OSVALDO LUIZ MARMO
CONSCIÊNCIA E REALIDADE PARADIGMA DA IMATERIALIDADE
2016
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[...] There are more thin! in hea"en an# earth$ %oratio$ than are #reamt o& in 'o(r )hi*o!o)h'. (Existem mais coisas no ceéu e na terra, Horaécio, que a tua filosofia jamais sonhou). Shakeseare, !. (ato 1, cena ", #erso 1$")
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Intro#(+,o
% humani&a&e #i#e em constante crise &e 'eé, &e#i&o a natural oosia*o entre &ois ontos &e #ista+ o materialismo e o esiritualismo. or um la&o, #i#emos em um mun&o que suomos ser material, mas or outro, temos exerie- ncias esirituais ocasionais #i#encia&as em esta&os incomuns &e conscie-ncia , que questionam esta materiali&a&e. Esse li#ro tem or o/jeti#o examinar estas questo*es, comaran&o alumas e#i&e-ncias oriun&as &os esta&os incomuns &e conscie-ncia, com outras em con'ormi&a&e com a mo&erna 'ésica qua-ntica &e artéculas que &escre#e a naturea &o mun&o 'ésico so/ uma oética imaterial, que &esafia nossa noa*o &e reali&a&e. 3omo resulta&o &essa reflexa*o trans&iscilinar reten&ese mostrar que a &uali&a&e entre mateé ria e esérito o&e ser uma 'alsa questa*o, ois tanto o conceito &e mateéria, quanto o &e esérito, se &issol#em num ontoloéico #aio infinito on&e aarentemente somente a conscie-ncia eé real.
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-NDICE
3aétulo 1 4ntro&ua*o a Eistemoloia % reali&a&e erce/i&a e a 5eali&a&e em si esma %s ossi/ili&a&es &o 3onhecimento 7omatismo 3eticismo Su/jeti#ismo e 5ealismo ramatismo 3riticismo 8riem &o conhecimento 5acionalismo Emirismo 4ntelectualismo %riorismo Soluo*es eta'ésicas 5ealismo 5ealismo 4ne-nuo 5ealismo 3rético 5ealismo 3ientéfico 4&ealismo 4&ealismo Su/jeti#o 4&ealismo 8/jeti#o 9enomenismo Soluo* Soluo* es :eleolo :eleoloéé icas e 9ilosoé 9ilosoé ficas 8 3riteério &a ;er&a&e
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3aétulo 2 aterialismo e Esiritualismo 8riens &o aterialismo aterialismo sicoloia :ransessoal Esirituali&a&e e 4materiali&a&e 3aétulo < 8s Esta&os &e 3onscie3onscie- ncia ncia 4ntro&ua*o 9eno-meno &a 3onscie-ncia !illiam =ames >arl =aser Simun& 9reu& >arl =un 3artorafia &os Esta&os 3onscienciais ;iélia 5elaxamento Sono sem Sonhos Sono com Sonhos 3onsciente essoal 4nconsciente essoal 4nconsciente 3oleti#o Esta&os 4ncomuns &e 3onscie3onscie- ncia ncia Esta&o éstico %s ?ases @eurais &a 3onscie-ncia Esta&os 3onscienciais 4n&ui&os or Enteoéenos %Aahuasca 7: B % oleécula &o Esérito CS7 B % Exerie-ncia &e Dro'
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8 Esta&o e&itati#o 8 Esta&o &e uasemorte e rojea*o &a 3onscie-ncia @7E B o Esta&o &e uasemorte 8 3aso an 5eAnol&s 3onclusa*o &o 3aso am 3aétulo F % @aturea &o un&o 9ésico 4ntro&ua*o :eoria &a 5elati#i&a&e e a eca-nica ua-ntica :eorias &a 5elati#i&a&e eca-nica ua-ntica :eoria 8 o&elo &e 5an&allSun&rum
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4@:587G%I8
?uscaremos no conhecimento &a 'ésica mo&erna um cenaério que sir#a &e mo&elo ara&imaético ara a comreensa*o &os 'eno- menos séquicos ano- malos relaciona&os com a esirituali&a&e, sem nenhuma conotaa*o reliiosa, orque a ala#ra esirituali&a&e estaé sen&o usa&a e enten&i&a no senti&o &e uma /usca &e sinifica&o ara a comreensa*o &o que somos, e &o que na*o somos, em uma &imensa*o que o&e estar aleém &o que, no senti&o comum, enten&emos or reali&a&e. 8s 'eno- menos séquicos ano- malos sa*o #i#encia&os em esta&os incomuns &e conscie- ncia, e &urante mile- nios roorcionaram ao ser humano, na*o somente a #isa*o &e uma &imensa*o sutil, mas tam/eém a exerie-ncia &e in#estiar essa &imensa*o e nos re#elar seus acha&os. 9oi assim que 'oram re#ela&os os textos sara&os &as tra&io* es antias, como o ?u&ismo e osteriormente o ;e&anta %aita, que nos mostram atra#eés &a &ialeética filosoéfica uma #isa*o meta'ésica &a reali&a&e que acolhe e ser#e &e suorte ara a exerie-ncia essoal &e autorrealiara*o. or outro la&o, esses 'eno-menos ano-malos tam/eém suerem uma in&een&e-ncia &a conscie-ncia em relaa*o ao coro material, mais esecificamente ao ceére/ro, como mostraremos nas &escrio*es &o 'eno- meno &enomina&o @7E, ou Exeriencia &e quase morte, quan&o enta*o a morte aarente &o coro na*o ime&e &a essoa relatar exerie- ncias conscienciais #é#i&as, &urante o eréo&o em que este#e JmortaK. ortanto, nessa in#estiaa*o rocuraremos na conflue- ncia &as filosofias, e nos acha&os &a 'ésica qua-ntica, um cenaério que nos mostre uma &imensa*o 'enomenoloéica que sir#a &e suorte, e traa a comreensa*o, ara o enten&imento &e uma reali&a&e que os senti&os na*o nos mostram, e o materialismo &eterminista &i na*o existir. ortanto, essa /usca assa necessariamente or uma &esconstrua*o L7enominamos 'eno-menos séquicos ano-malos, as mani'estao*es conscienciais que ocorrem em esta&os altera&os &e conscie-ncia, tam/eém &enomina&os e-xtase ou arrou/os.
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&e nosso conceito &e reali&a&e, ara a ela/oraa*o &e um no#o mo&elo &e reali&a&e que seja imaterial, e ossa ser#ir &e ara&ima tanto ara os 'eno-menos &a conscie-ncia, como os &a 'ésica mo&erna, em/ora essa cie-ncia ain&a na*o contemle o camo &e conscie-ncia ao la&o &as quatro 'oras 'un&amentais &a naturea.
ue seraé questiona&a so/ &ois asectosM o asecto filosoé fico ontoloé ico, e o asecto cienté fico que a 'é sica &o seé c ulo NN os tra, mostran&o que o senso comum &e reali&a&e que construémos atra#eés &os temos, com /ase em nossos senti&os coniti#os, muito ouco tem a #er com a reali&a&e que a :eoria ua-ntica nos re#ela. 8s &enomina&os 'eno- menos séquicos ano- malos ou 'eno- menos metaséquicos, &esertaram o interesse &a sicoloia tra&icional e &as neurocie- ncias na seun&a meta&e &o seé culo NN, como resulta&o &o tra/alho &e #aérios sicoé loos e siquiatras, o que culminou com o aento &a sicoloia :ransessoal em 1O$6, esar &e =. ?. 5hine ter u/lica&o em 1O
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como eé o caso &e aluns relatos &e #i#e-ncias &e quase morte, rojea*o 'ora &o coro, lem/ranas &e #i&as assa&as (retroconia*o) e a comunicaa*o com aqueles que jaé se 'oram. %o la&o &esses 'eno-menos séquicos acrescentamse tam/eém outros 'eno- menos aranormais &e ercea*o extrasensorial PsiQ, como or exemlo, a teleatia, a clari#i&e-ncia e a reconia*o, que sa*o exerie-ncias que suerem a existe-ncia &e 'eno-menos na*olocais que transcen&em tanto os limites &a materiali&a&e, quanto os &o esaotemo, e na*o o&em ser exlica&os elo mo&elo materialista e &eterminista que ressuo*e a conscie-ncia como um ei'eno-meno &a ati#i&a&e quémica cere/ral. Esta eé a roosta &esta monorafia, ou seja, #erificar o que a 'ésica contemora-nea sa/e so/re a reali&a&e, e como este sa/er o&e auxiliar, ou na*o, a se ter uma comreensa*o &a naturea &o Ser. So/ o asecto filosoé fico, o que estaé no cerne &esta contro#eé rsia eé a &uali&a&e eséritomateéria, &uali&a&e esta que caracteria &uas osio*es filosoé ficas aarentemente antao- nicas e irre&uté#eis, que sa*o o materialismo e o esiritualismo. 8 materialismo sustenta ser a mateé ria a ué nica reali&a&e. Sen&o assim, tu&o no cosmos eé comosto &e mateé ria, e to&os os 'eno- menos sa*o conseque-ncia &as interao*es e trans'ormao*es &os aétomos e moleéculas que constituem a mateéria. or outro la&o o esiritualismo, como uma osia*o filosoéfica e reliiosa, rea a existe-ncia &o esérito como uma cateoria que se mani'esta na mateéria, em/ora seja in&een&ente &esta. Se or um la&o o materialismo re&u to&os os 'eno- menos as interao*es que ocorrem entre os constituintes &a mateéria, o esiritualismo mostra uma ostura ontoloé ica &ualista na me&i&a em que aceita a &uali&a&e eséritomateéria, como &uas cateorias in&een&entes e irre&uté#eis. Entretanto, na oinia*o &o autor &esta monorafia, a &icotomia entre estas &uas osio* es filosoé ficas mostrase ultraassa&a a lu &o conhecimento &a 'ésica contemora-nea, rincialmente no que &i reseito
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a 9é 9ésica ica &as art artééculas ulas Elemen Elementar tares, es, que que eé a aé rea rea &a 'é 'ésica ica que estu&a estu&a a constituia*o uéltima &a mateéria e, or extensa*o, a naturea uéltima &a roéria reali&a&e. 3on'orme seraé seraé exosto exosto no caétulo tulo J% @aturea &o un&o 9ésicoK, a concea*o &e esao, temo e mateéria que emere &o conhecimento &a 'é 'ésica ica mo&e mo&ern rnaa nos nos most mostrra que que a mate mateéé ria, ria, em sua sua esse esse-- ncia ncia,, na* na* o tem tem materiali&a&e, materiali&a&e, concretu&e, su/stanciali&a&e, su/stanciali&a&e, tal como eé erce/i&o erce/i&o atra#e atra#eéé s &os senti&os coniti#os. % reali&a&e uéltima &enomina&a nesta monorafia a reali&a&e em simesma , eé &escrita como uma comlexa suerosia*o &e cam camos #i/r i/raci acionai onaiss no #aio aio a/sol /solut uto o. or iss isso, os atri/ ri/utos &e materiali&a&e que sa*o erce/i&os sensorialmente &e#em ser enten&i&os como um 'eno-meno ilusoério que emere &a conia*o sensorial. %ssim, esta reflexa*o rocura &es'aer a &icotomia eséritomateéria, orque orque aa lu &a 'ésica contemo contemora ra-- nea, nea, a mate mateé ria ria se mostra mostra ta* ta* o imateria imateriall como a roéria &efinia*o &e esérito. ortanto, le#an&ose em consi&eraa*o o conjunto &e to&os esses &a&os 'enome-nicos, te-mse in&écios suficientes ara se crer que o Eu, a conscie-ncia conoscente, o&e ser arte &e uma reali&a&e mais ro'un&a, &e on&e tam/eém emerem to&os os conteué&os &a reali&a&e erce/i&a elos senti&os coniti#os, como a mateéria com seus atri/utos ilusoérios &e 'orma, su/stanciali&a&e e concretu&e. Esta eé uma tese que nos le#a a reensar as &emais cie-ncias como a quémica e a /ioloia , como sen&o uteis reresentao*es sim/oélicas cria&as ela conia*o humana ara &escre#er a ilusa*o cria&a ela roéria conia*o ao interretar Jo mun&o exteriorK a lu &os estémulos sensoriais. orta ortant nto, o, no &ecorr &ecorrer er &as exos exosio io** es e refl reflex exo o* es &os ro roé ximos ximos caétulos, reten&ese &emonstrar que, a osia*o filosoéfica que se oo*e ao materia materialismo lismo,, na* na* o eé a osia osia** o esiritu esiritualist alista, a, no context contexto o &e como esta 'oi &efi &efini ni&a &a,, mas mas sim, sim, uma uma osi osia a** o filo filoso soéé fica fica i&ea i&eali list sta, a, 'un& 'un&am amen enta ta&a &a na ercea*o &a imateriali&a&e que emere &o realismo cientéfico. Seun&o esta osia*o filosoéfica re&ucionista, a &escria*o &a reali&a&e, tal como ela eé
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em simesma, estaé 'un&amenta&a na :eoria , a teoria roosta elo 'ésico E&Rar& !itten (1O"1 ), que &escre#e um esao &e one &imenso*es, que enlo/a tanto as cinco teorias &as suercor&as, quanto as one &imenso*es &a sue suer rr raa#i&a #i&a&e &e,, cuja cuja exist xistee- ncia ncia eé re' re'eren eren&a &a&a &a or or um mo&e mo&elo lo &e reali&a&e comosta &e /ranas. 8 autor &esta monorafia suere que esta osia*o eistemoloéica seja &enomina&a o Jara&ima &a 4materiali&a&eK, orque &escre#e um mo&elo mo&elo &e reali&a reali&a&e &e que eéeé imaterial imaterial,, e 'un&ament 'un&amenta&o a&o em um cenaé cenaé rio que a/so a/sor# r#ee o conc concei eito to &e esi esiri ritu tual ali& i&a& a&e, e, como como art artee &e um conj conjun unto to &e 'eno-menos que transcen&em as limitao*es imostas or uma reali&a&e erce/i&a com concretu&e e su/stanciali&a&e. Sem nenhuma &ué#i&a, esta reflexa*o eé um J tour de forceK intelectual que se 'a necessaério ara que se tenha comreensa*o &e que a mateéria como um comonente sensé#el #el &a reali&a&e erce/i&a eé &e 'ato imaterial, e &esta imateriali&a&e iraé iraé surir a comreensa comreensa** o &e que tanto os 'eno'eno- menos /ioloéicos, quanto tu&o que &eles &ecorrem, &e#em ser reensa&os &entro &e um no#o contexto, no qual a &icotomia entre o coro e o esérito se &es'a, ois am/os esta*o se mostran&o como cateorias imateriais. %ssim, a cie-ncia &o seéculo NN4 nos ensina que a materiali&a&e &o mun&o 'ésico eé somente uma quimera, ois seu esto'o na*o eé constitué&o or mateéria microscoéica com concretu&e e su/stanciali&a&e, mas sim, or uma infinita suerosia*o multi&imensional &e camos #i/racionais. So/ esta oética, a concea*o materialista se &issol#e, e o mo&elo teoérico emerente iraé iraé certament certamentee &ar sustentaa sustentaa** o a um onto onto &e #ista que eéeé &esro &esro#i&o #i&o &e su/stanciali&a&e, su/stanciali&a&e, cororei&a&e, cororei&a&e, locali&a&e e &eterminismo. &eterminismo. 3om certea, a ela/oraa*o &este mo&elo ara&imaético a/riraé esao ara a 'ormulaa*o &e hioéteses, que ermitam o estu&o &os 'eno-menos séquicos que suerem a imateriali&a&e como con&ia*o sine qua non ara a comreensa*o &as &imenso*es esirituaisT &o Eu e &a 5eali&a&e. 8 li#ro estaé &i#i&i&o em cinco caétulos+
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8 )rimeiro a)/t(*o eé uma reflexa reflexa** o so/re so/re a Eistem Eistemolo oloia, ia, e tem or o/jeti#o comreen&er o que a filosofia ensa a reseito &o ro/lema &o conhecimento, ou seja, quais sa*o os meios atra#eés &os quais se tem o conhecimento, e quais sa*o as limitao*es &o rocesso &e conhecer. Esta refle eflexa xa** o tem or or o/je o/jeti ti##o ques questi tion onar ar o que que &e 'ato 'ato sa/e sa/emo moss so/r so/ree a naturea &a reali&a&e erce/i&a elos senti&os coniti#os, e o quanto este sa/er so/re a reali&a&e erce/i&a se aroxima &a reali&a&e em simesma, ou seja seja,, a real reali& i&a&e a&e tal tal como como ela ela eé in&e in&ee en& n&en ente teme ment ntee &e um suje sujeit ito o conoscente como o/ser#a&or. orta ortant nto, o, este este caé caétulo tulo 'a 'a uma a/or& a/or&ae aem m so/re so/re a natur naturea ea &o conhecimento, suas 'ontes e seus limites, na /usca &e um criteério que ermita asseurar que nossos juéos a reseito &as coisas que nos cercam na*o sejam crenas in'un&a&as, uma reocuaa*o que se 'a necessaéria no tratamento &e um assunto ta*o comlexo como a relaa*o entre a conscie-ncia e a reali& eali&a& a&e, e, rin rinci cia alm lmen ente te quan quan&o &o se ret reten en&e &e &emo &emons nstr trar ar que que a imateriali&a&e constitucional &o 3osmos eé uma orta a/erta a ercea*o &a esirituali&a&e imanente na naturea humana. Sen&o este um caétulo tulo intro&utoério, 'ase necessaério aresentar um resumo so/re o que a eistemoloia nos tem a &ier so/re os mo&os atra#eés &os quais o conhecimento o&e ser a&quiri&o, ou seja, o que se o&e sa/er so/re a reali&a&e atra#eés &a o/ser#aa*o sensorial, e o quanto esta reali&a&e se aroxima &a erce/i&a ela ercea*o transcen&ental, em esta&os incomuns &e conscie-ncia e, ain&a o que o meéto&o cientéfico nos in' in'orma orma so/r so/ree esta esta mesm mesmaa real reali& i&a& a&e, e, orq orque ue eé na conf conflu luee- ncia ncia &ess &esses es sa/eres que se o&e #islum/rar a #er&a&e oculta aos senti&os coniti#os. 3om 3om esta esta ro roos osta ta,, &i# &i#ersa ersass osi osio o** es filo filoso soéé fica ficass sa* sa* o ex xos osta tas, s, most mostrran&o an&o os rin rinci cia ais is ont ontos os &e #ist #istaa so/r so/ree as oss ossi/ i/il ili& i&a& a&es es &o conhecimento. %ssim sen&o, iniciase 'aen&o uma reflexa*o intro&utoéria so/re os ontos &e #ista &o &omatismo, &o ceticismo, &o su/jeti#ismo, &o relati#ismo, &o ramatismo e &o criticismo. Em seui&a, aresentamse as tre-s rinciais soluo*es meta'ésicas ara o ro/lema &o conhecimento, i.e., o i&ealismo, o realismo e o 'enomenalismo, osio*es que sa*o &iscuti&as, 15
com e-n'ase na #isa*o &e que a #er&a&e estaé a meio termo entre o i&ealismo e o 'enomenalismo, as &uas osio*es que mostram resal&o na #isa*o cientéfica &a mo&erna 9ésica &e artéculas. 9inalmente, sa*o exostos os ontos &e #ista &as &uas mais imortantes soluo*es teoloéicas, ou seja, as soluo* es monistaanteésta e a osia*o &ualista teésta, so/ a oé tica &as tra&io*es in&ianas. Encerrase o caétulo com uma /re#e reflexa*o so/re os criteérios que &a*o cre&i/ili&a&e ao conhecimento na /usca &a #er&a&e, colocan&ose em reflexa*o a relaa*o entre #er&a&e, crena e conhecimento, na 'ormaa*o &os ara&imas essoais, que ca&a essoa ela/ora ara sustentar a sua #isa*o &a reali&a&e e &os 'eno-menos em que acre&ita. 8 !e(n#o a)/t(*o intro&u a tese &a imateriali&a&e, inician&o a reflexa*o so/re a naturea sutil e imaterial &o ser e &a reali&a&e no qual este ser estaé inseri&o. 4niciase o caétulo com uma consi&eraa*o so/re a &uali&a&e entre o materialismo e esiritualismo, a/rin&o caminho ara a aresentaa*o &os in&écios e e#i&e-ncias &a naturea esiritual tam/eém &enomina&a sutil ou imaterial , &a reali&a&e, que sa*o aresenta&as nos caétulos < e F. Em seui&a, &iscutemse aluns ressuostos e 'alsas questo*es contemora-neas que &iem reseito a oriem &a ercea*o materialista &o mun&o, e &a 'ramentaa*o &o conhecimento, /uscan&o nas e#i&e- ncias e#olucionaérias as istas ara a comreensa*o &e como a estrutura séquica se oraniou e como esta oraniaa*o influenciou a concea*o que se tem &o mun&o 'ésico. 3omo &ecorre-ncia loéica &esta reflexa*o, intro&use os ressuostos &a sicoloia :ransessoal, e a imorta-ncia &o estu&o &os esta&os incomuns &e conscie- n cia ara a ela/oraa* o &e um ara&ima &a imateriali&a&e, a rimeira etaa ara a ela/oraa*o &e uma osia*o filosoéfica esiritualista soéli&a que traa comreensa*o ara os 'eno-menos ano-malos.
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3om este o/jeti#o e em con'ormi&a&e com a roosta &a monorafia , roo*ese uma &efinia*o estiulati#a &e sinonémia entre as ala#ras esiritual e imaterial, na /usca &e uma terminoloia que seja &estitué&a &e ressuostos reliiosos e que sir#a ara a ela/oraa*o &e uma tese que, a artir &a &emonstraa*o &a naturea imaterial &a reali&a&e, ermita a conclusa*o &e que a naturea &o Eu seja ta*o imaterial quanto reali&a&e que lhe ser#e &e esto'o. @este contexto, 'ase uma &efinia*o estiulati#a, e &e &istina*o, entre os termos reali&a&e 'ésica que assa a ser uma acea*o ara a reali&a&e em simesma , e a reali&a&e erce/i&a ela conia*o, que como corolaério, se reten&e &emonstrar ser um 'eno-meno emerente e ilusoério oriun&o &o rocesso sensorial coniti#o.
O tereiro a)/t(*o intro&u os rinciais conceitos &a sicoloia e &os esta&os incomuns &e conscie- ncia, &escortinan&o o uni#erso &os 'eno-menos séquicos, e aresentan&o as moti#ao*es que &eram oriem a sicoloia :ransessoal. 8 o/jeti#o central &este caétulo eé mostrar que, existem inué meros in&é cios que suerem uma in&een&e-ncia &a conscie- n cia essoal e conoscente com relaa*o aos rocessos cere/rais, o que se oo* e a #isa*o neuroloéica /asea&a em um mo&elo fisioloéico no senti&o materialista &o termo. Entre as rinciais consi&erao*es a/or&a&as neste caétulo, &estaca se o 'eno- meno &a conscie-ncia so/ suas #aérias nuances, &a conscie- ncia como um rincéio orania&or &o cosmo a conscie- ncia essoal como arte &esse rincéio coésmico maior que, or&ena a mani'estaa*o &a #i&a. @a seque- ncia &as exosio*es, se 'a uma a/or&aem simlifica&a &as rinciais teorias claéssicas &a conscie- ncia a lu &a exosia*o &e !illiam =ames, >arl =aser, Simun& 9reu& e 3arl =un. Em seui&a, a cartorafia &a conscie-ncia eé exosta como uma sucessa*o &e esta&os conscienciais, aluns comuns, e outros incomuns, que suerem uma similari&a&e e uma ossi/ili&a&e , com os esaos multi&imensionais, &e acor&o com a cosmoloia qua-ntica &as suercor&as,
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assunto a/or&a&o no caétulo que se seue. % esta cartorafia consciencial, a&icionase a exerie- n cia &e exansa*o consciencial atra#eé s &as teécnicas me&itati#as, e o uso &e enteoéenos as &enomina&as lantas &e o&er , que sa*o aresenta&as como mais uma 'erramenta ara o estu&o &o inconsciente, tal como &escrito or Strassman, Dro' e CearA, entre outros. Em seuimento as i&eéias exostas no caé tulo anterior, este terceiro caétulo aresenta aluns in&écios e e#i&e-ncias , &a imateriali&a&e &o 'eno-meno conscie-ncia, na &escria*o &e relatos &e exerie-ncias &e quase morte (@7E) e rojea*o extracoroérea &a conscie-ncia (8?E) como uma 'orte ossi/ili&a&e &e que a conscie-ncia ossa na*o ser um ei'eno-meno /ioloéico, no senti&o fiurati#o &este termo, mas alo imaterial, um tio &e camo consciencial, que o&e ter a mesma naturea &os camos &e 'ora &escrito ela 'ésica contemora-nea. %s consi&erao* es coloca&as neste terceiro caét ulo traem os elementos necessaérios ara uma ran&e séntese inter&iscilinar, quan&o os conhecimentos que se tem &a naturea &a conscie- ncia como uma enti&a&e /ioséquica e esiritual , con#erem com conhecimento que &esonta na 'ésica contemora-nea.
O 0(arto a)/t(*o eé uma exosia*o intro&utoéria so/re os acha&os &a 'ésica contemora-nea, rincialmente nos camos &as 'ésica relati#ista, qua-ntica e &e artéculas, com o o/jeti#o &e colocar &e 'orma clara, exata e sem &istoro* es emocionais, os rinciais acha&os &essa cie- n cia contemora-nea, ara que o leitor tenha uma #isa*o &a imorta-ncia &esses sa/eres na construa*o &e um ara&ima essoal, #olta&o ara a #isa*o &e um uni#erso imaterial que o&e ser#ir &e alco ara a comreensa*o &e uma ama &e 'eno-menos associa&os a esta&os conscienciais, que suerem a imateriali&a&e &a alma como #eéculo &a conscie-ncia. ortanto, a esse- ncia &este caétulo eé a /usca &a comreensa*o &o que Dá-se preferência ao uso do acrônimo em língua inglesa por ser universal na
literatura científica.
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a 'ésica sa/e, e tem a &ier, so/re a reali&a&eM ou seja, so/re o esao, o temo e a mateéria, que sa*o os elementos &o cenaério no qual os 'eno-menos sé séquic quicos os ocor ocorrrem e mani mani''esta estam m um Eu que, que, como como uma uma cons consci ciee- ncia ncia &eserta, /usca tanto a comreensa*o &e simesmo, quanto &este comlexo cenaério no qual estaé inseri&o. 4niciase o caétulo com uma /re#e reflexa*o so/re a reali&a&e e o esaotemo, tanto so/ o onto &e #ista &a 'ésica claéssica quanto &a mo&er mo&erna. na. @o su/ca su/caéétulo &a 'é 'ésica ica &e art artééculas ulas,, 'ase ase uma &escri &escriaa* o simlifica&a &o o&elo a&ra*o, ara que o leitor tenha uma re'ere-ncia &o que se sa/e so/re os constituintes uéltimos &a reali&a&e, e &e como estes elementos elementos &e reali&a&e o&em auxiliar na comreensa* comreensa* o e na mo&elaem &e um ara&ima que ossa traer comreensa*o &a naturea &o Eu e &a roéria reali&a&e, tal como ela eé em simesma. 9inalmente, 9inalmente, eé imortante imortante lem/rar que as reflexo reflexo* es e'etua&as e'etua&as neste ca caéé tulo ulo te- m or or o/jet /jetii#o most mostrrar que as &esco esco/ /erta ertass &a 'é sica ica cont contem emo orra- nea nea esta esta** o ten&o en&o um ro' ro'un un&o &o imac mactto na &esc &escri ria a** o &a reali&a&e, e que suas imlicao*es filosoéficas esta*o mu&an&o ra&icalmente a #isa #isa** o que que o home homem m cont contem emo orra- neo tem &e sim simes esmo mo e &a ro roé ria ria reali&a&e. uan&o Sir %rthur E&&inton (1UU21OFF) roo-s o ara&oxo &as &uasmesasM a mesa &o &iaa&ia #ista com concretu&e e soli&e, e a mesa #ista elo 'ésico como uma comlexa e im/rica&a estrutura &e camos #i/racionais no #aio a/soluto, esta#a tam/eém roon&o o ara&oxo que aora colocamos+ a neuro/ioloia #ista com a concretu&e &os rocessos fisi fisiol olo oé ico icos, s, e a neur neuro/ o/io iolo loi iaa tal tal como como com comrreen& een&i& i&aa elo elo 'é 'ésico ico &e artéculas, ou seja, a mesma comlexa e im/rica&a estrutura &e camos #i/racio #i/racionais nais no #aio #aio a/solut a/soluto. o. Enta* Enta* o remanes remanesce ce a questa questa* o+ o que eé essa conscie-ncia que, como um 'eno-meno, emere &esse cenaério aarentemente surrealV
O 0(into a)/t(*o eé o corola corolaéé rio &os resulta& resulta&os, os, acha&os acha&os e sa/eres sa/eres exo exosto stoss nos caé caétulos tulos anteri anterior ores, es, culmin culminan& an&o o com uma uma roo roosta sta &e
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'ormu 'ormula laaa* o &e um mo&elo mo&elo ara&i ara&ima maéé tico tico &a imat imateri eriali ali&a& &a&ee &o mun&o mun&o 'ésico, que &e- suorte a uma #isa*o mais ro'un&a e real &a reali&a&e em si mesm mesma, a, in&e in&ee en& n&en enttemen emente te &a er erce ceaa* o ilus iluso oé ria ria e equi equi##oca& oca&aa &os &os mo&elos oriun&os &a ercea* ercea* o coniti#a e &a interretaa* interretaa* o equi#oca&a equi#oca&a &o aétomo como uma estrutura material. @a oin inia* ia* o &o aut autor eé oss ossé#el con# con#ii#er com com uma uma er erce ceaa* o /iol /iolo oé ica ica,, mas mas sem sem er& er&er er a #isa #isa** o &e que que este este mo&e mo&elo lo na* na* o &escr &escre# e#ee su/stanciali&a&e e materiali&a&e e, ortanto, na*o in&ica ou suorta a uma #isa #isa** o materi materiali alista sta &a reali reali&a& &a&e, e, ois ois &a #acui&a acui&a&e &e consti constituc tucion ional al &as artéculas elementares na*o o&e air nenhuma concretu&e. 9inalian&o esta intro&ua*o, o autor e&e acie-ncia ao leitor ela re&un re&un&a &a-- ncia ncia na exo exosi siaa* o &e aluns aluns concei conceito tos, s, em que que a ree reeti tiaa* o &e conceitos e colocao*es te#e or uénico o/jeti#o 'risar asectos que sa*o incomuns, e &e#em ser continuamente relem/ra&os no &ecorrer &o texto, ara o aro'un&amento e a se&imentaa*o &e i&eéias que na*o 'aem arte &o &iaa&ia &a ran&e maioria &os leitores.
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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO À EPISTEMOLOGIA Uma Reflexão so!e o Co"#e$%me"&o
E os físicos, como eu, têm a nítida consciência de que a realidade que observamos - ou seja, a matéria que evolui no cenário do espao-tempo -, pode ter muito pouco a ver com a realidade e!terna, se é que ela e!iste. "#reene, $%%&, p. '%(.
1'1 INTRODUÇÃO ) coloca*o de um capítulo inicial sobre epistemologia tem por objetivo provocar uma refle!*o te+rica sobre o conecimento, refle!*o esta que - por e!por as diversas posies filos+ficas sobre a naturea do conecimento, suas fontes, seus limites e validade -, é relevante para a compreens*o da rela*o entre a realidade percebida através da cogni*o sensorial e a realidade em si-mesma, tal como ela é independentemente independentemente de um observador cognoscente. ) compreens*o da naturea da realidade em si-mesma é importante para a compreens*o da naturea do Eu, o ser cognoscente, que é parte intrínseca desta realidade, e também para o entendimento dos fenômenos sutis que o envolvem. /este aspecto, a epistemologia tem papel importante, ao e!por as possibilidades de de conecimento sobre vários pontos pontos de vista. ) palavra epistemologia tem sua origem nas palavras gregas 0 episteme’ , com o significado de conecimento, e logos, com o significado de teoria, ou seja, significa literalmente 1eoria do 2onecimento. 2omo um ramo da filosofia, a epistemologia tem por objetivo uma refle!*o sobre o conceito de conecimento, que suscita várias possibilidades, tais como conecer coisas, pessoas, lugares, fatos e, como faer isto ou aquilo, etc. 3or isso o conecimento factual tem sido o ponto central da epistemologia no 4mbito da filosofia analítica. Entretanto, como o objetivo desta monografia é a investiga*o da rela*o entre a realidade em si-mesma, e a realidade percebida 21
pelos sentidos, a refle!*o que faremos neste capítulo se deterá aos aspectos da epistemologia da percep*o. /os capítulos posteriores, ser*o apresentados os argumentos para uma tese sobre a imaterialidade, com a afirma*o de que a realidade percebida pelos sentidos é uma ilus*o, ou seja, um construto cognitivo que nada tem a ver com a realidade em si-mesma. 2omo bem disse Dem+crito5 6 Por convenção doce, por convenção amargo, por convenção quente, por convenção frio, por convenção colorido; mas na realidade só átomos e vazio 7.
3or outro lado, tanto no 4mbito das ciências da psique, quanto na física contempor4nea, têm-se indícios suficientes da e!istência de outras realidades para além dos limites sensoriais. 8s argumentos para tais afirmaes vêm de duas fontes. ) primeira tra os indícios subjetivos dos estados incomuns de consciência que ser*o considerados nos capítulos posteriores. ) segunda tra as evidências objetivas das pesquisas da física contempor4nea, que nos mostram uma realidade com características completamente diferentes daquelas oriundas dos sentidos. 8 universo que pensamos conecer através dos sentidos, ou seja, o universo constituído de matéria bariônica, é somente %,9: de tudo que a cosmologia moderna atualmente conece, e mesmo assim, a imagem sensorial que temos da matéria bariônica é uma ilus*o sensorial-cognitiva, pois os sentidos n*o mostram a naturea real dessa matéria, que é somente vibra*o no vaio. Ent*o, se coloca uma quest*o maior, ou seja, o que de fato se sabe e se pode saber sobre a realidade;
ttp5==>>>.mundodosfilosofos.com.br=democrito$.tm . )cessado em '&=%?=$%'% @atéria comum, constituída de átomos e seus compostos. 3lanetas e estrelas. 8 restante do 2osmos é composto de 9,?: de gás intergaláctico, $$: de matéria escura e A9: de energia escura. 22
descrevem a realidade como uma manifesta*o do )bsoluto - a 2onsciência 2+smica -, na forma de vibra*o em movimento "em s4nscrito, (.
Se()"*o C#a&&e!+% "'HAI, p. '9(5 /*o e!iste nada que seja absolutamente estável, nada que seja permanente, em todo o universo objetivo, que é apenas um sistema de movimentos cambiantes " Jou movimento coletivo(, com tudo se movimentando e se modificando " (. 1odavia, esse movimento n*o é uma dana tola, á método nela, e os movimentos s*o arranjados em grupos e obrigados a morar J dentro de certos limites, por períodos, e em várias dimenses, de maneira a les dar certa estabilidade duradoura. 8 que dá aos sistemas de movimento essa estabilidade aparente, esse arranjo ordenado e essa sequência reguladora n*o é uma propriedade qualquer dos movimentos, mas algo diferente dos movimentos, um poder que os governa "( e os fa morar diversamente e em ordem, um poder que n*o pode ser contatado diretamente através dos movimentos. /a verdade, os movimentos n*o podem ser conecidos diretamente, mas somente inferencialmente como causa das sensaes que s*o e!perimentadas direta e intimamente. 8 poder que regula os movimentos é, assim, duplo e impenetravelmente ocultado de n+s pelas sensaes e!perimentadas, e pelos movimentos inferidos como fonte das sensaes. 3or outro lado, a moderna física de partículas descreve a realidade em seu nível mais fundamental através da 1eoria das supercordas.
Se()"*o L%"$ol" "$%%&, p. 9IA(5 /a física de partículas, as cordas s*o pensadas como um pequeno lao em vibra*o. )s vibraes manifestam-se a si mesmas, e podem vibrar com frequências variáveis e crescentes. ) menor frequência ocorre simplesmente quando o raio do lao varia. ) segunda frequência ocorre quando a distor*o rítmica do círculo produ uma elipse, inicialmente orientada oriontalmente,
Estabilidade atômica que dá aparente individualidade as partculas elementares! 24
depois verticalmente. Fibraes de frequências mais altas tomam a aparência de uma estrela oscilante, etc. 3ortanto, a percep*o que o ser umano tem da realidade através dos sentidos, n*o é verdadeira. 8 que os sentidos mostram é um construto psíquico, ou seja, uma imagem falsa, ou ilus+ria dessa realidade. 2om certea, a realidade Cltima n*o tem uma 0imagemK no sentido literal, mas n*o á dCvidas de que é a física qu4ntica de partículas que nos di como ela é através da 1eoria das Bupercordas, que de certa forma, concorda com a imagem percebida pelos místicos, no que di respeito vacuidade e s vibraes em movimento.
