COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
WILLIAM HENDRIKSEN
Características de cada Comentário do Novo Testamento de William Hendriksen e Simon Kistemaker •
Uma tradução do texto bíblico comentado de autoria do próprio comentarista.
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Uma introdução a cada livro do NT aborda data, autoria, questões gramaticais, etc.
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Os comentários propriamente têm o objetivo de esclarecer para o pesquisador o sentido da passagem.
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Resumos ao final de cada unidade de pensamento ajudam os que preparam aulas, palestras ou sermões a partir deste comentário.
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Os esboços dos livros da Bíblia apresentam a sua estrutura orgânica. Antes de cada divisão principal são repetidas as respectivas seções dos esboços.
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Os problemas tratados em notas de rodapé permitem ao estudante continuar a sua pesquisa sem maiores interrupções, detendo-se onde e quando desejar para obter informações adicionais.
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Poucos comentários conseguem m anter consistente a sua linha teológica como o fazerh os comentários desta série. Essa coerência teológica dá segurança ao pesquisador.
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A piedade dos comentaristas transparece em cada página, ao lado de sua erudição. Os textos não são áridos, mas denotam um profundo temor de Deus. São comentários altam ente inspiradores.
João
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
João s WILLIAM HENDRIKSEN
Comentário do Novo Testamento - Exposição do Evangelho de João © 2004, Editora Cultura Cristã. Publicado originalmente em inglês com o título New Testament Commentary, Exposi tion o f the Gospel According to John por Baker Books, uma divisão da Baker Book House Company, P.O. Box 6287, Grand Rapids, M I 49516-6287. ©1953 by William Hendriksen. Todos os direitos reservados. A tradução da Escritura do texto de João é do próprio autor. As citações da Escritura, exceto as de outro modo indicadas, são da tradução de Almeida, Revista e Atualizada da SBB. 1“ edição em português - 2004 3.000 exemplares Tradução Elias Dantas Neuza Batista Revisão Valter Martins Editoração Eline Alves Martins Capa Expressão Exata
H 495e
H endriksen, W illiam O Evangelho de João / W illiam Hendriksen. - São Paulo: Editora C ultura Cristã, 2004. Tradução de Elias D antas e N euza Batista 960 p. ; 14 X 21 cm. — {Coleção C om entário do N ovo Testamento) ISBN 85-7622-031-8 1. C om entário bíblico 2. Exegese 3. Estudo Bíblico 4. Teologia bíblica. I T ítu lo II. Série. C D D 2 1 e d . 226.5
Publicação autorizada pelo Conselho Editorial: Cláudio Marra (Presidente), Alex Barbosa Vieira, André Luís Ramos, Mauro Fernando Meister, Otávio Henrique de Souza, Ricardo Agreste, Sebastião Bueno Olinto, Valdeci da Silva Santos.
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CDITOnn CUITURA CniSTA Rua Miguel Teles Júnior, 394 - Cambucl 01540-040 - São Paulo - SP - Brasil Fone (0**11) 3207-7099 - Fax (0**11) 3209-1255 www.cep.org.br -
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Superintendente-, Haveraldo Ferreira Vargas Editor. Cláudio Antônio Batista Marra
S u m á r io P refácio ...................................................................................................................................7 A breviaturas......................................................................................................................... 9 I ntrodução ao E vangf.ijho di; J oào I. A utoria. D ata e L o c a l...........................................................................................13 II. L eitores e P ro p ó s ito ............................................................................................. 49 III. C aracterísticas...................................................................................................... 55 IV. G ra m á tic a ............................................................................................................... 59 V..T em a e D iv is õ e s.................................................................................................... 93 O L vANGEU-IO SliGUNDO JoÂo E sboço dos C apítulos 1 - 6 ........................................................................................98 C apítulo I ..................................................................................................................... 99 C apítulo 2 ................................................................................................................... 155 C apítulo 3 ................................................................................................................... 177 C apítulo 4 ................................................................................................................... 207 C apítulo 5 ................................................................................................................... 249 C apítulo 6 ................................................................................................................... 283 E sboço dos C apítulos 7 - 1 0 ................................................................................... 327 C apítulo 7 ...................................................................................................................329 C apítulo 8 ...................................................................................................................365 C apítulo 9 ................................................................................................................... 413 C apítulo 1 0 .................................................................................................................445 E sboço do.s C apítulos 1 1 , 1 2 .................................................................................49D Capítulo I I .................................................................................................................491 C apítulo 1 2 .................................................................................................................535 E sboço do C apítulo 13 ............................................................................................592
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COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
Capítulo 13................................................................................................593 Esboço dos Capítulos 14-17.....................................................................644 Capítulo 14................................................................................................645 Capítulo 15................................................................................................685 Capítulo 16................................................................................................717 Capítulo 17................................................................................................751 Esboço dos Capítulos 18,19.....................................................................783 Capítulo 18................................................................................................785 Capítulo 19................................................................................................835 Esboço dos Capítulos 20,21 .....................................................................876 Capítulo 2 0 ................................................................................................877 Capítulo 2 1 ................................................................................................909 B
ib l io g r a f ia
S
B
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e l e c io n a d a eral
............................................................................... 945
..........................................................................................947
.............................................................................................................957
ATENÇÃO Para localizar neste comentário textos mencionados em notas dos comen tários de Mateus, Marcos e Lucas desta série, favor consultar antes o quadro da página 957, no final deste volume.
P r e f á c io Os meus objetivos, ao escrever este com entário, sao os seguintes: {1 ) Produzir um a tradução cuidadosa do texto. Bsta tradução deve ser feita num inglês m oderno e idiomático, e deve ser fiel ao original. Ela não deve ser um a simples píiráfrase, mas deve acom panhar o texto de um a m aneira muito próxim a, revelando suas ênfases, sem pre que seja possível. (2) Produzir um a discussão mais com pleta dos problem as introdu tórios, do que as que são encontradas na m aioria dos com entários, com uma ênfase especial nos problemas de autoria. (3) Produzir um a breve análise do texto, penetrando em seus con ceitos e relacionam entos. As passagens centrais, tais com o 3.16, serão tratadas em m ais detalhes do que as outras. (4) Produzir um a síntese, ao final de cada um a das longas unidades de pensam ento, para que as principíiis idéias de cíida parte sejam clara m ente expressíidas. Nossa análise deve ser sempre seguida por uma síntese. A exegese inclui ambas as partes. Se não for assim, a pessoa verá as árvores, mas não a floresta; ou seja, conhecerá alguns dos pontos que discutirem os, mas não terá um a idéia geral do assunto co berto em cada seção. (5) Produzir uma defesa da posição conservadora. Nós crem os que o Evangelho de João exige isso. (6) Produzir um a apresentação atualizada. Grandes avanços têm acontecido, duríinte os últimos anos, em muitas áreas do estudo do Novo Testíimento. Livros im portantes, que tratam de certas fases do assunto, tem sido ocasionalm ente escritos, bem com o excelentes artigos nas revistíis teológicas, lançando novas perspectivas sobre o sentido de certas
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palavras e expressões (ex,, Jo 2.4; 4.9). Têm sido apresentadas disser tações doutorais que tratam de conceitos que ocoirem com freqüência no quarto evangelho; esse material foi utilizado por nós. Foi preparada tam bém um a Bibliografia Selecionada, que será incluída na segunda parte desta obra. (7) Produzir um resumo com pleto de certas construções gram a ticais que ocoiTem em grande quantidade neste Evangelho. Referênci as serão feitas, ao longo do texto do com entário, a pontos importantes de gram ática e sintaxe, sem contudo encher o com entário com esse tipo de material, para evitar que alguém, que não seja instraído na língua grega, perca o interesse em lê-lo. Também tentarem os fazer justiça aos elem entos úteis na teoria aram aica, sem assum irm os que concordam os com a tese de um texto original escrito em aram aico. Estam os bem conscientes do fato de que esses objetivos não foram com pletam ente alcançados. Contudo, a recepção bondosa que tiveram nossas obras anteriores nos encorajam a este esforço. Que Aquele, cujo am or é revelado neste Evangelho, receba toda a glória. William Hendriksen
A
b r e v ia t u r a s
As letras das abreviaturas de títulos de livros são seguidas por pon tos. As de periódicos os om item. Desse m odo, é possível saber, à pri m eira vista, se a abreviatura refere-se a um livro ou a um periódico. A. Livros A.R.V.
American Standard Revised Version
A.V. B.D.B.
Authorized Version (King James) Brown-D river-Briggs, Hebrew and English Lexi con to the Old Testament Hastings, D ictionary o f Christ cmd the Gospels
D .C .G .
O ram .N.T. H .B .A I.S.B.E. L.N.T. N .N .
R.S.V.
A T. Robertson, Gram m ar o f the Greek New Tes tam ent the in Light o f H istorical Research Hurlbut, Bible Atlas (edição mais recente) Internationcd Standard. B ible E ncyclopedia T hayer's G reek-English Lexicon o f the New tes tam ent Novum Testamentum graece, organizado por D. Eberhard N estlé e D. Erw in N estlé (edição mais recente) Revised Standard Version
S.B K .
Strack e Billerbeck, K om m entar zum Neuen Tes tam ent aus Talmud und IVIidrasch
Th.W .N.T. Vv^.D.B.
Theologisches W örterbuch zum N euen Testament (organizado por G. Kittel) W estminster D ictionary o f tlie Bible
W .H .A .B
W estminster Historical Atlas to the Bible
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B. Periódicos AJTh
A m erican Journal o f Theology
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C hristian C entury
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C lassical Weekly
CQR C T hM
Church Q uarterly Review C oncordia T heological M onthly
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E van g eli cal Q ua rte rly
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G ereform eerd T heologisch T ijdschrift H ibhert Journal
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H arvard T heological Review-
Expository’ Times
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Journal o f B iblical Literature
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Journal o f T heological Studies
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Princeton T heological Review
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Revue de Théologie et de Philosophie
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Theologie und Glaube
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Verbum Domini
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W atchm an-Exam in e r
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Z eitschrift fu r die neutestam entl. W issenschaft
In t r o d u ç ã o AO E vangelho
de
João
I. Autoria, Data e Loca o Evangelho de João é o livro m ais m aravilhoso já escrito. “Tire as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.” Essa pode m uito bem ser a atitude de quem com eça o estudo deste livro pois se o testem unho contido nele é verdadeiro, a fé em Jesus Cristo, com o o Filho de Deus, recebe um a confirm ação gloriosa. A razão para isso se tornará im ediatam ente evidente. O livro nos conta que. durante os dias do im perador Tibério e do tetrarca Herodes Antipas, vivia na Palestina um judeu (4.9) cujo nom e era Jesus. Este judeu afirm ava ser o dono de todas as coisas, o Pão da Vida, a Água Viva, o Bom Pastor, aquele que daria sua vida por suas ovelhas, que ressuscitaria os mortos no último dia, o próprio M essias, o Ciiminho para Deus, o Objeto próprio da fé e adoração e um a pessoa (ào com pletam ente divina, que podia dizer: “Eu e o Pai somos u m ” . Isso é, de fato, im pressionante. M as, ainda mais m aravilhoso é o fato de que o escritor do livro aceita as afirm ações dele como ver dadeiras! Ele dá os títulos mais exaltados para o “Jesus da H istória” cham ando-o “Logos (Palavra) de D eus” , e nos conta que esta Palavra estava “com D eus” desde toda a eternidade, habitando na presença im ediata do Pai. O autor, de um a m aneira audaciosa, até m esm o o cham a Deus, e faz isso no prim eiro versículo! Para o escritor, Jesus é tudo o que alega ser. Ele é o Deus encarnado (1.1, 14). Quem é esse autor, que aceita essas reivindicações e faz essas declarações surpreendentes? Será que se trata de um total estranho, que vive num país situado muito longe das cenas que ele descreve, de modo que a distância dá encantam ento à visão? E será que ele escreve depois que já tinha se passado um bom tempo depois dos acontecim en tos, de tal m aneira que o “herói” da história foi, gradualm ente, tornan do-se um operador de milagres, e, em estrita obediência às leis da lenda c do folclore, foi finalm ente transform ado num deus? Não! O contrário é que é o caso! O autor do Quarto Evangelho é apresentado com o
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alguém que pertence à m esm a etnia, grupo e fam ília do seu “herói” . Ele é apresentado com o uma “testem unha ocular” (21.24; cf. IJo 1.1-4), que pertence não som ente ao círculo amplo de seguidores do M estre, mas, de acordo com a tradição, é um dos Doze e, dentro desse grupo seleto, é um dos três (Mc 5.37; 9.2; 14.33). M as, m esm o se alguém se opuser às referências dos Sinóticos, e desejar se lim itar apenas ao tes tem unho do Quarto Evangelho, essa pessoa terá de aceitar que o autor é apresentado com o um dos dois prim eiros discípulos (1.35,40). Essa é a conclusão natural à qual se chega, a m enos que alguém resolva ado tar 0 entendim ento im provável de que o “discípulo” de João 1.35, 40 não é 0 mesmo de 21.24. Ele, também, é o que se apresenta com o .sendo o “discípulo a quem Jesus am ava” (Jo 13.23). N inguém conhecia Jesus m elhor do que ele. Ele cam inhou com o Senhor diariam ente, tendo tido amplas oportunidades de observar suas falhas de caráter e seus defeitos de personalidade, caso existisse al gum. N a noite mais sagrada de todas, a noite da Ceia, ele reclinou-se em seu peito. Por ocasião da crucificação, ele foi o discípulo que per maneceu nas proxim idades do Calvário, tendo tam bém , posteriorm en te, entrado no túm ulo (13.25; 19.26; 20.8). No entanto, é esse m esm o discípulo que, com o autor do Quarto Evangelho, não se envergonha de proclam ar a todos que este m esm o Jesus da História, que ele tão bem conhecia, é o próprio Deus. E não som ente isso, mas já no prim eiro capítulo ele introduz outras testem unhas oculares, ao nos contar que certos hom ens ficaram tão profundam ente im pressionados com o encontro que tiveram com Je sus, que expressaram suas em oções com as seguintes palavras: André: "Acham os o M essias” . Filipe: “Acham os aquele de quem M oisés escreveu na lei, e a quem se referiam os profetas” . Natanael: “Rabi, o senhor é o Filho de Deus, o senhor é o Rei de Israel!” (1.41, 45, 49). A isso tudo podem os ainda acrescentar o testem unho de João B a tista, que tam bém se encontra registrado no capítulo primeiro: “Não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias... Eis o
INTRODUÇÃO
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Cordeiro de Deus que tira o pecado do m undo!...Eu de fato vi e tenho testificado que ele é o Filho de D eus” ( 1.27, 29, 34). Os que se opõem a esse entendim ento tradicional não podem per m itir que esse testem unho se estabeleça. Eles entendem que, se o m es mo não for contestado, terão perdido não som ente um a batalha, mas a própria guerra. O que a Alta Crítica tem a oferecer que poderia abalar esse testem unho? Como os liberais tentam provar que o Quarto E van gelho não pode ter sido com posto por um a testem unha ocular do Se nhor; que ele não foi escrito na Ásia M enor pelo idoso apóstolo .loão, com o diz a tradição? Seus argumentos podem ser resum idos com o segue:' I . Qualquer pessoa que leia a lileratura a seguir - uma seleção entre as cenlenas de obras escritas sobre este assunto -, encontrará tanto os argumentos dos críticos quanto as respos tas dadas por aqueles que se alinham com a visão tradicional, no que diz respeito à autoria do Quarto Evangelho. Nós somos devedores a todos os seguintes: Albright, W. F., From lhe Stone Age Io Cbrisrianily. Baltimore, 1940, especialm ente pp. 298-.300. Andrews. Mary E.. The Autorship and Significance o f lhe Gospel o f John. .IBL 64 ( 1945). Pl>, 183W92. Hacon. B. VV., '/'he Foiirih Gospel in Research and Dehaic. Nova York. 1910. Bernard. .1. H.. A Critical and lUegelical Comnienlary on the Gospel according m Sr. .lohn. .2 vols, {ill International Critical Coinmciilary). Nova York. 1929. Burney, C. F., The Aramaic Origin o f the Fourth Gospel. Oxford. 1922, especialmente pp. 126-152. Dods, M. The Gospel o f St. John (in The E xpositor’s Greek Testament). 2 vols., reedição Criand Rapids, ,sem data, vol. 1, especialm ente pp. 655-681. Gardner-Smith. Percival. St. John and the Synoptical Gospels. Cambridge. 1938. Godet. F., Commentary on the Gospel o f John (traduzido por T. Dwight), 2 vols.. Nova York. 1886. ' " Goguel. M.. Le Quairièine Evangile. Paris. 1924. Goodenough. E. R.. John. ,4 Primitive Gospel. JBL 64 (1945). pp. 145-182. Grosheide, F. W.. Johanne.s {in Koinmenlaar op liet Nieiiwe Testament) 2 vols. Amsterdã, 1950, especialm ente vol. I, pp. 1-42. Hoskyns, E. C., The Fourth Gospel. 2 vols.. Londres, 1940. Howard. W. F., The Fourth Gospel in Recent Criticism and hiterpretation. Londres, 1945, Howard, W. F., Christianity According to St. John, Filadélfia, 1946, especialmente pp. 11 33; também sua crítica de Hoskyns. The Fourth Gospel, J'ThS 42 (1941). pp. 75-81. Luthardt, C. E.. St. John the Author o f the Fourth Gosj>el, Edimburgo, 1875. Menoud, P. H., L 'évangile de .lean dúprés les recherches recentes. Neuchate) e Paris, 1943. Nunn, H. R V„ “The Fourth Gospel in the Early Church". EQ 16 (1944). pp. 173-191. Nunn. H. P. V.. The Fourth Gospel. An Outline o f the Problem and Evidence. Londres. 1946. Redlich, E. B.. A;i Introduction to the Fourth Gospel, Londres. 1939.
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(1) João, o apóstolo, m orreu m uito cedo para ter escrito um E vangelho em É feso, no fin a l do século 1" d.C. A evidência que apresentam é a seguinte: No C ódice C oisliniano, Paris 305, que é um dos m anuscritos das crônicas de Georgius H arm atolus, um monge que viveu no século 5° d. C., encontra-se declarado que, de acordo com Papias, o apóstolo João e seu irmão, Tiago, m orreram a m orte dos m ártires. Nós sabemos que Tiago foi m orto, por ordem de Herodes Agripa I, por volta de 44 d.C., e que Pedro sobreviveu a ele (At 12). Ora, se João tivesse sofrido o m artírio na m esm a ocasião, ele não pode ter sido o autor do Quarto Evangelho. Prova: o autor deste Evangelho sobreviveu até m esm o a Pedro (Jo 21.18-24). Essa é a essência deste prim eiro argumento. As passagens im portantes no Códice supra m encionado são as se guintes (observe as palavras que colocam os em itálico): “D epois de Dom iciano, N erva reinou p o r um ano. Foi ele quem. trouxe João da ilha, e perm itiu que vivesse em Éfeso. Ele era o único dos doze apóstolos que ainda estava vivo p o r aquela época, e, depois de com por o Evangelho que leva seu nome, fo i julg a d o digno do martírio. Papias, bispo de Hierápolis, que o conhecia pesso alm ente, diz, no segundo livro de seus Oráculos do Senhor, que ele foi m orto pelos judeus. D esse modo, juntam ente com seu irmão, ele cum priu a profecia de Cristo: “... o cálice que eu bebo, vocês beberão, e com meu batism o vocês serão batizados” . E claro que aconteceria des se modo, porque Deus não fala nada falso! Na sua exegese de M ateus, O rígenes, o muito estudioso, tam bém confirm a o m artírio de João, com base nas inform ações que havia recebido dos sucessores dos apósto los. Além do mais, Eusébio, o grande historiador, diz, em sua EclesiasRobcrts, C. H.. An Unpublished Fragment o f lhe Fourth Gospel. Manchesler, 1935. Robertson. A. T., .lohn. in Word Pictures, Nova York e Londres, 1932. vol. V. especialm en te pp. Ix-xxvii (Introdução). Robinson. J. A., The Historical Character o f St. .lolin's Gospel. Londres e Nova York. 1908. Sanday. W., The Authorship and Historical Character o f the Fourth Gospel, Londres, 1872. Sanday. W,. The Crilici.sm o f the Fourth Gospel. Oxford, 1905. Scott, E. R. The Fourth Gospel. Its Purpose and Theology. Edimburgo, 1906 Slrachan. R. H., The Fourth Evangelist. Dramatist or Historian? Londres, 1925. Streeter, B. H., The Four Gospels. Nova York. 1925. Taylor, Vicent, “The Fourth Gospel and Some Recent Criticism” , in Contemporary Thinking About .lesus (organizado por T. S. Kepler), Nova York, Nashville, 1944, pp. 99-106.
INTRODUÇÃO
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íical History:: “Pártia caiu, por sorte, para Tomé; enquanto que a Ásia caiu para João. Ali ele viveu, tendo m orrido em É feso” . Observe, antes de tudo, que apesar de esse m anuscrito declarar que João, de acordo com Papias, foi m orto pelos judeus, outros m anus critos desse autor dizem que ele descansou em paz. Em segundo lugar, esse relato tam bém não declara que João e Tia go sofreram o m artírio ao mesm o tempo. E, finalm ente, tam bém de acordo com esse testem unho, o apóstolo João é apresentado com o tendo vivido em Éfeso depois do seu retorno de Patmos. e tendo m orrido ali depois de ter escrito o Evangelho que leva seu nome. Portanto, o que acontece é que os críticos, na sua tentativa de refu tar a posição conservadora, que afirm a ter sido João o autor do Quarto Evangelho, apelam para um docum ento que declara, explicitam ente, que pelo menos esse elem ento da visão tradicional está correto! Com relação ao “m artírio” de João e Tiago, existe tam bém um manuscrito (Baroccianus 142), que foi publicado por C. De B oor (7e\:tc und U ntersuchungen, vol. 2, p. 170), e que apresenta a obra de I'ilippus Sidetus, um historiador da igreja, que viveu no com eço do 5° século. O m anuscrito contém a seguinte declaração: “Papias, bispo de Hierápoles, um discípulo de João, o Teólogo, e um com panheiro de Policarpo, escreveu cinco livros de m ensagens do Se nhor... No segundo livro, Papias diz que João, o Teólogo, e Tiago, seu irmão, foram mortos pelos judeus” . Tam bém existem antigos calendários eclesiásticos nos quais se co m em ora o m artírio com um de Tiago e João. Com relação a isso, ainda é procedente o argum ento detalhado de j. A. Robinson, The H istorical C haracter o f St. J o h n ’s Gospel, Lon dres e N ova York, 1908, pp. 64-80. Sua conclusão é a seguinte: “Não há evidência suficiente para lançar sérias dúvidas sobre a tradição universal da igreja, de que São João, o Apóstolo, m orreu em paz na cidade de Éfeso, com o um ancião de idade muito avançada. A declaração atribuída a Papias, de que João e seu irmão Tiago foram mortos pelos judeus, goza de pouca autoridade. É quase inconcebível que, se Papias tivesse realm ente dito isso, Irineu, Eusébio e outros, que
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leram sua obra, não tivessem feito neniium a referência a ela. E não é difícil de se explicar que a atribuição dessa declaração a Papias deva se a um a interpretação descuidosa. Além disso, essa contradição, isola da da tradição geral, não encontra qualquer apoio, tanto na descrição ocasional do apóstolo com o um mártir, quanto na posição da com em o ração do seu martírio, nos calendários da igreja. A palavra “m ártir” , que é um vocábulo grego com um para indicar um a “testem unha”, não era originalm ente restrita àqueles que haviam selado seu testem unho com o próprio sangue” . A respeito deste assunto, não devem os desprezar o fato de que, nos escritos antigos, várias pessoas por nom e .loão são, em muitos casos, confundidas umas com as outras. E o m esm o tam bém se aplica com relação a Tiago. Se Papias disse: “João e Tiago”, ele pode muito bem ter se referido a João Batista e tanto a Tiago, o filho de Zebedeu, quan to a Ticigo, o irmão do Senhor. Este últim o foi, de acordo com Josefo e Eusébio, “m orto pelos judeus” . Pelo m enos nós sabemos que Sidetus não está citando Papias corretam ente, pois o título -- o Teólogo - só foi usado para designar o apóstolo João m uito mais tarde. Papias com cer teza não deve tê-lo usado. Conseqüentem ente, toda a “citação” com e ça a parecer meio dúbia. Será que Sidetus realm ente leu Ptipias, ou apenas leu Eusébio, e m esm o assim o interpretou erroneam ente? C er tam ente que o título, tratado acadêmico, não pode ser dado a uma inferência (a respeito da autoria do Quarto Evangelho) baseada num a citação corrompida das palavras de um escritor (supostam ente P a pias), com reputada "pequena inteligência", cuja citação os críticos acharam num resumo da obra de um historiador impreciso! E, em relação ao calendário eclesiástico, um a das prim eiras listas cartaginesas de m ártires, diz o seguinte: Dec. 25 viii Kal. Jan. Domini nostri Jesu Christi, fllii Dei. Dec. 27 vi Kal, Jan. Sancti Johannis Baptistae, et Jacobi Apostoli, quem H erodes occidit. Aqui tam bém Tiago e João são com em orados juntos, em bora o João a quem se faz referência seja o João Batista! N um a antiga lista siríaca de m ártires, “João e Tiago, os apóstolos de .Jerusalém”, são postos ju n tos. A esse respeito, concordam os com a afirmação de W. M. Ramsay:
IN TRO DUÇÃO
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“O fato de Tiago e João, que não foram sacrificados na m esm a oca sião, serem com em orados juntos, é uma evidência m uito fraca de que João tenha sido morto, num estágio inicial, em Jerusalém ” . Essa com e m oração conjunta pode sim plesm ente indicar que Tiago e João, que eram proem inentes entre os Doze, eram tam bém irm ãos, bem com o pode ser um a interpretação equivocada da profecia de Cristo, em M ar cos 10,39, relacionada a eles. (2) E. R. Goodenough, em seu artigo “John a Prim itive G ospel” JB L 64 (1945, p. 148), afirm a que “o entendimento de que o apóstolo João escreveu o Quarto Evangelho já havia, no com eço do século 4" d.C., sido rejeitado principalm ente p o r Eusébio, que cita uma sentença de P apias na qu a l ele m enciona dois Joãos, com o s e gundo sendo não o apóstolo, mas um ancião (presbítero). A con clusão à qual Eusébio chega é que esse “presbítero” João foi o escritor do E vangelho” . Porém , 0 que é declarado nesse artigo, com relação a Eusébio, tam bém não é verdadeiro," pois esse historiador nunca disse que o “an cião” ou o “presbítero” João (para distingui-lo do apóstolo João) escre veu o Quarto Evangelho. Eusébio, definitivamente, acreditava que o apóstolo João era o evangelista. D evem os adm itir ser deplorável que ele tenha inventado um a pessoa fictícia. Nós concordam os com a declaração de T. Zahn: “Sem entrarm os em muitos detalhes, é seguro dizer que o “presbítero João” é um produto da fraqueza crítica e exegé tica de E u séb io ” {The N ew Schqff-H erzog E ncyclopedia o f R e li gious Knowledge, artigo “John the Apostle”). Não há nenhum a evi dência histórica que indique que essa pessoa tenha sequer existido. Entretanto, os críticos têm escrito inúm eras páginas acerca dessa ne bulosidade (ver, p. ex., B. H. Streeter, The Four Gospels, Nova York, 1925, cap. 14). A declaração de Papias, que confundiu Eusébio, foi a seguinte: “E eu não devo hesitar em aceitar todas as interpretações que tenho apren dido dos presbíteros, as quais devo recordar muito bem, pois estou intei ram ente seguro da sua verdade. Porque, diferentem ente de m uitos, eu não me regozijo com os que falam muito, mas sim com os que ensinam 2. Cf. R. R Casey. "Prof. Goodenough and the Fourth Gospel". JBL 64 (1945), pp. 535 542.
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a verdade; não com aqueles que recontam os m andam entos de outros, mas com aqueles que repetem os que foram dados pelo Senhor, e são derivados da própria verdade. M as, sem pre que vem alguém , que tem seguido os presbíteros, eu lhe pergunto sobre as palavras dos presbíte ros, ou seja, aquilo que André, Pedro, Filipe, Tomé, Tiago, João, Mateus, ou qualquer outro dos discípulos do Senhor tem dito, e o que Aristio e o presbítero João, os discípulos do Senhor, estão dizendo” (Eusébio, Eciesiastical H istory, III, xxxix, 3-4). A m aneira mais natural de interpretar as palavras de Papias seria entendê-las com o um a referência, em ambos os casos, ao'm esm o João (que tam bém cham a a si mesmo de “o presbítero”, em duas epístolas do Novo Testam ento, com um ente conhecidas com o 2 e 3 João). Se tiverm os em m ente que, com o a tradição cristã diz, o apóstolo João viveu até um a idade muito avançada, sobrevivendo a todos os outros apóstolos, então não é difícil entender por que Papias, depois de ter prim eiram ente incluído João no grupo de discípulos, o m enciona um a vez mais: ele, que havia dito algum as coisas enquanto os outros discí pulos ainda estavam vivos, ainda estava dizendo-as, m esm o depois da m orte deles. M as Eusébio é da opinião de que Papias estava pensando em dois Joãos, o prim eiro deles sendo o apóstolo e escritor do Quarto Evange lho, enquanto o segundo (o “presbítero”) seria o autor do livro do A po calipse. No que diz respeito ã autoria do Apocalipse, Eusébio foi clara mente influenciado por Dionísio (200-265 d.C.), cujos argumentos vigo rosos, apresentados contra o entendim ento tradicional, m erecem um estudo cuidadoso, m esm o que discordem os de suas conclusões. Será que essas conclusões deveram -se, pelo m enos em parte, à sua aversão ao quiliasm o, que estava sempre apelando para Apocalipse 20? Sobre isso, ver o livro de N. B. Stonehouse, The Apocalypse in lhe Early Church, p. 151. Porém , para o nosso propósito presente, a pergunta é: De acordo com Eusébio, quem escreveu o Q uarto Evcm gelho? A resposta se tornará evidente diante do seu com entário sobre as pala vras de Papias, que m encionam os acima. Eusébio as interpreta da se guinte m aneira (observe as palavras que colocam os em itálico): “É digno de nota que ele m encione o nom e de João p o r duas vezes, e inclua o prim eiro João com Pedro, Tiago, M ateus e os
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outros apóstolos, claram ente significando o evangelista, enquanto que, mudcuido sua declaração, coloque o segundo ju n to com os outros, que não faziam parte do número dos apóstolos, pondo A ris tio na frente dele e o cham ando claram ente de “presbítero” . Isso con firma a verdade da história daqueles que têm dito que existiram dois discípulos com o m esm o nome na Ásia, e que existem dois túm ulos em Éfeso, am bos ainda cham ados túm ulos de João. Isso cham a nossa aten ção: Porque é provável que o segundo (a m enos que alguém prefira 0 outro) viu o Apocalipse, que passa a ser conhecido pelo nom e de João (Eusébio, op. cit., III, xxxix, 5-6)” . C laram ente, então, Eusébio considera o segundo João, ou o “pres bítero”, com o tendo sido o provável autor do livro do Apocalipse. Entre tanto, é im portante que enfatizem os que ele considerava que João, o apóstolo, era o evangelista que escreveu o Quarto Evangelho. Ele expressa a m esm a convicção em III, xxiv, 5. Assim, esse apelo dos críticos a Papias falha tão com pletam ente quanto falharam os outros. A fonte para a qual os críticos apelam con firma o entendim ento tradicional! (3) Os alógios, uma seita herética da Asia Menor, atribuiu, por volta de 170 d.C., a autoria do Quarto Evangelho e do A pocalipse a Cerinto. Portanto, isso mostra que, já naquela época, havia d ú vida a respeito da autoria jocuiina.'" Esse argum ento não é tão form idável quanto aparenta. Atribuir a Cerinto um Evangelho que proclama, claram ente, tanto a divindade de Jesus com o a encarnação da Palavra (ou Logos), é absurdo, pois esses dois pontos de fé eram exatam ente os que aquela seita herética nega va. Isso seria um absurdo equivalente a tentar atribuir-se ao papa o C omentário de Gálatas, escrito p o r Luterol Os alógios, com o Epifânio sugeriu ao dar-lhes esse nome, eram os oponentes ilógicos do Evangelho do Logos, e os rejeítadores irracionais da Razão divina e pessoal. A teoria desses alógios, apesar de ser absurda, contém um elem en to de valor: ela, pelo m enos, m ostra que essa seita reconhecia que o Quarto Evangelho havia sido escrito num a data m uito antiga da história 3. Ver, por exemplo, M. Goguel, Le Quatrième Évangile. Paris, 1923, pp. 161-162.
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da igreja, pois, de acordo com a tradição, João e Cerinto eram contem porâneos. E se o Quarto Evangelho for assim tão antigo, os críticos ainda são confrontados com um enigm a insolúvel, declarado nas pági nas iniciais deste com entário. (4) A C ristologia deste E vangelho é elevada dem ais p a ra ter sido escrita p o r um. discípulo da prim eira geração de cristãos.'' Porém , este não é nem mesmo um argumento. Isso significa adm i tir com o verdadeiro algo que ainda precisa ser provado. Trata-se de um a afirm ação audaciosa, pois na verdade não existe um a única prova. Além do mais, um a pergunta pode m uito bem ser feita; A C ristologia de Paulo é m enos sofisticada e mais baixa do que esta? A resposta inques tionável pode vir da leitura de Colossenses 2.9 ou Filipenses 2.6, ou ainda da m uito perturbadora passagem de Rom anos 9.5, que, por mais que os críticos tentem, nunca conseguem ser bem -sucedidos em elim i ná-la com o um texto-prova da divindade de Cristo, E, o que dizer da C ristologia dos sinóticos? Será que ela é m enor do que esta? Leia M a teus 11.27, 28. (5) N a fo rm a com o estão registrados, os acontecim entos não apresentam progresso ou desenvolvim ento. D esde o com eço, Jesus é o M essias, o Filho de Deus. Q uase que desde o com eço, seus inim igos planejam sua morte. E difícil acreditar que um dos doze teria escrito dessa maneira. Além do mais, isso é o oposto do que se encontra nos Sinckicos. Este argum ento não faz justiça aos fatos: a. D esde o com eço, Jesus é reconhecido com o o M essias; não som ente no Quarto Evangelho, mas tam bém nos Sinóticos. Nos Sinóti cos, ele é reconhecido por João B atista (Mc 1.7, 8) e pelos dem ônios (Mc 1.24, 34; 3.11). Em João, João Batista, André, Filipe e Natanael (capítulo 1) reconhecem sua m essianidade. b. O fato de o reconhecim ento de Jesus com o o M essias e Filho de Deus receber um a ênfase m aior no Quarto Evangelho do que nos de mais se deve ao propósito declarado do autor, com o registrado em João 20.31; “para que continuem a acreditar que Jesus é o Cristo, o Filho de D eus” . D entre todos os inúm eros fatos, o escritor escolheu cuidado4. Cf. E. F. Scou, The Literature o f the New Testainent, Nova York, 1940, p. 242.
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sainente os que mais se encaixavam na execução do seu objetivo. Ele, freqüentemente, omite o que os Sinóticos já tinham registrado (ver p. 49). c. Se Jesus é realm ente o M essias, o Filho de Deus, e se seu apa recim ento, desde o com eço, produziu adm iração e assom bro (cf. Mc 1.27, 28), então não é difícil aceitar “que um dos doze tenha escrito dessa m aneira” . d. Entretanto, há um a progressão no reconhecim ento de Jesus com o 0 M essias e Filho de Deus. Os discípulos vêem mais da “sua glória” em 2.1 1 do que no capítulo 1. Se esse não fosse o caso, qual seria o propó sito de se m encionar isso em 2 .11 ? Não podem os assum ir que, inicial mente, os discípulos tenham concebido o ofício m essiânico com o sen do, até certo ponto, terreno e nacionalista? M as quando, por ocasião do m ilagre da alim entação dos cinco mil, Jesus abala as esperanças da multidão, ao m ostrar claram ente que ele não era o tipo de M essias que eles esperavam , levando muitos dos seus discípulos a abandonarem -no (Jo 6.66), Sim ão Pedro, diante da pergunta que Jesus fez aos D oze se eles tam bém o abandonariam , responde: “Senhor, para quem iremos? O senhor tem as palavras da vida eterna; e nós crem os e conhecem os tiue o senhor é o Santo de D eus” (Jo 6.67-69). Essa confissão, sob as circunstâncias ali vividas, deve ser conside rada com o um passo adiante. E la m ostra um progresso real, apesar de não elim inar os m om entos posteriores de recorrente ignorância e dúvi da. Um a confissão até mais im portante dos discípulos é feita em 16.30: “Agora, vemos que o senhor sabe todas as coisas e não precisa de que alguém pergunte ao senhor; por isso, crem os que de fato o senhor veio de D eus”. Aqui, pelo menos por um m om ento, a luz radiante do dia penetra nas nuvens de tristeza e ignorância. Os discípulos com eçam a reconhecer Jesus, num sentido ontológico, com o o Filho de Deus. A gloriosa exclam ação de Tomé: “S enhor meu e Deus m eu!” (Jo 20.28) deve ser vista à luz de todo o contexto precendente (20.24-27), no qual o Senhor ressurreto revela sua onisciência (cf. 16.30). C ontu do, m esm o nessa adoração falta a perfeição, com o João 20.29 clara mente indica. O Quarto Evangelho nos m ostra que um a m edida mais com pleta de conhecim ento, em relação à pessoa e à obra de Jesus, seria dada mais tarde, no Pentecostes e no período que se seguiria a esse acontecim ento. Nós lemos:
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“Tenho ainda m uito o dizer a vocês, mas vocês não o poderiam suportar agora; quando vier, porém , o Espírito da verdade, ele os guia rá a toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciará a vocês as coisas que hão de vir” (Jo 16.12, 13). Assim, podem os afirmar, à luz da passagem citada acim a, que o E va n g elh o d e Jo ã o , p red o m in a n tem en te, o E vangelho do p r o gresso e desenvolvim ento! À luz dessa m esm a passagem , torna-se igualm ente claro que o clí max, na confissão da divindade de Cristo, é alcançado nas declarações (ex., no Prólogo: 1.1-18) nas quais o evangelista, olhando para trás, a partir do ponto vantajoso do período pós-pentecostes, expressa sua pró pria crença com referência ao Logos. É com pletam ente verdadeiro que não se encontra um a C ristologia mais elevada, no Quarto E vange lho, do que a do texto de 1.1-5, 14, 18. Porém , essas passagens estão fora da história com o tal. Elas não podem ser usadas para provar a teoria de que não existe progresso na narrativa. Com o já m ostram os, há de fato progresso na narrativa, em bora quatro coisas devam, ser cuidadosam ente distingui.das: a. a co n s ciência m essiânica de Jesus; b. sua auto-revelação; c. o reconhe cim ento e a confissão p o r parte dos discípulos de seu ofício m e s siânico e de sua divindade; e d. a. f é do autor do livro. Em relação à consciência messiânica, nenhum desenvolvim ento, de qualquer tipo, é registrado no Quarto Evangelho. Devem os nos lem brar que esse Evangelho não descreve a infância de Jesus. No entanto, se, de acordo com os Sinóticos (Lc 2, 49), na idade de 12 anos Jesus já era consciente do fato de que Deus era seu próprio Pai, não deveria causar suipresa que em João ele seja apresentado com o falando e agindo, desde o início, com um a m ajestade divina. Com relação à sua auto-revelação - sobre a qual, ver H. N. Ridderbos, Zelfopenbaring En Zelfuerberging, K am pen, 1946, pp. 68 69; e, tam bém , G. Vos, The Self-disclosure o f Jesus, N ova York, 1926 - , a dificuldade do problem a deve ser admitida. É evidente que, en quanto nos Sinóticos a ênfase está no encobrim ento, em João, em har m onia com 0 propósito do seu Evangelho, ela é posta na auto-revelação
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de Cristo. Nos capítulos ] e 2 (1.51; 2.19), essa auto-revelação pode ser considerada não tão avançada quanto nos capítulos m ais à frente. Subseqüentem ente, .lesus é m uitas vezes apresentado no ato de reveJar seu ofício e divindade m essiânica. M as o significado com preensivo desta doutrina não pode ser revelado até a descida do Espírito Santo (16.12, 13). O m esm o tam bém se aplica às outras doutrinas concernen tes à pessoa e à obra do Senhor (13.7). Com relação à confissão dos discípulos, o progresso relatado neste Evangelho já foi indicado. Com relação à própria posição do autor, ela é sem pre a mesma, ao longo de todo o livro. e. Sem elhantem ente, com respeito ao plano para m atar Jesus, tam bém existe progresso e desenvolvim ento no Quarto Evangelho. Tam bém, a este respeito, devem os nos lem brar que o autor goza da grande vantagem da perspectiva histórica. Ao escrever m uitos anos depois dos acontecim entos registrados no livro, ele discerne o fin a l no com eço; o í^dlho no broto. Assim, ele vê a disposição de m atar Jesus, estabelecida no coração c na mente dos líderes judeus, im ediatam ente depois da aparente que bra do sábado, quando Jesus curou o paralítico, em Betesda, e chamou Deus de Pai (5.17, 18), Por ocasião da Festa dos Tabernáculos, esses líderes fizeram um a tentativa abortada de prender Jesus (7.32). Um pouco mais tarde, os judeus chegaram até m esm o a pegar em pedras para arrem essá-las sobre o Senhor (8.59). A reunião formai do Siné drio, na qual se exigiu a execução de Jesus, som ente acontecerá algum tem po m ais tarde. E la virá depois da ressurreição de Lázaro e da enor me fam a gozada por Cristo, com o conseqüência desse trem endo m ila gre. Os planos são de fato form alm ente estabelecidos por um grupo e um a assem bléia legalmente oficiais (11.47-53; cf, 12.10, 11). O julga m ento vem logo a seguir (cap. 18), e Jesus é entregue pelos judeus nas mãos dos gentios. Em tudo, essa narrativa m ostra progresso e desen volvimento. (6) Se os Sinóticos foram escritos por (ou baseados nos relatos de) testem unhas oculares, então é impossível acreditar que o após tolo João, ou q u a lq u er outra testem unha ocular, tenha escrito o
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Quarto Evangelho, pois as diferenças são m uitas e muito grandes. N ossa resposta é a seguinte; a. N ão há contradição quanto à doutrina. A inda está para ser dem onstrada a existência de qualquer diferen ça doutrinária entre os Sinóticos e João. Certam ente, a abordagem é diferente. Os Sinóticos indicam que este hom em , cham ado Jesus, o profeta de Nazaré, é o M essias, o Filho de Deus. O Quarto Evangelho, por outro lado, ensina que o Filho de Deus tornou-se encarnado. Essas duas idéias se encaixam de m aneira bela e perfeita. b. O esquem a geral dos acontcim entos é tam bém o m esm o em am bos os casos. Em ambos, somos introduzidos ao m inistério de João Batista. Em ambos, Jesus é retratado com o A quele que fala a grandes m ultidões e opera m ilagres. Em am bos os casos, ele alim enta os cinco mil e cam inha sobre a água. Ele tam bém se retira do meio da m ultidão que o havia rejeitado, e ensina seus discípulos. Em ambos, ele entra triunfantem ente em Jerusalém e é ungido em Betânia. Ele é tam bém descrito com o participando de um a refeição com seus discípulos, durante a qual o traidor. Judas, foi indicado. Em ambos, ele adverte seus discípulos contra a deserção e, subse qüentem ente, entra no Getsêmani. Logo a seguir, am bos os textos rela tam sua prisão e seu julgam ento diante de (Anás, em João, e depois) Caifás. Tam bém relata-se em ambos a negação de Pedro, o julgam ento perante Pilatos, a cracificação, a vigília das m ulheres e a visita delas ao túm ulo, do qual o Senhor havia ressuscitado. A lgum as vezes tem -se feito um a tentativa de reduzir a sem elhança entre os Sinóticos e João a dois blocos de pensam entos; o material contido em João 6 e a história da sem ana da Paixão, que com eça no capítulo 18. M as isso não é justo, pois, antes de tudo, a sem elhança entre João 1.32, 33 e M arcos 1.10 é notável. Além disso, a unção em B etânia e a entrada triunfal em Jerusalém são relatadas em João 12, e tam bém encontram -se nos Sinóticos (Mc 14; M t 21; Mc 11; Lc 19). O cenário histórico para os acontecim entos que envolvem a C eia do Se nhor e os discursos da Ceia encontra-se em M arcos 14.12-18, ou seja,
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num dos Sinóticos. Portanto, quem ainda não fechou a mente para a possibihdade de os Sinóticos e João estarem se referindo à m esm a Ceia, verá que o material que se encontra nos capítulos 13-17 de João encai xa-se no quadro de M arcos. E, mesmo o M inistério Inicial na Judéia, de João 2.13-4.42, e o M inistério Posterior na Judéia, de João 7.1-10.42, não conflitam com nada que se encontra nos Sinóticos. Será que M a teus 23.37-39 não está até m esm o sugerindo que houve um a extensiva atividade na Judéia? E Lucas 4.44, de acordo com a interpretação que é apoiada pelos m elhores m anuscritos, não ensina que Jesus estava pregando nas sinagogas d ã J u d é ia l Cf. tam bém Lucas 5.17, que pres supõe que os fariseus e doutores da lei haviam tom ado conhecim ento das ações de Cristo na Judéia. E, por outro lado, não é possível que João 2.12; 4.43-54 e o capítulo 6 m ostrem que o Quarto Evangelho perm ite a existência das atividades de Cristo na Galiléia? c. A s “palavras de J e s u s”, conform e se encontram nos Sinóti cos, não são in co n sisten tes com. a quelas registradas no Q uarto ilva n g elh o . O.s Sinóticos diferem, em m uitos aspectos, do Quarto Evangelho, com o poderem os ver abaixo. Isso é tam bém aparente nas palavras e no.s discursos de Jesus. M as as diferenças não são fundam entais. O tom das palavras e dos discursos m encionados em João não é, em hipó tese nenhum a, inconsistente com o tom do registro encontrado nos Si nóticos. E é a inconsistência, e não m eram ente a diferença, que os críticos devem provar, se quiserem que seu argum ento seja considera do. Usando a tradução Revista e A tualizada para esta lista, o que real m ente encontram os, é o seguinte: JOÃO: 3.3: “A islo, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode
Mateus 18.3: “E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes com o crianças, de
ver o reino de Deus”.
modo algum entrareis no reino dos céus”.
3.5: “ ...Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de
M arcos 10.23: "Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm
Deus”.
riquezas” .
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4.35: “N ão dizeis vós que ainda há quatro m eses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: Erguei os olhos e vede os cam pos, pois já branqueiam para a ceifa”,
M ateus 9.37: “E então se dirigiu a seus discípulos: A seara na verdade é gran de, m as os trabalh ad o res são p o u co s” .
3,35; 10.15; 14.6: “O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas m ãos...O Pai m e conhece a mim, e eu conheço o Pai;... Eu sou o cam inho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por m im ” .
M ateus 11.27,28: “Tudo me foi entre gue por m eu Pai. N inguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhe ce o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos os que estais cansados e so brecarregados, e eu vos aliviarei” .
5.8, 9: “L evanta-te, tom a o teu leito e an d a.”
M arcos 2.9 (num a ocasião diferente): “Levanta-te, tom a o teu leito e anda?”
5,35,36: “Ele (João Batista) era a lâm pada que ardia e alum iava... M as eu tenho m aior testem unho do que o de Jo ão ” .
M ateus 11.11: “Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu m aior do que João Batista; mas 0 menor no reino dos céus é maior do que ele” .
5.39: “Exam inais as Escrituras, por que julgais ter nelas a vida eterna, e são elas m esm as que testificam de m im ”.
Lucas 24.44, 45: “Imporrava se cu m prisse tudo o que de mim está escrito na Lei de M oisés, nos Profetas e nos Salm os. Então, lhes abriu o entendi m ento para com preenderem as E scri turas".
6.20: “Sou eu. N ão tem ais!”
M arcos 6.50: “Tende bom ânimo! Sou eu. N ão tem ais!”
6.44-46: “N inguém pode vir a mim se o Pai, que m e enviou, não o trouxer; e eu 0 ressuscitarei no último dia... Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem v isto ” .
M ateus 1 1.27, 28: citado acima.
8.12; 12.36: “Eu sou a luz do mundo... E nquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz” .
M ateus 5.14-16: “V ós sois a luz do m undo...A ssim brilhe tam bém a vos sa luz diante dos hom ens, para que vejam as vossas boas obras e glorifi quem a vosso Pai que está nos céus” .
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12,25: “Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida nes te m undo preservá-la-á para a vida eterna” .
Lucas 9.24: “pois quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; quem perder a vida por m inha causa, esse a salvará” .
12.27: “A gora está angustiada a m i nha alma, e que direu eu? Pai, salvam e d esta hora? M as p recisam ente com este p ro p ó sito vim p ara esta hora” .
M ateus 26.37, 38; “E...com eçou a en tristecer-se e a angustiar-se. Então, lhes disse; A m inha alm a está profun dam ente triste até à m orte” . Cf. tam bém Lucas 12.50.
13.16, 20: “Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é m aior do que seu senhor, nem o enviado, m aior do que aquele que o enviou... em ver dade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim m e recebe; e quem me recebe recebe aquele que m e en viou” .
M ateus 10.24, 40; “O discípulo não está acim a do seu m estre, nem o ser vo, acim a do seu senhor... Q uem vos recebe a m im m e recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou” .
1.13S: “Em verdade, em verdade te digo t|iic Jam ais cantará o galo antes que inc negues três vezes” .
M ateus 26.34; “Em verdade te digo que, nesta m esm a noite, antes que o galo cante, tu me negarás três vezes” .
É verdade que .Tesus, nos Sinóticos, m uitas vezes fala por parábolas. O m esm o não acontece em João. Mas, é realm ente tão estranho assim que ele, que declarou as palavras do reino conform e se encontram em João 3.3-5, possa tam bém contar as parábolas do reino? E deve a figura do Bom Pastor, em João 10, ser considerada com o im possível de ter sido dita pela boca daquele que contou a parábola da ovelha perdida, em Lucas 15? 10.27, 28; “As m inhas ovelhas ouvem a m inha voz; eu as conheço, e elas m e seguem . Eu lhes dou a vida eterna; Jam ais perecerão, e ninguém as arre batará da m inha m ão” .
Lucas 15.3-6; “Então lhes propôs Je sus esta parábola; Qual dentre vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo um a delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrála? A chando-a, põe-na sobre os om bros, cheio de Júbilo. E, indo para casa, reúne os am igos e vizinhos, dizendolhes: A legrai-vos com igo, porque Já achei a m inha ovelha perdida” .
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d. N ão fo i provado, nem m esm o nos detalhes secundários, que o Quarto E vangelho esteja em conflito com os Sinóticos. Tem -se afirm ado que, com base em João 13.1, 29 e 18.28, o Quarto Evangelho está em conflito com os Sinóticos, os quais, claram ente en sinam que Jesus com eu a Páscoa no tempo norm al (M c 14.12; Lc 22.7). M as seria de fato muito estranho se a ceia descrita em João 13, que é diferente de um a m aneira notável e que, em relação à qual, houve tantos acontecim entos im portantes, não fosse a ceia normal da Páscoa que foi servida na quinta-feira à noite, o dia quatorze do mês de Nisan. De fato, a com binação; “antes da Festa da Páscoa” (v. 1), seguida por; “D urante a ceia” (v. 2), parece indicar que a refeição aqui indicada é a C eia da Páscoa. Quando se argum enta que essa Ceia da Páscoa, em harm onia com Núm eros 28.16, 17, era seguida por sete dias de cele bração, e particulam ente pelo banquete juhWoso da Páscoa (no décim o quinto dia de Nisan), o que se está tentando é encontrar um a solução para a últim a cláusula de 18.28. Q ualquer que seja seu m érito, ela pelo m enos se apresenta com o sendo m ais razoável do que a teoria de que o Quarto Evangelho devota um espaço exagerado - cinco capítulos! - , bem com o confere m uita im portância a um a ceia que, supostam ente, foi com ida na noite anterior à grande C eia da Páscoa. De acordo com João 19.14, era cerca da hora sexta quando Pila tos levou Jesus para fora e sentou-se na cadeira do juízo, num lugar cham ado Gábata. De acordo com M arcos 15.25, Jesus foi crucificado por volta da hora terceira. Não precisam os concluir precipitadam ente que existe um conflito aqui. Um a solução razoável é a seguinte: João descreve a m aneira rom ana de m edir o tempo, contando as horas que vão da m eia-noite ao meio-dia, assim com o o fazem os no dia de hoje (D. C. G , art. “H our”). Portanto, quando ele diz “hora sexta”, essa indicação poderia significar algo entre seis e seis e m eia da manhã. Por outro lado, o evangelista M arcos m ede o tempo de acordo com a m a neira judaica, e portanto nos inform a que Jesus foi crucificado cerca de três horas depois do nascer do sol. Essa solução não som ente resolve o aparente conflito, com o tam bém , um a vez adotada, ajuda a tornar cla ras outras passagens do Quarto Evangelho. Ver as explicações de 1.39; 4 .6 ,5 2 ,5 3 . (7) Os argum entos de m enor importância, geralm ente muito sub
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jetivos em caráter, e que portanto não exigem um a refutação detalhada, são os seguintes: a. Um ju d e u de nascim ento não p oderia ter escrito de m odo tão injurioso a respeito dos próprios judeus, apresentando-os como os próprios inim igos de D eus (5.18; 7.1; 9.22). A lém do mais, ele não usaria o pronom e na terceira p esso a ao se referir a eles. A resposta que dam os é a seguinte: Q uando o apóstolo João escreveu esse Evangelho, os judeus, com o um a nação, tinham rejeitado o Cristo. Além do mais, os que inicialm ente haveriam de ler este livro eram , em sua grande m aioria, cristãos gentios. É portanto natural que, ao escre ver a eles, o autor use a terceira pessoa em referência aos judeus. b. Um discípulo de Jesus não atribuiria a Cristo o mesm o estilo de discurso que ele mesm o [o discípulo] usaria. Resposta: A pesar de ser, em alguns casos, difícil de determ inar onde Jesus term ina e João com eça (ver, p. ex., 3.16-20; 12.44-50), esse fato não deveria nos cau sar nenhum a surpresa. Nós deveríam os nos lem brar que o autor era o discípulo a quem Jesus amava. Ele estava tão próxim o de Jesus que com eçou a pensar com o Jesus, a falar com o seu M estre e a escrever IR) mesmo estilo usado por ele. c. Se o apóstolo João escreveu o Apocalipse, ele não pode ter escrito o Evangelho, pois os dois são m uito diferentes, não som en te em conteúdo, m as também nas características de linguagem. Para sugestões de possibilidades de solução para este problem a difícil, ver o livro. M ore than Conquerors, de m inha autoria (Grand Rapids, M ich, 1940; pp. 17-19. Ver tam bém p. 37). Tudo o que deseja mos dizer a este respeito é que durante o tempo em que morou em Éfeso e escreveu o Evangelho, João pode tam bém ter tido auxiliares que, sob a orientação do Espírito Santo, e sujeitos à aprovação final do apóstolo, que assum ia responsibilidade pelo conteúdo e influenciava, até certo ponto, o estilo e a fraseologia, o ajudaram em seus escritos. Cf. 21.24. A ausência desses ajudadores, quando ele escreveu o Apo calipse, pode explicar, pelo menos em parte, as diferenças lingüísticas (cf. A. T. R obertson, Word Pictures in the New Testament, N ova York e Londres, 1932, vol. V, p. xix). De qualquer maneira, a menos que conheçam os com pletam ente todas as circunstâncias envolvidas na con fecção de cada livro, seria precário dizer, de form a categórica, que.
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quem quer que tenha escrito o Apocah'pse, não pode ter escrito o Q uar to Evangelho. A credito que já dissem os o suficiente a respeito da inadequação dos argum entos apresentados pelos críticos. A respeito da suposição de que o Evangelho de João foi escrito por último, e que seu propósito difere do dos Sinóticos, o principal problem a já foi resolvido, pelo m enos em grande parte. De acordo com as inform ações fornecidas pelo próprio Evangelho, o autor dele era: (1) Vm judeu: a. Isso é evidente pelo estilo. Ver p. 92. b. Isso tam bém é provado por seu grande conhecim ento e fam ilia ridade com o Antigo Testam ento, o qual ele é capaz de citar, tanto diretam ente do texto hebreu quanto da Septuaginta. Ver as seguintes passagens: 2.17; 10.34, 35; 12.40; 13.18; 17.12; 1 9 .2 4 ,2 8 ,3 6 , 37. c. Esse fato é corroborado por suas referências às crenças ju d ai cas (e sam aritanas), particularm ente as que se referem ao M essias: ] .41, 4 6 ,4 9 ; 4.25; 6.15; 7.27, 42; 12.34. d. Ele é apoiado pela evidência que indica que o autor conhece as condições políticas e religiosas da Palestina: 4,9; 7.35; 11.49; 18.13,28, 31, 39; e, tam bém as festas e os rituais de purificação judaicos, a saber: A Páscoa: 2.13, 23; 6.4; 13.1; 18.28, talvez tam bém 5.1; a Festa dos Tabernáculos: 7.2, 37, 38; a Festa da Dedicação: 10.22, 23. Ver tam bém 3.25; 11.55; 12.12; 18.28,39; 19.31. e. Isso explica a m aneira natural e fácil pela qual o autor introduz os costum es judaicos, praticados em casam entos e funerais: 2.1 - 10; 11.38, 44, 19,40. (2) Vm ju d eu da Palestina. Ele tem um conhecim ento detalhado da topografia da Palestina: 1.28,cf. l l . l ; 2 . l , 1 2 ;3 .2 3 ;4 .1 1 ,2 0 ; 11.54; 12.21; particularm ente, de Jerusalém e sua vizinhança im ediata: 5.2; 9.7; 11.18; 18.1; 19.17; e do Templo: 2.14, 20; 8.2; 10.22,23; 18.1,20, (3) Uma testem unha ocular. Com o tal, ele se lem bra da data dos acontecim entos, e algum as
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vezes até m esm o a hora exata dos mesmos: 1.29, 35, 39; 2.1; 3.24; 4.6, 40, 52, 53; 6.22; 7.14; 11.6; 12.1; 13.1,2; 19.14, 31; 20.1, 19,26. Ele sabe que Jesus estava exausto quando se assentou junto à fon te (4.6); recorda as palavras ditas pelos vizinhos do hom em que tinha nascido cego (9.8-10); ele próprio viu o sangue e a água que saiu de ura dos lados de Jesus, perfurado pela lança de um dos soldados (19.33 35); sabe o nom e do servo do sum o sacerdote, cuja orelha foi decepada por Pedro (18.10); e tam bém conhece o sumo sacerdote (18.15). Es ses, e muitos outros detalhes, claram ente m ostram que o autor foi um a testem unha ocular dos acontecim entos que registrou em seu livro. (4) Um dos Doze. O fato de ter participado da C eia com seu Senhor m ostra que ele deve ter sido um dos Doze (13.23). Sua relação m uito próxim a com Pedro aparentem ente prova isso (1.35-42; 13.23, 24; 18.15, 16; 20.2; 21.20-23). O conhecim ento íntim o das ações, das palavras e dos senti mentos dos apóstolos aparentem ente revela que o autor era um deles: 17, 22; 4.27; 6.19; 12.16; 13.22, 28; e 21.21. E se alguém ainda pode dizer que não está convencido de que, em todos esses casos, os discí pulos, cujas reações são m encionadas, pertencem ao grupo íntimo do Senhor, e portanto a inferência que poderíam os tirar não é com pleta mente convincente, nós cham am os sua atenção para outras passagens, onde a referência é claram ente aos “D oze” : 6.66-71; 20.24-29. O autor sabe, com exatidão, o que foi dito na intim idade do grupo. A conclusão inescapável é que ele pertence ao círculo íntimo dos discípulos. Note também que em 1.35-51 um discípulo anônim o é mencionado, juntam ente com André, Sim ão Pedro, Filipe e N atanael, todos eles per tencendo aos Doze. (5) O A póstolo João. E sta é certam ente a inferência m ais natural de todos os fatos apre sentados. Devem os notar que o autor, apesar de m encionar outros após tolos por nome, nunca indica, de um a m aneira distinta, João ou seu irmão Tiago. Esse fato é im portante, e parece apontar para a direção da identidade do escritor. Se aplicarm os um processo elim inatório, não será difícil de respon der à pergunta sobre quem é o autor deste Evangelho.
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H á um a antiga rim a que ajuda a lem brar o nom e dos doze (cf. Mt 10.2-4; M c 3.16-19; Lc 6.14-16; At 1.13): “Pedro e André, Tiago e João, Filipe e Bartolomeu, M ateus e tam bém Tomé, Tiago o M enor, e Judas o M aior, Sim ão 0 Zelote, e Judas o Traidor” , Como o Quarto Evangelho tam bém fala a respeito dos “Doze” (6.67, 70, 71; 20.24), podem os assum ir que estejam se referindo ao m esm o grapo de hom ens. Qual deles foi o autor? Obviam ente, podem os elim inar Judas, o traidor, im ediatam ente. Sem pre que o autor o menciona, o cham a por seu nome (6.71 ; 12.4; 13.2, 2 6 ,2 9 ; 1 8 .2 ,3 ,5 ). Com parando 21.24 com o versículo 20, nós aprendem os que o es critor é 0 discípulo que se reclinou sobre o peito de Jesus durante a Ceia. Definitivam ente, ele não é Pedro, de quem é distinguido. Isso ainda deixa outros dez discípulos para escolher. Entretanto, o nom e de M ateus pode ser elim inado im ediatam ente, pois ele é associado com outro Evangelho. A seguir, um a pergunta pre cisa ser feita: Será que o autor do Quarto Evangelho, que é o amigo m ais íntim o do Senhor (13.23), seria um discípulo mais ou m enos obs curo, com o Tiago o M enor (o filho de Alfeu), ou Sim ão o Zelote? Judas (cham ado o “M aior” na rima, mas “Judas de Tiago”, “L ebeu”, “Tadeu” e “Judas, não o Iscariotes”, nas referências das Escrituras), e tam bém Tomé (também chamado Dídimo) são mencionados pelo nome no Quarto Evangelho (14.5, 22). Isso os distingue claram ente do autor, que não é nomeado. Assim, ainda restam os nom es de Tiago, João, André, Filipe e B ar tolomeu. João relata com o Filipe levou Natanael a Jesus, e nas listas dos Doze, nos outros três Evangelhos, Filipe e Bartolom eu são sempre m encionados juntos. João nunca m enciona Bartolom eu; os Sinóticos nunca m encionam Natanael. E assim é m uito provável que o Natanael de João seja o B artolom eu de M ateus, M arcos e Lucas, com Natanael sendo seu nom e principal, e B artolom eu indicando seu relacionam ento
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l'ilial, que significa filho de Tolmai (cf. C. E. M acartney, O fth e m He Chose Twelve, Filadélfia, 1927, pp. 63-64). E se o discípulo sem nom e é a m esm a pessoa em todo o Evangelho, nós o encontram os tam bém em 1.35-51. Aí ele é claram ente distinguido de A ndré (v. 40) e de Si mão Pedro (vs. 4 1 ,4 2 ), cujo nom e já elim inam os com base na inform a ção fornecida pelo capítulo 21, de Filipe (vs. 43, 44) e de N atanael (B aitolom eu, vs. 45-51 ), Subtraindo tam bém os nomes de André, Filipe e Natanael, som ente restam Tiago e João. No entanto, é claram ente evidente, em 21.19-24, que 0 autor do Quarto Evangelho estava ainda vivo e dando testem u nho quando o livro foi publicado pela prim eira vez (note o tem po pre sente, no versículo 24), apesar de Pedro já ter recebido a coroa do m artírio (v. 19). E apesar de saberm os que Pedro sobreviveu a Tiago (At 12), este últim o não pode ter escrito o Quarto Evangelho. Assim, resta o apóstolo João. Devemos observar que, na argum entação que tem os desenvolvido, lemos baseado nossa conclusão inteiram ente nos dados fornecidos pelo próprio Quarto Evangelho. U m a com paração com os Sinóticos confir ma nossa conclusão. Aprendemos em João 1.35-40 que o autor do Quarto I ivangelho foi um dos primeiros discípulos de Cristo, com os outros dois sendo André e Sim ão Pedro. O Evangelho de M arcos tam bém tem uma lista dos prim eiros discípulos (1.16-20, 29). N ela são m encionados quatro nomes: Simão, André, Tiago e João. Ao com pararm os as duas listas, fica mais uma vez evidente que o discípulo “sem nome”, do Quarto Evangelho, é um dos filhos de Zebedeu. As tentativas feitas para dim inuir a força desses argum entos de vem ser consideradas deficientes. Elas freqüentem ente se centram no fato de que em 21.2 há um a menção a “dois outros discípulos” (além de Simão Pedro, Tomé, Natanael e os filhos do Zebedeu). Os que advo gam essas tentativas dizem que esses ”dois” podem não ter pertencido ao grupo dos Doze, e que um deles - talvez o presbítero João? - pode 1er sido o autor. M as todo esse arrazoado não consegue captar por com pleto o ponto central, por não levar em conta todas as evidências que apresentam os nas páginas anteriores. Além do mais, essa argum entação não ajuda em nada, pois mesm o que 0 autor não tenha sido o apóstolo João, e sim algum discípulo obs
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curo m encionado em 21.2, perm anece o fato de que ele era um a tes tem unha ocular que, de acordo com a história relatada em João 21, h avia visto o Senhor ressurreto e proclam ou à igreja de todas as épo cas que Jesus é o que afirm ou ser D eus no sentido m ais com pleto do term o (1.1-18), havendo sido reconhecido com o o M essias, o Filho de Deus, por seus prim eiros discípulos. Com o isso é possível? Com o isso pode ser explicado psicologicam ente? Em últim a análise, há som ente um a solução com pletam ente satisfatória para este problem a, e ela é que Jesus é de fato o que ele m esmo disse ser; O M essias, Filho de D eus e objeto de nossa adoração. Q uando se aceita com o verdade o testem unho dele e dos outros discípulos, os problem as com eçam a de saparecer. O testem unho da igreja prim itiva está em harm onia com a conclu são apresentada pelo próprio Quarto Evangelho. Eusébio, depois de fazer um a investigação com pleta da literatura à sua disposição, diz; “Venham, vamos indicar os escritos inquestionáveis desse apósto lo. D eixem os que o Evangelho escrito por ele seja prim eiro reconheci do, pois é lido em todas as igrejas debaixo do céu... Assim João, no curso do seu Evangelho relata o que Cristo fez antes de o B atista ser lançado na prisão, enquanto os outros evangleistas narram os aconteci m entos posteriores ao aprisionam ento de João B atista” {História E cle siástica III, xxiv, 1-13). O fam oso historiador escreveu essas palavras no com eço do século 4°. Antes dele, Orígenes (ativo entre 210-250) declarou que João, o discípulo am ado, escreveu tanto o Quarto Evangelho quanto o A poca lipse. O rígenes escreveu um com entário do Evangelho, no qual diz; “Os Evangelhos são quatro, apesar de que aquele que eu considero o mais im portante deles ser o m esmo que você (Am brósio) recom en dou-m e pesquisar, de acordo com minhas capacidades - o Evangelho de João ...” {C om entário de João I, vi). No m esm o parágrafo, ele indica que o autor do Quarto Evangelho é o m esm o João “que se recos tou no peito de Jesus”. De O rígenes podem os voltar ainda m ais no tem po e consultar C le m ente de A lexandria (ativo entre 190-200), o professor de Orígenes. Ele conhecia som ente um João, e este era o apóstolo. A lém do mais, ele definitivam ente atribui ao apóstolo João a autoria do Evangelho;
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“Por fim João, percebendo que os fatores externos estavam bem claros nos Evangelhos, atendendo aos pedidos dos seus am igos, e inspi rado pelo Espírito, com pôs um Evangelho espiritual” (Eusébio, H istó ria Eclesiástica VI, xiv, 7). C lem ente preservou um a bela história so bre 0 ancião apóstolo João; para referência, ver p. 49, Nascido em m eados do século 2°, Clem ente sem pre perm aneceu perto dos suces sores dos apóstolos, Ele foi um a pessoa de um conhecim ento conside rável, tendo tam bém viajado extensivam ente. Por volta dessa m esm a época, Tertuliano atribuiu o Quarto E van gelho ao apóstolo João {Contra M arcião IV, v). Irineu foi contem porâneo de Clem ente. Ele foi um discípulo de Po licarpo que, por sua vez, havia conhecido o apóstolo João. N um a carta para Elorino, que tam bém havia recebido instrução de Policarpo, mas havia se afastado da verdade, Irineu declara; “Essas opiniões, ó Florino, e eu falo com cuidado, não indicam um a boa doutrina. Elas são inconsistentes com a igreja e conduzem aqueles que acreditam nelas para a m aior das iniqüidades. M esm o os hereges lio lado de fora da igreja nunca ousaram expressar tais opiniões. Tam bém os presbíteros que serviram antes de nós, e que acom panharam os apóstolos, não lhe transm itiram essas opiniões. Pois quando eu ainda era um gai'oto, e o conheci na Á sia Menor, na casa de Policarpo, onde você era um hom em de posição no átrio real e desejava perm anecer de bem com ele. Eu relem bro os acontecim entos daqueles dias muito mais claram ente do que os que os recentes, pois o que aprendem os com o criança cresce com nossa alm a e se une a ela. Assim, eu posso falar até m esm o do local onde o bem -aventurado Policarpo sentou-se e ar gum entou. Lem bro-m e de com o ele entrou e saiu, o caráter de sua vida, a aparência do seu corpo, o sermão que pregou para o povo, a m enção que fez do seu relacionam ento com João e com os outros que linham visto o Senhor. Recordo tam bém a m aneira com o relem brou suas palavras e as coisas relacionadas com o Senhor que ouviu deles, bem com o seus m ilagres e ensinos, e com o Policai-po havia recebido tais palavras e ensinos das testem unhas oculares, que tinham visto a Palavra da Vida e registrado todas estas coisas, de acordo com as Escrituras” (Eusébio, H istória Eclesiástica V, xx, 4-7). E Irineu que tinha viajado da Á sia M enor para a Gália, e m antinha
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freqüentes contatos com a igreja em Roma, não som ente conhecia o Quarto Evangelho com o tam bém atribuía, definitivam ente, sua autoria a João. Esse testem unho, vindo de alguém que havia sido um discípulo de um dos discípulos de João, não pode ser desconsiderado. Além do mais, devido às suas muitas viagens, e ao seu conhecim ento íntimo com quase toda a igreja dos seus dias, o que Irineu diz a respeito da autoria do Quarto Evangelho deve ser levado em conta com o algo de grande significado. Sua voz, num assunto de tanta importância, pode ser consi derada com o a voz da igreja. Suas palavras, registradas por Eusébio, são: “Então João, o discípulo do Senhor, o mesmo que havia reclinado sua cabeça sobre o peito do Senhor, durante o tempo em que viveu em Éfeso, na Ásia, nos deu o Evangelho” {História Eclesiástica V, viii, 4). O próprio Irineu argum enta que só podem existir quatro Evange lhos {Contra Heresias III, xi, 8). O Fragm ento M uratoriano, que apresenta um a lista incom pleta dos livros do Novo Testam ento, escrito num latim pobre e que derivou seu nom e do cardeal L. A. M uratori (1672-1750), que o descobriu na B iblioteca A m brosiana de M ilão, pode ser atribuído ao período entre 180-200 d.C. Ele contém o seguinte: “O quarto livro do Evangelho é o de João, um dos discípulos. R es pondendo a exortações dos seus amigos, discípulos e bispos, ele disse; ‘Jejuem com igo por três dias, e então deixem os que cada um conte aos outros tudo 0 que deve ser revelado a cada u m ’, N aquela m esm a noite foi revelado a André que João, um dos apóstolos, deveria relatar, em seu próprio nom e, o que eles coletivam ente relem bravam , E assim não há discórdia para a fé dos crentes, m esm o apesar de que, em cada um dos Evangelhos, são m encionados diferentes seleções de fatos, visto que, sob a orientação de um m esm o Espírito, todas as coisas relaciona das com sua natividade, paixão, ressurreição, conversas com os discí pulos e seu advento duplo: o prim eiro em sua hum ilhação, e o segundo em seu glorioso poder real, que ainda está por acontecer, foram decla radas. É m aravilhoso, pois, que .loão coloque estas várias coisas, de um a form a tão consistente, em suas epístolas, dizendo: ‘O que temos visto com nossos próprios olhos, o que contem plam os, e nossas mãos apalparam com respeito ao Verbo da vida... anunciam os tam bém a vós
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outros’. Portanto, dessa m aneira ele professa ser não som ente uma testem unha ocular, mas também um ouvinte e narrador de todas as coisas m aravilhosas do Senhor” . Im agina-se que o fragm ento seja um a tradução do grego, e que tenha se originado em Rom a, ou pelo m enos na região sob a influência romana. Para o nosso objetivo, é im portante que observem os que o discípulo .loão, que com o André era um dos apóstolos, é apresentado com o sendo o autor do Quarto Evangelho. A história interessante sobre a exata origem desse Evangelho deve ser considerada lendária, pois é certam ente improvável e contrário a todas as tradições que os outros discípulos tenham vivido até aquela época, quando o Evangelho foi pro duzido. Por essa m esm a razão, é m uito im pradente, em bora já tenha acontecido em alguns casos, tirar qualquer inferência dessa história. Isso às vezes é feito. Prim eiro, as palavras iniciais da cláusula: “«r recognoscentibus cunctis Johannes suo nom ine cuncta describei v l” (“Que João deveria relatar, em seu próprio nom e, o que eles coletivíunente relem braram ”), são traduzidas: “ ... Eles todos atuando como revisores". A seguir, a conclusão a que chegam é a de que, por causa (k‘ Iodos aqueles revisores, o apóstolo João pode ter tido apenas uma [jcquena participação na forma escrita final do texto. Finalmente, o “pres bítero” João, figura com pletam ente fictícia, aparece um a vez mais com o 0 autor do livro! M as isso é basear m uito em tão pouco! A única conclu são legítim a que alguém pode tirar do Fragmento M uratoriano é a de que, por volta dos anos 180-200, a igreja em Rom a (pelo menos algu mas pessoas de im portância na região de influência rom ana) atribuía a autoria do Quarto Evangelho ao apóstolo João. Polícrato, que escreveu por volta da m esm a época, era um bispo da igreja em Éfeso. Tanto o local quanto a data são im portantes. Em Éfe so, por volta daquela época (aproxim adam ente 196 d.C.), a tradição com respeito ao apóstolo João, que havia vivido ali, ainda estava bas tante fresca na mente de todos. Polícrato diz: “Sete dos meus parentes foram bispos, e eu sou o oitavo”. Ele dá conselhos a respeito da contro vérsia pascal (se a Páscoa deveria ser celebrada no dia 14 lunar, sem im portar se esse dia fosse ou não um dom ingo). Em ,sua carta ele não só se refere a João 13.25 (pelo m enos ao fato afirm ado naquela passa gem), mas tam bém à residência e m orte de João em Éfeso. Ele escreve:
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“Além do mais, João, que reclinou sua cabeça no peito do Senhor, e que se tom ou um sacerdote, vestido com a mitra, bem com o um a teste m unha e mestre, está enterrado em É feso” {Carta a Vítor e a Igreja Rom ana quanto ao D ia da Observância da Páscoa, preservada por Eusébio, História Eclesiástica V, xxiv). Teófilo, escrevendo provavelm ente alguns anos antes, e tendo sido, de acordo com Eusébio, o sexto bispo de A ntioquia da Síria, desde os dias dos apóstolos, indica expressam ente que João foi o autor inspirado do Quarto Evangelho. Sua declaração é a seguinte: “E com o os escritos sagrados e todos os homens inspirados, entre os quais encontra-se João, nos ensinam: “No princípio era o Verbo, e o Ver bo estava com Deus, e o Verbo era D eus” {Para Autoíyciis II, xxii). Sob a luz do que foi dito acima, alguns fatos se tornam claros: (1) N a igreja ortodoxa existe um a tradição uniform e a respeito da autoria do Quarto Evangelho. Essa tradição pode rem ontar-se de E u sébio, no início do século 4°, a Teófilo, que provavelm ente atuou entre os anos 170-180. (2) De acordo com essa tradição uniform e, João foi o escritor do Quarto Evangelho. Geralm ente, ela m esm a deixa m uito claro que este João, m encionado na tradição, era o apóstolo, o discípulo amado, que se reclinou sobre o peito de Jesus. As testem unhas m ais im portantes des sa tradição são: Eusébio, Orígenes, Clem ente de A lexandria, Tertulia no, Irineu, o escritor do Cânone M uratoriano e Teófilo. (3) Irineu, um a das mais antigas dentre essas testem unhas, foi dis cípulo de Policaipo que, por seu turno, havia sido discípulo do apóstolo João. A inferência, que parece ser legítim a, é a de que a tradição da autoria apostólica pode assim rem ontar-se até o discípulo a quem Jesus am ava. (4) Irineu, devido às suas muitas viagens e ao am plo conhecim ento que tinha de toda a igreja, pode ser cham ado um a testem unha repre sentativa. Ele representa a fé de toda a com unidade cristã. Tertuliano, C lem ente de Alexandria, Irineu e Teófilo mostram que, nos últim os 25 anos do século 2°, o Quarto Evangelho era conhecido e lido através de todo 0 “m undo” cristão, na África, Ásia M enor, Itália, Gália e Síria, e que o m esm o era atribuído a João.
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(5) A evidência externa, derivada dessa tradição m uito uniform e e antiga, está em iiarm onia com a evidência interna, que é derivada do próprio Evangelho. (6) As evidências que exam inam os até aqui prova três coisas muito importantes: a. Que o Q uarto E vangelho deve ter existido desde uma data m uito antiga. C ertam ente que, quando, por v o ltad o ano 170 d.C., esse livro foi cham ado de Santa Escritura, escrito por um a pessoa inspira da pelo Espírito Santo, e quando esse Evangelho sagrado é usado, ainda hoje, para provar certas posições doutrinárias que são consideradas tão preciosas que muitos estão dispostos m orrer para defendê-las, pode mos inferir, com segurança, que sua origem volta no tem po, para um a data que talvez seja ainda m ais antiga. b. Que ele era considerado, pelo menos, igual em autoridade e valor aos outros Evangelhos. c. Que ele era considerado como tendo sido escrito pelo após tolo João. Entre as pessoas que podem ser classificadas com o heréticas está 'liiliano (por volta do ano 170 d.C.), que tornou-se herege depois da morte de seu m estre, Justino M ártir, aceita o Quarto E vangelho e o usa (10 com por sua Harm onia (Diatessaron). De fato, o livro de Tatiano com eça com os prim eiros cinco versículos do Quarto Evangelho. Heracleon, da escola de Valentino, que atuou entre 140 e 180, até mesmo escreveu um com entário sobre o Quarto Evangelho. Ptolom eu, lam bém dessa escola, atribuiu-o ao “apóstolo” . M arcião, por volta de m eados do século 2°, rejeitou todos os Evangelhos e preparou um de sua própria autoria, usando com o sua fonte um a versão m utilada de Lucas. O que não está claro é que tenha negado que o apóstolo João (cnha sido o autor do Quarto Evangelho. Sua rejeição desse Evangelho parece ter sido devida ao fato de que ele considerava seu autor com o sendo um judaizante. Ele baseou sua conclusão nas palavras de Paulo, cm Gálatas 2.9,11-13, que ele, por seu tutno, interpretou de modo equi vocado (cf. Tertuliano, Contra M arcião, IV, iii). E n tã c, o fa to que deve ser enfatizado é que, se esses hereges, (jiic sabiam m uito bem que o próprio ensino deles não estava em
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harm onia com o ensino do Quarto Evangelho, pudessem ter a tri buído esse E vangelho a um escrito não-apostólico, eles o teriam feito . Entre os escritores ortodoxos que floresceram durante o período entre 100-170, encontram os as citações do Quarto Evangelho feitas por Justino M ártir {Apologia I, 61 ). Ele usa algum as expressões desse Evangelho. (Ver tam bém seu D iálogo com Trifo, cap. 105.) Além do mais, sua doutrina do Logos é quase que inteiramente derivada do Quarto Evangelho. E além disso não devem os esquecer que Tatiano, o pupilo de Justino, o incluiu em sua Harmonia. Era relação a Papias e Policarpo, nos reportaraos ao que já disseraos. Eusébio declara que Papias “citou partes da Prim eira Epístola de João” {História Eclesiástica III, xxxix, 17). Se algum argum ento pode ser desenvolvido cora referência ao seu conhecim ento do Quarto E van gelho, que é m uito próxim o em estilo, isso é algo sobre o qual há uraa grande diferença de opinião. O espírito do Quarto Evangelho está evidente em todo o tratado conhecido com o as Epístolas de Inácio (breve revisão). A pesar de não se poder afirmar, com certeza absoluta, que ele, ao ser enviado para o m artírio (por volta de 110), tinha realm ente visto este Evangelho, bem com o se referido a ele, esta conclusão, no entanto, parece ser a mais natural. As sem elhanças têm despertado a curiosidade de rauitos estudiosos, por serem num erosas e im pressionantes dem ais para per m itir qualquer inferência conflitante. É verdade que essas alusões não são citações exatas, mas quem esperaria m ais do que isso de um prisi oneiro que está sendo levado a Rom a para sofrer o m artírio? As colu nas paralelas, a seguir, fornecem a evidência; IGNÁCIO
O QUARTO EVANGELHO
“Pois se eu, num curto período de tempo, desenvolvi tal com unhão espiritual com seu bispo, que era não hum ano, m as espiritual, quanto m ais v ocês são ab e n ço a d o s, pois estão unidos com ele, como a Igi-eja está com Jesus Cristo, e com o Jesus Cristo está
“Eu neles, e tu em m im , a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade...” (Jo 17.23).
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com o Pai, para que todas as coisas possam se harm onizar em unidade” {Aos Efésios V, i). "C om o o Senhor estava unido com o Pai, e nada fez sem ele, nem por si rncsmo, nem por m eio dos apóstolos, assim tam bém vocês não deveriam l'a/,cr nada sem o bispo e os presbíte ros” {Aos M agnésios VII, i).
“O Filho nada pode fazer de si m es mo, senão som ente aquilo que vir fa zer o Pai” (Jo 5.19).
"liu desejo 0 pão de D eus, que é a carnc de Jesus... e para beber, eu de sejo seu sangue, que é o am or incorl'uplivcl” {AosRom anosN W , iii).
“Q uem com er m inha carne e beber m eu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no últim o dia. Pois m i nha carne é verdadeira com ida, e meu sangue é verdadeira bebida” (Jo 6.54, 55).
“ l’ori|ue ele (o Espírito) sabe quando vil i1, c sc virá” (Aíaç Filadelfos VII, i).
“O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, m as não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do E spírito” (Jo 3.8).
Se essas e várias outras expressões que nos recordam as que se i*ncontram em João, indicam que Inácio conhecia o Quarto Evangelho, suii data de origem deveria ser antecipada para algum tempo antes de 110 d.C. Isso perm itiria um a harm onização com a reivindicação da crcnça tradicional que afirm a que o Quarto Evangelho foi escrito entre os iinos 80-98. Entretanto, a crença tradiciom ã em relação à data do Quarto l'À’arigelho tem recebido uma fo r te confirm ação devido à descohcrla de um fra g m en to de papiro, m uito antigo, do E vangelho de João. Esse fragm ento, juntam ente com outros papiros gregos, foram iichados no Egito e com prados pela John Rylands Library. Ele é o frag mento mais antigo que se conhece de qualquer porção do N ovo Testa mento, e pode ter se originado na com unidade cristã do Im pério M édio (Io Hgito. Com base nas provas paleográficas, os estudiosos chegaram à conclusão de que esse fragm ento de papiro pertenceu a um códice ijue circulou naquela região por volta da prim eira metade do século O fragm ento contém palavras do capítulo 18 do Evangelho de João.
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De um lado, ele contém partes dos versículos 31 -33, enquanto do outro, encontram -se partes dos versículos 37, 38. Ora, se esse E vangelho já estava circulando no Im pério M édio do Egito, na prim eira m etade do século 2“, ele deve ter sido escrito antes disso. Há um a grande distância entre Éfeso, onde, de acordo com a tradição, acredita-se que o Evangelho tenha sido com posto, até a parte do Egito em que esse códice circulou. Por essa razão, algumas autori dades advogam um período de cerca de trinta anos entre a data de sua com posição e a circulação no Egito. A declaração de W. F. Albright, a esse respeito, é importante: “A publicação sensacional de um fragm ento do Evangelho, datado da prim eira m etade do século 2°, bem com o a de um fragm ento con tem porâneo de um evangelho apócrifo, m uito dependente de João, tem produzido um coup de grâce em todas as datações posteriores de João, e tem provado que o E vangelho não pode ter sido produzido m ais tarde que no final do século 1° d.C.” {From Stone A ge to Christianity, p. 299; ver tam bém C. H. Roberts, A n U npublished Fragm ent o f the Fourth Gospel, M anchester, 1935). Portanto, isso quer dizer que a visão tradicional com respeito à. data da com posição do Quarto E vangelho é confirm ada, a b u n dantem ente, pela evidência irrefutável. Isso significa que aqueles crítico s n eg a tivo s, que p o r m uito tem po tinham afirm ado que a posição conservadora está equivocada, sofreram uma grande der rota! Hoje, mais do que nunca, podem os endossar a exclam ação de Volkmar: “O que é certo é que a tese dos críticos que afirm am a com posição do Quarto E vangelho num a data cerca da m etade do século 2°, não pode m ais ser sustentada!” ’ 5. Estas são as datas que o Quarto Evangelho tem recebido de vários críticos: F. C. Bauer: 160-170; Volkmar: 155; Zeller e Schölten: 150; Hilgenfeld: 130-140; Keim: 130; Schenkel: 115-120; Reuss, Nicolas, Renan, Sabatier, Hase; 110-125; Scott (E. F.); 95-115. R H. Menoud, L ’Évangile de Jean d'aprè.'i les recherches recentes, Neuchâtel e Paris, 1943, conclui com estas palavras remarcáveis; “On peut dire, sans trop s ’avancer que les défenseurs de l ’autenticité johannique occupent aujourd’hui des positions plus favorables qu’au début du siècle, par exemple. Car les recherches recentes tendent à écarter les obstacles que la critique a dressés sur la voie de 1’ identification du ‘Bien-Aimé’ avec le fils de Zébédée” . E, do mesmo autor; “Le problème Johannique”, RThPh, 29 (1941), pp. 236-256; 30 (1942), pp. 155ss; 31 (1943), pp. 80-101.
IN TRO DUÇÃO
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Além do mais, agora que tem os essa evidência externa que nos permite saber que o Quarto Evangelho existiu na Á sia M enor no com e ço do 2° (e provavelm ente já no 1°) século, torna-se cada vez m ais fácil acreditar que Inácio, que escreveu suas Epístolas na Á sia M enor, o (cnha lido. É verdade que nem Justino Mártir, Inácio, ou qualquer outra pessoa antes da m etade do século 2°, fez qualquer referência ao apóstolo João com o sendo o autor desse Evangelho. Isso, entretanto, não deveria nos causar surpresa. Esses hom ens viveram tão próxim os da época do dis cípulo am ado, que lhes era com pletam ente desnecessário m encionar seu nom e ao citarem o texto do seu Evangelho ou fazerem m enção ao mesmo. Além do mais, os apóstolos eram tidos em alta honra por Iná cio. Ele escreve: “Não lhes ordeno com o o fizeram Pedro e Paulo. Eles eram apóslolox, enquanto eu sou um prisioneiro” {Aos Rom anos IV, iii). Portanto, é seguro afirm ar que, ao usar as expressões que lembraVillil o Quarto Evangelho, Inácio estava consciente do fato de que sonicnlc um apóstolo genuíno seria o responsável pelas verdades que lhe loi arn passadas, de tal m aneira que ele deseja im prim i-las no coração (lc outros. Outro fato que favorece um a data m ais antiga para o Quarto Evanj’clho é seu tom fortem ente semítico. (Ver pp. 92, 93.) A prim eira com provação de autoridade apostólica encontra-se no próprio Evangelho. Depois que o apóstolo João, divinam ente inspirado, escreveu os prim eiros vinte capítulos que term inam com o belo desfe cho que se encontra em 20.30, 31, e um outro líder em Éfeso, sob a orientação do Espírito Santo, e com a aprovação total de João, acres centou um a história muito bonita que havia escutado com freqüência, dos lábios do seu querido amigo, e a qual term inava com um a referên cia distinta ao discípulo a quem Jesus amava (21.20-23), os presbíte ros de Éfeso acrescentaram as seguintes palavras im portantes: “Este é o discípulo que dá testem unho a respeito dessas coisas e (]ue as escreveu; e sabemos que seu testem unho é verdadeiro” (21.24). li Vincent Taylor, já em 1927, falou sobre o “colapso da posição tradicional (!) in “The l'iirlh Gospel and Some Recent Criticism ” , H J 25 (1927), pp. 725-743.
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Portanto, podem os ver que tanto o testem unho interno, quanto o externo, apóiam essa certificação. João, com o os Evangelhos nos inform am , era filho de Zebedeu e Salom é (M c 1.19; 16.1, 2, cf. M t 27.56). Zebedeu parece ter sido um pescador muito próspero. Ele tinha alguns em pregados (Mc 1.20). A idéia que tem sido aceita pela tradição é que Salom é era irm ã da Vir gem M aria (M t 27.56; cf. Jo 19.25). Se isso é correto, Jesus e João eram prim os. O nome de Tiago, o irm ão de João, é norm alm ente m en cionado prim eiro, talvez por ter sido o mais velho dos dois irmãos. O apóstolo João, antes de ter se tornado um seguidor de Jesus, era um discípulo de João Batista. Em seus últim os anos, o apóstolo relem brou vividam ente o m om ento quando encontrou Jesus e decidiu seguilo, dizendo: “Sendo, m ais ou m enos a hora décim a” (Jo 1.39). Aquele prim eiro encontro, do qual não temos qualquer registro, foi seguido, depois de um pequeno intervalo, pela decisão de se tornar um discípulo regular (Mc 1.16ss; Lc 5.10), e mais tarde um apóstolo (Mt 10.2), envi ado e com issionado por Jesus. João e Tiago parecem ter sido hom ens de em oções controladas, que som ente afloravam esporadicam ente. Jesus os cham ou de “filhos do trovão” (Mc 3.17). Quando Jesus está se dirigindo para Jerusalém , e os habitantes de um a vila sam aritana recusam -se a hospedá-lo, a ira veem ente dos filhos de Zebedeu m anifesta-se nas palavras: “Senhor, queres que m andem os descer fogo do céu para os consum ir?” (Lc 9.54). João, com certeza, era o “discípulo do am or”. O am or e a ira ocasional não são m utuam ente excludentes. Foi o am or genuíno por Jesus que se m anifestou nesse m odo esquisito de falar. Foi o am or a Jesus que tam bém levou João a se introm eter com o hom em que expul sava dem ônios em nom e de Cristo, por ele não ser um discípulo regular (Lc 9.49, 50). U m a das m arcas da hum ildade genuína de João é o fato de ele nunca m encionar nom inalm ente aqueles que pertencem ao círculo ínti mo de seus parentes. A pesar de am ar intensam ente o M estre, ele não enfatiza, em seu Evangelho, seu am or pelo Senhor, mas sim o am or de C risto pelo apóstolo. Ele apenas diz, a respeito de si mesm o, que era o “discípulo a quem Jesus am ava” (13.23).
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Tanto nos Evangelhos quanto em Atos, freqüentem ente encontra mos João na com panhia de Pedro (At 3.1; 4.19; 8.14). Depois da res surreição, ele foi um dos pilares da igreja em Jerusalém (G1 2.9; At 15.6). E provável que ele tenha deixado Jerusalém no início da G uerra ■ludaica. T. Zahn declara: “Portanto, é seguro dizer que o apóstolo João, com os outros discí pulos de Cristo, deixou a Palestina e m udou-se para a Ásia Menor. Se i^olicarpo, no dia de sua morte (23 de fevereiro de 155), m encionou seus 86 anos de vida com o cristão, e não com o hom em , tendo assim sido batizado em 69, e se sua conversão (de acordo com Irineu, Contra Heresias III, iii, 4) foi o resultado da obra de um apóstolo, essa m igra ção para a Á sia M enor deve ter ocorrido antes daquela data, possivel mente com o resultado do com eço da Guerra Judaica. João, pois, tendo talvez não mais que 60 ou 65 anos, pode ter devotado os últim os trinta anos de sua vida à prom oção da vida cristã naquela província” (“John lhe A postle” , in The N ew Schqff-H erzog Encyclopedia o f Religious K now ledge). João viveu por vários anos em Éfeso. Porém , em algum a época durante o reinado de Dom iciano (81-96), ele foi banido para a ilha de Pátmos. Com a ascensão de Nerva, ele recebeu perm issão para retor nar a Éfeso, onde m orreu no com eço do reinado de Trajano, ou seja, por v o ltad o ano 98. A tradição é quase unânim e ao afirm ar que Éfeso foi o local onde o apóstolo escreveu seu Evangelho (Eusébio, H istória Eclesiástica III, xxiii, 1, 6, viii, 4; Clem ente de A lexandria, Quem É o H om en Rico que Será Salvo? X LIl, ii).'"’ As várias tentativas de desacreditar essa forte tradição, até m esm o na literatura recente, não têm alcançado sucesso. A pergunta a ser feita, no entanto, é esta: O Quarto Evangelho foi escrito antes ou depois de João ter sido banido para Patm os? Ele foi escrito antes ou depois da com posição do A pocalipse? Aparentem ente, a data mais antiga para sua com posição seria por volta do ano 80, e para isso nos baseam os nas seguintes considerações:
6. Ver F. Godet, Commentaire .sur l'Évangile de Saint .han, Paris, 1881, vol. 1, pp. 354 .156.
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Pedro havia recebido sua herança, com o o texto de 21.29 parece indi car. Paulo já tinha recebido a sua coroa. Este últim o, em nenhum lugar indica a obra do apóstolo João na Á sia Menor. É considerado provável que os Sinóticos já tivessem sido escritos, e que o autor do Quarto Evangelho já os tivesse lido. Os judeus haviam se tornado os inimigos confirm ados da Igreja. A queda de Jerusalém não é m ais m encionada, provavelm ente porque já teriam se passado vários anos desde que a m esm a tinha ocorrido. Por outro lado, a data mais recente possível para a com posição do E vangelho é o ano 98, se é que os testem unhos de Irineu e Jerônim o são confiáveis. Jerônim o declara: “E assim , um a vez mais a igreja de Éfeso, fundada por Paulo, e tendo João perm anecido entre eles, perm anentem ente, até o tem po de Trajano, é um a testem unha verdadeira da tradição dos apóstolos” (C on tra Heresias III, iii, 4). A data, pois, deve ser entre 80 e 98. É possível ser mais objetivo e determ inar a data com m aior precisão? De acordo com Epifânio (sécu lo 4°), João não escreveu seu Evangelho até ter regressado de Patmos, quando já tinha mais de 90 anos de idade. No entanto, nenhum outro dos prim eiros Pais A postólicos acrescenta qualquer inform ação que se assem elhe a essa. Existem aqueles que preferem um a data muito mais próxim a do ano 80, e que apresentam com o razão para essa preferên cia o estilo do Evangelho que, de acordo com eles, é o de um a pessoa madura, mas não de idade m uito avançada. Pode haver um elem ento de verdade nesse entendim ento. No entanto, devem os ter cuidado com essa posição, pois se o apóstolo foi para Éfeso no ano 67 (cerca da época da m orte de Paulo), e se tinha entre 60 e 65 anos de idade (Zahn), sua idade, por volta do ano 80, seria entre 73 e 78 anos. Em qualquer dos casos, ele seria um “ancião” . O problem a pode ser abordado da seguinte maneira: Se João tinha 25 anos quando Jesus m orreu (por volta do ano 30), então no ano 80 ele teria 75. A pesar da sua idade avançada, ele ainda poderia ser jovial e forte, tanto em term os físicos quanto mentais. Clem ente de A lexandria nos conta que, mesm o depois do seu retorno de Patmos, o apóstolo continou exercendo um m inistério muito ativo, com o adm inistrador-chefe das igrejas localizadas no distrito de Éfeso (Quem E o Homen Rico
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que Será Salvo? XLII). N aquela ocasião, sua idade deveria ser por volta dos 90. M as, quem ousaria afirm ar que um hom em que, m esm o naquela idade avançada, foi capaz de converter um “chefe dos ladrões”, de acordo com a história interessante que C lem ente nos conta na refe rência acima, e “indicou bispos e trouxe ordem a algum as igrejas” , não seria capaz de, sob a orientação do Espírito Santo, escrever um E van gelho, principalm ente se já estivesse pensando nisso há um longo tem po? A história da Igreja fornece vários exem plos de hom ens que conti nuaram em sua atividade m inisterial, desenvolvendo tarefas m uito res ponsáveis, até idades bem acim a dos 90 anos! Por outro lado, o outro entendim ento - isto é, que afirm a que João escreveu o Evangelho antes de tudo mais, ou seja, antes de ser banido para Patm os, e antes de ter escrito as epístolas e o A pocalipse - , con tinua a ser defendido por m uitos (cf. Lenski, Interpretation ofSt. John 's Gospel, p. 20), talvez porque essa pareça ser a ordem natural e lógica. De qualquer m odo, a questão não pode ser respondida em caráter definitivo.
II. Leitores e Propósito Qual era o propósito que estava na mente do autor ao escrever esse Evangelho? Alguns dizem: Corrigir os outros trêsJ Com base no que já foi dito, isso não pode ser aceito. Não existem conflitos reais entre os Sinóticos e o Quarto Evangelho. Será que seu propósito foi o de prover inform ações suplementares, que não são encontradas nos Sinóticos? Isso parece estar im plícito na declaração de C lem ente de Alexandria, que citam os anteriorm ente: Os Evangelhos que tratam de questões externas já haviam sido escritos; agora, o pano de fundo espiritual, mais profundo, deve ser m ostrado. Eusébio tam bém defende essa visão, em bora num sentido diferente: João fornece o registro do M inistério Inicial na Judéia, que não se en contra nos outros. Essa teoria pressupõe que o apóstolo havia lido os Sinóticos, ou, pelo menos, que conhecia seu conteúdo, o que é, provavelm ente, corre to. Isso perm ite que se explique por que um a grande parte do m aterial 7. Assim, por exemplo, F. Torm, ZN TW (1931) 130.
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encontrado nos outros Evangelhos não se encontra aqui. João não traz nenhum a m enção da infância de Jesus, nenhum a genealogia, nenhum longo relato das pregações de João Batista, nenhum registro da tenta ção de Cristo no deserto, nada sobre o Serm ão do M onte, nenhum a m enção das dúvidas de João, nenhum a parábola, nenhum discurso co m issionando os doze ou os setenta e nenhum a narrativa com respeito à expulsão de dem ônios ou cura de leprosos. Ele tam bém não aborda o M inistério do Retiro* (abril-outubro do ano 29), o qual, de acordo com os Sinóticos, incluíram acontecim entos como: a cura da filha da m ulher siro-fenícia, a cura do surdo e do cego que via os seres hum anos com o árvores, a alim entação dos quatro mil, a confissão de Pedro, a transfi guração e a cura do garoto epiléptico. Além do mais, esse Evangelho não traz sermões escatológicos, nem discursos condenatórios contra os líderes religiosos, e nele não se encontra nenhum registro da instituição da Ceia do Senhor. E xistem tam bém algum as passagens no Quarto Evangelho que, de acordo com alguns intérpretes, parecem indicar que João pressupunha que seus leitores tinham lido os Sinóticos. Alguns casos, dignos de m en ção, nesse tópico em particular, são os seguintes: 3.24: “Pois João ainda não tinha sido encarcerado” . O autor não conta a história do aprisionam ento de João, que pode ser encontrada em M arcos 6. 11.2: “Esta M aria, cujo irmão Lázaro estava enferm o, era a m esm a que ungiu o Senhor e lhe enxugou os pés com seus cabelos” . No Q uar to Evangelho, som ente o capítulo 12 m enciona essa história da unção. Será que esse é um caso de o evangelista agir (aqui, em 11.2) na supo sição de que os leitores já tivessem lido o relato de M arcos 14.3-9? 18.13: “E 0 conduziram prim eiram ente a A nás” . Isso soa com o se João estivesse dizendo: “C ertam ente vocês sabem que Jesus foi levado à presença de Caifás, pois leram a respeito disso em M ateus e M arcos, mas eles o levai-am prim eiram ente até Anás, um fato que os outros não registraram ” . E ntendem os que esses fatos não constituem um a prova definitiva 8. Exceção: Um versículo (7.1).
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(la teoria cie que João havia hdo os Sinóticos, e que ele pressupõe que seus leitores tam bém os havia lido, mas, considerando todas as coisas, isso parece ser provável/^ No entanto, diante da própria declaração de João em relação ao propósito do seu Evangelho (20.30, 31), a possibilidade de ele estar apenas suplem entando os Sinóticos deve ser considerada m eram en te secundária para a realização do objetivo principal. Será que o propósito do evangelista era o de com bater o entendi mento equivocado em relação a João Batista? É interessante que se observe que foi exatamente em Éfeso, o mesmo lugar onde João estava vivendo, e onde havia com posto esse livro, que foram encontrados alguns hom ens que tinham recebido o batismo de João Batista (At 19.3). É muito provável que eles tivessem sido real m ente batizados em nom e de João. Conseqüentem ente, ao serem rebalizados, 0 foram em “nom e do Senhor Jesus” (At 19.5). O fato é que Joíio, cm seu Evangelho, repetidam ente indica que João B atista estava Hcniprc apontando para seu M estre (1.19-23, 25-27, 29, 36; 3.27-36), e qiic ele queria dar testem unho da Luz, para que os seres hum anos pu dessem depositar sua fé e confiança no Senhor (1.7-9). Portanto, até m esm o o com bate ao entendim ento errado em rela ção a João B atista pode ser considerado com o um a contribuição para o propósito central do Quarto Evangelho. Ele fixou a atenção dos leitores na grandeza transcendente de Cristo (20.30, 31). É verdade que João escreveu seu Evangelho para poder refutar os erros de Cerinto?'''^ Essas doutrinas heréticas ensinavam que Jesus era m eram ente um ser hum ano, filho de José e M aria por geração natural; no entanto, era 9. A conclusão contrária é defendida por P. Gardner-Smith, St. John and the Synoptic Ciospels. Cambridge, 1938; ver também W. F. Howard, Chri.stianity According to St. John, l'iladélfia, 1946, p. 17. O Dr. Howard foi “quase persuadido” pelo peso dos argumentos do Dr. Gardner-Smith. No entanto, ele aceita alguma ligação entre João e os Sinóticos. “Algu ma assimilação verbal com as narrativas de Lucas e M arcos.” Cf. E. R. Goodenough, “John, A Prim itiveG ospel”, ,/BL, 64(1945),pp. 145-182. Conclusões desse gênero são geralmen te baseadas na colocação de toda a ênfase nos “contrastes” entre João e os Sinóticos. Mas, jíi mostramos que o padrão básico é, afinal, o mesmo. 10. Ver especialmente F. Godet, op c ii, pp. 356-368.
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mais justo e sábio do que qualquer outra pessoa; que no batism o, o Cristo, na form a de um a pom ba, havia descido sobre ele, mas o havia deixado novam ente antes do seu sofrim ento, de tal m aneira que não foi o Cristo quem sofreu, m orreu e ressuscitou, mas sim Jesus (Irineu, Contra Heresias 1, xxvi, 1; Hipólito, Refutação de todas as H eresias VII, xxi). Cerinto viveu nos dias do apóstolo. Irineu relata que havia aqueles que tinham ouvido da boca do próprio Policarpo que João, o discípulo amado, indo a um a das casas de banho existentes em Éfeso, e perceben do que Cerinto estava dentro dela, correu para fora do edifício sem se banhar, gritando: “Corram, antes que a casa de banho desabe, pois Cerin to, o inimigo da verdade, está aí dentro” {Contra Heresias III, xi, 4). Irineu tam bém declara, definidam ente, que João busca, pela pro clam ação do Evangelho, rem over os erros que Cerinto tinha dissem ina do entre os hom ens {Contra Heresias III, xi, 1). É m uitíssim o provável que o apóstolo, ao escrever o Evangelho, tivesse em m ente os erros de Cerinto. D essa maneira, podem os expli car por que ele põe tanta ênfase no fato de Jesus ser o Cristo, o filho de Deus, e que este Cristo não apenas desceu m eram ente sobre Jesus, sem ter entrado em um a união real e profunda com ele, mas, realm ente, assum iu a form a hum ana e nunca a renunciou. Entretanto, se aceitar mos com o verdadeiro o que Irineu declara ter sido o objetivo do Quarto Evangelho, temos ainda que enfatizar que esse objetivo foi secundário, em caráter: O propósito negativo (com bater os erros de Cerinto) es tava subordinado ao positivo, declarado tão belam ente em 20.30, 31, ao qual agora nos volverem os. “N a presença dos discípulos, Jesus fez muitos outros sinais, os quais não estão escritos neste livro: mas estes estão escritos para que vocês continuem a acreditar que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus; e para que, crendo, tenham vida em seu nom e.” N ote nesse ponto que a m elhor leitura tem: “Para que continuem a crer” (TTLOxeúriTe). A fé dos crentes estava sendo m inada pelos erros de hom ens com o Cerinto, que ensinava que Jesus não era realm ente Deus, e que Cristo não tinha vindo encarnado (não tinha adotado a natureza humana). O apóstolo, vendo esse perigo e, sob a orientação do Espírito
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Santo, escreveu seu Evangelho para que a igreja pudesse aderir à fé verdadeira, com respeito a C risto." Portanto, o propósito de João não é, de m aneira nenhum a, o de escrever um a biografia com pleta de Jesus, pois isso não teria sido pos sível: “N em no m undo inteiro caberiam os livros que seriam escritos” (Jo 21.25). Ele escreve para confirm ar os crentes na doutrina que já haviam recebido. Se entenderm os claram ente esse objetivo, não será difícil ver por que João, dentre todos os eventos que haviam ocorrido, e dentre todas as palavras que haviam sido ditas, selecionou exatam ente aquele m ate rial adicional, ou seja, um m aterial que não é encontrado nos outros Evangelhos - que m elhor haveria de servir para revelar a lum inosidade da glória do Senhor, ou seja, seu ofício m essiânico e sua divindade, no mais alto sentido do termo. Com isso em mente, note os seguintes rela tos, distintam ente joaninos: (a) As bodas de Caná: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galiléia; m anifestou sua glória e seus discípulos creram nele” (2.11). (b) A conversa com N icodem os: “Porque Deus am ou ao m undo de tal m aneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (3.16). (c) A conversa com a m ulher sam aritana: “Eu sei que o M essias está chegando (que é cham ado Cristo); quando ele chegar, nos anunci ará todas as coisas. Jesus lhe disse, Eu, que estou falando com você, o sou” (Jo 4.25, 26; cf. tam bém 4.29, 42). (d) A cura de um hom em em B etesda e o sermão ali pronunciado: “M eu Pai está trabalhando até agora, e eu trabalho tam bém ” (5.17; cf. 5.18: “ele tam bém cham ava Deus seu próprio Pai, fazendo-se igual a D eu s”). (e) A alim entação dos cinco mil e o sermão que segue: “Pois esta é a vontade de m eu Pai, que todo hom em que vir o Filho e nele crer tenha a vida etem a; e eu o ressuscitarei no últim o dia” (6.40). II. A posição de E. N. Harris, “W^hy John W rote His Gospel”, WE 32 (1944), pp. 250 2 5 1, é também a de que esse Evangelho foi escrito para restabelecer a fé dos crentes.
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(f) O serm ão sobre a água viva, pregado na Festa dos Tabernácu los: “Se alguém tem sede, que venha a m im e beba. Quem crer em mim, com o diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (7.37,38). (g) O sermão sobre a sem ente de Abraão: “Se, pois, o Filho os libertar, verdadeiram ente vocês serão livres... Quem dentre vocês me convence de pecado?... Em verdade, em verdade lhes digo, se alguém guardar m inha palavra, nunca verá a m orte” (8.36, 46, 51). (h) A cura do cego de nascença: “ .... e o adorou” (9.38). (i) O serm ão sobre o Bom Pastor: “Eu e o Pai som os um ” (10.30). (j) A ressurreição de Lázaro: “Jesus disse-lhe, Eu não lhe prom eti que, se você cresse em mim, veria a glória de D eus?” (11.40). (k) A lavagem dos pés dos discípulos: “Jesus, sabendo que o Pai tinha confiado tudo nas m ãos dele, e que ele tinha vindo de Deus, e estava indo para D eus” (13.3). (1) O discurso no Cenáculo e a oração sacerdotal (capítulos 14-17): “Eu sou o cam inho, e a verdade, e a vida. N inguém vem ao Pai senão por mim... E a vida eterna é esta, que eles te conheçam , o único Deus verdadeiro, e aquele a quem tu enviaste, Jesus Cristo... E agora glorifi que-me, ó P ai, em tua presença, com a glória que eu tive junto a ti antes que o m undo existisse” (14.6; 17.3, 5). ' (m) Certas partes na história da paixão e ressureição: “Tomé res pondeu e disse-lhe. Senhor meu e Deus m eu!” (20.28). Observe que todo esse material, que se encontra som ente no Q uar to Evangelho, centra-se em Jesus com o o Cristo, o Filho de Deus, e seu objetivo é 0 de que a igreja possa continuar a crer nele por toda a eternidade. Os milagres que se encontram nesse Evangelho também fixam nossa atenção no poder divino de Cristo. O filho do oficial do rei foi curado à distância (4.46-54); o hom em , em Betesda, que se encontrava enfer mo há 38 anos (5.5); o hom em , em Jerusalém , que era cego de nas cença (9.1); e Lázaro, que já estava enterrado por quatro dias (11.17). (Cf. L. Berkhof, New Testament Introduction, Grand Rapids, M ichi gan, p. 104).
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Os leitores para os quais este Evangelho foi inicialmente escrito (em bora, em últim a análise, ele tenha sido escrito para a Igreja de todas as épocas - cf. 17.20, 21), estavam vivendo principalm ente em Éfeso e circunvizinhança. Eles eram principalmente cristãos gentios. Isso explica por que o evangelista acrescenta algumas notas explicatórias às suas referências aos costumes e condições judaicas: 2.6; 4.9; 7.2; 10.22; 18.28; 19.31, 41, 42, e também explica a m aneira circunstancial em que ele se refere aos locais situados na Palestina: 4 .5 ;5 .2 ;6 .1 ; 11.1, 18; 12.1,21.
III. Características ( 1 ) 0 Evangelho de João descreve, com poucas exceções, a obra de Cristo na Judéia. O texto a seguir pode ser considerado com o um quadro cronológico breve das jornadas terrestres de nosso Senhor, des de a m anjedoura até o M onte das Oliveiras: a. De dezem bro do ano 5 a.C. até dezem bro do ano 26 d.C.: Prepa ração. N ão se encontra no Quarto Evangelho, m as confira o Prólogo 1.1-18. b. De dezem bro de 26 até abril de 27: Inauguração. João 1.19-2.12. c. De abril a dezem bro de 27: M inistério Inicial na Judéia. João 2.13-4.42. d. De dezem bro de 27 até abril de 29: O G rande M inistério Galileu. João 4.43-6.71. e. D e abril a dezem bro de 29: o M inistério do R etiro (abril a outu bro), e o M inistério Posterior na Judéia (outubro a dezem bro). João não tem nada em relação ao prim eiro, exceto o texto de 7.1. Em relação ao últim o, ver João 7.2-10.39. f. De dezem bro de 29 até abril de 30: M inistério na Peréia. João 10.40-12.11. g. De abril a m aio de 30: Paixão, ressurreição e ascensão. João 12.12-21.25. O Evangelho de João fala muito pouco sobre o M inistério Galileu, e quase nada sobre o M inistério do Retiro. Por outro lado, certos aconte cim entos e discursos nos M inistérios Inicial e Posterior na Judéia rece bem um a grande atenção. N a verdade, João devota m ais espaço à obra de C risto na Judéia do que a lista acim a parece indicar, pois a cena do m ilagre relatado no capítulo 5 acontece na Judéia. Sem elhantem ente,
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apesar de a ressurreição de Lázaro ter ocorrido durante as referências ao M inistério na Peréia, ela realm ente aconteceu na Judéia, a respeito do qual João gosta tanto de se demorar. D a m esm a maneira, a unção feita por M aria ocorreu quando Jesus voltou para a Judéia (Betânia), depois do seu M inistério na Peréia, e estava prestes a suportar as afli ções da sem ana da paixão. E, naturalm ente, o m inistério descrito com o paixão, ressurreição e ascenção aconteceu na Judéia, com a exceção do que é relatado no capítulo 21. Portanto, vem os que, com exceção do que se encontra no capítulo 1 (ver L28), em 2.1-11, em 4.35-54, no capítulo 6, em 10.40-42 e no capítulo 21, tudo acontece na Judéia (e Samaria: 4.1-42). Nós já m os tram os que essa diferença de cenário não se constitui num conflito entre os Sinóticos e o Quarto Evangelho. (2) O Quarto Evangelho é muito m ais claro do que os Sinóticos na indicação do tem po e local exatos dos acontecim entos que nele são relatados. A duração do m inistério de Cristo pode ser determ inada ten do com o base as grandes festas que são ali m encionadas. (3) Com o já m ostram os anteriormente, um a grande quantidade do material que se encontra nos Sinóticos não é m encionada no Quarto Evangelho. No entanto, o form ato geral da história que se encontra nos Sinóticos é m antido em João, e m uito m aterial novo é acrescentado. Tudo isso está em com pleta harm onia com o propósito específico do evangelista. Isso não im plica nenhum conflito entre João e os Sinóticos. (4) Os ensinos de Cristo predom inam nesse Evangelho, em bora esses ensinos não sejam dados em form a de parábolas, com o acontece com freqüência nos Sinóticos, mas sim na form a de discursos prim oro sos. Isso sim plesm ente significa que, enquanto estava na Judéia, falan do aos líderes dos judeus, ou aos discípulos no Cenáculo, Cristo consi derou a form a não-parabólica de ensino com o a mais apropriada para aquela situação em particular. Certam ente isso não deve ser usado como base para se tentar afirm ar que ele não poderia ter usado a form a parabólica na Galiléia. (5) O tópico principal de João, diferentem ente do que acontece nos Sinóticos, não é o reino, mas sim o próprio Rei - a pessoa de Cristo, sua divindade. No entanto, essa diferença não é, de m aneira nenhum a, ab
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soluta, pois nele tam bém podem os encontrar Jesus falando a respeito da entrada no reino (3.3-5). Por outro lado, nos Sinóticos, em algum as ocasiões, Jesus revela a glória de sua própria pessoa divina. Portanto, com respeito a este assunto, tam bém não existe nenhum conflito. (6) Em harm onia com o ponto (5) acima, este é o Evangelho dos sete “Eu Sou” . Eles se encontram nas seguintes passagens: 6.35; 8.12; 10.9, 11; 11.25; 14.6e 15.5. (7) Este Evangelho dedica um grande espaço aos acontecim entos e discursos que pertencem a um período de m enos de 24 horas (capítu los 13-19). (8) Além das m uitas verdades reveladas aos discípulos no C enácu lo (capítulos 14-17), tam bém é registrada, nessa m esm a ocasião, a pro messa da vinda do Espírito Santo (14.16, 17,26; 15.26; 16.13, 14). (9) O estilo do Quarto Evangelho difere do de Apocalipse, m as isso não prova que os dois livros não poderiam ter sido escritos pelo m esm o autor. Além do mais, não deveríam os exagerar as diferenças. A afirm a ção que A. T. Robertson faz a esse respeito é verdadeira. Ele diz: “O Apocalipse tem muito em com um com o Evangelho de João” (A G ram m ar o f the Greek N ew Testament in the Light o f H istorical Resear ch, Nova York, 1923, p. 134). O optativo não se acha em nenhum deles. num sentido subfinal, é muito com um em am bos os livros. O m es mo se aplica a oíju'. O verbo ôíôw(í,l ocorre com mais freqüência em ambos os livros do que em qualquer outro lugar do N ovo Testamento. Outras sem elhanças interessantes são: a. Água para o sedento: cf. João 4.10 com A pocalipse 22.17. M aná para o faminto: cf. João 6.49-51 com A pocalipse 2.17. b. A autoridade recebida do Pai: cf. João 10.18 com A pocalipse 2.26. c. C risto, 0 Verbo: cf. João 1.1 com A pocalipse 19.13. C risto, a Luz: cf. Jo 1.4, 5, 7, 9; 3.19; 8.12; 9.5, com A p 22.5. Cristo, o Cordeiro: cf. João 1.29 (no grego: àfxvóç) com A pocalipse 5.6 et passim (no gre go: àpi^íoi^). Cristo, o Noivo: cf. João 3.29 com A pocahpse 19.7. Cristo, 0 que nos redim e com seu sangue: cf. João 6.53-56 com A pocalipse l.5 ;5 .9 ;7 .1 4 ; 12.11. d. A lg reja, a Noiva: cf. João 3.29 com A pocalipse 19.7; 22.17.
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(10) A expressão: ‘^simples, mas sublime", descreve o estilo desse Evangelho. Especialm ente no Prólogo e nos discursos do Cenáculo, observam os um tipo de desenvolvim ento rítm ico que é m uito efetivo e fascinante. Também a m aneira pela qual as cláusulas são coordenadas, perm itindo que as verdades sejam prim eiram ente declaradas de um a fo rm ap o sitiv a,e então negativa, ou vice-versa (1.3; 14.6; 15.5,6; 14.18; 15.16); a m aneira pela qual um a cláusula que expressa a graça gloriosa do Logos é seguida por um a que m ostra a reação desprazerosa daque les que a deveriam ter aceito (1.5, 10, 11 ); e, acim a de tudo, o equilíbrio natural e cuidadoso das sentenças, perm itindo que a antítese seja segui da pela síntese, ou que sentenças curtas sejam seguidas por outras mais compridas: tudo isso faz do Quarto Evangelho um livro muito bonito. No Prólogo (1.1-18), a m aneira pela qual um a cláusula é adiciona da ã outra, por meio da repetição de um a palavra-chave, de tal m aneira que as sentenças são postas juntas com o se fossem telhas sobrepostas, nos lem bra a Epístola de Tiago, o irm ão do Senhor (ver Bible Survey, de m inha autoria, Grand Rapids, M ichigan, 1949, pp. 329, 332). Assim, observam os que, em João 1.4-14, temos o seguinte: A V ID A estava nele e a V ID A era a LU Z dos homens. A LU Z resplandece nas TREVAS, e as TREVAS não prevaleceram contra ela. Veio para o que era SEU, e os SEUS não o RECEBERAM . M as a todos quantos o REC EB ERA M ... etc.
,
Cf. tam bém 1.1 e 1.10. Entre as palavras características do Quarto Evangelho, m enciona mos as seguintes: (XYtxTTaa), àÃTÍ06La, àÀr|0TÍç, aA.riGir'oc, à^iapiía, k\i.i\v, yli^úokgo, ÔLÔco[iL, õóÇa, Gecopéci), aLwr'Loç, ’louóaLOÇ, KpíffLÇ, ÀÓYOÇ, ^aptupto), ópáo), ïïaiTip, TTLOTeúo), ornielor’, OKOtia, 4>LÀéco.
João é rico em contrastes, tais como: luz e trevas; espírito e carne; terreno e celestial; de cim a e da terra; vida e morte; am ar e odiar; ale grar-se e lamentai'-se; estar preocupado e confiar; ver e tom ar-se cego.
INTRODUÇÃO
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IV. Gramática Nosso objetivo não é fornecer um a gram ática joanina com pleta. Isso já foi feito por outros (ex., E. A. Abott, Johannine Gramm ar, Londres, 1906). Pontos im portantes de gram ática e sintaxe são m enci onados na ordem em que aparecem no com entário. A lém do mais, eles devem ser básicos à tradução apresentada. Como veremos, será feita um a m enção especial aos três tipos de construção. Essas construções ocorrem com grande freqüência no Evangelho de João. Nós nos referim os às sentenças condicionais e às cláusulas Iva e otl. Alguns com entaristas dizem m uito pouco a respei to delas. O utros - incluindo alguns dos m elhores - , com entam apenas sobre algum as dessas constrações, mas om item outras. A lgum as vezes um a clásula otl, realm ente controversa, não recebe qualquer com entá rio. A razão para isso pode ser facilm ente vista: é sim plesm ente im pos sível, num com entário, cobrir cada ponto gram atical. Se alguém tentas se fazer isso, teria de escrever um a série de livros para cada um dos Evangelhos. O m étodo que seguirem os tem certos aspectos que, confom e con sideramos, o torna recom endável. Sob cada um dos três tipos de cláu sulas m encionados acima, descrevem os os grupos ou subdivisões. As passagens difíceis, nas quais as cláusulas acontecem , são explicadas. Cada cláusula tem sua própria coluna. Nós acreditam os que esse trata mento das clásulas que ocorrem com freqüência tem as seguintes van tagens: 1. Integralidade. Fizem os um a tentativa de classificá-las todas, de tal m aneira que, num a simples olhadela, podem os ver a que classe cada uma delas pertence. 2. E conom iza espaço. P or que precisaríam os ficar repetindo m ui tas vezes: “Esta é um a sentença condicional contrária ao fato. A próte se tem el com o indicativo passado; enquanto a apódose tem o indica tivo passado com av. Como a form a im perfeita ocorre em ambas cláu sulas, nós sabem os que a sentença refere-se a um a situação irreal pre sente” . Podem os não som ente evitar a repetição, por mais de um a cen tena de vezes, desse pequeno parágrafo ao usar um m étodo m ais sim ples, em conexão com as sentenças condicionais, e várias centenas de
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outros casos em conexão com as cláusulas oxi e 'í^a, m as tam bém econom izar espaço, que poderá ser usado para com entários adicionais. Portanto, sem pre que, neste Com entário, um a sentença condicional ocorrer na tradução, haverá um a breve nota de rodapé dizendo que essa sentença condicional pertence ao grupo ID (ou II IA l, ou qualquer que seja o caso). Ver pp. 61-93. Nas páginas indicadas se achará um a explicação do grupo ao qual a sentença pertence, e tam bém a coluna na qual ela é classificada. Q uando o sentido de b ti, ou de Iv a , for im ediatam ente óbvio, ele não receberá nenhum com entário adicional no texto. Se ele for polêm ico, ou se, por qualquer outra razão, vier a ser discutido, haverá um a nota de rodapé indicando a página onde ele é explicado. Essas notas de rodapé acom panham as traduções. 3. Facilidade de leitura. Em bora um a pessoa não seja, necessaria mente, fluente em grego, ela não se im portará de ler um a m enção téc nica ocasional a algum a palavra grega. Porém , se essa pessoa encon trar muito material desse tipo num com entário, logo ficará desanim ada. Portanto, tam bém por essa razão é provavelm ente melhor, até certo ponto, separarm os do com entário propriam ente dito o material gram ati cal que ocorre com freqüência. Por outro lado, aqueles que lêem em grego apreciarão a tentativa que fizemos de dar um a classificação com pleta. Isso facilitará a com paração com pontos sem elhantes de gram á tica nos Sinóticos, e, por exemplo, no livro do Apocalipse.
Classificação das Sentenças Condicionais no Quarto Evangelho Os três gnipos principais de sentenças condicionais ocorrem da seguinte maneira: ' I. A s Sentenças Condicionais Sim ples ou de Prim eira Classe N esse caso, assume-se como verdade a condição de fato. Se ela é ou não realmente um fato não tem nada a ver com a form a da cláusula condicional. N esse tipo de condição, temos el e qualquer tempo do indicativo na prótese. Isso está inteiram ente em harm onia com a idéia do indicativo, pois este é usado para a afirmação de fatos (ou de fatos presum idos). Se a prótese é negativa, usa-se a partícula negativa oú. A apódose de tal sentença condicional pode ser um a declaração do
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INTRODUÇÃO
l’alo (13.14), expressa pelo indicativo presente; um a pergunta (1.25), lambém no indicativo (com o tem po presente em praticam ente todos os casos); um apredição (11.12), no indicativo futuro; ou um a ordem (7.4), no imperativo. Assim, as sentenças condicionais de prim eira classe, no Quarto I ivangelho, são as seguintes: A p ó d o se
P rótese A C ondição presum ida com o verdadeira ao fato, Indicativo Aoristo P resente Aoristo Perfeito com sentido de presente
D eclaração do Fato, Indicativo P resente P resente P resente P resente
3.12a 8.39 13.14 13.17a
B C ondição presum ida com o verdadeira ao fato, Indicativo P resente P resente P resente P resente Aoristo Aoristo
Pergunta, Indicativo P resente Futuro P resente P resente P resente P resente
1.25 5.47 7.23 8.46 10.35,36 18.23b C
C ondição presum ida com o verdadeira ao fato. Indicativo Perfeito Aoristo Aoristo
Predição, Indicativo
11.12 13.32 15.20 (duas vezes)
Futuro Futuro Futuro
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D Comando ou proibição, Im perativo
C ondição presum ida com o verdadeira ao fato, Indicativo P resente P resente P resente P resente P resente P resente Aoristo Aoristo
Aoristo Aoristo P resente P resente P resente Aoristo Aoristo Aoristo
7.4 10.24 10.37 10.38a 15.18 18.8 18.23a 20.15
II. S en ten ça C ontrária ao Fato ou S entença C ondicional de Seg u n d a C lasse A condição (ou prem issa) é presum ida como estando em conflito com a realidade. A prótese tem el com o indicativo passado; a apódose tem o indicativo passado com av (norm alm ente). U m a sentença condi cional contrária ao fato, que se refere ao tempo presente, toma a for m a do imperfeito, em ambas cláusulas (15.19). U m a sentença condicio nal contrária ao fato, que trata com o tempo passado, tem o aoristo ou o m ais-que-perfeito em ambas (14.7). No entanto, algum as vezes há um a m udança do tempo presente na prótese, para o tem po passado na apódose (14.28); ou, do passado para o presente (15.22). Na prótese, a partícula negativa é [ifí, o que não é estranho, diante do fato de que o que se afirm a é contrário ao fato. Distinguim os os seguintes três gm pos de sentenças condicionais.de segunda classe; A Sentenças condicionais contrárias ao fato, que tratam com o tempo presente el, com o indicativo im perfeito na prótese; o indicativo im per feito com iív na apódose. 5.46 8.19 (m ais-que-perfeito com sentido de imperfeito)
INTRODUÇÃO
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8.42 9.33 9.41 15.19 18.36 B Sentenças condicionais contrárias ao fato tratam com o tempo p a s sado c-L com o aoristo ou m ais-que-perfeito indicativo na prótese; o iioristo ou m ais-que-perfeito indicativo com av na apódose. Em tais sentenças, fiv pode ser considerado com o tendo um sentido aoristo, pois iiá a falta de um a form a no aoristo. 11.21
11.32 14.2 14.7
Sentenças C ondicionais C om binadas C ontrárias ao Fato P rótese com el m ais-que-perfeito com o imperfeito Imperfeito Aoristo Aoristo Imperfeito M ais-que-perfeito
Apódose com ou sem i 4.10 14.28 15.22 15.24 18.30 19.11
Aoristo Aoristo Imperfeito Imperfeito Aoristo Imperfeito
111. O Futuro M ais Vívido ou Sentenças C ondicionais da Ter ceira C lasse A condição não é concebida com o sendo um a realidade, ou com o lim conflito com a realidade, mas com o um a possível realidade futura, ( ’onseqüentem ente, a prótese usa ’íá v com o subjuntivo. Em pelo m e nos três quinto dos casos, o Quarto Evangelho, nesse tipo de prótese de liinii sentença condicional, em prega o subjuntivo aoristo, enquanto nos
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outros dois quintos, usa o subjuntivo presente. João, m ais do que os Sinóticos, tem um a inclinação m aior pelo segundo. Por exceção, o sub juntivo perfeito é usado na prótese. Q uando a p rótese tem o subjuntivo aoristo, a apódose geral m ente tom a o futuro do indicativo, e algum as vezes o presente do indi cativo. E algum as vezes até m esm o o subjuntivo ou o imperativo. Q uando a prótase tem o presente do subjuntivo, a apódose ge ralm ente tom a 0 presente do indicativo; algumas vezes o futuro do indi cativo; serão observadas algum as exceções. N a prótese, a partícula negativa é ^ní, com o era de se esperar em conexão com um a form a de incerteza. Nós distinguim os os seguintes grupos e subgrupos: A Sentenças condicionais com um futuro mais vívido, usando ’eáv com o subjuntivo aoristo na prótese, indicando que o verbo é visto com o um a concepção singular. 1
Com 0 Indicativo Futuro na Apódose
■
3.12b 5.43 6.51 8.24 8.36 8.55 10.9 11.40 11.48 12.32 14.3b 14.14 15.10 16.7a 20.25
■
IN TRO DUÇÃO
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2 Com o Indicativo Presente na Apódose 7.51 8.31 8.54 12.24 12.47? 13.8 14.3a 19.12
Todos os outros: Apódose 8.51 8.52 9.22 15.7 16.7a 20.23a
Subjuntivo Aoristo Subjuntivo Aoristo Subjuntivo Aoristo (depois do subfinal 'íi^a) Im perativo Aoristo Subjuntivo Aoristo Indicativo Perfeito
B Sentenças condicionais com futuro m ais vivido, usando ’eáv com o subjuntivo presente na prótese, indicando que o verbo sugere um a ação contínua.
1 Com 0 Indicativo Presente na Apódose 5.31 8.14 8.16 9.31 10.38b 11.9 11.10
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13.17b 15.14 21.22 (implícito) 21.23 (implícito) 21.25
2 Com o Indicativo Futuro na Apódose 7.17 12.26b 13.35 14.15 14.23
■
3 Todos os Outros Apódese 6.62 7.37 12.26a 20.23b
Deve ser suprido Im perativo Presente Im perativo Presente Indicativo Perfeito
C As sentenças condicionais com futuro mais vívido, usando ’íáv com 0 Subjuntivo Perfeito Perifrástico Passivo, indicando que o verbo suge re um a ação no passado que ainda continua sendo executada. Apódose 3.27 6.65
Presente do Indicativo Presente do Indicativo
Classificação das Cláusulas ïv a no Quarto Evangelho A grande freqüência de 'iva (em alguns casos com um sentido subfinal ou não-final, mas, muito m ais freqüentem ente, para expressar propósito) é um a das características do Quarto Evangeliio.'- Alguns 12. Nas palavras de C. F. Burney. The Aramaic Origin o f the Fourih Gospel. Oxlord, 1922, p. 69, “é um dos fenômenos mais dignos de menção neste Evangelho” .
INTRODUÇÃO
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estudiosos, tentando explicar esse fenôm eno, afirm am que 'iva é sim plesm ente um vernáculo grego grandem ente apreciado pelo autor do Quarto Evangelho; outros, por outro lado, tentam indicar a influência do aramaico. Não há dúvida de que esses dois fatos devem ser considera dos. No entanto, é possível que, na raiz de am bos, exista um terceiro elem ento para consideração, que pode ser expresso da seguinte m anei ra: Em qualquer língua há um a preferência pela análise, em vez da síntese, preferência esta que se m anifesta nos tem pos verbais? Hoje, por exemplo, o infinitivo está quase abolido da língua grega. Fizem os um estudo independente do uso de'iva no Quarto Evange lho, de acordo com o texto do Novuin Testamentum. Graece, organiza do por Eberhard Nestle e D. Erw in Nestle, vigésim a edição, 1950, e chegam os a algum as conclusões que estão tabuladas nas colunas que se encontram nas páginas seguintes. A coluna I contém um a referência a todas as cláusulas 'iva que, como verem os, expressam propósito. Depois de cada referência, nes sa e nas outras colunas, existe um a indicação do tempo, da voz (para (odos os verbos que aceitam um objeto e são transitivos) e do m odo do verbo (ou verbos) introduzidos por'iva. No texto do Evangelho, o verbo em questão não segue, necessária e diretamente, a cláusula 'iva, mas pertence a ela. Assim, em 14.3, o verbo descrito na coluna não é eLui, mas fixe. Quando a descrição do verbo é precedida pelo negativo (ati vo), o texto tem 'tva p,!]. Em todos os casos onde'iva expressa propósilo, sua tradução tem sido: Para, ou a fim de que. Uma boa ilustração d e'iva, nesse caso em particular, é João 3.16: “Porque Deus amou ao mundo de tal m aneira que deu seu Filho unigênito, para que ('iva) todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” . A coluna II A contém um a referência a todas as cláusulas 'iva que funcionam como: a. sujeito (de toda um a sentença, ou da m aior parte da sentença); b. com plemento subjuntivo', c. apositivo (do sujeito ou dc seu com plem ento); d. m odificador de qualquer desses três. A cláusula'iva, em 4.34, fornece um a boa ilustração: “M inha com i da consiste em fa z e r a vontade daquele que m e enviou e realizar sua obra” Civa T T O L W . . . K a l l e à e L G Ò o w ) . A coluna II B designa aquelas cláusulas 'iva que funcionam como:
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a. objeto (de toda um a sentença, de um a grande parte dentro da sen tença, ou m esm o de um a frase); b. seu apositivo. Os verbos que en volvem pedidos, orações (im plorando, pedindo), ordenando, indicando etc., freqüentem ente usam 'Lva com o objeto. Um a ilustração desse tipo de uso encontra-se em João 17.15: “Não peço que os tire do mundo, e sim que os guarde do mal (iva ccpiní;...âA,A,’ 'iva trip^oinç).” Quando 'iva introduz tanto um sujeito quanto um objeto (colunas II A e II B), ela é norm alm ente traduzida por que. Em outros casos, um infinitivo tem sido adotado para toda a cláusula'iva. Nesses casos, o para que nunca é usado na tradução. Um a com paração-dos textos de João 1.27 e Lucas 3.16 m ostra que Lucas usa um infinitivo, onde João u sa'iv a para transm itir o m esm o pensam ento, e isso m ostra que a subs tituição de um infinitivo por um a clásula'iva é com pletam ente legítimo. A coluna IIC indica 'iva com um sentido de resultado ou conse qüência. Um dos exem plos m ais claros é 9.2, em que, se a 'iva for dada total força final, dificilm ente resultaria um possível significado. E certo que alguns falam de pré-ordenação, m esm o nesse caso (se não hum ana, então divina), mas sem dúvida é m ais natural e simples ver esse'iva com o indicando um resultado simples; assim, traduzimos: “M estre, quem pecou, este ou seus pais, para que (iva) nascesse ceg o ?” Na m aioria dos casos, o sentido no qual 'iva é usado é im ediata m ente evidente. No entanto, existem casos sobre os quais estudiosos gram aticais e excelentes intérpretes têm chegado a conclusões dife rentes. A lgum as autoridades (especialm ente na escola antiga) recu sam -se a adm itir que 'iva possa introduzir um a sentença resultante. M as, se'iva (cf. latim ut) pode ter o sentido ecbático no grego posterior fora do texto do Novo Testamento, não há nenhum a boa razão para se afirm ar que o m esm o não possa acontecer no texto do N ovo Testa m ento. Afinal de contas, a linguagem é algo vivo. Lim itar o sentido das palavras, de um a m aneira m uito restritiva, nunca é um a decisão sábia. O utros, por outro lado, vão para o outro extrem o e recusam -se a ver o sentido de propósito até m esm o nas passagens que falam do cum pri m ento da profecia (ex., 13.18), em bora aceitem o sentido de resultado
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69
OU conseqüência áeíva. Entretanto, em oposição às suas opiniões, existe o fato de que a idéia de propósito é predom inante neste Evangelho: 1.7, 8; 3.17; 5.23, 34, 36. A H istória (particularm ente a história da re denção, em bora as duas não possam ser separadas) é vista com o a realização do plano e vontade de Deus: 4.34; 5.30; 6.37, 44, 64; 18.37; 19.28; e nesse plano a hora exata de cada acontecim ento já foi desig nada: 2.4; 7.6, 30; 8.20; 13.1. Esse Evangelho segue, do com eço ao fim, a doutrina da predestinação, com o é evidente a qualquer estudante im parcial, que o leia de um a só vez, do com eço ao fim. Portanto, ao estu darmos 'iva, devemos perm itir a força plena do cum prim ento profético.
É verdade, é claro, que é muitas vezes difícil traçar a linha entre as cláusulas de propósito e resultado. Portanto, devem os dar espaço às diferenças honestas de opinião (por exem plo, em tais casos com o 5.40; 6.5; 9.36 e 14.29). Alguns estudiosos, em sua busca de dim inuir a dis tância existente entre propósito e resultado, têm falado de um resulta do contem plado. Um outro problem a, com o qual som os confrontados, é a leve dis tinção que às vezes deve ser feita entre sentenças substantivas por um lado (se sujeito ou objeto, ou seja, se elas pertencem à coluna II A, ou à coluna II B), e sentenças de propósito (coluna I), por outro. Assim , poderíam os perguntar se deveríam os entender todas as três cláusulas ’iva de 17.21 com o cláusulas de propósito, ou deveríam os ver a prim ei ra e segunda com o objeto e a terceira com o propósito? A pesar de favo recermos a últim a alternativa, as duas prim eiras cláusulas, pelo fato de serem controladas por um verbo de pergunta, enquanto a terceira dife re substancialm ente em form a, contam , entre seus defensores, com vários exegetas famosos que podem apelar para 17.22b e 23a, onde cláusulas sem elhantes às duas prim eiras, pelo m enos em conteúdo, no versículo 21, são geralm ente consideradas com o cláusulas de propósi to. Felizm ente, qualquer que seja a opção que adotarm os, as interpreta ções resultantes não variarão muito. D iante do que já foi dito anteriorm ente, se tornará evidente que os dados colocados nas colunas devem ser considerados com o sendo nada mais do que um a m aneira honesta de buscar a exatidão. Crem os que a classificação esteja, em seu todo, correta.
70
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
No que diz respeito à estatística, note o seguinte: wa., com o cláusula final (C oluna I), acontece em pouco m ais de cem casos enquanto 'iva, com o cláusula não-final (Colunas II A, IIB, IIC), acontece em cerca de quarenta passagens. C onseqüentem ente, a proporção entre cláusulas'iva, finais e não-finais, no Quarto Evangelho gira em torno de cinco para duas. A proporção entre o aoristo e o subjuntivo presente (e alguns per feito perifrásticos), em todo o grupo de cláusulas'iva, é um pouco maior que dois por um. A proporção entre as cláusulas positivas ('iva) e negativas (iva jirí) é de cerca de sete por uma. Também existem algum as cláusulas mistas (um verbo negativo e um outro positivo, com o em 3.16). ' I. CLAUSULAS FINAIS
II. CLA U SU LA S N AO-FINAIS A SUJEITO
B OBJETO 1.7 (a) o subjuntivo aoristo aüvo explica [iapiupíav
1.7 (b) subjuntivo aoristo ati vo 1.8 subjuntivo aoristo ativo L19 subjuntivo aoristo ativo 1,22 subjuntivo aoristo ativo 1.27 o subjuntivo aoristo ativo explica
ãÇioç L31 subjuntivo aoristo pas sivo 2.25 o subjuntivo aoristo ativo explica Xptíav
C RESULTADO
71
INTRODUÇÃO
1. CLÁUSULAS FINAIS
IL CLÁUSULAS NÃO-FINAIS A SUJEITO
B OBJETO
3.15 subjuntivo ativo presente 3.16 subjuntivo aoristo médio negativo e presente do sub ju n tiv o ativo presente 3.17 (a) aoristo (ou presen te) subjuntivo ativo 3.17 (b) subjuntivo aoristo p assiv o 3.20 subjuntivo aoristo passivo negativo 3.21 subjuntivo aoristo p assiv o 4.8 subjuntivo aoristo ativo 4.15 subjuntivo presente negativo e subjuntivo m édio presente negativo 4.34 subjun tivo ativo presente (T T O U p O )
subju n d v o aoristo ativo também conta com foile apoio) e subjunti vo aoristo ativo 4.36 subjuntivo ativo presen te 4.47 subjun tivo ao risto ativo e sub ju n tiv o a o risto m édio 5.7 subjund-
C RESULTADO
72
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
I. CLÁ U SU LA S FINAIS
II. C LÁ U SU LA S N ÃO-FINAIS A SUJEITO
B OBJETO vo aoristo ativo modifica
C RESULTADO
aV ÔpCOTTOV
5.14 subjuntivo m édio aoris to negativo 5.20 subjuntivo ativo presente 5.23 subjuntivo ativo presente 5.34 subjuntivo aoristo pas sivo 5.36 subjun tivo aoristo ativo 5.40? subjuntivo ativo pre sen te 6.5? subjuntivo aoristo ativo 6.7 subjunti vo aoristo ativo 6.12 subjuntivo m édio aoris to negativo 6.15 subjuntivo aoristo ativo 6.28 subjuntivo m édio pre sen te 6.29 subjun tivo ativo presente explica TOUTO
6.30 subjuntivo aoristo ativo e subjuntivo aoristo ativo 6.38 subjuntivo ativo presente 6.39 subjun tivo aoristo ativo negativo ou indicativo
INTRODUÇÃO I, CLÁUSULAS FINAIS
73
II, CLÁUSULAS NÃO-FINAIS A SUJEITO ativo futuro; subjuntivo aoristo ativo ou indicativo ativo futuro; esses verbos explicam
B OBJETO
C RESULTADO
TOUTO
6.40 subjun tivo presente ativo explica TOUTO
6.50 subjuntivo aoristo ativo e subjuntivo aoristo ativo ne gativo 7,3 indicativo ativo futuro 7.23 subjuntivo aoristo pas sivo negativo 7.32 subjuntivo aoristo ativo [8.6 subjuntivo ativo presen te] ■ 8.56 subjun tiv o ao risto ativo 8,59 subjuntivo aoristo ativo 9.2 subjunti vo aoristo passiv o 9,3 subjuntivo aoristo passivo 9,22 subjun tivo ao risto médio 9.36? subjuntivo aoristo ativo
74
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
I. CLAUSULAS FINAIS
II. CLA U SU LA S N A O-FINAIS A SUJEITO
B OBJETO
9,39 subjuntivo ativo presen te e subjuntivo aoristo 10.10 (a) subjuntivo aoristo ativo, subjuntivo aoristo ati vo e subjuntivo aoristo ativo 10.10 (b) subjuntivo ativo presente e subjuntivo ativo presen te 10.17 subjuntivo aoristo ativo 10.31 subjuntivo aoristo ativo 10.38 subjuntivo aoristo ativo e subjuntivo ativo presente 1 1.4 subjuntivo aoristo pas sivo 11.11 subjuntivo aoristo ativo 11.15 subjuntivo aoristo ativo 11.16 subjuntivo aoristo 11.19 subjuntivo aoristo m é dio 11..31 subjuntivo aoristo ativo 11.37 subjuntivo aoristo ativo negativo 11.42 subjuntivo aoristo ativo 11.50 subjuntivo aoristo e subjuntivo aoristo médio negativo [ 1.52 subjuntivo aoristo ativo 11.53 subjuntivo aoristo ativo 11.55 subjuntivo aoristo ativo
C RESULTADO
INTRODUÇÃO
L CLÁUSULAS FINAIS
75
II. CLÁUSULAS NÃO-FINAIS A SUJEITO
B OBJETO 11.57 subjuntivo aoristo ativo
12.7 subjuntivo aor. ativo (forn ece:/b í) 12.9 subj. aor. ativo 12.10 subjuntivo aoristo ativo 12;20 subjuntivo aoristo ativo 12.23 subjuntivo aoristo p assiv o ; modifica wpa; tem um a força q u ase temporal 12.35 subjuntivo ativo aoris to negativo 12.36 subjuntivo aoristo 12.38 Subjuntivo aoristo pas sivo 12.40 Subjuntivo aoristo ati vo negativo; subjuntivo ao risto ativo negativo; subjun tivo aoristo ativo negativo; subjuntivo ativo lüturo negalivo 12.42 subjuntivo aoristo méilio negativo 12.46 subjuntivo aoristo ati vo negativo 12.47 (a) subjuntivo aoristo ativo
C RESULTADO
76
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
L CLÁUSULAS FINAIS
II. CLÁ U SU LA S N ÃO-FINAIS A SUJEITO
B OBJETO
12.47 (b) subjuntivo aoristo ativo 13.1 subjun tiv o ao risto ativo; m odi fica wpa 13.2 subjun tiv o ao risto ativo 13.15 subjuntivo ativo pre sen te 13.18 subjuntivo aoristo pas sivo 13.19 presente ativo subjun tivo 13.29 subjuntivo aoristo ativo 1 3 .3 4 s u b juntivo ativo presente; explica
\vxokny 14.3 subjuntivo presente 14.13 subjuntivo aoristo pas sivo 14.16 subjuntivo presente 1 4 .2 9 ? s u b ju n tiv o a o risto ativo 14.31 subjuntivo aoristo ativo 15.2 subjuntivo ativo presente 15.8 subjun tivo ativo presente; m odifica ’ev TOÚTC a)
15.11 subjuntivo presente e subjuntivo aoristo passivo 1 5 .1 2 su b -
C RESULTADO
INTRODUÇÃO
I. CLÁUSULAS FINAIS
77
II, CLÁUSULAS NÃO-FINAIS A SUJEITO
B OBJETO
C RESULTADO
juntivo ativo presente; ex plica aijTri 15.13 s u b ju n tiv o a o risto ativo; explica
áYáfrny 15.16 (a) subjuntivo presente; subjuntivo ativo presente e subjuntivo presente 15.16(b) subjuntivo aoristo ativo )5.17 subjuntivo ativo pre sen te 15.25 subjuntivo aoristo pas sivo 16.1 subjuntivo aoristo pas sivo negativo 16.2 subjunti vo a o ris to ativo; modifi ca u p a; tem quase uma força temporal 16.4 subjuntivo ativo presente 16.7 subjuntívo aoristo ativo
78
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
I. CLAUSULAS FINAIS
II. CLA U SU LA S N AO-FINAIS A SUJEITO
B OBJETO
16.24 subjuntivo penlrástico perfeito passivo 16.30 subjuntivo ativo presente 1 6 .3 2 s u b ju n tiv o a o risto passivo e subjuntivo aoristo ativo 16.33 subjuntivo ativo pre se n te 17.1 subjuntivo aoristo ativo 17.2 subjun tivo aoristo ativo (outra leitura tem o indicativo ativo futuro); explica
’e^ovaiav 17.3 subjun tivo ativo presente; explica aúni 17.4 subjun tiv o ao risto ativo 17.11 subjuntivo presente 17.12 subjuntivo aoristo pas sivo 17.13 subjuntivo ativo pre sen te 17.15 (a) subjuntivo
C RESULTADO
INTRODUÇÃO
I. CLÁUSULAS FINAIS
79
II. CLÁUSULAS NÃO-FINAIS A SUJEITO
B OBJETO aoristo ativo 17.15 (b) subjuntivo aoristo ativo
17.19 subjuntivo perfeito passivo perifrástico 17.21 (a) subjuntivo presente 17.21 (b) subjuntivo presente 17.21 (c) subjuntivo alivo presente 17.22 subjuntivo presente 17.23 (a) subjuntivo perifrás tico perfeito passivo 17.23 (b) su b ju n tiv o ativo p resente 17.24 (a) subjuntivo presente 17,24 (b) subjuntivo ativo presen te 17,26 subjuntivo presente 18:9 subjuntivo aoristo pas sivo 18.28 subjuntivo aoristo pas sivo n eg ativo e su b ju n tiv o aoristo ativo I 8.32 subjuntivo aoristo pas sivo 18.36 subjuntivo aoristo pas sivo negativo 18.37 subjuntivo aoristo ativo
C RESULTADO
80
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
I. CLÁUSULAS FINAIS
II. CLÁUSULAS NÃO-FINAIS A SUJEITO 18.39 subjuntivo aoristo ativo; explica
B OBJETO
ouvijGeia 19.4 subjuntivo aoristo ativo 19.16 subjuntivo aoristo p assiv o 19.24 subjuntivo aoristo p assiv o 19.28 subjuntivo aoristo p assiv o 19.31 (a) subjuntivo aoristo negativo 19.31 (b) subjuntivo aoristo e subjuntivo aoristo p assivo 19.35 subjuntivo ativo presen te 19.36 subjuntivo aoristo passiv o 19.38 subjuntivo aoristo ativo 20.31 (a) subjuntivo ativo presen te 20.31 (b) subjuntivo ativo presen te
C RESULTADO
IN TRO DUÇÃO
Classificação das Cláusulas
otl
81
no Evangelho de João
N este Evangelho, o t l ocorre com m uito m ais freqüência do que em qualquer outro. Existem três usos principais: causal, declarativo e recitativo. A proxim adam ente, um terço dos exem plos se enquadram na categoria dos causais; um pouco m ais da m etade são declarativos, e um nono são recitativos. Especificam ente: 1. U m OTL causal pode ser traduzido: por, porque, desde que. Veja a C oluna I abaixo. 2. Um OTL declarativo introduz um a cláusula que é um objeto direto de um verbo declarativo, afirmativo, de visão, de pensamento, de audi ção, de lembrança, de conhecim ento etc. Essa cláusula pode ser cham a da discurso indireto quando o termo é usado em seu sentido mais am plo. A tradução é que (veja a Coluna II abaixo). A lista também contém alguns exemplos que não são estritamente declarativos (por exemplo, 3.19 epexegético; 14.22 provavelmente consecutivo) .Nós, provavelmente, temos o uso elíptico em 6.46: “Não que alguém tenha visto” etc. 3. Um OTL recitativo introduz um a questão direta. N a língua portu guesa, ele é introduzido por aspas (“ ....”). N este Evangelho, quando Jesus é diretam ente citado, o autor, de pois das palavras “ele disse”, geralm ente om ite o t l (ver 18.5). Quando outras pessoas são citadas diretam ente, suas palavras são introduzidas por OTL (1.20; 9.9). Entretanto, existem vários exem plos de discurso indireto (C oluna II), nos quais Jesus é apresentado com o citando pala vras que ele m esm o havia pronunciado anteriorm ente. Nesses casos, é usado o OTL declarativo (1.50; 6.36; 8.24; etc.). A tendência atual é considerar o o t l depois de ’Ap,f|v léyw com o recitativo.'^ 13. Assim fazem várias traduções quando não traduzem o t l , de tal maneira que, para o leitor de fala portuguesa, não existe nenhuma distinção entre a construção sem ooxt (5.19), e a com OTL (5.24,25). Uma questão legítima é se a presença de o t l , após o ’A|.if|i^ a[j.Tiy Xkyw, acrescenta algum elem ento ao caráter do dito que segue as palavras da introdução solene. Se este for o caso, a construção tenderia na direção do discurso indireto, como se Jesus estivesse repetindo o que já havia dito anteriorm ente, estando agora usando palavras diferentes, talvez para acrescentar alguma idéia ou ênfase nova. Um bom argumento pode ser apresentado em relação a essa posição para cada um dos casos em que as palavras introdutórias aparecem com o t l (3.11; 5.24, 25; 8.34; 10.7; 13.21 e 16.20). N. N. omite 'ÓXL em todos os outros casos em que ’A j í ti v a^iriv Ãéyci) o o l ( o u ò h l u ’) ocorre (1.51 ; 3.3, 5; 5.19; 6.26, 32, 47, 53; 8.51. 58; 10.1; 12.24; 13.16, 20; 13.38; 14.12; 16.23 e 21.18). Entretanto, a situação é complicada pelo fato de que, em alguns casos, o texto é disputado.
82
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
N a grande m aioria dos exemplos, o sentido distinto de otl pode ser imediatam ente percebido pelo contexto. Assim, em 8.47 (onde otl é pre cedido por òik toOto), o sentido causal é evidente. Também, depois de palavras de declaração, visão, etc., o uso declarativo é geralm ente dis cernido sem dificuldade; ver, por exemplo, 4.20. É tam bém muito claro que, em 1.20, otl deve ser recitativo (sem m udança da prim eira para a terceira pessoa). Existem tam bém casos onde otl pode ser tanto decla rativo quanto recitativo, sem afetar o sentido; por exemplo, ver 4.37. Porém , às vezes 2.18
otl
cria problem as. N ote o seguinte:
- Aqui, aparentem ente, a pessoa, ao reproduzir o sentido de
OTL, terá de ir além do simples declarativo que. Os judeus não podem
ter pretendido dizer: “Que sinal você m ostra (para provar) que está fazendo essas coisas?” Eles não questionam o fa to de Jesus ter, real m ente, purificado o templo. O que eles querem saber é com o ele pode ria justificar suas ações; que razões, boas e legítim as, ele teria para agir daquela maneira. Isso aponta para otl, no sentido causal. Nós traduzi mos: “Que sinal você nos mostra, para fazer essas coisas?” 3.7; 4.27; 5.28 - O verbo grego SaufiáCo) pode ser usado tanto absolutam ente, ou com o acusativo de pessoa ou coisa. Q uando o en tendim ento é do acusativo (ou seja, o fato de que o verbo pode ter um objeto, e que este objeto pode ser um a palavra simples, ou m esm o toda um a cláusula), é simples de ver que o otl, o qual segue o verbo, pode ser declarativo (introduzindo um a cláusula que). De acordo com a m aneira pela qual se usa o verbo em 3.7 e 4.27, ele não difere muito dos verbos de declaração, confirm ação etc. (ver o ponto 2 acima), os quais assum em , geralm ente, de um m odo sem elhante, um otl declarativo e antecipativo. Portanto, apesar de não fazer m uita diferença no sentido resultante, se, em 3.7 e 4.27, a tradução for “que” ou “porque” , nós preferim os optai' pelo “que” . Em 5.28, a situação é diferente. Alí, o objeto do verbo (|j,t]) SaufxáCeTe, não é um a cláusula, mas sim o pronom e toBto . Além do mais, toOto, evidentem ente, se refere ao que o precede. Ele não antecipa (aqui), pois se o fizesse, Jesus estaria dizendo aos judeus que parassem de se m aravilhar com algo que ele ainda não havia lhes contado; no caso, os detalhes com respeito à futura ressurreição física. Portanto, a cláu sula fif] 0au(j,áCeTe toOto é com pleta em si m esm a e, em nossas ver
INTRODUÇÃO
83
sões portuguesas, ela é, propriam ente, seguida por um a vírgula. A cláu sula OTL que segue a vírgula declara a razão para a proibição im ediata m ente precedente. Portanto, a tradução própria é “porque” . 5.79 - Aqui, C risóstom o e outros têm interpretado otl em seu sen tido causal. Entretanto, um a com paração com as outras passagens se melhantes (IJo 1.5; 5.9, 11, 14)m ostra, im ediatam ente, queoiL éusado para introduzir um a cláusula que se encontra em aposição a um subs tantivo precedente, e o explica. Assim, 1 João 5.14 só pode ser traduzi do da seguinte maneira: “E esta é a confiança que tem os para com ele: que (e não porque), se pedirm os algum a coisa segundo sua vontade, ele nos ouve” . Em termos de forma, 3.19 é exatam ente sem elhante, e otl deve ser traduzida com o “que” . 4.35 (b) - Nesse caso, tanto “que” , quanto “porque” fazem senti do. No entanto, o contexto (v. 35a) parece indicar que Jesus não pre tende dizer: Esquadrinhe os cam pos (fazendo isso porque eles estão brancos), m as sim, erguam os olhos e vejam a brancura destes cam pos (em contraste com os cam pos naturais). Aqui temos um verbo de visão com um objeto direto e um objeto-cláusula. 8.22 — Em passagens com o essa (e 11.47) há um a elipse. Assim, toda a pergunta pode ser parafraseada da seguinte maneira: “Então, diziam os judeus: Será que ele se suicidará? E les disseram isso p o r que (ou: p o r causa, otl) ele havia dito: Para onde eu vou vocês não podem ir” . 14.2 - Que otl, no sentido de porque, é possível, e m esm o prová vel aqui, é m ostrado em nossa explicação dessa passagem . Nós não concordam os com aqueles expositores que insistem no otl declarativo, com o se o sentido causal estivesse com pletam ente fora de questão. Existem dois sentidos possíveis, quando otl é aceito como declarativo: a. “Se não fosse assim (ou seja, se não existissem m uitas m oradas na casa do meu Pai), eu teria dito que iria preparar lugar para vocês” . Essa explicação faz Jesus dizer que, se não houvesse m oradas predes tinadas no céu, para os filhos de Deus, ele iria lá e tom aria as m edidas necessárias para m udar a situação; e que, se esse fosse o caso, ele teria inform ado a seus discípulos sobre seus planos com relação a isso. Essa interpretação, com certeza, é impossível de ser a correta: Jesus e o Pai não estão em conflito no Evangelho de João.
84
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
b. “Se assim não fosse, eu lhes teria dito que vou preparar-lhes um lugar?” Isso, naturalmente, é possível, e muito m elhor do que a possibiidade anterior. No entanto, um a pergunta que tem sido feita é a seguin te: “Q uando Jesus disse aos seus discípulos essas coisas (ou seja, que ele estava indo preparar-lhes um lugar)?” A possibilidade de que te nha havido tal ensino im portante, do qual o Evangelho não conservou nenhum registro, deve ser considerada, em bora a probabilidade não seja grande. Basicam ente, não existe um a grande diferença entre b. ( otl, que, em um a pergunta) e a posição de que otl deve ser considerado com o causal. Dois fatos muito im portantes são ensinados, ou pelo menos deduzíveis, em ambas as possibilidades: a. N a casa do Pai há espaço suficiente para todos seus filhos. b. U m dos propósitos da ascensão de Cristo foi o de preparar todas as coisas para a habitação dos eleitos.
Classificação das cláusulas
otl
no Novo Testamento
n. DECLARATIVO L CA U SA L
(PRINCIPALMENTE)
= gue, porque, desde que
= que
in. RECITATIVO
1.15 1.16 1.17 1.20 1.30 132 1.34 1.50 (a) 1.50 (b) 2.17 2.18
2.22 2.25 3.2 3.7 3.11
3.18 3.19
85
INTRODUÇÃO
I. CAUSAL
II. (PRINCIPALMENTE)
= que, porque, desde que
= que
DECLARATIVO in. RECITATIVO
3.21 3.23 3.28 (a) 3.28 (b) 3.33 4.1 (a) 4.1 (b) 4.17 4.19 4.20 4.21 4.22 4,25 4.27 4,35 (a) 4.36 (b) 4.37 4.39 4.42 (a) 4.42 (b) 4.44 4,47 4,51 4.52 4.53 5.6 5.15
5.16 5.18 5.24 5.25 5.27 5.28 5.30 5.32 5.36 5.38
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
86
I. CAUSAL = que, porque, desde que
n. DECLARATIVO (PRINCIPALMENTE)
m. RECITATIVO
= que
5.39 5.42 5.45
6.2 6.5 6.14 6.15 6.22 (a) 6.22 (b) 6.24 6.26 (a) 6.26 (b) 6.36 6.38 6.41 6.42 6.46 6.61 6.65 6.69 7.1 7.7 (a) 7.7 (b) 7.8 7.12 7.22 7.23 7.26 7.29 7.30 7:35 (quase resultativo: portanto, que) 7.39
[7.40] 7.42 7.52 8.14
87
INTRODUÇÃO
, CAUSAL
ILDECLARATIVO (PRINCIPALMENTE)
=gue, porgue, desde que
= gue
m . RECITATIVO
8.16 8.17
8.20 8.22 8.24 (a) 8.24 (b) 8.27 8.28 8.29 8.33 8.34 8.37 (a) 8.37 (b) 8.43 8.44 (a) 8.44 (b) 8.45 8.47 8.48 8.52 8.54 8.55 9.8 9.9 (a) 9.9 (b) 9,11 9.16 9.17 (a) 9.17 (b) 9.18 9.19 9.20 (a) 9.20 (b)
9.22 9.23 9.24 9.25
88
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
I. CAUSAL
ILDECLARATIVO (PRINCIPALMENTE)
= que, porque, desde que
= que
III. RECITATIVO
9.29 9.30 9.31 9.32 9.35 941 10.4 10.5 10.7 10.13 10.17 10.26 10.33 10.34 10.36 (a) 10.36 (b) 10.38 1041
11.6 11.9 11.10
11.13 11.15
11.20 11.22 11.24 11.27 11.31 (a) 11.31(b) 11.40 11.41 11.42 (a) 11.42(b) 11.47 11.50 11.51 11.56
INTRODUÇÃO
I. CAUSAL
n. DECLARATIVO (PRINCIPALMENTE)
= que, porque, desde que
= que, porque
89
III. RECITATIVO
12.6 (a) 12.6 (b) 12.9 12.11 12.12
12.16 12.18 12.19 12.34 (a) 12.34 (b) 12.39 12.41 12.49 12.50 13.1 13.3 (a) 13.3 (b) 13.11 13.19 13.21 13.29 13.33 13.35 14.2 14.10 14.11 14.12 14.17 (a) 14.17 (b) 14.19 1420 14.22 14.28 (a) 14.28 (b)
14.28 (c) 14.31 15.5
90
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
I. CAUSAL
n. DECLARATIVO (PRINCffiALMENTE)
= que, porque, desde que
= que
m . RECITATIVO
15:15 (a) 15.15(b) 15,18 15.19 15.21 15.25 15.27 16.3 16.4 (a) 16,4(b) 16.6 16.9 16.10 16.11 16.14 16.15 16.17 16.19 (a) I6.19(b) 16,20 16,21 (a) 16.21 (b) 16.26 16.27 (a) 16.27 (b) 16.30 (a) 16.30 (b) 16.32 17.7 17,8 (a) 17.8 (b) 17.8 (c) 17.9 17.14
17.21 17,23 17.24
INTRODUÇÃO
I. CAUSAL = que, porque, desde que
II, DECLARATIVO (PRINCIPALMENTE) = que
91
m.REaTATTVO = “............... ”
17.25 18.2 18.8 18.9 18.14 18.18 18.37 19.4 19.7 19.10 19.20 19.21 19.28 19.35 19.42 20.9 20.13 20.14 20.15 20.18 20.29 20.31 214 21.7 21.12
21.15 21.16 21.17 (a) 21.17 (b) 21.23 (a) 21.23 (b) 21.24
92
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
A Influência do Aramaico Sobre o Grego no Quarto Evangelho Com relação à possível influência do aram aico sobre o grego do Quarto Evangelho, o m elhor que provavelm ente tem os a fazer é evitar os extremos.''^ Por outro lado, parece óbvio que um livro com posto em Éfeso, para pessoas de Éfeso e vizinhança, um Evangelho escrito para ser lido por gentios cristãos de fala grega, deve ter sido escrito em grego.'-’ M as, com o seu autor era judeu, cuja língua nativa era o ara maico, e com o as fontes prim árias desse Evangelho devem ter sido aram aicas, parece ser tanto justo, quanto óbvio, que suas peculiarida des lingüísticas devam ser vistas, com freqüência, com o aramismos, ou, pelo m enos, com o sem itism os. É verdade que para m uitas dessas cons truções características pode-se encontrar paralalelos em epítetos ou em papiros ou em ambos. Entretanto, a questão que perm anece é que se, quando se acham tantas dessas peculiaridades, algum as delas com grande freqüência, ocorrendo juntas no espaço relativam ente curto de um Evangelho, e quando, além disso, se sabe que o autor e a Pes soa de quem os discursos são reproduzidos, eram judeus de fala ara maica, não seria m elhor dar à língua aram aica sua im portância devida com o um a influência form ativa, que contribuiu com sua parte na deter m inação do grego que encontram os no texto? Assim , o uso de várias palavras aram aicas, paralelism os constantem ente recorrentes (m uitas vezes quiasm as), sujeitos suspensos, expressões características (como; “respondeu e disse”, que tam bém ocorrem com freqüência na seção aram aica do livro de Daniel), kkl, com o sentido de “m as” (ou; “e ain14. Ver W. F. Albright, “Some Observations Favoring the Palestinian Origin of the Gospel of John”, HThR, abril, 1924; do mesmo autor, From The Stone Age to Christianity. Balti more, 1940, pp. 299-300. Deveríamos, pelo menos, ler: C. F. Burney, The Aramaic Origin o f the Fourth Gospel, Oxford, 1922; O. T. Allis, “The Alleged Aramaic Origin of the G ospels” , PThR 26 (1928), 531-572; E. C. Colwell, The Greek o f the Fourth Go.<:pel, Chicago, 1931; G. D. Dalman, .Iesus-.leshua, Studies in the Gospels (traduzido por P. P. Levertoff), Nova York, 1929, especialmente pp. 1-38; E. J. Goodspeed, New Chapters in New Testament Study, Nova York, 1937, cap. VI; J. De Zwaan, “John Wrote Aramaic”, JBL 57 (1938), pp. 155-171; O debate entre Riddle e Torrey, ChrC, 1 8 -3 1 de outubro de 1934; F. W. Filson, One L o r d -O n e Faith. Filadélfia, 1943, pp. 31-35; e as obras de C. C. Torrey, especialm ente The Four Go.spels, A New Translation, Nova York e Londres, 1933; Our Traitslated Gospels, Nova York e Londres, 1936; e os Documentos da Igreja Primitiva. Aste/Juerp, Brasil, 1985. 15. F. W. Ginrich, “The Gospel o f John and Modern Greek”, CIW, 36 (1942-1943), pp. 122-123, descobriu uma grande semelhança entre o grego de João e o grego moderno.
IN TRO DUÇÃO
93
cia”), cláusulas cordenadas em vez de cláusulas subordinadas (parala xe em vez de hipotaxe) e um uso abundante (redundante?) de prono mes e do presente histórico parecem m uito naturais, quando os encon tram os num livro escrito por um autor com alm a e nom e judaicos.
V Tema e Divisões o tem a é dado em 20.31: Jesus é o Cristo, o F ilho de D eus. Existe um a clara divisão no final do capítulo 12: Cristo deixa as m ulti dões e retira-se para o círculo íntimo de seus discípulos. Bons argum entos podem ser desenvolvidos para várias subdivisões sob cada um a dessas partes principais. Nós preferim os as seguintes: Os prim eiros seis capítulos form am um a grande unidade. Eles pro clam am que 0 Filho glorioso de Deus, que se tornou carne, é m ostrado revelando-se a círculos sem pre crescentes, sendo, então, rejeitado, pri meiro na Judéia (capítulo 5) e depois na G aliléia (capítulo 6). Esses capítulos (depois do prólogo, 1.1-18) cobrem vários acontecim entos e discursos im portantes, que aconteceram no decoiTer de um período aproxim ado de dois anos e quatro meses, ou seja, de dezem bro do ano 26 até a Páscoa do ano 29. D epois desse tempo, segue-se um período de meio ano (o M inistério do Retiro - da Páscoa até a Festa dos Taber náculos), sobre o qual João nada diz. Os capítulos 7 a 10 form am um a outra unidade. Eles registram os acontecim entos e discursos que aconteceram durante o período que vai de outubro a dezem bro do ano 29 (da Festa dos Tabernáculos até a Festa da D edicação). A conclusão do capítulo 10 indica que aqui, um a vez mais, tem os um a divisão natural (ver 10.40-42). E ssa subdivisão descreve o Filho de Deus fazendo seu apelo m isericordioso aos peca dores, e ao m esm o tempo reprovando seus inimigos, cuja ira e determ i nação sinistra, com respeito a ele, só aum entava de intensidade. Os capítulos 11 e 12 constituem a terceira e últim a subdivisão, sob a prim eira divisão principal. N eles a Palavra apresenta-se com o reve lando a si m esm a, claram ente, por meio de duas obras m aravilhosas: a ressurreição de Lázaro e a entrada triunfal em Jerusalém . Essa seção nos conduz ao início da Sem ana da Paixão. Com o já indicam os, o pará grafo final do capítulo 12 (ver especialm ente o v. 37) form a um a con clusão natural para toda a prim eira divisão do Quarto Evangelho.
94
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
A segunda parte, capítulos 13-21, se divide, de form a muito radical, em quatro subdivisões. São elas: O capítulo 13 separa-se dos dem ais, apesar de form ar um a introdu ção natural para os dircursos do Cenáculo. M as no capítulo 13, diferen tem ente dos capítulos 14-17, tem os um material narrativo que descreve várias ações, entrelaçadas com conversações dram áticas. Vemos o M estre e seus discípulos na Ceia. Ele estabelece e ilustra seu novo m andam ento, no qual eles deveriam am ar uns aos outros, assim com o ele os havia am ado. A história da negação de Pedro, introduzida nos versículos finais desse capítulo (13.36-38 - a predição), continua mais adiante (em 18.15-18, e vs. 25-27 - O cum prim ento da predição). En tre essa predição e seu cum prim ento, encontra-se o bloco dos capítulos 14-17. Os capítulos 14-17 claramente formam um a unidade. Eles contêm o discurso da C eia e a oração sacerdotal. O Senhor, bondosamente, instrui seus discípulos, e em sua oração entrega a si, bem como os discípulos, e a todos os que vierem a crer, ao cuidado de seu Pai. Nos capítulos 18 e 19, Cristo é apresentado com o um substituto, no ato de moiTer por seu povo. É claro que essa seção tam bém form a um a unidade. A subdivisão final é form ada pelos capítulos 20 e 21, e inclui a ressurreição e os aparecim entos. D ividim os o Quarto Evangelho em duas divisões principais e sete subdivisões, com três delas sob a prim eira divisão principal e quatro sob a segunda. E m bora não se possa atribuir m aior m érito a esse esboço pelo fato de ser natural, com o foi dito, e fácil de ser m em orizado, con tudo é interessante observar que o apóstolo João, o autor do Quatro Evangelho e do Apocalipse, gosta muito desse tipo de arranjo. No A po calipse, ele tam bém às vezes divide suas sete subdivisões em dois gru pos, colocando três unidades no prim eiro e quatro no segundo, ou viceversa (ver nosso livro More than Conquerors, Grand Rapids, 1952, pp. 30 e 75). De fato, tam bém o livro do A pocalipse se divide exata m ente da m esm a maneira. Note o paralelo:
INTRODUÇÃO
E vangelho de João " . Jesus, o Cristo, Filho de Deus I. Durante Seu M inistério Público
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Livro do A pocalipse A Vitória de Cristo e Sua Igreja Sobre Satanás e Seus Auxiliares I. A Luta na Terra
A. Revelando a si m esm o a cír culos crescentes, rejeitado
A. Cristo no meio das sete lâm padas
B. Fazendo seu apelo com passi vo, amargamente resistido
B. O livro com sete selos
C. M anifestando a si m esm o com o 0 M essias, ao realizar duas obras poderosas, rejeidado
C. As sete trom betas do juízo
II. Durante Seu M inistério Privado
II O pano de fundo m ais profun do
A. Em itindo e ilustrando seus novos m andam entos
A. A m ulher e o seu filho varão perseguidos pelo D ragão e seus auxiliares
B. Instm indo compassivamen te seus discípulos e entre g an d o -o s ao cu id ad o do Pai.
B. Os sete cálices da ira
C. M orrendo com o um substi tuto por seu povo.
C. A queda da Grande Prosti tu ta e de seus h ab itan tes malignos
D. Triunfando gloriosam ente
D. O julgam ento do D ragão, seguido pela m anifestação do Novo Céu e N ova Terra
(Para este esboço, ver More than Conquerors, pp. 22-31).
96
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
O plano do Evangelho de João é de fato m uito bonito. Tam bém a m aneira com o ele é arranjado é im pressionante. Vemos a Palavra em sua glória pré-encarnada, para que possam os apreciar seu am or m ise ricordioso, ao vir à terra salvar pecadores. Em seu m inistério terreno, ele revela a si m esm o a um círculo crescente de pessoas, m as é rejeita do, tanto na Judéia quanto na Galiléia. No entanto, ele não destrói, de um a vez por todas, aqueles que o rejeitam, mas, em vez disso, faz um apelo com passivo aos pecadores para que o aceitem pela fé. Enquanto isso, a oposição se transform a num a resistência ativa e am arga. Jesus agora, ao realizar duas obras poderosas, m anifesta-se claram ente com o o M essias. M as, apesar de os gregos o procurarem , os judeus, que tinham visto as m anifestações de seu caráter, am or e poder, o rejeitam . Assim, ele se volta ao círculo íntimo de discípulos, instruíndo-os bondo sam ente, por ocasião da Ceia, no C enáculo e, antes de subm eter-se ao sofrim ento e à morte, os entrega ao cuidado do Pai. Em sua própria m orte, ele vence o mundo, e m ediante o significado de sua ressurreição revela o sentido da craz.
o E van g elh o S e g u n d o J o ão
ESBOÇO DOS CAPÍTULOS 1-6 Tema; Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, R evelando-se aos Círculos Crescentes, Durante Seu M inistério Público - Rejeitado ]. 1- ] 8
1. A G lória do Filho, com o a Palavra de Deus a. No princípio b. N a criação c. Depois da queda d. N a encarnação
1 .1 9 ^ .5 4
2. Cristo se R evela a Círculos Crescentes a. A João Batista, que testifica a respeito dele b. A seus discípulos im ediatos. O testem unho e a fé deles, quando testem unham o prim eiro sinal c. A Jerusalém . A purificação do tem plo; a conversa com Nicodemos d. À Judéia. A partida de João Batista e. A Samaria. A conversa com a m ulher sam aritana e 0 m inistério entre o povo de Sicar f. À Galiléia. A cura do filho do oficial do rei
5 -6
3. Rejeitado a. N a Judéia, com o resultado da cura do hom em no sábado, em Betesda, e as alegações feitas ali b. N a Galiléia, com o resultado do sermão sobre o Pão da Vida
C a p ít u l o 1 JOAO 1.1-5 1 No princípio era a Palavra, e a Palavra estava face a face com Deus, e a Palavra era Deus. 2 Ele próprio estava no princípio face a face com Deus. 3 Todas as coisas vieram a existir através dele, e sem ele nada do que existe veio à existência. 4 Nele estava a vida, e essa vida era a luz dos homens. 5 E a luz brilha nas trevas, mas as trevas não se apropriaram dela.
1.1-5 A m aneira com o este Evangelho com eça é m agnificente. Ele co meça retratando a vida de Cristo na eternidade, antes que o m undo existisse. E ssa vida era rica e gloriosa, cheia de prazer infinito e de bênção serena, na presença do Pai. Assim que entendem os essa ver dade, 0 am or condescendente de Cristo, ao fazer-se carne, se torna ainda m ais apreciado. 1. No princípio - quando os céus e a terra foram criados (Gn 1.1) - a Palavra já existia. Esse é um m odo diferente de dizer que ele existia desde a eternidade. Ele não era um ser criado, com o alguns heréticos têm afirm ado. (Ver p. 51.) E ra a Palavra. Tanto João quanto os hereges falaram da Palavra (ó Ãóyoç). M as, em bora o term o seja o mesmo, o sentido era diferente. A doutrina de João não é dependente da doutrina dos hereges, nem da dos filósofos especulativos, como Filo, um alexandrino proeminente, que foi m uito conhecido no prim eiro século d.C. N inguém consegue con cluir qual era o entendim ento de Filo a respeito do Logos. Ele usa o termo m ais de 1.300 vezes em seus escritos, em bora o sentido nunca seja definido.'* Ele o descreve como um atributo divino, e tam bém como 16. Cf. H. Bavinck, The Doctrine o f C od (traduzido por W illiam Hendriksen), Grand
100
JOAO 1.1
um a ponte entre Deus e o mundo, sem ser idêntico com nenhum dos dois lados, m as com partilhando da natureza de am bos. Filo usava o term o alegoricamente, o que torna muito difícil apreenderm os seu signi ficado. Assim, em seus com entários do texto de Gênesis 3.24, ele faz algum as observações a respeito dos querubins, equipados com espadas refulgentes, que são colocados nos portões do Jardim do Éden para evitar o acesso à Á rvore da Vida. De acordo com Filo, esses querubins são duas potências divinas: a bondade am orosa de Deus e sua sobera nia. A espada é o Logos ou a Razão que une as duas. Balaão, o profeta louco, não tinha a espada (Razão), pois ele disse à mula: “Se eu tivesse um a espada, eu teria cortado você” (Sobre os Querubins, XXXII). C ertam ente que o termo, conform e é usado pelo evangelista, não pode derivar seu sentido dessas alegorias. Ele está radicado no pensa m ento sem ítico, e não no grego.’’ Já no Antigo Testam ento, a Palavra de D eus é representada com o um a Pessoa. Observe, especialm ente, o Salm o 33.6: “Pela palavra de Jeová (Septuaginta: tw A.óyw tou Kupí ou) os céus foram feitos” . Talvez o m elhor com entário de João 1.1 esteja em Provérbios 8.27-30; “Q uando ele preparava os céus, aí eu estava; quando traçava o horizonte sobre a face do abismo; quando firm ava as nuvens de cim a e quando estabelecia as fontes do abismo; quando fixava ao m ar seu limite, para que as águas não traspas sassem seus limites; quando com punha os fundam entos da terra; então, eu estava com ele e era seu arquiteto, dia após dia eu era suas delícias, folgando perante ele em todo o tem po” .
Rapids, Mich., 1951, pp. 260-264; W. F. Howard, Christianity According to John, Filadélfia, 1946, pp. 34-56. 17. Cf. R. Harris, The Origin o f the Prologue to St. John ’s Gospel, Cambridge, 1917, especialmente p. 6; V\/. F, Albright, From Stone Age to Christianity, Baltimore, 1940, p. 285; W. F. Howard, op. cit., p. 47; W. P. Phythian-Adams, “The Logos Doctrine of the Fourth Gospel” , CQR, 139 (1944) pp. 1-23.
JOÃO 1.2, 3
101
O term o Verbo, com o um a designação neotestam entária de Cristo, ocorre som ente em 1.1, 14; 1 João 1.1 e A pocalipse 19.13. U m a pala vra serve a dois propósitos distintos: a. ela dá expressão aos pensam en tos profundos - a alm a do ser hum ano - , e faz com que ninguém esteja presente para ouvir o que é dito, ou ler o que é pensado; e b. ela revela esse pensam ento (isto é, a alm a de quem fala) aos outros. Cristo é o Verbo (ou a Palavra) de Deus em ambos aspectos: ele expressa ou reflete a m ente de Deus e tam bém revela Deus para os hom ens (1.18; cf. M t 11.27; Hb 1.3). E a Palavra estava face a face com D eus (irpòç tòv 9eóu').'’^ O sentido é que a Palavra existia na mais estreita com unhão possível com 0 Pai, e que ele tinha um prazer suprem o nessa com unhão (cf. 1Jo 1.2). Essa alegria tinha sido im pressa tão profundam ente no Logos, que nun ca foi apagada de sua consciência, com o é tam bém evidenciado por sua oração sacerdotal: “E agora glorifica-m e, ó Pai, contigo m esm o, com a glória que eu li ve junto de ti antes que o m undo existisse.” Portanto, a encarnação com eça a aparecer, mais claram ente, com o uma obra de am or incom preensível, e de um a infinita condescendência. E a Palavra era Deus. P ara que a ênfase fosse totalm ente posta na divindade plena de Cristo, o predicado, no original, precede o sujeito (kkl 0eóç fjv ò Àóyoc). C ontra qualquer tentativa herética de desm ere cer essa verdade, devem os sem pre deixar claro que esta P alavra é com pletam ente divina. 2. No princípio, ele próprio estava face a face com Deus. Esta Palavra divina, que existe desde toda a eternidade com o um a Pessoa distinta, estava gozando da com unhão am orosa com o Pai. Portanto, a divindade plena de Cristo, sua eternidade e existência pessoal distinta devem ser confessadas mais um a vez, para que os hereges possam ser refutados e a Igreja possa ser estabelecida na fé e no am or de Deus. 3. Todas as coisas foram feitas p or interm éd io dele, e sem cie nada do que existe veio à existência. Todas as coisas, um a a IK. O Novo Testamento contém mais de seiscentos exemplos de irpó; com o acusativo. Hk' indica movimento ou direção para um lugar, ou, como aqui, uma grande proximidade; portanto, nesse contexto, comunhão, intimidade e amizade.
102
JOÃO 1.4
um a, vieram a existir por m eio desta Palavra divina. Portanto, a grande verdade de que Cristo criou todas as coisas (porque, nas obras exter nas, todas as três Pessoas cooperam ) é, antes de tudo, declarada posi tivam ente, a partir do ponto de vista do passado. Do ponto de vista do presente, podem os declarar esta m esm a verdade da seguinte maneira: “Sem ele, nada do que existe poderia ter sido feito” . D ois fatos são aqui enfatizados: a. que o próprio Cristo não foi criado; ele era eternam ente (para que esse pensam ento seja com uni cado, 0 tem po im perfeito é usado por quatro vezes, nos versículos 1 e 2); e b. que todas as coisas (vistas distribuitivam ente, um a a uma, sem exceção) foram criadas por ele (aqui é usado o tem po aoristo). 4. Nele estava a vida. O texto não diz: p o r meio dele, mas nele, assim com o em 5.26; 6.48, 53; 11.25. A cláusula “A vida estava nele” significa que, desde toda a eternidade, e ao longo de toda a antiga dispensação, a vida residiu na Palavra. Portanto, a m elhor tradução é “estava", em vez de “está” . Porém , qual é o sentido do term o “vida” , com o usado aqui? Será que ele se refere diretam ente a qualquer tipo de vida, quer física quer espiritual - tanto a vida de um a borboleta, quanto a de um arcanjo? No entanto, vida física não reside na segunda pessoa da Trindade. Deus não é físico, em nenhum sentido (cf. 4.24). Além do m ais, é um a boa regra de exegese explicar um texto depois de tê-lo lido várias ve zes. Quando essa regra é aplicada a esse caso, o resultado é o seguinte: A vida é caracterizada com o sendo a luz dos hom ens (1.4b). Essa luz brilha nas trevas, e não pode ser apropriada pelos seres hum anos pecam inosos (1.5). João B atista dá testem unho a respeito dessa luz (vs. 6, 7). Ele não era a luz original e perfeita, cujo brilho ofusca todas as outras luzes, m as ele veio para testificar da luz (vs. 8, 9). Essa luz é agora identificada com aquele que é rejeitado pelo m undo, mas aceito pelos filhos de Deus (vs. 10-13). Fica claro, à luz deste contexto, que os term os vida e luz perten cem à esfera espiritual. Além do mais, tanto no Quarto Evangelho, quanto na Prim eira Epístola, a palavra vida (Cw?í) sem pre (por 54 vezes) se m ove nessa esfera. Às vezes, ela é substituída pela expressão “vida eterna” (5.24). Q uando um a pessoa possui esta vida, ela sente um a
JOÂO 1.4
103
estreita com unhão com Deus em Cristo (17.3). No livro do Apocalipse, 0 sentido é sem elhante (livro da vida, água da vida, árvore da vida, coroa da vida). O que parece evidente, à luz de tudo isso, é que, basicam ente, o term o se refere à plenitude da essência de Deus, ou seja, seus atributos gloriosos: santidade, verdade (conhecim ento, sabedoria, veracidade), amor, onipotência, soberania. É dito que essa vida divina, plena e aben çoada, sem pre esteve presente na Palavra, por toda a eternidade, e durante toda a antiga dispensação: “N ele estava a vida” . M as em bora essa vida, com o tal, seja com pletam ente espiritual, sem ter nada nela que pertença à natureza física, ela é a causa, a fonte ou 0 princípio de toda vida, tanto física quanto espiritual.'*^ O universo deve sua existência a ela: “Todas as coisas foram feitas por interm édio dele, e sem ele nada do que existe se fez” (v. 3); conseqüentem ente, isso tam bém se aplica à hum anidade (v. 10). É verdade que essa luz é também a fonte da revelação geral. No entanto, o contexto presente não faz um a m enção específica a essa idéia. Ela está im plícita, m as não expressa. Aqui no contexto presente (o prólogo de João), a vida de Deus em Cristo, à qual todas as coisas e todos os hom ens devem sua existência (criação e preservação), é apresentada com o a fonte da ilu m inação dos seres hum anos, com respeito aos assuntos espirituais, e da salvação eterna dos filhos de Deus. O que tem os aqui é um contexto do Evangelho. Portanto, lemos: E essa vida era a luz dos hom ens. Quando há um a m anifesta ção da vida, ela é cham ada luz, pois a característica da luz é a de resplandecer. Desde a queda, que está im plícita aqui na últim a parte do versículo 4, essa luz foi proclam ada aos seres hum anos. A hum anidade é caracterizada por trevas, m aldade e ódio, que são m anifestações opos tas ã luz. A eles (especialm ente para Israel; ver a explicação dos vs. 10, 11) foram proclam ados, durante a antiga dispensação, a verdade e o am or de Deus em Cristo. A verdade e o am or são sinônim os da luz (tanto para os sinônim os com o para os antônim os, ver 3.19-21; 1Jo 2.819. Cf. E. Smilde, Leven In De ./ohanneische Geschriften, uma dissertação de doutorado apresentada à Universidade Livre de Amsterdã, Kampen. 1943, especialmente pp. 11-15, c a primeira dás vinte teses ou proposições.
104
JOAO 1.5
10). C ertam ente que o sentido do term o luz não deveria se lim itar a esses dois atributos (verdade e am or); ao contrário, eles representam todos os atributos de Deus. Todos os atributos divinos estavam presen tes na obra da salvação. Eles foram proclam ados aos hom ens pecadores. 5. E a luz brilha nas trevas. Cf. versículo 9: A luz ilumina cada homem. N ote a m udança do im perfeito para o tem po presente; a luz não estava som ente brilhando durante a antiga dispensação; ela ainda está brilhando nos dias atuais, porque a característica básica da luz é a de brilhar. Além do mais, considerando que é na Palavra (Cristo) que a vida reside, e por interm édio de quem ela resplandece com o luz, ele tam bém é cham ado luz (cf. 1.9; 8.12; IJo 2.8). Como o sol no céu, esta luz resplandece na prom essa matriz (Gn 3.15); no livro de Êxodo, com seu Cordeiro Pascal e demais tipos; em Levítico, com suas ofertas que apontam para o derram am ento do sangue de Cristo; em Núm eros, com o levantam ento da serpente (N m 21.8; cf. Jo 3.14,15); sim, ela resplan dece em todos os livros históricos, proféticos e poéticos da antiga dis pensação. Ver, por exem plo. Gênesis 49.10; D euteronôm io 18.15-18; 2 Sam uel 7.12-14; Salm o 40.6, 7; 72; 110; 118; Isaías 1.18; 7.14; 9.6; 11 .Iss; 35.5; 40; 42.1-4; 53, 54, 55; 60, 61; 63; 65; Oséias 11.8; Amós 5.4; M iquéias 5.2; 7.18; Ageu 2.9; Zacarias 9.9; 13:1; M alaquias 1.11. No entanto, nós enfatizam os que a luz estava brilhando, não som ente nessas profecias, prom essas e convites, mas ao longo de toda a antiga dispensação, e de todo o Antigo Testamento. Ela continua resplande cendo por toda a nova dispensação, e em todo o N ovo Testam ento, revelando a pessoa de Deus, em todos os seus atributos gloriosos. Essa luz está brilhando até m esm o nos dias atuais, no meio de todas as trevas mundanas. A resposta triste dada a essa com unicação da luz é declarada na segunda parte do versículo 5. M as“ as trevas não se apropriaram d ela. 20. Passagens tais como 7.19; 16.32; 20.29 (cf. também Mt 7.23; Mc 4.16, 17; Lc 10.24; 13.17) deixam claro que k k Í , especialmente no Quarto Evangelho, com freqüência tem o sentido de mas ou e ainda. B. D. B., comentando sobre vav. a conjunção hebraica que é traduzida por k k í , declara que ela liga idéias contrastantes que em nosso idiom a são expres sas explicitam ente pela palavra mas. Ver Gênesis 2.17, e, para um uso sem elhante em aramaico, ver Daniel 2.6; 3.6, 18; 4.4.
JOÂO 1.5
105
As trevas, a que se refere o evangelista tem um sentido concreto. Elas se referem à hum anidade caída, coberta pela descrença e pelo pecado. Esse não é o único caso, no Novo Testam ento, no qual um substantivo abstrato ganha um sentido concreto. Para outros exem plos, ver R om anos 11.7 (“a eleição” , com o sentido de remanescente elei to), Rom anos 3.30 (“a circuncisão”, significando os indivíduos cir cuncidados). Trevas, nesse caso, é sinônim o de “m undo”, do versículo 10. Elas são antagônicas a Cristo, a Luz. Elas são um a escuridão pes soal e ativa: Elas não aceitam a luz e nem se apropriam dela. U m a tradução que está se tornando com um tom a ou KateÃapei^ com o sentido de não dominaram, não prevaleceram , não apaga ram ou não extinguiram. Em m inha opinião, isso está errado. C on quanto, em forma, as três cláusulas dos versículos 5b, 10b e 1 Ib sejam m uito sem elhantes, parece provável que, tam bém em significado, elas se assem elham . Aqui temos um a boa ilustração de paralelism o: “As trevas aútò oú KaieXaPei^” (v. 5b); “O m undo não o reconheceu” (v. 10b); “Os seus não o receberam ” (v. llb ). É im ediatam ente evidente que a tradução “não prevaleceram ” (para o versículo 5b) não se encaixa nesse paralelism o. A tradução “não se apropriaram ” (ou “não a apreenderam ”, com o na A. R. V.) é muito melhor. Além do mais, o sentido normal, e tam bém o sentido radical do verbo é o de captar, tom ar (algum as vezes no sentido de “apanhar, ” com o em 6.17; 12.35), apreender, tom ar p o sse de, controlar. Ele tam bém pode ser usado para “apreensão mental ou percepção” (ver R m 9 .3 0 ; 1Co 9.24; Ep 3.12). M as, m esm o quando traduzim os corretam ente mas as trevas não se apropriaram dela, devem os enfatizar que estam os tratando com um a figura de discurso cham ada litotes. Q uando estudam os passagens com o 3.20 (cf. E f 6.12), fica evidente que essas trevas não apenas procedem negativam ente; antes, elas odeiam a luz. Elas tam bém se referem ao m undo da hum anidade, visto com o um poder hostil, que ativam ente resiste à luz e se recusa a aceitá-la. O que tem os aqui é um a m anifestação da antítese absoluta entre a luz e as trevas, o reino de Deus e o mundo, e entre Cristo e as forças do m aligno.
106
JOÃO 1.1-5
Síntese de J . J -5 Ver o Esboço na p. 98. A Glória do Filho {ou Verbo): a. No princípio. Quando o universo foi criado, ele já existia; ele é eterno.-' Ele desfrutou um a eternidade de infinita com unhão com seu Pai, se alegrando em sua presença. Ele próprio era Deus. b. Na criação. Todas as coisas, um a a um a, vieram a existir por meio dele. De tudo o que existe hoje, não há nada que tenha se origina do à parte dele. Nele, desde toda a eternidade, e também c. D epois da queda, ao longo de toda a antiga dispensação, residia a vida plena e rica de Deus. No decorrer daquela m esm a antiga dispen sação, a vida se m anifestou: os atributos gloriosos de Deus, exibidos na obra da salvação, foram proclam ados à hum anidade. A vida que se manifsta é chamada luz. Portanto, a vida era a luz dos hom ens. M as a luz ainda está brilhando durante a nova dispensação: resplandecer é a própria natureza da luz. No entanto, o m undo não se apropriou da luz: ele ativam ente a recusou, e prontam ente se opôs à m ensagem do am or e verdade de Deus. O m undo odiou o Cristo, em quem a vida de Deus residia, e de quem a luz em ana, resplandecente, para aqueles que se encontram nas trevas. 6 Houve um h o m e m chamado João, com issionado por Deus. 7 Ele veio com o propósito de testificar, para-^ dar testemunho a respeito da luz, a fim de que, por meio dele, todos viessem a crer. 8 E le não era a luz; ele veio para testificar a respeito da luz. 9 A verdadeira luz, que ilumina a todo homem, estava em processo de vir ao mundo.^^ 10 Ele estava no mundo, e o mundo veio à existência por intermé-
21. Para a doutrina da preexistência real do Logos, ver S. BK, p. 353. 22. Sobre 'iva, ver Introdução, pp. 68, 70. 23. Um bom argumento pode ser apresentado para a tradução: “Era a verdadeira luz - até m esmo a luz que ilumina cada homem - vinda ao mundo” . (Cf. A. R. V.) A diferença em sentido, entre a tradução da A. R. V. e a que é apresentada acima é insignificante. De acordo com esta última tradução (e também, de modo semelhante, a versão Berkeley, Williams e a R. S. V.), ’ipxó\iivov pode ser considerado como um particípio complementar, combinando com f\v para formar um imperfeito perifrástico. Isso pode produzir uma sentença ciara e definida. A única objeção para isso seria que o particípio está muito longe do verbo. Mas João freqüentem ente usa a construção perifrástica, como deveríamos esperar, tendo em vista que o escritor desse Evangelho é um judeu de fala aramaica. Com freqüência, existem palavras entre r)i/ e o particípio. Nesse caso, no entanto, uma cláusula inteira se interpõe.
JOÂO 1.6-8
107
dio dele, mas o mundo não o reconheceu. 11 Ele veio para os seus, mas seu próprio povo não o recebeu. 12 Mas, a quantos o receberam, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus, aos que confiam em seu nome; 13. os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
1.6-13
6 . H ouve um hom em cham ado João, com issionado por Deus. João B atista é apresentado com o um exem plo do brilho constante da luz. Ao fazer um a referência ao m ensageiro do Senhor, tom a-se mais um a vez evidente que o autor está discutindo a questão da luz (não necessariam ente da razão ou da consciência) da verdade e do am or de Deus, com o concentrados em Jesus Cristo; em outras palavras, ele está falando a respeito da luz da salvação. João, cujo nom e significa: “Jeová tem sido gracioso”, fora enviado {àmaxaX\ikvoQ - particípio per feito passivo, indicando um resultado prolongado; de àmoTkXXu)) (ou, com issionado) por Deus. Os versículos 7 e 8 declaram o propósito de seu comissionamento: 7, 8. Ele veio com o propósito de testificar, para dar testem u nho a respeito da luz, para que, por m eio dele, todos viessem a crer. Ele não era a luz; ele veio a fim de testificar a respeito da luz. A natureza exata da obra de João B atista precisava ser esclareci da, devido à razão declarada acim a, na seção Leitores e Propósito. É com o se o evangelista desejasse dizer: João B atista nunca reivindicou para si m esm o o que alguns hereges estão atualm ente atribuindo a ele. Ele, definitivam ente, não era a luz! Ele era a testem unha (v. 8). Um estudo cuidadoso dos versículos 6-8, em com paração com os versícu los 1, 2 e 9, revela os seguintes contrastes entre Cristo e João; Cristo a. era (lii^) desde toda a eternidade; b. é a Palavra (ò Xóyoç)-,
João a. Veio (èyévÉTo); b. é um sim ples homem (a v 0 p G J T T o ç );
c. é o próprio Deus\
c. é com issionado por Deus;
Assim, a escolha entre as duas traduções sugeridas é quase equilibrada . Ver também E. A. Abbott, Johannine Grammar, Londres, 1906, p. 220 e 367.
108
d. é a verdadeira luz; e. é 0 objeto d a confiança.
JOÂO 1.7, 8
d. veio para testificar a respeito da verdadeira luz; e. é o agente, por cujo testem u nho os hom ens passam a confiar na verdadeira luz, Cristo.
Ele (João Batista) veio (elç iJ.apTupí.av’) com o testemunha, ou seja, com o propósito de testemunhar. O termo testemunha é quase que con finado aos escritos de João. Ele ocorre no Quarto Evangelho, nas epísto las de João e também no livro de Apocalipse. Ver as seguintes passagens: 1.7,19; 3.11,32,33; 5.31,32,34,36; 8.13,17; 19.35; 1João 5.9,10; 3 João 12; Apocalipse 1.2,9; 6.9; 11.7; 12.11,17; 19.10; 20.4. É provável que as palavras testemunho e testificar sejam aqui usadas em seu sentido pri mário, ou seja, {dar) testemunho a respeito daquilo que viu, ouviu ou experimentou. Isso está de acordo com o que é dito em 1.29, 32, 34. A cláusula (v. 7) para que pudesse testificar, repetida para reforçar a ênfase no versículo 8, explica o “para testem unhar”, que a precede. O propósito do testem unho de João B atista foi para que, p o r meio dele (6l aüioü), todos viessem a crer (irávieç iTLOTeúacoaLv). No en tanto, no original, a ordem das palavras está invertida: para que todos pudessem vir a crer por meio dele. A pergunta que se faz é: O p o r meio dele refere-se a Cristo ou a João (Batista)? Escolhem os a segun da possibilidade, pelas seguintes razões: a. Em nenhum outro lugar o evangelista usa a expressão crer p o r intermédio dele com o sentido de crer p o r meio de Cristo. Jesus é sem pre representado com o o objeto (não com o o agente) da fé (cf. 3.16). b. O sujeito do versículo 7 é João Batista, e esse é igualm ente o caso do versículo 8. É natural que interpretemos o pronome ele (keli^oç) no versículo 8, que certam ente se refere a João, com o se referindo ao pronom e dele (na expressão p o r meio dele) do versículo 7. Para que por meio dele todos viessem a crer (iTLOTeúacooLV' - pri m eiro subjuntivo aoristo ativo, ingressivo). Em bora o substantivo fé ( t t l o t l ç ) não seja encontrado em nenhum lugar do Quarto Evangelho, e som ente um a vez nas epístolas de João (1 Jo 5.4), o verbo crer ocorre
JOÂO 1.9
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cerca de cem vezes neste Evangelho e nove vezes em sua Prim eira Epístola, 0 m esm o núm ero de vezes em que aparece nos Sinóticos. No entanto, tam bém nos Sinóticos Cristo é definitivam ente apresenta do com o o objeto da fé (M t 18.6). Expressões sinônimas, tais com o vir a Jesus, recebê-lo ou confessá-lo (M t 10.32, 40; 11.28), são, algum as vezes, usadas. Além do mais, com o é possível dar sentido a passagens com o M ateus 7.22, 23; 25.31 ss. sem aceitar o fato de que Cristo via a si m esm o com o o objeto legítim o da fé e confiança, de tal m aneira que 0 fato de não querer aceitá-lo significa punição eterna? Paulo tam bém proclam a a necessidade da fé na pessoa de Cristo e em seu sacrifício (Rm 3.22, 25; G1 2.16, 20; 3.22, 26; E f 1.5; Ep 3.9; Cl 1.4; 2.5; etc.). A intenção de João era que todos os que ouvissem seu testem unho pudessem ter um a fé viva em Cristo. Para Cristo com o a luz, ver sob os versículos 4, 5; tam bém sob o versículo 9. Cristo é a luz.\ João é um refletor. O refletor é luz, mas som ente num sentido derivado. Portanto, som ente nesse sentido ele pode ser cham ado um a lâmpada que ardia e alumiava (5.35). João testifica a respeito de C risto, com o a lua testi fica a respeito do sol. 9. A verdad eira luz, que ilum ina a todo hom em , estava no processo de vir ao m undo. Jesus é cham ado, neste versículo, a verdadeira luz (para a razão disso, ver sob o versículo 5). A palavra grega, traduzida aqui por verda deira, é àÀTi0Lyóc, que significa genuíno, real, ideal. A Palavra é a luz perfeita, sob cujo brilho todas as outras luzes são ofuscadas. E ssa luz ilumina a todo homem. Entre as muitas interpretações que têm sido dadas e devem ser consideradas estão as seguintes: a. Cristo, que é a luz, realm ente concede um a iluminação espiritual, no sentido m ais elevado do term o, a cada indivíduo que habita na terra, sem nenhum a exceção. b. Ele concede esta ilum inação espiritual, que renova tanto o cora ção quanto a m ente, a cada filho da aliança (seja eleito ou não). Alguns a perdem de novo. c. Ele concede esta bênção suprem a a cada pessoa que é salva, no sentido em que nenhum dos salvos recebe a ilum inação de nenhum a outra fonte.
110
JOÂO 1.9
d. Ele concede a cada ser hum ano, sem exceção, a luz da razão e da consciência. e. Ele ilum ina cada ser hum ano que ouve o evangelho, ou seja, ele confere um grau de entendim ento concernente aos assuntos espirituais (sem necessariam ente resultar em salvação) a todos cujos ouvidos e m ente são alcançados pela m ensagem de salvação. A m aioria, no en tanto, não responde favoravelm ente. M uitos que têm a luz preferem as trevas. Alguns, entretanto, devido exclusivam ente à graça salvadora e soberana de Deus, recebem a palavra com a atitude correta de cora ção e m ente e alcançam a vida eterna. As interpretações a. e b. podem ser rejeitadas im ediatam ente. O Quarto E vangelho ensina um a expiação limitada. Nem todos serão sal vos, mas som ente os salvos perm anecerão salvos (10.28). A pesar de a alternativa d. ser favorecida por exegetas em inentem ente conservado res, e proclam ar um elem ento de verdade que não deve ser negado, não crem os que, nesse contexto - ou em qualquer outro lugar no Q uar to Evangelho em que o term o luz (cJjík;) é usado - , a referência seja especificam ente à luz da razão e da c o n s c iê n c ia .A c e ita m o s a posi ção de que a luz da qual João fala é a luz de Deus em Cristo - e, portanto, o próprio Cristo - manifestado ao mundo pela pregação do evangelho (veja as razões para esse entendim ento nos com entári os feitos ao versículo 4). De acordo com o nosso m odo de ver, as únicas interpretações de fensáveis são a c. e a e. E, entre essas duas, preferim os a últim a, pelas seguintes razões: Primeiro, esta explicação está em harm onia com o contexto posterior. Note que os versículos 10, 11 e 12 se referem a um círculo m ais amplo e mais restrito no qual o evangelho opera. Em cada caso, é 0 m esm o glorioso evangelho de salvação; mas, apesar disso “muitos são chamados, poucos são escolhidos” . Assim, no versículo 10, vemos Cristo no meio da hum anidade que, no entanto, não o conheceu, e, no versículo 11 ele é apresentado com o tendo vindo para sua própria casa, mas seu próprio povo não o recebeu. Há, no entanto, algum as exceções, com o o versículo 12 indica: alguns o receberam . 24. A respeito disso, ver, especialmente, o artigo escrito por W. J. Phynthian-Adam s, CQR, 139 (1944), pp, 1-23.
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Segundo, esta explicação está tam bém em harm onia com o con texto anterior - ver os versículos 4b e 5: “ ... e essa vida era a luz dos hom ens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não se apropriaram dela.” Ver nossa explicação dessa passagem . Terceiro, esta inteipretação com bina bem com as passagens seme lhantes no mesmo Evangelho. Qualquer autor deve ter a permissão de explicar sua própria fraseologia. Nós tem os tal explicação em 3.19 e 12.46: “O julgam ento é este: que a luz veio ao m undo, e os hom ens am aram m ais as trevas do que a luz; porque suas obras eram m ás” (3.19); e “Eu vim com o luz para o m undo, a fim de que todo aquele que crê em m im não perm aneça nas trevas” (12.46; cf. 12.35a, 36). Quarto, esta visão está inteiram ente em harm onia com H ebreus 6.4-8, em que o mesmo verbo iluminar (cj)a)TLCco) é usado com o aqui, em 1.9. Esse verbo não ocorre em nenhum lugar no Quarto Evangelho. N o restante do Novo Testam ento, ele é usado tanto de modo intransiti vo (brilhar, iluminar, com o em Ap 22.5), quanto transitivo. Este últim o significa tanto trazer para a luz (IC o 4.5; 2Tm 1.10), com o iluminar, aclarar. Em Efésios 1.18, essa ilum inação diz respeito aos olhos do coração, e é dada aos crentes. Mas, em Hebreus 6.4, o escritor diz que essa ilum inação tam bém foi dada àqueles que se “desviam ” posterior mente, e não podem ser renovados para arrependim ento. Portanto, H e breus 6.4 claram ente ensina que há um a ilum inação que não leva, ne cessariam ente, à salvação. Em relação à procedência dessa ilum inação - ou seja. C risto, a luz - lemos: A verdadeira luz.... estava no processo de vir ao mundo. A frase vir ao mundo (èpxó(J.evov elç tòv kÓo|íov) não deve ser enten dida com o m odificando cada homem (iráuTa ávBpcoTTov), com o se en contra na tradução AV. O Evangelho de João não contém nenhum a passagem isenta de disputa, na qual a expressão vir ao mundo se refe re ao nascim ento de um ser hum ano com um . Por outro lado, é com um para o apóstolo falar de Cristo com o aquele que veio ao mundo:^^ 3.19; 9.39; 11.27; 12.46; 16.2 8 e 18.37. Note tam bém que, no versículo 10, 0 sujeito ainda é Cristo. Q uando João B atista testificou a respeito da verdadeira luz, ela [Jesus] estava para dar início a seu m inistério 25. Cf. J. Sickenberg, “Das in die Weit Kommende Licht” ThG, 33 (1941), pp. 129-134.
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JOÂO 1.10, 11
público. Ele estava no processo de entrar no m undo, o teatro da histó ria hum ana, o reino da hum anidade. 10, 11. Ele estava no m undo, e o m undo foi feito por inter m édio dele, m as o m undo não o reconheceu. Veio para o que era seu, m as seu próprio povo não o recebeu. No versículo 10, o evangelista sumeiria toda a presença de Cristo no mundo. N um a nota de rodapé indicam os os vários usos do term o mundo (KÓa|iOí;) no Evangelho de João.-^ A qui (1.10, 11), ele indica o reino da hum anidade que, apesar de ter sido criada pela Palavra, tor nou-se alienada da vida de Deus. Evidentem ente, diante da sentença mas o mundo não o reconheceu, este KÓa|ioç não se refere às árvo res e aos pássaros. A sentença e o mundo fo i feito p o r intermédio dele é acrescen tada para m ostrar que o m undo deveria ter reconhecido Cristo com o 26. Os léxicos não dão um resum o completo dos usos do term o inundo (KÓap.oç) no Evangelho de João. O sentido da raiz (Homero, Platão) é ordem, de onde vem ornamenio, como em 1 Pedro 3.3. Isso leva aos seguintes significados, conform e se encontram no Evangelho de João: (1) o universo (ordenado): 17.5; talvez a terra: 21.25. (2) por m etoním ia, os habitantes hum anos da terra; portanto, a hum anidade, a raça humana, o teatro da história humana, a estrutura da sociedade humana; 16.21. (3) o público em geral; 7.4; talvez também 14.22. (4) 0 sentido ético: a humanidade alienada da vida de Deus, levada pelo pecado, exposta ao julgam ento e necessitada de salvação; 3.19. (5) o mesmo sentido do item (4), com a idéia adicional que não faz nenhuma distinção com relação à raça ou à nacionalidade; portanto, os seres humanos, de cada tribo e nação; não somente os judeus, mas também os gentios; 4.42, e, provavelmente, também 1.29; 3.16, 17; 6.33, 51; 8.12; 9.5; 12.46; I João 2.2; 4.14, 15. Essas passagens deveriam ser lidas à luz de 4.42; 11.52 e também 12.32. Enquanto, pelo menos em algumas dessas passagens, é claro o sentido deste ponto 5, parece estranho que alguns dos léxicos o tenham omitido completamente. Isso se aphca até mesmo ao artigo excelente em Th.W.N.T. O sentido do item (3) é também freqüentemente ignorado. (6) o reino do mal. Este é, realmente, o mesmo que o item (4), mas com a idéia adicional de um a hostilidade aberta contra Deus, seu Cristo e seu povo: 7.7; 8.23; 12.31; 14.30; 15.18; 17.9, 14. Não foi feita nenhuma tentativa de classificar todas as passagens nas quais o term o ocorre. Além do mais, as transições de um sentido para outro (especialmente do (4) para o (6)) são, em alguns casos, muito delicadas. Em cada caso, o contexto é que define o sentido. No entanto, o sentido (5) não deveria continuar a ser ignorado. Ver também W. Griffen Henderson, The Ethical Idea o f the World in John s Gospel (Dissertação doutorai apresentada ao corpo docente do Southern Baptist Theological Se minary, Louisville, Kentucky, 1945).
JOAO 1.10-12
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sendo a Luz (cf. v. 3). Um fato patético é agora registrado: m as o m undo não o reconheceu. O verbo é um aoristo constativo. O verbo ylv’wokoo, com o é claro em M ateus 7.23, além de ter o sentido de conhecer, vir a conhecer, reconhecer, perceber e entender, tem tam bém o sentido de reconhecer com o seu. Esse é o caso aqui. O fato de que a intenção é enfatizar m ais do que um m ero reconhecim ento inte lectual é evidenciado pelo uso do paralelism o nos versículos 5 e 11. O m undo para o qual Cristo, a Luz, veio é representado por Israel, que é com o um pequeno círculo dentro de um círculo m aior; com o se João estivesse dizendo: “Ele estava no mundo, e o m undo veio a existir por m eio dele, e no entanto o m undo não o reconheceu. Ou, ainda mais especificam ente, ele veio para sua própria casa,-’ m as seu próprio povo não o recebeu” .^** Israel era, num sentido m uito especial, a possessão pessoal de Deus (Êx 19.5; D t 7.6). D urante toda a antiga dispensação, e tam bém duran te 0 início da nova dispensação. Cristo veio para sua própria casa. C on tudo, seu p ró p rio povo não o recebeu. P ara o sentido do verbo ïïapaA,afxpàyu ver 14.3. O m elhor com entário para a tragédia que é registrada aqui se encontra em Isaías 1.2, 3: “Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó terra, porque o Senhor é quem fala: Criei filhos e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim. O boi conhece o seu possuidor, e o jum ento, o dono da sua m anjedoura; mas Israel não tem conhecim ento, o meu povo não entende.” Com o já indicam os (ver sob o v. 5), as cláusulas: “não se apropria ram ”, “não reconheceram ” e “não o receberam ” são exem plos de lito tes. Eles indicam que o m undo - particularm ente os judeus, que o re presentam - , rejeitou com pletam ente o Cristo. Todos o rejeitaram ; todos, com exceção daqueles de quem se faz referência nos versículos 1 2 e 13. 12. M as, a q u an tos o receb eram , d eu -lh es o d ireito de se tornarem lllhos de Deus, aos que confiam em seu nom e. 27. Literalmente, xa ’í ôta: para suas próprias coisas. Trata-se da própria expressão que é usada com respeito à ação de João, quando levou Maria, mãe de Jesus, “para sua própria casa” , ol lôLot significa aqueles de sua própria casa; c f 13.1. 28. Cf. F. W. Grosheide, op. cit.. p. 82: “Want we zullen telkens zien dat het ongelovige Israel staat voor dien grevallen KÓo^ac” .
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JOÂO 1.12
O bserve; a todos quantos...deu-lhes, que é um a expressão co mum no idiom a aram aico. (Ver p. 93.) C onquanto o m undo e seu repre sentante, o povo judeu, rejeitaram o Salvador, algum as pessoas o acei taram. M as essas pessoas receberam o m aior benefício espiritual, sem que fosse levado em conta a nacionalidade ou a descendência física. A expressão “a todos quantos” eqüivale a “qualquer”, sejam eles judeus ou gentios. O judeu foi muito lento em aprender que na nova dispensa ção não existem privilégios especiais baseados em relacionam entos fí sicos. E o evangelista está bem consciente dessa peculiaridade judaica, com o ele indica seguidam ente em seu livro. Não é, pois, estranho que João se dem ore a respeito dessa grande verdade, e a desenvolva em detalhes no versículo 14. A todos quantos o receberam , ou seja, a todos os que se apropria ram, reconheceram e receberam a luz (ver os vs. 5, 10 e 11); e a todos os que continuam a recebê-la, por meio de um a fé viva em seu nome (ou seja, em sua auto-revelação na esfera da redenção), ele deu-Vnes (é sem pre um dom da graça soberana de Deus) o direito (cf. 5:27; 10:18; 19:10-11; a autoridade, cf. 17:2) de se tornarem filhos de Deus. Os judeus vangloriavam -se de seus direitos hereditários, e chama vam a si mesmos filhos de Abraão? Os crentes recebem o direito de realmente se tornarem filhos (um a com paração tipicam ente joanina IJo 3.1), não apenas de Abraão, mas de Deus. M as, com o devem os entender o fato de os crentes se tornarem filhos de Deus? Não é verdade que eles são filhos de Deus tão logo (e, em certo sentido, m esm o antes) aceitam conscientem ente a Cristo? Nós não crem os que a solução desse problem a esteja num a interpreta ção da sentença, com o dizendo: “M as todos quantos o aceitaram , a esses fora dado previam ente o direito de se tornarem filhos de Deus, pois, de outra maneira, não poderiam tê-lo recebido.” Os dois aoristos (’éA.aPov e eôuKev) são simultâneos: quando alguém aceita a Cristo, ele ou ela, nesse m esm o m om ento, recebe o direito de se tornar filho de Deus. Tam bém não crem os que a resposta esteja no enfraquecim ento do sentido do verbo tornar-se (ye^eoGai), com o se ele significasse nada m ais que ser chamado (ou representar-se com o) filho de Deus. Como vemos, para que possamos chegar a um a interpretação corre ta dessa cláusula, devemos ter em mente a conotação que João dá ao
JOAO 1.13
115
termo filh o s de Deus. Ele nunca usa, nem no Evangelho, nem nas Epís tolas, 0 termo uloí para referir-se aos crentes. A pessoa se torna um uloç pela adoção; mas um xkvivov pela regeneração e transform ação. Paulo usa ambos os termos ao descrever os crentes com o filhos de Deus. O substantivo que João usa para esse propósito vem de t lk t c o - gerar. No entendimento de João, a salvação é a concessão da vida, o nascer-se de Deus, de modo que a pessoa se tom a sua filh a (1 Jo 2.29; 3.9). M edi ante esse ato de ser gerada por Deus, a pessoa é transform ada à sem e lhança de Deus. E, com o Deus é amor, o ser que nasce de Deus se manifesta no am or para com os irmãos (1 Jo 4.7, 8). João, portanto, enfa tiza extensam ente o amor com o a m arca do cristão: o am or é luz, mas o ódio é escuridão, e o que odeia cam inha nas trevas (IJo 1.10, 11). O am or que se espera de nós é do tipo auto-sacrificial (1 Jo 3.16). M as essa transform ação, apesar de com eçar com o um ato divino instantâneo, no entanto é um processo gradual. Inicialm ente, a pessoa torna-se filha de Deus no exato m om ento em que a vida que vem de cim a entra em sua alma. M esm o agora, somos os filhos de Deus. No entanto, a consum ação plena desse ideal está reservada para o futuro, quando, livres de toda im pureza, a vida de Deus - sua santidade e seu am or - deverá tornar-se plenam ente m anifesta em nós. Se entender mos isso, se tornará claro por que João pode dizer, aqui em 1.12: “ ... deu-lhes o direito de se tornarem filhos de D eus” . Essa explicação parece estar em harm onia com o ensino do próprio João. Cf. 1 João 3.2, 3: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se m anifestou o que haverem os de ser. Sabem os que, quando ele se m anifestar, serem os sem elhantes a ele, porque haverem os de vê-lo com o ele é. E a si m esm o se purifica todo o que nele tem esta esperan ça, assim com o ele é puro” . (Cf. tam bém 2Co 3.1 8; G14.19 e 2Pe 1.4.) 13. A cláusula Os quais não nasceram do sangue, nem da von tade da carne, nem da von tad e do hom em , m as de D eus tem gerado m uita controvérsia. Com entaristas de grande capacidade, tanto liberais quanto conservadores,-*^ seguindo o exem plo de Irineu, prefe29. C. C. Toney, Our Tran.<:lcited Co.spel, Nova York e Londres, 1936, pp. 151-152; R. C. H. Lewski, The Interpretation o f St. Jo h n s Gospel, Columbus, Ohio, 1931, pp. 62-68. G. Vos, The Seif-Di.Klosure o f Jesus, Nova York, 1926, p. 213, considera m uito forte o argumento em favor do singular.
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rem ler: “o que não nasceu” (em vez de “os quais não nasceram ”), para que o versículo 14 se refira ao nascim ento virginal de Cristo (Irineu, Contra Heresias, III, xvi, 2, xix, 2). Alguns até m esm o desejam aceitar a teoria de Tertuliano, de que “os quais não nasceram ” seria um a in venção dos gnósticos valentinianos (Tertuliano, Sobre a Carne de Cris to, XIX). M as todos os antigos unciais gregos têm o plural em seus textos. A lém do mais, a cláusula form a um a explicação m uito harm ôni ca com as palavras: “a todos quantos... lhes” , do versículo 12. O evan gelista ensina que os verdadeiros filhos de Deus não devem sua origem ao sangue^'^ (descendência física; por exem plo, de Abraão), nem da vontade da carne (desejo carnal, o im pulso sexual de hom ens e m u lheres), nem da vontade do homem (o im pulso procriativo do hom em ), mas apenas de Deus. Observe o arranjo clim ático das três expressões. Todas elas enfatizam que, de m aneira alguma, nenhum crente deve seu nascim ento ou posição a causas físicas ou biológicas. N icodem os ne cessitava aprender essa lição, com o tam bém a m aioria dos judeus, con form e está m uito claro nas seguintes passagens: 3.6; 8.31-59; Lucas 3.8; G álatas 3.11,28.3'
Síntese de 1.6'13 Ver o esboço na p. 98. A glória do Filho depois da queda (con tinuação). Essa seção nos m ostra que a verdadeira luz, o objeto da fé, é m uito m ais gloriosa que João Batista. Este havia sido com issionado por Deus para dar um testem unho com petente a respeito da Luz. Enquanto ele estava testificando, a Luz Verdadeira, cujo evangelho puro de salvação é proclam ado a todos os seres hum anos, sem discrim inação de raça ou 30. O texto original traz a palavra no plural: sangues. Várias explicações são sugeridas para esse plural, tais como: o sangue de ambos os pais, o sangue de muitos ancestrais ilustres etc. Pode-se também perguntar por que o idioma inglês requer o plural cinz.a.s. enquanto o holandês usa o singular. Tudo depende de como a pessoa concebe um objeto. Portanto, alguns comentaristas sugerem que o plural sangues pode ser devido às muitas gotas de sangue que entram em sua composição. 31. Ver João Calvino, loannis Calvini in Evangelium loannis Commenlarii, Berolini (apud Guilelm um Thomé), 1553, vol. III, p. 10: Quod oblique hie parvam ludaeorum confidentiam perstringi quidam putant, libenter amplector. Habebant illi sem per in ore generis sui dignitatem, quasi ex sancta progenie orti, naturaliter sancti essent.
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nacionalidade, estava, naquela ocasião, dando início ao seu m inistério público. O evangelista olha para trás e resum e a presença da L uz V erdadei ra no m eio das trevas do mundo, declarando: “O Verbo estava no mundo, o m undo foi feito por interm édio dele, m as o m undo não o reconheceu. Ele veio para sua própria casa, mas seu próprio povo não o recebeu” . Entretanto, tem havido várias exceções: aqueles que o aceitam es tão qualificados para tornarem -se filhos de Deus, ou seja, para serem transform ados, m ais e mais, na im agem de Deus. Essas pessoas não se gloriam em nenhum ancestral físico, raça ou nacionalidade (como os judeus freqüentem ente faziam), mas entendem que são produto da gra ça soberana de Deus. 14 E a Palavra se fez carne e habitou entre nós como se numa tenda, e vimos sua glória, um a glória como do único gerado do Pai, cheio de graça e verdade. 15 João testifica a seu respeito e exclamou, dizendo: este é Aquele de quem eu disse: o que vem depois de mim vai adiante de mim, porquanto já existia antes de mim. 16 Porque todos nós temos recebido de sua plenitude e graça sobre graça. 17 Porque, conquanto a lei fora dada por interm édio de M oisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. 18 Ninguém jam ais viu a Deus mesmo. O único gerado de Deus, que está no seio do Pai, foi quem o tornou conhecido.
1.14-18 14. O tem a de 1.14-18 é a glória da Palavra na encarnação. O fato registrado no versículo 14 não é mais antigo, cronologicam ente, do que o que foi descrito nos versículos anteriores. Antes, ele é m aior em amor. A encarnação - e o entendim ento de seu propósito, a crucifica ção - é o clím ax da graça condescendente de Deus. Isso fica claro a partir do contexto. O bserve os versículos 10, 11: “O Verbo estava no m undo... mas o m undo não o reconheceu. Veio para sua própria casa, mas seu próprio povo não o recebeu” . E, no entanto, no meio deste m undo ingrato, ele m anifestou seu am or supremo. A Palavra, apesar do im enso prazer que possuía, por estar na presença de seu Pai, dispôsse a descer ao reino da m iséria e m ontar sua tenda, por um pouco, no meio dos pecadores. “Deus é visto coberto de carne.”
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E a Palavra se fez carne (ver tam bém IJo 4.2; Rm 1.3; 8.3; 2Co 8.9; G1 4.4; Fp 2.5-11; ITm 3.16 e Hb 22.14. Ver sobre 1.1, para co m entários sobre “a P alavra”.). O verbo se fez. tem aqui um sentido m uito especial. Não é um “se fez” ou “se tom ou” , no sentido de ter cessado de ser o que era antes. Q uando a m ulher de Ló se tornou um a estátua de sal, ela deixou de ser a esposa dele. M as, quando Ló se tornou o pai de M oabe e Amon, ele perm aneceu sendo Ló. Esse é, tam bém o caso aqui: A Palavra se fez carne, mas perm aneceu sendo a Palavra e Deus (ver vs. 1, 18). A segunda Pessoa da Trindade assum e a natureza hum ana sem deixar de lado a natureza divina. João insiste contra os hereges (ver p. 51) - seguidam ente, que as naturezas hum a na e divina de Cristo tom aram -se com pletam ente unidas, sem, no en tanto, se fundirem. A natureza hum ana de Cristo é ensinada ao longo de todo este Evangelho (4.6,7; 6.53; 8.40; 11.33,35; 12.27; 13.21; 19.28). A relação entre as duas naturezas sem pre perm anecerá sendo um m is tério m uito além de nossa com preensão, mas provavelm ente nunca seja encontrada um a form ulação m elhor do que a que é encontrada no Sím bolo de Calcedônia: “Nós então, seguindo os santos Pais, unânim es num só pensamento ensinamos os homens a confessarem um e o mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e este perfeito em sua divindade, e também perfeito em sua hum anidade... a reconhecer em duas naturezas, inconfundivelmente, im utavelm ente, indivisivelm en te, inseparavelm en te (á 0 UYXÚxa)(;, áTpéiTTa)ç, áÔLaLpéTQç, áxtopíoicoç); com a distinção entre as nature zas não sendo cancelada pela união, mas sim com a propriedade de cada natureza sendo preservada e concorrendo em um a Pessoa e um a Subsistência, sem ser partida ou dividida em duas pessoas, m as um e o m esm o Filho, e o único filho. Deus, a Palavra, o Senhor Jesus Cristo; com o os profetas no princípio declararam a respeito dele, e o próprio Senhor Jesus Cristo nos ensinou, e o Credo dos Santos Pais nos trans mitiu” . O term o “carne” (oápQ tem vários significados no N ovo Testa m e n t o .E m nossa passagem , ele se refere à natureza hum ana, consi32. A palavra oáp^, no Quarto Evangelho, indica a natureza humana, sem nenhum com prometimento ético: 1.13, 14; a natureza humana considerada como o assento e veículo do desejo pecaminoso, ou seja, o homem, como ele é por natureza, 3.6 (um uso comum em
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derada não com o pecam inosa (8.46), mas com o tendo, ainda por um pouco, a m aldição do pecado sobre ela, de tal m aneira que, até que o resgate tenha sido pago, ela está sujeita à fraqueza, dor, m iséria e m orte (4.6, 7; 11.33, 35; 12.27; 13.21; 19.30). Foi esse tipo de “carne” que a Palavra assum iu em sua encarnação am orosa, incom preensível e con d e s c e n d e n te . E h ab itou entre nós com o que num a tenda. Essas palavras (k c c l kax^víúaiv kv tÍm -lv) não devem ser consideradas com o um a m era repetição do que é dito no texto im ediatam ente precedente (“e o Verbo se fez carne”). A idéia é que a Palavra eterna, que assum iu a natureza hum ana perm anentem ente - em bora não “perm anentem ente” em sua condição enfraquecida - estabeleceu sua morada, por um tem po, entre os seres hum anos, e viveu entre eles. D urante esse m esm o tem po, nós - ou seja, o evangelista e as ou tras teste m u n h a s o cu lares - vim os su a glória. O verbo vim os (€0eaoá|j,e0a) indica um a visão cuidadosa e deliberada, que busca inter pretar seu objeto. Ele se refere, de fato, ã visão física, em bora sem pre inclua algo m ais, com o o escrutínio calm o, a contem plação, ou até m es mo 0 deslum bram ento. Ele descreve o ato daquele que não fixa seus olhos em nada, nem tam pouco olha rapidam ente, nem, necessariam en te, tem apenas um a percepção com preensiva. M uito pelo contrário. Esse indivíduo olha firm e para um objeto e reflete sobre ele. Ele o exam ina com cuidado, estudando-o, vendo-o e considerando-o com pletam ente (1.32; 4.35; 11.45; A t 1.11 ).” Assim, enquanto Jesus cam i nhava entre eles, os olhos e a mente do evangelista e de outras teste m unhas estavam postos sobre a Palavra Encarnada, até que eles, em Paulo); a “carne” de Cristo, num sentido místico, isto é, seu sacrifício vicário que deve ser aceito (comido) pela fé: 6.51-56; a aparência exterior do homem: 8.15. A expressão: “toda a carne” (17.2), significa “todos os homens”, um semitismo. 33. Observe os seguintes sinônimos usados por João: ópáco: ninguém jamais viu a Deus (1.18). PA-é-nu: Os discípulos estavam olhando uns para os outros (13.22). ’e^pj-éïïa); Jesus olhou para ele, e disse (1.42) 6eáop,ai: Nós vitnos sua glória (1.14). 9eupéu: Muitos, vendo os sinais que ele fazia, creram em seu nome (2.23). Senhor, disse-lhe a mulher, percebo que o senhor é um profeta (4.19). Esses verbos nem sempre podem ser claramente distinguidos. Cada um deles tem, pelo menos, um sentido que compartilham com os outros, e além disso uma conotação específica.
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certa extensão, penetraram no m istério, ou seja, viram sua glória - o brilho de sua graça e a m ajestade de sua verdade - , m anifestadas em todas as suas obras e palavras (cf. 2:11), com os atributos de sua divin dade brilhando através do véu de sua natureza humana. Um a glória com o do único gerado do Pai, cheio de graça e verdade. Essas palavras do versículo 14 prestam-se a várias interpre tações. O sentido mais natural parece ser que a glória que a testem unha ocular viu em Jesus foi aquela que se esperaria com respeito Aquele que é o unigênito do Pai. E, esta m esm a Pessoa - ou seja, o unigênito do Pai - é cheia de graça e de verdade. É muito claro que o evangelista está, realmente, pensando na plenitude de Cristo, confonne vemos no versículo 16: “porque de sua plenitude todos nós recebemos graça so bre graça” . Assim, mediante leituras sucessivas, chegamos ao sentido verdadeiro. Nós favorecemos esta interpretação pelas seguintes razões: (1) Jesus, repetidamente, declara que veio do Pai (irapà Ver 6.46; 7.29; 16.27; 17.8.
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0eoO).
(2) A m enos que existam razões suficientes para agir de um a m a neira diferente - e de fato algum as vezes essas razões existem ! - , é sem pre um a boa idéia que se ligue um a frase com o substantivo que se encontre m ais perto dela. Portanto, construím os o “do P a i” com o um m odificador do “do unigênito". E, pela m esm a razão, consideram os as palavras “cheio de graça e de verdade", com o m odificando “do unigênito do P a i” (cf. At 6.3, 8; 7.55; 11.24). Com o já dissem os, é a plenitude deste Filho unigênito que recebe um a elaboração m ais com pleta nos versículos 16 e 17 (as objeções contra esta interpretação são respondidas na nota de rodapé abaixo.^'* Outras interpretações são dis cutidas na nota seguinte).’^ 34. Uma objeção levantada é que a expressão o unigênito de (irapá) o Pai é completamen te incomum em João, pois este normalmente usa a preposição de ( è k ) , sempre que deseja dizer nascido de Deus {cf. com IJo 2.29; 3.9; 4.7; 5.1, 4, 18). Esta objeção não pode ser seriam ente considerada, pois no grego coinê, essas duas preposições são usadas como sinônimas. Além do mais, é possível considerarmos a frase como sendo elíptica, para “o único nascido que é do Pai" {para isso, ver 6.46; 7.29); ou que vem do Pai {para isso, ver 16.27; 17.8). E ainda não deveríam os presumir, automaticamente, que o elemento verbal, em p.ovoyei^ií;, é derivado de yivvá.isí (ver p. 121). Outra objeção que aparece em antigos comentários, mas que, no entanto, perdeu sua força diante de descobertas recentes, é que
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Portanto, a glória para a qual João e outros haviam fixado seus olhos adoradores é um a possessão natural e própria daquele cujo nom e é: o unigênito do Pai. A pergunta que é feita com freqüência é: A que tipo de filiação o term o unigênito, ou único nascido do Pai, está se referindo? Será que o sentido de filiação aqui usado é puram ente de caráter religioso, de tal m aneira que Cristo está aqui sendo considerado um filho de Deus no m esm o sentido em que todos os crentes são filhos de D eus? Essa idéia pode ser descartada im ediatam ente, pois, se esse fosse o caso, o m odificador “único nascido” ou “unigênito” não teria nenhum sentido. Será que, então, deveríam os ver nessa expressão a. filiação messiânic a l M as, m esm o aqueles que defendem que a palavra |j,ov'OYevT^ç nada tem a ver com o verbo e sim plesm ente significa que Cristo era 0 “único” Filho (o único |j,óyoí; - m em bro de um a m esm a família; yti^oç, derivado de yívo\xa\.), e, sendo o único, era portanto o amado, tem de adm itir que, de acordo com o contexto (ver especialm ente 1.1, 18), a filiação que é indicada no texto estava presente desde a eternidade. Conseqüentem ente, pode não haver nenhum a referência ao ofício mesTiAiÍpriç, estando no caso nominativo, não pode ser construído como m odificando uma palavra (p,ouoYtyoü(;) que se encontra no genitivo. Naturalmente, a mesma objeção seria aplicada quando irAiípriç é considerado como um modificador de ôó^ai/. que está no acusativo. Mas, qualquer léxico nos dará a informação de que, no grego coinê, n^iíptiç é com freqüência indeclinável. 35. (1) glória como um unigênito do Pai: ou seja, glória como somente quem é nascido do Pai recebe dele, cheio (modificando glória) de graça e verdade. Aqueles que aceitam esta intcipretação apontam para o fato de que o unigênito (ou único nascido) e Pai não são precedidos pelo artigo definido. Entretanto, palavras desse tipo podem ser consideradas definidas, mesmo quando não são precedidas por um artigo. Além do mais, um pai nem sempre e necessariamente confere glória a seu filho único. (2) glória como do único nascido do Pai, sendo (ele. o filho) cheio de graça e verdade. Aqui, tanto o único nascido e do Pai modificam glória, enquanto cheio de graça e de verdade modifica unigênito. Nossa objeção principal a esta explicação é que ela não é natural: depois de haver interpretado a primeira e a segunda frases como modificadores do substantivo glória, não é algo fácil retornar mentalmente à primeira frase para aplicar-lhe um modificador. (3) Glória como do unigênito, do Pai, cheio de graça e de verdade. Todas essas frases são consideradas como modificadoras de glória. Esta construção é uma possibilidade e seria nossa segunda escolha. No entanto, o conceito de glória... Cheio de graça e de verdade ”, apesar de ser possível, não é fácil. Além dom ais, o versículo 16 fala da plenitude do unigênito, e não da plenitude de sua glória. Finalmente, o modificador cheio de graça e de verdade está muito distante do sujeito glória. Ele está mais perto do título: o unigênito do Pai.
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siânico, que foi assum ido no tem po próprio. (Sobre se (iovovívi^c deve ria ser conectado com ser nascido [holandês: Eeniggehoren Zoon] ou com procriar [inglês: only begotten Son], ver G. Vos, The Self-Disclosure o f Jesus, N ova York, 1926, pp. 218, 219.) Será que o que está sendo discutido nesta passagem é a filiação n a tivista l Se esse for o caso, então o sentido seria que a natureza hum ana de Cristo é, aqui, atribuída à paternidade sobrenatural de Deus. M as, nesse caso, o evangelista estaria pensando num tipo de filiação aqui no versículo 14, e em outro, no versículo 18, o que não é provável (ver os com entários do v. 18). N ossa conclusão é que a referência deve ser a filiação trinitariana de Cristo, ou seja, ao fato de que ele é o Filho Etem o de Deus. Isso é favorecido pelo contexto (1.1,18) e por passagens com o 3.16, 18, que provam que, antes m esm o de sua encarnação, o Filho já era o único gerado de Deus. Sobre este assunto, H. Bavinck diz: “Porém , 0 título Filho de Deus, quando aplicado a Cristo, tem um sentido m uito mais profundo do que o teocrático: ele não era um mero rei de Israel, que, num detenninado momento, tom ou-se um filho adoti vo de Deus; tam pouco era cham ado Filho de Deus devido ao seu nas cim ento sobrenatural, com o queriam os socinianos e Hofm an; nem era o Filho de Deus m eram ente num sentido ético, com o outros supõem ; nem recebeu esse título com o um novo nome, em conexão com sua obra expiatória e sua ressurreição, com o querem alguns de seus defen sores, ao citar os textos de João 10.34-36, Atos 13.32, 33 e Rom anos 1.4 em seu apoio; mas ele é o Filho de Deus num sentido m etafísico; por natureza e desde a eternidade. Ele é exaltado acim a de todos os anjos e profetas: M ateusl 3.32; 21.27; 22.2, e tem um a relação muito especial com o Pai: M ateus 11.7. Ele é o Filho am ado, em quem o Pai se com praz: M ateus 3.17; 17.5; M arcos 1.11; 9.7; Lucas 3.22; 9.35, e o único nascido de Deus: João 1.18; 3.16; 1 João 4.9ss. Ele é o próprio Filho de Deus: Rom anos 8.32; o Filho etem o: João 17.5, 24; Hebreus 1.5; 5:5, que, assim com o seu Pai, tam bém tem vida em si m esmo: João 5.26. Ele é igual ao Pai em conhecim ento: M ateus 11.27, honra: João 5.23; poder criador e redentor: João 1.3; 5.21, 27; obras: João 10.30, e domínio: M ateus 11.27; Lucas 10.22; 22.29; João 16.15; 17.10. E, devi
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do a essa filiação, ele foi condenado à morte: João 10.33; M ateus 26.63ss” {The Doctrine o fG o d , G rand Rapids, M ich., 1951, p. 270). Portanto, com referência a este unigênito, lem os que ele é cheio de graça e de verdade. De graça, porque, quando ele falava, suas m ensagens eram cheias de favor im erecido para com os culpados (ou seja, os publicanos e pecadores), e esses m esm os atributos foram reve lados em seus m ilagres de cura, sim, e em toda sua vida e morte, con siderada com o um sacrifício expiatório, cujo propósito foi de conceder a seu povo a graça de Deus. De verdade, porque ele m esm o era a realidade final, em contraste com as som bras que o haviam precedi do. De fato, a glória do unigênito era m uito grande! 15. João testifíca a seu respeito, e exclam a, dizendo: E ste era A q u ele de quem eu disse: o q u e vem d ep o is de m im vai adiante de m im , porquanto já existia antes de m im . Disso segue-se que ele era mais im portante do que João Batista. Os leitores da Á sia M enor precisavam ser lem brados disso. Entre os dois (Jesus e João Batista) existe um a diferença tão grande quanto a que existe entre o Infinito e o finito, o Eterno e o tem poral, a luz original do sol e a luz refletida da lua. E é exatam ente isso o que o próprio João havia confessado, conform e o versículo 15 indica. Talvez, im ediata m ente depois de ter batizado Jesus, e este ter partido de sua presença, João B atista fizesse um a afirm ação que, ainda hoje, ressoa poderosa m ente: “Este era^^ Aquele de quem eu disse: o que vem depois de mim vai adiante de mim, porquanto j á existia antes de mim”. D u rante o percurso de sua vida,’’' não som ente em seu nascim ento, mas tam bém em seu ministério público, Jesus tinha vindo depois de João (Lc 1.36; M c 1.4-9). No entanto, ele, que estava atrás, tinha passado à frente: Os direitos de prioridade não pertencem a João Batista, m as a Jesus (cf. M c 1.7). Ele se posiciona m uito acim a de João Batista, em 36. O imperfeito rii' requer uma explicação. Se Jesus já tivesse se retirado quando João disse: “Este é o, , o tempo verbal usado seria muito natural; da mesma maneira como, nos dias de hoje, uma pessoa poderia perguntar: “Quem era a pessoa com quem você estava falando?” A resposta poderia ser: “Aquela pessoa era o senhor X” , Uma outra explicação faz com que f|i^ se estenda para trás indefinidamente, como nos versículos 1 e 2. 37. Os advérbios oiríoco e ’éfmpooeew se referem a lugares. Pode-se imaginar a figura de um autódromo ou caminho. Mas este cam inho é em si uma m etáfora, ao ser chamado caminho da vida. Cf. C. Lindeboom , G thT 16 (1916) 10,
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poder e glória. João declara a razão para isso nas seguintes palavras: já existia antes de mim: desde a eternidade, ele existia com o a Palavra de Deus (contraste 1.1 com 1.6 - o evangelista concorda com João Batista). 16, 17. Porque todos nós tem os recebido de sua plenitude e graça sobre graça. Porque, conquanto a lei fora dada por inter m édio de M oisés, a graça e a verdade vieram por m eio de Jesus C risto. A pessoa que fala nestes versículos não é João Batista, mas o evan gelista. O pensam ento contido no versículo 14 continua aqui. O versí culo 14 confessa a plenitude de Cristo. O autor agora substancia isso ao acrescentar que ele e todos os outros crentes têm experim entado os frutos abençoados dessa plenitude: Eles receberam graça sobre g ra ça dessa plenitude infinita. (Para as várias interpretações desse versí culo, ver m inha tese “The M eaning of the Preposition àurí in the New Testam ent” - disponível nas bibliotecas do Princeton Seminary, Prince ton, N.J., e do Calvin Seminary, Grand Rapids, M ich.) O sentido do versículo 16 é que os crentes estão recebendo, constantem ente, graça no lugar da graça. Nem bem um a m anifestação desse favor im ereci do de Deus em Cristo acontece, já um a outra com eça a acontecer, e isso é graça sobre graça. D essa tese, eu cito o seguinte: “Nós concordam os com essa interpretação com um pelas seguintes razões: ( 1) Ela está em harm onia com o sentido normal da preposição àvT i . Q ue kv xí indica substituição já foi totalm ente provado nesta tese. (2) E la está em harm onia com o contexto, que retrata a plenitude que está em Cristo, e da qual recebem os xápiv à.vx\ /á p iio ç . A inter pretação que favorecem os faz justiça à unidade da frase, consideran do-a com o sendo, em sua totalidade, o objeto do verbo éA,ápo|i6v. O conceito graça sobre graça, um suprim ento incessante de graça, se harm oniza mais com a idéia de sua plenitude do que com o uso sim ples do term o graça. O suprim ento inesgotável indicado pelas palavras sua plenitude parece sugerir um fluir ilimitado: graça sobre graça. (3) Esta interpretação é tam bém apoiada por um a citação lingüisticam ente sem elhante de Filo: “Portanto, Deus sem pre causa a cessa ção de seus dons iniciais antes que seus recipientes estejam satisfeitos
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e acom odados; e os guarda para então dar-lhes outros, em seu benefí cio (àvT’ èKeívcju), e lhes provê outro suprim ento para substituir o segundo ( à u ’T l t c j v ô e u T é p u v ) , e assim por diante, trazendo sem pre novos benefícios no lugar dos anteriores (àyxl •traÀaLOxépQv). Esses benefícios são, algum as vezes, de tipos diferentes, outras vezes, sem e lhantes” (Filo, A Posteridade e o Exílio de Caim, CXLV). C orroborando o pensam ento do versículo 14 - em que o único nas cido de Deus é caracterizado por um a plenitude de graça e de verdade - , lemos: “Porque, conquanto a lei tenha sido dada por interm édio de M oisés, a graça e a verdade vieram por m eio de Jesus C risto” . Não existe nada de errado com a lei, tanto a moral, quanto a ceri monial. E la foi dada por Deus, por interm édio de M oisés. E la era de caráter preparatório. R evelava a condição de perdição do ser humano, e tam bém previa sua libertação. Porém , havia duas coisas que a lei, com o tal, não provia: A graça, para conceder aos pecadores a possibi lidade de perdão e ajuda em tem po de necessidade; e a verdade, ou seja, a realidade para a qual todos os outros tipos apontavam (pense nos sacrifícios). Cristo, p or m eio de sua obra expiatória, proveu ambas. E le fe z ju s à graça e cumpriu os tipos. Note tam bém que, enquanto a lei “foi dada”, a graça e a verdade “vieram ” por m eio da pessoa e obra dele, que é aqui, pela prim eira vez no Quarto Evangelho, cham ado por seu nom e com pleto: Jesus Cristo. 18. Ninguém jam ais viu a Deus. O Filho unigênito de Deus, que está no seio do Pai, é quem o fez conhecido. N ão som ente a lei foi dada por interm édio de M oisés, mas ele tam bém teve o enorm e privilégio de falar com Deus “face a face” . C ontu do, nem m esm o M oisés viu a Deus, ou seja, ele não conseguiu co nhecer a Deus em toda sua plenitude (cf. Êx 33.18). As palavras de Jó 11.7 perm anecem verdadeiras, para ele e para todos nós: “Porventura desvendarás os arcanos de Deus ou penetrarás à perfeição do Todo-Poderoso? É alto com o os céus: que poderás fazer? M ais profundo que o Sheol: que podes saber?”
