RESENHA DO ARTIGO: HISTÓRICO, FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E TEÓRICOS-METODOLÓGICOS DA INTERDISCIPLINARIDADE. INTERDISCIPLINARIDADE.
LEANDRO MOREIRA DA LUZ
TESTE SELETIVO PARA MESTRADO
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ALVARENGA, Augusta Thereza de et al. Histórico, fundamentos filosóficos e teóricometodológicos da interdisci!linaridade. "n# $H"L"$$" %R., Arlindo& '"LVA NET(, Ant)nio %. *orgs+& Interdisciplinaridade em ciência, tecnologia & inovação. arueri# -anole, 0//, !. 12.
Este 3 um artigo tem o o45eti6o de discutir a interdisci!linaridade em seus m7lti!los as!ectos, suas caracter8sticas, !ossi4ilidades e desafios ca!azes de a!ontar em 9ue n86el 9uest:es teóricometodológicas se a!resentam 5; no in8cio da segunda metade do s3culo << e continuam desafiandonos at3 os dias atuais. $artese de uma 4re6e incurs=o acerca das origens e do !rocesso de forma>=o do !ensamento, le6antando a hi!ótese de 9ue a gera>=o de conhecimento e de tecnologia de6eria !autarse no mundo contem!or?neo# serem !roduzidos em 4enef8cio do homem e da natureza. A!resentase neste as caracter8sticas do !aradigma hegem)nico da ci@ncia moderna, !retendendo a!ontar im!ort?ncia da interdisci!linaridade. iscutemse, tam43m, as condi>:es históricas e a emers=o da interdisci!linaridade a !artir dos anos /B10# um resgate histórico de teCtos cl;ssicos. $or fim, concluise a!resentando a interdisci!linaridade como cam!o do conhecimento em constru>=o, destacando a im!ort?ncia da !es9uisa cient8fica, de4atendo as diferentes ordens de desafios teóricos, metodológicos e t3cnicos 9ue dos !es9uisadores na atualidade. A ci@ncia como conhecemos ho5e só se im!:e a !artir da segunda metade do s3culo <"<# tratase de uma era na 9ual a !rodu>=o do conhecimento de6e ser, !or for>a do Dm3todo cient8fico, caracteristicamente !ositi6ista e eC!erimental# uma D4usca cient8fica de !ro6as argumentati6as, atra63s da raz=o. Este corte e!istemológico 4usca distanciarse das outras formas de conhecimento# m8tica, religiosa, senso comum e filosófica. A D6is=o continu8sta inter!reta a e6olu>=o da ci@ncia como resultado de um !rocesso e6oluti6o cont8nuo da humanidade. Fma 6is=o Deta!ista caracterizado !or Dmomentos de su!era>=o. omo o eCem!lo de Augusto onte onde o homem !assa !or tr@s eta!as# teológica& metaf8sica ou filosófica& e !ositi6a ou cient8fica. /
oir3 */BI+, !or sua 6ez, tem a !ers!ecti6a 9ue essa an;lise eta!ista n=o se sustenta, !ois ad6erte 9ue tal ru!tura ou corte e!istemológico n=o significa descontinuidade *escartes, -ale4ranche, '!inosa e Lei4niz, muitas 6ezes, n=o fazem sen=o continuar a o4ra de seus !redecessores medie6ais+. A contri4ui>=o de Lima Vaz *00+, !or sua 6ez, esta4elece e6entos intelectuais im!ortantes# Do nascimento da raz=o grega& a assimila>=o da filosofia antiga !ela teologia crist=& e o ad6ento da raz=o moderna. Neste sentido os 9uatro grandes modelos estruturantes do !ensamento do ocidente ao longo de .J00 anos s=o# o mitológico, o filosófico, o teológico e o cient8fico. Nesta mesma o4ra enuncia o 9ue considera ser os Dintelectuais org?nicos de cada 3!oca# os !oetas ins!irados *como Hes8odo e Homero+ e os s;4ios *(rfeu, $it;goras ou os sete s;4ios da