INSTITUTO NOVA CANÇÃO Elaborada pelo Professor: Marcelo Adriano Pereira
APOSTILA
T ÉCNICA ÉCNICA V OCAL OCAL
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Sumário CAPÍTULO 1 – pág. 03 A produção da voz humana – pág. 03 a 04 CAPÍTULO 2 – pág. 05 As diferenças entre as vozes falada e cantada – pág. 05 Parâmetro – Respiração – pág. 05 Parâmetro – Fonação – pág. 05 a 06 Parâmetro – Ressonância e Projeção de voz – pág. 06 Parâmetro – Qualidade Vocal – pág. 06 Parâmetro – Articulação dos sons da fala. – pág. 07 Parâmetro – Pausas – pág. 07 Parâmetro – Velocidade e Ritmo – pág.07 a 08 Parâmetro – Postura – pág. 08 O canto através da Historia – pág. 08 CAPÍTULO 3 – pág. 09 Os problemas mais comuns dos Grupos de Canto – pág.09 1-As vozes intermediárias intermediárias – pág. 09 a 10 2-Grande reciclagem reciclagem de cantores – pág. 10 3-Desconhecimento dos locais das apresentações – pág. 10 a 11 4-Vestimentas 4-Vestimentas – pág. 11 5-Viagens freqüentes – pág. 11 6-O desgaste do Regente ou Professor de Técnica – pág. 12 CAPÍTULO 4 – pág. 13 As normas de Higiene Vocal para o Canto – pág. 13 a 16 CAPÍTULO 5 – pág. 16 Os mitos da Voz Cantada – pág. 16 Aprender a respirar e cantar com o Diafragma – pág.16 a 17 Nunca respirar pela boca – pág. 17 Não usar falsete, é uma voz falsa e faz mal, além disso mulheres não tem falsete - pág. 17 a 18 Não apresentar zonas de passagens passagens de registro – pág.18 Gargarejar com uísque ou similares antes dos ensaios e apresentações apresentações – pág. 18 a 19 Usar “sprays”, pastilhas, gengibre, mel com limão e similares – pág. 19 CAPÍTULO 6 – pág. 20 O que é Música? – pág. 20 a 21 CAPÍTULO 7 – pág.21 Aquecimento Vocal – pág. 21 Exercícios de Respiração – pág. 21 a 23 Vocalizes Vocalizes – pág. 23 a 24 Alongamento Vocal – pág. 25 CAPÍTULO 8 – pág. 26 As regras de ouro da boa voz de um cantor – pág. 26 a 27 Questionário Questionário – pág. 27 a 28 Pequeno Glossário – pág. 29 a 33 2
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Leitura Recomendada Recomendada – pág. 33
CAPITULO 1 A PRODUÇÃO DA VOZ HUMANA Vivemos imersos num universo sonoro e sentimo-nos confortáveis quando temos os sons ambientais ao nosso redor. Som é vida e o mundo sonoro nos dá a confirmação de perte pertence ncermo rmoss a esta esta reali realidad dade, e, parti particip cipar ar dela dela e contro controlá lá-la -la.. A presen presença ça do som é tão tão importante que quando o silêncio é excessivo, pode nos assustar. Um exemplo disto é o quando ficamos alerta ao passarmos por uma rua muito quieta, pois parece que algo ruim poderá nos acontecer. Nosso corpo pode ser considerado uma espetacular máquina produtora de sons, alguns mais mais românti românticos cos como como o “tum“tum-tá tá”” do coraçã coraçãoo e o suspir suspiroo da paixão, paixão, e out outros ros menos menos românticos, como o som do estômago quando estamos com fome, ou dos intestinos com gases. Estes são produzidos de forma automática e temos pouco controle sobre ele. Por outro lado, a voz é o som mais complexo e sofisticado produzido pelo nosso corpo, de tal modo voluntário que podemos modificá-los e exercê-los exercê-lo s sobre um controle excepcional. A voz se produz no trato vocal, a partir de um som básico gerado na laringe, chamado fonação. A laringe localiza-se no pescoço e é um tubo composto de cartilagem. Mais particularmente, as pregas vocais são as estruturas responsáveis pela produção da matéria prima sonora. O nome popular popular de cordas vocais é incorreto pois não se tratam de cordinhas, cordinhas, como as do violão , mas sim de dobras ou pregas de musculatura. Portanto, as pregas vocais localizam-se dentro da laringe, são apenas duas e estão paralelas ao solo, como se estivessem deitadas. As pregas vocais afastam-se para que o ar entre nos pulmões e aproximam-se e vibram para que a fonação se produza. O ar é essencial par paraa a prod produç ução ão da voz, voz, send sendoo o comb combus ustí tíve vell ener energé géti tico co da fona fonaçã ção. o. Sem Sem o ar não não conseguimos ativar a vibração das pregas vocais, o que você pode comprovar fechando a boca e nariz simultaneamente e procurando emitir um som. A função principal da laringe porém, não é produzir a voz, mais sim proteger os pulmões. Quando deglutimos ou quando uma substância nociva entra em nosso corpo pela boca ou pelo nariz, as pregas vocais aproximam-se fortemente, fechando a abertura laríngea. Essa Essa é cham chamad adaa de sela selame ment ntoo larí laríng ngeo eo,, send sendoo extr extrem emam amen ente te im impo port rtan ante te para para noss nossaa sobrevivência. sobrevivência. O selamento laríngeo é também realizado quando queremos erguer um peso ou deslocar nosso corpo através o apoio dos braços, como quando subimos em barras de ginásticas. Quando um individuo está muito debilitado ou com problemas neurológicos, a função de selamento fica enfraquecida enfraquecida e pode ocorrer desvio de alimentos para os pulmões, o que é chamado de aspiração, aspiração, podendo provocar infecção infecção pulmonar e morte. Portanto, a função de produção da voz é secundária e foi superposta à função primária deste órgão, na escala de evolução filogenética dos animais. Para Para prod produz uzir irmo moss a voz, voz, obed obedec ecem emos os um umaa seqü seqüên ênci ciaa de atos atos coor coorde dena nado dos: s: inicialmente devemos inspirar, ou seja, colocar o ar para dentro dos pulmões; nesta situação, as pregas vocais se afastam da linha média, permitindo que o ar passe livremente. Ao emitirmos a voz, as pregas vocais se aproximam da linha média, controlando e bloqueando a saída do ar dos pulmões, iniciando a expiração pulmonar. O ar, passando pela laringe, coloca em vibração as pregas vocais, que estão próximas entre si. As pregas vocais desta forma, fecha fecham-s m-see e abremabrem-se se numa numa seqüê seqüênci nciaa mui muito to rápida rápida,, reali realiza zando ndo os chama chamados dos ciclo cicloss vibratórios. vibratórios. Quanto maior a velocidade velocidade dos ciclos vibratórios, mais alta é a freqüência do som emitido, emitido, o que quer dizer que mais aguda será a voz produzida. Na verdade, o som que a laringe produz não é a voz que ouvimos de uma pessoa, mas sim a chamada fonação. O som na laringe é semelhante ao de um barbeador elétrico, não sendo parecido com nenhuma vogal ou consoante. Podemos também imitá-lo vibrando os lábios, como fazem as crianças que brincam de carrinho. 3
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O número de vibrações que as pregas vocais fazem em um segundo é a freqüência da voz de um indivíduo. Esta freqüência depende de vários fatores, como o comprimento das pregas vocais (quanto maiores, mais grave será a voz) e de espessura (quanto mais finas, mais aguda será a voz). Portanto, quanto mais agudos os sons que produzimos, maior número de vibração são realizadas em um segundo, ou seja, as pregas vocais estão completando uma maior quantidade de ciclos por segundo. Assim, quando uma soprano canta um dó 5, ao redor de 1.024Hz, suas pregas vocais estão realizando 1.024 vibrações em um segundo. O som básico produzido pelas pregas vocais na laringe passa por uma série de cavidades de ressonância, que se ajustam como se fossem um alto-falante natural formado pela própria laringe, faringe, boca e nariz. As cavidades de ressonância amplificam este som, que é muito fraco quando sai de sua fonte. Pode-se compreender, portanto, que a voz é o resultado do equilíbrio entre duas forças – a força do ar que sai dos pulmões - a chamada força aerodinâmica, e a força muscular das pregas vocais – a chamada força mioelástica. Caso haja um desequilíbrio nesse jogo, poderá haver uma alteração vocal. Se o ar que passa pela laringe é excessivo, a voz vai ser soprosa ouvindo-se “ar” na emissão, uma queixa muito comum entre os cantores. Ao contrário, se a força muscular for maior que a necessária, o som ficará comprimido em pouco ar e a voz sairá tensa e estrangulada. Os diferentes sons de uma língua – suas vogais e consoantes – são produzidos nas cavidades acima da laringe, por mudanças nos articuladores, ou seja, nas estruturas que estão nas cavidades de ressonância. Os sons são articulados principalmente na boca, através de movimentos da língua, dos lábios, da mandíbula, dos dentes e do palato. Esses movimentos devem ser precisos e corretamente encadeados nas palavras e nas frases, para que sejam produzidos sons claros, tornando a fala e a mensagem que se quer transmitir inteligíveis. Para a voz cantada, utilizamos as mesmas estruturas que produzem a voz falada, porém, com diferentes ajustes devido às necessidades do canto. De modo simplificado, a respiração passa a ser mais profunda, as pregas vocais produzem ciclos vibratórios mais controlados e com maior energia acústica, as caixas de ressonância estão expandidas e introduzem uma maior amplificação ao som básico.
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CAPÍTULO 2 AS DIFEREÇAS ENTRE AS VOZES FALADA E CANTADA Existem várias formas de se comparar a voz falada e a voz cantada. Selecionamos os parâmetros mais comuns para analisarmos as diferenças entre esses dois ajustes e compararmos as realidades da voz falada coloquial e do cantor. São eles: respiração, fonação, ressonância e projeção de voz, qualidade vocal, articulação dos sons da fala e pausas, e postura.