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Cf. tam bém D euteronôm io 4.12; João 5.37; 6.46; 1 Tim óteo 1.17. De 6.46 podem os concluir que a idéia deste versículo não é: “N in guém nunca viu Deus fisicam ente, pois Deus é espiritual, e portanto invisível” . A visão física de Deus teria sido im possível, até m esm o para o Filho. O evangelista, porém , está pensando num a visão de Deus, a qual é possível para o Filho, pois o que o texto de 6.46 nos diz é: “Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; ele viu o P a i”. O bserve a ordem das palavras: “N inguém jam ais viu a D eus” . Não vem os Deus, mas sim sua revelação em Jesus Cristo. (Para o sentido do verbo ècópaKtv, tanto aqui com o em 6.46, ver a explicação de 1.14, nota 33.) A tradução o único gerado de Deus (liovoyevfiç Beóç), em vez de Filho unigênito, é apoiada pelos m elhores e mais antigos m anuscritos. Com o o conceito de Deus im plica eternidade, é evidente que a expres são, o único gerado de Deus deve se referir ã filiação trinitariana de Cristo. Todos os outros tipos de filiação im plicam com eço tem poral, que é irreconciliável com a idéia da divindade. Além do mais, a expres são: que está no seio do Pai, indica um a relação m uito próxim a entre 0 Deus Pai e o Deus Filho. Com o Jesus Cristo é o Filho de Deus no sentido m ais elevado do termo, ele conhece, de um a form a plena, o seu Pai. Portanto, é ele que revela quem é seu Pai, pois som ente ele tem as qualificações para ser o intérprete ou exegeta (o verbo é èíriYiíoaTo) de Deus. Isso não quer dizer que ele nos conceda um conhecim ento adequado de Deus, de tal sorte que, finalm ente, o que é finito com ece a com preender o Infinito. O sentido de fato é que ele nos expõe tudo o que é necessário, com referência ao ser de Deus, para nossa com pleta salvação e para um conhecim ento relativo de sua obra na criação e redenção. P or meio dessa revelação, somos capacitados a glorificar nosso C riador e Redentor.
Síntese de 1.14-18 Ver nosso Esboço na p. 98. A Glória do Filho na encarnação. O versículo 14 continua na m esm a linha de pensam ento iniciada nos versículos 10 e 11. A luz verdadeira m enifestou-se não som ente ao
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mundo; veio não só para seu próprio povo; mas, o clím ax de seu am or é indicado pela encarnação: 0 Verbo se fe z carne, ou seja, assum iu nos sa natureza hum ana, enfraquecida por algum tempo pelos resultados do pecado, em bora em si m esm o sem pecado. N esse corpo hum ano, ele tornou-se o Em anuel, que ergueu sua tenda entre nós. C onseqüente mente, nossos olhos e nossa mente descansaram sobre sua glória: o fulgor de seus atributos divinos, brilhando através do véu de sua natu reza hum ana. Essa glória era do tipo que se esperaria ver nele, pois ela era a glória do unigênito que procede eternamente do Pai e possui uma plenitude de graça e verdade. Portanto, ela era a glória daque le que é muito superior a João Batista, com o este m esm o reconhe ceu, por m eio de suas palavras m em oráveis: “Este é aquele de quem eu disse: aquele que vem depois de mim (i.e, neste cam inho de vida) tem a prim azia, porque já existia antes de m im ” . N ossa própria experiência com o crentes tam bém nos capacita a dar testem unho a respeito desta plenitude que está em Cristo, porque desta plenitude todos nós rece bemos graça sobre graça, sem elhante às ondas do mar, que se suce dem , um a depois da outra, constantem ente. A lei, dada p o r intermé dio de M oisés, era incapaz de su prir essa plen itu de de g raça e verdade. Em bora boa em si mesma, ela não podia salvar. Ela fazia exigências, mas não tinha o perdão e a graça de que os pecadores que confrontavam suas exigências precisavam . Ela fornecia tipos e som bras (ex., em seus sacrifícios), mas nunca a realidade (verdade). Esta graça e verdade vieram p o r meio de Jesus Cristo, que, m ediante sua vida e m orte redentora, fez jus à graça e conferiu a realidade (verda de), paras as quais os tipos e as sombras da lei m osaica apontavam . E, com o ele é com pletam ente divino, sendo o unigênito de Deus, que, de acordo com sua natureza divina, descansa eternamente no seio do Pai, e o conhece plenam ente, pode também ser o Intérprete do Pai. Assim, ele nos revelou Deus, a quem ninguém, ja m a is havia visto (com preendido). P ara um a síntese desta síntese, ler som ente as palavras em itálico. Elas form am um parágrafo coerente.
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19 Ora, este é o testem unho de João. Q uando os ju d eu s enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para indagarem dele: Quem é você?, 20. ele confessou^* e não negou, porém confessou: Eu não sou o Cristo. 21 E eles lhe perguntaram: E então? Você é Elias? E ele disse: Não sou. Você é o profeta? E ele respondeu: Não. 22. Então lhe disseram, Quem é você (diga-nos) para que possamos dar resposta àqueles que nos enviaram; o que você diz a respeito de si mesmo? 23. Ele disse: Eu sou a voz de alguém que clama no deserto: Façam a estrada reta para o Senhor, como disse o profeta Isaías. 24 Ora, eles foram enviados da parte dos fariseus. 25 E o interrogaram, dizendo: Então, por que você batiza, se não é o Cristo, nem Elias, nem o profeta?^‘^ 26. João respondeulhes, dizendo: “Eu batizo com água. Em seu meio está alguém que vocês não conhecem, 27 meu sucessor,“" de quem não sou digno de“' desatar as correias das sandálias. 28. Essas coisas aconteceram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.
1.19-28 19-23. O ra, este é o testem unho de João O evangelista, nos versículos 6-8 e 15, indica o propósito do m inis tério de João B atista - ele deveria focalizar a atenção de todos na verdadeira luz, Jesus Cristo, com o o óbjeto da fé. Os versículos que estam os estudando agora detalham o testem unho que João B atista deu a um com itê enviado pelo Sinédrio. Os dois blocos de versículos que seguem este que estam os vendo (1.29-34 e 1.35-42) contêm o registro do seu testem unho diante de um grupo não identificado de pessoas, e a dois de seus discípulos. Diante das descrições nobres de Cristo, e dos títulos exaltados que João B atista lhe atribui em 1.27, 29-36, é fácil ver a razão pela qual o evangelista incluiu este material em seu livro. Essa inclusão se harm oniza com o propósito central deste Evangelho, con form e está declarado em 20.30, 3 1 .0 Quarto E vangelho não se propõe a enfatizar o aparecim ento de João Batista, seu estilo de vida, sua pre gação, 0 entusiasm o que sua presença criou entre o povo, ou m esm o seus batism os. O autor parece aceitar com o fato que os leitores estão fam iliarizados com tudo isso, por terem recebido a tradição oral e terem lido os Sinóticos. O ponto central desses blocos de versículos é, especi38. Sobre
o ti.
ver a Introdução, pp. 81, 82.
39. Essa sentença condicional pertence ao Grupo IB - ver a Introdução. 40. Literalmente: aquele que está vindo atrás de minv, cf. versículos 15 e 30. 41. A respeito de 'iva, ver a Introdução.
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ficam ente, o testemunho de João Batista com respeito ao Cristo. E, conform e o autor ressalta, esse testem unho é dado por revelação divi na (1.32-34). João B atista fez sua prim eira aparição no invem o do ano 26 d. C. Seu m odo austero de vida, sua pregação ousada e a ênfase no fato de que até m esm o os filhos de Abraão necessitam de arrependim ento e purificação espiritual (sim bolizados pelo batism o), provocaram um im pacto poderoso entre o povo. M arcos diz que “saíam a ter com ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém ; e, confessan do seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão” (Mc 1.5). Parece que João Batista, que com eçou a pregar nas im ediações do M ar M orto, havia, gradualm ente, percorrido o vale do Jordão até che gar a um a pequena localidade que, nos m elhores m anuscritos, é cha m ada B etânia (1.28). O texto nos conta, especificam ente, que essa Betânia localizava-se do outro lado do Jordão. Isso indica que não devem os confundi-la com o local de nom e sem elhante, onde M aria, M arta e seu irm ão Lázaro m oravam . Este últim o localizava-se nas pro x im id a d es de Je ru sa lé m . A pesar de não term os com o definir a localização exata da Betânia m encionada nesse texto em estudo, parece que os que a descrevem com o estando a leste do Jordão, cerca de vinte quilôm etros abaixo do M ar da Galiléia, e trinta quilôm etros a sudeste de Nazaré, não estão fora da realidade (H. B. A, p. 99; cf. A. Fahling, The Life ófC h rist, St, Louis, M o., 1936, p. 148). M uitos dos m apas antigos, e tam bém a gra vura XIV de W .H.AB., sugerem que essa B etânia estava localizada um pouco ao norte do M ar M orto. No entanto, toda a seção de João 1.19-2.1 parece não apoiar a idéia de um a localização tão ao sul. P re sum e-se que todos os acontecim entos registrados no prim eiro capítulo de João (i.e, 1.19-51), deram -se perto da Betânia além do Jordão, um a pressuposição que é provavelm ente correta; então, se B etânia estivesse situada tão ao sul, é m uito difícil im aginar com o Jesus e seus discípulos poderiam ter chegado a C aná da G aliléia no terceiro dia (2.1) depois desses acontecim entos. N aqueles dias, as viagens eram m uito dem oradas. D evem os tam bém lem brar que todos os discípulos que são citados (tanto direta, quanto indiretam ente) no capítulo 1 ti nham sua residência na Galiléia. Pedro, André e Filipe eram de Betsai-
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da; Tiago e João, de C afam aum ; e Natanael, de Caná. Portanto, a cena do acontecim ento registrado no texto que vamos exam inar (1.19-23), acontece não na própria Galiléia, m as em sua circunvizinhança (ver 1.28,43). Jesus deixou N azaré para assumir, voluntariam ente, a grande tare fa que lhe havia sido determ inada pelo Pai, no final de dezem bro de 26, ou em janeiro de 27 d.C. Ele foi para Betânia, do outro lado do Jordão, que, com o vimos, não era m uito distante de sua casa. Ali, ele foi batiza do por João (cf. M t 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21, 22). Do vale do Jor dão, Jesus foi levado às m ontanhas do deserto para ser tentado pelo diabo. Essa tentação cobre um período de mais de quarenta dias, e, aparentem ente, aconteceu logo depois do batism o (Mc 1.12). É prová vel que, depois de vencer a tentação, Jesus tenha voltado diretam ente ao lugar em que João estava batizando. Sua chegada é descrita em 1.29. O acontecim ento descrito em nossa passagem (1.19-28) passouse um dia antes de sua chegada. Assim , a cena acontece um pouco ao leste do Jordão, não m ui to distante do M a r da Galiléia, e a época é o fin a l de fevereiro (ou começo de março) do ano 2 7 . 0 evangelista nos conta o que aconte ceu durante um período de quatro dias (ver as indicações de tem po em 1.29, 35, 43), e no terceiro dia depois do período m encionado ante riorm ente (2.1). Q uando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levi tas. Som os inform ados que no prim eiro desses quatro dias os judeus enviaram um com itê a interrogar João Batista. O term o judeus, no Quarto Evangelho, freqüentem ente tem um a conotação sinistra; a na ção, representada por seus líderes religiosos, que eram sem pre hostis em relação a Jesus (7.1; 9.22; 18.12-14). N esse caso, foi o Sinédrio (que consistia dos principais dos sacerdotes, escribas e anciãos) que enviou essa delegação. Em bora o texto não faça nenhum a afirm ativa a respeito, não é difícil deduzir a razão desse envio. As inform ações a respeito do novo pregador, bem com o do clim a de entusiasm o que ele criou, haviam chegado rapidam ente ao conhecim ento do Sinédrio. E provável que alguns dos rum ores até m esm o sugerissem ser ele o M es sias. Seu m étodo im pressionante de exortar ao arrependim ento, que incluía am eaças pesadas sobre o im penitente, e o fato de que ele tam
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bém batizava ... judeus, filhos de Abraão, com o se eles ainda necessi tassem de arrepentim ento e purificação, tam bém contribuíam para o clim a geral de curiosidade. A lém do mais, é provável que os líderes dos judeus tivessem ouvido falar que esse novo avivalista (?) tinha dito al gum as coisas m uito desagradáveis acerca dos fariseus e saduceus (M t 3.7). Certam ente, o que tem os aqui é um a com issão investigadora. U m falso M essias poderia fazer um grande estrago. Afinal de contas, não era dever dos m em bros veneráveis do Sinédrio expor os falsos profetas e os candidatos a M essias (cf. D t 18.20-22), cuidando assim dos interesses religiosos de Israel? A com issão consistia de sacerdotes e levitas. Os sacerdotes de vem ter tom ado a liderança no interrogatório.Os levitas, por seu turno, foram enviados para garantir um a chegada segura do grupo, e para evitar qualquer tum ulto que pudesse resultar da conversa. A fim de o interrogarem . Tendo chegado ao lugar de destino, e encontrado João, a prim eira pergunta do interrogatório oficial foi, Quem é você? Ou seja: Que personagem tão im portante você alega ser? Ele (João Batista), que sem dúvida obtivera algum a inform ação a respeito dos rum ores que circulavam entre o povo, confessou e não negou, porém confessou (que os glorificadores de João B atista tom em nota!): Eu não sou o Cristo. D iante dessa afirm ativa, a pergunta seguinte foi: E então? Você é Elias? Ora, apesar de João ter vindo no poder e espírito de Elias (Lc 1.17), e portanto ter sido cham ado Elias pelo p ró prio Cristo (M t 17.12), ele não era Elias no sentido literal, e era o pre cursor literal e pessoal de Elias que os judeus estavam esperando, com o resultado da interpretação incorreta que tinham feito de M alaquias 4.5. Portanto, João responde: Não sou. Essa resposta é seguida, im ediata mente, pela pergunta: Você é o profeta? A referência é a D euteronô mio 18.15-18. Alguns interpretaram essa passagem com o fazendo re ferência a um outro precursor do M essias, enquanto outros a aplicaram ao próprio M essias, sendo esta a interpretação correta (At 3.22; 7.37). João Batista, por aceitar esta últim a explicação, e sabendo que ele mesmo não era o M essias, responde Não. E ntão, lhes disseram : Q uem é você, (diga-nos) para que p os sam os dar resposta àqueles que nos enviaram ; o que você tem a dizer a respeito de si m esm o? Ele disse: Eu sou a voz de alguém
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JOÂO 1.24
que clam a no deserto; façam a estrada direita para o Senhor, com o disse o profeta Isaías. E ssa é um a citação não-literal de Isaías 40.3. N ote que, o que é dito em outros lugares a respeito de João (M t 3.3; M c 1.3; Lc 3.4), é dito aqui por ele mesm o. A lém do m ais, sua citação de Isaías serve a um duplo propósito: ela indica quem ele é, ao responder à pergunta que lhe tinha sido feita; e ela tam bém representa um convite ao arrependim ento. C ada m em bro da com issão, e tam bém cada m em bro do Sinédrio, que haveria de ouvir o relato da entrevista, deveria endireitar o cam inho da própria vida, para que o Senhor pudes se entrar. A figura que está im plícita aqui é a de um rei que está para visitar um a área de seu reino, assim como, na profecia de Isaías, Jeová prom ete visitar aqueles que retornaram do cativeiro babilónico para dar-lhes porções ainda m aiores de sua graça. C ertam ente que as estra das devem ser preparadas para a chegada do rei, pois a entrada dele deve ser facilitada, e nenhum obstáculo deve ser posto em seu cam i nho. Assim tam bém João B atista quer dizer que os judeus, incluindo os m em bros da com issão investigadora, devem endireitar o cam inho do S enhor que leva ao coração deles. O que se exige é um a profunda tristeza pelo pecado com etido e oração por m isericórdia e perdão. A resposta a esses pedidos, naturalm ente, é considerada com o um ato da graça soberana de Deus. João B atista é apenas um a voz. Q ue eles entendam que a ordem para que se arrependam foi dada por A quele a quem a voz representa! 24. O ra, eles haviam sido enviados pelos fariseus. O verbo â-tTeaTaÀiiéyoL fioav é o perfeito perifrástico passado de àTTootéÃA,a). Os com entaristas têm elaborado várias interpretações para este versículo. Entre elas existem duas que nós, particularm ente, rejeitamos: a. Que este versículo indica que foram os fariseus que enviaram os saduceus (A. T. Robertson, Word Pictures in the New Testament, N ova York e Londres, 1932, vol V, pp. 18 e 21). M as, por que os fariseus, que nem m esm o eram líderes no Sinédrio, enviariam os saduceus para in vestigarem um assunto a respeito do qual eles, os saduceus, eram muito ignorantes? Os saduceus eram os liberais daqueles dias. Eles form a vam um pai tido m undano e se ocupavam dos assuntos puram ente tem porais. A idéia de que os fariseus, que favoreciam um a adesão estrita à lei, e eram profundam ente preocupados com os assuntos relacionados
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com a vinda do M essias, enviariam os saduceus m undanos (cf. M t 22.23ss) para investigarem um M essias possivelm ente falso, parece fora de propósito. A preposição k certam ente não precisa indicar o sentido de interm ediação. b. A q u e diz que aqui com eça um novo parágrafo, e que o versículo 24 deve ser traduzido assim: “E alguns fariseus haviam sido enviados” (R. C. H. Lenski, op. cit., p. 11). De acordo com esse entendim ento, os saduceus haviam com pletado sua investigação. Agora, um a nova dele gação com eça a agir. N ossas objeções a esse entendim ento são as seguintes: (1) Se esse fosse o caso, poderíam os esperar a seguinte leitura: “E, também alguns fariseus tinham sido enviados” . (2) O versículo 25 é claram ente ligado aos versículos 20-23. João tinha acabado de confessar que não era nem o M essias, nem seu precussor, no sentido esperado pelos judeus. U m a pergunta é então feita: “Então, por que você batiza?” , ou seja, “Se você não é nem um, nem outro, por que realiza a obra que pertence, propriam ente, ao M essias, ou a seu em baixador especial?” E evidente, portanto, que o que temos aqui é o relato de um questionam ento único, conduzido por um a única delegação. Assim, a m elhor interpretação do versículo 24 parece ser a de que a com issão m encionada no versículo 19, que consistia de sacerdotes e levitas, tinha sido enviada dentre ( êk) os fariseus, no sentido em que seus m em bros pertenciam ao partido dos fa rise u s.“*- (Para um uso sem elhante de èk ver 1.35,40; Gl 2.15; Fp 3.5.) Não se tem conseguido provar que todo sacerdote, nos dias de Cristo, era um saduceu. Os do versículo 19 certam ente não eram. A lém do mais, o fato aqui registrado explica: a. a razão para um a investigação tão detalhada - os fariseus eram muito rigorosos; b. a razão pela qual João usou o texto do profeta Isaías - os fariseus, em com paração com os saduceus, tinham um a consideração muito m aior pelos profetas; e, c. a razão pela qual a in vestigação continuou - os saduceus, sendo religiosam ente indiferentes, não teriam , provavelm ente, levantado nenhum a outra questão.
42. Assim também F. W. Grosheide, op. cit., p. 127.
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JOÂO 1.25-28
25-28. E eles o questionaram , dizendo: Por que então batiza, se você não é o C risto, nem Elias, nem o profeta? Os sacerdotes, ao questionarem o filho de um sacerdote, estavam muito m ais preocupados com o fato de que João estava batizando do que com a pregação dele. Os sacerdotes deveriam saber todas as re gras. Eles, certam ente, sabiam que os ritos de purificação não poderi am ser adm inistrados por qualquer pessoa. Afinal, Ezequiel 36.25 e 37.23 não diz, claram ente, que o rito de puriicação do povo é um ato distintam ente m essiânico? Por que então João batiza, se ele não era nem o M essias e nem o tipo de precursor que eles esperavam ? Esta passagem deixa claro que eles não haviam entendido o sentido da refe rência feita por João ao m ensageiro (1.23). Eles não estavam procu rando por um precursor tão profundam ente espiritual! João lhes respondeu, dizendo: Eu batizo com água. E m seu m eio há alguém a quem vocês não conhecem , m eu sucessor, de quem não sou digno de desatar as correias da sandalha. Ao dizer: Eu batizo com água, João aponta para o fato de que existe um a gran de diferença entre o que ele está fazendo e o que o M essias fará. Tudo 0 que João pode fazer é adm inistrar o sinal (água). Som ente o M essias pode conceder aquilo que a água sim boliza (o poder purificador do Espírito Santo). (Cf. Mc 1.8.) João tam bém afirm a que o M essias tinha realm ente chegado: Ele está no meio de vocês, ou seja, ele pertence a esta geração, e está para com eçar seu m inistério público, com o suces sor de João. N a verdade, ele já tinha sido batizado. Contudo, eles não o conheciam , e nem parecem interessados em conhecê-lo. N a ansiedade de detectar os falsos M essias, eles ignoram o M essias verdadeiro. Este, entretanto, é tão glorioso que João Batista não consegue ver-se sen do com parado com ele. De fato, João se julga indigno de executar até m esm o a mais hum ilde das tarefas para esse Estranho da Galiléia, ou seja, ajoelhar-se diante dele para desatar-lhe as correias das sandálias, visando lavar-lhe os pés. Para um a explicação do versículo 28: Essas coisas aconteceram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava b atizan do, ver acima, nos com entários dos versículos 19-23.
JOÂO 1.19-28
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Síntese de 1.19-28 Ver o Esboço na p. 98. O Filho de Deus revelando-se a círculos crescentes: a João Batista, que testifica a seu respeito. N esta seção há um a expansão da referência ao testem unho de João Batista, feita em versículos anteriores (6-8, 15). O local era B etâ nia, além do Jordão, provavelm ente num baixio, não longe do M ar da Galiléia. O encontro com a com issão investigadora ocorreu no final de fevereiro ou início de m arço do ano 27. O episódio registrado nesta seção acontece no prim eiro dos quatro dias sucessivos, com entados pelo evangelista. Trata-se do dia im ediatam ente anterior ao da volta de Jesus do deserto, onde fora tentado. O Sinédrio, tendo ouvido muitas coisas a respeito de João B atista e, estando aparentem ente alarm ado com a possibilidade de ele ser um outro falso M essias, envia um a dele gação com o propósito de conduzir um a investigação oficial. João, ao ser questionado, responde que ele não era o M essias, nem o precursor que os judeus esperavam (o próprio Elias, em pessoa), nem o profeta de D euteronôm io 18.15-18. Ele se identifica com a voz que clama no deserto, m encionada por Isaías 40.3. Se é assim, com o é que ele se envolve num a tarefa que diz respeito ao M essias ou ao seu m ensageiro oficial? Por que ele batiza? Ele responde que, ao ministrar o sinal (água), não está dizendo que é tam bém capaz de conceder a realidade que o batismo testifica (o dom do Espírito Santo). Essa é a prerrogativa m ais sublim e do M essias, e ele já está presente na cena da história de Israel, em bora os israelitas não o estejam reconhecendo. Em sua busca pelo falso M essias, eles estavam perdendo a chance de conhecer o Verda deiro. Tão exaltado é este últim o que João Batista julga-se com pleta m ente indigno de até m esm o desata-lhe as correias das sandálias. 29 No dia seguinte, ele viu Jesus que vinha em sua direção, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que está tirando o pecado do mundo! 30 É este de quem eu disse: Após mim vem um homem que vai adiante de mim, porque já existia antes de mim. 31 E eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele pudesse manifes tar-se a Israel, por essa razão eu vim batizando com água. 32 E João testificou, dizendo: Vi o Espírito descendo do céu como pomba e pousar sobre ele. 33 E eu mesmo não o conhecia; aquele, porém, que enviou a mim para ser batizado com água, esse mesmo me disse; Aquele sobre quem você vir o Espírito descendo
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JOÂO 1.29
e pousando, esse é o que batiza com o Espírito Santo. 34 E eu vi e tenho testificado que este é o Filho de Deus.
1.29-34 29. No dia segu inte, ele viu Jesu s, que vinha em sua d ire ção. Jesus volta do deserto, onde havia sido tentado. Ao ver Jesus se aproxim ando, João aponta em sua direção, e exclam a ao seu auditório: E is o C ordeiro de D eus que está tirando o pecado do m undo! Não é verdade que, ao se subm eter voluntariam ente ao rito do batismo, e ao vencer o diabo por ocasião da tentação no deserto, Jesus havia de fato iniciado sua tarefa de tom ar sobre si, vicariam ente, a m aldição da lei, bem com o continuado com sua prática de perfeita obediência? E ele não estava, por esses atos, e pelos outros que haveriam de seguir-se, tirando (particípio presente) o pecado do m undo? Como essas palavras de João se encaixavam perfeitam ente ao momento! A palavra ’íôe não deve ser constm ída como um verbo transitivo, que tem o Cordeiro como seu objeto. Ela é um a interjeição. Portanto, a tradução literal deveria ser: “Eis o Cordeiro de Deus!” Se queremos conservar essa constiTição, um a vírgula deve ser colocada depois da primeira palavra. Essa vírgula, geral m ente presente nas traduções, nem sempre é sentida quando as palavras são ditas ou cantadas! Para evitar ambigüidade, nossa tradução é: “Eis o cordeiro de Deus que está tirando o pecado do m undo!” U m a pergunta que geralm ente é feita é a seguinte: “João Batista estava pensando no cordeiro pascal (Êx 12.13; cf. Jo 19.36; IC o 5.7; IP e 1.19), no cordeiro da oferta diária (Nm 28.4) ou no cordeiro de Isaías 53.6, 7, 10?” A lgum as boas razões têm sido dadas a cada um a dessas opções: ã prim eira, de que a Páscoa estava se aproxim ando; ã segunda, de que o sacrifício desses cordeiros era um a ocorrência diá ria, e portanto bem conhecida do povo a quem João se dirigia; e, à terceira, de que João, no dia anterior, havia descrito a si m esm o e sua tarefa, num a linguagem em prestada de Isaías (cap. 40). M ateus tam bém estava fam iliarizado com Isaías 53 (ver M t 8.17). O m esm o apli ca-se a Pedro (IP e 2.22), ao evangelista Filipe (At 8.32) e ao autor da epístola aos H ebreus (Hb 9.28). M as, por que é preciso fazer um a escolha? Não foram esses três tipos cum pridos em Cristo, e não era ele o Antítipo para o qual todos eles apontavam (cf. IP e 1.19; 2.22)?
JOÂO 1.30, 31
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E m bora seja verdade que o sentido prim ário do verbo aLpw é o de erguer, levantar (8.59), no entanto nos tipos m encionados acim a o que é sim bolizado pelo sacrifício do cordeiro é a rem oção do pecado e de suas conseqüências (Êx 12.13; Is 53.5, 8, 1 1, 12). Portanto, é natural que aqui, em 1.29, aípo) tenha o sentido que sem pre lhe tem sido dado nas m ais variadas traduções: tira (como em 19.31). De acordo com João Batista, é o pecado do mundo (seres humanos de todas as tribos e nações, que por natureza estão perdidos em pecado - cf. 11.51,52), que 0 Cordeiro está tirando, e não simplesmente o de um a nação em particu lar (ex., a nação judaica). Todos os pecadoj (ver IJo 3.5 para o plural) que o Cordeiro remove são, coletivamente, chamados o pecado. A pas sagem não ensina um a expiação universal. João Batista não ensina isso, e nem o faz o evangelista, nem o próprio Jesus (1.12, 13; 10.11, 27, 28; 17.9; 11.50-52; note, nessa última referência, o termo “os filhos de Deus”). 30. É provável que João B atista tenha falado com freqüência a respeito de Cristo usando um a linguagem sem elhante a que é usada no versículo 30. Portanto, ele testifica, E sse é A quele a respeito de quem eu falei: D epois de m im vem um hom em que vai adiante de m im , porque ele já existia antes de m im (ver 1.15 e 27; para com entários, ver as observações feitas ao v. 15). 31. E eu m esm o não o conhecia. O que João B atista está dizen do é que “Eu o conhecia não m ais do que vocês m esm os” . O verbo olôa (aqui, fíóeLi^ - m ais-que-perfeito, com sentido de im perfeito) indi ca um processo m ental. Ele se refere a um conhecim ento por intuição ou reflexão, distinguindo-se, assim , de yiváaxiú, que se refere a um conhecim ento resultante de observação ou experiência. É possível que João, por ser um hom em de Judá, não tivesse um conhecim ento muito detalhado de Jesus, que tinha passado a m aior parte de seu tem po na Galiléia. No entanto, o contexto deixa claro (v. 35) que a referência em estudo aponta para um tipo de conhecim ento m uito mais elevado do que um m ero conhecim ento físico: João Batista confessa que lhe fora revelado de cim a que este Jesus é o Cristo. N este sentido, João não o conhecia. M as, para que ele (Jesus, nesse ofício) pudesse m anifes tar-se a Israel, por essa razão eu vim batizando com água. A água sim bolizava a im pureza do pecado,'*^ o que dava a João a oportunidade 43. Não de uma forma direta, é claro, mas indiretamente, conforme se encontra na Forma
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JOÃO 1.32, 33
de apontar para (ou falar sobre) Jesus com o o Cordeiro de Deus, que está tirando o pecado do mundo. 32. E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descendo do céu com o pom ba e pousando sobre ele. Aqui, 0 evangelista parece presum ir que os leitores estão familiariza dos com os Sinóticos, pois são eles que informam, claramente, a ocasião na qual o Espírito Santo desceu sobre Jesus, na form a de um a pom ba (Mt 3.13-17; Mc 1.9, 10; Lc 3.21,22), enquanto João, no versículo 33, deixa esse fato implícito. Conseqüentemente, o autor do Quarto Evangelho nem mesmo se dá ao trabalho de informar, de modo claro, a seus leitores que esse fato importante aconteceu p o r ocasião do batismo de Jesus. Para o significado dos verbos testemunhar e ver, ver, respectiva m ente, as explicações de 1.7 e 1.14. Lucas 3.22 explica vários dos term os que encontram os em João 1.32-34. Assim, ao fazerm os um a com paração, descobrim os que o que João viu foi o Espírito Santo. É claro que o Espírito não tem um corpo físico, não podendo ser visto com olhos físicos. Porém , nos é dito claram ente que a terceira Pessoa da Trindade m anifestou-se a João B atista sob o sim bolism o de um a pom ba. O que seus olhos viram foi uma form a corporal, como uma pom ba, conform e Lucas 3.22 explica. O que não sabemos, pelo m enos com clareza, é a razão pela qual Deus escolheu um a pom ba para represen tar o Espírito Santo. Alguns com entaristas apontam para a pureza, mansidão e graciosidade da pom ba, cujas propriedades, num grau infinito, caracterizam o Espírito. Essa explicação pode bem ser a corre ta. João observou que a form a corporal permaneceu (por um pouco) sobre Jesus, ou seja, ela não desapareceu im ediatam ente. Nós pode mos dizer, com base em passagens com o 3.34, Lucas 4:18ss e Isaías 61: Iss, que o que João viu foi a m anifestação visível da unção de Jesus Cristo pelo Espírito Santo. Essa unção, com o as referências indicam , inclui dois elementos: a. que o M ediador foi enviado por Deus para um a tarefa específica, e b. que ele era qualificado para executá-la. 33. E eu não o conhecia. João B atista repete, um a vez mais, que não tinha um conhecim ento prévio de Jesus em sua qualidade de M espara o Batismo de Crianças, na liturgia da Igreja Cristã Reformada: “A imersão em água, ou aspersão com água... pela quai se indica a impureza de nossa alma.”
JOÂO 1.33, 34
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sias (ver v, 31). C onseqüentem ente, seu testem unho se tom a ainda m ais valioso, por ter sido dado a ele de cima, por revelação e de form a sobrenatural. M as aquele, porém , que m e enviou a batizar com água, esse m esm o m e disse: A quele sobre quem você vir o E s pírito descendo e pousando, é ele que batiza com o Espírito S an to. João B atista cita as palavras de seu Enviador divino. Sobre a ques tão do batism o com água versus Espírito, ver a explicação do versículo ] .26. Observe, nesse versículo, a repetição dos pronom es. 34. Este versículo conclui o testem unho de João Batista. E eu vi e testifiquei... O tem po perfeito mostra, claram ente, que o hom em que teve essa experiência m aravilhosa deseja declarar, de um a m aneira solene, que não som ente viu, mas que a visão ainda está clara diante de seus olhos; que não som ente testificou, mas que seu testem unho ainda perm anece válido. O conteúdo de seu testem unho é: (que) este é o Filho de Deus. Ao colocar o título no final da sentença, João produz um clím ax contundente, que se harm oniza de form a bela com o propó sito do Quarto Evangelho, conform e declarado em 20.30, 31. A respei to do sentido desse título, podem os, um a vez mais, consultar Lucas 3.22. D essa passagem fica claro que João Batista, além de ver um a form a corporal com o um a pom ba, tam bém ouviu um a voz do céu, di zendo a Jesus: “Tu és o meu Filho amado, em ti m e regozijo.” Portanto, a expressão o Filho de Deus, aqui em João 1.34, refere-se ao próprio Filho de Deus, no sentido m ais elevado em que o term o pode ser usado. E le expressa a relação peculiar que existe, eternam ente, entre o Pai e o F ilh o ( l.l, 1 8;3.16-18;5.25; 17.5; 19.7;20.31).
Síntese de l.2 9 '3 4 Ver o Esboço na p. 98. o Filho de Deus, revelando-se a círculos crescentes: a João Batista, que testifica a seu respeito (continua ção). Este parágrafo se refere a algo que aconteceu um dia depois de a delegação enviada pelo Sinédrio ter visitado João. Ele vê Jesus voltan do do deserto da tentação, e exclam a: “Eis o Cordeiro de Deus que está tirando o pecado do m undo.” Em Cristo, o Cordeiro de Deus, todos os outros cordeiros, m encionados na lei e nos profetas, encontram seu grande Antítipo. Este Cordeiro estava tirando o pecado do mundo. Ele
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JOÃO 1.29-34
estava fazendo isso durante toda sua vida na terra, e não som ente ao m orrer na cruz. Toda sua vida e morte, sob a m aldição do pecado, foi um sacrifício oferecido a Deus. A lém do mais, não som ente o pecado de Israel, m as tam bém o do m undo inteiro estava sendo tirado por ele, pois Jesus salva os seres hum anos de todas as tribos e nações. João B atista repete o testem unho que tinha dado anteriorm ente, talvez repetidas vezes: “Atrás de m im vem Aquele que tem a prim azia, porque ele já existia antes de m im ” . (Para as explicações, ver sob o v. 15.) “Eu m esm o não o conhecia”, diz João, continuando seu testem u nho. C ontudo, o verdadeiro propósito de seu batism o era que a água do batism o, que sim bolizava a necessidade da purificação espiritual, pu desse cham ar a atenção de Israel para o Cordeiro de Deus, que rem o ve o pecado. Que esse Cordeiro de Deus era Jesus, fora revelado a João B atista por um a m ensagem direta de Deus, do seguinte modo: “A quele sobre quem você vir descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” . Por meio dessas palavras, Jesus foi revelado com o sendo, de fato, o Cristo, isto é, o Ungido, separado e qualificado pelo Espírito para sua tarefa de M ediador divino. O testem unho de João B atista alcança seu clím ax glorioso nas se guintes palavras: “E eu vi e testifiquei que ele é o Filho de D eus” . João tinha ouvido a voz do céu: “Tu és o meu Filho am ado, em ti me regozi jo .” Seu testem unho é, por assim dizer, o eco dessa voz. E esse eco nunca desaparece. 35 No dia seguinte, João estava outra vez na companhia de dois de seus discípulos. 36 E ele olhou para Jesus, que ia passando, e disse: Eis o Cordeiro de Deus! 37 E os dois discípulos, que o ouviram dizer isso, seguiram a Jesus. 38 E Jesus, voltando-se e vendo que o seguiam, disse-lhes: O que vocês estão procurando? E eles disseram: Rabi (que traduzido quer dizer M estre), onde estás morando? 39 Ele lhes disse: Venham e verão. Então eles foram e viram onde ele morava; e ficaram com ele aquele dia; era mais ou menos a hora décima. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João e seguiram a Jesus. 41 Ele, como o primeiro, achou seu próprio irmão Simão, e lhe disse: Encontramos o Messias (que traduzido quer dizer Cristo). Ele o levou a Jesus. 42 Jesus olhou para ele e disse: Você é Simão, filho de João. Você será chamado Cefas (que traduzido quer dizer Pedro).
JOÂO 1.35-38
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1.35-42 1.35. No dia seguinte, João estava outra vez na com panhia de dois de seus discípulos. Este é o terceiro dos quatro dias suces sivos, discutidos em 1.19-51. Com o já havia acontecido anteriorm ente, João B atista ocupa um lugar proem inente, próxim o ao Jordão, e está dando seu tesm unho a respeito de Jesus. No entanto, enquanto no dia anterior ele tinha se dirigido a um a m ultidão de tam anho e caráter inde term inado, nesse dia ele está em com panhia de dois de seus discípu los (A ndré e o próprio apóstolo João. Para provas, ver a Introdução, pp. 32-35). 36. E ele olhou para Jesus, que ia passando. O utra diferença entre os dois dias é a seguinte: no dia anterior, Jesus estava indo na direção de João Batista; neste dia, ele está, evidentem ente, cam inhan do para longe dele, em direção ao lugar onde estava m orando nesse tem po. (Ver vs. 38b e 39). E tam bém , enquanto no dia anterior o testem unho de João Batista não tinha trazido nehum a resposta ativa da parte dos dois discípulos, neste dia esses dois hom ens dão um passo decisivo do qual se lem bra rão para o resto da vida. O uvim os, um a vez mais, o m esm o testem unho dado no prim eiro dia: E (ele) disse: E is o C ordeiro de Deus (Para as explicações, ver os com entários do v. 29). Entretanto, observe que este testem unho é m ais conciso do que o anterior. Talvez som ente a prim eira parte da frase encontrada no versículo 29 fosse necessária para recordar a sen tença toda. 37. E os dois discípulos, que o ouviram (seu mestre, João B a tista) dizer isso, seguiram a Jesus. 38. E J e su s, v o lta n d o -se e ten d o fix a d o seu s olh o s n eles en q u an to o segu iam , d isse-lh es: O que vocês estão p ro cu ra n do? Note: não a quem (vocês estão procurando), mas o quê. Será que o que eles estavam procurando era a remoção de pecados pelo Cor deiro de D eus? Seria, portanto, entrada plena e grátis no reino? Q ual quer que fosse o caso, ele era, e ainda é, capaz de oferecer. Em sua resposta, os dois discípulos de João B atista usam um term o
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JOÂO 1.38
respeitoso para se dirigirem a Jesus: “R abi” . Essa palavra é derivada de um adjetivo que significa grande; conseqüentem ente, mestre ou p r o fe s s o r .“*“* Com o João está escrevendo a cristãos que provinham principal m ente do m undo gentílico, ele interpreta os term os aram aicos. Assim, lemos: E eles disseram , Rabi, que traduzido quer dizer M estre. A palavra traduzida é iie0ep|ir)W'euóiJ,ev'oy - particípio presente passivo de iieBepiirjyeúa), um a com binação posterior de (letá e èpiarii/euco, em que o prefixo |ieiá indica a m udança de um a linguagem para outra, 44. A m aneira pela qual o autor do Quarto Evangelho usa o termo é interessante. Isso mostra que também neste aspecto há um grau de progressão em seu livro, e isso pela simples razão de que havia um grau de progressão na reverência dos discípulos para com Jesus. Prim eiramente, os Doze (e também Nicodemos) são introduzidos como dizendo; “Rabi”. enquanto oulros (a mulher samaritana, o homem de Cafam aum , o homem enferm o em Betesda e o homem cego de nascença) dizem kú pte. Para “rabi”, ver 1.38, 49; 3.2; 4.31. Para k ú pie, no sentido de “senhor”, ver 4.11-19, 49; 5.7; 9.36. Muitos tradutores preferem “Senhor” ou “Mestre” para KÚpif, em 9.38. Na conclusão de seu discurso sobre o Pão da Vida, proferido no final do Grande Ministério Galileu, ouvimos Pedro dirigir-se a Jesus chamando-o de KÚpte, que tem sido, geralmente, traduzido por “Senhor” (6.68). Também a multidão mudou seu tratamento, de “Rabi” para KÚpie (6.25; cf. 6.34). Som ente em duas outras ocasiões depois dessa que estamos comentando - isto é, em 9.2 e 11.8, mas ver também 2 0 .16 - , ouvimos os discípulos usarem o termo “R abi”. Depois de 11.8, os discípu los de Jesus, ou seja, os Doze, e também amigos como Marta e Maria, são mencionados como usando KÚpie, que, nas seguintes passagens, é geralmente traduzido por “Senhor:” 11.12, 21, 27, 32, 34, 39; 13.6, 9, 25, 36, 37; 14.5, 8, 22; 20.2, 13, 18, 20, 25, 28; 21.7, 12, 15, 16, 17, 20, 21. Eles usam esse termo tanto ao se dirigirem a Jesus, quanto ao se referirem a ele na terceira pessoa. No entanto, não podemos elaborar muito em cima dessas estatísticas. Talvez seja correto dizer que aqui é indicada uma tendência geral que aponta para um aumento de reverência e uma substituição gradual de “Rabi” por “Senhor.” Isso, entretanto, não significa que. além dessas duas passagens indicadas (9.2; 11.8), os discípulos realmente nunca mais usaram o termo “Rabi”, ao se dirigirem a Jesus. Uma comparação entre 13.13 e 1.38 mostra que, pelo menos por um tempo considerável, os dois termos Rabi e KÚpit- devem ter sido usados indistintamente. Se mantivermos isso em mente, uma vez m ais fica claro que, também nesse ponto de menor im portância - contrário à opinião de alguns - , não existe nenhuma diferença básica entre os Sinódcos e João. Depois da ressurreição de Cristo, pappí desaparece completamente, e, como já foi indica do, KÚ pi e é usado com grande regularidade. Também, KÚpt6 ganhou mais significado. Quan do, depois de I 1.8, esse título é usado por aqueles que o conhecem, com referência àquele a quem eles conhecem como Jesus, a tradução “Senhor” é geralm ente encontrada em nossas versões. As palavras em itálico também indicam o modvo pelo qual, em João 12.21 e 20.15, a tradução “senhor” é requerida; Os gregos não conheciam Jesus; M aria não sabia que ela estava se dirigindo a ele. (Ver maiores explicações sobre o sentido de KÚpioç em G. Vos, The Self-Disclosure o f Jesus, Nova York, 1926, pp. 117-139; e G. J. Machen, The Origin o f P a u l’s Religion, pp. 293-317.)
JOÂO 1.39
143
enquanto èp(iriveúa) significa interpretar ou traduzir; portanto, inter pretar um a expressão, m udando-a de um a linguagem para outra. A for ma simples do verbo é encontrada em 1.42. O verbo é derivado de Hermes [ou Mercúrio, na m itologia latina], o deus do discurso. Atos 14.12 nos inform a que o povo de Listra cham ou Paulo de H erm es (ou M ercúrio), por ser ele o orador principal. Assim, os dois discípulos estão perguntando: O nde estás m oran do? Não tem nenhum a im portância em particular se essa habitação tem porária de Jesus era um a casa em Betânia, do outro lado Jordão, ou um a cabana, coberta com panos e feita de galhos. A goisa im portante que tem os a observar é que os discípulos desejavam ter um a oportuni dade para conversarem com Jesus sem que fossem interrompidos. Como isso era quase impossível quando estavam a céu aberto, eles pergun tam onde Jesus estava m orando nessa ocasião, claram ente dando a entender que desejavam receber um convite para visitá-lo. Seu interes se fora aguçado pelos com entários de João Batista, que, ao em itir suas opiniões, provou ser um verdadeiro preparador do cam inho do Senhor. 39. E ele lhes disse: Venham e verão. A resposta foi m elhor do que esperavam . Eles recebem o convite para acom panhar Jesus. E n tão eles foram e viram onde Jesu s estava m orando.'’’ Os fatos são declarados com o tais pelos aoristos históricos sim ples. Eles foram e viram. Eles procuraram e encontraram . Observe com o o verbo en contrar, presente nos versículos 41, 43 e 45, corresponde ao verbo procurar, no versículo 38. E ficaram com ele aquele dia; era m ais ou m enos a hora dé cim a. O que é mais im portante quanto a isso não é “O que o autor quis dizer por hora décim a?”, m as sim “Por que o autor m enciona o detalhe da hora?” A resposta é: O autor, com o já m ostram os anteriorm ente, era um dos dois discípulos. Nesse dia, Jesus m udou com pletam ente sua vida! A im pressão foi tão profunda que ele nunca m ais esqueceu a hora exata em que o convite lhe fora feito e ele tom ara a decisão de aceitá-lo.
45. O grego - indicativo ativo, numa pergunta indireta, após um tempo secundário (el5ai^). Isso é normal. Ver Gmm. N .T , pp. 1029, 1043.
144
JOÂO 1.39
Os com entaristas provavelm ente nunca chegarão a um acordo so bre 0 sentido da expressão a hora décima. Será que ela significa a décim a hora depois do nascer do sol, cerca de quatro horas da tarde? Isso estaria de acordo com a m aneira pela qual os judeus contavam o tem po, m aneira esta reconhecida nos Sinóticos. M as o m esm o m étodo era tam bém usado com freqüência entre os rom anos. Estes, no entan to, ao contarem as horas com eçavam da meia-noite e do meio-dia, como fazem os hoje. As horas que eram contadas a partir do m eio-dia eram usadas para designar as horas de seu dia civil (para a elaboraçãao de contratos, por exemplo). Entretanto, os registros contem porâneos não deixam claro onde, exatam ente, term inava um dos métodos de designar as horas e o outro com eçava. O uso provavelm ente diferia de região para região. Assim , a expressão “hora décim a” pode significar quatro horas da tarde, dez horas da m anhã ou até m esm o dez horas da noite. Entretanto, o contexto torna com pletam ente im possível pensar em dez horas da noite. Com referência às opções entre quatro horas da tarde e dez horas da manhã, acreditam os (juntam ente com A. Edersheim , A.T. Robertson, F. W. Grosheide, e muitos outros) que m uito pode ser dito em favor da última: (1) João está escrevendo por v oltad o final do século 1°. Seus leito res são, em sua m aioria, cristãos gentios. Portanto, ele não precisa usar o m étodo judaico de contar as horas. Ele pode ter usado o m étodo rom ano do dia civil. (2) O autor, em 20.19, deve estar se referindo ao dia romano. Se este é o caso lá, porque não aqui? (3) O contexto parece favorecer esta interpretação. Lemos: “Eles ficaram com ele aquele dia". Se a hora tivesse sido quatro horas da tarde, não seria lógico esperar que o texto dissesse: “ficaram com ele aquela noite?” Cf. Lucas 24.29. Também, se a hora décim a significa dez horas da m anhã, isso perm ite que, naquele mesm o dia, houvesse tem po suficiente para a busca que resultou na adição de dois novos discípulos: Sim ão Pedro e (com toda probabilidade) Tiago (v s.4 1 ,42). (4) Este m étodo de com putar as horas encaixa-se m elhor nas cir cunstâncias de outras passagens deste Evangelho (ver nossas explica ções de 4.6 e 4.52).
JOÂO 1.40, 41
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(5) Esta m aneira de calcular o tem po harm oniza 19.14 com M arcos 15.25. Se em am bas passagens contarm os as horas a partir do nascer do sol, haverá um conflito insuperável.'*'’ 40. André, irm ão de Sim ão Pedro, era um dos dois que ouvi ram a João e seguiram a Jesus. É com o se o autor estivesse dizen do: “A ndré era um dos dois discípulos que seguiram Jesus naquele dia. R efiro-m e ao irm ão de Sim ão Pedro, que é m uito conhecido entre vocês” . E le não parece tom ar com o certo que os leitores estivessem fam iliarizados com as histórias de Sim ão Pedro, apresentadas nos S i nóticos? O autor não identifica o outro discípulo, mas tem os tentado m ostrar que esse hom em era ele mesmo, isto é, o apóstolo João (ver, na Intro dução, Autoria, D ata e Local). 41. E le, com o o prim eiro, encontrou seu próprio irm ão S i mão. Podem os 1er, no versículo 41, ou que: “Ele (André), com o o pri meiro (adjetivo upwxoç), encontrou seu próprio irmão Sim ão”, ou que “Ele prim eiram ente (advérbio 'rTpcÔTOv) encontrou seu próprio irm ão Si m ão.” A evidência externa não estabelece, em caráter definitivo, a questão em favor de nenhum a das duas possibilidades.'*'' Se a segunda leitura é a co n e ta - com o afirm am m uitos com entaristas - , então o evangelista deseja com unicar um a das seguintes idéias: (1) Antes de fazer qualquer outra coisa, André encontrou seu pró prio irmão, Simão; ou (2) A ndré prim eiro encontrou seu próprio irmão, Sim ão, e m ais tar de encontrou um a outra pessoa; ou (3) Tanto André quanto João saíram à procura de Simão, mas An dré 0 encontrou prim eiro. V árias objeções têm sido apresentadas contra cada um a dessas 46. É estranho que os comentaristas que favorecem o entendimento oposto refiram-se, algumas vezes, a i 1.9, com o intuito de defender sua teoria. Mas a expressão: “Não são doze as horas do dia?” não prova nada, nem a favor, nem contra. Nós também podemos usar esse mesmo texto para reforçar nossa posição. Para nós também existe em média doze horas de luz num período de 24 horas. Contudo, ao indicarmos as horas do dia, contamos a partir da meia-noite e do meio-dia. 47. Alguns dos antigos manuscritos latinos favorecem ainda uma outra leitura: M ane, para 0 grego n p u í, mas essa leitura é muito fraca.
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JOÃO 1.41
interpretações, resultantes da leitura da palavra com o sendo um advér bio, em vez de um adjetivo. C ontra (1), então, por que nada m ais é registrado? C ontra (2), então, quem foi a outra pessoa que André en controu? C ontra (3), então, por que os dois discípulos procuravam en contrar o irm ão de apenas um deles? Lem bre-se; João tam bém tinha um irm ão que precisava ser encontrado! Além do mais, ele realm ente foi encontrado, conform e nos conta o registro de M arcos 1.16-20, 29. Em bora a evidência extem a favoreça o uso da palavra com o sendo um advérbio, a diferença não é decisiva. O advérbio pode ser o correto, mas, se for assim , devem os confessar que não podem os dar um a expli cação satisfatória. Se a prim eira leitura for a correta, tudo se torna relativam ente simples. O sentido, pois, é que os dois hom ens (A ndré e João), depois de terem passado um dia com Jesus, ficaram tão im pressionados com o que viram nele que se converteram em m issionários. C ada um deles (talvez, na noite desse m esm o dia) saiu à procura de seu próprio ir mão. André, com o o prim eiro, encontrou o seu irmão, Pedro. Está im p lícito que João, com o o segundo m issionário, encontra seu ir mão, Tiago. Entretanto, em harm onia com sua atitude reservada, João não diz isso diretamente. Q uando A ndré vê Pedro, lhe diz: E ncontram os o M essias. A expectativa da vinda do M essias, o testem unho de João B atista com referência a Jesus (1.29, 36), e especialm ente a visita de um dia à sua m orada tem porária, nas proxim idades do Jordão, haviam pavim entado 0 cam inho para essa exclam ação jubilosa. No entanto, devem os lem brar que a concepção do M essias, na mente dos discípulos, ainda preci sava ser purificada. A história de sua confissão e testem unho revela m uitos altos e baixos. A pesar de haver um a tendência crescente de reconhecim ento e entendim ento do ofício m ediador de Cristo, é tam bém verdadeiro que, m esm o depois da ressurreição do Senhor, elem en tos nacionalistas ainda estão presentes em suas esperanças e expecta tivas m essiânicas (cf. At 1.6). A descoberta jubilosa, evidenciada nas palavras de André, foi um bom com eço no caminho de um entendim en to m ais profundo. Sobre a cláusula parentética: que traduzido quer dizer Cristo, de xpíoj, ungir, ver pp. 56, 142. E o levou a Jesus. André levou Pedro até onde Jesus estava.
JOÂO 1.42
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42. Jesus olhou para ele, ou seja, Jesus, observando-o, estudouo p o r um m om ento: lite ralm en te, con siderou -o, ou exam inou-o (èn(3Àéi|/ac)."' E ele disse: Você é Sim ão, filho de João. Você será cham ado Cefas (que traduzido quer dizer Pedro). Jesus, agindo aqui em seu ofício profético, olha para o futuro e vê nele a enorm e transform ação que o im pulsivo Simão, que estava ali diante dele, naquele dia, haveria de sofrer, a ponto de se tornar Cefas (em aram aico) ou Pedro (em grego), isto é, a Rocha. Portanto, Jesus aqui prediz o que a graça divina iria realizar no coração e na vida desse discípulo. (Ver tam bém M t 16.18.)
Síntese de 1.35-42 Ver o E sboço na p. 98. O Filho de Deus revelando-se a círculos crescentes: a João Batista, que testemunha a respeito dele; a seus discípulos im ediatos: seu testemunho. No dia seguinte (o terceiro dia), João B atista estava, um a vez mais, nas proxim idades do Jordão, com dois de seus discípulos: André e João, o autor que, com um a reserva delicada, não m enciona a si m esm o por nom e. Q uando João Batista viu Jesus cam inhando em direção à sua habitação tem porária, ele disse aos dois discípulos: “Vejam, o Cordeiro de D eus” . Eles seguem a Jesus. Jesus voltou-se e, os havendo exam inado cuidadosam ente, pergun tou-lhes: “O que (não a quem) vocês estão procurando?” Eles respon deram : “Rabi (isto é, M estre), onde estás m orando?” Estavam pedindo que fossem convidados a ir ao lugar em que Jesus morava, para que, longe das interrupções das pessoas, pudessem passar algum tem po ju n tos com aquele que lhes havia sido indicado com o sendo o Cordeiro de Deus. Jesus respondeu-lhes: “Venham e verão.” Essa foi um a resposta m uito m elhor do que eles estavam esperando: ela indicou que eles não precisariam aguardar por algum dia futuro, mas estavam recebendo a perm issão - até m esm o o convite - para acom panharem o Senhor ime48. Nesta seção - versículos 35-43 - , temos vários sinônimos para visão: versículos 36 e 42: ^^431611(1); versículo 3 8 :0€áo(j,at; versículo 39: ói|;o^iai, que é usado como o futuro de òpáco. O aoristo «lôav tam bém ocovre nesse versículo. (Para o sentido destes sinônimos, ver a nota 33 e a explicação de 1.14.)
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JOÂO 1.35-42
diatam ente! A partir desse m om ento, esses dois hom ens se tom am dis cípulos de Jesus. Isso aconteceu por volta da hora décim a, ou seja, provavelm ente dez horas da m anhã. C om o isso foi um passo decisivo na vida do autor, ele lem brou até m esm o a hora desse acontecim ento. Os dois hom ens perm aneceram o dia todo com Jesus. Provavelm ente, na noite desse m esm o dia, André encontra seu ir m ão Sim ão, e o leva a Jesus. Parece estar im plícito que João, um pouco mais tarde, faz o m esm o com seu irmão, Tiago. Não nos causa surpre sa, portanto, quando encontramos esses quatro sendo mencionados juntos, em M arcos 1.29. André, ao encontrar seu irmão, exclam a jubilosam en te: “Encontram os o M essias”. Aparentem ente, tanto A ndré quanto Si m ão tinham estado procurando pelo M essias, ou seja, tinham esperado ansiosam ente por ele. Jesus, tendo m irado o irm ão de André, m anifesta seu conhecim en to penetrante e sua habilidade de prever o futuro, dizendo: “Você é Simão, 0 filho de João. Você será cham ado Cefas (em aram aico) ou Pedro (em grego), cujo significado é Rocha. No entanto, essa não foi sim plesm ente um a profecia, m as tam bém um a prom essa, indicando o que a graça de Deus realizaria no coração e na vida de seu discípulo. 43 No dia seguinte, ele decidiu partir para a Galiléia, e encontrou Filipe, e lhe disse: Siga-me. 44 Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro. 45 Filipe encontrou Natanael e lhe disse: Encontramos aquele de quem M oisés escreveu na lei, e sobre quem os profetas escreveram: Jesus, filho de José, o de Nazaré. 46 E Natanael lhe disse: De Nazaré pode vir alguma coisa boa? Filipe disse: Venha e veja. 47 Jesus viu Natanael aproximar-se dele e lhe disse: Eis um verdadeiro israelita em quem não existe engano. Natanael lhe disse: Como tu me conheces? Jesus respondeu e lhe disse: Antes de Filipe o chamar, quando você estava debaixo da figueira, eu o vi. 49 Natanael lhe respondeu; Rabi, tu és 0 Filho de Deus, tu és o rei de Israel! 50 Jesus respondeu e lhe disse; Porque eu disse que“*'^ o vi debaixo da figueira, você crê. M aiores coisas que essas você verá. 51. E lhe disse; Mui solenemente eu lhe digo, você verá o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.
49. Sobre bxi, veja a Introdução, pp. 81, 84.
JOAO 1.43-45
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].43-51 43, 44. No dia seguinte ele decidiu partir para a G aliléia, e encontrou Filipe, e lhe disse: Siga-m e. O ra, Filipe era de B et saida, cidade de André e Pedro. Esse é o último dos quatro dias consecutivos, m encionados no capítu lo primeiro do Quarto Evangelho. Jesus, estando ainda em Betânia além do Jordão, decidiu cruzar o rio, indo para o lado ocidental, e dali seguiu para a Galiléia. Talvez ele tenha se encontrado com Filipe, enquanto esta va ocupado com as preparações para essa jornada. Isso não causa ne nhuma surpesa, principalmente por Filipe ter vindo da m esm a cidade de André e Pedro, isto é, Betsaida (Casa de Pesca), que era localizada, ao que parece, não muito distante de Cafamaum. O local exato é desconhe cido, o que deixa em aberto a questão sobre se existia mais de um lugar com o m esm o nome.'" (Ver tam bém sobre 6.1.) Podemos, provavelm en te, concluir que André e Pedro tinham falado ao seu amigo a respeito de Jesus. E possível que os três tivessem vindo para receber o batismo de João. Jesus disse a Filipe: “Siga-m e.” Está claramente implícito que esse chamado foi prontamente obedecido, vindo Filipe a tom ar-se discípulo de Cristo. Somente André e Filipe, entre todos os apóstolos, tinham nomes gregos. Quando mais tarde os gregos quiseram encontrar-se com Jesus, eles falaram com Filipe a esse respeito. Ele e André levaram o pedido dos gregos a Jesus; 12.20-22. 45. Voltando ao parágrafo que estam os estudando ( 1.43-51 ), o novo discípulo Filipe, por sua vez, encontrou Natanael, que era de Caná (21.2). Provavelm ente, o Natanael do Quarto Evangelho seja o B arto lomeu dos Sinóticos, com o já m ostram os anteriorm ente (ver p. 34). B artolom eu (B ar Tholm ai, que significa Filho de Tholmai). N atanael é um nom e hebraico, cujo sentido é: D eus deu, sem elhante ao grego Teodoro, que quer dizer: D om de Deus. E lhe disse ... O que Filipe disse a Natanael está registrado no versículo 45. É im portante preservarm os a ordem das palavras confor me se encontram no original. Q uando isso é feito, toraa-se evidente que, em seu grande entusiasm o, Filipe com eça a sentença com um a referência ao M essias, e que a últim a palavra que N atanael ouve é 50. Ver o artigo: “Betsaida”, in W. D. B. e em I.S.B.E.
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JOÃO 1.46, 47
Nazaré. Esses dois conceitos (M essias - Nazaré) soraram a Natanael totalmente contraditórios. C heio de entusiasm o, Filipe exclam a; Encontram os aquele de quem M oisés escreveu na lei, e sobre quem os profetas escre veram ... Até esse ponto, Fihpe está expressando um a grande verdade, pois M oisés e os profetas (ou seja, todo o Antigo Testamento) não podem ser entendidos, a m enos que se veja neles o Cristo. Se não conseguim os perceber isso, o Antigo Testam ento perm anecerá um li vro fechado. Assim que essa idéia é captada, as Escrituras se abrem, com o as seguintes passagens claram ente indicam : Lucas 24.32, 44; João 5.39, 46; Atos 3.18, 24; 7.52; 10.43; 13.29; 26.22, 23; 28.23 e 1 Pedro 1.10. Q uando Filipe acrescentou: Jesus, o fílho de José, o de Nazaré, ele não estava afirm ando um a falsidade, pois, legalm ente, Je sus era de fato filho de José (cf. M t 1.16). Além do mais, ao acrescen tar que ele era de Nazaré, Filipe não diz nada em relação ao local de nascim ento do Salvador. Não é justo que o acusem de erros que ele não cometeu. Por outro lado, nesse estágio inicial, Filipe não tinha ainda alcançado um entendim ento claro da filiação divina de Cristo, que o autor do Quarto Evangelho expressou de m odo tão belo no Prólogo (1.1-18), e Natanael confessou, no clím ax de sua declaração (1.49). 46. E N atanael disse-lhe ... O eco da palavra N azaré não tinha ainda desaparecido quando Natanael, em com pleta sinceridade, per gunta: De N azaré pode sair algum a coisa boa? A pesar de alguns serem da opinião de que esse preconceito contra N azaré teria sido o resultado de algum a rivalidade entre cidades daquela área - um a possi bilidade que não pode ser negada - , no entanto, diante do contexto im ediato (ver tam bém 7.52), o m ais provável é que N atanael tenha tentado dizer: “É possível, de fato, que o M essias tenha vindo de N aza ré? Será que M oisés e os profetas previram que algum a coisa boa, nesta categoria m essiânica, viria dessa cidade?” Filipe disse ... Filipe oferece a m elhor resposta possível - resposta esta que se assem elha m uito ã que Cristo deu a André e João em 1.39) - , Venha e veja. 47. Jesus viu N atanael aproxim ar-se dele e disse a seu res peito: E is um verdadeiro israelita em quem não existe engano. Jesus diz isso a respeito de N atanael que, acom panhado por Filipe, es tava se aproxim ando dele. Jesus falou de engano (òóXoç - Isca para
JOÂO 1.48, 49
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peixes, que passou a significar laço e, finalm ente, engano, fraude). À luz de todo o contexto (ver v. 51), torna-se evidente que, pelo relato de sua conversa com Natanael, Cristo está pensando no patriarca Jacó. E, com relação a ele, seu pai Isaque fizera grandes reclam ações, num a conversa com seu outro filho Esau: “Veio seu irm ão astuciosam ente e tom ou sua bênção” (Gn 27.35; ver tam bém o v. seguinte). O uso de artim anhas para adquirir vantagens pessoais caracterizou não som ente o próprio Jacó (ver tam bém Gn 30.37-43), m as tam bém seus descen dentes (cf. Gn 34). Um judeu realm ente honesto, sem duplicidade, tinha se tornado um a raríssim a exceção. Essa é a razão pela qual, quando Natanael está se aproximando, Jesus exclamou, “Vejam, verdaeiramente um israelita em quem não há engano” . 48. U m hom em que tivesse m enos integridade poderia ter agrade cido a Jesus pela form a elogiosa que ele havia pronunciado, mas esse não era o caso de Natanael. Com grande sinceridade, Natanael lhe disse: C om o m e conheces? Ele deseja inform ar-se a respeito da fonte do conhecim ento de Jesus. Será que Filipe o havia suprido com inform ações a seu respeito, perm itindo com isso que Jesus em itisse seu julgam ento? O Senhor, conhecendo o pensam ento dele, m ostra que essa possível inferência não era cabível. Jesus respondeu e disse. A ntes que Filipe o cham asse, quando você estava debaixo da figueira, eu o vi. N atanael descobre, em meio a um grande deslum bram ento, que o olhar penetrante de seu novo M estre havia entrado até m esm o no santuário de suas devoções interiores, quando se encontrava debaixo da figueira (cf. SI 139). 49. Profundam ente com ovido, N atanael lhe respondeu: R abi (ver sobre 1.38, nota 44), tu és o F ilho de D eus, tu és o R ei de Israel! O contexto, com o já m ostram os, nos proíbe de dim inuir o senti do dessa confissão. Não estam os afirm ando que a consciência de N a tanael, acerca do caráter exaltado de Cristo, perm aneceu nesse nível tão elevado. Afirm anos, no entanto, que essa confissão deve ser lida à luz da revelação do conhecim ento sobrenatural de nosso Senhor, co nhecim ento este m encionado no contexto im ediatam ente anterior. Para Natanael, nesse m om ento em particular, Jesus era nada menos que o próprio Filho de Deus (ver sobre 1.14). Como, pois, ele não seria tam bém o Rei de Israel, o M essias tão esperado (cf. SI 2)?
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JOÂO 1.50, 51
50. Jesu s respon d eu e lhe disse: P orq u e eu d isse que o vi debaixo da figueira, você crê. M aiores coisas do que estas você verá. Jesus não diz nada em contrário ao glorioso testem unho de N atana el. Parece m elhor - m ais de acordo com o contexto - lerm os o versícu lo 50 com o um a declaração e prom essa, e não com o um a pergunta. A essência do que o Senhor diz a seu novo discípulo é que, com o recom pensa p or sua fé, coisas ainda m aiores lhe seriam reveladas. 51. Sobre que grandes coisas Jesus estava pensando? O versículo 51 as torna evidente ao introduzir o assunto usando o duplo amém ara m aico (que aparece 25 vezes no Quarto Evangelho). Podem os traduzilo livrem ente como: Do modo m ais solene, ou Em verdade, em ver dade.^' Essa expressão sem pre introduz um a declaração que expressa um a conclusão ao que se afirm ou anteriorm ente. A grande prom essa que Jesus faz agora é direcionada não som ente para Natanael, mas tam bém para todos os presentes: E u lhe digo. E o conteúdo da prom essa é que Você verá o céu aberto, e os anjos de D eus subindo e descendo sobre o Filho do hom em . Com o no versículo 47, aqui tam bém, no versículo 51, a referência é à história de Jacó. No entanto, enquanto o versículo 47 tem G ênesis 27 com o seu pano de fundo, o versículo 51 se baseia em Gênesis 28. De acordo com esse capítulo, Jacó está descansando, num a determ inada noite, durante sua fuga de seu irm ão Esaú, a quem ele havia anganado, quando teve um sonho, Ele viu um a escada que ia da terra ao céu, com anjos do Senhor subindo e descendo por ela. Juntam ente com o sonho, Jacó ouviu a voz de Deus, pronunciando sobre ele um a bênção gloriosa, que teve seu clím ax nas seguintes palavras: “Em em você e em sua descendência serão abençoadas todas as fam ílias da terra.” A escada de Jacó encontra seu antítipo e sua plenitude em Cristo. Esse é o sen tido das palavras do Senhor a Natanael: “Você verá o céu aberto, e os anjos de D eus subindo e descendo sobre o Filho do hom em .” A escada é aqui representada com o a ligação entre o céu e a terra, o elo de 51. Os Sinóticos tem o Amém simples. O Amém duplo, como uma expressão que indica uma afirmação solene ou confirmação, ocorre também no Antigo Testamento: Números 5.22; Neemias 8.6; Salmo 41.13; 72.19; 89.52.
JOAO 1.43-51
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união entre D eus e o homem, A quele que, por m eio de seu sacrifício, reconcilia o ser hum ano com Deus. Os discípulos, com os olhos da fé, serão capazes de vê-lo dessa perspectiva. Eles serão capazes de ver os anjos do céu subindo e descendo sobre o Filho do homem. Para Jesus, o term o m isterioso (Filho do hom em ) é tão rico em significado com o é o conceito de M essias. O term o é baseado em Daniel 7. Nós o discutirem os em detalhe quando estudarm os o texto de 12.34. Assim, quando se faz a pergunta: “Quais serão essas grandes coi sas que Natanael haverá de ver?”, a resposta é a seguinte: (1) Ele teria captado um pouco do conhecim ento penetrante de Cristo? Este discípulo - e tam bém os outros com ele - verá esse atribu to em particular, e todos os outros que foram usados na obra de salva ção dos seres humanos, para a glória de Deus. (2) N atanael confessou Jesus com o o Filho de D e u sl A m aior coisa que ele e os outros verão é que o Senhor é tanto o Filho de Deus (ver 0 V. 49), quanto o Filho do homem (v. 51), que reconcilia o ser hum ano com Deus. Ele é a verdadeira Escada entre o céu e a terra. (3) B atolom eu deu expressão à sua nova descoberta, ao exclamar, “Tu és o Rei de Isra e l’’"^ A m aior coisa reservada para o futuro é que os seguidores do Senhor aprenderão a adorá-lo por sua relação particu lar com Israel, mas tam bém por sua relação com a hum anidade em geral, pois ele é o Filho do homeml
Síntese de 1.43-51 Ver o E sboço na p. 98. O Filho de D eus se revela a círculos crescentes: a seus discípulos im ediatos - seu testemunho. No quarto dia, Jesus, ao preparar-se para partir rumo a Galiléia, acrescentou mais um discípulo ao pequeno grupo. O novo discípulo era Filipe, que tinha um nom e grego (que significa o que ama cavalos). Não nos surpreende, portanto, que esse discípulo (juntam ente com A n dré, que era o outro único discípulo com nom e grego), tenha trazido alguns gregos ã presença de Jesus. Porém , isso só aconteceu muito tem po depois (12.20-22). Os dois prim eiros discípulos foram A ndré e João. O terceiro e o quarto foram Pedro e Tiago. Portanto, Felipe foi o quinto discípulo. Em todas as listas de discípulos, ele é m encionado em
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JOÃO 1.43-51
quinto lugar (M t 10.2-4; M c 3.16-19; Lc 6.14-16; At 1.13). Ele veio de B etsaida, cidade de André e Pedro. Portanto, é possível que esses dois discípulos já tivessem falado com ele a respeito de sua grande desco berta. Jesus convidou Filipe a segui-lo, e ele obedeceu. Filipe, por seu turno, encontrou N atanael, um hom em de C aná da Galiléia. Q uando Natanael ouviu que Jesus era o filho de José, da cida de de Nazaré, exclam ou: “De N azaré pode sair algum a coisa boa?” Ele, até aquele momento, nunca ligara algum a profecia m essiânica com aquela cidade. Em vez de entrar em discussão, Filipe disse; “Venha e veja.” Jesus, ao ver Natanael aproxim ando-se, observou: “Eis um verda deiro israelita, em quem não há engano!” , sendo esta um a referência clara à história de Jacó, registrada em Genesis 27. Ele revela a esse novo discípulo que seu m om ento devocional, à som bra da figueira, não passara desapercebido dos olhos daquele sobre quem M oisés escreveu na lei, e acerca de quem os profetam igualm ente escreveram . Diante desse conhecim ento m aravilhoso, Natanael exclam ou: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel.” Jesus prom ete que, com o um a recom pensa por esta m anifestação de fé, Natanael, e outros com ele, veriam coisas ainda m aiores: “O céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do ho m em ” . Esta é um a referência clara ao sonho da escada de Jacó (Gn 28). Entre estas coisas maiores podem os m encionar: o reconhecim en to de que Jesus é não só o Filho de Deus, mas tam bém o Filho do H om em ; sendo, portanto a Escada entre Deus e o ser hum ano, e que ele usaria todos os seus atributos para executar o propósito de salvar os eleitos de cada nação, para a glória de Deus.
C a p ít u l o 2 JO Ã O 2.1-11
2
1 E ao terceiro dia houve um casamento em Caná da Galiléia, e a mãe de Jesus estava lá. 2 Jesus também foi convidado para o casamento, juntam en te com seus discípulos. 3 E quando o vinho acabou, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm vinho. 4 E Jesus lhe disse: Mulher, que você tem a ver comigo? Minha hora ainda não chegou. 5 Sua mãe disse aos serventes; Façam tudo conforme ele lhes disser. 6 Ora, havia ali seis talhas de pedra, de acordo com o método de purifica ção dos judeus, cada uma com capacidade para duas ou três medidas. 7 Jesus lhes disse: Encham as talhas com água. E eles as encheram até a borda. 8 E ele lhes disse; A gora despejem e levem -na ao adm inistrador da festa. E eles a levaram. 9 E quando o administrador provou da água, então transformada em vinho, e não sabendo de onde viera, embora os serventes que haviam despe jado a água soubessem, o administrador chamou o noivo 10 e lhe disse: Todos servem primeiro o bom vinho, e depois que todos já beberam fartamente ser vem 0 vinho de qualidade inferior; você, porém, guardou o bom vinho até agora. 11. Isto Jesus fez como início de seus sinais em Caná da Galiléia, e manifes tou sua glória; e seus discípulos creram nele. 2 . 1-11
1, 2. E no terceiro dia houve um casam ento em Caná da G a liléia. Este foi o terceiro dia depois de Jesus ganhar dois novos discí pulos: Filipe e N atanael. Provavelm ente, podem os apresum ir que, nos dois dias anteriores (e talvez até m esm o durante parte deste terceiro dia), o Senhor e seus seis prim eiros discípulos (André, João, Pedro, Tiago, Filipe e N atanael) tivessem viajado, a pé, ao lugar em que se deram os acontecim entos narrados em João. Portanto, no terceiro dia encontram os o pequeno grupo presente em Caná da Galiléia. A de claração de que a mãe de Jesus, que m orava em Nazaré, tam bém se
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JOÂO 2.1, 2
encontrava presente, pode ser um a indicação de que C aná e Nazaré não ficassem muito distantes um a da outra. Entretanto, parece que ha via várias Canás, inclusive na província da Galiléia. No entanto, nin guém sabe a localização exata do lugar onde o casam ento aconteceu. Os com entaristas e geógrafos atuais favorecem um ponto situado a cerca de treze a quinze quilôm etros ao norte de Nazaré.-“'^ N esse caso, se estiverm os certos ao localizarm os a “Betânia além do Jordão”, como situada a cerca de trinta quilôm etros a sudeste de Nazaré, então eles devem ter gasto dois dias inteiros (ou pouco mais de dois dias) nessa viagem. Também, devemos considerar a possibilidade de que 1.43 pos sa indicar que a partida de B etânia tenha acontecido no m esm o dia que Filipe e N atanael foram cham ados, ou seja, pode ser tam bém que na quele dia eles tenham viajado algum as horas. Se Betânia e C aná esta vam localizadas onde as colocam os, não existe m ais nenhum a séria dificuldade relacionada com a viagem. Por outro lado, aqueles que co locam B etânia m ais ao sul, nas proxim idades do M ar M orto, se defron tam com um grande problem a ao terem de explicar com o Cristo podia estar em C aná da G aliléia no terceiro dia depois dos acontecim entos relatados em 1.43-51. Em bora um a jornada longa com o essa ainda pos sa ter sido possível’’ num período de tem po tão curto, ela, contudo, deve ser considerada com o improvável. No entanto, alguns dos que insistem na viagem de cem quilôm etros tentam contornar as dificulda des de sua posição afirm ando que Jesus pode ter chegado em C aná quando a festa já estava em andam ento há alguns dias. M as essa pos sibilidade dificilm ente m erece ser com entada. Achando-se ali a m ãe de Jesus. A mãe de Jesus tam bém estava nesse casam ento. O autor é consistente em não m encionar o nom e da senhora que era, provavelm ente, sua tia (irm ã de sua mãe, Salom é). Ele nem m enciona a si e seus parentes m ais próxim os ao longo de todo o Evangelho. É provável que M aria não fosse um a convidada, mas um a ajudante nesse casam ento. Isso pode explicar com o ela soube que o vinho tinha acabado. Jesus tam bém foi convidado com seus discí52. Ver Ch. Kopp, Das Kana des Evangeliums, Colônia, 1940. 53. Como F. W. Grosheide afirma em Kommentaar op het Nieuwe Testament, .Johannes I; p. 167, nota I. Josefo afirma que, viajando rapidamente a partir da Galiléia, Jerusalém poderia ser alcançada em três dias (The Life LVII).
JOÃO 2.3
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pulos, para o casam ento. Como esses discípulos se juntaram ao M estre só recentem ente, pode-se fazer a seguinte pergunta: “Com o é possível que fossem incluídos no convite que Jesus recebeu?” Pode-se respon der a essa pergunta de várias m aneiras. U m a delas é que Jesus, ao dirigir-se a Caná, parou em N azaré (e isso não exigiria nenhum grande desvio de intinerário), onde recebeu o convite a participar da festa, juntam ente com seus discípulos. U m a outra possibilidade é que N ata nael, que era de Caná, tenha recebido autorização a fazer um convite a todos. Alguns são da opinião de que ele, Natanael, era parente da noi va, mas não temos nenhum a inform ação a respeito disso. Entretanto, o ponto principal é que Jesus aceitou o convite p or todo o grupo de discípulos. Ele não era asceta. Ele com ia e bebia (M t 11.19). 3. E quando o vinho acabou. No decorrer da festa, o vinho co m eçou a faltar. Não tem os com o saber a razão para isso, e é m elhor não e s p e c u la r.P ro v a v e lm e n te seja errado pressupor que a deficiên cia no suprim ento de vinho tenha sido ocasionada pela chegada inespe rada de Jesus com seus seis discípulos, pois a chegada deles não foi, com toda probabilidade, inesperada. Eles haviam sido convidados] De passagens com o Gênesis 14.18; N úm eros 6.20; D euteronôm io 14.26; Neem ias 5 .18; e M ateus 11.19, ficam os sabendo que o vinho era consi derado um artigo indispensável de alim entação. Por causa de seu cará ter intoxicante, seu uso era definitivam ente restrito: ele era proibido em conexão com a execução de certas funções; e um a indulgência exces siva era sem pre definitivam ente condenada (Lv 10.9; Pv 31.4, 5; Ec 10.17; Is 28.7; lT m 3 .8 ). N a Palestina, a colheita de uvas acontecia de junho a setembro. Não há, portanto, nenhum a boa razão para supor que o vinho servido nos casam entos realizados durante o período de outubro a m aio não fosse outra coisa senão suco de uvas ferm entado, isto é, vinho verda deiro. No entanto, a intem perança, com o já indicam os, contraria tanto o espírito do Antigo quanto do N ovo Testamento. Portanto, não há nada nessa história que possa, de algum a m aneira, dar algum conforto àque les que abusam ou fazem um uso excessivo das dádivas divinas. 54. S. BK., p. 401. Uma cerimônia Judaica de casamento durava, freqüentem ente, uma semana inteira, e novos convidados chegavam continuamente.
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A m ãe de Jesus lhe disse: Eles não têm vinho. N aquelas cir cunstâncias em baraçosas, quando faltou vinho, M aria tentou ajudar de algum a m aneira com o com entário, “Eles não têm vinho” , endereça do a Jesus. Entre todos os presentes, ninguém sabia m elhor do que ninguém quem Jesus era na verdade, e qual era a tarefa que lhe fora designada (cf. Lc 1.26-38). Será que ela revelou certa im paciência por Jesus não haver tom ado, im ediatam ente, iniciativa para tirar a fam ília daquela situação em baraçosa? Note, no entanto, que ela não disse o que ele tinha de fazer. Apenas m encionou a necessidade, e isso foi suficiente. Parece certo que M aria esperava que um m ilagre aconte cesse. 4. E Jesus lhe disse: M ulher (aqui quase poderíam os traduzir por “senhora”, pois não se deve sequer pensar em algum tipo de des respeito: cf. 19.26), que você tem a ver comigo?'^'^ M inha hora ainda não chegou. Ao dizer “M ulher”, o Senhor não intencionava ser rude. M uito pelo contrário. Ele foi muito gracioso ao enfatizar, com o uso dessa palavra, que M aria não devia mais pensar nele com o sendo apenas seu filho, pois, quanto m ais ela o visse com o seu filho, mais haveria de sofrer, ao vê-lo sofrendo. M aria devia com eçar a vê-lo com o seu Senhor. As palavras: ”M inha hora ainda não chegou” claram ente indicam que Cristo tinha plena consciência de estar cum prindo um a tarefa que lhe fora confiada pelo Pai, sendo que cada um dos detalhes fora estabelecido pelos decretos eternos (ver tam bém 7.6, 8; 7.30; 8.20; 12.23; 13.1 e 17.1). Quando Jesus entendesse que esse m om ento por fim chegara, ele agiria, mas não antes. 5. M aria, im ediatam ente, sentiu que a resposta de Jesus indicava sua prontidão de agir no tem po próprio. Num espírito de com pleta sub m issão e contundente expectativa, sua m ãe disse aos serventes (cri ados, no sentido de ajudantes no casam ento), Façam tudo conform e ele lhes disser. Não deveria causar surpresa o fato de M aria conside rar ser necessário falar com os serventes. Ela estava consciente de duas coisas: a. que, se não fizesse isso, pareceria m uito estranho que os 55. Ver M. Smith, “Notes on G oodspeed’s ‘Problems of New Testament Translation’, JBL, dezembro de 1945, pp. 112-113; também Juizes 11.12: “Que há entre mim e ti?” ; c f T. Gallus, “'Q uid inihi et tibi, inuiie? Nondum venit hora inea’ (Jo 2.4)” , VD, 22 (1942), 41-50.
JOÃO 2.6-10
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serventes estivessem recebendo ordens de um convidado; e b. que o que Jesus lhes diria pareceria tolice, e eles poderiam não querer seguir suas recom endações. 6. H avia ali seis talhas de pedra, de acordo com o costum e ju d eu de purifícação. Em algum lugar nas proxim idades da sala em que a festa estava acontecendo, havia seis talhas de pedra. Elas eram consideravelm ente m aiores que a usada pela m ulher sam aritana (4.28). M arcos 7.3 explica o propósito dessas grandes jarras: “Pois os fariseus e todos os judeus não com em sem lavar as mãos, em observação à tradição dos antigos” . E cada um a (das jarras) tinha capacidade para duas ou três m edidas. U m a m edida equivalia cerca de 32 litros; assim , cada talha podia conter até cerca de cem litros de água. Portanto, as seis jarras podiam arm azenar até cerca de seiscentos litros de água! Por que o texto declara esse fato? O bviam ente, o propósito é enfatizar a grande za de Cristo. 7. Jesus lhes disse (isto é, aos serventes): E ncham as talhas com água. E eles as encheram até a borda. Também esse detalhe da história coloca a ênfase na grandiosidade do presente. A lém do mais, a inform ação de que as talhas foram enchidas com água foi passada para deixar claro que elas não continham nada mais, e que nada m ais podia ser acrescentado, pois as m esm as estavam totalm ente cheias. 8. E ntão ele lhes disse: A gora despejem e levem -n a ao ad m inistrador na festa. E eles a levaram . Evidentem ente, o que aque les hom ens puseram nas jarras foi água (ver v. 9), mas a m esm a trans form ou-se, im ediatam ente, em vinho. O autor, contudo, não deseja pas sar a idéia de que som ente um a pequena quantidade de água foi colo cada nas talhas e transform ada em vinho. Ao contrário, o sentido pare ce ser: continuou a haver (c})é pete) muito vinho. Eles despejaram várias vezes. E as jarras tinham capacidade para duas ou três m edidas. Todo esse conteúdo, sendo despejado, foi im ediatam ente transform ado em vinho. 9 ,1 0 . E quando o adm inistrador da festa provou a água trans form ada em vinho, e não sabendo de onde viera, em bora os ser ventes que despejaram a água soubessem . Os serventes levaram
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o vinho ao adm inistrador da festa (ò àp^iipí kAi^oç); ou seja, literal mente: ao superintendente da sala com três divãs (que geralm ente eram colocados em três lados de um a m esa baixa). Evidentem ente, o supe rintendente desse banquete não se encontrava no m esm o lugar em que se estavam as talhas. Portanto, ele ficou m uito surpreso ao ver todo aquele vinho, e principalm ente depois de prová-lo. Tratava-se do m e lhor vinho que já provara em toda sua vida. A qualidade dele era excep cional. Então, ele cham ou o noivo e lhe disse: Todos servem (lit. colocam sobre a m esa) prim eiro o bom vinho, e quando todos já beberam fartam ente (não necessariam ente: ficaram em briaga dos), servem o vinho de qualidade inferior; você, porém , guar dou 0 bom vinho até agora. Essas palavras nos m ostram que, evi dentem ente, o costum e adotado era o de guardar o vinho inferior, pelo m enos até que os convidados tivessem bebido o suficiente para que o paladar se tom ara entorpecido, e eles não mais discernissem o sabor e a excelência do vinho que seria servido no final. Portanto, o m estresala expressou um a grande surpresa pelo fato de a ordem tradicional ter sido revertida. Alguns com entaristas têm interpretado os com entári os que ele fez com o sendo um a leve reprovação. N o entanto, não é necessário chegarm os a essa conclusão. A exclam ação deve ser consi derada um a expressão de surpresa. Ela até pode ser entendida com o um cum prim ento feito ao noivo a respeito da excelência do vinho. 11. Isso Jesus fez para dar início a seus sinais. C ronologica m ente falando, este foi o prim eiro dos sinais (arineloi^).’'’ João usa o term o com m ais freqüência do que os outros evangelistas. Ele indica um m ilagre visto com o prova da divina autoridade e m ajestade. Portanto, ele desvia a atenção do espectador do sinal e a direciona para seu D oador divino. Com freqüência, o sinal, um a obra de poder opera da no reino físico, ilustra um princípio que opera no reino espiritual, o que acontece no reino da criação aponta para a esfera da redenção. D essa m aneira, a m ultiplicação dos pães (um sin a l- 6 .1 4 , 26, 30) dire56. Para os sinônimos, ver R. C. Trench, Synonyms o f the New Testament, p. 339-344. Em 4.48, xépKí; (maravilha) está ligada aormcloi', como também acontece, com freqüência, no livro de Atos. Sobre ormeíov, ver F. Stagg, “líHMEION in the Fourth Gospel” . disserta ção não publicada, submetida ao corpo docente do Southern Baptist Theological Seminary, Louisville, Kentuchy, 1943.
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ciona nossa atenção para Cristo com o o Pão da Vida (6.35); a cura do hom em cego de nascença (mais um sinal - 9.16), centra-se nas pala vras do Senhor: “Eu sou a luz do m undo” (9.5) - luz no reino espiritual (9.39-41); e a ressurreição de Lázaro (tam bém um sinal - 11.47; 12.18) é ligada, im ediatam ente, com Jesus com o o doador da vida espiritual (bem com o m aterial) - 11.23-27. O contexto determ ina se em qualquer passagem em particular o term o sinal tem esse significado profundo de ilustrar fisicam ente um princípio espiritual. U m a coisa, no entanto, é certa: o sinal aponta para aquele que o realiza. E ssa verdade recebe um a ilustração particularm ente notável no presente relato. N ote que tudo mais perm anece em segundo plano. Quem era o noivo? N ão sabemos. E a noiva? O texto não informa. Qual era o relacionam ento de M aria com o casal de noivos? Será que ela era um a parenta do noivo ou da noiva? M ais um a vez, não tem os resposta. Será que Natanael era o padrinho do noivo? Tam bém a esse respeito nossa curiosidade não é satisfeita. Cristo é Aquele que rece be a atenção completa naquele dia. Tudo mais é apenas sombra. O que R em brandt fez pela arte, João, sob a orientação do Espírito, faz pela religião. Em perfeita harm onia com esse fato está a cláusula seguinte: e m anifestou sua glória. (Para o term o glória, ver sobre 1.14.) Cristo aqui se revela como: (1) A quele que honra os laços do m atrim ônio. Isso não nos suipreende, pois, de acordo com a descrição de João (3.29; cf. Ap 19.7), Cristo é tam bém o N oivo que, por sua encarnação, obra de redenção e sua m anifestação final, vem para a sua N oiva (a igreja). Com o, então, ele não honraria aquilo que sim boliza seu próprio relacionam ento com seu povo? (2) A quele que concede seus dons abundantem ente, sem restri ções. C ertam ente que aquele que supre tão abundantem ente no reino físico, não será menos generoso no reino espiritual. Não há limites para sua generosidade. E todos seus dons são os m elhores. Ele nos ajuda, m esm o em nossos em baraços. (3) A quele cujo am or infinito se tom a efetivo por seu poder, igual mente infinito.
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(4) A quele que é o Filho de Deus, cheio de graça e glória. E seus discípulos creram nele. A fé dos discípulos, presente até m esm o antes desse acontecim ento, foi fortalecida por este sinal. Síntese de 2.1-11
Ver o E sboço na p. 98. O Fílho de Deus se revela a círculos crescentes: a seus discípulos im ediatos. Sua fé, quando testem u nham o prim eiro sinal. Com eçando, talvez, no m esm o dia em que N atanael e Filipe foram cham ados, e continuando por outros dois dias, Jesus e seu pequeno grupo de discípulos, depois de viajarem cerca de 45 quilômetros, chega ram, finalm ente, “ao terceiro dia”, em C aná da Galiléia. Eles foram lá a fim de participarem de um a festa de casam ento, para a qual tinham sido convidados. É muito significativo que Jesus tenha aceitado esse convite. Ele não veio tirar a alegria e o prazer dos seres hum anos. O vinho acabou no meio das festividades do casam ento. A m ãe de Jesus, que nessa ocasião já podia estar viúva, tam bém estava presente, talvez na condição de ajudante. Ela pode ter sido um a boa am iga da quele jovem casal. Q uando descobriu aquela situação em baraçosa, ela disse a Jesus; “Eles não têm vinho.” A esse respeito, devem os lem brar que M aria havia não só guardado em seu coração (Lc 2.51) todas as coisas m aravilhosas que havia ouvido por ocasião de sua gravidez, mas tam bém devia ter ouvido a respeito dos acontecim entos espantosos por ocasião do batism o (a descida do Espírito e a voz dos céus). Portanto, sabendo mais do que qualquer outra pessoa quem ele realm ente era, esperava que ele operasse um milagre. Entretanto, ela não conseguia entender, em sua plenitude, que o relacionam ento m ãe-filho seria subs tituído pelo relacionam ento Salvador-crente. Ela ainda sentia que devia pelo m enos sugerir a seu filho que ele fizesse algum a coisa para suprir aquela carência de vinho. Portanto, ela lhe disse: “Eles não têm vinho”. Jesus respondeu: “M ulher, o que você tem a ver com igo? M inha hora ainda não chegou”. Jesus sabia que cada um a de suas obras tinha um a hora exata na qual deveria acontecer. M aria, ao perceber que a respos ta de Jesus, apesar de ter sido dada na form a de um a reprovação suave (até m esm o m isericordiosa!), continha um a prom essa, disse aos ser ventes (ôiá KoyoL - atendentes: num sentido técnico, com o em Fp 1.1,
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ele adquiriu o significado de diácono), “Façam tudo conform e ele lhes disser” , um a sugestão que, por razões óbvias, era inteiram ente neces sária. Em algum lugar, naquele local, talvez num corredor, ou num vestí bulo nas proxim idades da sala onde acontecia a festa, achavam -se seis jarras de pedra, de tam anho considerável. A água, nessas talhas, servia ao propósito de purificação cerim onial, que era um ponto sobre o qual os judeus eram muito rígidos (especialm ente depois do retorno do cati veiro babilónico). Juntas, essas talhas podiam conter cerca de seiscen tos litros de água. Jesus m anda que os serventes as encham , e eles assim o fazem , enchendo-as até a borda. Então, Jesus disse, “A gora despejem e levem ao m estre-sala” . Im agine a surpresa deles ao verem que “a água viu seu Deus e enrubesceu” (Crashaw). Não há nenhum a explicação natural para o que aconteceu. A no ção de que essas mesm as jarras haviam sido anteriorm ente enchidas com vinho, e portanto o sedim ento de vinho que ficara nelas explicaria o ocorrido, não m erece nem m esm o um com entário. U m a outra idéia, que não explica nada, é que o que é aqui registrado na verdade foi um a aceleração do processo natural que acontece sem pre que a água da chuva, ao penetrar no solo, é absorvida pelas raízes da videira, e assim gradualm ente se transform a em suco de uva, que, depois de ser fer m entado, vira vinho. Devem os lem brar que esta água não está em con tato com o solo (cf. Jo 2.7-9), não entra em nenhum a com binação com m inerais e raízes, não está sob nenhum a influência dos raios solares, e está, portanto, num a condição inteiramente diferente. Sim plesm ente não existe nenhum a explicação para o que aconteceu naquele casam ento. C ertam ente aquilo foi um m ilagre, e temos de aceitá-lo ou negá-lo. Não existe outro m odo de sair dessa dificuldade. O m estre-sala cum prim entou o noivo pela qualidade excelente do vinho. O m elhor vinho era, geralmente, servido em prim eiro lugar. N es se caso, no entanto, veio no final. Ao realizar este sinal, o prim eiro de um a longa série, Cristo revelou a glória de seu poder e amor. Vemos o N oivo honrando os laços do m atrim ônio. Em nosso texto, o Noivo não recebe presentes, mas sim, no-los concede abundantem ente. Além do mais, ele se revela com o
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sendo infinito em am or e poder, que são m arcas distintivas do Filho de Deus. Seus discípulos com eçam a entender essa verdade, e crêem nele. Se alguém , por falhar inteiram ente na com preensão da verdade gloriosa aqui ensinada, e diante do m undo extrem am ente com plexo no qual vivem os (com seu tráfego intenso, stress e tensão), ousar usar este texto para advogar indulgência no uso de bebidas alcoólicas, essa pessoa deveria ler e guardar no coração as seguintes passagens; 1 Coríntios 8.9; 9.12; 10.23,24, 32, 33. 12 Depois disto, ele desceu para Cafamaum, ele próprio, sua mãe, seus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali por uns poucos dias. 13 A Páscoa dos judeus estava próxima, e Jesus subiu a Jerusalém. 14 E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, bem como os cam bistas assentados. 15 Então ele fez um chicote de cordas e expulsou a todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, e virou suas mesas e espalhou pelo chão o dinheiro dos cambistas. 16 E disse aos que vendiam as pombas; Tirem daqui essas coisas. Parem de fazer da casa de meu Pai casa de negócio. 17. E seus discípulos lembraram-se de que está escrito: O zelo por tua casa me con sumirá. 18 Conseqüentem ente, os judeus lhe disseram ; Que sinal nos m ostras para” fazeres essas coisas? 19 Jesus respondeu e disse: Destruam este san tuário, e em três dias o reerguerei. 20 Então os judeus disseram: Este santuário tem estado no processo há quarenta e seis anos, e tu, em três dias, o levanta rás? 21 Ele, porém, estava falando a respeito do santuário de seu corpo. 22 Quando, pois, ele ressuscitou dentre os mortos, seus discípulos se lembraram de que ele dissera isso, e creram na Escritura e na palavra que Jesus falara.
2.12-22 12. D epois d isso, ele desceu ele para C a fa m a u m , com sua m ãe, seus irm ãos e seus discípulos; e fícaram ali por alguns dias. O evento anterior provavelm ente ocorreu no final de fevereiro ou com eço de m arço de 27 d.C. Portanto, quando lemos D epois disso, o prim eiro pensam ento que nos vem é que o m esm o aconteceu im ediata m ente depois do casam ento em C aná da Galiléia. Isso parece surgir da própria expressão que é usada, porque em outros lugares do Quarto E vangelho essa expressão tam bém indica acontecim entos que ocorre ram logo depois (11.11; 19.28). Essa inferência é reforçada ainda mais 57. Sobre o t i , ver a Introdução, pp. 82, 83.
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pela inform ação prestada pelo versículo que segue, onde lemos: “E a Páscoa dos judeus estava próxim a, e Jesus subiu para Jerusalém ” . Ora, tudo isso é m uito lógico: Jesus, em fevereiro ou início de m arço, trans form a a água em vinho; do casam ento em Caná, ele vai a C afam aum , onde perm anece por alguns dias; dali, segue para a festa da Páscoa, que era celebrada no início da prim avera (por volta do mês de abril). N ão podem os concordar, portanto, com aqueles que são da opinião de que a purificação do tem plo, que é registrada nesse texto, aconteceu no fim do m inistério de Cristo, e deve ser identificada com o que lemos em M ateus 21 Jesus, sua mãe, seus irmãos (Tiago, José, Judas e Sim ão - ver Mc 6.3) e seus discípulos desceram das partes m ais altas de N azaré para os níveis mais baixos da região do lago, até chegai-em a C afam aum . E ra nessa cidade que m oravam dois de seus discípulos: João e Tiago, filhos de Zebedeu e Salom é. Portanto, não é estranho que o Senhor tenha feito um a visita àquela cidade antes de dirigir-se a Jerusalém . A parte final do versículo 12 - e fícaram ali por alguns dias - , dificil m ente parece indicar que a fam ília tenha se m udado para C afam aum nessa ocasião. 13. E a P áscoa dos judeus estava próxim a. C ada judeu do sexo m asculino, de i 2 anos de idade para cim a, tinham de participar da Pás coa em Jem salém , um a festa que com em orava a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito. No décim o dia do mês de Abib ou Nisan (que geralm ente corresponde ao mês de março, apesar de que, em alguns anos, seus últim os dias se estendiam até nosso mês de abril), um cordeiro m acho, de um ano, sem defeito, era sacrificado no dia 14, entre as três e cinco horas da tarde. A elaborada celebração, que acon tecia no início da noite, nos dias de nosso Senhor incluía os seguintes elementos: a. Um a oração de gratidão pelo chefe da casa; bebia-se prim eiro o cálice de vinho. Outros cálices seriam consum idos no decorrer da festa.
58. A pergunta que está ligada a esta discussão é; A passagem 2.13-3.21 foi colocada num lugar errado? Pelas razões dadas, não cremos nessa possibilidade, ver E. B. Redlich, “St. John 1-2: A Study in Dislocation” , E xT 55 (1944) pp. 80-92; e G. Ogg, The Jerusalem Visit of John 2:13-3:2”, E xT 56 (1944), pp. 70-72.
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b. C om iam -se ervas am argas para relem brar a dureza da escravi dão no Egito. c. A pergunta áos filhos: P or que esta noite é diferente de todas as outras noites?” e a resposta apropriada, dada pelo pai, em form a de narração ou leitura. d. O cântico da prim eira parte do Hallel (SI 113-114) e a lavagem das mãos. e. O cordeiro era cortado e com ido, juntam ente com os pães sem levedo. C om ia-se o cordeiro em com em oração do que os pais tinham feito em obediência à ordem divina, na noite em que o Senhor m atou os prim ogênitos do Egito e libertou seu povo (ver Êx 12 e 13). Os pães asm os eram um mem orial dos prim eiros dias da jornada, durante os quais esse pão da pressa foi com ido pelos ancestrais. Ele era tam bém um sím bolo de pureza. f. A continuação da refeição, com cada um com endo conform e desejava, mas sem pre do que tinha sobrado do cordeiro. g. O cântico da segunda parte do Hallel (SI 115-118). O dia da m orte do cordeiro era seguido pela Festa dos Pães Asm os, que durava sete dias, indo do dia décim o quinto ao vigésim o prim eiro dia do mês de Nisan. A relação entre a Páscoa e a Festa dos Pães Asm os é tão estreita que 0 term o Páscoa é muitas vezes usado para referir-se às duas fes tividades. Assim, em Lucas 22.1 - um a passagem muito im portante - , lemos: “Estava próxim a a Festa dos Pães Asm os, que é chamada P áscoa.” Também, em Atos 12.4 (ver o versículo anterior), o term o Páscoa co bre, claram ente, todo o período de sete dias. Tam bém o Antigo Testa m ento cham a a Páscoa uma festa de sete dias (Ez 45.21). D urante essa festa de sete dias, cham ada Páscoa, eram oferecidos muitos anim ais em sacrifício (Nm 28.16-25) a Jeová. Portanto, quando, no segundo capítulo de João, lemos a respeito de bois e ovelhas que estavam sendo vendidos no tem plo, a conclusão que tiram os é que o term o Páscoa, no versículo 13, se refere aqui tam bém a toda um a sem ana de festividades. E Jesus subiu a Jerusalém . Isso é verdade.
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tanto no sentido literal (ele realm ente subiu dos trezentos m etros abai xo do nível do mar, onde se encontrava, nas proxim idades do M ar da Galiléia, para os 850 metros acim a do nível do mar, que é a altitude aproxim ada da C idade Santa), mas muito m ais verdadeiro no sentido religioso. 14. E encontrou no tem plo os que vendiam bois, ovelhas e pom bas e tam bém os cam bistas sentados. N essa ocasião, ao en trar no tem plo de Jerusalém , Jesus notou que o pátio dos gentios havia se transform ado num verdadeiro m ercado. H avia fedor, sujeira, balido e m ugido dos anim ais destinados ao sacrifício. É verdade que cada adorador tinha a perm issão de levar ao tem plo um anim al de sua pró pria escolha. M as que ele tentasse fazer isso! Com toda probabilidade, essa escolha não seria aceita pelos juizes, os privilegiados vendedores do tem plo, que enchiam os bolsos de Anás! Assim, o adorador, para não perder tem po e evitar aborrecim ento, com prava o anim al ali m es mo, no tem plo, na parte conhecida com o Pátio dos Gentios, porque estes tinham perm issão para entrar nessa parte do edifício. C ertam ente que os vendedores se sentiam tentados a cobrar quantias exorbitantes pelos anim ais ali expostos. Eles cobravam dos adoradores o m áxim o que podiam pagar. E aqueles que vendiam as pom bas, com certeza faziam o mesm o, cobrando m uito acim a do valor das aves.“''' E havia ainda os cam bistas, sentados de pernas cruzadas atrás de pequenas mesas, cobertas de moedas. Eles trocavam as m oedas estrangeiras por m oedas judaicas. Devem os lem brar que som ente as m oedas judaicas eram perm itidas com o ofertas no tem plo, e cada adorador - exceto as m ulheres, os escravos e as crianças - tinha de pagar o tributo anual de m etade de um siclo (cf. Ex 30.13). Os cam bistas cobravam um a co m issão para cada transação que faziam. Aqui tam bém m ultiplicavam se as oportunidades para abuso e fraude. E, diante dessa situação, o tem plo sagrado, planejado para ser um a casa de oração para todos os povos, tinha se tom ado um covil de salteadores (cf. Is5 6 .7 ;Jr7 .1 1 ; M c 11.17). 15, 16. A reação de Jesus, diante do que viu, é relatada nos versí culos 15 e 16. De pedaços de corda - que não era difícil de encontrar 59. 370,
A. Edersiiein, The Life and Times o f Jesus the Messiah, Nova York, 1897, vol. I, p. '
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por ali, visto haver tantos animais am arrados ele fez um chicote. E expulsou a todos do tem plo. M as, que todos (TrávTaç) são esses a que o texto se refere? M eram ente os bois e ovelhas? Esse é o quadro apresentado pela versão A.R.V. Entretanto, a A.V. e a R.S.V. [bem com o a versão revista e atualizada no Brasil - 2° ed.] favorecem a idéia de que Jesus realm ente expulsou todos os traficantes, juntam ente com as ovelhas e os bois. Essa interpretação não só é m elhor do ponto de vista gram atical,“ mas tam bém é apoiada por M ateus 21.12. N a se gunda purificação do tem plo, descrita na passagem de M ateus, o autor declara, definidam ente, que os vendedores de anim ais foram expulsos do local. Se isso foi o que aconteceu naquela ocasião, por que não presum ir que tenha acontecido tam bém neste caso? Jesus, tom ado de um zelo santo, voltou sua atenção para os que com ercializavam dinheiro, e virou suas m esas, espalhando pelo chão o dinheiro dos cam bistas. E disse aos que vendiam as pombas: Tirem daqui essas coisas, ou seja, ele m andou que aqueles que ven diam as pom bas rem ovessem as gaiolas nas quais elas eram mantidas presas. Quando acrescentou, Não façam'’' da casa de m eu Pai casa de negócio (cf. Zc 14.21), Jesus estava exercendo seu direito de Filho unigênito do Pai (cf. Lc 2.49). 17. E seus d iscípu los se lem braram de que está escrito: O zelo por tua casa m e consum irá. Os discípulos, ao testem unharem essa m anifestação de zelo pela casa do Senhor, ficaram cheios de te m or de que Jesus viesse a sofrer o que Davi teve de enfrentar em seus dias, ou seja, que esse zelo, de algum a m aneira, haveria de consum i-lo. O evangelista, ao expressar esse pensam ento, fez uso do Salm o 69, que juntam ente com os Salmos 2 ,2 2 ,8 9 ,1 1 0 e 118 é um dos seis salmos m ais citados no N ovo Testamento. Outros ecos de várias passagens desse salmo (que na Septuaginta é listado com o SI 68), são ouvidos nos textos de M ateus 27.34, 48; M arcos 15.36; Lucas 23.36; João 15.25; 19:28; Rom anos 11.9, 10; 15:3; Hebreus 11.26; A pocalipse 3.5; 13.8; 16.1; 17.8; 20.12, 15; e 21.27. Enquanto algum as dessas referências 60. O antecedente mais próximo de m u ia ç é toíx; KepiianoTài;. Além do que, se -vávmç refere-se somente aos animais, se esperaria o uso de xoík; póaç. em vez de xá irpopaia, no versículo 15 (exatamente como no v, )4). 61. (ití e o imperativo presente ativo.
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são citações diretas, outras são apenas alusões, ou seja, citações m ais ou m enos indiretas. O próprio Jesus (15.25) cita o Salm o 69.4: “O dia ram -m e sem m otivo”, e o faz referindo-se à sua própria experiência. Em cum prim ento do Salm o 69.21, ele confessou, estando já na cruz: “Estou com sede” (19.28). Disso tudo, a im pressão que tem os é que o Salm o 69 é m essiânico. É possível que os discípulos assim o considerassem , m esm o naquele tem po, mas isso não pode ser provado. Esses hom ens, vendo Jesus purificando o tem plo, certam ente se lem braram do Salm o 69.9. O bser ve, no entanto, que eles, tem endo que o que havia acontecido com Davi, quando sofreu reprim endas devido ao seu zelo pela casa de Jeo vá, aconteceria com Jesus, m udam o tem po do verbo, do passado (Sep tuaginta - KttxéíjjaYev) para o futuro (Kaxacj^áYeTai). 18. P erg u n ta ra m -lh e, pois, os ju d eu s: Q ue sin al nos m o s tras, para fazer essas coisas? As autoridades judaicas hostis (talvez a polícia do tem plo, os escribas e os sacerdotes), agora pedem que Jesus justifique suas ações drásticas. Ele estava agindo na função de Reformador. Que agora ele m esm o provasse que tinha o direito de agir da m aneira com o está agindo. M as esse pedido era estúpido. A pró pria purificação do tem plo já era, por si só, um sinal. Ela era um cum pri m ento antecipativo de M alaquias 3.1-3 (“De repente, virá ao seu tem plo o Senhor.... purificará os filhos de L evi”), e tam bém - com o m os tram os no versículo 17 - , do próprio salmo 69. A m aneira m ajestosa pela qual Jesus realizou essa tarefa, levando todos que o viam a nem m esm o se atreverem a resistir, foi um a prova suficiente de que o M es sias havia entrado no tem plo, e, com o havia sido predito, agora o estava purificando. Q ue outro sinal se poderia esperar? Entretanto, o pedido por um sinal não foi som ente estúpido; ele foi tam bém perverso. Ele foi o resultado da relutância deles em adm itir a própria culpa. As autoridades deveriam estar envergonhadas diante de todo aquele sacrilégio dentro do tem plo. Em vez de perguntarem sobre o direito que Jesus tinha de fazer o que fazia, eles deveriam ter confes sado seu pecado e lhe agradecido. 19, 20. Jesus respondeu e disse (a eles). D estruam este san tuário, e em três dias eu o reconstruirei. O que tem os aqui é mais um mashul, ou seja, um dito paradoxal, um com entário velado e con
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tundente, freqüentem ente na form a de um enigma. O prim eiro deles foi dito por João B atista (ver a explicação de 1.15). O que estam os estu dando exige um a consideração muito cuidadosa, pois aqui contém vári os termos que (provavelmente em aram aico e tam bém em grego) perm i tem um a dupla interpretação.“ Assim, o termo destruam (Ãúoaxe) aplicase tanto à destruição de um edifício quanto a destm ição de um corpo humano. Este santuário ( t ò v v o ló v ToOxoy) podia referir-se a um local sagrado (Lugar Santo e Santo dos Santos, mas, no versículo 20, prova velmente todo 0 com plexo do templo, incluindo os pátios, pois, se assim não fosse os judeus não poderiam ter dito quarenta e seis anos), mas tam bém poderia indicar a estrutura física de um ser hum ano, com o o lugar de habitação do Espírito. E, finalm ente, {Eu) o reconstruirei (eyepco) é um a expressão usada com respeito tanto à reconstrução dos edifícios quanto à ressurreição de pessoas. Os judeus, em vez de se apressarem a concluir que Jesus estava se referindo som ente à estrutura física do tem plo que acabara de purificar, deveriam ter ponderado a respeito desse paradoxo. Afinal, sua própria literatura estava cheia de ditos velados com o esse. M as eles interpretaram esse m ashal (vs. 20) de modo com pleta mente errado. Chegaram inclusive a torcer o sentido dele, com o se Jesus tivesse dito que ele m esm o destruiria o tem plo (M t 26.61; cf. At 6.14). Qual era, então, o sentido que o Senhor queria transm itir? A prim ei ra parte de suas palavras não deve ser interpretada com o um a ordem direta, com o se Jesus estivesse, de fato, ordenando que eles quebras sem e destruíssem . O sentido de suas palavras pode ser parafraseado da seguinte maneira: “E m bora vocês, judeus, por causa de sua iniqüidade, estejam clara m ente destruindo o santuário de meu corpo (ver a explicação do v. 17) - e m esm o que, com o resultado, vocês estejam tam bém destruindo seu próprio tem plo de pedra, e todo o sistem a de práticas religiosas que está ligado a ele - , no entanto, em três dias eu reconstruirei este santuário (referindo-se à ressurreição de seu corpo) - e, como resultado, estabe62. Cf. F, W. Gingrich, Ambiguity o f Word Meaning in John's Gospel, CIW 37 (1943 1944) p. 77.
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lecerei um novo templo, com um novo culto: a Igreja, com sua adoração do Pai, em espírito e em verdade” . O tipo e o Antítipo não podem ser separados. O tem plo físico de Israel (ou tabernáculo) era o lugar onde D eus habitava. P or tanto, ele era um tipo do corpo de Cristo, que também, num sentido muito superior, era o local de habitação de Deus. Se alguém des truir 0 segundo, o corpo de Cristo, tam bém destruirá o prim eiro, o tem plo de pedra de Jerusalém . Isso é verdadeiro por duas razões: a. quan do Cristo foi crucificado, o tem plo físico e seu culto cessaram de ter qualquer sentido (quando Jesus morreu, o véu rasgou-se); e b. o crim e terrível com etido contra Jesus na crucificação resultou na destruição de Jerusalém , com seu tem plo físico incluído. Sem elhantem ente, a res surreição do corpo de Cristo (cf. 10.18), que precedeu o envio de seu Espírito, implica no estabelecim ento do novo templo, que é sua Igreja (o sa n tu á rio /e /ío sem mãos humanas - cf. M c 14.58). A respeito da Igreja com o o santuário de Cristo, ver tam bém 1 Coríntios 3.16, 17; 2 Coríntios 6.16; Efésios 2.21 e 2 Tessalonicenses 2.4. E ntretanto, os judeus disseram : Este santuário está em pro cesso de construção há quarenta e seis anos, e tu, em três dias, o reerguerás? O Quarto Evangelho contém num erosos casos de in terpretações grosseiram ente literais. Os inim igos de Jesus, as pessoas com quem ele entrou em contato, e, freqüentem ente, até m esm o seus próprios discípulos, não conseguiam ver o antítipo no tipo; ou, pelo m e nos, não discerniam que o físico sim bolizava o espiritual; ver também, a esse respeito, as seguintes passagens; 3.3, 4; 4.14, 15; 4.32, 33; 6.51, 52; 7.34, 35; 8.51, 52; 11.11, 12; 11.23,24; 14.4,5.'’’ Os judeus vêem som ente o santuário literal. Se eles tivessem estu dado as Escrituras com um coração cheio de fé, teriam sabido que o tem plo, juntam ente com toda sua m obília e suas cerim ônias era som en te um tipo, destinado à destruição (cf. especialm ente o SI 40.6, 7 e Jr 3.16). Por causa da descrença e da mente obscurecida deles, eles ago ra apontam para o fato^’“* de que o tem plo tinha estado em construção 63. Cf. D. W. Riddle e H. H. Hutson, New Testament Life and Literature, Chicago, 111., pp. 192-193. 64. Note 0 aoristo. Apesar de ter levado 46 anos, todo o processo de construção é visto como um fato.
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JOÃO 2.21, 22
por quarenta e seis anos (para a cronologia, ver Josefo, Antiguidades, Livro 15, xi; E. Schurer, A H istory o f the Jew ish People in the Time o f Christ, 2° ed., I, i, p. 438; e nosso Bible survey, pp. 61 e 415). Herodes, o Grande, com eçou a reinar no ano 37 a.C., e, de acordo com Josefo, iniciou a construção do tem plo no décim o oitavo ano de seu reinado, portanto entre os anos 20 e 19 a.C. Assim , na prim avera de 27 d.C., os judeus podiam dizer que a construção do tem plo já tinha levado 46 anos. É interessante observar que aquela grande estrutura ainda não tinha sido concluída... e isso som ente alguns anos antes de ser destruí da pelos romanos! “ ... e tuf''^ em três dias, o reerguerás?” Com o é evidente pela pró pria linguagem usada, isso foi dito num tom de desprezo: nós já gasta mos 46 anos construindo-o, e ainda não o concluím os; e tu pensas que podes reerguê-lo em apenas três dias! 21. M as ele estava falan do a respeito do san tu ário de seu corpo. O autor acrescenta essas palavras porque ele percebeu que m esm o entre os leitores poderia haver aqueles que não entenderiam que, pela razão já declarada (pp. 168, 170), o tem plo era um tipo do corpo de Cristo. 22. Com o a verdade foi dita na form a de um a m ashal (um dito velado), ela perm aneceu na m ente dos discípulos. Seguidam ente, isso voltava à m ente deles. C ontudo, até o dia da ressurreição eles não conseguiram discernir seu significado. Sem dúvida, isso aconteceu, pelo m enos em parte, por causa da relutância deles em aceitar o fato de que 0 M essias certam ente haveria de sofrer e morrer. Podem os facilm ente ver que, q u an d o, p ois, Jesu s ressu scitou d en tre os m o rto s ao terceiro dia, subitam ente seus discípulos se lem braram de que ele dissera isso, "em três dias eu o reconstruirei” . Eles, então, creram na E scritura (todas as várias referências no A ntigo Testam ento sobre a necessidade do sofrim ento, morte e ressurreição de Cristo) e na pa lavra que Jesus dissera (ou seja, 2.19).
65. Note 0 enfático kkI oii bem no início.
JOÃO 2.12-22
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Síntese de João 2.12-22 Ver 0 Esboço na p. 98. O Filho de Deus se revelando a círculos crescentes: a Jerusalém, a purificação do templo (reforma exterior). Provavelm ente, por volta do final de fevereiro, ou com eço de m ar ço do ano 27 d.C., Jesus, em com panhia de sua mãe, seus irm ãos e seus discípulos, foi para C afam aum , cidade de João e Tiago. D epois de um a breve visita, ele subiu para Jerusalém , com o objetivo de participar da Páscoa, um a festa religiosa e da colheita, que durava sete dias. Quando, depois de entrar na casa de seu Pai, o Senhor observou o com ércio terrível que estava sendo praticado na parte exterior do tem plo, com ércio este ligado ã venda de anim ais e à troca de dinheiro feita pelos cam bistas, ele fez um chicote de cordas, e expulsou todos aqueles ladrões, juntam ente com seus anim ais. Jesus revirou as pequenas m e sas dos cam bistas, esparram ando sobre o chão as m oedas que estavam sobre elas. Ele disse aos que vendiam pom bas; “Tirem daqui essas coi sas; não façam da casa de meu Pai casa de negócio!” Seus discípulos viram nisso um cum prim ento do Salm o 69.9. Os judeus, por não enten derem que o que Jesus tinha acabado de fazer era um cum primento de M alaquias 3.1-3, e portanto um a prova de sua autoridade com o M essi as, pediram -lhe que autenticasse sua ação por m eio de um sinal. Jesus, então, pronunciou um profundo mashal: “D estruam este santuário, e em três dias eu o reconstruirei” . Os judeus, por terem a m ente obscure cida pela descrença, expressaram sua surpresa diante da idéia, que Jesus reconstruiria, em apenas três dias, um a estrutura que já estava em construção há 46 anos, e não havia ainda sido concluída. No entan to, o Senhor realm ente se referia ao santuário de seu corpo, do qual o tem plo terreno era apenas um tipo. O fato de que Jesus ressuscitou ao terceiro dia abriu a m ente dos discípulos para que entendessem o sinal velado a respeito da reconstrução do santuário em três dias. A o purificar o tem plo, Jesus (1) atacou o espírito secularizado dos judeus. N inguém deveria tra tar com descaso as coisas sagradas; (2) expôs a corrupção e a ganância; (3) atacou o espírito antim issionário; o Pátio dos Gentios havia sido construído para que eles pudessem adorar o Deus de Israel (cf.
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JOÃO 2.23-25
Mc 11.17), mas Anás e seus filhos o estavam usando para pro pósitos pessoais o que havia sido planejado com o bênção para as nações; e (4) cum priu a profecia m essiânica (SI 69 e Ml 3). 23 Ora, enquanto ele estava em Jerusalém , durante a festa da Páscoa, muitos confiavam em seu nome, vendo os sinais que ele fazia. 24 Jesus, porém, não se confiava a eles, porque conhecia bem todos os homens 25 e porque não precisava“ que ninguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que havia no homem.
2.23-25 23. O ra, enquanto ele estava em Jerusalém , durante a festa da Páscoa. Jesus perm aneceu em Jerusalém durante a festa da P ás coa (ver sobre 2.13). M uitos confiavam em seu nom e, ou seja, por causa da m aneira na qual seu poder foi revelado, eles o aceitaram com o um grande profeta, e talvez até m esm o com o o M essias. Isso, no en tanto, não é o m esm o que dizer que subm eteram o coração a ele. Nem toda fé é a fé salvadora (cf. 6.26). Essas pessoas, que tinham vindo de quase todos os pontos de Jerusalém , o aceitaram (no sentido explicado) quando observaram (Gecopcú^teç, ver sobre 1.14, nota 33) os sinais (tà or|fj,eIa, ver sobre 1.11) que ele estava fazendo. Os sinais eram feitos para fortalecer a fé verdadeira e salvadora (20.30, 31). Em bora eles não tivessem, em si m esm os, a capacidade de criar fé. O Espírito Santo é quem faz isso. A lém do mais, um a vez que a fé esteja presente, a pessoa crê na pala vra de Jesus, m esm o que não haja nenhum sinal. 24, 25. Jesus, porém , não se confiava a eles. O bserve o con traste entre m uitos creram (èiTLO Teu0 ay) e ele não se confiava (o ú k eTTLOTeuev- aúxóv) a eles. Jesus não considerava todas essas pessoas com o sendo verdadeiros discípulos, a quem pudesse confiar sua causa. A razão pela qual não se confiava a eles era porque ele conhecia todos os hom ens, ou seja, ele sabia o que se passava no coração de cada um a das pessoas com quem haveria de estabelecer contatos. Isso se tornara muito claro quando o Senhor viu Sim ão pela prim eira vez, e 66. A respeito de Iva, ver Introdução, pp. 70. 72.
JOÃO 2.24, 25
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quando encontrou Natanael. Entretanto, parece que nesse versículo (2.24) a ligação é m ais com o que o segue: e porque ele não precisa va que alguém lhe desse testem unho a respeito do hom em , por que ele m esm o sabia o que havia no hom em , ou seja, Jesus não precisava ouvir o testemunho (para essa palavra, ver sobre 1.7) a res peito de qualquer pessoa, pois seus olhos perscrutadores podiam ver dentro das profundezas do coração de qualquer um a delas, com o foi no caso de Nicodem os. Assim, o capítulo 3 relata a história da conversa de C risto com esse líder judeu. Conseqüentem ente, apesar de 2.23-25, em certo sentido ser um a continuação do parágrafo precedente (pois em am bos é descrita a obra de Jesus em Jerusalém ), a divisão do capí tulo poderia ser feita depois do versículo 22. Isso se torna evidente quando o último versículo do capítulo 2 e o prim eiro versículo do capítu lo 3 são lidos em conjunto. Assim: “Ele próprio sabia o que havia dentro do homem. Havia, entre os fariseus, um hom em cham ado N icodem os” etc. Para a Síntese, ver no finai de 3.21.
C a p ít u l o 3 JOÃO 3.1-21 1 Ora, havia um homem dentre os fariseus chamado Nicodemos, um h'der dos judeus. 2 Este foi ter com Jesus de noite e lhe disse: Rabi, sabemos que és um mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer esses sinais que fazes, a menos que Deus esteja com ele. 3 Jesus respondeu e lhe disse: Mui solenem ente eu lhe asseguro, a menos que alguém nasça de novo, ele não pode ver o reino de Deus. 4 N icodem os lhe disse: Com o pode um homem nascer, sendo já velho? Ele não pode entrar de novo no ventre de sua mãe e nascer, pode? 5 Jesus respondeu: Mui solenemente eu lhe asseguro, a menos que alguém nasça da água e do Espírito, ele não pode entrar no reino de Deus. 6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. 7 Não se admire de*"’ eu lhe dizer: você tem que nascer de novo. 8 O vento sopra onde quer, você ouve seu som, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai. Assim é todo o que nasce do Espírito. 9 Nicodemos respondeu e lhe disse: Como essas coisas podem aconte cer? 10 Jesus respondeu e lhe disse: Você é um mestre de Israel e no entanto não conhece essas coisas? 11 Mui solenemente“ eu lhe asseguro, aquilo que conhecemos, isso anun ciamos; e aquilo que vimos, disso testificamos; contudo, vocês não aceitam nosso testemunho. 12 Se eu lhes falei de coisas terrenas, e vocês não creram em mim, como crerão se eu lhes falar das coisas celestiais?® 13 E ninguém subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem.’" 14 E como M oisés levantou a serpente no deserto, assim deve o Filho do homem ser levantado, 15 para que todo o que nele crê tenha nele a vida eterna. 16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho, o unigênito, a fim de
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67. Sobre b ti, ver Introdução, pp. 82, 83. 68. Sobre o t l , ver Introdução, pp. 81 (e nota 13) 84. 69. A sentença condicional pertence ao Grupo IA e IIIA l; ver pp. 60, 61 e 63, 64. 70. N. N. om ite o “que está no céu” . Assim também faz F. W. Grosheide, op. cit., p. 226, nota 1. A idéia contida nessa cláusula om itida é, entretanto, definitivamente bíblica (cf. 1.18). Ver nota sobre 3.13 no vol. II.
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JOÃO 3.1
que” todos quantos nele crêem não pereçam, mas tenham a vida eterna. 17 Porquanto Deus enviou seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por meio deJe. 18 A quele que nele crê não é condenado; aquele que não crê já está condenado, porque não crê no unigêni to Filho de Deus. 19 Ora, o julgamento é este; que’- a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque seus feitos eram maus. 20. Pois todo aquele que tem o hábito de praticar o que é mau odeia a luz, e não vem para a luz, para que” seus feitos não sejam expostos. 21 Mas aquele que tem o hábito de fazer o que é verdadeiro vem para a luz, a fim de que fique claramente evidente que seus atos foram feitos em Deus.
3.1-21 Esse longo texto pode ser dividido em três seções; o prim eiro versí culo, que introduz Nicodemos; os versículos 2-10, em que Nicodemos faz três perguntas e recebe três respostas; e os versículos 11-21, em que o diálogo se tom a um discurso - Nicodemos se tom ou um ouvinte silenci oso das palavras de Jesus - , e em que as informações a respeito das “coisas terrenas” são suplantadas pelo ensino das “coisas celestiais” . 1. O ra, havia um hom em dentre os fariseus cham ado N ico dem os, um líder dos judeus. O Filho de Deus se revela a círculos cada vez m ais am plos. Em 2.23-3.21 (ver especialm ente 2.23 e 3.21), ele se m anifesta às pessoas que estão presentes em Jerasalém , durante e depois da festa da Pás coa. Em 3.22-36, ele se torna conhecido dos habitantes da área m ral da Judéia. 3.1-21 é um a ilustração da percepção penetrante de Jesus das pro fundezas da alm a humana, a respeito da qual 2.24, 25 faz referência. U m a noite, quando o Senhor estava desenvolvendo seu m inistério em Jem salém , ele recebeu um visitante. O texto m enciona o nom e do visitante, bem com o sua afiliação e posição político-reíigiosa. Sua situação financeira parece estar im plícita em 19.39. Alguns com enta ristas acreditam que, em 3.4, algum a coisa é dita com respeito à sua idade, m as isso, segundo nosso modo de ver, é um a tentativa de enxer gar m ais do que diz o texto. 71. Sobre ’iva, ver Introdução, pp. 67, 70. 72. Sobre otl, ver Introdução, pp. 82, 84. 73. Literalmente: “para que não”.
JOÂO 3.1
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Seu nom e era Nicodem os (significado: vitorioso sobre o povo). O nom e é grego, em bora isso não im plique que o hom em tam bém o fosse. Devem os lem brar que, a partir do período dos governantes m acabeus que se seguiram a Simão, podem os esperar um a m istura de nomes gregos entre os hebreus.’"* Nicodem os pertencia ao partido dos fa rise u s. Esse partido parece ter-se originado durante o período que precedeu as guerras m acabéias. Sua origem pode tam bém ser entendida com o a cristalização de um a reação contra o espírito secularizado do helenism o.” D urante o sécu lo 2° antes de Cristo, as pessoas que abom inavam os costum es idólatras dos gregos, e que, durante a terrível perseguição religiosa liderada pelo m onstruoso Antíoco Epifânio, tinham perm anecido firm es, recusandose a abandonar a fé, foram cham adas hasidins (piedosos ou santos). Eles foram os precursores dos fariseus (separatistas), que com eçaram a usar esse nom e durante o reinado de João Hircano (135-105 a.C.). Isso nos lem bra o fato de que, na Inglaterra, os puritanos do século 17 se tornaram os não-conform istas do século 19. Em bora os fariseus estivessem corretos em m uitos dos pontos dou trinários que ensinavam - os decretos divinos, a responsabilidade moral do ser hum ano e sua im ortalidade, a ressurreição do corpo, a existência dos espíritos, recom pensas e punições na vida futura - , e terem produ zido hom ens de grande renom e (Gam aliel, Paulo, Josefo), eles com ete ram um erro básico e trágico: externalizaram a religião. A conform i dade exterior com a lei era m uitas vezes considerada por eles com o o alvo da existência humana. N a prática (em bora não na teoria), a lei oral que, por meio dos hom ens da grande sinagoga, dos profetas, anciãos e Josué, pode rem ontar-se a M oisés, e assim ao próprio Deus, era com freqüência mais honrada pelo povo do que a lei escrita. O Senhor de nunciou os fariseus por causa de seu exibicionism o e pseudo-santidade (M t5 .2 0 ; 16.6, 11, 12; 23.1-39; Lc 18.9-14). A m eticulosidade deles não tinha limites, especialm ente no que dizia respeito à observância das leis sabáticas, estabelecidas pelos homens. Alguns deles chegavam a 74. Cf. A. Sizoo, Uit De Werelcl van het Nieuwe Testament, Kampen, 1946, pp. 183-200. 75. No entanto, os fariseus, em sua ênfase no estudo sistemático e na aplicação de certas regras hermenêuticas, mostraram, claramente, que o helenismo não os havia derrotado. C f W. F. Albright, From Stone Age lo Christianity, Baltimore, 1940, pp. 272-275.
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JOÃO 3.2
afirm ar que um a mulher, no sábado, não deveria olhar-se no espelho, pois poderia ver um cabelo grisalho e ser tentada a arrancá-lo, e isso seria um trabalho! U m a pessoa poderia engolir vinagre no sábado, com o um rem édio para a garganta irritada, m as não poderia usá-lo para fazer gargarejo. Talvez, o m áxim o dos exageros era a regra de que um ovo, posto por um a galinha no sábado, poderia ser com ido, desde que ficasse provado que a pessoa planejava m atar a galinha.^'’ Os fariseus deviam sua influência sobre o povo à antipatia que as m assas tinham pela C asa de Herodes. Nicodem os pertencia a esse partido da salvação pelas obras. Ele ocupava um a posição muito proem inente, sendo um dos principais dos judeus. Cf. tam bém 1.10 e 7.50, que indicam que ele era um m em bro do Sinédrio, e tam bém que era um escriba, ou seja, um estudante profissional, intérprete e m estre da lei. 2. Foi encontrá-lo à noite. N icodem os foi procurar Jesus à noi te. Será que ele tem ia que, se fosse visto conversando com Jesus, pu desse ser criticado pelos outros m em bros do Sinédrio? Alguns com en taristas defendem essa opinião, que é muito popular, e pode m uito bem ser a correta (cf. 19.38). Outros tam bém dizem que, nessa fase inicial do m inistério de Cristo, a oposição aos seus ensinos não seria ainda suficientem ente forte para produzir esse temor. Alguns aceitam o ele m ento temor, mas, pela m esm a razão, colocam toda a história com o tendo acontecido no período im ediatam ente anterior à m orte de Cristo. E finalm ente existem aqueles que crêem que a única razão pela qual N icodem os foi durante a noite é que Jesus estava m uito ocupado du76. O Talmude Babilónico, (traduzido para o inglês por M. L. Rodkinson), Boston, 1918, volume sobre as Festividades', ver especialmente pp. 19, 20, 175, 179 e 327. Cf. A. T. Robertson, The Pharisees and Jesus, Nova York, 1920. S.B K ., deveria também ser consul tado; ver seu índice, em “Fariseus” . Sobre esse assunto, não se pode deixar de reconhecer Fiávio Josefo, com seu Antiguidades, XIII, x; XVIII, I; para outras referências, ver seu índice. Especialm ente interessante e agradavelmente escrito (deve ser lido com discerni mento, é claro) é o livro escrito por L. Finkelstein, The Pharisees, Filadélfia, 1938, dois vols. Também apreciamos muito as várias seções a respeito dos fariseus no livro de W. F. Albright, From the Stone Age to Christianity. Outras obras publicadas a respeito deste assunto são os trabalhos escritos por autores como I. Abrahams, H. Danby, R Fiebig, J. Goldin, R.T. Herford, J. Jeremias, J. Klausner. G. F. Moore e L. J. Newman. Uma ajuda excelente para entender o ponto de vista judaico a este respeito, e os assuntos afins, é a obra de L. Finkestein, The Jews, Their History, Culture, and Religion, Nova York, 1945, dois vols; ver especialm ente o vol. I, capítulo 3.
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rante o dia: à noite, haveria a chance de um a conversa m ais livre, com um a pressão popular m enor M as, o fato é que não sabem os por que ele foi durante a noite. E (ele) lhe disse: Rabi (para explicações, ver sobre 1.49), nós sabem os que és um m estre vindo da parte de Deus. Esse cum pri mento era como se estivesse dizendo: “Nós - eu e outros que pensam com o eu (cf. 2.23; 3.11) - sabemos que és um profeta.” A razão dada por Nicodem os para chegar a essa conclusão é dita nestas palavras: porque ninguém pode fazer esses sinais que fazes, a m enos que Deus esteja com ele. (Sobre o significado do term o sinal, ver sobre 1.11.) Nicodemos está convencido de que Jesus deve ter um relaciona mento muito íntimo com Deus para poder operar esses sinais. 3. Jesus respondeu e lhe disse: M ui solenem ente eu lhe digo (ver sobre 1.51), a m enos que alguém nasça de novo, ele não pode ver o reino de D eus. N icodem os não faz nenhum a pergunta. No entanto, Jesus lhe responde, pois ele lia a pergunta que se encontrava profundam ente sepultada no coração desse fariseu. Com base n a res posta de Cristo, podem os seguram ente presum ir com certeza que a pergunta de Nicodem os era muito sem elhante à que se encontra em M ateus 19.16. Com o havia acontecido com o “jo vem rico” , tam bém esse fariseu, que veio ter com Jesus durante a noite, e tam bém conside rado um “idoso e rico governante dos ju d eu s”, queria saber que tipo de boas obras deveria praticar a fim de poder entrar no reino do céu (ou, para ter a vida etem a, que é sim plesm ente outra m aneira de dizer a m esm a coisa). Contudo, a Nicodem os nunca foi dada a chance de trans form ar em palavras a pergunta profunda de sua alma. Jesus responde àquela pergunta interior com m ais um m ashal (ver sobre 2.19). Ele deve ter soado com o um enigm a aos ouvidos de N ico dem os, tanto se a conversa tenha acontecido em grego com o em ara maico. O texto grego, que está diante de nós, apresenta um problem a. Quando Jesus disse: “a m enos que alguém nasça avwOey”, qual era o sentido desta últim a palavra? E la pode ter o sentido de “de cim a” . De fato, esse é o sentido que ela tem em outras passagens de João (3.31; 19.11; 19.23). Parece provável, portanto, que tam bém aqui (em 3.3, 7) o seu sentido seja esse. Além do mais, ela tam bém tem esse sentido em M ateus 27.51; M arcos 15.38; eT iago 1.17; 3.15,17. Jesus, então, pode
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JOÃO 3.3
estar se referindo ao nascer “de cim a”, ou seja, do céu. Entretanto, a palavra tam bém pode ter um sentido diferente, ou seja, ela pode signifi car “de novo” (Gl 4.9). E, em terceiro lugar, ela pode significar “desde a origem ”, “desde o princípio” (Lc 1.3; At 26.5). Contudo, esse terceiro significado não se aplica nesse caso, pois não há com o encaixá-lo no contexto presente. Nicodem os, então, é forçado a escolher entre a pri m eira e a segunda conotação. N o entanto, tudo o que foi dito até esse ponto só é verdadeiro se a conversa se desenvolveu em grego. Se o entendim ento for que a con versa foi conduzida em aram aico, o que parece provável, o enigm a perm anece, apesar de ter um a form a um pouco diferente. Pode-se di zer que, na língua aramaica, não havia nenhuma palavra que fosse idêntica, quanto à am bigüidade, à palavra grega ácúGey. Porém , m esm o se acei tarmos isso com o sendo o caso aqui, N icodem os ainda teria de encarar um a grande dificuldade: Com o um hom em poderia, em qualquer senti do que se dê ao termo, nascer de novo? N aturalm ente, sabemos o que Jesus quis dizer. Para ele, um a pessoa só pode ver o reino de Deus se nascer de cim a, ou seja, se o Espírito im plantar em seu coração a vida que tem sua origem, não na terra, mas no céu. Nicodem os não poderia continuar im aginando que distinções terrenas ou nacionalistas poderi am qualificar alguém a entrar nesse reino, nem que qualquer m elhora no com portam ento exterior de um a pessoa, em sua busca para cum prir a lei, era tudo o que bastava. Precisava haver um a m udança radical. E, a m enos que a pessoa nasça de cima, ela não pode ver o reino de Deus, ou seja, ela não pode nem experim entar, nem participar, nem tam pouco possuí-lo e gozá-lo (cf. Lc 2.26; 9.27; Jo 8.51; At 2.27; Ap 18.7). Q uando Jesus fala a respeito da entrada no reino de Deus, está claro que a expressão é equivalente a ter a vida eterna, ou ser salvo (cf. 3.16, 17). O reino de Deus é aquele no qual seu governo é reconhe cido e obedecido e no qual sua graça prevalece. Antes de um a pessoa ver o reino, antes de poder ter a vida etem a, ela precisa nascer de cima. É muito claro, portanto, que existe um ato divino que precede qualquer ato hum ano. Em seu estágio inicial, o processo de transfor m ação de um a pessoa num filho de Deus precede sua conversão e fé (ver tam bém sobre 1.12).
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4. N icodem os revela que não entendeu o significado profundo desse m ashal divino. Ele lhe disse: Com o pode um hom em n as cer sendo já velho? Essa resposta não significa certam ente que N i codem os fosse um hom em velho. Jesus tinha dito algo que se aplica a qualquer pessoa. Nicodem os, com o que para m ostrar o caráter absur do das palavras do M estre, resolve apelar para o caso m ais extrem o possível: ninguém pode, com bom senso, conceber a idéia de um ho m em idoso ter de nascer de novo! Ele então continua: Ele não pode entrar de novo no ventre de sua m ãe e nascer, pode? P ara esse fariseu, a sim ples sugestão parece com pletam ente im possível e absur da. O que ele espera é um a resposta negativa à sua pergunta. (Para outros casos de interpretações grosseiras, ver sobre 2.19.) 5. J esu s resp o n d eu : M ui so len em e n te eu lh e a sseg u ro , a m enos que alguém nasça da água e do Espírito não pode entrar no reino de D eus. A chave para a interpretação dessas palavras está em 1.22 (ver tam bém 1.26, 31; cf. M t 3.11; M c 1.8; Lc 3.16), em que água e Espírito são m encionados, lado a lado, em ligação com o batis mo. Portanto, o significado evidente é este: não é suficiente ser batiza do com água. O sinal de fato é de grande valor. Ele é de grande im por tância, tanto com o um a figura, quanto com o um selo. M as o sinal deve ser acom panhado pela coisa que ele representa, a obra purificadora do Espírito Santo. É este último que é absolutamente necessário para que alguém seja salvo. Note também que nos versículos 6 e 8 não lemos mais a respeito do nascer da água, mas som ente a respeito de nascer do Espírito, pois esse é o único nascim ento realmente essencial. Ora, é verdade que a obra purificadora do Espírito Santo não se com pleta até que o crente entre no céu. Em certo sentido tornar-se um filho de Deus é um processo que leva a vida toda (ver 1.12). No entan to, o que é indicado em nossa passagem é a purificação inicial, que envolve a im plantação da nova vida no coração do pecador. Isso é evidenciado pelo ensino de que, a menos que um a pessoa nasça da água e do E spírito, ela não pode entrar no reino de Deus. (Para o sentido de reino de Deus, ver sobre 3.3.) 6. U m a grande ênfase é posta no fato de que o nascim ento físico (ver sobre 1.13) não confere a ninguém qualquer prioridade na esfera da salvação. Jesus continua, O que é nascido da carne é carne; e o
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JOÃO 3.7, 8
que é nascido do E spírito é espirito. (Para os vários sentidos de “carne” , no Quarto Evangelho, ver sobre 1.14.) U m a possível paráfra se poderia ser a seguinte: a natureza pecam inosa do ser hum ano produz um a natureza hum ana pecam inosa (cf. Jó 14.4: “Quem da im undícia poderá tirar coisa pura? N inguém ” . Cf. tam bém SI 51.5). O Espírito Santo produz a natureza hum ana santificada. 7. Jesus continua: Não se adm ire (ou não com ece a espantar-se) de eu lhe dizer: Você tem de nascer de novo. P ara N icodem os, tudo aquilo parecia muito estranho. Ele estava familiarizado com a idéia de salvação pelas obras, ou seja, com a salvação com o resultado de um ato humano. Agora, ele ouve que a salvação é um dom de D eus, e que, em seu estágio inicial, ela acontece por m eio de um evento no qual o ser hum ano é, necessariam ente, passivo. U m a pessoa não pode fazer nada a respeito do seu próprio nascim ento. E Jesus havia acabado de dizer: “Você tem de nascer de novo!” Ouvim os com grande freqüência nas pregações dos dias atuais que a palavra tem é equivocada. D eve mos entender claram ente que, em harm onia com todo o contexto, ela não se refere ao reino do dever moral, mas sim ao do decreto divino. Q uando Jesus diz: “Você deve nascer de novo”, ele não está querendo dizer “de todas as maneiras, tente nascer de novo” . M uito ao contrá rio. O que ele quer dizer é: “Algo tem de acontecer-lhe. O Espírito Santo precisa plantar em seu coração a vida que vem de cim a” . E N icodem os deveria ter um conhecim ento suficiente de sua própria ina bilidade e corrupção para entender isso de um a vez por todas. Ele não deveria mostrar, fosse por expressões ou por suas palavras, que o ensi no de Jesus a respeito da necessidade absoluta e do caráter soberano da regeneração era algo estranho e surpreendente. 8. O caráter soberano da regeneração é realçado por um a ilustra ção tom ada da ação do vento. N a prim eira parte do versículo 8, o term o TTyeOfi.a significa vento, e não espírito. Isso se tom a claro quando le mos a últim a parte do m esm o versículo: “assim é todo aquele que é nascido do Espírito” . Essa cláusula e, principalm ente a palavra assim, indica que estam os lidando com um a com paração. Jesus então afirma: O vento sopra onde quer, você ouve seu som , m as não sabe de onde vem , nem para onde vai. N inguém na terra pode dirigir o ven to. Ele atua com um a independência com pleta, não podendo nem m es
JOÂO 3.9-11
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m o ser visto. Sabem os que ele está presente pelo barulho que faz ao passar ou ao colidir com algum a coisa. N inguém sabe sua origem , nem seu destino final.'''' Jesus ainda acrescenta: assim é todo o que é nascido do E spírito. A relação do vento com seu corpo lem bra a relação do Espírito com sua alma. O vento faz o que deseja; assim tam bém faz o Espírito. Sua operação é soberana, incom preensível e m isteriosa. Essa era um a lição poderosa, principalm ente por N icode mos ter sido criado na crença de que um a pessoa poderia e deveria salvar a si m esm a pela obediência perfeita à lei de M oisés e a um a série de regulam entos estabelecidos pelos homens. 9. D eve ter sido m uito difícil para N icodem os desaprender aquilo em que ele sem pre acreditara. E ntão ele respon d eu e lhe disse: Com o essas coisas podem acontecer? Ele faz repetidam ente a m es m a pergunta, com o p o d e ... ele não pode, p o d e? ... com o p o d e? (3.4, 9). Torna-se claro que a esse líder religioso falta o conhecim ento m ais elem entar a respeito do cam inho da salvação. A princípio, parece que seu treinam ento farisaico o havia tom ado im une às apreensões espirituais. Será que ele ainda é da opinião de que as palavras de Jesus devem ser entendidas num sentido grosseiram ente literal? 10. Jesus respondeu e lhe disse: Você é um m estre de Israel e no entanto não sabe essas coisas? Tanto Israel quanto mestre são precedidos pelo artigo definido. Assim, poderíamos ter a seguinte pará frase: “E você, o mestre reconhecido e proem inente entre o povo alta mente favorecido de Israel, realmente está dizendo que é ignorante com respeito a essas questões?” Nicodemos tinha o Antigo Testamento, os ensinos de João Batista e a instrução dada por Jesus em 3.3-8, m as até esse m om ento a verdade parece não ter penetrado em sua mente. 11. O diálogo m uda para o discurso. Jesus está falando e N icode mos ouvindo. Jesus diz: M ui solenem ente eu lhe asseguro (ver so bre 1.51), aq uilo que sabem os, anunciam os; aquilo que vim os, testifícam os. Assim, contra o “sabem os” de N icodem os (3.2) - um conhecim ento produzido pela reflexão hum ana - , o Senhor coloca seu próprio “sabem os”, que é resultante de seu íntimo relacionam ento com o Pai (5.20; 14.10). Jesus, portanto, quer que N icodem os entenda que não pode existir nenhum a dúvida em relação à doutrina do batism o e da 77. Jesus não diz que ninguém conhece a direção do vento.
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JOÃO 3.12
regeneração que haviam discutido, nem com respeito à doutrina dos eternos decretos divinos para a salvação dos pecadores, que ele estava prestes a revelai-. N este versículo 11, correspondendo a aquilo que sabemos, está para aquilo que vimos, que é m ais forte. Sem elhantem ente, o anunci am os é explicado p o r testificamos, que é tam bém um a expressão mais definida e forte. (Para os term os testificar e testem unho, ver sobre 1.7.) Jesus usa o plural nós, em vez do singular eu. Com toda proba bilidade, ele não está se referindo a si m esm o e aos profetas em geral, m as sim a si m esm o e a João B atista, em particular. O term o testifi car im ediatam ente nos lem bra de algo que fora dito a respeito de João B atista (cf. 1.1, 8, 34). A lém do m ais, 3.5 aponta p ara a obra do precursor. Jesus acrescenta: M as vocês não aceitam nosso testem unho. N icodem os havia indicado, tanto por suas perguntas, quanto por sua expressão, que não estava pronto a aceitar o ensino de Jesus no que dizia respeito à necessidade de regeneração. Além do mais, Jesus po dia ver 0 que estava em seu coração (2.25). E N icodem os não era o único que hesitava em acreditar nessa doutrina estranha. Cristo usa o plural “vocês” . Os membros do Sinédrio recusavam a adm itir que João Batista estava certo, quando testificou a respeito de Jesus. Esse grupo tam bém recusava a acreditar que Jesus era o que afirmava ser. Conse qüentemente, os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas rejeita vam o ensino de Cristo a respeito da questão da regeneração. 12. O Senhor continua: Se eu lhes falei de coisas terrenas - ele sugere que estivera fazendo isso - , e vocês não acreditam , com o crerão se eu lhes falar de coisas celestiais? Jesus havia falado de coisas terrenas, ou seja, de coisas que, apesar de serem celestiais em caráter e origem, acontecem na terra, como, por exem plo, a regenera ção. Porém , fica claro a partir de 1.11, 26 e 2;4, 9 que essas verdades, apesar de claram ente ensinadas até m esm o no A ntigo Testam ento, eram rejeitadas p or hom ens com o N icodem os. No m elhor dos casos, essas doutrinas eram consideradas m uito estranhas. Elas não eram recebidas. O ponto enfatizado por Jesus é o seguinte: se m esm o essas coisas terrenas, que acontecem dentro da esfera de experiência do ser hum a
JOÂO 3.13-15
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no (não dissem os experiência consciente), e cuja necessidade deveria ser im ediatam ente auto-evidente a cada pessoa que refletisse sobre sua própria incapacidade de agradar a Deus, são consideradas com o im possíveis de se crer, quanto mais as coisas celestiais - por exem plo, 0 plano eterno para a salvação da hum anidade, que im plicou no envio do Filho ao m undo (cf. 3.16) - não seriam elas rejeitadas m uito mais prontam ente? Essas coisas celestiais estão com pletam ente fora do al cance da experiência hum ana. Elas são, tanto em concepção quanto em origem , tão m ajestosas e transcendentes, que nunca poderiam ter ocorrido à mente finita dos hom ens. Se então as coisas terrenas são rejeitadas, com o se pode razoavelm ente esperar que as coisas celesti ais, que são muito mais m isteriosas, sejam aceitas? A pergunta que foi feita representou tam bém um aviso a N icodem os. Que ele pondere e reflita. Que ele não continue considerando os ensinos de Cristo com o im possíveis de serem cridos. Será possível que o silêncio de N icode mos, depois dessa pergunta de Jesus, e sua incapacidade de produzir mais um “Com o pode ser isso?” (3.4, 9) é um a indicação de que ele guardou o aviso do M estre em seu coração? 13. E ninguém subiu ao céu senão aquele que de lá desceu, o Filho do hom em . Ora, para que alguém tenha inform ações de prim ei ra mão a respeito dessas coisas celestiais, é necessário que tenha esta do presente na sala do trono de Deus quando as decisões foram tom a das. Porém , ninguém subiu ao céu. C onseqüentem ente, o decreto divino concernente à redenção de seu povo está com pletam ente fora do alcance do conhecim ento do ser hum ano, até que o m esm o lhe seja revelado. Será que realm ente não havia ninguém com o Pai quando o plano foi traçado, plano este centralizado no decreto do envio do Filho ao m undo, para carregar sobre si a m aldição do pecado e libertar o ser hum ano? Sim, havia alguém com o Pai. Este Alguém era aquele que de lá desceu, ou seja, o Filho do homem. (Sobre ò k\c xoC) oúpai^oO Kaxapáç, ver tam bém p. 310) Sobre Filho do homem, ver 12.34. Sobre que está no céu, ver nota 70. 14, 15. O cerne e centro desse plano m aravilhoso de redenção é declarado nos versículos 14-18. Ele é apresentado não com o algo intei ram ente novo, mas com o algo que já havia sido parcialm ente revelado nos tipos e figuras da antiga dispensação; particularm ente, naquele que
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se refere à serpente levantada por JVloisés no deserto, para que todos pudessem vê-la. E com o M oisés levantou a serpente no deserto, assim o Filho do hom em deve ser levantado. A história da serpente que fo i levantada está registrada em N ú m eros. De fato, o relato, que se encontra no capítulo 21 fornece a chave para a interpretação do quarto livro do Pentateuco. O conteúdo desse livro pode ser resum ido da seguinte maneira: Tema: A Jornada de Israel, do Sinai até a Planície de Moahe: Uma Lição a R espeito do Pecado e da Graça. Capítulos
1-9 10-21
22-36
I. Preparativos para sair do Sinai. II. Jornada do Sinai até a Planície de M oabe: Um a história de pecados e fracassos constantes, até que Jeová, em sua graça, m anda que a serpente seja levantada. A partir daí, principamente, III. Bênçãos e vitórias na Planície de M oabe.’**
Israel tinha se rebelado novam ente. O povo falava contra Deus e M oisés, dizendo: “Por que nos fizeram subir do Egito, para m orrerm os neste deserto, onde não há nem pão nem água? E nossa alm a tem fastio deste pão vil” (Nm 21.5). Jeová, então, enviou serpentes veneno sas no m eio do povo, m atando muitos. Quando o povo confessou seus pecados, M oisés orou por eles. “Disse o Senhor a M oisés: Faça um a serpente abrasadora, ponha-a sobre um a haste, e será que todo m ordi do que a m irar viverá. Fez M oisés um a serpente de bronze e a pôs sobre um a haste; sendo alguém m ordido por algum a serpente, se olha va para a de bronze, sarava” (Nm 21.8, 9). As palavras de João 3.14: “Assim como M oisés.... do mesmo modo deve o Filho do hom em ”, claram ente indicam que o acontecim ento re gistrado em Núm eros 21 é um tipo profético do futuro levantam ento do Filho do hom em . Entretanto, isso não significa que temos o direito de testar nossa engenhosidade, tentando fornecer um a longa lista de se m elhanças entre o tipo e o Antítipo, com o é feito com freqüência. Na realidade, de acordo com a m aneira com o vemos esse caso, somente 78. Cf. Bible Survey, Grand Rapids, Mich., 1949, pp. 229-230.
JOAO 3.14, 15
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seguintes pontos de com paração são m encionados especificam ente ou claram ente sugeridos em 3.14, 15 (cf. tam bém v. 16):
OS
a. Em am bos os casos (Núm eros 21 e João 3), a m orte é apresen tada com o um a punição pelo pecado. b. Em am bos os casos, é o próprio Deus quem, em sua graça sobe rana, provê um remédio. c. Em am bos os casos, este rem édio consiste de algo (ou Alguém ) sendo levantado à vista do público.’'' d. Em am bos os casos, aqueles que, com um coração crente, olham para aquilo (ou Aquele) que foi levantado são curados. Aqui, com o sem pre acontece, o A ntítipo transcende, em m uito, o tipo. Em N úm eros, o povo se encontra face a face com a morte física-, em João, a hum anidade está exposta à morte eterna, devido ao peca do. Em N úm eros, é o tipo que é levantado. Esse tipo - a serpente abrasadora - não tinha nenhum poder para curar. Ele apontava para adiante, para o Antítipo, Cristo, que tem este poder curador. Em N ú m eros, a ênfase está na cura física: um a pessoa seria curada quando fixasse seus olhos na serpente de bronze. Em João, toda a ênfase é posta na vida espiritual - vida etem a - , que é garantida a todos aque les que depositam sua confiança naquele que é levantado. O levantam ento do Filho do hom em é apresentado com o um “deve” (cf. M c 8.31; Lc 24.7). N ão se trata de um rem édio; ele é o único remédio possível para o pecado, pois som ente dessa m aneira as exi gências da santidade e da justiça de Deus - e do amor! - podem ser satisfeitas. M as, o que exatam ente significa esse levantam ento? N ão podem os aqui concordar com o raciocínio dos com entaristas que exclu em do sentido desse term o qualquer referência à m orte de Cristo. M ui to ao contrário, ser levantado na cruz certam ente se acha incluído. De fato, no Q uarto Evangelho o term o “ser levantado” (de biiów) sem pre se refere à cruz (cf. 8.28; 12.32, 34). Entretanto, é de fato significativo que o autor inspirado use um term o que, apesar de certam ente referirse à m orte de Cristo, é tam bém usado em outros lugares em referência 79. Muitos comentaristas acrescentam algo assim; como a serpente que foi levantada, não era realmente uma seipente, mas uma imagem de bronze, assim também Cristo não é, na realidade, um participante no pecado, mas somente “fez-se em semelhança da carne pecam inosa”. Porém, esse não seria um caso de tentar levar a tipologia longe demais?
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JOÂO 3.15
à sua exaltação (At 2.33; 5.31). N a história da redenção, a cm z nunca está isolada dos outros grandes acontecimentos (tais com o a ressurrei ção, a ascensão e a coroação). A cruz está sempre presente no caminho da coroação. Além do mais, onde é que a glória de todos os atributos divinos brilha mais fortemente senão na cruz (cf. 12.28 com 12.32, 33)? A pesar de Cristo ser levantado diante de todos, ele não salva a todos. Lem os, para que quantos nele crêem tenham a vida eterna. A ssim como, em conexão com a serpente de bronze, os israelitas eram curados (em bora a serpente não tivesse nenhum poder de curar, e ser m eram ente um “pedaço de bronze” - 2Rs 18.4 inteiram ente indigna de veneração e adoração, m esm o com a bênção divina sendo obtida ao olhar para ela), assim tam bém , em conexão com Cristo, todos que olham para ele, com humildade, arrependim ento e fé, obtêm a vida eter na. Com o os conceitos centrais do versículo 15 são repetidos no versí culo seguinte, iremos im ediatam ente para a análise da passagem que é considerada a m ais preciosa de todas as passagens bíblicas. 16. Porque Deus am ou ao m undo de tal m aneira que deu seu Filho, 0 unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, m as tenha a vida eterna. O am or infinito de Deus se manifestou de uma maneira infini tamente gloriosa. Esse é o tem a deste texto que tem calado tão pro fundam ente no coração dos filhos de Deus. O versículo em estudo ilum ina os seguintes aspectos desse amor: 1. seu caráter {de tal m a neira am ou); 2. seu autor (Deus); 3. seu objeto (o m undo); 4. sua dádiva (seu Filho unigênito); e 5. seu propósito (para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna). A conjunção para estabelece um a relação causai entre esse versí culo e o que o precede. Poderíam os parafraseá-lo da seguinte maneira: O fato de ser tão-som ente em conexão com Cristo que se obtém a vida etem a (ver v. 15) deixa claro que apraz a Deus conceder esse dom suprem o som ente àqueles que depositam sua confiança nele (v. 16). 1. Seu caráter A expressão de tal maneira, por causa do que segue, deve ser interpretada com o significando: em tal grau infinito e de tal maneira gloriosam ente transcendente. U m a grande ênfase é posta neste pen sam ento.
JOAO 3.16
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De tal m aneira amou. O tem po verbal usado no original (o aoristo ïïiiaeiv) m ostra que o am or de Deus em ação, que cobre todo o passado, e frutifica em plenitude em Belém e no Calvário, é visto com o um fato único, grande e central. Este am or é rico e verdadeiro, cheio de com preensão, ternura e majestade.*" 2. Seu A utor D eus am ou (com o artigo no original: ó 0eóç, com o em 1.1, onde, com o já foi m ostrado, o Pai é indicado). Para se obter algum a concep ção da deidade, nunca deverá subtrair-se do conceito popular qualquer atributo possível até que nada seja deixado. Deus é sem pre pleno de am or e vida.*' Tom em -se todas as virtudes hum anas; elevem -se as m esm as ao mais alto grau e entenda-se que, por m ais elevado e m ara vilhoso que seja o quadro resultante, ele não é nada mais do que um a som bra, com parado com o am or-vida que existe eternam ente no cora ção daquele cujo nom e é Amor. E este am or de Deus sem pre precede nosso am or (1 Jo 4.9, 10, 19; cf. com Rm 5.8-10) e o tom a possível. 3. Seu objeto O objeto deste am or é o mundo. (Ver sobre 1.10, nota 26, onde os vários sentidos são sum ariados.) M as qual é exatam ente o sentido des se term o em 3.16? Respondem os: a. As palavras “todo o que nele crê” claram ente indicam que a referência não é a aves e árvores, mas à raça humana. Cf. tam bém 4.42; 8.12; 1 Jo 4 .1 4 . b. No entanto, a hum anidade aqui não é vista com o o reino da m al dade, em evidente revolta contra Deus em Cristo (significado 6, na nota 26), porque Deus não am a o mal. c. O term o mundo, com o é usado nesta passagem , deve significar a hum anidade que, apesar de pecadora, exposta ao julgam ento e ne cessitada de salvação (ver vs. 16b e 17), ainda é objeto de seu cuidado. A im agem de Deus ainda está, de certa m aneira, refletida nos filhos dos hom ens. A hum anidade é com o um espelho. Originalm ente, esse 80. Para a diferença entre ayaTtaw e (t)Uía), ver os comentários sobre 21.15-17. 81. Deus não é uma essência abstrata e sem conteúdo, o Absoluto dos filósofos. Muito ao contrário, ele é infinitamente pleno de essência. Sobre este assunto, ver H. Bavinck, The Doctrine o f Gocl, Grand Rapids, Mich., 1951, pp. 121-124.
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JOÃO 3.16
espelho era m uito bonito, um a verdadeira obra de arte. Porém , sem que isso represente algum a falta da parte do Criador, ele se tornou horrivel m ente obscurecido. No entanto, seu C riador ainda o reconhece com o sua própria criação. d. D evido a esse contexto e a outras passagens nas quais se ex pressa um pensam ento sem elhante (ver nota 26, significado 5), é pro vável que tam bém aqui, em 3.16, o term o indique a humanidade caí da, em seu aspecto internacional: seres humanos de todas as tribos e nações; não somente os judeus, mas também os gentios. Isto está em harm onia com o pensamento repetido, por várias vezes, no Quarto Evan gelho (incluindo esse mesmo capítulo), de que a ascendência física nada tem a ver com a entrada no reino do céu: 1.12, 13; 3.6; 8.31-39. 4. Sua dádiva “ ... que deu o seu Filho, o unigênito.” Literalm ente, o texto original diz: “que seu Filho, o unigênito, ele deu.” Toda a ênfase é posta na grandeza im pressionante de sua dádiva. Assim, nessa cláusula, o objeto precede o verbo. O verbo “deu" deve ser entendido com o sentido de “entregar para m orrer como uma oferta pelo pecado (cf. 15.13; IJo 3.16; especialm ente IJo 4.10; Rm 8.32: o deu de João, é o não pou pou de Paulo). Sobre o significado de unigênito, ver sobre 1.14. Note que o artigo que precede a palavra Filho é repetido no original antes de unigênito. Assim, tanto o substantivo quanto o adjetivo são enfatiza dos.**^ Podem os, por assim dizer, ouvir o eco de Gênesis 22.2: “Tome seu filho, seu único filho, Isaque...” A dádiva do Filho é o clím ax do am or de Deus (cf. M t 21.33-39). 5. Seu propósito “ ... para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida etern a.” Deus não abandona a hum anidade. Ele am ou tanto o m undo que deu seu único Filho com o seguinte propósito: para que aqueles que o recebessem em com pleta confiança,*^ pudessem ter a vida eterna. Em bora o evangelho seja proclam ado para às pessoas de toda tribo e 82. Ver Gi animar o f the New Testament, p. 776. 83. Sobre irLaxeíicj, ver 1.8; 8.30.31. O particípio presente deste verbo tlç - exercer uma f é viva na pessoa de Cristo. Sobre irtoifíio), no Quarto Evangelho, ver "W. F. Howard, Chri.stianity According to St. .lohn, Filadélfia, 1946, pp. 151-173.
JOÃO 3.16, 17
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nação, nem todos os que o ouvem, crêem no Filho. M as todo aquele que nele crer - quer judeu ou gentio - tem a vida etem a. As palavras “ ...não pereça” não significam , m eram ente que a pes soa não deverá perder sua existência física; nem tam pouco que ela não será aniquilada. Com o o contexto indica (v. 17), “pereça”, m encionado nesse versículo, tem a ver com a condenação divina, que é com pleta e eterna, banindo a pessoa da presença do Deus de am or e fazendo-a habitar, para sem pre, na presença de um Deus de ira. Essa condição que, em princípio, com eça aqui e agora não alcança sua culm inação com pleta e terrível, tanto para a alm a, quanto para o corpo, até o dia da grande consum ação. Note que pereça é antônim o de ter a vida eterna. “ ... mas tenha a vida etem a.” (Para o significado de vida, ver so bre 1.4.) A vida que pertence ã era por vir, ao reino de glória, torna-se a possessão do crente, aqui e agora, pelo menos em princípio. Esta vida é a salvação, e m anifesta-se na com unhão com Deus em Cristo (17.3); no com partilhar do am or de Deus (5.42), de sua paz (16.33) e de seu gozo (17.13). O adjetivo eterna (altóvioç) ocorre dezessete vezes no Quarto Evangelho, e seis vezes em 1 João, sem pre com o substantivo vida. Ele indica, com o já foi ressaltado, um a vida que é diferente, em qualidade, da vida que caracteriza a época presente. Entretanto, o substantivo, com seu adjetivo (CojtÍ alcóvLoç), com o usado aqui em 3.16, tem tam bém um a conotação quantitativa: ela é realm ente eterna, um a vida sem fim. Para receber esta vida eterna, a pessoa deve crer no Filho unigêni to de Deus. Portanto, é im portante notar o fato de que Jesus m enciona a necessidade da regeneração, antes de falar a respeito da fé (cf. 3.3, 5 com 3.12, 14-16). A obra de Cri sto dentro da alm a sem pre precede a obra de D eus, na qual a alm a coopera (ver especialm ente 6.44). E com o a fé é dom de Deus (não som ente em Paulo - E f 2.8, mas tam bém no Q uarto Evangelho), seu fruto, a vida eterna, é tam bém um dom de Deus (10.28). Deus deu o seu Filho, nos dá a fé para abraçá-lo, e nos dá a vida etem a, com o um a recom pensa pelo exercício da fé. G ló ria seja dada a ele, eternam ente. 17. N um a estreita conexão com o versículo 16, o versiculo 17 diz: Porquanto D eus enviou seu Filho ao m undo, não para condenar 0 m undo, m as para que o m undo seja salvo por m eio dele.
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JOÃO 3.17, 18
O IVIessias, na visão dos judeus, quando viesse, condenaria os pa gãos. O Dia de Jeová traria punição sobre as nações que oprim iram Israel, mas não sobre Israel. Essa interpretação equivocada da profe cia havia sido censurada, m uito severam ente, por Am ós (Am 5.18-20). É contra esse exclusivism o judaico que são dirigidas as palavras de Jesus. O versículo 17 claram ente indica: a. Que o propósito redentor de Deus não se lim ita aos judeus, mas abarca o m undo todo (seres hum anos de cada tribo e nação, considera dos com o um a unidade); b. Que o objetivo prim ário da prim eira vinda de Cristo não foi con denar, m as salvar. É verdade que o verbo que foi traduzido por “condenar” (Kpíi^Ti de Kpíivco) tem, no original, um significado m uito amplo. N ossa palavra para discriminar, que é derivada da m esm a raiz, aponta na direção da idéia básica: separar. Daí veio a idéia de escolher um a coisa com o sendo superior à outra; portanto, /M/ga?; decidir. Enquanto neste m un do pecam inoso, muitas vezes significa condenar, a palavra usa da no original pode tam bém ter esta m esm a conotação, que é expressa, de form a mais com pleta, pela palavra KataKpíi^co. O fato de que, em 3.17, ele realm ente tem esse sentido (ou pelo menos aproxim a-se dele), é indicado pela presença do antônimo: salvar Salvação, no sentido mais com pleto do term o (libertação, não somente da punição, mas do próprio pecado, e a doação da vida etem a), era o que Deus tinha preparado para o m undo ao qual enviou seu Filho: não condenação, mas salvação. Isso dá origem à pergunta. Deveríam os dizer então que o propósito da prim eira vinda de Cristo foi trazer salvação, enquanto o da segunda vinda será trazer condenação (ou, pelo menos, juízo)? Porém , com o o versículo 18 indica, a questão não é tão simples com o parece. N inguém precisa aguardar o dia da grande consum ação para receber sua sentença. Certam ente que, naquele grande dia, algo m uito im portante acontecerá: O veredito será publicamente procla mado (5.25-29). M as a decisão em si, que é básica a essa proclam ação pública, já foi feita há muito tempo. 18. A quele que nele crê não é condenado (ou julgado); aque le que não crê já está condenado.
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Jesus divide todos os que ouvem a m ensagem de salvação em dois grapos, cada qual representado por um indivíduo: {1 ) A pessoa que tem C risto, pela fé, não é julgada, ou seja, nenhu ma sentença de condenação será jam ais lida contra ela. M esm o agora, nesta vida presente, ela, aos olhos de Deus, não tem nenhum a culpa. (2) A pessoa que rejeita Cristo por não crer que ele é o Filho unigê nito (sobre esse termo, ver 1.14) de Deus, não precisa esperar pelo julgam ento final, com o se o veredito pudesse ser prorrogado até lá. Pelo próprio fato de sua descrença obstinada, essa pessoa j á foi (e portanto continua) condenada. 19. No versículo 19 é anunciado um veredito com referência a essa rejeição obstinada. Aqui não é preciso um com entário muito ex tenso, pois a m aioria das idéias e dos conceitos dessa passagem já foi explicada. O julgam ento é este. O term o julgam ento (Kpíotç) signi fica (neste contexto) decisão divina ou veredito (ver tam bém sob 3.17, o term o kpîu'go). Para a cláusula: que a luz veio ao m undo, ver sobre 1.4, 5, 9-11. Sobre o term o m undo, ver 1.10, nota 26. Sobre tre vas, ver 1.5; e sobre luz, ver 1.4. M as os hom ens am aram m ais as trevas do que a luz, porque seus feitos eram maus. Podem os, portanto, parafrasear os pensam entos do versículo 19 da seguinte maneira: Com respeito àqueles que rejeitaram o Filho unigêni to de Deus, este é o veredito divino: que o Cristo, que é, em si mesmo, a Luz - a verdadeira encarnação da verdade e do am or de Deus, sim, de todos os seus atributos - , pela palavra da profecia, e especialm ente por m eio de sua própria encarnação, penetrou no reino da hum anidade caída; mas em bora tenha ele sido aceito por alguns, a grande m aioria preferiu as trevas m orais e espirituais do pecado (cegueira espiritual, ódio pelos irmãos, etc. ver especialm ente IJo 2.11, mas tam bém 8.12; 12.35, 46; e IJo 2.8, 9). Na verdade, eles realm ente am aram essas trevas, e a razão não foi que eram ignorantes, por nunca terem ouvido o evangelho, m as sim que suas obras eram más. 20. D izer que essas pessoas am aram m ais as trevas do que a luz não significa, contudo, que afinal de contas elas tam bém am aram a luz até certo ponto. M uito ao contrário, pois todos quantos têm o hábito de praticar o que é m al odeiam a luz, e não vêm para a luz. Essa
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JOÂO 3.21
pessoa está sem pre evitando a luz. E la não terá nada a ver com Cristo, a fonte e encarnação do am or e da verdade de Deus. Portanto, ela nunca lê a bíblia, ela recusa freqüentar a igreja etc. Em seu coração, ela realm ente odeia a luz. A razão para isso é o tem or de que, se vier achegar-se à luz, correrá o risco de que seus feitos sejam expostos. As pessoas que se encaixam nessa categoria, assem elham -se àqueles insetos que se ocultam debaixo de pedaços de m adeira e rochas, sem pre preferindo as trevas, estando sem pre m uito tem erosos de serem expostos à luz. 21, M as, enquanto os incrédulos podem com parar-se aos habitan tes do dom ínio das trevas, os crentes, por outro lado, lem bram as plan tas que crescem dentro de casa e que direcionam suas partes verdes para as janelas e para a luz do sol: M as aquele que tem o hábito de fazer o que é verdadeiro (cf. 1 Jo 1.6) vem para a luz. Já foi indica do que existe um a relação muito próxim a entre luz e verdade; portanto, não surpreende que quem am a a verdade aproxim a-se da luz, para que se torne evidente que suas obras foram feitas em Deus. Ele quer m ostrar que suas obras, apesar de não serem perfeitas, ao serem feitas com a aprovação de Deus (elas foram feitas, em princípio, de acordo com a lei de Deus), retêm esse caráter para sempre. “Ele ... vem para a luz”, disse Jesus. O discurso, portanto, é conclu ído da m aneira m ais apropriada, com o convite im plícito a que tam bém Nicodem os deixe o reino das trevas e da descrença e aceite a Cristo, a verdadeira luz.
Síntese de 2.23-3.21 Ver o Esboço na p. 98. o Filho de Deus, revelando-se a círculos crescentes: A Jerusalém ; a conversa com N icodemos. Em Jerusalém , durante a sem ana da Páscoa, m uitas pessoas, de pois de terem visto os sinais que Jesus fazia, aceitaram -no com o um m estre divino, um profeta grande e poderoso, e com o tal colocaram sua confiança nele. No entanto, ele sabia que a fé deles não era um a fé salvadora, e ele não se confiava a eles. C om seu olhar penetrante, Jesus vê os segredos do coração dos seres hum anos, com o já havia feito no caso de Sim ão e Natanael, e com o estava para acontecer no caso de Nicodem os.
JOÃO 2.23-3.21
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Este era um fariseu, m em bro do Sinédrio. Ele estava entre os que, depois de terem visto os sinais, tinham tam bém aceitado a Cristo com o um m estre divino. Jesus então im ediatam ente discerniu a pergunta nãofeita, que Nicodem os guardava no coração. A pergunta era: “Com o posso entrar no reino de D eus?” Ao dar sua resposta, o Senhor enfati zou a necessidade de nascer de novo. Ele usou um term o que tanto pode significar nascer de cima quanto nascer de novo. Nicodem os interpreta as palavras do Senhor da m aneira mais literal possível. Jesus então deixa claro que não estava falando de algum a coisa física, e que distinções físicas não têm a m enor relevância no reino dos céus. Ele enfatiza que a regeneração é um a obra divina, sobre a qual o ser hum a no não tem m ais controle do que o que ele tem sobre o vento. E viden tem ente, com um tom de protesto, N icodem os pergunta: “Com o pode ser isso?” Jesus liga a surpresa de Nicodem os e daqueles com o ele à sua fonte, a descrença, e pergunta: “Se eu lhe falei de coisas terrenas (ba tism o, regeneração) e você não acredita em mim, com o poderá acredi tar se eu lhe falar das coisas celestiais (o plano divino de redenção)?” O plano da redenção era até m ais m isterioso do que a regeneração, pois foi feito no céu, e som ente ele, Jesus, que estava lá, pode revelá-lo, tendo sido enviado com essa missão. O coração desse plano foi o de creto de enviar o Filho, para que o m esm o pudesse ser levantado na cruz para a salvação do ser hum ano, da m esm a m aneira com o M oisés levantou a serpente de bronze no deserto, para a salvação física dos israelitas. N este aspecto, Jesus revela o infinito am or de Deus (3.16), eviden ciando: a. seu caráter glorioso; b. o autor; c. o objeto; d. a dádiva, e e. 0 propósito. Ele diz que o propósito dessa prim eira vinda não foi conde nar, m as salvar o mundo, e que, na segunda vinda, esse veredito será dado a conhecer, com relação a cada pessoa, e que o m esm o estará intim am ente ligado à sua presente atitude em relação ao Filho unigênito do Pai. Se alguém o rejeitar, já estará condenado. A m aioria dos que ouvem o evangelho pertence a esta categoria: a luz veio ao mundo, mas os hom ens am aram mais as trevas do que a luz; porque suas obras eram más. Eles odeiam ter de expor suas obras. Eles abom inam a luz. O discurso term ina com um gracioso convite, apesar de sua form a
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JOÂO 3.22
im plícita, cham ando Nicodem os a vir para a luz. As palavras dessa conclusão são: “Quem tem o hábito de praticar a verdade aproxim a-se da luz, para que se torne evidente que suas obras foram feitas em D eus” . 22 Depois dessas coisas, Jesus e seus discípulos foram para o território da Judéia, e ali permaneceu com eles e batizava. 23 Ora, João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque ali havia muitas águas, e as pesso as iam a ele e eram batizadas, 24 pois João ainda não tinha sido encarcerado. 25 Então suscitou-se ali uma disputa entre os discípulos de João e um judeu a respeito da purificação. 26 E eles foram ter com João e lhe disseram: Rabi, aquele que estava com você além do Jordão, de quem você tem testifica do, eis que ele batiza e todos vão ao seu encontro. 27 João respondeu e disse: Ninguém pode receber algo a não ser que do céu*“* lhe seja dado. 28. Eu os convoco a testificarem o que eu disse; Eu mesmo não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele. 29. O que tem a noiva é o noivo. Ora, o amigo do noivo, que está presente e o ouve, fica muito feliz ao ouvir voz do noivo. Portanto, esta alegria agora está completa em mim. 30 Ele deve crescer, e eu devo dim i nuir 31 Aquele que vem de cima está acima de todos; aquele que vem da terra pertence à terra e fala da terra; aquele que vem do céu está acima de todos. 32. O que ele viu e ouviu, disto ele testifica, porém ninguém aceita seu testem u nho. 33 Aquele que aceita seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34 Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não é por medida que ele (lhe) dá o Espírito. 35 O Pai ama ao Filho, e deu todas as coisas em suas mãos. 36 Quem crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que desobedece ao Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele.
3.22-36 22. P ara o sentido da expressão D ep ois d essas coisas (iiexà la u ia ), ver tam bém 5.1. Jesu s e seus d iscípu los foram para o território da Ju déia. D epois da sem ana da Páscoa e da conversa com N icodem os, Jesus, na com panhia de seus discípulos (provavelm ente os seis m encionados em 1.35-51), deixou Jerusalém e foi para a zona rural da Judéia. Com o o versículo 22 inform a a respeito de batism os que estavam sendo m i nistrados, considera-se com o provável que a localidade aqui indicada não ficava longe de Jericó, nas proxim idades do Jordão. 84. IIIC; ver Introdução, pp. 63, 66.
JOÃO 3.23, 24
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E ali perm aneceu com eles (ou seja, com seus discípulos). Ele deve ter passado um tem po considerável nessa vizinhança. Provavel m ente de maio a dezem bro do ano 21.^^ E batizava. Enquanto esteve ali, Jesus batizou, não pessoalm ente, mas por m eio dos seus discípulos (4.2). Esse rito pode ser considerado um a transição entre o batism o joanino e o cristão. Em am bos, a água aponta para a necessidade de purificação espiritual, efetuada pelo sangue e Espírito de C risto, o C or deiro de Deus. Entretanto, ao não batizar pessoalm ente, m as por meio de outros, Jesus se m anifesta com o sendo m aior que João Batista. O próxim o passo será a ordem para batizar em nom e do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Mt 28.19). Esse batismo, no entanto, seria ministrado a pessoas de todas as nações. 23. E João tam bém estava batizando em Enom , perto de Sa lim, porque ali havia m uitas águas. Enquanto Jesus, por meio de seus discípulos, estava batizando na Judéia, João continuava com o seu m inistério, mais ao norte. Ele ainda estava nas proxim idades do m esm o lugar onde o encontram os na últim a vez, ou seja, em Betânia, além do Jordão (1.28). A gora ele cruzou o rio, e continuou desenvolvendo sua m issão desse lado (isto é, oeste) do Jordão. De acordo com m uitos com entaristas, Enom (provavelm ente do aram aico, significando/ontes), perto de Salim, localizava-se a alguns quilôm etros a sudoeste de Betânia. Em bora existam dúvidas quanto à sua posição exata, o enten dim ento de que se localizava próxim o da junção de Sam aria, Peréia e D ecápolis, a cerca de treze quilômetros de Citópolis, encaixa-se em to das as circunstâncias, e é apoiado por Eusébio e Jerônimo. N essa região há um grupo de sete fontes. Não muito distante, ao norte, está localizada a Galiléia. Portanto, esse local era central, fácil de ser alcançado por pessoas de quatro províncias, e contava com um bom suprim ento de água para o batism o. E as pessoas iam a ele e eram batizadas. As pessoas iam até João, de todos os lugares, e eram batizadas. M as, pou co a pouco, as m ultidões deslocavam -se de João para Jesus. 24. Antes de continuar com sua narrativa, o autor resolve um pro blem a. Os leitores poderiam levantar um a objeção: “Como era possível que João, num a ocasião com o aquela, estivesse engajado na obra do batism o? Não é verdade que, im ediatam ente depois da tentação de 85. Ver Bible Survey. pp. 59-62.
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JOÂO 3.25-28
nosso Senhor, João foi preso?” O autor sente que alguns leitores pode riam interpretar M ateus 4.1, 12 de modo incorreto. Assim , evidente m ente presum indo que os crentes da Á sia M enor, por aquela época, já tinham lido os outros Evangelhos escritos antes desse (ver pp. 49, 50), o evangelista corrige o possível erro de entendim ento e m ostra que, entre M ateus 4.11 e 12 (ou entre Mc 1.13 e 1.14 ou entre Lc 4.13 e 4.14, ou seja, entre a tentação de Cristo e a prisão de João Batista) passou-se um considerável período de tempo, durante o qual Jesus e João estiveram envolvidos num ministério paralelo. É dessa maneira que explicamos a sentença: Pois João ainda não tinha sido encarcerado. 25-28. Então suscitou-se um a disputa entre os discípulos de João e um judeu a respeito da purificação. O m inistério paralelo de Jesus e João provocou um a disputa entre os adm iradores de João e um judeu, que era sim patizante de Jesus. Os discípulos de João iniciaram a discussão, na qual, provavelm ente, atribuíram um a eficácia purifica dora superior ao batism o feito por seu mestre. C heios de insatisfação causada pelas m ultidões crescentes que se reuniam ao redor de Jesus, e pela conseqüente dim inuição daqueles que perm aneciam com João, os discípulos deste dirigem -se a seu m es tre com palavras de ressentim ento. E eles foram a João e lhe disse ram: Rabi, aquele que estava com você do outro lado do Jordão, de quem você tem testificado, eis que ele batiza, e todos estão indo a ele. Observe os seguintes destaques: (1) Eles, cheios de ciúm e e ira, propositadam ente, evitam até m es mo a m enção do nom e de Jesus, por entenderem que João e ele eram rivais e com petidores. (2) Eles não parecem estar m uito satisfeitos com o fato de João ter dado testem unho de Jesus. Suas palavras, provavelm ente, constituem um a reprovação velada. (Com relação ao testem unho, ver 1.6-8, 15; 1.26-34.) (3) Eles lançam m ão da figura de linguagem cham ada hipérbole: “Todos estão indo a ele” , isto é, logo você ficará sem seguidor. O autor, em harm onia com o propósito do livro (ver a Introdução, pp. 51, 52), agora expande, com mais detalhes, a resposta m odesta de João Batista. Que aqueles, na Á sia Menor, que o seguem, guardem isso
JOÂO 3.29, 30
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no coração, para que possam saber que, quando colocam João acim a de Jesus, estão pecando, não som ente contra Jesus, m as tam bém con tra o próprio João. A resposta de João foi surpreendente e nobre: João respondeu e disse, N inguém pode receber algo a não ser que lhe seja dado do céu (cf. 6.65; 19.11; IC o 4.7). O m ensageiro de Cristo queria dizer que Deus tem um lugar para cada pessoa em seu plano eterno, e que ele, João Batista, não tinha nenhum direito de reivindicar para si um a honra celestial que não lhe havia sido dada. U m a vez que essa honra fosse dada, perm aneceria dada, conform e dá a entender o uso do tem po verbal, no original. Da m esm a m aneira, quando ela é retida, assim perm anece. Em vez de reclam ar do sucesso de Jesus, os discípulos de João deveriam alegrar-se no fato de a tarefa de João B atista estar sendo cum prida. E a natureza da tarefa dele tinha sido claram ente indi cada. João diz: Eu os convoco a testificarem o que eu disse: Eu m esm o não sou o Cristo, m as fui enviado adiante dele. (Para a prim eira parte, ver sobre 1.8, 20; para a segunda, sobre 1.15, 23, 27.) 29. João então usa um a ilustração de um costum e tradicional de casam ento. Aquele que tem a noiva é o noivo. João B atista afirma que a noiva pertence ao noivo, e não ao am igo deste. Cristo é o Noivo e seu povo é a Noiva. A noiva deve ser levada ao noivo, e isso é exata m ente o que João está fazendo. Ele aponta constantem ente para o Cordeiro de Deus, esperando que m uitos o sigam. O ra, o am igo do noivo que está presente e o ouve fica m uito feliz por ouvir a voz do noivo. Assim tam bém acontece com João. Com o am igo do noivo, que está a seu lado, se alegra quando o noivo expressa sua alegria ao receber a noiva, assim tam bém João B atista está cheio de gozo ao refletir sobre a satisfação do coração do verdadeiro Noivo, Cristo, ao receber os que são seus. Ele diz: Esta alegria agora está com pleta em m im . O que ele quer dizer é o seguinte: quando, juntam ente com o relato a respeito da disputa sobre purificação, eu fui informado de que o povo está me deixando para juntar-se à m ultidão dos que seguem a Jesus, meu cálice de alegria realm ente transbordou. 30. Para resum ir o que havia dito nos versículos anteriores, João Batista, 0 que preparou o cam inho, declara, Ele deve crescer e eu devo dim inuir, isto é, ele, Jesus, deve continuar a crescer, enquanto
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JOÂO 3.31-33
João deve continuar a diminuir. Note o deve, indicando que isso está de acordo com o plano eterno de Deus. Que utilidade o m ensageiro tem, depois da chegada do rei? Por que as m ultidões deveriam continuar seguindo o m ensageiro depois de ele ter cum prido sua tarefa? Quando ele com pleta sua obra, deixem os que as m ultidões partam . D eixem os que elas sigam o rei! Que elas entendam que o rei é glorioso em sua origem , e tem um a m ensagem gloriosa. João Batista continua:***^ 31. A quele que vem de cim a está acim a de todos; aquele que vem da terra pertence à terra e fala da terra; aquele que veio do céu está acim a de todos. O contraste entre Jesus e João continua. Jesus veio de cim a (cf. 3.13), e, por causa de sua origem celestial, está acim a de todos (cf. E f 1.20-23); portanto, acim a até m esm o da “voz do que clam a no deserto.” O precursor, em com paração com Jesus, tem origem e caráter hum anos (cf. M t 11.11). Ele até m esm o fala de coisas terrenas, pois em bora Deus fale por seu interm édio, ele é a voz de Deus; em outras vezes, quando a própria natureza fraca e pecam inosa do m ensageiro se sobressai, os tem ores e dúvidas com eçam a se m ani festar (com o realm ente aconteceu no caso de João Batista, M t 11.2, 3). O Cristo que veio do céu está acim a de todos: ele nunca foi assaltado por dúvidas e temores. 32, 33. Seu testem unho é puro e deveria ser aceito porque: O que ele viu e ouviu, é disto que ele testifíca (cf. 1.18; 3.11, 13, 31; cf. 8.40; 15.15). (Para o verbo testificar, ver sobre 1.7.) Com o esse testem unho foi recebido? Em geral, ele foi rejeitado: m as ninguém aceita o seu testem unho. No entanto, há exceções: Q uem aceita o seu testem unho... Aqui tem os o m esm o contraste que encontram os em 1.11, 12. Com relação à pessoa que aceita o tes tem unho de Cristo, o texto declara que ela atesta que Deus é verda deiro. A explicação m ais simples é a seguinte: aqueles que aceitam o testem unho de Cristo a respeito de si m esm o (ou seja, que ele é o Filho de D eus), o fazem baseado no selo de aprovação que o próprio Deus dá a respeito de seu Filho: “Tu és o meu Filho am ado” (Lc 3.22; cf. Jo 86. Muitos com entaristas defendem o ponto de vista de que as palavras daqui para o final do capítulo não podem ter sido ditas por João Batista. Eles consideram que, especialmente o conteúdo de 3.34, 35 é avançado demais para que lhe possa ser atribuído. Porém, não é de todo claro se aquele que tinha visto e ouvido o que se encontra em 1.32; M arcos 1.9-11 (cf. Lc 3.21, 22), não teria sido capaz de dizer o que se encontra em 3.34, 35!
JOÂO 3.34, 35
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1.34). Eles m ostram que crêem que Deus é verdadeiro ao falar assim de seu Filho Jesus. O que se afirm a aqui, de um a m aneira positiva, é declarado, de um a form a negativa, em 1 João 5.10: “A quele que não dá crédito a Deus o faz m entiroso, porque não crê no testem unho que Deus dá acerca de seu Filho” . 34, 35. Todos deveriam aceitar o testem unho de Cristo, não so mente porque a. ele declara o que viu e ouviu (v. 32); e porque b. seu testem unho a respeito de si m esm o concorda plenam ente com o teste m unho que 0 Pai deu a respeito dele (v. 33), mas também (em perfeita harm onia com o antecedente) porque c. aquele que D eus enviou (com o seu em baixador) fala as palavras de Deus. Em bora seja ver dade que no Quarto Evangelho Jesus não é o único que foi enviado por Deus (em 1.6 e 3.28 João B atista é descrito com o tendo sido enviado), é tam bém verdade que, em quase todos os casos, essa designação é usada em relação a ele, ou seja, o Filho (3.17; 5.36, 38; 6.29, 57; 729; 8.42; 9.7; 10.36; 11.42; 17.3, 8, 18, 21, 23, 25; 20.21). Portanto, não temos nenhum a boa razão para abandonar a interpretação norm al de que em 3.34 o Filho é descrito nas palavras: “aquele que D eus enviou” . A gora é o Filho unigênito que, tendo sido enviado por Deus, fala as palavras de Deus. De fato, ele nunca falou nada mais, porque não era um profeta com um (como, p. ex., João Batista), em quem o Espírito reside num grau limitado. Porque não é por m edida (mas em plenitu de) que ele (i.e.. Deus; ver cláusula antecedente) (lhe) dá o Espírito. Os m elhores textos om item o pronom e ele. No entanto, ele deve ser acrescentado m entalm ente, e deve ser considerado com o se referindo a Cristo, com o o versículo 35 claram ente indica. (Ver tam bém 1.33.) O Pai deu não só o Espírito ao Filho. Ele entregou todas as coisas em suas m ãos (cf. 5.19-30; 6.37; 12.49; 13.3; 17.2, 4, 11; cf. M t 11.27; 28.18). Não é correto limitar essa passagem apenas à filiação m essiâ nica de Cristo. A linguagem (com eçando no v. 31) é m ajestosa demais para perm tir essa interpretação. João Batista, tendo testem unhado a descida da pom ba, e tendo ouvido a voz do Pai celestial, entende que a filiação m ediadora de Jesus baseia-se em sua filiação trinitariana. As sim, a dádiva de todas as coisas que o Filho recebe é resultado do relacionam ento etem o de am or entre o Pai e o Filho. O Pai am a (ver sobre 21.15-17) o Filho e deu todas as coisas em suas m ãos.
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JOÃO 3.36
36. O testem unho de João B atista, no versículo 36, alcança seu clím ax final. Um certo tipo de clím ax foi tam bém notado em 1.29 e I.34. Ao com binarm os os três, tem os o seguinte: “Vejam, o Cordeiro de Deus que está tirando o pecado do m undo!” “E eu vi e testifiquei que ele é o Filho de D eus.” “Quem crê no Filho tem a vida etem a, m as quem desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele perm anece a ira de D eus.” Considerando que todas as coisas estão nas m ãos do Filho (v. 35), nelas inclui-se também a vida etema. Conseqüentemente, lemos: Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que desobedece ao Filho não verá a vida, m as sobre ele perm anece a ira de Deus. Essa passagem nos leva de volta às palavras sem elhantes do pró prio Jesus, em 3.16-18. O clím ax de Jesus é tam bém o de ioão. A v id a eterna é dada àqueles que têm f é no Filho. E la não é para os que buscam em oções (que “crêem ” nele como um operador de m ilagres; cf. 2.23), mas para os crentes. Jesus colocou o destino dos descrentes com o sendo diam etralm en te oposto ao dos crentes (cf. 3.16 com 3.18). João B atista faz a m esm a coisa, quando conclui suas palavras dizendo que o que desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele perm anece a ira de Deus. Note que, em oposição à fé, encontra-se a desobediência, ou seja, a recusa em aceitar Cristo por meio de um a fé verdadeira e perm anente. Essa rejeição básica do Filho de Deus (para a explicação desse term o, ver sobre 1.14), que confronta o pecador com o convite e a exigência para “crer e obedecer”, resulta na punição descrita na cláusula final: “não verá a vida”, ou seja, não experim entará sua alegria e gozo. A lém do mais, a ira de Deus perm anece sobre ele. João B atista havia falado anteriorm ente sobre esta ira de D eus (M t 3.7; cf. Lc 3.7). Lucas, em seu Evangelho, refere-se à ira de Deus (21.23). Paulo fala dela em várias ocasiões (Rm 1.18; 2.5, 8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4, 5; E f 2.3; 5.6; Cl 3.6; ITs 1.10; 2.16; 5:9). O conceito tam bém se encontra em H ebreus (3.11; 4.3) e no livro de A pocalipse (19.15; cf. 6.16, 17; II.1 8 ; 14.10; 16.19). N um a ocasião, ela é atribuída a Cristo (Mc 3.5) que, em seu ensino parabólico, não hesita em atribuí-la ao Rei, Senhor e Dono da casa no céu (M t 18.34; 22.7; Lc 14.21).
JOÂO 3.36
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Apesar de ser incorreto, à luz de Rom anos 1.18 e Efésios 2.3, lim i tar muito estreitam ente essa disposição divina, definindo-a com o o des p ra zer de D eus para com aqueles que rejeitam o evangelho (pois ela tam bém se aplica a todos os que nunca ouviram o evangelho!), no entanto, é verdade que a im penitência do coração do ser hum ano, sua obstinação e m á-vontade sinistra em aceitar a Cristo m ediante um a fé viva, freqüentem ente provê o cenário para essas passagens sobre a ira de Deus. Isso tam bém se aplica à passagem que estam os estudando (3.36). Ela é o único caso do uso da palavra ira (ópyií) no Q uarto Evangelho. Seu sentido consiste num a indignação profundam ente es tabelecida (algum as vezes em contraste com raiva, cólera, Gu^óç, cujo sentido consiste num a com oção turbulenta, que repentinam ente explode e se extingue com o fogo na palha.*'' No entanto, especialm ente quando ela é usada em relação a Deus, provavelm ente seja errado enfatizar a distinção entre as duas palavras).*** A m enção à desobediência do ser hum ano e sua recusa em aceitar o evangelho nos leva de volta à história da queda no paraíso. Com o resultado da queda, Adão e Eva perderam qualquer acesso à árvore da vida (Gn 3.24), e a ira de Deus tem visitado a hum anidade. João 3:36 nos ensina que esta ira perm anece sobre aqueles que desobedecem ao Filho (para m ais explicações, ver o com entário sobre 3.18). E sta conclusão do testem unho de João B atista é bela devido à sua clara im plicação: Subm eter-se ao Filho de Deus, p o r meio de uma f é viva e perm anente, é ter a vida eterna. Cf. 3.21.
87. Cf. C. Trench, Synonym.': o f the New Testament, Grand Rapids, 1948, pp. 130-134. 88. Ver o artigo 0up,ó(;, opyri, in Th.W.N.T.
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JOÂO 3.22-36
Síntese de 3.22-36 Ver 0 Esboço na p. 98. O Filho de D eus se revelando a círculos crescentes: à Judéia; a partida de João Batista. D epois de sua conversa com N icodem os, em Jerusalém , Jesus re tirou-se para a zona rural da Judéia, nas proxim idades do Jordão, onde, por meio de seus discípulos, batizava a m ultidão (provavelm ente entre m aio e dezem bro do ano 27 d.C.). M ais ao norte, em Enom, nas proxim idades de Salim, João - ainda em liberdade - tam bém estava batizando. As m ultidões ao seu redor estavam gradualm ente dim inuindo, pois m uitos estavam com eçando a seguir Jesus. Essa situação provocou um grande ciúm e em alguns dos discípulos de João que, tendo discutido com um judeu que era favorável a Jesus, correram a seu mestre, reclam ando: “Rabi, aquele que estava com o senhor além do Jordão, de quem o senhor tem testem unhado, está batizando, e todos estão indo a ele” . O autor, em harm onia com o propósito de seu livro, elabora, com ricos detalhes, a resposta m odesta de João Batista. Este, havendo se referido ao seu testem unho anterior, reafirm a que cada pessoa deve aceitar com gratidão a tarefa que Deus lhe designa. Ele m ostra que, assim com o acontece na vida natural, onde a noiva pertence ao noivo, e não ao am igo do noivo, assim tam bém acontece na esfera do reino. A qui tam bém é dever do am igo do noivo levar a noiva a ele. Neste caso, o noivo é Cristo. A noiva representa aqueles que são levados a ele e o aceitam pela fé. O “am igo” é João Batista. Q uando o amigo ouve a voz do Noivo, dando as boas-vindas ã Noiva, m uito se alegra. Q uando o rei celestial chega, o m ensageiro terreno se afasta. Que cada pessoa agora aceite o Rei, o Filho de Deus, que fala as palavras de Deus. Aqueles que, contrastando com a grande m aioria, o recebem com um a fé viva, estão indicando que aceitaram o veredito do Pai em relação ao Filho (“Tu és meu o Filho am ado”). Sua fé no Objeto do am or e da generosidade de Deus será recom pensada com a vida eter na. Porém , sobre os desobedientes perm anece a ira (indignação esta belecida) de Deus. Im plicação: Não endureça seu coração, mas aceite 0 Filho de Deus pela fé!
C a p ít u l o 4 JOÃO 4 .1 -2 6 1 O ra, quando o S enhor soube que os farise u s ouviram : Jesu s está ganhando e batizando mais discípulos que João, 2 - embora Jesus mesmo não estivesse batizando, mas seus discípulos - , 3 ele deixou a Judéia e voltou novamente para a Galiléia. 4 Então ele teve de atravessar Samaria. 5 Assim ele chegou a um a cidade samaritana chamada Sicar, perto da porção de terra que Jacó dera a seu filho José. 6 E a fonte de Jacó ficava ali. Então Jesus, cansado da viagem, sentou-se junto à fonte, assim como estava. Era por volta da hora sexta. 7 Veio ali uma mulher de Samaria tirar água. Jesus lhe disse: Dê-me de beber. 8 Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar gêneros alimentíci os. 9 Então, a mulher samaritana lhe disse: Como é possível que, sendo judeu, pedes água a mim, uma mulher samaritana? (Porque os judeus não usam Ijarros] junto com os samaritanos.) 10 Jesus respondeu e lhe disse: Se você co nhecesse o dom de Deus, e quem é que lhe pede: Dê-me de beber, você é que lhe pediria, e ele lhe daria água viva.*‘^ 11 Ela lhe disse; Senhor, não tens balde, e o poço é fundo; onde tens essa água viva? 12. Certainente não és maior que nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, como também seus filhos e seus rebanhos? 13 Jesus respondeu e lhe disse; Quem bebe dessa água terá sede de novo, 14 mas quem bebe da água que eu lhe der nunca mais terá sede, mas a água que eu lhe der virá a ser em seu interior uma fonte de água que jorrará para a vida eterna. 15 Disse-lhe a mulher; “Senhor, dá-me dessa água para que eu nunca mais tenha sede, nem tenha que continuar a vir de tão longe buscá-la. 16 Ele lhe disse; “V á chamar seu marido e volte aqui. 17 A mulher respondeu e disse: Um marido eu não tenho. Jesus lhe disse: Você está certa em dizer; Um marido eu não tenho, 18 porque já teve cinco maridos, e esse com quem está agora não é seu marido-, isto você declarou corretamente. 19 A mulher lhe disse; Senhor, percebo que és um profeta. 20 Nossos pais adoravam neste monte, mas vocês dizem que‘* o lugar em que devemos adorar
4
89. IIC; ver Introdução, pp. 62, 63. 90. Sobre bxi, ver Introdução, pp. 81, 85.
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JOÂO 4.1, 2
é Jerusalém. 21 Jesus lhe disse: Creia-me, mulher, está chegando a hora quando nem neste monte nem em Jerusalém vocês adorarão o Pai. 22 Vocês adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. 23 Mas está chegando a hora - sim, já chegou! - quando os genuínos adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque são precisamente tais pessoas que o Pai está buscando como seus adoradores. 24 Deus é Espírito, e os que (o) adoram devem adorá-lo em espirito e em verdade. 25 A mulher disse: Eu sei que o M essias está vindo (Aquele que é chamado Cristo); quando ele chegar, nos anunciará todas as coisas. 26 Jesus lhe disse; Eu, Aquele que lhe está falando, sou ele.
4.1-26 1. O ra, quando o Senhor soube que os fariseus ouviram : J e sus está ganhando e b atizando m ais discípulos que João. João Batista foi preso por volta de dezem bro do ano 27 d.C. (cf. M c 6.1720). Os líderes religiosos de Jerusalém , que durante os dias de grande popularidade de João B atista tinham se enchido de ciúm e, agora se regozijavam . Que razões eles tinham para ter tal antipatia para com ele? (ver sobre 1.19). M as a alegria deles durou m uito pouco, pois logo com eçaram a chegar-lhes outras notícias, isto é, que as m ultidões que agora se congregavam ao redor de Jesus - os discípulos que ele estava ganhando e batizando - eram m ais num erosas do que aquelas que ti nham seguido João Batista. N a verdade, m esm o antes da prisão de João, Jesus já tinha conquistado um a popularidade m aior do que a do precursor (3.22-26). Portanto, do ponto de vista dos m em bros do Siné drio, as coisas não estavam m elhorando, mas se tornando ainda piores. “E quando o Senhor (ver sobre 1.38, nota 44) soube." Com o é que ele soube? (ver sobre 5.6). O grego m oderno do Novo Testam ento tem aqui ’é|ia0ei^ - soube. Especificam ente, Jesus soube: a. que João tinha sido preso (M t 4.12); e b. que os fariseus tinham ouvido que as m ulti dões tinham se voltado para Jesus, que ele estava ganhando e batizan do m ais discípulos que João Batista. 2. E m bora o próprio Jesus não estivesse batizando, m as seus discípulos. Ninguém nunca pôde dizer, jactanciosam ente: “Eu fui bati zado pelo próprio Senhor em pessoa, enquanto vocês foram batiza dos por m eros discípulos” (cf. 1Co 1.17). Diante do uso do verbo “bati zar” no singular, tanto aqui (4.1) quanto em 3.22, é claro que o Senhor
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aprovava o batism o e assum ia a responsabilidade pelo rito, com o ele era adm inistrado por seus discípulos. O que eles (seus discípulos) fazi am, ele estava na realidade fazendo (por m eio deles). 3. D eixou a Judéia. Jesus decide deixar (sobre este verbo, ver 4.28) a Judéia. Por quê? Por estar consciente do fato de que a sua grande “popularidade” pessoal, na zona rural da Judéia, provocaria um grande ressentim ento nos líderes religiosos daquela província sulina, e que este ressentim ento, no curso natural dos eventos, levaria a um a crise prematura. E ele sabia que havia um tempo determ inado nos decretos de Deus para cada acontecim ento em sua vida. E ele tam bém sabia que ainda não havia chegado o m om ento apropriado para sua m orte. Q uando esse m om ento chegasse, ele entregaria voluntariam en te sua vida (cf. 10.18; 13.1; 14.31). Ele faria isso então, mas não antes. Por isso, ele deve deixar a Judéia. E voltou outra vez para a G aliléia. Jesus voltou outra vez para a Galiléia. A expressão usada no original, outra vez, é toA-lv. Ela cer tam ente não perm ite que se deduza que Jesus já tivesse vivido na G ali léia por um período considerável de tem po. Se esse fosse o caso, serí am os forçados a colocar toda a história desse capítulo num a fase pos terior e final de seu m inistério na terra. É m uito m ais natural que con cluam os que o autor estava pensando nos acontecim entos registrados em 2.1-12. Jesus havia estado na G aliléia durante o m ês de fevereiro e no com eço de março. Foi ali que ele operou seu prim eiro sinal. De C aná e C afam aum , ele viajou para Jem salém , por ocasião da Páscoa. E agora, depois de ter passado algum tem po na capital e na região m ral da Judéia, ele estava voltando de novo para a Galiléia. 4. E ele teve que atravessar Sam aria. Jesus tinha que passar através da província de Sam aria. Existiam várias estradas que partiam da Judéia para a Galiléia: um a nas proxim idades da costa, um a outra através da Peréia, e outra que passava pelo centro de Sam aria. No entanto, Josefo nos inform a que era costum e dos galileus, quando se deslocavam para cidade santa, por ocasião das festas, usarem o cam i nho que passava pela província dos sam aritanos {Antiguidades, XX, vi, 1). Além do mais, a distância mais curta entre as regiões de JericóJem salém , onde Jesus havia m inistrado por um pouco, e C aná da G ali léia, seu destino (4.46) era a estrada que passava por Sam aria. É p o s
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JOÂO 4.5
sível que o verbo “teve” (eôei) se refira m eram ente à circunstância de, na tentativa de poupar tem po e distância, um viajante que viesse da Judéia em direção a Caná da G aliléia, tivesse de ir através de Sam aria. No entanto, diante da constante ênfase que o Quarto Evangelho põe na consciência do plano divino, por parte de nosso Senhor (ver 2.4; 7.30; 8.20; 12.23; 13.1; 14.31), e im plicitam ente tam bém no contexto im edia to (4.1-3), é m ais provável que o sentido aqui seja: ele teve que ir através de Sam aria em concordância com as ordens de seu Pai ce lestial. fazer a vontade daquele que o havia enviado e para executar sua tarefa (4.34). 5. E ntão ele chegou a uma cidade sam aritana cham ada Sicar. D epois de ter entrado na província de Sam aria, Jesus chegou a um a bifurcação de um a antiga estrada rom ana, ao sul de Sicar, onde hoje está localizada a cidade de Askar, nas proxim idades do local onde se encontra o túm ulo de José. A noroeste dessa região se encontra o M onte Gerizim , ou m onte da bênção (Dt. 27.12). Por trás de Askar, e a nor deste de Gerizim , encontra-se o m onte Ebal, tam bém conhecido com o 0 m onte da m aldição (Dt 27.13).''' Nos dias de hoje, ao sopé do M onte G erizim , localiza-se um a cidade de tam anho considerável. Seu nom e é Nablus, que é um a form a corrom pida do árabe para Neápolis (cidade nova). Nas encostas do lado sul do M onte Gerizim , encontra-se a sina goga dos sam aritanos, que contém os rolos do Pentateuco Sam aritano, aos quais seus donos atribuem um a antigüidade fantástica. A cidade bíblica de Siquém era localizada não muito distante da m oderna Nablus. Sobre Siquém , ver Gênesis 12; 34; 37.12, 13; Josué 21.21; 24; Juizes 9; 1 Reis 12.25; Jerem ias 41.5. Jesus parou cerca de um quilôm etro a sudoeste de Sicar, perto da porção de terra que Jacó dera a seu filho José. De acordo com G ênesis 33.19, Jacó, ao retornar de Padã-Arã, com prou um cam po dos filhos de Hamor, por cem peças de prata. A terra com prada era, pro vavelm ente, m uito m aior e m ais am pla do que a área que continha o túm ulo de José. O local onde foi perfurado o poço, nas proxim idades do túm ulo, estava, provavelm ente, incluído nessas terras. A inform ação que tem os, no entanto, é que os am orreus não honraram essa transação 91. Ver W. H. A. B., Gravura IX; e, também, Viewmaster Travelogue, rolo n° 4016, Os Samaritanos, Samaria, Palestina, cena 4.
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com ercial e ainda agiram com o se a terra não tivesse sido vendida. Assim , Jacó teve de reconquistar sua propriedade pela força das ar mas. M ais tarde, ele a deu a José, seu filho favorito. Lem os em Gênesis 48.22: “D ou-te mais que a teus irmãos, um declive m ontanhoso, o qual tomei da m ão dos am orreus com m inha espada e com meu arco.” Q uando José estava para m orrer no Egito, ele pediu que, quando o Senhor visitasse seu povo, levando-os de volta para a terra de seus pais (Gn 50.25, 26), seu corpo fosse enterrado ali (Gn 50.25, 26). Isso foi feito, conform e está registrado em Josué 24.32: “Os ossos de José, que os filhos de Israel trouxeram do Egito, enterraram -nos em Siquém , naquela parte do cam po que Jacó com prara aos filhos de Hamor, pai de Siquém , por cem peças de prata, e que veio a ser a herança dos filhos de José” . 6. Foi naquele pedaço de terra que pertencera a Jacó, e que não se encontrava longe do local onde José fora sepultado, que Jesus parou para descansar. O local se prestava adm iravelm ente a esse propósito, porque a fonte (ou poço de Jacó) ficava ali. Os judeus, sam aritanos, m uçulm anos e cristãos concordam em associar essa fonte com o patri arca Jacó. Não existe nenhum a boa razão para duvidar da verdade dessa tradição. Devem os distinguir entre dois termos usados neste relato: fo n te ’^ (irriYií, provavelm ente com o sentido de m ina d ’água) e poço (cfjpéap). O prim eiro term o ocorre em 4.6, 14. Em 4.6 (usado duas vezes neste versículo), ele provavelm ente se refere ao fato de que se sabia que a água brotava do fundo do poço. O segundo term o é encontrado em 4.11,12. Ele indica qualquer tipo de poço, seja um a m ina d ’água ou não. A profundidade do poço de Jacó naqueles dias, e ainda nos dias de hoje, é de mais de trinta metros. Os fragm entos, acum ulados ao longo dos séculos, e que levaram alguns com entaristas a dizer que a profundidade original do poço deveria ter sido de 25 metros, foram rem ovidos em anos recentes. O poço é cercado pelas paredes de um convento. A água da fonte de Jacó é muito refrescante, e sua qualidade não é infe rior a das fontes que existem ao redor desse local. 92. Cf. W. R. Hutton, “ ‘Spring’ and ‘W ell’ in Jo 4-6, 11-12”, ExT, 56 (1945), p. 27.
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U m a pergunta que tem sido feita em várias ocasiões é a seguinte: Por que Jacó perfurou um poço ali, quando um a quantidade extraordi nariam ente abundante de água brotava das m ontanhas de Sam aria? A resposta pode ser que as outras fontes algum as vezes secavam no ve rão; ou que ele queria ter seu próprio poço, em sua propriedade, para o uso de sua própria família. Ele não queria ter nenhum problem a com seus vizinhos a respeito dos direitos para o uso da água. Para os proble mas enfrentados por seu pai Isaque em relação ao uso de poços d ’água, ver G ênesis 26.15. Então Jesus, cansado da viagem (fatigado em conseqüência da longa viagem ), sentou-se junto à fonte, assim com o estava, isto é, cansado, enpoeirado e sedento. O Quarto Evangelho enfatiza não só a natureza divina de Jesus, mas tam bém a humana; ver p. 1 ] 8. A prepo sição grega eirí, traduzida aqui por junto, tem um sentido prim ário de sobre. Portanto, a frase na qual ela ocorre pode ser traduzida sobre a (a pedra àâ) fonte. Contudo, com o essa preposição (usada aqui com o locativo) pode tam bém ter o sentido secundário de pelo ou junto, que é m ais sim ples (não exigindo nenhum a inserção m ental de palavras que não estão no texto), provavelm ente seja mais apropriado dar esse sen tido tanto aqui com o tam bém em 5.2. E ra por volta da hora sexta. (Para o difícil problem a da conta gem do tem po no Quarto Evangelho, ver nossos com entários sobre a passagem 1.39-41). Aqui em 4.6, a m aneira rom ana civil de contar o tem po - de m odo que Jesus teria chegado ao poço às seis horas da m anhã ou seis horas da tarde - tem vários pontos em seu favor. No entanto, devem os im ediatam ente m odificar esta declaração, pois seis horas da m anhã está, em vista do contexto, obviam ente fora de ques tão. Não estam os dizendo que é inteiram ente im possível que a m aneira judaica de contar o tem po seja seguida neste texto, de tal m aneira que o horário de chegada do Senhor junto ao poço seria por volta do meiodia. Contudo, preferim os a teoria de que eram seis horas da tarde, e isso com base nas seguintes considerações: (1) E ssa era a hora norm al p a ra se tirar água do po ço (Gn 24.11). O fato de que essa m ulher tenha ido lá sozinha não prova nada em contrário. Lem brem o-nos de que havia várias fontes naquela circunvizinhaça, portanto não sendo necessário que todas as m ulheres
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fossem a essa em especial.’^ Ou, pode ter sido o caso que as outras m ulheres viessem um pouco m ais cedo, por não desejarem associar-se com essa mulher, em particular, por razões óbvias (4.16-18). (2) A inda haveria bastante tem po para os acontecim entos registra dos nos versículos 27-40. A lém do mais, é certam ente m ais provável que um núm ero m aior de sam aritanos fosse a Jesus no início da noite, quando a tem peratura não era tão inclem ente e as pessoas já tinham parado de trabalhar. (3) Se a hora era seis da tarde, podem os entender o pedido do povo para que Jesus fica sse com eles (4.40), pedido este que lem bra o que é dito em Lucas 24.29: “Fica conosco, porque a noite está chegando, e o dia já está acabando.” Adm itim os, naturalmente, que um pedido pareci do poderia ser feito a qualquer hora do dia, em bora fosse m ais apropri ado ao final da tarde, ou com eço da noite. 7-10. Ali no poço de Jacó ela vê um estranho. É Jesus que, em obediência à vontade do Pai e em com pleta harm onia com seu próprio desejo interior (4.34), irá envidar todo esforço para m anifestar sua gló ria na terra dos samaritanos, juntando os frutos para a vida eterna (4.36). Por interm édio dessa mulher, o Senhor planeja alcançar os vizinhos dela. Ele provará ser o Salvador, não som ente a seus eleitos na Judéia, m as tam bém àqueles em Samaria. O contraste entre o terceiro capítulo de João (o m inistério de Cristo na Judéia) e o quarto (seu m inistério em Sam aria) é notável. No tercei ro, Jesus está conversando com um homem (Nicodem os); aqui, no ca pítulo 4, ele conversa com um a mulher, no terceiro, ele trata com um Judeu-, aqui, com um a samaritana-, lá, com um a pessoa de princípios m orais elevados; aqui, com um ser hum ano de baixa reputação. No entanto, o Senhor prova ser capaz de salvar a ambos. No processo de conquistar a alm a (cf. Pv 11.30; Dn 12.3; Tg 5.20) da mulher, Jesus apela para a solidariedade dela (“D ê-m e de beber”), para sua curiosidade (“Se soubesse...”), desejo que ela tinha de descanso e satisfação (“quem beber da água que eu lhe der nunca m ais terá sede”) e para a consciência dela (“Vá cham ar seu m arido”) 93. 409.
A. Edersheim, The Life and Times o f Jesus the Messiah, Nova York, 1898, vol. 1, p.
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Ele se dirige a cada fase de sua personalidade para que seu objetivo seja alcançado. E o que a m ulher está fazendo? Estaríam os quase certos se dissés semos: P or um pouco, com o m ostrarem os, ela está tentando ao m áxi m o não ser salva. No entanto, apesar de se opor aos esforços de C ris to, os bastiões da oposição estão sendo derrubados, um a um , até que, finalm ente, e em seu caso talvez até m esm o repentinam ente, a graça penetra e alcança a vitória. Contudo, a vitória da graça sobre o pecado, em sua própria vida, é um pressuposto (cf. 4.34-36), m ais do que um a declaração explícita. O tópico real não é a salvação dessa alm a, nem m esm o a salvação de muitas alm as na província de Sam aria, mas sim, a m aneira pela qual, por meio dessa obra, a glória de Deus em Cristo se tornou m anifesta. Veio um a m ulher de Sam aria. A idéia não é que a m ulher veio da cidade de Sam aria até ali, pois isso exigiria pelo m enos duas horas de um a boa caminhada! O significado do que se diz aqui é que ela era natural da província de Samaria. Ela veio tirar água. Portanto, pode mos im aginá-la carregando o cântaro de água (4.28) na cabeça, ou, com o fez Rebeca, no om bro (cf. Gn 24.15), cam inhando de sua casa em Sicar (4.5, 28), em direção ao sul, para a fonte de Jacó. Quantas pessoas, nos dias de hoje, se tivessem de cam inhar por alguns m inutos para conseguir água para seu consum o, não considerariam essa cam i nhada com o um a dificuldade quase intransponível? A m ulher sam arita na concordaria com elas (4.15). A pelando então para sua solidariedade, Jesu s lhe disse: Dêm e de beber. É razoável presum irm os que o pedido foi feito depois que a m ulher tirou a água; ver sobre 4.28. Esse foi um pedido normal, pois Jesus estava de fato com sede. Ao m esm o tempo, foi tam bém um a m anifestação da estratégia divina e de sua percepção psicológica, pois se um a pessoa deseja penetrar o coração de outra pessoa, ela pode usar dois m étodos: a. fazer-lhe um favor; b. dar-lhe um a oportunidade de fazer um favor. Com freqüência, a segunda opção é mais eficaz do que a prim eira. Jesus, no entanto, com binou as duas (a. e b.)! 8. O pedido de Jesus foi tam bém m uito natural pelo fato de ele estar sozinho, sem ninguém m ais para servi-lo, e tam bém porque não tinha nada com que tirar a água. Seus discípulos (ver sobre 2.2) ti
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nham ido à cidade a com prar gêneros alim entícios. Parece que, por esse tem po, os judeus e os sam aritanos, apesar de serem m utua mente hostis, ainda m antinham alguns contatos com erciais (os judeus podiam com prar dos sam aritanos), e essa inform ação deve nos ajudar a interpretar corretam ente a sentença parentética de 4.9. 9. Entretanto, a relação entre judeus e sam aritanos não era, de m aneira algum a, cordial, com o dem onstrado pelas palavras que a m u lher usa, ao responder ao pedido desse estranho. Então a m ulher sa m aritana lhe disse: Com o é possível que tu, um judeu, m e peças de beber, a m im , uma m ulher sam aritana? O sotaque e a pronúncia de Cristo foram , provavelm ente, suficientes para indicar que o estranho era um judeu. Para que entendam os a inim izade religiosa entre os dois povos, se faz necessário dar um a breve descrição da história dos sam aritanos. Q uando O séias, o últim o rei de Israel, depois de haver pago tributo a Assíria, transferiu sua lealdade para o Egito, Sam aria, capital do reino do norte, foi cercada pelos exércitos de Salm aneser, e, depois de um longo cerco, foi tom ada por Sargão. Isso aconteceu no ano 722 a.C. A m aioria da população foi tirada de seu país e enviada para a Assíria, Haia, junto a H abor e ao rio Gozã, e para as cidades dos m edos (2Rs 17.3-6). Os que eram m uito pobres receberam autorização para per m anecer na terra de Israel. Estrangeiros, de B abilônia e de outras ter ras foram levados para aquela região devastada, e com o passar do tempo casaram com os israelitas que haviam perm anecido naquela área. A população m isturada que resultou dessa experiência recebeu o nom e de sam aritanos (de Sam aria, a m etrópole, fundada por Onri). Os re cém -chegados de outras colônias não estavam satisfeitos com as con dições que encontraram na nova terra. Eles encontraram o país cheio de anim ais selvagens, e corretam ente atribuíram essa praga ao despra zer de Jeová, a quem haviam ofendido. Eles im ploraram ao seu m onar ca que lhes enviasse um sacerdote israelita para ensiná-los a “lei do Deus desta terra” . Tudo isso resultou num judaísm o adulterado, m istu rado com um culto pagão. Quando o rem anescente dos judeus retom ou para a terra de seus pais (principalm ente, m as não exclusivam ente, daqueles que haviam sido deportados para a Babilônia, em 586 a.C.), e com eçou a reconstruir o altar de oferendas e lançar o fundam ento do
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tem plo, os cium entos sam aritanos e seus aliados tentaram atrapalhar o trabalho (Ed 3 e 4). A razão para tanto ciúm e foi não terem eles rece bido perm issão para cooperar com o trabalho de reconstrução. Eles tinham pedido: “Deixai-nos edificar convosco, porque, com o vós, buscarem os o vosso Deus; com o tam bém já lhe sacrificam os desde os dias de EsarHadom, rei da Assíria, que nos fez subir para aqui.” A resposta que receberam foi a seguinte: “N ada tendes conosco na edificação da casa a nosso D eus.” Os sam aritanos odiavam os judeus por terem recebido essa recusa áspera (cf. tam bém N e 4.1, 2), e subseqüentem ente contruíram seu próprio tem plo no M onte Gerizim. Esse tem plo sam aritano foi destruído por João H icam o, um dos reis m acabeus, por volta de 128 a.C, em bora isso não tenha im pedido os adoradores de continuaram a adorar no cum e da m ontanha na qual se localizava o edifício sagrado. Eles continuam a fazer isso até os dias atuais. Por ocasião da Páscoa, toda a com unidade deixava suas casas e acam pava no topo do M onte Gerizim , onde, quan do a lua cheia surgia no horizonte, o sumo sacerdote dizia as orações e os cordeiros tinham suas gargantas cortadas, de acordo com o costum e de m uitos séculos. Os sam aritanos aceitavam som ente os cinco livros de M oisés, dentre todos os livros do Antigo Testamento. Por um pouco, a im pressão que se tinha era que a seita estava fadada a desaparecer, devido ã sua visão muito fechada e a carência de m ulheres entre eles. M as, com o passar dos anos, eles com eçaram a se casar com m ulheres judias. Os sentim entos negativos dos judeus em relação aos sam aritanos podem ser percebidos em passagens com o 8.48 e o livro apócrifo de E clesiástico 50.25, 26. A atitude igualm ente hostil dos sam aritanos em relação aos judeus é m ostrada em Lucas 9.51 -53. A bondade e a m ise ricórdia de nosso Senhor cruzou as fronteiras do ódio nacional, com o vem os em João 4 e Lucas 9.54, 55; 17.11-19 e na parábola do Bom Sam aritano (Lc 10.25-37). Depois desse breve relato da história da relação entre judeus e sam aritanos, estam os um pouco m elhor preparados para a pergunta da m ulher: “Com o é que, sendo o senhor um judeu, pede de beber a mim.
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que sou um a m ulher sam aritana?” Entretanto, a m enos que levem os em consideração outros fatores, ainda somos tentados a perguntar: “Se os sam aritanos queriam vender com ida aos judeus (4.8), por que não deveriam oferecer-lhes tam bém água?” Ou, poderíam os form ular a pergunta de um a outra maneira, dizendo: “Se os discípulos de Cristo podiam com prar com ida aos sam aritanos, por que aquela m ulher consi deraria estranho que um judeu lhe pedisse água para beber?” A expli cação está na nota explicativa (não im portando se foi acrescentada pelo próprio João ou por outra pessoa): (Porque os judeus não usam [jarras] junto com os sam arita nos.) O verbo que traduzim os por “(não) usam [jarras] junto com ” (ouYXpwvxtxi), com toda probabilidade não se poderia traduzir com o “(não) têm negócios com ” . N a realidade, os judeus se relacionavam com ercialm ente com os sam aritanos, em bora, de acordo com a inter pretação farisaica das leis de pureza (ex., Lv 15), os judeus e os sam a ritan o s não tinham autorização para beberem do m esm o cântaro d ’água.'^'‘ É por isso que essa mulher, entendendo que Jesus terá de usar seu cântaro, está muito surpresa e talvez pouco satisfeita por esse judeu dirigir-se a ela e disposto a beber da água de seu cântaro. 10. Nosso Senhor faz uso desse senso de surpresa da parte da m ulher e aguça a curiosidade dela, para que o senso de respeito que ela m anifestava por ele pudesse aum entar ainda mais, e a obra de res gate de sua alm a da escravidão do pecado e do mal pudesse progredir ainda mais. A pesar de ele não lhe dar um a longa resposta, a pergunta não é ignorada. Jesus m ostra que a pergunta se baseia num a suposição equivocada. Ela tinha surgido da seguinte suposição: o senhor, um j u deu, está necessitado e desesperançado... Eu, uma m ulher sam arita na, sou auto-suficiente, e portanto capaz de suprir sua necessidade. Jesus, ao dar sua resposta, m ostra que o oposto é que é verdadeiro: ela é quem precisa da água, e e/e é a Fonte que pode suprir sua necessida de! Cf. A pocalipse 3.17. Portanto, lemos: Jesus respondeu e disse, Se você conhecesse o dom de D eus e quem é aquele que disse: D ê-m e de beber, seria você que lhe p ed iria, e ele lhe d aria a água viva.'^“* 94. Cf. JBL, 69 (1950), pp. 137-147. 95. A prótase indica uma irrealidade presente, enquanto a apódose refere-se a uma irrea-
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JOÃO 4.10, 11
Nessas palavras, temos mais um glorioso mashal. (Rem etem os o leitor ao que foi dito a respeito desse assunto em conexão com 2.19.) O term o água viva perm ite um a dupla interpretação (da m esm a form a que os term os m isteriosos em 2.19 e 3.3). O caráter enigm ático das palavras causa reflexão e deslum bram ento. Ele fará com que a m ulher faça perguntas. E é exatam ente isso que Jesus quer. M esm o que não consiga entender im ediatam ente o sentido de suas palavras, ela rem oerá as mesm as em sua mente até que, subitam ente, tudo se tom e claro. Isso, com o já dissem os antes, é pedagogia divina! Q uando Jesus falou a respeito do “dom de D eus”, ele falava da “água viva” . M as “água viva” poderia significar tam bém “água nas cente” (Gn 26.19), que borbulha por ela mesma, distinguindo-se da água da chuva, que deve ser coletada num a cisterna ou num reservatório. C ertam ente que, em alguns casos, é preciso um a broca para perfurar a terra, até que se alcance a nascente. O poço de Jacó ilustra esse ponto com precisão. Assim, quando Jesus disse: “ele lhe daria a água viva”, a m ulher interpretou da seguinte maneira: “ele daria não da água que está no poço há algum tempo, mas sim da água da nascente, no fundo do poço” . Contudo, na m ente de Cristo, essa água fresca e pura, que vem da fonte infinita de vida, era um sím bolo da vida eterna e salvação. No entanto, a m ulher ainda não sabe quem é ele - isto é, o A utor da salva ção - , nem o que ele quer dizer p o r água viva. Note tam bém este ponto: há um a leve reprovação nas palavras de Jesus, com o se ele dissesse: “Eu lhe pedi água comum, um dom de m enor im portância, mas você hesitou em me oferecer água; se você tivesse me pedido a água viva, o dom supremo (“o dom de D eus”), eu não teria hesitado, mas lha teria dado im ediatam ente.” Entretanto, a reprovação é suavizada pelas palavras: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem é ele”, querendo com isso dizer: “Você não conhece.” 11. Ela lhe disse: Senhor, não tens balde com que a tirar, e o poço é fundo; de onde tiras essa água viva?
lidade passada. Mas a diferença em tempo é negligenciável: “Se você soubesse agora... então não teria perguntado um momento atrás”.
JOÂO 4.11-14
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Jesus dissera à m ulher que a quem lhe pedisse ele daria a água viva. A mulher, pensando que ele se referia à água nascente, no fundo do poço, respondeu: “Senhor, tu não tens balde com que a tirar” (de avxXoç,, puxar água com um a corda; portanto, aviA-éco: tirar, retirar; e aviÀriiia: o balde com corda, usado para tirar água do poço). N a visão dessa mulher, existem dois obstáculos intransponíveis que im pedem a Jesus de lhe dar a água viva de que falara: a. ele não tem um balde com corda, mas, m esm o que o tivesse, b. o poço ( t ò c|)péap, ver sobre 4.6) é fundo (m ais um a vez, ver sobre 4.6). Com o alguém conseguiria tirar a água viva, que borbulha no fundo do poço, por baixo da água parada, que fica na parte superior? A m u lher está com pletam ente perplexa e m istificada. O que esse estranho está dizendo parece absurdo. Enquanto isso, ela continua a revolver na m ente o enigma. 12. Ela continua, Certam ente não és m aior que nosso pai Jacó (os sam aritanos rem ontavam sua descendência a Jacó, através de José, convenientem ente esquecendo seus ancestrais racialm ente misturados), que nos deu esse poço (explicado em conexão com 4.5), e ele m es m o bebeu dele, bem com o seus filhos e seu gado (literalm ente, rebanhos: infantes, o que quer que precise ser cuidado e alim entado; aqui está se referindo a anim ais)? Em bora a pergunta antecipe um a resposta negativa, ela tam bém m ostra que a m ulher está com eçando a ponderar na grandeza desse estranho. Com isso, ela está se tornando receptiva ao evangelho. 13, 14. Será que ela está questionando a grandeza superior desse estranho? Jesus agora indica que de fato ele é m uito m aior que Jacó, pois o dom que ele dá é infinitam ente mais precioso do que o que foi atribuído ao patriarca. É nesse sentido que a resposta de C risto deve ser interpretada: Jesus respondeu e lhe disse: Q uem beber desta água tornará a ter sede; m as quem beber da água que eu lhe der nunca m ais terá sede; m as a água que eu lhe der se tornará uma fonte de água que se m anterá jorrando para a vida eterna. D esse m odo, Jesus apela para o anseio que ela tinha de descanso com pleto e sa tisfa çã o .
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JOÂO 4.15
O bserve o contraste que Jesus estabelece aqui: A água física do poço de Jacó:
A Água Viva que Jesus dá:
(1) Não pode evitar que alguém tenha sede novam ente.
(1) Sacia a sede da pessoa para sempre, ou seja, provê um a satisfação eterna. Quem se torna crente, será sempre crente. O nascido de novo será sem pre um nascido de novo. Cf. 6.35; tam bém Isaías 49.10; A pocalipse 7.16,17; 21.6; 22.1, 17.
(2) Não penetra a alma, sendo incapaz de suprir suas necessidades.
(2) Entra na alm a e ali perm ane ce, com o um a fonte de gozo e satisfação espiritual.
(3) É lim itada em volume, dim inui e desaparece, sem pre que a bebemos.
(3) É um a água que se autoperpetua (a idéia progressiva, veja também sobre 1.12). Aqui na terra ela sustenta a pessoa espiritualmente, com uma visão para a vida etema, nos reinos de cim a (“para a vida eterna”).
15. A m ulher finalm ente entende que Jesus (v. 14) está se referin do a um tipo muito especial de água. Por isso, ela lhe disse: Senhor, dá-m e dessa água... No entanto, ela ainda acredita que essa água, qualquer que seja o seu valor, é física em sua natureza. Ela acredita que essa água pode estancar a sede física... para que eu não m ais tenha sede, n em ten h a de co n tin u a r a vir tão longe (presente subjuntivo: ÕLépxcüfiaL) para buscá-la. Norm alm ente, se ela quisesse beber da água do poço de Jacó, teria de cam inhar de sua casa até ali, e teria de fazer isso todos os dias, pelo m enos um a vez ao dia. Ela então anseia pela água que não só sacia, m as evita que a pessoa volte a ter sede. Jesus havia dito (4.10): “Seria você quem lhe pediria” esse “dom de
JOÃO 4.16-18
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D eus” . A gora ela realm ente diz: “Senhor, dá-m e dessa água.” C ontu do, seu pedido não está de acordo com a sugestão contida no versículo 10, pois ela ainda não reconhece a natureza espiritual do dom de Deus, nem conhece o caráter do Doador. 16. M uitos não vêem nenhum a ligação entre o pedido da mulher: “Senhor, dá-m e dessa água” (v. 15), e a resposta de Jesus: Ele lhe disse: Vá, cham e seu m arido e volte aqui. Eles são da opinião de que, nesse ponto, o Senhor está m udando de assunto. Outros, de um a m aneira sem elhante, sugerem que o que Jesus queria dizer era algo assim: “Com o você, mulher, foi muito lenta para perceber que, ao m en cionar a água viva, eu estava falando de um dom espiritual, eu agora considero seu caso com o sendo sem esperança. Por favor, cham e seu m arido. Talvez eu seja mais bem -sucedido com ele.” Entretanto, nesse caso teríam os de concluir que Jesus realm ente não sabia que ela não tinha m arido, mas o contexto m ostra que ele sabia desse fato (4.17, 18). Há, contudo, um a ligação muito próxim a entre o pedido da m ulher e a ordem de Cristo. A m ulher quer esta água viva? Se este for o caso, então deve existir um a sede por esta água. Essa sede não será com pletam ente despertada a m enos que haja um senso de culpa, um a consciência de pecado. A m enção de seu marido é a m elhor m aneira de lem brá-la de sua vida imoral. O Senhor está, agora, falando à consciência dela. 17, 18. A m ulher lhe respondeu: Um m arido eu não tenho. A resposta dela é muito abrupta. Ela, que havia falado tanto (obser ve 4.11, 12, 15), repentinam ente se cala. É interessante contar o núm e ro de palavras em suas várias respostas: de acordo com o grego, no versículo 9, ela usa onze palavras (no siríaco, estreitam ente relacionado aos sam aritanos, tam bém onze palavras); no versículo 15, treze pala vras (no siríaco, quinze); nos versículos 11 e 12,42 palavras (no siríaco, 29). No entanto, no versículo 17 ela usa som ente três palavras: “Não tenho m arido” ( o ú k ’é xco a v ô p a ; no siríaco, tam bém só três palavras)! Então, ela é solteira? Talvez viúva? Ela sabe m uito bem que sua breve resposta não representa a verdade. Ela está se pondo em guarda, recu sando deixar-se expor ou desm ascarar. Ela não está, de m aneira algu ma, pronta a fazer um a confissão de seus pecados. Foi isso que querí am os dizer quando dissem os (ver sobre 4.7-10): Estaríam os quase cer
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JOÂO 4.19
tos se disséssem os: por um m om ento ela está tentando ao m áxim o não ser salva. M as o Senhor não a abandona. Ele conclui o que havia com eçado. Jesu s lhe disse: Você está certa em dizer, Um m arid o eu não tenho. N ote que Jesus põe toda a ênfase na palavra marido ao colo cá-la no início da frase, enquanto na frase da m ulher ( o ú k e %a ) avôpa), ela se encontra no final. (Isso, pelo menos é verdade no grego, o que tem algum a im portância. O fato de alguns m anuscritos m anterem a m esm a ordem das palavras em am bos os casos deve-se, provavelm en te, a um a corruptela harm onística). A m ulher está vivendo com um homem . Ela tem um am ante e não um marido, nem m esm o num sentido legal im preciso. Jesus continua, ... porque você já teve cinco m ari d os, e esse que agora tem não é seu m arid o; isso você d isse corretam ente. O Senhor, nesta simples frase, descobre tanto sua vida passada, quanto a presente (cf. 4.29)! Se até m esm o entre os judeus m uitos seguiam a escola m ais liberal de Hillel, ao interpretarem as re gras de divórcio encontradas em Deuteronôm io 24.1, que perm itia ao m arido divorciar-se da esposa sim plesm ente por não se agradar dela, é fácil de se ver que, entre os sam aritanos, as condições referentes ao m atrinônio e divórcio não eram m elhores. Essa m ulher tinha tido cinco m aridos. (É claro ser possível que um ou dois deles tivessem m orrido.) Jerônim o m enciona um a m ulher que tivera 22 m aridos! Não existe nada novo debaixo do sol. C om o Jesus soube de tudo isso? (ver os com entários sobre 5.6). N a conversa com essa mulher, o Senhor indicou que ela obteria um conhecim ento salvífico: a. do dom de Deus, ou seja, da água viva-, e b. do doador desse dom (ver 4.10). Ao expor seu pecado, Jesus está pre parando 0 coração dela para conhecer e receber o dom (4.16-18). Ao revelar sua vida imoral, passada e presente, ele m ostra o caráter do D oador (4.17, 18). Jesus m anifesta-se como Aquele que, em harm o nia com sua natureza divina, é o Onisciente. C om isso, ele tam bém responde à pergunta de 4.12. 19. A m ulher lhe disse: Senhor, percebo que és um profeta. A m ulher não nega as colocações feitas por Jesus com respeito à sua vida imoral. De fato, ao cham á-lo profeta (que para ela significava aquele que podia ler segredos), ela realm ente adm ite sua culpa! João
JOÃO 4.20
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4.29 deixa claro que o resum o de sua m á conduta, feito por este estra nho, a deixou com pletam ente chocada. A pesar de não ver Jesus com o 0 M essias, esse conhecim ento penetrante (“Ele m e disse tudo quanto tenho feito”) a faz pensar no M essias que virá, e cujo conhecim ento será tão im pressionante que discernirá e declarará todas as coisas. 20. Ela continua: N ossos pais adoravam neste m onte (talvez apontando para G erizim ); vocês, porém , dizem que o lugar onde se deve adorar é em Jerusalém . Alguns com entaristas vêem nesse com entário a pergunta (im plíci ta) de alguém que está buscando inform ações a respeito de um assunto no qual está realmente interessado. Outros a consideram com o um a tentativa m uito inteligente de desviar o assunto de um tópico m uito do lorido para alguém de caráter muito m ais inocente. Entendem os que as seguintes observações devem ser levadas em consideração: a. Quando as Escrituras não revelam os m otivos interio res, faríam os bem não falar com ar de certeza. D evem os nos satisfa zer apenas com o sentido de uma probabilidade, b. U m a resposta ou solução provável será a que fizer justiça às consistentes m anifesta ções do caráter do indivíduo. D essa perspectiva, a teoria de que a mulher, ao falar sobre o lugar próprio de adoração, estava tentando m udar o rum o da conversa, m erece consideração, pois foi exatam ente isso que ela tinha tentado anteriorm ente (4.17). N ada é mais com um do que os pecadores tentarem m udar de assunto para evitar ser lem brados de sua conduta pecam inosa, c. No entanto, por que não considerar am bos os com entários com o estando corretos? De fato, esta parece ser a solução m ais plausível. Aqui, conform e nos parece m ais provável, encontram os um a m u lher que, em sua ansiedade de pôr fim a um a conversa que estava se tornando dolorosa para ela, propõe um a pergunta sobre um assunto a respeito do qual já tinha ouvido m uitos com entários, e sobre o qual tem certo interesse. Esse interesse estava sendo ainda m ais estim ulado por esse estranho junto ao poço, cujas colocações a chocaram profunda mente. O Espírito Santo estava trabalhando no seu coração. A pesar de não querer continuar falando sobre a questão de sua vida im oral, ela está com eçando agora m esm o a arrepender-se de sua condição. Po rém , para onde ela irá, e o que deverá fazer? Deve adorar em Gerizim
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JOÃO 4.21, 22
ou em Jerasalém ? (Ver o que dissem os a respeito de G erizim e o lugar de adoração, na nossa explicação de 4.4, 5, 9.) “Nossos pais” (ou seja, A braão e Jacó - Gn 12.7 e 33.20) tinham construído altares em Si quém, nas encostas do M onte G erizim ou em suas cercanias. E o Pen tateuco Sam aritano substitui Ebal, em D euteronôm io 27.4, pelo M onte Gerizim. Os judeus, por outro lado, enfatizavam Jerasalém como o local único e central de adoração.*'"’ Q uem estava certo? - era a pergunta implícita. 21. Jesus responde que o que im porta não é o local de adoração, mas sim a atitude do coração e da mente, e a obediência à verdade de Deus, no que diz respeito ao objeto e ao m étodo da adoração. O que é realm ente im portante não é onde, mas sim como e o quê revelam os em nossa adoração. Jesus lhe disse: Creia-m e. Ele disse isso para enfatizar o cará ter eletrizante da declaração que estava para fazer. A expressão está chegando a hora tam bém se encontra em 4.23; 5.25, 28; 16.2, 25, 32. Q uando o Senhor continua, quando nem neste m onte, nem em J e rusalém vocês adorarão o Pai, ele está profetizando que os eleitos de Deus, de todas as tribos e nações, o servirão (cf. Zc 2.11; M q 1.11). A cláusula pode ser parafraseada da seguinte m aneira: “Está chegando a hora em que, nem exclusivamente nesta m ontanha, nem exclusivam ente em Jerusalém , os adoradores adorarão o Ú nico Pai (por m eio de Jesus Cristo) da Igreja U niversal” . Essa é a resposta do Senhor, com relação a onde se deve adorar (que já contém um a alusão a respeito de como e o quê). 22. Com relação a o quê, o Senhor continua: Vocês (os sam arita nos) adoram o que não conhecem - ou seja, a criatura de sua própria im aginação, havendo rejeitado os livros proféticos e poéticos do Antigo Testam ento; nós (os judeus) adoram os o que conhecem os - ou seja. Deus, conform e revelado em todo o Antigo Testam ento - , porque a salvação vem (€k) dos judeus. Ele diz, literalm ente, a salvação - o resgate específico da culpa, da poluição e da punição do pecado, e a som a total de cada doação espiritual que Deus confere a seu povo, com o resultado da obra redentora de seu Filho. Que essa salvação vem 96. S. BK, p. 437.
JOÂO 4.23
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dos judeus é claro a partir das seguintes passagens: Salm o 147.19, 20; Isaías 2.3; Amós 3.2; M iquéias 4.1, 2; Rom anos 3.1, 2; 9.3-5, 18. 23. Finalm ente, a respeito de como e o quê, Jesus declara o que se encontra em 4.23, 24. Ele introduz estas grandes palavras, usando um a expressão que tam bém se encontra em 5.25. A hora está chegando sim , ela já chegou. N a m ente de nosso Senhor, o estado perfeito do futuro é visto no presente. O presente é o futuro em em brião. Assim, o reino dos céus é tanto futuro quanto presente. Isso se aplica tam bém à vida eterna. É verdade que a adoração ao Pai, em espírito e verdade, não alcançará a perfeição até o grande dia da consum ação de todas as coisas; mas, m esm o agora, a religião da antiga dispensação, que atri buía tanta im portância às datas, aos lugares e às observâncias exter nas, está com eçando a desaparecer. O véu do tem plo será logo partido em dois, de cim a a baixo (M t 2 7 .5 1), e com ele o últim o rem anescente da validade da adoração cerim onial tam bém desaparecerá. ... em que os verdadeiros adoradores (i.e., aqueles que m ere cem esse nom e) adorarão o Pai em esp írito e em verdad e. No Quarto Evangelho, o verbo adorará (indicativo futuro de irpooKuvéco) nunca tem apenas o sentido de respeitará', ver tam bém 4.20, 21, 22, 24; 9.38; 12.20). A frase final, em espírito e em verdade, tem sido objeto de várias interpretações. O contexto é que deve decidir. Jesus enfatizou, seguidam ente, duas coisas: a. a adoração que m erece ser assim cham ada não é obstruída por considerações ou seja, por este ou aquele local (4.21); e b. essa adoração opera no reino da verdade-. um conhecim ento claro e definido de Deus, derivado de sua re velação especial (4.22). N esse cenário, parece, pelo m enos para nós, que a adoração em espírito e em verdade só pode significar: a. honrar a Deus de tal m aneira que todo o ser entra em ação; e b. fazer isso em perfeita harm onia com a verdade de Deus, conform e se encontra reve lada nas Escrituras. Essa adoração, portanto, não será som ente espiri tual, em vez de física; interior, em vez de exterior, m as tam bém se dirigirá ao Deus verdadeiro, conform e ensinado nas Escrituras, e con form e revelado na obra da redenção. Para algum as pessoas, um a atitu de hum ilde e espiritual significa m uito pouco. Para outras, a verdade e a doutrina bem -fundam entada não têm grande im portância. Am bas as posições refletem um grande desequilíbrio, estando, portanto, erradas.
