Capítulo 1 - A entrevista Entrevista Entrevista - encontro formal, previamente combinado, em que o estatuto e o papel dos intervenientes é do conhecimento conhecimento de ambos (ou + participantes), que assenta numa dimensão verbal e em que se assume que o entrevistado tem disponibilidade ou interesse para prestar esclarecimentos ou informações sobre si próprio. orin (!"#$) a%rma que, embora a entrevista assente numa técnica de questionamento, ela não é um interro&atório •
' entrevista deve decorrer como uma conversa, na qual haa espaço para se poder epressar a personalidade e pontos de vista
Direções da entrevista 1.
*ntrevista como arrativa
écnica écnica de interro& interro&atório atório 'credita que é possvel che&ar a qualquer informação questionando os sueitos de forma direta ou recorrendo a técnicas narrativas em que é solicitada a reconstrução de um acontecimento /escreve ações, situações ou pensamento em termos obetivos o entanto, estas narrativas não podem ser consideradas obetivas dado que decorrem num tempo e espaço com capacidade de in0u1ncia 2. *ntrevista como comunicação dialó&ica enos centrada no questionamento /estaca o processo de estabelecimento ou manutenção da relação com o 3utro /estaca o processo de construção dos conte4dos na relação com o 3utro /estaca o processo interativo Teoria e técnica de entrevista Técnica de entrevista desi&na os processos utili5ados para a obtenção de informação pertinente para os obetivos da entrevista Teoria da entrevista remete para um conunto de saberes or&ani5ados A entrevista como prestação de serviço 'l&umas entrevistas decorrem em benefcio do entrevistado e outras prestam benefcio ao entrevistador. 'lfred 6enamin (2772) distin&ue dois tipos de entrevista, uma que se apoia na procura de auda por parte do entrevistador, no cumprimento de uma tarefa ou investi&ação e outra que est8 ao serviço do entrevistado, para o audar no que precisar.
odas odas as entrevistas entrevistas reali5adas reali5adas por psicólo&os são entrevistas entrevistas psicoló&icas. psicoló&icas. 3u sea, as entrevistas psicoló&icas, apesar de serem as mesmas que as entrevistas antropoló&icas, socioló&icas e médicas, são diferentes dado que recorrem a teorias e modelos espec%cos. 3s psicólo&os or&ani5am as interações estabelecidas e dão um sentido 9 informação recolhida no conteto da entrevista. Entrevista e consulta psicológica •
*ntrevistas de :onsulta ou *ntrevistas :lnicas
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*ntrevistas *ntrevistas /ia&nósticas - mobili5a o conceito de avaliação;dia&nóstico
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3 /< - instrumento instrumento avaliativo avaliativo
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*ntrevistas de ='uda= - estabelecimento de uma relação de auda ou de apoio psicoló&ico. >erceber se é preciso ou não providenciar psicoterapia para dado sueito
/iferenças entre entrevistas de avaliação e dia&nóstico e entrevistas de =auda= as entrevistas de avaliação e dia&nóstico, o uso de matérias de testa&em ocorre, processam-se ao lon&o de al&um tempo e a indicação terap1utica pode acontecer ou não, no caso de acontecer o sueito é reencaminhado para outro cole&a. as entrevistas de =auda=, o psicólo&o prescinde de outros métodos e centra-se em si e na relação com o 3utro, procurando estabelecer e promover uma relação de qualidade entre ambos. Entrevistas e outras técnicas de recolha de inormação •
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?uestion8rios - por ve5es desi&nados por entrevistas estruturas, semiestruturadas e diretivas @istória :lnica, 'namnese e @istória de vida •
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@istória :lnica - procedimento de re&isto médico. :onstrução de uma anamnese. @A<BCA' :DEA:' F/A:' /AG*C** /* @A<BCA' :DEA:' >
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/a consulta psicoló&ica 9 psicoterapia *m psicolo&ia, a pr8tica da psicoterapia pode corresponder a dois formatos diferentesI •
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>sicoterapia de apoio - psicólo&os clnicos de qualquer orientação teórica podem praticar psicoterapia de apoio, a qual assenta em entrevistas psicoló&icas do tipo clnico >sicoterapia de settin& - o terapeuta 8 tem de pertencer a um quadro teórico e o paciente procura-o deliberadamente
Capítulo ! - A entrevista clínica ' psicolo&ia clnica emer&e a partir de diferentes ori&ens que t1m apenas em comum o seu car8ter pr8tico e de relação direta com o 3utroI por um lado temse o modelo médico, a que recorre para se a%rmar como pro%ssão a psicotecnia, a que recorre para se a%rmar como método cient%co e, ainda, a psican8lise, como teoria e aborda&em psicoterap1utica. ' entrevista clnica recorre 9 utili5ação de testes psicoló&icos, sendo desi&nada de instrumental
Capítulo " - As entrevistas psicológicas #íveis de estruturação da entrevista veis de estruturação - as entrevistas psicoló&icas podem serI 1.
