A Metafísica de Platão
Poderíamos dizer que a Filosofa começa com uma especulação física sobre o princípio da realidade (com os pré-socráticos) e se desenvolve numa especulação metafísica; procurando entender e desvelar não s o princípio! mas "undamentalmente o fm# a fnalidade de toda realidade$ %as se começarmos assim! estaremos tomando o termo que defne a Filosoa Primeira de Aristóteles da "orma como ele "oi entendido pelo senso-comum desde que talvez ten&a sido cun&ado pela primeira vez$ 'abemos! no entanto! que "oi por ocasião do recol&imento e edição das obras de ristteles! "eita por ndrnico de *odes (no sec$ + a$,$)! que esse termo! %eta"ísica.! "oi cun&ado pela primeira vez; desi/nando então os escritos do esta/irita que vin&am lo/o aps o que ele mesmo &avia intitulado como Física (*+'010232' 4556! p$ 75) (1)$ ,om 0omás de quino (33892 :! p$ 66<) (2)! contudo! a Filosofa Primeira toma a fnalidade de =ustifcar racionalmente a e>ist?ncia do 9ivino! =á que para a Filosofa ,ristã é o 9ivino que "undamenta toda a realidade sensível! sendo causa primeira de todas as coisas$ 9escartes! @ant! =á na modernidade! assim como Ae/el! %ar>! Aeide//er! Ausserl! 'artre e %erleau-PontB irão ao lon/o do tempo nos brindar com outras conotaçCes e aborda/ens que! lon/e de unifcar um conceito em torno desse termo e dessa espécie de Filosofa! Filosofa! nos ampliará seu entendimento em diversas direçCes para um estudo mais pro"undo da realidade! inclusive ne/ando essa possibilidade$ %as não é ob=eto nosso aqui traçar o entendimento controverso e interessado que o termo %eta"ísica tomou ao lon/o da &istria do pensamento &umano! bastando-nos que assumamos por &ora o sentido que coloca essa área da Filosofa como aquela que se preocupa com a questão da 2>ist?ncia! abstraindo-se aquilo que pode ser considerado acidente ou transitrio! e centralizando sua análise naquilo que podemos in"erir como base e "undamento da realidade# o '2*! con"orme nos "ala o prprio ristteles# “Há uma ciência que investiga o Ser como Ser e as propriedades que lhe são inerentes devido à própria natureza. ssa ciência não ! nenhuma das chamadas ciências particulares" pois nenhuma delas ocupa#se ocupa#se do Ser geralmente geralmente como Ser. Ser. $...% &as visto que 'uscamos os primeiros princípios e as causas supremas" supremas" está claro que devem devem pertencer a algo em fun(ão da própria natureza. $...% )ortanto" ! do Ser como Ser que nós tam'!m temos que apreender (*+'010232' 4556! 3ivro +D - p$ :57) as primeiras causas* (*+'010232'
8esse aspecto! desde que a Filosofa nasceu na Enia! com 0ales 0ales de %ileto! poderíamos "alar numa %eta"ísica$ 2is aí! talvez! um dos pontos em que ristteles poderia ter colocado a %eta"ísica como Filosofa Primeira em seus escritos! embora não ten&a "eito$ ntes mesmo dos pré-socráticos preocuparem-se preocuparem-se com o '2* (que tem seu início em Parm?nides)! Parm?nides)! o princípio que "undamenta a realidade "oi percorrido por toda ci?ncia =nica incipiente! procurando num nico elemento (ou num con=unto de elementos "undamentais) a derivação de todas as coisas! ori/inando assim a realidade que percebemos sensivelmente$ sensivelmente$ 2ssa preocupação! preocupação! tomada no sentido em que colocamos o termo %eta"ísica.! é uma preocupação preocupação com o "undamento da realidade e seu princípio! como nos defne ristteles! porém sem dar-l&e uma fnalidade ou ob=etivo$ 2ssa preocupação com G HI2 e com HI3 é o princípio que determina a realidade e a "undamenta! percorreu percorreu toda a Filosofa Filosofa até 'crates; quando a preocupação e as per/untas sobre a natureza centralizaram-se no Aomem e sua relação com essa 8atureza$ G que inau/ura então a %eta"ísica propriamente dita! cu=a preocupação central é a identifcação do PG* HI2 as coisas são como são! num sistema unifcador e>plicativo de toda a realidade e de como o Aomem poderia ter acesso a ela! são as investi/açCes de Platão a partir de uma quádrupla inJu?ncia que determinaria toda a sua Filosofa# 'crates ("undamentalmente ("undamentalmente através de seus ensinamentos e sua morte em tenas); Parm?nides (e a questão do '2*); G Pita/orismo (com seu sistema prático-ético-reli/ioso-científco) prático-ético-reli/ioso-científco) e G Grfsmo (com sua cosmo/onia subversiva do sistema cosmo/nico ofcial de Aesíodo)$ Platão como Pioneiro da Metafísica
'crates! mentor! mestre e ami/o de Platão tem inJu?ncia determinante na "orma de pensar de seu discípulo! culminando no desenrolar de toda sua flosofa a partir da perda inestimável que so"reu com sua condenação em tenas no ano 7 a$,$ Platão dedica-se então boa parte de sua ener/ia a reproduzir os ensinamentos de 'crates através de diálo/os onde ele discute a natureza do &omem e da sociedade! sua "unção! "undamento e seu papel no mundo$ 2mbora &a=a controvérsias entre estudiosos quanto a delimitar onde Platão descreve os ensinamentos de 'crates de "orma fel e onde ele começa a elaborar sua prpria "orma de
pensar! &á de se =ul/ar que &ouve um momento em que Platão (sem abandonar o que 'crates l&e ensinou) amplia e estabelece um sistema prprio! elaborando a sua prpria Filosofa$ Filosofa$ Platão estudou e acompan&ou 'crates por dez anos$ 0in&a vinte e oito anos quando este morreu e continuou escrevendo até os oitenta anos$ ,orn"ord nos diz sobre esse "ato# “+m ,lósofo de seu cali're não poderia se limitar a reproduzir o pensamento de um mestre" por maior que este fosse. fosse. Sem d-vida" o germe central do platonismo" platonismo" do come(o come(o ao ,m" ! a nova moralidade socrática da aspira(ão espiritual" mas nas mãos de )latão este germe transformou#se numa árvore cuos galhos co'rem os c!us. / platonismo !" coisa que a doutrina de Sócrates nunca foi" um sistema do mundo" a'ra(ando todo aquele domínio da 0atureza e1terior do qual Sócrates se afastara para estudar a natureza e a ,nalidade do (,G*8FG*9 455K! p$ K5) homem.* (,G*8FG*9
3embremos! 3embremos! também! que 'crates a/iu e pensou como se desistisse. de pensar sobre o princípio da 8atureza como um todo! limitando suas reJe>Ces a como o Aomem! na vida em sociedade! poderia ter acesso a esse con&ecimento$ con&ecimento$ s investi/açCes dos primeiros flso"os =nicos não satisfzeram satisfzeram 'crates! c&amando c&amando sua atenção atenção apenas o sistema sistema de na>á/oras na>á/oras que colocava um princípio inteli/ente como ori/em das coisas$ %esmo assim decepcionou-se decepcionou-se ao deparar-se com esse princípio inteli/ente dando o início! mas tudo se concluindo mecanicamente; sem uma intenção deliberada para al/o mel&or$ mel&or$ 2ra intil! para 'crates! que uma flosofa não se preocupasse preocupasse ou não desse "undamento para que o &omem con&ecesse mel&or a si mesmo e pudesse desenvolver uma maneira correta de se viver$ viver$ 'crates então começa sua inestimável investi/ação flosfca sobre a natureza &umana e sua fnalidade! tentando assim! através do con&ecimento sobre si mesmo e de como o ser &umano poderia c&e/ar L verdade! conceber um sistema nico que abarcasse toda a realidade e a natureza$ 8ão teve tempo de terminar$ terminar$ 8o entanto! caberia ao seu mais bril&ante discípulo! Platão! tentar ampliar seu escopo investi/ativo e "ec&ar um entendimento do mundo que desse sentido! fnalidade e "undamento a toda realidade$ M nesse conte>to que Platão se circunscreve circunscreve como pioneiro da %eta"ísica! embora ten&a sido ristteles a sistematizá-la como área específca na Filosofa e desenvolvido uma %eta"ísica prpria! partindo! inclusive! do prprio Platão$ 'ua 0eoria das Formas ou das +déias! considerada como pensamento e elaboração prpria (mesmo a partir dos ensinamentos de 'crates)! marca o início da %eta"ísica ,lássica! onde procura estabelecer os critérios pelos quais as coisas podem ser consideradas válidas de " ato; tendo como pano de "undo uma teoria sobre a natureza dos conceitos e das defniçCes a serem obtidos (3)$ Platão! pe/ando o /anc&o de 'crates! ampliou seu escopo investi/ativo e desenvolveu um sistema que! ao contrário dos pré-socráticos! não se preocupava com a descrição dos princípios que "undamentavam "undamentavam a realidade! e sim com suas causas! razCes! fnalidades; para entendermos não s como a realidade é! mas por que ela é da "orma como é$ ,oncomitante a isso e sem rene/ar suas raízes socráticas! abarca também como o &omem deve a/ir perante essa ordem das coisas e como ele teria acesso a con&ec?-las em toda sua plenitude! numa perspectiva moral e política$ Para a construção desse sistema Platão vai além de 'crates e! aps a morte de seu mestre! sai de tenas e empreende al/umas via/ens$ via/ens$ ,on&ece na 'icília a flosofa pita/rica (com rquitas de 0arento) e a escola eleata! tendo contato também com 9ion! cun&ado do tirano de 'iracusa! 9ionísio + (4)$ M possível considerar uma fdelidade estrita a 'crates apenas sua em "ase inicial! onde escreve os c&amados 2iálogos Socráticos .$ Foi aps suas via/ens e seu contato com as doutrinas pita/ricas e eleatas que Platão desenvolve sua 3eoria das 4ormas! =á numa "ase intermediária de sua vida e de seus escritos$ 8a "ase madura! porém! ele re"ormula suas teorias criticando em /rande parte o que elas t?m de apro>imação apro>imação estreita com a visão parmenediana! parmenediana! estando circunscritas nesse período as obras / So,sta e )armênides! onde o prprio 'crates =á dei>a de ser persona/em principal nos diálo/os$ ( Ver gura 1) 'ua inJu?ncia do Grfsmo () está clara em seus prprios escritos! con"orme nos relata Nrazzinelli(!)$ noção e doutrina re"erente L imortalidade da alma e sua transmi/ração! embora também encerradas na doutrina pita/rica! traz elementos indissociáveis ao orfsmo! o qual é mencionado literalmente em vários trec&os da obra platnica! embora de "orma ambivalente# ora tomando al/uns rfcos como c&arlatães que vendem superstição ora como e>emplos e>emplos de conduta ascética para purifcação da alma (")$
pensar! &á de se =ul/ar que &ouve um momento em que Platão (sem abandonar o que 'crates l&e ensinou) amplia e estabelece um sistema prprio! elaborando a sua prpria Filosofa$ Filosofa$ Platão estudou e acompan&ou 'crates por dez anos$ 0in&a vinte e oito anos quando este morreu e continuou escrevendo até os oitenta anos$ ,orn"ord nos diz sobre esse "ato# “+m ,lósofo de seu cali're não poderia se limitar a reproduzir o pensamento de um mestre" por maior que este fosse. fosse. Sem d-vida" o germe central do platonismo" platonismo" do come(o come(o ao ,m" ! a nova moralidade socrática da aspira(ão espiritual" mas nas mãos de )latão este germe transformou#se numa árvore cuos galhos co'rem os c!us. / platonismo !" coisa que a doutrina de Sócrates nunca foi" um sistema do mundo" a'ra(ando todo aquele domínio da 0atureza e1terior do qual Sócrates se afastara para estudar a natureza e a ,nalidade do (,G*8FG*9 455K! p$ K5) homem.* (,G*8FG*9
3embremos! 3embremos! também! que 'crates a/iu e pensou como se desistisse. de pensar sobre o princípio da 8atureza como um todo! limitando suas reJe>Ces a como o Aomem! na vida em sociedade! poderia ter acesso a esse con&ecimento$ con&ecimento$ s investi/açCes dos primeiros flso"os =nicos não satisfzeram satisfzeram 'crates! c&amando c&amando sua atenção atenção apenas o sistema sistema de na>á/oras na>á/oras que colocava um princípio inteli/ente como ori/em das coisas$ %esmo assim decepcionou-se decepcionou-se ao deparar-se com esse princípio inteli/ente dando o início! mas tudo se concluindo mecanicamente; sem uma intenção deliberada para al/o mel&or$ mel&or$ 2ra intil! para 'crates! que uma flosofa não se preocupasse preocupasse ou não desse "undamento para que o &omem con&ecesse mel&or a si mesmo e pudesse desenvolver uma maneira correta de se viver$ viver$ 'crates então começa sua inestimável investi/ação flosfca sobre a natureza &umana e sua fnalidade! tentando assim! através do con&ecimento sobre si mesmo e de como o ser &umano poderia c&e/ar L verdade! conceber um sistema nico que abarcasse toda a realidade e a natureza$ 8ão teve tempo de terminar$ terminar$ 8o entanto! caberia ao seu mais bril&ante discípulo! Platão! tentar ampliar seu escopo investi/ativo e "ec&ar um entendimento do mundo que desse sentido! fnalidade e "undamento a toda realidade$ M nesse conte>to que Platão se circunscreve circunscreve como pioneiro da %eta"ísica! embora ten&a sido ristteles a sistematizá-la como área específca na Filosofa e desenvolvido uma %eta"ísica prpria! partindo! inclusive! do prprio Platão$ 'ua 0eoria das Formas ou das +déias! considerada como pensamento e elaboração prpria (mesmo a partir dos ensinamentos de 'crates)! marca o início da %eta"ísica ,lássica! onde procura estabelecer os critérios pelos quais as coisas podem ser consideradas válidas de " ato; tendo como pano de "undo uma teoria sobre a natureza dos conceitos e das defniçCes a serem obtidos (3)$ Platão! pe/ando o /anc&o de 'crates! ampliou seu escopo investi/ativo e desenvolveu um sistema que! ao contrário dos pré-socráticos! não se preocupava com a descrição dos princípios que "undamentavam "undamentavam a realidade! e sim com suas causas! razCes! fnalidades; para entendermos não s como a realidade é! mas por que ela é da "orma como é$ ,oncomitante a isso e sem rene/ar suas raízes socráticas! abarca também como o &omem deve a/ir perante essa ordem das coisas e como ele teria acesso a con&ec?-las em toda sua plenitude! numa perspectiva moral e política$ Para a construção desse sistema Platão vai além de 'crates e! aps a morte de seu mestre! sai de tenas e empreende al/umas via/ens$ via/ens$ ,on&ece na 'icília a flosofa pita/rica (com rquitas de 0arento) e a escola eleata! tendo contato também com 9ion! cun&ado do tirano de 'iracusa! 9ionísio + (4)$ M possível considerar uma fdelidade estrita a 'crates apenas sua em "ase inicial! onde escreve os c&amados 2iálogos Socráticos .$ Foi aps suas via/ens e seu contato com as doutrinas pita/ricas e eleatas que Platão desenvolve sua 3eoria das 4ormas! =á numa "ase intermediária de sua vida e de seus escritos$ 8a "ase madura! porém! ele re"ormula suas teorias criticando em /rande parte o que elas t?m de apro>imação apro>imação estreita com a visão parmenediana! parmenediana! estando circunscritas nesse período as obras / So,sta e )armênides! onde o prprio 'crates =á dei>a de ser persona/em principal nos diálo/os$ ( Ver gura 1) 'ua inJu?ncia do Grfsmo () está clara em seus prprios escritos! con"orme nos relata Nrazzinelli(!)$ noção e doutrina re"erente L imortalidade da alma e sua transmi/ração! embora também encerradas na doutrina pita/rica! traz elementos indissociáveis ao orfsmo! o qual é mencionado literalmente em vários trec&os da obra platnica! embora de "orma ambivalente# ora tomando al/uns rfcos como c&arlatães que vendem superstição ora como e>emplos e>emplos de conduta ascética para purifcação da alma (")$
