Cinesioterapia I – Prof. Thiago Vilela Lemos – Universo
1. Flexibilidade e Alongamento – Revisão da Literatura A flexibilidade é um importante importante componente da aptidão física e está relacionada relacionada à saúde e ao desempenho atlético, podendo ser definida como a habilidade para mover uma articulação através de uma amplitude de movimento (ADM) normal sem estresse excessivo para a unidade músculo-tendínea (CHANDLER et al., 1990). A flexibilidade muscular é um fator importante, tanto na prevenção quanto na reabilitação de lesões (INKLAAR, 1994; HAWKINS & FULLER, 1998; NEELY, 1998). Estudos têm demonstrado uma associação entre a falta de flexibilidade muscular e a ocorrência de lesões músculo-esqueléticas músculo-esqueléticas (KNAPIK et al .,., 1992; INKLAAR, 1994; SALLAY et al., 1996; MOREAU & BIVIC, 1998; HERBERT & GABRIEL, 2002), contudo, esta relação entre flexibilidade e lesões ainda não está muito bem estabelecida estabelecida na literatura. Exist Existem em difer diferent entes es fatore fatoress deter determi minan nantes tes da flexi flexibi bilid lidad ade, e, que podem podem ser ser influe influenc nciad iados os por fatore fatoress neuro neurofis fisiol iológi ógicos cos (KARPO (KARPOVIC VICH H & SINNIN SINNING, G, 1971; 1971; KLINGE et al , 1997; BURKE et al .,., 2001), biomecânicos (TAYLOR et al .,., 1990; HALBERTSMA et al .,., 1996; MAGNUSSON et al .,., 1996a.; MAGNUSSON et al .,., 1996b; MAGNUSSON et al .,., 1998; MAGNUSSON et al .,., 2000b; MAGNUSSON et ., 2000c) e térmicos (WILLIFORD et al .,., 1986; LENTELL et al .,., 1992; SAFRAN et al ., ., al .,
1998; 1998; MAGNUS MAGNUSSON SON et al .,., 2000 2000a) a).. Outr Outros os fato fatore ress como como gêne gênero ro (FAR (FARIA IASS
JÚNIOR & BARROS, 1998; FELAND et al .,., 2001; 2001; YOUDAS YOUDAS et al .,., 2005), idade (OTTENBACHER et al .,., 1986; ADAMS et al .,., 1999; FELAND et al .,., 2001), nível de atividade física (FARIAS JÚNIOR & BARROS, 1998), obesidade (FARIAS JÚNIOR & BARROS, 1998), estado dos tecidos moles (POLLOCK & WILMORE, 1993) e força muscular (JÖNHAGEN et al .,., 1994; KLINGE et al .,., 1997; KOKKONEN et al .,., 1998; HOWDER-POWELL & RUTHERFORD, 1999) também são reportados na literatura como determinantes da flexibilidade.
1.1 Fatores Neurofisiológicos Neurofisiológicos
Os principais fatores neurofisiológicos que influenciam na flexibilidade são as ações do fuso muscular e do órgão tendinoso de golgi (OTG), além do mecanismo de inibição recíproca (ALTER, 2001). As fibras do fuso muscular ou intrafusais estão localizadas paralelamente às fibras musculares extrafusais e são responsáveis responsáveis por detectar detectar alterações alterações no comprimento muscular, bem como a velocidade destas alterações. Há dois tipos de resposta reflexa de alon alonga game ment nto: o: fási fásica ca e tôni tônica ca.. A resp respos osta ta fási fásica ca ocor ocorre re quan quando do um mú músc scul uloo é rapidamente rapidamente alongado, o que aumenta a taxa de disparo do fuso muscular, provocando o reflexo de estiramento. Quando este reflexo é eliciado, ocorre uma contração reflexa propo proporci rciona onall à veloc velocida idade de de along alongame amento nto,, que irá produz produzir ir uma resist resistênc ência ia ao movimento articular e consequentemente ao alongamento muscular. A resposta tônica está relacionada ao ajuste postural. A manutenção de uma determinada postura é garantida pela percepção do movimento (cinestesia) e do posicionamento articular (senso posicional). As fibras intrafusais são capazes de perceber alterações cinestésicas e posicionais, provocando uma contração muscular a fim de corrigir a postura (ALTER, 2001). Os OTGs são mecanorreceptores localizados na junção miotendínea, sensíveis ao aumento de tensão no músculo e no tendão. Tanto o alongamento alongamento quanto a contração muscular podem promover um aumento da tensão no tendão, ativando os OTGs. Entretanto, os OTGs são mais sensíveis à tensão provocada pela contração muscular do que ao alongamento. Se o alongamento ou contração forem mantidos por um período superior a seis segundos, os OTGs são ativados, promovendo um relaxamento reflexo do músculo, facilitando o seu alongamento. Este mecanismo é chamado de inibição autogênica autogênica (PRENTICE, 2002). Outro fenômeno neurofisiológico que influencia na flexibilidade é o da inibição recíproc recíproca, a, provocado provocado pela inervaçã inervaçãoo recíproc recíproca, a, um circuito circuito neuronal neuronal que ini inibe be os músculos antagonistas durante a contração de um músculo ou grupo muscular. Esta inibi ini bição ção dim diminu inuii o tôn tônus us muscu muscular lar do antag antagoni onista sta,, facil facilit itan ando do o seu along alongam ament entoo (GUYTON & HALL, 2002).