PARÂMETRO -
RESPIRAÇÃO
CICLOS DE INSPIRAÇÃO E EXPIRAÇÃO – VOZ FALADA
VOZ CANTADA É natural É treinada. O ciclo completo de respiração Os ciclos respiratórios são pré(entrada e saída de ar) varia de acordo com a programados de acordo com as frases emoção e o comprimento das frases. musicais. A inspiração é relativamente lenta e A inspiração é muito rápida e bucal. nasal nas pausas longas, sendo mais rápida e bucal durante a fala; Um volume médio de ar é usado Usa-se um volume de ar maior durante a fala. durante o canto, quase esvaziando os pulmões. Ocorre pequena movimentação Ocorre grande movimentação pulmonar durante a tomada de ar, com pouca pulmonar durante a tomada de ar, com expansão da caixa torácica. expansão de todas as paredes do tórax. 5
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A saída do ar na expiração é um O controle da expiração (saída do ar) processo passivo. é ativo, mantendo a caixa torácica expandida durante o maior tempo possível.
PARÂMETRO -
FONAÇÃO
PRODUÇÃO DO SOM LARÍNGEO BÁSICO –
VOZ FALADA VOZ CANTADA As pregas vocais fazem ciclos As pregas vocais fazem ciclos vibratórios com o cociente de abertura vibratórios com o cociente de fechamento levemente maior que o de fechamento. maior que o de abertura, o que gera um som acusticamente mais rico e com maior tempo de duração. Produz-se uma série regular de Produz –se uma série mais rica de harmônicos – uns vinte deles, em média -, harmônicos – mais de trinta -, com decrescendo de intensidade em direção ao intensidade forte mesmo nos harmônicos harmônicos agudos. mais agudos. O atrito das mucosas das pregas O atrito das mucosas das pregas vocais é bastante aumentado nas situações de vocais é reduzido; os altos de pigarrear e pigarro, tosse ou mesmo quando se quer dar tossir não são aceitos durante a emissão ênfase a determinada palavra da emissão – contada e a ênfase não é feita com ataques ataque vocal brusco. vocais bruscos, mas sim com mudança na tensão das estruturas. Percebe-se uma movimentação A laringe tende a permanecer em discreta da laringe no pescoço, determinada posições baixa (na maior parte das escolas de por variações na inflexão das frases. canto), estabilizada, mesmo nas freqüências mais agudas. A extensão de freqüência em uso A extensão de freqüências é ampla, habitual é de 3 a 5 semitons, dependendo da ao redor de duas oitavas e meia. língua que se fala e da entonação empregada.
PARÂMETRO
RESSONÂNCIA E PROJEÇÃO DE VOZ -
VOLUME DE VOZ NO AMBIENTE -
VOZ FALADA A ressonância é geralmente média, em condições naturais do trato vocal, sem uso particular de alguma cavidade, não necessitando a voz de grande projeção. A intensidade habitual situa –se ao redor de 64dB para conversação, mantendo – se relativamente constante durante o discurso; a faixa de variações fica ao redor de 10dB da intensidade habitual. Quando é necessária projeção vocal, para chamar alguém distante ou para dar um grito, geralmente usa-se uma inspiração mais profunda, abre-se mais a boca e usa-se sons
VOZ CANTADA A ressonância é geralmente alta, dita “na máscara” ou de cabeça, o que indica que o foco de ressonância concentra –se na parte superior do trato vocal. A intensidade quase nunca é constante, com variações controladas e rápidas de um pianíssimo a um fortíssimo, num limite que pode ir de 45dB a 110dB. Projeção vocal é uma necessidade constante no canto, que deve se audível mesmo nos sons pianíssimos; para tanto, a inspiração é sempre maior que para a fala, a 6
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mais agudos e mais extensos.
PARÂMETRO
boca está sempre bem aberta, procurando –se reduzir ao máximo os obstáculos à saída do som.
QUALIDADE VOCAL - TIMBRE DA VOZ -
VOZ FALADA A qualidade vocal na voz falada pode ser neutra ou com pequenos desvios que identificam o falante, mas não chegam a ser considerados sinais de disfonia, como por exemplo, a voz levemente rouca, soprosa, áspera ou nasal.
VOZ CANTADA A qualidade vocal depende da natureza do cantor, do estilo musical e do repertório, sendo que características pessoais são geralmente deixadas num segundo plano em favor de uma sonoridade única; porém, os desvios na voz tendem a ser percebidos principalmente no naipe, que se torna desequilibrado. A qualidade vocal é mais estável devido ao treino dos cantores e sofre menos influência de fatores externos à realidade musical.
A qualidade vocal é extremamente sensível ao interlocutor, à natureza do discurso ou a aspectos emocionais da situação, podendo ficar momentaneamente trêmula ou sussurrada, por exemplo. Os distúrbios na produção da voz Os distúrbios na produção da voz falada chamam-se disfonias. cantada chamam-se disodias e podem vir ou não acompanhados de disfonia.
PARÂMETRO
ARTICULAÇÃO DOS SONS DA FALA
- PRODUÇÃO DAS VOGAIS E CONSOANTES VOZ FALADA VOZ CANTADA O objetivo da voz falada é a A mensagem a ser transmitida aqui transmissão da mensagem, portanto a está além das palavras e, portanto, articulação deve ser precisa e a identidade privilegiam-se os aspectos musicais, o que dos sons deve ser mantida. pode significar, em alguns casos, o sacrifício da articulação de certos sons, que podem ser subarticulados ou distorcidos. As vogais e consoantes tem duração Na frase musical, as vogais são definida pela língua que se fala. geralmente mais longas que as consoantes e servem de apoio à qualidade vocal. Os movimentos articulatórios básicos Os movimentos articulatórios básicos são definidos pela língua utilizada, porém, o recebem influência dos aspectos tonais da padrão de articulação sofre grande influência música e da frase musical em si; desta dos aspectos emocionais do falante e do forma, as constrições que produzem os sons discurso. e que são realizadas ao longo do trato vocal, tendem a ser reduzidos.
PARÂMETRO
PAUSAS 7
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- INTERVALOS VOZ FALADA VOZ CANTADA As pausas são individuais do falante, As pausas são pré – programadas e podendo ocorrer por hesitação, por valor definidas pelo compositor, pelo cantor e/ou enfático ou, ainda, refletir interrupções pelo professor de técnica vocal, possuindo naturais do discurso. forte apelo emocional e de interpretação. As pausas de hesitação são normais e As pausas que ocorrem por hesitação aceitáveis, podendo ser silenciosas ou do cantor não são aceitáveis e causam preenchidas por sons prolongados como constrangimento ao cantor e ao público, que “ahn...” ou “uhm...”. pode chegar à vaia. Além disso, falta de sincronia entre os cantores nas entradas das músicas também causam efeito negativo.
PARÂMETRO VELOCIDADE E RITMO - ANDAMENTO DA EMISSÃO VOZ FALADA VOZ CANTADA A velocidade e o ritmo da emissão A velocidade e o ritmo da emissão falada são pessoais e dependem de múltiplos cantada dependem do tipo de música, da fatores, tais como características da língua harmonia, da melodia e do andamento que o falada, personalidade e profissão do falante, professor de canto confere ao tema. objetivo emocional do discurso e fatores de controle neurológico. Alterações na velocidade e no ritmo Alterações na velocidade e no ritmo da emissão geralmente ocorrem da emissão são controladas, pré – independente da consciência do falante, mas programadas e ensaiadas. podem ser reguladas de acordo com o objetivo emocional da emissão.
PARÂMETRO
POSTURA
- POSIÇÃO DO CORPO DURANTE A EMISSÃO VOZ FALADA variável, com mudanças
É constantes. As mudanças habituais na postura corporal não interferem de modo significativo na produção da voz coloquial. A linguagem corporal acompanha a comunicação verbal e a intenção do discurso.
VOZ CANTADA É menos variável, procurando-se sempre manter o tronco ereto. As mudanças na postura corporal interferem tanto na produção da voz quanto na estabilidade da qualidade vocal. A linguagem corporal não é favorecida pelo canto, que privilegia particularmente a expressão facial.
O CANTO ATRAVÉS DA HISTÓRIA 8
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Embora o canto tenha atingido seu máximo desenvolvimento na música ocidental, prática de canto principalmente em conjunto existem, desde a Antigüidade, em muitas tradições folclóricas e tribais. No ocidente, os coros começaram efetivamente no século VI, quando o papa Gregório I estabeleceu escolas de canto nos centros da cristandade, para garantir adequada execução da música litúrgica. Até o século XII, esse canto, conhecido como Gregoriano, apresentava uma única voz, usando preferencialmente natas agudas. Somente no século XV começaram a ser exploradas as notas graves da tessitura. Nos séculos XVI e XVII a música coral expandiu-se para além da liturgia. A Reforma encorajou o canto informal de canções religiosas em grupos, como os salmos na França e os hinos na Alemanha. A Renascença italiana estimulou os grupos de cantores amadores, os madrigais. A maior parte das apresentações era feita sem acompanhamento musical, o canto “à capella”, uma tradição que ainda hoje se mantém. No século XVIII os trabalhos para coral de Bach e Handel tiveram grande aceitação entre os corais amadores, onde as mulheres passaram a cantar as partes de soprano e contralto, antes tradicionalmente destinadas aos meninos. Festivais de corais tornaram-se muito comuns nos séculos XIX e XX, associados a instituições civis, acadêmicas e religiosas. As especificidades culturais podem se observadas nos diferentes estilos de canto, na escolha das vozes, na tensão física e nas características acústicas das emissões, o que faz do canto coral uma complexa e rica orquestra humana.