Fi/ura : Platão e Parm#nides Parm#nides
M ine/ável a inJu?ncia de Parm?nides Parm?nides em toda flosofa que se tentou "azer depois dele$ 'eu parado>o parado>o que ne/a a e>ist?ncia do devir em virtude de sua transitoriedade "oi mote de discussão por muitos flso"os$ Parm?nides preconiza que o nico con&ecimento possível se dá através do '2*! pois nada podemos e>trair do 8ão-'er# transitrio! mutável e inse/uro para nos dar in"ormaçCes sobre uma suposta verdade acima das apar?ncias$ realidade está então onde possamos vislumbrar o '2*# eterno! imvel! &omo/?neo e ínte/ro$ 2 a Derdade! Derdade! por conse/uinte! s se encontra nesse reino. reino. da imutabilidade$ ndreas Nraeser nos "ala sobre isso#
“3rata#se da questão de quais as condi(5es preenchidas por algo que e1iste e que condi(5es presumem o conhecimento da realidade. 6S78 !" segundo essa concep(ão" ser um e contínuo" praticamente não#surgido" permanente" homogêneo como um todo" imóvel" sem passado nem futuro $2.9.:; <;" :#=>%. Só forma(5es desse tipo 6são8" no sentido pleno? e só forma(5es desse tipo admitem conhecimento .. (N*2'2* 4554! p$ K)
8o entanto a questão da alteridade ($) fca mal resolvida em Parm?nides$ 'e/undo %olinaro# @)armênidesA não empreendeu o e1ame do modo pelo qual o outro ! ser sem cessar de ser o outro ou" inversamente" o modo pelo qual o ser ! tam'!m o outro sem cessar de ser. . (%G3+8*G 455O! p$ 46) 2sse pensamento seduz Platão e o "az ir além de Parm?nides! conciliando as visCes aparentemente opostas entre o eleata e Aeráclito; cu=a nica realidade era =ustamente o devir constante das coisas! que por sua movimentação incessante nos dava uma noção de perman?ncia$ ,ontudo! Platão concorda com Parm?nides em seus principais postulados! estabelecendo que al/o s pudesse ser verdade se "or mani"estação do que é verdadeiro$ 2 o que é verdadeiro! necessariamente! precisa ter as características da imobilidade e perenidade$ 2staria criado assim a identidade entre '2* e Derdade$ M para responder como c&e/ar a essa Derdade que Platão então começa a traçar seu sistema$ 2le parte do que c&ama 'e/unda 8ave/ação. (%)! em que se cessam as tentativas de uma e>plicação naturalista da realidade (dada pelos pré-socráticos na Primeira 8ave/ação.) e parte-se para uma elaboração pessoal do flso"o que percebe que não se conse/ue e>plicar o sensível a partir do prprio sensível! sempre mutável e transitrio! obri/ando-o a considerar uma realidade supra-sensível que encerre a Derdade e uma possibilidade concreta de con&ecimento$ Para se atin/ir essa realidade s &á um meio# a *azão$ e>peri?ncia então é ne/ada como método de con&ecimento e o sensível é rele/ado ao %undo da par?ncia$ ' o inteli/ível é capaz de captar esse mundo verdadeiro de causas ulteriores cu=os "enmenos se ori/inam# G %undo das Formas! ou das +déias$ 8os te>tos de sua "ase intermediária (ver Figura 1)! Platão ainda se v? atrelado consubstancialmente na questão parmenediana! elaborando uma crítica e Je>ibilizando. seu pensamento somente na "ase de sua maturidade! nos te>tos / So,sta e )armênides$ M! portanto! com sua 0eoria da Forma (ou +déia)! complementado com a 0eoria da lma (ou *eminisc?ncia)! que Platão então empreende seu /rande sistema meta"ísico! ofcializando essa "orma de floso"ar$ A Metafísica Plat&nica A '#nese do Mundo ensíel
G %undo 'ensível! para Platão! tem sua causa no %undo +nteli/ível! onde reside a Derdade$ G %undo +nteli/ível é composto pelo Im e pela 9íade! respectivamente Princípio Formal e Princípio %aterial$ G Im a/e sobre a 9íade sem intermediários! por participarem ambos da inteli/ibilidade$ s 9íades "ormam e causam as Formas Puras! as +déias! de caráter inteli/ível que moldará e dará causa L matéria in"orme e sensível que e>perimentamos na corporeidade$ 'e/undo Platão! quem "az o intermediário entre a Forma Pura e sua contraparte material no mundo sensível é o 9emiur/o$ M ele quem! do caos! "az sur/ir o cosmos sensível por um simples ato de mor ao em$ (1*) Portanto! sendo o %undo 'ensível criado pelo 9emiur/o a partir do +nteli/ível! tudo o que é bom o é por participar do em em 'i! tudo o que é belo o é! por participar do elo em 'i e tudo o que é verdadeiro o é! por participar da Derdade em 'i$ 2 as ,oisas em 'i! as Formas pelas quais as coisas são! estão no %undo +nteli/ível! que participa do %undo 'ensível dando-l&e realidade$ quilo no %undo 'ensível que não ten&a contraparte no %undo +nteli/ível é "also e ine>istente! isto é! aquela mar/em de irredutibilidade da matéria sensível! se/undo *eale# do irracional ao racional .$(11) + Mundo das ,d-ias
G %undo das Formas Puras! ou das +déias (12) e o prprio conceito de idéia so"reu al/umas modifcaçCes ao lon/o da obra de Platão$ 2m uma concepção mais socrática em que uma +déia representasse o que &á de comum em todas as coisas de uma determinada cate/oria! o idos acontece nas coisas e não se constitui um ente apartado# não subsiste de "orma autnoma independente das coisas$ Podemos ver isso nos diálo/os de Platão até &enon! onde por inJu?ncia notadamente socrática! a temática era ética e &umanística$ concepção de que as coisas participam de um idos defnido e independente! autnomo e
transcendente que defne e dá causalidade Ls coisas! tem sua "orma delineada a partir de 4!don e na )olit!ia$ 'zai" nos diz sobre isso# BonseqCentemente" os idos ou id!ias devem formar uma realidade própria em rela(ão aos o'etos sensorialmente dados" at! ontologicamente superior a eles" pois os o'etos sensoriais eventualmente emprestam das id!ias seu imperfeito ser#assim apenas por meio de 6participa(ão8 tam'!m interpretada como rela(ão de reprodu(ão $D''ild'eziehung% de ,guras.. ('Q+F 4554! p$ :ist?ncia ao sensível$ s dimensCes dessa teoria abarcam a questão do ,on&ecimento! da Psicolo/ia! da Mtica! da Política e da 2stética$ - .on/ecimento # G con&ecimento do mundo sensível é o con&ecimento dado pela e>peri?ncia e constitui se/undo Platão! o campo da do1a$ G con&ecimento do mundo intelectivo s pode ser alcançado "ora da e>peri?ncia! pela razão! e se constitui o verdadeiro con&ecimento! c&amado episteme$ 2ntre um e outro não pode &aver comunicação! são separados por naturezas distintas$ 8o sensível s se pode &aver opiniCes sobre o que os sentidos nos in"ormam! no intelectivo reside o con&ecimento de "ato! verdadeiro! pois tem acesso ao %undo das Formas! das +déias$ Platão! para e>emplifcar o método a ser empreendido para a busca desse con&ecimento verdadeiro e como ele se dá a partir do intelecto &umano! elabora duas ale/orias em seu livro D 7ep-'lica# da 0in/a iidida e da .aerna$ inda na questão epistemol/ica de Platão! o que denota possibilidade de acesso do intelecto ao con&ecimento das +déias no supra-sensível é sua 0eoria das *eminisc?ncias! onde a episteme se dá pela lembrança do que a lma imortal viveu antes de se ob=etivar na corporeidade do mundo sensível$ 'e/undo %ondin# “0a economia geral do sistema de )latão" a doutrina da reminiscência e1erce três fun(5es muito importantesE fornece prova da pree1istência" da espiritualidade e da imortalidade da alma? esta'elece ponte entre a vida antecedente e a vida presente? dá valor ao conhecimento sensitivo" reconhecendo#lhe o m!rito de despertar a recorda(ão das Fd!ias.* $&/02F0 :GG" p. I% - Psicologia # 2m sua ori/em! o &omem em Platão é essencialmente lma e vivia no %undo das +déias$ G corpo é a "orma acidental de o &omem e>istir no mundo sensível$ 8o &omem convivem tr?s lmas! as quais Platão e>emplifca na ale/oria da .arruagem! onde a alma racional é o coc&eiro! a alma irascível é um cavalo bom e belo e a alma concupiscível é um cavalo mau e "eio$ Im dá trabal&o e é rebelde! outro é obediente ao coc&eiro$ 0r?s ar/umentos "undamentam em Platão a concepção de alma que ele nos le/ou# sua ori/em &iperurRnia que l&e con"ere lembrança e con&ecimento das +déias (reminisc?ncia); sua preval?ncia! devido L sua ori/em sobre o corpo; e sua imortalidade por sua participação na +déia da Dida$ (13) - tica# prática da virtude como orientação ética do &omem em Platão é conseqS?ncia l/ica de sua visão meta"ísica e está em consonRncia não s com a bvia inJu?ncia socrática de seu pensamento! mas também atrelada de "orma substancial com as dimensCes rfcaspita/ricas de sua doutrina$ G &omem deve renunciar aos prazeres do corpo e Ls riquezas! buscando sempre a virtude maior que é o em através do con&ecimento$ “J mais feliz o usto no meio dos sofrimentos do que o inusto num mar de delícias.* (P30TG! *epblica :U)
dimensão política da meta"ísica platnica está reunida na 7ep-'lica e suas análises estéticas$ 2mbora essa dimensão permeie boa parte de suas obras! encontram-se em 4edro e em / So,sta as análises que mais se apro>imam de seu pensamento ori/inal e consolidado$ A Alegoria da .aerna
9estaco especialmente essa ale/oria platnica (1) por representar um dos temas mais centrais da flosofa de Platão$ 2la consta de seu livro D 7ep-'lica! ,apítulo D++ (K:Oa-K:Ud) (14) e é c&amada comumente de + Mito da .aerna$ Particularmente eu não /osto desse termo! pois ele "acilita uma /eneralização equivocada dos termos %ito e %itolo/ia$ 2ntendo
que seu uso ten&a a ver como uma metá"ora! uma ale/oria$ %itos são narrativas de "undo &istrico que preserva seu aspecto peda//ico de "orma ale/rica e meta"rica$ 8ão é o caso dessa ale/oria e de tantas outras que Platão constri para simbolizar sua meta"ísica! epistemolo/ia! dialética! mística e ética$ 'e/undo *eale (1!) ! o mito que e1pressa )latão em sua totalidade .$ ,oncordo com essa "rase substituindo o termo e a noção de mito por ale/oria$ G poder simblico da ale/oria ultrapassa o prprio contedo do ensinamento$ Huando Platão se utiliza da f/ura da ,averna para ambientar as condiçCes de possibilidade da libertação pelo con&ecimento! ele se utiliza de um símbolo de /rande apelo na Nrécia nti/a e que permeou toda a ocidentalidade$ ,averna nos remete não s a um lu/ar sombrio! mas ao prprio in"erno$ V época de Platão o Aades /re/o =á &avia mudado sua topo/rafa! a qual "oi &erdada pela cultura cristã$ 8a Nrécia rcaica a morte era apenas um esquecimento! mesmo que a lma (idolon% continuasse va/ando como uma ima/em pálida do "alecido$ tradição &omérica era carente de uma concepção unitária da personalidade &umana! dividindo-a em thKmós! phr!n e nóos! que si/nifcam respectivamente a"etividade! discernimento moral e inteli/?ncia$ G que animaria essa natureza tripla &umana é a )siqu!! que se/undo randão si/nifca sopro vital.$ randão nos diz# “$...% morrendo com o corpo" que lhe so'ra para a outra vidaL Dpenas a psKMh! " uma som'ra pálida e inconsciente" um eídolon trNpego e a'-lico. Fgnorando as no(5es de dever" de consciência" de m!rito ou de falta" a outra vida ignora" ipso facto" prêmio ou puni(ão para o homem. Dliás" como ulgar" punir ou premiar um eídolonL* (*89TG! %itolo/ia Nre/a :<6! Dol$ +! p$ :O6)
8ão tendo memria! culpa! recompensa ou casti/o! o eidolon (que em vida se constituía a psique) va/ava no Aades$ 2ssa crença demonstra a eticidade /re/a arcaica li/ada L vida e ao cotidiano! ao respeito L polis e L política! com a a=uda dos deuses e de %oíra (a deusa destino)$ 8os séculos D+ a D a$,$! em "ranca oposição L reli/iosidade cívica &omérica! sur/em no seio da sociedade uma virada radical e uma preocupação premente com a morte a partir do advento do orfsmo$ 2ntrando na vida cotidiana dos cidadãos /re/os! o orfsmo vem trazer noçCes soteriol/icas (salvacionistas) e escatol/icas (de fm dos tempos)! mudando a prpria topo/rafa do Aades e o destino das almas &umanas$ randão ilustra bem isso no se/uinte te>to# “Se em Homero o Hades ! um imenso a'ismo" onde" após a morte" todas as almas são lan(adas" sem prêmio nem castigo e para todo o sempre $...% e se em Hesíodo $...% á e1iste uma mudan(a escatológica $...% no destino de almas privilegiadas" o /r,smo ,1ará normas topográ,cas de,nidas e reestruturará tudo quanto diz respeito ao destino -ltimo das almas.* (*89TG! %itolo/ia Nre/a 455
9e um in"erno que mais parecia um depsito de cascas vazias e sem consci?ncia no eterno sono da morte! Aades passa a compor o 0ártaro! o Mrebo e os ,ampos 2líseos! que mais tarde seriam sincretizados pela cultura cristã em +n"erno! Pur/atrio e Paraíso$ ,omeça aí uma dimensão moral e ascética para a alma vivente! que resiste L morte e precisa de salvação$ inJu?ncia do orfsmo na flosofa platnica é atestada por diversos estudiosos e =á mencionada nesse trabal&o$ 'ua ale/oria! colocando a ima/em da caverna como local onde aqueles que vivem na ilusão do mundo se encontram! /era um apelo persuasivo e"etivo predispondo seus leitores a ouvir sua narrativa dentro de valores estabelecidos socialmente$ Portanto! dentro das dimensCes que essa ale/oria possui! a ambientação e conte>tualização cumprem uma "unção importante dentro da ar/umentação platnica$ ,averna simboliza o mundo da apar?ncia! da ilusão! das realidades percebidas apenas parcialmente onde! presos! tomamos como verdadeira as sombras$ 9o lado de "ora da caverna! sob a luz bru>uleante de uma "o/ueira! &omens carre/am ob=etos por cima do muro que encobre a entrada$ 2sses &omens! dentro da ale/oria! são os manipuladores que produzem ilusCes e trabal&am para seus prprios con"ortos$ Gutra dimensão dessa ale/oria traz e e>amina como se daria a libertação desses prisioneiros da ilusão e vítimas dos manipuladores$ 9anilo %arcondes levanta um questionamento interessante nesse aspecto na medida em que Platão mesmo caracteriza esse processo como doloroso e di"ícil# “Há uma aparente contradi(ão entre li'ertar#se e ser for(ado a levantar#se" como se o prisioneiro estivesse sendo for(ado a li'ertar#se" sentindo#se em seguida ofuscado e pertur'ado*.(%*,G892'! 4556! p$ 66)
8o te>to de D 7ep-'lica! 'crates apenas solicita que Nlauco ima/ine a condição em que um desses &omens "osse libertado! mas não diz e>atamente como essa libertação se daria$ %arcondes encontra essa e>plicação em 4edro e na 0eoria da *eminisc?ncia de Platão e diz que! na verdade! a libertação se dá pelo conJito interno que todo &omem en"renta entre! de um lado! o con"orto e a acomodação dos costumes e tradiçCes e! de outro! o impulso da curiosidade e do con&ecimento! simbolizado por 2ros$ M nesse conJito! dialético! que o &omem encontrará sua libertação das correntes que l&e se/ura dentro da caverna! de seu in"erno pessoal$ 2sse camin&o é tortuoso! penoso! mas compensador$ Por ele e por adaptaçCes constantes! o &omem liberto conse/uirá contemplar o 'ol# símbolo má>imo da realidade e /rau má>imo da plenitude! como causa primeira de tudo$ Niovane *eale(1") analisa essa ale/oria destacando quatro si/nifcados para ela# : W 'imboliza os /raus em que ontolo/icamente se divide a realidade e! principalmente! o mundo sensível (da apar?ncia) do mundo inteli/ível (da +déia); 4 W 'imboliza os /raus em que epistemolo/icamente o &omem tem acesso L realidade# eiMasia (ima/inação! ilusão)! pístis (crença) e a dialética como processo que leva L episteme; 7 W 'imboliza as dimensCes da vida &umana no sentido ascético ou de purifcação mística! onde a libertação dos sentidos nos levaria L pura presença do 2spírito! 'ol; O W 'imboliza a dimensão política da libertação! a partir da volta do flso"o-le/islador trazendo a possibilidade de libertação para aqueles que fcaram$ 2ste deverá! contudo! en"rentar a incompreensão daqueles que fcaram e! sobretudo! o "ardo de se readaptar a um mundo com "alta de luz! mas cu=a volta! parado>almente! daria sentido L sua prpria e>ist?ncia$ otas : - 'e/undo notas de 2dson ini! na seção 9ados io/ráfcos da citada obra$ 4 - Derbete# %eta"ísica$ 7 - (%*,G892' 4556! p$ K6) O - (ibidem! p$ KK) K - Para saber mais sobre Grfsmo e Filosofa! consulte o te>to do 'eminário de Aistria da Filosofa sobre esse tema apresentado por Nilberto %iranda Eunior! ndreB Ferreira e 9enis Huinteros em 57 de Eun&o de 455to no arti/o le/oria da ,averna! aqui no Zi[i Filosofa Neral$ :6 - (*232 e ntiseri :5! p$ :66) :U - +bidem! p$ :6U-:6<
