado alterado de consciência da menstruação, as xamãs, curandeiras e sacerdotisas contribuíram significativamente com clareza e conexão espiritual dentro das comunidades das quais faziam parte. Este período cíclico é um prodígio biológico muito benéfico para o corpo feminino . Duas conceituadas pesquisadoras neste assunto que vêm influindo consistentemente no resgate e valorização do ciclo menstrual , são , a famosa ginecologista obstetra holística , Dra. Northtrup , autora do livro “Corpo de mulher, sabedoria de mulher “ e Miranda Gray , autora de “Lua vermelha: os dons do ciclo menstrual” Num nível físico , a ciência está descobrindo que os efeitos são mais e melhores do que costumava se achar . Por exemplo , age como um sistema de autolimpeza mensal , protegendo ao aparelho reprodutor feminino , reforçando as defesas do organismo graças aos estrogênios naturais etc.
Psicológicamente , a menstruação têm um importante papel na forma na qual processamos informação , na criatividade e na conexão com o nosso inconsciente . Está muito documentada a estreita relação entre psiquismo da mulher e o funcionamento dos ovários a través dos hormônios. AS FASES MENSTRUAIS
Podemos falar de duas grandes fases menstruais : A fase folicular acontece no momento da ovulação. Representa a criatividade no estado máximo, uma energia extrovertida e social. As mulheres nesta fase somos férteis em todos os sentidos e é uma ótima oportunidade para iniciar novos projetos . Além disso o aumento no nível de estrogênio que traz consigo a ovulação está diretamente relacionado com o aumento de atividade do hemisfério cerebral esquerdo (fluidez verbal, pensamento lógico) assim como observa – se uma diminuição do hemisfério direito (intuição , introspecção ) Em muitas mulheres o desejo sexual esta no clímax na metade do ciclo e o nosso corpo secreta no ar hormônios associados ao atrativo sexual. A nossa sociedade da ação aceita e bate palmas para esta fase e para estas atitudes da mulher. Pelo contrario não mostra se tão compreensiva com a fase lútea , que vai desde depois da ovulação até o começo da menstruação , representando um período de avaliação e reflexão que convida a reduzir o ritmo , descansar e nos afastar gradativamente dos nossos afazeres cotidianos, até o termino da menstruação . uma coisa super mal vista socialmente. É nesta fase quando nós mulheres estamos mais sintonizadas com a sabedoria interior
Com o que não funciona na nossa vida , assim como com a capacidade de transformar isto. Os sonhos são mais frequentes e mais gráficos durante as fases premenstrual e menstrual por que há mais acesso ao inconsciente. Há evidências científicas de que antes da menstruação é mais ativado o hemisfério cerebral direito , que está relacionado com a intuição , diminuindo a atividade do hemisfério esquerdo , lógico , racional . A mente e o corpo ficam de certa forma mais lentos, levando as energias para dentro por efeito de vários hormônios , principalmente progesterona , que prepara o útero por dentro para receber ao óvulo fecundado . A nossa sociedade julga más e improdutivas as energias , emoções e introspecção premenstrual , pois é incoerente com o ritmo frenético dominante (que favorece o não pensar e o viver sem consciência , arrastados pela massa) Por outro lado , muitas culturas antigas respeitavam muitíssimo a capacidade da mulher para profetizar e se comunicar com os espíritos nesta fase . Por exemplo, na assembléia lunar dos indígenas nativos norte americanos as mulheres que menstruavam reuniam- se para sonhar juntas , saindo inspiradas e inspiradoras para o resto da comunidade . Isto tudo é uma pincelada sobre o potencial que a menstruação contém se estamos atentas a escutar e respeitar as mensagens que ela traz . Realmente segundo aprofundamentos na espiritualidade feminina , poderíamos ampliar estas duas fases a quatro para especificar melhor o tipo de energia associada ao nosso ciclo , adicionando uma velha parceira do ciclo menstrual : a LUA Na antiguidade , os primeiros conceitos de medida e tempo , fazem referência ao ciclo lunar e o paralelismo com o menstrual . MENARQUIA , provém do grego e significa “primeira lua” e em latim é utilizada a mesma palavra (mensis) para os termos “mês” e “lua” , é daí que vêm “menstruação “. Muitas culturas mediam o tempo em noites e meses lunares . inclusive hoje em dia , a semana santa cristã é celebrada após a primeira lua cheia na sequência do equinócio de primavera (no hemisfério norte, de outono no hemisfério sul) , Festas islâmicas ou judaicas dependem também da lua cheia . O nosso ciclo biológico e psíquico também vai junto às fases da lua . este vinculo está documentado em numerosos estudos . Os índices mais elevados de concepção e de ovulação acontecem durante a lua cheia ou o dia anterior , diminuindo durante a lua nova que é quando muitas mulheres menstruam . A luz do sol também é fundamental para o ciclo menstrual . Viver baixo luz artificial grande parte do tempo pode afetar a regularidade do ciclo e contribuir para a tensão pré menstrual TPM . Em muitas mulheres , a TPM piora no outono , quando os dias são mais curtos, De fato, muitos sintomas da TPM são os mesmos que o TAE * (transtorno afetivo estacional ), ésta relação entre TPM e TAE é um exemplo de como a sabedoria feminina está conectada também com as estações , com os ciclos naturais.
* Nota da tradutora . Este transtorno é mais comum em países com estações bem marcadas com outono – inverno frrrio ..nublado , chuvoso .. não tanto pela natureza introspectiva do frio , mais pelo fato de ter perdido o contato com o fogo que mantém a energia solar vital , então este transtorno é comum em lugares frios aonde não há contato em períodos com o sol e os elementos naturais ,ou seja, aonde faz frio mesmo no outono inverno . mas faz se fogo , não há altos indices de TAE Combinando agora , a lua e as estações com as energias do ciclo menstrual anteriormente descritas , temos 4 arquétipos femininos presentes nas lendas, mitologia e contos populares : a donzela , (lua crescente , primavera, preovulação , dinamismo) , a mãe (lua cheia , verão, ovulação, amor) , a feiticeira (lua minguante, outono, premenstruação, criatividade) e a bruxa (lua nova, inverno, menstruação , sabedoria ) * *Nota da tradutora Dentro desta linguagem há diversas interpretações relacionadas a arquétipos da espiritualidade feminina . as descritas no texto são relacionadas como é dito com as fases menstruais. Na síntese , a espiritualidade feminina trabalha com a Deusa tríplice (donzela, mãe , anciã) , pois esta trindade contém todos os estágios femininos que transcendem a menstruação , já que mesmo antes dela vir , e depois dela ir embora (menopausa) , o ser mulher existe na experiência concreta e arquetipica se formando na menina – donzela , chegando na plenitude da mãe e amadurecendo na menopausa , que longe de ser um “distúrbio” , é um recomeço desde uma maturidade espiritual , uma grande iniciação , depois de cumprir um ciclo de vida . Também estão o trabalho de correspondência com as deusas gregas , e de outros simbolismos interculturais . COMO ALIVIAR OS TRANSTORNOS MENSTRUAIS A informação menstrual é reflexiva e intuitiva , ela é transmitida por sonhos , pelas emoções e pelos anseios internos . Quando bloqueamos continuamente esta informação , esta converte se em TPM . O fato de que 60% das mulheres sofrem de TPM é uma conseqüência de não respeitar o nosso corpo e sua necessidade de subir e descer como as marés . A TPM é o resultado de tentar domesticar e esconder as nossas necessidades e de ir contra a nossa natureza . A medicina atual oferece um arsenal de produtos para a TPM , hormônios, analgésicos , antidepressivos, etc, Nenhum deles nos cura , só reprimem e retém os distúrbios . Nenhum medicamento mantém o nexo que une a mulher com o útero a través do subconsciente , e todos estes “ remedios “ , tratam a menstruação como uma doença do corpo separado da mente e do sistema energético – emocional . A dieta atual de alimentos refinados favorece o desequilíbrio hormonal em todos os níveis , e é o caminho para muitos problemas femininos.
