A Música do Filme
A Música do Filme
Copyright do texco © 2006 Tony Berchmans Copyright da edição © 2012 Escrituras Editora Ia edição: maio/2006 2a edição: janeiro/2007 3a edição: agosto/2008
Diretor Dire tor editorial editorial Coordenação editorial editorial Revisão Revisão do texto Capa Capa Projeto gráfico gráfico Diagramaçã Diagramaçãoo
Raimundo Gadelha Gadelha Marian Ma rianaa Cardoso Denise Pasito Saú e Jonas Jon as Pinheiro Ricardo Isotton Vaner Alaimo Alaim o Bruno Bru no M onjon on jon,, Vera Andrade e Ligia Daghes Impressão Corprint
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Berchmans, Tony A música do filme: tudo o que qu e você gostaria gostaria de saber sobre a música de cinema / Tony Berchm Berchmans. ans. - 4 . ed. - São Paulo Paulo:: Escritur Escrituras as Editora, Editora, 201 2. Bibliografia. ISBN 978-85-7531-428-9 1. Música em filmes cinematográficos I. Título. 12-01798
CDD-791.43024
índices para catálogo sistemático: 1. Música de cinema: Artes Artes 7 9 1 .4 30 2 4 2. Música de filme filme:: Ar Arte tess 79 1.43 1. 43 02 4
Tony Berchmans
A Musica do Filme Tudo Tudo o qu e você gostaria de sabe r sobre sobre a m úsica de d e cinema cinema 4a edição revisada e ampliada
д о д а к т в д т н т н н д о
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Agradecimentos
Em primeiro lugar, quero agradecer a m eus amigos e com p a n h e ir os d e c r i a ç ã o d a S o u n d D es ig n q u e c o m p a r t il h a m c o m i go a p aix ão p ela m ú sic a de cine m a: Sergio Villaça, Victor Воск, M a r co M a t to l i, J o ã o E r b e t ta e p a r t i cu l a r m e n t e B ru n o Bonaventure, pela inestimável colaboração. Agradeço aos amigos Julio Moschen, Mareio Gianullo, Jorge S a ld a n h a , Jo rg e Solari e G u ilh erm e R angel p elas fon tes de inspiração e informação. A A n a Júlia Figueiredo, W ag ne r Molina e Rodrigo Lacerda pelo apoio e pe las d icas. A Célia e Guilherme da 2001 Vídeo pela sempre gentil disposição. Agradeço a Thelma Guedes e Nelson Guamiero por me agra ciar solicitam en te c o m seus talentos profissionais e a Ricardo Isotton pelo belíssim o trabalho de direção de arte da capa. Ao s co m p os itore s And rew G ross e An tonio Pinto, por gen
E p e l o g r a n d e a p o io , p a c i e n t e e i n c o n d i c io n a l , a g ra d eç o a m i n h a e s p o s a C a r l a V a z q u ez B e r c h m a n s . D e v o u m a g r a d e c i m e n t o e s p e c i al a m e u s g r an d es in cen t i v a d o r e s , q u e m e f i z e r a m a c r e d i t a r n e s t e liv ro d e sd e o início: F r e d B o t e l h o e m e u i r m ã o G i lb e rto C a n t o , p e l a c o n f ia n ç a e orient a ç ã o e m t o d a a r e a li z a ç ã o d e s te p ro je to . A R u b e n s E w a ld F i lh o p e l a h o n r a q u e m e c o n c ed e u co m s e u p r e f á ci o . P o r f im , a g r a d e ç o a t o d a e q u i p e d a E s c r it u r a s Ed ito ra que s e e m p e n h o u n a r e a li z a ç ã o d e s te p ro je to .
д о н н о н н м н н д а н н д о ..
Sumário P r e f á c i o ........................................................................................................ 11 A p r e s e n t a ç ã o ........................................................................................... 15 C a p í tu l o 1 : C o n c e ito s d a m ú s ic a de c i n e m a .......................19 O conceito de trilha sonora. As funções da música na narrativa cinematográfica. O poder dramático da música e s p e c i a l m e n t e c o m p o s t a p a r a o s film e s . A c o la b o r aç ã o criativa. Referências musicais, decupagem e os cues. O processo de composição. C a p í tu l o 2 ; U m a s e le ç ã o d e co m p o s ito r es .............. ............ 37 .