Se()"*o Mo"&e%!o "$%%I, p. ?I-A?(5 L oje geralmente aceito que n*o podemos sustentar a e!istência de um mundo real subsistindo em si e por si mesmo, independente de nossos atos de constru*o cognitiva. #alileu e MocNe mostraram que as camadas qualidades segundas das coisas, como as cores e os perfumes, n*o s*o pr+prios dos objetos, sendo unicamente devidas naturea do sujeito que percebe tais qualidades 2omentando a afirma*o de @onteiro, a ine!istência de um mundo real n*o significa niilismo, mas sim a ine!istência do conceito de mundo real, como algo concreto e com substancialidade. Bem dCvida, esta refle!*o está no cerne da dualidade entre o materialismo e o espiritualismo. Be, por um lado vê-se a realidade com materialidade e concretude, por outro lado, vê-se que a realidade em sua essência é imaterial. Ent*o, remanesce a quest*o5 como da imaterialidade poderia surgir uma materialidade, a menos que esta seja somente uma percep*o cognitiva; )dmitindo a tese de que a realidade percebida é um construto psíquico portanto uma interpreta*o que a rede neural fa dos estímulos sensoriais -, é de se admitir que os mecanismos cognitivos que geram a ilus*o da materialidade devem estar na rede neural, e provavelmente s*o de origem evolucionária. Desde que a primeira célula viva surgiu no planeta á quatro biles de anos, teve início um mecanismo evolucionário de sobrevivência. Oá %,? biles de anos surgiram os primeiros animais multicelulares, semelantes s esponjas
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marinas á %,&& biles de anos surgiram os platelmintos, os primeiros animais a terem um sistema nervoso. 8 homo sapiens surgiu no planeta á $%%.%%% anos, e a evolu*o foi moldando a sua psique percep*o do mundo, através de uma comple!a intera*o sensorial e cognitiva, um mecanismo evolucionário para proporcionar espécie uma melor condi*o de adapta*o e sobrevivência num mundo e!tremamente comple!o e competitivo. 2omo resultado dessa gradativa adapta*o psico-sensorial-cognitiva, o animal omem foi desenvolvendo o intelecto, conecendo-se a si-mesmo, e cada ve mais se identificando com o corpo. Em verdade, poucas vees ele possa ter pensado poder ser outra coisa além do corpo, e por isso, ainda oje é difícil para qualquer umano pensar na ip+tese de que ele possa n*o ser o corpo, tampouco a mente, mas sim algo além da matéria. ) percep*o de ser o corpo está imbricada no inconsciente pessoal de cada indivíduo da espécie umana. Babe-se que tudo que o ser umano fe e aprendeu durante sua evolu*o biol+gica e social, foi sendo incorporado em sua rede neural na forma de mem+rias, as quais foram se transformando em aprendiados, condicionamentos e instintos. 2omo resultado desse desenvolvimento biopsíquico e intelectual, cada indivíduo da espécie foi estabelecendo conceitos e crenas a respeito de si mesmo e da naturea da realidade, e esse conecimento foi aos poucos sendo compartilado com seus semelantes, de gera*o em gera*o, para finalmente dar origem ao seu paradigma pessoal, o modelo inconsciente que, de certa forma, passa a ser o seu descritor da realidade, e o guia do seu comportamento. 3or esse modelo paradigmático materialista-organicista, o ser se identifica com o corpo, identifica*o evidente em frases como5 6 eu estou doente , eu tenho fome , eu estou envelhecendo 7, mostrando a aderência a este modelo paradigmático, pois se assim n*o fosse ele diria5 6 meu corpo está doente, meu corpo tem fome, meu corpo está envelhecendo7. 3or outro lado, os místicos que vivenciaram a realidade em estados incomuns de consciência, nos diem que ela é inefável, porque tudo que foi percebido nas dimenses ocultas da realidade é indescritível, impossível de ser
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verbaliado, por n*o ter padres ou referências cognitivas na estrutura psíquica do ser umano.
1', – A REALIDADE PERCE-IDA E A REALIDADE EM SI MESMA Be o que se vê n*o corresponde ao que e!iste, é necessário que se considere duas categorias filos+ficas ao se abordar o tema realidade ' )ssim, deve-se pensar na e!istência de uma realidade que é a verdadeira, real, ou seja, a realidade em si-mesma, independente da e!istência de vida biol+gica observadora e pensante, e em uma realidade ilus+ria que é a realidade percebida, pelo ser biol+gico que a observa, pensa e indaga sobre sua naturea, tentando compreendê-la. Ent*o, cabe uma quest*o5 se o conecimento empírico que o ser umano tem da realidade em si-mesma é incorreto, será que é possível conecê-la; Esta quest*o pede uma refle!*o mais profunda sobre as possibilidades do conecimento, tanto no aspecto de suas origens e meios, quanto de suas solues metafísicas, para que se possa ter certea de que o conecimento que se tem da realidade seja verdadeiro, ou a melor descri*o possível da realidade tal como ela é em si mesma. Devido a esta preocupa*o, algumas questes de interesse epistemol+gico foram propostas com o objetivo de assegurar a convergência entre o que se sabe e a realidade.
1'. / POSSI-ILIDADES E ORIGENS DO CON0ECIMENTO /a busca do conecimento da realidade têm-se três possibilidades5 o conecimento oriundo do método empírico sensorial, o conecimento oriundo das percepes nos estados alterados de consciência, e o conecimento oriundo do método científico. 8s dois primeiros foram s Cnicas possibilidades de conecimento até meados do século PFQ, quando a ciência comeou a se consolidar como o método e!perimental, mostrando uma nova concep*o da realidade, nem sempre correta quando unicamente investigada pelos sentidos. 3or e!emplo, eu vejo uma rosa, e a vis*o me di que ela tem uma cor, mas será que tem mesmo; 8u a
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cor vista é um construto mental; 3ara que se possa responder a esta quest*o devemos investigar e conecer como as imagens cegam consciência, mediadas pelos +rg*os sensoriais e pelo cérebro. 3ara se ver necessita-se de lu. 3or e!emplo, a lu do Bol. ) lu é uma sobreposi*o de várias radiaes eletromagnéticas de frequências diferentes, que s*o campos elétricos perpendiculares a campos magnéticos, que se propagam na dire*o perpendicular aos dois campos "vetor de 3oRnting(. /o processo da vis*o, a radia*o luminosa da lu interage com a rosa, e como resultado desta intera*o, parte da radia*o é absorvida na forma de calor e parte é refletida em dire*o aos olos do observador. ) parte refletida tem as ondas eletromagnéticas das frequências n*o absorvidas, e ao penetrar no globo ocular do observador, ela incide sobre a retina - um tecido composto de estruturas denominadas cones e bastonetes -, e o resultado é a produ*o de um pulso elétrico que segue pelo nervo +tico até o c+rte! visual - localiado nos lobos occipitais -, onde a imagem é apreendida pela consciência do sujeito que observa a rosa. Esta regi*o do cérebro é absolutamente escura, mesmo que estejamos vendo lu. /*o á lu no cérebro, nem cor, nem imagens. Ent*o, de onde vem a imagem colorida; ) radia*o eletromagnética incidente na retina n*o tem cor alguma, porque os campos eletromagnéticos s*o oscilaes de frequências variáveis, mas sem nenuma característica intrínseca que possa ser associada a qualquer cor. 8u seja, os campos eletromagnéticos s*o oscilaes destituídas de cor. )s cores atribuídas ao espectro denominado visível s*o elas pr+prias construtos mentais. ) corrente elétrica gerada na retina também n*o tem cor, pois a eletricidade é incolor. Ent*o o que pode ser a cor percebida, além de um construto mental criado pelo c+rte! visual; /este caso, pergunta-se5 será que o cérebro pode criar uma cor ine!istente no mundo e!terno ao sujeito; 3odeS ) prova está numa característica incomum que algumas pessoas têm, denominada
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sinestesia, uma condi*o neurol+gica na qual a estimula*o de um canal sensorial leva a e!periência involuntária de um segundo canal sensorial. 3or e!emplo, e!istem sinestésicos que vêem uma cor ao ouvirem um som, ou sentirem um gosto ou mesmo um ceiro. 8 cérebro cria a cor que n*o e!iste, ao ser estimulado pelo som, gosto, ou ceiro. 8s compositores Tran Mist e /iNolai UimsNR-VorsaNov, viam cores ao ouvirem as notas musicais. Be o cérebro cria cores, que mais pode criar; Be a cor da rosa n*o é uma característica intrínseca da rosa, mais sim um atributo sobreposto a ela pela cogni*o, o que será da te!tura, do ceiro, etc. ) conclus*o é que podemos confiar nos sentidos para viver a vida, mas n*o podemos confiar neles para saber como as coisas s*o em si-mesmas. 8s sentidos n*o s*o uma fonte segura de conecimento.
Se()"*o Mo"&e%!o "$%%A, p. ?I-?A(
L oje geralmente aceito que n*o podemos sustentar a e!istência de um mundo real subsistindo em si e por si mesmo, independente de nossos atos de constru*o cognitiva. #alileu e MocNe mostraram que as camadas qualidades segundas das coisas, como as cores e os perfumes, n*o pertencem aos pr+prios objetos, sendo unicamente devidas naturea do sujeito que percebe tais qualidades. WerNeleR e Oume levaram mais longe esse, digamos, 6construtivismo7 "em um dos muitos sentidos desse termo(, também qualidades primárias como a solide s*o derivadas de nossa subjetividade. Vant foi mais longe, encarando o pr+prio espao e o pr+prio tempo como formas a priori da sensibilidade, e n*o como propriedades intrínsecas do mundo em que vivemos, e negando a possibilidade de conecer quaisquer 6coisas em si. "@onteiro $%%A(.
As Poss%%l%*a*es *o Co"#e$%me"&o/ Bob o ponto de vista das possibilidades do conecimento, divide-se o problema em duas partes5 o conecimento do mundo e o conecimento metafísico. 8 conecimento do mundo é caracteriado pela investiga*o de tudo que nos circunda através da e!periência sensível, por outro lado, o conecimento metafísico é 6caracterizado pela investigação das realidades que transcendem a experiência
Principia, 11"'( "$%%A(, pp. ?IXA?. Y. 3. @onteiro Zniversidade de Misboa. 29
sensvel e são capazes de fornecer fundamento a todas as ciências particulares, por meio da reflexão a respeito da natureza primacial do ser 7 !"essen# $%%&'#
Do(ma&%smo5- do grego dogma, ou doutrina estabelecida, é a posi*o epistemol+gica para a qual o problema do conecimento n*o cega a ser discutido, ou seja, para as pessoas que compartilam esse ponto de vista, as coisas s*o tal como n+s as percebemos 6) possibilidade e a realidade do contato entre o sujeito e o objeto s*o pura e simplesmente pressupostas. L auto-evidente que o sujeito apreende o objeto, i.e., que a consciência cognoscente apreende aquilo que está diante dela " 0esse" $%%I, p. $H(. 3ortanto, para os propositores do dogmatismo, o conecimento n*o cega a ser um problema. Eles assumem uma posi*o ingênua e desconecem que o contato entre o sujeito e o objeto é sempre mediado por um processo, que pode ter limitaes - e sempre as têm -, pois os métodos de conecimento sensorial nunca mostram as características reais do objeto que se quer conecer. ) posi*o dogmática é visível quando se aceita qualquer opini*o como verdadeira, sem se ter o cuidado de procurar conecer as limitaes do processo e a credibilidade das fontes através do qual o conecimento é divulgado.
Ce&%$%smo é a posi*o epistemol+gica oposta ao dogmatismo. Enquanto que para o dogmatismo n*o á problema para que o sujeito apreenda o objeto, para o ceticismo esta possibilidade é negada. 8u seja, para o cético o conecimento é impossível. 6 (nquanto o dogmático encara a possi)ilidade de contato entre o su*eito e o o)*eto como auto+evidente, o ctico a contesta 7 0esse" "$%%I, p. I'(. S)+e&%2%smo e Rela&%2%smo 5- para o subjetivismo e o relativismo, o conecimento é possível, mas o que podemos saber é sempre limitado em conteCdo e validade. /este aspecto o subjetivismo e o relativismo têm 30
semelana entre si, pois ambos afirmam que n*o á verdade absoluta. 1oda verdade é relativa e de validade restrita. 8 subjetivismo restringe a validade da verdade ao sujeito que conece e que julga, enquanto o relativismo enfatia mais a dependência do conecimento aos fatores e!ternos. Diferentemente do ceticismo que afirma n*o aver verdade alguma - o que por si já é uma contradi*o -, o subjetivismo e o relativismo afirmam que n*o á nenuma verdade que seja universalmente válida, - e aqui também á uma contradi*o, pois uma verdade necessita ser universalmente válida, para ser verdadeira -, 6 no fundo, su)*etivismo e relativismo são formas de ceticismo, pois tam)m indiretamente negam a verdade, na medida em que contestam sua validade universal# 7 "Oessen, $%%I, p. I[(.
P!a(ma&%smo5- 8 pragmatismo, tal como o ceticismo, também nega a possibilidade de se ter conecimento de uma verdade absoluta, ou seja, nega a concord4ncia entre a percep*o do sujeito e a naturea daquilo que é conecido através dessa percep*o. -(ntretanto, não se detm nesta negação, mas p.e outro conceito de verdade no lugar do que foi a)andonado# /erdadeiro, segundo essa concepção, significa o mesmo que 0til, valioso, promotor da vida1# "0esse" $%%I, p. IH-9%(5
Entre os principais fil+sofos e psic+logos que ap+iam esta tese encontram-se \illiam Yames "'[9$-'H'%(, que foi quem propôs o termo, Triedric Bciller "'A&H-'[%&(, que a denominou umanismo e Triedric /ietsce "'[99-'H%%(, um fil+sofo que desenvolveu o método de psicoterapia pela fala. Begundo /ietsce 6 a verdade não um valor teórico, mas uma expressão para a utilidade, para a função do *uzo que conservadora da vida e servidora da vontade de poder# 7 "ibidem. pg. 9%(.
)ssim, vemos que, para o pragmatismo, o conecimento deve ser Ctil e ter validade para o ser e para a sociedade. 8 pragmatismo é uma posi*o que se mostra verdadeira, mas n*o coloca em refle!*o o problema epistemol+gico do conecimento, pois mesmo sendo Ctil para o ser e a sociedade, o conecimento deve ser fundamentado, crível.
C!%&%$%smo5- Esta é uma posi*o filos+fica de equilíbrio e bom senso. 8 31
pensador crítico e!amina tanto a fonte de suas afirmaes e objees, quanto os fundamentos sobre os quais repousam. Entre os principais pensadores que adotam esta postura crítica em rela*o ao conecimento est*o Uené Descartes "'&H?-'?&%(, Yon MocNe "'?I$-'A%9(, #ottfried \. Fon Meibni "'?9?-'A'?(, David Oume "'A''-'AA?( e Qmmanuel Vant "'A$9-'[%9(, o proponente do pensamento crítico, com suas obras 2rítica da Ua*o 3ura e 2rítica da Ua*o 3rática. 2riticismo é vigil4ncia epistêmica] é n*o acreditar em tudo que é escrito e dito, como sendo verdadeiro, sem se e!aminar as origens desses saberes. 3or isso é necessária certa aten*o quanto ao que lemos e ouvimos.
pragmatismo. 8 conecimento absoluto parece ser uma utopia, um orionte que continuamente se afasta do buscador incansável, principalmente quando a quest*o é a realidade Cltima, a realidade em si mesma. Entretanto, embora talve nunca saibamos o que ela é - cada ve mais sabemos o que ela n*o é -, e isto por si já é algo grandioso.
O!%(e"s *o Co"#e$%me"&o/ Bob o ponto de vista das origens do conecimento, os principais pontos de vista levantados pela epistemologia s*o5 o racionalismo, o empirismo, o intelectualismo, e o posicionamento crítico. Ra$%o"al%smo5- é uma posi*o filos+fica que en!erga no pensamento e na ra*o a principal fonte do conecimento umano, e para esta postura epistemol+gica, um conecimento s+ merece realmente esta designa*o, se tiver validade universal. 8 pensamento racionalista tem sua origem na matemática, que nos lega um conecimento essencialmente dedutivo e conceitual, portanto de origem no pensar, na ra*o. /a matemática, a ra*o impera porque o conecimento matemático é independente da e!periência empírica. @as quando a matemática é a linguagem das ciências, seus resultados devem ser validados e!perimentalmente. ) mais antiga escola racionalista é a do fil+sofo 3lat*o "9$[-I9A a.2.(, que ensinava que os sentidos jamais nos fornecer*o um conecimento verdadeiro. 2omo já foi dito, os sentidos nos mostram somente aquilo que é importante para a sobrevivência e evolu*o da espécie. De certa forma, os sentidos têm limitaes. 3or e!emplo, a vis*o nos descortina uma realidade limitada intera*o da lu com os objetos circunviinos numa pequena fai!a espectral de comprimento de onda entre 9%% e [%% nanômetros. Estruturas e fenômenos que somente interagem com comprimentos de onda abai!o e acima dessa fai!a espectral n*o s*o perceptíveis pelo sentido da vis*o. 3ortanto, o que os sentidos nos mostram n*o é conecimento "episteme(, mas uma opini*o ou mostra "d+!a( da realidade. 3or outro lado, 3lat*o afirmou que, ao lado do mundo sensível, deve aver um mundo supra-sensível, de onde a consciência cognoscente retira seus 33
conteCdos] este mundo n*o é simplesmente uma ordem l+gica, mas também uma ordem metafísica, um reino de entidades ideais. /este mundo, as ideias s*o os arquétipos das coisas do mundo sensível da e!periência. E, indo mais longe, ele afirmou que o mundo das ideias está em rela*o com a consciência cognoscente, pois todo conecimento é rememora*o, numa e!plicita alus*o s possibilidades de cogni*o através dos estados incomuns de consciência. 6 3 alma viu as ideias num ser+ai pr+terreno e, agora se recorda delas por ocasião da experiência sensvel 7 "3lat*o apud Oessen, $%%I, p. &%-&'(.
8utra posi*o epistemol+gica para o racionalismo encontra-se em 3lotino "$%&-$A% d.2.( e santo )gostino "I&9-9I% d.2.(, que colocam o mundo das ideias no 4ous c+smico, o Espírito 3ensante ou a 2onsciência 2+smica, no jarg*o da 3sicologia 1ranspessoal. 6 5 conhecimento simplesmente ocorre quando o esprito humano rece)e as ideias do 64ous6, pois a parte racional de nossa alma sempre preenchida e iluminada a partir do alto 7 " Plotino, apud "essen $%%I, p. &%(5
Esta corrente racionalista é denominada platônico-agostiniana, ou racionalismo teol+gico. @ais tarde, por volta do século PFQQ, Descartes "'&H?'?&%( e posteriormente Meibni "'?9?-'A'?(, postularam a doutrina das ideias cognatas "ideae innatae(, segundo a qual os seres umanos possuem conceitos inatos que s*o os fundamentadores do conecimento. Begundo estes fil+sofos, estas ideias inatas n*o provêm da e!periência empírica, mas se constituem num patrimônio da ra*o.
Em3%!%smo5- é uma posi*o filos+fica que afirma ser a e!periência a Cnica fonte do conecimento. Begundo os empíricos, a ra*o n*o tem nenum conecimento a priori da e!periência, que seria ent*o a origem Cnica de todo o saber. 3ortanto, segundo este ponto de vista, a consciência cognoscente n*o retira seus conteCdos da ra*o, mas da e!periência. 8s empíricos consideram que o ser umano ao nascer é uma ta)ula rasa, ou uma tela em branco, que nada contém a priori da e!periência, a qual aos poucos vai dei!ando no ser um saber, que é o fruto do conecimento empírico.
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Be, por um lado, a posi*o racionalista admite um conecimento subjetivo, o empirismo trabala com uma ip+tese concreta e baseada na e!periência. ) maioria dos racionalistas tem suas raíes na l+gica e no mundo abstrato das ideias e conceitos matemáticos, enquanto os empiristas as têm nas ciências naturais, onde a observa*o é a Cnica fonte do saber. E!istem duas formas de empirismo5 a primeira, baseada na e!periência interna e a segunda baseada na e!periência e!terna, que se denomina sensualismo, ou seja, a e!periência baseada nos sentidos. Entretanto, embora a e!periência interna seja subjetiva, ela é a Cnica forma de o indivíduo conecer-se a si-mesmo em sua e!tens*o biopsíquica. Entre os séculos PFQQ e PFQQQ, alguns pensadores como Yon MocNe "'?I$-'A%9( e David Oume "'A''-'AA?( abraaram a causa do empirismo com um desenvolvimento sistemático. Yon MocNe combateu a doutrina das ideias inatas, admitindo a e!istência de uma e!periência e!terna e outra interna. ) e!terna produ sensaes, e a interna produ refle!es. Em ambos os casos os conteCdos das ideias s*o representaes.
I"&ele$&)al%smo5 - Esta posi*o estabelece um meio termo entre as posies racionalista e empirista. Enquanto que, para a posi*o racionalista o pensamento é a fonte de todo o conecimento, e para a posi*o empirista o conecimento advém da e!periência, para o intelectualista as duas posies participam do processo do conecimento, pois a consciência cognoscente lê na e!periência e retira dela seus conceitos. A3!%o!%smo5 - 1al como o intelectualismo, o apriorismo também estabelece um meio termo entre as posies racionalista e empirista, considerando o pensamento e a e!periência como fontes do conecimento, mas como o nome sugere, o apriorismo coloca que o conecimento apresenta elementos a priori e independentes da e!periência. Entretanto, os elementos a priori n*o s*o conteCdos do conecimento, mas formas, e essas formas recebem seu conteCdo através da e!periência. Begundo Oessen, 6 os fatores apriorsticos assemelham+se num certo sentido a recipientes vazios que a experiência vai enchendo com conte0dos concretos7 "Oessen, $%%I, p. ?$(.
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) essência do conecimento está na compreens*o da rela*o entre o sujeito cognoscente - que observa, pensa e infere -, e o objeto que é observado, e cuja naturea é perscrutada pelo sujeito. ) media*o entre esses dois elementos está no processo de observa*o, que é o fator de fundamental import4ncia no processo do conecimento, pois interliga o sujeito e o objeto, traendo ao primeiro as características do segundo. Qsto evidencia que os sentidos, além de n*o nos mostrarem as características reais do objeto observado, ainda sobrepem sobre estes algumas características e atributos ine!istentes.
1'4 / SOLUÇ5ES META6ÍSICAS 2onsiderando o aspecto ontol+gico do sujeito e do objeto, três solues metafísicas podem ser consideradas5 os pontos de vistas do realismo, do idealismo e a do fenomenalismo.
Real%smo/ Oessen "$%%I, p. A&( por realismo, entende-se o ponto de vista epistemol+gico, segundo o qual e!istem coisas reais, independentes da consciência ^cognoscente_. /a opini*o do autor desta monografia, esta defini*o está correta, mas pede um entendimento quanto ao significado do termo 6coisas reais7. Be compreendermos por 6coisas reais7 a realidade percebida - na forma de objetos e coisas do mundo que nos cercam -, ent*o a posi*o realista é incorreta, pois a consciência cognoscente depende dos sentidos, e estes n*o nos mostram a realidade como ela é. @as, se entendermos que por 6coisas reais7 estamos nos referindo realidade em si-mesma, aquilo que e!iste independente do ser umano, o sujeito observador, ent*o a posi*o realista está correta, pois e!iste uma realidade que é independente das possibilidades sensoriais e cognitivas dos animais em geral. Esta realidade é o estofo do mundo físico, e está sendo modelada pela 1eoria das Bupercordas. Esta refle!*o pode ser compreendida na pr+pria essência do pensamento realista, que admite três posies epistemol+gicas diferentes5 o denominado realismo ingênuo, o realismo crítico e o realismo científico.
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Real%smo %"(7")o/ n*o fa nenuma refle!*o epistemol+gica quanto naturea do conecimento e da rela*o entre os três elementos do processo de conecimento, isto é5 sujeito cognoscente, o objeto do conecimento e o método através do qual o sujeito determina e conece o objeto. )ssim, o realismo ingênuo n*o distingue a percep*o, que é um conteCdo da psique cognoscente, do objeto percebido. 3ara esta posi*o epistemol+gica, o objeto e!iste, com todas as suas características apreendidas, independentemente do sujeito que o observa. 6) rosa é vermela independentemente de aver ou n*o alguém que a observe7. )s cores dos objetos, bem como todas as suas características e qualidades, s*o consideradas intrínsecas e n*o dependem do sujeito cognoscente. 3ortanto, o Uealismo Qngênuo identifica todos os conteCdos da psique cognoscente como pertencentes aos objetos, ou seja, atribui aos objetos todas as propriedades desses conteCdos. Evidentemente este é um ponto de vista equivocado para quem busca se apro!imar da verdade em sua est4ncia Cltima. 3or outro lado, o !eal%smo $!8&%$o tem como base refle!es epistêmicas críticas, que dividem as características dos conteCdos perceptivos em duas categorias5 aquelas que s*o consideradas como sendo intrínsecas dos objetos e aquelas que n*o o s*o. /o primeiro caso, temos as características apreendidas por mais de um sentido, como por e!emplo, as características gerais que dependem da percep*o conjunta da vis*o e do tato. /o segundo caso, temos as características apreendidas por um Cnico sentido, como por e!emplo, a cor, o odor e o gosto de um objeto, etc., e considera que 6 certos elementos causais devem estar presentes nos o)*etos para o surgimento dessas qualidades 7 "Oessen $%%I, p. A&(. De fato, e!istem nos 6objetos percebidos7, certos elementos causais, ocultos aos sentidos, que de uma forma ou outra, interagem com os elementos do processo de percep*o sensorial, estimulando na consciência cognoscente atributos que passam a ser percebidos como pertencentes aos pr+prios objetos.
"en#minadas p#r $#%n c'e respectivamente qualidades primárias e secundárias! 37
/o e!emplo citado anteriormente "ver p. 'I(, sabe-se que e!iste algo na naturea 6daquilo que vemos como uma rosa7. Este algo interage com a radia*o eletromagnética dando origem ao processo da lu emergente e a percep*o da cor. @as, o que é este algo; ) física moderna nos di que 6este algo7 é o arranjo do estofo do cosmos, algo que e!iste em vários níveis de comple!idade, tais como5 as supercordas, as partículas elementares que nelas têm origem, os átomos formados pelas partículas elementares, e tudo mais que deles decorrem como fenômenos emergentes da cogni*o umana.
Real%smo C%e"&8f%$o5- 8 realismo científico é o ponto de vista epistemol+gico que afirma que a realidade descrita pela ciência é a melor descri*o da realidade em si-mesma, tal como ela é, independentemente de como n+s a vemos e pensamos que ela possa ser. Este ponto de vista nos remete a um e!ame da rela*o entre a ciência e a realidade, ou seja, de como o nosso conecimento científico se relaciona com as coisas do nosso dia-a-dia. 6 7ual a relação entre a natureza 8realidade9, tal como a ciência a vê, e como ela perce)ida na experiência do dia+a+dia ;7 "Uescer, $%%I, p. I?'(.
Se()"*o A!)! E**%"(&o" "apud Uescer, $%%I, p. I?$(5 @uito do que pensam os epistemologistas contempor4neos têm seu ponto de partida na famosa discuss*o das duas X mesas de Eddington, as quais contrastam a s+lida mesa da e!periência do dia-adia, com a mesa do físico composta de mCltiplas oscilaes eletromagnéticas no espao vaio. Ele ^Eddington_ mantém que a Cltima é a mesa real, tal como e!iste na naturea, e que a primeira é somente uma aparência, uma ilus*o X uma miragem que e!iste na mente das pessoas. /ossa vis*o comum do mundo é uma quest*o de ilus*o mental ^e n*o somente de percep*o +tica_. 3or isso, o autor desta monografia considera o ponto de vista do realismo 38
científico o melor ponto de vista para compreens*o da realidade, tal como ela é em si-mesma. Este ponto de vista contrape duas percepes5 a realidade percebida no dia-a-dia - que nos mostra um mundo aparentemente s+lido e concreto, e a realidade do ponto de vista do físico - que nos mostra um mundo constituído de uma infinitude de campos eletromagnéticos vibrando no espao vaio. 3or isso enfatia-se que a realidade percebida, a que fa parte do dia-a-dia do ser umano, é uma ilus*o, um construto psíquico, enquanto a segunda, a realidade descrita pela ciência, é a real e verdadeira, por mais alucinante que esta concep*o de realidade possa serS 6) realidade que vislumbramos é somente um pálido vislumbre da realidade que e!iste7 "#reene, $%%&, p. $[(, e 6Be a teoria das supercordas estiver correta, teremos forosamente que aceitar que a realidade conecida é apenas uma leve cortina que nos oculta a rica e espessa te!tura do tecido do c+smico7 " G!ee"e9 $%%&, p. I?(5 Em outras palavras, n+s seres umanos, vivemos um sono irreal. 3ela man*, ao abrirmos os olos, continuamos sonado. L um estado de consciência diferente do sono com sonos, mas é um estado de vigília sonado, uma mistura de construtos psíquicos estimulados por impulsos sensoriais que criam a realidade que precisamos ver, para e!istir e viver no mundo, mas que em nada se parece com a realidade tal como ela é. 3ortanto, este autor elege nesta monografia, o ponto de vista do realismo científico como um dos pilares epistemol+gicos para a demonstra*o da tese da imaterialidade do mundo.
I*eal%smo5- 3ara os adeptos desta postura epistemol+gica, a realidade percebida n*o e!iste por si mesma, ela é um construto mental, uma idea*o. Begundo Oessen "$%%I, p. ['(, ) palavra idealismo é usada em muitos sentidos diferentes, e deve-se distinguir o idealismo no sentido metafísico do idealismo no sentido epistemol+gico. ) posi*o do idealismo metafísico é a de que a 6 realidade está )aseada em forças espirituais, em poderes ideais 7 "ibidem(, posi*o semelante ao ponto de vista denominado Qdealismo 1ranscendental, das tradies advaitas da Gndia, que afirmam ser o )bsoluto ou Wraman, a Cnica realidade, e o estofo Cltimo do
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cosmos. ) posi*o do idealismo epistemol+gico, que mais interessa a esta monografia, afirma n*o e!istirem coisas reais, independentes da consciência cognoscente. Entretanto, o idealismo n*o é uma postura filos+fica niilista, pois n*o nega a e!istência do mundo, nega o conecimento que dele temos através dos sentidos. )ssim, para o idealismo epistemol+gico, a realidade percebida é uma ilus*o, ou um fenômeno emergente da cogni*o, ou seja, como já definido, um construto mental.
Se()"*o 0esse" "$%%I, p. ['(5 2omo ap+s a supress*o das coisas reais s+ restam dois tipos de objetos, a saber, os e!istentes na consciência "representaes, sentimentos( e as ideias "objetos da l+gica e da matemática(, o idealismo deve necessariamente considerar os pretensos objetos reais, quer como objetos e!istentes na consciência, quer como objetos ideais. Daí resultam dois tipos de realismo5 o subjetivo ou psicol+gico e o objetivo ou l+gico.
I*eal%smo S)+e&%2o5 1em como centro a consciência do sujeito que observa. L posi*o adotada por Y. #. Ticte "'A?$-'['9(, que mantém uma posi*o entre as de Vant "'A$9-'[%9( e Oegel "'AA%-'[I'(, afirmando ser o mundo uma percep*o do sujeito. 3ara Vant, todos traem formas e conceitos 0a prioriK, para a e!periência concreta do mundo. 3ara Oegel, cuja posi*o é semelante de #. WerNeleR "'?[&-'A&I(, o mundo também é uma percep*o do eu cognoscente. 6)s coisas n*o passam de conteCdos da consciência. ^..._ t*o logo dei!am de ser percebidas por mim, dei!am também de e!istir7 "Oessen, $%%I, p. ['(. /a opini*o do autor desta monografia, a frase 6dei!am também de e!istir7 n*o significa niilismo, pois as coisas dei!am de e!istir como fenômenos da cogni*o sensorial umana, mas continuam a e!istir no sentido metafísico, como aquilo que é a essência de tudo e de todas as coisas. 40
Qdealismo objetivo5 1em como centro a consciência objetiva da ciência. L a posi*o de 1omas Oill #reen "'[I?-'[[$(, também denominado pampsiquismo por WerNeleR, que se ope ao ponto de vista do idealismo subjetivo de Ticte, ao afirmar ser a realidade uma ideia, ra*o, inteligência, vendo a naturea como uma simples 6inteligência visível7. 3ortanto, a realidade, seja mental ou espiritual, n*o depende de uma mente umana em particular, porém de um Cnico ser, o )bsoluto. 3ara o idealismo subjetivo, a realidade percebida é um conteCdo da consciência cognoscente, ou seja, um conteCdo da psique do sujeito observador. )ssim, um objeto somente e!iste como tal, ao ser percebido, dei!ando de e!istir como tal, na ausência de um sujeito observador. 8 que á de efetivo é unicamente a consciência e seus conteCdos. Essa é a posi*o epistemol+gica de #eorge WerNeleR "'?[&-'A&I(. 8 idealismo de WerNeleR tem um alicerce teol+gico e metafísico, pois ele reconecia que tanto Deus, como a alma, têm e!istência autônoma, considerando que Deus é a causa das percepes sensíveis no sujeito cognoscente "Oessen, $%%I, p. [$(. 2omo já mencionado, enquanto o idealismo subjetivo ou consciencialismo, tem seu centro fenomênico na consciência do sujeito, o idealismo objetivo tem como ponto de partida a consciência objetiva da ciência. Entretanto, a consciência objetiva da ciência n*o é um comple!o de processos psicol+gicos, mas uma soma de juíos e pensamentos. )ssim, em oposi*o ao realismo para o qual os objetos do conecimento est*o disponíveis independentemente do pensar, o idealismo vê os objetos como produtos do pensamento "ibidem(. 3or outro lado, #. \. T. Oegel "'AA%-'[I'( aceita o idealismo subjetivo como uma tese, e o idealismo objetivo como uma antítese, e prope sua posi*o denominada idealismo absoluto como uma síntese "3anda, 'HH', p. $H?-$HA(. 8 idealismo absoluto é caracteriado pela suposi*o de que a realidade percebida é de naturea imaterial ou espiritual, sendo a percep*o concreta e materialísta do
Essa p#si()# epistem#l*+ica tamb,m , den#minada c#nsciencialism#! 41
mundo uma apreens*o cognitiva da subjetividade umana.
6e"ome"al%smo/ 8 ponto de vista fenomenalista media uma posi*o entre o realismo e o idealismo. Se()"*o 0esse" "$%%I, p. [?(5 8 fenomenalismo é a teoria segundo a qual n*o conecemos as coisas como s*o, mas como nos aparecem. 2ertamente e!istem coisas reais, mas n+s n*o somos capaes de conecer sua essência. B+ podemos conecer o que das coisas, mas n*o seu o quê. 3ortanto, o ponto de vista fenomenalista aceita que a realidade percebida tena uma e!istência real por detrás da aparência, mas postula que n*o somos capaes de conecê-la. 8u seja, a cogni*o oriunda dos sentidos somente pode conecer aquilo que está no 4mbito da possibilidade sensorial, ou seja, a realidade percebida. 3ortanto, a realidade em si-mesma permanece oculta aos sentidos e consciência cognoscente. ) posi*o epistemol+gica fenomenalista, tal como o ponto de vista do realismo crítico, também considera que a realidade percebida n*o corresponde realidade em si-mesma, porém vai além, considerando que mesmo as características primárias, como forma, e!tens*o e movimento, bem como todos os atributos espaos-temporais s*o percepes da consciência. Begundo Vant, lidamos sempre com o mundo das aparências, com o mundo que aparece com base na organia*o a priori da psique, e nunca com as coisas em si mesmas. Vant definiu o fenomenalismo em três proposies5 '( a coisa em si é incognoscível, $( nosso conecimento da realidade é limitado realidade percebida como um fenômeno da cogni*o, I( o mundo surge em nossa consciência porque ordenamos e processamos o material sensível segundo as formas a priori da intui*o e do entendimento.
-ela investi+a()# sens#rial. e de certa /#rma cincia que n#s leva at, seu limiar. mas aparentemente n)# a t#ca! 42
1': / SOLUÇ5ES TEOL;GICAS E 6ILOS;6ICAS )lém dos pontos de vista epistemol+gicos, resta-nos analisar as solues teol+gicas e filos+ficas, ou seja, as solues monista-panteísta e dualista teísta. Em ambos os casos, o problema da rela*o entre o sujeito que observa e o objeto que é observado pelo sujeito dei!a de e!istir, porque ambos tornam-se uma Cnica realidade, o )bsoluto.
