APOLOGÉTICA GERAL ARTIGOS NESTE MATERIAL: 1. A CREMAÇÃO É UMA PRÁTICA CRISTÃ OU PAGÃ?.................................................................. PAGÃ?..............................................................................................02 ............................02 2. ANOMALIA ENTRE AS SEITAS - A PROLIFERAÇÃO DE MANIFESTAÇÕES MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS E EX EXÓTICAS.........................04 ÓTICAS.........................04 3. ARTE ARTE MAHIKARI MAHIKARI LUZ DA VERDADE?............................... VERDADE?................................................................................. .................................................................................1 ...............................1 0 4. CIENTOLOGIA A RELIGIÃO DAS ESTRELAS ............................................................................ ........................................................................................................15 ............................15 5. CRISTADELFIANISMO AS AS APARÊNCIAS APARÊNCIAS ENGANAM!............................................................ ENGANAM!............................................................ ..............................21 6. FALSOS FUNDAMENTOS FUNDAMENTOS DA VERDADE..................... VERDADE..................... ............................................................................ ......................................................................................... ............. .25 7. FALUN GONG - A SEITA QUE ABALOU O COMUNISMO NA CHINA............. CHINA .................................................................. ..........................................................30 .....30 8. A INVASÃO INVASÃO DO ORIENTE.................................................................... ORIENTE...................................................................... .. ....................................... ..............................................................36 .......................36 9. MEDITAÇÃO MEDITAÇÃO TRANSCEDENTAL.................................................. TRANSCEDENTAL.................................................................................................... .........................................................................41 .......................41 10. MINISTÉRIO INTERNACIONAL CRECIENDO EN GRACIAS GRACIAS - UM PERIGO PARA O CRISTÃO DESAVISADO DESAVISADO ..............47 11. NEW LIFE E O ESTRANHO EVANGELHO EVANGELHO DE JOÃO BATISTA.................................................... BATISTA.................................................................................54 .............................54 12. QUANDO O ESTADO SE TORNA UM DEUS............................................ DEUS........ ...................................................................................... ............................................................61 ..........61 13. SEITA QUER CLONAR JESUS....................................... JESUS...................................................................................... ...................................................................................... ....................................... .67 14. SUICÍDIO - DE QUEM É A VIDA A FINAL?............. FI NAL?.................................................................. ..............................................................................................71 .........................................71 15. UM NOVO GOVERNO GOVERNO MUNDIAL MUNDIAL QUE PODE DESTRUIR AS NAÇÕES NAÇÕES ................................................. ................................................. ..................82 16. O QUE É RELIGIÃO?................................. RELIGIÃO?......................................................................................... ............................................................................................ .................................... .............93 17. EXTREMISMO CRISTÃO............................................. CRISTÃO................................................. .... ........................................... ...................................................................................96 ........................................96 18. O PODER DAS PERGUNTAS......................................................... PERGUNTAS........................................................................................................... .................................................................... .................. ..99 19. A FALÁCIA DA MALDIÇÃO DOS NOMES........................................................................................ NOMES..........................................................................................................103 ..................103 20. IMPERFEITA LIBERDADE............................................................. LIBERDADE................................................................................................... ...................................... ..............................110 1 a n i g á P
1. A cremação é uma prática cristã ou pagã? Por NATANEL RINALDI Freqüentemente somos interrogados se a Bíblia apóia ou não a pratica da cremação de corpos. Em seguida, seguida, ouvimos o seguinte: Isso não impediria a denominad a ressurreição dos mortos, que constitui a esperança dos cristãos?. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois Depois nós, os que ficarmos vivos, s eremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e a ssim estaremos sempre com o Senhor (1 Ts 4.16-17). De inicio podemos dizer que jamais alguém poderia afirmar que a cremação irá impedir a ressurreição dos corpos dos cristãos. Um exemplo da história é o caso dos cristãos mortos em fogueiras como primórdios do cristianismo, quando o imperador Nero, o responsável pelo incêndio, acusou os servos de Deus de terem cometido tal crueldade na cidade de Roma. Na ocasião, os cristã os presos em estacas tiveram seus corpos betumados, morrendo carbonizados. O QUE NOS DIZ A HISTORIA Os cristãos primitivos, com grande êxito, proclamavam o evangelho de Jesus Cristo e, como parte da pregação, anunciavam a ressurreição de Jesus e deles próprios ( l Co l5.3 -6,14-17,51-55). Isso incomodava incomodava os pagãos contemporâneos desses cristãos. Assim, levantou-se entre eles a idéia de que destruindo a crença na ressurreição anulariam a esperança dos cristãos na ressurreição. r essurreição. Entre eles, então, começou o costume de cremar os corpos. A primeira tentativa nos tempos modernos para anular a fé dos cristãos na ressurreição dos corpos foi adotar a prática da cremação. Tal medida foi tomada durante a revolução francesa, pelo Diretório Diretório Francês, no quinto quinto ano da Re pública, pública, a fim de desmoralizar a crença dos cristãos na ressurreição dos mortos. RESPEITO COM OS MORTOS Era prática dos judeus enterrar os seus mortos na terra ou em túmulos de pedra: "E tu irás a teus pais p ais em paz; em boa velhice serás sepultado" (Gn 15. 15). E depois sepultou sepultou Abraão a Sar a sua mulher na cova do campo de Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã. Assim o campo e a cova que nele estava se confirmou a Abraão em possessão de sepultura sepultura pelos filhos de Hete (Gn 23.19 -20. Não era costume dos judeus judeus cremar os corpos e olharam para essa prática com horror: "Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Moabe, e por quatro, não retirarei o castigo, porque queimou os ossos do rei de Edom, até os tomar em cal" (Am 2.1). A cremação só era prescrita, como castigo, em certos casos flagrantes de imoralidade. imoralidade. "E será que aquele que for tomado com o anátema será queimado a fogo, ele e tudo quanto tiver, porquanto transgrediu a
2 a n i g á P
1. A cremação é uma prática cristã ou pagã? Por NATANEL RINALDI Freqüentemente somos interrogados se a Bíblia apóia ou não a pratica da cremação de corpos. Em seguida, seguida, ouvimos o seguinte: Isso não impediria a denominad a ressurreição dos mortos, que constitui a esperança dos cristãos?. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois Depois nós, os que ficarmos vivos, s eremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e a ssim estaremos sempre com o Senhor (1 Ts 4.16-17). De inicio podemos dizer que jamais alguém poderia afirmar que a cremação irá impedir a ressurreição dos corpos dos cristãos. Um exemplo da história é o caso dos cristãos mortos em fogueiras como primórdios do cristianismo, quando o imperador Nero, o responsável pelo incêndio, acusou os servos de Deus de terem cometido tal crueldade na cidade de Roma. Na ocasião, os cristã os presos em estacas tiveram seus corpos betumados, morrendo carbonizados. O QUE NOS DIZ A HISTORIA Os cristãos primitivos, com grande êxito, proclamavam o evangelho de Jesus Cristo e, como parte da pregação, anunciavam a ressurreição de Jesus e deles próprios ( l Co l5.3 -6,14-17,51-55). Isso incomodava incomodava os pagãos contemporâneos desses cristãos. Assim, levantou-se entre eles a idéia de que destruindo a crença na ressurreição anulariam a esperança dos cristãos na ressurreição. r essurreição. Entre eles, então, começou o costume de cremar os corpos. A primeira tentativa nos tempos modernos para anular a fé dos cristãos na ressurreição dos corpos foi adotar a prática da cremação. Tal medida foi tomada durante a revolução francesa, pelo Diretório Diretório Francês, no quinto quinto ano da Re pública, pública, a fim de desmoralizar a crença dos cristãos na ressurreição dos mortos. RESPEITO COM OS MORTOS Era prática dos judeus enterrar os seus mortos na terra ou em túmulos de pedra: "E tu irás a teus pais p ais em paz; em boa velhice serás sepultado" (Gn 15. 15). E depois sepultou sepultou Abraão a Sar a sua mulher na cova do campo de Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã. Assim o campo e a cova que nele estava se confirmou a Abraão em possessão de sepultura sepultura pelos filhos de Hete (Gn 23.19 -20. Não era costume dos judeus judeus cremar os corpos e olharam para essa prática com horror: "Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Moabe, e por quatro, não retirarei o castigo, porque queimou os ossos do rei de Edom, até os tomar em cal" (Am 2.1). A cremação só era prescrita, como castigo, em certos casos flagrantes de imoralidade. imoralidade. "E será que aquele que for tomado com o anátema será queimado a fogo, ele e tudo quanto tiver, porquanto transgrediu a
2 a n i g á P
aliança do Senhor, e fez uma loucura em Israel" (Js 7.15). O CORPO DO CRISTÃO Os cristãos seguiram o exemplo dos judeus no que concerne ao respeito pelos mortos. A ceitavam o ensino de que o corpo do cristão é o templo do Espírito Santo e, como tal, deveria ser respeitosamente sepultado: "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Co 3.16). "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?" ( l Co 6.19 ). Os cristãos primitivos procuravam procuravam sepultar sep ultar os seus mortos num mesmo lugar, dando a esse lugar o título de cemitério, cujo significado é dormitório. Os corpos dos santos dormiam (Mt 27.52) e todos, mortos nessa esperança, aguardavam a volta de Cristo, Cristo, quando, então, juntos, juntos, iriam ressuscitar: "Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, incorruptíveis, e nós seremos transform ados. Porque Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á cumprir- se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte m orte na vitória" (l Co 15.51 -55). Nos dias atuais, aqueles que geralmente pedem em vida para terem seus corpos cremados são pessoas revoltadas contra contra Deus. Manifestam, desse modo, insatisfação com es sa figura medonha que é a morte, e concluem que, através da morte, tudo se acaba. Vivem dentro do conceito pagão sustentado, já nos dias de Paulo, pelos filósofos filósofos pagãos: "Comamos e bebamos, que amanhã morreremos" (1 Co 15.32). Para os tais que assim pensam, a morte é o fim de tudo, o corpo é apenas o pó da terra e o espírito não passa do fôlego que respiramos respiramos e que se s e reintegra ao ar atmosférico. atmosférico. Assim, o seu protesto diante desse modo de pensar é pedir que seus corpos corpos sejam cremados. Apenas uma pequena exceção aceita a cremação fora desse conceito de transitoriedade do ser humano. Jesus afirmou a ressurreição universal dos corpos, dizendo: "Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que estão estão nos sepulcros ouvirão ouvirão a sua voz. E os que fi zeram o bem sairão para a ressurreição ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação" (Jo (Jo 5.28 -29). "E vi os mortos, grandes e pequenos, que que estavam diante de Deus, D eus, e abriram -se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os m ortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo segundo as suas obras" (Ap 20.12).
3 a n i g á P
2. Anomalia entre as seitas A proliferação de manifestações religiosas e exóticas Por Paulo Cristiano O que você diria de pessoas que adoram legumes, bebem sua própria urina, se alimentam de luz e/ou ainda adoram astros da mídia? Que perderam a razão? Que são visionárias ou devotas? Independente do que sejam, o certo é que todos os anos milhares de pessoas em todo o mundo trocam sua religião of icial por cultos estranhos. Essas novas seitas caminham paralelamente com as grandes religiões e possuem objetivos pouco claros, provocando desvios comportamentais autênticos e atitudes patológicas extremamente preocupantes. O último censo do IBGE mostrou que 2,3% da população brasileira professa uma outra religiosidade. Fanáticos religiosos não faltam no mundo atual, por isso um grupo de autoridades do Chile, comissionadas para investigar o fenômeno, chegou à conclusão de que o perfil de uma seita envol ve fanatismo, obediência incondicional, exclusividade do grupo e liderança messiânica. Mas há alguns grupos (ou seitas) que se destacam devido às suas práticas anômalas, promovendo cultos com elementos que se afastam dos padrões convencionais. Sabemos que devemos respeitar aqueles que pensam e crêem diferente de nós, afinal, a liberdade religiosa é uma questão que toca a todos, indistintivamente. No entanto, não podemos confundir as coisas, a ponto de sermos ingênuos e tolerarmos as a ções irracionais de ta is grupos e seus cultos excêntricos. Culto O termo culto denota basicamente dois possíveis significados inter -relacionados: 1) Adoração ou homenagem a uma divindade. 2) Ritual ou liturgia; ou seja, o modo de exteriorizar esta adoração. A primeira significação refere-se à natureza do culto propriamente dito, enquanto a segunda traduz a formalização que pode ou não estar associada com o pensam ento e doutrina que emerge dele. O culto está essencialmente ligado à religião, e como esta possui uma conotaç ão de ligação do indivíduo à divindade (do latim religare), o culto atua então como o meio pelo qual se consegue pôr em prática a religião. Também se enquadram neste contexto a adoração devotada às forças da natureza, aos animais e aos astros celestes. Quando um culto gera uma seita
4 a n i g á P
Um culto pode gerar uma seita quando determinado grupo de pessoas se reúne de modo organizado, ou, talvez, quando parte desse grupo se desintegra, formando subgrupos dissidentes. Neste caso, temos, na acepção do termo, uma seita. A terminologia sofreu várias modificações morfológicas em sua etimologia através dos tempos. De partido ou facção, recebeu uma conotação pejorativa de não-ortodoxia, doutrina falsa, crença heterodoxa. No contexto cristão, refere-se a toda e qualquer doutrina (pensamento ou prática) que contraria a Palavra de Deus. À psicoteologia das seitas encontra-se ligado o fenômeno do f anatismo, conseqüência da contracultura pregada por elas. Nestas últimas décadas, tem havido uma superpromoção desses cultos. En quanto uns são amplamente aceitos na sociedade, outros são m arginalizados. Enquanto alguns causam grande sofrimento, outros são aparentemente benéficos ou a té patéticos. Absurdos teológicos Os absurdos ou aberrações são o mesmo que distorções, anormalida des, defeitos que se apresentam. As seitas produzem incessantemente tais desvios teológicos e muitas delas podem até conduzir seus fiéis ao suicídio coletivo. Steve Hassan, ex-membro da seita do reverendo Moon (Igreja da Unificação), hoje pesquisador de cultos e seitas que realizam algum tipo de controle mental, explica o porquê de as pessoas aceitarem facilmente uma doutrina aberrante. Segundo ele, as seitas operam na personalidade da pessoa, desligando-a de sua vida anterior, fazendo-a redefinir suas crenças e valores de acordo com as normas estipuladas pelo grupo.1 A seguir, breves exemplos dos cultos anômalos desses novos movimentos religiosos. Cultos excêntricos É incrível como as pessoas estão propensas a exercer fé nos mais estranhos tipos de deuses. Quando tocamos neste assunto, obviamente nos vem à mente alguns exemplos de cultos anormais, porém, os exemplos que seguem são tão excêntricos que desafiam os limites do que consensualmente denominamos de anormal. Vejamos: Culto à cebola Existe um grupo em Paris, França, que cultua a cebola. É isso mesmo. Estamos f alando de um legume, considerado pelos adeptos como bulbo divino. A liturgia do culto é a seguinte: as pessoas se reúnem em volta de uma cebola e vão descascando-a lentamente, camada após camada, até chegarem ao talo, que, segundo crêem, é a parte mais importante do ritual. O indivíduo que estiver em concentração e contemplar a sagrada gastronomia, alcançará a pureza espiritual.2 Adoradores do umbigo Este culto também gira em torno da meditação, sendo que, desta vez, o deus venerado é o ventre, ou melhor, o umbigo. Dentro do templo, com as portas fechadas e um ambiente repleto de incenso, sob um
5 a n i g á P
calor quase insuportável, o grupo (também francês) se concentra em seus próprios umbigos . Acreditam que, pela meditação profunda, poderão regredir, por meio do seu próprio cordão umbilical, até o umbigo de Adão, onde, dizem, encontrarão a paz do paraíso original.3 Ingestão de excrementos Algumas seitas esotéricas, para adquirirem o que chama m de qualidades místicas (como, por exemplo, poder, força física e espiritual), ensinam a beber a própria urina. Até mesmo o padre Joseph Dillon, 53 anos, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida (SP), ficou conhecido por dizer em entrevistas que a urina seria a água da vida. Essas práticas irracionais, do ponto de vista bíblico e científico, têm levado muitos a crer que ingerindo urina conseguirão força espiritual. Inclusive, há até congressos internacionais sobre o assunto. Mas muitos não se contentam em deliciar-se somente com sua própria urina, preferindo também comer as próprias fezes, como é o caso de algumas seitas hindus.4 Veneradores do sexo Nós temos um deus sexy, uma r eligião sexy e um líder muito sexy, com um grupo de jovens seguidores extremamente sexy. Se você não gosta de sexo, que vá embora enquanto pode. Esta é uma das doutrinas centrais da seita que ficou conhecida por muito tempo como Meninos de Deus, hoje Família do Amor. Seu líder, que se identifica como MO, pregava o sexo livre , inclusive para a prática de um evangelismo que denominam de pesca coquete. Defendem a prática homossexual e a prostituição. É o vale -tudo do sexo no recrutamento de adeptos. Por isso, a seita foi denunciada e perseguida em vários países e continua sob investigação da Polícia Federal.5 Igreja da Eutanásia De acordo com este grupo religioso, os problemas do mundo são todos causados pelo excesso de população. Então, a solução óbvia proposta seria a redução da população. Mas como? Pelo suicídio, eutanásia, sodomia, aborto e canibalismo. Como não poderia deixar de ser, esse g rupo também professa fé em elementos extravagantes. Crêem em extraterrestres e se dedicam a prá ticas mórbidas.6 Adoradores da luz Tal grupo possui um corpo de crenças doutri nárias essencialmente esotérico. Acreditam que não precisam mais comer. Segundo eles, comida é veneno, por isso se alimentam exclusivamente da luz do Sol. Por outro lado, a rejeição ao nosso tipo de alimentação, como dizem, pode provocar um poder espir itual capaz de fazê-los ter visões de seres espirituais, além de viagens astrais. Este ascetismo fanático tem levado alguns praticantes à morte. O pior de tudo é que tentam mesclar essa doutrina perigosa com os ensinamentos bíblicos, dizendo que Jesus tamb ém a praticava. Tais ensinamentos, contudo, são alheios à doutrina cristã.7 Os seguidores da Bíblia Branca A Igreja Mundial do Criador é um grupo racista fundado em 1971, na Flórida, por Ben Klassen, ex -corretor de imóveis. É um dos movimentos que mais crescem nos EUA, segundo o jornal The New York Times. São
6 a n i g á P
partidários da filosofia de Adolf Hitler e possuem um livro chamado White Bible [Bíblia Branca], no qual pregam o ódio contra os judeus e os negros, e defendem a supremacia da raça branca. Base ado nesta nefasta ideologia, Benjamin Nathaniel Smith, membro ativo de extrema direita da seita, que chegou a alterar seu nome para August Smith porque considerava seu nome excessivamente judeu, assassinou um coreano, cinco judeus e três negros. A justif icativa? Ele os considerava pessoas sujas. A seita possui sites espalhados pela Internet, onde convida crianças para seu evangelho de horror. Cultos às celebridades Os termos adorar e ídolo possuem uma conotação estritamente religiosa. Contudo, em seus significados clássicos, foram sendo gradativamente alterados, pela mente popular, com o surgim ento da mídia televisiva. Muitos fãs fanáticos de astros do cinema e do esporte têm mesclado a devoção pelo artista com a fé religiosa. Alguns destes ídolos estão sendo literalmente adorados nos altares de templos religiosos que lhes são dedicados. Vejamos alguns exemplos: Idólatras de Elvis Presley Parece que a frase Elvis não morreu é muito mais que um simples chavão, pelo menos para os fãs religiosos da Igreja Presleyteriana. A home page do grupo mostra desde testemunhos de graças recebidas de adeptos até os 31 mandamentos de Elvis. Tal igreja foi fundada em 1998, na Austrália, após a líder e fundadora, Anna, ter tido uma experiência mística com o rei do rock. E, hoje, conta com algumas congregações espalhadas pelos EUA e possui até um teólogo, o dr. Edwards, responsável pela parte doutrinária. Entre as muitas práticas esdrúxulas exigidas pelo grupo, destacamos as seg uintes: Pelo menos uma v ez na vida os adeptos deverão peregrinar até Graceland.8 Todos devem possuir em casa os 31 preceitos de Elvis, que incluem receitas de comida. Devem incentivar, diariamente, as crianças a elogiar o cantor já falecido. Mas os disparates não param p or aí. Determinado sacramento, uma paródia da santa ceia, é feito com carne moída e pudim de banana. Os hinos, é claro, são alusões ao ex -roqueiro, e tudo isso recheado de muito rock-and-roll.9 Veneradores de Raul Seixas Talvez não tão organizado como o do roqueiro norte-americano, o raulseixismo é um movimento que está ganhando cada vez mais perfil de grupo esotérico. Em muitos fãs -clubes, já se perdeu o limite entre a admiração e a veneração. E não é para menos, pois Raul Seixas tinha tudo a ver com religião. Suas músicas só começaram a fazer sucesso quando o compositor, hoje bruxo (é assim que ele se autodenomina), Paulo Coelho passou a compô -las. Noventa por cento das músicas de R aul faziam alusão a temas religiosos, 7 a n principalmente esotéricos. Seu último trabalho recebeu o título de A panela do diabo. i g á P
Chegar a ser parecido com religião é uma coisa meio sobrenatural, avalia a socióloga Juliana Abonizio. Os raulseixistas realizam quase uma peregrinação rumo ao autoconhecimento [...] Para a Cidad e das Estrelas, uma pousada terapêutica coordenada pelo Instituto Imagick, vão alguns dos fãs de Raul. Não se trata de religião, mas as obras do cantor estão entre as bases do Imagick, segundo o presidente do instituto, Arsênio Hipólito Jr. Na pousada, o o bjetivo é intensificar a luz de cada pessoa, inclusive por meio da reprogramação mental.1 0 Discípulos de Jedi Mais de 70 mil pessoas na Austrália declararam ser seguidoras de Jedi. A religião foi criada baseando -se nos filmes de Star Wars, o famoso G uerra nas estrelas, de George Lucas, o papa da ficção científica hollywoodiana. Talvez tudo não passe de uma brincadeira de fanáticos cinematográficos, que promoveram uma enxurrada de e-mails incentivando os fãs a votarem no censo religioso como seguidor es de Jedi. Para que se tornasse uma doutrina, era preciso que dez mil pessoas professassem a fé Jedi. Mas o caso vem surpreendendo as autoridades, já que 0,30% da população australiana diz acreditar em tal força, a fonte de poder dos cavaleiros Jedis. O jedaísmo prega os princípios de algumas religiões, como, por exemplo, a busca pelo autocontrole e pela iluminação. Sua estrutura assemelha -se às filosofias orientais, mas com valores cristãos. Por isso, não será estranho se algum dia ouvirmos alguém orar a Saint Luke Skywalker! Adoradores de Maradona Torcedores argentinos fanáticos resolveram radicalizar. Promoveram o ex-jogador Diego Maradona, ainda em vida, de rei do futebol a deus de uma seita denominada Igreja Maradoniana, também conhe cida como A Mão de Deus, uma referência ao gol que o atleta marcou em 1986 contra a Inglaterra. O grupo possui menos de mil adeptos. Foi fundado em outubro de 2002, em Paso Sport, na cidade do Rosário. O único objetivo é a exaltação de Maradona. Já poss uem um templo, um calendário religioso para marcar os eventos principais da vida do craque, que se dividem em a.D. (antes de Diego) e d.D. (depois de Diego), e alguns hinos. Para não se sentirem inferiores às outras igrejas, resolveram criar também sua própria bíblia, intitulada Eu sou o Diego do povo, uma biografia do ex -jogador. Como é possível alguém exercer fé nestes absurdos? Como são possíveis tamanhos absurdos? Devem estar se perguntando os leitores de Defesa da Fé. Haveria alguma explicação plausível concernente à tendência megalomaníaca dentro desses caóticos grupos religiosos e seus cultos aberrantes? Alguns estudiosos do assunto, como o professor Moraleda, que, entre outras matérias, leciona antropologia religiosa, dizem que essa tendência é fruto da aplicação de técnicas de controle mental. Quanto a essa questão, declarou o professor: ... há nelas (nas técnicas mentais) uma tendência bem visível de constituir-se em organizações autoritárias e fortemente estruturadas. O passo para o fanatis mo é 8 a n fácil de se dar. A seita destrutiva se organiza como agrupamento totalitário, no qual se utilizam técnicas de i g á persuasão coercitiva (que constrange alguém a fazer algo) e controle mental, para conseguir a total P
submissão dos indivíduos ao líder e a ent rega sem reservas à idéia coletiva; por seu caráter alienante, são grupos potencialmente destruidores da personalidade dos membros.1 1 Cremos, portanto, que a origem de todas essas heresias está fincada no âmbito espiritual. As pessoas estão cansadas da fé que professam e, para a maioria, sua religião tem-se tornado fria e impessoal. Não há vida, não preenche a necessidade básica de seus membros. O modo alternativo de crença e prática das seitas é extremamente atrativo para alguns. As seitas oferecem um mundo alienado, porém, personalizado. Lembre-se, o homem é incuravelmente religioso (Paul Sabatier), portanto, precisa ter um Deus, ou, então, criará um ídolo (Martinho Lutero). O que expomos foram apenas alguns exemplos que pesquisamos, entre muitos, os quais não caberiam neste artigo. Os grupos apontados satisfazem às s olicitações, por e -mails, que o ICP recebe diariamente em seu Departamento Teológico. Devemos ficar atentos ao perigo que as seitas e seus cultos representam para a sociedade, de modo geral. Felizmente, muitos governos já estão tomando providências a respeito. Como cristãos, temos a tarefa de alertar sobre toda e qualquer manifestação religiosa que contrarie as verdades bíblicas. Eis o motivo deste texto! Notas: 1 http://www.malagrino.com.br/online/olmwaco.html 2 Porque Deus condena o espiritismo, Jefferson Magno Costa, CPAD, p. 216 -7. 3 Ibid. 4 Revista Defesa da Fé, nº 40. 5 www.cacp.org.br 6 http://www.churchofeuthanasia.org/ 7 Revista Defesa da Fé, nº 43. 8 Nome da mansão que Elvis Presley comprou para seus pais, em 1957, na cidade de Menphis, no Estado do Tennessee, EUA. 9 http://www.geocities.com/presleyterian_church/home.html 10 www.correiodabahia.com.br/2004/03/24/noticia.asp?link=not000090074.xml 11 As seitas hoje, José Moraleda, Ed. Paulus, p. 10 -1.
9 a n i g á P
3. Arte Mahikari Luz da verdade? Por Natanael Rinaldi Do início do século 19 até os anos 50, o budismo era uma religião extremamente restrita aos imigrantes e descendentes japoneses, mas, nos últimos anos, ganhou uma extr aordinária legião de brasileiros de origem ocidental. Uma das seitas budistas bem expressivas no Brasil é a Arte Mahikari. A história dessa sociedade religiosa começa com algo sobrenatural. Vejamos! Tóquio. O ano era mais ou menos 1901. A esposa de um ofi cial do Exército Imperial Japonês deu à luz uma criança do sexo masculino. Um pouco antes do menino nascer, a m ãe teve uma revelação, através de um sonho, na qual um rato, com pêlos amarelos e brancos, vindo do Grande Templo de Izymo, mordeu um dos dedos do seu pé esquerdo. Ao despertar do sono e abrir os olhos, ela sentiu que esse membro do seu corpo doía fortemente, tal como havia acontecido no sonho, o que a levou a crer que algo de sobrenatural acompanharia a vida dessa criança. Okada Yoshikazu (mais tarde conhecido como mestre Kôtama Okada ou Sukuinushi-Sama), fundador da Arte Mahikari, nasceu de família Samurai. Seu avô foi tutor dos feudos dos senhores do Castelo de Nakavama. Seu pai continuou na profissão da família até 1868, quando se juntou à famí lia Imperial. Foi nessa direção que orientou seu filho Okada. O jovem entrou na Academia e, depois de formado, serviu na Guarda Imperial dos Impérios Taisho e Showa. Durante a guerra no Pacífico, servindo na Indochina, Okada caiu do cavalo, ferindo-se gravemente. Ao retornar ao Japão para tratamento, os diagnósticos médicos constataram que ele estava com tuberculose na espinha e, devido a essa enfermidade, tinha apenas três anos de vida. Esta foi a primeira ocasião em que Okada se viu diante dos poucos recu rsos que a medicina ocidental poderia lhe oferecer. Após sair do hospital, resolveu tornar -se empresário. O ramo que escolheu foi a fabricação de peças para aviação. Seus planos, porém, foram frustrados pelo bombardeio em Tóquio, em 1945. Diante disso, ele se voltou para a religião, tornando-se m embro da Igreja Messiânica Mundial (Sekay Kyusei Kyo), fundada por Mokiti Okada. A história do surgimento da Arte Mahikari é a seguinte: no alvorecer do dia 27 de fevereiro de 1959, Sukuinushi-Sama recebeu a primeira revelação para iniciar a Arte Mahikari. Em 13 de junho de 1974, Sukuinushi-Sama foi determinado a transferir sua missão à sua filha Keushu Okada, vindo a falecer no dia 23 do mesmo ano. O que é a arte marikari? A palavra mahikari é formada por dois vocábulos: MA (que significa verdade) e Hikari (que quer dizer luz); ou seja, luz da verdade, energia vinda da 7ª. dimensão pela palma da mão. É d essa forma que se lê a respeito da Arte Mahikari: A Arte Mahikari foi enviada por Deus através do Grão Me stre Kotama Okada; uma dádiva divina, pela qual 0 recebemos a Luz que emana do Deus Supremo e irradiamo -la a terceiros. No passado, Deus havia 1 a concebido certas artes de pôr e também de impor a mão, mas como Arte Mahikari nenhuma jamais foi n i g antes liberada por Deus. À luz da Bíblia, encontramos a descrição de inúmeros milagres operados por Jesus á P
Cristo, onde podemos notar que, no início, Jesus usava o método da sobreposição da palma da mão, alterando-o posteriormente para imposição da mão (Mahikari Responde, p .13, pergunta 6) Que tipo de religião é a Arte Mahikari? ...é uma religião, porque Deus está presente. É a Luz de Deus. Há cura, há amor, há Luz, há tudo isto. Mas não há dogma, códigos sociais e tudo o mais que exige que as pessoas se conformem e não f açam outras coisas (Entrevista concedida pelo dr. A. K. Tébecis, médico -fisiologista e dirigente da Mahikari em Melbourne, Austrália, em Junho de 1977). Trata-se, porém, de uma religião ecumenista, como podemos ver a seguir: ...qualquer um pode aderir: cristãos, budistas ou mesmo pessoas que não acreditam em Deus. Ela incorpora princípios da ciência. Existe um balanço do positivo e negativo a cruz. Um dos símbolos de Mahikari é, na verdade, a cruz: vertical em vermelho, horizontal em azul. Fogo -água, espiritualidadematerialismo... (Entrevista do dr. A. K. Tébecis). Mas, para despistar os incautos que já têm religião, a Arte Mahikari alega: Por razões burocráticas, há necessidade de registrar a nossa entidade como sendo de caráter religioso, contudo não pertencemos a nenhuma das outras religiões, isto é, somos independentes. O Sukuinushi Sama, que nos orientou, divulgou os ensinamentos e a Arte Mahikari fundamentando -se nas revelações divinas que recebeu (Mahikari Responde, p. 27, pergunta 26). E mais: Quando adotamos esta doutrina não devemos abandonar as demais crenças? Existem religiões que não admitem a existência de nenhuma outra, considerando serem os ensinamentos errôneos, exigindo que se abandone toda a crença anterior. Na nossa entidade Mahikari não existe tal imposição (Mahikari Responde, p. 29, pergunta 29). Mas, quanto a esse tipo de argumento, vejamos o que a Bíblia tem a dizer: Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?, Amós 3.3 (Ver também Mt 6.24, Sl 106.35 e At 2.4 2). Logo, é falso o ensino de que toda crença em Deus lhe é aceitável, se praticada com sinceridade, e de que todas as religiões, ainda que tenham instruções divergentes, podem se unir a fim de atingir um bem comum. O desenvolvimento da Arte Mahikari No Japão, acredito que existem cerca de 300 mil membros. Está espalhando assustadoramente. Milhares de pessoas fazem o seminário todos os meses. Há centenas de nú cleos Mahikari no Japão. O primeiro núcleo estrangeiro foi em Paris. Na verdade, há muitos outr os núcleos na França. Bélgica tem dois. Suíça tem um. Dois no Canadá. Cerca de seis mil na Am érica do Norte e na América Central. Na América do Sul é muito ativa, incomumente ativa principalmente no Brasil (Entrevista do dr. A. K. Tébecis).
1 1 a n i g á P
No Brasil, a Arte Mahikari conta com 54 templos (os dojôs), cuja sede encontra -se na Rua São Joaquim, 105, bairro da Liberdade, em São Paulo. Trata-se do Dojô Intermediário de São Paulo, com cerca de 10 mil membros. As atividades da Arte Mahikari em terras brasileiras tiveram início em 1973. Seu templo mundial (Suza) foi inaugurado em 1984 na terra sagr ada de Takavama, Japão: Inaugurado em 1984, Suza resplandece majestosamente como o Templo do deus Su, para onde devem convergir os povos da terra, sem distinção de cor, credo ou ideologia, irmanados na sua única e real condição de filhos de Deus verdadeiramente voltados a Deus (Entrevista do dr. A. K. Tébecis) Um novo messias? Certamente que o senhor Sukuinushi -Sama (Okada), fundador de Mahikari, não é Cristo. Ele nu nca fingiu ser. Mas ele é como o primeiro Messias da Nova Era (Entrevista do dr. A. K. Tébecis) Embora Sukuinushi-Sama, como lemos, não se identifique como sendo Cristo, ele não abre mão de se autodenominar de o Messias da Nova Era. Naturalmente, isto o enquadra no texto de l Jo 2.18, que diz: Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos; por onde conhecemos que é já a última hora. O que pensa a Arte Mahikari a respeito de Cristo? Cristo é igualado a qualquer fundador de religião. Eis o que afirmam: Buda e Jesus Cristo conheciam também o segredo desta Arte e a praticaram para acalmar e curar os homens. Aplicando e recebendo freqüentemente a luz divina é possível resgatar muitos e rros das vidas anteriores (Folheto-Convite). E não param por aí. Continuam falando de Cristo ligando -o a Buda. Para divulgar a sua doutrina, Jesus realizava milagres. Dizia a seus discípulos: Procurem a salvação dos homens antes de doutriná-los. O mesmo aconteceu com Buda que, através da utilização da força espiritual, curava os enfermos ao mesmo tempo que difundia o budismo. O cristianismo e o budismo seriam ensinamentos fracos porque fizeram uso do milagre para sua propagação (Mahikari Responde, p. 25, pergunta 23). Desde o início de seu ministério, Jesus Cristo demonstrou sua deidade absoluta, e fez isso operando milagres que só Deus poderia realizar. Jesus demonstrou sua deidade absoluta curando o povo: Mt 8.2 -4,5-13, 14-17; 9.20-22; 12.9-13; Mc 2.312; 7.32-37; Lc 17.11-19; 22.47-51; Jo 5.1-9; 9.11. Jesus demonstrou sua deidade absoluta ressuscitando os mortos: Mt 9.18 - 26; Lc 7.11-15; Jo 11.1-44. Jesus demonstrou sua deidade absoluta controlando a natureza e os seus elementos: Mt 14.22 -33; Mc 4.35-41; Jo 2.1-11; 6.1-14
2 1 a n i g á P
Jesus demonstrou sua deidade absoluta perdoando pecados, os quais só Deus poderia perdoar: Mc 2.5 -7; Lc 7.48-49. Jesus demonstrou sua deidade absoluta conhecendo os pensamentos e as intenções dos homens: Mt 9.4; 12.25; Lc 6.8; 9.47. Ao proceder dessa forma, Jesus Cristo assumiu a responsabilidade exclusiva da salvação da humanidade: Jo 3.16 e At 4.12. Mas, e se alguém surgisse com sinais e prodígios e nos levasse a admitir outros deuses, entre os quais o deus Su? O que a Bíblia diz a respeito? A resposta encontra-se em Deuteronômio13.1-5. Fontes de autoridade religiosa São três as fontes de autoridade religiosa dos seguidores da Arte Mahikari. A saber: a) o GOSEIGEN - Livro de orações. b) a Bíblia. c) os sutras budistas. Tanto a Bíblia como os 48 volumes dos sutras budistas são bastante volumosos. No entanto, nesses livros foram revelados apenas fragmentos. Se se pensar que cada um deles constitui o todo, isto será um ato de orgulho, de vaidade, será uma falta que se es tará cometendo para com Deus. Por essa r azão, é chamado de GA (...) Sukuinushi-Sama recebeu o espírito da verdade, ou seja, recebeu a sagrada missão de YO (Jornal Mahikari, 6/11/1988, nº 4, p. 8). Considera-se, ato de orgulho, de vaidade, admitir que t anto a Bíblia como os sutras budistas constituem o todo. Mas a Bíblia, e somente ela, de fato, constitui o todo (Ap 22.18; 2 Tm 3.16,17). Paraíso na terra Se Deus é Todo-Poderoso, não poderia fazer surgir o paraíso terrestre? Segundo a ciência moder na, a vida terrestre deve estar em torno de quatro a cinco bilhões de anos. No decurso desse longo espaço de tempo foi criado o oxigênio, a água, surgiram os vegetais, a compactação do solo foi realizada por animais gigantescos, enfim, muitos preparativos foram feitos até o aparecimento do homem. Deus necessitou despender grandes esforços para fazer desenvolver e evoluir o homem sobre a face da terra até o estágio atual. O homem, em sua capacidade espiritual, está muito longe de poderes divinos, porém rec ebeu uma grande habilidade em manipular a matéria. Deus pretende que o homem, a quem concebeu esta particularidade, desenvolva, com sua própria força, os recursos existentes na terra e construa, por meios materiais, o paraíso terrestre, que jamais se tornará realidade se não for feito pelo homem. Assim, exigir que tudo nos seja concedido sem qualquer esforço e merecimento é absolutamente impróprio e 3 impossível (Mahikari Responde, p. 43, pergunta 50). 1 a A idéia de um paraíso na terra é um velho sonho que não será realizado por meio dos homens. A Bíblia
n i g á P
ensina que esse período áureo de mil anos na terra só se tornará possível depois da prisão de Satanás no poço do abismo, quando, então, estará impedido de agir sobre a humanidade (Ap 20.1 -3). Cumprir-se-á, nessa ocasião, a profecia de Daniel 2.44: Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre. Segundo Isaías 11.6,8, as mudanças que hão de ocorrer na natureza dos animais nesse período serão plenamente perceptíveis. Jesus ensinou que, à medida que os dias da sua volta se aproximassem, o mal teria um progresso muito grande, repetindo -se em maior escala o instinto sangüinário do homem antdiluviano (Mt 24.37-39). Logo, é impossível esperar que o homem construa, por meios materiais, o paraíso terrestre, que jamais se tornará realidade se não for feito pelo homem. Pelo homem, e dizemos isso à luz da Bíblia, o sonho de realizar um paraíso na terra jamais será possível, até porque o estado eterno do homem será o paraíso celestial, que está além de tudo aquilo que ele já tem visto e ouvido (Fp 3.20-21; Jo 14.2-3). Origem das superstições Babilônia é o berço da religião pagã e a Arte Mahikari, além de ser uma delas, está envolvida com o ecumenismo, pois se apresenta com recursos ligados ao pag anismo: talismã, feitiços, malefícios, amuletos, necromancia etc. A única coisa diferente em sua prática são os títulos dados aos objetos sagrados que utiliza: o Omitama e o Goshintai, plaquetas especiais com o nome dos antepassados (ihais), sem contar os alimentos. A luta inicial do cristianismo foi precisamente contra tais práticas. Conferir Atos 14.15 -16 e 19.19. O sentimento religioso está arraigado na natureza do hom em. Se esse sentimento não for devidamente orientado ou se for desviado por outros sentimentos ou pela própria obstinação e pertinácia do homem, mesmo assim não deixará de existir, mas acabará se tornando em superstição (Rm 1.23). As religiões de mistérios continuam crescendo cada vez mais. E alegam possuir o segredo de Deus e o acesso ao seu poder através das experiências místicas: mantras, amuletos etc, declarando guerra à razão e à verdade que está somente em Jesus Cristo. O que os cristãos devem fazer diante dessa avalanche de seitas místicas? Sigamos a sábia sugestão do escritor cristão John F. Macarthur Jr.: Não existe plano mais alto, nenhuma experiência sobrepujante ou vida profunda. Cristo é tu do em todos. Agarre-se a Ele. Cultive o seu amor por Ele. Somente nele você é completo. Da Bíblia, devemos seguir o seguinte conselho: Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrin a, como para convencer os contradizentes (Tt 1.9).