CAPÍTULO 3 OS PROBLEMAS MAIS COMUNS DOS GRUPOS DE CANTO A formação, o estilo musical e os objetivos dos grupos de canto são bastante variados, mas existem alguns problemas que podem ser considerados comuns aos grupos de voz cantada. Dessas dificuldades tópicas, selecionamos algumas e vamos analisá-las e oferecer sugestões práticas, para minimizar ou pelo menos contornar os efeitos negativos sobre a produção da voz. São elas: • • • • • •
A questão das vozes intermediárias; A grande reciclagem dos cantores; O desconhecimento dos locais de apresentações; As vestimentas; As viagens freqüentes; Desgaste do regente ou professor;
1. AS VOZES INTERMEDIÁRIAS No que diz respeito às classificações vocais, as vozes são geralmente divididas em: sopranos e contraltos – vozes femininas, respectivamente primeira e segunda voz, e tenores e baixos – vozes masculinas, respectivamente primeira e segunda voz. São consideradas intermediárias a voz masculina de barítono e a voz feminina de mezzo-soprano. O que esta classificação indica é que as vozes se diferenciam em extensão e qualidade vocal.
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Realizar a classificação vocal de um indivíduo pode ser uma tarefa muito árdua, que requer tempo e dedicação do professor de técnica vocal. Vários critérios são levados em consideração, dos quais podemos ressaltar os seguintes: Estrutura corporal do falante; Características anatômicas da laringe; Características funcionais da emissão; Características da personalidade. • • • •
De modo geral, quanto maior a estatura física e mais longas as pregas vocais, mais grave é a voz; por outro lado, vozes agudas costumam estar associadas as personalidades mais imaturas e a indivíduos alegres, enquanto que vozes mais graves estão, em geral, associadas as personalidades mais maduras, autoritárias e indivíduos tristes ou depressivos. Apesar de todos estes aspectos, as características funcionais da emissão são determinantes na classificação vocal; em outras palavras, é a extensão de semitons que o indivíduo emite, com conforto e qualidade musical, que determina o tipo de voz. As tessituras das vozes treinadas são apresentadas a seguir.
AGUDO • • •
Soprano Mezzo-soprano Contralto
de dó3 a dó5 de lá 2 a lá4 de fá2 a fá4
VOZES FEMININAS
de dó2 a dó4 de lá 1 a lá3 de fá1 a fá3
VOZES MASCULINAS
GRAVE • • •
Tenor Barítono Baixo
Na formação de um grupo de canto geralmente as vozes intermediárias não são previstas como naipe isolado, a menos que seja uma particularidade da música cantada. Assim sendo, homens com vozes intermediárias têm a opção de cantar como baixos ou tenores e mulheres com vozes intermediárias como contraltos ou sopranos. Esta escolha geralmente está relacionada às necessidades do grupo, ou de determinadas peças musicais, mas a maioria dos regentes freqüentemente opta pro deslocar os indivíduos de vozes intermediárias para as segundas vozes (ou seja, as vozes mais graves), já que os baixos e principalmente as contraltos verdadeiras são muito raras. Isto, porém, pode ser negativo para uma determinada voz, que passa a ser solicitada numa extensão fora de sua emissão privilegiada.
Questão: Se você tem uma voz de classificação intermediária, em que naipe deveria cantar? Resposta: No naipe em que houver maior conforto vocal, em que sua voz fica mais equilibrada, sem esforços extras. Além disso, você deve evitar ficar se deslocando constantemente de naipe, o que pode desequilibrar sua emissão.
2. GRANDE RECICLAGEM DE CANTORES. A grande reciclagem de cantores é uma constante nos grupos de canto no Brasil, o que acontece pelos mais diversos motivos. Em se tratando de corais religiosos ou municipais, sabemos que geralmente os cantores deixam os grupos por necessidade financeiras e profissionais uma vez que nesse tipo de coral cantar é a opção e não a remuneração para os 10
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integrantes. Já nos corais universitários os cantores são remunerados através de bolsas de incentivos à cultura, porém essas bolsas têm duração limitada e o cantor tende a deixar o grupo ao final desse tempo.
Questão: Quais os principais problemas que a reciclagem de cantores gera para o grupo? Resposta: A reciclagem dos integrantes produz grandes discrepâncias vocais entre os cantores e a dificuldade de se manter uma identidade sonora. Além disso, ocorrem dificuldades adicionais na preparação e ensaio de músicas mais complexas, assim como no desenvolvimento do trabalho dos profissionais envolvidos, quer seja o regente, o professor de técnica vocal ou o fonoaudiólogo.
3. DESCONHECIMENTO DOS LOCAIS DAS APRESENTAÇÕES A falta de conhecimento prévio das condições físicas dos locais das apresentações pode gerar uma série de dificuldades operacionais e vocais imprevistas. O exemplo mais comum é: o ensaio é efeito em um local adequado e a apresentação em local inapropriado, principalmente no que se refere a condições de acústica, limpeza, colocação de praticáveis, espaço físico, etc.
Questão: O que fazer quando o grupo vai se apresentar em local que não o dos ensaios? Resposta: Procurar conhecer antecipadamente o local ou solicitar algumas informações por carta ou telefone. Quando não for possível, o grupo deve fazer, pelo menos, cinco minutos de testes vocais antes da apresentação, até mesmo sob a forma de um aquecimento vocal rápido. O ideal seria fazer um ensaio prévio no local para que ajustes de qualidade, emissão, ressonância e projeção pudessem ser realizados. Para minimizar condições acústicas adversas podem ser utilizados recursos adicionais como treinar o grupo em diferentes formações ou deslocar o naipe de maior número de integrantes ou o mais afinado para o fundo.
4. VESTIMENTAS A vestimenta escolhida pelos corais apresenta um desenho tradicional, que é geralmente inadequado às condições do clima brasileiro. Comumente são escolhidas batas por serem vestes oficiais da maior parte dos corais do mundo, especialmente os europeus. A chamada bata é uma vestimenta longa, confeccionada com tecido pesado e escuro, de mangas compridas, abotoada na frente desde o decote até a bainha, geralmente usada com uma faixa colorida na cintura. Já os corais líricos apresentam roupas confeccionadas para aquele espetáculo e, quase sempre, ajustes pessoais podem ser realizados.
Questão: O que fazer se sua roupa for inadequada? Resposta: Use somente a vestimenta do coral, sem sua roupa social por baixo, para aliviar o peso e o calor. Além disso, procure, pelo menos, deslocar os botões do pescoço e aliviar o cinto, para que o aparelho vocal não fique restrito em suas movimentações. O ideal para o clima brasileiro seria que as roupas fossem confeccionadas em tecidos de fibras naturais, leves, com discreto decote e em cores claras. 11
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VIAGENS FREQÜENTES Viagens freqüentes para apresentações podem trazer sérios problemas vocais principalmente devido às mudanças de clima e abusos vocais durante o trajeto. Além disso, fatores como os usos excessivos da voz e alimentação inadequada podem concorrer para piorar a qualidade da voz.
Questão: O que fazer para minimizar e prevenir problemas vocais uma vez que as viagens são inevitáveis e fazem parte da própria rotina dos grupos de canto? Resposta: Procure se inteirar do clima da cidade para onde está indo, principalmente com relação à temperatura, ventos constantes e umidade do ar, desta maneira você estará prevenido com roupas adequadas. Procure estar na cidade da apresentação com, pelo menos, um dia de antecedência para que possa se aclimatar. Durante a viagem, de ônibus ou avião, procure dormir e descansar evite conversar, pois, ruídos constantes inerentes a esse tipo de transporte, constitui um abuso vocal bastante sério. Lembre-se de manter seu corpo sempre bem hidratado. Os ensaios dentro de ônibus são absolutamente contra-indicados devido à postura inadequada e ao ruído excessivo, deixe para ensaiar no local da apresentação.
5. O DESGASTE DO REGENTE OU PROFESSOR O regente ou o professor de técnica vocal ocupa uma posição de alto risco no que diz respeito ao desenvolvimento de um problema de voz ou de laringe. O uso excessivo da voz falada é uma realidade durante os ensaios, o que é, ainda, acentuada pela competição sonora com o próprio grupo vocal. É comum que o regente ente sobrepujar o volume do grupo para se fazer ouvir. Além do excesso do uso de voz falada, é uma prática muito comum entre os regentes e professores cantar nos diversos naipes, ensaiando as diferenças vozes do grupo, deslocando sua emissão pelas diversas regiões da tessitura vocal, ensaiando diversas vezes em um dia e acumulando uma sobrevivência admirável. Apesar de o regente ou professor ser um integrante muito especial do grupo, suas pregas vocais são semelhantes às dos outros membros, e os cuidados com a voz devem ser redobrados, pois seu desgaste é ainda maior.
Questão: O que um regente ou professor de técnica vocal deve fazer, além de tomar os cuidados já descritos anteriormente? Resposta: Deve cantar apenas em sua região de conforto na tessitura vocal, oferecendo exemplos com o diapasão, piano ou órgão, além de descansos físicos e vocais entre suas diferentes atividades (ensaios, aulas, reuniões, etc) e fazer controles periódicos de sua laringe e sua voz. Eventualmente, alguns cantores mais desenvolvidos podem atuar como ensaiadores de seu naipe, reduzindo o desgaste do regente ou do professor de técnica vocal.