MA',56+ 7 A'+5,8+ 8,P+A 9 68A ,ntrodu:ão
presente resen&a tem por ob=etivo apresentar a obra 2e &agistro(1) de 'anto /ostin&o e "azer uma breve análise de sua 0eoria da 3in/ua/em! mostrando como ele concebe a lin/ua/em como representação de sinais e tecendo al/uns questionamentos para "uturas re"er?ncias de pesquisa$ M campo de investi/ação desse autor! inclusive! a identifcação de como nossa mente e memria trabal&am na representação e entendimento da realidade$ tese a/ostiniana é emprestada de Platão (s con&ecemos aquilo que =á sabemos - 0eoria da *eminisc?ncia)! porém sem assumir a transmi/ração da alma$ 2ssa tese entra em conJito com a tese da 0ábua *asa (2).! onde tudo que aprendemos vem do meio e através da pura e simples e>peri?ncia; assim como também se contrapCe Ls concepçCes de Zitt/enstein! cu=o processo de aprendiza/em lin/Sística é social! c&amada por %edina (3) de aborda/em enculturalista$ 8ão é min&a pretensão de"ender aqui uma ou outra visão! até por que todas t?m sustentação em seus ar/umentos e dei>am lacunas que não resolvem todas as questCes que /iram em torno delas$ 8o entanto! ao lon/o da e>planação! é min&a pretensão "azer al/uns questionamentos que sirvam de reJe>ão a possíveis motes de pesquisas "uturas; através do entendimento do que /ostin&o pensa sobre o assunto$ +rei então! a partir das partes a se/uir! conte>tualizar a produção de 2e &agistro! resumir
suas principais teses e "azer os questionamentos a que essa resen&a se propCe$ .onte;to de Produ:ão
9i"ícil entender uma obra numa "ase qualquer de um autor se não entendermos sua &istria e seus "eitos antes dela$ obra é o resultado das conJu?ncias &istricas de quem a "ez! e entender essas conJu?ncias é conse/uir ir mais a "undo na prpria obra$ 2ntender /ostin&o é entender sua obra! pois cada escrito seu reJete aquilo que ele viveu numa vida repleta de realizaçCes! altos e bai>os e! sobretudo! uma veem?ncia que o "ez viver com uma intensidade "ora do comum tudo o que acreditou$ /ostin&o nasce em \"rica! na cidade de 0a/asta; atual 'ou[-ras da r/élia atual! em 7KO$ sua busca pelo con&ecimento e certezas começa com o início de sua vida no ensino de retrica em ,arta/o! *oma e %ilão$ 2mbora ten&a vivido sempre dentro do cristianismo ensinado por sua mãe (%nica W imortalizada em suas Bon,ss5es)! entre/a-se ao ambiente de pro"essores e compan&eiros! vivendo intensamente tudo o que a licenciosidade poderia l&e dar$ 2nvolve-se com uma mul&er (que a posteridade esconde o nome)! nascendo seu fl&o deodato (com quem dialo/a no 2e &agistro) e em %ilão tem contato com 'anto mbrsio! con&ecendo a flosofa de Plotino$ 'ua busca o leva do maniqueísmo ao ceticismo acad?mico para depois "az?-lo c&e/ar ao cristianismo eclesiástico! convertendo-se$ 9ois anos aps seu batismo cristão! que ele "az =untamente com lípio e seu fl&o deodato! ele tem por ob=eto um diálo/o com deodato! que "aleceria pouco depois! escrevendo a obra que resen&amos no presente trabal&o$ 2e &agistro circunscreve-se como o ultimo de seus diálo/os; de um /ostin&o recém convertido em que as culpas do passado e o remorso =á &aviam sido diluídos! embora em seu coração &ouvesse ainda uma mácula con"essada no 3ivro :5 de Bon,ss5es# O;. 3arde Pos amei" ó
,om a célebre per/unta que /ostin&o diri/e a seu fl&o deodato# Rue te parece que queremos levar a efeito" quando falamosL . (NG'0+8AG! G %estre 4556! p$ :)! o livro inicia dizendo o motivo pelo qual "oi "eito$ 'e/undo Aorn (4)! /ostin&o interessa-se pela Filosofa da 3in/ua/em em várias "ases de sua bio/rafa! tendo "eito o tratado =uvenil 2e 2ialectica e um escrito perdido intitulado 2e rammatica$ 8eles! ainda se/undo Aorn! /ostin&o permeia a problemática da lin/ua/em! mas! no entanto! não intenciona desenvolver propriamente uma Filosofa da 3in/ua/em! tendo como mote a "undamentação de uma realidade divina no "alar e pensar &umano$ ssim! assinala uma pretensão teol/ica e não flosfca$ M de min&a opinião! no entanto! que a despeito da pretensão teol/ica! /ostin&o sempre se preocupa flosofcamente na =ustifcação racional da "é$ G "ato de ele partir de um pressuposto de "é para essa =ustifcação! não tira necessariamente o caráter flosfco de sua obra! embora nos obri/ue a ol&á-la por esse pressuposto para analisá-la e entend?-la$ 2m suas obras precedentes ele discute essa questão de "orma assistemática e isolada e somente no 2e &agistro é que ele procura uma coer?ncia que "undamente suas idéias$ s /randes per/untas que /ostin&o procura responder são# como as palavras podem nos dar con&ecimento] ,omo se c&e/ar L realidade das coisas mesmas se com as palavras s se aprende as prprias palavras] ,omo as idéias de um &omem podem reproduzir-se na alma de outro &omem] M possível de "ato o ensinamento] problemática sobre realidade! con&ecimento e lin/ua/em então é permeada pela obra através do diálo/o mantido com o fl&o$ /ostin&o tenta responder essas per/untas de uma "orma dialética com seu fl&o! e de certa "orma difculta o leitor que espera uma flosofa estruturada e cate/orizada nos conceitos que e>pCe$ 2m dado momento ele inclusive en/ana seu fl&o para que ele c&e/ue L sua conclusão; afrmando al/o para depois ne/á-lo na concordRncia inocente do rapaz$ 2n/raçado notar que! a despeito dos altos elo/ios que o prprio /ostin&o "az da inteli/?ncia de deodato em Bon,ss5es()! as conclusCes do diálo/o sempre são levadas a cabo pelo prprio /ostin&o! rele/ando o fl&o a mero f/urante! embora repleto de pertin?ncia no que
diz$ Palaras ão ignos (inais)
2le parte da tese de que as palavras são sinais$ o lon/o do diálo/o! porém! /ostin&o ne/a essa tese postulando que os sinais representam a Dontade de quem diz e não as coisas mesmas$ Para que essa Dontade! no entanto! represente as coisas mesmas através dos sinais! é preciso que o dono dessa Dontade escute seu mestre interior; o ,risto$ Para /ostin&o! s no caráter revelador da "é é que a realidade poderá ser percebida e traduzida por uma Dontade que se utiliza de palavras as quais serão atribuídas sinais que se re"erem Ls coisas mesmas$ Portanto! não são os sinais que ensinam e nem! portanto! as palavras$ ' é possível a mera comunicação através de si/nos! e não o aprendizado$ 'e =á con&eço o si/nifcado de um sinal! ele não me ensina nada$ 'e não con&eço o si/nifcado! ele prprio também não me ensinará$ Gu eu aprendo através da coisa mesma (si/nifcada) ou eu =á sei de antemão para identifcar o si/no que a representa$ A=render - 6ecordar
Penso que desde que o ser &umano é &umano a questão da "ala! do dizer! está em voltas de se adequar o mais fdedi/namente com a percepção &umana da realidade$ /ostin&o! a meu ver! quando questiona a lin/ua/em e a possibilidade de con&ecimento através dela! parte do pressuposto que e>iste uma realidade que pode ser con&ecida ob=etivamente por ns e que o saber é possível$ G que ele questiona é apenas se a lin/ua/em daria conta disso! e não se teríamos ou não acesso a isso$ inJu?ncia platnica! que parte de uma realidade transcendente que con"ere verdade ao devir a partir de sua participação nessa realidade! é patente na ar/umentação a/ostiniana$ Para /ostin&o "alamos para ensinar ( docere)! mas ao "alar também aprendemos! pois acionamos nossa memria e reafrmamos aquilo que sabemos$ 8o outro! admoestado! ao invés de trans"erirmos uma idéia a ele! "azemos com que ele lembre o que sabe; an/ariado num estado anterior L sua prpria e>ist?ncia e trazido L tona pela admoestação racional$ 2>cetuando-se a questão da transmi/ração das almas! não admitida pela doutrina cristã! /ostin&o assume a 0eoria da *eminisc?ncia platnica para ar/umentar sobre o inatismo do con&ecimento &umano$ + Mestre e a Pedagogia do ,nterior
'e as palavras são sinais que se re"erem Ls coisas mesmas e! no entanto! elas nada nos ensinam se =á em ns não &abitar o con&ecimento delas! nen&um &omem poderia ser c&amado de %estre! pois ele nada ensina com suas palavras$ %estre então e>iste em ns! e através dele rememoramos o que sabemos "azendo re"er?ncia Ls palavras que ouvimos$ 2 quem &abita em ns é ,risto! este é! portanto! se/undo /ostin&o! nosso %estre +nterior$ Para dar voz a esse Mestre ,nterior que nos rememora o que sabemos para nos re"erenciarmos naquilo que ouvimos! é preciso investi/ar internamente cada palavra dita! procurando sua re"er?ncia$ 2sse ato de rememorar é o aprender possível$ +nJuenciado pela 5eoria das ,d-ias de Platão através de suas leituras de Plotino! /ostin&o re=eita o aprendizado oriundo da e>peri?ncia sensível preconizado pelas flosofas empiristas$ 2>istem duas cate/orias de con&ecimento cu=o aprendizado é adquirido de maneira diversa# :$ Gs sensíveis con&ecemos pela e>peri?ncia direta$ ssim sendo! o pro"essor nada nos ensina pelas palavras! apenas nos rememora o que =á sabemos e nos a=uda a associá-las de "orma cate/orizada! através de outro tipo de con&ecimento! abai>o; 4$ Gs inteli/íveis são as relaçCes matemáticas e conceitos /enéricos e ideais! como &omem.! cavalo.! etc$ 'e/undo /ostin&o! compreendemos os inteli/íveis através da luz divina que &abita em ns e ilumina nossa razão$ compreensão é uma iluminação intelectual cu=o ob=eto tem ori/em em 9eus$ ,onclui /ostin&o então que o %estre não ensina! não é um transmissor de verdades a serem apreendidas pelo aluno$ %as sua "unção é muito importante! pois ele orienta e "acilita a descoberta! pelo prprio aluno! de sua verdade interior$ 'emel&ante aspecto podemos observar em 'crates que ne/ava saber al/o e apenas inquiria as pessoas para que elas tomassem consci?ncia de sua prpria i/norRncia e pudesse pela mai?utica encontrar a
verdade$ .onclusão
Pode parecer até in=usto pe/ar uma obra conte>tual de um passado medieval e traz?-la L luz da contemporaneidade para analisá-la$ %as levando em conta que um pensamento flosfco pretende ser uma resposta universal adequada a um "enmeno! podemos ao menos tecer al/uns questionamentos com vistas a soluçCes atuais$ /ostin&o quando parte da pressuposição de que 9eus ten&a colocado em ns a verdade e que basta consultar esse mestre interior para que rememoremos as coisas e a recon&eçamos! ele se obri/a a admitir que são incompetentes ou distantes de 9eus quem não conse/ue "azer isso$ 2sse tipo de in"er?ncia não se impCe como verdadeira em si mesma! mas somente se tomamos a pressuposição de /ostin&o$ 9i/amos que se=a uma conclusão que salva. a premissa e não uma conclusão conseqSente da mesma$ 2sse ar/umento é "rá/il quando aventamos a possibilidade de al/uém ensinar uma mentira a outro$ Huando Aitler implanta a Euventude 8azista e "az uma espécie de aprendizado maciço incitando o dio e a discriminação a mil&ares de =ovens alemães! equivaleria a dizer então que cada dio suscitado era uma verdade divina implantada no coração de cada =ovem que aprendeu a odiar os =udeus$ 3o/o! concluímos que o aprendizado se dá de "orma diversa daquela que /ostin&o pretende nos dizer$ 8o entanto! seus ar/umentos são verossímeis quando percebemos que as palavras! em si mesmas e enquanto sinais! nada nos dizem sem que possamos nos re"erenciar em al/uma e>peri?ncia pré-e>istente ou mesmo possamos "azer um salto. intelectivo em busca de um entendimento daquilo que é dito$ %as o entendimento de nível inteli/ível não indica nada além que não se=a "ruto de nossa prpria capacidade mental! dada pelas sinapses cerebrais e açCes associativas e re"erenciais de nossos prprios neurnios$ 'e essa característica vem de uma "onte e>tracorprea a qual nos "oi concedida! é apenas uma questão de "é$ Platão! em sua primeira "ase! sob a inJu?ncia determinante de 'crates! antes ainda de ter via=ado L +tália e con&ecido o pita/orismo e o orfsmo! ainda não &avia dado um aspecto transcendente L questão das +déias que defnem os /?neros$ noção intelectiva de /?neros e espécies! que denota a +déia de al/o! parece emer/ir imanentemente do con=unto de apariçCes "enom?nicas das coisas que ns percebemos$ +n"erimos! por convenção e dialeticamente! aquilo que não é acidente! e o defnimos como al/o em seu "undamento e>istencial$ 'e o que a primeira "ase platnica nos dá a entender "or verdade! poderíamos dizer que a capacidade co/nitiva &umana que nos permite perceber o inteli/ível! se dá por um processo de /eneralização indutiva da nossa prpria e>peri?ncia e>istencial$ 'e isso "or verdade! não percebemos as coisas a partir de sua participação em um suposto &iperurRnio (ou mundo das idéias)! mas sim compomos esse &iperurRnio a partir das in"er?ncias de uma certa re/ularidade nas coisas! as quais são percebidas e cate/orizadas a partir dos interesses coletivos e culturais &istricos$ +sso! no entanto! não e>clui e nem deveria e>cluir qualquer participação divina em ns$ otas : W 8ome ori/inal em 3atim da obra# NG'0+8AG! 'anto$ / &estre. 0radução# ntonio 'oares *ibeiro$ 'ão Paulo! 'P# 3andB 2ditora! 4556 4 W Gposição entre a flosofa que admite a reminisc?ncia e os empiristas como Eo&n 3oc[e$ 2ssa e>pressão "oi usada por 3eibniz para ilustrar as idéias dos partidários de 3oc[e que supun&am que no começo a alma é vazia de todas as idéias$ ," (33892 :! Derbete 0ábua *asa - p$ :$:5O) 7 W ,"$ (%29+8 455U! p$ :5<) O W (AG*8 4556! p$) K W ,on"$ (NG'0+8AG! ,onfssCes :6! Parte + - 3ivro +^ n$:O - p$ 47U)! onde se l?# Há um livro meu que se intitula 2e &agistro" onde ele $Ddeodato% dialoga comigo. Sa'eis que todas as opini5es que aí se inserem" atri'uídas ao meu interlocutor" eram as dele quando tinha dezesseis anos. 0otei nele coisas ainda mais prodigiosas. Dquele talento causava#me calafrios de admira(ão" pois quem" senão Pós" poderia ser o artista de tais maravilhasL .
+ iscurso do M-todo 7 escartes (resen/a tem>tica) A .onstru:ão da e=istemologia cartesiana
E sua contextualização histórica a partir da obra O Discurso do Método .