A Dra . Northrup recomenda eliminar laticínios, hidratos de carbono refinados, sal, cafeína, álcool , carne vermelha e alimentos com aditivos químicos . Caprichar nos cereais integrais , grãos , verduras, frutas , germinados, ácidos graxos Omega 3. Existe uma longa lista de tratamentos naturais para aliviar os distúrbios menstruais , de fato, cada tradição e disciplina têm os próprios. Alguns são: Complementos alimentares (germe de trigo , levedo de cerveja, vitamina B6 , magnésio) , fitoterapia ( infusões com diversas plantas, antiespasmódicas e analgésicas ) , hidroterapia ( banhos de assento quentes e frios no local ,banho quente geral com óleos essenciais de efeito calmante ) Cataplasmas com diversos ingredientes , calor local , massagem , osteopatia , reflexologia , shiatzu , acupuntura , remédios homeopáticos , flores de Bach ou outros elixires florais assim como diversas posturas de yoga que favorescem a elasticidade do útero . SE RECONCILIANDO COM A MENSTRUAÇÃO
A pesar dos tratamentos naturais nomeados , o mais eficiente a longo prazo é voltar a nos conectar com a menstruação , e respeitar as mensagens que ela nos traz . Para isto podemos começar elaborando um diagrama lunar , que é simplesmente um registro diário do nosso dia do ciclo , fase lunar , sonhos e estado de animo . Quando fizermos isto por vários meses (para poder comparar e observar coincidências ) , devemos refletir sobre a informação que aparece e o tipo de energia associada a cada momento do ciclo , para depois, nos comprometer para respeitar e aplicar esta informação. A maior parte de nós , devemos começar de zero com este tratado de paz menstrual .
As meninas e adolescentes atuais terão um melhor panorama se as mães e pais conseguirmos transmitir para elas uma vivência positiva da menstruação . No passado longínquo , as tradições familiares , a explicação sobre as estruturas da sociedade e o papel que deve se desempenhar nela , passava de mãe para filhos. A mãe guiava a personalidade dos filhos para lhes ajudar a desenvolver os aspectos intelectuais , emocionais , sexuais , criativos e espirituais a través de estórias , arquétipos e rituais simbólicos . Desafortunadamente , e por diversas circunstâncias , delegamos esta responsabilidade à escola e à sociedade , que oferece informação anatômica e muitas vezes distorcida da sexualidade humana e da menstruação carente de qualquer tipo de espiritualidade e sacralidade. Os altíssimos índices de gestações não desejadas e abortos em adolescentes são uma amostra evidente de que não existe conhecimento profundo sobre os nossos corpos , nem conceito de responsabilidade pessoal e transcendência dos próprios atos . Ainda é possível para mães e famílias introduzir as nossas filhas na sabedoria ancestral assim como numa maior consciência sobre os corpos e vidas delas , recuperando os ritos de transição de uma etapa para outra . Especialmente importante é o passo da criança para a puberdade , pois as experiências da primeira menstruação ficam gravadas para sempre na psique e influem em como as jovens vão experimentar os períodos no futuro . Exemplos de ritos seriam: uma viajem ou excursão para um lugar que simbolize o passo de um ponto de maturidade para outro , um presente especial de transito , algum objeto feito pela mãe , etc… As colonas e pioneiras norte americanas , por exemplo , teciam um cobertor patchwork como um álbum para registrar os acontecimentos familiares.. nascimentos , puberdade , casamentos, menopausa… este cobertor ia passando de geração em geração . É verdade que, mesmo as famílias pondo empenho em ressaltar os aspectos positivos da menstruação, os referenciais femininos que a sociedade e os meios de comunicação oferecem aos adolescentes costumam ser péssimos e refletem só as expectativas e percepções de um tipo determinado de homens. Uma das próximas revoluções sociais será difundir arquétipos que reconheçam a verdadeira natureza feminina , que nos guiem em direção a nossa espiritualidade inata e não só até uma fachada oca de silicones , dieta, estética artificial e consumo. DESAFIANDO O “STATUS QUO “ O despertar da verdadeira energia da menstruação não afeta só a nossa intimidade pessoal, também têm importantes implicações sociais , inclusive econômicas . É compatível a vivência de uma menstruação positiva, útil e sagrada com o uso massivo da pílula anticoncepcional ou outros preparados hormonais sintéticos ? A resposta é não. Por que estes métodos não respeitam a nossa natureza cíclica e roubam-nos a valiosa informação do nosso inconsciente .
A pílula não é imprescindível, nem a panacéia, nem inofensiva. Faz acreditar ao nosso corpo que existe uma gravidez, alterando o nosso sensível sistema endócrino, tendo numerosos efeitos secundários físicos que afetam ao conjunto do organismo , alguns destes efeitos são graves (problemas cardiovasculares , hipertensão , fraqueza do sistema imunológico, depressão , câncer etc) É claro que num nível psíquico , estes medicamentos nos desvinculam com a sabedoria feminina ao impedir a comunicação interna entre os nossos hormônios, útero e ovários. Milhões de mulheres estão conectadas com a industria farmacêutica e não com o ciclo lunar e elas mesmas. Pagando dinheiro e saúde para isto . É isto liberação ou uma nova forma de escravidão? Criticar a pílula não quer dizer antifeminismo , quer dizer não concordar com uma concepção incompleta e falsa das mulheres . Afortunadamente há mais alternativas além da pílula ou o DIU Mirena* *Nota da tradutora : adicionei o Diu Mirena , que não estava no texto original pois libera hormônio artificial como a pílula e atualmente é bastante utilizado . o mais incrível é que este DIU é como um dos tipos de pílula que ela cita no começo ( que reduz as menstruações a quatro por ano!) o DIU Mirena além de reduzir significativamente o fluxo , no 60% das mulheres que colocam ele , após 6 meses de uso , a menstruação é eliminada … Existem outros métodos anticoncepcionais respeitosos com o ciclo feminino e o próprio corpo , eficientes e que aumentam o nível de conhecimento para com o próprio corpo. Além disto, a tecnologia também chegou à anticoncepção natural , são vendidos dispositivos com microcomputadores que armazenam os dados e indicam claramente o estado de fertilidade . “Bioself” (temperatura basal + método Ogino) e “Persona” (análise dos hormônios na urina ) são dois exemplos . *Nota da tradutora : Neste link do Brasil http://www.e-familynet.com/phpbb/viewtopic.php?p=4868232 Sai um artigo sobre diversos métodos naturais de planificação familiar e a combinação destes ,assim como equipamentos de monitorização da fertilidade como Bioself e Persona . Com certeza não poderíamos abordar o tema da menstruação sem falar dos absorventes internos (OB, Tampax ) mais uma das coisas que a sociedade e a industria oferecem como salvação para não ver nem estar em contato com o nosso sangue . Da informação que têm circulado nos últimos anos sobre os perigos dos absorventes convencionais, varias informações têm vindo à tona , foi desmentido o conteúdo em amianto mas não a presença de dioxinas e rayon . Existem numerosas evidências de que os problemas relacionados com estes absorventes não são anedóticos nem de pouca gravidade , assim como não inevitáveis . Ambas substancias além de ser muito contaminantes para o planeta , estão relacionadas com doenças como por exemplo, endometriose , esterilidade , deficiências no sistema imunológico , diferentes tipos de câncer , e o famoso síndrome do shock tóxico , que só em USA afetou nos anos 80 a mais de 60.000 mulheres , das quais 38 morreram.