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CAPÍTULO 4 AS NORMAS DE HIGIENE VOCAL PARA O CANTO Inúmeros hábitos e acontecimentos podem ser nocivos para a voz do cantor. Vamos ressaltar o que deve ser evitado, explicando os efeitos negativos, a fim de evidenciar os principais cuidados a serem tomados. Os principais hábitos nocivos para a voz do cantor, são os seguintes: Pigarrear: O ato de pigarrear é um atrito entre as pregas vocais; este roçar forte e agressivo pode contribuir para o aparecimento de alterações nas pregas vocais, pois o atrito provoca irritação e descamação do tecido. Falar muito: O excesso de fala, principalmente em emissão continuada é prejudicial para a laringe, pois submete o aparelho vocal a um esforço prolongado; nessas situações, o risco de se desenvolver uma lesão é também maior. Quando o uso continuado de fala ou canto se fizer necessário, procure, em seguida, descansar a voz pelo mesmo período. Falar cochichando ou sussurrando: Embora, aparentemente, cochichar ou sussurrar possa sugerir relaxamento das pregas vocais, na verdade este é um ato de extrema força que pode, até mesmo, ser mais lesivo do que falar com a sonoridade habitual. 13
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Gritar: Falar em voz muito forte ou gritar é utilizar a laringe em sua força máxima; evidentemente, o desgaste é a maior e bem mais rápido nessas situações, cansando a voz rapidamente e aumentando o risco do aparecimento de lesões na superfície das pregas vocais, ou até mesmo de hemorragias submucosas. Os gritos devem ficar restritos à situações absolutamente necessárias. Realizar competição sonora: Falar em locais barulhentos constitui competição sonora, ou seja, você tende a elevar o volume de voz num esforço para se comunicar, na tentativa reflexa de vencer o ruído de fundo; o pior de tudo é que você geralmente nem percebe o quanto está se esforçando. Falar fora de sua freqüência habitual: Todos apresentamos uma freqüência de voz que nos identifica e que é chamada de freqüência habitual. Enquanto falamos ou cantamos estamos constantemente variando a freqüência de nossa emissão, porém, existe um valor médio onde nossa voz se situa. Alguns cantores tendem a usar a freqüência do canto (geralmente mais aguda) na própria fala, o que representará um abuso vocal, além de soar artificial. Procure usar sua voz, do modo mais natural possível, fora das apresentações. Imitar sons, vozes e ruídos: Alguns cantores, pelo controle vocal desenvolvido, ou mesmo por dom, apresentam facilidade de imitar sons, vozes de outras pessoas e ruídos. É mito difícil fazer essas manobras e ruídos vocais sem lesar o aparelho fonador, o que determina que a maioria dos imitadores fiquem com sensação de ardor e irritação após acabar suas imitações. Desta forma, se você não tem certeza de que consegue fazer imitações sem se prejudicar, evite-as. Ingerir cafeína em excesso: A cafeína é encontrada no café, nos chás de ervas e também nos refrigerantes dietéticos; além de estimulante, a cafeína favorece o refluxo gastresofágico, ou seja, o líquido ácido do estômago vem, em forma de jato, como uma azia, para a boca, podendo ser desviado para a laringe. O refluxo, por sua composição química, é extremamente irritante para as sensíveis mucosas da laringe. Se você tem o hábito de cafezinhos freqüentes, use o descafeinado. Ambientes secos: A redução da umidade do ar causa o ressecamento do trato vocal, induzindo uma produção de voz com esforço e tensão. É como se um sistema mecânico altamente potente tivesse que funcionar sem lubrificação de seus componentes. Se sua permanência em locais com ambiente seco (por exemplo, ao viajar para cidades cuja umidade relativa do ar é pequena, ambientes com ar condicionado, etc.) for inevitável, procure se hidratar tomando vários copos com água em temperatura ambiente. Descanso inadequado: 14
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Cantar é um ato de extremo gasto energético e os cantores chegam até mesmo a perder peso durante as apresentações. A energia da laringe é recuperada através do descanso, mais especificamente através do sono. A voz nunca está boa depois de uma noite maldormida. A laringe recarrega sua energia principalmente através do descanso. Programe-se para dormir o suficiente. Estresse: Um certo estresse é positivo para o canto, pois estresse nada mais significa do que mobilização de energia; porém, o estresse excessivo é negativo (conhecido tecnicamente por distresse) e prejudica a emissão, o que se observa através do cansaço vocal, falta de resistência, rouquidão e ar na voz; também pode ocorrer perda de notas na tessitura. Fumo: É de conhecimento comum que o fumo é altamente nocivo para a laringe, principalmente para cantores. Entre tantos outros efeitos, o fumo causa irritação direta no trato vocal, pigarro, inflamação da região laríngea, tosse e aumento de secreção viscosa. Lembre-se de que existe uma alta correlação entre o tabagismo e o desenvolvimento do câncer, particularmente na laringe e nos pulmões. Aconselhamos os cantores a abandonarem este hábito, considerando não só a saúde vocal, mas a qualidade de vida como um todo.
Álcool: Os líquidos não passam pela laringe, mas o álcool, principalmente os destilados (pinga, vodka e uísque), estão intimamente associados ao desenvolvimento do câncer. O consumo freqüente de bebidas alcoólicas provoca edema (inchaço) das pregas vocais e irritação de toda a laringe. O álcool fermentado (vinho e cerveja) é o menos irritante. Evite beber antes de cantar. Abandone o mito de que um conhaque antes de cantar aquece a voz, se assim fosse todo jogador de futebol beberia para aquecer os músculos antes de entrar em campo. Mudanças constantes de professor de Técnica Vocal: É sempre importante freqüentar aulas de canto, mesmo se você já se considera um cantor pronto e formado. Nós não nos ouvimos como os outros nos ouvem e, além de toda a instrução técnica do professor de canto, ele representa um ouvido exterior confiável para lhe oferecer uma avaliação de como anda realmente a sua voz. Faça aulas periódicas e, principalmente, procure não ficar mudando de professor o tempo todo, em busca de progressos rápidos, espetaculares e milagrosos. Os professores usam diferentes recursos e mudar constantemente de linha de aprendizado pode prejudicar a voz. O bom professor não é aquele que tem a voz bonita, mas que canta corretamente e constrói a voz cantada do aluno num processo de desenvolvimento lento que exige tempo, paciência e dedicação.
LEMBRETES GERAIS Cuide de sua saúde geral – Manter-se em boas condições de saúde geral auxilia a produção da voz, quer seja cantada ou falada. São raros os indivíduos doentes que mantém boa emissão vocal. 15
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Mantenha um a dieta balanceada – Todas as funções especiais do corpo, e o canto é uma função especial, requerem grande porte energético; mantenha uma dieta balanceada e evite excesso de gorduras e alimentos muito condimentados, o que lentifica o processo digestivo e limita a excursão respiratória. Aqueça e desaqueça a voz antes e depois das apresentações – Lembre-se que o ajuste para a voz cantada é diferente do ajuste para a voz falada; assim, a voz cantada deve ser usada unicamente nas situações de canto.
LEMBRETES PARA JOVENS CANTORES Evite cantar nos extremos da tessitura, tanto em notas muito agudas como em muito graves, para não forçar precocemente sua emissão. Trabalhe sobre um repertório adequado as suas possibilidades e ao seu preparo. Algumas vozes levam vários anos para serem corretamente classificadas. Se sua voz não tem uma qualidade especificamente definida, pode ser que a classificação vocal vá demorar algum tempo, o importante é não exigir mais do que suas condições vocais podem corresponder, sob o risco de se desenvolver lesões nas pregas vocais.
LEMBRETES PARA AS CANTORAS Quando possível, evite cantar ou vocalizar com muito esforço no período prémenstrual, geralmente de 1 a 3 dias antes da menstruação, e durante a menstruação. Não são todas as mulheres que apresentam alterações vocais e laríngeas nesse período, mas a tendência é a de haver um edema (inchaço) generalizado no corpo e também localizado na laringe. Além disso, há uma maior fragilidade nos capilares sangüíneos, o que favorece lesões hemorrágicas. Isto significa que durante este período é mais comum se desenvolver pequenas alterações sobre as pregas vocais ou, ainda, tornarem-se mais acentuadas as já existentes. Os nódulos vocais, popularmente chamados de “calos”, podem, até mesmo, dobrar o seu tamanho. A voz tende a ser mais soprosa, com ar na emissão, e as notas agudas são alcançadas com maior esforço. Evite também cantar a partir do sétimo mês de gestação, pois além do edema associado a esta condição, a respiração pode se tornar muito superficial e limitada devido à expansão abdominal, que dificulta a movimentação do diafragma.
CAPITULO 5 OS MITOS DA VOZ CANTADA A área da voz humana é rica em mitos, devido não somente à natureza artística que a envolve, mas também por ela ser um produto considerado abstrato, quase etéreo, por vezes divino. Esta concepção e o atraso da ciência na compreensão e explicação da produção da voz fizeram com que vários mitos se perpetuassem até os nossos dias. Muitas crenças já não são mais comuns, porém, ainda observamos que existe muito desconhecimento quanto à questão tais como respirar e cantar pelo diafragma, respirar somente pelo nariz, não cantar em falsete e não apresentar quebras de voz nas passagens, gargarejar álcool ou tomar uma série de substâncias, em inúmeras combinações, para melhorar a voz. É importante que se compreenda que uma boa produção vocal depende de uma associação correta entre dom e técnica. Por dom entendemos como sendo as condições anatômicas e funcionais do aparelho fonador e os fatores neurológicos das áreas cerebrais, responsáveis pela audição e musicalidade. Por técnica entendemos como sendo dedicação, 16
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treino e paciência para se colocar sob controle um sistema que responde essencialmente às emoções.
A VOZ FALADA É O RESULTADO DA VIDA EMOCIONAL, ENQUANTO QUE A VOZ CANTADA É, EM GRANDE PARTE, O RESULTADO DE TREINO .