4 1 a n i g á P
4. Cientologia A religião das estrelas Por Wiglot Tindale O que John Travolta, Tom Cruise, Michael Jackson, Juliette Lewis, Anne Archer e Lisa -Marie Presley têm em comum? Além da fama e do dinheiro, são adeptos da mesma religião: a Cientologia, cada vez mais famosa entre os artistas de Hollywood. De onde surgiu? O que ensina esse movimento? Por que as pessoas estão dispostas a gastar grandes somas em dinheiro para participar dos seus cursos? Será que os ensinos da Cientologia são compatíveis com a fé cristã? O presente artigo tenciona responder a essas e outras questões. Polêmica em torno de seu fundador Fundada em 1954, no Estado da Califórnia (EUA), o idealizador dessa seita é Lafayette R on Hubbard (19111986), filho de um comandante da marinha norte -americana. Segundo publicações da Cientologia ele seria formado em engenharia civil, com especialização em física nuclear, pela Universidade George Washington. No entanto, os registros da escola revelam que ele cursou apenas dois anos, sendo que o segundo em regime probatório, tendo sido reprovado em física. Afirma -se também que ele teria Ph.D conferido por uma tal Universidade Sequoia da Califórnia, embora não haja provas de que exista uma es cola superior com esse nome na Califórnia, qualificada para conceder títulos de doutorado.1 Hubbard se consagrou nas décadas de 30 e 40 como um prolixo escritor de ficção científica, chegando a escrever cerca de setenta e oito novelas desse gênero e outras obras. A biografia de Hubbard não é a das mais confiáveis, pois alguns de seus familiares resolveram romper com a Cientologia e emitiram depoimentos sobre Hubbard. Para seus seguidores, esses depoimentos não são aceitáveis, porque, segundo afirmam, faltam com a verdade. Entretanto, uma das palavras mais duras ditas sobre Hubbard veio de Ronald DeWolf, um de seus cinco filhos. DeWolf disse que seu pai era um dos maiores trapaceiros do século.2 Desde pequeno, Hubbard costumava viajar com seu pai aos paí ses do Oriente, o que despertou o seu interesse por diversas culturas e crenças. Mais tarde, estudou engenharia e física nuclear. Em 1950, ele publica o livro Dianética: a Ciência moderna e a saúde mental3, que se tornou uma autoridade da Cientologia. Em 1959, mudou-se para a Inglaterra e, devido à forte oposição às suas idéias, deixou-a em 1966, passando a viver a bordo de um navio de 300 pés chamado Apolo, cercado de discípulos. Em 1967, começou a dirigir a Sea organization (Organização do mar), sua c ongregação religiosa dentro da Igreja da Cientologia. No ano de 1975, Hubbard voltou aos Estados Unidos, onde passou a levar uma vida cada vez mais discreta e retirada do público, inclusive de seus familiares. Foi então que começaram a surgir rumores sobre a eventualidade de seu falecimento. Ronald DeWolf entrou com uma petição judicial, num tribunal do Estado da Califórnia, para ser nomeado procurador dos bens do pai, alegando que ele havia morrido. Todavia, o tribunal descobriu que Hubbard estava vivo, vindo a falecer dez anos depois, mais precisamente 5 1 a em 1985, deixando mais de seis milhões de adeptos no mundo inteiro. n i g á P
A doutrina da Cientologia A palavra Cientologia, inventada por Hubbard, vem dos termos latinos scio, que significa conhecer, e logos, razão. Para os cientólogos, a Cientologia é uma religião cujo objetivo é estudar o espírito, entender a relação de cada um consigo mesmo, com o universo e com outras formas de vida. É uma religião, uma sabedoria e uma ciência. Na verdade, trata-se de uma corrente de pensamento filosófico-religioso mesclada a técnicas psicoterápicas e doutrina budista.4 Segundo o próprio Hubbard, a religião criada por ele deve despertar no discípulo a consciência de que ele é imortal. É uma mistura de conceitos tirados do hinduísmo e das tradições cabalísticas. A Cientologia serve de base para uma série de técnicas como a psicanalítica (Dianética), e promete aos seus adeptos melhorar sua capacidade de comunicação e diminuir seus sofrimentos, ensinando -o a lidar com as pessoas e seu meio. Fundamentos básicos: O homem é basicamente bom, composto de três partes: corpo, mente e espírito. É um ser imortal. Sua experiência vai muito além de uma só vida. Sua salvação depende de si mesmo, de seus semelhantes e de sua relação com o universo. O corpo é um componente indesejado do ser humano. A mente humana é limitada e não permite ao indivíduo tomar consciência de que ele é destinado a sobreviver. A mente é o sistema de comunicação entre o Thetan e o mundo ambiente. O espírito (na Cientologia, Thetan) é onisciente e imortal e, através da pista do tempo, percorre várias vidas. O espírito é tudo aquilo que você traz de bom e de ruim desta e de outras vidas. No início, todos os espíritos eram perfeitamente felizes num eterno presente, mas acharam que era uma situação aborrecedora e foi assim que, para brincar, criaram o universo. Mas se tornaram vítimas do seu próprio brinquedo, esquecendo-se de que o mesmo fora criado por eles. A teoria na prática Através de sessões da Cientologia (auditing Audição), a pessoa passa por sete gr aus de purificação para libertar-se dos engramas (cicatrizes). No final desse processo, o adepto sai do estágio pré -claro para o claro. Isso, porém, é apenas a primeira etapa da purificação. A segunda é chamada de Operating Thetan (Espírito operativo, o qual passaremos, a partir de agora, usar apenas as iniciais EO, quando nos referirmos a ele) que, por sua vez, compreende oito degraus. Nesta segunda grande fase, o Thetan passa a entender que o mundo vi sível não é uma r ealidade plena, mas, sim, aparente, e ele (o espírito) já não depende do universo que o cerca: Uma das mais notáveis qualidades de um Thetan Operacional é a imortalidade pessoal e consciente e a liberdade relativamente aos ciclos do nascim ento e da morte.5 Os cientólogos garantem que um EO pode praticar a exteriorização, ou seja, vaguear com o espírito fora do corpo. Nesse estágio, raramente adoece, é menos propenso a acidentes, tem memória total, QI 6 superior a 135, imaginação criativa, vitalidade extraordinária, personalidade magnética, autocontrole, 1 a n entre outras coisas. Entretanto, quando a morte vem, o Thetan vai para um lugar de descanso (Marte ou i g Pirinéus, segundo alguns), até que lhe seja atribuído um novo corpo. Um dos aspectos c uriosos da Igreja da á P
Cientologia é o fato de que seus membros, sem nenhuma objeção, podem pertencer a outras religiões ao mesmo tempo em que proclamam a reencarnação do espírito, doutrina que se choca com a de outras crenças. Os degraus finais desta fase (que vai do EO-1 a EO-5, além de outros EOs) são mantidos em segredo pela Cientologia. Os claros que chegam a esse estágio não podem levar os textos para fora das instalações da Igreja e muito menos têm o direito a cópias. Segundo uma reportagem do Washing ton Post, de 19/08/95, dados recolhidos num tribunal de Los Angeles mostra m que os membros que participam dos cursos nas instalações especiais da Igreja têm de aceder com uma zona de acesso restrito, sendo escoltados por seguranças até uma sala fechada, onde podem consultar os textos, mas tudo isso vigiados por câmaras de vídeo. Apesar de todas essas medidas extraordinárias de segurança, críticos e antigos adeptos da Cientologia têm conseguido escapar ao cerco e distribuído os textos secretos da seita (o qu e leva a Igreja a tomar certas medidas). Um dos cursos secretos que demonstram a pura fantasia dos ensinos da Cientologia é o EO -3, que cobre supostos acontecimentos de 75 milhões de anos atrás. Nesse período, teria ocorrido um problema de superpopulação na Federação Galática (composta por 76 planetas), e o seu oficial Xenu teria sido escolhido para resolver o problema. Aparentemente, Xenu decidiu congelar milhões de seres e trazê -los à terra, mais precisamente no Havai e Las Palmas, onde as explosões nucleares, provocadas por oito vulcões, restauraram somente os espíritos dos exterminados. Os seres humanos seriam compostos por esses espíritos (e por alguns maus espíritos, os Body Thetans), e Xenu, capturado e aprisionado pelo seu crime. Quem sabe seja por isso que a capa do livro Dianética tem a imagem de um vulcão. Ao que tudo indica, todas essas coisas não passam de uma versão simples de alguns dos conceitos da Cientologia. Seus adeptos contam com grandes e numerosos volumes de literatura para que possam expandir-se nessas ficções científicas. A Cientologia e o cristianismo Embora haja por parte dos cientólogos considerável esforço em conciliar os ensinos de Hubbbard com o cristianismo (como se vê em diversas de suas publicações, como, por exemplo, a brochura intitulada Cientologia e a Bíblia), a verdade é que existe um enorme disparate entre a Palavra de Deus e os ensinos de Hubbard. Vejamos alguns: Deus Devido ao seu caráter eclético, a Cientologia tem procurado, nos últimos anos, assim como a Maçonaria, designar Deus simplesmente como Ser supremo, Força de vida, a fim de facilitar a entrada de pessoas de qualquer segmento religioso. Adotam, ainda, a posição politeísta: Existem deuses que estão acima de todos os outros deuses, e deuses além dos universos.6 Em toda a Bíblia encontramos uma afirmação inflexível a favor do monoteísmo e da singularidade do Senhor Deus (Is 43.10,11; 44.6,8; 45.5, 21,22). O apóstolo Paulo é muito claro e enfático ao afirmar que, no que diz respeito ao mundo, há muitos deuses e muitos senhores, todavia, para nós há um só Deus, o Pai de quem são todas as cousas e para quem 7 existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo (1Co 8.5,6). 1 a n i g á P
O lugar de Cristo Hubbard formou o pensamento da Cientologia sobre Jesus Cristo tomand o emprestado o mesmo ensino do Budismo, do Hinduísmo, do Taoismo e do Judaísmo: teoria moral, que defende a idéia de que Jesus é apenas um exemplo de fé, de moral e de conduta. Nem o senhor Buda e nem Jesus Cristo eram espíritos operativos (do nível m ais elevado), de acordo com as evidências. Eram apenas uma sombra limpa acima.7 Não compactuamos com esses ensinos da Cientologia, pois a Bíblia proclama que Jesus é o Filho de Deus, sendo vero e eterno Deus, de uma só substância com o Pai e igual a Ele. O único mediador entre Deus e os homens. Em todo o registro da vida do Senhor Jesus Cristo em suas palavras e ações, encontramos sua singularidade. No livro de Atos, Ele é chamado, muitas vezes, de o Santo, o justo ( Is 9.6; Jo 1.1, 18; 8.58; 20.28; 1J o 5.20; Fp 2.6; 2Pe 1.1; Hb 1.8-12; Tt 2.13; Rm 1.3,4; 1Tm 2.5; 1Pe 2.22; 1Jo 3.5; Hb 7.26; At 2.27; 3.14; 4.30; 7.52; 13.35). Hubbard fez várias declarações infundadas sobre Jesus. E uma delas foi que Jesus era m embro da seita dos essênios, que cria na reencarnação.8 Os essênios9 tinham um sistema de vida profundamente ascético, alimentavam-se frugalmente e possuíam um Manual de Disciplina que estabelecia regras para a vida da comunidade quanto ao que se podia comer ou não. Não aceitavam o sacrifício de animais. Impunham o celibato para seus membros, entre outras crenças. Basta um a leitura imparcial das Sagradas Escrituras para vermos que Jesus não era um essênio. Jesus não se apartava do povo, não tinha restrições quanto à comida, chegando ao ponto de ser acusado pelos judeus: Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!. Os essênios primavam pela pureza exterior. Ao serem os discípulos acusados de comer sem lavar as mãos, Jesus os defendeu, dizendo: Convocando ele, de novo, a multidão, disse -lhes: Ouvi-me todos, e entendei. Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina (Mc 7.14,15). Os essênios não criam na ressurreição do corpo. Não podiam harmonizar a idéia de um espírito puro reunido a um corpo de substância material, já que esta era má. Ao contrário, Jesus ensinou claramente que lhe era necessário sofrer muitas coisas e, por fim, ressuscitar: Ao descerem do m onte, ordenou-lhes Jesus que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos (Mc 9.9). Jesus se opôs à reencarnação (Jo 9.1-3) e ensinou a impossibilidade de qualquer pessoa se salvar por ela (Mt 25.34, 41, 46). Em lugar de ensinar a preexistência de todas as almas, como é próprio da Cientologia, Jesus afirmou que era o único que preexistiu de fato, e não estava em um estado reencarnado: Vós sois cá debaixo, eu sou lá de cima; vós sois deste mu ndo, eu deste mundo não sou (Jo 8.23). O homem não veio de uma estação de implante de outro planeta. O homem é deste mundo, unicamente da terra. O gênero humano começou na terr a, com a criação de Adão.10 Desprezo pelo corpo Ao expressar o conceito que tem sobre o corpo, a Cientologia revela a origem de suas crenças. Ela diz que nós não pertencemos a esse corpo físico, pois é mau. Esse ensino, no entanto, é idêntico ao pensamento gnótisco11. Os gnósticos pregavam um dualismo entre a matéria e o espírit o, advogando que a matéria
8 1 a n i g á P
criada era má. A encarnação, a ressurreição e a ascensão de Cristo são essenciais ao entendimento e à fé cristã, pois mostram que não há lugar para essa torpe dicotomia entre o espiritual e o material. O cristão aceita o fato de que corpo, além de criação de Deus, é habitação do Espírito Santo (1Co 6.19). Somos instados a glorificar a Deus com o nosso corpo (1Co 6.20). Tiago 2.26, diz: ...o corpo sem espírito é morto.... A formação do homem, desde a criação de Adão, demanda um corpo, bem como um espírito, para que ele fosse uma alma vivente (Gn 2.7). Um dos propósitos da futura ressurreição do corpo do cristão é reunir o corpo e o espírito, formando um ser completo. O caminho da salvação Como vimos, a Cientologia crê que o homem é basicamente bom, sem pecado. Portanto, segundo afirmam, é desprezível e completamente abaixo de todo desprezo falar para um homem que ele tem de se arrepender, que ele é mau.12 Na visão da Cientologia, o homem tem apenas cicatrizes (Engramas) , e é justamente isso que o impede de descobrir e exercitar seu poder inerente. À medida que a pessoa se submete às sessões de audição13, em tese ela estará purificando sua mente dos ferimentos e das chagas que tenha contraído em suas existências ante riores à atual, a fim de chegar a uma conscientização de sua divindade. Contrastando essa doutrina absurda, Jesus Cristo ensinou que o homem tem um grave problema: o do pecado, e está incapacitado de resolvê-lo por si mesmo. Jesus disse que o homem é m au por natureza (Mt 12.34; 7:11). Falou, ainda, que do interior do homem procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias (Mt 15.18,19). Seu primeiro sermão foi uma exortação ao arrependimento (Mt 4.17). A pregação de João Batista (Mt 3.2), dos Doze (Mc 6.12), de Pedro no Pentecoste (At 2.38) e de Paulo aos gentios (At 17.30; 26.20) continha mensagens com forte apelo ao arrependimento para que houvesse remissão de pecados. A mensagem do arr ependimento deve ria ser levada por todo o mundo (Lc 24.47). Nossos irmãos, num passado não tão distante, compuseram uma magistral definição de arrependimento que os cientólogos deveriam atentar. Vejamos: Por ele um pecador, movido pelo que vê e sente, não só diante do p erigo, mas também diante da imundícia e odiosidade de seus pecados, como sendo contrários à santa natureza e à justa lei de Deus, e na apreensão de sua misericórdia em Cristo destinada aos que são penitentes, de tal maneira se entristece e odeia seus pecados, que, deixando-os, se volta para Deus, propondo -se e diligenciando-se por andar com Ele em todas as veredas de seus mandamentos (Confissão de Fé Westminster Cap. XV, seção II).14 Vasos rotos Os cientólogos precisam ouvir a mensagem do evangelho da graça do Senhor Jesus Cristo. Precisam ser despertados do fascínio do budismo tecnológico e romper com esses vasos rotos (Jr 2.13), inúteis e vazios, sem água, devendo trocá-los pela fonte da vida, da qual fluem rios de água viva (Jo 4.14). Soli Deo Gloria
9 1 a n i g á P
Notas: 1 Walter Martin. O Império das Seitas, Vol.III. Venda Nova. Editora Betânia, 1992. 2 George A. Mather & Larry A. Nichols. Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. São Paulo: Editora Vida, 2000. 3 Já vendeu mais de 18 milhões de cópias pelo mundo e foi traduzido em 52 idiomas. 4 O Dr. Frank K. Flinn, em uma excelente pesquisa, qualificou a Cientologia de Budismo Tecnológico (Alternatives to American Mainline Churches, New York, Rose of Sharon Press, 1993, pp. 89 -110. 5 Une Armée en Marche, 1882-1982. Cent ans de Service salutiste en Suisse, Berne, 19 de outubro de 1883. 6 L. Ron Hubbard, Scientology 8 -8008, Los Angeles, Publications Organization, 1953, 1967, p. 73. 7 L. Ron Hubbard, Certainty Magazine 5, no. 10 (s.d.), 73. 8 Decraração de L. Ron. Hubbard, conforme citado por Kurt Van Gorden, em Challenging Scientology with Gospel of Jesus Christ. 9 Eram uma comunidade religiosa judaica que floresceu do século I a.C. ao século II d. C. 10 O termo Adão (Adamah hebraico = Terra) aparece 560 vezes no A. T., para indicar homem ou humanidade; mas no começo do livro de Gênesis indica o primeiro homem, e é um nome próprio. 11 Termo derivado do grego Gnosis, conhecimento, usado no passado para designar uma seita herética denunciada nos primeiros séculos da Igreja Cristã. Boa parte do N.T. condena seus ensinos. 12 Declaração de L. Ron Hubbard, conforme citado por Kurt Van Gorden, em Challenging Sccientology eith Gospel of Jesus Christ. 13 A princípio, são de preços toleráveis, mas vão -se tornando cada vez mais caros, a ponto de causar total dependência e endividamento em relação à Cientologia. 14 Zc 12:10; At. 11:18; Lc 24:47; Mc 1:15; At. 20:21; Ez 18:30,31; 36:31; Is 30:22; Sl 51:4; Jr 31:18,19; Jl 2:12, 13; Am 5:15; Sl 119:128; 2 Co 7:11; Sl 1 19:6,59,106; Lc 1:6; 2 Rs 23:25.
0 2 a n i g á P
5. Cristadelfianismo As aparências enganam! Por Márcio Souza Você acredita na Trindade? Não responde o estranho. No tormento eterno? Não. Na destruição da terra? Não. Em ir para o céu? Não. No dízimo? Não. Em ir à guerra? Não. No que toca a nós, não. Você é Testemunhas de Jeová? Não. Afinal, qual é a sua religião? Sou cristadelfo. Alguém poderia pensar, a princípio, que o diálogo acima travou -se entre um cristão (interlocutor) e um adepto das Testemunhas de Jeová. Mas não. O estranho indagado é um cristadelfo. Assim como as demais seitas pseudocristãs, os cristadelfos também afirmam basear suas doutrinas nas Escrituras Sagradas. Mas, como veremos na abordagem deste artigo, suas heresias são semelhantes às de diversas seitas, como, por exemplo, os unitaristas e as Testemunhas de Jeová. Um pouco de sua história O nome cristadelfo significa irmãos de Cristo, e foi adotado pelo seu fundador, o médico John Thomas. Em 1832, o dr. Thomas, em viagem da Inglaterra para os Estados Unidos, sofreu um naufrágio. Diante dessa situação, ele fez um voto de servir a Deus se a sua vida fosse salva. A fim de cumprir a promessa que fez, associou-se aos Discípulos de Cristo, um m ovimento religioso formado por Thomas Campbell (1763-1854). Dois anos depois, o dr. Thomas afastou-se desse grupo. Motivo? Divergências doutrinárias quanto ao batismo. Então, dedicou todo o seu tempo fazendo considerações pessoais sobre o que considerava ser de fato o cristianismo. Entre 1844 e 1847, desenvolve o seu próprio corpo doutrinário e forma dois grupos de seguidores: um nos Estados Unidos e outro na Grã -Bretanha. Em 1848, oficializou a fundação de seu movimento. Após sua morte, em 1871, Robert Roberts, um associa do de confiança, tomou a liderança do grupo até 1898, ano em que se deu a sua morte. Em 1890, a seita enfrenta uma crise por causa da polêmica levantada entre Roberts e J. J. Andrew envolvendo uma questão chamada responsabilidade na responsabilidade. O ci sma produziu duas facções:
1 2 a n i g á P
o grupo de emendas e o grupo sem emendas. O primeiro afirmava que somente os que estão em Cristo ressuscitarão. E o segundo pregava que no Juízo Final tanto os justos como os ímpios hão de ressuscitar, os primeiros para a vida eterna e o outros para receberem a sentença e serem extinguidos. O cristadelfianismo, até hoje, possui estas duas ramificações básicas. Contudo, em 1923, um proeminente cristadelfo declarou: Há pelo menos doze fraternidades que chamam a si mesmas de cristadelfos, cada qual recusando associação com as demais onze. Principais afirmações doutrinárias Deus está distante ou presente? Os ensinos dos Cristadelfos receberam a influência dos Discípulos de Cristo que, por sua vez, não aceitavam a formação teológica e muito menos os seus termos. Por exemplo, rejeitavam o vocábulo Trindade, mas não o seu conceito implícito. A diferença entre os Discípulos de Cristo, de Campbell, e os Cristadelfos é que estes últimos não se opõem apenas aos termos que não se encontram na Bíblia, mas também aos conceitos inseridos nesses termos. As afirmações dos cristadelfos sobre Deus e sua natureza são, em alguns aspectos, semelhantes às dos unitaristas. O conceito que têm de Deus é de que ele seja um Ser ultratranscendental; isto é , não compartilha sua natureza com aqueles que a Bíblia chama de filhos de Deus. As Escrituras, portanto, ensinam que Deus tem grande interesse pelo homem, sua imagem e semelhança. Isto pode ser visto desde a queda, quando o Senhor Deus não deixou de proc urar o homem (Adão) que havia pecado (ou seja, caído), Gn 3.9. Mais adiante, no mesmo livro de Gênesis, 4.6 -7, constatamos mais uma vez o Senhor Deus interessando-se pelo homem. Agora, vemo-lo entregando uma palavra de aconselhamento a Caim, que pensava em transgredir. De fato, Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Outra afirmação questionável dessa seita está relacionada à essência de Deus. Os cristadelfos são plenamente unitaristas nesse aspecto. Enquanto os unicistas afirmam que Deus se manifestou em três modalidades (primeiramente como Pai, no Antigo Testamento; depois como Filho em carne; e, por último, como Espírito Santo), os unitaristas dizem que Deus é apenas a pessoa do Pai. O Filho não existia até ser gerado no ventre de Maria. Qualquer conceito quanto à divindade plena de Cristo é negada ou até mesmo omitida. Os conceitos heréticos do unitarismo estão presentes, como já dissemos, também em outras seitas. Mais uma vez citamos as Testemunhas de Jeová como exemplo, pois consideram que Deus, Pai, sempre existiu, mas Jesus não, este fora criado. Assim, Cristo teve um princípio de existência. Afirmam, ainda, que Jesus existia na forma de um anjo chamado Miguel, o arcanjo. Depois, sua vida foi transferida ao ventre de Maria, não como homem, porque, com a morte, ele deixou de existir. E concluem que Jesus ressuscitou apenas em espírito, seu corpo humano dissolveu em gases, tendo apenas uma ressurrei ção corporal aparente. Depois disso, Jesus retornou à sua forma natural, a de arcanjo Miguel.
2 2 a n i g á P
Jesus tinha natureza pecaminosa? Alguns têm afirmado que a cristologia dessa seita está de acordo com o conceito cristão. Mas isso não é verdade. O livro Princípios Bíblicos afirma sob o tópico A necessidade de salvação de Cristo: Por causa da sua natureza humana, Jesus experimentou pequenas enfermidades, cansaço etc., da mesma form a que nós. Depreende-se disto que se ele não tivesse m orrido na cruz teria morrido de alguma outra forma, por exemplo, de idade avançada. Em vista disso, Jesus precisava ser salvo da morte por Deus.1 Quanto à natureza pessoal de Cristo, afirmam ainda: É evidente que Jesus teve de fazer um esforço consciente e pessoal para ser justo; de modo nenhum ele foi forçado a ser apenas um fantoche.2 Ele tinha natureza humana, e compartilhou cada uma das nossas tendências pecaminosas.3 Era vital que Cristo fosse tentado como nós, para que através da sua perfeita vitória sobre a tentação ele pudess e alcançar o perdão para nós. Os desejos errados que são a base das nossas tentações vêm de dentro de nós, de dentro da natureza humana. Logo, era necessário que Cristo tivesse uma natureza humana tal que ele pudesse experimentar e vencer estas tentações.4 Outro absurdo que proferem é que Jesus tinha um conflito pessoal com o pecado: A resposta é que na cruz Jesus destruiu o poder do pecado nele mesmo, a profecia de Gn 3.15 é, primeiramente, sobre o conflito entre Jesus e o pecado.5 Tais afirmações são heresias puras, descabidas. E o universo evangélico tem sido invadido por elas. A fim de semearem suas doutrinas, os cristadelfos oferecem estudos bíblicos gratuitos. Cristãos, cuidado! As Escrituras, portanto, demonstram ampla e claramente a preexistência de Cristo. A saber: Cristo não teve princípio. Ele é Deus! No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus (Jo 1.1). Jesus Cristo sempre existiu. Ele estava com Deus. No princípio Ele era; isto é, Ele já estava presente. Cristo nã o fora criado. Sua eternidade pode ser vista até mesmo no Antigo Testamento: E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade (Mq 5:2). Quanto à questão da sua própria eternidade, vejamos o que Jesus tem a declarar: Disse -lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou (Jo 8.58). A natureza divina de Cristo Jesus Cristo foi chamado no Antigo Testamento de Emanuel, que quer dizer Deus conosco. Esta profecia de Isaías 7.14 cumpriu-se na vida de Jesus em Mateus 1.23, que diz: Eis que a virgem conceberá, e dar á à luz um filho, e chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco. Cristo existia primeiramente nos céus: Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a form a de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou -se a si mesmo, sendo obediente até a
3 2 a n i g á P
morte, e morte de cruz (Fp 2.7,8). Quanto à encarnação de Cristo, a Bíblia ensina enfaticamente: E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade (Jo 1.14). E mais: E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está no mundo (1 Jo 4.3). Cristo é perfeitamente santo O sacrifício de Cristo foi plenamente santo. Ele não tinha um a natureza pecaminosa subjugada pelo Espírito. Ele nunca fora tentado por sua própria natureza. O diabo, portanto, questionou e provou a Cristo com as adversidades da vida. Fez isso externamente (veja Mt 4.1). A epístola aos Hebreus tem como tema central a superioridade da obra de Cristo sobre to dos trabalhos efetuados no templo, inclusive sobre a administração sacerdotal. Diferente dos sacerdotes, que tinham de oferecer sacrifícios primeiramente pelos seus próprios pecados e depois pelo povo, Jesus sempre foi imaculado. Em Hebreus 7.22 -28, está escrito: De tanto melhor aliança Jesus foi feito fiador. E, na verdade, aqueles (levitas) foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer. Mas este, porque permanece eternamente, tem um sacerdócio perpétuo. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; que não necessita sse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, e depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo -se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento, que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre. Os conceitos heréticos dos cristadelfos não param por aí. Afirmam, ainda, que o diabo e os demônios são apenas uma influência impessoal. Que o Espírito Santo é uma força ativ a impessoal. E que, com a morte, todos ficam inconscientes. Como vimos, os cristadelfos são semelhantes, em muitos pontos, às Testemunhas de Jeová, aos unitaristas e aos arianos. Em artigos futuros, abordaremos mais a respeito dessa seita. Notas: Princípios Bíblicos, The Christadelphians, Duncan Heaster, 1999, p. 168. 2 Ibdem, p. 167 3 Ibdem, p. 161 4 ibdem, p. 164 5 Ibdem, p. 51 4 2 a n i g á P
6. Falsos fundamentos da verdade Por Hélio de Souza Foi-me dada uma cana semelhante a uma var a, e foi-me dito: Levanta-te, e mede o templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram - Ap 11.1
O único padrão para medirmos a veracidade das coisas divinas continua sendo o mesmo que o Senhor Deus entregou ao homem: a sua infalível Palavra, ou seja, as Sagradas Escrituras. No mundo de hoje, com múltiplas seitas e múltiplas propostas de verdade religiosas, mais do que nunca precisamos nos apoiar nos fundamentos de nossa fé. Caso contrário, seremos arrastados por sutilezas de argumentos que, embora aparentemente racionais, não condizem com as verdades bíblicas. E digo isto para que ninguém vos engane com palavras persuasivas (Cl 2.4). Nem todos param e ponderam o que escutam e por isso se deixam convencer por afirmações ou razões falsas. Além de racional, o homem é um ser emocional e social, portanto influenciável por esses fatores. As pessoas buscam apoio para suas convicções em fontes turvas e se apóiam em alicerces frágeis, envenenando seu espírito e enveredando por caminhos que não pertencem ao Deus vivo. Dentre os elementos que as pessoas procuram (consciente ou inconscientemente) basear suas crenças, podemos citar: Quantidade No monte Carmelo eram oitocentos e cinqüenta profetas de Baal e do poste -ídolo contra um único profeta do Senhor, Elias (1Rs 18.19). Não precisamos diz er quem detinha a verdade. Não importa o número de pessoas que crêem em certa afirmação, esse fato, no entanto, não torna tal afirmação verdadeira. A quantidade de muçulmanos (cerca de um bilhão) que crêem no Alcorão não torna o livro islâmico na verdadeira Palavra de Deus. Julgar uma crença pelo número de adeptos é medi-la com um padrão extremamente falível. Se Colombo assim pensasse, jamais descobriria a América. Nesses casos, os números mentem. Isso não quer dizer que algo torna-se verdadeiro somente porque são poucos os seus defensores. As pequenas seitas geralmente citam a porta estreita (Mt 7.14) para justificar a perdição de bilhões de pessoas por não aceitarem seus ensinos absurdos, alegando que poucos entram por ela. Não esqueçamos que pouco é relativo. Sessenta milhões de crentes na China é relativamente pouco para uma população de um bilhão e duzentos. Todavia, se esse número fosse no continente Europeu seria bastante expressivo. Portanto, a nossa fé não se apóia na adesão de poucos ou de muito s. O prumo das Escrituras ignora resultados numéricos, embora o mundo moderno ame as estatísticas. Seguir multidões não é sinônimo nem antônimo de seguir a Cristo. Independente de qualquer coisa, a Palavra de Deus continua sendo a Palavra de Deus, quer ouçam quer deixem de ouvir (Ez 2.7).
5 2 a n i g á P
Antiguidade A antiguidade de uma crença jamais será garantia de sua veracidade. O politeísmo é quase tão velho quanto a humanidade, mas isso não o torna aceitável. Astrólogos e reencarnacionistas gostam de apoiar-se sobre esse fundamento, vangloriando-se de vestígios mesopotâmicos e egípcios de suas práticas. Mas a verdade não vive de múmias. Os antigos podem estar tão errados quantos os modernos. O movimento Nova Era, em sua adoração ao primitivo e ao antigo, não tem r estaurado a verdade, mas, sim, ressuscitado o paganismo. Não devemos menosprezar as tradições como desprovidas de valor, como também não devemos superestimá-las. O catolicismo, ao colocar a tradição em pé de igualdade com a Bíblia, sancionou erros históricos quando deveria extirpá-los com a régua de Deus. O que a Reforma Protestante fez foi apenas começar a aplicar o padrão divino (leia-se Escrituras Sagradas) depois de séculos de desvio doutrinário. E assim invalidaste o mandamento de Deus pela vossa tradição (Mt 15.6). Esse tem sido o problema com muitas doutrinas: querem ser mantidas pelo aval dos anos, quando a história ensina que o tempo desgasta e distorce ao invés de edificar. Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosof ias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo (Cl 2.8) Sucesso Sucesso transformou-se na palavra do momento, capaz de justificar qualquer comportamento e validar qualquer conceito. As pessoas es tão dispostas a aceitar qualquer ensino - mesmo o evangelho, se este as levar ao sucesso imediato. Se uma pessoa teve sucesso na vida, então tudo o que ela diz d eve ser verdade; mas se alguém não é bem-sucedido, segundo os padrões seculares atuais, então o que ele ensina deve ser descartado em favor de outro ensino melhor. Uma mensagem de deixa tudo e segue -me ou negue-se a si mesmo soa muito fracassada. Os mártires já não são bem-vistos, e ninguém mais ouve os seus ensinos. Mas qualquer líder religioso hoje que demonstre e prometa prosperidade, felicidade e sucesso é considerado verdadeiro. Sabemos que a verdade pode tornar alguém bem -sucedido. Mas isto não significa que alguém bem sucedido pode tornar qualquer coisa verdadeira. Pessoas de sucesso pode m estar avançando por caminhos que não pertencem a Deus. Nem toda a fama de Paulo Coelho pode dar validade ao conteúdo de seus livros. Eles não passam de ficção repleta de idéias pagãs que ma tam ao invés de dar vida. Pois tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte. Somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo! Nós fracos, mas vós sois fortes! Vós sois ilustres, nós desprezíveis. Até esta presente hora sofremos fome, sede, e nudez; recebemos bofetadas, e não temos pousada certa. Afadigamo -nos, trabalhando com nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando somos perseguidos, sofremos; quando somos difamados, consolamos. At é ao presente temos chegado a ser como 6 o lixo deste mundo, e como a escória de todos (1Co 4.9 -13). 2 a Sinceramente, essa descrição do ministério apostólico está bem longe do conceito moderno de sucesso.
n i g á P
Todavia, foi escrita por um dos homens que lançaram os alicerces da Igreja e do evangelho. Moralidade A verdade de Deus deve produzir justiça e gerar santidade.Ela não é apenas algo para a rmazenarmos mentalmente. Temos de andar na verdade (3Jo 3,4), e não simplesmente conhecê-la. Nosso procedimento comprova a nossa fé. Por outro lado, é perigoso colocar o comportamento como fundamento da verdade. As boas obras impressionam de tal forma que muitos pressupõem que se alguém prega e faz bem ao próximo então seu ensino deve definitivamente ser verdadeiro. Na verdade, as boas obras devem ser estimuladas e praticadas, mas elas não confirmam qualquer doutrina. O espiritismo, por um lado, exalta a caridade e, por isso, conquista o respeito da opinião pública. Por outro lado, no entanto, fomenta a consulta e incorporação dos chamados espíritos de luz, levando muitos ao pecado e à influência satânica. Suas boas obras, porém, não podem justificar seus erros. O apóstolo Paulo muitas vezes defrontou-se com homens que por um lado apresentavam aparência de justiça mas, por outro, sustentavam ensinos contrários ao evangelho. Certas ocasiões, os discípulos de Paulo ficavam perplexos, mas tinham de concordar com ele quando a situação exigia que alguns homens que aparentemente viviam uma vida justa precisavam ser condenados. Em uma dessas ocasiões a resposta do apóstolo aos seus discípulos foi: E não é de admirar, pois o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transformem em ministros da justiça. O fim deles será conforme as suas obras (2Co 11.14,15). Todos os que servem a Deus devem ser justos, mas nem todos aqueles que possuem aparência de justiça servem a Deus. O amor não é equivalente à verdade, embora os dois tenham de andar juntos. Beleza Hoje, o mundo procura um Deu s estético, e não um Deus ético. Todos querem uma religião de aparência, que pareça bonita, sem se importar se ela é verdadeira ou não. Trocam facilmente o conteúdo pela forma. Os muçulmanos gostam de dizer que uma das provas da inspiração do Alcorão é a s ua beleza. Que eles nos perdoem, mas se esse fosse o caso, a Bíblia ganharia de longe. O poeta libanês Kalil Gibran orou a Deus e disse: Dizer a tua verdade, envolta em tua beleza. Não podemos negar a beleza de seus versos, mas também não podemos considerá-los infalíveis. Só as Escrituras são infalíveis, mesmo quando não são belas. Nem tudo o que é belo é necessariamente bom e verdadeiro. Nem tudo o que é verdadeiro tem de ser necessariamente belo, mas com certeza é bom. Não podemos esquecer que aquele q ue é a Verdade, quando esteve entre nós, não tinha parecer nem formosura; e, olhando nós para ele, nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos... Como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum (Is 53.2,3). S e buscarmos somente a beleza por certo a encontraremos em muitos lugares. Mas se buscamos a verdade só a encontraremos na Palavra de Deus. Um belo hino, uma pregação eloqüente e um texto bem-escrito podem facilmente conter inverdades que serão aceitas por causa de sua beleza. Pior que um veneno, é um veneno gostoso, perfumado e bem -
7 2 a n i g á P
embalado. Isso é típico de Satanás. Diz a Bíblia sobre ele: ...corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor (Ez 28.17). Não podemos nos esquecer: o pai da mentira é um belo ser. Agradabilidade Ninguém se tornará popular pregando a doutrina do inferno. Ela não agrada aos ouvidos. Os que rejeitam a idéia de um inferno de fogo, onde os ímpios passarão a eternidade, não a rejeitam por não ser bíblica, mas por sua dureza. Da mesma sorte, os que a pregam não o fazem com um s enso de prazer, mas de fidelidade às Escrituras. A verdade nem sempre é totalmente doce. Fui, pois, ao anjo, e lhe pedi que me desse o livrinho. Disse-me ele: Toma-o, e come-o. Ele fará amargo o teu ventre, m as na tua boca será doce como mel (Ap 10.9). As pessoas têm a tendência de adocicar a mensagem que pregam para não repelir os ouvintes, e fazem isso extraindo de seu conteúdo elementos que possam causar algum desconforto. É uma atitude perigosa , e pode comprometer tanto o que ensina quanto o que ouve. Duro é este discurso. Quem poderá ouvi -lo? (Jo 6.60). O rico foi embora porque Jesus não quis suprimir as exigências da salvação (Mc 10.21,22). Não que a verdade seja um monte de espinhos ou que tem por obrigação incomodar as pessoas. Mas apegar -se a um ensino somente porque ele traz conforto e nenhuma repreensão é correr grave risco. Deus é bom e justo. Abraçar sua bondade e rejeitar sua justiça tem sido a atitude de muitos. Um Deus que julga, condena e castiga o pecado tem-se tornado cada vez m ais impopular. A LBV chega ao ponto de interceder por Lúcifer para que ele seja salvo e o universalismo prega a salvação de todos os homens. São colocações agradáveis em termos de religião, mas não são verdadeiras, portanto não salvam. Erudição As palavras erudição e verdade não são sinônimas. Porque alguém sabe muito, não significa que saiba a verdade. É muito fácil se impressionar com a cultura de uma pessoa e achar que pelo seu grande conhecimento ela deve estar certa em suas afirmações. Em se tratando das coisas de Deus, a cultura pode ser irrelevante. É claro que muitos dos escritores inspirados da Bíblia apresentavam cultura e erudição, mas não foram essas coisas que confirmaram a Palavra de Deus como padrão. Ao lermos as epístolas de Paulo, não é a erudição do autor humano que importa, mas a inspiração do Autor divino. Os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, mas nós pregam os a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, e loucura para os gregos (1C o 1.22). Sócrates, Platão e Aristóteles tiveram sua importância histórica, mas não foi por eles que a verdade de Deus se estabeleceu. Nesse aspecto, o iletrado Pedro foi instrumento de Deus para proclamar a verdade inspirada. Homens como Marx, Engels e Nietzsche foram filósofos de conhecimento e profundidade extraordinários. Mas seus ensinos se mostraram falsos e destrutivos ao longo da história. Até o pensamento científico, visto como árbitro de todas as afirmações, já d efendeu enormes absurdos. Não rejeitamos a ciência, mas também não podemos tomá-la por infalível. Só Deus é infalível. Somente a sua Palavra determina o que é certo e o que é errado, o que é falso e o que é veraz: Disto também falamos, não com palavras de 8 sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina... (1Co 2.13). 2 a n i g á P
Convicção É mais comum do que se pensa errar com convicção. Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte (Pv 14.12 ). Alguém pode pregar e ensinar o erro com mais entus iasmo do que aqueles que ensinam a verdade. Uma crença não é verdadeira somente porque seus seguidores se dispõem a morrer por ela. O martírio pode honrar a v erdade, mas jamais pode tornar verdadeiro aquilo que é falso. Sem dúvida, Hitler estava totalmente convencido das idéias loucas do nazismo e as proclamou com tamanha convicção que conseguiu influenciar uma nação inteira. Esse fato, porém, não tornou (e não torna) a doutrina nazista veraz. Principalmente quando no meio de uma massa, o ser humano tende a ser sugestionado pelos sentimentos e começa então a reagir como o grupo. Qualquer pessoa que proclame algo com insistência pode influenciar outras a aceitarem coisas que não são verdadeiras. Em Atos 17.10,11, aconteceu algo interessante. Os irmãos da cidade de Beréia, para onde Paulo e Silas foram enviados, receberam de bom grado a pregação desses dois homens de Deus, mas não deixaram de examinar nas Escrituras para ver se o que falavam era de fato verdadeiro: Ora, estes foram mais nobres do que os de Te ssalônica, pois de bom grado receberam a palavra, examinando a cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim. À lei e ao testemunho Não rejeitamos a popularidade, a tradição, o sucesso, a moralidade, a beleza, os benefícios, a erudição e a convicção resultantes da verdade. Mas não podemos considerar essas coisas um padrão para a nossa fé. Cremos na Palavra de Deus como única norma. A importância em excesso conferida a outras coisas tem afastado muitos do Caminho. E o pior: tem lhes causado um sent imento de segurança e satisfação que os impede de ver a verdade. Temos de conhecer os verdadeiros fundamentos da nossa fé e esperança, e sobre esses fundamentos construir os alicerces de nossa existência. À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva (Is 8.20).
