AUERBACH, AUERBACH, Erich. A Du In: ____ ______ ____ ____ ____ ____ __.. Mime Dulci lcinei neia a Encan Encantad tada a . In: Mimesi sis: s: a represen representação tação da realidad realidade e na literatu literatura ra ocidenta ocidental. l. 5. ed. São Paulo: Perspectia, !""#, p. !$$%&!".
As aenturas de 'o( )ui*ote e Sancho Pan+a estão repletas de peripcias peripcias e con-uses das /uais a principal ra0ão , ia de re1ra, a loucura do pri(eiro. 2 epis3d epis3dio io seleci seleciona onado do por por Auer4 Auer4ach ach cont( cont(,, no entan entanto to u(a situa+ situa+ão ão e( /ue person persona1e a1ens ns t( seus seus papis papis iner inertid tidos. os. Sanch Sancho o -ala -ala elo/u elo/uen ente( te(en ente te e( estil estilo o caalheiresco e tenta conencer seu a(o da realidade do /uadro /ue lhe pinta6 este, at7nito, não participa da -antasia de seu escudeiro, não sua a(ada 'ulcineia no rosto da ca(ponesa. 2 encontro de 'o( )ui*ote e a suposta 'ulcineia del 8o4oso, senhora do cora+ão catio do caaleiro, u( epis3dio especial na sa1a /ui*otesca. Auer4ach e*plora a distin+ão do epis3dio e( dois n9eis, /uais sea(, o encontro do Caaleiro da 8riste ;i1ura co( sua da(a e a troca inusitada de papis entre Sancho e 'o( )ui*ote. au1e da ilusão e da desilusão?. 2 caaleiro espera er o rosto da a(ada e no lu1ar dela s3 conse1ue er u(a ca(ponesa, cuos (odos certa(ente o teria( chocado. Co(o se pode perce4er ao ler o -ra1(ento, o caaleiro -ica a4o4ado e se li(ita a i(itar seu escudeiro, aoelhando%se e( -rente da/uela /ue ele lhe a-ir(aa ee(ente(ente ser sua a(ada. S3 no -inal da cena conse1ue reto(ar a palara e resole o pro4le(a /ue se lhe apresenta da -or(a ha4itual: -ora u( ni1ro(ante o respons=el respons=el por sua desdita. Ao her3i desairado seria inad(iss9el inad(iss9el /ue sua /uerida 'ulcineia -osse co(o seus olhos a ia(, portanto ela estaria encantada. 'este (odo, não conse1uiria er a real -i1ura de 'o( )ui*ote, da (es(a (aneira /ue este não a podia er na plenitude de sua -or(osura. Perce4a%se /ue, no epis3dio e( aprecia+ão, Sancho /ue reinterpreta a realidade por (eio da -antasia, en/uanto 'o( )ui*ote per(anece, ao (enos a princ9pio, no plano do real e dele não conse1ue se desli1ar. @as, di-erente de co(o acontece co( o her3i, o escudeiro o -a0 por necessidade pr=tica: precisaa ludi4riar seu a(o. )uando 'o( )ui*ote se perde e( (eio s suas /ui(eras, isto acontece por/ue ele tende a er o (undo real(ente co(o nos ro(ances de caalaria. H= aind ainda a u( cont contra rast ste e esti estil9l9st stic ico o (uit (uito o eid eiden ente te na cena cena66 o -ala -alarr das das ca(ponesas, /ue pensa( se tratar de tro+a todo o -alat3rio, e o estilo ele1ante de Sancho /ue, por sua e0, aprendera de seu (estre. 2 ponto alto, por(, a -ala do pr3pri pr3prio o 'o( 'o( )ui*o )ui*ote, te, cuas cuas pala palaras ras proa proael el(en (ente te teria teria( ( encan encantad tado o a po4re po4re laradora, caso ela o tiesse leado a srio. Belas palaras /ue, no entanto, parece( t%la assustado ou irritado, pois esta desata a correr co( seu 4urro, /ue aca4a
derru4ando%a. A cena hilariante. @as apesar de toda co(icidade da cena, o discurso do caaleiro reela sua deo+ão por 'ulcineia. 2 estilo eleado aparece se(pre /ue se trata de senti(entos ta(4( eleados, con-or(e pontua Auer4ach. >Cerantes a(a tais pe+as de 4raura da ret3rica corts, ricas e( rit(os e i(a1ens, 4e( articuladas e se(elhantes a co(posi+es (usicais (as
/ue
estão
4e(
-unda(entadas na tradi+ão anti1a %, e u( (estre e( sua co(posi+ão6 neste sentido, ta(4(, não so(ente u( destruidor, (as u( continuador e aper-ei+oador da 1rande tradi+ão pico%ret3rica, para a /ual a prosa u(a arte re1rada.? p. &"5D. 2 idealis(o de 'o( )ui*ote não direciona o leitor a relatii0ar o real e o ideal, pois >não se 4aseia nu(a isão das circunstncias -atuais da ida?. 2 resultado /ue se o4t( a co(icidade, não h= 4usca pelo ideal6 o /ue e*iste a ideia -i*a e( desar(onia co( tudo olta. 2 -ato de o caaleiro da @ancha se encontrar co( sua a(ada não teria co(o cerne a sua rela+ão co( a realidade, = /ue >não se trata da de-esa da sua ontade ideal e( luta contra a realidade, (as da isão e adora+ão do ideal encarnado? p. &"FD. Auer4ach assinala /ue h= >(uito pouco de pro4le(=tico ou de tr=1ico no liro de Cerantes?, a loucura de 'o( )ui*ote torna o (undo sua olta u( palco onde