É verdade que não existe consenso no nível científico sobre as dioxinas pois o rastro delas nos absorventes é pouco significativo , diz que estas dioxinas não são ingeridas pelo organismo . mas… ¿ quem nos garante esta inocuidade , quando a vagina é o local mais poroso e absorvente do corpo , e uma mulher pode chegar a utilizar em torno de 10.000 absorventes internos em sua vida fértil ? Ninguém . Não existem estudos sobre isto a longo prazo . Assim como no caso da anticoncepção hormonal , também existem alternativas ecológicas para os absorventes femininos , mas são pouco difundidas sem ser de uso massivo. Existem absorventes internos ecológicos (de algodão 100% e não branqueados quimicamente ) * * Nota da tradutora: acho que deste tipo não encontram -se no Brasil.. Estes absorventes internos , mesmo sendo ecológicos têm a desvantagem de que pelo fato de ser absorvente intervém na mucosidade e umidade natural da vagina , secando esta artificialmente , além de deixar fibras na parede vaginal , isto também já é estudado e comprovado.. Existem também as esponjas marinas (Sea Pearls) A alternativa mais pratica é o coletor menstrual (Moon cup ou Diva cup ) que é um recipiente de silicona não alergenica que adapta se perfeitamente às paredes vaginais . Não contém substancias absorventes nem deixa fibras na parede vaginal . é reutilizável , dura anos , pelo qual representa a alternativa mais económica e ecológica do mercado * além disto nos coloca em contato com o brilho do nosso sangue menstrual ao esvaziar e lavar a taça. . não esconde o nosso sangue . * Nota da tradutora: não são nomeados no texto os clássicos bioabsorventes (paninhos feitos a mão , que ao igual que as fraldas de pano , são ecologicamente certos , nos pondo em contato com os nossos fluidos naturais trazendo consigo, pela utilização maior consciência . ,também coisa importante é que a fibra natural em contato com a vulva não se compara ao plástico dos absorventes descartáveis (inclusive em termos higiénicos) ,além de nos por em contato com o nosso sangue .Também a experiência do sangue fluir sem nada que se encontre no canal vaginal é bom no processo de conscientização . Os bioav. devem ser lavados e são reutilizados, foram a alternativa nas antigas e pelas mulheres nesta sintonia antes de aparecer o coletor menstrual , Moon cup , Diva cup etc Eu utilizo o coletor mas mesmo assim preciso do bioabsorvente para complementar nos dois dias de maior fluxo sempre vasa um pouco … antes de ter três filhos conseguía me organizar para ficar em geral recolhida no período menstrual ,trocando os meus paninhos , lavando eles, diluindo o sangue primeiro só em água (sem sabão) e jogando para as plantas e horta ). depois desse primeiro enxague podem ir para a maquina , asvezes lavar na mão pode ser uma boa experiência . Atualmente pela praticidade utilizo em geral coletor menstrual e poucos bioabsorventes , ofereço o sangue para a terra e plantas , pelo menos duas vezes em cada ciclo .. Aqui um vídeo – entrevista no Brasil ao respeito dos bioabsorventes
http://www.youtube.com/watch?v=BIPjGAofmKk&feature=related aqui artigo e venda de coletor menstrual e bioabsorventes no Brasil: http://www.moradadafloresta.org.br/produtos-principal/bioabsorventes-ecologicos aqui artigos bons ao respeito no Brasil http://bioabsorventesecologicos.blogspot.com/ Aquí outros links no Brasil de venta de coletor menstrual , enquanto editava este texto , sincronicamente rolou esta informação de coletores na lista parto em casa , grupo virtual no qual participo . links colocados à disposição por Tamara e Gabriela : Meluna, http://melunabrazil.blogspot.com/ Green Donna, (é cópia do Lunette), http://loja.laloba.com.br/ Produzido no Brasil : http://www.misscup.com.br/
Concluindo, Para que qualquer revolução triunfe , primeiro há de ser dentro É hora de continuar a liberação feminina, emendar o que corresponde e recuperar o perdido . A reconciliação das mulheres com a nossa verdadeira natureza é imprescindível nos atuais tempos de transformação . pois Gaia (Mãe Terra) e as mulheres , estamos unidas .
O sangue menstrual é o mensageiro dos grandes ciclos do universo e o portador de informação emocional, intelectual e espiritual , vital para nós mulheres , assim como para a nossa sociedade . Autora : Maria del Mar Jimenez Traduzido por Tai Nilo Carvallo . A Deusa-Porca e os Rituais de Fertilidade>>
Durante o período arcaico da humanidade, a grande deusa era o princípio organizador do universo, corporificando as forças da vida, da morte e do renascimento. Ela abarcava não apenas o mundo humano, mas igualmente o reino animal, vegetal, mineral e astral.
Como a Deusa Trina, abarcando a jovem nubente, a mãe madura e a anciã transformadora, ela está na origem da primeira divisão do ano em três períodos distintos, períodos estes marcados pelo sangrar da mulher, pelas fases da lua e pelas estações. Todos estes eventos eram considerados expressões do mesmo fenômeno da vida, as forças cíclicas da criação, preservação e destruição, que mantém o universo em movimento. Baseado no exemplo da lua, a vida era experienciada como um ciclo de mudanças contínuas. A crescente lua nova se manifesta no reino vegetal como o período primaveril, quando a vida desabrocha em todo seu frescor, continuando sua gradual transformação até atingir seu período de exuberância na lua cheia, ocasião em que também acontecia a maturação dos cereais cultivados. Completado seu período de plenitude, continua sua trajetória, desta vez minguando em direção à lua escura, quando então a vida na natureza descansa e se renova, para ressurgir como crescente lua nova, dando início a mais um ciclo. No viver feminino, este ciclo se expressa no menstruar, definindo as três fases da vida de uma mulher: menarca, menstruação e menopausa. Mensalmente, a mulher percorre as fases da lua, com ênfase em seus dois picos: a lua cheia da ovulação, quando a energia se dedica à maturação geradora, e a lua nova da menstruação, período em que a energia se recolhe para processar a renovação nas profundezas do ser. Em Seu Sangue é Ouro, Lara Owen escreve que "o ciclo menstrual é em si um processo alquímico, durante o qual toda mulher que sangra passa por uma transformação interna. Menstruar significa viver através de uma transmutação cíclica, em que o passado é derramado e o novo é acolhido. A experimentação desta transformação através do ritual consciente desperta-nos para a nossa ligação com os ciclos que ocorrem a nossa volta e para o nosso relacionamento com toda a vida.” Desde o neolítico, os povos agrários marcavam a passagem entre os períodos sazonais com festivais de fertilidade, ocasião em que ofertavam porcos ou leitões às forças naturais, em troca pelas bênçãos de uma boa colheita. Convivendo com os grupos humanos há mais de 7000 anos, os javalis ou porcos selvagens foram os primeiros animais a serem domesticados. Devido à sua grande capacidade procriadora, a javalina ou porca se tornou um dos mais antigos símbolos de fertilidade. A palavra grega para porco é hys, da qual deriva hystera, útero. Seu correspondente latino é sus, designativo da espécie suína. A deusa-porca na tradição grega
Os rituais de fertilidade que conhecemos em mais detalhes são aqueles que chegaram até nós por intermédio da mitologia e da história grega. Como a grande deusa dos tempos arcaicos, era Deméter quem presidia os rituais de fertilidade, que eram celebrados ao longo do ano, em harmonia com os ciclos da terra. Como deusa-porca, leitões lhe eram oferecidos por ocasião dos rituais.