9 2 a n i g á P
7. Falun Gong A seita que abalou o comunismo na China Nestes últimos dias, temos visto, nos principais meios de comunicação de todo o mundo, inclusive do Brasil, muitas reportagens sobre um estranho movimento denominado Falun Gong. As matérias declaram que essa seita, de aproximadamente 100 mil seguidores, foi classificada pelo governo da China como uma organização ilegal e demoníaca. Mas, afinal, o que é a Falun Gong? Quem é o seu líder? O q ue ela ensina? Por que essa seita incomoda tanto o governo comunista chinês? As perguntas podem até parecer simples, mas as respostas, não. A Falun Gong ou Falun Dafa - (fa significa lei ou princípio; lun, roda; e gong denota energia para cultivação) surgiu em 1992, na China. Seu fundador, Li Hongzhi, que vive nos EUA, ensina uma vida regrada e a prática de exercícios de meditação e respiração todas as manhãs, cujo objetivo é expandir a consciência. Para aqueles que seguem seu regime de exercícios e seu s padrões morais, a Falun Gong é meramente um meio de atingir a boa condição física e a melhoria pessoal. Uma de suas seguidoras, Caroline Lam, declarou a um repórter: Não adoramos ninguém. Não temos nenhum ritual. Todos têm a liberdade de entrar e sair, e não temos uma organização propriamente dita1. Para Lam e os demais membros da seita que se reúnem periodicamente para a prática dos cinco exercícios receitados (nos quais estão incluídos os movimentos lentos e controlados e as técnicas de respiração), o motivo de seguirem o Falun Gong é o alívio da tensão e os benefícios à saúde que alcançam. Li Hongzhi disse: Somos membros comuns da sociedade... Só que nos levantamos cedo para realizar os nossos exercícios. Somos um movimento em massa popular para a realização de exercícios2. Não obstante, seria um engano definir a Falun Gong como um simples culto à saúde e à boa forma. A filosofia por trás de seus exercícios e código moral tem um significado mais profundo. Supostamente arraigada nas doutrinas budistas e taoístas, a seita Falun Gong alega ser uma Lei Budista, mas não é propriamente budista. Segundo afirma, está mais estreitamente vinculada à antiga prática chinesa qigong (uma forma do taoísmo voltada à disciplina pessoal: moralidade, meditação e exercícios de respiração) para obter energia espiritual e/ou força vital. De acordo com Li Hongzhi, os benefícios da Falun Gong são variados. Entre eles, inverter o processo de envelhecimento e receber a cura de enfermidades crônicas e capacidades supranormais, como, p or exemplo, ver através da matéria com um terceiro olho3. O líder do movimento Li Hongzhi nasceu em 1951, em Changchun, na província de Jilin, nordeste da China. Consta que ele estudou qigong desde os quatro anos de idade, nas montanhas da China, sen do aluno dos mestres da antiga tradição chinesa até desenvolver seu próprio tipo de qigong. Li disse que foi escolhido por seus mentores para receber os princípios daquilo que veio a ser a ideologia da Falun Gong. Atualmente reside em Manhattan e vive dos direitos autorais de seus livros 4.
0 3 a n i g á P
Por suas alegações, seus ensinos e modos de agir têm relevância incomparável. Ele diz, ainda, que sua autoridade espiritual é superior à de Maomé, Buda e Jesus que, segundo Li, também era um Buda. Li diz também que um s er supremo o comissionou para vir à terra e salvar a humanidade da corrupção moral e dos males tecnológicos da ciência. Aproveitando-se de um renovado interesse pelo qigong durante este último quarto de século, especialmente entre os universitários e os d esempregados, Li lançou o Falun Gong, que rapidamente cresceu para se tornar num movimento de grande porte. Os seguidores de Li consideram seus escritos sagrados, sobretudo seu texto principal, o Zhuan Falun (Girando a Roda da Lei), publicado em 1994. É u ma compilação dos ensinos de Li para orientar o cultivo dos indivíduos na verdade do cosmos 5. Uma propaganda da prática Falun Dafa alega: O praticante genuíno receberá ganho natural sem por ele ansiar. Toda a energia para ser cultivada, e toda a Lei, estã o no Livro, e a pessoa as obterá de modo natural ao ler toda a Grande Lei... Não importa quantos livros de escrituras forem publicados, todos servem de material para ajudar no Zhuan Falun. É somente Zhuan Falun que está orientando de modo geral esse cultiv o.6 Posto que os ensinos de Li supostamente levam à melhoria da saúde e ao rejuvenescimento, os remédios são apenas para aqueles que não crêem de modo apropriado. O atendimento médico é proibido entre os seguidores de Li, que alega na cara dura que eles podem ter a saúde restaurada mediante a leitura de seus livros. A prática do Falun Gong, segundo alegam seus adeptos, possui poder de alisar as rugas, devolver a cor original aos cabelos brancos, restaurar os ciclos menstruais às mulheres depois da menopausa e curar a tuberculose. Suas doenças serão eliminadas diretamente por mim, escreve Li 7. Li afirma que possui o poder de implantar nos seus seguidores o falun, ou roda da lei. À medida que seguem seus exercícios e se submergem em seus ensinos e meditam neles, conseguem fazer uma ligação direta com o poder da força vital, purificar seu espírito do carma maligno que tanto prevalece no mundo e desencadear seu potencial para um novo tipo de energia. Li, num tom autoritário e exclusivista, declara de si mesmo: No que diz respeito ao seu cultivo, você precisa de um mestre que o proteja e se importe com você 8. O fundador da Falun Gong entende que o mundo moderno, com sua decadência moral lado a lado com os males da ciência está caminhando para a desgraça total, exceto aqueles que confiam nas doutrinas dessa seita para a salvação. Referindo-se à destruição vindoura, escreve: O universo em que agora vivemos é uma entidade reconstruída depois de nove explosões catastróficas. O planeta onde habitamos já passou muitas vezes por destruição 9. Li alega ter sido enviado para salvar a humanidade da sua triste situação. Somente ele conhece a verdade do cosmos e o que o futuro nos reserva. Somente por meio da iluminação recebida por ele é que poderemos escapar da cala midade: O futuro parece sombrio, a não ser para aqueles que se purificam com o Falun Gong e se esforçam para alcançar um plano superior 10. Segundo a opinião de Li, as raças não devem ser misturadas entre si. Crianças de raça mista, nota ele, são sintoma do declínio da sociedade. Cada raça tem sua própria biosfera específica, e sempre que nascem crianças de um relacionamento entre raças diferentes elas são pessoas defeituosas. E argumenta, ainda, que o próprio céu está segregado: Qualquer pessoa que não pe rtencer à sua respectiva raça não receberá
1 3 a n i g á P
cuidados. Não sou apenas eu quem diz isso. É a pura verdade. Estou revelando a vocês o segredo do céu11. As práticas de Li A filosofia e doutrina de Li, e suas instruções para os exercícios, são gravadas e acomp anhadas com música de fundo. E contêm referências, repetidas muitas vezes, a deidades budistas obscuras, e também um ritual prolongado, no qual os alunos movimentam uma roda da lei pelo seu corpo inteiro. O propósito... é conseguir que essa roda, com seu s supostos poderes terapêuticos, passe a habitar no abdome da pessoa 12. Uma vez que a pessoa começa a assimilar os ensinos e a ideologia dessa seita, são induzidas a apelos mais profundos e mais esotéricos ao melhoramento pessoal. Os mais avançados no pr ograma testificam que a Falun Gong permite à pessoa: Abrir todos os canais de energia no corpo; Conseguir a sabedoria e a aumentar o seu nível de energia; Misturar e trocar entre si as energias tanto do cosmos quanto do corpo humano, a fim de purifi car-se rapidamente; Circular energia, sem atritos, pelo corpo inteiro; Conseguir uma mente lúcida e pura, a fim de fortalecer os poderes sobrenaturais e aumentar a potência da energia 13. A pessoa, ao se convencer da eficácia da Falun Gong no primeiro nível, se dispõe a passar para o nível seguinte e buscar as doutrinas que há por trás dos exercícios. Então, ela precisa dar o que parece ser um grande salto de fé. Visto que os devotos verdadeiros dessa seita não podem, em nenhuma hipótese, procurar tratamento médico, mesmo quando muito doentes, sua única linha vital de sobrevivência é a fé que mantêm em Li. Infelizmente, para alguns, isso não foi suficiente. Os seguidores são proibidos de consultar os médicos em casos de doença, diz uma reportagem na Ins ide China (Dentro da China), citando um pesquisador da Academia Chinesa de Ciências: Como resultado, alguns já morreram, a o passo que outros enlouqueceram com a prática de qigong 14. A maioria dos seguidores da Falun Gong desconsidera semelhantes relatos, dizendo serem falsos ou exagerados. Existem, na realidade, dezenas de milhares d e pessoas que concordariam com um dos líderes do movimento quando disse: Essa é a prática mais real que já descobri. É o que andava procurando durante a minha vida inteira15. Por que essa seita incomoda tanto o governo comunista chinês? De acordo com a opinião do governo chinês, vários fatores fazem da Falun Gong uma ameaça real: 1. O número de chineses que praticam os ensinos de Li Hongzhi possivelmente seja maior do que a afiliação total do Partido Comunista Chinês; 2 2. Alguns dos adeptos da Falun Gong são comunistas portadores de carteira, até mesmo g enerais dentro 3 a n do exército chinês; i g 3. Os membros arrolados na Falun Gong incluem também milhares de pessoas no Ocidente, e Li reside com á P
sua família em Manhattan (o governo chinês considera suspeitos semelhantes contatos fora da China); 4. Os ensinos espirituais de Li são certamente incompatíveis com a doutrina atéia do comunismo chinês; 5. As demonstrações em massa, cada vez mais numerosas, realizadas pelos líderes da Falun Gong têm subvertido a ordem social e forçado confrontações com o governo; 6. O fato de a Falun Gong brotar da esperança do melhoramento pessoal e da felicidade do crescente número de seus adeptos, que saem do partido comunista chinês, demonstra que o comunismo foi um fracasso; 7. A ascensão da Falun Gong relembra os movimentos espirituais do passado, que pareciam inócuos, mas que, de repente, cresceram e se transformaram em forças políticas poderosas que acaba ram derrubando as dinastias existentes. Sabemos da tradicional intolerância do governo comunista chinês, porém, alguma coisa está terrivelmente errada na doutrina de Li. Infelizmente, inúmeras pessoas têm flertado com várias disciplinas espirituais de d iferentes tradições religiosas e, não demora muito, se cansam de uma delas e passam adiante para algo novo, mas sempre mantendo a crença de que todas as religiões ensinam, basicamente, as mesmas verdades. Para um número sempre crescente de pessoas, a Falun Gong é a moda passag eira espiritual da atualidade. Tais pessoas estão conscientes de que Li insiste no fato de que somente a obediência fiel aos seus ensinamentos trará a verdadeira iluminação e salvação a quem procura a verdade ulterior. Li enfatiza o ca ráter distintivo da sua doutrina quando declara: Falun Dafa é totalmente um dos modos tradicionais da cultivação [religião] na teoria, e da teoria de alquimia interna em vários sistemas e escolas16. Os praticantes da seita Falun Dafa são obrigados a obedecer à primeira regra de Li Hongzhi: Ninguém pode propagar outras religiões em nome da prática do Falun Dafa.17 Para os ecléticos que seguem elementos selecionados de várias tradições religiosas, os ensinos dogmáticos de Li devem ser desconcertantes. Mesmo assim, a publicidade da Falun Gong não é realmente diferente das bandeiras agitadas em público ao longo do desfile dos movimentos religiosos que têm aparecido em nossa sociedade nos últimos anos prometendo boa saúde e enriquecimento mental. Todavia, as pro messas dessas religiões servem apenas para mascarar sua asseveração esotérica de que elas são o único caminho para a verdade ulterior. Isso fica mais aparente na religião de Li Hongzhi. Embora os adeptos da Falun Gong digam às pessoas que as doutrinas de seu fundador são exatamente o que o médico receitou, na realidade a receita de Li consiste de pílulas amargas que a maioria das pessoas tem de engolir. Aversão à medicina moderna e falta de amor A última das treze exigências básicas e assuntos de a tenção para a prática da Falun Gong contém algumas palavras sinistras da parte de Li: Se algumas cenas aterrorizadoras interferirem com você, ou se você se sentir ameaçado, é só dizer, de si para si: estou protegido por meu mestre. Não tenho medo de nada. Você pode entoar o nome do mestre Li, e continuar com a sua prática 18. Embora a intenção dessa declaração seja garantir aos praticantes da Falun Gong que eles receberão a proteção do mestre Li enquanto praticarem os exercícios por ele receitados, ela revela duas realidades a respeito de Li e de sua disciplina espiritual. Primeiro: o contato com os espíritos é uma possibilidade quando alguém pratica tais exercícios. Em segundo lugar, do ponto de vista cristão fica claro que o próprio Li tem alguma conexão com o âm bito das trevas. Se as pessoas em geral devem ficar aflitas com os ensinos de Li, os cristãos, por sua vez, devem
3 3 a n i g á P
ficar ainda mais atentos com a natureza ocultista relacionada a esses exercícios (1Tm 4.1 -2). Conforme vimos, muitos críticos da Falun Gong r essaltam a aversão que Li tem à medicina moderna, aversão esta que, segundo declaram, tem levado à morte ou à loucura muitos adeptos dessa seita. Os cristãos devem se preocupar não somente com essa crença alarmante, mas também com a doutrina de Li a respeito do poder sobrenatural que supostamente dissipa todas as enfermidades físicas. A pessoa recebe esse poder quando Li abre o Olho Celestial do praticante, ou seja: o canal principal... localizado entre o ponto de encontro das sobrancelhas e o corpo pineal. Usualmente, vemos com nossos olhos físicos. São esses mesmos dois olhos que servem como anteparo e bloqueiam a nossa passagem para outros espaços e, com isso, conseguimos ver apenas o que existe no nosso mundo físico. Abrir o Olho Celestial nos capacita ver sem empregarmos os dois olhos. Depois de alcançarmos um nível muito alto de cultivação, obtemos um Olho Verdadeiro... eu lhe abrirei os seus Olhos Celestiais diretamente para a dimensão da Visão do Olho da Sabedoria. Realmente, estou aqui para a brir o Olho Celestial em grande escala 19. Aqueles que estão familiarizados com o ocultismo da Nova Era notarão a semelhança entre o Olho Celestial e o Terceiro Olho. Os dois movimentos prometem aos fiéis genuínos que eles receberão conhecimentos esotéricos e poderes ocultos. O apóstolo Paulo, no entanto, afirma que somente Cristo fornece poder e sabedoria verdadeira: Mas para os que são chamados, tanto judeus como g regos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus (1Co 1.24). Diz Li: Eu, de modo especial, transmito o Grande Caminho da Cultivação Budista, para o qual fui despertado durante eras inumeráveis do passado20. A r espeito dos falsos mestres nos seus dias, declarou Paulo: Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, eng anando e sendo enganados (2 Tm 3.13). Enquanto Li Hongzhi desdenha o nosso mundo, considerando -o lixo do universo, onde toda a corrupção é depositada, Jesus Cristo, em sua compaixão, foi compelido a abraçar os sofrimentos deste mundo caído. E não só isso. O Filho de Deus morreu miseravelmente numa cruz para nos reconciliar com o Criador. Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar -nos a Deus (1Pe 3.18). Deus amou as pessoas que habitam na lixeira do universo, e por elas morreu: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). É o tipo de amor que, indiscutivelmente, está ausente nos ensinos de Li Hongzhi. Notas: 1. Stephen Hutchson: The Man China Fears Most, Sydney Morning Herald, 7 de maio de 1999. 2. Ibid. 3. O Poder da Força´, Newsweek: Edição Internacional, 10 de maio de 1999. 4. Seita Chinesa Atrai Muitos Seguidores, USA Today, 26 de abril de 1999. 5. Kai Strittmatter: Como o Mestre Li Canaliza a Energia Cósmica,German Scientology News (tradução), 27 de abril de 1999. 6. Comece a Aprender Falun Dafa, Web-site de Falun Dafa 7. Faison.
4 3 a n i g á P
8. Andreas Landwehr: Serviço de Informações da China Surpreendido po r Protesto Grosseiro de Seita, 26 de abril de 1999. 9. Don Lattin: Reavivamento Espiritual: Falun Gong Cresce em Popularidade nos EUA e na China, San Francisco Chronicle, 10 de maio de 1999, sec. A. 10. German Scientology News, reportagem sobre O Grande C aminho da Perfeição de Li, citada em Strittmatter. 11. Ibid. 12. Elisabeth Rosenthal: Enquanto o Movimento Místico se Reúne, o Governo da China se Preocupa, The New York Times, 29 de junho de 1999. 13. Lattin. 14. Autoridades Advertem Seita para não ser Ameaça à Estabilidade Social, Inside China, 29 de abril de 1999. 15. Lattin. 16. Li Honzhi: Características Distintivas do Sistema de Prática, Grande Caminho da Perfeição da Lei de Buda Falun, 1997. 17. Ibid., Apêndice IV. 18. Li Hongzhi, China Falun Gong, ed. rev. (1998, versão em inglês). 19. Li Hongzhi: Olho Celestial, China Falun Gong. 20. Li Hongzhi: Características Distintivas do Sistema de Prática. Grande Caminho da Perfeição da Lei de Buda Falun. (Matéria publicada originalmente no Christian Research Journal do ICP dos Estados Unidos com o título: Falun Gong The World Is Wathing & Joining. Escrita por Christine Dallman e Isamu Yamamoto e adaptada pelo ICP do Brasil, a tradução é de Gordon Chown).
5 3 a n i g á P
8. A Invasão do Oriente Por Eguinaldo Helio ... porque se encherem dos costumes do Oriente... (Is 2.6) O que seria de Portugal e da arte de navegação sem a bússola? Talvez estivesse ainda nas primeiras remadas e o mundo muito menos explorado e desenvolvido que hoje. O que seria da arte e da escrita sem o papel? Talvez profunda, em termos de conteúdo, mas restrita em sua divulgação. O que seria das guerras sem a pólvora? Difícil dizer. Todas estas invenções, no entanto, viajaram do Oriente ao Ocidente, e vice-versa, e transformaram o mundo. Todavia, o Oriente sempre foi avesso a intercâmbios com outros povos. É fácil notar isso na forma reservada com que os imigrantes japoneses, chineses e coreanos se relacionam com as outras pessoas aqui no Brasil. Mas, de uns tempos para cá, este quadro vem mudando radicalmente. Não só o Ocidente parece querer absorver, com avidez e sem qualquer critério, tudo o que vem do extremo leste, como também os próprios orientais divulgam suas filosofias e conceitos religiosos com uma dedicação quase missionária . Em 1935, o historiador Will Durant já havia detectado este fenômeno: Em nossos tempos, a Europa recorre cada vez mais à filosofia do Oriente (alguns exemplos são: Bergson, Keyserling, Ciência Cristã, Teosofia). Por outro lado, o Oriente recorre cada ve z mais à ciência do Ocidente. Uma Segunda Guerra Mundial pode deixar a Europa aberta ao influxo da fé e filosofias orientais....1 E, de fato, isto aconteceu. Aspectos filosóficos e religiosos O Ocidente tem sido invadido maciçamente por idéias filosófic as e religiosas importadas do Extremo Oriente, lembrando que, ali, a linha divisória entre filosofia e religião é muito tênue. Mesmo quando negam a religiosidade de suas práticas, os mestres da ioga e da meditação oriental, entre outras, não conseguem esconder o elemento religioso por trás delas. Shotaro Shimada, professor de ioga há quase 50 anos, afirmou: Ioga não é exercício, não é religião nem psicologia, porém, ao mesmo tempo, abrange tudo isto. Depois prossegue em uma afirmação contraditória: Ioga é a transformação da maneira de ser para o indivíduo entrar em sintonia com a natureza e com Deus. Em nosso conceito, isto é religião. O difícil é saber o que ele quer dizer com Deus, se 6 é o Pai do Jesus Cristo pregado pelo cristianismo ou um deus impess oal do Oriente. 3 a A medicina é um claro exemplo. Algumas medicinas alternativas, por exemplo, têm sido aceitas até mesmo
n i g á P
por certas entidades médicas, embora os conceitos por trás delas apresentem elementos totalmente estranhos à ciência ocidental. Fundamenta-se em conceitos que não podem ser constatados empiricamente, pois derivam de noções místicas e não científicas. Também o Feng Shui, uma antiga arte chinesa de criar ambientes harmoniosos, oferecendo, dessa forma, um sistema completo ligado intimamente à natureza e ao Cósmico, vem sendo cada vez mais procurado, tanto para aplicações domésticas como para aplicações empresariais. Originou-se há cerca de 5000 anos, nas planícies agrícolas da China Antiga. A tradução literal do termo Feng Shui é vento -água. Mas, para os chineses, significa muito mais que isso. Acreditam que essa arte é como o vento, que não se pode entender, e como a água, que não se pode agarrar. Vemos, assim, a estranha aliança entre o pensa -mento ocidental, sempre tão lógico e objetivo, com o oriental, que, neste caso, se apresenta místico e subjetivo. Outra vertente em que estes elementos podem ser destacados é a prática de esportes. Algumas artes marciais difundidas hoje adquirem contornos particulares aqui, diferenciando -se de seus conceitos místicos originais, porém, convém lembrar que nem mesmo as atividades físicas praticadas no Oriente eram dissociadas de sua visão da vida. Não existe esta clara distinção entre vida secular e religiosa. Sem generalizar, estas práticas esportivas envolvem, mu-tas vezes, ritos e crenças. Chacras, krishna, do-in, medição transcedental, incensos, saris, ioga, ofurô, yin e yang, mantra, avatar, etc. Estas são algumas palavras que, pouco a pouco, passam a fazer parte do cotidiano do Ocidente e caracterizam a influência espiritual que países como a Índia, China, Japão, etc, têm exercido sobre a nossa cultura. Muitas práticas orientais não se constituem em uma religião propriamente dita, mas envolvem conceitos religiosos. Ser um com o Universo, por exemplo, nada tem a ver com nossa comunhão com o Pai e com o seu Filho, Jesus Cristo (1Jo 1.3). A primeira admite um universo monista, no qual Deus é tudo e tudo é Deus, ressaltando que Deus, para um chinês, por exemplo, não é o mesmo que Deus para um judeu. As religiões orientais e a nova era Os elementos cristãos nos ensinos correntes da Nova Era nada mais são do que uma forma de maquiar seus verdadeiros fundamentos, para que ser tornem mais aceitáveis ao pensamento ocidental. Uma espiritualidade que não inclua Jesus Cris-to, não inclua a fé ou os evangelhos, de algum modo será automaticamente olhada com desconfiança. Mas estes conceitos são enfraquecidos por noções estranhas. Os adeptos da Nova Era afirmam que Jesus esteve, dos doze aos trinta anos, entre os sábios da Índia e do Tibete. Com isso, transformam Jesus em um guru oriental, ao invés de um Messias judaico. A fé é apenas fé, mas não uma fé em Cristo ou nos evangelhos. Não é uma fé objetiva, ligada aos fatos, porque a religião oriental é bastante r elativista e intimista; ou seja, está mais ligada ao que cada um pode perceber do que aos fatos propriamente ditos. A revelação cristã, contida em suas Escrituras, é colocada em pé de igualdade com os livros sagrados das demais religiões. Se há alguma dose de cristianismo na Nova Era, certamente trata-se de um cristianismo segundo a visão oriental.
7 3 a n i g á P
Os verdadeiros fundamentos deste movimento estão relacionados à religião oriental. Os verdadeiros critérios que regem sua espiritualidade e concepção do mundo e da vida se encontram no hinduísmo, no budismo e no taoísmo. A reencarnação, a doutrina do carma, o yin e o yang, a vinda de Maytréia, a meditação ao estilo hinduísta, etc., são elementos religiosos orientais. Embora outros elementos se acrescentem à Nova Era, como, por exemplo, a crença em discos voadores ou em figuras da mitologia nórdica ou animista, as principais bases são exatamente estas que acabamos de referir. Não se pode dizer que esteja sendo realizada uma fusão entre o cristianismo e as religiõe s orientais. Na fusão não ocorre perda de valores e de conceitos. Podem ser agregadas certas noções, mas os fundamentos não se alteram. O cristianismo fez uma fusão com a filosofia grega em certos aspectos, mas continuou com os seus fundamentos. Tudo o que não se harmonizava com o cristianismo foi rejeitado. É impossível haver uma fusão entre o cristianismo e as r eligiões orientais porque ambos são auto excludentes. O Deus do cristianismo é transcendente à sua criação; ou seja, está além dela. Nas religiões orientais, Deus e natureza, criação e Criador se confundem, sendo um só. A salvação no cristianismo é um evento único, realizado de uma única vez, por meio da posse das promessas da graça pela fé. No Oriente, a salvação é um processo longo, que pode leva r milhares de anos, realizado pelo auto-esforço. O cristianismo prega a ressurreição, que fundamenta uma única existência para cada ser. No hinduísmo, a reencarnação estabelece múltiplas existências da alma em diferentes corpos. Devido a isso, nenhuma fusão é possível, e também não foi levada a efeito. Os elementos cristãos permanecem à margem dos fundamentos gerais e, m esmo assim, são distorcidos, para que possam ser adaptados às noções hindus e budistas. Ainda deve ser levado em conta que a síntese é cu ltural e não religiosa em seus aspectos. Claro que, culturalmente, o cristianismo assume certos aspectos locais, quando floresce no seio de nações orientais. No norte da Índia, ou na China, ou mesmo na Coréia do Sul, o cristianismo evangélico floresce e ap resenta contornos de acordo com sua localização, mas continua mantendo os mesmos fundamentos do cristianismo em geral, de modo que pode ser identificado e comparado com o cristianismo evangélico de qualquer outra parte do mundo. Não é o caso do cristianism o da Nova Era, que não passa de uma mistura do budismo, do taoísmo e do hinduísmo, mas de forma disfarçada. O caráter exclusivista do cristianismo O cristianismo bíblico é exclusivista em sua natureza, o que significa que não aceita sincretismos e misturas. Quando isso acontece, perde sua essência e deixa de ser cristianismo. Veja que o catolicismo apresenta, tanto na América do Sul como na Central, alto gra u de sincretismo com as religiões pré colombianas e africanas. A maioria dos elementos dessas religiões foi adaptada ao cristianismo. No caso do protestantismo, houve aculturação ou síntese cultural, mas não sincretismo. A fundamentação bíblica do cristianismo evangélico impede que elementos não -cristãos venham se sobrepor aos conceitos revelados nas Escrituras Sagradas. Por isso, jamais as religiões orientais poderão reformular o cristianismo. Podem até distorcê-lo, mas, neste caso, deixará de ser cristianismo.
8 3 a n i g á P
A seguir, alguns fatores que atestam o caráter exclusivista do cristianismo: Jesus é único Primeiramente, Jesus é a pedra angular e o alicerce do edifício cristão. Isto significa que é impossível um cristianismo verdadeiro sem um Cristo verdadeiro. E um Cris -to verdadeiro só pode ser extraído dos documentos do Novo Testamento. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos (At 4.12). Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim (Jo 14.6). ... mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cris -to (1Co 3.10,11). A fé cristã se fundamenta em fatos Em segundo lugar, a fé cristã se apóia em fatos. É uma fé histórica. Não está fundamentada em experiências particulares e subjetivas. As religiões orientais, ao contrário, fundamentam -se na experiência individual. Cremos que a nossa salvação se fez efetiva porque Jesus Cristo, o Filho de Deus, tornou -se homem, viveu neste mundo, morreu pelos nossos pe cados na cruz, ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus. Estes são os principais eventos nos quais se apóiam a nossa fé e a nossa esperança. Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos t ransmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra, pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio (Lc 1.1 -3). E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé (1Co 15.14). Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade (2Pe 1.16). As religiões orientais não fazem distinção entre fatos e lendas. Rama e Krishna, deuses importantes do panteão hindu, tiveram suas vidas narradas entre os homens, embora não haja nenhuma fundamentação histórica para isso. E, dentro do conceito hindu sobre verdade religiosa, isso não faz nenhuma diferença. O mesmo se dá com as lendas em torno da pessoa de Sidarta Gautama, o Buda. História e lenda se misturam sem que isso faça qualquer diferença para os conceitos budistas. Da mesma for ma, o taoísmo introduziu diversas lendas populares no seu desenvolvimento histórico sem qualquer constrangimento. Essa gritante diferença de visão de mundo, da história e dos objetos da fé torna impraticável qualquer associação entre as religiões orientais e o cristianismo. A Bíblia é única O último ponto que desejamos ressaltar é a singularidade da Bíblia Sagrada. Ela é taxativa em defender sua inspiração e em recusar alterações posteriores. Coloca -se como único instrumento de revelação escrita à 9 humanidade. 3 a Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras,
n i g á P
para que não te repreenda e sejas achado menti-roso (Pv 30.5,6). À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles (Is 8.20). Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus (Mt 22.29). Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho (Hb 1.1). Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro (Ap 22.18,19). Não existe lugar no cristianismo para concordância com os diversos livros sagrados das mais variadas religiões e seitas. Duas afirmações contraditórias não podem estar certas, ao mesmo tempo. As proposições bíblicas se chocam com as proposições dos livros sagrados das religiões orientais. Se para as religiões de origem oriental isso não faz diferença, para o pensamento cristão sim. A Bí blia, por sua inspiração, é o único livro que merece ser considerado a Palavra de Deus! Separando o joio do trigo Claro que não podemos nos tornar xenófobos2, temendo e discriminando tudo o que vem do Oriente. O intercâmbio entre o Leste e o Oeste é útil , inevitável e necessário. Mas temos de ser total-mente conscientes do conteúdo daquilo com o que estamos travando contato. É como um filme ou um livro. Teremos de assisti-lo ou lê-lo, mas cabe entender como o seu conteúdo está atingindo nossa maneira de ver e de pensar. A melhor solução não é o ascetismo, o isola -mento, mas o discernimento que vem com o conhecimento e a reflexão: Examinai tudo. Retende o bem (1Ts 5.21). Nem tudo o que é do Oriente é mau, assim como nem tudo o que é do Ocidente é bom. Ma s tudo o que vem da Palavra é bom e ela deve ser a nossa peneira, com a qual distinguiremos a verdade da mentira. A tolerância é sempre uma faca de dois gumes. Quando ausente, leva o homem a conflitos desnecessários. Quando excessiva, leva-o a perder a identidade. E perder a identidade é algo que a Igreja de Jesus Cristo não se pode permitir, de forma alguma. Notas: 1 História da civilização,nossa herança Oriental , Will Durant,Record,1935/63,p.373. 2 Aversão a pessoas e coisas estrangeiras.