APRENDER A RESPIRAR E A CANTAR COM O DIAFRAGMA O diafragma, um músculo muito importante na respiração, apresenta forma de guardachuva aberto e separa o pulmão da cavidade abdominal. Na inspiração, a fase ativa do ciclo respiratório, o diafragma se retifica com a entrada do ar e massageia as vísceras, porém, não se respira pelo diafragma e também não se canta pelo mesmo. Essa imagem era muito usada por professores de canto no século passado e no inicio deste século, como uma associação para se mandar o ar para o fundo dos pulmões (retificando-se, portanto, o uso do diafragma) e encher mais o reservatório pulmonar, para se ter fluxo de ar suficiente para as longas frases musicais. Ainda hoje algumas pessoas acreditam que para cantar devam aprender a respirar pelo diafragma, ou mesmo que a voz passe a ser produzida no diafragma. Na verdade, o que o aluno de canto aprende é a controlar melhor o fluxo de ar que sai dos pulmões em direção à laringe e às pregas vocais. Por outro lado, existe muita discussão sobre qual seria a melhor respiração para o canto, sendo este um tema de acirradas controvérsias entre professores de técnica vocal e pesquisadores na área. Antes, dava-se muito mais importância a este aspecto, sendo que hoje até mesmo existem escolas de canto que praticamente negligenciam a prática respiratória. De modo bastante simplificado, existem duas opções respiratórias para o canto e uma série numerosa de posições intermediárias. A primeira opção é a de se manter o abdome expandido durante a emissão – o que é chamado popularmente de “cantar com a barriga para fora”, e a segunda preconiza que se mantenha o abdome encolhido durante a emissão – o que é chamado de “cantar com a barriga para dentro”. Ambas as escolas geram bons e maus cantores, mas as pessoas tendem a se sentir mais confortáveis cantando com o tórax e o abdome expandidos, embora isto não seja regra definitiva. Um outro detalhe é que muitas vezes o aluno de canto é instruído a não mover os ombros enquanto respira. O ato de erguer os ombros durante a inspiração serve para liberar parcialmente os pulmões do rígido limite da caixa torácica, auxiliando uma rápida entrada de ar. Isto pode ser observado quando precisamos gritar. No canto, esta manobra pode tornar-se necessária, sem que isso indique um problema de técnica vocal, em situações de exigência de grande fluxo de ar, como por exemplo nas frases musicais em fortíssimo. Você pode constatar esse fato na fita de vídeo ou DVD dos três tenores – Plácido Domingos, José Carreras e Luciano Pavarotti. O que você deve observar é se está se sentindo confortável com o tipo de respiração que lhe é ensinado e se este ajuste não lhe causa sobrecarga ou pressão na laringe. Isto é suficiente e evite entrar nessa discussão interminável sobre a respiração!
NUNCA RESPIRAR PELA BOCA A cavidade nasal é a entrada preferencial do ar para dentro do corpo. No nariz, o ar é purificado, aquecido e umedecido, usando, nesta tarefa, uma série de cílios (pêlos) e reentrâncias (coanas) por onde o ar passa em redemoinhos. Portanto, pode-se compreender a superioridade da respiração nasal. Por outro lado, a respiração bucal é mais rápida e consegue direcionar maior quantidade de ar para dentro dos pulmões num tempo muito mais curto, já 17
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que o trajeto a ser percorrido é menor e a porta de entrada é maior. Assim sendo, durante o canto ou a conversa em frases rápidas, é impraticável respirar apenas pelo nariz, o que nos leva à respiração buco-nasal, com entradas bucais nas emissões que se sucedem rapidamente e entradas nasais nas pausas longas.
NÃO USAR FALSETE, POIS É UMA VOZ FALSA E FAZ MAL. ALÉM DISSO, MULHERES NÃO TÊM FALSETE. Falsete é um modo de se emitir a voz. Esse conceito está associado á noção de registros vocais. O termo registro deriva dos instrumentos musicais, especialmente do órgão, onde está relacionado a um grupo de tubos controlados por uma mesma tecla ou pedal. Em relação à voz, registro refere-se aos diversos modos de se emitir os sons da tessitura. Apesar de toda a discussão e controvérsia relativa a essa questão, de modo geral reconhece-se a existência de três registros: o basal, o modal e o elevado. O registro basal é o que representa as notas mais graves da tessitura, e, por sua característica acústica de pulsação, é também chamado de registro pulsátil. A voz emitida nesse registro apresenta um som semelhante ao ranger de uma porta ou a um motor de barco. Quase nunca se utiliza o registro basal no canto ocidental, mas ele aparece em algumas canções folclóricas e no canto dos monges budistas – o canto Gyuto. Nesse registro, as pregas vocais estão muito encurtadas e a mucosa que as recobre, bem solta. O registro modal, por sua vez, é o que apresenta maior numero de notas, sendo o registro que geralmente usamos na conversação. Este registro apresenta dois sub-registros: o de peito e o de cabeça, que na verdade correspondem a um maior uso da caixa torácica ou da cavidade da boca e do nariz para a ressonância (mas isso não quer dizer que a voz passa a ser produzida nessas regiões). Nesse registro as pregas vocais vão se alongando e a mucosa vai se tornando mais tensa à medida em que as notas ficam mais agudas. Finalmente, o registro elevado é o das notas mais agudas da tessitura e está dividido em dois sub-registros, o falsete e o assobio (também chamado de flauta). O falsete é quase sempre utilizado no canto e raramente na fala. O nome falsete não quer dizer que a voz soe falsa ou que seja produzida por outras estruturas que não as pregas vocais. Falsete vem de falsa voz feminina, pois alguns homens cantavam em falsete na idade média, quando não se permitia que as mulheres participassem dos coros religiosos. Tal voz masculina aguda era tão apreciada que se chegou, inclusive, a castrar cantores meninos, por decreto, para se preservar a voz infantil num corpo adulto, os chamados cantores “castratti”. Na emissão em falsete as pregas vocais estão alongadas, porém, com pouca tensão. A ação muscular é bastante diferente do registro modal e basal. Quando estamos emitindo uma escala musical, dos graves aos agudos, chegamos a um ponto em que percebemos que devemos modificar o ajuste motor para que o som seja corretamente produzido, sem esforço. Essa é a região de passagem para o falsete. Em outras palavras, a mudança para o falsete corresponde a uma necessidade fisiológica de se prosseguir numa escala musical em ascendente. Quanto ao sub-registro em assobio, pouco se sabe sobre esse tipo de emissão, que apresenta som semelhante ao dos pássaros ou ao de uma flauta. Um exemplo de uma cantora muito hábil no falsete e no assobio é a Yma Sumac e um cantor também muito hábil no falsete é o brasileiro Edson Cordeiro. Concluindo, registros são modos de se emitir um som e cada registro apresenta um esquema motor particular. Assim sendo, os registros se diferenciam por seus tons possuírem qualidade vocal, realidade acústica, ativação muscular e características aerodinâmicas diferentes. Desta forma, a afirmação de que apenas os homens são capazes de cantar em falsete não procede; homens e mulheres podem emitir tons em qualquer um dos registros vocais. 18
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NÃO APRESENTAR ZONAS DE PASSAGEM DE REGISTRO Do que foi apresentado na questão dos registros vocais depreende-se que existem regiões intermediarias entre eles, quer seja entre o basal e o modal, ou entre o modal e o elevado, onde ocorrem as principais mudanças nas ações musculares. Essas regiões são conhecidas como zonas ou notas de passagem. Alguns cantores não mostram suas notas de passagem, enquanto outros apresentam verdadeiras quebras de sonoridade entre a última nota de um registro e a primeira nota do registro seguinte. Na verdade, a mudança entre os ajustes musculares sempre ocorre e o que varia é o quanto ela é evidente ou não para o ouvinte. A questão é individual e o trabalho do regente ou do professor de canto é auxiliar a mesclar a emissão entre os registros, de modo que as passagens não sejam evidentes e tenha-se a impressão de que o cantor apresenta um único e extenso registro vocal.
GARGAREJAR COM UÍSQUE OU SIMILARES ANTES DOS ENSAIOS E APRESENTACÕES Alguns cantores têm o hábito de gargarejar bebidas alcoólicas ou até mesmo de tomar uma dose para “esquentar” a voz antes de ensaios ou apresentações. Essas pessoas geralmente referem que fica mais fácil cantar sob o efeito do álcool. Há dois aspectos a serem considerados: um de superfície e outro de ação do sistema nervoso. O efeito de superfície, ou seja, a ação imediata do álcool sobre as paredes da boca e da faringe é o de uma anestesia temporária, o que significa que as sensações nessa região ficam reduzidas. Assim, todo o esforço que pode-se estar fazendo para cantar não é percebido e o cantor pode erroneamente acreditar que esta cantando melhor. O efeito sobre o sistema nervoso ocorre da seguinte forma: uma dose de álcool geralmente nos deixa mais desinibidos, mais soltos e, portanto, o medo de uma apresentação pode diminuir; contudo, a partir da segunda dose (ou até mesmo da primeira, em pessoas mais sensíveis) pode-se perder o controle fino da afinação e do volume de voz, produzindo-se também uma articulação pouco precisa e com desvios nos sons da fala, como o conhecidíssimo “Zuzo beim?” (o “tudo bem” do alcoolista). A qualidade vocal fica pastosa, comprometida para o canto. Finalmente, embora o álcool não passe sobre as pregas vocais, e sim pelo esôfago, varias doses, principalmente de bebidas destiladas, podem causar edema (inchaço) nas pregas vocais, dificultando sua vibração. Nunca é demais lembrar a estreita associação entre o consumo habitual de álcool e o câncer.