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JOÃO 4.24, 25
Os verdadeiros adoradores adoram em espírito e em verdade \ Por que são pessoas com o essas a quem o Pai está buscando com o seus adoradores, não no sentido em que existem pessoas que se tor naram esse tipo de adoradores, e que o Pai, por assim dizer, os está procurando, m as sim, no sentido em que ele procura seus eleitos para que os tenha com o tais adoradores. Sua busca é salvadora (cf. Lc 19.10). N a obra da salvação. Deus, e não o ser hum ano, é sem pre o que tom a a iniciativa (cf. 3.16; 6.37, 3 9 ,4 4 , 65; 15.16). 24. A necessidade de um a adoração distintivam ente espiritual está enraizada no próprio ser de Deus: Deus é E spírito. O sujeito - Deus - , no original (irveufia ó 0eóç), aparece no final e é precedido pelo artigo. O predicado - Espírito - é a prim eira palavra da sentença, e não é precedido pelo artigo. Cf. nossas observações sobre construção gra m atical da terceira cláusula de 1.1). O predicado é colocado em prim ei ro lugar, para dar ênfase: Deus é plenam ente espiritual em sua essên cia! Ele não é um a divindade de pedra ou m adeira, nem é um a m onta nha divina (Gerizim ). Ele é um Ser pessoal, incorpóreo e independente. Portanto, aqueles que o adoram , devem adorá-lo em esp írito e em verdade. Os verdadeiros adoradores não só adorarão o Pai em espírito e em verdade; eles devem fazer isso. Jesus coloca seu pró prio deve em contraste com o da m ulher (cf. 4.24 com 4.20). (Ver os com entários sobre o v. 23, para o sentido de “adorar em espírito e verdade” .) 25. Os pensam entos da m ulher tinham sido direcionados para a expectativa da vinda do M essias. O conhecim ento penetrante desse estranho a respeito de sua própria vida (4.17, 18; cf. 4.29), e sua per cepção profunda da essência de Deus e de toda a adoração verdadeira (4.21-24) recordam -lhe certas tradições que, com base em D euteronô mio 18.15, 18, haviam sido transm itidas ao povo de Samaria. N ão que ela tenha, de algum a m aneira, reconhecido esse estranho com o sendo o M essias. Longe disso, mas o que ele tinha dito a fez pensar no M essias. C onseqüentem ente, não nos surpreende ler: A m ulher disse, Eu sei que o M essia s está vind o, aq uele que é ch am ad o C risto (um acréscim o feito pelo autor, a seus leitores da Ásia M enor); quando ele vier, nos anunciará todas as coisas.
JOAO 4.26
227
O fato de que tam bém entre os sam aritanos havia um a expectativa m essiânica (observe que a m ulher em prega o term o M essias com o um nom e próprio, sem o artigo) é claro a paitir dessa passagem , de Atos 8.9 e de Antiguidades XVIII, iv, 1, de Josefo. No entanto, em relação à data do cum prim ento, a esperança no coração dessa m ulher era m ui to vaga. E la diz: “Quando ele vier"; isso poderia acontecer no dia seguinte, mas tam bém dentro de alguns anos a partir de agora. C ontu do, o fato que deveríam os enfatizar é o seguinte: ela agora espera! Ela está com eçando a desejar a vinda do M essias, aquele que haverá de lhe dizer com o deixar aquela situação pecam inosa; e mais ainda, ele anunciará claramente todas as coisas (cf. 16.13-15), não som ente a ela, m as também a todo seu povo (“nos”). 26. E agora é chegado o m om ento suprem o da auto-revelação m essiânica. Jesus lhe disse: Eu, o que está lhe falando, sou ele. Essa é a m aior de todas as surpresas! M as essa é tam bém a única solução de todos os problem as, e a única resposta para todas as per guntas que existiam em seu coração. Será que essa m ulher aceitou Jesus com o seu Senhor? Se isso acon teceu, por que é que isso não está declarado explicitam ente? Com rela ção a essas perguntas, referim o-nos ao que já foi dito em nossa expli cação de 4.7-10. Q uando se faz um a pergunta ainda mais profunda: Por que é que Jesus se lhe revelou com o o Cristo, e não para todos com quem ele entrou em contato?, respondem os que era agradável aos olhos do Pai ocultar esse grande fato dos sábios e inteligentes, m as revelá-lo a seus filhos predestinados (M t 11.25, 26). Era seguro para Jesus revelar-se com o 0 M essias? Sobre isso, devem os lem brar que, tanto quanto sa bem os, ele não realizou nenhum m ilagre em Sam aria. Tais obras de poder algum as vezes resultaram na perversão do conceito do ofício m essiânico (cf. 6.15). Tam bém , depois de perm anecer ali som ente por dois dias (4.40), ele continuou em sua jornada rum o a Galiléia. Essa breve perm anência não perm itiu que sua declaração de ser o M essias gerasse oposição por parte das autoridades, criando assim um a crise prem atura.
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JOÃO 4.1-26
Síntese de 4.1-26 Veja o Esboço na p. 98. O Filho de Deus se revelando a círculos crescentes: a Samaria: o diálogo com a mulher samaritana. Jesus, buscando evitar um a crise prem atura, deixou a Judéia em direção a Galiléia. Ele tinha de passar por Sam aria. Ele chegou a Sicar, localizada nessa província, e sentou-se, cansado e sedento, junto à fon te ou poço de Jacó. Ali, envolveu-se num a conversa com um a m ulher sam aritana de vida imoral. O Senhor pediu-lhe que lhe desse de beber; falou com ela acerca da água viva que ele mesm o era capaz de suprir; contou-lhe que esta água viva, não som ente tiraria a sede, mas im pedi ria que ela tivesse sede de novo; revelou-lhe os segredos da vida imoral que ela levava; m ostrou-lhe o caráter da verdadeira adoração, e, final mente, lhe disse ser ele o M essias. O coração da m ulher rebelou-se contra a revelação de sua vida pecam inosa, e tentou m udar de assunto. A prim eira im pressão é que a m ulher está no controle da situação, dando a idéia de que o Senhor estava se deixando desviar de seu objetivo. No entanto, m esm o sem entender, essa m ulher estava sendo conduzida na direção estabelecida pelo próprio Senhor. Será que essa mulher, ao tentar evadir-se do assunto real, não é, em sua natureza, um sím bolo do pecador? O exem plo de Cristo, ao dirigir-se a ela, é um exem plo que devem os seguir, ao m inistrarm os aos perdidos? E sta seção m ostra um a série progressiva de surpresas. Pouco a pouco, Jesus revela quem ele é, e, em concordância com essa autorevelação progressiva, a confissão da m ulher tam bém avança, tendo ela prim eiram ente visto nesse estranho um judeu, depois um profeta e, finalm ente, o Cristo. 27 E nesse momento, seus discípulos chegaram e adm iraram ” que ele estivesse falando com uma mulher. Contudo nenhum disse: O que pretendes com (ela)? ou, Por que estás falando com ela? 28 Então a mulher deixou seu cântaro e voltou à cidade, e disse às pessoas: 29 Venham, vejam um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura seria ele o Cristo? 30 Eles saíram da cidade e vieram a ele. 97. Sobre
òtl,
ver a Introdução, pp. 81, 85.
JOAO 4.27
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31 Nesse ínterim, seus discípulos lhe rogavam, dizendo: Rabi, come. 32 Mas ele lhes disse: Tenho uma com ida para comer, da qual vocês não têm conhecimento. 33 Os discípulos, pois, passaram a dizer uns aos outros: Será que alguém comprou-lhe comida? 34 Disse-lhes Jesus: Minha comida fazer a vontade daquele que me enviou e realizar sua obra. 35 Vocês não estão dizendo: Há ainda quatro meses; e então vem a ceifa? Eu lhes digo: Olhem, ergam os olhos e mirem os campos, que'*'^ Já estão brancos para a colheira. 36 O ceifeiro já recebe a recompensa e recolhe o fruto para a vida eterna, a fim de que o semeador e o ceifeiro possam alegrar-se juntos. 37 Pois, no caso, é verdadei ro o provérbio:“*’ Um é o semeador, e outro é o ceifeiro. 38 Eu os enviei a ceifar o que não trabalharam; outros trabalharam, e vocês entraram em seu trabalho. 39 Ora, muitos samaritanos dessa cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que testificara: Ele me disse tudo quanto tenho feito. 40 Então, quando os samaritanos vieram a Jesus, pediram-lhe com insistência que per manecesse com eles. E ele ficou ali dois dias. 41 Muitos outros creram nele, por causa de sua palavra. 42 E diziam à mulher: Já não é pelo que você disse que crem os, pois nós mesmos temos ouvido e sabem os que este é realm ente o Salvador do mundo.
4.27-42 27. E nesse m om ento seus discípulos chegaram . Note: N esse m om ento! Os discípulos tinham concluído suas atividades em Sicar, e naturalm ente voltaram à fonte. Jesus tinha acabado de fazer sua gran de declaração, chegando a um clím ax de um a m aneira com pletam ente natural e espontânea. No entanto, a providência divina é tal que, naque le exato m om ento - nem antes, para que a conversa com a m ulher não fosse interrom pida, nem depois, para que os discípulos não perdessem aquele grande momento (seu Senhor dignando-se a falar com um a mulher sam aritana), com todas as suas im plicações m issionárias - , os discípu los chegaram ! Essa é um a gloriosa ilustração e m anifestação da opera ção da providência divina, para o progresso do reino de Deus. Eles chegaram , e se adm iraram de que ele estivesse falando com um a m ulher. Não era ele um rabi? Com o poderia ignorar a regra rabínica que dizia: “Que ninguém fale com um a m ulher na rua, nem m esm o com sua própria esposa” ? Os discípulos estavam recebendo um a verdadeira lição a respeito da verdadeira em ancipação das m ulhe98. Para Xva., ver a Introdução, pp. 66, 71. 99. Para ÒTi,, ver a Introdução, pp. 81, 85. 100. Para o ii, ver a Introdução, pp. 80. 85.
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JOÂO 4.28
res. A pesar de continuarem se m aravilhando diante do que viam e ou viam, sua reverência por seu M estre era tão grande que ninguém lhe disse: O que pretendes com (ela)? Se a resposta fosse dada, seria: “Para receber dela água física.” Eles tam bém não perguntaram . Por que estás falando com ela? A resposta, se fosse dada, seria: “Para lhe dar água viva.” 28. E ntão a m u lher deixou seu cân taro, voltou à cid ade e disse às pessoas. As novas m aravilhosas que a m ulher tinha acabado de receber (e que tinha de contar a outros), bem com o a chegada dos discípulos, fez com que ela voltasse à cidade. Ela deixou seu cântaro no poço. Geralm ente, a interpretação dada a esse detalhe é que ela, em seu deslum bram ento diante do acontecim ento estranho que lhe tinha ocorrido, esqueceu seu cântaro no afã de retornar à cidade, e contar a novidade a todos. De acordo com m uitos com entaristas, a história do cântaro de água daquela m ulher é a seguinte: a. Ela, equipada com um cântaro, foi ao poço, querendo tirar água. Antes que pudesse realizar seu intento, um viajante cansado - sabemos que era Jesus - lhe pede de beber. b. A conversa continua, e ela fica tão envolvida no diálogo que o cântaro de água perm anece vazio. c. Depois de ouvir a grande declaração do estranho, ela se apressa em voltar à cidade, esquecendo seu cântaro nas proxim idades do poço. No entanto, m ais natural - e tam bém m ais de acordo com a tradu ção correta da cláusula parentética do versículo 9 - é a seguinte cons trução: a. A m ulher vai ao poço, levando um cântaro para tirar água. Ela tira água do poço, enchendo seu cântaro. Quando o cântaro estava cheio, um estranho, que ela acredita ser um judeu, e que está sentado junto ao poço, lhe pede para beber daquela água. b. Com o sabia não ser com um aos judeus usarem os m esm os cân taros usados pelos sam aritanos, ela não oferece a água que lhe fora pedida, mas pede que ele explique esse estranho pedido. A partir daí, desenvolve-se um a conversa reveladora e interessante. c. Depois de ouvir a grande declaração do estranho, bem com o de convencer-se plenam ente de que a verdadeira adoração é de natureza espiritual, e que, portanto, não pode haver nenhum a objeção básica à
JOAO 4.29-31
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idéia de judeus e sam aritanos beberem do m esm o cântaro, ela, propo sitadamente, deixa o cântaro no poço para que Jesus pudesse saciar sua sede, e assim saber que ela havia guardado no coração a lição sobre a natureza da religião verdadeira. M ais tarde, depois de ter leva do um a m ultidão de pessoas ao poço, ela pega seu cântaro. Quanto a isso, devem os lem brar que 4.28 não diz que ela esque ceu (èTreÀiíaaTo - cf. Fp 3.13), m as sim que deixou (àct)fÍKev, prim eiro indicativo aoristo ativo de áct)Lr|iJ,i,) seu cântaro de água. Exatam ente a m esm a form a desse verbo foi usada anteriorm ente, nesse m esm o capí tulo (4.3): O S e n h o r ..d eixo u a J u d é ia (ó KÚpLoç...â4)fjK€v Tf)v louôaíav). Ele não esqueceu a Judéia, mas, propositadam ente, a dei xou. O m esm o acontece em nosso texto. A m ulher não esqueceu seu cântaro de água, mas, propositadam ente, o deixou ali para que ele o usasse. 29. Essa mulher, de volta a Sicar, juntando um a m ultidão, exclam a: Venham , vejam um hom em que m e disse tudo quanto tenho fei to. Aqui, ela revela a m esm a sabedoria de Filipe, quando falou a N ata nael (1.46). A pesar de não termos razão para duvidar de que, em seu próprio coração, ela já tinha se convencido de que Jesus era de fato o Cristo, ela, m uito sabiam ente, form ula sua pergunta de um a m aneira tal que 0 povo terá de chegar a sua própria conclusão. Porventura seria ele 0 C risto? 30. E les saíram da cidade e foram encontrar-se com ele. A m ultidão partiu im ediatam ente (tempo aoristo), e é descrita com o cam i nhando em direção a Jesus (tempo im perfeito). No versículo 35, é dito aos discípulos que erguessem os olhos e vissem essas pessoas que se aproxim am do poço. No versículo 40, elas já tinham chegado. 31. N esse ínterim , os discípulos continuaram insistindo com ele, dizendo; Rabi, com e! O interesse genuíno pelas necessidades físicas de Jesus finalm ente sobrepujou o deslum bram ento dos discípu los. Assim, no intervalo - entre a partida da m ulher e a chegada dos sam aritanos - , seus discípulos tentavam persuadi-lo, dizendo: “Rabi, com a!” (Sobre o term o Rabi, ver 1.38, nota 44). N a visão daqueles homens, aquela era a hora de comer. Além do mais, Jesus devia estar faminto. Portanto, que ele comesse.
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JOAO 4.32-35
32. M as o Senhor replicou; Eu tenho um a com ida para com er da qual vocês não têm conhecim ento. No original do versículo 32, PpcòoLç é traduzido por comida; enquanto no versículo 34, a palavra grega é Ppcôiioc. João, evidentem ente, usa os dois term os com muito pouca diferença quanto ao significado. Em seu sentido prim ário, o pri m eiro significa com er (exatam ente com o Paulo o usa em IC o 8.4: “Quanto a com er coisas sacrificadas a ídolos”); e daí desenvolve-se um sinônim o para comida. O segundo term o significa comida, virtual m ente qualquer coisa que é com ida, e nesse sentido alim ento (cf. Paulo, em IC o 6.13: “Os alimentos são para o estôm ago”). 33. No versículo 34, o próprio Jesus explica o caráter dessa com i da; ver sobre esse versículo. Trata-se de alim ento espiritual. Com o os discípulos não estavam presentes durante sua conversa com a mulher, eles não tinham conhecim ento dessa com ida m isteriosa ã qual o Senhor se referia. Com o acontece freqüentem ente nesse Evangelho - ver so bre 2.19) - , os discípulos, assim com o a m ulher samaritana, interpretam as palavras de Jesus literalm ente (4.11, 15). Eles são apresentados in dagando uns aos outros: Não teria alguém lhe com prado alim ento? Para eles é m uito difícil im aginar que, na terra dos sam aritanos, alguém pudesse ter trazido com ida para Jesus! 34. Jesus lhes disse: M inha com ida - aquilo que me dá satisfa ção e no qual m inha alm a se deleita - é fazer a vontade daquele que m e enviou - ou seja, o Pai (5.36) (ver tam bém 3.34) - e realizar sua obra - ou seja, conduzir esta obra a seu fim predestinado, cum prindoa e com pletando-a. Na noite da Ceia, algum as horas antes de sua m or te na cruz, Jesus, usando um particípio do m esm o verbo, disse: “Eu te glorifiquei na terra, consum ando (TeÀeLcóaaç) a obra que me deste para fazer” (17.4). A natureza dessa obra é indicada em 17.4, 6. Um verbo derivado da m esm a raiz é usado em 19.28, 30, quando Jesus inclinou a cabeça e entregou seu espírito: TeTéA,eoiai, - “Está consum ado” . 35. Vocês não estão dizendo: H á ainda há quatro m eses; e então vem a ceifa? Os discípulos estavam dizendo isso. Era dezem bo, ou início de janeiro, e a ceifa, nessa região, acontecia em abril ou com e ço de maio. Assim, essa expressão não é um provérbio popular, indi cando o intervalo normal entre a sem eadura e a colheita. À parte do fato de que quatro m eses parece ser um a inform ação incorreta (pois o
JOÃO 4.36
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intervalo é realm ente maior), e que nunca foi encontrado nenhum pro vérbio que se assem elhe às palavras acima, o advérbio ainda não pa rece se encaixar facilm ente ao texto. Num provérbio, o que se espera ria seria sim plesm ente: “Há quatro m eses entre a sem adura e a ceifa”, ou, “há quatro m eses; depois, vem a colheita”, mas não “há ainda quatro m eses; depois vem a colheita” . As palavras que introduzem a indicação cronológica - “Vocês não estão dizendo” - , não ajudam a provar nenhum a das possibilidades. Os discípulos estiveram observan do a plantação de um mês, já viçosa, e então agora estão dizendo: “ ...ain da quatro m eses; e então chega a colheita.” Existe, na m ente de Jesus, um a proxim idade m uito grande - em bo ra tam bém um contraste (ver sobre 4.36, 37) - entre as colheitas física e espiritual. Nos versículos seguintes, a resposta do Senhor baseia-se nesse relacionam ento. Devem os lem brar que nessa ocasião a procis são dos sam aritanos (4.30) já estava bem vísivel e se aproxim ando do poço. Jesus, apontando para aquela colheita de fé (4.39), diz a seus discípulos: O lhem , ergam seus olhos e vejam (0eáaaa0e; ver sobre 1.14, nota 33) os cam pos, que já estão brancos para a ceifa (4.35). A pesar da colheita de grãos estar ainda distante (quatro m eses), a colheita de alm as já poderia ser feita. Q uando Jesus diz aos discípulos para erguer os olhos e ponderar no espetáculo da aproxim ação dos sam aritanos, bem com o para considerar aquele grupo com o um cam po pronto para a colheita, isso indica claram ente que o Senhor os está enviando para fazerem esta colheita?"” 36. A palavra já (f^ôri) pertence ao versículo 36, e não ao 35, onde ela seria redundante. Já - não daí a quatro m eses com o é verdade no caso da colheita física - o ceifeiro recebe a recom pensa e junta seu fruto para a vida eterna. Ele está juntando os frutos destinados à vida eterna (para o significado de vida eterna, ver sobre 1.4 e 3.16). Assim, 0 sem eador e o ceifeiro juntam ente se alegram . Geralm ente há um intervalo considerável entre a sem eadura e a colheita. M as, neste caso, quase não se passou nenhum intervalo de tempo entre a semea101. Note a conexão semelhante entre M ateus 9.37,38 e 10.1. Aqui, Jesus diz aos discí pulos que tudo está pronto para a colheita, m as os trabalhadores são poucos. Ele os exorta a orar, pedir lo ao Senhor da colheita que mande mais trabalhadores. Então, ele os chama e envia ao campo.
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JOÃO 4.37, 38
dura e o tem po da colheira. Portanto, para que o sem eador e o cei feiro possam alegrar-se juntos. Cristo, o semeador, e os discípulos, com o ceifeiros, juntam ente se alegram. Com isso, cum pre-se a profe cia de Amós 9.13: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que o que lavra segue logo ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que lança a sem ente; os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derretarão” . 37, 38. Os discípulos, portanto, com o ceifeiros poderão se regozi ja r com um a colheita espiritual que eles m esm os não tinham plantado, pois a regra no reino espiritual é que o sem eador e o ceifeiro são duas pessoas diferentes. Portanto, Jesus continua: P ois, neste caso, é verdadeiro o provérbio. O btém sua m ais notável ilustração. No reino natural, o provérbio: “Um é o semeador, e outro é o ceifei ro”, freqüentem ente coiTesponde aos fatos reais da vida, como, por exemplo, um hom em que colhe onde não plantou (Dt 6.11; Js 24.13), ou um sem eador que nunca pode experim entar a alegria da colheita (Dt 28.30; Jó 31.8; M q 6.15): outra pessoa faz a colheita. Porém, no reino espiritual, o com um é que um colha onde outro sem eou. C ada um dos obreiros do Reino é, ao m esm o tem po, um ceifeiro (daquilo que tem sido sem eado por outros), e um sem eador (da sem ente que produzirá um a colheita que será colhida por outros). Portanto, tanto o sem eador quanto o ceifeiro se alegram com este plano divino: sem pre haverá um campo para ser colhido. Eu os enviei a ceifar, diz Jesus. A pergunta que tem sido feita é: “Que tipo de com issionam ento está indicado nessa sentença?” Ele não pode referir-se ao que se encontra registrado em M arcos 3.13-19, nem ao conteúdo de M arcos 6.6-13 (cf. M t 9.35-11.1), pois os aconteci m entos ali descritos ainda não tinham acontecido. Além do mais, nes sas passagens, os discípulos são enviados a sem ear e não a colher. É tam bém duvidoso se Jesus tinha 4.2 na mente. E ssa passagem se refe re à obra dos discípulos na Judéia. M uito m ais em harm onia com o contexto presente, pelo menos assim nos parece, é a idéia de que Jesus referiu-se ao com issionam ento que está claram ente im plícito em 4.35 (ver os com entários sobre 4.35). Eu os envio a ceifar o que vocês não
JOÂO 4.39-41
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sem earam . O utros trabalharam , e vocês entraram em seu traba lho. Ali, em Samaria, o Senhor havia justam ente com issionado seus discípulos para colherem aquilo que eles não tinham sem eado. Outros tinham trabalhado entre esses sam aritanos, e agora discípulos foram com issionados a ceifar (ou seja, colher os frutos) de seu trabalho. M as, quem eram esses outros que haviam trabalhado arduam ente? Aqui, m uitos introduzem M oisés, os profetas do Antigo Testam ento, João B atista, entre outros. M uito m ais em harm onia com os fatos históricos e com 0 contexto im ediato, é a inferência de que o Senhor está se referindo a si m esm o - pense na obra de am or realizada por ele, ali no poço, conform e está registrado em 4.1-26 - e a m ulher sam aritana, cuja obra preparatória está registrada em 4.29, 39. Tanto Jesus quanto a m ulher sam aritana estiveram trabalhando entre os sam aritanos: Je sus, indiretam ente, por meio da m ulher sam aritana; ela, por sua vez, diretam ente, entre seus vizinhos. Agora, os discípulos entram tam bém nessa obra. 39. O que tem os agora é a continuação da história que com eça em 4.28, 29. O ra, m uitas pessoas de Sicar creram nele por causa do testem unho da mulher, que testificara: Ele m e disse tudo quan to tenho feito, isto é, eles estavam profundam ente im pressionados com os poderes misteriosos daquele hom em , que podia revelar o passa do de um a pessoa. 40. Além do mais, eles tinham um a atitude am igável para com Je sus. De fato, estavam até m esm o tão ansiosos para encontrar aquele estranho pessoalm ente, para verem por si m esmos o que ele fazia, que eles foram a ele. Eles dem onstram tam bém hospitalidade e pediram lhe com in sistên cia que p erm anecesse com eles. Jesus não evangelizou a província de Sam aria. De acordo com a vontade de seu Pai celestial (4.4), ele ficou ali dois dias apenas, lim i tando seu trabalho a um a pequena vila. Portanto, nada, neste relato, entra em conflito com a ordem dada aos discípulos em M ateus 10.5. E devem os lem brar que aquela ordem foi de caráter inteiram ente tem po rário. Ela foi deixada de lado e suplantada pela G rande Com issão (Mt 28.18-20). A lgum tem po m ais tarde, m uito trabalho foi realizado nessa cidade e na província de Sam aria (At 8). 41. E m uitos outros creram nele, por causa de sua palavra. A
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JOÃO 4.41, 42
atitude dos sam aritanos ao redor do poço se contrasta diretam ente com a dos outros sam aritanos daquela vila, que mais tarde recusaram rece ber a Cristo, por ele estar indo para Jerusalém (Lc 9.51 -56). No entan to, não precisam os supor que a fé de todas aquelas pessoas de Sicar que foram ver Jesus foi um a fé salvadora. Para algum as delas, prova velm ente perm aneceu no nível de 2.23 (ver os com entários sobre esse versículo). Para outras, podem os seguram ente presum ir que sua fé as cendeu ao m ais alto nível, depois de elas terem ouvido as palavras do próprio Jesus. Também, o núm ero dos que o aceitaram por causa de suas próprias palavras foi m uito m aior que o núm ero dos que creram devido às palavras do testem unho da mulher. 42. E eles estavam dizendo. A quele grupo m uito m aior de cren tes agora se dirige à m ulher com estas palavras: Não é m ais pelo que você disse que crem os, m as porque nós m esm os ouvim os e sa bem os que este é verdadeiram ente o Salvador do m undo. Note, a este respeito: (1) A conversa (i^ ÀaÀi.á) da m ulher é contrastada, aqui em 4.42, com a palavra (ó XóyoQ - 4.41 ) de Cristo. Entretanto, o testem unho da mulher, em 4.39 (para |j,aptupLa e jiaptupéco, ver sobre 1.7), é chamado de palavra dela (Àóyoc). (2) O que os sam aritanos dizem envolve um princípio que é válido para todas as épocas: o contato pessoal com Cristo é indispensável para que a fé possa ser completa. (3) Os sam aritanos cham am Jesus “o Salvador do m undo” .'“ O Senhor dissera à m ulher sam aritana que a salvação vem dos judeus (4.22). Ele, em sua breve perm anência entre eles, teria enfatizado que essa salvação era, no entanto, para o mundo. N a verdade, essa verda de gloriosa já está im plícita em 4.21, 23. Para o conceito de Salvador, aplicado à pessoa de Jesus, estude as seguintes passagens: M ateus 1.21; Lucas 2.11 ; Atos 5.31 ; 13.23; Filipenses 3.20; Efésios 5.23; Tito 1.4; 2.13; 3.6; 2 Tim óteo 1 .1 0 ;2 P e d ro 1.1, 11; 2.20; 3.2, 18. O título com pleto. Salvador do mundo, pode ser encontrado não apenas aqui, em 4.42, mas tam bém em 1 João 4.14. Este m undo consiste dos eleitos 102. Os romanos chamavam o seu imperador de Salvador do mundo. Ver A. Deissman, Light From The Ancient East (trad, por L. R. M. Strachan), Nova York, 1922, pp. 364-365.
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de cada nação: das terras dos gentios (no presente contexto, das terras dos sam aritanos), bem com o dos judeus. Para os vários sentidos do term o mundo, no Quarto Evangelho, ver sobre 1.10, nota 26). Com o o Salvador do mundo, Jesus, com base em seu próprio sa crifício infinito, e por meio dele, tira a culpa, a poluição e a punição do pecado, e derram a no coração e na vida daqueles a quem ele abençoa, todos os frutos da operação do Espírito Santo.
Síntese de 4-27-42 Veja 0 Esboço na p. 98. O Filho de Deus revelando-se a círculos crescentes: a Samaria; trabalho entre o povo de Sicar. Quando os discípulos, no m om ento providencial, voltaram de Sicar, depois de terem feito suas com pras, foram tom ados de surpresa ao ver 0 M estre conversando com um a mulher. Jesus então, de um jeito calm o e sem ostentação, lhes dá um a lição sobre a verdadeira em ancipação espiritual da mulher. O Senhor, sem entrar nos detalhes da ordem da criação em relação ao lugar da mulher, claram ente indica que, diante de Deus, a alm a de um a m ulher não é menos preciosa que a do homem. A mulher, agora que Jesus alcançou o clím ax glorioso de sua autorevelação, e depoi.s da chegada dos discípulos, se apressa em voltar à vila para contar ao povo as grandes novas. Ela deixa, propositadam en te, o seu cântaro no poço, para que Jesus possa saciar sua sede. O Senhor não havia deixado claro que a verdadeira adoração é, em sua natureza, essencialm ente espiritual, e que isso se aplica a todos, quer sejam judeus ou sam aritanos? Portanto, porque, pois, um judeu hesita ria em beber da água do cântaro de um a pessoa de Sam aria? A o chegar a Sicar, a m ulher conta a história e desperta a curiosida de de seus vizinhos, perguntando: “Venham, vejam um hom em que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura seria ele o C risto?” Enquanto ela estava em Sicar, os discípulos de Jesus, ao redor do poço, aprenderam que a necessidade que o Senhor tinha de alim entarse não se com parava com sua satisfação intensa em trazer aquela m ulher das trevas para a luz, cum prindo assim a vontade de seu E nviador ce lestial. Q uando os sam aritanos se aproxim aram de Jesus, ele exortou seus discípulos a olharem aquela procissão com o um a colheita espiri-
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JOÂO 4.27-42
tuai. A sem ente havia sido lançada apenas alguns m om entos atrás prim eiro, pelo próprio Jesus no coração da m ulher, e então por ela, no coração de seu povo - , e o tem po da colheita já tinha chegado ! Com o o reino físico é diferente, pois naquele m om ento a colheita ainda dem ora ria m ais de quatro meses! E que grande privilégio os discípulos têm de colher o que eles não tinham semeado. Os samaritanos, ao aceitarem Jesus pela fé, m ostram um contras te profundo com a m aioria dos judeus. Se levarm os em consideração toda a história (4.1 -42), o progresso na fé é claram ente observável, com Jesus sendo considerado, prim eiramente, apenas um judeu comum, depois com o um profeta, então o M essias e, finalm ente, sendo cham a do o Salvador do mundo. A onisciência revelada pelo Senhor indica, indubitavelm ente, que ele é o Cristo, o Filho de Deus. Portanto, o autor do Quarto Evangelho alcança, um a vez mais, seu objetivo (20.30). 43 Ora, passados dois dias, ele partiu dali e foi para a Galiléia. 44 Porque o próprio Jesus testificara: Um profeta não tem iionra em sua própria terra. 45 Assim, quando chegou a Galiléia, os galileus o receberam, porque viram todas as coisas que ele fizera em Jerusalém por ocasião da festa; pois eles também haviam comparecido. 46 Ora, ele foi de novo para Caná da Galiléia, onde transformara água em vinho. E em Cafamaum havia um oficial do rei, cujo filho estava doente. 47 Quando ouviu dizer que Jesus viera da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e lhe rogou que descesse para curar seu filho, que estava à morte. 48 Jesus, pois, lhe disse: A menos que vocês vejam sinais e maravilhas, definitivamente não crerão. 49 O oficial lhe disse; Senhor, desce anles que meu querido filho morra. 50 Jesus lhe disse; Siga em frente, seu filho está vivo. O homem creu na palavra que Jesus dissera, e se foi. 51 Ora, enquando ele descia (para Cafamaum), seus servos o encontraram, dizendo que"” seu filho estava vivo. 52 Então ele lhes perguntou a que hora seu filho começara a melhorar, e lhe disseram; Ontem, à hora sétima, a febre o deixou. 53 Portanto, o pai soube que essa era a hora exata em que Jesus lhe dissera; Seu filho vive. E ele próprio creu, bem como toda sua casa. 54 Ora, este foi o segundo sinal que Jesus realizou depois que veio da Judéia para a Galiléia.
103. Para
o ti,
veja a Introdução, pp. 81, 85.
JOÃO 4.43-45
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4.43-54 43-45. O ra, passados dois dias, ele partiu dali e foi para a G aliléia. P orque Jesus m esm o testificara: Um profeta não tem honra em sua própria terra. Então, quando chegou a G aliléia, os galileus o receberam , tendo visto todas as coisas que ele fizera em Jerusalém , por ocasião da festa, pois eles tam bém com pare ceram à festa. Esse parágrafo apresenta um problem a. Ele nos inform a que Jesus voltou a Galiléia, porque “um profeta não tem honra em sua p ró pria terra". O que exatam ente isso quer dizer? De um a lista de expli cações que têm sido oferecidas, selecionam os as seguintes: (1) A lguns dizem que Jesus mantém seu plano de ir para a G a liléia, apesar de saber que um profeta não tem honra em sua p r ó pria casa (ou seja, na Galiléia).'"^ Não podem os aceitar essa explicação. A passagem claram ente in dica que Jesus foi para a G aliléia porque sabia que um profeta não tem honra em sua própria terra. Ele não foi para essa província apesar de, mas p o r causa desse fato. A palavra que liga o versículo 43 com o 44 é a partícula porque (yáp), em seu sentido causai. (2) O utros dizem que Jesus vai de Sicar p ara a G aliléia p o r saber que em sua própria terra - ou seja, na terra de seu nascim ento, Judéia - seu trabalho tinha sido infrutífero."'^^ Também rejeitam os essa explicação pela sim ples razão de que em todos os outros lugares dos Evangelhos o term o sua própria terra claram ente aponta para a Galiléia, nunca para a Judéia. Ver M ateus 13.54, 57; M arcos 6.1, 4; Lucas 4.16, 24. Nessas passagens encontra mos 0 m esm o provérbio, m as o país a que se refere é aquele em que Nazaré está localizada. Em bora Jesus tenha nascido em B elém da Ju déia, seus pais m oravam na Galiléia, e foi na G aliléia que ele cresceu e tornou-se adulto. A G aliléia era, portanto, sua própria terra. 104. Cf. com Vv'. Grosheide, Kommentaar op het Nieuwe Testament. Johannes, Amsterdã, 1950, vol 1, p. 324. Ele afirma que o sentido da passagem é que Jesus não leva em conta o fato, já bem conhecido, de que um profeta não é honrado em sua própria terra. 105. Esta é a posição de C. Bouma. Het Evangelie Naar Johannes, in Korte Verklaring, Kampen, 1927, p. 69.
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JOÂO 4.43-45
(3) E então existem aqueles que dizem que Jesus fo i para a G ali léia, mas somente depois de ter alcançado notoriedade e ser esti m ado em Jerusalém, pois ele sabia que um profeta não tem honra em sua própria terra (i.e., na Galiléia). Com a conquista da estima d a s p e sso a s da Judéia, ele descobre que a G a liléia agora está p ro n ta p a ra honrá-lo. Os que defendem essa possibilidade afirm am que o versículo 45 prova que essa teoria é a correta. O versículo mencionado diz o seguinte: “Então, quando ele chegou na Galiléia, os galileus o receberam por que viram todas as coisas que ele fizera em Jerusalém , por ocasião da festa, à qual eles tam bém tinham com parecido” . Devem os adm itir que essa explicação tem alguns pontos a seu fa vor: a. ela faz ju stiça ao sentido da partícula causai porque (relaciona m ento causai); b. ela interpreta corretam ente o term o sua própria terra com o se referindo a Galiléia; e c. ela, de um a certa maneira, leva em consideração o contexto. No entanto, não estamos dispostos a aceitar essa teoria. Nossas objeções são as seguintes: a. E la vê mais do que o texto realm ente diz. D izer que “Jesus partiu... e foi para a Galiléia... Porque ele m esm o tinha testificado que ‘Um profeta não tem honra na sua própria terra’” , não é o m esm o que dizer: “Jesus não foi para a G aliléia até ter-se tornado fam oso em Jerusalém , pois ele m esm o tinha testificado que ‘Um profeta não tem honra em sua própria terra’” . No prim eiro caso (o texto literal), é dada um a razão para a ida de Jesus para a Galiléia. Já no segundo caso, é fornecida um a razão para explicar o m otivo pelo qual ele trabalhou em Jerusalém antes de ir para a Galiléia. Essas são duas proposições diferentes, e os que defendem esse ponto de vista nunca deixarão de presum ir que o leitor já conhecia o conteúdo do versículo 45 antes m esm o de ter lido o versículo 44! b. Esse entendi m ento afirm a que a intenção do texto é indicar que Jesus foi honrado na Galiléia. No entanto, em outras passagens em que o m esm o term o é usado, o que acontece é exatam ente o contrário (M t 13.54-58; M c 6.16; Lc 4.16-30: o povo, em vez de honrá-lo, tenta m atá-lo). Além do m ais, quando o texto de 4.45 declara que os galileus o receberam por 106. Cf. C. H. Len.ski, The Interpretation o f John. Columbus, Ohio, 1931, pp. 332-335.
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terem visto seus m ilagres, isso não deve ser interpretado com o indican do que eles o tivessem honrado (4.48 ensina o contrário). U m entusi asm o exterior, m uitas vezes por m otivos egoístas, não pode ser confun dido com honrarias. (4) A inda há outra explicação: Jesus fo i para a Galiléia porque ali não precisava tem er que essa honra viesse a provocar um cho que com os fariseus, o que criaria uma crise prematura.'^^’’ As razões que nos levam a aceitar essa posição são as seguintes: a. Ela é a mais simples e óbvia. E la não só faz justiça ao termo sua própria terra (quando a interpretam os à luz de passagens parale las nos Evangelhos), e tam bém à ligação causai, expressa pela partícu la porque, com o tam bém aceita os versículos 43 e 44 conform e os m esm os são apresentados, sem qualquer tentativa de atravancá-los com inserções m entais ou construções históricas preconcebidas. O conteú do dos dois versículos pode então ser brevem ente analisado da seguinte maneira: Depois de dois dias, Jesus partiu de Sicar. Ele foi para a G ali léia, sua terra natal. Ele fez isso porque sabia que um profeta não tinha honra em sua própria terra, conform e ele m esm o já tinha testificado. b. Essa exposição está completamente de acordo com o contex to antecedente. Q uanto a isso, devem os lem brar que os versículos 43 e 44 resum em o pensam ento que foi expresso nos versículos 1-3. O relato da conversa de Cristo com a m ulher sam aritana e de sua obra entre os sam aritanos (4.4-42) é, na verdade, um interlúdio. A natureza razoável da explicação aparece quando 4.1-3 e 4.44 são lidos em seqüência: “Quando o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido, ‘Jesus está ganhando e batizando mais discípulos que João’ - em bora o próprio Jesus não batizasse, mas sim seus discípulos - , ele deixou a Judéia e voltou novam ente para a Galiléia.... porque ele m esm o tinha testem u nhado, ‘Um profeta não tem honra em sua própria terra’.” c. Ela está em completa harmonia com o contexto subseqüente. Em bora os galileus estivessem , com certeza, satisfeitos em receber em seu m eio um operador de m ilagres (4.45), eles não lhe conferiram a 107. Cf. M. Dods, The Gospel ofSt. John, na série The E xpositor’s Greek Testament, pp. 732-733.
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JOÃO 4.46
honra devida (4.48). L ogo eles com eçaram a m urm urar a seu respeito (6.41), e finalm ente m uitos o abandonaram (6.66). 46. Foi novam ente a Caná da G aliléia... O Grande M inistério Galileu com eça neste ponto. Ele cobre o perí odo de dezem bro do ano 27 até abril do ano 29 A.D - cerca de seis meses. Depois da morte de Herodes, o Grande, no ano 4 a.C., seu reino foi dividido entre seus filhos, da seguinte maneira: Arquelau tom ou-se o etinarca da Judéia, Sam aria e parte da Iduméia, reinando nessas regiões de 4 a.C. até 6 d.C. Q uando ele foi de posto, seu território foi colocado sob o controle de procuradores, que se sucederam nessa posição. Um deles foi Pôncio Pilatos, o procurador que ordenou a crucificação de Jesus. Ele ocupou sua posição entre os anos de 26 a 36 d.C. Filipe foi feito tetrarca da região a leste e nordeste do M ar da Galiléia. Lucas o cham a “tetrarca da região de Ituréia e Traconites” (Lc 3.1). H erodes Antipas recebeu a região form ada pela G aliléia e Peréia, sobre a qual reinou com o tetrarca de 4 a.C. a 39 d.C. Ele era irm ão de Arquelau. Assim, durante seu Grande M inistério Galileu, Jesus trabalhou nos dom ínios de Herodes Antipas. Esse é o Herodes dos Evangelhos (ex ceto M t 2 e Lc 1). Os Evangelhos de M ateus e M arcos dedicam um grande espaço a esse Grande M inistério Galileu; o mesmo também acontece com o Evan gelho de Lucas (M t 4.12-15.20; M c 1.14-7.23; Lc 4.14-9.17). Com o o propósito do Evangelho de João é selecionar som ente os acontecim entos na vida do Senhor nos quais sua divindade é claram en te evidente (ver pp. 51 -55), e com o seu autor pressupõe que seus leito res estão fam iliarizados com o conteúdo dos outros Evangelhos (ver a Introdução), não nos surpreende que o registro do Grande M inistério Galileu, neste Evangelho, seja limitado a apenas dois acontecim entos; a cura do filho de um oficial do rei (4.46-54) e a m ultiplicação dos pães (capítulo 6). O m ilagre que está registrado no capítulo 5, apesar de ter ocorrido durante os m eses do Grande M inistério Galileu, realm ente aconteceu na Judéia.
JOÂO 4.46
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O ponto principal, entretanto, é o seguinte: Jesus Cristo, o Filho de Deus, está se revelando a círculos crescentes de pessoas. Ele, um a vez mais, dirige-se a Caná da Galiléia. N essa cidade, ele opera um m ilagre no qual sua m ajestade e seu poder divino são exibidos de um a m aneira impressionante. O nde ele tinha transform ado água em vinho. A C aná para onde Jesus foi era a m esm a cidade em que o Senhor havia realizado o seu prim eiro sinal (vernossos com entários sobre 2.1-11). N atanael m orava ali (21.2), A notícia da chegada de Jesus a C aná logo alcançou Cafarnaum , que ficava cerca de três quilôm etros a sudoeste do ponto em que o rio Jordão, que vem do norte, desagua no M ar da Galiléia. Essa era a cidade de Tiago e João, filhos de Zebedeu e Salom é. Ela era um centro de coleta de im postos, e provavelm ente tam bém alojava um posto m ili tar rom ano. Ver tam bém sobre 2.12. E em C afam aum havia um ofícial do rei. N esse ponto, o autor introduz um oficial do rei ( t l ç p a a i À L K Ó c ) . Ele era, com toda probabili dade, um dos oficiais do tetrarca Herodes Antipas. N ão sabem os seu nome. Portanto, identificá-lo com C uza (procurador de H erodes; Lc 8.3), ou com M anaém (At 13.1) é pura adivinhação. Parece que ele era judeu, pois em 4.48 é incluído na m ultidão dos judeus (cf. 2.23) que estavam interessados em Jesus, principalm ente com o um operador de m ilagres. Não é im possível que ele tenha ido a Jerusalém durante a Páscoa, e enquanto estava lá tenha visto alguns dos m ilagres feitos por Jesus. Q ualquer que seja o caso, ele reconheceu que o novo profeta tinha o poder de curar, pois já tinha havido tempo suficiente para a fam a de Jesus se espalhar pela Galiléia. Cujo filho estava doente ... à m orte. O texto nos inform a que aquele hom em tinha um filho que estava doente. Se ele era seu único filho (o que alguns com entaristas inferem a partir da expressão ó ulóç em 4.46, 50) ou não, é algo que não podem os afirmar. Não podem os nem ter certeza de que o filho dele era ainda um a criança pequena. O Q uarto E vangelho usa o term o iraLÓícv, tanto no sentido de um a crian ça pequena (16.21), quanto no sentido de um term o de estim a ou fa m ilia rid a d e (21.5). U m a coisa, no entanto, sabemos: aquele filho estava com um a do ença m uito séria. Ele estava à morte (4.47, 49).
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JOAO 4.48-50
Q uando ele ouviu que Jesus viera da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e lhe rogou com insistência que descesse e curas se seu filho. O pai da criança enferm a, que tinha viajado de C afam aum a Caná, com eteu pelo m enos dois erros: (1) Ele entendia que, para que Jesus realizasse aquela cura, teria que viajar de C aná para Cafam aum , bem com o teria de estar ao lado da cam a do garoto. N esse aspecto, a com paração com o centurião, cujo servo estava enferm o (Lc 7.1-10), e com quem algum as vezes tem sido confundido, não lhe é nada favorá vel. (2) Ele tam bém estava convencido de que o poder de Cristo não se extende além da morte. Jesus tem de descer imediatamente, pois o filh o está à morte. Se ele se atrasasse, e o filho viesse a morrer, tudo estaria perdido. Sua “fé” era desse tipo. N a base desses dois erros havia um terceiro, que é indicado no parágrafo seguinte: 48-50. E ntão Jesus lhe disse: A m enos que vocês vejam si nais e prodígios, definitivam ente não crerão. Jesus lam enta que esse hom em , que já tinha ouvido a respeito de tantas coisas que Jesus tinha feito (e talvez até m esm o visto), ainda se encontra no degrau m ais baixo da escada da fé. Sua confiança, e a de outros com o ele, precisa va ser constantem ente alim entada pelos sinais e prodígios. Ele não crê na pessoa divina de Cristo, nem em sua palavra, se a m esm a não for acom panhada por um milagre. Q uando Jesus falou de sinais e maravilhas, ele não estava se re ferindo a dois tipos diferentes de ações sobrenaturais. M uito ao contrá rio. A m esm a obra de poder é um sinal, quando visto de um a certa perspectiva, e um a m aravilha (xépaç) quando visto de outra. (Para o sentido do term o “sinais” - ornielow - , ver sobre 2.1 -11.) Um prodígio é algo surpreendente. O term o vê a obra de poder não do ponto de vista da ilum inação que traz para o entendim ento da pessoa e obra do Se nhor, pois nesse caso seria um sinal, m as sim do ponto de vista do efeito que ela tem sobre os espectadores. Esses espectadores estão sem pre procurando por algo eletrizante ou sensacional! Por isso Jesus diz, “A m enos que vocês vejam sinais e m aravilhas, definitivam ente não (oi) |j,TÍ) crerão” .
JOAO 4.51, 52
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Essa flecha de suave reprovação alcançou seu alvo. Com o vemos em 4.50, esse hom em guardou no coração a palavra de aviso e séria adm oestação. A o m esm o tempo, seu coração está com pletam ente do m inado pela situação da saúde de seu filho. O oficial, portanto, derra m a sua alm a aflita nestas breves palavras de urgência: ele lhe disse: Senhor, desce antes que m eu querido filho m orra. Jesus, que, nesse exato m om ento estava curando tanto o corpo do filho quanto a alm a do pai, disse-lhe: Vá em frente, seu fílho vive. Essa últim a frase não deve ser dim inuída, quanto ao conteúdo, para significar que “o filho vai viver” . Não. Ela indica que, por meio de um a obra de onipotência, realizada nesse m om ento, a criança está com ple tam ente restaurada, e portanto gozando de perfeita saúde e vigor. O hom em cuja fé, até esse m om ento, estivera baseada em m ila gres, agora avança para um estágio m ais elevado: ele creu na palavra que Jesu s dissera. Ele aceitou a palavra, m esm o sem ter visto a obra. No dia seguinte (cf.4.52), provavelm ente ao raiar do sol, ele pôsse a cam inho de volta a Cafam aum . 51. E nquanto ele ainda descia (para C afam aum ), seus servos o encontraram , dizendo-lhe que seu filho estava vivo. Os servos, em C afam aum , tinham visto a recuperação repentina e im pressionan te. Eles não podem aguardar o retorno de seu senhor, e, cheios de regozijo, lhe saem ao encontro. Podem os facilm ente discenir, nas en trelinhas, que naquela casa a relação entre o senhor e seus servos era m uito boa. Os servos, a cam inho para o encontro de seu senhor, logo que o vêem, lhes dão a boa-nova. A frase que eles usaram , com toda probabilidade,'"** foi quase idêntica àquela que havia sido dita pelo pró prio M estre: “Seu filho está vivo” . Note: Jesus usou o term o seu filh o (õ ulóç aou); o pai usou o term o “meu querido filh o " (xõ -traLÔíov |j,ou), m as os servos, em 4:47, agora dizem seu filho. 52. A pergunta que o pai faz aos servos é m uito natural: Ele lhes perguntou a que hora seu fílho com eçara a melhorar. E eles lhe disseram : O ntem , à hora sétim a, a febre o deixou. Aqui, um a vez mais, som os confrontados com o problem a da contagem das horas no 108. Não podemos estar inteiramente certos, por estarmos tratando, nesse texto, com um discurso indireto.
246
JOÃO 4.53, 54
Quarto Evangelho. E agora, com o antes, a m aneira rom ana de com pu tar as horas do dia parece oferecer a explicação m ais natural. Se hora sétim a significa um a hora da tarde (pela m aneira judaica de contar as horas), terem os de im aginar que o oficial, depois de ouvir dos lábios de Jesus que seu filho estava curado, decidiu perm anecer ali, em Caná, pelo resto daquele dia, não partindo para casa senão na m anhã seguin te; ou que, depois de ter cam inhado alguns quilôm etros, ele passou o resto da tarde e noite em algum a vila, à beira da estrada, antes de dirigir-se à sua casa, a fim de ver seu filho. Ora, isso certam ente é com pletam ente antinatural. A explicação que às vezes é apresentada por aqueles que, no entanto, favorecem a contagem de tem po judaica, é a seguinte: o pai, deliberadam ente, atrasou seu regresso a C afam aum por saber que “aquele que crer não foge” (Is 28.16). Porém , não teria o am or daquele pai por seu filho, agora com petam ente restaurado, tê-lo im pelido im ediatam ente de volta à sua casa? Adicione-se a isso que, se a m aneira judaica de contar o tem po for usada na explicação desse texto, ainda haveria m uito tem po para tentar chegar em casa antes da m eia-noite. Será que devem os, de fato, aceitar que, tanto o pai quanto os servos, tenham agido de um a m aneira tão vagarosa? Por outro lado, se a cura foi efetuada às sete horas da noite, de acordo com a m aneira civil rom ana de contar o tempo, podem os entender que o pai não pode ria alcançar C afam aum até o dia seguinte. Em bora a distância entre C aná e C afam aum fosse de apenas 26 quilôm etros, a m aior parte pela zona m ral m ontanhosa, de tal m aneira que se levaria de seis a sete horas para percorrê-la. (Para outros exem plos do m odo do dia civil rom ano de contar as horas do dia, ver os com entários sobre 1.39 e 4.6.) 53. Q uando os servos responderam : “Ontem, à hora sétima, a fe bre o deixou”, 0 oficial im ediatam ente reconheceu a hora: o pai, por tanto, soube que essa era precisam ente hora em que Jesus dis sera: Seu fílho vive. E o próprio pai creu, bem com o toda sua casa, ou seja, todos os que m oravam naquela casa: talvez, além do pai, a mãe, os servos, o filho curado, os outros filhos, se houvesse algum que tivesse chegado à m aioridade. É claro que não é necessário presum airm os que havia outros filhos naquela casa. Por outro lado, tam pouco é necessário presum ir que ele era o único filho. 54. O ra, este foi o segundo sinal que Jesus fez depois de ter
JOÃO 4.54
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vindo da Judéia para a Galiléia. Depois de ter returnado da Judéia para a Galiléia, esse foi o segundo sinal que o Senhor fez naquele lugar. A m bos ocorreram ali, em Caná. Em am bos, o Senhor m anifestou sua glória. Primeiro, ao transform ar água em vinho, ele indicou seu controle absoluto sobre o universo físico. E agora, por meio desse segundo sinal, ele havia dem onstrado que a distância física não representa nenhum obstáculo para a m anifestação de seu poder e amor. Em am bos os casos, 0 Salvador revelou-se com o o Filho de Deus (20.31). E, final mente, esses dois m ilagres foram usados pelo Senhor com o meios (em conjunção com suas palavras) de produzir fé no coração de seus filhos. Q uando o prim eiro sinal aconteceu, os discípulos creram . Depois de o segundo sinal ter acontecido, não som ente o oficial do rei creu, mas tam bém toda sua casa tornou-se crente. Esse é o cam inho norm al do reino. Deus é o Deus do pacto. Sua prom essa é de abençoar os pais crentes e seus descendentes (Gn 17.7; SI 105.8-10; A t 2.39).
Síntese de 4A3--54 Veja o Esboço, p. 98. O Filho de Deus se revelando a círculos crescentes; a Galiléia: a cura do filh o do oficial do rei. Jesus, depois de colher frutos para a vida eterna em Sam aria, reto m a sua jornada em direção a Galiléia. D essa vez, ele não volta para a Judéia, onde o crescim ento rápido do núm ero de discípulos estava con tribuindo para um a possível crise prem atura (4.1-3), m as sim, continua em sua jornada para o norte, sabendo que o perigo im ediato na Galiléia, sua terra, não seria tão grande quanto na Judéia; “U m profeta não tem honra em sua própria terra.” Ao chegar em C aná - o lugar onde havia realizado seu prim eiro m ilagre - , um judeu de posição nobre pediu-lhe que fosse à sua casa im ediatam ente. Esse hom em parece ter sido um oficial a serviço do “rei” Herodes Antipas, que, na verdade, era um tetrarca (Lc 3.1; 3.19; 9.7, literalm ente significando: o controlador da quarta parte do reino, e m ais tarde o governador de qualquer parte do país; portanto, um “pe queno” rei). O filho do oficial do rei estava muito enferm o cm sua casa, na cidade de Cafam aum . O pai então pediu que Jesus fosse a Cafarnaum com o fim de curar seu filho.
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JOÂO 4.43-45
O Senhor não só concedeu saúde física àquele filho, mas tam bém conferiu cura espiritual ao pai, cuja fé ele transform ou, da m aneira que segue: (1) de um a simples crença no p o d e r m ilagroso de Cristo (4.47,48); (2) para um a fé nas palavras de Jesus (4.50); e, finalm ente, (3) para um a fé na pessoa de Cristo, juntam ente com toda sua casa. A glória de Cristo, neste segundo sinal, m anifestou-se de um a m a neira im pressionante. Jesus, em alguns casos, curou a pessoa enferm a por m eio de seu toque (M c 1.41); outras vezes, pela im posição das m ãos (M c 1.31) ou por meio de um a ordem (M c 2.11). Aqui, entretan to, não há nada disso. O Filho de Deus estabele sua vontade. O resulta do? O poder curador entra instantaneam ente no corpo do garoto, restaurando-o com pletam ente... de um a distância de alguns quilôm etros.
C a p ít u l o 5 JO Ã O 5.1-18
5
1 D epois dessas coisas houve um a festa dos ju d eu s, e Jesus subiu a Jerusalém. 2 Ora, em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco pórticos. 3 Nestes jazia uma multidão de inválidos, cegos, coxos, parah'ticos. 5 Ora, havia ali um homem que tinha sido afligido por sua doença há trinta e oito anos. 6 Quando Jesus viu esse homem deitado ali, e quando soube que estivera nessa condição há muito tempo, disse-lhe: Você quer ficar bom? 7 O doente lhe respondeu: Senhor, não tenho ninguém q u e‘™ me ponha no tanque quando a água é agitada; e, en quanto eu vou, desce outro antes de mim. 8 Jesus lhe disse: Levante-se, tome sua esteira e ande. 9 Imediatamente o homem foi curado, e tomando sua esteira e pôs-se a andar. Aquele dia era sábado. 10. Por isso os judeus passaram a dizer ao homem curado: Hoje é sábado; e é contra a lei carregar sua esteira. 11 Mas ele lhes respondeu: O homem que me curou foi quem me disse: Tome sua esteira e ande. 12 Eles lhes perguntaram; Quem é o homem que lhe disse; Tome (sua esteira) e ande? 13 Ora, o homem curado não sabia quem era, porque Jesus se retirara da multidão que estava nesse lugar. 14 Depois dessas coisas, Jesus cruzou com ele no templo e lhe disse; Veja bem, você já foi curado. Não mais prossiga no pecado, ou algo pior poderá acontecer-lhe.'"’ 15 Então o homem voltou e disse aos judeus que fora Jesus quem o curara. 16. E por essa razão os judeus passaram a perseguir Jesus, porque ele estava fazendo essas coisas no sábado. 17 Mas ele lhes respondeu; Meu Pai está trabalhando até agora, e eu também estou trabalhando. 18 Então, por essa razão, os judeus faziam todo o possível para matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também chamava Deus seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.
109. Sobre'íi^a, ver a Introdução, pp. 66, 70. 110. Literalmente, “para que alguma coisa pior não aconteça com você”.
250
JOÃO 5.1
5.1-18 1. A expressão depois dessas coisas (neià xaOia, que ocorre em 3.22; 5.1, 14; 6.1; 7.1; 13.7; 19.38 e 21.1) não indica, necessariam ente, que tenha se passado um longo período (em 19.38, esse não pode ser m esm o o sentido). Ela, no entanto, se distingue da expressão depois disso ( |j . e T á t o G t o , que se encontra em 2.12; 11.7, 11; 19.28, e em todas essas passagens se refere a acontecim entos que ocorreram pouco depois) por ser mais indefinida. Ela sim plesmente não dá nenhum a indi cação a respeito da duração do período que se passou desde que se deram os últim os acontecim entos que foram relatados. Portanto, não sabemos quando exatam ente ocorreu o grande m ila gre que é alvo de nossa atenção neste capítulo. O que sabem os é que houve um a festa dos judeus, m as tam bém essa indicação é muito indefinida. A que festa o autor se refere? Em nossa discussão dessa questão, a Tabela dos Festivais Judai cos, que requer consideração aqui, pode ser útil. Os nomes dos meses são, naturalm ente, aproxim ados; ou seja, eles não correspondem , exa tamente, àqueles do calendário religioso judaico. O período coberto vai do batism o de Cristo à descida do Espírito Santo. M ARÇO
ABRIL
M AIO
OUTUBRO
DEZEMBRO
Durante o ano 26 d. C. D edicação
Durante o ano 27 d.C. Purim
P áscoa 2.13,23
Purim
P áscoa 5.1?
Purim
Páscoa 6.4
Purim
P áscoa 12.1;13. 19.14
P entecoste
T abernáculos
D edicação Cf. 4.35
Durante o ano 28 d. C. P entecoste
T abernáculos
D edicação
Durante o ano 29 d. C. P entecoste
T abernáculos 7.2,37
Durante o ano 30 d. C. P entecoste A tos 2.1
D edicação 10.22,23
JOÃO 5.1
251
U m a olhada rápida nessa tabela deixa claro que a festa indicada em 5.1 não pode pertencer ao ano 26, ou m esm o ao ano 27 d.C., porque o texto de 4.35 já nos transporta ao m ês de dezem bro de 27 d.C. Tem -se sugerido que a Páscoa m encionada em 6.4 é a do ano 28 d.C., e que portanto a festa de 5.1 é o Purim desse ano. C ontra essa visão, apresentam os as seguintes objeções: (1) D epois de ter deixado a Judéia, pelas razões declaradas em 4.1 3, 43, 44, Jesus não teria retom ado tão rapidam ente àquela região, a m enos que fosse com o propósito de participar de um a das três festas de peregrinação. (2) Purim não era um a das festas de peregrinos. Ela era celebrada na sinagoga local, onde, nessa ocasião, com grande júbilo, era lido o livro de Ester. (3) A Páscoa m encionada em 6.4 nos transporta à parte fin a l do G rande M inistério Galileu. Ora, se essa Páscoa tiver ocorrido em 28 d.C., então todo aquele longo m inistério, durante o qual aconteceram m uitas coisas im portantes, terá de se lim itar a um período de quatro m eses. Isso está fora de questão. Porém , se a festa de 5.1 não foi o Purim do ano 28 d.C., e se (com o é clai‘o em 6.1 - depois dessas coisas) ela não pode ser a Páscoa de 6.4, então esta última deve ser datada no ano 29 d.C. Portanto, chegam os à conclusão de que a festa de 5.1, se era um a das três festas judaicas de peregrinação,'" seria a Páscoa, o P ente costes ou a Festa dos Tabem áculos, do ano 28 d.C. Entre essas três, o term o festa dos judeus (5.1) é usado em outros lugares, no Q uarto Evangelho, para indicar tanto a Páscoa (6.4) quanto a festa dos Tabernáculos (7.2). A lém do mais, em am bos os casos acim a, o original tem o artigo definido antes do substantivo festa . A s sim, a om issão do artigo aqui, em 5.1, de acordo com a m elhor evidên cia textual, não decide a questão a favor de nenhum dos argum entos.
111. É difícil acreditar que, nes.sa ocasião, Jesus teria ido a Jerusalém para participar de uma celebração de menor importância, como a Festa das Trombetas, embora alguns co mentaristas favoreçam essa idéia.
252
JOÂO 5.2
Concluímos, portanto, declarando como nossa posição que essa festa “sem nom e”, a. deve ter sido um a das três festas da peregrinação; b. deve ter acontecido no ano 28 d.C.; e c. foi, com toda probabilidade, a Páscoa ou a Festa dos Tabem áculos (sem excluir a possibilidade de ter sido o Pentecostes). A favor da Páscoa, dois argum entos adicionais são às vezes apresentados: 1. esta posição é apoiada pela tradição de Irineu; e 2. essa era a única festa a que os israelitas deveriam com pa recer. Entretanto, a evidência não é totalm ente conclusiva. O texto nos inform a que foi Jesus quem com pareceu à festa: E Jesus subiu a Jerusalém . N ada é dito, em todo esse capítulo, a res peito de seus discípulos. M as isso não prova que eles não o acom pa nharam . É possível que aqui, com o em outras ocasiões (ex., 3.22; cf. 4.2), todo 0 grapo tenha subido para a festa, em bora apenas seja m en cionado o nom e do líder. (Sobre a expressão “ele subiu para Jem salém ” , ver 2.13.) 2. Em Jerusalém , junto à Porta das O velhas, há um tanque, cham ad o em heb raico B etesda, o qual tem cin co p óticos. N ão distante da Porta das Ovelhas (Santo Estêvão?) que, provavelm ente, recebeu esse nom e porque, através dela, muitas ovelhas eram conduzi das para ser sacrificadas no átrio do tem plo, havia um tanque. Popu larm ente, esse lugar era conhecido com o B etesda {casa de m isericór dia), em bora a palavra Betasta (aramaico: casa da oliveira?) tenha m aior com provação textual. D epois de muitas suposições com respeito à identidade desse tan que, sua localização foi finalm ente estabelecida, para a satisfação da m aioria dos estudiosos. O tanque (ou, de fato, o reservatório que o form ava) foi descoberto em 1888, por ocasião da obra de restauração da igreja de Santa Ana, a nordeste de Jerusalém . U m a pintura desbota da na parede m ostra um anjo “agitando” a água. Portanto, paiece que a igreja prim itiva considerava esse tanque com o sendo o referido no texto em estudo. Nos dias de Jesus, ele tinha cinco pavilhões ou colu natas cobertas onde os enferm os podiam descansar protegidos do cli m a inclem ente."^ 112. Ver Joaquim Jeremias, Die Wiederentdeckung von Bethesda, Gottingen, 1949. Tam bém W. p. 99 e Gravura XVII B.
JOÃO 5.3
253
3. Nestes cinco pórticos ou salas jazia uma m ultidão de inváli dos, de várias descrições, particularm ente cegos, coxos e p aralíti cos, isto é, ressequidos ou paralisados (Çripóç: literalm ente, seco\ por tanto, encolhido pela doença: cf. M c 3.3; Lc 6.6). A parentem ente, o hom em curado por Jesus era um desses ressequidos. C onvém obser var que, além dos coxos e paralíticos, tam bém os cegos buscavam ser curados nesse tanque. Será que algum cego foi curado no tanque de Betesda? Ou será que as bênçãos recebidas pelo coxo levaram o cego a im aginar que poderia haver cura tam bém para ele? Depois do versículo 3 da A.R.V., a A.V. tem o seguinte: Versículo 3b “. ... esperando que se m ovesse a água” . Versículo 4: “Porquanto um anjo descia no tanque em certo tempo, e agitava a água; e então o prim eiro que entrava no tanque depois de agitada a água, era curado de qualquer doença que tivesse. N enhum dos m elhores e m ais antigos m anuscritos tem essas pala vras, que não foram retidas na A .R .V ."’ Por outro lado, Tertuliano (145-220 d.C.) m ostra que já conhecia esta passagem , pois ele declara: “Um anjo, co m sua intervenção, agitava a piscina em Betesda. As pessoas que se encontravam enferm as aguardavam por ele; pois, qual quer que fosse o prim eiro a descer às águas, depois de se banhar, dei xava de se queixar” {Sohre o Batism o, V). A seguir, apresento o que m e parece ser um a posição razoável com relação a toda essa história, e particularm ente com referência às pala vras que são om itidas nos m elhores m anuscritos antigos e tam bém na A.R.V.: (1) Provavelm ente seja m uito m ais difícil explicar com o essas pala vras foram om itidas de todos os m elhores m anuscritos, se elas tives sem sido, realm ente, um a parte do texto original, do que explicar a m a neira pela qual elas foram colocadas no texto (ex., com o um a nota explicativa m arginal, pretendida com o um a explicação para a agitação da água, m encionada em 4.7, e que atribuía essa “agitação” à visita periódica de um anjo).
113. Ver, ainda sobre este assunto, A. T. Robertson, An Introduction to the Textual Criticism o f the New Testament, Nova York, 1025, pp. 154, 183, 209.
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JOÂO 5.5, 6
(2) Com base no texto, conform e o m esm o se encontra nos m elho res m anuscritos e na A.R.V. (i.e., com a om issão de 4.3b e 4), não é necessário acreditar que a agitação da água era na verdade devida a algum a causa sobrenatural. Também, a idéia de que, depois da agita ção, o prim eiro que conseguia entrar no tanque era curado, não é apre sentada aqui com o sendo, necessariamente, a crença do autor do Quarto Evangelho, nem com o o ensino do Espírito Santo, mas sim, com o a opinião do hom em doente (4.7b). (3) Por outro lado, é verdade que não devemos excluir a possibili dade da atuação sobrenatural de um anjo. N unca deveríam os nos es quecer que um a interpolação na m argem do texto pode ser correta. Nos dias do m inistério terreno de nosso Senhor, os anjos repetidam ente tinham proem inência, e os poderes e as energias incom uns desem pe nhavam um im portante papel. (4) No entanto, deve-se enfatizar que o m ilagre que ocorre aqui quando esse homem enferm o é curado não é atribuído a nenhum a vir tude m edicinal inerente a esse tanque em particular, nem a qualquer atividade angélica, mas sim, ao poder e am or de Jesus! N a verdade, quando o Senhor cura esse hom em , ele nem m esm o usa o tanque (constraste 9.7; 2Rs 5.10, 14). E é nesse milagre que devem os colocar toda a ênfase, não sobre se os m ilagres aconteciam ou não nesse tanque. 5. Estava ali certo hom em , isto é, entre os inválidos havia um hom em que, mais do que qualquer outro, atraiu a atenção de Jesus. Tratava-se de um hom em que vinha sendo afligido por sua doença há trinta e oito anos. Isso não significa, certam ente, que ele estivera nesse local por todo esse tempo. O m otivo pelo qual João escolheu esse m ilagre para ser incluído em seu Evangelho já foi declarado (ver Introdução). 6. Q uando Jesus viu esse hom em deitado ali, e quando sou be que estava n essa con d ição há m uito tem p o. Jesus viu esse hom em ; sem dúvida, ele o olhou com olhos de sim patia (cf. M c 8.3; 10.21), sondando a própria alm a dele. O Senhor sabia que o inválido estava nessa condição há muito tempo. Onde ele obteve esse conheci m ento? Existem três possibilidades, nenhum a das quais deve ser des prezada:
JOÂO 5.7
255
(1) A lguém pode ter-lhe dado essa inform ação, de um a m aneira perfeitam ente natural e hum ana. N este caso, deveríam os traduzir: “e quando ele foi inform ado...” (2) O Pai pode ter-lhe revelado isso. (3) A natureza divina de Cristo pode ter transm itido esse conheci m ento à sua natureza hum ana, de um a m aneira que não conseguim os com preender. Sabendo então que esse hom em estava nessa condição há m uito tem po, Jesus fala com ele. Ele lhe disse: Você quer ficar bom ? Será que essa pergunta indica que a alm a desse hom em havia descido a um estado m órbido, no qual havia perdido até m esm o o desejo de ser curado? Se esse era ou não o caso, essas palavras, com toda probabi lidade, foram ditas para conscientizá-lo de seu estado de m iséria total e de sua incapacidade para libertar-se dela, de m odo que, por sua vez, essa confissão fizesse com que a cura m ilagrosa pudesse ser clara m ente ressaltada. A pergunta de Jesus tam bém contém um a prom essa de ajuda. 7. O enferm o lhe respondeu: Senhor, não tenho ninguém que m e ponha no tanque quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de m im . Parece que a regra naquele tanque era: “C ada um por si” . N in guém jam ais ajudara esse pobre hom em , cuja capacidade de locom o ção era m uito limitada, por causa de sua aflição física. Ele nunca con seguia m over-se com rapidez suficiente: alguém sem pre chegava antes dele no tanque. E se, quanto a isso, podem os dizer que nos dias de hoje as coisas são diferentes - haveria alguém para ajudar: um atendente ou um a enferm eira - , não devem os esquecer que a m elhora das condi ções atuais, sem pre que ocorre, pode rem ontar-se à influência do cora ção am oroso e com passivo de Cristo, conform e revelado nas Escritu ras, incluindo o presente capítulo. Com o já dissem os que a causa da agitação da água poderia ser natural ou sobrenatural. Se a causa era natural, a agitação súbita deviase a um a nascente de água que alim entava o tanque. Em geral, pode mos dizer que a cena de pessoas enferm as ao redor das fontes de água m ineral nunca foi incom um . Pense nas fontes ao redor de Tiberíades,
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JOAO 5.8-10
ou nas fontes de água quente, no estado de Arkansas, EUA, que, muito antes da chegada dos espanhóis, já eram consideradas com o que dota das do poder de cura.
8.
Q uando o hom em com entou, em total desesperança, que alguém sem pre entrava no tanque antes dele, será que a luz de sim patia e enco rajam ento que brilhava nos olhos de Jesus reviveu em algum a m edida a esperança, especialm ente diante da pergunta que Jesus fez: “Você quer ser curado?” Será que ele pensou que na próxim a vez que a água se agitasse, aquele estranho estaria disposto a colocá-lo na água? Que surpresa ele teve quando, repentinam ente, o C urador lhe dirigiu pala vras que nunca m ais esqueceria: Jesus lhe disse: L evante-se, tom e sua esteira e ande."'' Que desafio era aquele a um hom em que aca bara de confessar sua com pleta incapacidade! A esteira à qual Jesus se refere (KpápatToç, cf. latim grahatus) era um a cam a de cam panha ou padiola, ou um colchão fino. O hom em recebeu a ordem de levantarse, tom ar sua esteira e com eçar a caminhar. 9a, Im ediatam ente, o hom em foi curado. Ele obedeceu e foi curado imediatamente (eòGécoç). O próprio fato de que o autor do Quarto E vangelho, em contraste com M arcos, raram ente usa a expressão im e diatamente, ou instantaneamente (tam bém em 6.21 e 18.27; para eú0úç, ver 13.30, 32; 19.34), indica que ele quer pôr ênfase especial no caráter súbito e com pleto da cura. U m a vez mais, a glória do Filho de Deus é revelada. Essa recuperação não foi gradual nem parcial; podem os muito bem acrescentar que nem sua enferm idade era um em buste com o al guns, no entanto, supõem). Todos os que se auto-intitulam “curadores”, ou “operadores de m ilagres” , deveriam fazer um estudo profundo deste relato m aravilhoso. Quando Jesus em itiu sua ordem, um a força e um vigor renovados tom aram conta do corpo desse hom em , e ele, tom an do a esteira, pôs-se a andar. 9b, 10. E aquele dia era sábado. Então os judeus passaram a dizer ao hom em curado. Jesus curou esse hom em num sábado. Então desenvolve-se um a controvérsia entre Jesus e os ju d eu s (para o significado específico 114. Dos três imperativos, o primeiro é um presente aoristo; o segundo é um aoristo; o terceiro é um presente durativo: continue andando.
JOÃO 5.11, 12
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desse term o no Quarto Evangelho, ver sobre 1.19). Os fariseus tinham acrescentado à lei de Deus suas próprias distinções m inuciosas e as restrições rabínicas. Isso era m ais evidente ainda com referência ao sábado, com o m ostram os em conexão com 3.1. Em vez de entenderem esse dia com o um dia de consagração especial para a prática de obras de gratidão pela salvação que Deus lhes havia dado, eles o viam com o um dia para interrom per todo trabalho (ordinário) com o objetivo de buscar a salvação que seria dada a todos os que m erecessem . Para eles, o sábado significava inatividade; para Cristo, ele significava traba lho. Para eles, o sábado representava sofrim ento; para Cristo, descan so. N a visão deles, o hom em foi feito para o sábado; na de Jesus, o sábado foi feito para o homem. Conseqüentem ente, os judeus disseram àquele hom em curado: Hoje é sábado, e é contra a lei carregar seu leito. Eles estavam se refe rindo, sem dúvida, a Êxodo 20.10, e m ais especificam ente a Jerem ias 17.19-27 (“Assim diz o Senhor: Guardem -se, por am or da sua alma, não carreguem cargas no dia de sábado, nem as introduzam pelas por tas de Jerusalém ; não tirem cargas de sua casa no dia de sábado...”) e a Neem ias 13.15 (“N aqueles dias, vi em Judá os que pisavam lagares ao sábado e traziam trigo que carregavam sobre jum entos; com o tam bém vinho, uvas e figos e toda sorte de cargas, que traziam a Jerusa lém no dia de sábado; e protestei contra eles por venderem m antim en tos neste d ia”). N essas passagens, a referência clara é àquele tipo de atividade que estava ligada ao trabalho com um , visando ganhar di nheiro. Ao proibir ao ex-enferm o de carregar sua esteira - com o se isso fosse com parável a levar ao m ercado produtos para serem ven didos e g erar lucro! - eles estavam fazendo um a caricatura da lei de D eus. 11. A resposta do homem curado foi direta. Ele lhes respondeu: O hom em que m e curou foi quem m e disse: Tome sua esteira e ande. Seu raciocínio foi o seguinte: aquele que operou um a obra tão gloriosa - provendo um a recuperação com pleta e instantânea a um hom em inválido, que estivera naquela condição atrofiada por trinta e oito anos! - tem o direito, m esm o no dia de sábado, de dizer à pessoa curada o que fazer. 12. Eles lhe perguntaram : Q uem é o hom em (i.e., o cam arada.
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JOAO 5.13, 14
num tom de escárnio) que lhe disse: Tome e ande? Eles não per guntam , “Quem curou você?” Eles não estão interessados nessa recu peração gloriosa do hom em . Eles estão interessados som ente nos regu lam entos m inuciosos que eles m esm os criaram e estabeleceram . Em seu grande zelo pela m anutenção dos regulam entos, até m esm o esque cem de ver o caráter ridículo de sua queixa; eles não parecem entender que, afinal, o que o hom em estava carregando era apenas um leito (ver p. 256). Assim, eles até m esm o om item essa palavra. Com o vêem a questão, o pecado que o hom em havia com etido era o seguinte; a. Ele tinha levantado algo, algum a coisa, não im portando o que essa coisa era; b. e estava cam inhando com ela! Entretanto, eles revelam algu m a lógica ao tentar descobrir quem lhe dera a ordem para fazer aquilo. 13. O ra, o que fora curado não sabia quem era, porque Jesus se retirara da m ultidão que havia naquele lugar. O hom em curado não conhecia a identidade de seu Benfeitor, pois im ediatam ente depois de ter feito o m ilagre Jesus se retirou do meio da m ultidão daqueles que tinham vindo àquele lugar para a visita no dia de sábado. Teria Jesus se retirado para evitar um a dem onstração pública? Ou, talvez, para que ele pudesse encarar os próprios líderes religiosos em vez de seus segui dores? Ou, com o outros sugerem , para que aquele hom em pudesse fortalecer-se em suas convicções, ao ter de explicá-las sem a ajuda de alguém ? Q ualquer que tenha sido a razão, ou com binação de razões, o fato é que o hom em curado foi incapaz de indicar quem havia transfor mado sua tristeza em alegria. 14. D epois dessas coisas, Jesus cruzou com ele no tem plo, e lhe disse: Veja bem , você já foi curado. Não prossiga no pecado, ou algo pior poderá acontecer-lhe. P ara a expressão depois dessas coisas, ver sobre 5.1. Jesus en controu o homem curado no templo, provavelm ente no átrio dos gen tios. O texto não nos perm ite estabelecer se esse encontro aconteceu no m esm o dia da cura, no dia seguinte, ou até m esm o m ais tarde. Tam bém não existe nada no texto, ou no contexto, que indique o propósito que levou esse hom em ao tem plo. H avia m uitas razões - estritam ente religiosas ou não tão estritas - pelas quais os judeus, em grande núm e ro, entravam na casa de Deus e passavam algum tem po lá. Assim , não é com pletam ente certo que a presença dele no tem plo, nessa ocasião
JOÂO 5.15
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em particular, tenha sido para levar um a oferta de gratidão a Deus por sua cura. Por outro lado, a razão pela qual Jesus continuou sua obra nele parece ser mais óbvia. Em todo o relato da cura (4.1-13), nada é dito com respeito a um a m udança em sua condição espiritual. Seu corpo tinha sido curado. E não é de adm irar que o C urador agora restaure sua alma. Portanto, Jesus lhe dirige as seguintes palavras: “Olhe, você fo i curado. N ão m ais continue no pecado, ou algum a coisa p io r p o derá acontecer-lhe”. Em nossa interpretação desta passagem discor dam os daqueles com entaristas - e eles são m uitos - que entendem que 0 Senhor estava dizendo: “Você, mais de trinta e oito anos atrás, com e teu um pecado. Com o resultado, você tornou-se fisicam ente deform a do e paralisado. A gora eu o advirto a não pecar novam ente, ou algum a coisa pior poderá acontecer-lhe.” Ao contrário, o tem po presente do verbo ()ir)KéTt, áfiápiavt), que traduzimos: “Não m ais continue no peca do” , m ostra que Jesus está se referindo não ao que supostam ente acon teceu quase quarenta anos atrás, mas à condição presente desse ho mem."^ Seu estado presente indicava que ele não estava reconciliado com Deus, e Jesus sabia disso. Portanto, o Senhor o adverte a não continuar nessa condição. Se ele não m udar sua condição, há guardada para ele um a coisa pior do que a enferm idade da qual ele tão recente m ente fora libertado. Não é provável que por “algum a coisa pior” Jesus estivesse se referindo ã punição etem a? Isso é possível, já que o relato não contém um a única palavra que indique a causa da enferm idade física desse hom em . Esta explicação tam bém se harm oniza com as palavras de Cristo em 9.3. 15. C heio de gratidão no coração, o hom em retirou-se e disse aos judeus que fora Jesus quem o curara. Entretanto, notam os um a diferença interessante entre a pergunta dos líderes religiosos judeus e a resposta dada pelo homem. Eles perguntaram : “Q uem é o hom em que lhe disse: ‘Tome sua esteira e ande’?” M as ele respondeu: “Foi Jesus quem me curou” . Ele pôs a ênfase onde ela deveria estar, ou seja, na cura, pela qual os judeus tinham dem onstrado tão pouco interesse. I L5. Cf. F. W. Groslieide, op.cii., pp. 352-353. Concordamos com ele.
260
JOÃO 5.16-18
16. Tão intensa era a ira das autoridades judaicas quando a aten ção deles fixou-se em Jesus, que eles determ inaram no coração perse gui-lo até a morte. E por essa razão os ju d eu s passaram a perse gui-lo. O verbo se refere a um a atividade hostil contínua. Ela se tom a cada vez m ais determ inada, até que, finalm ente, prega Jesus na cm z. Sobre o caráter progressivo dessa perseguição, ver p. 309. A razão para esse ódio é definida nestas palavras: porque ele estava fazendo essas coisas (curando aquele hom em e dizendo-lhe que tom asse sua esteira e andasse) no sábado. 17. Os judeus, nesse m om ento, com eçaram a falar com Jesus pes soalm ente, acusando-o de violar o sábado? Ou o Senhor, conhecendo o coração deles, fala com eles antes? De um modo ou de outro, o Senhor, defendendo-se, indica que, ao realizar aquela obra de m isericórdia num sábado, agiu de conform idade com o exem plo de seu próprio Pai (note m eu Pai; e veja sobre 1.14, a natureza da filiação de Cristo), e no cum prim ento do m andato que ele lhe havia dado. Os judeus queriam , real m ente, dizer que a essência do sábado é a inatividade, e que é errado realizar qualquer trabalho nesse dia? M as então eles não estariam acu sando o próprio Deus de violar o dia sagrado? Se até esse m om ento o Pai realizara a obra de preservação e redenção, com o é que o Filho, que goza do relacionam ento m ais íntimo possível com ele (5.19-23), não faria o m esm o? Em últim a análise, o Pai e o Filho estão em penha dos na mesm a obra. Assim lemos: M as ele lhes disse: M eu Pai está trabalhando até agora, e eu trabalho tam bém . 18. Então, por essa razão (ôià t o Gt , exatam ente com o em 4.16), os ju d eu s ainda mais procuravam m atá-lo, isto é, eles já haviam decidido m atá-lo porque não som ente violava o sábado (na avalia ção deles, ele era um violador do sábado), mas agora essa determ ina ção estava se tornando ainda mais intensa, ativa e enérgica, e isso por um a segunda razão: m as tam bém dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. O autor, ao usar as palavras: mas tam bém dizia que D eus era seu próprio Pai, fa zen d o -se igual a D eus, evidencia, m ais um a vez, o propósito de seu Evangelho. Esse propósito era fortalecer os crentes para que pudessem continuar crendo que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tivessem vida em seu nom e (Jo 20.30, 31).
JOÂO 5.1-18
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AJém de seu posicionam ento em relação ao sábado, a segunda razão que o levou à cruz foi por ter se igualado a Deus. Quando as autorida des judaicas ouviram Jesus chamar Deus “meu (próprio) Pai”, elas não tentaram fazer o que muitos modernos fazem. Elas não tentaram dim i nuir o caráter da reividicação filial de Cristo. Elas, im ediatamente, enten deram que Jesus estava afirmando sua divindade no mais alto sentido do termo. Essa afirmação era ou a m aior das blasfêmias, que m erecia ser punida com a morte, ou era a mais gloriosa verdade, que deveria ser aceita pela fé. O próprio caráter do sinal que Jesus havia realizado deve ria ter levado esses líderes religiosos a adotarem a segunda alternativa. Em vez disso, eles escolheram a primeira. Síntese de 5.1'18
Ver o Esboço na p. 98. O Filho de D eus Rejeitado na Judéia, com o Resultado da Cura do Hom em em Betesda, no Sábado, e Sua R eividicação de Ser Igual a Deus. Jesus esteve realizando seu m inistério em Jerusalém e na Judéia por oito meses. Então, depois de um a perm anência de apenas dois dias em Sam aria, ele entrou na Galiléia. L á tam bém ele já havia feito muitos milagres, um dos quais tinha sido a cura do filho de um oficial do rei, um sinal particularm ente notável, especialm ente em vista do fato de que foi feito à distância de cerca de 25 quilôm etros da residência do m enino doente. O G rande M inistério G alileu já se desenvolvia por cerca de quatro meses. D urante o curso desse m inistério, o Senhor estava cum prindo a profecia de Isaías 9.1; “Deus, nos prim eiros tem pos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali; mas, nos últim os, tom ará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios” . A G aliléia estava cheia de entusiasm o e deslum bram ento, m as não da fé verdadeira e salvadora. Foi durante o curso da obra nessa provín cia do norte que Jesus decidiu participar de um a das três festas de peregrinação em Jerusalém . E isso aconteceu durante o ano de 28 d.C. Em Jerusalém , ele visitou o tanque de Betesda, onde curou um hom em que estava enferm o há trinta e oito anos. Essa cura m aravilhosa foi realizada num sábado. Jesus disse ao liomcm: “Levante-se, tom e sua esteira e ande.” O hom em obedeceu e im ediatam ente recebeu um a recuperação física com pleta. O Senhor
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tam bém proveu espiritualm ente para ele quando o encontrou no templo, advertindo-o, “Não continue a pecar, ou alguma coisa pior poderá acon tecer-lhe.” Q uando as autoridades judaicas viram o hom em carregando sua esteira no sábado, em obediência à ordem de Cristo, elas criticaram tanto a Jesus quanto a ele. Jesus, no entanto, respondeu, “M eu Pai trabalha até agora, e eu trabalho tam bém ” . Portanto, os líderes religio sos em Jerusalém conceberam um plano para m atar o Senhor, e isso por duas razões: a. violação do sábado; b. blasfêm ia (de fazer-se igual a Deus). 19 Jesus respondeu e lhes disse: Mui solenemente eu lhes asseguro que o Filho nada pode fazer de si mesmo, mas somente o que vê fazer o Pai; pois tudo o que ele faz, do mesmo modo o Filho também o faz. 20 Porque o Pai ama o Filho, e lhe tem mostrado tudo o que ele próprio está fazendo, e maiores obras do que essas lhe mostrará, para que vocês se maravilhem. 21 Pois assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes com unica vida, assim também o Filho com unica vida a quem quer. 22 Porque o pai a ninguém julga, porém entregou ao Filho todo julgamento, 23 para que todos honrem o Filho como honram o Pai, Aquele que não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou. 24 Mui solenem ente eu lhes asseguro, quem ouve m inha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, e não entra em condenação, mas passou da morte para a vida. 25 Mui solenem ente eu lhes asseguro,"* está chegando a hora - sim, já chegou! - quando os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. 26 Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo, 27 e lhe deu auto ridade para agir como Juiz, porque é o Filho do homem. 28 Não fiquem maravi lhados com isso, porque"'' está chegando a hora quando todos os que estive rem nos tiímulos ouvirão sua voz 29 e sairão; os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição da condenação. 30 Eu nada posso fazer de mim mesmo; conforme ouço, eu julgo, e meu julgam ento é justo, porque não busco m inha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
116. Sobre o ii. nos versículos 24 e 25, ver pp, 81 (também a nota 13), 85. 117, Sobre o T t , no versículo 28, ver a Introdução, pp. 82, 85.
JOAO 5.19-23
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5.19-30 19. Jesus, em vez de tentar de algum a m aneira m oderar sua decla ração anterior (v. 17), que havia provocado a ira dos judeus, a reafirm a por meio a. da fórm ula introdutória m ajestosa: M ui solentem ente eu lhes asseguro (ver sobre 1.5), e b. do conteúdo dos versículos 19-23. Podem os parafrasear essa passagem da seguinte maneira: “Vocês me acusam de transgredir a ordenança do sábado, dada por meu Pai, e de blasfem ar contra seu nom e, ao afirm ar m inha igualdade com ele? A acusação é absurda, pois nesse caso a vontade do Filho seria separada (e não m eram ente distinta), e até m esm o oposta ã von tade do Pai. M as, de fato, o Filho nada pode fazer (oü ôúvaiaL... uoLelv'...ouôéi') de si m esm o, senão som ente aquilo que vê fazer o Pai; porque aqui, de fato, encontra-se o m odelo perfeito daquilo que se vê com tanta freqüência na terra; ou seja, tudo o que ele faz, do m esm o m odo o Filho o faz (aqui há, de fato, um a correspondência perfeita). 20, 21. Eu tenho o direito de dizer isso, porque (yáp), com o sou o Filho, eu sei que o Pai am a (c()L?.ei: ver os com entários sobre 21.15-17) o F ilho, e lhe tem m ostrad o tudo o que está (constantem ente) fazendo para efetuar seu plano eterno de redenção. A operação de m ilagres - com o o da cura do hom em no tanque de B etesda - é parte desse plano etem o; e m aiores obras do que essas curas de pessoas enferm as ele (o Pai) lhe (o Filho) m ostrará - ou seja, ressuscitará pessoas m ortas e ju lgará todas as coisas - , para que vocês, já adm ira dos por causa do m ilagre do tanque, realm ente fiquem m aravilha dos. Pois assim com o o Pai ressuscita os m ortos e lhes com uni ca vida (ou seja, os que estão espiritualm ente m ortos, e, tam bém , no dia do julgam ento, os m ortos físicos), assim tam bém o Filho (que é igualm ente soberano) com unica vida a quem quer. 22, 23. E 0 Pai a ninguém ju lga, porém entregou ao Filho todo julgam ento, isto é, o Pai nunca age sozinho (separado do Filho), quando pronuncia seu julgam ento, mas confiou todo julgam ento ao F i lho (tanto para o presente, no sentido de 3.18b, 19; quanto para o futuro, no sentido de M t 2 5 .3 Iss). N esse sentido, o Pai sem pre age por meio do Filho, para que todos honrem o Filho do m odo com o honram o Pai, isto é, para que essas duas pessoas, que são iguais em essência
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JOÂO 5.24-30
(5.17.18) e em obras (5.19-22), possam tam bém ser iguais em honra. Vocês, judeus descrentes, que determ inaram no coração m atar o Filho (5.18), não devem im aginar que podem honrar o Pai: quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou. 24-30. A ressureição dos m ortos e o pronunciamento do juízo são as duas maiores obras que o Pai confiou ao Filho para fazer (ver os vs. 20b, 21 e 22 acima). Quanto ao modo em que os termos “ju lg a r ” e “julgam ento" são usados nos versículos 24, 27 e 29, nos repor tam os à nossa explicação de 3 .1 7 -1 9 p a ra com en tários a d ic io nais. No presente parágrafo, somos informados: a. Com o o Filho realiza sua obra no presente, na esfera espiritual (vs. 24, 25); e c . Com o ele vai desem penhar sua tarefa no futuro na esfera fís i ca (vs. 28, 29). Entre essas duas passagens há um a que m ostra b. Com o deve ser explicado que o Filho é capaz de realizar esta dupla responsabilidade (vivificar os m ortos e pronunciar julgam ento), no presente e no futuro, e isso em ambas as esferas (vs. 26, 27). d. A passagem conclusiva (v. 30), com base em a, b e c, reafirm a a unidade perfeita do Filho com A quele que o enviou. As subdivisões a. e c. (vs. 24, 25 e vs. 28, 29) são claram ente distinguidas pelas palavras “a hora está chegando, sim, já chegou", do versículo 25, e pelas palavras “a hora está chegando ” (mas não: “já chegou”), do versículo 28. A prim eira passagem trata da prim eira res surreição, a ressurreição da alma; a segunda subdivisão descreve a segunda ressurreição, a ressurreição do corpo. No livro de A pocalip se - escrito pelo m esm o autor - , encontram os a m esm a seqüência de acontecim entos, com a prim eira ressurreição discutida em 20.4-6, e a segunda em 20.1 Iss."** O bserve o paralelo:
118. Ver More them Conquerors, de minha autoria, 6“ ed., Grand Rapid.s, Mich,, 19.52, pp, 231-232.
JOÂO 5.24-30
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Q uarto E va ngelho
A p o c a lip se ’.
A. Prim eira Ressurreição M u i so le n e m e n te eu lh es a s seguro, aquele que ouve m inha p alavra e crê naquele que m e enviou tem a vida eterna... pas sou da m orte para a vida. Mui solen em ente eu lhes asseguro, está chegando a hora - sim , já ch eg o u ! - q u a n d o os m o rto s ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que ouvirem viverão.
A. Prim eira Ressureição “ ... e eu vi as almas dos decapita dos... tantos quantos não adoraram a besta, nem tam pouco sua im a gem, e não receberam a m arca na fronte e na mão; e viveram e rei naram com Cristo durante mil anos. ... Esta é a prim eira ressurreição.
... e (e le ) n ã o é c o n d e n a d o , (para a fórm ula solene introdu tória, ver sobre 1.51).
“Bem -aventurado e santo é aque le que tem parte na prim eira res surreição; sobre esses a segunda morte não tem autoridade.”
B. S egunda R essurreição (para juízo) Parem de m aravilhar-se a res p eito d isso , p o rq u e está c h e gando a hora em que todos os que estão nos túm ulos ouvirão su a voz e sairão: os que tiv e rem feito 0 bem , para a ressur reição da vida; e os que tiv e rem praticado o m al, para a res surreição da condenação.
B. Segunda R essurreição (para juízo) “Vi um grande trono branco e aque le que nele se assenta... Vi tam bém os m ortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram os livros. Ainda outro livro, o livro da vida, foi aberto. E os m ortos foram ju l gados, segundo suas obras, confor me o que se achava escrito nos li vros. Deu o m ar os mortos que nele estavam. A m orte e o além entre garam os m ortos que nele havia. E foram julgados, um por um, se gundo as suas obras.... E, se al guém não foi achado inscrito no li vro da vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.”
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Com base nessa com paração, podem os tirar algum as conclusões: 1. Em bora seja dito, com freqüência, que o Quarto Evangelho não contém ensinam entos com referência às ultim as coisas, isso não é verdade, com o o presente parágrafo m ostra. Ver, tam bém , 6.39, 4 0 ,4 4 , 54; 11.24; 12.48; 14.3, 28; 15.18; 16.1ss; 16.19ss."‘' 2. A prim eira ressurreição não tem nada a ver com o corpo, e sim com a alma. Assim que a palavra de Cristo é aceita pela fé (“quem ouve m inha palavra e crê”), a pessoa tem a “vida etem a” (ver, a este respeito, 1.4; 3.16) e “passou da m orte para a vida” ; e o que é isso senão a prim eira ressurreição, a qual, em bora tenha início aqui na terra, culm ina na vida da alm a com Cristo no céu? N a passagem do Apocalipse, a ênfase é posta na últim a parte desta ressurreição. 3. A quele que participa da prim eira ressurreição (ou seja, a pessoa que aceita Cristo por m eio de um a fé viva) não precisa tem er o dia do juízo. N a linguagem do Quarto Evangelho, ele “não é condenado” (el; Kpíaiv)-, na linguagem do Apocalipse, “sobre esses a segunda m orte (na qual é executada a sentença de condenação) não tem autoridade” . 4. A segunda ressurreição é física em caráter.'-" Ela pertence ao grande dia da consum ação de todas as coisas, e é universal: todos ressuscitarão - tanto os crentes quanto os descrentes. 5. Nem o Quarto Evangelho, nem o A pocalipse ensinam que um período de mil anos acontecerá entre a ressurreição física dos crentes e a ressurreição física dos não-crentes: “está chegando a hora em que todos os que estão nos túm ulos ouvirão sua voz e sairão”. E, “vi tam bém os m ortos, os grandes e os pequenos, ... Então, se abriram livros. A inda outro livro, o livro da vida, foi aberto... Deu o m ar os m ortos que nele estavam . A morte e o além entregaram os mortos que neles ha via” . Ela é tão geral quanto possível. C alvino está correto quando afir m a que aqui, no Evangelho de João (5.28), a expressão: todos os que estão nos túm ulos ouvirão e sairão, certam ente não im plica que aque les que tenham sido devorados por anim ais selvagens, ou m orreram 119. Ver, a esse respeito, W. F. Howard, Christianity According to Sr. John, Filadélfia, 1946, pp. 106-128. 120. M. Goguel, Le Quatrième Evangile, Paris, 1924, vol 2, p. 536, erra quando diz: “Léschatologie est, comme nouns l’avons vu, entièrement spiritualisée”.
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queim ados, estão excluídos do núm ero dos que ressuscitarão. Q uando chegar a grande hora, todos ressuscitarão, e todos serão julgados ! Ver tam bém M ateus 25.46; Atos 24.15; 2 Coríntios 5.10; 2 Tessalonicenses 1.7-10. N enhum a diferença de tem po é aqui indicada, e o m esm o pode se dizer dos outros escritos de João e das epístolas paulinas (1 Co 15.22, 23 e ITs 4.13-18, com o já dissem os em outros lugares, não ensinam nada desse tipo).'^' 6. Em bora, no que diz respeito ao tempo, haja apenas uma ressur reição física universal, podem os dizer que, em term os de qualidade ou caráter, há duas ressurreições futuras (ver tam bém Dn 12.2). E m ou tras palavras, a ressurreição única e universal tem duas fases, com o é claram ente ensinado no Quarto Evangelho e no Apocalipse. Há, por um lado, a “ressurreição para a vida” (genitivo qualitativo: essa ressu reição harm oniza-se com o caráter da vida eterna; conseqüentem ente, ela é gloriosa etc.); e, por outro lado, a “ressurreição para condenação” (m esm o genitivo: essa ressurreição está em harm onia com a idéia de condenação; conseqüentem ente, ela acontecerá para vergonha e m e nosprezo). Os crentes ressuscitarão para reinar para sempre com Cristo, tanto com o corpo quanto com a alm a (antes disso, som ente a alm a); os descrentes serão lançados dentro do lago de fogo. Além dessas observações, que se baseiam num a com paração en tre o Evangelho e o Apocalipse de João, os seguintes pontos reque rem nossa atenção, no trato de João 5.24-30: Com respeito a a. (vs. 24, 25). A vivificação espiritual não ocorre separada da Palavra. C ontudo, o m ero ouvir a Palavra não é suficiente. Ela deve ser aceita pela fé: “Q uem ouve m inha palavra e crê” . Esta fé deve centralizar-se em Je sus, com o o Filho de Deus: “crê naquele que m e enviou” . E ssa pessoa de fé “tem a vida etem a” . A idéia de que um pecador está, por nature za, morto, e que, quando a grande m udança acontece, ele realm ente passa “da m orte para a vida”, encontra-se tam bém em Lucas 15.32 e Efésios 2.1 e 5.14. A regeneração e a conversão são m udanças básicas e transform ações radicais. Elas não devem ser confundidas com algu121. 31-49.
Ver Lectures on lhe Last Things, de m inha autoria, Grand Rapids, Mich.. 1951, pp.
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m a m elhora moral, como, por exem plo, a renúncia à bebida feita por algum viciado. C ertam ente que, quando toda a personalidade é regene rada, a m oral tam bém o é. A expressão; “a hora está chegando, sim, ela já chegou” refere-se a toda essa nova dispensação que, nas palavras de Jesus, é tanto pre sente quanto futura. O Senhor está pensando na m ultidão de converti dos que deixarão as trevas e irão para a luz, passando da m orte para a vida. Eles procederão do meio dos judeus e gentios, até o dia da segun da vinda. “Os m ortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvi rem viverão.” Com respeito a b. (vs. 26, 27): Porque assim com o o Pai tem vida em si m esm o, tam bém conce deu ao Filho ter vida em si m esmo; e lhe deu autoridade para agir com o juiz, porque é o Filho do homem. Assim com o o Pai é auto-suficiente, tendo em si m esm o a vida eterna, assim tam bém concedeu ao Filho ter esta vida (inerente) em si mesmo, e isso explica o fato (note o yáp) de que ele é capaz de conceder vida eterna a seus eleitos. Quando nos defrontam os com passagens com o esta, devem os lem brar que a filia ção m ediadora do Senhor, pela qual ele executa sua tarefa na terra, baseia-se em sua etem a filiação trinitariana. Os judeus, ao ouvirem essas palavras de Jesus, devem ter perguntado: “De quem esse hom em recebe o direito de usar essa linguagem ? Ele vai realm ente julgar?” Jesus ressalta que a autoridade para julgar (como tam bém o poder de dar vida) foi concedida por ele ser o Filho do homem. Além do mais, nas Escrituras os conceitos ju lgar e Filho do homem andam sem pre juntos (sobre o título Filho do homem e sua relação com o juízo, ver nosso com entário sobre 12.34). M uitos com entaristas sugerem que a ausência do artigo, antes de Filho do homem, aqui, em 5.27 (então tem os ulòç à^OpÚTrou), é m uito im portante. Com base nessa ausência, m uitas interpretações têm sido dadas a esse versículo. Eu m enciono duas, em especial: a. A autoridade para agir com o juiz tinha de ser-lhe concedida, pois ele realiza esta tarefa com o um homem, e não com o Deus. b. A autoridade para funcionar com o juiz dos homens lhe foi con cedida, por ele tam bém ser um homem, com pletam ente fam iliarizado
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com os pensam entos, palavras e ações hum anas. Para ser um bom juiz, a pessoa deve com partilhar da natureza daqueles que estarão sendo julgados. M as, com todo o respeito para com a habilidade desses com enta ristas, que baseiam toda sua exegese na ausência do artigo, não pode mos aceitar suas conclusões. N a verdade, a idéia de que deveríam os enfatizar a ausência do artigo é m uito questionável. Em geral, os títulos oficiais têm a tendência de perder o artigo. Seria, portanto, m uito estra nho se, nesse caso, o título tivesse um sentido diferente do que tem em outros casos. Além do mais, com o já m ostram os, a idéia de que o direito de ju lg ar lhe foi concedido com o (o) Filho do homem, no sentido m essiânico do termo, faz muito sentido. Este é um pensam ento em inen tem ente bíblico, em bora o m esm o não possa ser dito com respeito às outras duas interpretações. Com respeito a c. (vs. 28, 29): A idéia de julgam ento (condenação e absolvição, com conseqüente retribuição e rem uneração) não surpreendeu os judeus. No entanto, o que os surpreendeu foi a reividicação de Jesus (vs. 22 e 27), que eles consideraram prepotente e intolerável - que ele mesmo tinha recebido o direito para julgar, e que os hom ens, ao serem julgados, o seriam com base em sua atitude em relação a ele. Portanto, Jesus diz, “Parem de se m aravilhar por causa disso, por que (o que afirm ei é verdade, com o será m ostrado pelo fato de que) a hora está chegando em que todos os que estão nos túm ulos ouvirão sua voz e sairão...” A sentença: todos os que estão nos túmulos ouvirão sua voz parece indicar que, a segunda vinda, em vez de ser secreta ou silenciosa, será pública e audível (bem com o visível). Cf. 1 C oríntios 15.52.'-- N ote tam bém que tanto no reino espiritual quanto no físico, a voz de Cristo é criativa. Se assim não fosse, os mortos não poderiam ouvi-lal Para com entários adicionais sobre esta passagem (vs. 28, 29), ver 0 que já foi dito sobre 5.19-23.
122. Ver Lectures on the Last Things, de minha autoria,Grand Rapids, Mich., 1951, pp. 26, 33-34.
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JOÃO 5.19-30 Com respeito a d. (v. 30):
N este versículo, Jesus resum e todo seu argumento. Ele chega à conclusão que já havia sido declarada no início (ver v. 19), m as que é agora enfatizada pelo uso do pronom e na prim eira pessoa do singular, ou seja, que os judeus não têm nenhum direito de julgá-lo e condená-lo, com o se o que fizera ao hom em no tanque, no sábado (ou, qualquer outro ato que havia feito), fosse algo pelo qual som ente ele - e não ele e o Pai - , era responsável. Ele diz: Eu nada posso fazer de mim m esm o. Os judeus devem saber que, ao criticar o Filho de Deus, estão se opondo ao próprio Deus. O Filho, com o M ediador, já recebeu infor m ações claras (quanto aos padrões de julgam ento) do Pai. Além do m ais, com o sua m ediação filial baseia-se em sua filiação eterna, é claro que ele m esm o deseja fazer a vontade ju sta do Pai, com quem ele é unido em essência: com o ouço, julgo, e m eu julgam ento é justo, porque não busco m inha própria vontade, e sim a vontade da quele que m e enviou (xoG irefiiliai^TÓí; há m uita pouca, se é que há algum a, diferença entre néfiiTcj e àTT0CFTéA,Àw, na m aneira com o João usa os term os; ver tam bém sobre 1.6 e 3.34).
Síntese de 5.19-30 Ver o Esboço, na p. 98. O Filho de Deus Rejeitado na Judéia, como Resultado da Cura do Homem em Betesda, no Sábado, e de Sua Reivindicação de Igualdade com Deus (continuação). N esta seção, Jesus estabelece sua posição em relação ao seu rela cionam ento com seu Pai. Ele faz isso em resposta à descrença e ao ódio dos judeus, que estão determ inados a m atá-lo. A defesa do Senhor pode ser resum ida da seguinte maneira: 1. Ao atacarem a mim, o Filho, vocês estão atacando o próprio Pai, pois 0 Filho faz o que vê o Pai fazer; ele julga com o o Pai julga. Ele não pode fazer diferente, e nem quer fazer diferente. 2. Vocês estão m aravilhados por causa desse ato de curar um ho m em enferm o? Essa foi, realm ente, um a grande obra, mas obras ainda maiores se seguirão: vivificar aqueles que estão mortos (sim, tanto para os que estão espiritualm ente mortos, quanto, no últim o dia, para os fisi cam ente m ortos) e julgar todos os seres hum anos (tanto agora quanto no retorno em glória).
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3. Vocês me perguntam com o me é possível a. vivificar e b. pro nunciar e executar juízo? Eu posso dar vida, porque o Pai concedeu ao Filho ter vida em si m esm o (como ele tam bém tem vida em si m esm o); e eu julgo em m inha capacidade de Filho do homem. 4. A reação apropriada às m inhas palavras e ações não é a des crença e o ódio, nem tam pouco a atitude m ental que não passe do nível do deslum bram ento, mas sim a fé que honra o Filho, da m esm a m aneira que honra o Pai. 5. Os que exercitam esta fé não são condenados, mas passam da m orte para a vida. No grande dia do juízo, eles, juntam ente com todos os que m orreram , resssuscitarão fisicam ente. M as, apesar de todos ressuscitarem , haverá um a grande diferença na qualidade ou no cará ter dessa ressurreição: os que tiverem feito o bem, para a “ressurreição da vida” ; e os que tiverem praticado o mal, para a “ressurreição da condenação” . Implicação: “Portanto, aceitem, pela fé, o Filho de D eus!” Cf. Propósito do Evangelho (20.30, 31). 31 Se eu testifico acerca de mim mesmo, meu testemunho não é verdadei ro.'^^ 32 É outro que testifica a meu respeito, e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. 33 Vocês, de sua parte, enviaram mensageiros a João, e ele testificou da verdade. 34 Eu, porém, não aceito o (mero) testemunho humano, porém digo essas coisas a fim de que vocês sejam salvos. 35 Ele era a lâmpada que ardia e alumiava. E vocês se dispuseram a alegrar-se em sua luz por algum tempo. 36 Mas eu tenho testemunho que excede o de João, porque as obras que o Pai me deu para'^“* realizar, essas são as mesmas obras nas quais me comprometo a testificar que o Pai me enviou. 37 E o pai que me enviou, ele mesmo tem testificado a meu respeito. Sua voz, porém, vocês jam ais ouviram, e sua forma vocês jam ais viram; 38 e vocês não têm sua palavra residindo em seu íntimo, porque não crêem naquele que me enviou. 39 Vocês estão examinando as Escrituras, porque acreditam que têm nelas a vida eterna, e no entanto são elas que testificam de mim. 40 Vocês, porém, não querem vir a mim para'-^ terem vida. 41 Eu não aceito os louvores que vêm dos homens, 42 porém os conheço, e sei que vocês não têm o amor de Deus em seu íntimo. 43 Eu vim em nome de meu Pai, mas vocês não me aceitam. Se outro vier em seu próprio nome, a esses vocês r e c e b e r ã o . 44 Como podem crer, vocês que aceitam louvores uns dos 123. 124. 125. 126.
IIIB l, ver Sobre'iva, Sobre'iva, IIIA l; ver
Introdução, pp. ver Introdução, ver Introdução, Introdução, pp.
63, 65. pp. 67, 70. pp. 67-70. 63, 64.
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JOÂO 5.31
outros, enquanto não buscam aquele louvor que vem do Deus único? 45 Não pensem que eu os acusarei diante do Pai. Seu acusador é Moisés, em quem firm aram sua esperança. 46 Porque, se vocês cressem em M oisés, também creriam em mim, visto que ele escreveu a meu r e s p e i t o . 47 Se, porém, não crêem em seus escritos, como crerão em minhas palavras?'^*
5.31-47 31. Jesus fez reividicações m ajestosas. M as, quem é ele para fazêlas? Não nos surpreende, portanto, que, no presente parágrafo, as reivi dicações sejam apoiadas pelos testem unhos a respeito de si mesm o. O S enhor com eça dizendo: Se eu testifico acerca de m im m esm o, m eu testem unho não é verdadeiro. Os com entaristas concordam que essas palavras não podem ser tom adas literalm ente, com o se signi ficassem que o que ele havia dito a respeito de si m esm o não fosse de fato verdadeiro. Se esta fosse a interpretação correta, Jesus deixaria de ser sem pecado. Outras tentativas de explicação desse texto são as seguintes: 1. O sentido é: “Se eu devesse testificar a respeito de mim mesm o, m eu testem unho não seria verdadeiro” . Objeção: U m a rápida olhada na form a dessas palavras, no original, m ostra que esta interpretação não pode ser a correta, por não term os aqui um a sentença condicional contrária aos fatos, mas um a que pertence ao grupo IIIB 1. 2. O que Jesus queria dizer era: “Se eu apresento um testem unho ú n ic o e s e m a p o io a respeito de mim mesm o, m eu testem unho não é
verdadeiro” . M as se este é o sentido n e s se te x to , por que não devería mos adotar a m e s m a interpretação para as m e s m a s palavras, em 8.14: “Em bora eu testifique de mim mesmo, meu testem unho é v e r d a d e i r o ”? Jesus não diz nada a respeito de um testem unho solitário e sem apoios adicionais. 3. A palavra v e rd a d e iro tem um sentido diferente aqui. O sentido da passagem é: “Se eu testifico a respeito de m im m esm o, meu teste m unho n ã o é a c e ito n u m tr ib u n a l (norm alm ente com um apelo a M t 18.16; 2Co 13.1; IT m 5.19). M as esta interpretação im plicaria aceitar que, em 8.14, Jesus está declarando que esse testem unho a respeito de 127. IIA; ver Introdução, p. 62. 128. IB; ver Introdução, pp. 60, 61.
JOÃO 5.32, 33
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si m esm o é aceitável num tribunal. C onseqüentem ente, estaríam os di ante de um a grande contradição. A solução genuína, em nosso m odo de ver, é encontrada quando entendem os que Jesus está falando a linguagem do povo. U m a das características desse tipo de fraseado é que ele é m arcado por figuras de discurso, expressões abreviadas, alusões, sugestões, im plicações fa cilm ente captadas pelos ouvintes etc. Não deveríam os perder de vista 0 fato de que, aqueles a quem essas palavras eram dirigiridas não so m ente ouviram as palavras, m as tam bém viram o olhar do Senhor, e observaram o tom de sua voz e das palavras nas quais ele colocou ênfase. Com tudo isso em mente, crem os que, de certo modo, a situa ção na qual o Senhor se encontra ao dizer essas palavras pode com pa rar-se com a de alguém que, nos dias atuais, dirige-se a um grupo de pessoas que não lhe são m uito favoráveis. Im aginem os que essa pes soa seja um político entusiasta que está falando a um grupo de pessoas do partido contrário. Ela poderia dirigir-lhe as seguintes palavras: “Se eu lhes disser que o Sr. E. é a m elhor pessoa que este país poderia eleger para presidente, certam ente eu estaria m entindo.” Os que o es tão ouvindo, im ediatam ente interpretam suas palavras com o dizendo: “Se eu lhes disser que o Sr. E. é a m elhor pessoa que este país poderia eleger para presidente, certam ente eu s e ria u m m e n tiro so , n o j u l g a m e n to d e v o c ê s ”.
Com o vemos, algo semelhante aplica-se à nossa passagem em estu do (5.31). Jesus simplesmente está dizendo: “Se eu testifico a respeito de mim mesmo, m e u te ste m u n h o , n a m a n e ir a c o m o v o c ê s o p e r c e b e m , não é verdadeiro. Em outras palavras, “vocês então suscitarão im ediata mente um a objeção, dizendo: ‘Você está testificando a seu próprio res peito, portanto seu testemunho não é verdadeiro’” . Esta inteipretação certam ente é apoiada pelo fato de que algo semelhante aconteceu um pouco mais tarde, em 8.12,13. Ali, Jesus testifíca a respeito de si mesmo, e diz: “Eu sou a luz do m undo” . Imediatamente, os fariseus suscitaram sua objeção àquelas palavras: “Tu estás testificando a respeito de ti m es mo; logo teu testemunho não é verdadeiro.” 32, 33. Jesus continua: É outro que testifica a m eu respeito, e sei que o testem unho que ele dá sobre m im é verdadeiro. Jesus, sem admitir, de nenhum a m aneira que seu testem unho a respeito de si
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JOÂO 5.34, 35
m esm o não era verdadeiro, introduz outra testem unha, que está sem pre testem unhando a seu respeito. Jesus - por ser o Filho de Deus, sabe que o testem unho deste outro é verdadeiro. C ontudo, ele não diz quem é este outro. Nós sabemos, lendo os versículos 36 e 37, que ele se refere ao Pai. Enquanto isso, os judeus, que não o conheciam , estão se perguntando sobre o que Jesus tinha em mente. Será que ele está se referindo a João Batista? Jesus, percebendo o que passa pela mente deles, diz, Vocês, de sua parte, enviaram m ensageiros a João, e ele deu testem unho da verdade. A referência é ao testem unho de João, que se encontra em 1.19-28, e que foi dado a um a delegação que tinha vindo para conversar com ele (ver a explicação sobre 1.19-28). Entretanto, o testem unho que João deu da verdade encontra-se não apenas neste parágrafo, mas tam bém em outros dois textos: 1.29-36 e 3.22-36 (ver as explicações). Resum indo, seu testem unho diz o seguin te: “Eu (João) não sou o Cristo; Jesus é o Cristo. Ele é o C ordeiro de Deus que está tirando o pecado do mundo. Foi sobre ele que eu vi o Espírito descendo na form a de um a pomba. Ele é o N oivo, bem com o aquele que vem dos céus e está acim a de todos. Ele fala as palavras de Deus, e ele m esm o é o Filho de D eus” . 34. Por que Jesus m enciona esse testem unho de João? Será que foi por ele m esm o necessitar desse testem unho? Não! Pois, afinal, ele diz: Eu, de m inha parte, não aceito o (m ero) testem unho hum a no. Assim, sua intenção não era apelar para testem unhos hum anos, em seu próprio benefício e em sua própria defesa. M uito ao contrário. Ele disse essas coisas porque o testem unho dado a seu respeito era verda deiro, e aquelas pessoas poderiam aceitá-lo, guardá-lo no coração e serem salvas. Jesus continuou, dizendo, Eu digo essas coisas para que vocês sejam salvos. 35. O Senhor continua: Ele (João) era a lâm pada que ardia e alum iava. Jesus cham a a si m esm o “a luz” (xó cjjwç), e cham a a João “a lâm pada” (ó Àú^voc). U m a lâm pada deve ser acesa, e seu pavio deve estar em bebido em óleo; além do mais, ela ilum ina um espaço m uito lim itado. A pesar de crerm os na escolha intencional da palavra usada, não estam os certos de que o contraste entre luz e lâmpada seja a idéia predom inante na m ente do Senhor. Afinal, o próprio Jesus é tam bém um a lâmpada (o m esm o termo, usado pelo m esm o autor, em
JOÂO 5.36
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outro livro - Ap 21.23). Ele é a lâm pada da N ova Jerusalém . A ê n fa se , em 1.35, é posta principalm ente no fato de que João Batista, com o um a lâm pada, estava ardendo e ilum inando (para este últim o term o, ver so bre 1.5), e que, com o resultado disso, a tr a ía a s p e s s o a s . O contexto m ostra claram ente que Jesus quer enfatizar essa característica da lâm pada (mais do que seu contraste com Cristo, a Luz, em bora este con traste não esteja excluído), pois ele continua ... e vocês estavam d is postos a alegrar-se, por algum tem po, em sua luz. A q u e le era o ponto: Com o um a lâm pada atrai m uitas m ariposas, assim João B atista atraía muitas pessoas. N ão nos diz a Escritura que até Herodes A nti pas 0 ouvia d e b o m g ra d o (Mc 6.20)? Q uando Jesus diz: “Ele e r a uraa lâm pada... e vocês estavam dispostos a alegrar-se, por algum tem po”, ele está, evidentem ente, se referindo, por im plicação, ao fato de que João tinha sido rem ovido do cenário público e estava na prisão! C ontu do, o propósito principal de suas palavras era m ostrar que, apesar de os buscadores de em oções terem s e a le g r a d o p o r u m p o u c o na luz da lâm pada de João Batista, eles não estavam dispostos a aceitar o teste m unho do próprio João a respeito de Cristo e da salvação. 36. No entanto, as palavras de Jesus: “É outro o que testifica a meu respeito” (v. 32), não fazem referência a João Batista. Isso fica m uito claro diante do que Jesus continua a dizer, M as eu tenho um teste m unho que excede o de João, pois as obras que o Pai m e con fiou para as realizar (iv a TeÀeícúaco: para isso, ver sobre 4.34), essas m esm as obras que eu faço testificam a m eu respeito de que o Pai m e enviou. O próprio testem unho do Pai por m eio das obras de C risto certam ente ultrapassa o testem unho indireto dado por João B a tista. (Para referências a João B atista neste Evangelho, ver pp. 51, 52) As obras que Jesus e stá re a liz a n d o são seus m ilagres, incluindo a cura do hom em no tanque. Essas obras, com certeza, não produzem , por si m esm as, fé. Elas nunca são tão im portantes quanto as p a la v r a s de nosso Senhor. No entanto, elas não devem ser ignoradas. Elas tam bém têm um valor evidenciai, pois havia verdade nas palavras de N icode mos: “N inguém pode fazer esses sinais que fazes, se Deus não estiver com ele.” Esses sinais eram selos de aprovação do Pai; em especial, do fato de que o Pai o havia c o m is s io n a d o ( à ïïé a x a À K e v - ver sobre 1.6 ; 3.34; cf. 5.30).
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JOÃO 5.37-39
37. Jesus continua, O Pai, que m e enviou, ele próprio é quem tem dado testem unho de m im . Tinlia havido a voz do céu, por oca sião do batism o (Mc 1.11), à qual João B atista alude em 1.34. Depois, houve tam bém o testem unho do Pai no coração dos crentes (IJo 5.9, 10). No entanto aqui, nesta passagem (5.37), com o o contexto im ediato indica, o que se encontra diretam ente em foco, é o testem unho do Pai nas Escrituras do Antigo Testamento. O Pai tem dado testemunho; ou seja, apesar de ele haver testem unhado no passado, esse testem unho é válido para todas as épocas: ele foi dado para perm anecer. Jesus, con tudo, acrescenta um a palavra de dura reprovação. Ele diz, M as sua voz vocês jam ais ouviram; sua form a vocês jam ais viram . A voz de D eus é o próprio Cristo (5.19; 14.19, 24); a fo rm a de Deus tam bém é 0 Cristo (ver, especialm ente, 2 Co 4.4 - elKcóv - sem elhança, im agem - Tou 0 6 o G ; aqui, em Jo 5.37, o term o usado é eíóoç - form a extem a). Os judeus hostis não conseguiram ver em Jesus a voz e a form a de Deus. Eles fracassaram por causa de sua descrença. 38. Os versículos 38-40 deixam claro que o versículo 37 se refere ã atitude hostil dos ouvintes. Jesus não nega que, num certo sentido, os judeus têm a palavra de Deus. O que ele não diz é que eles têm esta palavra no coração, com o um a preciosa possessão, pois o Senhor sabia que eles não tinham posto sua confiança naquele que havia sido com is sionado pelo Pai para desenvolver sua tarefa m essiânica - vocês não têm sua palavra perm anente em si m esm os, porque não creram naquele a quem ele enviou. Eles não podiam ver, porque o véu da descrença estava cobrindo os olhos do coração deles (2Co 3.15). So bre “naquele a quem ele enviou” , ver 3.34; cf. 1.6. O que vem a seguir, no versículo 39, está ligado, de um a m aneira muito próxim a, ao assunto tratado até aqui. 39. Jesus diz, Vocês estão exam inando as E scrituras, porque acreditam haver nelas a vida eterna, e no entanto são elas que testificam a m eu respeito. Depois de ler todos os argum entos daque les que insistem em afirm ar que o verbo èpeuvâte deve ser lido com o um im perativo, de m odo que, com o a versão A.V. devem os ler: “E xa m inem as Escrituras” , não podem os concordar. N ossa opção consiste em tom ar o verbo com o um indicativo presente, de ação contínua. As razões são as seguintes:
JOÃO 5.40-42
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a. Com o m ostram os anteriorm ente, isso está inteiram ente de acor do com o versículo precedente (vocês têm a palavra, mas não a têm no coração; e aqui: vocês exam inam as Escrituras, m as não encontram o Cristo nelas); b. O im perativo: “Exam inem as Escrituras” form a um a introdução muito estranha para “porque acreditam ” . Se a intenção fosse o uso do im perativo, esperaríam os que o texto fosse “porque vocês têm", ou “porque vocês obterão” a vida etema. Por outro lado, a sentença: “Vocês exam inam as Escrituras porque julgam ter nelas a vida eterna” faz pleno sentido. c. O contexto subseqüente tam bém indica, claram ente, que a inten ção de Jesus não foi dizer a seus oponentes que o pecado deles foi o de não exam inar as Escrituras. M uito ao contrário. Ele deseja cham ar a atenção deles para a seguinte verdade im portante: “A pesar de vocês terem os livros de M oisés, e terem até m esm o estabelecido sua espe rança com base neles, eles não os beneficiarão, m as sim testificarão contra vocês, por não me verem neles” (ver os vs. 45, 46). Jesus não nega que nas Escrituras do Antigo Testam ento as pesso as têm a vida etem a (para isso, ver sobre 3.16). Se os judeus julgam (note: “porque vocês acreditam haver”) a respeito de seus escritos sa grados m eios potenciais de graça, eles estão certos. No entanto, o que o Senhor quer que eles com preendam é o seguinte: Vocês não conse guem m e ver revelado nas Escrituras, e contudo “são elas que testifi cam a m eu respeito” . Esta m esm a verdade - Cristo presente em todas as Escrituras que revela os m istérios do Antigo Testam ento (bem com o do Novo), e à parte da qual a B íblia perm anece um livro fechado, é tam bém enfatizada nas seguintes passagens: Lucas 24.32, 44; João 5.46; Atos 3.18, 24; 7.52; 10.43; 13.29; 26.22; 28.23 e 1 Pedro 1.10. 40. P or trás dessa cegueira, o que se percebe são corações relu tantes: Vocês não querem vir a m im para terem vida. À luz desta passagem , expressões com o “vocês nunca ouviram ”, “vocês nunca vi ram ”, “vocês não crêem ” (5.37, 38) devem ser consideradas com o exem plos de litotes. O sentido real é: por causa da dureza de coração, vocês rejeitaram o Filho de Deus de modo vil. 41, 42. Qual era a razão do choque entre Jesus e os judeus? A
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JOÃO 5.43, 44
resposta deles provavelm ente seria: “Ele está irritado porque o critica mos por ter quebrado o sábado e por ter sugerido que é igual a Deus. Se 0 tivéssem os elogiado pelo que fez ao hom em no tanque, ele estaria satisfeito” . Jesus, que conhecia o coração dos hom ens perfeitam ente, e sabia o que passava pela m ente deles, lhes responde, dizendo: Eu não aceito os louvores dos hom ens. Ele nem procura nem quer receber o lou vor dos descrentes. Então, Jesus dá sua resposta pessoal à razão de sua disputa com os judeus. A razão verdadeira não é seu desejo por reconhecim ento, mas sua falta de am or por Deus. O Senhor diz: Eu os conheço (com o ele os conhecia? Ver sobre 5.6), que não têm o am or de D eus (aquele é o am or p o r Deus - genitivo objetivo - , com o o contexto seguinte claram ente mostra) em seu íntim o. Se eles tives sem esse am or no coração, teriam aceitado o testem unho do Pai com relação a seu Filho. 43. Foi fácil para Jesus provar que sua sentença “Vocês não am am a D eus” era verdadeira. A prova foi esta: Eu vim em nom e de m eu Pai, m as vocês não m e receberam . E m bora ele tivesse vindo em nome do Pai - isto é, não som ente sob seu com ando, mas para revelálo por palavra e obra - , eles não o aceitaram. Aqui há outro exem plo de litotes. Eles obstinadam ente o tinham rejeitado, e isso apesar de todos os poderosos testem unhos enum erados em 5.31-40. Se outro vier em seu p róprio nom e, vocês o aceitarão. E ssa p rofecia se cum priu muitas vezes. Teudas foi um falso m essias; um outro foi Judas, o galileu (At 5.36, 37). Então, veio B arkoca (132-135 d.C.), a quem Akiba, um proem inente rabino, cham ou de a estrela de Jacó (Nm 24.17). H ouve vários outros, desde aqueles dias. O últim o será o pró prio anticristo (2Ts 2.8-10). Todos estes se apresentam sem as creden ciais apropriadas: eles vêm “em seu próprio nom e” . No entanto, as pessoas os aceitaram. Eles desviaram a muitos. 44, N ão só é verdade que os judeus não crêem ; eles realm ente não podem crer, visto que estão constantem ente buscando o louvor dos hom ens e não o louvor que vem de (irapá) Deus. Jesus diz esta verdade, ao em itir as seguintes palavras: Como podem crer, vocês que aceitam louvores uns dos outros, enquanto não buscam o louvor que vem do Deus único? O próprio nom e judeu - de Judá,
JOÃO 5.45, 46
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que significa louvado os lem bra constantem ente de louvor, glória e honra; mas, eles estão procurando o tipo errado de honra, um a vez que ela vem de um a fonte errada, Cf. R om anos 2.29, onde Paulo lem bra aos seus leitores que um verdadeiro judeu é aquele cujo louvor não vem dos hom ens, mas de Deus. Esses judeus, a quem Jesus está se dirigindo, podem fazer suas petições ao Único D eus, duas vezes ao dia - com base em D euteronô m io 6.4, 5 no entanto não buscam o louvor que vem do D eus Único, nem o amam, conform e ensina a passagem de D euteronôm io. A falta de am or sem pre provoca cegueira. Não foi a ausência de evidências, mas a falta de amor, que levou esses hom ens a rejeitarem a Cristo. 4 5 ,4 6 . Os judeus ouviram essa repreensão direta. Talvez tivessem concluído que as palavras de 5.34: “Eu disse essas coisas para que vocês possam ser salvos” não eram verdadeiras. Talvez estivessem com eçando a considerar Jesus com o um acusador, no estilo de Sata nás, que estava à m ão direita do Anjo do Senhor para que pudesse acusar Josué, o sum o sacerdote, por causa de suas roupas sujas (Zc 3.1-5). Entretanto, essa não era a intenção de Jesus (cf. 3.17). N a verdade, isso não era nem m esm o necessário. Jesus, ao dizer algum as palavras de grande im portância, lança o seguinte desafio final ao seu hostil auditório. N ão pensem (ou: não fiquem pensando - [ifi ôoKelTe presente do im perativo) que eu os acusarei diante do Pai. Seu acu sador é M oisés, em quem vocês têm depositado sua esperança. Os judeus apelavam para M oisés seguidam ente, e diziam : “Nós somos discípulos de M oisés” (9.28). Agora Jesus lhes diz que M oisés, o objeto constante de sua esperança, para cuja Escritura eles estavam sempre apelando, e cujas instruções eles debatiam e analisavam com grande m inúcia casuística, era quem os acusava. A razão para isso era que, apesar de todas as suas palavras jactanciosas, afirm ando ser seus se guidores, eles não criam nele: Porque, se de fato cressem em M oi sés, creriam tam bém em m im , porque ele escreveu a m eu res peito. “M oisés escreveu a m eu respeito”, disse Jesus. Aqui nos referi mos prim eiram ente à lista de referências dadas em nossos com entários sobre 1.5, m ostrando que Cristo é de fato o coração dos escritos de M oisés e de todo o Antigo Testam ento. No Pentateuco - que, em sua essência, deve ter sua autoria creditada a M oisés, e isso devido à m ui
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JOÃO 5.45, 46
tos testem unhos, principalm ente o que foi dado por Jesus neste versícu lo, existem várias passagens que, definitivam ente, se referem a Cristo: por exem plo. Gênesis 3.15; 9.26; 22.18; 49.10; N úm eros 24.17 e D eu teronôm io 18.15-18. Porém, o que M oisés escreveu a respeito de C ris to não está, certam ente, limitado a essas passagens. Todo o Pentateu co - e não som ente o Pentateuco, m as tam bém todo o Antigo Testa m ento - aponta para a vinda de Cristo e definitivam ente prepara o cam inho para sua chegada. Existem quatro linhas que, através de todo o Antigo Testam ento, encontram sua convergência em B elém e no Calvário. Isto é: histórica, tipológica, psicológica e profética. Por preparação histórica querem os dizer que, seguidam ente, as forças do mal direcionam seu ataque contra o povo de Deus, tentando im possibilitar o cum prim ento da prom essa de Deus com respeito à vin da de Cristo; e que, quando a necessidade é maior, a ajuda é majestosa: as dificuldades extrem as do ser hum ano são, em geral, as m aiores opor tunidades divinas. O Pentateuco e todos os outros livros do Antigo Tes tam ento estão cheios de exem plos desta verdade. Por preparação tipológica querem os dizer que o caráter do M es sias e da salvação existente nele é apresentado em tipos que são ou m ateriais ou pessoais. Pensam os, por exem plo, na água que em ana da rocha, no maná, na Páscoa, na coluna de fogo, no tabernáculo com sua m obília, em todo o ritual sacrificial e na serpente de bronze. Pensam os tam bém em Adão, M elquisedeque, Josué, Davi, Salom ão, entre outros. Os livros de M oisés estão repletos de tipos cristocêntricos. P or preparação psicológica apontam os para o fato de que, duran te toda a antiga dispensação e, certam ente, tam bém nos livros de M oi sés, um a verdade é m encionada com um a clareza crescente: O ser hum ano, em sua própria força, nunca pode alcançar a verdadeira ale gria e salvação. U m dos propósitos da lei sináitica foi convencer os judeus dessa verdade. Se o ser hum ano deve ser salvo, alguém terá de salvá-lo. Esse alguém é Cristo. Finalm ente, por preparação profética indicam os que a vinda de Cristo, sua obra, seu sofrim ento e sua subseqüentente glória, foram anunciados por profecias diretas. Verdadeiram ente, “M oisés escreveu a meu respeito”. Entendido
JOÂO 5.47
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da m aneira correta, tudo o que M oisés escreveu tinha a ver com Cristo! 47. Jesus conclui suas palavras aos judeus com esta pergunta retó rica: M as se vocês não creram em seus escritos, com o crerão em m inhas palavras (piífictoLv- - discurso, serm ão)? (Cf. Lc 16.31.) Tom ou-se com um aceitar a posição de que este versículo apresenta um contraste entre eles e eu, mas não entre escritos e palavras. N os sa inclinação norm al, no entanto, é concordar com A. T. R obertson e outros, que vêem um contraste não só entre os pronom es, mas tam bém entre os substantivos: seus escritos, em contraste com minhas p a la vras. Se a intenção de Jesus fosse contrastar apenas os pronom es, ele provavelm ente teria usado o mesmo substantivo (por exemplo: ensinos, palavras, m andam entos) depois de cada um dos pronom es: “Se vocês não creram em suas palavras, com o crerão em minhas palavras?” Se esse fosse o caso, o contraste entre suas e minhas estaria plenam ente evidente. Porém, nessa sentença condicional, tem os seus escritos na prótase e minhas palavras na apódose. Além do mais, faz sentido o contraste entre esses dois conceitos (cada um deles consistindo de um substantivo e de seu m odificador). Em nosso modo de ver, o que Jesus queria dizer era: “vocês, judeus, estão sempre dizendo que nada é tão sagrado quanto a lei escrita - a Torá (embora, na prática, vocês fre qüentem ente parecem estim ar m ais a lei oral do que a escrita). Vocês colocam esta lei escrita acim a de tudo o mais, incluindo qualquer coisa que um a pessoa venha dizer. Vocês tam bém consideram M oisés com o seu líder principal, e louvam sua m em ória. De acordo com vocês, nin guém pode com parar-se a ele. Entretanto, se vocês não creram em seus escritos, com o crerão em minhas palavrasT ’ A m aneira com o a estratura da sentença é apresentada no original confirm a a idéia de que este é, de fato, o contraste que Jesus quer enfatizar. A pergunta que Jesus fez não teve resposta. Se os escritos sagrados são negados, tudo estará perdido. Os judeus precisavam aprender essa lição, da m esm a m aneira que nós hoje tam bém necessitam os aprendê-la.
129. Escrevemos um sumário da História do Antigo Testamento que está centrado neste lema: ver Bible Survey, 3’ ed., Grand Rapids, Mich., 1949, pp. 79-130.
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JOÃO 5.31-47
Síntese de 5.31-47 Ver o E sboço na p. 98. O Filho de Deus R ejeitado na Judéia, como Resultado da Cura do Homem em Betesda, no Sábado, e da R eivindicação de Sua Igualdade com Deus (conclusão). A seção sobre as R eivindicações de Jesus é seguida por esta que trata de seus Testem unhos. Estes podem ser sum ariados da seguinte maneira; (1) Seu testem unho a respeito de si m esm o (5.31; cf. 8.14). Seu testem unho é verdadeiro, mas os judeus negam sua confiabili dade. (2) O testem unho de João B atista (5.33-35). Ele testificou da verdade a respeito de Cristo, cham ando-o C ordei ro de Deus, Filho de Deus etc. Seu testem unho deveria ser aceito pela fé, para a salvação. (3) O testem unho de suas obras (5.36). Essas obras têm valor evidenciai, provando que Jesus foi enviado pelo Pai para desem penhar sua função mediadora. (4) O testem unho do Pai (5.37, 38). O Pai testificou por meio da voz do céu, mas especialm ente por meio do: (5) Testem unho das Escrituras (5.39-47). Os judeus estavam cegos por causa da falta do am or de Deus, e isso os im pedia de ler as Escrituras com o elas deveriam ser lidas. Por tanto, M oisés, em quem confiam , testificará contra eles. Tem-se dito, algumas vezes, que o Quarto Evangelho proclam a dois testem unhos adicionais: (6) O testem unho de cada crente (15.27). (7) O testem unho do Espírito Santo (14.16, 26; 15.26). Neste ponto, no entanto, devem os ir com cuidado. Como já m ostra m os na exegese, dificilm ente podem os considerar estes sete itens com o testem unhos separados, pois é o Pai quem está testem unhando por meio de todos eles.
C a pítu lo 6 JOÃO 6.1-21 1 Depois dessas coisas, Jesus foi para o outro lado do Mar da Galiléia, que é o M ar de Tiberíades. 2 E uma num erosa multidão o estava seguindo, porque estavam vendo os sinais que ele estava realizando nos enfermos. 3 Então Jesus subiu ao monte e assentou-se ali com seus discípulos. 4 Ora, a Páscoa, festa dos judeus, estava próxima. 5 Então, quando Jesus ergueu os olhos e observou que uma grande multidão se aproximava dele, disse a Filipe: Como compraremos pães para que eles possam comer?'^” 6 Mas ele disse isso com o fim de testá-lo, porque ele mesmo sabia o que estava para fazer. 7 Filipe lhe observou: Duzentos denários de pão não seriam suficientes para que cada um deles receba um pedacinho. 8 Um de seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, lhe disse: 9 Está aí um garoto que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas o que é isso para tantos? 10 Disse Jesus: Façam o povo assentarse. Ora, havia relva em abundância naquele lugar Então os homens se senta ram, em número aproximado a cinco mil. 11 Jesus, portanto, tomou os pães e, tendo dado graças, os distribuiu entre os que estavam sentados; e igualmente os peixes, tanto quanto queriam. 12 Ora, quando ficaram saciados, ele disse a seus discípulos: Recolham os pedaços que sobraram, a fim de que nada seja desperdiçado. 13 Assim, pois, fizeram eles, e dos cinco pães de cevada enche ram doze cestos de pedaços que tinham sido deixados por aqueles que haviam participado da refeição. 14 Por isso, quando as pessoas viram o sinal que ele fizera, passaram a dizer: Este é realmente o profeta que estava para vir ao mundo. 15 Ora, quando Jesus soube que estavam para vir com o intuito de tomá-lo à força e o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte. 16 E quando caiu a noite, seus discípulos desceram ao mar, 17 e, tendo embarcado num bote, começaram a atravessar o mar rumo a Cafamaum. Ora, já estava escuro,'” e Jesus ainda não viera ter com eles. 18 E o mar começou a agitar-se, quando um forte vento começou a soprar 19 Quando já tinham rema do mais ou menos vinte e cinco a trinta estádios, eles viram Jesus andando por
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130. S o b re 'ira, ver Introdução, pp. 62, 63. 131. Literalmente: “as trevas tinham já vindo a ser” .
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JOÂO 6.1
sobre o mar, aproximando-se do barco; e ficaram atemerorizados. 20 Mas ele lhes disse: Sou eu. Não tenham medo. 21 Então se prontificaram a recebê-lo a bordo, e imediatamente o barco estava em terra para onde se dirigiam.
6.1-21
1. A história com eça com a frase familiar: Depois dessas coisas. Esta expressão já foi explicada quando tratam os de 5.1. O m ilagre re gistrado neste parágrafo ocorreu de seis m eses a um ano depois dos acontecim entos do capítulo 5. Ele aconteceu, com toda probabilidade, em abril de 29 d.C.; ver sobre 5.1. Isso se deu um ano antes da morte de Cristo. O Evangelho de João parece pressupor que os leitores já estavam familiarizados com o conteiído do Grande M inistério Galileu, conform e registrado nos Sinóticos (Mt 4.12-15.20; M c 1.14-7:23; Lc 4.1 -9.17). O evangelista, depois de ter registrado o m ilagre que aconteceu no início desse m inistério (4.43-54), relata outro milagre, que agora esta mos estudando, e que aconteceu já no final desse período. O m ilagre da multiplicação dos pães e peixes está registrado em todos os quatro Evan gelhos (M t 14.13-23; M c 6.30-46; Lc 9.10-17; Jo 6.1-15). O propósito de João, ao contar a história, é claram ente enfatizar a m ajestade de Cristo (cf. 20.30, 31). Ao fazer isso, ele fornece certos detalhes que não se encontram nos outros relatos. Ele tam bém traça um paralelo m uito interessante entre os capítulos 5 e 6; no primeiro, ele m ostra como Jesus foi rejeitado na Judéia; enquanto que no segundo ele indica com o foi rejeitado na G aliléia (compare, especialm ente, 5.18 com 6.66). O relato dessa dupla rejeição é necessário com o um pano de fundo para os próxim os capítulos, pois o am or do Senhor é ainda m ais realçado quando com parado com a realidade da ingratidão humana. O presente capítulo tam bém revela, talvez mais claram ente do que qualquer outra porção das Escrituras, o tipo de M essias que o povo queria, ou seja, alguém que tudo fizesse a fim de suprir as necessidades físicas do povo e tivesse esse poder. Q uando pareceu ao povo que Jesus preencheria essas expectativas, m ostraram um grande desejo de conduzi-lo em triunfo a Jerusalém com o objetivo de coroá-lo rei, m es mo que para isso tivessem de usar a força. Porém, logo que lhes foi esclarecido que seu herói não era o que eles im aginavam ser, mas sim
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um M essias espiritual que tinha vindo salvar o povo de sua culpa, cor rupção e m iséria do pecado, viraram -Ihe as costas e o abandonaram . Portanto, o m esm o capítulo apresenta Jesus, prim eiram ente, no ápice de sua popularidade, e então, subitam ente, cam inhando rapidam ente para o escárnio e desprezo públicos. M as, no m eio dessa m ultidão in constante, sua glória continua a revelar-se, especialm ente no que diz respeito ao seu desejo de continuar m anifestando sua bondade para com eles, apesar de conhecer muito bem aquelas pessoas que agora o desprezavam . Som os inform ados que Jesus foi para o outro lado do M ar da G aliléia. Lucas 9.10 inform a que o local da travessia foi na vizinhança de Betsaida. A pesar de não ser possível afirmar, com toda certeza, se havia mais de um a cidade com esse nom e nas proxim idades do M ar da G aliléia (ver tam bém as explicações de 1.44), depois de estudarm os os ai'gumentos de am bos os lados, estam os inclinados a acreditar que a resposta certa é que havia m ais de um a Betsaida. Nossas razões são as seguintes: 1. De acordo com os Sinóticos, antes de cruzar o M ar da Galiléia, Jesus havia trabalhado na parte ocidental do país, ao redor de Cafarnaum, Nazaré, entre outras. Também, com o já vimos, o m ilagre regis trado no capítulo cinco de João aconteceu a oeste do Jordão (em Jeru salém, no tanque). Com relação a ambos os casos, parece que a ex pressão: “Jesus passou para o outro lado do m ar” poderia ter som ente um a interpretação com preensível para aqueles que tinham lido as histó rias do E vangelho até este ponto, isto é, que ele havia atravessado para 0 lado leste (ou nordeste) do mar. E ali, no lado leste, localizava-se B etsaida Julia, um pouco a sudeste do ponto onde o Rio Jordão, vindo do norte, desagua no M ar da Galiléia. 2. Os discípulos, depois do m ilagre da alim entação dos cinco mil, atravessaram o mar, um a vez mais. Seu barco estava agora navegando na direção de C afam aum (6.17), mas, de acordo com M arcos 6.45, ia na direção de Betsaida. C ertam ente que a interpretação m ais coerente (• que havia um a segunda Betsaida, situada em algum lugar das proxiniidiides de Cafam aum . 3. Bsta conclusão é tam bém apoiada pelo fato de que esta Betsaida
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JOÂO 6.1
(de M arcos 6.45) estava localizada na planície de Genesaré (Mc 6.53), a noroeste do M ar da Galiléia. 4. O próprio fato de que quando a cidade natal de Filipe (tam bém de A ndré e Pedro - 1.44) é m encionada (12:21), ela é cham ada B etsai d a da G aliléia, parece indicar um a distinção entre esta B etsaida e outra B esaida não na Galiléia, isto é, Betsaida Julia, um a vila que tinha sido recentem ente reconstruída por Filipe, o tetrarca, e cujo nom e hon rava a bela filha, porém licenciosa, do im perador Augusto. 5. O argum ento algum as vezes usado para refutar a idéia da exis tência de duas cidades é o seguinte: A existência de duas cidades, com 0 m esm o nom e e no m esm o lago, deve ser considerada um a im probabi lidade. Porém , este não é um bom argumento, pois: a. várias cidades e vilas, na Palestina bíblica, tinham o m esm o nome, e algumas delas loca lizavam -se próxim as um as das outras; b. Parece ser m uito estranho que, diante da abundância de peixe no M ar da Galiléia, som ente um a cidade tivesse o nom e de “C asa de Peixe” (i.e., Betsaida). Jesus, então, atravessou o M ar da Galiléia, e aportou na vizinhança de B etsaida Julia. O M ar da G aliléia é tam bém m encionado por outro de seus nomes. Ele tinha muitos nomes: M ar de Q uinerete (Nm 34.11; D t3 .1 7 ;J s 12.3; 13.27; 19.35; IR s 15.20), Lago de Genesaré (Lc 5.1) e M ar de Tiberíades (aqui, em Jo 6.1). Este últim o nome, que num a form a m odificada, é usado até os dias de hoje, era derivado da cidade (Tiberíades) que Herodes Antipas havia fundado, no ano 22 d.C., e que estava localizada em sua m argem ocidental. É m uito provável que os leitores na Á sia M enor estivessem muito m ais fam iliarizados com esse nom e do que com os outros. Por isso, a inform ação Q ue é o M ar de T iberíades, foi acrescentada à designação mais antiga. M arcos 6.30-32 e M ateus 14.12, 13 nos contam a razão pela qual Jesus e seus discípulos cruzaram o mar: os discípulos tinham acabado de retornar de um a viagem m issionária. Eles precisavam descansar, e, tam bém , de um a oportunidade para ficar a sós com Jesus. N a m ovi m entada m argem ocidental do lago - especialm ente em C afam aum não havia oportunidade para descanso. Além do mais, os discípulos 132. Uma vista vivida, tridimencional e colorida da Planície de Genesaré é fornecida por Viewmaster Travelogue, rolo n° 4009, O Mar da Galiléia, Cena 7.
JOÃO 6.2, 3
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tinham acabado de receber a terrível notícia da m orte de João Batista. Isso tam bém exigia um tempo de reflexão e meditação. 2. E um a num erosa m ultidão o estava seguindo, porque es tavam vendo os sinais que ele estava fazendo na cura dos enfer m os. N um a linguagem pitoresca - três im perfeitos o autor descreve as multidões que tinham seguido Jesus, enquanto m inistrava na Galiléia: Elas o seguiam porque estavam vendo os sinais que ele estava fa z e n do na cura dos enfermos. Somos inform ados, em M ateus 14.13 (cf. M c 6.33; Lc 9.11), que a m ultidão, notando que Jesus tinha em barcado, e dirigia-se para Betsaida Julia, seguia-o por terra, desejando estar com ele um a vez mais. No entanto, eles não estavam interessados num Sal vador do pecado, mas estavam muitos im pressionados com sua capa cidade de operar milagres. O que a m ultidão não estava entendendo era que aqueles m ilagres eram, na verdade, sinais (ver sobre 2.11). 3. Assim, enquanto o povo cam inhava ao redor do lago, Jesus o atravessava.'-’’ Ele chegou à vizinhança de Betsaida Julia. Aqui Jesus subiu ao m onte (elç xò opoç). A versão A.V. traz “num a m ontanha” , e a A .R .V , “na m ontanha” . M as se o term o “m ontanha” é usado para qualquer elevação com m ais de seiscentos metros acim a do nível do mar, e qualquer outra elevação com menos que isso é cham ada “m on te”, então não se pode falar de um a m ontanha nessa localidade. Não é preciso, entretanto, e nem m esm o aconselhável, usar o plural (“nos m ontes”) com o se se tratasse de um a região de colinas ou um a cadeia de montes. U m simples estudo do território ao redor de B etsaida Julia deixa claro este ponto. N a parte localizada a nordeste dessa região, cerca de dois quilôm etros ao sul da cidade, há um a pequena planície de solo rico. Com o aquela era a época da prim avera, era natural que hou vesse abundância de gram a para a m ultidão assentar-se, quando Jesus aportou nas proxim idades da cidade. Existe realm ente um m onte atrás daquela planície, e isso se encaixa perfeitam ente às inform ações forne cidas pelo texto. Assim, quando o evangelista escreveu que Jesus su133. Quem chegou primeiro: Jesus ou as multidões? Muitos entendem que há um conflito entre M arcos 6.33b e João 6.5a. Na verdade, não existe realmente nenhuma boa razão para acreditar na existência de um conflito. Se o termo npof)A6ov, na passagem de Marcos, for interpretado corretam ente, o resultado será harm onioso. Em apoio de João 6.5a, ver também Mateus 14.13,14 e Lucas 9.11.
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JOÃO 6.4, 5
biu ao monte, todos os que conheciam aquela região sabiam exata m ente a que m onte ele se referia. Para os que não conheciam a região, pelo menos podiam im aginar um monte localizado nas proxim idades da m argem do lago. Ali, portanto, encontramos Jesus. Ele subira pelas encostas do monte, e assentou-se ali com seus discípulos. Pelos Sinóticos, os leitores da Á sia M enor (e de outros lugares) ficaram sabendo que nessa época o Senhor tinha doze discípulos. Os nom es de alguns deles aparecem neste m esm o capítulo: Filipe (6.5, 6), André (6.8), Sim ão Pedro (6.68) e Judas Iscariotes (6.71). O texto registra a reação deles ao m inistério e às palavras de Jesus. O que o Senhor faria com eles, ali, seria na verda de um teste, visando a revelar o que se passava no coração deles. 4. O ra, a Páscoa, festa dos judeus, estava próxim a. A expres são “festa dos judeus” é usada em 7.2 para designar a festa dos taber náculos. A proxim idade da Páscoa é provavelm ente acrescentada com o explicação a 6.15. A Páscoa recordava a libertação da escravidão no Egito. Portanto, era especialm ente naquele dia que os judeus se per guntavam : “Q uando serem os libertados do dom ínio de R om a?” 5. D a posição elevada em que se encontrava, era fácil a Jesus ver a m ultidão se aproxim ando. Então, quando Jesus ergueu os olhos e viu (Beaaáiiei^GÇ - da m esm a m aneira que ele fizera quando um a m ultidão de sam aritanos se aproxim ou dele - ver 4.35) que grande m ultidão vinha ter com ele, longe de considerar isso com o um a per turbação de sua tranqüilidade, desceu a encosta para recebê-los, por que seu coração estava cheio de com paixão para com eles (M t 14.14). Ele então disse a Filipe: Como'^“* com prarem os pães para que essas pessoas possam com er? Sobre isso, devem os notar o seguinte: 1. Não sabemos por que o Senhor fez essa pergunta a Filipe. Os com entaristas fazem várias sugestões, tais como: a. Filipe veio de B et saida e conhecia bem aquela região. Ele saberia onde procurar pães para alim entar aquela m ultidão (mas aqui, para não m encionar outras objeções, as duas Betsaidas estão sendo confundidas); b. Filipe era 134. A palavra iróesv (daí) não significa necessariamente “qual cidade ou vila” . Poderia significar “de que fontes pecuniárias” . De fato, tudo indica que Filipe a toma no último sentido (ver v. 7). A tradução “como” cobre ambas as idéias.
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lento de entendim ento, e m ais do que os outros precisava ser testado (norm alm ente com um a referência a 14.8, 9); c. ele era um a pessoa que buscava explicações para tudo, sendo frio e calculista; d. porque ele tinha acabado de fazer um a pergunta; ou e. ele era o discípulo que estava m ais perto de Jesus. Não temos a resposta. N ão há nada no texto que sugira por que Jesus escolheu Filipe com o o hom em a quem se fez a pergunta. 2. Para a palavra “pão”, o original usa um term o que não transm ite a idéia que temos, em nossa mente, do form ato de um pão. Um apioç tinha a form a de um a panqueca ou de um a broa, e não de um pão com o 0 conhecem os no Ocidente. 6. A razão para essa pergunta é dada nas seguintes palavras, Ele estava dizen do isso com o fim de testá-lo; porque ele m esm o sabia o que estava para fazer. A palavra usada no original pode tanto significar tentar (com o em Tg 1.13), quanto testar ou provar (como em Tg 1.2 - provações). Aqui, naturalmente, o sentido é que o Senhor quer dar a Filipe um a oportunidade de revelar se ele m ostrava sim patia para com aquelas pessoas, e se guardara no coração a lição que os milagres e sinais tencionavam ensinar, ou seja, que eles apontavam para a majestade, a glória e o poder do Senhor, bem com o sua capacidade de suprir todas as necessidades. O propósito da pergunta não era obter inform ações a respeito dos locais onde os pães poderiam ser com pra dos, nem tam pouco indicar que o Senhor não sabia o que fazer, pois o que lemos é: “Ele próprio sabia o que estava para fazer” . 7. Filipe vê as num erosas multidões, e im ediatam ente com eça a calcular os custos envolvidos em alim entar a todos os que estavam ali, esquecendo com pletam ente que o poder de Jesus ultrapassava qual quer cálculo que ele pudesse fazer E lhe respondeu: D uzentos de nários de pão não seriam suficientes para que cada um receba um pedacinho. O denário de prata era, talvez, a m oeda rom ana mais usada nos dias do Novo Testamento. Literalm ente, o nom e denário significa “contendo d ez”. Seu nom e estava ligado ao as, urna m oeda de bronze cujo valor era de 1/10 de denário. Entretanto, quando se diz, com o em muitos com entários, que o denário era igual a 16, 17, ou até m esm o 20 centavos de dólar, e que Filipe, ao mencionar duzentos dená rios, estava pensando num m ontante equivalente a 32, 34 ou 40 dólares.
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isso não é correto. O valor de qualquer m oeda flutua constantem ente. Portanto, é m uito m elhor dizer que, com base na Escritura (M t 20.2, 9, 13), um denário representava o salário pago a um trabalhador por um dia de trabalho. Isso indica que duzentos denários eqüivaliam à rem u neração de um a pessoa por duzentos dias de trabalho! C ertam ente que um valor desse não seria suficiente para com prar com ida que bastasse a que cada um recebesse seu pedacinho (ppcc^ú "cl)- Além disso, é difícil acreditar que Judas, o tesoureiro, tivesse duzentos denários em sua bolsa. Filipe teria tem po de refletir na resposta que dera, e (mais im por tante!) na pergunta que ora dava. Jesus com eça a falar à m ultidão a respeito do reino de Deus. Além disso, todos os que precisavam de cura foram curados (Lc 9.11). No entanto, apesar dessas m anifesta ções de poder, Filipe não parece ter entendido que o m esm o Senhor, que em C aná m ostrara sua capacidade de suprir com vinho a festa de casam ento, era plenam ente capaz de, ali em B etsaida, alim entar com pão aquela multidão. 8, 9. E assim findou-se o dia e a noite chegou. As pessoas que estiveram com Jesus por várias horas estavam fam intas. O que acon tece a seguir está registrado em M arcos 6.35-37: “E Q uando o dia estava chegando ao fim, seus discípulos foram a ele e disseram: É de serto este lugar, e o dia já está term inando; despede as pessoas para que elas possam ir aos cam pos ao redor e pelas aldeias com prar algu m a coisa para comer. Ele, porém, lhes respondeu; Dêem -lhes vocês m esm os algum a coisa para comer. Eles responderam : Precisam os ir e com prar duzentos denários de pão para lhes dar de com er?” Isso deixa claro que a fé dos outros discípulos não era m ais forte que a de Filipe. O poder de Jesus não parece ter ocorrido a nenhum deles. Todos fizeram seus cálculos, mas faltou-lhes o exercício da fé . M arcos nos informa que Jesus perguntou aos discípulos, “Quantos pães vocês têm? Vão e vejam ” (Mc 6.38). A resposta (Mc 6.38b; Mt 14.17; Lc 9.13b) foi, “cinco pães e dois peixes”. O autor do Quarto Evan gelho, pessoalmente uma testemunha ocular, acrescenta certos detalhes interessantes. Lemos: Um dos discípulos, André, irm ão de Sim ão Pedro (ver sobre 1.40), disse-lhe: Está aí um garoto que tem cinco pães de cevada e dois peixes, m as o que é isso para tantos?
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É interessante observar que, não som ente aqui, m as tam bém em 12.20-22, encontram os Filipe e André m encionados juntos. Sabem os que eles vieram da m esm a cidade, e que ambos estavam listados entre os seis prim eiros discípulos de nosso Senhor (ver sobre 1.41-43). A n dré, em resposta à pergunta feita pelo Senhor, aponta para um rapaz TOiôápioy - , m as não necessariam ente com o querem alguns com enta ristas, para um a criança pequena. Os dim inutivos, em grego, bem como em outras línguas, têm a tendência de perder um pouco de sua força dim inutiva original. André inform a ao Senhor que o rapaz tem cinco pães e dois peixes (ôijjápLa, aqui e tam bém em 21.9-13, e não LxGúaç, com o nos Sinóticos). M uitos sermões têm sido pregados a respeito desse rapaz. Neles, m uita inform ação tem sido dada que não se encontra nem nas E scritu ras, nem em nenhum outro local; por exemplo, que esse garoto tinha ido com prar alim entos a mando de sua mãe, e estava agora voltando para casa com os cinco pães e dois peixes que havia adquirido; ou, que ele estava passeando, tendo levado seu lanche consigo. André deve ter usado um a linguagem muito convincente para privá-lo de seu lanche; ou (m uito m elhor) o rapaz estava fazendo o que sem pre fazia, ou seja, vendendo lanches para as pessoas (como se faz hoje em dia!). M as o fato é que o Senhor não nos quis dar inform ações adicionais. O foco da luz é posto no Senhor, e não no rapaz. Tudo que precisam os saber é que Jesus queria usar esse jovem . O fato de que aquele tipo de pão era considerado “o pão dos pobres”, e que Josefo até m esm o fala de um certo tipo de pão que era “muito vil para ser consumido pelo hom em ”, tem m uito pouco a ver com essa história. Um bolo feito desse tipo de pão é um alim ento bom e com pleto. A com ida dos pobres não é, neces sariam ente, pobre em nutrientes. Quando André pensa nos cinco pães - apenas cinco - e dois peixes - apenas dois - e na grande m ultidão faminta, mas não no p oder e am or de Jesus, ele exclam a: “M as que é isso para tanta gente?” E os outros discípulos pensavam a m esm a coisa.
135. Flavio Josefo, Jewish Aniiqiiitie.s. in H. St. J. Trackeray e R. Marcus, The Loeb Classical Library, Londres e Cambridge, 1954, vol V, pp. 100-101.
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10. Jesus disse; Façam as pessoas se sentarem . Sem censu rar a pequena f é dos discípulos, Jesus m andou que o povo se sentasse. A ordem era fácil de cum prir-se, pois, naquela época do ano, havia naquele lugar relva em abundância, que crescia nas encostas do m onte. Então os hom ens se sentaram (àuéueaai' - caíram para trás, i.e., reclinaram -se contra a encosta do morro). Para facilitar a conta gem e para que pudessem ser serviços com facilidade, as pessoas se sentaram em grupos de cem e cinqüenta, form ando um quadro muito charm oso, com o se fossem muitas floreiras postas sobre a relva (cf. M c 6.40 no original). Podemos quase visualizar aquela multidão; pesso as vestidas com roupas orientais resplandecentes, reclinando-se sob o céu azul, sentadas na gram a verde e com o M ar da G aliléia não muito distante: “um a safira no meio das esm eraldas” . Será que elas espera vam que um m ilagre acontecesse? E teria sido por isso que ninguém titubeou em obedecer à ordem para que se sentassem em gnapos? E possível que os homens tenham sido contados, por haver muito mais hom ens que m ulheres e crianças? De qualquer modo, havia cerca de cinco mil hom ens, além de m ulheres e crianças. 11. 0 registro do m ilagre é feito com um a sim plicidade m aravilho sa: Jesus, portanto, tom ou os pães e, tendo dado graças, distri b uiu -os entre todos os que estavam sentados; e igualm en te os peixes, tanto quanto queriam . Observe que, com o tam bém aconte ce em 11 .41, 42, a ação de graças vem antes do m ilagre (para a oração após a refeição, ver Dt 8.10). A este respeito, tem -se dito que Jesus usou a oração custom eira feita à mesa. Isso é praticam ente im possível, em bora a m elhor resposta seja que não sabemos. Devem os tam bém lem brar que os sermões que nosso Senhor pregou para as m ultidões foram sem pre caracterizados por novidade e originalidade. Ele nunca falou com o os escribas, que sim plesm ente copiavam as palavras dos rabinos que os antecederam . Seria provável, então, que quando ele fa lava com seu Pai no céu, ele ussasse um a oração padrão? Jesus distribuiu os pães entre todos os que estavam sentados. O bserve a abreviação que João faz aqui. Ele parece presum ir que os leitores já conhecessem outros detalhes m encionados nos outros Evan gelhos. Os outros evangelistas (Mc 6.41; M t 14.19; Lc 9.16) nos infor m am que o Senhor, depois de ter dado graças, tom ou os pães nas m ãos
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e com eçou a parti-los em pedaços, que então deu aos seus discípulos. Estes, por seu turno, os puseram em cestos (coletados aqui e ali dentre a m ultidão?) e distribuiram -nos à multidão. O Senhor fez o m esm o com os peixes. O ponto enfatizado é que cada um a daquelas pessoas comeu tanto quanto quis. Alguns até m esm o pegaram mais pedaços do que poderiam comer. Assim, com um a sim plicidade m ajestosa, o m ilagre é relatado. Será que o pão m ultiplicou-se nas m ãos do Senhor? Ou, em que ponto o m ilagre ocorreu? Tudo o que sabemos é que um grande m ilagre aconteceu, e esse foi um sinal que, em sua natureza, revelou-se transform ador. D a m esm a m aneira que Jesus, em Caná da Galiléia, não transform ou sim plesm ente a água em vinho, aqui tam bém ele não cria sim plesm ente m ais pães, mas transform a o pão em m ais pães. Isso se encaixa perfeitam ente no propósito de sua vinda à terra. Ele veio não para criar, mas para transformar, e, no processo de execução des sa obra m aravilhosa, revela sua im ensa generosidade (e, portanto, tam bém de seu Pai): Tudo que ele dá, dá abundantem ente. 12. Entretanto, os recursos infinitos não são desculpa para desper dício. O desperdício é pecado. A lém do mais, não havia outros que também precisavam comer, por exemplo, o rapaz, os discípulos, os po bres, no dia seguinte, e por último, porém não menos im portante, o pró prio Jesus? Assim, não nos surpreendem os quando lemos: E, quando já estavam sa ciad os, Jesu s d isse a seu s d iscípu los: R ecolham os pedaços que foram d eixados, para que nada se desperdice. Note: os pedaços, e não os restos. 13. A ssim , pois, o fizeram e encheram doze cestos de p ed a ços dos cin co pães de cevada que tinham sido d eixados pelos que participaram da com ida. A idéia é que algum as pessoas tinham pego m ais pedaços do que podiam comer, quando os mesm os foram distribuídos pelos discípulos. Esses pedaços são agora recolhidos. O resultado é que foram necessários nada menos que doze cestos (K Ó cfnvoço l ; contraste o c jju p íç ) para fazer essa coleta, e os m esm os se enchernm com os pedaços que tinham sobrado. 14. 15. O m ilagre não foi apreciado em seu verdadeiro caráter. Siiii lição não foi entendida. Q uando as pessoas viram o sinal que JcsilN Hzcra, disseram: E ste é realm ente o profeta que devia vir tio iniliKÍo. Blas identificaram Jesus com o profeta de D euteronôm io
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18.15-18. Até aí, tudo bem. É até m esm o possível (ver p. 131) que tenham visto neste profeta o M essias, pois não devem os desprezar o fato de que, ao se referirem a ele, usaram a frase que, em outras pas sagens do Quarto Evangelho, refere-se ao M essias, ou seja: “que devia vir ao m undo” (ó èpxóneyoç eiç xòv KÓaiiou' - ver o com entário sobre 1.9). M as, m esm o se o vissem com o M essias, o entendim ento consistia em que ele era um M essias terreno - o M essias político da esperança farisaica - , com o é claro no versículo 15: Então, quando Jesus sou be que estavam para vir com o intuito de tom á-lo e o proclam a rem rei, retirou-se novam ente, sozinho, para o m onte. Cheios de estusiasm o, com aquele tipo de fervor que dom ina um a m ultidão de fiéis judeus durante a Páscoa, estavam prontos a m archar para Jerusa lém, carregando em seu meio aquele homem poderoso, que tinha a capacidade de realizar curas e prover pão e prosperidade para todos se ele se recusasse a ir, eles estavam disposto até m esm o a raptá-lo, forçando-o a cam inhar com a m ultidão - para que, ao chegarem à C idade Santa, o pudessem coroar com o rei e declarar a libertação do jugo rom ano e o estabelecim ento do reino de Deus na terra. M as ele, cujo reino não é deste m undo (18.36), retirou-se para o m onte (cf. 6.3 e M t 14.14); ou seja, ele foi ainda mais para cima, para poder estar sozinho. M as, antes de subir o m onte, pelo poder de sua palavra, frus trou o desejo da m ultidão: ele sim plesm ente dispensou aquele grande grupo, ao m esm o tempo em que ordenou que seus discípulos em bar cassem e navegassem para o outro lado do M ar da Galiléia. 16-21. E quando caiu a noite, seus discípulos desceram ao m ar e, tom ando um barco, com eçaram a atravessar o mar, rum o a C afam aum . Já estava escuro, e Jesus ainda não viera ter com eles. E 0 m ar com eçou a ficar agitado, por causa de um forte vento que com eçara a soprar. D iante da ordem dada por Jesus, para “ir antes dele para o outro lado” (M t 14.22), os discípulos dirigem -se ao mar. O evangelista diz que eles tom aram um barco e atravessaram o m ar em direção a Cafarnaum. A idéia de alguns estudiosos, de que eles aguardaram por um bom tem po antes de com eçar sua viagem, esperando que Jesus se ju n tasse a eles, está em total contradição com M ateus 14.22, e certam ente não se encaixa com 6.17.
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A m aneira com o João usa os tempos verbais gregos, nos versículos 17 e 18, é muito i n s t r u t iv a .E l e usa o im perfeito “estavam com eçan d o ” (tjp x o v to ) e “estav a ficando a g ita d o ” , ou “estav a su b in d o ” (ÕLriYeí.p£To) para dem onstrar a condição, respectivam ente, dos hom ens no barco e do mar. M as, entre esses im perfeitos ele usa o m ais-queperfeito (a escuridão) “viera (a ser)” (èyeYÓi^^i-) e (Jesus) “ainda não viera” (o Íjitco 4ÀriÀú9eL)> para indicar o que tinha (ou não tinha ainda) acontecido antes que os discípulos alcançassem o lado oposto. Além do mais, quando o autor diz: “A gora a escuridão já chegou”, (ou “já e sta v a escuro”) e que Jesus ainda não tinha ido a eles, ele escreve da perspec tiva de alguém que estivera no barco, e agora, m uitos anos depois, está escrevendo a história. Ao escrever, ele já sabia, naturalm ente, que an tes do fim da noite, e, antes de chegarem ao outro lado, o Senhor se ju ntara ao grupo; ele tam bém sabe que seus leitores conheciam M ar cos 6 e M ateus 14. Portanto, podem os parafrasear suas palavras da seguinte maneira: “Já estava escuro e Jesus ainda não fora ter com eles; a vinda de Jesus, conform e vocês leram nos outros Evangelhos, ocorreu nessa m esm a noite. M as, muito antes de chegar, o mar estava ficando agitado (ou, estava subindo), e um vento forte estava soprando” . Fortes rajadas de vento que vinham das ravinas (vales profundos e estreitos, ou passagens entre as colinas do oeste), passando a agitar o lago, cuja superfície fica a cerca de 220 m etros abaixo do nível do M ar M editerrâneo. A tem pestade aum entou rapidam ente de intensidade. A noite ficou ainda m ais escura. Hora após hora, os discípulos, que eram acostum ados com o mar, estavam remando. Ao remarem , eles esta vam diante de B etsaida Julia, enquanto o barco estava avançando rumo a Betsaida da Galiléia. A situação deles era, do ponto de vista hum ano, m uito perigosa. N a verdade, não era exatam ente assim, com o se tom a claro quando dois versículos, em Mateus 14, são vistos em sua relação mútua. Esses versículos formam, por assim dizer, um quadro composto. Fam osos artistas'-'*^ pintaram a parte 1 desse quadro (Jesus, sozinho, em oração), bem com o a parte 2 (os discípulos no meio da tem pestade). 136. Cf. Gram. N.T., pp. 904-905. 137. Estou pensando, por exemplo, no quadro famoso pintado por Hofmann, Cri.
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mas o que devem os ter em m ente é o quadro completo, m ostrado por M ateus, nas seguintes palavras: “E depois que ele despediu as multidões, subiu sozinho ao m onte para orar; e quando a noite caiu, lá estava ele, só. Porém , o barco já estava no m eio do m ar (ou: m uitos estádios distante da terra), açoitado pelas ondas, porque o vento era contrário” (M t 14.23, 24). E m bora a tem pestade estivesse furiosa, e a escuridão envolvesse o pequeno grupo, eles estavam, no entanto, com pletam ente seguros, pois 0 Senhor, na colina, estava intercedendo por eles. Realm ente, esse é um belo quadro, com muitas aplicações aos nossos dias atuais. Os discípulos estavam já rem ando há várias horas. Eles tinham deixado a m argem oriental do m ar ao cair da tarde, ou no início da noite, e agora já eram três horas da manhã, ou um pouco m ais tarde (Mt 14.25; a quarta vigília da noite; portanto, algo entre três e seis horas da manhã). A tem pestade era tão intensa que eles só tinham conseguido navegar por 25 a 30 estádios. Um estádio eqüivale mais ou m enos du zentos metros. Portanto, o grupo tinha conseguido avançar som ente cinco ou seis quilômetros. Ora, se a distância entre o ponto de onde eles tinham partido até o local onde eles aportaram era de cerca de oito quilôm etros, com o parece provável, então é claro que os discípulos se encontravam , naquele m om ento, “no meio do m ar” (Mc 6.47). E, além disso, não podem os desconsiderar a possibilidade de terem se desviado de sua rota, por causa da violência do vento, ou que tenham tentado, por um pouco, voltar à margem de onde tinham partido. Q ualquer que tenha sido o caso, eles ainda tinham um a boa distância para cobrir an tes de chegarem ao seu destino. Depois que tinham rem ado aproxi m adam ente vinte e cinco a trinta estádios, eles viram Jesus an dando por sobre o m ar e aproxim ando-se do barco; e ficaram am edrontados. Então, subitam ente, aconteceu! Com seus rostos voltados para a direção leste (enquanto seu barco estava voltado para oeste), e, envol tos naquela profunda escuridão, os discípulos discerniram os contornos de um vulto cam inhando sobre as ondas furiosas. Os fortes ventos e as grandes ondas não pareciam im portunar em nada aquela form a hum a na. O vulto cam inhava em direção ao barco, e o fazia tão rapidam ente que, gradualm ente, se aproxim ava de onde eles estavam , até que, por
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um m om ento, pareceu com o se ele fosse ultrapassá-los. Os discípulos, com pletam ente alarm ados, exclam aram: “Um fantasma! U m fantas m a!” (M c 6.48, 49). Esses detalhes, m encionados em M ateus e M ar cos, são om itidos por João, que sim plesm ente diz: “Depois que eles tinham rem ado por cerca de vinte e cinco a trinta estádios, viram Jesus andando p or sobre o m ar e aproxim ando-se do barco; e ficaram com m edo” . Os discípulos estavam atem orizados porque não sabiam que aquele vulto era Jesus. M as ele lhes disse; Sou eu. Não tenham m edo (|iT) 4)0(561006 - presente do imperativo). De acordo com M ateus e M arcos, as palavras: “Sou eu” foram precedidas por, “A nim em -se” . Em M ateus (14.28-31), a história da tentativa de Pedro de andar sobre as águas até Jesus é contada a seguir. Voltando agora ao Quarto Evangelho (6.21), quando os discípulos convenceram -se de que o que estavam vendo não era um fantasma, mas o próprio Senhor, eles se dispuseram a recebê-lo a bordo, o que realm ente fizeram. Então o vento cessou (M t 14.32). E imediatamente (eúBécüç) o barco que, quando Jesus embarcou, ainda estava muito lon ge da praia, alcançou a m argem ocidental. Isso tam bém é visto com o um m ilagre. A quele que havia m ostrado seu poder sobre as enferm ida des (cap. 5), tinha um controle absoluto sobre os ventos e as ondas do mar. Ele provou, um a vez mais, ser o Filho de Deus (20.30, 31; cf. Mt 14.23).
Síntese de 6.1-21 Ver o Esboço na p. 98. O Filho de Deus Rejeitado na Galiléia (os dois milagres). As duas subdivisões são 6.1-15, que sugere as linhas: “Venham, que a com ida está pronta.... Venham para o Pão Vivo”, e 6.16-21: “No mar, no meio da tem pestade, ele me traz paz.” Sob o prim eiro tema, temos:
A. A Falência dos Cálculos Humanos O local (um a planície, a cerca de 1.5 quilôm etros de B etsaida Julia, a nordeste do m ar da Galiléia) era solitário. E o tem po? Estava escure cendo. Além do mais, havia m ais de cinco mil bocas para serem ali mentadas. Os discípulos não tinham dinheiro para com prar nem mesmo
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“um pouco” para cada pessoa. E o jovem que apareceu na cena tinha som ente cinco pães e dois peixes! Resum indo, a situação, da perspec tiva hum ana, desprovida de fé no poder e am or de Deus, era desesperadora. Os discípulos (não som ente Filipe e André, mas todos eles) eram hom ens de pequena fé . Parece que eles ainda não tinham apren dido, de um a m aneira suficiente, a reconhecer Jesus com o o Filho de Deus e aquele cujos recursos são infinitos.
B. A Auto-Suficiência da Provisão Divina Jesus nunca esteve perdido, sem saber o que fazer. Desde o com e ço, ele já sabia com o iria prover para cada um a das situações específi cas. Seu coração estava cheio de amor. Será que aquela m ultidão não estava respeitando seu direito e necessidade de descanso? Jesus sabia que eles estavam aspirando um M essias político, e que rejeitariam o verdadeiro M essias? É claro que ele sabia! No entanto, m esm o assim, forneceu pão a todos eles, tanto quanto eles quiseram . Algum as vezes, ao estudarm os esse m ilagre, fazem os a seguinte pergunta: Qual é a virtude mais realçada nas Escrituras: o am or ou o poder de Cristo? Para as histórias do Antigo Testam ento que prefiguram esse m ila gre, nos referim os a Núm eros 11.13; 1 Reis 17.16 e 2 Reis 4.42. E m bora o m ilagre seja contado em todos os quatro Evangelhos, João, no entanto, conta-o de um a m aneira diferente. Em seu E vange lho, o m ilagre é distintam ente um sinal (ver sobre 1.11), e form a a introdução apropriada para o discurso de Cristo sobre o Pão da Vida. É tolice tentar explicar o que aconteceu aqui. Um dos exem plos mais absurdos é o seguinte: Jesus e os discípulos tinham trazido consigo algum a com ida, e com eçaram a distribuí-la a outros que não tinham nada. Q uando o povo viu isso, cada um que tinha trazido algo de sua casa, envergonhado diante de seu próprio egoísm o, com eçou a fazer a m esm a coisa. Assim, todos tiveram o suficiente para comer. - Essa história deve ser aceita pela fé. Se alguém não crê nela, que então não tente explicá-la. Que seja honesto e diga: “Eu não creio nisso.” O m ilagre no mar, na verdade, com põe-se de quatro milagres: a. Jesus cam inha sobre o m ar (sem cancelar a lei da gravidade, ele a controla a serviço do reino); b. ele perm ite que Pedro ande sobre a água (em bora essa parte da história não esteja no Q uarto Evangelho);
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C. ele se revela com o Senhor da tem pestade, pois quando entra no barco a tem pestade acaba (não em João); e d. ele conquista até m es m o o espaço, pois quando entra no barco este im ediatam ente chega à margem.
A história contada por João pode ser dividida em três partes: A. Os discípulos sem Jesus. B. Os discípulos e o desconhecido Jesus. C. Os discípulos e o Senhor, a quem eles conhecem , e que lhes fala de paz. 22 No dia seguinte, a multidão que ficara do outro lado do mar percebeu que não havia ali nenhum outro barco exceto um, e que Jesus não embarcara nesse barco com seus discípulos, tendo estes partido sozinhos. 23 Entretanto, outros barcos chegaram de Tiberíades, perto do lugar em que haviam comido o pão, depois que o Senhor dera graças. 24 Então, quando a multidão viu que Jesus não estava ali, nem seus discípulos, embarcaram nos botes e partiram para Cafamaum, em busca de Jesus. 25 E quando o encontraram no outro lado do mar, lhe disseram: Rabi, quando chegaste aqui? 26 Jesus respondeu e lhes disse: Mui solenemente eu lhes asseguro: vocês me procuram, não porque viram sinais, mas porque come ram dos pães e ficaram saciados. 27 Não trabalhem mais pelo alimento que perece, mas trabalhem pelo alimento que subsiste para a vida eterna, o qual o Filho do homem lhes dará, porque nele Deus, o Pai, pôs seu selo. 28 Então lhe disseram: O que devemos fazer a fim de reahzar as obras de Deus? 29 Jesus respondeu e lhes disse: A obra de Deus é esta: q u e'“ vocês creiam naquele a quem ele enviou. 30 Por isso lhe disseram: Então, o que estás fazendo como sinal, a fim de que vejamos e creiamos em ti? Quais são tuas obras? 31 Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deulhes a comer pão do céu. 32 Jesus, pois, lhes disse: Mui solenem ente eu lhes asseguro, não foi Moisés quem lhes deu o pão do céu, mas é meu Pai quem lhes está dando o verdadeiro pão do céu. 33 Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo. 34 Então lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão. 35. Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim jamais terá fome, e aquele que crê em mim jam ais terá sede. 36 Mas eu lhes disse que,'^'^ embora já (me) tenham visto, no entanto não crêem. 37 Todos quantos o Pai me dá virão a mim, e aquele que vem a mim de modo nenhum o lançarei fora, 38 porque eu vim do céu, não para fazer minha própria vontade, mas a vontade daquele que me 138. Sobre'iva, ver a Introdução, pp. 62, 66. 139. Sobre o t l , ver a Introdução, pp. 81, 83.
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JOÂO 6.22, 23
enviou. 39 Ora, esta é a vontade de quem me enviou, que''“’ nenhum eu perca de todos os que me deu, mas que ressuscite no último dia. 40 Pois esta é a vontade de meu Pai, que'“"’ todo aquele que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu mesmo o ressuscitarei no último dia.
6.22-40 22, 23. Jesus e seus discípulos aportaram na m argem ocidental do M ar da Galiléia, entre três e seis horas da manhã. A gora já era o dia seguinte - ou seja, a m anhã depois da alim entação dos “cinco m il”, o que é a m esm a coisa que dizer: a m anhã da chegada de Cristo e seus discípulos na planície de Genesaré. Você deve estar lem brado que A m ultidão que ficara do outro lado do m ar, m esm o tendo sido dispen sada por Jesus, não retornara para suas casas, m as perm anecera du rante toda a noite na margem oriental do mar. A m ultidão percebeu: a. Q ue nenhum outro barco (Ti/loLápLov', um dim inutivo; pode ser traduzido por um pequeno barco, portanto um barquinho) perm a necera ali (i.e., no porto sul de Betsaida Julia) exceto um; e este era 0 que o Senhor e seus discípulos tinham usado para navegar até aquela m argem nordeste do m ar E b. Q ue Jesus não em barcara nele com seus d iscípulos, ten do estes partido sozinhos nesse barco. Jesus se retirara para o topo do m onte a fim de orar, e seus discípulos, obedecendo à sua ordem, conform e M ateus 14.22 informa, tinham partido sozinhos. Portanto, o povo com eçou a procurar por Jesus, pensando que ele ainda estava nas cercanias de Betsaida Julia. Isso está im plícito em 6.24a. No entanto, logo descobriram que Jesus tam bém desaparecera m isteriosam ente. Depois de com provarem que ele não se encontrava ali, eles chegaram à conclusão correta de que o Senhor voltara para o lado ocidental, na região de C afam aum , apesar de que, com o não havia nenhum outro barco para levá-lo de volta, não conseguiam entender com o ele conseguira fazer isso. Será que ele cam inhou ao redor do m ar? M as, se esse fosse o caso, eles não o teriam visto? Eles não pensaram , nem m esm o por um m om ento, que ele poderia ter atraves sado o m ar caminhando! 140. Sobre 'iva, ver a Introdução, pp. 62. 66. 141. A sentença contida no versículo 22 não é vaga e imprecisa, sem uma conclusão
JOÂO 6.24-26
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A m ultidão queria estar com Jesus. Além do mais, as pessoas que riam voltar para suas casas do lado ocidental. C ertam ente que elas poderiam caminhar, um a vez mais, toda a distância de dezesseis quilô m etros ao redor do m ar (como m uitos, talvez, já tinham feito), até a região de C afam aum . Isso, devido a todas as dificuldades com as ter ras enlam eadas na parte norte do mar, e especialm ente por terem feito aquela m esm a viagem no dia anterior, não era fácil. Entretanto, chegou aos donos de barcos em Tiberíades'^'" (a cidade-capital na margem sudoeste, ao sul da planície de Genesaré) a notícia de que havia um a grande m ultidão aguardando para cm zar o mar. Isso representava um bom dinheiro para aqueles donos de barcos. Assim , lemos: E ntretan to, outros barcos chegaram de T iberíades, perto do lu gar em que eles com eram o pão, depois que o Sen hor deu graças (as últim as palavras; depois que o Senhor deu graças, são acrescenta das para m ostrar que aquela não tinha sido um a refeição com um ). 24. Então, quando a m ultidão viu que Jesus não estava ali, e nem seus discípulos, tom aram os barcos e partiram para Cafarnaum à sua procura. Não ficam os surpresos ao saberm os que esses barcos levaram seus passageiros para C afam aum , pois a. ali ficava o quartel-general de Cristo durante seu M inistério Galileu; e b. esse lugar deveria estar localizado no centro, no que diz respeito aos passageiros, o lugar de ancoragem m ais conveniente para eles. Ao chegarem a Cafaraaum , as pessoas com eçaram a procurar por Jesus. 6.25-27 25, 26. E tendo-o encontrado no outro lado do mar... Diante do que sabemos com relação à localização da planície de G enesaré e da hora da chegada de Jesus e seus discípulos - entre três e seis horas da m anhã - , não nos causa surpresa lermos que essas pessoas realprópria, como aparece na A.V., que trata o versículo 23 como um parênteses, e então no versículo 24 faz uma tentativa desajeitada de alcançar a sentença que começa no versículo 22. Chamamos isso uma tentativa bastante desajeitada porque enquanto o versículo 24 faz sentido perfeito como uma nova declaração que acrescenta à precedente, ela não forma uma conclusão apropriada à sentença que, supostamente, começa no versículo 22. O erro que a A.V. comete é devido ao uso que faz da fraca variante í5o)y, em vez da correta f lôoi'. 142. Uma gravura vivida, colorida e tridimensional no mapa da planície de Genesaré pode ser encontrada em Viewmaster Travelogue, bobina n° 4009, Ancient Tiberias, Cena 6.
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JOÂO 6.25-27
m ente encontraram Jesus. Não conseguim os ver nenhum a boa razão para presum ir, com o fazem certos com entaristas, que Jesus não pode ria ter coberto a distância do local onde ele aportou até C afam aum naquele curto período de tempo. 0 tem po disponível era mais do que suficiente, m esm o se o Senhor tivesse cam inhando em ritm o norm al, sem nenhum m ilagre adicional, e m esm o se aceitarm os que todo o discurso do versículo 28 foi pronunciado na sinagoga de C afam aum (ver 6.39). E ainda haveria tempo suficiente até m esm o para os acon tecim entos m encionados em M ateus 14.35, 36. Aquelas pessoas que tinham acabado de concluir a travessia do mar, usando os barcos cujos proprietários m oravam em Tiberíades, ao encontrarem Jesus, exclam aram , Rabi (sobre esse term o, ver 1.38, nota 44), quando chegaste aqui? Já m ostram os, anteriorm ente, a ra zão para essa surpresa. Em vez de responder à pergunta que faziam 0 que poderia ter fortalecido a concepção deles de que Jesus era, antes de tudo, um operador de milagres, suficientem ente poderoso para lide rar um a revolução e para trazer prosperidade a todos - , o Senhor os repreende. Eles, em sua busca pelo M estre, estavam motivados por razões equivocadas. Ele disse. M ui solenem ente eu lhes asseguro, vocês m e procuram , não porque viram sinais, m as porque co m eram dos pães e estão saciados (Para as palavras solenes e m a jestosas que introduzem essa sentença, ver sobre 1.51). O que Jesus está dizendo é que aquelas pessoas, apesar de terem visto seus m ila gres (especialm ente a cura do enferm o e a m ultiplicação dos pães, mas tam bém , num sentido mais geral, todas as m aravilhas que ele tinha re alizado), não os tinham entendido com o sinais que apontavam para ele com o o M essias espiritual, o Filho de Deus. (Para o term o sinal or||ielou' - , ver sobre 2.11.) O interesse principal do povo em relação a Jesus devia-se ao fato de terem com ido os pães que ele havia forneci do, até o ponto de se fartarem (èxopxáaBriTe: “e estavam cheios” . A palavra é usada em seu sentido prim ário, para descrever a m aneira com o os anim ais comem, e, no caso, quando com em grama: xópxoç, do qual esse verbo é derivado). 27. Esse texto introduz um outro belo m ashal (ver sobre 2.19): N ão trabalhem mais (ou “parem de trabalhar”, o verbo está no pre sente do im perativo) pelo alim ento que perece, m as trabalhem pelo
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JOÂO 6.27-29
alim ento que subsiste para a vida eterna, o qual o Filho do ho m em lhes dará, porque nele Deus, o Pai, pôs seu selo. Essas palavras veladas deveriam ser com paradas com o texto m ui to parecido, em 4.14; e a resposta, especialm ente a contida no versículo 34, deveria ser com parada com a de 4.15. Quando com parado com o entendim ento da m ulher sam aritana a respeito da água, o entendim en to d o í judeus a respeito das palavras de Cristo sobre a com ida (i.e., pão\ ver vs. 31-35) não era m elhor Ambos interpretaram as palavras literalm ente, e am bos estavam errados! Diante da explicação dada nos versículos 32-35 (cf. para a cláusula final tam bém com 5.31-37), sabe mos que o dito continha o seguinte significado: O M ashal
Seu Significado
“N ão mais trabalhem pela com ida que perece,
Parem de ansiar por pães e outros ti pos de com ida, com o se o alim ento físico pudesse encher o vazio de seu coração. E ntenda que essa com ida perece, não tendo nenhum valor du radouro.
“mas trabalhem pela que subsiste para a vida eterna.
Em vez disso, subm eta a D eus a obra da fé naquele a quem D eus enviou, a com ida real que produz e sustém a vida eterna.
“a qual o Filho do hom em lhes dará,
Bsta comida, eu, o Filho do homem, lhes darei, ou seja, eu darei a mim m es mo àqueles que crêem em mim;
“pois sobre ele D eus, o Pai, colocou o seu selo.”
Porque, pelo testem unho do próprio Filho, de João Batista, de muitas obras ou sinais, do Pai (diretam ente) e das Escrituras, Deus, o Pai, certificou que eu sou o verdadeiro M essias, o Filho de Deus.
Para o term o ppcjoLç, ver sobre 4.32. Para Filho do homem, ver sobre 12.34. Para vida eterna, ver sobre 3.16. 28, 29. O auditório não entende nada a respeito do sentido ver-
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JOÂO 6.30, 31
dadeiro e espiritual desse m a sh a l. Quando Jesus usa a palavra “traba lho”, o term o é im ediatam ente entendido em seu sentido literal, com o se estivesse indicando as obras da lei que eles praticavam para ganhar um lugar no reino. Os fariseus pesavam e contavam essas obras. Então elas (as pessoas) lhe disseram: O que devem os fazer para reali zar as obras de Deus? Jesus respondeu e lhes disse: A obra de Deus é esta, que creiam naquele a quem ele enviou. (Sobre Jesus com o 0 E n v ia d o , ver 3.34; cf. 1.6.) M as, Jesus, nesta passagem , não cham a o b r a o exercício da fé? E se ela é um a obra q u e d e v e s e r re a liz a d a p e lo s se r e s h u m a n o s , com o é que eles podem ser salvos pela g r a ç a l Cf. E f 2.5, 8. N ossa resposta é: a. O ensino de Cristo, conform e apresentado no Quarto Evangelho, incluindo o capítulo 6, não deixa nenhum a dúvida de que a salvação é inteiram ente pela g ra ç a . Ela é obra de Deus e de seu Cristo. E la é um dom-. 1.13, 1 7 ,2 9 ;3 .3 ,5 , 16; 4.10, 14, 36,42; 5.21; 6.27, 33, 37, 39,44, 5 1 ,5 5 ,6 5 ; 8.12,36; 10.7-9,28,29; 11.25, 51,52; 14.2,3, 6; 15.5; 17.2,6, 9, 12, 24; e 18.9. b. Porém , isso não exclui a idéia de que o ser hum ano deve apre sentar a Deus a o b ra da fé. U m a ilustração tornará isso claro. A raiz de um alto carvalho realiza um enorm e volum e de trabalho, captando água e m ineirais do solo para nutrir a árvore. No entanto, não é a raiz, por ela m esm a, que produz essas coisas, mas as recebe c o m o u m d o m . S e m e lh a n te m e n te , a o b r a d a f é c o n s is te e m r e c e b e r o d o m d a d o p o r D eus.
30, 31. Quando Jesus exigiu que eles tivessem fé nele, com o o Enviado do Pai, os judeus pediram para ver suas credenciais (cf. Dt 18.20-22). Eles lhe disseram : Q ue sinal fazes para que vejam os e creiam os em ti? M as, ele já não tinha realizado m uitos sinais? E a m ultiplicação dos pães do dia anterior não tinha sido um sinal glorioso? Com o é possível que ainda ousassem dizer; Q uais são tuas obras? O versículo 31 explica o que eles tinham em mente: Nossos pais com e ram o m aná no d eserto, com o está escrito: D eu-lh es a com er pão do céu. A expressão “do céu” m odifica o substantivo p ã o (como é claro no v. 32), e não o verbo e le d e u . A citação é do Salm o 78.24 (ver, entretanto, Ne 9.15; Êx 16.4, 15 e SI 105.40). As passagens do Antigo Tesamento dizem , claram ente, que foi Jeová quem forneceu
JOÂO 6.32-34
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esse pão m aravilhoso. Contudo, é tam bém verdade que a passagem de Neem ias, m encionada acim a, cita o nom e de M oisés no versículo ante rior (i.e., Ne 9.14). O m esm o acontece com Ê xodo 16.4. Podem os inferir, diante da resposta que Jesus lhes dá, que a linha de pensam ento dos judeus obedecia à seguinte lógica: “Se ele é m aior do que M oisés, então que realize um sinal m aior do que o que M oisés fez quando nos deu o pão d o cé u . É certo q u e o n tem , J e s u s m ultiplicou os pães. Ele tinha alguns pães, e deles fez mais pães. M as ele tinha a lg u m a c o isa com que com eçar (cinco pães e dois peixes); além do mais, o que ele deu ao povo foram pães c o m u n s e terrenos', M oisés, por seu turno, nos deu o pão d ir e ta m e n te d o c é u ”. 32, 33. Jesu s lhes disse: M ui solen em en te eu lhes a sseg u ro, não foi M oisés quem lhes deu o pão do céu, m as é m eu Pai quem lhes está dando o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao m undo. D epois de mais um a introdução solene (ver sobre 1.51), Jesus, nos versículos 32 e 33 aniquila o contraste que os judeus tinham traçado, e em seu lugar apresenta sua própria com paração. E la é a seguinte: 1. M o is é s , com o agente de Deus, meram ente deu instmções ao povo sobre a m aneira correta de cole tar o m aná - Êx 16.
1. O P a i, no céu, é sem pre o verdadeiro Doador.
2. M esm o se considerarm os M oisés com o sendo o doador, a verdade é que ele não deu o verd a d e iro pão do céu. O m aná foi ape nas um tipo, e não o Antítipo.
2. O Pai está dando o v e rd a d e iro pão do céu. O verdadeiro pão é Jesus, o Antítipo.
3. O que o m aná fornecia, ao descer do céu visível, era nutrição (TpocjíTÍ).
3. O que Jesus, o verdadeiro pão da vida, dá é v id a (íúri). (Para o sentido do term o v id a , ver sobre 1 .4 e 3 .1 6 .)
34. N o espírito de 4.15, eles (os judeus), totalm ente cegos com respeito ao sentido espiritual das palavras de Cristo, lhe disseram :
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JOÂO 6.35-38
Senhor (para esse termo, ver 1.38, nota 44), dá-nos sem pre desse pão, ou seja, nunca deixes de suprir-nos com esse m aravilhoso pão físico que, não só sustém, mas tam bém dá vida (física). 35-38. Jesus explica as suas palavras m isteriosas. Ele lhes d is se: Eu sou o pão da vida, ou seja, eu sou o que tanto dá quanto sustém a vida. De acordo com a form a da sentença no original, Jesus se identifica plenam ente com esse pão da vida; realmente d á v id a (tííç Ccoric - genitivo quantitativo, referindo-se não a qualquer tipo de vida, mas à vida e s p ir itu a l e e te rn a ). É pela fé, ou seja, m ediante a união íntim a com ele, assim ilando-o espiritualm ente, assim com o o pão físico é assimilado fisicamente, que o ser humano alcança a vida eterna. Quan do Jesus continua, quem vem a m im jam ais terá fom e; e quem crê em m im jam ais terá sede, ele está, naturalmente, falando da fom e e sede es p iritu a is. Observe tam bém que crer, aqui no texto, é definido com o ir a ele. O sentido consiste em ir com o alguém que não tem nada (só pecado) e precisa de tudo; voltar-se para ele, com o as plantas vi ram suas partes verdes na direção do sol (sobre o sentido de crer, ver tam bém 3.16 e a nota 83). Quem vai a Cristo com um coração cheio de fé nunca terá fom e nem sede. Esse é, naturalm ente, mais um exem plo do uso de um a figura de linguagem cham ada lito te s (afirm ação produ zida pela negação do oposto). O sentido é que essa pessoa receberá um a satisfação espiritual com pleta e um a perfeita paz de alma. M as os judeus não aceitaram Cristo pela fé. De acordo com o versículo 30, pediram p a r a v e r um s in a l, e declararam que, se o seu pedido fosse atendido, eles c r e ria m nele. Mas Jesus, inteiram ente no espírito do ver sículo 26, ao qual, com toda probabilidade, o versículo 36 se refere, declara, Eu, porém , já lhes disse que, em bora m e tenham visto, vocês não crêem . O Senhor, portanto, de um a m aneira inequívoca, coloca a culpa sobre esses próprios descrentes, com o pessoas que são com pletam ente responsáveis por suas ações. Isso não significa, por tanto, que aqueles que aceitam Jesus pela fé podem creditar a si essa obra excelente? De m aneira nenhuma: a salvação é sem pre pela graça, e a fé é sem pre um a obra de Deus no coração do pecador. Portanto, im ediatam ente depois de um a declaração na qual se enfatiza a respon sabilidade hum ana (v. 36), tem os outro versículo no qual a ênfase é posta na predestinação divina (v. 37): Todos quantos o Pai m e dá,
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esses virão a mim; e aquele que vem a m im de m odo nenhum o lançarei fora. U m a pessoa não pode ser salva, a menos que vá a C ris to; e ela não pode ir a Jesus, a m enos que lhe seja dada (cf. especial m ente 6.44). M as, “todos os que” lhe são dados certam ente irão a ele. A expressão “todos os que” (ver tam bém 6.39; 7.2, 24; 1Jo 5.4) vê o eleito como um a unidade: todos eles constituem um povo. A cláusula: “e quem vem a m im, de modo nenhum lançarei fora” coloca, um a vez mais, a ênfase na responsabilidade humana, com o se estivesse dizendo: “Não hesite, dizendo: ‘Talvez eu não tenha sido dado ao Filho pelo P ai’. Q uem quer que vá é bem -vindo” {De m odo algum o lançarei fo ra é outro exem plo de litotes). Note que o versículo 37 tam bém ensina: a. que, na execução do plano da redenção, para que a salvação possa ser conferida a cada indivíduo eleito, e a toda a raça eleita, há um a harm o nia e cooperação com pleta entre o Pai e o Filho: Os que são dados pelo Pai são bem -vindos ao Filho; e b. que a obra da redenção não pode ser frustrada pela descrença dos judeus, da qual é feita m enção no versícu lo anterior: há um a raça eleita, um rem anescente que será, certam ente, salvo. O versículo 38 declara a razão pela qual o Filho não lançará fora os que forem a ele: Porque eu desci do céu, não para fazer m inha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou. Isso não pode significar, naturalmente, que as duas vontades estão em conflito. O contrário é explicitam ente ensinado em 4.34; 5.19 e 17.4. Assim, o sentido é que os judeus descrentes, que têm questionado a autoridade de Jesus, devem entender que, sem pre que se opuserem à sua vontade, estarão tam bém se opondo à vontade do Pai. 3 9 ,4 0 . A vontade divina é definida nos dois verscículos finais deste parágrafo: O ra, esta é a vontade de quem m e en viou, que n e nhum eu perca de todos os que me deu, m as que ressuscite no últim o dia. Porque esta é a vontade de m eu Pai, que todo h o m em que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu m esm o o ressuscitarei no últim o dia. Aqui, no versículo 39, algo m ais é acrescentado ao que já fora declarado nos versículos precedentes, a respeito da vontade do Pai, que é executada pelo Filho. Nos versículos anteriores, o texto diz que o Filho dá as boas-vindas a todos os que o Pai lhe dá; aqui, o texto acrescenta que ele os guardará até o fim. U m a vez mais, tem os aqui um a litotes: “que nenhum eu perca.” Esse acrés
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JOÃO 6.39, 40
cim o é m uito confortador. Aqui, a doutrina da perserverança dos san tos é claram ente ensinada: prim eiro, negativamente; e, logo a seguir, positivam ente. O último dia é o dia do juízo; ver sobre 5.28, 29. A idéia é que o eleito será guardado e protegido até o fim . E sta doutrina é tam bém ensinada em 10.28; Rom anos 8.29, 30, 38; 11.29; Filipenses 1.6; H ebreus 6.17; 2 Timóteo 2.19; 1 Pedro 1.4, 5; etc. Estas, e muitas outras passagens das Escrituras, ensinam um a vontade que não pode ser m udada, um cham ado que não pode ser revogado, um a herança que não pode ser perdida, um fundam ento que não pode ser abalado, um selo que não pode ser quebrado e um a vida que não pode ser perdi da. A doutrina da perseverança dos santos está tam bém im plícita no term o vida eterna (sobre a qual, ver 3.16). O utra definição da vontade do Pai (que é ao m esm o tem po um a razão para o ato de ressuscitar os crentes no últim o dia) é dada no versículo 40. Q ualquer que for a Jesus, o Filho de Deus, com os olhos da fé e nele crer terá a vida etem a. O próprio Jesus o ressuscitará no últim o dia. N esse versículo, o assunto que no versículo anterior foi visto do ponto de vista da predestinação divina, é agora definido em term os da responsabilidade hum ana (cf. as duas cláusulas de 6.37). Note tam bém que o xâv, do versiculo 39, onde os crentes são vistos coletivam ente, é agora individualizado, com o au tor usando o iraç. Para o sentido no qual, no Quarto Evangelho, Jesus é o Filho de Deus, ver sobre 1.14. Note tam bém a garantia explícita; “Eu m esm o.” Para a Síntese, ver no final do capítulo. 41 Então os judeus passaram a murmurar a seu respeito, porque ele disse ra: Eu sou o pão que desceu do céu. 42 E estavam dizendo: Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como é que agora ele diz: Desci do céu? 43 Jesus respondeu e lhes disse: Parem de murmurar entre si. 44 Ninguém pode vir a mim, a menos que o Pai, que me enviou, o atraia, e eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Todos os que ouvem o Pai e aprendem dele virão a mim. 46 Não que'**’ alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de D eus; esse viu o Pai. 47 Mui solenemente eu lhes asseguro, aquele que crê tem a vida eterna. 48 Eu sou o pão da vida. 49 Seus pais comeram o maná no deserto e morreram. 50 Este é o pão que desce do céu, a fim de que um homem coma dele e não morra. 51 Eu
143. Sobre
otl,
ver a Introdução, pp. 81, 84.
JOAO 6.41
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mesmo sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão viverá e te r n a m e n te .E o pão que eu darei para a vida do mundo é minha carne. 52 Os judeus, pois, passaram a discutir entre si, dizendo: Como pode este homem dar-nos a comer sua própria carne? 53. Então Jesus lhes disse; Mui solenemente eu lhes asseguro: A menos que comam a carne do Filho do ho mem, e bebam seu sangue, vocês não têm vida em si mesmos. 54 Quem comer minha carne e beber meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois m inha carne é deveras comida, e meu sangue é deveras bebida. 56 Quem comer minha carne e beber meu sangue permanece em mim, e eu, nele. 57 Como o Pai vivo me enviou, e eu vivo em função do Pai, assim também quem me comer, esse de fato viverá por mim. 58 Este é o pão que desceu do céu, não como aquele que seus pais comeram, e morreram. Quem com er este pão viverá eternamente. 59 Ele disse essas coisas na sinagoga, enquanto estava ensinando em Cafamaum.
6.41-59 41. Então os judeus passaram m urm urar a seu respeito. Para 0 contraste entre o “pão com um e o m aná do céu”, cuja antítese os judeus tinham proposto, Jesus ofereceu um contraste ainda melhor: O “pão” (maná), considerado com o um tipo, versus o pão verdadeiro, “Eu m esm o”, o Antítipo. Os judeus não gostaram de ver seus argumentos, cuidadosam ente construídos, serem com pletam ente abalados. Por essa razão, eles estavam murm urando contra ele. O original usa èyÓYYwCoi^. O verbo usado é um a palavra im itativa. Ele não precisa, necessaria mente, sugerir um a idéia sinistra, podendo, m uito bem, apenas indicar que eles estavam m eram ente cochichando. No entanto, diante dos ver sículos 42 e 52, e da proibição no versículo 43, é m ais provável que vejam os, nesse tipo de reação, um tipo de murmiírio ou resm ungo de insatisfação, um m odo de falar num tom baixo e soturno. Quanto a isso, não podem os deixar de notar que foram os ju d eu s que m urm uraram (ver sobre 1.19). O Quarto Evangelho, de um a m aneira geral, os apre senta com o sendo hostis a Jesus. Portanto, para alguns com entaristas, a referência aqui, tom ando por base M arcos 3.22, é aos representantes do Sinédrio de Jerusalém . M as não há indicação disso no presente con144. IIIA l; ver a Introdução, pp. 63, 64. 145. Essa tradução baseia-se na melhor leitura. A tradução da A.V. baseia-se em apoio textual posterior. No entanto, se a respeito disso, aceitamos a A.V. ou a A.R.V., faz pouca diferença na idéia resultante.
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JOÂO 6.42
texto. Além do mais, o versículo 42 parece indicar que esses judeus eram galileus e conheciam muito bem a família, na qual Jesus tinha sido criado. É melhor, pois, pensarm os deles com o sendo os líderes da sina goga de C afam aum , aliados a outros do m esm o pensam ento. A m aior objeção dos judeus foi à declaração de Cristo a respeito de si m esm o (cf. o texto paralelo em 5.17, 18). Portanto, lemos, porque dissera: Eu (m esm o) sou o pão que desceu do céu. Ele mesmo, e não o m aná que fora dado a seus ancestrais, era o verdadeiro pão que, tanto sustentava quanto dava vida. (A propósito, esses ancestrais nem sem pre tiveram esse m aná em tão grande estima; cf. Nm 11.6: “Agora, porém , seca-se nossa alma, e nenhum a coisa vem os senão esse m aná” . É muito fácil idealizar o passado.) Jesus é cham ado “o pão que desceu do céu” (ó K a T a p à ç ê k to O oúpayoO). N ote que aqui o particípio aoristo é usado, apesar de o próprio Jesus, no versículo 33, ter usado o presen te, quando falou a respeito daquele “que desce (ou: está descendo) do céu”, com o sendo o verdadeiro pão de Deus. Alguns com entaristas dizem que, depois desse incidente, Jesus acom odou-se à fraseologia usada pelos judeus, pois nos versículos 51 e 58 ele tam bém usa o aoris to. Entretanto, não devemos esquecer que Jesus fora o prim eiro a usar o aoristo, e não os judeus, por ocasião de sua conversa com Nicodem os (3.13). No que diz respeito à diferença de significado: a. o presente (6.33,50) indica qualidade, m ostrando que, m esm o durante sua jornada na terra, o Senhor, em muitos aspectos, reteve a característica de al guém que pertence à esfera celestial; b. o aoristo (3.13; 6.41, 51, 58) fixa a atenção na encarnação com o tal, entendida com o um único ato; e c. o perfeito (6.38, 42) o descreve com o aquele cujo ato de hum ilha ção, realizado no passado, continua tendo significado no presente. 42. E stá bastante claro, em 6.42, que quando Jesus falou de si m esm o desse modo, os judeus não interpretaram sua linguagem com o se referindo som ente à sua m issão m essiânica. Eles entenderam que o Senhor estava negando ter nascido com o qualquer outro ser hum ano. Em nenhum lugar o Senhor diz, ou sugere, que eles, ao chegarem a essa conclusão, tenham entendido mal suas palavras. Portanto, a cla ra inferência é que, o que Jesus ensinou aqui, foi a contraparte ou o com plem ento da doutrina do nascimento virginal. Aquele que nasceu de um a virgem - e que, portanto, nunca teve um pai hum ano (no senti
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do norm al do term o), e não é um a pessoa hum ana (apesar de ter a natureza hum ana) - , deve ter vindo do céu! Os Sinóticos e João estão em bela harmonia. (Ver tam bém pp. 26, 27, 53) E tam bém não nos surpreende encontrarm os um a referência indireta à doutrina do nasci m ento virginal num Evangelho escrito pelo grande oponente de C erin to! (Ver a Introdução - Leitores e Propósito, p. 5 2 .)'“^'^ E passaram a dizer. Eles fizeram um a pegunta. Essa pergunta dos judeus, Não é este Jesus, o fílho de José, cujo pai e m ãe nós conhecem os? não implica, necessariam ente, que José ainda estivesse vivo. As palavras têm um tom de desprezo. A prim eira parte poderia ser traduzida com o segue: “Não é este indivíduo (ouxoc) Jesus...?” Eles consideram Jesus culpado de presunção, se não, de pura blasfê mia. E nesse espírito que é feita a pergunta seguinte: Como é que agora ele diz: Eu desci do céu? O argum ento deles era: “Nós o conhecem os desde criança; seu pai, sua m ãe e sua família. Contudo, agora que é adulto, vejam o que aconteceu! Ele está fazendo reivindi cações extravagantes. Será que ele espera que acreditem os no que está dizendo?” 43, 44. Diante dos testem unhos que foram dados (ver sobre 5.3047), não havia nenhum a desculpa para essa atitude de desprezo por parte dos judeus. Se, na opinião deles, as coisas não estavam perfeita m ente claras, eles poderiam ter feito suas perguntas de um a m aneira educada e humilde. As perguntas feitas por eles foram erradas, tanto em conteúdo quanto em espírito. Por isso, Jesus nem m esm o as discu te, pois entende que isso não teria nenhum a utilidade. N um a passagem (v. 43, tom ada em sua totalidade) que, um a vez mais, coloca lado a lado, tanto a responsabilidade hum ana quanto a predestinação divina, Jesus resp on d eu e lhes disse: P arem de m u rm urar en tre si. A qui é enfatizada a responsabilidade hum ana. Então, retom ando um de seus pontos principais (ver 6.37), Jesus continua. Ninguém pode vir a mim, a m enos que o Pai, que m e enviou, o atraia; e eu o ressuscitarei no últim o dia. Aqui a ênfase é posta no decreto divino da predestina ção, executado na História. Quando Jesus se refere ao cham ado divi146. Cf. J. Orr, The V/rgm Birth o f Christ, Nova York, 1924, pp. 108-113. Também, J. Gresham Machen, The Virgin Birth o f Christ, Nova York, 1930, pp. 254-259.
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no, ele usa um term o que claram ente indica mais do que um a in flu ê n c ia m o r a l. O Pai não apenas “cham a” ou aconselha, mas ele realm en te a r r a s ta a p e s s o a ! O m esm o verbo (éA.ko), èÃKÚo)) ocorre tam bém em 12.32, onde o ato de levar, ou atrair, é atribuído ao Filho; e ainda, em 18.10; 21.6, 11; Atos 16.19; 21:30; e Tiago 2.6. O c h a m a d o de que falam as passagens acim a indica um a atividade m uito poderosa - e, podem os até m esm o dizer, irr e sis tív e l. A rede cheia de peixes é, real m ente, p u x a d a ou a r r a s ta d a p a r a a te r r a (21.6, 11). Paulo e Silas são a r r a s ta d o s para a praça (At 16.19). Paulo é a r r a s ta d o para fora do tem plo (At 21.30). Os ricos a r r a s ta m os pobres para os tribunais (Tg 2.6). Retornando agora ao Quarto Evangelho, Jesus a tr a ir á todos a si m esm o (Jo 12.32), e Sim ão Pedro, que tra z ia consigo sua espada, feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita (Jo 18.10). Com certeza, existe certa diferença entre o ato de puxar um a rede ou espada, de um lado, e um pecador, do outro. Com este. Deus trata com um ser responsável. Ele influencia poderosam ente a mente, a vontade, o coração - toda a personalidade. Estes tam bém com eçam a agir por si m esm os, de m odo que Cristo é aceito por meio de um a fé viva. M as, tanto no com eço, quanto ao longo de todo o processo de salvação, o poder é sem pre de cima. Ele é muito real, forte e eficaz, e é exercido pelo próprio Deus. O que se pode perguntar é: Por que, no ensino de Jesus (12.32), esta atividade de levar ou cham ar é atribuída ao Pai (6.44) e ao Filho (12.32), m as não ao Espírito Santo? N ossa resposta é: a. com o o Espí rito Santo ainda não havia descido, não podem os esperar um ensino detalhado com relação a ele; b. no entanto, na noite em que Jesus foi traído, ele se referiu ao poder de atração do Espírito, em bora usando palavras diferentes (14.26; 15.26; 16.13, 14; ver especialm ente o v. 13 desse capítulo); e c. a obra da regeneração, que é especificam ente atribuída ao Espírito (3.3, 5), está, com certeza, incluída nesse processo de levar um pecador da morte para a vida! Com respeito à obra do Deus Triúno de atrair pecadores a si, ver tam bém Jerem ias 31.3; R o m anos 8.14 e Colossenses 1.13. Aquele que é chamado, realm ente responde: Ele ou ela, que é cha m ado pelo Pai, é levado pelo Filho da m orte para a vida. Além do mais, essa operação poderosa afeta tanto a alm a quanto o corpo. Jesus diz:
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“E eu o ressuscitarei no últim o dia” . O último dia é tam bém o dia do juízo. Sobre Jesus, com o o Enviado do Pai, ver 3.34; cf. 1.6. 45, 46. Não é verdade que 6.45 cancela, ou pelo m enos enfraque ce 6.44. A expressão: E stá escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus, não coloca, em nenhum sentido, nas m ãos dos seres hum anos o p o d er de aceitar Jesus com o Senhor. Aqui tem os m ais - m uito m ais - do que mero avanço intelectual. Aqui tam bém tem os m uito m ais do que persuasão moral. O que tem os aqui é a trans form ação com pleta da personalidade! A referência aos profetas é m ui to geral, indicando que o ensino que prevalecia na seção do Antigo Testam ento que cham am os de os “Profetas”, era que, na era m essiâni ca, todos os cidadãos do verdadeiro Israel seriam ensinados por Deus. As seguintes passagens vêm im ediatamente à nossa mente: Isaías 54.13; 60.2, 3; Jerem ias 31.33, 34; Joel 2.28; M iquéias 4.2; Sofonias 3.9 e M alaquias 1.11. A m ais clara delas é Isaías 54.13, com o fica evidente quando a colocam os lado a lado com João 6.45. VERSÃO SEPTUAGINTA
e
JO Ã O 6.45
Kttl Tiáviaç Touç uloúç oou
Kttl ’i a o v ia i jrávxeç
ÔLÔttKTOUÇ 06OÚ.
ÔLÔttKtol 0601).
N a Septuaginta, as palavras estão no acusativo, com o objeto do verbo Gt^o u ; na passagem do Quarto Evangelho, as palavras form am um a sentença com pleta. A idéia, no entanto, é a mesma. Aqui, um a vez m ais, as atividades hum ana e divina, na obra da salvação, são justapostas, pois im ediatam ente após o “E serão todos ensinados por D eus” vem: Todos os que ouvem o Pai e aprendem dele virão a m im . Contudo, a respeito disso devem os en fatizar que, ao m ostrar como os pecadores são salvos, as Escrituras nun ca colocam meramente, lado a lado, os fatores divino e humano p redestin ação e responsabilidade humana, ensino divino e au di ção humana. Muito ao contrário. O que elas indicam sempre é que Deus toma a iniciativa e está no controle de tudo, do início ao fim. É Deus quem chama, antes que o hom em vá; é ele quem ensina, antes que a pessoa possa ouvir e aprender. A menos que o Pai leve, ninguém pode ir. Este é o lado negativo. O lado positivo é: Todos os que ouvem
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JOÃO 6.47-51
e aprendem do Pai irão. A graça sem pre é vitoriosa naquilo que tem para fazer. N este sentido, ela é irresistível. O caráter absoluto da coo peração entre o Pai e o Filho, que por seu turno baseia-se na unidade de essência, é tam bém enfatizado no texto, bem com o em m uitas outras passagens desse Evangelho: todos os que ouvem o Pai (não m eram en te num sentido superficial, m as no sentido de realm ente aprender dele) vai ao Filho - “virão a m im ” . Essa pessoa abraçará a Cristo com um a fé verdadeira e viva. No entanto, este ouvir e aprender não indica que qualquer ser hum ano tem a capacidade de com preender Deus (ou ter um conhecim ento im ediato dele, à parte de sua revelação em Cristo). Essa plenitude de conhecim ento é prerrogativa do Filho. Portanto, nós lemos: Não que alguém tenha visto o Pai, salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto. (Sobre isso, ver tam bém 1.18. Sobre o uso de ïïapà, em 6.46, cf. 1.14). 47-51. M as o conhecim ento que alguém obtém ao ouvir o Pai e aprender dele não deve ser desconsiderado. Ele resulta em bênçãos m aiores: M ui solenem ente eu lhes asseguro (sobre isso ver 1.51), quem crê tem a vida eterna. (Para o verbo crer, e sobre a vida eterna, ver sobre 3.16.) Note: o crente “tem ” , aqui e agora, a vida eterna. Esta vida é dom de Jesus, com o o “pão da vida” . C onseqüente m ente, este pensam ento se repete: Eu sou o pão da vida (para o qual, ver 6.35). Este pão faz o que nenhum outro pão, nem m esm o o maná, fez ou é capaz de fazer: ele concede e sustenta a vida, banindo a morte. Ele confere e sustém a vida espiritual, banindo a m orte espiritual. Entretanto, ele tam bém afeta o corpo, ressuscitando-o no últim o dia, para que seja conform e ao glorioso corpo daquele que é o Pão da vida (cf. Fp 3.21 ). O m aná, que os ancestrais tinham recolhido, encontra-se em óbvio contraste com isto: Seus pais com eram o m aná no deser to e m orreram . Este (será que Jesus apontou para si mesm o, ao dizer estas palavras?) é o pão que desce do céu (ver 6.32), a fim de que todo o que dele com er não m orra. Jesus é não só o pão da vida (que dá e sustenta a vida), mas também é o pão vivo (cf. 4:10), que tem dentro de si a fonte da vida (5.26). Eu sou o pão vivo que des ceu do céu. Se alguém dele com er viverá eternam ente. Para ó oùpavoû Kaiapáç, ver sobre 6.41. A pessoa precisa com er desse pão, e não sim plesm ente prová-lo (Hb 6.4, 5). C om er Cristo, com o o pão da
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vida, significa aceitá-lo, assimilá-lo, apropriar-se dele - em outras palavras, crer nele (6.47) - e, ao fazer isso, ele com eça a viver em nós, e nós nele. Q uem faz isso, viverá eternamente (a verdade do v. 51, agora declarada positivam ente). As palavras “viverá eternam ente” indicam claram ente que ninguém pode separar a idéia quantitativa do conceito de “vida eterna”. Q uando um a pessoa tem a (cor^u aÍLouiou, ela tem a Ciíoei elç xòv aLcòva. Com certeza, o significado da “vida eterna” não se exaure com esse conceito quantitativo (ver sobre 3.16 e cf. 1.4). U m novo pensam ento é agora acrescentado. Até aqui, Jesus tinha enfatizado que o verdadeiro pão do céu não era o m aná, mas ele m es mo. Agora, ele dá um a definição adicional do term o pão, m ostrando em que sentido ele é o pão: E o pão que eu darei para a vida do m undo é m inlia carne. (Sobre o significado do term o oáp^, ver 1.14; tam bém a nota 32.) O que Jesus está dizendo aqui é que ele dará a si mesmo ~ ver 6.57 - com o um sacrifício vicário pelo pecado; que ofertará sua natureza hum ana (corpo e alma) à m orte eterna na cruz. O Pai deu o Filho; o Filho deu-se a si mesmo (10.18; Gl 2.20; E f 5.2). Note: “o pão que eu mesmo - distinto do Pai - darei.” O tempo futuro - “eu darei” - claram ente indica que o Senhor está pensando num ato defini tivo; no caso, seu sacrifício propiciador na cruz, que, por seu turno, representa e consum a a hum ilhação que sofreu durante toda sua jo rn a da terrena. Isso, e som ente isso, é o que ele quer dizer por “m inha carne” . O sentido não pode ser que Jesus é para nós o pão da vida num sentido duplo: a. um sentido completamente à parte da sua m orte sa crificial; e b. em sua morte sacrificial. M uito ao contrário, as palavras são m uito claras: “O pão que eu darei pela vida do m undo é minha carne. ” Crer em Cristo significa aceitá-lo (apropriar-se dele e assim i lá-lo) com o 0 Crucificado. Sem esse sacrifício voluntário. Cristo deixa de ser pão para nós em qualquer sentido. Que Jesus pensava em sua m orte é evidenciado pelas seguintes referências, que deveriam ser es tudadas em conexão com este assunto: 6.4, 53-56, 64, 70 e 71. Esse pão é oferecido “pela vida do m undo” . Seu propósito é, por tanto, que o m undo possa receber a vida eterna. Os conceitos vida e mundo são usados com a m esm a conotação de 3.16. (Ver o com entá rio sobre 3.6.)
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JOÂO 6.52-58
52. Os judeus tinham concluído corretam ente: o que Jesus queria é que os seres hum anos com essem a sua carne. Jesus não dissera isso de modo exphcito, mas a im plicação era m uito clara. Ele disse: a. “Eu sou 0 pão da vida” (6.35, 48). b. “Os homens deveriam com er deste pão” (6.50, 51). c. “O pão... é m inha carne” (6.51). A conclusão óbvia era: os seres hum anos deveriam com er m inha carne. Eu a dou para esse propósito (6.51). No entanto, com o freqüentem ente acontecia (ver pp. 171, 183), os judeus agora interpretam as palavras de Jesus literalm ente, com o se o Senhor quisesse que, de algum a m aneira, os seres hum anos com essem sua carne física. M as com o? Para alguns, isso teria soado com o um a im possibilidade. Outros, provavelm ente, tentaram m ostrar qual era o significado, sem pre físico, das palavras de Jesus. N enhum a das respos tas que foram dadas pareceu satisfazê-los. Quanto m ais eles discutiam , m ais toda aquela história parecia im possível de crédito. Assim, lemos: Os judeus, portanto, passaram a discutir entre si, dizendo: Como pode este hom em dar-nos a com er sua própria carne? Este “com o pode” nos faz lem brar 3.4, 9; 4.11, 12 e 6.42. A descrença nunca enten de os m istérios da salvação. Além do mais, ela está sem pre pronta a escarnecer e dizer: “Isto ou aquilo é um a total im possibilidade” . 53-58. Jesus, em sua resposta, não tenta abrandar o sentido de suas declarações anteriores. Ele as fortalece, fazendo com que, o que parecia im possível, agora pareça absurdo. Em vez de falar som ente a respeito da necessidade de com er sua carne, Jesus fala tam bém sobre a necessidade de com er sua carne e beber seu sangue. Para os ju deus, beber sangue era um a das coisas mais repulsivas que um a pessoa poderia fazer. Cf. Gênesis 9.4; Levítico 3.17; 17:10, 12, 14. Entretanto, se realm ente conhecessem suas Escrituras, eles tam bém teriam reco nhecido o sim bolism o que Jesus em pregou. Eles saberiam que o san gue, visto com o a sede da vida, representa a alma, e à parte dela não tem nenhum valor salvífico intrínseco. A linguagem de Levítico 17.11 é, quanto a isso, bastante clara: “Porque a vida da carne está no sangue. Eu lhos tenho dado sobre o altar, para fazer expiação por sua alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida." Assim , é
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claro que Jesus, quando fala a respeito de com er sua carne e beber seu sangue, não pode estar falando num sentido literal e físico. O sentido deve ser: “Aquele que aceita, se apropria e assim ila m eu sacrifício vi cário, com o a única base para salvação, perm anece em m im e eu nele.” Como a com ida e a bebida são oferecidas aos fam intos e sedentos, assim tam bém o sacrifício de Cristo é oferecido aos crentes, e aceito por eles. Com o os alim entos naturais são assim ilados pelo corpo, assim tam bém este sacrifício de Cristo é assim ilado pela alma. Com o os ali m entos físicos nutrem e sustêm a vida física, assim tam bém o corpo e o sangue de Cristo nutrem a vida espiritual. Aqui, o que tem os é a doutri na do derram am ento voluntário do sangue de Cristo, com o resgate para a salvação dos crentes. A m esm a doutrina é tam bém explicitam ente ensinada ou está im plícita nas seguintes passagens: 1.29, 36; M ateus 20.28; M arcos 10.45; Lucas 22.20; Atos 20.28; Rom anos 3.25; 5.9; 1 C oríntios 10.16; 11.25,26; Efésios 1.7; 2.13; Colossenses 1.20, 22; H e breus 9.14, 22; 10.19, 20; 10.20; 13.12; 1 Pedro 1.2, 18, 19; 1 João 1.7; 5.6; A pocalipse 1.5; 7.14; 12.11. Ao longo da história da teologia, foram feitas várias tentativas para se entender este “com er de sua carne e beber de seu sangue”, num sentido físico. Essas interpretações sucum bem diante dos seguintes ar gumentos: a. A passagem na qual Jesus, por im plicação, fala a respeito de com er sua carne e beber seu sangue é claram ente um mashal. Essas passagens veladas sem pre requerem um a interpretação espiritual. (Ver com entário sobre 2.19, 20.) b. Se essas palavras forem interpretadas de um a m aneira estrita m ente literal, a única conclusão lógica será que Jesus advogou em fa vor do canibalism o. Contudo, isso é algo que ninguém ousa afirmar. c. O versículo 57 indica claram ente que a frase “com er m inha car ne e beber meu sangue” significa “com er a m im ”. O que se indica aqui, portanto, é um ato de apropriação e com unhão pessoal. Cf. tam bém 6.35, em que “vir a m im ...” significa “crer em m im ” . d. O texto nos inform a que o que com e da carne e bebe do sangue de Cristo perm anece nele, e ele nele (v. 56). Essa não é um a afirm a ção que deva ser entendida literalm ente. Sua interpretação deve ser
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JOÃO 6.53-58
m etafórica (um a comunhão íntima e espiritual com o Senhor). Semelhan temente, o texto diz que o resultado desse com er e beber é a vida eter na. Este tam bém é um conceito espiritual. Se o resultado é espiritual, é razoável que a causa também seja concebida como sendo espiritual. A seção 6.53-58 é um resum o do ensino de Cristo com relação ao pão da vida. Praticam ente todas as cláusulas e expressões aparecem em outras partes deste Evangelho. Portanto, para evitar repetição, não com entarem os os textos que são sem elhantes aos citados em outras partes deste Evangelho, mas, em vez disso, nos lim itarem os a fazer duas coisas: a. reproduzirem os inteiram ente a passagem , indicando, em cada caso, a parte deste com entário em que é explicada um a passagem que é idêntica (ou muito sem elhante); e b. farem os um a paráfrase da passagem inteira. E ntão Jesu s lhes disse a eles: M ui solenem ente eu lhes as seguro (ver sobre 1.51), a m enos que com am a carne (ver sobre 1.14) do Filho do hom em (ver sobre 12.34), e bebam seu sangue, vocês não têm vida em si m esm os (ver sobre 4.14). Q uem com er m inha carne e beber m eu sangue tem a vida eterna (ver sobre 3.16), e eu o ressuscitarei no últim o dia (ver sobre 5.28, 29; 6.39, 40). Pois m inha carne é deveras com ida, e m eu sangue é d eve ras bebida (ver sobre 6.32, 35). Q uem com er m inha carne e beber m eu sangue perm anece em m im , e eu, nele (ver sobre 15.4). A s sim com o 0 Pai, que vive (ver sobre 5.26), me enviou (ver sobre 3.17, 34; cf. 1.6), e eu vivo em função do Pai (ver sobre 5.26), assim tam bém quem m e comer, esse, sem dúvida, viverá por m im (ver sobre 14.19). Este é o pão que desceu do céu (ver sobre 6.41), que não é igual ao que seus pais com eram (ver sobre 6.31) e m orre ram (ver sobre 6.49). Q uem com er este pão viverá eternam ente (ver sobre 6.50, 51). Podem os parafrasear essa passagem da seguinte maneira: “E Je sus lhes disse: Eu, do modo mais solene, lhes asseguro que, a menos que vocês aceitem o Cristo, se apropriem dele e o assim ilem com um a fé viva, confiando em seu sacrifício (o corpo partido e o sangue d e iT a m ado) com o a única base para a s a l v a ç ã o , n ã o poderão ter a vida 147. Na mesa da comunhão, este “comer e beber” é claramente expresso. Cf. 6.53 com
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eterna (o am or de Deus derram ado no coração, salvação plena e gra tuita). Por outro lado, quem aceita meu sacrifício com um coração crente, digerindo-o espiritualm ente, tem a vida etem a para sua alm a, e eu res suscitarei gloriosam ente seu corpo no últim o dia, o grande dia de juízo. Pois m eu sacrifício (o corpo partido e o sangue derram ado) é a verda deira com ida e bebida espirituais. Quem digere espiritualm ente esta com ida, perm anece num a união próxim a e vital com igo. Com o o Pai, que vive eternam ente, me enviou, e é para mim a fonte de vida, assim tam bém , aquele que me digere espiritualm ente, encontrará em m im de fato a fonte de vida. (Apontando para si m esm o?) Este é o verdadeiro pão, a fonte genuína de vida e nutrição espirituais, aquele que não teve origem nesta esfera terrestre, mas veio do céu. E, este pão é muito m elhor do que a m era som bra e tipo - isto é, o m aná no deserto - que seus pais o comeram, não obstante não pôde m antê-los vivos, nem m es mo fisicam ente, pois todos eles morreram . Quem me digere espiritual mente, com o 0 verdadeiro pão da vida, terá a vida eterna (primeiro, para a vida da alma, e depois tam bém com respeito ao corpo, que será ressuscitado gloriosam ente no últim o dia). 59. Somos inform ados que esse ensino sobre o Pão da vida foi um sermão pregado na sinagoga. A tradução: Ele disse essas coisas na sinagoga não está, necessariam ente, errada. Em bora o original não tenha o artigo, isso provavelm ente não era necessário para fazer a pa lavra ter um sentido definido. Nós, tam bém , dizemos: “na igreja”, “na cidade”, “na casa”, etc. No entanto, essas expressões são definidas, m esm o que não tenham o artigo. A sinagoga, na qual Jesus ensinou, era a de C afam aum . As ruínas de um edifício, que era, provavelm ente, em m uitos aspectos, sem elhante a ela, foram escavadas por arqueólogos em anos recentes. Essa sinagoga antiga tinha sido construída por volta do século 3° d.C. Pelo fato de Jesus ter ensinado na sinagoga, isso não quer dizer que aquele dia tenha sido um sábado. H avia serviços religiosos na segundafeira e na quinta-feira. Lc 22.17-20. No entanto, a atividade espiritual aqui indicada não se limita à eucari.stia. Concordamos inteiramente com F. W. Grosheide, op. cit, p. 468. 148. L. Finkelstein, The Jews: Their History, Culture, and Religion, dois vois., Nova York, 1949, Vol 2, p. 1359.
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JOÂO 6.60
Para a síntese desta seção, ver a conclusão do capítulo 6. 60 Então, muitos de seus discípulos, tendo ouvido isso, disseram: Duro (de aceitar) é esta mensagem. Quem a pode ouvir? 61 Ora, quando Jesus soube em seu íntim o que seus discípulos estavam m urmurando a respeito de suas palavras, ele lhes disse: Isso os faz sentir-se perturbados? 62. Então, o que seria se vissem o Filho do homem subindo para o lugar em que estava antes?“*^ 63. O espírito é o que vivifica; a carne não ajuda em nada. As palavras que eu lhes disse são espírito e são vida. 64. Contudo alguns de vocês não crêem. Pois Jesus sabia, desde o início, quais eram os que não criam e quem o entregaria. 65. E ele passou a dizer; Portanto eu lhes digo que ninguém poderá vir a mim, a menos que isso lhe seja concedido pelo Pai.'™ 66 Como resultado disso, muitos de seus discípulos recuaram, e já não andavam com ele. 67 Então Jesus perguntou aos doze: Vocês, certamente, não querem recuar, querem? 68 Simão Pedro lhe respondeu: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. 69 E temos crido e sabemos que tu és o Santo de Deus. 70 Jesus lhes respondeu: Eu não os escolhi, os doze? E no entando um de vocês é um diabo. 71 Ora, ele estava se referindo a Judas, (filho) de Simão Iscariotes, porque ele, um dos doze, iria entregá-lo.
6.60-71 60. E ntão, m uitos de seus discípulos, tendo ouvido isso, d is seram ... O autor divide os que ouviram o sermão de Jesus sobre o pão da vida em três grupos: “Os judeus” (líderes e seus seguidores hostis), “os discípulos” e “os doze” . Os dois últim os grupos, na verdade, se sobrepunham ; ou podem ser representados por círculos concêntricos, o m aior dos quais representa os “discípulos” (6.66); e o menor, os “doze” (6.67). A reação dos ju d eu s ]á foi declarada anteriorm ente: eles fize ram perguntas cuja origem estava em corações cheios de descrença, presunção e glorificação da tradição (6.28, 30, 31); depreciaram e m ur m uraram (6.41, 42), e até m esm o discutiram entre eles (6.52). A pre sente seção (6.60-65) descreve a reação dos discípulos. Esse é o gru po de seguidores do Senhor m ais ou m enos regular, com o 6.66 clara mente indica. H avia um bom núm ero deles, provavelm ente algum as centenas, ali na Galiléia.
149. IIIB3; ver a Introdução, pp. 63, 65, 66. 150. IIIC; ver a Introdução, pp. 63, 66.
JOÃO 6.61-65
321
Quando o Senhor concluiu o sermão, esses discípulos não pareciam m uitos satisfeitos com o que tinham ouvido. Eles disseram: D ura é esta m ensagem ; quem a pode ouvir? D iante da resposta de Jesus (6.61-65), e da própria reação deles (6.66), é claro que não apenas indicaram que o sermão fora difícil de entender, m as tam bém difícil de aceitar. N ossa tradução é “Quem pode ouvi-/o?” (o sermão). É verda de que “Q uem o pode ouvir” (referindo-se a Jesus) é tam bém um a possibilidade. No entanto, o verbo usado certam ente perm ite qualquer um a das duas traduções (cf. tam bém 10:16, 27; At 9:7; 22:7, 10, no original), o antecedente do pronom e é, sem dúvida, “essa m ensagem ”, ao qual o contexto im ediatam ente posterior (v. 61) claram ente se refe re. Esses discípulos de Jesus estavam claram ente ofendidos por suas palavras. D izer que eles estavam indignados é provavelm ente coireto. O coração de cada um deles se rebelava. É com este pano de fundo que podem os entender a pergunta que o Senhor faz a seguir. 61-65. Q uando Jesus soube em seu íntim o (com o? Ver sobre 5.6) que eles m urm uravam a respeito de suas palavras, ele lhes disse: Isto deixa vocês perturbados? Essa expressão (0KayôocÃíCei-, de oKÚvòaXov - a vara da isca, num a arm adilha ou cilada; essa vara dispara a arm adilha) não significa m eram ente ofender, nem, por outro lado, significa matar. Seu sentido é o de cair numa armadilha, usado aqui no sentido figurado com a idéia de cair em pecado. Jesus, portan to, está perguntando se, por causa de seu discurso, seus ouvintes foram seduzidos e levados a pecar. E, podem os ainda acresentar que não foi a dureza do sermão, m as sim a dureza dos corações, que gerou essa reação desfavorável da parte deles (como Calvino'^' e m uitos outros com entaristas depois dele corretam ente ressaltaram ). M as, a que exa tam ente eles objetavam no discurso de Cristo? Sem dúvida a resposta é a seguinte: eles estavam insatisfeitos com o sermão, em sua totalida de. O Senhor m ostrara que o pão que desceu do céu não era o m aná, do qual eles ouviram tanto falar, mas sim ele próprio. Ele tam bém dissera que, por ser o verdadeiro pão, estava agora oferecendo sua carne; e que qualquer pessoa, para ter a vida eterna (ou seja, ser salva), tinha de com er sua carne e beber seu sangue. Esse ensino era 151. João Calvino, op.cit.. p. 130: Durus est his sermo. Quin potius in illorum coidibus erat durities, non in sermone.
322
JOÂO 6.61-65
mais do que eles podiam suportar. A dose era m uito forte para aquelas pessoas. Se elas estivessem dispostas a aceitar som ente a evidência do testem unho a respeito de Cristo (ver 5.30-47), teriam perguntado: “Será que essas palavras têm um sentido mais profundo?” No entanto, a ver dade é que elas consideraram as palavras de Cristo com o sendo des providas de espiritualidade e vida. Deram -lhes a interpretação literal m ais rígida possível. Quando Jesus m encionou a palavra “carne” , eles pensaram em seu corpo, m as não como um instrum ento da alma, e sim m eram ente como m ais uma parte, com pletam ente distinta, do ser hum ano. Q uando Jesus disse; “sangue”, eles não pensaram , nem por um m om ento, que ele poderia estar falando de seu sacrifício volun tário, no qual derram aria seu sangue. Não, eles viam som ente as gotas reais de sangue, e estrem eciam à idéia de pensar em bebê-lo! O quê?! Aquele hom em , cujos pais eles conheciam (ou tinham conhecido) tão bem, era o pão que veio do céu? Jesus responde: Se vocês virem o Filho do hom em subir para o lugar onde estava antes? A apódose é provavelm ente: Então, o que vocês dirão? Essa ascensão gloriosa não será um a prova suficiente de que ele tinha, realm ente, vindo do c é u l (Sobre o term o Filho do homem, ver nossos com entários sobre 12.34.) Jesus continua, O espírito é o que vivifica; e a carne em nada ajuda. O sentido parece ser perfeitam ente claro, à luz de todo o contexto anterior. O que Jesus queria dizer era: “M inha carne, no sen tido físico, não os pode beneficiar. Parem de pensar que estou pedindo que com am , literalm ente, m inha carne e bebam m eu sangue. Eu me refiro ao meu espírito, m inha pessoa, no ato de oferecer meu corpo para ser partido, e meu sangue para ser derram ado: isso é o que conce de e sustenta a vida, até m esm o a vida eterna”. R eferindo-se agora à interpretação equivocada de suas palavras, o Senhor diz: As palavras que eu lhes disse são espírito e são vida. Essas palavras são chei as de seu próprio espírito e vida. Elas não são letra morta. M uito ao contrário. Elas são não só ricas em metáforas, com o Jesus expressa m ente declarou (16.25), mas quando aceitas pela fé se tornam , em seu profundo sentido espiritual, instrum entos de salvação para seu povo. O Senhor continua: Contudo, alguns de vocês não crêem . A descren ça era a raiz da letargia espiritual deles, e isso, por seu turno, era a causa do fracasso em captar o sentido das palavras de Jesus, e a razão
JOÃO 6.66, 67
323
por terem dado um sentido literal às m esm as. O evangelista acrescenta 0 com entário: Pois Jesus sabia, desde o início, quais eram os que não criam e quem o entregaria. A últim a sentença é explicada pelas palavras de 6.70, 71. Jesus sabia de tudo isso desde o com eço do seu m inistério com o M ediador. (Sobre este conhecim ento de Jesus, ver so bre 5.6.) Entretanto, essa descrença, em bora inescusável, era espera da, pois a fé é um dom de Deus, e como tal não é dada a todos os seres hum anos: E ele passou a dizer: Por isso eu lhes disse que n in guém p oderá vir a m im , a m enos que lhe seja concedido pelo Pai. A referência é a passagens com o 6.37, 44 (ver nossos com entários sobre 6 .37,44). 6.66-71
66. D iante do contexto precedente imediato, traduzim os c k t o ú t o u “com o um resultado disso”, em vez de sim plesm ente “depois disso” . Então, com o resultado do discurso de Jesus sobre o pão da vida, mas tam bém especialm ente com o conseqüência das palavras de Cristo: “há alguns de vocês que não crêem ”, m uitos de seus discípulos recua ram , e não m ais estavam andando com ele. Eles retornaram às coisas que tinham deixado para trás (el; xà Ò T T Ía a j); não apenas a seu rítim o ordinário de vida, mas tam bém à sua antiga m aneira de pen sar e agir, não pretendendo nunca mais voltar para Jesus. Eles prova ram, por suas ações, que não estavam prontos para o reino de Deus (Lc 6.62). Essa deserção representou um a séria crise. O Senhor foi abandonado, não som ente pela m ultidão, m as tam bém por muitos de seus discípulos (talvez, até m esm o a m aioria deles, cf. vs. 66, 67), ou seja, por muitos dos que estiveram mais próxim os dele e associados a ele. 67. Jesus quer aproveitar essa ocasião para testar a fé do grupo de discípulos que gozava de .sua proxim idade e intim idade. E ntão Jesus disse aos doze - aqui designados por esse título pela prim eira vez no Quarto Evangelho - , Certam ente vocês não querem recuar, que rem ? N o original, a m aneira com o a pergunta é feita m ostra que o Senhor espera um a resposta negativa.'“’^ Eles realm ente desejam con152. Alguns comentaristas dão grande destaque ao fato de Jesus ter usado o verbo útráYto (6.67), e não áiT€pxop,at, que é o verbo usado por João no versículo 66. Eles insistem que o
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JOÂO 6.68-71
tinuar sendo seus seguidores? Será que eles fizeram conscientem ente essa escolha, depois de ter ouvido o discurso sobre o pão da vida? Teriam eles já tom ado a decisão de perm anecer com Jesus, m esm o diante do fato de que a multidão o tinha abandonado, incluindo até m es m o alguns de seus discípulos? 68, 69. Sim ão Pedro é o hom em que dá a resposta, e ela foi gloriosa! E le usa o plural, m ostrando que era o porta-voz de todos, em bora na realidade ele não fosse o porta-voz de Judas. Pedro lhe res pondeu, fazendo um a pergunta: Senhor (sobre isso, ver 1.38, nota 44), para quem irem os? O ser hum ano é constituído de tal form a que ele deve ir a alguém. Ele não pode sustentar-se por si mesmo. O senti do das palavras de Pedro é o seguinte: “Não há ninguém mais para quem possam os ir; ninguém que satisfaça os anseios de nosso cora ção.” Ele continua: T\i tens as palavras de vida eterna. A referên cia é claram ente ao que o próprio Jesus dissera (6.63). Pedro sabe que as palavras de Jesus são m uito mais que meros sons e prom essas vazi as. Elas são m eios de graça e salvação (sobre vida eterna, ver 3.16; cf. 1:4), cheias de espírito e vida. E Pedro continua: e nós crem os e sabem os - ou seja, já com eçam os a crer e continuam os crendo; já com eçam os a entender, e continuam os convencidos - que tu és o Santo de Deus. A confissão feita é que Jesus é o Santo; ou seja, consagrado a Deus para cum prir sua tarefa m essiânica. Ele é sepa rado e qualificado para fazer o que for necessário em relação a seu ofício (cf. 10.36; At 3.14; 4.27; Ap 3.7). Ele é o Santo de Deus, que pertence a Deus e é escolhido por ele. Essa é um a confissão muito im portante e gloriosa! 70, 71. No entanto, Jesus sabe que essa confissão não representa va a convicção interior de cada um dos Doze. H avia uma exceção. Assim , para que o hom em que constitui essa exceção nunca diga que não foi avisado, e para que os outros nunca pensem que o Senhor foi pego de surpresa, Jesus lhe respondeu: Eu não os escolhi, os doze? prefixo únó, em ímáyo) deve receber sua força primária plena. Entretanto, a conjunção khÍ, na pergunta que Jesus fez, claramente indica que ele considerava o verbo como aplicável aos muitos desertores mencionados no versículo 66. Também se, por causa de seu prefixo, alguma im portância particular deve ser dada ao verbo usado na pergunta de Cristo, Pedro não parece ter entendido (ver o v. 68).
JOAO 6.70, 71
325
E no entanto um de vocês é um diabo. (Sobre os D oze, ver a Intro dução.) A queles doze hom ens tinham sido escolhidos para serem os discípulos especiais de Cristo, e seus apóstolos, e eles certam ente sabi am disso. Os leitores deste Evangelho tam bém sabiam disso, tanto pela tradição oral quanto pelos Sinóticos. Jesus diz “ ... no entanto um de vocês é um diabo” . O term o ôiá PoÀoç significa caluniador, falso acu sador. Esse hom em é servo e instrum ento do diabo. Seu caráter dem o níaco evidencia-se especialm ente no fato de que, enquanto m uitos ou tros tinham abandonado o Senhor, quando sentiram que não poderi am concordar com ele, bem com o quando se rebelaram contra o cará ter espiritual de seu ensino, esse indivíduo perm aneceu com ele, como se concordasse plenam ente com Jesus! (Ele nos lem bra aqueles que, apesar de discordarem de algum as doutrinas da denom inação a que pertencem , perm anecem nela, preferindo arrastá-la juntam ente com eles à ruína com pleta.) O evangelista, escrevendo m uitos anos depois, acrescenta um a nota de explicação: Ele estava se referindo a Ju das, (filho) de Sim ão Iscariotes, porque ele, um dos doze, era quem o entregaria. O pai de Judas era Simão. Este Sim ão era cha m ado Iscariotes, ou seja, um hom em de Queriote, provavelm ente em Judá (Js 15.25), apesar de que havia tam bém um local com aquele nom e em M oabe (Jr 48.24). O traidor é cuidadosam ente descrito para distingui-lo de outro Judas, que tam bém pertencia aos Doze. O “um dos doze” foi, provavelm ente, acrescentado para m ostrar e enorm idade de seu pecado (apesar de seu grande privilégio, ele com eteria essa terrível ação), e para justificar as palavras de Jesus no versículo 70: “Eu não os escolhi, os d o z e T O texto não descreve a maneira pela qual Judas haveria de trair Jesus (mas ver 13.2, 30; 18.2, 3; M c 14.43-45). Já é suficiente que a terrível ação tenha sido mencionada.