Gr3cia Antiga# 'ólon, $8taco, Kuilon, Tales de -ileto, leó4ulo, ias, $er8andro+& os filósofos do mundo grego, os cl3rigos e artistas da "dade -3dia, os humanistas da Renascen>a, os cientistasfilósofos do s3culo =o no s3culo <"< e os intelectuais no mundo !osterior Re6olu>=o Mrancesa. $ara Lima Vaz *00+ o !rocesso de mudan>a !ara a ci@ncia moderna te6e seu momento decisi6o no s3culo <"""# Dentrada definiti6a da raz=o aristot3lica no uni6erso teológico crist=o& $ara %a!iassu *001+ ser=o as transforma>:es históricas no ocidente a !artir do s3culo =o do conhecimento gerado na uni6ersidade em rela>=o ao clero, !romo6ida !ela D4urguesia esclarecida e identificada com a ideia de !rogresso. No in8cio do s3culo a consiste no grande mito do Dm3todo cient8fico como 7nico detentor da 6erdade. Esta no6a racionalidade cient8fica 3 tam43m um modelo totalit;rio, na medida em 9ue nega o car;ter racional a todas as formas de conhecimento 9ue n=o se !autarem !elos seus !rinc8!ios e!istemológicos e !elas suas regras metodológicas. Esta te6e no racionalismo cartesiano e no em!irismo 4aconiano as suas !rimeiras formula>:es, 9ue se
condensam no !ositi6ismo oitocentista. $ilares da erteza da i@ncia l;ssica caracterizada como !rocesso induti6odeduti6oidentit;rio#
(rdem P conce!>=o determin8stica e mec?nica do mundo. Fma m;9uina !erfeita regida !or leis im!erati6as& *NeOton+
'e!ara>=o P !ara estudar um fen)meno 3 !reciso decom!)lo em elementos sim!les *an;lise+& *escartes+
Redu>=o P elementos do mundo f8sico e 4iológico est=o na 4ase do conhecimento 6erdadeiro& *o 9ue 3 mensur;6el, 9uantific;6el e formaliz;6el+&
Lógica Mormal# induti6odeduti6oidentit;rio. ACiomas identit;rios# identidade *A 3 A+& n=o contradi>=o *A n=o 3 A e n=o A ao mesmo tem!o+& terceiro eCclu8do *n=o eCiste um terceiro termo T 9ue se5a, ao mesmo tem!o, A e n=o A P A 3 A ou n=o A+ $ara santos */BII+, tal !aradigma consiste em um Dconhecimento causal 9ue as!ira
formula>=o de leis, luz das regularidades o4ser6adas, com 6ista a !re6er no com!ortamento futuro dos fen)menos, e a concretizar a grande 6oca>=o da ci@ncia moderna# conhecer !ara inter6ir. Este determinismo mecanicista 3 horizonte certo de uma forma de conhecimento 9ue se !retende utilit;rio e funcional, inscre6endose numa no6a ordem econ)mica e social *o estado !ositi6o de onte, a sociedade industrial de '!encer, a solidariedade org?nica de urQheim+. Neste sentido surge o !ressu!osto 9ue se Dfoi !oss86el desco4rir as leis da natureza, seria igualmente !oss86el desco4rir as leis da sociedade. Ao discutir os desafios 9ue a com!leCidade coloca ci@ncia moderna -orin a!resenta como 9uest=o nuclear os limites do conhecimento disci!linar e a im!ort?ncia da 4usca de no6as formas de entendimento da realidade, entre elas, a 4usca de um !ensamento interdisci!linar. Em alguns tra4alhos de -orin */BB1, 000, 004+ a 9uest=o 3 !ro4lematizada nos termos#
$rinc8!io da dis5un>=o *se!ara>=o+ P a elimina>=o como o45eto da ci@ncia do 9ue n=o 3 redut86el ordem, s leis gerais, s unidades elementares. "sso oculta a desordem do mundo e o !ro4lema da organiza>=o. Tiram as !ossi4lidades de estudos de fen)menos com!leCos 9ue re9uerem conce4er a unidade do m7lti!lo ou a multi!licidade do uno.