'bertas
2.
3.
*struturadas
*stes nveis de estruturação podem ocorrer em função dos obetivos da entrevista ou da atitude do entrevistador, a qual depende do seu quadro teórico. *m termos de atitude do entrevistador, a entrevista pode ser considerada comoI 1.
ão diretiva - pode estar presente em entrevistas de investi&ação ou terap1uticas, pouco ou nada estruturadas recusam-se a dar ao entrevistado qualquer direção, i.e. o &rau de liberdade do 3utro é elevada.
2.
/iretiva - corresponde a entrevistas avaliativas breves e altamente estruturadas. Goco nos temas ou questões importantes para o entrevistador.
3.
*stabelecer uma relação emocional associada aos obetivos da entrevista é um obetivo importantssimo. $s o%&etivos >ara :rai& (!"J") eistem sete tipos de entrevistas - as mais utili5adas em clnicaI 1.
Entrevistas de recolha de dados - desi&nada por entrevista de rastreio ou rastreio psicoló&ico, esta entrevista é comum em contetos institucionais em que o sueito não é paciente direto do psicoló&o, mas um utente de uma investi&ação. F elaborada de forma a perceber se é possvel uma intervenção de cari5 psicoló&ico. ?uando estas entrevistas se reali5am em escolas ou empresas, deiam de ser clnicas. *sta entrevista deve possibilitarI K ' classi%cação da nature5a dos serviços que a instituição pode oferecer naquele caso espec%co K ' comunicação de re&ras e normas da instituição ao utente K ' de%nição do tipo de tratamento e terapeuta mais adequado 9quele utente K ' obtenção de informações &erais para os re&istos da instituição K ' de%nição da indicação de outros recursos, caso se ustiquem
2.
Entrevistas de estudos de caso - podem ser um aprofundamento de uma entrevista de recolha de dados, uma ve5 que se dispõe de mais tempo e entrevistas é possvel aceder a mais informação também é um complemento aos instrumentos de avaliação psicoló&ica. *ste procedimento é comum em clnica privada. <ão entrevistas clnicas, mas podem ser usadas não clinicamente em contetos de investi&ação. Lm estudo de caso deve contemplar os se&uintes procedimentosI K ' escolha do caso K ' apresentação do caso K 3 conteto e settin& da entrevista (cada settin& depende do quadro teórico de refer1ncia pro%ssional) K ' orientação teórica (de%nição de critérios como a duração de cada entrevista, as técnicas a usar, a forma de recolha de dados, a escolha de instrumentos de avaliação, etc) K 3 decurso da entrevista (depende de utente para utente)
K /iscussão e conclusões 3.
Entrevistas de avaliação do estado mental - tipo de entrevista que é mais estruturada e diri&ida, a qual se destina 9 avaliação de &raus de disfunção em situações cuos sintomas su&erem doença psiqui8trica &rave, estados demenciais ou de comprometimento neuroló&ico. erturbações clnicas e situações que podem ser foco de atenção médica AA. >erturbações de personalidade e de%ci1ncia mental AAA. *stados fsicos &erais AN. >roblemas psicossociais e ambientais N. 'valiação &lobal do funcionamento K Dimensões de Avaliação - Demperiére e Géline (!"##) a. ' apresentação e a *pressão - apar1ncia fsica, critérios culturais, aspetos psicomotores e lin&ua&em b. 3s comportamentos ditos instintivos - sono, comportamentos alimentares, controlo de esfncter e comportamento seual c. 3 comportamento social - tentativas de sucido ou para-suicdio, comportamentos errantes, fu&as. *m contetos prisionais avaliação de aspetos como a cleptomania, abuso seual e violação. d. 3s nveis de consci1ncia - qualidades de atenção, da orientação esp8cio-temporal, alterações qualitativas e quantitativas de vi&ilOncia (e&. estados onricos, hipervi&ilOncia) e consci1ncia de si mesmo (e&. despersonali5ação) e. 3 humor - humor depressivo, epansivo f. ' perceção - desreali5ação, falsas perceções (ilusões e alucinações) ou as hiperperceções &. ' memória - alterações si&ni%cativas da memória como os dé%cits mnésicos (amnésias de %ação, evocação, psico&énas), libertações mnésicas (hipermnésias), paramnésias (ilusões de memória - e&. dea vu) h. 3 pensamento - alterações do curso de pensamento e alterações do conte4do do pensamento (e&. obsessões, fobias,
ideias delirantes) i. 3 u5o - capacidade de estabelecer ul&amentos (e&. erro de ul&amento, interpretação delirante) 4.