2sse trabal&o! embora se refra a um livro específco! procura en"atizar o "undamento epistemol/ico do pensamento cartesiano! embora resen&e parte da obra em questão$ obra de 9escartes! mais especifcamente o seu 2iscurso do &!todo pode ser vista como uma sistemática reJe>ão sobre seu tempo através de uma tomada de posição específca "rente a uma crise que! a partir de seu posicionamento! inau/urou uma nova epistemolo/ia e uma nova maneira de ol&ar a realidade$ M preciso assumir uma perspectiva &ermen?utica na leitura da obra de 9escartes a partir do
momento em que sua época se desprendia de uma visão de mundo centralizada na autoridade e no poder centralizado da reli/ião$ Porém! essa perspectiva &ermen?utica não pode dei>ar de levar em conta que o que ele pensou também "oi assumido pela tradição como "orma de conciliar os do/mas reli/iosos com a ci?ncia que despontava na modernidade$ 8ecessário é salientar que "oi um processo /radual essa conciliação$ ssumindo! de certa "orma! o espírito &umanista de sua época e centralizando-se na capacidade racional &umana na busca do con&ecimento! 9escartes preocupou-se "undamentalmente em construir um modo para que pudéssemos c&e/ar a um con&ecimento se/uro$ 2sse modo é a dvida! o seu método! o camin&o$ Para esse ob=etivo! notamos que ele incorporou o espírito que se "ormava na época e di"erenciou seu discurso dos tratados flosfcos medievais impessoais e abstratos! escrevendo na maioria das vezes na primeira pessoa e e>emplifcando suas idéias a partir de suas e>peri?ncias pessoais$ 'eu estilo pessoal! quase con"essional! mescla sentenças de cun&o afrmativo-perceptivo de caráter universal e lo/o em se/uida é =ustifcada sua validade a partir da narrativa de sua e>peri?ncia pessoal racional$ Demos esse e>emplo nesse trec&o# Ds maiores almas são capazes dos maiores vícios" como tam'!m das maiores virtudes" e aqueles que só andam muito devagar podem avan(ar 'em mais" se seguirem sempre pelo caminho reto" do que aqueles que correm e dele se afastam. Ruanto a mim" nunca cheguei a supor que meu espírito fosse em nada mais perfeito do que os dos outros em geral. &uitas vezes cheguei mesmo a desear ter o pensamento tão rápido" ou a imagina(ão tão nítida e diferente" ou a memória tão a'rangente ou tão presente" quanto alguns outros$. (92',*02' 4556! p$:7) M com esse tom pessoal e de certa "orma intimista! embora tente sempre universalizar os conceitos que decorram de seu raciocínio pessoal! que 9escartes começa seu 2iscurso do &!todo! a meu ver! com uma das "rases mais emblemáticas da modernidade; não tanto por seu caráter a>iomático! mas por seu caráter a"orístico# / 'om senso ! a coisa do mundo mais 'em distri'uída" porquanto cada um acredita estar tão 'em provido dele que" mesmo aqueles que são os mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa" não costumam desear tê#lo mais do que á o têm $. (92',*02' 4556! p$:7) 9escartes usa esse enunciado para ar/umentar a idéia de que todos são dotados i/ualmente de razão e que s c&e/am a opiniCes di"erentes por que não possuem um método adequado$ M claro que! embora a"oristicamente se=a interessante! é di"ícil ima/inar que cada &omem não ve=a necessidade de ter mais bom senso do que =ul/a ter como evid?ncia de que todos de "ato ten&a$ %as essa idéia se conf/ura como pedra basilar de um consenso que se "orma na época! =á "ormulado no fnal do medievo por 8icolau de ,usa# o &omem seria um microcosmo! reproduzindo em si! sinteticamente! a totalidade da natureza$ M com esse mote que! na modernidade! 9escartes introduz a temática do su?eito @ue con/ece como fundamento de sua e=istemologia $ 2ssa temática irá deslocar o questionamento sobre o Gb=eto que se mostra a uma razão capaz de captar a ordem e"etiva das coisas para o 'u=eito que volitivamente se direciona para o Gb=eto na intenção de captar essa ordem$ preocupação moderna! inau/urada por 9escartes é como esse 'u=eito pode asse/urar um con&ecimento verdadeiro e se/uro do Gb=eto$ 9escartes então parte da premissa que! antes de voltar-se ao Gb=eto! esse 'u=eito precisa voltar-se para si mesmo e "undamentar nele a possibilidade desse con&ecimento$ - Huem é esse su=eito que con&ece] - Huais suas potencialidades e limitaçCes] - M possível sair do ceticismo e alcançar a verdade sobre al/o] 2is os pontos tematizados a partir de 9escartes em seu 9iscurso do %étodo$ perspectiva ontol/ica que 9escartes tematiza sobre o 'u=eito do ,on&ecimento s seria abandonada pelo empirismo e depois por @ant$ 9escartes confa na capacidade "undante da *azão como possibilidade de con&ecer e descarta a possibilidade de qualquer con&ecimento se/uro a partir do sensível! reeditando a tradição iniciada em Platão$ 2mbora 9escartes liberte a epistemolo/ia da "undamentação teol/ica! centralizando no racionalismo toda a nossa possibilidade de con&ecimento (inclusive o teol/ico)! ainda postula uma participação divina em ns! e a e>emplo de Platão! separa o 'u=eito em duas instRncias substanciais que "ormam o 'er Aumano# a res cogitans e a res e1tensa. "undamentação racional desse dualismo contribuirá para avanços científcos! onde a noção de corpo como uma máquina a serviço da alma racional! irá proporcionar a permissão para autpsias! por e>emplo$
9escartes c&e/a a seu método assumindo uma postura cética! porém postula um ceticismo que não duvida para ne/ar! e sim para c&e/ar através da dvida metdica ao verdadeiro con&ecimento$ 'eu método estabelece que tanto os sentidos quanto a percepção não se conf/uram como um con&ecimento se/uro! e estabelece o camin&o para esse se/urança por quatro preceitos básicos# :$ id#ncia# aquilo que aparece imediatamente ao entendimento; 4$ An>lise# divisão do problema em partes menores; 7$ íntese# ordenar o pensamento do mais simples ao mais comple>o; O$ id#ncia do .on?unto ou ,ntui:ão 'eral # enumeração dos dados e revisCes /erais$ G camin&o cético proposto por 9escartes procura desestruturar a prpria postura cética ao usar o ceticismo para buscar al/o que "undamente a possibilidade do con&ecimento se/uro$ 2la! portanto! é proped?utica$ Para isso ele cria o ar/umento do .ogito! cu=o ob=etivo é estabelecer os "undamentos do con&ecimento e encontrar uma certeza imune a qualquer questionamento cético$ Propondo esvaziar-se de todas as crenças e con&ecimento adquiridos! 9escartes encontra a questão que /arante a certeza se/ura de al/o# Penso, logo existo.$ e>ist?ncia! a partir dessa constatação! se torna a pedra basilar da certeza de que podemos con&ecer de "ato al/o sem qualquer tipo de questionamento que possa ne/á-lo# se soubermos que pensamos! é por que necessariamente e>istimos$ G ,o/ito! portanto! a partir da descoberta de uma realidade primária! necessária e indubitável! nos dará a base para a construção do con&ecimento possível &umano$ e>ist?ncia de 9eus! para 9escartes! a partir da constatação do 2u Penso! se circunscreve a partir da idéia que temos dela$ M com essa constatação que 9escartes c&e/a L seu Argumento +ntológico# sendo o nico método possível de con&ecimento a dvida metdica! duvidar é menos per"eito que con&ecer$ o não possuirmos um con&ecimento direto que nos e>ime da dvida como método! s poderíamos ter idéia da per"eição se &ouvesse al/uma natureza que "osse mais per"eita e acima de ns$ 2ssa natureza seria 9eus$ 8ão sou s eu que e>isto! pois não sou per"eito e se ten&o idéia da per"eição! além de mim devem e>istir outras coisas$ ponte entre o pensamento sub=etivo na busca de uma certeza indubitável e o pensamento ob=etivo que pode pro"erir con&ecimento sobre um ob=eto está na "undamentação ltima da realidade que independe da e>peri?ncia sensível! isto é! na razão pura inata$ ' &averá ci?ncia quando a razão puder e>plicar através de leis e princípios indubitáveis como a realidade se conf/ura e "unciona$ ponte para "ora de si mesmo e o rompimento com o solipsismo no pensamento cartesiano é sua ar/umentação sobre a e>ist?ncia de 9eus$ 9eus e>istindo! as coisas e>istem "ora do meu pensamento! e é camin&ando em direção a 9eus através de min&a razão é que posso con&ecer as coisas$ 8esse ponto &á uma crítica L escolástica aristotélica que preconizava c&e/armos a 9eus através do sensível$ 9escartes na continuidade de seu livro ainda "ala e discorre sobre a alma e o corpo! o &omem e o animal! "ec&ando seu discurso num apelo aos leitores$ 8unca mais a ci?ncia seria a mesma com a publicação do 9iscurso do %étodo de 9escartes! embora o empirismo "osse dar um caráter comprobatrio mais robusto ao con&ecimento possível &umano$ + 8umanismo e 6enascimento ,ntrodu:ão
G presente trabal&o tem como ob=etivo o entendimento do período da +dade %oderna iniciada a partir do des/aste das respostas construídas pela +dade %édia para a questão do &omem! da verdade e da sociedade$ 2ntendendo que o ol&ar flosfco sobre a Aistria sempre tem como ob=eto a construção de um sentido ar/umentado de uma leitura! apresento nesse trabal&o apenas uma resen&a e a análise dos te>tos escol&idos e com apoio de outros te>tos e autores que tive a oportunidade de consultar$ Gs autores consultados são unRnimes no entendimento de que o termo *enascença! embora ten&a como característica "undamental a busca de re"er?ncia na anti/uidade! se coloca a partir dela. e não nela. para se frmar enquanto movimento$ busca de re"er?ncias anti/as! perdidas ou com en"oque diverso na +dade %édia! desloca a noção de Aomem! enquanto /?nero ou espécie! de mero reprodutor e le/itimador de uma estrutura &ierarquizada! cu=o topo se encontra o clero e a nobreza! para valorizar o /?nero como um todo em sua capacidade de inovação (criativa! intelectual e espiritual); inclusive para interpretar L seu modo essa realidade que a/ora sai da mão da autoridade para se tornar propriedade do Aomem dentro da Aistria$
G ser &umano como microcosmo que reproduz em si a per"eição do universo criado! é tema recorrente nesse pensamento$ 2mbora &a=a certa controvérsia em termos de datas em que teria se iniciado esse período &istrico! é possível detectar aspectos que identifquem sua incipi?ncia$ G &umanismo enquanto concepção do mundo centralizada no Aomem é um traço "undamental do período renascentista e sobre isso os autores concordam$ mudança então! a despeito de datas ou al/um marco específco! identifca-se por um deslocamento cosmovisionário teoc?ntrico para antropoc?ntrico$ .aracteriando ,d-ias
G *enascimento é um movimento amplo! cultural e urbano! que se inicia na +tália! mas circunscreve-se a toda 2uropa Gcidental e que procura retomar os valores da cultura clássica /reco-romana$ 'ua amplitude se inscreve também em mudanças políticas e econmicas! que vai desde a mudança de re/ime político a uma transição do "eudalismo medieval para o capitalismo propriamente dito como modo de produção (passando pelo metalismo e pelo mercantilismo)$ G Aumanismo! poderíamos dizer! teria sido a base epistemol/ica desse período; o tipo de ol&ar lançado a toda &istoricidade que caracteriza o período renascentista$ valorização do Aomem! do indivíduo! do discurso plural e muitas vezes direcionado e setorizado! rivalizaram com a tentativa de sistemas totalizantes de e>plicaçCes! e por esse motivo muitos ac&aram que o Aumanismo não se enquadraria numa escola flosfca específca$ 8o entanto! mesmo não &avendo sistemas totalizantes de interpretaçCes sistemáticas da realidade! a con/ru?ncia de um ol&ar voltado a partir da realidade &umana para se e>plicar o mundo! mesmo que de "orma "ra/mentada! nos coloca na evid?ncia de ao menos conceb?-lo como uma corrente flosfca$ perspectiva de uma tend?ncia secular crescente dada pelo deslumbre da vida nas cidades! "ez com que banqueiros ricos! mercadores e comerciantes abastados voltassem seu ol&ar para o des"rute dessa vida em contrapartida a uma e>pectativa de salvação numa vida "utura (P2**_ 4554! p$ 445)$ +sso não si/nifca um ateísmo latente! mas uma clara dicotomia entre o discurso &e/emnico reli/ioso catlico e a realidade da vida mundana que se abria para quem tin&a recursos na e"ervesc?ncia cultural das cidades renascentistas$ intelectualidade crescente e a busca de outras re"er?ncias que =ustifcassem o usu"ruto de uma nova posição social de uma classe emer/ente que di"eria do clero! dos nobres e do povo comum! deJa/ram um movimento cultural que se centra no &omem como porta-voz daquilo que deve se constituir a "orma de se viver e e>plicar a realidade$ pesar das pol?micas! o Aumanismo como movimento dentro da *enascença se constitui uma /ama de ol&ares que inJuencia e é inJuenciado por uma flosofa multi"acetada que se delineia a partir desse novo ol&ar$ 6u=tura ou .ontinuidadeB
2mbora o Aumanismo dentro do *enascimento constitua um dos traços mais característicos desse período! c&e/ando inclusive a ter uma inTuência determinante no pensamento moderno. (%*,G892' 4556! p$ :O:)! o *enascimento vai além do Aumanismo e abarca o prprio 8aturalismo! inserindo o &omem na &istria e na natureza como "orma de dispor de seu prprio destino$ Niovanne *eale traz duas concepçCes opostas de autores que procuraram defnir as características desse período com base na dicotomia entre ruptura e continuidade; @risteller e Narin (*232 e 80+'2*+ 4554! p$ :<-4O)$ 8o entanto 9anilo %arcondes recorre L análise e divisão &istrica de Ae/el (%*,G892' 4556! p$ :7-:O:)! e delimita o início da Filosofa %oderna e da prpria noção de %oderno! a partir de idéias centrais e "atos importantes que re"orçaram essas idéias e que desembocaram numa "orma de pensar característica$ noção dialética da Aistria percorre o camin&o da síntese entre os dois camin&os dicotomizados e o caracteriza no prprio Ju>o dos conte>tos &istricos$ 'e/undo essa concepção! é no prprio período precedente que deve conter os elementos de sua prpria superação! que provocará a dialética necessária a pr>ima etapa &istrica$ 8essa concepção podemos reunir então as idéias e "atos que contribuíram para a passa/em da medievalidade para a modernidade$ +déias centrais# a$ ,d-ia de Progresso# que faz com que o novo sea considerado melhor ou mais avan(ado que o antigo. (%*,G892' 4556! p$:O5)! e para isso o res/ate do pensamento da anti/uidade clássica Nreco-*omana se "ez necessário; b$ Valoria:ão do ,ndiiduo# ou da su'etividade" como lugar da certeza e da verdade" e origem de valores" em oposi(ão à tradi(ão" isto !" ao sa'er adquirido" às institui(5es" à
autoridade e1terna.. (%*,G892' 4556! p$:O5)$ Gu ainda nas palavras de ba/nano# reconheceu o valor do homem como ser terrestre ou mundano" inserido no mundo da natureza e da história" capaz de nele forar o próprio destino. / homem a quem se reconhece um tal valor ! um ser racional e ,nito" cua integra(ão na natureza e na sociedade não constitui condena(ão nem e1ílio mas antes um instrumento de li'erdade o que por essa razão pode o'ter no meio da natureza" e entre os homens a sua forma(ão e a sua felicidade.. (N88G :U5! p$ :K-:6)
Fatos +mportantes# a$ Aumanismo renascentista iniciado no sec$ ^+D (como movimento cultural amplo! intelectual! educacional! artístico e literário - Petrarca) b$ +nvenção dos tipos mveis por Nutenber/ no sec$ ^+D c$ 9escoberta do 8ovo %undo sec$ ^D d$ *e"orma Protestante do sec$ ^D+ e$ *evolução ,ientífca do sec$ ^D++ 0anto *eale! ao fnal de sua comparação das visCes entre @risteller e Narin! quanto ba/nano em sua introdução do vol$ D de sua Aistria da Filosofa parecem concordar mais com a tese de Narin! embora salientem que essa ruptura! esse novo! tra/a também em seu bo=o certa continuidade do anti/o$ G ol&ar renascentista lançado ao passado! tanto dá continuidade a uma tend?ncia =á identifcada na medievalidade tardia (prenunciada em Nuil&erme de Gc[&am)! quanto também vai além do ol&ar anti/o para o estabelecimento de novas concepçCes que os clássicos não tin&am$ ba/nano se e>pressa sobre isso da se/uinte maneira# 0ão ! possível considerar o 7enascimento meramente como a a,rma(ão da imanência em contraste com a transcendência medieval ou da irreligiosidade" do paganismo" do individualismo" do sensualismo e do cepticismo em contraposi(ão à religiosidade" ao universalismo" ao espiritualismo e ao dogmatismo da Fdade &!dia. 0ão faltam e at! a'undam no 7enascimento motivos francamente religiosos" a,rma(5es en!rgicas de transcendência e certas retomadas de elementos cristãos e dogmáticos? muitas vezes esses motivos e elementos aparecem entrela(ados com elementos e motivos opostos" formando sistemas comple1os cuo centro de gravidade e sentido completo são difíceis de determinar. . (N88G :U5! p$:5) %esmo assim! particularmente! a tese de Narin é a que mais "az sentido sob um ol&ar contemporRneo para o que "oi o início da modernidade a partir do término do movimento renascentista$ Ao=e entendemos o pensamento flosfco não mais restrito a um pensamento e>plicativo totalizador da realidade$ Gnde al/uns poderiam c&amar de diletantismo flosfco (como @risteller! citado por *eale)! outros en>er/am tentativas flosfcas le/ítimas de tatear a realidade como a nica flosofa possível num mundo "ra/mentado onde a Derdade não se constitui mais al/o a ser col&ido no ob=eto! mas sim a ser construído no su=eito em sua relação com o ob=eto$ 8esse aspecto! Narin se mani"esta no livro de *eale nos se/uintes termos# D razão íntima daquela condena(ão do signi,cado ,losó,co do humanismo $... está no% amor so'revivente por uma visão de ,loso,a constantemente com'atida pelo pensamento do s!culo UP. Dquilo cua perda ! lamentada por tantos ! ustamente o que os humanistas quiseram destruir" isto !" a constru(ão de grandes Vcatedrais de id!iasV" das grandes sistematiza(5es lógico#teológicasE a ,loso,a que su'mete todo pro'lema e toda pesquisa à questão teológica" que organiza e encerra toda possi'ilidade na trama de uma ordem lógica preesta'elecida. ssa ,loso,a" ignorada no período do humanismo como vã e in-til" ! su'stituída por pesquisas concretas" de,nidas e precisas na dire(ão das ciências morais $!tica" política" economia" est!tica" lógica e retórica% e das ciências da natureza $...% cultivadas iu1taprópria principia" fora de qualquer vínculo e de qualquer auctoritas $...% . 2u/?nio Narin! apud in (*232 e 80+'2*+ 4554! p$45) G "ato é que! a partir da leitura dos te>tos re"erenciados! não fca claro em nen&um deles uma relação de causalidade entre uma nova concepção de mundo en/endrando a &istoricidade das mudanças! ou a &istoricidade das mudanças en/endrando novas "ormas de se pensar$ 'e a descoberta das méricas pde ter como ori/em a retomada de pensamentos que previam outro ol&ar ao mundo e que proporcionaram as via/ens de ,olombo! Dasco da Nama e ,abral! não &á dvida que a prpria via/em e descoberta das méricas proporcionaram novas visCes de mundo e pesquisas que mudaram a percepção da realidade