A Lógica formal P n=o admite ou com!orta o !ensamento com!leCo, a !resen>a da contradi>=o, dos !aradoCos& em suma o afrouCamento Ddial3tico ou Ddialógico das contradi>:es !resentes na realidade&
Racionalismo e em!irismo P ignora o Dentre e o Dal3m de suas fronteiras. Norteia !or uma conce!>=o !ositi6ista e o45eti6ista da ci@ncia, com leis determin8sticas, atem!orais, o!erando a !artir de categorias dicot)nicas, !or eCem!lo, homemnatureza,
ci@nciashumanidades,
o45eti6osu45eti6o,
naturezacultura,
normal!atológico, 9ualitati6a9uantitati6o. A interdisci!linaridade a!resentase, a !artir dos anos /B10, como uma im!ortante !recursora na cr8tica, e na 4usca !or res!ostas aos limites do conhecimento sim!lificador, dicot)mico e disci!linar da ci@ncia moderna ou cl;ssica. Assim o !rinc8!io 9ue esta se assenta 3 o de negar o !ressu!osto 4;sico do conhecimento Do45eti6o, de 9ue eCiste um D6azio de realidade entre as fronteiras disci!linares. 'egundo Gusdorf */B22+ a interdisci!linaridade !ro!:e integrar o conhecimento e humanizar a ci@ncia, tendo o homem como !onto de !artida e de chegada do conhecimento cient8fico. Entende 9ue a fragmenta>=o do conhecimento desnaturaliza a natureza, !or um lado, e desumaniza a humanidade, !or outro. A interdisci!linaridade 4usca res!onder, assim, a !ro4lemas gerados !elo !ró!rio a6an>o da ci@ncia moderna, 9uando esta se caracteriza como fragmentadora e sim!lificadora do real. Da sim!lifica>=o das leis constitui uma sim!lifica>=o ar4itr;ria da realidade 9ue confina a um horizonte m8nimo& Da no>=o de lei tem 6indo a ser !arcial e sucessi6amente su4stitu8da !elas no>:es de sistema, de estrutura, de modelo e, !or 7ltimo, !ela no>=o de !rocesso. Assim Do decl8nio da hegemonia da legalidade 3 concomitante ao decl8nio da causalidade *'antos,/BII, !. J2+. ( a6an>o da f8sica 9u?ntica, !or eCem!lo, rom!e com a 6is=o !ositi6ista da ci@ncia, introduzindo, segundo $o!!er */BJB+ a ideia re6olucion;ria do !rinc8!io da incerteza na ci@ncia. esse modo, desafios e!istemológicos P teóricos e metodológicos P se colocam no a6an>o da !rodu>=o de conhecimento e ino6a>=o. E a interdisci!linaridade se a!resenta na atualidade, como no6a forma de conhecimento, alternati6a ao disci!linar, mas igualmente com!lementar, e igualmente
S
ino6adora, !ro!ondo o encontro entre o teórico e o !r;tico, o filosófico e o cient8fico, ci@ncias e humanidades e ci@ncias e tecnologia. nesse sentido 9ue Nicolescu */BBB+ afirma 9ue a interdisci!linaridade a!resenta se, ao lado da disci!linaridade, da !luri e da transdisci!linaridade, como uma das DS fleCas de um 7nico arco, o arco o conhecimento Kuanto a estes 7ltimos conceitos, em /B20 hou6e um momento marcante# o " 'emin;rio so4re $luri e "nterdisci!linaridade, onde surge !ela !rimeira 6ez o termo Dtransdisci!linaridade, re!resentando uma s8ntese das !reocu!a>:es teóricas e e!istemológicas de fundo, 9ue caracteriza o mo6imento interdisci!linar. As discuss:es desse semin;rio 4usca6am refletir ou !recisar o 9ue daria es!ecificidade a cada uma dessas formas de conhecimento P multi, !luri, inter e transdisci!linar P em rela>=o ao !ensamento disci!linar. DNo estado em 9ue encontra e !ara !rogredir, a interdisci!linaridade de6eria !assar com mais fre9u@ncia de uma fase sim!lesmente afirmati6a ou descriti6a !ara um mo6imento de eCame interno e de refleC=o cr8tica. 'egundo $iaget */B2, !.I+ D...a o45eti6idade n=o reside nos fatos, mas nas rela>:es 9ue !odemos o4ser6ar na realidade& e na sua !osi>=o teóricometodológica P 9ue articula a teoria geral dos sistemas e o estruturalismo P coloca 9ue Da interdisci!linaridade cessa, assim, de ser um luCo ou um !roduto de ocasi=o !ara se tornar condi>=o mesma do !rogresso das !es9uisas. $iaget, tam43m, se contra!:e ao !ositi6ismo 9ue, na sua !ers!ecti6a, !ri6ilegia somente a an;lise dos Do4ser6;6eis assim como a Dmedida, em um mecanismo causal, le6ando desco4erta de um con5unto de leis funcionais mais ou menos gerais ou es!eciais. nessa !ers!ecti6a 9ue, !ara $iaget, a !es9uisa interdisci!linar a!resentase como uma Dfinalidade de recom!or ou organizar os ?m4itos do sa4er, atra63s de uma s3rie de interc?m4ios 9ue na 6erdade consistem de recom4ina>:es construti6as 9ue su!eram as limita>:es 9ue im!edem o a6an>o cient8fico. Este autor, al3m disso, nomeia o Dal3m do disci!linar como#
-ultidisci!linaridade# D!atamar inferior, 9uando um !ro4lema re9uer a cola4ora>=o de duas ou mais ci@ncias, sem 9ue !ara isso as disci!linas contri4uintes se5am modificadas ou enri9uecidas.
