Escola de Fankfurt
Uma Introdução Paulo Eduardo Arantes Num dia qualquer de 1940, no lado espanhol da fronteira entre a França e a Espanh Espanha, a, um funio funion! n!rio rio da alf"nd alf"nde#a e#a,, umpr umprind indo o ordens ordens super superior iores, es, impediu a entrada de um #rupo de inteletuais alemães que fu#ia da $estapo, a tem%& tem%&el el orp orpor oraç ação ão na'i na'ist sta( a( Um dos dos inte inte#r #ran ante tess do #rup #rupo, o, home homem m de quarenta e oito anos de idade, que estampa&a no rosto sinais de profunda melanolia, mas ao mesmo tempo transmitia a impressão de um inteleto pri&ile#iado, não resistiu ) tensão psiol*#ia e suiidou+se( fato poderia ser &isto apenas ) lu' da psiolo#ia indi&idual, mas na &erdade transende esses limites e adquire dimensão soial e ultural mais ampla( ampla( intele inteletu tual al em quest questão ão era -alte -alterr .en/am .en/amin, in, um dos prini prinipai paiss representantes da hamada Esola de Franfurt( As idias dessa orrente de pensamento enontram+se, em #rande parte, nas p!#inas da 2e&ista de Pesquisa 3oial, um dos doumentos mais importantes para a ompreensão do esp%rito europeu do sulo ( 3eus ola5oradores esti&eram sempre na primeira linha da refle6ão r%tia so5re os prinipais aspetos da eonomia, da soiedade e da ultura de seu tempo7 em al#uns asos he#aram mesmo a partiipar da milit"nia pol%tia( Por tudo isso, foram foram al&o al&o de perse perse#ui #uição ção dos meios meios onser onser&a &ador dores, es, respon respons!& s!&eis eis pela pela asensão e apo#eu dos re#imes totalit!rios europeus da poa( Fundado em 1984, o Instituto de Pesquisas 3oiais de Franfurt, do qual a re&ista era porta+&o', foi o5ri#ado, om a asensão ao poder na Alemanha Alemanha do naional+soialismo, em 19, a transferir+se para $ene5ra, depois para Paris, e, finalmente, para No&a :or( Nesta idade a re&ista passou a ser pu5liada om o t%tulo de Estudos de Filosofia e ;i0(
Alfred 3hmidt, que se dediou ) in&esti#ação da import"nia e da influ
mar6ismoB ser&ia+lhe para desrição de um sistema eonmio, de uma determinada osmo&isão e de um mtodo de pesquisa 5em definido( Essa postura iniial de $rDn5er# J &inulada a uma esolaB de pensamento, mas ao mesmo tempo entendendo+a em sua dimensão r%tia e omo perspeti&a a5erta J onstitui, de modo #eral, a tnia do pensamento dos elementos do #rupo de Franfurt( Entre os ola5oradores da 2e&ista, ontam+se fi#uras muito onheidas de um p?5lio mais amplo, omo er5ert =aruse G1K9K+199H, autor de Eros e ;i&ili'ação e omem Unidimensional Gou Ideolo#ia da 3oiedade IndustrialH, e Erih Fromm G1900+19K0H, que se dediou a estudos de psiolo#ia soial, nos quais proura &inular a psian!lise riada por Freud G1K>C+199H )s idias mar6istas( utros são menos onheidos, omo 3ie#fried Lraauer, autor de um l!ssio estudo so5re o inema alemão GMe ;ali#ari a itlerH, ou eo Oenthal, que se dediou a refle6@es esttias e de soiolo#ia da arte( Ao #rupo da 2e&ista perteneram tam5m -ittfo#el, F( Pollo e $rossmann, autores de importantes estudos de eonomia pol%tia(
s homens e suas o5ras Entre todos os elementos &inulados ao #rupo de Franfurt, salientam+ se, por ra'@es di&ersas, os nomes de -alter .en/amin, Qheodor -iesen#rund+ Adorno e =a6 orheimer, aos quais se pode li#ar o pensamento de RDr#en a5ermas( Esses autores formaram um #rupo mais oeso e em suas o5ras enontra+se um pensamento dotado de maior unidade te*ria( s traços 5io#r!fios e o perfil humano de -alter .en/amin são os mais onheidos entre esses quatro pensadores de Franfurt7 sua morte, quando era ainda relati&amente moço G4K anosH e em irunst"nias tr!#ias, dei6ou mara indel&el entre os ami#os, fa'endo om que sur#issem muitos depoimentos so5re sua &ida e so5re sua personalidade( Para Adorno, -alter .en/amin era a personalidade mais eni#m!tia do #rupo, seus interesses eram freqDentemente ontradit*rios e sua onduta osila&a entre a intransi#