e do &omem como 'u=eito Aistrico$ G 2spírito. moderno parece ter-se "eito dialeticamente! como preconizaria Ae/el em sua 4enomenologia do spírito tr?s séculos depois do início da *enascença$ 2m min&a leitura particular desse período! o que parece caracterizá-lo como nen&um outro antes dele! é a capacidade de abri/ar! a despeito da resist?ncia do sistema totalizador quase a/onizante que ainda insistia em controlar as mentes ávidas por con&ecimento! a pluralidade e a diversidade de concepçCes e ol&ares sobre o passado$ uscavam-se os anti/os! os clássicos! em toda sua multicolorida concepção de mundo! coe>istindo tanto um ol&ar voltado ao ceticismo e o relativismo dos sofstas! quanto um ol&ar totalizante e meta"ísico platnico! porém levando-se em conta seus prprios conte>tos &istricos$ 8o entanto! notamos em comum tanto na anti/uidade quanto na medievalidade e na renascença um mesmo modus operandis de voltar-se ao passado# a busca de confrmaçCes de suas prprias aspiraçCes$ Platão e ristteles quando se voltaram aos flso"os que os precederam e até aos seus contemporRneos! sempre os ol&aram a partir de suas prprias visCes! pincelando em suas consideraçCes apenas aquilo que pudessem confrmar suas prprias idéias ou "ornecerem contrapontos que pudessem ser re"utados sem maiores problemas$ G que os renascentistas criticavam na escolástica! quando se voltava ao passado para pincelar o que confrmariam suas prprias concepçCes! eles prprios "aziam isso a/ora; com a ilusão de que con&ecendo mais amplamente aquilo que "oi escamoteado pela medievalidade pudessem abrir luzes que proporcionariam uma visão mais ampla da realidade$ Portanto! com o pano de "undo do Aumanismo os renascentistas fzeram a mesma coisa$ 8esse aspecto podemos "alar em continuidade! embora &a=a uma clara ruptura entre as duas "ormas de se conceber o mundo! o &omem e a prpria realidade$ 9e certa "orma proporcionou uma nova maneira de se "azer &istria! sem! contudo! mudar a "orma de buscar na &istria os elementos de mudança$ ba/nano se re"ere a essa dicotomia entre continuidadeXruptura da se/uinte "orma# J com o humanismo que surge pela primeira vez a e1igência do reconhecimento da dimensão histórica dos acontecimentos. D Fdade &!dia tinha ignorado por completo tal dimensão. J certo que á então se conhecia o se utilizava a cultura clássica? esta era por!m assimilada à !poca e tornada contemporWnea. 4actos" ,guras e doutrinas não possuíam para os escritores da Fdade &!dia uma ,sionomia 'em de,nida" individualizada e irrepetívelE o seu m!rito residia apenas na validade que lhes pudesse ser reconhecida relativamente ao universo de raciocínios no qual se moviam os ditos escritores. So' este ponto de vista eram in-teis a geogra,a e a cronologia como instrumentos de averigua(ão histórica. 3odas essas ,guras e doutrinas se moviam numa esfera intemporal que não era outra senão a delineada pelos interesses fundamentais da !poca" apresentando#se por isso como contemporWneas dessa mesma esfera. Bom o seu interesse pelo antigo" pelo antigo autêntico e não por aquele que vinha sendo transmitido atrav!s de uma tradi(ão deformante o humanismo renascentista conce'e pela primeira vez a realidade da perspectiva histórica" isto !" da separa(ão e da contraposi(ão do o'ecto histórico" relativamente ao presente historiográ,co$. (N88G :U5! p$ :4-:7) 2ssa dimensão &istrica da busca do passado que a *enascença res/ata! a coloca num posicionamento di"erente daquela adotada na medievalidade! portanto! promove uma ruptura que amplia em muito a visão de mundo dos &omens renascentistas$ %esmo assim isso não os e>ime de cometerem equívocos! e con"orme nos relata *eale! o nível &istricocrítico dos renascentistas assumiu como verdadeiros te>tos tardios e modifcados no mesmo nível daqueles que eles criticaram em sua utilização pela 2scolástica$ (*232 e 80+'2*+ 4554! p$ 74-O7) 9o ponto de vista flosfco! embora tradicionalmente as Aistrias da Filosofa não recon&ecessem o período renascentista como importante e específco! sendo considerado apenas uma transição entre a +dade %édia e a %odernidade! ele possui um identidade prpria característica e um estilo de floso"ar que rompe de "ato com a 2scolástica %edieval (%*,G892' 4556! p$ :O:)! e circunscreve na &istria a concepção &umanística que inJuencia em /rande parte toda a %odernidade$ G *enascimento! termo utilizado pela primeira vez por Nior/io Dasari(1)! é tomado tanto por *eale quanto por ba/nano como um período característico e prprio! embora não se possa con"undi-lo com a Filosofa %oderna e a prpria modernidade; inau/urada por 9escartes e acon$ 2ssa noção de ultrapassamento! de ruptura para o mel&or.! de pro/resso e da "ormulação de sistemas que nos apro>imasse mais da realidade como ela é e de como o &omem deva a/ir em relação a ela! parece ser revista apenas na contemporaneidade! na modernidade tardia ou como atualmente tentam desi/nar; no ps-modernismo$ Der-se como novo! sem os pressupostos da superação! do mel&oramento! é al/o que rompe o paradi/ma do
&istoricismo e inau/ura de "ato novos problemas flosfcos a que devemos nos debruçar a partir da se/unda metade do sec$ ^^$ pretensão da modernidade em trazer 3uzes pressupCe um acesso a uma verdade tão in"erida quanto a do período a que eles se re"eriram posteriormente como de trevas! com a di"erença que! a partir dos "atos &istricos deJa/rados a partir da perda da autoridade de sistemas totalizantes! inau/ura-se o embate de discursos que pretende traduzir essa verdade! conJuindo para o discurso científco; que tem como ponto comum a capacidade de se demonstrar empiricamente aquilo que tenta e>plicar da realidade$ .onclusão
G termo Aumanismo! nas palavras de ,at&arina 2$ *$ lves tem um ponto em comum entre os flso"os que tentam defni-lo# o de que o humanismo" enquanto um movimento ! histórico" varia historicamente e ainda hoe ! o'eto de polêmica . (3D2' 455ploração ampla de suas potencialidades que traduza uma aspiração de ser per"eito e total! e uma concepção que o con&ecimento do mundo não é um sistema f>o concluído e que o &omem é o que pode c&e/ar mais perto da compreensão total dos mistérios da natureza! os diversos pensamentos que "ormam a concepção &umanista (que nasce na *enascença e vai permear toda a modernidade) irá desembocar na ci?ncia como "orma do ser &umano "undamentar o nico con&ecimento do qual ele possa dizer que tem$ 8a concepção &umanista é no advento da ,i?ncia com base empírica que o ser &umano se realizará enquanto tal na certeza que a ci?ncia l&e dá de sua capacidade de trans"ormar a natureza para atender seus intentos e necessidades$ idéia de controle! domínio e reprodutibilidade que o &omem sente-se sen&or de seu destino e pleno de realização de suas potencialidades$ %esmo a prpria %odernidade questionando essa aspiração de per"eição do &umanismo que desemboca na ,i?ncia! a idéia arrai/ada de que nos bastamos e somos sen&ores da natureza está na imin?ncia de nos e>tin/uir do planeta$ 2ntre ser 'u=eito da Aistria e um ilustre coad=uvante que /aranta o curso natural da &istria! o &omem sempre precisará inter"erir no meio para se impor como espécie e continuar sua sa/a$ %odernidade e a Ps-%odernidade se ocuparão! mesmo ne/ando os princípios &umanistas! do papel do 'er Aumano na Aistria e no planeta! discutindo e repensando essa posição L luz das necessidades$ +
68AC FDAM5AE+ A M5AFG,.A + .+5DM De Immanuel ant
,ntrodu:ão 7 Pensamento Hantiano e .onte;to da +
@ant nasceu e morreu na cidade de @ni/sber/! uma pequena cidade da Prssia e nunca saiu de lá$ 0in&a uma rotina rí/ida e um estilo de vida sistemático e metdico$ 8ão casou nem teve fl&os! passando a vida investi/ando o universo espiritual &umano e tendo como motivação a "undamentação ltima de critérios universais e necessários para o con&ecimento e para a ação &umana$ ssim como Platão tentara conciliar! em um sistema meta"ísico! nico tanto o devir quanto a perman?ncia (o Ino e a 9iversidade) a partir das flosofas pré-socráticas de Aeráclito e Parm?nides! @ant se constitui também como ponto de conver/?ncia da maior parte das reJe>Ces da modernidade; tenta conciliar a perspectiva racionalista e a empirista na "undamentação da possibilidade do con&ecimento e do a/ir &umano$ 2sse impulso de conciliação e de análise crítica nasce! sobretudo! pela admiração ao pensamento de *ousseau (:U:4-:UU<) e da impressão causada pelas obras de 9avid Aume (:U::-:UU6)$ té a publicação de sua maior obra! Brítica da 7azão )ura! sua preocupação /irava em torno das ci?ncias naturais! embora seus trabal&os e>ibissem indícios de seu pensamento posterior(:)$ partir de :$U<:! publicada a Brítica! @ant se torna um pensador ori/inal que
articula Filosofa da *eli/ião! %oral! rte! Aistria e ,i?ncia! provocando um e"eito semel&ante ao de 'crates! onde a flosofa começa a ser desi/nada pr! e pós seu pensamento$ 0oda a sua obra! preocupada criticamente com o universo espiritual &umano! centra-se de "orma sintética em duas /randes questCes(4)# G con&ecimento! suas possibilidades! limites e es"eras de aplicação; ação &umana! a moralidade e o dever para alcançar o bem e a "elicidade$ 'e/undo @ant! a tare"a da Filosofa seria responder quatro per/untas(7)# o que posso saber (,on&ecimento)! o que devo saber (Mtica)! o que posso esperar (*eli/ião)! o que é o Aomem (ntropolo/ia)$ 2 para desenvolver esses dois /randes temas e responder essas per/untas em sua obra! @ant inau/ura o método que irá percorrer todo o seu pensamento# o criticismo$ ,rítica para @ant é um convite L razão# para de novo empreender a mais difícil das suas tarefas" a do conhecimento de si mesma e da constitui(ão de um tri'unal que lhe assegure as pretens5es legítimas e" em contrapartida" possa condenar#lhe todas as presun(5es infundadas.$ (@80! ,rítica da *azão Pura 455:! Pre"ácio L Primeira 2dição de :U<: - :4! p$ 7:) %in&a visão particular sobre essa tentativa de @ant o apro>ima ainda mais de Platão na medida em que todo o pano de "undo de suas idéias se circunscreve na intencionalidade de =ustifcar e "undamentar a %eta"ísica como uma ci?ncia! com seu processo racional apriorístico como verdadeiro con&ecimento$ ssim como Platão! que &ierarquiza Parm?nides em relação a Aeráclito! @ant privile/ia o racionalismo em relação ao empirismo! embora ambos tentem conciliá-los pelas evid?ncias reais que tanto o devir quanto a e>peri?ncia trazem ao con&ecimento e ao a/ir &umano$ Portanto! a preocupação crítica de @ant! que permeia as duas questCes centrais de seu pensamento (a saber# o con&ecimento e a ação &umana)! circunscreve-se numa intencionalidade que procura =ustifcar o pensamento puro! a priori! como "undamentação ltima do con&ecimento verdadeiro e da moralidade$ Porém! embora supere o ceticismo de Aume! @ant não c&e/a a uma indubitabilidade possível a partir da %eta"ísica sem o apoio da sensibilidade para /erar um con&ecimento verdadeiro! nem tampouco concerne Ls proposiçCes meta"ísicas sufci?ncia para dar ao &omem o a/ir moral que /aranta sua "elicidade! como veremos em nossa conclusão da presente análise crítica resen&ada$ @ant! mesmo re=eitando o suposto con&ecimento meta"ísico que e>plicaria a coisa em si (o noumenon)! ar/umenta a "avor do con&ecimento puro! a priori! independente da e>peri?ncia! porém adquirido ou construído a partir de um su=eito que e>perimenta o mundo e emite =uízos sintéticos a priori sobre ele$ Gu se=a! para @ant o con&ecimento le/ítimo s pode ser construído a partir da intuição sensível espaço-temporal; enquanto superação transcendental numa síntese apriorística dos elementos empíricos$ e>peri?ncia sensível s nos "orneceria con&ecimento particular e contin/ente! e somente o =uízo sintético a priori pode constituir as condiçCes para a e>peri?ncia con&ecer o sin/ular e o contin/ente (percebidos a partir da estrutura inerente de nossa mente)! e! a partir deles! emitir =uízos necessários e universais$ Para @ant somente esses =uízos podem ser con&ecimento$ G ato de con&ecer! então! limita-se pela intuição sensível! mesmo que ela se d? a priori$ Portanto a %eta"ísica! se/undo @ant! na medida em que pretende emitir =uízos a partir do noumenon (da coisa em si) e utilizar as cate/orias a priori do con&ecimento "ora da intuição sensível! acabaria por emitir afrmaçCes ile/ítimas; não pode ser inserida como con&ecimento científco! ao contrário da %atemática e da Física$ 'e nossa capacidade de con&ecer nos insere na intuição sensível do tempo e do espaço! conceitos como absoluto. e coisa em si. (que independem dessa sensibilidade apriorística e da percepção do tempo e do espaço)! não são possíveis de con&ecimento &umano; embora "açam parte da pretensão meta"ísica de dizer como a realidade se "undamenta$ meta"ísica então s seria possível como estudo das "ormas a priorida razão e não para con&ecer o que estaria "ora dela! como o mundo! a alma e 9eus! por e>emplo(O)$ 2m suma! @ant e>clui do con&ecimento se/uro tanto os =uízos sintéticos a posteriori (pois são empíricos e e>perimentais! portanto particulares e contin/entes)! quanto os =uízos analíticos (que embora necessários e universais! seriam redundantes na medida em que o predicado se encontra inserido no su=eito)$ 'omente então! os =uízos sintéticos a priori uniriam a universalidade e necessidade dos =uízos analíticos com a comprobabilidade empírica dos =uízos sintéticos a posteriori$ @ant resolve! na *azão Pura! a primeira questão a qual se debruça# o con&ecimento possível$ ,om ela! "undamenta a impossibilidade do con&ecimento terico a partir da %eta"ísica$ 8o entanto! ainda na busca de dar um "undamento L %eta"ísica! postula que ela pode dar conta
de sua e>ist?ncia respondendo as questCes sobre as açCes &umanas práticas através da crítica de uma razão voltada para o problema moral e do dever$ 8essa busca! @ant procura "undamentar uma meta"ísica dos costumes (:Uimo de 9escartes$ G a/ir &umano e a moralidade são abordados! além da obra em que nos debruçaremos em nossa análise! em sua se/unda crítica; Brítica da 7azão )rática ! onde ele! ao contrário da "undamentação da *azão Pura a partir da sensibilidade espaço-temporal! postula a *azão Prática destituída de qualquer determinação sensível(U)! tendo sua "undamentação no Fmperativo Bategórico $ G escopo de presente trabal&o se circunscreve em uma análise crítica da obra de @ant; 4undamenta(ão da &etafísica dos Bostumes (<) que! se/undo %arilena ,&auí() traz uma aborda/em di"erente na questão da liberdade$ 2nquanto que na Britica da 7azão )rática! @ant postula que a lei moral parte da idéia de liberdade! unindo assim a razão pura e a prática (a razão pura! por si s seria prática também)! na 4undamenta(ão da &etafísica dos Bostumes! a lei moral re/e a ação; é por meio da vida moral que se pode con&ecer a liberdade! =á que a razão prática solicitaria da razão pura prática os "undamentos que validem a autonomia da vontade &umana! e esse "undamento! para @ant! é a liberdade$ 9e qualquer "orma! a lei moral é a condição a priori da Dontade &umana! se=a essa Dontade "ruto da liberdade ou condição para que a liberdade se=a con&ecida$ 4undamenta(ão da &etafísica dos Bostumes é o primeiro livro de @ant que! de "orma sistemática! volta-se para o problema da moralidade &umana$ 8essa obra @ant procura identifcar e postular o que seria o Euízo 'intético D )riori "undamental (o supremo princípio da moralidade(:5) o qual toda ação &umana deve se submeter# o ,m=eratio .ategórico$ se/uir abordaremos suas idéias principais nessa obra! procurando entender sua ar/umentação e investi/ar até que ponto ela le/itima o que @ant pretende desenvolver$ M bvio que as pretensCes do presente trabal&o não estão relacionadas com uma análise e>tensa e completa do pensamento [antiano! mas na medida do possível tentaremos trazer al/uma reJe>ão que contribua para uma aborda/em di"erenciada dentro de nossa perspectiva principal que se insere numa re"er?ncia introdutria da mesma$ FDAM5AE+ A M5AFG,.A + .+5DM
Por "undamentação de uma meta"ísica dos costumes! @ant pretende estabelecer as condiçCes de possibilidade de uma 3ei %oral Iniversal diri/indo a ação do &omem emancipado que mani"esta sua autonomia a partir da razão pura prática que identifca condiçCes a priori de sua vontade$ Para entendermos como ele "undamenta essas condiçCes! dividiremos a análise de acordo com as partes do te>to desenvolvido pelo prprio @ant! ou se=a# Prlo/o ou Pre"ácio Primeira 'eção# 0ransição do con&ecimento moral da razão comum para o con&ecimento flosfco 'e/unda 'eção# 0ransição da flosofa moral popular para a meta"ísica dos costumes 0erceira 'eção# 0ransição da meta"ísica dos costumes para a crítica da razão prática pura Prólogo ou Pref>cio
M no prlo/o que @ant apresenta seu pro=eto de identifcação e estabelecimento do princípio supremo a priori da moralidade &umana! =ustifcando-o e defnindo tanto o tema quanto a estrutura e o método a serem utilizados$ partir da divisão que se "aziam da anti/a flosofa /re/a! @ant identifca os princípios pelos quais cada uma das divisCes se baseava a fm de =ustifcar seu pro=eto$ 2le começa postulando que todo con&ecimento racional ou é material ou é formal! isto é! ocupa-se dos ob=etos ou da "orma que a razão! em si mesma! pode con&ecer-los; independente deles$ Filosoa Material se ocupa! na divisão da anti/a flosofa /re/a! da F ísica (ocupando-se dos ob=etos materiais e das leis que os re/em) e da Mtica (ocupando-se das leis que re/em a liberdade e o a/ir &umano)$ Por sua vez! a Filosoa Formal se ocupa da 3/ica$