Entrevistas de pré e pós teste !. *ntrevista de pré-teste - momento de eplicação detalhada dos obetivos, procedimentos, limites e consequ1ncias dos resultados de testa&em 2. *ntrevista de pós-teste - momento de devolução da informação recolhida, do esclarecimento de d4vidas e de eventuais propostas de encaminhamento
5.
Entrevistas %reves de avaliação - uitas entrevistas psicoló&icas são deste tipo. 1m um formato focal, um tempo limitado e curto, onde se pretende avaliar dimensões particulares ou &enéricas da personalidade do 3utro, que o tornem ele&vel para qualquer função, como por e. em entrevistas de recrutamento em contetos educativo-peda&ó&icos. >ara :rai& (!"J") estas entrevistas possuem os se&uintes obetivosI !. 'valiar o risco imediato de suicdio 2. ecessidade de internamento $. ecessidade de tratamento médico P.
6.
Entrevistas de conclusão - *ncerra uma relação contratante estabelecida e pode ocorrer no %nal de um processo psicoterap1utico, situação de alta médica, entrevista de pós-teste ou impedimentos por parte do terapeuta. ela reali5a-se o balanço do trabalho desenvolvido.
7.
Entrevistas de investigação - *ste tipo de entrevista pode assumir qualquer uma das formas anteriores, a diferença é que o seu obetivo é a recolha de dados para %ns de pesquisa. *stas entrevistas devem ser estruturadas e não intensi%car a frustração do 3utro, caso estea a sofrer no momento em que participa na investi&ação
Capítulo + - Técnicas da Entrevista >rincipais técnicas de entrevistaI •
3 questionamento - técnica mais cl8ssica e comum de qualquer entrevista, utili5ada por entrevistadores de todos os modelos teóricos. er em atenção que nem todas as per&untas podem e devem ser feitas. a entrevista as per&untas feitas devem ser aquelas que aumentam a
informação que o entrevistador tem sobre o 3utro. @8 i&ualmente per&untas que podem ser feitas de uma forma aberta (e&. o que sentiu) ao 3utro, que permitem perceber como ele ir8 responder •
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' re0eão - fa5er entender ao 3utro que o compreendemos. 's re0eões podem centrar-se mais no contéudo ou no sentimento associado. o caso de centrar-se mais no conte4do, o nome dado 9 técnica usada é Ceformulação. 'o contr8rio da Ceformulação, a re0eão pretende ir mais lon&e e perceber li&ações implcitas e não apenas esclarecer o que foi dito. 3 cl8ssico =hum-hum= é um eemplo de re0eão *. =F natural que queira mudar, de acordo com o que tem dito, o seu trabalho não corresponde 9s suas epetativas= ' reformulação - F di5er de outra maneira o que se acabaou de ouvir e em que se transmite ao entrevistado que se percebeu o que este disse ou quis di5er al&uns autores chamam-lhe par8frase. F, assim, mais super%cial que a Ce0eão, dado que a Ceformulação procura apenas facilitar a compreensão do que foi dito e na Ce0eão é devolvido ao entrevistado uma dinOmica compreensiva do entrevistador. 3s psicólo&os *istenciais-@umanistas usam muito esta técnica *. =em, pois, uma série de ra5ões para querer mudar de empre&o= ' clari%cação - introdu5ido por :arl Co&ers. Lsa-se para tornar mais claro o que foi dito anteriormente. /istin&ue-se da Ceformulação, uma ve5 que a reformulação procura esclarecer e a clari%cação procura audar o entrevistado a compreender o que foi dito. *. =3u sea, o seu actual empre&o tornou-se insuport8vel= ' confrontação - técnica evitada por muitos terapeutas dado o seu potencial a&ressivo, confrontar é comparar conte4dos sobre o mesmo tema ou contéudos verbais discrepantes dos não-verbais. ara :rai& (!"J") não é a técnica que é difcil, tem é que ser maneada construtivamente, mantendo-se no questionamento, sil1ncio ou interpretações *. =*st8 mesmo farto desse trabalho ou est8 com medo que o mandem emboraQ= ' auto-revelação - é uma técnica que implica falar de si mesmo. o entanto é preciso usar-se com cuidado porque uma auto-revelação que não cumpra o obetivo de facilitar a eposição ao 3utro, é um erro. este sentido é prefervel que as auto-revelações seam oportunas e abstratas
ou invés de eemplos concretos *. =>ercebo o seu desconforto por eperi1ncia própria= •