1.2 Fatores Biomecânicos
Entre os fatores biomecânicos a serem considerados, o comportamento mecânico do tecido muscular possui um papel fundamental para a compreensão da flexibilidade. O tecido muscular é composto pelo elemento contrátil (EC) e pelo elemento elástico (EE) (EE) do músculo músculo..
O EC é repres represen entad tadoo pelo pelo compon component entee ativo ativo formad formados os pelos pelos
miofilamentos de actina e miosina e o EE é representado pelo componente passivo, formado pelo tecido conectivo. Estes elementos resistem à deformação do músculo e do tendão tendão quando quando são submet submetid idos os a uma força força de traçã tração, o, li limit mitan ando do a flexi flexibil bilid idade ade (MAGNUSSON et al., 1996b; PROSKE & MORGAN, 1999; CULAV et al .,., 1999; MAGNUSSON et al., 2000c; KJAER, 2004). O tecido conectivo muscular é formado por tecido conjuntivo denso e está presente nos vários envoltórios que circundam as estruturas musculares. O epimísio é constituído por uma camada de tecido conjuntivo que envolve todo o músculo e se afunila em suas extremidades, formando o tendão. O perimísio circunda cada fascículo, fascículo, que é um conjunto de aproximadamente aproximadamente 150 fibras musculares. O endomísio é uma fina camada de tecido conjuntivo que envolve cada fibra muscular. Sob o endomísio está local localiz izado ado o sarco sarcolem lema, a, que envolv envolvee o sarcô sarcômer mero, o, uni unidad dadee funci funciona onall do múscul músculoo (McCARDLE et al .,., 1998; KJAER, 2004). O tecido conectivo é constituído de três tipos de fibras: as fibras colágenas, responsáveis responsáveis pela rigidez r igidez do tecido, as fibras elásticas, que dão complacência complacência ao tecido, e as fibras reticulínicas, que dão volume ao tecido, além da substância de fundo, que reduz o atrito entre as fibras (KISNER & COLBY, 2004). As fibras fibras coláge colágena nass respon responsáv sávei eiss pela pela rigide rigidezz do teci tecido, do, são formad formadas as por moléculas de colágeno conectadas entre si por pontes de hidrogênio. O colágeno é a proteína mais abundante nos mamíferos, constituindo um terço das proteínas corporais. Estas fibras são arranjadas em feixes paralelos e apresentam uma configuração ondulada (BOR (BORG G & CAUL CAULFI FIEL ELD, D, 1980 1980). ). A subs substâ tânc ncia ia de fund fundoo é um gel gel comp compos osto to por por glicosaminoglicanos, proteínas e água, e está localizada entre as moléculas de colágeno, permitindo um livre deslizamento entre estas moléculas e garantindo a capacidade de defo deform rmaç ação ão do teci tecido do cone conect ctiv ivo. o. O colá coláge geno no tem tem como como cara caract cter erís ísti tica cass gran grande de resistência à tensão e baixa capacidade de deformação. O aumento da quantidade de pontes de hidrogênio e a diminuição da distância entre elas irão determinar menor elasticidade elasticidade e maior resistência resistência ao alongamento alongamento (ALTER, 2001; KJAER, 2004).