Se()"*o 0esse" "$%%I, p. H$(5 Enquanto o idealismo cancela, de certa forma, um dos dois elementos da rela*o, de conecimento, negando-le o caráter de realidade, e o realismo, ao contrário, fa com que ambos e!istam lado a lado, o monismo procura anulá-los numa unidade Cltima. Bujeito e objeto, pensamento e ser, consciência e objeto s*o apenas aparentemente uma dualidade] efetivamente, eles s*o uma unidade, apenas os dois lados de uma mesma e Cnica realidade. )quilo que se apresenta ao olar empírico como uma dualidade, é uma unidade para o conecimento metafísico que vai essência. )o analisarmos a quest*o da identidade entre a realidade percebida e a realidade em si-mesma, n*o podemos dei!ar de nos deparar com a mais antiga e difícil quest*o, que recai sobre a e!istência de uma realidade Cltima, uma categoria indefinível e inescrutável que segundo a tradi*o filos+fica do Fedanta n*o-dualista é o princípio que emanou de Bi o 2osmo. ) este princípio, o Fedanta denomina Wraman, palavra s4nscrita que significa aquilo que
-ara e/eit# desta m#n#+ra/ia. a realidade ltima , a essncia d# que den#min# realidade em simesma! 43
0e!pandeK, 0poder de e!pans*oK. /o monismo-panteísta, esse princípio Cltimo também denominado 2onsciência 2+smica é a Cnica realidade, sendo que tudo que e!iste se redu a Ele, que é imanente no 2osmos como sua essência Cltima. )ssim, a realidade percebida com toda a sua pluralidade de coisas é uma ilus*o sensorial-cognitiva, ou um conjunto de construtos psíquicos. 8 monismo redu a pluralidade a uma unidade que é a pr+pria 2onsciência 2+smica, a qual apesar de ser indefinível, é dita ser infinita e eterna, como uma forma didática de negar a possibilidade de ser percebida como sendo finita e temporal. /esta concep*o, o sujeito - a consciência cognoscente -, e a realidade percebida s*o uma Cnica coisa, que na essência se redu realidade em simesma. Esta é a concep*o e!posta por - "A[[-[$' d.2.(, na qual a 2onsciência 2+smica ou Wraman tem dois aspectos. 8 primeiro, como Wraman o aspecto que permanece transcendente a Bua pr+pria manifesta*o, e que como a essência Cltima permanece como a testemuna do pr+prio processo de manifesta*o c+smica. 8 segundo, como Wraman , o aspecto imanente na pr+pria manifesta*o, o qual, como o substrato percebido como uma multiplicidade toma a forma da Uealidade 3ercebida. /esta concep*o vedantina e t4ntrica, o ser que percebe é o pr+prio )bsoluto - denominado Wraman na primeira tradi*o, e na segunda tradi*o -, um Ber que é Cnico e dito ser o 6um sem segundo7, embora seja o Ber uno e imanente na Bua pr+pria manifesta*o, é iludido pela cogni*o produida pela imanência, quando ent*o se vê como muitos nCcleos conscienciais "!, os quais s*o percebidos como sendo individualiados e separados do 1odo, o que assim gera a multiplicidade apreendida como a realidade percebida. Wenedito de Espinosa "'?I$-'?AA d.2.(, também e!pôs este ponto de
)# , # i+an+ um pr#cess# de epansiv# 44
vista diendo que e!iste um princípio Cltimo de subst4ncia, o qual tem dois atributos5 o pensamento "cogitatio( e a e!tens*o "extensio(. 8 primeiro representa o principio da consciência "ideia( e o segundo o princípio da materialidade. Entretanto, estes dois princípios n*o constituem uma dualidade, pois para Espinosa, eles s*o dois aspectos de uma s+ subst4ncia universal, que se apresenta no mundo fenomênico como sujeito e objeto. 6a ordem e a cone!*o das ideias é idêntica ordem e cone!*o das coisas7 "Espinosa, apud Oessen, $%%I, p. HI(. 3ara Triedric Fon Bcelling "'A&&-'[&9(, o )bsoluto é a unidade da naturea e do espírito, do objeto e do sujeito. Be Espinosa admitia dois atributos, com certa independência na medida em que considerava dois reinos com um sujeito comum, para Bcelling, eles constituem no fundo um s+ reino. 3or outro lado, na solu*o dualista-teísta, o dualismo empírico que envolve a rela*o entre o sujeito e o objeto assenta-se num dualismo metafísico "Oessen, $%%I, p.HI(.
Se()"*o 0esse" "$%%I, p. H9(5 Esta concep*o de mundo sustenta a diferena metafísica essencial entre sujeito e objeto, pensamento e ser. L certo que ela também n*o considera essa duplicidade como Cltima. Bujeito e objeto, pensamento e ser descendem, no final das contas, de um princípio comum. Esse princípio é a divindade. Ela é a fonte comum da idealidade e da realidade, do pensamento e do ser. 2omo causa criadora do universo, Deus coordenou de tal modo os reinos - ideal e real -, que ambos concordam entre si, e!istindo, portanto uma armonia entre pensamento e ser.
1'< – OS CRIT=RIOS DA >ERDADE Em epistemologia, os critérios da verdade s*o regras para se estabelecer a veracidade de uma afirma*o ou de um conecimento. 3ortanto, ter-se critérios para avaliar se uma informa*o é crena infundada ou um 45
conecimento verdadeiro, digno de fé, é importante para que se possa formar uma cultura de saber que seja s+lida, e baseada em crenas verdadeiras.
O 3!%me%!o fa&o 5- o fato de nossa e!istência. "QndiscutívelS( O 3!%me%!o 3!%"$83%o 5- o princípio da n*o-contradi*o. ") verdade é Cnica.(
A 3!%me%!a $o"*%?ão5- a abilidade do intelecto para conecer a verdade. "2larea.( Estas três premissas nos d*o uma base para nos aprofundarmos com segurana na busca da naturea essencial do Eu e da realidade. ) e!istência do Eu é uma verdade indiscutível e Descartes a colocou muito bem ao afirmar 6cogito ergo sum7. /+s temos abilidade intelectual para raciocinar com clarea, e acumulamos um corpo de conecimento que tem se mostrado e!ato, o suficiente, para propormos correes e avanos radicais, com a elabora*o de novos modelos, sempre que o novo saber justifica a altera*o e a e!pans*o do antigo. /*o á outra regra para avaliarmos se o conecimento sobre algo novo é verdadeiro ou falso, além do princípio da n*o-contradi*o, e a lucide para perceber quando o novo se ope ao antigo, e n*o está sugerindo uma falácia, mas sim um salto paradigmático, como tantas vees ocorreu em ciência. Zm e!emplo clássico é o da revis*o conceitual que nos levou da física clássica para a relativista, e a concomitante descoberta de novos fatos na microfísica, cuja
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descri*o pedia a elabora*o de novos conceitos que, finalmente, deram origem física qu4ntica. 2oncluindo essa refle!*o sobre os métodos de investiga*o e as possibilidades de se conecer a naturea essencial do mundo que nos cerca, bem como nossa pr+pria naturea, ou seja, o que somos e o que n*o somos, se fe necessária para colocarmos em questionamento a compreens*o que temos da realidade. Ent*o surgem antigas questes. 8 que é o 2osmos;
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) física que descreve a estrutura Cltima da matéria está se apro!imando de uma realidade cada ve mais imaterial, e nesse conte!to, a melor possibilidade de conecimento dessa realidade é a ciência, que nos apresenta um modelo baseado em evidências objetivas, sem a interferência dos sentidos. De acordo com essas evidências, compreendemos que, entre os pontos de vista que discutem as possibilidades do conecimento, o criticismo é o melor. 3or um lado, ele n*o nega as possibilidades de se conecer, e postula a e!istência de uma verdade. 3or outro lado, 6questiona continuamente os fundamentos e reclama da ra*o umana uma presta*o de contas7 "Oessen, $%%I(. De fato, quando se questiona as possibilidades e as origens do conecimento, dentro da proposta de entender a ontol+gica naturea espiritual do ser - usando como argumenta*o os indícios obtidos nos estados alterados de consciência -, o que se questiona é o modelo epistemol+gico que trata da rela*o entre um sujeito cognoscente X a consciência que lê a psique -, e a realidade uma ilus*o criada na psique. Embora a postura adotada nesta monografia seja aderente ao empirismo científico, no que di respeito s evidências que sustentam as argumentaes da imaterialidade do mundo físico, n*o se pode descartar a busca de uma correla*o entre essas evidências e os indícios obtidos pelos místicos nos estados alterados de consciência, pois estes saberes oriundos de fontes distintas parecem convergir em muitos pontos importantes, mostrando que os estados alterados de consciência permitem intuir saberes que transcendem a l+gica. 6) ra*o é um esforo para conecer o desconecido, e a intui*o é a ocorrência do incognoscível. 3enetrar o incognoscível é possível, mas e!plicá-lo n*o é. 2om este pensamento do mestre indiano 8so, percebe-se as fortes limitaes cognitivas que tornam quase impossível a compreens*o e a verbalia*o de uma realidade que os umanos n*o foram 6projetados7 para perceber e compreender.
ntui()#. # aber l,m da &*+ica! :;:! Edit#ra
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CAPÍTULO ,' / MATERIALISMO E ESPIRITUALISMO O PARADIGMA DA IMATERIALIDADE E A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL ) dicotomia entre o materialismo e o espiritualismo torna-se uma falsa quest*o, quando entendemos a realidade em sua real dimens*o e!istencial, a dimens*o da imaterialidade absoluta e irrestrita das estruturas Cltimas do mundo físico "do autor(.
,'1 / INTRODUÇÃO Qnicia-se este capítulo com uma considera*o sobre algumas questes importantes para o desenvolvimento do tema a 62onsciência e a Uealidade7, que tem por objetivo elaborar um modelo paradigmático - fundamentado no saber da Tísica
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filos+fica materialista, ao que se denomina de paradigma cartesiano, um modelo científico baseado no pensamento do fil+sofo Uené Descartes "'&H?-'?&%( que, com seu método analítico de pensar, e a sua vis*o de que a naturea derivava de uma divis*o fundamental de dois reinos separados e independentes, o reino da mente "res+cogitans (, e o da matéria " res+extensa (, teria influenciado o pensamento ocidental de tal forma, que os cientistas passaram a tratar a matéria como algo morto, n*o senciente e inteiramente apartada de si-mesma, o que por sua ve teria dado origem tanto separa*o entre mente e corpo, como a vis*o de um universo material e mec4nico, governado por um Deus demiurgo e controlador.
Se()"*o Ca3!a "'H[I, p. $'9(5 Este modelo caminava paralelamente com a imagem de um Deus monárquico que, das alturas governava o mundo, impondo-le a lei divina. )ssim, as leis fundamentais da naturea eram encaradas como leis de Deus, invariáveis e eternas. )ssim, alguns pensadores contempor4neos sugerem que Descartes teria influenciado Qsaac /e>ton "'?9I-'A$A(, Yames 2lerN @a!>ell "'[I'-'[AH(, Badi 2arnot "'AH?-'[I$( e Mud>ig Woltmann "'[99-'H%?(, afirmando que a ciência oriunda do trabalo desses cientistas seria um modelo científico mecanicista, cujo desdobramento filos+fico e conceitual teria dado origem vis*o materialista e fragmentada que o ser umano tem da realidade. /a opini*o do autor desta monografia estas s*o afirmaes equivocadas. Esses cientistas foram os gigantes de seu tempo. Eles e!puseram a naturea do mundo físico com l+gica e precis*o, construindo as bases da ciência e da tecnologia que atualmente dispomos, e que nos permite aprofundar a investiga*o da naturea da realidade em sua mais íntima dimens*o. 3ortanto, atribuir a esses cientistas e ao conecimento que eles e!puseram, qualquer insinua*o materialista é um equívoco de quem n*o compreendeu o processo do desenvolvimento científico que eles nos legaram. Uené Descartes elaborou um método analítico de pensar primoroso, que 51
nos ensina como construir o pensamento investigativo com l+gica, etapa por etapa. Bua e!posi*o da realidade dividida em dois reinos - o da mente e da matéria -, é o embri*o de uma posi*o espiritualista, que vê o espírito vivendo uma e!periência na corporeidade e independente dela. 8utra alega*o - que na opini*o do autor desta monografia é falaciosa -, é a de que a fragmenta*o do conecimento moderno em vários saberes é fruto do mesmo processo analítico descartiano. /*o é verdade] a fragmenta*o do conecimento tem a sua origem na incapacidade umana de estudar e compreender a realidade como um todo. ) realidade é muito comple!a para ser abarcada através de um ponto de vista Cnico, que descreva o macrocosmo através da descri*o do microcosmo. ) divis*o da ciência em várias disciplinas, cada uma enfocando um aspecto da realidade, e!iste para facilitar o estudo e a compreens*o dessa realidade. ) biologia tem suas bases na bioquímica, que por sua ve as tem na química, que reporta a física do átomo para uma descri*o mais profunda e completa. Entretanto, pensar que podemos compreender uma planta, ou um +rg*o como o fígado, pensando em termos de física das inCmeras partículas elementares que compem o objeto de estudo, é uma completa utopia. 2omo do conecimento da física do átomo poder-se-ia e!trapolar e descrever um organismo simples, que tem cerca de um bil*o de quinquiles de átomos; /em pensar. 3ortanto, deve-se entender o conecimento contempor4neo como o fruto da confluência de vários saberes numa grande síntese que sugere que tudo está interligado. Embora a realidade seja comple!a, ela pode ser estudada por partes, independentemente da imbrica*o que e!iste em todos os seus níveis. 2omo e!emplo, temos a química, uma ciência que evoluiu muito durante o século PQP, uma época em que o conecimento do átomo era quase ine!istente. 8utro e!emplo é a 1eoria da #ravita*o Zniversal de /e>ton, que foi elaborada sem se saber a causa da gravidade, um conecimento que, mesmo nos dias de oje
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com a 1eoria #eral de Einstein ainda n*o se tem. 3or isso, surgiram as várias áreas da ciência, que de fato n*o est*o compartimentadas de forma estanque, pois elas 0conversamK entre si, tal como a biologia, a química e a física, que est*o aliceradas umas sobre as outras.
Se()"*o G!ee"e "$%%', p. I'(5 ) filosofia reducionista acende facilmente um crepitante debate. )lguns a consideram um ponto de vista ilus+rio e sentem repulsa ideia de que as maravilas da vida e do universo sejam apenas refle!os da dana aleat+ria das partículas coreografadas pelas leis da física. Berá que os sentimentos de alegria, de sofrimento ou de preguia n*o passam de meras reaes químicas no cérebro; X reaes entre moléculas e átomos que, em escala ainda mais microsc+pica, s*o reaes entre partículas, que na verdade s*o apenas cordas que vibram;
S&e2e" @e%"e!( "apud #reene $%%', p. I'(5 Do outro lado do espectro est*o os oponentes do reducionismo, aterroriados pelo que percebem como a aride da ciência moderna. )dmitir a ip+tese de que eles pr+prios e o seu mundo possam ser reduidos a uma quest*o de partículas ou campos de fora e suas interaes, fa com que se sintam diminuídos. ) vis*o de mundo dos reducionistas é mesmo fria e impessoal. Ela tem que ser aceita como é, n*o porque seja do nosso agrado, mas sim porque é a maneira como funciona o 8
que somente será possível quando o gráviton for detectado e!perimentalmente. Bteven \einberg, prêmio /obel de física, em 0Dreams of a final 1eorRK. 53
mundo. ) unifica*o das leis da física é o 0 santo graal K da física moderna, e Einstein passou a sua vida tentando elaborar uma teoria geral de tudo. Entretanto, unir em uma Cnica teoria s quatro foras que regem o mundo físico, é um sono que ainda está por acontecer com o desenrolar da 1eoria @, a melor candidata a ser a 0teoria de tudo. Zm dia os físicos v*o conseguir, e de fato eles est*o muito mais pr+!imos disso, do que Einstein jamais teve, pois a solu*o parece estar na física de partículas. Entretanto, é preciso ter a consciência de que esta unifica*o n*o necessariamente significa que as demais ciências dei!ar*o de e!istir, pois a compartimentalia*o do conecimento se fa necessária para a compreens*o da realidade por camadas de comple!idade. 8 bi+logo Pa)l @e%ss "'[H[-'H[H(, e!pe isto muito bem ao afirmar "@e%ss apud 2apra $%%$, p. [I(5 3odemos afirmar definitivamente ^..._ com base em investigaes estritamente empíricas, que a pura e simples invers*o de nossa anterior disseca*o analítica do universo, procedendo-se uni*o de todas as suas peas, seja na realidade ou apenas em nossa mente, n*o pode levar a uma e!plica*o completa do comportamento nem sequer do mais elementar sistema vivo. Ent*o, mesmo que a disseca*o analítica do universo n*o seja o camino ideal para conecê-lo, é com certea a Cnica forma possível para investigá-lo. Babemos que o macro-cosmo é o refle!o sensorial-cognitivo do microcosmo, mas o abismo fenomenol+gico que e!iste entre ambos é t*o grande, que as dificuldades parecem ser quase intransponíveis. Entretanto, sempre que o volume de conecimento interdisciplinar aponta para a necessidade de um novo modelo, á um salto paradigmático, e fruto deste salto, emerge uma compreens*o mais profunda que nos permite 8u seja, a fora gravitacional, a eletromagnética, a fora nuclear forte e a
fraca
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conceber a realidade de uma maneira mais ampla e completa.
,', / AS ORIGENS DO MATERIALISMO 8utro ponto a ser e!aminado, é a origem da percep*o materialista que o omem tem da realidade e de si mesmo, a qual - na opini*o do autor -, n*o é devido nem aos modelos, nem aos paradigmas científicos que sustentam a nossa compreens*o da realidade. Esta afirma*o é baseada na percep*o do autor de que, o omem comum é t*o pouco informado sobre a ciência de seu tempo, que como conseq`ência disso, ele é pouco influenciado pelo pensamento científico. 3ortanto, a concep*o materialista que ele tem de si mesmo e do mundo deve necessariamente ter outra origem, e esta está nos conteCdos evolucionários do inconsciente coletivo da umanidade, os quais foram introjetados na psique simultaneamente ao processo de desenvolvimento do B/2 "neuro-ei!o(, que é concomitante com o desenvolvimento dos sentidos. )o interagir sensorialmente com a realidade ao seu redor, durante o processo de filogênese, a psique foi se moldando, e a realidade foi adquirindo forma concreta. 3ortanto, com o processo evolucionário e o concomitante desenvolvimento do sistema nervoso, a espécie 0 homo sapiensK foi adquirindo uma percep*o sensorial materialista que aos poucos foi sendo introjetada na sua psique. )ssim, a percep*o materialista da realidade, é o resultado natural do processo filogenético, como uma ferramenta evolucionária de sobrevivência, que nada tem a ver com a cultura e o desenvolvimento do pensamento científico. 8 ser umano nasce em um mundo percebido como tendo três dimenses, no qual a matéria parece ser impenetrável, e como conseq`ência dessa percep*o, cria seu paradigma biopsíquico e social de materialidade. Enfatiando em outras palavras, a percep*o e!istencial e materialista que o ser umano tem de si mesmo e do mundo, é devido maneira pela qual sua estrutura psíquica foi organiada.
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8 omem nasce acreditando ser o corpo, e aos poucos vai se identificar com seu corpo. Qsto é visível em frases como5 6eu estou com fome, eu estou doente7, etc., em lugar de5 6meu corpo está com fome, meu corpo está doente7, etc. Entretanto, devemos considerar que n*o á nada de errado com a psique. Ela é como é para atender as necessidades primárias de sobrevivência da espécie. 3or outro lado, é a evolu*o desta mesma psique que está proporcionando ao omem o despertar de uma nova percep*o de realidade, na qual ele se desidentifica do corpo, para compreender que o corpo pode ser somente um veículo ^imaterial_ para a consciência se manifestar.
,'. / A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL Toi da necessidade de compreender o que somos e o que n*o somos, de uma maneira ampla e despojada de dogmas e crenas, que em 'H?A um grupo de psic+logos liderados por )braam @aslo> "'H%[-'HA%(, Butic "'H%A-'HA?(, Btanislav #rof "'HI'-(, entre outros, fundaram as bases de uma nova vis*o psicol+gica, abrindo um novo campo de pesquisa dentro da psicologia clássica. )ssim nasceu a 3sicologia 1ranspessoal, com o objetivo de unir diversos saberes para se ter uma melor compreens*o do ser e da realidade. Begundo \eil "'HA?(, o conceito de transpessoal aparece pela primeira ve nos escritos de Uoberto )ssagioli "'[[[-'HA9( e 2arl Yung "'[A&-'H?'(. Entretanto, somente em 'H?H, a 3sicologia 1ranspessoal nasceu oficialmente como uma área de estudos no 4mbito da psicologia clássica, com a funda*o da )ssocia*o de 3sicologia 1ranspessoal, que ent*o iniciou a publica*o de uma revista tendo como editores e colaboradores os seguintes pensadores5 )ntonR Butic "'H%A-'HA?(, @icael @urpR, Yames Tadiman, 2arlotte Wuler "'[HI'HA9(, )braam @aslo> "'H%[-'HA%(, )llan \atts "'H'&-'HAI(, )rtur Voesller "'H%&-'H[I( e FicNtor TranNl "'H%&-'HAA(, entre outros. Em conformidade com a proposta de sua funda*o, a 3sicologia 1ranspessoal caracteria-se como uma área da psicologia tradicional que objetiva o estudo dos estados de consciência, e em particular, aqueles estados relacionados com a dimens*o transpessoal e espiritual do ser. 56
2omo um campo de estudo comple!o, que aborda diferentes aspectos da realidade, e de como o ser umano a apreende, a psicologia transpessoal n*o poderia dei!ar de ser uma área interdisciplinar, para onde convergem os saberes de outras ciências, como a Tísica, a
Pa!a Sal*a"#a "$%%[, p. &%(5 /ovos pressupostos paradigmáticos emergiram5 abordagem sistêmica, a qual consiste em apreender a realidade como um todo comple!o]
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trabalar com a no*o de parado!o] levar em conta a subjetividade do pesquisador, reconecer a provisoriedade e a incompletude das teorias científicas, e estabelecer um constante diálogo entre as áreas do conecimento, procurando superar a fragmenta*o tradicional ao reconecer na pessoa outras dimenses, além da dimens*o racional. \eil enfoca um aspecto interessante, ou seja, o aspecto da transcendência, da e!periência de buscar nos estados alterados e incomuns a e!periência transpessoal5
Se()"*o @e%l "'HH&, p.'A(5 3odemos considerar a psicologia transpessoal como um ramo do conecimento umano, mas particularmente da psicologia ^que_ consiste numa pesquisa e!perimental e e!periencial da naturea da realidade vivida como um 6ir além da dualidade espao interior = espao e!terior7, além dos limites do pensamento conceitual inerente pessoa umana. ^..._ por sua vis*o olística, a psicologia transpessoal é o ponto de encontro da ciência, da arte, da filosofia e da mística.
Se()"*o @e%l "apud Baldana, $%%[, p. 9$(5 ^) 3sicologia 1ranspessoal é_ um ramo da psicologia especialiada no estudo dos estados de consciência, lida mais especificamente com a E!periência 2+smica, ou os estados Buperiores ou )mpliados de consciência. Butic elabora o conceito de transpessoal descortinando aspectos ist+ricos e ontol+gicos, ao mostrar a evolu*o da psicologia em suas diferentes
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abordagens e a necessidade de incorpora*o dos aspectos transcendentes e espirituais da psique5
Se()"*o S)&%$# "Butic, apud Baldana $%%?, p. 'I(5 3sicologia 1ranspessoal ou
podem-se citar uma variada gama de e!periências místicas, como as já mencionadas vivências de quase-morte "/DE(, proje*o da consciência fora do corpo "8WE(, lembranas de vidas passadas, o contacto com seres espirituais, etc., que constituem um conjunto de fenômenos que até ent*o eram relegados ao 4mbito da e!periência religiosa, e na maioria das vees até rotulados como psicopatologias. E!istem duas tendências operativas no 4mbito da 3sicologia 1ranspessoal, a primeira ligada aos diversos ramos da psicologia tradicional, ou seja, a psicologia e!perimental, fisiol+gica, patol+gica, clínica, evolutiva, beaviorista, gestaltista, psicanalista, e!istencial e umanista, e a segunda fortemente influenciada pelas tradies orientais, como o Fedanta, o Qoga, o en Wudismo, o Paivismo da 2a!emira, e o Bufismo, entre tantas outras tradies, seja como objeto de estudo ou inspira*o. )lém disso, a 3sicologia 1ranspessoal procura um conecimento olístico do ser, e para tanto busca e lana m*o de outros saberes, como o conecimento da Tísica, da Wiofísica, da #enética, da Tarmacologia, da /eurologia e da 3siquiatria em particular, com o objetivo de uma grande síntese trans-disciplinar que traga novas lues para a elucida*o da naturea desse ser e da realidade. 3ierre \eil "\eil, 'HA[, p. '&-'H( dá um destaque parapsicologia, faendo um paralelismo entre as duas abordagens, lembrando que quando a parapsicologia estuda fenômenos, ou os poderes paranormais, pelo emprego de métodos psicométricos, está em verdade estudando concomitantemente os estados incomuns de consciência também abordados pela psicologia transpessoal, o que estabelece uma rela*o íntima entre estas duas ciências. @as, de acordo com o método científico, é necessário um e!ame rigoroso dos indícios subjetivos, e das evidências objetivas, que s*o traidas lu pelas duas abordagens.
Pa!a a"(a!%9 @' "no Editorial do 3ortal 3si em %' de @aro $%'%(5
/*o se podem negar as e!periências parapsicol+gicas, compreendendo como tal aquelas Disponível em5 ttp5==>>>.pucsp.br=pos=cos=cepe=intercon=revista=revista.tm
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e!periências umanas nas quais, do ponto de vista do e!perienciador, algum tipo de intera*o anômala ocorreu entre ele e o meio ambiente, "que inclui outros seres umanos(.
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terapeutas alternativos e terapeutas olísticos. Eles acreditam aprioristicamente n*o apenas em tais e!periências, mas que, por detrás delas reside uma realidade transcendental, correspondente com suas crenas religiosas. 3ara estes, o que camam de estudo científico do paranormal nada mais é do que a tentativa de justificar suas crenas religiosas por meios aparentemente científicos. 8s representantes do segundo e!tremo, como os do primeiro, têm uma posi*o apriorística, mas em sentido inverso5 tais e!periências simplesmente n*o podem e!istir porque n*o podem ser e!plicadas pelas teorias científicas atuais. Este é o e!tremo do ceticismo. 61alve por detrás de tal negativa se oculta o medo de que a realidade possa ser diferente do que eles imaginam.
,'4 / ESPIRITUALIDADE E IMATERIALIDADE Do e!posto percebe-se que o assunto é comple!o, controverso e parado!al, como parado!al é a realidade da qual faemos parte. )ssim, para efeito desta monografia que coloca em refle!*o tanto o conecimento da ciência contempor4nea, quanto os fenômenos oriundos dos estados incomuns de consciência, é necessário se ter uma conceitua*o clara e aceitável, tanto do ponto de vista da epistemologia, quanto da dialética filos+fica, para o termo espiritual, que é preponderante no estudo de todos estes fenômenos. )ssim, para efeito desta monografia, prope-se a seguinte defini*o estipulativa5 Denomina-se espiritual a uma dimens*o consciencial, ou nível de realidade imaterial, que transcende o espao-tempo e é percebido em estados incomuns de consciência como desprovido de materialidade, substancialidade e concretude. 2om esta defini*o fica estabelecida a sinonímia entre as palavras espiritual e imaterial, que ent*o 62
passam a designar uma dimens*o essencial e fundamental do cosmo, a qual, portanto passa a ser designada pelo termo imaterial, que além de conceituar sua verdadeira naturea, é desprovido de qualquer conota*o religiosa. 2om esta defini*o, o conceito de dimens*o imaterial passa a designar uma dimens*o consciencial que transcende o estado de vigília e, portanto, é oculta aos sentidos, embora possa ser percebida em condies especiais, tais como nos estados incomuns de consciência, ou mesmo indiretamente através de seus efeitos. 3or outro lado a investiga*o desta dimens*o oculta da realidade, também é o objetivo da microfísica, a parte da física que estuda a naturea Cltima da matéria, através da linguagem te+rica da física qu4ntica, uma ciência que tem comprova*o através da física e!perimental. )ssim, a demonstra*o da tese de que a realidade é de fato imaterial, será efetuada em dois níveis5 o primeiro, pela e!posi*o dos indícios subjetivos obtidos nos relatos e estudos das e!periências oriundas dos estados incomuns de consciência] e o segundo, pelas evidências objetivas da descri*o da realidade de acordo com a física contempor4nea. 8s dois saberes têm o mesmo objetivo. 8u seja, conecer a naturea da realidade Cltima, que tanto é a naturea real do ser - o Eu ou Bi-mesmo de cada individuo -, como o estofo do cosmo, pois o estofo da matéria é a realidade Cltima, um cenário que somente pode ser descrito pela microfísica através de sua teoria mais moderna, a 1eoria @. )ssim, ap+s ser comprovada a tese de que a realidade em si-mesma é imaterial, tudo que se percebe através dos sentidos cognitivos também tem que ser imaterial, pois e!iste somente uma realidade. 3ortanto, a atribui*o de sinonímia aos termos imaterial e espiritual é natural, pois decorre de uma rela*o biunívoca entre dois pontos de vista de uma mesma realidade. Esta interpreta*o é de suma import4ncia para a tese
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defendida nesta monografia, ou seja, a tese de que5 Bendo a realidade física, ou a realidade em si-mesma imaterial em sua essência, - como é sinaliado pela microfísica de partículas -, a realidade percebida tem que ser imaterial também, porque da imaterialidade nenuma materialidade, substancialidade ou concretude pode emergir. )ssim, as características de materialidade atribuídas realidade percebida, somente podem ser fenômenos emergentes da cogni*o sensorial, ou seja, uma percep*o da consciência de vigília através da estimula*o dos sentidos. 2om esta tese, estabelece-se a correspondência entre a realidade em si mesma e a realidade percebida, bem como a defini*o estipulativa de sinonímia entre os termos espiritual e imaterial, condies essenciais para que se tena uma vis*o clara e objetiva da verdade, vis*o esta que pode ser sustentada pela ciência contempor4nea da física qu4ntica de partículas.
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CAPÍTULO .' – OS ESTADOS DE CONSCIBNCIA 8 despertar da alma, a primeira e resplandecente cispa de uma nova consciência espiritual que transformará e regenerará o ser em sua totalidade, constitui um acontecimento de fundamental import4ncia e incomparável valor na vida interior do omem ")ssagioli. $%%%(.
.'1 / INTRODUÇÃO /este capítulo, inicia-se a refle!*o sobre os estados de consciência e os fenômenos que sugerem a imaterialidade e a transcendência do Eu para além dos limites do corpo físico. Embora o Eu seja um fenômeno comple!o que parece emergir da intera*o dos conteCdos psíquicos, ele é sentido e definido como a individualidade da pessoa umana, uma acep*o para o pr+prio fenômeno da consciência. Esta é sem dCvida uma refle!*o importante, porque s*o nos fenômenos oriundos dos estados incomuns de consciência, que temos os indícios da naturea imaterial do Eu, indícios estes que n*o podem ser descritos através do modelo paradigmático fisiologista, no qual o Eu como consciência é visto como um epifenômeno da fisiologia cerebral.
.', / O 6ENMENO DA CONSCIBNCIA ) consciência é o fenômeno mais intrigante do cosmo, quanto a isto n*o á qualquer dCvida. Fivemos num universo composto de matéria de onde a vida emerge, e da emergência da vida surge a consciência, que é capa de apreender o universo e inquirir sobre si mesma 6 3 consciência um dos mais desconcertantes pro)lemas na ciência da mente# 4ão há nada que nós conheçamos mais intimamente que a experiência de estar cnscio, porm não há nada mais difcil de explicar 7 C#alme!s apud Uosenblum $%%A, p. '?A(.
3sicosintesis5 Ber 1ranspersonal, El /acimiento de nuestro ser real. $%%%, sem
numera*o de página.
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@as, o que é a consciência; De fato, n*o se sabe, e talve jamais se saiba, pois ela parece ser difusa, maleável, inescrutável e indefinível. 8s místicos das grandes tradies, como o "#! n*o-dualista e o Wudismo, afirmam ser a consciência o campo de realidade Cltima do cosmo, e o Eu de cada ser vivo é a sua imagem refle!iva e individualiada na manifesta*o da vida. 3or isso, os psic+logos e eruditos contempor4neos inspirados na tradi*o oriental, elaboraram o conceito de 2onsciência 2+smica, como sendo um infinito campo de inteligência, percep*o e atividade, que de fato é uma acep*o para o conceito de Divindade. 2onsciência 2+smica pode ser compreendida como a essência Cltima do cosmo, o substrato imaterial da realidade, o que quer que ela seja. Zm substrato que os místicos declaram ser senciente, e do qual o cosmo surge como um fenômeno emergente da cogni*o sensorial umana, que por sua ve, é o resultado da manifesta*o da pr+pria 2onsciência 2+smica no nível individual. ) moderna física de partículas também busca a compreens*o da essência Cltima do cosmo e com certea seus acados ter*o um impacto decisivo, tanto na compreens*o da imaterialidade cosmol+gica, como na abertura de um espao para compreens*o dos fenômenos comple!os da vida e da consciência que esta manifesta. ) verdade é absoluta, portanto, ou a descri*o que a física está elaborando para a compreens*o da realidade dará suporte para os acados da metapsicologia, ou os negará mostrando sua impossibilidade. Entretanto, como as linguagens das duas ciências diferem em forma e conteCdo, é necessário buscar nas entrelinas as identidades sem pai!es, casuísmos e distores. ) sentena atribuída a Oermes 1rismegisto5 65 que está em cima igual ao que está em )aixo; e o que está em )aixo igual ao que está em cima 7, é interpretada em correspondência ora*o bíblica] 6 (ntão,
açamos o homem ? nossa imagem e semelhança 7 "#êneses ', $?(. B*o duas sentenas que nos falam de uma identidade biunívoca
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entre a 2onsciência 2+smica e a consciência pessoal, a primeira, a essência Cltima do cosmo, a Divindade Buprema, e a segunda a essência Cltima do microcosmo, o Eu por detrás da estrutura psíquica. 8 universo é um s+] a realidade também. Embora a descri*o que a física fa da realidade n*o necessite da inclus*o de nenuma categoria mística, tal como a e!istência de uma consciência por detrás do mundo fenomenol+gico, alguns questionamentos cosmogônicos nos levam a um assombro. 3or e!emplo5 o que avia antes do início; De onde veio isto tudo; 8nde isto tudo está; 8 que é este todo; 8 que e!iste além; E!iste um além;
consciência, a Ela se referiram como , palavra s4nscrita que significa substrato, suporte, o tecido do cosmo. !, o mestre e e!positor do "#!, a Ela se refere como o 0 su)stratum’ sobre o qual a ilus*o é sobreposta. Ele conceitua a realidade como sendo o )bsoluto, o Qndefinível, aquilo que é dito ser E!istência, 2onsciência e Wem-aventurana "/iNilananda, 'HA[, p. IA(. $! a e!istência é 6 aquilo que não limitado pelo espaço e pelo tempo 7,
e 6n o começo o universo era somente existência 7. E, sobre a consciência ele ensinou que5 6 a consciência aparente nas coisas fenomênicas , em realidade, o reflexo da consciência do 3)soluto 7 "ibidem(. Banta 1eresa de vila vivenciou esta e!periência da unicidade entre seu ser cognoscente e a Divindade, e a descreve em seu simbolismo teresiano5 6
2ompletas, p. 9H'(. /este fenômeno, ambas as consciências se mesclam, e s vees mesmo se confundem, devido imanência da 2onsciência 2+smica que abarca pessoal.
Pa!a Te!esa *e 2%la "$%'%, cap. '[, verso '&(5 Digamos, portanto que a Divindade é apresentada como um diamante claro, muito maior que o mundo inteiro, ou como um espelo. Esse espelo, eu n*o sei como, também era feito todo do pr+prio Benor... /o princípio atingiu-me uma ignor4ncia de n*o saber que Deus está em todas as coisas. 8s místicos de todas as tradies vivenciaram o mesmo em estados alterados de consciência. /os 1antras, a 2onsciência 2+smica tem dois
: espel%# , a metá/#ra teresiana da identidade entre "eus a <#nscincia <*smica . e ela a c#nscincia pess#al! 68
aspectos5 um é , masculino e estático, o outro é feminino e din4mico. ) manifesta*o da fa surgir o cosmo.