USAR “SPRAYS”, CHUPAR PASTILHAS PARA LIMPAR A VOZ E A GARGANTA, HÁBITO DE MASTIGAR GENGIBRE, TOMAR MEL COM LIMÃO E SIMILARES Medicações em forma de “spray” devem ser usadas apenas quando prescritas pelo medico e em casos específicos, como por exemplo, de inflamações das vias aéreas, situações onde se deve evitar o uso da voz cantada. Cantar quando não se esta em boas condições de saúde vocal pode ser muito arriscado e corre-se um alto risco de se produzir lesões no aparelho fonador, incluindo edema e disfonias hemorrágicas das pregas vocais. Tais fórmulas em “spray” geralmente incluem um componente analgésico que atua como o álcool sobre as paredes da boca e da faringe. Tais preparos, por serem apresentados em forma de aerossol, chegam a atingir a laringe e os pulmões, podendo reduzir as próprias sensações da laringe e da arvore respiratória, o que prejudica ainda mais o canto. As pastilhas, por sua vez, quando possuem componentes anestésicos, apresentam os mesmos inconvenientes acima referidos e, quando há presença elevada de cítricos (limão ou laranja), ou ainda em versão dietética, podem ressecar o trato vocal, devendo ser evitadas. 19
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Convém ressaltar, mais uma vez, que o que se deglute não passa pelas pregas vocais e, portanto, não realiza ação direta sobre a laringe. O ato de chupar uma bala, ou mascar um chiclete pode relaxar o trato vocal, soltando a musculatura da boca e da faringe, o que contribui para uma melhor voz; porém, raramente são as substancias componentes as responsáveis pela melhoria da voz, mas sim os movimentos efetuados durante a sucção e a mastigação. Quanto ao gengibre, embora muito usado no meio do canto popular e no teatro, não existe nenhum estudo cientifico sobre sua eficácia. Do mesmo modo, não há estudos controlados sobre os componentes e os efeitos do própolis, porém, parece haver ação antiinflamatória e lubrificante da boca e da faringe. É também muito usada a combinação de mel com limão ou ainda de vinagre e sal. Tais misturas, em particular, devem ser evitadas. O mel, consumido de modo isolado, é um lubrificante das caixas de ressonância superiores, a faringe e a boca, mas o limão, o vinagre e o sal ressecam as mucosas, e não devem ser usados com objetivos vocais. Se você gosta de experimentar as receitas caseiras que lhe são sugeridas, procure verificar, de modo critico, quais os efeitos produzidos em seu aparelho fonador e em sua voz; porém, não faça tais testes antes das apresentações, a fim de evitar surpresas desagradáveis.
CAPITULO 6 O QUE É MÚSICA? A música tem uma linguagem própria, formada de sons. Os sons distinguem-se pelos seus graus, do grave ao agudo e pela sua duração. Para indicar estes sons, de conformidade com a sua acuidade e duração, convencionou-se adotar um sistema de escrita, para cuja compreensão tornar-se preciso um estudo especial. Música é a arte dos sons, combinados de acordo com as variações da altura, proporcionados segundo a sua duração e ordenados sob as leis da estética. Os três elementos fundamentais que compõe a música são:
*Melodia: Consiste na sucessão dos sons formando sentido musical. *Ritmo: É o movimento dos sons regulados pela sua maior ou menor duração. *Harmonia: Consiste na execução de vários sons ouvidos ao mesmo tempo, observadas as leis que regem os agrupamentos dos sons simultâneos. A música ocidental possui um sistema composto por 12 sons musicais diferentes. Temos, a princípio, sete sons principais chamados de notas naturais, que derivam outros cinco sons, chamados de acidentes musicais. Para se ter uma relação concreta entre os sons, se fez necessário um padrão de medida entre os mesmos. Esta unidade de medida é o TOM . 20
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O TOM pode ser fragmentado em duas partes chamadas de SEMITONS O SEMITOM é o menor intervalo possível entre duas notas Os sons musicais são representados graficamente por sinais chamados notas, e é a escrita da música que se dá o nome de notação musical. As 7 notas são: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá Si. Essas 7 notas ouvidas sucessivamente formam uma série de sons à qual se dá o nome de Escala Diatônica ( Escala Natural ). Quando essa série de sons segue sua ordem natural (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si) temos uma escala ascendente; seguindo uma ordem inversa (si, lá, sol, fá, mi, ré, dó) temos uma escala descendente. Dó lá
Escala Ascendente
fá
si
sol
si
lá sol
mi dó
Escala Descendente
fá mi
ré
ré
dó
Os outros cinco sons musicais que restam para completar os 12 sons do nosso sistema musical são os já mencionados, acidentes musicais. Eles podem ser encarados de duas formas, as quais chamamos de Bemóis (b) e Sustenidos (#). Os acidentes musicais foram criados com o objetivo de se movimentar as notas para que elas possam obedecer às diversas fórmulas dos acordes.
O QUE SÃO BEMÓIS E SUSTENIDOS? São os tipos de derivações que se pode fazer a partir de algumas notas naturais:
Sustenido (#) = eleva a nota em meio tom Bemol (b) = reduz a nota em meio tom Dobrado Sustenido (##) = eleva um tom Dobrado Bemol (bb) = reduz um tom
Os acidentes alteram a sonoridade original das notas, e quando introduzimos as notas aumentadas ou diminuídas, em meio tom na Escala Diatônica, formamos a Escala Cromática. Observe as Escalas Cromáticas, Ascendente e Descendente, de Dó.
Tônica
2ª
3ª
4ª
5ª
Mi
Fá Fá#
Sol
Sol#
Lá
Fá Solb Sol
Láb
Lá
Ascendente Dó Dó# Ré
Ré#
Dó
Mib Mi
Réb
Ré
6ª
7ª
8ª
Lá#
Si
Dó
Sib
Si
Dó
Descendente A Escala Cromática , é formada por uma seqüência de Semitons, assim podemos ter a perfeita noção das notas que formam nosso sistema musical. 21
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CAPITULO 7 AQUECIMENTO VOCAL O nosso aparelho fonador requer certos cuidados como qualquer outro aparelho do nosso corpo, porém neste caso se trata de um aparelho cujo alguns componentes são muito sensíveis, como por exemplo, as pregas vocais, a laringe e o trato vocal. Assim sendo, um aquecimento vocal é indispensável. O aquecimento vocal pode ser feito de várias formas: •
Com os lábios; igual a uma criança brincando de carrinho.
Com a língua; pressionando a ponta da língua contra o palato, produzindo vibrações. Com o exercício de expiração em Z; citado no Exercício de expiração em S ou Z •
EXERCÍCIOS DE RESPIRAÇÃO Os exercícios de respiração são vários e específicos, no entanto todos eles devem ser feitos de estomago vazio, pois o processo digestivo lentifica a respiração. Vamos agora conhecer alguns deles: • • • •
Expiração em S ou Z Alongamento Respiratório Exercício Diafragmatico Respiração 3x1
Expiração em S ou Z: Este exercício é o primeiro de todos os exercícios de respiração que deve ser feito e este tem como objetivo baixar os batimentos cardíacos e reciclar o oxigênio do nosso corpo. Você inspira profundamente e expira naturalmente. Na expiração em S, o processo de inspiração é o mesmo e a expiração é feita de forma natural com o som da letra S. o exercício fará uma espécie de massagem nas pregas vocais. Já na expiração em Z, o ruído será semelhante ao som de uma abelha e este exercício servirá como aquecimento vocal.
Alongamento Respiratório: O Alongamento Respiratório consiste em aumentar a capacidade de armazenamento de ar dos nossos pulmões. O ciclo respiratório que usamos na voz falada é habitual, por isso não utilizamos toda a capacidade dos pulmões, assim sendo, na hora de executar o canto sofremos com pouca quantidade de ar nas frases longas e nas notas agudas. Vamos ao exercício: 1) Inspire bem devagar, até sentir-se cheio de ar. 2) Expire bem devagar, controlando o máximo a saída de ar; esta expiração é feita em S. 22
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3) No momento em que você começar a soltar o ar, marque o tempo de expiração com o auxilio de um relógio. Este exercício deve ser diário, e a cada vez que você fizer, tente superar a marca do tempo anterior sem esforços extremos e sem prejudicar o exercício num todo. O maior tempo alcançado no Alongamento Respiratório irá lhe ajudar direta e positivamente no Alongamento Vocal que você verá adiante.
Exercício Diafragmatico: O diafragma é um músculo que precisa ser trabalhado. O enrijecimento do diafragma favorece na melhor sustentação do ar usado no canto, não permitindo que a voz oscile e facilitando o Alongamento Vocal. Eis o exercício: 1) 2)
Inspire normalmente Contraia o abdome e solte uma descarga de ar em S, semelhante ao barulho de um jato de ar de um compressor.
Faça este exercício diariamente, até conseguir o objetivo necessário. Sugerimos que você faça 10 baterias de 10 com intervalos de 1 minuto de descanso.
Respiração 3x1: Todo cantor, principalmente em dia de estréia, fica nervoso quando vai entrar em cena e encarar o público, tudo isso é provocado pela ansiedade, que na maioria das vezes é a vilã das más apresentações. Bem, este exercício servirá como um relaxamento, tirando todo nervosismo, baixando o nível de adrenalina que quase sempre é confundida com ansiedade. Segue agora o exercício: 1)
Inspire bem devagar, procurando sentir o ar entrando nos seus pulmões.
2)
Expire bem devagar com a musculatura da face (boca e mandíbula) bem relaxada.
3)
Inspire novamente ainda mais devagar, até sentir-se totalmente cheio de ar. X 1) Expire, deixando o ar sair naturalmente.
Fazendo este exercício, uma ou duas vezes antes de entrar no palco, você estará bem melhor para fazer uma bela apresentação.
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Vocalizes Vocalizar é o ato de cantar sem a articulação de palavras, modulando a voz sobre vogais ou silabas.
No vocalize você trabalha: Afinação – Trabalhando nota por nota na execução de cada vocalize . Tempo – Aumentando e diminuindo o Tempo (Ritmo) do vocalize fazendo também alguns contratempos. Respiração – Executando várias vezes o mesmo vocalize com uma só respiração e aumentando o Tempo (Ritmo) se necessário. Pronuncia – Modulando cada vocalize de forma bem exagerada com a boca e a língua.
Transição dos Registros – Cantando os vocalizes partindo das notas mais graves até as notas mais agudas da Tessitura vocal .