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$ sil,ncio - técnica de &rande e%c8cia, mas por ve5es de di%cil utili5ação, apela 9 sensibilidade do entrevistador é valori5ado por quase todos os psicoterapeutas e entrevistadores. *istem diversos tipos de sil1ncioI !. 'il,ncios de ini%ição - o ser-se avaliado pode revelar di%culdades do sueito em termos relacionais. :abe ao entrevistador criar um clima relacional para quebrar a inibição - sil1ncios iniciais 2. 'il,ncios de passividade - mais di%cil de ultrapassar, pode ser inerente ao sueitoI pode ser a sua resposta habitual ou forma de estar. :ontudo também pode ser criada por uma série de per&untas diretas no nicio da entrevista. $. 'il,ncios regressivos - difceis de interromper. *stão relacionados com a tal série de per&untas que retiram ao entrevistado qualquer responsabilidade na entrevista e onde este sente que só deve responder ao que lhe per&untam para não criar m8 impressão P. 'il,ncios deensivos - sinais de resist1ncia 9 entrevista, tpicos de quem est8 contrariado ou não simpati5a com o entrevistador. F conveniente o entrevistador reconhecer este sil1ncio M. 'il,ncios de pausa - simples pausas que ocorrem. 1m baia car&a ansio&énica para ambos os locutores e aqui o entrevistador deve tomar a iniciativa de interromper o sil1ncio R. 'il,ncios ree.ivos - podem ser lon&os e v1m da sequ1ncia da conversa re0eão em sil1ncio do fora dito. <ão momentos importantes que nenhum entrevistador deve interromper. ' eploração - apoia-se frequentemente na interro&ação e destina-se a investi&ar 8reas da vida, pensamentos ou sentimentos do entrevistado. /istin&ue-se do ?uestionamento uma ve5 que, o questionamento é normalmente super%cial e literal, ao passo que a técnica eploratória tem uma intencionalidade de compreender certos aspetos a fundo o e. do homem que quer mudar de empre&o pode-se querer aprofundar as suas possveis incompatibilidades relacionais ou cansaço com a sua tarefa ' reestruturação co&nitiva - reor&ani5ação do material e dos conte4dos epressos de uma outra forma que permita uma mudança de perspetiva sobre o mesmo tema. F diferente da Ceformulação dado que tem um obetivo diferente. F 4til usar esta técnica quando os sueitos se queiam de al&o. *I =*perimente l8 di5er me o que seu empre&o tem de bom e o que tem permitido l8 permanecer.=
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' interpretação - assenta naturalmente no quadro teórico, cultural, moral do entrevistador e é fundamental que ele saiba que quadro usar, uma ve5 que a interpretação é feita em função de si mesmo *. =3 seu trabalho parece-lhe incompatvel com as suas ambições= 3 humor - técnica so%sticada e complea, pois se for utili5ada em demasia o 3utro pode-se sentir &o5ado ou que não est8 a ser levado a sério usada raramente e por entrevistadores eperientes ' &enerali5ação - consiste em anunciar a dominOncia de um conte4do ou de uma problem8tica a partir da proimidade e;ou semelhança de materiais epressos e pode ser feita através do ?uestionamento ou da Ce0eão. 'proima-se, em termos de obetivos, da :lari%cação, ou sea, pretende mostrar ao 3utro como é que ele tende a avaliar situações ou pessoas da mesma forma. >ara que sea possvel utili5ar esta técnica é necess8rio que eista um acumular de informação su%ciente. *. =:urioso, tem dois anos nesse empre&o.
:apacidade de desenvolver uma relação emp8tica 3 controlo das intervenções - desi&na o leque de respostas verbais e não-verbais que medeiam toda a interação comunicacional entre entrevistado e entrevistador. Lm treino, repetição e supervisão continuadas asse&uram o domnio desta compet1ncia (controlo das intervenções)
0 >ra&m8tica •
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3 uso do Cole >laTin& - técnica de dramati5ação em que se o&a com diferentes papéis dos intervenientes. o treino de entrevista, os elementos de &rupo de formação eperimentam, 9 ve5, o papel de entrevistado e entrevistador Hravações de entrevistas - de forma a que o &rupo de formação tenha uma noção mais precisa do seu desempenho e perceber o que tem de corri&ir
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3bservação e assist1ncia a entrevistas - inicialmente de role plaTin& mas que eventualmente assistem a uma entrevista enquanto esta decorre e podem, por ve5es, também colocar questões e falar com o entrevistado /iscussão de &rupo - estes &rupos apelidam-se deI &rupos de treino, &rupos de formação, &rupos de discussão de casos ou &rupos de supervisão. ' importOncia dos &rupos de discussão est8 no facto de ser constituido por membros de diferentes proveni1ncias, uma ve5 que discutem acerca das suas eperi1ncias e formam um elo de pensamento ' supervisão - asse&urar o controlo de qualidade do desempenho . /ois tiposI U :ari5 institucional e li&ado aos casos que o psicólo&o est8 a se&uir U
Capítulo - 2ragm3tica da entrevista clínica Condições e.ternas acilitadoras da relação •