Se()"*o Ma!mo "$%%?, p. HI(5 /o início avia o vaio, mas o vaio n*o era o nada, o vaio era um campo infinito e eterno de consciência e poder. De outra forma foi dito5 no início avia e com Ele a palavra que tem neste conte!to a acep*o de manifestar a vontade da consciência por meio da emiss*o sonora do poder. 8 universo como manifesta*o deste poder é a e!press*o da vontade divina num grande bailado, cuja coreografia é elaborada pela pr+pria 2onsciência 2+smica. )ssim, a manifesta*o da 2onsciência 2+smica como poder, é considerada a causa primeva, e também a realidade Cltima, i.e., a realidade em si - mesma.
Se()"*o DF$HosH% "'H[A, p. 99(5 2onsciência é mais que a percep*o que um indivíduo tem de si mesmo e do ambiente] ela é um princípio eterno e completamente penetrante. Ela é a altíssima realidade " ( e todas as coisas s*o a manifesta*o dessa consciência "cidvAa:ti(. 1odas as entidades, sem distin*o, s*o da naturea da consciência e ent*o a realidade pode ser com certea dita ser 6uma compacta massa de consciência e bem-aventurana "%!!!(. )ssim, compreende-se que a consciência é algo maior que o estado de percep*o que o indivíduo tem de si mesmo, e do mundo que o cerca, pois 6 ela um princpio que a tudo permeia 7 "ibidem(.
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/a tradi*o t4ntrica e também na tradi*o do "#! n*o dualista, a consciência é sempre associada realidade Cltima, o poder de autorevela*o e automanifesta*o do cosmo, onde a consciência é uma Cnica categoria, mas se apresenta nos dois já mencionados aspectos, o primeiro ", é dito ser transcendente ao cosmo, e o segundo " ( é dito ser imanente no cosmo. "@armo, $%%?, p. A?(. /uma analogia com a vis*o psicol+gica contempor4nea, compreende-se que na linguagem dos tantras, é identificado com a consciência, e , com a autoconsciência, que de maneira ativa manifesta a consciência de si-mesmo. )
algumas vees referida como &'!(#, e dita ser uma serpente que está enrodilada e dormente no caNra rai. Entretanto, esta é uma metáfora para a consciência de vigília, e encerra duas verdades5 a primeira nos di que o ser consciente no estado de vigília está preso no mundo da ilus*o - -, e dormente para sua verdadeira realidade que permanece oculta pela ilus*o sensorial cognitiva. Ent*o, quando a consciência desperta e se eleva, o ser atinge a dimens*o divinal. ) outra metáfora é associada ao cérebro reptiliano, de onde a consciência deve se elevar, como que se libertando dos instintos evolucionários para poder ascender em dire*o ao neoc+rte!, o cérebro divinal.
é
De fato, a quest*o mais importante a ser respondida é5 será a consciência pessoal um epifenômeno do cérebro trino] o reptiliano, o límbico e o neoc+rte!, ou será o encéfalo um todo comple!o que atua como uma interface por onde a consciência transita, recebendo informaes sensoriais e agindo no mundo;
Se()"*o Lo3e J -la"He "$%%A, p. '(5 )pesar dos recentes esforos neurocientíficos no estudo dos mecanismos neurobiol+gicos da consciência, a autoconsciência ou consciência de si-mesmo -, tem recebido muito pouca aten*o, pois a maioria dos cientistas teme que ela n*o seja passível de e!perimenta*o pelos 70
métodos neurocientíficos. 3or outro lado, te+ricos como \illiam Yames "'[H[-'H99(, @aurice @erleau-3ontR "'H%[-'H?'( e Yames #ibson "'H%9-'HAH(, consideraram que a investiga*o dos mecanismos neurais, psicol+gicos e fisiol+gicos envolvidos na e!periência e na percep*o corp+rea, é essencial para a compreens*o da autoconsciência "ibidem(, pois descobertas recentes parecem provir evidências empíricas para a alega*o de que, aspectos importantes da autoconsciência, est*o relacionados com a e!periência corp+rea, ou seja5 '( a e!periência imediata e contínua de que nosso corpo e suas partes nos pertencem, e $( a e!periência de autoloca*o, ou seja, a percep*o de que o Eu ou Belf, está espacialmente localiado no corpo "ibidem(. Embora n*o se saiba qual seja a naturea da consciência , seja esta um fenômeno c+smico, ou pessoal, este Cltimo é compreendido como um fenômeno obviamente real e verdadeiro, pois todas as pessoas s*o conscientes de simesmos. 3or outro lado, a consciência parece ser irredutível a qualquer outro fenômeno mais fundamental, daí a origem de sua inefabilidade. Entretanto, apesar da inefabilidade, é necessário tentar descrevê-la conceituando-a como sendo o sentido de perceber, sentir e conecer, que permite ao ser umano vivenciar, e!perimentar e compreender aspectos de sua realidade interior e e!terior. )ssim, sendo ela compreendida como um fenômeno específico e irredutível, a qualquer outro fenômeno mais primário ou fundamental, pode-se descrevê-la em termos fenomênicos como um entendimento sem pensamento, uma percep*o intuitiva, ou um sentido de testemunar, que acompana cada aspecto de nossa atividade psíquica. /este aspecto, a consciência é denominada de consciência de si-mesmo, ou autoconsciência. Deste modo, estabelecemos dois conceitos] o de consciência e o de autoconsciência, cuja diferena reside no fato de que e a primeira é testemuna passiva, enquanto a segunda, a autoconsciência, é a percep*o intencionalmente
s eperincias d#s mstic#s indicam que ela n)# tem uma causa. ela , a causa sem causa. de t#das as causas! 71
ativa, pois ao se estar consciente da pr+pria atividade psíquica, reflete-se sobre o que se sente e vivencia. Ent*o, nos faceamos com uma importante quest*o] ou seja, a aparente dualidade entre quem percebe e quem é o ser percebido; ) resposta a esta pergunta nos remete de volta s tradies orientais, como o "#! e o Paivismo da 2a!emira "1radi*o 1riNa(, nas quais o ser que observa e percebe, é o Eu, designado nestas tradies por , 2iti ou ), palavras s4nscritas que têm a acep*o de consciência pessoal -, enquanto o ser observado é a psique, designada nessas mesmas tradies pelo termo n*o-Eu, ou !J, palavra que tem a e!ata acep*o de estrutura psíquica, denominada em s4nscrito !*. Taendo uma analogia, diríamos que a autoconsciência - percebida como um atributo da consciência -, corresponde ao Eu ou Belf, tal como e!posto nas mencionadas tradies, enquanto que a atividade psíquica percebida pela autoconsciência corresponde ao n*o-Eu, que é conceituado como uma espécie de veículo que estabelece uma interface entre o Eu e as realidades introspectiva e e!trospectiva. 3ortanto, também nestas tradies, a autoconsciência é compreendida como uma observa*o ou introspec*o do pr+prio estado consciencial, i.e., um fenômeno cognitivo que se manifesta entre aquele que observa e aquilo que é observado, como sendo algo separado, uma atividade psíquica do n*o-Eu. Embora no 4mbito das neurociências n*o aja uma defini*o do que seja a consciência, e principalmente de como, ou o que a manifesta, os fenômenos oriundos dos estados incomuns de consciência, apresentam conteCdos que permitem uma ampla refle!*o filos+fica e metafísica sobre o tema, principalmente porque alguns fenômenos sugerem a independência entre a consciência e as atividades neurais, ou seja, a vis*o de que a consciência possa n*o ser um epifenômeno cerebral, mas sim outra coisa independente deste, e capa de se e!terioriar para além da dimens*o física do corpo.
Pa!a Ma!%"o K!. "$%%&, p. '%A(
temas mais palpitantes da neurofilosofia, da neurofisiologia, e da neuroteologia, uma ve que estudos mais recentes sobre e!periências de quasemorte têm demonstrado que o omem n*o é s+ matéria. 8 corpo umano, assim, seria apenas o vasilame, o envolt+rio no qual est*o contidas entidades menos materiais e foras ainda desconecidas e responsáveis pelos processos vitais que o animam. Esta é uma refle!*o polêmica, pois a ip+tese da consciência n*o ser um epifenômeno da neurofisiologia cerebral, e sim algo distinto desta, algo sutil, etéreo e imaterial como um campo espiritual, confronta aqueles que a vêem como o resultado do processo neurofisiol+gico. Trancis 2ricN "'H'?-$%%9( - 3rêmio /obel de Tisiologia em 'H?$ -, é um pesquisador que sustenta esta ip+tese afirmando que a consciência, s vees denominada alma, oje é acessível investiga*o científica como propriedade das redes neurais do nosso cérebro. /este te!to, ele argumenta que o conceito tradicional da alma como um ser n*o-material deve ser substituído pela compreens*o materialista de como o cérebro produ a mente "e a consciência(, numa vis*o estritamente biol+gica. 2omo ip+tese de trabalo, devemos aceitar todas as premissas, até que o peso das evidências nos force a rever algumas, e rejeitar outras, que n*o d*o suporte aos fenômenos observados. Entende-se que a compreens*o do que seja a consciência deve ser capa de descrever os fenômenos a ela relacionados. 3or outro lado, como o objetivo desta monografia é refletir sobre a consciência e a realidade, na busca de um modelo paradigmático para a compreens*o dos fenômenos espirituais, no momento oportuno, e sob a lu da ciência contempor4nea, far-se-á uma ampla refle!*o sobre o significado da percep*o filos+fica materialista, e ent*o, poder-se-á ter uma compreens*o do
=%e st#nis%in+ ;>p#t%esis ? =%e cienti/ic earc% /#r t%e #ul! =#uc%st#ne @! 1995. p! 13! 73
significado da palavra biol+gico, para uma re-leitura do que seja um epifenômeno das funes neurais, como o resultado do processo biol+gico. /o 4mbito da psicologia, os primeiros te+ricos da consciência foram \illiam Yames, Varl Yasper "'[[I-'H?H(, Bigmund Treud "'[&?-'HIH( e 2arl #ustav Yung "'[A&-'H?'(.
@%ll%am Kames X Ele descreveu a consciência como um flu!o, ou seja, um estado de flu!o constante, com as seguintes características5 a( todos os pensamentos pertencem a uma consciência pessoal] b( os pensamentos est*o em constante modifica*o] c( quando um estado de consciência ocorre, ele nunca é idêntico ao estado anterior] d( a consciência pessoal é sentida de forma contínua, embora os estados de consciência variem dentro de uma gama de possibilidades] e( o flu!o é direcionado para sentimentos, objetos ou pensamentos de interesse. "Yames, apud VoNosNa. $%%A(. Em seu livro5 6)s Fariedades da E!periência Ueligiosa7 "2ultri! 'HH'(, Yames fa uma detalada descri*o de uma ampla variedade de estados mentais, incluindo os estados místicos e os estados de superconsciência.
a!l Kas3e! X estudou principalmente as psicopatologias, com uma clara descri*o dos diferentes estados patol+gicos e n*o patol+gicos de consciência. Begundo este te+rico, a vida psíquica inclui além do estado de consciência, também mecanismos e!traconscientes, e eventos inconscientes. 6 4ós imaginamos a consciência como um palco so)re o qual os fenmenos psquicos vêm e vão, ou como um meio onde eles se movem 7
"Yames, apud VoNosNa, $%%A, p. ?[(. 8 campo da clara consciência é denominado estado de aten*o, e cobre três fenômenos relacionados, mas conceitualmente distintos5 a( a aten*o como a e!periência de nos conectar com um objeto] b( o grau de aten*o, i.e., o grau de claridade e distin*o do conteCdo consciente] c( o efeito destes dois fenômenos nas posteriores etapas da vida psíquica. "Yasper, apud VoNosNa, $%%A, p. ?H(.
Pa!a oHosHa "$%%A, p. A%( 8s estados incomuns de consciência têm
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muitas nuances. 8 fator comum entre eles é a negativa de que todas estas alteraes de consciência representam alguma sequência, que parte de um estado normal de clarea, continuidade e liga*o cônscia com o Belf. 8 estado normal de consciência, o qual é por si mesmo de graus variados de clarea e de compreens*o, pode ter o mais variado grau de eterogeneidade, permanecendo como um ponto focal que flui em todas as direes em que encontramos desvios, alteraes e!panses e restries.
S%(m)"* 6!e)* X descobriu que a atividade mental n*o é unidirecional, e a consciência e!iste em três níveis5 a( o nível de vigília, quando estamos cônscios de n+s mesmos e do nosso entorno, nível que ele denominou de nível cônscio] b( o nível pré-cônscio, que inclui algumas informaes que n*o est*o imediatamente disponíveis para serem traidas para refle!*o durante o processo terapêutico, embora ele tena percebido que, com alguma ajuda terapêutica, ou com o passar do tempo, estas informaes pudessem aflorar na consciência] e c( finalmente ele concluiu que e!iste um terceiro nível de consciência, mais profundo e de acesso muito difícil, onde e!istem informaes que s*o perturbadoras e perigosas para o paciente, e por isso têm o seu acesso bloqueado pelo ego, que tenta impedir que elas aflorem para a consciência de superfície. ) este nível de consciência ele denominou inconsciente "ibidem(. Treud tina uma opini*o sobre os estados incomuns de consciência, e a dei!a clara na sua descri*o do oceano de sentimentos, que ele e!plica como uma sensa*o de eternidade, ou o sentimento de algo ilimitado, irrestrito, oce4nico, um sentimento arcaico de ego, que ocorre naturalmente no desenvolvimento do ego, e pode manter-se durante grande parte da vida adulta de muitas pessoas "ibidem(.
Ca!l K)"( X ele acreditava que a vis*o de Treud sobre os estados de consciência eram muito simplistas. Qnicialmente, ele comeou a e!plora*o da mente inconsciente de seus pacientes assumindo que, no inconsciente, somente 75
iria encontrar elementos reprimidos da consciência, como Treud sugeria. @as, logo ele descobriu que este n*o era sempre o caso, e como resultado desenvolveu sua pr+pria teoria da consciência, incluindo nesta o estado cônscio e incomum da consciência, sugerindo que a psique umana pode ser vista como dividida em três categorias5 a( consciência pessoal] b( inconsciente pessoal e c( inconsciente coletivo. ) consciência pessoal é um estado transit+rio que consiste no estado cônscio de aten*o de alguém em um momento particular. Ele acreditava que tudo transitava pela consciência pessoal antes de tomar a dire*o do inconsciente pessoal. 3or outro lado, ele via o inconsciente contendo muitas mem+rias. )lgumas est*o no limiar de nossa tomada consciencial, e que por serem pouco significantes n*o despertam a aten*o. 8utras vees, est*o nas bordas de nossa tomada consciencial e têm um significado carregado de emoes, s vees dolorosas para serem aceitas, e por isso ele as classificava como mem+rias reprimidas no inconsciente. Yá o inconsciente coletivo era uma dimens*o consciencial muito mais abrangente e ampla. Enquanto o inconsciente pessoal era somente composto de conteCdos que desapareceram da consciência pessoal por serem esquecidos ou reprimidos, os conteCdos do inconsciente coletivo nunca foram adquiridos individualmente. Eles têm suas origens na ereditariedade. "Yung. 'H?H, apud VoNosNa, $%%A, p. A'(, ou seja, eles têm sua origem na filogênese biol+gica, e na ist+ria s+cio-cultural da nossa espécie. 3ara Yung, tudo que e!iste na consciência emerge do inconsciente pessoal.
.'. – A CARTOGRA6IA DOS ESTADOS CONSCIENCIAIS Bob o ponto de vista clássico, identificam-se 6grosso modo quatro estados de consciência considerados normais, por serem comum a todas as pessoas e terem seus limites bem definidos. Estes s*o5 os estados de vigília, o de rela!amento, o de sono sem sonos e o de sono com sonos.
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E!perimentalmente, cada um desses estados de consciência está relacionado com um tipo de atividade cerebral, definida por uma onda elétrica medida através do eletro-encefalograma.
>%(8l%a X é o estado em que predominam as ondas e&as. B*o ondas irregulares "dessincronia*o talamo-cortical(, de freq`ência entre I%-'9 O e bai!a amplitude. L o estado em que o ser se considera desperto, e tem contato consigo e com o mundo ao seu redor. Relaxame"&o X é o estado entre a vigília e o sono, quando fecamos os olos e rela!amos. /este estado predominam ondas alfa, de menor amplitude e freq`ência entre '9 -A O. So"o sem so"#os - é o estado de sono n*o-UE@, no qual predominam dois grupos de ondas sincroniadas de maior amplitude e menor freq`ência que as ondas alfa5 as ondas &e&a de freq`ência entre A-9 O, que caracteriam o estado de sono leve, e as ondas *el&a de freq`ência abai!o de 9 O, que caracteriam o estado de sono profundo. So"o $om so"#os X é o estado denominado sono UE@, no qual predominam ondas semelantes quelas encontradas no estado de vigília, ou seja, ondas e&as. /o estado de vigília, o sujeito vivencia o mundo ao seu redor, que é interpretado por seus conteCdos psíquicos sob a a*o dos sentidos cognitivos. /o estado de sono com sonos, o sujeito vivencia somente conteCdos mentais que receberam algum estímulo durante o estado de vigília, s vees até de maneira subliminar. E no estado de sono sem sonos, nada é vivenciado. Este é um estado em que a consciência n*o se manifesta. ) consciência é um estado de percep*o din4mico. Ela flui em diferentes níveis de percep*o, aten*o e compreens*o da realidade, e essa fluide define espaos conscienciais, ou dimenses conscienciais, nos quais o Eu consciente apreende uma realidade inerente a cada nível dimensional. /*o se sabe se a passagem de um nível consciencial para o outro se dá de uma forma contínua, ou descontínua, i.e., em pequenos saltos discretos.
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Entretanto, as diversas dimenses conscienciais sugerem um tipo de cartografia que descreve e, mesmo interliga os vários estados, embora n*o aja nenuma evidência que estes estados se manifestem em uma sequência ordenada, salvo nos quatro estados comuns, já mencionados, ou seja5 vigília, rela!amento, sono sem sonos e sono com sonos, que se alternam em sequência, formando um ciclo contínuo. 8s demais estados considerados incomuns têm suas origens no estado de vigília, embora alguns possam ter origem no estado de sono, como por e!emplo, o estado denominado de proje*o e!tracorp+rea da consciência que parece sempre ocorrer durante esta fase consciencial. ) divis*o da psique umana, proposta por Yung, em três categorias, i.e., o consciente pessoal, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo, por si s+ já define uma cartografia interna que interliga conteCdos de várias realidades.
Co"s$%e"&e Pessoal X /esta primeira categoria, temos a realidade introspectiva e e!trospectiva. ) realidade introspectiva é apreendida pela introspec*o da consciência na dimens*o psíquica pessoal, onde a mente e o corpo se fundem num todo comple!o, enquanto que a realidade e!terior ao limite físico do corpo "e!trospectiva( é traida psique pelos cinco sentidos. Dá-se a estas duas possibilidades cognitivas o nome de estado consciencial de vigília. I"$o"s$%e"&e Pessoal – /esta segunda categoria, que é uma camada mais profunda da psique, est*o os conteCdos inconscientes, oriundos de mem+rias que foram reprimidas, e!periências esquecidas, e mesmo percepes que penetraram na psique de forma subliminar. )lguns desses conteCdos podem aflorar em situaes especiais, como por e!emplo, no processo terapêutico psicanalítico, ou mesmo em sonos. 8s conteCdos do inconsciente pessoal pertencem ist+ria do indivíduo, e a ciência de seus conteCdos desloca a consciência de um estado para outro. Btanislav #rof "'HI' -( menciona em seus estudos psicolíticos com MBD, que alguns desses conteCdos tiveram sua origem em fases perinatais "#rof, 'H[[, p. A'-A9(.
I"$o"s$%e"&e Cole&%2o X /esta terceira categoria, que é uma camada 78
mais profunda da psique, est*o os conteCdos impessoais ou transpessoais, que pertencem ist+ria evolutiva da umanidade. B*o conteCdos agrupando e!periências evolutivas e ancestrais de nossa espécie, provavelmente transmitidos através da erana genética. /o inconsciente coletivo residem as imagens virtuais, que s*o comuns a todos os seres umanos, como por e!emplo os diagramas geométricos do tipo das mandalas, dos Rantras, além de outros sinais de poder, que s*o visualiados por pessoas em estados incomuns de consciência. Btanislav #rof prope quatro diferentes níveis cartográficos para demarcar o campo da consciência, e o seu tr4nsito pela psique umana. Estes limites s*o5 a( a barreira sensorial] b( o inconsciente individual] c( o nível de nascimento e morte e d( o domínio transpessoal. "#rof. 'H[[, p. ?A(.
Pa!a G!of "'H[[, p. ?A(5 E!periências dessa categoria s*o prontamente acessíveis maioria das pessoas. ^Elas_ podem ser observadas em sesses com drogas psicodélicas, e em diversas abordagens da psicologia e!periencial que utilia a respira*o, a dana, a mCsica e o trabalo corporal. 1écnicas laboratoriais de altera*o da mente, como o biofeedbacNK a priva*o do sono, o isolamento ou sobrecarga sensorial, bem como vários dispositivos sinestésicos, podem também induir a muitos desses fenômenos. 3ara facilitar a sua ocorrência, é especificamente delineado um amplo espectro de práticas espirituais que induem a ocorrência espont4nea de estados incomuns da consciência. Oistoriadores e antrop+logos têm mencionado o espectro e!periencial completo, relacionado com esses quatro domínios que abordam procedimentos
:u bi#retr#alimenta()#! #ta d# aut#r! 79
!am4nicos, ritos aborígines de passagem, cerimônias de cura, mistérios de nascimento e morte e transes religiosos. De acordo com este mesmo autor, e!istem técnicas que permitem o acesso aos domínios do inconsciente individual pela ativa*o dos +rg*os sensoriais. )lgumas dessas técnicas s*o de naturea abstrata e n*o têm significado simb+lico pessoal, ou seja, s*o visualiaes de figuras geométricas que podem se apresentar de maneira estática ou em movimento caleidosc+pico. )lgumas, s vees s*o agradáveis, embora n*o tragam nenum conteCdo de auto-entendimento ou de autoconecimento, para a pessoa que as visualia, seja sobre o significado de sua forma, ou de seu conteCdo simb+lico. Begundo #rof "'H[[, p. ?H(, alguns aspectos e formas dessas figuras geométricas parecem refletir características de nosso sistema sensorial, como por e!emplo, a arquitetura interior da retina e de outras partes do sistema +tico. 3or outro lado, quanto ao inconsciente individual, a abordagem de #rof n*o difere significativamente da concep*o e!posta por Yung.
Se()"*o K)"( "apud #rof, 'H[[, p. ?H( /esse nível de auto-e!plora*o, qualquer coisa com rela*o pessoa envolvida pode surgir do inconsciente, tornando-se o conteCdo da e!periência, como por e!emplo, um conflito n*o resolvido, uma mem+ria traumática reprimida, ou uma incompleta 0gestaltK psicol+gica de qualquer tipo. /este caso, o material que emerge do inconsciente deve ter alguma relev4ncia emocional, por isto é revivido durante o processo terapêutico. Begundo #rof "'H[[, p. A%(, as mem+rias relevantes n*o emergem separadamente, mas em constelaes din4micas que ele denomina 28EP, Bistema de E!periência 2ondensada -, um conjunto de conteCdos din4micos, fantasias e outros agregados de diferentes períodos da vida do indivíduo. 3sicologia da forma.
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8 que #rof denomina encontro com o nascimento e a morte, é o resultado de um aprofundamento auto-e!plorat+rio da estrutura psíquica que tra conteCdos de tal intensidade, que s*o vivenciados como se fosse uma e!periência de nascimento e=ou de morte. 6/esse nível, as e!periências s*o acompanadas por dramáticas manifestaes fisiol+gicas7 "#rof, 'H[[, p. A'(, como por e!emplo, sufoca*o, batimento cardíaco acelerado, palpita*o, náusea, vômito, mudana na temperatura corporal "sensa*o de frio(, erupes cut4neas "pré-estigmas(, tremores, contores e outros fenômenos impactantes. @uitas dessas sensaes ocorrem durante a ingest*o ritualística da aRauasca, quando ent*o a sensa*o de contato com a dimens*o da morte é vivenciada. 6 3 essa profundidade de auto+exploração, a confrontação experiencial com a morte tende a entrelaçar+se intimamente com vários fenmenos relacionados com o nascimento7 "ibidem, p. A$(.
)s e!periências relacionadas com o processo do nascimento, do nascer e do vir lu, bem como as mudanas fisiol+gicas decorrentes, como a postura fetal e outros detales específicos de cada indivíduo, foram comprovados ? posteriori por #rof. 3ortanto, é profunda a cone!*o entre a e!periência de nascer e morrer, pois o morrer tem a conota*o de um nascimento para outra etapa da vida que é desconecida, ou seja, a vida ap+s a vida. Begundo #rof, isto possibilita a compara*o com os estágios do parto biol+gico, e permite traar um modelo conceitual que ajude a entender a din4mica do inconsciente a nível perinatal. Essa estrita cone!*o entre o nascimento e a morte vai além da dimens*o biol+gica, e tem importante desdobramento filos+fico e espiritual. Entretanto, a discuss*o dos conteCdos perinatais do inconsciente, e suas implicaes nas psicopatologias está além do escopo desta monografia. 1odos esses fenômenos nos mostram o largo espectro dos conteCdos do inconsciente pessoal e coletivo, bem como as possibilidades da consciência surfar em todas as possibilidades de sua cartografia, pois essa cartografia descreve uma dimens*o interior que inclui entre os vários níveis de realidade, o nível biográfico, o perinatal e o transpessoal, além da possibilidade de uma transcendência ao se cruar a fronteira entre o inconsciente pessoal e o coletivo.
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.'4 / ESTADOS INCOMUNS DE CONSCIBNCIA 8 interesse pelos estados incomuns de consciência tornou-se popular entre os anos ?% e A%, como resultado da crescente busca do ocidente pelas culturas orientais que têm nas e!periências internas da psique seu ponto forte. Toi nesta época que surgiu a 3sicologia Oumanística, que @aslo> considerou a terceira fora na psicologia, ap+s o Weaviorismo e a 3sicanálise. Esta lina de investiga*o imediatamente reconeceu a import4ncia das e!periências subjetivas, e o conceito de estado incomum de consciência, tornou-se uma lina de investiga*o importante, principalmente por ser capa de integrar várias disciplinas, como por e!emplo, as técnicas de medita*o, o estudo das subst4ncias psicoativas, a priva*o dos sentidos, a e!periência religiosa, a ipnose, etc. /este período, o trabalo de 2arles 1art "'HIA-(, sobre os estados incomuns de consciência, tornou-se referência e deu significado a esta designa*o. )ssim, a defini*o de estados incomuns de consciência tornou-se aceitável, como um termo científico, devido a sua abstra*o, e relativa neutralidade a!iol+gica, o que a torna superior a outros conceitos, como o de estados místicos, que pressupem um conte!to religioso. Durante os anos A%, quando as alteraes dos estados conscienciais tornaram-se um fenômeno natural, a designa*o 0estado incomumK perdeu seu sentido, e como cita VoNosNa, o 61e Yournal of )ltered Btates of 2onsciousness7 dei!ou de e!istir e foi substituído pelo 6Yournal Qmagination, 2ognition and 3ersonalitR7. /os anos [%, as pesquisas sobre a consciência avolumaram-se, e vários campos interdisciplinares foram envolvidos na busca da compreens*o dos fenômenos que a envolvem. 3ara @%ll%am Kames "apud \ilber 'HAA, p. '&(5 ) nossa consciência normal em estado de vigília é apenas um tipo especial de consciência, ao Fer considera*o etimol+gica na página &9. Fer Btates of 2onsciousness. 2arles 1art, disponível em5
ttp5==>>>.druglibrarR.org=special=tart=soccont.tm
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passo que em toda a sua volta, separadas dela pela mais fina das telas, jaem formas potenciais de consciência inteiramente diversas. 3odemos passar uma vida inteira sem suspeitar-les sequer da e!istência] aplique-se-les, porém, o estímulo necessário e, ao primeiro toque, por mais leve que seja, ei-las ali em toda a sua completude. 8 estado de consciência de vigília parece ser +bvio e normal na maioria do tempo. Entretanto, mesmo durante este estado á flutuaes que ocorrem a todo momento. 3or isto, se aceita como normal que as pessoas possam naturalmente e!perienciar uma variedade de estados de consciência durante o estado de vigília, sem que percebam qualquer altera*o, seja de umor, de aten*o, ou de concentra*o. B*o pequenas variaes, devido s emoes e ao uso de subst4ncias que alteram a percep*o consciencial, como o álcool, o fumo e as drogas. Zm estado incomum de consciência mais profundo é definido como um modo de perceber e de estar, e quase sempre é induido por agentes farmacol+gicos. /esse caso, o estado alterado é reconecido subjetivamente pelo pr+prio indivíduo - ou por um observador objetivo -, por ter produido um desvio na e!periência subjetiva, ou nas funes psicol+gicas de certas normas gerais do pr+prio indivíduo no estado de alerta consciencial de vigília. De acordo com Mud>ig, algumas variáveis contribuem com um papel mais importante na produ*o dos estados incomuns de consciência. Begundo L)*%(, apud oHosHa "$%%A, p. &(5 '. Uedu*o da estimula*o e!teroceptiva e=ou, da atividade motora, i.e., isolamento, confinamento solitário "no mar, no ar, no deserto, no campo(, sono e fenômenos correlatos, estado de priva*o sensorial, etc. $. )umento da estimula*o e!teroceptiva, e=ou, da atividade motora, e=ou das emoes, por e!emplo, nos processos de
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lavagem cerebral, transe !am4nico, cerimônias religiosas, tribais, etc. I. )umento do estado de alerta ou envolvimento mental, durante as atividades de leitura, escrita, resolues de problemas, e!posi*o prolongada lu intermitente ou estrobosc+pica. 9. Diminui*o do estado de alerta ou rela!amento das faculdades críticas, estado mental passivo relacionado com situaes místicas, transcendentais, estados revelat+rios, autoipnose, sonar acordado, etc. &. 3resena de fatores somato-psicol+gicos, i.e., ipoglicemia, iperglicemia, iperventila*o, priva*o do sono, into!ica*o, modificaes cerebrais traumáticas, agentes farmacol+gicos, estados febris, etc. Mud>ig menciona ainda as seguintes características dos estados incomuns de consciência "ibidem p. &(5 '.
)ltera*o do pensamento,
$.
DistCrbio do sentido de tempo,
I.
3erda do controle,
9.
@udana na e!press*o emocional,
&.
Distor*o 3erceptual,
?.
@udana de prop+sito,
A.
Benso de inefabilidade,
[.
Bentimento de rejuvenescimento,
H.
Oiper-sugestionabilidade.
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representam um desvio do modo que a consciência deveria ser, e a designa*o de estado alternado dei!a claro que diferentes estados de consciência prevalecem em diferentes momentos, por diferentes raes e nenum estado é considerado como um estado padr*o "inberg, apud VoNosNa, $%%A, p. ?(. Entretanto, o termo prevalente continua sendo estado alterado de consciência, com a defini*o de ser um estado consciencial n*o-ordinário, ou n*o-comum, durante o qual, o conteCdo, a forma, e a qualidade da e!periência s*o significativamente diferentes do estado ordinário de consciência, o qual n*o é definido claramente, o que torna a defini*o imprecisa. 8utra designa*o que aparece com certa frequência é o de estado incomum, já usada nesta monografia. @as em verdade, nenuma designa*o parece ser melor que a outra, devido dificuldade em se definir o que seria um estado de consciência padr*o, e de quando flutuaes em torno deste estado já podem ser caracteriadas como alteradas, alternadas ou incomuns. Entretanto, entre os estados incomuns de consciência temos alguns que, pela naturea de seus conteCdos, diferenciam-se marcadamente do estado considerado ordinário e comum. Entre estes estados destacam-se o estado místico natural, ou seja, n*o induido por agentes farmacol+gicos "ente+genos(, e os induidos por estes agentes.
Es&a*o M8s&%$o X 8 estado místico é um estado induido pela fé religiosa e por ritos de fé. 6 2reio que podemos dizer verdadeiramente que a experiência religiosa pessoal tem sua raiz e seu centro em estados alterados de consciência#7 "Yames, 'HH&, p. $IA(.
Yames "'HH&, p. $IA-$I[( separa os estados místicos de consciência, dos demais estados alterados de consciência, apontando as seguintes características5
I"efa%l%*a*e X 8 estado místico se caracteria por ser uma e!periência subjetiva que transcende os limites da linguagem "inefabilidade(. 6
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As3e$&o No&%$o X 8 estado místico tem características noéticas, ou seja, é um fenômeno subjetivo da consciência, que difere dos demais porque, sob o ponto de vista espiritual, define uma dimens*o espiritual do ser, que n*o é acessível ao intelecto discursivo. 8 aspecto consciencial noético 6 se caracteriza por a)rir um portal de conhecimento espiritual revelatório cheio de significados, por mais inarticulados que estes continuem sendo1
"ibidem(.
T!a"s%&o!%e*a*e X 8s estados místicos n*o podem ser mantidos por muito tempo, a n*o ser em alguns casos raros. 6 Por meia hora, ou quanto muito por uma ou duas horas# 3pós este curto perodo, eles se desfazem gradualmente# (ntretanto, a pesar da transitoriedade, com a repetição eles são reconhecidos, e de uma ocorrência a outra, eles são suscetveis de contnuo enriquecimento7
"ibidem(.