Na primavera eram realizadas as festas orgiásticas, que celebravam a sexualidade como a fonte da vida. Remetem aos primordiais ritos de fertilidade, em que casais copulavam nos campos, para ativar a fecundidade da terra. Em Argos, homens e mulheres participavam do festival conhecido como Hystéria, dedicado a Afrodite como o aspecto nubente da deusa trina. No início do período seco do verão e após o encerramento da colheita, acontecia o festival Skira, marcando o momento em que os leitões sacrificiais iniciavam sua viagem ao mundo profundo, para um período de inatividade e renovação. “Em um ato ritual, leitões vivos eram jogados em uma fenda, em cujo fundo habitam as serpentes”, escreve Jutta Voss em Das Schwarzmond Tabu [O Tabu da Lua Negra]. Lá eles apodreciam durante o período seco, seus restos sendo retirados durante as Tesmofórias. Rituais menstruais de antiguidade imemorial, as Tesmofórias eram exclusivas das mulheres. Devido ao caráter conservador das mulheres e à atitude supersticiosa dos homens diante destes ritos, “eles foram preservados em pureza prístina, até os dias mais tardios”, escreve Jane Harrison, em Prolegomena to the Study of Greek Religion [Introdução ao Estudo da Religião Grega]. Pela mesma razão, apenas relatos secundários a respeito do que acontecia de fato chegaram a nós. As Tesmofórias eram realizadas durante o outono, quando as mulheres se aventuravam pelas fendas profundas em que habitavam as divindades ctônicas, as grandes serpentes, levando leitões como oferendas e trazendo consigo os restos apodrecidos dos porcos oferecidos durante a Skira. Estes restos eram misturados com as sementes a serem plantadas. Após terem se purificado, as mulheres permaneciam em jejum, recolhidas sobre um leito de plantas, ou sentadas na terra. Passados os três dias do ritual, elas levavam as sementes misturadas com a carne suína, e com sangue menstrual de acordo com alguns, para serem plantadas nos campos especialmente preparados, na esperança de uma boa colheita. "Cada ano, no tempo do plantio, as mulheres se reuniam para relembrar o mistério sagrado da semente na terra e da semente em seus corpos. Ninguém sabe dos começos do ritual. Restos de oferendas similares às usadas nas Tesmofórias foram encontrados em todas as partes da Europa Antiga, datando de seis mil antes do tempo comum”, escreve Betty De Shong Meador, em Uncursing de Dark [Des-amaldiçoando o Escuro]. Diferentemente dos festivais mais tardios para a promoção da fertilidade, as Tesmofórias não eram dedicadas a alguma divindade abstrata, mas à terra em si, tendo ficado isentas da contaminação pelos ritos olímpicos. Receberam, contudo, um novo impulso religioso e geraram a cerimônia mais importante da Grécia Antiga: os extáticos Mistérios Eleusinos, durante os quais os participantes entravam em contato direto com as deusas Deméter e Perséfone. Assim como as Tesmofórias, também os Mistérios Eleusinos requeriam um compromisso com o sigilo, de modo que também chegam até nós apenas os fragmentos
visíveis do que realmente acontecia nesta cerimônia, cujo acontecimento central permanece oculto. Certo é que eles eram realizados em honra de mãe e filha, dois aspectos inseparáveis da grande deusa, que engloba não somente o aspecto feminino da terra, mas também a mutabilidade da lua. Em Eleusis, escreve Voss, enquanto Deméter como a deusa do grão representa o lado luminoso, Perséfone é a deusa-porca, o lado escuro, que desce às profundezas para renovar a vida. Como deusa do mundo profundo, ela é a terra escura que traz os frutos e abriga os mortos. No ciclo menstrual, Deméter representa a fase ovulatória, enquanto Perséfone representa a fase sanguínea, explicitada nas sementes de romã, fruta símbolo do sangrar mensal e do mundo profundo. Ritos de fertilidade dos povos germânicos
Também entre as tribos germânicas, o ano era dividido em três estações distintas: primavera, verão e inverno, cuja transição era marcada por rituais realizados imediatamente antes do plantio no meio do inverno, ao surgir dos primeiros brotos no início da primavera e no final do verão, quando concluíam o ano agrário após a colheita, a debulha e o armazenamento dos grãos. Reunidas sob a designação de ‘germânicos’ pelos romanos, eram tribos independentes, unidas basicamente por uma língua comum e uma religião com características xamânicas, que cultuavam igualmente deusas e deuses. As tribos que viviam a oeste do Rio Reno e em torno do Mar Báltico eram essencialmente agrárias e viviam em aldeias auto-sustentáveis. Eles veneravam um pequeno grupo de divindades conhecidas como os Vanes (vanir), um estrato antigo de pacíficas divindades da natureza, responsáveis pela fertilidade dos campos, protetoras dos lavradores, marinheiros e pescadores. Eram descendentes da Deusa Nerthus, a própria terra. Além dos frutos da terra e da prole animal e humana, os Vanes também ofereciam conselho aos seres humanos, comunicando-se com seus devotos por meio da habilidade mágica e visionária conhecida como Seidr. Os rituais de fertilidade destas tribos tinham por objetivo promover vida nova e trazer abundância aos campos cultivados, aos animais e aos lares. Apesar das deusas dos Vanes terem florescido sob diversos nomes, nas diversas partes da Escandinávia, por trás de todas elas se encontra a terra-mãe, a grande deusa que ajuda as mulheres e as meninas por ocasião do casamento e do parto, estabelecendo o destino das crianças. Mulheres e homens participavam plenamente de seus ritos relacionados com a fertilidade da terra, com o criar uma família e o casamento. Na mitologia mais tardia, a grande deusa nórdica emerge na figura de Freiá, incorporando basicamente três funções: a de grande feiticeira e sacerdotisa sacrificial, a de grande Valquíria que recolhe os mortos no campo de batalha e a de deusa do amor e da fertilidade. Reunindo em si estas três funções, escreve Britt-Mari Näsström em
Freyja - The Great Goddess of the North [Freiá – A Grande Deusa do Norte], ela atua como a contraparte dos deuses masculinos, cada um dos quais apenas incorpora uma única função. Freiá significa simplesmente ‘Senhora’. Como deusa da fertilidade, contudo, ela também é chamada de Sýs, ‘a porca’. Tem como montaria um javali sagrado chamado de Hildisvini. Para estes povos antigos, os mitos e ritos de fertilidade não se referiam apenas ao processo agrário da semente que renasce, escreve Hilda Ellis Davidson em Roles of the Northern Goddess [Funções da Deusa Nórdica], “mas incluem as esperanças e os medos associados com os principais ritos de passagem - nascimento, casamento e morte - o acasalamento de homens e mulheres, o parir e perder crianças, e a necessidade de sacrifício”, a fim de que a vida da comunidade possa continuar. A deusa-porca na tradição hindu