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3 settin& - ambiente fsico onde decorre a entrevista, onde se untam as constantes de tempo e lu&ar, o papel de ambos os participantes e os obetivos a cumprir. >or ve5es, boas condições fsicas para um certo tipo de entrevista são as menos indicadas para outras $ espaço - 3 espaço ideal ser8 composto por uma sala insonori5ada, com mobili8rio confort8vel, cores neutras e não personali5ado em demasia. a. Ansonori5ação - questão priorit8ria, é necess8rio que o psicólo&o se certi%que de que o que é dito na sala não é ouvido no eterior b. >osição - habitualmente uma entrevista clnica decorre em situação desi&nada face-to-face. c. /ecoração - o &abinete deve ter uma apar1ncia formal, isto é, não deve ser ecessivamente personali5ado. 's paredes devem ter cores neutras ou pasteis. ' iluminação deve ser baia, constante e intimista d. >artilha de &abinete - não auda a criar um bom ambiente de trabalho, contudo, infeli5mente, ocorre frequentemente e. Docali5ação do &abinete de atendimento - edifcio 5ona &eo&r8%ca f. 'mbientes institucionais $ tempo - em contetos institucionais as entrevistas tendem a ser
mais breves do que em clnica privada, p.e. a. /uração de uma entrevista - o tempo médio é de M7 min, dado que permite aos interlocutores a conservação de bons nveis de atenção e concentração. 'baio dos $7 é di%cil fa5er uma boa entrevista e acima dos "7 é demasiado lon&o e cansativo. *m conteto hospitalar, com pessoas acamadas (p.e.) as entrevistas não deverão ultrapassar os !M;27 min b. 3 tempo numa primeira entrevista - pode demorar mais do que M7 min, mas avisar o entrevistado do hor8rio que posteriormente ter8 de cumprir o tempo da entrevista tem de ser %o para que possa ser or&ani5ador do cliente e para que este valori5e a entrevista c. >eriodicidade - normalmente é semanal, mas em contetos institucionais podem ser di8rias, dependendo dos obetivos e casos em questão •
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$ pedido a. ?uem pede b. 3 que se pede A marcação de uma primeira entrevista - importante o estabelecimento de hipóteses sobre a pessoa que se vai receber normalmente marcada por uma terceira pessoa. Ga5em parteI a. 3 contacto b. ' faia et8ria c. ' pro%ssão d. ?uem enviou (se foi de livre vontade ou encaminhado) e. ?uem fa5 a marcação (se o próprio ou outra pessoa se for a outra pessoa a marcar pode di5er muito sobre as qualidade das relações do cliente) f. :ontetos institucionais (al&uns destes itens sofrem alterações em conteto institucional)
Atitudes e comportamento do psicólogo •
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eutralidade e 'bstin1ncia eutralidade - não emissão de u5os de valor por parte do terapeuta 'bstin1ncia - atitude que decorre da neutralidade e que implica que o terapeuta se recuse a satisfa5er os pedidos do paciente e apenas a desempenhar o que lhe compete ?uestões éticas e deontoló&icas - >rincipios fundamentais referidos na :arta Ftica dos psicoló&osI a. ' compet1ncia - capacidade decorrente de um conhecimento
aprofundado e aquisição de habilidades espec%cas b. ' responsabilidade - responsabilidade da escolha da aplicação, das consequ1ncias, dos métodos e técnicas que usa c. Cespeito e desenvolvimento do direito das pessoas e da sua di&nidade - o psicólo&o não pode cometer actos a não ser com o consentimento dos visados, salvo em raras eceções &arante a con%dencialidade da intervenção psicoló&ica e respeita o se&redo pro%ssional e a perseveração da vida privada
Comportamentos e respostas a ')T4A56E'-T)2$ ?uestões fundamentais que se colocam quanto aos comportamentos daqueles que se dedicam 9 entrevista clnica, num primeiro momento. *stas questões prendem-se com dois nveis diferentes, mas articulados entre siI K ' responsabilidade na relação - responsabilidade de &arantir que o mnimo de fatores eternos in0uencie ne&ativamente o estabelecimento da relação e enviese o desenvolvimento do processo K ' fra&ilidade do cliente - pressupõe que se al&uem procura um psicolo&o é porque est8 fra&ili5ado. /aqui decorre a necessidade de um conunto de procedimentos pr3ticos 7ue visam a acilitação da relação e o esta%elecimento de uma aliança terap,utica8 •
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'presentação e epressão - se a entrevista clnica é uma situação formal, é esperado que a apresentação do psicólo&o se mantenha nesse re&isto. ?uanto 9 epressão verbal, é da responsabilidade do psicolo&o utili5ar uma lin&ua&em acessvel e compreensvel para os seus clientes, evitando o uso de epressões técnicas, p.e. ratamento e cumprimentos Gormal, o voc1 de ser utili5ado, acompanhado do nome do cliente. ormalmente no incio usa-se o aperto de mão por formalidade, veri%ca-se no decorrer da relação que essa necessidade de cumprimento dissolve-se e usa-se apenas uma saudação verbal veis de permissividade ' re&ra a usar é a de ser se permissivo até ao ponto do próprio conforto do psicólo&o Ceação a descar&as emocionais ão se deve tentar parar estas descar&as, nem proferir palavras de empatia, pois uma ve5 etintas, as l8&rimas, que são epressão de afetos, podem ser interro&adas mais tarde. F importante transmitir