As fibras elásticas são constituídas essencialmente de elastina, substância capaz de se alongar até 150% do seu comprimento antes de se romper. Não se observa, na literatura, literatura, um consenso sobre o comportamento comportamento mecânico da elastina quando submetida a uma força de tensão. Entretanto, sabe-se que as fibras elásticas são mais complacentes e menos resistentes quando comparadas às fibras de colágeno. Desta forma, a proporção entre o número de fibras colágenas e elásticas de um tecido vai determinar sua maior rigidez ou complacência (CULAV et al .,., 1999). Devido à sua organização, quando o tecido conectivo é submetido a uma tensão, ele pode apresentar dois tipos de comportamento: elástico e plástico. O comportamento elástico baseia-se na sua propriedade elástica, que é a capacidade do tecido de alongarse e retornar ao seu comprimento original quando a força de tração é retirada. A deformação elástica de um tecido é diretamente proporcional à carga aplicada e depende da quantidade de deformação sofrida. Se um tecido é alongado além do seu limite elás elásti tico co,, ele ele não não reto retorn rnar aráá ao seu seu comp compri rime ment ntoo orig origin inal al,, sofr sofren endo do assi assim m um umaa deform deformaç ação ão plást plástic ica. a.
O compor comportam tament entoo plást plástico ico de um tecid tecidoo basei baseia-s a-see na sua
propriedade plástica, que é a capacidade do tecido de assumir um novo comprimento, deformando-se permanentemente quando a força de tração é retirada. Se um tecido é alon alonga gado do além além do seu seu li limi mite te elás elásti tico co,, have haverá rá um umaa falh falhaa na sua sua estr estrut utur uraa e um rompimento tecidual (TAYLOR et al .,., 1990). Apesar da elasticidade elasticidade e da plasticidade serem propriedades bastante distintas e comp compro rova vada dame ment ntee pres presen ente tess nos nos teci tecido doss biol biológ ógic icos os,, o teci tecido do cone conect ctiv ivoo não não é perfeitamente plástico ou elástico. Ele apresenta uma combinação de propriedades cham chamad adaa de visc viscoe oela last stic icid idad ade. e. A visc viscoe oela last stic icid idad adee é um umaa prop propri ried edad adee temp tempoodependente, ou seja, o tecido se deforma sob tração e retorna ao seu comprimento original quando a carga de tração é retirada, mas tanto sua deformação quanto seu retorno demoram certo tempo para acontecer (TAYLOR et al .,., 1990; MCHUGH et al., 1992; MAGNUSSON et al .,., 2000b). De fato, a quantidade de deformação sofrida pelo tecido quando sob tensão é diretamente proporcional à magnitude da carga aplicada e depende do tempo e da velocidade da aplicação desta carga . Quando uma força de traçã traçãoo é aplic aplicad ada, a, o tempo tempo reque requerid ridoo para para o along alongam ament entoo varia varia inv invers ersame amente nte à quantidade de força aplicada (TAYLOR et al .,., 1990). Segundo Magnussom et al . (1996b), o aumento do comprimento muscular obtido pelo exercício de alongamento se mantém por certo tempo por causa de suas propriedades viscoelásticas.