0 4 a n i g á P
9. Meditação Transcedental Por Natanael Rinaldi A segunda vinda de Cristo é aguardada com ansiedade pelos cristãos. Em seu sermão profético, em Mateus 24, Jesus fez várias advertências para os últimos dias. Disse Ele: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; porque muitos virão no meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos (v. 4,5). Paralelamente à expectativa desse acontecimento, que é chamado de a bem -aventurada esperança (Tt 2.13), o cristão deve manter-se vigilante, para que não aceite um falso cristo no lugar do verdadeiro Cristo, chamado na Bíblia de o Príncipe da Paz. Em Apocalipse 19.11 em diante, lemos sobre a majestade do Cristo verdadeiro em sua segunda vinda: E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia, senão ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. Em seguida, trava-se a batalha do Armagedom (v. 17-21), e Cristo sai vitorioso. Satanás é preso e lançado no poço do abismo (Ap 20.1 -3) e, por fim, tem início o reino milenial de Jesus Cristo: ... e reinaram com Cristo durante mil anos (Ap 20.4). Falsa promessa de paz mundial Em cumprimento às palavras proféticas de Jesus sobre o surgimento dos falsos cristos, o jornal O Estado de São Paulo, em sua edição de 30 de agosto de 2002, publicou a seguint e manchete: A paz mundial dá lucro. O guru dos Beatles que o diga. O maharishi (líder espiritual) Mahesh Yogi, famoso na década de 60 por ser o guru dos Beatles, tem um novo projeto: vai produzir a paz mundial e lucrar com isso. Seu plano é o seguinte: construirá três mil palácios da paz em todo o mundo. Em cada palácio, centenas de seus seguidores estarão empenhados, em tempo integral, em vôos iogues, ou seja, versões avançadas de Meditação Transcendental. Os meditadores saltarão em torno do salão, sentados em posição de lótus. Essa prática, segundo Yogi, envia poderosas vibrações positivas que reduzem o estresse, o crime e a violência. Com centenas de pessoas fazendo vôo iogue em três mil lugares diferentes, a paz surgirá em todos os lugares. Em 2001, após os ataques de 11 de setembro nos EUA, o maharishi informou que se algum governo lhe desse US$ 1 bilhão ele acabaria com o terrorismo e criaria a paz contratando 40 mil voadores iogues para começarem a saltar em tempo integral. Nenhum governo quis pagar para ver, o que claramente o irritou. 1 Embora irritado, ele não desistiu: Vou implantar esses grupos, que criarão coesão em todos os países. a Por meio de títulos emitidos pelo País Global da Paz Mundial, fundado por ele como uma nação virtual sem 4 n i g um território real, Yogi pôs à venda títulos que pagarão juros de 6% a 7%. Um de seus seguidores, Sam á P
Katz, explicou o plano: cada Palácio da Paz será rodeado por uma fazenda de cultura orgânica para produzir alimentos que gerarão lucros que pagarão os det entores dos títulos. Acredite se quiser, mas o que é esse movimento conhecido como Meditação Transcendental? O que é a meditação transcendental? Meditação Transcendental (MT) é uma seita de origem hinduísta. A palavra transcendental significa o que transcende ou ultrapassa as coisas sensíveis para atingir o âmago do ser a fim de conseguir paz e felicidade interior. Consiste numa técnica mental que leva a pessoa primeiramente a procurar se colocar em estado de relax ou distensão interior. O indivíduo t enta esquecer todas as realidades sensíveis e esvaziar a mente de todas as imagens materiais que habitualmente o distraem. A maior parte de suas práticas e ensinos deriva do hinduísmo. Procura despistar a opinião pública ocidental de que não se trata de uma seita, mas apenas uma técnica de exercício mental. Para isso, a MT mudou sua personalidade jurídica para Ciência da Inteligência Criativa (CIC). Essa providência não surtiu efeito, pois o Tribunal Federal de New Jersey, em 1977, ainda assim reconheceu a CIC/MT como uma seita hinduísta. O fundador Seu fundador é conhecido pelo nome de Maharishi Mahesh Yogi. Mas Yogi nasceu em 1911, em Jabalpur, Madhya Pradesh, norte da Índia, com o nome de Madhya Brasad War ma. Freqüentou a Universidade e, com sucesso, formou-se em física, em 1942. Logo depois de diplomar -se, conheceu Swami Brahmananda Saraswati, Jagadguru e Bhagovan Shankaracharya, também conhecido como guru Dev, que se tornara um avatar sob os ensinamentos de Swami Krishanand Saraswati. Durante a década seguinte, Yogi uniu-se ao g uru e logo se tornou seu aluno mais importante. Com a morte do guru Dev, em 1953, Yogi se retirou para meditação nas montanhas do Himalaia, onde permaneceu por dois anos. Em 1958, Yogi levou sua seita para a A mérica e começou a ensinar em Los Angeles. Mais tarde, com adesão do grupo musical conhecido como os Beatles, a seita de Yogi experimentou grande crescimento. O ritual de iniciação A pessoa é convencida a encontrar-se a si mesma por meio do ritual de iniciação e isso se dá quando ela recebe o seu mantra.1 Normalmente, a pessoa não entende uma palavra do que v ai repetir por várias vezes na língua sânscrita. Na iniciação, a pessoa se posta diante de um altar com a figura do guru Dev. Então, a cerimônia tem início. O desenvolvimento consta de três fases. A saber: Recitação de nomes São nomes de mestres por meio dos quais o santo conhecimento dos mantras da MT tem passado. Todos
2 4 a n i g á P
os nomes são considerados como deuses e dignos de adoração. Reverentemente, são denominados de: Redentor, Emancipador do mundo, Supremo mestre, O puro e Adornado com imensurável glória. Esses títulos constituem verdadeira blasfêmia, pois pertencem exclusivamente ao Deus da Bíblia. O iniciante, entretanto, desconhece essa situação. Oferendas São 17 itens ao todo. Dentre eles, os mais oferecidos, freqüentemente: flores, frutas frescas e lenço branco novo. Ao oferecer um lugar aos pés de loto de Shri Guru Dev, me inclino. Ao oferecer uma ablução aos pés de loto de Shri Guru Dev, me incli no. Ao oferecer uma flor aos pés de loto de Shri Guru Dev, me inclino. Ao oferecer luz aos pés de loto de Shri Guru Dev, me inclino. Ao oferecer água aos pés de loto de Shri Guru Dev, me inclino. Hinos de louvor e adoração Os hinos são oferecidos ao guru Dev, considerado como deus na mesma glória dos outros deuses hindus, como, por exemplo, Brahama, Vishnu e Shiva. O iniciante é convidado a seguir o exemplo do seu guru e inclinar-se perante ele. Guru que está na glória de Brahma, g uru que está na glória de Vishnu, guru que está na glória do grande Senhor Shiva, guru que está na glória da plenitude transcendental personificada de Brahma, ante o Shri Guru Dev, adornado de glória, me inclino. As crenças religiosas Sendo a MT de natureza religiosa e ligada ao hinduísmo, sua teologia contrasta abertamente com o cristianismo. Vejamos os pontos conflitantes: Deus O ensino da MT diz que Deus é impessoal e faz parte da própria natureza. Doutrina classificada como panteísmo. Ou seja, Deus é tudo e tudo é Deus. Declara Yogi: O divino transcendental, onipresente, é, por virtude de sua onipresença, o Ser essencial de todos nós. Forma a base de todas as vidas; não é outro senão o nosso próprio ser ou Ser. Deus é impessoal e mora no coração de cada ser. T udo o que há na criação é manifestação do ser impessoal absoluto e não manifesto. Cada pessoa é, em sua verdadeira 3 natureza, o Deus impessoal. 4 a O conceito de Deus e do homem na MT é completamente diferente do conceito oferecido pela Bíblia em
n i g á P
relação a Deus e ao homem. Deus é essencialmente distinto do homem, pois Deus é o Criador (Gn 1.1,26), enquanto o homem é apenas um ser criado. O salmista Davi exaltava a Deus por sua criação e reconhecia sua fragilidade como ser humano: Tu reduzes o homem à destrui ção; e dizes: Tornai-vos, filhos dos homens [...] Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando (Sl 90.3,10). Por outro lado, Isaías fala da eternidade de Deus como um ser imutável: Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não têm nenhum vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão; mas os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão (40.28 31). Reencarnação Após várias encarnações, com o propósito de se tornar espírito puro e alcançar esse estado, cessam os renascimentos. Com isso, a pessoa se liberta da lei do car ma e entra em fusão com a divindade Brahma. Para a frustração dos que assim crêem, certo é que ningué m tem lembrança dos pecados cometidos em existências anteriores e, daí, não poder se arrepender e corrigir -se dos erros cometidos. A salvação no cristianismo foi trazida por Jesus (Jo 3.16 -18,36;5.24). Para realizar a obra da redenção do homem, Jesus morreu por nós (Rm 5.8), levando em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro (1Pe 2.24) e, por fim, ressuscitou vitoriosamente e ascendeu aos céus, assentando -se à destra de Deus (At 1.9-11). Jesus Cristo Diz Maharishi Mahesh Yogi: Como não entendo a vida de Cristo nem compreendo sua mensagem, não creio que realmente tivesse sofrido em alguma época de sua vida; nem mesmo pudesse sofrer [...] É lamentável que se fale de Cristo em términos de sofrimento [...] Aqueles que confiam na sua obra redentora por mei o do sofrimento na cruz possuem uma interpretação equivocada da vida de Cristo e de sua mensagem. Como homem natural, não regenerado, Yogi não pode mesmo entender a vida e a obra de Cristo como Salvador e Senhor (1Co 2.14). A Bíblia declara que o propósi to principal de Jesus ter vindo ao mundo foi salvar o mundo por sua morte na cruz. ... o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28). Porque o Filho do homem veio para buscar e salvar o que se havia perdido( Lc 19.10). Esta é uma pa lavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal (1Tm 1.15). Meditação bíblica A meditação bíblica é diferente da meditação transcendental. Enquanto esta, como a própria palavra define, é ir além da própria consciência, a meditação bíblica não é voltada para o interior do homem, vai mais além.
4 4 a n i g á P
Os homens de Deus do passado tiveram momentos de êxtase espiritual ao meditarem na g randeza do Deus, na grandeza dos seus feitos e na sua palavra escrita. Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, SENHOR, Rocha minha e Redentor meu! (Sl 19.30). Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos (Sl 77.12). Lembro-me dos dias antigos; considero todos os teus feitos; medito na obra das tuas mãos (Sl 143.5). O coração do justo medita no que há de responder, mas a boca dos ímpios jorra coisas más (Pv 15.28). Como já expusemos, a MT é uma seita hinduísta e está familiarizada com literaturas como Vedas2 e Bhagavah-gita3, mas interessada em fazer discípulos no mundo ocidental faz citação do Sl 1.2 para dar apoio à meditação. Entretanto, o Salmo em pauta indica outro ti po de meditação: Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. O objetivo da meditação bíblica é a comunhão com Deus: Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra (Cl 3.1,2). O meio u sado é a palavra de Deus: Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos (1Tm 4.15). E de modo racional: Rogo -vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, sant o e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Rm 12.1). A paz sem preço Os profetas bíblicos vaticinaram sobre o futuro rei do universo que traria paz verdadeira à humanidade, e gratuitamente: Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos exércitos fará isso (Is 9.6,7). Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e agirá sabiamente, e praticará o juízo e a justiça na terra (Jr 23.5). Quando Jesus nasceu vieram os magos do Oriente a Jerusalém e foram à casa de Herodes perguntar pelo rei que traria a paz, dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram -lhe dádivas: ouro, incenso e mirra (Mt 2.2,11).
5 4 a n i g á P
Mais tarde, diante de Pilatos, Jesus não negou sua condição de rei: Disse -lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade (Jo 18.37). Mas Jesus explicou que o seu reino seria ainda futuro. Quanto a esse assunto, vejamos o que diz Apocalipse: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso SENHOR e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre (11.15). Bibliografia: MCDowell, Josh Estúdio de Las Sectas, Editora Vida Mather, George A Dicionário de religiões, crenças e ocultismo, Editora Vida Melo, Fernando dos Reis Religião & religiões, Editora Santuário Notas: 1 Mantra: uma ou mais palavras que se repetem freqüentemente por meio do canto ou não. 2 Vedas: grande conjunto de literatura sagrada hindu, compilado entre os anos 1500 e 1200 a.C. Esta coleção consiste de três Vedas (conhecimento) Rigveda, Samaveda e Yajurveda. Posteriormente, foi acrescentada uma quarta, chamada Atharvaveda. Há três seções principais de exposição literária nos vedas. São as Brahmanas, Aranyakas e Upanixades. 3 A Canção Sagrada. Talvez seja a jóia mais preciosa da literatura hindu e indiana; contém os elementos mais importantes do pensamento hindu. O Bhagavad Gita, com certas ramificações, representa para o hinduísmo o que a bíblia é para o cristianismo.
6 4 a n i g á P
10. Ministério Internacional Creciendo en Gracias Um perigo para o cristão desavisado!
Por Paulo Cristiano Vocês são todos abençoados, diz o líder, ao abrir a reunião. Em seguida, em meio a aplausos e murmúrios de frases nada convencionais, ordena que as pessoas digam que esteja ativada a mente de Cristo. Apesar de certas frases e a liturgia serem semelhantes à de algumas igrejas evangélicas, todavia, estamos diante de um dos grupos pseudocristãos mais perigosos que têm surgido nos últimos tempos: o Ministério Creciendo en Gracias [Crescendo em Graça], o qual, daqui por diante, chamaremos de MCG. O MCG se mostra um movimento muito fértil em produzir heresias. Tais desvios doutrinários, por vezes, vêm camuflados com nomes atrativos, como, por exemplo, c ápsulas de graça, que, segundo eles, nada mais são do que o resumo de um fundamento da doutrina da graça que contém a posição tradicional e desviada dos religiosos.... Neste artigo, pretendemos expor os ensinos pregados por esse movimento para que o povo de Deus não seja levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente (Ef 4.14). Toda a nossa pesquisa está baseada no site oficial do MGC. Origem do movimento Seu idealizador foi o porto -riquenho José Luiz de J esus Miranda, mais conhecido como o apóstolo, fundador e líder do MCG. Não nos deteremos em refutar todas as heresias concernentes à sua pessoa, mas somente as heresias que consideramos de maior importância para a manutenção da ortodoxia doutrinária. A sede mundial do MCG fica em Miami, Flórida, EUA. Fundado por volta de 1986, o movimento chegou ao Brasil dez anos atrás, aproximadamente1. Atualmente, a central do movimento por aqui fica em Guadalupe, bairro do Rio de Janeiro, RJ. O MCG a lega que está presente em todo o continente americano e na Austrália, perfazendo um total de 24 países. No Brasil, estão fixados em nove Estados, sendo que em São Paulo possui seis igrejas, as quais denominam centros educativos. Mantêm ainda vários progr amas de rádio e TV. Um movimento excêntrico Problemas com a hermenêutica Pesquisando o MCG por meio de seus sermões, testemunhos e credos, fica fácil traçar o perfil doutrinário e a tendência psicológica do grupo. São pessoas que vivem sob a tutela de revelações. O próprio fundador alega ter recebido sua doutrina diretamente de Jesus: A fé é uma ciência, olhe, essa ciência ninguém nesta terra conhece [...] nem eu a conhecia. O Senhor me comunicou, pessoalmente.... O MCG usa e 7 abusa de textos bíblicos de maneira inescrupulosa a ponto de truncar determinados versículos a fim de 4 a n i sustentar seus pontos de vista heréticos. Veremos isso nas distorções apresentadas mais adiante. g á P
Problemas com a semântica Fazem uso de uma semântica enganosa, pois, ao mesmo t empo em que exprimem suas doutrinas usando termos tipicamente cristãos, atribuem, contudo, significados totalmente diferentes, reinterpretando os termos bíblicos. Um exemplo disso é o que eles entendem pela palavra cristão: ... Ser cristão não é receber a Cristo como Salvador ou crer nele, mas, sim, receber e aceitar os ensinos que o apóstolo Paulo deixou como fundamento, e que agora o após-tolo José Luis de Jesus explica para a edificação do Corpo de Cristo. Semelhanças do MCG com as demais seitas Unicismo Não acreditam na Trindade. São modalistas. Para eles, Deus é uma só pessoa que se manifestou de três maneiras diferentes (também chamado de sabelianismo). Dizem: Cremos que Deus é um, e um é o seu nome. O trinitarismo é uma falsa doutrina que preten de separar a pessoa de Jesus Cristo de Deus Pai como dois seres em separado. O unitarismo ensina que é só Jesus. Ao contrário, nós ensinamos que Jesus é também o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Três manifestações, porém, um só Deus, semelhante ao que crêem os grupos Tabernáculo da Fé, Voz da Verdade e Igreja Local. Aniquilacionismo De forma idêntica às testemunhas-de-jeová e aos adventistas do sétimo dia, são aniquilacionistas. Não crêem no inferno de fogo e chegam a afirmar: Com respeito ao evangelho, quer dizer, às quatorze cartas que Paulo escreveu depois da cruz, nunca mencionou a palavra inferno, isto se deve ao fato de que o inferno não existe. Reencarnacionismo Também acreditam na possibilidade da reencarnação: Veja bem, a reencarnação é um recurso usado por Deus do jeito que Ele quer. Não é uma forma automática na vida do crente. É totalmente regulada por Deus. Preexistência dos espíritos Semelhante à crença mórmon, acreditam na preexistência dos espíritos. Na verdade, acreditam que os anjos não são nada mais que espíritos sem corpos e os seres humanos, anjos com corpos. Re -ferindo-se aos adeptos do grupo, dizem: Os membros desta família sabem que existiam em condição de anjos antes da fundação do mundo. Adão como Satanás Para eles, Adão foi Satanás encarnado. Ao morrer na cruz, Jesus aniquilou o pecado de Adão que seria a obra do diabo; ou seja, o diabo e o pecado não existem mais, foram aniquilados. Deus depositou no
8 4 a n i g á P
primeiro homem o espírito de Satanás; ou seja, Adão era Satanás... . Deificação do homem Assim como os localistas e os novaerenses, também acreditam que são deuses: Você é um espírito criado por Deus à sua imagem e semelhança, porque Deus teve filhos, e Deus os chamou de deuses. Diga: SOMOS DEUSES.... Peculiaridades doutrinárias do MCG Afirmam que existem dois evangelhos: um falso (o da circuncisão), pregado por Pedro e os demais apóstolos, e outro verdadeiro (o da incircuncisão), pregado por Paulo e agora por José Luiz de Jesus; Fazem diferença entre Jesus de Nazaré e Jesus Cristo. Dizem: É por isso que Paulo ensinava a servir àquele que ressuscitou e não a Jesus de Nazaré, que foi o corpo de Cristo (Rm 7.4). Em outras palavras, servir a Jesus Cristo ressuscitado é colocar-se depois da cruz e imitar a Jesus de N azaré é colocar-se antes da cruz. E mais: O evangelho diz que, para darmos fruto para Deus, devemos ser do ressuscitado. Se você é de Jesus de Nazaré dá fruto, porém, para os homens, porque a doutrina de Jesus de Nazaré produz fé fingida. Tentam fazer uma antítese entre o evangelho pregado por Paulo e o evangelho pregado dos demais apóstolos, principalmente Pedro e João. Referindo -se a Pedro, afirmam: Paulo profeticamente disse: Com a minha partida, entrarão lobos vorazes que não perdoarão o rebanho (At 20.29). E mais: Que antes da vinda do Senhor se manifestaria a apostasia, o iníquo (2Ts 2.4). Quem se opôs ao sacrifício de Jesus (Mt 16.21-23), quem se opôs ao evangelho de Paulo (Gl 2.11 -14)? Pedro, o mesmo que deu a mão a Paulo em sinal de companheirismo e que, em seguida, Paulo repreendeu por ser hipócrita (Gl 2.9 -14). Foi por isso que Paulo disse que o mistério da iniqüidade já estava em ação (Pedro), mas havia quem o deteria (Paulo), até que fosse tirado do meio (2Ts 2.7). Referindo-se a João, afirmam, no mesmo fôlego: Quando um crente é iluminado, ele entende que o diabo já não existe mais, que o pecado foi aniquilado,que está morto à lei, que foi Deus quem o escolheu antes da fundação do mundo, que é santo e está sem mancha diante do Senhor . Do contrário, ele chama esta revelação de blasfêmia, heresia. E mais, porque João não foi iluminado por esta palavra, ele chamou Paulo de anticristo, porque Paulo ensinava a não imitar a Jesus de Nazaré, mas a Jesus Cristo, o ressuscitado (Rm 7.4). Sustentam, ainda, que somente o apóstolo Paulo recebeu a r evelação do evangelho da graça. Segundo o MCG, as igrejas cristãs foram somente aquelas fundadas a partir do apóstolo Paulo. As demais, ainda na concepção deles, eram todas seitas judaicas, não tendo nada a ver com o evangelho de Cristo. Não batizam, não tomam a santa ceia e não incentivam os membros ao arrependimento de pecados, pois entendem que tudo isso deve ser deixado de lado. Para que possam sustentar tal absurdo, argumentam que essas coisas são apenas rudimentos da doutrina de Cristo que ficaram para trás. Neomarcionismo Sem dúvida, o senhor José Luiz pretende reviver, com todo o vigor, as antigas heresias marcionitas. É o
9 4 a n i g á P
neomarcionismo redivivo em pleno século XXI. Marcião foi um presbítero do século 2 o que, no esforço de afastar e eliminar do cristianismo todos os elementos judaicos das Escrituras do Novo Testa-mento, com o objetivo de desjudaizar a religião cristã, elaborou uma depuração dos escritos neotestamentários. Rejeitou os evangelhos de Marcos, Mateus e João. Forjou seu próprio cânone com textos selecionados do evangelho de Lucas e das cartas paulinas, muitas delas mutiladas. Para ele, nenhum dos apóstolos havia entendido perfeitamente a doutrina de Jesus, com a exceção de Paulo. Por isso, Paulo, para Marcião, é o apóstolo por excelência, pois recebeu de Jesus, por revelação, o verdadeiro evangelho. Fazia, ainda, distinção entre o deus mau do Antigo Testamento com o deus bom do Novo Testamento. Esses ensinamentos são hoje apre goados por José Luiz de Jesus, que os confirma com a seguinte declaração: Você não pode conhecer a Deus na lei. Imagine você. Esse Deus do Antigo Testamento. Deus não é assim. Esse é um lado de Deus. Esse é o lado mau de Deus, porque Deus é bom e Deus é m au. É interessante que a semelhança entre os dois sistemas é idêntica até mesmo nos pormenores. É sabido que Marcião foi o primeiro a formular um cânon pessoal, enquanto o senhor José Luiz divide arbitrariamente a Palavra de Deus da seguinte forma: Escrituras (escritos do Antigo Testamento), História (os quatro evangelhos e o livro de Atos) e Evangelho (somente as epístolas paulinas, inclusive Hebreus). Respondendo algumas heresias do MCG Adão e Satanás são a mesma pessoa? Como caíste do céu [...] Como foste lançado por terra... (Is 14.12 -16). Os adeptos do MCG acreditam que este texto aponta para Adão, o qual seria o próprio Satanás. Dizem que a palavra cortado, em certa tr adução, está errada. O certo seria foste formado. Resposta apologética Antes de tecermos quaisquer comentários sobre isso, é bom lembrar que a Bíblia sempre compara Satanás com a antiga serpente, o dragão, o leão (2Co 11.3,14; Ap12.9; 20.2), mas nunca com Adão. A serpente é a mesma que tentou Adão e Eva (Gn 3). Portanto, a gê nese da queda envolveu três personagens: Adão, Eva e a serpente, influenciada por Satanás. Outro fato que deve ser considerar é que o capítulo inteiro é uma continuação da profecia contra o império da Babilônia (Is 13.1; 14.4). Quem caiu foi o rei da Babil ônia (Is 14.8), monarca que debilitava as nações (Is 14.12) e era soberbo (Is 13.19). A história nos relata que os reis babilônicos tinham todas essas características de grandeza (Dn 4.22); mas, por fim, foram abatidos (Cf. Is 14.23 com Is 47.10). O homem do qual fala o verso 16 não pode ser Adão, porque, em sua época, não havia reinos ou nações. Adão não tinha cidades e muito menos fazia pessoas cativas (v.17). Mas isso se encaixa perfeitamente com o rei da Babilônia, usado no texto como figura de Sataná s. Pedro foi inimigo de Paulo? ... Mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo (Gl 1.6 -8).
0 5 a n i g á P
Declaram que este texto refere -se aos apóstolos, principalmente Pedro, que queriam perverter o evangelho de Paulo. Resposta apologética Certamente, o apóstolo Paulo está -se referindo à repreensão dada a Pedro em Gálatas 2.11. Mas daí construir uma aversão entre o evangelho de Paulo e o evangelho de Pedro é s er desonesto com o contexto bíblico, até porque este incidente foi tão irr elevante que Lucas não o menciona em seu livro: Atos dos Apóstolos. Havia, na igreja, muitos da circuncisão (At 10.45; 15.5). O próprio Pedro teve problemas com alguns deles (At 11.2). Este incidente, talvez, explique o receio na atitude de Pedro em Gálata s 2.12. O que Paulo condenava, ao que parece, era o fanatismo de alguns (Fl 3.2) e não o ministério da circuncisão que lhes fora confiado (Cl 4.11). Paulo chega a reconhecer os dois ministérios como sendo de procedência divina (Gl 2.7,8). Dois ministérios, mas um mesmo evangelho. Paulo se submeteu à igreja-mãe, em Jerusalém (At 15.2,3.22), e quando menciona aqueles que pareciam ser alguma coisa (Gl 2.6), parece referi-se aos mesmos que se diziam da parte de Tiago (Gl 2.12), mas que não foram enviados por este (At 15.24). Paulo, depois do incidente com os da circuncisão em Antioquia, subiu a Jerusalém para decidir sobre essas questões teológicas com os apóstolos e obteve deles todo o apoio, inclusive o de Pedro (At 15. 23 -29). Portanto, a censura de Paulo em Gálatas 1.6,7 não é dirigida aos após-tolos, mas aos da falsa circuncisão (Tt 1.10), dos quais Pedro t ambém foi vítima. Não ao batismo e ao arrependimento? ... Deixando os rudimentos da doutrina de Cristo... (Hb 6.1,2). Acreditam que este texto os isenta do batismo e do arrependimento. O batismo seria um rudimento a ser abandonado de vez pelos cristãos. Resposta apologética Mal interpretado pelos adeptos do MCG, o texto em referência não diz o que eles afirmam dizer. O que o escritor está dizendo tem sua razão em Hebreus 5.12-14. Todos os itens alistados nos versos 1 e 2 são os passos iniciais de quem ainda é novo convertido. Em contrapartida, pelo tempo que já estavam no evangelho, deveriam ser mestres. Mas, metaforicamente, ainda estavam se alimentando com leite; ou seja, com as primeiras doutrinas cristãs, da necessidade de se arrependerem dos pecados, de se batizarem, de terem fé em Deus, de ouvirem falar que haverá um juízo final, etc., ensinamentos voltados aos novos convertidos e não aos cr istãos amadurecidos na fé, no conhecimento e na graça de Deus. Em verdade, já estava na hora de tais cristãos irem além dessas doutrinas e prosseguirem para a ma turidade (perfeição) espiritual, tendo em vista as tribulações que estavam passando. O texto não desobriga nenhum cristão da observância do batismo e da s outras doutrinas, antes, está alertando quanto o perigo de alguém estacionar naquilo que aprendeu. Se negarmos o batismo e o arrependimento, baseados nesse texto, teremos de negar também o juízo f inal, a fé em Deus e a ressurreição, coisas que os adeptos do MCG ainda crêem estarem em vigor.
1 5 a n i g á P
Não existe mais pecado? Pelo fato de não enfatizarem o arrependimento, acabam tolerando algumas práticas imorais. Dizem que não pecamos mais, porque Jesus destruiu nossos pecados de uma vez por todas (Hb 9.26). Em resposta a uma pergunta relacionada à aceitação de homossexuais no MCG, e se os mesmos, vivendo na imoralidade, teriam a possibilidade de ser salvos, vejamos o que disseram: Também é importante esclarecer que algumas manifestações carnais (bebedices, práticas homossexuais, iras, etc.) não podem, de maneira nenhuma, afetar a nossa posição em Cris -to (Hb 10.14), tampouco afetar a nossa salvação: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé (Ef 2.8); as debilidades da carne não são tomadas em conta pelo Senhor, já que Ele vê o nosso crescimento espiritual e não a nossa atividade carnal. Resposta apologética O apóstolo Paulo constantemente incentivava os crentes ao arrependimento (2Co 7.6 -10). Além disso, a palavra aniquilar, athetesis, no texto grego em pauta, não quer dizer destruição. Ela vem de atheteo, que significa pôr de lado, desprezar, negligenciar, opor-se à eficácia de alguma cosa, anular, tornar sem efeito, frustrar, rejeitar, recusar, fazer pouco caso. De fato, Jesus anulou os nossos pecados na cruz, mas isto não quer dizer que o homem não peca mais e, por isso, não precisa de arrependimento. Isso não é verdade. O próprio Paulo re -conhecia que era pecador (1Tm 1.15). Considerações finais Infelizmente, algumas questões não foi possível responder aqui. O emaranhado de desvios sustentados pelo MCG poderia nos render um livro sobre o grupo. Esgotar o assunto, porém, não foi o nosso objetivo. Como percebemos, o MCG não pa ssa de mais uma seita (entre tantas outras) que está pregando outro evangelho com outro Jesus (2Co 11.4). O que expusemos neste artigo é uma pequena parte das inúmeras heresias que o movimento propaga, porém, cremos que tal abordagem seja o suficiente par a alertar os verdadeiros cristãos, para que não se deixem enganar por estes ventos de doutrinas (Ef 4.14), especialmente pela roupagem evangélica que a maioria das seitas apresenta. Estejamos atentos e engajados na perseguição da graça e do conhecimento de Deus (2Pe 3.18). Esses elementos caminham juntos e é prejudicial à vida cristã privilegiar um em detrimento do outro. O exagero geralmente conduz ao erro. A verdadeira graça, tal como é pregada nas Escrituras, nos conduzirá ao conhecimento, e este, por sua vez, será a ferramenta que sempre utilizaremos para rejeitar toda e qualquer tentativa de distorção da graça divina. Notas: 1 El Apostolado .Revista periódica do MCG, publicada em outubro de 1998.
2 5 a n i g á P
Fontes de referência:
http://www.brazil.creciendoengracia.com/.Ver links Estudos ,Calqueo ,Cápsulas ,Perguntas ,Testemunhos ((2003),Perguntas e Respostas ((2003)e Cremos . Desafio das seitas .Ano IV,n º 13 1 º trim..2000,p.12. Desafio das seitas .Ano IV,n º 14 2 º trim..2000,p.4. Revista El Apostolado .Outubro/1998.
3 5 a n i g á P
11. New Life E o estranho evangelho de João Batista Por Eguinaldo Hélio Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras 1Co 15.1-4 Um outro evangelho está sendo proclamado a partir da Coréia. Denominado verdadeiro evangelho da água e do espírito, pela Internet, e -books e livros impressos e distribuídos gratui tamente com alta qualidade gráfica, esse evangelho está sendo disseminado em todo o mundo. Seu proclamador é Paul C. Jong, pastor coreano que alega ter recebido a verdadeira revelação do evangelho que não foi anunciado desde a época de Constantino. Para q uem pensa que de graça se aceita até injeção na testa, é bom verificar se vale a pena receber uma mensagem que o afaste do destino pretendido. Fazendo interpretações alegóricas sem apoio escriturístico, atribuindo aos textos bíblicos significados que eles não possuem e inventando sentidos estranhos para determinadas palavras e expressões, a New Life Mission vem semeando sua confusa mensagem no Brasil e no mundo. As diferenças entre a sua doutrina e a doutrina evangélica são tão sutis que já existem site s evangélicos indicando a leitura de livros desse grupo, sem se dar conta de que a aceitação da doutrina New Life implica em autocondenação, uma vez que Paul C. Jong afirma não haver salvação para quem não aceita seus ensinos. Alertamos que tanto pior se torna a mentira quanto mais parecida ela for com a verdade. Em que consiste este estranho evangelho? Poderíamos sintetizar a mensagem distorcida de Paul C. Jong da seguinte forma: O batismo de Jesus era o meio pelo qual Cristo levou todos os nossos peca dos para nos salvar. Jesus foi batizado por João Batista para levar todos os nossos pecados sobre Ele.1 A princípio, esta parece ser a única diferença na sua mensagem. Mas, para sustentá -la, ele será obrigado a lançar mão de muitas distorções, falsas interpretações e sutilezas que afetarão o evangelho de modo completo. Suas afirmações não só vão contra diversos pontos da mensagem cristã como também atingem pontos essenciais do cristianismo. Segundo Jong, para que alguém seja salvo não basta apenas crer q ue Jesus morreu por seus pecados, é necessário crer também que o batismo de Jesus nas águas do Jordão efetuado por João Batista tem poder salvífico. Naquela ocasião, João estaria representando toda a humanidade e, ao batizar Jesus, teria
4 5 a n i g á P
simbolicamente colocado sua mão sobre a cabeça dele, transferindo todos os nossos pecados, como era feito com os animais sacrificados na Antiga Aliança. A partir de então, Jesus já estaria carregando os pecados da humanidade como o Cordeiro de Deus. Assim, na cruz, Cristo a penas estaria sendo julgado pelos pecados que já carregava. João Batista é considerado o último sumo sacerdote do Antigo Testamento. Mais um evangelho dos últimos dias Para o pastor coreano, este não é apenas um ponto na mensagem cristã, mas um ponto v ital da mesma, tão ou mais vital do que a cruz, sem o qual o homem não pode ser salvo. O evangelho teria perdido esta parte de sua mensagem nos tempos de Constantino, para só recuperá -la agora, no final do século 20. Ou seja, após cerca de 1700 anos de silêncio, esta tão importante verdade teria ressuscitado pelas mãos de Jong: Este verdadeiro evangelho tem-se mantido vivo nas mãos de alguns que seguiram as Escrituras desde a época dos apóstolos. Tal como um rio que desapareceu abaixo do solo emerge novame nte nas terras baixas, o verdadeiro evangelho veio à tona nos últimos dias para ser proclamado ao mundo inteiro.2 Apesar desse ensino, ele não diz quem são estes que mantiveram vivo o referido verdadeiro evangelho. Não temos conhecimento de nenhum grupo ou seita, antigo ou moderno, que tenha posicionado as coisas nestes termos. Jong admite que Este é o primeiro livro do mundo de hoje que fala do evangelho do batismo de Jesus como está escrito na Bíblia.3 Com essas afirmações, ele segue a trilha normal dos falsos profetas que fundaram movimentos mundiais, como Charles Taze Russel e Joseph Smith, os quais também alegavam ter resgatado um evangelho que estivera escondido desde os primeiros séculos do cristianismo. Parecem ignorar que o ensino do Novo Testamento não é de que nos últimos dias o evangelho seria resgatado, m as, sim, deturpado por falsas doutrinas (1Tm 4.1-4). O evangelho de João Batista Nesse evangelho, João Batista não é apenas alguém que não se julga digno de carregar as sandálias do Messias, mas assume o papel de co-salvador, sem o qual não haveria possibilidade de redenção. Não é um mero arauto, um precursor divinamente enviado, mas um homem de t amanho destaque e importância que esse evangelho recebe sua autoria: Evangelho de João Batista. Paul C. Jong reclama que temos a tendência de pensar demasiadamente em Jesus e ignoramos muito sobre João Batista, que chegou antes dele.4 Será que é porque os próprios autores do Novo Testamento assim o fizeram? Será que é porque Jesus é citado enfaticamente em todos os livros do Novo Testamento, bem como predito no Antigo, enquanto João Batista aparece apenas em cinco dos vinte e sete livros? Será que é porque o próprio João disse: Importa que ele cresça e eu diminua? (Jo 3.30). Será que é possível realmente pensar demasiadamente em Jesus? O apóstolo Paulo afirmou: Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este 5 crucificado (1Co 2.2). Não há qualquer referência a João Batista em suas cartas, que constituem quase um 5 a n terço do Novo Testamento e são a mais completa exposição da doutrina cristã. O próprio Paulo também só i g á enfatizou Jesus e ignorou João Batista. P
A devoção da New Life por João é que vai além do normal. Jong o coloca como co -redentor da humanidade: E por meio de João Batista e de Jesus Cristo, Deus realizou a salvação da humanidade. Somos salvos de todos os nossos pecados crendo na obra de redenção realizada por intermédio de João Batista e de Jesus Cristo.5 Mas a verdade é que em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos (At 4.12). Em uma exaltação de João Batista quase idolátrica, lemos uma suma da opinião de Jong sobre o significado do ministério dele: Resumindo, se João não tivesse colocado as suas mãos sobre a cabeça de Jesus, em outras palavras, se ele não tivesse batizado Jesus, será que mesmo assim poderíamos ser redimidos? Não. Façamos uma retrospectiva. Se Jesus não tivesse escolhido João Batista como representante de toda a humanidade e tivesse removido todos os pecados por meio dele, será que Ele poderia tirar os nossos pecados? Não, ele não poderia.6 Jong continua ensinando ainda que em João 1.6 está o fato mais importante do evangelho, pois nos fala sobre quem cum priu a tarefa de passar todos os pecados do mundo para Jesus,7 porém, o texto nada diz sobre esse ato de passar os pecados do mundo para Jesus, e muito menos que esse seja o f ato mais importante do evangelho. Antes, os fatos mais importantes do evangelho são a morte e a ressurreição de Cristo. O evangelho pregado pela New Life não é verdadeiro, mas uma criação da imaginação de Paul C. Jong, seu idealizador. O que foi feito com João Batista no estranho evangelho pregado por Jong é muito semelhante ao qu e o catolicismo fez com Maria. Tomou uma figura coadjuvante nos escritos neotestamentários e a transformou em astro principal. João Batista, o representante de toda a humanidade?! Não importa que Jong tenha afirmado isso diversas vezes em seu livro, não existe, em nenhum lugar dos evangelhos, e muito menos no restante do Novo Testamento, alguma afirmação de que João Batista estava representando toda a humanidade quando batizou Jesus. Tentando provar suas afirmações na Bíblia, diz Jong: Vamos descobrir o que os quatro evangelhos falam sobre João Batista, quem ele era, porque ele foi chamado de representante da humanidade ou o último sumo sacerdote....8 Todavia, esta é apenas mais uma das sutilizas do autor. Em nenhum lugar dos quatro evangelhos João é cham ado de representante de toda a humanidade. Aliás, Jong deve ser o único que criou e usa esta estranha expressão. O catolicismo também atribui a João, desta vez o apóstolo, o título de representante de toda a humanidade, quando Maria lhe fora entregue po r mãe (Jo 19.26,27). Neste particular, o objetivo da Igreja Católica é justificar o título que confere a Maria: Mãe de toda a raça humana. Isso não é exegese 6 (interpretação de dentro para fora), mas, sim, eixegese (interpretação de fora para dentro), porque não se 5 a n empenha em extrair o sentido do texto, mas em atribuir um sentido ao mesmo. Não é uma tentativa de i g á entender o que o texto diz, mas de fazer que o mesmo diga o que a pessoa quer que ele diga. P
João Batista não foi sumo sacerdote em nenhum sentido Por que precisamos entender a linhagem de João? Porque a Bíblia nos diz que João é o sumo sacerdote da humanidade.9 humanidade.9 Mas isso também não é verdade. O sumo sacerdócio era uma instituição instituição de Israel e não universal. Somente o sacerdócio de Jesus Cristo, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 5.10), tem abrangência universal. universal. Antes de Jesus, não existia algo como um sumo sacerdote da humanidade. Querer utilizar utilizar a geneal g enealogia ogia de João Batista como argumento é usar uma base contraditória. Se ele é o sacerdote da humanidade, por que traçar sua linhagem de Israel? Israel, no tempo de João Batista, já tinha um sumo sacerdote legítimo no Novo Testamento (Jo 11.49 -51). Colocá-lo Colocá-lo como sumo sacerdote somente por ter batizado Jesus é tão fora de possibilidade possibilidade como o a bsurdo de um escritor moderno que deu a Judas Iscariotes o papel de sumo sacerdote porque ele entregou o Cordeiro para ser sacrificado. O significado do batismo de Jesus A New Life Mission ensina que quando quando João batizou Jesus transferiu todos todos os pecado s da humanidade para Ele e que, desde então, o Senhor exerceu seu ministério carregando os pecados da humanidade. Este seria o significado da expressão assim nos convém cumprir toda a justiça (Mt 3.15). O cristianismo, até os nossos dias, tem sido o c ristianismo do calvário, calvário, onde Jesus deu sua vida por nós e nos salvou. Esta nova doutrina fala agora ag ora de um cristianismo cristianismo do Jordão, onde Jesus foi batizado, assumindo ali o pecado da humanidade. Não basta crer na cruz de Cristo para ser salvo, é necessário também crer neste batismo salvífico. Jong declara que Jesus tirou todos os meus pecados com o seu batismo e com o seu sangue.10 Todavia, a Bíblia só fala do sangue e da cruz como fontes de purificação, perdão e salvação (Rm 3.25; Cl 1.20; Hb 9.15; 1Jo 1.7). Vale ainda notar que nenhum dos sermões dos apóstolos, no livro de Atos, faz quaisquer referências a respeit r espeito o dessa questão. Todos os falsos mestres e seitas edificam seu corpo doutrinário em pontos difíceis de entender, como já dissera o apóstolo Pedro (2Pe 3.16). As testemunhas-de-jeo testemunhas-d e-jeová, vá, por exemplo, exemplo, constroem sua doutrina da ressurreição ressurreição de Jesus baseados em 1Pedro 3.18, e os mórmons ensinam seu batismo pelos mortos em 1Coríntios 1Coríntios 15.29. Com certeza, isso ocorre porque porque seus ensinos não conseguem conseguem subs istir diante dos textos evidentes. Este tipo de hermenêutica é mortal, e Paul C. Jong quer basear a sua em Mateus 3.15. Quando se diz o que a Bíblia não diz E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: dizendo: Filho do homem, profetiza profetiza contra os profetas de Israe l que profetizam, e dize aos que só profetizam de seu coração: Ouvi a palavra do SENHOR; assim diz o Senhor DEUS: Ai dos profetas loucos, loucos, que seguem o seu próprio espírito espírito e que nada viram! Os teus profetas, ó Israel, são como raposas nos desertos. Não subistes às brechas, nem reparastes o muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja no dia do SENHOR. Viram vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O SENHOR disse; quando o SENHOR não os enviou; e fazem que se espere o cumprimento da palavra (Ez 13.1-6). Constantemente, Paul C. Jong afirma em seus livros que a Bíblia diz, quando, na verdade, ela não diz o
7 5 a n i g á P
que lhe é atribuído. Qualquer pessoa fica reverente quando ouve o que a Bíblia diz. Todavia, é mais prudente ser como os bereanos e ve rificar nas Escrituras se as coisas são realmente assim, isto é, se realmente diz o que alegam que está dizendo (At 17.11,12). Há muitas sutilizas nas colocações de Jong. Em certas frases, ele utiliza palavras e interpretações bíblicas corretas, misturando-as com suas próprias idéias. Dessa forma, joio e trigo t rigo se mesclam, m esclam, confundindo confundindo muitos cristãos, a ponto de levá-los a aceitar suas idéias como verdadeiras. Mas convém examinar bem todas as coisas. Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo (Cl 2.8). A seguir, algumas distorções da New Life Mission: Ele caminhou para a água e abaixou sua cabeça diante de João: João, João, bat iza-me agora, pois assim nos convém cumprir toda a justiça. Estou pronto para tirar todos os pecados do mundo e libertar toda a humanidade pelo meu batismo. Batiza-me agora!.1 1 Jesus nunca falou isso! Deus o predestinou predestinou (a João Batista) a ser o último sumo sacerdote, de acordo com sua promessa de redenção.12 Jesus nos disse que João Batista foi o último profeta, o último sumo sacerdote que passou todos os pecados do mundo para Ele.13 Em Mateus 11.11, Deus enviou diante de Jesus o representante de toda a humanidade. João Batista foi o último sumo sacerdote dos homens.14 Aqueles que crêem em Jesus J esus têm sido batizados. Batismo significa: ser lavado, ser enterrado, enterrado, ser imerso, transferir.15 transferir.15 O que significa batismo ? Significa passar para ...16 Batismo não significa transferir nem passar para. Essa interpretação só é conhecida pelo pastor coreano. coreano. Nenhum erudito do grego confirma essa versão do batismo. Trata -se apenas de uma tentativa de Jong para forçar seus ensinos. Mas João Batista testificou: Eu vos batizo com água para que retorneis para Deus. Mas o Filho de Deus virá e será batizado por mim para pa ra que todos os seus pecados sejam transferidos para para Ele. E se você crer ao ser batizado por por mim, todos os seus pecados serão transferido transferido s para Ele, da mesma forma que os pecados pecados foram passados mediante a imposição das mãos no Antigo Testamento. Isto foi o que João testificou.17 testificou.17 Isso é pura ficção. Nada disso se encontra nas Escrituras. Um falso profeta pode ser inflexível 8 Então Hananias, o profeta, tomou o jugo do pescoço do profeta Jeremias, e o quebrou. E falou Hananias 5 a n na presença de todo o povo, dizendo: Assim diz o SENHOR: Assim, passados dois anos completos, i g á quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei de Babilônia, de sobre o pescoço de todas as nações. E Jeremias, o P
profeta, seguiu o seu caminho (Jr 28.10,11). Paul C. Jong é o principal ou o único pregador do chamado evangelho da água e do espírito. Embora admita que ninguém ninguém mais o pregue, não aceita, porém, que alguém possa ser s alvo sem crer nos seus ensinos. ensinos. Declara: Portanto, sem fé no batismo de Jesus não podemos ser salvos. E mais: m ais: Será que podemos ser salvos crendo apenas no sangue de Jesus? Isso pode nos dar salvação? Não. Não podemos ser salvos crendo apenas na morte de Jesus na cruz..18 E continua: Os evangelistas de hoje, porém, o ignoram completamente e dizem às pessoas que crer em Jesus já é o suficiente para serem salvas. Na verdade, eles estão levando as pessoas para viverem como pecadores por toda a vida e acabarem no inferno.19 [...] Se você crer somente na crucificação sem conhecer conhecer a verdade da transposição dos dos pecados, nenhuma quantidade quantidade de fé irá conduzir -te a uma completa redenção.20 O fundador da New Life Mission segue o perfil perfil dos falsos profetas que vi eram antes dele. É inflexível em sua mensagem, negando que alguém possa ser salvo sem aceitá-la. Arroga-se como o único detentor da verdade. Baseia seus ensinos em textos de difícil interpretação, fazendo malabarismos hermenêuticos, tentando ajustar a Bíblia às suas idéias, ao invés de ajustar suas idéias à Bíblia. Faz inúmeras afirmações como se fossem da própria Escritura, quando não passam de produto de sua mente. Por seu próprio próprio site, sabemos sabemos que esse movimento tem um pouco mais de dez anos, sendo, por por ém, relativamente novo. Se ele vai submergir nas n as areias do tempo, como alguns movimentos heréticos, ou crescer e espalhar-se, como outros, não sabemos. Mas o fato é que tem confundido e desviado muitas pessoas da verdade. De modo algum podemos ficar calados. Antes, precisamos alertar os enganados e até mesmo os enganadores. Embora muitos gostem de fugir dos debates r eligiosos, eligiosos, as verdades espirituais, espirituais, no entanto, são as únicas verdades que podem determinar o destino eterno de uma pessoa. Paul C. Jong diz: Ele [João Batista] passou todos os pecados para Jesus por meio do batismo. Esta é a jubilosa notícia da redenção, o evangelho.21 Nós, porém, os cristãos, dizemos com a Bíblia: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras. E foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (1Co 15.3,4). Esta é a jubilosa e verdadeira notícia da redenção, o evangelho! Notas: 1 O Tabernáculo: um retrato detalhado de Jesus Cristo, Paul C. Jong, Editora Hephzibah Publishing House, p.35. 2 Você verdadeiramente nasceu de novo da água e do espírito?, Paul C. Jong, Editora Hephzibah Publishing House, p.11-2. 3 Ibid., p. 12. 4 Ibid., p.114. 5 Ibid., p. 126. 6 Ibid., p. p. 148 -9. 7 Ibid., p. 116.