polide' oriental( Essa maneira de ser aparenta&a mais o temperamento &i5rante de um artista do que a tranqDilidade e a frie'a raional, normalmente esperadas de um fil*sofo( 3eu pensamento pareia naser de um impulso de nature'a art%stia, que, transformado em teoria omo di' ainda Adorno li5erta+ se da apar, quase um ano ap*s o omeço da Primeira $uerra =undial, e relata que nessa poa fiou impressionado om a profunda sensação de melanolia de que o ami#o pareia estar permanentemente possu%do( -alter .en/amin naseu em .erlim, em 1K98, de asend, foi o5ri#ado a
refu#iar+se em Paris, onde os diri#entes emi#rados do Instituto de Pesquisas 3oiais de Franfurt ree5eram+no omo um dos seus ola5oradores e deram+ lhe ondiç@es para esre&er al#uns de seus mais importantes tra5alhosS A 5ra de Arte na Wpoa de suas Qnias de 2eprodução, Al#uns Qemas .audelairianos, Narrador, omens Alemães( Finalmente &eio a faleer na fronteira entre Espanha e França, em irunst"nias dram!tias( Qheodor -iesen#rund+Adorno naseu em 190, em Franfurt, idade onde fe' seus primeiros estudos e em u/a uni&ersidade se #raduou em filosofia( Em iena, estudou omposição musial om AI5an .er# G1KK>+19>H, um dos maiores e6poentes da re&olução musial do sulo ( Em 198, esre&eu o ensaio A 3ituação 3oial da =?sia, tema de in?meros outros estudosS 3o5re o Ra'' G19CH, 3o5re o ;ar!ter Fetihista da =?sia e a 2e#ressão da Audição G19KH, Fra#mentos 3o5re -a#ner G199H e 3o5re =?sia Popular G1940+1941H( Em 19, om a tomada do poder pelos na'istas, Adorno foi o5ri#ado a refu#iar+se na In#laterra, onde passou a leionar na Uni&ersidade 6ford, ali permaneendo at 19( Nesse ano, transferiu+se para os Estados Unidos, onde esre&eria, em ola5oração om orheimer, a o5ra Mialtia do Iluminismo G194H( Foi tam5m nos Estados Unidos que Adorno reali'ou, em ola5oração om outros pesquisadores, um estudo onsiderado posteriormente omo um modelo de soiolo#ia emp%riaS A Personalidade Autorit!ria( Esta o5ra foi pu5liada em 19>0, ano em que Adorno pde re#ressar ) terra natal e reor#ani'ar o Instituto de Pesquisas 3oiais de Franfurt( Entre outras o5ras pu5liada fiadas por Adorno, antes de sua m orte, oorrida em 19C9, salientam+se ainda Para a =etar%tia da Qeoria do ;onheimento + Estudos 3o5re usserl e as Antinomias Fenomenol*#ias G19>CH, Misson"nias G19>CH, Ensaios de iteratura I, II e III G19>K a 19C>H, Mialtia Ne#ati&a G19CCH, Qeoria Esttia G19CKH e Qr e faleeu em Nurem5er#, a 9 de /ulho de 19( Em 190, tornou+se professor em Franfurt, onde permaneeu at 194, quando
te&e de se refu#iar, omo os demais ompanheiros( Nesse ano transferiu+se7 para os Estados Unidos, passando a leionar na Uni&ersidade de ;ol?m5ia( Nos Estados Unidos, orheimer permaneeu at 1949, ano em que pde re#ressar a Franfurt e reor#ani'ar o Instituto de Pesquisas 3oiais, om Adorno( A maior parte dos esritos de orheimer enontra+se nas p!#inas da 2e&ista de Pesquisa 3oial( Entre os mais importantes ontam+seS In%ios da Filosofia .ur#uesa da ist*ria G190H, Um No&o ;oneito de Ideolo#ia G190H, =aterialismo e =etaf%sia G190H, =aterialismo e =oral G19H, 3o5re a PolH, Xltimo Ataque ) =etaf%sia G19 H e Qeoria Qradiional e Qeoria ;r%tia G19H( RDr#en a5ermas onsiderado um herdeiro direto da esola de Franfurt( Nasido em 1989, em $ummers5ah, a5ermas lieniou+se em 19>4, om um tra5alho so5re 3hellin# G1>+1K>4H, intitulado A5soluto e a ist*ria( Me 19>C a 19>9, ola5orou estreitamente om Adorno no Instituto de Pesquisa 3oial de Franfurt( Em 19CK, transferiu+se para No&a :or, passando a leionar na Ne :orer Ne 3hool for 3oial 2esearh( Entre suas o5ras prinipais, ontam+se Entre a Filosofia e a ;i
;inema e re&olução s m?ltiplos interesses dos pensadores de Franfurt e o fato de não onstitu%rem uma esola no sentido tradiional do termo, mas uma postura de an!lise r%tia e uma perspeti&a a5erta para todos os pro5lemas da ultura do sulo , torna dif%il a sistemati'ação de seu pensamento( Pode+se, no
entanto, salientar al#uns de seus temas, he#ando+se a ompor um quadro de suas prinipais idias( Me -alter .en/amin, de&em+se destaar refle6@es so5re as tnias de reprodução da o5ra de arte, partiularmente do inema, e as onseqD
onsientemente por outro onde sua ação inonsiente, possi5ilita a e6peri