A viscoelasticidade determina a tensão tecidual quando este é submetido a uma força de alongamento. Quando o tecido é tracionado e mantido em um comprimento constante, constante, ocorre um declínio declínio gradual da tensão após um período de tempo devido à sua viscoelasticidade. Esta propriedade do tecido é denominada relaxamento ao estresse (TAYLOR et al .,., 1990). É por isso que a força necessária para manter um tecido alon alonga gado do dimi diminu nuii com com o pass passar ar do temp tempo. o. De form formaa simi simila lar, r, se um umaa carg cargaa de alongamento for aplicada a um tecido, este sofrerá uma deformação com o passar do tempo, aumentando o seu comprimento; esta propriedade é chamada de creep . O comportamento viscoelástico presente na musculatura faz com que qualquer músculo, quando submetido a uma força de alongamento, se comporte de acordo com estas duas propriedades: relaxamento relaxamento ao estresse e creep (TAYLOR et al .,., 1990). Além da resistência à tensão oferecida pelo elemento elástico, os miofilamentos de actina e miosina também resistem à deformação e o bom entendimento de sua morfo morfolog logia ia é funda fundame menta ntall para para a compre compreens ensão ão do seu compor comporta tame mento nto mecân mecânic ico. o. Durante o alongamento passivo da musculatura, há uma alteração mecânica das pontes transversas de actina e miosina à medida que os filamentos se separam, resultando em alongamento alongamento dos sarcômeros. Quando a força é liberada, os sarcômeros retornam ao seu comprimento normal (TAYLOR et al .,., 1993; ALTER, 2001; KISNER & COLBY, 2004). Apesar de ocorrer um aumento do tamanho do sarcômero durante o alongamento muscular, os miofilamentos de actina e miosina permanecem com o seu comprimento inalterado, ocorrendo apenas uma menor sobreposição entre eles. O que garante o retorno do sarcômero ao seu tamanho original, quando a força é retirada, é a presença de um terceiro miofilamento, a titina (LINKE et al .,., 1996; ALTER, 2001; MINAJEVA et al ., ., 2001; KELLERMAYER & GRAMA, 2002).
A titina é uma proteína que constitui constitui cerca de 10% da massa da fibra muscular e conecta a miosina à linha Z do sarcômero. Devido à sua localização, ela possui duas funções fundamentais. A primeira é garantir a manutenção da arquitetura do sarcômero durante o seu alongamento, ou seja, a titina mantém a miosina entre os filamentos de actina, assegurando a conformação estrutural do sarcômero mesmo quando alongado. A segunda função da titina é permitir o retorno do sarcômero ao seu comprimento comprimento original quando uma carga de alongamento é retirada, devido à sua elasticidade (LINKE et al .,., 1996). Desta forma, a titina titina oferece resistência resistência ao alongamento alongamento muscular juntamente juntamente com o EE constituído pelo epimísio, perimísio e endomísio (LINKE et al., 1996; MINAJEVA et al .,., 2001; KELLERMAYER & GRAMA, 2002).
1.3. Temperatura
A temperatura muscular afeta as propriedades biomecânicas do músculo. O calor é capaz de aumentar a extensibilidade do tecido conectivo, facilitando facilitando o relaxamento relaxamento ao estresse e permitindo maior deformação ao alongamento (WILLIFORD et al., 1986; LENTELL et al .,., 1992; CHEN & HUMPHREY, 1998; ALTER, 2001; FUNK et al .,., 2001). Alguns recursos que atuam na temperatura tecidual tecidual têm sido propostos na prática clínica, clínica, no intuito de potencializar potencializar a eficácia eficácia do alongamento, alongamento, tais como: a aplicação de gelo (TAYLOR et al .,., 1995; BURKE et al .,., 2001), calor superficial superficial (FUNK et al .,., 2001; SAWYER et al .,., 2003), ondas curtas (DRAPER et al .,., 1999; DRAPER et al .,., 2002; PEREZ et al .,., 2002) e a realização de atividade física (VAN MECHELEN et al .,., 1993; GAMA FILHO et al .,., 2003) precedendo o alongamento. A literatura aponta uma maior efetividade da associação do aquecimento ao alongamento, quando comparada com o alongamento isolado. Draper et al . (1999) demonstraram uma maior efetividade do alongamento quando este era precedido de aplicação de ultra-som terapêutico como forma de aquecimento profundo. Wessling et al .