J
"nterdisci!linaridade# Dsegundo n86el, neste caso h; certa reci!rocidade dentro das trocas, de maneira 9ue ai ha5a um total enri9uecimento m7tuo.
Transdisci!linaridade# Deta!a su!erior, intera>:es ou reci!rocidades entre !es9uisas es!ecializadas ligas no interior de um sistema total, sem fronteiras est;6eis entre as disci!linas. $ara %antsch */B2, !. /02/0I+ Da interdisci!linaridade e a transdisci!linaridade
tornamse, assim, no>:escha6e !ara em!reender o ensino e as ino6a>:es na ótica dos sistemas. Neste interim, HecQhousen */B2+ 4usca es!ecificar o sentido 6ago relacionado ao termo Dinterdisci!linaridade# Dtemos 9ue antes sa4er o 9ue 3 uma disci!lina. A !artir da a!resenta>=o de crit3rios !ara a defini>=o de disci!lina, tais como a eCist@ncia de um o45eto !ró!rio& de um cam!o de conhecimento definido& de um n86el de integra>=o teórica& de m3todos !ró!rios de in6estiga>=o& de instrumentos e!istemológicos de an;lise& a!lica>=o !r;tica& e, conting@ncias históricas 9ue a dinamizam. HecQhousem 4usca esta4elecer suas rela>:es com a !ro!osta de classifica>=o da interdisci!linaridade#
"nterdisci!linaridade heterog@nea# esfor>os de car;ter enciclo!3dico P 4usca com4inar, notadamente no ensino, !rogramas disci!linares diferenciados tendo em 6ista contra4alan>ar os efeitos da es!ecializa>=o&
"nterdisci!linaridade com!osta# a!tid=o t3cnica em tomar !ro4lemas com!leCos colocados !ela sociedade como o45eto comum a 6;rias disci!linas. *fome, a degrada>=o das !aisagens, o caos ur4ano+
$seudointerdisci!linaridade#
falsa
conce!>=o
de
eCist@ncia
de
uma
interdisci!linaridade intr8nseca.
"nterdisci!linaridade auCiliar# trocas ou em!r3stimos nos m3todos e nas t3cnicas de !es9uisa entre disci!linas.
"nterdisci!linaridade com!lementar# regi:es fronteiri>as de certas disci!linas !ertencentes aos mesmos cam!os 9ue se im4ricam !arcialmente
"nterdisci!linaridade unificadora# coer@ncia cada 6ez mais estreita dos cam!os de estudo de duas disci!linas. 1
En9uanto HecQhousem se 4aseia em um conceito de disci!lina norteada !or crit3rios calcados em fundamenta>=o em!8rica, -arcel oisot, em contra!osi>=o, a!roCima sua conce!>=o de disci!lina de uma ideia !ositi6ista identificando tr@s ti!os caracter8sticos de interdisci!linaridade#
"nterdisci!linaridade linear# 9uando um fen)meno de uma disci!lina 3 legalizado !or uma lei de um fen)meno inerente a outra disci!lina, o 9ue re!resentaria uma forma de rela>=o entre elas.