9 5 a n i g á P
8 Ibid., p.11. 9 Ibid., p. 117. 10 Ibid., p. 84. 11 Ibid., p. 92. 12 Ibid., p. 128. 13 Ibid., p. 129. 14 Ibid., p. 93. 15 Ibid., p. 107. 16 Ibid., p. 128. 17 Ibid., p. 134. 18 Ibid., p. 9. 19 Ibid., p. 114. 20 Ibid., p.115. 21 Ibid., p. 113.
0 6 a n i g á P
12. Quando o Estado se torna um deus Por Eguinaldo Hélio de Souza E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Dizem -lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus (Mt 22.20,21). A religião do Estado Há uma falsa forma de culto que surge aqui e acolá, no mundo e na história, que nem sempre é devidamente analisada, mas que se choca abertamente contra o cristianismo. É o que poderíamos classificar como religião do Estado. Adquire formas diferentes em vários tempos e lugares, desde o cult o ao representante do Estado até um totalitarismo que obriga o indivíduo a sujeitar até mesmo sua crença religiosa à intervenção estatal. Esta adoração do Estado foi feita, às vezes, de maneira sutil, em meio às práticas politeístas. Outras vezes, acobertou-se sob doutrinas políticas e filosóficas, mas nem por isto deixou de ser um culto. Não se tratou de mera política populista, mas de atitudes tomadas diante do Estado ou de seu governante, que só poderiam ser tomadas com respeito a Deus. Não nos cabe entrar nos méritos dos sistemas políticos. Não é nosso alvo discuti -los. Queremos apenas analisar biblicamente o erro de conferir ao governo um valor divinizador não encontrado nas Escrituras. Não poucas vezes, o nacionalismo extremado tornou -se uma religião em si mesmo. Origem e finalidade do Estado Alguns vêem em Gênesis 9.6 a origem do Estado. Isto porque, ao dizer: Aquele que derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado, Deus estava colocando nas mãos do próprio homem o direito de exercer a justiça e de julgar suas causas. Entretanto, é na passagem de Romanos 13.1 -6 que encontramos uma espécie de minitratado sobre o valor do Estado. As autoridades governantes, sejam elas executivas, legislativas ou judiciárias, têm o aval de Deu s para agir. Foi idéia de Deus dispensar autoridade aos homens para que pudessem conduzir os negócios terrenos. Devemos, todavia, distinguir algo importante. As posições de autoridades foram instituídas por Deus e, como tais, devem ser respeitadas. Mas isto não significa que Deus aprove tudo aquilo que os governantes fazem. Pelo contrário, suas ações podem até mesmo ser contra Deus e seu reino. Durante o período nazista, na Alemanha, muitas igrejas evangélicas apoiaram incondicionalmente os atos de Hitler, justificando-se na passagem de Romanos. Isto é ser unilateral na interpretação bíblica, é recusar se a tomar toda a Bíblia como regra de fé e prática. Respeitar o Estado no sentido bíblico não é prestar -lhe obediência incondicional. Em aspectos de crença e ética, as Escrituras colocam-se acima de qualquer outro 1 padrão. Não existe na Palavra de Deus argumento que justifique o cristianismo concordar com culto ao 6 a governante ou com atitudes contrárias à Palavra por parte daquele. Isto também é uma heresia. n i g á P
Temos, no livro de Daniel, um exemplo claro de pessoas que tiveram de se defrontar com a religião do Estado. O caso dos amigos de Daniel é um exemplo claro de como o respeito a um determinado governo não significa obediência irrestrita a este, principalment e no que concerne a questões espirituais. Eles tinham de escolher entre a proibição bíblica da idolatria e a adoração a uma imagem ordenada pelo rei. Embora eles tivessem um mandamento de respeitar as autoridades (Êx 22.28; At 23.5) e tivessem também aceitado a instrução divina de Jeremias em se sujeitar ao rei da Babilônia (Jr 27.4 -11), mesmo assim se recusaram definitivamente a prestar quaisquer outros cultos, senão ao único Deus verdadeiro, conforme a lei de Moisés (Êx 20.1-6). Foram capazes de manifestar uma doutrina de relação com seus governantes que era baseada nas Escrituras como um todo, e não em uma menção isolada da mesma. Manifestações da religião do Estado Faraó era tido como o próprio deus em pessoa. Assim também era o Inca, título do chefe d o povo inca na América pré-colombiana. E a antropologia está repleta de exemplos de chefes tribais tidos como deuses. Alexandre, o Grande, acreditava ser filho de sua mãe com um deus e estranhou o dia em que viu sair sangue de sua perna. Dos povos que mais expressaram uma religião do Estado, sem dúvida, os romanos se destacaram. Eles administraram a arte de divinização [do imperador], como um conveniente instrumento da política, escreveu Edward Gibbon, em seu livro Declínio e queda do Império Romano.1 Em certos períodos, acender incenso à imagem do imperador, tornou-se uma obrigação civil, cuja desobediência era passível de punição. Muitos soldados cristãos foram martirizados por se recusarem a f azê -lo. Segundo narra Josefo, o historiador judeu, o imper ador Calígula ordenou que em todos os lugares ele fosse adorado como um Deus.2 A Revolução Francesa e o culto à razão Em 14 de Julho de 1889, a Bastilha, prisão -símbolo do poder monárquico absolutista francês, foi tomada. Os historiadores identificaram este acontecimento como o início da Revolução Francesa e um dos marcos divisores da História. Começava a Idade Contemporânea. Os princípios desta revolução foram baseados nos filósofos iluministas e na exaltação da razão como instrumento de regeneração do homem e da sociedade. Entretanto, em sua base, também era anticlerical, ou seja, opunha -se à religião oficial: o catolicismo. Em seu objetivo de implantar a razão como fator supremo, chegaram a enfeitar e a endeusar uma bailarina e a proclamar pelas ruas de Paris que ela devia ser adorada. Foi feita uma proposta de substituir o culto a Deus pelo culto ao Estado. Uma religião do Estado foi estabelecida e o Estado, então, passou a ser a razão de ser do indivíduo. Observemos o que relata o judeu Myer Pearlman sobre o assunto: A Revolução Francesa oferece outro exemplo dessa política. Deus e Cristo foram lançados fora e um deus, ou deusa, se fez da Pátria (o Estado). Assim disse um dos líderes: O Estado é supremo em todas as coisas. Quando o Estado se pronuncia, a I greja não tem nada a dizer. Lealdade ao Estado, elevou-se à posição de religião. A assembléia nacional decretou que em todas as vilas fossem levantados altares com a seguinte inscrição: O cidadão nasce, vive e morre pela Pátria. Preparou-se um ritual para batismos, casamentos e enterros civis. A religião do Estado possuía seus hinos e orações, seus jejuns e festas.3
2 6 a n i g á P
A adoração ao imperador i mperador japonês É incrível como nem toda a tecnologia japonesa japonesa foi capaz de libertar seu povo da idolatria ao impera dor. Até 1945, no término da 2ª Guerra Mundial, os imperadores eram considerados descendentes diretos de Amaterasu-Omikami, a deusa do sol, a mais m ais importante divindade divindade da religião pagã japonesa. E não estamos falando de um povo primitivo primitivo e bárbaro, mas de uma refinada cultura do extremo oriente. oriente. Este culto tem raízes no xintoísmo, que defendia o culto ao imperador como a um deus, nem mesmo a influência do mundo ocidental alterou este conceito. Por muito tempo, a filosofia filosofia xintoísta não levava esse nome. Na realidade, realidade, esse nome foi criado em oposição à introdução do budismo e do cristianismo no país que, até então, não possuía outras vertentes religiosas significantes. O termo xinto significa caminho dos deuses. Surgiu, provavelmente, em oposição ao budismo que entrou no Japão no século VI da nossa era. Nesse tempo, a religião dos japoneses era muito simples, sem livros nem mandamentos nem sacerdotes. Acreditavam Acreditavam que o sol, a lua, a floresta e os rios tinham um espírito espírito que podia podia fazer mal ou bem. O rio tin ha de ser adorado. Além de adorarem a natureza, adoravam o Mikado (o imperador). Em 1889, 1889, o xintoísmo foi declarado declarado religião do Estado e transformado numa instituição governamental, cujo objetivo objetivo era manter, entre o povo, a devoção ao imperador. Depois d a segunda guerra mundial, e da terrível derrota sofrida pelo Japão por parte dos americanos, o imperador Hiroito declarou falsa esta crença e, desde então, o xintoísmo entrou numa crise, e seu êxito é incerto.4 O período nazista Quem julga que este assunto não deva ser discutido, discutido, devido ao fato de fazer parte part e do passado, deve considerar algumas coisas. O século XX apresentou várias manifestações de culto ao Estado e ao seu representante, representante, e isto até mesmo dentro de culturas culturas cristãs, por certo visando a de struição destas culturas. culturas. Em um primeiro momento, é impossível não falar de Hitler. Não podemos esquecer que estamos nos referindo referindo a uma nação intelectualmente intelectualmente desenvolvida, com uma tradição cristã antiga, berço da Reforma Protestante. Protestante. Induzir o povo a ad orar Hitler não foi mera questão política, mas religiosa. Hitler foi adorado. João Ribeiro Jr., em seu livro O que é o nazismo, consegue captar facetas do nazismo como poucos: Na realidade, Hitler era meio dirigente, meio sacerdote, deificado durante a vida e, graças à mística nazista, só se referiam a ele em termos de adoração bajuladora, do qual era sacrilégio duvidar.5 Ocultismo ou não, o que não se pode negar é que Hitler foi um dos poucos homens contemporâneos (talvez o único) único) que ainda em vida tr ansformou-se em um mito, uma lenda, um semideus, com aquele carisma de divindade que os japoneses atribuíam ao seu imperador.6 Quem julga ser isto um exagero, devia conhecer o tipo de oração que era ensinado às crianças nas escolas durante aquele período, período, como segue: Führer, meu führer que Deus me deu. Protege e conserva por muito tempo a minha vida. Tu salvaste a Alemanha dos abismos da miséria. É a ti que devo o pão de cada dia. Conserva -te muito tempo junto de
3 6 a n i g á P
mim, não me abandones. abandones. Führer, meu führe r, minha fé, minha luz. Salve meu Führer!. Führer!. O culto a Lênin na URSS O sentimento religioso é inerente ao ser humano. Romanos 1.19 diz que Deus manifestou no homem seu poder e sua divindade. divindade. Por este motivo, a religiosidade, religiosidade, a busca busca por algo superior e a r everência ao grandioso fazem parte de sua natureza. Nos países pertencentes à cortina de ferro e liderados pela URSS, tentou-se suprimir tais manifes m anifestações, tações, considerando-as anormais. Em contrapartida, o Estado foi colocado no lugar de Deus e a filosofia filosofia m arxista tornou-se um credo. Os escritos de Lênin e Karl Marx eram tratados com tal reverência que muitos os comparavam ao zelo com o qual os teólogos pesquisavam as Escrituras. O corpo de Lênin não foi enterrado, mas permaneceu embalsamado até o final do século s éculo e as pessoas que visitavam seu mausoléu tinham pelo seu cadáver uma reverência quase religiosa. r eligiosa. Cristianismo e Estado Convém fugir dos extremos com relação aos governos, porque a Bíblia não é extremista. Quando analisamos as doutrinas mais antigas das Testemunhas de Jeová com relação ao Estado, percebemos uma grande distorção das Escrituras neste ponto. Se biblicamente o cristianismo cristianismo não é parte do Estado como acontecia no judaísmo, ele também não é inimigo do Estado. A Sociedade Torre de Vigia foi caracterizada, durante muito tempo, por sua inimizade inimizade aos governos constituídos, constituídos, descrevendo descrevendo-os -os como agentes de Satanás. Eram intransigentes com relação ao voto, ao serviço militar, militar, ao juramento à bandeira e a outras coisas deste tipo. tipo. Embora sua interpre tação de Romanos 13.1-7 tenha mudado várias vezes ao longo dos anos e tenham, em certos pontos, se tornado mais flexíveis, é possível verificar sua distorção das norm as bíblicas: Quem são pois as autoridades superiores superiores (Rm 13.1 TNM)? Jeová Deus é supre mo e Cristo Jesus o seu oficial principal, a quem conferiu todo poder e autoridade para efetuar seu propósito; e portanto as autoridades superiores são Jeová Deus e Cristo Jesus (Mt 28.18).7 Todavia, as autoridades superiores superiores mencionadas mencionadas são os princi princi pais regentes da congregação de Deus, a saber, o corpo governante invisível do reino de Deus.8 O outro extremo é uma concordância concordância irrestrita com as forças dirigentes, sem levar em conta as afirmações éticas e doutrinárias doutrinárias da Bíblia, como no já referido c aso do Nazismo, ou na cooperação com o governo comunista para identificar identificar e perseguir os cristãos. Em Atos 5.29, os discípulos discípulos tinham um mandamento do Senhor e um mandamento dos governantes da nação. Obedecer a Deus seria sempre a prioridade, e assim fizeram os apóstolos. apóstolos. Perigos permanentes 4 Como podemos perceber, o culto ao Estado varia em forma, origem e conteúdo. Embora faça parte da 6 a n tradição de alguns povos, nem sempre está ligado à cultura desses mesmos povos. Pode surgir de repente, i g á provocado por um nacionalismo extremado ou por uma ideologia que coloque o Estado acima do indivíduo P
em todos os aspectos. É preciso aprender com o passado, à luz das Escrituras, não se deixando jamais enredar por laços como este. Honrar o Estado tem seus limites, bem co mo se sujeitar a ele. Sem uma visão equilibrada de toda a Bíblia, neste neste e em qualquer qualquer outro ponto, qualquer qualquer grupo cristão pode tornar -se vítima de idolatria ou de rebeldia sutil. Kremlin ignora aniversário bolchevique Dezenas de milhares milhares de comunistas da v elha guarda marcharam na Praça Pr aça Vermelha de Moscou, Moscou, numa demonstração de lealdade a Vladimir Illich Lênin no 74º aniversário da revolução bolchevique por ele chefiada. Levante-se, Illich, Illich, diziam cartazes levados pelos manifestantes, que exigiam julgamento para o presidente Mikhail Gorbachov. Não toquem em Lênin, gritou a multidão, calculada em 40 mil pessoas pela agência UPI, ao passar em frente ao mausoléu onde repousa o corpo embalsamado de Lênin, cuja remoção é exigida por uma corrente reformista. Fonte: http://www11.estadao.com.br/ext/diariodopassado/out/000030904.htm. Um mito embalsamado A múmia mais famosa do mundo moderno está guardada em um mausoléu na Praça Vermelha, em Moscou. O corpo do líder comunista Vladimir Lênin, morto em 1924, foi preservado preserv ado por uma equipe de embalsamadores que trabalharam durante cinco meses para criar a ilusão de que ele estava apenas dormindo. Seu rosto e mãos ainda estão à mostra, mas o resto do corpo está coberto por uma roupa preta, que impede a visão da decomposição. Ocasionalmente, o corpo mumificado é lavado com um líquido especial especial para manter a aparência impressionante. impressionante. Encarregados de preservar o corpo e, portanto, de manter o culto a Lênin, os embalsamadores selaram as cicatrizes da cabeça do líder após o cérebro ser removido para estudos. O objetivo era descobrir o segredo do gênio que o regime soviético atribuía a Lênin. O cérebro ainda está guardado em um laboratório de Moscou... Fonte: http://galileu.globo.com/edic/124/rep_mumia.htm Notas: 1 Declínio e queda do Império Romano. Edward Gibbon. Vol I, cap.2, p. 12. 2 Relato de Filo, cap. 6. 3 Conhecendo as doutrinas da Bíblia. Myer Pearlman, p. 248. 4 http://www.infohouse.com.br/usuarios/zhilton/Xintoismo.html. 5 P. 66-7.
5 6 a n i g á P
6 Ibid., p. 76. 7 Livro salvação, 1940, p. 227. 8 Seja Deus verdadeiro, 1955, p. 241 -2.m/edic/124/rep_mumia.htm.
6 6 a n i g á P
13. Seita quer clonar Jesus Por Natanael Rinaldi Uma seita denominada A Second Coming (Segunda Vinda) pretende fazer um a clonagem do Senhor Jesus Cristo para o dia 25 de dezembro deste ano. A notícia foi transmitida pelo apresentador do Fantástico Rede Globo, Pedro Bial, que encerra a matéria com a irônica pergunta: Piada, delírio ou alucinação? O site da A Second Coming na Internet concita as p essoas a participar dessa loucura por meio do apelo: Não desobedeça a Bíblia! Mande sua contribuição. Será que você, querido leitor, estaria disposto a atender tal pedido? Anelo pela segunda vinda de Cristo A justificativa apresentada pela A Second Coming para a sua pretensão de clonar Jesus (achando que com isso estará apressando a segunda vinda do Salvador, conforme prometida em Mateus 24 e 25) é declarada nos seguintes termos: não podemos esperar futilmente pela volta de Jesus apenas com orações e esperança. Temos tecnologia para trazê-lo agora mesmo, e não há razão moral, bíblica ou legal para não aproveitarmos isto; para salvar o mundo do pecado, devemos clonar Jesus para iniciar a Segunda Vinda de Cristo (o grifo é nosso). Ora, sabemos que não é de agora que existem certos grupos religiosos que pretendem, de uma forma ou de outra, apressar a vinda de Jesus. Por meio de cálculos cronológicos, algumas religiões chegaram ao cúmulo de marcar várias datas para esse auspicioso acontecimento tão aguardado p or nós, os salvos, e declarado por Paulo como a bem -aventurada esperança (Tt 2.13). Um dos exemplos de religiões pseudoproféticas, cujos líderes se pronunciaram a respeito da segunda vinda de Cristo, são as Testemunhas de Jeová. Seus adeptos dizem de si m esmos: As Testemunhas de Jeová, devido ao seu anseio pela segunda vinda de Jesus, sugeriram datas que se mostraram incorretas. Por isso, há quem as chame de falsos profetas (Despertai! 22 de março de 1993, p. 4). As TJs profetizam falsamente e iludem suas vítimas ao sugerirem datas para o advento da segunda vinda de Cristo. Anunciaram que findariam seu trabalho de pregação de porta em porta no século vinte. Este século terminou no dia 31 de dezembro de 2000. E agora?! Essa, no entanto, não foi a única v ez que seus adeptos predisseram enganosamente a segunda vinda de Jesus. Isso se deu em 1914, 1925, 1941 e 1975. Tais predições, para eles, se tornaram habituais, por assim dizer. Todavia, não podemos negar que a seita A Second Coming foi além de todos os absurdos cometidos pelas falsas religiões ao declarar sua pretensão de clonar o Filho de Deus, o Salvador do mundo, e anunciar a segunda vinda de Cristo para 25 de dezembro de 2001.
7 6 a n i g á P
O que diz a Bíblia Segundo os adeptos dessa seita, não há nada de imora l, ilegal ou antibíblico apressar a vinda de Cristo por meio de uma clonagem do Salvador, já que temos uma tecnologia bastante avançada. Para justificarem sua atitude, baseiam-se no fato de que o mundo precisa ser salvo do pecado. Ora, alguém que se diz fundamentado na Bíblia e afirma que não podemos esperar futilmente pela volta de Jesus apenas com orações e esperança, sua declaração, na verdade, está sem nenhum apoio escriturístico. Tanto Jesus como os escritores da Bíblia foram bem claros ao nos mostrar que devemos vigiar e orar para que possamos aguardar e estar prontos para a segunda vinda de Jesus. Pois o dia e a hora desse acontecimento ninguém sabe: Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai. E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam -se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todo s, assim será também a vinda do Filho do homem. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa (Mt 24.36-39,42-43). Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir (Mt 25.13). Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão (1 Ts 5.4). Por outro lado, o escritor de Hebreus 9.28 afirma que Jesus veio a primeira vez há dois mil anos e concluiu na cruz a obra da redenção: Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação. O apóstolo P edro também afirma que Jesus, na cruz, carregou nossos pecados: Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados (1Pe 2.24). E Paulo de clara: O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação (Rm 4.25). Jesus está vivo no céu, de onde nós o aguardamos não para efetuar uma nova obra de redenção, mas para transformar o nosso corpo abatido igual ao seu corpo glo rioso, com o qual subiu ao céu depois de ter ressuscitado dentre os mortos. Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas (Fp 3.20 -21). Clonar Jesus, se possível cientificamente, é uma eventual medida tecnológica inútil, à luz da Bíblia. Podemos ir mais além e declarar que um Jesus clonado não passa de um outro Jes us, conforme apontado por Paulo em 2Co 11.4: Porque, se alguém for pregar -vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis... Trata-se de um falso Cristo, contra o qual devemos estar prevenidos. Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. (Mt 24.23 24). O que os adeptos da seita A Seconde Coming ensinam sobre Jesus é to talmente antibíblico.
8 6 a n i g á P
Como Jesus será clonado De acordo com essa seita, a intenção é utilizar técnicas pioneiras do Instituto Roslin, da Escócia, retirando uma célula de sangue encontrada no Santo Sudário ou procurando células para se extrair o DNA de Je sus nas chamadas relíquias, que são mantidas pela Igreja Católica. O DNA seria inserido num óvulo e o zigoto implantado no útero de uma mulher virgem, o que provocaria um segundo nascimento de Cristo. Se tudo sair como o planejado, o clone de Jesus deverá nascer em 25 de dezembro de 2001. Profeta e fundador Colhemos ainda a informação de que seu principal profeta é Edgar Cayce, que teria previsto o começo e o fim da II Guerra Mundial, o fim do comunismo, a Nova Rússia, o Armagedon de 1999 (que, conforme afirma a seita, está ocorrendo, mas não em condições berrantes como imaginavam alguns), a ascensão dos computadores e a vinda de Cristo numa era tecnológica. Segundo mensagem do site, as diversas profecias feitas pelo fundador da A Second Coming já tiveram seu cumprimento. Todavia, lemos o seguinte em Deuteronômio 13.1 -3: Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses , que não conheceste, e sirvamo -los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo o vosso coração, e com t oda a vossa alma. Edgard Cayce nasceu no ano de 1877, em Kentucky, num lar cristão, tornando -se professor da Escola Bíblica Dominical. Ele afirmava que lia a Bíblia inteira todos os anos, desde a sua juventude. Sua morte ocorreu em 1945. A história de Cayce teve início aos treze anos de idade, q uando uma mulher apareceu para ele e disse que lhe atenderia qualquer petição. Cayce respondeu que desejava ter habilidade para curar as pessoas. Após esse pedido, aquele ser estranho, representado por aquela mulher, desapareceu. Aos sete anos, Cayce já exibia tremenda habilidade para a clarividência. Pregava a reencarnação e afirmava que, em vidas passadas, fora sobrinho de Lucas, autor do terceiro evangelho. Outros ensinos básicos dele incluem: Jesus Cristo era a reencarnação de quatro figuras proeminent es, três das quais são mencionadas na Bíblia Adão, Melquisedeque e Josué. A quarta era ZEN líder do ZOROASTRISMO.1 Edgar Cayce seria aprovado em um teste bíblico à luz de Deuteronômio 13.1 -4? Certamente que não, pois seus ensinos não encontram apoio n a Bíblia, principalmente com relação à pessoa de Jesus. Jesus reencarnado? Não! Jesus ressuscitado? Sim! Com Jesus não aconteceu o que normalmente ocorreu com outros líderes religiosos, cujos corpos jazem na sepultura com o seguinte epitáfio: Aqui jaz o s restos mortais de... Jesus ressuscitou corporalmente dentre os mortos. Tem o seu corpo glorificado no céu e de lá voltará para transformar nossos corpos para serem
9 6 a n i g á P
iguais ao seu (1Ts 4.16-17). A manifestação do mistério da injustiça Muito embora desejemos o cumprimento das promessas de Jesus inseridas no Sermão Profético, Mateus 24 e 25, não temos, portanto, autoridade bíblica para apressarmos a sua segunda vinda com doutrinas várias e estranhas: Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram (Hb 13.9). Paulo foi bem claro ao afirmar: Ora, irmãos, rogamo -vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não ser á assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora resiste até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda. A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da ver dade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira (2Ts 2.1-3,7-11). A expressão mistério da injustiça fala de uma atividade secreta dos poderes do mal (Ef 6.12) ora evidente no mundo inteiro e que aumentará até alcançar seu ponto máximo depois que a Igreja for tirada da terra, pelo arrebatamento (1Co 15.51-54). Repetir a im aculada conceição de Jesus, usando uma barriga de aluguel de uma virgem, deve ser encarada como um mistério da injustiça. O cumprimento da profecia de Isaías 7.14 já se deu e não se repetirá, como anunciou o anjo do Senhor a Maria: E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da pa rte do Senhor, pelo profeta, que diz, eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamá -lo-ão pelo nome de EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco (Mt 1.21 -23). As palavras de advertências de Jesus são oportunas: Acautelai -vos que ninguém vos enga ne; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos (Mt 25.3 -4). Acautelai-vos! Nota: 1 Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. George A Mather e Larry A Nichols. Editora Vida, 2000. p. 82. 0 7 a n i g á P
14. Suicídio De quem é a vida, afinal? Por Rosimeire Lopes de Souza Dezessete horas. Tarde de primavera. Na porta do hotel, muita g ente. As pessoas que chegam perguntam: O que aconteceu? A resposta ecoa, de forma brusca: Uma jovem cometeu suicídio. Foi participar de uma reunião, procurou um local estratégico e simplesmente se jogou. Tinha 24 anos de idade e um filho de dois meses. Desesperada, sua mãe disse que ela estava passando por graves problemas com o marido. Fiquei olhando do 17º andar e vi, de longe, o corpo estendido no chão. Embora tivesse muita gente em volta, pude ver claramente quando o carro da polícia chegou, pegou o corpo inerte e o colocou dentro de uma caixa de alumínio e saiu. Fiquei pensando: Como ela teve coragem? Ou: Por que tanta covardia de enfrentar a vida? Não sei qual é a sua opinião, caro leitor, mas creio não haver respostas para as indagações quanto aos motivos que levam uma pessoa ao suicídio. O assunto também é inesgotável. Todavia, podemos contar com o parecer científico de psicólogos, médicos, pesquisadores e, principalmente, com a visão bíblica a respeito. Mas a pergunta que sempre permanecerá é: Por quê? Escrever sobre suicídio é uma tarefa bastante difícil, pois não existem motivos que justifiquem este ato. Por quê, por quê, perguntamos. E não encontramos respostas. Ou melhor, elas não existem. O suicídio é uma separação extremamente abrupta. Nenhuma teoria seria capaz de explicar e desvendar os motivos que levam uma pessoa a se matar, a tirar a própria vida. O suicídio é um ato ambíguo (de insegurança), e suas razões, complexas. Obviamente, é impossível falar em suicídio sem falar em morte, os dois estão intimamente ligados. Impossível é também refletir sobre a vida sem deixar de pensar na morte. Em muitas culturas, a morte é encarada como uma fase natural da vida, pois trata-se de algo necessário para o equilíbrio da sobrevivência do grupo, sendo considerada um elemento intrínseco à natureza. Há civilizações em que a pessoa, ao ficar doente, se mata. Faz isso simplesmente porque não pode ma is produzir, ou seja, ser útil à sua comunidade. Nas primitivas sociedades tribais, a morte era encarada como parte integrante do viver diário. Isto é, as pessoas lidavam com a morte sem bani -la, com naturalidade. Para elas, a morte era um ato contínuo da vida. No ocidente antigo, havia outro tipo de relação com a morte. Segundo Ariès, o tabu a respeito veio com o avanço da tecnologia e da medicina, e também com os novos valores advindos desse progresso. Para melhor explicar sua teoria, Ariès dividiu em qu atro os diferentes períodos e maneiras de se lidar com a morte. Nos séculos IX e X, primeiro período dos antigos romances medievais, as pessoas viviam em constante contato com a morte, sendo freqüentemente ameaçadas por ela. Nessa época, quando alguém mor ria, a cerimônia de seu velório era algo público, com a presença de muitas pessoas no quarto, inclusive crianças. Esta fase é denominada por Ariès de morte domada.
1 7 a n i g á P
Na Idade Média, a partir dos séculos XI e XII, o conceito sobre a morte sofre algumas m odif icações. Primeiramente, a morte passou a ser vista como uma ordem da natureza. Depois, veio a preocupação sobre o lugar em que deveriam ser colocadas as inscrições funerárias e outras representações, como, por exemplo, as imagens esculpidas. Devido a esses fatores, a arte e a literatura também passam por algumas alterações. No final do século XVIII, o luto leva a família a m anifestar uma dor que nem sempre era sentida. A partir de então, tornou-se comum as pessoas chorarem muito, desmaiarem e jejuarem. Tudo isso por conta da morte. Ainda nessa época, em vez de os entes queridos dos falecidos confiarem seus mortos à Igreja, como era costume, eles passaram a se preocupar com o local da sepultura. Queriam um lugar em que pudessem ir livremente fazer suas visitas melancólicas e devotas, além de depositarem flores nos túmulos, em homenagem à lembrança do morto. Então, os cemitérios foram planejados. No século XVIII, os homens passaram a preocupar -se menos com a sua própria morte e a sofrer, em demasia, com a morte da mulher amada. A morte, então, passou a ser considerada como uma transgressão que arrebata o homem de sua vida cotidiana, lançando-o num mundo irracional, violento e cruel. Na metade do século XIX, a morte torna -se algo vergonhoso. As pessoas que cercavam o moribundo tentavam esconder, tanto para ele quanto para elas m esmas, o verdadeiro estado do agonizante e a verdade de que ele ia morrer. Os médicos ocultavam os diagnósticos de um paciente à beira da morte para a sua família. Sentiam tanto medo da morte que preferiam não falar nela. Entre as décadas de 30 e 50, as pessoas passaram a morrer nos hospitais, e não em casa. Sozinhas em seus leitos morriam sem a presença de seus familiares. Hoje em dia, quando alguém morre, as pessoas (na maioria) proc uram conter o choro, não demonstrando suas emoções. As manifestações de sentimentos, como o luto, por exemplo, foram abandonadas. O uso de roupas pretas nessas ocasiões, nem pensar. Pois dão um aspecto de morbidez. E ressurgem também as mortes aceitáveis, ou seja, por velhice ou por doenças incuráveis. Nesses dois casos, a morte é aceitável por ser um fato irreversível, é claro! Alguns idosos, por serem considerados improdutivos, estão sendo terrivelmente marginalizados por suas famílias. Sem dó nem piedade, são enviados aos asilos para ali morrerem sem nenhuma dignidade e carinho de seus parentes. O que é lamentável! A morte por suicídio em diferentes versões e épocas Em algumas sociedades orientais e tribais, o suicídio tem valor positivo, sendo, por ve zes, encorajado. Lá, ele é visto por muitos como um ato honroso, uma demonstração de fidelidade, disciplina e boa índole. Já na sociedade ocidental, o suicídio é um tema proibido, por tratar -se de completa negação da dor, do sofrimento e da morte natural. No g eral, ele não deve ser praticado, falado e, muito menos, pensado. Suas tentativas frustradas são motivo de vergonha, embaraço e culpa, e os laudos policiais, não poucas vezes, são distorcidos a fim de abafar as verdadeiras ocorrências.