Uma seleção de compositores e a análise de suas criações. Su as h istórias, se u s m étod os, suas composições, seus estilos e o c o n j u n t o d e s u a o b r a. Max Steiner B e r n a rd H e rr m a n n E l m e r B e r n s t ei n E n n i o M o r ri co n e Je rry G o ld sm ith Jo h n W illiam s Jo h n B a rry
Capítulo 3: Uma seleção de trilhas ............................... 71 Uma pequena seleção de filmes com trilhas sonoras musicais especialmente marcantes. Uma breve análise de suas criações, seus compositores, sua importância histórica, os bastidores e as curiosidades de algumas obras-primas da música de cinema. Capítulo 4: O nascimento da música de cin e m a ........ 107 As origens, o nascimento e os primeiros passos da música de cinema. O acompanhamento musical do cinema mudo. A relação entre a música e o cinema. O surgimento do cinema sonoro e da música sincronizada. Capítulo 5: Os anos 30 e 40 ......................................... 113 A explosão da música de dnema. O surgimento dos primeiros grandes compositores, das grandes produções e a solidificação da importância da trilha sonora musical nos filmes. Capítulo 6: Os anos 50 e 60.........................................123 A evolução das trilhas sonoras sob influências de novos movimentos cinematográficos e de novas tendências musicais como rock, jazz e música moderna. Novos compositores e novas ferramentas que expandiram o universo da produção musical. Capítulo 7: Os anos 70 e 80......................................... 135 A introdução de recursos eletrônicos, sintetizadores e os novos recursos de gravação. A música orquestral tradicional dividindo espaço com as trilhas sonoras compostas por seleções de canções. As novas gerações de compositores e a expansão das possibilidades criativas. Capítulo 8: Dos anos 90 até hoje.................................149 Os compositores da geração do computador. A consolidação da música orquestral de cinema. O renascimento do cinema no Brasil. As tendências e escolas de composição da atualidade.
C a p í t u l o 9 : O s o u n d d e s i g n в o s d i á l o g o s ................................. 1 7 5 C o n c e i to s d e s o u n d d esi g n , e f e i t o s s o n o r o s , f o l e y , d u b l a g em , A D R , s o u r c e m u s i c , c r i a ç ã o d e v o z e s , e d i ç ã o d e s o m e e x e m p l o s d e p ó s p r o d u ç ã o d e á u d io .
C a p í t u l o 1 0 : G r a v a ç ã o , m i x a g e m e e x i b i ç ã o ........................1 8 1 A g r a v a ç ã o , a e d i ç ã o e a m i x a g e m d o s e le m e n to s d o áu dio d e u m f il m e : m ú s i c a , e f e it o s s o n o r o s , d iá lo g os . C o n c e ito s e f o r m a t o s d e e xib i çã o . W e b l i n k s .............................................................................................................1 8 9
R e f e r ê n c i a s b i b l i o g r á f i c a s ................................................................... 1 9 1 T r i l h a s s o n o r a s o r i g i n a i s g a n h a d o r a s d o O s c a r ........... 1 9 5
Prefácio “Um não pode viver sem o outro. Já pensaram nisso? Nunca existiu o que a gente hoje chama de cinema mudo. Por que não hav ia cin em a sem m úsica, de de uma form for m a o u de outr outr a. Em qualquer projeção pública do antigo cinematógrafo havia s e m p r e u m a o r q u e s t r a o u , n o m í n i m o , u m p i a n i s t a a c om p a n h a n d o a e x i b i ç ã o . T o c a n d o m ú s i c a p a r a c r ia i a r cl c l i m a r om o m â n ti tico na s ce n a s ad eq u ad as e m ús ica de ação t i po c aval avalar arii a li ligeira para as cenas de perseguição. Houve até casos de filmes mudos p a r a o s q u a i s f o r a m c o m p o s t o s a c o m p a n h a m e n t o s o r q u es trais e sp e cia lm e n te p ara eles, com o O N ascimen men to de uma N a ção ( T h e Birth o f a Nation, 1915). Por isso, cinema e música estão tão ligados (quem duvidar, tire o som da tevê quando estiver passando uma cena famosa e veja como os filmes ficam muito menos eficientes sem sua trilha musical). No Brasil, a parceria também sempre existiu. É lendária a história ri a de qu e o m es tre Pixinguinha Pixi nguinha tocava nas salas de d e cinem ci nem a acompanhando os filmes, digamos, ‘não sonorizados’”. O páragrafo acima eu já tinha escrito antes para uma tra oc asião . Mas ach ei oportuno oport uno usálo usál o novamente