326
JOÂO 6.22-71
Síntese de 6.22-71
Ver 0 Esboço na p. 98. O Fílho de D eus Rejeitado na Galiléia (conclusão). N o dia seguinte à m aravilhosa m ultiplicação dos pães e peixes, as m ultidões em barcaram em Tiberíades e encontraram Jesus na margem ocidental. O Senhor os criticou por estarem procurando-o m otivados pelo m aterialism o. Ele lhes diz a que trabalhassem pelo alim ento que perm anece. Q uando com param o m ilagre de Jesus com aquele que se dera m uitas gerações passadas, no qual seus ancestrais receberam o m aná do céu, enquanto Jesus lhes dera apenas o pão terreno, o Senhor destrói seu argum ento dizendo-lhes que ele m esm o era o “verdadeiro pão do céu” , enquanto o m aná era apenas um a sombra. Ele declarou, no discurso bonito e importante sobre o pão da vida, que era o verdadei ro dom do Pai. Ele tam bém disse que daria sua carne e sangue pela vida do mundo, e que, para que um a pessoa possa ser salva, tem de com er sua carne e beber seu sangue. A pesar de Jesus ter em mente a necessidade da aceitação, apro priação e assim ilação espirituais, m uitos de seus ouvintes não só inter pretaram sua palavras literalm ente, mas tam bém em seus corações descrentes rebelaram -se contra ele e seus ensinos. Jesus enfatiza que os únicos que podem ir a ele são os que o Pai enviar. O povo reagiu a esse discurso de quatro maneiras: a. As m assas e seus líderes “religiosos” rejeitaram com pletam ente a m ensagem e ca luniaram o pregador. O sentim ento da m ultidão é sum ariado em 6.42: “N ão é este Jesus, o filho de José, cujo pai e a mãe nós conhecem os? Com o é que ele agora diz: ‘Desci do céu?’” b. O grande grupo de seguidores regulares (cham ados aqui “discípulos”) considerou o dis curso m uito difícil de aceitar; e quando Jesus mostrou que a descrença era a raiz de sua reação, eles, em grande núm ero, o abandonaram , c. O grupo mais íntimo de discípulos (chamado “os doze”) que, pela boca de Pedro, fez um a confissão gloriosa, reconhecendo Jesus com o o Santo de Deus; d. Judas, que, apesar de rebelar-se contra o pregador divino e suas palavras, de m aneira tipicam ente traiçoeira, decidiu perm anecer na com panhia de Jesus!
ESBOÇO DOS CAPÍTULOS 7-10 Tema: Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, D urante Seu M inistério Público, Exortando Z elosam ente os Pecadores a que se Arrependam ; Enfrenta D ura Resistência Cap. 7
1. P or ocasião da F esta dos Tabernáculos, em Jerusalém , Jesus diz; “Se alguém tem sede, venha a m im e beba”. Seus inimigos o consideram um endemoninhado.
Cap. 8
2. N essa m esm a festa (ou im ediatam ente depois), ele exor ta a m ulher pega em adultério, dizendo: “V á e não pe que m ais” ; e às m ultidões, ele diz: “Eu sou a luz do m un do” . Seus inimigos estão prontos a apedrejá-lo.
Cap. 9
3. Ele cura o cego de nascença, a quem , em amor, revelase com o o Filho do Homem. Seus inimigos decidem ex pulsar da sinagoga aqueles que aceitassem a Jesus.
Cap. 10
4. Ele se revela com o o Bom Pastor e tam bém com o o Cristo (na Festa da Dedicação), sendo um com o Pai. Seus inimigos, um a vez mais, buscam um a oportunidade para apedrejá-lo.
C a p ít u l o 7 JO Â O 7.1-5 1 E depois dessas coisas Jesus passou a andar pela Galiléia, porque não queria percorrer a Judéia, visto que os judeus procuravam matá-lo. 2 Ora, a Festa dos judeus, a dos Tabernáculos, estava próxima. 3 Então seus irmãos lhe disseram: Sai daqui e vai para a Judéia, a fim de que teus discípulos também possam ver as obras que estás fazendo. 4 Porque ninguém faz nada em segre do, se deseja ser conhecido do público. Se fazes essas coisas, mostra-te ao m u n d o . 5 Pois nem mesmo seus irmãos criam nele.
7
7.1-5 1. E depois dessas coisas. João resume, num versículo, os acon tecim entos que ocorreram durante o período de abril a outubro do ano 29 d.C.: “E depois dessas coisas, Jesus andava pela Galiléia, porque não queria percorrer a Judéia, visto que os judeus procuravam m atá-lo” (7.1). M ateus, M arcos e Lucas nos fornecem um relato detalhado do que aconteceu no m inistério de Cristo durante esses meses. Podem os cham á-lo o M inistério do Retiro; ver M arcos, capítulos 7-9. João diz que durante aqueles m eses Jesus andava pela Galiléia. Esse dado se harm oniza com o relato dos Sinóticos, que indicam que o Senhor foi de C afam aum , na Galiléia, para os lados de Tiro e Sidom, atravessando um a grande parte da Galiléia. Dali ele partiu em direção a Decápolis. Voltando um a vez m ais para a Galiléia (Dalm anuta), ele logo partiu para a região de C esaréia de Felipe, e finalm ente, cobrindo outra gran de parte da província da Galiléia, voltou para Cafam aum . O que nem sem pre fica claro é se essas jornadas são descritas em ordem cronoló gica (cf., p. ex., M c 8.1 : “naqueles dias”). U m a olhada no m apa sugere 153. ID; v tr Introdução, pp. 60, 62.
330
JOÂO 7.2
que sim. O que caracteriza esse período é que, em geral, o Senhor retirou-se (daí. M inistério do Retiro) do meio das m ultidões para poder estar com seus discípulos. Porque não queria percorrer a Judéia, visto que os ju d eu s procuravam m atá-lo. Aqui tem os um a continu ação do plano que foi m encionado pela prim eira vez em 5.18; ver p. 260, sobre essa passagem . Ora, apesar de o Senhor ter descido do céu para dar sua vida, ele sabia que o m om ento exato para que se cum pris se esse etem o desígnio do Pai ainda não havia chegado. Portanto, du rante esse período ele perm anece nas regiões ao norte do país. É tam bém verdade que dois motivos positivos guiavam os passos do M estre: Ele queria revelar sua glória aos habitantes da parte norte de Israel, bem com o desejava aproveitar a oportunidade de relativa reclusão para instrair seus discípulos a respeito de sua Paixão. 2. xim a.
Ora, a Festa dos judeus, a dos T abem áculos, estava p ró
Porém , quando outubro finalm ente estava se aproxim ando, um a pergunta deve ter ocorrido àqueles que conheciam Jesus, isto é, teria ele planajado ir a Jerusalém a fim de participar da im portante Festa dos Tabem áculos (M orar em Tendas)? Sobre essa festa, ver Levítico 23.3344 e N úm eros 29. Ela era celebrada entre os dias 15 a 21 ou 22 do sétim o mês, que se aproxim a de nosso outubro. Era um a festa de ação de graças pela produção das vinhas. Mas, além de ser um a festa da colheita, era também um a com em oração jubilosa pela orientação divina dada a seus ancestrais durante a peregrinação no deserto. Com o era celebrada im ediatam ente depois do dia da expiação, o senso de alegria pela redenção era m uito proem inente. N um a escala diária decrescente, era feito um sacrifício especial de setenta novilhos. As trom betas eram tocadas todos os dias. H avia tam bém a cerim ônia do derram am ento de água de Siloé em com emoração da fonte refrescante que tinha fluído m ilagrosam ente da rocha em M eribá (Ex 17.1-7); e em antecipação das bênçãos, tanto para Israel quanto para o mundo. O pátio interior do tem plo era tam bém iluminado, e a luz de um grande candelabro lhes lem brava a coluna de fogo que, durante as noites, tinha servido com o guia para o povo no deserto (Nm 14.14). H avia um a procissão de to chas. A cim a de tudo, os israelitas arm avam suas tendas nas praças, ruas, e até m esm o nos telhados das casas. Essas habitações proviam
JOÃO 7.3-5
331
um teto aos peregrinos que vinham de todos os lugares para participar da festa. M as elas tam bém relem bravam o povo da peregrinação de seus pais no deserto (Lv 23.43). Em geral, os com entaristas presum em que a razão pela qual João m enciona essa festa é que ele vai citar certas palavras de Jesus que estão ligadas às suas cerim ônias (7.37; 8.12; 9.7). 3-5. Q uando Jesus parece dar a im pressão de não estar com pres sa de participar da festa, seus irmãos - Tiago, José, Sim ão e Judas; M ateus 13.55 - com eçam a criticá-lo. Eles acham que seu com porta m ento é inconsistente. Por um lado, im aginam que Jesus está buscando um a posição pública m ais elevada. No entanto, por outro lado, não con seguem entender com o ele perm anece na Galiléia, enquanto o “públi co” já está a cam inho de Jerusalém . E ntão seus irm ãos disseram lhe: Sai daqui e vai para a Judéia, a fim de que teus discípulos vejam as obras que estás fazendo. Porque ninguém faz nada em segredo quando quer ser conhecido do público. Se fazes essas coisas, m ostra-te ao m undo. Jesus, em Jerusalém , gozará de notori edade. Seus seguidores, tendo se reunido em Jerusalém , vindos de to das as direções, terão um a grande oportunidade de ver seus m ilagres. Se Jesus está realm ente operando essas obras m aravilhosas - e em relação a isso seus irm ãos não têm nenhum a dúvida - , então, por que não revelar-se ao m undo todo? Jesus deve alcançar a glória e a fama p o r m eio da dem onstração de seus majestosos atos de poder. Essa é a m aneira com o eles vêem toda a situação. A razão pela qual eles vêem a situação dessa m aneira é declarada no versículo 5, Pois nem m esm o seus irm ãos criam nele. É certo que eles não o vêem com o o M essias que provaria sua m essianidade por m eio de seu sofrim ento na cruz! A concepção m essiânica deles era, em certo sentido, sem elhante à da m ultidão que tinha com ido dos pães (6.15), ou seja, com pletam ente m aterialista e terrena. Estritam en te falando, nada indica que seus irm ãos tivessem entendido que ele era o M essias. A história apenas m ostra que eles o estavam acusando de inconsistência, e que, com o m uitos outros, cultivavam idéias seculares com respeito à vinda e ao m inistério do M essias. Depois da ressurrei ção de Cristo, a atitude de seus irmãos mudou com pletam ente (At 1.14).
332
JOÂO 7.6
6 Jesus, pois, lhes disse: Para mim, o tempo certo ainda não chegou, mas para vocês o tempo é sempre apropriado.'*'* 7 O mundo não os pode odiar, a mim, porém, odeia, porque eu testifico a seu respeito, que suas obras são más. 8 Subam vocês à festa. Eu, por enquanto, não subo a essa festa, porque meu tempo oportuno ainda não chegou.'’* 9 Tendo-lhes dito essas coisas, ele per maneceu na Galiléia. 10 Mas depois que seus irmãos subiram à festa, então ele também subiu, não publicamente, mas como que em secreto. 11 Ora, os judeus o procuravam na festa, e estavam dizendo: Onde está ele? 12 E havia grande murmuração a seu respeito entre as multidões. Uns diziam: Ele é um bom ho mem; outros, porém, estavam dizendo: Não, ao contrário, ele está desviando as pessoas. 13 Não obstante, por medo dos judeus, ninguém falava sobre ele publicam ente.
7.6-13 6. Jesus, pois, lhes disse: Para m im , o tem po certo ainda não chegou; para vocês, porém , o tem po é sem pre apropriado. Jesus fala acerca do “tempo apropriado” (Kaipóç, distinto de xpói/oç; m esm o no coinê, essa distinção não tinha desaparecido com pletam en te). Ele diz que o m om ento propício para ele ainda não tinha chegado. Entretanto, pode-se fazer uma pergunta: “Tempo certo para quê: para ir à festa ou para m anifestar-se ao m undo?” O contexto precedente perm ite qualquer um a das duas interpretações. Entretanto, o contexto subseqüente só perm ite uma explicação. Q uando Jesus diz (v. 6b) “... m as para vocês o tem po é sempre apropriado”, só pode significar que o que ele está querendo dizer é, “Vocês podem subir a festa a qualquer tem po.” Portanto, é m uito provável que, tam bém no versículo 6a, o sentido que ele quer dar seja o seguinte: “Para mim, a ocasião propícia para •s.uhxx à festa ainda não chegou.” Esta conclusão tam bém está em harm onia com o versículo 8 (segunda cláusula), em que, independente m ente do tipo de leitura adotado pela pessoa (se o u k o u oíjttco ), Jesus fala, por duas vezes, em ir à festa. Assim, o versículo 6 definitivam ente m ostra que, para cada obra e ação do Senhor (não som ente para sua m orte na cruz), há um m omento eternam ente definido e determ inado no plano de Deus. Ver tam bém p. 158. A vontade de Jesus, estando de pleno acordo com os conselhos eternos de Deus, naturalm ente aguarda 154. Literalmente: “mas seu tempo certo está sempre pronto”. 155. Literalmente: “porque meu tempo certo ainda não foi com pletado” .
JOÂO 7.7-9
333
pelo m om ento apropriado. Essas considerações não passavam pela m ente dos irm ãos de Jesus. Eles não tinham esse contato consciente com o relógio dos desígnios etem os de Deus. Além disso, eles ainda eram descrentes. Portanto, Jesus diz: “m as para vocês o tem po é sem pre apropriado” . Q uando se faz a pergunta: “Por que Jesus dem orou a subir à fes ta?”, a resposta provável aponta na seguinte direção: Se ele tivesse ido imediatamente, com aqueles que foram primeiro, teria havido muito tem po para o Sinédrio planejar sua prisão nessa ocasião, bem com o sua morte. M as Jesus sabia que sua morte, com o o Cordeiro de Deus, de veria acontecer por ocasião da próxim a Páscoa, e não durante a Festa dos Tabem áculos. Portanto, ele não subiu à festa. 7. Os irm ãos tinham dito: “m ostra-te ao m undo.” Do ponto de vista deles, isso era com preensível, com o Jesus tam bém agora m ostra: O inundo não os pode odiar, porém m e odeia... O m undo (ò k ó o |j,o ç ; ver sobre 1.10,11 ) é aqui o reino do mal, a hum anidade alienada da vida de Deus, e m anifestando-se em evidente hostilidade contra Deus e seu Ungido. Este m undo é representado pela hierarquia religiosa de Jem sa lém. Com o os irm ãos de Jesus, por aquele tempo, ainda “não criam nele” (7.5), o m undo não podia odiá-los (cf. 15.18, 19; 17.14). N o en tanto, o m undo odiava Jesus.. A razão era porque eu testifico a seu respeito, que suas obras são m ás. Para esse testem unho, ver 2.1416; 3.19, 20; 5.30-47. 8, 9. Jesus continua: Subam vocês à festa. Eu, por enquanto, não subo, porque meu tem po certo ainda não chegou (literalm en te, “ainda não se tornou com pleto” : a am pulheta da providência divina ainda não estava cheia). Jesus difere enorm em ente de seus outros ir m ãos. O propósito deles, ao irem à festa, apesar de ser “religioso” , era tam bém m uito “m undano” . Portanto, que vão sozinhos. Sobre subir para Jem salém , ver pp. 187, 188. Pelas razões já m encionadas, o tem po de Jesus subir a Jerasalém ainda não havia chegado. Ele irá, mas não im ediatam ente. Esta explicação é muito simples e encaixa-se no contexto com o um todo. Entretanto, quando lemos “não”, em vez de “não ainda”, no versí culo 8, criam os um a dificuldade real. Somos confrontados com o se guinte quebra-cabeça: Jesus diz: “Eu não vou a esta festa” (assim , p.
334
JOÂO 7.8, 9
ex., a A.R.V.); no entanto, um pouco m ais tarde ele vai (v. 10). Assim que esta tradução é adotada, os com entaristas tentam desenvolver as várias possibilidades de interpretação. De acordo com algum as delas, quando Jesus disse; “Eu não subo”, o sentido era: “Eu não vou para m anifestar-m e com o M essias. Isso eu farei num a festa posterior.” De acordo com outros, o versículo 8 deve ser interpretado da seguinte maneira: “Eu não vou publicam ente, mas em secreto.” Esses com en taristas apelam para o versículo 10. Outros crêem que Jesus m udou de idéia, ou que o Pai decidiu agir de m odo diferente. Todas essas explica ções antinaturais podem ser evitadas se sim plesm ente adotarm os a tra dução na qual a versão A.V. é baseada [e adotada pela versão Revista e Atualizada], que diz; “Eu, p o r enquanto, não subo” . A evidência tex tual para essa leitura é praticam ente a m e s m a . O contexto (vs. 6, 9, 1 0 ) certam ente é a favor da leitura que tem o “por enquanto” (o Íjttco ), em vez do “não”. Jesus já havia indicado (v. 6) que o tem po apropriado para ele participar dessa festa “ainda não tinha” chegado. Portanto, tendo dito essas coisas, perm aneceu um pouco m ais na G aliléia. Porém , depois de seus irmãos terem ido, ele tam bém foi (v. 10). Se adotarm os a tradução que traz “por enquanto”, o versículo 8 se encaixa perfeitam ente. Por que criar um a dificuldade quando não há necessida-
156. A evidência externa para o iíiro ) não é de m aneira algum a m enor do que para oú k . A. T. Robertson, que, em introduction to the Textual Criticism o f the New Testament. Nova York, 1925, pp. 162, 169, 173, 176, 180, 182, defende o uso de o ú k , admite que, se faz alguma diferença, a balança do apoio textual inclina-se a favor de oCirto. que é favorecido por B, W, L, T etc.; oiiK é favorecido por Aleph, D. K, M etc. As versões antigas também estão divididas. Assim, não tendo nenhuma ajuda apreciável da evidência textual, aqueles que apóiam o uso de o ú k voltam-se para a evidência interna, mais particularm ente para a regra: “A tradução que deve ser escolhida é aquela que melhor explica a origem das outras”. Na prática, isso normalmente leva a que se aceite a tradução mais difícil. O argumento diz que um escriba, em geral, substituiria o complicado o ú k por o ijT ru , com m aior probabilidade do que faria o contrário, o que indica, portanto, que o ú k é o correto. Entretanto, outros têm dito - e entendemos de modo correto - que a regra, apesar de seu grande valor, não deveria ser tão enfatizada. Quando a palavra menos difícil - nesse caso, oüttco - tem o apoio claro do contexto, como já mostramos, o argumento, baseado na evidência interna, perde sua força. Diante disso, nós, juntam ente com Wescott e Hort, Nestlé até (e incluindo) a edição de 1936, e Grosheide, Het Heilig Evangelie Volgens Johannes, Kommentaar op het Nieuwe Testament. Amsterdã, 1950, Vol 1, p. 501, nota 1, aceitamos o uso de oüttcj na segunda cláusula de 7.8 (bem como na terceira).
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de? Já existem , com toda certeza, problem as exegéticos suficientes para criarm os m ais um. 10. Assim, Jesus perm aneceu na G aliléia por mais um pouco de tem po. M as, depois que seus irm ãos subiram à festa, então ele tam bém su b iu , não p u b licam en te, m as com o que em secreto. M as, com o é que Jesus conseguiu ir em secreto a Jerusalém ? As res postas variam . Alguns são da opinião que essa era a única m aneira possível na qual Jesus poderia ir, visto que as estradas, nessa ocasião, estavam desertas, pois as grandes caravanas de peregrinos, incluindo a dos irm ãos de Jesus, já teriam chegado na capital. M as, se a explicação é assim tão óbvia, por que o autor resolveu m encionar esse detalhe? Outros se inclinam a pensar que Jesus estava acom panhado apenas por seus discípulos, tendo escolhido as estradas m enos usadas, viajado principalm ente durante a noite, não tendo anunciado nem sua partida da Galiléia, nem sua chegada em Jerusalém . Sem dúvida é algo sem elhan te a isso que o texto quer dizer quando diz que Jesus foi “em secreto” . 11. O ra, os judeus, consistindo principalm ente, ou exclusivam en te, dos líderes religiosos de Jerusalém , que eram hostis a Jesus, estive ram esperando por ele desde cedo. Eles estavam procurando por ele na festa, e p erguntavam repetidas vezes; O nde está ele? A intenção deles, em vista de 5.18 e 7.25, não pode ter sido am igável. No entanto, 9.22 e 11.49-53 estavam ainda no futuro. 12. E havia grande m urm uração a seu respeito entre as m ul tidões. A opinião entre as pessoas que tinham vindo de várias localida des para participar da festa estava definitivam ente dividida, exatam en te com o na G aliléia (note em 6.66; muitos, e não todos, o tinham aban donado), em bora as presentes m ultidões, vindas não som ente da G ali léia, m as de todas as regiões da Terra Santa e de todos os países da Diáspora, estivessem ainda divididas quanto a seus sentim entos. Uns estavam dizendo: Ele é um bom homem , desejoso de fazer o bem, m oralm ente correto e não um enganador. E outros, diferindo bastante do prim eiro grupo (note oij, àkká.), estavam dizendo: Não, pelo con trário, ele está desviand o o povo. Cf. L ucas 23.2, 5. E les viam Jesus com o um m ero dem agogo, um hom em que deveria ser evitado, um falso profeta que queria juntar a m ultidão ( t ò v o x X o v ) a seu lado para alcançar seus objetivos egoístas.
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13. E ntretanto, por m edo dos judeus, ninguém falava sobre ele publicam ente. N o entanto, essas opiniões contrastantes eram di tas em sussurros. Com o o Sinédrio não havia ainda em itido nenhum veredito, ninguém ousava falar abertam ente. Cf. 9.22. N inguém queria colocar o próprio pescoço em risco. D izer um a palavra errada em pú blico poderia significar ser expulso da sinagoga. A “m áquina” da terrí vel hierarquia religiosa de Jerusalém era muito poderosa. Eles (os es cribas e fariseus) estavam se tornando um a m aldição para a vida religi osa de Israel. A m urm uração e o resm ungo, no meio da m ultidão, eram m uito intensos. O caráter e as peregrinações de Jesus eram o centro do interesse de m uitos dentre o povo. 14 Ora, quando a festa já estava ao meio, Jesus subiu ao templo e começou a ensinar. 15 Então os judeus ficaram pasmos e diziam: Como pode esse sujeito saber letras sem haver estudado? 16 Então Jesus lhes respondeu, e disse: Meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou. 17 Se alguém quiser fazer sua vontade, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se (meramente) expressa minhas opiniões pessoais.'” 18 Aquele que (meram ente) expressa suas opiniões pessoais está procurando sua própria glória. Aquele que procu ra a glória de quem o enviou, esse é verdadeiramente confiável, e nele não há nada falso. 19 Moisés não lhes deu a lei? Contudo nenhum de vocês guarda a lei. Por que vocês estão procurando matar-me? 20 A multidão respondeu: Tu tens um demônio! Quem é que está procurando matar-te? 21 Jesus respondeu e lhes disse: Um só feito eu realizei, e todos vocês ficaram atônitos. 22 E é por essa razão (isso lhes digo) que Moisés lhes deu o rito da circuncisão - não que ele tenha se originado com M oisés, mas com os patriarcas - , e no sábado vocês circuncidam uma pessoa. 23 Se a pessoa pode ser circuncidada em dia de sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, vocês estão indignados contra mim só por haver eu feito o bem plenamente a um homem no sábado?'’** 24 Parem de julgar superficialmente, mas façam um julgamento justo.
7.14-24 14, 15. O ra, quando a festa estava ao m eio, Jesus subiu ao tem plo e com eçou a ensinar. De repente, Jesus apareceu no templo. O povo já havia celebrado m ais da m etade da festa (ríõri ôè tf|c èopTijç |j,eooúar)ç), a qual, em seu 157. Literalmente: “ou se eu falo de mim mesmo” . IIIB2; ver Introdução, pp. 63, 65, 66. 158. lAB; ver Introdução, pp. 60, 61.
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todo, durava um a sem ana (Lv 23.26). C om tantos peregrinos em Jeru salém , m uitos dos quais estavam interessados em Jesus e lhe eram sim páticos, fazer-lhe algum mal poderia pôr em dificuldades aqueles que tentassem tal coisa, e assim preparações realm ente adequadas para prendê-lo não eram mais possíveis. Os esforços feitos, num a ten tativa grosseira de últim a hora, não haveriam de conduzir a nada, com o verem os adiante (7.32, 45-52). Jesus, portanto, achando um local con veniente (talvez no Pátio dos Gentios?) para si, sentou-se, com o nor m alm ente faziam os que ensinavam (cf. M t 5.1, 2; mas cf. 7.37). U m a m ultidão de ouvintes rapidam ente juntou-se e ele com eçou a instruí-la. D essa vez não houve nenhum milagre, com o na ocasião (registrada) anterior (cap. 5). M as as pessoas logo descobririam que tudo o que o Senhor faz (tanto seus ensinos quanto seus m ilagres) é m aravilhoso. Logo, alguns dos líderes hostis se juntaram ao auditório. Durante um certo tem po, ficaram ouvindo o que Jesus dizia. Esses hom ens, que nunca estavam prontos a adm itir qualquer grandeza verdadeira da par te do Senhor, surpreendidos com o caráter e o conteúdo das palavras que tinham ouvido, não foram m ais capazes de se conter. O s judeus, portanto, fícaram pasm os com a audácia dele. A ira deles explodiu num a exclam ação abusiva contra Jesus, e eles diziam à multidão: Como pode esse sujeito saber letras sem haver estudado? Jesus nunca recebera instração num a escola rabínica. Em linguagem atual, pode m os dizer que ele não tinha nenhum diplom a de um a instituição educa cional. Portanto, tudo o que ele estava dizendo devia ser errado! Ele não sabia as “letras” (Ypá(i,|iaTa - a. as letras do alfabeto; Gl 6.11; b. um a epístola-, At 28.21; c. as Escrituras: 2Tm 3.15; e, finalm ente, com o no presente caso, estudo. Entretanto, o ensino judaico era foca lizado principalm ente nos escritos sagrados e em suas interpretações). A im plicação era que Jesus estava sim plesm ente dando sua própria opinião particular a respeito de assuntos religiosos, e que, portanto, to dos deveriam recusar-se a continuar ouvindo-o. 16. Jesus, em sua resposta, m ostra que os críticos estavam total m ente errados ao im aginar a possibilidade de que o conteúdo de seu ensino se derivasse de um a outra fonte, muito superior a qualquer sem i nário judaico. De acordo com aqueles críticos, existiam som ente duas possibilidades: ou Jesus tinha freqüentado, com o um estudante normal,
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JOÃO 7.17, 18
um a escola rabínica, ou ele estava sim plesm ente ensinando suas pró prias idéias. E, com o eles sabiam que a prim eira dessas possibilidades não tinha acontecido, a segunda deveria ser verdadeira. Então, Jesus respondeu e disse: M eu ensino não é m eu, e sim daqu ele que m e enviou. Essa resposta deixou claro que o ensino que ele trazia não tinha sido ensinado por homens, nem era apenas um ensino vindo dele m esm o, mas tinha sido algo que o próprio Deus lhe ensinara. Sobre Jesus com o o Enviado de Deus, ver pp. 194, 203, 275. Ele não só recebera o conteúdo de seu ensino diretam ente de seu Pai, no céu, mas tam bém fora divinam ente com issionado a transm iti-lo ao povo na terra. Que seus inim igos entendam que, ao rejeitarem o Senhor e sua m ensa gem , estão rejeitando o próprio Deus (cf. 4.34; 5.23, 24, 30; M t 10.40). 1 7 ,1 8 . Jesus, pois, desenvolve um princípio básico: ele estabelece as qualificações que um a pessoa deve ter, antes de ser capaz de avaliar seu ensino. Qualquer que queira fazer isso deve: a. ter a disposição apropriada (v. 17); b. buscar o ideal apropriado (v. 18). A pessoa deve ter um a disposição apropriada de coração e mente: Se alguém q u iser fazer sua vo n ta d e, con h ecerá a re s p e ito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu estou (m eram ente) exp res sando m inhas opiniões pessoais. Se não houver um desejo verda deiro de obedecer à vontade de Deus, conform e a m esm a se encontra expressa em sua Palavra, não se poderá alcançar o conhecim ento ver dadeiro (tanto experiencial, quanto intelectual). Isso introduz um a per gunta m uito interessante: Como é que os vários elem entos da experiên cia cristã se relacionam entre si? Em geral, podem os dizer que, de acordo com os ensinos de Cristo e dos apóstolos, o conhecimento (a respeito de Cristo e dos fatos da redenção, im plicando, com certeza, um conhe cim ento da m iséria humana) vem prim eiro. Quando tentam os traçar nosso am or por Deus em Cristo até sua fonte, descobrim os que ele resultou da contem plação dos fatos do evangelho e de nossa interpreta ção do significado desses fatos. No entanto, tem os de acrescentar que o conhecim ento, por si só, nunca produz o amor. Ele resulta em am or quando o Espírito Santo aplica esse conhecim ento ao coração, ou seja, quando ele cria, no coração, um a resposta ao am or de Cristo, cujo co nhecim ento já está presente na mente. E esse amor, por seu turno, é expresso em obras de obediência: “Se você me ama, guardará m eus
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m andam entos”. A relação fundam ental entre os três, portanto, é; a. conhecim ento; b. amor; e c. obediência. Cf. João 17.26; 14.15. C ontudo, essa representação precisa de qualificação. Sem pre que qualquer dos elem entos (conhecim ento, am or e obediência) se encon tra presente em qualquer grau, m esm o que seja pequeno, ele enriquece, intensifica e aprofunda os outros. H á um a interação constante, com cada um influenciando os outros dois. De fato, os três são tão próxim os, que nenhum é com pleto em si mesm o. Assim, não som ente o conheci m ento, quando aplicado pelo Espírito Santo, conduz ao amor; m as o amor, por seu turno, é o pré-requisito indispensável do conhecim ento em profundidade. Portanto, às vezes encontram os a ordem contrária; em vez do conhecim ento... am or, encontram os o amor... conheci mento. Cf. Efésios 3.17. Do m esm o modo, em vez da ordem na qual a obediência vem por últim o (como em 14.15), tam bém encontram os a ordem na qual ela é m encionada em prim eiro lugar, com o é o caso na passagem que estam os estudando (7.17); “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu estou (m eram ente) expressando m inhas próprias opiniões” . Aqui tem os: 1. obediência (prontidão para fazer a vontade dele); e 2. conhe cimento. A única conclusão lógica, diante dessas representações variadas e (à prim eira vista) aparentem ente (apesar de nunca realmente) confli tantes é esta: Quando falam os de conhecimento, am or e obediência, não estam os pensando em três experiências separadas, mas de um a experiência única e com preensiva, na qual os três são tão unidos, que cada um contribui com sua parte, e todos cooperam para a salvação do ser hum ano e para a glória de Deus. Esta experiência, em seu caráter, é pessoal. Portanto, não podem os mais falar da prim azia do intelecto, das em oções ou da vontade, mas da prim azia da graça soberana de Deus, influenciando e transform ando a personalidade toda, para a gló ria de Deus. Portanto, o conhecim ento nunca será santificado no coração e nem levará ao discernim ento verdadeiro da origem e do caráter divino do ensino de Cristo, a m enos que, antes de tudo, a prontidão para fazer a vontade de Deus esteja presente em prim eiro lugar. Q uando ela está presente, a pessoa im ediatam ente perceberá que a acusação dos ju
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JOÂO 7.19
deus - de que Jesus estava apenas expressando suas próprias opiniões pessoais - é totalm ente falsa. E a pessoa que tem a disposição apropriada (v. 17), tam bém busca o ideal apropriado (v. 18): Q uem (m eram ente) expressa suas opi niões pessoais está procurando sua própria glória. Q uem procu ra a glória de quem o enviou, esse é verdadeiram ente confiável, e nele não há nada falso. Sobre esta passagem , ver 5.41-44. Se a glória de Deus é o ideal do ouvinte, ele tam bém será capaz de detectar se ela tam bém é o ideal daquele que fala. Será que um profeta autoindicado faria o que Jesus estava sem pre fazendo (cf. 5.19; 7.16; 17.4)? Isto é, ele m ostraria em todas as suas palavras e ações que estava buscando a glória de quem o enviou? Se ele estivesse apenas expres sando suas próprias opiniões, tam bém não estaria apenas buscando sua própria glória? Essas palavras servem a um duplo objetivo: a. elas reve lam que as insinuações caluniadoras dos acusadores: “Com o pode esse sujeito saber essas letras, sem haver estudado?” não têm nenhum a base; b. elas expõem o pecado desses líderes. Eles eram aqueles que estavam sem pre buscando prom over sua própria glória, a ponto de, cerca de seis m eses depois da Festa dos Tabernáculos, a inveja deles os levar a entregarem Jesus para ser crucificado (M t 27.18). Eles sim plesm ente não podiam aceitar que a m ultidão tivesse tal interesse em Jesus. Portanto, enquanto Jesus era com pletam ente confiável (alriOi^ç), não se achando nele nenhum engano, os líderes dos judeus eram aque les cuja religião, apesar de todas as mostras exteriores de zelo pela lei, não passava de um a falsa aparência. 19. Jesus expõe ainda mais essa hipocrisia quando form ula um a pergunta retórica, M oisés não lhes deu a lei? De fato, esses hom ens estavam sem pre se vangloriando de ser discípulos de M oisés (9.28) e de sentar-se na cadeira dele (cf. M t 23.2). Eles tinham recebido a Torá (toda a lei: civil, cerim onial e moral, com ênfase na últim a, conform e sum ariada por M oisés nos Dez M andam entos). Jesus continua: C on tudo, ninguém dentre vocês a observa. Por que estão procuran do m atar-m e? O Senhor que fora ofendido parte agora à ofensiva. A dupla denúncia contra os líderes cai com o um raio sobre eles. Ela m os tra que Jesus, nesse exato m om ento, estava lendo o coração desses hom ens. O Senhor sabia que, em bora eles aparentassem ser os guardi
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ães da lei de M oisés, um a lei que pode ser resum ida na palavra amor, o coração deles estava cheio de ódio assassino (cf. 5.18). Porém , a acu sação trem enda e devastadora não visa apenas (em bora especialm en te) aos líderes. Jesus sabia que os cidadãos de Jerusalém haveriam de se ju n tar a eles logo, e assim fariam outras pessoas (7.30, 44), até que, finalm ente, cerca de seis m eses a p artir desse m om ento toda a m ulti dão, reunida em Jerusalém , gritaria, “Que ele seja crucificado” . N ão é nem m esm o possível perm anecer neutro em relação a C risto. Isso é sim plesm ente im possível. Portanto, a pergunta; “P or que vocês estão procurando m e m atar?” é, em certo sentido, direcionada a todo o auditório. 20. A m u ltid ão respon d eu : Tu tens um d em ôn io! Q uem é que está procurando m atar-te? No entanto, entre a m ultidão ali reunida - que consiste de líderes hostis (fariseus e escribas), peregrinos de todos os lugares e cidadãos de Jerusalém (cf. vs. 14, 20, 25, respectivam ente, para as três classes) - existem aqueles que não têm nenhum desejo consciente de, nesse m om ento, m atar o Senhor. Podem os im aginar com o as pessoas nessa m ultidão, vindas, em sua maioria, de lugares distantes, sentiram -se agre didas pela pergunta de Jesus. Enquanto suas faces coravam de indig nação, elas exclam am ; “Tu tens um dem ônio! Q uem é que está procu rando m atar-te?” Para a m ultidão, não resta nenhum a dúvida de que um m au espírito havia se apossado da m ente dele, tornando-o insano. Essa m ultidão de peregrinos, evidentem ente, não sabia que os líderes, em Jem salém , já tinham planejado, no coração, a m aneira de tirá-lo de circulação. As pessoas em geral não conseguem captar, com rapidez, a conspiração dos líderes “religiosos” , por quem elas têm um grande res peito. A história que aconteceu em Jerusalém tem, em uma escala menor, se repetido m uitas vezes na história da hum anidade. Por exem plo, al guns líderes, cheios de inveja, planejam a ruína de um a outra pessoa. A rdilosam ente, eles elaboram seus planos, e muitas vezes são bem su cedidos. O povo em geral nunca percebe o que aconteceu. Se a possí vel vítim a da inveja dos líderes tivesse a oportunidade de dizer-lhes, com palavras claras e diretas; “Esses líderes estão planejando m inha ruína”, eles responderiam ; “Hom em , tens um dem ônio, ou pelo m enos um com plexo de perseguição! N inguém está tentando prejudicar-te.”
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JOÃO 7.21-24
21-24. Jesus, entretanto, prova seu argumento. O plano para matálo tinha se originado no coração e n a m ente dos líderes, por ocasião da cura do hom em no tanque, com o é claram ente declarado em 5.18. J e sus respon d eu e lhes disse: Um só feito realizei, e tod os vocês se sentem atônitos. Jesus tinha, com certeza, realizado outras curas m ilagrosas em Jerusalém (2.23; 4.45), mas esse feito em particular - a cura do paralítico em Betesda (5.1-18; ver pp. 249-262) - realizada no sábado tinha sido a ocasião que deu origem à conspiração para tirar-lhe a vida. O m ilagre, por si só, m as especialm ente as circunstâncias nas quais o m esm o aconteceu (foi feito no dia de sábado, e Jesus m andou o hom em carregar seu leito), tinham produzido um deslum bram ento ge ral. C ontudo, devem os lem brar que nem aqui nem no versículo 15 deste capítulo esse deslum bram ento é sinônim o de aprovação. C om o 0 povo não reagiu com um a fé verdadeira e viva, mas sim com um a crítica adversa (especialm ente entre os líderes), o Senhor continuou: E é por essa razão que eu lhes digo (ôtà xoüxo provavel m ente seja e l í p t i c o M oisés lhes deu o rito da circuncisão - não que ele tenha se originado com M oisés, m as com os patriarcas - , e no sábado vocês circuncidam totalm ente um a pessoa. Para m ostrar a fraqueza das críticas a seu m ilagre, com o se o m esm o tivesse sido um a violação do sábado, o Senhor introduz, neste ponto, a orde nança da circuncisão. Em bora esse rito, m ediante sua inclusão na legis lação m osaica, tenha se tornado um a ordenança para Israel (Lv 12.13), ele já era praticado muito tem po antes de M oisés, nos dias dos “pais” que o precederam (Gn 17.9-14, 23-27; 21.4). Os judeus, em seu zelo pela lei de M oisés, estavam sempre se esquecedo de que certos ritos religiosos im portantes já estavam em voga m uito antes de seu tempo. Por isso, Jesus acrescenta a cláusula parentética. E, de acordo com a lei que governava esse rito religioso, um a criança do sexo m asculino tinha de ser circuncidada ao oitavo dia após seu nascim ento. O ponto enfatizado por Jesus é que, m esm o se esse oitavo dia caísse num sába159. A frase seria redundante se fosse construída com o versículo 21. Aiém disso, ela geralm ente ocorre no início de uma sentença (1.31; 5.16, 18; 6.65; 8.47; 9.23; 10.17; 12.18, 27, 39; 13.11; 15.19; 16.15; e 19.11); e no sentido de “portanto” (ou, “por essa razão”) como aqui nem sempre é seguida de causai - (c f l.3 1 ;9 .2 3 ; 12.27; 19.11). Elipse não é incomum no Quarto Evangelho.
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do, a criança seria circuncidada. Ele continua argum entando de um a m aneira m uito convincente e clara: E se o hom em pode ser circun cidado em dia de sábado, para que a lei de M oisés não seja vio lada, vocês estão indignados contra m im , só porque eu curei um hom em com pletam ente num sábado? Se a purificação cerim oni al de um membro do corpo (no caso, o m em bro procriativo) é perm itida no dia de sábado, então por que a cura do corpo inteiro (sim , do hom em com pleto, corpo e alma) seria proibida nesse dia, dando ao povo razão para irritar-se contra o C urador? C ertam ente, o argum ento é irrespondível. “O sábado foi estabelecido por causa do hom em , e não o hom em por causa do sábado” (Mc 2.27). O que o povo (os líderes e o restante das pessoas) deveria fazer era isto: Eles deveriam refletir calm am ente sobre esses assuntos, e não ser tão duros em seus julgam entos. Portanto, Jesus disse. Parem de ju lgar superficialm ente (Kai’ ocJ)Ly; literalm ente: segundo a aparên cia), m as façam um julgam ento justo. Com pare com o pensam ento sem elhante expresso m aravilhosam ente em 1 Sam uel 16.7b: “Porque o Senhor não vê com o vê o hom em . O hom em vê o exterior, porém o Senhor, o coração” . 25 Portanto, algumas pessoas de Jerusalém estavam dizendo: Não é este o homem a quem e.stão procurando matar? 26 Ora vejam, ele está falando aberta mente, e nada lhe dizem. Certamente os líderes não ficaram realmente conven cidos de que ele é o Cristo, ou será que ficaram? 27 No entanto, sabemos donde este homem vem; porém, quando o Cristo vier, ninguém saberá donde ele veio. 28 Então Jesus exclamou, ensinando no templo e dizendo: Então vocês me conhecem; e sabem donde eu vim! No entanto eu não vim por decisão pessoal; ao contrário, aquele que me enviou é o Verdadeiro, porém vocês não o conhe cem. 29 Eu o conheço, porque eu venho de sua presença, e ele me enviou.
7.25-29 25-27. A reação dos m em bros do Sinédrio está registrada em 7.15; a da m ultidão (a m aioria form ada por peregrinos), em 7.20. A gora ou vim os dos cidadãos de Jerusalém (7.25-27). Estes estavam m ais bem inform ados a respeito das verdadeiras intenções dos líderes, que ti nham sua sede em sua própria cidade. Eles tam bém não eram tão am i gáveis em relação a Jesus, com o o eram alguns dos peregrinos vindos
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JOÂO 7.25-27
de locais distantes. Os habitantes de Jerasalém estavam m uito surpre sos com 0 fato de que ninguém havia tentado deter Jesus enquanto ele fazia suas terríveis acusações contra seus oponentes (v. 19), e além disso ainda m ostrava sua inconsistência e a de seus seguidores (vs. 2124). É verdade que houve um a breve interrapção - um a explosão de ira (v. 20) - , m as isso foi tudo. Jesus teve perm issão para continuar com seu ensino “revolucionário” . D iante disso, podem os entender a declaração; Portanto, algum as p esso a s d iziam : E sse não é o hom em a quem estão ten tan d o m atar? M as, vejam ! Ele está falando publicam ente ( ir a p p i^ a ía , de TTâç e p f |a L ç ; portanto, falando tudo, não segurando nada - um term o que, na form a de [lexà irappriaLaç, tem um belo significado em Hb 4.16), e eles (aqueles no controle do tem plo, seus rituais, cultos etc.) nada lhe dizem . U m a possibilidade cm za a m ente deles, m as é quase im edi atam ente descartada; Certam ente que os líderes não ficaram real m ente convencidos de que ele é o Cristo, será que ficaram ? No entanto, sabem os donde esse hom em vem , m as quando o C ris to vier, ninguém saberá donde ele vem. A opinião dos líderes! A quela era a opinião que realm ente im portava, pois aqueles hom ens tinham o direito de expulsar os dissidentes da sinagoga, e isso era a m ais terrível das punições (cf. 7.13, 48; 9.22, 34 e 12.42). M as, com o podem os ex plicar que, diante de acusações tão pesadas com o as que Jesus fizera, eles perm itiram que ele fosse adiante, com o se nada tivesse aconteci do? Será que eles realmente sabiam (eyi^cooav - estavam realm ente convencidos) que ele é o Cristo? Mas, não, isso não pode ser. Assim , a pergunta é feita de um a m aneira que espera um a resposta negativa, em bora a porta da dúvida seja m antida levemente aberta (iiTÍtroit àÀriGwç). O m odo com o essas pessoas de Jerasalém form ulam sua pergunta, com um a atitude de dureza ridícula, parece harm onizar-se com a m a neira calm a do discurso - o peso dos argum entos a favor e contra que aparece no versículo 27. A sugestão deles, de que os líderes pode riam ter concluído que Jesus era de fato o Cristo, desaparece diante da objeção de que o local de origem de Jesus era bem conhecido, enquan to o do verdadeiro M essias seria desconhecido. Não sabiam todos que Jesus tinha vindo de Nazaré, na Galiléia, e que era filho de José e M aria? Encontram os algo sem elhante em 6.42 e
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7.41, 42. Portanto, a possibilidade de que ele poderia ser o Cristo foi im ediatam ente descartada. D e acordo com esta passagem de João, havia duas opiniões, entre os judeus, a respeito da origem do esperado M essias: a. alguns afirm avam que ninguém saberia de onde ele teria vindo (7.27); b. outros criam que ele nasceria em Belém (7.41, 42; cf. M t 2.3-5). A prim eira dessas idéias - o M essias apareceria repentinam ente, com o se não tivesse vindo de lugar nenhum - parece ter sido um dado da teologia popular, provavelm ente com base em inferências de certas passagens nos apócrifos (em bora não encontrem os isso declarado, de nm a fo rm a clara, em nenhum desses livros).'“ A segunda idéia (como as referências dadas indicam) era a correta, bem com o era a posição oficial do Sinédrio. Entretanto, qualquer que seja o caso, com o todos “sabiam ” de onde Jesus tinha vindo, ou seja, de Nazaré, na Galiléia, ele não poderia ser o verdadeiro M essias! 28. Com o eles estavam errados! E com o essa ignorância em rela ção à sua origem real deve ter sido dolorosa para o Senhor! Tocado, no m ais profundo de seu ser, Jesus clam ou (eKpot^ey) - isso tam bém per tenceu ao seu ensino no tem plo - E ntão vocês m e conhecem , e sabem donde eu vim! Pode-se quase ler essas palavras com o se fossem um a pergunta, “Vocês não som ente me conhecem , mas tam bém sabem de onde eu sou?” De qualquer m aneira, o sentido é o m es mo. Jesus ridiculariza a própria idéia de que aqueles cidadãos tendenci osos e legalistas de Jerasalém conhecem sua origem! E quando ele diz: “Então vocês me conhecem , e vocês sabem de onde eu vim !”, na ver dade está dizendo: “Isso é o que vocês pensam !” N ão aceitam os a inteipretação daqueles que excluem a idéia de ironia, e que acreditam que Jesus realm ente quis dizer que aqueles cidadãos da capital o co nheciam , bem com o sua origem, porquanto sabiam que ele tinha vindo de Nazaré, na Galiléia. Não podem os aceitar isso pelas seguintes razões: a. Se esse fosse o caso, não estaria o Senhor escondendo sua ori gem real (que ele veio do céu, e nasceu em Belém , cum prindo a profe cia)? E portanto não estaria ele se tornando parcialm ente responsável 160. Ver, entretanto, A. T. Robertson, Word Pictures in the New Testament. Nova York e Londres, 1932, vol. V, p. 127.
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pela noção de que não poderia ser o Cristo? A lém do mais, sua infância em N azaré não se constitui num argum ento convincente, nem contra, nem a favor, de seu exaltado caráter e origem. Portanto, não podem os acreditar que Jesus, com toda seriedade, levantaria essa questão. b. O próprio Jesus, por várias vezes, declara explícita ou im plicita m ente que 0 povo não o conhece, nem à sua origem (8.19, 42, 43; ver tam bém 3.11; 5.18, 37, 38; 6.42, 60-62; 8.55-69; e, cf. 14.9). Será que ele diria exatam ente o oposto aqui (7.28)? O bserve tam bém que, na últim a cláusula do versículo 28, Jesus diz que eles não conhecem a Deus. É lógico, pois, supor que ele diria, no m esm o versículo; “M as vocês realm ente me conhecem ” ? Cf. 8.19. c. A falha em notar o caráter lum inoso e vivido da conversação de nosso Senhor - a noção, por exemplo, de que teria sido m uito aquém da sua dignidade e m ajestade gloriosa usar o recurso da ironia - tem con duzido a erros seguidos em exegese. Veja o que foi dito a respeito disso no com entário de 5.31. d. O fato de que, quando Jesus disse essas palavras, estava profun dam ente agitado, a ponto de ter clamado, encaixa-se perfeitam ente com a idéia de que o que temos aqui não é um a declaração calm a do fato, m as um a exclam ação do caráter: “Então vocês m e conhecem , e sabem de onde eu vim !” A luz dessa alfinetada, que m ostra o ridículo da posição deles, não é tão dífícil entender por que eles estavam ansio sos por prender Jesus (7.30). e. Finalm ente, não devem os esquecer que os líderes, e alguns dos habitantes de Jerusalém , criam que Jesus era um enganador e impostor, que portanto não poderia ser o M essias (7.12, 27, 41, 42). É lógico, pois, presumir que Jesus tenha dito a essas pessoas que elas o conheciam, e sabiam de onde ele tinha vindo? Portanto, nós crem os, aliando-nos a João C alvino (e m uitos outros: Godet, W ezsâcker, Lucke, Lenski), que aqui Jesus usou o recurso da
161. João Calvino, loannis Calvini in Evangelium loannis Commentarii, Berolini (apud Guilelmum Thome), 1553, vol. III, p. 145: Acerbis verbis in corum temeritatem invehitur, quod superbe sibi in falsa opinione placentes a veri notitia se excluderent, acsi diceret, Vos omnia cognoscendo nihii tandem cognoscitis ... Ironice loquitur quum dicit me nostis, et nostis unde sim., a me ipso nom veni.
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As m esm as pessoas que estavam certas de que Jesus não poderia ser o M essias, consideravam -no um profeta autonom eado. Jesus, refu tando esse entendim ento, diz, M as eu não vim por decisão pessoal; ao contrário, aquele que me enviou é o Verdadeiro, e vocês não 0 conhecem . Como muitas passagens do Quarto Evangelho ensinam (5.30; 8.28; 12.49; 14.10), em vez de ter vindo por sua própria vontade, Jesus foi com issionado divinam ente pelo Pai. Além do mais, o povo não deve pensar que o Enviador seja um a m era ficção da im aginação, um a noção subjetiva. M uito pelo contrário, ele é o Verdadeiro (àÃr|0Lyóç), m as tam bém é aquele a quem o povo não conhece (cf. 8.19, 55), em bo ra eles im aginem conhecê-lo m uito bem. 29. Jesus continua: Eu o conheço, porque venho de sua parte (ou: de sua presença) e ele m e enviou. Existe algum a dúvida sobre a form a correta de ler essa afirm ação: Se “Venho de sua parte", ou “Estou com ele” . Entretanto, o contexto revela claram ente que a per gunta que estava na mente das pessoas era: “Quem é Jesus e de onde ele vem l" “Assim no versículo 27 e novam ente no versículo 28. Além do mais, a idéia de que Jesus veio de Deus é muito com um em João (1.14; 6.46; 16.27; 17.8). C ertam ente que aquele que veio de Deus, estava em certa época (e em certo sentido está sempre) com ele. E porque o Filho estava com o Pai e veio dele, ele o conhece plenam ente (cf. 1.18; 8.55; 17.25; M t 11.27). Que não haja nenhum a dúvida a res peito disso na m ente dos que o ouvem. H á m uita presunção e engano da parte dos críticos de Jerusalém , e tudo isso nasce da descrença. O silogism o deles era o seguinte; Prem issa M aior: N inguém saberá donde virá o verdadeiro M essias. Prem issa M enor; Nós sabemos donde Jesus vem. Conclusão; Portanto, Jesus não pode ser o verdadeiro M essias. D iante das prem issas m aior e menor, a conclusão segue um a or dem lógica. Porém , a prem issa m aior era falsa; a prem issa m enor era falsa; a conclusão era falsa. Em contraste com todo esse engano dos judeus, Jesus, que veio diretam ente de Deus, e foi com issionado por ele, proclam a a verdade. E a verdade é que ele de fato é o Cristo; e que som ente ele conhece plenam ente o Pai.
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30 Portanto, eles estavam ansiosos por prendê-lo, mas ninguém lhe pôs a mão, porque sua hora ainda não havia chegado. 31 Muitos, porém, dentre a multidão creram nele e diziam: Quando o Cristo vier, certamente não fará mais sinais do que este homem tem feito, fará?
7.30,31 30. Jesus tinha feito afirm ações grandiosas com respeito à sua pró pria pessoa e origem; tinha exposto ao ridículo o pretenso conhecim en to dos habitantes de Jerusalém , e tinha-lhes dito, em linguagem direta e clara, sem deixar nenhum a dúvida, que eles nem m esm o conheciam a D eus (7.28, 29)! É portanto até m esm o natural 1er: Portanto, eles estavam ansiosos*“ por prendê-lo. Por que eles não puderam exe cutar seu mau desígnio? Será que foram contidos pelo tem or de ter de enfrentar os peregrinos favoráveis a Jesus? O versículo 31 parece apon tar para essa direção (ver tam bém 7.12a). No entanto, a razão mais profunda de não serem capazes de prender Jesus, nessa ocasião, é declarada nas palavras que têm um som fam iliar no Quarto Evangelho: m as ninguém lhe pôs a m ão (cf. M t 26.50), porque sua hora ainda não havia chegado. Para essa últim a cláusula, ver 2.4. Jesus, apesar de estar cercado por perigos - a ira desses habitantes de Jerusalém e o desejo e o poder hostil dos líderes - encontrava-se, na verdade, livre de todo perigo, porque não era da vontade de Deus que ele m orresse nes sa o ca siã o .'“ 31. M uitos, porém , dentre a m ultidão (sem dúvida, a m aioria peregrinos) creram nele. Isso não indica, necessariam ente, um a fé viva e verdadeira. Eles, provavelm ente, estavam prontos a aceitar Je sus com o o M essias político de seus sonhos. Eles baseavam sua atitude nos m ilagres que tinham visto, ou nas inform ações que tinham ouvido de m uitas outras pessoas. Cf. 2.23; 4.4 5 ,4 8 ; A t 8.13. Esperavam que o M essias, quando viesse, realizasse m ilagres (cf. Is 35.5, 6; M t 11.2-5), e que restaurasse o reino de Israel (At 1.6). D iante do que Jesus já fizera até ali, eles estavam prontos a aceitarem -no com o esse tipo de 162. Provavelm ente conativo (èCiÍTOuv). 163. João Calvino, op. cit. p. 146. Res difficilis creditu, quod tot fortuitis casibus obnoxii, tot hominum ferarum que inuriis et insidiis expositi, tot obsessi morbis, simus tamen extra om nem periculorum aleam nisi quum evocare nos Deus volet: sed cum diffidentia nostra luctandum.
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M essias. E diziam: Q uando o Cristo vier, certam ente ele não fará m ais (ou possivelm ente: m aiores) sinais do que este hom em tem feito, será que fará? Essa pergunta espera um a resposta negativa. 32 Os fariseus ouviram a multidão murmurar essas coisas a respeito dele; então os principais sacerdotes e os fariseus enviaram guardas para o prende rem. 33 Então Jesus disse: Ainda por um pouco de tempo eu estou com vocês, e depois eu vou para junto daquele que me enviou. 34. Vocês me procurarão, mas não me acharão; e onde eu estou vocês não podem ir. 35 Portanto, os judeus diziam uns aos outros: Para onde este sujeito pretende ir, para que não 0 encontremos? Será que ele pretende ir para a dispersão entre os gregos, com o fim de os ensinar? 36 O que ele quer dizer quando diz: Vocês me procurarão, porém não me acharão e Onde eu estou, vocês não podem ir?
7.32-36 32. Os fariseus ouviram a m ultidão m urm urar essas coisas a respeito dele; en tão os principais sacerdotes e os fariseus envi aram guardas para o prenderem . N a visão dos fariseus, as coisas estavam com eçando a ficar muito sérias. As pessoas estavam realm ente com eçando a considerar aquele im postor com o o verdadeiro M essias. Eles (os fariseus) tinham ouvido 0 m urm úrio das vozes que expressavam esses sentim entos. U m a inter venção se fazia necessária. E isso não podia ser adiado. Assim , os guardiães da lei revelam sua ansiedade pelos m em bros das fam ílias sacerdotais (principalmente os saduceus). Eles logo chegam a um acordo. Os antigos inimigos - fariseus e sacudeus - estavam plenam ente dis postos a se unirem contra seu inim igo com um (cf. Lc 23.12; At 4.27). Não sabem os se tiveram um a sessão formal do Sinédrio nessa ocasião (com o em 7.45-52 e 11.47). O pacto pode ter tido um caráter menos form al. De qualquer maneira, a oposição contra Jesus alcança um novo estágio: o desejo sinistro, expresso em 5.18, com eça a ser posto em prática. Os hom ens que deveriam ter sido os m ais zelosos na defesa de Cristo e seu reino, na verdade enviam seus guardas (ÒTíripéiac; subal ternos; portanto, servos, guardas) para prenderem o Messias! 33. Porém , Jesus m ostra que o desígnio de Deus deve ser levado adiante. Então, com serenidade, majestade, calm a e firm eza, Jesus disse (dirigindo-se às m ultidões reunidas, mas especialm ente aos lide
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res que estavam presentes): A inda por um pouco de tem po eu es tou com vocês, e depois irei para junto daquele que m e enviou. Cf. 16.16-19. Jesus sabia que estaria na terra por um pouco m ais de tem po, isto é, cerca de meio ano (de outubro do ano 29 a abril do ano 30; da Festa dos Tabernáculos até a Festa da Páscoa. Depois disso, ele retom aria Àquele que o tinha enviado, tendo cum prido tudo o que lhe fora confiado fazer). 34. Com um a declaração cheia de m istério, o Senhor continua, Vocês m e procurarão e não m e acharão. Cf. 13.33-36. A nação judaica, em seu desespero, buscará libertação, mas então será muito tarde. Pense no desespero de Esaú (Gn 27.30-38; Hb 12.17); ou nos hom ens a respeito de quem Am ós escreveu: “Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Andarão de m ar a m ar e do N orte ao Oriente, correrão por toda parte procurando a pala vra do Senhor, e não a acharão” (A m 8.11,12). Cf. Pv 1.24-28. Não o encontrando, eles m orrerão em seus pecados (8.21). Q uando Jesus acrescenta: e onde eu estou vocês não podem ir, ele está querendo dizer o seguinte: “Eu estou indo para o Pai; mas, ao me rejeitarem , vocês tam bém rejeitaram o Pai. Portanto, onde eu estou vocês não podem ir.” N a presença do Pai não há espaço para aqueles que rejeitam o Filho. A advertência que está implícita nessas palavras é certam ente muito clara. É a advertência do Salm o 95.8-11. Com isso Jesus mostrou que, apesar dos planos dos judeus, ele m orreria som ente no tempo designado, e que em sua morte o propósito divino, longe de ser frustrado, estaria sendo cum prido: por interm édio da cruz, ele obteria a coroa; ele alcançaria a glória que o aguardava no céu, depois de realizar o que veio fazer, ou seja, cum prir sua tarefa m ediadora na terra. 35, 36. Como, porém , aconteceu nos casos anteriores, tam bém nesse caso essas im portantes palavras foram entendidas literalm ente. A reação dos ju d eu s parece deixar claro que eles falharam em não perceber, nas palavras de Jesus, a revelação da situação m ortalm ente pecam inosa na qual se encontravam , e a conseqüência inevitável disso
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tudo. D isplicentem ente, deixando de lado a advertência im plícita, por tanto, disseram uns aos outros: Para onde esse sujeito p reten de ir, para que não o encontrem os? Será que pretende ir para a dispersão entre os gregos, para os ensinar? O que ele quer d i zer quando diz: Vocês m e procurarão, porém não m e acharão, e O nde eu estou vocês não podem ir? Eles estavam zom bando. Será que a intenção de Jesus, depois que sua obra na Judéia tivesse term inado em desapontam ento, era ir para a D iáspora (ôiotoiropá de ÔLaoTreípu - espalhar pelo estrangeiro; cf. At 8.1, 4; Tg 1.1) dos judeus entre os gregos? Por esse tem po, m uitos judeus estavam vivendo entre os gregos e outros povos pagãos (cf. At 2.9-11). Q uando o evangelista m enciona os gregos, não está querendo indicar os judeus de fala grega (helenistas: ver At 6.1; 9.29), m as sim, pessoas que pertencem ao povo helénico. Será que Jesus iria trabalhar entre os judeus da Dispersão, e então, quando tam bém essa obra não produzisse os frutos esperados, ele passaria a atuar diretam ente entre os gregos? Eles não conseguem entender que o que estão dizendo com um a atitude escam ecedora contém um a profecia gloriosa. De fato, os gre gos se interessarão pelo evangelho (ver 12.20). E as notícias da salva ção se espalharão por toda a terra; o reino do Senhor será estabelecido e... os escarnecedores procurarão... em vão! 37 Ora, no último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou, dizendo; Se alguém tem sede, venha a mim e beba. 38. Quem crer em mim, como diz a Escritura: De seu interior fluirão rios de água viva. 39 Isso ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem. Pois o Espírito ainda não estava presente, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.
7.37-39 37, 38. No últim o dia, o grande dia da festa, levantou-se J e sus e exclam ou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a m im e beba. Q uem crer em m im , com o diz a Escritura: De seu interior fluirão rios de água viva. Do meio da festa (7.14), a história agora avança para o últim o dia. Não é certo se este “últim o dia” indica o sétim o ou oitavo dia (i.e., se se
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refere ao vigésim o prim eiro ou vigésim o segundo dia do mês sétimo). Os sete dias da festa eram caracterizados, entre outras coisas, pela habitação em tendas, pela entrega de ofertas num a escala decrescente (no prim eiro dia, aiém dos outros sacrifícios, treze novilhos; no segundo dia, doze novilhos; no terceiro dia, onze novilhos etc.; ver N m 29.1234) e pela retirada de água do poço de Siloé. O oitavo dia era um dia de descanso e de “assem bléia solene” ou “santa convocação.” A pesar de m uitos com entaristas m ostrarem preferência, ou pelo sétimo, ou peio o oitavo dia, tom ando por base as evidências disponí veis, acredito ser mais sábio não tom ar um a posição sobre essa questão. A favor do oitavo dia, com o sendo aquele ao qual a passagem de 7.37 faz referência, são oferecidos os seguintes argumentos: 1. N ão som ente as passagens do Antigo Testam ento falam desse oitavo dia, m as durante o período intertestam entário, e depois dele, tor nou-se com um falar dessa festa com o tendo a duração de oito dias. Isso é o que afirm a 2 M acabeus 10.6: “E eles celebraram (a festa) por oito dias, com alegria” ; e Fiávio Josefo, Antiquities o f the Jew s III, x, 4: “e celebraram um a festa por oito dias” . 2. A designação: “no últim o dia, o grande dia da festa”, encaixa-se m elhor com o oitavo dia, pois ele m arcava a conclusão, não som ente da festa dos Tabernáculos, mas de todo o grande ciclo anual das festivida des religiosas. A Septuaginta (p. ex., em Lv 23.56) cham a esse dia è^óÔLoy, ou seja, a festa de encerram ento ou final. 3. Com o a cerim ônia do derram am ento de água acontecia em cada um dos sete dias festivos, mas não no oitavo (isso, entretanto, não é aceito por todos), essa m esm a ausência, que caracterizava o oitavo dia, forneceu um a boa razão para a exclam ação de C risto, “Q uem tem sede, venha a mim e beba” . Os que favorecem a teoria oposta - que 7.37 se refere ao sétim o dia - apresetam os seguintes argumentos: 1. Podem os presumir, com confiança que a linguagem de 7.37 é baseada m ais no Antigo Testam ento do que nos Apócrifos ou Josefo. O oitavo dia, no Antigo Testam ento, é sem pre contado separadam ente, enquanto a festa em si é m encionada com o durando sete dias: “cele brareis a festa do Senhor, por sete dias” (Lv 23.39); “mas sete dias
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celebrareis a festa do S enhor” (Nm 29.12); “e celebraram a festa por sete d ias” (N e 8.18). O últim o dia da fe s ta (7.37), portanto, é o sétim o dia. 2. E ste era o grande dia da festa. O sétim o dia era realm ente grande, pois: a. nele havia sete procissões ao redor do altar; enquanto, nos dias anteriores havia apenas um a por dia; b. nessas procissões, os sacerdotes diziam: “Salva-nos, ó Senhor, nós te pedimos; ó Senhor, con cede-nos prosperidade!” (SI 118.25). Portanto, o sétim o dia, quando essas palavras eram repetidas muitas vezes, era cham ado do dia do g ra n d e h osana. 3. Esse não era apenas o últim o dia da série regular de sacrifícios decrescentes, e o últim o dia em que se tirava água de Siloé, mas era tam bém o últim o dia no qual as pessoas habitavam em tendas. N a tarde desse dia, as tendas eram desarm adas e a festa term inava. A santa convocação do oitavo dia não era em si parte da festa. O últim o dia da festa era, portanto, o sétimo dia. O que devemos lembrar, de muito maior im portância, acontecim entos desse dia - seja ele o sétimo ou oitavo que o Senhor, longe de se afastar das pessoas, m uitas das m aneira ou de outra, o tinham rejeitado, faz seu convite alguém tem sede, venha a m im e beba” .
ligado com os - , é o fato de quais, de um a gracioso: “Se
A profecia estava se cum prindo de um a m aneira im pressionante. H á cerca de 550 anos antes, A geu exortara o rem anescente de Israel a recom eçar a obra de reconstrução do tem plo. Para m otivar aqueles que deploravam a aparência insignificante da nova construção, o profe ta foi usado com o o veículo para trazer a seguinte m ensagem de con forto e encorajam ento da parte de Jeová: “Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: A inda um a vez, dentro em pouco, farei abalar o céu, a terra, o m ar e a terra seca; farei abalar todas as nações, e as coisas preciosas de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos Exércitos. M inha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos. A glória desta últim a casa será m aior do que a da prim eira, diz o Senhor dos Exércios; e, neste lugar, darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos” (Ag 2.6-9). Essa passagem que, em suas im plicações mais profundas, é um a
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profecia m essiânica gloriosa, deve ter sido pronunciada não m uito dis tante do mesm o lugar onde Jesus agora, mais de cinco séculos depois, se encontrava. A ocasião em que ela foi dita era igualm ente extraordi nária. Ageu trouxe sua m ensagem de encorajam ento “no sétim o mês, ao vigésim o prim eiro dia do m ês”. E quando Jesus, de um a certa m aneira, cum priu a profecia e buscou persuadir os sedentos a irem a ele e beber, era um a vez mais o sétim o mês, o vigésim o prim eiro ou vigésim o segundo dia do m ês\ A pesar de não poderm os dem onstrar, com certeza m atem ática, devem os considerar com o muito provável que o convite feito por Jesus (7.37) tinha algum a ligação com a retirada de água do poço de Siloé. Em cada um dos sete dias da festa, um sacerdote enchia um a jarra de ouro com água desse poço. Ele, acom panhado por um a procissão sole ne, retom ava ao tem plo; e, em meio ao som de trom betas e gritos de alegria da m ultidão, derram ava a água, através de um funil, que a con duzia até ao altar dos sacrifícios. O povo estava jubiloso. Essa cerim ô nia, não som ente os fazia lem brar as bênçãos que haviam sido concedi das a seus pais no deserto (a água da rocha), mas tam bém apontavam para o futuro, para as bênçãos da era m essiânica. A mente, o coração e a voz deles estavam saturados de passagens com o Isaías 12.3: “Vo cês, com alegria, tirarão água das fontes da salvação.” N a m ão direita eies levavam um ram o de murta, um galho de carvalho e um ram o de palm eira; na esquerda, um a cidra ou outra fruta sem elhante. A vida dos ancestrais no deserto era passada em revista. O festival lem brava um a representação histórica. E os ramos de árvores cítricas, ou os frutos cítricos, que o sacerdote carregava na m ão esquerda, apesar de não se destinarem a este propósito, estavam ali, prontos para serem usados com o corretivo, quando um sumo sacerdote m undano tentasse aperfei çoar o ritual estabelecido da festa, com o A lexandre Janneus (104-78 a.C.) descobriu, para sua consternação, quando estava sendo golpeado por eles. É possível que tenha sido im ediatam ente depois do encerram ento do rito sim bólico do derram am ento de água e do cântico dos versículos fam iliares do Salm o 118, ou até m esm o no dia em que, de acordo com m uitos, essa cerim ônia não era realizada, que a voz de Jesus foi ouvida em alto e bom som, “Se alguém tem sede, venha a m im e beba” . Era
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com o se Jesus quisesse dizer: “Será que vocês não entendem que esta ílgua aponta para mim, e que à parte de m im todas estas coisas que nos lembram a vida de nossos pais no deserto perdem seu significado mais vital?” N esse ponto devemos prestar m ais atenção a um desvio da tradu ção norm al dos versículos 37 e 38. N a verdade, essa é um a questão que tem a ver com a pontuação no grego e a suposta vocalização equi vocada do original aramaico. Geralm ente se aceita que as palavras de 7.37, ditas por Jesus a um grande grupo de judeus no tem plo, foram realm ente ditas em aramaico. Isso naturalm ente não implica, necessa riam ente, que o que encontram os no N ovo Testam ento Grego esteja baseado nos escritos de um original aramaico. Alguns estudiosos do aram aico, entre os quais desejam os m encionar especialm ente C. F. Burney e C. C. Torrey,"’'* têm criticado a passagem conform e ela se encontra no Novo Testam ento Grego, e conseqüentem ente as tradu ções baseadas nele. Torrey fala do texto conform e o tem os recebido com o “um infeliz absurdo” . Ele se refere à “leitura absurda de nossa versflo grega” . Para 7.37, 38, ele propõe o seguinte: “Se alguém tem sede, que venha a mim, e se alguém crer em mim, que beba da água. Com o diz a Escritura: Do m eio dela (ou seja, de Jerusalém ) fluirão rios de água viva” . Estudam os cuidadosam ente o argum ento de Torrey, mas não pode mos concordar com ele. N ossas objeções ao seu argum ento e as ra zões para aderirm os ao texto grego são as seguintes: 1. No original (em bora não na tradução para o inglês de Torrey), os dois sujeitos desse suposto paralelism o são diferentes em sua estru tura (T L C ...Ó TTLOTeÚM y). 2. A im pressão que tem os é que o “que tem sede”, e o “se alguém crer”, na tradução de Torrey, são sinônimos. M as, de acordo com 6.35, o crente é exatam ente aquele que “nunca terá sede”. O crente sacia a sua sede indo a Cristo, a Fonte Verdadeira. Ele sacia sua fom e indo a Cristo, o Pão Verdadeiro. 164. C. F. Burney, The Aramaic Origin o f the Fourth Gospel, Oxford, 1922, p. 109; C. C. ’Ibrrcy, Our Translated Gospels. Nova York e Londres, 1936, pp. 108-111; do raesmo autor. The Four Gospels, A New Translation, Nova York e Londres, 1933, pp. 200-201.
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3. Em relação à parte b do versículo 38, é verdade que no Antigo Testam ento o rio da vida se encontra na “cidade de D eus” (SI 46.4) e em ana de “debaixo do lim iar do tem plo” (Ez 47.1). Porém , no texto de João 7.38, essas águas são m ostradas com o fluindo do coração dos crentes. N o entanto, não é verdade que as passagens do Antigo Testa m ento recebem m uitas vezes um a aplicação diferente no Novo Testa m ento? Além disso, se esses rios de água fluem da “cidade de D eus” , eles não precisam , necessariam ente, fluir do coração dos crentes? Os crentes, com o um a coletividade, não constituem a “cidade de D eus”? 4. Que o texto grego que requer “de dentro dele” (e não: “de den tro dela) é correto, de m odo que a referência é ao crente individual, tam bém está em harm onia com o contexto seguinte, que está ainda falando sobre “aqueles ... que crêem nele” . 5. O texto grego e a tradução que se baseia nele estão em com pleta harm onia com 4.14: “Aquele, porém , que beber da água que eu lhe der nunca m ais terá sede, mas a água que eu lhe der será nele uma fo n te a jo rra r para a vida eterna”. Já ouvim os (4.14) falar a respeito da fonte de água dentro do coração do crente. Já ouvim os (7.38) que de dentro dele fluirão rios de água viva. O que poderia ser mais consisten te? O Senhor, com pletam ente consistente com a figura introduzida pre viam ente por ele mesmo, lhe dá um a nova aplicação. Pelas razões acim a, optam os pelo texto grego com o ele é. N um a terra onde nem sem pre se encontra água com facilidade, e o calor pode às vezes provocar muito desconforto, água é a “única coisa realm ente necessária” no reino físico.'“ E!a é, portanto, um sím bolo perfeito da salvação e vida etem a. M etaforicam ente falando, em certo sentido, todos os seres hum anos estão sedentos, ou seja, todos, devido à natu reza hum ana, carecem da água da vida. Em outro sentido, os únicos que estão sedentos são os que foram regenerados e receberam o cha m ado interior. Com o resultado da operação da graça soberana de Deus dentro do próprio coração, essas pessoas sentem a necessidade da água espiritual. Em bora o convite feito torne todos os seres hum anos respon sáveis, som ente os que o Pai der ao Filho realm ente irão e beberão. 165. Ver G. Dalman, Jesus-Jeshua:, traduzido por Paul Levertoff; Nova York, 1929, pp. 208, 209.
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11'nio.s dois im perativos nas palavras: ’’venha a mim e beba” , que de vem ser considerados com o presentes do aoristo. Q uando um a pessoa bebe da Fonte, Cristo, ela nunca m ais sentirá sede (4.14; 6.35). Isso tem sido expresso de um a m aneira bela nos versos de um hino cristão muito conhecido: “Ouvi o Salvador dizer: Vem descansar em mim. D a água viva vem beber; consolo e paz sem fim. Fui a Jesus e nele achei a água viva, enfim ; Jam ais a sede sentirei, até da vida o fim ” . Devem os com parar essa passagem de 7.37, 38 com Isaías 55.1, 2 e A pocalipse 22.17. O nom inativo absoluto que encontram os no versí culo 38: “Aquele que crê em mim... de seu interior” não é um a form a incom um nos escritos de João (cf. Ap 3.12, 21). Com o essas palavras foram originalm ente ditas em aram aico, podem os esperar construções gram aticais dessa natureza. Ver pp. 92, 93. A pesar de não existir ne nhum a passagem do Antigo Testam ento que seja exatam ente equiva lente 110 que tem os aqui, não é difícil descobrir a idéia básica - as águas fluindo de Sião (ou de seus cidadãos) com o um a bênção para os outros -e x p re s s a e m várias passagens: Provérbios 11.25; 18.4; Ezequiel 47.112; Zacarias 14.8. Particularm ente, as duas últim as passagens são m ui to claras a esse respeito e podem ter estado na m ente de Cristo, quando ele disse o que está registrado em João 7.38. H á tam bém outras passa gens que m ostram certas sem elhanças com essa que estam os estudan do. A sem elhança pode ser a presença do rio em Sião, a ênfase na abundância de água, ou a ligação estabelecida entre as águas (como um sím bolo) e o Espírito (como o que é significado): Salm o 46.4, 5; Isaías 58.11 (cf. tam bém Is 55.1) e Isaías 44.3. Se tom arm os todas as passagens acim a com o um bloco, a sentença “Como diz a Escritura" justifica-se plenam ente. A idéia geral da passagem está perfeitam ente clara: Não som ente aqueles que bebem da Fonte, Cristo, recebem satisfação eterna em si m esm os - vida eterna, plena e com pleta salvação - (a idéia expressa cm 4.14) - , m as, som ando a isso a vida, de um a m aneira generosa, é com unicada a outros. O que é abençoado se torna, pela graça so berana de Deus, um canal de bênçãos abundantes para outros. A
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JOÂO 7.39-42
igreja proclam a a m ensagem de salvação ao m undo, de tal m aneira que os eleitos, de todas as raças e nações, se juntam nela. 39. Esta, com o deixa claro todo o Novo Testam ento - particular m ente o livro de Atos - , torna-se um a realidade, num sentido especial, por ocasião e depois do derram am ento do Espírito Santo, no dia de Pentecostes. Para o sentido de Espírito, ver sobre 12.31. Q uando o Espírito, com o um a Pessoa, fez da nova Sião seu lugar central de habi tação, a igreja tornou-se internacional. Portanto, não ficam os surpresos ler; Isso ele d isse com resp eito ao E sp írito, que Iiaveriam de receb er os que cressem nele. C om certeza, a terceira p essoa da Trindade existia por toda a eternidade, e fez sentir sua influência muito antes do Pentecostes (cf. 3.3, 5); no entanto, o E spírito ainda não estava presente (fiu é igual a mpf]u aqui), no sentido já indicado; e a razão era porque Jesus não tinha ainda sido glorificado. A ssim com o os crentes não podem tom ar-se a m aior bênção possível para o m undo até que o Espírito Santo venha sobre eles (At 1.8), assim tam bém o Espírito não poderia vir até Jesus ter sido glorificado (ver sobre 16.7). O Antigo Testam ento liga o fluir dos rios de bênção com a vinda do Espírito. Isaías 44.3 é muito claro. 40 Então alguns dentre o povo, tendo ouvido essas palavras, diziam: Este é deveras o profeta. 41 Outros diziam: Este é o Cristo. Alguns, porém, diziam: Certamente o Cristo não procede da Galiléia, procede? 42 A Escritura não afirma que o Cristo procede da descendência de Davi e de Belém, a aldeia onde Davi viveu? 43 Assim houve uma divisão entre a multidão por causa dele. 44 Alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos.
7.40-44 40-42. Então alguns dentre o povo, tendo ouvido essas p ala vras diziam : E ste é deveras o profeta. O efeito das palavras do convite gracioso variava. Alguns diziam, “Este é verdadeiram ente o profeta” . Não é certo, contudo, se eles viam nesse profeta (de Dt 18.15-18) o Cristo. Ver tam bém sobre 1.21. O u tros, entretanto, eram muito m ais objetivos. Eles diziam : Este é o Cristo. Eles aceitavam Jesus com o o M essias prom etido. M as, um a vez mais, isso não significa que todos os que disseram essas palavras o aceitaram com um a fé viva com o Aquele que veio salvar seu povo do
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pccaclo! Um tcrcciro grupo está convencido de que Jesus não pode, de m aneira algum a, ser o Cristo. Lem os: A lguns, porém , dizian: Certa m ente que 0 Cristo não procede da G aliléia, procede? E ssa era um a pergunta que antecipava um a resposta negativa. Ela foi seguida por outra pergunta, que antecipava um a resposta positiva: Não diz a E scritu ra que o C risto procede da d escen d ên cia de D avi e de Belém , a aldeia onde Davi viveu? Note o seguinte: 1. A objeção levantada por essas pessoas era a m esm a em 6.42 e 7.27. Os que se opunham deveriam ter apresentado suas dificuldades a Jesus. Por não terem feito isso, eles devem ser considerados culpados de tê-lo rejeitado. 2. A prem issa m a io r-\sX o é, que o Cristo viria da descendência de Davi e de Belém , a vila onde Davi viveu - estava inteiram ente correta. A pesar de alguns com entaristas ortodoxos negarem a prim eira parte da prem issa, e crerem (com base no que consideram os um a interpreta ção errada de Lc 1.5, 36) que Jesus (de acordo com sua natureza hunutiui) e sua mãe, M aria, não descenderam de Davi, esse é, no entanto, 0 ensino uniform e das Escrituras: 2 Sam uel 7.12, 13; Atos 2.30; R om a nos 1.3; 2 Tim óteo 2.8; A pocahpse 5 . 5 . Certam ente, era tam bém verdade que o M essias, de acordo com a profecia, deveria nascer em B elém (M q 5.2). Essa era a interpretação oficial que o Sinédrio dava a essa fam osa profecia, e era correta! Ver M ateus 2.6. M as a prem issa m enor - este hom em , Jesus, apesar de provavelm ente ser um descen dente de Davi, não nasceu em Belém , mas na G aliléia - estava errada. Portanto, a conclusão - ele não pode ser o Cristo - estava tam bém errada. 43, 44. A ssim , houve um a divisão entre a m ultidão por causa d e le . O resultado da expressão dessas três opiniões foi um a divisão ou cisma (oxia|j,a) entre o povo. Alguns dentre eles queriam prendêlo - cf. 7.30 - , m as ninguém lhe pôs as m ãos. Para isso, ver sobre 7.32. M as os guardas já tinham sido enviados a prender Jesus, e isso nos leva ao próxim o parágrafo. I f)6. Ver a discussão sobre a genealogia de Jesus em Bible Survey, de minha autoria. Grand Kapids, Mich., 3- ed.. 1952, pp. 135-139.
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45 Então os guardas voltaram aos principais sacerdotes e fariseus, e lhes disseram: Por que não o trouxeram? 46 Os guardas responderam: N unca um homem falou como este homem fala. 47 Os fariseus, pois, lhes responderam: Seria possível que vocês também tenham sido enganados? 48 N enhum a das autoridades ou dos fariseus creu nele, creu? 49 Esta plebe, porém, que não conhece a lei, é maldita! 50 Nicodemos, um dentre eles, aquele que anterior mente fora ter com ele, disse: 51 Nossa lei não julga um homem antes de ouvilo e saber o que ele fez, não é verdade?'*’^ 52. Eles responderam e lhe disseram: Porventura vocô é também da Galiléia? Procure e veja que da Galiléia não se origina nenhum profeta.
7.45-52 45-49. E ntão os guardas voltaram aos principais sacerdotes e fariseus, que lhes disseram : Por que não o trouxeram ? Agora os guardam regressam . O que é descrito neste parágrafo final deve ter acontecido num a reunião oficial do Sinédrio. O que im e diatam ente cham ou a atenção do concilio foi o fato de que os guardas voltaram de m ãos vazias, isto é, sem Jesus. Os superiores, com pleta m ente perplexos, exclam aram : “Por que não o trouxeram ?” Em sua resposta, os guardas m ostram que: a. eles ficaram m uito im pressiona dos com as palavras de Jesus (talvez por ele enfatizar a graça de Deus, com o em 7.37, m ais do que a obra hum ana); e b. eles tiveram a cora gem de adm itir isso. Eles responderam : N unca um hom em falou com o esse hom em fala. Os fariseus, num estado de agitação violen ta, notando que Jesus im pressionara aqueles que tinham sido enviados a prendê-lo, retrucam com um a exclam ação cheia de escárnio; um a acusação caracterizada pela zombaria: O s fariseus, pois, lhes responderam : Seria possível que v o cês tam bém tenham sido enganados? N enhum a das autoridades ou dos fa r ise u s creu n ele, creu? E ssa p leb e, p orém , que não conhece a lei, é maldita! N ote o seguinte: 1. Q uando os guardas disseram : “N unca ninguém falou com o esse hom em fala” , o que eles queriam dizer era: tão divinam ente, com tal graça e verdade, e portanto convincente e efetivam ente. M as, os m em 167. A sentença condicional em 7.37 é IIIB3! Ver pp. 63, 65, 66; a de 7.51 é 111A2; ver pp. 63-65.
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l)ro,s clo vSiiióclrio mudaram as palavras dos guardas, dando a interpreta ção, lão engenhosamente, com um propósito sinistro de enganá-los. 2. Os fariseus tentam im pressionar os guardas, que não tiniiam fei to neniium estudo especial da lei, dizendo que estavam errados em con ceber suas próprias idéias. As questões a respeito da identidade e do caráter do M essias deveriam ser da com petência exclusiva dos espe cialistas. 3. Esses líderes judeus, que vêem seu poder escorregando por en tre seus dedos, olham com desdém para as m ultidões iletradas, o “povo da terra” , a plebe. A idéia básica dos fariseus era que o estudo da lei é capaz de fazer um a pessoa sábia e piedosa. Portanto, a m ultidão seria ignorante e pecadora. 50-52. Contudo, é entre si m esm os que se suscita oposição. N ico dem os, um deles, o hom em que anteriorm ente fora ter com ele - ver sobre 3.1-21 - , disse: Nossa lei não ju lga um hom em antes
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léia? Procure e veja que da G aliléia não se origina nenhum p ro feta. A acusação que estava im plícita na pergunta de N icodem os - que aqueles hom ens, que se orgulhavam de ser guardiães da lei, a estavam transgredindo - , era irrespondível. Q ualquer defesa era sim plesm ente im possível. Os líderes deveriam ter adm itido isso. Porém , em vez de adm itirem a acusação de um de seus m em bros, eles escolheram igno rá-la, dando um a resposta em que davam a entender que consideravam as palavras de Nicodem os com o desprovidas de sinceridade. Possivel m ente ele tam bém é da Galiléia! Jesus veio da G aliléia, e de lá tam bém viera um grupo de pessoas que o considerava, pelo menos, com o o profeta de Deuteronôm io 18.15-18. Além disso, na G aliléia a lei não era estudada com a m esm a profundidade com que era estudada em Jeru salém! M alditos sejam esses galileus! Em sua ira desesperada, nascida de seu profundo ciúm e, os fari seus chegam a com eter um erro gravíssim o. Eles desafiam Nicodem os a exam inar as Escrituras. Se ele fizer isso, im ediatam ente descobrirá que a Galiléia nunca produziu qualquer profeta (conseqüentemente, cer tam ente não produziria o M essias). Eles esqueceram de Jonas (2Rs 14.25; cf. Jn 1.1), e talvez de Oséias e N aum (cf. Cafam aum : de acor do com alguns, ela quer dizer: vila de Naum , o profeta), bem com o do fato de que as Escrituras sim plesm ente não revelam o local de origem de cada profeta. Assim, o Cristo foi, um a vez mais, rejeitado. De fato, a atitude dos líderes, m ovidos pela inveja, tinha se tornado mais deterrm inada do que antes. Mas a tentativa do Sinédrio de prendê-lo, pelo m enos nessa ocasião, falhou com pletam ente.
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Síntese do Capítulo 7 Ver 0 lisboço na p. 327. O Filho de D eus Exortando D iligente m ente os Pecadores ao Arrependimento. Por Ocasião da Festa dos Tabernáculos, em Jerusalém, Ele Clama às M ultidões, no Templo: “Se A lguém Tem Sede, Venha a M im e Beba. ” Ele Enfrenta D eter m inada Resistência p or Parte de Seus Inimigos. O M inistério Galileu estava term inado. Seguiram -se seis m eses de relativo retiro (cham ado M inistério do Retiro), que foram passados nas regiões nortistas do país. Com a passagem de 7.2 tem início o relato do M inistério Posterior na Judéia, que se prolongou de outubro até dezem bro do ano 29 d.C., e que incluiu a ida de Cristo a Jerusalém para participar da Festa dos Tabernáculos e da Dedicação. Sob o tem a geral: “O Filho de Deus, ao participar da Festa dos Tabernáculos, em Jerusalém , faz seu apelo urgente, mas enfrenta um a dura resistência da parte de seus inim igos”, tem os as seguintes subdivisões: 1. Seu atraso deliberado em com parecer à festa. 2. O sentim ento dividido das pessoas presentes à festa, que aguar davam sua presença. 3. A reação à sua súbita chegada: a reação a. dos lideres. Já cheios de ira contra ele, por causa do que acon tecera anteriorm ente em Betesda, a hostilidade deles aum enta ainda mais, quando notam que ele não só confirm a suas reivindicações ante riores, m as tam bém expõe o pensam ento inconsistente deles (os fari seus) a respeito do sábado. Essa exposição é recebida com um consi derável sentim ento favorável por parte da m ultidão. P or causa disso, eles fazem um a tentativa de prendê-lo, mas a m esm a é abortada; b. de alguns dos cidadãos de Jerusalém . Estes o rejeitam porque “sabem de onde ele vem ” ; c. de m uitos peregrinos. Diante de seus sinais, m uitos o conside ram com o 0 M essias. 4. Seu apelo urgente (um convite gracioso e um a séria exortação): a. seu conteúdo (vs. 37, 38, com explicações no v. 40); b. sua recepção: ( I) Pelas M ultidões. O sentim ento estava dividido. Alguns disse
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ram: “Este é o profeta” ; outros: “Este é o C risto” ; e ainda outros: “Da G aliléia não surge profeta.” (2) Pelos Guardas que tinham sido enviados a prendê-lo: “Jam ais alguém falou com o esse hom em .” (3) Pelos Fariseus: Num a sessão oficial do Sinédrio. N um a crítica sarcástica dirigida aos guardas que tinham falhado no intento de pren dê-lo, os fariseus deixam claro que consideram Jesus com o aquele que desviará a “plebe que não conhece a lei.” (4) P or Nicodemos: Ao apelar para a lei, ele defende o direito que Jesus tem de um julgam ento justo.
C a pítu lo 8 JO Â O 7 .5 3 -8 .1 1 7.53 E cada um foi para sua casa; 8.1 Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras. 2 E de manhã bem cedo foi novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele. E tendo se sentado, começou a ensiná-los. 3 Então os escribas e fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério; e colocando-a no meio de todos, 4 lhe disseram: Mestre, esta mulher foi surpreendida no próprio ato de adultério. 5 Ora, na lei Moisés nos ordenou a apedrejar tais [mulheres]. 0 que dizes? 6 Isso diziam para o tentar, a fim de que tivessem alguma acusação a lançar-lhc cm rosto. Jesus, porém, inclinando-se, escrevia"'* na terra com Ni‘us dcdo.s. 7 E com o insistissem na pergunta, ele ergueu-se e lhes disse: Aquele que entre vocês estiver sem pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra. 8 E, tornando a inclinar-se, continuou a escrev er'“ no chão. 9 Mas, ouvindo eles essa resposta, foram-se retirando, um a um, com eçando pelos mais velhos, e ele foi deixado sozinho, e a mulher no meio. 10 Jesus ergueu-se e lhe disse: M ulher, onde estão eles? N inguém a condenou? 11 E la disse: Ninguém, Senhor. Então Jesus disse: Nem eu a condeno. Vá e doravante não peque mais.
7.53-8.11 C om entários Prelim inares M uito tem sido escrito a respeito da autenticidade desta história. E la deve ou não ser considerada com o um a parte genuína do Quarto Evangelho, escrito (ou, pelo m enos ditado) pelo apóstolo João? E, se João foi ou não seu autor, ela pertence à Bíblia, ou deveria ser retirada das Escrituras? Em resposta à prim eira pergunta, devem os declarar, de um a form a clara, que os fatos que tem os à nossa disposição não nos 168. Respectivamente, KaTéYP“
fi' (v. 6) e (v- 8), talvez com o sentido de traçar, tifxfiiliar (figuras ou letras). Existem algumas variantes, mas elas não têm grande apoio icxluiil.
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perm item concluir, em caráter definitivo, que o texto foi escrito ou dita do pelo próprio apóstolo. Em relação à segunda pergunta, nossa con vicção é que esses m esm os fatos indicam que não se deve fazer ne nhum a tentativa de rem over esta porção das Sagradas Escrituras. Os fatos, pois, são os seguintes: 1. A história contém várias palavras que não se encontram em ne nhum outro local, nos escritos de João. Este, no entanto, não é um argum ento totalm ente decisivo. 2. Os m elhores m anuscritos, e m ais antigos (Aleph, A, B, L, N, W), não contêm esta história. Ela aparece, pela prim eira vez, no Codex Bezae. Encontra-se tam bém nos unciais posteriores (o cham ado texto coinê), e nos cursivos que se baseiam neles. Ela foi incluída na A.V.; a A.R.V. a inclui, mas a coloca entre colchotes [bem com o a versão R evista e Autorizada], com a seguinte anotação na margem: “A m aio ria das autoridades antigas omite João 7.53-8.11. Os m anuscritos que a contêm variam muito de um para o outro.” Alguns a colocam no final do Quarto Evangelho, e outros (os cursivos Ferrar), depois de Lucas 21.38. 3. Alguns dos antigos testem unhos latinos (a, f, g), e tam bém as traduções siríaca sin., siríaca cursiva, peshita, bem com o a sahídica (Alto Egito), arm ênia e gótica, a om item. A lém do m ais, os expositores gregos - Orígenes, Cirilo de Alexandria, Crisóstom o, Nonus e Teofilato não tecem nenhum com entário sobre ela. Ela é encontrada aqui (i.e., entre 7.53 e 8.11), em alguns dos testem unhos latinos (b, c, e, f, j), na Vulgata e na tradução siríaca palestiniana. Se não existissem inform ações adicionais a respeito desse parágra fo, a evidência em seu favor seria de fato muito fraca. Não surpreende, portanto, que A. T. Robertson a considere com o um a glosa m arginal que, por causa de um erro com etido por um escriba, foi inserida no texto.'® Lenski, com palavras cheias de certeza, a considera espúria, e a om ite com pletam ente de sua exposição. E. J. Goodspeed a considera um a história que deveria ser omitida.
169. A. T. Robertson, Introduction to the Textual Criticism o f the New Testament. Nova York, 1925, p. 154.
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4. líntrctanto, a questão não é tão sim ples quanto parece. Existem íutos que apontam para um a direção oposta: A história se encaixa muito bem no presente contexto. Ela pode ser entendida como servindo para preparar e elucidar o discurso do Senhor, em 8 .12ss. Lembremo-nos de que essa mulher estava caminhando em escuri dão moral. É provável que Jesus tenha dispersado sua escuridão. Assim, não nos surpreendemos ao ler no versículo 12: “Eu sou a luz do m undo” . 5. O Cristo aqui apresentado (7.53-8.11) está inteiram ente em har m onia com a m aneira em que ele é descrito em outras passagens das Escrituras. Aqui, ele é o Salvador que veio, não para condenar, mas para salvar, e que realm ente salvou pessoas com o a m ulher de Lucas 7, a m ulher sam aritana, os publicanos e os pecadores. Aqui, o m esm o que contou a parábola do “filho pródigo” é m ostrado no ato de revelar sua m isericórdia a um a filh a pródiga. E tam bém é revelado o verdadeiro caráter dos escribas e fariseus. Esses hom ens, que valorizavam m ais as leis da guarda do sábado do que a cura do paralítico, no tanque de Betesda (cap. 5), revelam, no caso particular dessa m ulher, sua enorm e fíilla de consideração humana. 6. Papias, um discípulo do apóstolo João, parece ter conhecido e exposto esta história. Eusébio diz: “O m esm o escritor (Papias) expôs um a outra história a respeito de uma m ulher que fo i acusada, na presença do Senhor, de ter com etido m uitos pecados. E ssa história encontra-se no Evangelho segundo os H ebreus” {História E clesiásti ca III, xxxix, 17). Parece, pois, que Papias já conhecia esta história, e a considerava suficientem ente im portante para expô-la, em bora a m es m a não se achasse no Evangelho de João. Será que ela nunca fez parte dele, ou, por algum a outra razão, tenha sido rem ovida do texto? 7. A gostinho declarou, em caráter definitivo, que algum as pessoas tinham rem ovido de seus códices a seção a respeito da adúltera, por tem erem que as m ulheres encontrassem nesse texto um a justificativa para a infidelidade {De adulterinis conjugiis II, vii). Isso se encaixa m uito bem com o fato de que o ascetism o desem penhou um a função im portante na era subapostólica. Portanto, a sugestão de que a seção ,(7.53-8.11) foi, por um tem po, realm ente parte do Evangelho de João, lendo sido rem ovida posteriorm ente, não pode ser inteiram ente des considerada.
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N ossa conclusão final, pois, é esta: apesar de não ser possível pro var que esta história foi sem pre um a parte integral do Quarto Evange lho, tam bém não se pode provar, em caráter definitivo, o contrário. Além do mais, crem os que a história aqui registrada realm ente aconteceu, e não contêm nela nada que esteja em conflito com o espírito apostólico. C onseqüentem ente, em vez de rem over esta seção da Bíblia, ela deve ser m antida e usada para nosso benefício.'™ Os m inistros não preci sam tem er basear seus sermões nesta passagem . Por outro lado, de vem inform ar todos os fatos a respeito da evidência textual. 7.53; 8.1. E cada um foi para sua casa, Jesus, porém , foi para 0 M onte das O liveiras. Os hom ens que tinham sido enviados para prender Jesus retom a ram de m ãos vazias. Com isso, o Sinédrio resolveu cancelar sua reu nião, e seus m em bros foram para suas respectivas casas. A m ultidão, no tem plo, tam bém voltou para suas residências. Jesus se retira para passar a noite no m onte das Oliveiras, tendo talvez se alojado no G etsê m ani, ou m esm o na hospitaleira casa de M aria, M arta e Lázaro, em B etânia (localizada exatam ente no alto, a leste do m onte). Cf. Lucas 21.37; 22.39. Será que Jesus retirou-se da cidade para evitar a possibi lidade de ser preso, sabendo que o tem po apropriado para sua prisão e cm cificação ainda não tinha chegado? 2. M esm o que esse tenha sido o caso, de m anhã bem cedo ele foi novam ente para o tem plo. Com o já m ostram os anteriorm ente, não sabem os se esse era o oitavo dia da festa, ou o prim eiro dia depois das festividades; ver as explicações de 7.37-39. E todo o povo ia ter com ele. E, depois de ter se sentado (contraste 7.37), ele com e çou a ensiná-los. 3. Então os escribas e os fariseus trouxeram à sua presença um a m ulher surpreendida em adultério.
170. Cf. João Calvino, op.cit., p. 156; Satis constat historiam hanc olim Graecis fuisse ignoram. Itaque nonnulli coniiciunt aliunde assutam esse. Sed quia semper a Latinis Ecclesiis recepta fuit el in plurim is vetustis Graecolrum codicibus reperitur, et nihil Apostólico Spiritu indignum continet, non est cur in usum nostrum accommodare recusemos. - O ponto de vista oposto é defendido por E. J. Goodspeed in Problems o f New Testament Translation, Chicago, 1945, pp. 105-109.
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Nesse momento, alguns escribas - hom ens que copiavam , inter pretavam e ensinavam a lei - entram e criam um grande tum ulto. Eles estão trazendo um a m ulher que tinha sido pega no próprio ato de adul tério. Pelo uso do term o iioixeía pode-se inferir que ela era um a m u lher casada. Sua prisão pode ter sido ordenada pela polícia do tem plo. É tam bém possível que os hom ens que a trouxeram aonde Jesus se en contrava pertenciam ao Sinédrio, e pretendiam levá-la à presença daquele grupo para que fosse sentenciada. Entretanto, a im pressão que tem os, pela m aneira com o a história é relatada, é que os líderes religio sos a estão usando apenas com o instrum ento, não tendo nenhum inte resse em levá-la perante o Sinédrio. Assim, com o se realm ente pensas sem que Jesus tivesse autoridade para julgar casos com o este, eles a em purram pelo meio da m ultidão que tinha se agrupado ao redor do M estre, até que ela ficasse exatam ente diante dele. E, colocando-a no m eio da m ultidão que olhava, 4, 5. disseram -lhe: M estre, esta m ulher foi surpreendida no próprio ato (êir’ aÒTocIjoópa): literalm ente, no próprio ato do roubo, mas, mais tarde, no próprio ato de qualquer pecado grosseiro) de adulté rio. E na lei, M oisés nos ord en ou que tais [m u lh eres] sejam apedrejadas. Então, o que dizes? N ote o seguinte: 1. A Festa dos Tabernáculos, na m aneira com o era com em orada, era um a celebração alegre. Não é de surpreender que atos im orais acontecessem quando tantas pessoas estavam reunidas, no m eio de tanta alegria e divertim ento. 2. M uitos com entaristas dizem que essa m ulher não poderia ser casada, porque a “lei de M oisés” especifica a m orte por apedrejam en to som ente no caso de um a moça prom etida em casamento, que fosse culpada de adultério (Dt 22.23-30). No entanto, para um a m ulher ca sada que viesse a com eter esse pecado, a ordem era que perdesse sua vida, em bora não se indique a m aneira pela qual essa punição devesse ser aplicada (apedrejam ento, estrangulam ento, ou algum a outra m anei ra). M as, em oposição a esse entendim ento, perm anece o fato de que o term o “adultério” aponta, em caráter definitivo, para alguém que já está casado. A lém do mais, Ezequiel 2 3 .4 3 ,4 4 ,4 7 parece indicar que, qual quer que tenha sido o conteúdo do ensino posterior do Talm ude (m orte por estrangulam ento para um a m ulher casada) - a intenção original
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da lei m osaica era que as m ulheres casadas que com etessem esses atos de infidelidade fossem m ortas por apedrejam ento. 3. U m a pergunta tem sido feita: “Qual teria sido a intenção desses hom ens ao levarem a m ulher à presença de Jesus, fazendo-lhe a per gunta que se encontra no texto?” Entre as várias respostas que têm sido dadas, m encionam os as seguintes: a. Para forçar o Senhor a enfrentar um dilem a entre m ostrar des respeito pela lei de M oisés (se ele respondesse: “Não a apedreje”); ou pela lei dos rom anos (se ele exigisse que a m ulher fosse apedrejada até a m orte, pois, de acordo com a lei dos rom anos, os judeus não podiam executar ninguém ). b. Para forçá-lo a enfrentar a alternativa de tornar-se um inimigo da lei de M oisés (se sugerisse que ela não fosse apedrejada), ou do povo com um , que o reputava com o seu defensor. M as, no presente caso, a resposta a essa pergunta é claram ente declarada no versículo 6. 6. Isso eles diziam para o tentar, a fim de que tivessem algu m a acusação a lançar-lhe em rosto. O verbo ireipaCco é usado, no presente caso, em seu sentido maligno (contraste 6.6) - p a r a levá-lo a p ec a r O propósito deles era claram ente provocar um a resposta de Jesus que violasse a lei de M oisés, e daí fazer um a acusação form al contra ele. Então, com base nessa acusação, o Sinédrio o condenaria num a sessão oficial. Finalmente, ao apresentá-lo publicam ente com o um transgressor, eles esperavam destruir sua influência no m eio do povo. Esse plano pode, da m esm a forma, explicar por que o homem que, com o a mulher, foi tam bém pego em flagrante, não foi levado perante o Senhor. A prisão de um dos envolvidos já seria suficiente para produzir um a acusação contra Jesus. N esse aspecto, nem m esm o podem os es tar seguros de que os escribas e fariseus realmente queriam apedrejar essa mulher. O interesse principal deles não era ela. Eles apenas a estavam usando com o um laço para pegar Jesus. Este, sim, era sua verdadeira vítima! E, para realizarem esse propósito diabólico contra ele, jogaram para o alto qualquer gentileza ou vergonha que tivessem . A vergonha e os tem ores da mulher, ao ser exposta publicam ente, não
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llies significavam nada, conquanto alcançassem o objetivo que tinham proposto. Assim eram os líderes “religiosos” de Jerusalém ! Som ente quando conseguim os entender a condição desses corações cheios de perversidade, podem os apreciar a reação de Jesus, que o texto ora registra: Jesu s, p orém , in clin an d o-se, escrevia na terra com os d e dos. Jesus curvou-se (cf. M c 1.7), baixando a cabeça e olhando na direção do solo. Então, com seus dedos, escrevia ou desenhava nele. V árias explicações têm sido dadas a esse ato de Jesus: a. Jesus escre veu os nom es e os pecados dos hom ens que lhe haviam levado a m u lher; b. Jesus escreveu um a palavra de advertência a esses fariseus e escribas; c. Jesus “desligou-se” da situação, m ostrando que ele sim plesm ente não estava interessado em problem as com o esse, pois sua intenção, ao vir ao mundo, não foi julgar, m as salvar (com essa últim a cláusula, estam os sem dúvida em plena concordância); d. Jesus não sabia o que dizer, portanto ele m eram ente escreveu algo na areia. Não aprouve ao Senhor nos revelar se ele escreveu algum as pala vras ou se desenhou algum a figura no chão; e se escreveu, a quem direcionou suas palavras, o que escreveu e p o r que escreveu. Entre tanto, se vamos tentar dar algum a explicação, devem os encaixar-nos ao contexto geral que, como vimos, apresenta a profundidade da depra vação hum ana, não tanto dessa mulher, mas desses hipócritas e perver sos escribas e fariseus. Sim, desses hom ens, com hom icídio no cora ção, que queriam usar essa m ulher com o um m ero instrum ento para executar seu plano sinistro contra Jesus. É à luz desse contexto que crem os ter m uito a dizer em favor da explicação de que Jesus estava tão chocado pela dureza de seus inimigos, que, por um bom tempo, perm aneceu em silêncio, sim plesm ente escrevendo algum as palavras, ou desenhando algum as figuras no chão. Esse foi um silêncio que falou m ais alto que qualquer palavra que pudesse ser dita naquele m om ento. Ele nos faz lem brar A pocalipse 8.1.'’' Em ambas as passagens, o si lêncio é sím bolo de horror. Os rabiscos silenciosos na areia, que prece dem as palavras que Jesus disse nessa ocasião, e se as seguem, trans m item -lhes um a sensação de m ajestade e grandiosidade. 171. Cf. More Than Conquerort, 6“ ed., Grand Rapids, Mich., 1952, p. 141.
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JOÂO 8.7-9
7, 8. Com o insistissem na p ergunta, Jesu s ergueu-se e disse-lhes: A quele que entre vocês estiver sem pecado, que seja o prim eiro que lhe atire uma pedra. E novam ente curvou-se e es crevia (ou: desenhou figuras ou letras) no chão. Sem desanim ar-se com o prim eiro m om ento de silêncio, os perse guidores m antiveram a pressão por um a resposta. Podem os im aginar que sua conversa constrangedora seguiu a seguinte ordem: “Bem , o que tu dizes ...tu concordas com M oisés ... o que tu dizes ... devem os apedrejá-la, com o requer a lei de M oisés.... ou devem os soltá-la... o que tu dizes.... o tu que dizes?” P ara aum entar ainda mais o peso de sua resposta (cf. 7.37), Jesus ergueu-se. Então deu um a resposta com o som ente ele poderia dar. Ele não dim inuiu a gravidade do pecado que ela havia praticado, nem abo liu, expressam ente ou por im plicação, o sétimo m andam ento. Ele nem m esm o colocou de lado a lei que exige a pena de m orte para pecados com o esse. M uito ao contrário. Sem sugerir, em m om ento algum , que pessoalm ente queria a morte dela, Jesus continuou a conversa com base na suposição deles, com o se a lei de M oisés devesse ser literal m ente aplicada, nesse caso em particular - o que, m esm o eles, real m ente não queriam - , mas então ele deixou claro que eles não estavam habilitados a executar a lei que, ostensivamente, desejavam cumprir! O que os deixou corados de indignação foi o fato de que, eles m esm os, que planejavam com eter o pecado de homicídio, matando o próprio M es sias, tentavam passar a idéia de que estavam chocados com o pecado, infinitam ente m enor (apesar de grave), com etido por aquela mulher! Então ele disse: “A quele que dentre vocês estiver sem pecado, que seja 0 prim eiro que lhe atire pedra.” A referência é a Deuteronôm io 17.7: “A m ão das testem unhas será a prim eira contra ele, para m atá-lo; e depois a m ão de todo o povo.” Esses escribas e fariseus estavam agin do na capacidade de acusadores e testem unhas. Contudo, o pecado da acusada era nada em com paração com a perversidade deles. 9. Q uando, porém , ouviram isso, foram se retirando, um a um , com eçando pelos m ais velhos, e foi deixado sozin h o, com m ulher no m eio. Pode-se até im aginar os acusadores se retirando, covardem ente, um a um, com eçando com o m ais velho, até que o grupo inteiro de escribas e fariseus desaparece. Por que eles se retiraram ?
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l'bi por estarem envergonhados de sua própria condição pecam inosa? l'oi por terem falhando com pletam ente (e sem saber agora o que dizer ou fazer), em seu plano de tirar dos lábios de Jesus um a declaração que pudesse ser usada contra ele? Nada, no contexto, sugere um apoio à prim eira opção. Eles sofreram um a derrota hum ilhante, e os m ais ido sos entre eles foram tam bém os prim eiros a reconhecer o que tinha acontecido; assim, eles se retiraram . E o resto do grupo os seguiu. As palavras: “ele foi dexado sozinho, e a m ulher no m eio” , têm criado grandes dificuldades. Alguns estudiosos fazem a pergunta: “Se ele estava só com aquela mulher, com o é que ela é ainda descrita com o estando ‘no m eio’?” A resposta m ais sim ples e verdadeira provavel m ente seja esta: Em bora o círculo mais próxim o do M estre (consistindo de escribas e fariseus) tenha se retirado, o restante do povo ainda esta va presente; portanto, a m ulher ainda estava “no m eio” da m ultidão. 10. J esu s erg u eu -se e lhe disse: M ulher, on d e estão eles? Ninguém a condenou? Isso não quer dizer que Jesus não sabia o que acontecera! Porém , ele queria deixar claro o grande favor que lhe ha via concedido. Que ela m edite sobre esta grande bênção: a sentença de condenação, apesar de estabelecida na lei de M oisés, não fora pronun ciada contra ela por nenhum de seus acusadores. 11. Ela disse: N inguém , Senhor. Jesus, num tom de afirm ação gentil e de firm e adm oestação: Nem eu a condeno. Vá, e doravante não peque m ais. Jesus, em com pleta conform idade com 3.17 e Lucas 12.14, não desprezou essa mulher, nem a condenou, com o desqualifica da para o reino. H á de fato para os adúlteros e adúlteras um lugar no reino de Deus, se eles abandonarem sua vida de adultério (Lc 7.47).
Sintese de 7.53-8.11 Ver o Esboço na p. 327. O Filho de D eus Exortando a M ulher Surpreeendida em A dultério: “Vá, e doravante não peque m a is." E m bora não possam os provar que esta história fez parte do Quarto Evangelho (com o originalm ente escrito por João), o contrário tam bém não pode ser provado. A história deveria ser m antida e usada para nosso benefício. Os m em bros do Sinédrio, ao fracassarem em sua tentativa de pren
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der Jesus, retiraram -se para suas casas. A m ultidão saiu do tem plo. Jesus se retirou para passar a noite na área do M onte das Oliveiras. Q uando volta para o tem plo, na m anhã seguinte, todo o povo está com ele, e ele os ensina. Os escribas e fariseus forçaram um a interrupção. Eles levaram a Jesus um a m ulher pega no ato flagrante de adultério, e perguntaram lhe; “N a lei, M óisés nos ordenou que tais m ulheres sejam apedrejadas. Então, o que dizes?” Aqueles hom ens estavam tentando dim inuir sua influência sobre o povo, tentando apresentá-lo com o um opositor à lei de M oisés. A prontidão da parte deles em usar os meios m ais sórdidos para executar seu plano perverso contra o Senhor levou Jesus a perm anecer em silêncio por um bom tem po, com se estivesse chocado, escrevendo palavras ou desenhando figuras na areia. Ele então diz; “A quele que dentre vocês estiver sem pecado, que seja o prim eiro que lhe atire p ed ra.” Sentindo sua derrota, aqueles hom ens com eçam a retirar-se, um a um, com os mais velhos saindo primeiro. A mulher é deixada no meio da m ultidão de pessoas com uns. Com sua ternura característica, Jesus dirige-se a ela nestas palavras m em oráveis; “N inguém a condenou?” A resposta negativa que ela dá é seguida por palavras confortadoras: “Nem eu tam pouco a condeno. Vá, e de agora em diante não peque m ais” . 12 Portanto, Jesus falou-lhes novamente, dizendo: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida. 13 Em resposta, os fariseus lhe disseram: “Estás testificando a respeito de ti mesmo; teu teste munho não é verdadeiro. 14 Jesus respondeu e lhes disse: Ainda que eu testi fique de mim mesmo, meu testem unho é certam ente verdadeiro, porque sei donde vim e para onde estou indo;'’^ vocês, porém, não sabem donde venho, nem para onde estou indo. 15 Vocês julgam segundo a carne, eu a ninguém julgo. 16 No entanto, ainda que eu julgue, meu julgam ento é verdadeiro, por que não sou eu só, mas eu e aquele que me enviou.’’^ 17. E em sua lei está escrito que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro. 18 Eu sou Aquele que está dando testemunho a meu respeito, e Aquele que está dando testemunho
172. IIIB l; ver Introdução, pp. 63, 65. 173. IIIB l. ver Introdução, pp. 63, 65.
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(k‘ mim, i.slo é, Aquele que me enviou, o P ai.'’“* 19. Portanto, passaram a dizerIhf : Onde está teu Pai? Jesus respondeu: “Vocês não conhecem nem a mim nem i\ meu Pai; se me conhecessem, também conheceriam a meu P ai.'’^ 20 Disseram essas palavras no lugar do Tesouro, enquanto ensinava no templo. E ninguém o prendeu, porque sua hora ainda não havia chegado.
8. 12-20 12. Portanto, Jesus novam ente lhes falou, dizendo: E u sou a luz do m undo. Segundo m uitos estudiosos, este texto é a continuação de 7.37-52. Temos de reconhecer que essa ligação é de fato possível. Pode-se desenvolver o seguinte raciocínio: Aquele que, de acordo com 7.37, 38, se apresenta com o sendo a água viva para o sedento, revela-se aqui (8.12) com o a luz para aqueles que estão em trevas. Ele é tão rico e glorioso que um único nom e não pode descrevê-lo, nem um a única m etáfora é capaz de fazer justiça à sua grandeza. Ele é pão, vida, luz, água etc. Outros, no entanto, vêem um a ligação muito estreita entre a história da m ulher adúltera (7.53-8.11) e o presente parágrafo (8.12-20). Eles entendem que Jesus, ao dispersar as trevas m orais que reinavam no coração da m ulher (se de fato elas foram dispersadas!), deu um a ilus tração de sua obra com o a luz do mundo. Não tem os inform ações suficientes para fazer um a clara escolha entre essas duas alternativas. A decisão dependeria da autenticidade de 7.53-8.11, o que já foi discu tido na seção anterior. Jesus está, um a vez mais, falando ao povo no tem plo. Ele diz: “Eu sou a luz do m undo.” Esse é o segundo de sete grandes “Eu sou”. Para a lista com pleta, ver p. 57. Esse segundo “Eu sou” é sem elhante ao prim eiro em estrutura gram atical (ver nossa explicação de 6.35). P or tanto, tam bém nesse caso o sujeito e o predicado (este precedido pelo artigo) são perm utáveis. Jesus é a luz do m undo; a luz do m undo é Jesus. Ele, em pessoa, é a luz. Ele - e ninguém mais - é essa luz, porque é som ente nele e por m eio dele que os gloriosos atributos de Deus brilham do m odo mais resplandecente no m eio do mundo. 174. Literalmente; “ele que me enviou”. 175. IIA; ver Introdução, p. 62.
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JOÂO 8.12
O sentido de Cristo com o luz já foi discutido em conexão com os versículos 1.4 e 1.9. O fato de Jesus apresentar a si m esm o (aqui em 8.12) com o a luz do m undo indica que, no m eio da hum anidade peca m inosa, exposta ao julgam ento e necessitada de salvação, a hum anida de em todas as suas classes - tanto judeus quanto gentios, jovens e velhos, hom ens e m ulheres, ricos e pobres, livres e escravos - , ele está presente com o a fonte da ilum inação do ser hum ano, no que diz respei to às questões espirituais e à salvação eterna dos filhos de Deus. A todos os que o ouvem ele proclam a o evangelho de libertação do peca do e paz eterna. Em relação ao conceito de m undo ( K Ó a |io ç ) , ver a explicação de 1.10.'^^’ Jesus é a luz do mundo, isto é, para o ignorante, ele proclam a sabe doria; para o im puro, santidade; e para os dom inados pela tristeza, ale gria. Além do mais, àqueles cham ados à luz pela graça soberana de Deus (6.44), e que seguem sua orientação, ele não som ente proclam a, mas tam bém outorga essas bênçãos. M as nem todos seguem o cam inho da luz. H á um a separação, um a divisão de cam inhos, um a antítese absoluta, com o as palavras “quem m e segue não andará em trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” claram ente indicam. Alguns seguem a luz; muitos perm anecem nas tre vas. M uitos são cham ados; poucos são os escolhidos. Seguir a luz, que é Cristo, im plica confiar nele e obedecê-lo. Im pli ca crer nele e, cheio de gratidão, guardar seus m andam entos. O ser hum ano deve seguir a liderança da luz: ele não pode estabelecer seu próprio curso através do deserto da vida. Seus pais tinham seguido a coluna de fogo no deserto. O sim bolism o da F esta dos Tabernáculos lem brava ao auditório essa luz, que os ancestrais tinham experim entado com o um guia. A queles que a tinham seguido, sem se rebelarem contra sua liderança, tinham chegado em Canaã. Os outros tinham m orrido no deserto. O m esm o acontece aqui: os verdadeiros seguidores não só 176. Instrutivo com respeito ao significado desse termo é o que H. Bavinck diz em seu Gereformeerde Dogmatiek, 3” ed. Kampen, 1918, Vol. III, p. 527; e o que L. Berkhof declara em seu Vicarious Atonem ent Through Christ, Grand Rapids, Mich., 1936, p. 167. Esses dois autores ressaltam que em certas passagens do Novo Testamento (incluindo o Evangelho de João) a palavra se refere a todas as nações, e que ela enfatiza o fato de que o evangelho não está limitado aos judeus.
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c iiininhiirrio, mas alcançarão a terra da luz. E mais: Eles terão a luz! O iintítipo é mais rico do que o tipo. A luz física (por exem plo, a da coluna de luz no deserto, ou a do candelabro no Patio das M ulheres) provê a ilum inação exterior. Jesus Cristo, com o nossa luz e o objeto de nossa fé, torna-se nossa possessão interior: nós o tem os, e o tem os para sempre; cf. 4.14. Além disso, ele é a luz da vida (xò (j^cò; Tf|ç Cwfiç). Em harm onia com o que dissem os quando estudam os 1.4b, considera m os esse term o com o um genitivo de aposição: quando a vida é m ani festa, a luz é em si m esm a a vida.'’^ 13. Jesus tinha feito um a reivindicação m ajestosa. Em resposta, Os fariseus lhe disseram : Testificas a respeito de ti m esm o; teu testem unho não é verdadeiro. Em conjunção com este versículo e os que o seguem , ver nossos com entários sobre 5.31. Os fariseus cer tam ente não poderiam querer dizer: “A pesar de teu testem unho com relação a ti m esm o possa ser verídico, legalm ente ele não é válido ou aceitável.” O que eles realm ente disseram foi o seguinte: “Tu estás te vangloriando, quando te auto-intitulas a luz do mundo. Ninguém confir m a teu testem unho; portanto, ele não pode ser verdadeiro.” 14. Quando Jesus respondeu e lhes disse: A inda que eu testi fique a respeito de m im m esm o, m eu testem unho é certam ente verdadeiro, ele não está contradizendo o que havia dito anteriormente (ver sobre 5.31). Corroborando o caráter verdadeiro de seu próprio tes temunho, quando contrastado com o caráter falso das afirmações farisai cas, o Senhor mostra: a. sua origem e seu destino divinos (v. 14b); b. sua íntim a união com o Pai (vs. 15, 16); e, c. a concordância perfeita entre seu próprio testem unho e o do Pai (vs. 17, 18). Com respeito ao ponto a. acim a, Jesus diz: Porque sei donde vim e para onde estou indo. O que ele quer dizer é o seguinte: Eu me conheço. Além disso, esse conhecim ento não é som ente im ediato, in tuitivo e reflexivo (olôa), mas é tam bém completo: eu conheço os fatos a respeito de m im m esmo; de onde eu vim (do céu, de Deus) e para onde estou indo (para o céu, para Deus). Portanto, quando eu digo que sou a luz do m undo, essa declaração está baseada em m inha auto177. Cf. as explicações de 8.12 e o artigo de J. L. Kooie, em GThT, XLIII (1942), pp. 406-408.
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consciência perfeita e por isso deve ser aceita. Vocês, ao contrário, não têm esse conhecim ento a meu respeito: vocês, porém , não sabem donde eu venho, nem para onde estou indo. Por isso, a negação de m eu testem unho, por parte de vocês, não tem nenhum valor. 15, 16. Com respeito ao ponto b., Jesus continua, Vocês julgam segundo a carne. Eu a ninguém julgo. A inda que eu julgue, meu julgam ento é verdadeiro, porque não sou eu só, m as eu e aquele que m e enviou. N ote que b. segue naturalm ente a. O que o Senhor queria dizer era o seguinte: Em bora vocês não tenham o conhecim ento necessário para me julgar, no entanto estão constantem ente m e julgando. Além disso, vocês estão fazendo isso seguindo os padrões m undanos, de acordo com a aparência exterior (sobre oápí, ver a explicação de 1.14). Por seu julgam ento, eu não sou a luz do mundo, mas apenas um cidadão da G aliléia e um filho de José. Ver a explicação de 6.42; 7.24, 41, 42, 52). P or outro lado, eu, em bora (por causa de meu conhecim ento perfeito de mim m esm o e de outros) seja capaz de julgar, a ninguém julgo. V era explicação de 3.17-19. Eu não vim para julgar, mas para salvar. C ontu do, ainda que o julgam ento se tom e algo inevitável, devido à dureza do coração hum ano, e eu, que vim para salvar, tiver que julgar alguns, meu julgam ento será verdadeiro, genuíno e real (àÀriGLyi^), pois, longe de ser contrário ã vontade divina, será um julgam ento no qual o Pai e o Filho se unem . Sobre o “eu e aquele que me enviou”, ver 3.34; 5.19, 30, 36, 37; cf. 1.6. Não se trata do julgam ento de um m ero hom em , com o vocês pensam , mas de Deus. 17, 18. Com respeito ao ponto c. (a concordância perfeita entre seu próprio testem unho e o de seu Pai), Jesus continua, E em sua lei está escrito que o testem unho de duas pessoas é verdadeiro. A referência é a passagens com o Deuteronôm io 17.6 (“Pelo depoim ento de duas ou três testem unhas será morto o que houver de morrer; pelo depoim ento de um a só testem unha não m orrerá”), cf. Núm eros 35.30. Sua lei, porque vocês dizem tê-la em alta consideração. O raciocínio é 0 seguinte: com certeza, se essa regra se aplica em relação aos ho mens, ela se aplica ainda m ais com respeito a Deus. O argum ento vai do m enor para o maior. O testem unho (f| fiapiupía - ver a explicação de 1.6) de duas testem unhas era considerado verdadeiro, não apenas
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v.ihtln (It'f'.aliHt'iUc iicuilávul). Que a tradução “verdadeiro” é a correta t' (|iu' NCil NÍi',niricado não dcvc ,ser dim inuído de m aneira a lg u m a -, é l'videnciiHio pelo fato de que, de acordo com a lei de M oisés, à qual se l'az refcrcncia, quando duas testem unhas concordavam , a pessoa, alvo dc sua concordância, deveria ser m ortal O testem unho era considera do inteiram ente válido e um a base própria para essa ação drástica. E claro que o testem unho tinha de ser dado por pessoas dignas de confi ança, não falsas ou indignas. Isso tam bém estava claram ente estipula do na lei (Dt 19.16-19). C ertam ente que o Pai e o Filho são confiáveis ! Portanto, o testem unho de ambos, com relação a Jesus, deve ser acei to. É um testem unho no qual os dois concordam integralm ente. N ossa tradução do versículo 18 preservou a estrutura da sentença do original. Note que os nom es das duas testem unhas são claram ente m enciona dos, de um a m aneira que enfatiza o caráter independente de cada um a delas. C ada um, por si só, é com pletam ente confiável (sobre isso, cf. v. 14: “M esm o que eu testifique de m im m esm o, m eu testem unho é ver dadeiro”); se am bos concordarem , o argum ento se tom a inquestioná vel. Eu sou Aquele que dá testem unho a m eu respeito, e Aquele que dá testem unho de m im , isto é, Aquele que m e enviou, o Pai. Para o testem unho do Pai a respeito do Filho, ver sobre 5.31-40. . 19. Os judeus, que tinham rejeitado o testem unho do Filho, também rejeitam , nesse m om ento, o testem unho do Pai. E m resposta, passa ram a dizer-lhe: O nde está teu Pai? Essas palavras certam ente fo ram acom panhadas com gestos de desdém. Elas claram ente indicam que os ensinos de Cristo, em relação ao Pai, tinham encontrado ouvidos surdos. Os fariseus estavam envolvidos na atividade mais perigosa que pode existir entre os seres hum anos: eles estavam endurecendo o cora ção! Esse endurecim ento produz um a cegueira e ignorância total. P or tanto, Jesu s resp on d eu : V ocês não con h ecem a m im e nem a m eu Pai; se m e conhecessem , tam bém conheceriam a m eu Pai. A única m aneira de conhecer o Pai é por meio do Filho; cf. 5.38; 14.7, 9; M ateus 11.27. 20. Ele disse essas palavras junto ao Tesouro, enquanto en sinava no tem plo. N a parede do Pátio das M ulheres havia treze co fres em form a de trom beta, nos quais as pessoas depositavam suas doações para várias causas. D evido a isso, aquela parte do tem plo era
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JOÃO 8.20, 21
algum as vezes cham ada de Tesouro. Em nossa passagem , Jesus esta va ensinando nas proxim idades do salão que o Sinédrio usava para fa zer suas reuniões. E , apesar de ser possível que aquele “augusto” gru po, tão hostil a Jesus, pudesse quase ouvir o eco de sua voz, ninguém o prendeu, porque sua hora ainda não havia chegado. Sobre o sentido dessas palavras, ver 7.30. 21 Então ele lhes disse novamente: Eu estou indo embora, e vocês me procurarão, porém morrerão em seu pecado. Para onde estou indo vocês não podem ir. 22 Os judeus, pois, passaram a dizer: Será que ele vai se matar, visto q u e”* diz; Para onde eu vou, vocês não podem ir? 23 Então ele passou a dizerlhes:, Vocês são de baixo, eu sou de cima; vocês são deste mundo, eu não sou deste mundo. 24 Eu não lhes disse que'™ morreriam em seus pecados? Porque, se não crêem que eu sou ele, vocês morrerão em seus pecados.'“" 25 Em respos ta, eles passaram a dizer-lhe: Tu, quem és tu"! Jesus lhes disse: Exatamente o que eu estou lhes dizendo. 26 Mas eu tenho muitas coisas a dizer a seu respeito e a julgar. Mas aquele que me enviou é verdadeiro, e tudo quanto eu ouvi dele, essas coisas eu digo ao mundo. 27 Eles não reconheceram que ele lhes felava do Pai. 28 Então Jesus disse: Q uando vocês tiverem levantado o Filho do homem, então saberão que eu sou ele, e que nada faço por mim mesmo, mas falo como o Pai me ensinou. 29 E aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque eu sempre faço as coisas que lhe agradam.
8.21-29 21. E ntão ele lhes disse novam ente: Eu estou indo em bora, e vocês m e procurarão, porém m orrerão em seu pecado. Para onde eu vou, vocês não podem ir. Em virtude do m odo zom beteiro com que os judeus tratavam o tes tem unho de Jesus, ele anuncia, um a vez mais, o destino deles. O Se nhor repetiu o que já havia dito anteriorm ente (ver 7.33, 34). As pala vras: “A inda por um pouco de tempo estou com vocês” são agora om i tidas, e isso talvez seja devido ao fato de que ninguém, naquele m om en to específico, tentava prendê-lo. A expressão “estou indo em bora”, m encionada por Jesus, indica sua partida para o Pai (ver sobre 7.33, 178. Sobre o t i ver Introdução, pp. 82, 83. 179. Sobre oxt como usado aqui, ver Introdução, p. 81. 180. IIIA l; ver Introdução, pp. 63, 64.
JOÂO 8.22
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(>h A t|in'iii .IchiiN SC iclcrc, ciiiando disse: “e vocês me procurarão” ? Alt', t'MitViini oni busca dc arrependim ento e fé? M as isso é excluíilo na sentença seguinte. À busca de um libertador, em conexão com os terríveis acontecim entos que acom panhariam a destruição de Jeru salém, no ano 70 d.C.? Provavelm ente seja m elhor interpretarm os essa “procura” com o o desespero sentido no m om ento da morte. A razão para adotarm os esta interpretação baseia-se nas palavras que vêm a seguir: “mas vocês m orrerão em seu pecado” . Por ocasião de sua m or te, eles não experim entarão nenhum tipo de conforto ou paz, m as so mente a escuridão do desespero. Aquele a quem rejeitaram não estará presente para ajudá-los em suas necessidades. Em seu pecado - todos os seus pecados vistos coletivam ente, m as em separado no versículo 24 (pecados) - eles m orrerão. A ira de D eus perm anece sobre eles, e irão para o lugar de perdição etem a. Eles não podem ir para onde Jesus está indo, isto é, para o Pai. 22. O s ju d eu s, pois, passaram a dizer: S erá que ele vai se matar, já que está dizendo: Para onde eu vou, vocês não podem ir? Os judeus, afligidos pelo anúncio de sua condenação futura, agem com o se nem m esm o tivessem ouvido as palavras de Jesus a respeito deles m esm os. Eles se preocupam apenas com as últim as palavras de Jesus, ou seja, com o que dizia respeito aos planos do M estre com relação a ele próprio: Que ele logo partiria para um lugar onde eles não poderiam ir. Zom bando, eles perguntam: “Será que ele vai se m atar?” Com o se, ao suicidar-se, ele fosse para um lugar onde eles (como o viam ) não poderiam ir! N um a ocasião anterior (7.35,36), quando Jesus disse palavras sem elhantes a estas, eles im aginaram outra possibilida de, tam bém dita num tom de escárnio: “Será que ele pretende ir para a D iáspora entre os gregos, para ensinar?” A insinuação sarcástica de que ele poderia estar contem plando o suicídio (m uito com um naqueles dias!) era, em bora eles não soubes sem, um a am arga caricatura da verdade, pois ele daria sua vida em resgate p o r m uitos (10.11, 18; cf. M t 20.28). 23, 24. E ntão ele passou a dizer-lhes: Vocês são de baixo, eu sou de cim a; vocês são deste m undo, eu não sou deste m undo.
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JOÂO 8.23-26
Eu não lhes disse que m orreriam em seus pecados? Porque, se não crerem que eu sou ele, m orrerão em seus pecados. E sta resposta de Jesus serve tanto com o um a continuação do ver sículo 21, dando a razão pela qual eles não podem ir (com o se ele tives se dito: “Para onde eu vou, vocês não podem ir, porque vocês são de baixo, e eu sou de cim a”) quanto com o um a resposta adequada à per gunta escam ecedora dos judeus (como se ele tivesse dito: “Seu escár nio indica que vocês são de baixo ” etc.). O que Jesus indica é que os pensam entos e m otivos desses judeus eram inspirados pelo inferno, enquanto os seus eram inspirados pelo céu. Jesus então repete as pala vras do versículo 2! (“vocês m orrerão” etc.) com um a pequena m u dança (ver sobre esse v.). Essa morte em pecados será o resultado do fato de não crerem que Eu sou ele\ literalm ente, que Eu sou (èycó eL(ii), o predicado deve ser suprido m entalm ente, com o em 4.26; 6.20; 9.9; 13.19; 18.5,6,9. Passagens como Êxodo 3.14; Deuteronômio 32.39; Isaías 43.10, são básicas para a expressão. O significado é que “eu sou tudo o que afirm o ser; o enviado do Pai; aquele que vem de cim a; o Filho do hom em ; o Filho unigênito do Pai; em igualdade com Deus; aquele que tem vida em si m esmo; a essência das Escrituras; o pão da vida; a luz do m undo etc. A inform ação de que a rejeição do Filho - não crer nele, nem obedecê-lo - resulta na m orte etem a, é expressa, não som ente aqui, em 8.24, mas tam bém em 3.36 (ver sobre esse v.), que pode m uito bem ser visto com o um a explicação de 8.24. 25, 26. Em resposta, eles passaram a dizer-lhes: Tu, quem és t u l M ais um a vez, com o no versículo 22, os judeus agem com o se não tivessem ouvido as palavras de Jesus a respeito deles. Eles prova velm ente pensavam que a m elhor defesa é o ataque, portanto atacam a Jesus com um a pergunta cheia de conotação de zombaria: “Tu, quem és tu T ' (ou xlç eí). Jesus lhes disse: E xatam ente o que eu estou lhes dizendo."^' Eu tenho m uitas coisas a d izer-lhes a seu re s peito e julgar. 181. Há várias interpretações para a expressão inu ápx'í^'- As seguintes merecem nossa atenção: (1) Desde o princípio. Cf. A.R.V.: “Até mesmo o que lhes tenho dito desde o princípio.” Cf. A.V. e R.S.V. (no texto). O uso do tempo presente (A.aA.(õ) não é uma objeção insuperável a essa tradução. No entanto, ela tem várias dificuldades, sendo as principais: a. Nesse caso
)()ÁC) 8.25, 26
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JcMis nõo viii clcixar-se desviar. Ele responde à jiii/iiiiilii ridíiHila dclcN dc umu m aneira muito objetiva e breve, e então ctmlmiiii inicdiiiliiniente o ataque que iniciou nos versículos 2 1 ,2 3 e 24. Sua pergunta (“7m, quem és t u T ) não foi apenas perversa, mas tam bém inteiram ente desnecessária e supérflua, pois Jesus contara a todos quem cie era (ver sobre o v. 24), e estava fazendo isso novam ente na paxsagem em estudo. Conseqüentem ente, ele retom a im ediatam ente ao ataque, com o se quisesse dizer: “Eu ainda não term inei o que tenho a dizer-//ieí” . Q uando Jesus diz: “Eu tenho muitas coisas a dizer a respeito de vocês e julgar”, ele quer dizer que as expressões (note o verbo Àaléo), tanto aqui quanto no v. precedente) de sua boca são j u í zos. Além do mais, o verbo usado é tam bém especialm ente apropriado em casos com o este, em que alguém expressa ou fala o que lhe vai na mente (não apenas de si m esm o, mas tam bém ) de um a outra pessoa (aqui, 0 Pai). É claro, de 8.15, 16 (cf. sobre 3.17, onde o verbo Kpív-co é discutido), que quando Jesus julga esses hom ens ele os condena. O Senhor continua: Aquele, porém , que m e enviou é verdadeii’0. Al/',un‘‘' tem afirmado que a conjunção kXXà (traduzido por “poicni") iiíío (em aqui um sentido adversativo. N o entanto, não é necessílrio que nos afastem os do sentido mais com um da palavra. O que tem os aqui - e em m uitas outras passagens - é um caso de estilo abre viado, um a elipse sobre a qual já com entam os em outra ocasião (ver sobre 5.31). É muito difícil para nós, presentem ente, prover o que foi om itido. Talvez o pensam ento do versículo 26, expresso em sua inteire,sc e.sperariaáK ápxfiç, como em 15.27; ou éC àpxfiç, como em 16.4; e b. a expressão estaria mais próxima de XaXü. (2) De modo algum. Assim a traduzem vários pais gregos; ver também R.S.V. nota. De acordo com ela, a sentença seria exclamativa: “De modo algum lhes tenho que dizer!” Mas, se Jesus não está seguro se deve ou não dizer de modo algum aos judeus, como então ele pode dizer na sentença seguinte: “Eu tenho muitas coisas a dizer a respeito de vocês e julgar”? Se a resposta é que o que é dito a respeito de uma pessoa, não lhe é dito, essa resposta não satisfaz, pois Jesus continua falando a respeito e também aos judeus e a seus seguidores. Além do mais, a tradução é também objetável de um ponto de vista teológico. Ela equivaleria a um tipo de auto-acusação, o que se choca com a natureza impecável de Cristo. (3) Totalmente, nada mais que, exatamente. Essa tradução, que é adotada por Melanchton. Lutero, D ods e muitos outros, tem muito sentido, encaixa-se com a ordem das palavras, tem outros textos paralelos e é fácil de explicar. C f com nossa expressão: Do prim eiro ao último (portanto, totalm ente, exatamente).
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JOÃO 8.27, 28
za, pudesse ser reproduzido nas seguintes palavras: “Eu tenho m uitas coisas a dizer a respeito de vocês e julgar. M as, apesar de suas vee m entes expressões de rejeição, e suas m anifestações de descrença, o que direi é verdadeiro, porque o que me enviou é verdadeiro, e o que eu ouvi dele isso m esm o eu falo ao m undo.” Sobre “aquele que me enviou”, ver 3.17, 34; 5.30, 36, 37; cf. 1.6. Quem envia naturalm ente é o Pai. Ele é verdadeiro em todas as suas declarações e seus julgam entos, porque é verdadeiro em sua natureza interior. Cf. sobre 3.33. E tudo o que eu tenha ouvido dele, isso m esm o eu d igo ao m undo. A m ente do Pai é expressa em cada palavra de Jesus. Portanto, quando os judeus rejeitam aquele que lhes fala, estão tam bém rejeitando o Pai! O m esm o pensam ento (ou sem e lhante) é expresso em 3.11; 5.19, 30, 32, 37; 7.16. O que Jesus tem ouvido do Pai (desde toda a eternidade), essas coisas ele agora declara, não som ente aos judeus, mas tam bém aos gentios; elas são direciona das a todos, ao m undo todo (sobre o sentido de kÓo|íoc , ver 1.10, nota 26, aqui provavelm ente no sentido do núm ero 5). 27. Eles não reconheceram que ele lhes falava do Pai. Em bo ra Jesus tivesse dito muitas vezes aos judeus, em palavras claras, que quem o enviara era o Pai (cf. 5.36, 37; 8.18), eles ainda eram incapazes de entender esse fato. Com o o poder da infidelidade e do preconceito cega as pessoas! Não sabemos o meio que eles usaram para indicar essa ignorância. Talvez tenham levantado algum a objeção ridícula, ou feito algum a pergunta estúpida. 28. E ntão Jesu s disse: Q uando vocês tiverem levan tad o o Filho do hom em , então saberão que eu sou ele, e que nada faço por m im m esm o, m as falo exatam ente com o o Pai m e ensinou. A essência destas palavras certam ente é a seguinte: “Depois que vocês tiverem me pregado na cruz (portanto, tendo indiretam ente m e levado à coroação), a triste verdade se evidenciará de que eu sou, de fato, quem eu sem pre afirm ei ser, e que em m inhas palavras e ações eu revelo e represento o P ai”. Para o sentido do verbo levantar, ver sobre 3.14. Para Filho do hom em , ver sobre 12.34. Ao dizer: “vocês saberão” (yv^otoGe, de YLi^cóoKCü), Jesus estava dizendo: “Vocês reconhecerão ou perceberão” .
JOÃO 8.29
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I í‘,le verbo ocorre 56 vezes no Evangelho de João, enquanto seu sinôni mo (olôct) ocorre 84 vezes no m esm o livro. Ver m ais sobre isso nas explicações de 1.10, 31; 3.11. Para a cláusula “que eu sou ele”, ver sobre 8.24. Para o sentido da sentença, “e que nada faço por mim mesmo, m as falo com o o Pai m e ensinou”, ver sobre 8.26 (últim a cláu sula) que expressa o m esm o pensam ento. A frase, “então vocês saberão que eu sou ele” , não é um a predição de salvação para os judeus. O conhecim ento m encionado no texto não é um conhecim ento salvífico, e nem se refere à conversão dos três mil, no dia de Pentecostes (At 2.36, 41). O presente contexto não perm ite essa interpretação (ver especialm ente vs. 21 e 24). O sentido das pala vras de Jesus é que eles, ao se recusarem a aceitá-lo pela fé, e tendo0 pregado na cruz (que, por seu turno, levou-o à coroação), um dia despertarão para o terrível fato de que aquele a quem tinham despreza do era, sem dúvida, tudo o que dizia ser. Esta verdade será finalm ente cnicndida, mas então será muito tarde, pois a hora da m orte e do julga(iHMilí) llnai terá chegado. IC aquele que m e enviou está com igo. Ele não m e deixou iSÓ, porque cu sem pre faço as coisas que lhe agradam . “A quele c|ue mc enviou” é sem dúvida o Pai (5.36, 37; 8.18, 27), que é constan tem ente indicado com o aquele que com issionou seu Filho para ser o M ediador (ver sobre 3.17, 34; cf. 1.6). Nas duas declarações: a. ele está comigo-, e h . eu sempre fa ç o as coisas que lhe agradam, temos um a expressão notável da natureza íntim a e próxim a entre o que co m issiona e o com issionado. Ver tam bém sobre 3.11; 5.19, 30, 32, 37; 7.16; e 8.26. A obediência absoluta do Filho, sem pre fazendo o que agrada ao Pai, assegura a continuação do am or do Pai por ele. “Ele não me deixou só”, ele não rejeitou o Filho, nem o abandonou. Nem m esm o Mateus 27.46 pode estar dizendo que o Pai o rejeitaria com o um Filho desobediente, pois isso é eternam ente impossível. N essa passagem , o Filho é desam parado num sentido duplo: a. sozinho, ele tom a sobre si o peso da ira de Deus contra o pecado; ninguém com partilha da sua pu nição; e b. ao m esm o tem po em que experim enta, em seu íntim o, aque la tortura indescritível, ele não deve gozar do doce consolo da comunhíio com o Pai. No entanto, por causa de sua aceitação voluntária dessa morte eterna, o Pai o am a ainda mais! Apressam o-nos a acres
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JOÂO 8.29
centar que essa proxim idade espiritual baseia-se, certam ente, no rela cionam ento ontológico ou trinitário entre o Pai e o Filho. 30 Enquanto ele dizia essas coisas, muitos creram nele. 31 Então Jesus passou a dizer àqueles judeus que tinham crido nele: Se vocês permanecerem em m inha palavra, são verdadeiram ente meus discípulos, 32 e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.'*-33 Eles lhe responderam: Somos descen dentes de A braão, e jam ais fomos escravos de alguém. Como é que dizes: Vocês serão livres? 34 Jesus lhes respondeu: Mui solenemente'*^ eu lhes asse guro, todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. 35 Ora, o escravo não fica permanentemente na casa, mas o filho fica permanentemente. 36 Se, pois, o Filho os fizer livres, deveras serão livres.'*'* 37 Eu sei que vocês são descendentes de Abraão; contudo estão procurando matar-me, porque minha palavra não encontra espaço em vocês. 38 Eu falo das coisas que lenho visio junto de meu Pai, e assim lambém vocês fazem as coisas que têm ouvido junto de seu Pai.
182. Esta seção - versículos 30-59 - contém não menos de nove sentenças condicionais, distribuídas entre os três grupos, como segue: IA, versículo 39; ver a Introdução, pp. 60, 61. IB, versículo 46; ver a Introdução, pp. 60, 61. IIA, versíoculo 42; ver a Introdução, p. 62. IIIA l. versículos 36 e 55; ver a Introdução, pp. 63, 64. IIIA2, versículos 31 (em pensam ento, o v. 32 está incluso na apódose) e 54; veja a Introdução, pp. 63-65. IIIA3, versículos 51 e 52 (a segunda sentença condicional repete a primeira, com bem pouca mudança); ver a Introdução, pp. 63-65. Assim, cada um dos três grupos principais é representado nesta seção. Em ligação com as sentenças condicionais encontradas nos versículos 31, 36, 39, 54 e 55, deveríamos ter em m ente a declaração de A. T. Robertson: “A questão, em todas as quatro classes, é que a forma da condição tem a ver somente com a declaração, e não com a verdade absoluta ou certeza do assunto” (Gram N.T.. p. 1006). Assim, no versículo 55, a forma da sentença não sugere que Cristo realmente considerava provável que ele disesse, “Eu não o conheço (o Pai)”. Jesus simplesmente aponta para a conclusão lógica que aconteceria se o que é declarado na prótase fosse considerado provável. Poder-se-ia traduzir: “Suponha que eu d ig a.. Seme lhantemente, a forma da sentença condicional não prova nada com respeito ao caráter genuino da fé daqueles que são mencionados no versículo 3 1. E a form a da sentença não prova que Jesus considerava seus opositores judeus como sendo realmente filhos de Abraão (V. 39). 183. Sobre o t l . ver Introdução, p. 82. 184. Sobre esta sentença condicional, ver nota 182.
JOAO Ü.30, 31,1
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8.30-38 M l, K ü liio
K J t'N iis
ik iu íiiU o
|)a s s o u
a
c Ic
d i/ia
d iz e r
essas
co isa s, m u ito s
aos ju d e u s
q u e
h a v ia m
c re ra m c rid o
n ele. n e le ...
Durante o cunso do discurso discutido nos versículos precedentes, alguns judeus sc convenceram de que Jesus era (pelo m enos em certa m edida) o que ele afirm ava ser. O grupo continuou a aumentar, até que iilcançou um núm ero bem considerável (“m uitos”). Era essa convic ção uma f é g en u ín a l Era apenas um a persuasão m ental, ou era um a entrega pessoal com pleta? Essa pergunta, que sem pre tem provocado m uita discussão e controvérsia entre os com entaristas, tom a-se ainda nuiis aguda quando vemos que, nos versículos seguintes, acontece um a brusca m udança da crença para a hostilidade violenta. Jesus não som en te confronta-se com um a oposição verbal (v. 33), mas até mesmo com um abuso verbal (v. 48: “Tu és samaritano e tem dem ônio” ; cf. v. 52). Ao final, há até m esm o um a tentativa de apedrejá-lo (v. 59). (),s vários pontos de vista dos com entaristas podem ser resum idos tlii .M'|',ninle maneira: ( 1 ) 0 vcrsículo 30 (èiríoteuaav - creram ) se refere àqueles que ereram cm Jesus com um a fé genuína. O versículo 31 (ireTrLOTeuKÓTac linham crido) se refere àqueles que não tinham se entregado com ple tam ente à fé. Portanto, a transição é entre os versículos 30 e 31 (2) Os versículos 30, 31 e 32 se referem aos crentes genuínos, aqueles que experim entaram um a m udança real de coração e vida. A transição é entre os versículos 32 e 33. Os opositores, no versículo 33 (e nos vs. seguintes), são os judeus descrentes."^'' (3) Os versículos 30-36 se referem aos crentes genuínos. A transi ção é entre os versículos 36 e 37.'**’ (4) A seção inteira é um a história ininterrupta; aqueles que, no ver sículo 30, são descritos com o tendo crido nele, são os m esm os que, nos versículos seguintes, se opõem veem entem ente a ele. Não há nenhum a 1 85. Cf. W. F. Howard, The Interpreter's Bible, Nova York, 1952, vol. V Ill, p. 600. 186. C f R. C. H. Lenski, Interpretation o f St. John's Gospel. Columbus, Ohio. 1931, pp. fi07 6 l3 . IH7, Cf. F. W. Grosheide, Kommentaar op het Nieuwe Testament, Johanne.s, Amsterdã,
vol. II, p. 42.
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JOÂO 8.30, 31a
transição de um grupo para o outro. As pessas que são descritas nos versículos 30 e 31 não têm um a fé genuína, com o os versículos subse qüentes claram ente indicam."*** Os pontos a seguir são claram ente ligados com as três prim eiras explicações; a. Todos consideram as pessoas descritas no versículo 30 com o sendo crentes genuínos. b. Todos aceitam a teoria de que estam os tratando com dois grupos diferentes, e que há um a transição (aparentem ente abrupta) entre os crentes genuínos, do versículo 30, e os descrentes genuínos que apare cem na cena subseqüente (seja no v. 31, 33 ou 37). M as, no que diz respeito à letra a., não existe nada que nos leve a ver os hom ens descritos no versículo 30 com o crentes genuínos. O verbo finito creram (CTLOteuoay), seguido por nele (elç aòtóy), ou em seu nom e, nem sem pre indica um a m udança de coração. Ver sobre 2.23; 7.31; 12.42. N ote especialm ente o contexto de 2.23 e 12.42. É verdade que o particípio presente (inaTeúcúy, -oyxeç), em tais casos, sem pre indica um a fé genuína (3.16, 18, 36; 6.35, 40, 47; 7.38; 11.25, 26; 12.44,46; 14.12; 17.20). Ver tam bém sobre 3.16. Mas, o particípio presente não é usado aqui em 8.30. Portanto, se a fé, aqui indicada, é genuína ou não, terá de ser m ostrada nos versículos seguintes (o con texto). Q uanto a b., para o leitor com um do texto grego ou da tradução portuguesa não há nenhum a transição aparente, de qualquer natureza, de um para outro grupo diam etralm ente contrastante. Assim, é muito difícil ver o m otivo pelo qual os homens indicados pelo particípio (touç TTeiTLaTeuKÓtaç), no versículo 31, teriam de ser um grupo com pletam en te diferente daqueles de quem é feita referência no versículo 30. Eles creram , enquanto Jesus estava falando; alguns deles talvez depois de Jesus ter falado som ente por poucos m inutos. Eles continuaram a crer 188. João Calvino, op.cit., p. 167: Caeterum fidem Evangelista improprie nominat, quae solum erat quaedam ad fidem praeparatio. Nihil enim altius de illis praedicat quam quod propensi fuerunt ad recipiendam Christi doctrinam, quo etiam spectat próxima adomonitio. Este é seu comentário sobre o versículo 30. C. Bouma, M. Dods, J. P. Lange, A. T. Robertson e M. C, Tenney seguem uma linha semelhante (ver a Bibliografia para os títulos).
)()A () í).31b, 32
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iiiiii) .1 till (iiiilit Í|)U) perlbilo) iité o fim clo discurso (ou seja, até IrMI-, tllll|'lf ‘H' nOVlUIK'lUC 110 gl lipo, 110 V. 3 1). í',m H'liiviio it iriinsiçrio, com eçando no versículo 33 ou no 37, ne nhum düssos versículos indica um a transição de um grupo para outro. O versículo 33 com eça com as palavras: “Eles lhe responderam .” Na(unilmcntc, o “eles” aqui se refere às pessoas m encionadas no versícu lo 3 2 ,0 versículo 36 diz: “Se, pois, o Filho os libertar, verdadeiram ente Neriio livres,” lintão, o versículo 37 continua: “Eu sei que vocês são (leNeeiuIenles de Abraão; contudo estão procurando m atar-m e.” A coni‘lusiu) nnlunil a que chegam os, em casos com o este é que “vocês” do vei NÍeulo 36 indica o m esm o grupo representado por “vocês” do versíeiilt) 37. Dc outro modo, todo o parágrafo se torna ininteligível. Portanto, aceitam os a explicação de Calvino, e de muitos outros com entaristas que seguem a m esm a linha dele, no que diz respeito ao ponto 4 acima, com o sendo, de longe, a explicação m ais natural. Isso não quer dizer que não exista nenhum a transição. De fato, exisle uma, mas ela não é de um grupo para um outro grupo completam ente tlllerenle. A transição é de um a atitude para outra, dentro do mesmo grupo de pessoas. Essa transição é muito clara, e realmente revela um a (remenda mudança. Tão logo Jesus lhes mostra que um mero assenti mento mental (como Jesus sendo o M essias de seus sonhos, por exem plo) não é suficiente, pois o que está envolvido, nesse particular, é um a entrega com pleta a ele, como seu Libertador pessoal do domínio de Sata nás e do pecado, eles se enfurecem e já não crêem mais nele. 31b, 32. Se vocês ficartem perm anentem ente em m inha p a lavra, serão d everas m eus discípulos, e con hecerão a verdade, c a verdade os fará livres. A pessoa perm anece na palavra de Cristo, se fizer dele o Senhor de sua vida. E m outras palavras, obediência é a m esm a coisa que perm a necer na Palavra. Isso é o que faz um verdadeiro discípulo de Jesus, e conduz a um conhecim ento genuíno da verdade (a revelação especial de Deus, que tem seu coração e centro na obra de Cristo). Esse conhe cim ento, nascido da revelação e experiência, liberta a pessoa. P ara o sentido das duas palavras gregas m ais fam iliares para conhecer, ver sobre 1.10, 31; 3.11; 8.28. O próprio Jesus fornece um com entário so-
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JOÃO 8.33, 34
bre O significado da liberdade. A pessoa é livre quando o pecado não tem m ais dom ínio sobre ela, e quando a palavra de C risto dom ina seu coração e sua vida (ver vs. 34, 35 e 37). Portanto, a pessoa é livre quando pode fazer o que quiser, m as quando deseja e pode não fazer o que deve fazer. Ver tam bém sobre 7.17, 18 (a discussão da ordem dos elem entos na experiência cristã). 33. E les lhe responderam : Som os d escen d en tes de A braão e jam ais fom os escravos de alguém . Com o, pois, tu dizes: Vocês serã o livres? As pessoas que respondem às palavras de Jesus são as m esm as a quem ele acabara de se dirigir (ver sobre 8.30, 31). O que m udou foi a atitude. A palavra de Jesus, sugerindo que, em term os espirituais, elas não eram pessoas livres, mas sim escravas, chocou-as e irritou-as. Elas ficaram profundam ente ressentidas por causa dessas palavras. O rgu lhosam ente, elas exclam am , “Som os descendentes de A braão e jam ais fom os escravos de alguém ”. O bviam ente, quando disseram isso, essas pessoas não estavam pensando em sua situação política. Certam ente não poderiam convenientem ente esquecer sua escravidão passada, no Egito, na Babilônia, no Im pério M edo-Persa e na Síria, nem em sua presente situação sob o dom ínio rom ano! Tam bém não poderiam estar falando de sua situação social, com m uitos judeus servindo com o es cravos. No entanto, religiosamente falando, eles. se consideravam li vres, sendo a sem ente de Abraão, com quem Deus fizera um pacto de graça (Gn 17.7). Assim, como um povo ou nação (a linha de descen dência física; ver sobre 1.13), eles experim entam um a situação religio sa única. Não são eles um a raça eleita, sacerdócio real, nação santa e um povo de propriedade exclusiva de Deus (Ex 1 9 .6 ;D t7 .6 ; 10.15; cf. 1 Pe 2.9)? Am ós 3.2 (a prim eira parte do versículo) certam ente está na m ente deles, em bora eles, convenientem ente, esqueçam de m encionar a últim a parte! Sua linha de raciocínio segue a seguinte ordem; Os pa gãos estão em escravidão; eles servem a ídolos. Nós, certam ente, não estam os num a situação de escravidão, pois não som os pagãos. Não som os nem m esm o sam aritanos (cf. 8.48). Com o, então, Jesus diz: “Vocês serão livres” ? 34. J esu s lhes resp on d eu : M ui so len em en te eu lh es a sse guro, todo aquele que com ete pecado é escravo do pecado.
JOAO 0.34-36
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n 'iifiiiíit íido diis paliivriis da introdução solene, ver sobre I '• I I liti tnn tid.s dilos mais mem oráveis do Senhor. Ele, im ediatanirnle, desearla (|iialqiier distinção entre judeus e gentios com respeito li ,siliia(,*ao dcics diante dc Deus e de sua santa lei. Ele diz; “Todo aque le... 6 escravo do pecado” . O sujeito é qualificado por quem comete pvcddo (ó TTOLÓiu xf|v á)iapTLav'); ou seja, quem está constantem ente pecando - presente contínuo, que pode ser traduzido por “quem vive ein pecado” . I João 3.16 nos relem bra a força contínua do presente. lÍN.se pecador não viu o Senhor, e não o conhece. João não ensina que iini homem 6 capaz de viver sem pecar. Longe disso (ver 1Jo 1.8). Mas 0 hoMiern que está constantem ente errando o alvo da glória de Deus (el’. 0 uso de ÔLafxapiávovxeç, em Jz 20.16, na Septuaginta), e tem pra zer nesse tipo de prática definitivam ente é um transgressor da lei de Deus (IJo 3.4). Esse hom em é cham ado escravo do pecado (cf. Rm 6.16; 11.32; 2Pe 2.19). Ele é um escravo, porque foi dom inado e escravizado por sen senhor, o pecado, e é incapaz de se libertar desse dom ínio. Ele está ciinipletam ente acorrentado, com o aquele prisioneiro que tem as alge mas em lorno de suas pernas, e a corrente presa na parede do calabou ço, não podendo, de m aneira alguma, rom per com essa situação. Pelo contrário, cada pecado que ele com ete aperta-o ainda mais, até que o esm aga com pletam ente. Esse é o quadro que Jesus pinta de todos os pecadores com o eles são por natureza. Os judeus se consideravam homens livres? N a verdade, são escravos sem nenhum a liberdade. Eles estão aprisionados em cadeias. 35, 36. O escravo não fica perm anentem ente na casa, m as o filho fica perm anentem ente. Se, pois, o Filho os libertar, d eve ras serão livres. Jesus apresenta seus inimigos com o escravos em cadeias, sem qual quer liberdade verdadeira. A gora - m udando um pouco a figura - , ele indica um outro aspecto dessa condição de escravidão; Um escravo pode gozar dos privilégios da casa de seu senhor p o r um pouco de tempo, m as nunca para sempre. Ele pode ser dispensado ou vendido a qualquer m om ento. Os judeus, que se vangloriavam de ser descendenles dc A braão, fariam bem em se lem brar disso. A antiga dispensação, eom seus privilégios para Israel, tinha term inado. Os verdadeiros fi
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JOÂO 8.37
lhos de A braão continuarão em sua casa, e gozarão, perm anentem ente, seus privilégios, m as os escravos de Abraão (pense em H agar e cf. Gl 4.21-31) terão de sair. Som ente um filho goza de liberdade. Se, portan to, o Filho de Deus - ver sobre 1.14 - os libertar, verdadeiram ente serão livres. A sentença condicional deixa a responsabilidade para eles, mas a ação (a de serem livres), com ele! A expressão “verdadeiramente serão livres” provavelm ente se refere ao fato de que a liberdade, dada por Cristo, é a única liberdade verdadeira: a. É a libertação da escravidão do pecado, em contraste com a libertação da qual os judeus estavam pensando (tal com o a liberdade do dom ínio dos ídolos, ou da escuridão do politeísm o pagão). b. É sem pre liberdade mais. Quando um a pessoa acusada é isenta da acusação, ela é livre. Igualm ente, quando um escravo é em ancipa do, ele é um a pessoa livre. M as, via de regra, o ju iz ou o em aneipador não adota a pessoa que foi liberta com o seu próprio filho. M as, quando o Filho nos liberta, somos verdadeiram ente livres, desfrutando a glorio sa liberdade resultante da filiação. E, com o o Filho liberta? Resposta: ver 18.12; cf. Isaías 53.5; 2 Coríntios 3.17; Gálatas 4.6, 7. 37. Eu sei que vocês são descendentes de Abraão. Jesus con tinua a dirigir-se ao m esm o grupo dos versículos anteriores (ver sobre 8.30, 31). Ele aceita que eles são, no sentido físico, descendentes de Abraão. M as esse relacionam ento, que lhes tinha dado m uitas vanta gens (ver Rm 3 .1 ,2 ; 9.4, 5), som ente serviu para aum entar sua respon sibilidade (cf. Am 3.2), e fez sua atitude pecam inosa em relação ao Filho de Deus ainda mais visível, em toda sua crueldade. Portanto, Je sus continua: Contudo, vocês estão procurando m atar-m e. A des cendência de Abraão procurando m atar aquele cuja vinda Abraão pre viu com alegre expectativa (8.56)! As seguintes passagens m ostram , claramente, que os judeus estavam planejando, progressivamente, a morte de Cristo: 5.18; 7.19, 25; cf. 7.30, 32, 45; 8.59. Que nesse plano de m atar Jesus é visível um desenvolvim ento progressivo foi m ostrado na p. 25. Quando Jesus enfatiza aqui que a própria descendência de Abraão está procurando m atá-lo, ele está com eçando a m ostrar-lhes que, ape sar de tudo, no sentido espiritual, Abraão não é o pai deles. Q uem são, então, os filhos de Abraão? Todos os crentes verdadeiros. Ver R om a nos 4.1 1,12; Gálatas 3.7, 29. É certo que Jesus não diz isso claram ente.
JOAO fl.18
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t niilinlti.i*’,',,) vritlatlt', piofiiiiniitia por 1’aiilo, está claram ente im plícii>i lio St'iihur. 1*01 que os jiiílciis cslâo procurando m atar Jesus? A resposta é: IN)r(|iic m inlia palavra não encontra espaço em vocês. A conspiraçilo para m atar Jesus ocupa tanto espaço no coração desses judeus, qiic não há espaço (x^pa; portanto, aqui o verbo para as pala vras de Jesus! Aqui temos mais um caso de litotes. O sentido é: Vocês rejeitaram com pletam ente m inha palavra! 38. Eu falo das coisas que tenho visto junto de m eu Pai, as sim tam bém vocês fazem as coisas que ouviram ju n to a seu pai. O sentido, em suma, é o seguinte: a. Há um contraste entre meu Pai e seu pai. M eu Pai e seu pai não são 0 mesm o. M eu Pai é a prim eira pessoa da Trindade; o pai de vocês é.... deixem os que eles fiquem im aginando a resposta! Aos poucos, Jesus lhes dirá quem é o verdadeiro pai deles (ver 8.44). h. I lá um contraste entre o meu relacionam ento com o meu Pai, e II lelaváo deles com o pai deles. Estando ju/íío de m eu Pai (porque eu eslava cm sua presença desde a eternidade; ver tam bém 1.14; 6.46; 7.29; 16.29; 17.8; e cf. 1.1), eu não só ouvi, mas tam bém vi m uitas coisas. Vocês, junto a seu pai (porque vocês estão muito próxim os dele), ouviram certos segredos; ou seja, a instigação para m atar-m e. c. M inha ênfase (no caso presente) encontra-se fa la r (o verbo é l aXá) o que eu vi; eu sou o grande profeta, que veio revelar a vontade do Pai. A ênfase de vocês está em agir, em fazer tudo o que seu pai insinua em seus ouvidos, sem entender com pletam ente o que está en volvido nesse ensino. Vocês ouviram as insinuações de seu pai, e estão prontos a agir; eu, verdadeiram ente, vi a glória de meu Pai, e estou expressando o que vi. No entanto, a seqüência indica que o contraste básico é entre o meu Pai e seu pai. 39 Eles responderam e lhe disseram: Nosso pai é Abraão. Jesus lhes disse: Sc' vocês são filhos de Abraão, então estão fazendo as obras de A b r a ã o . 40
189, Sobre essa sentença condicional, ver nota 182.
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JOÂO 8.39-59
Agora, porém, vocês estão procurando matar-me, um homem que lhes tem dito a verdade que ouvi de Deus. Isso Abraão não fez. 41 Vocês estão fazendo as obras de seu pai. Eles lhe disseram: Nós não nascemos da fornicação;'*^“ temos um pai, que é Deus. 42 Jesus lhes disse: Se Deus fosse seu pai, certamente me amariam, porque eu saí de Deus e vim de Deus; porque não saí de mim mesmo, mas ele me enviou.'” 43 Por que vocês não compreendem meus discursos? É porque não podem suportar ouvir minha palavra. 44 Vocês são de seu pai, o diabo, e desejam satisfazer os desejos de seu pai. Ele foi hom icida desde o princípio, e não se firma na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. 45 Mas, porque eu digo a verdade, não crêem em mim. 46 Quem dentre vocês me convence de pecado? Se eu falo a verdade, por que vocês não crêem em mim?'*^^ 47 Quem é de Deus ouve as declarações de Deus. Vocês não ouvem, porque'*” não são de Deus. 48. Os judeus responderam e lhe disseram: Não temos razão em dizer que és samaritano e que tens demônio? 49 Jesus respondeu: Eu não tenho demô nio; ao contrário, estou honrando a meu Pai; vocês, porém, estão me desonran do. 50 Eu, porém, não busco minha própria glória; há Um que (a) busca e ele julga. 51 Mui solenemente eu lhes asseguro, se alguém guarda minha palavra, certam ente que esse nunca provará a morte.'*'‘* 52 Os judeus lhe disseram: Agora sabemos que tens demônio. Abraão morreu, bem como os profetas; no entanto, tu dizes: Se alguém guarda minha palavra, certamente nunca provará a morte'*'’ 53 Tu és maior que Abraão, nosso pai, que morreu? Os profetas também morreram! Quem, pois, te fazes ser? 54 Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, minha glória nada é.'*^'’ Meu Pai, a quem vocês chamam nosso Deus, é quem me glorifica; 55 no entanto, vocês não o conhecem; eu, porém, o conheço. E se eu disser que não o conheço, serei um mentiroso como vocês.'*"’ Mas eu o conheço e guardo sua palavra. 56 Abraão, seu pai, ficou extremamente feliz de que iria ver meu dia, e ele o viu e se regozijou. 57 Os judeus, pois, lhe disseram: Ainda não (viveste) cinqüenta anos, e já viste Abraão? 58 Jesus lhes disse: Mui solenem ente eu lhes asseguro, antes que A braão existisse, eu sou. 59 Então pegaram em pedras para lhe atirarem. Mas Jesus se ocultou e saiu do templo.
190. 191. 192. 193. 194. 195. 196.
Para o significado de. fornicação, ver C.N.T. sobre 1 Tessalonicenses 4.3. Sobre essa sentença condicional, ver nota 182. Sobre essa sentença condicional, ver nota 182. Sobre ÒTi ver Introdução, p. 82. Sobre essa sentença condicional, ver nota 182. Sobre essa sentença condicional, ver nota 182. Sobre essa sentença condicional, ver nota 182.
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40
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8.39-59 ,»*>11, IsloN riSS|>oiuloriini c lhe disseram : N osso pai é A braão. <) |(iu|)i io (iilo tie Jesus não ler declarado claram ente quem ele tinha iMt) monte quando disse: “Seu pai” irritou m uito a esses judeus. A im pli cação (cspccificam ente, que o sentido era o diabo) se tom aria clara, em bora, nesse momento, ainda estivesse velada. No entanto, qualquer coisa que ele dizia ou indicava, os judeus desconsidevam, dizendo: “Nos so pai é Abraão” . É claro que eles queriam dizer que Abraão é pai em todos os sentidos do termo, não som ente fisicam ente, mas tam bém es piritualm ente; portanto, são espiritualm ente livres, não precisando ser libertados de nenhum cativeiro. Eles se consideravam a descendência espiritual de Abraão. 39b , 40. J esu s lh es disse: Se vocês são filh o s de A b ra ã o , então estão praticando as obras de A braão. Ver tam bém a nota 30. Jesus, em defesa de seu argum ento, presume, por um m om ento, que os judeus estão corretos em cham ar A braão de pai (espiritual) deles. Com li.iNC nessa presuposição, Jesus diz: “estão praticando as obras de Altiíiíío.” Não pode ser diferente. Os filhos de A braão praticam as obras de Abraão. Com o Abraão antigam ente, eles obedecem aos m an dam entos de Deus, confiando plenam ente que Deus fará todas as coi sas boas; eles dão as boas-vindas aos seus m ensageiros, e por últim o, mas não menos im portante, se alegrarão no dia de Cristo (ver sobre 8.56). Essas foram as obras de Abraão (ver, p. ex., Gn 12.1-4; 17.17; 18.1-8; Cap. 22). D iante do contexto (ver especialm ente vs. 37 e 40), do tom da voz e do brilho em seus olhos, os judeus podem facilm ente inferir que Jesus está apenas presum indo, para benefício de seu argu m ento, que eles são descendentes de Abraão, estando, portanto, prati cando as obras de A b r a ã o .F ig u r a s de linguagem , incluindo a ironia. 197. Aqui concordo com o texto de N.N, A falha em ver a ironia na declaração é, talvez, a razão pela qual são feitas tentativas para mudar èoTe para rjie e iroieíxe para èTrocíie. Isso lambém pode explicar o fato de alguns comentaristas, mesmo retendo iroiílTe, o interpre tarem como um imperativo. Temos de concordar que o apoio à leitura èrtoíti-ce não é, de Ibrma alguma, irrelevante. Ver o aparato textual em N.N. A leitura, retida no texto de N.N., lem também um forte apoio, e a mudança do presente para o imperfeito se explica facilinentc. Certam ente c verdade que, se consideramos a sentença condicional em 8.39 como uiriu condição mista, com uma apódose que indica irrealidade, ou como uma condição direta ile Primeira Classe, com implicações irônicas, a idéia resultante é a mesma. Qualquer que
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JOÃO 8.41
são com uns no discurso vivido que encontram os aqui e em várias pas sagens nos Evangelhos. Ver o que foi dito sobre isso em conexão com 5.31. Privada da ironia, a declaração é sem dúvida esta; “Se realm ente vocês fossem realm ente filhos de A b r a ã o ,e n t ã o estariam fazendo as obras de A braão.” Jesus continua; M as agora vocês estão procurando m atar-m e, um hom em que lhes tem falado a verdade que eu ouvi de Deus. Isso A braão não fez. Em grande contraste com A braão, que tinha recebido cordialm ente os m ensageiros de Deus (Gn 18.1-8), e que es perava, com alegria, a vinda do Cristo (ver sobre 8.56), esses judeus estavam procurando m atá-lo. Eles estavam planejando a destruição do m aior B enfeitor da hum anidade, um hom em (a natureza hum ana de Jesus aflorando aqui) que é tam bém D eus, tendo vindo da própria pre sença de Deus, estando, portanto, habilitado a dizer; Eu lhes tenho fala do a verdade que ouvi de Deus. Note o pronom e pessoal, na prim eira pessoa, usado no original; literalm ente; “um hom em que a verdade lhes tenho falado.” Para evidências do fato de que os judeus estavam real m ente planejando m atar Jesus, ver sobre 8.37 (as referências citadas ali). Para o sentido da declaração; “Eu lhes tenho falado a verdade que ouvi de D eus”, ver sobre 5.30; 7.16 e 8.26; cf. 3.11; 5.19, 32, 37. Para o sentido do term o a verdade, ver sobre 8.32. A pequena sentença; “Isso A braão não fez”, é, um a vez mais, um a litotes; A braão fez exata m ente o contrário (ver especialm ente 8.56). 41. Vocês estão fazendo as obras de seu pai. Isso é, essencial mente, um a repetição das palavras de Jesus, conform e registradas no seja o ca.so, a intenção de Jesus é m ostrar que esses judeus não são, realmente, filhos de Abraão, e que isso fica provado pelo fato de eles não estarem realizando as obras de Abraão. 198. E verdade que Jesus usa oirspiia, no versiculo 37, e xtKva., no versiculo 39. Entretanto, é provavelmente incoireto enfatizar esse ponto, como se o termo oirép^a, como tal, tivesse o sentido de semente física, e o term o t é k v o v uma semente espiritual. Um a referência a Romanos 9.7 (como se lá, também. xÍKvov-a tivesse uma conotação mais espiritual) baseiase no entendimento de que a tradução usual dessa passagem está correta. Entretanto, o contexto de Rom anos 9.7 parece indicar, de m aneira clara, que a tradução com um é incorreta e confusa, e que realmente o termo oiréptxa é o mais exclusivo (“Em Isaque será cham ada tua sem ente... os filhos da promessa são reconhecidos pela semente). Em nosso texto (8.39), o term o filhos tem o mesmo sentido do termo sem ente ou descendência (8.37): fisicamente, esses judeus são, de fato, os descendentes de Abraão; no entanto, espiritualmente, eles não o são.
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VI I'll* (ik) 3H, A diferença reside no fato de que está com eçando a tornni 'H* nuiis claro quem é o pa i dos judeus: ele é o tipo de pai que os cncomjti a m atar o Filho unigênito de Deus! O versículo 40 ajuda a tísclarcccr tudo isso. O próprio fato de que Jesus ainda não indicar, cspccificam ente, quem ele tem em m ente quando fala a respeito do pai dcics, faz com que os judeus se im pacientem e se encham de indigna ção. Por isso, eles se apressam em tentar definir o nom e daquele que consideram seu pai espiritual. Eles lhe disseram : Não nascem os da fornicação. Se eles tivessem nascido com o produto de fornicação (iTopu-eía; o substantivo, usado som ente aqui no Evangelho de João mas ver M t 5.32; 15.19; 19.9; M c 7.21 - ocorre freqüentem ente nas epístolas e no Apocalipse), ou seja, de relacionam ento sexual ilícito, seria, sem som bra de dúvida, legítim o questionar a questão da paterni dade. Várias pessoas são, com freqüência, apontadas com o possíveis pais dos que são nascidos de fornicação. Esses judeus, no entanto, es tão seguros de conhecer a identidade de seu pai: Temos um pai, que í Deus. Não é de todo im possível que um a insinuação sinistra esteja nnplícita nas palavras desses inim igos do Senhor, e que o que eles realiiicnlc querem dizer é: “Nós não nascem os de fornicação; m as tu, sim! ('o m respeito à nossa paternidade, não há nenhum a dúvida, mas, com relação à tua, as coisas são diferentes!” Cf. 8.48. C om certeza, co m entários desse tipo circularam mais tarde entre os judeus, e, em sua literatura, Jesus com freqüência é apresentado com o o filho bastardo de M aria. Q uando os judeus dizem que têm um único Pai, que é Deus, eles podem estar pensando em M alaquias 2.10: “Não tem os nós todos o m esm o Pai? N ão nos criou o m esm o D eus?” 42. Jesus lhes disse: Se D eus fosse seu pai, vocês m e am a riam , porque eu saí de Deus e vim dele, e não sa í de m im m es mo, m as ele m e enviou. Com essas palavras, Jesus destrói o argu m ento dos judeus. As próprias ações e atitudes deles desm entem sua arrogância. Se D eus fosse seu verdadeiro pai espiritual, eles certam en te o am ariam . Por amá-lo, tam bém am ariam seu Filho Jesus. Como cies o odeiam , tam bém odeiam o Pai, não sendo, portanto, seus filhos legítimos. 1 João 5.1 é o m elhor com entário para a prim eira parte da I yy. Cf. T. Walker, Jewish Views o f Jesus, Nova York, 1931, pp. 14-23.
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resposta de Cristo. Ver tam bém o que dissem os sobre os elem entos da experiência cristã em conexão com 7.17, 18. Não crem os que as palavras “eu sa í de D eus” e “eu vim dele” deviam ser separadas de tal m aneira que a prim eira expressão se refira à encarnação de Cristo, e a segunda, à sua m issão m essiânica. Ambas, sem dúvida, se referem à sua m issão (ou com issão); mas é claro que não pode ser im aginado à parte de sua encarnação. E a eterna geação do Filho do Pai é básico a ambos os casos. N a encarnação, Jesus saiu de Deus para realizar sua obra m edia dora na terra. Porém , o contato entre o Pai, que envia, e o Filho, que é enviado, perm aneceu intato. Portanto, lemos, e eu vim de D eus. O Filho ainda representa, com pleta e verdadeiram ente, o Pai em tudo o que faz. O Filho não é um tipo de em baixador que deve retornar a seu país e seus superiores a fim de receber novas instruções, e para avaliar se, talvez, ele perdeu o verdadeiro contato com as visões e atitudes daqueles que o enviaram . Para o sentido de Eu vim de D eus (ou do) céu, ver tam bém sobre 6.41, onde discutim os os delicados m atizes dos diferentes tem pos verbais. Os judeus sem pre consideraram Jesus com o um em busteiro vaido so, alguém que tinha vindo de si mesmo, ou de sua própria vontade. Ver sobre 7.28. Jesus, um a vez mais, nega isso enfaticam ente quando declara: “Porque eu não vim de m im m esm o” . As palavras ele me en viou são explicadas pelo paralelism o Eu sa í dele (Deus). Ver acim a; e ver tam bém sobre 1.6; 3.17, 34; 5.36, 37; 8.18, 27, 29; 10.36; 11.42; 12.49; 14.10; 17.3,8. 43. P or que vocês não com preendem m eu discurso? É por que não podem (suportar) ouvir m inha palavra. Os judeus tinham dado indicações constantes de cegueira espiritu al. Isso é particularm ente evidenciado neste capítulo, com o vem os em 8.27; tam bém nas m uitas ocasiões em que fazem perguntas estúpidas, tais como: “Onde está teu pai?” (8.19); “Será que ele vai se m atar?” (8.22); “Q uem és t u T (8.25); “Com o é que dizes, vocês serão livres?” (8.33), e particularm ente no fato de que não parecem entender quem Jesus tem em m ente quando fala sobre o verdadeiro pai deles. A lingua gem usada por Jesus, seus termos e frases, todo seu m odo de falar
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( (’*iiin mistério para eles. Eles não a entendem. Para o significatlti iH) voib», vür sobre 1.10, 31 ; 8.28. Jesus explica esse em botam ento espiritual. Ele diz que o m esm o se origina do fato de eles não poderem ouvir sua palavra (xòv ÍIóyov), ou seja, sua m ensagem. E claro, neste presente contexto, que Jesus os acusa dessa inabilidade. Portanto, as palavras vocês não podem signi ficam vocês não podem suportar. Com o o próxim o versículo nos m os tra, a vontade deles é má. A pergunta e a resposta não form am um a tautologia; ao contrário, a resposta declara a razão para o fato de ser m encionado na pergunta. O versículo pode ser parafraseado da seguin te m aneira: “Por que vocês não reconhecem o sentido de m inhas fra ses, conform e eu posso ver por suas perguntas, exclam ações e cons tantes insultos? É porque, devido a toda a sua m aldade, vocês não po dem ouvir a verdade da m ensagem que m inhas palavras transm item ” . A mente deles é com pletam ente tendenciosa! Vocês não podem - vorê.s não podem - vocês não podem (ver 3.3, 5; 5.44; 6.44 e agora Uimbém 8.43). Esse é o triste estado do pecador; especialm ente daque les que se opõem aos oráculos de Deus. 44. Vocês são de seu pai, o diabo, e querem satisfazer-lh es os d esejo s. De repente, Jesus fala abertam ente; ou seja, ele não m ais insinua, mas claram ente dá o nom e de seu pai. A palavra que ele usa cai com o um a bomba: “Vocês são de seu pai, o diabo” . Cf. M ateus 13.38; 23.15; 1 João 3.8 e A pocalipse 12.9. Fisicam ente, esses judeus certam ente são filhos de Abraão, mas, m oral e espiritualm ente - e essa era a ques tão - , eles são filhos do diabo. Apenas para esclarecer, podem os obser var que a tradução: “Vocês são filhos do pai do diabo” é certam ente tão com pletam ente estranha ao contexto que nem m erece algum com entá rio adicional. Jesus não só faz essa acusação, com o tam bém a prova. A identida de das paixões e dos desejos interiores estabelece a descendência espi ritual. Eles estão constantemente desejando (o verbo está no presente contínuo) satisfazer aos desejos do diabo; portanto, ele deve ser seu piii. O diabo deseja m atar e enganar, e do mesmo m odo, eles tam bém . Jesus passa a m encionar cada um desses desejos:
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JOÃO 8.44
E le foi hom icida (literalm ente, assassino de hom ens) desde o princípio. Desde o princípio da história da raça hum ana, o diabo já tinha o hom icídio em seu coração, e realm ente m ergulhou os seres hu manos no oceano da morte física, espiritual e etem a. cf. Rom anos 5.12; H ebreus 2.14; 1 João 3.8. A queda do ser hum ano, juntam ente com todos seus resultados, aponta para ele com o seu autor. E (ele) não se firm a na verdade, porque nele não há verdade. Foi usando um a m entira que o diabo trouxe a morte (ver Gn 3.1, 4). Assim , Jesus liga esses dois conceitos; o diabo é tanto assassino quanto m entiroso. Ao dizer que Satanás não se firm a n a verdade, e acrescentar im ediata m ente que não há nenhum a verdade nele, o Senhor enfatiza, da m anei ra m ais direta possível, a idéia de que não existe nenhum a ligação entre o diabo e a verdade: os dois são opostos entre si. Note, no entanto, que a segunda declaração é introduzida com o a razão para a prim eira: O que Satanás é determ ina sua posição.^“’ Q uando ele profere m entira, fala do que lhe é p róprio. O diabo é, pois, a própria fonte de mentiras, o criador da falsidade (ver Gn 3.1, 4; Jó 1.9-11; M t 4.6, 9; At 5.3; 2Ts 2.9-11). Ele só é verdadeiro quando mente. Q uando não m ente (At 16.16, 17), ele cita outros, ou m esm o plagia; mas, m esm o nesses casos, ele dá às palavras em presta das um sentido falso, com o objetivo de criar um a ilusão. Ele sem pre 200. A tradução: “E (ele) não se firmou na verdade”, apesar de adotada por muitos comentaristas, na base de prova textual, fornece uma sentença muito difícil. Na tentativa de explicá-la, alguns seguem a seguinte linha: (1) Satanás, o anjo perfeito, não permaneceu na verdade, mas caiu. Objeção: Ele caiu porque não há (no presente) nenhuma verdade nele? Mas então o efeito precede a causa. Será, pois, que ele caiu por não haver, essencialmente, nenhuma verdade nele (não há, nem nunca houve)? Mas então como podemos falar de uma quedai (2) Depois da queda, o diabo não se firma na verdade. Embora esta explicação seja melhor, ainda esperamos a seguinte leitura desta cláusula: “Porque nele não havia verdade” . As dificuldades são removidas, e ganhamos uma sentença belam ente equilibrada, quando temos os tempos verbais em perfeita coiTespondência, ao adotarmos a tradução que eu prefiro: “e ele não se firma na verdade, porque nele não há verdade” . A sentença que imediatamente segue esta, também indica que Jesus enfatiza o que o diabo está fazendo neste tempo presente (em continuação à sua atividade desde o princípio). A evidência textual para a leitura, que é a base da tradução (“e ele permaneceu”), não pode ser considerada conclusiva. Concedemos imediatamente que os “m elhores” textos apoiam a leitura o ú k íotriKey (em vez de oòx toTr|Kr|i'), mas devemos lembrar dois fatos relacionados a isso: a. o texto preferido pode também ser uma forma do perfeito; b. a desaspiração é comum no grego coinê.
JOÂO 8.45-47
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iiii'iik' e engana, e faz isso para poder matar. Porque é m entiroso e )>{|S da mentira. Podem os traduzir: “seu pai” (no caso, a m entira) ou "s'(‘u pai” (no caso, o m entiroso). No entanto, a ligação lógica favorece a prim eira tradução. C om o a passagem deixa claro, Jesus crê que o diabo realm ente existe, e que ele exerce um a influência trem enda na terra. Para nosso Senhor, o principe do mal não é um a fantasia da im aginação hum ana, mas um a triste realidade! 45. M as, p o rq u e eu d igo a verd ad e, vocês n ão crêem em mim. O termo a verdade é usado, neste caso, no sentido daquele uni verso de idéias que corresponde à realidade conform e revelada pelo Pai ao Filho (ver 8.40). É a verdade a respeito das coisas espirituais, tais com o a depravação total do ser hum ano e sua incapacidade natu ral, o plano divino de salvação, o envio do Filho para tornar possível a salvação, a punição daqueles que o rejeitam etc. O coração orgulhoso do hom em não dá boas-vindas à verdade, porque ela revela o caráter deturpado e a condição perdida dele. Além do mais, devem os lem brar (jue aqueles aos quais o Senhor fala são cham ados de filh o s do p a i da mentira. Portanto, com o Jesus fala a verdade, ele é rejeitado. Cf. os com entários sobre 8.43. 46, 47. Jesus antecipa a seguinte objeção por parte deles; “Tu não falas a verdade; portanto, não podes esperar que creiam os em tuas palavras.” N esse caso, ele seria um pecador, e eles poderiam provar isso. Eles podem ? Jesus diz; Q uem dentre vocês m e convence de pecado? Aqui, “convencer” significa acusar e ser capaz de provar a acusação. A pergunta indica que Jesus, não apenas não tinha qualquer lem brança de pecado em si, mas tam bém realm ente não tinha pecado algum. A conclusão inescapável é, sem dúvida, que ele sem pre fala a verdade. O teólogo radical dos dias de hoje é inconsistente quando, por um lado, proclam a a perfeição m oral de Jesus; e, por outro lado, rejeita suas reivindicações gloriosas! Se Jesus é sem pecado, suas reivindica ções devem ser aceitas. Qualquer outra atitude é positivam ente m alig na. Se eu falo a verdade, por que não crêem em mim? A pergunta ti,s choca. Eles não têm com o respondê-la. A resposta honesta e verdadciiii seria: “Porque vocês não são filhos de D eus”. Q uem é de Deus ouve as palavras de Deus. A ssim com o os que são do diabo se infla
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JOÂO 8.48-51
m am com seus desejos (8.44), assim tam bém os que são do Senhor dão ouvidos às suas palavras. Os judeus, por não darem ouvido ao que Jesus dizia, provam, um a vez mais, sua descendência e Ugação espirituais. 48. Os judeus, não dispostos a adm itir sua derrota, apelam para insultos viciosos e enganosos: N ão tem os razão em dizer que és sam aritano e que tens dem ônio? O ódio entre os judeus e os sam a ritanos era muito grande. Ver sobre 4.9, onde isso é provado e explica do. C onseqüentem ente, a acusação amarga: “tu és sam aritano” era o pior insulto que os judeus podiam pensar em dizer. Para tornar o insulto ainda m ais m ortal, eles dizem que isso era o que eles com entavam entre si. E, com o se isso ainda não fosse suficiente, acrescentam (por que sua pergunta é feita de um a form a que um a resposta positiva é considerada tão óbvia que nem m esm o é necessária): “e (tu) tens de m ônio.” Cf. tam bém 10.20 e M ateus 12.24. O mau espírito que o pos suía estava levando-o a denunciar aquelas pessoas boas que não reco nheciam nenhum outro pai além de Deus! 49-51. Jesus respondeu: Eu não tenho dem ônio; ao con trá rio, estou honrando a m eu Pai; vocês, porém , estão m e deson rando. A negação enfática de Jesus de que os judeus tinham o direito de reivindicar a paternidade divina não foi inspirada por Satanás. M uito ao contrário. Ela aconteceu com o um a reação zelosa pela honra do Pai (cf. 7.18), pois os judeus, ao cham arem Deus nosso Pai (8.41) e profe rirem tais insultos m onstruosos contra o Filho (8.48), estavam deson rando ao Pai. Eles tam bém desonram diretam ente ao Filho, quando dizem: “Tu és sam aritano e tens dem ônio ”, e indiretam ente por deson rarem ao Pai (cf. 5.23). Entretanto, não se faz necessário que o Filho defenda sua própria honra; o Pai tom ará conta desse caso, e julgará com seu reto juízo: Eu, porém , não busco m inha própria glória; há Um que (a) busca e ele ju lga. M uito ao contrário. M ui solenem ente eu lhes asseguro (sobre essa expressão, ver 1.51): se (em vez de m e desonrarem ) al guém guarda m inha palavra, esse certam ente nunca verá a m or te. Os inim igos jam ais poderão dizer que nunca tiveram um a oportuni dade de ouvir a proclam ação do evangelho! G uardar a palavra de Cristo significa: a. aceitá-la pela fé; b. obedecê-la; e c. zelar por ela.
JOAO 8.52, 53
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ViT lambém 8.55; 14.23, 24; 15.20; 17.6 e 1 João 2.5. Quem quer que laça isso (seja judeu ou gentio, isso não tem a m ínim a im portância!), nunca verá (ou seja, experim entará - cf. as explicações de 3.3) a m or te. Com o é evidente nas passagens paralelas neste Evangelho, a m orte, no sentido em que a palavra é usada, é a separação do am or de Deus, e a experiência de sua pesada ira e condenação, e isso em caráter eterno. Cf. tam bém M ateus 25.46; 2 Tim óteo 1.9. A expressão inteira, evidentem ente, é um a litotes. O sentido real do texto é que a pessoa que guarda a palavra de Cristo de fato verá a vida (etem a), e partilhará dela, em toda sua beleza e doçura, com o descrito de modo m aravilhoso em 14.23; 17.3 e A pocalipse 3.20. Ver tam bém as explicações de João 3.16. Com esta passagem de 8:51, com pare 3.36; 5.24 e 11.25, 26. 52, 53. O s ju d eu s lhe d isseram : A gora sab em os que ten s dem ônio. A braão m orreu, bem tam bém os profetas; no entanto, dizes: Se alguém guardar m inha palavra, esse certam ente nunca verá a m orte. - Porventura és m aior que Abraão, nosso pai, que m orreu? O s profetas tam bém m orreram . Q uem , pois, te fazes ser ? O terrível insulto (cf. 8.48) é agora repetido com um a ênfase reno vada. Ele se tornou um a zom baria exultante e perversa; “A gora sabe mos que tens dem ônio.” O sentido desta expressão não deve ser dim i nuído, vindo a significar que “agora sabemos que és louco” . A realida de da possessão dem oníaca era geralm ente aceita (cf. M t 12.24). M ais um a vez, com o tantas vezes antes, ao dito sublim e de Cristo (8.51) é dada um a interpretação literal e terrena, com o se ele estivesse falando da m orte física. Eles dizem: “A braão m orreu, com o tam bém os profe tas” . A biografia de todos esses grandes hom ens term inou com um triste e seco com entário: “E ele m orreu”. Parece até que estam os ou vindo o eco de Genesis 5: “E ele m orreu.... ele m orreu... ele m orreu” . É certo que, m esm o no m ero plano físico, há tam bém G ênesis 5.24 e 2 Reis 2.11, e esses profetas (Enoque e Elias) não tinham m orrido, nem mesmo fisicam ente! M as Jesus não estava falando sobre a morte físi ca. Assim, quando então esses judeus hostis repetem e por im plicação veem entem ente rejeitam a prom essa m ajestosa do Senhor, com o se ela Ittssc um absurdo palpável, eles estão apenas com provando a veracidíule das palavras do M estre registradas em 8.43.
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JOÂO 8.54, 55
A pergunta, “porventura és m aior que Abraão, nosso P ai...” lem bra im ediatam ente outra frase sem elhante que procedeu dos lábios da m u lher sam aritana (4.12). Entretanto, no caso dela, logo depois de sua pergunta, seu coração deu um a resposta positiva. Com eles, a situação era diferente. O caso deles era de endurecim ento progressivo: “Por quem te tom as?” Com o se Jesus estivesse tentando glorificar a si m es mo! C ertam ente 8.49 (Estou honrando a m eu Pai) ainda não tinha sido registrado na m ente deles. 54. Jesus respondeu: Se m e glorifico a m im m esm o, m inha glória nada é. A glória de um usurpador m egalom aníaco é vazia. Ela não tem substância nem mérito. M as Jesus definitivam ente não perten ce a essa classe de pessoas: M eu Pai, a quem vocês cham am nosso Deus, é quem m e glorifíca. Para a reivindicação de paternidade divi na, feita pelos judeus, e a refutação de Cristo, ver sobre 8.41, 42. O m esm o que é cham ado orgulhosam ente “nosso D eus”, por esses ju deus indignos, perversos e difamadores, é quem glorifica o Filho a quem eles rejeitam! Isso prova quão desprovida de peso é a reivindicação que fazem , e quão m aligno é seu ataque. O Pai está sempre ocupado com a (observe a força contínua do particípio presente) glorificação do Filho. E le faz isso ao capacitar o Filho a realizar obras m aravilhosas (11.4; cf. A t 2.22); ao revelar suas virtudes, em conexão com seu sofri m ento; ao recom pensá-lo por isso (12.16; 13:31; 17:1-2, 5; cf. Fp 2:911); e às vezes até m esm o ao falar diretam ente do céu (ver sobre 1.34). “Esse Pai que vocês cham am nosso D eus”, diz Jesus, e continua: 55. No entanto, vocês não o conhecem ; eu, porém , o con h e ço. Se eu disser que não o conheço, serei m entiroso, exatam en te com o vocês. M as eu o conheço e guardo sua palavra. A pesar de vocês, jactanciosam ente, monopolizá-lo, cham ando-o nosso D eus, con tudo não o conhecem-, eu, porém, o conheço. No original, o prim eiro verbo é èyvcjK aT e (de ylvcÓ okco); o segundo é o l ô a . Portanto, a menos que a transição de um verbo para outro seja m eram ente para o benefí cio da variação (o que é improvável), o sentido é o seguinte: Vocês não aprenderam a reconhecê-lo, nem ficaram fam iliarizados com ele (em bora ele tenha se revelado a vocês), mas eu o conheço, tanto de m odo intuitivo quanto direto (tendo perm anecido em sua presença por toda a eternidade; cf. 1.18). No entanto, é correto acrescentar que os m aldo
JOÂO 8.56
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sos judeus não possuíam nenhum dos dois tipos de conhecim ento (cf. 8.55 com 7.28), enquanto Jesus tinha ambos, ou seja, ele conhecia o Pai por intuição e por experiência (cf. 8.55 com 10.15; 17.25). O bserve que, por m eio da sentença condicional (sobre a qual, ver a nota 30), Jesus, em linguagem direta, cham a esses hom ens de m entiro sos. Isso já estava im plícito em 8.44; ver a explicação desse versículo. Em relação ao restante, as idéias contidas em 8.55 devem ser con sideradas repetitivas. Para “vocês não o conhecem ” , ver sobre 7.28; 8.19; cf. as explicações de 3.11; 5.37, 38; 6.42. Para “eu o conheço” , ver sobre 7.29; cf. com as explicações de 3.11, 32, 34; 6.46; 10.15; 17.25. Para “guardo sua palavra” , ver sobre 8.29, 46, 49. P ara o senti do do verbo guardar, ver sobre 8.51. 56. A braão, seu pai, fícou extrem am ente feliz por saber que veria m eu dia, e ele o viu e se regozijou. Os judeus se orgulhavam do fato de que A braão era seu pai (8.33). M as Jesus m ostra que essa auto-satisfação era indevida. Abraão tinha um espírito diferente (8.39, 40). Se eles tivessem sido seus contem po râneos, ele teria ficado muito insatisfeito com seus com patriotas, pois, com o Jesus declara, a atitude deles em relação ao Cristo era exata m ente oposta à que teve o pai da fé: “Abraão, seu pai (ainda que só fisicam ente, em bora, na im aginação deles, tam bém espiritualm ente) fi cou extrem am ente feliz (para o verbo usado, ver tam bém 5.55; M t 5.12; Lc 1.47; 10.21; At 2.26; 16.34; IPe 1.6, 8; 4.13; Ap 19.7;e, note sua associação com se regozijou, em algumas dessas passagens, com o tam bém na passagem em estudo) por saber que veria m eu dia.” Ele ansiava por esse dia, esperando-o com grande expectativa. E, quando o dia chegou, “ele o viu e se regozijou” . O que nos parece ser a explicação mais razoável para essas pala vras é a seguinte: Abraão exultou quando Deus prom eteu dar-lhe um filho. Ele mal pôde esperar que a prom essa se cum prisse. E quando o alegre dia chegou para aquele hom em centenário, o filho recebeu o nome de Isaque, isto é, riso. A prom essa do nascim ento daquele filho (c também do cum prim ento da promessa), significava tudo para Abraão, |)ois, além das m uitas bênçãos temporais ligadas a ela, havia tam bém a grande bênção espiritual de poder ser, por interm édio desse nasci
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JOÃO 8.56
m ento, um a bênção a todas as famílias da terra. Será que Abraão, m es mo naquela ocasião, entende que Isaque não será a Esperança da hu m anidade, mas que seu nascim ento pavim entará o cam inho para a vin da do verdadeiro M essias? Ele deve ter esperado, confiantem ente, que Deus cum prisse seus desígnios por meio de Isaque, pois quando Deus ordenou-lhe que sacrificasse seu filho, Abraão estava com pletam ente convencido de que a m orte não teria a últim a palavra, mas que Deus, se fosse necessário, o traria de volta à vida (Gn 22; cf. Hb 11.17-19). E por que seu coração estava tão cheio de alegria, por ocasião do nasci m ento de Isaque? Isaque era seu próprio filho, o filho de Sara. Mas, havia algum a outra razão m ais profunda? Sim, e ela era a seguinte: Ele interpretou a prom essa de Deus (Gn 15.4-6; 17.1-8; cf. 22.18) com o significando que o Abençoado, por meio de quem Deus abençoaria to das as nações, viria da linhagem de seu filho. Assim , com o Hebreus 11.13 declara, ele (e outros, antes dele) m orreram em fé, não tendo recebido (o cum prim ento das) prom essas, vendo-as, porém, de lon ge. Foi assim que Abraão viu o dia de Cristo e alegrou-se. A ceitam os esta explicação com base no seguinte: (1) Ela está apoiada na base sólica da tradição histórica inspirada: a alegria de A braão (e Sara, apesar de que, no caso dela, a m esm a foi m isturada com pecado) em conexão com o nascim ento de Isaque, era algo m uito conhecido, ao qual há muitas referências (Gn 17.17; 21.3,6; cf. Gn 18.12-15 e Hb 11.17). Qualquer pessoa que ouvisse as palavras de Jesus, e conhecesse a história de Abraão, ligaria sua m enção (à alegria de Abraão) da fé com as passagens muito conhecidas de Gênesis. (2) No Targum A ram aico de G ênesis 17.17, a palavra hebraica para “riso” é traduzida por “regozijo” .^®' (3) As Escrituras claram ente ensinam que, durante a antiga dispen sação, e até os dias das jornadas de Cristo na terra, havia um a grande expectativa m essiânica (ver, além de Hb 11.13, tam bém Gn 3.15; 49.10; D t 18.15-18; 2 Sm 7.12, 13; SI 2.8, 16; 22.40. 45, 48; 69; 89; 95; 102; 109; 110; 118; Is 7.14; 9.6; 42; 53; Dn 7.9; M q 5; Zc 6.9; Ml 3; M t 11.13; Lc 2 .2 5 ,2 6 ,3 8 ; 3.15; Jo 1.19-28,41; 4 .2 5 ,2 9 ,4 2 ; At 10.43; IP e LlO12); e, apesar de a m aioria das referências acim a ser posterior a Abraão, 201. Ver E. Nestle, “Abraham Rejoiced”, ExT, 20 (1909), p. 477.
JOÃO 8.57
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quem negará a possibilidade de que a expectativa de um Libertador pessoal possa ter surgido já no Paraíso, e ter penetrado no coração dele? Para as explicações que rejeitam os, ver nota.^"* 57. Os ju d eu s, pois, lhe disseram : A inda não (viveste) cin qüenta anos, e já viste Abraão? Os judeus, com sua m ente m aterialista, m udana e literalista, não eram capazes de entender com o poderia existir qualquer contato entre Jesus e Abraão. A idéia de ver de longe (e saudar), pela fé , de fato lhes era com pletam ente estranha. Jesus lhes dissera que Abraão havia visto seu dia. P or isso, se esperaria que eles dissessem : “ ...e Abraão te viu?" E essa é exatam ente a m aneira que um a tradução im portante coloca as palavras. E sta leitura pode ser a correta. Por outro lado, pode ser tam bém um erro devido ao fato de que o texto que o escriba estava copiando continha um a pergunta feita de form a inesperada, “E viste A braão?” A pergunta assim colocada (que tem forte apoio textual), em bora um tanto surpreendente quanto à forma, pode ser explicada com o o resultado do seguinte processo de raciocínio: “Se, com o ele diz, Abraão o viu, então ele deve ter visto Abraão; mas, para ter visto Abraão, que viveu há cerca de dois mil anos, ele deve ser na verdade um ho mem muito velho.” Portanto, eles dizem: “Ainda não (viveste) cinqüen ta anos, e viste A braão?” Para sua m ente descrente, era um absurdo que Jesus pudesse ter visto Abraão. Com o, se ele nem tinha quarenta anos-, mas, p o r generosidade, estavam dispostos a conceder “nem m es mo cinqüenta". De form a algum a (assim eles pensavam ) Jesus pode ria ter visto Abraão. - De passagem , devem os m encionar que sua per gunta incrédula não tem nenhum a inplicação para a definição da idade exata de Jesus, ou para sua aparência exterior (se ele tinha a aparência de quem tem quase 50 anos de idade). 202. Não podemos concordar com as seguintes explicações de 8.56: (1) Ele alegrou-se quando viu Jesus, como um dos três homens referidos em Gênesis 18 Mas, à parte de outras objeções, o termo “alegria” ou “riso” não é usado nesse relato em relação a Abraão. E, além disso, porque aquele encontro deveria ser cham ado “meu dia” ? (2) Na visão de Abraão, o dia de Cristo, no qual ele se regozijou, realmente chegou em eonexão com o nascim ento de Isaque. - Mas, se esse for o caso, um sentido estranho é dado nn icrmo “meu dia”. E também, não se faz justiça a Hebreus 11.13. t () A alma de Abraão, no céu, se alegrou quando Jesus nasceu em Belém. - Mas esta i')i|)IU‘iiçno insere um elem ento estranho ao texto, uma inovação não registrada em neI otilro lugar das Escrituras.
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JOÂO 8.58, 59
58. J esu s lh e s d isse: M u i so len em e n te eu lh e s a sseg u ro , antes que A braão tivesse nascido, Eu Sou. Os judeus tinham co m etido o erro de atribuir a Jesus um a existência m eram ente tem poral. Eles só viam a m anifestação histórica, e não a Pessoa eterna; som en te o ser hum ano; não o ser divino. Jesus, portanto, reafirm a sua essên cia etem a e absoluta. Para a cláusula introdutória (“M ui solenem ente eu lhes asseguro”), ver sobre 1.51. O caráter apropriado desta cláusu la, usada aqui para introduzir um a verdade muito sublime, é im ediata m ente evidente. Em contraste com a vida passageira de Abraão (ver Gn 25.7), Je sus coloca sua própria presença eterna. Ele, ao enfatizar este presente eterno, usa o infinitivo aoristo, indicando a época do nascim ento de Abraão, e o indicativo presente, em relação a si próprio; portanto, não se traduz: Eu era, mas Eu sou. Portanto, o pensam ento aqui contido não é som ente que a segunda pessoa da Trindade sem pre existiu (exis tiu por toda a etem idade: cf. 1.1, 2; Cl 1.17), em bora isso tam bém este ja im plícito, m as que sua existência transcende o tempo. Ele é, portan to, exaltado infinitam ente acim a de Abraão. Ver tam bém sobre 1.18, e cf. 1.1, 2. O “Eu sou”, usado aqui (8.58), nos lem bra o “Eu sou” de 8.24. Basicam ente, o m esm o pensam ento, isto é, que Jesus é Deus, é expresso em ambas as passagens. Além do mais, o que ele declara aqui, em 8.58, é a sua resposta não só às palavras dos judeus, registra das em 8.57, mas tam bém às que se encontram em 8.53. 59. E ntão, p egaram em pedras para atirarem nele. Jesu s, porém , ocultou-se e saiu do tem plo. A oposição contra Jesus, nes sa ocasião, alcançou um outro nível. Os judeus, incapazes de conter a si e a sua indignação, e aparentem ente vendo na declaração de Cristo (8.58) um a terrível blasfêm ia que deveria ser punida com a m orte por apedrejam ento (Lv 24.16), correram para um a parte do tem plo que ainda estava em construção. Ver sobre João 2. 20. H avia m uitas pe dras espalhadas pelo chão. Eles pegaram algum as delas, com a inten ção de apedrejá-lo até a m orte, sem dar-lhe a chance de se defender num julgam ento justo. N esse m eio-tem po, Jesus, sabendo que o m om ento apropriado para entregar sua vida ainda não havia chegado, ocultou-se (talvez, no meio de um gm po de am igos) e saiu do tem plo. E provável que a últim a
JOAO 8.12-59
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NOiUcnça de 8.59 deva ser considerada com o um a hendíades, de modo ijlit' 0 pensam ento resultante seja o seguinte: ele saiu secretam ente (escondido pela m ultidão) do templo.
Síntese de 8 . 1 2 - 5 9 Ver 0 Esboço na p. 327. O Filho de D eus Exortando as M ulti dões: “Eu Sou a Luz do M undo. ” Seus Inim igos Estão Prontos a A pedrejá-lo. Jesus, ao exortar um a vez mais a m ultidão presente no tem plo (líde res religiosos hostis, fariseus, cidadãos de Jerusalém e talvez alguns peregrinos), tam bém revela, m ais um a vez, quem ele é. E ssa seção contém; a. sua elevada reivindicação; e b. a reação deles. Nos versícu los 12-20 tem os o registro da reação dos fariseus. Alguns deles, sem dúvida, eram m em bros do Sinédrio. Nos versículos 21-30 tem os a des crição da atitude dos judeus. Com toda probabilidade, os te rm o s /a n seus e ju d eu s se sobrepõem (com o parece evidente num a com para ção entre os vs. 13, 20, 21 e 22). Geralm ente, o term o ju d eu s indica a classe dom inante hostil e seus seguidores. N esse grande grupo havia, sem dúvida, m uitos fariseus. Do versículo 30 até o fim do capítulo, a conversa desenvolve-se entre Jesus, por um lado, e muitos dos presen tes. É verdade que, com toda certeza, ainda estam os tratando com o mesm o grupo de pessoas: note a expressão “os judeus” , nos versículos 48, 52 e 57. De fato, parece que, ao longo de todo o capítulo, os perso nagens envolvidos são essencialm ente os m esm os, apesar de nem to dos estarem provendo um a resposta audível às palavras de Jesus. A auto-revelação de Cristo, por um lado, e por outro lado a reação daqueles a quem ele se dirigiu podem ser resum ida da seguinte maneira: Jesu s:
O s Judeus:
Aquele que traz a luz: “Eu sou a luz do m undo”.
1. Clara contradição: “Seu testem unho não é verda deiro.”
0 confiável: “M eu testem unho é certamente verdadeiro.... E le dá testem u-
2. Insinuação caluniadora: “Onde está teu pai?”
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JOÂO 8
nho a m eu respeito. Eu testifico de m im m esm o, e o Pai que me enviou.” O que vai para o Pai: “Para onde eu vou, vocês não podem ir.”
3. Sarcasm o escarnecedor: “Será que ele vai se matar?"
O objeto correto da fé: “Se vocês não crerem que eu sou ele, m orrerão em seus peca dos.”
4. D esdém chocante: “Tu, quem és tu T ’
O enviado do Pai:
5. Ignorância com o resultado de p reconceito: “Eles não reconheceram que ele lhes falava do Pai.”
“Aquele que me enviou é ver dadeiro, e o que eu ouvi dele, es sas coisas eu falo ao m undo.” O Filho do hom em que seria “le va n ta d o " p o r eles: “Quando vocês tiverem levan tado o Filho do hom em , então sa berão que eu sou ele.” A Verdade que pode libertar os hom ens: “Se vocês permanecerem em minha palavra, são verdadeiramen te meus discípulos, e conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” . A quele que revela Deus: “Se são filhos de Abraão, en tão vocês estão fazendo as obras de Abraão. M as agora vocês es tão procurando m atar-m e, um ho m em que lhes tem falado a verda de que ouvi de Deus. Isso Abraão
6. M ero assentim ento mental: “Enquanto ele estava dizendo essas coisas, m uitos creram nele.” 7. Surpresa arrogante: “Somos descendentes de Abra ão e jam ais fom os escravos de al guém. Como, pois, dizes: Vocês serão livres?” 8. In sin u a ç ã o v e x a tó ria ( uma vez m ais) e ja ctâ n cia cega: “Não nascemos de fornicação; temos um pai, que é D eus.”
JOÃO 8
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não fez. Vocês estão fazendo as obras de seu pai.” A quele sem pecado: “Vocês são de seu pai, o diabo ... Q uem dentre vocês me conven ce de pecado?”
9. O fensa indecente: “Não temos razão em dizer: Tu és sam aritano e tens dem ônio’?”
O Príncipe da Vida: “Eu não tenho dem ônio ... Se alguém guarda minha palavra, esse certam ente nunca verá m orte.”
10. Infidelidade hostensiva: “A gora sabem os que tens dem ônio...Q uem te fazes ser?”
O R egozijo de A braão: “Abraão, seu pai, ficou extre m am ente feliz quando soube que veria meu dia, e ele o viu e se re gozijou.”
11. Zom baria mordaz: “Ainda não (viveste) cinqüen ta anos e viste a A braão?”
O Eterno: “Antes que A braão houvesse nascido, eu sou.”
12. Violência fra n ca : “E ntão p egaram em pedras para lhe atirarem .”
C a p ít u l o 9 JO Ã O 9.1-7 1 E, enquanto ele caminhava, viu um homem cego de nascença. 2 E seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este homem ou SCU.S pais, para que^‘” nascesse cego? 3 Respondeu Jesus: Nem este homem pecou, nem seus pais, mas (isso aconteceu) para que as obras de D eus se manifestem nele.-’’^ 4 Enquanto é dia, devemos fazer as obras daquele que me enviou. A noite está chegando, quando ninguém pode trabalhar, 5 Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. 6 Tendo dito essas coisas, ele cuspiu na lemi c fez Iodo com a saliva, aplicando essa saliva a seus olhos, 7 dizendo-lhe: Víi e lave-se no tanque de Siloé (que interpretado significa Enviado). Ele foi, lavou-se e voltou enxergando.
9
9.1-7 1. cença.
E , enquanto ele cam inhava, viu um hom em cego de nas
Q uando Jesus ia cam inhando ou passando, viu um hom em que sofria de cegueira congênita. Isso era muito com um entre os antigos, da m esm a form a que na atualidade, entre as pessoas que não tom am os devidos cuidados relativos ao recém-nascido.^“ N em a hora nem o lugar do acontecim ento foi registrado no pre sente parágrafo. Existe, contudo, um a com paração interessante entre o hom em que tinha cegueira congênita e o coxo de nascença (ver, para este últim o, At 3). Am bos eram m endigos. O coxo era posto diaria203. Sobre 'iva ver pp. 67, 68, 73. 204. Ou: “m as para que as obras de Deus possam ser mostradas nele, devem os fazer as (ihras daquele que me enviou enquanto é dia” . Ver W. H. Spencer, “John 9.3” ExT, 55 (1944), p. 110. 205. Ver o artigo Blindnes.i, in D.C. G.
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m ente à porta do tem plo cham ada Formosa. Visto que m uitos dos d e votos passavam por ela ao entrar e sair do tem plo, esse era um lugar apropriado para aqueles que eram dignos de pena e caridade. Aqui tam bém a passagem em estudo (9.1-7) estabelece um a ligação estreita entre o tem plo (8.59) e esse m endigo que tinha sido cego desde seu nascim ento. Assim, alguns são de opinião que Jesus, ao deixar o tem plo, encontrou esse hom em sentado num a de suas portas esm olando. Outros, entretanto, apontam para o fato de que o hom em cego fora curado num sábado (9.14), e consideram im provável que os judeus ten tassem apedrejar o Senhor (8.59) nesse dia sagrado. Contudo, talvez não seja muito recom endável colocar limites tão rígidos no núm ero de crim es que os judeus, fora de si por causa da ira e da inveja, se perm i tiram com eter no sábado (Cf. M t 27.62-66). Nós sim plesm ente não sabemos se os acontecim entos registrados nos capítulos 8 e 9.1 -34 ocor reram no m esm o dia. Mas se o hom em cego não tiver sido curado no m esm o dia em que Jesus escapou de ser apedrejado, o m ilagre deve ter ocorrido logo em seguida (talvez no dia seguinte). A idéia de que ele teria ocorrido no dia da Festa da D edicação (em dezem bro) é incorre ta. A ocasião da festa só é alcançada no versículo 10.22. Não som os inform ados sobre o modo com o Jesus e seus discípulos descobriram que esse hom em era cego de nascença, mas bem pode ser que isso fosse do conhecim ento geral. Ver tam bém sobre 5.6. 2. E seus discípulos lhe perguntaram , dizendo: Rabi, quem pecou, este hom em ou seus pais, para que nascesse cego? Pelo que esse versículo indica, os discípulos teriam acom panhado seu m es tre a Jerusalém . Para eles, esse hom em cego representava um enigm a teológico. Eles provavelm ente raciocinaram mais ou menos do seguinte m odo, “Por trás de toda enferm idade física ou deficiência jaz um peca do, geralm ente o pecado do próprio deficiente. M as com o pode isso ser verdade se o hom em nasceu com a deficiência? N esse caso, ela não pode ter sido causada por suas faltas, poderia? Se assim for, isso é ju sto? M as há ainda outra possibilidade: a pessoa que nasceu com a deficiência pode, no final das contas, ter causado seu infortúnio, pois ele pode ter com etido atos de pecado enquanto ainda estava no ventre de sua m ãe!” Pesando os prós e contras das duas possibilidades, os discípulos
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fazem a pergunta, “Rabi - para esse term o, ver sobre 1.38 - , quem pecou, este hom em ou seus pais, para que nascesse cego?” Segundo as Escrituras (e os apócrifos), as causas m orais de enfer midades físicas (defeitos, problem as, sofrim entos, “acidentes”, enfer m idades, m orte) podem ser rem ontadas a: ( 1 ) 0 pecado de Adão, no qual todos caíram e são por natureza culpados perante Deus. Isso está im plícito em Rom anos 5.12-21 (cf. lam bém Gn 3.17-19; Rm 8.20-23; IC o 15.21, 22; E f 2.3; e o livro apó crifo de Eclesiástico 25.24). (2) Os pecados dos pais (Êx 20.5; 34.7; N m 14.18; Dt 5.9; 28.32; Jr 31.29; Ez 18.2. Cf. os livros apócrifos Sabedoria de Salom ão 4.6; E cle siástico 41.5-7. (3) Os pecados da própria pessoa (Dt 28.15-68; Jr 31.30; Ez 18.4). A causa (1) é sem pre pressuposta pelas causas (2) e (3) e as qua lifica. Portanto, ninguém tem o direito de culpar a Deus de injustiça. Os judeus, entretanto, tinham a tendência de exagerar a im portância dc (2) e (3), além de toda proporção à verdade revelada. Eles ligavam cada infelicidade a um pecado em particular. Dessa forma, os amigos de Jó ligaram suas aflições a seus pecados de crueldade em relação à viúva i‘ ao órfão (Jó 4.7; 8.20; 11.6; 22.5-10); e no tempo de Jesus esse tipo de raciocínio ainda prevalecia (ver, por exem plo, Lc 13.2-5). Que Jesus não aprovava essa ênfase exagerada é claro pela últim a referência e não é contraditada por João 5.14 (ver sobre esse v.). Q uando os discípulos m encionaram com o um a de suas alternativas que o hom em , em bora cego de nascença, estaria talvez colhendo os frutos de seus p ró prios pecados, eles não estavam provavelm ente pensando em m etem psicose (transm igração de almas), em bora essa construção seja colocada em dúvida por C alvino e Beza, nem na pree xistência puram ente espiritual da alm a (cf. Filo, On the Giants, III, 1215; alguns acrescentariam tam bém Sabedoria de Salom ão 8.20; entre tanto, essa passagem não im plica necessariam ente aquela doutrina), mas à idéia rabínica (exagerada) de que os bebês são capazes de pecar quando ainda no ventre materno. A partir de Gênesis 25.22-26 (cf. SI 58.3 e Lc 1.41-44), os rabinos concluíam que, quando ainda estava no ventre m aterno, Esaú tentou m atar Jacó.^“ 206. Ver S.B. K. II, pp. 527-529.
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A outra alternativa que ocorreu à m ente dos discípulos era que esse desventurado indivíduo era um a vítim a de transgressão paterna, talvez 0 pecado de um pai dissoluto (como de fato pode ocorrer, m esm o nos dias de hoje). 3-5 Jesu s respon d eu : N em ele p ecou , nem seu s p ais, m as (isso aconteceu) para que se m anifestem nele as obras de Deus. N essa resposta Jesus im ediatam ente elim ina os pecados pessoais do hom em e de seus pais com o as causas às quais sua cegueira poderia ser atribuída. Se um a causa tiver de ser m encionada, o pecado de Adão, nosso representante federal, deveria ser a resposta. Entretanto, Jesus nem ao m enos está interessado nisso nesse m om ento. Em vez de olhar para trás com o os discípulos, ele olha para frente. Eles lhe pergunta ram, “Com o isso pôde acontecer?” Ele respondeu: “A conteceu com um propósito, isto é, para que as obras de Deus (m ilagres nos quais ele m ostra seu poder e seu am or) fossem reveladas nele”. Todas as coisas - até m esm o as aflições e calam idades - têm o propósito final de glori ficar a Deus em Cristo por meio da m anifestação de sua grandeza (cf. 1.14; 5.19, 20). E nquanto é dia, tem os de fazer as obras daquele que m e enviou (a evidência textual não fornece base adequada para abandonarm os esta versão). A noite está chegando, quando n in guém pode trabalhar. Para os discípulos, um rápido olhar para esse hom em sugeriu um enigm a teológico. Para Jesus, um rápido olhar em sua direção apresentou um desafio, um a oportunidade de trabalho. Eles discutiam : “C om o foi que ele ficou assim ?” Ele respondeu: “O que nós podem os fazer por ele?” Portanto, havia duas m aneiras de olhar para esse hom em , e a segunda era infinitam ente melhor. O bserve a posição enfática do pronom e “nós” na resposta que Je sus dá: “Nós, enquanto é dia, devem os fazer as obras daquele que me enviou”. Este nós se refere naturalm ente ao próprio Jesus e a seus discípulos, os hom ens que tinham justam ente feito a pergunta. Para Jesus e seus seguidores (e, de certa forma, para todos os seus seguido res) prevalece a ordem: enquanto é dia devem os executar o trabalho das obras de Deus. Essencialm ente, essas obras são w na (cf. 5.17, 20; 14.12); elas são obras do reino, cuja unidade é claram ente evidente na frase que Jesus usa ao cham á-las “as obras daquele que me enviou” . Sobre “enviou”, ver abaixo, versículo 7.
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Esse ensinam ento do nosso Senhor é m uito im pressionante especi alm ente no presente contexto. É com o ele tivesse tido a intenção de dizer: Q uando alguém cruza seu cam inho, você pode reagir de três m aneiras diferentes: (1) Se ele despertar inveja em você, então pode p egar em pedras para atirar nele. E xatam ente do m odo com o (recentem ente) os ju deus tentaram fazer com referência a Jesus (8.59). A história do m un do - e infelizm ente tam bém até certo ponto da igreja visível - fornece um exem plo dessa atitude geral. A lgum as pessoas nunca fazem nada construtivam ente. A vida delas, dia após dia, é um a tentativa constante de aniquilar o objeto de sua inveja. Os “judeus” ainda estão conosco. O “Sinédrio” tam bém (em espírito pelo m enos) ainda não desapareceu com pletam ente. (2) Se ele despertar em você o desejo por mais informação, você pode tentar satisfazer sua curiosidade fazendo-lhe perguntas sobre ele, a fim de, quem sabe, resolver o enigm a teológico. Os discípulos esta vam ocupando-se dessa opção, com o mostrado acim a (ver sobre 9.2). M as a curiosidade tem seu valor, e questões de natureza teológica devem ser encorajadas em vez de desencorajadas. Mas há um limite. A pessoa não deve ficar só nas perguntas; ela deve tam bém realizar atos (“obras”) de amor! De fato, é aí que deveria estar a ênfase. Portanto, (3) Você deveria am á-lo e ajudá-lo! “Essa” , disse Jesus, deve ser nossa atitude: “Nós, enquanto é dia, devem os fazer as obras daquele que me enviou” . A expressão “enquanto é dia” é explicada no versículo seguinte pelo “enquanto estou no m undo” . Q uando Jesus, depois de dizer “está consum ado”, deu o últim o suspiro, seu dia term inou, sua obra de expi ação pelos pecados fora com pletada. Em bora seja verdade que m esm o depois de sua ressurreição houve “aparecim entos”, ele não estava m ais “no m undo” com o estava antes. O m esm o é válido para seu discípulo: para ele tam bém tem um a hora m arcada, a saber, seu tem po de vida aqui em baixo. Que ele saiba aproveitar suas oportunidades da m elhor m aneira possível. O m andato é urgente, pois “a noite (quer dizer, a morte) está chegando, quando ninguém pode trabalhar” . E nquanto estou no m undo, sou a luz do m undo. A partícula que traduzim os por “enquanto” (otocv), aqui, assim com o em m uitos outros casos, se
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refere a um a relação de tem po indefinida (Jesus não estava dizendo por quanto tem po exatam ente ele estaria no m undo). A partir do pre sente contexto, parece que a m elhor tradução não seria “sem pre que”, com o se Jesus quisesse se referir a m ais de um ato de vir ao (e estar no) m undo, um a idéia totalm ente estranha ao presente parágrafo. A tradução “enquanto” é sugerida pelo versículo paralelo 4 “enquanto” . Para ver o significado da declaração solene, “Eu sou a luz do m undo”, ver sobre 8.12. É verdade que aqui em 9.5 o artigo definido não prece de o substantivo luz, mas é bastante duvidoso que algum significado especial esteja im plícito nessa omissão. Se um a designação do caráter de nosso Senhor com eça a ser vista com o um nom e próprio ou título, o artigo nem sem pre é tido com o necessário. Existe um a certa liberdade de expressão e uso. E stá claro que o dito “Eu sou a luz do m undo” fornece a chave para a interpretação do que segue. A cura do hom em que nasceu cego, em vias de ser relatada, é um a ilustração do que Jesus está constantem en te fazendo em sua condição de luz do mundo. 6. D epois de dizer essas coisas, ele cuspiu na terra e fez lodo com a saliva, aplicou esse lodo aos olhos do cego. Por que razão exatam ente o Senhor escolheu esse m étodo em particular não sabe mos. As respostas geralm ente dadas são insatisfatórias; por exem plo, que ele fez isso a fim de deixar claro ao hom em que o poder curativo veio de Jesus (mas por acaso a palavra de Jesus não faria isso?); ou a fim de fazer uso das qualidades curativas da saliva ou do baiTo; ou tornar esse hom em cego ainda mais cego (!) de modo que ele pudesse apreciar a cura ainda mais profundam ente; ou para sim bolizar o fato de que o hom em é feito do pó da terra etc., etc. Se algum a resposta tiver de ser dada, pode-se dizer que o Senhor provavelm ente usou esse m é todo a fim de induzir a atitude apropriada de coração e mente, isto é, deflagrar a perfeita obediência, aquele tipo de subm issão que executa um a ordem aparentem ente arbitrária. Cf. Gênesis 2.16, 17. Segundo esta resposta, o barro em si nada tinha a ver com a cura física; ele não tinha qualidades m edicinais, do m esm o modo que as águas do rio Jor dão tam bém não tinham , quando o profeta Eliseu m andou N aam ã m er gulhar sete vezes (2Rs 5.10) a fim de ser curado da lepra. Em am bos os casos, a ordem era para testar a obediência. D eve-se ter em m ente
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que aquele que está trabalhando aqui se intitula a luz do m undo, e nesse caso em particular, a luz é concedida não apenas ao corpo mas tam bém à alm a (9.35-38). 7. dizendo-lhe: Vá e lave-se no tanque de Siloé^'” (que inter pretado signifíca E nviado). Esse tanque lem bra aquele em Betesda, mas enquanto o últim o estava localizado no nordeste de Jerusalém ver sobre 5 . 2 - 0 tanque de Siloé se encontrava logo na entrada da porção sudeste do m uro da cidade. O rei Ezequias tinha construído um aqueduto para transportar as águas da fonte de Giom (atualm ente fonte da Virgem), localizada fora dos m uros, num a direção sul-sudoeste para dentro dos muros. O propósito era garantir água no caso de cerco. O nome original do tanque provavelm ente era Siloé, um nom e próprio derivado do particípio passado hebraico que significa "enviado' ou ‘con duzido’, dado a ele porque através de seu canal a água era (e ainda hoje é) conduzida da fonte que jorrava interm itentem ente para o tanque; cf. nossa palavra “aqueduto” .-“** Alguns com entaristas rejeitam a idéia de que Jesus atribuísse alí’,um sentido sim bólico ao significado do nom e desse tanque. Contudo, 1res fatos devem ser considerados: (1) Esse m ilagre é certam ente sim bólico, retratando Jesus com o a luz do inundo (8.12; 9.5). (2) N este Evangelho, Jesus constantem ente se apresenta com o Aquele que foi enviado pelo Pai (ver sobre 3.17, 34; 5.36, 37; 6.57; 7.29; 8.18, 27, 29; etc.). Ora, o nom e do tanque é tam bém Siloá (m uda do para Siloé), isto é. Enviado. Não é muito natural ligar a água dessa fonte e tanque com A quele que é a água da vida (ver 4.10; 7.37)? (3) As águas de Siloé fluem do m onte do tem plo e eram, m esm o no 207. O genitivo é apositivo (o tanque Siloé) ou possessivo (o tanque de - i.e., pertencente a Siloé). No último caso, o nome Siloé designa todo o sistema de água: fonte, aqueduto, líiiique; e somos informados que o tanque no qual o homem cego tem de se lavar pertence 11 üsse sistema. 208. Ver ainda W.H.A.B., pp. 50. 98, e Ilustração XVIIB. Também 2 Reis 20.20; 2 fin n ic íis 32.4, 30; 33.14; Neemias 3.15; Isafas 8.6; Lucas 13.4; João 7.2, 37; Josefo, Vll, xiv, 5. Para a Inscrição Siloé, ver o artigo Siloam, in W.D.B.. e também II illlljço The Siloam Tunnel, in M.S. & J. L. Miller, Encyclopedia o f Bible Life, Nova York I* hiiiulrcs, 1944, p. 430.
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Antigo Testam ento, consideradas com o sím bolo de bênçãos espirituais que fluem do lugar de habitação de Deus (ver Is 8.6; e cf. Ez 47.1). D a m esm a forma, quando se diz ao hom em que vá lavar-se no tanque de Siloé, em bora seja certam ente verdade que isso deva ser tom ado no sentido mais literal, de modo que de fato se esperava que ele fosse realm ente lavar seus olhos naquele tanque literal, o significado m ais profundo certam ente é: que para purificação espiritual a pessoa tem de ir ao verdadeiro Siloé, isto é. Àquele que foi enviado pelo Pai para salvar pecadores. E ntão ele foi, lavou-se e voltou enxergando. A pesar da estra nha natureza da ordem, o hom em não segue o exem plo de Naam ã. Ele não protesta, mas obedece im ediatam ente. Ele vai ao tanque e com sua m ão tira um pouco de água. C om ela, lava seus olhos. (A passagem de modo nenhum sugere que ele tivesse pulado dentro do tanque e se banhado. Aqui se trata de um hom em cego, não de um leproso.) Sua obediência é im ediatam ente recom pensada: ele voltou enxergando. 8 Portanto, os vizinhos e aqueles que o tinham visto antes como mendi go,^'” estavam dizendo: Não é este aquele que ficava sentado pedindo esm o las? 9 Uns diziam:-"’ É ele; outros, porém, diziam: Não, mas se parece com ele. Ele passou a d i z e r : , S o u eu. 10 Em resposta, eles passaram a dizeder-lhe: Como, pois, seus olhos foram abertos? 11 Ele respondeu: O homem chamado Jesus fez lodo, untou-me os olhos e me disse: Vá a Siloé e lave-se. Então eu fui, lavei-me e recebi (minha) visão. 12 Eles lhe disseram: Onde está ele? E)e disse: Não sei.
9.8-12 8, 9. O hom em agora podia ver todas as coisas: o sol, o céu, as casas, e - o m ais interessante de tudo - as pessoas. Não surpreende que, com toda probabilidade, ele tenha ido para casa. Q uando os vizi nhos o viram , eles depararam com um hom em que diferia m uito do mendigo familiar, que quase todo m undo conhecia. O milagre tinha pro duzido um a m udança em toda sua aparência e m aneira de andar. 209. Literalmente, “« que era um mendigo” - o declarativo oti não é comum depois desse verbo ver; cf. 4.19; 12,19. Não é necessário, portanto, ver este o ii no presente caso como causal. 210. Sobre o t i em ambos os casos, ver Introdução, pp. 81, 87.
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Os vizinhos, pois, e aqueles que o tinham visto antes com o um m endigo, estavam dizendo: Não é este o que ficava sentado pedindo esm olas? Uns diziam: E ele; outros, porém , diziam : Não, mas se parece com ele. Ele então dizia: Sou eu. N este ponto a história se torna m uito vivida. (O bserve os m uitos exem plos do uso do tem po im perfeito: “estavam dizendo” . Cf. 7.1113.) As opiniões estavam divididas. Uns diziam , “N ão é este o que ficava sentado pedindo esm olas?” U m a resposta positiva era esperada, em bora exista na pergunta um pequeno elem ento de dúvida em anado da surpresa. Outros respondiam com absoluta certeza, “É ele” . M as ainda outras pessoas, incapazes de acreditar que aquele que havia nasci do cego pudesse ter sido curado, declaravam repetidamente, “Não, mas se parece com ele”. Talvez os últimos estivessem confusos por causa da mudança na m aneira de andar e no comportamento. O hom em curado pôs um fim na controvérsia, repetindo sem parar, “Sou eu.” 10-12. Os vizinhos não tinham m ais dúvida a respeito da identidade do hom em . É bastante natural que, em resposta, eles estavam dizendo-lhe: Com o, pois, seus olhos foram abertos? O hom em faz um a breve narrativa do que tinha acontecido (cf. isso com vs. 6 e 7 acima), um relato que era verdadeiro em todos seus detalhes. Ele res pondeu: O hom em cham ado Jesus fez lodo, untou-m e os olhos e me disse: V á ao tanque de Siloé e lave-se. Então fui, lavei-m e e recebi m inha visão. Ele m encionou até m esm o o nom e de seu benfeitor - alguém deve ter-lhe dito - , m as aparentem ente não se deu conta de que operador de m ilagres era o R edentor do mundo. Em seu relato de suas próprias ações (“Então eu fui, lavei-m e e recebi m inha visão”) foi usada um a palavra (áyépA,ei|;a) que significa “Eu recuperei m inha visão” ; m as, ten do em vista que o hom em nunca havia gozado da bênção da visão, podem os traduzi-la mais livrem ente com o “Eu recebi (minha) visão” . O desejo de ver o hom em que realizara tão grande m ilagre é totalm ente natural. E les lhe disseram : O nde está ele? (exatam ente com o em 7.11). Ele respondeu: N ão sei. D evido à natureza da questão, ele não poderia saber do paradeiro de Jesus. Lem bre-se tam bém de 8.59 cjiianto a isso. Justam ente nesse m om ento, e por m uito boas razões, Jesus não estava aparecendo em público.
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13 Eles levaram aos fariseus o homem que antes fora cego. 14 Ora, o dia em que Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos era um sábado. 15 Então, novamente os fariseus passaram a perguntar-lhe como havia recebido (sua) visão. Então ele lhes disse: Ele passou lodo em meus olhos, eu me lavei e eu vejo. 16 Em resposta, alguns dos fariseus passaram a dizer: Esse homem não é de Deus, porque não guarda o sábado. Outros estavam dizendo: Como pode um homem que é pecador fazer esses sinais? E houve divisão entre eles. 17 Então, de novo, disseram ao cego: O que você diz a seu respeito, visto que ele abriu seus olhos? Ele disse: Ele é profeta.
9.13-17 13. Eles levaram aos fariseus o hom em que antes fora cego. A seção 9.13-34 contém o registro do exam e do hom em pelos fari seus. A prim eira pergunta que aparece é a seguinte: P or quem esse homem foi examinado: por um grupo de homens reunidos inform alm en te ou por um grupo oficial que realizou um exam e form al? Com relação a esta questão os com entaristas se dividem em dois grupos. Por um lado, há aqueles que defendem o ponto de vista de que, a não ser por pequenas variações, pode ser descrito da form a seguinte: O hom em é levado perante um grupo de fariseus, reunidos infor m alm ente, talvez na casa de um deles. Esses líderes religiosos, enfure cidos pelo fato de Jesus ter violado novam ente suas norm as a respeito do sábado, e m ais ainda por sua crescente influência entre o povo, tentam desacreditar o m ilagre. Eles suspeitam que um a fraude fora perpetrada. Q uando não obtêm sucesso ao tentar persuadir o hom em a adm itir sua culpa, e quando falham em seus argum entos, sua ira se inflam a. Totalm ente enraivecidos pelo que consideram com o um atre vim ento descarado, eles o atiram para fora da casa ou salão. E m apoio à posição deles (de que o exam e é informal e que nenhu m a sentença form al de excom unhão da vida religiosa de Israel é pro nunciada), esses intéipretes declaram que o indivíduo em questão, um m ero pedinte, teria sido considerado dem asiado desprovido de im por tância para um a ação formal, e tam bém o verbo usado em 9.34 (“e eles o atiraram para fora”) não é em pregado em 9.22 (“seria expulso da sinagoga”). Por outro lado, há aqueles que vêem esse incidente com o m uito
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mais formal. Acreditam os que eles estão certos. É bem verdade que o evangelista não está descrevendo um a seção plenária do grande Sinédrio (cf. 9.13), m as isso não significa que a reunião e a sentença que estava sendo executada fosse de natureza inform al. Ao que tudo indi ca, esses fariseus estavam obedecendo às ordens do Sinédrio e sabiam que, ao expulsar o homem, estavam agindo de acordo com a decisão desse conselho. Ou eles teriam recebido poderes para agir nesse caso em particular, ou então, tendo sido nom eados para exam inar o hom em , eles sabiam que suas decisões com respeito a ele seriam subseqüente mente aprovadas pelo Sinédrio. C onsideram os o verbo em 9.34 com o sinônim o do usado em 9.22. B aseam os esta conclusão nas evidências seguintes: (1) Está claro a partir de 1.24 (ver sobre esse v.) que algum as vezes o Sinédrio delegava a um grupo de fariseus para exam inar assun tos relativos àqueles que eram por alguns do povo considerados com o sendo o M essias. Se isso acontecia naqueles casos, por que não neste? C ertam ente que os fariseus não apenas iriam exam inar o suposto pre tendente, m as tam bém aqueles que, levados pelas histórias de seus fei tos miraculosos, poderiam parecer estar em perigo de apoiar tal alegação. (2) O fato de que a autoridade para agir era algum as vezes dada ao grupo dos m estres religiosos parece ser indicado pelos registros.-" Não é possível que estejam os tratando aqui com o pequeno Sinédrio ou o tribunal da sinagoga, dos quais é dito que havia dois em Jerusalém ? (3) Conform e 9.22, o Sinédrio tinha concordado em expulsar da sinagoga aqueles que confessassem Jesus com o o Cristo. De acordo com 9.28, o gm po de fariseus que exam inou esse hom em o considerou um discípulo de Jesus; portanto, um candidato à expulsão. É verdade que nesse ponto o hom em não tinha ainda realm ente confessado Jesus com o sendo o Cristo (ver 9.38), m as não parece provável que os inim i gos de Jesus, em sua exasperação, levassem essa diferença em conta. O hom em , no final das contas, tinha confessado Jesus com o sendo um profeta (9.17), um genuíno operador de m ilagres, num sentido total mente línico (9.32), e um a pessoa que realizava seus m ilagres pelo favor e poder extraordinário de Deus que repousava sobre ele (9.33). 2 1 I . S . BK, IV, p. 298.
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C oerentem ente, quando 9.34 agora afirma, “e o expulsaram ”, é de todo natural considerar essa expulsão com o sendo da sinagoga. O que foi registrado em 9.22, 28, 32, 33 certam ente preparou o leitor para espe rar nada menos que a excom unhão para esse homem. (4) O m odo com o esse grupo de fariseus intim a as pessoas (9.18, 24), a form alidade legal de seu m étodo de interrogação (9.19) e tam bém 0 cuidado extrem o exercido pelos pais (9.21, 22), um cuidado re sultante do medo, advoga em favor de um a reunião formal perante um grupo de representantes autorizados do Sinédrio. (5) A im portância que 9.35 atribui à sua expulsão tam bém aponta na m esm a direção geral. Pelas razões expostas, iremos, portanto, em nossa exegese, proce der deste ponto de vista. Quem levou esse hom em aos fariseus? Provavelm ente, os vizinhos (ver contexto, 9 .8 ,12). P or outro lado, é tam bém possível que a terceira pessoa plural do verbo ativo, seguido pelo pronom e-objeto (“eles o le varam ”), deveria ser sim plesm ente considerado com o tendo o m esm o significado que nossa terceira pessoa singular do verbo passivo prece dido por um sujeito-pronom e (“ele foi levado”), segundo um a caracte rística de estilo com um do aram aico (cf., p. ex., Dn 4.25 em inglês e hebraico. A referência na B íblia hebraica é Dn 4.22). N esse caso, se quiserm os optar pela terceira pessoa plural da construção ativa, o pro nom e “eles” deve ser considerado com o indefinido, com o o alem ão man (holandês man ou o francês on). Quando ele foi levado? Provavelm ente não no sábado, m as um pouco depois. P o rq u e ele foi levado perante os fariseus? Foi porque ele violou os regulam entos do sábado que eram tão altam ente prezados pelas autori dades religiosas? Isso é possível, m as nada com referência ao sábado é m encionado antes da hora do inquérito judicial. A partir das conexões entre os versículos 13 e 14 pareceria que os próprios fariseus levantam essa questão. Outra razão se auto-sugere: os fariseus estiveram dizendo ao povo que Jesus era um enganador. Na verdade, o povo já estava a par do fato de que um a decisão tinha sido tom ada pelo Sinédrio de que qual
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quer pessoa que confessasse Jesus com o sendo o Cristo seria expulsa da sinagoga (9.22). M as o que os fariseus iriam dizer agora? Por acaso esse grande m ilagre não fala m ais alto do que um veredicto do Siné drio? Que o hom em em questão seja levado perante os juizes fariseus para que eles possam ouvir a história de seus próprios lábios. Então, será que eles iriam persistir na opinião deles sobre Jesus? Ou algum a fraude terá sido com etida, a qual eles seriam capazes de descobrir e expor? Não tem os certeza se a razão sugerida era a real. Ela forneceria, no entanto, um a explicação m uito natural. 14, 15a. O ra, o d ia em que Jesu s fez o lod o e ab riu seu s olhos era um sábado. Fazer lam a no sábado e cobrir os olhos de alguém com esse barro era um a violação da lei. Tam bém no sábado não era perm itido praticar a arte da cura, exceto em casos de extrem a em ergência. C om respeito à atitude dos fariseus para com o sábado, ver sobre 3.1 e 5.9b-13. Então os fariseus (entretanto, nem todos eles; ver sobre 9.16) provavelm ente raciocinam da form a seguinte: a. M es mo que ele tenha realm ente realizado um m ilagre, Jesus de qualquer m aneira violou o sábado; então, b. ele é um pecador declarado; mas c. D eus nunca perm itiria que pecadores declarados efetuassem um a cura verdadeira; então d. esse caso inteiro parece m uito suspeito e requer investigação cuidadosa. Seria isso um a fraude? Cf. 9.18. P ortanto, de novo os fariseus tam bém passaram a p ergu n tar-lhe com o ele (havia) recebido sua visão. De fato, novam ente pois não era esta a prim eira vez que a pergunta era feita. Ele tinha sido bom bardeado com ela. Prim eiro tinham sido os vizinhos que tinham perguntado sem parar (9.10). E agora tam bém os fariseus o confronta vam com ela. 15b. E ntão ele lhes disse: E le passou lodo em m eus olhos, lavei-m e e vejo. Já o hom em parece estar cauteloso. Ele pesa suas palavras. Observe com o o relato do m ilagre vai se tornando m ais e mais conciso; cf. os versículos 6 ,7 ; depois o 11 ; depois o 15b. 16. A Batalha dos Silogism os prossegue. Ela continua até o fim da história. Prim eiro, temos: o silogism o do grupo predom inante dos fariseus (v. 16a); em seguida, o silogismo vagamente sugerido pela per
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gunta da m inoria. Este segundo silogism o vai ser usado com notável vigor pelo próprio hom em (ver sobre 9.31-33). Portanto, falarem os de Silogism o A e Silogism o B. Em resposta, alguns dos fariseus passaram a dizer: Esse ho mem não é de D eus, porque não guarda o sábado. Aqui tem os o que vam os referir com o o Silogismo A
Prem issa M aior: Todas as pessoas que são de Deus guardam o sábado. Prem issa M enor: Esse hom em (Jesus) não guarda o sábado. Conclusão: Esse homem não é de Deus. À prim eira vista, isso parece ser um raciocínio excelente. Como um silogism o, sua validade deve ser reconhecida. M as isso não signifi ca que a conclusão seja verdadeira. Pode não haver nenhum a falha na lógica da derivação da conclusão da prem issa m aior e da menor, mas se qualquer um a dessas prem issas for contrária aos fatos, a conclusão não é m ais válida. No presente caso, o que esses hom ens querem dizer em sua prem issa m aior está errado. Os fariseus identificavam suas próprias regulam entações fúteis e m inuciosas do sábado com a lei de Deus. Portanto, a prem issa principal deles na verdade é, “todas as pessoas que são de Deus observam nossos regulamentos a respeito do sábado”. A prem issa m enor tam bém está errada, e pela m esm a razão: confusão de conceitos. E com o as prem issas são falsas, a con clusão (“Esse hom em não é de D eus”) não é m ais válida. Se ela é em si m esm a verdadeira ou falsa é outra história. M as sabem os que a afirm ação sobre a qual repousa a conclusão é totalm ente falsa, ju sta m ente o oposto da verdade. O utros estavam dizendo: Com o pode um hom em que é p e cador fazer esses sinais? Aqui tem os o Silogismo B não melhorado
Prem issa M aior: Apenas as pessoas que são de Deus (ou: que não são pecadoras) podem abrir os olhos a cegos de nascença (ou: podem fazer “esses” sinais).