Na Índia, muito antes do predomínio da tradição védica, vamos encontrar a deusa-porca intimamente associada com a menstruação. Filha da Deusa Primal do Oceano de Sangue, Vajravahari, a Porca Adamantina, rege as divindades femininas iradas, que dançam o campo energético do ciclo menstrual. Como a dançante dakini vermelha, sua primeira representação data do primeiro milênio antes do tempo comum e a mostra com cabeça de porca, uma língua pendendo de sua boca e trazendo no joelho uma criança. Remete à figura de Cali, com seus dentes suínos e sua língua vermelha. A origem dos rituais de fertilidade da tradição hindu retrocede ao período da civilização de Harapa e Mohenjo-Daro, que floresceu no Vale do Indo por volta do terceiro milênio antes do tempo comum. Um sinete encontrado em Harapa mostra um devoto diante de uma figura feminina e uma fila de acompanhantes com caudas de porco. Entre as descobertas arqueológicas estão inúmeras estatuetas femininas, sempre acompanhadas de pedras em forma de falos eretos (lingam) e pedras circulares com buracos no meio (yoni) que, ainda hoje, são os objetos mais comuns de veneração. É provável que, na origem, fossem apenas os instrumentos usados pelas mulheres para trabalhar a terra. Na Índia pré-védica, como em todas as culturas agrárias, a fertilidade dos campos estava associada com o poder das mulheres parirem crianças, poder associado com o sangrar mensal. Ainda hoje, nas cerimônias de casamento, a noiva é designada como o ‘campo a ser semeado’ e o noivo é instado a ‘depositar sua semente no campo’. E apesar do advento da cultura védica ter relegado a deusa-terra a um segundo plano, ela ainda é invocada nos hinos védicos como Prthivi ou Mãe Terra: “Seu verão, oh terra, sua estação chuvosa, seu outono, inverno, tenra primavera e primavera; suas estações anuais decretadas, seus dias e noites nos forneçam leite”, canta um hino do Atharvaveda. Na tradição vedo-bramânica posterior, tão avessa ao sangrar feminino, Varahi, a deusaporca, foi incluída entre um grupo de deusas conhecidas como Matrikas, as mães, descritas como um grupo de deusas ferozes e terríveis, que anseiam por sangue, principalmente de recém-nascidos. Tudo aponta para o fato destas deusas pertencerem
ao universo religioso dos povos pré-arianos, indígenas do território indiano. Sua força está relacionada com o poder arcaico do sangrar, associado com a fertilidade da terra e das mulheres. Não sendo possível eliminar sua simbologia, foi necessário colocá-la sob o domínio de uma divindade masculina. Assim, em uma de suas encarnações, o deus Vishnu nasce como javali para resgatar a mãe-terra que está sucumbindo ao peso do excesso populacional. Como Varaha, o javali sagrado, ele arrebata a terra das profundezas do mar cósmico, para sustentá-la na superfície. As versões posteriores deste mito desvirtuam a função fertilizadora original do javali, enfatizando seu aspecto destrutivo. Relata o Kalika Purana que, após trazer a terra à superfície, Varaha copula com ela. Mas pelo fato dela estar menstruada e, portanto, inadequada para o embrião com o qual foi impregnada, este teria uma natureza demoníaca, ou seja, seria um Asura. O termo asura é usado na linguagem védica tanto para os deuses como para seus inimigos, significando espiritual, incorpóreo, divino. Provavelmente era a designação dada aos povos nativos, por eles conquistados. Na literatura purânica posterior, é usado quase exclusivamente no sentido de um espírito mau, um oponente dos deuses vedobramânicos. Os demônios são, em quase todas as mitologias, filhos da mãe arcaica, sobrepujada pelo poderio masculino. E assim, com o passar do tempo e o avanço do patriarcado, o poder do sangue menstrual, que nos primórdios era sagrado e associado à fertilidade da terra e ao poder das mulheres, passa a ser considerado impuro. E tudo que se relaciona com a deusa escura, representando o aspecto invernal da deusa trina, foi relegado às profundezas inconscientes, onde nos aguarda e de onde nos chama, para resgatarmos nosso poder inerente. MISTÉRIOS FEMININOS
"O Vaso da Transformação só pode ser efetuado pela mulher, porque ela própria, em seu corpo que corresponde ao da Grande Deusa, é o caldeirão da encarnação, nascimento e renascimento. E é por isso que o caldeirão mágico está sempre nas mãos de uma figura humana feminina, a sacerdotisa e a bruxa". (Erich Neumann)
MISTÉRIOS FEMININOS - Enviado por Eliane Stoducto Raven Grimassi A Wicca é, entre outras coisas, essencialmente um culto lunar no qual residem os Mistérios Femininos da Antiga Europa. Os Mistérios Femininos podem ser divididos em três categorias principais: os Mistérios das Tríades, os Mistérios do Sangue e os Mistérios Obscuros. Cada um deles contém em si outros aspectos relativos dos mitos associados nos quais residem. Os Mistérios das Tríades Femininas são compostos dos seguintes aspectos: Preservação, Formação e Transformação. Estes se relacionam aos mistérios mundanos, segundo os quais as mulheres tradicionalmente exercem domínio sobre o lar, a mesa e a cama. Em tempos longínquos, os símbolos do poder de uma mulher estavam ligados a essas facetas da vida humana. A vassoura, o caldeirão, a lareira e o travesseiro eram símbolos de seu reinado doméstico. Em tempos antigos, as mulheres eram honradas por seu dom de alimentar a família - o lar era um local de estabilidade e tranqüilidade. As mulheres controlavam, direta ou indiretamente, todas as facetas da vida familiar e exerciam papel vital na comunidade. Os Mistérios do Sangue (Consagração do Ventre) associam-se aos ensinamentos e ritos ligados à menstruação, ao renascimento dentro do mesmo clã e à magia sexual. Todos são conceitos extremamente antigos, que se originaram ao menos na Era Neolítica. Os Mistérios do Sangue são em sua maior parte exclusivos às mulheres e serviam para elevá-las na antiga estrutura dos clãs. O poder inerente a esses mistérios levava os homens a uma posição de anuência dentro dos primitivos cultos matrifocais. Dessa Tradição Misteriosa surgiu o clero matriarcal da Wicca. Os Mistérios Obscuros envolvem elementos de natureza oculta. Sob essa categoria temos coisas como magia lunar, culto de Diana, de Hécate e de Perséfone, morte e renascimento, magia dos sonhos e, geralmente, elementos do "Outro Mundo". Esse é um dos mais perigosos, e talvez mais poderosos, aspectos dos mistérios. Sem dúvida, o poder pessoal resultante do domínio dessa tradição é a base do medo em relação às bruxas durante o período da Inquisição. A Tradição dos Mistérios Femininos surgiu do fato de que as mulheres primitivas viam a si mesmas como um mistério. Havia uma necessidade de compreender coisas como o sangue menstrual, a gravidez e o parto. Esses elementos separavam claramente as mulheres dos homens, cujos corpos não apresentavam tais poderes. Para os humanos primitivos, certamente havia uma forma mágica em ação, e aparentemente ela só atuava sobre as mulheres do clã. Tal mentalidade resultou na elevação do status das mulheres e estabeleceu um sentimento de reverência entre os homens. Originalmente, o clã funcionava como um grupo de indivíduos, uma consciência coletiva. Durante esse período, os Mistérios Femininos consistiam principalmente de ritos da fertilidade que envolviam o clã como um todo. A alteração da consciência pela qual o indivíduo (bem como as relações entre indivíduos) era importante, evoluiu gradualmente, dando origem a vários cultos interiores. Esses cultos eram extensões dos mistérios regidos pelas mulheres. Dessa nova estrutura, surgiram regras acerca das relações sexuais e da menstruação. As mulheres foram as primeiras a perceber a ligação entre o ato sexual e a concepção. As iniciadas aprendiam como evitar a concepção juntamente com os segredos da magia do amor. Com o passar do tempo, os indivíduos passaram a se destacar por suas habilidades especiais ou qualidades exclusivas. A mudança fica bem evidente no culto do caçador-guerreiro dos Mistérios Masculinos, em que o mais valente e o mais forte possuía papel especial. Entre as mulheres, isso se desenvolveu mais na forma de práticas xamânicas. Certos indivíduos apresentavam uma singular afinidade com o mundo natural das plantas e dos animais, e possuíam alto grau de habilidades mágicas e psíquicas. Esses indivíduos, então, se transformaram em facilitadores dos ritos tribais, alguns secretos, outros públicos.