as cenas se descortina( não para pro4le(ati0ar ou relatii0ar a realidade circundante, antes lea ao riso /ue re-le*ão. 8a(pouco, sua loucura o deni1re. )uando posta e( contraste co( o (undo real, por assi( di0er, ela nos parece rid9cula, (as tão lo1o ela o dei*a, ele olta a ser o 4o( e elho -idal1o, culto e de 4oa 9ndole, a respeito do /ue nos di0 o cr9tico: >'o( )ui*ote presera u(a di1nidade e superioridade naturais, s /uais os (uito lasti(=eis -racassos nada pode( -a0er? p. &G"D. not=el /uão lcido ele se (ostra e( al1u(as passa1ens. >A sua loucura não da espcie /ue re(ate toda sua essncia e /ue sea total(ente idntica a ela6 u(a idia -i*a to(ou conta dele nu( deter(inado (o(ento, dei*ando lires (es(o assi( partes de sua personalidade, de tal -or(a /ue, e( (uitos casos, a1e e -ala co(o u(a pessoa sã, e u( dia, pouco antes da (orte, esta idia -i*a o a4andona? p. &GGD. A sa4edoria de 'o( )ui*ote não a de u( doido, de-ende o autor de Mimesis , sua loucura não propicia u(a isão /ue lee o leitor a /uestionar a sensate0 do (undo /uotidiano6 -a0 rir (es(o diante dos pro4le(as /ue o caaleiro dei*a se( resoler, isto /uando não os a1raa ainda (ais, co(o no caso do criado casti1ado por seu a(o, no cap9tulo # da pri(eira parte. J%se, portanto, /ue de -ato o teor da narratia não tr=1ico, antes c7(ico. E( =rias passa1ens da hist3ria, aenturas se apresenta( diante do caaleiro, /ue tenta resol%las a sua (aneira, (as não o -a0 e-etia(ente. )uando u(a situa+ão encontra u( -inal -eli0, não por seu inter(dio, co(o se pode eri-icar no cap9tulo &K da pri(eira parte.
A loucura do -idal1o (anche1o lhe propicia u( contato co( a realidade (aior do /ue /uando lia os ro(ances /ue lhe >secara( o cre4ro?6 nas aenturas iidas pela dupla, te(os a chance de er a realidade conte(pornea a Cerantes: o cen=rio real, as persona1ens são eross9(eis e as situa+es, por (ais a4surdas /ue sea(, são ta(4( plaus9eis se ad(itir(os a peculiaridade da situa+ão de 'o( )ui*ote. Esta, no entanto, ad(iss9el do ponto de ista esttico, con-or(e ressalta Auer4ach. Sua peculiar loucura trans-or(a a realidade e as pessoas sua olta, /uando estas não o -a0e( por conta pr3pria. ;ato /ue a (aneira co(o o caaleiro encara a realidade não a torna (enos real, (as antes re-lete o anacr7nico ideal /ue, e( contato co( u( (undo no /ual = não (ais te( lu1ar, te( co(o resultado al1o /ue s3 pode ser c7(ico. 8udo o /ue 'o( )ui*ote -a0 4e( intencionado, no entanto ele não resole os pro4le(as de -ato, e, co(o se l no ensaio do estudioso ale(ão, nossa conscincia não se inco(oda por isso, por/ue >a realidade presta%se a u( o1o, /ue a dis-ar+a a cada instante de (aneira di-erente6 a(ais destr3i a ale1ria do o1o co( a 1rae seriedade das suas necessidades, preocupa+es e pai*es? p. &G#D. 8oda pe+a desse o1o se usti-ica per se, (enos 'o( )ui*ote, /ue est= deslocado usta(ente por causa de sua loucura. 2utro ponto de 1rande interesse na o4ra de Cerantes a rela+ão entre o caaleiro e o escudeiro6 os dois se co(pleta(, por assi( di0er. Sancho ad(ira 'o( )ui*ote e aprende (uito co( ele ao lon1o de suas desastrosas aenturas6 'o( )ui*ote, por sua e0, encontra e( Sancho al1o nico, /ue não encontraria e( nenhu(a outra persona1e( da hist3ria. Ele o se1ue (es(o perce4endo seu estado (ental e não o tenta (udar, antes o incentia, (edida /ue partilha das suas aenturas, u(a (ais a0arenta /ue a outra. S3 ele pode entender seu a(o, pois >Sancho penetra na sua ida, e a doidice e a sa4edoria de 'o( )ui*ote torna(%se produtias para ele6 e(4ora não possua, ne( de lon1e, su-iciente senso cr9tico para poder -or(ular e e*pri(ir u(a senten+a sinttica a seu respeito, atras dele, e( sua atitude, /ue entende(os (elhor 'o( )ui*ote? p. &G5D. Sancho e 'o( )ui*ote 1anha( essncia (edida /ue a hist3ria se desenrola, na rela+ão entre si e co( a/uilo /ue partilha(. A e*perincia pessoal e a rela+ão co( o outro (odela( as duas persona1ens. Co( a loucura de 'o( )ui*ote, Cerantes p7de tra4alhar o (undo /uotidiano e o ideal de (aneira -le*9el, pois o te(a possi4ilita ao autor transitar entre as =rias es-eras, o /ue certa(ente lhe deu (ais li4erdade. Ilu(inada pela presen+a de 'o( )ui*ote, -elicidade e in-elicidade torna(%se pe+as de u( o1o, no /ual nada resulta e( tra1icidade e no /ual est= presente o /ue Auer4ach cha(a de >neutralidade (ltipla?, na /ual ele ordena o real por (eio do o1o.