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Prem issa M enor: Esse hom em , Jesus, abriu os olhos a cego de nascença (ou: fez “esse” sinal). C onclusão: Esse hom em é de Deus (ou: esse hom em não é um pecador). Observe, entretanto, que esse silogism o é lançado sob a form a de um a pergunta. Quando muito, ele m eram ente sugeriu, m as não afir mou definitivam ente. Esses fariseus m ais m oderados são confrontados com um problem a, e buscam um a solução. O problem a é: “Com o pode um hom em pecador fazer esses sinais?” M esm o dentro desse grupo devia haver muitos que rejeitavam a proposição: “Talvez Jesus não seja um pecador” . Para eles Jesus é com toda certeza um pecador. Daí, para eles a questão toda constitui um m istério profundo. Para eles o silogism o B carece de qualquer fundam ento. Outros, no entanto, estão com eçando a enxergar a luz. O silogism o então é o m áxim o que possi velm ente se deriva da pergunta, e m esm o assim é apenas sugerido pela pergunta. Não é um a afirm ação positiva. Será que esse silogism o vagam ente sugerido é válido? Com o um exercício de lógica (observe o caráter exclusivo da prem issa m aior: a palavra “apenas”) pode presum ir sua validade. O raciocínio é tão ge nuíno com o um dólar de prata recém -cunhado. M as essa prem issa maior seria co rreta l S e não, então a conclusão - em bora sendo correta com o um fato histórico - não é correta. Para responder a essa questão não se deve esquecer que aqueles cuja pergunta sugere esse silogism o (aqui no v. 16) são, afinal de con tas, fariseus. M esm o que se possa cham á-los fariseus m oderados, eles perm anecem , não obstante, fariseus. O tipo de raciocínio aqui sugerido se encaixa bem dentro do esquem a de pensam ento deles. Pode-se en contrar algum a sem elhança no silogism o seguinte: Prem issa M aior: Som ente os m aus sofrem de m ales físicos. Prem issa M enor: Este hom em sofre de mal físico. C onclusão: Este hom em é mau. Que esse raciocínio está fora de sincronia com a realidade foi m os trado em conexão com 9.2. Então, se dentre esses fariseus existem
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JOÃO 9.16
aqueles que adotam o Silogism o B não m elhorado porque acreditam que a habilidade de realizar um m ilagre {qualquer m ilagre) é, em si m esm a, sem pre prova da aprovação divina, eles estão errados, com o é muito claro para qualquer um que leia M ateus 7.22. Temos, porém, de ser justos com eles. Com o foi afirmado, a situação é ligeiramente diferente. Entre os fariseus moderados deveria haver um núm ero considerável que enfatizaram a extrema grandiosidade desse milagre. Leia o silogismo. Eles tinham algum a razão com o fica claro em 15.24. O próprio Jesus iria dizer, “Se eu não tivesse feito entre eles as obras que nenhum outro fe z , eles não teriam pecado” . A partir dessa afirm ação, fica claro que ele próprio via seus m ilagres com o sendo (de um certo m odo) de um a classe própria, sinais de sua deidade e de sua m issão divina. M ais um elem ento deve acrescentar-se, entretanto, pois Jesus m es m o o acrescentou. É que seus m ilagres não apenas eram de caráter singular (“obras que nenhum outro fez”), m as tam bém eram feitos em resposta à oração; daí, com o propósito de glorificar a Deus. Q uando 0 silogism o B é retirado de seu contexto farisaico e lhe é dado um contexto distintam ente cristão, ele é totalm ente válido. Ver sobre os versículos 31-33; também sobre 10.37,38; 11.39-44; 15.24; e 20.30, 31. O próprio Jesus forneceu esse contexto quando disse: “Isso aconteceu para que as obras de Deus sejam m anifestadas nele. Nós, enquanto é dia, devem os fazer as obras daquele que m e enviou” . Isto nos dá o Silogismo B melhorado
Prem issa M aior: Som ente as pessoas que são de Deus (ou: que não são pecadores) podem abrir os olhos daqueles que nasceram cegos, a fim de que, ao fa z e r isso, eles m anifestem as obras de Deus. Prem issa M enor: Este hom em , Jesus, com esse propósito em mente, abriu os olhos a um cego de nascença. Conclusão: Esse hom em é de Deus (ou: este hom em não é um pecador). E houve divisão entre eles. Isto é, os fariseus se dividiram cla ram ente em dois grupos, ou cria-se um cisma entre os que apoiavam o Silogism o A e os que sugeriam o Silogism o B N ão M elhorado. O prim eiro, depois de um ataque direto à conclusão do Silogism o B, um
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ataque sob a form a de pergunta (ver v. 17), com eça um ataque indire to. Os versículos 18-26 contêm o registro de sua tentativa de dem olir a conclusão rejeitando a prem issa menor. Se puderem dem onstrar que este hom em , Jesus, não fez um grande sinal, eles terão derrubado a conclusão sugerida por seus oponentes. Em sua perturbação, incapazes de concordar entre si, os fariseus se voltam novam ente para o hom em que tinha acabado de ser curado de sua cegueira. 17. Então de novo disseram ao hom em cego: O que você diz a seu respeito, visto que abriu seus olhos? Fica claro no versículo 18 que aqueles que preferiam o Silogism o A (os oponentes acirrados de Jesus) eram a m aioria, com o tam bém poderíam os esperar. A luz desse fato é claro, naturalm ente, que quando os fariseus (provavelm en te am bas as facções) agora perguntam ao hom em , “O que você diz a seu respeito” , o m odificador causal - “visto que abriu seus olhos?” não im plica nenhum a adm issão, por parte da maioria, de que eles esti vessem dispostos a concordar que de fato Jesus tinha realizado esse m ilagre fabuloso. A clausula é elíptica, pois, “visto que você declarou que ele abriu seus olhos” . E le disse, Ele é um profeta. O homem mostra progresso em co nhecimento. Ele tam bém m ostra coragem. Sabia que, por meio de Jesus, Deus tinha se revelado a ele por meio desse milagre. E certam ente que quem revela Deus de um a forma tão notável dever ser um profeta! 18 Entretanto, os judeus não acreditaram que ele fora cego e que agora havia recebido (sua) visão, até que chamaram os pais daquele que recebera (sua) visão 19 e lhes perguntaram, dizendo: Este é seu filho, de quem vocês afirmam que nasceu cego? Como, pois, ele agora enxerga? 20 Então seus pais responderam e disseram: Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego. 21 Mas não sabemos como agora ele enxerga; e quem lhe abriu os olhos tam bém não sabemos. Perguntem-lhe; ele tem idade; falará por si mesmo. 22 Seus pais disseram essas coisas porque estavam com medo dos judeus, pois estes já haviam determinado que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, seria expul so da s i n a g o g a . 23 Foi por esse motivo que seus pais disseram : Ele tem idade; perguntem -lhe. 212. Literalm ente: “que se alguém o confessasse ser o Cristo, esse seria expulso da sinagoga” . 1IIA3; ver Introdução, pp. 63-65.
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9.18-23 18, 19 E ntretanto, os ju d eu s não acreditaram que ele fora cego e que havia recebido sua visão, enquanto não cham aram os pais daquele que recebera sua visão, e lhes perguntaram , dizen do: E ste é seu filho, de quem vocês afirm am que nasceu cego? Com o, pois, ele agora enxerga? Na tentativa de destruir a conclusão sugerida no Silogism o B, os fariseus tinham fracassado em receber a cooperação do hom em mais diretam ente envolvido. Bem, então se o m étodo direto falhou, eles ten tarão 0 m étodo indireto: destruir a conclusão atacando a prem issa m e nor. A lém do m ais, se o filh o não os ajuda em seus esforços de produ zir esse resultado, eles irão buscar ajuda nos pais delel Os oponentes de Jesus são aqui cham ados “os judeus” (ver sobre 1.19). Como se pode explicar que eles (a m aioria farisaica) não acredi tavam que esse hom em tinha sido cego e agora recebeu sua visão? Existem naturalm ente muitas possibilidades: a. é possível que o m endi go não fosse tão conhecido dos líderes religiosos com o o era do povo com um ; b. podem ter duvidado que esse fosse o m esm o m endigo que conheciam . Talvez pensassem que o cego tivesse sido seqüestrado e um “sósia” (em todos os aspectos exceto pela cegueira) o tivesse subs tituído; c. ou, finalm ente, chegassem à conclusão de que o bem conhe cido m endigo estivesse enganando a todos passando por cego. A m á vontade em relação a Jesus desem penhou seu papel, é claro. C rer que esse hom em tinha sido cego e tinha sido curado de sua ce gueira seria o prim eiro passo para creditar a Jesus um m ilagre notá vel. Esse passo eles não queriam dar. Da m esm a form a que um a pes soa freqüentem ente acredita no que ela deseja acreditar, tam bém não acredita no que não quer acreditar. Eles não acreditaram que esse hom em tivesse sido cego e tinha recebido sua visão, até que cham aram seus pais. A creditaram nesses dois fatos depois? E bem verdade que a expressão “até que” não im pli ca necessariam ente isso. Contudo é difícil crer que até m esm o depois que os pais deram o testem unho, a descrença (com respeito aos dois fatos m encionados antes) tenha continuado. O versículo 34 certam ente sugere que eles então creram que esse homem tinha nascido cego (como
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punição por pecado). Que ele tinha sido curado de sua cegueira era tão evidente que não podia ser negado. M as um a coisa é aceitar o fato de que esse hom em estava curado de sua cegueira. O utra era atribuir a cura a Jesus. Para fazer ju stiça à verdade, os judeus hostis teriam de dar quatro passos. Eles teriam de admitir, a. Esse hom em tinha sido curado de cegueira congênita, b. Foi Jesus quem o curou. c. A cura foi efetuada pelo poder e am or de Deus, que estava sobre Jesus, e não por meio do poder dos príncipes dos dem ônios, operando por meio de Jesus. d. Isso m ostra que Jesus é realm ente “um hom em de D eus” . N a verdade, indica que ele é quem alega ser. Ora, o versículo 18 sim plesm ente ensina que antes de os pais serem convocados, os judeus hostis não tinham dado nem m esm o o passo núm ero 1. O versículo 19 sugere que os líderes judeus tinham ouvido um ru m or de que esses pais estavam falando a respeito da cura de seu filho. Com base nessa inform ação, os exam inadores fazem duas pergun tas.’'^ Prim eiro, eles querem saber se esse é o filho, am plam ente discu tido pelos pais, que tinha nascido cego; segundo, eles desejam inform a ção com referência à cura e quanto ao modo com o foi curado. 20, 21. E ntão seus pais responderam e disseram : Sabem os que este é nosso filho e que nasceu cego. Por m eio dessa declara ção aberta que identificava esse hom em com o seu filho e que testem u nhava que ele de fato nascera cego, esses pais estavam forçando os judeus a dar aquele tem ido prim eiro passo (ver sobre 9.18, 19) na direção de creditar a Jesus o m ilagre notável. Se eles (a m aioria, os hom ens que evidentem ente eram os líderes) algum a vez deram o se gundo passo, m esm o que m entalm ente, de que fora Jesus quem o cura ra, é discutível. O versículo 26 não indica necessariam ente isso. Aber213. Muitos comentaristas são da opinião que há, essencialmente, três perguntas, embora somente duas sejam definidam ente expressas, Essas três, da m aneira como as vêem, são as seguintes: a, É este seu filho? B. Ele nasceu cego? C. Como é que agora ele enxerga? - mas não podemos concordar com esse ponto de vista. Em vez disso, o que os judeus estavam dizendo, em substância, e r a , “É este aquele seu filho sobre quem vocês têm contado a todo mundo que foi curado de cegueira congênita? Se for, como é que agora ele pode ver?” É verdade que a resposta dada pelos pais tem três (ou quatro!) partes. Porém, não se deve confundir a pergunta com a resposta.
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JOÃO 9.22, 23
tam ente eles nunca deram esse passo, m as se opuseram a ele (ver sobre 9.24). Eles definitivam ente nunca deram os passos três e quatro. C om o (é que) ele agora en xerga não sabem os; e quem lhe ab riu os olhos tam bém não sab em os. P ergu n tem -lh e; ele tem idade; falará por si m esm o. Os pais se esquivam da segunda pergun ta. Eles tam bém mentem . Eles sabem com o é que o filho agora enxer ga. E le com toda certeza lhes contara sobre o m ilagre. O versículo 22 sugere que eles tam bém sabiam quem tinha operado o m ilagre. Era a falta de coragem , a covardia egoísta que os levava a dizer, “Não sabe m os... não sabemos... Perguntem -lhe, ele tem idade (com a idade de 13 anos m ais um dia um judeu era considerado com o tendo idade); falará por si m esm o” . N um m om ento decisivo, quando eles deveriam falar, se tornaram culpados de “furtar-se à responsabilidade” . C ontudo não devem os ser muito duros com eles. Devem os nos perguntar, “O que teríam os feito em circunstâncias sem elhantes?” O castigo am ea çado era terrível! Ver sobre os versículos 22, 23. - É possível que o conhecim ento íntim o que esses pais tinham com relação aos talentos e ao caráter de seu filho - sua habilidade de defender-se, o fato de que era espirituoso e corajoso - tivesse algo que ver com o desejo de ele fa la sse p o r si mesm o. A razão principal de terem falado com o o fize ram, entretanto, é fornecida na passagem que segue: 22, 23. Seus pais disseram essas coisas porque estavam com m edo dos judeus; pois estes já tinham determ inado que, se al guém co n fessa sse ser ele o C risto, seria exp u lso da sin agoga. Foi por essa razão que seus pais disseram : Ele tem idade, p er gu n tem -lh e. M edo dos ju d eu s é um tem a com um no Evangelho de João; ver sobre 3.2 e 7.13. Já (muito antes de Jesus ter siào form alm ente conde nado com o m erecedor de m orte) as autoridades judaicas haviam de term inado (isto é, um a decisão formal do Sinédrio) que qualquer um de seus seguidores que reconhecesse ser ele o M essias, o Ungido de Deus, fosse expulso da sinagoga (àTToauváYCOYOç yéyriTaL). É provavelm ente não justificado explicar isso com base nos regulam entos posteriores com respeito à suspensão tem porária (por trinta, sessenta ou noventa dias) e a suspensão perm anente (para sempre). O relato certam ente dá a entender que a excom unhão aqui era definitiva e terrível. Para outras
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referências a respeito da aplicação dessa regra, ver 12.42; 16.2. Ob serve que na últim a referência, ser expulso da sinagoga e m orte estão justapostos. Q uem era expulso da sinagoga estava virtualm ente segre gado da vida religiosa e social de Israel (cf. Lc 6.22). De todos os pontos de vista - social, econômico, religioso - os resultados eram amedrontadores, e isso especialm ente para pessoas que eram tão pobres a ponto de seu filho, para sobreviver, ter de esm olar! Portanto, em bora não possam os ju stifica r o fato de os pais se esquivarem ao seu dever, podem os entendê-los. Quantas vezes não faltou coragem àqueles que deveriam m ostrá-la perante o Sinédrio - ou seus equivalentes sob outro nom e - quando eram am eaçados de ser expulsos por estarem defen dendo a verdade de D eu s! A história da Igreja está cheia de exemplos! 24 Então, pela segunda vez, chamaram o homem que fora cego e lhe disse ram; Dê glória a Deus; sabemos que esse homem é pecador. 25 E!e respondeu; Se ele é um pecador, eu não sei. De uma coisa eu sei: que embora fosse cego, eu agora enxergo. 26 Em resposta, eles lhe disseram: O que ele lhe fez? Como ele lhe abriu os olhos? 27 Ele lhes respondeu: Eu já lhes disse, mas vocês não ouviram. Por que querem ouvir novamente? Porventura também querem tor nar-se seus discípulos? 28 Então o injuriaram e disseram ; D iscípulo desse sujeito é você, mas nós somos discípulos de Moisés. 29 Sabemos que Deus falou a Moisés; mas, quanto a esse sujeito, nem sabemos donde ele veio. 30 O homem respondeu e lhes disse: Ora, é muito estranho que vocês não saibam donde ele veio, e no entanto abriu meus olhos! 31 Sabem os que D eus não atende a pecadores; mas, se alguém teme a Deus e faz sua vontade, a esse ele atende.^'“' 32 Desde que há mundo, jam ais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. 33 Se esse homem não fosse de Deus, nada poderia ter feito.^'-“^ 34 Eles responderam e lhe disseram: Você é nascido todo em pecado e pretende nos ensinar? E o lançaram fora.
9.24-34 24. E ntão, pela segunda vez, cham aram o hom em que fora cego e lhe d isseram : Dê glória a D eus; sab em os que esse h o m em é um pecador. Os judeus estavam tentando de todas m aneiras possíveis provar que Jesus não era aquele que tinha aberto os olhos ao cego de nascen214. IIIB l; ver Introdução, pp. 63, 65. 215. IIA; ver Introdução, p. 62.
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JOÃO 9.24
ça. Eles estavam ocupados em atacar a prem issa m enor do Silogism o B N ão M elhorado (ver sobre v. 16), a fim de aniquilar a conclusão: “Jesus é de D eus”. Porém, nessa tentativa eles fracassaram em rece ber qualquer ajuda dos pais, que, m ovidos pelo m edo, tinham recusado a com prom eter-se de algum modo com respeito ao fato de que seu filho recebera sua visão. N a verdade, o testem unho dos pais tinha tornado o caso ainda mais difícil para os fariseus, pois ele os tinha deixado sem qualquer desculpa para concluírem que não houve m ilagre algum. E eles tem iam que den tro de um período de tem po muito curto o nom e de Jesus estaria ligado a esse m ilagre. E isso tinha de ser evitado a todo custo. Portanto, esses líderes decidiram intim ar pela segunda vez o ho m em que antes fora cego, a fim de obrigá-lo a prom eter que ele nunca m ais iria dar crédito a Jesus pelo grande benefício que recebera. Eles lhe dizem: “Dê glória a Deus; sabemos que esse hom em é pecador” . A explicação m ais sim ples para essa declaração é a seguinte: “G lorifique a Deus creditando-//ie o milagre, e a m ais ninguém . Não dê o crédito àquele hom em (Jesus) pois o conhecemos', sabem os que ele é um pecador confesso. Certam ente que esse hom em não poderia ter reali zado um feito tão grande!” O bserve com o nessa argum entação o Silogism o A está com eçan do a dar fru to s! Sua conclusão se tornou a prem issa m enor de outro silogismo, desta forma:
Silogismo A (2) Prem issa M aior: Som ente pessoas que são de D eus podem abrir os olhos de cegos de nascença. Prem issa M enor: Esse hom em (Jesus) não é de Deus. Conclusão: Ele não pode ter aberto os olhos a alguém que tenha nascido cego. A dm itam os, pois, raciocinam os fariseus, que Jesus de fato cobriu os olhos desse hom em com barro e que o m andou lavá-los em Siloé. Q uando o hom em foi a Siloé e tirou o barro, foi Deus - não Jesus - que realizou o m ilagre. Então o hom em deve dar glória a Deus!
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E sta explicação está em harm onia com o contexto inteiro. Observe com o as palavras D eus e esse hom em são colocadas em contraste! N ão esse hom em , mas D eus deve receber a honra. H á ainda outra interpretação sobre a qual desejam os com entar bre vem ente. A propósito disso, a expressão “Dê glória a D eus” é o tipo de expressão padrão que significa “glorifique a Deus pela confissão de seu pecado” . Segundo esses com entaristas, os fariseus não tinham ain da desistido da idéia de que a coisa toda era um a fraude que nesse m om ento eles pedem ao hom em que confesse. Esses intérpretes geral m ente citam Josué 7.19 na defesa da posição de que tam bém aqui, em João 9.24, a expressão disputada tem esse sentido. Entretanto, um a pessoa pode glorificar a Deus m ais de um a m aneira: a. sem dúvida, pelo reconhecim ento de seus pecados, mas tam bém levando um a ofer ta conciliatória (cf. IS m 6.5); ou, com o aqui em 9.24, dando a D eus as graças e o louvor pelo privilégio inestim ável da visão física. Nós, por tanto, preferim os ficar com a interpretação de 9.24 com o a demos. 25. À m edida que a história se desenvolve, fica cada vez mais claro que esse hom em não é um a pessoa com um . Ele não se abala com facilidade. Evidentem ente, a ostentação de conhecimento, por parte desses ilustres juizes, não conseguiu im pressioná-lo. Ele respondeu: Se ele é pecador, eu não sei. D e um a coisa eu sei: em bora eu fosse cego, eu agora enxergo. Com ousadia, ele coloca tanto seu “Eu não sei” quanto “Eu sei” contra o “nós sabem os” deles. Nós dize mos “contra” porque em vez de assentir à proposição “esse hom em é um pecador” , ele declara abertam ente que ele, que antes era cego, não tem conhecim ento disso; mas ele tem certeza total do fato de que em bora antes fosse cego, agora enxerga perfeitam ente! Nas entrelinhas dessa declaração concisa, pode-se na verdade ler: “C ontra a palavra de autoridade de vocês, eu coloco este grande fa to da experiência: em bora antes eu fosse cego, agora enxergo. Fatos são m ais palpáveis do que opiniões infundadas” . 26. C laram ente os fariseus estão sendo apertados contra a parede. N ão tendo se saído bem na entrevista com os pais, falharam ainda m ais na conversa desastrosa com o filho! Eles parecem estar num dilem a. Então, Em resposta, eles lhe disseram: O que ele lhe fez? Como abriu seus olhos? Tendo esgotado seus recursos m entais, eles agora
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JOÃO 9.27-29
retom am as perguntas que já tinham feito antes (ver sobre 9.15), talvez porque não conseguissem pensar em outra coisa. É tam bém possível que eles estivessem tentando, por meio desse procedim ento, cansar o hom em , de m odo que, vencido pelo cansaço, ele teria um m om ento de distração, podendo ser levado a fazer algum a declaração inconsistente. Q uantas vezes o hom em já tinha ouvido essas perguntas: prim eiram en te dos lábios dos vizinhos que repetiram m uitas vezes; depois dos fari seus; e agora novam ente dos fariseus! Era a m esm a coisa, repetidas vezes: “O que ele fez a você? Com o ele lhe abriu os olhos?” 27. E le lhes respondeu: Eu já lhes disse, porém não ou vi ram . C laram ente o hom em está perdendo a paciência. Ele está ficando aborrecido com esse modo de proceder que parecia querer ganhar tem po. Isso, porém , não surpreende. O que é surpreendente é o fato de que ele não está com m edo de expressar seu desprazer em palavras que são claras e fortes. Ele não tinha herdado a tim idez de seus pais. A lém do mais, ele brande a arm a da ironia - tão saborosa para ele, m as tão intragável para eles - e ele o faz de um a m aneira intencional que faz com que a vítim a nunca esqueça ou perdoe. Disse ele. Por que vocês querem ouvir outra vez? Porventura, querem tam bém tornar-se seus discípulos? As últim as palavras constituem um a pergunta habil m ente expressa que sem dúvida antecipa um a resposta negativa, mas deixa a porta ligeiram ente aberta a um a positiva, com o se alguém esti vesse dizendo: “Isso é claram ente im p o ssív el... contudo nunca se pode dizer o que vocês, fariseus, podem fazer!” Se isso não for um a sátira m ordaz é pelo m enos o m ais próxim o disso. Com o podem alguns co m entaristas im aginar que esse hom em pensava de fa to que os fariseus (especialm ente a m aioria) estavam seriam ente considerando a idéia de se tom arem discípulos de Jesus é mais do que podem os entender. 28, 29. E ntão o injuriaram e lhe disseram : D iscíp ulo desse su jeito é você, m as nós som os d iscípu los de M oisés. Sabem os que D eus falou a M oisés; quanto a esse su jeito, nem sab em os d on d e vem . Sob essas circunstâncias, essa reação dos líderes judeus é total m ente com preensível. Eles não eram o tipo de pessoas que adm item um a derrota. A lém do m ais, eles se sentiam profundam ente insultados e hum ilhados. U m m ero m endigo desafiara sua autoridade. Ele tinha
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zom bado da dignidade e da posição superior deles. O quê? Eles se tom arem discípulos de Jesus? A té m esm o seu nom e lhes era puro ve neno, de tal form a que recusam a pronunciá-lo. Eles preferem cham álo “aquele” ou “esse sujeito” . “Você é discípulo desse cam arada”, dizem eles. Pareciam conside rar que 0 título discípulos de Jesus era o m aior dos insultos. Eles não conseguem pensar em nada pior para qualificar o m endigo. N em so nham que estão atribuindo-lhe a m ais elevada honra possível. C om ar rogância autogratificante, se referem a si m esm os com o “discípulos de M oisés” (ver sobre 5.45,46; 6.32; 8.5), não se dando conta que M oisés iria condená-los! Eles sabem que Deus falou a M oisés. Sim, conhecem a origem divina das leis e das ordenanças que M oisés instituiu. O que não sabem é que A quele a quem tanto odeiam tem o direito de dizer: “M oisés falou sobre mim." Q uando, quanto a isso, eles afirmam , “M as quanto a esse cam ara da, nem sabem os donde ele vem ”, não estavam negando que eles (ou seus am igos) tinham dito anteriorm ente com respeito ao parentesco de Jesus (6.42; 7.27). O que estavam dizendo era: “N ão sabem os de que fonte ele, em distinção a M oisés, tira sua autoridade” . Ora, Jesus tinha respondido a essa pergunta repetidas vezes. M as eles recusaram a aceitar sua resposta. 30. O hom em respondeu e lhes disse: O ra, é de estranhar que vocês não saibam donde ele vem , e no entanto abriu-m e os olhos! E de fato era espantoso ouvir esses hom ens im portantes dize rem “nem sabem os” . Eles estavam acostum ados dizer “nós sabem os” (9.24, 29; e cf. 6.42; 7.27), que era um choque aqui pelo m enos já que adm item ignorância com respeito a qualquer tipo de assunto; e um as sunto tão im portante! Ele dizia respeito A quele que concedera a bên ção da visão a um hom em que nascera cego! A respeito desse notável operador de m ilagres, esses hom ens sábios quase nada sabiam . Eles nem ao m enos conheciam a fonte de sua autoridade. O hom em nascido cego tira toda vantagem da situação. Para usar um a linguagem coloqui al, ele deita e rolai Ele disse: “Ora,^''’ é de estranhar (Hteralmente, 216. Observe o sentido enfático de àíXá nas exclamações, como o nosso uau!, mas que coisa!, é mesmo? Ver as passagens seguintes para esse uso da partícula: Atos 4.16,34; 8.31; 16.37; 19.35; 1 Coríntios 5.3; 11.22; 2 Tim óteo 2.7.
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JOÃO 9.31-33
nisto está o estranho) que vocês (que fingem saber tanto) não saibam donde ele veio (literalm ente, donde ele é), e no entanto (ver sobre 1.5, nota a respeito de Kctí) ele me abriu os olhos.” 31-33. O hom em curado continua, Sabem os que Deus não aten de a p eca d o res; m as, se algu ém é tem en te a D eu s e fa z su a vontade, a esse ele atende. D esde que há m undo, jam ais se ou viu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se esse hom em não fosse de D eus, nada poderia ter feito. Aqui 0 Silogism o B surge de form a fortalecida (sendo essencial m ente 0 m esm o Silogism o B M elhorado). O versículo 31 é a prem is sa m aior; o versículo 32, a m enor; o versículo 33, a conclusão. Ver sobre 9.16. Prem issa M aior: Som ente pessoas que são de Deus - isto é, que são tem entes a Deus (literalm ente, “adoradoras de D eus”) e fazem sua vontade - são ouvidas por Deus, então elas podem abrir os olhos da queles que nasceram cegos. Premissa Menor: Esse hom em , Jesus, foi ouvido p o r Deus, por isso ele abriu os olhos ao hom em que nascera cego, e assim realizou um milagre tão grande que desde que o mundo começou (literalmente, “desde os tem pos” , “desde antigam ente”) nunca se ouvira falar. Conclusão: Esse hom em é de Deus. Se não fosse, não poderia fa zer nada. Definitivam ente, ele não é pecador (notório). O bserve que ao falar do jeito que fala, esse hom em está em pregan do o tipo farisaico de argum entação. Ele está derrotando os fariseus com seu raciocínio silogístico. Isso é em si m esm o m uito notável: um m endigo derrotando um fa rise u com as próprias arm as dos f a r i seus! M as o hom em está fazendo m ais do que isso: ele tom a o silogis mo farisaico e o melhora, não só afirm ando positivam ente o que antes era apenas um a insinuação (cf. 9.31-33 com 9.16b), mas tam bém dan do-lhe definitivamente um contexto bíblico. O hom em considera o m ila gre com o uma resposta de oração\ Ele diz, “se alguém é tem ente a Deus e faz sua vontade, a esse (Deus) atende” . Essa posição é total m ente correta. É das Escrituras. A idéia de que Deus ouve as preces dos justos, mas rejeita as preces dos ím pios é encontrada em toda parte
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na Bíblia: 1 Samuel 8.18; Jó 27.9; 35.12; Salm o 18.41; 66.18; Provérbios 1.28; 15.29; Isaías 1.15; 59.2; Jerem ias 11.11; 14.12; Ezequiel 8.18; M alaquias 3.4; Zacarias 7.13; João 8.21; Atos 10.35. A lém do mais, m ilagres (especialm ente esse tipo de m ilagres; ver sobre 15.24) reali zados em resposta à oração e a fim de m ostrar as obras de Deus, têm valor com probatório (ver sobre 10.37, 38; 11.39-44; 20.30, 31; cf. At 2.22; 4.31 ;2 C o 12.12). Os fariseus tinham sofrido um a derrota hum ilhante. Eles tinham sido encantoados. Enquanto isso o m endigo fazia progresso definido em sua confissão. Ele não m ais estava dizendo: “Se ele (Jesus) é um pecador, eu não sei” (9.25). A essa altura ele sabe que Jesus não é um pecador, mas o recipiente do favor de Deus num grau elevado. 34. Tendo perdido a discussão, os fariseus lançam m ão da arrogân cia, chegando ao abuso. E les responderam e lhe disseram : Você é nascido todo em pecado e pretende ensinar-nos? Porém , até m es m o esse abuso contém a evidência de sua derrota, pois agora, por im pli cação, eles adm item que esse hom em que ora está diante deles com visão perfeita tinha nascido cego. A posição registrada no versículo 18 (“Ora, os judeus não acreditavam que ele fora cego e que agora enxer gava”) tinha sido abandonada. O m ilagre tinha de fato ocorrido. Isso é agora claro a todos. Entretanto, a sim ples idéia de atribuí-lo a Jesus, com o sendo A quele sobre quem repousava o favor de Deus, lhes é tão inaceitável, que eles consideram aquele que o aceita com o “nascido todo em pecado” (sua cegueira estava sendo vista por eles com o um castigo pelo pecado; ver sobre 3.2). Que um sujeito tão insignificante achasse que podia ensinar pessoas dignas com o eles era um insulto! E eles o lançaram ’ fora, ou seja, para fora do edifício e fora da com uni dade religiosa de Israel. Ver sobre 9.13. 35 Jesus ouviu que o tinham expulso, e, encontrando-o, disse-lhe: Você crê no Filho do homem? 36 Ele respondeu e disse: E quem é ele, senhor, (dizeme) para que^” eu possa crer nele. 37 E Jesus lhe disse: Você já o viu; na verdade, ele é Aquele que está falando com você. 38 Ele disse: Eu creio. Senhor, e o adorou.
217. Sobre i r a ver Introdução, pp. 67-69, 73.
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JOÂO 9.35-37
9.35-38 35. Jesus ouviu que o tinham expulso, e, encontrando-o, d is se: Você crê no Filho do hom em ? Jesus, o Bom Pastor (ver o cap. 10), está interessado não apenas no corpo, m as tam bém na alm a da queles a quem salva (ver tam bém sobre 5.14). Então, tendo ouvido que o hom em tinha sido expulso da sinagoga, o Senhor o procura e o encon tra. Ao encontrá-lo, Jesus pergunta, “Você crê no Filho do hom em ?” É provável que o pronom e você tenha recebido certa ênfase, então o teor da pergunta foi, “ Você, com o um verdadeiro discípulo e diferente dos judeus incrédulos, crê ....?”-"^ O contexto claram ente m ostra que a expressão crê, no presente caso, indica fé verdadeira; em outras pala vras, ”Você confia inteiram ente - para vida ou para a m orte - no Filho do hom em ? Você confia nele e se entrega totalm ente a ele com respei to ao presente e ao futuro, para suas necessidades físicas e espiritu ais?” Para iTLoteúü), ver tam bém sobre 1.8; 3.16; 8.30, 31a. Jesus per guntou se esse hom em cria no Filho do hom em . Para este termo, ver sobre 12.34. O apoio textual para a leitura Filho de D eus é definitiva m ente m ais fraco; de fato, não há boas razões para aceitar tal leitura. 36. E le respondeu e disse: E quem é ele, senhor, (dize-m e) para que eu possa crer nele. Antes de poder responder à pergunta, o hom em sente a necessidade de saber quem seria esse Filho do hom em - esse M essias. D aí a pergunta com eçar com a conjunção e, que prevê inform ação adicional. O bserve que a palavra grega KÚpLoç foi traduzi da por senhor aqui (v. 36), porém Senhor no versículo 38. A razão, naturalm ente, é que no presente versículo o hom em que tinha sido cego está se dirigindo a alguém cuja identidade não foi claram ente revelada, em bora ele possa ter presum ido que era Jesus, mas no versículo 38 o hom em está adorando Aquele que agora reconhece de fato pelo que ele é. Ver tam bém sobre 1.38. Sobre crer nele, ver o versículo 35. 37. E Jesus lhe disse: Você já o viu; na verdade, ele é A que le que está falando com você. Literalm ente, a resposta de Jesus foi, “Você tanto o viu com o A quele que está falando com você é ele” , m as acham os que a tradução que fizem os fica m ais clara sem m udar o sentido de form a algum a. Em palavras quase idênticas àquelas encon218. Baseamos esta probabilidade não na presença do pronome (ver Introdução, pp. 92, 93) mas sobre sua posição bem no início da pergunta.
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tradas em 4.26 (ver sobre essa passagem ), Jesus se revela a esse ho m em com o o M essias verdadeiro, o Filho do hom em . 38. E le disse: E u creio, Senhor; e o adorou. E stando agora totalm ente ciente de que A quele que se dirigia a ele era quem o havia curado, isto é, Jesus, sobre quem ele fixa seu olhar (que privilégio é poder ver!) e reconhece em Jesus o M essias, o verdadeiro Filho do hom em , que é tam bém o Filho de Deus e que era, portanto, o próprio objeto de adoração, o hom em cai de joelhos e se rende à adoração religiosa (não m eram ente respeito ou m esm o reverência) de seu Ben feitor. No Evangelho de João, o verbo sem pre indica adoração divina (ver tam bém 4.20, 21, 22, 23, 24; 12.20). 39 E Jesus disse: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos. 40 Alguns dentre os fariseus que estavam perto dele ouviram essas coisas, e lhe disseram: Porventura também somos cegos? 41 Jesus lhes disse: Se vocês fossem cegos, não teriam peca do;^''' mas, porque agora dizem: Nós enxergamos, seu pecado permanecem.
9.39-41 39. E Jesus disse: Eu vim a este m undo para ju ízo. Quando Jesus vê esse hom em de joelhos em atitude de adoração verdadeira, e com para essa hum ilde condição de coração e m ente com a hostilidade e obstinação dos fariseus, ele vê que sua vinda ao m undo tem dois efeitos diam etralm ente opostos. Alguns o recebem com alegria e são recom pensados. Outros o rejeitam e são punidos. Essa recom pensa e esse castigo constituem seu juízo (Kpífia; ver sobre 3.17) sobre aqueles que entram em contato consigo. É por essa razão que ele pode dizer: “Eu vim a este m undo para ju ízo .” Ver sobre 3.18-21. Ele veio com o propósito de pronunciar e executar esse veredicto de autoridade sobre esses dois grupos distintam ente contrastantes. Para a expressão “veio ao m undo” com o um a caracterização do M essias, ver 1.9. O aspecto com pensador desse juízo é expresso nas palavras: a fim de que os que não vêem, vejam , isto é, a fim de que aqueles a quem falta a luz da salvação (quem está sem o conhecim ento verdadeiro de Deus, justiça, santidade, alegria) e deploram sua condição, tenham pela 219. IIA; ver Introdução, p. 62.
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graça preparatória de Deus se tom ado ansiosos por receber luz, pos sam ser colocados na posse total dela. O hom em que estivera cego desde seu nascim ento, mas agora pode enxergar, tanto física quanto espiritualm ente, ilustra este ponto. - Então segue o aspecto punitivo desse juízo: e os que vêem, se tornem cegos, isto é, a fim de que aqueles que estão constantem ente dizendo, “nós enxergam os” (9.41), mas que enganam a si m esm os rejeitando a luz, possam por fim sejam com pletam ente separados dela (cf. as explicações de 7.34). Pense nos fariseus que se endureciam cada vez mais. 40, 41. Será que alguns dos fariseus (ver sobre 1.24) tinham se reunido em tom o dele para ver se podiam encontrar nele algum a falha? Parece que sim, pois lemos: Alguns dentre os fariseus que estavam perto dele ouviram essas coisas. E com zom baria arrogante lhe disseram : Porventura tam bém som os cegos? Será que Jesus p re tendia colocá-os na categoria da plebe m aldita que não conhecia lei (ver sobre 7.49)? Seriam eles, os discípulos devotos e intérpretes de M oisés, colocados junto com o povo da terra que nada sabe? Jesus disse a eles, Se vocês fossem cegos, não teriam pecado, isto é, se vocês estivessem não apenas sem luz (o verdadeiro conhecim ento de Deus, santidade, justiça, alegria), mas tam bém conscientes dessa con dição deplorável, e desejando ansiosam ente pela salvação de Deus, nenhum a acusação seria feita contra vocês. Ele continua, M as, p or que vocês dizem : Nós enxergam os, seu pecado perm anece. Em outras palavras, “Se não conseguem ver a enorm idade de suas m isérias e de seus pecados, vocês não poderão gozar do verdadeiro conforto” . Seu pecado perm anece, pois vocês rejeitaram a salvação de Deus.
Síntese do Capítulo 9 Ver o Esboço na p. 327. O Filho de D eus Cura o H om em Cego de Nascença, a Quem em A m o r Ele se Revela com o Filho do H o mem. Seus Inim igos D ecidiram E xpulsar da Sinagoga A queles que o Aceitam . A história pode ser esboçada com o segue: I. Um m endigo de Jerusalém é curado de sua cegueira congê nita (9.1-7).
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Jesus, ao sair do tem plo ou um pouco depois, viu um hom em cego de nascença. Os discípulos lhe perguntam se a causa da cegueira do hom em fora seu próprio pecado ou de seus pais. Jesus, por im plicação, criticou a pergunta e substituiu a contem plação do passado pela do futuro, a m era especulação teórica pelo ato de m isericórdia. Ele disse, “N em ele pecou, nem seus pais, mas (isso aconteceu) para que se m anifestem nele as obras de D eus” . A ssim foi dado aos discípulos tan to a visão m oral quanto a espiritual, por aquele que denom ina a si m esm o a luz do m undo (9.5). Ele então ilustrou ainda m ais essa ativi dade de “dar a luz” dando luz físic a aos olhos do hom em cego. Ele o fez depois de cobrir os olhos do hom em com barro e enviá-lo ao tanque de Siloé para lavar os olhos. II. Ele é questionado pelos vizinhos (9.8-12). Entre os vizinhos, as opiniões se dividiam: alguns estavam certos de que esse era o hom em que tinha nascido cego; outros tinham quase certeza; ainda outros viam um a grande sem elhança. O próprio hom em colocou um ponto final na discussão afirmando taxativam ente “Sou eu” . E m resposta às perguntas seguintes, ele relatou o m odo pelo qual foi curado e declarou que não sabia do paradeiro de seu benfeitor. III. E le é interrogado e expulso da sinagoga p elo s líderes j u deus (9.13-34). O hom em foi questionado num a entrevista oficial. Q uando relatou 0 que lhe havia acontecido, houve divisões entre os fariseus: am bas as facções chegaram a conclusões a partir de prem issas falsas! Q uando os pais foram cham ados, eles agravaram a situação dos inquiridores, respondendo de um modo tal que só um a conclusão era possível: um m ilagre de fato ocorrera. Por m edo das autoridades que já tinham deci dido que aqueles que aceitassem Jesus com o M essias seria expulso da sinagoga, os pais recusaram dizer com o ou por quem seu filho fora curado. A quele que fora antes um hom em cego, foi novam ente convo cado, e recusou responder às perguntas que já respondera antes. De evidente m au humor, ele pergunta aos fariseus se eles queriam tom arse discípulos de Jesus. Com um insulto sobre seu nascim ento, as auto ridades o atiraram para fora da sala e da com unidade religiosa.
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IV. Ele é encontrado p o r Jesus, que em sua condição de Filho do hom em se lhe revela (9.35-38). Quanto a isso, o com entário de Calvino contém um belo pensam en to. É este: se tivessem perm itido ao hom em continuar na sinagoga, ele teria, com o passar do tempo, esquecido a Cristo. Justam ente o fato de ter sido expulso o tom ou m ais receptivo à graça de Deus. De m odo sem elhante, quando o papa excom ungou Lutero e outros da sinagoga rom ana, e despejou condenações sobre eles. Cristo os alcançou com sua m ão e se lhe revelou com pletam ente. Então, a m elhor coisa que nos resta é ficarm os o mais longe possível dos inimigos do evangelho, a fim de que Cristo se aproxim e ainda mais de nós.^^" Com ternura, o Bom Pastor lhe perguntou: “Você crê no Filho do hom em ?” A salvação é um assunto pessoal. Q uando em resposta à pergunta do hom em , Jesus se revelou com o sendo ele o Filho do ho m em , a luz do céu brilhou na alm a do mendigo. Ele disse: “Eu creio. Senhor, e o adorou.” Assim, as “obras de D eus” (seu poder, amor, gra ça) foram dem onstrados nesse hom em (cf. 9.3). V. Ele é contrastado com os fariseus, cegos p o r opção (9.39-41) Q uanto a isso, Jesus revela o duplo propósito de sua vinda ao m un do “para que os que não vêem, vejam , e os que vêem se tom em ce gos” . Alguns fariseus que estavam perto ficaram ressentidos ante a referência desm oralizadora feita a eles. Eles disseram: “Porventura nós tam bém som os cegos?” Jesus censurou sua com placência presunçosa, dizendo: “Se vocês fossem cegos, não teriam pecado, mas, porque ago ra dizem : Nós enxergam os, seu pecado perm anece.” Assim , “a luz resplandeceu nas trevas, mas as trevas não se apro priaram dela.... Ele veio para sua própria casa, mas seu povo não o recebeu. M as, a todos quantos o receberam , deu-lhes o direito de serem feitos filhos de D eus” (1.11, 12). 220. João Calvino, o/i. cit., p. 192: Si retentus fuisset in synagoga, periculum erat ne paulatim a Christo alienatus in idem eum impiis exitium mergeratur ... Hoc idem et nostro tempore expeiTti sumus. Nam quum Lutherus et alii similes initio crassioies Papae abusus reprehenderunt, vix tenuem habebant puri Christianisimi gustum. Postquam in eos fulminavit Papa ac teirificis bullis a Romana synagoga eiecti sunt, manum illis porrexit Chiistus ac penitus illis innotuit, It nobis nihil melius quam ab Evangelii hostbus abesse, ut ipse propius ad nos accedat.
C a p ít u l o 1 0 JOÂO 10.1-5 1 ^ IM ui solenem ente eu lhes asseguro, o que não entra no aprisco das 1 W ovelhas, pela porta, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador; 2 mas aquele que entra pela porta, esse é pastor das ovelhas. 3 Para este o porteiro abre, as ovelhas escutam sua voz, e ele chama pelo nome suas própri as ovelhas, e as leva para fora. 4 Depois de fazer sair todas as que lhe perten cem, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque lhe conhecem a voz; 5 mas de modo algum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque elas não conhecem a voz dos estranhos.
Discussão de Alguns Pontos Básicos em Conexão com a Alegoria do Bom Pastor Os com entaristas diferem am plam ente na interpretação desta su blim e alegoria. A solução que a pessoa adota com relação aos vários problem as apresentados aqui determ ina, em certa m edida, a explicação de passagens individuais. É por essa razão que discutim os alguns pon tos e problem as mais im portantes antes de entrar num a exegese deta lhada. 1. Sua ligação com o contexto precedente (se houver algum a) As palavras de 10.1 -18 foram ditas no (e a seção inteira de 10.1 -21 pertence ao) dia em que Jesus encontrou o hom em excom ungado? Em 9.35-41, tem os o prim eiro registro do que ocorreu nesse dia. 10.1-21 deve ser considerado com o um a continuação lógica e cronológica? A. Aqueles que não vêem essa ligação estreita argum entam da seguinte maneira: 1 .0 estilo difere totalmente: 9.35-41 épolêm ico; 10.1-18 é alegórico. 2. O discurso sobre o Bom Pastor continua em 10.26-28, m as a
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Última passagem foi pronunciada na Festa da D edicação (10.22), em dezem bro, portanto alguns meses depois de 9.35-41. Está claro, portan to, que ou o discurso com pleto sobre o Bom Pastor pertence àquela festa, ou então sim plesm ente não sabemos onde colocá-lo; a ocasião em que ele foi pronunciado é totalm ente incerta. B. Quem consegue ver essa estreita ligação (entre 9.35-41 e 10.121) responde com o segue, e concordam os com esta resposta: 1. E m bora o estilo seja diferente, a conexão-pensam ento é m uito aproxim ada. Jesus se descreve com o sendo o bom pastor em oposição aos falsos pastores. O bom pastor dá sua vida por suas ovelhas; os fariseus, por outro lado, com o m aus pastores, não estão preocupados com as ovelhas, e as lançam fora. O hom em cego de nascença, um a verdadeira ovelha, tinha sido excom ungado pelas autoridades judaicas, m as Jesus, o bom pastor, foi procurá-lo e o encontrou. O que im porta é essa conexão em pensam ento. U m a vez que isso é visto, se tom a evi dente que 10.1-21 é a continuação lógica e cronológica de 9.35-41 (e, de certo m odo, do capítulo 9 em sua totalidade). 2. Por que deveria ser considerado im possível que Jesus (em 10.2628) se referisse a um tem a (os cuidados do bom pastor) que uns poucos m eses antes tinha sido tem a de um extenso discurso? Observe com o o m ilagre em B etsaida (5.2) é retom ado m eses mais tarde (7.23). Além disso, ap resen te seção (10.1-21) m ostra m uito claram ente que ela está intim am ente relacionada com a precedente (ou seja, com o capítulo 9), pois o versículo 21 traz, “U m dem ônio não pode abrir os olhos de um cego, p o d e i” A abertura dos olhos do cego foi o tem a do capítulo 9. 3. Esta seção não é introduzida por um a nova nota identificando o tem po. Ao contrário, ela com eça com a expressão familiar, “M ui sole nem ente eu lhes asseguro” , que em nenhum outro lugar neste E vange lho dá início a um a nova seção. A N.N. nem ao menos com eça um novo parágrafo nesse ponto. II. Seus A ntecedentes no A ntigo Testamento As pessoas que ouviram esta alegoria eram as m esm as de 9.35-41: os discípulos de Cristo, o hom em que tinha sido curado de sua cegueira (a m enos que ele já tivesse ido em bora), os fariseus e, provavelm ente, outros judeus; ver sobre 10.6. Elas não a entenderam . Se elas tivessem
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estudado a Palavra em m aior profundidade, a teriam entendido pelo m enos em parte, pois esse discurso está baseado no sim bolism o do Antigo Testam ento, o qual Jesus usou para seus próprios propósitos. O que se segue são alguns dos mais notáveis paralelos do Antigo Testamento: A. Jeová é o p a sto r de Israel e dos crentes individuais, que são considerados com o ovelhas. “O Senhor é m eu pastor; nada m e falta rá” etc. (SI 23). “Quanto a nós, teu povo e ovelhas do teu pasto, para sem pre te darem os graças” (SI 79.13). “D á ouvidos, ó pastor de Israel, tu que conduzes a José com o um rebanho” (SI 80.1). “Ele é o nosso D eus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua m ão” (SI 95.7). “Eu m esm o apascentarei minhas ovelhas e as farei repousar, diz o SENHOR D eus” (Ez 34.15; ver o belo capítulo por inteiro). Que as ovelhas têm tendência para se desviar, e por isso precisam de um pastor para as guiar, está claro no Salm o 119.176; Isaías 53.6. B. Ele é um Pastor muito bom, amoroso e com passivo. Isso está claro nas passagens dadas em A (acima), e tam bém em Isaías 40.11: “C om o pastor, apascentará seu rebanho; entre seus braços recolherá os cordeirinhos e os levará no seio; as que am am entam ele guiará m an sam ente.” Cf. 2 Sam uel 12.3; Lucas 15.3-6. C. Existem, contudo, m aus pastores: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas de meu pasto! - diz o S e n h o r ” (Jr 23.1ss). “Filho do hom em , profetize contra os pastores de Israel; profetize e diga-lhes: Assim diz o S e n h o r Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?” (Ez 34.2). Os povos sem íticos (por exemplo, os assírios) freqüente m ente se referiam a seus governantes (reis, príncipes, líderes religio sos, entre outros) com o pastores. “Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho” (Zc 11.17). D. E squecido p elo pastor, o rebanho se torna uma presa fá c il aos anim ais selvagens: leões, ursos, especialm ente lobos. “ ... para que a congregação do S e n h o r não seja com o ovelhas que não têm pastor” (Nm 27.17). “Respondeu Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; quando veio um leão ou um urso e tom ou um cordeiro do rebanho, eu saí após ele, e o feri, e livrei o cordeiro de sua
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boca; levantando-se ele contra m im, agarrei-o pela barba, e o feri, e o m atei. Teu servo matou tanto o leão com o o urso” (IS m 17.34-36). “Vi todo o Israel disperso pelos montes, com o ovelhas que não têm pastor” (1 Rs 22.17). “O lobo habitará com o cordeiro” (Is 11.6 com a im plica ção, é claro, de que até então o lobo tinha sido o pior inim igo do cordei ro). “P or isso, anda o povo com o ovelhas, aflito, porque não há pastor” (Zc 10.2). “F ira o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas” (Zc 13.7). E. O grande Filho de D avi (o M essias) será o único pastor do rem anescente reunido (Israel e Judá, m as agora não m ais co n si derado como separado): “Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor” (Ez 34.23; cf. Jr 23.5 onde o Renovo justo é contrastado com os pastores maus). A alegoria registrada em João 10.1-18 pode ser vista com o sendo o cum prim ento de Ezequiel 34.23. O próprio Jesus é o Bom Pastor, tal com o foi predito! III. Seu caráter como uma alegoria A. O que é um a alegoria? O discurso sobre o bom pastor é cham ado um a paroimia. Em ge ral, um a TOpoLfxía (literalm ente, um dito m arginal) é um dito figurativo (16.25, 29). Aqui no capítulo 10 é um a alegoria mais que um a p ará bola. O E vangelho de João não contém nenhum a parábola. O próprio term o parábola ocorre som ente nos Sinóticos (e em Hb 9.9; 11.19), enquanto irapoiiiía ocorre apenas no Q uarto Evangelho (e em 2Pe 2.22). No N ovo Testamento há algum a sobreposição de significado dos term os parábola e paroimia: ambos podem referir-se a um provérbio (2Pe 2.22; cf. Lc 4.23), mas isso é um a exceção m ais que regra. De modo sem elhante, o hebraico m ashal tem um a conotação m uito ampla: provérbio, parábola, poem a, enigm a (declaração velada e contunden te). Ver sobre 2.19. E ssencialm ente, a diferença em significado entre irapoLiiía no sen tido de alegoria (com o aqui no capítulo 10) e um a parábola se resu me nisto, que o prim eiro partilha da natureza de um a m etáfora -, o últim o é m ais um símile. M etáfora é um a com paração implícita (“diga àquela raposa”, se referindo a Herodes); sím ile é um a com paração expressa
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(“sua aparência era a de um relâm pago”). Alegoria pode ser definida com o um a m etáfora ampliada; um a parábola, um símile ampliado. B. Com o se deve interpretar um a alegoria? Que se observem as seguintes regras: 1. N ão se deve fa z e r tentativas de explicar cada traço ou ca racterística do símbolo. Quando, entretanto, o próprio Jesus ou a situ a çã o histó rica concreta, fo r n e c e a interpretação, essa e lu c i dação deve receber o que lhe é devido. N ão se deve perguntar a cada detalhe, “o que isso representa e o que aquilo representa?” A nálise em excesso leva a interpretação incor reta. A idéia principal deve ser apreendida (ver IV abaixo). Em har m onia com essa idéia principal, alguns objetos que são m encionados têm paralelos na esfera do reino ou na esfera dos inim igos do reino. N a presente alegoria isso é verdadeiro com respeito aos seguintes: porta, aprisco, ovelha, pastor, rebanho; e tam bém o seguinte: ladrão e assal tante, estranho, mercenário. M as a seguinte pergunta é oportuna: com o podem os saber se esses termos têm significado sim bólico? Respondemos: a. Q uanto à prim eira lista (porta, aprisco, ovelha, pastor, rebanho), é interpretada pelo próprio Jesus. Não devem os hesitar em perm itir que um termo tenha o significado sim bólico que o próprio autor lhe atribuiu! O bserve o seguinte: Versículo 1: Símbolo: A p o rta O aprisco O velh a s
Significado: o próprio Jesus (vs. 7 e 9) Israel (claram ente implícito no v. 16) aqueles por quem Cristo m orreu, aqueles destinados a serem salvos; aqueles que obterão vida eterna; aqueles que ouvem a voz de Jesus e o seguem (1 0 .4 ,9 , 1 1 ,1 4 ,2 8 ). Versículo 2:
Pastor
Jesus (o bom pastor, 10.11, 14)
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Versículo 16: R eb a n h o
a congregação total dos salvos (um rebanho, 10.16).
b. Quanto à segunda lista (ladrões e salteadores, estranhos e m er cenários), ver item 3 (abaixo). A situação histórica concreta da qual a alegoria em ana é tudo o que é necessário para expUcar esses sím bolos. Q uando seguim os essa regra, perm anecem alguns termos aos quais não podem os atribuir, com algum grau de certeza, um significado sim bólico; um exem plo disso é porteiro. Esses term os são necessários para m elhor definirm os o símbolo. Para o lobo, ver sobre 10.29. 2. Nem toda designação deve ser ligada ao símbolo. N a interpretação da presente alegoria, alcançam os um ponto cracial. Com o vimos, é aqui que muitos intérpretes se perdem . F reqüente m ente a realidade (na esfera do reino) é mais proem inente do que a fig u r a . Isso sig n ifica que em alguns casos a sentença tem com o seu sujeito (ou sujeito im plícito) uma m etáfora, m as o predicado não se aplica à m etáfora propriam ente dita, m as som ente à pessoa a quem a m etáfora se refere. Assim, quando no Salm o 79.13 o poeta diz, “Quanto a nós, teu povo e ovelhas de teu pasto, para sempre te darem os graças”, fica im ediatam ente claro que essa ação de graças fica fora da esfera dos anim ais (ovelhas, por exem plo). As ovelhas (no sentido literal) não podem dar graças. Pessoas parecidas com ovelhas, entretanto, rendem graças. (Nesse caso particular a referência se tor na clara pela expressão “teu povo” que explica “ovelhas de teu pasto” . As duas expressões se interpretam m utuam ente.) U m a vez entendido esse ponto, não deverá haver m ais dificulda des em explicar a últim a parte de 10.9: “se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem ” . É perfeitam ente verdade, sem dúvida, que ninguém pode dizer com referência aos anim ais que eles são “salvos”, não obstante isso pode ser dito com relação a p esso as que receberam as características de alguns anim ais (nesse caso, as ovelhas). Então não podem os concordar com os com entaristas que ar gum entam que toda a interpretação é frustrada pela teoria de que no versículo 9 Jesus estaria pensando em ovelhas. O argum ento deles é que, visto que o sujeito da sentença (alguém ) é m asculino, ele não pode
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se referir a um a ovelha, palavra que (no original grego) é do gênero neutro. Tam bém seria tolice falar sobre ovelhas entrando pela porta, pois por onde m ais entrariam no aprisco se não pela porta? Eles conti nuam dizendo que todo o conceito de um a ovelha entrando e saindo do aprisco quando bem quisesse seria errado, e que nenhum a ovelha faz isso; e que um a ovelha não encontra pastagem por si m esm a. Porém , isso tudo, com o vimos, é o resultado do fracasso em entender a im por tante regra na interpretação dos sím bolos que foi colocada em itálico no título deste parágrafo: “N em toda designação deve ser ligada ao sím b o lo .” O sujeito (alguém) pode m uito bem referir-se a um a ovelha, isto é, a um a pessoa cujo caráter se assem elha ao de ovelha (a pessoa que realm ente segue a Cristo). N ovam ente não é de m odo algum absurdo falar de ovelha entrando pela porta, pois a referência tam bém nesse caso é à pessoa que, pela fé em Cristo, entra no reino. Porém ocorre que m uitas pessoas tentam entrar de algum a outra forma, com o, por exem plo, confiando em suas próprias obras. Tam bém um a ovelha - isto é, um a pessoa que se assem elha a um a ovelha - de fato entra e sai e encontra pastagem , regozijando-se quando encontra (exem plo, na Pa lavra). Além do mais, ambos os contextos, o precedente (v. 8) e o sub seqüente (v. 10) claram ente m ostram que nossa interpretação está no cam inho certo, pois essas passagens falam de pessoas, não de anim ais (ver nossa explicação desses versículos). Um texto deve sem pre ser explicado à luz de seu contexto (no presente caso, o v. 9 deve ser explicado à luz dos vs. 8 e 10). Além disso, os versículos 26-29 tam bém falam de ovelhas', m as é muito claro que essas ovelhas são pessoas, os verdadeiros seguidores de Jesus. U m a vez entendida a Regra 2, as cham adas “m etáforas m istas” não m ais serão tão perturbadoras. Portanto nos volvem os agora à re gra seguinte: 3. A s cham adas “m etáforas m ista s” (na realidade, m udanças súbitas de m etáforas) não apresentam qualquer problem a real se m antiverm os em m ente o que pode ser im possível no que se refere ao símbolo, é freqüente e perfeitam ente razoável e verdadeiro com respeito à realidade à qual o sím bolo se refere. Na alegoria presente, a dificuldade que tem confundido m uitos in
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térpretes consiste no fato de que Jesus é referido tanto com o a porta (10.7, 9) com o o bom pastor (10.11, 14). Com o ele pode ser am bos? A chando isso im possível, alguns recorreram à idéia de que há aqui um a corrupção do texto. M as não há nenhum a evidência concreta disso. Em vez disso, a solução deve ser buscada na direção da aplicação da R egra 2 (acim a). Jesus é tão grande que sua im portância não pode jam ais ser com pletam ente expressa. Nenhum símbolo, tom ado sozinho, pode fazer justiça à sua plenitude. Ele é de fato tanto a porta quanto o pastor. Encontram os exatam ente o m esm o fenôm eno no livro de Apo calipse. João espera ver um leão (Ap 5.5), porém vê um ... Cordeiro (Ap 5.6). O Cordeiro como tendo sido morto] João espera ver a noiva (Ap 21.9); porém vê um a cidade (Ap 2 1 .1 0 ).- Contudo, quando com e çam os a estudar essas aparentes irregularidades, vem os um a boa ra zão para cada um a delas. D e fato, uma noiva não pode ser ao m es mo tempo uma cidade, mas a igreja de D eus (a qual se refere tanto à noiva quanto à cidade) pode ser (e é) am bas! C risto é tanto o leão quanto o cordeiro.-^' Então também aqui em João 10, em bora seja inteiram ente verdade que a porta não pode ao m esm o tempo se r um pastor, é tam bém verdade que Jesus é am bos ao m esm o tempo! E da m esm a form a com o Jesus é tanto a porta quanto o bom pastor, tam bém seus inimigos (os fariseus) são apresentados com o la drões, salteadores, estranhos e m ercenários. N ão é de m odo algum necessário, nem aconselhável, considerar cada um desses term os com o se referindo a um a categoria diferente, de m odo que, por exem plo, os ladrões e os salteadores indicariam o falso M essias; os estranhos, os fariseus; e os m ercenários, m inistros avarentos. D evem os atentar para a situação concreta, histórica. Em todo o contexto nada de m odo algum se diz sobre os falsos M essias ou sobre pregadores loucos por dinheiro. Os fariseus, por outro lado, estão m uito em evidência. São a eles que Jesus m encionou com o sendo, num aspecto, ladrões e saltea dores, e, noutro aspecto, estranhos; e, ainda em outro, m ercenários! E sta interpretação não injeta elem entos estranhos na exegese.
221. Ver, para outros exemplos. More Than Conquerors, de minha autoria. Grand Rapids, Mich., 6’ ed., 1952, p. 268, nota 43.
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IV. Sua idéia p rin cipal O tem a principal em todo o capítulo é Jesus, o bom pastor, em contraste com os m aus pastores. Com certeza, Jesus é tam bém a p o r ta. M as esse pensam ento é secundário. É um elem ento m uito belo e m uito necessário em toda a figura, mas é subordinado à idéia p rin ci pal. É introduzido, prim eiro, para m ostrar quem são os falsos pastores. Eles são os que tentam entrar no aprisco de form a ilegal, ou seja, não pela porta (fé em Jesus e por terem sido escolhidos por ele), mas m edi ante algum outro m odo (intim idação, por exem plo, 9.22). O pastor de verdade de form a algum a é assim. Ele tem o direito de adm issão (“para este 0 porteiro abre”). A idéia de Jesus com o sendo a porta tam bém concorda ao enfatizar o fato de que ele dá descanso, segurança (até m esm o salvação!) e alim ento às suas ovelhas (espirituais). Sendo o bom pastor, ele é naturalm ente a porta! O fato de a idéia do bom pastor ser na verdade predom inante é evidente a qualquer um que conte as m uitas referências a ele nesta posição. Note: na posição de bom pastor, Jesus: 1. entra pela porta e é bem recebido pelo porteiro (10.3). 2. cham a as ovelhas pelo nom e (10.3); as conhece intim am ente (10.14, 15; cf. 10.27,28). 3. as leva para fora (10.3). 4. vai adiante delas (10.4). 5. é reconhecido e seguido pelas ovelhas (“elas conhecem sua voz”) (10.3,4). 6. dá acesso a todas as bênçãos (10.7-9); é “a porta” . 7. dá vida em abundância (10.10; cf. 10.27, 28). 8. dá sua vida pelas ovelhas (10.11, 14). 9. guia suas ovelhas (cf. 10.4), reúne tam bém outras ovelhas, para que elas form em um só rebanho com um só pastor (10.16). 10. é am ado pelo Pai (10.17). Em harm onia com tudo o que foi dito acim a, estam os agora prontos para interpretar a alegoria:
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10.1-5 O que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, m as sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador. 1, 2. Para ver sobre as palavras de introdução solene M ui solene m ente eu lhes asseguro, ver sobre 1.51. O sím bolo subjacente aqui é um aprisco ou curral de ovelhas. O original usa o term o (auÀTÍ do cco) soprar) cujo significado em algum as passagens dos Evangelhos é con troverso. Ver sobre 18.15. Mas aqui (em 10.1) o significado é claro. Trata-se de um aprisco. É um curral sem cobertura num cam po aberto. C onsistia de um m uro de pedras brutas e tinha um a porta pesada. A lgu m as vezes, um a caverna era utilizada para o m esm o fim, mas essa não é a idéia aqui. Um ladrão (que estivesse determ inado a roubar proprie dade alheia) e um salteador (alguém que recorre à violência para a obtenção de bens cobiçados) não procurariam entrar pela porta, pois a. ela estaria trancada e tinha de ser aberta; e b. ela era guardada por um porteiro. Portanto, um homem que quisesse entrar, teria de subir por um outro lugar. Assim tam bém os líderes religiosos, hostis a Jesus, estavam tentando ilegalm ente ganhar dom ínio sobre o povo de Israel (ver v. 16). Eles tentavam ganhar o povo por meio da intim idação (ver v. 9.22). Eles evitavam a porta, o Senhor Jesus C risto (não criam nele, não foram escolhidos por ele). M ediante am eaças (expulsão da sinago ga), queriam p riv ar Jesus de seus discípulos. Portanto, eles eram la drões e saltadores. Por outro lado, Jesus, que tinha sido certam ente escolhido e enviado por seu Pai celeste, aparece aqui na qualidade de pastor genuíno (ver 10.11, 14).-^^ Isso está im plícito aqui, aquele, p o rém , que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas, e expres so em 10.11, 14.
222. De m odo abstrato, é possível que o sujeito “aquele, porém, que entra pela porta” se refira a todos os divinam ente escolhidos (portanto, legítim os) em baixadores (profetas, apóstolos, m inistros etc.). Contudo, em sua própria explicação dessa alegoria, Jesus se refere apenas a si m esmo como o pastor (lO.I I, 14). Embora ele fale de muitos ladrões, salteadores etc., ele se refere a apenas um pastor. É por essa razão que explicam os o versículo 2 como nós o fizemos. Embora o símbolo subjacente possa pressupor muitos pastores, cada qual com seu próprio rebanho (10.3, 4), apenas um pastor tem significado simbólico! - Mesmo assim, é verdade que, de certo modo, o trabalho do Supremo Pastor (IP e 5.4) é refletido no trabalho dos pastores auxiliares (Jo 21.15-17).
JOÂO 10.3-5
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3. Para este o porteiro abre, as ovelhas escutam sua voz, ele cham a pelo nom e suas próprias ovelhas e as leva para fora. Po dem os im aginar isto. D urante a noite, o porteiro ficava com as ovelhas. Ele conhece o pastor. Então, de manhã, quando ouve sua voz, ele abre a porta. As ovelhas tam bém im ediatam ente reconhecem a voz de seu próprio pastor. Elas não apenas ouvem (m ais ou m enos inconsciente m ente), mas escutam. Elas obedecem . Isso é verdade com relação às ovelhas, anim ais de fato. M as num sentido m ais elevado tam bém diz respeito aos discípulos de Jesus. E deve-se ter em m ente que a realida de no reino de Deus predom ina aqui! Exatam ente com o um pastor ori ental, ainda nos dias atuais, freqüentem ente cham a as ovelhas pelo nome (foram registrados casos em que m esm o os pastores que tiveram os olhos vendados, foram ainda capazes de reconhecer cada ovelha individualm ente), então tam bém (de fato, muito m ais ainda!) Jesus, o bom pastor, tem um conhecim ento íntimo e pessoal de todas aquelas que ele pretende salvar. E da m esm a form a com o o pastor leva as ovelhas para fora do aprisco, tam bém o pastor m eigo e am oroso, Jesus, reúne seu rebanho e o leva para fora do aprisco de Israel (10.3; cf. 1.11-13; M q 2.12) e do paganism o (10.16). 4, 5. D epois de fazer sair tod as as que lhe p erten cem , vai adian te d elas, e elas o seguem , porque lhe recon hecem a voz; m as de m odo algum segu irão o estranho; antes, fu girão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. O pastor retorna todas as m anhãs. Também Jesus está constante m ente reunindo suas ovelhas. D aí lerm os “sem pre” . Num aprisco ori ental, diversos rebanhos se reuniriam à noite. D e manhã, cada pastor fazia sair suas próprias ovelhas. Som ente as ovelhas que lhe corres ponde responderiam ao seu cham ado. As outras, que pertencem aos outros pastores, não lhe dariam atenção. O pastor, J e s u s , í a / r todas as suas ovelhas. Ele vence todas as objeções delas. A lgum as vezes as ovelhas tinham de ser forçadas a sair! De m odo algum, qualquer que lhe pertencesse era deixada para trás. Observe a palavra todas. Ver sobre 6.37, 39. O pastor, depois de ter feito sair as dele, vai à frente delas, e as ovelhas o seguem. Esse é o costum e no Oriente. Em outros lugares, os pastores vão atrás, tocando as ovelhas. D e im ediato, vem os que o cos
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JOAO 10.4, 5
tum e oriental é o que m elhor ilustra a relação entre Cristo e seus discí pulos. Jesus lidera-, ele não induz\ A razão pela qual as ovelhas seguem seu próprio pastor é dada nas palavras: “porque lhe reconhecem a voz” . N a Palavra de Deus, o ver dadeiro pastor se dirige às suas ovelhas. Elas reconhecem sua voz, e o seguem - isto é, confiam nele e lhe obedecem . D e nenhum modo (observe a negativa enfática) as ovelhas segui rão a voz de um estranho! Quando Jesus pensa no cuidado am oroso, sem pre vigilante e fiel que ele estende aos seus e deseja contrastar com o egoísm o dos fariseus, que estão sem pre buscando prom over a glória deles mesm os e roubar seus seguidores (9.22), ele se denom ina o bom pastor, e os denom ina de ladrões e salteadores. Porém , quando ele reflete no conhecim ento íntim o que tem de cada um de seus discí pulos e deseja contrastar com a ignorância dos fariseus - pois eles não conhecem nem o Senhor nem seu povo - , em bora novam ente pense de si m esm o com o o bom pastor (pois o cuidado gentil e o conhecim ento detalhado estão ligados à idéia de ser um pastor de verdade), ele os cham a estranhos. U m a ovelha norm al não segue um estranho m esmo que o últim o vista a roupa de pastor e tente im itar o cham ado do pastor. Isso já foi tentado m uitas vezes. Então tam bém (mais ainda!) o verdadeiro discí pulo do Senhor “não conhece” (recusa reconhecer) a voz de estranhos (cf. 2Jo 10), que veio a ele com um a filosofia estranha, um a teologia estranha e um a ética estranha; e portanto não o segue. Ele está resolu tam ente determ inado seguir som ente o único pastor verdadeiro, Jesus, com o ele fala em sua Palavra. A todos os outros ele evita; na verdade, ele foge deles horrorizado. 6 Jesus contou-lhes esta alegoria, eles, porém, não compreenderam o que ele pretendia dizer-lhes. 7 Então Jesus disse novamente: Mui solenemente eu lhes asseguro:^“ Eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não lhes deram ouvidos. 9 Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará p a s t a g e m . 1 0 O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que as pessoas tenham vida e a tenham em abundância. 11 Eu sou o bom 223. Sobre o t i , ver Introdução, pp. 81, 88, 224. IllA l; ver Introdução, pp, 63, 64,
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pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12 Aquele que é um mercenário, e não pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge. E o lobo as arrebata e dispersa (o rebanho). 13 (Ele foge) porque é mercenário, e não se preocupa com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor, e conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15 assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai; e dou minha vida pelas ovelhas. 16 Eu ainda tenho outras ovelhas que não pertencem a este aprisco; a elas também eu tenho de conduzir, e elas ouvirão minha voz, e se tornarão um só rebanho, um só pastor. 17 Por isso o Pai me ama, porque eu dou minha vida a fim de que eu possa reassumi-la. 18 Ninguém a tira de mim; ao contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para entregá-la, e eu tenho autori dade para reavê-la. Esta incumbência eu recebi de meu Pai. 19 Por causa dessas palavras, houve novamente divisão entre os judeus. 20 M uitos deles passaram a dizer: Ele tem demônio e enlouqueceu; por que vocês o ouvem? 21 Outros estavam dizendo: Essas não são declarações de um endemoninhado. Um demônio não pode abrir os olhos a um cego, pode?
10.6-21 6. Jesus contou-lhes esta alegoria. É difícil entender com o pode alguns intérpretes sustentar que esta alegoria foi contada som ente aos discípulos, e que som ente estes discípulos - eles apenas - entenderam o que ela significava. Que essas palavras foram ditas não apenas aos discípulos (9.2), mas tam bém aos fariseus e talvez a outros judeus, pa rece claro a partir de cuidadoso exam e das seguintes passagens: 9.40, 41 (continuando até lO .lss); 10.7; e especialm ente 10.19-21. Para o significado do term o alegoria (trapoLuía) e as regras de interpretação que se lhe aplicam , ver o que foi dito nas pp. 448-452 acima. Os judeus não entenderam a alegoria; eles, porém , não com pre enderam 0 que ele pretendia dizer-lhes. Se conhecessem m elhor o Antigo Testam ento, eles não teriam sentido essa dificuldade. Ver o que foi dito nas pp. 446-448. acima. Entretanto, aqui devem os ser cautelo sos na interpretação. Em bora a idéia de pastor e ovelha (Jeová o pas tor; seu povo suas ovelhas) se encontrem em tantas páginas do Antigo Testam ento, de m odo que a ignorância total com respeito a essa figura é quase inimaginável, o pensamento adicional transmitido aqui em 10.16, a saber, que o bom pastor (aqui não Jeová, mas Jesus) separaria o verdadeiro Israel de dentro da nação de Israel (conduziria os seus para fora do aprisco) não era provavelm ente tão bem conhecida. Entretan to, nem m esm o essa idéia deveria ter soado tão estranha. A reunião ou
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a eleição de um rem anescente é ensinada em m uitas passagens do Antigo Testamento: Jerem ias 3.14; 23.3; Am ós 3.12; 5.15; M iquéias 2.12; 5.3, 7, 8; 7.18-20; H abacuque 2.4; Sofonias 3.12, 13; Ageu 1.12, 14; Zacarias 8.6, 12; 13.8, 9. Em M iquéias 2.12 essa reunião de um rem anescente está até m esm o associada à idéia do pastor. Cf. Amós 3.12. 7. E ntão Jesus disse de novo: M ui solen em ente eu lhes as seguro: E u sou a porta das ovelhas. Com o seus ouvintes não tinham entendido a alegoria, Jesus a expli cou neste parágrafo. Contudo, o que temos aqui é m ais do que um a explicação. Alguns detalhes são acrescentados, de m odo que podem os falar de explicação e am plificação. Q uando Jesus diz, “Eu - enfático, isto é. Som ente eu - sou a porta das ovelhas” , ele quer dizer que ele é o único por meio de quem al guém pode obter acesso genuíno. Sim plesm ente não existe outra entra da. Cf. 14.6. A ssim sendo, essa idéia básica recebe duas aplicações. U m a vez visto isso, fica respondida a pergunta se Jesus é a porta às ovelhas ou se ele é a porta para as ovelhas. No versículo 8 Jesus aparece com o a porta às ovelhas; no versículo 9 com o a porta p ara as ovelhas. Ele, e som ente ele, é e sem pre será a porta. Para o verdadeiro pastor ele é a porta. Para toda ovelha verdadeira ele é tam bém a porta. Para o pastor ele é a porta para as ovelhas. Para as ovelhas ele é a porta para todas as bênçãos de salvação. A figura é m uito apropriada: um a porta leva tanto para dentro com o para fora. Ele dá ao pastor acesso às suas ovelhas que estão no aprisco. E la dá às ovelhas acesso ao aprisco e às pastagens que estão fora. 8. Todos os que vieram antes de m im são ladrões e salteado res, m as as ovelhas não lhes deram ouvidos. Os versículos 7 e 8, tom ados em conjunto, dão um a bela explicação dos versículos 1 e 2. À luz desta interpretação, fornecida pelo próprio Jesus, os versículos 1 e 2 podem ser agora parafraseados com o segue: “M ui solenem ente eu lhes asseguro que quem não entra no curral das ovelhas pela fé em mim e por escolha m inha, mas entra de form a ilegal, é ladrão e salteador. Portanto, todos os que vieram antes de mim
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eram ladrões e saltadores. M as quem entra de form a legal é pastor das ovelhas.” Jesus, com o o único e bom pastor, se posiciona em contraste m uito nítido com todos os que tinham vindo antes dele. M as o que a preposi ção antes (irpó) significa aqui? No N ovo Testam ento, essa pequena palavra foi usada com os seguintes significados reconhecidos; a. “em frente de” {antes de lugar), com o em Atos 12.6; “guardas diante da porta” ; b. “m ais cedo que” {antes de tem po), com o em M ateus 8.29; “Tu vieste aqui atorm entar-nos antes do tem po?” ; c. “m ais do que” ou “acim a” {antes de preferência), com o em 1 Pedro 4.8; “antes de todas as coisas” . Quanto aos outros significados que têm sido atribuídos a essa palavra (tal com o “no interesse de” ou m esm o “em lugar d e” e “no nom e de”) não há exem plos incontroversos no Novo Testam en to.^^'’ De longe, o m ais com um é o significado dado em b. antes de tempo. N a verdade, em todos os outros lugares em que o Quarto E van gelho usa essa preposição, ela tem esse sentido (1 .49; 5.7 - em que a idéia de lugar parece fundir-se c o m a d e tempo; 11.55; 12.1; 13.1; 13.19; 17.5, 24). Sem dúvida, esse é o significado natural tam bém aqui em 10.8. Se a força tem poral não é básica aqui, ela deve pelo m enos ser considerada com o o significado resultante. M as não podem os nem m esm o aceitar a interpretação de todos que dão este sentido tem poral à preposição. Por exem plo, parece-nos que a idéia de que o Senhor estaria se referindo aqui aos profetas do período do A ntigo Testam ento e a João Batista, com o se estes tivessem sido ladrões e salteadores, é dificilm ente digna de qualquer com entário. E tam bém , pensar a respei to de falsos M essias que tinham aparecido antes do com eço do m inisté rio de Cristo é igualm ente não realístico. O contexto nada diz sobre eles. Sem qualquer dúvida, parece-nos que Jesus estaria pensando aqui nos hom ens que estavam em pé diante dele enquanto falava, a saber, os 225. Não posso concordar aqui com H. E. Dana e J. L. Mantey que, em seu excelente trabalho (uma jó ia para uso em sala de aula!) A M anual Grammar o f the Greek New Testament, Nova York, 1950, pp. 109, 110, aU'ibuem o sentido de “no lugar de” ou “no nome de” à preposição como usada aqui em 10.8. W. D. Chamberlain, que também escreveu um livro de grande valor sobre a gramática do Novo Testamento, An Exegetical Grammar o f the Greek New Testament, Nova York, 1941, pp. 127, 128, reconhece apenas os três sentidos que demos acima. (Não estamos discutindo o significado da composição npó.) Com isso concorda a Gram. N .T , pp. 620-622.
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líderes religiosos do povo. Os m em bros do Sinédrio, os saduceus, os fariseus, m as especialm ente os últim os (ver 9.40; 10.19). Eles eram os que estavam tentando, m ediante intim idações (9.22), roubar o povo e dessa m aneira obter honra para si de um a m aneira ilegal. Se am eaças fossem insuficientes, eles recorreriam à violência. Eles eram de fato tanto ladrões com o salteadores. A lém do mais, eles já estavam em cena quando Jesus veio ao m undo (ver sobre 3.1). Portanto, é fácil entender por que Jesus disse que eles tinham vindo antes dele. É tam bém com preensível que Jesus tivesse dito, “são (não eram) ladrões e salteado res” . Eles não tinham desaparecido, ainda estavam presentes. Ora, m uita gente ouvia esses líderes religiosos egoístas. M as as ovelhas - os verdadeiros discípulos de Cristo - não lhes davam ouvi dos! Em vez de dar-lhes atenção, as ovelhas obedeciam ao verdadeiro pastor, Jesus (cf. 10.3, 14). 9. Eu sou a porta. Para ver sobre a afirm ação “Eu sou a porta” , ver sobre 10.7. Jesus não é só a porta às ovelhas; é tam bém a porta para as ove lhas. Até certo ponto, já explicam os o versículo 9. Ver pp. 450, 451. Uns poucos pensam entos devem ser acrescentados. Jesus tinha ju sta m ente acabado de afirm ar que seus verdadeiros seguidores recusam dar ouvidos a ladrões e salteadores. É lógico, portanto, presum ir que, quando ele disse, se alguém entrar por mim, ainda está pensando nesses m esm os seguidores verdadeiros. Observe a posição enfática da expressão p o r mim (no original, no início da frase). Não existe outra entrada! D eixem os que 3.16 sirva de comentário: a fé em Cristo com o o Filho de D eus é a única porta de entrada. E esta fé é confiança pessoal plena nele e em sua expiação substitutiva. Jesus diz, “se alguém entrar por m im será salvo”. O que ele quer dizer quando diz que essa pessoa será sa lva i Esse term o é explicado no versículo 10. Significa receberá vida. Os term os ser salvo e ter vida são usados juntos aqui, assim com o em 3.16 e 3.17. De 3.16 sabe m os que isso significa vida eterna. Ver sobre esse versículo. E m esm o que não tivéssem os 3.16, 17, ainda teríam os o com entário que nos é fornecido por 10.28. Essas ovelhas são libertas da culpa, da m iséria e do castigo pelo pecado. A bundância - o am or de Deus fartam ente der ram ado no coração delas, a paz de Deus que excede a todo entendi
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m ento - é a porção delas, aqui em princípio, logo m ais em perfeição. Não existem boas razões para restringir o significado do verbo nesta passagem , com o se ele não significasse nada m ais que “ele estará se guro” . N a verdade, a segurança está tam bém im plícita nas palavras, entrará, e sairá; m as essa é apenas parte do significado. Não apenas entrará e sairá, isto é, experim entará perfeita isenção de todo dano e perigo, e isso m esm o nos pequenos afazeres do dia-a-dia e se sentirá inteiram ente à vontade nas rotinas diárias do povo de D eus (ver espe cialm ente as belas palavras do S U 21.8), mas além disso achará pasta gem , ou seja, vida em abundância, com o o versículo seguinte indica. A pastagem que a ovelha verdadeira encontra no estudo da Palavra está certam ente incluída. 10, 11. O ladrão vem som ente para roubar, m atar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância. O la drão é o fariseu, com o foi explicado (ver sobre 10.1). O bserve o arran jo culm inante: roubar, matar, destruir. Que esses líderes espirituais reli giosos m atavam e destruíam as pessoas que eles tinham roubado está claro em M ateus 23.15. O exato oposto de m atar e destruir é tornar vivo. E o exato oposto de ladrão é o bom pastor. Cristo. Então Jesus disse, “eu vim para que (isto é, as pessoas; aqui as ovelhas) tenham vida (ver sobre 3.16) e a tenham em abundância (de graça, 1.16; cf. Rm 5.17, 20; E f 1.7, 8; de alegria, 2Co 8.2; de paz, Jr 33.6). Ver tam bém 2.6, 7; 4.14; 6.13, 35. Essas passagens m ostram que Jesus sem pre dá um a m edida transbordante, um superávit. Jesus continua, eu sou o bom pastor, de fato: o pastor, o bom pastor. O adjetivo é enfático! Esse adjetivo, entretanto, não é àyaQói; m as KttÀóç. O sentido básico da palavra é m aravilhoso. Aqui ele indica excelente. Esse pastor corresponde a um ideal tanto em caráter com o em sua obra. E ele é o único de sua categoria. (Ver a nota 222 acima). O predicado deste grande EU SO U tem o artigo, e portanto é perm utá vel com o sujeito. A afirmação “Eu sou o bom pastor” explica 10.2, 3,4. A gora já sabemos quem Jesus tinha em m ente quando falou sobre o pastor a quem as ovelhas davam ouvidos. O caráter excelente desse pastor é dem onstrado especialm ente nisto, O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. No sentido em que isto é dito não pode aplicar-se a um pastor de rebanhos com um , não im porta quão
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bom ele venha ser. Um pastor desses pode, na verdade, arriscar a vida na defesa de suas ovelhas (IS m 17.34-36), mas ele não dá (xL0riaL) de fato sua vida, isto é, ele não dá sua vida com o um sacrifício voluntário. Tam bém na vida com um a m orte do pastor significa dano e possível m orte do rebanho. Neste caso a m orte do pastor significa vida (CwtÍ) para as ovelhas! O bom pastor “derram ou sua alm a (observe t t ) v \|;u x T iy aÒToO tanto em 10.11 com o tam bém em Is 53.12, na versão LXX) na m orte” . Ele se dá a si mesmo\ A idéia não é que esse pastor m eram en te dá sua vida natural. Não, ij/uxi], que repousa no aram aico original (tanto oral com o escrito), é o equivalente pleno do ego, da pessoa. Ver tam bém a m esm a expressão, “sua vida”, em M ateus 20.28; M arcos 10.45, enquanto 1 Timóteo 2.6 traz a si mesmo. É provável que tenha esse m esm o sentido em todas as passagens em que ela ocorre no Evangelho de João (10.11, 15, 17,24; 12.25,27; 13.37, 38; e 15.13). O bom pastor dá sua vida pelas ovelhas. A preposição é útrép, um a palavra que tem um radical com o significado de sobre. No Quarto Evangelho é sem pre usado com genitivo.^“ U sada dessa m aneira, seu sentido varia desde o insípido a respeito de (1.30) ao em benefício de e o estreitam ente relacionado p o r causa de (6.51; 11.4; 17.19), ao m uito significativo em vez de (ver 10.11, 15; 11.50, 51, 52; 13.37, 38; 15.13; 18.14). Entretanto, é provavelm ente incorreto dizer que essa preposição em si m esm a signifique em vez de. E ssa é a conotação resultante quando usada em alguns contextos. O bom pastor dá sua vida em benefício das ovelhas, mas a única m aneira pela qual ele pode beneficiar as ovelhas, salvando-as da destruição perpétua e lhes con cedendo a vida eterna, é m orrendo no lugar delas, com o aprendem os de M ateus 20.28; M arcos 10.45, onde a preposição ái^ií (em vez de, em troca de) é usada. É muito fácil ver com o, por um a transição muito gradual de em benefício de ou em fa v o r de, pode tornar-se em vez de. Assim , no papiro em que o escriba escreve um docum ento em favor de alguém que não sabe escrever, está escrevendo em lugar da pessoa analfabeta.^-^ Cf. tam bém 2 Coríntios 5.21; Gálatas 3.13. 226. A possível exceção (únép com acento) é 12.43, mas aqui é provável que a melhor leitura sej a líirep. 227. Ver sobre ònÉp A. T. Robertson, The M inister and his Greek New Testament, Nova York, 1923, pp. 35-42. Também W. Hendriksen, The M eaning o f the Prepostiion àvzi in
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É para as ovelhas - só para as ovelhas - que o bom pastor dá sua vida. A am plitude da expiação é definitivam ente restrita.-^** Jesus m or reu por aqueles que lhe foram dados pelo Pai, pelos filhos de Deus, pelos crentes verdadeiros. Este é o ensino ao longo de todo o Quarto Evangelho (3.16; 6.37, 39, 40, 65; 10.11, 15,29; 17.6, 9, 20, 21, 24). É tam bém a doutrina do restante das Escrituras. Com seu sangue precio so Cristo com prou sua Igreja (At 20.28 E f 5.25-27); seu povo (M t 1.21 ); os eleitos (Rm 8.32-35). Não obstante, o am or de Deus é tão am plo quanto o oceano. As ovelhas são encontradas em toda parte. Elas não estão confinadas a um curral (10.16; ver sobre 1.10, 29; 3.16; 4.42; 6.33, 51; 11.52). Sobre Jesus com o o bom pastor, ver tam bém Ezequiel 34.23; Lucas 15.3-6; H ebreus 13.20; e 1 Pedro 2.25; 5.4; ver especialm ente as expli cações de João 10.14, 15. 12, 13. Jesus já tinha com parado seus inim igos a estranhos e la drões. Eles são estranhos porque não conhecem as ovelhas. Ladrões, porque buscam apossar-se do rebanho por meios ilícitos. E agora Jesus acrescenta a figura do m ercenário. Sim, os fariseus são tam bém m er cenários. O m ercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas. Eles são mercenários porque não têm nenhum a conside ração, nenhum am or pelas ovelhas. Esse é o com portam ento típico do m ercenário. Ele não é o equivalente de nenhum hom em contratado. A lguns em pregados podem ter o coração de um pastor. M as esses m ercenários não têm. Eles estão sim plesm ente trabalhando pelo paga m ento. Eles acabaram de dar um exem plo muito revelador da total falta the New Testament, tese de doutorado na Biblioteca do Princeton Seminary, especialm ente pp. 77,78, da qual cito o seguinte; “O fato de q u e á v T Í pode ser cham ada num sentido, e num de seus significados, sinônimo de fjnép, não significa que as duas preposições sejam exata m ente iguais em conotação. Se num dado caso {nrép pode aproxim ar-se do sentido estrita m ente substitutivo, depende do contexto” . Ver também E. H. Blakeney, “ ú iié p com o Genitivo no Novo Testamento” , ExT 55 (1944), 306. 228. Sobre este assunto, ver L. Berkhof, Systematic Theology, Grand Rapids, Mich., 1949, pp, 394-399. O mesmo autor também escreveu Vicarious Atonem ent Through Chrisf, Grand Rapids, 1936; ver pp, 151-178. C. Bouma, Geen Algemeene Verzoening\ Kampen, 1928. O livro inteiro é devotado a uma discussão do caráter limitado da expiação e uma tentativa de responder às objeções feitas contra essa doutrina. A. A. Hodge, The Atonement, Filadélfia, 1867, pp. 347-429.
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de sua consideração pela ovelha verdadeira (9.34). Eles eram o tipo de pessoas que devoravam a casa das viúvas! O m ercenário vê vir o lobo (a respeito desse lobo, ver sobre o v. 29) e abandona as ovelhas e foge. Ele esquece im ediatam ente as ovelhas. Ele diz a si mesmo, “Que me im portam as ovelhas; de fato elas não são m inhas!” Então, no espírito de frio egoísm o, ele foge. Jesus não podia ter escolhido um a m elhor figura que a do m ercenário. Por acaso, os fariseus - esses líderes religiosos do povo - tinham dem onstrado um m ínim o de interesse pelo hom em paralítico de B etesda (ver sobre 5.10, 12)? Por acaso eles dem onstraram pelo menos um m ínim o de piedade pela m ulher encontrada no ato de adultério (ver sobre 8.3, 6)? E ver com o eles trataram o hom em a quem Jesus curara de cegueira congê nita (9.34). Em vez de defender de algum m odo a Israel contra os perigos espirituais que o rodeavam , fixaram toda a atenção em si e em seu próprio bem-estar. Eles eram exatam ente m ercenários que, quando vêem o lobo se aproxim ando, abandonam as ovelhas, então, o lobo as arrebata e dispersa o rebanho. (Ele foge) porque é m ercenário, e não se preocupa com as ovelhas. O m ercenário, pois, é o exato oposto do bom pastor que tom a conta das ovelhas de tal m odo que ninguém pode arrancar nenhum a de suas mãos (ver sobre 10.28, 29). Além do mais, em vez de dispersar suas ovelhas, ele as reúne (cf. 10.16). 14, 15. Eu sou o bom pastor; conheço m inhas ovelhas, e elas m e con h ecem , assim com o o Pai m e con h ece, e eu con h eço o Pai; e dou m inha vida pelas ovelhas. Aqui encontram os um a repetição enfática e um a am pliação do pre cedente. Jesus diz, “Eu sou o bom pastor” . Isso é um a repetição de 10.11 (ver a explicação desse versículo). Aqui (nos vs. 14 e 15), entre tanto, o assunto não é m eram ente afirmado, mas claram ente definido. Jesus - e ele som ente - é o bom pastor, pois: a. D iferente dos fariseus vistos com o estranhos (10.5), ele conhe ce suas ovelhas. Note: “eu conheço”. Ver 10.27; 2 Tim óteo 2.19. Ele sabe o nom e (10.3) e a natureza de cada ovelha, e as ovelhas conhe cem seu pastor pela experiência (10.3, 4). b. D iferente dos fariseus, vistos com o ladrões e salteadores (10.1,
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8, 10), ele é o dono de suas ovelhas. Ele as cham a “m inhas” . Ver 6.37, 39; 17.6,24. c. Diferente dos fariseus, vistos como mercenários (10.12, 13), ele ama suas ovelhas, mesmo a ponto de se oferecer como um sacrifício em favor delas e em lugar delas. Ele disse, “Eu dou minha vida pelas ove lhas” . Para a explicação dessa sublime afirmação, ver sobre o versículo 11. (Entretanto, note a diferença: no v. 11 é usada a terceira pessoa; aqui no V. 15, a prim eira pessoa; portanto, o v. 15 explica o v. 11.) Observe tam bém o arranjo quiasm ástico do paralelism o que tem os nesses versículos: a. b. c. d.
conheço m inhas ovelhas elas me conhecem assim com o o Pai m e conhece eu conheço o Pai.
Em a. e d. Jesus, o bom pastor, é o sujeito', a ação procede dele. Em b. e c. ele é o objeto', a ação procede das ovelhas e do Pai. O que Jesus afirm a nesses versículos não pode significar que a com unhão que é encontrada na terra (entre o bom pastor e as ovelhas) é tão próxim a quanto a que existe no céu (entre o Pai e o Filho), m as que 0 prim eiro é m odelado para o (é um reflexo do) últim o. Para ver sobre a intim idade da com unhão entre o Pai e o Filho, ver 10.30, 38; 14.11, 17, 21; tam bém M ateus 11.27. O verbo conhecer ( y l v c ú o k g ú ) ocorre quatro vezes nesses dois ver sículos. Ver sobre 1.10, 31; 3.11; 8.28. Aqui está um conhecim ento de experiência e de com unhão am orosa. Jesus reconhece os que são seus (com o seus discípulos verdadeiros); eles o reconhecem (com o seu Se nhor). N ada pode ser m ais m aravilhoso! Assim tam bém o Pai conhece o Filho; o Filho conhece o Pai. 16. Tenho ainda outras ovelhas, as quais não p erten cem a este aprisco; a elas tam bém eu tenho de conduzir, e elas ouvirão m inha voz e se tornarão um só rebanho, um só pastor. N em todas as ovelhas pertencem ao aprisco de Israel. O bom pas tor tam bém tem outras ovelhas. Ele as tem mesmo agora porque elas lhe foram dadas pelo Pai no decreto da predestinação desde a etem ida-
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de (6.37, 39; 17.6, 24). Essa é tam bém a razão pela qual m esm o antes de serem congragadas podem ser cham adas m inhas ove lhas. U m a verdade m uito grande é proclam ada aqui, a saber, que o reba nho de C risto não m ais estaria confinado aos crentes dentre os judeus. U m novo período estava alvorecendo. Durante a velha dispensação, todas as nações - com exceção dos judeus - estavam sob a escravidão de Satanás. N aturalm ente não no sentido absoluto do termo, pois Deus sem pre reinou supremo, mas no sentido de Atos 14.16: Deus “nas gera ções passadas perm itiu que todos os povos andassem em seus p ró prios caminhos'". Porém , isso m uda agora. A Igreja se tornaria inter nacional.^’“ M ediante o trabalho de Paulo e outros grandes m issionári os que haveriam de segui-lo, crentes dentre os gentios seriam acres centados à Igreja. A grande bênção do Pentecostes e a E ra Evangélica que o seguiria é aqui predita. É um tem a m aravilhoso. N um sentido foi predito m esm o no Antigo Testamento: Gênesis 12.3; Salm os 72.8, 9; 87.4-6; Isaías 60.3; Joel 2.28; Sofonias 2.9; M alaquias 1.11. M as a idéia de que os eleitos dentre os gentios estariam em p é de igualdade com os eleitos de Israel não recebe essa ênfase. A representação co mum é que a tenda de Israel será aum entada para que tenha espaço às outras nações (Is 54.2, 3); que as nações irão ao m onte de Jeová em Jerusalém (M q 4.1, 2). A idéia de que os gentios seriam co-herdeiros e co-m em bros do corpo e co-participantes das prom essas em Cristo Je sus; em outras palavras, que eles entrariam no reino dos céus em pé de igualdade com os judeus - essa idéia (em bora não excluída pelos profe tas) não é enfatizada no Antigo Testamento. Por isso, Paulo podia falar disso com o um m istério (E f 1.9, 10; 3.1-6). M as é exatam ente essa idéia que é aqui proclam ada por Jesus. Observe que ele não leva o rebanho dos pagãos para dentro do aprisco de Israel, m as reúne as ovelhas de Israel e as ovelhas dos pagãos com o um só rebanhol 229. João Calvino, op. cit., p. 202: nec vero tantum hoc nomine quales futuri sint docet, quin potius ad arcanam Pauis electionem hoc refert, quia iam oves sumus Deo, antequan ipsum sentiamus nobis esse pastorem; quemadmodum alibi dicim ur fuisse inimici quo tem pore nos amabat (Rm 5.10); qua ratione etiam Paulus dicit nos prius a Deo fuisse cognitos, quam illum cognosceremus (G14.9). 230. Ver W. Hendriksen, More Than Conquerors, Grand Rapids, Mich., 6“ ed., 1952, pp. 223-229. O que encontramos em João 10.16 se harmoniza lindamente com Apocalipse 20.1-3 (“para que não mais enganasse as nações”).
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Essa passagem pode ser considerada com o um a chave para a exphcação do term o em 1.29; 3.16,17; 4.42; 6.51; 8.12; 9.5; 12.46. Ver sobre 1.10; cf. 12.32. O bom pastor tem de conduzi-las. Essa é a ordem da predestina ção, da profecia e da com pulsão interior, fundida em um. O pastor as conduz ou guia (ele vai à frente delas para que elas possam segui-lo; ver sobre 10.4); e elas escutam sua voz (ver sobre 10.3), quando esta lhes vem na Palavra aplicada ao coração pelo Espírito. D essa m aneira, todas se tornam um só rebanho (não um aprisco, com o traz a A .V , com base na Vulgata), com um só pastor. Cf. 17.20, 21; Ez 34.23. 17, 18. Por isso o Pai m e am a, porque eu dou m in ha vida para a reassumir. 18 Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneam ente a dou. Tenho autoridade para a entregar e tam bém para reavê-la. Esta incum bência eu recebi de m eu Pai. Jesus tinha falado sobre dar sua vida (vs. 11, 15). A lgum as vezes lem os que Jesus faz o que qualquer bom pastor faz por suas ovelhas. Isso é verdade apenas no sentido em que nenhum deles foge quando o lobo vem. M as o A ntítipo é sem pre m elhor do que o tipo. A ação de Cristo difere de duas m aneiras da de um pastor que arrisca sua vida em favor do rebanho; a. é um sacrifício voluntário (quando o m om ento certo chega, Jesus não tenta salvar sua vida, com o os pastores que, em luta com o lobo, tenta salvar a sua); e b. ele realm ente salva as ovelhas. A gora (vs. 17 e 18) observam os ainda um a terceira diferença: c. Jesus entrega sua vida para a reassumir. Ver sobre 2.19. N enhum pastor com um é capaz de fazer isso. A m orte de Cristo (com o tam bém seu nascim ento) tem propósito. Se ele não tivesse dado sua vida (ou seja, se ele tivesse resistido à m orte) não poderia reavê-la. Então, ele a en trega para a tom ar de volta, e ele o faz em obediência à vontade divina e em benefício de seu povo. O fato de a m orte de Cristo ser um ato de livre volição tinha de ser enfatizado a fim de que, quando a morte ocorresse, os inimigos, respon sáveis por ela, não tivessem direito de se gabar com o se esta fosse a vitória deles, e tam bém a fim de que os discípulos não tivessem razão para desespero com o se essa m orte significasse sua derrota. A m orte e a ressurreição &ão feito s (obras), não m eram ente ex
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periências. Am bas são realizações de obediência e am or perfeitos e intencionais. P or essa razão (aqui a frase aponta para a frente) o Pai am a o Filho (para o significado do verbo àvaTOu ver sobre 21.15-17) “porque”, disse Jesus, “eu dou m inha vida para a reassum ir.” O Pai m ostrará seu am or por m eio da recom pensa descrita em Filipenses 2.9. Vendo profeticam ente seu sacrifício com pleto, com o se ele já o tivesse cum prido, Jesus diz, “N inguém a tirou (a m elhor leitura) de mim; pelo contrário, eu espontaneam ente a dou” . Assim sendo, o cará ter voluntário da ação é novam ente enfatizado. A parte da natureza voluntária, a m orte de Cristo não teria tido nenhum valor para salvar. Sem a expressão firm e e resoluta quando ele estava a cam inho de Jerusalém e da cruz, a vontade de Jeová não teria prosperado em suas mãos. Ver 18.4-11; M ateus 26.52-54; 27.50; Rom anos 5.8; Hebreus 9.14; e cf. Isaías 53.10. Ninguém tem o direito de dar sua vida, mas Jesus tinha esse direi to. Ele tinha o direito tanto de dá-la quanto de reassum i-la. Entretanto, a tradução exata do term o è^ouaía (ver tam bém sobre 1.12) não é fácil. D e fato, é duvidoso que haja, em nossa língua, aiguma palavra que tenha o sentido equivalente ao term o grego. Ele tem sido traduzido com o “direito”, “autoridade”, “liberdade” e “poder” . O fato de Jesus ter 0 kiovaLav provavelm ente significa que nada no reino que seja p r ó prio ou que seja possível poderia im pedi-lo de fazer o que ele queria fazer. Ele é livre em todos os aspectos para fazer o que tem intenção de fazer. No caso presente, ele não só é livre, m as tam bém recebeu um a incumbência ou missão do Pai, um a incumbência de fazer o que ele queria fazer! (Para o significado do term o incumbência, ver tam bém sobre 13.34.) Aqui novam ente o Filho com o M ediador se harm oni za com pletam ente com a vontade do Pai. O Pai deu o Filho à m orte (3.16); o Filho deu-se a si mesmo. O Pai ressuscitaria o Filho; o Filho reassumiria sua própria vida. 19-21. H ouve novam ente divisão entre os ju d eu s em razão dessas palavras. M uitos deles passaram a dizer: Ele tem d em ô nio e enlouqueceu; por que o ouvem ? - O utros estavam d izen do: E ste m odo de falar não é de endem oninhado. Um dem ônio não pode abrir os olhos aos cegos, pode? Não é difícil entender que à mente do hom em natural as palavras
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de Jesus pareciam ser tolices. Por que um hom em entregaria sua vida a fim de reavê-lal É fato que algum as pessoas desejam com eter suicí dio, m as certam ente não com a intenção de voltar a viver novam ente, m esm o que quisessem ! M uitos (talvez a m aioria; ver tam bém sobre 9.16) estavam raciocinando assim. Então eles disseram : “E le tem de m ônio e enlouqueceu.” Ver sobre 7.20, 49, 52; 8.48. Eles não estavam identificando insanidade com possessão dem oníaca, mas queriam dar a idéia de que Jesus, por estar de fato sob o controle de um espírito mau, estava falando puro absurdo. Então, por que alguém deveria continuar a ouvi-lo? Nem todos concordavam com esse sentim ento. Então ocorreu no vam ente um a divisão (cisma) entre os judeus. Para outros casos de um óbvio choque de opiniões, ver sobre 6.52; 7.43; 9.16. Aqueles que dis cordavam da m aioria revolviam na mente a m aravilha da alegoria com pleta do bom pastor que, em contraste com os estranhos, conhecem suas ovelhas; em contraste com os ladrões e salteadores, é dono de suas ovelhas; e em contraste com os m ercenários, ama suas ovelhas. Talvez eles não pudessem entender tudo, m as de um a coisa estavam certos: “Esse m odo de falar não é de endem oninhado” . A lém disso, eles não tinham esquecido o grande m ilagre que Jesus realizara bem recentem ente. D a form a com o o vêem, esse m ilagre tinha valor de prova (ver sobre 9.16, 31-33). Eles agora estão interessados em deba ter a questão, “Será que o fato de Jesus ter aberto os olhos do cego indica que ele é de D e u s T Eles tom aram um a posição que, à prim eira vista, parecia indiscutível: “Um dem ônio não pode abrir os olhos aos cegos, pode?”A im plicação é: “Claro que não!” Observe com o essa sentença de encerram ento é dram ática e im pressionante no relato em que o Q uarto Evangelho reproduz o discurso do bom pastor. Jerusalém tinha recebido um grande Visitante. Com respeito a ele, ninguém podia m anter-se neutro!
Síntese de 10.1-21 Ver o Esboço na p. 321. O Filho de D eus se Revela com o o Bom Pastor. Seus Inim igos o C onsideram um M aníaco Possesso de D e m ônio. N essa m aravilhosa alegoria, Jesus se descreve com o sendo o bom
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pastor, em contraste com os pastores m aus que m altratam as ovelhas (tendo sem dúvida em m ente os fariseus que tinham expulsado o ho m em que Jesus tinha curado de cegueira). A figura subjacente da alegoria é de um pastor oriental que de m a nhã vai ao aprisco em que suas ovelhas são m antidas. O porteiro lhe abre, e o pastor então retira suas próprias ovelhas cham ando-as pelos nom es que ele m esm o lhes deu. Então, um pouco m ais tarde vemos esse pastor guiando suas ovelhas às pastagens e, m ediante seu cham a do, assegurando-lhes sua presença constante. Ao cair da noite, o pastor retom a com seu rebanho e o protege contra os lobos. Ele está disposto, se for necessário, a arriscar sua própria vida em sua defesa. Sendo um verdadeiro pastor, ele tem um profundo interesse por suas ovelhas. Temos de distinguir entre o sím bolo e a realidade que é indicada pelosím bolo. A lgum as v e z e s -c o m o em 10.1-5, 12, \ ?>- o símbolo si “vem à superfície”, por assim dizer. É tão visível que devemos lem brar repetidas vezes que essas coisas significam algo. Outras vezes - com o em 10.6-11, 14-18 - as realidades de fato (Jesus, cuidando dos seus, entregando sua vida por eles; os hum ildes crentes, confiando nele e obedecendo-lhe; os fariseus odiando Jesus e seus seguidores) são m ais claram ente evidentes. Com o foi indicado, existem , principalm ente três realidades que re querem atenção, com o é tam bém m ostrado pelos três pontos principais no sumário seguinte:
A Alegoria do Bom Pastor I. O A m igo das Ovelhas: o Bom Pastor Tudo 0 que há de legítimo, completo, posse protetora, maravilhoso, íntimo, conhecimento intuitivo e ilimitado, devotado e úimor auto-sacrificial está contido neste termo. As ações do bom pastor foram sumariadas na p. 453. O pensamento principal é que seja qual for a bondade que um pastor terreno possa ter, ela é apenas um pálido reflexo da “beleza” trans cendental (lembre-se do adjetivo grego KaA,óç) do grande Antítipo, Jesus, o bom pastor real e genuíno, o único de sua estirpe! Ele possui, ele conhe ce, ele ama os seus e faz tudo isso de um m odo tão maravilhoso! E m bora só exista um bom pastor, isto é, Jesus, m esm o assim exis
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tem lições aqui para todo pastor auxiliar, para cada m inistro. Ele tam bém tem de exercer o cuidado protetor com referência a seu rebanho, deve conhecer cada m em bro e deve am ar com carinho cada um e todos. Q uanto a isso, a pergunta era candente na Igreja Prim itiva: “U m pastor pode abandonar suas ovelhas, por exem plo, se a vida dele esti ver em perigo?” De cada lado desse debate partiram afirm ações extre mas. Alguns acham que isso é perm itido se a. houver um outro pastor auxiliar que possa assum ir im ediatam ente o lugar; e se b. ao deixar as ovelhas que pertencem a um a seção do aprisco, a vida do pastor é salva para que ele possa servir em outra seção e para um possível retorno posterior ao seu antigo posto. Outros sim plesm ente enfatizam que ele deveria fazer o que fosse necessário para prom over o m aior bem ao m aior núm ero de ovelhas. Que cada pastor auxiliar, e cada denom inação que o envia para fora, estudem essa questão à luz de todas as lições que possam ser legitim am ente derivadas da presente alegoria. - Enquanto isso, a idéia principal não é certam ente o pastor auxiliar, mas o único bom pastor que nunca abandona suas ovelhas! II. Os Inim igos das Ovelhas: Ladrões e Salteadores, Estranhos e M ercenários Ladrões e salteadores são eles, pois eles não são donos das ove lhas; estranhos, porque eles não conhecem as ovelhas; m ercenários porque eles não amam as ovelhas. Assim, em tudo eles são exatam ente o oposto do bom pastor (ver acim a, prim eira sentença sob I). Pela intim idação, eles tentam obter a posse das ovelhas: eles pu lam os m uros para entrar no aprisco! Pela imitação (filosofia falsa, religião falsa, ética falsa), eles tentam seduzir as ovelhas. Q uando o perigo se aproxim a, fogem das ovelhas. Eles são absolutam ente egoís tas, um sím bolo adequado para os fariseus dos dias de Jesus e para m uitos líderes falsos em cada período da história. III. i4í O velhas Estas têm as seguintes características: 1. Ouvem a voz do pastor, porém não dão atenção à voz de estra nhos (10.3-5). 2. Seguem o pastor, porém fogem de estranhos (10.4, 5). 3. Entram pela porta (verdadeira fé em Jesus e sua justiça), são
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salvas, entram e saem e encontram pastagem (10.9). Elas obtêm vida e abundância (10.11). 4. Não pertencem ao m esm o aprisco, porém se tom arão um só rebanho, com um só pastor, Jesus (10.16). A absoluta dependência das ovelhas do pastor está im plícita em todas as partes. As ovelhas são dependentes dele para suas necessida des, direção e proteção. O pastor é “tudo” para elas. E elas põem nele toda sua confiança. Ovelhas abençoadas são as que têm um pastor com o esse! N enhum inim igo jam ais as m olestará. 22 Então chegou a Festa da Dedicação em Jerusalém. Era inverno, 23 e Jesus passeava na parte interna do templo, no Pórtico de Salomão. 24 Então os judeus se juntaram ao seu redor, e lhe disseram: Até quando nos manterás em suspense? Se és o Cristo, dize-nos francamente.^’' 25 Jesus lhes respondeu: Eu lhes disse, mas vocês não creram. As obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito, 26 mas vocês não crêem porque não são de minhas ovelhas. 27 M inhas ovelhas ouvem minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem, 28 e eu lhes dou a vida eterna, e elas certamente jam ais perecerão, e ninguém as arrebatará de minha mão. 29 Aquilo que meu Pai me deu é mais excelente do que tudo, e ninguém é capaz de (o) arrebatar da mão do Pai. 30 Eu e o Pai somos um. 31 Os judeus novam ente pegaram em pedras para apedrejá-lo. 32 Jesus lhes respondeu: Eu lhes mostrei muitas obras boas da parte do Pai. Por qual dessas obras estão tentando apedrejar-m e? 33 Os judeus lhe responderam : Não é por uma boa obra que estamos tentando apedrejar-te, mas por blasfêmia, porque tu, sendo homem, te fazes Deus. 34 Jesus lhes respondeu: Não está escrito em sua lei: Eu disse, vocês são deuses? 35 Se ele cham ou deuses àqueles a quem veio a palavra de Deus, e a Escritura não pode ser quebrada, 36 vocês dizem daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo: Estás blasfe mando; só porque eu disse: Eu sou o Filho de Deus?^^^ 37 Se não estou fazen do as obras de meu Pai, então não acreditem em mim;^^^ 38 mas, se as faço, mesmo que vocês não crêem em mim, creiam nas o b r a s , a fim de que venham a com preender e continuem com preendendo que o Pai (está) em mim, e eu estou no Pai. 39 Por isso estavam novamente tentando prendê-lo, ele, porém, fugiu de suas mãos.
231. 232. 233. 234.
ID; ver Introdução, pp. 60, IB; ver Inuodução, pp. 60, ID; ver Introdução, pp. 60, ID e IIIB I; ver Introdução,
62. 61. 62. pp. 60, 62 e 63, 65.
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40 E ele cruzou o Jordão, indo para o lugar onde João batizava no princí pio; e ali permaneceu. 41 E muitos iam ter com ele e diziam: João não fez nenhum sinal. No entanto, tudo o que João disse a respeito deste homem era verdade. 42 E muitos ali creram nele.
10.22-24 22a. D epois dos acontecim entos que em geral pertencem à Festa dos Tabernáculos, o evangelista passa im ediatam ente à festa da D edi cação. E ntão chegou a Festa da D edicação em Jerusalém . M as, onde esteve Jesus no intervalo entre essas duas festas? Onde estava ele entre outubro e dezem bro do ano 29 d.C.? As opiniões variam. Alguns dizem , “Ele passou esse tem po ‘no lugar onde João B atista batizava no princípio’” . Eles se baseiam em 10.40 (na palavra nova mente), m as certam ente não é difícil ver que esta conclusão de modo algum procede. Outros fazem Jesus viajar de volta à Galiléia. A inda outros opinam que ele se m anteve recluso na cidade, que ele passou algum tem po em Betânia, ou que ele ficou “em algum lugar” da Judéia (cf. Lc 10.1-13.21). João sim plesm ente não nos fornece nenhum a in form ação definida com respeito a essa questão. N a F esta da Dedicação, na últim a parte de dezem bro, Jesus estava ainda (ou: está novam ente) em Jerusalém . Essa festa era (e ainda é hoje) a com em oração da purificação e rededicação do tem plo por Ju das M acabeus no ano 165 a.C. (no vigésim o quinto dia do Kislev, que é aproxim adam ente nosso dezem bro), exatam ente três anos depois que ele foi profanado por Antíoco Epífanes. Ver 1 M acabeus 1.59; 4.52,59; Fl. Josefo, A ntiguidades XIII, vii, 7; L. Finkelstein, The Jews, Their History, Culture, and Religion, 2 vols.. N ova York, 1949, vol. II, p. 1373; cf. tam bém Daniel 8.14. Trata-se de um a festa alegre de oito dias, m arcada pela ilum inação das habitações (daí ser tam bém cham a da “Festa das Luzes” ) e peias reuniões familiares. Em bora não seja um a das três grandes festas dos peregrinos, ela contudo reunia m uita gente em Jerusalém . 22b, 23. Era inverno, e Jesus estava passeando na parte in tern a do tem p lo, no P órtico de Salom ão. A estação das chuvas chegara. E ntão não é de adm irar que Jesus estivesse andando sob a colunata coberta ao longo da parede oriental do tem plo. Esse pórtico é
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tido com o sendo o único rem anescente do tem plo original. Por causa disso, ele é cham ado Pórtico de Salomão (ver tam bém At 3.11; 5.12). Ele durou até a destruição do tem plo porT ito, 70 d.C. (Josefo, A m iguidades XX, ix, 7). 24, 25a. E ntão os judeus (ver sobre 1.19), ainda irritados pelas chicotadas verbais que receberam de Jesus, que por im plicação os de nom inara de ladrões, salteadores, estranhos e m ercenários (01.1-18), juntaram -se ao seu redor a fim de obter de seus lábios um a declara ção com base na qual eles pudessem efetuar sua destruição. E ntão eles o confrontam com a pergunta, A té quando nos m an terás em suspense? Literalm ente, o que eles dizem é “Até quando erguerás (ou: arrebatarás) nossa alm a?” Que erg u e ra alma aqui tem 0 sentido de m anter a pessoa em suspense é evidente pela sentença que vem im ediatam ente: Se és o Cristo, dize-nos francam ente (“não nos deixes com o que pendurados em ganchos” ou “não nos deixes sus pensos no ar”). Para o significado de i|;uxií ver 10.11. A lguém poderia perguntar: “Por que Jesus não lhes dizia clara m ente (isto é, com todas as letras): “Eu sou o C risto” ? Ele se revelara claram ente à m ulher sam aritana (4.25, 26); por que não usava a m es m a linguagem clara quando fala aos judeus? Em bora várias respostas tenham sido dadas a essa pergunta, a melhor, segundo nos parece, é a tradicional, isto é, que na m ente dos judeus (particularm ente os líderes religiosos judeus, hostis a Jesus) ser o Cristo significava ser o rei p o lítico (m uito m ais do que espiritual) de ísrael, em rebelião contra o governo romano. Cf. M ateus 26.63 e Lucas 23.2. Se Jesus tivesse usado a linguagem clara que eles agora exigiam , ele teria sido com ple tam ente m al-entendido. Ver tam bém sobre 6.15. D eve-se ter em m en te que m esm o à m ulher sam aritana Jesus não se deu a conhecer com o sendo o Cristo até que m inistrasse a lição que ela tanto precisava a respeito do caráter espiritual da religião. Porém , em bora Jesus não tivesse usado exatam ente essas pala vras que os judeus estavam então tentando arrancar de seus lábios, ele havia, contudo, em pregado um a fraseologia que claram ente sugeria que ele se considerava o M essias; contudo, no sentido estritam ente espiri tual. P o rtan to , 2 5a. Jesu s lhes respon d eu : E u lhes d isse: m as vocês não creram .
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Se os judeus estivem dispostos a abordar as palavras de Jesus com um coração crente, saberiam que Jesus era de fato o M essias, o Filho de Deus, enviado pelo Pai para realizar sua obra m ediadora. A declara ção “Eu lhes disse” é inteiram ente justificada, com o qualquer um pode ver pela releitura das seguintes passagens: 5.17-47; 6.29, 35, 51-65; 7.37-39; 8.12-20, 28, 2 9 ,4 2 , 56-58; e 10.7-18. Jesus explica que a des crença cega e em brutece: falta de fé (como resultado da m á vontade para com Jesus) significa falta de entendim ento espiritual. E m 8.43 o Senhor expressou a m esm a idéia nestas palavras: “Por que vocês não com preende m inha linguagem ? É porque vocês não podem (suportar) ouvir m inha palavra.” Ver sobre esse versículo. 25b, 26. Jesus continua: As obras que estou fazendo em nom e de m eu Pai testificam a meu respeito. Jesus não só lhes contara sobre sua origem e seu caráter exaltados, mas lhes h a v ia provadol As palavras tinham sido acom panhadas de obras. Pense no caso do pa ralítico do tanque de B etzata (“B etesda”) e do hom em cego de nascen ça (ver sobre os capítulos 5 e 9). Jesus estava constantem ente fazendo obras no nom e do Pai, isto é, sob sua direção, em cooperação com ele, especialm ente com o propósito de revelar seu poder, am or e glória. Que essas obras tinham valor de evidência - claram ente indicando que Jesus era A quele que fora com issionado pelo Pai para executar o plano da salvação - tinha sido previam ente afirm ado (ver sobre 5.20, 36; e cf. as explicações de 9.31 -33; para o significado do term o dar testem u nho ou testificar, ver sobre 1.7). Os judeus, entretanto, tinham ignorado o significado desses sinais. Pior ainda, eles estavam fazendo tudo o que estava a seu alcance com o fim de paralisar o efeito que eles pudessem ter entre o povo. Então Jesus diz aos judeus, M as vocês não crêem no que essas obras tão claram ente ensinam . Essa incapacidade de crer, a hostilidade aberta constitui seu pecado. E por isso eles - e eles somente - são totalm en te responsáveis. Além disso, há ainda o fator predestinação divina: “vo cês não crêem porque não são m inhas ovelh as.” As ovelhas do bom pastor são aquelas que lhe foram dadas pelo Pai (10.29; cf. 6.39, 44). Elas ouvem a voz do pastor e o seguem (10.3, 4). Retornando ao ângulo do decreto divino, observe o seguinte: se todos os hom ens pecaram em Adão, jazem debaixo da m aldição e são
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m erecedores da m orte eterna, ninguém jam ais pode culpar a D eus de injustiça por tê-los deixado perecer, enquanto ele escolhe outros dentre essa m assa de corrupção para que lhe pertençam . C onfessam os, natu ralm ente, que não é possível harm onizar as duas linhas que correm paralelas nas Escrituras (e algum as vezes, com o aqui, até m esm o num versículo: 10.26!): responsabilidade humana, de um lado, e predestina ção divina, do outro. N egar qualquer um a das duas é tolice. A m bas as linhas são claram ente traçadas por Jesus, por João (e pelas Escrituras em geral; cf. Lc 22.22; At 2.23), e isso repetidas vezes. Não apenas isso, m as o fator predestinação divina é mais básico do que o da res ponsabilidade hum ana; m ais básico, nesse sentido, do que o fato de que aqueles que ouvem a voz de Cristo e o seguem (confiam nele e lhe obedecem ), assim fazem porque elas lhe foram dadas e atraídas por ele; e aqueles que não são capazes de ouvi-lo e segui-lo perm anecem nesse estado de incapacidade porque não agradou a Deus resgatá-los dessa condição em que eles, por sua própria culpa, m ergulharam . O b serve a conexão causai: “mas vocês não crêem porque não são de m inhas ovelhas.” Deus não é obrigado a salvar aqueles que trouxeram a destruição sobre si mesmos! Além disso, deve-se ter em m ente que, da parte deles, a incapacidade e a m á vontade estão de m ãos dadas! Então, em toda essa representação. Deus perm anece, respectivam en te, santo e soberano, e é sobre o hom em que repousa toda a culpa. 27, 28. M inhas ovelhas ouvem m inha voz, e eu as conheço, e elas m e seguem , e eu lhes dou vida eterna, e certam ente jam ais perecerão, e ninguém as arrebatará de m inha m ão. Considerando essa sublim e sentença de um ponto de vista m eram ente form al, nota mos seis partes, arranjadas num belo relacionam ento recíproco. Isso pode ser representado da seguinte maneira: M in h a s o velh as 1. ouvem m inha voz 2. m e seguem 3. certam ente nunca perecerão
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2. as conheço 4. lhes dou a vida eterna 6. cuido para que ninguém as tom e de m inhas mãos.
Entretanto, deve-se enfatizar que isso é verdade som ente do ponto de vista fo rm a l. C ertam ente que não é justo basear conclusões dou
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trinárias erradas sobre esse arranjo retórico e dizer, por exem plo, que, com o fa to real, os seis elem entos são todos sim ultâneos. M uito clara m ente as pessoas não podem tom ar-se ovelhas (6 .3 9 ,4 4 ; 10.29); ove lhas não ouvem nenhum a voz, a m enos que antes de tudo a voz exista; e as ovelhas não seguem, a menos que o pastor as leve para fora do aprisco e vá adiante delas (10.3, 4). E m ais, é porque o bom pastor dá vida eterna às ovelhas que elas nunca perecem e que ninguém as tira de suas mãos. As ovelhas não são passivas. De form a algum a! Elas ouvem ; elas seguem. M as a ação resulta da dádiva. Elas próprias são as dádivas do Pai ao Filho. Esse pensam ento é enfatizado neste m esm o contexto (v. 29). Com ligeiras variações, todos os seis elem entos foram m enciona dos antes. Portanto, para a explicação, sim plesm ente indicam os as pas sagens em que as mesm as verdades foram expressas anteriorm ente. P o r gentileza, veja as referências: 1. M inhas ovelhas ouvem m inha voz. Ver sobre 10.3, 8, 16. 2. E eu as conheço. Ver sobre 10.3, 14. 3. E elas me seguem. Ver sobre 10.4, 5. 4. E eu lhes dou vida eterna. Ver sobre 10.10 e sobre 3.16. 5. E elas certam ente nunca perecerão. Ver sobre 3.16. 6. E ninguém as arrebatará de m inha mão. Ver sobre 10.12. O que é afirm ado aqui, portanto, resum e-se no seguinte: “M inhas ovelhas - tendo se tom ado m inhas porque elas me foram dadas por m eu Pai (10.29) - fizeram grande esforço em ouvir o som de m inha voz. Elas fazem isso constantem ente. Elas me obedecem prontam ente, e põem toda sua confiança em mim. Eu as conheço e as reconheço com o m inhas. Elas me seguem, porém fogem de estranhos. Eu lhes dou aqui e agora (bem com o no futuro) a vida que está radicada em Deus e que pertence ao tem po futuro, ao reino da glória. Em princípio, ela se torna sua propriedade m esm o antes de alcançarem eles os átrios celes tiais. Essa vida é salvação com pleta e livre, e se m anifesta na com u nhão com D eus em Cristo (17.3), na participação do am or de Deus (5.43), de sua paz (16.33) e de sua alegria (17.13). Portanto, ela difere em qualidade da vida que caracteriza o tem po presente, sendo seu exa to oposto. E ela nunca term ina. As ovelhas certam ente nunca perece
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rão, isto é, elas nunca entrarão na esfera da ira, na condição de serem banidas para sem pre da presença do am or de Deus. “E ninguém as arrebatará de m inha mão (simboHzando m eu poder).” Alguns com entaristas insistem que, quando Jesus afirma, “Elas cer tam ente jam ais perecerão, e ninguém as arrebatará de m inha m ão” , na verdade ele não quis dizer isso. Eles estão tão certos de que os crentes podem , no final de contas, perder-se que não estão dispostos a fazer ju stiça nem m esm o a esse sentido claro das Escrituras. Porém , deve-se ter em m ente, com o foi m ostrado antes (ver Introdução, pp. 67, 68; ver tam bém sobre 4.4; 6.39, 44), que no Quarto Evangelho, a idéia de pre destinação (e algum as vezes tam bém seu corolário: a perseverança dos santos: o fato de serem eles guardados pelo poder de Deus, de modo que lhe continuam ligados até o fim) é constantem ente enfatizada (v er2 .4 ; 4.34; 5.30; 6.37, 39, 44, 64; 7.6, 30; 8.20; 13.1; 18.37; 19.28). Então, é totalm ente fiitil negar isso ou buscar refúgio na passagem que, considerada m eram ente na superfície, pode parecer consistente com esse ensinam ento. D essa maneira, 15.6 é com freqüência citado por aqueles que negam o que João tão claram ente enfatizou; verm, porém, sobre esse versículo. A base para a salvação do hom em repousa para sem pre em Deus, não no homem! Esse ponto não é com preendido por aqueles que ensinam que o hom em é capaz, afinal de contas, de se separar do poder de Deus. Assim, Deus é destronado, e o conforto da segurança da salvação é perdido. 29. A q u ilo que m eu P ai m e deu é m ais ex celen te do que tudo, e ninguém (o) pode arrebatar da m ão do Pai. Este versículo apresenta um problem a textual bem conhecido. O original oferece duas versões diferentes, e cada um a delas tem peque nas variações em m anuscritos separados. Quando a leitura difere, as traduções baseadas neles tam bém diferem . A versão que preferim os é adotada tam bém por com entaristas com o F. W. G rosheide, C. Boum a, e outros. Cf. a m argem da A.R.V. Como a leitura (portanto tam bém a tradução) que preferim os tem apoio m ais forte, faz m uito sentido e está em com pleta harm onia com o contexto, iremos discutir os argum entos que têm sido levantados contra ela (e a favor da leitura m ais fraca) num a nota.^^“' 235. As seguintes objeções têm sido levantadas:
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O bserve que Jesus usa a expressão meu Pai (não nosso Pai). Ele faz isso porque sua filiação é totalm ente singular (ver sobre 1.14). Vendo todas as ovelhas com o um só rebanho, Jesus se refere a elas com o “aquilo que meu Pai me deu”. Sobre essa dádiva do Pai ao Filho, ver tam bém 6.37, 39, 44. U m a pessoa conserva um presente, especial m ente se lhe foi dado por alguém tão querido com o é o Pai para o Filho. Isso explica o versículo 28, “ninguém as arrebatará de m inha (do Filho) m ão” . M as ela tam bém explica o versículo 29: um pai certam ente pre zará e protegerá aquilo que ele, em seu am or incom preensível, deu a seu filho. Observe que nesse caso o que o Pai deu ao Filho perm anece propriedade do Pai (é agora propriedade de ambos). Esse presente, então, sendo m ais excelente (literalm ente, m aior, portanto, m ais pre(1) Alguns intérpretes alegam que o apoio textual para a versão que preferimos é, no final das contas, muito fraco; no mínimo insuficiente. Porém, quanto a isso a pessoa deve ser cautelosa. Um exame das evidências - ver, por exemplo, N.N. - convence a pessoa de que a real situação é a seguinte: a versão que seguimos e que faz o sujeito real da primeira sentença referir-se ao rebanho, tem definitivamente o apoio textual mais forte, mas dentro desse grupo de manuscritos existem variações a respeito de pontos de menor importância. (2) Dizem que a gramática é muito irregular, a sintaxe estranha, especialmente porque a sentença começa com as palavras “meu Pai” (U-adução literal: “Meu Pai, aquilo que ele me deu etc.). Mas o aramaico (que de qualquer m aneira se apóia no grego) aprecia “nom inati vos soltos” . Introdução, pp. 92, 93. Além disso, não é de modo algum estranho, no contex to presente, que a sentença deva pôr ênfase nas palavras ineu Pai. Ver o ponto (3). E, por outro lado, as dificuldades gramaticais que existem na outra versão são no mínimo tão grandes quanto essas. Por exemplo, enquanto não é de modo algum fora do comum omitir um pronome (para ser fornecido mentalmente), é certamente um pouco estranho em tão breve compasso om itir dois pronomes esperados. Literalmente, a sentença, conform e a versão que rejeitamos, seria como segue: “O Pai que deu a mim é maior, e ninguém pode arrebatar de mãos dele”. Quem deu o quêl Arrebatar o quê'! (3) Uma pergunta que tem sido feita é, “De que modo as ovelhas são (aqui tomadas coletivamente como o rebanho; portanto o qual) mais excelentes (literalmente maiores) do que tudo?” A resposta é: exatamente quanto a isto, que elas constituem a dádiva do Pai ao Filho no eterno decreto da predestinação. Todos os homens são objeto da especial providência de Deus, mas somente as ovelhas são objetos da mui especial providência de Deus (ver Rm 8.28). (4) Tem-se alegado que a leitura (e tradução) que preferimos não está de acordo com o contexto. Estam os convencidos do contrário, de que ela se encaixa perfeitam ente no contexto. Observe que, de acordo com o versículo 28. Jesus tinha acabado de dizer, com referência às ovelhas, “e ninguém as arrebatará de minha mão”. E naturalmente faz-se a pergunta, “Por que não?” A resposta (v. 29) é, em substância, “Porque elas são muito preciosas tanto para o Pai quanto para mim, e me foram dadas pelo Pai” . Não vemos nenhuma boa razão, portanto, para fugir do que deve ser considerado o texto melhor.
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cioso) do que todas as outras criaturas (ver nota 235, ponto 3) não pode nunca perecer. Verdadeiros crentes nunca se perdem . Eles são objeto do cuidado m uito especial de Deus, que repousa em seu A m o r que Predestina “Eu canto o decreto gracioso e fixo Passado pelo grande e eterno Três O conselho celebrado nas alturas celestiais O am or do Senhor que predestina. “Tudo 0 que concerne à raça eleita Em natureza, história ou graça: O nde eles habitarão e quando transportados. E stabelecidos pelo am or que predestina. “Seu cham ado, o crescim ento e as vestes que usarão; Seus conflitos, provações e cuidados diários São para eles bem arranjados acim a No am or de Deus que predestina. “N este obstáculo os filhos de Sião se regozijarão: Seu Deus não revogará sua escolha; N em pecado nem m orte nem inferno pode m over Seu firm e am or que predestina. “Este é nosso baluarte de defesa, N em inim igo nem am igo pode nos expulsar daqui. N a vida, na morte, nos reinos acima, C antarem os o am or que predestina.” “N inguém pode arrebatá-las.” Este ninguém (pense no lobo de 10.12) deve ter perm issão de perm anecer em toda sua irrestrição. Nem Satanás, nem o falso profeta esperto, nem o perseguidor poderoso, nem ninguém mais, em tem po algum, poderá arrebatar qualquer ovelha da m ão do Pai! Cf. 1 Pedro 1.4, 5. Ver tam bém sobre o versículo 28. 30. No versículo 28 Jesus falou sobre seu am or pelas ovelhas; no versículo 29, sobre o am or do Pai. N inguém poderá arrebatar das m ãos do Filho nem das m ãos do Pai, pois elas são m ais preciosas que todas
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as outras. Portanto, com relação a esse cuidado protetor, o Filho (v. 28) e 0 Pai (v. 29) são um. Portanto disse Jesus, Eu e o Pai som os um. Entretanto, visto que em outras passagens ensina-se claram ente que a unidade é um a questão não apenas de operação exterior, mas tam bém (e basicam ente) de essência interior (ver especialm ente 5.18, mas tam bém 1.14, 18; 3.16), está claro que tam bém aqui nada menos que isso pode estar implícito. Certam ente que, se o Filho e o Pai são essencialm ente um, então, quando Jesus afirma, “Eu e o Pai somos um ”, ele não pode estar m eram ente dizendo: “Somos um em providen ciar cuidado protetor às ovelhas.” A trindade econôm ica repousa sem pre sobre a trindade essencial (ver sobre 1.14 e 1.18). Observe quão cuidadosam ente tanto a diversidade de pessoas quan to a unidade de essência são expressas aqui. Jesus disse: “Eu e o Pai.” Portanto, ele está claram ente falando de duas pessoas. E essa plurali dade é m ostrada tam bém pelo verbo (um a palavra grega) “nó^-som os” (èa[i.ey). Essas duas pessoas nunca se tornam um a pessoa. D aí Jesus não dizer: “Nós somos uma pessoa" (el;), porém diz: “nós som os um a substância” (év). Em bora duas pessoas, as duas são um a substância ou essência. Foi dito de modo correto que ev’ nos liberta do Charybdis do arianism o (que nega a unidade da essência), èo|j,ey de Scylla do sabelianism o (que nega a diversidade de pessoas). Portanto, nesta pas sagem, Jesus afirm a sua com pleta igualdade com o Pai. 31. Os ju d eu s (ver sobre 1.19) com preenderam m uito bem que Jesus, ao dizer “Eu e o Pai somos um ”, afirm ava sua igualdade absoluta com o Pai. Ver sobre 5.17, 18. Ora, se Jesus não fosse Deus, esses judeus estariam absolutam ente certos em considerar essa afirmação um a blasfêm ia. E eles assim a consideram , com o m ostra o versículo 33. A lém do m ais, eles estavam novam ente certos quando agiram ba seados na prem issa de que o blasfem ador devia m orrer por apedreja m ento, pois a lei assim o prescrevia (Lv 24.16). O raciocínio deles pode ser expresso na form a de um silogism o, com o segue: Prem issa Maior: Um blasfemador deve ser morto por apedrejamento. Prem issa M enor: Este hom em é um blasfemador. Conclusão: Este hom em deve ser morto por apedrejam ento.
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JOÂO 10.32
O raciocínio era muito lógico, mas a prem issa m enor estava erra da! D aí a conclusão era en a d a e ... perversa! (Não estam os esquecen do, é claro, que m esm o a prem issa m aior estava correta som ente do ponto de vista da teocracia do Antigo Testam ento, e não legalm ente possível na situação política do m om ento.) E ra m aléfica porque Jesus tinha dado abundantes provas de sua filiação divina. Os judeus pegaram em pedras para o apedrejarem . Observe que os judeus carregaram pedras. O verbo é èpáoxaoay de PaoiáCu que significa: suportar, carregar ou levar, trazer ou tirar. Assim em 12.6 diz-se de Judas que ele tirava do que era depositado na bolsa; em 16.12 Jesus conta aos discípulos que eles não podem suportar ouvir as m uitas coisas que ele tinha a dizer-lhes; em 19.17, Jesus é descrito com o carregando sua própria cruz; e em 20.15 diz-se de M aria M ada lena que ela pensava ser o jardineiro, “Senhor, se você o arrebatou” etc. No presente contexto, a idéia parece ser que os judeus, querendo executar a sentença que a lei prescrevia no caso de blasfem adores, correram para aquela parte do tem plo na qual as operações de constru ção ainda estavam ativas e, tendo apanhado algum as pedras, com eça ram a levá-las para o Pórtico de Salomão. A palavra novam ente se refere ao fato que essa não foi a prim eira vez que eles tentaram ape drejar Jesus (ver sobre 8.59 e cf. 11.8). 32. Jesus lhes respondeu: E u lhes m ostrarei m u itas obras boas da parte do Pai. M uitas obras belas em intenção e execução (para o adjetivo, ver sobre 10.11) tinham sido realizadas por Jesus. Elas tinham sido realizadas sob a direção do Pai, e m anifestavam sua glória (poder, sabedoria, graça); daí, “da parte do Pai” . Essas obras deveriam ter convencido os judeus de que ele de fato era o Filho de Deus. Houve m uitas (ver os capítulos 5, 6, 9, também 2.23, e aquelas obras que são m encionadas nos Sinóticos) grandes obras que se designavam a salvar ou sustentar a vida física ou espiritual, ou am bas. A gora Jesus pergun ta, por qual dessas obras vocês estão tentando apedrejar-m e? O que Jesus quis dizer era: “Por qual tipo de obra (a qualidade é enfati zada) vocês estão tentando (presente ativo indicativo conativo) apedrejar-m e?” As obras que Jesus tinha realizado, por serem obras do Pai, m ostravam que Jesus e o Pai são um; portanto, ele não é um blasfem ador, e não deveria ser apedrejado, mas adorado!
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33. O s judeus lhe responderam : Não é por um a boa obra que estam os tentando apedrejar-te, m as por blasfêm ia, porque, sen do um hom em , te fazes Deus. A observação de Jesus com referên cia à suas boas obras foi com pletam ente desperdiçada sobre os judeus. Para eles, o que Jesus disse em 8.30 era muito m ais im portante do que o que ele tin h a/ejío . De fato, da form a com o eles viam, o que ele tinha dito com respeito a si m esm o contam inava tudo o que tivesse feito, deixando o últim o sem significado e valor. Que eles entenderam m uito bem 0 fato de haver ele alegado ser plenam ente igual a Deus está claro pelas seguintes com parações: 5.17, 18: “M as ele lhes respondeu: M eu Pai trabalha até agora, e eu trabalho tam bém . - Por isso, pois, os judeus ainda m ais procuravam m atá-lo, porque não só violava o sábado, mas tam bém dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a D eus.” 8.58, 59: “Jesus lhes disse: Mui solenem ente eu lhes asseguro, an tes que Abrão nascesse, eu sou. - Então, eles pegaram em pedras para lhe atirarem .” 10.30, 31, 33: “Eu e o Pai som os um. - Os judeus pegaram em pedras para lhe atirar... (Eles disseram): Não é por um a boa obra que estam os tentando apedrejar-te, mas por blasfêmia, porque, sendo um hom em , te fazes de D eus.” Os judeus consideravam Jesus com o m eram ente homem , que ha via com etido o terrível pecado de tentar fazer os outros crerem que ele era Deus. Isso era blasfêm ia, e tinha de ser punida com a morte. 34-36. Jesu s lhes respon d eu : N ão está escrito em su a lei: E u disse: V ocês são d eu ses? Se ele ch am ou d eu ses à q u eles a quem foi dirigida a palavra de D eus, e a E scritura não pode ser quebrada, então vocês dizem daquele a quem o Pai santifícou e enviou ao m undo: E stás blasfem ando, só porque eu disse: Eu sou o F ilho de Deus? O argum ento em pregado por Jesus era im possível de ser respondi do. É baseado no Salm o 82.6 que retrata Deus no ato de entrar na assem bléia dos juizes e a condená-los por causa de sua injustiça. Esse argum ento pode ser resum ido do seguinte modo: 1. A Escritura não pode ser quebrada. Ela é absolutam ente indes
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trutível, não im porta com o o hom em a considere. O Antigo Testamento, como ele está na fo rm a escrital , é inspirado, infah'vel, autoritativo. (O bserve que os dias de Karl Barth ainda não haviam chegado.) 2. Portanto, a Escritura (sua lei, sua porque vocês lhe dão dem asi ada im portância, cf. sobre 8.17, lei porque todo o Antigo Testam ento é a lei, ou ainda porque essa passagem im plica um a ordenança divina) cham a os hom ens deuses. Ela usa esse título com referência aos j u i zes, porque eles representam a justiça divina: a Palavra de Deus lhes chegara. Pense na lei moral de M oisés que era (ou pelo m enos devia ter sido) a base para suas decisões em casos concretos. 3. Vocês nunca protestaram quanto ao uso desse term o. Vocês nunca disseram que Deus (ou Asafe) com eteram um erro ao cham ar os juizes deuses. 4. Então m uito mais ainda (o argum ento procede do m enos para o mais, do m enor para o maior) vocês deveriam se abster de protestar quando me denom ino Filho de Deus. Observe as diferenças: a. A Palavra de Deus (na sua form a escrita) viera aos juizes, mas 0 próprio Jesus é ela própria, em sua própria pessoa, a Palavra de Deus (a Palavra Encarnada)! b. Os juizes haviam nascido da m esm a form a que qualquer homem, porém Jesus fo i enviado ao m undo (vindo do alto). c. Os juizes eram filhos de Deus apenas num sentido geral, Jesus é o Filho Unigênito de Deus (ver sobre 1.14, 18; 3.16). d. Os juizes receberam um a tarefa im portante, mas quando com pa rada com a de Jesus, é inferior; porém Jesus fora consagrado (sepa rado e qualificado, cf. 17.19) e enviado (de áirooTéA,Àa); ver sobre 3.17, 34; 5.36-38) ao m undo para ser seu Salvador. Portanto, os judeus não tinham nenhum direito de dizer a Jesus: “Estás blasfem ando”, quando ele diz: “Eu sou o Filho de D eus.” 37, 38. Se eu não estou fazendo as obras de m eu Pai, então não acreditem em mim; m as, se as faço, e vocês não crêem em m im , creiam nas obras, para que com prrendam e continuem com preendendo que o Pai (está) em m im , e eu estou no Pai. Firm e e am oroso é o apelo de Jesus, instando com os hom ens a que
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depositem nele sua confiança. Será que esse convite foi infrutífero? Em vista do fato de que a m aioria dos ouvintes era inim iga da verdade, um a resposta afirm ativa pode parecer correta. M as deve-se ter em m ente que m esm o entre os inim igos (presentes). Deus com toda proba bilidade tem seus eleitos, que afinal se volverão para ele. A alternativa que Jesus apresenta a seu auditório é esta: a. Se eu não estou fazendo as obras de m eu Pai (não que Jesus na verdade acreditasse que isso fosse possível - 5.19, 30, 36; 6.38; 8.29; 9.31-33 são suficientem ente claros! - , mas ele parte dessa prem issa em bene fício deles), então não creiam em mim; mas b. se eu estou fazendo (e é evidente que estou), então m uito em bora vocês não creiam em mim (observe o tipo de condição; ver a nota 82), creiam nas obras, ou seja, m esm o que vocês não me aceitem diretam ente com o seu Salvador e Senhor, continuem a ponderar sobre m inhas obras a fim de, ao verem que essas obras são do Pai, vocês sejam levados a aderirem a m im pela fé: isto é, “a fim de que vocês possam vir a reconhecer e possam con tinuar a reconhecer {yvá xí K a l yLvcó o KriTe; ver tam bém sobre 1.10, 31; 8.28) que o Pai está em mim e eu, no Pai” . Existe identidade de obras, pois existe uma só essência-, e as pessoas existem em e através um a da outra (gloriosa relação recíproca!) com o im pulsos de um a só vida divina e autoconsciente. O Pai não é subordinado ao Filho, e o Filho não é subordinado ao Pai. Eles são idênticos em essência, porém distintos em pessoa. 39. E ntão eles n ovam ente tentavam pren d ê-lo, m as ele fu giu de suas m ãos. Eles tinham desistido da tentativa de apedrejá-lo, mas (com o em 7.30; cf. 7.45) agora tentam prendê-lo, a fim de entregá-lo ao Sinédrio para que fosse condenado e punido. Entretanto, como sua hora não tinha chegado, ele (m iraculosam ente?) fugiu de suas mãos (i.e., de seu poder). 40. E ele foi novam ente para o outro lado do Jordão, o lugar onde João batizava no princípio; e ali perm aneceu. O Ú ltim o M inistério na Ju d é ia -7 .1 -1 0 .3 9 (outubro-dezem bro do ano 29 d.C.) - tinha term inado, ainda que não a obra na Judéia. Intro dução, p. 55. Jesus vai novam ente para além (-uipccv) do Jordão. O M inistério da Peréia - 10.40-12.11 (dezem bro do ano 29-abril do ano 30 d.C .) - com eça. A que se refere a expressão novam ente p ara
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além do Jo rd ã o l Alguns são da opinião de que Jesus passou o interva lo entre a festa dos Tabernáculos e da Dedicação (intervalo pressupos to entre 10.21 e 10.22) do outro lado do Jordão, e agora novam ente se retira para essa região. Essa possibilidade deve ser admitida. Entretan to, não existe nenhum a evidência no texto de que Jesus de fato teria cruzado o Jordão entre um a festa e a outra. Essa hipótese é inteira m ente baseada no uso da palavra novam ente aqui em 10.40. Parece m ais provável que a expressão novam ente se retirou para além do Jordão deva ser inteipretada à luz do que segue im ediata mente, a saber, “para o lugar onde João batizava no princípio” . O signi ficado então seria este: Jesus vai novam ente para o lugar onde estivera antes, a saber, no tem po em que João estava batizando; ele vai nova m ente para a outra m argem do Jordão. Que lugar é indicado? João estivera batizando em “toda a circunvi zinhança do Jordão” (Lc 3.3). Pode-se provavelm ente presum ir que João Batista, tendo com eçado nas vizinhanças do M ar M orto (cf. M t 3.1; M c 1.4, 5), gradualm ente subira o vale do Jordão, até chegar a B etânia (Jo 1.28), um pouco a leste do Jordão, cerca de 21 quilôm etros ao sul do M ar da G aliléia e cerca de 32 quilôm etros a sudeste de N aza ré. M ais tarde (3.23) encontram os João em Enom , próxim o do entron cam ento para Sam aria, Peréia e Decápolis. É portanto natural que o autor, tendo anteriorm ente relatado dois locais onde João batizava, e agora, ao dizer que Jesus foi para o lugar onde João prim eiro batizava, estivesse pensando no lugar m encionado prim eiram ente, a saber, Betânia na outra m argem do Jordão (1.28). Ver sobre 1.19. Esse lugar ficava a cerca de oitenta quilôm etros (provavel m ente um pouco m ais para percorrer) de Betânia próxim o a Jerusalém . Se no dia que Lázaro morreu, o local do qual Jesus partiu era a Betânia transjordânica (mas isso não é realm ente m encionado em João 11 ), não seria de estranhar de m odo algum que, quando eles chegaram a B etâ nia da Judéia, encontraram “Lázaro já sepultado havia quatro dias” (11.17). Jesus ali perm aneceu por algum tempo no lugar onde João prim eiram ente batizava. 41, 42. £ iam m uitos ter com ele e passaram a dizer: João não fez nenhum sinal, porém tudo quanto disse a respeito deste hom em era verdade. É lógico que aqui onde João tinha estado bati
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zando e onde o próprio Jesus fora tam bém batizado, m uitas pessoas se lem bravam de João B atista e de seu m inistério de preparação. Eles se lem bravam do que João tinha dito sobre Jesus (ver sobre 1.19-36; 3.2236; e 5.33), e quando eles ouviram as palavras de Jesus à m edida que se juntavam em volta dele e viam seus sinais (em contraste com João, que não tinha realizado sinais), eles exclam avam : “João não fez ne nhum sinal (ver sobre 2.11), porém (m uito em bora ele não tenha feito nenhum sinal para confirm ar sua m ensagem ) tudo quanto disse a res peito deste hom em era verdade (cf. 5.33)” . E o resultado foi que m u i tos ali creram nele. E sse creram nele é a m esm a expressão que aparece em 8.30. Não significa necessariam ente que todos esses cren tes 0 tenham abraçado com um a fé viva (ver sobre 8.30). É possível que a palavra ali, por sua posição na frase, trace um contraste com o que aconteceu aqui em B etânia do outro lado do Jordão e o que ocorre ra em outro lugar, mas, em vista de 8.30, não podem os ter certeza disso.
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Síntese de 10.22^42 Ver o E sboço na p. 327. O Filho de D eus se Revela com o o Bom P astor (continuação) e Também com o o Cristo, Um com o Pai. Seus Inim igos Tentam N ovam ente A pedrejá-lo. Durante a Festa da Dedicação, em dezem bro do ano 29 d.C., Jesus estava andando no que provavelm ente era apenas o resto do antigo tem plo de Salomão; portanto, aqui referido com o o Pórtico de Salomão. Os judeus exigiram que, se de fato ele fosse o Cristo, lhes dissesse claram ente. Jesus, em resposta, aponta para as declarações anteriores (que indicavam sua m essianidade espiritual), e para seus m ilagres vis tos com o sinais. Ele declara que a razão da descrença deles era o fato de que não eram ovelhas. Se fossem ovelhas que pertencessem ao Pastor, Jesus, teriam dado ouvidos às suas palavras, o teriam obedecido e teriam obtido vida eterna. Ovelhas jam ais se perdem para sempre. Sendo m uito preciosas para o Pai e para o Filho, ninguém pode roubálas das m ãos (ou do poder) do Pai ou do Filho. Esses dois são um, não apenas no m inistério de cuidado protetor, mas tam bém na própria es sência. Os judeus se sentem ofendidos com essa afirm ação da perfeita igualdade com Deus e, considerando-a um a blasfêm ia, com eçaram a correr ao lugar onde havia um a pilha de pedras. Eles são vistos no ato de carregar pedras a fim de atirá-las em Jesus, com o a Lei M osaica requeria em casos de blasfêm ia. Com base no Salm o 82.6, Jesus argu m enta do m enor para o maior, revelando o caráter injustificado da con clusão deles. Se juizes terrenos são cham ados deuses porque represen tam a ju stiça divina, não teria ele, que viera do céu e fora consagrado pelo Pai para a obra m essiânica, direito a essa designação? Que eles façam um estudo acurado das obras de Jesus a fim de que possam aceitá-lo pela fé. A bandonando a tentativa de apedrejá-lo, os judeus agora tentam prender Jesus, mas ele foge deles. H avendo term inado o Último M inistério da Judéia, Jesus parte para a Peréia, para o lugar onde João prim eiram ente batizava, provavelm en te B etânia (cf. 1.28), onde muitas pessoas, lem brando o que João B a tista dissera sobre Jesus, e vendo o cum prim ento de tudo, creram nele. D essa forma, term ina outra seção (capítulos 7-10) da prim eira divi
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são do Evangelho de João (capítulos 1-12). Ver o Esboço na p. ' i l l e ver tam bém Introdução, p. 95. O que é particu la rm ente im pressionante é o fa to de que esta seção (ca pítulos 7-10), que p o r um lado m ostra o progresso da hostilidade, p o r outro lado é tam bém repleta de exortações sérias e apelos ternos. A lgum as vezes essas adm oestações são claram ente expressas (7.37; 8.11; 10.38); outras vezes elas estão tam bém clara m ente implícitas (7.17; 38; 8 .1 2 ,3 1 ,3 2 ,3 6 ,5 1 ; 9.35-37; 10.1-18; 10.2730). Essas passagens, com o são m encionadas no últim o grupo, não são realm ente com preendidas até que a pessoa entende que por m eio da dem onstração da grandiosidade das bênçãos que são concedidas aos verdadeiros crentes, Jesus seriam ente convida os pecadores a irem a ele e a abraçá-lo com fé viva. Assim, em bora na fo rm a em que se apresenta a linguagem pode não ser aquela típica de convite, em essência é, sem dúvida, um convite, e, ao exibir as bênçãos, na realidade fa la ainda m ais alto.
ESBOÇO DOS CAPÍTULOS 11,12 Tema: Jesus, o Cristo, o Filho de D eus D urante seu M inistério Público M anifesta-se com o o M essias M ediante D ois Feitos Poderosos. Ungido p o r M aria, Buscado p elo s Gregos, m as R epelido pelo s Judeus. C ap ítu lo 11
E le re ssu scita L á za ro d e B e tâ n ia . O S in édrio tram a su a m orte.
C ap ítu lo 12
E le é u n g id o p o r M aria , F a z su a E n tra d a T riu n fa l em J e ru sa lé m , é b u sc a d o p e lo s g re g o s, m as rejeitado pelos ju d eu s.
C a p ít u l o 11 JO Â 0 11.1-16
1
1 Ora, certa pessoa estava doente. Lázaro, de Betânia, da aldeia de Maria e sua irmã Marta. 2 Ora, esta era a M aria que ungira com bálsam o e enxugara os pés do Senhor com seus cabelos, cujo irmão Lázaro estava enfer mo. 3 Então as irmãs o mandaram buscar, dizendo: Senhor, escuta,” '' aquele a quem amas está doente. 4 Mas quando Jesus ouviu isso, disse: Essa enfermi dade não é para morte; ao contrário, é para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela. 5 Ora, Jesus am ava profundamente M arta, sua irmã e Lázaro. 6 Então, quando ouviu que ele estava doente, permaneceu ainda por dois dias no lugar onde estava. 7 Depois disso, ele disse a seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. 8 Os discípulos lhe disseram: Rabi, ainda agora os judeus estavam procurando apedrejar-te, e vais voltar para lá outra vez? 9 Jesus respondeu: O dia tem doze horas, não tem? Se alguém andar durante o dia, não tropeça, porque vê a luz do mundo;-” 10 mas, se alguém andar de noite, tropeça, porque a luz não está nele.-^** 11 Ele disse essas coisas, e depois disso lhes disse: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo. 12 Os discípulos lhe disseram: Senhor, se ele adormeceu, então irá recuperar-se.-™ 13 Jesus, porém, falava a respeito de sua morte; eles, entretanto, pensaram que estivesse falando do repouso do sono. 14 Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu; 15 e por causa de vocês, para que possam crer, eu me alegro de que não estivesse ali; mas vamos estar com ele. 16 Então Tomé, chamado Gêmeo, disse aos discípulos: Vamos nós também para morrermos com ele.
236. 237. 238. 239.
Literalm ente, olha! IlIB I; ver Introdução, pp. 63, 65. IIIB I; ver Inü'odução, pp. 63, 65. IC; ver Intiodução, pp. 60, 61.
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O b servações P relim in ares a resp eito da R essurreição de L ázaro L Seu Significado É triplo: A. É um sinal que aponta para Jesus com o o Filho de Deus; espe cificam ente com o a ressurreição e a vida (11.25). D a m esm a form a que a m ultiplicação dos pães foi um a ilustração de Jesus com o o pão da vida, e a cura do hom em cego de nascença (bem com o o perdão dado à m ulher adúltera) o tom ou m anifesto com o a luz do mundo, tam bém este m ilagre aponta para ele com o a ressurreição e a vida. B. Em conexão com A. (acima) ele revelou Jesus com o o M essias que ia m orrer por seu povo, o cum prim ento da profecia (ver sobre 11.51, 52; 12.14, 15). Não devem os jam ais perder o fio da história com pleta. No início de seu m inistério, Jesus se revelou a círculos cada vez mais am plos de pessoas, mas foi rejeitado (capítulos 1-6). N a festa dos Tabernáculos e na festa da D edicação, ele fez seu apelo m ais sério aos pecadores, convidando as pessoas repetidam ente, não apenas por meio de apelos diretos, mas tam bém indiretam ente, m ostrando as recom pensas do discipulado. Ele fez tam bém um grande m ilagre. M as foi asperam ente rejeitado (capítulos 7-1 0). E agora, m ediante dois feitos que excedem em grandeza a todos os dem ais (a ressurreição de Lázaro e sua entra da triunfal em Jerusalém ), ele, m ais do que nunca, se m anifesta com o sendo de fato o M essias. C. Diretam ente, levou a um a decisão form al de m atar Jesus e à execução dessa conspiração. Ver 11.47-55; e cf. Introdução, p. 25. II. A s Partes da História H á quatro divisões, com o seguem: A. O relato da enferm idade de Lázaro; sua morte (11.1-16). B. A chegada de Jesus (e seus discípulos) a Betânia perto de Jeru salém (11.17-37). C. O m ilagre em si (11.38-44). D. Seus resultados (11.45-57). Pode-se oferecer um bom argum ento em defesa da posição de que
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versículos 55-57 realm ente dão início a um novo capítulo. Entretan to, pode-se argum entar que a tensão em Jerusalém (cf. a tensão um tanto sem elhante depois do m ilagre da m ultiplicação dos pães, capítulo 6; depois 7.11) foi causada em parte pela ressurreição de Lázaro e, portanto, pode ser considerada com o um de seus resultados. OS
III. O lugar e H ora da Ocorrência A. Lugar O lugar onde Jesus recebeu a notícia da enferm idade de Lázaro não é m encionado no capítulo 11. Pode ter sido em Betânia, da outra banda do Jordão (ver sobre 10.40). O lugar em que Lázaro e suas duas irmãs m oravam era Betânia, próxim o a Jerusalém (ver sobre 11.18). B. Hora A últim a m enção definida de tem po é encontrada em 10.22, a festa da Dedicação; portanto dezem bro (provavelm ente do ano 29 d.C.). O m ilagre atual ocorreu um pouco depois. Jesus tinha estado por algum tem po no lugar onde João tinha batizado no com eço (10.40). Talvez ele tivesse ficado lá um as poucas sem anas ou um mês (durante o qual ele pode ter feito um a viagem ), mas não muito m ais que isso (ver 11.8). Há, contudo, tam bém um intervalo de tem po considerável entre a res surreição de Lázaro e a Páscoa de 30 d.C. (11.54, 55), o que m ais um a vez aponta para a existência de acontecim entos não registrados pelo apóstolo João. Com base em todas essas indicações, não podem os estar muito errados se afirm arm os nossa crença de que Lázaro teria sido ressusci tado em Janeiro ou no início de fevereiro do ano 30 d.C. A unção em B etânia teria acontecido seis dias depois da Páscoa (12.2), portanto m uito perto do M inistério da Peréia, ao qual pertence a ressurreição de Lázaro. A entrada triunfal (12.12-19) pertence à Sem ana da Paixão (abril do ano 30 d.C.), bem com o o pedido dos gregos para verem Jesus (12.20-36). Está claro, a partir disso, que o apóstolo João não faz realm ente um relato com pleto dos m inistérios de Jesus, com o por exem plo o M inisté rio da Peréia. Ele sim plesm ente registra uns poucos acontecim entos dentro de um m inistério. Todos esses eventos na verdade tom am ape nas uns poucos dias. Assim, não há nenhum conflito real com os relatos
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que encontram os nos Sinóticos (principalm ente no Evangellio de Lu cas). O M inistério da Peréia, por exem plo, durou tem po suficiente (de zem bro de 29-abril de 30 d.C.) para dar lugar a m uitos outros aconte cim entos e viagens. O que se encontra registrado em Lucas 13.2219.27 é atribuído por m uitos a esse m inistério. De qualquer m odo, não há conflito. IV. A Seqüência dos A contecim entos D entro da H istória Existem dois pontos de vista que rejeitam os por acharm os que são por dem ais especulativos; A. O prim eiro, que parte do pressuposto que o m ensageiro teria levado apenas um dia de viagem de Betânia da Judéia ao local onde Jesus estava, e que quando ele chegou Lázaro já tinha morrido; que depois da morte de Lázaro Jesus perm aneceu onde estava por mais dois dias, e que Jesus depois, em um dia, viajou para a casa de M aria e M arta, justificando dessa m aneira o fato de que quando ele chegou L ázaro já estava no túm ulo há quatro dias (11.17, 39). Todavia a história em si não contém nenhum a indicação de que esta interpretação seja a verdadeira. N a verdade, se algum a dedução tiver de ser feita, ela aponta para a direção oposta. Ao que parece, haveria algum a base para se crer que quando o m ensageiro chega Je sus sabia apenas que Lázaro estava doente (11.4, 6), e que Lázaro na realidade morreu dois dias depois, quando então sua morte foi im ediata m ente relatada por Jesus aos discípulos (11.11, 14). Então, tam bém im ediatam ente, eles se puseram a cam inho, partindo de B etânia da Ju déia (11.15). O fato de que era, no entanto, o quarto dia (três dias depois do dia da m orte e do sepultam ento) quando o grupo chegou, parece indicar que o lugar de onde Jesus partiu era m uito distante. Isso concordaria m uito bem com a idéia de que Jesus tinha estado longe, ao norte, na B etânia do outro lado do Jordão, exatam ente com o 10.40 pa rece indicar. B. O segundo ponto de vista, que é justam ente o oposto do prim ei ro, procede da prem issa de que Lázaro estava ainda vivo, e isso não apenas quando o m ensageiro (enviado pelas irm ãs a inform ar-lhe sobre a enferm idade) alcançou Jesus, m as tam bém quando ele retornou novamente-, e que ele então encontrou Lázaro ainda em plena cons
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ciência, e notificou-lhe que ele iria ser ressuscitado, a fim de que ele tivesse conhecim ento disso e fosse assim confortado antes de morrer! Entretanto, tudo isso é dem asiadam ente especulativo! O relato nada diz a esse respeito; ao contrário, parece contradizer esta interpretação (ver item A. acima). Devem os m anter-nos fiéis à história conform e ela nos é dada nas Escrituras. 11.1-16 1, 2. Ora, certa pessoa estava doente, Lázaro, de Betânia, da aldeia de M aria e sua irm ã M arta. Esta M aria, cujo irm ão L áza ro estava enferm o, era a m esm a que ungira com bálsam o os pés d o Senhor e lhes enxugara com seus cabelos. O ensejo do m ilagre foi a enferm idade de Lázaro. Seu nom e é um a abreviação de Eleazar, que significa “aquele a quem Deus ajudou” . A fim de distingui-lo de outras pessoas com o m esm o nom e (cf. Lc 16.20), ele é cham ado Lázaro de Betânia, natural e residente dessa aldeia. P ara distinguir essa Betânia da Judéia (ver sobre 11.18) daquela B etâ nia da m argem oriental do Jordão (ver sobre 1.19), ela é cham ada aqui “a aldeia de M aria e de sua irm ã M arta” . Isso sugere que o autor presum e com o certo que os leitores estariam fam iliarizados com a his tória registrada em Lucas 10.38-42, em que M aria e M arta são citadas juntas. Q uando M aria é citada na frase seguinte, ela é ainda m ais bem identificada com o “a m esm a que ungiu com bálsam o o Senhor”, não é apenas distinguida das outras M arias - um a distinção m uito necessária, pois havia m uitas m ulheres com esse nom e - , m as é tam bém designada com o sendo aquela que os leitores já conheceram antes, a saber, a da história registrada em M arcos 14.3-9 (M t 26.6-13). Ver Introdução, pp. 49, 50. E ntretanto, nem M ateus nem M arcos m enciona o nom e da m ulher que ungiu Jesus. Portanto, João o m enciona aqui. Em 12.1-8 ele vai dar sua própria versão da unção (ver sobre esse parágrafo). Ele acrescenta alguns detalhes não m encionados nos outros Evangelhos; por exem plo, aquele que é m encionado aqui em 11.2: “e lhe enxugou os pés com seus cabelos” . A m enção de M aria aqui antes de M arta (em bora a últim a fosse provavelm ente a irm ã m ais velha), e de M arta sim plesm ente com o a irm ã de M aria (contraste com a ordem dos nomes em 11.5, 19; Lc
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JOÂO 11.3
10.38, 39) pode ser devido ao fato de que em am bas as histórias, da form a com o foram registradas antes (a recepção e a unção) é M aria (nom e citado ou não) quem faz algum a coisa que a tornaria fam osa por todos os tem pos futuros. Em Lucas 10.38-42 é M aria quem se distin gue de M arta; m as ver especialm ente M ateus 26.13. A lém disso, não é im provável que tenha sido o m ilagre da ressurreição de Lázaro, regis trado aqui em João 11, que deu origem ao ato de gratidão de M aria, capítulo 12. 3. Então as irm ãs m andaram cham á-lo, dizendo: Senhor, es cuta, aquele a quem am as está doente. Visto que o estado de Lázaro estava se agravando mais a cada dia, suas irm ãs desejavam ardentem ente que Jesus, o am igo íntim o e gran de curador, estivesse presente (11.21, 22). Elas acreditavam que com ele presente seu irm ão seria curado, e certam ente não m orreria. Pode m os im aginá-las dizendo sem parar, ‘Se pelo menos Jesus estivesse aqui!” No estado em que se encontravam é mais do que natural que elas despachassem um m ensageiro a Jesus. Quanto tem po levou para ele chegar ao seu destino não sabemos. Se (como parece provável) o S enhor estivesse ainda na Betânia a leste do Jordão, acim a ao norte, pode ter levado um tem po considerável para o m ensageiro chegar, tal vez três dias, certam ente não menos que dois, caso ele viajasse depressa. A m ensagem que as duas irmãs m andaram era m uito bonita: “Se nhor (para essa palavra, ver sobre 1.38, nota), escuta” (ver a nota 236 acim a), aquele a quem amas está doente.” Note o seguinte: a. O caráter de urgência do apelo, que se denota pela palavra escuta! b. O fato de que elas não dizem a Jesus o que fazer, m as deixam isso a seu critério, sim plesm ente notificando-o do fato: “aquele a quem am as está doente.” Elas nem ao m enos pedem a Jesus que vá e o cure. c. O fato de que elas não baseiam seu pedido no am or do irm ão ou no am or delas pelo Senhor, m as apenas no am or do Senhor por seu irm ão. Elas sabem que no coração de Jesus há um a cálida afeição pessoal por Lázaro. Provavelm ente, em ocasiões anteriores, elas tives sem notado isso. Talvez Jesus lhes tenha dito em palavras. Logo outras pessoas irão fazer observações sobre o amor de Jesus por Lázaro (11.36).
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P ara a possível distinção entre as duas palavras para am or usadas neste relato, ver sobre 21.15-17. 4. M as quando Jesu s ouviu isso, lhes disse: E ssa en ferm i dade não é para m orte; ao contrário, é para a glória de D eus, para que o Filho de Deus seja glorificado por m eio dela. A resposta que Jesus deu indica que ele estava olhando para além da morte. Q uando disse, “Essa enferm idade não é para m orte”, ele não quis dizer: “Lázaro não vai m orrer”, mas “a m orte não será o resultado final dessa doença.” O clím ax será “a glória de D eus”, isto é, a m ani festação do poder, amor, e sabedoria de Deus, para que os homens possam ver e proclam ar essas virtudes. D eve-se com parar isso com 9.3. Ver tam bém sobre 1.14; 2.11 ; 5.41,44; 7.18; 8.50,54; 11.40; 12.41, 43; e 17.5, 22, 24. Q uando o Filho é glorificado por m eio da exibição dessas virtudes brilhantes nas obras de poder e graça, o Pai é glorifica do tam bém . Esses dois não podem ser separados (10.30; depois 5.23). E a fim de que essa glória brilhe com m aior intensidade. Lázaro prim ei ram ente deve m orrer (ver sobre 11.6). A enferm idade é p ara a (no interesse da) glória de Deus. Q uando Jesus disse, “Essa enferm idade não é para m orte”, pare ce ser legítim o pensar que Lázaro não havia ainda m orrido e que Jesus sabia disso. M as quando ele acrescenta, “É para a glória de D eus”, fica claro que ele já sabia exatam ente o que ia acontecer, isto é, que Lázaro iria m orrer e que ele iria ressuscitá-lo. Se presum irm os um intervalo de pelo m enos dois (talvez três) dias entre a entrega da m ensagem (“aquele a quem am as está doente”) e a volta do m ensageiro à casa de M aria e M arta, então, com toda proba bilidade, Lázaro já tinha m orrido quando essa viagem se com pletou. Porém , no m eio da m ais profunda tristeza das duas irmãs, as palavras do Senhor, trazidas pelo m ensageiro, quando de sua volta, continuavam a ressoar nos ouvidos delas: “Esta enferm idade não é para m orte; ao contrário, é para a glória de Deus, para que o Filho de D eus (para esse term o, ver sobre 1.14) seja por ela glorificado” . As irm ãs não devem ter entendido a m ensagem . C ontudo, em alguns m om entos ela deve ter feito luzir um raio de esperança em seus coração. Com o podem os en tender m elhor as palavras m isteriosas de M arta em 11.22?
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JOAO 11.5, 6
Q uando Jesus disse, “Essa enferm idade não é para m orte” , os dis cípulos devem ter pensado que ele queria dizer: “LAzaro não vai m or rer em conseqüência dessa enferm idade.” 5, 6. O ra, Jesu s am ava profu n dam en te M arta, sua irm ã e L ázaro. E ntão, quando soube que L ázaro estava doente, ainda perm aneceu dois dias no lugar em que estava. Para a expressão am ava profundamente, ver sobre o versículo 3 acima; depois em 21.15-17. Para a razão pela qual M arta é agora m en cionada em prim eiro lugar, ver sobre 11.1,2. Segundo o versículo 4, o objetivo final do m aravilhoso m ilagre que está para ocorrer é o avanço da glória de Deus. M as esse objetivo últim o não exclui objetivos secundários em harm onia com ele. Um de les era o fortalecim ento da fé dos m em bros da fam ília e dos discípulos (11.15). Ora, quais eram os meios mais efetivos para a obtenção des ses fins? E ra cu rar um hom em doente ou ressu scitá -lo l N atu ral m ente o últim o. D essa forma, Jesus, ao ouvir que Lázaro estava enfer mo, ficou ainda m ais dois dias onde estava, isto é, ele provavelm ente não partiu da Judéia até que Lázaro m orresse. E ele não queria chegar em B etânia da Judéia até que Lázaro estivesse no túm ulo por quatro dias, a fim de que o m ilagre e a glória pudessem ser muito m aiores. Assim, o que pode ter parecido um a cm el dem ora, na realidade, foi a m ais tem a consideração para com o bem -estar dos verdadeiros discí pulos. Os cam inhos de Deus são algum as vezes bem estranhos! A lém do mais, quanto mais a fé era fortalecida tanto m ais a glória de Deus seria exaltada! D e modo coerente, há a m ais perfeita harm onia entre o objetivo secundário e o final. “Deus age de modo m isterioso na realização de suas maravilhas. E le im prim e suas pegadas no m ar e cavalga a tem pestade. “Sim , santos tem erosos, recobrem o ânimo; as nuvens que tanto os am edrontam estão cheias de m isericórdia e vão derram ar bênçãos sobre suas cabeças.
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“Seus propósitos am adurecem rápido, revelam -se a todo instante; 0 botão pode ter um sabor amargo, m as doce será a flor.” 7-10. E n tã o , d ep ois d isso, ele d isse a seus d iscíp u los: Va m os outra vez para a Judéia. Os discípulos lhe disseram : Rabi, ainda agora os judeus estavam procurando apedrejar-te, e vais voltar para lá de novo? Jesus respondeu: O dia tem doze horas, não tem ? Se alguém andar durante o dia, ele não tropeça, p or que vê a luz do mundo; m as, se andar de noite, tropeça, porque a luz não está nele. Os dois dias se passaram e Lázaro morreu. Então Jesus disse a seus discípulos, “Vamos outra vez para a Judéia” . Eles, certos de que Lázaro já estava convalescendo (ver sobre 11.4), se perguntam se o Senhor pretendia realizar algum a nova obra na província de seus inim i gos m ais ferrenhos. Eles ainda não tinham com preendido que Jesus tinha de padecer (cf. M 16.21, 22). Visto deste ângulo, não é de estra nhar a resposta deles, “Rabi (para esse termo, ver sobre 1.38), ainda agora os judeus (ver sobre 1.19) estavam procurando apedrejar-te, e vais para lá de novo?” Discordam os dos com entaristas que negam que a palavra agora (i^üi^) seguida do tem po im perfeito tenha um a força tem poral aqui. Este é certam ente o sentido mais natural no presente contexto (com o tam bém em 21.10). Interpretado dessa m aneira, fica explicada a intrigada surpresa da parte dos discípulos: eles não podem entender por que Jesus deseja retom ar à região onde tão recentem ente houve um a tentativa de apedrejar a Jesus (10.31 cf. 10.39). A resposta que Jesus deu, com o m uitos de seus ditos, tem um sig nificado profundo. E le usou um a figura para ilustrar um a verdade espiritual bela e confortadora. Entretanto, da m esm a m aneira que algum as pessoas, no m eio de um auditório de um pregador, ouve as histórias ilustrativas, mas não captam com pletam ente a m ensagem que pretendem passar, tam bém os auditórios aos quais o Senhor falou durante sua estada na terra com m uita freqüência viam a figura, porém perdiam a lição real, a ver
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dade subjacente (ver sobre 2.19; 3.3; 4.10; 6.52; e tam bém os versícu los 11-13 do presente capítulo). A figura que Jesus usou em seu sentido literal era a seguinte: O dia dos judeus tinha doze horas. Independentem ente de ser in verno ou verão, ele tinha exatam ente doze horas, em bora a duração das horas diferisse, variando (ao que para nós seria) desde 9 horas e 48 m inutos até 14 horas e 12 m inutos. D essa m aneira, a hora dos judeus, sendo elástica, difere da nossa que é sem pre da m esm a duração. C on tudo m esm o para nós um dia tem em m édia doze horas, de m odo que o dito de Jesus perm anece válido para todos os tem pos. Ora, se alguém anda durante o dia ele não tropeça; a razão é que, em bora haja obstá culos que poderiam levar facilm ente a quedas, ele os vê claram ente, pois brilhando do alto está a luz do mundo, o sol. D essa m aneira, os obstáculos podem ser facilm ente evitados ou vencidos. Entretanto, se alguém andar durante a noite (especialm ente num terreno com pouca luz artificial), ele tropeça, porque a luz do sol não ilum ina seus olhos (não há nenhum a luz nele). Ora, se Jesus sim plesm ente dissesse, “Vamos viajar de dia e nos esconder durante a noite”, essas palavras seriam incom patíveis com seu estilo geralm ente altam ente sim bólico; ver esse m esm o capítulo, versículos 11-13. Em harm onia com expressões sem elhantes que en chem o Evangelho de João (ver sobre 2.4; 7.30; 8.20; 12.23; 13.1; 17.1), o que ele quis dizer foi o seguinte: O tem po destinado a m im para cum prir meu m inistério terreno é definitivam ente limitado (da m esm a m aneira que o dia sem pre tem exa tam ente doze horas). Ver sobre 9.4, 5. Não pode ser aum entado por nenhum a m edida de precaução que vocês, m eus discípulos, gostariam de tomar, nem pode ser encurtado por nenhum a tram a que m eus inim i gos gostariam de executar. Ele foi definitivam ente fixado no decreto eterno. Se andarm os pelo prism a desse plano (que era conhecido por Jesus), subm etendo-nos a ele de boa vontade, não terem os nada com que nos preocuparm os (não podem os sofrer dano real)\ se não fizer m os isso, falharem os. Para Jesus, rebelar-se contra o plano de seu Pai celeste (que era seu plano tam bém ) era, é claro, inim aginável. Com os discípulos era diferente. Eles precisavam dessa instrução.
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11-13. E le disse essas coisas, e depois disso lhes disse: N os so am igo L ázaro ad orm eceu , m as vou para d esp ertá-lo. - Os discípulos lhe disseram : Senhor, se ele adorm eceu, irá recuperar-se. - Jesu s, porém , falara de su a m orte; eles, en tretan to, pensaram que ele estivesse falando do repouso do sono. Jesus então revela o propósito de seu plano de ir à Judéia. Tem a ver com Lázaro. O Senhor cham a o irm ão de M aria e M arta nosso amigo Lázaro. A partir disso os discípulos podem deduzir que não foi por falta de am or que Jesus deixou Lázaro morrer. O Senhor se dirige a seus discípulos com estas palavras, “Nosso am igo Lázaro adorm e ceu, mas vou para despertá-lo” . Com o sabia Jesus que Lázaro tinha m orrido? Ver sobre 5.6 [método (2) ou (3)]. A m orte dos crentes é freqüentem ente com parada ao sono: G êne sis 47.30: “Q uando eu (Jacó) dorm ir com meus pais...” 2 Sam uel 7.12, “Quando seus dias (de Davi) se cum prirem e você dorm ir com seus p a is ...” M ateus 27.52: “M uitos corpos de santos, que dorm iam , ressus citaram .” At 7.60: “E depois que ele (Estêvão) disse isso, adorm eceu.” 1 Tessalonicenses 4.13: “M as não querem os, porém, irmãos, que sejam ignorantes com respeito aos que dorm em ...” É evidente que a com pa ração é apropriada: os crentes esperam um despertar glorioso do outro lado. No caso de Lázaro, a figura é ainda mais im pressionante: um hom em se levanta de seu sono, então Lázaro estava para levantar-se de novo da morte. Quanto a isso, é instmtivo observar a m aneira bela e reconfortante com que as Escrituras falam em toda parte da morte dos crentes. Essa m orte é “preciosa aos olhos do SENHOR” (SI 116.15); “ser levado pelos anjos para o seio de Abraão” (Lc 16.22); “um a viagem para o paraíso” (Lc 23.43); “a ida para casa com muitas m ansões” (Jo 14.2); “um a par tida (abençoada)” (Fp 1.23; 2Tm 4.6), a fim de “estar com Cristo” (Fp 1.23); “estar em casa com o Senhor” (2Co 5.8); “lucro” (Fp 1.21); “estar incomparavelmente melhor” (Fp 1.23); e, como aqui, “dormir” no Senhor. As passagens que falam dos crentes que dorm em não ensinam um estado interm ediário de repouso inconsciente (sono da alma, psicopaniquia). E m bora a alm a esteja adorm ecida para o m undo que deixou (Jó 7.9; 10; Ec 9.6) está desperta em seu próprio m undo (Lc 16.19-31; 23.43; 2Co 5.8; Fp 1.21-23; Ap 7.15-17; 20.4).
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Q uando Jesus disse a seus discípulos que ele estava indo para B e tânia “despertá-lo” [a Lázaro], eles deviam ter-se dado conta, pela du ração da jo m ad a (talvez três dias) que a referência não era ao repouso natural de um a soneca. Para os leitores da Á sia M enor (e todos outros lugares), o evangelista deixa muito claro que Jesus estava falando so bre a morte de Lázaro. Os discípulos, tom ando suas palavras (sobre L ázaro estar dorm indo) no sentido m ais literal (aqui com o freqüente m ente; ver sobre vs. 7-10 acim a), mostrou que eles não estavam ainda m uito bons em exegese. Eles estavam fazendo o que m uitos de nós hoje em dia querem os fazer: estavam tom ando tudo literalm ente. Eles disseram : “Senhor, se ele dorm iu, irá recuperar-se”, isto é, o sono em si vai exercer efeitos restauradores nele. Em bora isso possa parecer um a observação obtusa da parte deles - e até certo ponto era obtusa! - , só ju sto observar que a idéia de que Lázaro iria recuperar-se de sua enfer m idade era um a dedução natural a partir das palavras de Jesus regis tradas em 11.4, com o (com toda probabilidade) interpretado p o r eles. U m erro sim plesm ente leva a outro. - Q uando João escreve: “Os d is cípulos lhe disseram ... ele irá recuperar-se”, isso não im plica neces sariam ente, “m as eu (João) não estava de acordo”. Essa exegese seria forçar dem ais o texto. 14, 15. E ntão Jesus lhes disse claram ente: L ázaro m orreu; e por causa de vocês, para que possam crer, eu m e alegro de não estar lá, para que creiam ; vam os, porém , ter com ele. Jesus esperou até esse m om ento para contar aos discípulos clara m ente (ver sobre 7.26): “Lázaro m orreu.” Pelo fato de terem esperado até então, eles tinham condição de refletir sobre esse anúncio à luz daquela outra afirm ação muito surpreendente (feita uns poucos m inu tos antes), “N osso am igo Lázaro adorm eceu, mas vou para despertálo” . D essa m aneira, o despertar com eça a ser interpretado. E o des pertar de um hom em que tinha acabado de dormir, ou seja, que tinha acabado de morrer! M as o fato de que isso deveria ter esclarecido o assunto na m ente dos apóstolos não significa que na verdade tenha tido esse efeito. N o caso de Tomé sabemos que não (ver sobre o v. 16). Teriam os discípulos esquecido o grande acontecim ento que é registra do em Lucas 7.11-17? E teriam Pedro, Tiago e João esquecido a res surreição da filha de Jairo quando Jesus usara linguagem sem elhante
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(m as não idêntica) com relação à m orte (“a criança não está morta, m as dorm e”)? Se Jesus estivesse presente, um m ilagre de cura teria sido espera do dele; mas, com o indicado anteriorm ente (ver sobre 11.5, 6), a res surreição de um hom em m orto seria naturalm ente um m eio m ais efeti vo de fortalecer a fé do que a cura de um hom em doente. P or essa razão, Jesus disse, “...e por causa de vocês, para que possam crer, eu me alegro de que não estivesse lá” . Visto que o m ilagre que estava para ser realizado é (entre outras coisas) para o benefício dos discípu los, não surpreende que Jesus dissesse: “mas vam os ter com ele.” 16. Tom é, cham ado o G êm eo, disse aos d iscípu los: Vam os tam bém nós para m orrerm os com ele. Um dos discípulos tinha um nom e que tanto em aram aico {Tomé) com o em grego ( A l ô u |í o ç ) significava “gêm eo” . N ada sabem os sobre esse irm ão gêm eo ou irm ã gêm ea, e é inútil criar teorias. João, ao es crever a leitores gregos, acrescentou o nome grego equivalente ao nome aram aico. Noutros lugares Tomé é m eram ente m encionado na lista dos após tolos (M t 10.3; M c 3.18; Lc 6.15; cf. At 1.13). O Q uarto Evangelho o descreve, dando detalhes de seu caráter. Desânim o e devoção (a Je sus) m arcam seu caráter (cf. 11.16; 14.5; e 20.24-28). Ele está sem pre tem eroso de perder seu querido M estre, ou que algum a desgraça vies se cair sobre Jesus. Ele espera a desgraça e não consegue crer no bem quando o m esm o ocorre. N o espírito de devoção e desalento, ele diz, “Vamos tam bém nós para m orrerm os com ele” . De form a algum a que ele pensa prim eiro em Lázaro ou em si mesm o, m as no seu Senhor, o qual não dever ser abandonado para m orrer sozinhol A creditam os que a expressão “com ele” (em “Vainos tam bém para m orrerm os com ele”) significa com Jesus. D a form a com o os discípu los vêem isso, ir para Judéia significa perigo, possivelm ente morte, para Jesus (ver o contexto, v. 8). Alguns com entaristas argum entam que a frase “para m orrerm os com ele” não pode significar “para m orrerm os com Jesus”, em vista do fato de que na hora de crise “os discípulos todos (incluindo Tomé), deixando-o, fugiram” (Mt 26.56). Porém, quantas
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vezes não acontece que as intenções de um a pessoa são m elhores que suas ações? Tomé era provavelm ente muito sincero em suas intenções de m orrer com seu Senhor, mas sua coragem o abandonou quando a m orte de fato parecia um a am eaça concreta. E por caso não se pode afirm ar com segurança que Pedro tam bém estava sendo sincero quan do afirm ou com veem ência que ele nunca negaria seu M estre? Toda via, bem sabem os o que aconteceu! Portanto, não vem os razão para interpretar a sentença “para m or rerm os com ele” com o se quisesse dizer “para m orrerm os com L áza ro”. Q uando Tomé disse, “vamos nós tam bém ” , ele quis dizer: “vamos com Jesus.” Assim , quando ele acrescenta, “para m orrerm os com ele”, possivelm ente quisesse dizer: “para m orrerm os com Jesus.” De modo sem elhante Pedro disse: “ainda que eu deva m orrer com o senhor” (i.e., com Jesus, M t 26.35). 17 Então, assim que Jesus chegou, descobriu que ele já estava no túmulo há quatro dias. 18 Ora, Betânia ficava cerca de três quilômetros de Jerusalém, 19 e muitos dentre os judeus vieram ter com Marta e Maria, para as consolar a respeito de seu irmão. 20 Quando Marta soube que Jesus estava vindo, saiu a seu encontro; M aria, porém, perm aneceu sentada em casa. 21 Então M arta disse a Jesus: Senhor, se estiveras aqui meu irmão não teria morrido.-“" 22 E mesmo agora eu sei que, tudo quanto pedires a Deus, ele te concederá. 23 Jesus lhe disse: Seu irmão vai levantar-se de novo. 24 Marta lhe disse; Eu sei que ele há de ressurgir na ressurreição do último dia. 25 Jesus lhe disse: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá;^“' 26 e todo o que vive e crê em mim nunca mais morrerá. Você crê nisso? 27 Ela lhe disse; Sim, Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que veio ao mundo. 28 E depois de dizer isso, ela voltou e calmamente chamou Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está aqui e pergunta por você. 29 Então ela, ouvindo isso, levantou-se depressa e foi em direção a ele. 30 Jesus ainda não havia entrado na aldeia, porém permanecia onde M arta se avistara com ele. 31 Quando os judeus que estavam com Maria em casa, e a consolavam, notaram que ela se levantara depressa e saíra, eles a seguiram, supondo que ela ia ao túmulo a fim de chorar. 32 Então Maria, quando chegou ao lugar onde Jesus estava, ao vêlo, lançou-se a seus pés, dizendo; Senhor, se estiveras aqui meu irmão não teria morrido. 33 Então Jesus, vendo-a chorar, e bem assim os judeus que a acompa-
240. IIB; ver Introdução, pp. 62, 63. 241. IIIA l; ver Introdução, pp. 63, 64, e re-inserção na lista da p. 64,
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nhavam, agitou-se profundamente no espírito e comoveu-se, 34 e disse; Onde vocês o sepultaram ? Eles lhe responderam : Senhor, vem e vê! 35 Jesus se prorrompeu em lágrimas. 36 Então os judeus passaram a dizer; Vejam como ele (sinceramente) o amava. 37 Alguns, porém, disseram; Não podia ele, que abriu os olhos ao homem cego, fazer com que este não morresse?
11.17-37 17. E ntão, assim que Jesus chegou, descobriu que ele já es tava no túm ulo há quatro dias. Jesus chegou nos arredores de B etâ nia da Judéia. As palavras [ele] descobriu provavelm ente significa vam que ele tinha indagado sobre Lázaro, e foi inform ado de que o irm ão de M arta e M aria já estava sepultado há quatro dias. A alm a de Jesus era capaz de receber inform ação de m ais de um modo. Ver sobre 5.6. N este exem plo de que estam os tratando, parece que alguém lhe deu a inform ação de um m odo perfeitam ente natural e humano. A notícia que o Senhor recebeu era que Lázaro estava no túmulo (|j,yri|ieLOv, memorial, m onum ento, Lc 11.47; depois, com o aqui, um se pulcro, um túm ulo) há quatro dias. Com toda probabilidade, tendo co m eçado sua viagem im ediatam ente depois que Lázaro m orreu e foi sepultado (a m orte e o sepultam ento tendo acontecido no m esm o dia, com o era o costum e; ver Dt 21.23; At 5.5, 6, 9, 10), Jesus havia chega do nos arredores da aldeia de B etânia depois de três dias de viagem, isto é, no quarto dia (contando o dia da morte e do sepultam ento com o o prim eiro). Ver sobre 10.40; tam bém acim a, sob O bservações Preli minares, III. O evangelista faz m enção especial desse quarto dia para enfatizar a m agnitude do m ilagre. Segundo um a tradição rabínica, a alm a de um a pessoa m orta perm anece junto ao corpo por três dias na esperança de um a nova união, e depois faz sua partida final quando nota que o corpo entrou em estado de d e c o m p o s iç ã o .A s Escrituras não ensinam isso em parte algum a; ao contrário, a alm a vai im ediata m ente para seu estado eterno (ver sobre 11.11-13), mas é possível que as pessoas do tem po de Jesus acreditassem nessa superstição. D ize m os p ossível (não certeza), porque a form a escrita das tradições da tam da prim eira parte do século 3° d.C. Se essa crendice fosse com um nos dias da vida de Jesus sobre a terra, a grandeza do m ilagre a ser 242. S. BK. 11, pp. 250, 251.
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realizado certam ente seria maior. Entretanto, à parte disso, o quarto dia nesse caso certam ente significava decom posição (ver sobre 11.39); portanto, essa observação prepara o leitor para a mais notável dem ons tração de poder. 18, 19. O ra, B etânia ficava cerca de quinze estádios perto de Jerusalém . M uitos dentre os judeus tinham vindo ter com M ar ta e M aria, para as consolar a respeito de seu irm ão. E sta nota topográfica é acrescentada para que os leitores que m oravam distante da Palestina pudessem visualizar o acontecim ento. Será que o verbo fica va significa que a Betânia da Judéia dos dias de Jesus não mais existia quando este Evangelho foi escrito? Provavelm ente não: o tempo passado com bina bem com a narrativa de um acontecim ento passado. Literalm ente, João localiza Betânia com o segue; “cerca de quinze está dios” (üJc «TO omôíú)v ôeKanéuze), que é um m odo idiom ático de ex pressar distância, tom ando o lugar m ais distante (nesse caso Jerusa lém) com o base de cálculo. Um estádio eqüivale aproxim adam ente a 185 m etros; portanto, quinze estádios é cerca de três quilôm etros. Ver tam bém sobre 6.19. A proxim idade de Betânia de Jerusalém é m encio nada para explicar a razão de m uitos judeus da capital terem vindo consolar as duas irmãs. Para ver sobre o significado do termo Judeus ver sobre 1.19. Não devem os deduzir que os judeus que tinham vindo consolar M arta e M aria fossem todos amigos do Senhor com base no fato de que as duas eram discípulas dele. O fato é que, antes da ocor rência deste m ilagre, esses judeus criticaram Jesus e não creram nele de modo algum . M uitos m udaram de atitude depois de terem visto o m ilagre. Alguns, entretanto, persistiram na descrença, o que resultou em hostilidade aberta e determ inada. Esse é o quadro que nos pinta o próprio evangelista (11.36, 3 7 ,4 2 ,4 5 ,4 6 ). 20. M arta, quan d o soube que Jesu s estava vind o, saiu ao seu encontro. Pareceria que a aproxim ação de Jesus não tinha sido anunciada ao grupo de pranteadores na casa de M arta e M aria. Teria Jesus enviado um m ensageiro especial (quem sabe um de seus discípu los) para dar a notícia a M arta, a ela apenas? Não nos é revelado em tantas palavras que Jesus tivesse cham ado M arta. D e qualquer modo, parece que o Senhor quis conversar com M arta, e que ele queria fazer isso longe do reboliço da m ultidão. Ele queira falar-lhe em particular e
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sem perturbação. Então, ele perm aneceu nos arredores da cidade. Pode ter havido um a razão adicional para que Jesus tivesse parado aqui em vez de seguir direto à casa enlutada. Ver sobre o versículo 30. M aria, porém , ficou sentada em casa. A m aravilhosa corres pondência entre os Evangelhos (neste caso, Lucas e João) é dem ons trada pelo retrato do caráter das duas irmãs. C om pare Lucas 10.28-32 (M arta ocupada, superativa; M aria calm a e contem plativa, perm anecia aos pés do M estre) e a história relatada em João. Jesus, entendendo a natureza de cada irmã, perm ite que M aria perm aneça por algum tem po em casa, enquanto ele conversa com M arta fora da aldeia. 21, 22. E ntão M arta disse a Jesus: Senhor, se estiveras aqui, m eu irm ão não teria m orrido. Q uando M arta encontrou Jesus ela repetiu, em substância, o que com toda probabilidade ela tinha dito com freqüência durante a enferm idade de seu irmão. N a ocasião ela - e tam bém M aria (ver sobre 11.32) - estivera lam entando com suspiros de quase desespero: “Se pelo m enos Jesus estivesse aqui.” Então, nes se m om ento, M aria diz, “Senhor (para isso, ver sobre 1.38), se estive ras aqui m eu irm ão não teria m orrido.” E ssa observação não deve ser vista com o sinal de censura ou ressentim ento, como se M arta estivesse dizendo, “P or que tu dem oraste dois dias inteiros, perm anecendo onde estavas, quando bem sabias que precisávam os desesperadam ente de ti?” E la não faz um com entário de desapontam ento em relação a Jesus. M arta sabia m uito bem que teria sido difícil (se não m esm o im possível, exceto por m eio de um m ilagre) que Jesus chegasse em sua casa em B etânia a tem po de curar Lázaro. H umanam ente falando, a m ensa gem havia chegado dem asiadam ente tarde. Portanto, devem os consi derar as palavras de M arta com o um a expressão de profundo pesar. M arta acrescenta: M as, m esm o agora, eu sei que tudo quanto p ed ires a D eus, ele te concederá. O caráter surpreendente desta afirm ação deve receber seu devido reconhecim ento. Seria irreal dizer que, por m eio destas palavras, M arta não poderia estar dando a enten der que possivelm ente Jesus podia trazer Lázaro de volta à vida. É verdade que, na superfície, 11.24, 39 parece apontar para a direção do abandono dessa esperança. M as deve-se ter em mente que alguns dias antes (anteontem ?), quando L ázaro já estava no túm ulo, o m ensageiro voltara de seu encontro com Jesus. E sua m ensagem era, citando as
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palavras de Jesus: “Essa enferm idade não é para m orte; ao contrário, é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja por ela glorifica do” . Ver sobre 11.4. Podem os im aginar como, por várias vezes, M arta, agora com seu irm ão morto, estivera repetindo essas palavras estra nhas e m uito m isteriosas, “Esta enferm idade não é para m orte” . É por este prism a que as palavras do versículo 22 assum em significado: Deus dará a Jesus tudo quanto ele pedir. N a mente de M arta, a ressurreição de Lázaro não está excluída deste tudo quanto. No entanto, em bora as palavras de M arta sugiram a possibilidade do grande m ilagre que estava para acontecer, para ela isso era apenas um a esperança m uito tênue. Ela não se atrevia a expressar isso clara m ente. E la estava com m edo de sua própria dedução. Q uando Jesus afirmou, em linguagem muito clara (ver 11.23), o que M arta m eram en te vislum brara, então ela, tendo transferido sua atenção da gloriosa pro m essa de Cristo (em 11.4) para o estado real de seu irm ão morto, es condeu sua esperança (11.24). Talvez possam os até dizer que, por um m om ento, a faísca da esperança tinha se extinguido de sua alma, de modo que tinha de ser reacesa. No versículo 39 tem os um caso sem e lhante de derrota m om entânea sentida por Marta. Acreditam os que esta explicação psicológica é a correta. No cora ção de M arta, as trevas da tristeza e a luz da esperança estavam tra vando um a luta mortal. Algum as vezes seus lábios denunciavam seu quase desespero; depois, novam ente seu otimism o. D essa m aneira é incorreto, da form a com o vemos a situação, dizer que, à luz de 11.24, 39, as palavras registradas em 11.22 não devem ser interpretadas com o a expressão de esperança m eio-revelada e m eio-suprim ida. Aqui está uma m ulher profundam ente em otiva. Sua alm a é tom ada de tristeza pela m orte do irm ão a quem am ava tão profundam ente. M as aqui está tam bém uma discípula de Jesus com sua alm a cheia de reverência por seu Senhor. Aqui está, conseqüentem ente, um coração revolvido até as profundezas e oscilando entre a tristeza e a esperança. M arta olhava para as obras de Jesus com o feitas em resposta à oração. Isso estava correto (ver sobre 9.31). M esm o assim, quando ela disse, “E m esm o agora eu sei que tudo quanto pedires a Deus, ele te concederá” , ela usou um a palavra para oração (alTew: pedir) que Jesus nunca em pregara com referência a seus próprios pedidos. O term o que
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M arta usou é apropriado nos lábios de um inferior que pede um favor a um superior (4.9, 10; 14.13; 15.7,16; 16.23,24, 26). O term o que Jesus em pregou com respeito aos seus próprios pedidos geralm ente denotava eqüidade entre duas pessoas (a que faz o pedido e aquela a quem o pedido é feito). O últim o termo (épuxáo)) sig n ific a /a z e r um pedido, ver sobre 1 4 .1 6 ,1 7 .9 ,1 5 ,2 0 ; mas tam bém sim plesm ente: perguntar ou inquirir (num sentido que é apropriado aos lábios de qualquer um ), ver sobre 16.19, 23. Podem os dizer, portanto, que M arta, que estava para fazer a m ais bela confissão com respeito a Jesus, não entendia o signi ficado total da relação entre o Pai e o Filho. M esm o assim , a im portân cia do fato a ser enfatizado é esta: no versículo 22 ,a luz da fé de M arta, em bora ainda obscurecida pelas dúvidas que surgiam , m om entanea m ente dispersa as trevas do quase desespero. 23, 24. Jesus lhe disse: Seu irm ão há de levantar-se n ova m ente. M arta lhe disse: Eu sei que ele há de ressurgir na res surreição do últim o dia. Da m aneira m ais simples possível, Jesus predisse o que estava para acontecer: “Seu irmão há de levantar-se.” M arta suprim indo (quem sabe até apagando) por um m om ento sua tênue esperança, com o se fosse bom dem ais para ser verdade, e com o se agarrar-se com firm e za à prom essa de Jesus fosse um ato por dem ais ousado, replicou tris tem ente, “Eu sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no últim o dia” . Se suprim ir - e não apagar - for a palavra certa aqui, poder-se-ia ir ainda m ais longe com a pergunta: estaria ela tentando, por meio de sua resposta, levar Jesus a dizer exatam ente o que ele queria dizer com as palavras dele? M ais provável, porém, é a opinião de que no m om ento (ver sobre 11.21, 22) a tristeza e o desalento tivessem mais um a vez logrado a vitória. Ela, com toda probabilidade, estava pensando: “Jesus se refere, é claro, à ressurreição do fim dos tem pos”. Essa referência à ressurreição na grande consum ação provavelm ente era um tipo de con solo convencional freqüentemente oferecido pelos pranteadores profissi onais quando não sabiam o que mais poderiam dizer. Mas isso não era o que Jesus tinha em mente quando disse: “Seu irmão há de levantar-se.” Não se deve ignorar que, no que ela disse, M arta tinha com o certo, totalm ente inquestionável, a ressurreição do últim o dia. A crença pes soal na ressurreição individual é expressa em m uitas referências no
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Antigo Testam ento (SI 16.9-11; 17.15; 49.15; 73.24, 26; talvez tam bém Jó 19.25.27). A ressurreição coletiva está im plícita em Ezequiel 37.114; Oséias 6.2; e claram ente expressa em Isaías 26.19 e Daniel 12.2. A lém disso, deve-se lem brar que M arta não era m eram ente um a judia; ela era um a discípula de Jesus. Podem os presum ir que ela aceitara pela fé esse ensinam ento com o aquele que encontram os em 5.28, 29 (ver sobre esses versículos). 25, 26. Jesus lhe disse: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em m im , ainda que m orra, viverá; e todo o que vive e crê em m im nunca m ais m orrerá. Você crê nisso? Aqui segue outro grande EU SOU, o quinto. Existem sete. P ara os outros, ver sobre 6.35; 8.12; 10.9; 10.11; 14.6; e 15.5. O sujeito e o predicado são perm utáveis. Jesus é a ressurreição e a vida; a ressurrei ção e a vida, isso é Jesus. Tanto a ressurreição quanto a vida estão radicadas nele (cf. Rm 6.8, 9; 1Co 15.20, 57; Cl 1.18; ITs 4.16). O bser ve a ordem: prim eiro a ressurreição; depois, a vida; porque a ressurrei ção abre a porta para a vida imortal. Jesus é a ressuireição e a vida em pessoa (ver sobre 1.3, 4), a vida com pleta e abençoada de Deus, todos os seus atributos gloriosos: onisciência, sabedoria, onipotência, amor, santidade etc. Com o tal ele é tam bém a causa, a origem, ou a fonte da ressurreição gloriosa dos crentes e de sua vida eterna. Porque ele vive, nós tam bém viverem os. Sem ele nada resta, a não ser a morte. Com ele a ressurreição e a vida são garantidas. O Príncipe da vida é eternam ente o vencedor da morte. E le é isso não só para o propósito da ressun-eição do últim o dia; ele é isso sempre. E sta é exatam ente a verdade que M arta falhou em com preender. Por essa razão Jesus pôs a ênfase aqui a fim de que a fagu lha da esperança pudesse ser reacesa um a vez m ais no coração de Mai'ta, e que pudesse crescer até tornar-se um a cham a ardente e viva. O que M arta mal ousava esperar estava para tom ar-se real, pois ele, que era o Príncipe da vida, também nesse m om ento era a vitória sobre a m orte, sobre a morte de todas as maneiras. O restante deste glorioso EU SOU é um desenvolvim ento siste m ático das palavras de abertura. Jesus é a ressurreição; assim sendo, “quem crê em mim, ainda que morra, viverá”. Jesus é a vida; dessa m aneira, “todo o que vive e crê em m im nunca mais morrerá. Esse é
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um belo paralelism o, sintético em caráter. A segunda cláusula reforça a prim eira, mas não a repete m eramente! Prim eiro, o crente é retratado no mom ento da morte. N aturalm en te que de im ediato pensa-se em Lázaro, m as o que é dito é verdadeiro para cada crente que mon-e fisicam ente. As palavras são: “quem crê (perm anentem ente) em mim (observe o particípio presente ó irLoteútoy seguido de elç; e ver sobre 1.8; 3.16; e especialm ente sobre 8.30, 31a), ainda que morra (fisicamente), viverá (possuindo vida eterna em glória).” Em seguida, o crente é retratado da form a com o ele vive aqui na terra, antes da morte. Lem os: “e todo o que vive (espiritualm ente; ver sobre 1.3,4; 3.16)) e crê (perm anentem ente) em mim nunca m ais m or rerá (certam ente nunca provará morte eterna; nunca m ais serão sepa rados alm a e corpo da presença do Deus de am or).” Ver tam bém sobre 3.15-17; 6.47. Até m esm o a m orte física fracassa em extinguir a vida real do crente; ao contrário, essa m orte é lucro, pois ela o introduz no gozo com pleto da vida. N a prim eira sentença, crer é seguido de viver. A vida nos céus está subentendida. É verdade, naturalm ente, que m esm o aqui na terra o crente tem um a am ostra dessa vida celestial (3.36; cf. 3.16). N a se gunda sentença, viver e crer (um tipo de hendíades: viver pela fé) é seguido de nunca morrer. Temos aqui um exem plo de litotes: nunca, nunca morrerá realm ente implica: com total certeza viverá eterna mente, sim para todo sempre. N ote a negativa reforçada: nunca, nunca morrerá (où [ifi à-noQàvv] elç xov alüiva). O resultado é um m aravilhoso paralelism o no qual a segunda sen tença confirm a e reforça a prim eira. O arranjo, além disso, é culm i nante. Isto é visto de im ediato: que o crente, pela morte, entra na vida e no estado de perfeição é confortador, mas não estranho; que ao cren te que reside aqui na terra é dada a certeza de que ele nunca mais m orrerá é fantástico! Cf. tam bém Rom anos 8.10; 2 C oríntios 4.16. Assim , gloriosam ente, o m ilagre em si (11.38-44) é introduzido e iluminado, de modo que, quando ele ocorre, deve ser visto não com o um fim em si m esm o, mas um a ilustração do que Cristo é e deseja ser em relação a todos os que confiam nele. D essa maneira, o m ilagre será visto em seu caráter verdadeiro, a saber, com o um sinal, apontando
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JOAO 11.27
para longe de si mesm o, para Cristo, e tornando-o m anifesto em toda sua glória. U m descrente rejeita ambas as proposições desse glorioso EU SOU (i.e., tanto 11.25 com o 11.26a), e tam bém a afirm ação na qual as duas são radicadas (11.25a). Ele é de opinião que a m orte é o fim de tudo. Daí, ele não poder aceitar a afirm ação: “quem crê em m im, ainda que m orra, viverá.” Ele tam bém concebe a m orte física com o sendo a coi sa real, a ceifeira horrenda; daí, para ele, a idéia de que essa m orte possa algum dia ser roubada de seu poder real é um contra-senso. É pela fé , pela fé som ente, que essas grandes verdades são aceitas. Por essa razão, Jesus ordenou a M arta que ela pessoalm ente se aproprias se do que tinha acabado de ouvir de seus lábios, isto é, que, com o resultado do que ele é - isto é, a ressurreição e a vida —, a vida de um crente é a derrota da morte, definitivam ente. “Você crê nisso?”, per gunta Jesus a M arta. Então, segue-se um a belíssim a confissão: 2 7 . E la lhe disse: Sim , Senhor, eu tenho crido que tu és o Cristo, 0 Filho de Deus, o que devia vir ao m undo. A confissão de M arta aqui é positiva, heróica e ampla. N a verdade, é m uito em ocio nante, ainda m ais notável por ter sido feita sob circunstâncias tão peno sas. O EU SOU de Jesus a tinha ajudado consideravelm ente. A gora a vem os em sua m elhor expressão; em seu lugar agora vem os a graça de Deus presente nela, enquanto a ouvim os dizer: “Sim (confirm ando a declaração de que Jesus é a ressurreição e a vida, e as duas proposi ções que seguem). Senhor (ver sobre 1.38), eu tenho crido (tem po per feito: se tornou um a convicção inabalável em mim) que tu és o Cristo (ver sobre 10.25), o Filho de Deus (ver sobre 1.14, 34; 20.31; Introdu ção, pp. 51 -56), o que devia vir ao m undo” (um título estabelecido para aquele que voluntariam ente veio do céu à terra, Fp 2.5-8; 2Co 8.9; ver sobre 1.9). Dizer, com o tem acontecido algum as vezes, que M arta não tinha intenção de confessar a deidade do Senhor por com pleto redunda num a inconsistência inútil. M arta deve ter ouvido Jesus falar sobre ele m es mo com o o Filho de Deus. Ora, se os outros entenderam isto com o sendo um a alegação de ser absolutam ente igual ao Pai (ver sobre 10.3033; cf. as explicações de 5.18), p o r que não M a rta l Ela tinha ouvido as alegações de Jesus e acreditou nelas. Note, “Eu tenho crido” . O
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pronom e eu, porque aparece expresso e por causa de sua posição na sentença, deve ser provavelm ente considerado enfático aqui (m as ver Introdução, pp. 92, 93). Outros tinham ouvido essas m esm as alega ções, m as as tinham rejeitado, cham ando Jesus de blasfemador. Para outras confissões notáveis, registradas nos capítulos anterio res do Evangelho de João, ver a de João B atista (“Vejam, o C ordeiro de Deus, que está tirando o pecado do m undo”, 1.29), André (“E ncontra mos o M essias”, 1.41), Filipe (“Encontram os aquele de quem M oisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas”, 1.45), N atanael (“R abi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”, 1.49), os sam aritanos (“Sabem os que este é verdadeiram ente o Salvador do m undo” , 4.42), Sim ão Pedro (“Senhor, para quem irem os? Tu tens as palavras da vida eterna; e tem os crido e sabem os que tu és o Santo de D eus” , 6.68, 69; cf. tam bém sua confissão registrada em M t 16.16). Que um pouco depois (ver sobre 11.39) M arta fraqueja de novo, de form a tal que por um instante ela não enxerga por inteiro as im plica ções de sua confissão prévia, é com preensível. Os olhos de M arta não estavam fixos em Jesus. Algum as vezes eles se volviam na direção de um cadáver. Quando isso acontecia, sua visão espiritual se turvava. Pedro teve um a experiência um tanto sem elhante (ver M t 14.28-31). 28-30. E depois que ela disse isso, voltou e calm am ente cha m ou M aria, sua irm ã, dizendo: O M estre está aqui e está per guntando por você. Tendo feito sua gloriosa confissão, M arta voltou à casa enlutada. Podem os im aginá-la entrando e cochichando à sua irm ã M aria. P or que teria ela cham ado M aria de m odo tão discreto? Seria porque não queria que os judeus (geralm ente hostis a Jesus) sou bessem da presença de Jesus? Estaria ela com m edo, quem sabe, que de outra m aneira um a controvérsia pudesse suscitar-se entre Jesus e os judeus, e ela queria dar tam bém um a oportunidade a M aria de con versar com o M estre em particular? Isso é provável. A razão pela qual ela cham ou M aria (além de seu próprio desejo de fazer isso) foi porque Jesus tinha pedido que ela o fizesse. Esta é certa m ente a explicação mais natural das palavras: “O M estre está aqui e está perguntando p o r você (ou: está cham ando-a).'” E ntão ela, ou vin d o isso, levan tou -se d ep ressa e cam in h ou
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em direção a ele. Jesus ainda não havia entrado na aldeia, mas perm anecia onde M arta se avistara com ele. Q uando M aria ouviu isso, ela deu um salto e saiu correndo de casa. Logo ela estava indo (tem po perfeito, m uito gráfico) a Jesus. Jesus não tinha ainda entrado na cidade propriam ente dita e perm anecia no lugar onde M arta o en contrara. C om entaristas sugerem muitas razões possíveis para o relato do fato de Jesus haver perm anecido ali m esm o depois de sua conversa com M arta. U m a razão sugerida é: dar a M aria a m esm a oportunidade de um a entrevista pessoal com o a que sua irmã desfrutara. Mas, quan to a isso, devem os lem brar que na realidade a entrevista de M aria dificilm ente pode ser cham ada de particular. Talvez a solução deva ser buscada num a direção inteiram ente diferente, que tem tam bém sido sugerida por diversos com entaristas, ou seja, que o lugar onde as con versações com M arta e m ais tarde com M aria ocorreram era nas pro xim idades do “cem itério” . Em bora não possam os ter certeza disso, o relato, não obstante, nos passa essa im pressão (cf. vs. 30, 32, 33, 34, 38). Se esse for o caso, não é difícil entender por que Jesus, cuja m is são não era na casa enlutada, mas no túm ulo, perm aneceu exatam ente onde ficara. 31. Os judeus que estavam com M aria em casa, e a consola vam , notando que M aria se levan tara depressa e saíra, seguiram -na, supondo que ela ia ao túm ulo com o fim de chorar. Para o significado da expressão “os judeus que estavam com M a ria em casa e a consolavam ”, ver sobre o versículo 19 acima. Ao que parece, M aria era a mais em otiva das duas irmãs, com o o versículo 32 em especial parece indicar (e ver tam bém 12.3). É possível que essa sua característica tam bém seja responsável pela m aneira apressada com que se levantou e saiu da casa, em bora se deva ter em m ente que nós som os claram ente inform ados que Jesus, por m eio de M arta com o m ensageira, tinha cham ado M aria. Não som os inform ados que ele tivesse cham ado M arta, em bora isso seja provável (ver sobre v. 20). Teria sido essa maneira apressada de levantar-se que teria levado os judeus a concluírem que M aria estava indo ao túm ulo para ali chorar, de m odo que eles a seguiram, em bora não tivessem seguido M arta? Alguns com entaristas são dessa opinião, que pode ser correta, porém não sabem os com certeza.
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Não nos deve escapar que essa decisão da parte dos judeus, isto é, seguir M aria ao túm ulo, estava no plano de Deus. Ele queria que os judeus vissem o milagre! A palavra c/iorar aqui no versículo 31 não é a m esm a do versículo 35; ver sobre esse versículo. 32, Então M aria, assim que chegou ao lugar onde estava Je sus, ao vê-lo, caiu a seus pés, dizendo; Senhor, se estiveras aqui, m eu irm ão não teria m orrido. Quando M aria viu Jesus, ela se jogou a seus pés, chorando (ver v. 35). N um a atitude de reverência e adora ção, ela repetia o que M aria já dissera: “Senhor, se estiveras aqui, meu irm ão não teria m orrido.” Para o sentido dessa exclam ação, ver sobre 11.21. O bserve que, enquanto M arta não se jogou aos pés de Jesus (11.20, 21), M aria não acrescentou (como fizera M arta), “E m esm o agora eu sei que tudo quanto pedires a Deus, ele te concederá.” Isso m ostra um a situação equilibrada. De qualquer m odo, baseado no que é encontrado em João 11, as evidências são insuficientes para declarar que a fé de M aria era mais excelente em qualidade ou intensidade que a d e M arta. M as ver tam bém o capítulo 12.1-8; depois Lucas 10.38-42. N a últim a história, certam ente foi M aria quem “escolheu a boa parte.” 33, 34. E ntão Jesus, assim que a viu chorar, e os ju d eu s que vieram com ela tam bém chorando, agitou-se profundam ente no espírito e com oveu-se, e perguntou: O nde vocês o sepultaram ? E les lhe disseram : Senhor, vem e vê! Q uando Jesus viu M aria chorando e os judeus que haviam vindo com ela - m uitos dos quais iriam aceitar Jesus pela fé (11.45) - tam bém chorando, ele “agitou-se profundam ente no espírito e com oveu-se" (ver sobre 13.21). O verbo aqui usado tem o sentido da raiz resfolegar (de um cavalo); depois de agitar-se com ira (Mc 14.5), exor tar severam ente (M t 9.30; M c 1.43). Aqui surge a pergunta, “Será que esse verbo, com o usado aqui no versículo 33 (ver tam bém v. 38), tem o m esm o significado?” M uitos com entaristas acreditam que sim. Jesus, segundo a interpretação deles, fic o u cheio de indignação. Mas, por que ele ficaria irado? C ertam ente que não porque M aria e os judeus estavam chorando. Ele m esm o estava quase prorrom per-se em lágri m as (v. 35). Por que então? A resposta geralm ente dada é esta: Jesus estava concentrando sua atenção no pecado com o a causa subjacente de todo sofrim ento, tristeza e dor. Ele ficou indignado contra o pecado.
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JOÃO 11.33, 34
A nós parece que essa explicação contém um considerável elem ento de verdade. O próprio fato de que o verbo em pregado geralm ente (i.e., em outras passagens) se refere a um sentim ento de indignação, pare ceria apontar nessa direção. Além disso, é inconcebível que Cristo pen sasse em dor e tristeza e não pensasse ao m esm o tem po no pecado com o sua causa. C ontudo, acreditam os que essa explicação, em bora correta em certa extensão, não explica tudo. A em oção intensa que surgiu no coração do Senhor com preendia pelo m enos m ais um ele m ento além de indignação. Ela ia além da ira e incluía m uito m ais que isso. O contexto inteiro claram ente indica que ela tam bém incluía sim patia. De fato, o contexto im ediato nem ao m enos m enciona pecado. Ele fala apenas do choro de M aria e dos judeus, e ficam os com a im pressão de que foi esse choro que causou o seu (cf. 11.33,34 com 11.35). O contexto, portanto, é de sim patia e não de ira. Também o verbo agita do ou perturbado (aqui literalmente perturbou-se, estremeceu) que é usado em conexão com o verbo em questão, sugere perturbação interi or (como também ocorre em 12.27; 13.21 ; 14.1,27), seja de que natureza for, mais do que puramente indignação. Para ver o significado do segun do verbo (xapáoaa)), ver também sobre 14.1. Portanto, parece que a tradução “agitou-se no espírito e comove u -se'” é a melhor. Traduzido dessa forma, o verbo é suficientem ente abrangente para incluir tanto a indignação quanto a simpatia. A intensi dade da em oção era provavelm ente visível no olhar de Cristo, no tom da sua voz, e (talvez especialmente) em seu constante suspirar. P ara o significado do term o espírito (ïïveûiia), ver sobre 13.21. Indignado com o pecado com o a raiz de todos os sofrim entos e angústias, m as tam bém sentindo-se abalado pela tristeza daqueles ao seu redor, Jesus, profundam ente com ovido em seu espírito e visivel m ente agitado, disse, “Onde vocês o sepultaram ?” Em bora pudesse obter a inform ação de diversas m aneiras (ver sobre 5.6), ele usou o m étodo aqui m ais humano: perguntou àqueles que estavam próxim os dele. Eles (talvez dentre aqueles que lhe eram m ais favoravelm ente inclinados) responderam : “Senhor (ver sobre 1.38), vem e vê.” O aoristo presente é usado para o prim eiro verbo, o aoristo sim ples, para o segundo; am bos são im perativos, com pequena ou nenhum a distinção aqui em significado de tempos.
JOÃO 1 1.35
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35. Jesus prorrom peu-se em lágrim as. Este é o único lugar no N ovo Testam ento que esse verbo ocorre. Ele é provavelm ente aoristo ingressivo ( é ô a K p u o e ) . Entretanto, o substantivo (choro, lágrim as), cu jas raízes entram na form ação desse verbo, é encontrado tam bém em Hebreus 5.7 em conexão com Jesus: “que nos dias de sua carne, tendo oferecido orações e súplicas com forte choro e lágrim as a quem o po dia livrar da m orte e tendo sido ouvido por causa de seu tem or piedoso” etc. Ver tam bém M arcos 9.24; Lucas 7.38,44; Atos 20.19, 31; 2 C orín tios 2.4; 2 Tim óteo 1.4; Hebreus 12.17; A pocalipse 7.17; 21.4. Em to das essas passagens (com eçando com M c 9.24) as lágrim as são derra m adas por outros, não por Jesus. Entretanto, existe com certeza um a conexão entre 11.35 (“Jesus prorrom peu-se em lágrim as”) e A pocalip se 7.17 (“E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrim a”): por causa de suas lágrim as, as nossas serão enxugadas. Note a diferença que não pode ter sido involuntária: em 11.31, 33 outro verbo é usado (KÀaío)) diferente do que é usado aqui em 11.35. M aria e Judeus choraram. No caso de M aria, o choro era, natural mente, genuíno, a expressão de tristeza interior por causa da dor pela perda de seu querido irmão. No caso dos judeus era, em m uitos casos, provavelm ente equivalente a lamentos. Ver sobre 16.20. O verbo KÃaío) em sem pre significa, necessariam ente, lam entar (daí, no sentido de chorar, não lamentar, pode ser usado m esm o com referência a Jesus. Lucas 19.41: Jesus chorou sobre Jerusalém ), mas pode ter esse signifi cado (Mc 5.38,39). O verbo ôaKpúto, usado aqui em 11.35, não significa lamentar. Essas lágrim as eram a expressão de amor, am or não apenas por Lázaro (com o os judeus pensaram , 11.37), mas tam bém por M aria, M arta e outros (ver sobre 11.33). Elas eram lágrim as de sim patia genu ína (H b 4 .1 5 ;c f. Rm 12.15). Em conexão com essas lágrimas, faz-se freqüentem ente a obser vação de que elas provam a verdadeira hum anidade de Jesus. Isso é certam ente correto (ver tam bém p. 118). O Quarto Evangelho (o m es mo livro que enfatiza a deidade de Cristo, pp. 51-55) o descreve com o sendo não apenas absolutam ente divino, mas tam bém verdadeiram ente hum ano. D eve-se enfatizar, entretanto, que essas lágrim as de nosso Senhor não eram acom panhadas de pecado. Elas não eram lágrim as de um pranteador profissional, nem de um sentimentalista, mas de com pai
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JOAO 11.35, 37
xão pura e santa do Sumo Sacerdote! Elas provinham do am or m ais genuíno pelo hom em jam ais encontrado em todo o universo, o am or que se deu a si mesm o. 36, 37. E ntão os judeus com eçaram a dizer: Vejam com o ele (sinceram ente) o amava! A lguns deles, porém , diziam : Não p o dia ele, que abriu os olhos ao hom em cego, fazer com que este não m o rresse? Os judeus deram um a interpretação muito lim itada àquelas lágri mas de Jesus, com o se elas estivessem sendo derram adas apenas por tristeza pela m orte de Lázaro e não tam bém (como o contexto clara m ente ensina) em genuína sim patia para com as lágrim as de outros. Entre esses judeus, com o já observam os, havia aqueles que iriam acei tar a Cristo pela fé (cf. 11.45). Os judeus (ver sobre 1.19) estavam profundam ente tocados pelo am or de Cristo, da m esm a form a com o um pouco depois eles seriam im pressionados por seu poder. N a excla m ação, eles se referem à afeição tem a de Jesus por Lázaro. (Para o significado do verbo am ar e seus sinônim os, ver sobre 21.15-17.) A form a usada aqui é vivida (o im perfeito: êct)íA.eO: d e estava am ando (no passado e até o m om ento da m orte de Lázaro) ou ele am ava cons tantem ente. Os judeus consideravam o caso de Lázaro com o encerrado. A ques tão era sem esperança agora. Afinal de contas. Lázaro estava morto! M as, por que Jesus não evitou essa m orte? Alguns perguntavam com zom baria, outros em m era perplexidade: “Não podia ele, que abriu os olhos ao hom em cego (o últim o grande m ilagre em Jerusalém , sobre o qual as pessoas ainda estavam falando; ver capítulo 9), fazer que este não m orresse?” Essa pergunta relem bra um a exclam ação de grande pesar registrada em 11.21 e em 11.32, mas não transm ite exatam ente o m esm o sentido. Além do mais, não alcança a altura atingida por M arta em 11.22 (ver sobre esse versículo). Parece que as notícias da ressur reição da filha de Jairo e do filho da viúva não tinham chegado a Jeru salém ; ou, se tinham , essa m orte era totalm ente diferente: era agora o quarto dia! Este era um caso perdido! Para Síntese, ver pp. 532, 533.
JOÃO 1 1.38, 39
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3H liiilílo Jesus, outra vez profundamente perturbado cm seu íntimo, foi ao túmulo. Este ora uma gruta, c umii pedra fora colocada contra ela. 39 Jesus disse: Tirem a pedra. Maria, irmã do morto, lhe disse: Senhor, já cheira mal, porque ele está morto já faz quatro dias. 40 Jesus lhe disse: Eu não lhe disse que, se você crer, verá a glória de Deus?-“*’ 41 Então eles tiraram a pedra. E Jesus, erguendo os olhos, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. 42 Eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste. 43 E, tendo dito essas coisas, clamou em alta voz: Lázaro, venha para fora. 44 Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com atadu ras e o rosto envolto numa tira. Jesus lhes disse: Desatem-no e o deixem ir.
11.38-44 38. Então Jesus, outra vez profundam ente perturbado em seu íntim o, foi ao túmulo. Este era uma gruta, e uma pedra fora colo cada contra ela. Suspirando, Jesus se encaminhou para o túmulo. Para a expressão profundam ente perturbado em seu íntimo (no espírito, v. 33), ver sobre 11.33. O túmulo tinha a forma de um a cavem a ou câmara escavada num a rocha. Imaginamos que a rocha se destacava do chão, talvez um pouco inclinada para trás. Para evitar que animais selvagens entrassem nela, um a tampa de pedra fora colocada contra ela. 39. Quando Jesus realizava milagres, ele não desperdiçava seu poder. Som ente Deus pode dar vida aos mortos, mas os hom ens podem m over um a pedra da boca do túm ulo. Então Jesus ordenou que eles fizessem isso. O bserve a brevidade da ordem , Jesus disse: Tirem a pedra. N este ponto, M arta, irm ã do m orto, volveu sua atenção para o cadáver de seu irm ão, e não para o Vencedor da m orte (ver sobre 11.21, 22) D isse-lhe, Senhor (ver sobre 1.38), já cheira m al (ou: agora ele já deve estar fedendo), porque está m orto já faz quatro dias. O evangelista registra essa objeção de M arta para enfatizar a grandeza do m ilagre (ver tam bém sobre 11.17). Não é necessário e tam pouco aconselhável traduzir o original com o, “Senhor, agora ele já deve esta r fe d e n d o ” (ver R.S.V.). A idéia por trás dessa tradução poderia ser que a pedra ainda continuava vedando a entrada do túmulo, de m odo que não havia cheiro. Daí, argum enta-se que M aria não pode ria ter dito: /á cheira mal. Porém , m esm o atualm ente há algum as vezes 243. IIIA I; ver Introdução, pp. 63, 64.
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JOÂO 11.40, 41a
há cheiro em volta de um túm ulo adequadam ente selado Quando M arta acrescenta, “pois já está m orto há quatro dias” (literalmente, “pois ele é um hom em do quarto dia; cf. At 28.13), ela atribui o odor à decom posição do corpo. A preparação do corpo para sepultamento na Palesti na não era nem de longe como no Egito. O embalsamamento era um costum e estranho aos hebreus, mas praticado com grande precisão entre os egípcios (cf. Gn 50.2, 26). A unção, que era o costum e entre os judeus proeminentes, era menos eficiente. Ver mais em 11.44. A fé de M arta oscilou por um m om ento. Então, 40, 41a. Jesus lhe disse: E u não lhe disse que, se você crer, verá a glória de Deus? A fim de fortalecer a fé de M arta, Jesus resum iu o que já lhe disse ra antes, pelo m ensageiro (11.4) ou diretam ente (11.23, 25, 26); obser ve especialm ente as palavras seguintes: 11.4: “E ssa enferm idade não é para morte; ao contrário, é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela.” 11.23: “Seu irm ão há de se levantar novam ente.” 11.25, 26: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que m orra, viverá; e todo o que vive e crê em m im nunca m orrerá. Você crê nisso?” Tudo isso é sum ariado brevem ente nas palavras: “Eu não lhe disse que, se você crer, verá a glória de D eus?” N aturalm ente, Jesus não pode ter tido a intenção de dizer que a realização do m ilagre dependia do exercício da fé de M arta. O que ele queria dar a entender era que, se M arta parasse de pensar naquele cadáver e concentrasse sua atenção em Jesus, confiando nele com ple tam ente (seu poder e seu amor), ela veria esse m ilagre com o um sinal, um a ilustração e prova da glória de Deus refletida no Filho de Deus. P ara o significado do conceito glória, ver sobre 1.14. M arta se calou. E ntão eles tiraram a pedra.
244. F. W. Grosheide, op. cit., pág. 176, Nota 1.
JOÃO 11.41 b-44
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41b, 42. E Jesu s, ergu en d o os olhos, disse: P ai, graças te dou porque m e ouviste. Eu sei que sem pre m e ouves, m as as sim falei por causa da m ultidão presente, para que creiam que tu m e en v ia ste. A ntes de realizar o m ilagre, Jesus ofereceu um a oração, bela por causa de sua confiança, simplicidade e sinceridade. Ele orou como aquele que tinha sido enviado pelo Pai (ver sobre 3.17; 34; 5.36, 37; 8.18, 27, 29), ou seja, ele orou com o o M ediador, sendo ele próprio o Filho de Deus. Ele levantou os olhos, vendo o trono de Deus nos céus, e disse, “Pai (não nosso Pai; Deus é seu Pai num sentido ímpar; ver sobre 1.14; 3.16), graças te dou porque me ouviste". Jesus pôde dizer isso, falando com o se o m ilagre já tivesse sido realizado, pois ele sentia no coração a certeza de sua ocorrência im inente. P ara o benefício do auditório, Jesus disse essas palavras em voz alta, e foi por causa deles que acrescentou, “Eu sei que sem pre me ouves”. Que o Pai sempre ouve o Filho decorre naturalm ente de 5.30 e 10.30 (ver sobre essas passagens). Quando o hom em cego de nascença (e m ais tarde M arta) viu o m ilagre de Cristo com o resposta de oração (9.31; 11.22), eles estavam certos. A finalidade da oração, na qual, naturalm ente, a relação íntim a en tre Pai e Filho aparece, era esta: que a multidão presente cresse (ao risto ingressivo: iT L o te ú a c o o i) que Jesus é aquele que foi enviado, o M es sias verdadeiro, divinam ente com issionado para executar sua obra m e diadora. Ver acim a em O bservações Preliminares I B. 43, 44. E, tendo dito essas coisas - tendo colocado o m ilagre, que estava para ser feito, em seu próprio contexto - Jesus clam ou em alta voz. Sobre alta voz, ver tam bém M ateus 27.46, 50; Lucas 23.46; 1 Tessalonicenses 4.16; e cf. João 5.28, 29. Para despertar o m orto, um a alta voz, ou um grito penetrante, não era de m odo algum necessá rio (ver M c 5.41; Lc 7.14). M as Jesus gritou com tanta força para que todos na m ultidão pudessem entender que de fato o m orto responderia ao seu cham ado! O que Jesus gritou foi. Lázaro, saia (literalm ente, “Lázaro, para cá, fora!” dois advérbios). Foi essa voz de Jesus, a expressão de sua vontade onipotente, que levou o hom em m orto a voltar à vida e a obe
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JOÃO 11.43, 44
decer ao seu com ando. Com o isso aconteceu não sabem os, pois foi um m ilagre, e m ilagres transcendem a com preensão hum ana. Com m ajes tosa sim plicidade, a obra m aravilhosa é registrada: Saiu aquele que estivera m orto. L ázaro é aqui descrito com o aquele que estivera m orto, m orto não no sentido de “tendo estado m orto e ainda m orto”, o que reduziria tudo a um contra-senso, m as m orto no sentido em que ele estera m orto e nesse instante foi cham ado de volta à vida. Um quadro vivido é pintado de Lázaro cam inhando para fora do túm ulo. Tendo os pés e as m ãos ligados (literalm ente, am arrado com relação aos p és e às mãos) com ataduras, tiras de linho enrola das em volta de seus mem bros. N ada é dito sobre um lençol branco enrolado em volta de seu corpo. Parece que, em bora as m ãos e os pés estivessem atados. Lázaro ainda conseguia andar, talvez com dificulda de. E 0 rosto envolto (ou: enrolado em volta) num a faixa ou lenço. A palavra usada (aouóápLoy) é derivada do latim sudaríum , de sudor, da qual a palavra inglesa sw eat [suor, em português] se relaciona direta m ente; então, traduzimos por tira. Ver tam bém sobre 20.7; cf. Lucas 19.20; Atos 19.12. A glória de Deus, a revelação de seus m aravilhosos atributos (po der, am or etc.), estava ali para que todos a vissem . E é este ponto que o evangelista deseja enfatizar, porque o próprio Jesus o ressaltou (11.4). Então, o Senhor desencorajou toda vã curiosidade. Ele não queria que Lázaro ficasse ali em pé por algum tem po para ser analisado ou m esm o para responder a perguntas tais como, “Onde sua alm a estava?”, “Como você se sente ao voltar à terra?” Para evitar esse tipo de coisa, e para ajudar a Lázaro que estava ainda im pedido pelas ataduras e pela tira, Jesus deu um a ordem curta e rápida (provavelm ente aos que estavam m ais perto): Jesu s lhes disse: D esatem -n o e o d eixem ir (dois im perativos aoristos, o últim o seguido pelo presente infinitivo). 45 Portanto, muitos dentre os judeus que haviam ido com M aria, tendo observado o que Jesus fizera, creram nele. 46 Mas alguns deles foram ter com os fariseus e lhes contaram as coisas que Jesus fizera. 47 Então os principais sacerdotes e os fariseus convocaram o Sinédrio; e diziam: O que estamos fazendo, uma vez^“^ que esse sujeito está fazendo mui245. Sobre
õti,,
ver Introdução, pp. 83, 88.
JOÂO 11.45
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1(18 siniii.s? 48 Sc 0 deixarmos nssim, todos crerão nele; e os romanos virão e lomuríio tiinlo nosso lugar como nossa nação.^'"' 49 Uni dentre eles, porém, Caifás, o sumo sacerdote daquele ano, os adver tiu e lhes disse: Vocês não sabem nada, 50 nem consideram que lhes convém que um homem morra pelo povo e que não venha a perecer toda a nação. 51 Ora, ele não disse isso (meramente) de si mesmo, mas, sendo sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus estava para morrer pela nação, 52 e não só pela nação, mas também para que pudesse reunir num só corpo os filhos de Deus, que estavam espalhados pelo mundo fora. 53 Ora, desde aquele dia, tramavam a fim de^“’ poderem matá-lo. 54 De modo que Jesus já não andava publicam ente entre os judeus, mas retirou-se para uma região vizinha ao deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali permaneceu com os discípulos. 55 Ora, a Páscoa dos judeus estava se aproxim ando, e m uitos daquela região subiam a Jerusalém antes da Páscoa, a fim de se purificarem. 56 Então procuravam por Jesus e diziam uns aos outros, enquanto estavam no templo: O que vocês acham, que porventura ele não virá à festa? 57 Ora, os principais sacerdotes e os fariseus haviam dado ordens para que, se alguém soubesse onde ele (Jesus) estava, o denunciassem,^“* para que pudessem prendê-lo.
11.45-57 U m efeito quádruplo encontra-se claram ente im plícito ou definida m ente registrado: (1) O m ilagre levou m uitos judeus, que antes eram hostis para com Jesus, a crerem nele (11.45). (2) Acrescentou mais am argura aos seus inimigos, que agora, num a sessão oficial do Siné drio, com eçaram a tram ar sua m orte (11.46-54; cf. v. 57). Ver O bser vações Preliminares. (3) Causou grande excitação entre as m ultidões da Páscoa em Jerusalém (11.55-57). (4) Fortaleceu a fé de M aria e M arta e dos discípulos (exceto de Judas, é claro, que não tinha nenhu ma; cf. 12.4). Esse fortalecim ento de sua fé não está claram ente regis trado, mas pode ser deduzido de 11.4 ,1 5 ,2 6 ,4 0 . Além disso, no caso de M aria, ela se m anifestou num glorioso feito de am or (12.1-8). Esses quatro pontos são apresentados nesta ordem nos versículos que serão agora explicados: 45. O m ilagre levou m uitos judeus, que antes tinham sido hostis a 246. 247. 248. objeto
IIIA I; ver Introdução, pp. 63, 64. Ou simplesmente: “eles tramaram matá-lo” . IIIA3; ver Introdução, pp, 63-65. A cláusula condicional é parte de uraa cláusula de íva listada como tal na p. 75. Cf. 9,22,
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JOÂO 11.46
Jesus, a crerem nele. As palavras são: M uitos dentre os ju d eu s que foram com M aria, tendo observado o que Jesus fizera, creram n e le . P ara o caráter dos judeus que tinham vindo antes para consolar, ver sobre 1.19; depois sobre 11.19. Tom am os a sentença, “que foram com M aria, e tendo visto o que Jesus fizera”, com o m odificando seu antece dente m ais próxim o, judeus. Por implicação, ele tam bém m odifica os m uitos que creram nele. Som ente M aria é m encionada aqui, talvez pela m esm a razão pela qual ela foi m encionada antes de M arta em 11.1 (ver sobre 11.1, 2). Lem os que muitos desses judeus que tinham ido visitar a casa de M aria para prestar condolências, tinham observado o que Jesus fizera. Eles não tinham somente testem unhado fisicamente o milagre, mas os tinham examinado, refletido e ponderado sobre ele. O verbo é 0 e á o |ia L ; ver sobre 1.14. O resultado foi que eles creram em Jesus. Em bora a expressão creram nele (èiríoTeuaav' elç aòxóy) não se refira necessaria m ente à fé genuína (ver sobre 1.8; 3.16; 8.30, 31a), e embora, com o os versículos seguintes indicam (especialmente os vs. 4 8 ,4 9 ,5 0 ), os chefes interpretaram essa fé com o lealdade a Jesus na qualidade de um regente terreno, contudo, à luz de 11.4, 52, é difícil duvidar que muitos crentes sinceros em Jesus Cristo com o o Salvador espiritual tenham sido acres centados ao rebanho no dia da m iraculosa ressurreição de Lázaro. 46. O m ilagre aum entou a anim osidade de seus inimigos, que ago ra, num a sessão oficial do Sinédrio, com eçaram a tram ar sua morte. M as alguns dentre eles foram ter com os fariseus e lhes con ta ram as coisas que Jesus fizera. Alguns dos judeus, tendo testem u nhado o m ilagre e tendo reparado no efeito que ele causara sobre o povo, se tom aram ainda mais encarniçados contra ele. Em bora gram a ticalm ente seja possível tom ar outros com o significando alguns dos m uitos ju d eu s que creram, isso é obviam ente incorreto. A idéia aqui, com o ocorre freqüentem ente, é sim plesm ente que os judeus que ti nham testem unhado o milagre se dividiram em dois grupos: muitos cre ram (seja em que sentido isto possa ter ocorrido), outros ficaram ainda mais hostis, muito mais que antes. Com sinistra intenção, o últim o grupo foi aos fa rise u s (ver sobre 3.1), não a fim de lhes contar que eles estavam errados acerca de Jesus, mas para convencê-los a tom arem
JOÃO 11.47-50
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um a atitude drástica contra esse operador de m ilagres. Esta interpreta ção está em harm onia com o que segue nos versículos 47, 48; 47, 48. E ntão os p rincipais sacerd otes e os fariseus con vo caram o Sinédrio e diziam : O que estam os fazendo, um a vez que este su jeito está fazendo m uitos sinais? Se o d eixarm os assim , to d o s crerão n ele, e os rom anos virão e tom arão tanto n osso lugar com o nossa nação. Alertado pelos fariseus, um comitê do Sinédrio, consistindo dos prin cipais sacerdotes (ex-sum os sacerdotes e m em bros das fam ílias dos sum os sacerdotes, a m aioria saduceus) e fariseus, convocaram um a sessão do Sinédrio. Eles explicaram aos m em bros reunidos que a razão pela qual a sessão tinha sido convocada era para exam inar a questão: “O que estam os fazendo (ou: que devem os fazer), um a vez que esse sujeito está fazendo m uitos sinais? Eles estariam provavelm ente pen sando nos sinais registrados nos capítulos 9 (a cura do hom em cego de nascença) e 11 (a ressurreição de Lázaro), possivelm ente tam bém nos registrados nos capítulos 5 e 6 e ainda outros não registrados no Quarto Evangelho. O bserve-se que aqui eles abertam ente adm itiram que Je sus estava realizando m uitos sinais. O que eles tem iam está expresso nas seguintes palavras: “Se o deixarm os assim - exatam ente o conse lho que Gam aliel iria dar a respeito dos discípulos de Cristo alguns anos m ais tarde! Ver Atos 5.38 - todos crerão nele, e os rom anos virão e tom arão tanto nosso lugar com o nossa nação.” Do m odo com o os m em bros do com itê do Sinédrio viam a situação, todos em breve iriam aceitar Jesus com o o M essias político. Isso ocor reria se algo não fosse feito. Se nenhum a ação fosse tom ada, os rom a nos, ao ouvirem sobre o novo M essias que estava por liderar um a rebe lião contra o governo constituído, viriam e tom ariam dos judeus (parti cularm ente do Sinédrio) tanto seu lugar (a cidade de Jerusalém com seu tem plo e talvez especialm ente com respeito ao últim o; cf. A t 6.13) com o sua nação, pondo term o final em sua existência nacional, espaIhando-os por toda terra. A palavra grega t ó t t o ç algum as vezes signifi ca posição (nossa posição com o m andatários), m as a palavra concre ta, “lugar”, no sentido de cidade ou templo, se harm oniza m elhor com o que segue: e nossa nação. 49, 50. Um deles, porém , C aifás, sum o sacerdote nesse ano.
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JOÂO 11.49, 50
lhes disse: Vocês n ada sab em , nem con sid eram que lhes co n vém que m orra um só hom em pelo povo e que não venha a pe recer toda a nação. Q uando ninguém conseguia sugerir um a solução, o presidente da reunião apresentou a sua. Está claro que esse presidente não era m era m ente um parlam entar que m antinha a ordem. Ao contrário, ele próprio conduzia a m aior parte do discurso. N a tram a de sua personalidade, os fios da im pudência cínica, da am bição insana, da inveja rancorosa e da esperteza consum ada estavam entretecidos. Ele sabia todas as respos tas, e sabia com o fazer os outros verem as coisas de seu jeito. Ele era o tipo de indivíduo a quem o provérbio alem ão se aplicaria bem: “A pessoa ladina é dona de m etade do m undo.” Seu nom e era Caifás (“José, que era chamado Caifás”, diz Josefo). O significado exato do nom e Caifás não é conhecido, em bora ele tenha sido interpretado com o fisionom ista (especialista na arte de ler o caráter nos traços do rosto ou da forma de um a pessoa) ou, por meio de um a ligeira m odificação dessa interpretação, ledor de sorte, profeta. Se esta interpretação do significado de seu nom e for correta, ela seria muito ade quada (ver sobre 11.51). Tendo sido apontado com o sumo sacerdote por Valerius Gratus, o predecessor de Pôncio Pilatos, no ano 18 d.C., ele iria ser deposto por Vitellus, o sucessor de Pôncio Pilatos, no ano 36 d.C. Caifás era genro de Anás, o sumo sacerdote de 6 a 15 d.C. Que C aifás era um bruto, um crápula m anipulador que não conhe cia o significado de retidão ou justiça, e que fazia tudo do jeito que ele queria e a qualquer custo, está claro das passagens nas quais ele é m encionado (M t2 6 .3 , 57; Lc 3.2; Jo 11.49; 18.13, 14, 24, 28; At 4.6). Ele não hesitava em derram ar sangue inocente. O que ele próprio de sejava ardentem ente, por propósitos egoístas, fez parecer com o se fos se um a coisa necessária ao bem -estar do povo. A fim de efetuar a condenação de Jesus, o qual despertara sua inveja (M t 27.18), ele ia lançar m ão de estratagem as que eram o produto da esperteza de um calculista e de ousadia sem precedente (M 26.57-66). Ele era hipócrita, pois no final do julgam ento, no exato m om ento em que pensou ter en contrado um a base sólida para a condenação de Cristo, rasgou suas vestes com o se fosse tom ado de profunda tristeza! Este era Caifás. Ver tam bém Josefo, A ntiguidades XVIII, iv, 3.