(198 (1987) 7) tamb também ém obse observ rvar aram am os mesm mesmos os resu result ltad ados os,, mo most stra rand ndoo um umaa maio maior r
extensibilidade do tríceps sural quando o alongamento era precedido da aplicação de ultra-som terapêutico. Garret (1996), em um estudo experimental com coelhos, verificou que um aumento da temperatura muscular em 1ºC fez com que o músculo necessitasse de uma maior tensão e de um período maior de tempo para se romper, concluindo que a viscoelasticidade depende diretamente da temperatura. O mesmo comporamento foi observado por Noonan et al . (1993). Por outro lado, Magnusson et al . (2000) não encontraram alterações alterações na absorção de energia pelo músculo quando este era submetido a uma sessão de aquecimento ativo, que consistia em uma corrida a uma intensidade de 70 a 75% da capacidade máxima de consumo de oxigênio. Draper et al . (2002) compararam a efetividade de um programa de cinco dias de alonga alongamen mento to associ associado ado ou não ao aquec aquecim iment entoo muscul muscular ar por ondas ondas curta curtass e não verificaram diferença no ganho de flexibilidade entre os grupos. Segundo o autor, uma difere diferenç nçaa na flexi flexibi bilid lidad adee inici inicial al entre entre os grupos grupos pode pode ter sido sido respon responsáv sável el pelos pelos resultados, que não concordam com os resultados de estudos prévios. Entre as alterações neurofisiológicas provocadas pelo aumento da temperatura muscular, estão: o aumento do o limiar de dor, a diminuição da sensibilidade do fuso
muscular ao alongamento alongamento e o aumento da taxa de disparo dos OTGs (ALTER, 2001). A atividade elétrica do músculo também pode ser influenciada por alterações na sua temperatura. Rosembaum & Hennig (1997) verificaram, eletromiograficamente, uma diminuição diminuição no tempo de reação do músculo durante o exercício de alongamento quando este se encontrava aquecido, permitindo um maior ganho de flexibilidade.
1.3.1 Aquecimento Provocado pela Atividade Física
O corpo humano é homeotérmico, ou seja, apresenta a temperatura interna relativamente constante, podendo tolerar variações de temperatura ambiente entre 50ºC nega negati tivo voss e 100º 100ºC C posi positi tivo vos, s, desd desdee que que devi devida dame ment ntee prot proteg egid idoo (AST (ASTRA RAND ND & RODA RODAHL HL,, 1980 1980). ). A temp temper erat atur uraa corp corpor oral al é regu regula lada da por por meca mecani nism smos os neur neurai ais, s, controlados pelo hipotálamo (FOX et al .,., 1991) e que podem ser ativados de duas maneiras: por receptores térmicos na pele, que proporcionam influxo para a área de controle central, e por estimulação estimulação direta sobre o hipotálamo, hipotálamo, através da modificação modificação da temperatura do sangue que perfunde esta área (McCARDLE et al .,., 1998). A ação destes mecanismos mantém a temperatura corporal central nos níveis de 37ºC ± 0, 6ºC. O mecanismo de termorregulação se torna falho quando a temperatura corporal central atinge valores superiores superiores a 41,1ºC ou inferiores a 34,4ºC (GUYTON & HALL, 2002). Durante o processo metabólico, somente somente 20 a 25 % da energia de um nutriente é convertida em trabalho, sendo o restante convertido em energia térmica. Logo, é importante o funcionamento ideal dos mecanismos termorregulatórios, para que não ocorra ocorra super superaqu aquec ecime iment ntoo (WILMO (WILMORE RE & COSTI COSTILL LL,, 2001). 2001). O calor calor metabó metabóli lico co é produ produzi zido do atrav através és de reaçõ reações es quí químic micas as que li liber beram am energ energia ia (DOUGL (DOUGLAS, AS, 1994; 1994; GUYTON & HALL, 2002). Além das reações químicas, o atrito causado pela contração muscular, bem como o atrito do sangue com os vasos, são fatores que predispõem ao aumento da temperatura corporal central (FOX et al .,., 1991). Este aquecimento aquecimento é controlado controlado por mecanismos mecanismos termorreguladores, que agem no sentido de evitar o superaquecimento. superaquecimento. Tais mecanismos são, portanto, determinantes da temperatura muscular e dependem da intensidade da atividade, que pode ser avaliada através do consumo de oxigênio ou da freqüência cardíaca (McCARDLE et al., 1998).