Vocalizes: a,a,a,a e,e,e,e i,o,o,u,u Mei – mai – mei – mai – Mei Trá - lá – lá Tralala Tra – lá – lá Tra – lá – lá – lá o, i, ê a, é, i, ó, u zi, u, zi, u, zi, u, zi, u, zi 24
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lá – lá – lá – lá –lá
lálálálálá - lálálá - lálá oi – ai – oi oi – ai – oi oi – ai – oi aps – eps – ips – ops – ups ups – ops – ips – eps – aps ips – aps – ups – ops – eps ops – eps – ups – aps – ips eps – ups – aps – ips – ops au-a, au-e, au-i, au-o, au-u pac – ba-pac – qui – bac – pa-bac – á pac – ba-pac – qui – bac – pa-bac – ê pac – ba-pac – qui – bac – pa-bac – i pac – ba-pac – qui – bac – pa-bac – ô pac – ba-pac – qui – bac – pa-bac – u
Alongamento Vocal: No Alongamento Vocal você irá marcar nos espaços vazios da tabela o tempo que você fica vocalizando cada letra em cada tom respectivo, mantendo volume, tonalidade , timbre e não deixando que a sua voz oscile, terminando a vocalização de boca aberta e tentando manter um equilíbrio de tempo entre todos os tons da oitava marcando assim a média desses tempos em cada vogal no final da tabela.
VOGAIS ABERTAS Vogais
C
D
E
F
G
A
B
C
Média
B
C
Média
A É Ó VOGAIS FECHADAS Vogais
C
D
E
F
G
A
Ê I 25
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Ô U Escala Diatônica e Cromática na Voz: Você irá cantar cada nota de cada Escala junto com um instrumento ( Violão, Teclado ou Piano) na forma Ascendente e Descendente , trabalhando assim a percepção de tom , depois cante as notas à capella, pare em qualquer uma das notas da oitava e confira no instrumento. Na Escala Cromática Ascendente você cantará a nota e o sinal de #, na Escala Cromática Descendente você cantará a nota e o sinal b.
Escala Diatônica Ascendente C–D–E–F–G–A–B–C Escala Diatônica Descendente C–B–A–G–F–E–D–C Escala Cromática Ascendente C – # – D – # – E – F – # – G – # – A – # – B – C Escala Cromática Descendente C – B – b – A – b – G – b – F – E – b – D – b – C
CAPITULO 8 AS REGRAS DE OURO DA BOA VOZ DE UM CANTOR
Nunca cante quando não estiver em boas condições de saúde; cantar é um ato de esforço e de enorme gasto energético. Manter a saúde auxilia a produção da voz, quer seja cantada ou falada. São raros os indivíduos doentes que mantém boa emissão vocal.
Use roupas confortáveis, não apertadas, principalmente na garganta, no peito, na cintura ou no abdômen.
Mantenha-se sempre hidratado, bebendo, pelo menos, dois litros de água por dia; suas pregas vocais estarão em ótima condição de vibração quando sua urina estiver transparente.
Aqueça e desaqueça a voz antes e depois das apresentações, respectivamente. Aqueça a voz através de exercícios de flexibilidade muscular, antes de usá-la para o canto; vocalize com variação de tons, começando pelos médios e depois indo em direção os extremos da tessitura vocal. Após o termino das apresentações ou ensaio, desaqueça a voz através de exercícios para retornar à 26
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sua voz falada natural; use bocejos, fala mais grave e mais baixo, para não ficar usando seu esquema vocal cantado além do tempo do canto. Um cantor que fala do mesmo jeito que canta submete seu aparelho vocal a um desgaste muito maior.
Ensaie o suficiente para ficar seguro quanto ao texto, melodia e controle de voz; assim fazendo, você vai reduzir a interferência de aspectos emocionais negativos, como o medo e ansiedade ante o público. Não ensaie por mais de uma hora sem descanso.
Monitore sua voz durante os ensaios e apresentações: aprenda a ouvir sua qualidade vocal e a reconhecer as características básicas de sua boa emissão. Aprenda a reconhecer suas sensações de esforço vocal e tensões desnecessárias, a fim de evitá-las.
Lembre-se de que um certo nervosismo mobiliza positivamente a energia para uma apresentação mais rica e envolvente; a adrenalina é positiva e confere emoção ao canto. Alem disso, o público espera o sucesso do cantor.
Evite as festas ruidosas, lugares enfumaçados e barulhentos, tanto antes como depois das apresentações. Antes das apresentações, os abusos em questão podem limitar seu resultado vocal; após as apresentações seu aparelho fonador foi intensivamente solicitado e está mais sensível para responder a tais agressões.
Mantenha uma dieta balanceada, pois o canto é uma função especial e requer grande aporte energético. Evite o excesso de gordura e alimentos condimentados, o que lentifica o processo digestivo, limita a excursão respiratória e reduz a energia disponível para o canto. Além disso, se voltar muito tarde para a casa e ainda não tiver se alimentado, ingira apenas alimentos leves e de fácil digestão, para evitar o refluxo gastresofágico.
Nunca se automedique; não tome remédios sugeridos por leigos, nem chás e infusões de efeito desconhecido (geralmente irritantes, ressecantes e estimulantes de refluxo gastresofágico). Também não repita receitas medicas utilizada numa certa ocasião, mesmo que tenham resultado positivo. Procure ajuda especializada, quando necessário.
QUESTIONARIO PARA IDENTIFCAÇÃO DE POSSÍVEIS PROBLEMAS DE VOZ Assinale as respostas POSSITIVAS: Você acha que sua voz é rouca? Alguém já comentou que sua voz é rouca? Você fica rouco por mais de dois dias?
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Sua voz fica rouca após os ensaios? Você tem ou já teve algum problema de voz? Sua voz piorou depois que você entrou na Banda, Grupo de Canto ou Coral? Ultimamente você tem demorado mais tempo para aquecer sua voz? No dia seguinte a um ensaio ou a uma apresentação você fica sem voz ou rouco (a)? Durante o canto sua voz quebra ou some? Você desafina ou perde o controle da emissão? Você sente dificuldades no pianíssimo? Você sente dificuldades no fortíssimo? Você sente que sua voz é fraca demais para cantar? Você sente que sua voz é forte demais para cantar? Você tem dificuldades para atingir as notas agudas? Você tem dificuldades para cantar as notas graves? Quando você canta sai “ar” na voz? Você tem alguns desses sintomas na laringe: coceira, ardor, dor, sensação de garganta
seca, sensação de queimação, sensação de aperto ou bola na garganta? Falta ar para terminar as frases musicais? Ao final do dia sua voz esta mais fraca? Você canta em diversos naipes? Você mudou de naipe recentemente? Você procura cantar mais forte que os demais componentes de sua Banda, Grupo de Canto ou Coral? Você simplesmente articula, sem voz, certos trechos da musica que não consegue cantar? Quando você canta suas veias ou músculos do pescoço saltam? Você sente dores na região do pescoço quando canta? Você sente dores de cabeça após o canto? Você consegue controlar sua emissão cantada na Banda, Grupo de Canto ou Coral, ou não se ouve e segue a voz dos demais? Seu grupo costuma interpretar diversos estilos musicais? Além da Banda, Grupo de Canto ou Coral, você canta em outras situações? Você canta durante muitas horas seguidas? Você pigarreia constantemente? Você tem alergia das vias respiratórias? Você tem resfriados freqüentes? Você tem amigdalites, laringites ou faringites freqüentes? Você tem dificuldades digestivas, azia ou refluxo gastresofágico? Você fuma? Você se auto-medica quando tem problemas de voz? 28
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Além da atividade de seu Grupo, você usa a voz de modo intensivo em outras
situações?
Observação: Se você marcou mais do que 4 itens , fique atento (a) e veja o que pode ser feito para modificar esses aspectos e se tais modificações surtem efeito positivo. Se você assinalou acima de 6 itens , procure um especialista, sua saúde vocal pode estar correndo um sério
risco.