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Ora, segundo a passagem em estudo, durante aquele ano m em orá vel em que Lázaro foi ressuscitado dentre os m ortos, e quando, subse qüentem ente, Jesus foi condenado e crucificado, Caifás era o sumo sacerdote, e portanto presidente do Sinédrio. Tendo ouvido a apresen tação do problem a (ver vs. 47, 48) e observando que ninguém dava um a solução im ediata, ele deixou escapar, “Vocês nada sabem ” . A ru deza extrem a da observação lem bra a m aneira com o Josefo descreveu os saduceus. O fam oso historiador judeu, que com a idade de 19 anos se juntara aos fariseus, e em relação a eles era um tanto parcial, afirma: “os fariseus são afeiçoados uns aos outros e cultivam um relacionamento harmonioso com a com unidade. Os saduceus, ao contrário, são, mesmo entre eles, selvagens em sua conduta e no relacionamento com seus co legas são tão grosseiros quanto com seus inim igos” (G uerra dos Ju deus II, viii, 14). A observação grosseira de Caifás nessa ocasião parece confirm ar a afirmação de Josefo com respeito aos saduceus. Caifás continuou: “ ... nem consideram que é conveniente que morra um só hom em pelo povo e que não venha a perecer toda a nação” . Sob o disfarce de um patriotismo nobre, esse salafrário inescrupuloso estava tentando elim inar um obstáculo à sua própria popularidade e glória! A alternativa que Caifás apresentou era falsa porque se baseava num a pressuposição que era exatam ente o oposto da verdade. Seu ra ciocínio foi: Sigam a Jesus e a nação perecerá; m atem a Jesus e a nação será salva. Conclusão: Jesus deve m orrer - por ironia da histó ria, o exato oposto ia acontecer: quando os judeus m ataram Jesus, eles selaram seu próprio destino. Os rom anos vieram , de fato, e destruíram a cidade (com seu tem plo) e a nação! Ver sobre o versículo 48. “Um só hom em pelo povo”, disse Caifás. O significado de pelo (ÚTrép) foi explicado em conexão com 10.11; ver sobre esse versículo. 51, 52. O ra, ele não d isse isso (m eram ente) de si m esm o, m a s, sen d o su m o sa ce rd o te n esse ano, p ro fe tizo u que Jesu s estava para m orrer pela nação; e não som ente pela nação, mas tam bém para que pudesse reunir num só corpo os filhos de Deus, que estavam espalhados pelo m undo fora. As palavras de Caifás tinham um sentido mais profundo do que ele próprio podia entender. Os profetas tam bém com freqüência diziam
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palavras que eles m esm os não entendiam plenam ente. Cf. 1 Pedro 1.1012. Caifás deu um significado às suas palavras; Deus deu outro. A sentença: “Ora, ele não disse isso de si m esm o” não pode significar que C aifás tivesse sido fo rça d o a dizer: “é conveniente que m orra um só hom em pelo povo e que não venha a perecer toda a nação.” Ele disse o que queria dizer, e a responsabilidade pelo significado perverso que suas palavras transm item perm anece inteiram ente dele. Contudo, na m aravilhosa providência de Deus, a escolha de palavras era direciona da de tal form a que essas mesm as palavras eram capazes de expressar a essência do glorioso plano divino da salvação. E xatam ente da m esm a form a que nos tem pos antigos D eus tinha falado por meio do profeta Balaão, tam bém agora ele falava um a vez mais, dessa vez por meio do perverso sumo sacerdote Caifás. Que Deus escolhera um sumo sacer dote para isso era, sem dúvida, peculiarm ente apropriado, pois era ele que ficava entre Deus e o povo. Nesse momento, Caifás não era som en te o sumo sacerdote, mas também profeta (“ele profetizou”). Esta passa gem fornece um vislumbre do mistério da m aravilhosa relação entre o conselho divino e a providência, por um lado, e o exercício da responsabi lidade hum ana do outro; Caifás foi deixado inteiramente livre; ele não foi atrapalhado de m odo algum quando disse o que seu coração perverso o obrigava a dizer. Todavia, a vontade de Deus, sem ser profanada um m ínim o sequer, direcionou a escolha da fraseologia de tal m aneira que as palavras que saíram dos lábios desse assassino a sangue frio eram exata m ente aquelas que foram necessárias para dar expressão à mais sublime e gloriosa verdade com respeito ao am or redentor de Deus. Sem estar consciente disso, o vilão tinha se tom ado um profeta! Sim, Jesus de fato ia m orrer pela nação, isto é, a “nação santa” de Ê xodo 19.6 (eGvoç ayLoy segundo a LXX), por “todo o Israel” de R o m anos 11.26. Para Caifás, o term o “a nação” (com o ele o usa na sen tença, “e que não venha a perecer toda a nação”) tinha um sentido, a saber, o povo de Israel, visto com o um a unidade política; para Deus, tinha outro sentido, com o se vê claram ente no contexto seguinte (v. 52). O significado na m ente divina certam ente não pode ser, “Jesus está para m orrer por Israel com o um a unidade política; e não só por esta unidade política, mas tam bém pelos filhos de Deus que estão espa lhados pelo estrangeiro” . N ão se pode juntar um conceito político com
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um conceito meram ente espiritual (“os filhos de D eus”). A exphcação correta - que tam bém está em harm onia com o ensinam ento consisten te do Quarto Evangelho - requer que a expressão “não som ente pela nação” seja interpretada à luz de “m as tam bém para reunir em um só corpo os filhos de Deus, que estão espalhados pelo estrangeiro”. Existem então dois grupos. Todos aqueles inclusos nesses dois gru pos são filh o s de D eus (x é K i^ a t o u 9eo0; para o significado dessa expressão, ver sobre 1.12). M as o prim eiro grupo consiste dos filhos de Deus que não estão espalhados pelo estrangeiro, ou seja, consiste dos judeus, e apenas judeus, o aprisco de Israel (ver sobre 10.1); en quanto o segundo grupo consiste dos filhos de D eus que estão espa lhados p elo estrangeiro, isto é, os gentios, e apenas os gentios, aque les filhos eleitos de Deus (nascidos ou por nascer) que não são do aprisco de Israel (ver sobre 10.16). Que a referência m encionada por últim o (10.16) está na m ente do autor aqui, fica claro a partir da sem e lhança im pressionante entre as palavras de encerram ento desta passa gem e as palavras de encerram ento do versículo em estudo neste m o m ento. N ote a sem elhança; 10.16; “E elas ouvirão m inha voz, e se tornarão um só rebanho, um só pastor.” 11.52; “ ... para que ele reuna num só corpo os filhos de Deus, que andam espalhados pelo m undo fora.” O sentido, conseqüentem ente, é este; os filhos de D eus (idealm en te, a saber, conform e o decreto de Deus desde a eternidade) que estão espalhados pelo m undo fora, o m undo gentílico, ao longo de toda a história, serão unidos com aqueles filhos de Deus que constituem “todo o Israel” (todos os judeus eleitos, concebidos com o um a unidade orgâ nica, “nação santa”), de m odo que eles form arão um a igreja. E esta igreja é reunida por ele (Jesus). O bserve as palavras “para que ele reuna num só corpo.” A ssim , o C ordeiro de Deus estava tirando o pecado do m undo (1.29; ver tam bém sobre 1.10). 53, 54 E , a p artir desse dia, planejavam m atá-lo. D e sorte que Jesus já não andava publicam ente entre os ju d eu s, m as re tirou-se para um a região vizinha no deserto, para um a cidade cham ada Efraim ; e ali perm aneceu com os discípulos.
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JOÂO 11.55
C om relação à tram a para m atar Jesus houve progresso e desen volvim ento no Quarto Evangelho, com o indicado na p. 25. O acordo oficial foi então alcançado num a sessão oficial do Sinédrio, em bora o julgam ento sim ulado, com sentença dada por antecipação, não tinha ainda sido feito. Se traduzirm os “eles conspiraram com o fim de pode rem m atá-lo” ou “eles conspiraram para m atá-lo” (em outras palavras, se Xvcc for considerado aqui com o introduzindo um a sentença final ou introduzindo um a cláusula objeto) faz bem pouca diferença no sentido final. Q ualquer um dos dois é possível. Então Jesus, sabendo que a hora m arcada para o cum prim ento do plano eterno de Deus ainda não havia chegado, não m ais andava por toda parte (pregando de lugar em lugar) abertam ente (irappriaLa; ver sobre 7.4, 13, 26; 10.24; 11.14; 16.25, 29; 18.20) entre os judeus (os líderes hostis e seus seguidores; ver sobre 1.19), mas partiu dali (i. é, das cercanias de Betânia e Jerusalém ) para a região próxim a do deser to (com toda probabilidade o deserto da Judéia), para um a cidade cha m ada Efraim. A localização exata de Efraim não é conhecida. W.H. A .B . (ver a Ilustração IX) sugere que ela poderia ser idêntica a Ofra. Im agi nam os que esse lugar era pequeno, fora de m ão, um a aldeia lam acenta e isolada. W.H. A.B. localiza O fra num território originalm ente perten cente à tribo de Efraim (ver a Ilustração VI). Se essa vila for a Efraim a que se refere 11.54, ela ficava cerca de 23 quilôm etros a nordeste de Jerusalém , cerca da m esm a distância a oeste do rio Jordão, e cerca de 29 quilôm etros ao sul do poço de Jacó. Uns poucos quilôm etros a sudo este ficava Betei. Cf. 2 Crônicas 13.19. N essa aldeia rem ota de Efraim Jesus ficou em reclusão com seus discípulos. 55. O ra, a Páscoa dos judeus estava se aproxim ando, e m ui tos daquela região subiam a Jerusalém antes da Páscoa, com o ílm de se purificarem . O m ilagre (da ressurreição de Lázaro) causou grande excitação entre as m ultidões da Páscoa em Jerusalém . Os versículos 55-57 introduzem o leitor ao que deve ter transpirado em Jerusalém a respeito de m arço do ano 30 a.C. A Páscoa estava se aproxim ando. Para a festa da Páscoa, ver sobre 2.13. Tratava-se de
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um festival de sete ou oito dias, um a das três grandes festas dos pere grinos. D e todo 0 país (i.e., a região fora da capital), o povo com eçava a dirigir-se a Jerusalém , “subindo” (ver sobre 2.13) à cidade santa. M uitos dos peregrinos queriam alcançar seu destino antes da Páscoa a fim de cum prirem os regulam entos relativos à purificação. Ver Êxodo 19.10-15; N úm eros 9.9-14; 2 Crônicas 30.17, 18; e cf. Jo 18.28. 56, 57. Então eles passaram a procurar Jesus, e diziam uns aos outros enq uan to estavam no tem plo: O que vocês acham , que porventura ele não virá à festa? Ora, os principais sacerdo tes e os fariseus haviam dado ordens para que, se alguém sou besse onde ele (Jesus) estava, o d en un ciasse, para que p u d es sem p ren d ê-lo. Da m esm a form a que antes, na festa dos Tabernáculos, os judeus, cheios de curiosidade e excitação, passaram a perguntar: “Onde está ele?” (ver sobre 7.11), então agora a pergunta “O que vocês acham, que ele certam ente não virá à festa?” estava correndo de lá para cá e de cá para lá entre os judeus que form avam grupos nos pátios do tem plo. O bserve que a form a da pergunta é tal que quem perguntava já presum ia, com o o mais provável, que Jesus não viria à festa. É claro que todos lam entavam o fato, pois estavam ansiosos para ver o hom em que tinha ressuscitado Lázaro. Cf. 12.9. A razão que levou esses peregrinos a concluírem que, com toda probabilidade, Jesus não viria, era o decreto recém -publicado pelo Si nédrio (“principais sacerdotes e fariseus”): “Se alguém soubesse onde ele estava, deveria denunciá-lo” . O propósito era este: “para que o prendessem ” . À luz de 11.53, isso não surpreende. O Sinédrio estava agora totalmente determ inado a m atar Jesus. A partir do versículo 11.57, parece que o sentim ento prevalecente (devido ao conselho dos fariseus dentro do conselho principal?) era d ar aos procedim entos um a aparên cia de legalidade: prendê-lo.
Síntese do Capítulo 11 Ver o Esboço na p. 490. O Filho de D eus Ressuscita Lázaro de Betânia. O Sinédrio Planeja Sua Morte.
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l. O Relato “Senhor, escuta! Aquele a quem am as está doente.” As irm ãs (M a ria e M arta) do hom em doente (Lázaro) sim plesm ente inform aram a Jesus sobre a situação, confiando que ele faria o que fosse melhor. E ele fez, em bora não da m aneira com o esperavam . Elas basearam sua súplica no am or de Cristo por Lázaro e não vice-versa. Jesus, por meio de um m ensageiro, inform ou às duas irm ãs, “essa enferm idade não é para morte; ao contrário, é para a glória de Deus, para que o Filho de D eus seja por ela glorificado” . Raciocinando retro ativam ente, os passos foram os seguintes; 1. D eus (e o Filho de Deus, Jesus Cristo) deve ser glorificado. 2. Ele é glorificado quando os não-crentes o aceitam pela fé, e quando a fé dos crentes é fortalecida. 3. Tal fé pode concretizar-se (ou ser fortalecida, se já existe) por meio de um grande milagre, isto é, quando seu significado é aplicado ao coração pelo Espírito. 4. Trazer Lázaro de volta à vida, especialm ente depois de haver ele perm anecido m orto por um período considerável de tem po, é um m ila gre m aior do que evitar a morte. 5. M as se Lázaro deve voltar à vida, a doença deve receber per m issão de seguir seu curso até o fim: Lázaro deve morrer. E ra assim que a enferm idade de Lázaro devia ser para a glória de Deus. Enferm idade, m orte, volta à vida, fé, glória de Deus: Jesus viu esses passos desde o com eço. Ele sem pre vê o fim desde o com eço. Nós vemos um passo de cada vez, e algum as vezes nem ao m enos isso. Então a atitude de hum ilde confiança é a única apropriada. Isto é o que ele quis dizer com “andar de dia” . II.
Chegada (11.17-37).
Prim eiro, há um a conversa entre Jesus e M arta. Sem pre que concentra sua atenção em Jesus e seu poder, sabedoria e amor, espera grandes coisas (ver especialm ente vs. 22 e 27). Sem pre que olha para outra direção, fora de Jesus, e pensa no poder da m orte, se tom a pessim ista (ver especialm ente vs. 24 e 39).
ela ela ela ela
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Em seu quinto grande EU SOU, Jesus m ostra a M arta que ele é sem pre a R essurreição e a Vida, para sem pre vitorioso sobre a morte. D essa m aneira, a m orte real (separação do am or de Deus em Cristo) não existe para o crente, nem agora nem nunca, e m esm o a m orte físic a nunca é de tal m aneira que não possa ser posta de lado por ele. M arta não deve pensar que a única esperança para seu irm ão está ligada à ressurreição do últim o dia. Em resposta à pergunta de Cristo, M arta confessa Jesus com o o M essias, A quele que havia de vir ao m undo, o Filho de Deus. Segundo, há a conversa entre Jesus e M aria. Ela (da m esm a for m a que sua irm ã fizera pouco antes), exclam a tristem ente; “Senhor, se estiveras aqui m eu irm ão não teria m orrido.” D a m esm a form a com o M arta e M aria tinham ficado perplexas em resultado da ausência de Cristo durante a enferm idade de seu irm ão (um a ausência, entretanto, pela qual não criticaram Jesus), tam bém os judeus ficaram perplexos por suas lágrim as junto à tum ba de Lázaro. Todas as pessoas interessa das pareciam estar seguras de que as coisas estariam muito m elhores se Jesus estivesse ao alcance quando Lázaro adoeceu. Todos as pes soas interessadas sentiram dessa m aneira a respeito do assunto, exce to Jesus, que viu o fim desde o começo! Ver item I. acima. Q uando Jesus vê M aria e os outros chorando, ele tam bém se pror rom pe em lágrim as. Essas são lágrim as de genuína simpatia. Jesus não despreza a sim patia com o N ietschze fez, nem perm ite que a m es m a se deteriore até chegar a um tipo de sentim entalism o barato. Ao contrário, ele se revela aqui com o Aquele que “tom ou sobre si nossas enferm idades e nossas dores levou sobre si” (Is 53.4a) que é “afligido por todas as nossas aflições” . Essas tristezas o levaram a sentir-se profundam ente perturbado em seu espírito. Ele se preocupa com o so frim ento de seus am igos. Ele odeia as agonias que atorm entam a alm a dos seus am igos, as odeia tanto que tom a m edidas sobre elas. O que tem os aqui em João 11 não é Schopenhauer ou Wagner, que se gloriam num tipo de sim patia que é baseada na filosofia m ística da identidade de tudo o que existe, e que fracassam em entender a realidade do pecado com o a raiz da dor. O que tem os aqui é o Sumo Sacerdote Jesus Cristo, com o o C ordeiro de Deus tom ando sobre si m esm o o pecado do m un do (o eleito de toda a nação), e portanto tam bém seu sofrim ento e dor.
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A lém do m ais, a sim patia que se expressa nas lágrim as de nosso Se nhor enquanto ele chora no túm ulo de Lázaro está em nítido contraste com aquela caricatura de sim patia que foi revelada naquele dia p o r muitos (não dissem os p o r todos) pranteadores profissionais.
in. O M ilagre (11.38-44). Tendo descartado a objeção de M arta (“Senhor, já cheira mal, por que já está m orto há quatro dias”), Jesus ordena a alguns que estavam ao seu redor que retirassem a pedra. Depois de um a oração com ovente a seu Pai celestial, Jesus grita: “Lázaro, venha para fora.” O hom em m orto com eça a m exer-se. Ele de fato se levanta e cam inha para fora do túm ulo. D esem baraçado das tiras que o atavam segundo a ordem de Jesus (“D esatem -no e deixem -no ir”), ele desaparece da m ultidão e com toda probabilidade retom a à sua habitação que não é mais um a casa enlutada. O significado desse m ilagre tem sido ressaltado (ver O bservações Preliminares I. no com eço deste capítulo). É necessário concentrar-se p o r um m om ento no segundo dos três pontos m encionados ali: o M ila gre revela Jesus com o o M essias que havia de vir. Isso é evidente a partir do seguinte: (1) Está claram ente im plícito na oração de Jesus no túmulo: “Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sem pre m e ouves, mas assim falei por causa da m ultidão presente, para que possam crer que tu me enviaste”. (2) Está tam bém claram ente im plícito em 10.24, 25: “Então os ju deus o rodearam e lhe disseram : Até quando nos deixarás em suspen so? Se tu és o Cristo, dize francam ente. Jesus lhes respondeu: Eu já lhes disse, m as vocês não creram. As obras que eu fa ç o em nom e de m eu Pai testificam a m eu respeito." Ver tam bém 10.28. C ertam ente que, entre todas aquelas obras, a ressurreição de Lázaro foi um a das m aiores, se não a maior. Cf. 20.30, 31. (3) Ao trazer Lázaro de volta à vida, Jesus (mais do que) cum priu a profecia com respeito ao M essias e suas obras gloriosas (cf. Is 35.5, 6; M t 11.2-4). IV. Os Resultados (11.45-57). P ara ver o efeito quádraplo do milagre, ver p. 523.
C a pítu lo 12 JOÂO 12.1-11 1 Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ressuscitara dentre os mortos. 2 Então lhe ofereceram ali uma ceia, e M arta estava servindo, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa. 3 Maria, pois, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, muito precio so, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos; e toda a casa ficou impregnada com o perfume do bálsamo. 4 Judas Iscariotes, porém, um de seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: 5 Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres? 6 Ora, ele disse isso não porque tivesse cuidado dos pobres, mas porque era ladrão, e, como tivesse a bolsa de dinheiro, costumava tirar o que era depositado nela. 7 Jesus, entretanto, disse: Deixe-a em paz; (foi) para que ela guarde isso para o dia de meu sepultamento; 8 porque vocês sempre têm os pobres consigo, mas a mim nem sempre têm. 9 A grande multidão dos judeus soube que Jesus estava ali, e foram não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, a quem ressuscitara dentre os mortos. 10 Então, os principais sacerdotes resolveram matar também Láza ro; 11 porque muitos dos judeus, por causa dele, voltavam crendo em Jesus. 1
1^
Este capítulo tem quatro seções: a. Jesus é ungido em Betânia (12.111). b. E le faz sua entrada triunfal em Jerusalém (12.12-19). c. Ele é procurado pelos gregos (12.20-36). d. Ele é rejeitado pelos judeus (12.37-50). 12. 1-11
1. Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia. Ou seja, seis dias antes da última Páscoa, Jesus foi de novo para Betânia. Se ele partiu diretam ente de Efraim , onde o Quarto Evangelho o havia localizado (11.54), ou se ele foi de Jerico (da casa de Zaqueu; cf. Lc
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JOAO 12.1
18.35-19.10), com o parece possível, o Quarto Evangelho não diz. Se Jesus se retirou para Efraim no início de fevereiro e lá perm aneceu por duas ou três sem anas, teria havido tem po suficiente para outras via gens antes da Páscoa de abril. Assim, não há nenhum conflito entre João e Lucas. A fim de estabelecer o que João quis dizer p or “seis dias antes da Páscoa” , o dia em que a Páscoa com eçou tem de ser prim eiram ente estabelecido. Esta questão será discutida em detalhe quando estudar m os 13.1 (ver sobre esse versículo). A ntecipando a conclusão obtida na discussão desta passagem , deverem os presum ir aqui que a sem ana da Páscoa com eçava na quinta-feira, no décim o quarto dia de nisã. Tendo com o ponto de referência Êxodo 12.6, é provavelm ente seguro afirm ar que ela com eçava oficialm ente na tarde desse dia. Portanto, não é necessário perguntar se João tinha em m ente o dia rom ano ou o judaico, pois se a festa com eçava na tarde antes do pôr-do-sol, seria o m esm o dia, de acordo com qualquer um dos dois sistemas. Entretanto, m esm o presum indo-se isso, não é fácil determ inar o dia exato em que Jesus teria chegado a Betânia. Será que a expressão seis dias antes da Páscoa exclui ou inclui o prim eiro dia da sem ana da Páscoa? Se a Páscoa com eçava na quinta-feira, então seis dias antes da Páscoa, conform e o método inclusivo de computar, nos levaria ao sábado anterior; já o m étodo exclusivo fixaria o dia da chegada um dia antes (sexta-feira). Qual dos dois é correto?^"'^ Estaríam os dispostos a deixar a pergunta sem resposta e a confes sar nossa ignorância se não fosse pela inform ação fornecida em 12.9249. Outras passagens do Novo Testamento que contêm referências temporais não são úteis. Os que favorecem a interpretação inclusiva da expressão seis dias antes da Páscoa apontam para 20.26, que diz que passados oito dias significa uma semana (sete dias) mais tarde. (Podemos também reportar-nos a Mc 8.31). Mas este uso de depois de (netá) não determ ina como nós devemos contar os dias (ou anos, cf. 2Co 12.2) quando a preposição antes (Ttpó) é usada. O autor se lembra como no distrito em que ele nasceu a expressão “oito dias a partir de hoje” era uma expressão idiomática para “uma semana a partir de hoje” (fi aseologia inclusiva). Contudo, se o aniversário de uma pessoa fosse no dia 18 de novem bro, a frase “três dias antes de seu aniversário” certamente significaria 15 de novembro (fraseologia exclusiva). Ao que parece, temos um uso semelhante no Quarto Evangelho. Também, se o método inclusivo for aplicado a 12.1, então Jesus teria chegado a Betânia no sábado. Será razoável presum ir que ele estaria viajando no sábado? Quando a resposta é “Sim, a jornada de ura sábado”, isso não é ura subterfúgio?
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11. Acreditando, com o fazem os (ver sobre 13.1), que a Entrada Triun fal (12.12-19) ocorreu no sábado, está claro a partir de 12.9-11 que no dia anterior (cf. 12.12), isto é, no sábado um a grande m ultidão de pes soas teria ido a B etânia para ver Jesus e Lázaro, a quem ele ressusci tara dentre os mortos. Parece que essa grande m ultidão tinha vindo de Jerusalém (ver sobre 12.9), depois de ter sido inform ada a respeito do paradeiro de Jesus pela caravana que passara por B etânia (e ter deixa do Jesus ali) a cam inho da festa. U m a pergunta igualm ente se apresen ta, “5e Jesus não chegou a Betânia até a tarde de sábado (a tarde justam ente antes da Entrada Triunfal), então teria havido tempo sufici ente para que todos os eventos seguintes acontecessem nessa tarde? Estude a lista: a. A caravana, da qual Jesus fazia parte, tinha partido depois do pôr-do-sol, isto é, depois do térm ino do sábado (de Jerico? M as trata-se de um a distância de cerca de 23 quilôm etros!) e tinha chegado a Betânia. b. Jesus deixa a caravana para passar algum tempo com seus am i gos na aldeia. c. O restante da caravana prossegue rum o a Jerusalém , um a dis tância (em m édia) de três quilôm etros (11.8, em bora para alguns, que acam param entre Jerusalém e Betânia, fosse um pouco m ais curta). d. As pessoas que estavam na caravana agora com eçam a espa lhar a notícia do paradeiro de Jesus. e. D epois de um certo tempo, um a grande m ultidão se reúne e viaja de Jerusalém para Betânia a fira de ver Jesus e Lázaro, a quem Jesus ressuscitara de entre os mortos. f. M uitas pessoas, depois de verem Jesus e Lázaro, crêem. g. Essas notícias voam rum o a Jerusalém , onde os sacerdotes se encontram e decidem m atar tam bém Lázaro. Não parece m ais provável que os itens a, b, c, tenham ocorrido na sexta-feira enquanto que e, f, e g teriam ocorrido no sábado? De outro m odo, fica parecendo que teria havido m uitos acontecim entos numa única tarde. Presum im os, pois, que Jesus teria chegado a Betânia an tes do pôr-do-sol na sexta-feira, e que no sábado (pôr-do-sol de sextafeira ao pôr-do-sol no sábado) ele teria gozado o descanso do sábado com seus am igos, exatam ente o últim o sábado antes que seu corpo
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JOÂO 12.2
fosse depositado no túmulo. Enquanto isso, em Jerusalém a notícia de que Jesus está em B etânia está se espalhando; e as pessoas estavam fazendo planos para a tarde de sábado. (Ver sobre 12.9-11.) Em Betânia, nessa m esm a noite de sábado, um a ceia é oferecida em honra de Jesus. N esse ponto, o Evangelho de João com eça a correr paralelo com os Sinóticos. Ver M ateus 26.6-13; M arcos 14.3-9. Não há conflitos. As indicações de tem po em M ateus 26.2 e M arcos 14.1 não dizem que a ceia em Betânia foi oferecida dois dias antes da Páscoa, m as que dois dias antes da Páscoa aconteceu o seguinte: a. Jesus predisse que ele seria entregue para ser crucificado depois de dois dias, e b. as auto ridades resolveram que ele não deveria ser m orto durante a festa. A fim de m ostrar a conexão entre a história registrada no capítulo 11 e 0 relato presente (12.1-8), o evangelista escreve: Betânia, onde estava L ázaro, a quem ressuscitara dentre os m ortos. 2. Então lhe ofereceram ali um a ceia, e M arta servia, sendo L ázaro um dos que estavam com ele à mesa. Em vez de entregar Jesus para ser preso (11.57), seus am igos de B etânia ofereceram um a ceia em sua honra. Com o não era considera do correto que mulheres, em público, se reclinassem junto com homens, devem os presum ir que os convidados eram exclusivam ente homens. Teria havido pelo m enos quinze convidados: Jesus, os Doze, Lázaro e um certo Simão, que é m encionado apenas nos Sinóticos (M t 26.6; Mc 14.3). A pergunta: “Por que Lázaro é m encionado de form a especial?” (12.2), tem recebido diversas respostas. Alguns dizem , “Porque ele era um convidado de honra” . Outros, “Porque seu aparecim ento em públi co, depois de ter sido ressuscitado, era extraordinário” . A inda outros, “Porque sua ressurreição era a razão, ou um a das razões, para essa refeição com em orativa” . Não sabemos a resposta, em bora a últim a nos pareça a m ais provável. A idéia em si sugere que essa ceia (ou “jan tar” , caso se prefira) foi dada por am or ao Senhor, especificam ente por gratidão pela ressurreição de Lázaro (e talvez pelo fato de Simão ter sido curado de lepra, e que ainda é cham ado “Simão, o leproso”, em M ateus e M arcos). A ceia aconteceu na casa de Simão.
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Em bora não estivessem reclinadas com os convidados, tanto M arta como M aria são figuras proeminentes na história. Marta, com o sempre (cf. Lc 10.40), tinha assumido a responsabilidade de servir. Teria ela aceito essa responsabilidade a pedido de Simão, por ele ser solteiro? Não sabemos. Tampouco sabemos se M aria tam bém estava ajudando. Seja com o for, a história diz respeito mais a ela e ao Senhor do que aos outros: 3. E ntão M aria, tom ando um a libra de bálsam o de nardo puro, m uito p recioso, ungiu os pés de Jesus e os en xugou com seus ca b elo s; e to d a a casa fico u im p reg n a d a com o p erfu m e do bálsam o. M uitos intérpretes são de opinião que, ao descrever o belo gesto de M aria, o evangelista João teria copiado de Lucas 7.36-50, e que a M a ria m encionada em João 12.3 seria a m esm a m ulher pecadora de Lu cas 7; ou que, conquanto os dois acontecim entos sejam distintos, o au tor do Q uarto Evangelho teria feito confusão com suas fontes de infor m ação e sim plesm ente acrescentado à história que ele tinha encontra do em M ateus 26.6-13 e M arcos 14.3-9 os detalhes relativos ao enxu gar os pés de Jesus, cujas características ele extraíra de Lucas 7. Re jeitam os com pletam ente essa teoria. Ver a nota de rodapé.-’“ 250. Dificilmente se pode dizer que existe alguma semelhança entre os dois relatos. Note as seguintes diferenças: Lucas 7.36-50
João 12.1-8 A Ocasião O jantar foi com toda probabilidade ocasiO jantar foi, com toda probabilidade, reonado pelo desejo de algum fariseu hostil sultado do desejo de um grupo de Betânia, exam inar esse mestre famoso, talvez para amigos de Jesus, de honrá-lo e expressar sua confirm ar sua suspeita com respeito a Jegratidão, sus. Observe a m aneira nada amigável com que ele tratou o Senhor. Ver Lc 7.44-46. O lugar A casa de um fariseu
A casa de Simão, o leproso, segundo Ma teus 26.6. A Principal Personagem Feminina
Uma mulher que estava na cidade, urna pecadora. Mesmo segundo Lucas esta mulher não era Maria, a irmã de Marta, pois essas iimãs são introduzidas posteriorm ente como novos personagens (em Lc 10.38, 39).
Maria de Betânia, uma discípula devota de Jesus. Ela é mencionada em conexão com sua irmã M arta e seu irmão Lázaro,
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“Lázaro era um dos que estavam com ele à m esa. Portanto, M aria ...” É possível que ao conectivo ouv» deva ser dado aqui seu significado integral de portanto, isto é, visto que Lázaro fora ressuscitado dentre os m ortos e estava agora reclinando, alegre e disposto, ao lado de Je sus, portanto M aria realizou seu nobre feito. M aria tom ou um a libra de bálsam o (a libra rom ana, aproxim ada m ente 327 gramas). Para bálsamo, o original traz o term o |aúpov; cf. nossa mirra. O nom e fem inino M uriel é da m esm a raiz, e significa perfum e. Para a diferença entre óleo (eÀaLov) e bálsamo (|iú p o v ), ver L u cas 7.46.^'’' O b álsam o que M aria tro u x e era m uito p rec io so (iToA.ÚTL|ioí;-oy, cf. papÚTLiioç-oy, em M t 26.7). M arcos 14.3 traz muito custoso ou muito caro iToA.uTeÃTÍç-éí;; mas essa palavra é algum as ve zes usada m etaforicam ente com m ais ou m enos a m esm a conotação que ttoA,útl|j,oí;-ov; cf. 1 Pedro 3.4. Entretanto, em vista de M arcos 14.5 (cf. Jo 12.5), é provável que em M arcos 14.3 TroÀuTeÀiíç-éç signi fique na verdade m uito caro. A essência desse bálsam o era derivada do nardo puro, um a erva arom ática que cresce nos cam pos do Him alaia, entre o Tibete e a ín dia. D evido ao fato de que ela tinha de ser trazida de um a região tão rem ota, e transportada no lom bo de cam elos através de regiões m onta nhosas, era altam ente cotada. Observe que este nardo em particular não era nenhum a im itação. Ao contrário, era o artigo genuíno. O bál samo era extraído do nardo puro.^^^ Além do mais, os Sinóticos ressalO Ato Essa mulher chorou. Suas lágrimas caíram Maria não chorou. Ela não molhou os pés nos pés de Jesus. Em seguida, ela começou a de Jesus com lágrimas. Ela ungiu os pés dele enxugar essas lágrimas. Ela também os beicom bálsamo, e depois limpou o excesso de jou e ungiu. bálsamo. - Está, pois, claro que até o deta lhe com relação ao limpar os pés é comple tamente diferente nos dois relatos. O Resultado Jesus repreendeu o fariseu categoricamenJesus repreendeu Judas Iscariotes por crite. Ele elogiou a mulher e a despediu com ticar Maria, Ele defendeu o ato de Maria à uraa palavra boa e de ânimo. luz de seu propósito. 251. Ver também R, C. Trench, Synonyms o f the New Testament, Grand Rapids, Mich., 1948 (reedição), pp. 135-137. 252. M, S, e J, L, Miller. Encyclopedia o f Bible Life, Nova York e Londres, 1944, pp. 204, 205. 253. Sobre o significado do adjetivo itiotikóç-ií-óv, ver verbete in J, H, Moulton e G
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tam que esse bálsam o estava num vaso de alabastro, ou seja, num vaso de gipsita fina e branca (ou talvez de cor clara). D á para se im aginar a cena. C om seu coração transbordante de am or e gratidão para com seu Senhor, M aria posicionou-se atrás de Jesus, já que os convidados, segundo o costum e oriental, estavam recli nados em divãs dispostos num U-invertido, em volta de um a m esa bai xa (ver sobre 2.9, 10; 13.23, 24). De repente, ela quebra o vaso que estava trazendo nas mãos, e derram a seu conteúdo de cheiro adocica do sobre Jesus. Segundo M ateus e M arcos, ela derram a sobre a cabe ça dele (cf. SI 23.5); segundo João, ela unge seus pés. Não há conflito, pois M ateus e M arcos claram ente indicam que o bálsam o foi derram a do sobre o corpo de Cristo (M t 26.12; M c 14.8). Evidentem ente, havia 0 suficiente para o corpo todo: cabeça, pescoço, om bros, e até para os pés. (Cf. SI 133.2, mas aqui em João o bálsam o não escorre sim ples m ente, ele é derram ado sobre os pés.) Com total desconsideração pelos costum es orientais de bom com portam ento, que via com absoluta desaprovação a ação de um a m ulher que soltasse seus cabelos na pre sença de hom ens, M aria, dando livre vazão ao seu coração, não apenas solta os cabelos, mas (pior ainda, do ponto de vista oriental) enxugou com seus cabelos os pés de Jesus! Evidentem ente, até os pés (um a com paração com Lucas 10.39 é significativa aqui!) são cobertos com um a quantidade de bálsam o tão profusa que eles precisam ser enxuga dos! U m a libra de bálsam o é um volum e bem grande! E M aria, tendo quebrado o vaso, derram a-o todo sobre Jesus. E la esvaziou todo o conteúdo do frasco de alabastro. D essa forma, a casa de Sim ão fica literalm ente cheia com a fragrância. E la flutua em todas as direções, e por um tem po, continua a se espalhar, a se espalhar. É difícil decidir o que adm irar m ais, o caráter irrepreensível da devoção de M aria ou a natureza pródiga de seu sacrifício. Foi o prim eiro, naturalm ente, que produziu o último. É errado dim inuir de qualquer m odo a generosidade de M aria. C on tudo, isso é feito algum as vezes. N esse caso, a reconstrução da narra tiva é nesta ordem: as irm ãs tinham com prado bálsam o para o sepulMilligan, G. Milligan, The Vocabulary q fth e Greek New Testament, Nova York, 1945. A evidência parece favorecer a tradução puro ou genuíno mais do que líquido ou falsificado. Contudo, c f E. Nestle, ZNTW 3 (1902), 169 ss.
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tam ento de Lázaro, mas não o tinham usado todo. O que ficara M aria derram ou sobre a cabeça e os pés de Jesus. M as isso é incorreto. O que M aria tinha em m ãos era um jarro ou vaso novo de alabastro. A fim de derram ar seu conteúdo sobre Jesus, ela o quebrou naquele exa to m om ento (M c 14.3). 4, 5. Judas Iscariotes, porém , um de seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: Por que não se vendeu este perfum e por trezentos denários e não se deu aos pobres? O contraste entre a generosidade de M aria e o egoísm o de Judas é gritante. O evangelista, escrevendo m uito tem po depois de ocorrido o evento, e olhando para o passado, descreve o traidor com o segue: “Ju das Iscariotes, u ra d e seus discípulos, o que estava para traí-lo.” Para o significado da expressão, ver sobre 6.71. Judas diz em seu coração: “Que desperdício!” Que a linguagem natural do am or é pura generosidade era algo que estava além da com preensão de Judas. A pessoa egoísta não pode entender alguém que é generoso. Então Judas diz: “Por que não se vendeu este perfum e por trezentos denários e não se deu aos pobres?” Judas era o tipo de ho m em que tinha dinheiro na cabeça o tem po todo. Ele enxergava tudo do ponto de vista de seu valor m onetário. Ele até já tinha estim ado o valor do jarro de alabastro cheio do bálsam o mais precioso. Ele achou que o m esm o podia valer trezentos denários. Ver sobre 6.7. A som a repre senta o salário que um trabalhador com um receberia por trezentos dias de trabalho. O salário de trezentos dias de trabalho por um único frasco de bál samo! Para Judas, isso parecia um a extravagância injustificável sob qualquer circunstância, m esm o se M aria fosse abastada (o que prova velm ente era) e não tivesse de trabalhar para viver. Teria sido m uito m elhor - com o Judas enxerga a situação - que M aria tivesse vendido o bálsamo e dado o dinheiro a ... a quem? Bem, a Jesus e aos Doze - aos cuidados de Judas, o Tesoureiro', mas seria difícil que Judas dissesse isso, então, na verdade, ele diz: “aos pobres.” Que indivíduo nobre, esse Judas! Quão profundamente estava ele preocupado com os pobres! Visto que Judas era m estre na arte da dissim ulação e de expor sua causa com persuasão, os outros (M c 14.4) im ediatam ente o apoiaram .
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Os discípulos “indignaram -se” (M t 26.8). Para qualquer lado que M a ria olhasse, ela só via olhares de ofendida reprovação. Apenas um se levanta em sua defesa, m as ele era o m aior de todos! Ver sobre 12.8,9. A qui no versículo 5 segue um a declaração explicativa, com o João tinha costum e de fazer. Ele lança luz sobre o caráter de Judas. Seja pelo curso dos acontecim entos que se seguiram (por exem plo, a traição em si de Jesus por Judas por trinta m oedas de prata), ou por revelação direta, ou ambas, o evangelista posteriorm ente adquiriu um a com preen são sobre a alm a do traidor. Escrevendo m uito tem po depois do aconte cido, ele revela aos leitores a inform ação que obtivera: 6. O ra, isso ele d isse não p orq u e tiv esse cu id ad o dos p o bres, m as porque era um ladrão, e, com o tivesse a bolsa de di nheiro, estava acostum ado a tirar o que era depositado nela. Judas era, na verdade, um ladrão. Ele era o tipo de ladrão que estava ainda por ser descoberto. Ele ainda gozava da confiança de todos. Ele tinha sido eleito tesoureiro do fundo com um . Ele, dessa for ma, levava consigo a bolsa de dinheiro (YA,c0aaÓK0|i0y, originalm ente um a caixa que continha as “línguas” ou bocais das flautas, m ais tarde estendido para indicar um receptáculo parecido com um a caixa). D es ta, ele vez por outra subtraía um a pequena quantia. Que o verbo paoiáCco tinha aqui o significado de tirar (isto é, roubar) é claro a partir do fato que é im ediatam ente precedido pela inform ação de que Judas era um ladrão. Para o significado desse verbo em várias passagens do Evan gelho de João, ver sobre 10.31. 7, 8. Jesus, entretanto, disse: Deixe-a em paz, (foi) para que guardasse isso para o dia de m eu sepultam ento; porque os po bres vocês sem pre os têm , m as a mim nem sem pre têm . E nquanto M aria era criticada por todos, Jesus corre em sua defe sa. As palavras que ele diz em sua defesa têm sido reproduzidas e interpretadas de várias m aneiras. Entre essas, a m ais prevalecente é dada a seguir: (1) “D e ix e -a g u a rd a risso p a ra o d ia d e meu sepultam ento” (A.R.V). Ou: “Deixe-a, a fim de que ela guarde isso para o dia de meu sepulta m ento.” Ou: “D eixe-a em paz, deixe-a guardar isso para o dia de meu sepultam ento.”
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Q uando traduzido dessa maneira, a explicação com um (se um a for dada) é esta; M aria não tinha usado todo o bálsam o. Tinha ficado um pouco no vaso. Então Jesus disse, em substância, “D eixe que ela guar de o que sobrou. Não tire dela. Nem a force a vender para dar aos pobres. Logo ela vai precisar do que sobrou do bálsam o. Ela vai preci sar para m eu sepultam ento” . U m a forte objeção contra essa interpretação é que o Evangelho de M arcos afirm a taxativam ente (14.3) que M aria quebrou o vaso\ E la o quebrou a fim de derram ar seu conteúdo na cabeça (M ateus e M ar cos) e pés (João) de Jesus. Não ficou nada. A queles que ainda assim querem agarrar-se à teoria de que um pouco de bálsam o teria ficado no vaso e que segundo João 12.7 Jesus defendeu o direito dela de conser var esse restante para um dia futuro, têm apenas um a saída lógica. É a saída seguida por W. F. Howard in The Interpreter’s Bible (p. 655), ou seja, declarar taxativam ente que a versão da história com o apresen tada no Quarto Evangelho é contrária à afirmação dos Sinóticos. Se gundo W. F. Howard, João contradiz Marcos. Este é um raciocínio con sistente. M as esta conclusão não pode ser aceita por ninguém que crê na infabilidade das Escrituras. Além disso, em lugar algum - nem em M a teus, nem em M arcos, nem em João - existe indicações de que M aria teria usado só um pouco do bálsamo. Ao contrário, m esm o João, que não mencionou a quebra do vaso, enfatiza o caráter pródigo da oferta: “a casa ficou impregnada com o perfume do bálsam o.” É portanto com pletam ente impossível aceitarmos tal interpretação. (2) “D eixe-a em paz: ela guardou isso em preparação para o dia de m eu sepultam ento” (A.V.). Isso é bem melhor. D essa m aneira a afir m ação é verdadeira e em total harm onia com o relato encontrado em M ateus e M arcos. Porém , em bora verdadeira, esta reprodução das palavras do Senhor não repousam na m elhor versão. O m anuscrito m elhor e m ais antigo insere as palavras a fim de que (ívoc) e traz o verbo na form a do subjuntivo aoristo ativo (iripríoin) em vez do indicati vo perfeito ativo (xetiípriKe). Portanto, literalmente, o que o m elhor tex to diz não é, “D eixe-a em paz ...ela guardou isso”, mas “D eixe-a em paz ... a fim de que ela possa (ou: pudesse) guardar isso.” (3) “Deixe-a, (foi) para que ela pudesse guardar isso para o dia de meu sepultam ento.” E sta é a versão que, com pequenas variações, é
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seguida por muitos (inclusive a m argem da A.R.V. ). A creditam os que é a melhor. É de im ediato evidente que aqui, com o acontece com fre qüência, tenham os um caso de estilo abreviado. Ver o que foi dito sobre isso em conexão com 5.31 (p. 272). Palavras são deixadas fora e pre cisam ser inseridas m entalm ente. No presente caso, tem os de acres centar “foi” . Para m ostrar que essa palavra não está de fato no texto, a colocam os entre parênteses. Estritam ente falando, tam bém no versícu lo 5 deste capítulo há um a expressão condensada. Judas não disse Hteralmente, “Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?” Ele não disse que o bálsamo fosse dado aos pobres, mas que a renda da venda do bálsamo lhes fosse doada. Por tanto, tam bém em conexão com este versículo, a pessoa acrescenta (tal vez até de m aneira inconsciente) umas poucas palavras que são neces sárias para com pletar o pensamento. Não há nada de estranho nisso. Nossa conversação diária é cheia de expressões abreviadas. P ara chegar ao que é provavelm ente o sentido das palavras de Jesus em 12.7, o contexto precedente deve ser m antido em mente. Judas (como porta-voz do restante) tinha criticado Maria. Se M aria chegara a possuir esse vaso caríssim o cheio desse preciosíssim o bálsa mo (seja por tê-lo com prado, obtido por herança ou presente. Judas não pergunta), por que ela não o vendeu e deu os proventos aos pobres? Jesus agora revela a razão pela qual M aria (que tinha naturalm ente com prado o bálsam o) não tinha seguido o curso indicado por seus críticos: “Para que ela guarde isso para o dia de meu sepultam ento.” M aria sabia o que estava fazendo. Ela de fato sabia que não dem o raria a chegar o dia em que os inimigos de Jesus o matariam. Será que seus am igos teriam a oportunidade de ungir seu corpo? No entanto, essa honra não poderia deixar de ser cumprida. M aria deve tanto, tanto a Jesus! A ele deve sua salvação, e ... a recuperação de seu irm ão Lázaro do reino dos mortos. Portanto, ela tinha decidido guardar o bál sam o para o dia do sepultam ento de seu Senhor. Não, entretanto, no sentido em que ela literalm ente quisesse guardar o vaso selado até que de fato chegasse o dia, pois aí poderia ser tarde dem ais, m as que ela o guardaria até o dia que surgisse um a boa oportunidade e então ela o ungiria em antecipação de seu sepultam ento. E ra agora ou nunca! Contraste com 19.39, 40.
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Acreditam os que esta interpretação é provavelm ente correta, e pelas seguintes razões: (1) Está em harmonia com a declaração clara encontrada em M a teus 26.12: “Ela fez isso para preparar-m e para o sepultam ento”, e em M arcos 14.8, “Ela ungiu meu corpo em antecipação ao sepultamento” . (2) E stá tam bém em harm onia com o fato de que M aria, talvez m ais do que qualquer outro discípulo de Jesus, estava convencida de que 0 dia da m orte de Cristo, bem com o seu sepultam ento, estava perto de acontecer. Quanto a isso, observe: a. Jesus com freqüência tinha predito a aproxim ação de sua morte; algum as vezes publicam ente, outras em particular. Ver M ateus 16.21; M arcos 8.31, 32; 9.12; 10.32-34; João 6.52-56; 7.33; 8.21-23; 10.11, 15. A lgum as dessas predições teriam chegado aos ouvidos de M aria. b. Os acontecim entos dos últim os poucos meses claram ente apon tam na direção do cum prim ento dessas suas predições. Ver 8.59; 9.22; 10.31; 11.47-57; cf. 12.10. G radualm ente, a ira dos inimigos estava se transform ando em ação. c. M aria talvez tenha sido a m elhor ouvinte que Jesus teve. A m es m a que agora ungia os pés de Jesus era tam bém a m esm a que se assentava aos pés de Jesus (Lc 10.39). Entre esses dois fatos há um a relação estreita. M aria tinha abraçado sua oportunidade, e essa oportunidade logo seria um a coisa do passado. Então, muito significativam ente, Jesus em defesa de sua ação acrescenta: “ ... porque os pobres vocês sem pre os têm , m as a m im nem sem pre” . Observe o plural vocês. As traduções que (como a R.S.V.) substituíram vocês por você dão a entender que Jesus estivera falando a Judas que ele sem pre tinha consigo os pobres. Jesus, nessa ocasião, não estava falando apenas a Judas, mas sim a todos os discípulos; de fato, a todos que o ouviam nesse dia. Ele está lhes dizendo que nesse exato momento ungi-lo por antecipação para seu sepultam ento é m uito m ais im portante do que preocupar-se com os pobres. Por im plicação, entretanto, ele está dizendo à igreja de todas as épocas que cuidar dos pobres é responsabilidade e privilégio dela. Je sus am a os pobres que confiam nele. Cf. M arcos 10.23; Lucas 16.1931. Ele deseja que os mesm os sejam objeto dos constantes cuidados da
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(M c 14.7). Que Judas, o hom em que parece defender a causa pobres, mas que às escondidas os está roubando, ouça isso com iileiiçrio!
i Idn
Com o um a recom pensa pela im portante ação de M aria, Jesus acres centa um a bela prom essa. Ver M ateus 26.13 e M arcos 14.9. 9. A num erosa m ultidão dos judeus soube que Jesus estava ali, e para lá foram não só por causa dele, m as tam bém para vcrcni L ázaro, a quem ele ressuscitara dentre os m ortos. Pura a explicação dos versículos 9-11, ver tam bém sobre 12.1. É lópico presum ir que um a num erosa multidão ( ò òx^oç, it o A ,u ç : grande niirncro de pessoas) dos judeus consistia principalm ente daqueles que ( inham chegado cedo à capital, tinham perguntado por Jesus (ver sobre 11.55, 56). Por meio da caravana que tinha recentem ente entrado na cidade e passado por Betânia, eles receberam um a resposta à pergunta que estavam fazendo sem parar: “O que vocês acham , que ele porven tura não virá à festa?” N a tarde de sexta-feira e no sábado, no m eio de fíninde excitação, o povo está dizendo uns aos outros, “Vocês já sa bem? Jesus vem mesmo. Ele já chegou a B etânia.” E assim, na tarde do sábado, eles deixaram a cidade em grupos a cam inho de Betânia. (Os que estavam hospedados a m enos de um dia de jornada de sábado fora de B etânia devem ter vindo um pouco an tes.) O propósito deles, é claro, era ver Jesus, que recentem ente tinha ressuscitado Lázaro dentre os m ortos e tam bém o próprio Lázaro. Esses ju d eu s m encionados aqui não são os líderes religiosos hostis a Jesus (o sentido no qual o term o é tão freqüentem ente em pregado no Quarto Evangelho; ver sobre 1.19), mas o povo com um , os caçadores de emoções. 10, 11. Então os principais sacerdotes resolveram m atar tam bém L ázaro; porque m uitos dos ju d eu s, por causa dele, volta vam cren do em Jesus. Os principais sacerdotes (ver sobre 11.47) foram absolutam ente im piedosos. Para atingirem seus objetivos, eles estavam dispostos a matar não apenas Jesus, m as tam bém Lázaro. Este últim o era tam bém um a ofensa a eles, e isso por duas razões: a. A razão claram ente afir m ada aqui: “por causa dele, voltavam crendo em Jesus” (literalm ente:
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estavam indo em bora e crendo, mas isso é claram ente um a hendíades); e b. Lázaro tinha sido ressuscitado dos mortos, e os principais sacerdotes, sendo saduceus, não criam na ressurreição! - Então tra m aram m atá-lo tam bém , na esperança de que, com toda probabilidade, ele não mais pudesse ser ressuscitado de novo. Ao que parece, a deci são a respeito de Lázaro nunca foi executada. Lázaro, gozando de saúde perfeita, andando por todo lado com o de costum e, deixava um a im pressão indelével na m ultidão, pois se sabia que esse era o m esm o hom em que tinha estado morto no túm ulo por quatro dias! Com o resultado do que eles tinham agora visto com os próprios olhos, m uitos, ao partir de Betânia, voltavam crendo em Jesus (o im perfeito é usado aqui èiríoTeuoy, seguido de elç). Para o significa do de ULOieúcj 6LÇ ver tam bém sobre 1.8; 3.16; 8.30, 31a. Em vista de 12.37, em que a m esm a form a é usada no original (o im perfeito do verbo seguido de ele), e em que a fé genuína é indicada, deve-se con siderar possível que esses crentes tinham se tom ado discípulos no m e lhor sentido do termo; pelo m enos, isso se aplicava a m uitos entre eles.
Síntese de 1 2 .1 '1 1 Ver o Esboço na p. 490. O Filho de D eus é Ungido p o r M aria de Betânia. O N obre A to de Maria. L Seu Caráter. A. F oi inspirada p ela gratidão A diferença entre M aria e Judas era esta; Judas falhou em com ple tar 0 ciclo; M aria (pela soberana graça de D eus) o com pletou. A com u nhão (em bora apenas exterior) com o Senhor dia após dia deveria ter resultado em gratidão da parte de Judas, mas não, pois ele era um a pessoa inteiram ente egoísta, um ladrão calculista e frio, um em busteiro nato. M aria, por outro lado, entendeu que quando o am or desce dos céus, em feitos de poder e m isericórdia - tal com o a ressurreição de Lázaro - , ele deve ser correspondido sob a form a de gratidão. Os ce'us tinham falado; “Lázaro, saia” . A terra tinha respondido e a suave fra grância de seu feito foi enviada de volta aos céus. D essa m aneira, o am or respondeu ao amor, e o círculo se com pletou. Ai do hom em ou m ulher que falha em com pletar o círculo! Cf. Efésios 1.3, 12.
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n. Sua Avaliação. A. Por Judas: “Para que esse desperdício?” (M t 26.8). B. Por Jesus: “Ela praticou um a boa ação” {uma bela ação, Mc 14.6). “Mui solenem ente eu lhes declaro, onde for pregado em todo o m undo este evangelho será tam bém contado o que ela fez, para m em ó ria sua” (M t 26.13). 12 No dia .seguinte, a numerosa multidão que viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava de caminho para Jerusalém, 13 tomou ramos de palmeiras e saiu a encontrá-lo. E clamavam: H osana! Bendito é ele (que está) vindo em nome do Senhor, c que é Rei de Israel!
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14 Ora, Jesus encontrou um jum entinho, e m ontou nele, segundo está escrito: 15 Pare de temer, filha de Sião, Veja, seu rei está vindo, montado no filhote de jumenta. 16 A princípio, seus discípulos não com preenderam essas coisas, mas quando Jesus foi glorificado, então se lembraram de que essas coisas estavam escritas a seu respeito e que essas coisas lhe foram feitas. 17 E a multidão que estivera com ele, quando chamara Lázaro do túmulo e o levantara dentre os mortos, continuava testificando. 18 E também, por essa razão, a multidão saiu a encontrá-lo, pois ouviu que ele fizera esse sinal. 19 Então os fariseus diziam entre si: Vejam que vocês não estão ganhando nada. Olhem, o mundo foi atrás dele!
O bservações P relim in ares a R esp eito da E ntrada Triunfal em Jerusalém A. S ignificado. Este é um acontecim ento de notável im portância. D evem -se ob servar os seguintes pontos: 1. Jesus, p o r meio de sua Entrada Triunfal, definitivam ente in dica que ele entrega sua vida, isto é, que ele morre voluntariam en te. Ele tom a a questão em suas próprias mãos. Ele está forçando a situação. Ele deliberadam ente planeja um a dem onstração, sabendo com toda certeza que, com o resultado, o entusiasm o das m assas irá açular a raiva dos líderes hostis de Jerusalém a um grau tal que eles desejarão ainda m ais intensam ente executar o plano contra ele. 2. Jesus fo rça os membros do Sinédrio a mudarem seus planos (a respeito de sua execução) de m odo a com binarem com os p la nos dele (e com os do Pai). O riginalm ente, o Sinédrio não tinha plane jado executar Jesus nessa ocasião em particular. M as a excitação so bre Jesus, ocasionada pela Entrada Triunfal, foi um dos fatores que considerados do ponto de vista hum ano, apressaram a crise. 3. Jesus se apresenta como o Messias. P or m eio dessa Entrada Triunfal, ele cum pre a profecia m essiânica de Zacarias 9.9. A lém do mais, quando as m ultidões o saúdam com o o M essias, ele não nega de form a algum a as claras im plicações de seus hosanas. 4. E le tam bém mostra às m ultidões que tipo de M essias era, isto
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t*, niio um M essias terreno com o nos sonhos de Israel. Ele entra em JiMiisulém m ontado num jum entinho, filho de jum enta, um animal asso ciado aos rigores da guerra, mas em busca de paz. Ele entra com o o Príncipe da Paz. B. Fontes. A história é encontrada em todos os quatro Evangelhos, m as os relatos diferem , muito em bora eles não entrem em conflito de m odo algum. Pode-se com parar esse com o m ilagre de alim entar os cinco mil. Ali tam bém a história é encontrada em todos os quatro Evangelhos (como foi ressaltado na pp. 26, 284), mas os relatos diferem de tal modo que, dos mais que cinqüenta versículos que João devota à A li mentação dos Cinco Mil e ao Serm ão do Pão da Vida (que se seguiu), apenas uns poucos têm paralelos nos Sinóticos. Os relatos são tão diferentes que incluímos João 6 (o m ilagre e o discurso tomados juntos) na lista de m aterial distintam ente ioanm o (pp. 81, 284, 298). Temos algo sem elhante em João 12. João apresenta um sum ário. Contudo, m esm o neste relato encontram -se m uitos detalhes que não estão registrados nos Sinóticos. Tam bém enquanto os sinotistas (como observado por Edersheim ) “acom panham Jesus a partir de B etânia” ; João, por outro lado, “parece seguir de Jerusalém aquela m ultidão, que com as notícias de sua chegada se apressaram em ir encontrá-lo. Para poderm os apreciar o relato de João da Entrada Triunfal, é provavelm ente melhor, antes de tudo, ver a história inteira, de form a esboçada. Colocando juntas todas as partes (sinóticos e João), obtem os 0 seguinte: 1. M ateus 21.1-3, 6, 7; M arcos 11.1-6; Lucas 19.29-34: Q uando Jesus parte de Betânia, bem no início (talvez ao aproxi mar-se do declive oriental do M onte das Oliveiras), ele enviou dois de seus discípulos a um a pequena vila (provavelm ente Betfagé, que tem sido cham ada subúrbio de Jerusalém ) a fim de buscar ali um jum ento no qual ele planeja entrar na capital. N a realidade (com o M ateus indi ca), havia dois anim ais (um jum entinho e sua mãe), mas m ais tarde
A. Edersheim. The Life a nd Times o f Jesus the Messiah, Nova York, 1898, Vol. II, p. U ) .|,
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parece que Jesus usa o jum entinho, sendo que o outro animal ou trotava a seu lado, ou era levado pelos discípulos. Os discípulos encontram tudo exatam ente com o Jesus tinha predi to: eles encontraram um a jum enta e sua cria am arradas num poste, à entrada da vila. H avia algum as pessoas ao redor. “P or que vocês os (o) estão (está) desam arrando?”, perguntam os donos. “O Senhor precisa deles (dele)”, foi a resposta. Os donos, que provavelm ente eram discí pulos de Jesus, concordam im ediatam ente e os discípulos levam os ani mais a Jesus. 2. M ateus 21.4, 5; M arcos 11.7; Lucas 19.35; João 12.14, 15: Os discípulos jogam suas capas sobre am bos os anim ais (não sa bendo no início qual dos dois Jesus iria escolher), e quando se tom ou claro que ele desejava montar o jum entinho, eles o ajudam m ontar no anim al. Jesus com eça a m over-se na direção de Jerusalém . Tanto M ateus quanto João vêem nesse acontecim ento um cum pri m ento da profecia de Zacarias 9.9. “Alegre-se muito, ó filha de Sião; exulte, ó filha de Jerusalém: eis aí vem seu Rei, justo e salvador, hum il de, m ontado em jum ento, num jum entinho, cria de jum enta.” 3. M ateus 21.8; M arcos 11.8; Lucas 19.36: A m aior parte das pessoas que acom panhavam Jesus de Betânia estendeu suas vestes no caminho. Outras cortaram ram os de árvores e com estes forraram o chão diante dele. 4. João 12.1, 12, 13a, 18: Enquanto isso, a m ultidão de peregrinos que tinha chegado anteri orm ente a Jerusalém e tinha ouvido a. que Jesus tinha ressuscitado Lázaro dentre os mortos, e b. que ele estava vindo na direção da cida de, sai em disparada do portão oriental para ir encontrá-lo. Eles cortam folhas de palm eiras que ladeavam a estrada e com estas eles seguem em frente a saudar o M essias. 5. M ateus 21.9; M arcos 11.9, 10; Lucas 19.37, 38; João 12.13b: Quando as duas m ultidões se encontram , o entusiasm o cresce. Essa grande m ultidão, que consistia daqueles que (tendo voltado atrás tão logo o encontraram ) segue na frente dele, e aqueles que o seguem incluem os seguintes grupos: os Doze, um a multidão de Betânia (muitos
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tloN ciiiais tinham testem unhado o m ilagre, que tam bém tinha sido teste(Uiiiihado por alguns daqueles vindos de Jerusalém ), um a m ultidão de peregrinos da G aliléia (que tinha alcançado seu destino, Jerusalém ) e até m esm o alguns fariseus hostis. D escendo o lado ocidental do M onte das Oliveiras e chegando per to de Jerusalém , as duas m ultidões com binadas, com exceção dos fari seus hostis, com eçaram a cantar: “Hosana! B endito é ele (que está) vindo em nom e do Senhor, O rei de Israel! B endito o reino que está chegando, o reino de Davi, nosso p a i! Paz no céu, E glória nas m aiores alturas! (M c 11:9-10).” 6. João 12.17: A porção da m ultidão que estivera com Jesus quando Lázaro fora ressuscitado dos m ortos continua dando testem unho com respeito a esse m aravilhoso feito. Como resultado, a agitação e o entusiasm o atin gem o clímax. 7. Lucas 19.39,40: Os fariseus, sem caberem em si de tanta inveja ao ouvirem essa aclam ação tão festiva, apelam para Jesus para que ele a m andasse pai'ar: “M estre, repreende teus discípulos!” Jesus responde: “Digo-lhes que, se eles se calarem , as próprias pedras clam arão.” 8. Lucas 19.41-44: Quando, de repente, Jerusalém assom a à vista, e Jesus, sabendo bem que m uito do louvor que lhe estava sendo dado era superficial e baseado na identificação de sua pessoa com o esperado M essias terre no e político, rom pe em alto choro. Perante seus olhos proféticos surge a visão de Jerusalém com o um a cidade sitiada, um a cidade rodeada pelas legiões rom anas. N um am argo choro de lam ento, ele exclam a: “Se você soubesse, siiri, você mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! M as isso está agora oculto a seus olhos. Pois lhe virão dias em que seus inim igos a cercarão de trincheiras, e por todos os lados lhe aperta
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rão o cerco; e a arrasarão e a seus filhos em seu interior; e não deixa rão pedra sobre pedra, porque você não reconheceu a oportunidade de sua visitação,” 9. M ateus 21.10, 11: Q uando Jesus entra em Jerusalém , toda cidade estrem ece. Todos que tinham perm anecido atrás, ao ver um a pessoa rodeada por um a grande m ultidão e cavalgando um jum entinho, perguntam : “Q uem é este?” E a resposta é, “Este é o profeta Jesus, de N azaré da G aliléia!” 10. M ateus 21.14; M arcos 11.11a: C hegando ao tem plo, Jesus cura os cegos e os coxos. 11. M ateus 21.15, 16: As crianças no tem plo com eçam a cantar: “H osana ao Filho de D avi!” Os principais sacerdotes e escribas em sua fúria perguntam a Jesus: “Estás ouvindo o que estes estão dizendo?” Ao que Jesus lhes respondeu: “Sim, vocês nunca leram: “D a boca dos pequeninos e das crianças de peito tiraste perfeito louvor?” 12. João 12.19: Os fariseus, tom ados de um espírito de frustração, inveja e raiva, diziam uns aos outros, “Vejam que vocês não estão ganhando nada. Eis o m undo que vai atrás dele.” 13. M ateus 21.17; M arcos 11.11b: Q uando cai a tarde, Jesus e os Doze se retiram para Betânia a fim de passarem a noite. 14. João 12.16: Só depois que Jesus foi glorificado é que seus discípulos, ao repas sarem todas essas coisas na mente, se deram conta de que a Entrada Triunfal em Jerusalém fora o cum prim ento de profecia. 12.12-19 Dos quatorze elem entos que entram na com posição desta história, João contém seis (itens 2 ,4 , 5, 6 ,1 2 e 14). Os trés prim eiros ele tem em com um com os Sinóticos; os três últim os são m aterial novo. Ao listar mos os quatorze itens, não estam os alegando que a ordem dos fatos na
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Hiiíil os listamos seja a correta. Tudo o que podem os alegar de form a razoável é que a seqüência tal com o a que apresentam os é provavel mente não m uito diferente dos fatos da história com o eles ocon-eram. 12, 13a. N o dia seguinte, a num erosa m ultidão que viera à festa, tendo ouvido que Jesus estava de cam inho para J eru sa lém, tom ou ram os de palm eiras, e saiu a encontrá-lo. Este é o item 4 na lista com o dada nas O bservações Prelim inares nesta seção. Portanto, se a ordem que sugerim os for correta, Jesus, cavalgando 0 jum entinho, está agora se dirigindo a Jem salém vindo de Betânia. A m ultidão que está indo de Jerusalém em direção ao M onte das Oliveiras ouviu sobre a ressurreição de Lázaro (12.18) e acerca da aproxim ação de Jesus (12.12). As notícias de que Jesus estava de fato planejando assistir à festa (ver sobre 12.9), a despeito da decisão do Sinédrio (ver sobre 11.57), chegaram prim eiro; e agora um grito se faz ouvir; “Ele está a cam inho!” E ra um a grande m ultidão, um a m ultidão de Páscoa, que saiu com o que se derram ando do portão oriental de Jerusalém nessa m anhã de domingo. À vista de Jesus, as pessoas, tendo cortado folhas de palm ei ras (literalm ente; galhos de palm eiras), que naqueles dias ladeavam a estrada de Jerusalém para o M onte das Oliveiras, provavelm ente co m eçaram a acenar com estas em sinal de regozijo. Nas Escrituras, a palm eira, com sua perene folhagem e notável longevidade (constantem ente sustentada pelo vigor fresco de suas raí zes profundas), crescim ento majestoso e aparência im ponente (seu tron co se destacando acim a da terra e sua m agnífica coroa de folhas), é um sím bolo da ju stiça e do vigor espiritual dos filhos de Deus (SI 92.12). Segurar nas mãos o lulav - ramos de palm eira com m urta e sal gueiro de cada lado - , conform e o m andam ento divino (Lv 23.40), e sacudi-lo era a m aneira dos filhos de Israel expressarem sua alegria durante a festa dos Tabernáculos. Aqui em João 12, o sim bolism o era o mesmo. A m ultidão brandia os ramos de palm eira em sinal de regozijo e de triunfo. A gora a últim a vitória (prosperidade, “salvação” , conce bidas conform e a idéia terrena) parecia assegurada, pois se este Jesus cra capaz de ressuscitar um hom em m orto que estivera no túm ulo por (juatro dias, onde jaziam os limites de seu poder? Sob o com ando de um lícicr com o este, eles poderiam até m esm o livrar-se do jugo rom ano!
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O fato de que não apenas hoje, m as tam bém naquele tem po os ram os de palm eira eram considerados o em blem a, não apenas de rego zijo, mas de vitória e prosperidade, tem sido posto em dúvida por alguns com entaristas. No entanto, as fontes apontam na direção de um duplo sentido. Ou podem os dizer, com binando os dois conceitos, agitar os ram os de palm eira era a m anifestação de alegria da vitória do senti mento: tudo vai ser m elhor de agora em diante” . Quando Simão, o macabeu, entrou em Jerusalém em triunfo, está registrado que ele entrou “com ações de graças e ram os de palm eiras e com harpas e cím balos e com liras e hinos e cânticos, por ter sido exterm inado de Israel um grande inim igo!” (1M b 13.51). E quando seu irm ão Judas, o macabeu, derrotou os sírios, lemos: “o povo levava nas m ãos ramos tirsos, ramos verdes e palm as, e cantava hinos” (2M b 10.7). No presente contexto, não apenas o fato de carregar ram os de palm eiras, mas levantá-los enquanto era em itido um grito poderoso, que ecoava de m onte a m onte, tudo isso acom panhado da exclam ação “H o sana!”, certam ente dava apoio à idéia de alegria da vitória e prospe ridade à qual o povo estava dando expressão. 13b. E eles então clam avam : H osana! B endito é ele (que está) vindo em nom e do Senhor e que é R ei de Israel! Esse é o item 5 nas Observações Preliminares desta seção. As duas m ultidões - a que vinha de Betânia e a outra vinda de Jerusalém agora se reuniram . A procissão está descendo a vertente ocidental do M onte das Oliveiras. As aclam ações tornam -se cada vez mais altas. Para esse júbilo e entusiasm o tum ultuado havia duas razões: (1) A Páscoa estava próxim a, em com em oração da libertação da escravidão no Egito. Nessas ocasiões, a libertação do jugo estrangeiro era sem pre um dos tem as principais de conversação. (2) Para libertar os judeus da dom inação rom ana, havia a necessi dade de um libertador poderoso. Jesus já havia dem onstrado seu poder extraordinário especialm ente ao ressuscitar Lázaro dentre os mortos. D aí parecer que por fim o antigo sonho de restabelecim ento da dinastia davídica alcançaria cum prim ento. Ver tam bém sobre 6.15.
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O que os judeus continuavam a gritar enquanto forravam a estrada para Jesus, espalhando ramos, e enquanto eles sacudiam seus ramos de palm eira era: “H osana!” Trata-se de um a form a derivada do verbo salvar no im perativo, e significa “ salve agora” , ou “salve, ore” . É um a súplica dirigida a Jeová pelo adorador que está convencido de que a hora certa para total libertação finalm ente chegou. No espírito de alegria e de triunfo próxim o, ele ora a law e para que a salvação prom etida não dem ore mais. Significa: “Nós te imploramos, ó lawe. Salva-nos agora.” Querem os enfatizar que essa expressão ainda não tinha se deteriorado num a m era exclam ação de entusiasm o com o o nosso “hurra!”, mas ainda m antinha seu significado original (pelo menos parte dele): “Salvanos agora ... concede-nos prosperidade agora.”^’“*Prova: ele tem esse sentido de súplica no Salm o 118.25, e as palavras que seguem (aqui em João 12) indicam que o povo estava pensando nesse Salm o Hallel. Igualm ente, as aclam ações continuam com estas palavras (tiradas do Salmo 118.26): “B endito
é
ele (que está) vindo em nom e do
S enhor” .
O Salm o 118 é um dos seis salm os mais freqüentem ente citados no N ovo Testam ento. (Para os outros, ver a p. 168). É distintam ente um salm o m essiânico, um salm o que fala da pedra que os construtores rejeitaram e que se tornou a pedra angular (cf. S1 118.22, 23 com M t 21.42; M c 12.10; Lc 20.17; At 4.11; e IP e 2.7). Claram ente, de acordo com o Salm o 118 (à luz de sua interpretação neotestam entária). Aquele que vem em nome do Senhor, e aquele que é cham ado de Bendito é o M essias. Note os versículos citados em João 12 com o eles aparecem no contexto do Salm o 118: “v4 pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular, isto procede do S e n h o r e é m aravilhoso aos nossos olhos. Este é o dia que o S e n h o r fez; regozijem o-nos e alegrem o-nos nele.
255, Ver Eric Werner, “Hosanna in the Gospels”, JBL 65 (junho, 1946), 97-122.
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Oh! Salva-nos, S e n h o r , nós te pedimos'. Oh! S e n h o r , c o n c e d e - n o s p r o s p e r i d a d e ! Bendito o que vem em nom e do S e n h o r .” O Salm o 118 era um dos Salm os Hallel cantados durante a Pás coa.^“'*’ M as será que os ju d eu s consideravam o Salm o 118 com o m essiâ nico? A partir de M arcos 11.8,9 fica claro que a vasta m ultidão procla m ava Jesus com o sendo o rei-messias. Segundo João 12.13b eles o consideravam com o sendo o Bendito, que tinha vindo em nom e (reve lação) do Senhor lawe. Entretanto, é tam bém claro que muitas daquelas pessoas que o acla m avam com altas vozes e rogavam com tam anho entusiasm o o faziam na esperança de que este M essias seria a resposta às suas esperanças terrenas. Eles o saudavam com o R ei de Israel, A quele que estava para restabelecer “o reino de nosso pai D avi” . Para eles, ele era um poderoso operador de m ilagres (Lc 19.37). À luz de tudo isso, não sur preende que, quando Jesus viu a cidade, ele tenha chorado à sua vista. Ver 0 Ponto 8 nas O bservações Preliminares. 14, 15. E Jesu s, tendo con segu ido um ju m en tin h o, o m on tou, segundo está escrito: Pare de temer, ó filha de Sião, Veja, seu Rei está chegando, m ontado num filhote de jum enta. N este ponto, a história, com o João a conta, deixa a m ultidão e se volta para Jesus, que está vindo de Betânia. Depois de encontrar e m ontar um jum entinho (ver pontos 1 e 2, O bservações Preliminares, para ver o com entário fom ecido pelos Si nóticos), Jesus está a cam inho de Jerusalém . O que ele fez constitui claram ente o cum prim ento da profecia, e o povo de Jerusalém deveria ver isso im ediatam ente. A predição que ele cum priu encontra-se no livro de Zacarias (9.9). Ver o ponto 2, O bser vações Preliminares. Esse livro tem com o seu tema:
256. Cf. pp. 165, 166; também A. Edersheim, The Temple, Londres (sem data), pp. 223225, 262, 279, 334.
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A Futura Glória de Sião e de Seu Rei^Pastor Suas quatro divisões são: I. Visões (1.1-6.8) II. Um A to Sim bólico (6.9-15) III. U m a R esposta a um a Pergunta (capítulos 7, 8) IV. Predições e Prom essas (capítulos 9-14) Especialm ente a segunda e a quarta divisões são claram ente m es siânicas, em bora muitos trechos da Parte I sejam da m esm a categoria. A Divisão IV com preende predições e prom essas com respeito ao fu turo de Sião, e a rejeição e subseqüente glória de seu Rei-Pastor.^^’ A profecia citada é extraída da quarta divisão. Com a versão com o dada em M ateus 21.5, deve-se com parar aquela encontrada na LXX. João abrevia ainda mais, e m uda Alegre-se muito, ó filh a de Sião para D eixe de temer, filh a de Sião. Entretanto, isso não é sério, pois o pensam ento subjacente ainda é exatam ente o mesmo: quando alguém se alegra muito, ele irá tam bém , com o passar do tem po (nem sem pre de im ediato, cf. M t 28.8), deixar de temer. João tam bém om ite o versí culo “ju sto e salvador, hum ilde” (reduzido por M ateus a um a palavra, humilde), e, quanto ao animal que Jesus cavalgou, ele sim plesm ente diz um jum entinho, cria de jum enta (observe a versão m ais com plicada de M ateus 21.5, que dá m argem a várias interpretações). Q uando Sião recebe seu próprio rei, não há razão para temor. D esta vez não é nenhum rei estranho que se aproxim a de Jerusalém ; portanto, que a filha de Sião deixe de temer. Esse rei, em harm onia (como foi indicado) com a quarta divisão inteira da profecia de Z acari as, é o Rei-Pastor, o próprio M essias. Até m esm o o Talmude aplica essa profecia ao M essias. A filha de Sião, que é aqui a quem se fala, é a própria Sião, isto é, Jerusalém e seus habitantes.^^** 257. Ver Bible Survey, de m inha autoria, Gi'and Rapids, Mich., 4“ ed„ 1953, pp. 283-286. 258. Há m uita confusão com respeito ao significado do termo Sião nas Escrituras. Os significados seguintes devem ser distinguidos: (1) Originalmente Sião era (ou se tornou) a cidade de Davi, localizada na porção sudeste ik' Jerusalém (ver 2Sm 5.7; IC r 11.5). Ela ficava em área relativamente mais baixa do que (I lio Icmplo, posteriormente construído, e também do setor sudoeste da cidade (cf. 2Sm IRs 8.4).
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JOÃO 12.16
É dito à filha de Sião que seu rei, seu M essias espiritual, aquele que abriria a fonte para rem over o pecado e a im pureza (Zc 13.1), está chegando. Para enfatizar o caráter pacífico de sua chegada e de seu reino, acrescenta-se que ele vem m ontado num jum entinho, cria de jum enta. Ele vem com o o Príncipe da Paz, não com o um senhor de guerra. Portanto, a filha de Sião deve deixar de temer. O jum entinho ou jum ento é com um ente associado com as cam panhas de paz (Jz 10.4; 12.14; 2Sm 17.23; 19.26; Is 1.3); o cavalo, com guerra (Êx 15.1, 19, 21; SI 33.17; 76.6; 147.10; Pv 21.31; Jr 8.6; 51.21; Zc 10.3; e Ap 6.4). Esse rei é humilde (irpauç), pacífico, m an so. Ele vem para trazer salvação. Quem dera o povo entendesse isso! M as até m esm o os discípulos não o entenderam nessa hora, com o o versículo seguinte indica: 16. A p rin cíp io, seus d iscíp u los não com p reen d eram isso, m as, quando Jesus foi glorificado, então eles se lem braram de que essas coisas foram escritas, e que essas coisas lhe foram feitas. Ver o ponto 14, Observações Preliminares, nesta seção. Devido à ignorância que tinham das Escrituras e sua pequena fé (cf. Lc 24.25), nem m esm o os Doze entenderam de im ediato que esses atos de Jesus eram o cum prim ento da profecia de Zacarias 9.9, e que por m eio dela ele estava proclam ando que era o M essias espiritual. Q uando Jesus foi glorificado por meio da cruz e da ressurreição, e depois de ter enviado seu Espírito (16.12, 13), todas as coisas se lhes tom aram claras. Eles se (2) Dessa cidade de Davi (2Sm 6.16) a arca foi levada para cima, para o tem plo de Salomão (2Cr 5.2), É possível que, por causa disso, Moriá (o monte do templo, localizado ao norte da cidade de Davi, portanto na seção nordeste da Jerusalém posterior) se tornou identificada com Sião. Podemos dizer: a localização de Sião mudou com a transferência da arca (ver Is 10,12; 24,23), mas, segundo alguns intérpretes, a m udança foi diretam ente de (1) pai-a (3). (3) Por uma mudança semântica muito natural, o termo começou a indicar toda a cidade de Jerusalém e seus habitantes (Is 10,24; Jr 3,14). (4) Finalmente, obtém -se um sentido mais espiritual: aqueles leais a Jeová, seus eleitos, sua igreja (tanto na teira como nos céus). Para esse sentido espiritual, ver Isaías 40.9; 52.1; Zacarias 2.7. Cf. também Isaías 1.27. O eiTo de Eusébio e Jerônimo, que identificaram Sião com o monte sudoeste (uma locali zação impossível porque desse local os israelitas não poderiam ter subido para o local da arca) ainda não foi removido da H. B. A., p. 105.
JOÃO 12.17-19
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lembraram de tudo e viram o que cada coisa significava. Eles entendernin que Zacarias 9.9 se referia a ele, e que essas coisas lhe feitas. (Não se deve insistir na tradução: “que eles lhe fizeram essas coisas” e depois com eçar a perguntar-se quem seriam eles. Isso é sim plesm ente um aram aísm o; substituím os o ativo pelo passivo; cf. pp. 92,93). Essas coisas significam : o sacudir dos ram os de palm eira, estender os ramos no cam inho e a aclam ação etc. 17, 18. E a m ultidão que estivera com ele, quando cham ara a Lázaro do túm ulo e o levantara dentre os m ortos, continuava a testificar. E por causa disso, tam bém , a m ultidão saiu a encontrá-lo, pois ouviu que ele fizera esse sinal. João mais um a vez retorna à m ultidão. Ver os pontos 4 e 6 das O bservações Preliminares. A versão, com o a dam os aqui, é baseada na m elhor leitura (oie em vez de o tl), e faz excelente sentido. É preci so ter em m ente que a grande m ultidão era com posta de vários elem en tos, m encionados no ponto 5, pp. 552,553. Enquanto a grande m ultidão seguia seu caminho, aqueles que tinham estado com Jesus quando Lázaro foi ressuscitado dos m ortos continuavam a testificar aos outros. Esse tinha sido um feito tão notável que as pessoas sentiam necessidade de repeti-lo vezes sem conta. Elas testificavam do que tinham visto com seus próprios olhos! Para o sentido de testificar, ver sobre 1.7. Em absoluta harm onia com 12.9, lemos que a vasta m ultidão de peregrinos que tinha vindo a Jerasalém de todos os lugares tinha saído para encontrar Jesus pois ouviu que ele fiizera esse sinal, isto é, res suscitado Lázaro dentre os mortos. 19. E ntão os fariseus diziam entre si: Vejam que vocês não estão ganhando nada. Eis que o m undo vai atrás dele. Ver 0 Ponto 12, Observações Prelim inares. Os fariseus m ais ra dicais diziam aos mais m oderados - não com tantas palavras, mas provavelm ente deixando im plícito - “Vejam que vocês não estão ga nhando nada” com sua demora. Algo tem de ser feito e feito já, de outra sorte será tarde dem ais. “Eis que”, eles acrescentaram , “o m un do (ver sobre 1.10, nota 26; aqui provavelm ente querendo dizer a 3: o público em geral, “todas as pessoas”) vai atrás dele” (e nos abandona). Os fariseus estavam histéricos! O mundo, num sentido diferente, esta
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JOAO 12.12-19
va de fato indo atrás dele: os gregos estavam vindo! Ver a próxim a seção (12.20-36a).
Síntese de 12.12-19 Ver o Esboço na p. 490. O Filho de D eus Faz Sua Entrada Triunfal em Jerusalém . As O bserva çõ es P relim inares sobre esta seção form am um a Síntese, 20 Ora, dos que estavam acostumados a subir para adorar durante a festa havia alguns gregos. 21 Então se dirigiram a Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e pediram-lhe, dizendo: Senhor, queremos ver Jesus. 22 Filipe foi dizêlo a André. André e Filipe o comunicaram a Jesus. 23 Então, Jesus respondeu: É chegada a hora em que^^'' o Filho do homem deve ser glorificado. 24 Mui solenemente eu lhes declaro, a menos que o grão de trigo caia na terra e morra, ele fica só; mas, se morrer, produz muito fruto. 25 Quem ama sua vida, a perde, mas aquele que odeia sua vida neste mundo, a preservá para a vida eterna. 26 Se alguém me serve, então que me siga;**' e onde eu estou ali estará também meu servo. E se alguém me servir, o Pai o honrará.^“ 27 Agora, minha alma está perturbada, e o que devo dizer? Pai, livrame desta hora! Mas precisamente com este propósito eu vim para esta hora. 28 Pai, glorifica teu nome. Então veio do céu uma voz: Eu já te glorifiquei, e de novo te glorificarei. 29 Entretanto, a multidão que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido um trovão. Outros diziam: Um anjo falou com ele. 30 Jesus explicou e disse: Não foi por mim que veio essa voz, mas por sua causa. 31 Chegou o juízo sobre o mundo. Agora o príncipe deste mundo será expulso. 32 E eu, quando for levan tado da terra, atrairei todos a mim.“ ’ 33 Isso ele dizia para indicar o gênero de morte que estava para m orrer 34 Então a multidão lhe respondeu: Ouvimos da lei que o Cristo permane ce para sempre; como, pois, dizes que o Filho do homem deve ser levantado? Quem é esse Filho do homem? 35 Então Jesus lhes disse: A inda por um pouco a luz está com vocês. Andem enquanto têm a luz, do contrário as trevas os surpreenderão. Quem
259. para Iva ver introdução, pp. 66, 67, 75. 260. Uma sentença condicional composta. As duas prótases são paralelas enrt construção, assim como as duas apódoses. II1A2; ver Introdução, pp. 63-65. 261. 11IB3; Introdução, pp. 63, 65, 66. 262. IIIB2; Introdução, pp. 63, 65, 66. 263. IIIA I; ver Introdução, pp. 63, 64.
JOAO 12.20-22
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anda nas trevas não sabe para onde está indo. 36 Enquanto vocês têm a luz, creiam na luz, para que se tornem filhos da luz.
12.20-36a 20. Ora, dos que estavam acostum ados a subir para adorar durante a festa, havia alguns gregos. P or um m om ento, a história desvia a atenção dos judeus e a focali za nos gregos. A passagem não se refere aos helenistas (cf. At 6.1) ou aos judeus de fala grega, mas aos helenos (gregos). Não acreditam os que o sentido que o autor deseja passar seja que os gregos estariam entre os adoradores ju d eu s com uns. Ao contrário, o sentido é que esses gregos (é k , idéia partitiva, com o em 1.21, 35, 40; 7.48) eram os que estavam acostum ados a subir para adorar durante a festa; em outras palavras, esses gregos faziam parte do grande grupo de adora dores que com um ente eram chamados prosélitos (aqui m ais com o os prosélitos do portão ou tementes a Deus, At 10.2, 22, 35; 13.16, 26, 43, 50; 17.4, circuncisos convertidos à religião m onoteísta dos judeus). No original temos o particípio presente do verbo subir (daí, aqueles acostu mados a subir). O conceito de subir a Jerusalém é explicado em cone xão com 2.13. Para a festa (da Páscoa), ver tam bém sobre 2.13. Esses gregos, pois, eram gentios que tinham desistido de adorar os m uitos deuses e passaram a adorar o Deus único, o Deus de Israel. O fato de que essas pessoas tinham acesso ao templo para prestar adora ção religiosa é claro de 1 Reis 8.41; Isaías 56.7; M arcos 11.17. Elas não tinham perm issão de passar do Pátio dos Gentios. Para o significado do verbo traduzido como adorar, ver sobre 4.23 e 9.38. 21, 22. E ntão estes se dirigiram a Filipe, que era de B etsai da da G aliléia, e p ed iram -lh e, dizendo: Senhor, querem os ver Jesus. Filipe foi dizê-lo a André. André e Filipe o com unicaram a Jesu s. Esses gregos desejavam ter um a entrevista com Jesus. N ão sur preende que eles hesitassem em procurar o Senhor diretam ente. Não llics é seguro se ele os receberia para um a entrevista. Então pedem a l'1lipe que atuasse como interm ediário. N aturalm ente que esse Filipe (tiio é o diácono ou evangelista (de At 6 e 8), m as sim um dos Doze, o iipóstolo, que era de B etsaida da Galiléia (sobre isso, ver a discussão
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em conexão com 1.44 e 6.1; p. 149 e especialm ente pp. 284, 285), a cidade de André e Pedro. Por que razão eles escolheram Filipe? E por que ele, por sua vez, consultou André? Será que esses dois hom ens falavam grego m elhor que os outros? Seria apenas um a m era coincidência que dentre os Doze esses dois discípulos sejam os únicos que aparecem desde o com eço portando nomes gregos? (Mas devem os ser cuidadosos em fazer infe rências a partir disso; ver sobre 3.1.) Ou haveria um a razão totalm ente diferente para que esses dois hom ens ocupassem papéis de destaque nesta história? Não sabemos a resposta. Ver tam bém pp. 141-145. Os gregos se dirigem a Filipe polidam ente, cham ando-o de “se n h o r” .“ " A expressão “Querem os ver Jesus” não pode significar “querem os ver com o ele é, para satisfazer nossa curiosidade sobre ele e assim poderm os contar aos nossos am igos que deliciam os nossos olhos com a visão dessa celebridade”. N em tam pouco necessariam ente significa, “Querem os propor a Jesus que ele esqueça os judeus rebeldes e que, de agora em diante, nos pregue o evangelho, a nós os gregos.” Essa interpretação vê m uito mais do que o texto apresenta. C om vista ao que segue (ver especialm ente vs. 24 e 32), nos pare ce que o desejo dos gregos teria algum a coisa a ver com o grande tem a da salvação. Será que eles queriam ver Jesus porque, a. a sabedoria 264. Em algumas traduções da Bíblia, nenhuma distinção é feita entre o título grego (KÚpioí;) como usado aqui e a mesma palavra como usada em 20.28 (“Meu Senhor e meu Deus"). Essas traduções usam o termo Senhor em ambos os casos. Assim, por exemplo, a Concordam Version q fth e Sacred Scriptures, Los Angeles, 1927. Isso, porém, traz confu são, pois embora um termo grego (K Ú pioç) tenha ampla extensão de significado, podendo ser usado também como: a. um título de respeito, apropriado para dirigir-se a um homem, b. como um nome próprio divino, c. como equivalente ao nosso “senhor” e d. como um título que expressa a deidade de Cristo, essa mesma extensão de significado não se aplica à palavra inglesa “Lord” [“Senhor”] em sua conotação atual. Algumas vezes se apresenta o argumento de que os gregos teriam assim se dirigido a Filipe porque ele, como discípulo de Jesus, participava de sua glória e deveria dessa forma ser tratado pelo mesmo título, não tem substância, pela sim ples razão de que esses gregos não conheciam Jesus. E porque não o conheciam , nem à sua glória, eles não tinham capacidade de aplicar esse significado profundo ao term o quando se dirigiam ao seu discípulo Filipe. Eles estavam falando a Filipe, não a Jesus. Eles estavam fazendo um pedido a um m ero homem. D aí a tradução coiTeta “senhor” [“sir” em inglês] e não “Senhor” [“Lord” em inglês]. Ver também p. 142, Nota 44.
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dos gregos tinha naufragado, por ter falhado era satisfazer os m ais pro fundos reclam os da alm a? E b. com base no que tinham ouvido sobre Jesus, eles estavam esperançosos de que ele pudesse vir a fornecer aquela paz espiritual à m ente que não tinham conseguido obter em ne nhum outro lugar? Isso não é totalm ente improvável. Para Filipe - e depois para ele e A ndré - o pedido dos gregos apresentava um problem a duplo: a. E m vista do que Jesus tinha dito em outras ocasiões (Mt 10.5; 15.24), ele poderia, coerentem ente, aceitar receber bem os gregos? M as, por outro lado, não tinha ele falado sobre “outras ovelhas, não deste aprisco”, que tinha de reunir? Ver tam bém M ateus 8.5-13. Qual seria a atitude de Jesus para com os gregos: os receberia ou se recusaria a falar com eles? b. Será que Jesus, ao rece ber os gregos, não estaria atiçando a ira do povo judeu, especialm ente se a entrevista acontecesse no tem plo? (Ver At 21.28.) O problem a sendo grande dem ais para Filipe, ele consultou seu amigo e com patriota, André. André e Filipe, hesitando tanto em ofen der os gregos com o tam bém em encorajá-los, expõem o pedido ao próprio Jesus. 23, 24. E ntão Jesu s lhes respon d eu , dizendo: É ch egad a a hora em que o Filho do hom em deve ser glorificado. M ui sole nem ente eu lhes asseguro: A m enos que o grão de trigo caia na terra e m orra, ele fica só; m as, se morrer, produz m uito fruto. Jesus respondeu a A ndré e Filipe. Eles, por sua vez, podiam passar a resposta aos gregos. U m a m ultidão de judeus estava perto quando Jesus deu essa resposta aos dois (12.29). No pedido dos gregos, Jesus vê sua semente, isto é, num erosa pos teridade espiritual. Isso fora prom etido ao M essias com o o fruto de seu sacrifício voluntário: “Quando sua alm a fizer a oferta pelo pecado, ele verá sua sem ente" (Is 53.10, A .R .V , margem). À parte de seu sacri fício voluntário, Jesus nada podia fazer por esses gregos. Eles entendi am isso? Eles entendiam que um M essias terreno, independente de quão fam oso pudesse ser (pense no louvor que ele recebeu por ocasião da Entrada Triunfal!), não lhes serviria de nada? Será que eles entendi am plenam ente que era som ente por m eio de sua expiação substitutiva que ele, o M essias espiritual, poderia salvá-los?
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Para enfatizar esse pensam ento, Jesus im ediatam ente fala sobre sua morte. Ele diz, “É chegada a hora em que o filho do hom em deve ser glorificado”. Anteriormente, ele tinha indicado que o m om ento deci sivo, a hora do sofrim ento m ais am argo, não tinha ainda chegado (ver sobre 7.30; 8.20).^'’“' Agora, ela chegou! O term o hora, nem é preciso dizer, não pode ser tom ado de m odo literal dem ais, com o se referindo exatam ente a sessenta m inutos. É a hora designada, o m om ento em que o Senhor entraria no vale do sofrim ento m ais intenso, seguido pela recom pensa ju sta e prom etida: a ressurreição, a ascensão e a coroa ção. No clím ax de sua hum ilhação, seguida im ediatam ente da exalta ção gloriosa, o Filho do hom em (ver sobre 12.34) é glorificado: o brilho de sua graça e a m ajestade de sua verdade são realçados. O Pai, ao entregar seu Filho para m orrer na cruz, e garantir-lhe a recom pensa prom etida, exibe os atributos divinos (amor, justiça, onipotência, fideli dade etc.) em toda sua beleza indescritível e majestosa. Eles são exibi dos publicam ente para que todos os que têm olhos vejam. Com vistas à necessidade absoluta de sua m orte, Jesus acres centa, “Mui solenem ente eu lhes asseguro (para essa frase introdutó ria, ver sobre 1.51): A menos que o grão de trigo (ou a sem ente do grão, qualquer tipo de grão, cf. M c 4.28; Lc 12.18), caia na terra e m orra, fica ele só, mas, se morrer, produz m uito fruto.” A parte da cruz não existe nenhum a colheita espiritual. (Sobre a necessidade da morte substitutiva de Cristo, ver tam bém Gn 2.16, 17; Lc 24.26; Rm 3.23-25; 5.12-21.) A ilustração era muito clara, especialm ente no m om ento em que ela foi dada, apenas uns poucos dias antes da festa religiosa da colheita da Páscoa. As sem entes tinham sido enterradas no solo. Com o são sem entes, elas m orreram . M as, por meio desse m esm o processo de dissolução, elas tinham produzido colheita abundante. Se um a sem ente não for semeada, ela permanece só, não produz fruto. Do m esm o modo, 265. Em diversos comentários são feitas referências também a 2.4 e 7.6 em conexão com este assunto, como se também essas passagens passassem a idéia de que a hora marcada para a morte de Cristo não tinha chegado ainda. Porém, como mostramos ao discuti-las, as passagens indicadas não se referem ao mesmo tema. Daí, ao comentar 12.23, uma referên cia a 2.4 e 7.6 é apropriada apenas no sentido em que também essas sentenças provam que para tudo no program a mediador do Senhor havia um momento designado, pré-ordenado.
JOÃO 12.25, 26
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SI' .Icsus não morresse, ele perm aneceria sozinlio, sem fruto espiritual (iilinas salvas para a eternidade). Sua morte, entretanto, resultaria em colheita espiritual abundante. 25, 26. Q uem am a sua vida a perde; m as aquele que odeia sua vida neste m undo, a preservá para a vida eterna. Se alguém me serve, então que m e siga; e onde eu estou ali estará tam bém m eu servo. E se alguém m e servir, o Pai o honrará. A verdade solene afirm ada no versículo 24 se aplica a C risto, a ele som ente! Som ente ele m orre como substituto, e ao fazê-lo ele dá fru tos. M esm o assim, existe um princípio sem elhante que opera na esfera do hom em . É aquele afirm ado nos versículos 25 e 26. A relação entre as duas leis (um a que se aplica a Cristo, e outra a seus discípulos) pode ser resum ida com o segue: 1. Quanto a Cristo: para que haja fruto, ele tem de m orrer (v. 24). 2. Quanto a seu discípulo: ele deve dispor-se a m orrer pela causa de Cristo (vs. 25 e 26). N aturalm ente ele não pode fazer isso pela própria força. Em vista do presente contexto, e das passagens paralelas nos ou tros E vangelhos, o significado da im portante frase (vs. 25, 26) é com o segue: Aquele que, quando a questão é entre ele e o evangelho, de um lado, e quem quer que me seja querido (pai, mãe, filho, filha, coisas materiais, 0 m undo inteiro, sua própria vida, M t 10.37; 16.26;Lc 17.32), de outro, escolhe (aqui em 12,25; “tem afeição p o r”, ver nota 306) o últim o perecerá para sem pre. Eu me envergonharei dele em m inha vol ta (Mc 8.38; Lc 9.26). M as aquele que neste m undo - ou seja, no meio da presente geração adúltera e perversa (Mc 8.38; e ver Vol. L nota 26, sentido 6) - se dispõe a sacrificar sua vida“ ^ por m im e por m eu evan gelho (M c 8.35) a guardará e preservará (Lc 17.33), de m odo que florescerá na vida eterna nas m ansões do alto (ver sobre 4.14). Se alguém m e serve, então que m e siga por inteiro, em bora seja o cam inho dii autonegação e da cruz (Mt 16.24; 10.38; M c 8.34), tendo em m ente (|uc 0 cam inho da cruz leva à coroa. Ele participará com igo da glória A vida nessas passagens é o eu: os termos ele mesmo e sua vida são usados como sinônimos; ver Lucas 9.23, 24; também sobre João 10.11.
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JOÂO 12.25-28a
dos céus, habitando para sem pre em m inha presença. Além disso, m eu Pai que me am a o honrará, pois ele honra àqueles que m e honram. Que esse é de fato o sentido da passagem se torna claro quando a m esm a, depois de ter sido estudada em seu próprio contexto, é com pa rada com suas paralelas. Usando a A.R.V., note o seguinte: M ateus 10.37-39. “Q uem am a seu pai ou sua m ãe m ais do que a m im não é digno de mim; quem am a seu filho ou sua filha mais do que a m im não é digno de mim; e quem não tom a sua cruz e vem após m im não é digno de mim. Quem acha sua vida a perderá; quem , todavia, perde a vida por m inha causa a achará.” M ateus 16.24-26. “Então disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si m esm o se negue, tome sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder a vida por m inha causa a achará. Pois, que aproveitará ao hom em se ganhar o m undo inteiro e perder sua alm a? Ou que dará o hom em em troca de sua alm a?” M arcos 8.34-38. “Se alguém quer vir após mim, a si m esm o se negue, tome sua cruz e siga-me. Quem quiser, pois, salvar sua vida a perderá; e quem perder a vida por m inha causa e por causa do evange lho a salvará. Que aproveita ao hom em ganhar o m undo inteiro e per der sua alm a? Que daria um hom em em troca de sua alm a? Porque, qualquer que nesta geração adúltera e pecadora se envergonhar de m im e de m inhas palavras, tam bém o Filho do hom em se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.” Lucas 9.23-26. “Se alguém quer vir após mim, a si m esm o se ne gue, dia a dia tom e sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; quem perder a vida por m inha causa, esse a salvará. Que aproveita ao hom em ganhar o m undo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si próprio? Porque, qualquer que de m im e das m inhas palavras se envergonhar, dele se envergonhará o Filho do H om em .” Lucas 17.32-33. “Lem brem -se da m ulher de Ló. Quem quiser pre servar sua vida a perderá; e quem a perder de fato a salvará.” 27, 28a. A gora m inha alm a está perturbada, e o que devo dizer? Pai, livra-m e desta hora! M as precisam ente com este p ro pósito vim para esta hora. Pai, glorifíca teu nom e.
JOÂO 12.27, 28a
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Jesus vem falando da aproxim ação de sua m orte - m orte eterna fo n io um a necessidade absoluta. M as a contem plação da terrível pro vação enche sua alma de um a angústia infinita. Ele clama, “Agora (nesse mom ento; ver v. 23: ela chegou, a hora) m inha alm a está perturbada” . A expressão minha alma é sim plesm ente Eu, com o se ele tivesse dito, “A gora eu estou perturbado” . As duas expressões são usadas com freqüência, por exem plo, cf. M ateus 20.28 com 1 Tim óteo 2.6 (“p a r a ... dar sua alm a em resgate por m uitos” é o m esm o que “deu-se em resgate por m uitos”). O verbo perturbado ou agitado (sobre os quais ver tam bém 5.7; 11.33; 13.21; 14.27; especialm ente 14.1), aqui o indi cativo perfeito passivo, indica que essa poderosa perturbação na alm a de Cristo já estava acontecendo há algum tempo e agora se tom ara muito intensa. Os horrores da cruz im inente estavam sendo sentidos agora com o nunca antes. Até este ponto não existe m uita variação nas interpretações. En tretanto, com respeito a “Pai, livra-m e desta hora!” as opiniões variam. Dentre um enorm e núm ero de explicações selecionam os as seguintes: (1) “E o que devo dizer? Pai, livra-m e desta hora?” (repare o p o n to de interrogação). M as não - para este propósito vim para esta h o ra” . M esm o entre aqueles que aceitam essa apresentação, e que, de m odo coerente, crêem que Jesus não ofereceu um a oração m as m era m ente fez um a pergunta, há diferenças de opinião. Alguns pensam que de fato ele titubeou por um instante em sua obediência, que por um instante ele se rebelou contra a idéia de ter de sofrer na cruz. N ossa resposta é, “N em é possível pensar em tal coisa.” O utros, entretanto, aceitam a dupla pergunta de um m odo muito mais inocente: Jesus, com o eles vêem, está sim plesm ente fazendo um a pergunta retórica. É com o se dissesse: “O que devo dizer? Vocês pensam que eu vou dizer: Pai, livra-m e desta hora? Mas isso é totalm ente im possível, porque ju sta m ente para este propósito eu cheguei a esta hora.” Rejeitam os essa dupla pergunta sob qualquer form a que ela for apresentada. Fazem os isso não apenas porque toda essa representa ção, mesmo quando interpretada da melhor e mais sensível forma (como, por exem plo, fizeram Zahn e Lenski), nos parece um a tentativa de li
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vrar-se de um a dificuldade, mas especialm ente porque, nas com pará veis agonias do G etsêm ani que ocorreram apenas um pouco depois, Jesus não perguntou: D evo dizer. Pai, livra-m e desta hora?, m as de fa to ele orou: “M eu Pai, se possível, passa de m im este cálice! Toda via, não seja com o eu quero, e sim com o tu queres” (M t 26.39); “Aba, Pai, tudo te é possível; passa de m im ,este cálice; contudo não seja o que eu quero, e sim o que tu queres” (M c 14.36). Cf. tam bém Lucas 22.42. Não é verdade que a construção de dupla pergunta seja a única que faz justiça à palavra mas que dá início à sentença seguinte. Ver em (4) abaixo. (2) “E o que devo dizer? Pai, livra-m e desta hora.” Segundo essa interpretação, a prim eira sentença é um a pergunta; a segunda é um pedido positivo. Até aí concordam os inteiram ente. M as, então, esse segundo ponto de vista apresenta um a explicação que é mais interes sante e m erece exam e cuidadoso, isto é, que o que Jesus quis dizer foi: “Pai, garante-m e que depois que eu tiver passado por esta hora de agonia e dor, eu possa em ergir de m odo triunfante” . Como um autor colocou, “Livra-m e de toda a aflição e morte desta hora” .-'’'' Essa interpretação pode ser a correta. G ram aticalm ente é possível. A preposição de ou da (èk) pode ter esse sentido. Ver A pocalipse 3.10. Vista dessa forma, essa oração é um pedido de ressurreição. Então, deve-se ter com o certo que a exaltação (ressurreição etc.) do Senhor com o resultado de seu sofrim ento e m orte voluntários é m encionado nesse m esm o contexto (12.23; cf. tam bém v. 32; m esm o o v. 28, que fala da glória do nom e do Pai, im plica na glória do Filho). Assim, muito pode ser dito em favor dessa exegese. As razões por que, m esmo assim, não estamos seguros de que esta explicação seja correta são: a. Nas passagens análogas (M t 26.39 e M c 14.36, citadas acim a) a idéia não é que o Senhor esteja pedindo para receber um a recom pensa depois de ele ter esvaziado o cálice do am argo sofrim ento, mas defini tivam ente que se possível, ele não tenha nem mesm o que heber des267. H. Hoeksema. The Ainazing Cross, Grand Rapids, Mich., 1944, p. 117. Os livros deste autor sobre a Paixão de nosso Senhor merecem ser lidos. Ele escreveu: The Royal Sujferer, Rejected ofM en . e The Amazing Cross, todos publicados por Wm. B. Eerdmans Publishing Co., Grand Rapids, Mich. Ele é o autor de muitos outros trabalhos.
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se cálice de m odo algum l Ver M ateus 26.42: “M eu Pai, se não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, que tua vontade seja feita.” b. Tanto em Hebreus 5.7 com o em Tiago 5.20 a expressão da m or te (êk Gaváiou) significa passar pela experiência da morte. (3) “E 0 que devo dizer? Pai, livra-m e desta hora.” De acordo com a terceira teoria, Jesus realm ente se rebelou, tor nando-se relutante em seguir rum o à cruz. Mas essa relutância durou apenas um pequeno instante. Nem é necessário dizer que rejeitam os essa idéia sem mais com entários. (4) “E o que devo dizer? Pai, livra-m e desta hora.” A vivida realiza ção do tem ido caráter inexprim ível de sua im inente descida ao inferno abalou a alm a de Jesus em suas profundezas. Isso não im plica desobe diência. Um hom em pode recuar diante de um a experiência que, no entanto, ele deseja ter; por exem plo, um a cirurgia. Tam bém isso ocor reu com Cristo. Em bora sua alm a estivesse cheia de pavor, ele nem por um segundo se rebelou contra seu Pai. C um prir aquela vontade era seu desejo m ais profundo tanto agora quanto no Getsêm ani. M as ele per gunta se existe um outro modo no qual a vontade do Pai poderia ser feita, algum a outra fo rm a de morte voluntária e substitutiva; se hou vesse, esse cam inho poderia ser aberto para que ele pudesse livrar-se da terrível agonia da cruz. Levando tudo isso em consideração, acreditam os que esta inter pretação m uito com um é provavelm ente a mais correta. Encontra-se em total harm onia com o relato do Getsêm ani. É difícil acreditar que palavras que são tão sem elhantes (Jo 12.27, 28; cf. as passagens do Getsêm ani supracitadas) pudessem ter um significado inteiram ente di ferente. A única objeção possível que podem os ver seria que aqui nos versículos 12.27, 28 Jesus não acrescenta um a expressão tal com o “se for possível” (M t 26.39) ou “se for de acordo com tua vontade” . Mas não é razoável interpretar 12.27,28 à luz das passagens do G etsêm ani? lim outras palavras, em bora a cláusula condicional não seja acrescentnda aqui em 12.27, 28, ela não está claram ente im plícita? Em bora nós 0 laçamos com certa m edida de hesitação (por causa dos m éritos da si'|i,unda teoria, discutida acima), m esm o assim acreditam os que essa
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quarta explicação tem mais plausibilidade entre todas as outras. Então, se ela for a correta, o significado da passagem é o seguinte: “Pai livra-m e desta hora do m ais am argo sofrim ento na cm z” . M as enquanto ele diz essas palavras, este pensam ento está im plícito, “ ... se isso for possível e de acordo com tua santa vontade, pois eu quero fazer tua vontade.” Jesus acrescenta, “mas precisam ente com este propósito vim para esta hora” . A adversativa m as não deve causar surpresa. Ela ocorre freqüentem ente onde não se espera de im ediato encontrá-la. Sua ocor rência é de todo natural na conversação abreviada.-^’“ Ver pp. 272, 273. A idéia toda da oração pode talvez ser parafraseada com o segue (e isso tam bém m ostra por que a conjunção mas é usada): “Pai, livra-m e desta hora, se isso for possível e de acordo com tua santa vontade, mas não me livres desta hora se isso significar que eu vou perder a colheita espiritual (12.24), pois obter esta colheita por meio de m orte voluntária é exatam ente o propósito de m inha vinda ao mundo. Portanto, ó Pai, faze com que, m ediante m inha obediência per feita à tua santa vontade, seja onde for que essa vontade me leve (es pecialm ente em meu sofrim ento e m inha morte), teu nom e seja glori fic a d o . ” 28b, 29, 30. Então veio um a voz do céu: Eu já te glorifiquei e novam ente te glorificarei. Entretanto, a m ultidão que (ali) esta va, ao ouvir a voz, dizia ter havido um trovão. O utros diziam: Foi um anjo que lhe falou. Jesus explicou e disse: Não foi por m im que veio essa voz, m as por sua causa. Jesus tinha pedido ao Pai que glorificasse seu nome, isto é, que o Pai, por meio de sua revelação no Filho, exibisse publicam ente o brilho de seus atributos m ajestosos, a fim de que os hom ens pudessem atri buir-lhe a honra devida ao seu nome. O nome do Pai é sua revelação; aqui, sua revelação em Cristo. Im ediatam ente, veio um a voz dos céus, dizendo, “Eu já te glorifiquei e novam ente te glorificarei.” Por meio de 268. Não importa qual interpretação se adote, está claro que estamos tratando aqui com um estilo abreviado, pois Jesus disse, “para este propósito", sem indicar definidam ente o propósito. O auditório, entretanto, teria sido capaz de completar o pensamento, cm vista do que Jesus dissera anteriormente, isto é, no versículo 24.
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um a voz que vem diretam ente dos céus (no batism o, M c 1.11; na trans figuração, M c 9.7) e pelos m ilagres poderosos que Jesus realizou, o Pai já havia glorificado a si m esm o no Filho. Aqui ele prom ete que, por meio deles e por interm édio de m ais hum ilhações e subseqüente exaltação do Filho, ele fará isso novamente. Assim com o, no caso da experiência de Paulo na estrada para Damasco, aqueles que estavam com ele, em bora ouvindo o som, não conseguiram distinguir as palavras (At 9.7; 22.9), tam bém aqui am ultidíío ouve um barulho que vem de cima, mas não consegue entender a m ensagem , Do mesmo modo, a m aioria das pessoas que estavam por ali dizia que tinha sido um trovão. Talvez elas soubessem do que se tratava, mas, com o os céticos de hoje, estavam tentando dar um a expli cação natural a um acontecim ento sobrenatural! Outras, entretanto, estavam dispostas a adm itir que o que ocorrera foi de natureza extraor dinária. Estas disseram , “Foi um anjo que lhe falou.” Jesus respondeu e disse, “Não foi por m im que veio esta voz, mas por causa de vocês” . Essa frase tem causado considerável dificuldade. Um a pergunta que tem sido feita é; “Não parece que a natureza da m ensagem vinda dos céus - que apesar de tudo era um a resposta dire ta à oração de Cristo - indica que ela foi dita p o r causa dele, para encorajá-lo tendo em vista seu im inente sofrim ento?” Parece razoável que aqui, com o em outras passagens em que ocorrem expressões se m elhantes (ver sobre 4.21; 12.44), o significado é; “Essa voz não veio exclusivam ente por m inha causa, mas também por causa de vocês.” O utra pergunta que se apresenta, mas que é facilm ente respondida é esta: “Se a m ultidão não era capaz sequer de entender as palavras, com o se pode dizer que a voz ocorrera p o r causa d ela l A resposta é: 0 som que vinha de cima (em bora não fosse entendido) e que veio imediatamente depois da oração, era um a clara indicação de que o Pai ouvira o pedido do Filho (isto é, o pedido de o que Pai glorificasse o Filho). Se alguém ainda recusasse adm itir isso, a culpa seria sua. Jesus continua: 31-33. Chegou o m om ento do ju ízo sobre este m undo. A go ra o príncipe deste m undo será expulso. E eu, quando for levan tado da terra, atrairei todos os hom ens a m im . Isso ele dizia com o fim de falar do tipo de m orte estava para sofrer.
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Ao dizer agora, Jesus quis falar de sua descida ao inferno, com o se ela já estivesse acontecendo. Quando Jesus m orreu na cruz, foi com o se o m undo fosse o vitorioso e Cristo o vencido. Foi como se o mundo fo sse 0 vencedor! Tomamos o term o m undo aqui com o representando o povo judeu que o rejeitou, seus líderes que o condenaram . Judas que o traiu, os soldados que zom baram dele, Pilatos que o sentenciou - em suma, toda essa sociedade de seres hum anos perversos, alienados de Deus e que tinham o diabo com o seu príncipe (ver p. 112, nota 26, significado (6)). E la julgou a Cristo e o lançou fora. O mundo mal se deu conta de que, exatam ente p o r meio dessa ação, ele condenou a si mesmo. Com o o contexto indica, o term o julgam ento é aqui a decisão divina com referência ao mundo. Essa decisão resulta em con denação. Para o significado de-juízo, ver sobre 3.17, 19. “Agora 0 príncipe deste m undo será expulso.” Esse príncipe (ou governador) é claram ente Satanás. Em outra passagem , o autor do Quarto Evangelho e do livro do A pocalipse o descreve sim bolicam ente com o sendo o “dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chi fres e nas cabeças sete diadem as” (Ap 12.3). Cf. tam bém Lucas 4.6; 2 Coríntios 4.4; Efésios 2.2; 6.12. Essa expulsão do príncipe deste mundo deve ser explicada à luz da sentença imediatamente seguinte: “E eu, quando for levantado da teira, atrairei todos os homens a mim m esm o”. O fato de atrair todos os homens a Cristo significa a expulsão do diabo. Ele perde seu poder sobre as nações. Um momento antes, os gregos tinham pedido para ver Jesus. Esse é precisam ente o contexto. Esses gregos representavam as nações - eleitos de todas as nações - que viriam a aceitar a Cristo pela fé viva, mediante a soberana graça de Deus. Então, por meio da morte de Cristo, o poder de Satanás sobre as nações do mundo é quebrado. Durante a antiga dispensação, essas nações estive ram sob a escravidão de Satanás (embora, naturalmente, nunca no senti do absoluto do termo). Com a vinda de Cristo, ocorre um a m udança tremenda. No Pentecostes e depois dele, com eçam os a ver a reunião da Igreja entre todas as nações do m undo (cf. Ap 20.3).^*’'^ Isso é o que Jesus vê com m uita clareza quando esses gregos se aproximam dele. Jesus prom ete atrair todos os hom ens a si. Este todos os homens, 269. Ver More Than Conquerors, de m inha autoria, Grand Rapids, Mich., 6“ ed., 1952, pp, 223-229.
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no contexto em questão, que coloca os gregos perto dos judeus, deve significar hom ens de todas as nações. Essa idéia é encontrada no Quarto Evangelho repetidas vezes; a salvação não depende do sangue ou da etnia (1.13; cf. 8.31-59); Jesus é o Salvador não apenas dos judeus, mas tam bém dos sam aritanos; portanto ele é o Salvador do mundo (4.42); ele tem outras ovelhas que não são deste aprisco (judeu), estas outras são do m undo gentílico (10.16); ele irá m orrer não apenas pela nação judaica, mas para que ele possa tam bém reunir os filhos de Deus t)iic estão espalhados pelos outros países (11.51); em suma, ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (1.29). Jesus atrairá todos os homens a si q u a n d o /b r levantado da terra. liste /b r levantado foi explicado em conexão com 3.14; ver pp. 189, 190. P or meio de sua crucificação, ressurreição, ascensão e coroação, Jesus atraiu a si m esm o (isto é, à fé eterna nele m esm o) todos os eleitos dc Deus de todos os tem pos, regiões e nações. Ele os atraiu por meio dc sua Palavra e de seu Espírito. Essa atividade do Espírito é a recom pensa por haver o Filho sido levantado. A partir dessa obra de atrair pt'cadores a Cristo, a operação do Espírito Santo no coração em rege neração não deve ser excluída. Ela precede até m esm o nossa fé dada por Deus. Ver mais sobre essa atividade de atrair e sobre o significado do term o usado no original nas pp. 311, 312, a explicação de 6.43, 44. “Isso ele dizia com o fim de indicar o tipo de m orte que estava para m orrer”, isto é, isso ele dizia com o fim de indicar que ele m orreria ao ser levantado na c i t i z com o um meio de glória para si e para os eleitos dc todas as nações. 34. Então as m ultidões lhe responderam : O uvim os da lei que o Cristo perm anece para sem pre; com o, pois, estás dizendo ser necessário que o Filho do hom em seja levantado? Q uem é esse iniho do homem ? As m ultidões de judeus, que até certo ponto conheciam a lei, fica ram surpresas ouvindo Jesus falar da necessidade de “ser levantado” . Da lei - provavelm ente aqui tom ada no sentido mais abrangente, isto é, 0 que hoje cham am os Antigo Testam ento - eles tinham ouvido que o Cristo perm aneceria para sempre. As passagens que tinham em m ente provavelm ente as seguintes; Salm o 110.4; Isaías 9.7; Ezequiel f/.25; Daniel 7.14. Eles interpretam essas passagens literalmente, como
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se elas ensinassem que o M essias perm aneceria na terra para sem pre com o rei dos judeus. Eles agora perguntam : “Como, pois, dizes ser necessário que o F i lho do hom em seja levantado? Quem é esse Filho do H om em ?” Que tipo de Filho do hom em é ele que, em vez de perm anecer conosco para sem pre, vai ser tirado de nós? Quem é essa pessoa, o Filho do hom em ( t í ç ka iiv ouT o ç ó u lò ç lo O ài^GpcótTou)? A lgum as vezes se faz a observação de que o evangelista teria co m etido um erro ao relatar essa conversa entre Jesus e os judeus. Essa conclusão decorre do fato de que, no contexto im ediato, Jesus nunca nem ao m enos m encionou o term o Filho do homem. Ele é descrito com o tendo dito: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os hom ens a mim m esm o.” Eles responderam : “Com o dizes ser necessá rio que 0 Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?" A firm a-se que a pergunta form ulada pelos judeus não pode derivar-se das palavras de Jesus. M as os críticos estão errados. A m ul tidão m encionada no versículo 34 já está presente no versículo 29, e deve ter estado tam bém no versículo 20. Portanto, apenas alguns pou cos m inutos antes essa m ultidão tinha ouvido Jesus falar sobre o Filho do homem. O próprio term o ocorre no versículo 23. As pessoas pronta m ente entenderam que, na m ente de Jesus, o Filho do hom em (do v. 23) e Eu (do v. 32) eram a m esm a pessoa. Isso justifica a form a com o sua pergunta é feita. Portanto, quando eles perguntam , “Quem é esse Filho do hom em ?”, não querem dizer: “Por favor, m ostra-nos quem é ele” , m as sim: “Que tipo de pessoa é esse afinal, este Filho do hom em que, por mais estranho que pareça, deve ser levantado?” Está tam bém claro por sua pergunta que eles identificam o real Filho do homem (com o eles o concebem ) com o M essias. Eles estão conscientes do fato de que Jesus se considera o Filho do homem, isto é, o Cristo, mas estão surpresos com a afirm ação que ele acabou de fazer com referên cia a esse Filho do Homem, ou Cristo, um a afirm ação que, segundo eles, está em agudo conflito com o ensino contido na lei. “Quem é esse Filho do hom em ?” Este é o ponto apropriado para um a breve discussão a respeito deste term o.” “ 270. A bibliografia sobre este tema é muito extensa. M encionamos apenas uns poucos títulos:
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Estatisticamente, o termo ocorre pelo menos oitenta vezes nos Evan gelhos. No Quarto Evangelho é encontrado treze vezes (ou onze vezes se sua ocorrência controversa em 5.27 e em 9.35 forem excluídas).-^' Os casos de seu uso em João são os seguintes: (1) 1.51. “vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do hom em .” Aalders. G. C \\.,K orte Verklaring, Daniel. Kampen, 1928, pp. 133-135 Bavinck, H., Gerefonneerde Dogniatiek, Kampen, 1918, terceira edição, Vol. IIT, pp. 259264. Hcrkhof, L., Sy.slematic Theology, Grand Rapids, Mich., 1949, 4“ ed., pp. 313, 314. Bouman. J., “Son of m an” . Ext 59 (1948), pp. 283 ss. Campbell, J. Y., “Son o f m an”, A Theological Word Book o f the Bible (org. por A. Richar dson), Nova York. 1952, pp. 230-231. Greijdanus, S., Het Evangelie naar de Be.schrijving van Lukas. Amsterdã, 1940, Vol. I., p. 253 (e a bibliografia indicada nessa página). Stalker, J., “Son of m an”, l.S.B.E. Slovens, G. B. The Theology o f the New Testament, Nova York, 1925, pp. 41-53. Vos, G , The Self-Disclosure o f Jesus, Nova York, 1926, pp. 42-55; 228-256. Yiiiing, E. J., The Prophecy o f Daniel. Grand Rapids, Mich., 1949, pp. 154-156. 271. Eu contei 83 casos do seu uso nos Evangelhos, ou 81 sem João 5.27 e9.35. Esse dado inclui 13 (ou 11, se 5.27 e 9.35 forem omitidos) em João. Baseio esses dados em W. F. Moulton e A. S. Geden, A Concordance to the Creek Testament, Edimburgo, 3“ ed., 1950, (reedição). J. Y. Campbell (ver nota de rodapé acima para referência) chegou ao mesmo resultado (ele menciona o número 81). Entretanto, R. C. H. Lenski em sua Interpretation of St. J o h n ’s Gospel, Columbus, Ohio, 1931, p. 172, afirma que a designação Filho do homem é encontrada nove vezes no Evangelho de João e mais de 55 vezes em todos os iivangelhos. Em parte, seu dado menor pode ser devido ao fato que ele não inclui João 9.35 num João 5.27 (artigos definidos omitidos). Mas de acordo com nossa contagem isso ainda ilcixa 81 casos nos Quatro Evangelhos, incluindo onze em João. Obtemos os seguintes iliidos: Mateus: 3 1 Marcos: 14 Lucas: 25 João: 13 Quatro Evangelhos: 83 Atos: I Apocalipse: 2
(At 7.56) (estas passagens “o filho de hom em ” devem, com certeza, ser incluídas: Ap 1.13; 14.14).
Total no Novo Testamento 86
(ou 84, quando os dois casos controversos em João são excluídos).
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(2) 3.13. “E ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, o Filho do hom em .” (3) 3.14. “E assim com o M oisés levantou a serpente no deserto, assim deve o Filho do hom em ser levantado.” (4) 5.27 (controverso). “Assim com o o Pai tem vida em si mesm o, assim tam bém ele assegurou ao Filho ter também vida em si m esm o, e lhe deu autoridade para agir com o juiz, porque ele é ulóç àvBpcûïïou.” Ver pp. 268,269. (5) 6.27. “Não trabalhem m ais pela com ida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do hom em lhes dará, porque nele Deus, o Pai, pôs seu selo.” (6) 6.53. “Então Jesus lhes disse: Mui solenem ente eu lhes assegu ro, a m enos que com am a carne do Filho do hom em , e bebam seu sangue, vocês não têm vida em si m esm os.” (7) 6.62. “Vocês verão o Filho do homem subir para o lugar onde ele estava antes (o que, pois, vocês dirão?).” (8) 8.28. “Então Jesus disse. Depois que vocês tiverem levantado o Filho do hom em , então saberão que eu sou ele, e que nada faço por m im m esm o; mas falo com o o Pai m e ensinou.” (9) 9.35 (controverso). “Jesus soube que o haviam expulsado, e quando o encontrou perguntou: Você crê no Filho do hom em ?” (10) 12.23. “É chegada a hora em que o Filho do hom em deve ser glorificado.” (11) e (12) 12.34 (duas ocorrências). “Então as m ultidões lhe res ponderam: Ouvimos da lei que o Cristo permanece para sempre, e como, pois, estás dizendo ser necessário que o Filho do hom em seja levanta do? Quem é esse Filho do hom em ?” (13) 13.31. “A gora o Filho do hom em foi glorificado, e Deus foi glorificado nele.” Nos Evangelhos, com a única exceção de 12.34, o term o o Filho do hom em nunca é usado por alguém a não ser pelo próprio Jesus. É um a autodesignação. Que ele usava esse título com referência a si m esm o fica claro em 6.53, 54; 8.28; 9.35 (m elhor versão) 37; cf. tam bém 12.34 à luz do que precede. Que o povo entendia isso com o um a
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ivlcrência ao Cristo, já foi indicado (a passagem presente, 12.34). A derivação do term o de Daniel 7.13,14 é dificilm ente questionável. Um a com paração entre essa passagem e M ateus 26.64 dificilm ente deixa espaço a dúvida honesta sobre o resultado. Não é verdade que o “um com o o Filho do H om em ” em Daniel representa o povo hebreu, e que a transferência do título de um corpo coletivo para um a pessoa foi m edi ada pela bibliografia pós-canônica (ex., o livro de Enoque). Um como 1’llh o do hom em aparece nas nuvens dos céus, m as os santos são encontrados na terra. (Ver argum entos detalhados em G. C. Aalders e cm Young; para os títulos, ver a nota 118.) Também no livro do A poca lipse que em prega a m esm a expressão (“um como Filho do hom em ”), a referência é m uito distintam ente a uma pessoa, isto é, o Cristo exal tado. Em geral se põe tanta ênfase no fato de lerm os “um com o” , com o se isso significasse que a pessoa designada não fosse realm ente o Filho do hom em em pessoa, mas sim um a vaga figura representativa, sim bólica. M as essa inferência é incorreta. A figura, com o aparece na visão, s<> assemelha ao hom em pela simples razão de que ela o designa e descreve. A descrição em Daniel se torna o título no N ovo Testam en to, mas a m esm a pessoa é indicada em ambos. Jesus provavelm ente usou essa autodesignação a fim de indicar sua natureza celestial e transcendente. Ele é A quele que vem de cim a. Aquele a quem o julgam ento final foi entregue, que virá nas nuvens em glória. Ele não é, portanto, de form a algum a o M essias político, terreno c nacionalista que os judeus esperavam . Ele não é apenas o rei de Israel, mas o Rei dos reis. Ele perm anece em conexão com toda a raça humana, sendo o Filho do homem. Contudo, ele é único entre os ho mens. Ele não é um filho de homem, m as o Filho do homem. Como homem ele sofre e trilha o cam inho da hum ilhação. Ele é o hom em de dores. M as esse m esm o cam inho leva à coroa, à glória. Além do mais, cssii glória será revelada não só escatologicam ente, quando ele vier niis nuvens, mas tam bém retroativam ente, por assim dizer, ao longo de Ioda sua vida na terra e por meio de cada ato redentor. Ele é sempre o ('.lorioso Filho do Homem! lí.spcciricamente, as passagens citadas acim a m ostram , no Evan('i Hitt tk‘ Joiio, 0 Filho do hom em com o sendo A quele que desceu dos ( (iri ( ( I l). liila a língua de seu Pai celeste (8.28), é o elo entre céu e
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terra (1.51), cum pre um a m issão inspirada (sofrim ento e m orte por seu povo, 3.14), tem autoridade celestial p araatu arco m o ju iz tanto no pre sente com o no futuro (5.27), ele é o próprio pão do céu, que o hom em deve com er (6.27, 53), da m esm a form a é o objeto de fé (9.35) e que m ostra a glória do céu tanto em seu sofrim ento e m orte quanto um a recom pensa por esse sofrim ento e morte (3.13; 12.23; 34; 13.31). 35, 36a. E ntão Jesus lhes disse: A inda por um pouco a luz está com vocês. Andem enquanto têm a luz, para que as trevas não os surpreendam . Q uem anda nas trevas não sabe para onde está indo. Enquanto têm a luz, creiam na luz, para que se tornem filhos da luz. Q uando as pessoas, por meio de suas observações insensatas “Quem é esse Filho do hom em ? (que vai ser levantado apesar do fato de que a lei diz que ele, o Cristo, vai perm anecer para sem pre?)” - , claram ente indicando que não tinham recebido suas palavras no espíri to próprio de reverência, Jesus as lembra, conform e registrado nos ver sículos 35 e 36, da grande responsabilidade que repousa sobre elas. Então, em bora a passagem que ora estam os estudando possa não ser um a resposta direta à pergunta que elas fizeram (tam pouco é cham ada de resposta), é na verdade um a resposta no espírito em que haviam perguntado. Jesus disse: “A inda por um pouco a luz está com vocês.” Ver sobre 7.33 (cf. 8.21). Era então questão de horas, no m áxim o de poucos dias (provavelm ente a tarde de terça-feira ou a noite de quintafeira). Para Cristo com o luz, ver sobre 1.4, 5, 9; 3.19, 20, 21; 8.12; 9.5; 11.9, 10. Jesus continua, “Andem enquanto vocês têm a luz, para que as trevas não os surpreendam ” . Estas palavras lançam luz sobre o significado de 1.9. Ver nossas observações sobre essa passagem . Os judeus de fato têm a luz! Sem dúvida, o hom em natural, em bora o evangelho lhe seja prega do, não tem um entendim ento espiritual interior, experim ental, dos m is térios de Deus e da redenção. Esse conhecimento é totalm ente reser vado aos filh o s de D eus (IC o 2.14). M esm o assim, qualquer hom em a quem o evangelho é proclam ado recebe um a certa quantidade de ilum inação, isto é, no sentido em que ele fica sabendo da vontade de Deus para sua vida (Lc 12.47). M uito lhe é dado (Lc 12.48; cf. Rm 3.2). Ele pode até m esm o profetizar em nom e de Jesus (M t 7.22). Ele
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fonhece o cam inho da justiça, e nesse sentido tem conhecim ento do Senhor e Salvador Jesus Cristo (2Pe 2.20, 21). Pense em Balaão, no rei Saul, Judas, Demas entre outros. M as, apesar de tudo isso, há sempre muitas pessoas que ouvem o evangelho, porém não andam na luz, isto é, elas não m ostram , m ediante sua conduta, que aceitaram e se apropriiiram da verdade com o proclam ada por Cristo, a luz. Aqueles que não andam enquanto têm luz são surpreendidos (o verbo é explicado com detalhe em conexão com 1.5) pelo m onstro, as trevas. “Quem anda nas trevas não sabe para onde está indo.” Talvez esteja vivendo no m eio de ímpios. Esteja totalm ente confuso. Ou então pode estar vivendo num a cidade que é conhecida por suas m uitas igre jas. Im aginando ser um hom em de cultura superior, está sem pre falan do de Platão e A ristóteles, e olha com desprezo e piedade para aqueles que tentam , com a ajuda de Deus, estudar as Escrituras com esmero. O veredicto divino é que, apesar de todo esse conhecim ento de filosofia (cjue não é mau em si m esm o) essa pessoa não sabe para onde está indo. Ela está com pletam ente no escuro, não tendo nenhum guia, ne nhuma estrela, nem bússola. O texto tem muitas aplicações contem políineas. Cf. 1 João 2.11. A adm oestação de encerram ento é muito com ovente e bela: “Enc]uanto vocês têm a luz (Cristo no meio de vocês, com o a fonte da verdade e da salvação), creiam - exercitem a fé, pela graça soberana de Deus; ver sobre 1.8; 3.16; 8.30, 31a - na luz, para que possam (ornar-se fd h o s da luz, isto é, luzes (um sem itism o; cf. M t 5.14), tendo a luz de Cristo não apenas ao redor de vocês, m as dentro do coração e ilii mente (cf. E f 5.8; ITs 5.5).
Síntese de 12.20'36a Ver 0 Esboço na p. 490. O Filho do Homem é Procurado pelos ( I re g o s. Nesta história, seis partes ou m ovim entos são identificáveis: I. O Pedido dos Gregos 1 >t'nlre os prosélitos do portão, que estavam acostum ados a assistir ii I ( (In IViseoa, havia alguns gregos. Não tendo encontrado satisfaViit |tniii n iilrna cm lugar algum, eles se aproxim am de Filipe com o
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pedido, “Senhor, querem os ver Jesus” . Filipe, provavelm ente preocu pado com o modo com o Jesus reagiria e com o o público reagiria se a audiência solicitada fosse concedida, consulta seu com patriota André, e juntos inform am a Jesus. Parece provável que o acontecim ento rela tado neste parágrafo tenha ocorrido na terça-feira da Sem ana da Pai xão. Ver sobre 12.36b. II. A R eação de Jesus. A. O Princípio que ele apresenta: 1. A fim de haver fruto espiritual, sua própria m orte é absolutam en te necessária. Isso é esclarecido por meio de um a ilustração do reino da natureza (o grão de trigo deve m orrer antes que ele dê frutos). 2. A queles que participam dos benefícios de sua m orte devem estar dispostos, se necessário for, a m orrer por sua causa. B. A oração que ele oferece: “Agora, m inha alm a está angustiada, e que devo dizer? Pai, livrame desta hora? M as precisam ente com este propósito vim para esta hora. Pai, glorifica teu nom e.” III. A Resposta do Pai à Oração de Cristo. “Eu já te glorifiquei e novam ente te glorificarei.” IV. Como Esta Resposta Foi Interpretada. 1. Pela m aioria das pessoas que ali estavam: “Elas estavam dizen do que tinha havido um trovão.” 2. Por alguns: “Eles estavam dizendo: Foi um anjo que lhe falou.” 3. Por Jesus: Essa resposta definitivamente sela o destino do mundo. O mundo, ao condenar-me, condena a si próprio. Seu príncipe (Sata nás) será expulso, deverá perder seu controle sobre as nações. A vinda dos gregos é a prom essa de um a colheita rica entre os gentios: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a m im m esm o” . V. Como a M ultidão Reagiu à Interpretação D ada P or Cristo. Eles não estavam dispostos a aceitar sua interpretação. C onsidera vam -na em conflito com os ensinam entos da lei: “Ouvim os da lei que o Cristo perm anece para sempre; com o, pois, dizes ser necessário que o Filho do hom em seja levantado? Q uem é esse Filho do hom em ?”
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VI. A A d vertência que Jesus, em Conseqüência, Pronunciou. “Enquanto vocês têm a luz, creiam na luz, para que possam tornarse filhos da luz.” 36b Jesus disse essas coisas e, retirando-se, escondeu-se deles. 37 Mas ainda que fizesse tantos sinais em sua presença, eles não conseguiam crer nele, 38 para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E o braço do Senhor, a quem foi revelado? 39 Por isso não podiam crer, porque Isaías disse ainda: 40 Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, nem entendam com o coração, e se convertam, e sejam por mim curados. 41 Isso disse Isaías porque viu sua glória e falou a seu respeito. 42 Contu do, muitos dentre as próprias autoridades creram nele, mas, por causa dos lariseus, não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga; 43 porque limavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus.
12.36b-43 36b. J esu s d isse essas coisas e, re tira n d o -se, esco n d eu -se (Id e s. “Essas coisas” abrange todo o m inistério público de Jesus entre os judeus. Tendo concluído seu trabalho entre eles, partiu. A partir dos Sinóticos, entendem os que a terça-feira da Sem ana da Paixão foi um clia muito cheio para ele: estava ensinando no pátio do tem plo. N a tarde clcsse dia, entretanto, retirou-se. Está agora com seus discípulos no M onte das Oliveiras (a cam inho de Betânia), ensinando-os sobre a fu tura destruição de Jerusalém e o fim do mundo. Daí parece ser prová vel que sua saída final da m ultidão de judeus, sua retirada da nação de Israel, aconteceu quando ele deixou o tem plo na terça-feira à tarde.” ^ línfatizam os que essa foi a partida fin a l. Ele partiu e se escondeu (ticptipri indicativo aoristo passivo de KptJtTTO); literalm ente, estava esfoncliclo, mas o verbo tem um sentido reflexivo aqui) deles. O versículo \! laiTibóm m ostra claram ente que esse foi de fato o fim , isto é, o fim
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rá à crucifixão. D urante seu julgam ento, entretanto, ele nunca dirige a palavra ao público. Com o versículo 12.36b ele encerra seu m inisté rio público por com pleto. O que tem os expresso nos versículos 44-50 não foi dito depois, m as é um sum ário de todos os seus ensinam entos públicos. 37. E, em bora ele tivesse feito tantos sinais na presença deles, eles não estavam crendo nele. Em geral (12.11 é um a exceção!) a reação do povo ao m inistério de Cristo foi de descrédito. Essa reação foi, entretanto, indesculpável, pois Jesus tinha realizado continuam ente m uitos sinais. Ver sobre 2.11 para ver o significado do termo; para referências a esses sinais, ver sobre 2.11; 2.23; 3.2; 4.48; 4.54; 6.2; 6.14; 6.26; 7.31; 9.16; 10.41; 11.47; e 12.18. Essas referências tam bém m ostram que houve ainda m uito m ais sinais que não foram relatados no Quarto Evangelho. Cf. 21.25. Depois de 12.37, o term o sinal não aparece m ais até chegarm os ao sum ário dado em 20.30. O tem po im perfeito, “eles não estavam crendo” (para o verbo, ver sobre 1.8; 3.16; 8.30, 31a; 12.11), indica que havia m á vontade constan te e progressiva em aceitar Jesus com um a fé viva e genuína. Os sinais, que tão claram ente testificaram do caráter exaltado daquele que os realizara, e que tinha sido um auxílio para o desenvolvim ento da fé genuína, não eram considerados em seu significado verdadeiro. E m bo ra houvesse exceções aqui e ali, e em bora todas essas exceções tom a das em conjunto constituíssem um grupo grande ( 12.11 ), no geral Israel ficou cada vez mais endurecido espiritualm ente, insensível às obras e palavras de Cristo. Em bora m uitos estivessem convencidos que ele era de fato o M essias, m esm o tal conhecim ento não gerava fé genuína. 38. ... para cum prir-se a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu em nossa pregação? E o braço do Senhor, a quem foi revelado? Tentativas de enfraquecer o sentido de 'iva (tanto pela referência ao original presum ivelm ente escrito em araraaico, quanto ao uso não final de'iv a em outros lugares) não podem ser consideradas bem -suce didas. Ver Vol. I, Introdução. A fim de que a ordem divina moral, como decretada na eternidade e com o descrita pelos profetas, pudesse ser
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cum prida, as m ultidões judaicas, p o r m eio de suas próprias falhas, IVacassaram em aceitar a Cristo pela fé genuína. Essa ordem divina exige que aqueles que, de vontade própria se endurecem , serão endu recidos. Q uando faraó endurece seu coração. Deus executa seu plano (Rm 9.17) com respeito a ele, e endurece seu coração ainda mais. Esse processo inteiro foi claram ente previsto por Jeová. Ele não apenas o anteviu, mas tam bém de fato planejou endurecer o coração de faraó (Êx 7.3); endurecê-lo em resposta, naturalm ente, ao próprio endureci mento do últim o (cf. Êx 8.32 e 9 .1 2 ).0 preço do pecado é sem pre alto. Contudo, a responsabilidade e a culpa são inteiram ente do pecador. E assim com o foi com faraó, tam bém era com Israel. Essa sentença de propósito é, apesar de tudo, muito confortante. Hla m ostra que a rejeição de Israel a Cristo não representou a frustra ção do plano de Deus. N a verdade - m as novam ente de um a m aneira lal que a culpa é inteiram ente de Israel! - o endurecim ento de Israel serviu com o meio para que o plano fosse executado. Ele levou Jesus à cruz e tam bém à sua coroa; ã sua hum ilhação, m as tam bém à sua exaltação. Som ente aqueles (como Isaías) que pela graça de Deus fonirn privilegiados de ver o fim desde o com eço, a glória de Cristo na ignomínia, pode aceitar isso sem protesto. A sentença, “ ... para cum prir-se a palavra do profeta Is a ía s ”, indica que o ponto de vista tradicional da autoria de Isaías 53 é correta, pois está claro aqui que (Jo 12.38, 39, 41) o autor não está falando sobre o livro de Isaías, mas sobre o próprio profeta que viu a glória (Io Senhor e escreveu sobre ela em seu rolo. A citação é de Isaías 53.1, conform e a versão LXX. O rei de todos os profetas, profeticam ente retrata Cristo e seus em baixadores fiéis coino exclam ando, “Senhor, quem creu em nossa pregação (literalm enle, que fo i ouvida de nossos lábios)! E a quem foi revelado o braço ilo Senhor?” - o poder do Deus Todo-Poderoso (cf. Is 40.10; 52.10; () Í.S) que se tornou m anifesto nos sinais que Jesus reahzou - a quem liti revelado, isto é, que entendeu e aceitou seu significado? E ssaprofet III estilva se cum prindo precisam ente agora, pois quase todo m undo li.ii ;i'i'iou em aceitar a Cristo com fé genuína. V) (U. IN>r isso não podiam crer, porque Isaías disse ainda: ( ’egou -lh es os olhos e en d ureceu-lh es o coração,
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para que não vejam com os olhos, nem entendam com 0 coração, e se convertam , e sejam por mim curados. Isso disse Isaías porque viu sua glória e falou a seu re sp e ito . A presente citação (na realidade, um a “adaptação”) é de Isaías 6.9,10; “Então, disse ele: Vá e diga a este povo: Ouçam , ouçam e não entendam ; vejam , vejam, porém não percebam. Tom e insensível o coração deste povo, endureça-lhe os ouvidos e feche-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo.” Cf. o uso da passagem em M ateus 13.14, 15; M arcos 4.12; Lucas 8.10; Atos 28.26; ver tam bém Rom anos 11.8. Ao adaptar essa passagem às circunstâncias presentes, o evange lista m uda os im perativos de Isaías para o indicativo passado (foi cega do, foi endurecido), porque a profecia alcançara então seu cum prim en to na Era M essiânica. N a sentença, “Cegou-lhes os olhos” , ele om ite qualquer referência aos ouvidos e à audição, talvez porque nessa sen tença ele não está refletindo sobre a pregação de Jesus, mas sobre os sinais que ele realizou. A cegueira dos olhos tem o propósito a que o povo não veja os poderosos feitos de Cristo, apontando para ele com o o Filho de Deus, o Cristo. Assim , da m esm a form a com o nos dias de Isaías, tam bém agora o S enhor tinha endurecido o coração das pessoas, com esse propósito em m ente, a saber, para que não percebam o significado de sua pregação. A razão pela qual o Senhor cegara seus olhos e endurecera seu coração, era para que não se volvessem para ele, e com o resultado fossem curados! Tentar elim inar a iáéia-propósito em tudo isso é totalm ente injusti ficado. Q ualquer tentativa de m udar o claro sentido do texto a fim de colocá-lo em harm onia com a teologia particular de alguém é repre-
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cnsível. Devem os deixar a passagem exatam ente do jeito que ela está, sem m udá-la de m odo algum. Aqui é ressaltada a terrível conseqüência de nos endurecerm os contra as solenes adm oestações e advertências que nos chegam . Namente, com o deixado claro na discussão do versículo 38, a fa lh a não reside de modo algum em D eusl Ele é o Deus de amor. Ele não é um monstro cruel que deliberadam ente e com prazer interior prepara o povo para a perdição eterna. Ao contrário, ele adverte sem cessar, proclam a o evangelho e afirm a - com o Jesus fez repetidas vezes du rante seu m inistério terreno - o que acontecerá se as pessoas crerem e tam bém se elas não crerem. Ele ainda insiste a que andem na luz. M as quando as pessoas, de seu próprio alvitre, e depois de repetidas am ea ças e prom essas, o rejeitam e ignoram suas m ensagens, então - e não antes - ele as endurece a fim de que aquelas que não estavam dispos tas a arrepender-se não possam arrepende-se. Pessoas vaidosas, que estão sem pre prontas a culpar a Deus de injustiça e crueldade não conseguem ver a justiça de Deus quando ele irata com os filhos dos hom ens. M as porque ( o t l é a m elhor versão iiqui) Isaías em sua visão gloriosa registrou no m esm o capítulo de onde a citação é extraída (capítulo 6, vs. 1-5 a visão; vs. 9 e 10 as palavras citadas), viu a glória, a m ajestade transcendente (não restrita à qualida de moral da santidade, mas certam ente incluindo-a) do Senhor Jesus (em quem a glória de law e é refletida) e estava consciente do fato de que ele estava falando dele, não criticou ou protestou, mas registrou Ciclmente o que vira e ouvira. Sim, Isaías não apenas tinha visto o Servo sofredor de Jeová (Is 53.1-lOa) m as tam bém sua glória (Is 6.1-5; 9.6, 7; 52.13-15; 53.10b-12). Sobre Cristo com o o coração e o centro da profecia do Antigo Testam ento, ver pp. 104, 276-280). 42, 43. Contudo, m uitos dentre as próprias autoridades cre ram nele, porém , por cau sa dos fariseu s, não o con fessavam , para não serem expulsos da sinagoga; porque am avam m ais a )',[ória dos hom ens do que a glória de Deus. 1 Imbora totalm ente relutantes em aceitá-lo com um a fé pessoal, vntlíidcira e viva, m esm o assim, até m esm o as autoridades (pense em liiMiitUfi com o N icodem os, José de A rim atéia; e cf. A t 6.7; “um grande (lc .sacerdotes”) creram nele (é usado o tem po aoristo; ver a
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discussão sobre 8.30, 31). Entretanto, devido ao medo dos fariseus (ver sobre 3.1), que invejavam seu “concorrente” Jesus, e que (em bora aparentem ente m uito religiosos!) eram seus m aiores inim igos, essas autoridades não ousavam confessar que elas criam. D ia após dia (note o tem po imperfeito: não o confessavam) eles calavam suas opiniões. Com o foi, então, que João soube disso? Talvez N icodem os ou José de Arim atéia lhe confessasse posteriorm ente. O medo foi inspirado pelo fato de que haviam decidido que quem confessasse Jesus com o sendo o Cristo fosse banido da sinagoga (ver sobre 9.22). Esses hom ens eram exatam ente com o m uitos dos judeus que vive ram no tem po de Antíoco Epífanes (e com o m uita gente nos dias atu ais), sem pre prontos a pular no trem da alegria e juntar-se à m aioria (cf. Dn 11.32, 34). Com o am am ser bem -conceituados pelos líderes! “Eles am avam a glória dos hom ens - por exemplo, as lisonjas dos m em bros do Sinédrio! - mais do que a glória de D eus” . Para explicação, ver sobre 5.44. Eles relutavam em depositar no coração o ensinam ento de Jesus registrado em 12.25 (ver sobre essa passagem ). 44 E Jesus clamou e disse: Quem crê em mim, crê não em mim, mas naquele que me enviou. 45 E quem me vê, vê aquele que me enviou. 46 Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. 47 Se alguém ouvir minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo;” ^ porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-Io. 48 Quem me rejeita e não recebe minhas palavras tem quem o julgue: a própria palavra que tenho proferido, esta o julgará no líltimo dia. 49 Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai que me enviou me instruiu sobre o que dizer e o que anunciar. 50 E eu sei que sua instrução é a vida eterna. Aliás, as coisas que eu anuncio, tal como o Pai me tem transmitido, assim (as) anuncio.
12.44-50 E m bora o que segue seja um resum o dos ensinam entos dados ante riorm ente ao piíblico (e até certo ponto tam bém em ensino reservado), de m odo que as várias passagens foram interpretadas em outro lugar, vam os referir os lugares em que se pode encontrar um a explicação:
273. II1A2; ver Introdução, pp. 63-65. À luz do contexto seguinte, o verbo Kpívco é provavelm ente indicativo.
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44. E Jesus clam ou e disse: Q uem crê em m im , crê não em m im , m as naquele que m e enviou. Com o ocorre com freqüência em afirm ações dessa natureza (ver sobre 4.21; 12.30), o sentido é; “quem crê em m im não crê exclusivam ente em mim, mas tam bém crê naquele que me enviou” . Ver especialm ente sobre 13.20, m as tam bém sobre 7.16; 8.19, 42. C onhecer Cristo significa conhecer o Pai. A m ar Cristo significa am ar o Pai. R eceber Cristo significa receber o Pai. Cristo e o Pai são um (10.30). 45. E quem m e vê, vê aquele que m e enviou. Q uando a pes soa está olhando fixa e constantem ente para Jesus (Becopwv de Geoapéu; ver p. 120, nota), e observa com o em suas palavras e obras a glória do Pai é refletida, então com o olho da fé a pessoa está olhando para aquele que o enviou. Ver especialm ente sobre 14.9, mas tam bém sobre 8.19; 10.38. 46. Eu vim com o luz para o m undo, a fim de que todo aquele que crê em m im não perm aneça nas trevas. As prom essas de Deus são para os que crêem (cf. 3.16). É certo que o evangelho é proclam a do a um círculo mais amplo, mas a iluminação daqueles que não acei tam a Jesus pela fé é m eram ente externa. As trevas perm anecem em seu coração. N a verdade, elas se tom am ainda m ais escuras. Ver tam bém sobre 1.4,5; 1.9; 8.12; 9.5; e 12.35, 36. 47. Se alguém ouvir m inhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o m undo, e sim para salvá-lo. O principal propósito da prim eira vinda de Cristo não foi tra zer condenação, mas salvação. Ver sobre 3.17 e sobre 8.15, 16. Com respeito a guardar os ensinam entos de Cristo, ver sobre 8.51. Sobre ouvir, mas não guardar cf. M ateus 7.24-26; Tiago 2.14-26. 48. Q uem m e rejeita e não recebe m inhas palavras tem quem
0 julgue: a própria palavra que tenho proferido, esta o ju lgará no últim o dia. Com relação à palavra como ju iz, ver sobre 5.24; 5.4547; 8.31, 37, 51; e 14.23, 24. Cf. M ateus 7.21-27; Lucas 11.28. Para o último dia, ver pp. 265, 266, 308. 49. Porque eu não tenho falado por m im m esm o, m as o Pai ((»c m e en viou esse m e deu in stru ções sob re o que d izer e o <|iic anunciar. Exatam ente o m esm o pensam ento é encontrado em
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7.16. Ver tam bém sobre 3.11; 8 .2 6 ,2 8 ,3 8 ; e 14.10. A fim de en fatizara idéia de que absolutam ente todas as coisas nos ensinam entos do Filho são baseadas na instrução do Pai, a sentença sinônim a “o que anunci ar” é acrescentada ao “o que dizer” . Talvez seja m elhor aqui não distin guir entre o significado desses dois verbos {dizer e anunciar). Para o significado do term o traduzido por instrução (èvxoÀií), ver tam bém so bre 13.34. 50. E sei que sua instrução é a vida eterna. As coisas que eu anuncio, com o o Pai m e transm itiu, assim (as) anuncio. A instru ção dada por Jesus era obter, revelar e proclam ar a vida eterna. Por tanto, essa instnação resulta em vida eterna para seu povo. Ver sobre 3.16, 6.63. Cf. 1 João 2.25. Que seja banida a idéia de que entre o Pai e o Filho existe um a grande separação (Juiz Irado versus Salvador Am oroso). Ao contrário, Jesus proclam a som ente aquilo que o Pai lhe deu a proclam ar, exatam ente com o recebeu.
Síntese de 12.36b'50 Ver 0 Esboço na p. 490. O Filho de D eus é Rejeitado pelos J u deus. I. A R ejeição de Jesus Pelos Judeus ( 12.36b-43). A. E ra indesculpável 1. Os judeus viram m uitos sinais. 2. Eles, de seu próprio alvitre, buscavam sua própria glória e não a de Deus. B. Tinha sido predita. 1. Deus não foi tom ado de surpresa; seu plano não foi derrotado pela descrença dos judeus. 2. Ao contrário, a descrença dos judeus foi o cum prim ento de pro fecias definidas (Is 53.1; 6.9, 10). C. Foi o resultado do endurecim ento divino 1. Deus de fato cega os olhos e endurece o coração de algum as pessoas, para que elas não se voltem e se convertam . 2. Esse endurecim ento, entretanto, é um castigo pelo pecado das próprias pessoas. Deus é amor. Seus convites, advertências e adm oes-
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tações são sem pre sinceros e puros. Entretanto, quando o hom em o rejeita, e à sua palavra, a punição m erecida sobrevêm . Deus endurece o hom em que já tinha endurecido a si próprio. II. A Suprem a Im portância da Genuína e Pessoal F é em Jesus com o o C risto (J 2.44-50). A . É im possível crer em Deus se não se crê em Jesus Cristo e em sua palavra, pela qual a pessoa será julgada no últim o dia. B. A fé genuína em Jesus conduz para fora das trevas. C. A fé genuína em Jesus (sua pessoa, sua palavra) traz vida etem a.
ESBOÇO DO CAPÍTULO 13 Tema: Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, D urante Seu M inistério P essoal Dá e Ilustra Seu N ovo M andam ento P redição da Traição e N egação 13.1-20
Ele ilustra o novo m andam ento, ao lavar os pés de seus discípulos, explicando-lhes que ele lhes dera um exem plo a ser seguido
13.21-30
Ele surpreende os discípulos contando-lhes qual deles o trairia. Judas sai
13.31-38
Ele dá o novo m andam ento e prediz a negação de Pedro
C a p ít u l o 13 JOÂO 13.1-20 1 Ora, Jesus, sabendo antes da Festa da Páscoa que sua hora de^’“ passar deste mundo (e ir) para o Pai havia chegado, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os ao máximo. 2 Durante a ceia,” '' tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse, 3 Jesus, sabendo que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, 4 levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tom ando uma toalha, enrolou-a na cintura.” '’ 5 Depois, derramou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que estava amarrada cm torno de sua cintura.” ’ 6 Então, ele foi a Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, me lavas os pés? 7 Jesus respondeu e lhe disse: O que eu faço não sabe agora, mas vai com preen der depois, 8 Pedro lhe disse: Tu nunca me lavarás os pés, de forma alguma. Jesus lhe respondeu: “Se eu não o lavar, você não tem parte comigo.” * 9 Simão Pedro lhe disse: Senhor, não somente meus pés, mas também minhas mãos e minha cabeça! 10 Jesus lhe disse: Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. E você está limpo, porém nem todos vocês. 11 Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos estão limpos. 12 Assim, depois que acabou de lavar-lhes os pés, ele se vestiu e voltou ao seu lugar, e lhes disse: Vocês sabem o que eu lhes fiz? 13 Vocês me chamam Mestre e Senhor, e (isso) dizem corretamente, porque (isso é o que) eu sou. 14 Sc, pois, eu, seu Senhor e Mestre, lavei seus pés, também devem lavar os pés uns aos outros,^'''^ 15 porque eu lhes dei o exemplo, para que, exatamente como i>u fiz, vocês também o façam. 16 Mui solenemente eu lhes asseguro, que o
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274. Sobre 'iva. ver Introdução, pp. 66, 67, 76. 275. Ou “E na hora da ceia” (literalmente: ao chegar a ceia). ,>,76. Ou “cingiu-se à sua volta” (literalmente). )11. Ou, “com a qual ele estava cingido em volta” (literalmente). 278. 111A2; ver Introdução, pp. 63-65. 279. IA; ver Introdução, pp. 60, 61.
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servo não é maior que seu senhor, nem o enviado^®’ maior que aquele que o enviou. 17 Se vocês sabem essas coisas, serão bem -aventurados se as prati carem .“ ' 18 Não estou falando de todos vocês. Eu conheço aqueles que escolhi, mas (é) para que^“ a Escritura se cumpra; Aquele que come de meu pão levantou contra mim seu calcanhar. 19 Desde já estou lhes dizendo (isso) antes que (tal) aconteça, para que, quando acontecer, vocês possam continuar crendo que eu sou (ele). 20 Mui solenem ente eu lhes asseguro, quem recebe aquele que eu enviar, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.
13.1-18 1. O ra, Jesus, sabendo (já) antes da Festa da Páscoa que sua hora de p assar deste m undo (e ir) para o Pai h avia ch egado, tendo am ado os seus que estavam no m undo, os am ou ao m áxim o. O fato de que ele estava agora por partir deste reino da hum anida de (para o significado de kÓo(íoç ver p. 112, nota 26; aqui em 13.1 o significado 2 parece provável), e que ele estava para ir para casa, isto é, voltar para o Pai (ver tam bém sobre 5.24; 8.23; 14.12, 28; 16.10, 28; e 17.5) não pegou Jesus de surpresa. M esm o em sua natureza hum ana (ver p. 255) ele já sabia disso o tem po todo, m uito antes dessa F esta da Páscoa do ano 30 a.C. Foi no pleno e sereno conhecimento^*^ 280. Ou “um apóstolo” (que quer dizer: aquele que é enviado ou comissionado). 281. Esta é uma sentença condicional com uma prótase dupla. Há uma condição dentro de uma condição. A prótase da condição maior (isto é, da sentença inteira) é: “Se vocês sabem essas coisas”. A apódose que corresponde a esta é: “são bem-aventurados se as praticarem”. A prótase da condição inclusa é: “Se vocês as praticarem”. A apódose correspondente é: “são bem-aventurados”. Portanto, a cláusula comum a ambas as apódoses é “vocês são bem-aventurados”. O verbo dessa cláusula está no presente do indicativo. Devido à prótase dupla (ou, se poderia dizer também, por causa das duas prótases), a sentença pertence aos dois grupos (IA e IIIB l); ver Introdução, pp. 60, 61 e 63, 65. Esse fato é cheio de significado. Dessa forma, conquanto o conhecimento dos discípulos sobre a atitude e a conduta apropriadas uns para com os outros seja presumido como sendo de fato verdadeiro (daí a sentença condicional de primeira classe), a pergunta se esses discípulos estão agindo de acordo com esse conhecimento é mais ou menos deixada no meio, não é concebida nem como realidade nem como em conflito com a realidade, mas, na melhor das hipóteses, como uma expectativa cheia de esperança (daí a sentença condicional de terceira classe). A responsabilidade é deixada inteiramente com os discípulos. Ao recusar-se a ser mais defini do, Jesus deixa espaço para o que ele diz no versículo 18. 282. Sobre 'iva, ver Introdução, pp. 66-68, 76. 283. O versículo I é comentado no versículo 3: o fato de Jesus partir deste mundo e ir para
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desse fato que ele considerava os significativos acontecim entos da Se m ana da Paixão. Sobre o conhecim ento antecipado que Cristo tinha ver tam bém 2.4; 7.6; 12.23; 13.11,18; 18.4; 19.28. Por essa razão, ele que tinha, o tempo todo, am ado seus discípulos {os seus não m eram ente no sentido de 1.11, mas no sentido com pleto e abrangente de 17.6, 9, 11, 20), considerou esse com o sendo o tempo apropriado para a m anifestação desse seu am or ao m áxim o (elç téloç, provavelm ente com o em ITs 2.16). Em tudo o que segue - isto é, no lava-pés, no discurso de despedida, na oração sacerdotal, na crucifixão etc. - , esse am or-m otriz estava operando. Para o significado de a F es ta da Páscoa, ver pp. 290-292; e ver sobre 13.29. Esse, em suma, é o sentido de 13.1, como o interpretam os à luz do seu próprio contexto. Nossa tradução desse versículo indica que tom a mos a frase antes da Festa da Páscoa com o m odificando a forma verbal m ais próxim a, que nesse caso é o particípio sabendo. Isso pare ce ser 0 mais natural. Adm itim os, entretanto, ser gram aticalm ente pos sível construir essa frase com o verbo principal amou-os. Se isso for interpretado com o significando que bem no começo da sem ana da Pás coa Jesus mostrou seu amor mais gloriosamente (ao lavar os pés aos discípulos) a explicação resultante não está longe da nossa. Detalhe: os leitores deste livro que não estão interessados na discussão de problemas cnticos são aconselhados a passar para os versículos 2, 3 e 4.
A Origem de um Problema Entretanto, entre os intérpretes que acreditam que a frase antes da Festa da Páscoa modifica amou-os existem aqueles que injetam um a idéia totalmente diferente no texto. Sua interpretação é a seguinte: seu Pai significava que ele estava retornando àquele que entregara todas as coisas em suas mãos. Por essa razão, falamos do conhecimento tranqüilizador de Cristo. Ele podia ver não apenas a cruz, mas também a coroa. Essa convicção interior lhe dá (em sua natureza humana) o descanso e a estabilidade de mente que lhe tornava possível, apesar do fato de que estava situado no limiar do Getsêmani, Gábata e Gólgota, rebaixar-se em relação aos discípu los num ato de amor e gentileza infinitos. Acreditamos, portanto, que Calvino está plenamen te certo quando diz (comentando a respeito de palavras semelhantes no versículo 3): Hoc ideo additum fuisse interpretor, ut sciamus unde Christo tam composita animi quies, ncmpe quod iam mortis victor animum ad triumphum, qui mox sequuturus erat, extulit (loannis Calvini [João Calvino] in Evangelium loannis Commentarii, Berolini, 1553, vol. 111, p. 254).
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“Ora, vinte e quatro horas antes da Ceia da Páscoa, Jesus, ten do desde o com eço am ado os seus que estavam no mundo, m ostroulhes seu am or da m aneira m ais gloriosa, ceando com eles, tendo, duran te essa ceia, lavado-lhes os pés,” A gindo a partir dessa prem issa, argum enta-se ainda que, do ponto de vista de João, a ceia do capítulo 13 não pode ter sido a Páscoa, Outros, entretanto, são de opinião que João quer que ela seja vista com o um a C eia Pascal que Jesus e seus discípulos fizeram com um dia de antecedência ao dia norm al. Em qualquer um dos casos, com o esses intérpretes o vêem, era intenção de João retratar o Senhor com o o verdadeiro Cordeiro Pascal, que m orreu quando os cordeiros pascais eram sacrificados no pátio do templo. Ele m orre enquanto os judeus não tinham ainda com ido seu cordeiro pascal. Ou, com o outros o vêem (cf. Soluções Propostas (4)), ele m orre enquanto muitos judeus - por exemplo, os saduceus - ainda não tinham comido sua Ceia Pascal (como será explicado). Apoio adicional a esta idéia, ou seja, que a refeição de João 13.2 í/e acordo com o ponto de vista do autor do Quarto Evangelho, pre cede por um dia a (ou um a) C eia Pascal, é encontrado por alguns intér pretes em 13.29: “ ... com pre o que precisam os para a festa”, cuja sen tença é então interpretada com o “... com pre o que precisam os para a C eia P ascal.” A rgum enta-se que esta passagem claram ente m ostra que, por ocasião da refeição m encionada em 13.2, os alim entos neces sários para a C eia Pascal não tinham nem ao m enos sido com prados ainda. Aqui novam ente alguns m odificariam a últim a sentença para, “Por ocasião da refeição m encionada em 13,2, os alim entos necessári os para a C eia Pascal como observada p o r muitos, não tinham nem m esm o sido com prados,” U m a passagem adicional considerada com o sendo um forte baluar te em apoio dessa teoria é 18.28, que mostra, segundo esses intérpre tes, que segundo o ponto de vista de João, na m anhã exata da ciTicificação, o cordeiro pascal não havia ainda sido com ido por ninguém . Com referência aos hom ens que levaram Jesus de C aifás ao pretório, lemos: “Eles não entraram no pretório para não se contam inarem , mas poderem com er a Páscoa". E aqui um a vez mais alguns intérpretes (cf. Soluções Propostas (4)) diriam que 18.28 m ostra que, do ponto de
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vista de João, m uitos judeus, na própria m anhã da crucifixão, não tinham com ido ainda o cordeiro pascal. M as, tanto quanto possível, dei xarem os 18.28 fora de consideração da presente discussão. Ver, entre tanto, sobre esse versículo.
O Problema Apresentado O problem a que resulta é com o segue: Mateus, Marcos, e Lucas (M t 26.17; M c 14.12; Lc 22.7) claram ente ensinam que Jesus e seus discípulos com eram a C eia Pascal na hora prescrita; e que ele m orreu (o que cham aríam os) no dia seguinte (M c 15.1ss.). M as se os intérpre tes, cujos pontos de vista descrevem os, estiverem corretos, então João ensina que Jesus morreu antes de os judeus terem com ido seu cordeiro pascal. Ou, de acordo com alguns, Jesus morreu antes de m uitos judeus o terem com ido. Teria Jesus m orrido depois da Ceia Pascal (conform e os Sinóti cos), ou ele m orreu antes da Ceia Pascal (como dizem alguns, segun do João)? E sta é a questão.
As Soluções Propostas Com relação a um a possível resposta ou solução, têm -se expresso as seguintes opiniões; (1) “U m a solução verdadeira que leve em consideração todos os dados das Escrituras ainda não foi proposta. O problem a é muito difí cil.” Freqüentem ente aqueles que expressam essa opinião, proposita dam ente evitam dizer qualquer coisa que possa criar a im pressão de que eles acreditam que João e os Sinóticos estão em desacordo. Eles acreditam que de algum a m aneira existe um a solução, mas que ela não foi ainda encontrada. Isso é honesto, e temos o m aior respeito pelos hom ens que dão essa resposta. G eralm ente são estudiosos cuidadosos de convicção ortodoxa. Outros, entretanto, acreditam que não há solu ção, que as fontes sim plesm ente nos deixam com pletam ente no escuro, e que tudo o que sabemos é que Jesus m orreu por volta da hora da F esta da Páscoa. (2) “Os Sinóticos e João se contradizem . Os Sinóticos estão corre tos. João está errado.” Essa é a linha geral da resposta dada por G. Dalman, Jesus - Jeshua, N ova York, 1929; pp. 88, 106. Segundo ele
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entende, a ceia de João 13 não é a Ceia Pascal. Jesus é apresentado por João com o tendo m orrido antes da Páscoa. Os Sinóticos são mais objetivos do que o Quarto Evangelho com respeito a este assunto. A l guns autores que são da m esm a opinião, posicionando-se ao lado dos Sinóticos contra João (em bora com variações individuais) são tam bém F. C. Baur, D. F. Strauss, W. B auer e muitos outros (3) “Os Sinóticos e João se contradizem . João está certo. Os Sinó ticos estão errados.” Assim pensam J. H. Barnard, M. Dibelius, E. Hoskyns, A. E. J. Rawlinson, H. W indish, entre outros. M. Dods sim plesm ente afirm a que segundo João, em bora não de acordo com os sinotistas, Jesus sofreu com o o Cordeiro Pascal no dia da Páscoa. (4) “O problem a é resolvido tendo-se em m ente que Jesus e seus discípulos com eram a Páscoa na noite de quinta-feira, quando a m aior parte do povo judeu, incluindo os fariseus, tam bém a com eu; e que os saduceus celebraram a Páscoa na noite seguinte (sexta-feira). Em João 13.2, a ceia é a Páscoa dos Sinóticos. Em 18.28, a Páscoa é a dos saduceus. Portanto, quando os Sinóticos indicam que Jesus m orreu depois da C eia Pascal, eles estão corretos; e quando o Quarto E van gelho (em 18.28) ensina que ele morreu antes da C eia Pascal, ele está correto tam bém .” Várias razões para se com er a Ceia Pascal em dois dias são dadas p or diferentes autores. Alguns dizem que quando o décim o quinto dia de nisã coincidia com o sábado, os fariseus, tem endo profanar o sábado ao celebrar o ritual pascal, o celebravam um dia antes, enquanto os saduceus não eram tão escrupulosos. Outros ressaltam que algum as vezes havia diferenças de opinião com respeito ao dia em que o mês supostam ente com eçava; ou que havia cordeiros dem ais para serem sacrificados no pátio do tem plo, de modo que era im possível que todos fossem sacrificados num a línica tarde. De um a form a ou de outra, esta teoria é defendida por D. Chwolson em Das Letzte Passam ahl Jesu-C hristi und der Tag seines Todes nach den in U ebereinstem m ung gebrachten Berichten der Synoptiker und desc Evangelium s Johannis, São Petersburgo, 1892; S. Bk, pp. 812-854; J. H. Bavinck, Geschiedenis der Godsopenbaring, Kampen, 1949, pp. 4 1 9 ,4 2 0 ; C. Boum a, W. M. Christie, P. A. E. Sillevis-Smit, J. Th. Ubbink, etc.
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À Luz de Sua Origem, Este Problema Tem Direito a Existência Aqui no C apítulo 13? Qualquer tentativa de resolver o problem a pressupõe que existe um problem a legítimo. Mas, no que diz respeito ao capítulo 13 exis tirá de fato? Não está claro que o problem a se origina de duas prem is sas: (a) A ceia de 13.2 não é a m esm a C eia P ascal descrita nos Sinóticos (exceção: aqueles que estão a favor da Solução Proposta (4) a considera com o tendo sido a m esm a); e (b) que o term o fe sta em 13.29 (“ ... com pre o que precisam os para a festa”) refere-se à Ceia Pascal e ao cordeiro com ido na ceia? Se não fosse por essas duas suposições, não haveria problem a aqui no capítulo 13. M as ver tam bém sobre 18.28; 19.14, 31, 42. Essas su posições são justificadas? Q uanto à prim eira suposição, já foi m ostrado que ela repousa não apenas sobre um a construção do texto grego, o que não é de m odo algum seguro (a id éia de que a frase an tes da F esta da Páscoa m odifica am ou-os em 13.1), mas sobre um a interpretação ainda mais incerta que é sobreposta a essa construção incerta, com o se o texto lesse, “Ora, vinte e quatro horas antes da C eia Pascal Jesus ... m ostrou seu am or fazendo um a refeição com seus discípulos”, isto é, a refeição de 13.2. Q uanto ao restante, podem os com segurança deixar que o leitor decida se João e os Sinóticos estão ou não falando da m esm a Ceia. Aqui seguem as evidências. Por gentileza, com pare os dois relatos; A R efeição conform e descrita p o r M ateus, M arcos e Lucas:
A R efeição como d escrita p o r João:
“E quando chegou a hora, Jesus sentou-se, e com ele os apóstolos. E ele lhes disse: Tenho desejado ansiosam ente com er esta Páscoa com vocês, antes que eu sofra. E com eçou entre eles um a discussão sobre qual deles deveria ser
“Depois de lavar os pés de seus discípulos, Jesus disse: Em verdade, em verdade eu asseguro a vocês que o servo não é m aior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou, Se vocês sabem essas coisas, são
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considerado o maior. M as ele lhes disse... Aquele que é o m aior en tre vocês, que seja o m enor; e aquele que lidera, com o o que ser ve. Pois qual é maior: quem está à m esa ou quem serve? N ão é quem está à m esa? M as eu estou no m eio de vocês com o quem serve” (Lc 22.14, 15, 2 4 -2 7 ).-A d is p u ta sobre a grandeza pessoal (Lc) é o pano de fundo natural para a la vagem dos pés (Jo).
bem -aventurados se as p ratica rem ” (Jo 13.16, 17).
“Enquanto estavam ... com endo, Jesus disse: Em verdade eu lhes asseguro que um dentre vocês, que está com endo comigo, me trai rá’ .” Isso é seguido por um relato detalhado da reação (a esse anún cio surpreendente) por parte dos d is c íp u lo s (M c 1 4 .1 7 -2 1 ; M t 26.20-25).
“N ão estou falando de todos vo cês. Eu conheço aqueles que es colhi, mas é para que a Escritura se cumpra: Aquele que com e do meu pão Levantou contra mim seu cal canhar. ... M ui solenem ente eu lhes asse guro, um de vocês irá m e trair.” Isso é seguido por um relato deta lhado da reação (a esse anúncio surpreendente) por parte dos dis cípulos (13.18,21-30). Os detalhes (como dados pelos sinotistas e por João) diferem, mas não entram em conflito.
“Jesus lhe disse (i.e., a Pedro): Mui solenem ente eu lhe asseguro que nesta m esm a noite, antes que o galo cante, você me negarás três vezes” (M t 26.34; cf. M c 14.30; Lc 2 2 .3 4 ). A n eg ação de fato ocorre durante essa m esm a noite.
“Jesus respondeu: Você daria sua vida por m im? M ui solenem ente eu lhe asseguro que o galo não cantará antes que você tenha me negado três vezes” (13.38). A ne gação de fato acontece nessa m es m a noite. E la tinha de ocorrer.
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Ela tinha de ocorrer porque ia acontecer antes que o galo cantasse.
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pois ia acontecer antes que o galo cantasse.
Será que devem os de fato presum ir que esses três incidentes quase idênticos - a lição com respeito à verdadeira grandeza, a declaração surpreendente acerca do traidor e a predição da negação de Pedro, acom panhada logo em seguida pela negação de fato - ocorridos em conexão com duas refeições diferentes em duas noites diferentes? Será que a negação do Senhor por Pedro ocorreu em duas noites sucessi vas? Não está claro que os Sinóticos e João estão descrevendo a m es m a ceia, e que João, depois de ter lido os relatos dos outros, acrescen tou alguns detalhes? Tendo estabelecido que essa foi a mesm a ceia, agora tem os o di reito de ir aos Sinóticos e perguntar que tipo de ceia foi essa. A partir das passagens de M ateus 26.17; M arcos 14.12, 14; e Lucas 22.11, 14, 15 fica claro que essa foi a Ceia Pascal. Que essa ceia foi tom ada na hora certa, isto é, na noite que se seguiu à tarde na qual, segundo a Lei de M oisés, os cordeiros eram mortos, está claro a partir de Lucas 22.7. Jesus foi crucificado no dia seguinte (cf. Lc 22.66-23.33). Que o dia da m orte de Cristo era um a sexta-feira, antes do dia de sábado, é expressam ente afirm ado em M arcos 15.42 (cf. Lc 23.54). Era o Dia da Preparação (trapaoKUT^), que tinha sido desde muito tempo o term o norm al para sexta-feira na língua grega (como meu calendário grego tam bém o indica). Ora, João está em total harm onia com isso. Ele tam bém relata que Jesus m orreu na sexta-feira (19.14; 19.31; 19.42). Pode-se tam bém chegar a este resultado fazendo-se a abordagem a partir de outro ângulo. Segundo o Quarto Evangelho, Jesus ressusci tou no prim eiro dia da semana; portanto, no dom ingo (20.1,19). C om e çando dali e retrocedendo no Novo Testamento, a cronologia de João se torna clara. No dia anterior a esse dom ingo, seu corpo entrou no túmulo (19.31). N a sexta-feira, ele foi crucificado (19.30, 31). Em 18.28 observe a expressão “Era de m anhã” - claram ente com eça um dia novo (i.e., a sexta-feira), é evidente que os acontecim entos relaciona dos cm 18.1-27 se referem ao dia precedente, isto é, a quinta-feira.
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M as em 18.1 - “Depois que Jesus disse essas palavras, ele saiu” indica que o discurso de despedida e a Oração Sacerdotal pertencem à m esm a quinta-feira. E um a com paração entre 13.38 - “O galo não cantará antes que você tenha me negado três vezes” - e 18.25-27 - a negação de Pedro de fato m ostra claram ente que os acontecim entos registrados no capítulo 13 do Evangelho de João ocorreram na noite dessa quinta-feira. Estam os, portanto, em total acordo com S.BK., p. 841, crendo que há pleno acordo entre João e os Sinóticos a esse respeito, ou seja, que a ceia de 13.2 é a C eia Pascal dos Sinóticos e que ela aconteceu na noite de quinta-feira, a noite anterior à m orte de Cristo. Isto nos leva à discussão da segunda suposição m encionada na p. 294. Será que o termo festa em 13.29 (“... com pre o que precisam os para a festa”) tem relação com a Ceia Pascal e com o cordeiro com ido nessa ceia? D evem os observar o seguinte: O povo judeu tinha total conhecim ento do fato de que a lei tinha estipulado um dia em especial para a m atança dos cordeiros. Duas noites separadas para com er o cordeiro teriam causado a m aior confusão. Os saduceus, que adm inistravam os negócios do tem plo, com certeza não o perm itiriam . Ver M. Goguel, op. cit., p. 433. Além disso, será que o term o disputado em 13.29 se refere a um a C eia Pascal? Já foi m ostrado - ver pp. 165, 166 - que o Antigo Testa m ento cham a a Páscoa uma festa de sete dias (Ez 45.21). O Novo Testam ento evidencia o m esm o uso. D essa forma, Lucas 22.1 aplica o nom e Páscoa a toda a festa de sete dia de pães asmos. Ora, com respeito ao termo festa em 13.29, o que esse term o (quan do aplicado à Páscoa) significa em outro lugar no Quarto Evangelho? O fato notável é que com toda probabilidade em outros lugares ele tenha tam bém o significado de festa de sete dias. Foi “enquanto Jesus estava na Festa da Páscoa” que m uitos, ao verem os sinais que Jesus fazia, creram em seu nom e (2.23). E óbvio que Jesus não fez esses sinais durante a Ceia Pascal. A fe sta aqui evidentem ente com preende toda a celebração dos sete dias. Segundo 4.45, “os galileus o receberam , porque tinham visto todas
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as coisas que ele fizera em Jerusalém, p o r ocasião da festa , à qual eles tam bém tinham com parecido” . Está claro aqui novam ente que a fe sta não pode se referir a qualquer outra coisa senão à fe sta de sete dias. A próxim a referência à festa da Páscoa (a identidade da festa em 5.1 é disputada, com o foi explicado, pp. 249,250) é 6.4: “Ora, a Páscoa, a fe s ta dos ju d eu s, estava se a p ro xim a n d o ". E ncontram os ex ata mente a m esm a expressão em 7.2. Lá tam bém a fe sta estava se apro xim ando, mas dessa vez era a Festa dos Tabernáculos. Entretanto, 7.37 - “o últim o dia, o grande dia da festa” - claram ente m ostra que a referência inclui todos os sete dias (ou oito). Se isso for verdade com respeito a 7.2, por que não com respeito a 6.4, onde o m esm o autor usa expressão idêntica? A referência seguinte h. festa da Páscoa está em 11.56 - “O que vocês acham , porventura ele virá à festa?” Isso não pode significar “ ... à C eia?” É evidente que em 12.12 a expressão “a num erosa m ultidão que tinha vindo à festa ” a referência é aos sete dias da festa. Os judeus não vinham de toda a Palestina e outras regiões de fora a fim de passa rem só H.ma noite (e tom ar parte só de uma ceia) em Jerusalém . De m odo sem elhante, a ceia de 13.2 que pertence à fe sta (13.1) indica a Ceia Pascal que era parte do sétim o dia de celebração. Ora, se em todos os lugares (fora de 13.29} João em prega o termo “fe s ta " com relação à Páscoa, ele sempre, sem exceção, se refere à fe s ta com pleta, de sete dias, p o r que não iria ele usar o term o no m esm o sentido em 13.29? Portanto, é plenam ente lógico que ao term o fe s ta na expressão "... com pre o que precisam os para a festa” se deve dar a interpretação que lhe é atribuída em outras passa gens no E vangelho de João. Não seria justificável atribuir-lhe qualquer sentido diferente. Fica evidente que a ceia do capítulo 13, que ocorreu na prim eira noite da festa da Páscoa, era a C eia Pascal norm al da noite de quintafeira. Também fica evidente que não há nada no capítulo 13 que con tradiga a idéia de que ele foi crucificado na sexta-feira, o décim o quinto dia de nisã. Ver mais nas explicações de 18.28.
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Com total consciência do fato de que ele estava para retornar ao Pai, Jesus, que tinha amado os seus o tempo todo, sabia que a hora apropriada havia chegado para revelar-lhes ao m áxim o seu amor. 3, 4. D urante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filh o de Sim ão, que traísse a Jesus, sabendo este que o Pai tudo confiara às suas m ãos, e que ele viera de D eus, e voltava para D eus, levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tom ando um a toalha, enrolou-a na cintura. É a noite de quinta-feira. O sol tinha se posto. É hora da ceia. A tradução “tendo term inado a ceia” de A.V. deve ser rejeitada. É base ada num a leitura inferior (Yevonéyou em vez de YLi^oiaéyou), mas m es mo essa versão não significa necessariam ente “a ceia tendo term ina do”?'^ A lavagem dos pés naturalm ente aconteceria no com eço da ceia e não no final. A situação é retratada aqui com o segue; Jesus e os discípulos tinham vindo de Betânia. Os pés, protegidos apenas por sandálias, ficavam parcialm ente expostos à areia e poeira. Eles estavam sujos ou pelo menos desconfortáveis. Nessas circunstân cias, a lavagem dos pés era um costum e. O anfitrião, em bora pessoal m ente não realizasse essa tarefa (Gn 18.4; Lc 7.44), em geral tom ava as providências para que fosse feita. Era, no final das contas, um a tarefa servil, ou seja, um a tarefa a ser feita por um criado. Quando João B atista desejou expressar seus sentim entos de indignidade em com paração a Cristo, ele não conseguiu pensar em nada m elhor para expressar isso do que dizer que ele se considerava indigno de se ajoe lhar e desatar as correias das sandálias de Jesus e tirá-las (com o obje tivo de lavar os pés do M estre). Ver pp. 134, 135. Cf. 1 Sam uel 25.41; “Então, ela (Abgail) se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse; Eis que tua serva é criada para lavar os pés aos criados de meu senhor (D avi)” .
284. Assim, por exemplo, em Mateus 27.1 irpuíaç não significa “a manhã tendo terminado", mas sim “a manhã tendo raiado"', e yei/ofxéi/ou aappárou em Marcos 6.2 é simplesmente no sábado. Já vimos que em João 10.22 a cláusula é y é v e T O t Ó t e xà kyKaivm significa, “Então chegou a Festa da Dedicação”. Não significa “Então terminou a Festa da Dedicação” .
JOÂO 13.3, 4
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Mas aqui no Cenáculo não havia servo. Portanto, um dos discípulos teria de realizar essa tarefa. Mas nenhum deles teve disposição. Esses hom ens eram m uito orgulhosos. Uns poucos m om entos antes (prova velm ente em conexão com a ordem na qual eles se reclinavam em volta da mesa) eles estiveram argum entando entre si sobre a questão de grandeza pessoal (Lc 22.24). E essa não era a prim eira vez que disputavam entre si sobre isso. A pergunta, “Quem de nós é o m aior?” parece ter ocupado continuam ente a m ente e o coração deles. Eles ainda não tinham com preendido o fato de que a grandeza pessoal era m edida com a trena do serviço. No Cenáculo tudo estava pronto. Ali estavam o jarro e a bacia; e ali estava a toalha de linho. H avia água no jarro. No entanto, ninguém se mexia. Cada discípulo estava esperando que o outro fizesse o prim eiro m ovimento. E entre esses discípulos havia um hom em de caráter indes critivelm ente vil, que m esm o nesse exato m om ento estava absoluta mente determ inado a trair o M estre, sim, totalm ente resolvido de fato a entregá-lo por meio de traição nas mãos de seus inim igos, e fazer isso por trinta m oedas de prata! Nenhum dos outros discípulos sabia ou susp eita va disso. E ra o diabo que tinha injetado esse propósito vil no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão. Tendo finalm ente descoberto que ser um discípulo de Jesus não produzia dividendos financeiros, e por ser um a pessoa extrem am ente am biciosa, ele estava determ inado a não ser expulso da sinagoga (ver sobre 9.22), mas, em vez disso, deseja cultivar o favor das autoridades “m ostrando-lhes onde Jesus estava” (11.57). Ver m ais nas exphcações de 6.71 e de 12.4-6. Era no m eio de hom ens desse tipo - homens tão cheios de im por tância pessoal, hom ens com o Judas, o traidor, em seu m eio - que Jesus daria o exem plo de hum ildade e serviço. Essa referência a Judas coerentem ente ressalta o feito em toda sua grandeza. Sim, o M estre lavou até m esm o os pés de Judas! O utra circunstância m aravilhosa que acrescenta glória ao feito foi 0 fato de que, quando Jesus o realizou, ele o fez com total consciência (c Lõúç, provavelm ente particípio modal; não causai, nem m eram ente concessivo) de que ele era o Filho U nigênito do Pai; assim sendo, o herdeiro legítim o de todas as coisas. Ele sabia “que o Pai lhe tinha dado
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todas as coisas em suas m ãos” - cf. o Salm o 2.8 e ver pp. 27, 28 - , e que ele viera de Deus e estava voltando para Deus (ver acim a, as explicações do v. 1). Jesus esperou um longo tempo. Os discípulos já tinham ocupado seus lugares em volta da m esa em form a de U. A com ida estava sobre a m esa, e a refeição por começar. E ainda ninguém se oferecera para realizar a tarefa de servo. O vaso de água, a bacia, a toalha-avental, dispostos ali à vista de todos, os acusavam. Esses utensílios constituíam um a acusação silenciosa contra esses homens! M esm o assim ninguém se mexia. Foi então que Jesus agiu. Com calm a e m ajestade (ver as explica ções do v. 1, acim a), ele se levantou da ceia e pôs de lado suas vestes (l|i,áiLa). Observe que o evangelista usa o plural “vestes” tanto aqui com o no versículo 12. Em 19.2 e 5 (“manto de púrpura”), ele usa o singular. Em 19.23, 24 (a distribuição das vestes entre os soldados, em conexão com a crucificação), ele em prega o plural m ais um a vez. Por tanto, ao que parece, João faz um a distinção cuidadosa. Daí, se a pala vra vestes em 13.2, 5 tiver o m esmo sentido que em 19.23, 24, o que parece provável, Jesus é retratado aqui com o se fosse um escravo oriental, usando apenas um a tanga. Filipenses 2.7, “assum indo a form a de servo” , nos vem à m ente im ediatam ente. Tanto a vestim enta de cim a com o a túnica (bem com o o cinto, é claro) tinham sido colocados de lado. Então Jesus tom ou um a toalha longa de linho (A,éyxLoy, do latim, linteum ), e a prendeu em volta da cintura, de m odo que, com um a extrem idade da toalha, ele podia enxugar os pés aos discípulos depois de tê-los lavado com suas mãos. Verdadeiramente, o Senhor da glória tinha “se cingido de hum ildade” (cf. IP e 5.5). 5 D epois, derram ou água na bacia e com eçou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que tinha enrolado em torno da cintura. Os detalhes do ato são retratados um a um. A cena tinha deixado um a im pressão indelével na m ente do evangelista João, que estava pre sente. D essa forma, o registro é muito vivido, de m aneira tal que o propósito é que a mente do leitor m edite nessa m anifestação de m ara
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vilhosa condescendência. O coração deve dem orar-se aqui por algum tem po até que a lição seja absorvida. Jesus despejou água do jarro na bacia. Ele a colocou no chão exatam ente atrás de um dos hom ens cujos pés se projetavam do divã no qual estava reclinando. Com essa água o Senhor agora com eça a lavar os pés aos discípulos. D epois, ele os secava com a extrem idade da toalha que estava am arrada em volta da cintura. De propósito, usamos os termos “bacia” e “lavar” [em inglês: “washbasin” e “w ash”] para transm itir a sem elhança que no original existe entre os term os correspondentes vlttti^p e vÍTria). Não sabemos de quem eram os pés que Jesus lavou prim eiro. As palavras “ele com eçou a lavar” provavelm ente servem para preparar 0 leitor para o fato de que iria haver um a interrupção. (C om o esta explicação concorda com o contexto, parece ser a mais provável. M as os com entaristas que discutem esse ponto não estão de acordo). A interrupção é registrada nos versículos 6-11. 6. Então, ele se aproxim ou de Sim ão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu lavas m eus pés? É registrada apenas a reação de um discípulo. Os outros provavelm ente guardaram seus pensam entos em seu íntim o. Estando perplexos e (esperam os) envergonhados (à ex ceção de Judas, é claro) pelo fato de que Jesus estava fazendo por eles o que eles deveriam estar fazendo por ele e uns pelos outros, eles não sabiam o que dizer. Entretanto, com Pedro era diferente. Im petuoso e im pulsivo Pedro ! Ele era o hom em que não podia ficar quieto. Ele pen sou em voz alta. “Senhor” (para esse termo, ver sobre 1.38, nota 44; tam bém sobre 12.21), disse Pedro, “tu lavas meus pés?” Pedro vê a incongruência do que estava acontecendo. O Senhor da glória, de um lado, e os p és sujos a Pedro, do outro; que contraste! Para este discí pulo, a sim ples idéia do Senhor lavando os pés de Pedro era inconce bível. Segundo o original, o contraste entre as palavras tu e m eus é realçado pelo fato de terem sido colocadas próxim as. A fim de reter o sabor do original, devemos realmente traduzir o protesto de Pedro como segue: “Senhor, tu m eus pés lavas?” Pedro estava chocado! 7. Jesus respondeu e lhe disse: O que eu faço você não en tende agora, m as vai com preender mais tarde.
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Para “respondeu e disse”, ver p. 93. Pedro tinha sido enfático em sua objeção ao que Jesus estava com eçando a fazer exatam ente nesse m om ento. Esse ato de hum ilhar-se tendo em vista o conforto físico de Pedro era dem ais! Ele falhou com pletam ente em entender que o que o Senhor estava tentando fazer nesse m om ento era parte e parcela de todos os acontecim entos dessa noite mem orável e das horas que se guiriam . Pedro sim plesm ente não sabia o que estava dizendo; pois se ele rejeitava a necessidade da hum ilhação parcial para seu conforto físico, não teria de rejeitar o feito de hum ilhação absoluta, que tem com o propósito sua com pleta salvação (espiritual bem com o física)? N a realidade, os dois andam juntos: quando Jesus lava os pés aos discí pulos, isso tam bém é um com ponente necessário de seu sofrim ento, da concepção ao sepultam ento, pelo qual obteve a salvação para seu povo. Foi por essa razão que Jesus, que não via som ente a parte, m as o todo, disse a Pedro, “O que eu estou fazendo, você não entende agora, m as vai com preender depois” . Para a diferença de significado entre os dois verbos usados aqui (olôa e yli^woku), ver sobre 1.10, 31; 3.11; e 8.28. Para o significado da expressão depois (literalm ente “depois des sas coisas” , ^xetà xaGia), ver sobre 5.1. Das m uitas explicações dessa expressão aqui em 13.7 há duas que rejeitamos: “no futuro”, quer dizer, depois que você tiver entrado nos céus; e b. “tão logo eu tenha lavado os pés de vocês e acrescentado um as palavras de explicação” . Em harm onia com 16.12-14 devemos interpretar a expressão com o tendo o significado “depois de m inha morte, ressurreição, ascensão; particular m ente depois do derram am ento do Espírito Santo. Então, o significado não apenas de haver eu lavado seus pés, mas tam bém toda m inha obra de hum ilhação se tornará claro a vocês.” 8 P ed ro lh e disse: Tu n un ca m e lavarás os pés, de form a algum a. Jesus lhe respondeu: Se eu não o lavar, você não tem parte com igo. Com o já foi explicado - ver sobre o versículo 7 - Pedro vê a parte, não 0 todo. Ele está pensando apenas sobre o que está acontecendo no m om ento, e m esm o isso ele não consegue ver em seu contexto verda deiro. Jesus, entretanto, está constantem ente pensando na obra de hu m ilhação com o um todo, com pleta, da qual essa lavagem dos pés é
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apenas parte. É necessário conservar na m ente essa distinção. Do con trário, será impossível explicar o diálogo. Pedro, consciente da im propriedade da presente situação, mas com pletam ente ignorante da im propriedade de um discípulo dizer a seu Se nhor o que fazer e o que não fazer, exclam a: “Tu nunca me lavarás os pés, de forma algum a!” Observe a forte e dupla negativa oú |ítí. Teria Jesus traçado um contraste entre agora e depois? Bem, não importa quão longo tem po possa passar-se antes que chegue o depois, nunca, não. nem em toda a eternidade (oú ... eiç tò v altóvct) Pedro perm itiria que Jesus lavasse seus pés de discípulo! Provavelm ente po dem os im aginar Pedro, com seus pés já m olhados, puxando-os para trás num protesto taxativo. Jesus respondeu, “Se eu não o lavar, você não tem parte com igo.” O significado é simples, porém muito profundo: “Pedro, a menos que, por m eio de m inha obra com pleta de hum ilhação - da qual essa lava gem de pés é apenas parte - eu o lim par de seus pecados, você não participará com igo dos frutos de meu mérito redentor.” Jesus, ele so mente, é 0 Filho, 0 verdadeiro Herdeiro. Para ele, todas as coisas foram prom etidas. Ele tam bém fez jus a elas ao executar seu trabalho de hum ilhação. Em princípio, m esm o agora ele já possui tudo (ver sobre 13.1 e 3). M as o que tem ele divide com os seus, um pensam ento que é m aravilhosam ente expresso em Rom anos 8.17. Os crentes são coherdeiros com Cristo. M as, se Cristo não o lavar, P edro não terá parte com ele. 9. S im ão P edro lhe disse: Senhor, não som ente m eus pés, m as tam bém m inhas m ãos e m inha cabeça. Pedro não tinha entendido nada do significado das palavras de seu Senhor. Jesus certam ente não quis dizer o físico, com o se por algum a m isteriosa maneira, a lim peza física tom asse alguém co-herdeiro das recom pensas que Jesus dava, e com o se quanto m aior a área lavada m aior e mais num erosas seriam as bênçãos recebidas. Firm ado nessa prem issa equivocada, Pedro explode, “Senhor, não som ente meus pés, mas tam bém minhas mãos e m inha cabeça!” O bserve com o esse discípulo pula de um extrem o para o outro, líssa era a característica de Pedro. Nos Evangelhos, ele é retratado
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com o um hom em que repetidam ente perde seu equilíbrio. Um m om en to você o vê andando corajosam ente sobre as águas (M t 14.28); pouco depois você o escuta gritar por socorro: “Salve-me, Senhor!” (Mt 14.30). N um m om ento ele faz um a confissão gloriosa: “Tu és o Cristo, o Filho do D eus vivo” (M t 16.16); porém , m al tinha esm aecido o eco dessa declaração sublim e e ele com eça a repreender a C risto, a quem aca bara de confessar (M t 16.22). Justam ente um pouco depois da lava gem dos pés - ou seja, durante essa m esm a noite que discutim os aqui em João 13 - Sim ão definitivam ente prom ete dar sua vida por Jesus (Jo 13.37; e cf. M t 26.33, 35). Não obstante, um as poucas horas depois, ele já estava repetindo várias vezes, “Eu não sou discípulo d ele” (Jo 18.17, 25); e cf. M t 26.69-75. D epois que Jesus ressuscitou vitoriosa m ente, Sim ão Pedro e João saíram correndo para ir ao túm ulo, e João passou na frente de Sim ão. U m a vez chegando ao túm ulo, Pedro en tra nele antes de João (20.4-6). E m ais tarde em A ntioquia ele joga para o alto seus preconceitos raciais e com e com os gentios. Não obs tante, logo depois ele se afasta com pletam ente dos conversos do m un do pagão. A creditam os que, no caso de Pedro, a graça conquistou gradual m ente a vitória, com o é claram ente evidente de suas epístolas. M as o que nós tem os aqui em João 13 é típico de Simão, o hom em que lem bra 0 filho do fazendeiro que era m uito atrapalhado ao carregar o balde de leite. Q uando andava carregando o balde o leite, ele ia espirrando ora de um lado ora do outro. Assim era Simão. A resposta de Pedro aqui em 13.9 lem bra a resposta da m ulher sam aritana registrada em 4.15. ver p. 220. 10, 11. Jesus lhe disse: Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés; quanto ao m ais, está todo lim po. Ora, vocês estão lim pos, m as nem todos. Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem tod os vocês estão lim pos. Jesus, continuando a usar palavras em seu sentido mais profundo e m ais abrangente - ver sobre os versículos 7 e 8 acim a - , responde ao pedido de Sim ão (que não só seus pés, mas tam bém suas m ãos e cabe ça fossem lavados), dizendo: “Quem já se banhou - isto é, quem já foi lavado por m eu sangue (justificado) - não precisa lavar senão os pés (com base em evidência interna - o contexto todo aqui - , as palavras
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em itálico devem ser consideradas com o genuínas) - isto é, essa pes soa foi totalm ente lavada (todos os seus pecados foram perdoados) e precisa só de uma coisa, a saber, a santificação, aqui especialm ente (em bora não exclusivam ente) aquela obra de Deus no recôndito do coração m ediante a qual o crente alcança constante e crescente hum il dade e dia a dia o desejo e disposição de prestar serviço aos outros em gratidão por todos os benefícios recebidos. Sem dúvida é verdade que um sím bolo m uito apropriado é básico a esse grande ensinam ento do Senhor. N a esfera da vida cotidiana no Oriente, um a pessoa que tinha tom ado banho antes de sair para um a ceia não precisava tom ar outro banho ao chegar no salão do banquete. A lavagem dos pés era tudo o que se fazoa necessário. M as em todos os outros casos (ver nossas explicações dos capítulos 3, 4, e 6), tam bém aqui, Jesus não está falando sobre o físico, mas sobre o espiritual. Aquele que no capítulo 3 fala sobre o renascim ento espiritual, no capí tulo 4, sobre a água espiritual, e no capítulo 6, sobre o alim ento espirilual que ele com o o pão da vida fornece, está aqui em 13.10 falando sobre a limpeza espiritual. Isso advém do versículo 10, “Vocês estão limpos, mas não todos” . O intérprete que explica o versículo 10 com o lendo referência à lim peza física deve ser coerente quando chega à explosição do versículo 11. A lógica requer que ele então interprete os versículos com o segue: “Jesus lhe disse: Quem já se banhou não preci sa lavar senão os pés; quanto ao mais, está fisicam ente todo limpo. E vocês estão limpos, mas não todos” . No rosto de Judas eu vejo sujei ra". Isso m ostra com o um a conclusão pode ser absurda em bora ela Ncja muito lógica se a prem issa fo r falsa. “E vocês estão lim pos” , Jesus acrescentou, ou seja, “vocês são copiirlicipantes na redenção que m inha hum ilhação lhes obteve.” A fim (k‘ indicar por todo o tem po que ele não foi pego de surpresa por Judas, lliíis tom o total controle da situação, e a fim de tornar o traidor o único i('sponsável por seus atos, Jesus anexa esta cláusula de exceção: mas todos estão lim pos” . Judas não estava limpo espiritualm ente. E IcMiN sahia (tíôél m ais-que-perfeito de olõa, com o sentido de imperl> i ( m , Jesus sahia o tempo todo) quem era que m esm o agora estava ■Mt |tiiHH\s,so de traí-lo. Contudo, ele não entregou Judas. Ele nem ao Md iin%tli.sso cm que sentido esse hom em não estava limpo. Os discípu-
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los se viram confrontados com um enigma. E para isso havia um a razão muito boa. Ver sobre 13.22 12-15. D epois de lhes haver lavado os pés, tom ou as vestes e, voltando à m esa, disse-lhes: Vocês sabem o que eu lhes fiz? Vocês m e cham am M estre e Senhor, e dizem (isso) corretam en te, p o rq u e eu o sou. Se, p ois, sou seu S en h or e M estre, lhes lavei os pés, vocês tam bém devem lavar os pés uns aos outros. P orque eu lhes dei o exem plo, para que, exatam en te com o eu fiz, vocês tam bém o façam. Tendo respondido à objeção de Pedro, Jesus acabou de lavar os pés dele e os dos outros, até que toda a tarefa foi com pletada. Então, o Senhor tornou a vestir-se e retom ou seu lugar à mesa. A fim de entender o que segue, deve-se ter em m ente que a lava gem dos pés era a. um elemento essencial na hum ilhação de Cristo; b. um símbolo de que aquela hum ilhação (a água que lavou fisicam ente a sujeira era um verdadeiro sím bolo do sofrim ento de Cristo durante sua vida inteira na terra e especialm ente na cruz, onde ele não apenas ex pia a culpa de seu povo, mas tam bém lhes obtém a obra santificadora do E spírito Santo); e c. uma lição de hum ildade; em outras palavras, um exemplo. As idéias a. e b. são estreitam ente relacionadas. Com respeito a elas, Jesus já havia dito a Pedro que ele entenderia depois, não agora. M esm o assim, Jesus tinha preparado sua mente - e a mente dos outros dizendo-lhe: “Se eu não o lavar, você não tem parte com igo.” Mas em bora os discípulos fossem capazes, nesse momento, de captar apenas um lam pejo do profundo significado que estava im buído no ato da lavagem dos pés, o m oral tem -lhes significado instantâneo. Como precisavam da lição (item c acima) que Jesus quis ensinar-lhes por m eios desse ato! Tenha em mente Lucas 22.24! Então Jesus disse a seus discípulos: “Vocês sabem o que eu lhes fiz?” Vocês entenderam o ensinam ento prático e positivo que eu acabei de lhes dar? - Note que o Senhor não repreendeu esses hom ens. Ele não diz, “Que vergonha! Vocês é que deviam ter lavado os pés uns aos outros em vez de esperarem que eu o fizesse.” Essa repreensão estava certam ente im plícita na exortação, mas as palavras de Jesus tinham um
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alcance m uito mais amplo. Ele nunca ficava satisfeito em ser m era mente negativo. E com o se ele estivesse dizendo, “O que aconteceu já foi m uito ruim; nem vamos m encioná-lo mais; para o futuro, copiem meu exemplo". A repreensão im plícita, velada, nas palavras de amor, exortação positiva, freqüentem ente produz mais do que reprim endas abertas. N essa atm osfera positiva, Jesus continua: “Vocês me chamam M estre e Senhor, e dizem (isso) corretam ente porque (isso é o que) eu o sou.” De fato, os discípulos estavam certos em se dirigirem-*^ a Jesus com o M estre (ó ÔLÔáoKaA,oç, provavelm ente devendo ser considerado a tradução do aram aico Rabi, com o 1.38 parece indicar), pois seu ensi namento “com autoridade e não com o o dos escribas” era o m aior que já houve sobre a terra. Também eles estavam certos em se dirigirem a ele com o Senhor (ó KÚpioç); e quanto mais profundo o significado que punham nesse conceito, mais corretos estavam . Ele era, de fato, o dono de todas as coisas (ver sobre 13.1, 3); além do mais, ele era igual em cssência e autoridade a Deus, o Pai. Ver nota 44, para a m udança gradual de Rabi para Senhor. E ver sobre 12.21. Quando Jesus acrescentou, “Vocês dizem (isso) corretam ente por que (é isso que) eu sou”, ele fez essa afirm ativa inteiram ente de acordo com sua grande declaração em 10.30: “Eu e o Pai som os um ” . Os que alegam que Jesus nunca se apresentou com o o objeto de legítim a ado ração estão claram ente errados. Ver tam bém sobre 1.7, 8.
285. Alguns comentaristas fazem objeção à idéia dc considerar os termos: “ Mestre” e "Senhor” como vocativas. Da maneira como eles vêem, Jesus não quis dizer, “quando falam comigo, vocês me chamam “Mestre” ou “Senhor” .” O que ele quis dizer foi, “quando su b n ’ mim a outros, vocês têm o hábito de me cham ar o M estre e o Senhor” . Esses fiim entaristas baseiam seus pontos de vista sobre o Tato de que o grego aqui usa o artigo dcllnido em conexão com os termos Mestre e Senhor. Seu argumento é apresentado com baslantc contundência por R. C. H. Lenski, op. cit., pp. 901, 902. Não compartilhamos ili'N,su ponlo de vista. Mesmo no grego, à parte das influências aramaicas, o uso dos artigos i‘om o vocativo não é incomum. Quando, além disso, a influência do aramaico está presente (ver Inirodução. pp. 92, 93). o uso não é de modo algum surpreendente. Estude também o '.i’)i|iiiuc no original: 20.28; Apocalipse 4 . 11; 6.10; 15.3; e compare Mateus 11.26; Marcos 11. 9.25; Lucas 8.54, 12.32. Ver Gram. N.T., pp. 465. 466. O verbo ((jíuyelTe) de iiiiilHMia alguma se põe em conflito com nossa interpretação. Cf. seu uso em 1.49; 4.16; Ahi'. 16.2X.
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A gora vem a aplicação. Trata-se de um argum ento do m aior para o menor. “Se eu, sou seu Seniior e M estre - os term os foram trocados de ordem agora, pois é especialm ente com o Senhor que Jesus pode rei vindicar 0 direito à obediência - lavei seus pés (e exatam ente esta form a condicional da sentença que indica que esse ato é aqui correta m ente presum ido com o tendo de fa to ocorrido), também vocês devem lavar os p és uns aos outros”. C ertam ente que, se o Senhor da glória se dispôs a “ cingir-se” com um a toalha, tendo assum ido a form a de servo, de fato lavando e enxugando os pés àqueles que estavam muito abaixo dele, deve ser fácil a m eros discípulos prestar serviço am oroso uns aos outros em espírito de genuína hum ildade! O bserve a posição enfática dos pronom es no original. Tentamos preservar algo do sabor do original por meio do uso de itálicos. Estaria Jesus instituindo um a nova ordenança aqui, a do lava-pés? De m odo algum. Ele não está ordenando aos discípulos que façam o que (ó) ele fizera; mas lhes deu o exemplo a fim de que eles, de seu próprio alvitre, possam fazer como (KaGcjç) ele fizera. Aqui, de modo significativo, ele acrescenta, “Porque eu lhes dei um exemplo (uiTÓ5eLYM.a aqui som ente em João, mas tam bém encontrado em Hb 4.11; 8.5; 9.26; Tg 5.10; e 2Pe 2.6), para que, exatam ente com o eu lhes fiz, tam bém vocês o façam constantem ente.” Jesus havia m ostrado (cf. o verbo ôeÍKvu^L) sua hum ildade sob (úttÓ) seus olhos (portanto, ÒTTÓóei,YfJ.a). M as, em bora nenhum sacram ento tenha sido instituído para ser literalm ente copiado,^**'’ isso não rem ove o fato de que, sob certas cir cunstâncias, aqueles que desejam dem onstrar sua hospitalidade des sa m aneira estão fazendo a coisa certa (cf. IT m 5.10). D everia, en tretanto, ser enfatizado que o que Jesus tinha em m ente não era um 286. No entanto, tem sido entendido dessa maneira por muitos crentes sinceros ao longo da história da Igreja. O lava-pés era praticado na Quinta-feira Santa pela Igreja nos tempos de Agostinho. Foi recomendado por Bernardo de Clairvaux num de seus sermões. A prática, além do mais, foi continuada pelo papa era Roma e pelos imperadores (da Áustria, da Rússia) e reis (da Espanha, Portugal, Bavária). Por algum tempo, foi praticada pela Igreja da Inglaterra e pelos moravianos. Continuou até a atualidade por algumas organizações batistas e adventistas. Foi radicalmente condenada por Lutero e por seus seguidores como “uma abominável coiTupção papal”. Ver P. Tschackert, “Foot-washing” in The New SchaffHerzog Encyclopedia o f Religiou.s Knowledge, reedição, Grand Rapids, Mich., 950, Vol. IV, pp. 339, 340.
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ritual exterior, mas uma atitude interior: a da hum ildade e prontidão em servir. 16. M ui so len em en te eu lh es assegu ro que o serv o n ão é m aior que seu senhor, nem o enviado m aior que aquele que o en viou . Para as palavras de introdução solene, ver sobre 1.51. C om toda probabilidade, Jesus acrescentou essas palavras para im pedir que al guém dissesse: “L avar os pés de outro crente está abaixo de m inha dignidade” . Se não estava abaixo da dignidade do Senhor, certam ente não deve ser considerado com o abaixo da dignidade do “servo” . Isso perm anece verdadeiro m esm o quando o servo é enviado ou divinam en te com issionado para funcionar num ofício elevado ou para executar um a função im portante na Igreja. Se a hum ildade é a atitude correta para o Senhor e Enviador, quão infatigável não deve o servo e indivíduo com issionado no exercício dessa graça e crescer nela. Ver tam bém 15.20; M ateus 10.24; Lucas 6.40; 22.27. 17. Se vocês sab em essas co isa s, b em -a v en tu ra d o s são se as praticarem . Ver o que foi dito sobre esse versículo acima, na nota 281. As pala vras de Jesus são m uito claras. A fé sem obras é morta. Ver tam bém M ateus 7.17, 24-27; 11.30; 1 C oríntios 4.20; e Tiago 1.22-27; 2.14-26. Não nos deve escapar que temos aqui não um m andam ento, m as um a declaração m uito am orosa e tem a. Foi cham ado uma prom essa, mas é ainda mais que isso. É a afirm ação de um fato: a prática da hum ilda de resulta em bênçãos. Quando Jesus disse, “Se vocês sabem essas coisas” etc., ele quis dizer, de acordo com o contexto, “Se vocês sabem que a. aquele que é Senhor e M estre está disposto a m inistrar às neces sidades daqueles que são seus subalternos e alunos, em bora ao fazer isso ele tenha de se rebaixar m uito; e se sabem que b. e ainda mais, aqueles que foram assim beneficiados, deveriam estar dispostos a ser vir uns aos outros em hum ildade de espírito; se vocês sabem essas coisas, bem -aventurados são se as praticarem ” . O term o bem -aventurados (|iaKápLOL) não se refere necessaria mente àqueles que são considerados por outros felizes; nem m esm o prim ariam ente àqueles que se consideram felizes, m as àqueles que são
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de fato os objetos do favor de Deus, sejam ou não considerados com o tais por outros hom ens ou por eles próprios. Os hem-avenTurados po dem ser pobres e podem até estar de luto (cf. M t 5.1-12, As Bemaventuranças). As bênçãos m encionadas aqui não são um a questão (pelo m enos, prim ariam ente) de sentim ento, mas um a condição ou es tado espiritual interior. O cristão que pratica a hum ildade possui essa felicidade se ele estiver ou não consciente do fato o tem po todo. P e rante Deus, aos olhos dele, a pessoa é abençoada. A palavra aram aica que Jesus provavelmente empregou tanto aqui quanto no versículo 13.17 (ver tam bém 20.29) e nas B em -aventuranças (tam bém em muitas pas sagens do Novo Testam ento) lem bra a palavra hebraica encontrada em m uitas passagens dos Salmos (1.1; 2.12; 31.1; 32.2; 33.12; 34.8; 40.4; 41.4; etc.). Ela significa superlativam ente abençoado, hiperabençoado. É verdade que o sorriso de Deus que está sempre sobre um a pessoa assim, que está constantemente fazendo essas coisas (observe o tem po presente continuativo), de tal m aneira que hum ildade é a exata essência de seu caráter, será m ais cedo ou mais tarde refletido em seu coração, de m odo que ela possuirá a paz de Deus que excede a todo entendimento. 18. N ão estou fa la n d o a resp eito de tod os v o cês, pois eu conheço aqueles que escolhi, m as (isso acon teceu ) para que a E scritura se cumpra; A quele que com e de m eu pão levantou contra m im seu calcanhar. A fim de m ostrar a provável ligação entre os versículos 17 e 18 e afirm ar mais com pletam ente o pensam ento desse dito condensado, pa rafraseam os os versículos 17 e 18 com o segue: “Se vocês sabem essas coisas, são abençoados se as praticarem . M as nem todos vocês a quem estou falando possuem esse prospecto de bênçãos. Eu conheço os que escolhi para mim, para serem meus apóstolos. Existe um que, em bora escolhido, não é abençoado. Mas quanto ao fato de eu havê-lo escolhido foi para que as Escrituras se cumprissem: Aquele que com e de m eu pão levantou contra mim seu calcanhar.”
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Em nossa tradução, colocam os as palavras “isso aconteceu” en tre parênteses porque as inserim os. Aceitam os um a elipse nesse ponto. Existem alguns com entaristas que não aceitam essa elipse e cuja tradu ção e conseqüente inteipretação são bastante diferentes. Ver a nota na qual afirm am os as razões por que não aceitam os seu ponto de vista.^**^ “Não estou falando a respeito de todos vocês.” Judas deveria ter ponderado sobre essa sentença. Ele deveria ter tom ado para si a im pli cação óbvia. A frase serviu para colocar a responsabilidade de seu ato inteiram ente sobre si mesm o. E la serviu tam bém para fortalecer a fé dos outros discípulos. Quando, depois de um tempo, eles recebessem a suipresa de suas vidas em relação a Judas, com eçariam a dar-se conta 287. Referimos a intérpretes como Zahn e Lenski (ver a argumentação do último na p. 908 de seu Interpretation o f St. J o h n s Gospel). Esses homens não podem ver como uma referência a “ele” (Judas) pode ser traçada a partir dexívaç. Respondemos; a. Este “ele” (em nossa paráfrase como dada acima; “Mas quanto ao fato de eu tà-lo escolhido” está clara mente implícito na sentença; “não estou falando a respeito de todos”. Além disso, se a pessoa estiver ou não disposta a aceitar uma elipse, ela involuntariamente preenche a frase da forma como está. Alguma coisa tem de .ser adicionada. Pois. se isso não for feito, não há seqüência de pensamento; Jesus de repente se volta do plural para o singular; “Eu conheço aqueles ... para que se cumpra a Escritura; ele" etc. Nossas objeções à teoria de Zahn e Lenski, que ao negarem que existe aqui uma elipse, consideram “para que a Escritura possa ser cumprida” como sendo um tipo de parênteses, e que acreditam que mas deve ser construído com “aquele que come meu pão”, são como segue; 1. A conjunção mas (àXXá) c mais naturalmente se associa com as palavras que ficam próximo dela. 2. No Quarto Evangelho uma elipse ocorre freqüentemente em conexão com meis: a. 1.8; “Ele não era a luz, mas ... para que testificasse da luz”. Algo da ordem de “ele veio” icrá de ser inserido entre mas e para que. b. 9.3; “Nem ele pecou, nem seus pais; mas ... para que se manifestem nele as obras de Deus” . Inserção; ”isso aconteceu”. c. 15.25; “mas ... para que ,se cumprisse a palavra escrita em sua lei” . Inserção; “isso aconteceu” . Muito semelhante a 15.25 é a passagem que estamos discutindo (13.18); portanto; d. 13.18; “Mas ... para que se cumpra a Escritura” . Inserção “isso aconteceu” . 3. A tradução e interpretação como dadas por Zahn e Lenski falham em colocar a ênfase sobre a idéia da predestinação. É exatamente esse pensamento que João aqui (como fre qüentemente; ver Introdução, p. 68) quer enfatizar. A esse respeito, a passagem presente é inteiramente coerente com 12.38-40. Judas, de uma maneira tal que o deixa, e som ente a ele, com pletamente responsável por seu feito, deve cumprir a profecia; ele deve executar o plano de Deus com relação a Cristo e a si próprio. 4. A tradução e interpretação que estamos criticando não combinam suficientem ente com o caráter conciso e abreviado do estilo coloquial. Ver pp. 272, 273.
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que Jesus sabia o tem po todo, e o que estava acontecendo não era um a frustração, mas um cum prim ento do plano divino. “Eu conheço aqueles (tívaç) que escolhi” (ou: Eu m esm o escolhi, se a voz m édia retém seu sabor distinto). Jesus os conhece agora. Ele os conhecia desde o princípio (ver sobre 1.42; 1.47; 2.24,25). Ele sabia que tipo (provavelm ente im plícito em tív a ç ) de hom ens eles eram. Isso era verdade tam bém com relação a Judas. Contudo, quando den tre m uitos discípulos (num sentido geral) Jesus escolhera os Doze (Lc 6.13), ele tam bém escolhera Judas (não para salvação, mas) para ser um dos apóstolos. Totalm ente consciente do que estava fazendo, ele incluíra em sua seleção o hom em que o trairia. Explicando isso, ele continua: “M as (isso aconteceu) para que se cum prisse a E scritura.” “Aquele que com e de meu pão levantou contra m im seu calcanhar.” Para o uso de w a ver a nota 282 e tam bém as explicações de 12.38. A passagem das Escrituras que estava em processo de chegar ao seu cum prim ento era o Salm o 41.9, que é citado aqui conform e H e breus. Ela enfatiza o caráter repreensível do pecado de trair o benfeitor de alguém . Com er o pão de outra pessoa (tpcÓYWv', originalm ente roen do, mastigando, mas aqui o m esm o que éoGícúv, com o é claro da ver são LX X do SI 41.9, e de um a com paração de M t 24.38 e Lc 17.27), e então de repente escoiceá-lo (levantando o calcanhar contra ele, com o um cavalo que sem aviso agride seu dono, escoiceando-o violentam en te), é o pecado aqui descrito e condenado. Foi dessa m aneira que Davi foi traído por Aitofel. Ler 2 Samuel 15.12; 16.23. N a passagem citada (SI 41.9) o salm ista se refere a A ito fel ou a um a pessoa sem elhante a ele. Ver tam bém o Salm o 55.12-14. É indiscutivelm ente um fato que o oriental considera um a agressão so bre um a pessoa por alguém a quem esteja recebendo para um jantar, com o sendo algo perto do inim aginável. M as - especialm ente à luz do Salm o 55.12-14 - um a ação com o a de Aitofel m erece forte reprova ção e repulsa independente de qualquer etiqueta regional. E se isso era verdade com relação a Aitofel, é certam ente verdadeiro com respeito a Judas, que m anteve a aparência de am izade até o fim! N enhum dos discípulos suspeitou de Judas. Ele tinha duas caras. Um traidor m erece ser desprezado.
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19. D esd e já estou lhes d izen do (isso) an tes que acon teça, para que, quando isso acontecer, vocês possam continuar a crer que eu sou (ele). Aqui Jesus revela seu próprio coração. Ele m ostra o tipo de Salva dor que ele é. Ele dem onstra sua preocupação pessoal e tem a pelo bem -estar espiritual dos seus, e faz isso de um a m aneira m aravilhosa. Ele sabe que a deslealdade de Judas tenderá a aborrecer os discípulos e a m inar sua fé. Eles podem até com eçar a pensar que o M estre teria se tom ado vítim a de um a conspiração daquele sujeito tão astuto. Judas. Isso aconteceria a m enos que o Senhor fosse capaz de convencê-los de que, o que quer que lhe acontecesse, longe de ser-lhe um a surpresa, estava incluído no plano etem o e perfeito de Deus. E para que quando (óxav, sem pre, o exato m om ento não é estipulado) isso acontecesse, eles fossem fortalecidos nessa convicção confortadora, ele m enciona e descreve o feito antes que ele aconteça. Não apenas isso, m as ele até m esm o lhes conta com todas as letras que essa é a razão de estar fazendo a predição nesse m om ento e a partir desse ponto (air’ ápiL, a predição se torna m ais definida em 13.21, 26). Ele está tratando com seus discípulos da m esm a m aneira que um a m ãe trata com sua crian ça, am orosam ente explicando por que ela está seguindo certo proce dimento. Q uando Judas logo depois trai o M estre com um beijo, e o últim o aparentem ente sofreu um a derrota, quando o M essias experim enta as am argas agonias do Getsêmani, G ábata e Gólgota, os discípulos devem continuar crendo (inoTeúriTe).^**** Ver Introdução, pp. 52, 53; tam bém sobre 20.30, 31. Eles devem continuar acreditando que “eu sou (ele)” , isto é, que Jesus é tudo o que ele diz ser. Ver sobre 8.24. 20. M ui so len em en te eu lh es assegu ro - v er sobre 1.51 quem recebe aquele que eu enviar, a m im m e recebe; e quem m e receb e, recebe aquele que m e enviou. Q uando a predição do versículo 18 com eça a cum prir-se, Jesus perm anece o M essias, o Filho de Deus, revestido de autoridade para 288. Na explicação, estamos presumindo a premissa de que N.N. está correto no texto. O instrumento textual indica, entretanto, que a variante hiot€Úotit6 também tem apoio forte. Ver também sobre 14.29.0 cumprimento das predições deve indicar aos discípulos que Jesus é exatam ente aquele em quem essas predições estavam destinadas a ser cumpridas.
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enviar seus em baixadores. D essa m aneira, quando os discípulos vêem seu Senhor entregue nas m ãos de seus inimigos, que não se desespe rem. Que não pensem; “A gora está tudo acabado, não apenas para ele, m as tam bém para nós, seus seguidores.” Ao contrário, todas as coisas continuam exatam ente com o estavam antes. Não som ente isso, mas ainda m ais justam ente os fatos de sua hum ilhação confirm am sua auto ridade e a validade da com issão deles. Um em baixador do “C risto tra ído, condenado, e crucificado” é ainda um em baixador verdadeiro; na verdade, ele é o único em baixador genuíno. Segue-se, naturalm ente, que “quem recebe aquele que eu enviar,-**'^ a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” . Cristo e seu E nviador são lun (10.30). É im possível aceitar um e rejei tar o outro. Os dois são inseparáveis. E quando o plano de Deus é executado, e Judas trai o Senhor, entregando-o nas m ãos do inimigo, os discípulos devem perm anecer conscientes da dignidade de seu cham a do. Eles perm anecerão em baixadores de Cristo. E quando eles disse rem a alguém, “rogam os-lhes, em nom e de Cristo, que se reconciliem com D eus” , o próprio Deus, por meio da pregação deles estará fazendo esse apelo ao pecador. Se alguém, seja judeu ou grego, rejeitar esse apelo, ele será rejeitado por Cristo, ele será rejeitado p or seu Enviador, Deus. Essa afirm ativa se aplica a todos os tem pos, e a todo verdadeiro em baixador de Cristo (isto é, a todo em baixador que verdadeiram ente representa e verdadeiram ente proclam a sua Palavra). Portanto é ainda mais geral em sua aplicação do que a sem elhante em M ateus 10.40.
289. Esta é basicamente uma sentença condicional. É como se Jesus tivesse começado a dizer, “Se eu enviar alguém (prótase), quem o recebe, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou (apódose)” . Isso seria 11IA2; ver Introdução, pp. 63-65. Contudo, na forma e significado presentes, a afirm ativa fugiu da sentença condicional original; Jesus certamente não quis dizer que ele podia enviar alguém, ou mesmo que ele iiia provavebnente enviar alguém. A idéia de indefinição não está na atividade predita do Senhor de enviar, mas no objeto dessa atividade divina de comissionar. O pensamento é que não importa qiiem seja que Jesus envie, ele deve ser aceito; e isso pela simples razão de que ele foi assim comissionado. D aí àv pode ser visto como uma partícula que propositadamente acrescenta mais indefinição ao pronome xíva. desse modo enfatizando o pensamento, “Seja quem for que eu enviar, que ele seja bem recebido!” Ver também H. E. Dana e J. R. Mantey, A M anual o f the Greek New Testament, Nova York, 1950, pp. 259, 260.
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21 Depois de dizer essas coisas, Jesus perturbou-se em espírito e testifi cou, dizendo: Mui solenemente eu lhes digo^* que um de vocês me trairá. 22 Então os discípulos passaram a olhar uns para os outros perplexos (sem saber) a quem ele se referia. 23 Ora, ali estava reclinado junto ao peito de Jesus um de seus discípulos, aquele a quem ele (continuamente) amava. 24 Então Simão Pedro fez-lhe sinal, dizendo: Pergunte sobre quem ele está falando. 25 Então, reclinando-se sobre o peito de Jesus, ele lhe indagou: Senhor, quem é? 26 Então Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tendo molhado um pedaço de pão, ele o tomou e o deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27 Então, depois do bocado. Satanás entrou nele. Em seguida Jesus disse: O que você está fazendo, faça-o mais depressa. 28 Nenhum dos que estavam reclinados percebeu por que ele lhe disse isso. 29 Pois alguns estavam pensan do que, como Judas ora quem tinha a bolsa, Jesus lhe havia dito: Compre o que precisamos para a festa, ou (que ele dissera isso) para que Judas desse alguma coisa aos pobres. 30 Então, tendo recebido o bocado, ele saiu imediatamente; e era noite.
13.21-30 21. D epois de dizer essas coisas, Jesus perturbou-se em es pírito e testificou , dizendo: M ui solen em ente eu lhes digo que um de vocês me trairá. A ordem exata na qual os acontecim entos na Sala Superior se de ram não foi revelada de um a m aneira clara e definida de modo que todos os intérpretes concordem . Segundo nosso entender, a seqüência com o dada por A. T. Robertson {A H arm ony o f the Gospels, N ova York, 1922, pp. 190-196) é tão boa quanto qualquer outra que foi pro posta antes e m elhor do que algum as. Então, se essa for correta, a ordem dos acontecim entos seria com o segue: 1. Jesus lava os pés a seus discípulos, e lhes explica que ele lhes deu um exem plo a ser seguido (13.1-20). 2. Ele surpreende os discípulos contando-lhes que um deles iria Iraí-lo. Judas sai (13.21-30). 3. Ele apresenta seu “novo m andam ento” e prediz que Pedro o ncg aria(1 3 .31-38). 4. Ele institui a Ceia do Senhor (M t 26.26-29; M c 14.22-25; Lc .’90. Sobre
o ti
ver Introdução, pp. 81, 89.
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22.17-20; IC o 11.23-26). Esse im portante acontecim ento, por ter sido totalm ente descrito pelos sinotistas e por Paulo, não é repetido por João. 5. Ele ternam ente instrui seus discípulos e os entrega aos cuidados do Pai (Discurso de D espedida e Oração Sacerdotal, capítulos 14-17 do Evangelho de João). N ote que, com a exceção do item 4 que João omite, essa é a ordem na qual o homem que foi testemunha ocular relata os acontecim en tos. M as não estava M ateus presente tam bém ? Estava de fato, mas existe essa diferença entre o relato de João e o dos sinotistas (incluindo M ateus) que, de modo geral, as notas de João sobre o tem po são aqui (e freqüentem ente; ver p. 56, item (2)) mais num erosas e m ais defini das do que as deles. Enquanto os sinotistas (especialm ente Lucas) não parecem ter qualquer intenção de nos dar um relato estritam ente cro nológico, João passa a im pressão de que está nos dando esse relato, com o parece das seguintes anotações de tempo: a. 13.2: “E tendo chegado a ceia ...” O relato da lavagem dos pés vem a seguir (ver 13.1 -20). b. 13.21: “D epois de ter dito essas coisas, Jesus perturbou-se em espírito e testificou e disse ...” Segue o anúncio com respeito ã traição de Judas (13.21-30). c. 13.30: “Então, depois de haver recebido o bocado, ele saiu im ediatam ente; e era noite.” d. 13.31: “Então, depois que ele (Judas) saiu, Jesus disse ...” Então segue-se o novo m andam ento e predição com respeito à nega ção de Pedro (13.31-38). A gora nos volvem os ao 2, a despedida do traidor e o anúncio rela tivo a ele. Isso aconteceu “enquanto eles estavam com endo” (Mt 26.21; M c 14.18). Isso provavelm ente o coloca com o ponto f na ordem da C eia Pascal com o descrita na p. 165. Jesus tinha dito algum as coisas que refletiram e aum entaram sua tristeza. Ele estava perturbado. Para o significado desse verbo, ver sobre 11.33, 34; 14.1. Ele tinha dito, “E vocês estão limpos, m as não todos vocês” (13.10); e “Aquele que com e m eu pão levantou contra m im seu calcanhar” (13.18). Q uando ele disse que nem todos eles es tavam limpos, deu a entender que o conspirador perverso que ele tinha
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em m ente era um dos doze. Mas é provável que eles não tenham per cebido essa insinuação. Jesus sabia que chegara a hora de falar m ais abertam ente sobre esse assunto doloroso. Daí, não surpreende lerm os: “Depois de haver dito essas coisas (referindo-se, talvez, a tudo que ele tinha dito nos vs. 6-20), Jesus perturbou-se em espírito”. Para espírito, o original traz TTyeu|i(x. Esse é o elem ento mais elevado no hom em visto em sua rela ção com Deus. É a m esm a substância im aterial que na LXX e no Novo Testam ento é algum as vezes cham ada alma (v |/u x tÍ, M c 12.30; At 14.2; Fp 1.27, a sede da vontade, dos desejos e das afeições), mas contem plada de um ponto de vista diferente. A lgum as vezes, entretanto, os term os são usados de form a intercam biável (cf. Lc 1.46, 47; At 7.59 com At 15.26).^''' Jesus estava perturbado p o r causa do que ele tinha acabado de dizer, e em vista do que ele estava para dizer. “Ele testifi cou”, isto é, de um a m aneira im pressionante ele fez um a declaração aberta. E la poderia m esm o significar: ele deu testem unho daquilo que com 0 olho profético de sua alm a já tinha visto. Para o verbo testificar ver sobre 1.51. Ele testificou e disse, “M ui solenem ente eu lhes digo que um de vocês me trairá.” Um de vocês\ Isso foi para eles algo com pletam ente inesperado. E ra um soco paralisador. O quê? O Senhor disse m esm o que um dos seus iria entregá-lo (-rrapaówoeL) às autoridades, para que elas fizes sem com ele o que bem quisessem ? 22. Então, os discípulos olharam uns para os outros perple xos (sem saber) a quem ele se referia. Para o quadro com pleto, deve-se ler os Sinóticos sobre isso (M t 26.21-25; M c 14.18-21; Lc 22.21-23). Eles nos inform am que quando Jesus disse, “Um de vocês me trairá”, ele acrescentou, “o que com e com igo” (M c 14.18; Lc 22.21; cf. as explicações de Jo 13.18). Eles 291. No Q uarto Evangelho, o lermo pneuma tem os seguintes significados: a. vento (3.8a); b. o espírito hum ano (4.23, 24b; 6.63a; 6.63b; 11.33; 13.21; 19.30); c. um ser incorpóreo (4.24); e d. o Espírito Santo (1.32; 1.33a; 1.33b; 3.5, 6, 8b, 34; 6.63; 7.39a; 7.39b; 14.17, 26; 15.26; 16.13; e 20.22). No caso de algumas das passagens listadas, as palavras que são usadas em associação com o substantivo mudam o significado ligeiramente (ex., 4.23, 24b; 6.63a; 6.63b). Por essa razão, em cada caso fazemos referência à exegese da passagem na qual o termo ocorre. - No Evangelho de João, i|/uxií é a pessoa ou o eu. Ver sobre 10.11.
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m ostram que em conexão com isso Jesus caracterizou o ato do traidor com o sendo a. um ato que não o tom ava de surpresa, mas tinha sido totalm ente determ inado no eterno conselho de Deus; e b. um ato pelo qual seu executante tinha, a despeito de tudo, total responsabilidade (ver Lc 22.22; cf. M t 26.24; Mc 14.21). A descrição vívida da reação entre os discípulos m ostra que o autor do Quarto Evangelho fazia parte do grupo. Ele nunca esqueceu aquele m om ento dram ático. À m edida que ele escrevia, sentia com o se aque las palavras arrasadoras de Jesus com respeito ao traidor estivessem ainda ressoando através do Cenáculo. Aquele olhar de consternação avassaladora, apreensão séria e surpresa dolorosa, na face dos discípu los com panheiros de João com o ele tinha visto naquela noite, desfilou um a vez m ais por sua memória. N ovam ente ele viu tudo, tal com o se estivesse acontecendo (não meio século depois ou mais, mas apenas) uns poucos m inutos atrás. E com o ele os tinha visto, tam bém eles o tinham visto! Ele escreve: “Então os discípulos - naturalmente incluindo ele próprio - ficaram olhando (ver p. 119, nota 33) uns para os outros”, absolutam ente pas mos. Eles estavam perplexos para saber (não tinham com o saber; nota áTTopoúiieyoL, sem um modo, sem recurso) a quem ele se referia” . Eles estavam totalm ente perplexos. O anuncio chocante de Cristo evocava três respostas; e essas res postas vieram na form a de perguntas, com o segue: 1. U m a pergunta de total autodesconfiança, “C ertam ente não eu, não é S enhor?’ Essa foi a reação dos discípulos com a exceção de Judas (Mt 26.22). 2. U m a pergunta de hipocrisia abominável, “C ertam ente não eu, não é, R abi?” E sta foi, provavelm ente depois de considerável hesita ção, a reação de Judas (M t 26.25). 3. Um a pergunta de confiança inocente, “Senhor, quem é?” Essa foi, com o veremos, a m aneira com o João, instigado por Pedro, se ex pressou. Quando os discípulos perguntaram , “C ertam ente não eu, não é. Senhor?” Jesus não dispersou o tem or ou curou a autodesconfiança deles. Nem de imediato satisfez a curiosidade súbita. Ele deu um a respos-
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ta m uito geral: “O que põe com igo a mão no prato, esse m e trairá” (M t 26.23). M as Judas certam ente não era o único hom em que punha a m ão no prato de Jesus. Por isso, essa resposta não identificou o traidor. O que ocorreu foi o seguinte: a. Ela enfatizou o baixo caráter da ação do traidor, e ao fazê-lo isso serviu com o um a advertência. Pense nisto: pondo a m ão no m esm o prato com o M estre, e depois traindo-o! Que Judas pondere sobre o que estava fazendo. “Eu conheço suas intenções. Judas” , parecia estar dizendo o M estre. A revelação desse conhecim ento detalhado tinha a intenção de funcionar com o um a advertência séria. Sim, no decreto incom preensível e abrangente existe espaço para adm oestações sole nes dadas àqueles que por fim se perdem . Pode-se perguntar, “Como isso é possível?” Eu respondo, “Não sei, mas, não obstante, o fato per m anece” . Se não quiserm os aceitar a idéia de advertências m esm o para os réprobos, perdem os algum a coisa do sentido desse relato. O caráter sério da adm oestação im plícita aum enta a culpa de Judas. Ele tam bém fornece um a visão m elhor e mais verdadeira da alm a de Jesus. Antes de alguém estar pronto a negar a possibilidade de advertências sérias m esm o para os réprobos, ele deveria estudar G ênesis 4.6, 7; Isaías 5.1-7; Ezequiel 3.18-21; 18.30-32; 33.11; Provérbios 29.1; Lucas 13.6-9; 13.34, 35; Atos 20.31; M uitas outras passagens sem elhantes podem ser acrescentadas a essas. b. Ela direciona a atenção para a profundidade do sofrim ento de Cristo. De um a m aneira traiçoeira e hum ilhante ele, o Senhor da Glória, está sendo entregue a seus inimigos. É muito im portante ver isso. N os sa reflexão sobre o relato da Paixão de Cristo não deve perder-se em todos os tipos de detalhes relacionados a Judas, Pedro, Anás e Pilatos. Trata-se, afinal de contas, da história de seu sofrim ento, Ela está cen trada nele, e não devem os nunca esquecer de perguntar com o todas essas coisas o afetaram! c. Ela mostrou, mais um a vez, que Jesus tinha o total controle da situação. Ele não foi tom ado de surpresa. Ele sabia exatam ente o que estava acontecendo e o que iria acontecer, nos m ínim os detalhes. Ver sobre 13.19. d. E la forneceu um a oportunidade aos discípulos de se auto-examinarem. Esse ponto é freqüentemente negligenciado. É, contudo, muito
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importante. Ao dar a resposta que está registrada em M ateus 26.23 (ver acima) Jesus não identificou o traidor, e exatamente por não identificá-lo, o Senhor estava na verdade fazendo a todos um favor. Ele sabia que o auto-exam e seria o m elhor exercício para homens como esses (lembrese de Lc 22.24!). Que cada um dos discípulos entretenhaum certo receio de si mesmo. Que eles fiquem cheios de graves apreensões, com total autodesconfiança. Esses homens precisam de tempo para um auto-exa me. E assim, por uns poucos momentos pelo menos, o trabalho de introspeção tem seu livre curso. Terá alguém orado o Salmo 139.23, 24? “Sonda-m e, ó Deus, e conhece m eu coração, prova-m e e conhece m eus pensam entos; vê se há em m im algum cam inho m au e guia-m e pelo cam inho eterno.” 23, 24. Para um deles (Pedro, é claro) o suspense logo se tornou insuportável. João conta o que aconteceu, pois ele próprio estava envolvi do no incidente: Ora, ali estava reclinado ju n to ao peito de Jesus um de seus discípulos, aquele a quem Jesus (perenem ente) am a va. Então Sim ão Pedro lhes fez sinal e lhe disse: Pergunte a quem ele se refere. Os ocupantes do Cenáculo estavam reclinados em sofás, divãs ou colchões em volta de uma m esa baixa. Ao entrar na sala, podia-se ver esses divãs arranjados na form a de um U-invertido, com os convidados reclinados na extrem idade oposta da m esa e dos dois lados. Cada ho mem, de frente para a m esa, estaria sentado de lado, com seus pés estendidos na direção do chão. Ele estaria espichado sobre seu lado esquerdo e inclinado sobre seu braço esquerdo, a fim de conservar o braço direito e a m ão direita livres para m anusear a com ida. N atural m ente que a pessoa da direita teria suas costas voltadas para seu vizi nho, e sua cabeça estaria descansando na frente do (ou sobre o) peito de seu vizinho, isto é, em seu seio\ aquela parte (ou dobra) da vesti m enta que cobre o peito. Assim, estava reclinado no seio de Jesus - portanto, à sua direita um de seus discípulos, aquele a quem Jesus (perenemente) amava. Para um a discussão da distinção possível em significado entre dois ver bos diferentes que significam amar, ver sobre 21.15-17.
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Quem era esse discípulo a quem Jesus amava? Ver 13.23; 19.26; 20.2 (é(j)LÀeL); 21.7, 20. As tentativas de identificá-lo têm sido num ero sas.“ ^ Pelas razões apresentadas nas pp. 32-36, nós aderim os ao ponto de vista tradicional de que esse discípulo am ado era João, o autor do Quarto Evangelho. Ora, é claro que Jesus am ava a todos os seus dis cípulos verdadeiros (13.1; 14.21; 15.9; 17.9, 12). Todavia, o título de “discípulo a quem Jesus am ava” foi dado a esse único discípulo, tãosom ente a ele. Não será possível que os outros lhe dessem este honro so título quando notaram o caráter íntim o do com panheirism o entre ele e o M estre? Se isso estiver correto, João sim plesm ente estava fazendo uso do título que os outros lhe tinham dado. E não seria possível que essa relação ím par entre Jesus e João estivesse radicada no fato de que, por causa da distribuição soberana de dons e talentos feita por Deus, João era o que m elhor entendia Jesus dentre todos os outros? Além do mais, quando o evangelista se denom ina com o sendo “o discí pulo a quem Jesus am ava”, ele não está se gabando de seu próprio am or pelo M estre; ao contrário, ele está se gloriando no am or de seu M estre por ele. Essa glorificação não é pecam inosa. “Sim ão Pedro fez a este um sinal.” Têm sido feitas tentativas para indicar os lugares ocupados respectivam ente por Jesus, João, Pedro e Judas.^” M as, à parte do fato de que João estava reclinado sobre (“pró xim o d e”, “perto d e”, “em frente de”) o peito de Jesus, pouco sabemos. A inform ação que nos é dada neste relato é insuficiente para levar a resultados conclusivos, com o é evidente pelo conflito nas opiniões dos intérpretes. Um bem conhecido expositor coloca Pedro próxim o a - e à direita de - João (por que então Pedro faria um sinal a João?); outros o vêem reclinado atrás de - ou seja, à esquerda de - Jesus (não teria essa posição tornado a conversa entre Pedro e João um pouco desajei tada, tendo Jesus no meio dos dois?); e muitos, provavelm ente acom pa nhando Edersheim , colocam Pedro diretam ente do outro lado da mesa, em frente a João (o que é melhor, m as não passa de um a possibilidade). 292, Duas tentativas recentes são a de Floyd V. Filson, “W ho Was the Beloved Disciple?” JBL 68 (junho, 1949), 83-88; e a de Eric L, Titus, “The Identity of the Beloved Disciple” , JBL 69 (dezembro, 1950), 323-328, Filson o identifica com Lázaro. Titus pensa que há uma possibilidade real, que tem sido negligenciada, na pessoa de Matias. 293. Ver, por exemplo, a reprodução in A. Edersheim, The Life and Times o f Jesus, the Messiah, Nova York, 1898, vol. II, p. 494.
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JOÄO 13.25, 26
A queles que adotam o últim o ponto de vista freqüentem ente acrescen tam que Simão, por estar bastante envergonhado por causa da lição que Jesus lhe dera na lavagem dos pés, tinha se apressado em ocupar o lugar inferior. M as tudo isso são meras conjeturas. Pedro sinalizou para João. Ele acreditava que o últim o sabia mais do que ele de fato sabia. Sim ão estava convencido de que João sabia quem Jesus tinha em m ente quando disse; “Um dentre vocês vai me trair.” Por que João estava guardando essa inform ação só para? Então, tendo conseguido cham ar sua atenção, Pedro lhe pede, “D iga sobre quem ele está falando” . 25. A ssim , reclin an d o-se sobre o p eito de Jesu s, ele disse: Senhor, quem é? Essa é um a pergunta de um a confiança serena e infantil. Ver acim a sobre 13.22. João se dirige a Jesus com o seu divino Senhor. Ver sobre 1.38 e 12.21. Era muito fácil para João, que estava reclinado tão perto do peito de Jesus, inclinar um pouco sua cabeça para trás de m odo a olhar direto nos olhos do M estre! Com franqueza adm irável e sim plicidade, inteiram ente convencido de que Jesus não o desapontaria, João faz a pergunta, “Senhor, quem é?” 26. Então Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o peda ço de pão m olhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o m olhado, deu-o a Judas, filho de Sim ão Iscariotes. Ao que parece, mesmo antes de João ter form ulado sua pergunta, Jesus já havia partido um pedaço de pão asmo de um dos pães achata dos que estavam sobre a mesa. Segurando-o na mão, ele sussurra a seu discípulo am ado que o traidor era o hom em a quem ele ia dar aque le bocado de pão depois de o molhar. Então, depois de o m olhar na vasilha que continha ervas am argas, vinagre e sal, ou num a que contin ha um molho feito de frutas esm agadas (provavelm ente tâm aras, figos e passas, representando as frutas da terra), água e vinagre - as duas (ervas am argas e fm tas am assadas) podem até ter sido m isturadas 294. A tradução da A.V., “Simão Pedro então acenou-ilie, para que ele perguntasse de quem poderia ser que ele estava falando” , baseia-se numa versão definitivamente mais fraca. Pedro não disse a João que perguntasse a Jesus quem era. Ao contrário, ele partiu do pressuposto de que João. reclinado perto de Jesus e sendo tão íntimo dele, já sabia” . “Que ele então diga o que sabe.” Não é necessário inserir o pronome me ou nos “Diga-me - ou diganos ~ quem é”).
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num a m olheira, com o era a prática costum eira nos anos posteriores - , ele tom ou-o e entregou a Judas Iscariotes (ver sobre 6.71). A gora João sabia quem era o traidor. É possível presum irm os que ele im ediatam ente passou essa inform ação a Pedro (por m eio de um sinal?), mas isso não consta do relato. Por que, pois, Jesus usou esse m étodo para responder à pergunta de João? Por que ele sim plesm ente não cochichou de volta, “É Judas” ? Era a fim de gravar bem no últim o a enorm idade de seu crim e, para que servisse de advertência adicional. Ver sobre 13.22. Judas estava pronto para trair aquele cujas mãos o tinha alim entado!“ -'’ 27. E, depois do bocado, Satanás entrou im ediatam ente nele. O diabo tinha colocado um a sugestão m aligna no coração de Judas (ver sobre 13.2). Judas tinha agido a partir dessa sugestão. A gora o diabo - aqui cham ado Satanás, isto é, adversário — entra no coração de Judas. Esse é o m étodo que ele usa costum eiram ente para com aqueles que não o resistem . Satanás tom a total posse da alm a do trai dor. (Com o o evangelista descobriu isso não foi revelado.) Judas é ago ra um a pessoa com pletam ente endurecida. As advertências de Jesus não tinham recebido a devida atenção. A gora elas não m ais seriam dadas. Jesus nada mais tem a fazer com relação a Judas. E ntão Jesus lhe disse: O que você está fazendo, faça-o mais depressa. (Ou: “O que você está fazendo, faça-o rá p id o ”) A m esm a palavra que traduzim os por m ais depressa ou rápido (láxiov) ocorre tam bém em 20.4; “O outro discípulo correu à frente, m ais depressa que P edro.” Assim , rapidam ente, Jesus despede Judas e ao m esm o tem po reve lou que ele. Senhor de todos, era plenam ente senhor da situação. Todos os detalhes de sua Paixão, inclusive a hora certa de cada coisa, esta vam em suas mãos, não nas mãos do traidor. No plano de Deus tinha sido decidido que o Filho de Deus faria um a oferta pelo pecado por m eio de sua morte na cruz, e que isso aconteceria na sexta-feira, no 295. A entrega do bocado a Judas não foi um ato de amizade, como algumas vezes é dito, com base em Rute 2.14. À luz do contexto (13.18 e 26a) - e que, depois de tudo, é importante! - o que Jesus faz quando ele entrega o bocado a Judas deve ser visto como a. uma resposta à pergunta de João, e b. uma advertência a Judas.