uma atitude &lobal de acolhimento das manifestações emocionais do cliente, sem critic8-lo ou incomod8-lo. •
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3fertas ' re&ra é de que não se devem aceitar presentes. o caso das eceções, por não querer ser &rosseiro com o cliente, deve-se aceitar e pedir-lhe para futuramente não voltar a fa51-lo :artas, telefonemas, &ravações :artas e &ravações apenas em conteto terap1utico e não devem ser estimulados os telefonemas dado que é necess8rio que o cliente perceba que o vnculo contratual é de cari5 pro%ssional e que as interações ocorrem nas sessões, não devendo su&erir que tem disponibilidade permanente 'pontamentos e re&istos *m situação de entrevista a re&ra é não tirar qualquer tipo de apontamentosI as unicas eceções podem ser em situações de avaliação para %ns de relatório. *screver nas entrevistas cria distanciamento. /evem ser feitos apontamentos posteriores 9 entrevista, que servem para re&istos pessoais do psicólo&o ou para discussão do caso em reunião clnica. ' &ravação pode ser usada como alternativa, porém nem todos os clientes se sentem 9 vontade para falar sabendo que estão a ser &ravados Anterrupções 's entrevistas clnicas não devem ser interrompidas em nenhuma circunstOncia, porém em conteto institucional isto torna-se mais di%cil de implementar @onor8rios *sta questão, nos casos em que o pa&amento é feito ao psicolo&o ou empre&ada de consultório, deve ser lo&o institudo na primeira entrevista. *m al&os casos pode haver ne&ociação de preços ou pa&amentos especiais.
Capítulo 19 - As psicoterapias de apoio >sicoterapia de 'poio ' sua primeira caraterstica é o facto de não decorrer diretamente de nenhuma escola, mas sim usar e ser usada. Lsa técnicas de diversas ori&ens, assim como é usada por uma vasta &ama de terapeutas (diversas formações). ' psicoterapia de apoio tornou-se uma psicoterapia inerente ao desempenho
dos psicólo&os clnicos, independentemente da sua orientação teórica. >retende-se, assim, uma terapia pra&m8tica centrada no que é enunciado como queia, sintoma ou sofrimento. 3betivos da psicoterapia de apoio Volber& (!"RM) defendia que o obetivo destas terapias era o fortalecimento das defesas eistentes e a elaboração de novos e melhores mecanismos de defesa, bem como, a recuperação dos mecanismos homeost8ticos. DemperiWre e Géline (!"##) defendiam que os obetivos das psicoterapias de apoio deveriam serI restabelecer rapidamente o equilbrio psicoló&ico do sueito, obter a m8ima melhoria sintom8tica, reforçar defesas e melhorar a adaptação ao meio ovalis (!""$) considera que os obetivos sãoI promover uma relação pacienteterapeuta positiva e de apoio, reforçar aspetos s8bios do paciente, redu5ir o desconforto subetivo e promover o maior &rau de autonomia possvel tendo em conta as suas limitações :ordioli, Va&ner e :echin (!""$) a%rmam que os obetivos das psicoterapias de apoio sãoI os de manter ou estabelecer o nvel de funcionamento prévio do sueito mediante o reforço de mecanismos de defesa adaptativos, o afastamento de pressões ambientais intensas e adoção de medidas que visam o alvio dos sintomas . ambém devem procurar promover o crescimento emocional, estimulando ativamente a ultrapassa&em de etapas evolutiva, e a aquisição de maturidade emocional odalidades pr8ticas •
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>sicoterapia de apoio de lon&a duração 'quela que pode durar toda a vida com uma periodicidade semanal ou quin5enal. /ecorre com pacientes com perturbações &raves de personalidade, doenças psiqui8tricas medicadas, debilidades mentais, etc. >retende-se, assim, a construção de um ambiente holdin& que facilite uma adaptação ao real tão satisfatória quanto possvel. <ão psicoterapias em que a atitude do terapeuta dever8 ser &rati%cante e em que o estancamento de material psquico dever8 ser o obetivo permamente >sicoterapia de apoio de curta duração :hamada também de intervenção na crise. @obbs (!"JP) a%rma que eistem dois &randes tipos de situação de criseI um desenvolvimental (situações de doença ou morte de al&uém próimo) e outro acidental (desastres naturais, vtimas de acidentes ou de abusos seuais)
*ste tipo de intervenção normalmente é feito nas horas subsequentes ao episódio traum8tico, em contetos de internamento ou de isolamento. ' avaliação inicial deve ser lo&o terap1utica, clima de con%ança. ' fase posterior deve foca-se na problem8tica mais relevante do sueito e partindo da construir estraté&ias de resolução de problemas. ?ualquer intervenção na crise deve permitir um encontro %nal de reavaliação, em que o paciente ter8 alta e ser8 enviado para psicoterapia de settin& e continuar8 a ser visto em psicoterapia de apoio de média duração •