0 A Música do Filme
tantos fantásticos compositores de canções e também de trilhas musicais, existe tão pouca literatura a respeito. Uma lacuna incompreensível e inexplicável, que é corrigida pelo empenho e devoção do autor. Acompanhei com estim esti m a, ainda que de longe, l onge, o processo de criação deste livro. Porque, na verdade, qualquer cinéfilo que se preze é também um fã da trilha musical. É incrível o poder de uma melodia para ativar a nossa memória afetiva. Aposto que você é capaz de se lembrar direitinho da música que estava tocando no cinema quando você deu o primeiro bei beijo, ou se ap aixonou de verd ade , ou foi se co n so la r depois depois de de uma briga. É incrível como uma música de cinema é capaz de ape rtar o botão de nossa sensibili sensibi lidade dade que n os faz viajar im ediatamente para outro tempo, para o momento em que vimos aquele filme. Toda vez que tocar a melodia do Tem Tem a d e Lara de Doutor Jivago (Doctor Zhiuago, 1965), o cinema de sua mente começará a exibir trechinhos do filme de David Lean. Só o cinema é capaz disso. Segundo alguns críticos, a melhor trilha musical seria aquela que, terminado o filme, você nem percebesse que houve música. Mas é um exagero. E hoje em dia, nem sempre verdade. A boa trilha é aquela que passa o clima do filme, muitas vezes expressado também numa canção. Raramente o compositor é chamado no começo do processo de produção de um f il me e em geral não tem ch an ce de aco m p an h ar as fil fil magen mag ens. s. Só en tra no projet pr ojetoo qu and o o filme filme já f oi rodad o e co m eça a ser montado. Sentase com o diretor que lhe diz onde e quando quer música (claro que ele pode dar sugestões, e dependendo do relacionamento entre eles, às vezes acabam por se formar parcerias como Hitchcock e Bernard Herrmann, Blake Edwards e Henry Mancini, Fellini e Nino Rota, Tim Burton e Danny Elfman, Sergio Leone e Ennio Morricone, Spielberg e John W ill il l iam ia m s ) . G r a v a d a s c o m g r a n d e s r e c u r s o s ( a s t r i l h a s d e film fi lm e s proporcionam algumas das poucas gravações de música popular com orquestra sinfônica hoje em dia), certas composições
di Dollarí, 1964) e suas duas continuações, em que Ennio Morricone criou u m a trilh a tã o original original que passou a simboliz simbolizar ar o gêne gênerro spaghettiwestern, faroeste feito na Itália. Mas não cabe a mim entrar no assunto. Só não resisti à ten taç ão de m en ciona cio na r alguns de m eus favo favori rittos. os. Por Porqu quee cinema cinema e música têm isso: são apaixonantes. Desvendamnos um universo artístico artís tico infindá in findável vel e ainda ain da quase qu ase desconhecido. Deix Deixee Tony Tony ser seu seu guia através desse mundo maravilhoso. Com seu estilo claro, suas informações saborosas, seu senso de humor e sua precisão nos detalhes. Este é um daqueles livros que você vai ler com prazer e retornar para consultãlo. Como os bons filmes e as boas trilhas.
Rubens Ewald Filho
» I I H l li li i nu nu
Apresentação Durante a produção de Um Barco e Noue Destinos, (Lifeboat, 1944) o d ireto r Alfred H itchco ck1 com en tou que não queria música naquele filme. “De onde viria a música, se os personagens estão num bote salvavidas em altomar?", disse ele. O compositor David Raksin, ao saber da questão, retrucou: “Peça ao sr. Hitchcock que me diga de onde vêm as câmeras, que eu lhe direi de onde vem a música”. Esta pequena passagem levanta u m a interessan te qu estão sobre o aspecto da realização de um filme menos compreendido: a música composta para os filmes. Como pensar no antológico discurso de Scarlett O’Hara em E o Vento Leuou se m a clássica melodia do tem a musical? Ou o suspense de TUbarâo, sem as marcantes duas notas? A lendária cena do assassinato no chuveiro em Psicose seria a mesma sem os golpes dissonantes dos violinos? A batalha de Alexander Neusfey teria o mesmo impacto sem a música de Prokofiev? Cidade de Deus teria o mesmo ritmo alucinante sem a música? Beleza Americana teria o mesmo clima? Cinema Paradiso teria a mesma emoção? A Pantera CordeRosa teria a mesma graça?