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décim o quinto dia de Nisã. Aquele não era o m om ento escolhido pelo Sinédrio ou por Judas. Por essa razão. Judas teria de trabalhar m ais depressa. E Judas de fato se apressou, provavelm ente porque ele ago ra sabia (M t 26.25) que tinha sido “desm ascarado” . Ele estava prova velm ente com m edo de que, a m enos que agisse com rapidez, toda a conspiração fosse p or água abaixo. 28, 29. N enhum , porém , dos que estavam à m esa percebeu por que ele lhe disse isso. Porquanto alguns estavam pensando que, com o Judas era quem trazia a bolsa, Jesus estivesse dizen do-lhe: C om pre o que precisam os para a festa (ou que ele disse isso) para que Judas desse algum a coisa aos pobres. A essa altura, três ou quatro pessoas à m esa sabiam da identidade do traidor: Jesus, que sem pre soube desde o princípio, Judas (evidente m ente), João e provavelm ente Pedro. Certam ente que não é necessá rio supor que a conversa entre Jesus e João, registrada em 13.25, 26, tinha sido ouvida por todos. Sabem os que a boca de Jesus estava m uito perto do ouvido de João e vice-versa. Por que então esses dois iriam conversar entre si num tom de voz que não fosse baixo? Entretanto, as palavras, “O que você está fazendo, faça m ais depressa” foram ouvi das p o r todos. É fácil entender que para os outros discípulos (todos exceto Judas, João e provavelm ente Pedro), essas palavras eram um enigm a, m as por que elas deviam ser ininteligíveis a João e Pedro? Com o é que o evangelista diz que ninguém percebeu por que Jesus deu essa ordem incisiva? A resposta tem, provavelm ente, de ser buscada nesta direção geral : quando alguém está profundam ente chocado por um a notícia totalm ente inesperada, leva tem po para a m ente ajustar-se à nova situação. É provável que nem João ou Pedro, nem nenhum dos outros, jam ais im aginasse mal de Judas. Assim, eles não poderiam , de um m om ento para outro, ser capazes de “som ar dois mais dois” . Eles não foram capazes de ligar as palavras da dispensa (13.27b) com a ação sim bólica de identificação (13.26b). Posteriorm ente, quando, ao refletir sobre essa cena inesquecível, os discípulos trocaram opiniões, o evangelista descobriu que nessa noi te m em orável alguns deles, repassando na m ente o dito enigm ático de Jesus a Judas, “O que você está fazendo, faça m ais depressa” , chega ram à conclusão o que essas palavras de fato significavam . Eles tinham
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pensado que, visto Judas ser o encarregado das finanças, era quem “tinha a bolsa" (ver sobre 12.6), ele estava sendo orientado a com prar o que fosse necessário para a festa de sete dias (ver sobre 13.1); ou que o tesoureiro tinha recebido algum a instrução velada para que“ '’ desse algum a coisa aos pobres. Isso, incidentaim ente, indica que os discípulos consideravam norm al Jesus prom over a caridade e benevo lência cristãs! C ontra a idéia de que essa era a noite de C eia Pascal, tem -se form ulado a objeção: “Com o é possível que Judas fosse com prar algum a coisa naquela no itel" Ora, a dedução dos discípulos indi ca que pelo m enos nem tudo em Jerusalém ficava fechado todas as noites. Em nossas grandes cidades, algum as lojas de conveniência fi cam abertas a noite toda. E se coisas podiam ser com pradas durante outras noites, por que não na noite de Páscoa? É difícil ver por que em Jerusalém durante essa noite específica fosse absolutam ente im possí vel obter provisões em qualquer lugar. D eve-se ter em m ente que exatam ente então deveria haver m uita atividade em toda a cidade. Os peregrinos que estavam hospedados fora de Jerusalém estavam retor nando aos seus alojam entos depois da C eia Pascal. As grandes portas do tem plo ficavam abertas até m eia-noite a fim de com eçar os prepa rativos iniciais para as oferendas do C hagigah (sacrifício festivo). E os pobres naturalmente estavam em evidência perto do templo e onde quer que houvesse gente. O ônus da prova certamente repousa sobre aqueles que buscam estabelecer que nessa noite nada podia ser comprado, fosse nos recintos do templo ou noutros lugares da cidade. Ver A. Edersheim, op. cit. pp. 508, 568; G. Dalman, op. cit., p. 95. 30. Judas aparece todo o tem po com o um hipócrita. Não se pode confiar nele. Quando no final do M inistério da Galiléia, “muitos de seus 296. Depois do por que (“Nenhum ... percebeu por que ele tinha dito isso”), 'iva para expressar o propósito (“para que”) parece natural. A idéia parece ser que alguns pensam que ao dizer, “O que você está fazendo, faça mais depressa”, Jesus quisesse dizer: “Apresse-se a fazer as compras para a festa”, ou que ele tivesse dito essas palavras a fim de apressar a ajuda aos pobres. Segundo alguns intérpretes, ao contrário, o significado é deste teor: “Alguns estavam pensando que Jesus tinha de fato dito: ‘Compre o que precisamos para a festa’, ou que ele tinha expressam ente dito a Judas para (iva.) dar alguma coisa aos pobres” . Nesse caso, 'iva seria sub-final. Mas a objeção a essa interpretação é que o versículo 28 definitiva mente indica que a observação de Jesus tinha sido claramente ouvida por todos. Todos sabiam o que Jesus tinha dito a Judas. Ninguém sabia por que ele tinha dito isso. Por essa razão damos a'ívoi força total aqui.
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discípulos o abandonaram e já não andavam com ele” (6.66), Judas, ao perm anecer com Jesus, fin g iu ser um discípulo verdadeiro (ver sobre 6.70, 71). Q uando M aria de Betânia ungiu Jesus, Judas fin g iu estar preocupado com os pobres (ver sobre 12.4-6). Quando, durante essa m esm a noite da C eia Pascal, o M estre fez este anúncio surpreendente, “Um de vocês vai me trair”, tinha arrancado um a rápida reação de m uitos lábios, “C ertam ente não eu, não é. S enhor?’ Judas, tam bém se juntou ao grupo, “C ertam ente não eu, não é, R abi?” Isso tam bém era meram ente fingim ento. E agora, uns poucos m om entos depois, quando Jesus estende a Judas o bocado de pão, este atrevidam ente o apanha, com o se ele tivesse o direito de aceitar com ida da mão daquele cuja destruição ele tinha ajudado a tramar. Se algum a vez existiu um hom em com um a consciência cauterizada, esse hom em era Judas! Judas estava, naturalm ente (ver sobre 13.27), m uito contente de atender à ordem de Cristo de fazer depressa o que ele estava fazendo. A ssim , ten d o receb id o o bocado, saiu im ed iatam en te; e e ra n o i te. Ele saiu imediatamente e foi conferenciar com as autoridades quanto ao lugar e hora da prisão. E agora ou nimcal A conspiração tinha sido “descoberta” . Portanto, corria o risco de ser frastrada se eles não agis sem im ediatam ente! ... Era noite quando Judas deixou aquela sala, era noite lá fora; era noite tam bém em seu coração! 31 Então, quando ele saiu, Jesus disse: Agora o Filho do homem foi glori ficado, e Deus foi glorificado nele. 32 Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, sim, ele o glorificará imediatamente.-'” 33 Filhinhos, ainda por pouco tempo estou com vocês. Vocês me procurarão, e como eu disse aos judeus, eu lhes digo a vocês: Para onde eu estou indo vocês não podem ir. 34 Um novo mandamento eu lhes dou, que’'“ vocês continuem a amar uns aos outros; assiin como eu os amei, que também vocês amem uns aos outros. 35 Nisto todos conhecerão que vocês são meus discípulos: se continu arem a nutrir amor uns pelos outros. 36 Simão Pedro lhe disse: Senhor, para onde estás indo? Jesus respondeu: Para onde eu estou indo vocês não podem me seguir agora, porém me seguirão mais tarde. 37 Pedro lhe disse: Senhor, por que não posso seguir-te imediata mente? Por ti eu daria minha vida. 38 Jesus respondeu: Você daria sua vida por 297. IC; ver Introdução, pp. 60, 61. 298. Sobre'íi^a ver Introdução, pp. 68, 76. 299. 111B2; ver Introdução, pp. 63, 65, 66.
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mim? Mui solenemente eu lhe asseguro que o galo não cantará antes que você me negue três vezes.
13.31-38 31. Então, quando ele saiu, Jesus disse: A gora foi glorifica do o Filho do hom em , e Deus foi glorificado nele. Com a despedida de Judas, a sorte estava lançada. Não com o se em algum tempo transcorresse qualquer incerteza a respeito do plano divino de Jesus m orrer por seu povo. O decreto eterno de Deus é abso lutam ente imutável e certam ente se realizará. M as agora, com a dis pensa de Judas, a realização desse plano na história alcançou outro estágio decisivo. Quando Jesus despediu Judas com as palavras: “O que você está fazendo, faça mais depressa”, ele dessa form a nova m ente dem onstrou sua disposição de entrar nas águas profundas e es curas da morte eterna pelos seus. O Senhor sabia que tinha sido com esse propósito em m ente que Judas tinha deixado a sala, ou seja, reve lar às autoridades o paradeiro de Jesus e m ostrar-lhes com o eles o poderiam prender. Com total conhecim ento desse fato, o M estre tinha apenas dito a esse pecador endurecido que fosse em frente e fizesse mais rápido o que já estava em andamento. Isso m ostra que o Filho queria ser obediente à vontade do Pai, e que ele queria, por meio de seu sofrim ento e sua morte, tornar m anifesto seu glorioso am or aos eleitos. Por meio dessa obediência e desse amor, Jesus, com o o Filho do hom em - ver sobre 12.34 - , foi glorificado. Ele estava glorificado exa tam ente agora, ao dizer essas palavras ao traidor, e a glória ainda estava sobre ele.* “ Ele tinha visto a vinda da tem pestade, mas em vez de evitá-la, cam inhou diretam ente para ela. Com o um a galinha que ao praticar o ato de abrir suas asas e proteger seus pintainhos, assim per m itindo que a chuva caia torrencialm ente sobre suas próprias costas, enquanto seus pequenos ficam perfeitam ente a salvo, arranca expres são de adm iração dos lábios de quem estiver assistindo, tam bém ele, e ainda m uito mais o Senhor, no ato de despedir Judas, reflete glória so bre ele mesmo; pois, ao fazer isso, ele perm ite que a tem pestade, não 300. fôoÇáoOri, aoristo dramático, usado para ações que acabaram dc acontecer e cujo efeito chega até o presente. Ver Gram. N.T. pp. 841-843.
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de chuva, m as de ira, caia sobre si mesm o, enquanto protege os seus. Essa era sua glória. Ver sobre 1.14. C onseqüentem ente, nesse exato m om ento, que parece representar derrota, desonra e desastre sobre ele, o Filho do hom em está na reali dade sendo glorificado! E, devido à intim idade infinita existente entre quem o enviou e o enviado (cf. 10.30), Deus estava sendo glorificado nele. Os dois são inseparáveis. Sem pre que pensam os no sofrim ento de Cristo, nunca sabem os o que adm irar mais: se a subm issão voluntária do Filho a essa m orte por esse povo, ou o desejo do Pai de entregar esse Filho para m orrer por esse povo. 32. O que tinha ocorrido é um a garantia para o futuro: se Deus tem sido glorificado nele (observe que é nele, não m eram ente p o r ele\ da m esm a form a que um pai é honrado não apenas p o r seu filho, mas tam bém no caráter e com portam ento de seu filho), tam bém Deus o glorificará em si m esm o. Pai e Filho são glorificados um no outro, pois em bora eles sejam duas pessoas, eles são um em essência. Por meio da paixão, ressurrei ção, ascensão e coroação. Deus glorificará o Filho em união íntim a com ele m esm o (de modo que a glória do Filho reflete a glória do Pai, e vice-versa). Sim , ele o glorificará im ediatam ente. De fato im edia tamente, pois o Getsêm ani, G ábata e G ólgota estão logo ali, no virar da esquina! ... Era noite (13.30). Em poucas horas, o Filho do hom em estaria entrando no Getsêmani! 33. F ilhin hos, ainda por um pouco estou com vocês. Vocês m e procurarão, e, com o eu disse aos judeus, tam bém lhes digo agora, Para onde eu estou indo, vocês não podem ir. Sabendo que em poucas horas a associação diária de seus discípu los term inaria, para nunca mais ser retom ada de m aneira terrena, o Senhor se dirigiu a eles muito carinhosam ente com o “filhinhos” . Esse é 0 único lugar nos Evangelhos que essa palavra (xeKvía) ocorre. No N ovo Testam ento, ela é usada um a vez por Jesus e muitas outras vezes pelo “discípulo a quem Jesus am ava” (João).*' O últim o em pregou-a nas seguintes passagens: 1 João 2.1, 12, 28; 3.7, 18; 4.4; e 5.21. A o u sar 301, Em Gálatas 4.19 a melhor leitura é provavelmente “filhos” em vez de “filhinhos” .
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essa form a de tratam ento aqui em 13.33, Jesus deixa claro que os dis cípulos, em bora espiritualm ente im aturos, no entanto eram m uito am a dos por ele. Para o pensam ento contido neste versículo, ver tam bém sobre 7.33; 8.21; 12.35; 14.19; e 16.16-20. N a Festa dos Tabernáculos, seis meses antes, Jesus tinha dito aos judeus que ele estaria com eles som ente por um pouco m ais de tempo. Os m eses se tornaram sem anas, e estas, dias e, por fim , horas. Som ente mais um as poucas horas a partir de agora e 0 dia-a-dia (num sentido físico) de com panheirism o entre o M estre e seus discípulos cessaria para sempre. Por m eio de sua morte, Jesus iria para o Pai. As esperanças dos discípulos seriam arruinadas. Eles sen tiriam saudades dele, isto é, de sua proxim idade física. É nesse sentido que eles o buscarão, isto é, sua presença visível, e isso antes e depois de sua morte e depois de sua ascensão. Ver Lucas 24.21; Atos 1.11. Essa busca é muito semelhante ao pronunciamento de um suspiro, ouvido com freqüência desde esse tempo, “Ah, se Jesus ainda estivesse na terra!” N ão apenas eles não seriam capazes de trazer Jesus de volta à terra, m as tam bém não seriam capazes de ir para onde ele estava: “Para onde eu estou indo, vocês não podem ir” . Ele ia para o Pai. Eles não podem ir para o Pai, isto é, não até depois (13.36), não até que m orressem . Em conexão com a morte, a grande diferença entre os verdadeiros discípulos de Cristo e os inimigos judeus será revelada. Estes últim os não irão para o Pai, mas morrerão em seus pecados (8.21). M as em bora os discípulos não m ais fossem capazes de regozijar-se na presença visível de Jesus, eles seriam ainda capazes de gozar da com panhia uns dos outros. Portanto Jesus continua; 34. Um novo m andam ento eu lhes dou, que continuem a am ar uns aos outros; assim com o eu os am ei, que vocês tam bém con tinuem a am ar uns aos outros. No Quarto Evangelho, o term o que traduzim os por m andam ento aqui (èvTOÀTÍ) é usado em três conexões; com o segue, a. com respeito ao m andam ento legal ou ordem dada pelo Sinédrio (11.57); b. com respeito ao m andato ou instrução dada pelo Pai a Jesus (10.18; 12.49,50; 14.31);
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c. com respeito ao preceito dado por Jesus a seus discípulos (13.34; 14.15,21; 15.10, 12). Em bora esses três significados sejam muito relacionados, m esm o assim é provavelm ente m elhor fazer distinção entre eles. Um m anda m ento legal ou ordem é dada por homens que podem ou não ter um interesse pessoal e caloroso pelas pessoas que são obrigadas a obede cê-la. C ertam ente que não existe evidência que m ostre que o Sinédrio estava cheio de afeição pelo povo! Quando usada nesse sentido, a pa lavra tem o sabor do que é aparente, oficial e codificado. O m andato ou instrução dada pelo Pai ao Filho é a direção que o Enviador em seu am or dá ao Enviado, em com pleta harm onia com o plano eterno sobre o qual eles concordaram . O preceito é um a regra, feita por Jesus e ilustrada m ediante seu próprio exem plo, para regulação da conduta e atitude interior dos discípulos, para com Cristo, um para com o outro, e o mundo. Em bora não façam os objeção ao termo popular o novo m an dam ento, e dele fazem os uso, contudo aqui no versículo 34 a palavra é usada no sentido de preceito. Tanto o mandato com o o preceito nascem do amor; portanto, quando a necessidade exige (para mostrar que o m es mo termo é usado no original em ambas as cláusulas da sentença), os dois termos podem ser usados para ambas as idéias (como em 15.10). O preceito dado aqui é novo (Kaivií, não véa).’“- É caracterizado pelo fres cor e beleza do amanhecer. É totalmente desejável. De fato é verdade que o novo m andam ento que requer am or para com seu próxim o, para com “os filhos de seu povo”, já é encontrtido no Antigo Testam ento (Lv 19.18; Pv 20.22; 24.29). N a verdade, am or para com Deus e para com o próxim o é o sum ário da lei (Mc 12.29, 302. Cf. R. C. Trench. Synonyms o fth e New Testament, Grand Rapids. Mich. (reedição), i948, pp. 219-225. Néo; significa que brotou mais tarde, jovem. Ele contempla aquilo que é novo do prisma do tempo', KKiyó<; significa não desgastado ou desfigurado pela idade. Ele vê o que é novo do prisma áa form a e qualidade. Ele se refere às vezes àquilo que não foi usado antes (Jo 19.41; cf. Mt 27.60). Dessa maneira, o túmulo onde o corpo de Jesus foi depositado, embora pudesse ter sido cavado muito tempo antes, pode não ter sido vkov, era contudo Kaivóv. Se os dois adjetivos são sempre distintos em significado ou tendem algumas vezes a ser usados de forma intercambiável, com pouca, se houver alguma, diferença em significado (como é verdadeiro com respeito a muitas palavras, especialmente quando elas se tornam “velhas”) é discutível. Trench mantém a distinção em significado o tempo todo, mesmo entre 5taSiÍKri um (Hb 12.24)eòia9iÍKr| Kaii^ií (Hb 8.8, 13). Ele pode estar certo! Em cada caso separado o contexto terá de decidir.
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31). M as a novidade do preceito aqui prom ulgado é evidente pelo fato de que Jesus requer que seus discípulos m ostrem am or uns para com os outros como ele os amoul Seu exem plo de am or constante (note; continue a amar) e auto-sacrificial (pense em sua encarnação, m inis tério terreno, m orte na cruz) deve ser o padrão para sua atitude de reciprocidade. Devido ao fato de a obediência voluntária a esse precei to ser de im portância fundamental para o bem -estar espiritual dos discí pulos (e, na verdade, de toda a Igreja), e porque seu próprio coração transborda de amor, Jesus repete este preceito. 35. N isto todos conhecerão que vocês são m eus discípulos: se continuarem a nutrir am or uns para com os outros. A m or genuíno, profundo, constante e auto-sacrificial uns pelos ou tros é 0 caráter que distingue o cristão. E pela m anifestação dessa qualidade gloriosa que os discípulos do M estre podem esperar exercer influência sobre o mundo, de m odo que os hom ens com eçarão a reco nhecer (YvwoovTai; ver sobre 1.10, 31; 3.11; 8.28) que a Cristo (note t|iOL enfático) e a ninguém mais esses crentes pertencem . D essa m a neira, todos com eçarão a ver “o Cristo no cristão” . “Com o pode você levar seu filho a Cristo a menos que use o m étodo de Cristo? Há som ente um a coisa que você pode fazer É deixar seu filho ver Cri.sto em você. “Você tem um marido terno e verdadeiro? U m a esposa cega a tudo menos a você? Para que cada um possa ganhar o outro, Essa vida deve falar do querido Filho de Deus. “Só existe um plano eficaz Pelo qual ganhar um com panheiro; Você tem um vizinho antigo ou novo? Apenas deixe esse vizinho ver Cristo em você. “A Igreja que espera ganhar os perdidos D eve pagar o único preço que nunca muda; Ela deve levar o m undo a ver N ela o Cristo do C alvário.” - A u to r d esco nhecido
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N um a confirm ação histórica das palavras de Jesus registradas aqui em 13.35, Tertuliano (cerca de 200 d.C.) escreveu: “M as é principalm ente os feitos de um am or tão nobre que leva m uitos a colocar um a m arca em nós. ‘Vejam’, eles dizem , ‘com o eles se am am ’, pois eles mesm os são m ovidos por ódio mútuo; ‘vejam com o eles estão dispostos até m esm o a m orrer uns pelos outros’, pois eles m esm os preferem m atar {Apologia XXXIX). 36. Pedro tinha ficado perturbado com a observação feita por Je sus, “A inda por um pouco eu estou com vocês ... para onde eu estou indo, vocês não podem ir” (13.33; ver sobre esse versículo).“ ^ E le quer m anter Jesus aqui na terra. M as se for Jesus para deixar o grupo, pelo m enos Pedro deseja ir com ele. Então Sim ão Pedro lhe disse: Se nhor, para onde estás indo? Jesu s respon d eu : P ara onde eu estou ind o você não pode m e seguir agora, porém m e seguirá m ais tarde. Jesus, por meio da crucificação, está indo para o Pai. Pedro não pode segui-lo agora. Por que não? Respondem os: a. porque, segundo 0 eterno decreto de Deus, o m om ento exato da partida de Pedro não havia chegado; e b. porque Pedro (como é m uito evidente do que se gue) não estava ainda espiritualm ente pronto. Depois, entretanto, Pedro seguirá pelo cam inho de Cristo. Ele tam bém seguirá para o Pai. Ele irá para o Pai, além do mais, por m eio de m orte por crucifixão! Ver sobre 21.18, 19. (Quase não é necessário acrescentar, é claro, que a morte de Pedro na cruz não teve valor expi atório substitutivo.) 37. A legrem ente alheio à sua própria fraqueza, Pedro lhe disse: Senhor, por que não posso seguir-te agora? Ele fom ece, talvez, a m elhor ilustração encontrada nas Escrituras para o problem a do Eu 303. A narrativa do versículo 1 ao último versículo do capítulo 13 é tão estreitamente entretecida que é difícil encontrar espaço para a instituição da Ceia do Senhor em algum lugar. Assim, os que a posicionam entre os versículos 35 e 36 esquecem que o versículo 36 é uma reflexão sobre o versículo 33. Em todo caso, os que parecem preferir m anter a divisão do capítulo (entre os capítulos 13 e 14) exatam ente onde ela está agora, e inserir a instituição da Ceia do Senhor nesse ponto (como se ela tivesse acontecido entre a predição relativa ã negação de Pedro e o discurso que começa no capítulo 14) podem estar certos. Entretanto, a respeito disso não há certeza. Ver também sobre 13.21.
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Desconhecido. Sua pergunta: “Senhor, por que não posso seguir-te ago ra? ( ü t p x L Jesus tinha usado vOv)”, m ostra três coisas: a. sua devoção ao M estre; ele quer estar onde Jesus está; b. sua im paciência (“agora”); e c. sua autoconfiança; ele pensa que está pronto para seguir Jesus m esm o na morte, com o claram ente indica quando continua: Eu daria m inha vida por ti. Um a com paração com as passagens paralelas nos Sinóticos m os tra que a gabolice de Pedro continha três elem entos: a. Eu serei m ais corajoso do que os outros discípulos. Eu não m e deixarei prender num a cilada. A inda que todos se deixem prender num a cilada, eu ja m ais!” (M c 14.29). b. Eu jam ais te negarei não im porta o que venha a acontecer: m esm o que eu m orra contigo, certam ente que jam ais te ne garei.” Pedro está disposto, se necessário, a m orrer por Cristo. Em relação a essa gabolice, uns fatos adicionais devem ser obser vados. a. Pedro disse essas palavras antes e depois da predição de Cristo que é registrada em 13.38, com o está claro em M ateus 26.33-35; M ar cos 14.29-31. Evidentem ente, naquela hora, as palavras de Jesus di zendo a Pedro que, apesar de sua gabolice, ele faria justam ente o que prom etia tão enfaticam ente não fazer, não surtiram efeito. Pedro esta va muito seguro de si mesmo. b. Ele usou linguagem m uito enfática. Note a dupla negativa em M ateus 26.35, de m aneira que a gabolice pode ser traduzida com o se gue: “É certo que não te negarei.” E com pare: “Eu nunca me deixarei prender num a cilada” . c. Ele falou com mais veem ência (M c 14.31), evidentem ente nem um pouco satisfeito com o fato de que Jesus tinha um a opinião diferente. d. A passagem aqui em João indica que a gabohce de Pedro não foi um a m era negativa (“Eu não me deixarei prender num a cilada” , “Eu não te negarei”), mas tam bém positiva: “Eu daria m inha vida por ti.” L ucas 22.33 fo rn e c e o com entário. e. Sua exclam ação autoconfiante foi im itada pelos outros: “E o m esm o disseram todos os discípulos.” Nem ao m enos um dentre os discípulos conhecia seu próprio coração. Observe os três “Todos” : “ 7b-
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dos vocês cairão num a cilada” (M c 14.27), disse Jesus. Todos eles disseram : “Im possível” (para as palavras exatas, ver M t 26.35). “E n tão, todos os discípulos o deixaram e fugiram .” E m bora nenhum dos discípulos conhecesse o próprio coração, e não obstante todos terem caído num a cilada, Pedro foi ainda m ais lon ge: ele chegou até m esm o a negar que conhecesse o M estre; ver sobre 18.15-17;] 8.25-27; cf. M ateus 26.69-75. 38. E Jesus respondeu: Você daria sua vida por m im ? Jesus sabia, é claro, que exatam ente o oposto iria acontecer dentro de poucas horas e isso de duas formas: a. N ão seria Pedro a dar sua vida por Jesus, m as este daria sua vida por Pedro. b. Pedro não daria sua vida por Jesus, m as o negaria. E ntão Jesus continua: M ui solenem ente eu Ilie asseguro que certam en te o galo não can tará antes que você m e negue três vezes. O canto do galo servia de indicação de tempo. M arcos 13.35 indica que ele m arcava a terceira da quarta “vigília” . As quatro vigílias eram as seguintes: “noite” : 6-9, “m eia-noite” : 9-12, “cantar do gaio” : 12-3, “m anhã” : 3-6. Portanto, parece que o que Jesus disse aconteceria an tes das três horas da m anhã. Pedro o negaria três vezes. Que essa referência é à segunda parte desse período de 12-3 fica claro em M ar cos 14.30. M as a m enção do canto do galo se refere não apenas ao tem po, mas tam bém ao canto em si, o qual m arcaria o tempo. De fato Pedro iria ouvir esse canto. Com referência a essa predição, três fatos se destacam: a. Vemos Jesus com o o grande Profeta. Em bora Pedro não co nhecesse seu próprio coração, Jesus não só o conhecia com o tam bém o revelou. Note o caráter detalhado desse conhecim ento e revelação: lrê‘- vez.es. Ver tam bém seu caráter enfático: certam ente não (où fj,ií). b. Vemos Jesus com o o grande Sofredor. Com o ele deve ter so frido ao ver o próprio fato em antecipação ! c. Vemos Jesus com o o grande Salvador. A referência ao canto do galo tem um duplo propósito: 1. Ele indica a superficialidade da ga
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bolice de Pedro. Dentro de poucas horas, sim, antes mesm o do am a nhecer, Pedro publicam ente desonraria o M estre! 2. É um modo de levar Pedro ao arrependim ento. Em seu subconsciente, a referência ao canto do galo fica bem registrada. Quando o dito m om ento chega, essa m em ória arm azenada subitam ente destravará a corda do sino da cons ciência de Pedro. Ver sobre 18.15-17; 18.25-27 e passagens paralelas nos Sinóticos.
Síntese do Capítulo 13 Ver o Esboço na p. 592. O Filho de D eus Ilustra e D á um Novo M andam ento, P redizendo Sua Traição e N egação. I. Ele Ilustra Seu Novo M andam ento Lavando os Pés a Seus D is cípulos, Explicando-lhes que Ele Estava lhes Dando um Exem plo a Ser Seguido (13.1-20). A. Suas Circunstâncias. Jesus realizou esse feito no firm e conhecim ento, adquirido muito antes da Festa da Páscoa, de que sua hora de retornar ao Pai tinha chegado. O sentido de urgência estava sobre ele, pois o diabo já tinha colocado no coração de Judas Iscariotes a decisão de traí-lo. Quando então se ajoelha para lavar os pés aos discípulos, ele faz isso com total consciência do fato de que o Pai lhe tinha entregado todas as coisas em suas mãos. B. Seu Progresso. Tendo esperado até o últim o momento, Jesus finalm ente se levanta, põe suas vestes (plural) de lado e, tom ando a form a de servo, pega um a toalha, e depois de amaiTá-la na cintura, derram a água num a bacia. Ele com eça a lavar os pés a seus discípulos e a enxugá-los com a ponta da toalha. Pedro protesta: “Senhor, m e lavas os pés? ... De form a algum a tu m e lavarás os pés, jam ais.” C. Seu Significado Em conexão com o protesto de Pedro e tam bém depois de ter ter m inado a tarefa, Jesus explica seu significado com o segue: a. É um sím bolo de sua com pleta hum ilhação: “O que eu estou fazendo, vocês não sabem agora, m as mais tarde com preenderão.” b. É um elem ento essencial da hum ilhação de Cristo, à parte da qual ninguém , nem m es
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m o Pedro, pode ser salvo: “Se eu não o lavar, você não tem parte com i go.” c. É um a lição de hum ildade e serviço, um exem plo a ser seguido: “Eu lhes dei um exem plo, para que, com o eu lhes fiz, vocês continuem fazendo.” Isso deve ser com parado com o versículo muito sem elhante, o 34: “A ssim com o eu os amei, que tam bém vocês continuem am andop uns ao outros.” Pela com paração dessas duas passagens (vs. 15 e 34) fica claro que nos versículos 1-20 Jesus ilustra o novo m andam ento que ele institui no versículo 34. II. Ele Surpreende os Discípulos ao D izer que um D entre Eles Iria Traí-lo. Judas Sai. A. A Predição Surpreendente. Em bora Jesus já tivesse feito um a vaga insinuação de que dentre os doze havia um hom em que não era de confiança (não estava limpo por dentro; ver 13.10, 18), contudo a declaração sucinta, “U m de vocês vai me trair”, teve um efeito desconcertante sobre o pequeno grupo; “Os discípulos ficaram olhando uns para os outros, perplexos (para sa ber) a quem ele se referia” . B. As Três Respostas Somente a terceira é registrada no Quarto Evangelho. Para todas as três, ver pp. 316,317. João, a pedido de Pedro, perguntou; “Senhor, quem é?” C. A Reação do Senhor à Pergunta de João “É aquele a quem eu der o pedaço de pão m olhado”, disse Jesus. Ao dá-lo a Judas, ele o identificou com o o traidor, de m aneira que João (e provavelm ente Pedro) agora sabia quem ele era. E Judas tam bém soube que ele tinha sido “desm ascarado” (ou; assim pensou ele; na realidade, Jesus sem pre soube). Q uando Judas tom ou o bocado, Jesus 0 despede, dizendo: “O que você está fazendo, faça mais depressa” , palavras que foram interpretadas de form a variada pelo resto. D. A Saída de Judas. Judas, tendo sido devidam ente advertido, sai. Era noite. III. Ele D á um Novo M andam ento e Prediz a N egação de Pedro. A. Jesus explica que, por m eio da dispensa de Judas, ele tinha sido glorificado (e Deus nele), e que Deus o glorificaria novam ente (crucifi-
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(’lição, ressurreição, ascensão e coração); sim, im ediatam ente (Getsêniani, Gábata, Gólgota). N a hum ilhação e exaltação de Cristo, o fulgor dos atributos gloriosos de D eus (justiça, fidelidade, am or etc.) reluz. Hssa é a glória. B. Em vista de sua partida im inente para um lugar em que ele não pode agora ser seguido, Jesus dá um “novo m andam ento” (melhor: pre ceito) que seus discípulos deveriam m ostrar am or constante e autosacrificial uns para com os outros, sempre olhando para ele como Aquele que deu o exem plo. (Seria apenas por meio do poder do Espírito Santo que eles teriam condições de fazer isso. Cf. Rm 5.5; G1 5.22; 2Tm 1.7.) C. Pedro responde, “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu daria m inha vida por ti.” D. Jesus contradiz Pedro, declarando; “Você daria sua vida por mim? M ui solenem ente eu lhe asseguro que o galo não cantará antes que você me negue três vezes.”
ESBOÇO DOS CAPÍTULOS 14-1 7 Tema: Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, D urante Seu M inistério P articular A m orosam ente Instruindo Seus D iscípulos E E ntregando-os aos C uidados do Pai Capítulo 14
U m a Palavra de Conforto D ez M otivos; ver Síntese do Capítulo 14
Capítulo 15
Um a Palavra de Adm oestação 1. “Perm aneçam em m im ” (vs. 1-11): a relação dos crentes com Cristo 2. “Am em uns aos outros” (vs. 12-17): a relação dos crentes uns com os outros 3. “Tam bém testem unhem ” (vs. 18-27): a relação do crente com o m undo (em resposta à atitude do mundo para com o crente; “o m undo os odeia”)
Capítulo 16
U m a Palavra de Profecia 1. P erseg u ição re serv ad a aos cren tes. O E sp írito Santo virá. Ele realizará sua m issão neste m undo (vs. 1-11) e na Igreja (vs. 12-15) 2. A tristeza dos discípulos se transform ará em alegria pelo retorno do Filho, na Páscoa, no Pentecostes (vs. 16-24) 3. Observações Finais; “O Pai os am a... terão paz ... tenham bom ânim o” (vs. 25-33)
Capítulo 17
A 1. 2. 3.
Oração Sacerdotal Por ele mesm o (vs. 1-5) Por seus discípulos imediatos (vs. 6-19) Pela Igreja em geral (vs. 20-26)
O bservação: E m bora este seja o Esboço geral destes capítulos, não há divisões bem definidas. As idéias m encionadas num a subdivisão fre qüentem ente recorrem na seguinte. H á m uita sobreposição.
C a p í t u l o UJOÃO 14.1-11 1 Que seu coração não mais fique perturbado. Continuem a confiar em Deus; continuem também a confiar em mim. 2 Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito,-’“ pois’"-' vou prepararlhes um lugar. 3 E, quando eu for e lhes preparar um lugar, voltarei novamente e os levarei, para que fiquem face a face comigo,’“ e para que, onde eu estou, vocês também estejam. 4 E vocês conhecem o caminho para onde eu estou indo. 5 Tomé lhe disse: Senhor, não sabemos para onde estás indo; como pode mos saber o caminho? 6 Jesus lhe disse: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vai ao Pai senão por mim. 7 Se vocês me tivessem conhecido, (ambém conheceriam a meu Pai.’*" Doravante vocês o conhecem e o tem visto. 8 Filipe lhe disse: Senhor, mostra-nos o Pai, e ficaremos contentes. 9 Jesus lhe disse: Filipe, eu estive com vocês por tanto tempo, e no entanto você ainda não aprendeu a me reconhecer? Quem me tem visto, tem visto o Pai. Como você pode dizer: M ostra-nos o Pai? 10 Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo, não as digo por mim mesmo, mas o Pai, que habita em mim, está fazendo suas obras. 11 Creia em mim, que eu estou no Pai, e o Pai, em mim; caso contrário, então creiam em mim por causa das próprias obras.
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O b servações P relim in ares Sobre os C apítulos 1 4 -1 7 Estes capítulos contêm os D iscursos da C eia e a O ração Sacerdo tal. Existe um a estreita conexão entre o capítulo 13 e o capítulo 14. O conforto concedido no líltimo capítulo tem pouco significado à parte do ensinam ento (em conexão com a lavagem dos pés aos discípulos) e as 304. M)5. ,Í06. .307.
[IB; ver Introdução, pp. 62, 63. Sobre bti, ver Introdução, p. 83. IIIA2 e IIIA l; ver Introdução, pp. 63-65 e 63, 64. IIB; ver Introdução, pp. 62, 63.
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profecias (com respeito à partida im inente de Cristo, a traição de Ju das e a negação de Pedro) contidas no prim eiro. Sem qualquer fórm u la” **introdutória com o, por exem plo, “Jesus disse”, o Senhor é im edia tam ente apresentado com o estando ainda na com panhia dos discípulos, dirigindo-lhes a palavra e preparando-os para os acontecim entos que seguiriam. N ão surpreende, pois, que alguns tenham falado de um a divisão de capítulo pouco feliz. Nós, porém, discordam os. Tam bém teríam os feito a divisão entre os capítulos 13 e 14, exatam ente onde se encontram . Com o a estreita relação entre os capítulos 13 e 14 já foi m ostrada, passam os agora a indicar tam bém as diferenças. 1. O capítulo 13 term inou com um a palavra de Jesus dirigida a Pedro, a ele só. O capítulo 14 com eça com palavras que são dirigidas ao grupo todo. Em 13.38 Jesus diz você\ em 14.1, vocês (um fato que ficou obscurecido nas traduções inglesas m odernas [já que, em inglês, you significa tanto você quanto vocês - N.R.]) 2. O Capítulo 13 contém um a narrativa e um diálogo; os capítulos 14-16 contêm discursos. Isso é im ediatam ente evidente a partir do fato de que, enquanto nos 38 versículos do capítulo 13 Jesus é inter rom pido não m enos que seis vezes, nos 99 versículos dos capítulos 1416 ele é interrom pido apenas quatro vezes. 3. A tem ática do capítulo 13 é de natureza variada. Ao contrário, os capítulos 14, 15, ] 6 e ] 7 têm, cada um , um tem a central. E m bora seja verdade que esses discursos dos capítulos 14, 15 e 16 se encontram na form a de diálogo mais do que de discursos form ais, e em bora à prim eira vista os pensam entos pareçam sobrepor-se (e de fato 0 fazem ) até certo ponto, de modo que até m esm o já houve quem falasse de “confusão divina” (seja lá o que isso possa ser!), m esm o assim , num estudo m ais detalhado, fica claro que um a conexão orgâni ca e lógica percorre todos estes três capítulos: a nota predom inante do capítulo 14 é de conforto (“Que o coração de vocês não fique mais perturbado”); do capítulo 15 é de adm oestação (“perm aneçam em m im ... am em uns aos outros ... tam bém testem unhem ”); e do capítulo 16, 308. A leitura, “E ele disse a seus discípulos”, tem comprovação fraca, interpolação ocidental.
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(lc profecia (“Eles os expulsarão das sinagogas”), enquanto o capítulo 17 contém a O ração Sacerdotal, fam osa por sua sim plicidade e ternura. 14.1-17 1. Q ue seu coração não fique m ais perturbado. Nós preferi mos essa tradução porque ela reproduz tanto o sentido quanto a cadên cia do original. Prim eiro, o sentido do pensam ento não é, “Não com e cem a ficar perturbados”, mas “Parem de sentir-se perturbados”, ou, “Não se perturbem mais." E, segundo, a cadência. No original, a linha tem um fluxo rítmico, um a ternura consoladora e calm ante que pode ser reproduzida em inglês pela ênfase das palavras e sílabas que foram impressas em itálico: “L et not your hearts any longer be trouh\&á." Note que Jesus não está m eram ente dizendo a seus discípulos que eles não devem mais ficar tristes; ele os exorta a não m ais se perturba rem, a não se sentirem tum ultuados, agitados, num estado de perplexi dade e confusão. O verbo usado é xapaaaéaGoj, terceira pessoa do sin gular, do im perativo presente passivo de lotpáaacj. Ver tam bém sobre 5.7; 11.33; 12.27; 13.21. O original traz seu coração onde o idiom a inglês prefere seus corações (mas, ver A.V. e A.S.V.). O coração é aqui o eixo em torno do qual giram os sentim entos e a fé, bem com o a m ola m estra das palavras e ações, com o é evidente a partir de passa gens com o 16.6, 22; cf. M ateus 12.34; 15.19; 22.37; e Rom anos 10.10. João raram ente usa o term o (só em 13.2; 14.1, 27; 16.6; e em 12.40, que, entretanto, é um a citação de Is 6.10). Os discípulos tinham o coração cheio de em oções confusas. Eles estavam tristes por causa da som bria expectativa da partida de Cristo; envergonhados pela dem onstração que deram de egoísm o e orgulho; perplexos pela previsão de que um dentre eles trairia o M estre, que outro o negaria e que todos acabariam por cair num a cilada por causa dele; e, p o r fim, eles estavam oscilando na fé e provavelm ente pen sando: “Com o é possível que alguém , que está para ser traído, seja o M essias?” No entanto, ao m esm o tem po eles am am o M estre. Eles esperam contra a esperança. Tudo isso é evidenciado pelas palavras, “Que seu coração não m ais se perturbe.”
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A exortação é baseada no am or de caráter m ais terno e generoso, pois quando Jesus pronunciou essas palavras, ele próprio estava pertur bado de espírito (13.21; e com parar tam bém com M t 26.38; Lc 22.28, 44). O pastor agonizante, encarando a cruz, conforta os outros. Ele consola exatam ente os hom ens que tinham dem onstrado seu egoísm o e que estavam para “ofendê-lo” . “Poderá existir um pastor m ais am oro so, ou pelo m enos com m etade de sua ternura e doçura?” Além do mais, o que Jesus está expressando não é m eram ente um desejo piedoso, com o o ânim o que tentam os oferecer (mas freqüente mente vazio): “N ão se preocupe. Tudo vai ficar bem ” . Quando Jesus diz, “Que seu coração não m ais se perturbe”, ele substancia isso com um fundam ento sólido. Ver a Síntese no final do capítulo. Quanto a isso, há um a interessante sem elhança superficial entre o C ristianism o e o epicurism o. O últim o enfatiza a necessidade de per m anecer calm o e im perturbável em todas as circunstâncias da vida. N a verdade, essa escola até m esm o usou o term o que se deriva da m esm a raiz que o verbo que Jesus em pregou aqui em 14.1, 27. Eles falam de ataraxia (àrapa^ía), o estado de perm anente imperturbabilidade. E con tudo, num exam e mais aprofundado, a diferença entre o C ristianism o e o epicurism o, com o ressaltada de form a notável por João, é imensa. O raciocínio dos epicureus e seus equivalentes atuais é este: “N ão se perturbem , porque os deuses, se é que eles existem , não se im portam com vocês.” - Ao contrário, o ensinam ento de Jesus é este: “Que seu coração não fique perturbado, pois o Deus em quem confiam tom a conta de vocês. Ele ouve suas orações. Ele os ama. E da m esm a form a tam bém o Filho de D eus.” Assim sendo, o Cristianism o - ou se você preferir. Cristo - fornece a única base adequada para a exortação de 14.1,27. C ontinuem confiando em Deus; continuem confiando tam bém em m im . bos
H á m uito a ser dito em favor da posição de que am bos esses ver (iTLOTeúeTe ...tTLOTeúete) são im perativos, o r d e n s . A form a im pe-
309. Em grego, a segunda pessoa do plural indicativo e o imperativo são idênticos em forma. Daí, a palavra usada aqui pode ser qualquer uma das duas. F. W. Ginrich, “Ambiguity o f Word Meaning in John’s Gospel” , C/W; 37 (1943-1944), 77, pensaque esse é um caso de ambigüidade deliberada. Mas esse não é um mashal no sentido de 3.3.
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Kiliva está em harm onia com o discurso todo (14.11; 15.4, etc.). Está ('111 harm onia tam bém com a prim eira linha, pois “Que seu coração não rique perturbado” é tam bém im perativo. Tem pouco valor o antigo ar gum ento que se pode encontrar em m uitos livros, de que a prim eira frase não poderia ser um a ordem porque Jesus já sabia que os discípu los confiavam em Deus, e portanto não poderia lhes ordenar que fizes sem isso. E m bora tivessem fé, esta com eçava a oscilar. D aí (usando o imperativo presente continuativo) Jesus dizer: “Continuem confiando!” Em bora os discípulos ainda am assem o M estre, s u a /e nele com o o M essias-Salvador estava com eçando a fraquejar. Jesus sabia que em questão de horas ele m orreria na cruz e seria sepultado, e que a fé deles seria ainda m ais m inada (16.20; cf. M t 26.31; M c 14.27; 16.13; Lc 24.21). Ele sabe tam bém que o único rem édio para o coração per turbado é a certeza de que Jesus é e perm anece o Salvador, em bora m elhor ainda, exatam ente em decorrência deste fato - ele sofra e m or ra. Por essa razão é que ele lhes diz, conform e o original “Continuem confiando em Deus; continuem confiando tam bém em m im .” O verbo pode tam bém ser traduzido perm aneçam crendo. Isso faz pouca dife rença. Escolhem os continuem confiando porque é especialm ente o elem ento de confiança em fé que está no prim eiro plano de um con texto que diz respeito ao coração perturbado. Jesus (neste contexto) não dá um a explicação com pleta do motivo pelo qual ele precisa m orrer na cruz, em bora houvesse algum ensina mento a esse respeito anteriorm ente (10.11, 14, 28; M c 10.45); tam pouco um a explicação com pleta era ainda possível (16.12). Ele exige perm anência da confiança ou fé em Deus e nele mesm o, a despeito do aum ento dos m istérios. Jesus pede que seus discípulos continuem des cansando em D eus com todo o ser, de m odo que o coração, a alm a, a m ente e a força deles continuem centrados na fonte de sua salvação, o alvo de sua existência. P ara o verbo, ver tam bém sobre 1.8; 3.16; 8.30,31a. A impHcação óbvia é que Jesus, ele próprio, é Deus. Isso é revela do m aravilhosam ente por meio de um a inversão de palavras na segun da exortação, de m odo que as expressões em D eus e também em mim são colocadas diretam ente um a ao lado da outra.
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JOÄO 14.2, 3
2. Na casa de m eu Pai há m uitas m oradas. A lém do que já foi dito em noutros lugares sobre esta passagem (ver p. 83), o seguinte deve ser suficiente: D e acordo com o contexto, Jesus estava confortando os discípulos que se aterrorizavam diante da idéia de separação. Ora, é nesse senti do que o Senhor lhes assegura que sua ida para a casa do Pai tinha com o objetivo um a reunião e não um a separação perm anente. No lu gar para onde ele estava indo havia lugar para eles também! N a verda de, justam ente o fato de ele ir em bora (pense em sua morte na cruz e sua ascensão que lhe perm itiria enviar o Espírito Santo), tornaria essa reunião possível, de modo que o que podia parecer um a calam idade era na realidade um a bênção. A parte da m orte de Cristo e da obra do Espírito Santo, não haveria lugar para os discípulos nos céus. A c a sa d o Pai está nos céus (cf. SI 33.13,14; Is 63.15). É um a casa com m uitos aposentos. N ela havia m oradas com pletas, m oradas p er m anentes, habitações ou m ansões para todos os filhos de Deus. A casa do Pai não se parece com um a habitação coletiva, em que cada fam ília ocupa um quarto. Ao contrário, é mais com o um belíssim o p ré dio de a p a rta m en to s com m uitíssim os apartam entos espaçosos e m obiliados e não haverá nenhum aglom erado de gente! Dentro da casa há m uitas m ansõesl “H á m uitas m oradas no céu, para m im e para vocês tam bém ” é a única idéia transm itida aqui. (A idéia de variedade e graus de glória, em bora verdadeira em si m esm a, é estranha ao pre sente contexto.) Se não fosse assim , eu lhes teria dito, pois vou preparar-lhes lugar. E sta tradução, que retém a conjunção p ois (em “pois vou”) pro duz um excelente significado: “Se na casa de m eu Pai não houvesse lugar suficiente para todos os filhos de Deus, eu certam ente saberia disso e lhes teria dito, pois por m eio de m inha hum ilhação e exaltação eu lhes preparo um lugar. Esta é a m inha missão. Sem m inha morte, não haveria lugar para vocês; sem m inha ascensão e o envio do Espíri to Santo, vocês não estariam em condições de ir para esse lugar.” 3. E, quando eu for e preparar-lhes lugar, voltarei novam en te e os levarei para que fiquem face a face com igo, para que, onde eu estou, vocês estejam tam bém .
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A nova vinda de que Jesus fala neste versículo é a contrapartida de sua ida. Cf. Atos 1.9-11. Este fato explica seu caráter. Portanto, com toda probabilidade ele se refere à segunda vinda, e seu propósito é perm itir a Cristo receber seus discípulos em sua presença am orosa, para que vivam com ele para sempre. O bserve que em vez de dizer o que se poderia esperar que ele dissesse, isto é, “E, quando eu for e preparar-lhes lugar, voltarei nova m ente e os levarei para aquele lugar”, Jesus diz algo mais consola dor: “os receberei para mim mesmo”, (ou: para estarem fa ce a face comigo', para o significado de irpóç ver sobre 1.1). O am or de Cristo pelos seus é tão m aravilhoso que ele não fica satisfeito com a sim ples idéia de m eram ente levá-los para os céus. Ele quer tom á-los em seus braços. O verbo traduzido, “e os levarei” (iTapaÀTÍ|j,ij;o(j,aL, idéia-raiz: tom ar conta cm lugar de outro), com um a am pla variedade de nuanças de ,si|',iiificados, tem aqui o sentido de dar as boas-vindas a alguém. A. DiMH.smann mostrou que os cristãos prim itivos aplicavam o conforto contido iicsta passagem (14.3) à morte de seus queridos. Em bora Je sus provavchncnte não tivesse diretam ente se referido a isso, mas sim ao reencontro em conexão com a segunda vinda, m esm o assim a apli cação à m orte é legítima. Por essa razão, em antigas cartas de consolo a fraseologia de 14.3 é freqüentem ente encontrada.” *’ Sobre o propósito expresso dessas boas-vindas, ou seja, “para que onde eu estou vocês estejam tam bém ”, ver A pocalipse 14.1; 19.14; 20.4. Seja onde for que Cristo estiver, ali tam bém estão os crentes. 4. E vocês conhecem o cam inho para onde eu estou indo. O caminho é o meio pelo qual os discípulos são levados ao Pai. Jesus quis dizer, “Vocês me conhecem ; eu sou o cam inho” . M as ele não diz ainda de form a definida que ele é o cam inho. Para isso ver sobre 14.6. Ele pode dizer, “Vocês conhecem ” , porque ele se revelara anteriorm ente com o sendo 0 caminho para o Pai (8.19; 10.1, 7 ,9 ,3 7 ,3 8 ; 12.26,44,45, 49, 50; cf. M t 11.27, 28). A afirm ação é um convite velado: “Venham ao Pai por este cam i310. A. Deissmann, Light From the A ncient Ea.sl {tràdmido por L. R. M. Strachan), Nova York, 1927, pp . 177, 178.
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JOÂO 14.5
nho” . Até esse m om ento (14.1, 2, 3), Jesus tinha falado sobre o que ia fazer para seus discípulos (preparar-lhes um lugar, e voltar para recebê-los para si m esm o). Eles não devem pensar, entretanto, que eles não têm nada a fazer. Eles devem ir para a casa onde um lugar está prepa rado para eles (cf. SI 84.7; Hb 11.13-16). 5. Tom é lhe disse: S enhor, n ão sab em o s p a r a o n d e estás in d o ; com o pod em o s co n h e cer o ca m in h o ? Ao dizer isso, Tomé prova velm ente pode ser considerado o porta-voz do grupo, aquele que de fato disse o que a m aioria estava pensando (cf. 13.36, 37). Quanto ao seu caráter, ver sobre 11.16. Sua objeção, em bora envolvendo um ele m ento de fraqueza e pecam inosidade, com o sem pre ocorre, um a lenti dão em entender em razão de não ter prestado suficiente atenção, m es mo assim tam bém revela sua devoção ao M estre. Ele não pode tolerar 0 pensam ento de Jesus estar partindo. É por essa razão que ele faz seu protesto. Observe com o Da Vinci, na Última Ceia, com muito tato coloca o devoto e desalentado Tomé muito próxim o de Jesus na m esa da ceia! Ele é retratado pelo artista com o um tipo m uito em otivo, com seu dedo levantado à altura da face de Jesus enquanto diz, “C ertam en te não sou eu, não é. Senhor?” - Assim , na passagem em questão, Tomé quis dizer: “Com o se pode esperar que conheçam os o caminho quando nós nem ao m enos sabem os o destin ol” Ele com eteu dois erros: a. Ele pode ter pensado que Jesus estivesse se referindo à sua partida pela morte, ou ainda pode ter julgado que o M estre estava par tindo para outro lugar na terra. No últim o caso, o caminho seria um a estrada com um , e seu erro seria sem elhante ao dos judeus em 7.35 (ver sobre essa passagem ). b. Ele im aginou que o Senhor estava falando sobre o cam inho que ele estava para tomar, enquanto Jesus estava na realidade se referindo ao cam inho que os discípulos teriam de tom ar para alcançar seu des tino, com o é evidente em 14.6b. No entanto, a objeção levantada por Tomé contém um elem ento de verdade. A quele que não conhece o destino não sabe o cam inho. Ver o versículo 7 para distinção quanto ao significado entre os dois verbos com uns para conhecer.
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6. Jesu s lhe disse: E u sou o cam inho, e a v e rd a d e , e a vida. Esse é outro dos sete grandes E U SOU do Evangelho de João (para os outros, ver sobre 6.48; 8.12; 10.9; 10.11; 11.25; e 15.1). No predicado, cada um a das palavras - caminho, verdade e vida - é precedida pelo artigo definido. “Eu sou o cam inho.” Jesus não mostra sim plesm ente o caminho; ele, ele m esm o, é o cam inho. É verdade que ele ensina o cam inho (Mc 12.14; Lc 20.21), nos guia no cam inho (Lc 1.79) e nos consagrou um novo e vivo cam inho (Hb 10.20), mas tudo isso só é possível porque ele pessoalm ente é o caminho. C risto é Deus. Ora, Deus é igual a cada um de seus atributos, conquanto ele “possui” cada atributo em grau infinito. Portanto, Deus não só tem am or (ou exercita o am or), mas ele é amor, nada além de amor; ele é justiça, nada além de justiça etc. Então tam bém Cristo é o cam inho: em todo ato, palavra, e atitude ele é o M ediador entre Deus e seus eleitos. O bserve tam bém o pronom e eu. Em últim a análise, não som os sal vos por um princípio ou por um a força, mas por um a pessoa. N a esco la, o aluno é educado não prim ariam ente pelo quadro negro, pelos livros e m apas, m as pelo professor que faz uso de todos esses m eios. Em casa, ele é criado pelo pai e pela mãe. Então, tam bém os m eios de acesso ao Pai é o próprio Cristo. Som os pessoas. O Deus de que fomos ahenados é um Deus pessoal. Assim sendo, não surpreende que à parte da com unhão viva com a pessoa, Jesus Cristo, que existe em união indissolúvel com o Pai, não nos haja salvação algum a (cf. Rm 5. 1 , 2 ) . Ora, Jesus é o cam inho de duas formas (cf. tam bém as explicações de 10.1, 7, 9). Ele é o cam inho de Deus para o homem - todas as bênçãos divinas descem do Pai por meio do Filho (M t 11.27, 28). Ele é tam bém o cam inho do homem para Deus. Com o já foi indicado, no presente contexto a ênfase recai na úldm a idéia. “Eu sou .... a verdade.” M uito do que se tem dito em conexão com “Eu sou o cam inho” se aplica tam bém aqui. Jesus é a própria encarnação da verdade. Ele é a verdade em pes soa. Com o tal, ele é a realidade últim a em contraste com as sombras
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JOÂO 14.6
que o precederam (ver sobre 1.14, 17). Mas, no presente contexto, o term o a verdade parece ter um a nuança diferente de significado. É aquele que se opõe à m entira. Jesus é a verdade porque ele é a fo n te fid ed ig n a da revelação redentora. Q ue este é o sentido no qual a palavra é usada está claro no versículo 7, que ensina que Cristo revela o Pai. Cf. M ateus 11.27. M as da m esm a m aneira que o cam inho é um cam inho vivo, tam bém a verdade é um a verdade viva. É ativa. Ela nos dom ina e nos influencia poderosam ente. Ela nos santifica, nos guia, nos liberta (8.32; cf. 17.17). Basicam ente, não isso, m as ele é a verdade, ele próprio em pessoa. Pilatos perguntou, “O que é a verdade?” (18.38). Jesus aqui em 14.6 responde, “Eu sou a verdade” . “Eu sou ... a vida.” Jesus não está se referindo aqui ao fôlego ou espírito (ïïyeû[j,a) que anim a nosso corpo. E le não está pensando na alm a (ijju^), nem na vida com o externam ente m anifestada (pió;), m as à vida em oposi ção à m orte (Cwií). Todos os gloriosos atributos de Deus habitam no Filho de Deus (ver sobre 1.4). E porque ele tem a vida em si m esm o (ver sobre 5.26), ele é a fonte e o doador da vida para os seus (ver sobre 3.16; 6.33; 10.28; 11.25). Ele tem a luz da vida (8.12), as palavras da vida (6.68) e ele veio para que tenhamos vida em abundância (10.10). D a m esm a form a com o a m orte significa separação de Deus, tam bém a vida im plica com unhão com ele (17.3). Todos os três conceitos são ativos e dinâm icos. O cam inho leva a Deus; a verdade torna o hom em livre', a vida produz com unhão. Com o esses três se relacionam ? Com o entidades totalm ente coor denadas m ais ou m enos separadas? Ou, com o form ando um conceito singular: “o verdadeiro e vivo cam inho” ? Não é necessário escolher entre as alternativas. Verdade e vida são substantivos, não adjetivos. C risto é a verdade e a vida, bem com o ele é o cam inho. Não obstante, o contexto indica que predom ina a idéia do cam inho. O significado parece ser: “Eu sou o cam inho porque eu sou a verdade e a vida” . Q uando Jesus revela a verdade redentora de Deus que liberta os ho m ens do poder escravizador do pecado, e quando ele concede a se m ente da vida, que produz com unhão com o Pai, então, e por meio
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disso, ele, com o o cam inho (que eles m esm os, pela soberana graça, escolheram ), os leva para o Pai. Daí, Jesus continua: ninguém vai ao Pai senão por mim. Visto que os hom ens são absolutam ente dependentes de Cristo para sei conhecim ento da verdade redentora e tam bém para a faísca que leva essa verdade a viver em sua alm a (e sua alm a se torna viva para aquela verdade), segue-se que ninguém vai ao Pai a não ser por meio dele. Sem Cristo não pode haver nenhum a verdade redentora, nenhu m a vida eterna; portanto, nenhum cam inho para o Pai. Cf. Atos 4.12. Tanto 0 caráter decisivo da religião cristã quanto a necessidade urgente de m issões cristãs são claram ente indicados. 7. Se vocês m e tivessem con h ecid o, tam bém con h eceriam m eu Pai. Jesus dissera: “Vocês conhecem o cam inho.” Tomé respon deu, “Com o podem os saber o cam inho?” Jesus pôde dizer, “Vocês co nhecem ” porque o cam inho fora claram ente revelado. M as, em certo sentido, era verdade que os discípulos não sabiam: eles não tinham pres tado a devida atenção às palavras de Jesus! Eles não conheciam o Senhor plenam ente com o eles conheceriam se tivessem prestado a de vida atenção a todas suas palavras e adm oestações. A lém do m ais, se tivessem feito isso, eles tam bém teriam um a percepção mais com pleta e m ais rica do Pai. Eles falharam com dem asiada freqüência em ver em Jesus o único e absoluto cam inho para o único e absoluto alvo. Eles falharam , até certo ponto, em ver nele o único Filho de Deus que, por ser o Filho, revela o Pai. Então Jesus, por assim dizer, diz “Se me ouvis sem diariam ente, m editando em m inhas palavras e obras, se por meio dessa experiência pessoal e contínua, vocês tivessem aprendido a me conhecer (èyvwKeLTe provavelm ente seja a m elhor leitura) então vo cês teriam também conhecido (fíóeLte, obtido um conhecim ento pela reflexão m ental) meu Pai.” ’" O bserve meu Pai, que indica a filiação ím par de Cristo (ver sobre 1.14). 311. Nos versículos 4 e 5 é usado o verbo olôa. No versículo 7 parece haver uma transição deliberada de ywúoKO) para ol6a, e depois de volta novamente para YLraoKco. É difícil aceitar a idéia de que a mudança no uso das palavras neste ponto seja simplesmente devido ao desejo dc variar por amor à eufonia. Dar aos verbos seu sentido completo e distintivo produz um .significado bom, que também está em completa harmonia com o contexto. Ver também .sobre 1.10, 31; 3.11; 8.28. Também no versículo 9 yivúoku se encaixa exatam ente no contexto.
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De agora em d ian te, diz Jesus, vocês o con h ecem e o têm visto. A explicação m ais óbvia parece ser a seguinte: “Vocês o conhe cem (reconhecem ) a partir de agora exatam ente por causa destas pa lavras, pois eu agora lhes disse claram ente que eu m esm o sou o cam i nho (e a verdade e a vida) para o Pai, de m odo que agora vocês têm ainda m enos desculpa do que antes para ignorância. Vocês viram o cam inho com seus próprios olhos, tanto físicos quanto espirituais.” 8. Filipe lhe disse. Para Filipe, ver sobre 1.43-46; 6.5-7; e 12.2022. Ele era um dos primeiros discípulos, um homem de nom e grego. Era natural de Betsaida, Galiléia, cidade de André e Pedro. Ele tinha sido o instrumento para levar Natanael a Jesus. M uito tempo antes, Jesus lhe dirigira a pergunta: “Onde com prarem os pães para que as pessoas pos sam com er?” Ele recebeu um a resposta que revelou sua pequena f é (que, entretanto, era característica não só dele, mas de todos). A ele os gregos vieram com o pedido, “Senhor, queremos ver Jesus” (Jo 12.21). Foi Filipe quem disse a Jesus, Senhor, m ostra-nos o Pai, e nos contentarem os. Com seus olhos físicos, Filipe (provavelm ente repre sentando os outros; observe: m ostra-«oí) evidentem ente alm ejava ver o Pai; não, certam ente, porque ele negasse a espiritualidade de D eus e a invisibilidade essencial, mas estava pedindo um a teofania: um a m ani festação da glória do Pai, com o a que fora dada a M oisés e aos outros crentes da antiga dispensação (Êx 24.9-11; 33.18). Ao que parece, ele não tinha consciência de que um privilégio m uito m aior do que o que M oisés gozara enquanto na terra, lhe fora dado! Para “Senhor” , ver sobre 1.38; 12.21. 9. Jesus lhe disse: Filipe, eu estou com vocês há tanto tem po, e no entanto você não aprendeu a m e reconhecer? Filipe ti nha fracassado em ouvir cuidadosam ente as palavras ditas a Tomé, de que 0 Pai se tornara m anifesto no Filho. Além do mais, não tinha o M estre revelado essa verdade repetidas vezes desde o início de seu m inistério? Desde seu prim eiro aparecim ento público, mais de três anos se passara: “há tanto tem po.” Pode-se muito bem perguntar, “H averia algum a verdade que Jesus enfatizara mais repetidam ente que esta, que ele, o M ediador enviado por Deus, tinha vindo falar as palavras e reali zar as obras de Deus; de modo que nessas palavras e obras ele estava revelando o Pai; e que essa m anifestação do Pai nele com o M ediador
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na relação etem a, intratrinitariana entre o Pai e ele mesm o,
0 ImIHo Unigênito? Ver as seguintes passagens: 1.18; 3.33-36; 5 .1 7 ,1 8 , 19-32; 6.29, 3 8 ,5 7 ; 7.29; 8 .1 6 ,1 9 ,2 8 ,2 9 ,4 2 , 5 4 ,5 5 ; 10.15, 3 0 ,3 3 ,3 7 , 38; 12.45; 13.31. Certam ente que Filipe e os outros tinham ouvido esse
ensinam ento ! D aí Jesus passar-lhes um a reprim enda am orosa dizendo: “há tanto tempo estou com vocês (note o plural), e no entanto você (observe o singular) não aprendeu a m e reconhecer?” O plural vocês se refere a todos os discípulos presentes no Cenáculo (isto é, os Onze, pois Judas saíra); o singular, você, se refere som ente a Filipe. Observe tam bém o verbo, sobre o qual ver a nota 159 e a referência ali indicada. O tipo de reconhecim ento que Jesus tem em mente é espiritual em caráter. Ele significa ver o Pai pela fé no Filho, pois Jesus continua: Quem tem visto a m im , tem visto o Pai. Com o você pode dizer: M ostra-nos o Pai? A luz do profuso ensinam ento do Senhor sobre este tem a (ver so bre o v. 9 acim a), a observação, “com o você pode dizer. M ostra-nos o Pai?” dispensa m aiores com entários. Os três perfeitos (eyvco K a ç, ècjpaKcóç, ècópaKe; respectivam ente: você não tem aprendido a reconhecer; aquele que tem visto; ele tem visto) m ostram que, um a vez que esse conhecim ento espiritual ou visão tenha sido obtido, ele produz resultados perm anentes. A passagem in teira indica ser impossível revelação redentora à parte de Cristo. No Filho tem os a revelação última de Deus. D a m esm a form a com o é verdade que quem viu o Filho viu o Pai, tam bém é verdade que quem não viu 0 Filho, não viu o Pai. O que faltava aos discípulos, entretanto, não era fé genuína como tal, m as fé genuína na m edida plena. Eles tinham visto, mas, devido à sua própria pecam inosidade, não tinham visto com bastante clareza. Portanto, Jesus continua, dirigindo-se pri meiro só a Filipe: 10. Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim ? E sta passagem m ostra que todo conhecim ento com respeito aos fatos da redenção é baseado n a / e cristã, genuína. A ssim obtem os um a base sólida para um a epistem ologia cristã. A razão não pode pe netrar esses m istérios. O monoteísm o judaico se recusa a aceitar a possibilidade de a essência divina poder desdobrar-se em m ais de um a pessoa divina. Som ente a / e cristã o faz.
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JOÃO 14.11
A expressão, “Eu estou no Pai e o Pai está em m im ” , só faz sentido som ente se o Pai e o Filho são um em essência, ou seja, em todos os atributos divinos. O Pai e o Filho (tam bém o Espírito, m encionado em 1 4 .1 6 ,1 7 ,2 6 ) “não existem separados com o acontece co m as individu alidades, m as em e por meio um do outro com o m om entos num a vida divina, auto-consciente.” ^ Os judeus não com eteram o erro de pensar que quando Jesus fez afirm ações desse teor (ver tam bém 5.17; 10.30) ele m eram ente se re feria à unidade moral ou harm onia ética. Eles claram ente entenderam que nada m enos que igualdade essencial com Deus estava subenten dida (ver sobre 1.1). N o entanto, a trindade ontológica é refletida na econôm ica: As pa lavras que eu lhes digo (observe a m udança do singular para o plural aqui) não as d igo por m im m esm o, m as o P ai, que resid e em m im , está fazendo suas obras. Sem pre que Jesus fala, o Pai age por meio de seu discurso. Toda palavra de Jesus é um a ohra do P a i! Isso, entretanto, não quer dizer que o Pai está agindo com o ventríloquo que fala por m eio de sua m ari onete. Ao contrário, o Filho fala o pensam ento do Pai porque este é tam bém seu próprio pensam ento. É nesse sentido que quando o Filho fala, os atos redentores do Pai estão se realizando. Entretanto, as obras do Pai não estão lim itadas às palavras do Filho. Elas tam bém incluem seus m ilagres ou sinais. Estes servem para confirm ar a fé, fortalecêla, p ara ajudar a torná-la mais forte. Portanto Jesus diz: 11. Creia que eu estou no Pai, e o Pai, em m im ; ao contrário, creia em m im ao m enos por causa das próprias obras. Os discípu los estavam vacilando na fé (14.1), um a fé que nunca fora forte (14.7). M as, não im porta quanta fé esteja presente em seu coração, ela deve ser m antida ali e fortalecida, especialm ente agora, com o M estre já partindo. É por essa razão que Jesus novam ente exorta seus discípulos a crerem (ou, com o podem os tam bém traduzir o original: continuar crendo) que ele está no Pai e o Pai nele (ver sobre v. 10). Eles são 312. Ver J.Orr, The Christian View o f God and the World, 3“ ed.. Nova York, i 897, p. 268. Também H. Bavinck, The Doctrine o f God (traduzido por W. Hendriksen), Grand Rapids, Mich., 1951, pp. 255-334. Cf. L. Berkhof, Systematic Theology, Grand Rapids, Mich., 1949, pp. 82-99.
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exortados a crerem em Jesus por sua palavra! Esse é o m ais elevado tipo de fé que pode haver. M as, se isso lhes fosse difícil, que então cressem ao m enos p o r causa das próprias obras. Essas obras têm valor comprobatório. Sobre isso, ver 9.31-33; 10.37,38; 11.39-44; 20.30, 31; cf. Atos 2.22; 4.31; 2 C oríntios 12.12. 12 Mui solenem ente eu lhes asseguro que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará outras (obras) maiores que essas, porque eu estou indo para o Pai. 13 E tudo quanto vocês pedirem em meu nome, isso farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se me pedirem alguma coisa em meu nome, eu o f a r e i . 15 Se vocês me amam, guardarão meus p r e c e i t o s . 16 E eu solicitarei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, para que fique com vocês para sempre; 17 sim, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Vocês o conhecem, porque ele reside a seu lado, e estará em seu íntimo. 18 Eu não os deixarei órfãos: estou vindo para vocês. 19 Ainda por um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vocês me vêem; porque eu vivo, vocês também viverão. 20 Naquele dia vocês reco nhecerão que eu estou em meu Pai, e vocês em mim, e eu em vocês. 21 Aquele que tem meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. 22 Judas (não o Iscariotes) lhe disse: Senhor, o que aconteceu para que^” te manifestes a nós e não ao mundo? 23 Jesus respondeu e lhe disse: Se alguém me ama, guardará minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e fare mos com ele nossa morada.’"' 24 Quem não me ama, não guarda minhas pala vras; e a palavra que vocês ouvem não é minha, mas do Pai, que me enviou.
14.12-24 12. M ui solen em ente eu lhes assegu ro que aq uele que crê em mim fará tam bém as obras que eu faço, e fará (obras) m aio res que essa, porque eu vou para junto do Pai. Para as palavras de introdução solene, ver sobre 1.51. Os discípu los não precisavam tem er que a ausência física de Cristo fosse signifi car perda de poder para a realização de milagres. Dos céus Jesus con tinuará suprindo-lhes esse poder. U m a prom essa gloriosa é dada aqui a quem continuar crendo nele (ver sobre 1.8; 3.16; 8.30; 31a para o 313. 314. 315. 316.
IIIA I; ver Introdução, pp. 63, 64. 1IIB2; ver Introdução, pp. 63, 65, 66. Sobre oxi ver Introdução, pp. 81, 89. IIIB2; ver Introdução, pp. 63, 65, 66.
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significado do verbo -irLaieucj e seu particípio presente seguido de elç). U m a pessoa assim fará as obras que Jesus está fazendo, e isso não apesar do fato de que ele está indo para o Pai, m as justam ente p o r causa disso. De fato, justam ente a partida iria beneficiar os discípulos do Senhor. Com o isso pode ser verdade é explicado em 14.16ss. Com o resultado de sua partida, os discípulos realizarão não só as obras que Jesus estava realizando durante todo o tem po (m ilagres no reino f í s i co), mas outras (obras) maiores que essas, ou seja, m ilagres no reino espiritual. Ver sobre 5.20, 21, 24. As obras de Cristo consistira em grande parte de m ilagres no reino físico, realizados principalm ente en tre os judeus. Quando agora fala de obras maiores, ele está com toda probabilidade pensando naquelas obras em conexão com a conversão dos gentios. Essas obras eram de caráter m ais elevado e m aiores em escala. Que Jesus tinha de fato essa grande tarefa em m ente parece decorrer do fato que ele tinha se referido a isso apenas poucos dias antes (12.23-32), e tam bém de m odo m ais definido nesta m esm a noite (17.20). Ora, a conversão dos (os eleitos de Deus entre os) gentios, a obra de Pedro na casa de Com élio e de Paulo em todas as suas viagens m issionárias, não poderia ter sido feita antes da m orte e ascensão de C risto, pela simples razão de que naquele tem po o Espírito Santo não fora ainda derram ado. Exatam ente por causa do fato de que a parede de separação ainda existia. Tudo isso estava por m udar nesse m om en to, ou seja, com a morte, a ressurreição, a ascensão e a coroação de Cristo. P or essa razão, Jesus podia dizer, “obras m aiores do que estas fará, porque eu vou para ju n to do Pai". Duas observações adicionais são necessárias antes que deixem os esta passagem : (1) N inguém jam ais pode dizer que a obra de conversão pode de algum a m aneira ser atribuída ao homem. Cf. Tiago 5.20, “aquele que converte o p ecador do erro de seu cam inho” . Ver tam bém Provérbios 11.30 e Daniel 12.3. Esse é, naturalm ente, apenas um m odo de falar. O A utor real da conversão é sem pre o próprio Deus, mas ele usa o ho m em com o um agente. Os discípulos são vistos com o ceifeiros (ver sobre 4.35-38). (2) É certam ente digno de nota que, de acordo com esse grande
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pronunciam ento de nosso Senhor, as obras maiores são as obras espi rituais. Os m ilagres no reino físico são subservientes àqueles da esfera espiritual: os prim eiros servem para provar o caráter genuíno dos últi mos. Será que Jesus, talvez, por meio dessa m esm a com paração, que coloca o espiritual tão acim a do físico, dá a entender que os m ilagres na esfera física iriam desaparecer gradualm ente quando eles não fossem mais necessários? 13, 14. E tu d o q uan to vocês p ed irem em m eu n om e, isso farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se vocês m e pedi rem algum a coisa em meu nom e, eu o farei. A expressão tudo quanto engloba um vasto terreno. Ela se refere tanto às grandes obras quanto às obras maiores (do v. 12). De form a coerente, nesta passagem a relação dessas obras com a oração é res saltada. Jesus ensina muito claram ente que existe essa ligação. No livro de Atos, os m ilagres tanto no reino físico quanto no espiritual são repetidam ente ligados com a oração (At 1.14 seguido pelos grandes m ilagres do capítulo 2; 4.31; 6.6, 7; 9.40, 41; 10.40, 41; 10.4, 9; 12.5; 13.3; 16.25-34).’'’ Contudo, som ente as orações feitas no nom e de Cristo são res pondidas. Essas orações naturalm ente não são feitas por interesses egoístas, m as sim no interesse do reino de Deus. Elas em anam da fé, e estão de acordo com a vontade de Deus - sem pre im plícito “não con form e nossa vontade, mas seja feita tua vontade” - e para tua glória. U m a oração no nom e de Cristo é aquela oração que está em harm onia com o que Cristo revelou sobre si mesm o. Seu nom e é sua auto-revelação em suas obras; aqui, particularm ente, sua auto-revelação na esfera da redenção. Não é difícil perceber que um a oração assim será sem pre e certa m ente respondida, pois quem a profere nunca deseja coisa algum a que C risto não queira! E quando essa oração é respondida, o Pai, que per m anece para sem pre no Filho, fará suas obras. E dessa form a o Pai será glorificado no Filho. Os atributos resplandecentes de Deus brilha rão com toda sua beleza nessas obras e por m eio delas. 317. Portanto, eu não posso concordar com Lenski, que nega isso enfaticamente; op. cit., pp. 966, 967.
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O crente não só receberá exatam ente o que ele pediu - ou seja, se for pedido no nome de Cristo, que cobre todas as condições da prece respondida - , mas o próprio Cristo em pessoa garante essa hum ilde petição de seus discípulos; observe as palavras, “eu o farei” . Para o significado do verbo ped ir &seu sinônimo, ver sobre 11.22 e as explica ções de 14.16. P o r causa do caráter de longo alcance da prom essa contida no versículo 13, ela é repetida no versículo seguinte. Todavia, há um a dife rença, pois agora os discípulos são instruídos a orarem não só no nom e de Cristo, m as a Cristo: “Se vocês m e pedirem algum a coisa em meu nome, eu o farei.” Assim, tom ando os dois versículos juntos, vemos que Cristo aqui se apresenta como; a. A quele em cujo nom e a oração deve ser oferecida. b. O objeto da oração. c. Aquele que ouve a oração. 15. Se vocês m e am am , guardarão m eus preceitos. N ão concordam os com os com entaristas que alegam não haver qualquer ligação entre este versículo e o precedente. Esta m esm a noite - talvez um a hora ou m ais antes - Jesus tinha dado este seu “novo m andam ento” (preceito); ver sobre 13.34. Preceitos sem elhantes fo ram acrescentados em 14.1 e 14.11. Além disso, porventura o contexto im ediato (vs. 12-14) não indica claram ente que o Senhor quer que seus discípulos continuem crendo nele, que orem em seu nom e e orem a ele? N ão são estas afirm ações preceitos im plícitos! M as para que sejam um a bênção, eles devem ser guardados. A sentença condicional, “se vocês m e am am , guardarão m eus preceitos”, tem três palavras que predom inam : am or (âvairáci)), guardar (xripéa)) e preceito (èi^TOÀií). Para o prim eiro, ver sobre 21.15-17; para o segun do, sobre 8.51; e para o terceiro, sobre 13.34. Resum indo os resultados destes estudos de palavras, a sentença pode ser parafraseada com o segue: “Se vocês me am arem com conhecim ento e intenção, então aceita rão, obedecerão e guardarão as norm as que eu instituí para regular tanto suas atitudes interiores quanto a conduta exterior” . A passagem indica que, num certo aspecto, o am or precede a obe
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diência. D essa maneira, com relação a isso, nos referim os ao que foi dito com referência à ordem dos elem entos na experiência cristã; ver sobre 7.17, 18. 16. E eu solicitarei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador, para que esteja para sem pre em seu m eio. A queles que guardam os preceitos de Cristo receberão um a gran de bênção. Jesus, com o M ediador, fará um pedido em benefício deles. Preferim os a tradução “eu solicitarei” à mais indefinida “eu orarei” . Visto que Jesus acabara de usar o verbo pedir ao falar das orações dos discípulos (ver as explicações dos vs. 13 e 14), e agora m uda para o verbo solicitar quando ele está pensando em sua própria oração em benefício deles, é óbvio que a m udança nos verbos foi intencional. Os discípulos não estão no m esm o nível do Filho Unigênito de Deus. Eles devem implorar, mas ele tem o direito de solicitar em term os de igual dade. Som ente um a vez (IJo 5.16) no N ovo Testam ento é usado o term o solicitar (éptoiáco) com respeito a petições que o hom em dirige a Deus, e essa exceção é facilm ente explicada. Por outro lado, ao falar de suas próprias orações, Jesus sem pre usa solicitar, nunca p e d ir (aLxéco). Ver tam bém sobre 11.22. Jesus prom ete que em resposta à sua solicitação ao Pai, ele dará aos discípulos um outro Auxiliador. No versículo seguinte, esse Auxili ador é cham ado o Espírito da verdade. A passagem indica claram ente que o Espírito Santo não é m era mente um poder, mas um a pessoa, da m esm a form a que o Pai e o Filho. Ele é outro Auxiliador, não um A uxiliador diferente. A palavra outro indica alguém com o ele m esm o, que m e substituirá, fará meu trabalho. Portanto, se Jesus é um a pessoa, o Espírito Santo deve tam bém ser um a pessoa. Além do mais, em muitos lugares lhe são atribuídos atribu tos pessoais (14.26; 15.26;A t 15.28;R m 8.26; IC o 12.11; lT m 4 .1 ;A p 22.17). Sua relação com o Pai e o Filho é descrita com o de um teor tal que indica que, se estes são pessoas, ele tam bém deve ser um a pessoa (M t 28.19; IC o 12.4-6; 2Co 13.13; IP e 1.1,2). Pela m esm a razão, se Jesus é divino, o Espírito tam bém deve ser divino. Isso tam bém é ensinado ao longo de todo o N ovo Testamento, para não dizer do Antigo. D essa maneira, nom es divinos lhe são dados
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(At 5.4,5; 28.25; Hb 10.15, 16); atributos divinos são atribuídos a ele; tais como, eternidade, onipresença, onipotência, onisciência (1 Co 2.10; 12.4-6; Hb 9.14); e obras divinas são pressupostas com o sendo dele (M t I 2 .1 8 ;L c 4 .I 8 ;J o 14.16; IC o 12.2-11; 2 T s2.13; IP e 1.12).Passagens com o M ateus 28.19 e 2 C oríntios 13.13 claram ente indicam que as três pessoas são plenam ente iguais. U m a m esm a e única essência divina im pregna todas elas. Segundo a passagem que estam os estudando, o Espírito Santo é dado pelo Pai, em resposta à solicitação do Filho. Ele procede tanto do Pai com o do Filho. O Pai o dá; o Filho o envia (15.26). Ele é o Espírito do Pai; ele é tam bém o Espírito de Cristo (M t 10.20; Rm 8.9; IC o 2.11, 12; e G1 4.6). O Espírito Santo é a pessoa na qual o Pai e o Filho se encontram . Além disso, aqui, com o em todos os outros lugares, a Trin dade econôm ica repousa sobre a ontológica: o derram am ento do E spí rito no dia de Pentecostes, a quem essa passagem se refere, repousa sobre sua etem a em anação. Ambas são obras do Pai e do Filho. O Espírito é cham ado aqui o Parácleto (irapáKÀritoç). O term o indica que ele é a pessoa que é cham ada para o lado de (nesse caso, dos discí pulos) para auxiliar. Quanto a isso, dois erros devem ser evitados: ( 1 ) 0 fato de que a derivação da palavra é um adjetivo derivado da form a passiva (perfeita) do verbo TrapaKaÀéo) não deve ser interpretado com o significando que por isso a palavra resultante perm anece para sem pre p a ssiva em significado. A derivação das palavras é um a coisa, a história de seu significado no presente uso (para o qual a ciência da sem ântica devota sua atenção) é um assunto diferente. Na verdade, existe um a relação entre os dois, mas de nenhum a form a os dois têm o m esm o significado. O contexto deve decidir. Em João é a idéia ativa que é realçada, com o indica toda referência a ele (ver o próxim o parágrafo). O Parácleto fa z algum as coisas para os discípulos (e, naturalm ente, para a Igreja). (2) O significado da palavra não deve ser restrito dem ais. O Espíri to Santo é um A uxiliador em m uitos aspectos: ele conforta, de fato, e visto que o tem a principal do capítulo 14 é conforto, é provável que Jesus tinha isso em m ente m ais do que qualquer outra coisa. M as o Espírito tam bém (e em estreita conexão com a obra de confortar) ensi na, guia na verdade (16.13,14), faz com que os discípulos se lem brem
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do ensino de Cristo (14.26) e habita em seu interior com o um a fonte de inspiração e vida (14.17). O Pai e o Filho cham am o Espírito para o lado dos discípulos a fim de confortá-los, adm oestá-los, ensiná-los e guiálos; em outras palavras, a fim de que em dadas condições o Parácleto po ssa fo rn ecer q u a lq u er ajuda que f o r necessária. P ortanto, não conhecem os nenhum a tradução m elhor do que o term o Auxiliador.^^^ Em 1 João 2.1 Jesus Cristo é, ele próprio, cham ado o Parácleto. Ele é o A uxiliador no sentido de ser o Advogado ou Intercessor junto ao Pai no interesse dos crentes que com etem pecado. O sentido de 14.1 é, dessa form a, este: em vez de se tom arem mais pobres, os discípulos ficariam , na verdade, m ais ricos. N a verdade, um A uxiliador está partindo, mas ele parte com o propósito de enviar ou tro. A lém do mais, o prim eiro Auxiliador, em bora fisicam ente ausente, perm anecerá um Auxiliador. Ele será o A uxiliador deles nos céus. O outro será o A uxiliador deles na terra. O prim eiro pleiteia a causa deles junto a Deus. O segundo pleiteia a causa de Deus junto a eles. Esse segundo Auxiliador, além do mais, um a vez tendo chegado (no Pentecostes), nunca m ais deixará a igreja em nenhum sentido. D essa maneira, o Pentecostes nunca é repetido. (Ver sobre o v. seguinte para a distinção entre as preposições usadas nos vs. 16 e 17 com referência à relação do Espírito Santo com a igreja.) 17... sim, o Espírito da verdade, que o m undo não pode rece ber, porque não o vê, nem o reconhece. O Parácleto é aqui cham ado o Espírito da verdade (genitivo quali tativo). Isso, segundo 16.13, significa que ele, sendo a verdade em pes soa, guia seu povo ao reino da verdade que é personificado em Cristo e sua redenção. 318, Para uma discussão atualizada do termo irapáicXriToç consultar o seguinte: Deissmann, A,, Light from the Ancient East (tradução de L. R. M. Strachan). 4" ed., Nova York, 1922, p. 336. Goodspeed, E. J., Problems o fN e w Testament Translation, Chicago, 1945, pp. iiO , 111. Johnston, G., artigo “Spirit, Holy Spirit”, in A Theological Word Book o fth e Bible (org. por A. Richardson), Nova York, 1952, p. 245. Moulton, J. H. and Milligan, G., The Vocabulary o f the Creek New Te.nament Illustrated from Papyri and O ther Non-Literary Sources, Londres, Nova York, Toronto, 2“ ed., 1915, o verbete referente a essa palavra. Sasse, H., “Der Paraklet im Joh. Evang.” ZNTW , 24 (1925), 261. Snaith, H., “The M eaning of the ‘The Paraclete’” , ExT. 57, número 2 (nov. 1945), 47 ss.
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Em vista do fato de que o m undo (Kcafioí;; ver p. 112, nota 26, provavelm ente significado 6) segue a m entira de Satanás (ver sobre 8.44, 45; 14.30), não possui um órgão de discernim ento espiritual (não percebe o Espírito e suas ações, IC o 2.12-14) e falha em reconhecer o Espírito (M t 12.22-37; At 2.12-17), atribuindo as influências da tercei ra pessoa da Santa Trindade a “B elzebu” ou ao “vinho novo”, ele não pode (ver sobre 3.3, 5) recebê-lo. (Para o significado de Gecjpéo) ver p. 119, nota 33; e para yi-vcóoKQ ver sobre 1.10; 31; 3.11.; 8.28.) V ocês 0 co n h ecem , p orq ue ele h a b ita ao lad o de v o cês e estará dentro de vocês. Note a diferença nos verbos e preposições (segundo o que é provavelm ente a m elhor versão): 14.16. “para que ele esteja no m eio de vocês ou com vocês ([J,e0’ U|iCÔv).” 14.17. “porque ele habita com vocês (irap’ òiily).” 14.17. “e estará dentro de vocês (èy i)|j,Iy).” Interpretar essas cláusulas não é um a tarefa fácil. Com o já foi dito antes, a pessoa deve ler muitas vezes (ver p. 102, as explicações de 1.4). A m enos que isso seja feito, podem os facilm ente chegar à seguin te explicação: “Exatam ente agora, o Espírito Santo já está habitando no âm ago do coração do Salvador cheio do Espírito, e dessa form a ao lado deles. C om o resultado disso, eles até agora, pelo menos em princípio e em m om entos de clareza espiritual, reconhecem e adm item o Parácleto. M as depois o Espírito estabelecerá um a relação ainda m ais íntim a. A quele que estivera o tem po todo ao lado deles (irapá) viria, no dia de Pentecostes, habitar no m eio deles ou com eles ([lexá) e dentro (èv) deles” . Em bora essa interpretação seja convidativa, ela não funciona, e isso particularm ente com vistas ao versículo 23; “e irem os a ele e fare mos nosso lar ao lado dele (ou: com ele)” . Aqui o relacionam ento “ao lado dele” é definidam ente atribuído à dispensação do Espírito (note a conexão íntim a entre os vs. 23 e 25, 26.). Portanto, não se justifica fazer um a distinção rígida entre o relacionam ento ao lado dele e o futuro no m eio de e dentro. Também não se justifica atribuir um signi ficado m uito restrito à preposição ao lado de (irapá), com o se fosse
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necessariam ente indicado um a relação m enos estreita. Para o signifi cado real de irapá nesses contextos, ver sobre o versículo 23. Em vista dessa dificuldade, alguns com entaristas têm interpretado a passagem ora em estudo (14.17) com o se Jesus quisesse dizer, “M es mo agora vocês já têm o Espírito no coração. Logo mais, no Pentecos tes, vocês saberão mais sobre ele” . M as isso resulta num a subestim ação do significado do Pentecostes. C onquanto concordando que existe um a diferença no significado das preposições, é provavelm ente m uito m elhor buscar a solução na direção da paráfrase seguinte: “O Pai lhes dará outro A uxiliador (v. 16) a fim de que ele esteja em seu m eio (ou, nesse sentido, com vocês) para sempre, sim, o Espírito da verdade, a quem o m undo não pode receber porque não o vê nem o conhece. Vocês, ao contrário, tão logo tenha chegado o Espírito, o conhecerão porque ele habitará ao lado de vocês (ou com vocês, no sentido explicado abaixo em conexão com o v. 23) e estará dentro de vocês” (v. 17). E ssa leitura de um tem po presente com o se fosse futuro é totalm ente justificada neste contexto. Jesus está sim plesm ente se pro jetando no futuro, tendo claram ente usado o tem po futuro no versículo 16 (“dará”, e cf. “para que ele esteja”). Com o período futuro já p re sente em sua m ente, ele pode agora usar o tem po presente, “vocês o conhecem , porque ele habita ao lado de vocês” , onde usaríam os o futuro. Que ele tinha o período futuro em mente é outra vez claram ente m ostrado por seu uso do tem po futuro na cláusula im ediatam ente se guinte: “e estará em seu interior” (se a versão de N.N. do texto for correta). Portanto, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo viria habitar no m eio de, ao lado de, e dentro dos discípulos. Ele entraria pessoalm en te na igreja, que se tornaria seu tem plo, seu lugar de habitação perm a nente (ver sobre 7.39; cf. IC o 6.16; E f 2.21). Com o resultado, a igreja jogaria fora as fraldas da infância e se tom aria espiritualm ente adulta. E la se tom aria um a nação de profetas, um reino de sacerdotes, o Corpo de Cristo (cf. IP e 2.9; J1 2.28; ICo 12.7ss.; E f 1.22, 23; 2.21, 22; 5.2333). Como um segundo resultado, naquele dia a igreja se tom aria inter nacional. A parede da separação, isto é, a separação entre judeus e
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gentios, seria derrubada e estaria destinada a ser m ais e m ais derruba da (Is 54.2, At 2.9-11). 18. Eu não os deixarei órfãos: estou vindo para vocês. O que Jesus quer dizer é o seguinte: “M inha partida não será com o a de um pai cujos filhos ficam órfãos quando ele morre. No Espírito, eu m esm o estarei voltando para vocês” . O Espírito revela o Cristo, o glorifica, aplica seus m éritos ao coração dos crentes, tom a seus ensinam entos efetivos na vida deles. Portanto, quando o Espírito é derram ado. Cristo verdadeiram ente retorna. Aqui no versículo 18 a referência não é prim ariam ente à segunda vinda, mas ao retorno de Cristo no Espírito no dia de Pentecostes. As razões para adotar esta posição são: a. O contexto im ediatam ente precedente se refere ao derram a m ento do Espírito. b. O m esm o ocorre no contexto seguinte. c. Assim, só pode ser explicado que os discípulos não são deixados órfãos. d. N a consum ação dos tem pos, Jesus virá ao m undo bem com o à igreja. No Espírito, derram ado no Pentecostes, ele escolhe com o sua habitação apenas a igreja. e. Um dos resultados da vinda citada aqui no versículo 18 é que os discípulos saberão que “Eu estou em meu Pai, e vocês em mim, e eu em vocês.” O conhecim ento da união íntim a dos crentes com Cristo foi 0 frato do Pentecostes: Romanos 6.3-11; 8.1; 12.5; 1 6 .2 ,3 ,7 ,1 1 ,1 2 ,1 3 ; 1 C oríntios 1.30; 4.10, 15, 17; 7.39; 9.1; 11.11 ;15.31,58; 16.19; etc. P or outro lado, é tam bém verdade que o fato de Cristo habitar, por m eio do Espírito, em sua igreja é um tipo de habitação de D eus no âm ago dos corações de seu povo (nos céus e finalm ente) no universo restaurado. N ote o seguinte: a. N este m esm o contexto as palavras do versículo 23, “e irem os para ele e farem os nele nossa m orada”, encontram eco em A pocalipse 21.3, onde a referência é à perfeita com unhão de Deus com seu povo nos novos céus e nova terra. b. A expressão “nesse dia” (v. 20) freqüentem ente se refere a um
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período longo de tem po no qual um acontecim ento é típico de outro (e ainda futuro) acontecim ento. c. Perspectiva profética, segundo a qual grandes acontecim entos parecem ser com prim idos para que sejam vistos num único relance não é incom um nas Escrituras. D essa form a a prim eira e segunda vindas de Cristo são vistas juntas em M alaquias 3.1, 2. A destruição de Jeru salém e o fim do m undo aparecem lado a lado (e o prim eiro é visto com o prefigurando o segundo) no discurso escatológico de Cristo (Mt 2 4 e 25; M c 13; Lc 21). D essa form a tam bém aqui em 18-21 a volta de Cristo no Espírito contém em seu seio a prom essa de regresso que a igreja ainda espera. 19. A inda por um pouco, e o m undo não m e vê m ais, vocês, porém , m e vêem ; porque eu vivo, vocês tam bém viverão. Para o significado da expressão “um pouco m ais”, ver tam bém sobre 7.33; 12.35; 13.33; e 16.16-19. Note, entretanto, que a conotação dessa fra se é clim ática: o um pouco mais está encolhendo cada vez mais. Não é agora m ais meio ano nem m esm o uns poucos dias. É a noite entre quinta-feira e sexta-feira. N a sexta-feira Jesus m orrerá na cruz. De pois disso o m undo (KÓap,oç definido pelo próprio Jesus no versículo 24 com o se referindo àqueles que não o amam; ver p. 112, nota 26, sentido (6)) não m ais o verá. N em m esm o fisicam ente eles o poderão obser var. No Espírito, entretanto, os discípulos observarão Jesus, de fato. (O verbo éBecjpéo); ver p. 119, nota 33), pois o Espírito, do Pentecostes em diante, fará com esses hom ens e seus seguidores se lem brem dos ensi nam entos de Cristo com respeito a si m esm o, de m odo que o que o S enhor dos céus está fazendo na terra dia após dia desfilará (observe o verbo um a vez m ais) perante seus olhos. Ora, a fim de ver Jesus, enquanto ele executa seu program a vitori oso na igreja por meio do Espírito, a pessoa tem de estar espiritualm en te viva. Os discípulos poderão ver ou observar Jesus, pois eles estarão vivos. Eles estarão vivos porque Cristo vive. Ele, sendo em sua própria pessoa o cam inho e a verdade e a vida, é sem pre a causa da vida espiritual deles; sim, sempre, pois ele é im utável; mas, no que diz res peito a eles, essa vida só florescerá m ais profusam ente no Pentecostes e depois dele; daí, a seu respeito, usa-se o tem po futuro: vocês tam bém viverã o .
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20. N esse d ia , vocês re co n h e cer ã o que eu esto u em m eu P ai, e vocês em m im , e eu em vocês. N a nova dispensação, com eçando com o derram am ento do Espíri to Santo, os discípulos (e aqueles que posteriorm ente abraçarem a Cristo pela viva fé) reconhecerão e alegrem ente apreciarão a proxim idade do relacionam ento entre o Pai e o Filho (como foi m ostrado em conexão com o V. 18). Eles então entenderão que essa união é, por sua vez, o padrão do relacionam ento entre Cristo e seus seguidores. C ertam ente que esses dois relacionam entos não são idênticos. Entre Pai e Filho existe basicam ente (com o a raiz da unidade em operação externa) um a unidade de essência. Esta unidade é absoluta, incapaz de cres cer. Por outro lado, entre o Filho e os crentes existe um a unidade ética e espiritual. Nós o am am os porque ele nos am ou prim eiro. E ssa uni dade é passível de crescim ento. Não obstante, em vista do fato de que Cristo, por meio do Espírito, de fato vive no coração dos crentes, o prim eiro é verdadeiram ente o padrão para o último. Tão estreita é a relação entre Cristo e os crentes que, enquanto ele é a videira, eles são os ramos. Ele é o pastor; eles, as ovelhas; eles são os m em bros do corpo do qual ele é a cabeça (ver sobre 10.11, 14; 15.5; cf. IC o 12.27). U m a das passagens mais notáveis neste contexto é certam ente A pocalipse 3 .2 1 , que m ostra não apenas a intim idade, mas tam bém a ternura da relação entre Cristo e os crentes, bem com o indica, com o o faz a passagem que estam os estudando (14.20), que essa relação é um reflexo da união eterna e ontológica entre o Pai e o Filho. E ssa predição tem cum prim ento antecipativo e final, com o m os trado em conexão com o versículo 18 (ver acima). 21. A quele que tem m eus m andam entos e os guarda, esse é 0 que m e ama. O alegre e obediente reconhecim ento da soberania de C risto - conseqüentem ente a guarda (ver sobre 8.51) de seus precei tos (ver sobre 13.34) - é a prova do discipulado genuíno. A estrutura gram atical da sentença é tal que se pode virá-la ao contrário e a verda de ainda perm anece, agora vista de um ângulo oposto: “A quele que me ama, esse é aquele que tem os m eus m andam entos e os guarda” . Podese tam bém colocá-la desta maneira: o versículo 21, da form a com o está (com “A quele que tem m eus m andam entos e os guarda” com o sujeito, e “esse é o que me am a” com o predicado), é o anverso do versículo 15
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(“Se vocês m e amam, guardarão m eus m andam entos”). M as por que Jesus, depois de falar sobre a dispensação do Espírito nos versículos 16-20, volta ao pensam ento do versículo 15, a guarda de seus (de C ris to) preceitos? Provavelm ente porque, à parte do Espírito, não é possí vel guardar os preceitos. Observe que a m era posse desses preceitos não é suficiente. A pessoa tem de tê-los e guardá-los. Cf. M ateus 7.24; Tiago 2.14-26. Ora, aquele que constantemente guarda os preceitos que ele tem como um a posse permanente, ele (ele somente, o pronom e éKeXvoç é enfático) m ostra dessa m aneira que am a constantem ente o Senhor Jesus Cristo (observe os três particípios presentes). P ara o sentido da palavra traduzida por ama; (em èKelvóç kaxiv ó àyaTTwy lae; hteralm ente, “aquele é o que me am a”) nos referim os à discussão desse verbo e seu sinônim o principal, em conexão com 21.15-17. E aquele que m e am a será am ado por m eu Pai, e eu tam bém 0 am arei e m e m anifestarei a ele. Observe o tem po futuro. M as o am or do Pai não precede o nosso? N ão é verdade que todo nosso am or 6 apenas um a resposta ao seu am or? Verdade que não som ente, mas que é tam bém exatam ente, o que o apóstolo João lem brou do ensino de Jesus (IJo 4.19). M as, por que o am or de Deus não pode tanto prece der quanto seguir ao nosso? Isso é exatam ente o que ele faz, e esta é sua beleza: prim eiro, ao preceder nosso amor, ele cria em nós um dese jo ardente de guardar os preceitos de Cristo; depois, ao seguir nosso amor, ele nos recom pensa por guardá-los! N ada jam ais poderá ser mais glorioso do que esse arranjo! Para um com entário sobre o am or do Pai por seu povo, ver Rom anos 8.28-32. Observar tam bém que no fam oso capítulo Paulo m uda a ênfase, de modo que, tendo falado do am or de D eus (nos versículos indicados), ele prossegue im ediatam ente desvian do a atenção para o am or de Cristo (Rm 8.35-37). Ele conclui indican do que na realidade os dois são um e o m esm o (em bora as duas pesso as divinas perm aneçam distintas para sem pre), de m odo que eles po dem ser resum idos na bela expressão “do am or de Deus, que está em C risto Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.39). Do m esm o m odo, aqui Jesus, tendo m encionado o am or do Pai, im ediatam ente acrescenta, “E eu também o am arei” . Esse am or com conhecim ento e proposital se tom a m anifesto pelo Espírito. A expres
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são “e me m anifestarei a ele” torna-se realidade na vida dos crentes repetidas vezes (ver sobre 15.26; 16.13, 14; cf. IC o 2.10, 11; 12.3-7), de form a que eles podem dizer, “M as o Senhor esteve a meu lado e me fortaleceu” (2Tm 4.1 7 ,18). Ver tam bém o Salm o 23 e A pocalipse 3.20. Essa m anifestação de Cristo ao crente é sem pre no Espírito e por meio da Palavra. 22. Judas (não o Iscariotes) lhe disse: Senhor, o que aconte ceu que estás para m anifestar-te a nós, e não ao m undo? O Judas que interrom pe o Senhor não era o hom em que acabara de deixar a casa (13.30), ou seja, ele não era o Iscariotes (ver sobre 6.71).^*'^ Isso é acrescentado em favor da clareza e para a proteção da m em ória de “Judas o G rande” (ver pp. 34, 35). Ao contrário, ele era o Judas com três nom es, o que era cham ado o Lebaeus, cujo sobrenom e era Tadeu (provavelm ente corajoso, coração de leão). Ele era o “Judas de Tia go” (Lc 6.16; cf. A t 1.13). Nas quatro listas dos apóstolos, este Judas se localiza perto de Sim ão (o Zelote), o que tem levado alguns estudio sos a pensar que os dois eram irmãos ou am igos m uito íntim os. (O bser var a sem elhança im pressionante entre esses discípulos com o retrata dos por D a Vinci em sua Última Ceia.) Em bora nos escritos apócrifos seu nom e ocorra repetidas vezes, o Novo Testam ento não registra ne nhum outro incidente com relação a ele além do descrito aqui. Com o ocorre freqüentem ente no Quarto Evangelho (ver sobre 3.4; 4.11,15, 33; 6.52; 8.22, 57; 11.12; 13.9), tam bém neste caso um ouvinte apanha a palavra ou frase que Jesus tinha pronunciado e a interpreta mal. Sobre essa m á interpretação, o ouvinte baseia sua pergunta. A expressão particular à qual Judas deu interpretação errônea foi, “A inda por um pouco, e o mundo não me verá ... e eu me m anifesta rei a ele (i.e., “àquele que me am a”) (14.19, 21). Jesus tinha falado claram ente sobre a m anifestação em Espírito, e portanto em caráter 319. É bom distinguir cuidadosam ente entre os sete hom ens m encionados no Novo Testamento portadores deste nome (Judas), a. um irmão de Jesus, o autor de uma Epístola canônica (Mt 13.55; Mc 6.3; Jd 1); b. um ancestral de Jesus (Lc 3.30); c. um galileu que promoveu uma rebelião nos dias do recenseamento (At 5.37); d. alguém com quem Paulo se hospedou em Damasco, cuja casa estava na Rua Direita (At 9.11); e Judas Barsabás (At 15.22SS.); f. Judas Iscariotes, o traidor; g. o Judas mencionado em nossa passagem, que também era um dos Doze.
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espiritual. Judas, entretanto, estava provavelm ente pensando num a m anifestação pública por meio de m ilagres poderosos ou por meio de algum tipo de teofania messiânica, com o aquela do dia do juízo vindouro (cf. 5.27-29). Porventura ele ainda acalentava a esperança de que obras poderosas feitas em público poderiam convencer o m undo? (A pergun ta de Judas nos faz lem brar o conselho dado pelos irm ãos de Jesus; ver sobre 7 .3 ,4 .) Além do mais, o fato de que algum as sem anas m ais tarde, no exato m om ento em que Jesus estava para ascender aos céus, os discípulos ainda estavam nutrindo sonhos terrenos e nacionalistas (At 1.6) nos leva a pensar que o que Judas quis dizer aqui em 14.22 foi isto, “Senhor, o que aconteceu (em outras palavras, p o r que é) que, num a m aneira dram ática, vais m ostrar teu grande poder som ente a nós, e não ao público em geraP. Porventura este últim o não seria mais efetivo?” Para o significado de Koa|ióç aqui, ver p. 112, nota 26, sentido (3). N ão crem os que a pergunta de Judas tenha sido m eram ente teóri ca, com o se ele estivesse perguntando, “Como, no abstrato, é possível lc reveles de tal m aneira que som ente os discípulos serão capazes de ver-te?” A ocasião era dem asiado séria para perguntas puram ente especulativas. “M ostra-te - teu grande poder - ao m undo. Pode não ser tarde demais. C ausa impacto. Põe-te na ribalta. C onquista os aplau sos. D erruba a oposição.” Parece que houve algo assim no espírito de Judas. Ele está um tanto insatisfeito com as palavras ditas por Jesus (1 4 .1 9 ,2 1 ). Em vista do fato de que, basicam ente, o erro de Judas dizia respeito ao caráter da manifestação prom etida por Cristo, Jesus, enquanto na aparência sim plesm ente prosseguindo de onde ele havia parado no ver sículo 21, dá um a explicação m ais com pleta desse conceito nas pala vras dos versículos 23 e 24: 23. Jesu s respondeu e lhe disse: Se alguém m e am a, gu ar dará m inha palavra, e m eu Pai o am ará. Para o significado da pri m eira parte dessa sentença condicional, ver as explicações do versícu lo 15. Ali se usa o plural; aqui, o singular. A form a da sentença e o uso do singular enfatizam a responsabilidade de cada discípulo de se per guntar se pessoalm ente am a a Jesus. O term o m inha palavra aqui no versículo 23 é explicada por meus preceitos no versículo 15.
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Esse amor, tendo Jesus com o seu objeto, recebe um a rica recom pensa: “M eu pai (note meu, e ver sobre 1.14) o am ará” etc. A pergunta, “Quem am ou prim eiro?” tem sido respondida em conexão com o versí culo 21b. O bserve que a expressão ativa “e meu Pai o am ará” corres ponde à passiva “será am ado por m eu Pai” no versículo 21; portanto, ver tam bém sobre esse versículo. E virem os para ele e farem os com ele nossa m orada. No Es pírito (ver 0 contexto precedente) tanto o Pai com o o Filho virão para (irpóç, estar fa c e a fa ce com; ver sobre 1.1) aquele que am a o Senhor, e farão seu lar com (irapá: ao lado de) ele. Essa presença é muito real. Sua operação pode ser sentida. O Es pírito convencerá do pecado, levará ao arrependim ento diário, com uni cará a certeza da salvação, concederá a paz de D eus que excede a todo entendim ento, adm oestará, confortará; tudo isso em conexão com a Palavra. E dessa m aneira que Cristo tem prom etido m anifestar-se aos discípulos, mas não ao m undo (ver sobre 14.21, 22). A cláusula “e farem os nosso lar com ele” (lar é iiovi^); ver sobre 14.2) indica um a relação muito íntim a e estreita. Pai e Filho, no Espírito, e por m eio dele, e sempre ao lado (irapá) daqueles que am am a seu Senhor, prontos para confortar, prontos para animar, prontos para pres tar todo e qualquer auxílio necessário.’-“ 320. Um estudo aprofundado do uso de irapá no Evangelho de João é compensador. Sua raiz é do lado de ou ao lado de (cf. nosso paralelo). Embora no Novo Testamento apareça freqüentem ente com o acusativo (como era de se esperar), ele nunca é encontrado dessa forma nos escritos de João. Seguido pelo abiativo, ele pode indicar intermediação (1.6), num contexto em que intermediação e origem estão intimamente relacionadas, mas geral mente denota origem, fonte. Assim, Jesus é o Unigênito do (ao lado do) Pai, de quem ele recebeu instruções, ouviu suas palavras, etc. (1.14; 5.44; 8.40; 9.16, 33; 15.15, 26). Ver também 141; 4.9, 52; 5.34, 41; 6.45, 46; 7.29, 51; 8.26, 38; 10.18; 16.27; 17.7, 8. Junto com o locativo, ele ocorre nas seguintes passagens; 1.40; 4.40; 8.38 (primeira cláusula); 14.17, 23, 25; 17.5; e 19.25). À exceção de 19.25 (de pé, próximo ou “junto à cruz” de Jesus), em que a palavra que segue à preposição indica uma pessoa (ou pessoas). Esta construção (irapá com locativo) provavelmente é a que mais está perto de conservar o sentido original e etimológico da preposição; ao (ou do) lado de. Não obstante, é claro, isso não deve ser tomado de modo muito literal: ao lado de, por meio de uma fácil transição se torna na companhia de, na casa de (1.40); na presença de, entre (cf. latim, apud, 4.40; 8.38; 14.25; 17.5). Parece provável, em vista do contexto, que a idéia de prestimosidade está implícita no uso dessa preposição em 14.17 e 14.23. O Espírito Santo é o P ara-c\tio (observar a preposição irapá, agora na composição), o Auxiliador, chamado para o lado dos
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Que a prom essa dessa sua vinda, em bora principalm ente se refe rindo ao Pentecostes e à presente dispensação, recebe seu cum pri mento final na volta de Cristo e no novo céu e nova terra, já foi m ostra do (ver sobre 14.18). 24. Q uem não m e am a não guarda m inhas palavras; e a p ala vra que estão ouvindo não é m inha, m as do Pai que m e enviou. Para o sentido dessa passagem , ver sobre 14.15, 21, e 23. Jesus m os trou repetidas vezes que am bas as proposições são verdadeiras: (a) Aquele que me am a guarda minhas palavras, (b) Aquele que guarda minhas palavras me ama. Segue-se logicam ente que “Aquele que não me am a não guarda m inhas palavras” . Essas palavras podem ser vis tas separadam ente com o m uitos preceitos. Elas podem tam bém ser vistas com o um a unidade: a palavra de Cristo, seus ensinam entos, com o um a regra para doutrina e vida. O bservar que aqui no versículo 24 temos o plural, depois o singular. A illtima parte do versículo foi explicada em conexão com 7.16, (|iu' incorpora o mesmo pensam ento. R ejeitar os preceitos de Cristo é llill iissiinto muito sério, pois: a) Essa pessoa não está rejeitando a palaviii dc um simples homem, m as de Deus (Pai e Filho sendo um em cssência; ver sobre 10.30). b) A essa pessoa o Senhor não se m anifes tará com seu am or (ver sobre 14.21, 23). 25 Eu (lhes) disse essas coisas enquanto ainda estava com vocês. 26 Além do mais, o Auxiliador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse lhes ensinará todas as coisas e os fará lembrar de tudo o que eu (lhes) disse. 27 Deixo-lhes a paz, a minha paz lhes dou; não a dou como o mundo a dá. Que seu coração não mais se perturbe, nem fique atemorizado. 28 Vocês ouviram o que eu lhes disse: Vou embora, e volto para vocês. Se vocês me amassem, estariam felizes pelo fato de estar indo para o Pai,’^‘ pois o Pai é maior que eu. 29 E agora eu lhes digo antes que aconteça, para que,^^^ quando acontecer, vocês creiam. 30 Já não discutirei muitas coisas com vocês, porque o príncipe deste mundo discípulos a fim de ajudá-los de todas as maneiras possíveis. Ele permanece ao lado deles, c por intermédio dele, em união mística e gloriosa, tanto o Pai como o Filho fazem o lar deles ao lado deles, prontos a qualquer momento prestar assistência e a revelar o amor dcics. Não fazemos nenhum tipo de objeção à tradução de ra p á como com, se ela for entendida nesse sentido. Ver também Gram. N.T., pp. 612-616. 121. IIC; ver Introdução, pp. 62, 63. 322. ou de m odo que (resultar); sobre 'iva ver Introdução, pp. 67-69, 76.
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está chegando. E contudo ele nada tem em mim; 31 mas, para que o mundo saiba que eu amo o Pai, (por isso mesmo) eu faço como o Pai me ordenou. Levantem-se, e vamos sair daqui.
14.25-31 25, 26. E u (lhes) disse essas coisas en q uan to ain d a estava com vocês. Além do mais, o Auxiliador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em m eu nom e, esse lhes ensinará todas as coisas e os fará lem brar de tudo o que (lhes) disse. Jesus parece delongar-se com seus discípulos o m áxim o possível. Ele se despediu deles várias vezes; todavia, tom ava ficar, de novo, um pouquinho mais. H á um tom de partida nestas palavras, “Essas coisas eu disse (a vocês) enquanto ainda estava com vocês” . Não obstante, o M estre perm anece um pouco mais. Cf. 14.31; 15.11; 16.1, 4, 25, 33. Essas coisas, em vista de enquanto ainda estava com vocês, que é certam ente m uito geral, não pode restringir-se às palavras ditas nesta noite, mas obviam ente indicam todos os seus ensinam entos até esse m om ento. A gora Jesus traça um a distinção (observar que ele não apre senta um contraste-, ôe deveria ser traduzido aqui por além do mais ou e ou agora, não mas) entre seu próprio ensinam ento durante os dias de sua hum ilhação, de um lado, e seu próprio ensinam ento por meio do Espírito na glória de sua exaltação, do outro). A idéia central dos versí culos 25, 26 pode resum ir-se com o segue: “Enquanto eu estive fisicam ente com vocês, eu lhes dei alguns en sinam entos que depois da m inha partida física eu, por meio do Espírito, tornarei m ais claros a vocês (Cf. IC o 2.13.) Além do mais, então eu lhes ensinarei tudo o de que vocês precisam saber a fim de realizarem o trabalho de testem unhas que lhes está designado.” O bservar o nom e dado à terceira pessoa da Trindade: o A uxiliador (irapáKÃriTOí;); ver sobre 14.16; o Espírito Santo, santo porque ele não só é absolutam ente livre de pecado e possuidor de todos os atributos m orais num grau infinito - o que naturalm ente é verdade tam bém com respeito ao Pai e ao Filho - , mas tam bém porque é quem tom a a 323. Observar “mesmo o Espírito Santo ... ele” . O fato de o Espírito Santo ser uma pessoa é enfatizado aqui, pois embora seja neutro, o pronome masculino èKulwí; é usado
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tk’ liderança no trabaiiio de tom ar os outros santificados (santifi( ,iti,íU)). lile é tam bém caracterizado com o Aquele “a quem o Pai enviiiríí um meu (de Cristo) nom e” . Cf. Atos 2.33. O envio do Espírito Siinto e tam bém seu trabalho na terra estão em com pleta harm onia com 0 nom e de Cristo, ou seja, com sua auto-revelação na esfera da redenção. Um a com paração entre 14.26, “a quem o Pai enviará em meu nom e” e 15.26, “que eu lhes enviarei da parte do P ai”, deixa muito claro que o envio histórico do Espírito Santo no dia do Pentecostes (ver At 2) é atribuído tanto ao Pai com o ao Filho. Não será o caso de que este derram am ento im plique tam bém que a em anação etem al, superhistórica do Espírito deva ser vista com o um ato no qual o Pai e o Filho cooperam ? Observe que a prom essa contém dois elem entos, e que com toda probabilidade a prim eira todas as coisas (ou, tudo: irayia) é mais abranf'onle do que a segunda. Prim eiro o Espírito lhes ensinará todas as fo isa s que são necessárias (não apenas para sua própria salvação, miis iiqui especificamente) para o trabalho de testem unhar (cf. M t 10.10; IJo 2.27). Isso inclui algum as coisas que Jesus não tinha ensinado esp(‘ci ricamente durante os dias de sua hum ilhação, tendo-as om itido por uma razão muito sábia (ver sobre 16.12). Segundo, o Espírito os lem brará de tudo que eu lhes disse. Com o já indicado, por m eio desses dois, Jesus Cristo está cum prindo seu ofício profético, prim eiro na terra, e depois nos céus. “Todas as coisas” e “tudo” podem ser vistos com o círculos con cêntricos, pois tam bém por meio de relem brar o antigo (“tudo o que eu lhes disse” ), o Espírito ensinaria o novo. D eve-se ter em m ente que entre o tem po em que Jesus pronunciou essas palavras e o m om ento em que o Espírito Santo foi derram ado, ocorreram os seguintes eventos importantes: cm cificação, ressurreição, ascensão e coroação de C ris to. À luz desses grandes acontecim entos, o trabalho do Espírito Santo de relem brar os discípulos os antigos ensinam entos de Jesus natural m ente im plicaria novo ensinam ento, ou, se assim se preferir, im plicaria dar um entendim ento m ais profundo àquilo que, quando foi prim eira|)iirii inuoduzir suas atividades. Além do mais, somos informados que esle Espírito ensina, u'k'm bra, testifica, vem, convence, guia, fala, ouve, prediz etc. Todas essas atividades são pessoais.
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mente ouvido, foi pouco registrado. Como prova, oferecem os as se guintes passagens: 2.22, 2.16. M esm o então, é claro, a direção especial do Espírito era necessária para transm itir à m ente deles o significado exato das palavras de Cristo, à luz de sua expiação e glorificação. 27. A paz eu lhes deixo; a m inha paz eu lhes dou; não a dou com o o m undo a dá. Por meio de todas as palavras de conforto que precedem o versículo 27, Jesus objetiva instilar paz no coração dos discípulos. “Esta paz” , é com o se Jesus dissesse, “é tanto um legado que eu d eixo p a ra trás (àcj^íriiii,) com o um tesouro que eu dou (ôlôü)|j,l).” N aturalm ente, é verdade que Jesus estabelece sua paz m e diante sua m orte expiatória na cruz, onde ele obtém a reconciliação. M esm o assim, dizer que a palavra paz, com o ela é usada aqui no versí culo 27, é puram ente objetiva, e que nada tem a ver com o sentim ento subjetivo dentro do coração do crente, é ir longe demais. Que a paz aqui indicada im plica ausência do senso de perturbação e m edo está claro pelas palavras que im ediatam ente seguem , a saber: Q ue seu coração não mais se perturbe, nem fique atem orizado. Com o afir m ado repetidam ente neste com entário, a fim de estabelecer o significa do desses term os, frases e clausulas, deve-se lê-los repetidas vezes. Isso se aplica tam bém a este caso. M as o que precede tam bém é im portante para determ inar os significados. À luz do capítulo inteiro, crem os que a palavra paz, aqui em 14.27, indica a ausência de p e r turbação espiritual e a certeza da salvação e da presença am oro sa de D eus sob todas as circunstâncias que resultam do exercício da fé, em D eus e em seu Filho (J4.J), e da contem plação de suas prom essas graciosas (ver especialm ente 14.1, 2, 3, 12-14, 16-21, 25, 26). E a paz da qual Paulo fala em Filipenses 4.6, 7. Quando Jesus diz, “não ... com o o m undo a dá” o contexto deixa claro que o que ele quis dizer foi, “Eu dou minha paz”, que o m undo nunca pode dar, não im por ta a freqüência com que seja repetido “paz seja consigo”, ou “vá em paz” . O contraste está na dádiva em si e não m eram ente na m aneira em que ela é dada. O m undo pode dar prazeres, descanso físico e alegrias, honra, riqueza, mas nunca aquela certeza interior que é o re flexo do sorriso de Deus no coração de seu filho. Para o significado de “Que seu coração não m ais se perturbe” , ver sobre 14.1. Q uando a paz dada por Cristo (e nos é m erecida por sua
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expiação) entra no coração, a ansiedade é expulsa. “N em que estejam lem crosos” (literalm ente, “nem perm ita que seu coração fique tem e roso). É o único caso do uso desse verbo no Novo Testam ento (mas ver 2Tm 1.7 para o substantivo). Ele ocorre em Aristóteles, no papiro, e bastante freqüentem ente na LXX. Ele significa acovardar-se, ser tí mido, ou amedrontado. Em distinção de cjjoßog, que é freqüentem ente usado no bom sentido (m edo piedoso), óciA-ía ao qual o verbo ôeLÀLáco se relaciona, nunca é usado num bom sentido. 28, 29. Vocês ouviram o que eu lhes disse: E stou indo em bora e volto para vocês. Se m e am assem , ficariam alegres de que eu esteja indo para o Pai, pois o Pai é m aior que eu. E agora cu lhes digo antes que aconteça, para que, quan d o acontecer, vocês creiam . Várias vezes .Tesus disse, “Eu vou em bora” (ver sobre 14.2, 3, 12) e lam bém , “Fai voltarei para vocês” (ver 14.3, 18, 19, 21, 23). Se os discípulos (ivcsscni progredido mais no am or por seu M estre, eles não CNlariiini lão chcios de ansiosos temores. Eles teriam se regozijado com it líild tk‘ i|iic ii partida do Senhor significava, apesar de tudo, que ele indo para a casa do Pai. Ora, em bora, com o o Filho Unigênilo, cic Ibsse plena e essencialm ente igual ao Pai (10.30), m esm o assim, com o M ediador entre Deus e o hom em , ele m esm o homem, era inferi or, Portanto, quando, com o recom pensa por seu trabalho, o hom em de dores e que sabe o que é sofrer, prossegue em seu cam inho para A que le que é m aior do que ele - pois Deus é sem pre m aior do que o hom em isso é para ele um a rica recom pensa. Cf. tam bém 2 C oríntios 8.9; Filipenses 2.8-11; Hebreus 12.2. Para o significado de 14.29, ver sobre 13.19. Aqui no versículo 29 a aplicação pode ser um pouco diferente. A cláusula, “quando acontecer”, se refere agora à ida de Cristo (m orte, ressurreição, ascensão) e regresso (no Espírito no Pentecostes; com o destinado à Igreja em geral esta tem outra aplicação em conexão com a Parousia). Em seus pensam entos e m editações, os discípulos estiveram se con centrando dem asiadam ente em si m esmos. Se o tivessem am ado sufi cientem ente, eles teriam entendido que esta partida iria trazer-lhe gló ria! Se tivessem visto isso, eles teriam se regozijado. 30. M uito, m uitíssim o, acontecera nessa tarde. O M estre e seus
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discípulos estiveram no Cenáculo por um longo tempo, talvez por m ui tas horas. A lavagem dos pés dos discípulos, a participação da C eia Pascal, as predições relativas a Judas, Pedro e os Doze, a instituição da C eia do Senhor, as palavras do capítulo 14, tudo isso (e talvez m uito m ais do que foi registrado) pertence à prim eira parte da noite da traição. E agora a hora da partida da sala tinha quase chegado, com o Jesus parece estar indicando, ao dizer: Já não discutirei m uitas coisas com vocês. O simples fato de ele dizer: “Já não ... muitas coisas” im plica que ele ainda tinha um as poucas coisas a discutir, aqui no C enáculo ou de cam inho para o Getsêmani. A razão pela qual o tem po para mais conversa é curto é dada na cláusula, “porque o príncipe deste m un do” (para o significado desse título, ver sobre 12.31). Jesus estava consciente dos passos de Judas, dos soldados rom anos, dos guardas do tem plo, dos m em bros do Sinédrio, todos eles inspirados por Satanás. Eles estavam saindo agora para prender Jesus. N aturalm ente, eles não tinham o direito de fazer isso. Eles estavam saindo com espadas e por retes (Lc 22.52), com “lanternas, tochas e arm as” (18.3) com o se o objetivo deles fosse a busca e a apreensão de um criminoso perigoso. E no entanto - para esse sentido de Kaí ver sobre 1.5b - ele nada tem em mim, diz Jesus; de fato nada mesmo, pois não havia culpa nele. Ver sobre 18.38; cf. Isaías 53.9. Em vista desse fato, iria Jesus resistir a essa tentativa de prisão? A resposta é dada no versículo seguinte: 31. M as, para que o m undo saiba que eu amo o Pai, (e por isso m esm o) faço com o o Pai me ordenou.’-'' Aqui Jesus diz que 324. Faz pouca diferença se seguirmos a pontuação como dada no texto da N.N. (que é também nossa preferência), de modo que. “Levantem-se, e vamos sair daqui”, se torna uma sentença separada, ou, como outros preferem (ver o dispositivo textual na N.N.), isto é, colocar uma vírgula ou um ponto e vírgula depois de “me ordenou”, tornando assim todo o versículo 31 só uma sentença. Em qualquer dos casos, a passagem inteira com preende um pensamento central: “Não vamos fugir, mas vamos em frente, para encontrar os represen tantes de Satanás, pois ao fazer isso eu desejo mostrar ao mundo que eu amo o Pai” . Podese objetar que a conjunção K a í requer que o versículo todo seja lido como uma sentença, e que de outro modo ela ficaria “suspensa no ar”, algo como segue: “Mas, para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e ( k k l ) como o Pai me ordenou, (que) assim faço ...” Isso exigiria uma conclusão, que aqueles que favorecem este ponto de vista encontram nestas palavras, “Levantem-se, e vamos sair daqui” . Objeções: a. A transição do primeiro (“eu amo, eu faço”) para a segunda pessoa (“levantem -se”)
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elf iiílo resistirá, mas em vez disso ele prosseguirá ousadam ente em íami cam inho para encontrar os representantes de Satanás. Ele fará isso porque entrega sua vida voluntariam ente (10.11). Isso estava de acordo com o m andam ento do Pai (ver sobre 10.18). E o m undo verá isso. Bem no fundo do coração, esses homens perversos saberão que esse com portam ento dele - tão estranho e incom um , cam inhar para as mãos daqueles que o vão prender! - resulta do fato de que ele am a o Pai, com o tão freqüentem ente declarou. Eles saberão disso, mas, natu ralmente, nunca o admitirão'. Em harm onia com esta determ inação expressa - ou seja, encontrar seu adversário -Je su s acrescenta: Levantem -se, vam os sair daqui. Essa ordem tem levado a infindáveis controvérsias entre os intérpretes. A dificuldade reside no fato de que, de acordo com 18.1, Jesus e seus discípulos não saíram de fato até depois de ele ter dito as palavras dos capítulos 15, 16 e 17. Para soluções que consideram os menos prová veis ver a nota.'*-“' M as esta dificuldade é assim tão grande? P or que não é normal neste contexto. Seria de se esperar a primeira pessoa (singular ou plural), clil'icilmente a .segunda pessoa. b. Esta interpretação parece ser baseada na noção errônea de que Kaí deve significar e, e que cada Kaí grego deve ser traduzido para o inglês. Mas isso não é verdade de modo algum. Onde o grego é influenciado pelo hebraico ou pelo aramaico, devem os sem pre tomar cuidado com os K a i ’s que devem ser traduzidos por uma outra conjunção em inglês que não seja e (o que é freqüentemente verdade mesmo sem considerar a influência semítica) ou deve .ser deixado totalmente fo ra da tradução. A falha em ver isso tem levado a todo tipo de confusão, por exemplo, na interpretação de Rom anos 9.23 (observar o K a í no começo desse versículo). Em João 14 .3 1, preferimos traduzir Kaí como me.smo que, ou ainda omitilo totalmente na tradução. 325. Observamos o seguinte: ( 1 ) 0 que Jesus quis dizer em 14 .3 1 é, “Levantem-se, vamos sair da Sala Superior (ou: da casa)”. Ele sai imediatamente. As palavras dos capítulos 15 e 16 foram ditas do lado de (ora. Também a oração do capítulo 17 foi pronunciada já dc fora da casa. O pequeno grupo parou no caminho. Objeção: Em nenhum lugar encontramos qualquer menção a essa suposta parada ao longo do caminho. E se eles não tiverem parado em algum lugar, é difícil ver como a oração poderia ter sido pronunciada enquanto Jesus e seus discípulos estavam andando. Certam en te que é muito mais natural presum ir que o ensinamento de todos esses capítulos ( 14-17) foi dado na Sala superior. (2) O significado é, “Levantem-se, vamos sair da m esa”. Objeção: Embora não aleguemos que esta explicação seja impossível, contudo parece que sair da me.sa já está implícito na ordem “Levantem -se” . ( 3 ) 0 grego construiu mal o original aramaico que trazia, “Para que o mundo saiba que eu amo o Pai, e que, como o Pai me ordenou, assim faço, então eu vou levantar-me e ir-me”.
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não atribuir a essas palavras seu significado m ais natural e interpretálas com o de fato se resum indo a um a ordem a que os discípulos se levantassem dos divãs, juntam ente com um a exortação significando, E vamos sair daqui, quer dizer, do C enáculo; portanto, desta casa” ? Isso ainda não im plicaria que o pequeno grupo sai correndo da casa im edi atamente'. Quantas vezes não acontece, m esm o entre os ocidentais, que entre a exortação, “Bem, agora vamos em bora”, e a partida de fato ocorre um período de, digamos, dez minutos? Durante dez minutos podese dizer m uita coisa. Ora, é preciso lem brar o seguinte: a. N esse mesmo contexto Jesus deixa claramente im plícito que ainda havia algum as coisas que desejava dizer aos discípulos (14.30). b. Falando calm a e deliberadam ente, sem qualquer tentativa de se apressar, Jesus pode ter pronunciado o conteúdo dos capítulos 15, 16 e 17 num período de dez minutos'. Quando o grupo já tinha ficado junto por muitas horas, o que são dez m inutos? c. Além disso, não se deve descartar a possibilidade de arranjo tópico (em vez de estritam ente cronológico). D essa forma, o capítulo 15, “Eu sou a videira”, pode ter sido dito um pouco antes, em conexão com a instituição da C eia do Senhor (o beber do “fruto da videira”). N esse caso, João, o autor original, poderia sim plesm ente ter inserido o m aterial do capítulo 15 porque ele tinha sido pronunciado nessa noite. Em Lucas, o arranjo tópico (em vez de cronológico) ocorre repetidas vezes. O arranjo de João é m ais cronológico, mas a possibilidade de arranjo m eram ente tópico não pode ser com pletam ente descartada. A creditam os, pois, que o capítulo 15 foi pronunciado durante ou logo depois da instituição da C eia do Senhor. Coerentem ente, devem os presum ir que o conteúdo dos capítulos 14-17 com preende um a unidade, e que tudo isso foi pronunciado nessa noite no Cenáculo. Objeção: Não é necessário presumir qualquer tradução incorreta neste ponto. Além disso, “Então, eu vou levantar-me e ir-me” é um tanto desnaturai quando todo um grupo está para levantar-se e sair - Ficamos com o texto grego, (4) Houve má colocação. Assim, por exemplo, T. Nicklin, “A Suggested Dislocation in the Text of St John XIV-XVI”, ExT, 44 (maio, 1933), 8. Objeção: Nada no texto, como ele se encontra, prova um deslocamento literal. Todavia, um arranjo tópico é possível.
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Síntese do Capítulo 14 Ver o Esboço na p. 644. O Filho de D eus Am avelm ente Instrui Seus D iscípulos. Uma P alavra de Conforto. Reconhecem os dez. elem entos de conforto, que podem ser assim sumariados: I. Versículo 1. Continuem confiando em Deus; continuem confian do tam bém em mim. (Isso im phca: eu vou continuar suprindo todas as suas necessidades. Não deixem m ais que seu coração se preocupe). II. Versículo 2. M inha partida tem a finalidade de preparar tudo com vistas a um a reunião abençoada na casa do Pai com suas m uitas m ansões. III. Versículo 3. Eu voltarei novam ente e os levarei para que este jam face a face com igo. Então vocês estarão sempre onde eu estiver. IV. Versículos 4-11. Em bora m inha presença visível seja removida, eu perm anecerei para sem pre com o o (único) cam inho, para que vocês vão ao Pai (“o cam inho, a verdade e a vida”). V. Versículos 12-14. Com o resultado de m inha ida para o Pai, vo cês farão não só grandes obras, mas ainda m aiores. Se pedirem qual quer coisa em m eu nome, eu o farei. VI. Versículos 15-17. M inha partida física tem o propósito de m an dar outro A uxiliador que nunca os deixará, ou seja, o E spírito da verda de. O Pai lho dará a meu pedido. VII. Versículos 18-24. N esse A uxiliador eu voltarei (espiritualm en te) para vocês, ou melhor, para todos os que me am am , não para o mundo. VIII. Versículos 25,26. Esse outro Auxiliador, o Espírito Santo, lhes ensinará tudo, e lhes lem brará tudo o que eu m esm o lhes disse. IX. Versículo 27, Eu lhes deixo o maior presente de todos (um pre sente muito m aior do que o m undo poderá conhecer) a minha paz. X. Versículo 28. Eu vou para o Pai. Se vocês me am arem o sufici ente, isso os levará a festejarem . Os versículos 29-31 (ver os com entários sobre esses versículos nas pp. 67 9 ,6 8 0 ) form am um a conclusão ao capítulo inteiro.
C a p ít u l o 15 JOÃO 15.1-11 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor. 2 Todo ramo que, 5 1estando em mim, não produz fruto, ele o corta; e todo o que produz fruto, ele limpa, para que produza mais fruto. 3 Vocês já estão limpos por causa da palavra que eu lhes disse. 4 Permaneçam em mim, e eu (permanecerei) em vo cês. Assim como o ramo não pode produzir fruto de si mesmo, a não ser que permaneça na videira, tampouco vocês o podem, a menos que permaneçam em mim.’“ 5 Eu sou a videira; vocês são os ramos. Aquele que permanece em mim, comigo permanecendo nele, esse produz muito fruto; porque fora de mim vo cês nada podem fazer. 6 Se um homem não permanecer em mim, ele será lançado fora, como um (mero) ramo, e secará;^“ e tais ramos serão apanhados, lançados no fogo e queimados. 7 Se vocês permanecerem em mim, e minhas palavras perm anecerem em vocês, peçam o que quiserem, e isso lhes sucederá.’“ 8 Nisto meu Pai é glorificado: que’” produzam muito fruto, e assim vocês se tornarão meus discípulos. 9 Assim como o Pai me amou, também eu os amei; permaneçam em meu amor. 10 Se guardarem meus preceitos, permanecerão em meu amor;’^* assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço em seu amor. II Eu lhes disse essas coisas para que minha alegria esteja em vocês, e para que sua alegria seja completa.
326. A sentença condicional composta em 15.4 é IIIB l; a sentença condicional em 15.6 é I1IB3 (com conclusões: aoristo pas.sivo indicativo gnômico, seguido pela terceira pessoa do plural presente ativo indicativo ouvavoDotr'; novamente a terceira pessoa do plural presente ativo indicativo BáA,Àouoi,i/; e terceira pessoa singular - porque aúxá é plural neutro - passivo indicativo Kaíexai). Estas duas (15.4 e 15.6) devem ser re-inseridas nas listas. Introdução, pp. 65, 66. A sentença condicional em 15.7 é IIIA3; ver Introdução, pp. 63-65. 327. Sobre 'iva ver Introdução, pp. 67, 68, 76. 328. IIIA I, ver Introdução, pp. 63, 64.
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D iscu ssão de A lguns P ontos B ásicos em C onexão com a A legoria da V ideira e dos R am os Podem os com eçar repetindo o que foi dito quando discutim os a A legoria do Bom Pastor: “N a interpretação dessa sublim e alegoria, os com entaristas diferem am plam ente” . É provavelm ente m elhor ler esses versículos, do com eço ao fim, m uitas vezes antes de tentar dar um a explicação. Os prim eiros versícu los não podem ser entendidos de form a adequada a m enos que eles sejam vistos à luz de tudo o que segue e, podem os acrescentar, do que ocorreu antes nessa m esm a noite. Portanto, para que, ao estudarm os as árvores (passagens individu ais), não percam os de vista a floresta (o sentido da alegoria com pleta), é recom endável darmos um a olhada “no todo” . Som ente quando le m os repetidas vezes é que o significado das passagens individuais se torna claro. I. A Ocasião para Essa Alegoria O fato de que, antes que fosse julgado e crucificado, essa era a últim a oportunidade que Jesus tinha para advertir seus discípulos a não im itarem a Judas, mas a permanecerem na fé, para manifestarem em sua vida, não as obras de Satanás, mas os frutos do Espírito Santo, e o fato adicional de que a fertilidade da videira (uma planta muito comum na Palestina nesse tempo) prontam ente sugere produção de frutos espiri tuais, explica por que Jesus pronunciou essa alegoria. Além do mais, a ilustração não era totalmente nova ou estranha. Era natural que os israe litas, conhecedores do Antigo Testamento, associassem a frutificação tanto natural com o espiritual, com a idéia da videira (SI 80.8, 14; 128.3; Is 5.1-7; Ez 17.8; J1 2.22; Zc 8.12; Ml 3.11). O fato de que algumas vezes as videiras falhavam em produzir os desejados frutos era também bem conhecido, assim também a aplicação dessa verdade à produção de fru tos espirituais (Is 5.4; Jr 2.21). Tudo isso deve ser mantido em mente quando se fa z qualquer tentativa de interpretar João 15.1-11. Entretanto, é quase certo que houvesse um a razão adicional para o uso dessa alegoria.^-'' Sua m etáfora principal tinha sido, com toda 329. A. T. Robertson, Word Pictures in the New Testament. Nova York e Londres, 1932, Vol. V , p. 257.
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prohabilidade, sugerida pelo “fruto da videira” ao qual Jesus fizera re ferência enquanto instituiu a Ceia do Senhor. Ver sobre 15.1. II. Seu Significado C entral A ênfase deve ser posta no lugar certo. Em bora Jesus fale sobre diversas coisas, tais com o a videira verdadeira, o agricultor, os ramos, dar frutos, tirar e queim ar os ram os que não produzem frutos etc., há, não obstante, uma lição principal: A ssim com o os ramos dão frutos som ente quando perm anecem na videira, tam bém os crentes só produzirão frutos espirituais quando per m anecem em Cristo. Então, o preceito que sublinha toda a seção é: Perm aneçam em mim para que vocês possam dar fru to s abundan temente. Ou seja, de fato a idéia principal é clara a partir da freqüente ocorrência das palavras dar fru to s e perm anecer. III. Os D ois Grupos A qui Indicados. A . Estes dois grupos são (m etaforicam ente): 1. Ram os que produzem frutos (15.2b, 5, 8). 2. Ram os que não produzem frutos (15.2a, 6). B. Eles são tratados assim: 1. Os ram os que produzem frutos são lim pados (15.2b). 2. Ram os que não produzem frutos são cortados, deixados para secar, apanhados, jogados no fogo e queim ados (15.2a, 6). C. Quem é representado por esses dois grupos? Repetidas vezes, no Quarto Evangelho, aqueles a quem as boasnovas são proclam adas, e que, portanto, num certo sentido, “têm luz” , são divididos em dois grupos: a. os que aceitam a m ensagem ; e b. os que a rejeitam (ver sobre 1.9; 12.35, 36). Será que temos algum a coisa sem elhante aqui? O antecedente histórico certam ente aponta nessa di reção. Judas tinha partido. Sua relação com Jesus tinha sido (externa mente, na aparência) muito íntim a (ver sobre 13.18). M as agora ele estava a cam inho de sua destruição. Não pareceria natural que, ao falar de ram os que não dão frutos, são cortados, deixados para secar, apanhados, jogados no fogo e queim ados, Jesus estivesse pensando em hom ens com o Judas, que um a vez estiveram m uito próxim os dele, mas o tinham deixado e estavam a cam inho da destruição eterna? E, um a
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vez mais, não pareceria natural que ao falar de ramos que dão frutos, ele estivesse pensando em outros discípulos e, em geral, em todos aqueles que, permanecendo nele, produziam muitos frutos espirituais? E sta conclusão quanto ao significado das duas m etáforas (ramos que dão frutos, ramos que não dão frutos) é grandem ente fortalecida por um a passagem idêntica, encontrada em dois relatos, ambos as quais descrevem os acontecim entos dessa m esm a noite. Aqui no capítulo 15, esta passagem não é explicada; mas no capítulo 13, onde ela é tam bém encontrada, a explicação é acrescentada. A passagem a qual nos referim os é a seguinte: “Vocês estão limpos" (üfxel; KotGapoL èaxe 13.10; 15.3). Em 13.10, 11 isso é am pliado da seguinte m aneira: ‘“ Vocês estão limpos, mas não todos’. Pois ele sabia que um iria traí-lo. Foi por essa razão que ele disse, ‘Nem todos vocês estão lim pos’” . Isso pareceria resolver a questão com respeito à identidade dos dois grupos. Grupo a. (ram os que dão frutos e estão limpos) representam todos aqueles que não som ente entram em contato com Cristo e o evangelho, mas tam bém (pela soberana graça de Deus e por meio da fé) os aceitam . Grupo b. (ram os que não dão frutos e são cortados e queim ados) representam todos os outros que entram em contato com Cristo e o evangelho. Os dois grupos têm em com um seu íntim o contato com Cristo e o evangelho. Falando em term os de metáfora, am bos os grupos de ramos estavam na videira (ver, entretanto, nota 331). Que essa relação de haver estado na videira (ou, deixando a m etáfora, em Cristo) não se refere à união salvadora, espiritual com Cristo, é fácil de se ver. Nem todos aqueles que estão no pacto são do pacto. Nem todos os que são batizados em M oisés foram salvos (IC o 10.1-5). Que, ao falar de ho mens que em algum tem po estiveram nele, mas subseqüentem ente o abandonaram , Jesus tinha em m ente não um a m era possibilidade hipo tética, mas um a situação freqüentem ente repetida na vida real, está claro em 15.6, “Se alguém não perm anecer em mim, será lançado fora com o um (mero) ramo, e seca; e esses ramos são apanhados, lança dos no fo g o (literalm ente, “e eles o pegam e o jogam dentro do fogo”) e queim ados", em que os indicativos m ostram que, presum e-se, essas coisas realm ente acontecem .
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1 ini nenhum sentido, passagens como 15.2 e 15.6 sugerem que ocorre luna queda da graça, com o se eles um a vez tivessem sido salvos, mas 110 Cinal pereceram . Essa alegoria ensina claram ente que os ramos (jue fo ra m retirados e queimados representam as pessoas que nun ca deram fru to s, nem m esm o quando estavam “em ” Cristo. Daí, que nunca foram de fato crentes; e para elas, a relação com a videira, em bora próxim a, era m eram ente externa. Não existe aqui nada (em 15.1-11) que de algum a m aneira entre em choque com 10.28 (ver sobre essa passagem ). Os verdadeiros crentes do capítulo 15 são representa dos por aqueles ramos que, ao perm anecerem na videira para sempre, produzem frutos, mais frutos e mais frutos ainda. Eles nuncaperecem l 15.1-11 1. Eu sou a videira verdadeira. Tenha em m ente que isso foi dito durante a noite da Ceia Pascal; mais especificam ente, durante ou im e diatam ente depois da instituição da Ceia do Senhor. N essa noite podia-se ver sobre a m esa (entre outras coisas) o cordeiro, o pão e o fru to da videira, ou seja, o vinho. Ora, nessa m esm a sala estava pre sente aquele que, à parte dele, essas coisas tinham pouco significado (exceto histórico). Será que os discípulos falharam em ver isso? C ontu do, quanto ao cordeiro, não tinha João B atista dito enquanto apontava Cristo, “Eis 0 Cordeiro de Deus, que está tirando o pecado do m un do!” ? Do m esm o m odo, Jesus agora convida esses hom ens a olharem para além dos sím bolos do pão e do vinho m eram ente físicos e a verem nele a realidade, o cum prim ento do grande Antítipo. Tendo tom ado em suas m ãos um pedaço de pão, disse: “Isto é meu corpo ... façam isto em m em ória J e m/m” (Lc 22.19; IC o 11.24). E com referência ao frato da videira, disse: “Este cálice é a nova aliança em m eu sangue; façam isto todas as vezes que o beberem , em m em ória de mim ... Eu sou a videira verdadeira” (IC o U .25 e a passagem ora em estudo, ou seja, João 15.1). Quanto a isso, ver tam bém M ateus 26.29; M arcos 14.25; Lucas 22.18, que claram ente m ostram que durante a instituição da Ceia do Senhor Jesus falou sobre “o fruto da videira” .^^” Não a videira da qual o vinho da com unhão fora extraído, nem .130. Muitos expositores não vêem qualquer conexão entre Lucas 22.14-19 e João 15.111. Entretanto, aqueles que dentre eles acreditam que as palavras de João 15 foram ditas
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m esm o Israel (que nas m oedas do Período M acabeu era representado por um a videira), mas o próprio Cristo, presente com seus discípulos nessa noite m em orável, era a videira verdadeira. Será que os ram os obtêm unidade na videira? Será que a videira os sustém ? Eles devem sua capacidade de dar fruto à videira? Assim tam bém - som ente num grau muito mais elevado - a igreja encontra sua unidade, sua vida e sua fertilidade em Cristo. Devem os colocar a ênfase sobre esta frase “num grau m uito mais elevado” . Se não o fizerm os, não estarem os fazendo justiça à lição que Jesus enfatizou em seu grande EU SOU. Ele disse: “Eu (ou Eu m esm o) sou a videira verdadeira.” N a verdade, a unidade que um a videira terrena dá aos ram os é muito estreita e orgânica. Se assim não fosse, a m etáfora não poderia ter sido em pre gada. M as a unidade dos crentes uns com os outros e com Cristo é m uito m ais gloriosa. Eles são o corpo do qual ele é a cabeça. Essa unidade é moral, m ística e espiritual. É um a união fundam entada no amor. Portanto, a vida que o ramo recebe de sua fonte, a videira, é altam ente apreciada pelo dono do vinhedo, pois sem isso não haveria colheita algum a. M as, afinal de contas, essa vida m eram ente se resu me na m anutenção física. É apenas um a fraca som bra com parada com a vida eterna que Jesus, por meio de sua morte, dá a todos aqueles que o aceitam pela fé verdadeira. E tam bém a fertilidade da videira, de m odo que de seus ramos ficam pendurados muitos cachos rubros à luz do sol, em bora sem pre tão gloriosos, não é nada em com paração com a frutificação com que o Filho de Deus adorna aqueles que o amam , pois os frutos de seu Espírito são amor, alegria, paz, longanimidade, benigni dade, bondade, fidelidade, m ansidão e domínio próprio (G1 5.22,23; ver tam bém sobre Jo 15.16). Sim, de fato Jesus tem o direito de dizer: “Eu sou a videira verdadeira (ou genuína).” durante a noite da Ceia Pascal - exatam ente a ceia em conexão com a qual Jesus falou sobre o fruto da videira e sobre “o cálice da nova aliança em meu sangue” - terão dificuldade em explicar por que eles, no entanto, entendem o discurso “Eu sou a videira verdadeira" como não tendo qualquer relação com o sacramento que acabara de ser instituído, Uma apresen tação assim, que separa totalmente o que quase certo deve estar junto, não parece realista. Por outro lado, deve-se admitir que alguém que busca prova ab.soluta de que o discurso de João 15 tem algo a ver com a Ceia do Senhor não irá encontrá-la, Temos apresentado o que acreditamos, pelas razões dadas, ser a reconstrução mais provável. - Estamos indecisos com respeito à pergunta, “Teria a alegoria de João 15.1-11 sido dita durante a instituição da Ceia do Senhor ou um pouco mais tarde, digamos, imediatamente depois das palavras do capítulo 14?” Isso na verdade não faz nenhuma diferença.
JOÂO 15.2
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lí meu Pai é o viticultor. Para Jesus, a prim eira pessoa da Santa '1'riiidade é meu Pai, nunca nosso Pai (ver sobre 1.14). Aqui, o Pai é iiprcsentado com o aquele que lavra a terra (ò Yewpyóç) ou, no presente contexto, que cuida da videira, que se ocupa com a poda de seus ra mos. Esses ram os requerem m uitos cuidados para que possam dar fru to s (como tem sido m ostrado, este é um ponto im portante nesta alegoria). Os hom ens representados pelos ram os precisam de m uito cuidado paternal. Quanto a isso, não se deve esquecer que a limpeza é antes de tudo (em bora não exclusivam ente; ver sobre \3 .\0 ) ju stifi cação, um a obra na qual o Pai assum e a liderança. A lém disso, foi o Pai que deu o Filho (3.16) a fim de que o fundam ento forense para toda a obra de lim peza pudesse ser estabelecido. É o Pai que, em resposta à solicitação do Filho, envia o Espírito Santo (14.16). E é o Pai que é preem inente naqueles acontecimentos providenciais da vida pelos quais, quando eles são aplicados ao coração pelo Espírito, o crente é progres sivam ente purificado. Não estam os dizendo que Jesus tinha tudo (ou apenas) isso em mente quando disse: “e meu Pai é o viticultor.” Estam os m eram ente querendo dizer que havia mais do que razão suficiente pela qual ele cham a o Pai (não o Filho, nem o Espírito, em bora na execução das obras todos os três cooperem ) de o agricultor. M ais um item que não deve ser esquecido: é tam bém o Pai que corta fora os ramos que não dão fruto! O que está implícito no versículo 1 é claram ente expresso no versí culo 2: 2. Todo ram o que, estando em m im , não produzir fruto, ele o corta; e todo o que produz fruto limpa, para que dê m ais fruto. Do m esm o modo que o agricultor corta os ramos que não dão fru tos físicos, 0 Pai tam bém rejeita aquelas pessoas que não produzem frutos espirituais. Para a natureza desse fruto, ver especialm ente G ála tas 5.22 (citado na p. 690); tam bém M ateus 3.8-10; 7.16-20; 12.33; 13.8; 13.23; Rom anos 1.13; 7.4; 2Co 9.10; Efésios 5.9; Filipenses 4.17; Colossenses 1.6; Hebreus 12.11; 13.15; eT ia g o 3.18. Esses frutos são os bons motivos, desejos, atitudes, disposições (virtudes espirituais), pa lavras, obras - tudo isso tendo origem na fé, em harm onia com a lei de I3eus, e feito para sua glória.
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JOÃO 15.3, 4
Aqueles que dão bons frutos são limpos m ais e mais. Tendo sido justificados, eles agora recebem a graça da renovação diária, até que fin a lm en te (o últim o estágio é o mais incisivo de todos), com pletam en te santificados, eles alcançam o lim iar dos céus. O propósito dessa lim peza diária na vida dos filhos de Deus é tom á-los progressivam ente m ais frutíferos. A quele que produziu trinta provavelm ente pode produ zir sessenta ou até m esm o um a centena. Assim, todos aqueles que são postos em contato com C risto são com parados aos ramos da videira. Alguns dão frutos outros não.” ' A responsabilidade é totalmente deles. 3. Vocês já estão lim pos por causa da p alavra que eu lhes disse. P e l a / e (3.16; 12.37; A t 10.43; R m 3.22) na palavra (3.34; 5.47; 12.48; At 2.41) de Cristo, os onze tinham se tom ado lim pos (ver sobre 13.10), ou seja, tinham sido justificados (Rm 5.1). Esta graça eies já tinham recebido. O processo de lim peza espiritual (santifica ção) continuaria. 4. perm aneçam em m im , e eu perm anecerei em vocês. No processo de levar salvação aos corações dos homens, Deus é sempre o primeiro! Ver sobre 3.3, 5. Por seu Espírito, ele invade o coração do pecador. Dessa m aneira o pecador, que agora se tomou, em princípio, um santo, recebeu o poder de permanecer em Cristo. Quanto mais ele o faz, mais ele experim enta a presença amorosa de Cristo (ver tam bém sobre 14.21). Essa é a promessa. Daí as palavras, “permaneçam em m im ”, não constituem um a condição que o homem deva cum prir com suas próprias forças antes que Cristo faça sua parte. Longe disso. É a graça soberana 331. Existe outra explicação que é gramaticalmente possível, mas ainda não nos decidi mos sobre adotá-la ou não. Segundo esse ponto de vista, teríamos de traduzir o versículo 2 como segue: “Todo ramo que não dá fruto em mim (em vez de, “todo ramo em mim que não dá fruto”) ele corta, e todo aquele que dá fruto (insere: em mim) ele limpa, a fim de que possa dar mais fruto.” A idéia, então, seria esta: além dos ramos que estão na videira, Cristo, há também ramos que são ramos de outras videiras. Estes não dão frutos nele. Ver F. W. Groshheide, op. cit., Vol. II, p. 335. Mas, da maneira como vemos, isso torna as coisas complicadas demais. Se esse fosse o sentido, então, além dos ramos que dão bons frutos, haveria também aqueles que não dão frutos, e estes novamente seriam divididos em duas categorias: a. alguns não dão bons frutos porque pertencem a uma videira diferente; outros, porque não permanecem na videira. Cristo. Os versículos 4 e 6 ensinam claram ente que a razão (a única razão no que diz respeito a essa alegoria) por que alguns ramos não dão frutos é que não permanecem na videira (Cristo).
JOÃO 15.4
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(Io começo ao fim, mas a responsabilidade de perm anecer em Cristo é colocada integralm ente sobre os ombros do homem, exatam ente onde ela deve permanecer. Sem esforço, não há salvação. M as o poder para se em penhar e perseverar é dado por Deus! O que se quer dizer por perm anecer em Cristo é explicado nos versículos 7 e 9. Este preceito, m esm o se ele tivesse sido planejado som ente para os onze, não se encontra de modo algum em conflito com a certeza dada em 10.28, que afirm a que as ovelhas nunca perecem . Ao contrá rio, há um a bela harmonia, pois exatam ente por m eio da obediência a esse “m andam ento” a prom essa de 10.28 se cum pre! A adm oestação, “permaneçam em m im ”, está de acordo com numerosas exortações diri gidas aos crentes, advertindo-os contra a apostasia e convidando-os a permanecerem na fé. Essas advertências consideram a questão da pers pectiva do homem. Elas se movem no plano da responsabilidade hum ana (Cl 1.23; Hb 2.1; 3.14; etc.). É certamente verdade que, um a vez que um homem seja verdadeiramente salvo, ele permanece salvo para sempre; contudo. Deus não conserva um hom em no caminho da salvação sem que haja empenho, diligência e vigilância por parte do homem. E a força para assim perseverar na fé é sempre de Deus, dele somente. À guisa de ilustração, pode-se apontar para um incidente da vida de Paulo. Em conexão com um a tem pestade e um naufrágio no qual Paulo esteve envolvido. Deus lhe dera um a prom essa definida, “nenhum a vida se perderá entre vocês” (At 27.22). Não obstante Paulo diz ao centu rião e aos soldados, “A menos que esses homens perm aneçam a bordo, vocês não poderão salvar-se” (At 27.31). A palavra de alerta não entra em contradição, de modo algum, com a certeza de que aqueles hom ens seriam de fato salvos. Os hom ens ouviram a advertência e nenhum a vida foi perdida. M as, com base em 14.21 (observar o caráter m uito geral dessa declaração) e 17.20, podem os crer que as palavras ditas nessa noite eram dirigidas não apenas aos onze, mas tam bém a todos os outros que os seguiriam , de fato a todos aqueles que seriam colocados em contato íntimo com Cristo e o evangelho. E entre estes m uitos haveria tam bém aqueles que abandonariam a Cristo. Daí, de todos os pontos de vista, a advertência era totalm ente oportuna e necessária, esqueçam os que Judas já o havia abandonado!
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JOÃO 15.5
Assim com o o ram o não pode produzir fruto de si m esm o, se não perm anecer na videira, tam bém nem vocês o podem , a m e nos que perm aneçam em m im . N enhum a pessoa pode entrar no reino sem o nascim ento que vem do alto (ver sobre 3.3,5). U m a vez no reino, ninguém pode dar frutos, a m enos que perm aneça em C risto, a videira. Essas são leis que não perm item exceções. Esperar que o ho m em frutifique sem que perm aneça em Cristo é ainda m ais estulto do que esperar que um ramo que foi cortado da videira produza uvas! Ver tam bém versículo 5 (últim a sentença). 5. Eu sou a videira; vocês são os ram os. P rim eiro repete-se 15.1; Jesus é a videira. A seguir, o pensam ento já claram ente im plícito em 15.2-4, diz-se expressam ente, isto é, “vocês são os ram os” . U sa-se para ramo um a palavra que literalm ente significa ram os de videira ou ram as da videira (KÀfma). Aquele que perm anece em m im , com igo perm anecendo nele (Hteralmente, “aquele que perm anece em mim, e eu nele”), esse pro duz m uito fruto; porque sem mim nada podem fazer. Note; m ais fru to (v, 2), m uito fru to (vs. 5 e 8). A vitalidade da videira, Jesus Cristo, é enfatizada. Essa videira perm ite àqueles que perm anecem nela produzir não só frutos, m as m uito fru to . P ara o caráter desse fruto, ver sobre 15.1,2. Por outro lado, aqueles que estão fora da relação com Cristo não podem fazer literalm ente nada, nada mesm o (ou...oúôéy). Isso se apli ca não apenas ao bêbado, ladrão, assassino, pessoa imoral, mas tam bém ao poeta, ao cientista e ao filósofo que não abraçou a Cristo com um a fé viva. Ele não pode prestar nenhum serviço que seja aceitável perante Deus. Então, por que é que alguns - m esm o entre aqueles que gostam de passar-se por cristãos e buscam um lugar na Hderança da igreja - estão sem pre procurando atribuir as m ais elevadas honras a esses “estranhos”, com o se fosse mais proveitoso ficar sem Paulo do que sem Platão? A passagem certam ente ensina a incapacidade do hom em para fazer aquilo que é bom aos olhos de Deus. Está inteiram ente de acordo com Rom anos 14.23, do m esm o m odo que a cláusula anterior (“Quem perm anece em m im, ... esse dá m uito fruto”) é inteiram ente coerente
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com Filipenses 4.13. - O pelagianism o e o sem ipelagianism o de todas ;is descrições são condenados aqui! 6. Se alguém não perm anecer em m im , é lançado fora com o um (m ero) ram o, e seca; e esses ram os serão apanhados, lança dos no fogo e queim ados.” Observe os cinco elem entos de punição para o hom em que rejeita a luz: a. “Ele é lançado fora com o um (mero) ram o.” Ele já está conde nado (3.18). Ele é lançado fora (6.37). b. “e seca” (ou: “e é seco”). Em bora essa pessoa possa ter sua vida prolongada, ela não tem paz (Is 48.22), nenhum a alegria (J1 1.12: “já não há alegria”). E la é com o “árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplam ente mortas, desarraigadas” (Jd 12; ver tam bém Is 40.24; M c 4.6; 11.21). O exem plo inesquecível é Judas (M t 27.3-5). c. “E esses ram os são apanhados (ou “são reunidos”). Cf. M ateus 13.30: “E no tem po da colheita, eu direi aos ceifeiros, ‘juntem prim eiro o joio, atem -no em feixes para ser queim ado.’” Ver tam bém M ateus 13.41 e A pocalipse 14.18. d. “lançados no fogo.” Cf. M ateus 13.41, 42. “O Filho do Hom em m andará seus anjos, e ajuntarão de seu reino todos ... os que praticam a iniqüidade e os lançarão na fornalha acesa” . Ver tam bém M ateus 7.19; 13.50; A pocahpse 20.15. e. “e queim ados.” Cf. M ateus 25.46: “E eles irão para o castigo eterno” . Que ser queim ado não significa aniquilam ento é tam bém claro a partir de passagens como M arcos 9.43 (“fogo inextinguível”), 48 (“onde o verm e não m orre”); cf. A pocalipse 20.10 (“eles serão atorm entados de dia e de noite, para sem pre”, dito com relação ao diabo, a besta e o falso profeta, e com pare com Ap 20.15). Sobre os ensinam entos com referência às últimas coisas no E van gelho de João, ver pp. 265, 266. Observe a m udança instrutiva do sin gular para o plural aqui em 15.6. Prim eiro tem os o singular: “Se alguém 332. Os dois aoristos gnômicos seguidos por três presentes atemporais, para representar o que sem pie acontece nesses casos, não deveria causai' nenhum pioblema.
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... [ele] será lançado fora, ... e seca” . Isso realça a responsabilidade de cada pessoa que é levada a estar em contato íntim o com Cristo e seu evangelho. Se ela rejeitar a luz, vai chegar o dia quando todo o trabalho com ela com o indivíduo cessará. Ela será considerada com o sendo sim plesm ente um a na m ultidão dos que são rejeitados e lançados no infer no. Portanto, agora temos o plural; “e esses ramos são apanhados", etc. (A voz ativa no original, de m odo que Hteralmente lemos; “E eles o apanham e o atiram no fogo”, onde usaríamos o passivo, provavelm en te se deve à influência do aramaico sobre a gramática; ver pp. 92, 93). 7. Se perm anecerem em m im , e m inhas palavras p erm ane cerem em vocês, peçam o que quiserem , e isso lhes su cederá. As palavras ditas ou pronunciadas (tà pT^fxata) por Jesus tinham sido rejeitadas por muitos (5.18,38; 6.66; 12.37-43). Esses hom ens, por sua vez, foram rejeitados etc. (v. 6 acima). Para aqueles que perm ane cem em Cristo, por outro lado, há um a grande prom essa. Aqui o pensa m ento da perm anência positiva em Cristo (ver 15.4, 5) volta e é expli cado. A prendem os que ele significa dar ouvidos aos pronunciam entos de Cristo, de m odo que se tornam a dinâm ica da vida da pessoa, tendo total controle sobre a m esm a (observe; aqui não só “perm aneçam em m inhas palavras”, mas, “m inhas palavras perm anecerem em vocês”), de m odo que ele tanto crê quanto age de acordo com elas. N a vida dessas pessoas, a prom essa da oração efetiva de 14.13 é concretizada (ver sobre essa passagem ). Observe; farei isso” (14.13). “Ele dará” (16.23). Então, é duplam ente certo que; “Isso lhes será feito” (assim aqui em 15.7). É lógico que um a pessoa que perm anece em Cristo e em cujo cora ção os pronunciam entos de Cristo (incluindo os preceitos, naturalm en te) estão totalm ente controlados, não pedirá nada contrário à vontade de Cristo, pois ela pedirá no espírito de “não a m inha, mas a tua vontade seja feita”, e em com pleta harm onia com tudo o que Cristo revelou de si m esm o (ou seja, ele sempre pedirá “no seu nom e”). Portanto, não é difícil entender que essa pessoa receberá tudo o que ela pedir. Igual mente, essa é um a gloriosa prom essa que se tom a um a realidade ainda mais gloriosa na vida de todos os verdadeiros filhos de Deus, sempre
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que eles, pela graça soberana de Deus, verdadeiram ente estiverem à altura das estipulações m encionadas na cláusula condicional. Perm anecer em Cristo traz resultados gloriosos: a. oração efetiva (15.7); b. a produção de muito fruto (15.8); c. alegria plena (15.11). Tendo discutido a., Jesus se volta para b. 8. N isto m eu Pai é glorificado: que vocês produzam m uito fruto; e assim se tornarão m eus discípulos. As graças espirituais ou frutos (ver sobre 15.1, 2) que adornam os filhos de Deus refletem seu próprio ser. C oerentem ente, vendo-se (seus atributos com unicá veis) refletido na vida deles, ele é assim glorificado, e isso especialm en te quando os frutos são abundantes (“muito frato”). D esse m odo, aque les que, pela graça de Deus, já são discípulos se tornam discípulos mais e mais. Enfraquecer o sentido do verbo se tornam (y^vnoeaGe) não é necessário nem justificável. É preciso ser um discípulo para tornar-se um discípulo. É preciso ser filho de Deus para tornar-se um filho de Deus. Ver sobre 1.12. 9. Assim com o o Pai me am ou, tam bém eu os amei; perm a neçam em m eu amor. “Eu os am ei”, disse Jesus. O m elhor com entá rio sobre isso é 13.1; ver esse versículo. N essa noite sagrada, a mais sagrada de todas, o Senhor olhou para trás, para toda sua experiência com seus discípulos, do prim eiro ao últim o dia, quando ele os escolhera para o discipulado, e depois de novo um a vez mais para a eternidade que “precedeu” a fundação do mundo, quando em seu soberano belprazer (junto com o Pai e o Espírito Santo) os elegeu. Ele diz isso tudo cm apenas um a palavra, “eu os am ei” . Esse amor, além do mais, era puro, de todo coração, profundo, pesso al, com conhecimento, permanente; daí, em todos esses aspectos era exatamente com o o am or do Pai pelo Filho, “assim como o Pai me amou, também eu os am ei” (ou, simplesmente, “exatam ente como o Pai me amou, também eu os amei”). O Pai tinha falado de seu am or pelo Filho no batismo: “Este é o m eu Filho amado, em quem me com prazo” (M t 3.17), e também em conexão com a transfiguração (Mt 17.5). Muito precioso (10 coração do Filho era esse amor pelo Pai. Por essa razão, ele o m enciona t'm sua oração sacerdotal (17.23, 24). Aqui tam bém a comparação procH'cIc; Jesus especificam ente m enciona que esse am or do qual ele próprio era objeto, era um a realidade mesmo “antes da fundação do m undo” .
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Visto que o am or de Cristo por seus discípulos é muito, m uito preci oso - pois ele é igual ao am or do Pai pelo Filho - , então m ais razão ainda há para os discípulos se esforçarem em perm anecer nele. Sobre com o o am or de D eus por nós e nosso am or por ele segue um ao outro, ver sobre 14.21. Para a relação recíproca dos elem entos na experiên cia cristã, ver sobre 7.17, 18. “De uma vez p o r todas perm aneçam (observe laeLvate, im perativo aoristo ativo constativo) neste am or”, disse Jesus. Aqui tam bém (como no v. 7) tem os um esclarecim ento do pre ceito, “perm aneçam em m im ” (v. 4). Em com pleta harm onia com o pensam ento do versículo 7, Jesus agora reitera com o os discípulos po derão continuar nesse amor: 10. Se gu ard arem m eus p receitos, p erm an ecerão em m eu am or; assim com o tam bém eu tenho guardado os preceitos de m eu Pai e perm aneço em seu amor. O crente é rodeado por laços de amor, que o levam para mais e m ais perto de seu Salvador: a. Seu am or é sem pre primeiro, “Nós am am os porque ele nos amou prim eiro” (1 Jo 4.19). Agora nosso am or com eça a operar. Com o ele se m anifesta? Resposta: b. M ostram os nosso amor, guardando seus preceitos: “Se vocês me amam , guardarão meus preceitos” (14.15). c. Essa guarda dos m andam entos resulta, por sua vez, em nossa perm anência em seu amor: “Se guardarem m eus preceitos, perm ane cerão em meu amor; assim com o tam bém eu tenho guardado os pre ceitos de meu Pai e perm aneço em seu amor.” Isso é 15.10, a passa gem que estam os estudando. Então, agora estam os de volta ao ponto em que com eçam os, ou seja, ao ponto cham ado “meu am or” . Nem é preciso acrescentar que esse am or nunca esteve ausente. Ele estava operando durante cada instante de nosso exercício de amor. Ele precede nosso amor. Ele acom panha nosso amor. Ele segue nosso am or e, no exato processo de fazer isso, ele cria m ais am or para com ele em nosso coração, de modo que, por assim dizer, com eça outro ciclo de amor, este m elhor ainda do que o prim eiro. D essa maneira, o crente se sente cada vez mais atraído para m ais perto de Deus em Cristo. Ele sem pre perm anece nesse amor.
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- Visto que esse am or é uma resposta à nossa obediência (e tam bém do ponto de vista de seu eterno caráter) é um eco ou um a réplica do am or do Pai pelo Filho: “assim com o tam bém eu tenho guardado os preceitos de meu Pai e perm aneço em seu am or.” Para a idéia de perfeita obediência às instraçõesdoPai, ver sobre 8.29; 10.17,18; 12.49, 50; 14.31; 17.4. O sacrifício voluntário até a am arga m orte na cruz é certam ente a m anifestação mais gloriosa dessa obediência. Observe com o Jesus, olhando para trás, para toda um a vida de obediência, diz, “Eu tenho guardado” (lexTÍpriKa, isso se estende do passado até o presente e indica que a obediência cum prida tem sentido de perm anên cia) “e perm aneço em seu am or (para sem pre)” ([iévoj). Para “precei tos”, ver sobre 13.34. Para “guardar” esses preceitos, ver sobre 8.51. ver tam bém sobre 7.17, 18; 14.21. 11. Eu lhes disse essas coisas para que m inha alegria esteja em vocês, e sua alegria seja com pleta. Essas palavras (15.1-10), pelas quais Jesus disse aos discípulos que, pelo fato de perm anecerem nele e derem muitos frutos, eles obteriam a bênção da oração respondi da e perm aneceriam para sem pre em seu amor, Jesus falara para que sua alegria estivesse (perm aneça) neles. Observe: m inha alegria (não o tipo de alegria ou prazer que o m undo prom ete), e com pare m inha paz (14.27). Do m esm o m odo que m inha paz significa a paz que eu dou, tam bém minha alegria significa a alegria que eu dou, um a alegria que é espiritual, baseada na paz de Deus, sem fim. Jesus quer ver esse prazer interior, esse regozijo incom parável no coração de seus discípu los. Eles precisavam disso, pois nesse m om ento estavam perturbados e cheios de tristeza (14.1, 27; 16.6). Além do m ais, Jesus não ficaria satisfeito até que o cálice da alegria transbordasse até a borda (cf. 16.24; 17.13; IJo 1.4). Sobre essa plenitude de alegria espiritual, ver tam bém Lucas 2.10; Rom anos 14.17; Filipenses 2.17, 18; e especial mente 1 Pedro 1.6, 8. 12 Meu preceito é este: que vocês continuem a amar uns aos outros como eu os amei. 13 Ninguém tem maior amor do que este: de^’^ dar alguém a própria vida em favor de seus amigos. 14 Vocês são meus amigos, se fizerem o que eu ordeno.^-” 15 Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu 333. Sobre 'iva ver Introdução, pp. 67, 68, 77. 334. IIIB l; ver Introdução, pp. 63, 65.
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senhor; mas os chamei amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai lhes fiz conhecido. 16 Vocês não me escolheram , mas eu os escolhi e os designei para’^^ que vão e produzam fruto, e que seu fruto permaneça, para que” “' tudo quanto pedirem ao Pai em meu nome, ele lhes dê. 17 Eu lhes ordeno essas coisas para que continuem a amar uns aos outros.
15.12-17 12. M eu preceito é este: que vocês continuem a am ar uns aos outros, assim com o eu os amei. Do preceito “perm aneçam em m im ” (15.1-11) Jesus agora avança para o seguinte: “am em uns aos outros.” Som ente quando perm anecem os em Cristo - em suas pala vras, em seu am or - é que somos capazes de continuar am ando uns aos outros! Para a explicação de 15.2, ver sobre 13.34, onde este é cham ado um novo preceito. 13. Ninguém tem m aior am or do que este: de dar alguém a própria vida em favor de seus am igos. Q uando com binam os os versículos 12 e 13, observam os que o pensam ento é este: “vocês de vem continuar am ando uns aos outros com o m esm o am or que eu de monstrei ao dar m inha vida por todos aqueles que são verdadeiram ente meus am igos” . Cf. 1 João 3.16. N aturalm ente é verdade que este am or de Cristo não pode em to dos os sentidos ser um padrão para nosso am or recíproco. No que diz respeito ao seu valor infinito, caráter substitutivo e gloriosas conse qüências redentoras, seu ato de amor, pelo qual ele determ inou entre gar sua vida por nós, não pode jam ais ser um padrão para nosso am or pelos irmãos. Nesses aspectos, esse am or é absolutam ente ím par e não pode ser copiado. Tentar copiá-lo com respeito a esses particulares seria um a blasfêm ia. Não obstante, há um a característica nesse am or que deveria ser refletida na atitude de um irmão para com o outro, isto é, sua natureza auto-sacrificial. “Em seu am or recíproco vocês de vem estar dispostos à autonegação”, é o que Jesus quis dizer. Que isso era de fato o que ele tinha em mente, fica claro pela passagem 13.15 (vista em seu contexto com o um todo) e M arcos 8.34. Ora, na vida normal, certam ente que não há m aior m anifestação de 335. Sobre'íwa em 16a e 16b, ver Introdução, pp. 67, 68, 77.
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am or desinteressado para com seus am igos do que este, que um ho m em esteja até m esm o disposto a m orrer por eles. N a esfera da reden ção, Jesus fez exatam ente isso. Ele m orreu por seus am igos. A lém do mais, ele m orreu por eles quando ainda eram seus am igos só na m edida em que ele os fizera assim. Em si m esmos, e por natureza (à parte da graça de Deus), eram “fracos”, “ím pios”, “pecadores” , “inim igos” (cf. Rm 5.6-10). Um am igo de Jesus é aquele; a. a quem ele escolheu do m undo (isso é sem pre básico); ver sobre 15.19; e portanto b. que faz o que Jesus quer que ele faça; ver sobre 15.14. Por esses am igos Jesus “entrega sua vida” , isto é, não apenas m or re fisicam ente para beneficio deles, mas em lugar deles ele até m es mo experim enta os torm entos do inferno na cruz (m orte etem a). O uso da preposição p o r (uirep) foi explicada em conexão com 10.11. 14. V ocês são m eus a m ig o s, se fizerem o q u e eu ord en o. Essa afirm ação de conforto e segurança é bastante parecida com a do versículo 10; ver sobre esse versículo. Ao fazer continuam ente a von tade de Cristo, seus discípulos obtêm para si m esmos a certeza de que são seus am igos, ou seja, que perm anecerão em seu amor. A luz do m odo com o esses hom ens dem onstraram suas deficiênci as de caráter m esm o nessa noite (ver sobre 13.2, 3 ,4 ; cf. Lc 22.24), foi certam ente um ato de glorioso e condescendente am or Jesus dizer; “Vocês são m eus am igos.” A ênfase deve ser colocada na cláusula qualificadora, “se fizerem o que eu ordeno” . Essa expressão coloca toda a ênfase na responsabilidade humana. O versículo 19 (“Eu os escolhi do m undo” ; ver tam bém o v. 16) enfatiza a eleição divina. Am bos recebem o que lhe é de direito, o que nem sem pre ocorre nos caso de escritos teológicos. 15. Já não os cham o servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; m as os cham ei am igos, porque tudo quanto ouvi de m eu Pai lhes dei a conhecer. Os discípulos não são m ais cham ados servos (como provavelm ente im plícito em 13.16), mas amigos. Q uando um superior ordena a seu servo” '^'’ que faça isto ou aquilo, o últim o não recebe explicações minu336. Eu li os argumentos de E. J. Goodspeed, porém não fiquei convencido. Ele prefere
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ciosas quanto ao por que nem onde. Com um am igo o caso é diferente. Um am igo é um confidente. A essa altura Jesus tinha contado aos dis cípulos tudo o que ele ouvira do Pai (ver sobre 8.26; cf. 3.11 ; e observe meu Pai; ver sobre 1.14, 18); coisas tais como: o m otivo pelo qual ele fora enviado à terra pelo Pai, estava entregando sua vida e tinha de deixar a terra; o que ele faria em seu retom o e com o um hom em podia ser salvo (ver passagens com o 3.16; 10.11; 14.2, 3; depois 3.3, 5, 36). Portanto, quando a ênfase é colocada na íntim a com unhão entre o Senhor e seus discípulos, o term o servos não é m ais apropriado. A lém do mais, a tarefa que um servo tem a executar é freqüente m ente árdua, mas o jugo de Jesus sobre seus discípulos é leve, a carga é leve (ver M t 11.25-30), especialm ente em com paração com a carga das ordenanças e tradições hum anas que pesava fortem ente sobre os judeus (ver M t 23.4; At 15.10). Eles eram servos, escravos mesmo. M as esses discípulos eram amigos. C laram ente im plícito nessas palavras de Jesus está o pensam ento de que ele não fica satisfeito com obediência m eram ente servil. Seus am igos são m otivados pela am izade quando fazem o que ele manda. O bediência é um a expressão de seu amor.
escravo a servo como uma tradução do grego ôoOloç. Eu admito, é claro, que em alguns contextos a versão escravo é a única opção (IC o 7.21, 22; Fm 16), mas nem sempre é verdadeiro que existe uma “grande” diferença entre “escravo” e “servo”, como quer G ood speed. Assim, por exemplo, em Lucas 7.2 o “escravo” , SoOXoç, do centurião é chamado “meu rapaz” (ò nalç ^lou, v. 7). Certamente que, quando um “escravo” se torna “querido” de seu senhor (Lc 7.2), as idéias que são comum ente associadas com o conceito escravo passam para o fundo do palco, e “servo” torna-se a m elhor tradução. É interessante observar que a R.S.V. não seguiu Goodspeed nessa constante preferência por “escravo” a “servo” ao traduzir. O Dr. O. T. Allis ressalta o fato que a R.S.V. traduz óoOÃoç por “servo” quase oitenta vezes, por “servo” com leitura marginal “escravo” dezoito vezes, e por “escravo” apenas trinta vezes. Ver O. T. Allis, Revision or New Translation?, Filadélfia, 1948, p. 75. Para o argumento de Goospeed, ver, de sua autoria. Problems o f New Testa m ent Trcm.üation, Chicago, 1945, pp. 139-141. Certamente, no presente contexto, “ser vo” é tudo de que se precisa. Um “servo” não é um confidente; um “amigo” , sim. Naturalmente que permanece verdadeiro que, quando a ênfase é colocada não sobre a intimidade da comunhão e na confiança, mas no fato de que Cristo redimiu uma pessoa por seu sangue, e portanto é seu dono, o termo ôoOA.oí; referindo-se ao indivíduo resgatado, é inteira mente apropriado (ex., Rm 1.1). Desse modo, quando a terceira comparação apropriada é mantida em mente, acredita-se que esteja inteiramente correto que, se de um lado Jesus chama seus discípulos (jjÍÀouç; do outro lado, Paulo se apresenta como sendo SoOIoí;.
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16. Vocês não m e escolheram , m as eu os escolhi e os desig nei para que vão e produzam fruto, e que seu fruto perm aneça, a fim de que tudo quanto pedirem ao Pai em m eu nom e, ele lhes con ceda. Em bora os discípulos sejam amigos de Cristo, isso não significa que estejam em pé de igualdade com ele. Am igos terrenos geralm ente es colhem uns aos outros, m as a am izade da qual Jesus fala é diferente. É unilateral em sua origem. Não foi estabelecida por aproxim ação grada tiva de am bos os lados, com o é freqüentem ente o caso entre hom ens, mas som ente por Jesus! As palavras “Vocês não me escolheram , mas eu os escolhi” enfatizam o caráter livre, independente e espontâneo do am or de Cristo. O fundam ento do am or de Deus para conosco nunca reside em nós, sem pre nele mesm o, pois m esm o à parte de seu am or por nós. D eus é amor. Em sua própria essência. D eus é amor. A natureza soberana e incondicional desse am or divino é m ostrada tam bém por passagens com o as seguintes; “O Senhor não lhes teve afeição, nem os escolheu porque fossem mais num erosos do que qualquer povo, pois eram o m enor de todos os povos, mas porque o Senhor os amava; e, para guardar o juram ento que fizera a seus pais, o Senhor os tirou com m ão poderosa e os resgatou da casa da servidão, do poder de faraó, rei do Egito” (Dt 7.7, 8). “Por am or de mim, por am or de mim, é que faço isto; porque, com o meu nome seria profanado? Não dou m inha glória, a nenhum outro” (Is 48.11). “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por am or de ti mesm o, ó Deus meu; porque tua cidade e teu povo são cham ados por teu nom e” (Dn 9.19). “Curarei sua infidelidade, eu de mim m esm o os amarei, porque m i nha ira se apartou deles” (Os 14.4). “M as Deus prova seu próprio am or para conosco, pelo fato de ter Cristo m orrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). “Assim com o nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para serm os santos e in'epreensíveis perante ele; e em am or” (E f 1.4). “Nisto consiste o amor; não em que tenham os am ado a Deus, mas
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em que ele nos amou e enviou seu Filho com o propiciação por nossos pecados” (IJo 4.10). “Nós am am os porque ele nos am ou prim eiro” (IJo 4.19). Foi Cristo quem elegeu esses hom ens para si tirando-os do m un do das trevas (ver sobre o v. 19) a fim de que eles possam ser seus seguidores, e com o tais dessem frutos, e isso não m eram ente por algum tem po ou por pouco de tem po, mas perenem ente. Para esse propósito ele tam bém os nom eara; quer dizer, ele os separara do m undo e prom e tera dar-lhes as qualificações necessárias. Com o foi indicado antes, dar frutos significa fazer ostentar os produtos da graça divina com o aqueles m encionados em Gálatas 5.22 - amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, m ansidão e autocontrole - ; Efésios 5.9; Colossenses 1.6; Hebreus 12.11; e Tiago 3.18. Porém , em vista de 4.36 e 12.24, passagens nas quais o term o “frutos” indica alm as salvas para a eterni dade, não é certam ente errôneo dizer que as boas obras que Jesus estava pensando são m encionadas não com o um fim em si m esm as, mas com o um m eio para a conversão dos outros, e assim para a glória de Deus, pela via indicada em M ateus 5.16 (“para que vejam suas boas obras e glorifiquem seu Pai que está nos céus”). C oncordam os inteiram ente com o Dr. F. W. Grosheide de que a eleição da qual a presente passagem fala não é a do ofício divino, mas a que pertence a todo c r i s t ã o . T o d o s os crentes são escolhidos do m eio do m undo (v. 19) para darem fru to s (vs. 2, 4, 5, 8). Em bora esse seja um ato que acontece no tempo, ele tem sua base na eleição “antes da fundação do m undo” (E f 1.4; cf. Jo 17.24). A perm anência em Cristo é recom pensada pela produção de fru tos, e por meio dos frutos tam bém pela oração respondida. Um discípu lo verdadeiro ora por frutos, pois esses frutos são agradáveis a Deus. E le pede a Deus que dê o que for de acordo com sua vontade. Ele pede isso, não com o se ele (o discípulo) em si tivesse algum mérito, mas som ente com base nos m éritos de Cristo e em com pleta harm onia com 337, F, W, Grosheide, op. cit., pp. 352, 353, A ocorrência do mesmo verbo (“eleito” ) aqui como em 6.69, 70; 13.18, não implica necessariamente que o significado dessas várias passagens seja em todos os lugares exatamente o mesmo. Em cada caso concreto, o contex to específico deve decidir.
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sua revelação (portanto, no nome de Cristo). C oerentem ente, o versí culo 16 conclui com as palavras: para que tudo quanto pedirem ao Pai em m eu nom e, ele lhes conceda. Aqui o pensam ento de 15.7 se repete: ver sobre esse versículo. No versículo 16, entretanto, não en contram os o im pessoal “isso lhes será feito” , m as o m uito pessoal “Ele ... dá isso” . O Pai am a o Filho; portanto ele am a tam bém aqueles que fazem a vontade do Filho. 17. Eu lhes ordeno essas coisas para que^^** continuem a amar uns aos outros, disse Jesus. O pensam ento do versículo 12 reaparece aqui, só que desta vez de um a form a ligeiram ente diferente. Jesus ago ra m ostra que, ao dizer aos discípulos que perm aneçam nele (vs. 1-11), e especialm ente em recordar-lhes de seu grande am or eletivo (o con texto imediato, v. 16, cf. v. 9), ele tinha um grande propósito em mente, u saber, “para que continuem a am ar uns aos outros” . A lógica aqui é simples e clara. Eu, em mim m esm o preterido, não posso continuar a am ar meu irmão, que também é freqüentem ente é muito preterido (pelo menos é assim que eu o vejo), a menos que constantem ente eu reflita (e perm aneça) no am or de Cristo por mim. Não só o am am os porque ele nos am ou prim eiro, mas tam bém am am os uns aos outros porque ele nos amou prim eiro. Nosso am or uns para com os outros é um a extensão do am or de Cristo para conosco. “O am or de Deus é derra mado em nosso coração” tão copiosam ente que ele extravasa para a vida dos outros. Cf. Rom anos 5.5. Para um a Síntese ver p. 714. 18 Se o mundo os odeia, saibam que ele me odiou antes de o d i á - l o s . 19 Sc vocês fossem do mundo, o mundo amaria o que era seu;^'"’ mas, uma vez que vocôs não são do mundo, porém eu os escolhi do mundo, por isso o mundo os odeia, 20 Lembrem-se da palavra que eu lhes disse: Um servo não é maior do 338. No abstrato, é possível interpretar Xra como sendo não-final (assim, por exemplo, l.cnski). Nesse caso, nós teríamos uma simples repetição do versículo 12, Mas deve-se observar que a forma do versículo 17 difere do versículo 12 num aspecto importante, Ele se apresenta como que sumariando tudo o que precede - observe TOöxa, “essas coisas” (con traste com o singular antecedente tanto em 15,12 como em 13,34), Depois dessa introdu ção, \va. no sentido de sumariar parece mais natural, O amor de Cristo por mim é fundamen tal para meu amor para com meu irmão, 3.39, ID; ver Introdução, pp, 60, 62, 340, II A; ver Introdução, p, 62,
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que seu senhor. Se eles me perseguiram, também os perseguirão; se guardaram minha palavra, também guardarão a sua.^"*' 21 Mas eles lhes farão todas essas coisas por causa de meu norne,^“'- porque não conhecem aquele que me enviou. 22 Se eu não viera e lhes falara, eles não teriam p e c a d o .M a s agora não têm desculpas para seu pecado. 23 Quem me odeia, odeia também a meu Pai. 24 Se eu não tivera feito entre eles as obras que ninguém mais fez, não teriam peca do;-*'“ mas agora eles viram e me odeiam, a mim e a meu Pai. 25 (Isso aconteceu), porém, para que se cumpra a palavra escrita em sua lei: Eles me odiaram sem motivo. 26 Quando vier o Auxiliador, que eu lhes enviarei da parte do Pai, sim, o Espírito da verdade que procede do Pai, ele testificará a meu respeito. 27 E vocês devem também te s tif ic a r ,p o r q u e estão comigo desde o princípio. 15.18-27
18. od iá-los.
Se o m undo os odeia, saibam que ele m e odiou antes de
Jesus adm oestara seus discípulos a que perm anecessem nele (vs. 1-11), e a am arem uns aos outros (vs. 12-17). Ele os exorta agora a darem testem unho ao m undo (vs. 18-27). Esse testem unho deve ser a resposta dos discípulos ao ódio que eles receberiam de todas as partes do mundo. Portanto, a presente seção pode ser dividida em duas partes: a. Os discípulos odiados pelo m undo (vs. 18-25); b. Os discípulos (por isso, seguindo o exem plo do Espírito Santo) testificam ao m undo (vs. 26, 27). A prim eira dessas duas seções pode, por sua vez, ser subdivida da seguinte forma: os versículos 18-23 afirm am as razões pelas quais os discípulos são odiados pelo mundo; os versículos 24 e 25 m ostram por que esse ódio é tão pecam inoso e com pletam ente indesculpável. Os discípulos são odiados porque não são deste mundo, e porque pertencem àquele a quem o m undo odeia, ou seja, o Cristo. As palavras, “Se o m undo os odeia”, não podem indicar (no presen te contexto), “Vamos presum ir que o m undo os odeia, seja isso verdade ou não.” Ao contrário, com o o versículo 19 claram ente indica por sua 341. 342. 343. 344. 345.
Ambas as condições pertencem ao grupo IC: ver Introdução, pp. 60, 61. Ou: “por minha causa” . IIC; ver Introdução, pp. 62, 63. IIC; ver Introdução, pp. 62, 63. Ou: “e vocês também estão testem unhando”.
JOAO 15.19
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[«It tpriii (brma (no original), o ódio do m undo é um fato, não meram ente iiiiui suposição. Os discípulos tinham provado desse ódio. Não é possívt'l i|iic eles desconhecessem o decreto do Sinédrio, registrado em 9.22. Alem disso, no futuro esse ódio contra eles se m anifestaria repetidas vezes e até m esm o aum entaria, como o livro de Atos indica. Hsse ódio procede do mundo, o reino do m aligno, a sociedade dos homens perversos que se posicionaram contra Cristo e seu reino. Ver (). 112, nota 26, significado 6. Nos prim eiros dias dos apóstolos, este mundo cruel e sinistro era representado pelos judeus, especialm ente por seus líderes. Para consolar os discípulos, Jesus agora acrescenta: “saibam que ele me odiou antes de os odiar.” O que ele quis dizer foi: “Não se esqueçam de que vocês estão em excelente companhia. Quando o mundo os odeia, só porque confessam meu nome, isso m ostra que vocês me pertencem, e por isso experim entam , até certo ponto, o que eu tenho experim entado o tem po todo.” O fato de o m undo haver odiado a Jesus, e que esse ódio estivera presente quase desde o início de seu m inistério público, e nunca se estinguiu de todo, é evidente nas passagens seguintes: 1.5, 10, 11; 3.11; 5 .16, 18,43; 6.66; 7.1, 30, 32, 47-52; 8.40, 4 4 ,4 5 , 48, 52, 57, 59; 9.22; 10.31,33,39; 11.50,57; 12.37-43. 19. Se vocês fossem do m undo, o m undo am aria o que era seu. Se vocês devessem sua origem espiritual ao m undo, ou seja, se vocês fossem com o o m undo em seu ser interior e caráter, o m undo leria afeição por vocês, pois ele aclam a os que são dele. A im plicação é: “definitivam ente vocês não são do m undo” . Para ver o significado da expressão “ter afeição” (ct)LÀéco), ver sobre 21.15-17. P a ra o estilo abre viado, ver sobre 5.31. Jesus continua: visto, porém , que vocês não são do m undo, m as eu os escolhi do m undo, por isso o m undo os odeia. O que já estava implícito na prim eira cláusula do versículo 19 é agora claram ente expresso, a saber, que aqueles discípulos (Judas tinha partido!) não são do mundo. Entretanto, a razão pela qual eles não são do mundo não reside neles: ao contrário, é que, do meio do m undo lievoso, 0 Senhor havia escolhido esses hom ens para si. A obra que Jesus tem em m ente não se refere à eternidade, m as ao tem po. Ou direlamente, com o em alguns casos, ou indiretam ente (por exem plo,
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pela instm m entalidade de João B atista ou outro discípulo; ver capítulo I ) esses hom ens tinham sido tirados do m undo (ver sobre o v. 18) para 0 reino dos céus. O ato que se passou no tem po era baseado num ato que aconteceu na eternidade (E f 1.4). Ora, esse ato de am or rem issor tom ara esses hom ens diferentes do m undo. Daí, a própria existência, o modo de vida, a conversação, bem com o seu testem unho (seja em que grau fosse no presente) constituíam um a acusação contra o m undo dos hom ens perversos. Além disso, o m undo os havia perdido. 20. L em brem -se da palavra que eu lhes disse: Um servo não é m aior que seu senhor. Em apoio à afirm ação que acabara de ser feita (v. 19) com refe rência à oposição acirrada e contínua que os discípulos estavam en frentando e poderiam esperar enfrentar da parte do m undo, Jesus ago ra cita suas próprias palavras anteriores, que tinham sido pronunciadas nessa m esm a noite; ver sobre 13.16. Quando dito pela prim eira vez, o significado era: “Um servo não é m aior do que seu senhor; portanto ele não deve considerar-se isento da obrigação de prestar serviço no espí rito de hum ildade” . Com o repetido agora, significa: “Um servo não é m aior do que seu senhor; portanto ele não deve considerar-se im une às perseguições” . Em am bos os casos, estam os tratando com litotes (afir m ações m ediante negações), de m odo que o real sentido é: “se o se nhor é hum ilde, tam bém o servo certam ente deve ser hum ilde (13.16); se o senhor é perseguido, tam bém o servo certam ente será persegui do” (15.20). De fato, essa im plicação é afirm ada expressam ente: Se eles m e p erseg u ira m , tam bém os p ersegu irão. P ara as provas que de fato o m undo perseguiu Jesus, ver sobre 1 5 .1 8 .0 princípio aqui expresso, a saber, que os servos podem esperar o m esm o tratam ento de seus senhores opera em duas direções; desfavoravelm ente (perse guições sem elhantes) e favoravelm ente (obediência sem elhante). En tão, Jesus continua: Se guardaram m inha palavra, tam bém guarda rão a sua. “Presum am ”, disse Jesus, por assim dizer, “que eles guarda ram m inha palavra.” O resultado é então invariavelm ente: “eles tam bém guardarão a sua.”^'*'' Para significado de guardar a palavra (pre ceitos) de Cristo, ver sobre 8.51. 346. Também nessa segunda sentença condicional, a prótase é presum ida como fiel ao
JOÂO 15.21, 22
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21. M as todas essas coisas lhes farão por causa de m eu nom e. Aqui novam ente o pensam ento aparece de form a abreviada. O signifi cado provavelm ente seja: “M as este fato, que o m undo os trata com o a mim, não surpreende, pois eles irão fazer-lhes essas m esm as coisas por causa do meu nom e.” “Todas essas coisas”, isto é, as coisas m enciona das no versículo precedente: eles irão odiá-los (v. 18), não lhes terão afeição (im plícito no v. 19), os perseguirão (v. 20). Eles farão tudo isso “por causa de m eu nom e”, que em com paração com as passagens paralelas indicadas eqüivale a “por m inha causa”, ou “por causa de m inha pessoa” . Cf. M arcos 13.9 com Lucas 21.12. O nom e de C risto é o próprio Cristo, com o ele se revela. Quando Jesus partir desta terra, seu nome (a revelação, o evangelho que se centra nele) ainda estará aqui. O inim igo odiará esse nom e e perseguirá os discípulos quando eles o proclam arem . E isso foi justam ente o que ocorreu, o que é óbvio pela passagem de Atos 4.18: “E eles os cham aram (Pedro e João) e lhes ordenaram que não falassem de form a alguma, nem ensinassem no nom e de Jesus.” E por que eles estavam tão cheios de ódio por causa desse nom e? A resposta é: porque eles não conhecem aquele que m e enviou. Se o tivessem conhecido, eles teriam conhecido Jesus com o o Filho Unigênito; então, não o teriam perseguido. Para Jesus com o aquele que foi enviado pelo Pai, ver sobre 3.17, 34; 5.36, 37; 8.18,2 7 ,2 9 . Essa falta de conhecim ento, além do mais, era indesculpável. Eles deviam ter co nhecido tanto o Pai com o o Filho. Observe o versículo seguinte: 22. Se eu não viera e lhes houvera falad o, eles não teriam pecado. Que Jesus de fato aparecera entre o povo da antiga aliança, e de fato lhes falara, está claro em todo o Quarto Evangelho; ver especi almente sobre 1.5,10, 11; capítulo 3; 5.17-47; 6.25-59; 7.16-38; capítulo 8; capítulo 10; e i 2.37-50. Se ele não tivesse feito isso, eles não teriam sido culpados do grande pecado de rejeitá-lo. M as agora não têm desculpas para seu pecado. Seja qual for a razão que os judeus quisesliilo, por amor do argumento, isto é, para ilustrar a operação do princípio. Que não é m ilm ente um fato, naturalmente, é a plena verdade. Aqueles que perseguem a Cristo e a seus diNCÍpulos na verdade não guardam sua palavra. Mas o princípio funciona em ambas as direções; daí, a mesma forma da sentença condicional é usada duas vezes nesta passagem. Ver Introdução, p. 61.
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JOÄO 15.23-25
sem dar a fim de justificar essa rejeição, trata-se de m era desculpa. Eies deveriam dar o exemplo. 23. Q uem m e odeia, odeia tam bém a m eu Pai. Os judeus ti nham o costum e de pensar que podiam cham ar Deus de Pai (8.41), enquanto ao m esm o tem po eles criam que Jesus tinha dem ônio (8.48). Eles alegavam que am avam o Pai, em bora seja evidente que odiavam o Filho (ver sobre 15.18). M as, em vista do fato de que o Pai e o Filho são um em essência (10.30), essa atitude é impossível. U m a pessoa pode im aginar que am a o Pai enquanto odeia o Filho, mas ela está se enga nando. Quem odeia um tem necessariam ente de odiar o outro tam bém . E isso é válido tam bém com respeito à era e ao tem po presente. Os hom ens que zom bam da expiação pelo sangue e rejeitam a m orte vicá ria de Cristo não am am a Deus! 24. Se eu não fizera entre eles as obras que nenhum outro fez, não teriam pecado; m as agora eles viram e odeiam tanto a m im quanto a m eu Pai. Em conexão com 9.16 e 9.33 se m ostrou que os m ilagres que Jesus realizou tinham valor de prova. Ver sobre essas passagens; ver tam bém sobre o versículo 22 acima, que é sem elhante. Um m om ento atrás (v. 22), Jesus falara sobre suas palavras; agora ele acrescenta as obras, ou seja, os sinais. Certam ente o ódio terrível da queles judeus era indesculpável. O pensam ento do versículo 24, com pletam ente expresso, seria nestes termos: Se eu não fizera entre eles as obras que ninguém m ais fez, não teriam pecado; m as agora, nestas e po r meio destas obras, eles viram tanto a mim quanto a meu Pai (pois m inhas obras que o revelam são tam bém suas obras: 5.17, 36; 10.25; 14.9, 11); contudo, apesar disso, eles m e odiaram (e ainda odeiam; note o tem po perfeito para ambos os verbos) tanto a m im quanto (portanto) meu a Pai.” Para a expressão “meu P ai” (Cristo com o o único Filho), ver sobre 1.14. 25. (Isso aconteceu), porém , para que se cum pra a palavra escrita em sua lei; O diaram -m e sem m otivo. O u seja, com e por m eio de todo esse ódio. Deus está cum prindo seu plano de redenção. O ódio dos hom ens deve resultar na crucifixão de C risto, a fim de que os hom ens (seu povo) sejam salvos. No entanto, o decreto eterno está se cum prindo de tal m aneira que a culpa repousa no hom em , não em Deus!
JOAO 15.25, 26
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A experiência do salm ista é atingir o cum prim ento final: “Não se alegrem de m im m eus inimigos gratuitos; não pisquem os olhos os que sem causa me odeiam” (SI 35.19). E novam ente: “São m ais que os cabelos de m inha cabeça os que sem razão me odeiam ” (SI 69.4).'^’ O autor do Salm o 35 fizera muitos favores aos que agora são seus inimigos. O sofrim ento deles fora seu sofrim ento; a tristeza deles fora sua tristeza. Ele os tinha tratado com o irm ãos (SI 35.13, 14). M as eles pagaram o bem com o mal. Para ver os antecedentes do Salm o 69 e o uso que se faz dele no Novo Testamento, ver p. 168. Segundo o Salm o 35, os inimigos são aqueles que am am esquecer os favores passados; conform e o Salm o 69, eles são pessoas que não podem dar testem unho do fervoroso zelo que Davi m anifesta pela causa de Jeová. C ertam ente que em ambos os casos o próprio salm ista está sendo m altratado. Seus inimigos o estão odiando sem causa. Da m esm a m aneira (só que ain da muito mais!), quando os inimigos de Cristo o rejeitaram , apesar de todas suas palavras de graça, m ilagres e amor, eles o estavam odiando sem causa] Para o significado da expressão “sua lei” , ver sobre 10.34. N este caso, qual deverá ser a atitude dos discípulos para com este mundo, representado por judeus que são desafiadores de Deus, que odeiam a Cristo, que perseguem a Igreja? No meio deste mundo, eles devem testificar da m esma form a que o Espírito tam bém testificaria: 26. Q uando vier o Auxiliador, que lhes enviarei da parte do Pai, sim , o E spírito da verdade que dele procede, esse dará tes tificará a m eu respeito. Jesus falara do ódio que os discípulos logo teriam de suportar da parte do mundo, que odeia o Pai e o Filho. Portanto, não surpreende que neste contexto ele outra vez conforte esses homens relem brandoos de sua prom essa anterior (ver sobre 14.16, 17, 26) com respeito à vinda do Espírito, o Auxiliador. O próprio Jesus enviará esse Auxilia.147. Em ambos os casos, a LXX traz oi ixlooOi^tsç Scopcáy (ver LXX sobre 34.19; 68.5). Isso 6 equivalente em sentido ao original em 15.25, aqui o verbo finito (aoristo) em discurso imiircto.
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dor. Ele será enviado da parte do Pai. Essencialm ente, em bora com diferença de ênfase, isso é o m esm o que dizer: “E eu solicitarei ao Pai, e ele lhes dará outro Auxiliador” (14.16); “O Auxiliador, o Espírito San to, a quem o Pai enviará em meu nom e” (14.26). Aqui em 15.26 a ênfase é na atividade do Filho de enviar o Espírito, e no fato de que esse Espírito procede eternam ente do Pai. O envio do Espírito era um assunto do futuro. O Pentecostes ainda não havia chegado. D aí ser usado o tempo futuro: “Eu enviarei” . A em anação estava acontecendo no m esm o m om ento em que Jesus estava falando (se é que questões que na realidade transcendem o tem po podem ser vistas pelo prism a do tem po); daí usar-se o tempo presente.^'"’ Se disséssem os: “O fato de 15.26 afirm ar que o Filho enviará o Espírito prova que o Pai não o envia”, estaríam os errados (ver 14.26). Do m esm o m odo, tam bém se disséssem os, “O fato de 15.26 afirm ar que o Espírito procede do Pai prova que ele não procede do Filho”, estaríam os errados (ver At 5.9; Rm 8.9; 2Co 3.17; G14.6; Fp 1.19; IP e 1.11; onde o Espírito écham ado o Espírito de Cristo). Afinal de contas, seria tão estranho que Jesus, falando com o o M ediador entre Deus e o hom em , ele próprio homem durante seu período de humilhação, falasse do Espírito com o proceden do do P a il O Espírito Santo é aqui cham ado o Espírito da verdade, do m es mo modo que em 14.17; ver sobre essa passagem . Que o Espírito tes tem unhará (ver sobre 1.7, 8). No meio do m undo perverso ele teste m unhará contra o m undo (16.8, 9). No m eio da Igreja ele confortará a Igreja. A esfera de seu testem unho não deve ser restringida. Sem pre que um servo de Deus testem unha contra o mundo, esse testem unho é obra do Espírito. Sem pre que um mero crente, pela palavra ou pelo exem plo, encam inha outros a Cristo, isso tam bém é obra do Espírito. O Espírito sem pre testem unha em conexão com a Palavra, a Palavra de Cristo (14.26; 16.14, 15). Em geral, o mundo, que é abertam ente hostil a Cristo, não o receberá (14.17). Contudo, há exceções. Do m eio da queles que hoje são abertam ente hostis, alguns serão tirados. Eles se rão transferidos do reino das trevas para a luz eterna. Por acaso have348. Não im propriam ente, neste contexto, esse tem po presente tem sido cham ado presente atemporal. A relação intertrinitária que é indicada aqui - a emanação do Espírito - é eternal, ou seja, transcende o tempo.
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ria um perseguidor mais tenaz do que Saulo (ou Paulo) de Tarso? O lispírito iria m udá-lo (e a outros com o ele) para se tom arem m issioná rios zelosos em prol de Cristo! Ver tam bém sobre 16.7-11. E nessa obra de testemunhar, o Espírito Santo em prega meios, como o versículo seguinte indica. 27. E vocês tam bém testem u n h arão, p orq u e estão com igo desde o princípio. O verbo que é usado no original pode ser lido com o presente indicativo (“Vocês estão testem unhando”) ou presente im perativo (“Testem unhem ” ou “Continuem a testem unhar” ou sim ples mente, “Vocês devem testem unhar”). Em defesa do indicativo os se guintes argum entos devem ser usados: (1) Atos 1.8 (cf. 5.32) ensina que os discípulos estavam de fato testemunhando. (2) A razão dada - ou seja, “porque estão^“*'^com igo desde o princí pio” - soa estranha depois de um im perativo, “testem unhem ” . M as pode-se argum entar que: (1) Atos 1.8 (cf. 5.32) não ensina que os discípulos estavam teste m unhando nessa hora, mas que iriam testem unhar depois do derram a mento do Espírito. (2) Tomado neste sentido, “Vocês devem testem unhar, porque es tão qualificados a fazer isso, visto que estão com igo desde o princípio”, a lógica da sentença, longe de ser estranha, é m uito clara. O utros argum entos em favor do im perativo são os seguintes: a. D epois do futuro, “Ele testem unhará”, o im perativo “também testem unhem ", ou “Vocês devem também testem unhar” parece mais natural do que o indicativo. O sentido parece ser, “Vocês devem tam bém fazer o que o Espírito vai fazer” . b. É muito lógico que o preceito, “Perm aneçam em m im ” (15.4), que indica com o deveria ser a relação dos discípulos com Cristo, e o 349. Nenhum argumento legítimo (para a posição de que a forma do verbo testemunhar é indicativo) pode ser derivado do fato de que Jesus usa o tempo presente eoie. Isso é simplesmente o presente de continuação, associado com um advérbio de tempo. Ele indica i|uc uma ação que com eçou no passado continua no presente. A sentença deveria ser lindu/.ida erm o, “Vocês têm permanecido comigo desde o princípio” ; não: “Vocês estão comigo desae o princípio.”
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preceito, “Amern uns aos outros” (15.12), que m ostra qual deve ser a atitude deles uns em relação aos outros, devem agora ser seguidos por “tam bém testifiquem ” (15.27), que descreve seu dever com respei to ao m undo perseguidor. Além do m ais, num contexto repleto de preceitos, expressos ou im plícitos, num am biente que dá tanta ênfase ao Jev e r dos discípulos (ver 1 5 .4 ,7 ,8 ,1 0 ,1 2 , 14,16, \ 1 ,2 0 ), o im pera tivo parece m uito natural. (3) H á pouco no contexto imediato que indique que os discípulos estivessem m esm o agora fazendo seus deveres com relação ao traba lho de testem unhar. Ao contrário, durante essa m esm a noite fracassa ram em testem unhar; eles se sentiram “ofendidos” por ele. - Portanto, com E. J. G oodspeed (ver sua tradução) interpretam os esse verbo com o sendo imperativo: “Também testem unhem !” Certam ente que sobre a testem unha ocular (aqueles que estiveram com Cristo desde o início de seu m inistério) repousa o dever de teste m unhar com respeito às coisas que haviam visto. N a verdade, a obra do Espírito Santo de testem unhar não se limita ao testem unho dos discípulos. No entanto, o último é um meio muito im portante pelo qual o prim eiro atinge seu propósito. Síntese do Capítulo 15
Ver o Esboço na p. 644. O Filho de D eus Am orosam ente Instrui Seus D iscípulos. Uma Palavra de Adm oestação. I. “Perm aneçam em m im ’ (vs. 1-11): a relação dos crentes com Cristo. II. N a noite em que a Ceia do Senhor foi instituída - a ceia com pão e vinho - , era natural que Jesus falasse sobre a videira com o símbolo dos frutos espirituais. Ele adm oestou os discípulos a não seguirem o exem plo de Judas (em bora o nome do últim o não fosse m encionado aqui), mas a perm anecerem na videira, ou seja, em Cristo, em sua pala vra e em seu amor. E le se intitulou a videira verdadeira, descreveu seu Pai com o o agricultor e designou todos aqueles que entram em contato com ele m esm o, com o ramos. Esses ram os são divididos em dois grupos: aqueles que dão frutos e
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iiqueles que não dão frutos. Para produzir frutos é absolutam ente ne cessário que perm aneçam na videira. Resultados gloriosos do fato de perm anecer em Cristo são: a. oração efetiva, b. produção de muito fruto para a glória de Deus e c. alegria plena. Nesses casos, cada ciclo de am or (no qual seu am or precede, acom panha e segue o d e les) produz outro m elhor do que o próprio. Os ram os que não dão fruto são atirados fora, deixados para murchar, apanhados, jogados no fogo e queimados. II. “Amem uns aos outros” (vs. 12-17): a relação dos crentes uns com os outros. O am or auto-sacrificial de Cristo pelos crentes é o padrão do am or mútuo entre os crentes. Este am or se m anifesta pelo desprendim ento, a ponto de estar desejoso de dar sua vida por seus amigos. Jesus estava no processo de fazer exatam ente isso. Era por seus am igos que ele oferecia sua vida. Eles já não seriam cham ados servos, m as amigos, pois ele lhes tinha contado seus segredos, e eles estavam contentes de agradar-lhe, guardando seus preceitos. Essa am izade se radica no am or soberano e eletivo, o tipo de am or que produz frutos e oração efetiva. Para que fossem capazes de am ar uns aos outros, era necessário que perm anecessem , e constantem ente m editassem nesse am or de Cristo por seus amigos. III. “Também testem unhem ” (vs. 18-27): a relação dos crentes para com o m undo, em resposta à atitude do m undo para com os crentes: A. “O m undo os odeia.” 1. Razões para esse ódio: a. Os crentes não são “deste m undo” ; e b. Os crentes pertencem a Cristo, a quem o m undo odeia. 2. C aráter indesculpável desse ódio: Por meio de suas palavras e suas obras, Jesus revelara a si e a seu Pai ao m undo (não no sentido em que se revela ao coração do crente, mas) de tal modo que o ódio do m undo era com pletam ente in desculpável: eles o odeiam sem causa. Assim, um a antiga profecia es lava se cum pra. B. “O Auxiliador, o Espírito da verdade testificará a meu respeito... lí vocês tam bém devem testificar.”
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1. O testem unho do Espírito. Este Auxiliador, que procede eternam ente do Pai, e que foi enviado por Jesus da parte do Pai, testificará a respeito do Filho. Ele está qua lificado a fazer isso por causa de sua íntim a relação com o Filho, sendo os dois um em essência. 2. O testem unho dos discípulos. Quem poderia ser mais bem qualificado a testificar do que as teste m unhas oculares? Visto que, desde o princípio do m inistério de Cristo, esses discípulos tinham sido testem unhas oculares, eles tam bém devem testificar. Seu testem unho, além do mais, servirá com o meio pelo qual o Espírito Santo em pregará para dar seu testem unho pessoal.
C a p ít u l o 1 6 J O Â 0 16.1-15 1 Eu disse essas coisas para que vocês não sejam surpreendidos. 2 Eles os expulsarão das sinagogas; aliás, está chegando a hora em q u e,’’“ quem os matar, julgará com isso estar prestando culto a Deus. 3 E farão essas coisas porque não conhecem o Pai, nem a mim. 4 Mas eu lhes disse essas coisas para que, quando chegar a hora, vocês se lembrem de que eu falei sobre elas. E não lhes falei essas coisas desde o princípio porque eu estava com vocês, 5 Agora, porém, estou indo para junto daquele que me enviou, e ne nhum de vocês me pergunta: Para onde estás indo? 6 Mas, porque eu disse essas coisas, a tristeza encheu seu coração. 7 No entanto, eu estou dizendo a verdade; é para seu bem que estou indo embora; porque, se eu não for, o Auxiliador não lhes virá;’’' se, porém, eu for, eu lhos enviarei.’'’' 8 E quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo; 9 com respeito ao pecado, porque não crêem em mim; 10 com respeito à justiça, porque vou para o Pai, e vocês não mais me obervarão; 11 com respeito ao juízo, porque o líder deste mundo está julgado. 12 Tenho ainda muito a dizer-lhes, mas vocês não podem suportá-lo agora. 13 Quando, porém, vier o Espírito da verdade, ele os guiará a toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e lhes anun ciará as coisas que hão de vir. 14 Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e lhos anunciará. 15 Tudo quanto o Pai tem é meu; portanto, eu disse: Ele receberá do que é meu e lhos anunciará.
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O bservações P relim inares Sobre o C apítulo 16 Ninguém que leia cuidadosam ente o capítulo 16 deixará de notar a m udança no caráter do discurso. Há um a transição gradativa da adm o estação para a predição. Assim com o no capítulo 14 predom inava o .1.^0. Sobre 'iva ver Introdução, pp. 66, 67, 77. .1.^1. 16.7a é II1A3; ver Introdução, pp. 63-65. 16.7b é IlIA l; pp. 63, 64.
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tom de conforto, e no 15 o de adm oestação, no 16 prevalece o da predição. O tem po futuro (ou seu equivalente em significado), indican do o que irá acontecer, encontra-se definidam ente no prim eiro plano. N ote os seguintes exem plos (vs. 1-14): “Eles os tornarão proscritos das sinagogas... E stá chegando a hora em que, quem os matar, julgará com isso estar prestando culto a Deus. Todas essas coisas eles farão... Eu o enviarei (o Auxiliador). Ele condenará o m undo. Ele os guiará a toda a verdade. Ele me glorificará. Ele há de receber do que é meu e lhos anunciará.” E isso continua até o final do capítulo; ver os versículos 15, 16, 20, 22, 23, 24 ,2 6 , 32. Contudo, não existe um a divisão abrupta ou m ecânica entre os ca pítulos 15 e 16; ao contrário, a transição é muito gradual. Os tem as introduzidos nos capítulos precedentes são retom ados, tais com o a tris teza por causa da partida de Cristo (cf. 14.1, 18 com 16.7, 22) e o conforto da oração eficaz (cf. 15.7, 16 com 16.23). Também o m esm o tem a que Jesus discutiu no encerram ento do capítulo 15 é tratado aqui, isto é, a perseguição que os discípulos teriam de suportar da parte do m undo. M as há um a diferença quanto ao grau de ênfase. Enquanto no capítulo 15 05 discípulos foram informados sobre o que eles deviam fa zer, no capítulo 16 Jesus prediz o que o Deus Triúno iria fa ze r pelo s discípulos em vista desse espírito de ódio e perseguição. Algo desse teor já fora dito em 15.26. A gora se expande o tema. O Espírito Santo condenará o mundo, e guiará a Igreja a toda a verdade. O Filho dará alegria ao coração dos discípulos (por meio de sua gloriosa ressurreição e pelo envio do Espírito). O Pai continuará a amá-los. Portanto, a vitória é certa. 16.1-15 1. E u lhes disse essas coisas para que não sejam su rp reen didos. Essas coisas - coisas relativas ao ódio que os discípulos iriam experim entar da parte do m undo (15.18-27) - Jesus dissera a fim de avisar seus “am igos” com antecedência. Se não fizesse essas predi ções, eles seriam surpreendidos (ou: cairiam num a arm adilha; ver so bre 6.61). No meio da perseguição feroz ficariam desapontados com seu Senhor. C om eçariam a se perguntar se era de fato verdade que ele
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linha o controle do universo. Diriam , “Esperam os tanto dele, m as rece bemos tão pouco”, assim com o acontece quando um pássaro é pego num a armadilha: ele tinha esperado um delicioso petisco, m as acaba totalmente desiludido. Para evitar tão am argo desapontam ento, que tenderia a m inar sua fé, o Senhor lhes contou sobre todas essas coisas antes que elas acon tecessem . Desse modo eles saberiam que, não só a traição de Judas (ver sobre 13.19) e a partida de Jesus (ver sobre 14.29), mas tam bém o ódio do mundo, estavam incluídos no plano de Deus para seu progresso na salvação (cf. Rm 8.28). 2. E les os expulsarão das sinagogas; aliás, está chegando a hora em que, quem os matar, ju lgará com isso estar prestando culto a D eus. O ódio ferrenho que os líderes judaicos hostis iriam lançar sobre os discípulos seria revelado em sua expulsão das sinago gas (ver sobre 9.22, 23). Os seguidores do N azareno seriam excom un gados da vida religiosa e social de Israel. Seriam destituídos de todas as esperanças e prerrogativas dos judeus. Seriam vistos por seus antigos am igos com o piores do que os pagãos. Perderiam seus em pregos, seri am exilados de suas fam ílias e perderiam até m esm o o privilégio de um sepultam ento honroso. Pior que isso, eles seriam de fato m ortos. A hora (indefinida, pode-se traduzir: “o tem po” ; cf. 4.21, 23; 5.25, 28; 16.25, 32) estava chegando quando os hom ens considerariam que m a tar um cristão era um ato meritório, um feito por meio do qual julgariam estar “prestando culto a D eus” . A linha de raciocínio poderia ser com o segue: “Por acaso não nos foi ensinado desde a infância que há som en te um Deus verdadeiro e que só a ele devem os adorar? A gora esses seguidores de Jesus alegam que ele tam bém é Deus. Isso é blasfêm ia que deve ser punida com a m orte” . Pense im ediatam ente em Paulo, o perseguidor, que depois testem unhou: “Eu próprio estava convencido de que devia fazer m uitas coisas contrárias ao nom e de Jesus de N a zaré” (At 26.9). Era um princípio que tinha o valor de um dogm a entre os judeus: “D erram ar sangue de perversos é o m esm o que oferecer sacrifício” . 3. E farão essas coisas porque não conhecem o P ai, nem a mim. Os judeus hostis tinham criado seu próprio Deus. Não serviam ao verdadeiro Deus com o revelado em Jesus Cristo. E ssa falha não era
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devida a um a ignorância desculpável. Eles tinham com o saber (ver so bre 15.22, 24). Era o resultado de sua recusa em reconhecer (para o significado do verbo, ver sobre 1.10) tanto o E nviador quanto o E nvia do, e isso a despeito de todos os sinais! É claro que quando a pessoa rejeita o Filho tam bém rejeita o Pai, e vice-versa (ver sobre 10.30). 4. M as eu lhes disse essas coisas para que, quando chegar a hora, vocês se lem brem de que falei sobre elas. Aqui o pensa m ento do versículo 1 é retomado. Am orosam ente, o M estre supre seus discípulos. Q uando “o fogo ardente da prova” chegar, eles não poderão dizer, “Que estranho e inesperado! Por que o Senhor não nos preparou para isso? Por que ele não nos advertiu?” (cf. IP e 4.12). A gora que foram avisados com antecedência, seu próprio sofrim ento (quando che gar) serviria com o confirm ação de sua fé em Jesus. Eles se lembrarão de suas palavras. Então dirão: “Se suas predições com respeito às afli ções estão se concretizando, aquelas com respeito a felicidade tam bém se concretizarão.” Jesus continua: E não lhes disse essas coi sas desde o princípio, porque eu estava com vocês. Na verdade, houve predições sobre perseguições futuras (M t 5.10-12; 10.16-39). M as essas coisas (15.18-16.3) - o fato de o m undo odiar os discípulos porque Jesus os escolhera e os tirara do mundo, que esse ódio era de fato dirigido contra Jesus e contra o Pai, isso era absolutam ente indes culpável e estava radicado na sinistra condição do coração que delibe radam ente recusa o conhecim ento do verdadeiro Deus, que a hora es tava de fato chegando quando hom ens iriam crer que m atar os seguido res de Cristo eqüivaleria a praticar um ato de adoração agradável a Deus - essas coisas, com essa ênfase e com essa franqueza, nunca tinham sido reveladas antes. N inguém encontra “essas coisas” em M ateus 5.10-12, que fala apenas de perseguição em geral e de difam a ção em p a rtic u la r-, nem em M ateus 10.16-39, que descreve as formas externas de perseguição (prisão, açoites, morte, insultos), m as pouco diz sobre a raiz oculta da qual se origina a perseguição (apenas M t 10.22, 24, 25, 40; cf. Jo 15.20, 21). A razão pela qual Jesus não dissera essas coisas desde o com eço foi porque até então não era necessário, um a vez que ele ainda estava com eles. Enquanto estivesse fisicam en te presente, a violência do ataque era dirigida contra ele, não contra os discípulos. D oravante haveria m udança. Com Jesus crucificado, o Si-
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nédrio com eçaria a descarregar sua ira contra seus seguidores. Isso nos lem brar de A pocalipse 12.4, 13,17: prim eiro o dragão busca devo rar a criança; em seguida persegue a m ulher que dera à luz a criança. Furioso para com a mulher, ele faz guerra ao restante de sua semente. O livro de Atos m ostra que essa profecia (15.18-16.4) se cum priu em todos seus detalhes. 5. M as agora estou indo para ju n to daquele que m e enviou, e nenhum de vocês m e pergunta: Para onde estás indo? Apenas um pouco antes disso, quando Jesus não havia ainda explicado total m ente o propósito de sua partida, houve m uitas perguntas sobre essa partida. Pedro perguntara: “Senhor, para onde estás indo?” (13.36), e Tomé perguntara algo sem elhante (14.5). M as essas perguntas em ana vam de um a concepção literalm ente im atura da partida de Cristo. E n tão Jesus dera um a explicação com pleta. Ele claram ente indicara que não estava partindo para outro lugar na terra, mas estava indo para o Pai (14.28), que esta volta para o Pai iria encher seu coração de alegria (tam bém 14.28), e que de lá enviaria o Auxiliador, isto é, o Espírito da verdade (14.16, 17, 26; 15.26). Esse era o m om ento certo de se faze rem perguntas, perguntas quanto ao que significava o retorno ao Pai, tanto para ele quanto para eles. M as não houve perguntas. N ão houve nem m esm o um pedido para que ele repetisse aquelas instruções tão instrutivas sobre o lugar para onde estava indo. N essa falha em fazer perguntas havia um elem ento de egoísm o. Esses hom ens estavam tão profundam ente preocupados com o pensam ento de sua própria perda im inente, que essa tristeza bloqueara qualquer outra consideração. A m argam ente Jesus reclam a, “E nenhum de vocês me pergunta: Para onde estás indo?” Ele continua: 6. M as p orq ue eu disse essas coisas, a tristeza en ch eu seu coração. Jesus falara sobre sua partida. Os discípulos se concentra ram no fa to dessa partida e no que eles pensavam , a saber, o que ela lhes iria significar. Eles falharam em prestar suficiente atenção à natu reza dessa partida, e sobre o que ele dissera o que ela significaria, para eles e para ele próprio\ D essa maneira, a tristeza dom inara seu cora ção (cf. 14.1, 27); e a despeito de todos os fundam entos de conforto que Jesus havia apresentado (capítulo 14), e a despeito da instrução que m inistrara com referência aos frutos da perm anência nele m esm o
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depois de sua partida física (capítulo 15). Os discípulos enxergavam a partida de seu JVTestre com o um a grande perda. Então Jesus prossegue: 7. No entanto, eu lhes digo a verdade: é para seu bem que eu vou em b ora, porque, se eu não for, o A u xiliad or não lhes virá; m as se eu for, eu o enviarei. Aqui, em palavras claras, Jesus expressou o que deixara im plícito o tem po todo. Porventura Jesus não dissera a seus discípulos que sua partida tinha o propósito de prepararlhes lugar (14.2); capacitá-los a fazerem obras m aiores (14.12); darlhes m aior conhecim ento (14.20); e, na realidade, chegar m ais perto deles, isto é, no Espírito (14.28)? Porventura não estava claro que a partida do M estre seria em benefício dos discípulos? E tam bém , en quanto os discípulos vissem Jesus no corpo, poderiam entender que seu relacionam ento com ele deveria ser de caráter espiritual? Os cam inhos de Deus de fato são sem pre estranhos! Cristo e seu grande inim igo Caifás estão am bos dizendo a m esm a coisa, isto é, que é conveniente que Jesus m orra (ver sobre 11.50). É óbvio que Caifás não o dizia no m esm o sentido que Cristo o fazia. A intenção do Espírito, entretanto, era a m esm a em am bos os casos. A razão básica do m otivo pelo qual a partida de Cristo significa triunfo e não tragédia, a razão pela qual ela é um auxílio, não um obstá culo, para esses hom ens (e para a Igreja em geral) é esta: que, de outro modo, o Auxiliador (ver sobre 14.16), ou seja, o Espírito Santo, não lhes viria. Jesus não explica o m otivo pelo qual o Espírito Santo não poderia vir a menos que o Filho parta da terra e retorne a seu lar celes tial. As sugestões que provavelm ente apontam para a direção certa são estas: o Filho está partindo via cruz. Por m eio de sua partida, ele conquista o mérito da redenção para seu povo. Ora, o Espírito Santo é aquele que tem a tarefa especial de aplicar os m éritos salvíficos de C risto ao coração dos crentes (Rm 8; G1 4.4-6). Porém , o Espírito não pode aplicar esses m éritos quando não há m éritos para aplicar. Portan to, a m enos que Jesus parta, o Espírito não pode vir. Além de disso, deve-se ter em m ente que a bênção do Espírito Santo é a recom pensa do trabalho de Cristo (At 2.33). M as um a recom pensa não é dada até que a tarefa pela qual ela é dada seja com pletada. Então, o Espírito Santo não pode ser enviado até que Jesus tenha term inado sua tarefa na terra. N ão estam os dizendo que Jesus tinha essas razões em m ente
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quando disse: “Porque, se eu não for, o A uxiliador não lhes virá; se, porém, eu for, eu o enviarei” . Sim plesm ente não sabem os exatam ente o que ele tinha em mente. Não obstante, a razão pela qual oferecem os umas poucas sugestões é m ostrar que essa afirm ação de Jesus está plenam ente em harm onia com o corpo de revelação que encontram os em outras passagens do Novo Testamento. Note: “eu o enviarei” , aqui e tam bém em 15.26; m as 14.26: “O Pai enviará em meu nom e” . H á um a perfeita cooperação na obras em andamento! O Pai envia; o Filho envia; o Espírito vem. Além do mais, o Espírito é enviado “a vocês” . Ele escolhe a Igreja com o sua habitação. Não obstante, sua influência é tam bém sentida pelo mundo: 8. Q uando ele vier, convencerá o m undo do pecado, da ju sti ça e do juízo. A obra do Espírito no mundo é descrita nos versículos 8-10. Por meio da pregação e do trabalho dos discípulos (2Tm 3.16; 4.2; Tt 1.9, 13; 2.15), este Espírito, tendo feito m orada no coração dos crentes (ver At 2; 2Co 6.16), convencerá^^^ o mundo. Ele irá publicam ente expor sua culpa e cham ar ao arrependi mento. Ele 0 convencerá com respeito a três particulares: pecado, ju s tiça e juízo. O resultado dessa operação do Espírito não é indicado aqui. Em Atos 2.22-41; 7.51-57; 9.1-6; 1 C oríntios 14.24; 2 Coríntios 2.15, 16; Tito 1.13, aprendem os que em alguns casos o resultado será a con versão; em outros, endurecim ento e castigo eterno. 352. Mas, o que significa exatamente o termo convencer! Convencer e condenar nem sempre, e nem necessariamente, são idênticos em significado. Um homem é convencido de uma doutrina ou um dever; ele é condenado (declarado culpado) por um crime. No entanto, quando o contexto ou o universo do discurso é a culpa humana, os dois verbos podem aproximar-se muito um do outro em significado. Entretanto, o verbo condenar é bastante ambíguo porque ele pode significar: a. provar a culpa, sem a implicação de que a pessoa envolvida esteja disposta a admiti-la e a confessá-la; e b. despertar a consciência de culpa. Certamente quando o Espírito Santo condena o mundo pela pregação do evangelho, ambos os resultados são atingidos, mas não em relação a cada pessoa a quem a Palavra é proclam a da. O evangelho imediatamente prova que o mundo inteiro é culpado. No caso de muitos, essa culpa é trazida à consciência de modo que a sintam. E entre estes, então, existem alguns (eleitos de D eus) que não só são convencidos dela na própria alma, mas também a admitem abertamente, verdadeiramente se arrependem e, confessando os erros que cometeram, se lançam sob a misericórdia de Deus em Cristo. Então, o verbo condenar não tem o mesmo sentido para todos. Em geral, o mundo perverso continua em sua aberta hostilidade a Deus, a Cristo e a seu povo (ver p. 112, nota 26, sentido 6). Embora sua culpa tenha sido exposta
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9. com respeito ao pecado, porque não crêem em mim. M ediante a obra de testem unho, que será feita pelos apóstolos e seus seguidores (15.27), o Espírito Santo irá não só expor o pecado do m undo, m as, no caso de alguns, despertará a consciência de culpa que leva ao verdadeiro arrependim ento (cf. IJo 3.8). H averá genuína tristeza e um a fuga para o Salvador em busca de refúgio e perdão. H averá m uitos casos de verdadeira conversão. Em bora o m undo em geral continue a perseguir a Igreja (At 7.51 ss.), haverá m ilhões de pessoas que no curso da história serão despertas para a consciência de ou provada (então, embora nesse sentido ele foi condenado), ele não se arrepende. O termo empregado no original (èléyxw) é tão elástico em sentido quanto é a palavra condenar em inglês [e português]. Que ele significa mais do que m eramente repreender, foi m ostrado por R. C. Trench, op. cit., pp. 13-15. Entretanto, com o seu sum ário não é completo, e como ele parece construir seu raciocínio sobre alguns dos (e não todos os) usos do termo, o valor de sua discussão é um tanto limitado. Nas passagens que ele menciona, o verbo significa repreender com bom resultado, isto é, trazer o pecado à consciência. A divergência de pontos de vista com respeito à tradução apropriada do termo é evidente a partir da seguinte Tabela, que lista todos os dezessete casos de seu uso no Novo Testamen to. (Neste sumário não se faz menção de João 8.9 e Judas 22, pois o apoio textual é fraco.)
Mateus 18.15 Lucas 3.19 João 3.20 João 8.46 João 16.8 1 Coríntios 14.24 Efésios 5.11 Efésios 5.13 1 Tim óteo 5.20 2 Tim óteo 4.2 Tito 1.9 T ito 1.13 T ito 2.15 Hebreus 12.5 Tiago 2.9 Judas 15 Apocalipse 3.19
A.V.
A.R.V.
dizer-lhe seu erro Reprovar Reprovar convencer reprovar convencer reprovar reprovar repreender reprovar convencer repreender repreender repreender convencer convencer repreender
m ostrar-lhe seu erro Reprovar Reprovar condenar condenar reprovar reprovar reprovar reprovar reprovar condenar reprovar reprovar reprovar condenar condenar reprovar
R.S.V. dizer-lhe seu erro Reprovar E xpor condenar convencer condenar expor expor repreender convencer refutar repreender reprovar punir condenar condenar reprovar
Moulton e Milligan, op. cit., sobre esse verbo, preferem a tradução condenar (no sentido de “trazer à luz o verdadeiro caráter de um homem e sua conduta”) para todos os três casos de seu uso no Quarto Evangelho; e traduz como expor, mostrar em I Coríntios 14.24; Efésios 5.11, endossando os papiros para ambos os usos.
JOÃO 16.10, 11
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sua culpa. Com o resultado da operação da graça soberana de Deus, homens de todas as regiões e nações aceitarão Jesus com o seu Senhor c Salvador. Q uando o Espírito Santo, por meio da pregação do evangelho, con vence os hom ens de seus pecados, um núm ero considerável bradará, “Que farem os, irm ãos?” (At 2.37). Eles sentirão que a essência de seu pecado (aquele grande pecado que engloba todos os outros naque les que ouviram o evangelho) é este: que eles não aceitaram Jesus com o seu Senhor e Salvador, porém o rejeitaram (ver sobre 3.18; 12.37, 48). Para 0 significado do verbo TTioTeúco ver sobre 1.8; 3.16; 8.30, 31a. 10. com respeito à ju stiça, porque vou para o P ai, e vocês não m ais m e verão. A expressão “convencerá o m undo da justiça” deve ser explicada à luz do que vem logo a seguir, “porque vou para o Pai, e vocês não me verão m ais” . O m undo, representado pelos judeus, estava para crucificar Jesus. O m undo iria dizer, “ele deve m orrer” (19.7); portanto, em nom e da ju stiça eles iam m atá-lo. Ele proclam ou em alto e bom som que era nada m ais nada menos que a justiça. O m undo o tratou com o um m al feitor (18.30). M as a verdade era exatam ente o oposto. Em bora rejei tado pelo mundo, ele foi recebido pelo Pai, recebido no lar via cruz, a cruz que levou à coroa. Os discípulos não mais poderiam observá-lo em suas atividades diárias, enquanto ele andava com eles. Ele estava para m orrer e estava para receber sua coroa (Fp 2.9-11). P or m eio da ressurreição, o Pai colocaria o selo de sua aprovação sobre sua vida e obra (At 2.22, 23, 33; Rm 1.4). Ele, exatam ente aquele que fora con siderado injusto, por m eio de sua vitória, iria para o Pai a fim de ser m arcado com o O Justo (8.46; A t 3.14; 7.52; 2Co 5.21; IP e 3.18; IJo 2.1; e cf. Lc 23.47). D essa m aneira, o m undo seria convencido da justiça. E isso resultaria na condenação do m undo (isto é, na conde nação de Satanás e de todos aqueles hom ens que recusaram arre pender-se): 11. a respeito ao ju ízo , porq ue o p rín cip e d este m u n do já está julgado. O príncipe deste m undo já estava condenado (ver sobre 12.31; 14.30; cf. Cl 2.15). Ao condenar Cristo (que foi recebido pelo
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Pai!), ele condenou a si mesm o. No últim o dia, essa sentença se m ani festará ao universo inteiro, quando o “diabo, seu sedutor, ...for lançado dentro do lago de fogo e enxofre” (Ap 20.10). Assim o m undo, por haver aderido ao conselho de Satanás e condenado Jesus, perm anece condenado. Em suma, fica evidente que, por meio da pregação do evangelho, o Espírito Santo auxilia a Igreja, e que ele faz isso convencendo o m undo de seu próprio pecado por não crer em Cristo, da justiça de Cristo que, por sua ida para o Pai, é com pletam ente vingado, e do ju ízo divi no contra o príncipe do mundo. N ote com o esta profecia de Jesus de fato se cum priu. O serm ão de Pedro no dia do Pentecostes (At 2) trata exatam ente destas três ques tões: a. pecado, o pecado de rejeitar o Cristo (“vocês, pelas m ãos de hom ens iníquos, o crucificaram e m ataram ”... “este Jesus, a quem vo cês crucificaram ”); b. justiça, a justiça de Cristo (“Jesus de Nazaré, hom em aprovado por D eus”); e juízo, o julgam ento daqueles que eram hostis a Cristo (“Assenta-te à m inha direita, até que eu ponha teus inim igos por estrado de teus pés ... Salvem -se desta geração perver sa”). O resultado foi: “Depois que ouviram essas coisas, seu coração com pungiu-se e disseram ... Que farem os, irm ãos? ... E lhes foram acrescentados nesse dia cerca de três mil alm as.” 12. A in da tenho m uitas coisas a d izer-lhes, m as vocês não podem suportá-las agora. Tendo falado sobre o trabalho do Espírito no seio do mundo, Jesus agora continua a ilum inar a m ente dos discípulos com respeito à influ ência do Espírito no seio da Igreja. A m orada-base é tão im portante quanto o cam po m issionário. A lgum as pessoas com etem o erro de en fatizar a im portância do últim o enquanto prestam pouca atenção ao prim eiro. M as se, por dar ouvidos a heresias, por seguir práticas deso nestas, ou por perm itir deixar-se governar por m anipuladores espertos, qualquer seção da Igreja visível não mais for levada a toda verdade, com o pode esperar-se bênçãos sobre seus cam pos m issionários? A his tória da Igreja fornece exemplos. Com o pode aqueles que levam tão pouco a sério o pecado, servir com o agentes do Espírito Santo no traba lho de convencer outros do pecado?
JOÂO 16.12
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A verdadeira Igreja de Deus, entretanto, vê o perigo e exercita vi|',ilância incessante. Em seu entusiasm o pela gloriosa causa das misíU)i;s, ela não negligencia a m orada-base! E o Espírito Santo faz uso dessa vigilância dada por Deus, e guia a Igreja a toda a verdade, fortaleccndo-a, de m odo que ela possa dar testem unho ao mundo. Os discípulos precisavam urgentem ente desse fortalecim ento espi ritual. Im agine a cena. Jesus está am orosam ente olhando para esses homens. Durante essa m esm a noite, eles tinham revelado sua soberba pccadora (13.14; Lc 22.24); dentro de poucas horas, eles se escandali zariam nele (16.32; M t 26.31); nesse m om ento, enquanto o M estre es lava pronunciando essas palavras de vida e de beleza, eles m anifesta vam sua lentidão m ental (13.36, 37; 14.8, 9, 22; 16.5, 6). N a verdade, o (grande M édico das almas sabia o quanto sua mente era frágil e carnal, lilc sabia e entendia tudo. Contudo, ele não os repreende, mas em seu iimor tão terno diz, “Eu ainda tenho m uitas coisas que dizer-lhes, mas vocês não podem suportá-las a g ora.” “Atento à nossa fraqueza hum ana Está 0 Deus em quem confiam os; Ele, cujos anos são eternos. Lem bra-se de que som os pó.” Ver tam bém M ateus 13.12; 1 C oríntios 3.1, 2; Hebreus 5.11-14. Eles não podiam suportar (ver sobre 10.31) ouvir m ais agora. Je sus tinha quase term inado seu discurso. Em um ou dois m inutos ele terá term inado. (16.12-33 é tudo o que falta; o capítulo 17 é dirigido ao Pai, não aos discípulos). E por essa incapacidade de suportar mais, eles não eram inteiramente culpados. H avia tam bém fatores que não envolvi am culpa da parte de ninguém. Havia, por exem plo, o sim ples fato de que atos redentores geralmente precedem à com pleta revelação re dentora. D essa maneira, a doutrina com respeito à cruz não chega ao desenvolvim ento com pleto até que Jesus seja crucificado; o significado com pleto do trabalho do Espírito Santo não se torna conhecido até que 0 Espírito Santo seja derram ado; etc. E exatam ente isto, ou seja, que o 1Ispírito Santo não tinha ainda assum ido sua habitação na Igreja, torna va impossível que fosse dada um a revelação m ais com pleta nessa hora, durante essa noite.
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JOÂO 16.13
Q uando Jesus afirma, nesse m om ento, “Eu ainda tenho m uitas coi sas que dizer-lhes”, claram ente m ostra que a última revelação (que ia ser feita sob form a escrita em Atos, nas epístolas e no livro de A poca lipse) era seu próprio trabalho. D aí o grande erro de falar do evange lho de Paulo com o sendo oposto ao evangelho de Cristo! A últim a revelação, além do mais, não contém verdades que são “novas” . Ao contrário, em ana da m esm a fonte, é a m esm a antiga ver dade, gloriosam ente esclarecida e amplificada. 13. Q uando, porém , ele vier, o Espírito da verdade, os guia rá a toda a verdade. Jesus não indica o tem po exato da vinda do Espírito Santo. Ele diz “quando” . Em bora no original a palavra para Espírito seja neutra, o pronom e que se refere a esse Espírito é m asculino. Portanto, fica claro que o Espírito é apresentado com o sendo um a pessoa. Ver tam bém sobre 14.16. Para o significado da expressão “Espírito da verdade”, ver sobre 14.17. A função do Espírito Santo na Igreja é descrita com o sendo de guiar, literalm ente: “m ostrar o cam inho” . O Espírito não usa armas externas. Não empurra, ele guia. Ele exerce sua influência na cons ciência regenerada do filho de Deus (e aqui, em particular, dos portado res da m issão) e elabora os tem as que foram introduzidos por Jesus durante seu m inistério terreno. D essa m aneira, ele guia a toda a verda de, que é todo (com ênfase nesse adjetivo) o corpo da revelação re dentora. O Espírito Santo nunca se entretém com um passatem po. Ele nunca enfatiza um ponto da doutrina à custa de todos os outros. Ele guia a toda a verdade. Além do mais, ao desem penhar essa tarefa, ele perm anece em íntim a relação com as outras pessoas da Trindade. L e mos: P orque ele não falará de si m esm o, m as dirá tudo o que tiver ouvido. O Pai e o Filho são um em essência. O que o Espírito ouve do Pai, ele, na Palavra e por meio dela, sussurra no coração dos crentes. Ele está sem pre perscrutando as profundezas de Deus. Ele as com preende e as revela aos filhos de Deus (IC o 2.10, 11). Ao dizer o que tiver ouvido, o Espírito é exatam ente igual ao Filho, pois este tam bém fala do que ouviu do Pai (e viu enquanto com ele) (3.11; 7.16; 8.24; 12.49; 14.10, 24). E lhes anunciará as coisas que virão. O Espírito virá (16.8); ele os guiará a toda verdade (16.13a); e ele anunciará
JOÂO 16.14, 15
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as coisas que hão de vir (16.13b). Para o prim eiro, ver o livro de Atos (particularm ente o capítulo 2); para o segundo, ver as epístolas; para o terceiro, ver o livro do Apocalipse. Não que esses três possam ser divididos de modo tão nítido. As Epístolas e o A pocalipse constante mente presum em a presença do Espírito; as epístolas contêm m uita revelação com respeito às coisas que estão por vir (ex., IC o 15; 2Ts 2). Mas em geral a distinção que foi feita é boa. N aturalm ente, quando o Espírito declara as coisas que estão por vir, ele não com eça a enum erar um a longa lista de ocorrências diárias, específicas, m as prediz os p rin cípios su b ja cen tes. 14, 15 Ele m e glorificará, porque receberá do que é m eu e lhos anunciará. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso eu disse: Ele receberá do que é m eu e lhos anunciará. Enquanto o m undo está profundam ente ocupado no trabalho de re je ita r a Cristo e a perseguir sua Igreja, o Espírito Santo, por m eio da pregação dos apóstolos, glorificará a Cristo. Ele fará com que , - vir tudes de Cristo sejam proclam adas, m ostrando seu poder, santidade, am or etc., e fazendo com que essas se tornem resplendentem ente m a nifestas entre as nações. Dessa m aneira, o Espírito glorificará o Filho. Ele tom ará o que é de Cristo - a exata substância de seu ensino com relação ao propósito da redenção, modo de salvação etc. - e am pliará essas coisas. Tudo o que Cristo tiver feito, está fazendo, for fazer (para a Igreja) constitui o tem a do ensino do Espírito Santo. Jesus tem o direito de cham ar esse ensinam ento que é baseado sobre fatos da re denção com o seu próprio, pois ele m esm o declarou repetidas vezes (ver sobre o v. 13) que o recebeu do Pai; de modo que ele pode dizer, “Tudo quanto o Pai tem é m eu”, um a passagem que recebe um com en tário dos m ais notáveis nas palavras de M ateus 11.27: “Tudo me foi entregue por m eu Pai. N inguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” . Existe entre as pessoas da Trindade um a relação eterna voluntari am ente assum ida, de am or e am izade, cada um a trabalhando para a glória e honra da outras (14.13; 16.14; 17.4, 5). 353. Sobre isso, ver W. Hendriksen, More Than Conquerors, An Interprétation o f the Book o f Révélation, Grand Rapids, Mich.. 6“ ed., 1952. pp. 14. 15, 73.