OS MISTÉRIOS DAS TRÍADES A transformação de tribos de coletores-caçadores em comunidades agrícolas, foi um processo instituído pelas mulheres. Elas cuidavam do fogo e preparavam as refeições; eram o centro da própria vida. Eram, também, fundamentais à construção e manutenção de abrigos; eram tecelãs, atando e unindo, criando
tramas para os telhados e outras partes essenciais da casa. Também criavam vasos para armazenar alimentos e transportar água. Durante períodos nos quais os alimentos eram menos abundantes, as mulheres controlavam a utilização das provisões ao ocultar o alimento em silos de armazenamento subterrâneo. Os homens, geralmente envolvidos em caçadas, defesa contra inimigos da tribo ou executando trabalhos braçais, não tinham ciência das atividades das mulheres. Foi dessa prática de ocultar os alimentos que as mulheres aprenderam sobre os ciclos da vida vegetal. Tubérculos e diversos grãos enterrados no solo começaram a brotar ou se enraizar, possibilitando às mulheres a primeira observação do cultivo. Habilidade em transformar barro em cerâmica e sementes em plantas foi a base para os Mistérios da Transformação. Deles evoluiu o conhecimento do preparo de poções herbais ou bebidas intoxicantes. Tais descobertas e associações estimularam a mente das mulheres e elas desenvolveram uma consciência diferente da dos homens. As mulheres passaram a pensar em níveis mais expansivos, rompendo com as barreiras do pensamento primitivo. Os homens estavam mais concentrados nas ligações imediatas; o rastro recente de um animal significando que estava por perto, a distância a que uma lança podia ser atirada, e assim por diante. Isso estimulou diferentes modos de consciência para os homens, e eles evoluíram por um caminho mental diferente do das mulheres. Cada uma dessas mentalidades era necessária para o bem-estar do clã; sem esse equilíbrio, muito provavelmente não estaríamos aqui hoje. O fato de que as mulheres eram, geralmente, responsáveis pelas crianças do clã, significava que elas permaneciam próximas à aldeia. A aldeia era relativamente mais segura do que a vastidão onde o perigo dos animais selvagens e dos intrusos nômades constituía uma ameaça real. Fora desse cenário, as mulheres naturalmente iniciaram a formação de sistemas sociais. Nos Mistérios da Formação, a estrutura social era matrilinear. Somente após o homem tomar ciência de seu papel na procriação, foi que esse sistema começou a se alterar. Entretanto, em algumas partes do mundo atual – como na áfrica e na América do Sul, as sociedades matrilenares ainda existem. As mulheres estabeleceram certos fatores sociais para controlar os naturalmente fortes desejos sexuais dos homens. No livro Blood Relations – Menstruation and the Origins of Culture (Yale Univ. Press, 1991), de Chris Knight, encontramos muitos exemplos interessantes de tais estruturas sociais. Knight teoriza que as mulheres entravam em greves sexuais para forçar os homens a sair em caçada. Retornar com carne fresca, significava o fim da greve - uma troca de sexo por alimento. Para que os homens não se preocupassem com a possibilidade de os jovens desfrutarem de privilégios sexuais durante sua ausência, as mulheres criaram tabus quanto ao coito entre irmãos e irmãs, mães e filhos. As mulheres também desenvolveram um relacionamento entre irmãos e irmãs, para que os interesses sexuais de outros machos que permanecessem na aldeia fosse inibido pelos irmãos das mulheres. Do mesmo modo como controlavam o fogo que cozinhava seus alimentos e transformava o barro, as mulheres também controlavam o fogo da natureza sexual do homem. Assim, encontramos no antigo papel das mulheres, os mistérios da preservação, formação e transformação. Desse essencial papel, surgiram as tradições internas associadas a suas necessidades privadas e pessoais. O sistema de tabu foi originalmente criado pelas mulheres para se abster das exigências/necessidades da comunidade e, então, concentrar-se nos mistérios que as afligiam: menstruação, gravidez e parto.
OS MISTÉRIOS DO SANGUE No livro Sacre Pleasure – Sex, Myth and Polítics of the Body (HarperCollins, 1995), Riane Eisler nos relata que os pigmeus BaMbuti, da floresta do Congo, referem-se à menstruação como "ser abençoada pela Lua". Não há, naquela cultura, nada de aparentemente negativo associado ao período da menstruação. O primeiro sangue menstrual é comemorado com uma festa chamada "elima", que envolve toda a aldeia. Após sua primeira menstruação, ser novamente abençoada pela lua no futuro é simplesmente visto como parte natural da vida da mulher, e não há nenhuma celebração posterior associada a isso. Não existem tabus ligados ao período menstrual e isso, talvez, represente bem a antiga mentalidade não-judaico-cristã. O fluxo de sangue e seu cessar estão ambos intimamente ligados aos Mistérios Femininos. Menstruação, gravidez, parto e menopausa são aspectos do ciclo vital de todas as mulheres. O sangue, ou sua ausência, assinala naturalmente os estágios de transformação de uma mulher, desde a ruptura do hímen ao sangue do parto, ao fim dos sangramentos na menopausa. Em tempos remotos, o modo como uma mulher usava sua guirlanda era um sinal externo de qual estágio de sua vida ela já havia alcançado. Em Blood Relations – Menstruation and the Origins of Culture, Knight nos conta que os primitivos humanos que habitavam as florestas, dormiam na copa das árvores sob o céu noturno. Os ciclos de luz
da lua apropriadamente influenciavam os ciclos menstruais. A pesquisa de Knight indica que, na maioria das mulheres, o ciclo menstrual começa durante a lua nova e ela ovula por volta da lua cheia. Luisa Francia, em seu libro Dragon Time – Magic and Mystery of Menstruation (Ash Tree, 1991), também afirma que as mulheres que vivem e dormem ao ar livre (longe das luzes artificiais) estão sintonizadas a esse ciclo. Knight apresenta algumas interessantes descobertas da biologia feminina. Um estudo sobre a duração de 270.000 ciclos de mulheres, representando todas as idades da vida reprodutiva, revelou o seguinte: a mais alta percentagem simples das mulheres do estudo, menstruaram durante a lua nova. A segunda percentagem mais alta, menstruou durante a lua crescente e apenas 11,5% menstruou durante a lua cheia. Essa pesquisa também indica que a maioria das mulheres mostraram um ciclo menstrual de 29,5 dias. Esse ciclo apresentou-se também como o mais fértil. O estudo ainda trouxe à descoberta de que mulheres heterossexuais que praticavam sexo com regularidade semanal, possuíam ciclo mais intimamente ligado ao ciclo da lua do que mulheres cuja vida sexual era de natureza esporádica ou celibatária. O estudo também indicou que os feromônios masculinos podem estar envolvidos no alinhamento do ciclo menstrual ao chamado ciclo "normal" que se inicia com a lua nova. Nos Mistérios Femininos, vemos que o sangue menstrual era mais do que o indicador do ciclo de fertilidade de uma mulher. A vagina era vista como um portal mágico através do qual a vida surgia de uma misteriosa fonte interna. Na religião matrifocal, era um portal tanto para a regeneração física como para a transformação espiritual. As mulheres estão mais sintonizadas à sua natureza psíquica durante a menstruação. Uma vez que o fluxo de sangue menstrual tende a absorver energia, as mulheres estão mais aptas a curar os outros durante esse período. Assim, mulheres em menstruação podem absorver a energia dos outros e aterrá-la através de seu próprio sangramnto físico. Uma vez que o sangue é lançado à terra, a energia é neutralizada e a cura pode ter início na pessoa adoentada. O sangue menstrual era, também, utilizado para fertilizar as sementes para o plantio, passando a essência da vida a elas. Campos eram, por vezes, borrifados com uma mistura de água e sangue menstrual para estimular o crescimento. As sementes e plantas absorviam um pouco da energia antes que o solo neutralizasse a carga. Xamãs femininos também transferiam cargas mágicas aos campos cultivados através do sangue menstrual, criados para influenciar a mente grupal da comunidade que se alimentaria da colheita. Durante a Idade Média, as bruxas eram constantemente acusadas de enfeitiçar as plantações... Outra função do sangue menstrual, era a de ungir os mortos. Acreditava-se que isso asseguraria seu renascimento, graças às propriedades vitalizantes do sangue que jorrava do próprio portal da vida. Durante o Neolítico e o início da Idade do Bronze, na Antiga Europa, a região do Egeu testemunhou a criação de tumbas redondas com pequenas aberturas voltadas para o leste, na direção do sol nascente. Essas tumbas representavam o ventre da Deusa, e a abertura era a sua vagina. Vasos sagrados eram utilizados para coletar o sangue menstrual para ungir os mortos. Eram vasos da fertilidade, luz e transformação. Os mortos eram ungidos com sangue menstrual e posicionados no interior das tumbas. A luz do sol nascente simbolizava a renovação e a regeneração, enquanto penetrava na abertura da tumba (o falo solar penetrando a vagina telúrica). Posteriormente, essas tumbas terrenas evoluíram na forma de montes, remanescentes do Culto ao Mortos. Em Sacred Pleasure, Riane Eisler relata como os ritos e cerimônias funerários pré-históricos incluíam atos sexuais. Tais atos visavam conectar a tumba à energia da procriação. Símbolos espirais eram constantemente gravados em tumbas neolíticas como sinais da regeneração. Também simbolizavam a transformação xamânica da consciência que empregava cogumelos alucinógenos. Os cogumelos têm fama de afrodisíacos e sua semelhança com a genitália masculina ficava certamente evidente aos primitivos europeus. A rapidez com que os cogumelos crescem e desaparecem também contribuiu para sua associação com o falo. Assim, podemos facilmente associar as danças extáticas com os ritos funerários da magia do sangue. Nos Ensinamentos Misteriosos, a magia do sangue está ligada às fases da lua. A lua cheia inicia a ovulação e simboliza os poderes de transformação da energia lunar (e, por conseqüência, da energia feminina). Por seu aspecto fértil no ciclo de uma mulher, a lua cheia é o período da mãe. Durante essa fase, é melhor formular e visualizar o que quer que seja desejável na vida de um indivíduo. As imagens mágicas lançam raízes durante essa fase, e o sangue é carregado com quaisquer formas de pensamentos que direcionamos a ele. A lua minguante põe em movimento o que foi concebido durante a lua cheia, para que se manifeste. É um período para estabelecer as conexões com o mundo físico, que irão auxiliar o fluxo de energia relacionada rumo aos desejos do indivíduo. A lua nova libera o sangue carregado do caldeirão mágico do ventre. A energia mágica é, então, usada e é tempo para reflexão e introspecção. A lua crescente é um período de potencialização, de leitura e estudos, preparando o solo fértil do ventre para a semente mágica que será plantada na lua cheia.