Filosofa %aterial possui uma parte empírica tanto se tratando da Física quanto da Mtica; ambas Ls voltas de como a natureza é a"etada pelas 3eis da Física assim como a natureza a"eta a moralidade &umana$ Física trata de como as coisas acontecem. e a tica de como elas deveriam acontecer.$ 2ssa parte empírica dessas ci?ncias baseia-se em princípios da e>peri?ncia e é ob=eto da Filosoa m=írica $ 8o entanto @ant menciona outra parte da qual a Filosofa deva apresentar suas teorias derivando-as e>clusivamente de princípios apriorísticos! denominando-a Filosoa Pura$ Filosofa Formal não possui parte al/uma empírica! =á que a 3/ica é o cRnone pelo qual a razão con&ece o mundo! independente de qualquer e>peri?ncia sensível! ela é! por e>cel?ncia! Filosofa Pura$ Porém! dentro da Filosofa Formal e>istem investi/açCes que se limitam a determinados ob=etos do entendimento! que recebe o nome! se/undo @ant! de %eta"ísica$ 9entro da Filosofa %aterial! então! na sua parte não empírica! @ant constri a idéia de uma dupla meta"ísica! a %eta"ísica da 8atureza e a %eta"ísica dos ,ostumes e dessa "orma delimita seu ob=eto de estudo do qual partirá suas investi/açCes para o encontro de sua "undamentação$ través de uma analo/ia com a efci?ncia da divisão do trabal&o nas indstrias! @ant =ustifca sua separação da %eta"ísica dos ,ostumes como um ob=eto específco que se =ustifca pela mel&or aborda/em a ser dada dessa "orma! partindo então para =ustifcar o pro=eto como um todo$ 'eu pro=eto é identifcar uma Filosofa Pura %oral que se desvincule da ntropolo/ia! isto é! abstraia o caráter particular e contin/ente da ação moral tomada a partir do &omem em sua relação com o mundo e consi/a depurá-la ao ponto de estabelecer princípios apodícticos; e>primir uma necessidade l/ica absoluta! cu=a validade se=a universal$ Para @ant é inconcebível uma 3ei %oral que ten&a qualquer um de seus "undamentos apoiados em bases empíricas$ 0oda Filosofa %oral deve se apoiar somente em sua parte pura! ou se=a! somente em sua parte "ormal e meta"ísica! e>traída de si mesma! de "orma l/ica e racional$ G sur/imento do ato moral precisa ter seu "undamento de "orma necessária e universal! lo/o! livre das condiçCes empíricas &istricas! sociais! psicol/icas e antropol/icas$ Ima ci?ncia que busca o "undamento do ato moral precisa partir da razão pura e estabelecer seus princípios de "orma absoluta! isto é! como dever imposto a uma razão que entende e tem seus prprios princípios baseados no "undamento le/al da moralidade que assume$ Por fm! @ant situa o presente livro como uma "undamentação que serviria de plo de união de uma razão nica! tanto pura quanto prática e partindo de si mesma a ser desenvolvida posteriormente em sua Brítica da 7azão )rática (:U<<) e mais adiante na prpria &etafísica dos Bostumes (:UU)$ @ant termina seu prlo/o afrmando que escol&era o método que mel&or l&e pareceu conveniente! pois sua pretensão seria percorrer o camin&o do con&ecimento comum para a determinação do princípio supremo desse con&ecimento de "orma analítica! para depois e>ecutar o e>ame desse princípio para a sua aplicação no con&ecimento vul/ar de "orma sintética(::)$ Primeira e:ão 7 5ransi:ão do con/ecimento moral da raão comum =ara o con/ecimento losóco
@ant inicia sua Primeira 'eção afrmando que nada poderia ser pensado como bom que não "osse a oa Dontade! pois s ela não teria limitaçCes$ 'eria a oa Dontade o /rande re/ulador do bom uso dos talentos do espírito$ ,om isso pretende dizer que uma ação s seria moral se ela valesse por si mesma e não pelo e"eito que se atin/e através dela$ 2 uma ação para valer por si prpria deve ser e"eito de uma oa Dontade tomada como norma de conduta a partir de um princípio racional! incondicionado! portanto a priori$ 'e/undo @ant! a oa Dontade constitui a condi(ão indispensável do fato mesmo de sermos dignos da felicidade .(:4)$ Portanto s ela pode ser considerada boa ou má! pois ela a/iria a partir de um princípio$ 2mbora o senso comum tome como bons ou maus os e"eitos desse princípio! nen&um contedo pode ser =ul/ado dessa "orma! e sim apenas o princípio que os re=a e l&e dá causa$ 9essa "orma é a oa Dontade que deve ser =ul/ada! sempre por si mesma! independente de qualquer "ruto /erado por ela ou qualquer proveito que a soma de nossas inclinaçCes tirem de seus resultados$ @ant ar/umenta que o senso comum =á toma a oa Dontade como boa em si mesma! "ato que apenas deva ser esclarecido! não precisando sequer ser ensinado$ G senso comum teria a =usta medida de como a/ir através da prática de uma razão que não precisa da teorização para estabelecer uma re/ra! embora a razão o possa "azer para que l&e /aranta esclarecimento e estabilidade! e>traindo-l&e e e>plicitando-l&e seus princípios norteadores$ Fosse apenas fm da moral a "elicidade &umana! bastaria apenas ao &omem ser re/ido pelos seus instintos naturais para que suas açCes estivessem em consonRncia com uma natureza que deveria dotar-nos da ordem mais adequada em nossas disposiçCes para a fnalidade a
que se destina$ 8o entanto! o &omem solto aos seus instintos não sabe priorizar aquilo que l&e tra/a uma "elicidade duradoura e entre/a-se a toda sorte de prazeres e"?meros que o desvia da "elicidade como bem# a busca da "elicidade acaba virando um mal para um bem inatin/ível$ razão! portanto! seria o que no &omem teria condiçCes de estabelecer um princípio norteador para sua Dontade de modo a re/er suas açCes na busca de um bem não s atin/ível como também duradouro$ 8o entanto! somente sendo estabelecida a partir da razão! essa oa Dontade valeria por si mesma! assentando-se na sua prpria necessidade de e>istir e não em sua utilidade$ Ima razão empírica que se coloca no /ozo da vida e da "elicidade como fm! isto é! uma razão que se coloca como instrumento e não como "orma de estabelecer o bem em si de uma oa Dontade! causa a"astamento da verdadeira satis"ação$ M a razão pura prática que desloca a motivação &umana de uma razão instrumental empírica para o e>ercício autnomo da liberdade! construindo uma Dontade oa em si mesma como norteadora das açCes através do deer; não se prendendo ao "ruto dessas açCes! mas nas açCes em si e em seus "undamentos apriorísticos$ @ant e>emplifca essa questão caracterizando o que seria um ato moral$ G &omem que conserva sua vida conforme o dever ! não pratica um ato moral! mas o &omem que conserva sua vida por dever ! pratica um ato moral$ 0eria um contedo moral! por e>emplo! os atos que levariam um &omem insistir em viver mesmo que! a"etado por todo des/osto e desesperança na vida! não tivesse medo de morrer e ainda dese=asse a morte! mas! contudo! permanecesse vivo por dever$ Praticar al/o por inclinação! mesmo que este=a con"orme o dever! não "az do ato um ato moral$ Ima ação de aut?ntico valor moral s pode ser considerada assim ao ser praticada sem qualquer inclinação que tra/a satis"ação instintiva! portanto! praticada apenas pelo dever que se impCe a ela; por ela prpria$ quele que tem seus atos re/idos por suas inclinaçCes (que impulsionam o ser &umano a "azer o que l&e causa "elicidade imediata e prazer)! mesmo estando con"orme seu dever! não pratica atos morais$ 'e o ato moral se conf/ura nesses termos! não é possível e>erc?-lo dando voz Ls nossas inclinaçCes! e somente a partir de uma frme oa Dontade estabelecida por princípios racionais de universalidade e necessidade é que nos tornaríamos &omens éticos$ @ant cumpre o que se props "undamentando a transição do con&ecimento moral da razão comum para o con&ecimento flosfco através de quatro proposiçCes# 'omente as açCes que possuem seu valor incondicionado é que podem ser consideradas como atos morais$ Propsitos que motivam açCes! alimentados pelo que elas proporcionam! não /eram açCes consideradas atos morais! portanto é somente através de uma Dontade que se deve a/ir; Por sua vez! a vontade &umana é determinante de atos considerados morais somente quando essa vontade tiver o seu valor "ora do propsito que se queira alcançar por ela! isto é! que o valor dessa vontade se circunscreva em um princípio incondicionado a priori$ vontade se situa entre um princípio "ormal e um princípio material$ G ato moral s pode ser considerado como tal se circunscrito numa vontade cu=o valor este=a no princípio "ormal que a norteia# o direcionamento dessa vontade através da razão pura assume o cumprimento do dever e o dever é a necessidade de uma a(ão por respeito à lei .(:7)$ lei má>ima a que toda vontade &umana deve obedecer e que se constitui na oa Dontade! é a lei se/undo a qual nossas açCes! em con"ormidade com ela! ten&am caráter universal$ +sso si/nifca que min&a vontade deve en/endrar somente atos que podem ser assumidos por todos em relação a mim$ 'e/undo @ant a razão cobra-nos! naturalmente! um respeito para com uma 3ei Iniversal$ Ima 3ei Iniversal é aquela que queremos que todos cumpram! pois o cumprimento dela por todos nos benefcia$ 'e quisermos que todos a cumpram! sur/e um dever para que ns também a cumpramos$ 0ei Dniersal I eer I Vontade I Ato Moral $ Percebemos naturalmente que o valor de uma 3ei Iniversal e>cede em muito o valor de qualquer inclinação$ G respeito L 3ei "az com que &a=a uma ação necessária que se constitui no dever$ 2 é esse dever que constitui a condição de nossa vontade! cu=o valor supera a tudo! =á que ela é incondicionada valendo por si mesma pelo apriorismo de sua /?nese$ M destino da razão! se/undo @ant! direcionar a vontade para um dever que val&a por si mesmo e independa totalmente das inclinaçCes &umanas# a razão deve prevalecer sobre os instintos$ Por isso! para o &omem! a vontade deve ser o bem supremo; s assim a razão poderá ser e>clusiva em sua determinação! mesmo que essa determinação vá contra nossos instintos e inclinaçCes$ razão deve! portanto! encarar. o dever e assumi-lo para si como princípio a priori em seu direcionamento da vontade &umana$ G dever precisa ser encarado como uma 3ei! que resulta da má>ima que re/ula nossas açCes de "orma que elas se tornem 3ei Iniversal$ 9essa "orma @ant "az a transição entre o con&ecimento moral da razão comum para o con&ecimento flosfco dessa moralidade praticada pela razão pura prática do &omem
vul/ar$ o promover uma análise da moral vul/ar! que =á =ul/a a oa Dontade como um bem em si mesmo! @ant demonstra que! por traz da prática corrente comum! a oa Dontade a/e por um dever imposto por uma má>ima (princípio sub=etivo do querer) que pode se tornar uma 3ei Iniversal$ 8o entanto ale/a que a razão comum precisa sair de sua prática inconsciente! embora correta! e buscar "undamento na Filosofa Prática a qual determinaria seus princípios de atuação$ egunda e:ãoC 5ransi:ão da losoa moral =o=ular =ara a metafísica dos costumes
@ant inicia a 'e/unda 'eção ar/umentando que a razão prática comum difcilmente conse/ue distin/uir uma ação que "oi praticada por dever e uma ação praticada motivada pelos seus e"eitos! por isso fcaria duvidoso o =ul/amento da mesma no que concerne se ela se constitui um ato moral ou não$ 2le ar/umenta ainda que! por esse motivo! os flso"os em /eral sempre atribuíram o a/ir &umano a atos utilitários e e/oístas! embora admitissem que a razão "osse autnoma para identifcar a necessidade conceitual da moralidade$ G advento de uma %eta"ísica dos ,ostumes como transição da Filosofa %oral Popular! se baseia substancialmente da necessidade da lei valer para todo ser racional em /eral e não somente para os &omens; &omens que! L época de @ant! vivam num tempo de ceticismo e re=eição L meta"ísica$ 'e/undo @ant! é impossível determinar por e>peri?ncia (empiricamente) um caso sequer em que a má>ima de uma ação! mesmo con"ormada com um dever! ten&a como "undamento e>clusivo uma moralidade com base no dever em si$ 'ua intenção nesta 'eção! portanto! é demonstrar a e>ist?ncia de uma lei ob=etiva que /aranta o cumprimento do dever sem que a vontade se /uie pelos e"eitos da ação$ 9essa "orma a razão pode e deve determinar a vontade &umana a partir de motivos a priori! mesmo que as açCes e"etivas se=am "eitas por inclinaçCes empíricas que contradizem essa vontade determinada pela razão$ razão pura e ao mesmo tempo prática concebe a priori a lei má>ima do dever e universaliza uma necessidade a todo ser racional! mesmo que os atos em si não se=am "eitos por dever e sim pelos prprios "rutos das açCes$ razão é pura e ao mesmo tempo prática porque! além dela conse/uir determinar a priori a universalidade e a necessidade das açCes! determina a vontade de " orma a torná-la e>ecutável por meio de açCes que tra/am con"ormidade como a má>ima contin/ente e particular! que busca empiricamente motivos para sua e>ecução$ Portanto a ação! se não "or "eita por dever é de "orma prática con"orme o dever! pois seu "undamento está assentado num princípio apriorístico$ razão pura nos mostra com clareza que! para ser universal e necessária a todo ser racional! uma ação não pode ter base no que é contin/ente e particular$ 3o/o! mesmo atos =ustifcados pela e>peri?ncia t?m sua ori/em em um sentimento de dever anterior que não se baseia no "ruto da ação! e se estabelece em si mesmo de "orma apriorística através de uma vontade determinada pela razão pura prática$ M de todo preceito flosfco e>traído da razão prática em con"ormidade com os princípios identifcados a priori! que se torna possível estabelecer uma %eta"ísica dos ,ostumes que coloque esses preceitos de "orma a serem se/uidos$ 2ssa %eta"ísica dos ,ostumes está acima de toda antropolo/ia! teolo/ia e "ísica e se assenta no con&ecimento flosfco abstraído e "undamentado a partir da razão prática que a/e de acordo com princípios puros e anteriores a qualquer e>peri?ncia$ 8o entanto! o &omem! por viver dentro da contin/?ncia e de sua sub=etividade (particularidade)! tem sua vontade também inJuenciada pelas inclinaçCes instintivas contin/entes e sin/ulares$ 9essa "orma! se/undo @ant! a razão não determina sufcientemente a vontade! esta que se coloca numa encruzil&ada entre o que é necessário e universal e o que é contin/ente e particular! isto é! entre o "ormal e o material$ G conceito de opressos pelo verbo dever ! mostram a relação de uma lei ob=etiva da razão
com a sub=etividade que constitui uma vontade$ G ordenamento dos +mperativos pode ser &ipotético ou cate/rico$ Gs ,m=eratios 8i=ot-ticos e>pressam a necessidade de prática de uma ação como meio de atin/ir o resultado da mesma$ 2 os ,m=eratios .ategóricos e>pressam a necessidade prática de uma ação por ela mesma! sem relação com seu fm! determinada por uma vontade a priori$ G imperativo que determina uma ação como meio para atin/ir al/uma coisa é &ipotético$ G imperativo que determina uma ação com fm nela mesma é cate/rico$ G imperativo &ipotético nos diz sobre se uma ação é boa ou não relativa a um propsito$ @ant desi/na de =rincí=io =rotico9=r>tico o imperativo &ipotético que diz se uma ação é boa em relação a um propsito possível! e desi/na de =rincí=io assertórico9=r>tico o imperativo &ipotético que diz se uma ação é boa em relação a um propsito real e e"etivo$ Por sua vez! sem se re"erir a qualquer propsito a posteriori! o +mperativo ,ate/rico se vale como =rincí=io a=odíctico9=r>tico! pois declara a ação boa em si; ob=etivamente necessária por seu caráter universal$ Huando um imperativo cate/rico determina o bom da ação pela disposição que se nutre da prpria ação independente do que se atin=a com ela! ele pode ser c&amado de ,m=eratio da Moralidade$ @ant di"erencia assim! dentre os imperativos! princípios que norteiam nossa vontade$ Gs ,m=eratios de 8aima %oral que determina nossa vontade para a/ir a partir de sua necessidade e universalidade$ Gs imperativos &ipotéticos são analíticos! pois se preocupam com os meios para se atin/ir um fm específco! no entanto esse fm é contin/ente e particular e não é possível estabelecer uma re/ra nica e absoluta (portanto universal e necessária) para atin/i-los$ @ant! então inda/a sobre como conceber um imperativo cate/rico de moralidade que independa totalmente daquilo que advir dele! ou que a vontade de cumpri-lo não se circunscreva em nada e>terno a ele] ,omo seria possível um imperativo da moralidade cu=a vontade de cumpri-lo não se relacione de "orma al/uma com os "rutos de seu cumprimento] @ant ar/umenta que os outros imperativos! por serem &ipotéticos e dependerem de seus resultados (se=am eles possíveis ou reais)! inJuenciam a vontade! mas dei>am a ela o arbítrio de renunciar seus propsitos$ Portanto eles não se impCem de "orma absoluta e não podem ser considerados 3eis 'upremas da %oral$ possibilidade da e>ist?ncia e"etiva do +mperativo da %oralidade se coloca em difculdade por se tratar de uma proposição sintético-prática a priori$ 2sse imperativo deve ser nico e @ant o descreve através da "rase# age só segundo a má1ima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne universal.(:O)$ @ant! nesse ponto! passa a enumerar al/uns deveres a partir de imperativo nico que ele descreve$ 2le dá e>emplos para elucidar o dever que quer defnir e antes também defne natureza como# a realidade das coisas enquanto determinada por leis universais .(:K)$ Gs deveres abstraídos dos e>emplos dados por @ant podem ser resumidos nesses quatro# Preservar a Dida acima do amor prprio ,omprometer-se somente com aquilo que intenciona cumprir 9esenvolver o má>imo de suas potencialidades e talentos Promover o bem estar a todos @ant ar/umenta a "avor desses e>emplos como deveres e>traídos do +mperativo da %oralidade através de situaçCes &ipotéticas em que se per/unta sobre a mel&or atitude a ser assumida com base em sua universalidade e necessidade$ 0oda ação que não se=a dese=ável torná-la uma lei válida para todos os seres &umanos! não é uma ação moral! lo/o teríamos o dever de não praticá-la$ o contrário! toda ação que se=a dese=ável que se torne uma lei válida para todos os seres &umanos é uma ação moral$ @ant conclui então que# se o dever ! um conceito que deve ter um signi,cado e conter uma legisla(ão real para as nossas a(5es" essa legisla(ão não se pode e1primir senão em imperativos categóricos" e de forma alguma por imperativos hipot!ticos.* (@80! Fundamentação da %eta"ísica dos ,ostumes e Gutros 2scritos 455K! p$ KK)