"nterdisci!linaridade estrutural# 9uando a intera>=o cria um con5unto de no6as leis, gerando !ortando uma no6a disci!lina, n=o redut86el s anteriores, e normalmente as englo4ando *eCem!lo# eletromagnetismo P eletrost;tica mais as e9ua>:es de -aCOell e a relati6idade de Einstein+
"nterdisci!linaridade restriti6a# n=o h; troca de leis, nem cria>=o de um cor!o de leis !elas mesmas, h; somente a im!osi>=o de uma so4re a outra. iante disso, considerase ao in6estigador uma leitura atenta !ara identificar 9ue
!osi>:es teóricometodológicas e e!istemológicas fundamentam tais classifica>:es, e 9ue dire>=o, ou caminho, essas !osi>:es o conduzir=o em termos de ati6idades. $or sua 6ez, $almade */B22+ com!ara as !ro!ostas desses autores a outra classifica>=o 9ue re!resenta um con5unto de formas diferenciadas de !rodu>=o do conhecimento#
isci!lina# con5unto es!ec8fico de conhecimentos 9ue tem suas carater8sticas !ró!rias no !lano de ensino, da forma>=o, dos mecanismos, dos m3todos e das mat3rias.
-ultidisci!lina# 5usta!osi>=o de disci!linas di6ersas, s 6ezes sem rela>=o a!arente entre si, como a m7sica, matem;tica, história.
$luridisci!lina# 5usta!osi>=o de disci!linas mais ou menos 6izinhas em ;reas do conhecimento&
"nterdisci!lina# intera>=o entre duas ou mais disci!linas, !odendo ir da sim!les comunica>=o de ideias at3 a integra>=o m7tua dos conceitos diretores, 2
e!istemologia, da terminologia, metodologia, !rocedimentos, dados e da organiza>=o da !es9uisa e do ensino a elas relacionado.
Transdisci!lina# aCiom;tica comum em um con5unto de disci!linas. *eC# antro!ologia+. $almade a!onta, em suma, !ara uma !olissemia e !ara uma indefini>=o da
interdisci!linaridade como o45eto de !es9uisa, 9uest=o 9ue !ermanece em a4erto !ara discuss=o na atualidade. A essa altura, a 9uest=o 9ue se le6anta 3 de como a a4ordagem cient8fica se a!resentaria e em 9ue termos o tra4alho do cientista seria diferenciado do tra4alho dos filósofos da ci@ncia *$iaget, %antsch, HecQhausen, oisot e $almade+. (li6eira Milho */B21+ o45eti6a, em artigo, !ro!or uma estrat3gia de tra4alho em Dmetodologia teórica das ci@ncias sociais, diferenciando a esfera da !es9uisa cient8fica da esfera da !es9uisa metodológica. Em rela>=o a !rimeira t@mse sistemas teóricos *'.T.+ e de 6erifica>=o *'.V.+, al3m de uni6erso de !es9uisa *F.$.+ e uni6erso de disci!lina *F..+. Na outra esfera, o filósofo da ci@ncia !ossui um recurso de an;lise o Dsistema metateórico, constitu8do !or es9uemas 4ase
*E..+, relati6os n=o somente aos diferentes fundamentos ontológicos,
e!istemológicos e lógicos, mas tam43m s conce!>:es anal8tica, hermen@utica, dial3tica e !lural8stica *esta 7ltima resulta das 6arias com4ina>:es das !rimeiras+. ( es9uema de (li6eira Milho */B21+ 3 4astante heur8stico !or9ue !ermite n=o somente 6isualizar mas tam43m mais facilmente !ensar em 6;rias !ossi4ilidades de 9ue se re6este a !es9uisa interdisci!linar. A !artir das coloca>:es !odese considerar 9ue !ensar a !es9uisa interdisci!linar na sua com!leCidade e di6ersidade !ressu!:e, na atualidade, um eCerc8cio de cr8tica e de 5ustifica>=o 9ue a!roCime necessariamente o tra4alho do cientista !ro!riamente dito das refleC:es dos cientistasfilósofos, em4ora guardadas as es!ecificidades de seu tra4alho. nesse sentido 9ue considerase im!ortante o cuidado 9ue o cientista de6e ter em n=o se !ro!or a discutir de maneira ing@nua 9uest:es teóricas e e!istemológicas 9uando n=o afeitas sua forma>=o acad@mica ou !rofissional, assim como aos demais mem4ros da e9ui!e acerca da interdisci!linaridade.