2 7 a n i g á P
O sociólogo francês Émilie Durkhein produziu um estudo sobre o suicídio, classificando -o em três categorias sociais: o suicídio egoísta, o altruísta e o anômico. Mais tarde, ele acrescentou à sua tese o suicídio fatalista. * O suicídio egoísta. Seria o resultado de um individualismo excessivo, ou seja, a falta de interesse do indivíduo pela comunidade. * O suicídio altruísta ou heróico. A pessoa é levada a cometer o suicídio por um excessivo altruísmo e sentimento de dever, muito comum nas sociedades primitivas e orien tais. * O suicídio anômico. Em grego, o termo significa sem lei, mostrando a desorientação e o choque produzidos na vida de uma pessoa por uma mudança abrupta qualquer. O suicídio fatalista, por sua vez, seria aquele decorrente do excesso de regulament ação da sociedade sobre o indivíduo cujas paixões são reprimidas, de forma violenta, por uma disciplina opressiva. De modo geral, pessoas há que, quando doentes, optam pela morte, recusando -se a viver. Muitas pessoas que sofreram rejeição na infância perdem, quando adultas, o interesse pela vida. E há também o fato da inapetência infantil, decorrente desse mesmo abandono. E o que dizer daquelas que, por falta de perdão, guardam tamanha mágoa em seu interior que toma conta de todo o seu ser, daí entregam -se ao suicídio gradual, isto é, morrem lentamente. Vemos pessoas tão exageradas na busca do prazer que, na verdade, estão atraindo sobre si a morte. O suicídio representa o grito da alma, uma denúncia. Tal denúncia pode ser individual ou coletiva. Foi no século VI d.C. que a igreja decidiu tomar uma posição a respeito do suicídio, estabelecendo leis contra essa prática. E, para tanto, contou apenas com o registro bíblico do sexto mandamento, não matarás, para sustentar seus argumentos. Através de Santo Agostinho, os bispos foram incitados a entrar em ação. Todavia, fizeram isso mais por questão moral do que por outra coisa. E utilizaram os argumentos de Platão e Pitágoras, que afirmam que a vida é uma dádiva de Deus e que os nossos sofrimentos, sendo divinamente ordenados, não podem ser abreviados por nossas próprias ações. Ao contrário, suportá -los pacientemente é uma medida de grandeza da alma de cada indivíduo. Em 533 d.C., o Concílio de Orleans proibiu que se prestasse honra fúnebre a todo aquele que se matasse. Em 562, o Concílio de Braga abraça a mesma decisão, proibindo as honras fúnebres a todo e qualquer suicida, independente de sua posição social. O passo final foi tomado, no ano 693, pelo Concílio de Toledo, que decidiu que aqueles que não obtiv essem sucesso em suas tentativas de suicídios deveriam ser excomungados. No século XIII, Tomás de Aquino editou uma Suma, dizendo: o suicídio é um pecado mortal contra Deus, que nos deu a vida; é também um pecado contra a justiça e a caridade. É importante entender e conhecer esses aspectos, mas isso só não basta. Devemos fazer algo mais a respeito. É impressionante e alarmante o número de pessoas que pensam em suicídio e, pior, cometem o suicídio. Esse número vem crescendo a cada ano. Muitas tentativas de suicídio são apenas um meio que as pessoas encontram de chamar a atenção para si, para os seus problemas. É a forma que encontram para 3 serem ouvidas e ajudadas, pois estão extremamente sufocadas e sofridas que não conseguem g ritar por 7 a n socorro. Esse tipo de comportamento deve ser atacado em todos os seus aspectos: sociais, políticos, i g á médicos, etc. Enfim, devemos, como cristãos, arregaçar as mangas e combatê-lo, de uma forma ou de P
outra, seja qual for a sua origem. Se necessário, devemos criar em nossas ig rejas equipes bem estruturadas, preparar profissionais, como, por exemplo, conselheiros especiais que ajudem na restauração do corpo e da alma das pessoas. A depressão e o suicídio Quando grave, a depressão, mal que atinge muitas pessoas atualmente, é responsável por 15% dos suicídios, segundo o professor e doutor Francisco Lotufo Neto. De acordo com sua teoria, os sinais de alerta das pessoas propensas a tirar a própria vida são os seguintes: 1º) Falam a respeito do suicídio; 2º) Sentem depressão; 3º) Têm um passado de tentativas frustradas; 4º) Procuram se despedir de quem gostam (isto é, visitam parentes e amigos, doam objetos de que gostam muito); e 5º) Apresentam mudanças abruptas de comportamento, ou seja, estão muito deprimidas e, de repente, fica m bem. Várias pessoas, no auge de suas angústias, nos declaram que seria muito melhor para elas se morressem, e ficam pensando horas sobre isto. E, em suas fantasias suicidas, procuram as melhores saídas para que possam pôr em prática seus pensamentos mórbidos de morte. Diante delas, as seguintes possibilidades se apresentam: os precipícios, as estradas, os rios, os g alhos de uma árvore, uma arma, entre outras opções. Segundo os psicólogos, as causas que podem levar uma pessoa ao suicídio são muitas, tais como: ansiedade, depressão, alcoolismo, drogas, separação conjugal, fracasso financeiro ou no relacionamento amoroso, problemas sexuais, rejeição, traição, insegurança, timidez, problemas de saúde, entre outras, pois a lista pode ser imensa. O grupo de ri sco, em sua maioria, é formado por homens da meia-idade, por se sentirem sozinhos, com problemas financeiros e deprimidos. Geralmente, as mulheres jovens tentam o suicídio quando passam por problemas de ordem conjugal, principalmente se houver rompimento n a relação. O suicídio ocorre quando a esperança acaba Detectar um suicida pode até parecer simples, mas ouvi -los e ajudá-los não é tão simples assim, porque muitas vezes a própria pessoa não sabe como pedir ajuda, embora necessite dela. Então, sente -se sozinha, sem esperança. A desesperança é um processo cognitivo, isto é, acontece dentro de nós. É quando vemos as coisas de maneira errada, como se a nossa lente estivesse embaçada. Em seu livro As máscaras da melancolia, John White cita que, após ter escut ado vários pacientes, chegou à conclusão de que um pensamento perturbado é o resultado, e não a causa, de emoções perturbadas. Devemos agir com cautela com as pessoas suicidas, para que possamos impedi-las de cometer a ação. Mas, se não estivermos atentos, não iremos conseguir essa proeza. Por que precisamos ficar atentos? Porque, segundo o Dr. Lotufo, as pessoas com tendência suicida gostam de conversar a respeito. Por isso a necessidade de considerar a seriedade com que estão conduzindo o assunto, à manei ra como estão planejando o ato. Uma das formas de se fazer isso, ou seja, ficar atento às atitudes e procedimentos das pessoas com essa tendência (leia-se fraqueza) é reparar se estão comprando remédios em demasia, possuem armas de fogo ou prestes a comprar uma. Quando o suicida encontra ajuda e apoio, uma vida é salva. Um dos indicadores 4 de que alguém está para cometer suicídio é a sua maneira de falar. Se alguém lhe diz, em voz baixa, quase 7 a n sussurrando, que não tem mais esperanças, que não há mais jeito para ele, que lhe falta paz, leve-o a sério, i g á considere suas palavras. P
A pessoa prestes a cometer suicídio se torna agressiva, ameaçadora. Caso você, caro leitor, se depare com uma pessoa com essas características, e não se sente preparado para lidar com a situação, procure ajuda imediatamente, pois alguém pode morrer a qualquer momento. Uma vez detectado, o suicida deve ser ouvido com delicadeza, compreensão, franqueza e cortesia. O zelo excessivo e o medo devem ser substituídos por outros sentimentos e a tos, como, por exemplo, compreensão. O melhor método para evitar que uma pessoa cometa suicídio é ajudá -la, imediatamente, a sair da depressão em que se encontra. Um psiquiatra observou que a grande maioria das pessoas que cometem suicídio não o faria se tivesse esperado vinte e quatro horas. Tal observação, no entanto, não passa de uma suposição baseada em numerosas entrevistas com pessoas que tentaram o suicídio mas falharam e, conseqüentemente, conseguiram se reestruturar emocional e psicologicamente. O suicídio na Bíblia No Antigo Testamento, temos apenas três casos de suicídio. A saber. O rei Saul, ao ser derrotado na batalha, temendo ser ridicularizado e torturado por seus inimigos, jogou -se contra a ponta de sua própria espada, e seu escudeiro, vendo isso, seguiu o exemplo de seu senhor, morrendo ao seu lado (1Sm 31.4 -6). Aitofel enforcou-se em casa. Vejamos o motivo: Vendo, pois, Aitofel que se não tinha seguido o seu conselho, albardou o jumento, e levantou-se, e foi para sua casa e para a sua cidade, e deu ordem à sua casa, e se enforcou e morreu, e foi sepultado na sepultura de seu pai (2Sm 17.23). O quarto exemplo não pode ser considerado suicídio qualificado. Estamos falando de Sansão, que causou a própria morte ao provocar um colapso no templo onde os filisteus estavam realizando uma grande comemoração. Na ocasião, três mil pessoas morreram. (Ver Juízes 16.30). No Novo Testamento, temos o famigerado caso de Judas Iscariotes, o traidor, que se enforcou depois de haver jogado as trinta moedas de prata sobre o pavimento do templo diante do sumo sacerdote e dos anciões (Mt 27.3-5). Um dos textos bíblicos que nos chamam a atenção sobre essa atitude de Judas foi registrado por Lucas quando menciona que alguns dias antes de suicidar -se Satanás entrara em Judas Iscariotes: Entrou, porém, Satanás em Judas... (Lc 22.3). O que nos leva a entender que o suicídio também pode ocorrer por possessão ou, no mínimo, por uma poderosa influência do diabo sobre os filhos da desobediência. A polemica em torno deste assunto Em seu livro Comprehensive Texbook of Psychiatry (Manual Geral de Psiquiatria), Schenidman apresenta, no capítulo que discorre sobre o suicídio, uma série de contrastes entre as fábulas e os fatos em torno deste assunto: ... a profunda fé rel igiosa torna o suicídio impossível. Refutação do fato: o desespero e o sentimento de inutilidade que acompanham a grave doença depressiva podem solapar a fé. E continua ele: Pacientes piedosos já me olharam nos olhos e me disseram, cheios de desesper o: Minha
5 7 a n i g á P
fé acabou. Tal é a vulnerabilidade de nossos corpos e cérebro perante as pequeninas alterações químicas, e tão delicado é o equilíbrio entre a loucura e a sanidade, que o mais forte dos cristãos pode se tornar vítima do suicídio. E John White, por sua vez, em As máscaras da melancolia, é da opinião que Num momento desses, não é de fé que precisam, mas da assistência de pessoas competentes e cheias de fé, para que as vigiem até que o devido equilíbrio de suas mentes seja restaurado e, com ele, a fé que achavam ter perdido. Pode um cristão piedoso, em plena comunhão com Deus, cometer suicídio? Não podemos ignorar o fato de que não somos super -homens ou supermulheres, supercrentes, descartando a possibilidade de que a ajuda humana nos é necessá ria em nossas angústias, de que precisamos do auxílio de um profissional. Diz a Bíblia, em Romanos 12.13: Comunicai com os santos nas suas necessidades... O nosso cérebro recebe informações e o nosso comportamento é o resultado daquilo que sentimos. Não podemos, também, ignorar o fato de que Deus é poderoso.E, ainda que fragilizados, a ponto de percebermos o agir de Deus em nossas vidas, cremos que o crente fiel ao Senhor e a sua Palavra, aquele cristão que vive nas obras da carne, é sustentado em suas g randes adversidades, como aconteceu com o patriarca Jó. Deus não nos prova além das nossas forças! Não v eio sobre vos tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixara tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também escape, para que a possais suportar. Veja também o que diz Tiago: Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta (Tg 1.13). Encontramos, na Bíblia, várias pessoas que escreveram a respeito de sentimentos como a tristeza: O meu espírito se vai consumindo, os meus dias se vão se apagando, e só tenho perante mim a sepultura (Jó 17.1). O salmista disse: Estou encurvado, estou muito abatido, ando lamentando todo o dia (Sl 38.6). O próprio apóstolo Paulo, por várias vezes, relata como ele se sentia a respeito do seu sofrimento: Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração (Rm 9.2). Jesus também falou a respeito de seus sentimentos: A minha está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo" (Mt. 26.38). O profeta Elias, em 1 Reis 19.4, fala de sua amargura e interesse pela morte: ...Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. E Jonas, o profeta de Deus, disse: Peço -te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver (Jn 4.3). é importante entendermos o quanto é diferente o sentimento desses homens piedosos das narrativas bíblicas do desejo especifico que os suicidas sentem em tirar a própria vida. Em outras palavras, uma coisa é num momento extremo de angustia, como no caso do patriarca Jó, alguém desejar morrer. Outra coisa, totalmente diferente é o impulso doentio de alguém que deseja matar-se. Veja que os heróis da fé sempre apelaram para que Deus, o doador da vida, lhes permitisse morrer, que o próprio Senhor interrompesse o fôlego de vida deles, pois somente assim poderiam estar com Ele: O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer a sepultura e faz tornar a subir dela (ISm 2.6). O suicídio é obra do diabo. C risto veio para trazer vida, e vida em abundancia, como nos testemunhar as Escrituras Sagradas.E, partindo deste principio, toda e qualquer atitude que infrinja a lei divina quanto à valorização da vida é condenável. O suicídio é um assunto extremamente delicado, cercado por tantos
6 7 a n i g á P
tabus que difícil e raramente encontramos alguém falando a respeito. Nunca levamos aos nossos púlpitos sermões tendo o suicídio como titulo e não conhecemos quase nenhuma literatura evangélica que fale sobre este tema tão polemico. Mas não precisamos de muitos estudos bíblicos para condenarmos esse ato. Até mesmo os filósofos ateus, como Sartre, por exemplo, afirmam que o suicídio é errado por ser uma atitude que destrói todos os atos futuros de liberdade. Que é uma prática tão i rracional que lhe falta verdadeira base lógica. Segundo Agostinho, considerado o maior teólogo do cristianismo, depois do apóstolo Paulo: O suicídio é o fracasso da coragem. Ou, conforme o Dr. Norman L. Geisler, um dos maiores apologistas da atualidade, até mesmo a eutanásia, uma forma de dar cabo a própria vida, é uma contradição em termos, porque o ato final contra sim mesmo não pode ser, ao mesmo tempo um a to em prol de si mesmo. E se a base do amor ao próximo é amar a si mesmo, não amar-se é a base do ódio e da vingança contra o semelhante, o que viola o segundo grande mandamento (Mc 12.31). Considerando os princípios bíblicos Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele que nos fez, de não nós a si mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto (Sl 100.3).Considerando que não somos de nós mesmos, mas de Deus, por termos sido criados por Ele, a iniciativa de uma pessoa de tirar a própria via significa que ela está -se colocando acima de Deus e agindo com autoridade maior que a do Senhor, o autor da vida. O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus; destruiu o próprio corpo é desonrar o Criador. Paulo disse: Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? (1Co 6.19). Deus é o doador da vida, presente e futura. (Ver Gn 1.26-27; Sl 8.5; 24.1; Jo 1.3; 3.16; 10.10;11.25 -26). É o Senhor que tem estabelecido as normas de conduta para a nossa vida presente e para toda a eternidade. Nem mesmo o amor pela vida nem o desejo de suicídio devem ser colocados acima da vontade de Deus. Quando alguém age independentemente de Deus, está -se colocando no lugar dele. A primeira epistola de João 5.21 declara: Filhinhos, guardai -vos dos ídolos. Alguém pode perguntar: O que acontece com aqueles que cometem suicídio?. Ou, Um suicida pode ser salvo. A resposta levará em consideração a Sagrada Escritura. A orientação bíblica é que aqueles que cometem o suicídio violam o sexto mandamento. As pessoas que dão fim à própria vida fazem isso por várias razoes. Somente o Senhor Deus sabe a complexidade de pensamentos que passa na mente do individuo no momento do suicídio. Por isso, baseamos o nosso entendimento na Bíblia Sagrada. Devemos considerar o texto de Êxodo 20.3, que diz Não matarás. O suicídio nada mais é do que um auto -assassinio, atitude que contraria esse mandamento. Como cristãos, compreendemos que o suicida não pode ser salvo. Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; co mo também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem (Gn 9.5). Matheus Henry comenta: O homem não deve dar fim à própria vida... Nossas vidas não nos pertencem, mas pertencem a Deus. Cristo, nosso Salvador e Rei, nosso Mest re e nosso exemplo em todas as coisas, foi 7 tentado, ate como homem mortal. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer -se 7 a n das nossas fraquezas; porém, um que, como nos, em tudo foi tentado, m as sem pecado (Hb 4.15). i g á Levou-o também a Jerusalém, e pó-lo sobre o pináculo do templo, e disse -lhe: Se tu es o Filho de Deus, P
Lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem, e que te sustenham nas mãos para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra (Lc 4.9-11). A resposta de Jesus foi pronta: Não tentarás ao Senhor teu Deus (Lc 4.12). Rus Walton, pesquisador cristão e ex -secretário do Desenvolvimento do governo de Ronald Regan, não considera o suicídio um problema de patologia. Ou seja, não se trata de um problema da mente, mas, sim, de enfermidade da alma: Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa as, senão feridas e inchaços e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo (Is 1.5 -6). Essa enfermidade Jesus Cristo pode curar. O pecado e a fonte das inclinações suicidas. Quando a alma está sem Cristo, a mente e corrupta, perdida. As pessoas sem Cristo estão envolvidas em caminhos que parecem direitos, mas que, por fim, conduzem a morte. É Jesus Cristo quem sara o coração quebrantado e poe em liberdade os oprimidos: O Espírito do Senhor é sobre mim, pois... enviou-me a curar os quebrantados de coração, a pregar liberdade aos cativos (Lc 4.1819). Algumas pessoas se deixam levar pelo seguinte questionamento: Se Cristo morreu por nos para nos assegurar o perdão dos pecados (1Pe 2.24) e nos reconciliar com Deus (Rm 5.1), não teria sido a morte de Cristo em nosso favor um suicídio altruísta?. De forma nenhuma. Jesus declarou que ninguém poderia tirar a vida dele. O próprio Jesus tinha o poder de dá -la e também de retomá-la. João 10.17-18 diz Por isso o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a t omá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá -la. Só Jesus oferece descanso verdadeiro Existe alivio, descanso, refugio, para o coração pesado e a alma desesperada: Vinde a mim, todos os q ue estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vos o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas (Mt 11.28-29). Cristo é a única solução para as pessoas que pensam em cometer suicídio. Consideremos o que diz o apostolo Paulo: Porque não quero irmãos que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que o podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos. Mas já em nos mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos; o qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda (2Co 1.8 -10). Jesus é o Senhor da vida. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. (Jo 1.4). ... assim também o Filho vivifica aqueles que quer (Jo 5.21). Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho (1Jo 5.11). Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida (1Jo 5.12).
8 7 a n i g á P
Diante de textos tão contundentes, não podemos, como igreja de Deus, fechar os olhos para as pessoas que enfrentam tão grave problema como o suicídio. Às vezes, tais pessoas estão dentro de nossas próprias congregações. Como cristãos, conhecemos o poder vivificar do Filho de Deus (Jesus, o Cristo), portanto devemos criar grupos capazes de ajudar aqueles que estejam passando por esse dilema. Devemos orar e nos capacitar para que possamos ajudar essas pessoas. Devemos, ainda, ser solidários e desenvolver o caráter de Cristo em nossas vidas, pois somente assim estaremos livres de tão gr ande risco. Através do fruto do Espírito Santo poderemos apoiar e ajudar as pessoas para que veja os benefícios de Cristo na vida dos demais e também na nossa. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardara os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais,irmãos, tudo o que e verdadeiro, tudo o que e honesto, tudo o que e justo, tudo o que e puro, tudo o que e am ável, tudo o que e de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai (Fl 4.7-8). Somente assim conseguiremos manter a nossa m ente guardada em Cristo! Bíblia Vida Almeida Revista e Atualizada Suicídio: testemunhos de adeus. Maria Luíza, Editora Brasiliense, 1991 O Deus selvagem. Alvarez A; Companhia das Letras, 1999. As máscaras da Melancolia: White, John, ABU - 1995 1 As máscaras da melancolia John White ... Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a um a pressão constante, incessante, tudo suportando em silencio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue... ... Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmi as, a calunia não abateram meu animo, Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente eu dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na Historia... (Trecho da carta de suicídio deixada pelo Ex-Presidente Getulio Vargas em 24 de agosto de 1954 com apenas 51 anos.) Índices de suicídio na PM, em 1998 Foram 32 casos. A maioria entre soldados e cabos. Patente Número Soldados 20 Cabos 05 1º Sargento 02 2º Sargento 02 3º Sargento 03 Motivo Número
9 7 a n i g á P
Alcoolismo 03 Ignorado 08 Problema conjugal 15 Problema afetivo 01 Doença 01 Psiquiatria 01 Roleta Russa 01 Dificuldades financeiras 03 Método Número Revólver 27 Veneno 02 Enforcamento 02 Pistola 01 Box 3 Verba anti-suicídio Os ministérios do Trabalho e da Saúde e B em-Estar japoneses pediram que seja incluído no orçamento de 2001 do país 350 milhões de ienes (3,25 milhões de dólares) para aplicar em programas que visem a diminuir as taxas de suicídio. Em 1999, a taxa nacional, que girava e m torno de 30 mil casos, foi recorde: 33.048 casos. Entre as medidas adotadas há edição de livros com recomendações para profissionais evitarem que seus colegas tirem a própria vida. O Japão, porém, ainda está longe dos recordistas mundiais. Ranking Mundial Suicídios por 100 mil habitantes segundo a Organização Mundial de Saúde 1º Lituânia** 87.4% 2º Rússia* 78.7% 3º Bielorrússia** 73.5% 4º Letônia** 72.0% 5º Estônia** 69.9% 6º Hungária** 65.8% 7º Ucrânia** 62.3% 8º Japão* 37.9% *Dados de 1997 ** Dados de 1998 Revista UMA dezembro 2000 ... Ha muitos anos eu não venho sentido excitação ao ouvir ou fazer musica, bem como ler ou escrever... ... Eu sou sensível demais. Preciso ficar um pouco dormente para ter de volta o entusiasmo que tinha quando criança.
0 8 a n i g á P
... Eu tive muito, muito mesmo, e sou grato por isso, mas desde os sete anos de idade passei a ter ódio de todos os humanos em geral... ... Eu sou mesmo um bebe errático e triste! Não tenho mais a paixão, então lembrem: e melhor queimar do que se apagar a os poucos... (trechos traduzidos da carta deixada por Kurt Cobain, vocalista da banda de rock Nirvana que se suicidou em 5 de abril de 1994)
1 8 a n i g á P
15. Um novo governo mundial que pode destruir as nações Por Julio Severo Com o medo do te rrorismo espalhando-se pelo mundo inteiro, as nações hoje clamam por uma união internacional para eliminar a ameaça dos atentados. Alguns acham que só um governo mundial poderia dar mais segurança, paz e justiça e dirigir a humanidade nestes tempos difíceis. E quando pensam em um governo desse tipo, autoridades de vários países concordam que só a Organização das Nações Unidas (ONU) tem as qualificações necessárias. O que realmente pode acontecer se a ONU ganhar mais autoridade para agir como um governo mundial? Ainda que a ONU não esteja governando o mundo diretamente agora, poucas pessoas estão conscientes da sua crescente influência em cada país. Pouca gente sabe que as a gências dentro do sistema da ONU estão envolvidas em uma campanha para minar os alicerces da sociedade - a família constituída por um pai e uma mãe casados, as religiões que apóiam a importância vital do casamento e da moralidade sexual tradicional e as estruturas legais e sociais que protegem essas instituições. Utilizando o acobertamento político dos acordos internacionais que promovem os direitos das mulheres e das crianças, a ONU está influenciando cada país a mudar suas leis e constituições para adotar planos que acabarão afetando de modo negativo a vida das mulheres e das crianças. Esses planos são preocupantes, pois a ONU, em sua Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclama: A família é a célula natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado 1. Além disso, a ONU sempre incluiu em seus ac ordos e documentos termos que reconhecem o direito de cada país determinar suas normas e práticas culturais. Mas esse respeito da ONU para com a soberania das nações está -se enfraquecendo, enquanto agências dessa organização colocam em ação planos para mudar as sociedades, principalmente por meio da Convenção dos Direitos da Criança (CDC) 2 e da C onvenção sobre a Eliminação de Todas as Form as de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW sigla do original em inglês Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination Against Women) 3. Relatórios de agências da ONU recomendam que cada país: Elimine suas leis que proíbem a prostituição, possibilitando assim a sua legalização4. Torne o aborto um direito livre protegido por leis nacionais e intern acionais, dando às adolescentes acesso irrestrito e tornando a falta de serviços de aborto um crime em todos os casos 5. Diminua a importância do papel das mães e aumente os incentivos para elas trabalharem fora em v ez de permanecerem no lar para cuidar dos filhos 6. Diminua a autoridade dos pais e ao mesmo tempo aumente os direitos das crianças. Não há dúvida de que esses planos da ONU colocam em risco o direito natural das famílias, os direitos dos pais, a soberania nacional e a livre expressão das convicções e valores cristãos. Os comitês da CDC e da CEDAW podem até insistir no fato de que suas recomendações levam em consideração os melhores interesses das crianças e das mulheres, mas a realidade mostra outro quadro.
2 8 a n i g á P
Os planos da ONU para estabelec er novas normas sociais A família sempre recebeu tratam ento especial por causa de seu importante papel na sociedade. Muitas declarações e acordos do início da ONU respeitam a família e a liberdade religiosa e reconhecem que o governo não tem a capacidade de substituir o papel da família na sociedade. Por exemplo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos especifica: O papel da mulher como mãe e a infância têm direito à assistência especial7. Esse direito dá às mães condições de cuidar de seus filhos no lar e as protege de políticas sociais que: (a) tiram de seus maridos as condições de sustentar uma família com um salário digno e (b) forçam as mães a deixar o lar e os filhos a fim de trabalhar fora. Um dos acordos da ONU diz: Deve-se dar à família a mais ampla proteção e assistência possível8. Os países devem respeitar a liberdade dos pais de escolher para seus filhos escolas diferentes das escolas estabelecidas pelas autoridades públicas e devem garantir a educação moral e religiosa de seus filhos conforme as convicções pessoais dos pais 9. Contudo, várias agências da ONU estão tentando forçar os países a implementar uma interpretação diferente e radical dos acordos sobre os direitos das mulheres e das crianças. Minando o papel fundamental da família As pesquisas na área da ciência social mostram que a família natural é aquela em que crianças são criadas por um pai e uma mãe casados. Todas as outras formas de família apresentam ligações com elevados índices de crime, nascimentos ilegítimos, dependência de serviços de assistência social, vício de álcool e drogas, níveis baixos de educação, renda inferior, menos saúde e uma expectativa de vida menor. Filhos que nascem fora do casamento sofrem um risco mais elevado de mortalidade infantil, princip almente no caso de mães adolescentes. Eles desenvolvem mais lentamente a capacidade de se comunicar e aprender, têm problemas emocionais e comportamentais e, na adolescência, se envolvem com crimes10. A ciência social também documenta os efeitos do divórcio nas crianças11, os quais incluem delinqüência juvenil, abuso infantil, pobreza, envolvimento sexual precoce, índice elevado de nascimentos fora do casamento e índices elevados de coabitação com namorados. De que modo a ONU está querendo levar as famíl ias nessa direção destrutiva? A Concerned Women for America (Mulheres Preocupadas com o Bem-Estar dos EUA), organização evangélica fundada pela conhecida escritora Beverly LaHaye, mostra: A CEDAW mina a estrutura da família tradicional nas nações que respeitam a família. A CEDAW declara: É necessário mudar os papéis tradicionais dos homens e das mulheres na sociedade e na família para se alcançar a plena igualdade entre homens e mulheres. A CEDAW também requer que os países tomem todas as medidas apropri adas para modificar os padrões sociais e culturais de condutas masculinas e femininas, a fim de que sejam eliminados os preconceitos com base nos papéis masculinos e femininos. Para implementar esses objetivos, a CEDAW exigiu, por exemplo, que o pequeno país europeu do Luxemburgo mudasse suas atitudes estereotipadas que tendem a mostrar 3 os homens como chefes de família e responsáveis pelo sustento da casa e as mulheres principalmente 8 a n como donas de casa12. i g á P
Minando os papéis e os direitos dos pais Gary Becker, professor da Universidade de Chicago, diz em sua pesquisa que, ainda que o marido tenha uma renda trabalhando fora, a esposa desempenha um papel econômico mais importante do que o dele, com relação à família e à comunidade, quando ela permanece no lar para criar filhos felizes e saudáveis13. Entretanto, os relatórios mais recentes da ONU instruem as nações a eliminar, mediante legislação, as normas culturais que apóiam o papel das mães no lar. Em vez de protegerem a posição das mães que escolhem permanecer no lar para cuidar dos filhos, os relatórios da ONU recomendam, com o pretexto de elevar a condição das mulheres e reduzir a discriminação, políticas que as afastem de seu trabalho como mãe no lar. Um relatório da CEDAW, por exemplo, mostrou -se preocupado porque o Artigo 41.2 da Constituição Irlandesa reflete uma visão estereotípica do papel das mulheres no lar e como mães 14. Afinal, o que é que a Constituição Irlandesa diz que está incomodando tanto a ONU? Veja: O Estado, pois, se compromete a proteger a família em sua constituição e autoridade como a base necessária da ordem social e como indispensável ao bem -estar da nação e do Estado. De modo particular, o Estado reconhece que com sua vida no lar a mulher dá ao Estado um apoio sem o qual não se poderia alcançar o bem comum. O Estado, pois, se empenhará para a ssegurar que as mães não sejam obrigadas por necessidades financeiras a trabalhar fora, negligenciando assim seus deveres no lar15. Além disso, a CEDAW recomendou que o governo da A rmênia utilize as escolas públicas e os meios de comunicação para combater o estereótipo tradicional da mulher no papel de mãe16. A CEDAW também criticou a Bielo-Rússia pela ampla aceitação de estereótipos de papéis sexuais, tais como símbolos como o Dia das Mães que encorajam os papéis tradicionais das mulheres17. Assim, a ONU deixa claro que as mulheres profissionais que trabalham fora do lar têm uma posição social mais elevada do que as esposas que permanecem no lar. Creches do Governo como mães substitutas Para empurrar mais mães para o mercado de trabalho fora do lar, os relatórios da ONU insistem em que cada país mude suas leis a fim de garantir: Ampla disponibilidade de creches para recém -nascidos e o estabelecimento de educação pré-escolar para criancinhas (outra forma de creche estatal). Os comitês que atuam na ONU estão sempre pressionando as nações a aumentar o número de creches financiadas pelo governo, apesar da imensa quantidade de pesquisas que mostram que a maioria das mães prefere permanecer no lar para criar suas criancinhas e que crianças criadas fora do lar muitas vezes sofrem conseqüências negativas por muito tempo. Por exemplo, um estudo recente realizado pela Fundação Nacional do Canadá para a Educação e Pesquisa da Família constatou que em média as crianças criadas em creche têm um comportamento emocional, intelectual e social pior do que as crianças criadas no lar18. Com relação à Alemanha, a ONU mostrou-se insatisfeita com o fato de que, por causa do cuidado de crianças pequenas, as esposas estavam tendo dificuldade de se dedicar a uma profissão fora do lar. Então
4 8 a n i g á P
revelou a necessidade de se criar creches para criancinhas de 0 a 3 anos19. A Concerned Women for America afirma: A CEDAW mina a importância do papel dos pais na criação dos filhos. A CEDAW declara que em assunto de família os interesses das crianças serão supremo. Contudo, quem é que vai decidir os melhores interesses das crianças? Com relação a essa questão, a CEDAW deixou claro que é o governo, não os pais, que sabe melhor como lidar com as crianças. O Comitê da CEDAW ridicularizou o governo da Eslovênia porque só 30% das crianças com menos de três anos estavam em creches. Os restantes 70%, afirmou o Comitê, estavam perdendo as oportunidades sociais e educaci onais que as creches oferecem20. Aumentando os direitos das crianças A Declaração Universal dos Direitos Humanos m anifesta: Os pais têm o direito prioritário de escolher o tipo de educação que será dada a seus filhos21. Além disso, todos os países sem pre protegeram e respeitaram o papel dos pais na formação do caráter dos filhos. Apesar disso, a ONU está buscando maneiras de alterar as leis de cada país na área dos direitos dos pais com relação aos filhos. Os comitês da ONU estão influenciando os país es a dar às crianças: O direito à privacidade, até mesmo dentro da própria família. O direito a aconselhamento profissional sem o consentimento ou orientação dos pais. O pleno direito ao aborto e aos anticoncepcionais, até mesmo em violação da ética e desejos dos pais. O direito a total liberdade de expressão no lar e na escola. Os meios legais para desafiar na justiça a autoridade dos pais no lar. O direito à privacidade estabelece paredes legais entre pais e filhos dentro do próprio lar. Norm almente, quando os filhos demonstram comportamento rebelde, a sociedade dá aos pais liberdade para aplicar disciplina. Mas a ONU está tentando estabelecer, por meio de políticas e leis, condições que promovem esse tipo de rebelião. A Focus on the Family (V alor para a Família), organização evangélica fundada e presidida pelo Dr. James Dobson, alerta: [A CDC] parece algo bonito e inocente, mas o que não estão dizendo é que [esse documento] é um plano radical das Nações Unidas para usurpar as responsabilidade s dos pais 22. A Concerned Women for America também dá seu alerta: A CDC vai muito além de simplesmente proteger Intromete-se nos assuntos pessoais da família, colocando os filhos contra os pais. Com relação à disciplina física alguns pais se queixam de que a CDC está roubando seu direito de criar seus filhos de um modo disciplinado. A preocupação dos pais é que se aplicarem disciplina física eles serão levados a julgamento. A experiência em outros países prova que sua preocupação tem fundamento. A ONU criticou o Canadá duas vezes (em 1995 e 2000) por permitir legalmente que os pais disciplinem os filhos fisicamente. Em 2001, a pedido de assistentes sociais, a polícia canadense tomou sete crianças, de idades entre 6 e 14 anos, de seus pais evangélicos. As crianças choravam e protestavam enquanto a polícia as arrastava para fora de casa. O tribunal só deu permissão para as crianças voltarem para casa depois que os pais concordaram em não mais aplicar a disciplina física nos filhos. O Rev. Henry Hildebrand t, pastor da família, 5 explicou para as autoridades que os pais estavam apenas obedecendo ao que Deus diz em Provérbios 8 a n 13.24: O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo o disciplina (RA). Ele afirmou que o i g á significado dessa passagem é que os pais precisam aplicar a disciplina física nos filhos, porém deixou claro P
que esse versículo não é uma autorização para causar ferimentos nas crianças. Quando as autoridades começaram a questionar mais pais evangélicos, 26 mães e 74 crianças fugiram para os Estados Unidos A única coisa que a CDC garante é uma base excelente para as organizações de esquerda separarem os filhos das famílias que vivem uma vida religiosa ou moralmente íntegra 23. Seguindo a CDC, Portugal criou uma lei proibindo os pais de disciplinarem os filhos fisicamente. A CDC dá tantos direitos às crianças que os pais poderiam ser impedidos de proibir os filhos de ver pornografia no computador ou na TV24. Se esses direitos passarem a fazer parte das leis nacionais, os filhos poderão ganhar fácil acesso à assistência legal para desafiar os pais nos tribunais. No Brasil, há o Estatuto da Criança e do Adolescente, que indivíduos radicais nos EUA vêem como instrumento para minar a autoridade dos pais. Em um relatório, o comitê da CDC explica que está preocupado com as leis que não permitem que as crianças, de modo particular os adolescentes, busquem aconselhamento médico ou legal sem o consentimento dos pais25. O aconselhamento para crianças inclui conselhos sobre anticoncepcionais e até mesmo encaminhamento para serviços médicos de aborto sem a orientação dos pais, como já ocorre em alguns países avançados. Na área de a conselhamento, a ONU tenta afastar as crianças da direção moral direta dos pais, apesar de que uma recente pesquis a da Revista da Associação Médica Americana mostrou que quando os pais não dão nenhuma liberdade para que seus filhos se envolvam com anticoncepcionais e sexo fora do casamento, as adolescentes são protegidas, de forma eficiente, do risco de engravidar e ter um filho fora do casamento26. A ONU sente-se muito incomodada com a liberdade que os pais têm para guiar a educação moral de seus filhos. Em 1995, o comitê da CDC repreendeu o Reino Unido por permitir que os pais retirassem seus filhos das aulas de educação sexual por causa de conteúdo impróprio e imoral27. Por que tanto empenho para que as crianças não percam as aulas de educação sexual nas escolas? Lynette Burrows, líder pró -família no Reino Unido, alerta sobre os grupos que estão apoiando a ONU em s ua busca de maior liberdade para as crianças: Quem mais apóia os direitos das crianças são as organizações homossexuais e de pedófilos [indivíduos que se envolvem sexualmente com crianças], que percebem que o modo mais fácil de obter acesso às crianças é reivindicando sua liberação, expondo-as assim à conduta predatória dos que querem lhes fazer mal28. Mudando as normas sexuais da sociedade Para a sociedade é muito importante canalizar para o casamento a sexualidade, a paternidade e a maternidade. Tal norma cultural garante, m elhor do que reformas sociais e leis, a redução da violência contra as mulheres e as crianças. Garante também índices mais baixos de crimes, maior união social, maior longevidade, melhor saúde, níveis mais elevados de educação e r enda e menos casos em que bebês inocentes passam pela experiência infeliz de nascer fora do casamento e de s er criados sem um pai natural 29. No entanto, quando promovem serviços de aborto, contracepção para crianças e adolescentes, redefinições de gêner o, prostituição e educação sexual pornográfica nas escolas, as políticas da ONU estão também promovendo o sexo fora do casamento como um a norma cultural aceitável.