O aumento aumento da temperat temperatura ura corporal corporal central central não deve ser entendid entendidoo como uma falha do mecanismo de termorregulação, uma vez que ele é essencial para que haja um aumento da velocidade das reações químicas e do metabolismo muscular, aumentando a eficiência do organismo para a execução das atividades (KARPOVICH & SINNING, 1971; GUYTON & HALL, 2002). McArdle et al . (1998) afirmam que a atividade física realizada em um meio ambiente confortável com 50% do consumo máximo de oxigênio causa uma elevação da temperatura central para um novo nível de aproximadamente 37,3º C. Já o trabalho realizado com 75% do VO2 máximo eleva esta temperatura próxima a 38,5ºC. Este aumento da temperatura central independe do nível absoluto de captação de oxigênio. É descrita, na literatura, uma correlação positiva entre a temperatura central e a freqüênci freqüênciaa cardíac cardíacaa (FERGUSON (FERGUSON et al., 2002). Segundo Ftaiti et al. al. (1998), um aumento de 1ºC na temperatura central pode ser traduzido em um aumento de 15 a 18 batimentos por minuto na freqüência cardíaca. O aumento da temperatura na musculatura que está sendo utilizada para a execução de uma atividade física é sempre maior que o aumento da temperatura corporal central (FISHER et al., 1999; KARPOVICH & SINNING, 1971), podendo atingir valores de 40º C (FERGUSON et al .,., 2002).
1.4 Outros Fatores
O sexo é outro fator determinante da flexibilidade. As mulheres possuem maior quantidade de elastina, por isso tendem a apresentar maior flexibilidade do que os homens (FARIAS JÚNIOR & BARROS, 1998; YOUDAS et al .,., 2005). A idade e a inatividade também determinam a flexibilidade. O aumento da idade e a inatividade física fazem com que o indivíduo perca água, fibras elásticas e mucopolissacarídeos e aumente a quantidade de colágeno, o que aumenta a quantidade quantidade de pontes de hidrogênio al., 1986; ADAMS et al. al., 1999; e dimi diminui nui a flexibi flexibilida lidade de (OTTENBACH (OTTENBACHER ER et al.
THOMPSON, 2002). O indivíduo fisicamente ativo possui maior flexibilidade, desde que a atividade inclua exercícios de alongamento (ADAMS et al., 1999). O indivíduo obeso, além da tendência à inatividade física, possui reservas de tecido adiposo no interior das articulações, o que diminui a flexibilidade (FARIAS JÚNIOR & BARROS, 1998). A história de uma lesão muscular prévia também influencia a flexibilidade.
Segundo Taylor et al. (1993), um músculo que já sofreu alguma distensão ou contratura possui menor flexibilidade e maior probabilidade de recidiva. É bastante discutida na literatura a relação entre flexibilidade e força muscular. al. (1994) concluíram que as lesões dos músculos isquiotibiais estão Jönhagen et al.
normalmente associadas à diminuição da flexibilidade e à fraqueza destes músculos durante durante a contraçã contraçãoo excêntri excêntrica ca e concênt concêntrica rica de baixa baixa velocida velocidade. de. Alguns Alguns estudos estudos verificaram uma diminuição na capacidade muscular de produção de força logo após seu alongamento (HOWDER-POWEL & RUTHERFORD, 1999; KOKKONEN et al .,., 1998; SCHILLING et al .,., 2000). Wiktorsson-Moller et al. (1983) examinaram o efeito do alongamento, do aquecimento e da massagem na força muscular e não observaram nenhum efeito além do aumento da ADM articular. Klinge et al . (1997) concluíram que os exercícios de flexibilidade não têm efeito significativo significativo na resposta ao treino de força muscul muscular. ar. Clark Clark & Kinzey Kinzey (1998) (1998) não não encont encontrar raram am alte alteraç raçõe õess elet eletrom romiog iográf ráfica icass músculo após o exercício de alongamento.
1.5 Técnicas de Alongamento Muscular
O objetivo principal dos exercícios de alongamento muscular é promover o ganho de flexibilidade. A realização do alongamento antes ou após a atividade esportiva tem se tornado prática constante no meio esportivo. Usualmente, o propósito é reduzir o risco de lesões (VAN MECHELEN et al .,., 1993; SALLAY et al .,., 1996; ROLLS & GEORGE, 2004; YEUNG & YEUNG, 2001; WITVROUW et al .,., 2003). Os exercícios exercícios de along alongam ament entoo muscul muscular ar atuam atuam nas propri proprieda edade dess viscoe viscoelá lásti stica cass e aument aumentam am a compla complacên cência cia muscul muscular. ar. Além Além disso disso,, o along alongame amento nto parece parece estar estar relac relacio ionad nadoo ao aumento do limiar da dor durante sua realização, fazendo com que parte do ganho de flexi flexibil bilid idade ade perce percebid bidoo após após exercí exercíci cios os de along alongame amento nto se deva deva ao aument aumentoo da tolerância ao alongamento (SHRIER & GOSSAL, 2000; MAGNUSSON et al .,., 1996a; HALBERTSMA et al .,., 1996; MAGNUSSON et al .,., 1998). Há várias várias formas descritas na literatura para executar o alongamento, contudo três delas são as mais utilizadas: alongamento alongamento estático, estático, alongamento alongamento balístico balístico e facilitação facilitação neuromuscular proprioceptiva proprioceptiva (FNP).