8o entanto ainda não se tem provado! para @ant! a e>ist?ncia do +mperativo ,ate/rico$ Gs e>emplos dados e os deveres e>traídos deles ainda podem estar contaminados por interesses a posteriori ditados por inclinaçCes$ Para /arantir a demonstrabilidade da e>ist?ncia do +mperativo ,ate/rico! @ant lança a se/uinte questão# será ou não uma lei necessária para todos os seres racionais a de ulgar sempre as suas a(5es por má1imas tais que eles possam querer que devam servir de leis universaisL . (ibidem! p$ KU) @ant ainda ar/umenta que! se essa lei e>iste! ela tem de estar atrelada de "orma totalmente apriorística ao conceito de vontade para um ser racional$ M nesse ponto que @ant se "oca no título da 'eção e "az a transição da Filosofa %oral para a %eta"ísica dos ,ostumes! pois! se/undo ele! s adentrando L %eta"ísica (que tem o campo distinto da Filosofa especulativa) é que seria possível responder essa questão$ %eta"ísica dos ,ostumes trata da 3ei Gb=etiva-Prática; da rela(ão de uma vontade consigo mesma enquanto essa vontade se determina tão#somente pela razão .(:6) e! portanto! destituída de toda relação com o empírico para determinar o procedimento por si! necessariamente a priori$ 'endo princípios. representaçCes das leis que são sub=etivamente necessárias! a vontade é a capacidade &umana de escol&er! pois s o &omem a/e por princípios$ Por isso @ant diz que a vontade é concebida como a "aculdade de se determinar a si mesma! a/indo de acordo com as representaçCes de certas leis$ 'e! para @ant! a vontade sempre a/e por princípios! quais seriam! então! os princípios determinados pela razão e que seriam válidos a todos os seres racionais de modo a se conf/urar como +mperativos de %oralidade a determinar nosso modo de a/ir! e assim /arantir a oa Dontade] @ant! para responder essa per/unta! discorre sobre como os princípios a/em# - Gs princípios ob=etivos que servem L vontade como sua prpria autodeterminação! são c&amados F+% (nesse caso se é posto somente pela razão! si/nifca que vale para todos os seres racionais); - Gs princípios sub=etivos que servem L vontade apenas como possibilidade de ação cu=o e"eito é um fm! são c&amados %2+G'; 9ecorre disso que# - Gs princípios sub=etivos do dese=ar são c&amados +%PI3'G; - Gs princípios ob=etivos do querer são c&amados %G0+DG$ ,om isso @ant e>plicita a distinção entre Fins 'ub=etivos (assentados em impulsos) e Fins Gb=etivos (assentados em motivos e válidos a todo ser racional)$ Gs Fins 'ub=etivos são bases apenas para +mperativos Aipotéticos! ao passo que os Fins Gb=etivos são as bases dos +mperativos ,ate/ricos! ou se=a! da tão procurada 3ei Prática que @ant dese=a$ Postas essas consideraçCes! @ant investi/a então qual seria o valor em si mesmo absoluto que "undamentaria o Fim Gb=etivo e re"erenciaria o +mperativo ,ate/rico! c&e/ando L 0atureza 7acional$ 8atureza *acional seria! portanto! o que "undamenta o princípio supremo prático e o imperativo cate/rico determinante da vontade &umana! =á que representa na sub=etividade de cada ser racional um fm em si mesmo; princípio! portanto! ob=etivo da vontade e servindo de lei prática universal$ 9essa "orma @ant determina qual será o +mperativo Prático# age de tal maneira que passas a usar a humanidade" tanto em tua pessoa como na pessoa de qualquer outro" sempre e simultaneamente como ,m e nunca simplesmente como meio .(:U)$ *etomando os e>emplos dados anteriormente e desenvolvendo-os sob a perspectiva do imperativo que acaba de defnir! @ant re"orça seu ar/umento que sustenta o princípio da &umanidade e de toda natureza racional como fm em si mesma$ 9essa "orma o estabelece como condição suprema restritiva da liberdade das açCes de cada &omem(:<)! =á que se constitui tanto universal (válido para qualquer ser racional)! quanto necessário (=á que tem respaldo na má>ima de cada ser &umano)$ 9iante de toda essa e>posição fca demonstrado! se/undo @ant! que a vontade se constitui uma le/isladora universal! pois cada &omem se v? obri/ado a a/ir se/undo sua vontade submetida a uma 3ei que a obri/a direcionar-se a ela! visto que essa 3ei une os interesses sub=etivos a uma prática ob=etiva em um princípio com um fm nele mesmo$ Portanto o &omem é autnomo e pode a/ir se/undo sua vontade! =á que ela está submetida! quando re/ida pela razão! L 3ei 'uprema da %oralidade$ G princípio "ormal supremo do dever determinado pela razão que direciona a Dontade para
cumprir a lei! se/undo @ant! é o Princí=io da Autonomia da Vontade$ 2sse princípio é vivido no que @ant denomina 6eino dos Fins! isto é! um reino re/ido pela lei que estabelece a relação entre seus membros através de uma recíproca visão mtua como fm em si mesmos! constituindo uma li/ação sistemática de seres racionais por meio de leis ob=etivas comuns$ 2sse princípio se opCe a uma Dontade Aeternoma e =ustifca e "undamenta uma Dontade utnoma$ Dontade utnoma con"ere di/nidade ao ser r acional! permitindo que o princípio da moralidade ten&a "orma! matéria e uma determinação em si mesmo! através de sua universalidade! do seu fm em si mesmo (o ser racional) e as má>imas em con"ormidade com o ideal do *eino dos Fins$ Portanto a natureza racional colocando a si mesma como fm constitui a matéria da oa Dontade! que por sua vez é a vontade cumprindo as má>imas que estão em con"ormidade com a 3ei Iniversal$ Dontade utnoma é! portanto! o princípio supremo da moralidade e o prprio +mperativo ,ate/rico por e>cel?ncia$ @ant termina a seção per/untando como é possível tal proposição prática sintética a priori e por que ela seria necessária] %as não responde essa questão! pois para os limites impostos para sua "undamentação da meta"ísica dos costumes! basta que ten&a sido desenvolvido o conceito de moralidade atrelado em sua base a uma vontade autnoma e a dei>a em aberto para ser desenvolvida em sua Brítica da 7azão )rática $ 8o entanto! na 0erceira 'eção! promete que apresentará os traços principais da possibilidade sintética a priori do +mperativo ,ate/rico$ 5erceira e:ãoC 5ransi:ão da metafísica dos costumes =ara a crítica da raão =r>tica =ura
,on"orme enunciado na 'e/unda 'eção! @ant procurará apresentar os traços principais da possibilidade sintética a priori do seu princípio da moralidade! isto é! do +mperativo ,ate/rico$ validade ob=etiva de um =uízo sintético a priori! como ele prprio enuncia em sua Brítica da 7azão )ura (:)! necessita de uma 9edução 0ranscendental! onde deverá ser apresentado um terceiro elemento que una de "orma necessária outros dois que não este=am em relação de conectividade$ 2sse terceiro elemento não pode ser derivado da e>peri?ncia! mas sim constituir a condição de possibilidade da e>peri?ncia para que o =uízo se=a válido$ 8a 'e/unda 'eção @ant "az essa 9edução 0ranscendental com o +mperativo ,ate/rico! que une a vontade L ação &umana$ Porém ele desenvolve analiticamente essa cone>ão! promovendo a transição da Filosofa %oral ,omum para a %eta"ísica dos ,ostumes$ 8a 0erceira 'eção! pretendendo "azer a transição da %eta"ísica dos ,ostumes para uma ,rítica da *azão Prática Pura! @ant realiza a 9edução 0ranscendental estabelecendo a 0iplicação da autonomia da vontade$ 9efne vontade como uma espécie de causalidade dos seres vivos enquanto racionais(45) e liberdade como a propriedade dessa causalidade na medida em que ela é efciente$ liberdade seria! então! a propriedade que caracteriza a vontade &umana em sua efci?ncia$ Huanto mais efciente é a vontade &umana! isto é! quanto mais a vontade &umana pode determinar-se a si prpria! mais contém em si como propriedade o e>ercício da liberdade$ Huanto mais a vontade é autnoma! mais liberdade a caracteriza$ @ant lembra que nem sempre a vontade é efciente! isto é! pode ser satis"eita em toda sua determinação! e se isso ocorre é porque não &á liberdade participando de sua propriedade$ ' é efciente a Dontade que tem em suas propriedades a liberdade$ vontade efciente é a vontade que /oza de autonomia para se estabelecer e está em con"ormidade com o +mperativo ,ate/rico cu=a base tem o princípio supremo da moralidade vivido no *eino dos Fins$ @ant teme estar diante de um círculo vicioso em seu raciocínio! pois o terceiro termo o qual pretende "azer a síntese de seu =uízo! a saber! a 3iberdade como síntese entre a Dontade utnoma e o +mperativo ,ate/rico! está contida em um dos termos (utonomia)! lo/o tornando-o analítico e não sintético$ @ant en"renta essa circularidade estabelecendo que ela se=a resolvida se ns! ao nos pensarmos como causa efciente(4:) a priori através da liberdade! pudermos adotar um ponto de vista diverso de quando nos representamos através de nossas açCes! isto é! enquanto e"eito; "enmeno$ +sso si/nifca que para resolver o círculo vicioso é necessário nos vermos de duas "ormas di"erentes# uma enquanto noumenon e outra enquanto "enmeno; uma como causa e outra como e"eito$ 8s! enquanto causa efciente! determinaríamos nossa ess?ncia! nossa natureza em si! e! enquanto "enmeno! determinaríamos a e>pressão
sensível dessa ess?ncia através de nossos atos$ @ant! porém! alerta que a coisa em si. é impossível ser con&ecida (inclusive quando tentamos nos representar =amais conse/uimos saber o que somos em ns mesmos(44))! e para resolver esse espin&oso dilema (o qual abordaremos em nossa análise crítica)! estabelece que a razão &umana é superior ao entendimento possível que possamos ter por ser ,ntelig#ncia ! e mesmo sem poder con&ecer-se a si mesma! intui que &a=a um mundo inteli/ível que autoriza que ela conceba-se com o poder de ser causa efciente de si$ @ant! dessa "eita! retorna a Platão e "undamenta a e>ist?ncia do %undo 'ensível e do %undo +nteli/ível! preconizando que o ser racional deva considerar-se a si mesmo como inteli/?ncia! não como pertencendo ao mundo sensível" mas ao inteligível . e! com isso! ter dois pontos de vista dos quais pode considerar#se a si próprio .(47)# um ponto de vista em que se percebe apenas enquanto "enmeno! de "orma sensível! e um ponto de vista em que se percebe enquanto noumenon! de "orma inteli/ível; portanto causa efciente de si mesmo no e>ercício de sua liberdade$ @ant! dessa "orma! estabelece um terceiro termo sintético que torna possível! ob=etivamente! o =uízo a priori da 3iberdade "undamentando a Dontade utnoma em direção a 3ei %oral (+mperativo ,ate/rico)$ 8o entanto! para ser possível ainda sim um +mperativo ,ate/rico! @ant lança mão de um =uízo que ele não =ustifca# o "undamento do c&amado %undo 'ensível dado pelo %undo +nteli/ível$ 'omente através da superioridade do %undo +nteli/ível! e! portanto! sendo ele "undamento do %undo 'ensível é que! nos entendendo como inteli/?ncia é que entenderemos e consideraremos as leis do %undo +nteli/ível como imperativos para nossas açCes$ 'e/undo @ant! somente assim é possível o +mperativo ,ate/rico; =á que a idéia de liberdade "az de ns membros do %undo +nteli/ível na medida em que somos capazes de nos autodeterminarmos ao nos vermos como causa efciente de ns mesmos$ ssim! @ant representa esse dever cate/rico como um =uízo sintético a priori! pois# $...% so're minha vontade afetada por apetites sensíveis so'rev!m $...% a id!ia dessa mesma vontade" mas como pertencente ao mundo inteligível" pura" prática por si mesma. . (@80! Fundamentação da %eta"ísica dos ,ostumes e Gutros 2scritos! p$ tremo de toda flosofa prática! recorrendo L aparente contradição entre a liberdade com sua determinação da vontade enquanto causa efciente no mundo inteli/ível e enquanto "enmeno re/ido por leis naturais no mundo sensível$ *esolve! pois! essa contradição através de uma petição de princípio que estabelece uma dialética da razão em relação L vontade! a qual! ao invés de colocar a liberdade como condição racional em oposição L necessidade natural! estabelece a conviv?ncia pacífca entre os dois pontos de vistas; =ul/ando naturalmente a natureza racional &umana consciente de sua inteli/?ncia e! portanto participando do mundo inteli/ível$ 8o entanto! @ant e>plica! =ustamente por pensar ter resolvido a contradição! que não seria esse o limite e>tremo da flosofa prática$ 'ua petição de princípio que estabelece o mundo inteli/ível superior ao sensível e todas as coisas em si pertencentes ao mundo inteli/ível! e! portanto! o verdadeiro eu do &omem pertencente a esse mundo! "aria com que! automaticamente! a vontade &umana se voltasse para superar suas inclinaçCes sensíveis em direção Ls leis que re/em o mundo que "undamenta a realidade# o inteli/ível$ G limite! então! da razão prática estaria em sua pretensão de! ao invés de apenas submeterse L lei moral através do e>ercício de sua liberdade percebendo-se como inteli/?ncia no mundo inteli/ível! quisesse adentrar esse mundo por intuição! coisa que ultrapassaria seu limite$ Para @ant! o conceito de um mundo inteli/ível é apenas um ponto de vista em que a razão se v? "orçada a tomar além dos "enmenos para =ul/ar-se a si mesma como prática! a fm de afrmar a consci?ncia de si mesma enquanto inteli/?ncia e livremente constituída como causa efciente de sua vontade(4O)$ inda antes de sua conclusão fnal! @ant parece render-se L impossibilidade de e>plicar a liberdade da vontade assim como L impossibilidade de descobrir como se dá o interesse &umano pelas leis morais! e aceita o suposto "ato de que se=a uma tend?ncia natural nossa denominada de sentimento moral$ Para @ant! esse sentimento moral é um e"eito sub=etivo que a lei e>erceria sobre a vontade! cu=os "undamentos ob=etivos somente a razão poderia "ornecer(4K)$ %as caberia aqui um questionamento que solicitaria de @ant um =uízo sintético a priori para
"azer a cone>ão entre esse sentimento moral e a lei! isto é! como que! ob=etivamente se dá as condiçCes de possibilidade da lei suscitar esse sentimento moral] @ant responde que somente uma "aculdade da razão que inspire um sentimento de prazer poderia "azer um ser ao mesmo tempo racional e a"etado pelos sentidos dese=ar aquilo que s a razão pura inspiraria$ 2 assim abre mão do =uízo sintético a priori que e>plicaria e nos daria con&ecimento dessa causa$ 2le =ustifca dizendo que seria impossível compreender a priori uma espécie tão especial de causalidade que "aça com que um pensamento en/endre uma sensação de prazer que direcione a vontade &umana para o dever$ Para salvar-se dessa possível lacuna! @ant recorre mais uma vez na "undamentação da possibilidade de um imperativo cate/rico! indicando mais uma vez o pressuposto que deve ser assumido# a liberdade$ 2sse pressuposto seria sufciente para a razão prática se direcionar para o cumprimento da lei! mas admite que a prpria liberdade enquanto pressuposto =amais dei>ará se aperceber por nen&uma razão &umana(46)$ 8as consideraçCes fnais! @ant =ustifca o impasse a que c&e/ou! dizendo que não se trata de uma "al&a na tentativa de dedução do princípio supremo da moralidade! mas de uma constatação da limitação natural da razão em não conse/uir tornar concebível de "orma pura uma lei prática incondicionada$ 8o entanto! e esse "ato salvaria sua tese! para a razão prática a necessidade absoluta da causa suprema vai até seu limite! que é das leis das açCes de um ser racional como tal(4U)$ razão pura s conse/uiria c&e/ar L necessidade absoluta da causa se recorresse a uma condição! e com condição fcaria comprometido o pressuposto necessário da liberdade$ Por fm! @ant admite que não se=a possível conceber a necessidade prática incondicionada do imperativo moral! porém concebe-se seu caráter inconcebível$ 0ermina a seção dizendo que ! tudo que" à luz da usti(a" se pode e1igir de uma ,loso,a que aspira atingir" nos princípios" os limites da razão humana. .(4<) An>lise .rítica
Mtica como uma ci?ncia ri/orosa e apodíctica dos costumes não se inau/ura em @ant$ 'pinoza! em sua Jtica 2emonstrada à &aneira dos eNmetras tem essa mesma dimensão e inau/ura na modernidade essa pretensão de desvincular a moralidade do campo da autoridade e>terna e "undar na liberdade &umana o seu caráter racional e apriorístico$ Porém! em 'pinoza! a liberdade é sinnimo daquilo que a e>peri?ncia total &umana no mundo traz através da dialética de suas a"ecçCes! preconizando uma &armonização e um monismo que vai de encontro aos preceitos racionalistas [antianos# 0em o corpo pode determinar a alma a pensar" nem a alma pode determinar o corpo ao movimento ou ao repouso ou a qualquer outra maneira de ser . ('P+8GQ 4557! Mtica! +++! 4! p$ :) Dontade &umana é uma nica coisa entre decisCes racionais e dese=os e determinaçCes "ísicas$ 8ão "aria sentido! para 'pinoza! uma 3ei %oral a/indo como um imperativo cate/rico que comande e>clusivamente de "orma racional as açCes &umanas! =á que tanto razão quanto corpo intera/em unidos na conJu?ncia para uma Dontade nica$ @ant parece não querer admitir esse dado e =ustifca-se na idéia de que um princípio supremo da moralidade não pode condicionar-se em nada li/ado a natureza sensível$ @ant parece se/uir o ei>o ético le/ado por 'crates! Platão e ristteles! onde a partir de uma concepção dualista da natureza &umana a má>ima atualização da razão "uncione como direcionamento ético; o corpo deve obedecer a razão como instrumento da virtuosidade que reside em um plano superior ao sensível$ 2m ristteles lemos# ntendemos por virtude humana não a do corpo" mas a da alma? e tam'!m dizemos que a felicidade ! uma atividade da alma $. (*+'010232'! Mtica a 8icmaco 455O! 3ivro +! :7! p$7U) @ant! crente no esclarecimento a partir de uma razão livre que determine a vontade &umana e controle nossas pai>Ces! estabelece que a razão pura possa! a partir do entendimento que /era também ser prática# sta analítica esta'elece que a razão pura pode ser prática" isto !" pode determinar por si mesma a vontade" independentemente de tudo que ! empírico? Y e ela o esta'elece" na verdade" por um fato no qual a razão pura se manifesta em nós como realmente prática" ou sea" pela autonomia no princípio da moralidade" pela qual determina a vontade no ato $. (@80! ,rítica da *azão Prática 4556! Primeira Parte! +! +! p$ 65) ristteles! no entanto! não estabelece sua Mtica de maneira apodíctica$ Para ele os "atos