>sicoterapia de apoio de média duração Celacionada com situações dolorosas, acidentais ou desenvolvimentais, em que apesar de haver um funcionamento adaptado do sueito, a sua viv1ncia continua a ser penosa. F a forma mais vul&ar de psicoterapia
As técnicas de psicoterapia de apoio :ordioli, Va&ner e :echin estabelecem que as psicoterapias de apoio se destinam a reforçar determinadas funções do e&o, utili5ando a in0u1ncia que o terapeuta eerce sobre o seu cliente através da su&estão e do aumento do auto-reconhecimento. :omo técnicas baseadas na su&estão, propoemI •
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' su&estão - tem como obetivo produ5ir mudanças na vontade epressa pelo cliente. >ode ser utili5ada quando se veri%ca uma situação da parte do cliente que não vislumbre de realidades alternativas. 3s riscos da utili5ação desta técnica são o facto da su&estão ser tomada como indicação. 3 terapeuta deve oferecer v8rias su&estões discutindo com o cliente vanta&ens e desvanta&ens 3 controlo ativo - o terapeuta assume funções de e&o auiliar, decidindo, eecutando, funções que o paciente est8 incapa5 de desempenhar ' securi5ação - o terapeuta simultaneamente tranquili5a o seu cliente e reforça a sua auto-estima através da epressão de concordOncia com uma ideia, pensamento, atitude ou decisão. ormalmente ocorre através de elo&ios 3 aconselhamento - eplicação, su&estão ou recomendação por parte do psicolo&o, 9s atitudes ou decisões do cliente, com o intuito de reforçar aspetos saudaveis da personalidade do sueito. ão deve ser confundida com a técnica de controlo ativo, dado que o aconselhamento apenas di5 respeito a aspetos de recursos internos eventualmente atuali58veis em
ações e iniciativas do paciente •
' catarse - libertação das paiões humanas através de métodos espec%cos, nomeadamente pela representação dos seus sentimentos. a catarse ocorre uma reação de libertação ori&inada pela rememoração de uma emoção recalcada ou con0ito mal resolvido
:omo intervenções de apoio destinada a ampliar aspetos co&nitivos e de autoreconhecimento falam deI •
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*ducação - intervenções de car8ter peda&ó&ico, informativo sobre assuntos relevantes para o cliente :lari%cação - destina-se a reforçar as defesas e&óicas tendo como obetivo o alvio de sintomas através da melhoria da capacidade de controlo :onfrontação - destinada a aumentar a capacidade de discriminação das realidades eternas e internas e a promover o auto-conhecimento e u5o da realidade
Atitude do terapeuta •
/iretividade
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>ersuasão - complementar 9 su&estão implica uma forma combinada de an8lise e avaliação obetiva da situação
)ndicações e limites >ara as psicoterapias de apoio estão indicadosI a. sueitos que sofrem de patolo&ia psicoló&ica &rave b. sueitos em situações de &rande ansiedade e possuindo *&os muito fr8&eis c. sueitos imaturos, depressivos crónicos d. sueitos com esqui5ofrenia ou estados delirantes crónicos Andicações para as psicoterapias de apoio
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este da realidade comprometido, isto é, di%culdade em separar a realidade da fantasia e reconhecer limites 6aio controlo dos impulsos, com necessidade frequente de eteriori5ar os afetos de forma destrutiva para o próprio ou para os outros Celações interpessoais pobres /i%culdades emocionais, sendo os afetos eperimentados de forma ea&erada ou inibida face 9 situação que a desencadeia
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6aia capacidade de sublimação
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6aia capacidade de introspeção
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/i%culdade em comunicar os próprios sentimentos
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vel intelectual baio
:ontra-indicações para as psicoterapias de apoio •
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Desenvolvimento terap,utico 1.
*stabelecimento de uma relação e a qualidade da relação
2.
3 incio da psicoterapia de apoio - tem dois obetivos fundamentais K 3 estabelecimento da relação K /eterminação da tarefa terap1utica ou proeto terap1utico
3.
:ontrato terap1utico - estabelecimento dos obetivos da terapia e as re&ras em que ela dever8 decorrer. Lma ve5 estabelecido o obetivo pra&m8tico para a psicoterapia de apoio, esta torna-se previsvel.