Pass%2%*a*e X Embora os estados místicos quase sempre sejam desencadeados por atos preliminares e introdut+rios, tais como prece, medita*o, ritos, etc., 6 depois que o estado mstico se esta)elece, o mstico tem a impressão de que sua própria vontade está adormecida e, ?s vezes, de que ele está sendo agarrado e seguro por uma força superior# 7
"ibidem(. 2omo aponta Yames, esta característica se manifesta e liga os estados místicos a certos fenômenos paranormais relacionados com o discurso profético, a escrita automática ou o transe mediCnico. Em alguns casos, o místico n*o se lembra do que ocorreu, e também este fato n*o tem significado maior para a sua vida interior. Em outros casos, os transes místicos têm um significado profundo de cone!*o com o sagrado, e é transformador. )lguns místicos vivenciaram estados alterados de consciência, os quais foram observados objetivamente por testemunas, com relatos de fenômenos raros. Zm dos casos mais confiáveis - pela reputa*o da pessoa e pela idoneidade das testemunas -, é o de Te!esa *e A#)ma*a S"$#e F Ce3e*a "'&'&-'&[$( , cujos arroubos místicos foram testemunados por várias pessoas. 1eresa foi uma mística que n*o falava de teoria, falava de suas pr+prias
anta =eresa de Avila! 86
e!periências. 6 @ó falo do que o @enhor me ensinou, por experiência# 7 "8bras 2ompletas, $%%H, p. AI(. Ela usava o termo arroubamento, e algumas vees também arrebatamento ou=e, suspens*o, para falar de suas e!periências espirituais, que eram estados de ê!tase que se manifestavam com diferentes tonalidades e nuances. Durante estes ê!tases, 6@ua Ba*estade lhe mostra grandes segredos C de tal forma que ela tem a impressão de vê+los no próprio
Se()"*o Te!esa *e 2%la "$%%H, p. '$&(5 Eu queria saber e!plicar, com o favor de Deus, a diferena que á entre uni*o e arroubo, enlevo] ou voo que camam de espírito] ou ainda arrebatamento, que s*o uma coisa s+. Digo que estes diferentes nomes se referem a uma coisa s+ que também se cama ê!tase "Fida. $%,'(. 6/esses arroubos, parece que a alma n*o anima o corpo, que se sente faltar-le o calor natural] ele vai esfriando, embora com uma enorme suavidade e deleite. )qui n*o á como resistir, ao contrário da uni*o em que ficamos em nosso pr+prio terreno, onde mesmo que com algum sofrimento, podemos resistir. /os arroubos, na maioria das vees, isso n*o é possível, pois eles amiCde surgem sem que penseis nem coopereis, vindo com um ímpeto t*o acelerado e forte que vedes e sentis uma nuvem ou águia possante levantar-se e coler-vos com suas asas.7 8s estados místicos descritos por 1eresa mostram que em alguns casos o místico fica impotente frente a uma fora superior que o domina. Bir Yon \oodroffe "'[?&-'HI?( - jurista inglês que e!erceu a presidência da Buprema 2orte de Yustia de 2alcutá, foi discípulo de Biva 87
2andra FidRarnarva WattacarRa, e revelou-se um erudito em 1antra, tendo traduido e escrito vários te!tos sobre a e!periência &'! -, um estado místico, sobre o qual muito se fala e pouco se sabe de fato, por ser uma e!periência absolutamente inefável. /o livro 1e Berpent 3o>er ele cita a observa*o dos mestres, um relato semelante vivência relatada por 1eresa5
Se()"*o @oo*!offe "'H&[, p. $'( Be a respira*o fica suspensa e a mente é levada para bai!o "percep*o consciencial(, o calor é sentido. L possível ver a &'! com a vis*o espiritual ^um filamento de lu no caNra rai_, e desse modo e!perienciá-Ma, sem elevá-Ma, o que somente pode ser feito com o método prescrito. Oá um método simples para saber se Ela está se elevando] quando ela cega a um local específico, intenso calor é ali sentido, e quando ela o dei!a, o local esfria, tal como se estivesse morto. Entre os fenômenos que ocorriam com 1eresa durante seus arroubos espirituais, sem dCvida o mais impressionante se refere ao fenômeno de levita*o, relatado no livro Fida, capítulo $%, a partir do sétimo verso. Trei 3atrício Bciadini, organiador do Mé!ico 1eresiano "Bciadini, $%%H(, define a levita*o como o ato de elevar-se no ar uma pessoa ou um objeto corp+reo, sem a interven*o de um meio físico normal, tal como os fenômenos paranormais estudados pela psicologia. 1eresa se refere levita*o como voo do espírito "8bras 2ompletas, $%%H, p.'$?(5 ) levita*o é algo que acontece dentro do arroubo. Fedes-vos levados, sem saber aonde, @uitas vees tentei resistir, empregando todas as minas foras..., algumas vees conseguia, mas com
palavra , escrita c#m letra maiscula. p#rque Ela , c#nsiderada uma deusa. a ima+em d# divin#! 88
grande prostra*o, como quem combateu um forte gigante..., outras vees eu n*o podia5 mina alma era arrebatada e quase sempre levava a cabea atrás de si, avendo ocasies em que o corpo inteiro ficava suspenso do c*o. Entre os que testemunaram o fenômeno, Trancisco de Uibera "'&[A( escreveu5 6Em vila, num dia de B*o Yosé, estando no coro depois de comungar, viram-na levantar-se no ar, a dois ou três palmos do solo7 " S$%a*%"%, $%%H, p. 9?'(. /a prepara*o do processo de beatifica*o, o tema passa a um dos artigos de U+tulo, ou interrogat+rio preparado para e!ame dos testemunos, onde se lê "S$%a*%"%, $%%H, p. 9?%(5 ^..._ que com a eficácia do divino Espírito, em tal maneira era arrebatada, que n*o s+ a alma desta sobredita virgem, mas também o corpo era levado da terra... os ^favores divinos_ quais ela fortemente resistia para n*o ser notada de outros, umas vees agarrando-se as grades de ferro da igreja, outras vees segurando-se s esteiras do c*o, e outras vees admoestando a suas companeiras que fortemente a detivessem "W@2 $%, p. PFQQ(. 8utros testemunos importantes arrolados por Bciadini foram os de @aria Watista "prima de 1eresa(, Yo*o Banta 2ru "frade(, Qsabel de B*o Domingos e )na de Encarna*o X antiga dama da 3rincesa de Lboli, e priora do 2armelo de #ranada, que relatou seu testemuno pessoal S$%a*%"%9 $%%H, p. 9?'(5 8utra ve, entre uma e duas do dia, eu estava no coro esperando a campaina, quando entrou nossa santa @adre que se postou de joelos, como por meio quarto de ora. Eu a via muito bem, quando ela 89
levantou-se do solo, como por meia vara, de que muito me atemoriei. 1remia-le o corpo, e cegando-me onde ela estava, pus as m*os debai!o dos seus pés, e permaneci corando como por meia ora, quando ent*o ela desceu e ficou de pé. E, voltando-se olou para mim, perguntou-me quem era e se avia estado ali, e le respondi que sim, e me mandou sob obediência, muito encarecidamente, que n*o dissesse nada a ninguém do que avia visto, o que n*o o fi até agora. 8 fenômeno de levita*o é raríssimo e controvertido, como a maioria dos fenômenos parapsicol+gicos.
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universais, e e!istem relatos em todas as tradies espirituais, como o sufismo, a ioga, o vedanta, o budismo, o espiritismo, o cristianismo, etc. Em todos os casos o processo se inicia mais, ou menos, da mesma maneira, e quando espont4neos, quase sempre ocorrem com jovens na puberdade. 3ara os místicos e!perientes, a altera*o consciencial é uma conquista do processo de aquieta*o da mente. L necessário faer o silêncio interior para que a Mu possa aflorar. Oá vários métodos para a aquieta*o da mente, mas o objetivo é sempre o mesmo. 8 silêncio. ) vo de Deus é o silêncio interior, a linguagem intelectual, racional, é somente uma pobre tradu*o. )quietando a mente, cessam as atividades que atuavam como uma barreira, e ent*o a consciência se e!pande. /o Qoga-sutra, o te!to fundamental da Qoga, 3atajali, ensina em seu primeiro sutra5 68 ioga - ou a uni*o da consciência pessoal com a 2onsciência 2+smica -, é a cessa*o das atividades mentais7 " A#e*a"a"*a, 'HAI, p. $%(. 8 método usado por 1eresa, que ela denominou ora*o mental ou ora*o de recolimento, é de fato um processo de medita*o para aquietar a mente, muito semelante aos adotados pelos místicos das tradies do oriente. Ela apontou algumas dificuldades que teve para aquietar a mente, no aprendiado de como verdadeiramente falar com Deus. ) primeira dificuldade foi e!ercitar-se na ora*o sem um mestre, alguém que segundo ela fosse um perito, mas um perito por praticar e conhecer a oração, e vivê+la integralmente . De fato, seu Cnico mestre foi o livro 1erceiro )becedalo Espiritual de Trancisco de 8suna. ) segunda dificuldade foi refrear sua mente discursiva, ou silenciar a louca da casa, como ela denominava seu diálogo intrapessoal, que impuna uma desordem sua inten*o de recolimento em Deus. Tinalmente, ela aponta a terceira dificuldade, ou seja, n*o basta orar a intervalos, deve-se faer da ora*o um recolimento. "Bciadini, $%%H, p. &$A-$I$(.
Se()"*o Te!esa "8bras 2ompletas $%%H, p A%(5 ^..._ eu tina comeado a sentir..., embora
91
com brevidade, o que passo a relatar. Fina-me de sCbito, na representa*o interior de estar ao lado de 2risto, tamano o sentimento da presena de Deus, que eu de maneira alguma podia duvidar de que o Benor estivesse dentro de mim, ou que eu estivesse toda mergulada /ele. Esta forma de ora*o contemplativa e infusa foi praticada por 1eresa numa singela escala5 primeiro, os atos de recolimento e ora*o se apoderam de suas faculdades psíquicas5 quietude da vontade, recolimento da mente, euforia e!altante na rela*o com Deus e enlevo em Bua presena. 6Fivo sem viver em mim, esta divina pris*o " uni*o(, do amor em que vivo, fe de Deus, meu cativo, e livre meu cora*o.7 " S$%a*%"%9 $%%H, p. &I%(. Entre um, e outro estado incomum de consciência, ocorriam uma cascata de fenômenos místicos, como êxtases, vis.es, feridas de amor### "ibidem(. 2omentando a naturea essencial de seu método de ora*o, Trei Bciadini considera "ibidem, p. &I%-&I'(5 /a alternativa dial+gica da ora*o, o dialogante divino irrompe com toda sua potência e amor na atividade do dialogante umano. )dquire assim pleno sentido o faa-se 1ua vontade. Esta entrega silenciosa é a ora*o teresiana, e também a essência do processo meditativo das tradies orientais, principalmente no ensinamento budista "!!( e induísta "!(. /essas tradies, o silêncio é a entrega, e para atingi-lo, usa-se de um artifício5 a aten*o plena na respira*o. Zma contempla*o da respira*o, sem nenuma inten*o de modificá-la ou controlá-la. Bimplesmente se observa um processo, que com o tempo, tem seu ritmo diminuído, espaado, enquanto a mente se aquieta. 1odos os processos mentais foram direcionados observa*o de uma Cnica atividade, o respirar, atividade esta cada ve menos sensível, num processo de retroalimenta*o biopsíquico que leva ao silêncio interior pleno.
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8 estado consciencial místico é caracteriado por um conjunto de sensaes, entre as quais se destacam5 '.
) vis*o unificada de que 61udo é Zm7,
$.
8 Zm como sendo a subjetividade e!terna de todas as coisas,
I.
) percep*o da e!istência de uma realidade Cltima,
9.
Zm sentimento de bên*o, alegria, satisfa*o, etc.,
&.
8 sentimento de que se está vivenciando o sagrado. ?.
) percep*o da inefabilidade do momento.
8 estado místico e!pande a consciência para além dos limites do individual, por isto s vees é denominado de um estado de ultraconsciência, ou supraconsciência. Bob estas designaes compreende-se um estado mental supra-sensorial, supra-racional que transcende a e!periência umana e cria o sentimento de unicidade. " S&a$e, apud oHosHa, $%%A, p. A(. Este sentimento de unicidade é caracteriado pela percep*o de uma Mu que inunda o cérebro e preence a mente, seguida de uma indescritível emo*o de alegria, triunfo e bem-aventurana. Uelampejos intuitivos do sentido da cria*o, e sentimento de infinitude e imortalidade, juntam-se ao sentimento de amor transcendental e compai!*o por todos os seres vivos. 3or fim, surgem sentimentos de se estar rejuvenescendo, vivenciando uma forte e!pans*o mental e vigor, além da percep*o de qual seja o sentido da vida e o camino a ser trilado. B*o sentimentos profundos que traem a compreens*o que leva a uma mudana carismática da personalidade. Ent*o, considerando que os diferentes estados conscienciais s*o dimenses acessadas pela consciência dentro de uma comple!a cartografia, restam questes que pedem uma refle!*o.
matéria que o compe, pois se provarmos que a matéria que constitui o cérebro é, em sua essência, somente energia codificada por um campo de informa*o, ent*o se pode pensar num imbricamento entre tudo que e!iste no cosmo, ou seja, nas essências de todos os fenômenos, vale somente as leis da física qu4ntica, a ciência que descreve ondas flutuando no vaio infinito e multidimensional. E nesta ip+tese, universos paralelos e regies neurais podem ser realidades imbricadas'
Se()"*o -)$He9 "apud Kames $%%&, p. $9H(5 ) consciência c+smica em seus e!emplos mais notáveis n*o é simplesmente uma e!pans*o, ou uma e!tens*o da mente consciente de si-mesma, com a qual estamos todos familiariados, mas a superadi*o de uma fun*o, t*o distinta de qualquer outra possuída pelo omem comum, como a consciência de si-mesmo é distinta de qualquer fun*o possuída por um dos animais superiores. ) principal característica da 2onsciência 2+smica é ser a consciência do cosmo, isto é, da vida, e da ordem do Zniverso.
ordenando por detrás dos fenômenos naturais, pode parecer para muitas pessoas uma eresia, ou mesmo um retrocesso no pensamento científico. @as, esta ip+tese n*o se refere a um Deus, no sentido antropom+rfico e individualiado da palavra, e sim a um Ber, ou seja, um campo infinito de consciência, que é um conceito que jamais será mais estrano, do que todos os conceitos emergentes da Tísica
.': / AS -ASES NEURAIS DA CONSCIBNCIA )ldous Ou!leR "'[H9-'H?I( cunou o conceito de /euroteologia, que é o estudo das bases neurais da e!periência espiritual, e tem por objetivo compreender os processos cognitivos responsáveis pela e!periência religiosa. 3aul D. @acMean, descreveu o cérebro como sendo uma verdadeira trindade. Begundo ele, durante a embriogenia o cérebro se forma em três fases5 a primeira fase, sobreposta ao tronco encefálico, é o denominado cérebro reptiliano. Bobre esta estrutura se forma o segundo cérebro, denominado sistema límbico, e finalmente o terceiro cérebro, denominado neoc+rte! "@arino Yr., Qsland, te!to publicado pela Oapper2ollins 3ublising. 'H?$.
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$%%&(. /o processo embrionário tem-se a mesma sequência, é a ontogênese repetindo a filogênese. Durante a evolu*o das espécies a evolu*o, como que influenciada por um campo de informa*o, foi arquitetando e organiando a matéria para proporcionar um veículo para manifesta*o da consciência, espécie ap+s espécie. medida que as estruturas neurais foram se formando, foram também propiciando a emergência de uma consciência pessoal cada ve mais lCcida, que propicie a transmuta*o do ser, de um animal primitivo ao divinal. Embora n*o seja o objetivo desta monografia refletir sobre a fun*o biol+gica de cada uma dessas estruturas, é importante mencionar em linas gerais alguns aspectos importantes.
C!e!o !e3&%l%a"o - estudando os animais que somente possuem esta parte do cérebro, como os répteis, @acMean concluiu que cérebro reptiliano é basicamente responsável pela fun*o de autoprote*o e autopreserva*o da vida "ver figura I.'(. S%s&ema l8m%$o - com o sistema límbico surgem as emoes, e a percep*o de um @elf . 3or esta ra*o, o sistema límbico também é denominado psico-encéfalo. Neo$!&ex - esta parte mais recente do cérebro, o cérebro pensante, que dá o sentido e o poder de ordem e organia*o, imitando a ordem do universo e inaugurando a autoconsciência, o pensamento abstrato, a cogni*o e a elabora*o da palavra falada e escrita "@arino Yr., $%%&(.
Tig. I.' X 2érebro 1rino @ais uma ve, o estudo da neuroteologia remete ao e!ame de alguns conceitos ontol+gicos5 E!iste uma alma independente da fisiologia cerebral; 8u, seria a alma somente um epifenômeno da a*o conjunta dos três cérebros; )lguns indícios de fenômenos psíquicos, que ser*o e!postos nos pr+!imos Uetirado de5 ttp5==norternutaRpnosis.com=;tagunconscious-mind, em
'&=%&=$%'%.
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parágrafos talve apontem para uma resposta.
.'< / ESTADOS CONSCIENCIAIS INDUIDOS POR ENTE;GENOS Babe-se que estados incomuns de consciência podem ser induidos por subst4ncias que alteram a cogni*o e a percep*o sensorial. Begundo Btrassman "$%%', p.$'(, o uso dessas subst4ncias na forma de plantas e cogumelos é mais antigo que a ist+ria escrita, e provavelmente anterior ao aparecimento da espécie do omem moderno. Uonald Biegel e 1erence @cVenna sugerem que nossos ancestrais imitavam os animais, ingerindo subst4ncia que les causavam altera*o de comportamento, e que estas subst4ncias formaram a base de uma percep*o primitiva da e!periência religiosa. /a Europa avia pouco interesse e acesso a esse tipo de subst4ncia até o século PQP. )lguns autores, citados por Btrassman, descrevem suas pr+prias e!periências com subst4ncias como o +pio e o a!i!e, mas as quantidades necessárias para um efeito psicodélico eram altas e perigosas, muitas vees causando into!ica*o e morte. 2om a descoberta da mescalina, por volta de '[H%, uma subst4ncia presente no peiote, um cacto originário das )méricas, o cenário comeou a mudar, e abriram-se novas portas para o uso e a investiga*o dos estados alterados de consciência com o emprego dos psicoativos. 8s pajés e !am*s das diversas religies sempre usaram algum tipo de planta de poder em seus rituais para entrarem em estado alterado de consciência. )lgumas dessas bebidas sacramentais - como o soma e o aoma -, foram usadas respectivamente no subcontinente indiano no período de composi*o dos Fedas, e no vale da mesopot4mia pelos oroastristas, por volta de dois milênios antes da era moderna. Begundo \asson "\asson, apud, Banon, $%%$(, o sacramento denominado soma seria uma infus*o do cogumelo )manita @uscaria, enquanto o aoma seria uma infus*o de uma planta denominada 3eganum Oarmala. @as TlatterR e Bc>art "'H[H( sugerem que a bebida Boma também possa conter uma infus*o de 3eganum Oarmala e n*o somente do cogumelo )manita @uscaria. De fato, pouco se sabe sobre a composi*o destas bebidas, por que 97
seu preparo nunca foi descrito com e!atid*o, e resíduos nunca foram encontrados para análise química. ) )manita muscaria foi o ente+geno do mundo antigo. )s citaes sobre o Boma no Uig Feda s*o consistentes com esta leitura, e algumas se encai!am na )marita muscaria como uma luva "\asson et all., 'H[?, p. II(. Banon "$%%[( sugere que os ente+genos também foram usados no período bíblico. /a regi*o árida da península do Binai, ao sul de Qsrael, crescem duas plantas ente+genas] uma é a já mencionada 3eganum Oarmala, e a outra é a @imosa Oostilis, que no Wrasil é conecida como Yurema 3reta, e usada por índios nas cerimônias de pajelana. Esta ip+tese é baseada em uma revis*o de te!tos do antigo testamento ligados a vida de @oisés.
MBD $& Tig. I.$ /o século PP, o uso de subst4ncias psicoativas foi amplamente divulgado nos livros de )ldous Ou!leR e 2arlos 2astaneda. Ou!leR no livro 6)s 3ortas da 3ercep*o7, escrito em 'H&9, descreve suas e!periências com a mescalina, e 2astaneda em 'H?[ publica a 6Erva do Diabo7 , um livro no qual descreve suas e!periências com Dom Yuan @arcus, um !am* da tribo aqui, do deserto de Bonora no @é!ico, que o introduiu nos rituais !am*nicos com o uso do peRote. /a mesma época )lbert Oofmann, um químico do Maborat+rio Bando, na Buia, pesquisava várias subst4ncias psicoativas, como a psilocibina - o princípio ativo de alguns cogumelos -, o Balvinorin ) "Tig. I.$( - o princípio ativo da planta Balvia Divinorum -, e o isolamento do ácido lisérgico que
%an#n. enn>! $#urnal #/ <#nsci#usness tudies. 9. #! 4. 2002 pp! 8594! Uetirado de5 ttp5==>>>.biopsRciatrR.com=lsd=inde!.tml , em %A=%?=$%'%. Uetirado de5 ttp5==totallRsRntetic.com=blog=;p?H$, em %A=%?=$%'%. 3ublicado em inglês com o título 6) aqui \aR of Vno>ledge7.
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culminou com a síntese da dietilamida do ácido lisérgico "'HI[(, populariado como MBD-$& "Tig. I.$(, o fruto de seu trabalo com o ergot, um fungo conecido como espor*o-do-centeio. ) quest*o da denomina*o atribuída s subst4ncias psicoativas é comple!a e, algumas vees carregada de preconceito. Zma denomina*o comum é o termo alucin+geno, numa indica*o de que estas subst4ncias causariam alucinaes. Entretanto, na opini*o deste autor, esta é uma denomina*o inadequada, pois segundo o dicionário, o termo alucina*o é definido como5 6 uma pertur)ação mental que se caracteriza pelo aparecimento de pertur)aç.es visuais, auditivas, etc#, atri)udas a causas o)*etivas que, na realidade, inexistem7
"Dicionário Oouaiss(. /*o seria uma ingenuidade pensar que a ingest*o de uma subst4ncia teria a capacidade de criar no cérebro imagens de templos, seres míticos, regies do astral e figuras geométricas como Rantras e mandalas, a partir do nada; Qsto n*o parece ser possível, mesmo quando ainda n*o saibamos como o cérebro cria as imagens 0normaisK, que vemos no estado de vigília, e que cegam ao centro do c+rte! visual através do impulso elétrico transportado pelo nervo +tico. 2ontemporaneamente, os cientistas têm sido mais cautelosos, e dado preferência a designaes como5 molécula, composto, agente, subst4ncia, medicina e sacramento. Entretanto, os investigadores e usuários de psicoativos para fins cerimoniais preferem a designa*o de ente+geno, palavra que tem o significado de subst4ncia que desperta o Deus interior. ) palavra 0drogaK tem sido evitada por ser uma terminologia vaga, e pela confus*o que causa com outras subst4ncias modificadoras do comportamento, que s*o de uso abusivo e causam dependência química. 8 ente+geno n*o é uma droga, neste sentido, porque n*o e!iste evidência de que os ente+genos causem dependência química ou adic*o. 6
"LF2e!s, $%%I, p. $(.
Buc'. c%edelic "ru+s! 11 C12D pp! 145146! 99
Berotonina Dimetiltriptamina Tig. I.I X @oléculas da Berotonina e Dimetiltriptamina 8utra quest*o é como os ente+genos produem os estados alterados de consciência, independentemente do efeito psicodélico. Zma primeira ip+tese pode ser a similaridade molecular entre algumas destas subst4ncias e serotonina, que é um mediador químico do cérebro. Este é o caso da D@1 "/, /-dimetiltriptamina( "Tig. I.I(, e a serotonina "&-idro!itriptamina(. Devido a esta similaridade, sugere-se que a maioria das drogas psicodélicas atua competindo nos receptores "&-O1$( da serotonina "Tig. I.I(. ) pesquisa da a*o dos ente+genos sobre o cérebro tem uma importante implica*o na teoria dos estados conscienciais durante o transe místico. @editadores e!perientes, que tiveram e!periências espirituais devido ingest*o de ente+genos, relatam que estas n*o s*o diferentes dos transes místicos naturais, ou seja, sem o uso de ativadores e!+genos. Eles relatam basicamente as mesmas vivências de unidade entre todos os seres vivos, uni*o com Deus e o Zniverso, e a percep*o da ilus+ria naturea da e!istência umana. "3anNe h Uicards, apud MRvers, p. '-I(. @as, independentemente da designa*o, permanece a quest*o5 as subst4ncias psicoativas causam alucina*o ou somente facilitam o tr4nsito da consciência por regies obscuras do inconsciente coletivo, ou mesmo de espaos dimensionais ocultos aos sentidos, no estado de vigília; 3or enquanto é impossível responder. )lguns ente+genos induem a estados alterados de consciência que est*o além de nossa compreens*o. 3ara se ter uma ideia do que seja uma sess*o conduida sob a indu*o de um ente+geno, como por e!emplo, Uetirada de5 ttp5==pt.>iNipedia.org=>iNi=Ticeiro5Berotonin-sNeletal.png, em
%A=%?=$%'%. Uetirada de5 ttp5==commons.>iNimedia.org=>[email protected] , em %A=%?=$%'%. 100
a aRauasca, - cujo principal princípio ativo é a dimetiltriptamina, é necessário passar pela e!periência muitas vees, e mesmo assim, ter o entendimento de que a comple!idade do transe vivenciado dificulta a sua compreens*o. )s vises s*o mais reais e nítidas, que as que temos no estado comum de vigília. )s entidades vistas s*o claras, luminosas, e têm uma lu e um colorido que n*o e!istem no mundo físico. @uitas imagens sugerem seres míticos e lendários, como elfos, gnomos, fadas e anjos. ) tridimensionalidade das imagens é perfeita, e a maioria delas quase nunca s*o estáticas, como um quadro, elas s*o vivas, com movimentos reais, e algumas vees se comunicam com a pessoa durante o transe. Ent*o se questiona5 como a ingest*o do e!trato de uma planta pode criar algo assim; /inguém e!plica. 3esquisadores sérios, com e!periência de mais de vinte anos usando este sacramento, n*o ousam tentar uma e!plica*o, porque sabem que o fenômeno desafia todos os nossos pressupostos científicos baseados na ortodo!ia neurobiol+gica. )lguns têm e!plicaes baseadas nas suas crenas e na fé em seres espirituais.
AFa#)as$a X esta já mencionada bebida é de uso e!clusivo em rituais religiosos dentro de uma lina crist*, ligada aos povos da floresta. Beu uso é muito antigo e pode ter sua origem na civilia*o Qnca, á mais de quatro mil anos. ) ist+ria da bebida n*o é conecida com precis*o, mas sua descoberta pelos índios é um mistério. ) aRauasca é uma coc*o de duas plantas5 a cacrona ou raina "3sRcotria viridis( e o cip+ mariri "Wanisteriopsis caapi(, sendo que o efeito da bebida somente ocorre porque os alcal+ides componentes da Wanisteriopsis caapi s*o inibidores da enima @)8, que se n*o inativada, impede a absor*o da dimetiltriptamina. Ent*o, o mistério é saber como em meio a centenas de milares de plantas da diversidade amaônica, eles pegaram e!atamente as duas que se complementam para uso ritualístico. 8s pajés diem que s*o os espíritos da floresta quem os orientam na busca das plantas usadas
aran#. 1986! FEl Ayahuasca in &a arque#l#+a ecuat#riana! América Indígena 46G 117128H!
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para as curas e rituaisS Esta informa*o foi obtida pelo autor diretamente do pajé Bapaim, da tribo VamaRurá. /o Wrasil, e!istem grupos 0aRuasqueirosK, derivados do Banto Daime, um movimento iniciado pelo @estre Uaimundo Qrineu Berra, e da ZDF X Zni*o do Fegetal, outro movimento iniciado por @estre Yosé #abriel da 2osta. Estes dois ramos deram origem a muitos outros nCcleos, como a )WMZB) )ssocia*o Weneficente Mu de Balom*o, um grupo independente que segue o ritual da ZDF, e a Traternidade do 2ora*o, um grupo que segue a lina do Daime e outros ritos ligados a tradies da Gndia. 8 princípio ativo da cacrona é a molécula de D@1 "dimetiltriptamina(, e os princípios ativos do cip+ mariri s*o alcal+ides da família da armala, e das beta-carbolinas, que inibem a enima @)8 "monoamino!idase(, permitindo assim a absor*o da D@1. ) ingest*o da aRauasca proporciona uma importante e!pans*o consciencial. 8 uso simult4neo da bebida com a audi*o de sons musicais, cantos ou camadas - que s*o frases utiliadas como um mantra -, têm a finalidade de guiar a consciência durante o transe, proporcionando a penetra*o em dimenses de conteCdos espirituais, onde vises de seres míticos e templos aparecem com uma viva nitide. 8 som musical e rítmico por si já indu a estados alterados de consciência.
Se()"*o Mello MELLO $%%I, Uelaes 2ognitivas entre Mocaliaes 2erebrais em @Csica e Minguagem. @arcelo @ello, Znicamp.( 5 Embora relaes clínicas "médicas, terapêuticas( entre o cérebro e a psique formem atualmente o conjunto do que é conecido como neuropsicologia, uma abordagem constitutiva dos processos umanos a partir de processos materiais ou biol+gicos poderá ser mais adequadamente Disponível
em5 ttp5==>>>.marcelomello>eb.Ningost.net=mmconferencialinguisticacognicao$ %%I.tm 102
enquadrada dentro da epistemologia como uma abordagem cognitiva, ou cognitivista. /o terreno musical, as relaes entre mCsica e a cogni*o umana têm suscitado uma miríade de trabalos nos mais diversos assuntos correlatos, que podem ser reunidos sob o termo genérico de cogni*o musical, ou outros de igual valor. Durante as sesses com aRauasca, algumas mCsicas e sons levam a estados espirituais elevados, e outros a estados sombrios que podem resultar em sofrimento físico, tais como tremores, frio, vômito, etc. Entretanto, o uso ritualístico da aRauasca, conduido dentro de uma proposta espiritualista, desperta maioria dos participantes para a vida espiritual, com transformaes pessoais importantes.
DMT – A Mol$)la *o Es38!%&o 5 S&!assma" no livro 6 Dhe @pirit Bolecule7 relata os estudos que efetuou na Zniversidade do 1e!as, em 'HH%, onde administrou cerca de 9%% doses de D@1 a um grupo de sessenta voluntários acadêmicos. 8 protocolo do estudo foi aprovado pelo DE) X 6Drug Enforcement )dministration7 e pelo TD), depois de um longo processo, inicialmente junto ao comitê de ética da universidade, depois junto aos centros de pesquisa de química aplicada para conseguir as autoriaes necessárias para o estudo, que envolveu a síntese de &g de D@1, HH,&: de purea, com classifica*o de 6para uso umano7, e a rigorosa sele*o dos participantes. 8 estudo foi efetuado de acordo com o protocolo 0duplo cegoK, onde os participantes envolvidos n*o eram informados sobre certas particularidades e efeitos da subst4ncia, evitando-se assim que fossem inconscientemente influenciados. ) D@1 foi administrada através de inje*o intravenosa em doses iniciais de %,%& mg = Vg peso, com aumento posterior para %,$ mg=Vg, até a dose má!ima de %,[ mg=Vg, para alguns voluntários. 8 protocolo estabeleceu a metodologia para dosagem da D@1 no sangue dos voluntários em várias fases do e!perimento. /o capítulo I 0) 3ineal5 Encontrando a #l4ndula do EspíritoK, e no 103
capítulo 9 0) 3ineal 3sicodélicaK, Btrassman descreve os estudos que o levaram investiga*o dos efeitos da D@1 no ser umano.
Se()"*o S&!assma" "$%%', p. &?(5 Zma das minas mais profundas motivaes por detrás da pesquisa com a D@1 foi busca da base biol+gica da e!periência espiritual. De tudo que eu tina aprendido durante todos estes anos, nada me tornou mais surpreso que a possibilidade da gl4ndula pineal produir D@1 durante os estados místicos, e durante outros estados naturais e semelantes a estados psicodélicos. ) pineal, ou epífise "Tig. ?(, é uma pequena gl4ndula "&-[ mm e %,'&g de peso( localiada entre os dois emisférios cerebrais, sob o corpo caloso, e considerada parte do epitálamo. Oá algumas décadas, acreditava-se que a pineal fosse um +rg*o vestigial, e sem fun*o, pois a gl4ndula é maior durante a inf4ncia, reduindo seu tamano na puberdade, quando ent*o se pensava que ela n*o tivesse mais fun*o. Entretanto, o cientista )aron Merner, da Zniversidade de ale, ao estudar a despigmenta*o da pele pela doena vitiligo, investigou a pineal e descobriu que a melatonina "/-acetil-&-meto!i-triptamina(, um ormônio derivado do aminoácido triptofano, cujo mecanismo de produ*o envolve os neurostransmissores adrenalina e noradrenalina, está presente em grandes concentraes nessa gl4ndula, representada na figura, acima do cerebelo e sob o corpo caloso "Tig. I.9(.
6%(' .'4 Co!&e *o C!&ex Ce!e!al Begundo Btrassman, a pineal torna-se visível ap+s sete semanas, ou seja, Uetirado de5
ttp5==>>>.sbneurociencia.com.br=draclaudia=artigoclaudia.tm , em %&=%&=$%'%. 104
no quadragésimo nono dia do desenvolvimento fetal, e!atamente quando ocorre a diferencia*o se!ual. Bob o aspecto istol+gico, ela n*o fa parte dos tecidos cerebrais, e desenvolve-se a partir de tecidos do palato fetal, migrando posteriormente para o centro do cérebro, sob o sistema límbico. ) fisiologia da pineal está relacionada com o sono e com a atividade se!ual. Estimulada por pouca luminosidade, ou seja, no escuro, ela bloqueia a fun*o reprodutiva e atrofia os +rg*os se!uais, produindo melatonina.
6%('.': – Mol$)la *a Mela&o"%"a N/a$e&%l/:/me&ox%/&!%3&am%"aQ 8 papel da pineal no estudo místico, deve-se a Uené Descartes, que afirmou ser a pienal a sede da alma. /as tradies da Gndia, a pineal é associada ao terceiro olo, o 2aNra )ja. /a busca de uma molécula que intermediasse na psique as e!periências espirituais, Btrassman considerou que esta deveria no mínimo ter uma a*o psicodélica. ) primeira suspeita caiu sobre a D@1, uma molécula muito semelante melatonina, ambas com um anel derivado do triptofano. /a primeira etapa, na biosíntese da D@1, o triptofano sofre uma descarbo!ila*o "'(, dando origem ao triptofano descarbo!ilado "$(, que em seguida sofre uma dimetila*o nucleofílica pela B-dimetil metionina "I(. "Tig. I.?(
6%(' .'< / -%os8"&ese *o DMT Em decorrência de sua pesquisa, Btrassman elaborou um conjunto de ip+teses n*o provadas, mas baseadas em dados científicos válidos, e combinados com observaes religiosas e espirituais, principalmente das tradies orientais. 2omo ele afirma5 6 Buitas dessas ideias são testáveis com Uetirado de5 ttp5==>>>.anagen.net=mela.tm , em %&=%&=$%'%. Uetirado de5 ttp5==acetoeteno.blogspot.com=$%'%=%I=dmt-spiriit-
molecule.tml, em %[=%&=$%'%.
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uso de ferramentas cientficas e mtodos válidos# 3s implicaç.es dessas teorias são profundas e pertur)adoras, mas tam)m criam um contexto de esperança e promessa7 "Btrassman, $%%', p. ?[(.
Se()"*o S&!assma" "$%%', p. ?[(5 ) gl4ndula pineal produ quantidades psicodélicas de D@1, em tempos notáveis de nossas vidas. ) produ*o de D@1 na pineal é a representa*o física de um processo imaterial ou energético. Ela nos fornece o veículo para e!perienciarmos conscientemente o movimento de nossa fora vital em sua mais e!trema manifesta*o, ou seja, quando nossa fora vital individualiada penetra no nosso corpo fetal, ela passa através da pineal e dispara a primeira e primordial onda de D@1, e posteriormente, no momento do parto, a pineal libera mais D@1. Em alguns de n+s, a D@1 da pineal media as principais e!periências de medita*o profunda, psicoses, e e!periências de quase morte. /o momento da morte, a fora vital abandona o corpo através da gl4ndula pineal, liberando outra onda dessa psicodélica molécula espiritual. ) gl4ndula pineal tem todas as condies para produir a D@15 ela possui os maiores níveis de serotonina "idro!i-triptamina( por grama de tecido, de todo o corpo. Ela também tem uma quantidade apreciável da enima metiltransferase, que converte as moléculas com nCcleo triptaminico em D@1 "Tig. I.?, etapa I(. 3or outro lado, Btrassman afirma que a gl4ndula pineal também produ quantidades apreciáveis de Weta-carbolinas, um grupo de subst4ncias que impede a decomposi*o da molécula D@1, pela enima @)8 X mono amina o!idase, um dos compostos também presentes na infus*o da bebida aRauasca.
106
Ent*o, ele afirma que e!istem condies que faem com que a gl4ndula pineal produa D@1, em ve de melatonina. Essas condies s*o a anula*o de um ou mais dos fatores restritores da produ*o de D@1 " S&!assma", $%%', p. AI(, ou seja5 '. ) mala bioquímica do sistema de segurana em volta da gl4ndula pineal. $. ) presena de compostos que impedem a síntese da D@1 na gl4ndula pineal. I. 9. da D@1.
) bai!a atividade da enima metil-transferase. ) a*o da enima @)8 ^monoamino!idase_ na decomposi*o
)ssim, quando alguns, ou todos estes fatores, s*o anulados, a gl4ndula pineal tem condies de produir a D@1 "Btrassman, $%%', p. A%(. Estas suposies s*o originárias do princípio guia da primeira pesquisa sobre a a*o da D@1 em umanos, que foi a rela*o entre esta molécula e a esquiofrenia.
Se()"*o S&!assma" "$%%', p. A%(5 @ina ênfase na rela*o entre a D@1 e a esquiofrenia, n*o é porque eu acredito que esta seja a Cnica fun*o da D@1 end+gena, mas porque esta psicopatia é o Cnico estado alterado de consciência natural, sobre o qual temos dados reais e significativos. 3or outro lado, eu também acredito que outros estados psicodélicos espont4neos, como as e!periências espirituais de quase morte, dividem uma similar rela*o com a presena end+gena de D@1. ) a*o da gl4ndula pineal sobre os estados de consciência foram estudadas e Yace 2alla>aR, sugeriu que derivados das betas-carbolinas e do D@1 podem ser mediadores responsáveis pelas vises durante os sonos. ) produ*o de D@1 pela pineal pode também estar atuando nos efeitos da 107
medita*o profunda e dos vários tipos de e!periências espirituais. 2oncluindo seu estudo, ao analisar todos os relatos dos voluntários, Btrassman questiona sobre o que acontece quando a 0molécula espiritualK nos pu!a e empurra para além do limite consciencial físico e emocional, concluindo que n+s entramos em regies invisíveis que n*o podemos sentir e sequer imaginar. E, para maior surpresa, estas regies invisíveis parecem ser abitadas. /enum dos voluntários teve dCvidas em afirmar que e!iste uma marcante diferena entre suas e!periências durante os contatos induidos com D@1, e as vises de sonos comuns. Tinalmente ele afirma " S&!assma", $%%', p. I'9(5 8 D@1 permite que tenamos um regular, repetitivo e seguro acesso a outros canais de cogni*o. Estes outros planos de e!istência est*o sempre ali. De fato, eles est*o e!atamente aqui, transmitindo todo o tempoS 3orém, n+s n*o podemos percebê-los porque n*o fomos projetados para faê-lo. /ossa 0máquinaK nos mantêm sintoniados no canal normal. @as, bastam somente um ou dois segundos X e poucas batidas cardíacas para o D@1 abrir o camino -, mudar o canal e abrir nossa mente para outros planos de e!istência. 68s físicos te+ricos propem a e!istência de universos paralelos baseados sobre o fenômeno de interferência ^...._ os universos paralelos interagem uns com os outros quando á alguma interferência. 8 D@1 pode permitir que nosso cérebro receptor sintonie estes multiversos7 "Btrassman, $%%', p. I'?(.