1.5.1 Alongamento Estático
No alongamento estático, o músculo é lentamente alongado até o final do movimento, que é determinado por barreira mecânica ou pela tolerância do indivíduo, sendo esta posição posição mantida mantida por um determinado determinado período. Tal força pode ser ser aplicada passivamente passivamente pela ação da gravidade no segmento anatômico anatômico envolvido, por uma carga manual ou mecânica (GADJOSIK & BOHANNON, 1991; ROBERTS & WILSON, 1999 1999). ). A li lite tera ratu tura ra apre aprese sent ntaa vári vários os estu estudo doss que que visa visam m dete determ rmin inar ar o temp tempoo de manutenção do alongamento estático, bem como o número de séries que devem ser aplicadas para a obtenção do maior ganho de flexibilidade (ROBERTS & WILSON, 1999; BANDY & IRION, 1994; TAYLOR et al .,., 1990; MAGNUSSON et al .,., 1996b). Contudo, há dois tipos distintos distintos de ganho de flexibilidade: flexibilidade: o ganho imediato, observado imediatamente após a execução de uma sessão de alongamento, e o ganho a longo prazo, observado após semanas de treinamento da flexibilidade. O aumento imediato da ADM observado após a execução de um exercício de alongamento alongamento pode ser atribuído às propriedades viscoelásticas viscoelásticas do músculo. Taylor et al . (1990) estudaram as propriedades viscoelásticas dos músculos extensor dos dedos e tibial anterior de coelhos e observaram que um determinado tempo é necessário para que haja uma adaptação a um novo comprimento muscular. Segundo os autores, 30 segundos foram suficientes para promover um ganho de comprimento muscular. Este ganho foi observado até a quarta repetição de alongamento. Os mesmos resultados foram observados em seres humanos por Magnusson et al . (1996b), que mostraram uma redução da rigidez dos músculos isquiotibiais após cinco repetições de alongamento com 30 segundos cada. Madding et al . (1987) compararam o efeito de diferentes tempos de sustentação do exercício de alongamento dos músculos adutores de quadril no ganho imediato de flexibilidade. Não foi encontrada nenhuma diferença entre 15, 45 e 120 segundos de sustentação, sugerindo que 15 segundos são suficientes para proporcionar um ganho imediato de flexibilidade muscular. Apesar de estar comprovada a alteração do comprimento muscular após o seu alongamento, esta alteração parece durar pouco tempo. Devido às suas propriedades viscoelásticas, da mesma maneira que um músculo leva algum tempo para assumir um novo comprimento durante seu alongamento, alongamento, ele demora a retornar ao seu comprimento orig origin inal al quan quando do a forç forçaa de alon alonga game ment ntoo é reti retira rada da (TAY (TAYLO LOR R et al .,. , 1990 1990;;
MAGNUSSON et al .,., 1996 1996b) b).. Segu Segund ndoo Tayl Taylor or et al . (199 (1990) 0),, o aument mentoo no comprimento comprimento da unidade músculo-tendínea observado após o exercício de alongamento parec parecee não não se revert reverter er rapid rapidame amente nte,, devido devido às propri proprieda edades des visco viscoelá elásti sticas cas dessa dessa estrutura. Magnusson et al . (1996b) relataram que, se os indivíduos permanecessem em repouso após o alongamento, ocorreria a perda de ADM em cerca de 60 minutos. O ganho de flexibilidade muscular a longo prazo pode ser estatisticamente observado após seis semanas de treinamento. Bandy & Iron (1994) observaram um aumento significativo da flexibilidade dos músculos isquiotibiais após seis semanas quando o alongamento era aplicado uma vez ao dia, durante 30 segundos, cinco vezes por semana. O ganho observado foi significativamente maior do que o ganho dos indivíduos que mantinham o alongamento por 15 segundos. Não foram encontradas diferenças significativas entre os indivíduos que mantinham o alongamento por 30 segundos e