4.
'liança terap1utica ou de trabalho - forma particular de colaboração ativa entre o terapeuta e o cliente, que assenta num contrato em que as responsabilidades e os papéis de ambos estão bem de%nidos DuborsXT (!"#R) considera que eiste um conunto de comportamentos e
atitudes do terapeuta que são muito importantes para a construção da aliança terap1uticaI U ser recetivo aos problemas e obetivos do paciente U ser capa5 de entender o paciente U reconhecer quando o paciente fa5 pro&ressos U considerar o trabalho terap1utico como uma tarefa conunta U ressaltar as eperi1ncias positivas da relação terap1utica U apoiai o paciente na manutenção de defesas 4teis 5.
*scuta terap1utica - trabalho ativo de atenção, seleção e elaboração do material tra5ido pelo cliente. a psicoterapia de apoio é mais comum a utili5ação de uma atenção seletiva
6.
>adrão terap1utico - conunto de atitudes do terapeuta e re&ras epressas por ele, referentes 9 psicoterapia
7.
8.
/esenvolvimento da psicoterapia de apoio
9.
10.
11.
Celação com outros técnicos F re&ra e procedimento ético, por um lado, a não multiplicação de intervenções paralelas e, por outro, a devolução das questões eventualmente levantadas para o técnico com quem 8 h8 uma relação estabelecida
12. imin&
de intervenção - não eiste uma re&ra espec%ca. <ó o interesse e o cuidado com a relação nos permitirão saber qual o timin& de intervenção
13. ipos
de intervenção - técnicas de psicoterapia de apoio
14.
'valiação do efeito de uma intervenção - saber que intervenção foi mais correta
15.
?uestões da relação K ransfer1ncia - técnica destinada a reprodu5ir, em condições espec%cas, dimensões inconscientes que se atuali5am na %&ura do analista. *m psicoterapia de apoio, mesmo que o terapeuta que a reali5e se inscreva teoricamente num quadro de inspiração psicanalista, não deve, em nenhuma circunstOncia, promover a neurose de transfer1ncia
K :ontra-transfer1ncia - conunto de reações emocionais do terapeuta ao cliente 16. ransfer1ncia
K >sicólo&o comoI a. 'utoridade (apenas como técnica e não atitude) - *. =ão sou que tenho que achar mas sim voc1, que lhe pareceQ= b. odelo c. Gi&ura afetiva d. 'mi&o e. Cival - confronto. 3 paciente fa5 coment8rios depreciativos ao psicolo&o. Amportante que o psicolo&o arrane espaço para discutir a transfer1ncia, de forma a perceber qual o sentido e si&ni%cado de uma resist1ncia que pode comprometer a psicoterapia f. 'dvers8rio - ' transfer1ncia or&ani5a-se contra o psicolo&o. 3 cliente culpa o psicolo&o por tudo de mal que lhe acontece. *. =tudo o que me tem dito tem dado errado=. :ontudo não h8 deseos de interromper a terapia &. Gi&ura de condescend1ncia - clientes que acham que fa5em um favor ao psicolo&o em fa5er terapia. *sta atitude pode manifestar-se de diferentes formasI o cliente assume uma postura protetora em relação ao psicolo&o, d8 conselhos e fa5 per&untas sobre a sua vida privada. :omo se o discurso do terapeuta merecesse admiração e simpatia ao invés de re0eão
17.
's resist1ncias - tudo aquilo que di%culta ou impede o estabelecimento de uma relação terap1utica. a psicoterapia de apoio, o trabalho com as resist1ncias não se centra sobre as defesas habituais do sueito, mas apenas nas que emer&em no conteto da relação. 's faltas, atrasos, mudanças bruscas na forma e estilo de discurso são bons indicadores de resist1ncias
18.
>erlaboração - repetição, mas modi%cada pela interpretação e assim, suscetvel de favorecer a libertação do sueito. o conteto da psicoterapia de apoio não h8 lu&ar para interpretações, mas h8 lu&ar para a rememoração e a repetição, não apenas sobre as resist1ncias, mas sobre todo o material que provoca an&4stia e mal-estar
19.
'ctin&-out - =passa&em ao ato= - comportamentos que apresentam um car8ter impulsivo e que entram em ruptura com os comportamentos de base habituais do sueito. (na psican8lise o actin&-out é sempre visto como uma emer&1ncia do recalcado na relação direta com a transfer1ncia) ' ocorr1ncia destes fenómenos pode ser diminuda por um lado, pelo trabalho atento com as transfer1ncias que sur&em e, por outro, com a delimitação escrita da relação psicoterap1utica.
3 %m de uma psicoterapia de apoio deve ser preparado em função do tipo lon&a, curta ou média duração.