OS MISTÉRIOS OBSCUROS Os Mistérios Obscuros tratam da natureza oculta das coisas e da essência secreta, tanto das coisa físicas como das espirituais. O mito dos Mistérios Obscuros se reflete em mitos como os de Deméter e Perséfone.
Nesse antigo mito, encontramos o tema da Deusa que se encontra com o Senhor do Submundo, a princípio resistindo e, em seguida, submetendo-se a seu amor. Nele, Perséfone representa a semente que desce às trevas subterrâneas onde sua energia fértil é despertada. O Submundo representa a misteriosa força que impele o broto para cima, rumo à renovação. Deméter representa a energia que alimenta o crescimento da nova planta. Esse mito greco-romano, é típico dos mitos de descidas surgidos pela primeira vez na Mesopotâmia, e que migraram através do Egeu/Mediterrâneo, sendo, por fim, abraçados pelos celtas. Os Mistérios Obscuros estão relacionados a diversas criaturas comumente associadas às bruxas e magia de modo geral. O corvo era associado à morte e ao submundo por sua ligação com o Culto dos Mortos. Acreditava-se que a alma das bruxas escocesas partiam na forma de um corvo durante o transe. O porco era um animal sacrificado a Deméter e, também, surge em mitos ligados à bruxa grega Circe. Em tempos remotos, acreditava-se que o sangue de porco era o mais puro entre todos os animais e tinha o poder de purificar a alma, eliminando o ódio e o mal. Era associado ao Culto aos Mortos e muitos locais de sepultamento incluíam porcos ofertados às deidades do submundo. Outra criatura associada aos Mistérios Obscuros é a rã. As secreções de certas rãs contêm bufotenima, poderoso psicotrópico alucinógeno. Suas secreções eram utilizadas no preparo de certas poções empregadas na indução a estados de transe. Certos cogumelos, como claviceps purpúrea e amanita muscaria, também eram empregados com as secreções da rã. É interessante notar que o claviceps purpúrea se forma nos grãos de centeio e sobrevive na farinha, onde é chamado de cravagem. Aqui encontramos um elo com a utilização de pão e vinho no Sabba. Por mais desagradável que possa parecer às sensibilidades modernas, os antigos descobriram que as propriedades alucinógenas dos cogumelos ficavam altamente concentradas na urina de quem quer que os consumisse. Por estranho que pareça, esse foi o início dos Ensinamentos Misteriosos de destilação e da fermentação. Através da experimentação xamânica, outros fluídos corporais foram explorados na busca de propriedades ocultas, incluindo o sêmen, as secreções vaginais e o sangue menstrual. O emprego de fluidos corporais com finalidades mágicas é um dos aspectos da Bruxaria que forma distorcidos pelos princípios judaico-cristãos, transformando em obscenidades pervertidas. A ligação dos fluidos a propriedades mágicas também se estendeu ao sumo de plantas, frutas e legumes. Acreditava-se que a Lua exercia influência sobre o crescimento das plantas e, também, sobre sua natureza espiritual ou mágica. Os efeitos de venenos, remédios e intoxicantes eram, a princípio, atribuídos aos poderes mágicos do espírito que habitava o interior da planta. O processo de transformação de fruta em suco, pela fermentação, foi praticado por xamãs femininas sob os auspícios da Lua. Disso surgiram as imagens de bruxas mexendo poções mágicas sem seus caldeirões. Nos Mistérios Obscuros, a Deusa pode surgir como Aquela que Traz a Vida e a Morte, a Criadora e a Destruidora. Ela cria tempestades, chuva e orvalho, os quais podem ser tanto benéficos quanto destrutivos, especialmente para comunidades agrícolas. Do mesmo modo que a Deusa envia a água, ela também envia o fluxo do sangue menstrual. A Lua rege as marés da Terra, bem como a das mulheres. Líquidos sempre foram símbolo da presença mística da Deusa. Seus santuários eram geralmente estabelecidos em grutas onde a água jorrava dentre as pedras. Cerimônias envolvendo a coleta e o derramamento de água são comuns em seus ritos, onde jarros com bicos fálicos eram utilizados em seu serviço. Esther Harding (em The Women’s Mysteries, Harper Colophon Books, 1976) relata as antigas cerimônias de chamar chuva dos cultos matrifocais (que os homens eram proibidos de observar). As mulheres se reuniam nuas num curso de água e derramavam água nos corpos umas das outras. Geralmente isso envolvia a concentração numa sacerdotisa que representava a Deusa da Lua. A ligação essencial dos Mistérios da Deusa com as mulheres, ocorre sempre através dos fluídos, seja simbólica ou fisicamente. A mente subconsciente está associada ao elemento água, assim como as emoções em geral, e estas, por sua vez, estão associadas à natureza feminina. Onde os Mistérios Femininos não refletem a psique de algum modo, eles podem ser encontrados em associações com os fluídos corporais das mulheres. Um dos aspectos da Antiga Religião era o de objetos serem abençoados através do contato ou da inserção na vagina de uma mulher nua deitada sobre o altar.