LSD - Btanislav #rof - em seus livros 6MBD 3sRcoterapR7 "#rof, 'HAH(, 6)lém do 2érebro7 "#rof, 'H[[(, e 61e Oolotropic @ind7 "'HHI( -, relata cerca de I&%% e!periências de psicoterapia com MBD, conduidas em pacientes e voluntários com o objetivo do estudo do inconsciente transpessoal. Fer capítulo 9, multiversos e branas.
108
Se()"*o C!%"s3oo" "'HAH, p. $%$(5 @uitas pessoas lembram vagamente que o MBD e outros agentes psicodélicos foram usados e!perimentalmente em psiquiatria, porém poucos perceberam o quanto, e por quanto tempo eles foram usados. Entre 'H&% e 'H?%, foram publicados milares de artigos, discutindo mais que 9%.%%% casos de pacientes, além de muitas dCias de livros e seis conferências internacionais sobre terapia com subst4ncias psicodélicas. Embora o MBD seja uma subst4ncia psicoativa, ela n*o deve ser considerada um ente+geno, mas somente um agente psicodélico. )pesar do MBD produir estados alterados de consciência, esta subst4ncia n*o é usada em ritual com a finalidade de abrir o portal da espiritualidade. ) ra*o pela qual #rof utiliou o MBD foi puramente casual. /a época em que ele estava terminando sua gradua*o em medicina - na 2arles ZniversitR, em 3raga -, a Tarmacêutica Uoce estava distribuindo amostras de MBD-$& para vários centros de estudo de psiquiatria para avalia*o da droga e sua possível utilia*o como psicofármaco. 6@ina primeira sess*o com MBD mudou radicalmente tanto a mina vida pessoal, como a profissional7 "#rof, 'HHI, p. '&(.
Se()"*o G!of "'HHI, p. '&(5 Eu e!perienciei um e!traordinário encontro com o meu inconsciente, e esta e!periência instantaneamente ofuscou todos os meus interesses prévios em psicanálise freudiana. Eu fui submetido a uma fantástica e!ibi*o de vises coloridas, algumas de cuno abstrato e geométrico, outras ceias de sentido simb+lico. Eu senti um conjunto de emoes de uma intensidade que jamais sonei ser possível. Durante esta fase do e!perimento, eu 109
fui atingido por uma radi4ncia que se fe comparável lu no epicentro de uma e!plos*o atômica, ou possivelmente a lu sobrenatural descrita nas escrituras orientais, como aquela que aparece no momento da morte. /*o avia dCvida em mina mente que o que eu avia e!perienciado estava muito perto da 0e!periência c+smicaK tal como eu li a respeito nas grandes escrituras místicas do mundo. Begundo #rof a pesquisa psicodélica esclareceu muitos dados ist+ricos e antropol+gicos, anteriormente enigmáticos, a respeito de !amanismo, cultos misteriosos, ritos de passagem, cerimônias de cura e fenômenos paranormais que envolvem o uso de plantas sagradas " G!of , 'H[[, p. 'H(. Begundo G!of "'H[[, p. $%(, a maioria dos pesquisadores que estuda os efeitos dos psicodélicos cegou conclus*o de que essas drogas poderiam muito bem ser encaradas como amplificadores do processo mental. 63arece que elas ativam matries pree!istentes ou potenciais da mente umana, em ve de induirem a estados específicos relacionados a elas pr+prias7 "ibidem(. ) e!periência com ente+genos, como a já descrita aRauasca, indica que, de fato, esta subst4ncia psicoativa e!pande a consciência para além dos limites das restries controladoras da estrutura psíquica. Desta forma, parece que n*o á diferena entre o transe induido por esta classe de subst4ncias e a e!periência mística natural, ou seja, induida pelos ritos meditativos. 3or outro lado e!iste como já mencionado -, a suspeita de que os ente+genos desempenaram um papel importante no afloramento da religiosidade, ao proporcionarem as primeiras e!periências místicas entre os povos antigos. \asson menciona entre outros ente+genos, o Boma X na cultura védica] a ergotamina X nos @istérios de Elêusis] entre muitos outros povos que fieram uso de subst4ncias psicoativas de plantas e cogumelos. "@asso", 'H[?, p. $H-I$(.
.' / O ESTADO MEDITATI>O ) medita*o é um processo mental comple!o que produ importantes
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mudanas benéficas ao organismo e psique. Bob o aspecto fisiol+gico, a medita*o tem um efeito benéfico na regula*o do sistema nervoso autônomo "Tig. I.A(, e também sobre o sistema imunol+gico e ormonal. 3or isso, ela tem sido aconselada para a cura de muitas doenas psicogênicas, e o controle do estresse, e de muitos problemas psíquicos.
6%(' .' S%s&ema Ne!2oso ) medita*o também é um portal de entrada para os estados alterados da consciência. @ísticos de todas as tradies têm procurado através da medita*o um camino na dire*o de uma realidade maior, transcendente realidade limitada da cogni*o sensorial. E, neste camino, eles compreenderam que o silenciamento da mente e a introspec*o profunda s*o os meios e as condies necessárias para a transcendência do estado de vigília. Estas duas condies s*o comuns nas meditaes dos iogues, sufis, t4ntricos, budistas e praticantes de outras tradies espirituais do oriente e do ocidente. 8s métodos de medita*o sempre envolvem algum tipo de rito, que quase sempre é usado como preliminar para a medita*o propriamente dita. Esses ritos podem incluir o uso de mantras, oraes, ladainas, fi!a*o do olar em figuras geométricas, como os Rantras, aten*o e observa*o da respira*o "(, etc. Entretanto, toda a inten*o por detrás desses ritos converge para o silenciamento da mente e do diálogo interno, pois o ruído psíquico é o impedimento maior, que prende a aten*o da consciência no mundo objetivo das ideias e conceitos, enquanto o ruído oriundo dos impulsos sensoriais as prende na tridimensionalidade da realidade e!terna. 8s praticantes da medita*o sabem que a psique é a interface entre a consciência, e as realidades introspectiva e e!trospectiva. Ela é o palco para onde convergem os estímulos sensoriais, as mem+rias e outros conteCdos pretéritos, que ent*o d*o início a um encadeamento de ideias, lembranas e 3rof a. Uoberta Pavier #onalves, disponível em5
ttp5==profrobertabiologia.blogspot.com=$%%H=''=p?-revisao-para-prova-de'Hnov-sistema.tml 111
outros estímulos que aprisionam a consciência no mundo objetivo. 3ortanto, a transcendência para dimenses conscienciais mais amplas e profundas, somente ocorre quando estas atividades cessam, e o palco da tridimensionalidade fica vaio. Dito dessa maneira define-se a medita*o como sendo um conjunto de técnicas, que têm em comum o esforo consciente de introspec*o n*o analítica, n*o discursiva, e destituída de qualquer vo interior, com o objetivo de se estabelecer o silêncio interno, para que se abram as portas da percep*o para a vivência de dimenses sutis e espirituais, ao alcance da consciência.
Se()"*o Os3%"a et al. "$%%A, p. $H(5 '. 8 que sabemos da prática da medita*o;
112
individual ou em grupo; ?. 2omo se pode determinar o sucesso da prática meditativa;
Se()"*o Ca#" J Pol%$# "$%%?, Fol. 'I$, /o. $, p. '[%X$''( ) palavra medita*o é usada para descrever práticas que auto-regulam o corpo e a mente. mente. Estas práticas s*o um subconjunto de todas as usadas para para induirem rela!amento rela!amento ou estados alterados como ipnose, rela!amento progressivo, e técnicas de indu*o de transe. Esta Esta difi dificu culd ldad adee aind aindaa pe perm rman anec ece, e, a de despe speit itoo de inCm inCmer eros os estu estudo doss modernos envolvendo uma diversidade de técnicas de diagn+stico por imagens das funes cerebrais in vivo. Entretanto, qualquer estudo sempre deve ser acompanado de uma clara defini*o de qual foi o procedimento meditativo usad usado, o, be bem m co como mo da e! e!pe peri riên ênci ciaa e temp tempoo de prát prátic icaa de cada cada ind indivíd ivíduo uo participante. participante. Meditation States and Traits: EEG, ERP, and Neuroimaging Studies, Psychological Bulletin.
113
8 autor desta monografia tem praticado a medita*o como uma prática devocional, e com o tempo adaptou para si conteCdos de várias práticas da Qoga, do Wudismo e do Pivaísmo da 2a!emira. 2om base nessa e!periência, descreve o método que usa e recomenda a seus alunos de medita*o nos cursos de forma*o de professores de ioga5 '. 8 objetivo da medita*o é a transcendência da consciência que se e!pande para além dos limites do estado de vigília, eleva-se e contata o sagrado, ou seja, leva a uma condi*o de emergência espiritual. $. 8 loc local tem tem que que ser ser pro propício, ou sej seja, est estar limpo, arejad jado, silencioso e sem muita luminosidade. 8bjetos devocionais, como imagens sagradas, Rantras, incenso, lamparinas votivas, etc., podem ser importantes, dependendo do temperamento do praticante e do objetivo da medita*o, porque preparam o 0momento 0momento meditativoK. meditativoK. I. ) med medita*o tem início com um rito devocional. )cende-se a vela, e nela o incenso, que s*o ofertados divindade cultuada. Begue-se a recita*o de uma ora*o, n*o convencional, que como um instrumento de programa*o neurolinguística, deve conter os elementos de qualidade que o praticante quer desenvolver em si mesmo.
9.
Begue-se a prática que pede olos fecados, e aten*o consciencial na respira*o, n*o como um processo ventilat+rio de inala*o e e!ala*o de ar, mas como um processo místico de controle direcionado da vibra*o vital do , que deve ser percebido em todo o corpo. 2om o tempo, vai-se diminuindo a freq`ência respirat+ria e, junto com esta, esvaia-se a mente, para dar abertura a um grande vaio. &. Durante todo o pro processo, embora os olos estejam fecados, a aten*o do 0terceiro oloK deve estar dirigida a um ponto infinito. ) altern4ncia de formas escuras e claras, lues e 114
outros sinais que possam surgir, deve somente ser observada, sem nenuma considera*o mental. ?. 8 tempo de medita*o depende de cada um, mas a e!periência mostra que no início, o tempo ideal é de & a '% minutos, que pode ser aumentado gradativamente para $% a I% minutos ap+s algum tempo de prática. @editadores e!perientes com mais de $% anos de prática diária podem meditar por oras e oras. A. ) avalia*o do resultado da medita*o é subjetiva, mas pode ser aferido em curto prao pelo bem estar dos praticantes, e em longo prao pela meloria do estado org4nico e psíquico dos mesmos. 2omo todo processo psicoespiritual, a medita*o também tem um papel importante no equilíbrio biopsíquico. Zm dos primeiros efeitos é a queda da frequência cardíaca, como uma resposta ao rela!amento. Estudos efetuados na década de ?%, por )Nira Vasamatsu e 1omio Oirai da Zniversidade de 1+quio, com praticantes de en Wudismo, mostram quatro estágios eletroencefalográficos característicos "Vasamatsu h Oirai, 'H??( 5 3rimeiro Estágio5
L caracteriado pelo aparecimento de ondas alfa, apesar dos praticantes permanecerem de olos semi-abertos.
Begundo Estágio5
L caracteriado pelo aumento da amplitude das ondas alfa.
1erceiro Estágio5
L caracteriado pela frequência das ondas alfa.
L caracteriado pelo aparecimento de grupos rítmicos de ondas teta
diminui*o
da
Esses pesquisadores consideram a respira*o um dos principais Disponível em5 ttp5==>>>.ibva.co.uN=1emplates=meditate.tm
115
componentes da medita*o, e sua observa*o é essencial, seja feita de maneira passiva ou ativa "controlada(. /a respira*o passiva, somente se observa o ciclo respirat+rio, sem interferência. /a respira*o ativa, o ciclo é controlado, como por e!emplo5 inspirar em um tempo, reten*o em dois tempos, e!pirar em um tempo, seguida de reten*o em dois tempos. /a medita*o devocional t4ntrica é usada a entona*o de mantras, em geral monossilábicos "bija-mantra(, que s*o sons com significado arquetípicos, em geral associado a seres ou divindades, da tradi*o espiritual. /esse caso, como instrumento da mente, o mantra é visa despertar o inconsciente do praticante para a deidade a qual está associado. Em todos os casos, a medita*o leva a um estado de rela!amento, que muitas vees se torna uma característica que a define. Entretanto, no que di respeito inten*o, e!iste uma diferena entre rela!amento e medita*o. Em alguns casos de meditaes "ou estado de transe( místicas, como as de Banta 1eresa de vila e B*o Yo*o de 2upertino, podem surgir fenômenos raros, como a já mencionada levita*o. Entretanto, em nenuma pesquisa acadêmica, ou caso estudado pelos pesquisadores contempor4neos, observou-se qualquer fenômeno semelante. Begundo eles, á três possíveis raes para isso5 a primeira é que o fenômeno de levita*o n*o e!iste] a segunda é que os místicos das tradies contemplativas perderam a abilidade de evocar o fenômeno] e a terceira é que a levita*o somente ocorre em raros e espont4neos fenômenos de ê!tase, que n*o podem ser programados para preencer os requisitos de um e!perimento científico. )ssim, esses fenômenos paranormais somente ocorreriam em situaes ocasionais, e os cientistas devem contar com muita sorte para observá-los, pois lamas, iogues e monges, com fios atados na cabea, e termômetros no corpo perdem a liberdade de se entregarem ao transe místico, e isso altera esse tipo de padr*o, que fica impossível de ser investigado. Durante as décadas de A% e [%, ouve um significativo aumento nas pesquisas sobre os efeitos da medita*o devido ao interesse pela cultura oriental. Oerbert Wenson "Wenson, apud 8spina et al, $%%A, p. I%( mostra os efeitos sobre o sistema cardiovascular, como o efeito vasodilatador, a diminui*o da
116
frequência cardíaca, e a altera*o do perfil ormonal com mudanas metab+licas. Zm estudo publicado pela 0Bcientific )mericanK em /ovembro de $%%H, com o título5 6Becrets of Oo> @editation \orNs7, mostrou que meditadores e!perientes e!ibem um grande aumento de ondas gama, de 9% O "I&-'%% O(, devido ao disparo simult4neo e síncrono de neurônios. @esmo assim, durante esta medita*o o consumo energético do cérebro é mínimo. /o relat+rio publicado por 8spina et al., foram estudados os efeitos da medita*o sobre a ipertens*o arterial e outras doenas cardiovasculares, bem como o uso de subst4ncias de abuso "drogas(. ) meta-análise efetuada sobre um estudo de bai!a qualidade, e um nCmero pequeno de ipertensos, mostrou que a @edita*o 1ranscendental, a
.' / O ESTADO DE UASE/MORTE E A PROKEÇÃO DA CONSCIBNCIA Estes s*o dois estados incomuns de consciência que têm uma aparente cone!*o entre si, pois durante o estado de quase-morte "/DE(, quase sempre é
tudies #/ dvanced ta+es #/ Ieditati#n dvance ccess -ublicati#n. 31 #/ $ul> 2006! :pt#use p#r utiliJar #s acrônim#s em in+ls. #u seaG :E C#ut #/ b#d> eperienceD e "E Cnear deat% 117
relatado uma proje*o e!tracorp+rea da consciência "8WE(.
NDE5 /ivência de um estado incomum de consciência, durante um lapso de tempo, em que a pessoa está clinicamente morta, ou sem atividade cere)ral .
O-E5 /ivência de um estado incomum de consciência, caracterizado pela sensação da consciência estar fora do corpo fsico . ) proje*o e!tracorp+rea da consciência é uma e!periência subjetiva. 3ara quem a teve, o significado é profundo, indiscutível e quase sempre mais real que a pr+pria realidade percebida no estado de vigília. ) luminosidade é vibrante, e tudo que é observado tem uma aparência viva. ) maioria das 8WE tem origem durante o sono, e embora algumas pessoas afirmem que podem induir a e!periência conscientemente, em geral é mais comum que ela ocorra involuntariamente e induida a partir de conteCdos inconscientes. 2arles 1art "$%%H, p. '[H( denomina de 8WE, e!periência em que o sujeito percebe a si mesmo como estando em um local diferente, do local em que está seu corpo, e percebe estar em um estado ordinário de consciência no qual os conceitos de espao, tempo e loca*o faem sentido, além de um sentimento de estar parcialmente ou integralmente desconectado do corpo. ) e!periência fora do corpo é referida por diferentes designaes, tais como5 e!terioria*o da consciência, viagem astral, proje*o astral, viagem da alma, etc., todas supondo que, ao entrar num estado incomum de consciência, o sujeito vivencia uma e!pans*o consciencial para além dos limites da localidade física. 3ortanto, o estudo desse fenômeno pode nos au!iliar na elucida*o do fenômeno da consciência, e de sua independência do corpo físico. 8WE também é vital para se estabelecer a cone!*o entre a consciência e a matéria, ou entre a consciência e a imaterialidade, dependendo de como a matéria for compreendida em suas mCltiplas dimenses. ) e!pans*o consciencial leva a estados incomuns que ocorrem numa sequência de estados conscienciais que se alternam, como por e!emplo5 o estado
eperienceD! 118
de vigília, de rela!amento leve, de rela!amento profundo, de sono, sono com sono, de sono lCcido, de arroubo, de transe, etc. Em alguns desses estados a consciência parece viajar para além dos limites do corpo, e s vees do tempo, quando ent*o se di que o fenômeno 8WE ocorre. Este fenômeno n*o é raro. 2erca de I%: das pessoas já tiveram pelo menos uma 8WE durante suas vidas, e na maioria das vees, o fenômeno parece ter início em um estado de rela!amento profundo "menos comum(, durante o sono "mais comum( e durante uma parada cardiorrespirat+ria ou e!periência de quase-morte "/DE(. 8 estado de 8WE tem duas características principais5 ) primeira é a percep*o de estar consciente, em um espao consciencial que n*o é o do seu corpo físico. 8u seja, além de estar fora do corpo, sabe-se estar em outra dimens*o que n*o é a dimens*o usual de vigília. ) segunda é o componente noético associado maioria dos estados incomuns de consciência, ou seja, o sujeito que e!periencia o fenômeno, entra em contato com realidades que n*o est*o presentes no estado comum de vigília. 1ambém é possível que durante uma 8WE, a consciência reaja ao que esteja sendo vivenciado, de maneira diferente de como normalmente agiria no estado comum de vigília, denotando uma mudana de comportamento, gostos e interesses. 3or outro lado, s vees a consciência parece estar ao mesmo tempo fora do corpo e no corpo, "biloca*o;( vivenciando simultaneamente conteCdos que n*o s*o acessíveis no estado de vigília.
Se()"*o R%**e! "$%%A, p. '[$H-'[II(5 Bensaes semelantes a uma 8WE foram relatadas por pacientes que tiveram eletrodos implantados no cérebro - para suprimir o umbido auditivo "tinnitus( - durante a estimula*o da
;allman! F Iultidimensi#nal m#del #/ t%e released state #/ c#nsci#usness ubtle Ener+ies and Ener+> IedicineH! 18C3D --! 89111! 2007! Eperincia vivencial d# aut#r! 119
circunvolu*o temporal superior. 8 estudo efetuado com tomografia de emiss*o de p+sitrons "3E1( mostrou ativa*o da jun*o temporo-parietal que provoca um fenômeno conecido como doppelgnger, ou seja, a presena de um duplo que se e!terioria, o que sugere que a ativa*o dessa regi*o é a correlata neural do fenômeno de desincorpora*o da consciência, como ocorre na 8WE. 1art, durante seus estudos de gradua*o no @Q1, em 'H&A, tentou induir 8WE em voluntários ipnotiados, sugerindo que estes saíssem de seus corpos e fossem até uma casa nos arredores de Woston, para identificar objetos colocados no por*o por dois parapsic+logos. Entretanto, o resultado n*o foi conclusivo, apesar de os voluntários terem descrito objetos semelantes queles colocados para identifica*o] segundo o autor os relatos foram muito subjetivos para serem considerados como evidência do fenômeno 8WE "1art, $%%H, p. 'HA(. 2arles 1art comenta mais cinco casos de 8WE "ibidem, p. 'HH-$$%(5 8 primeiro caso, que ele denomina o caso da senorita , foi de uma moa que trabalava como babR sitter de seus filos. Begundo seu relato, quando criana, ela por várias vees ao dormir sentiu-se flutuando perto do teto do quarto, e ao olar para bai!o sempre via seu corpo deitado na cama. /essa época, ela acava que isso era normal, ou seja, todo mundo ao dormir sonava, e flutuava fora do corpo, pelo quarto. @ais tarde, na adolescência, ao conversar com colegas percebeu que, sair do corpo e flutuar n*o era normal e, ent*o parou de falar sobre o assunto para n*o parecer uma esquisita. 1art e!plicou-le o que era uma 8WE, falando da diferena entre uma verdadeira percep*o e!tracorp+rea e uma alucina*o, ou fantasia. ) senorita ficou entusiasmada e perguntou como ela poderia faer para saber qual era o seu caso. Ent*o, 1art sugeriu que ela escrevesse nCmeros de ' a '% em tiras de papel, e sem olar escolesse um, ao acaso, dei!ando sobre seu criado-mudo. )ssim, se ela tivesse uma 8WE, e
KisualiJin+ #ut#/b#d> eperience in t%e brain! CIassac%usetts Iedical ;#spital! ! En+l! $! IedD! 120
olasse para bai!o, veria o nCmero escrito, e no dia seguinte poderia confirmar se o nCmero visto estava correto.
Se()"*o Ta!& "$%%H, p. $%%(5 (m cada noite no la)oratório, após ela deitar+se,
os
registros
fisiológicos
eram
monitorados satisfatoriamente !resistência eltrica da pele, movimento rápido dos olhos, pulso e pressão arterial'# (ntão, Dart gerava cinco dgitos atravs de uma sequência aleatória# 5s n0meros eram escritos em uma tira de papel, com tipos de cerca de cinco centmetros de altura# 3 folha era colocada so)re uma prateleira no alto da parede, so) um relógio# (la não tinha nenhum acesso ao papel, a menos que saindo do corpo pudesse lê+lo, ver as horas e ao acordar relatar o que foi visto# (m quatro das noites ela reportou três claras percepç.es de estar flutuando no quarto, e duas completas 5E(# (m todos os casos suas funç.es fisiológicas foram normais, o que evidenciou que em nenhum momento ela esteve perto de ter uma 4<(# 5 eletro+encefalograma mostrou que durante os momentos de 5E(, os registros mostraram uma atividade compatvel com sono leve com sonhos + o que ele denominou estágio F +, permeados por )reves perodos de viglia plena# 4as três primeiras noites, ela reportou ter estado fora do corpo, sem conseguir
controlar seu
comportamento para
colocar+se na posição que permitisse ver o papel
121
com
os
n0meros,
que
a
cada
dia
eram
aleatoriamente trocados# 4a quarta noite, as GhGH, da madrugada, houve um perodo de sete minutos em que o eletro+encefalograma detectou um registro am)guo, algumas vezes semelhante ao estágio F do sono, e outras vezes semelhante a um )reve estado de viglia# 4esse momento, ela acordou e reportou atravs do comunicador que o n0mero visto era $GF&$, exatamente o n0mero que havia sido colocado so)re a prateleira# 3s chances de ela ter acertado, por acaso, eram remotas, cerca de cem mil por um#
/o final do relat+rio, 1art menciona que consultou um e!periente mágico amador e também parapsic+logo do Qnstituto 1ranspessoal de 3sicologia, para junto com ele visitar o laborat+rio na busca de alguma possibilidade de fraude. Begundo 1art, nada foi encontrado de suspeito "1art, $%%H, p. $%9(. Do e!posto, e segundo o entendimento do autor desta monografia, o senor 1art cometeu um equívoco metodol+gico, pois o correto teria sido convidar o especialista para participar do delineamento do e!perimento, na busca de pontos de risco e possíveis possibilidades de equívoco ou fraude, e n*o para inspecionar condies que n*o mais eram passíveis de serem verificadas 0a posterioriK. 8 delineamento de qualquer e!perimento, seja psíquico ou n*o, deve levar em conta todos os critérios que devem ser colocados sob controle estrito, para que, satisfeitas as condies pré-estabelecidas, o e!perimento possa ser validado. 1art relata mais três casos que le foram contados por Uobert @onroe "'H'&-'HH&(, que escreveu três livros clássicos sobre o assunto5 YourneR 8ut of WodR "'HA'(, Tar YourneRs e Zltimate YourneR, no quais o autor se descreve como um típico omem de neg+cios que acabou indo para o mundo das 8WEs e dos fenômenos psíquicos, devido a uma série de estranos ataques de vibraes no final dos anos cinquenta, s quais culminaram com algumas e!periências e relatos de 8WE "1art, $%%H, p. $%[(. 122
1art descreve oito sesses noturnas efetuadas com @onroe - entre Deembro de 'H?& a )gosto de 'H?? -, no laborat+rio de EE# do Oospital da Zniversidade da Firgínia.
Se()"*o Ta!& "$%%H, p. $''(5 Esse laborat+rio n*o estava realmente equipado para um trabalo de sono ^ou com as facilidades de um laborat+rio de sono_, por isso durante a maior parte do tempo @onroe n*o se sentiu confortável sobre a cama portátil instalada no local, e n*o foi capa de produir os fenômenos de 8WE ^sic_. /a opini*o do autor desta monografia, novamente parece ser uma e!periência mal delineada, pois as condies do laborat+rio deveriam ser avaliadas 0a prioriK, para assegurar a adequa*o ao e!perimento. Esses cuidados devem faer parte do protocolo de qualquer e!perimento bem delineado, uma e!periência que o autor teve em I% anos de pesquisa em físico-química. /o livro citado, 1art cita mais dois relatos de estudos com @onroe, também subjetivos e inconclusivos, além de outro estudo de indu*o de 8WE efetuado através de ipnose, no ano de 'HA%, no qual ele nada descreve de relevante, mesmo porque, afirma ter jogado fora a maioria dos dados coletados no estudo, ap+s sua aposentadoria da Zniversidade da 2alif+rnia "1art, $%%H, p. $$%(.
Se()"*o Ta!& "$%%H, p. $$%-$$9(5 )p+s décadas de refle!*o sobre os meus resultados e de outros, particularmente sob a lu de meus estudos gerais sobre a naturea da consciência e dos estados alterados de consciência, eu teno uma melor vis*o do que seja o fenômeno 8WE, que incluem tanto a possibilidade de uma e!terioria*o fora do corpo, quanto
123
possibilidade de uma alucina*o. Ent*o, meu melor palpite como teoria é que, em alguns casos de 8WE, a mente pode - pelo menos parcialmente estar localiada em outro lugar além do corpo físico -, e ter percep*o do local e!tracorp+reo, por alguma outra forma de EB3. 3ercebe-se que como em todo fenômeno subjetivo, a investiga*o das 8WEs apresenta certa dificuldade, o que e!ige perícia por parte do pesquisador, e também alguma sorte para que o fenômeno ocorra no momento certo. ) maior dificuldade é devido ao fato de n*o se saber qual é a naturea do princípio que se projeta, e por outro lado, n*o se ter nem o paradigma correto para conceituar e modelar o fenômeno, tampouco s 0ferramentasK corretas para uma investiga*o científica. Berá que o princípio que se projeta transcende a dimens*o física do espao de vigília, penetrando em outra dimens*o;
Se()"*o ale "$%%H, p.'( Zma concep*o sistemática e empírica das anomalias perceptuais e!perienciadas nos estados ipnag+gicos, e a distin*o destas anomalias em classes discretas de e!periências, n*o pode ser realiada até que se tena um sistema igualmente sistemático e conceptual da consciência em seus muitos níveis ^..._, em outras palavras, para estudar a anomalia, devemos primeiro compreender o meio em que ela ocorre.
NDE – O ESTADO DE UASE/MORTE5 - )s e!periências de quasemorte s*o um assunto controverso, tanto sob o ponto de vista filos+fico e espiritual, quanto sob a +tica das neurociências. Se()"*o Ma!%"o K!' "$%%&, p. HA(5
=ransit#r> -ercepti#n and #ut#/b#d> Eperience! C-r#seminar in =ranspers#nal -s>c%#l#+>. 2009D! 124
Fárias situaes clínicas têm sido descritas como causadoras desse estado ins+lito, como parada cardíaca "morte clínica(, coque emorrágico, trauma craniano ou emorragia intracraniana, asfi!ia e=ou afogamento, acidentes, avalances de neve, queda de altura, desbalano eletrolítico grave, libera*o de endorfinas e endopsicocinas, assim como doenas graves, como c4ncer terminal e falência cardíaca ou pulmonar. 2onforme cita o autor, até meados dos anos A%, esses fenômenos eram e!tremamente raros, porque n*o e!istiam as modernas técnicas de ressuscita*o, tais como as terapias intensivas e o respirador automático, que ressuscitaram muitos pacientes no limiar da morte para que estes relatem suas e!periências. Entretanto, a partir dos anos A%, o aumento de relatos de /DE comeou a despertar o interesse dos pesquisadores de fenômenos psíquicos, o que deu origem funda*o de várias associaes e grupos de estudo, como a Q)/DB, 61e Qnternational )ssociation for /ear-Deat Btudies7 "'H['(, +rg*o que congrega cerca de &% grupos de estudos sobre /DE, e é responsável pela publica*o de uma revista especialiada , e a /ear Deat E!perience Uesearc Toundation, com cerca de $%%% te!tos publicados sobre relatos de e!periências de quase-morte. 8 tema teve interesse popular ap+s UaRmond @oodR publicar em 'HA& o livro Mife )fter Mife, um livro que deu origem a muitos outros livros, e milares de artigos relatando e!periências de quase-morte. Entre os pesquisadores que mais têm colaborado sobre o assunto est*o5 Dra. Eliabet Vubler-Uoss, que publicou 0 5n Iife 3fter
=%e $#urnal ear"eat% tudies! 125
os resultados foram publicados no livro )dventure in QmmortalitR. ) coerência entre os relatos nos mostra que a maioria das e!periências relatadas é comum a todas as pessoas "Fer 1abela I.'(.
Taela .'1 / 6o"&e Ma!%"o K!' "'H[&, p. H[( UEM)18 Bensa*o de estar fora do corpo. 3ercep*o visual do ambiente e dos fatos ocorridos. Uuídos audíveis produidos pelas pessoas nas viinanas. Bensa*o de pa indescritível, perda de sensa*o dolorosa. 3resena de uma lu deslumbrante de grande belea. Uápida vis*o da vida pessoal. Bensa*o nítida de estar num mundo inteiramente diferente. Bensa*o de uma presena muito especial. Bensa*o de presena de uma espécie de tCnel. 3remoni*o sobre eventos futuros.
) maioria dos entrevistados reportou que, ap+s a /DE, ouve uma grande transforma*o em suas vidas. Elas se sentiram renascidas, passaram a buscar valores espirituais como se estivessem sido iluminadas, e perderam o medo da morte. )lguns relataram terem sentido " Ma!%"o Yr., $%%&, p. H[(5 '. Bensa*o
126
permanente
de
ter
consciência da import4ncia de seus destinos, o que intensificou antigas crenas religiosas. $. Ueconecimento de como a vida é preciosa. I. Bensa*o de urgência na reavalia*o de suas prioridades, e em viver o momento presente. 9. @ais cotidianos.
aceita*o
dos
eventos
.' / OS ESTUDOS DE PIN >AN LOMMEL Mommel tem um dos mais completos estudos de /DE, e os publicou no artigo5 6 4ear+death (xperience in @urvivors of 2ardiac 3rrest + 3 Prospective @tudA in 4etherlands7. /esse estudo, ele inclui o relato de I99 pacientes cardíacos que foram ressuscitados com sucesso, depois de parada cardiorrespirat+ria, em de ospitais olandeses. Ele comparou dois grupos de pacientes que passaram por morte aparente. 8 primeiro grupo foi constituído por pessoas que reportaram uma e!periência de /DE, e o segundo grupo de pessoas que n*o as tiveram. Este estudo foi prospectivo, e os pacientes foram entrevistados ap+s $ e ap+s [ anos da ressuscita*o.
Co"$l)sVes ?$ pacientes "'[ :( reportaram terem dito uma e!periência de /DE, e entre estes 9' "'$:(, descreveram uma e!periência significativa. ) ocorrência da e!periência n*o pareceu ter correla*o nem com a dura*o da parada cardiorrespirat+ria, nem com o tempo de inconsciência, nem com os medicamentos, ou o medo da morte antes do ataque cardíaco. ) idade média dos pacientes foi de5 "?$,$ +,-anos, dentro de uma amplitude de $? - H? anos.
=%e &ancet 2001L 358G p! 20392045! 127
Dos I99 pacientes, $9A "A9:( foram entrevistados dentro de cinco dias ap+s a ressuscita*o cardiorrespirat+ria. Dos I99 pacientes, $H? "[?:( nunca aviam tido um infarto anterior, enquanto 9[ "'9:( reportaram já terem tido infartos anteriores.
Co"$l)são5 Do total de I99 pacientes ressuscitados, ?$ "'[:( relataram /DE, e entre estes $' "?:(, relataram alguma lembrana difusa, '[ "&:(, relataram e!periências moderadamente profundas, 'A "&:(, relataram e!periências profundas, e ? "$:(, relataram e!periências muito profunda "1abela I.$(. Taela .', – Rela&os *e NDE !e3o!&a*os 2a" Lommel Uelato5
$ X Emoes positivas
128
I X E!periência Tora do 2orpo
9 X @ovimento através de um tCnel
& X 2omunica*o com a Mu
? X 8bserva*o de cores
A X 8bserva*o de uma paisagem celestial
[ X Encontro com pessoas mortas
H X Fis*o retroativa da vida '% X 3ercep*o de uma fronteira entre dois mundos Da pesquisa longitudinal ap+s $ e [ anos, van Mommel recoleu as seguintes concluses5 a( Dos pacientes sobreviventes, quase todos mantiveram o relato inicial. b( Dos ?$ iniciais, 'H aviam falecido e ? se recusaram a serem entrevistados. )ssim, somente IA pacientes foram ouvidos ap+s $ anos, e todos se lembravam e!atamente de suas e!periências com detales. c( )p+s [ anos, somente $? estavam vivos e também mantiveram seus relatos iniciais com e!atid*o. 2oncluindo, van Mommel afirma que os fatores e as intervenes médicas n*o e!plicam, tampouco concorrem para a ocorrência das /DE, porque [$: dos pacientes que também tiveram parada cardiorrespirat+ria e foram
129
submetidos a um mesmo processo de ressuscita*o n*o relataram nenuma /DE, sendo pouco provável que o fenômeno tena sido ocasionado por fatores medicamentosos ou fisiol+gicos, como por e!emplo, o processo de ano!ia cerebral. 8bserva-se que a frequência dos pacientes que reportaram uma e!periência de /DE varia de estudo para estudo, e parece depender de como a quest*o é abordada pela equipe médica.
Se()"*o CooH , E. \, et al. - /o artigo publicado pelo 6Journal of @cientific (xploration6 , "'HH[, vol. '$, /o. I, pg. IAA-9%?(, os autores sustentam a tese de que as /DE proporcionam evidencias de que a consciência sobrevive morte do corpo físico. ) pergunta no título de nosso artigo pode parecer inapropriada, ou mesmo gratuita, para a maioria das pessoas que tiveram uma e!periência de quase-morte, pois estas /DEs os convenceram de que a morte é uma transi*o para um tipo diferente de vida, e n*o o fim da vida. 3or outro lado, para a maioria das pessoas que n*o tiveram uma e!periência desse tipo, a quest*o proposta no título irá parecer n*o somente uma quest*o central, mas também das mais importantes que alguém pode faer a respeito desses fenômenos. 8s interesses nas /DEs têm sua origem na crena de que elas ocorrem quando uma pessoa está clinicamente morta, e ao regressar da morte, relata uma breve antevis*o do que nos espera ap+s a morte. De fato, essas e!periências s*o os Cnicos relatos que temos do processo da morte, sob a perspectiva do pr+prio paciente. 8 artigo citado reporta '9 casos, que mostram características bem
Emil> Milliams <##'. ruce Nre>s#n e an tevens#nG O"# n> eardeat% Eperience -r#vide Evidence /#r t%e urvival #/ ;uman -ers#nalit> /ter "eart% CPniversit> #/ Kir+inia. <%arl#ttesvilleD 130
semelantes quelas reportadas por van Mommel.