I
Nesse !articular, o recurso a uma a!resenta>=o de classifica>=o tri;tica das ci@ncias e suas es!ecificidades metodológicas auCilia ilustrar como as es!ecificidades do tra4alho disci!linar se a!resentam e o lugar 9ue a interdisci!linaridade ocu!a em termos de trocas disci!linares no con5unto das ci@ncias#
Na regi=o / da figura encontramse as distin>:es conceituais e regras metodológicas mais a4stratas comuns a 6;rias ci@ncias. Nas regi:es , e S est=o as no>:es e regras metodológicas es!ec8ficas, !ró!rias, !ortanto, de cada disci!lina cient8fica, consideradas diferentes a4ordagens teóricometodológicas 9ue com!ortam. Minalmente, em J, 1 e 2 encontramse as regi:es 9ue o autor caracteriza como de cola4ora>=o entre !osturas teóricometodológicas denominandoas de Dmetodologia fundamental ou com!arada. 'e o !refiCo Dinter im!lica considerar, no cam!o da ci@ncia, notadamente o !rinc8!io das trocas teóricas, metodológicas e tecnológicas, 6ale dizer, com 4ase nas coloca>:es de Uhite */B2S+, 9ue as trocas teóricas ganham desta9ue nesse con5unto !or9ue 3 nos sistemas teóricos, conforme indica (li6eira Milho */B21+ 9ue a !rodu>=o e o a6an>o do conhecimento se manifestam como tal. Nesse sentido, identificar se os !ro4lemas s=o mais !ro!riamente de natureza cient8fica ou filosófica 3 o !rimeiro !asso !ara enfrentar !ro4lemas ou desafios teórico metodológicos no cam!o da ci@ncia. E o mais im!ortante 3 9ue !ermite cote5ar, com 4ase
B
em determinados crit3rios, 9uais os limites e as !ossi4ilidades de nossa !es9uisa concretizarse e caracterizarse como de natureza interdisci!linar. ( im!ortante a o4ser6ar como estrat3gia de tra4alho interdisci!linar *9ue 4usca trans!or fronteiras disci!linares e !romo6er trocas+ 3 dis!ormos de arsenal teórico, ou sistema teórico, 9ue com!reenda conceitos *teóricos+, hi!óteses, teorias e, !odese acrescentar modelos *teóricos+ dis!on86eis !ara isso. onsiderase 9ue a !ro4lematiza>=o de temas de !es9uisa relacionados a !ro4lemas com!leCos 3, do !onto de 6ista do !rocesso de tra4alho interdisci!linar, !onto de !artida fundamental e estrat3gico, !ois !ermitem identificar em 9ue n86el as trocas disci!linares !odem ser realizadas. $or outro lado, isso conduz a no6os desafios relacionados m3todos e s t3cnicas de !es9uisa 9ue de6er=o ser em!regados de maneira a!ro!riada. $ara o !es9uisador cient8fico n=o se trata de definir !riori a natureza e os ti!os de trocas teóricas, metodológicas e tecnológicas a realizar, uma 6ez 9ue tais necessidades se manifestam no !rocesso de tra4alho interdisci!linar. $or isso 3 im!ortante ao in6estigador cient8fico lan>ar m=o de alguns desses !rinc8!ios da interdisci!linaridade e n=o se !render, a !riori, a es9uemas definidores r8gidos, na su!osi>=o de 9ue ser=o os mesmo 9ue caracteriza>=o a natureza e as !ossi4ilidades de tra4alho interdisci!linar. Assim, guisa de conclus=o, aos descre6er as diferentes ordens de desafios teóricos, metodológicos e tecnológicos da !es9uisa cient8fica de natureza interdisci!linar, como estrat3gia heur8stica aos !rocesso in6estigati6os, considerase im!ortante a!ontar a rele6?ncia de se em!reender !es9uisas cient8ficas de natureza interdisci!linar, ao lado da9uelas de natureza metateóricas, im4u8das da !ers!ecti6a de ino6ar e contri4uir !ara esse cam!o de conhecimento em constru>=o.
Leandro -oreira da Luz 3 aluno da disci!lina Economia rasileira no $rograma de $ósGradua>=o em i@ncias Econ)micas da Fni6ersidade Estadual de -aring; P !er8odo 0//.
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