aqueles que o mantinham por 60 segundos, sugerindo que não é necessário manter o alongamento por mais de 30 segundos para o ganho de flexibilidade a longo prazo, na freqüência semanal e no tempo total aplicados no estudo. Em outro estudo, Bandy et al . (1997) investigaram a eficácia do alongamento estático dos isquiotibiais quando praticado uma vez ao dia ou três vezes ao dia, não encontrando diferença entre os grupos. Borms et al . (1987) não encontraram diferença significativa entre o ganho de ADM da articulação do quadril de indivíduos que se alongavam durante 10; 20 ou 30 segund segundos os.. Entret Entretant anto, o, tal tal estudo estudo foi conduz conduzido ido durant durantee 10 seman semanas. as. Os achad achados os mostraram que os grupos que alongavam durante 20 ou 30 segundos atingiram atingiram um platô em sete semanas, enquanto o grupo que se alongava durante 10 segundos só atingiu um platô em 10 semanas, sugerindo que o ganho total de flexibilidade flexibilidade foi o mesmo nos três grupos, mas o grupo de 10 segundos demorou mais para atingir o platô. 1.5.2 Alongamento Balístico
A técnica balística consiste no alongamento da musculatura em alta intensidade e curta duração. duração. O alongamento alongamento balístic balísticoo é caracteriza caracterizado do por repetid repetidos os movimentos movimentos onde onde os mú músc scul ulos os são são rapi rapida dame ment ntee alon alonga gado doss e, im imed edia iata tame ment nte, e, reto retorn rnam am ao comprimento de repouso, sem a manutenção da posição alongada por um determinado período. O movimento deve ocorrer até atingir o extremo da ADM articular. Tal técnica pode criar forças não controladas no interior do músculo, que podem exceder os limites
da extensib extensibili ilidade dade das fibras fibras muscula musculares, res, produzind produzindo, o, portanto portanto,, microrrup microrruptura turass no interior da unidade músculo-tendínea (BANDY et al .,., 1998). Por outro lado, a maioria das atividades esportivas é dinâmica e requer movimentos do tipo balístico, o que o torna a utilização da técnica mais funcional. 1.5.3 Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva Proprioceptiva
As técni técnicas cas de facil facilita itaçã çãoo neuro neuromus muscul cular ar propri proprioc ocept eptiv ivaa (FNP) (FNP) util utiliza izam m contra contraçõe çõess muscu muscular lares es de agonis agonista tass e antag antagoni onista stass a fim fim de ativa ativarr mecani mecanismo smoss inibi ini bitór tórios ios neurog neurogên ênico icos, s, tais tais como como a ini inibi bição ção autogê autogênic nicaa e a ini inibi bição ção recípr recíproca oca,, facilitando desta forma o alongamento muscular. Voss (1967) definiu a FNP como um método de promoção ou aceleração aceleração da resposta do mecanismo neuromuscular através da estimulação de proprioceptores. As técnicas de FNP envolvem contrações musculares isométricas isométricas em posição de alongamento, seguidas por alongamento ativo ou passivo. As inibições autogênica e recíproca, presentes neste método possibilitam, teoricamente, que o músculo seja alongado em maior grau do que seria possível com alongamento alongamento estático ou balístico (VOSS, 1967). Em contrapartida, alguns autores têm apontado um aumento das respostas contráteis contráteis da musculatura após a execução desta técnica, técnica, o que contraria o modelo proposto de inibição muscular (MAGNUSSON et al .,., 1996a). Muitos estudos indicam que, apesar de o alongamento estático e a FNP serem técnicas efetivas, efetivas, a FNP produz maiores ganhos de ADM do que o alongamento alongamento estático (FELAND et al .,., 2001; ETNYRE & ABRAHAM, 1986). Entretanto, como Bandy & Iron (1994) realçaram, a experiência prática pode ser requerida para administrar a técnica de maneira segura.