P
EQUENO
G
LOSSÁRIO
Afinação – ajuste do tom de uma nota em relação a outra, de modo que o numero de vibrações corresponda as exigências da acústica. E este ajuste é aplicado a instrumentos a Bandas, Grupos de Canto e Corais. A afinação do Grupo deve realizar-se em baixa intensidade. Dentro da característica fraca da emissão em piano, os cantores poderão ouvir-se bem e ajustar sua voz ao todo. Quanto mais forte se fizer a afinação, maiores as chances do Grupo cantar desafinado. 29
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Aparelho Fonador – conjunto de órgãos utilizados na produção da voz, a saber: pulmões, laringe (com as pregas vocais), faringe, boca e cavidade nasal; convém lembrar que o aparelho fonador usa órgãos de outros sistemas emprestados para produzir a voz, que é uma função superposta. Aquecimento Vocal – exercícios desenhados para oferecer flexibilidade aos músculos responsáveis pela produção da voz, preparando a emissão para o canto; a voz aquecida é mais aguda e mais intensa. Ataque Vocal – refere-se ao inicio da produção da voz; é o momento em que as pregas vocais se encontram para a produção do som, o que deve ser feito sem muito atrito. Baixo – a voz masculina mais grave da classificação vocal, sendo, também, a voz mais rara nesse sexo; sua tessitura vocal média vai do 1º Fá ao 3º Fá. Barítono – a voz masculina considerada de classificação intermediaria, com a tessitura vocal média do 1º Lá ao 3º Lá. Calos nas cordas vocais – nome popularmente dado aos nódulos vocais, que são lesões de massa bilaterais, benignas, desenvolvidas na superfície das pregas vocais, mais comuns em mulheres, produzidas por uso incorreto ou abusivo da voz. Caixa Torácica – é a estrutura de ossos e músculos do tronco, que contém os pulmões e o coração. Ciclo Respiratório – é um movimento completo de entrada de ar, a chamada, inspiração, e de saída de ar, a chamada expiração. Ciclo Vibratório – é o movimento completo de aproximação, o contato e afastamento das pregas vocais; a freqüência de um som emitido corresponde ao numero de ciclos vibratórios produzidos; por exemplo, uma cantora emitindo o 3º Dó (do central do Piano), em 256Hz realiza 256 ciclos vibratórios por segundo. Classificação Vocal – é a distribuição das vozes de acordo com a sua qualidade e extensão vocais. As vozes masculinas em Baixo, Barítono e Tenor; enquanto que as vozes femininas em Contralto, Mezzo-soprano e Soprano. Contralto – voz mais grave do sexo feminina e muito rara, com tessitura vocal média do 2º Fá ao 4º Fá. Desaquecimento Vocal – exercícios empregados o uso da voz cantada, a fim de se retornar aos ajustes da voz falada; a voz desaquecida é mais grave e menos intensa que a voz aquecida. Diafragma – músculo em forma de guarda-chuva aberto, que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal; é muito importante na respiração, sendo ativo na inspiração. Diapasão – pequena forqueta metálica, cuja vibração produz um som de freqüência determinada (geralmente 3º Lá), geralmente utilizado para afinar vozes e instrumentos. Disfonia – qualquer dificuldade na emissão natural da voz, seja por fatores orgânicos ou funcionais, o que inclui as causas emocionais. Edema – inchaço nos tecidos, por acúmulo de líquido. 30
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Emissão Falada – ajustes empregados pelo aparelho fonador para a produção da fala. Expiração – é a segunda fase do ciclo respiratório, o que corresponde à expulsão do ar dos pulmões; é durante a expiração que emitimos a voz. Falsete – é um modo de se emitir os sons da tessitura, caracterizado por pregas vocais alongadas e com pouca tensão; a voz nesse registro é aguda, sem grande intensidade, podendo ser levemente soprosa. Faringe – cavidade entre a boca e o esôfago, importante na ressonância do som, devendo, portanto, estar ampliada e sem constrições. Fonação – é o resultado da vibração das pregas vocais, o que apresenta um som semelhante ao de um barbeador elétrico. Fortíssimo – sons ou passagens executadas com grande intensidade. Freqüência da Voz – é o numero de ciclos glóticos por segundo; homens apresentam freqüência vocal mais grave que as mulheres que, por sua vez, apresentam freqüência vocal mais grave que as crianças. Harmonia – diz-se que há harmonia quando duas ou mais notas de diferentes sons são ouvidos ao mesmo tempo, produzindo um acorde. Harmônicos do som – são múltiplos inteiros da freqüência fundamental, produzidos no mesmo instante que esta, pela vibração das pregas vocais; bons cantores produzem uma série mais rica de harmônicos. Hemorragia laríngea submucosa – extravasamento sangüíneo dos pequenos capilares sob a mucosa que reveste as pregas vocais; pode ocasionar perda imediata da voz; é conseqüência de abuso vocal ou de predisposição hemorrágica, podendo haver fatores emocionais associados. Inspiração – é primeira fase do ciclo respiratório, o que corresponde ao ato de introduzir o ar nos pulmões; a inspiração antecede a emissão da voz. Intensidade – corresponde ao volume da voz e está relacionada com a pressão subglótica e a força de adução das pregas vocais. Laringe – órgão em forma de tubo contendo as pregas vocais; é composta por cartilagens e músculos; pela laringe passa apenas ar. Melodia – seqüência de notas, de diferentes sons, organizados numa dada forma de modo a fazer sentido musical para quem escuta. Mezzo-Soprano – voz intermediaria na classificação feminina, com tessitura vocal média do 2º Lá ao 4º Lá. Mucosa Laríngea – tecido de revestimento da laringe e também das pregas vocais; a mucosa das pregas vocais apresenta diversas camadas com propriedades mecânicas diferentes, o que possibilita uma série complexa de ajustes para a emissão da voz. Naipe – cada um dos grupos de vozes em que se costuma dividir um Grupo de Canto ou Coral: Baixo e Tenor (naipes masculinos), Contraltos e Sopranos (naipes femininos). 31
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Passagem – chama-se região de passagem ou notas de passagem os tons intermediários entre os registros vocais; geralmente a emissão nessa região é menos estável. Pianíssimo – passagem executada com pouca intensidade. Pigarrear – ato de atrito extremo entre as pregas vocais, geralmente utilizado na tentativa de se retirar qualquer secreção ou para aliviar sensação de aperto ou corpo estranho na garganta; pigarrear pode ser sinal de disfonia ou representar um vicio de fundo emocional; deve ser evitado por favorecer lesões nas pregas vocais. Pólipo de Prega Vocal – lesão única e benigna de prega vocal, em forma geralmente ovóide, mais comum em homens; pode ser relacionado ao uso abusivo da voz, ou grande esforço em instrumentos de sopro; o fumo é também um fator de favorecimento na formação do pólipo. Pregas Vocais – duas dobras de músculo e mucosa, que se situam dentro da laringe, uma de cada lado, aproximando-se e vibrando para a produção da voz, apertando-se fortemente na tosse, espirro ou pigarro, tendo a função de fechamento instantâneo da laringe durante a deglutição ou para evitar a entrada de substancias nocivas nos pulmões. Qualidade Vocal – é o nome técnico dado ao timbre da voz; antigamente usava-se apenas a palavra timbre, hoje reserva-se esse vocábulo para os instrumentos. Refluxo Gastresofágico – jato de líquido ácido do estomago que é impulsionado em direção à boca podendo, neste trajeto, ser desviado para a laringe, irritando e podendo lesar a superfície das pregas vocais; o refluxo gastresofágico tem sido considerado uma importante causa de alteração vocal em cantores, devido à hábitos vocais inadequados. Registro Vocal – é o modo de se emitir os sons da tessitura. A voz humana apresenta três registros: o basal, o modal e o elevado, sendo que cada registro apresenta uma característica auditiva, acústica, muscular e aerodinâmica que o identifica. Registro Basal – é o registro que se compõe das notas mais graves da tessitura. A qualidade vocal nesse registro apresenta característica pulsátil; raramente empregado no canto ocidental, porém aparece em canções folclóricas e no canto tibetano Gyuto. Registro Elevado – é o registro que possui as notas mais agudas; apresenta dois sub-registros, falsete e flauta; quase nunca é usado na fala. Registro Modal – é o registro usado na conversação habitual e no canto em geral; apresenta dois sub-registros, peito e cabeça, de acordo com a predominância da ressonância. Ressonância – processo de amplificação de determinados grupos de som e de amortecimento de outros. Ritmo – a palavra ritmo é usada para descrever os diferentes modos pelos quais um compositor agrupa os sons musicais, principalmente do ponto de vista de duração dos sons e de sua acentuação. Sistema de Ressonância – nome dado a todas as cavidades do aparelho fonador que, sendo preenchidas de ar,são utilizadas na amplificação e no amortecimento de certas freqüências da voz; são elas: os pulmões, a laringe, a faringe, a boca, o nariz e os seios paranasais. 32
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Soprano – voz feminina mais aguda da classificação vocal, com tessitura média do 3º Dó ao 5º Dó; é a voz mais comum do sexo feminino. Tenor – voz masculina mais aguda da classificação vocal, com tessitura vocal média do 2º Dó ao 4º Dó; é a voz mais comum do sexo masculino. Tensão músculo-esquelética – tensão muscular excessiva e inadequada que, no caso dos cantores, geralmente se concentra na laringe, no pescoço, na nuca, nos ombros, nas costas e na mandíbula. Tessitura Vocal – numero de notas produzidas por um indivíduo; sendo que a tessitura da voz cantada é menor que a da voz falada, pois na primeira incluem-se apenas as notas que apresentam qualidade musical. Uníssono – quer dizer emissão em conjunto de sons com as mesmas características acústicas; cantores ou instrumentos emitindo a mesma linha melódica, Ana mesma altura (freqüência), ao mesmo tempo. Voz – som emitido no ambiente, produzido pelas pregas vocais e modificado pelo sistema de ressonância; é o resultado da relação entre a fonação e a ressonância. Voz áspera – voz de característica desagradável, ruidosa e tensa; pode indicar problemas congênitos ou lesões rígidas nas pregas vocais; não representa um estado normal da laringe e deve ser cuidadosamente avaliada. Voz fluida – voz intermediaria entre as vozes, neutra e soprosa, representando uma emissão agradável e relaxada, geralmente de freqüência grave; é a marca vocal de muitos locutores. Voz nasal – voz de ressonância concentrada excessivamente na cavidade nasal, como resultado de alteração no fechamento da faringe, o que faz com que o ar em excesso seja direcionado para a cavidade nasal. Quando estamos resfriados, com o nariz entupido, nossa voz fica denasal, ou seja, sem os componentes normais da nasalidade, porém, a impressão é de que estamos falando pelo nariz. Voz neutra – sem nenhum marcador especifico que identifique desvios, quer orgânicos ou funcionais, voz normal. Voz pastosa – voz de característica abafada, distorcida, geralmente encontrada em indivíduos intoxicados (álcool ou drogas) ou em alterações neurológicas (pós-derrame, por exemplo). Voz rouca – voz ruidosa, com turbulência, geralmente é resultado da presença de edema de laringe ou de nódulos vocais; voz rouca deve ser avaliada adequadamente, pois rouquidão também aparece nos casos de câncer da laringe. Voz soprosa – voz com escape de ar não sonorizado, resultado do fechamento incompleto das pregas vocais durante a vibração; é geralmente o resultado de técnica incorreta ou de muita tensão durante a emissão.
LEITURA RECOMENDADA BEHLAU, M.; DRAGONE, M.L.; FERREIRA, A. E. & PELA, S. Higiene vocal infantil – informações básicas. São Paulo, Lovise, 1997. 33