&umanos sempre serão contin/entes e re/idos ao acaso das circunstRncias e particularidades! portanto uma flosofa prática carecia de sentido científco$ 2m sua Mtica! ristteles contenta-se com verdades em lin&as /erais e nos solicita para não esperar conclusCes mais precisas# Ds a(5es 'elas e ustas que a ciência política investiga admitem grande variedade e Tutua(5es de opinião" a ponto de se poder considerá#las como e1istindo apenas por conven(ão e não por natureza. $...% )or conseguinte" $...% devemos contentar#nos em indicar a verdade de forma apro1imada e sumária $...% não devemos esperar conclus5es mais precisas$. (*+'010232'! Mtica a 8icmaco 455O! 3ivro +! 7! p$ :<) @ant pretende na obra que analisamos ir além do que ristteles pretendeu "azer! porém conservando a preval?ncia da razão &umana como determinante da vontade e de suas a çCes a partir do pressuposto da liberdade$ G estabelecimento de um +mperativo do qual a razão se "undamenta para o a/ir autnomo em busca de uma lei que universalize nossas atitudes! é o /rande escopo do pro=eto ético [antiano$ 8o entanto! no fnal de seu livro! rende-se aos limites da razão prática e aos limites da prpria razão &umana quando! na busca da ltima causa! da suprema "undamentação! percebe que precisaria colocar uma condição de possibilidade que "u/iria totalmente do apriorismo buscado por seu pro=eto$ 'e! para o prprio @ant! a %eta"ísica "az afrmaçCes ile/ítimas porque pretende emitir =uízos sintéticos a partir da coisa em si! ele mesmo abala a estrutura de seu pro=eto na medida em que nos "az uma petição de princípio para que aceitemos al/o que s pode ser "undamentado a partir do con&ecimento de seu noumenon! a saber! a capacidade racional &umana enquanto inteli/?ncia de se auto-determinar como causa efciente de uma propensão natural a se/uir uma lei moral$ liberdade! como capacidade espiritual &umana de decidir entre duas ou mais vontades! se=a ela boa ou má! requer! para que assumamos esse pressuposto! que abramos mão daquilo que é "undamental no pensamento [antiano# um =uízo sintético a priori que a =ustifque$ Parece-nos que @ant cai numa armadil&a racionalista que se assemel&a a um ar/umento ontol/ico! isto é! cria-se um conceito e determina-se a realidade a partir dele! pois a e>ist?ncia dele =ustifca a "orma como queremos que a realidade se=a$ @ant parece querer acreditar que é a liberdade que determina nossa vontade$ 2ssa necessidade parece =ustifcar-se pelo deslumbre e entusiasmo que ele teve a respeito da *evolução Francesa! como ele prprio nos "ala# $...% esta 7evolu(ão" digo" encontra no espírito de todos espectadores $que não estão eles mesmos enredados neste ogo% uma simpatia de aspira(5es que 'eira o entusiasmo Z cua manifesta(ão mesma seria perigosa que não poderia ter outra causa senão uma disposi(ão moral no gênero humano. apud in (02** :<) 2ssas coisas nos "azem pensar$ Parece-nos que @ant tin&a um pro=eto flosfco que escondia a intencionalidade da consolidação de outro pro=eto! ideol/ico! liberal bur/u?s que precisava "undamentar-se numa flosofa ri/orosa para validar-se$ 9e "orma al/uma questiono! porém! o valor em si que representa a liberdade! mas parece-me que o valor absoluto atribuído a ela por @ant se constitui numa petição de princípio que se invalida "rente ao prprio sistema criado por ele$ 8ão é min&a intenção dene/rir uma flosofa poderosa que inJuenciou /eraçCes de pensadores e que tem seu valor calcado na pretensão ri/orosa de se "undamentar$ 8ão coloco em dvida a revolução que a flosofa [antiana promoveu no pensamento ocidental! mas "undamento min&a impressão através das assertivas de Aabermas sobre a investi/ação &ermen?utica de sistemas nomol/icos que pretendem e>plicar ob=etivamente a realidade(4)$ pretensão [antiana é de e>plicar a possibilidade ob=etiva da realidade para atuação de uma razão prática a partir da sub=etividade submetida ao controle de uma razão pura que conse/ue! a priori! perceber a ordem teleol/ica da natureza! =á que comun/a num suposto %undo +nteli/ível! das cate/orias que determinam a realidade$ Parece-nos! contudo! que por traz dessa razão prática de @ant é preciso ter um interesse instrumental! portanto empírico (causado pelo entusiasmo da revolução]) pela liberdade como pressuposto que a razão pura não conse/ue deduzir sua necessidade$ Gutra questão que a mim causa certo incmodo é a perda da dimensão inte/ral do ser &umano promovida pela idealização de um ser que se defne nica e e>clusivamente por um dos aspectos que o caracteriza# a razão$ Gs padrCes solicitados de ação &umana que pressupCe um "undamento deontol/ico em nossa condição e>istencial são arbitrariamente e e>clusivamente defnidos como racionais$ 8ão li na ar/umentação de @ant qual =uízo sintético a priori que ele emite para "undamentar essa defnição conceitual do &omem como virtualmente racional como e>pressão má>ima de sua condição &umana$ 8esse aspecto
parece que @ant assume um do/matismo que ele prprio pretendeu combater$ s a"ecçCes! a"etividades! as emoçCes e toda a nossa carnalidade em simbiose com o mundo! bem como as relaçCes que mantemos como e>istentes são! para @ant! determinantes circunstanciais e meramente particulares de nossa vontade e! comparados L liberdade e L razão! são completamente desprezíveis na valorização arbitrária que ele "az$ @ant! na verdade! parte de pressupostos de =ul/amento não racionais! intencionais! para "undamentar a preval?ncia da razão como determinante deontol/ica de nossa vontade! que por sua vez direcionaria nossas açCes$ 8ão seria demais a essa altura! salientar a "orte inJu?ncia que o pietismo protestante e>erceu! por parte da sua mãe! na "ormação de @ant(75)$ 'e/undo %a> Zeber! é ponto de partida &istrico no movimento ascético pietista a doutrina da predestinação(7:)$ 2ssa doutrina! ainda se/undo Zeber(74)! "azia com que o puritano /enuíno repudiasse todos os meios má/icos! sentimentais e sensualistas que pudesse insinuar que se intencionasse um "avorecimento pessoal de 9eus$ té nos enterros e sepultamentos de entes queridos a cerimnia se concretizava sem cRnticos ou rituais! nem qualquer coisa que pudesse sacramentar al/uma intenção de salvação$ ética pietista puritana! se/undo Zeber! possuía# $...% rígidas doutrinas $...% da corrup(ão de qualquer coisa que pertencesse à carne" @eA esse isolamento interior do indivíduo cont!m" por um lado" o motivo da atitude completamente negativa do puritanismo quanto a todos os elementos sensoriais e emocionais na cultura e na religião" pois não tinham utilidade para a salva(ão e promoviam ilus5es sentimentais e supersti(5es idólatras. Dssim" estava preparada uma 'ase para um antagonismo fundamental em rela(ão a qualquer esp!cie de cultura sensualista. . (Z22* 455U! p$<<) Portanto! na cultura pietista puritana os féis deveriam ser absolutamente i/uais! re/idos por princípios nicos e padronizados na crença de que eles estariam salvos na medida em que cumprissem seu dever e não por "avorecimentos pessoais através de apelos emocionais$ G conceito de liberdade como cumprimento da lei! assim como a não consideração das particularidades dos su=eitos no mundo (padronizados e nivelados por uma medida comum# a razão)! traz uma correspond?ncia entre as idéias que @ant desenvolve em sua flosofa e a ideol/ica por traz da prática reli/iosa que o inJuenciou a vida toda$ 0ermino essa análise crítica! contudo! salientando que eticamente! embora inJuenciado por seus interesses e inclinaçCes particulares e contin/entes! @ant "ez uma flosofa que "az com que queiramos de "ato assumir má>imas que universalize nossas açCes de acordo com o que esperamos que todos "açam para a construção de um mundo mel&or$ Porém! querendo ou não! é impossível não nos vermos como seres di"erenciados! não padronizados! cu=as inclinaçCes emocionais! racionais! "ísicas e psíquicas dialo/am distintamente entre si de acordo com nossos interesses e esses interesses! como o prprio @ant con"essa! são impossíveis de serem sintetizados a priori por uma razão pura$ A 6eolu:ão .ientíca Em !ue medida as idéias de Descartes e "acon estão em suas bases#
.aracteriando a 6eolu:ão .ientíca
revolução científca! que marca o início da modernidade propriamente dite! caracteriza-se pelo interesse &umano voltado para a técnica e ci?ncia e>perimental! através de uma metodolo/ia que asse/ure um con&ecimento que ten&a um desdobramento prático para a sociedade e para a vida &umana no mundo$ G deslocamento da ci?ncia para seus resultados se opCe "rontalmente a uma ci?ncia apenas teorética (contemplativa)! calcada na noção aristotélica de demonstração l/ica de verdades universais e necessárias em detrimento da e>peri?ncia! assumida pela escolástica a partir do sec$ ^++$ G período c&amado de *evolução ,ientífca é! em /eral! delimitado até 8eton! o ápice do mecanicismo$ G *enascimento e o Aumanismo! que marcaram esse /rito de liberdade &umana "rente Ls verdades aceitas por autoridade! trazem como conseqS?ncia dessa emancipação! uma nova "orma de "azer ci?ncias! através da necessidade do desdobramento técnico daquilo que prediz; inclusive como "orma de validar-se como con&ecimento verdadeiro e se/uro$ G ponto de partida dessa nova ci?ncia está na obra So're a 7evolu(ão dos /r'es Belestes.! de :KO7! de autoria de 8icolau ,opérnico$ 2ssa nova ci?ncia! no entanto! parece-nos ter suas condiçCes de possibilidade calcadas =á no século ^++! a partir da reintrodução das obras de ristteles e seus intérpretes árabes na 2uropa$ G que esse novo espírito científco traz de novo é um método que se volta a Platão e aos pita/ricos! dando ?n"ase L e>plicação matemática do mundo$ ntes de ,opérnico revolucionar a visão do mundo e a localização da terra sob os protestos do do/matismo reli/ioso! a visão do universo era &erdada do 3ratado do B!u. de ristteles!
a qual "oi mel&orada! mas não radicalmente modifcada por Ptolomeu# o Iniverso tin&a a 0erra como centro$ ,opérnico! matematizando o espaço! /eometrizando o movimento e validando seus cálculos pelo que eles poderiam prever como "enmeno a ser observado! subverte toda a ordem csmica escolástica que sustentava a cosmovisão vi/ente$ *esultado# a &ierarquia e a autoridade estavam quebradas$ %esmo sendo a inJu?ncia aristotélica a responsável pela ?n"ase na investi/ação da natureza! a /rande inspiração da *evolução ,ientífca do sec$ ^D+ "oram Platão e o neoplatonismo$ re=eição a ristteles pelos modernos se dá principalmente pelo modelo /eoc?ntrico re"utado por ,opérnico e! sobretudo! pelo abuso da escolástica no uso da l/ica aristotélica na demonstração de verdades universais e necessárias que não tin&am sua base ou mesmo sua confrmação na observação ri/orosa da natureza$ té o sec$ ^D+! e tendo inJu?ncia além da prpria revolução científca! toda consideração terica da natureza tin&a como pano de "undo (direcionamento do ol&ar e do dizer; um 3o/os)! uma e>plicação a partir de pressupostos teleol/icos ou meta"ísicos$ G modelo cosmol/ico aristotélico se encai>ava totalmente em suas pressuposiçCes meta"ísicas! mas não salvavam os "enmenos.! contradizendo o que as observaçCes astronmicas e os cálculos matemáticos revelavam sobre o céu; demonstrado pelos trabal&os de Ptolomeu e os astrnomos de le>andria$ G espírito da renascença e do &umanismo na modernidade voltara a postura &umana para uma atitude de valorização do espírito &umano; no discernimento &umano como capaz! por si s! de c&e/ar L verdade através da razão! independente de autoridades ou de revelaçCes místicas e a nica "orma de se c&e/ar a esse discernimento seria através de um método estabelecido na dvida e na e>perimentação! e não na sedução de uma verdade que se revela sozin&a e que independa do que possa ser demonstrado$ Im dos pontos de ruptura para o advento da ci?ncia moderna "oi =ustamente a questão de salvar os "enmenos.$ s mudanças promovidas pelo modelo ptolomaico e ale>andrino! alternativos ao de ristteles! des"aziam o ideal de per"eição do Iniverso! mas asse/urava que os resultados pudessem ser observados! /arantindo! assim! ampla aceitação$ 8o entanto 'ão 0omas de quino em sua Suma 3eológica ar/umenta e>atamente o oposto! isto é! que quem deve ser salvo é o modelo aristotélico! pois ele é deduzido pelos primeiros princípios (a %eta"ísica)! portanto mais verdadeiro$ 'ão 0omas re=eita uma &iptese verifcada como critério de aceitação! =á que a observação! por defnição! é limitada e imper"eita e não pode superar princípios meta"ísicos estabelecidos ra cionalmente! nem tampouco verdades universais e necessárias lo/icamente deduzidasY"tn::gg:g$ Por outro lado! o ícone do renascimento e do &umanismo! 9a Dinci! decreta o espírito da revolução científca nos se/uintes termos# h D sa'edoria ! ,lha da e1periência. D e1periência amais engana? e os que se lamentam dos seus logros deveriam antes lamentar#se da sua ignorWncia porque pedem à e1periência aquilo que está para lá dos seus limites. m contrapartida" pode o uízo enganar#se so're a e1periência? e para evitar o erro não há outra via senão reduzir todos os uízos a cálculos matemáticos o servir#se e1clusivamente da matemática para entender e demonstrar as raz5es das coisas que a e1periência manifesta. D matemática ! o fundamento de toda a certeza.h 3eonardo da Dinci W apud in (N88G :U5! Gri/ens da ,i?ncia! p$ ) 2! portanto! ela seria! lon/e das mãos de uma autoridade nica! autNnoma" p-'lica" controlável e progressiva. (*232 e 80+'2*+ 4554! p$ :5)! ameal&ando dentre suas principais características! o necessário desdobramento técnico e empírico de suas prediçCes$ 9uas trans"ormaçCes concomitantes! se/undo 9anilo %arcondesY"tn44gg4g levaram L revolução científca# :$ validação do modelo &elioc?ntrico "eita por Nalileu a partir dos cálculos de ,opérnico e 4$ valorização do método e>perimental! trans"ormando a ci?ncia numa atividade ativa e não mais contemplativa$ se/uir! tentaremos estabelecer em que medida as idéias de 9escartes e acon consolidaram o novo espírito científco da modernidade e "oram determinantes flosofcamente para caracterizar esse movimento c&amado *evolução ,ientífca$ + M-todo .artesiano
obra de 9escartes! mais especifcamente o seu G 9iscurso do %étodo! pode ser vista como uma sistemática reJe>ão sobre seu tempo através de uma tomada de posição específca "rente a uma crise que! a partir de seu posicionamento! inau/urou uma nova epistemolo/ia e uma nova maneira de ol&ar a realidade$ 8ão é por acaso que ele é tido como "undador da flosofa moderna$ ssumindo de certa "orma o espírito &umanista de sua época e centralizando a capacidade racional &umana na busca do con&ecimento! 9escartes preocupou-se "undamentalmente em
construir um modo para que pudéssemos c&e/ar a um con&ecimento se/uro$ 2sse modo é o camin&o! o co/ito$ 2 é com esse mote que! na modernidade! 9escartes introduz a temática do su=eito que con&ece como "undamento de sua epistemolo/ia$ 2ssa temática irá deslocar o questionamento sobre o Gb=eto que se mostra a uma razão capaz de captar a ordem e"etiva das coisas para o 'u=eito que volitivamente se direciona para o Gb=eto na intenção de captar essa ordem$ preocupação moderna! inau/urada por 9escartes é como esse 'u=eito pode asse/urar um con&ecimento verdadeiro e se/uro do Gb=eto$ 9escartes então parte da premissa que! antes de voltar-se ao Gb=eto! esse 'u=eito precisa voltar-se para si mesmo e "undamentar nele a possibilidade desse con&ecimento$ Huem é esse su=eito que con&ece] Huais suas potencialidades e limitaçCes] M possível sair do ceticismo e alcançar a verdade sobre al/o] 2is os pontos tematizados a partir de 9escartes em seu 9iscurso do %étodo$ perspectiva ontol/ica que 9escartes tematiza o 'u=eito do con&ecimento s seria abandonada pelo empirismo e depois por @ant$ 9escartes confa na capacidade "undante da *azão como possibilidade de con&ecer e descarta a possibilidade de qualquer con&ecimento se/uro a partir do sensível! reeditando a tradição iniciada em Platão$ 9escartes liberta a epistemolo/ia da "undamentação teol/ica e centraliza no racionalismo toda a nossa possibilidade de con&ecimento! inclusive o teol/ico$ Porém postula uma participação divina em ns! e a e>emplo de Platão! separa o 'u=eito em duas instRncias substanciais que "orma o 'er Aumano# a res cogitans e a res e1tensa$ "undamentação racional desse dualismo contribuirá para avanços científcos! onde a noção de corpo como uma máquina a serviço da alma racional! irá proporcionar a permissão para autpsias$ 9escartes c&e/a a seu método assumindo uma postura cética! porém postula um ceticismo que não duvida para ne/ar! e sim para c&e/ar através da dvida metdica ao verdadeiro con&ecimento$ 'eu método estabelece que tanto os sentidos quanto a percepção não se conf/uram como um con&ecimento se/uro! e estabelece o camin&o para esse se/urança por quatro preceitos básicos# :$ 2vid?ncia# aquilo que aparece imediatamente ao entendimento; 4$ nálise# divisão do problema em partes menores; 7$ 'íntese# ordenar o pensamento do mais simples ao mais comple>o; O$ 2vid?ncia do ,on=unto ou +ntuição Neral# enumeração dos dados e revisCes /erais$ G camin&o cético proposto por 9escartes procura desestruturar a prpria postura cética ao usar o ceticismo para buscar al/o que "undamente a possibilidade do con&ecimento se/uro$ 2la! portanto! é proped?utica$ Para isso ele cria o ar/umento do ,o/ito! cu=o ob=etivo é estabelecer os "undamentos do con&ecimento e encontrar uma certeza imune a qualquer questionamento cético$ Propondo esvaziar-se de todas as crenças e con&ecimento adquiridos! 9escartes encontra a questão que /arante a certeza se/ura de al/o# Penso! lo/o e>isto.$ e>ist?ncia! a partir dessa constatação! se torna a pedra basilar da certeza de que podemos con&ecer de "ato al/o sem qualquer tipo de questionamento que possa ne/á-lo$ 'e soubermos que pensamos! é por que necessariamente e>istimos$ G ,o/ito! portanto! a partir da descoberta de uma realidade primária! necessária e indubitável! nos dará a base para a construção do con&ecimento possível &umano e assim! se torna uma das bases científcas da nova ci?ncia a ser "eita$ ,om 9escartes! "undamentalmente! a ci?ncia /an&a um impulso decisivo calcada nos dois princípios que mel&or caracterizam seu pensamento# o *,+G83+'%G e o %2,8+,+'%G$ + ;=erimentalismo Jaconiano
Eunto com 9escartes! Francis acon é considerado o "undador do pensamento moderno por e>cel?ncia! pois de"ende veementemente o método e>perimental como balizador da ci?ncia em detrimento da ci?ncia terica (contemplativa) e especulativa$ acon se constitui na primeira e>pressão do empirismo e baseia seu método e>perimental no indutivismo$ 2mbora possamos v?-lo também como opositor do método dedutivo cartesiano! que pecaria pelo racionalismo em e>cesso! ambos constituem em seus pensamentos os balizadores do método científco moderno! com ambos promovendo uma ruptura e>plícita em relação L escolástica aristotélica$ ssim como 9escartes! a preocupação de acon é asse/urar um método isento de erros e que leve o ser &umano ao con&ecimento verdadeiro$ 'ua principal obra! o 0ovum /rganum! de :$645! critica a concepção dedutiva da ci?ncia advinda do [rganon de ristteles! e vincula todo con&ecimento científco a um desdobramento técnico necessário! até como "orma de validar-se enquanto con&ecimento se/uro$ acon en>er/a a flosofa moderna como o método pelo qual o &omem se libertará da