6 8 a n i g á P
Dar anticoncepcionais para adolescentes é uma questão bastante polêmica, principalmente qua ndo o governo defende que os menores tenham acesso mesmo contra a vontade dos pais. A ONU publica numerosos relatórios sobre educação sexual para crianças e adolescentes, encorajando abertamente o uso do controle da natalidade e da camisinha. Mas o que é i nteressante é que nenhum desses relatórios propõe a abstinência sexual antes do casamento. Em vez de colaborar com os pais na forma ção moral das crianças, os comitês da CEDAW sempre deixam claro que as adolescentes devem ter acesso total aos anticoncepcionais e aos serviços médicos de aborto, sem a permissão dos pais. Os comitês da ONU há muito tempo buscam proteger a prática do aborto nas leis de cada país. Esses comitês defendem a posição de que a autoridade dos pais não seja levada em consideração quand o, por exemplo, um conselheiro de escola pública encaminhar uma adolescente a um serviço médico de aborto. Assim, a privacidade das famílias sofre uma invasão cruel da autoridade do governo. Os comitês da ONU chegam ao ponto de atacar as leis que dão liberdade de consciência aos médicos que, por motivos religiosos ou morais, não aceitam realizar aborto em uma mãe. Por exemplo, a ONU expressou especial preocupação com o fato de que há poucos serviços de aborto disponíveis para as mulheres no Sul da Itália, por causa da elevada incidência de médicos e equipes de hospitais que escolhem não participar por motivos de consciência 30. Chega a parecer que a ONU deseja que sejam tomadas medidas contra esses médicos. Redefinindo gênero: reconstruindo as normas soc iais A ONU está determinada a remover toda estrutura cultural e legal que protege a paternidade e a maternidade naturais e a criação de crianças em famílias onde o pai e a mãe são legalmente casados. Os comitês da ONU recomendam: Combater os papéis sexuais tradicionais e os estereótipos. Definir gênero como simplesmente uma invenção s ocial, não uma diferença biológica. Reescrever os livros escolares e os currículos de todas as séries escolares para promoverem a nova definição de gênero. Financiar estudos de gênero que promovam atitudes mais tolerantes para com estilos de vida sexual diferentes. Realizar campanhas públicas para promover a s questões de gênero. Para a maioria das pessoas, gênero é a diferença biológica natural entre o homem e a mul her. Mas os relatórios da ONU tentam dar outra interpretação: gênero é uma invenção social, isto é, os papéis que os homens e as mulheres desempenham foram criados pela sociedade e não têm nenhum valor. Por exemplo, esposas que permanecem em casa para cuidar dos filhos enquanto os maridos trabalham fora são uma invenção da sociedade. Em uma sociedade justa, os homens também deveriam permanecer em casa para cuidar dos filhos enquanto as esposas trabalham fora para sustentar o marido e os filhos. O termo gênero também envolve a aceitação do estilo de vida homossexual. Referindo-se a uma conferência da ONU sobre os direitos das mulheres, o Dr. James Dobson, líder evangélico em assuntos de família, disse: O que se pretende é uma nova m aneira de ver a sexua lidade
7 8 a n i g á P
humana A identificação sexual, dizem os radicais, é algo que a sociedade impõe sobre as crianças Certa escritora feminista expressou isso assim: Embora muitas pessoas achem que os homens e as mulheres são a expressão natural de um plano genético, gênero é um produto do pensamento e cultura humana, uma construção social que cria a verdadeira natureza de todas as pessoas. Em outras palavras, as únicas diferenças biológicas entre homens e mulheres são características externas relativamente insignificantes. Portanto, se protegermos as crianças de todo tipo de condicionamento social e religioso, as pessoas serão livres para trocar de papéis de gênero existentes conforme preferirem. Ao levar esse conceito para sua conclusão ilógica, os radicais querem d issolver os papéis tradicionais das mães e dos pais Depois que as características femininas e masculinas não mais puderem ser protegidas como direitos civis, tudo sobre a diferença sexual mudará. O governo decretará leis dividindo todas as responsabilidad es familiares meio a meio. Decretará que todas as empresas deverão ter 50% de mulheres e 50% de homens em cada um de seus postos de trabalho. O exército também deverá ser dividido de maneira igual entre homens e mulheres, inclusive para missões de combate terrestre, e as moças deverão automaticamente, ao completarem 18 anos, se alistar no serviço militar. Não se aceitará absolutamente nenhuma diferença entre os sexos. Em resumo, a diferença entre a masculinidade e a feminilidade desaparecerá completamente das culturas do mundo. Contudo, é claro que há um problema espinhoso com essa opinião unissex. Ela contradiz Gênesis 1.27, onde lemos: Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (RA). Ignora também as palavra s de Jesus, que disse: Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea Então ele disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne (Mt 19.4-5 - RC)31. A ONU está decidida a redefinir os padrões sexuais por sua interpretação do termo gênero. Essa redefinição tem dois objetivos: eliminar os estilos de vida masculinos e femininos tradicionais e promover como normal estilos de vida diferentes do masculino/feminino natural. Junto com a obscura palavra gênero, a ONU vem procurando incluir em seus documentos outro termo polêmico, orientação sexual, que os ativistas gays usam para defender suas práticas sexuais. O que acontecerá quando os papéis sexuais tradicionais forem eliminados? O Dr. Dobson diz: Sendo liberto de seus preconceitos tradicionais, um indivíduo poderá decidir se quer ser homem, mulher, homossexual, lésbica ou transexual. Alguns vão querer tentar todos os cinco estilos sexuais32. A Concerned Women for America comenta: O Comitê da CDC incentiva as nações a acabar com a chamada discriminação de gênero, que é uma estratégia para f avorecer as meninas sobre os meninos e normalizar a homossexualidade como equivalente moral da sexualidade normal33. Para combater a discriminação contra as mulheres, a CEDAW expressou preocupação pelo Quirguistão, onde o Código Penal classifica o lesbianismo como crime sexual e ordenou que o lesbianismo seja, em uma nova concepção, visto como orientação sexual e que toda pena contra sua prática seja abolida, independente dos costumes culturais e religiosos do país34. Intolerância para com a liberdade religiosa As normas morais da Europa e do continente americano estão de modo geral alicerçadas nas tradições cristãs. Essas normas sempre foram um forte apoio à família, aos direitos dos pais e ao comportamento sexual normal. Mas por aceitar as condutas que o cristianismo proíbe, a ONU percebe que suas políticas acabarão provocando um confronto com as igrejas cristãs.
8 8 a n i g á P
No campo dos direitos da mulher, o cristianismo tem sido atacado pela ONU principalmente por defender atitudes, valores e ensinos bíblicos que tornam a esposa submissa ao marido. Em julho de 2001, o jornalista Joe Woodard, do jornal canadense The Calgary Herald 35, realizou um extenso estudo sobre a verdadeira postura da ONU com relação às religiões, principalmente o cristianismo. O estudo cita diversas personalidades, como, por exemplo, Hermina Dykxhoorn, presidente da Federação de Mulheres Unidas pela Família no Canadá. A Sra. Dykxhoorn, que é evangélica presbiteriana, explicou que em 1996 o diretor geral da Organização Mundial da Saúde, o Dr. Hiroshi Nakajima, afirmou diante da imprensa que as religiões monoteístas não são compatíveis com a nova ordem mundial. Ela afirma que a liderança da ONU está muito incomodada porque o cristianismo enfatiza a santidade da vida humana, o sexo somente dentro do casamento e a santidade da família. Austin Ruse, especialista em direitos humanos de Nova Iorque, explicou que as agências da ONU trabalha m e agem como se fossem um governo mundial e interpretam os acordos da organização de maneira radical. Não existe um acordo oficial na ONU sobre um direito universal ao aborto, mas as agências da ONU atuam como se existisse. O aborto é um direito sagrado para eles e sempre é sutilmente incluído nas conferências da ONU. Geralmente, o aborto é promovido sob o eufemismo de s erviços reprodutivos e saúde reprodutiva. Direitos reprodutivos também envolve direito ao aborto. Essas questões não estão distantes do Brasil. Anos atrás, houve uma tentativa cristã de colocar em nossa constituição nacional um artigo defendendo as crianças em gestação contra o aborto legal, mas grupos feministas financiados pela ONU conseguiram derrotar os esforços dos grupos cristão s36. A questão moral do aborto coloca em destaque o confronto entre os valores globais da ONU e os valores cristãos. Os comitês das ONU também acreditam que os hospitais evangélicos que se recusam a oferecer serviços de aborto cometem crime de discriminaç ão contra as mulheres37. Na verdade, mesmo desconsiderando a tradição cristã, médicos que não realizam aborto estão apenas seguindo a antiga tradição de Hipócrates, o pai da medicina, que ensinava os médicos a defender a vida humana. Mas a ONU tem procurado transformar essa tradição médica contra o aborto em violação dos direitos humanos das mulheres. Nas conferências da ONU há intensos debates para avançar a questão do aborto, da homossexualidade e da autonomia das crianças, afastando-as da autoridade dos pais. Para promover a homossexualidade, os grupos feministas e socialistas na ONU querem substituir a palavra família pela frase família em suas várias formas. As atitudes da ONU nessas questões demonstram hostilidade não só contra o cristianismo, ma s também contra todos os valores morais que sustentam a f amília em todo o mundo38 . Por isso, é preocupante o fato de que a ONU estabeleceu a Corte Internacional de Crimes, em que s erão julgados todos os casos que a organização considerar como crime. A principal dúvida é se os que s e opõem ao aborto e ao comportamento gay poderiam ser levados a esse tribunal. Para promover apoio religioso às políticas da ONU, há um movimento de várias religiões dentro da organização chamado Iniciativa das Religiões Unidas (IRU). A IRU foi fundada em 1995 e trabalha em 58 países. Junto com protestantes e católicos liberais, a IRU tem como membros bruxas, druidas e gente do
9 8 a n i g á P
movimento Nova Era. A IRU mistura elementos de todas as religiões, é hostil aos valores cristãos conservadores e já declarou que pretende eliminar o proselitismo religioso em áreas sob sua influência40 . Para neutralizar a oposição a seus planos, os comitês da ONU alegam que apenas querem elevar a condição das mulheres e das crianças dos países pobres. M as a Concerned Women for America alerta: As mulheres pobres nos países em desenvolvimento estão lutando para suprir suas necessidades diárias básicas educação, saúde, nutrição etc. As feministas radicais dos EUA e da Europa tiram vantagem da situação infeliz dessas mulheres para promover direitos sexuais e reprodutivos para as mulheres e até meninas. Utilizando como pretexto os direitos humanos e apelando em favor das necessidades das mulheres dos países pobres, as feministas insistem em que os governo s devem implementar em seus países os planos da CEDAW. O que podemos fazer A Carta da ONU reconhece que cada país tem o direito de determinar suas próprias leis. Mas as tentativas de fortalecer a família e os direitos dos pais pela legislação apropriada em nosso país estão sob sério risco por causa da interpretação radical que os grupos feministas e socialistas fazem da CDC e da CEDAW. Além disso, quando o governo brasileiro seleciona grupos para participar das conferências da ONU, somente os socialistas e as feministas têm se colocado à disposição. Onde estão os grupos evangélicos a favor da família? É hora de os líderes evangélicos com interesse no bem -estar da família se apresentarem oficialmente para participar dessas conferências. Precisamos representar nosso país lá fora e ajudar a mudar as políticas globais da ONU. Precisamos ajudar o Brasil a assumir um posicionamento que: Deixe claro para a ONU que os brasileiros são a favor do direito dos pais, principalmente de fazer decisões com relação à saúde, educação e criação religiosa de seus filhos. O Brasil deve envolver-se na defesa do direito fundamental de os pais dirigirem a educação moral e espiritual de seus filhos, e também deve fortalecer as leis que protegem a família. Não aceite a redefinição dos papéis sexuais mediante termos ambíguos como gênero e orientação sexual. Expresse a vontade do povo brasileiro. Para isso, o Brasil deve escolher pessoas capazes para representar nossa nação nas reuniões internacionais da ONU. Em recente encontro, membros da delegação brasileira, em completa discordância com os sentimentos e opiniões da vasta maioria do povo brasileiro, tiveram a coragem de defender a prática do aborto41. O Brasil merece pessoas mais capacitadas para r epresentá-lo. A posição do Brasil A ONU tornou-se instrumento dos grupos feministas e socialistas que trabalham para reestruturar totalmente a sociedade. Esses grupos, com suas interpretações radicais dos acordos da ONU, querem que as nações modifiquem suas leis nacionais. O Brasil deve opor-se a essa interferência e trabalhar para reverter essa tendência, para o b em das famílias, das mulheres e das crianças. Precisamos incentivar os líderes e os políticos evangélicos a avaliarem o perigo que as políticas da ONU representam para a soberania e a estabilidade do Brasil e
0 9 a n i g á P
precisamos trabalhar juntos para que os direitos das crianças e das mulheres sejam de fato protegidos42. Notas: 1 Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 16: . 2 Veja: http://www.unhchr.ch/html/menu6/2/fs10.htm#ii . 3 4 Comitê da CEDAW, Segunda Sessão. (2000), Report on Germany, parágrafo 39. 5 Relatório do Comitê da ONU sobre a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, Sessão 13, à Assembléia Geral da ONU, sessão 53 (1998), Report on Croatia, Document #A/53/38, Para. 109. 6 Veja Mark Genuis, The Myth of Quality Day Care (Calgary, Alberta: National Foundation for F amily Research and Education, 2000). 7 Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 25, parágrafo 2. 8 Acordo Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, Artigo 10. 9 Ibid., Artigo 13.3. 10 Veja Patrick F. Fagan, Rising Illegitimacy: Americas Social Catastrophe, Heritage Foundation F.Y.I. No. 19/94, 29 de junho de 1994. 11Para conhecer literatura sobre o assunto, veja Patrick F. Fagan and Robert Rector, The Effects of Divorce on America, Heritage Foundation Backgrounder No. 1373, 3 de junho de 2000: . 12 13 Becker frisou esse fato, por exemplo, na principal palestra em uma conferência patrocinada pela ONU em 1998 sobre a família, em Caracas, Venezuela. 14 Comitê da CEDAW, Sessão 21 (1999), Report on Ireland, parágrafo 193. 15 Veja: http://www.irlgov.ie:80/taoiseach/publication/constitution/english/contents.htm 16 Comitê da CEDAW, Sessão 17 (1997), Report on Armenia, parágrafo 65. 17 Comitê da CEDAW, Sessão 22 (1999), Report on Belarus, parágrafo 27. 18 Os pesquisadores realizaram dados de mais de 32 mil crianças que recebem cuidados fora do lar, até mesmo creches de qualidade. Veja National Foundation for Family Research and Education (Canada), The Myth of Quality Day Care, April 2000. 19 Comitê da CEDAW, Sessão 22 (2000), Report on Germany, parágrafo 27. 20 21 Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 26, No. 3. 22 23 24 Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças, Artigos 13 e 15: . 25 Ibid, parágrafo 14. 26 Michael D. Resnick et al., Protecting Adolescents from Harm: Findings from the National Longitu dinal Study on Adolescent Health, JAMA, Setembro de 1998, p. 830. 27 Comitê da CDC, Sessão 8, Concluding Observations of the Committee on the Rights of the Child: United Kingdom of Great Britain and Northern Ireland, CRC/C/15/Add.34, 15 de fevereiro de 19 95.
1 9 a n i g á P
28 29 Para conhecer as pesquisas sobre essas questões, veja Fagan, The American Family. 30 Relatório do Comitê da ONU sobre a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres, Sessão 17, à Assembléia Geral da ONU, Sessão 52 (1997), Report on Italy, Document #A/52/38/Rev. 1, parágrafos 353 e 360. 31 Carta do Dr. James Dobson, datada de agosto de 1995, p. 3. 32 Idem. 33 34 35 Fonte: LifeSite News Special Report, 20 de agosto de 2001. 36 A Situação da População Mundial 1997 (Fundo de População da ONU: Nova Iorque, 1997), p. 61. 37 Comitê da CEDAW Committee, Sessão 18 (1998) Report on Cr oatia, parágrafo 109. 38 Radhika Coomaraswamy, Reinventing International Law: Womens Rights as Human Rights in the International Community (Cambridge, Mass.: Harvard Human Rights Program, 1997). 39 C-FAM, Volume 4, Number 42, 12 de outubro de 2001. 40 41 HLI Reports (Human Life International: Front Royal -EUA), outubro de 2001, p. 15. 42 Quase metade do material usado neste artigo foi traduzido e adaptado do documento How U.N. Conventions on Womens a nd Childrens Rights Undermine Family, Religion, and Sovereignty, de Patrick F. Fagan, The Heritage Foundation, 5 de fevereiro de 2001. As informações restantes vieram de várias outras fontes americanas.
2 9 a n i g á P
16. O que é religião? Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4) No texto bíblico em referência, Jesus nos remete à consideração de que os homens não têm apenas de alimentar o corpo físico. Há o clamor da alma, que não se contenta somente com o tr igo; ou seja, com o alimento material. Existem perguntas que insistem em atravessar os séculos em busca de respostas. É o lado espiritual do homem reivindicando o seu espaço no tempo, em meio às diversas culturas e sociedades. A história da religião acompanha a história da sociedade. Onde estiver o ser humano, aí estará, igualmente, a religião. O sentido da vida e da morte está relacionado a indagações religiosas antigas que, em nossa época, se mostram influentes e vigorosas, ainda que se apresentem por me io de símbolos secularizados. Em verdade, a religião é constituída de símbolos utilizados pelos homens, mas os homens são diferentes e, conseqüentemente, seus mundos sagrados também, e, por conta disso, suas religiões são distintas. Os símbolos são variados: altares, santuários, comidas, perfumes, amuletos, colares, livros... E todos eles inspiram alguma forma de sagrado, um sagrado que não se reflete apenas nas coisas, mas também em gestos, expressões e ações, como, por exemplo, o silêncio, os olhares, as renúncias, as canções, as romarias, as procissões, as peregrinações, os milagres, as celebrações, as adorações e, até mesmo, o suicídio. Edmund Burke chegou a dizer que o homem, em sua constituição, é um animal essencialmente religioso. Apesar disso, como sabemos, não foram poucos os que profetizaram a decadência e a extinção do sagr ado entre os homens. Que crente jamais se indignou com a famosa declaração de Karl Marx: O sofrimento religioso é, ao mesmo tempo, expressão de um sofrimento real e protest o contra um sofrimento real. Suspiro da criatura oprimida, coração de um mundo sem coração, espírito de uma situação sem espírito: a religião é o ópio do povo. Esta é uma das definições de religião, mas foi assiduamente combatida, e não é a única. Vejamos outras. Definições e classificações da religião O vocábulo português religião é oriundo do latim religare, que significa religar, atar. Alguns cristãos se opõem frontalmente à classificação do cristianismo como religião baseando-se em sua supremacia e distinção em relação às demais crenças. Mas, ao agirmos desta forma, estamos, na verdade, criando a nossa própria definição do termo, cujo significado é inaceitável para os dicionaristas e enciclopedistas, pois acabamos apresentando definições incomp letas em si mesmas. Assim sendo, independente desta discussão filosófica e do posicionamento que o leitor defende, é válido considerarmos alguns conceitos do que seria uma religião. A saber: Religião é um sistema qualquer de idéias, de fé e de culto, co mo é o caso da fé cristã. Religião é um conjunto de crenças e práticas organizadas, formando algum sistema privado ou coletivo, mediante o qual uma pessoa ou um grupo de pessoas é influenciado.
3 9 a n i g á P
Religião é um corpo autorizado de comungantes que se r eúnem periodicamente para prestar culto a um deus, aceitando um conjunto de doutrinas que oferece algum meio de relacionar o indivíduo àquilo que é considerado ser a natureza última da realidade. Religião é qualquer coisa que ocupa o tempo e as devoçõe s de alguém. Há, nessa definição, um quê de verdade, já que aquilo que ocupa o tempo de uma pessoa é geralmente algo a que ela se devota, mesmo que não envolva diretamente a afirmação da existência de algum ser supremo ou seres superiores. E a devoção encontra-se na raiz de toda religião. Religião é o reconhecimento da existência de algum poder superior, invisível; é uma atitude de reverente dependência a esse poder na conduta da vida; e manifesta-se por meio de atos especiais, como ritos, orações, atos de misericórdia, etc. A partir destas tentativas de definição, podemos nos atrever a classificar as religiões em tipos de acordo com a similaridade de suas crenças. Especialistas no assunto destacam pelo menos dez classes de religiões. Mas, como o leitor perceberá, há casos em que a distinção é mantida por uma linha muito tênue, o que faz que surja certa mistura de conceitos (tipos) em uma única religião. De fato, os tipos de religiões mesclam se em qualquer fé que queiramos considerar, e, geralmente, as r eligiões progridem de um tipo a outro ao longo de sua trajetória. Assim, os vários tipos de religiões alistados a seguir não são necessariamente contraditórios ou excludentes entre si. Acompanhe: Religiões animistas. Sistemas de crenças em que entidades naturais e objetos inanimados são tidos como dotados de um princípio vital impessoal ou uma força sobrenatural que lhes confere vida e atividade. Religiões naturais. Pregam a manifestação de Deus na natureza, e, geralmente, rejeitam a r evelação divina e os livros sagrados. Segundo seu pensamento, toda e qualquer revelação à parte da natureza não é digna de confiança. Religiões ritualistas. Enfatizam as cerimônias e os rituais por acreditar que estes agradariam as divindades. Tais ritos e encantamentos teriam o poder de controlar os espíritos, levando-os a atuar para o bem ou mal das pessoas. Religiões místicas. São também revelatórias, porém, seus adeptos acreditam na necessidade de contínuas experiências místicas como meio de informação e crescimento espiritual. Os místicos regem sua fé pela constante e diligente busca da iluminação. Religiões revelatórias. Na verdade, seriam uma espécie de subcategoria das religiões místicas. Este grupo de religiões fundamenta-se nas supostas revelações da parte de deuses, de Deus, do Espírito, ou de espíritos desencarnados que compartilham mistérios que acabam cristalizados em livros sagrados. Religiões sacramentalistas. São grupos que têm nos sacramentos m eios de transmissão da graça divina e da atuação do Espírito de Deus. Estas religiões, geralmente, acreditam que o uso dos sacram entos por meio de pessoas desqualificadas impede a atuação do Espírito de Deus. Os sacramentos constituem-se em veículo para promoção do exclusivismo.
4 9 a n i g á P
Religiões legalistas. São construídas sob preceitos normativos, algum código legal que deve governar todos os aspectos da vida de um indivíduo. Este código é usualmente concebido como divinamente inspirado. O bem é prometido aos obedientes e a punição aos desobedientes. Religiões racionais. Neste grupo, a razão recebe ênfase proeminente e a filosofia é supervalorizada. A razão, segundo acreditam, seria algo tão poderoso que nada mais se faria necessário além de seu cultivo bem treinado e disciplinado. Religiões sacrificiais. Pregam a salvação por meio de sacrifícios apropriados. O cristianismo é uma religião sacrificial, no sentido de que Jesus Cristo é reputado como o autor do sacrifício supremo necessário à salvação. A suprema palavra do Senhor declara: E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão (Hb 9.22). Nem só de pão viverá o homem
"
"
Todos estes princípios de crenças sustentam, cada qual à sua maneira, a religiosidade do mundo em que vivemos. Não foram poucas as declarações de filósofos e intelectuais que vislumbraram o desaparecimento destes sistemas. Mas eis que a religião ainda persiste, manifestando-se de diversas formas, em todos os lugares e coisas, em pleno século XXI, tão forte e influente quanto a mais recent e descoberta científica. Por quê? Porque o homem não vive só de pão, mas também de religião. É justamente ela (a religião) quem se candidata a responder ao drama da alma humana, o traço magno de todo interesse espiritual. Um mundo caído sem religião não é concebível. Em sua famosa canção, Imagine, o célebre cantor e compositor John Lennon nos convida a imaginar um mundo ideal, sem coisas ruins (entre as quais ele destaca as religiões), propõe um mundo em que as pessoas pudessem viver em paz e sugere a religião como fonte incentivadora das guerras. Em verdade, não há como negar que o abuso das atitudes religiosas produziu sangrentas guerras entre nós. Entretanto, temos de ponderar que as guerras não nasceram das convicções religiosas, mas, sim, do compo rtamento errado diante delas, o que é diferente. Se os homens são tão ímpios com religião, o que seriam sem ela? Não é possível desfazer-se das religiões simplesmente tentando ignorá-las. É por isso que, nas matérias que seguem, convidamos os leitores a um passeio panorâmico pelo mundo das religiões.
5 9 a n i g á P
17. Extremismo cristão Uma breve análise bíblica e histórica Por Eguinaldo Hélio de Souza ... Vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus (Jo 16.2). Cristianismo e extremismo religioso A primeira coisa a dizer sobre o assunto é o seguinte: qualquer violência, de qualquer espécie, que tenha acontecido na história sob a bandeira do cristianismo não passa de uma distorção desse m esmo cristianismo. Isso porque o cristianismo nasceu do ensino de Cristo e de seus discípulos e apóstolos, e seus escritos são a única fonte autorizada da doutrina cristã. E tudo aquilo que não está de acordo com ela não pertence a ela, definitivamente! A Guerra dos Trinta Anos, que varreu a Europa de 1618 a 1648, e o atual conflito entre as Irlandas do Norte e do Sul, são embates de natureza política, cujos grupos antagônicos se identificaram com determinado ramo do cristianismo. Os conflitos por lá existem sim, mas não por causa do evangelho, e muito menos por conseqüência dele. As guerras e as revoluções são efetivadas como resultado de uma busca pelo poder e riqueza. Os povos, ou mesmo os governantes envolvidos nesses conflitos, apresentam uma cultura particular, muitas vezes uma cultura cristã, seja ela católica, protestante ou outra. Cultura cristã, todavia, não é sinônimo de cristianismo, e muito menos de doutrina cristã. Agressões podem ter sido feitas em nome do cristianismo, mas nunca com sua aprovação. Não negamos que atos reprováveis desta natureza tenham acontecido no passado ou aconteçam no presente tempo. O que queremos esclarecer é que estes atos não têm o mínimo apoio das Escrituras. O cristianismo bíblico é sofredor e n ão agressor Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a cami nhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem... (Mt 5.38-45). Matar, ferir, agredir, prender, coagir em nome da fé cristã é uma negação desta mesma fé cristã. Nenhum cristão, em obediência à Palavra de Deus, está autorizado ou motivado a cometer ações extremas em nome de Cristo. Se um soldado cristão já o fez, fê -lo em nome de seu país, justa ou injustamente, mas não por ser um cristão. Na verdade, nem mesmo as agressões aos cristãos nos países de maioria não-cristã justificam uma reação
6 9 a n i g á P
agressiva por parte da Igreja, quer seja provocada pela manifestação popular, que seja pela ação estatal. O espírito pacifista do cristianismo foi um ingrediente poderoso para a promoção d a conversão do Império Romano. A paciência e resignação dos mártires diante de seus algozes convenceram a população do Império quanto à superioridade da mensagem cristã. Os cristãos primitivos estavam prontos a morrer por sua fé, mas nunca a matar por causa dela. O cristianismo bíblico é persuasivo e não im positor Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da l ei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz -me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns (1Co 9.19-22). Esta é a forma bíblica de expansão do evangelho. Nada de agressões verbais ou físicas. Nada de imposições ou obrigações estabelecidas, seja pelo Estado, seja por alguma instituição sujeita ao governo. Pregar e ensinar foram o método estabelecido por Jesus para divulgar sua mensagem ao mundo e foi justamente dessa forma que seus discípulos procederam. Se pessoas mudariam sua fé, elas o fariam por meio da persuasão dos pregadores e não pela coação. O cristianismo nasceu ancorado somente no poder da Palavra divina. Não dispunha de poder político, econômico ou militar. E, em seus escritos, jamais considerou esses elementos necessários para cumprir sua missão. Só veio apropriar-se desses meios mais de três séculos após sua existência, mas, mesmo assim, somente uma pequena parcela de seus seguidores lançou mão deles. O cristianismo continuou se expandido. E, se no período colonial cresceu ancorado em ações estatais, a fé cristã, no entanto, não deixou de se espalhar, mesmo depois de haver perdido esse apoio. Na verdade, passou a manifestar seu verdadeiro caráter: persuadir os homens à fé por meio da pregação inspirada pelo Espírito Santo de Deus. O cristianismo bíblico é espiritual e não bélico Porque as armas da nossa milícia não são carnais... (2Co 10.4), diria o apóstolo. O combate pelo evangelho, tantas vezes mencionado (Ef 6.12; Fl 1.27,30; Cl 1.29), era apenas uma analogia, uma comparação. Em nenhum momento, a espada foi colocada como meio de propagação da Pal avra de Deus. Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão, disse Jesus (Mt 26.52). As atuais dimensões da fé evangélica no mundo, principalmente no hemisfério Sul, são fruto do movimento missionário do século 19. Em poucas vezes, houve a imposição das forças imperialistas. Em sua maior parte, dependeu da dedicação de homens consagrados à tarefa de ganhar almas e dos avivamentos decorrentes de seu trabalho. Em sua busca de evangelizar o mundo, o fator indivíduo , não o fator país, predomina no que diz respeito à visão de expansão da fé bíblica. A idéia de ganhar os governantes para converter a nação não é corrente. Cada indivíduo de cada nação precisa ser levado a uma decisão por Cristo. Esse é o fundamento
7 9 a n i g á P
das Escrituras, que mostram a mensagem de salvação não como algo destinado a ser cultura de um povo específico, mas como experiência particular de cada pessoa. Extremismo filosófico Ninguém se apóie em extremismos cristãos ocorridos na história e em atuais conflitos bélicos justificados pela religião para condenar o cristianismo. Os grupos ateístas e secularistas modernos gostam de atribuir à religião a culpa exclusiva pelos embates bélicos mundiais. Deduzem que se não houvesse ideologias religiosas, haveria paz. Todavia, isto não é verdade. Qualquer extremismo é nocivo, seja ele religioso ou não. A intolerância, e não a convicção de qualquer espécie, atua como um motor por trás da agressão e do terrorismo. Qualquer ideologia, por mais passiva e neutra que seja, pode se tornar fonte de conflitos quando levada a extremos. A história é testemunha disso. Entre os exemplos mais próximos, temos o nazismo e o comunismo. Estes não têm base religiosa, ao menos declaradamente. Entretanto, apoiados em pressupostos ra ciais ou filosóficos, produziram uma infinidade de mortos e um sem número de guerras em todo o mundo. Segundo O livro negro do comunismo, lançado pela editora Bertrand Brasil, o comunismo produziu entre 85 e 100 milhões de mortos, geralmente por se oporem à revolução, ou como tática política para efetivação da mesma.1 Logo, conflitos não são exclusividade da religião. Nota de referência: O livro negro do comunismo, Courtois, Werth, Panné, Paczkowski, Burtosek e Margolin, Bertrand Brasil.
8 9 a n i g á P
18. O poder das perguntas Por Tim Dahlstrom Tradução: Elvis Brassaroto Aleixo Muitos cristãos reconhecem que devem estar aptos para responder àqueles que os questionam acerca da razão de sua esperança (1Pe 3.15). E devem fazer isso por uma declaração, pela exposição de um fato ou de um argumento. Contudo, a resposta em forma de uma pergunta pode também ser uma ferramenta empregada poderosamente e com sucesso, após um pouco de prática. Tanto Jesus quanto Paulo regularmente se valeram das perguntas na prática do evangelismo, da apologética e do ensino. O escritor do livro de Provérbios igualmente destacou o valor das questões indagativas: O primeiro a apresentar a sua causa parece ter razão, até que outro venha à frente e o questione (Pv 18.17 NVI). Por que as perguntas são tão poderosas? Porque demandam r espostas, estimulam o pensamento, fornecem valiosas informações, provocam as pessoas a se abrirem aos problemas e as ajudam a se convencerem. O maior valor prático do método de empregar as perguntas resid e no fato de o questionador não ter de possuir todas as respostas. Um cristão pode se engajar numa discussão sem necessariamente conhecer tudo sobre o assunto em debate, desde que não esteja discursando, mas questionando. Para aqueles que não se sentem confortáveis diante de sua ga ma de conhecimento acerca de uma disciplina, ou que não se sentem qualificados para argumentar, o questionamento torna -se uma excelente opção que faz grande diferença no diálogo apologético. Um exemplo de Jesus Mateus nos relata um formato de questão indagativa utilizada por Jesus, recorrente nos relatos do evangelho (Mt 6.25-34). Nesse texto, um trecho do s ermão da montanha, Jesus está ensinando os discípulos que eles não deveriam se preocupar. Primeiramente, Jesus declara um pr incípio, depois, faz uma série de perguntas, e, em seguida, finaliza com o resumo do conceito que queria que seus seguidores apreendessem. As perguntas de Jesus fazem que seus ouvintes pensem e, ao mesmo tempo, consigam convencer a si próprios de alguma coisa. Imaginemos que os discípulos tenham, inicialmente, rejeitado a pregação de Jesus por meio de um diálogo interior (psicológico) sobre seus problemas, suas tensões e pressões, e os obstáculos que enfrentavam diariamente. A pungência das perguntas que Jesus apresentou, contudo, demoliu tais reflexões, levando-os a refletir sobre duas outras questões implícitas: 1) O que a preocupação pode fazer por mim? 2) Deus é fiel? A resposta à primeira pergunta parece óbvia a preocupação nada pode fazer por nós. A segunda, porém, 9 a requer que o ouvinte empenhe uma auto-avaliação, a fim de ponderar se ele realmente faz descansar sua 9 n i g confiança em Deus. Se a resposta for afirmativa, então a conclusão segue logicamente: a preocupação não á P
faz sentido. Se for negativa, Jesus repete o conceito: Não vos inquieteis, pois, com o amanhã (Mt 6.34). O emprego das perguntas por Jesus foi intenso e persuasivo. Jesus conduziu o raciocínio de seus ouvintes por meio de perguntas certas e eficazes. E suas indagações se tornaram catalizadoras de um caminho lógico quase inexorável à conclusão. Sobre isso, Philip Johnson aponta: Se eu começar com a pergunta certa e deixar que a resposta desta primeira pergunta sugira a próxima, e assim por diante, então a força irresistível da lógica m e levará à conclusão correta, mesmo que a primeira resposta pareça estar distante dela. O que é uma boa pergunta? Uma boa pergunta possui três i mportantes características. Primeiro, a pergunta precisa ser simples e restrita a um único tópico. Ev ite perguntas que evoquem múltiplas respostas ou que sejam verborrágicas. Segundo, a pergunta precisa ser clara e de fácil entendimento. Use um vocabulário que seja familiar à pessoa de quem você pretende obter a responda. Evite empregar termos vagos ou ambíguos e jargões evangélicos. O apologista cristão deve estar atento aos termos e conceitos cristãos que sejam questionáveis em seu próprio meio, ou seja, entre os próprios cristãos, e também entre os cristãos e os sectários. Muitos termos e conceitos não são bem conhecido fora dos círculos cristãos. Perguntar para uma pessoa se ela acredita que Jesus foi feito a propiciação pelos seus pecados, por exemplo, poderá, efetivamente, não ser uma boa idéia, uma vez que poucas pessoas ouviram falar de propiciação fora dos círculos cristãos. Uma estratégia prática é apresentar tais termos por meio de outras palavras que expressem o mesmo significado. A escolha da palavra correta dependerá muito do contexto da situação em que nos encontrarmos. E, mais importante ainda, dependerá do nível intelectivo do receptor e de seu estilo de comunicação. Usar um vocabulário especializado pode ser mais apropriado numa aula sobre religiões comparadas direcionada a seminaristas de nível avançado, mas seria inadequado numa conversa com alguém na rua. Como alguém poderá saber tudo isso? Lembre-se, é você quem está f azendo as perguntas! As respostas para estas perguntas nos permitem ajustar melhor a nossa aproximação à situação e à pessoa com quem almejamos dialogar. Terceiro, a pergunta não pode conter um teor amedrontador ou estar carrega da de palavras emocionalmente carregadas. Tais questões evocam uma reação apaixonada e não uma resposta pensada. São perguntas usualmente impróprias para quem intenta travar um diálogo qualitativo. O termo pecado, por exemplo, é extremamente carregado no âmbito emocional. Em nossos encontros com os não -cristãos, percebemos algumas reações interessantes quando do uso desta palavra. As reações refletiram o conceito que as pessoas possuíam acerca de pecado, mas sem necessariamente declararem qual é este conceito 0 implícito por trás da palavra. 0 1 a n A fim de despir o termo de seu teor emotivo, sugerimos uma progressão das idéias na conversa. O i g pecado pode ser descrito, num primeiro momento, como ser imperfeito, depois, como uma regressão á P
aos mandamentos de Deus ou algo similar que igualmente comunique a compreensão bíblica que encerra o termo. Quando sugerimos uma expressão diferenciada para a conceituação de um termo bíblico, não estamos querendo dizer que o apologista deve mudar a essência da definição. Precisamos ser cuidadosos e precisos. Cremos que o emprego de descrições alternativas pode ser mais bem compreendido no diálogo, assim como pode promover respostas sem o caráter resistente que de outra forma poderia se verificar. Perguntas que devem ser evitadas Deveríamos evitar alguma espécie de pergunta? A resposta é sim. A pergunta dirigida deve ser, em geral, evitada. Perguntas dirigidas são aquelas que sugerem ou deduzem a resposta correta . O poder da sugestão pode balançar as pessoas facilmente. Com tais perguntas, podemos receber respostas convenientes em vez de informações precisas e detalhes importantes. Essas perguntas, habitualmente, começam com expressões indagativas, tais como: Você não acha que...?, Você não deveria..., ou Você não concorda que...?. Obviamente, tais perguntas estão estimulando uma resposta específica. Como perguntar? O processo interrogativo é bastante simples, mas o fracasso na observância de alguns passos pode conduzir-nos a enganos e a uma comunicação ineficaz. Se não atentarmos para este cuidado, o impacto de nossas perguntas será reduzido. Primeiro: devemos fazer a pergunta. Se a pergunta for desenvolvida com as diretrizes básicas já comentadas até aqui, ela produzirá uma resposta sensata. Se não, a pergunta pr ecisará ser reformulada. Segundo: devemos receber a resposta. Para recebermos a resposta em sua completeza, precisamos estar predispostos a ouvi-la. Escutar com diligência quer dizer focalizar a atenção naquilo que o respondente está dizendo, evitando interrupções e absorvendo as mensagens visuais e auditivas expressas por ele. A linguagem corporal de uma pessoa e o seu tom de voz podem ser tão importantes quanto o que ela está dizendo. O tempo durante o qual estivermos ouvindo a resposta não é apropriado para desenvolver perguntas adicionais ou avaliar a resposta. Comumente, tais perguntas são p recipitadas e mancas, pois não consideraram a lógica total da resposta. Finalmente, depois de recebermos toda a resposta, podemos, então, avaliá-la em sua inteireza lógica e precisão efetiva, em suas suposições e consistência, com informações conhecidas ou respostas prévias. Se a sucessão de perguntas deverá ser da do geral para o específico ou do esp ecífico para o geral, isso depende do tópico em discussão. Seja qual for o caso, o ponto central será usar a informação obtida de uma pergunta como alimento para a formulação da próxima pergunta lógica e, nessa cadência, conduzir o diálogo passo a passo ao destino final, seja ele uma compreensão, uma conclusão, ou mesmo uma 1 decisão. 0 1 a n Mas há, ainda, outros tipos de perguntas que gostaríamos de trazer à baila: as abertas e as fechadas. i g á Perguntas abertas são aquelas que fazem que os respondentes forneçam respostas desestruturadas ou P
desorganizadas, proporcionando o destaque de informações importantes. Tais perguntas pedem descrição ou explicação. Como e por que são termos freqüentemente usados aqui. A resposta para uma pergunta aberta revelará informações acerca das suposições, preconceitos, valores e convicções do respondente e serão fundamentais para a formulação das questões subseqüentes. Por outro lado, as perguntas fechadas requerem, às vezes, respostas predeterminadas e devem ser usadas quando o d esejo for obter do respondente uma informação particular. As perguntas de múltipla escolha: sim ou não, verdadeiro ou falso, são questões fechadas. Quem? O quê? Quando? Onde? e Como? são também perguntas fechadas muitíssimo empregadas. Por quê? é uma pergunta particularmente eficaz porque extrai argumentos, suposições e conhecimento, ajudando a descobrir a visão de mundo do respondente. Mas deve ser perguntada com sinceridade e respeito, pois, caso contrário, pode ser interpretada como uma acusação e não uma tentativa de entendimento. O que segue são exemplos de diferentes tipos de perguntas que poderíamos fazer para conduzir as respostas ao ultimato de Jesus: E vós, quem dizeis que eu sou? (Mt 16.15; Mc 8.29). Perguntas gerais que auxiliariam nesta resposta seriam: Qual é a característica mais importante de Jesus?; ou: Como Jesus descreveu a si próprio?. Perguntas mais específicas poderiam ser: Jesus foi um personagem histórico?; ou: Você acredita que Jesus é Deus?. Perguntas simples e inteligíveis como estas podem ajudar a dissipar a fumaça e a verborragia racionalizada que algumas pessoas cultivam. Elas ajudarão a desmantelar as filosofias complexas que se instauram contra o conhecimento da verdade (2Co 10.5). E também ajudarão o cristão a iniciar um diálogo e ser diligente na afirmação de sua fé. Fonte: Christian Research Journal, vol. 27, nº 2, 2004.