Se()"*o CooH "'HH[, p. IAH(5 Qndivíduos que relataram uma e!periência de /DE usualmente a descrevem como sendo muito diferente de um sono, e a vivência sensorial percebida durante a e!periência é consideravelmente mais clara e lCcida, igualando ou mesmo superando aquelas do estado de vigília. 3or outro lado, e contrário crena popular, essas e!periências podem ocorrer com pessoas que n*o est*o seriamente doentes, ou até com pessoas muito saudáveis "2ooN, 'HH[, p. IAH(. Btevenson e 2ooN no Yournal of /ervous and @ental Disease "'HH&, '[I"A(5 pg. 9&$-9&[(, reportaram '$$ casos de pessoas que ficaram doentes, ou mesmo estiveram perto da morte, e relataram terem tido lembranas de momentos importantes de suas vidas. 8 nCmero de lembranas relatadas variou na maioria dos casos entre uma e duas ocorrências. )lgumas pessoas relataram terem tido a vis*o de vários eventos em sequência, como um filme, evidenciando um significativo aumento da percep*o cognitiva, quando de fato, o que se esperava era um declínio, visto que elas apresentavam uma significativa diminui*o das funes fisiol+gicas devido s circunst4ncias do momento. Esta situa*o parado!al pode sugerir a independência da consciência com rela*o ao processo fisiol+gico cerebral, como atualmente a maioria dos neurocientistas acredita. Zm estudo intercultural de /DE efetuado pelos autores suporta esta ideia. Embora a maioria dos casos estudados tena ocorrido em ospitais do ocidente, alguns pesquisadores de /DE têm estudados casos relatados em outras culturas para verificar se as percepes relatadas s*o primariamente eventos visionários aparados pelas crenas de determinadas culturas ou um fenômeno universal. 2omo resultado desta revis*o, concluiu-se que, de longe, o nCmero
ec'er! C1984DL Qen+ R%i>in+ S &iu $ianun C1992DL -asric%a C1993DL -asric%a S tevens#n C1986DL Rales'i 131
de casos relatados nas culturas n*o-ocidentais é menor que os relatados na cultura ocidental, e talve uma das raes para isto seja a ineficiência dos métodos de ressuscita*o usados em alguns países do oriente. 3or outro lado, 2ristoper 2. Trenc, em seu artigo para a revista 01e MancetK "$%%', vol. I&[. Deembro '&, $%%', p. $%'%(, 6 alse Bemories ;7, ao citar a tese de 3arnia e Ten>icN, de que as percepes das /DE poderiam ser lembranas do período de recupera*o do cérebro durante o processo de ressuscita*o, lembrou que esta e!plica*o é improvável, porque muitos relatos mencionavam detales minuciosos de eventos que aviam ocorrido durante a fase de parada cardiorrespirat+ria, quando ent*o o paciente relatou ter visto de cima seu corpo ser atendido pela equipe médica, o que sugere um fenômeno de e!periência fora do corpo "8WE(, durante a /DE. Esta tese está de acordo com a defini*o de que o fenômeno de /DE é uma e!periência na qual a pessoa parece perceber a realidade de uma posi*o fora dos limites do corpo físico. 3ortanto, a 8WE é um fator importante e concomitante com as /DE. 3ara testar a ip+tese de que o paciente poderia saber o que ocorreu durante seu atendimento clínico, 3arnia e colegas, colocaram cartes fi!os e ocultos, nas pro!imidades do forro da sala de emergência, na e!pectativa de que um dos pacientes, ao sair do corpo durante a fase de ressuscita*o, visse o cart*o e relatasse o que ele contina. /enum dos quatro pacientes estudados relatou algo, pois nenum deles teve uma 8WE durante a /DE, ou se teve n*o se lembrou dela. 3ortanto, remanesce a quest*o5 Berá que durante o impacto do fenômeno de 8WE - /DE, as emoes vividas pelo sujeito iriam permitir que, mesmo estando fora do corpo, ele concentre sua aten*o em qualquer outra coisa além da sua pr+pria e!periência; L importante refletir sobre esta quest*o motivacional e, diria até circunstancial, porque o autor desta monografia já teve
C1987D! -arnia . Maller "N. @eates B. QenTic' -! F Uualitative and Uuantitative tud> #/ =%e ncidence. Qeature and eti#l#+> #/ eardeat% Eperience in
algumas e!periências de 8WEs, e em nenuma delas mostrou ter os mesmos interesses e curiosidades pelas coisas ao redor, que se têm quando no estado de vigília. 8u seja, a e!periência pode subjetivamente desviar a aten*o da necessidade de posteriormente comprovar e relatar o evento, procurando indícios e provas para tanto. De acordo com van Mommel "Mommel apud Trenc $%%', p. $%'%(, alguns mecanismos neurais poderiam atuar para preencer o vaio durante o período de inatividade cortical. Eles reportaram que, ap+s dois anos de acompanamento, quatro dos IA pacientes do grupo de controle, que n*o aviam reportado nenuma /DE, afirmaram que eles as tiveram. )pesar de estes pacientes representarem menos que ': do total estudado por van Mommel, eles representam cerca de '%: do grupo de controle. 8 que aconteceu; 1eria avido uma supress*o inconsciente de mem+ria logo ap+s o trauma da ressuscita*o e esta, se recuperada no decorrer do tempo, ou relato posterior teria sido fruto de uma fantasia; Fan Mommel e colegas sugerem que esses pacientes podem ter estado incapacitados para descreverem suas /DE na primeira entrevista, mas n*o á como saber o que pode ter concorrido para tanto.
.' / O CASO PAM REXNOLDS Este é sem dCvida um dos casos mais importantes já relatados de /DE, pois toda a e!periência ocorreu sob um controle estrito de uma equipe médica. 8 caso foi relatado por @icael Babom, que foi o médico cardiologista de 3am UeRnolds "Babom, apud 2arles 1art $%%H, p. $I%-$I[(. 3am, nascida em 'H&?, é compositora e cantora norte americana. Em 'HH', aos I& anos, ela foi diagnosticada como tendo um gigantesco aneurisma arterial basilar, e necessitou de uma cirurgia para sua remo*o. Devido localia*o do aneurisma, um local de difícil acesso, por estar perto da base do cérebro, seu cirurgi*o, o doutor Uobert T. Bpetler do 6Warro> /eurological Qnstitute7, em Têni! no Estado do )riona, decidiu que a cirurgia somente
=%e End #/ Iaterialism! eT ;arbin+er -ublicati#ns nc! <! 2009! 133
poderia ser efetuada com au!ílio de uma técnica de ipotermia, com concomitante parada cardiorrespirat+ria, uma interven*o para a paralisa*o das funes vitais. Durante todo o processo, a temperatura corporal de 3am deveria ser reduida e mantida entre '% e '? %2, quando ent*o sua respira*o e seu batimento cardíaco seriam parados e o sangue completamente drenado de seu cérebro. /esse estado, uma pessoa é considerada clinicamente morta. Beus olos foram cobertos com uma máscara, pequenos fones foram colocados em seus ouvidos, com o objetivo de gerar um clic audível e intermitente de '%% decibéis, para controlar a fun*o cerebral. Be seu cérebro estivesse inativo, ela teria uma resposta eletro-encefalográfica plana, ou seja, sem indício de atividade neural, o que era rigorosamente necessário para a cirurgia. 2om vários instrumentos ligados ao corpo de 3am, para monitorar sua condi*o, teve início a anestesia. Zma sonda foi colocada no seu esôfago, para monitorar a temperatura corp+rea, e outras sondas monitoravam continuamente sua atividade cerebral. )p+s cerca de uma ora e meia de prepara*o, o Dr. Bpetler iniciou a cirurgia, abrindo uma pequena incis*o no escalpo, para e!por o cr4nio de 3am. 8 cirurgi*o usou uma serra pneumática de ossos para abrir uma passagem no cr4nio.
Pos&e!%o!me"&e ela !ela&o) Ta!&9 ,WW9 3' ,.1/,.,Q ) primeira coisa que recordo foi um som, um som semelante ao d+ natural. )o ouvir esse som, fui pu!ada pelo topo de mina cabea.
134
som. 3am continua e!pondo sua vivência "ibidem(5 ^_ ao olar para bai!o, eu recordo ter visto muitas coisas na sala de opera*o. Eu me sentia mais lCcida, do que jamais me senti em toda a mina vida. @e vi metaforicamente sentada sobre os ombros do Dr. Bpetler. /*o era uma vis*o normal, era uma vis*o mais clara e mais lCcida que as vises normais que sempre tive. Oavia muitas coisas e pessoas na sala cirCrgica, mas eu n*o consegui reconecê-las. Em um momento me surpreendi pela forma que rasparam a mina cabea. Eu esperava que raspassem tudo, mas eles n*o o fieram. Ent*o ela relatou que viu o que faia o barulo, era um instrumento parecido com sua escova dental elétrica. @ais tarde, quando le mostraram uma broca elétrica, ela reconeceu a semelana com sua escova dental. Ela reconeceu também ter visto as l4minas intercambiáveis que estavam guardadas em um estojo ou cai!a, que ela relatou ser parecido com o estojo de ferramentas de seu pai "ibidem(. )lguém disse algo sobre minas veias e artérias serem muito pequenas. Eu acredito que foi uma vo feminina, talve o Dra. @urreR, mas n*o teno certea. Eu me lembro de ter pensando que eu devia ter-les avisado sobre minas veias..., e também me lembro de ter visto a máquina cora*o pulm*o, além de outros equipamentos que n*o sei para que poderiam servir. De fato, uma cirurgi* cardíaca que estava localiando a artéria femoral na virila direita de 3am, disse que a artéria era muito estreita para o grande flu!o de sangue que seria necessário drenar para alimentar a máquina de circula*o e!terna cardiopulmonar. @as 3am n*o poderia saber disso, pois estava
135
clinicamente morta, com a temperatura corporal reduida e o cérebro esvaiado de seu conteCdo sanguíneo. ) cirurgia foi um sucesso, e ap+s a sua recupera*o, ela relatou outras vivências que teve durante a cirurgia. Em algum momento durante a cirurgia ela relatou ter sentido uma presena, e ent*o, se sentiu pu!ada em dire*o a uma lu. medida que se apro!imou da lu, esta ficava mais intensa, e ent*o ela comeou a discernir figuras na lu, incluindo sua av+, seu tio, outros familiares falecidos, além de pessoas desconecidas.
Se()"*o Pam ReF"ol*s "3am, apud 1art, $%%H, p. $IA(5 @ina av+ n*o me levou de volta através do tCnel, ou mesmo enviou-me ou tentou faê-lo. Ela somente me olou. Eu esperava ir com ela, mas foime comunicado que ela n*o tina a inten*o de faer isso. @eu tio disse que ele o faria. Toi ele quem me levou de volta para o fim do tCnel de lu. Estava tudo bem, mas eu n*o queria ir. @as ent*o, eu ceguei ao fim do tCnel, e vi a coisa, meu corpo. Eu n*o queria entrar nele ^..._. Ele parecia orrível, como um trem destruído. Ele parecia o que de fato era, um corpo morto. Eu acredito que ele estava coberto. Ele me assustava, e eu n*o queria olar para ele. Disseram-me que era quase como pular em uma piscina. 6Bem problemas - disseram -, somente pule para dentro da piscina7. Eu n*o queria, mas
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parece que agora já era tarde, porque ele "o tio( me empurrava. Eu senti uma forte repulsa e ao mesmo tempo uma atra*o corporal. 8 corpo atraia, e o tCnel estava empurrando...., era como nadar numa piscina de água gelada ^..._, isto d+i.7 3am UeRnolds avia entrado na sala cirCrgica s A'&, e a opera*o terminou s '9'% quando ela recobrou os sentidos. 3elo seu relato, e sincronicidade com as ocorrências e!ternas e relatadas, sua /DE durou das [9% s '$%%. 8 cronograma de registro do tempo durante a cirurgia mostra que todos os relatos ocorreram ap+s o procedimento anestésico e o corpo resfriado. )ssim, os eventos relatados ocorreram ap+s a completa paralisa*o das atividades cerebrais, tanto pelo resfriamento corporal, quanto pelo concomitante esvaiamento sanguíneo do cérebro para procedimento cirCrgico. @ais tarde, quando ela declarou ter ouvido a can*o Ootel 2alif+rnia, que estava sendo ouvida na sala cirCrgica, eram '$I$, e neste momento, ela ainda estava em estado de ipotermia, com temperatura corporal de I$ %2. De fato, ela somente iria recobrar a consciência s '9'%.
.'1W / CONCLUSÃO DO CASO PAM /*o á outro espetáculo maior que o mar, além do céu] n*o outro espetáculo maior que o céu, além do interior da alma. "Fictor Ougo, Mes @isérables( Be o corpo de 3am foi resfriado a '& 2, uma temperatura na qual os processos vitais cessam, e ela estava sem circula*o e com o cora*o paralisado, como poderia saber o que ocorreu durante a cirurgia; 3odemos aceitar os fatos que ocorreram como uma evidência da independência entre a consciência e o corpo;
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)inda n*o temos as respostas. )inda n*o temos dados suficientes para comprovar que é possível a sobrevivência do ser cognoscente morte biol+gica de seu corpo, mesmo que, para quem passou pela e!periência, n*o aja dCvida. ) e!periência pessoal é subjetiva e n*o serve como prova para convencer quem n*o a teve. Em verdade, as concluses ficam por conta de cada um, embora neste caso, os indícios de uma 8WE sejam fortes o suficiente para no mínimo, ser um estimulo busca de novas provas que possam ser consideradas como evidências objetivas. E, como di o ditado, para quem crê meia palavra basta, mas para quem n*o crê, n*o á e!plica*o que convena. ) quest*o parece somente ter solu*o no plano individual, em que o ser e!perimenta, sente, sabe e n*o tem dCvida do que sentiu, viu e vivenciou. Qnfelimente, uma e!periência inefável, e!clusiva e n*o compartilável com seus pares.
Se()"*o oHosHa "$%%A, p.A&(5 3ercebe-se que a cultura ocidental perdeu a abilidade de alcanar altos níveis de desenvolvimento e, conseq`entemente, altos estados de consciência. Esta situa*o é descrita por meio de uma metáfora, que envolve um parado!o, pois os altos estados de consciência e os estados místicos também ocorrem na prática de outras culturas. )ssim, a tentativa de unir as tradies orientais psicologia ocidental, deu origem ao desenvolvimento da denominada psicologia transcendental, a qual aceita a e!istência de uma realidade umana para além da personalidade, e de seus condicionamentos psicol+gicos, seus ábitos, sua identifica*o psicol+gica e sua estrutura de ego. 8s estados conscienciais incomuns s*o uma realidade, e mostram que e!iste toda uma realidade oculta nossa percep*o comum. )lguns estados 138
incomuns se manifestam pela medita*o, ap+s longos anos de prática, outros pelo uso de ente+genos, que mais facilmente nos mostram dimenses conscienciais ocultas, epis+dios isolados, como os fenômenos de proje*o da consciência "8WE-/DE( em situaes incomuns de transe, de sono profundo, ou de parada cardiorrespirat+ria, nos sugerem a possibilidades da vida ser algo que transcende os limites da materialidade. ) descri*o de uma realidade imaterial além da nossa compreens*o nos fa repensar o que de fato sabemos sobre n+s mesmos, e sobre o mundo que nos cerca, o que dei!a claro que o modelo de realidade oriundo da percep*o sensorial n*o nos mostra a verdade, mas somente nos mantêm presos na 2averna de 3lat*oK.
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CAPÍTULO 4' / A NATUREA DO MUNDO 6ÍSICO ESPAÇO9 TEMPO E MAT=RIA )brir os nossos olos para a verdadeira naturea do Zniverso sempre foi um dos prop+sitos essenciais da física. L difícil imaginar uma e!periência mais capa de abrir nossas mentes do que a de aprender, como fiemos ao longo do Cltimo século, que a realidade que vivenciamos é apenas um pálido vislumbre da realidade que e!iste "G!ee"e, $%%&, p. $[(.
4'1 / INTRODUÇÃO ) física é a ciência que trata da naturea da matéria, da energia e de suas inter-relaes no espao e no tempo. 2omo tal, ela é uma ciência fundamental para o estudo de todos os fenômenos que v*o do micro ao macrocosmo, procurando descrever a realidade através da elabora*o de modelos conceituais que sirvam de paradigma para a sua compreens*o. 3ortanto, é esta ciência que nos tra o conecimento da naturea da realidade em sua mais profunda dimens*o, uma dimens*o cujo conteCdo - se é que se possa falar em conteCdo neste conte!to -, está além da mais ousada e criativa imagina*o. ) física, desde os seus prim+rdios, tem revelado a realidade por camadas cada ve mais profundas, dos planetas aos átomos e destes aos elementos que o constituem. ) primeira grande revolu*o científica teve início com N%$ola) Co3!"%$o "'9AI-'&9I( e Ko#a""es e3le! "'&A'-'?I%(, o primeiro com a e!posi*o do sistema eliocêntrico e o segundo, com as leis do movimento planetário. /a mesma época, Gal%le) Gal%le% "'&?9-'?9$( efetuou alguns e!perimentos clássicos sobre o movimento dos corpos, estabelecendo o princípio da inércia, e por seus trabalos no desenvolvimento da mec4nica "cinemática e din4mica( e da astronomia, é considerado o pai da física clássica.
140
) esses gigantes da ciência seguiram-se Isaa$ Ne&o" "'?9$-'A$?(, que enunciou as leis da mec4nica e a teoria da gravita*o, e algumas décadas depois M%$#ael 6a!a*aF "'AH'-'[?A( e Kames Maxell "'[I'-'[AH(, com o desenvolvimento das leis do eletromagnetismo, na mesma época em que Sa*% Ca!"o& "'AH?-'[I$( estabelecia as bases da termodin4mica, completando o arcabouo da física clássica. Entretanto, no início do século PP, duas grandes revolues científicas sacudiram o mundo da física5 as duas teorias da relatividade e a mec4nica qu4ntica, abrindo as portas para a compreens*o da realidade dentro de uma perspectiva completamente nova. 2om estas duas teorias, os físicos comearam a repensar a realidade dentro de um novo conte!to, que viria alterar de forma definitiva os conceitos de espao, tempo e causalidade. Toi o início de uma revolu*o filos+fica. ) inter-rela*o entre a física e a filosofia sempre foi um tema palpitante, e com o advento de um novo cenário descrevendo a realidade, tornou-se urgente a revis*o de alguns pressupostos filos+ficos.
Se()"*o Re*#ea* "'HH&, p.'A(5 L preciso admitir que o tipo de quest*o abordado pelos fil+sofos da ciência averia de ser descartado por muitos físicos como irrelevantes em rela*o quilo que eles vêm faendo - a saber, produindo teorias simples, unificadas e empiricamente adequadas acerca do mundo. Diriam os físicos que, ou essas questes metafísicas surgem em resultado do envolvimento dos fil+sofos com tecnicismos da física te+rica X que eles nunca cegaram a entender realmente - ou s*o os pr+prios físicos que, em alguns casos, desviam-se e s*o enlaados pela tenta*o de entregar-se sofística sutil dos fil+sofos, colocando questes insolCveis um tema no qual n*o se pode discernir progresso
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algum] no qual n*o á concord4ncia generaliada acerca das premissas a partir das quais se pode encetar um argumento] e no qual cada posi*o imaginável já foi sustentada por algum grupo de fil+sofos e igualmente refutada por outro grupo. Entretanto, e como já mencionado, o objetivo da física e da filosofia é o mesmo, ou seja, compreender a realidade. 3ortanto, é comum que o fil+sofo procure no saber da física tanto a fonte de sua inspira*o, como as evidências objetivas que podem dar sustenta*o e guiar seu pensamento filos+fico, que de fato algumas vees confunde-se com uma metafísica, que é o ramo da filosofia 0situadoK além do conecimento da física ortodo!a. /a opini*o do autor "Uedead, 'HH&, p. 'I(5 6 Por quest.es metafsicas entendo o tipo de questão geral que nasce de um exame crtico dos princpios, conceitos e pressupostos fundamentais que estão por detrás da fsica moderna 7.
Esta cumplicidade da filosofia com a física moderna é importante tanto para a pr+pria filosofia, como para metafísica, pois sem o embasamento das evidências objetivas da física, a filosofia perde sua credibilidade e passa a ser somente crena ficcional. Entretanto, Uedead tem ra*o ao afirmar que, algumas vees, pessoas pouco cuidadosas "ou inescrupulosas( dei!am-se levar pela 4nsia de buscar na física os argumentos que acam dar sustenta*o a seus devaneios, afirmando pseudo-verdades que a física n*o endossa. 3ortanto, o autor desta monografia alerta o leitor que, embora aja inCmeras evidências na física da imaterialidade do mundo físico, da e!istência de dimenses ocultas, de mundos-branas, de filamentos vibrantes no oceano de Oiggs, etc., essas evidências da 1eoria @ n*o sugerem a e!istência de seres incorp+reos e conscientes abitando essas outras dimenses. Entretanto, o autor desta monografia considera que - com base nos indícios dos estados incomuns de consciência -, e!iste uma forte similaridade entre as dimenses conscienciais acessáveis nos estados incomuns de consciência, e os mundo-branas "ou dimenses ocultas( descritas pela física 142
moderna como o 0tecido da realidadeK. Em ambos os casos á uma simetria de imaterialidade, ou seja, ambas s*o dimenses imateriais que possivelmente se espelam. /o primeiro caso, á uma consciência criando uma 0realidadeK sutil "e ilus+ria(, tal como cria uma 0realidadeK sutil e ilus+ria no estado de vigília. /o segundo caso, ou seja, na descri*o das dimenses da 0realidade físicaK, n*o á a necessidade da considera*o de presena de uma consciência cognoscente "pelo menos até agora(. ) parte da física voltada para a investiga*o do 0tecido da realidadeK "ou a estrutura da matéria(, é denominada 68s%$a *e Pa!&8$)las , uma área que contém os saberes da 68s%$a Rela&%2%s&a e da 68s%$a )Y"&%$a, e tem por objetivo a compreens*o da realidade ao nível de sua estrutura Cltima. 3ortanto, a Tísica de 3artículas é uma área de pesquisa que investiga a naturea da realidade, tal como ela é em si-mesma, independentemente de como ela seja percebida através dos sentidos.
Se()"*o G!ee"e ,WW49 3' 1Q ) li*o essencial que emerge das investigaes científicas dos Cltimos anos é a de que a e!periência umana muitas vees é um falso guia para o conecimento da verdadeira naturea da realidade "#reene, $%%9, p. 'H(.
Se()"*o L%"$ol" ,WW:9 3'9 ZI>Q ^..._ á físicos interessados nas questes mais profundas e fundamentais possíveis, como por e!emplo5
143
Bob ambos os aspectos, vemos que á uma convergência entre os objetivos dos físicos e dos fil+sofos "ou metafísicos(, porque ambos procuram descobrir o mesmo 6 santo graal 7, ou seja, compreender a naturea da realidade Cltima. 8s primeiros investigam a realidade pela realidade, e os segundos questionam a realidade para uma compreens*o maior do Eu "ou consciência( que é o ser que pensa sobre esta realidade e dela fa parte. Entretanto, a diferena é e!plicável. ) física é uma ciência, e como tal, suas teorias têm compromisso com as evidências e!perimentais, o que limita as especulaes que n*o tenam confirma*o empírica pela aplica*o do método científico. ) física n*o é baseada em opinies ou crenas, e o físico somente afirma o que sabe, e pode demonstrar através de e!perimentos precisos. 3or outro lado, nem os físicos, nem os fil+sofos "ou os metafísicos( têm um modelo para a consciência de forma a poder integrá-la ao cenário te+rico da física moderna. Entretanto, muitos físicos, entre os quais o autor desta monografia se inclui, crêem fortemente que isto é somente uma quest*o de tempo.
Se()"*o Do"al* 0offma" "Ooffman, apud Uosenblum $%%?(5 Eu acredito que a consciência e seus conteCdos s*o tudo que e!iste. Espao-tempo, matéria e campos nunca foram os abitantes fundamentais do universo, entretanto ^eles_ sempre têm estado, desde o seu início, entre os mais umildes conteCdos da consciência, dependendo dela para suas e!istências. 2omo mencionamos anteriormente, sendo a física a ciência que mais se aprofunda na investiga*o da realidade, ela aporta s outras ciências os conecimentos que podem contribuir para a confirma*o ou a rejei*o de seus pressupostos. L este o prop+sito desta monografia, e!por ao leitor n*o familiariado com o formalismo da física, os conecimentos emergentes que 8btidas nos aceleradores de partículas, como MO2 da 8rgania*o Européia
para 3esquisas /uclear. /eurocientista da cogni*o - Departamento de 2iências 2ognitivas da Zniversidade da 2alif+rnia. 144
podem ou n*o dar sustenta*o a um paradigma 6espiritual7 para o cenário dos estados incomuns de consciência, sem sofismas e casuísmos, sugerindo novas abordagens para a quest*o da vida e da dualidade espírito-matéria que se pretende demonstrar ser uma falsa quest*o, ou seja, uma conjectura baseada na percep*o umana, que n*o se fundamenta na naturea intrínseca do tecido do cosmo. 3ara alguns, a quest*o da dualidade espírito-matéria é algo que somente deve ser discutida no 4mbito da filosofia ou da religi*o. Entretanto é na ciência, e em particular na física, que a compreens*o da rela*o entre a matéria e o espírito pode ter mais clarea, principalmente porque a pesquisa da naturea da matéria delineia uma realidade imaterial, um conceito que converge na dire*o do conceito de espírito como algo etéreo e sutil, ou seja, também imaterial. 3or outro lado, a física contempor4nea nos mostra que, além da naturea da realidade ser imaterial em sua essência, e!iste uma imbrica*o no tecido elementar do cosmo, que sinalia fenômenos anteriormente insuspeitos, como por e!emplo, o efeito de n*o-localidade e!posto pelo e!perimento E3U, que vai ao encontro da unicidade descrita pelos místicos.
Se()"*o G!ee"e ,WW:9 3'1W.Q Zma série de e!perimentos realiados nas duas Cltimas décadas revela que algo que faemos em um lugar "como medir certas propriedades de uma partícula( pode sutilmente emaranar-se com algo que ocorre em outro lugar "como o resultado da medi*o de certas propriedades de outra partícula distante(, sem que nada ^nenuma informa*o_ seja enviado de um lugar ao outro. Esse fenômeno, embora desafie a nossa intui*o, é perfeitamente compatível com as leis da mec4nica qu4ntica e foi previsto por elas muito tempo antes que a tecnologia pudesse propiciar-nos a sua verifica*o por meio de e!perimentos.
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3ortanto, a realidade que se conece no dia-a-dia, ou seja, o espao, o tempo e a matéria, mostram-se ser somente uma fatia da verdadeira realidade cuja comple!idade e estranea têm dei!ado até os físicos perple!os. )ssim sendo, vamos e!aminar o que a física contempor4nea sabe sobre o estofo do mundo físico, e ver como este conecimento pode nos au!iliar na compreens*o do que é a realidade e de como ela e!pe possibilidades que á milares de anos têm sido relatadas pelos místicos em suas vivências dos estados incomuns de consciência, como a percep*o de uma unicidade c+smica, retrocogni*o no espao-tempo, premoni*o de eventos futuros, etc.
4', – TEORIAS DA RELATI>IDADE E A MEC[NICA U[NTICA 4','1 Teo!%as *a Rela&%2%*a*e )s duas teorias da relatividade, a restrita e a geral, sintetiaram o trabalo de vários físicos e matemáticos. E, a título de crédito, n*o se pode dei!ar de mencionar que a 1eoria da Uelatividade Uestrita "ou Especial( publicada por Ale!& E%"s&e%" "'[AH-'H&&( em 'H%&, foi o corolário dos trabalos independentes de Ale!& M%$#elso" "'[&$-'HI'(, 0e"*!%H Lo!e"& "'[&I-'H$[( e 0e"!% Po%"$a! "'[&A-'H'$(. @icelson e Morent desenvolveram as leis de transforma*o do espao e do tempo para sistemas de coordenadas, que se movem em movimento uniforme, e 3oincaré foi quem desenvolveu o principio da relatividade em 'H%%, sendo também o autor da famosa rela*o entre massa e a energia de uma onda eletromagnética, assumindo que a energia eletromagnética é semelante a um fluido fictício de massa E \ MC,, a tradicional formula de convers*o entre massa e energia atribuída a Einstein. "Bciller, $%%?, p. I'H(. 8utro crédito importante deve ser dado a Da2%* 0%le!& "'[?$-'H9I(, que deduiu e publicou as equaes de campo gravitacional em 'H'&, três meses antes de Einstein ter publicado o seu trabalo sobre a 1eoria #eral da Uelatividade. 2om essas observaes, n*o se tem a pretens*o de desmerecer o Welated Decision in te Oilbert-Einstein 3rioritR Disputek, B2QE/2E, Fol.
$A[, '9 /ovember 'HHA
146
trabalo de Einstein, mas sim, de faer justia aos físicos e matemáticos que contribuíram decisivamente para sua obra. ) import4ncia da teoria da relatividade restrita foi a mudana significativamente que ela introduiu na percep*o que se tina até ent*o do espao e do tempo, duas categorias que dei!aram de ser absolutas e independentes, ou seja, as mesmas para qualquer observador em qualquer referencial inercial, para formarem um contínuo espao-tempo. 8utra importante conseq`ência da teoria da relatividade restrita foi a generalia*o do 03rincípio de Uelatividade de #alileuK, ao mostrar que a velocidade da lu é a mesma para todos os sistemas de referência, independentemente do movimento da fonte luminosa, o que é uma inferência da equa*o de @a!>ell para a velocidade da lu, calculada com base em duas constantes dimensionais, a permissividade eletromagnética do vácuo " o( e a constante dielétrica do vácuo "o(, que independem de um referencial "ver Eq. 9.'(.
EUAÇÃO 4'1 E
o
c=
√ oεo
permissividade magnética do
vácuo o constante dielétrica do vácuo
) principal decorrência da const4ncia da velocidade da lu é a relatividade da simultaneidade que mostra que, dois eventos observados simultaneamente por um observador eq`idistante dos mesmos, n*o ser*o simult4neos quando observados por um segundo observador que se mova em rela*o ao primeiro. Do princípio da const4ncia da velocidade da lu, decorre a relatividade do espao e do tempo. Babe-se que a velocidade de um objeto é igual dist4ncia percorrida dividida pelo tempo, ou seja5 2 \ *]&. Entretanto, a velocidade depende do referencial, por e!emplo, se alguém viaja de trem e anda pelo 147
vag*o, sua velocidade em rela*o ao trem é 2 "a velocidade com que anda(, mas em rela*o terra é igual a soma da sua velocidade " 2( com a velocidade do trem em rela*o terra. Qsto ocorre porque consideramos dois referenciais, um é o referencial do trem "onde 2 é medido( e o outro, o referencial da terra "onde 2 s*o medidos(. /o caso de um f+ton luminoso, sua velocidade é sempre a mesma, pois como dito anteriormente, ela independe do referencial. Ent*o, se acendermos uma lanterna no trem em movimento, a velocidade do f+ton "lu da lanterna( será a mesma, quer seja medida no referencial do trem ou no referencial da terra. Qsto implica que nem o espao, nem o tempo s*o mais absolutos e devem variar. Esta varia*o n*o é perceptível "embora e!ista( em bai!as velocidades "poucos quilômetros por ora(, mas é perceptível em velocidades que se apro!imam da velocidade da lu "c '.%[%.%%%.%%% Nm= ora(. )ssim sendo, de acordo com as transformaes de Morent, o espao se contrai na dire*o do movimento e o tempo se dilata, ou seja, passa mais devagar "Eq. 9.$(.
TRANS6ORMAÇÃO DE LORENT – EUAÇÃO 4', DQM)1)8 D8 1E@38
−
1
28/1U)8 D8 EB3)8
v
1−
2
v
2
) dilata*o do tempo, e a contra*o do espao, para massas que se movem em velocidades pr+!imas da lu s*o uma indica*o de que o espaotempo n*o é uma abstra*o matemática, mas algo com conteCdo que interage com a massa em movimento. De acordo com a física qu4ntica este algo é denominado 2ampo de Oiggs. ) cosmologia moderna, lu da mec4nica qu4ntica, tem sugerido que o espao-tempo para regies muito pequenas, da escala de comprimento de 3lancN " '%-I& m(, seja quantiado. ) gravidade qu4ntica em 0loopK, predita pela 1eoria @, fa previses precisas sobre a geometria espao-temporal. /o dia-adia do mundo cotidiano, ou seja, a realidade das bai!as velocidades, este efeito n*o é perceptível, mas na realidade das velocidades altas, ou seja, pr+!imas da
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velocidade da lu, e nos domínios do micro-espao, os efeitos s*o significantes. ) dilata*o do tempo foi observada e!perimentalmente com grande precis*o e dela decorre o 03arado!o dos #êmeosK, também testado e!perimentalmente com o decaimento de mésons muon formados na estratosfera. Em 'H'& Einstein publicou a 1eoria da Uelatividade #eral, baseada nas equaes de campo de O. 3oincaré. Essa teoria é uma generalia*o da teoria da relatividade restrita e do princípio da relatividade, para abranger referenciais em movimento acelerado. Em decorrência dessa generalia*o, demonstrou-se que o espao-tempo é deformado pela presena de massa gravitacional ^ou energia_, curvando-se sua volta, o que permitiu ter-se uma nova compreens*o do fenômeno da gravidade sob a perspectiva de uma geometria*o do espaotempo. 3or outro lado, e a guisa de informa*o, a 1eoria @ poderá estar delineando uma vis*o mais profunda da gravidade em termos qu4nticos, unindo as quatro foras. 8s fenômenos de dilata*o gravitacional do tempo e o desvio gravitacional para o vermelo s*o duas marcantes previses da relatividade geral. /o primeiro caso, um rel+gio colocado a bordo de um satélite em alta altitude tem seu ritmo diminuído ^atrasa_ em rela*o a outro colocado ao nível do solo. /o segundo caso, um raio de lu emitido de um corpo tem seu espectro luminoso desviado para a regi*o do vermelo devido atra*o gravitacional. Esses e!emplos têm por objetivo mostrar a e!atid*o da teoria, e é importante registrar que todas as previses e implicaes das duas teorias foram confirmadas inCmeras vees em e!perimentos precisos.
4',', Me$Y"%$a )Y"&%$a ) mec4nica qu4ntica, melor designada por Tísica
relativitR. Ed. Bpringer. ) palavra 0mec4nicaK é de origem ist+rica e n*o descreve corretamente o corpo da disciplina. 149
Max Pla"$H "'[&[-'H9A(, N%els -o#! "'[[&-'H?$(, E!%" S$#!^*%"(e! "'[[A'H?'(, @e!"e! 0e%se"e!( "'H%'-'HA?(, Lo)%s *e -!o(l%e "'[H$-'H[A(, Max -o!" "'[[$-'HA%(, Pa)l D%!a$ "'H%$-'H[9(, @olf(a"( Pa)l% "'H%%-'H&[(, Da2%* 0%le!& "'[?$-'H9I(, Ko#" >o" Ne)ma"" "'H%I-'H&A( e finalmente Ale!& E%"s&e%" que, embora tena ganado o 3rêmio /obel pela descri*o do efeito fotoelétrico, foi um dos que menos aceitaram os postulados e as implicaes da física qu4ntica. ) física qu4ntica teve início em 'H%% quando 3lancN, ao solucionar o problema da radia*o emitida por um corpo aquecido, sugeriu que a energia era emitida e absorvida em 0 quantaK discretos, e n*o em forma contínua, como se considerava até ent*o. De acordo com 3lancN, a energia seria emitida e absorvida em 0 quanta’ proporcional a freq`ência da radia*o, de acordo com a equa*o5 E . , onde E é a energia, # a constante de proporcionalidade de 3lancN, e a freq`ência da radia*o. )ssim, nascia a Tísica
-ublicad# c#m # ttul#G V:n quantumt%e#retical reinterpretati#n #/ 'inematical and mec%anical relati#nsW! 150
título de ilustra*o, a Equa*o 9.I mostra a equa*o de Bcrdinger para uma partícula de massa m sob a a*o de um potencial >x9 &Q, fun*o da posi*o e do tempo.