A ind?stria ultural Para Adorno, a postura otimista de .en/amin no que di' respeito ) função possi&elmente re&oluion!ria do inema desonsidera ertos elementos fundamentais, que des&iam sua ar#umentação para onlus@es in#
fa&oreem tal poder são arquitetadas pelo poder dos eonomiamente mais fortes so5re a pr*pria soiedade( Em deorr
m!#io, o homem tornou+se &%tima de no&o en#odoS o pro#resso da dominação tnia( Esse pro#resso transformou+se em poderoso instrumento utili'ado pela ind?stria ultural para onter o desen&ol&imento da onsi
masoquista( Assim, prometer e não umprir, ou se/a, ofereer e pri&ar, são um ?nio e mesmo ato da ind?stria ultural( A situação er*tia, onlui Adorno, une ) alusão e ) e6itação, a ad&ert
A o5ra de arte e a pr!6is Em Qeoria Esttia J nas pala&ras do omentador Lothe J Adorno osila entre ne#ar a possi5ilidade de produ'ir arte depois de Aushit' e 5usar nela ref?#io ante um mundo que o hoa&a, mas que ele não podia dei6ar de olhar e denominarB( Essa postura foi e6tremamente ritiada pelos mo&imentos de ontestação radial, que o ausa&am de 5usar ref?#io na pura teoria ou na riação art%stia, esqui&ando+se assim da pr!6is pol%tia( A seus detratores, Adorno responde que, em5ora plaus%&el para muitos, o ar#umento de que ontra a totalidade 5!r5ara não surtem efeito senão os meios 5!r5aros, na &erdade não rele&a que, apesar disso, atin#e+se um &alor limite( A &iol
h! inqDenta anos podia pareer le#%tima )queles que nutrissem a esperança a5strata e a ilusão de uma transformação total est!, ap*s a e6peri
;i
esse materialismo se#undo a *ptia dos momentos su5/eti&os e o5/eti&os que de&em entrar na interpretação desses autores( Por teoria tradiional orheimer entende uma erta onepção de i9C+1C>0H( Mesartes J di' orheimer J fundamentou o ideal de i
da
teoria
tradiional,
reali'a+se
des&inulado
dos
demais,
permaneendo alheio ) one6ão #lo5al dos setores da produção( Nase assim a apar
realidade Genquanto one6ão mediati'ada da pr!6is #lo5al de uma poaH do que a teoria r%tia( Esta, dando rele&"nia soial ) i1, om o t%tulo 3o5re o ;oneito de 2a'ão( Nessa onfer
sumariamente, atra&s daquilo que se poderia hamar um dereto filos*fio( Mentro dessas oordenadas, a ra'ão desem5araça+se da refle6ão so5re os fins e torna+se inapa' de di'er que um sistema pol%tio ou eonmio irraional( Por ruel e desp*tio que ele possa ser, ontanto que funione, a ra'ão positi&ista o aeita e não dei6a ao homem outra esolha a não ser a resi#nação( A teoria /usta, ao ontr!rio esre&e orheimer, nase da onsideração dos homens de tempos em tempos, &i&endo so5 ondiç@es determinadas e que onser&am sua pr*pria &ida om a a/uda dos instrumentos de tra5alhoB( Ao onsiderar que a e6ist
Qeniismo e ideolo#ia RDr#en a5ermas desen&ol&e sua teoria no mesmo sentido de orheimer( Para ele, a teoria de&e ser r%tia, en#a/ada nas lutas pol%tias do presente, e onstruir+se em nome do futuro re&oluion!rio para o qual tra5alha7 e6ame te*rio e r%tio da ideolo#ia, mas tam5m r%tia re&oluion!ria do presente( pro/eto filos*fio de a5ermas pode ser sinteti'ado em termos de uma r%tia do positi&ismo e, so5retudo, da ideolo#ia dele resultante, ou se/a, o
teniismo( Para a5ermas, o teniismo a ideolo#ia que onsiste na tentati&a de fa'er funionar na pr!tia, e a qualquer usto, o sa5er ient%fio e a tnia que dele possa resultar( Nesse sentido, pode+se falar de um im5riamento entre i
omo
omple6o
i
Nesse omple6o, o proesso de m?tua &inulação entre i
oloando+se /unto )s i
.i5lio#rafia
3holem, $(S -alter .en/amin, =on Ami, in
Rimne', =(S AdornoS Art, Idolo#ie et Qhrorie de lY Art, Unin $nrale dY Wditions, 10Z1KZ, Pris, 19( A6elos, L(S Ar#uments dY Une 2eherhe, Wditions de =inuit, Paris, 19C9( 3lather, Phil(S ri#ens e si#nifiado da Esola de Franfurt, [ahar Editores, 2io de Raneiro, 19K( Lothe, F( 2(S .en/amin e AdornoS ;onfrontos, Editora Vtia, 3ão Paulo, 19K(
ri#inalmente pu5liado omo .en/amin, orheimer, Adorno e a5ermas J ida e 5ra in s Pensadores J .en/amin, orheimer, Adorno e a5ermas, A5ril ;ultural, 3ão Paulo, 19K0(