LILITH A Donzela Negra
"Ninguém te conhece. Ninguém. Mas eu te canto no seu perfume e na sua graça para a posteridade. E me encanto com a forma como persegues a morte e sua
coragem jubilosa..." (Garcia Lorca)
"No alto do ramo mais alto, uma tão rosa maçã. Mulher. Esqueceram-na os apanhadores de frutas? Não. Mãos não tiveram para a colher..." (Safo)
Não é preciso consenso, nem arte, nem beleza ou idade: a vida é sempre dentro e agora. (Lya Luft)
LILITH A Donzela Negra Por Priscila Manhães Lilith, é uma variação hebraica (e não judaica) da deusa sumeriana Lil - que significa "tempestade" -, muitas vezes reconhecida como a outra face de Inanna. Seu nome também parece estar relacionado à "coruja", provavelmente pelos seus hábitos: uma sinistra ave de rapina que se precipita, silenciosa, na escuridão, e que, não obstante, também simboliza a sabedoria. Por outro lado, o mito hebreu fala de como Lilith foi moldada de terra e esterco, provavelmente querendo refletir o potencial da terra adubada - o que a relaciona, também, com a SEXUALIDADE e FERTILIDADE. A história que podemos lembrar de Lilith começa com Innana, a neta da deusa Ninlil, conhecida como "Rainha dos Céus". A história de Innana e Enki nos fala dos costumes sexuais sagrados, que são a dádiva de Innana para a humanidade. Em seus templos se praticava a prostituição sagrada e suas sacerdotisas eram conhecidas como Nu-gig. Os homens da comunidade buscavam a Deusa nessas sacerdotisas e o ato sexual era sagrado, proporcionando a CURA FÍSICA E ESPIRITUAL. Nessa época,o nome de Lilith era o da Donzela, "mão de Innana", que pegava os homens nas ruas e os trazia ao templo de Erech para os ritos sagrados. Entre 3000 e 2500 a.c., os sumerianos passaram a ter contatos com culturas patriarcais. Estas, para poderem dominar aquele povo, sabiam que deveriam atacar seu maior centro de poder: o templo do sexo sagrado. Para que a conquista dos sumérios pudesse ter lugar, as culturas patriarcais interessadas começaram a disseminar as idéias de repressão sexual, combatendo como malignas as práticas sexuais milenares dedicadas à Deusa. As práticas sexuais se tornaram então parte da sombra, o poder da mulher foi identificado com o mal e o demoníaco... Daí, através dos séculos, a Donzela Lilith, que buscava os homens para o Templo de Innana, se tornou no patriarcado o símbolo do mal supremo. Ela encarna de todas as formas e por milênios o medo atávico do homem do poder sexual da mulher. Mais ou menos em 2400 a.c. Lilith, o Espírito do Ar, foi distorcida como a primeira mulher de Adão, como encontramos em muitos mitos, como um demônio, que foi expulsa do Jardim do Éden. Lillith não é, originalmente, da mitologia cristã ou judaica (e muito menos bíblica - e por isso nem é mencionada nela). Os hebreus não eram monoteístas como os judeus. Até pelo contrário: eram politeístas. E pautavam sua vida pessoal e comunitária pelos ciclos sazonais - o que os torna também pagãos. Só após a invasão e destruição de Israel pelas forças babilônicas, no século VI a.C., é que começa a surgir o Judaísmo, mais ou menos como hoje o conhecemos - monoteístas e patriarcais.
Os primeiros capítulos da Bíblia (Gênesis 1 a 3) não são os escritos mais antigos desse livro. Sua articulação final data mais ou menos do fim do Exílio na Babilônia e, portanto, traz uma profunda rejeição a tudo que fosse ligado ao "inimigo". A Árvore da Vida, a Serpente e até a própria figura da Mulher são tratadas com menosprezo exatamente para estabelecer uma distinção. No entanto, é interessante lembrar que o significado do nome "Eva" é "MÃE DE TODOS", e Adão significa "FILHO DA TERRA" - e isso já é suficiente para estabelecer sua antigüidade em relação à própria Bíblia. Certamente trata-se de um mito passado de geração em geração, via oral (como de hábito naqueles povos), que falava de uma GRANDE MÃE e de seu Filho. Os autores bíblicos inverteram a situação, transformando Adão praticamente num "Grande Pai" e Eva em sua "filha", posto que ela surge a partir dele - evidentemente, para tornar legítima a postura patriarcal que estavam adotando. Da mesma forma, a Árvore e a Serpente - que sempre foram símbolos da Grande Deusa no Oriente - torna-se, na Bíblia, representações do Mal - e é ai que o mito de Lilith pode ser melhor compreendido. Obviamente, uma transição desse porte não aconteceu sem brigas, discussões e resistência por parte das mulheres. Submetê-las ao patriarcado deve ter sido um trabalho difícil e que demorou várias gerações. As mais resistentes muito provavelmente viram no mito de Lilith toda a sua força ideológica o que também deve ter causado a reação contrária de transformá-la em um Demônio e mãe de todos os demônios. Lilith transparece, no mito hebreu, como a mulher livre, sensual, sexual e até certo ponto selvagem. Aquela que não se submete a nenhum homem, mas SEGUE SEUS INSTINTOS E DESEJOS. Por isso ela é representada sobre leões - símbolo da força masculina. No fundo, é a mulher que todo homem deseja mas que também teme, e por isso mesmo, parece um "demônio tentador". Lilith, na tradição matriarcal, é uma imagem de TUDO O QUE HÁ DE MELHOR NA SEXUALIDADE FEMININA - A NATUREZA DA MULHER, O PODER DO SANGUE MENSTRUAL, que é o poder da Lua Escura. O período normalmente dedicado a Lilith, naquela época, era exatamente o período menstrual. O momento em que as mulheres poderiam ter relações sexuais livres da possibilidade de gravidez e, por isso, tais relações estariam exclusivamente ligadas ao prazer (e não à procriação, como era a perspectiva patriarcal). Assim, muitas vezes, se referiu a essa Deusa como o "Espírito Menstrual". A reação judaica foi muito rápida e fulminante: transformou em pecado e tabu o sexo no período menstrual - uma artimanha para solapar o culto a Lilith. A segunda foi criar "regras" para a relação sexual - particularmente, regras que garantiam o prazer masculino, mas negava e proibia o prazer feminino. Nesse quadro, Lilith figurava para as mulheres como a experiência sexual capaz de integrar mente e corpo (pois estava livre da gravidez), abrindo um caminho para os tesouros misteriosos do submundo feminino. É encarada como a mulher positiva e rebelde, a que não aceita os padrões patriarcais que marcam a menstruação com dores e vergonha. Conhecer a figura de Lilith é lembrar de um tempo no passado antigo da humanidade em que as mulheres eram honradas pela INICIAÇÃO SEXUAL, onde expressavam sua LIBERDADE E PAIXÃO NATURAL. Hoje, depois desses séculos todos de um patriarcalismo opressor, Lilith volta como uma DEUSA NEGRA, ou seja, a energia feminina trancafiada nos calabouços da psiquê de toda a humanidade: para os homens, ela é um desafio; para as mulheres, um arquétipo. O que significa reivindicar os poderes de Lilith para a mulher de hoje? Na literatura mítica antiga havia 3 Liliths - que refletiam as fases de lua crescente, cheia e escura:
A Lilith crescente era Naamah, a Donzela Sedutora Donzela é a mulher indômita, selvagem, livre, vibrante de energia, imprevisível como o vento. Sua resposta à vida é espontânea, vívida. Totalmente objetiva. Por mais bela que possa ser, não anseia por estabelecer relacionamento, mas para avaliar, experimentar e descobrir suas próprias formas de ordem. A mulher mais velha pode ter sido limitada ou reprimida na juventude, e pode reivindicar a Donzela, conscientemente, para libertar seu espírito e encontrar a sua direção. Muitas crises de meia-idade são forjadas por uma Donzela enclausurada e confinada, precipitada muito cedo num casamento convencional, sem oportunidade de explorar alternativas na sexualidade ou na carreira.
Mulheres em motocicletas, em laboratórios, estudando as florestas e matas, dançando num palco, discursando na plataforma política - elas são a Donzela.
A Lilith Mãe era Nutridora Na primavera ela abre seu corpo-terra para gerar crescimento novo e brilhante. No verão, ela envolve com braços protetores a terra ardente. Na época da colheita ela espalha amplamente sua generosidade, e, à medida que o frio aumenta, ela aconchega os animais em suas tocas no inverno, puxando as sementes para o profundo interior do seu útero até que volte a época do reverdecimento. A Donzela pode inspirar nossos atos criativos, mas a Mãe está presente quando os produzimos.
E havia a Lilith Anciã, a Destruidora Embora a Donzela seja procurada e a Mãe respeitada, a Anciã recebe pouca atenção. Mas é na Anciã que o poder feminino realmente se torna COMPLETO. A Anciã é SÁBIA, observadora, tecelã, conselheira. Conhece os caminhos entre os mundos. Isso pode fazer dela uma personagem desconfortável, mas é um repositório de sabedoria feminina, do conhecimento acumulado da mulher que não menstrua mais, porém MANTÉM DENTRO DE SI O DEPÓSITO DO SEU PODER. Na primeira, devemos confrontar as maneiras pelas quais nós somos reprimidos, buscando recuperar nossa dignidade. Na segunda, devemos integrar o desespero que vem de nossa rejeição, angústia, medo, desolação; e na terceira descobrimos o poder da transmutação e da cura dela decorrente, uma vez que ela corta nossas falsas retenções, desilusões e nos ajuda a encontrar nossa essência livre e selvagem.