EUAÇÃO DE SC0R_DINGER / EUAÇÃO 4'. ∂ ( x ,t ) −ℏ ∂ ( x ,t ) iℏ = + V ( x ,t )( x , t ) 2 Se()"*o G!ee"e "$%%', p.'I[(5 ) compreens*o que temos do universo físico aprofundou durante os Cltimos cinquenta anos. 8s instrumentos te+ricos da mec4nica qu4ntica e da relatividade geral permitem-nos compreender e prever acontecimentos físicos desde escalas atômicas e subatômicas até as das galá!ias, dos aglomerados de galá!ias e da estrutura do pr+prio universo. Essa é uma realia*o monumental. L e!traordinário que seres umanos confinados a um planeta que orbita a uma estrela prosaica nos confins de uma galá!ia bastante comum tenam conseguido, por meio do pensamento e da e!periência, descobrir e compreender algumas das características mais misteriosas do universo físico. )lém do , os físicos, por sua pr+pria naturea, n*o se satisfar*o enquanto n*o desvendarem os fatos mais profundos e fundamentais do universo. Btepen Oa>Ning se referia a isso como o primeiro passo no rumo do conecimento da 0mente de DeusK. Entretanto, a contribui*o maior de \erner Oeisenberg física qu4ntica n*o foi sua teoria matricial, mas sim, o princípio da incertea "Eq. 9.9( enunciado em 'H$A. Bob o aspecto matemático, a e!press*o desenvolvida por Oeisenberg é muito simples, mas este princípio -, 0mudou o rumoK da física e abalou o mundo da filosofia, como nunca antes avia acontecido. 6 7uando 151
"eisen)erg desco)riu o princpio da incerteza, a fsica mudou de rumo e nunca mais regressou ao caminho anterior 7 "G!ee"e, $%%', p. 'IH(.
PRINCÍPIO DA INCERTEA / EUAÇÃO 4'4 x . p
ℏ
8 princípio da incertea nos di que, n*o se pode medir simultaneamente a posi*o e o momento de uma partícula com precis*o. @as n*o se trata de um problema técnico associado ao processo de medida. De fato, o que o princípio da incertea nos di, é que a naturea n*o nos permite medir simultaneamente de uma classe de pares de observáveis. 3or um lado, isto pe em discuss*o se o atributo mensurável é uma característica do 0objetoK que está sendo medido, ou 0algoK que surge no processo de medi*o. Tilosoficamente falando, o que está em jogo é a pr+pria naturea do objeto sob mensura*o. 3or outro lado, quanto maior a precis*o da medida de um dos observáveis, menor será a precis*o da medida do outro observável. 6 (stamos tratando aqui com uma limitação do conceito de partcula .7 "OallidaR h UesnicN, 'HH&, 0p. '[9(.
Se()"*o Ra"*all "$%%&, p. ''H( 8 princípio da incertea di que certos pares de quantidades ^observáveis_ n*o podem nunca ser medidos com precis*o ao mesmo tempo. Esta foi a maior disson4ncia com respeito física clássica que assume que, ao menos em princípio, é possível se medir a característica de um sistema físico, tais como posi*o e momentum, com a precis*o que se quiser. 2om a Tísica
152
Esta dicotomia tem incomodado os físicos porque, em alguns fenômenos, é importante a abordagem conjunta das duas teorias, quando, por e!emplo, se estudam fenômenos como os buracos negros onde os efeitos qu4nticos e gravitacionais s*o importantes e concomitantes. Entretanto, como será e!posto no pr+!imo subcapítulo, a física camina confiante na solu*o desse impasse, ao estabelecer um elo de comunica*o entre o formalismo das duas teorias relativistas e da teoria qu4ntica, através de uma abordagem denominada 1eoria @.
UATRO 6ORÇAS / TA-ELA 4'1 I"&e!a?ão /uclear
Teo!%a 1eoria Eletrofraca
Traca
6o!? a Rela&%2a
W+son s\e
'%$&
/uclear
2romodin4mica
#luon
'%I[
Eletromagné
Eletrodin4mica
T+ton
'%I?
#ravitaciona
1eoria da Uelatividade #eral
#rávit
'
Torte tica l
-so" me*%a*o!
on
)p+s 'HI%, a busca pela compreens*o da realidade subatômica levou os físicos investiga*o da estrutura do átomo, e mais tarde, busca pela estrutura interna de seus constituintes. 8 modelo atômico de Wor provou que o átomo n*o era macio, mas sim, um grande vaio com quase toda sua massa concentrada em um nCcleo positivo - constituído de pr+tons ^positivos_ e nêutrons ^sem carga_ -, circundado por elétrons negativos distribuídos em
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orbitais quantiados. ) investiga*o do elétron demonstra que ele n*o tem estrutura interna] é de fato elementar "vibra*o de um '-brana, segundo a 1eoria @(. Entretanto, os pr+tons e nêutrons do nCcleo n*o s*o partículas elementares. Em 'H9[ @urraR #ell-@ann e #eorge >eig, independentemente mostraram que essas partículas eram compostas de 0algoK bem menor, que #ell-@ann denominou 0 `)a!H "L%"$ol", $%%&, p. '%[(. E!istem seis quarNs, sendo que dois deles, os denominados )3 "u( e *o" "d( s*o os constituintes do pr+ton e do nêutron que faem parte do nCcleo atômico "ver tabela 9.$(.
CONSTITUINTES DO PROTON E DO NEUTRON / TA-ELA 4', PARTÍCULA
)a!Hs
Ca!(a El&!%$a
3r+ton
$ )3 e ' *o"
$"$=I( '"-'=I( '
/êutron
' )3 e $ *o"
'"$=I( $"-'=I( %
2om a descoberta dos quarNs, pôde-se elaborar o @odelo 3adr*o das partículas elementares, que de fato é um modelo que descreve os constituintes Cltimos da matéria que compem o mundo ao nosso redor. 8 @odelo 3adr*o descreve os constituintes Cltimos da matéria classificados em três famílias "as três geraes da matéria X os férmions( "ver tab. 9.I(. )s colunas Q, QQ e QQ representam as geraes ou famílias. ) quarta coluna contém os b+sons mediadores das quatro foras, o f+ton da fora eletromagnética, o glCon da fora nuclear forte, e os b+sons e \ da fora ) palavra partícula deve ser entendida como algo particulariado, e n*o como
uma minCscula bolina. A denomina!o "#uar$% &oi retirada de uma &rase do li'ro de (ames (oyce ")innegans *a$e%. + nome roosto or -eig era "aces%. /uar$ &oi o nome #ue "egou%.
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fraca. Esses s*o os elementos "ou partículas( que compem tudo que é conecido pelo ser umano, ou seja, o seu corpo, a 1erra - com tudo que nela e!iste, a Mua, o Bol e todas as galá!ias. Entretanto, embora esses elementos componam toda a matéria do universo conecido, esta matéria é somente %,9: de tudo o que á no total "ver figura 9.'(. 8u seja, a 1erra e todas as galá!ias s*o menos que %,&: do todo "ou 1odoS(.
AS TRBS 6AMÍLIAS DO MODELO PADRÃO / TA-ELA 4'. 6ERMIONS 6am8l%a I
6am8l%a II
6am8l% a III
-so"s me*%a*o!es
)a!H )3
)a!H $#a!m
)a!H &o3
6&o"
)a!H *o"
)a!H s&!a"(e
)a!H o&&om
Gl)o"
Ne)&!%"o *o el&!o"
Ne)&!%"o *o m)o"
Ne)&!% "o *o Ta)
6o!?a f!a$a
El&!o"
M)o"
Ta)
6o!?a f!a$a
COMPOSIÇÃO DO UNI>ERSO / 6IGURA 4'1
) denominada matéria escura é um dos constituintes invisíveis do universo, somente detectada por sua influência gravitacional sobre a matéria visível. Ela perfa cerca de $I : do total, e n*o é constituída nem de átomos, Uetirada de5 ttp5==en.>iNipedia.org=>iNi=DarNenergR , em $%='%=$%'%.
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nem de moléculas. ) energia escura perfa cerca de A% : do total -, e também ainda n*o se sabe do que ela é composta. ) matéria n*o luminosa é formada de gás interestelar. 1odas as 0partículasK que compem a matéria comum, ou seja, os %,9:, tem uma antipartícula que somente difere da partícula comum na carga. 3or e!emplo, a antipartícula do elétron é o p+sitron, do pr+ton o anti-pr+ton, do nêutron, o anti-nêutron, etc.
Se()"*o L%sa Ra"*all "$%%?, p. 'AA(5 8 modelo padr*o consiste de partículas que n*o e!perienciam a fora gravitacional. Elas interagem com a fora eletromagnética e no 0interiorK do nCcleo com a fora forte e fraca. ) fora fraca é 0comunicadaK s partículas através de um mensageiro denominado b+son de calibre, que tem massa ^b+son \ e _. )s 0 partculas’ do modelo padr*o est*o divididas em duas categorias ^famílias_, os quarNs que e!perienciam a fora forte e os léptons que n*o interagem com a fora forte. 8s quarNs e os léptons leves encontrados na matéria ^o quarN up e do>n] e o elétron_ n*o s*o as Cnicas partículas conecidas. E!istem quarNs e léptons pesados, cada um dos quarNs up, do>n e o elétron, têm suas verses pesadas ^ver segunda e terceira família na tabela I_. )s 0 partculas’ pesadas s*o instáveis, o que significa que elas decaem em quarNs e elétrons leves. Entretanto, e!perimentos Misa Uandall é uma das mais importantes físicas te+ricas dos ZB), sendo a
primeira muler a receber a onraria 61enure7. 156
em aceleradores de partículas produem essas partículas pesadas, e comprovam que elas e!perienciam as mesmas foras que as partículas leves e estáveis. 2ada grupo de partículas que inclui um lépton, um quarN tipo up e um tipo do>n com carga é denominado gera*o ^família_. E!istem três geraes, cada uma contendo verses pesadas de cada tipo de partícula. Esta variedade de partículas é denominada flavor ^sabor_. E!istem três tipos de sabores de quarN up, três tipos de sabores de quarN do>n e três tipos de sabores de léptons com carga, e três sabores de neutrinos. 8s sabores s*o estritas constries que impedem que diferentes sabores de quarNs e léptons com a mesma carga, raramente, se n*o nunca, se transformem um no outro. Qnfelimente, o ser umano n*o foi aparelado fisiologicamente para interagir com esta ins+lita realidade, tampouco sua mente tem o acervo necessário para e!pressá-la através da linguagem. 3alavras como partícula, espao e tempo, têm conotaes sensoriais cognitivas que nos remetem ao mundo das formas, das qualidades e atributos macrosc+picos, o que as tornam inadequadas para a comunica*o ling`ística e a e!press*o daquilo que de fato e!iste. 3or isso o físico usa a linguagem do formalismo matemático, que além de penetrar nos espaos poli-dimensionais, também assegura a integridade l+gica da descri*o, permitindo cálculos precisos e comunica*o sem equívocos. Entretanto, como a refle!*o que se segue é destinada ao pCblico n*o especialiado, far-se-á uma análise qualitativa dos principais resultados de interesse desta monografia. 3ortanto, e antecipando os comentários que se seguem, qualquer e!press*o que sugira materialidade ou concretude deve ser submetida a uma releitura, porque a realidade descrita pelo formalismo da 1eoria @ n*o dei!a dCvidas] no tecido do cosmo n*o e!iste materialidade no sentido estrito dessa palavra.
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4'. A TEORIA M Em 'H?[, #abriele Feneiano "'H9$ -(, um físico te+rico italiano que, na época era pesquisador do 2EU/, fe uma importante observa*o. Ele descobriu que uma obscura f+rmula matemática, denominada fun*o beta de Euler, descrevia corretamente muitos aspectos da fora nuclear forte que mantém unido os constituintes do nCcleo atômico. Em principio, ele n*o compreendeu porque a concord4ncia entre os dados e a f+rmula de Euler era t*o boa, mas n*o duvidou que, por detrás dessa aparente coincidência, ouvesse algo de verdadeiro. @uitos físicos imediatamente puseram-se a investigar outras funes matemáticas semelantes beta de Euler, sem compreender porque os dados e!perimentais da fora forte concordavam t*o bem com essas funes, até que em 'HA%, oiciro /ambu, Oolger /ielsen e Meonard BussNind, trabalando separadamente, efetuaram proposies matemáticas que convergiam para uma mesma idéia. 8u seja, se o modelo de partículas pontuais fosse substituído por curtos 0filamentosK vibracionais ' unidimensionais, ent*o a solu*o do problema da fora forte se encai!ava perfeitamente na fun*o Weta de Euler. ) título de ilustra*o, a equa*o 9.& mostra a fun*o Weta de Euler "Eq. 9.&( em termos de uma rela*o de Tunes #ama ^ (.
6UNÇÃO -ETA DE EULER – EUAÇÃO 4': X Y = B ( x , y ) 2om essa descoberta, nascia a 1eoria das 2ordas, uma grande candidata a faer a cone!*o entre a Tísica
Oeter+tica-8 e Oeter+tica-E. )té ent*o, nossa realidade tina três dimenses espaciais e uma temporal, - o espao-tempo quadridimensional da teoria da relatividade geral -, um cenário que parecia estar em perfeita concord4ncia com a e!periência cotidiana. @as a teoria das supercordas acrescentou mais ? dimenses espaciais já comple!a realidade, ou seja, ela descreve uma realidade de H dimenses espaciais, além da usual dimens*o temporal, o que obrigou os fil+sofos a reverem seus mais profundos pressupostos sobre realidade.
Se()"*o G!ee"e "$%%&, p.II - I9(5 ^..._ a teoria das supercordas comea por fornecer uma nova resposta para a vela pergunta5 quais s*o os componentes mínimos e indivisíveis da matéria; 3or muitas décadas, a resposta convencional era a de que a matéria é composta por partículas - elétrons e quarNs X que podem ser descritas como pontos, que s*o indivisíveis e que n*o tem tamano nem estrutura interna. ) teoria convencional afirma, e os e!perimentos confirmam, que estas partículas combinam-se de distintas maneiras para produir pr+tons, nêutrons e a grande variedade de átomos e moléculas que formam tudo que encontramos. ) teoria das supercordas conta uma ist+ria diferente. /*o nega o papel-cave desempenado pelos elétrons, quarNs e outras espécies de partículas reveladas pelos e!perimentos, mas afirma que essas partículas n*o s*o pontos. De acordo com a teoria, cada partícula é composta por um filamento mínimo de energia, algumas centenas de biles de biles de vees menor do que um simples nCcleo atômico, e tem a forma de uma pequena corda. ^..._ a vibra*o dessas cordas produem as propriedades das diferentes partículas. 159
) palavra composta que foi sublinada na frase 6^..._ partícula é composta ^.._7 n*o deve ser entendida como tendo uma estrutura interna, mas sim, como sendo o efeito da freq`ência de vibra*o de cada corda. )s cordas podem ser filamentos abertos, ou circulares, cada tipo pode oscilar uma variada gama de frequências, descrevendo uma imbricada superposi*o de campos vibracionais. )s cordas n*o s*o estruturas materiais, mas 0filamentos vibrantes de energiaK absolutamente imateriais "Tig. 9.$(. @as a física n*o se satisfa com modelos aparentemente incompletos, e por isso os físicos te+ricos das supercordas passaram as décadas de [% e H% tentando compreender a aparente inconsistência das cinco teorias. ) quest*o foi resolvida em 'HH&, quando Ed>ard \itten "'H&'-(, o mais renomado físico te+rico da área, com a coopera*o de brilantes te+ricos como 2ris Oull, 3aul 1o>nsend, )soNe Bem, @icael Duff e Yon Bc>ar, demonstrou que as cinco teorias n*o eram t*o distintas e inconsistentes como pareciam ser, mais cinco maneiras diferentes de analisar matematicamente um mesmo conte!to te+rico "G!ee"e, $%%?, p.9IA(.
CORDA CIRCULAR E A-ERTA – 6IGURA 4',
CORDA CIRCULAR ") EBs=article=cern=$AH[% 0@K de m*e, ou maravila, ou mistério, ou..., ao certo ninguém sabe o
significado real. 8 mais provável que seja de fato @ de @*e, no sentido de m*e de todas as teorias. /ota do autor. 160
Entretanto, com a formula*o da 1eoria @, Ed>ard \itten mostrou que as cinco teorias anteriores erravam por ' no nCmero de dimenses da realidade. Em verdade, a 1eoria @ requer one dimenses X de espaciais e uma temporal -, e n*o somente de como suposto anteriormente. E, tem mais. /o formalismo matemático da 1eoria @ n*o e!istem somente cordas abertas e fecadas, mas também outras possibilidades imbricadas no espao-tempo, que emergem da 1eoria @, como as p-branas, que s*o elementos espaos-temporais estendidos, ou seja, 6realidades7 que coe!istem emaranadas como parte de um conte!to comple!o. Zma ero-brana "ou %-brana( é um ponto adimensional, uma '-brana é uma corda ou filamento monodimensional que pode ser aberta ou circular "fecada(, uma $-brana é uma 6membrana7 ou realidade bidimensional, uma I brana, uma realidade tridimensional, e assim por diante. 3ortanto, a 1eoria das 2ordas passa a ser um elemento de uma teoria mais geral, a 1eoria @. 2omo tal, a 1eoria @ é a principal candidata Teo!%a *a G!a"*e U"%f%$a?ão , que Einstein tanto sonou, pois ao estabelecer uma ponte entre as teorias da relatividade geral e a teoria qu4ntica, ela estaria reunindo as quatro foras. 3or outro lado, ela nos tra novas evidências da naturea do espao-tempo, e isto implica em uma profunda revis*o do conceito que temos do que seja a realidade.
Se()"*o G!ee"e "$%%&. 3. 99[(5 8s estudos te+ricos revelaram as cordas unidimensionais décadas antes que análises mais sofisticadas descobrissem as branas multidimensionais, ra*o porque a teoria das cordas é oje uma categoria ist+rica. ) forma pela qual as dimenses e!tras s*o compactadas determina o nCmero de tipos de partículas visualiáveis no universo. /a teoria das cordas, isto resulta da forma pela qual as cordas podem ser 0envelopadasK ao redor das dimenses compactadas, o que determina tanto os modos vibracionais possíveis s cordas, como também os tipos de partículas que s*o possíveis. Zm importante espao métrico compactado é a forma de 2alabi-au "ver fig. 9.I(, que compacta seis dimenses espaciais, dei!ando três outras dimenses espaciais, macrosc+picas, mais a dimens*o temporal, o que totalia o universo 161
decadimensional como pedem a maioria das teorias das cordas. 8 modelo de espao métrico de 2alabi-au trou!e teoria um aspecto importante, ou seja, a quebra espont4nea da simetria, um dos mistérios da física de partículas "@c@aon, $%%H, p. 'A(.
EB3)8 @L1UQ28 28@3)21)D8 DE 2)M)WQ-)Z - TQ#ZU) 9.I 2omo vemos, a 1eoria @ tem a belea de descrever um universo que está além das possibilidades sensoriais e cognitivas do ser umano. Entretanto, nem por isso sua descri*o é menos real, muito pelo contrário, este é o universo real, a realidade que pode estar abarcando inCmeros fenômenos que, alguns umanos eventualmente percebem em condies de transcendência, sem, contudo conseguirem compreender e e!plicar.
Se()"*o L%sa Ra"*all "$%%?, p. ?'(5 8 mundo brana introdu um novo cenário físico que pode descrever tanto o mundo que n+s pensamos conecer, como também outros mundos em outras branas que n+s n*o conecemos, em dimenses invisíveis separadas de nosso mundo. Be e!iste vida em outra brana, cujos seres est*o aprisionados em um ambiente completamente diferente, eles devem estar e!perienciando foras diferentes que s*o ^por eles_ detectadas por diferentes sentidos. /ossos sentidos est*o afinados para a química, a lu, e o som ao redor de n+s. )s criaturas de outras branas, caso e!istam, provavelmente n*o devem se assemelar a n+s, porque as foras fundamentais e as partículas ^de sua brana_ devem ser muito diferentes. Uetirado em5 ttp5==commons.>iNimedia.org=>iNi=Tile52alabi-au.png , em
$%='%=$%'%.
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Esta é uma quest*o importante que nos remete pergunta5 porque o ser umano n*o percebe as outras dimenses; Be e!istem '% dimenses espaciais, porque ele vê somente três; De fato, tudo que o ser umano percebe é fruto de interaes da fora eletromagnética. ) vis*o, pela lu] o tato, pela intera*o da eletrosfera da pele com a eletrosfera daquilo que é tocado] e assim por diante. Entretanto, o b+son mediador da intera*o pela fora eletromagnética é o f+ton, e este é um modo de vibra*o de uma corda unidimensional aberta, que tem suas e!tremidades presas no domínio de 0nossaK I-brana. Bendo assim, o ser umano n*o pode estabelecer contato sensorial com as demais dimenses do multiverso em que vive porque f+tons n*o migram para outras branas. )liás - pelas mesmas raes -, todas as três foras5 a fraca, a forte e a eletromagnética n*o nos podem dar evidências das outras sete dimenses e!tras do espao. Bomente a fora gravitacional a tudo permeia, e pode dar evidências dessas dimenses ocultas, porque a gravidade perece estar onipresente em todas elas.
Se()"*o L%sa Ra"*all "$%%?, p. '$(5 ) e!press*o 0dimenses e!trasK é especialmente confusa porque mesmo quando n+s aplicamos esta e!press*o ao espao, este espao está além da nossa e!periência sensorial. 2oisas que s*o difíceis de visualiar s*o difíceis de descrever. /+s n*o somos projetados filosoficamente para processar mais que três dimenses de espao. Mu, gravidade, e todos os nossos ^outros_ instrumentos de observa*o parecem somente abarcar três dimenses de espao.
4'.'1 / O MODELO DE RANDALL/SUNDRUM ) pesquisa mais recente em cosmologia sob a perspectiva das 1eorias @ e Bupercordas, é baseada na abordagem denominada modelo de UandallTormalmente uma D-brana, que oferece as condies de contorno de
Diriclet.
163
Bundrum. ) essência deste modelo tem por base a e!istência de dimenses e!tras e a e!istência das branas. Qnicialmente, o modelo tina o objetivo de resolver o denominado 63roblema de Oierarquia7 da física de partículas, e o fe de uma forma brilante, com um modelo baseado na e!istência das branas e de um espao-tempo multidimensional. ) concep*o do modelo Uandall-Bundrum é que, a e!istência de duas I-branas conectadas ao longo de uma dimens*o espacial e!tra, é o ponto de partida para a abordagem da cosmologia do WigWang pela teoria das cordas. E isso tem tudo a ver com a nossa compreens*o da realidade e das dimenses ocultas. 2onsiderando-se um espao-tempo de cinco dimenses com duas I branas5 a I-branas visível "o nosso universo observável(, mais uma I-brana oculta, invisível. Estas branas formam os limites de contorno da regi*o de cinco dimenses, denominadas no jarg*o das cordas 6 Dhe Eul: 7, palavra que significa um ipotético espao multidimensional, onde dentro do qual e!istem as one dimenses do nosso universo. )s consideraes te+ricas que se seguiram ao modelo Uandall-Bundrum, tanto na solu*o do 3roblema Oierárquico, como na abordagem do Wig-Wang, fogem do escopo desta monografia, entretanto o modelo cosmol+gico emergente evidencia a e!istência de dois 6mundos paralelos75 o visível, o nosso mundo e o invisível, além de outras possibilidades multidimensionais. ) figura 9.9 mostra uma representa*o bidimensional "representados por planos( do modelo multidimensional de Uandall-Bundrum, onde nosso universo de I-brana faceia o universo invisível de outra I-brana, entre os quais as cinco dimenses ocultas.
@8DEM8 U)/D)MM-BZ/DUZ@- TQ#ZU) I.9 Ent*o, o leitor pode estar se perguntando se dimenses ocultas seriam as dimenses conscienciais acessadas nos estados incomuns de consciência, e se a consciência, em condies incomuns, teria acesso a essas dimenses descritas pelo formalismo da 1eoria @. Zma inconsistência entre os par4metros de massa das partículas elementares
obtidos nos e!perimentos e aqueles obtidos nos cálculos te+ricos. 164
) física n*o tem respostas a estas questes, e talve n*o as tena nas pr+!imas décadas "ou séculos(. Deve-se considerar que, estamos t*o longe de poder responder a elas, quanto os alquimistas do século PQ estavam de poder imaginar o cenário da física atual. ) física atual está quase no seu limite e!perimental para a investiga*o das branas e de suas dimenses ocultas. 3or outro lado, milares de anos de e!periências místicas se perdem na subjetividade, pouco ou quase nada acrescentaram ao conecimento, pois salvo as discutíveis e!periências de altera*o consciencial com ente+genos, n*o se tem um procedimento factível para acessar conscientemente as dimenses incomuns da consciência, e delas traermos conecimento da naturea de sua realidade.
165
CAPÍTULO :' - 3)U)DQ#@) D) Q@)1EUQ)MQD)DE 8 mundo das branas é uma e!citante e nova paisagem que tem revolucionado nossa compreens*o da gravidade, da física de partículas e da cosmologia. )s Wranas parecem realmente e!istir no cosmos, e n*o á uma boa ra*o para n+s n*o estarmos vivendo em uma. )s branas parecem até ter um papel importante na determina*o das propriedades físicas do nosso universo, pois no fim das contas e!plicam os fenômenos observáveis. Bendo assim, as branas e as dimenses e!tras v*o estar aqui para ficar " L%sa Ra"*all, $%%?. 3. &'(. )o finaliar este ensaio sobre a consciência e a realidade, viu-se que s*o inCmeros os indícios de que a consciência, o Eu de cada ser umano, tem acesso a dimenses conscienciais que est*o além da e!periência sensorial cognitiva ordinária. Diem-se indícios porque, mesmo sendo essas e!periências reais, para quem as vivenciou, elas s*o subjetivas e n*o servem como evidências objetivas para outros. Embora o termo dimens*o consciencial seja vago, as e!periências vivenciadas como tais nos mostram, ou sugerem que o fenômeno e!perienciado transcende os limites cognitivos sensoriais de localidade no espao-tempo. 8u seja, em alguns fenômenos, embora o corpo físico do sujeito que o vivencia esteja em um local definido, num determinado momento, ele pode ter a informa*o, vis*o ou percep*o de algo que ocorre em outro local, algumas vees no futuro - como é o caso dos fenômenos de clarividência premonit+ria -, e algumas vees no passado - como no caso da retrocogni*o. Fimos que algumas vees o fenômeno ocorre de maneira espont4nea, para pessoas que têm a propens*o para manifestá-los, quase sempre dentro de um conte!to místico religioso. @as sabe-se que o mesmo fenômeno pode ser induido pelo uso de subst4ncias ente+genas, quando ent*o o indivíduo que as ingere vivencia um transe místico semelante quele vivenciado
166
espontaneamente no conte!to místico religioso. Bob o aspecto filos+fico, mostrou-se que esta discuss*o evidencia a polaria*o do assunto entre dois pontos de vistas antagônicos, ou seja, o ponto de vista materialista e o ponto de vista espiritualista. Entretanto, o objetivo desta monografia n*o é dar suporte a nenum destes dois pontos de vista, que na opini*o do autor, s*o falsas questes, porque tudo no universo é, em essência, imaterial. 3ortanto, o objetivo é demonstrar que o conecimento científico está descortinando uma nova vis*o da realidade, vis*o esta que mostra a imaterialidade constitucional do suporte da realidade. Em outras palavras, julga-se ser necessário rever os pontos de vista filos+ficos e epistemol+gicos, frente s evidências objetivas do que seja a realidade em sua essência Cltima, tal qual e!posta pela ciência. @as, por um lado, tem-se a tese materialista que afirma que tudo está dentro do cérebro, portanto essas e!periências anômalas que sugerem a transcendência da consciência nada mais seriam que vivências conscienciais de conteCdos cerebrais, o que os psic+logos denominam de conteCdos do consciente pessoal e, por e!tens*o, do inconsciente coletivo. 3or outro lado, tem-se a tese espiritualista, que afirma conceitos baseados em posies religiosas que s*o sustentadas por dogmas de fé, os quais por defini*o n*o s*o fundamentados em evidências objetivas. L neste meio termo que defendemos a tese que di ser a realidade uma comple!a intera*o de campos físicos vibracionais que coe!istem num conte!to multidimensional, cuja principal característica de interesse é a sua ontol+gica imaterialidade. 3ortanto, sendo em verdade a realidade em si-mesma imaterial, a realidade percebida real nada mais pode ser que um artefato ilus+rio gerado pela cogni*o, como tantas vees foi mencionado neste te!to. 8 fato de o universo ser imaterial, n*o é uma tese niilista. E!iste algo além de nossa compreens*o, mas este algo n*o é material, local, causal e determinista. L algo sutil, imaterial, vibracional e multidimensional, que segue os princípios descobertos pela física moderna, a nossa melor descri*o da realidade. 167
8s físicos ainda n*o têm uma teoria unificada para a descri*o completa da realidade, e sabe-se que os modelos paradigmáticos e!istentes têm mais dCvidas que certeas. Entretanto, em um ponto n*o á nenuma dCvida, o tecido Cltimo do cosmos é X como já dissemos inCmeras vees -, uma comple!a trama imbricada de campos vibracionais e multidimensionais cuja naturea é desconecida. 3or outro lado, este cenário n*o é determinista, embora com certea e!ista uma ordem, pois o universo tem uma dire*o e fa sentido, mas o que o ordena n*o mostra indícios de um sistema mecanicista. /em matéria, nem determinismo, nem mecanicismo, tampouco materialismo. Ent*o, se a matéria n*o e!iste, o que é o corpo, o cérebro; ) vis*o fisiologista pode ser Ctil para a compreens*o de fenômenos macrosc+picos, mas n*o e!plica, nem vai essência. 8 fenômeno mais comple!o, ou seja, o afloramento de uma consciência que parece n*o ser limitada localidade cerebral, pede outro cenário epistemol+gico. 3ede o cenário de uma realidade composta de vários mundos, nos quais a consciência manifestada no comple!o de vibraes condensadas torna visível somente um desses mundos. Este cenário científico desponta na 1eoria @, como modelo das p-branas, um conjunto de realidades multidimensionais, imbricadas numa superposi*o comple!a de campos vibracionais. Ent*o, perguntamos novamente] o que é o cérebro; 8 que significa a descri*o biol+gica de um sistema composto de átomos e moléculas, quando estes átomos e suas moléculas mostram-se uma intrincada superposi*o de estados qu4nticos de campos imateriais; /*o sabemos, mas desconfiamos que a descri*o física da realidade pede outro paradigma] o paradigma da imaterialidade. Zm cenário que talve esteja além das possibilidades de nossa época, como o cenário da física qu4ntica estava dos alquimistas do passado. ) ciência da atualidade n*o tem a tecnologia para investigar muitos desses fenômenos, mas com certea terá no futuro, quando talve seja descoberto que as foras fundamentais da naturea n*o sejam somente quatro, 168
ou estas quatro que conecemos sejam somente a percep*o de uma fora Cnica mais fundamental e ainda desconecida5 a consciência ativa, aquilo que os místicos da Gndia denominam , o poder ativo que ordena o cosmos. ) física moderna X como a ciência em geral -, n*o tem a pretens*o de e!plicar nada, mas de somente descrever e traer compreens*o para nosso entendimento da realidade. E nesse conte!to, ela está delineando o cenário de uma realidade na qual cada ve mais diminui a dist4ncia entre os conceitos culturais de espiritualidade e imaterialidade, pondo fim falsa quest*o levantada no início deste capítulo. 3or outro lado, as religies e a psicologia moderna têm fortes indícios da sobrevivência da consciência pessoal 0morteK do corpo físico. Berá que o conecimento da física moderna nos tra indícios científicos para a compreens*o desta possibilidade; Embora n*o seja o objetivo da física especular sobre metafísica, seus acados mostram que no reino da imaterialidade absoluta do tecido do cosmos valem as leis de conserva*o e simetria. Da mesma forma que a energia e o momentum se conservam, por que o princípio de consciência pessoal "o Eu ou Espírito( também n*o se conservaria ap+s a morte do corpo físico; )nalisando-se a morte do corpo como um processo físico, vê-se que tudo se transforma e se conserva. ) matéria é decomposta, mas n*o se perde, e a energia se transforma. Ent*o cabe a pergunta5 por que n*o e!istiria um princípio de conserva*o para a consciência; 8s místicos em estados alterados de consciência relatam a e!istência de um mundo sutil e etéreo, que eles denominam mundo espiritual, do qual nosso mundo seria uma imagem especular. )ceitando-se esta e!periência mística como um indício de um princípio de simetria, o teorema de /oeter afirma que kpara cada simetria corresponde uma lei de conserva*o, e vice-versak "@a$#&e!. $%%?, p. $$%(. 3ortanto, é estremanente plausível admitirmos a conserva*o do princípio de consciência, que destituido das amarras das cordas abertas e cativas no mundo I-branas, sente-se livre e pode migrar para uma outra dimens*o p-brana. 169
/os capítulos anteriores, e!pusemos os indícios que sugerem ser a consciência um fenômeno independente do nível biol+gico do cérebro, e como já dissemos n*o se sabe o que ela é. )pesar disso, n*o se pode descartar a ip+tese dela ser um princípio organiador que atua a um nível mais profundo, o nível vibracional do tecido da realidade, tal como é ensinado pela tradi*o !ivaísta da 2a!emira " DF$HosH%, 'H[A, p. ?%-?$(.
Se()"*o G!ee"e "$%%&, p. 99[(5 ) possibilidade de que estejamos vivendo dentro de uma I-brana X o camado cenário do mundo brana -, é o Cltimo toque dado na teoria das cordas=teoria @. Zma I-brana entre tantas outras, onde inCmeras realidades podem coe!istir em uma gama variada de dimenses espaciais, com a condi*o que p '%. ) física moderna já sugeriu diversas coisas dentro das quais poderíamos estar imersos5 um oceano de Oiggs, a energia escura que permeia o espao e miríades de flutuaes qu4nticas. /enuma dessas alternativas se fa visível aos nossos olos ou, diretamente, de algum modo. Entretanto, sabemos que os sentidos somente mostram uma parte muito pequena do 1odo, e é necessário aprender a conviver com esta limita*o sensorial, enquanto n*o se domina a técnica de e!pandir a consciência para além das amarras do 6mundo das cordas7 que compem nosso corpo. /o capítulo $, foi proposta uma defini*o estipulativa com o objetivo da elabora*o do paradigma de imaterialidade, com o objetivo de servir de modelo para compreens*o da naturea do ser, ou seja5 Denomina-se espiritual a uma dimens*o consciencial, ou nível de realidade imaterial, que transcende o espao-tempo e é percebido em estados incomuns de consciência como desprovido de materialidade, substancialidade e concretude. Esta defini*o estabelece a sinonímia entre as palavras espiritual e imaterial, que
170
ent*o passam a designar uma dimens*o essencial e fundamental do cosmos, a qual, portanto, passa a ser compreendida simplesmente pelo termo imaterial, que além de refletir sua naturea, é desprovido de qualquer conota*o religiosa. )s premissas desta defini*o estipulativa foram satisfeitas através das consideraes e!postas nos capítulos anteriores, ou seja5 ' X 1odas as dimenses que compe o cosmos s*o imateriais. ) materialidade percebida como um atributo da matéria é de fato um construto psíquico do ser umano que está manifestado no mundo I-branas, onde toda matéria é energia vibracional. $ X ) proposi*o da utilia*o do termo imaterial em lugar de espiritual é adequada porque, além de refletir a realidade imaterial que é o cosmo, também é destituída de pressupostos religiosos. I X ) tese de que a realidade em si-mesma é imaterial é comprovada pelas evidências objetivas da física de partículas, conforme dito no artigo '. 3ortanto, a realidade que é percebida n*o é de fato uma realidade, mas sim, um construto psíquico. 9 X 3elo e!posto nos artigos anteriores, percebe-se que todas as evidências objetivas da imaterialidade da realidade s*o oriundas do modelo físico da 1eoria @. 3ortanto, a aceita*o do realismo científico como a melor solu*o epistemol+gica para o problema do conecimento é válida, embora aja uma convergência entre este ponto de vista e o ponto de vista idealista, lu do conecimento emergente da pr+pria 1eoria @. Esta interpreta*o é de suma import4ncia para a tese defendida nesta monografia, e serve de a!ioma para o PARADIGMA DA IMATERIALIDADE5
Q. TUDO NO COSMO = IMATERIAL. 171
) imaterialidade é constituída de 6estruturasK denominados p-branas, que se estendem em várias dimenses, vibrando em várias frequências. Zma '-brana é uma corda monodimensional, uma $-brana é uma superfície bidimensional, a I-brana é um volume tridimensional, e assim por diante. "Evidência5 ) 1eoria @ da física de partículas(.
QQ. O EU CONSCIBNCIAQ = IMATERIAL. Esta afirma*o é consequência do 3ostulado Q. 2omo um elemento imaterial, o Eu independe do mundo das I-brana "a realidade umana subjetiva(, embora possa se associar neste mundo a uma estrutura '-brana "quarNs e elétrons que constituem o corpo(, ou tunelar para branas de outras dimenses sem cone!*o com o mundo das I-branas. "Qndícios5 E!periências incomuns de consciência e outros fenômenos anômalos(. Tinaliando, gostaria de lembrar a frase de Yesus, relatada em Yo*o, capítulo '9, $. 6/a casa de meu 3ai á muitas moradas] se n*o fosse assim, eu vo-lo teria dito] vou preparar-vos lugar7.
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