2 0 1 a n i g á P
19. A falácia da maldição dos nomes Uma crítica sobre a superstição em torno da onomatomancia Por Elias Soares de Moraes Já vem de longe a superstição de que o nome pode exercer influência no caráter e no destino da pessoa, ou seja, do seu portador. É bem conhecida de todos a expressão proverbial dos romanos que diz: nomen est omen, isto é , o nome é um algúrio. A importância que os antigos conferiam aos nomes próprios foi, a princípio, muito razoável, porém, degenerou-se bem depressa numa idéia supersticiosa. Persuadidos de que havia um poder misterioso em cada nome e de que os nomes tinham uma influência direta sobre aq ueles que os usavam, começaram a ter um grande cuidado para escolher alguns cujas significações fossem de feliz sorte. A Igreja Romana, com base nessas superstições, exerceu influência considerável sobre os fiéis no momento em que estes buscavam um nome para impor aos seus filhos: Ela [a igreja católica] empenhou-se sempre, desde os primeiros tempos, para que seus fiéis tivessem nomes santificados. Sobre esse assunto, assim se expressa R. Bluteau: No sacramento do batismo, a imposição do nome é uma espécie de advertência para a perfeição da vida, à qual os padrinhos devem dispor os afilhados, para que um dia tenham seus nomes escritos no livro da vida e componham o número daqueles citados pelo apóstolo Paulo, cujos nomes estão no livro da vida... Infelizmente, essa crendice tem sido amplamente propagada até mesmo no meio evangélico. Muitos cristãos sinceros, por desconhecerem as doutrinas basilares do cristianismo e ignorarem seus textos áureos (2Co 5.17; Gl 3.10-13; Ef 1.3), têm aceitado, passivamente, essa heresia supersticiosa. Segundo os apologistas dessa superstição, existem nomes próprios que trazem prognósticos negativos pelo fato de estarem carregados de maldição. Nomes como Jacó, Mara, Cláudia e Adriana são comumente citados pelos supersticiosos como sinônimo de mau presságio. Crêem que os mesmos trazem consigo um prognóstico negativo para o seu portador, por conta da carga de maldição que carregam. Jacó, justificam, significa enganador; Mara, amarga, amargura; Cláudia, coxa, manca; e Adriana, deusa das trevas. Essas declarações iniciais são bastante significativas para conhecermos melhor essa prática antibíblica, cujas raízes estão nos cultos e crenças do paganismo. É bem verdade que existem alguns nomes que, por causa de sua conotação ridícula, devem ser evitados, a fim de que o seu portador não seja exposto a situações vexatórias, irônicas, depreciativas. Mas evitar um nome por atribuir-lhe um poder misterioso, que lhe anda anexo, capaz de prever o futuro do seu portador, é ca ir no engano da superstição e mergulhar num mar de conceitos antibíblicos. O fator etimológico A palavra nome vem do vocábulo hebraico shem e do grego, onoma. E, segundo o Dicionário Aurélio, é oriunda do latim nomen, vocábulo com que se designa pess oa, animal ou coisa.
3 0 1 a n i g á P
Na opinião de Cícero, nome é o sinal característico que faz com que se conheçam individualmente as coisas. Para Mansur Guérrios, os antropônimos [nomes próprios de pessoas], quando surgiram, levavam consigo um significado que, em geral, traduzia qualquer realidade condizente com os indivíduos, seus portadores. Já Aristóteles, numa abordagem mais filosófica, procurava a verdade das coisas na propriedade dos nomes. Para ele, o nome possuía a capacidade de traduzir o caráter da pessoa ou coisa que o traz. De acordo com os babilônios, não ter nome era um sinal de não existir. De fato, criam os antigos que o nome é inextricavelmente vinculado com a pessoa do seu portador. Era tal essa crença na antiguidade que tanto na Mesopotâmia como no Egito, o conhecimento do nome era tido por sagrado. Na lenda de Ísis, no Egito, vemos o deus Rá, mordido por uma serpente, suplicar à deusa Maga que o cure. Mas a deusa, em primeiro lugar, exige-lhe que pronuncie o seu nome secreto, o da sua força. Conforme a crença egípcia, conhecer o nome de um deus era tê -lo à sua disposição. O fator bíblico-teológico A Bíblia é radicalmente contra todo e qualquer tipo de adivinhação (Lv 20.27; Dt 18:9 -15). E todos os crentes sabem que o ato de prever o destino das pessoas, por meio de seus nomes, é um tipo de adivinhação conhecida como onomatomancia, cujo significado é: adivinhação fundada no nome da pessoa. Os nomes bíblicos eram, em sua maioria, impostos ou mudados com o objetivo de espe lhar ou traduzir o caráter ou o atributo do seu portador. Um claro exemplo dessa assertiva são os chamados teónimos, ou seja, os nomes de Deus. Eles exprimem, de modo singular, um traço do caráter divino. Nomes como: El Eliom (Deus Altíssimo); El-Shadai (Deus Todo-Poderoso); Jeová Jiré (O Senhor proverá); etc., falam da transcendência, da onipotência e do cuidado providencial de Deus. Contudo, ainda mais incisivos são os nomes chamados teóforos, isto é, os que trazem consigo um elemento divino (Yeshua, Jeová é salvação; Eliyahú ou Eliyah, Jeová é Deus; entre outros), pois exprimem confiança filial, gratidão, respeito para com os atributos da divindade, voto ou bênção. A Bíblia não faz alusão a nenhum personagem cujo caráter ou destino tenha sido alterado por conta da imposição do nome, porque os nomes não eram impostos com essa finalidade. Deus mudou o nome de Abrão, pai elevado, para Abraão, pai de uma m ultidão, apenas para reafirmar a promessa feita ao patriarca vinte e quatro anos, aproximadamente, antes dessa mudança (Gn 12.1-3; 17.5). O nome de Salomão, que quer dizer pacífico, por exemplo, foi escolhido por Deus antes mesmo de ele ter nascido. Seu nome prenunciava o caráter do seu reino de paz e prosperidade, assim como prefigurava o 4 0 reinado messiânico. O nome Ismael, Deus ouviu, foi imposto sob a orientação de Deus para exprimir sua 1 a n atenção à aflição de Agar. i g á P
O nome de Isaque, que significa riso, ele ri, também foi escolhido pelo próprio Deus para lembrar o riso de Sara, sua mãe. Já o nome Benoni, filho da minha dor, traduzia perfeitamente o sofrimento de Raquel no momento de dar à luz. Mas de todos esses, o exemplo mais clássico é o de Jesus (forma grega do nome Josué, oriunda do hebraico Yeshua, que significa Jeová é salvação). Seu nome foi previamente escolhido por Deus a fim de proclamar a sua graça salvífica a todo aquele que crê. Entretanto, a despeito de todos esses exemplos, o nome bíblico mais convocado para a defesa daqueles que atribuem poder de maledicência a os nomes é o de Jacó, por isso dedicaremos a esse nome uma consideração especial. Considerações sobre o significado de alguns nomes bíblicos Jacó Jacó recebeu esse nome por conta das circunstâncias do seu nascimento. Logo após o nascimento de Esaú, Jacó aparece segurado ao seu calcanhar, razão pela qual seus pais lhe chamaram Jacó, do hebraico Yaakov (preso à raiz akêb: calcanhar), cujo significado é: o que segura o calcanhar. Mas, então, de onde nos veio o significado enganador, tão comumente con ferido ao nome Jacó? Veio da ira, da mágoa e da revolta de Esaú, seu irmão que, ao ver -se privado das bênçãos da primogenitura, disse: Não é o seu nome justamente Jacó, tanto que já duas vezes m e enganou? (Gn 27.36). Nessa expressão de Esaú, o nome Jacó está preso à r aiz akob, com o sentido de enganar, passando a significar enganador. Mas essa etimologia é extremamente suspeita, pois está relacionada à expressão de alguém que ficou irado até a morte (Gn 27.41). Além disso, a acusação de Esaú, ao q ualificar seu irmão como enganador, também não é totalmente apropriada, e dependendo do prisma em que se analisa a contenda familiar, pode até mesmo se constituir em uma inversão de papéis. Esaú estava reclamando pelo direito à primogenitura que ele próprio havia vendido para Jacó. Logo, não foi enganado. Ao contrário, vendeu seu direito para Jacó de livre e espontânea vontade (Cf. Hb 12.16,17). Por outro lado, dizer que Jacó enganava Labão, seu sogro, enquanto trabalhava para ele, e justificar, com isso, sua prosperidade, é excluir o agir de Deus em todo aquele acontecimento (Gn 30.27 -43; 31.9-16). Sua prosperidade foi fruto da bênção de Deus que, milagrosamente, interveio na sua causa, porque, muito antes de seu nome ser mudado, a bênção divina já repous ava sobre Jacó (Gn 25.19-23; 28.10-15; 27.26-29; 28.1-4). Um outro equívoco bastante difundido é o de que a bênção de Deus na vida de Jacó surgiu a partir do seu encontro com o anjo do Senhor em Peniel, onde teve o seu nome mudado para Israel. Em verdade, naquele encontro Jacó colheu três significativos resultados. Vejamos:
5 0 1 a n i g á P
Uma deficiência física (Gn 32.25,31). A mudança do seu nome de Jacó para Israel, que significa: campeão com Deus, o que luta ou prevalece com Deus (Gn 32.28). Recebeu a bênção que havia pedido (Gn 32.9 -12,29). Mas em que consistia a bênção que Jacó recebeu? Em primeiro lugar, tanto as bênçãos espirituais quanto as financeiras Jacó já as havia recebido conforme Deus lhe havia prometido (Gn 27.27 -29; 28.1-4,10-14; 30.27-43; 32.9,10; 33.11). Em segundo lugar, Jacó não recebeu a cura física, pois, mesmo depois da mudança do seu nome e de ter recebido a referida bênção, ele continuou manquejando de uma coxa (Gn 32.25,31). Posto isso, resta -nos apenas a última alternativa para ser analisada. Pois bem. Esaú, logo após Jacó ter tomado a sua bênção, disse: Vêm próximos os dias de luto por meu pai; então matarei a Jacó, meu irmão (Gn 27.41). A continuação da narrativa bíblica deixa claro que essa promessa deixou Jacó receoso de tal maneira que, quando soube que Esaú vinha ao seu encontro, teve medo e se perturbou (Gn 32.6 -11). Consideremos que Jacó, no seu temor e perturbação, ora ao Senhor Deus, pedindo -lhe livramento da morte pelas mãos de seu irmão, Esaú. E, na primeira oport unidade que teve, de estar frente a frente com Deus, reiterou o seu pedido que, felizmente, foi alcançado (Gn 32.26,29). Após esse acontecimento, recobrou o ânimo e foi ao encontro Esaú (Gn 33.1 -3), que o recebeu em paz (Gn 33.4 -11). O que podemos julgar de tudo isso? Que a bênção que Jacó recebeu em Peniel tinha a ver apenas com aquilo que ele mais ansiava: não morrer pelas mãos de Esaú, seu irmão, a quem tanto temia. O fato de o patriarca se chamar Jacó ou Israel não causou nenhuma alteração em sua vida. A aliança de Deus com Jacó não estava condicionada a uma mudança de nome, antes, estava condicionada, única e exclusivamente, à inefável graça divina. Logo, dizer que o nome Jacó pode trazer influências negativas à pessoa do seu portador é fechar o s olhos para todas essas verdades espirituais, fundamentadas em provas irrefragáveis, e mergulhar no mais profundo abismo da superstição. Mara Por seu turno, o significado do nome Mara, diante de tudo o que é dito pelos onomatomantes, não passa de mera especulação. Em primeiro lugar, o nome Mara é aplicado a uma fonte de águas amargas no deserto de Sur. Depois, a uma pessoa. Então, perguntamos: Por que razão o nome Mara seria aplicado a alguma fonte? Para que as suas águas se tornassem amarga s ou por que elas já eram amargas?. O texto bíblico responde: Então chegaram a Mara; mas não puderam beber das águas de Mara, porque eram amargas; por isso chamou-se o lugar Mara (Êx 15.23). Essa explicação, por si só, dispensa comentários.
6 0 1 a n i g á P
Como nome de pessoa, a única Mara encontrada na Bíblia é a que aparece no texto do livro de Rute. Na verdade, ela não recebeu esse nome de seus pais. Ao contrário, o impôs a si mesma, pelo fato de não entender o plano de Deus para a sua vida e por não conhecer o caráter bondos o e gracioso de Deus, a quem ela atribuiu toda a causa de seu infortúnio. Disse Mara aos belemitas que, indagando, diziam: Não é esta Noemi?. Ao que ela respondeu: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar; por que, pois, me chameis Noemi?... (Rt 1.19 -21). Bons nomes e maus comportamentos Joel, Abias e Zedequias Os filhos do profeta Samuel chamavam -se Joel (Jeová é Deus) e Abias (Jeová é Pai). No entanto, não andaram nos caminhos de seu pai e se inclinaram à avareza, aceitaram suborno e perverteram o direito (1Sm 8.1-3). O nome Zedequias significa: Jeová é justo ou justiça de Jeová. Mas, embora possua bons significados, encontramos na Bíblia um personagem com esse nome que era falso profeta. E o pior. Ele se uniu aos profetas de Baal e esbofeteou o profeta Micaías, homem de Deus, praticando a maior injustiça. E outro profeta chamado Zedequias era imoral e mentiroso (1Rs 22.11,12,24,25; Jr 29.21 -23). Absalão, Judas, Alexandre e Tobias Absalão significa: Pai da paz. Todavia, mandou assassinar Amnom, seu irmão (2Sm 13.32). Traiu seu próprio pai, promovendo rebelião, guerra e destruição em Israel. Mas acabou morrendo tragicamente, com o pescoço pendurado no galho de uma árvore (2Sm 15 a 18). O significado do nome Judas Iscariotes é: louvor, louvado, mas nem por isso Judas deixou de trair Jesus. Quanto ao personagem Alexandre, cujo nome quer dizer: defensor ou protetor dos homens, Paulo diz o seguinte: Causou-me muitos males (2Tm 4.14). E referindo-se a outro personagem com o mesmo nome, o apóstolo afirma, em 1Timóteo 1.20: Entre esses encontram -se Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar. O nome Tobias significa: Jeová é bom. Mas, no Antigo Testamento, esse personagem foi opositor de Esdras e Neemias (Ne 2.10,19). Jeroboão, cujo nome significa: o que aumenta o povo, dividiu a nação, mergulhando-a na idolatria e conduzindo-a à destruição (1Rs 13.33). Se por um lado esses personagens, com nomes de significados tão aprazíveis, não viveram de acordo com aquilo que os seus nomes representavam, por outro lado temos pessoas que, apesar de possuírem nomes com significados negativos, viveram de u m modo digno da Palavra de Deus. Maus nomes e bons comportamentos
7 0 1 a n i g á P
Paulo, Apolo e companheiros Paulo, por exemplo, significa pequeno. Não obstante, foi o maior dos apóstolos, um baluarte da fé, e o maior expoente do pensamento cristão. Foi ele quem lançou as bases doutrinárias da Igreja, difundiu o evangelho em quase todo o mundo conhecido de sua época. Apolo, apesar de o seu nome ser de um deus da mitologia grega, e significar destruidor, foi poderoso nas Escrituras, ganhador e edificador de almas, e tido como um grande homem de Deus, ao lado de Paulo e Pedro (At 18.24-26; 1Co 1.12; 3.4-6,22; 4.6). Entre os companheiros de Paulo, por exemplo, temos: Hermes - Nome de um deus mitológico. Hermas, nome derivado de Hermes, o intérprete dos deuses do panteão grego. Herodião - Nome derivado de Herodes que, do siríaco, significa: dragão em fogo. Ninfa - Não obstante possuir o nome de uma deusa da mitologia grega, tinha uma igreja em sua própria casa. Narciso - Nome de um deus mitológico amante de sua própria beleza. Nereu - Nome do deus marinho, esposo da deusa Dóris (ninfa marinha e mãe das cinqüenta nereidas). Febe - Um epíteto de Artemisa, a Diana dos efésios e deusa da Lua. Epafrodito - Nome derivado de Afrodite, deusa da fertilidade. Zenas - Derivado de Zeus, o deus supremo do panteão grego. Todos esses personagens, não obstante seus nomes estarem diretamente ligados aos deuses pagãos, foram homens e mulheres abençoados por Deus. Viveram uma vida pia, santa e justa na presença do Senhor, pois não sofreram as influências negativas das divindades às quais seus nomes estavam ligados. Textos bíblicos que devem ser conferidos: Romanos 16.1; 16.11; 16.14,15; Filipenses 2.25 -30; Colossenses 4.15; e Tito 3.13. Temos, ainda, por exemplo, os quatro joven s hebreus: Daniel, Hananias, Misael e Azarias, que viveram numa corte pagã e tiveram seus nomes mudados por outros ligados às divindades babilônicas. Todavia, não deixaram de ser fiéis ao seu Deus. Pelo contrário, andaram de tal maneira na presença do Senh or que fez que o monarca da Babilônia baixasse um decreto em que todos deviam temer e tremer diante do Deus de Israel (Dn 1.7-21; 2.46-49; 3.1-30; 6.25-28). Daniel e companheiros Nome bíblico e o seu significado Daniel - Deus é meu juiz Hananias - Jeová é gracioso Misael - Quem é o que Deus é? Azarias - Jeová é auxílio, socorro Nome pagão e o seu significado
8 0 1 a n i g á P
Beltessazar - Bel protege o rei Sadraque - Amigo do rei Mesaque - Quem é como Aku (o deus da Lua) Abednego - Servo de Nego ou Nebo Um novo e secreto nome Acreditamos que os depoimentos aqui apresentados são provas incontestáveis de que os nomes em nada podem contribuir com a pessoa do seu portador no sentido de lhe trazer boa ou má sorte, bênção ou maldição. Pois, independente dos nomes, qualquer pessoa que estiver vivendo distante da comunhão com Deus estará debaixo de maldição e, ao contrário disso, todo aquele que estiver em Cristo Jesus, mesmo que o significado do seu nome seja destruição ou maldição, estará debaixo da bênção, porque a bênçã o não vem pelo nome que a pessoa possui, mas por meio de Cristo e da sua Palavra (2Co 5.17; Rm 8.1; Ef 1.3; Jo 15.1-5,7). Finalmente, para coroar nosso raciocínio, evocamos do livro do Apocalipse uma passagem que nos assegura que, seja qual for o nome qu e venhamos a ter nesta vida, na eternidade receberemos um novo nome, compatível com a nova vida que estaremos vivendo no céu, junto do nosso amado Deus, Senhor e Salvador Jesus Cristo: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe (Ap 2.17). Notas: 1 BETTENCOURT, Estêvão D. Para entender o Antigo Testamento. São Paulo, 1959. 2 VIEIRA, S. M. da Silva. Os nomes próprios. Lisboa, 1845. 3 NUNES, J.J. Nomes de batismo. Lisboa, 1936. 4 BLUTEAU R. Vocabulário de nomes próprios. Lisboa, 1936. 5 COSTON, Bom de. Noms Propres. Paris, 1867. 6 VIEIRA, S. M. da Silva. Os nomes próprios. Lisboa, 1845. 7 GUÉRRIOS, Rosário Farani Mansur. Nomes e sobrenomes. São Paulo, 1994. 8 Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova São Paulo, 2000. 9 ROPS, Daniel. O povo bíblico. Porto: 1950. 10 VIEIRA, S. M. da Silva. Os nomes próprios. Lisboa, 1845. 11 Dicionário Hebraico - Português, Aramaico Português. Sinodal: São Leopoldo, 1988.
9 0 1 a n i g á P
20. Imperfeita liberdade Um exame do movimento religioso Perfect Liberty Por Paulo Cristiano, do CACP Colaboração de Marialda F., de Santa Bárbara, que foi peelista durante 20 anos. Mishirassê, hoshô, mioshiê, makoto. Já ouviu falar de semelhantes terminologias? Cremos que não. São vocábulos japoneses que, para nós, não possuem nenhum significado especial, mas para certo grupo religioso sim , são o divisor de águas entre o caos e a harm onia, a morte e a salvação, a bênção e a m aldição. Estamos falando do movimento religioso japonês conhecido como Perfect Liberty, que traduzido é Perfeita Liberdade. Suas iniciais formam a sigla da Instituição: PL. Panorama histórico da PL A instituição religiosa Perfect Liberty foi fundada em 29 de setembro de 1946, na cidade de Tossu, no Japão. Nasceu com base na religião Mitakekyo-Tokumitsu Daikyokai, fundada em 1912 sob os ensinamentos de Tokumitsu Kanada, ex-monge budista da seita Shingon. Kanada nasceu em 1863, na cidade de Yao, Osaka, e disse ter recebido a iluminação de uma verdade para fundar sua seita. Tokuharu Miki, o primeiro kyosso (fundador) da PL, largou o zen -budismo para se tornar discípulo de Kanada. Com a morte de Kanada, Miki, que já era seu sucessor, em obediência ao testamento deixado pelo mestre, plantou uma árvore no local de seu falecimento, zelando-a como morada de Deus e orando perante ela todos os dias. Após cinco anos, diz t er recebido uma iluminação, por meio da qual recebeu mais três preceitos que, somados aos outros dezoito que lhe foram transmitidos pelo próprio Kanada, perfizeram os 21 preceitos sagrados da PL. Em 1925, estabelece-se o templo Hito-No-Michi (Caminho do homem). Após uma perseguição religiosa no Japão, a instituição foi fechada e seus dirigentes, presos, sob a acusação de lesa majestade. Em 9 de outubro de 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, foram todos libertados. No ano seguinte, mais precisamente no dia 29 de setembro, Toruchira Miki, filho de Tokuharu Miki e segundo patriarca da seita, substituiu o nome do grupo para Instituição Religiosa Perfect Liberty. A escolha do nome, sem dúvida, foi um reflexo desse acontecimento. A Sede Eterna da PL, ou Terra Sagrada, como costumam denominar, encontra-se, atualmente, em Tondabayashi, próximo a Osaka, no Japão. Segundo afirmam, possuem milhões de adeptos em todo o mundo. Os verdadeiros seguidores precisam participar de uma caravana religiosa pelo menos uma vez na vida até a Sede Eterna, em comemoração da memória do primeiro patriarca. No Brasil, a PL teve início em 16 de fevereiro de 1958, com a chegada, em 24 de março de 1957, do assistente de mestre Ryozo Azuma, e se espalhou, principalmente, entre as colônias japonesas. Somente aqui, a PL possui mais de trezentos mil adeptos distribuídos em duzentas sedes, sendo que, desses, 95% são de procedência não japonesa.
0 1 1 a n i g á P
O perfil peelista À primeira vista, a PL não apresenta nada demais, dando a impressão de que seus ensinamentos são apenas mais uma filosofia de vida, pois só falam de coisas boas e positivas. Tanto é que, em alguns lugares, foi considerada uma instituição de utilidade pública. Esse é um aspecto positivo que merece o nosso louvor. Contudo, a verdadeira questão se encontra em outro patamar. Quando nos aprofundamos num exame mais detalhado, percebemos que a PL reivindica ser muito mais que uma simples religião ou filosofia. Como as demais seitas japonesas, acredita que cada religião teve uma v erdade, ou iluminação, para a sua época. Mas agora, na época atual, Deus enviou a PL para salvar a humanidade. É uma religião relativista de auto-salvação e com forte influência do budismo e do xintoísmo. O movimento se diz ecumênico. Seu atual líder é o conselheiro honorário da Liga das Novas Religiões do Japão e presidente honorário da Federação das Religiões Japonesas. Mas, apesar desse perfil ecumênico, acreditam, paradoxalmente, que só a PL possui o caminho para a verdadeira salvação: Excluindo o ensinamento da PL, nenhum outro é capaz disso [...] A não ser o ensinamento peelista, não existe nenhum outro que possa fazer com precisão essa orientação individual. As demais religiões foram ultrapassadas: Ao observar as religiões tradicionais, sob vários aspectos, não posso concordar com absolutamente nada. Continuando, a PL baseia toda a sua crença em 21 preceitos. Seu lema é viver na perfeita liberdade, isto é, sem reprimendas de sentimentos ou expressão. Um dos objetivos do grupo é levar as pe ssoas ao caminho da felicidade mediante os ensinamentos dos fundadores e pela expressão do próprio eu, preparando-as, assim, para a paz mundial, objetivo primordial da seita. Acreditam que tudo o que acontece na vida é obra divina, um desígnio de Deus, seja bom ou mau. Não se deve questionar, mas aceitar passivamente e, em seguida, criar uma solução artística em m eio aos erros e dificuldades diários. Essa é a essência do primeiro preceito: vida é arte. Afirmam, ainda, que as doenças e desventuras da vida surgem devido aos maus hábitos espirituais que cultivamos, tais como preguiça, raiva, egoísmo, preocupação, pois alegam que tudo na vida é reflexo de algo, tudo é espelho. Para atender a este mishirassê (a viso divino), precisamos acumular virtudes e corrigir tais vícios espirituais. Para isso, é preciso fazer missassaguê (autodedicação), que nada mais é do que a imposição de várias regras aos adeptos, desde doar dinheiro à instituição até limpar banheiros, arrumar o jardim do templo, etc. E tu do deve ser feito sempre com oyashikiri (preces). A PL possui várias literaturas, mas seu principal livro se chama Instruções para a vida religiosa. São 21 instruções que falam de gratidão, espírito de reclamação, teimosia, preocupação, cobiça, sabedori a para utilizar os cinco sentidos, ensinos sobre como não magoar os outros, etc. Enfim, fala de coisas óbvias, já citadas pela Bíblia há milhares de anos. A organização A PL possui vários departamentos internos, como, por exemplo, os de senhoras, juvent ude, divulgação,
1 1 1 a n i g á P
entre outros. A divisão administrativa compreende as regiões às quais englobam distritos. Os distritos coordenam os templos, as sedes e os locais de expansão. Cada um desses setores é dirigido por um mestre regional ou distrital, ou mestre chefe de igreja. O grupo obedece a uma hierarquia definida. No topo do comando, está o patriarca, que, além de ser o responsável pela instituição, é instrutor e líder máximo da seita. Depois, vêm os mestres e assistentes de mestres. Enquanto os primeiros se dedicam integralmente às atividades da instituição, os últimos, normalmente, permanecem em suas atividades profissionais normais. O patriarca É chamado de Oshieoyá-Samá (Pai dos ensinamentos). Nesta geração, os adeptos dizem que o patriarca está sendo representado por Takahito Miki, o terceiro fundador. Apesar de declararem que Ta kahito ocupa a posição de um ser humano e não de Deus, acreditam que ele está num estado que chamam de estado uno a Deus, considerado o único intermediador entre Deus e os homens. A bem da verdade, na prática ele se transforma num semideus dentro do movimento, sendo considero, pelos adeptos, o centro da fé de todos eles. Quem entra numa sede da PL pode verificar facilmente que, na parede acima do altar, fica o Omitamá (altar sagrado), e, à direita, um retrato do patriarca, a quem os devotos prestam agradecimentos pelas graças alcançadas. O tratam ento que dão ao patriarca ultrapassa a simples reverência dada a um líder. E isso fica muito claro pelos títulos que lhes são atribuídos: Fonte da verdade, Centro da fé, Fundamento da PL, Digno de veneração, Alicerce espiritual, Salvador, Mediador, Aquele que se sacrifica pela humanidade, etc. Pela semelhança aparente que esse último título possui com o do Messias (Is 53), nos deteremos em sua exposição. Aquele que se sacrifica pela humanidade? Um dos ensinamentos do grupo é que Oshieoyá -Samá ora a Deus, suplicando a salvação de toda a humanidade, sacrificando-se misericordiosamente. Os atos sagrados, tais como: Mioshiê [orientação], Oyashikiri [graça] e Omigawari [intercessão], concretizam-se mediante o sacrifício do corpo e da alma de Oshieoyá-Samá e mediante a virtude dos espíritos dos antecessores da PL. Portanto, por esses atos, nós, adeptos, aliviamo-nos dos sofrimentos, porque Oshieoyá -Samá se responsabiliza-se perante Deus por esses nossos sofrimentos. E explicam: O motivo que faz que Omigawari seja atendido por Deus é porque o Oshieoyá-Samá arca com a responsabilidade perante Deus, durante o dia e a noite, sacrificando o seu corpo. Segundo a literatura peelista, diariamente, no mundo inteiro, muitas pessoas estão sendo salvas por meio do Oyashíkiri e do Omigawari. Essas preces surgem no corpo de Oshieoyá -Samá como sofrimentos e vão-se acumulando gradativamente. Em uma cerimônia de agradecimento, Oshieoyá-Samá restitui todos os sofrimentos acumulados no seu corpo e faz o Shikiri [bênção] para poder retornar ao estado original de 2 pureza física. Nesse momento, Oshieoyá-Samá agradece a Deus por ter podido substituir os adeptos em 1 seus sofrimentos e transmitir os ensinamentos e, ao mesmo tempo, devolve a Deus todos esses 1 a n sofrimentos físicos acumulados durante o mês e renova o Shikiri, no sentido de poder receber novamente i g á os sofrimentos dos adeptos por mais um mês. Isso é o ato sagrado de receber a obra divina de Oshieoyá P
Samá. Como observamos, Takahito Miki furta títulos e funções que só pertencem a Jesus Cristo. Jesus é o nosso único salvador (At 4.12). Jesus sofreu por nossos pecados e enfer midades (Is 53.4). Jesus é o único que pode transmitir a vontade de Deus e perdoar pecados (Mt 9.6; Hb 1.1). Jesus é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.6). Jesus Cristo deu provas de tudo isso. Quanto ao patriarca da PL, já não podemos dizer o mesmo. Idolatria, superstições e crendices A PL não poupa esforços em atacar aquilo que considera superstições das outras religiões. Contudo, se existe uma religião cheia de crendices e superstições, esta, com certeza, é a PL. Ao ingressar na seita, o adepto r ecebe um pacote de amuletos de vários modelos, altares, rezas e juramentos que precisam ter e praticar para adquirir proteção, tanto física como espiritual. Somente para citarmos dois exemplos, vejamos como é flagrante o caráter fetichista da PL: O amuleto é exclusivamente individual, e o Shikiri [bênção] foi inserido de modo a proteger somente a quem o solicitou. Não terá valor para outra pessoa. E como é utilizável apenas para aquela pessoa, em caso de falecimento, deverá ser purificado mediante a incineração. Entretanto, se o adepto desejar, poderá solicitar reinserimento para algum parente próximo [...] Não se deve esquecer disso, principalmente em se tratando de amuleto anelar. Além desse amuleto anular, há o tesouro da sorte, outro amuleto distribuído no início do ano, dentro do qual há a seguinte oração: Que o portador deste Tesouro da Sorte seja agraciado com a providencia divina do decorrer do ano. Tal amuleto deve ser guardado na carteira do adepto. Ainda sobre crendices, a PL possui um altar para as rezas chamado Omitamá. Os adeptos acreditam que, por intermédio desse altar, seus desejos e pedidos são ouvidos por Deus, que lhes abrirá o caminho da felicidade. Assim que ingresso no grupo, o seguidor da PL cultua um Omitamá, chamado Ar amitama, dando início, dessa forma, à sua vida religiosa. Tal como os demais, esse altar também é sagrado. Existem cerimônias especiais para entronizá-lo (no lar, na loja ou na empresa) ou transferi -lo, em caso de mudanças. Para os peelistas, esse altar é a verdadeira imagem de Deus. Há vários tipos deles. Vejamos: O Omitamá oficial que, uma vez introduzido, não pode ser trocado, a não ser em caso de mudanças. Por causa desse inconveniente, inventaram o Omitamá portátil, que pode ser transportado dentro d o lar. Os Omitamás A, B e C, considerados especiais. O tipo B só pode ser concedido depois que o kyoto (adepto que cultua o omitamá) já possui o tipo A. Sendo um pouco menor que o do tipo A, o tipo B é destinado a aberturas de filiais de empresas. O tipo C, por sua vez, é para carros, motocicletas, helicópteros, barcos. O seu objetivo é garantir a segurança do veículo.
3 1 1 a n i g á P
Diante de tanto fetiche, perguntamos: A PL é uma seita supersticiosa ou não?. Que o leitor tire as suas próprias conclusões. Teologia inconsistente O grupo não possui uma teologia definida. Seus ensinamentos são vagos e ambíguos. A seguir, exporemos alguns conceitos doutrinários vistos pela ótica peelista: Sobre a vida após a morte Apesar de acreditarem na existência dos espíritos, o s adeptos da PL não possuem uma definição exata sobre a vida após a morte. Dizem: As religiões tradicionais, que se proclamam como sendo as verdadeiras, asseguram a existência da vida post-mortem. Eu, porém, acho essa questão um tanto duvidosa. Trata-se de uma religião de auto-salvação, em que cada um se redime por meio de seus próprios esforços com a ajuda de seu fundador. Sua soteriologia é hedonista. Crêem que a pessoa, quando morrer, retorna ao além. Não há inferno ou punição, todos são salvos, não sendo levado em conta o que tenham feito aqui na terra, pois pressupõem que todos são filhos de Deus. Por isso, para eles, a salvação implica em ter uma vida livre de sofrimentos, mesmo quando falam em salvação espiritual. É lógico que esse tipo de salvação é de origem humana. Nenhum ensinamento, prece ou obras poderá garantir a salvação da humanidade. Ressaltando que o homem possui uma alma que pode se perder eternamente, a Bíblia afirma que Jesus é o nosso único salvador (At 4.12). Somente Jesus foi o escolhido para nos salvar dos nossos pecados (Mt 1.21). Se alguém se coloca nessa posição, faz de si mesmo um anticristo. Somente alguém puro e sem pecados poderia tomar o lugar dos culpados (1Pe 3.18). Nenhum homem, por mais sábio ou abnegado que seja, po derá fazer isso, pois todos são pecadores e carecem igualmente da salvação oferecida por Jesus, e o patriarca da PL não é exceção (Rm 3.23). A Bíblia Sagrada nos dá uma perspectiva muito mais clara da vida no além (Lc 16.19 -31) e, para aqueles que seguem a Jesus, bastante positiva (Lc 23.43). Por outro lado, os adeptos da PL, que confiam em seu patriarca, não possuem nenhuma segurança após a morte, pois sua religião é imediatista, é para o aqui e o agora, regida pelo bebamos e comamos que amanhã morreremos. Quão diferente é a promessa de Jesus! Além de prover salvação em todos os sentidos nesta vida, promete uma nova vida junto a Cristo no céu (Jo 14.1). Sobre Deus A doutrina de Deus na PL, ora panteísta, ora deísta, é ambígua. Todavia, em alguma s decl arações expostas em sua literatura, o panteísmo da doutrina que prega fica totalmente descoberto: Compreendemos que Deus é a Fonte, a Força que rege o Universo [...] Vivemos, pois, como parte desse Universo e, portanto, 4 como parte de Deus.... Na PL, ouvimos dizer que Deus é tudo. A sociedade, os fenômenos naturais do 1 planeta, além de todo o mundo espacial juntos, denominamos de Deus. 1 a Seja qual for o deus adorado na PL, uma coisa é certa: ele não se preocupa com o ser humano, porque,
n i g á P
seguindo a ótica deísta, afirmam: Deus em si mesmo é completamente frio [...] Alheio às emoções humanas, Ele tão-só existe silenciosa e profundamente por toda a eternidade. O deus da PL se funde com a própria criação, por isso é um deus frio. Então, perguntamos: Qual é a vantagem em seguir um deus assim?. Muito embora saibamos que o verdadeiro Deus é transcendente à sua criação, também sabemos que isso não implica, de modo algum, que Ele esteja longe de nós, como afirma o deísmo. Segundo a Bíblia, o Deus verdadei ro se compadece de seu povo (Êx 3.7), e está presente em todos os momentos de nossa vida (Mt 28.20). Embora essa imanência seja tão forte, a ponto de o Senhor Deus vir morar dentro de nós (Jo 14.23), o Deus verdadeiro está fora da criação, não se confundindo com ela. Só Jesus veio nos revelar o verdadeiro Deus (Jo 17.3). Sobre culto aos mortos Esse culto é muito importante para a felicidade do adepto, que acredita que, ao morrer, os antepassados podem deixar para seus descendentes uma herança de desvirtud es que, como um tipo de maldição hereditária, alcançam os membros da família, só sendo tiradas quando se presta culto aos mortos, agradecendo e pedindo perdão. Por isso, ao acordar e ao deitar, o peelista precisa fazer uma prece contida no seu livro de ora ção, cuja recitação começa com as seguintes palavras: Perante Mioyaookami [Deus] e os espíritos dos ancestrais de todas as gerações da família.... Existem até cultos oficiais para várias ocasiões. Aos antepassados, para lhes agradecer, lembrando o que fizeram, podendo até conversar com eles. Para tomar a decisão de seguir o caminho correto. Para acumular virtudes. E para pedir a proteção dos mortos em todas as nossas necessidades, aflições e/ou objetivos. Isso já é muito. Mas eles vão além. No momento do culto, acreditam que podem transportar a alma da pessoa falecida para dentro do Omitamá. Quando do falecimento de algum membro da família, deve, principalmente, ser realizada a cerimônia de transladação da alma do extinto. O ritual serve para transladar o espírito da pessoa que faleceu para o Omitamá de kyoto, e deve ser efetuado dentro de 24 horas após a morte) Em outras palavras, podemos dizer que se trata de uma nova roupagem para o animismo. Esses são os absurdos de uma religião que promete a li berdade ao ser humano, mas está presa ao pecado da superstição, da feitiçaria e da idolatria. A Bíblia condena esse tipo de atitude para com os mortos, e por diversas razões. Primeiro, porque os mortos não podem voltar ao mundo dos vivos (Lc 16.26) e não s abem nada que se passa por aqui (Ec 9.5). Segundo, porque invocar espíritos de mortos é feitiçaria, e isso é condenado pela Bíblia (Dt 18.11; Is 8.19,20). A verdadeira liberdade com que Cristo nos libertou Depois desta breve análise, podemos dizer, sem medo de errar, que a PL não tem capacidade de cumprir o 5 que promete, ou, como diz Pedro, prometendo -lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da 1 corrupção (2Pe 2.19). 1 a Creio que este rápido confronto entre as doutrinas peelistas e os ensinamentos c ristãos foi suficiente para
n i g á P