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JOÃO 16.16
16 Um pouco de tempo, e vocês não mais me observarão; outra vez um pouco de tempo, e vocês me verão. 17 Alguns de seus discípulos disseram uns aos outros: O que ele quer dizer quando nos afirma: Um pouco de tempo, e vocês não mais me observarão, e outra vez um pouco de tempo, e vocês me verão; e porque eu vou para o Pai? 18 E também continuavam dizendo: O que ele quer dizer por um pouco de tempo? Não sabemos o que ele quer dizer. 19 Jesus sabia que queriam interrogá-lo. Então ele lhes disse: Vocês estão indagando entre si sobre isto que eu disse; Um pouco de tempo, e vocês não mais me observarão, e outra vez um pouco de tempo, e me verão? 20 Mui solenem ente eu lhes asseguro;^''* Vocês chorarão e se lamentarão, e o mundo se alegrará; vocês ficarão tristes, mas sua tristeza se converterá em alegria. 21 Qualquer mulher, sempre que está para dar à luz, sente tristeza, porque sua hora chegou; mas, depois de nascido o pequenino, já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de haver nascido ao mundo um ser humano. 22 E deveras vocês agora também estão tristes, mas eu os verei de novo, e seu coração se alegrará, e essa alegria ninguém lhes tirará. 23 E nesse dia vocês não me perguntarão a respeito de nada. Mui solenemente eu lhes asseguro, tudo quanto pedirem ao Pai, ele lhes dará em meu n o m e . 24 Até agora vocês nada pediram em meu nome. Peçam e receberão, para que sua alegria seja completa.
16.16-24 16. Um pouco de tem po, e vocês não m ais m e observarão; outra vez um pouco de tem po, e m e verão. Jesus tinha falado sobre o trabalho do Espírito Santo no m undo e na Igreja. A predição encontrada nos versículos 16-24 diz respeito ao Filho. N ão obstante, existe um a relação das m ais íntim as possíveis entre as duas seções. Jesus virá novam ente. Ele está vindo de novo no E spírito. O que Jesus diz nesta passagem sobre “um pouco” nos lem bra 7.33; 12.35; 13.3 3 ;eesp ecialm en ted o 14.19: “A in d a p o ru m p o u c o ,e o m undo não me verá mais; mas vocês m e vêem; porque eu vivo, vocês tam bém viverão” . Ora, é notável que tanto aqui no versículo 16.6 quanto no versículo 14.9 (ver sobre esse versículo) a expressão com referência ao pouco de tem po ocorre num contexto que fala do Espírito Santo. O dito regis354. Sobre òti, ver Introdução, p. 81, nota 13. 355. Isso pode ser lido como uma sentença condicional (IIIA I), e traduzida: “Se vocês pedirem qualquer coisa ao Pai, ele a dará em meu nome” .
JOÂO 16.16
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Irado em 14.19 (ver sobre esse versículo) foi precedido de, “Eu não os deixarei órfãos: estou indo para vocês” . Foi indicado que essa vinda é a volta no Espírito no dia do Pentecostes. E 16.16 (com o acabou de ser m ostrado) foi precedido por um a seção inteira que expunha o trabalho do Espírito no m undo (16.7-11) e na Igreja (16.12-15). Portanto, pare ceria ser um a inferência segura dizer que, quando Jesus disse, “E outra vez um pouco, e vocês m e verão”, ele tinha em m ente a dispensação do Espírito durante a qual o últim o poderosam ente m ostraria seus traba lhos na terra, de m odo que, com o olho da fé, a Igreja poderia ver seu autor, ou seja, o A uxiliador prom etido, e na tela de fundo discernir o Salvador que o havia enviado. N aturalm ente, esta dispensação do Espí rito, durante a qual a Igreja, por meio dele, enxerga Cristo, seria o resul tado direto do fato de Jesus ter ido para o Pai, com o ele m esm o clara mente anunciara. A crucificação, a ressurreição e o den‘am am ento do Espírito Santo nunca devem ser separados. O próprio Jesus tinha m os trado que eles eram inseparáveis, de m aneira que um nada significa sem o outro. Ele tinha dito, “É para o bem de vocês que eu vou em bora; porque, se eu não for, o A uxiliador não lhes será enviado, m as, se eu for, eu o enviarei” (16.7). Portanto, a pergunta, “Q uando Jesus disse ‘outra vez um pouco, e vocês me verão’ ele estava pensando em sua ressurreição física ou em seu retom o no Espírito?” não é totalmente adequada. No pensamento (e nas palavras!) de Jesus essas duas opções não são nitidamente separadas. O Calvário nada significava separado da Páscoa, e a Páscoa não tem valor sem o Pentecostes que, por sua vez, aponta para adiante, para a vinda do último dia. (Ver tam bém o que foi dito com respeito à perspectiva profética, em conexão com 14.18.) Com tudo isso em mente, poderíam os parafrasear o versículo 16 com o segue: “Um pouco m ais - um as poucas horas mais! - , e eu lhes serei tirado, pois serei m orto e sepultado. Por essa razão, vocês não me ob servarão m ais. M as eu não vou p erm an ecer longe de vocês. Ao ressuscitar gloriosam ente no terceiro dia, vou introduzir a dispensação do Espírito. Nas obras poderosas, bem com o por meio delas, que ele realizará na terra, vocês me verão” .^’'^ 356. A posição de que “outra vez um pouco, e vocês me verão” se refere à ressurreição
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JOÂO 16.17-19
17, 18. Alguns de seus discípulos diziam entre si: O que ele quer dizer quando diz: Um pouco de tem po, e vocês não m ais m e ob servarão, e outra vez um pouco de tem p o, m e verão, e Porque eu vou para o Pai? E continuavam dizendo: O que ele quer dizer por um pou co de tem po! Alguns dos^-“’’ discípulos estavam confusos. Eles não conseguiam entender com o, de um lado, Jesus podia dizer, “ ... outra vez um pouco, e vocês me verão”, como se sua ausência se destinava a ser muito curta, contudo, por outro lado, podia falar sobre ir para o Pai de m odo que eles não mais o veriam, como se sua partida se destinava a ser definitiva e final. Note que as palavras, “Porque eu vou para o Pai”, são literalmente citadas da afirmação de Jesus no versículo 10 (cf. tam bém v. 5: “Estou indo para junto daquele que me enviou” ; e 14.12, 28). M as, em bora esses hom ens estivessem surpresos, eles têm medo de pedir a Jesus um a explicação; talvez porque ele tivesse, por várias vezes, apontado para a ignorância pecam inosa e carnal que eles de m onstravam ante suas perguntas (13.37, 38; 14.5-10, 22, 23); ou talvez porque ele acabara de dizer: “A inda tenho muitas coisas a dizer-lhes, m as vocês não po d em suportá-las agora”{ \6 .\2 ). Então, em voz abafada e tom baixo, eles continuaram perguntando uns aos outros qual poderia ser o significado desse m ashal (ver sobre 2.19,20). 19. Jesus sabia que eles queriam interrogá-lo. O evangelista pinta um quadro cheio de vida. Ele diz que os discípu los queriam (tem po imperfeito) fazer-lhe um a pergunta, m as não se aventuravam a expressar esse desejo. Ele ressalta que Jesus sabia dis so. Ele conhecia tanto seu desejo quanto sua hesitação. M as ele sabia ainda m ais do que isso. Sua onisciência penetrava não só os recônditos física de Cristo é defendida, entre outros, por A. T. Robertson (ao comentar esse versículo in Word Pictures, Vol. V, p. 269); C. Bouma (op. cit., p. 199); W. F. Howard (The Interpreter’s Bible, Vol. VIII, p. 734, embora ele pense que existe provavelmente uma referência mais remota à Parousia); M. Dods in The Expositor’s Bible (Vol. I, p. 836). O ponto de vista oposto ~ de que ele se refere à volta de Cristo em Espírito - é muito habilmente defendido por F. W. Grosheide (op. cit., pp. 380-385). Para uma possível distinção do sentido dos dois verbos {observar, ver), ver sobre 16.19. 357. Sobre ík ver também 1.24.
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mais discretos das m entes, mas tam bém os recessos secretos do cora ção. Ele viu a perm anência da dolorosa tristeza. Para o conhecim ento de Jesus, ver sobre 1.42,47, 48; 2.24, 25; 5.6; 6.64; 16.30; e 21.17. Ele sabia que a solução para esse enigm a poderia esperar. Os eventos que estavam para acontecer tom ariam conta disso. O que os discípulos não entendiam agora eles o com preenderiam depois. M as a necessida de prem ente do m om ento era dispersar sua tristeza. Isso não podia esperar. Então, em sua terna m isericórdia, tom ando a iniciativa de ajudar seus am igos em seus em baraço, ele lhes disse: Vocês in d a gando entre si^’** sobre o que eu disse: Um pouco de tem p o, e não m e verão, e outra vez um pouco de tem po, e m e verão?^^'^ 20. M ui solenem ente eu lhes asseguro: Vocês chorarão e se lam entarão, m as o m undo se alegrará; fícarão tristes, m as sua tristeza se converterá em alegria. P ara as palavras de introdução solene, ver sobre 1.51. A fim de que 0 conforto que ele dá fosse bem real, Jesus prim eiro descreve aos discípulos sua profunda dor em conexão com sua morte. Q uanto mais pungente a dor, m aior a alegria que seguiria. Jesus prediz que, quando ele for crucificado, o mundo perverso (ver p. 112, nota 26, significado 6) - pense especialm ente nos líderes judeus hostis - se regozijaria. Ele veria a m orte de Jesus com o um “Já vai tarde!”, digna de ser festejada. M as sua alegria seria prematura. A lém disso, a tristeza dos discípulos 358. É bem possível que a expressão “entre si” indique uma terna repreensão, como se Jesus quisesse dizer, “Por que procuram por uma resposta entre s il Por que não perguntam a mimT’ Mas isso não pode ser provado. 359. Não se deve considerar impossível que os dois verbos (primeiro 0€
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não seria de natureza perm anente. Enquanto presente, ela era de fato dolorosa. Os am igos de Jesus iriam chorar e gem er (ou “chorar e lam entar”). Para o cum prim ento dessa profecia, ver sobre 20.11, 15; cf. M arcos 16.10; Lucas 24.38. Para o significado do verbo traduzido por chorar, ver sobre 11.35. No Quarto Evangelho, esse verbo se en contra em 11.31,33; 16.20; 20.11, 13, 15. Para o significado do verbo traduzido por gem er (ou lamentar), ver M ateus 11.17 (cf. Lc 7.32): “entoam os lam entações, e vocês não prantearam ”, e Lucas 23.27, que fala das “m ulheres que o lam entavam ” . E ssa tristeza iria, entretanto, converter-se em alegria. A ilustração que Jesus em prega no versículo 21 parece indicar que o significado da afirm ação aqui no versículo 20 não é m eram ente esta, de que a tristeza seria seguida de alegria, mas, em vez disso, que exata m ente esse acontecim ento que causaria terrível dor seria visto depois com o um a sólida razão para um grande regozijo. À luz da Páscoa e do Pentecostes, a fonte do pranto, isto é, a cruz se torna a fonte da exultação, de modo que Paulo pode exclam ar, “M as longe esteja de m im gloriar-m e, senão na cruz de nosso Senhor Jesus C risto” (G1 6.14; cf. Lc 24.41, 52, 53). 21. Q ualquer mulher, quando está para dar à luz, tem triste za, porque chegou sua hora; m as, depois de nascido o pequeni no, já não se lem bra da aflição, pelo prazer que tem de haver nascido no m undo um ser hum ano. A ilustração serve ao caso com o um a luva. D a m esm a form a que o nascim ento de um a criança ao “m undo” (reino da hum anidade), no iní cio produz angústia e tristeza (cf. Gn 3.16; Is 26.17), m as esse m esm o acontecim ento um pouco depois traz abundante alegria, tam bém um e o m esm o acontecim ento, ou seja, a m orte de Cristo, no início causaria pranto aos discípulos, mas em vista da gloriosa ressurreição de Cristo, e à luz da interpretação do Espírito Santo, iria depois ser a fonte da m aior e m ais triunfante alegria da parte de todos os filhos de Deus. 22. E deveras vocês agora tam bém sentem tristeza, m as eu os verei n ovam en te, e seu coração se alegrará, e essa alegria ninguém lhes tirará. N esse m om ento os discípulos estão muito tristes (cf. 14.1,27; 16.6).
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liles não conseguem conciliar a idéia da partida im inente de seu M es tre. Entretanto, Jesus declara que ele os verá novam ente. E ssa é a contrapartida do versículo 19, “Vocês m e verão” . Que este “ver uns aos outros novam ente” se refere a toda a dispensação do Espírito (o Cruto da crucificação e da ressurreição de C risto), e não m eram ente à ressurreição física, é muito claro pelo fato que nos é dito distintam ente que, com o resultado, o coração dos discípulos se alegrará com um a iilegria que ninguém nunca lhes poderá tirar. A lém disso, as palavras dc abertura do versículo 23 rem ovem qualquer dúvida quanto a essa questão. Q uando Jesus diz, “E naquele dia vocês não me perguntarão a respeito de coisa algum a” , ele certam ente não estava pensando m e ramente naquele dia de 24 horas no qual ele se levantaria do túm ulo! O dia do versículo 23 já dura quase dois mil anos! N a verdade, a alegria começaria no próprio dia da ressurreição de Cristo, mas aquele dia prenuncia a dispensação do Espírito (e não deve ser considerado com o separado dela). O m otivo pelo qual isso é verdade foi explicado em conexão com 16.7. 23. E naquele dia vocês não m e p erguntarão a respeito de coisa algum a. Para apreenderm os o significado desta passagem , devem os antes de tudo ligá-la ao versículo 19 onde se usa o m esm o verbo perguntar. Ver sobre 11.22. Os discípulos estavam procurando entre si um a res posta ao obscuro dito de Cristo com respeito a um pouco de tempo. Eles estavam ardendo de vontade de perguntar-lhe, mas não se atrevi am a interrom pê-lo novam ente. Ora, no versículo 23 Jesus declara que na dispensação do Espírito esses hom ens não mais se sentiriam confu sos sobre o que fazer, desejosos de fazer perguntas, e contudo sem coragem de fazê-las. À luz da ressurreição de Cristo, com o interpreta do pelo derram am ento do Espírito Santo no dia de Pentecostes e pre sente com a Igreja para sem pre depois disso, o significado de todas as questões se tom aria perfeitam ente claro. Então esses hom ens saberi am por que Jesus teve de morrer, por que sua m orte era para o bem da Igreja, com o a fonte de tristeza havia se conveertido em fonte de ale gria etc. Pedro não mais perguntaria, “Senhor, para onde estás indo?” (13.36); nem Tomé, “Como podem os saber o cam inho?” (14.5); nem 1'ilipe, “M ostra-nos o Pai” (14.8); tam pouco Judas, o Maior, “Senhor, o
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que aconteceu que estás para m anifestar-te a nós e não ao m undo?” (14.22); nem qualquer deles: “O que vem a ser esse um pouco m ais de te m p o l” (16.18). N esta m esm a dispensação do Espírito, os discípulos tam bém rece berão um a resposta às petições que fizerem ao Pai. Assim, Jesus con tinua: M ui solenem ente eu lhes asseguro, tudo quanto pedirem ao Pai, ele lhes dará em m eu nom e. Para essas solenes palavras de introdução (m uito apropriadas em um a predição tão im pressionante!), ver sobre 1.51. A transição de perguntar (16.23a) para petição (aqui em 16.23b) não é tão abrupta com o possa parecer. Q uando alguém está profundam ente preocupado com algum a questão, desejando ar dentem ente receber a explicação de um mistério, o pedido de infor m ação prontam ente se transform a no pedido de um favor. As palavras dessa prom essa lem bram as de 14.13, 14; 15.7; e es pecialm ente 15.16. Para explicação, ver sobre essas passagens. Há, contudo, um a diferença im portante. Agora aprendem os que não só p e d ir é em nom e de Cristo, mas tam bém dar. O Pai dará em harm onia com sua inteira revelação redentora que se centra no Filho, e com base em seu am or pelo Filho e no sacrifício deste. A união dos crentes com Cristo tem dois resultados práticos: de um lado, os am igos de Jesus são perseguidos por causa dele (15.21); do outro lado, eles são abençoa dos por am or a ele. 24. Até agora vocês nada pediram em m eu nom e. Isto é, até esse m om ento os discípulos, em suas orações, tinham se dirigido direta m ente a Deus, sem fazer m enção do nom e de Jesus. Não que a m era m enção do nom e fosse ajudar algo. Certam ente, quando um crente conclui sua oração dizendo, “Tudo isso pedim os no nom e de Jesus”, ele não está usando um a fórm ula m ágica. O que ele quer dizer é, “Pedim os isso com base nos m éritos de Cristo e em harm onia com sua revelação redentora” . Os discípulos não vinham fundam entando suas petições nesse argum ento. Segundo alguns, esse era um erro da parte deles, pelo qual Jesus, por im plicação, os repreende. Segundo outros, não ha via nenhum a falha da parte deles, porquanto o trabalho de redenção ainda não tinha sido com pletado. O texto (16.24) não resolve essa ques tão a favor de nenhum dos lados. O ponto principal é que doravante deve haver um a mudança. Então Jesus prossegue: Peçam e recebe
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i’ão. “C ontinuem pedindo”, diz ele. Segundo a frase precedente, ele quer dizer: “Continuem pedindo em meu nom e.” A prom essa, “e rece berão”, em substância, é a m esm a encontrada no Serm ão do M onte (M t 7.7). Q ualquer pessoa que pede no espírito da revelação de Cristo portanto, conform e a vontade de Deus, para o fom ento de sua glória, t‘om base nos m éritos de Cristo - receberá. E o propósito que o Senhor (cm em m ente é este: Para que sua alegria seja com pleta. M ediante constante com unhão com Deus em oração, e pelo fato de receber res postas às orações, tudo quanto estiver faltando na alegria dos discípulos seria suprido, até que o cálice da alegria transbordasse plenam ente. Dessa m aneira, Jesus repete aqui a m aravilhosa afirm ação feita anteriorm ente (15.11; ver sobre essa passagem ). Que glorioso Salva dor! A cruz com todas as suas agonias está a um passo dele. Um as poucas horas m ais e Jesus dará sua vida em resgate de m uitos. Ele sabe o que está por vir. Ele já vê os pregos que traspassarão suas m ãos c seus pés. Ele ouve, por assim dizer, as zom barias e os insultos dos líderes, suas gargalhadas infernais. Contudo - oh! am or divino que ex cede a todo entendim ento! - seu ardente desejo é este: “que sua ale gria seja co m pleta.” 25 Eu lhes disse essas coisas através de ditos velados; está chegando a hora em que já não lhes falarei através de ditos velados, mas lhes informarei abertamente a respeito do Pai. 26 Naquele dia, vocês pedirão em meu nome; e não digo que rogarei ao Pai por vocês. 27 Porque o próprio Pai os ama, por quanto me amaram e creram que eu vim do Pai. 28 Eu vim do Pai e entrei no mundo; novamente estou deixando o mundo e indo para o Pai. 29 Seus discípulos disseram: Ah, agora estás falando francam ente, não através de ditos velados. 30 Agora vemos que tu sabes todas as coisas e não precisas que ninguém te pergunte. Por isso cremos que vieste de Deus. 31 Jesus lhes respondeu: Vocês crêem agora? 32 Notem bem, está chegan do a hora - sim, já chegou - em que vocês se dispersarão, cada um para sua casa, e me deixarão só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo. 33 Eu lhes disse essas coisas para que tenham paz em mim. No mundo, vocês têm tribulações; mas tenham bom ânimo; eu venci o mundo.
Tendo m ostrado com o no futuro o Espírito condenaria o m undo e guiaria a Igreja (vs. 7-15), com o o Filho, por m eio de sua ressurreição e no Espírito, os veria outra vez, transform ando a tristeza em alegria
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(vs. 16-24), Jesus agora indica com o o Pai continuará a am ar os seus (vs. 25-27). O bserve que existem nada m enos que oito referências ao “P ai” (“D eus” , no v. 30) neste curto parágrafo (vs. 25-33). 16.25-33 25. Eu lhes disse essas coisas através de ditos velados. A expressão “essas coisas” se refere a todas as palavras que Jesus disse nessa noite m em orável, e (à luz do que segue) provavelm ente até m esm o aos ensinam entos anteriores. De fato houve ditos velados e m ais ditos velados, m ashal e m ais mashal. De fato, pode-se m esm o dizer que o pronunciam ento obscuro era o núcleo do ensinam ento de Cristo. O discurso freqüentem ente se centra em ditos velados (ou tem origem neles). No corpo desse tipo de discurso existem m uitas senten ças com clareza suficiente para rem over toda desculpa pela rejeição de Jesus com o Filho de Deus. Talvez porque estejam os acostum ados a esses m ashals, freqüen tem ente esquecem os com o eles devem ter desconcertado aqueles que os ouviram primeiro. Não obstante, esse aturdim ento era bem real. Um a reação com um era, “Com o é que pode ser isso?” “Com o é possível isto? Com o é possível aquilo?” Jesus tinha falado sobre reconstruir o tem plo em três dias, nascer de novo, água viva que m ata a sede de um a vez por todas, rios dessa água fluindo do interior dos crentes, pessoas que nunca veriam a morte; tam bém sobre ele mesmo, com o aquele cuja carne o crente tem de com er e cujo sangue tem de beber, com o tendo precedido A braão no tem po, com o o bom pastor que dá sua própria vida; sobre um traidor m isterioso (cuja identidade perm aneceu oculta por um período de tem po considerável) e sobre um enigm ático “um pouco de tem po”, que seria seguido por outro igualm ente intrigante “um pouco de tem po” (ver sobre 2.19; 3.3, 5; 4.10, 14.; 6.35, 50, 51, 53-58; 7.37, 38; 8.51, 56, 58; capítulos 10; 13.18, 21; 16.16-19). Para o significado do term o ditos velados (paroimia), ver tam bém o capítulo 10 (Pontos Básicos III; e 10.6 ).
A gora Jesus revela que um a nova era estava por raiar: E stá ch e gando a hora em que já não lhes falarei por m eio de ditos vela dos, m as lhes inform arei abertam ente a respeito do Pai.
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No m om ento, Jesus ainda está im pedido de falar franca e plena mente. Ele é im pedido pela incapacidade de seus ouvintes (16.12), pelo l iito de que ele ainda não dera sua vida com o resgate por m uitos, e pelo lato adicional de que o Espírito não fora ainda derram ado (16.13). Até c|Lic o hom em de dores sofresse e m orresse na cruz, e até que ele ressuscitasse, esta cruz não poderia ser totalm ente revelada. Até que o Auxiliador tivesse chegado, o Pai não poderia ser com pletam ente de clarado. A revelação do am or do Pai em entregar seu próprio Filho e cm enviar o Espírito deve perm anecer velada por enquanto. M as um a grande m udança está chegando. N a era do Espírito, essa revelação (em bora necessariam ente adaptada à m ente hum ana, finita) será clara, livre, irrestrita, com pleta. Não será mais caracterizada por pronuncia mentos velados. Essa prom essa se cum priu. Q ualquer pessoa que se volva para os ensinam entos de Jesus, conform e registrados nos Evangelhos, o ensi no de Jesus (pelos apóstolos), com o registrado nas Epístolas, vê im e diatam ente a diferença. N a verdade, as epístolas contêm m uitos pro blemas com os quais o intérprete tem de lutar. “Nosso am ado irmão Paulo” nem sem pre é fácil de decifrar (2Pe 3.15, 16). M as esse ensi namento é, não obstante, mais direto, aberto. Aqui já não há m ais um a escolha proposital de palavras com mais de um sentido. A declaração didática e a explicação progressivam ente tom am o lugar da verdade dita por meio de pronunciam entos m isteriosos e aparentes contradi ções. A sem ente do evangelho se tornou um a planta com pletam ente desenvolvida. Os ensinam entos referentes ao plano de redenção do Pai são abertam ente dados em passagens m aravilhosas, tais com o R om a nos 3.21-25; capítulos 5 e 8; Efésios 1.3-14; Filipenses 2.9, 10; 1 Pedro 1.3-12; 1 João 3; entre outras. Para o sentido da palavra abertam ente (Trap p r|o í,a ), ver sobre 7.26. 26, 27. Naquele dia vocês pedirão em m eu nome; e não digo que rogarei ao Pai por vocês; porque o próprio Pai os am a, por quanto m e am aram e creram que eu vim do Pai. N a dispensação do Espírito, os discípulos vão fazer o que não tinham feito ainda (16.24). Eles irão orar “no nome de Jesus”, isto é, em harm o nia com sua revelação redentora e com base em sua expiação cumprida. Os versículos 26b e 27 podem ser parafraseados com o assim;
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“E não lhes digo que deverei continuar considerando-os crianças m uito pequenas que não são capazes de orar, de modo que, por essa razão, outros têm de orar p o r elas. Ao contrário, nessa nova era, vocês m esm os orarão ao Pai; e ele os ouvirá, pois pessoalm ente os am a sem cessar. A razão de os am ar é esta, que vocês m e am aram com um am or que ainda continua, e creram com um a fé que nunca cessa que eu vim do Pai (como seu Filho Unigênito).” Para o significado de “naquele dia” , ver sobre 16.32. Para a distinção em significado entre os verbos ped ir e rogar, ver sobre 11.22. O verbo am ar aqui no versículo 27 é c jj L À e i . Entretanto, outro verbo ( c |)L A ,é a ) ou ã Y o c r r á o ) ) é usado no Quarto Evangelho para expressar o am or do Pai pelos discípulos, e o am or de Jesus pelos discípulos. Nesses contextos, os verbos são provavelm ente quase idênticos em significado. Ver sobre 21.15-17. Será que a frase, “o próprio Pai os ama, porquanto vocês me am aram ”, indica que nosso am or é básico e seu am or é secundário? Será que significa que nosso am or é a fonte de seu am or? Essa pergunta foi respondida em conexão com 7.17, 18; 14.21b; e 15.10; ver sobre essas passagens. A predição contida nesses dois versículos não significa que, na dis pensação do Espírito, toda intercessão pelos discípulos cessaria. Longe disso! Essa intercessão do Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, nunca cessa rá. “E m suma, toda a com unhão do crente com Deus ... bem com o as bênçãos espirituais que ele deve receber de Deus, com o tudo o que ele leva a Deus, só é possível pela m ediação do Sum o Sacerdote que inter cede por nós nos céus. O Cristo vivo e exaltado é ainda, assim com o ele era na terra, o único cam inho para o P ai.”^“ C oerentem ente, não concordam os com R. C. H. Lenski quando afirm a que depois do Pen tecostes as petições dirigidas pelos discípulos ao Pai em nom e de Jesus não precisarão do apoio e da intercessão de Jesus para que sejam concedidas pelo Pai?^^ D a m aneira com o o vem os, passagens com o 14.6; H ebreus 7.24, 25; 13.15 claram ente ensinam o contrário. O que João 16.26, 27 ensina é que, na dispensação do Espírito, os discípulos alcançariam m aturidade de m aneira que eles mesmos também, em nome 360, H. H. Meeter, The Heavenly Highpriesthood o f Christ, dissertação de doutorado submetida à Universidade Livre em Amsterdã, publicada em Grand Rapids, Mich. (sem data), p. 186. 361. R. C. H. Lenski, op. cit., p. 1082.
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do Filho, se aproximariam do Pai. C olocando de form a diferente, se a pergunta for feita, “Jesus vai orar por eles?” a resposta é claram ente um “não” , se orar p o r eles significa um pedido apresentado ao Pai em (avor deles porque eles m esm os não podem orar, e porque o Pai não aceitaria a oração que eles mesm os fizessem. Mas a resposta é clara mente “sim ” se por orar por eles significa a intercessão incessante do Sumo Sacerdote nos céus por seu povo, com base em sua expiação. 28. Eu vim do Pai e entrei no m undo; novam ente estou dei xando o m undo e indo para o Pai. Verdadeiram ente belo e cheio de m ajestade é o final da D espedida de Cristo de seus discípulos. A nota de vitória prevalece. O bservam os o Filho do hom em com plena consciência de seu triunfo. C ada palavra expressa exultação pelo cum prim ento da tarefa que lhe fora designada. Toda a sentença está cheia da resoluta determ inação em executar a vontade do Pai. Em princípio, a batalha já foi ganha. Ver especialm ente o versículo 33: “Eu venci o m undo”. O bservar a estreita conexão entre esta e a passagem precedente. Ali Jesus asseverou, “Vocês... creram que eu vim do P ai” . Aqui ele continua dizendo (segundo o original), “Eu vim .... do P ai” etc. A passagem enfatiza o fato de que a obra de redenção é a própria obra de Cristo. Salvar seu povo não foi apenas um a tarefa designada a ele. Foi claram ente o resultado de sua livre escolha. Daí, “Eu vim ... Eu entrei ... Eu estou partindo ... Eu estou indo” . É com o se Jesus estivesse dizendo, “Eu mesmo faço tudo isso. O Pai não m e obrigou a nada. Satanás e o m undo não podem m e im pedir de fazer o que estou fazendo” . A passagem registra três fatos centrais ou m ovim entos na história da redenção, m as, devido ao fato de o terceiro ser visto em dois aspec tos, tem os na realidade quatro partes, com o segue: Primeiro, “Eu vim do Pai” . Isso se refere à perfeita deidade de Cristo, sua preexistência e sua partida do céu que revela seu am or em ter vindo habitar na terra am aldiçoada pelo pecado. Cf. 2 C oríntios 8.9. (Aqui tem os o tem po aoristo, um ato.) Segundo, “Eu ... entrei no m undo.” Isso descreve a encarnação de Cristo e seu m inistério entre os hom ens. (Aqui se usa o tem po perfeito,
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indicando o ato passado juntam ente com seu resultado presente). O term o m undo tem aqui o m esm o sentido que tem no versículo 21. Terceiro e quarto, “N ovam ente eu estou deixando o m undo e indo para o Pai” . Observe o tem po presente de am bos os verbos. O cam i nho do sofrim ento, da crucificação, da ressurreição, da ascensão é, num aspecto, um a partida do mundo; de outro ponto de vista, é um a jorn ad a para o Pai. Com base nessa obediência voluntária que Jesus está em processo de prestar, o Pai (no Espírito) exerce com unhão am o rosa para com os que são seus. 29, 30. Seus d iscíp u los d isseram : A h, agora estás falan do francam ente e não através de qualquer dito velado. A gora sabe m os que sabes todas as coisas e não precisa de que alguém te p erg u n te. Os discípulos estão tão im pressionados com a franqueza e clareza das palavras de Cristo, e com seu evidente conhecim ento do plano com pleto de Deus, que eles im aginam que o tem po havia chegado em que os pronunciam entos livres, com pletam ente desim pedidos e claros seri am feitos em lugar dos ditos velados. Quanto a isso, estavam errados. C ontudo, Jesus não tenta corrigi-los. Eles mesm os se corrigirão quan do, no futuro, a hora chegar. No final das contas, entretanto, a resposta dada pelos discípulos lhes dá algum crédito. Eles tinham progredido em conhecim ento. Os discursos do C enáculo não foram em vão. As experiências dessa “noite das noites” deixaram suas m arcas nesses hom ens. Eles com eçaram a refletir sobre o ensinam ento de Jesus. O resultado é que eles agora sabiam (o verbo indica esse conhecim ento de reflexão) que Jesus sabe (o m esm o verbo, porém não a m esm a razão; Jesus sabe porque ele é divino; seu conhecim ento é anterior, não m eram ente subseqüente) to das as coisas (cf. 21.17). Eles, mais um a vez, apreenderam a visão da deidade de Cristo brilhando por m eio da figura de sua humanidade. Para o m om ento, peio menos eles estão convencidos - é a convicção da fé; cf. 2 C oríntios 5.1 - que Jesus é onisciente. A gora a luz está brilhando, mais brilhante, talvez, do que antes. Dentro de poucas horas será obscurecida um a vez mais. Contudo, a confissão aqui feita se de m orará no reino do subconsciente até que pouco a pouco, quando o Senhor ressuscitar em triunfo do túm ulo e (um pouco depois) derram ar
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seu Espírito, ela dará o fruto de serena e sólida segurança, e esse fruto perm anecerá para sempre. A chave para a interpretação das palavras, “e não precisas que alguém te pergunte”, se encontra na sentença im ediatam ente prece dente (“A gora sabem os que sabes todas as coisas”) e no versículo 19: “Jesus sabia que queriam perguntar-lhe.” Ele sabia, em bora eles não tivessem feito nenhum a pergunta! Ele tinha lido seus pensam entos se cretos. Ele sabia exatam ente o que estavam cochichando uns aos ou tros. De fato, m esm o antes que qualquer palavra chegasse à sua língua, ele já sabia. E esse conhecim ento lhes é m aravilhoso demais (SI 139.4). Daí 0 versículo 30 poder ser parafraseado com o segue: “A gora sabemos que sabes todas as coisas, e que não precisas que alguém te pergunte para que, por meio de suas dúvidas, tu descubras o que ele tem em mente. Tu sabes antes que te seja indagado.” Os discípulos chegam à conclusão lógica: Por isso crem os que vieste de Deus. Só Deus é onisciente. Jesus é onisciente. D aí Jesus tem de ser Deus. Sendo Deus, ele só pode ter vindo de Deus. Para a últim a frase, ver sobre 14.23, nota 320. Para o conhecim ento de Jesus, ver sobre 1.42, 47, 48; 2.24, 25; 5.6; 6.64; e 2 1.17. Essa foi a últim a confissão que os discípulos fizeram antes da m or te de Cristo. Ela nos lem bra a confissão anterior de Natanael (1.49), de Pedro (M t 16.16) e, por último, de Tom é (20.28). 31, 32. Jesu s lhes respon d eu : Vocês crêem agora? N otem bem, está chegando a hora - sim , já chegou! - em que vocês se dispersarão, cada um para sua casa, e me deixarão só. Faz pouca diferença se lermos, “Vocês crêem agora” ou, “Vocês crêem agora?” Q ualquer um a das versões é possível de acordo com o original. Se for adotada a form a de pergunta, ela poderia significar que Jesus põe em dúvida o caráter genuíno da fé deles. C ontudo, existe um a outra possibilidade que, na presente conexão e em vista da afirm a ção definida em 17.8 (“Eles verdadeiram ente reconheceram que eu vim do senhor”), é m uito mais provável, ou seja, que o Senhor, em bora aceitando sua confissão, quer colocá-los em guarda contra o excesso de confiança. É com o se ele estivesse dizendo, “Eu acredito que sua confissão é genuína e que sua fé é real; m as é consistente? Ela já
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alcançou a m aturidade? Será que a âncora ficará firm e nas tem pesta des da vida? Vocês têm certeza de que poderão m anter seu território quando o inim igo atacar na surdina?” Esse é mais ou m enos o sentido em que essas palavras geralm ente têm sido interpretadas. Não tem os encontrado nenhum a boa razão para deixar esta explicação. A inda não foi oferecida outra que seja m elhor que esta. P ara “está chegando a hora”, ver sobre o versículo 25. P ara a expressão com pleta “Está chegando a hora, sim, ela já chegou”, cf. 5.25. A época designada está perto. De certo modo é ainda futura, pois Jesus e os discípulos ainda não cruzaram o riacho (na verdade, com o verem os, eles ainda estão no Cenáculo), e ainda não encontrara o ini m igo (Judas e seu grupo). No entanto, em outro sentido, esse tem po já chegou, porque a. Judas está agora m esm o a cam inho, e b. é tão certo que o acontecim ento predito vai acontecer que, na m ente de Cristo, é com o se já estivesse presente. Portanto, a expressão, “Notem bem, está chegando a hora, sim, ela já chegou!” descreve a situação com exatidão. E, pelo fato de a predição ser tão surpreendente, ela vem precedida pela exclam ação, “Notem bem !” (literalm ente, “O lhem !”). Os conteúdos da predição têm dois objetivos; a. “Vocês se disper sarão, cada um para sua casa” . Com isso deve ser com parado: 10.12: “Então, o lobo as arrebata e as dispersa” . Ver sobre esse versículo. M ateus 26.31 : “E sta noite vocês todos cairão num a arm adilha por m inha causa; porque está escrito: ‘Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho ficarão dispersas’” . Isso foi dito depois de Jesus e seu peque no grupo deixarem o Cenáculo. A profecia que se cum priu quando isso aconteceu (ver M c 14.27) se encontra em Zacarias 13.7: “Fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas; m as volverei a m ão para (ou contra) os pequeninos.”’“ 362. Os antecedentes da profecia de Zacarias são os seguintes: Depois que um remanescente de judeus tinha voltado do cativeiro, eles construíram um altar de holocaustos e lançaram os alicerces do templo (Ed 3.1-10). Os samaritanos inve josos e seus aliados interromperam o trabalho (Ed 4). O desânimo tomou conta dos judeus. Mas no segundo ano de Dario - isto é, por volta de 520 a. C. - Ageu exortou-os a continuarem a reconstrução. Zacarias se juntou a ele nessa exortação e predisse a futura glória de Sião; também a vinda, o sofrimento, e exaltação do Renovo. O tema das profecias de Zacarias e a divisão são como seguem;
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A expressão “cada um para sua casa” (Jo 16.32) na sentença, “vo cês se dispersarão, cada um para sua casa”, ocorre tam bém em 1.11 e 19.27. Jesus “veio para sua própria casa, m as seu próprio povo não o recebeu” (ver p. 113, nota 27). João levou M aria “para sua própria casa” (19.27). Não vemos razão para abandonar esse sentido no pre sente caso. Quando, em conexão com a prisão de Jesus, os discípulos foram espalhados, cada hom em foi para sua própria casa (nesse caso, para o lugar em que cada um estava hospedado perto de Jerusalém ). É verdade que, no caso de João e Pedro, “ir para casa” dem orou um pouco mais. Contudo, mais tarde M aria M adalena sabia exatam ente onde encontrar Pedro e tam bém onde encontrar João. C ada um tinha ido para sua própria casa (ver sobre 20.2). Entretanto, a predição pro vavelm ente im plique mais do que isso. Ela parece indicar que o esforço unido cessaria; a esperança seria perdida, o trabalho do reino pararia; e a pesca (no sentido com um do term o ) tom aria o lugar da pregação (ver sobre 21.3). Voltamos à alínea b. “E vocês me deixarão só” (literalm ente: “e a mim, vocês deixarão sozinho” , com toda ênfase no pronom e mim). Es sas palavras podem ser vistas com o sendo o próprio com entário de A Futura Glória de Sião e seu Rei-Pastor I. Visões (1.1-6.8) II. Um Ato Simbólico (6.9-15) I[[. Uma Resposta a uma Pergunta (Capítulos 7, 8) IV. Predições e Promessas (Capítulos 9-14). É particularmente essa última seção que nos interessa aqui, em conexão com João 16.32, “Vocês se dispersarão” . É pelo menos provável que entre os acontecimentos preditos em Zacarias 9-14 estejam os seguintes: a. O retorno progressivo dos cativos vindos das terras do cativeiro (10.8-12). b. A denota dos países que rodeavam Judá num dia em que Judá seria protegido (9.1-8). c. As vitórias dos macabeus contra Antíoco Epífanes (9.11-17; 12.1-9). d. A vinda do Rei Justo, o verdadeiro Pastor (9.9); também sua rejeição (capítulo 11; /.?.7); ver Mateus 21.5; 26.14-16. c. A eleição do remanescente ao longo da Nova Dispensação (13.8, 9). f. O derramamento do Espírito e as bênçãos da Era Messiânica, com o total desapareci mento da dispensação das sombras e cerimônias (maioria do capítulo 14). A predição encontrada em João 16.32 (a passagem ora em estudo) tem a ver com d: a rejeição do Pastor. Existe uma diferença considerável de opinião com respeito às palavras, "Volverei a mão para (ou contra) os pequeninos” . Alguns vêem essa profecia como um mal (o ponto de vista mais provável, nos parece), outros como um bem. - Para esse material «(ibi-e Zacari is, numa forma mais expandida, ver W. Hendriksen, Bible Siirvey, pp. 120, 121; 283-285.
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Cristo sobre a confissão dos discípulos de pouco antes: “Agora sabe m os ... por isso crem os” (v. 30). O M estre de m odo algum nega a presença da fé genuína no coração de seus am igos (ver tam bém sobre 17.7), m as ele enfatiza o caráter im perfeito dessa fé. A fé perfeita, que lança fora o medo e “opera por m eio do am or”, m ostra coragem real no m om ento crítico. Ela nunca abandona, nunca recua, nunca falha! Essa não era a fé desses homens. Além do mais, ao dizer, “E vocês me deixarão só”, Jesus coloca a ênfase onde ela verdadeiram ente deve estar, no tem a de seu próprio sofrim ento. M ais e m ais ele entra na região da solidão. Ele será aban donado por seus amigos, e por fim desam parado pelo Pai celestial! M as esse clím ax do mal ainda não havia chegado. N esse m om ento, Jesus ainda pode dizer. Contudo, não estou só, porque o Pai está com i go. Esse tinha sido seu conforto o tem po todo, com o claram ente indica o versículo 8.29: “E aquele que me enviou está com igo, não me deixou só, porque eu faço sem pre o que lhe agrada” . Ver sobre essa passa gem. (Em bora algum as vezes se faça referência tam bém ao v. 8.16b; contudo o sentido ali é ligeiram ente diferente. Ver sobre esse versículo.) 33. Eu lhes disse essas coisas para que tenham paz em m im . “Essas coisas” incluem tudo o que Jesus disse aos discípulos nessa noite. Ele lhes contou sobre si mesmo, inform ando-lhes (como fazia tão freqüentem ente) que ele viera do Pai, entrara no mundo, agora estava partindo novam ente e estava de volta ao Pai. E le dissera que seria traído por um hom em que com ia à sua mesa; que seria negado três vezes, e isso por ninguém m enos que Pedro; e estava sendo odiado; que o m undo se regozijaria com sua morte; e que seus próprios discí pulos o deixariam sozinho no m om ento crucial. O cum prim ento dessas profecias iria naturalm ente fortalecer sua fé nele (ver sobre 16.1, 4). E, por meio da fé, eles obteriam a m aior de todas as bênçãos, ou seja, a paz. A natureza dessa paz foi indicada em conexão com a explicação de 14.27. É ao m esm o tem po objetiva (reconciliação com Deus, Rm 5.1, 2; 2Co 5.20b) e subjetiva (a certeza serena e reconfortante da justificação e adoção, Rm 8.16ss.). Em vista do contexto, a ênfase, tanto aqui quanto em 14.27, parece repousar no lado subjetivo dessa paz. E contrastada com tribulação. Jesus continua, No m undo, vo cês têm tribulação; m as tenham bom ânim o. E u venci o m undo.
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Em Cristo eles têm paz; no m undo, tribulação (ou angústia', cf. 16.21). O inundo, com o o term o é aqui usado, form a um a antítese notável com o Cristo. É o m undo que persegue a Igreja (ver p. 112, nota 26, sentido 6). O term o que é corretam ente traduzido por tribula ção tem um significado prim ário (tanto em grego quanto em inglês): pressão. Ver Rom anos 2.9; cf. tam bém M ateus 24.9; Atos 7.11; 11.19; Romanos 2.9, 12.12; 2 C oríntios 1.4, 8; 4.17; 6.4; 7.4; 8.2; 2 Tessaloni censes 1.6; A pocalipse 1.9; 2.9, 22; 7.14; etc. O m undo sem pre tenta isolar o verdadeiro crente. Os discípulos podem esperar tribulação de todos os lados (cf. 16.2) por causa de sua relação com o M estre (15.21). Mas exatam ente este princípio - ou seja, que o que acontece com o M estre acontecerá também aos discípulos - tam bém indica a dire ção oposta: o discípulo pode esperar vencer por causa de sua relação com o M estre. As palavras, “Mas tenham bom ânim o; eu venci o m un do”, claram ente im plicam “e por isso vocês, m eus seguidores, tam bém vencerão;” D igam os que um alpinista e seu guia estão tentando subir um pe nhasco íngreme. Com as habilidades que resultam de longa experiência no alpinism o, o guia faz a subida, e grita para o hom em que está na extrem idade inferior da corda, “Não tenha medo, pois eu consegui” . De modo sem elhante, a pressão que vem do lado do m undo nunca conseguirá ter sucesso em fazer os discípulos perderem seu apoio para os pés, pois Jesus (com quem estam os unidos) alcançou o topo; então eles tam bém alcançarão. Em vista de tudo o que precede neste capítulo - a prom essa da vinda e obra do Espírito Santo, a predição da gloriosa volta do Filho, a certeza do am or constante do Pai - não surpreende que o capítulo term ine com um a nota de vitória. Tendo justam ente chegado ao fim do cam inho, Jesus pode olhar para trás e dizer, “Eu venci”. Entretanto, 0 tem po passado (perfeito, para resultado perm anente) tam bém indica 363. No Quarto Evangelho, João usa o verbo vencer uma única vez, e depois numa cilação, de modo que é realmente Jesus (não João) quem a pronuncia. No livro do Apoca lipse esse verbo ocorre repetidas vezes. Na verdade, o tema desse livro pode ser chamado "More Than Conquerors” [Mais que vencedores]. Ver More Than Conquerors. de minha iiiiloria, Grand Rapids, Mich.. 6“ edição, 1952, pp. 12-14, 114, 115. De acordo com o livro (lo Apocalipse, Jesus venceu, está vencendo e vai vencer. Por essa razão, aqueles que estão eom ele são também vencedores. Essa é essencialmente a mesma idéia aqui em 16.33.
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certeza com respeito à batalha iminente. A vitória é certa. Jesus tinha se com prom etido totalm ente. D essa m aneira, ele pode falar com o se o próprio Calvário já estivesse agora atrás de si. Ver tam bém sobre 12.31; 16.11. É certam ente fabuloso que neste exato m om ento, quando o H o m em de Dores conclui seu discurso final no C enáculo, um pouco antes de trilhar o vale escuro da morte, ele se dirige a seus discípulos com estas palavras notáveis, “Tenham bom ânim o” . Tanto quanto o registro m ostra, com um a única exceção, ele foi o único que em pregou esse verbo de encorajam ento (Gápoet, Gapoelxe). Pode-se encontrá-lo nas seguintes passagens: M ateus 9.2, 22; 14.27; M arcos 6.50; 10.49 (a ú n i ca exceção); João 16.33; e Atos 23.11. Sem dúvida algum a, o hom em que vencer junto com Cristo tem razão de estar alegre! E isso m esm o no meio de tribulações; sim, m esm o p o r causa da tribulação, com o é m ostrado de um a m aneira bela em Atos 5.41.
Síntese do Capítulo 16 Ver o Esboço na p. 644. O Filho de Deus Amorosamente Instru indo Seus D iscípulos. Uma Palavra de Profecia. I. Perseguição que Está Reservada aos Crentes. A Vinda e Obra do Espírito Santo. A. Perseguição que Está R eservada aos Crentes (16.1-6). Jesus prediz o que o crente pode esperar, a fim de que, quando a perseguição chegar, sua fé possa ser fortalecida em vez de enfraqueci da. O perseguidor será m otivado por zelo religioso, im aginando que ao afligir os crentes ele está prestando culto a Deus. N a verdade, ele nem ao m enos conhece a Deus (em Cristo). Por causa de seu am or por seus discípulos, Jesus retardou o m áxim o possível essa predição com respeito à tribulação vindoura. A gora que ele está pronto para partir (por meio da cruz, da ressurreição, da ascensão), ele deve falar-lhes a esse respeito, para que não sejam apanhados de surpresa. Além disso, de agora em diante os ataques não m ais seriam dirigidos contra ele, m as contra eles. E m bora em traços gerais Jesus tivesse explicado o propósito de sua partida, os discípulos pareciam mais preocupados com a partida em si (considerando-a com o um a perda que sofreriam ) do que
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rom seu objetivo glorioso. Jesus reclam a sobre o fato de que sua tristem m elancólica tivesse silenciado as perguntas. B. A Vinda do Espírito Santo e Sua O bra (16.7-15) 1. No m undo (vs. 7-11) A partida de Cristo é para o bem dos discípulos, pois, a m enos que cie volte para o Pai, o Auxiliador não virá. Este A uxiliador convencerá o mundo. Ele não destruirá o senso de culpa do hom em (como está em voga atualm ente - século 20) mas despertará a consciência do pecador para a desgraça e abom inação do pecado. Por meio da obra que ele, por meio da pregação do evangelho, realiza no mundo, tornará conheci das três verdades: o pecado do mundo, a justiça perfeita de Cristo e o juízo de Deus. 2. N a Igreja (12-15) O Espírito Santo virá (ver o livro de Atos, especialm ente o capítulo 2); guiará a toda verdade (ver as Epístolas; o Espírito Santo nunca entretém um passatem po; sem pre proclam a todo o conselho de Deus); c declarará o futuro (ver o livro do A pocalipse). É o próprio Jesus que íala quando o Espírito fala. Este am plia as verdades que aquele ensinou enquanto estava aqui na terra. As pessoas da Trindade sem pre se glo rificam entre si. Devido à falta de fé com pletam ente desenvolvida e devido ao fato de que dois grandes acontecim entos na história da re denção não tinham ainda ocorrido (a ressurreição de Cristo e o derra mam ento do Espírito), os discípulos não podiam suportar m ais ensina mentos durante essa noite m em orável. II. O Regresso do Filho (16.16-24) Um pouco m ais - agora apenas algum as horas - e os discípulos não m ais verão seu M estre, pois por meio da cruz e do sepultam ento cie será rem ovido da vista deles. Novam ente, um pouco m ais - isto é, do sepultam ento à ressurreição e derram am ento do Espírito Santo - e os discípulos verão seu M estre outra vez. Eles verão quem ele real mente é. O fato da ressurreição será um m eio de lhes abrir os olhos. A descida do Espírito com pletará o trabalho de deixar tudo bem claro. Aos surpresos discípulos, que passavam por grande dificuldade para i'xpiicar o que fora dito sobre “um pouco m ais”, Jesus prediz que ju sta mente a causa da tristeza deles - ou seja, sua m orte - se tom ará a
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fonte da suprem a alegria deles, do m esm o modo que o nascim ento de um a criança prim eiro produz dor e depois felicidade. N a dispensação do E spírito, perguntas tais com o tinham antes ocupado a m ente dos discípulos durante essas últim as horas (e tam bém anteriorm ente) não mais seriam feitas. Tudo então ficaria bem claro. E todas as petições que glorificavam a Deus seriam concedidas, com base na expiação de Cristo. Assim, sua alegria seria com pleta. III. O Am or i/o P a / (16.25-33) O Pai am a aqueles que amam o Filho. Esses hom ens aceitaram Jesus com o aquele que veio e regressa para o Pai. Eles confessam sua fé. Jesus corrige sua autoconfiança. Ele lhes diz que, quando a hora da crise chegar, eles o abandonarão. Entretanto, o Pai está com ele. N um a afirm ação sem paralelo, por sua beleza e elevação espiritu ais, Jesus chega ao clím ax de seu discurso. Ele diz: “Eu lhes disse essas coisas para que tenham paz em mim. No mundo, vocês têm tribulação; mas tenham bom ânimo, eu venci o m undo.” Im plicação: “C ertam ente vocês tamhéni vencerão.”
C a p ít u l o 17 JOÄO 17.1-5 1 Tendo Jesus dito essas coisas, ergueu os olhos ao céu e disse: Pai, a hora chegou; glorifica teu Filho, para que o Filho também te glorifique, 2 assim com o lhe conferiste autoridade sobre toda carne, a fim de q u e’'’'* ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. 3 E a vida eterna é esta: que’® eles te conheçam, o único Deus verdadeiro, c a Jesus Cristo, a quem enviaste. 4 Eu te glorifiquei na terra, tendo completado a obra que me confiaste para fazer. 5 E agora, ó Pai, glorifica-m e em tua presença com a glória que tive contigo antes que o mundo existisse.
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O bservações Introdutórias Sobre o C apítulo 17 I. Sua Estreita Conexão com os Capítulos Precedentes O próprio apóstolo João indica essa ligação quando com bina o dis curso e a oração nas palavras; “Tendo Jesus dito essas coisas, ergueu os olhos ao céu e disse.” A oração pode ser vista com o a consumação dos discursos. Ela m ostra que a base sólida e firm e de todos os funda m entos de conforto, adm oestação e predições está no céu. E la liga todas as prom essas ao trono de Deus. Aqui tudo é garantido. O capítu lo não contém nenhum a sentença condicional. II. Seu C aráter Único Essa oração é um m odelo para nossas orações? De certo modo, sim; por exem plo, essa oração indica que a glória de Deus deve ser o propósito de nossas petições; tam bém , ela m ostra que devem os orar não só por nós mesmos, mas tam bém pelos outros.
364. Sobre'íua ver Introdução, pp. 68, 78. 365. Sobre'íua ver Introdução, pp. 67. 78.
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N um sentido m ais profundo, porém, esta oração do grande Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, jam ais poderá tom ar-se um m odelo para nos sas orações. No conjunto, ela é ímpar. A respeito desta oração, Jesus nunca disse, “Vocês devem orar de acordo com esta oração”. Ela é singular nos seguintes aspectos: A. Seu A utor é a Segunda Pessoa da Trindade, que assum iu a na tureza hum ana (17.5). B. É dirigida ao próprio Pai, Santo e Justo, de C risto, a prim eira pessoa da Trindade (17.1, 5, 11, 21, 24, 25; cf. 1.18; 3.16; 20.17). C. Ela não contém nenhum a confissão de pecados; ao contrário, exatam ente o oposto. A oração é caracterizada pela consciência da perfeita obediência do Filho à vontade do Pai (17.4). C ontraste esta oração com a que Jesus ensinou aos discípulos (M t 6.12). D. E sta oração contém solicitações em lugar de petições. Ver sobre 11.22. III. Suas Partes A oração é uma unidade. Seu tema, do com eço ao fim, é a missão de Jesus Cristo e seus seguidores na terra, até a glória de Deus. C ontu do, em bora a oração revele um a m aravilhosa unidade, um a unidade tão orgânica e real que os com entaristas não conseguem entrar em acordo sobre onde um a parte term ina e a outra com eça, podem -se discernir três m ovim entos. Prim eiro, Jesus faz um a solicitação com respeito a si próprio (vs. 1-5; de acordo com outros, 1-8); segundo, com respeito (principalm ente) aos apóstolos (vs. 6-19; de acordo com outros, 919); terceiro, com respeito à Igreja Universal (vs. 20-26). 17.1-5 1. Tendo Jesu s dito essas coisas, ergueu os olhos ao céu e disse: Pai, chegou a hora. O fato de Jesus ter erguido os olhos ao céu não prova que ele e seus discípulos estivessem do lado de fora da casa (cf. At 7.55). Com toda probabilidade, o pequeno grupo estava ainda no C enáculo (ver sobre 14.31). E rguer os olhos ao céu era um a postura com um na ora ção, e muito apropriada tam bém , visto que aquele a quem a oração era dirigida tem seu Trono no céu.
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A expressão, “chegou a hora” , m ostra m ais um a vez que Jesus fstá consciente do fato de que, para todo acontecim ento no poderoso dram a da redenção (sim, e para todo acontecim ento na história) há um momento estipulado no decreto eterno (ver tam bém sobre 2.4; 7.6, 8, 30; 8.20; 12.23; e p. 69). É óbvio, a partir do contexto, que Jesus não estava pensando apenas na hora de sua morte, mas na total consuma ção de seu m inistério terreno: morte, ressurreição, ascensão e coro ação, em sua ida fin al para o Pai. N o pensam ento de Jesus, o sofri mento e a glória resultantes andam juntos (12.32; 14.3, 4; 16.20ss.; cf. Mt 16.21; 20.19; 26.28, 29). A morte de Cristo era de cunho tal que sua ressurreição, ascensão e coroação eram uma decorrência lógica-, dessa maneira, a hora se refere a todas as quatro. Essa não foi a prim eira vez que Jesus fizera referência a essa hora. A diferença estava no fato de que, antes, ele dissera que a hora ainda não havia chegado, mas agora, sim (cf. 7.30; 8.20). Essa hora era o m om ento da crise. Era a hora em que o Filho do homem findaria seus labores ao fazer o único e exclusivo sacrifício de expiação pelo pecado da hum anidade; a hora do cum prim ento das pro fecias, de tipos e de símbolos; a hora do triunfo sobre o príncipe do mundo; a hora da destituição da antiga dispensação e da instituição da nova. Jesus prossegue: glorillca teu Filho, para que o Filho te glorifi que. O significado é: “Concede que, mediante m inha ida com pleta para ti (m orte, ressurreição, ascensão, coroação) eu possa ser glorificado, e tu possas ser glorificado em m im .” Jesus é glorificado quando o res plendor de seus atributos é dem onstrado. C ertam ente que na cruz de Cristo e tam bém na coroa divisam os essa glória. N a cruz, vista com o sendo a culm inação e o clím ax de toda a obra da redenção, pela qual ele salva seu povo, o Filho m anifesta sua perfeita obediência, seu infini to am or pelos pecadores e seu poder sobre o príncipe deste mundo. Bssa obediência, esse am or e esse poder redundam em glória para si mesmo. E tam bém o faz a gratidão da m ultidão salva pela dádiva da salvação etem a. Que esse aspecto da glória não é esquecido fica claro no versículo seguinte: “...concede a vida etem a a todos os que m e desIc.” Entretanto, não só a cruz, mas tam bém a coroa, vista com o a re com pensa por seu sofrim ento, m anifesta sua glória. Que isso tam bém
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está na m ente de Cristo é claro no versículo 5. Para o conceito glória, ver tam bém sobre 1.14. Mas, por que Jesus diz: “glorifica teu Filho”? Respondemos: porque nestas palavras, “teu Filho”, há um a m aravilhosa reivindicação. O Pai am a aquele que é seu Filho Unigénito. Ele o ama com um am or que é infinitam ente profundo e terno, um am or desde a eternidade. C erta m ente ele concederá o que seu pró p rio ,Unigénito Filho está solici tando! Além do mais, sendo Filho, não era ele o herdeiro legítim o? Por ventura o Pai não fizera inum eráveis prom essas ao Filho? (cf. SI 2.7ss.; 72.15SS.; 84.4SS.; llO .lss .; 118.22., 23; 2Sm 7.12-14). Quando Jesus acrescenta, “para que o Filho te glorifique”, ele m os tra que sua oração não é um a oração egoísta. Jesus quer ser glorificado para que, por meio dessa glória, ele possa glorificar o Pai. A ca iz e a coroa revelam não apenas as virtudes do Filho, mas tam bém do Pai. Todos os atributos divinos alcançam plena expressão aqui. D entre to das elas, um a sobressai: a justiça do Pai. Se ele não tivesse sido justo, certam ente não teria entregue seu Filho Unigénito. E também, se não fosse justo, ele não teria recom pensado o Filho por seu sofrim ento. M ais, por m eios dos louvores da m ultidão salva, o Pai (bem com o o Filho) é glorificado. 2. Assim com o conferiste autoridade sobre toda carne, a fím de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. Q uando o Pai, ao conceder poder a seu Filho para salvar seu povo, e ao recom pensá-lo por sua obra, o glorifica, essa ação está em harm o nia com (note “assim com o”) a dádiva ao Filho da autoridade sobre toda carne. Isso está claro pelo fato de que os que são salvos são reunidos de toda tribo, língua, povos e nações, com o é o ensino consis tente do Evangelho segundo João (portanto, do próprio Cristo). Ver sobre 1.13, 29; 3.16; 10.16; cf. A pocalipse 5,9. A expressão toda car ne é um hebraísm o que indica todo o povo. Ela enfatiza a fraqueza do hom em , com o ele é por natureza. Eles são não apenas os eleitos reuni dos, separados do meio de todas as nações, m as, a fim de reuni-los, Jesus verdadeiram ente recebeu autoridade sobre todos, sem exceção. Ver M ateus 11.27; 28.18. A raça hum ana é um a unidade. A fim de salvar alguns (dentre todas as nações), aquele que os salva deve ter autoridade absoluta sobre todos. (Para o significado do term o carne
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no Evangelho de João, ver tam bém a p. 118, nota 32. Para o significado de autoridade, ver também sobre 1.12; 10.18.) Que a am plitude e o desígnio da expiação são, não obstante, restritoa, é óbvio pelas palavras “a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste". Ver tam bém sobre 6.37, 39, 44; 10.29. Jesus está se referindo a todos aqueles que lhe foram dados no decreto eter no da eleição. Para o significado de vida eterna, ver sobre 1.4; 3.16. 3. E a vida eterna é esta: que te conheçam , o único D eus e verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. A vida eterna por meio da qual tanto o Pai quanto o Filho são glorificados se m anifesta no verdadeiro conhecim ento daquele que enviou e do enviado. O versículo 3 não dá uma definição de vida eterna, porém m ostra com o ela se revela e quão m aravilhosa eJa é. Conhecer o Pai e Jesus Cristo (pois ele é o único caminho para o Pai; ver sobre 14.6) não se refere m era m ente ao conhecim ento abstrato, mas ao prazeroso reconhecimento (ver sobre 1.10) de sua soberania, alegre aceitação de seu am or e comunhão íntim a com sua pessoa (por m eio das Escrituras, isto é, por meio de sua Palavra a nós dirigida; e por meio da oração, isto é, por meio de sua palavra a ele dirigida). Note as palavras, “o único Deus verdadeiro” (cf. ITs 1.9), não ficção da im aginação dos judeus, que tentaram cultuar um Pai que não tinha se revelado no Filho; nem o objeto do culto pagão, que era dirigido à criatura em lugar do Criador; mas ao Pai com o revelado no Filho. P ara o conceito “Jesus” com o Aquele que foi enviado do alto, ver sobre 3.17, 34; 5.36, 37; 8.18, 27, 29 (cf. 1.5). N ote tam bém o título com pleto Jesus Cristo (como em 1.17). Q uando a pessoa experim enta a vida eterna, ela tem com unhão com Deus em seu Filho Unigénito, que com o o Cristo ou Ungido (se parado e qualificado para a obra) é Jesus, o Salvador. 4. Eu te glorifiquei na terra, consum ando a obra que m e con fiaste para fazer. Em nítido contraste com o m undo perverso, repre sentado pelos líderes judeus, Jesus pode dizer que ele (o pronom e eu é enfático) glorificou o Pai. Fazer a vontade do Pai fora seu m aior prazer (4.34; 5.30; 6.38; 8.50). Ele cum prira a m issão que o Pai lhe designara. Ele conduzira essa obra a seu alvo predestinado. Ele a cum prira e a com pletara (ver sobre 4.34). N a verdade, historicam ente falando, ele não tinha ainda sofrido na cruz, mas tem o direito de falar com o se
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tam bém esse sofrim ento já tivesse sido suportado, tão seguro estava de que o suportaria! Deve ter sido reconfortante para os discípulos ouvirem Jesus dizer em sua oração que, no cum prim ento de sua m issão de salvar pecadores, o Pai tinha sido glorificado! N essa obra todas as suas gloriosas “excelências” são dem onstradas com o mais intenso ful gor (cf. IP e 2.9). 5. E agora, ó Pai, glorifica-m e em tua presença, com a glória que eu tive ju n to a ti, antes que m undo existisse. Aqui retom a-se o pensam ento do versículo 2. Jesus está novam en te solicitando ao Pai que o glorifique. D esta vez, ele está pensando especialm ente na recom pensa de sua obra m edianeira. Ele anela voltar para casa de seu Pai. A glória de outrora que tinha sido seu prazer antes da fundação do mundo (universo ordenado; ver p. 112, nota 26, significado 1) nunca estivera fora de sua mente. Ao longo de todo seu m inistério de sofrimento, ele, o H om em de Dores, anelava voltar para o que ele, pelo bem dos pecadores, havia voluntariamente deixado (o gozo sereno da presença do Pai, sem a m istura de sofrim ento; cf. Fp 2.7). “R etornar outra vez para a presença do Pai para e sta r/a c e a fa c e com ele” é o que ele ora solicita. Ver sobre 1.1. Quanto a isso, Hebreus 12.2 im ediatam ente vem à mente: “Jesus, que em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz” . O significado é que ele suportou a cruz a fim de que pudesse trocá-la por um a coroa.’“ Para o significado da preposição uapá na frase “na sua presença”, ver sobre 14.23, nota 320. É praticam ente desnecessário acrescentar que esse anelo pela glória futura (17.5) ou pela alegria futura (Hb 12.2) era totalm ente 366, Em minha tese doutorai “The Meaning of the Preposition à v ií in the New Testa m ent” (submetida ao Princeton Seminary, 1948) provei que o significado de Hebreus 12.2 não pode ser, “Em troca da glória celestial que possuía desde a eternidade, ele suportou a cruz” (inteipretação preferida dos exegetas). Ao contrário, a alegria da qual Hebreus 12.2 fala é definitivamente a legria/«m ra, que virá quando a corrida tiver term inado (ver Hb 12.1), e que inclui a parte de Cristo assentar-se adestra do trono de Deus (Hb 12.2b). Com vistas à obtenção dessa alegria, Jesus pagou o preço da cruz com sua ignomínia; da mesma form a que, em Hebreus 12.16, com vistas à obtenção de comida, Esaú pagou o preço de sua primogenitura. A preposição tem o mesmo significado em ambos os casos. É verdade, naturalmente, que essa alegria/wíura, que seria a recompensa por seu sofrim en to, era ao mesmo tempo (embora não exclusivam ente) um retorno àquela condição de glória (na presença do Pai) que Jesus possuía antes que existisse o mundo. Esse pensamento é expresso aqui em 17.5.
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desprovido do mais leve traço de egoísm o vulgar (cf. 17.1). N a verda de, 0 que D eus faz, ele o faz para sua própria glória, e Jesus é Deus! Mesmo em sua função de mediador, ele é a pessoa divina que está falando suas palavras e realizando seus feitos. N ão obstante, quando lem bramos que “Deus é amor", que (segundo o Quarto Evangelho) as pessoas da Santa Trindade se glorificam m utuamente, e que a glória e alegria do M ediador exaltado inclui tam bém este elem ento que “Por isso, tam bém pode salvar totalm ente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sem pre para interceder por eles” (Hb 7.25), o problem a fica resolvido. Aqui em 17.5, o Filho anseia pela glória de regozijar-se na alegria de seu povo salvo, exatam ente o povo cuja salvação ele (junto com o Pai e o Espírito) planejara desde a eternidade, antes da fundação do mundo. Deus sem pre tem prazer em suas próprias obras. O Filho se gloria na glória do Pai, e se regozija na alegria de todos os redim idos. Quando eles cantam , ele canta! (cf. S f 3.17). 6 Eu manifestei teu nome aos homens que me deste do mundo; eles eram teus, e tu mos deste, e eies têm guardado tua palavra. 7 Agora eles reconhecem que todas as coisas que me deste provêm de ti; 8 porque eu lhes tenho trans mitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente reco nheceram que eu vim de ti, e creram que me enviaste. 9 Estou fazendo uma solicitação por eles; não estou solicitando pelo mundo, mas por aqueles que o me deste, porque são teus. 10 E todas as coisas são tuas, e as tuas são minhas; c neles eu sou glorificado. 11 E agora eu já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, e eu já estou indo para ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que sejam um, assim como nós somos um. 12 Enquanto eu estava com eles, guardava-os em teu nome, que me deste; eu os protegi, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. 13 Mas agora estou indo para ti; e essas coisas eu falo no mundo para que eles tenham meu gozo com pleto em si mesmos. 14 Eu lhes dei tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. 15 Eu não te peço que os tires do mundo, mas sim que’''’ os guardes do mal. 16 Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. 17 Santitica-os na verdade; tua palavra é a verdade. 18 Assim como me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo. 19 E a favor deles eu me santifi co, para que também sejam verdadeiramente santificados.
367. Sobre'ÍFO£ ver Introdução, pp. 68, 77.
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17.6-19 6. M anifestei teu nom e aos hom ens que m e deste do m undo. Existe um a boa transição orgânica entre essa solicitação com refe rência a ele próprio e a solicitação com referência aos discípulos. O desenvolvim ento de um a solicitação para a outra é natural e m uito gra dual, com o são as cores do arco-íris que parecem m esclar-se onde se encontram . A glória de Jesus é a salvação de seus seguidores. Então, dirigindo sua atenção para sua obra p o r eles, o Filho declara que ele manifestou ou tornou conhecido o nom e do Pai. Para o significado do verbo manifestar, ver sobre 21.1. O Filho é o Exegeta do Pai (ver sobre 1.18). À parte dele, ninguém jam ais chega a conhecer as ques tões espirituais em sua essência e seu valor interno e real. O nome do Pai - isto é, o próprio Pai, enquanto ele m ostra seus gloriosos atributos no reino da redenção - não é apreciado à parte das palavras e obras do Filho (ver sobre 14.6; cf. M t 11.27 e IC o 2.14). Esse conhecim ento com respeito ao Pai significa vida eterna (ver sobre 17.3). Esse nom e não foi revelado a todas as pessoas do mundo, mas som ente àquelas que, no eterno decreto da eleição, tinham sido dadas (portanto, subseqüentem ente atraídas) ao Filho pelo Pai (ver sobre 6.37, 39, 44; cf. 17.9, 24). O Pai os escolheu do meio do mundo (ver sobre 15.19) para que fossem dados com o dádiva ao Filho. Provavel m ente o m elhor com entário é o encontrado no The Canons of Dort (First Head o f Doctrine, Artigo 7, tradução m inha;'’^’’^ “Ora, eleição é o propósito imutável de Deus, por meio da qual, antes que as fundações do m undo fossem lançadas, conform e o mais livre beneplácito de sua própria vontade, de m era graça, ele escolheu dentre toda a raça hum ana caída, por sua própria falta, de sua integri dade prim itiva no pecado e na destruição, um certo núm ero de pessoas, nem m elhores nem m ais m erecedoras do que as outras, mas que ju n ta m ente com todas estavam envoltas num a m iséria com um , para a salva368. Anos atrás, fiz parte de um comitê que havia recebido a incumbência de fazer uma nova e mais fiel (mais próxima do literal) tradução dos Cânones. O comitê solicitou que eu fizesse o trabalho de tradução. Traduzi do latim como encontrado em P. Schaff. Creeds o f Christendom, Vol. III, pp. 550-580. No decurso dos anos, essa incumbência foi aparente m ente esquecida pela autoridade competente. Por essa razão, essa tradução (embora com pleta) permanece em meu arquivo particular.
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ção em Cristo, a quem desde a eternidade ele nom eara com o M ediador c Cabeça de todos os eleitos e o fundam ento da salvação; e por conse guinte ele decretou dar-lhas para serem salvas ...” Jesus prossegue: Eles eram teus, e tu m os deste. Ele está pen sando em todos os eleitos, m as aqui particularm ente nos discípulos que estão com ele no Cenáculo, com o m ostra o versículo 12. Em decorrên cia do decreto divino, essas pessoas pertencem ao Pai. A fim de que esse conselho possa tornar-se efetivo em sua vida, elas foram dadas a Jesus, de m odo que ele, por meio de seu sacrifício expiatório, as pudes se salvar. O fruto de seu labor é declarado nestas palavras de tem a afeição: e eles têm guardado tua palavra. Para o significado de guar dar a palavra de Deus (portanto, de Cristo), ver sobre 8.51. D eve-se observar que o m esm o M estre, que poucos mom entos antes, quando se dirigia a seus discípulos, ressaltara a fraqueza de sua fé (16.31, 32); iigora, ao dirigir-se ao Pai, não diz um a palavra sequer com referência II essa condição de im perfeição. Como o real Sumo Sacerdote, cujo tração é cheio de am or pelos seus, ele sim plesm ente descreve estes "hom ens de pequena fé” - poucas horas antes que todos o abandonas sem, e um o negasse! - com o aqueles que têm guardado a palavra do Pai (guardado seus preceitos). Verdadeiram ente, o am or “não se res sente do m al” (IC o 13.5). 7, 8. A g o ra eles reco n h ecem que tod as as co isa s que m e deste provêm de ti; porque eu lhes tenho transm itido as p ala vras que m e d este, e as receb eram , e verd a d eira m en te re co nheceram que eu vim de ti, e creram que me enviaste. Visto que todos os conceitos contidos nesta passagem sublim e já Coram dados anteriormente, não vamos explicá-los novamente, mas sim plesm ente parafrasear o todo e dar as referências apropriadas. O que Jesus quis dizer foi o seguinte: “Com o resultado das palavras que eu lhes disse, as quais eu recebi de ti, esses hom ens reconheceram que tudo o que me deste - o brilho de tua glória refletida em m im mesm o, m inhas palavras e m inhas obras vem de ti. M inhas palavras {pronunciamentos), que me deste e eu lhes dei, eles as receberam (creram nelas e as guardaram ); e reconhe ceram com genuíno reconhecim ento que eu vim de ti, legitim am ente de
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tua presença, de m odo que em toda m inha m issão verdadeiram ente te represento; sim, eles creram que tu me com issionaste.” Passagens com referências: “A gora eles reconhecem ” (ver sobre 1.10) “que todas as coisas que me deste provêm de ti” (ver sobre 16.30; cf. M t 11.27); “porque eu lhes tenho transm itido as palavras que me deste” (ver sobre 3.11, 32; 8.28, 38; 12.49; 14.10), “e eles as recebe ram, e verdadeiram ente reconheceram que vim de ti” (ver sobre 1.12; 16.30); “e creram ” (ver sobre 1.8; 3.16; 8.30, 31a) “que m e enviaste” (ver sobre 3.17, 34; 5.36, 37; 8.18, 27, 29; 9.7; cf. 1.5). Observe que existe um a pequena diferença entre os verbos reco nhecer e crer. Em bora seja verdade que o prim eiro enfatiza a idéia de conhecimento verdadeiro, enquanto o segundo enfatiza a idéia de confiança, não obstante este conhecimento é experiência pessoal vi tal e não abstrata; e esta confiança é baseada na aceitação genuína e prazerosa de certas verdades básicas concernentes ao Deus revelado em Cristo, não sendo, pois, baseada em m era em oção. Ver tam bém sobre 7.17, 18 (elem entos da experiência cristã). 9. É por eles que eu solicito; não solicito pelo m undo, mas por aqueles que m e deste, porque são teus. É com referência aos (trepL) eleitos que Jesus faz sua solicitação, a fim de que os m éritos plenos da sua redenção possam ser-lhes aplica dos, ou seja, àqueles que lhes foram dados (ver sobre 6.37, 39, 44; 17.6). É por aqueles que lhes foram dados que ele entrega sua vida (ver sobre 10.11, 14); portanto é tam bém por aqueles-.yom e«re por aqueles - que ele faz (está constantem ente fazendo) esta solicitação. Ver tam bém Rom anos 8.34 (“ele intercede por nós")', Hebreus 7.25 (“Ele vive sem pre para interceder por aqueles que se chegam a Deus p o r meio dele)\ 9.24 (“Cristo entrou no próprio céu, agora para com parecer di ante da face de Deus p o r nós") e 1 João 2.1 (“Nós temos um A uxilia dor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” .) Tudo isso é particular, não universal.’'"’'^ No entanto, a oração do Sum o Sacerdote olha para além dos hom ens que estavam no Cenáculo 369. Isso não significa necessariamente que Jesus de modo algum orou por aqueles que em sua ignorância o afligiam (considerados como um grupo). Porventura ele não orou com referência àqueles que o crucificavam, a fim de que a terrível ameaça da ira de Deus fosse suspensa? Ver Lucas 23.34.
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nessa noite, com o está claro nos versículos 20 e 21. Além do m ais, é incorreto dizer (como foi dito algum as vezes) que Jesus orou som ente pelos crentes. Em vez disso, ele orou por todo seu povo, tam bém por aqueles que ainda não criam nele, mas que o aceitariam por fé verda deira m ais tarde (novam ente ver vs. 20, 21), com o resultado da graça soberana. Entretanto, a oração pela guarda espiritual, santificação, e glo rificação (ver sobre 17.11, 15, 17, 24) não é por aqueles que até o fim de sua vida abjetam ente rejeitam o Salvador. As palavras, “Não solicito pelo m undo” são muito claras. Entre o propósito da expiação e o pro pósito da Oração Sacerdotal de Cristo existe um a concordância per feita. E essa unidade do propósito divino inclui tam bém o decreto. De fato, aquele conselho eterno é a base de tudo o que segue. Por isso lemos, “porque eles (os que foram dados) são teus (em virtude da elei ção desde a eternidade)” . Nem todos lhe foram dados. Jesus não m or reu por todos. Ele não orou para que os méritos salvadores da cruz pudessem ser aplicados a todos. Aqui a lógica é perfeita. Somos lem brados da “cadeia inquebrável” (Rm 8.29, 30): “Porquanto aos que de antem ão conheceu, tam bém os predestinou para serem conform es à imagem de seu Filho ... E aos que predestinou, a esses tam bém cha mou; e aos que chamou, aesses tam bém justificou; e aos que justificou, a esses tam bém glorificou” . Todos aqueles - e somente aqueles! - que foram conhecidos de antemão e predestinados para a salvação alcan çam por fim os céus! (Por outro lado, o evangelho deve ser firm em ente proclam ado a todos\ a m orte de Cristo é suficiente p ara todos; Deus tira seu povo dentre todas as nações do mundo; ele exerce autoridade sobre todos; e é glorificado em todos.) 10. nhas.
£ todas as m inhas coisas são tuas, e tuas coisas são m i
Jesus está fazendo um a solicitação com referência aos discípulos porque eles pertencem não som ente a si, mas tam bém ao Pai. É natural esperar que o Pai apreciará o que pertence tanto a si m esm o quanto a seu am ado Filho! Então, no versículo 9 Jesus disse, “É por eles que eu ,s olicito (i.e., a respeito daqueles dados a mim) ... pois são seus”. Ele iigora acrescenta que essa dupla posse se aplica a tudo o que o Filho possui.
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N ote que ele não diz apenas: “E todas as minhas coisas são tuas”, m as tam bém “e as tuas coisas são minhas.” Essa últim a sentença é im pressionante. Ela só faz sentido se o Pai e o Filho forem um em essência (cf. 10.30). Que um a criatura diga ao C riador - ou m esm o que um crente diga a Deus - “Todas minhas coisas são tuas”, isso não surpreende. M as que qualquer um abaixo de Deus diga: “Todas as tuas coisas são minhas” exige um a explicação. M esm o esta últim a frase é verdadeira no sentido em que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que am am a D eus” (Rm 8.28; cf. IC o 3.21). Mas Jesus tinha em m ente não apenas o fato de que todas as coisas prom ovem sua glória, mas tam bém que ele é de fato o dono de tudo e com o tal tem autoridade sobre tudo (cf. 17.2). Aquele que aqui está se dirigindo ao Pai é 0 m esm o que estava face a face com o Pai desde a eternidade (17.5). Todas as coisas em todo o universo pertencem a am bos. Pai e Filho. Assim, o que é do interesse de um é do interesse do outro. Essa é a razão pela qual Jesus é capaz de orar tão fervorosam ente por seus discípulos. Eles são seus, bem seus. Então ele os ama. M as tudo o que é seu é tam bém do Pai. Essa posse conjunta im plica interesse m útuo, e este interesse mútuo garante ação mútua. É muito difícil - talvez mesmo impossível - fazer qualquer distinção clara neste contexto entre Jesus com o M ediador e Jesus com o o eterno Filho de Deus. O caráter de posse pode diferir (em decorrência de sua geração etem a e posição, todas as coisas naturalmente pertencem a Jesus com o o Filho de Deus; em decorrência do seu ofício, todas as coisas lhe foram dadas com o M ediador); seu escopo não difere. Além do mais, se ele se via com o M ediador entre Deus e o hom em , ou como o eterno Filho de Deus, em qualquer caso o “eu” que fala é o mesmo. M esm o assim, quando Jesus acrescenta, e neles eu sou glorificado, está pensando prim ariam ente na glória que ele, com o M ediador (que está aqui falando com o se já tivesse term inado com pletam ente sua ta refa), deriva da salvação de seus discípulos. As graças que adornam aqueles que foram tirados das trevas para a luz refletem seu am or redentor e poder. Certam ente, se Paulo pode cham ar a igreja de Filipos “m inha alegria e coroa” (Fp 4.1), e pode falar dos irmãos de Tessalônica com o “nossa glória e nossa alegria” (IT s 2.20), e isso porque essas congregações m ostram os fm tos de seu trabalho, Jesus ainda m ais tem
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o direito de dizer que em todas as coisas - particularm ente, naqueles que desde a eternidade são seus - ele é glorificado. 11. E agora já não estou no m undo, m as eles estão no m un do, e eu estou indo para ti. A qui Jesus fala com o se o C alvário pertencesse ao passado, tão certo é o Calvário! Em pensam ento ele está m esm o agora em seu cam inho para o Pai. C om esse ponto de vista ideal com o um a base para seu pedido, Jesus faz m enção do fato de que, no que diz respeito à sua própria presença visível, ele está deixando para trás seus discípulos num m undo perverso. Daí, a solicitação acon tece m uito naturalm ente: Pai santo, guarda-os em teu nom e, que me deste. O m undo perverso é contrastado aqui com o Pai santo. O poder do últim o é seguram ente mais do que suficiente para com pensar a influência do prim eiro. Sendo santo, o Pai é exaltado m uito acim a da criatura (cf. Is 6.3: o Santo é o todo-glorioso), particularm ente acim a do pecado das criaturas. Jesus faz um apelo para as qualidades morais e espirituais que caracterizam o Pai, e em virtude das quais ele é a causa dessas m esm as qualidades (independentem ente de quão fracas elas sejam ) no coração dos crentes. Ele pede ao Pai que m antenha guarda (ver tam bém sobre 8.51) sobre esses hom ens, e para conser vá-los sob sua divina vigilância contra tudo o que porventura lhes cause danos espirituais. Ele pede que sejam guardados no nom e do Pai, sua revelação por m eio das palavras e obras na esfera da redenção, a m es m a revelação que Jesus lhes transm itira e eles a aceitaram (17.6, 8). E 0 propósito desta guarda é para que sejam constantem ente um, assim com o nós (som os um). O significado desta passagem tão dis putada é, apesar de tudo, muito clara se vista à luz de seu contexto. Jesus não está pedindo que algum dia todas as denom inações possam tornar-se um a única e grande denom inação (entretanto, um a excelente união da igreja pode ser alcançada sem que se sacrifique nenhum prin cípio básico). Q uando ele fez esta oração não havia denom inações. Nem tam pouco ele está orando para que de algum a m aneira vaga a unidade essencial (ou ontológica) do Pai e do Filho possa ser duplica da na vida dos discípulos (é verdade que essa união m ística entre os crentes e Cristo resulta do relacionam ento entre as três pessoas da Santa Trindade, bem com o é um reflexo dele). O significado, com o o vemos, é este: Jesus solicita qúe os discípulos possam constantem ente
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(observe a força do presente subjuntivo durativo) ser um na posição deles contra o mundo; em outras palavras, que eles possam perm ane cer unidos em am or e na defesa da verdade, da m esm a form a que o Pai e o Filho são constantem ente um ... e aqui provavelm ente esperam os ler: “em relacionam ento com o mundo, em todas as suas obras em progresso” ; mas Jesus, sabendo que essa unidade é ainda m ais profun da, quer dizer ... um em essência. É verdade, a lógica aqui requer que a unidade de cooperação esteja im plícita. Bem, isso está im plícito, mas tam bém mais. Em Deus, a unidade de essência é básica para a unidade de m anifestação (a trindade ontológica está situada por trás da trindade econôm ica). Que se indica nada menos que a unidade de es sência, segue-se de 17.21; ver sobre essa passagem ; ver tam bém so bre 10.30.™ 12. Enquanto eu estava com eles, guardava-os em teu nom e, que^''' m e deste. Isto é, durante todo seu m inistério, por m eio de seu ensinam ento e por m eio de seus m ilagres, Jesus tinha cum prido sua tarefa com o o Bom Pastor das ovelhas. Desse modo, dia após dia ele m esm o os tinha guardado, dizendo-lhes constantem ente as coisas que ele ouvira do Pai (o nome do Pai que fora dado a Jesus; ver sobre o v. 11) e eu os protegi, e nenhum deles pereceu, exceto o filho da perdição, para que se cum prisse a Escritura. P or m eio dessa guarda espiritual constante, Jesus tinha guardado os seus, tendo-os protegido contra a apostasia. O resultado foi este: nenhum deles pereceu. Quando Jesus diz, “e nenhum deles pereceu, exceto 0 filho da perdição”, ele não quis dizer que, à exceção de J u das, todos aqueles que o Pai dera ao Filho foram guardados. Ele certa m ente não quis induzir o pensam ento de que, no caso de Judas, ele havia fracassado m iseravelm ente em executar a m issão que lhe fora 370. Têm-se feito tentativas repetidamente na história da doutrina de separar a Trindade econôm ica de sua base metafísica. Com base nas Escrituras, todas essas tentativas foram condenadas. Ver H. Bavinck, The Doctrine o f G od (traduzido por W illiam Hendriksen), Grand Rapids, Mich., 1951, pp. 317-321. Ver também L. Berkhof, Systematic Theology, Grand Rapids, Mich., 4“ ed. 1949, p. 83. 371. Não vejo razão para que a leitura, “que me deste”, como se Jesus estivesse aqui se referindo ao.s discípulos e não cio nome, devesse ser substituída. Aqui discordo de Lenski e de outros. A leitura que eles preferem é muito fraca. Não há fundamento interno de peso suficiente para colocar de lado a evidência textual. O texto estabelecido faz ótim o sentido.
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dada. Ao contrário, o que tem os aqui é outro caso de expressão abrevi ada. Ver sobre 5.31. Expresso de modo m ais desenvolvido o que Jesus quis dizer foi o seguinte; “E eu os protegi, e nenhum deles pereceu. M as o filho da perdição pereceu. Entretanto, longe de provar que, num caso, o plano estabeleci do desde a eternidade falhou e a profecia foi deixada sem cum prim en to; isso aconteceu para que se cum prisse a Escritura.” O filh o da perdição (um sem itism o; cf. M t 23.15; 2Ts 2.3) é aque le absolutam ente perdido, designado à perdição. Que se refere a Judas está claro pela com paração das passagens: 6.71 ; 13.2, 18,26, 30; 15.2, 6. C ertam ente o Pai, que é a quem se fala aqui, sabia o que ele queria dizer; tam bém o Filho o sabia, assim tam bém os leitores do Quarto Evangelho. E isso era suficiente. Se todos os discípulos no Cenáculo ünhwm finalm ente entendido que esse hom em era Judas não é im por tante neste contexto. Ver, entretanto, sobre 13.28, 29. Em bora de um lado Judas fosse totalm ente responsável, do outro lado esse feito estava incluído no decreto divino desde a eternidade, e na profecia. Ver sobre 13.18. Portanto, quando os discípulos ouvem Jesus falando ao Pai sobre o cum prim ento desta tarefa com respeito a eles, e o cum prim ento da profecia mesm o no caso do filh o da p erd i ção, eles são fortalecidos na fé e com eçam a dar-se conta que de nada nem ninguém nunca pode frustrar o propósito divino! D essa maneira, C alvino de form a tão com petente observa que o que poderia ter, de outro modo, levado corações fracos a vacilarem , foi excluído.’’- Ver também sobre 16.1, 4. 372. Como alguns comentaristas são capazes de extrair deste texto (como também de qualquer outro) a idéia de que em alguma ocasião Judas também tivesse possuído fé genuína, é difícil de entender. Calvino com enta lindam ente, enfatizando que nem Deus nem a profecia podem ser culpados pelo pecado de Judas. Esse discípulo não tinha sido compelido ao pecado. Ele pccou de sua própria iniciativa. Calvino diz: Excidit ludas, ut impleretur Scriptura. Caeterum perperam quispiam inde colligeret, defcctionem ludae Deo potius quam illi esse imputandam: quia necessitas ei ex vaticinio imposita fuerit. Neque enim rerum eventus ideo vaticiniis ascribi debet, quia illic praedictus lu crit... Fateor quidem nihil accidere nisi divinitus ordinatum: sed nunc tantum de Scriptura ([iiacstio est, an eius praedictiones et vaticinia hominibus necessitatem afferant, quod iam falsum esse monstravi. Nec vero Christi consilium est, causam exitii ludae in Scripturam
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13. M as agora estou indo para ti, e digo essas coisas no m undo para que eles tenham m eu gozo com pleto em si m esm os. Jesus está cônscio do fato de que a hora chegou em que ele deve partir da terra e ir para o Pai. Aqui novam ente, da m esm a form a que no versículo 11, o significado não é “Eu estou indo para ti com uma solici tação", mas (com o tam bém o contexto imediato indica): “Eu estou dei xando o m undo; portanto, estou a cam inho para ti.” Que esta é a inter pretação correta é tam bém visto quando essa sentença é com parada com a do versículo 11. Observe a seqüência: “já não estou no m undo ... estou indo para ti.” Jesus está falando essas coisas no m undo (ou, com o diríam os, enquanto ainda na terra; ver p. 112, nota 26, provavelm ente signifi cado 1; ver tam bém sobre 21.25) a fim de que os discípulos possam possuir em plena m edida a alegria que ele dá. Ver sobre 15.11; cf. 14.27. Certam ente, os pensam entos expressos no contexto im ediata m ente precedente teriam o efeito de transbordar até as bordas seu cálice de júbi 10 espiritual. Eles poderiam agora cantar os versos equi va lentes aos do século 1° d. C. que se tornaram caros ao nosso coração: “Eu estou sob a guarda do Pai” (cf. 17.11) também: “A quela alma, em bora todo o inferno se esforçasse por derrubar, Eu nunca, sim nunca, jam ais vou abandonar” (cf. 17.12a) E: “Que firm e fundam ento, sim, santos do Senhor, é lançado à sua fé em tua excelente palavra!” (cf. 17.12b). 14. Eu lhes dei tua palavra, disse Jesus. Ele próprio tinha dado a esses hom ens um a dádiva incom parável e perm anente (note o tem po), isto é, a palavra do próprio Pai, sua m ensagem. Ver sobre 17.6, 8. Essa palavra enche o coração com alegria indizível e cheia de glória (ver 17.13b). M as ela tem tam bém outro efeito: e o m undo os odiou, por q ue eles não são do m u n do, com o tam bém eu não sou. S eria transfene. sed tantum offendiculi materiam tollere voluit, quod infirmas animas concutere poterat (op. cit., pp. 318, 319).
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inteiram ente supérfluo dar mais qualquer explicação a estas palavras. Não há nada novo no que Jesus está dizendo aqui. Isso já foi dito antes. Ver sobre 15.19, 20. O elem ento novo e muito reconfortante é que o que Jesus lhes dissera previam ente, agora ele diz sobre eles ao Pai. Que alegria deve ter fluído do coração desses hom ens ao ouvir seu M estre dizer a seu respeito: “eles não são do m undo” ! M as teria requerido todo o conforto para contrabalançar a terrível verdade: “e o m undo os odiou.” Não é tanto o que o discípulo pensa ou fa la om faz (tom ado por si m esm o) que leva os hom ens perversos a odiá-lo, mas é 0 que (por meio de atitudes, palavras e ações) ele prova ser que os transform am em seus perseguidores. O m undo odeia o discípulo por que ele é totalmente diferente. Ele não é “do m undo”, da m esm a m a neira que tam bém Jesus não pertence ao m undo (não recebeu dele seu caráter). 15. do mal.
Não solicito que os tires do m undo, e sim que os guardes
Para o verbo solicitar, ver sobre 11.22. À prim eira vista, se poderia esperar a m enção do intenso ódio que os discípulos teriam de suportar por parte do m undo se fosse acom panhada de um a solicitação ao Pai para tirá-los do mundo. Contudo, Jesus se recusa a fazer esse pedido. A razão é que os discípulos têm um a tarefa a realizar. A natureza da tarefa não é claram ente indicada aqui, nem m esm o no versículo 18, a menos que tom em os esta passagem em conexão com tudo o que a precede. Foi, contudo, claram ente indicada em 15.27: “E vocês tam bém devem testem unhar, porque estão com igo desde o princípio” (ver sobre esse versículo). Portanto, é natural que Jesus agora não pode orar para que as testem unhas sejam removidas! O que ele solicita é que o Pai guarde os discípulos do maligno, ou do mal. Am bas as traduções são possíveis. Preferim os a prim eira, pe las seguintes razões: (1) Repetidam ente, nessa noite, Jesus falara sobre Satanás, o prín cipe deste m undo (12.31; 13.27; 14.30; 16.11); que ele seria lançado íora; que ele entraria em Judas; que ele estava a cam inho; e que ele seria julgado. Judas tinha caído vítim a do maligno. Por que, então, seria pouco razoável supor que Jesus oraria para que os outros pudessem ser protegidos dos enganos de Satanás?
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(2) 1 João 5.18 é, até certo ponto, um a passagem paralela. Aqui a guarda é seu resultado, que o maligno não toca quem é nascido de Deus. (3) É quase im possível supor que Jesus, ao falar da guarda dos seus (e do Pai), não estivesse pensando na alegoria do B om Pastor vigiando e guardando suas ovelhas. Portanto, 10.29 (“e ninguém as pode arrebatar da m ão do Pai”) vem à m ente im ediatam ente. O inimigo referido em 10.29 é definidam ente pessoal; não é apenas um mal em geral, mas Satanás, o falso profeta, o perseguidor etc. Daí, tam bém aqui em 17.15 pensarm os no m aligno. Satanás. (4) O fato de que por trás de todas as influências sinistras está o próprio Satanás, de m odo que é especialm ente contra ele que o crente necessita de proteção é o ponto de vista prevalecente no N ovo Testa m ento (tanto no ensinam ento de Jesus com o dos apóstolos); ver, além das passagens listadas em (1) e (2) acim a, também: M ateus 4.1; 13.19, 38, 39; João 8.44; 13.2; Atos 5.3; 2 Coríntios 12.7; Efésios 2.2; 4.27; 6.11, 12; 1 Tessalonicenses 2.18; Tiago 4.7; 1 Pedro 5.8; A pocalipse 12.3; 20.2.-’” 16. Eles não são do m undo, com o tam bém eu não sou. Aqui o pensam ento do versículo 14 é repetido. Ver sobre 15.19, 20. A diferença é que agora não é mais um a frase dependente, m as um a sentença com pleta em si mesma. Literalm ente, lemos: “Do m undo eles não são, da m esm a form a que eu tam bém não sou do m undo.” Toda a ênfase está situada, coerentem ente, nesta expressão que com eça e term ina a sentença, isto é, do mundo. Em conexão com o precedente, podem os agora interpretar toda a solicitação com o segue: “C oncede que esses discípulos não entrem no dom ínio de Satanás, pois eles definitivam ente não pertencem ao seu dom ínio. Eles são teus e meus; eles não perten cem ao m undo perverso.” 17. Santífíca-os na verdade; tua palavra é a verdade. Aqui está o lado positivo da solicitação. É com o se Jesus tivesse dito “Não só livra-os do mal, mas tam bém santifica-os na verdade. Livra-os de um e confirm a-os no outro.”
373. Não creio que a preposição é k torne necessário que venha um neutro. Em I Coríntios 9.19, o objeto depois da preposição é pessoal.
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No original, o adjetivo santo (na expressão Pai santo, v. 11) e o verbo santificar são derivados da m esm a raiz. Portanto, ao com binar essas duas idéias, pode-se traduzir: “Pai santo, torna-os santos na verdade” . M ais com pletam ente expresso, o verbo em pregado aqui sig nifica separar do inundo p ela verdadeira santificação de vida, de m odo que no coração e na mente, em pensam entos, p a la v ra s e ações, a pessoa possa com eçar a viver mais e mais de acordo com a lei de Deus. Essa santificação só pode ocorrer se a pessoa nutrir o desejo de ser governada pela verdade, isto é, por m eio da revelação redentora de Deus em Cristo, com o o m ais elevado padrão de vida e doutrina. Esta verdade é encarnada em Cristo, nele somente. Ele é a verdade (ver sobre 14.6). Entretanto, a palavra do Pai, que fora dada aos discípulos, deve ser a fonte da verdade para esses hom ens quando Jesus não mais estiver pessoalm ente com eles. Essa palavra é a verdade. Ela é total m ente infalível. Sem ela a obra de santificação é inteiram ente im possí vel. Jesus solicita, pois, que o Pai faça esses hom ens, em grau crescen te, am ar essa palavra e viver conform e a verdade de Deus revelada nesta mensagem que eles tinham recebido dele, e que ele, por sua vez, tinha recebido do Pai. 18. A ssim com o m e enviaste ao m undo, eu tam bém os en viei ao m undo. Jesus ainda está pensando na palavra, a m ensagem de redenção em Cristo para a glória de Deus. É neste contexto que ele faz um a dupla com paração, isto é, entre o Pai com o Enviador e ele m esm o com o Enviado; e entre ele m esm o com o Enviado e os discípulos com o sendo enviados. As duas com parações se fundem num a única idéia, a saber: da m esm a form a que o Pai enviara Jesus ao m undo com a mensagem, tam bém Jesus enviara os discípulos ao m undo com a mensagem. A mensagem , entretanto, é a m esm a, a da redenção em Cristo. Com parando-se a passagem atual com o versículo 20, fica claro que aqui no versículo 18 Jesus está pensando particularm ente no pe queno grupo dos onze discípulos a quem ele se dirigia. Eles tinham sido divinam ente com issionados. Eles tinham recebido um a incum bência, um a tarefa com autoridade para executá-la. Eles tinham sido feitos
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JOÄO 17.19
apóstolos de Cristo (um term o que tem a m esm a raiz do verbo usado nesse versículo). Para o term o mundo conform e usado aqui, ver nota 26, significado 4 (com toda probabilidade). 19. E a seu favor eu m e santifico, para que tam bém sejam verdadeiram ente santifícados na verdade. Para que os discípulos realizassem seu trabalho de m aneira aceitável, eles tinham de se ofere cer voluntariam ente. Para isso é essencial a consagração de Cristo p o r am or deles (para o significado da preposição, ver sobre 10.11 ). Em bo ra o verbo santificar tenha sido usado nos versículos 17 e 19, parece existir um a ligeira diferença em significado nos dois. Com referência a Cristo, ele não pode indicar o processo gradual de purificação espiritual (m orte gradual para o pecado e aum ento em toda virtude espiritual). Ele deve referir-se a seu auto-oferecim ento (cf. 1.29), m ais precisa m ente, à sua autodedicação a tarefa sagrada para a qual ele fora sepa rado pelo Pai, ou seja, a tarefa de prestar obediência ativa e passiva, desse m odo obtendo para seu povo (e aqui, em particular, para seus discípulos) salvação com pleta, que tam bém inclui a obra do Espírito Santo pela qual eles são consagrados. Ver sobre 10.36. Portanto, um ato de consagração (o do Sumo Sacerdote) tem o objetivo de produzir outro (o dos discípulos). Jesus se oferece voluntariam ente a fim de que os discípulos possam ser verdadeiram ente (não apenas cerim onial ou externam ente) pessoas separadas e qualificadas para a tarefa exaltada de proclam ar o evangelho a um m undo perdido em pecado; em outras palavras, a fim de que eles possam ser verdadeiramente pessoas san tificadas (literalm ente, “para que tam bém sejam santificados na ver d ad e”). A natureza da tarefa designada aos discípulos é revelada em 15.27 (ver sobre essa passagem ). Os discípulos devem testem unhar, de m odo que aqueles que foram dados ao Filho pelo Pai possam ser levados a ele, e que Deus possa receber toda a glória. 20 Não solicito somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio de sua palavra; 21 para que” “ todos sejam cons tantemente um; e como tu, ó Pai, estás em mim e eu em ti, que” “ também eles 374. Para os três casos d e \va. no versículo 21, ver Introdução, pp. 69, 79.
JOÂO 17.20
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e.stejam constantemente em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. 22 E a glória que me deste eu lhes dei, para que sejam um como nós somos um. 23 Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam aperfeiçoados na unidade, e para que 0 mundo reconheça que tu me enviaste e os amaste como amaste a mim. 24 Pai, desejo também que aqueles a quem me deste estejam constantemente comigo onde eu estiver,” ' para que possam contem plar m inha glória que me deste, porque me amaste antes da fundação do mundo. 25 Pai justo, embora o mundo não te tenha reconhecido, eu, porém, te reconheci; e esses homens reconhece ram que me enviaste. 26 Tornei-lhes conhecido teu nome e ainda o farei conhe cer, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja.
17.2-26 20. N ão solicito som ente por estes, m as tam bém p or aq ue les que vierem a crer em m im , por interm édio de sua palavra. Aqui, nesta terceira divisão da oração, Jesus faz solicitação pela Ijçreju Universal. M esm o nos versículos antecedentes encontram os fraliio |';i'rais cm caráter que, no que diz respeito à sua form a e conteúdn, i'111111 liplicíiveis não só aos onze, mas tam bém aos demais. Foi soiiiiiili' i) Inz do contexto inteiro (particularm ente, à luz da passagem 1 ((iif e.stamos ora discutindo, 17.20) que as vimos com o referên( iii menos principalm ente) aos apóstolos. M as gravados no peitoI iil dt) yrande Sum o Sacerdote estão os nomes não só daqueles escolhi dos dentre as tribos de Israel, mas tam bém daqueles tirados do m undo dt)s ímpios. Além das ovelhas que foram conduzidas para fora do aprisc() dos judeus, existem tam bém “outras ovelhas” (ver sobre 10.16; cf. 3.16). Todas devem tornar-se um só rebanho, com um só pastor (ver sobre 17.21). Devido à sem elhança em fraseologia entre a últim a sen tença de 10.16 e 17.21, é difícil acreditar que essa distinção (entre judeus e gentios) estivesse com pletam ente ausente da m ente do Se nhor quando ele proferiu as palavras de 17.20. M as em bora essa distinção possa ter influenciado a form a e o sen tido da presente soHcitação, não é exatam ente o que a presente passa gem quer dizer. Nem é inteiramente correto dizer (como é freqüente mente o caso) que Jesus está diferenciando aqui entre dois grupos, ou seja, de um lado, aqueles já salvos, e do outro, aqueles que seriam sal}ilS. Ou, de modo mais literal, “Pai, aqueles que me deste, eu desejo que, onde eu estiver, fies estejam constantemente comigo” .
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vos por m eio de sua palavra. Estritam ente falando, a distinção é entre os onze, de um lado, e do outro todos aqueles que são conduzidos à fé genuína em Jesus Cristo por meio de sua palavra. Alguns já tinham sido “reunidos” por eles (ver sobre 4.38). No futuro (ao longo de toda a nova dispensação) m uitíssim os outros seriam convertidos por meio da palavra daqueles que os seguiriam. O olho de Jesus perscruta os sécu los, e aconchega ao seu coração am oroso todos esses crentes verda deiros com o se eles já tivessem sido salvos m esm o naquele m om en to. Tam bém aqui, na terceira divisão da oração, o ponto de vista da oração é ideal, o que vê acontecim entos futuros com o se eles já tives sem acontecido. Para a distinção entre solicitar e pedir, ver sobre I I .22. Literal mente, o que Jesus solicitou foi: “Não solicito som ente (observe a pre posição) por estes, mas tam bém por aqueles que vierem a crer em mim, por interm édio de sua palavra” . A form a da expressão crer em m im indica que é fé genuína, o fruto da graça salvadora (como foi m os trado em conexão com 8.30, 31a; ver tam bém sobre 1.8; 3.16). O m eio usado para conduzir à fé é sem pre a palavra (a palavra deles, não com o se eles a tivessem inventado, mas porque eles a ouvi ram, a aceitaram e a pregaram). A m ensagem de salvação (seja oral ou escrita; cf. E f 2.20). E quando o Espírito aplica esta Palavra ao coração que um a pessoa obtém fé para salvação, fé na pessoa de Je sus Cristo e nos fatos da redenção que está centrada nele. Cf. Atos 4.4; Rom anos 10.14, 15. A essência do pedido para a Igreja U niversal é afirm ada no versí culo seguinte: 21. P ara que todos sejam constantem ente um; e com o tu, ó Pai, (estás) em mim e eu (estou) em ti, que tam bém estejam em nós; para que o m undo creia que tu m e enviaste. Levando em seu coração todos os m em bros da Igreja Universal, os que já nasceram e os estão por nascer, e vendo-os todos com o já existindo, Jesus ora para que espiritualm ente eles possam ser (e pos sam continuar a ser) um. Ver sobre 1 7 .1 1 .0 que no versículo 11 era o propósito de um a solicitação é aqui a própria sohcitação: a unidade de todos os crentes.
JOÃO 17.21
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A unidade pela qual Jesus está orando não é m eram ente externa. Ele previne exatam ente contra essa má interpretação. Ele pede que a unidade de todos os crentes seja parecida com a que existe eternam en te entre o Pai e o Filho. Em am bos os casos, a unidade é de um a natu reza definitivam ente espiritual. N a verdade. Pai, Filho e Espírito Santo são um ein essência-, os crentes, por outro lado, são um em mente, esforço e propósito. Ver tam bém sobre 17.22, 23. Esses dois tipos de unidade não são os m esm os. Não obstante, existe um a sem elhança. Deus é amor. O que é verdade com respeito a cada atributo divino vale tam bém com respeito ao amor: ele constitui a exata essência de Deus (1 Jo 4.8). Então, é exatam ente em am ar uns aos outros que a unidade de todos os crentes adquire expressão (cf. 13.34; 15.12, 17). D aí en tenderm os agora com o é que Jesus pode dizer “ ... que eles sejam um, com o tu, ó Pai (estás) em m im, e eu (estou) em ti.” A lém do m ais, existe m ais aqui do que um a m era com paração entre a unidade de todos os filhos de D eus, por um lado, e a unidade das pessoas da Santa Trindade, do outro. O últim o não é m eram ente um modelo-, é o fundam ento do prim eiro; ele torna o prim eiro possí vel. Som ente os hom ens que nasceram de cim a, e estão no Pai e no Filho, são tam bém espiritualm ente um e oferecem oposição conjunta ao mundo. Então, essa unidade de todos os crentes que, por sua vez, tem sua raiz em sua unidade com o Pai e o Filho, e que foi m odelada de acordo com a unidade que existe eternam ente entre essas duas pessoas divi nas (mas não idêntica a ela), tem com o seu propósito glorioso “para que o m undo creia que tu me enviaste.” Q uando os crentes são unidos na fé e apresentam um a frente com um ao mundo, eles exercem poder e in fluência. Q uando são divididos por brigas e desavenças, o mundo (sen tido ético: hum anidade necessitada de salvação) não saberá o que pen sar deles, nem com o interpretar o cham ado “testem unho” deles. Os crentes, portanto, devem sem pre ansiar pela paz, mas nunca pela paz à custa da verdade, pois a “unidade” alcançada m ediante tal sacrifício não m erece esse nome. Q uando os crentes m ostram na própria vida que estão com o Se nhor, suas ações e atitudes falam m ais alto do que palavras e apontam para Cristo com o a fonte de sua força m oral e espiritual. Assim, aque-
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JOÄO 17.22, 23
les de fora, que anteriorm ente desprezavam a Cristo, com eçarão a pen sar m uito bem dele'. Quando esse pensam ento m udado da parte de hom ens que antigam ente pertenciam ao m undo é aplicado ao seu cora ção pelo Espírito Santo, eles crêem que as m aravilhosas histórias rela tivas ao caráter e à m issão de Jesus Cristo são realm ente verdadeiras. O m undo então crerá “que tu me enviaste” . Para o significado de Jesus com o Aquele que foi enviado pelo Pai, ver sobre 3.17, 34; 5.36, 37; 8.18, 27, 2 9 ;9 .7 ;c f. 1.5. 22, 23 E a glória que me deste eu lhes dei, para que sejam constan tem en te um, com o nós som os um. Eu estou neles, e tu em m im , para que sejam aperfeiçoados na unidade, e para que o m undo reconheça que tu m e enviaste e os am aste com o am aste a mim. Quando os crentes estão em Cristo (cf. “que eles tam bém possam estar em nós”, v. 21), então Cristo está neles. Essa é a glória deles. Por “a glória me deste” Jesus tem em mente o fato de que o Pai se m anifestou no Filho (“tu em m im ” , v. 21). Por “eu lhes dei” ele quer dizer que ele (i.e., Jesus) se m anifestou na vida dos crentes. Poder dizer, “tão-som ente Cristo sempre vivendo em nós” é sua glória. Os crentes são co-participantes de Cristo, e neste sentido da natu reza divina (cf. IJo 3.2; 2Co 3.18; Hb 12.10; 2Pe 1.4). A glória que Jesus dá aos crentes significa que eles se tornaram um a só planta com ele; que ele não pode ser concebido à parte deles; que ele é a fonte de todas as bênçãos que sem pre receberão; e que eles, por sua vez, dese jam ardentem ente agradar-lhe e se esforçam por isso. Q uando Deus habita no Filho, e ele (por m eio do Espírito) habita naqueles que depositaram nele sua confiança, então, naturalm ente, es ses crentes se tornam co-participantes de todas as riquezas que estão em Cristo: perdão, justiça, amor, alegria, conhecim ento, sabedoria etc. E quando todos os m em bros da Igreja Universal se tornarem co-parti cipantes dessas bênçãos, a Igreja, é claro, será um a da m esm a form a que o Pai e o Filho são um (ver sobre o v. 21). E essa é exatam ente a razão pela qual Cristo deu toda essa glória aos crentes, ou seja, “para que eles sejam aperfeiçoados na unidade” . A unidade pela qual Cristo faz a solicitação é mais do que ética. É
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um a unidade tão íntima, tão vital, tão pessoal que é m oldada no relacio nam ento que existe entre as pessoas da Santa Trindade, bem com o baseada nela: é um a unidade não apenas de fé, esperança e amor, mas de vida em si m esm a. Juntos, os crentes constituem um Corpo, do qual Cristo é exaltado (orgânica e autoridade) Cabeça. Cf. Efésios 1.22, 23; 4.4-6. A Igreja, desse modo unida, por m eio da Palavra e do Espírito, cx(‘rcc uma poderosa influência sobre o m undo. Ao falar dessa influên cia, Jesus virtuíilmcntc repete'*'"'’ as palavras do versículo 21 (ver sobre vcrsículo), c depois acrescenta: “ ... e os am aste, com o tam bém iiie am aste.” Portanto, o propósito adicional que Jesus tinha em m ente quando ele ora por unidade é que o m undo possa enxergá-la com o sendo o produto do am or do Pai, um am or que, excetuando-se as dife renças quanto aos objetos amados, é a m esm a que o Pai tem pelo Filho. Para um a discussão sobre a possível diferença em significado do verbo amar, ver sobre 21.15-17. 24. P ai, eu desejo que tam bém aqueles que m e d este este jam com igo onde eu estou, para que contem plem m inha gloria que m e deste, porque m e am aste antes da fundação do m undo. Pode algum a coisa igualar-se à ternura inefável deste últim o pedi do? “Pai (ver sobre 1.14), eu desejo ... é meu prazer, meu deleite."^'''’ Esse tipo de desejo não é mais fraco que querer. É inútil fazer objeção à tradução “Eu desejo” da A.R.V. e da R .S.V , e dizer que “Eu quero” da A.V. é m elhor.’^'^ O grego 9éA,(o como usado aqui com bina o ele376. Não há nenhuma diferença essencial entre “para que o mundo creia” (v. 21) e “para que o mundo conheça" (v. 23). 377. Sobre a distinção em significado entre déXci, aqui usada, e poúAojjai ver L.N.T., p. 286. Segundo essa autoridade, o primeiro designa a vontade que procede da inclinação', a última, que segue a deliberação. O exemplo clássico de duas palavras usadas lado a lado, provavelmente com essa diferença em significado, é Mateus 1.19. O Quarto Evangelho não oferece um número suficiente de exemplos para garantir qualquer conclusão definida, O verbo poúÀojj,ai, é usado uma única vez (18,39), O verbo BélOu ocorre nas seguintes passa gens; 1,44; 3,8; 5,6, 21, 35, 40; 6,11, 21, 67; 7,1, 17, 44; 8,44; 9,27; 12,21; 15,7; 16,19; 17,24; 21,18 (duas vezes), 22, 23, Um exame cuidadoso dessas passagens pareceria indicar que, se alguma distinção puder ser feita, é a que L,N,T sugere, Cf, também H, Bavinck (op. cit., p, 342) sobre o substantivo pouXií que ele define como “a vontade de Deus baseada no conselho e na deliberação” , Ele define Gélrm« como ” a vontade de Deus como tal, cf, Ef 1,11; conselho de sua vontade.” 378. Eu não partilho da objeção de R,C,H, Lenski, A vontade ou o desejo pessoal é
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JOÂO 17.24
m ento de deleite no verbo eu desejo com o elem ento de deliberação e determ inação no verbo eu quero. O desejo de Jesus é “que tam bém aqueles que me deste estejam constantem ente com igo onde eu estou.” U m a tradução estritam ente literal poderia ser; “aquilo que me deste, eu desejo que onde eu estou, tam bém eles estejam constantem ente com igo.” Isso soa meio estranho em nossa língua. M esm o assim , essa tradu ção m ais literal não deve ser ignorada. Ela realça um ponto, ou seja, o am or do Sumo Sacerdote profundam ente radicado por seus, visto pri m eiro com o um a unidade {que os quais), então individualm ente {eles), da m esm a form a que em 17.2, pois no original essa cláusula é colocada, para ênfase, bem no início da sentença. Essa solicitação lança um fundam ento sob a prom essa de 14.3. N a verdade, o fundam ento sem pre esteve ali, mas agora é revelado aos discípulos no Cenáculo. O Filho pede ao Pai que coopere com ele na realização da prom essa que fora feita aos discípulos e que agora se estende de m odo a incluir todos os que fo ra m dados. Jesus gosta desta expressão: os que fo ra m dados ; ver sobre 6.39; 17.2, 9, 11; cf. 6.44. Desde a eternidade lhes foram confiados, a fim de que na hora certa pudessem ser a recompensa por seu sacrifício expi atório. Daí, ele deseja que todos estes que lhe foram dados habitem para sem pre em sua presença imediata, para que se deleitem para sem pre na visão da glória de Deus em Cristo, um a visão que com eça aqui na terra (2Co 3.18) e alcança seu clím ax no céu. A glória a respeito da qual Jesus fala é a sua própria. Ele se refere a ela com o “m inha glória que me deste”. O Filho deseja que todos os crentes possam contem plá-la para sempre (BeupwoLv), ou seja, o bri lho de seus atributos divinos com o eles são refletidos em sua natureza hum ana exaltada (embora, é claro, eles nunca se tornem parte dessa natureza hum ana) e no caráter transform ado, a alegria indizível, o am or sem fim, a paz perfeita de todos aqueles que entram no descanso que perdura para o povo de Deus. Esta é a glória que o Pai deu ao Filho. freqüentem ente expresso pelo verbo 6éÃco. Ver J. H .Moulton e G. Milligan, op. cit., p. 286 para numerosos exemplos. Quando F. W. Grosheide, op. cit., p. 431 traduz “Ik begeer”, ele está correto.
JOÂO 17.24-26
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Esta visão de Deus em Cristo é o êxtase arrebatador de todo o povo de Deus. Ver Salmos 17.15; 27.4; 90.16; e 1 João 3.2; cf. tam bém 2 Coríntios 3.18. Enquanto o contem plam , eles, com o prism as perfeitos refratam os raios de luz que em anam de seu glorioso sem blante e m os tram sua extraordinária beleza de m atizes em vidas totalm ente dedica das a ele. Verdadeiram ente, a lâm pada da nova Jerusalém é o Cordeiro (Ap 21.23). “Quão abençoados. Senhor, são aqueles que conhecem o alegre som que, quando ouvem tua voz, em felicidade transbordam! Com passos firm es eles andam , seus sem blantes radiantes Com 0 esplendor da luz que de tua face em ana E xaltado por teu poder das profundezas da desolação, Eles louvam para sem pre teu nome, tua justiça e salvação.” “Pai de Jesus, A m or Divino, Que enlevo será Prostrar diante de teu trono para ficar E contem plar-te e contem plar-te!” Tal com o um a com posição musical sublim e que, depois de ter re volvido as m aiores profundezas da alma, finalm ente repousa num clí max inesquecível, tam bém o pedido final dessa com ovente e belíssim a oração do grande Sum o Sacerdote alcança seu zénite de ternura infini ta nas palavras: “ ... porque me am aste antes da fundação do m undo.” É natural e m uitíssim o apropriado considerar esta sentença com o um m odificador da sentença im ediatam ente precedente.” '^ Foi porque 0 Pai amou o Filho desde antes da fundação do m undo (i.e., desde a eternidade) que ele lhe deu esta glória. Cf. 17.5 e Efésios 1.4. Para o verbo a m a r e seu sinônimo principal, ver sobre 21.15-17 (ver o Quadro da p. 940, que m ostra o verbo exato usado em cada passagem ; ler tam bém a discussão para o significado deste verbo). 25, 26. Pai ju sto, ainda que o m undo não te tenha reconheci do, eu te recon heci; e estes h om ens recon heceram que tu m e enviaste; e eu lhes fiz conhecido teu seu nom e, e ainda o farei 379. Ver R. C. H. Lenski sobre essa passagem, para uma interpretação diferente.
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JOÃO 17.25, 26
conhecido, para que o am or com que m e am aste esteja neles, e eu n eles. As solicitações term inam . O que segue nos versículos 25 e 26 pode ser considerado o fundam ento ou a súplica sobre a qual a solicitação final (e, num sentido, toda a oração) está baseada. M as é ainda m ais do que isso. E la bafeja o espírito de confiança e certeza, a convicção do Filho de que o Pai o ouvirá. “Pai ju sto .” Visto que o Pai é justo, ele certam ente aplicará os ple nos m éritos da redenção do Filho ao coração e à vida dos que lhe foram dados. “A inda que o m undo não te tenha reconhecido, eu, porém, te reco nheci; e estes hom ens reconheceram que tu me enviaste.”’®’ O reconhecim ento por parte dos discípulos (ver sobre 16.30), de que Jesus realm ente era aquele que fora enviado pelo Pai (como tam bém o reconhecim ento do Pai pelo Filho), era dos mais notáveis porque esse era um franco desafio da oposição sem com prom isso por parte do m undo perverso (para o significado de “m undo”, ver sobre 1.10, 11, p. 112, nota 26, significado 6). Para a idéia de Jesus como Aquele que fo i enviado pelo Pai, ver sobre 3.17, 34; 5.36, 37; 8.18, 27, 29; 9.7; cf. as explicações de 1.5. “Eu te reco n h eci.” E sse conhecim ento (para o verbo em prega do, ver sobre 1.10) é elucidado pela cláusula, “E lhes fiz conhecido teu nom e e ainda o farei conhecido.” Ver sobre 17.6 para o significa do da prim eira sentença; e para o significado da segunda, ver sobre 16.12-15. Jesus declara o nome do Pai (sua revelação na esfera da redenção) a fim de que o am or infinito com que o Pai amou o Filho fosse “derram a do” (cf. Rm 5.5) no coração dos discípulos (e, naturalmente, no coração de todos os crentes). E quando o Filho e igualmente todos quantos põem a confiança nele são contidos no mesmo am or (i.e., o am or do Pai), o próprio Filho viverá neles. Ver tam bém sobre 17.23: “eu neles” . Essa é a esperança da glória, plenamente concretizada (Cl 1.27). 380. Traduzim os K a í . . . K a í : “em bora .... porém ” . É mellior considerar isso como um semitismo. Note, por exemplo, o uso de waw em Juizes 16.15. Ver L. Koehler, A Dictionary ofH ebrew O ld Testament in English and German, Leiden, Países Baixos, e Grand Rapids, Mich., 1951, Vol. I, p. 246.
JOÂO 17
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Síntese do Capítulo 1 7 Ver o Esboço na p. 644, O Fílho de D eus Entregando, a Si e a Seus D iscípulos ao A m o r e Cuidado do Pai: a Oração Sacerdotal I. Por si mesmo: glorificação (vs. 1-5) II. Por seus discípulos im ediatos (vs. 6-19): A. Preservação B. Santificação III. Pela Igreja em Geral (vs. 20-26): C. C ontem plação unida da glória de Cristo, em com unhão am orosa com ele. E m bora exista progresso na oração, e em bora ela não avance de um tem a a outro com o indicado, m esm o assim não existem limites defi nidos entre as três partes. Então, por exem plo, no versículo 24, que pertence à oração pela Igreja U niversal, é tam bém um pedido com respeito ao próprio Filho e com respeito aos discípulos im ediatos. A razão pela qual não há linhas divisórias claras é porque os interesses de um são tam bém os de todos os outros, tão estreita é a unidade entre e dentre eles. D essa forma, o m elhor (não perfeito) modo de representar a rela ção das partes entre si é por m eio de três círculos concêntricos. A m issão e o destino eternos de Jesus Cristo e seus seguidores são o centro desses círculos. Jesus ora para que, com o um a recom pensa pelo cum prim ento de sua missão, ele m esm o seja glorificado, e que em conexão com isso os discípulos, n a realização de sua m issão, possam ser “guardados” e santificados, e, juntos com todos os m em bros da Igreja U niversal, possam perm anecer para sem pre em sua com panhia, para que “contem plem ” sua glória. O círculo interno representa a solicitação de Cristo com respeito a si mesmo. O do m eio representa sua solicitação por seus discípulos imediatos, mas inclui referências constantes a ele m esm o (ver vs. 10, 11 ,13, 16, 18,19). D aí 0 círculo do meio ser m aior do que o do centro e incluir 0 últim o. O círculo externo representa a solicitação de Cristo pela Igreja Universal, mas esse é o círculo m aior de todos, e inclui os outros dois, com o já foi mostrado.
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JOÃO 17
Desse modo, chegam os a este D iagram a do Conteúdo do Capítulo 17:
C onteúdo do Círculo 1 = versículos 1-5; conteúdo do círculo 2 = versículos 6-19; conteúdo do círculo 3 = versículos 20-26. O diagram a não é perfeito; por exemplo, com o foi m ostrado em nossa exegese, quando o Filho ora por si mesmo, ele não está esque cendo seu povo! Prosseguim os então a discutir um círculo inteiram ente diferente, que diz respeito não k fo rm a (divisão em partes) dessa oração, m as a seu conteúdo. Quando o am or percorre sua trajetória com pleta, ele representa um círculo, com o é m uito claro do versículo de abertura do capítulo 17: “Glorifica teu Filho, para que o Filho te glorifique.” Expres so de m odo m ais desenvolvido, isso significa: “Tu glorificas teu Filho a fim de que o Filho te glorifique.” A glória que procede do Pai a ele retom a novam ente após haver com pletado sua obra. Ver tam bém os versículos 4 e 5 para um círculo semelhante. Dessa maneira, quando o am or de Deus desce do céu para habitar no coração dos homens, ele deve retom ar a ele novam ente na form a de ações de graças. Ai do hom em que, tendo recebido bênçãos do Senhor, falha em devolvê-las na form a de louvor e gratidão. Ai do hom em que quebra o círcu lo ! O prim eiro capítulo de Efésios contém três círculos com pletos. Tente encontrá-los.
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JOÃO 1 7
Essa idéia do am or percorrendo sua trajetória com pleta pode ser representada pelo seguinte D iagram a do Círculo de B ênçãos e A ção de Graças:
.OOoacíoA.
Amor percorrendo sua tragetória com pleta
°ßenefic\o^° No capítulo 17 foram proem inentes o seguinte: o Pai, o Filho e os crentes (no m om ento não vamos distinguir entre discípulos imediatos e todos os seguidores de Cristo da Igreja Universal). N o plano de fundo, porém, constantem ente presente na m ente do Filho, enquanto ele ora, está o m undo perverso e seu príncipe (vs. 9, 16, 25). C ontra estes os discípulos devem ser guardados. Ora, de um a m aneira m aravilhosa a Oração Sacerdotal ressalta a unidade que caracteriza estes três: o Pai, o Filho, os crentes, o elo que os une, sua com unhão íntim a uns com os outros. Eu (o Filho) te amo (ao Pai)
Tu (o Pai) me amas
Eles (os crentes) me am am
Eu os amo (os crentes)
Tu os am a
Eles te am am
Ora, é im pressionante que neste capítulo todos os seis ocorrem de fato, em bora freqüentem ente, no lugar do term o amor, outro verbo apa reça, o qual m ostra com o esse am or se m anifesta. Se isso for m antido cm mente, obtem os o seguinte
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JOÃO 1 7
D iagram a do Curso do Amor:
Eu te amei: “Eu te glorifiquei na ter ra” (17.4).
Tu me amaste: “o am or com que (tu) me am aste” (17.26b)
Eles me amaram: “eles reconhece ram que eu vim de ti” (17.8c)
Eu os amei: “M ani festei teu nome aos hom ens que me deste do m un do” (17.6a)
Tu os amaste: “(tew) am or ... neles" (17.26c).
Eles te amaram: “e eles têm guardado tua palavra” (17.6d).
ESBOÇO DOS c a p ít u l o s 18, 19 Tema: Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, D urante Seu M inistério Pessoal: M orrer Como Substituto p o r Seu Povo I. 18.1-11 A Prisão II. 18.12-19.16 O Julgam ento e a N egação A. Perante Anás (18.13-17), julgam ento e negação 1. Jesus é levado perante Anás (18.13, 14) 2. A prim eira negação de Pedro (18.15-18) 3. Jesus é julgado perante Anás; é enviado a Caifás (18.19-24) 4. A segunda e a terceira negações de Pedro (18.25-27) B. Perante Pilatos (18.28-19.16), julgam ento 1. Jesus é chamado de malfeitor. A prim eira tentativa de Pilatos de se livrar da responsabilidade com respeito a Jesus: “Tomem-no vocês mesmos e julguem -no segundo sua lei” (18.28-32) 2. A “realeza” de Jesus é exam inada. A segunda tentativa de Pilatos de se livrar da responsabilidade: “É costum e entre vo cês que se solte alguém por ocasião da Páscoa” (18.33-40) 3. Jesus é açoitado. A terceira tentativa da parte de Pilatos de escapar ao problema: num esforço para despertar a piedade do povo, ele exclam a, “Olhem! O hom em !” (19.1-7). 4. D epois de mais tentativas da parte de Pilatos (de soltar Jesus se isso pudesse ser feito sem que ele fosse prejudicado), ele sucum be à intim idação e entrega Jesus para ser crucificado (19.8-16) III. 19.17-37 A Crucificação A. Jesus carregando a cruz; pregado a um a cruz entre dois crim i nosos (vs. 17 e 18) B. A disputa sobre o título (vs. 19-22)
c. A divisão das vestes (vs. 23 e 24) D. A palavra a M aria e a João (vs. 25-27) E. A sede de Jesus; sua m orte (vs. 28-30) F. Seu lado é perfurado (vs. 31-37) IV. 19.38-42 O Sepultam ento
C a p ít u l o 18 JOÄO 18.1-11 I Q 1 Depois de dizer essas coisas, Jesus, juntam ente com seus discípulos, 1 0 foi para o outro lado do ribeiro Cedrom, onde havia um jardim , no qual entrou, ele e seus discípulos. 2 E Judas, que o estava traindo, conhecia esse lugar, porque Jesus se encontrou ali m uitas vezes^"' com seus discípulos. 3 Então, Judas tomou o destacamento e alguns guardas dos principais sacerdo tes e dos fariseus, e foi até lá com lanternas, tochas e armas. 4 Então Jesus, sabendo todas as coisas que iriam acontecer-lhe, saiu e lhes disse; A quem vocês procuram? 5 Eles lhe responderam: A Jesus, o Nazareno. Ele lhes disse: Sou eu. Ora, Judas, o traidor, também estava (lá) com eles. 6 Então, quando ele lhes disse, Sou eu, eles recuaram e caíram por terra. 7 Jesus lhes perguntou outra vez: A quem vocês estão procurando? E eles disseram; A Jesus, o Naza reno. 8 Jesus respondeu: Eu já lhes disse que sou eu. Portanto, se estão procu rando a mim, deixem que estes se vão.’® 9 (Isso aconteceu) para que se cum prisse a palavra que dissera; Dos que me deste, não perdi nenhum. 10 Então Simão Pedro, que tinha uma espada curta, sacou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. II Jesus, entretanto, disse a Pedro: Ponha a espada na bainha. Porventura não beberei o cáHce que o Pai me deu?
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1. D epois de dizer essas coisas, Jesus, ju n tam en te com seus discípulos, foi para o outro lado do ribeiro Cedrom , onde havia um jardim , no qual entrou, ele e seus discípulos. Ao term inar a oração, Jesus e o pequeno grupo dos onze deixaram a casa (ver sobre 14.31). Cam inhando na direção leste, eles saíram da cidade (sendo, provavelm ente, o que se diz aqui no v. 1) e cruzaram o 38L Literalmente, “estava reunido”. 382. ID; ver Introdução, pp. 60, 62.
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JOÂO 18.1
ribeiro de inverno, Cedrom. O vale de Cedrom é localizado entre a m uro oriental de Jerusalém e o M onte das Oliveiras. D urante a estação quente, o canal é seco. Som ente no inverno - e m esm o assim só depois de um a chuva forte - é que aparece algo parecido com um “ribeiro” . D aí ser cham ado (literalm ente) um a “correnteza de inverno” (um có r rego que corre durante a estação invernosa). O nom e Cedrom (con form e 0 que seria provavelm ente a m elhor tradução) significa escuro, turvo. Foi nesse ribeiro que o devoto rei A sa queim ou a im agem abom iná vel que sua perversa m ãe fizera ( 1Rs 15.13). Sob as ordens de outro rei piedoso, Josias, nessas proximidades foram queimados os utensílios idolátricos (2Rs 23.4). E, a m ando do rei Ezequias, os levitas levaram para esse vale as coisas im undas que tinham sido deixadas no tem plo pela adm inistração anterior (2C r 29.16; cf. 30.14). Esse era “o vale dos cadáveres e da cinza” (Jr 31.40). M as o acontecim ento mais proem inente que ocorreu aqui foi a pas sagem de Davi por sobre esse m esm o ribeiro, quando fugia de seu filho rebelde, A bsalão (2Sm 15.23). Não foi ele, nesse ato de hum ilhação e sofrim ento, um tipo de Cristo? Ora, justam ente a leste desse ribeiro havia um jardim que em outro lugar é cham ado G etsêm ani (prensa de óleo). Parece que fora um pom ar de oliveiras, provido de um a prensa para extrair óleo das azeito nas. Ficava no pé do m onte das Oliveiras. O local indicado aos visitan tes hoje em dia, com o sendo esse, fica um pouco a leste da ponte pela qual a estrada do portão de Santo Estêvão cruza o C edrom .”*’ Deve-se, contudo, enfatizar que ninguém sabe com certeza a loca lização exata do pom ar onde Jesus entrou nessa noite. D a m esm a m aneira, o m esm o se aplica aos lugares onde Jesus ensinou e realizou seus m ilagres. A área em geral é bem estabelecida, o lugar exato já é outro problem a! Radicado profundam ente no coração de m uitas pesso as está o desejo de conhecer o local exato! Outras ficam contentes em satisfazer esse desejo, geralm ente “por reverência” . O registro da agonia que Jesus sofreu nesse jardim é encontrado 383. Ver W .H.A.B., p, 100; também Viewmaster Travelogue, Bobina n° 4001, Gethsemane to Calvary, Cena 1.
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nos outros Evangelhos. João presum e que os leitores não têm necessi dade de inform ações adicionais com relação a esse assunto. Tudo o que ele diz é, “ ... onde havia um jardim , no qual entrou, ele e seus discípulos". As palavras acrescentadas em itálico servem para des crever a cena e m ostrar o que havia de patético nela. Enquanto João estava escrevendo isso ele relem bra vividam ente o que aconteceu nes sa noite. Ele (Pedro e Tiago) viu mais do que alguns dos outros discípu los viram (M c 14.33). 2. E tam bém Judas, que o estava traindo, conhecia esse lu gar, porque Jesus se encontrou ali m uitas vezes com seus d iscí p ulos. Deve-se considerar dentro do campo das possibilidades (cf. Lc 21.37; 22.39) que Jesus e seus discípulos passavam as noites de quinta e quar ta-feira no Getsêm ani. Talvez houvesse ali um a gruta ou um a casa pequena, um abrigo noturno de algum a espécie, ou, quem sabe, o dono do pom ar fosse um seguidor de Jesus. Seja com o for, o G etsêm ani era um lugar de encontro costum eiro (observe o verbo: encontrar-, literal m ente estivera reunido) do M estre com seus discípulos. E ra um lugar tranqüilo de oração e provavelm ente de ensino. E Judas sabia disso! Ele próprio estivera ali com Jesus. Era-lhe, portanto, m uito fácil liderar o destacam ento de soldados e um a esqua dra de guardas do tem plo ao local onde eles podiam encontrar Jesus. N esse exato m om ento. Judas estava a cam inho. O evangelista o re trata em cores vivas: Judas, que o estava traindo. Ver sobre o ver sículo 3. Não era só o fato de Judas conhecer o lugar, m as tam bém que Jesus sabia que Judas o conhecia! M esm o assim (não deveríam os di zer, “p o r causa disso” ?), Jesus foi para lá! O bom pastor não estava indo para “ser peg o ”. Não, ele ia “entregar sua vida” com o sacrifício voluntário (ver sobre 10.11).’’*'*
384. Calvino notou isso. Seu comentário aqui é belo: Consilium Evangelistae praecipue spectandum est in loci indicatione: nam ostendere voluit Christum sponte ad m ortem prodiisse. Venit in locum, quem ludae familiariter notum sciebat. Quorsum id nisi ut sponte se offerat proditori et hostibus? Nec eum fallebat incogitantia, quum om nium quae instabant praescius esset. Postea etiam subiicit loannes eum obviam progressum esse. M ortem
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JOÂO 18.3
3. E ntão Judas tom ou o destacam ento e alguns guardas dos principais sacerdotes e dos fariseus e foi para lá com lanternas, tochas e arm as. A pedido do Sinédrio (cf. M t 27.62-66), um destacam ento fora convocado, provavelm ente da torre de A ntônia. E ssa fortaleza estava situada na esquina noroeste da área do tem plo. E la tinha sido refor m ada e fortificada por H erodes o G rande. N esse castelo o governo rom ano m antinha um certo núm ero de soldados. Durante os festivais judaico s, quando os patriotas judeus iam a Jerusalém em grande n ú m ero, e o entusiasm o era grande, a guarnição era reforçada, a fim de estar de prontidão para qualquer em ergência (ver Josefo, A ntiquities X V III, iv, 3). O núm ero exato desse destacam ento não é conhecido. Em bora um destacam ento norm alm ente consistisse de seiscentos soldados (um dé cim o de um a legião), parece que o term o foi usado aqui num sentido m enos restrito, com o freqüentem ente acontece hoje em dia em relação a esses termos. Seja com o for, o grupo deve ter sido bastante num ero so. Parece quase certo que a perm issão para sua utilização teria sido obtida de Pilatos, o governador (cf. M t 27.62). M ateus 27.18 clara m ente prova que ele sabia sobre o “caso” de Jesus antes que o acusado lhe fosse trazido. N esse contexto, os Sinóticos não fazem nenhum a m enção a soldados. Além desses soldados, havia os guardas do tem plo enviados pelo Sinédrio, que contavam entre seus m em bros m uitos principais sacer dotes - o sumo sacerdote, ex-sum os sacerdotes, e m em bros das fam í lias dos sumos sacerdotes (mas isso não é certo; outra interpretação do term o é dada por A. Sizoo, Uit de Wereld v. h. N. T., pp. 70-72) e fa riseu s. Com o os principais sacerdotes fossem em sua m aioria sa duceus (cf. sobre 1.24), os fariseus são m encionados separadam ente - segundo Lucas 22.52 havia tam bém membros do Sinédrio. Teriam eles adiado a participação na ceia da Páscoa? Ver sobre 18.28. Os soldados e os guardas do tem plo estavam com pletam ente ar m ados. E stavam equipados com tochas e com lanternas. Q uanto a ergo non coactus, sed ultro subiit, ut voluntarium esset sacrificium: nam sine obedientia nobis expiatio parta non esset (op. cit., p. 326),
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estas últim as, pense nas “lâm padas” de azeite, carregadas pelas dez virgens da bem -conhecida parábola (M t 25.1-3). João m enciona a r mas. Ele provavelm ente se refere às espadas que eram portadas pelos soldados, bem com o os porretes nas m ãos dos guardas (cf. M t 26.47). Tochas e lanternas ... em busca da Luz do M undol E era lua cheia! Espadas e porretes ... para subjugar o Príncipe da Paz\ Tratava-se de um insulto cruel. Isso provava quão com pletam ente sua m issão fora m al-interpretada. Para o Hom em de Dores, a sim ples visão desse ban do de desordeiros, que o consideravam sua presa, significava indescri tível sofrim ento. Isso era agonia. Ele se sentiu am argam ente insultado, com o é claro pelas palavras que disse (M t 26.55). Ele viu a aproxim a ção do poder das trevas (Lc 22.53). Ao descreverm os o que os soldados fizeram, com o os guardas o trataram , ao falarm os sobre Judas, Pedro, Caifás, Anás e Pilatos, e ainda outros, o propósito últim o deve ser sem pre m ostrar com o cada um contribuiu para seu sofrimento! Judas tomou esse destacam ento de soldados e esse pelotão de guar das do tem plo. O significado é que ele servia de guia, pois era m uito bem relacionado com o objeto da busca e com os lugares que ele fre qüentava. Ver sobre 13.27. 4. E ntão Jesus, sabendo tudo o que estava para lhe acon te cer, saiu e lhes disse: A quem vocês estão procurando? N ada se ocultava da mente de Jesus. Para esse conhecim ento de Jesus, ver sobre 1.42, 47, 48; 2.24, 25; 5.6; 6.64; 13.1, 3; 21.17. A agonia do Getsêmani (a oração para que o cálice fosse afastado, o suor de gotas de sangue etc.) era passado. A gora nada restava a não ser uma resolução calm a, um a m ajestade sublime. Então Jesus saiu. Saiu de onde? A inform ação é omitida. Portanto não se tem certeza. Alguns dizem “saiu pelo portão do jardim ” ; “saiu da gruta” ; ou “saiu da casa” . Para outros (e somos inclinados a concordar com eles) o significado é “dentre as árvores desse pom ar” , isto é, saindo da relativa escuridão, ele foi para a luz, para o lugar aberto, avançando para frente até que ficou frente a frente com o grupo. Tão logo ele fez isso (ou terá sido noutro m om ento; mas se foi, cjuando?). Judas realizou o ato que tem feito as gerações posteriores
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JOÃO 18.5
recuarem horrorizadas à m era m enção de seu nome. A braçando Jesus, ele o beijou repetidas vezes, enquanto o saudava, “Salve, R abi!” Ver M ateus 26.49 (o original). Esse era o sinal pré-com binado. Que m es quinho, que diabólico! Para o ato m ais infam e que já se com eteu, Judas escolheu a m ais sagrada das noites (a da Páscoa), o lugar mais sagrado (o santuário das devoções do M estre) e o símbolo m ais sagrado, um beijo! E tam bém , o m ais absurdam ente ridículo! Com o se Jesus pudes se deixar de identificar-se! Tendo concluído o interlúdio com Judas, Jesus perguntou ao grupo (particularm ente a seu líder): “A quem estão procurando?” Ele estava de pé bem à vista de todos. Estava dando sua alm a em resgate por m uitos. O Senhor dos ventos e das ondas tinha tam bém o pleno con trole da presente situação. 5. Eles lhe responderam : A Jesus, o N azareno. A resposta foi dada por vários (não apenas pelo com andante - v. 12 o verbo está no plural). Provavelm ente foi dada na linguagem precisa da ordem oficial que a com panhia recebera das autoridades. “Jesus, o N azareno”, era o objeto da busca.’“'' Ele lhes disse: Sou eu. Todos os beijos dados por Judas tinham sido desnecessários! Ver sobre o versículo 4 (acima). Aqui vem os Je sus, com o o grande Profeta, dando-se a conhecer. No versículo 6 o vem os com o o Rei dos reis. Nos versículos 7 e 8, com o o Sumo Sacer dote com passivo, que am orosam ente provê cuidados para os seus. E Judas tam bém , que o estava traindo, estava (lá) com eles. P or que João não registra esse episódio do beijo? Teria sido m eram ente porque sabia que seus leitores já tinham sido suficientem ente inform a dos por terem lido a esse respeito nos Sinóticos? Ou será tam bém por que ele estrem ecia à idéia de falar sobre tão sinistro ato? Sim, Judas, o tesoureiro (devem os dizer e^:-tesoureiro?), o hom em em quem os ou tros puseram sua confiança, ele tam bém estava agora alinhado com os poderes do príncipe das trevas. Desse m odo, é m eram ente natural incluí-lo no acontecim ento descrito no versículo seguinte; 385. Para a forma do termo o Nazareno (no original), e também para a liistoricidade de Nazaré, ver W.F. Albriglit, “Tlie Names Nazareth and Nazoraean” in JB L LXV (dezembro, 1946), 397-401.
JOÃO 18.5-8
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6. Então, quando ele disse: Sou eu, eles recuaram e caíram por terra. Que espetáculo se apresenta nesse momento! Subitam ente (observe o aoristo), à palavra de Jesus (“Sou eu”), os que vieram pren dê-lo com o que perdem o chão de debaixo dos pés. Eles recuam e caem por terra. O inesperado no com portam ento de Cristo (o fato de que, por sua própria iniciativa, ele tenha se adiantado), a m aneira com o havia tom ado toda a situação nas próprias m ãos, a m ajestade de sua voz e o olhar em seus olhos, tudo isso teria ajudado a produzir o efeito que é aqui retratado. Não obstante, esses fatores não o podem explicar. Aqui está outro sinal (ver sobre 2.11). Aqui está Cristo Jesus, o Rei! 7, 8. Então ele lhes perguntou outra vez: A quem estão pro curando? E eles disseram : A Jesus, o N azareno. Jesu s respon deu: Eu já lhes disse que sou eu. Portanto, se é a m im que estão p rocurando, deixem que estes se vão. O bserve o notável contraste. O com portam ento m ais indigno dele foi seguido por sua pergunta m uito digna dele: “ele lhes perguntou.” Ver sobre 11.22. Ele interroga esses guerreiros aturdidos. A pergunta era a m esm a que antes. E tam bém a resposta.^“ M as agora Jesus chega ao ponto que queria. Tendo-os com pelido a repetir por duas ve zes as ordens deles, ele, por m eio do som da própria voz deles, e pelo conteúdo da resposta deles, fixara-se neles o fato de que Jesus, o N a zareno, ele de fa to , mas tam bém ele somente, devia ser levado. “Se é a mim que vocês estão procurando - com o é claro que é - deixem que estes (os discípulos) se vão (ou: se retirem).” O Sumo Sacerdote am o rosam ente protege os seus. 386. Alguns têm perguntado, “Como se pode explicar que esses homens, que apenas um momento atrás tinham recebido uma prova extraordinária do infinito poder de Cristo, fossem atrevidos o suficiente para dar a m esma resposta de antes?” A resposta que tem sido dada é que isso simplesmente mostra como eles tinham o coração endurecido. Sem dúvida, há verdade nessa solução. Mas seria assim tão estranho, psicologicamente, que eles tives sem repetido o que tinham acabado de dizer? Não deveríamos supor que o choque produzido pelo m ilagre de Cristo - pois fora um milagre! - fora tão grande que por um pouco de tempo livessem ficado com a mente embotada? Em sua estupefação, praticamente a única coisa que no ímpeto do momento podiam responder era o que tinham pronunciado por último. Além do mais, essa frase “A Jesus, o Nazareno” ficara profundam ente im pregnada em sua consciência, provavelmente por causa do lugar proeminente que tivera nas ordens oficiais (|iic eles tinham recebido. Por essa razão, ela ocorreria em primeiro lugar.
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JOÃO 18.9, 10
9. (Isso aconteceu) para que se cum prisse a palavra que d is sera: Não perdi nenhum dos que m e deste. À prim eira vista, esta passagem parece m uito estranha. A palavra que Jesus expressara se encontra (de um a form a ou de outra) em 6.39; 10.28; e 17.12. Ver sobre essas passagens. M as, em todas, ela se refe re àquele ato de Jesus pelo qual ele m antém vigilância sobre o bemestar espiritual dos seus, guardando-os com vistas à vida eterna nas m ansões celestes. Com o é, pois, que esse dito de repente aparece lesa do de seu precioso significado e é aparentem ente “degradado” a um a referência à m aneira com o Jesus providencia a fuga físic a de seus discípulos?-’**’ A ú n ica resposta que satisfaz é aquela dada por Calvino, Lutero, Stalker, Evans, Lenski, entre outros. E la se resum e assim: se os discípulos, nesse m om ento, fossem presos pelos soldados e guardas do tem plo, isso teria sido um teste severo dem ais para sua fé. Eles não estavam prontos para essa prova extrem a, essa tortura. Jesus sabia disso. Daí, ele tom a providências para que não sejam presos. O bserve tam bém aqui a m esm a fórm ula “para que se cum prisse a palavra” é em pregada com relação ao dito de Jesus que em outro lugar é usado com referência aos autores inspirados do Antigo Testamento. A inferência legítim a é certam ente esta, que João considerava os ditos de Jesus com o sendo, em seu caráter infalível, no m esm o nível dos ditos dos profetas do Antigo Testamento. 10. Em seu orgulho e arrogância, Pedro escolhe não valer-se im e diatam ente da oportunidade de segurança física que Jesus lhe providenca. Temos aqui o superconfiante Sim ão de 13.37; ver sobre essa passagem . O que João nos conta nos poucos versículos seguintes tem seu paralelo nos Sinóticos (M t 26.51 -54; Mc 14.47; Lc 22.50,51). E n tão, Sim ão Pedro, que tinha um a espada curta, sacou-a e feriu o servo do sum o sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nom e do servo era M alco. E m bora esse incidente seja relatado nos quatro Evangelhos, so m ente João m enciona os nomes das duas pessoas que (além do próprio Jesus) figuram mais proem inentem ente nele. Quando João publicou seu 387. Quando W. F. Howard, The Interpreter’s Bible, p. 758, não faz nada mais do que escrever que a frase encontrada em 18.9 dificilmente faz justiça ao pensamento de 6.39 e 10.28, dificilm ente está fazendo justiça à frase.
JOÃO 18.10
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Hvangelho, não era m ais possível punir o atacante. Então, seu nome, e tam bém o nom e da pessoa atacada podiam então ser m encionados. O atacante era Pedro, que é aqui m encionado (e freqüentem ente no Quarto Evangelho) por seu nom e com pleto: Sim ão Pedro. Ver sobre 1.40-42. Encorajado provavelm ente pelo triunfo m aravilhoso de Jesus sobre os hom ens que vieram prendê-lo, grandem ente encorajado pelo espetáculo desses soldados e guardas que, um instante atrás, jaziam esparram ados no chão, e por sua própria gabolice anterior, a qual ele tin h a de d em o n strar, S im ão sacou da b ain h a su a espada curta (jiáxaipay).-’**** Seria esta um a faca com um a lâm ina de doze a quinze centím etros de com prim ento, para lim par peixe (com o sugerido por al guns), ou, quem sabe, a que era usada em conexão com a ceia da Páscoa? O mais provável é que fosse um tipo de adaga, o tipo de arm a que os soldados tam bém portavam . É difícil crer que em M ateus 26.47 o term o tivesse um significado (espada) e em 26.51, outro (faca). O arm am ento dos discípulos, aqui no pom ar de oliveiras, consistia de duas dessas espadas (Lc 22.38). Naturalm ente, Pedro levava um a delas. Ver sobre 13.9 e sobre 13.37. Com o podia ser diferente? Os discípulos tinham perguntado, “Senhor, atacarem os com a espada?” (Lc 22.49). O im pulsivo Sim ão não pôde nem ao m enos esperar pela resposta. Pedro, então, tendo sacado sua espada (para o verbo ver sobre 6.44), arrem eteu-se contra o (especialm ente designado) servo do sumo sacerdote, e - provavelm ente porque o servo rapidam ente pulou de lado - cortou sua orelha.’**'^ Tanto João quanto Lucas nos inform am que foi a orelha direita. O nom e do servo era M alco. Esse é o toque de um a testem unha ocular. O Quarto Evangelho é cheio desses detalhes. Ver, pp. 32, 33. Neste contexto, deve-se ter em mente que o autor era conhecido do sumo sacerdote (18.15). Não devem os estranhar, pois, que ele tam bém soubesse o nom e de seu servo. 388. Para uma discussão sobre esse termo e seu sinônimo (pojiijiKÍa), ver W. Hendrilcsen, More Than Conquerors, Grand Rapids, iVIich., 6“ ed., 1952, pp. 122, 126. 389. O diminutivo usado no original perdeu um pouco de sua força original de diminutivo. O significado resultante, pelo menos, não é pequeno lóbulo ou lóbulo na ponta da orelha, mas a própria orelha. Para o mesmo diminutivo, ver Marcos 14.47; para outra forma, ver Mateus 26.51; Lucas 22.51.
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JOÄO 18.11
11. Jesus, entretanto, disse a Pedro: Ponha a espada na b ai nha. Porventura não beberei o cáHce que o Pai m e deu? L ucas (o doutor Lucas, lem bre-se!) m enciona o fato de que Jesus tocou a orelha do servo e a curou (Lc 22.51). Jesus repreende severa m ente seu obstinado discípulo e lhe diz que pusesse sua espada na bainha (cf. Jr 47.6). As razões para essa ordem podem ser sum ariadas com o seguem; (1) A que é dada aqui, “porventura não beberei o cálice que o Pai me d eu?” A labuta no G etsêm ani estava finda. Jesus não m ais ora para que 0 cálice do m ais am argo sofrim ento e m orte eterna na cruz passasse dele (cf. M t 26.39). Ele está com pletam ente determ inado a bebê-lo (i.e., naturalm ente, seu conteúdo). E o cálice que o Pai (ver sobre 1.14) lhe deu. Portanto, o inimigo não deve ser posto a correr pela espada. O bom pastor deve entregar sua vida. Ele deve oferecerse voluntariam ente. O ato de Sim ão está em desacordo com essa de term inação. Cf. tam bém M ateus 26.54. (2) Jesus deve poder dizer a Pilatos; “M eu reino não é deste m un do. Se meu reino fosse deste mundo, m eus m inistros se em penhariam por mim, para que eu não fosse entregue aos judeus; m eu reino, porém, não procede dessa fonte” (18.36). (3) Se fosse da vontade de Jesus defender-se, ele tinha outros m ei os a seu dispor, por exem plo, m ais de doze legiões de anjos (M t 26.53). O ato precipitado e desajeitado de Pedro era inteiram ente desnecessá rio e dispensável. (4) “Todos os que lançam m ão da espada, à espada perecerão” (M t 2 6 .5 2 ). Antes de Jesus render-se a esse bando, ele antes usa essa oportu nidade para cham ar a atenção para o caráter covarde desse ignóbil e violento ataque contra ele, longe dos olhos do público e no meio da noite. Ele tam bém enfatiza que sua entrega é “de acordo com o plano” . Foi para que as Escrituras se cum prissem (M t 26.55, 56). D essa m a neira, essa entrega não foi, na realidade, rendição, de m odo algum. Ela foi vitórial Enquanto Jesus está sendo (ou está para ser) levado, os discípulos fogem apressadam ente. Um dos seguidores do M estre - não um dos
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doze um hom em que rapidam ente jo g arau m lençol sobre si, foi pego. Entretanto, ele larga o lençol na m ão de seu perseguidor, e foge nu. Para esses detalhes, ver M arcos 14.51, 52.
Síntese de 1 8 . I - 1 1 Ver o Esboço na p. 783. O Filho de D eus M orrendo com o Subs tituto de Seu Povo. A Prisão. Tendo deixado a casa, Jesus, na com panhia de onze discípulos, cru zou o ribeiro Cedrom . Isso nos lem bra a fuga de Davi diante de seu filho Absalão, mas há um a grande diferença: Jesus tinha total controle da situação. Ele não estava fugindo. Seu procedim ento foi totalm ente voluntário. Ele sabia que Judas o encontraria nesse lugar. E ntão foi para lá! O grupo que viera prendê-lo consistia do seguinte: a. Judas, o guia. b. O tribuno m ilitar (quiliarca) c. Os soldados da Torre A ntônia (provavelm ente na frente) d. A polícia do tem plo (talvez atrás dos soldados) e. Principais sacerdotes e anciãos (m em bros do Sinédrio, talvez m uitos deles). Ver Lucas 22.52. Esses provavelm ente se m antiveram mais ao fundo. Os soldados portavam espadas; a polícia, porretes. H avia tochas e lanternas. Com o profeta, Jesus foi para a luz e declarou-se; com o rei, ele reinou, levando o grupo a cair ao chão; com o sacerdote, ele protegeu os seus. Q uando Pedro dem onstrou, por m eio de um ato tem pestivo (de cepando a orelha do servo do sumo sacerdote) que não entendia a natureza do reino de Cristo, Jesus, por meio de palavras e ações, reve lou seu caráter espiritual. Jesus, então, perm itiu-se ser preso e m anietado (ver a próxim a seção). 12 Então, o destacam ento, seu com andante’“'" e os guardas dos judeus prenderam Jesus, o amarraram 13 e o conduziram primeiramente a Anás; pois 390. Literalmente: “e o quiliarca”.
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este era sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote naquele ano. 14 Ora, Caifás foi quem aconseliiara os judeus ser conveniente que um homem morresse pelo povo. 15 Ora, Simão Pedro estava seguindo Jesus, e o mesmo fazia outro discípu lo. E esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e ele entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. 16 Pedro, porém, permaneceu do lado de fora, em frente ao portão. Então o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdo te, saiu e falou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17 Então a criada, encarregada da porta, disse a Pedro: Porventura você não é também um dos discípulos desse homem? Ele disse: Não sou. 18 Ora, os servos e os guardas tinham feito um braseiro, porque estava frio, e estavam de pé se aque cendo. E com eles estava Pedro também, de pé, aquecendo-se. 19 Então o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca de seus discípulos e de seu ensino. 20 Jesus lhe respondeu: Eu tenho falado abertamente ao mun do. Eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus têm o hábito de se reunir, e eu nada disse em segredo. 21 Por que então me interroga? Pergunte aos que ouviram o que lhes falei. Evidentemente,^''' eles sabem o que eu disse. 22 E ao dizer essas coisas, um dos guardas que ali estavam deu um tapa no rosto de J e s u s , d i z e n d o : É desse modo que respondes ao sumo sacerdote? 23 Jesus lhe respondeu: Se falei mal, dê testemunho do mal; mas, se falei bem, por que me bate?^” 24 Então Anás o enviou, manietado, a Caifás, o sum o sacerdote. 25 Lá estava Simão Pedro, aquecendo-se. Então lhe disseram: Porventura você não é um de seus discípulos? Ele negou e disse: Não sou. 26 Um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro decepara a orelha, disse: Eu não o vi no jardim com ele? 27 Entretanto, Pedro de novo o negou, e, no mesmo instante, um galo cantou. 28 Então eles levaram Jesus de Caifás para a residência do governador Era cedo de manhã; e para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa, eles próprios não entraram na residência do governador. 29 Então Pilatos saiu para falar-lhes e disse: Que acusação vocês apresentam contra este homem? 30 Eles responderam e lhe disseram: Se este homem não fosse um malfeitor, não lho e n t r e g a r í a m o s . 31 Pilatos lhes disse: Tomem-no vocês mesmos e ju l guem-no segundo sua própria lei. Os judeus lhe disseram: Não temos o direito de executar ninguém. 32 (Isso aconteceu) para que se cumprisse a palavra de Jesus, significando o modo como ele havia de morrer. 33 Então Pilatos entrou novamente na residência do governador, chamou Jesus e lhe disse: Tu és o rei dos judeus? 34 Jesus respondeu: Você mesmo está dizendo isso, ou outros lho disseram a meu respeito? 35 Pilatos respondeu: 391. 392. 393. 394.
Literalm ente, “veja!” Literalmente, “deu um soco em Jesus”. ID e IB; ver Introdução, pp. 60, 62 e 60, 61. IIC; ver Introdução, pp. 62, 63.
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Porventura eu sou judeu? Tua própria nação e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. O que fizeste? 36 Jesus respondeu: Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus ministros se empeniiariam^''^ por mim, para que eu não fosse entregue aos judeus;’^'’ mas agora meu reino não provém desta fonte. 37 Então Pilatos lhe disse: Então tu és um rei? Jesus respondeu; Você mesmo diz que eu sou um rei. Pois para esse propósito eu nasci, e para isso vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve minha voz. 38 Pilatos disse: O que é a verdade? Tendo dito isso, voltou aos judeus e lhes disse: Eu não vejo nele crime algum. 39 Mas é costum e’“" entre vocês que eu solte alguém por ocasião da Páscoa. Então querem que eu solte o rei dos judeus? 40 Eles gritaram, mais um a vez, dizendo: Não este homem, mas Barrabás. Ora, Barrabás era um salteador
18.12-40 12. A ssim , 0 d estacam en to, seu com an d an te e os gu ard as dos judeus prenderam Jesus e o am arraram . Finalm ente o destacam ento de soldados e guardas do tem plo (gen tios e judeus; cf. At 4.27) entram em ação. O hom em que, ao que tudo indica, estava no com ando da com panhia inteira (não apenas dos solda dos), é agora m encionado pela prim eira vez. Ele era um quiliarca, literalm ente: “com andante de m il” ; mas o term o é usado aqui num sen tido secundário, para indicar o tribuno m ilitar rom ano que era o h'der do destacam ento (cf. At 21.31 -33,37; 22.24-29; 2 3 .1 0 ,1 5 ,1 7 -1 9 ,2 2 ; 24.7, 22; 25.23; ver, entretanto, tam bém M c 6.21; Ap 6.15; 9.18). À sua ordem , alguns soldados prenderam Jesus. O verbo em pre gado é o term o técnico para indicar um a prisão oficial (cf. M t 26.55; M c 14.48). Ao fazer isso, eles de fato se apoderaram dele e o m anieta ram. Ele, aquele que tinha de vir ao m undo para trazer liberdade, e à parte de quem a liberdade é absolutam ente im possível (ver sobre 8.3136), foi ele m esm o amarrado. Entretanto, ele foi am arrado a fim de que pudéssem os ser livres de nossos pecados. O fato de o destacam ento e seu com andante serem m encionados prim eiro, provavelm ente indique que tom aram parte na liderança dessa ação de prender e atar Jesus. Isso é tam bém o que teríam os esperado. 395. Ou: “lutariam ”. 396. IIA; ver Introdução, p. 62. 397. Sobre Iva ver Introdução, pp. 66, 67, 80.
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13. E 0 conduziram prim eiram ente a Anás; pois era sogro de C aifás, que era o sum o sacerdote naquele ano. Os soldados e a polícia do templo levaram Jesus, manietado, a Anás. A opinião mais com um (tam bém entre os com entaristas) é que Jesus foi levado a Anás para um interrogatório prelim inar. Entretanto, nada m enos que um a autoridade, o Dr. F. W. Grosheide, autor de um dos m elhores trabalhos sobre o Quarto Evangelho, está entre aqueles que se opõe a esta conclusão. Ele apresenta seus argum entos em K om m entaar op het N ieuw e Testament, Vol. II, p. 449 (tam bém p. 454, nota 1). Em sua opinião, não houve nada do gênero de um interrogató rio prelim inar perante Anás. O julgam ento registrado em 18.19-23 se passou perante Caifás; não houve um interrogatório prelim inar perante Anás. Essa é tam bém a posição de A. Edersheim , The Life and Times o f Jesus, The M essiah, Volume II, p. 548. O argum ento m ais contundente em favor dessa posição é aquela derivada de um a com paração entre os versículos 13, 14 (juntos), e o 19: “E 0 conduziram prim eiram ente a Anás; pois era sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote naquele ano. Ora, Caifás era quem acon selhara aos judeus ser conveniente m orrer um hom em pelo povo” (vs. 13, 14). O que segue diz respeito a Sim ão Pedro, sua prim eira negação (vs. 15-18). O versículo 19 afirma: “Então, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca de seus discí pulos e seu ensino.” Cf. tam bém os versículos 15 e 16: “o sumo sacer dote.” Quem, pois, era esse sumo sacerdote por quem Jesus foi exam ina do? A resposta pareceria certam ente ser, “Caifás, sem dúvida, pois ele é 0 único a ser distintam ente cham ado sumo sacerdote nos versí culos anteriores” . Portanto, não surpreende absolutam ente, por essa razão (e por ou tras razões que não são tão fortes, até onde podem os ver), a teoria de que não houve interrogatório prelim inar perante Anás seja favorecida por alguns com entaristas. Contudo, quando respeitosam ente discordam os é porque conside ramos 18.24 um obstáculo insuperável à sua aceitação. (A propó sito, deveria observar-se que não existe evidência algum a em apôio da
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idéia sustentada por alguns de que teria havido um deslocam ento do texto, aqui ou no versículo 24 - que alguns colocam im ediatam ente depois do versículo 14 - ou em qualquer outro lugar no capítulo.) Presum indo, por am or ao argum ento, que o sum o sacerdote (pe rante quem o julgam ento registrado nos versículos 19-23 foi efetuado) era Caifás, que significado inteligível pode alguém atribuir ao versículo 24, que registra o que aconteceu no fin a l desse julgam ento? Lem os; “Então Anás o enviou, m anietado, à presença de Caifás, o sumo sacerdote.” Certam ente, um prisioneiro que estivera diante de Caifás durante os versículos 19-23 não pode ser agora enviado a Caifás! O versículo 24, conform e o óbvio significado das palavras, presum e como certo que o julgam ento dos versículos 19-23 ocorreu p era n te Anás, e que é este Anás que agora envia o prisioneiro a Caifás. Não vemos com o se poderia escapar a esta conclusão. C ontudo, têm -se feito tentativas para fugir desse fato. P or exem plo, existe a tradução encontrada na A.V. “Ora, Anás o enviara m anietado a C ai fás, 0 sumo sacerdote.” E verdade que no original o tem po aoristo (en viado) é usado algum as vezes onde em pregaríam os o m ais-que- perfei to (enviara), mas na situação presente isso é im provável, com o será explicado na nota.^“** 398. O original traz àuéoxtiA.eu' oiüu' amóv. A evidência textual é forte a favor de oSi'. Isso pareceria tirar do argumento de Edersheim um pouco de sua força. Qual é, exatamente, o significado de o í j v aqui? O Dr. J. R. Mantey escreveu sua tese de doutorado sobre esta conjunção: “The Meaning of oiüv in John's writings”. Ele distingue quatro significados: a. dedução (portanto, conseqüentemente)-, b. continuativo (agora, então)-, c. enfático (estar certo, de fato. acima de tudo)', e d. adversativo (entretanto). Está claro a partir do próprio contexto que apenas a. e b. são possíveis aqui, e que das duas b. é o mais natural. Porém, mesmo assim, a conjunção não pode ser tomada no sentido de agora (que é uma das possibilidades do continuativo) seguida do pretérito perfeito, como se introduzindo um tipo de idéia parentética, uma observação tardia? Então não poderia a versão de A.V. (Ora Anás o tinha enviado ...) estar correta, no final de contas? Não poderia João dizer isto: “Existe uma coisa que eu ainda não deixei claro. Portanto, devo fazê-lo agora” (cf. G roshei de, op. cit., p. 457). Mas a essas observações posteriores no Quarto Evangelho ou falta uma partícula, ou tem 5e, como no seguinte: 1.38; 6.71; 11.2; 11.51; 18.2b; 18.10b; 18.14; 18.18 (quatro casos exatamente aqui no capítulo 18); c f também 4.54. Então, a única tradução razoável, assim nos parece, é a favorecida pelo autor da tese doutorai a que nos referimos acima. O Dr. M antey oferece a tradução: “Então Anás o enviou manietado a Caifás, o sumo sacerdote” . Ver também H. E. Dana e J. R. Mantey, A M anual G ram m ar o f the Greek New Testament, N ova York, 1950, p. 254. Tradução
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Isso, entretanto, ainda nos deixa com o problem a de explicar com o (em vista dos vs. 13, 14) o sumo sacerdote, ao qual o versículo 19 se refere, pode ser Anás? A solução provavelm ente não é tão difícil. Nas quatro referências que o Novo Testam ento faz a Anás ele é p o r duas vezes cham ado sumo sacerdote, e esse título lhe é aplicado, em bora fosse m uito bem conhecido do autor inspirado que ele não era m ais o sumo sacerdote em exercício. Observe: Lucas 3.2: “durante o sumo sacerdócio de Anás e Caifás, a pala vra de Deus veio a João” . Atos 4.6: “E Anás, o sumo sacerdote, estava lá, e C aifás..” As únicas outras referências a Anás estão justam ente neste capítu lo: João 18.13, 24. João, que provavelm ente presum e que os leitores leram anteriorm ente os Evangelhos (ver pp. 49-52), presum e que eles sabem que Anás ainda era cham ado sumo sacerdote. Sua principal idéia aqui no versículo 13 era que o grupo levou Jesus a Anás. O resto (no v. 13 e todo o v. 14) é secundário. N a verdade, é im portante, mas não de im portância primordial. Ele sim plesm ente dá a razão pela quat Jesus foi levado perante Anás, isto é, porque ele era o sogro do (perm anecia em estreita conexão com o) sumo sacerdote daquele ano. Isso é seguido por um a observação parentética sobre o genro de Anás. A idéia principal é ainda que Jesus foi levado prim eiro a Anásl Que o leitor não com ece a pensar que o julgam ento sobre o qual ele leu nos outros Evangelhos, ou seja, o julgam ento perante Caifás, foi o único. Não, prim eiro João diz que Jesus foi levado perante Anás! E ntão o leito r espera que João diga algum a coisa sobre o julgam ento. E ele o fa z nos versículos 19-23. Quem era esse Anás? As fontes principais que nos ajudam a for m ar um a opinião sobre o hom em são as seguintes: Lucas 3.2; Atos 4.6; João 2.14-16 (cf. M t 21.12, 13); 18.13, 24; Josefo, Antiquities o f the Jews, XV III, ii, 2; XX, ix, 1,2; Talmud, Pes. 57a. C om binando todas essas inform ações, obtém -se o seguinte quadro: sem elhante é encontrada na R.S.V.; e também a da nova versão em holandês: “Annas dan zond Hem geboeid naar Kajafas, den hogepriester”. E a diferença entre esta e a tradução encontrada na A.R.V. não é grande: “Portanto, Anás o enviou amarrado a Caifás, o sumo sacerdote”.
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Anás (ou Ananus, com o Josefo o cham a; o nom e é do hebraico Ananias, que significa Jeová é gracioso) tinha sido nom eado sumo sacerdote p o r Quirino no ano 6 d.C., e foi deposto por Valério Gratus, cerca de 15 d.C. Em bora deposto, ele perm aneceu p or um longo perío do de tem po com o o espírito governante do Sinédrio. Ele era o m em bro dom inante da m áquina hierárquica judaica. Desde esses dias, tem exis tido algum as “m áquinas” sem elhantes. G eralm ente, para tom ar-se o cabeça virtual de um a delas, é preciso que a pessoa seja m anipuladora e esperta. Anás era um hom em desse tipo. Cinco filhos (Eleazer, Jonatã, Teófilo, M atias, e Ananus), um genro (Caifás) e um neto o seguiram no sum o sacerdotalism o. Quando Anás foi deposto, alguém que não era de sua fam ília o sucedeu, mas quase im ediatam ente depois um filho de Anás foi nom eado. Depois de outro intervalo, o genro de Anás (C ai fás) recebeu o título. Ele era o sumo sacerdote nesse momento. Em seguida, o cargo seria dado a um segundo filho de Anás; depois a um terceiro; e depois de ainda outro breve intervalo a um quarto; e depois de m uitos outros serem experim entados, a um quinto filho. D essa m a neira, durante todo o período do m inistério de Cristo, e por um longo tem po depois, Anás era o hom em responsável, em grande escala, pelas ações do Sinédrio judaico. Alguém mais poderia ser o oficial encarre gado do Sinédrio, mas Anás era o hom em que deliberava. Pode-se im aginar com o, quando um sacerdote aparecia com um plano ou um a idéia, e o apresentava, outro im ediatam ente perguntava, “Isso já foi discutido com A nás?” Ele era muito orgulhoso, extrem am ente am bicioso e fabulosam ente rico. Sua fam ília era notória pela ganância. A principal fonte de sua riqueza parece ter sido proveniente, em grande parte, do preço dos sacrifícios de anim ais, que eram vendidos no Pátio dos Gentios. Ver sobre 2.14. P or meio dele, a casa de oração se tornara um covil de ladrões. Até o Talm ude declara: “Ai da fam ília de Anás! Ai dos que sibilam com o serpente!” (provavelm ente os cochichos de Anás e dos m embros de sua família, buscando subornar e influenciar os juizes). João acrescenta que A nás era o sogro de Caifás! E, em caráter, esses dois eram gêm eos. Ver sobre 11.49, 50 para um a descrição do caráter de Caifás. Dessa m aneira, de Anás Jesus podia esperar o m es mo tipo de tratam ento que receberia de seu genro. Que Anás faça um
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exam e prelim inar no caso de Jesus. Ele provavelm ente seria capaz de dar uns bons (?) conselhos a seu genro. Enquanto isso, haveria um a oportunidade de reunir os m em bros do Sinédrio, tantos quantos pudes sem ser reunidos àquela hora da noite! 14. Ora, Caifás foi quem aconselhara aos judeus ser conve niente que um hom em m orresse pelo povo. A intenção dessa ob servação parentética é esta: Caifás estava já tram ando a m orte de Cristo por um longo tem po. Seu sogro, o poder de fato por trás do trono, iria cooperar entusiasticam ente. N a verdade, ele pode até ter sido o insti gador. Com respeito a Caifás, ver tam bém sobre 11.49, 50. Aqui 0 relato deixa Jesus por um pouco de tem po, enquanto é leva do perante Anás, e retom a a Pedro (ver sobre 13.36-38). 15. E Sim ão Pedro estava seguindo Jesus, bem com o outro d iscíp u lo . E sse d iscípu lo era con h ecid o do sum o sacerd ote, e ele entrou com Jesus no pátio do sum o sacerdote. A história da negação de Pedro é contada nos quatro Evangelhos. É im portante ver como esses vários relatos, que diferem em tantos detalhes, mas nunca entram em contradição, se harm onizam . Um fato deve ser bem entendido: não só M ateus (26.34), M arcos (14.30) e L u cas (22.34), mas tam bém João (13.38) definitivam ente esperam três negações. Então, quando João parece não ter nada que corresponda à negação que pelos outros é contada como a segunda, som os levados a concluir que, ou 1. Que ele relata som ente as que são consideradas com o a prim eira e a terceira negações, e sim plesm ente presum e que os leitores (já fam i liarizados com o relato das negações pelos Sinóticos) não precisam de m ais inform ação sobre a segunda; ou 2. Q ue ele tam bém relata três negações, mas as conta de form a diferente, separando em duas negações o que pelos outros é considerada a terceira negação. No último caso, o que é apresentado pelos outros como a terceira negação é por João contado como a segunda e a terceira. Pode-se dizer algum a coisa em favor das duas teorias. A prim eira é preferida por Lenski.’''’^'’ Ela pode ser a correta. Não tem os com o saber. 399, Ver seu comentário, p, 1184.
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Contudo, se tiver que fazer um a escolha, nos inclinam os a favorecer a segunda dessas alternativas, e isso pelas seguintes razões: a. João registrou o fato de que Jesus predisse três negações (13.38). Bntão ele levou o leitor a esperar que as três negações fossem descri tas, em cum prim ento das predições. b. N essa expectativa, o leitor não é desapontado. O bserve com o o Quarto Evangelho relata as negações: “Ele disse, Não sou” (18.17). “Ele negou e disse, N ão s o u ” (18.25). “Pedro, entretanto, de novo negou” (18.27). Isso significa que P e dro disse novam ente, “Não sou”, ou algo parecido. Não seria natural, pois, que o leitor visse nessas três declarações não duas, nem quatro - “Não sou” o cum prim ento da predição com referência às três negações? Em bora admitindo que a prim eira teoria seria a correta, devemos, pelas razões dadas, proceder sobre a premissa de que a segunda é corre ta. Quanto ao material, não há conflito de nenhum tipo. Todos os relatos (seja em João ou nos Sinóticos) são totalmente inspirados e sem erro. Sugerim os a seguinte concordância: Prim eira Negação: M ateus 26.58, 69, 70; M arcos 14.54, 66-68; Lucas 22.54-57; e João 18.15-18. Segunda N egação (Segundo M ateus, M arcos e Lucas): M ateus 26.71, 72; M arcos 14.69, 70a; Lucas 22.58; ausente em João Terceira negação (segundo M ateus, M arcos e Lucas): M ateus 26.73-75; M arcos 14.70b-72; Lucas 22.59-62; João 18.25 (a segunda negação, conform e contada por João); 18.26, 27 (a terceira negação, conform e contada por João).
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Quando Jesus predisse que Pedro iria negá-lo três vezes, ele segu ram ente não quis dizer que exatam ente três vezes (e não mais) Sim ão diria; “Eu não conheço o hom em ”, ou algo sem elhante. Houve de fato três diferentes situações em conexão com as quais Pedro negou o Mestre, três e não mais. M as a última, enquanto diversas pessoas estavam falando, um acusador, um parente de M alco, atrai especialm ente a aten ção. Então, 0 autor do Quarto Evangelho a escolhe para um a m enção separada, dessa m aneira dividindo a terceira negação (dos outros E van gelhos) em duas negações. Pode-se perguntar, “Por que João faz um relato tão detalhado das três negações, em bora estas já tivessem sido relatadas anteriormente pelos escritores dos Evangelhos?” A resposta provavelm ente seria; (1) Seu Evangelho irá trazer um relato da restauração de Pedro. Então, a razão para a necessidade dessa restauração deve ser com ple tam ente registrada. Além disso, ninguém deveria poder dizer, “Este Evangelho encobre o pecado de Pedro” . (2) O discípulo am ado provavelm ente sentiu que ele próprio era parcialm ente responsável pela queda de Pedro, pois fora ele quem le vara Pedro para dentro do pátio! Sendo um hom em muito humilde, João quer que seus leitores saibam disso, de modo que a culpa não recaia inteiram ente sobre Pedro. (3) De todos os apóstolos, som ente João tinha voltado com Pedro ao palácio do sumo sacerdote. Então, ele pôde fornecer alguns detalhes que os outros não puderam. Em bora todos os discípulos tivessem fugido, dois logo voltaram e com eçaram a seguir o destacam ento que estava levando Jesus ao palá cio do sumo sacerdote. A inda am edrontado, Pedro estava seguindo (tem po im perfeito) a um a distância considerável (M ateus, M arcos e Lucas). C om ele, estava alguém que é sim plesm ente cham ado outro discípulo. Q ue essa pessoa não identificada não era outro senão o autor do Quarto Evangelho, tentam os provar (pp. 13-49). O “outro discípulo” (João) era conhecido - em bora não necessa riam ente de form a íntim a - do sumo sacerdote. Com o Anás (ver sobre o V. 13), - e portanto provavelm ente tam bém seu genro - conhecia João perm anece um mistério. Teorias - tais com o, que João era um
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parente distante, ou que a firm a de seu pai entregava peixe no palácio do sumo sacerdote (opinião de Nonnus, um estudioso egípcio, cerca de 400 d.C.) - não passam de especulações. É, não obstante, im portante ter em m ente o fa to em si (que João era conhecido do sum o sacerdo te). Ver tam bém sobre 18.10. Isso explica por que, sem dificuldade, João - que, tendo a essa hora recobrado sua coragem , tinha dim inuído a distância entre ele e o grupo - e entrado com Jesus no pátio do sum o sacerdote. Não se sabe ao certo se o term o auÄrj, com o usado aqui (ver tam bém sobre 10.1, 16), indica o palácio inteiro (um significado que, se gundo J. H. M oulton e G. M illigan, op. cit., p. 92, não conta com o apoio de papiros) ou se refere ao pátio descoberto que havia ao redor da casa oriental ou palácio. É claro entretanto, que pelo m enos em M ateus 26.69; M arcos 14.66; e Lucas 22.55 ele deve referir-se ao pátio desco berto. M as onde ficava esse pátio? Que era na casa de Caifás está clara m ente im plícito em M ateus 26.57, 59. Que fica, não obstante, tam bém no palácio ocupado por Anás, parece claro pela com paração entre essa passagem de M ateus com João 18.13, 15,24. O leitor deve ver isso por si m esm o, a fim de apreciar o problem a. Então, im prim im os as duas referências em colunas paralelas: M ateus 26.57,58:
João 18.13,15,24:
“E os que prenderam Jesus o levaram à casa de Caifás, o sum o sacerdote, onde se haviam reunido os escribas e os anciãos. M as Pedro o seguiu a um a considerável distância, até o pátio do sumo sacerdote ...”
“E o conduziram primeiramente a Anás, pois era sogro de Caifás, que era o sum o sacerdote na quele ano... E Sim ão Pedro estava seguindo Jesus, bem com o outro discípulo. Esse discípulo era conhecido do sum o sacerdote, e ele entrou com Jesus no pátio do sum o sacerdote... Então, Anás o enviou, m anietado, a C aifás, o sumo sacerdote.”
Não é m uito natural (cf. M. Dods, op.cit., p. 848) presum ir que esses dois parentes próxim os (Anás e seu genro) que, além do mais.
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eram alm as afins - eram do m esm o tipo! - m orassem no m esm o palá cio? A despeito de todas as objeções que se têm apresentado contra este ponto de vista, ainda acreditam os ser esta a solução m ais natural. Provavelm ente um a ala do palácio era ocupada por Anás, e a outra por Caifás. E sta é tam bém a conclusão a que chegou A. Sizoo Uit De Wereld van het N ieuwe Testament, pp. 81, 82. Que um palácio desse tipo, ocupado pela pessoa m ais im portante de toda a Judéia, teria um a sala ou um salão suficientem ente grande para acom odar um a grande assem bléia, pode ser tom ado com o certo. U m prisioneiro podia facil m ente ser enviado de um a ala a outra, através do pátio.
16. Pedro, porém , ficou de fora, em frente ao portão. E ntão o outro d iscípu lo, que era con h ecid o do sum o sacerd ote, saiu e falou com a encarregada do portão, e levou Pedro para dentro. Parece que Pedro não era conhecido do sumo sacerdote nem de seus criados. Então, ele ficou de fora esperando, em bora João já tives se entrado. O que segue não dá para ser entendido a não ser levando em consideração o m odo com o era construído um palácio ou um a casa oriental abastada. U m a casa dessas dá para dentro de seu próprio inte rior, isto é, seus côm odos são construídos ao redor de um pátio aberto. U m a passagem em arco conduz da entrada exterior, que pode ser um a porta ou um portão, para seu pátio interior. N esta passagem existe um lugar (em algum as casas é um a pequena sala) para o porteiro. A lgu mas vezes, com o tam bém no presente caso, o pátio é m ais baixo que as salas arranjadas em volta dela (ver M c 14.66: “Pedro estava embaixo, no pátio”). Não é de todo impossível que a sala para a qual Jesus foi levado tivesse um tipo de galeria, da qual o que acontecia no interior podia ser ouvido e visto do pátio.''“ Entretanto, essa teoria tem encon trado objeções. Poder-se-ia perguntar, “Porventura o barulho da con versa dos hom ens que estavam no pátio não incom odaria os sacerdotes que conduziam o julgam ento?” Quando João foi admitido pela criada da porta, ele obteve adm issão 400. Isso é sugerido por A. Sizoo, Uit De Wereld van het Nieuwe Testament, Kampen (2“ ed.) 1948, p. 82. Ele se refere a Lucas 22.61, que indica que Jesus, depois de ouvir as palavras de Pedro na terceira negação, se virou e olhou para ele. (Pode-se acrescentar Mt 26.58). Mas é possível que exatam ente nesse momento Jesus estivesse sendo levado através do pátio e que, por essa razão, ele pôde ouvir (e olha para) Pedro.
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para Pedro tam bém . João “falou com a criada, encarregada do por tão”. Aparentem ente, não apenas o sumo sacerdote, mas tam bém seus criados (essa m oça e M alco) conheciam João e eram conhecidos por ele. Assim sendo, eles deviam saber que ele era um seguidor de Jesus (ver sobre o v. 17). M as parece que no caso de João não fora aplicada a restrição da regra m encionada em 9.22. Provavelm ente o Sinédrio havia relaxado de algum a m aneira, por pensar: “Assim que Jesus for descartado seus discípulos abandonarão seus ensinam entos.” Somos inform ados pelo livro de Atos que, quando isso não aconteceu, a perse guição foi increm entada com vigor extraordinário. João, ao obter a adm issão de Pedro, com eteu um erro trágico, como é m ostrado nos versículos seguintes: 17. E ntão a criada, encarregad a do p ortão, disse a Pedro: Porventura você não é tam bém um dos discípulos deste hom em ? Ele disse: Não sou. O que aconteceu a João não é relatado. Ele provavelm ente cruzou 0 pátio e entrou na sala (ou “salão de audiência”) para o qual Jesus fora levado. N esse ínterim, os hom ens que tinham levado Jesus para o palá cio do sumo sacerdote e para o salão de audiência tinham term inado sua tarefa. Para eles (provavelm ente com um as poucas exceções, cf. 18.22) não era mais necessário perm anecer na presença im ediata do prisioneiro, a fim de evitar sua fuga (como se isso fosse necessário!). A m aioria dos soldados tinha provavelm ente voltado à fortaleza Antônia. Q uanto aos servos do palácio e os guardas do tem plo (policiais), estes a essa hora haviam entrado (ou reentrado) no grande pátio, onde, por causa do frio, tinham acendido um braseiro (18.18; cf.M c 14.54; Lc 22.55). Pedro, tendo entrado na passagem que levava do portão para o pátio, sentia-se bastante incom odado. D eve-se ainda lem brar que foi ele quem tinha ferido o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a ore lha! Ver sobre 18.10. Pode ter sido essa a razão pela qual ele não se atreveu a acom panhar João até o m ais interior. Ou pode ter sido por outras razões. Então ele entrou no pátio, e se sentou no meio dos servos e oficiais (Lc 22.55). Ao que parece, no instante em que Pedro entrou, a criada da porta
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ria suspeitou dele. O próprio fato de o haver adm itido a pedido de João parecia indicar que Pedro tam bém devia ser um discípulo de Je sus. O fato de ele não ter conseguido entrar na sala de audiência, e o m al-estar geral que acom panhava seus m ovim entos e que podia ser lido em seu sem blante, confirm avam as suspeitas dela. Então, ao ser rendida por outro porteiro, ela chegou um pouco m ais perto e fixou seus olhos em Pedro, estudando-o por um bom tempo (Lc 22.56). Então, parando bem diante dele, e olhando-o de m odo penetrante, ela disse: “Porventura você não é tam bém um dos discípulos deste hom em ?” Parece ter havido um a ponta de m alícia em sua voz, como, inclusive, a form a da pergunta parece indicar. A pergunta foi feita de m aneira tal que se esperava um a resposta negativa.'^^' M as isso era um a ironia: ela era esperta. Em seu coração ela estava absolutam ente convencida de que Pedro era, de fato, um discípulo de Jesus. Pedro, chocado pela pergunta ousada e inesperada, à qual ele tinha de dar um a resposta im ediata, foi pego de surpresa. A pesar de todos seus protestos rasgados de poucas horas atrás (ver sobre 13.37), ele fica aterrado. “Não sou”, ele diz sem pensar. Será que ele não tinha levado a sério a adm oestação registrada em M ateus 26.41 (cf. Mc 14.38)? 18. Ora, os servos e os guardas tinham acendido um b rasei ro, p o rq u e estava frio, e estavam ali de pé, aq u ecen d o -se. E Pedro estava de pé no m eio deles, aquecendo-se tam bém . A m aior parte disso foi explicado em conexão com o versículo 17; ver sobre essa passagem . Ver tam bém sobre 18.13, nota 397. É verda de que M ateus 26.69 (Mc 14.54; Lc 22.55) retrata Pedro com o senta do com os oficiais, enquanto João diz que ele estava de p é com eles. Isso certam ente não é necessariam ente um a contradição. N ão seria razoável presum ir que, depois de ter ficado sentado por um pouco de tem po, ele tivesse se levantado? Talvez no m om ento em que a porteira. 401. Lenski afirma que a pergunta espera uma resposta positiva, op. cit., p. 1173. Mas isso é contrário à regra que se aplica aos casos em que a partícula é usada. C. B. W illiams, The New Testament, A Translation in the Language o f the People, Chicago, 1949, traduz conetam ente. Isso está em harmonia com A. T. Robertson, Word Pictures, Volume V, p. 287; F. W. Grosheide, op. cit., p. 453. A nova versão holandesa traduz muito precisamente: “Gij behoort toch niet tot de discipelen van dezen mens?”
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de seu lugar na arcada olhou para ele, então - um hom em de ação tivesse levantado. Podem os seguram ente presum ir que depois de sua prim eira negação ele perm aneceu de pé um pouco de tem po, procuran do um a saída para escapar. Então andou em direção da arcada. O que aconteceu aqui (com o relatado pelos Sinóticos, a segunda negação) é relatado em M ateus 26 .71,72 e paralelos. Q uando João retom a a histó ria da negação de Pedro, ele está novam ente no pátio, de pé e se aque cendo tal com o antes (ver sobre 18.25). 19. E ntão 0 sum o sacerd ote in terrogou a Jesu s acerca de seus discípulos e de seu ensino. O sumo sacerdote aqui é provavel mente Anás (ver sobre o v. 13). Pela com binação dos relatos dos E van gelhos fica claro que Jesus tinha sido subm etido a dois julgam entos. O prim eiro foi cham ado eclesiástico', o segundo, c/v//.“'“ O prim eiro con tinha três estágios, com o tam bém o segundo. Podem os distinguir com o segue:
1. Julgamento ‘‘Eclesiástico” a. A udiência Prelim inar perante Anás, enquanto Pedro, “no pátio do sum o sacerdote”, negava o M estre. Para a audiência, ver João 18.1924 (o parágrafo presente); para esta negação, ver 18.15-18. A segunda negação - segunda de acordo com os Sinóticos - não é registrada no Quarto Evangelho, mas (da m esm a form a que a prim eira) deve ter ocorrido durante o julgam ento de Cristo perante Anás. Entre a prim eira e a segunda negações ocorreu um pequeno intervalo de tem po (Lc 22.58); entre a segunda e a terceira (de acordo com os Sinóticos), se passou cerca de um a hora (Lc 22.59). b. A udiência perante Caifás e “todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas” (M c 14.53). E la se deu “na casa do sumo sacerdote” (Lc 22.54). Esse julgam ento é relatado em M ateus 26.5768; M arcos 14.53-65 (cf. Lc 22.54, 63, 64). D urante esse julgam ento, ocorreu a que foi considerada pelos Sinóticos com o a terceira (por João com o segunda e terceira) negação. O lugar era, com o na prim eira nega402. Essa é a terminologia empregada por diversos autores, dentre os quais J. Stalker, The Trial and Death o f Jesus Christ, Nova York, 1894, p. 16. Outros: “Tried by the Jews, tried by the G enti'es”; ou “Before Caiphas, Before Pilate”, Objeções podem ser apresentadas contra cada im desses títulos.
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ção, “o pátio do sum o sacerdote” (como está claro pela com paração de 18.15, 18 com 18.25). Para essa negação, ver M ateus 26.73-75; M ar cos 14.70b-72;Lucas 22.59-62; João 18.25 (como João relata, a segun da negação); 18.26, 27 (como João relata, a terceira negação). Esse julgam ento perante Caifás e os m em bros do Sinédrio o qual ele presidiu e deve ter term inado por volta (ou um pouco antes) das três horas da manhã, na sexta-feira. c. Julgam ento perante Caifás e o Sinédrio (portanto, o m esm o texto de b. acima) um pouco antes de raiar o dia (Lc 22.66). É registra do em Lucas 22.66-71; cf. M ateus 27.1; M arcos 15.1.'*“
2. Julgamento ‘‘Civil" a. Julgam ento p erante Pilatos b. Jesus perante Herodes (Lc 23.6-12) c. Julgam ento p erante P ilatos retom ado No Quarto Evangelho, o julgam ento perante Pilatos se encontra na seção 18.28-19.16. Retornando agora ao prim eiro estágio do julgam ento perante os judeus, ao qual atribuím os o nom e Audiência Prelim inar D iante de Anás, não deve escapar à nossa atenção que João de propósito salta da história da negação para o julgam ento, e depois novam ente para a ne gação. Ele faz isso a fim de m ostrar que, em conexão com ambos, Jesus sofreu intensam ente. Ele sofreu por ter sido negado. Ele sofreu tam bém por estar sendo julgado com o se fosse um crim inoso. Entre os dois (negação e julgam ento) houve este contraste: enquanto Pedro n e gava, Jesus confessava a verdade! Para aquele absolutam ente sem pecado sujeitar-se a um julgam en to conduzido por hom ens pecadores era por si só um a profunda hum i lhação. Ser julgado por tais hom ens, sob tais circunstâncias, tornava isso ainda infinitam ente pior. O ganancioso, víbora e vingativo Anás (ver sobre 18.13); o rude, ardiloso e hipócrita C aifás (ver sobre 11.49, 50); o astuto, supersticioso e interesseiro Pilatos (ver sobre 18.29); e o imoral, ambicioso e superficial Herodes An tipas: esses eram seus juizes! 403. O lugar onde ele foi conduzido é controverso. Ver S. Greydanus, H et Heilig Evange lie naar de Beschrijving van Lukas (in Kommentaar op het Nieuwe Testament), Amsterdã, 1941, Vol. II, p. 1106.
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N a realidade, todo o julgam ento foi um a farsa. Foi um julgam ento fraudulento. Não havia qualquer intenção de dar a Jesus um julgam ento justo, para descobrir, de acordo com a leis das evidências, se as acusa ções contra ele eram justas ou infundadas. Nos anais da jurisprudência, jam ais aconteceu um a paródia de justiça que fosse m ais chocante do que essa. Além do mais, a fim de chegar a esta conclusão não é neces sário fazer um estudo exato de todos os pontos técnicos com referência à lei judaica daquele tempo. Tem sido enfatizado por vários autores que 0 julgam ento de Jesus foi ilegal de m uitas form as, tais com o segue: a. Julgam entos que pudessem resultar em pena de m orte não eram perm i tidos durante a noite. No entanto, Jesus foi julgado e condenado entre um a e três horas da m anhã da sexta-feira. b. A prisão de Jesus foi feita com o resultado de suborno, ou seja, dinheiro de sangue, que Judas re cebeu. c. Jesus foi solicitado a se auto-incriminar. d. Nos casos de pena capital, a lei judaica não perm itia que a sentença fosse pronunciada até o dia seguinte àquele em que o acusado foi condenado. Esses e outros pontos da lei têm sido m encionados repetidas vezes e usados com o argumentos para provar a ilegalidade de todo o procedi mento contra Jesus de Nazaré. Tentativas de refutá-las tam bém têm sido feitas.'"’'* Porém , para qualquer pessoa com senso de justiça, deve ser claro de im ediato que todos esses detalhes técnicos não passam de detalhes. Eles não tocam o âm ago do problem a. O ponto principal é nada m enos que isto: havia sido decidido há m uito tempo que Jesus tinha de ser morto (ver sobre 11.49, 50). E a razão p o r trás dessa decisão era a inveja. Os líderes judaicos sim plesm ente não podiam tolerar o fato de que eles estavam com eçando a perder o controle sobre o povo e que Jesus de N azaré os estava denunciando e expondo publicam ente. Eles estavam tom ados de fúria porque o novo profeta tinha desnudado seus motivos, e tinha cham ado o pátio do tem plo, de onde eles obtinham tanto lucro, covil de salteadores. Superficialm ente, os dignitários e 404. Ver, a esse respeito, J. J. Maclaren, “Jesus Christ, Arrest and Trial o f ’, in I.S.B.E., Vol. III, pp. 1168-1673; W. Evans, From the Upper Room to the Empty Tomb, Grand Rapids, Mich., pp. 149-154; A. C. Bisek, The trial ofJesu.': Chri.
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principais sacerdotes, anciãos e escribas podiam fazer um a encenação da aparente im pecabilidade de sua conduta; mas no fundo estavam vingativam ente ofendidos, convulsivam ente agitados. Eles estavam se dentos de sangue! Portanto, isso não era um julgam ento, mas um a conspiração, e toda ela era devido a eles mesmos. Eles a tinham tramado, eles tinham se em penhado para que fosse levada a cabo. Seus oficiais tomaram parte na prisão de Jesus. Eles mesmos estavam presentes! Eles procuraram testemunhas - fa ls a s testemunhas, é claro! - contra Jesus, a fim de que eles pudessem matá-lo (Mt 26.59). Eles todos o condenaram como m e recedor de morte (Mc 14.64). Eles (por meio dos subalternos), “am ar rando a Jesus, o levaram e o entregaram ” (Mc 15.1). Eles o entregaram a Pilatos (Jo 18.28). Perante Pilatos, eles instigaram o povo a libertar Barrabás para que Jesus fosse destraído (Mt 27.20). Eles intimidaram Pilatos até que por fim ele entregasse Jesus para ser crucificado (Jo 19.12,16). E mesmo quando jazia cravado na cruz, eles zom bavam dele, dizendo, “Ele salvou os outros, a si mesmo não pode salvar” (Mc 15.31). Assim sendo, isso não foi na realidade um julgam ento. Foi um assassinato'. A história da Igreja fom ece tristes exem plos de líderes que foram excluídos por juizes que estavam cheios de inveja, e que eles m esm os instigavam as testem unhas (falsas testem unhas, é claro!) para que pudessem se ver livres de hom ens que eles (os líderes) odiavam . O dia do julgam ento revelará alguns assuntos surpreendentes! M as entre todas as distorções da justiça, nenhum a se com para àquela em que o Sum o Sacerdote celestial, Jesus Cristo, perm aneceu diante dos sumos sacerdotes terrenos, Anás e Caifás. Para o Santo im aculado ser exibido perante tais m alvados salafrá rios, isso era sofrim ento! E no pátio estava um hom em pelo qual ele sofria tudo isso. E esse hom em - Sim ão Pedro - estava dizendo repe tidas vezes que ele nunca ouvira falar de Jesu s! Não surpreende que A nás questionasse Jesus em prim eiro lugar a respeito de seus discípulos, e depois a respeito de seu ensinamento. Isso era exatam ente o que se poderia esperar de Anás! Ele estava m uito m ais interessado no “sucesso” de Jesus - qual era o núm ero de seus seguidores? - do que na verdade ou falsidade de seu ensino. Este é sem pre o cam inho do mundo.
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20, 21 Jesus lhe respondeu: Eu tenho falado abertam ente ao mundo. Eu sem pre ensinei na sinagoga e no tem plo, onde todos os judeus costum am reunir-se, e eu nada disse em segredo. Por que você está me interrogando? Pergunte aos que ouviram o que eu lhes disse. Sem dúvida, eles sabem o que eu disse. E m bora Anás tivesse posto a ênfase no lugar errado, a saber o sucesso externo do ministério de Cristo, Jesus não diz nem um a palavra sobre isso. Ele põe a ênfase onde ela devia ser posta, isto é, em seu ensinam ento; pois, se o ensinam ento é correto, o professor tem o direito de reunir discípulos! As palavras nos versículos 20, 21, que foram expressas em itálico, são as que receberam ênfase no original. N a sinagoga (especialm ente na Galiléia) e no tem plo (localizado em Jerusalém , na Judéia) Jesus sem pre ensinou abertamente. M uito em bora seu ensinam ento tivesse freqüentem ente sido m inistrado sob a forma de parábolas e paroim ias (ver sobre 16.25), m esm o assim ele não tinha retido nenhum a verdade central. Seus discursos tinham sido abertos e nunca secretos. Qualquer pessoa que quisesse ouvi-lo, fosse na sinagoga ou no tem plo, era bemvinda. Que contraste entre seu ensinam ento aberto e as sessões estri tamente executivas e as tramas secretas do Sinédrio! Para o signifi cado do advérbio abertamente, ver tam bém sobre 7.26. Jesus tinha falado ao m undo (o público em geral; cf. o uso da palavra em 7.4 e em 14.22; e ver p. 112, nota 26, provavelm ente o significado 3). N atural mente, em bora a participação das reuniões no pátio dos gentios no tem plo não fosse restrita aos judeus, contudo Jesus estava pensando neles especialm ente; observe “onde todos os judeus costum am reunir-se.” Jesus pediu que a inform ação com referência ao seu ensinam ento fosse obtida daqueles que o ouviram . É com o se hoje alguém que está sendo investigado dissesse: “Eu me recuso ser testem unha contra m im mesmo, e exijo que vocês apresentem testem unhas honestas, confor me a lei requer.” 22. D epois que ele disse essas coisas, um dos gu ard as que ali estavam deu um tapa no rosto de Jesu s, d izendo: É desse m odo que respon d es ao su m o sacerdote? Enquanto Jesus, com o prisioneiro, estava de pé, com as m ãos am ar
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JOÃO 18.23, 24
radas perante Anás, um certo subalterno m iserável, que pertencia à guarda do tem plo (ver sobre 18.3), procurou explorar a situação e tirar vantagem para si. O hom em devia estar sonhando com um a prom oção! Então deu um m urro no rosto de Jesus (cf. M q 5.1). Ao fazer isso, ele disse em tom zom beteiro, “É desse modo que respondes ao sum o sa cerdote?” Se Jesus fosse um hom em com um e fosse culpado de algum crim e, nem assim teria m erecido esse tratam ento. Afinal de contas, até m esm o um a pessoa culpada tem seus direitos. Pelas leis hebraicas, ele não era obrigado a testem unhar contra si m esm o. Nesse caso, entre tanto, não se tem um hom em qualquer, mas sim o Filho de Deus, o genuíno Sum o Sacerdote. E ele não era culpado, mas absolutam ente inocente. Ele era m ais do que m eram ente inocente-, era santo. O su balterno teve todas as chances de descobrir isso. A ssim sendo, seu ato foi totalm ente ignóbil. Trata-se do tipo de hom em que num caso de controvérsia gosta de ficar do lado da m aioria. Ele tem tido seus seguidores. 23. Jesus lhe respondeu: Se falei mal, dê testem unho do mal; mas, se falei bem, por que m e bate? É impossível não sentir-se im pressionado com a dignidade e majestade desta resposta. Se Jesus tives se dado um a resposta semelhante àquela que Paulo deu num a situação análoga (At 23.1 -5), falta nenhum a se teria cometido. O ato do oficial foi totalmente injustificado. Não lhe fora ordenado que desse um m urro em Jesus. É exatamente como falou o Senhor, se ele tivesse falado er roneam ente, isso deveria ser provado por testemunho adequado. Porém, se ele falou corretam ente, o m urro no rosto era ainda m ais condenável. O verbo que se refere basicam ente ao ato do oficial provavelm ente tenha o sentido com um e coloquial: esm urrar ou golpear (em vez de in juriar ou descom por 24. E ntão A nás o enviou, m anietado, a Caifás, o sum o sacer d o te. Do ponto de vista de Anás, a investigação prelim inar tinha sido infrutífera. N enhum a evidência incrim inadora tinha sido apresentada. A investigação tinha m eram ente servido para ganhar tem po para os m em bros do Sinédrio correrem ao palácio do sumo sacerdote. 405. Cf. J. H. Moulton e 0. Milligan, op. cit., p. 142.
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Posicionado em total inconsistência com os versículos precedentes, íigora lem os que Anás envia Jesus, ainda m anietado, a Caifás; não a ele com o indivíduo, é claro, mas com o presidente do Sinédrio, que a essa altura estava pronto a recebê-lo. Para explicações adicionais a respeito do versículo 24 e para com entários sobre o problem a que surgem em conexão com o versículo 13, ver sobre 18.13, especialm ente a nota 397. Para o lugar em que essa reunião do Sinédrio foi realizada, ver sobre 18.15. 25. E Sim ão Pedro estava de pé, aquecendo-se. E ntão, disseram -Ihe: P orventura você não é um de seu s d iscípu los? E n quanto Jesus estava sendo questionado por Caifás (ver sobre 18.19), e proclam ando ser o Filho de Deus, declaração esta que fora cham ada blasfêmia pelos que a ouviram , e enquanto ele, com o resultado, estava se sujeitando ao insulto e injúria, seu sofrim ento foi agravado pelo mau com portam ento de Pedro. Essa era a terceira situação em conexão com a negação de Pedro ao seu Senhor. A prim eira foi registrada em 18.15-18. João nada diz com referência à segunda. Segundo M ateus, M arcos e Lucas, quando o discípulo faltoso caíra na arm adilha de sua prim eira negação, ele tentou sair do edifício. Ele chegou só até a arca da. Aí, tanto a criada da porta - a que estava deixando o serviço quanto a que viera substituí-la disseram àqueles que estavam por ali, “Este tam bém estava com Jesus, o N azareno. Ele é um deles.” Pelo menos um hom em do grupo se aproxim ou e disse a Pedro diretam ente: “Você tam bém era um deles.” A essa altura, Sim ão estava fora de si de indignação. E le fez algo que não fizera em sua prim eira negação. Com um juram ento (M t 26.72) negou, dizendo com veemência: “Não co nheço o hom em .” Quando João retom a a história, Pedro está de volta ao pátio, de pé e se aquecendo da m esm a form a que antes (durante sua prim eira ne gação; ver sobre 18.18). Ao que parece, sua prim eira tentativa de es capar do palácio não tinha sido bem -sucedida. D urante a hora que tinha se passado desde a segunda negação, a suspeita em torno dele prova velm ente tinha se espalhado. A essa altura, todos tinham ouvido falar dele. E ntão “eles” lhe disseram ... mas quem eram eles! Evidentem en te, os criados e oficiais, os hom ens que estavam ao redor do fogo com Pedro (cf. 18.18, 25; M t 26.73; M c 14.70b).
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Então lhe disseram : “P orventura você tam bém não é um d eles?” A lguns se tornaram m ais ousados, e com confiança afirm aram , “Sem dúvida você tam bém é um deles, porque seu m odo de falar m ostra isso. Você é G alileu” (M t 26.73; M c 14.70b). Alguns estavam falando com ele (cf. os relatos de M ateus e M arcos); outros estavam falando sobre ele (cf. o relato de Lucas). Isso era m ais que suficiente para deixar alguém exasperado, especialmente um a pessoa tão nervosa como Simão! E le negou e disse: Não sou. “Hom em , não sei a respeito do quê você está falando”, disse Pedro a um deles (Lc 22.60). Ele ficou ali praguejando e jurando sem parar. Segundo o autor do Quarto Evange lho conta, essa foi a segunda negação. Ver, entretanto, sobre 18.15. Isso teria entristecido m uitíssim o o M estre, m uito m ais que o próprio com portam ento hipócrita de Caifás, e os m urros que ele recebera dos guardas. 26, 27. Um dos servos do sum o sacerd ote, p aren te do h o m em a quem Pedro tinha decepado a orelha, disse, Eu não vi você no jardim com ele? D e novo, Pedro o negou, e, no m esm o instante, um galo cantou. A terceira negação (conform e o relato de João) foi um a progressão da segunda. As duas form am um a unidade e pertencem à m esm a situ ação, ou seja, à hora em que depois de Sim ão haver retom ado da arca da, estava novam ente junto dos guardas, aquecendo-se. O incidente particular registrado agora se encontra no Evangelho de João. D eve-se ter em m ente que o discípulo am ado era bem conhecido do sumo sacer dote e evidentem ente tam bém de seu servo, cujo nom e ele sabia (M al co), e da(s) criada(s) da portaria. Ver sobre 18.10, 15, 16. Então não surpreende que ele tam bém conhecesse um certo indivíduo que era parente de M alco. Aquele parente estivera no jardim no m om ento da prisão. Ele vira o que Pedro fez a M alco. Pelo menos, ele estava quase certo de que era Pedro. Quase, mas não absolutam ente. Então disse a Pedro: “Eu não vi você no jardim com ele (isto é, com Jesus)?” A pergunta é feita de tal m aneira que se espera um a resposta afirm ativa. Poder-se-ia traduzir assim, “Eu vi você no jardim com ele, não vi?”'“*'^ 406. Nota: no jardim . Isso apóia nossa explicação de 18.4. M ostra que a prisão não
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Novam ente Pedro negou. N esse exato m om ento o galo cantou. Na verdade, houve um canto do galo antes da prim eira negação (Mc 14.68). Hste, porém , não fora registrado. D essa vez, entretanto, foi diferente, pois nesse m om ento Pedro notou que alguém estava olhando dentro de seus olhos (Lc 22.61 ).'*°'^ A quele olhar, tão cheio de dor, m as ainda assim tão cheio de amor, fez despertar a m em ória de Pedro. D e repen te, ele se lem brou das palavras de Jesus predizendo três negações (ver sobre 13.38). E le saiu e chorou com o se poderia esperar que Pedro chorasse, am argamente, intensamente (Lc 22.62). Cheio de profun dos sentim entos é tam bém da m aneira com o M arcos o descreve; “E, quando ele se lem brou disso, desatou a chorar” (M c 14.72). 28. nador.
E ntão levaram Jesu s de C aifás à resid ên cia do gover
Das três horas da m anhã até o alvorecer, Jesus teria ficado retido na prisão. Então, nessa m esm a hora (ver M c 15.1) o Sinédrio se reuniu. A intenção era despachar Jesus para Pilatos antes que as m ultidões em Jerusalém ficassem sabendo do quê estava acontecendo. A lém do que, tudo tinha de term inar antes do sábado. A sessão da m adrugada uns poucos m inutos foram suficientes! - foi provavelm ente realizada para dar um a aparência de legalidade aos procedim entos corruptos que tinham m arcado a sessão noturna. Ver sobre 18.19. É lógico que um a vez que o veredicto do Sinédrio foi oficialm ente pronunciado, Jesus tinha de ser levado a Pôncio Pilatos, o governador rom ano. O Sinédrio tinha 0 direito de decretar morte, m as não tinha o direito de executar esse decreto. Se ele tivesse de ser executado, então os rom anos tinham de tom ar a decisão. N esse ponto, João retom a a história. Ele afirm a que Jesus foi leva do de Caifás (o presidente do Sinédrio) à residência do governador. A linguagem usada em Lucas T i . l tom a bastante im possível de se crer que aqui em 18.28 o palácio referido fosse o de H erodes. João tem em m ente a fortaleza Antônia, situada na parte noroeste da área do tem plo. o c orreu/ora do portão do jardim , mas dentro. Aqueles que explicam 18.4 como se quisesse dizer que Jesus saiu para fora do portão a encontrar o grupo, têm dificuldade com esta passagem. 407. Com o isso foi possível, foi explicado em conexão com 18.16; ver especialm ente a nota.
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Ver sobre 18.3. Pilatos tinha aposentos nessa fortaleza, em estreita proximidade com a guarnição, como também se indica por M arcos 15.16. E ra cedo de m anhã. O fato de ser m uito cedo foi enfatizado. Isso deve ser m antido em mente. Se isso não for feito, 19.14 apresentará dificuldades insuperáveis. Ver sobre essa passagem . E para não se contam inarem , m as poderem com er a Páscoa, eles m esm os não entraram na residência do governador. Levantar-se com a aurora (ou logo depois dela), e estar pronto para negócios tão cedo não era incom um no m undo antigo, nem m esm o da parte de oficiais tão im portantes com o Pilatos. No portão do pretório Jesus foi entregue aos soldados do governador; pois os “veneráveis” m em bros do Sinédrio que estavam na procissão que entregou Jesus tinham escrúpulos religiosos com relação a entrar na habitação de ím pi os! Eles não queriam contaminar-se. A parentem ente consideravam a contam inação cerim onial um a questão m uito mais séria do que a con tam inação m oral. Isso era típico deles. Cf. Lucas 11.39. Eles que riam estar em condições de “com er a Páscoa” . M as, com o podem os explicar esta iíltima sentença? Rejeitam os de im ediato qualquer resposta que ponha João em conflito com os Sinóti cos. Ver a discussão em conexão com 13.1. Não há qualquer proble m a de qualquer tipo aqui. Deixe-m e ser mais específico: a. O Quarto Evangelho, em com pleta harmonia com os Sinóticos, ensina que na quinta-feira à tarde Jesus participou da ceia pascal com seus discípu los. b. O Quarto Evangelho, em com pleta harm onia com os Sinóti cos, ensina que Jesus foi crucificado no (o que cham aríam os) dia se guinte, ou seja, na sexta-feira. Até aqui m uitos concordam . Eles dirão, “O verdadeiro problem a não é esse” . Portanto, acrescentam os: c. O Quarto Evangelho, em com pleta harm onia com os Sinóticos, consi dera 0 dia da crucificação de Cristo com o sendo o décim o quinto dia de Nisã! Sim plesm ente não é verdade que o Quarto Evangelho defenda o ponto de vista de que, quando Jesus estava para ser crucificado, a Ceia Pascal ainda não tinha sido com ida por um grande núm ero de pessoas ou por todas. O que 18.28 diz de fato? Apenas isto: “E para não se contam inarem , mas poderem com er a Páscoa, eles m esm os não entra ram no residência do governador” . Quem são essas pessoas que são
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referidas pelo pronom e elesl Todo m undo? Todos os saduceus? Essas coisas são sim plesm ente deduzidas do texto. Elas não estão escritas ali. Tudo 0 que o texto diz é que eles, isto é, os m embros do Sinédrio e os guardas do templo não entraram na residência do governador. Se eles tivessem entrado, poderiam ter se contam inado. Com o? Pelos utensíli os no interior da casa? Ver sobre 4.9. P or um contato m uito próxim o com os idólatras? Pelo contato com ferm ento? Pelo contato com algum cadáver? Sim plesm ente não sabemos, m as certam ente que num pre tório pagão deveria haver m uitas possibilidades para contam inação, as quais tornariam cerim onialm ente im puro um fiel, de m odo que ele não poderia “com er a Páscoa” . M as, então, o que ao certo significa esta últim a sentença? A P ás coa, na verdade, tinha term inado para quase todos. M as esses m em bros do Sinédrio e seus servos estavam com medo de entrar no pre tório, pois poderiam ficar im puros; se isso acontecesse, eles não pode riam “com er a Páscoa”. H á aqui um pequeno problem a. Para explicar o significado de “com er a Páscoa” se poderia tom ar um a de duas dire ções. Q ualquer um a das duas é m uito m elhor do que presum ir um a contradição. E ssa hipótese não é apenas doutrinariam ente infundada, mas está em conflito com todo o cenário que João tão claram ente har m oniza com o am biente dos Sinóticos (como foi m ostrado em conexão com 13.1). A prim eira tentativa conservadora de um a solução é aquela segun do a qual o term o Páscoa se refere a toda a festa de sete dias, junto com as ofertas festivas que eram desfrutadas em conexão com ela. A expressão “para poderem com er a Páscoa’” sim plesm ente significaria, “para que eles pudessem continuar (ou celebrar) a festa” . N este con texto, a passagem de 2 Crônicas 30.22 (cf. tam bém Êx 12.3-5) é sem pre citada. “C om er da festa” significa, então, guardá-la, tom ando par te em suas refeições com em orativas. A referência especial aqui em 18.28, segundo os advogados da teoria, é ao C hagigah (refeição sacri ficial) que era desfrutada no dia posterior à Ceia Pascal. Dentre esses m uitos argum entos que são apresentados em favor desta teoria estão tam bém estes: 1. N ão cria um conflito arbitrário entre João e os Sinóticos. 2. O term o Páscoa em outros lugares em João se refere à festa de
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sete dias; se em outros lugares é usado assim, por que não aqui? Ver tam bém Lucas 22.1. 3. Esta teoria faz justiça à sentença sobre a contam inação cerim o nial: “para não se contam inarem ” . A refeição Pascal era com ida à noite. À noite o período de contam inação teria norm alm ente terminado. P or que então os m em bros do Sinédrio hesitaram em entrar no pretório tão cedo de m anhã por medo de contam inação, se eles estivessem pen sando em com er o cordeiro pascal? Estes são os argum entos. Pode-se encontrar um a defesa detalhada desta teoria nas seguin tes fontes: A. Edersheim , op. cit.. Vol. II, pp. 565-568. R. C. H. Lenski, op. cit., sobre 18.28. E, especialm ente, N. G eldenhuys, C ommentary on the G ospel ó f Luke, Grand Rapids, 1951, pp. 649-670. Esta é, talvez, a defesa mais recente e detalhada. S eja o que for que se pense deste ponto de vista, o que fica claro pelo m enos é que “sejam quais forem seus méritos, ela se recom enda com o sendo a m ais razoável” do que os pontos de vista que estabele cem conflito onde não há nenhum . Ver pp. 29, 30. O leitor que estudou esta declaração neste Com entário, notou seu caráter conservador. Propositadam ente, usam os a expressão “sejam quais forem seus m éritos” e “m ais razoável que...” Em bora esta inter pretação seja m uito m elhor do que as que presum em um conflito, ela tem suas dificuldades. A principal delas é, afinal de contas, que “com er a Páscoa” se refere, em outros lugares nos Evangelhos, a com er a C eia Pascal com seu cordeiro pascal. Ver M ateus 26.17; M arcos 14.12, 14; Lucas 22.8, 11 e 15. Se ela tem esse significado em outros lugares no N ovo Testa m ento, por que não aqui em 18.28? Além do quê, temos pouca inform a ção com respeito ao Chagigah. N ão há um a explicação de 18.28 que seja m ais sim ples? Citamos aqui a teoria que foi defendida de modo m agistral pelo Dr. H. M ul der.^«' 408. H. Mulder, GThT (1951). Os artigos do Dr. M ulder deveriam ser traduzidos para o
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Em breves palavras, segundo o Dr. M ulder, o texto sim plesm ente significa que os m em bros do Sinédrio estivera tão profundam ente pre ocupados com a prisão e o julgam ento de Jesus, que não tiveram tem po de com er a C eia Pascal. N a noite de quinta-feira, esses hom ens fica ram aguardando Judas. Eles não sabiam exatam ente quando ele viria. (Nem m esm o Judas sabia por antecipação quando Jesus faria a Ú ltim a Ceia com seus discípulos.) Os m em bros do Sinédrio tinham de ficar de prontidão. Eles tam bém queriam tom ar parte na prisão, em bora com o meros espectadores (ver Lc 22.53). Depois houve o julgam ento notur no. Tudo isso levou tempo, m uito tem po. Então, eles estavam conven cidos de que, para cum prir uma tarefa realmente importante, isto é, livrar-se de Jesus - ver sobre 11.50 - , tudo o mais, até m esm o a C eia Pascal, podia esperar. D essa m aneira, quando bem cedo de m anhã levaram Jesus perante Pilatos, eles não tinham ainda tom ado parte na Ceia Pascal. Eles não devem contam inar-se entrando na casa de um ímpio. Ver Atos 10.28; 11.3. D essa maneira, esses hipócritas, que con sideram a contam inação cerim onial algo muito pior do que a contam i nação m oral (cf. Lc 11.39), não podem entrar no pretório. U m a vez que Jesus tivesse sido pendurado na cruz (zombado por eles!), eles poderi am ir para casa e com er o cordeiro! Também a essa teoria se podem apresentar objeções; por exem plo, “Será que podem os m esm o acreditar que esses legalistas se atreveri am a adiar a C eia Pascal?” “Será que eles se atreveriam a atrair m al dição sobre si nessa noite, envolvendo-se em atividades que nada ti nham a ver com a C eia Pascal?” “Afinal de contas, não poderiam eles ter com ido a Páscoa prim eiro e depois ido ao jardim a fim de se reuni rem na prisão de Jesus?” Conforme dissem os no início, o problem a não foi resolvido de modo que 0 tenham os claro agora. O ponto principal, entretanto, é este; não há absolutam ente nada aqui que pelo m enos rem otam ente sugira con tradição entre João e os Sinóticos. 29, 30. E ntão Pilatos saiu para falar-lhes e disse: Q ue acusa^•ão vocês apresentam contra este hom em ? Eles responderam e injçlCs. Eu não encontrei uma defesa melhor desse ponto de vista particular em nenhum tililm lugar.
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lhe disseram : Se esse hom em não fosse m alfeitor, não lh o en tregaríam os. Pôncio Pilatos era o quinto governador da m etade m eridional da Palestina. Ver p. 242. Ele era o “governador” no sentido de ser o p ro curador, governando sobre um a província imperial e, com o tal, respon dia diretamente ao imperador. Em bora ele tivesse jurisdição civil, crim i nal e militar, estava sob a autoridade do legado da Síria. Das fontes que nos chegaram ,'“’^ podem os concluir que ele não era uma pessoa muito diplomática. N um a certa ocasião, ele obrigara os soldados sob seu com ando a usarem insígnias com as im agens do imperador. Para os judeus, isso era um sacrilégio. Q uando ele am eaçou de m orte àqueles que tinham vindo pedir-lhe que rem ovesse essas in sígnias idolátricas, eles o desm ascararam e ele cedeu. U m a outra vez, ele usou os tesouros do tem plo para pagar por um aqueduto. Q uando um a m ultidão reclam ou e se revoltou, ele ordenou a seus soldados que os reprim isse para subm etê-los. O incidente que finalm ente culm inou com sua rem oção do cargo foi sua interferência com um a m ultidão de fanáticos que, sob a liderança de um falso profeta, estava a ponto de subir ao m onte G erizim para procurar os vasos sagrados que, com o eles pensavam , M oisés tinha escondido ali. A cavalaria de Pilatos os atacou e m atou m uitos deles. Devido a reclam ações dos sam aritanos, Pilatos por fim foi rem ovido do cargo. Ele viajou para R om a com a finalidade responder pelas acusações que lhe foram feitas. Antes que ele chegasse a Rom a, o im perador Tibério morreu. U m a história não confirm ada relatada por Eusébio afirm a que Pilatos “foi forçado a tornar-se seu próprio assassino.” A partir dos Evangelhos, deduzim os que ele era orgulhoso (ver sobre 19.10); e cruel (Lc 13.1). Ele era provavelm ente tão superstici oso quanto sua esposa (19.8; cf. M t 27.19). A cim a de tudo, com o todos os relatos do julgam ento de Jesus perante ele indicam , ele era um inte resseiro que queria m anter-se em bons term os com o imperador. Ele odiava os judeus com toda sua força, pois, a seu ver, eles estavam lhe 409, Essas fontes são, primeiro de tudo, The Gospels', depois Filo, De Legationem ad Caium XXXVIII; Josefo, Antiguidades XVIII, iii, iv; mesmo autor, Guerra dos Judeus II, ix; Tácito, A nais XV, xliv; e Eusébio, História Eclesiástica, I, ix, x.; II, ii, vii. Ver também G. A. Müller, Pontius Pilatus d e r ß n fte Prokurator von Judäa, Stuttgart, 1888.
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causando dificuldades sobre dificuldades. Que ele era totalm ente des provido de qualquer resquício de sim patia hum ana e qualquer senso de Justiça, não se pode provar. N a verdade, há algum as passagens que Icndem a m ostrar justam ente o oposto. De qualquer forma, em bora sua culpa fosse grande, ela não era tão grande quanto a de A nás e de Caifás (19.11). Com parando-se todos os relatos dos Evangelhos com referência a esse julgam ento, tem- se a im pressão - que é fortalecida à m edida que a história prossegue - que P ilato s/ez o que pôde, na m edida de suas forças, para livrar-se desse caso. Ele não tinha nenhum a afeição pelos judeus; daí detestar agradá-los e aceder ao seu pedido com res peito a Jesus. E, por outro lado, bem fundo em seu coração, ele estava com medo deles e da possibilidade de que pudessem usar sua influência contra ele. Até esse ponto, ele estava desejoso de fazer o que a justiça exigia, especialm ente se, ao fazer isso, pudesse envergonhar seus ini migos, os judeus. M as som ente até esse ponto. Q uando sua posição é am eaçada, ele se rende! Jesus, então, é levado perante esse governador. O últim o, tendo provavelm ente sido informado pelos soldados de serviço que um prisio neiro fora trazido por um a delegação do Sinédrio que se recusava en trar no pretório, saiu a encontrá-los. De pé num a galeria ou arcada sobre a calçada em frente de sua residência (ver sobre 19.13), ele pediu às autoridades judaicas que apresentasse o indiciam ento. “Que acusação vocês apresentam contra este hom em ?” , pergunta ele. A pergunta, é claro, era plenam ente apropriada. A resposta, entretanto, foi descarada. Eles responderam , “Se esse hom em não fosse malfeitor, não lho entregaríam os.” Isso era um a grande insinuação. E la significa va, “Governador, se o senhor sabe o que é bom para si, pare de fazer perguntas. O senhor sabe m uito bem que em quase todas as questões constituím os a corte m ais elevada em Israel. O senhor deve confirm ar nossa decisão e fazer o que vamos lhe pedir-lhe que faça.” 31. P ilatos lhes disse: T om em -no vocês m esm os e ju lguem no segundo sua lei. Os judeus lhe disseram : Não tem os o direi to de executar ninguém . Pilatos não estava a par do fato de que os líderes judaicos estavam determ inados a m atar Jesus. Pensando que tinham a intenção de apli
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car um a punição m enos severa, ele fica m eio perdido sem entender o m otivo pelo qual eles o estão aborrecendo com esse prisioneiro. E se eles nem m esm o estão querendo apresentar um indiciam ento, então ele não quer ter nada a ver com o caso. Então, quando ele diz, “Tom em -no vocês m esm os e julguem -no segundo sua lei”, ele não quer dizer que o prisioneiro nem m esm o deveria ser julgado. Não, o que ele quis dizer é: “Tratem do caso vocês m esm os” . O verbo usado no original tem m ui tas nuanças de significado (ver sobre 3.17), e pode certam ente indicar (como parece ocorrer aqui), sentenciar, condenar e executar a sen tença, condenar. Que os m em bros do Sinédrio entenderam isso m uito bem fica claro por sua resposta: “Não temos o direito de executar ninguém ”. Por meio dessa resposta, eles deixaram claro que tipo de castigo desejavam que fosse aplicado: nada menos que a pena de morte. Em bora sob a lei rom ana tivessem o direito de pronunciar essa sentença, eles não tinham o direito de executá-la. (No caso de Estêvão, eles sim plesm ente tom a ram a lei nas próprias mãos, At 7.58.) Eles tam bém sabiam, é claro, que se Pilatos, 0 rom ano, cedesse a seus desejos, Jesus seria crucificado (não apedrejado ou estrangulado); ele seria “levantado da terra” (12.32; cf. 3.14). E isso era exatam ente o que queriam. Isso era exatam ente o que - por razões totalm ente diferentes - o próprio Jesus queria! Então, segue-se que; 32. (Isso aconteceu) para que se cum prisse a palavra de Je sus, significand o o m odo pelo qual h avia de m orrer. Ver sobre 3.14 e sobre 12.32. Cf. M ateus 20.19. Jesus, segundo sua própria pro fecia e a fim (ver pp. 62, 63) de que ela pudesse ser cum prida, deve m orrer a m orte de um am aldiçoado (Dt 21.23; G1 3.13). Esse era o plano de Deus para nossa salvação. 33. Então Pilatos tornou a entrar na residência do governa dor, cham ou Jesus e lhe disse: Tu es o rei dos judeus? Neste ponto, João parece presum ir que os leitores estivessem fa miliarizados com os Evangelhos anteriores, particularmente com o Evan gelho segundo Lucas. Ver pp. 49, 50. De Lucas 23.2, pareceria que quando Pilatos se recusou a sentenciar Jesus sem um processo formal da lei, e tinha, por essa recusa, forçado os m em bros do Sinédrio a apre sentar queixas, eles tinham apresentado três: 1. Ele perverteu nossa
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nação. 2. E le nos proibiu de pagar tributo ao imperador. 3. Ele diz ser ele m esm o Cristo, um rei. Na realidade, as três acusações eram uma. Elas eqüivaliam a dizer: “Este hom em é um indivíduo politicam ente perigoso. Ele é culpado de alta traição” . Observe tam bém que disseram que eles tinham chegado íi conclusão de que isso era verdade. Eles tinham chegado a essa con clusão depois de devida investigação! Quão am argam ente ele, que está para declarar-se rei no reino da verdade (18.37), sofreu aqui com a mentira! O que as autoridades ju daicas declararam aqui era exatam ente o oposto d a verdade. P ara prova, ver sobre 6.15 e sobre 12.14, 15. Pilatos, além do mais, não foi enganado. Ele sabia perfeitam ente bem qual era a verdadeira razão pela qual os judeus lhe haviam entregue Jesus (i.e., inveja, M t 27.19). M as, é claro, o governador sim plesm ente não podia ignorar essas acusações; não com o suspeitoso Tibério no trono de Roma! Então, entrando novam ente na residência (isto é, indo de volta ao lugar de onde ele saíra quando os soldados de guarda o avisaram da chegada dos judeus e de seu prisioneiro), ele agora intim a Jesus - ordenando a seus soldados o que tom assem das mãos dos oficiais judaicos e a trazêlo para dentro - e disse-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” (com toda ênfase no pronom e). É possível que houvesse um tom de zom baria nessa pergunta, zom baria não dirigida a Jesus, mas àqueles que fizeram tais acusações contra tal prisioneiro. É com o se Pilatos estivesse dizendo, enquanto olha atentam ente na direção desse prisioneiro: “Tu és o rei dos judeus? Que acusação absolutam ente ridícula!” Porém , ao m esm o tem po, ele fez a pergunta e ela requeria um a resposta. Entretanto, antes que ela pudesse ser respondida, ela tinha de ser explicada. 34. Jesu s respondeu: Você está dizen do isso de si m esm o, ou outros lho disseram a m eu respeito? Essa pergunta é totalm en te pertinente, pois para responder à pergunta feita p or Pilatos nem um iticro e simples “sim ” nem um simples e m ero “não” podia ser suficien te. “Sim ” seria interpretado com o significando, “Sim, eu sou, num sen tido político, 0 rei dos judeus” . “N ão” poderia ter significado com o indicando, “Não, eu não sou o rei dos judeus de m odo algum". Se a
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pergunta de Pilatos fosse baseada m eram ente sobre o que outros (os líderes judaicos) disseram em acusação, então é claro que a resposta deve ser “não” . M as, se à parte de qualquer acusação, que tivesse sido apresentada contra Jesus, Pilatos de sua própria iniciativa esti vesse perguntando se Jesus era de fato o rei dos judeus, e se lhe fosse perm itido dar seu próprio sentido a essa pergunta (com o certam ente o faz por im plicação no versículo 37 paralelo), então a resposta seria: “Sim, claro!” Jesus é verdadeiramente o rei dos verdadeiros judeus. Ver sobre 18.37. Pilatos está falando com o um judeu de m ente carnal, que não se concentra em nada mais elevado do que um reino terreno? Ou ele não está falando nesse sentido? 35. P ilatos respondeu: P orventura eu sou ju d eu ? Tua p ró pria nação e os principais sacerdotes é que te entregaram a m im . O que fizeste? Com um gesto de desdém e num tom de desprezo, Pilatos descarta a sugestão de que ele pudesse possivelm ente ter feito a pergunta com o um judeu a teria feito. “C ertam ente que eu não sou judeu, sou?”, ele pergunta. Não, Pilatos por si só não vê um revolucionário nessa pessoa hum ilde em pé à sua frente. O governador não era nenhum tolo. Mas, então Pilatos continua a pergunta - “Tu és o rei dos judeus?” - tinha de ser fe ita porque “sua própria nação, a gente da qual você faz parte e, especificam ente, os principais sacerdotes (representando todo o Sinédrio) é que te entregaram a mim. Eles é que fizeram as acusações. Qual é tua resposta? O que fizeste? Em bora Pilatos soubesse m uito bem que a inveja (da parte dos líderes judaicos) era a força que trou xera Jesus à sua residência para o julgam ento, ele não estava certo de que isso explicasse tudo. Tinha o prisioneiro com etido algum crim e, afinal? E em caso positivo, qual fora? D esse m odo, foi preparado o cam inho para a explicação de Cristo quanto à natureza de seu reinado: 36. Jesus respondeu: M eu reino não é deste m undo. Se m eu reino fosse deste m undo, m eus m in istros se em penhariam por m im , para que eu não fosse entregue aos judeus; m as agora m eu reino não procede dessa fonte.
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Jesus não responde à pergunta: “O que fizeste” . Que Pilatos passe ils acusações que foram apresentadas contra esse prisioneiro. Q ual quer coisa fora disso está “fora de propósito” . Em sua resposta, portanto, Jesus volta à pergunta de Pilatos regis trada no versículo 33: “Tu és o rei dos judeus?” A coisa foi colocada de tal m aneira que não se tem clareza quanto à resposta a essa pergunta. Pilatos indicou que, não ele, m as a nação judaica e o Sinédrio acusaram Jesus de conspiração política. A gora fica com Jesus a tarefa de expli car a natureza de seu reinado. A resposta que Jesus dá tem propósito tríplice: Prim eiro, ele m ostra que por trás da pergunta: “Tu és o rei dos judeus?” jaz um a outra mais fundam ental, ou seja: “Tu és rei em algum sentido!” A resposta a essa pergunta está im plícita no versículo 36, pois quando Jesus então diz: “M eu reino não é deste m undo”, ele está dizendo que sim: claro que ele é rei! A m esm a resposta é expressa no versículo 37: “Você diz que sou rei.” Segundo, Jesus indica o que seu reinado não é, ou seja, não é deste mundo (v. 36). Terceiro, ele m ostra o que seu reinado é, ou seja, é um reinado no coração e na vida de todos quantos dão crédito à verdade (v. 37). Começando com o primeiro: “M eu reinado” , disse Jesus, com ên fase no meu. Então ele é rei. Que o term o aqui significa reinado, não reino, é claro à luz do fato de que, segundo o versículo 37, ele consiste 110 governo de Cristo no coração daqueles que lhe obedecem . Estam os tratando, pois, com um conceito de domínio espiritual. Para o uso da jialavra nesse sentido abstrato, ver tam bém Lucas 1.33; 22.29; A poca lipse 12.10. O term o no sentido de reinado, governo, tem suas raízes no Antigo Testam ento (SI 103.19; 145.13; Dn 4.3, 25; ta m b é m - u m a p a lavra diferente - SI 22.28; Ob 21; e novam ente um term o diferente em ICr 29.11),'"« 410. Sobre este assunto, ver especialm ente L. Berkhof, System atic Theology, Grand Rapids, Mich., 4’ ed., 1949, pp. 406-412, 569, 710, VlS-Vl-ö; G Vos, The Teaching o f ,lc’siis Concerning the Kingdom o f God and the Church, Nova York, 1903, pp. 25-37', e H. Kidderbos, De Komst van het Koninkrijk, Kampen, 1950 (a propósito desse assunto, espeI'iahnente p. 25).
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Entretanto, aqui em 18.36, 37 ela não se refere ao dom ínio de Deus (portanto, tam bém ao dom ínio da segunda pessoa da Trindade) sobre todas suas criaturas, mas distintam ente ao reinado espiritual de Cris to no coração e na vida de seus seguidores. Em segundo lugar, então, o reinado de Jesus não é com o os reina dos terrestres. Ele não em ana da terra: ele não lhe foi dado por um poder terreno, e é totalm ente diferente em caráter. Assim sendo, por exem plo, ele não em prega meios terrenos. Se o reinado de Cristo fosse terreno em origem e caráter, ele teria seus m inistros (“subalternos”) do m esm o m odo que o Sinédrio, por exemplo, tinha sua força policial, e do m esm o modo que Pilatos tinha seus guardas rom anos - , e estes estariam lutando para que ele não fosse entregue a o s ... aqui provavel m ente esperaríamos “aos rom anos”, mas Jesus diz, “aos judeus” ! Longe de tentar liderar os judeus num a revolta contra os rom anos, Jesus con sidera esses judeus seus oponentes. Eles não o tinham entregado a Pilatos? Se o reinado de Cristo fosse terreno, seus subalternos estariam lutando sob seu próprio com ando de modo que no G etsêm ani ele não teria sido entregue aos judeus e seu Sinédrio perverso! Porém , em lu gar de ordenar que eles lutassem em sua defesa, ele tinha feito exata m ente o oposto (ver sobre 18.10, 11). 37. E ntão P ilatos lhe disse: E ntão tu és rei? Jesu s resp on deu: Vocês diz que sou rei. E u para isso nasci e para isso vim ao m undo, para dar testem unho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve m inha voz. E agora, em terceiro lugar, o que é então este reinado? Pilatos quer saber. E m bora as acusações contra Jesus, apresentando-o com o sublevador, não tivessem convencido a Pilatos, ele, m esm o assim , não con seguia entender com o um hom em podia falar de seu reinado se não era um rei terreno. Pilatos, portanto, quer saber se esse prisioneiro é de fato um rei. Jesus responde, dizendo, “Você diz que eu sou rei.” Cf. tam bém M ateus 27.11; 26.64; M arcos 15.2; Lucas 23.3. No presente contexto, é m uito claro que com essa resposta Jesus não estava tentando perm a necer neutro. A resposta não pode significar: “Isso é o que você está dizendo, eu, porém, nunca disse isso.” O contexto im ediatam ente se guinte deixa espaço para um a única interpretação, ou seja, que Jesus
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ao responder: “Você diz que eu sou rei” , definitivam ente quer dizer que Pilatos estava correto em inferir que o prisioneiro possuía e ale gava autoridade real! O bserve o que segue: “Eu para isso nasci” etc. Então o significado é: “Eu de fato sou rei; nasci exatam ente para esse propósito.” As palavras, “Você diz isso (i.e., que eu sou um rei)” não devem soar estranhas às pessoas que tão freqüentem ente usam expressão sem elhante: “Você disse issol” Isso naturalm ente significa: “Sim, de fato é exatam ente com o você acaba de dizer.” Jesus, entretanto, não era um a pessoa que, em resultado de algu mas circunstâncias - digam os, a m orte de um predecessor, ou de um a revolução bem -sucedida de um povo contra seus governantes - tinha se tom ado um rei. Não, ele tinha nascido rei', de fato, ele tinha nascido com o propósito de ser rei! “N ascido” não apenas com o um a pessoa qualquer pudesse ter nascido, mas “veio ao m undo” de outro reino, dos céus. Dos palácios de m arfim do céu ele descera a este m undo am aldi çoado a fim de executar essa obra m ediadora, seu m inistério salvador. Ver sobre 1.9. Ele veio, além disso, para dar testem unho idôneo do que tinha ouvi do do Pai a respeito da salvação do hom em . Para testem unhar e testi ficar, ver sobre 1.7, 8. Para a idéia de que Jesus veio para testificar das coisas que vira e ouvira enquanto na presença do Pai, ver sobre 3.11, 32; 8.28, 38; 12.49; 14.10; cf. tam bém 17.8. Portanto, ele viera para testificar da verdade com respeito à salva ção do hom em para a glória de Deus. Ver sobre 14.6. Ele viera destruir 0 reino da mentira (ver sobre 8.44). De form a m uito significativa, Je sus acrescenta: “Todo aquele que é da verdade ouve m inha voz.” Isso era claram ente um convite implícito a que Pilatos tam bém ouvisse! Ora, todos, tanto judeus com o gentios, não im porta quem - ver tam bém sobre 1.29; 3.16,17; 4.42; 6.33,51; 8.12; 9.5; 10.16; 11.52; 12.32 - , que lhe deve sua origem espiritual que é a verdade, estão ansiosos para ouvir essa voz da verdade. Para o verbo ouvir (não m eram ente escu tar) ver sobre 10.3. 38. Pilatos disse: O que é a verdade? Tendo dito isso, voltou aos judeus e lhes disse: E u não vejo nele crim e algum .
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Q uando Pilatos ouve essa observação a respeito da verdade, ele dá de ombro. C ético com o era, esse assunto não lhe desperta nenhum interesse. É bom ter em mente, neste contexto, que m uitos líderes ro m anos tinham desistido de todas as crenças pagãs com respeito aos deuses. Ah, bom, no final de contas os deuses podem existir e se vinga rem de quem os ofende. P or essa razão, muitas dessas pessoas, inclu sive aquelas da fam ília de Pilatos (ver M t 19.7-9; M t 27.9), eram dom i nadas por m edo supersticioso; mas quanto a convicções arraigadas ou fé profundam ente radicada com respeito a Deus ou realidades básicas, isso sim plesm ente não existia para eles. É nesse espírito de ceticism o e cinism o extrem os que Pilatos deixa escapar: “O que é a verdade?” , não se dando conta de que a resposta estava em pé à sua frente (ver sobre 14.6). Tendo dito isso, Pilatos retom a ao pórtico e definitivam ente diz aos judeus - a m ultidão está crescendo sem parar em frente ao pretório - , “Eu não acho nele crim e algum ” . N enhum crim e, nenhum a causa para acusação! E ste homem, Jesus, tal com o Pilatos o via, especulava em fantasias espirituais, não era um indivíduo perigoso. D a parte dele, não havia perigo para o estado. Se o governador fosse um hom em honesto, se estivesse disposto a servir à causa da justiça, ele teria, neste ponto, liberado o prisioneiro. Mas Pilatos não era esse tipo de hom em . Para o caráter de Pilatos, ver sobre 18.29, 30. Q uando os judeus - pensam os que especialm ente nos líderes, os m em bros do Sinédrio - , ouviram o veredicto de Pilatos (“Não há m oti vo para acusação”), im ediatam ente acusaram Jesus de sedição, que segundo eles tivera seu com eço na G aliléia e continuado até Jerusalém . O resultado foi que Pilatos - que, naturalm ente, sabia muito bem que tinha total jurisdição nesse caso, pois, segundo a acusação, a tentativa de insurreição teria ocorrido dentro dos portões de Jerusalém ! - o en viou a Herodes. Foi um gesto de cortesia. E, ao m esm o tem po (e isso estava no âm ago da m ente de Pilatos), se porventura Herodes estives se disposto a julgar esse caso, ele (Pilatos) ficaria livre dele. E fic a r livre dele era o que Pilatos m ais queria! A história do aparecim ento de Jesus perante Herodes é contada em Lucas 23.5-12. O estratagem a falhou. H erodes devolveu o prisioneiro, param entado num a vestim enta de chacota. Então, Pilatos outra vez se dirige aos m em bros do Sinédrio,
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dizendo-lhes que nem ele nem H erodes acharam m otivo para acusa ção. M as, novam ente ele transige. Temor supersticioso e, quem sabe, um resquício de senso de justiça im pedem Pilatos de sentenciar Jesus a ser crucificado. Ele não está pronto para isso ... pelo m enos não ainda! Por outro lado, o m edo do que judeus pudessem fazer-lhe caso acres centasse m ais um a ofensa às anteriores, o im pede de soltar Jesus. Desse m odo, seu perverso coração está dividido entre os dois tem ores. Então, ele se propõe agradar aos judeus sugerindo chicotear Jesus; e aplacar a voz de sua pró p ria consciência e os deuses {caso eles existissem !) não em itindo a ordem de crucificar o prisioneiro. Ver Lucas 23.13-16. Os judeus, entretanto, têm outros planos. N esse m om ento, a m ulti dão - a essa altura um a m ultidão se juntara! - exige de Pilatos que ele faça o que tem costum e de fazer por ocasião da Páscoa, isto é, soltar um prisioneiro, que eles indicariam (talvez com o sím bolo e recordação da libertação de seus ancestrais da casa da servidão no Egito). Ver M arcos 15.6-8. E aqui o Quarto Evangelho retom a a história: 39. E costum e entre vocês que eu solte alguém por ocasião da Páscoa. Vocês querem que eu solte o rei dos judeus? Pilatos, por essa vez, está m ais disposto a ceder ao privilégio exigi do pelos judeus. Ele vê outra oportunidade de tirar Jesus de suas mãos. Então, na indicação para libertação ele dispõe dois candidatos: Barra bás e Jesus. Ver M ateus 27.15-18. Isso tam bém representava sofrim ento para Jesus. Por im plicação, cie estava sendo tratado com o quem já tinha sido julgado culpado pelo governo rom ano, que operava p o r m eio de Pilatos. N o entanto, o pró prio Pilatos tinha declarado há poucos m inutos antes: “Eu próprio não encontrei nele nenhum a causa para acusação .... nem tam pouco H e rodes” (Lc 23.14-15). O sofrim ento que Jesus suportou foi intensifica do pelo fato de associar-se a outro na indicação para libertação, ju sta mente com quem ? Barrabásl Ver sobre 18.40. Ao que parece, é provável que Pilatos esperasse que a m ultidão escolhesse Jesus. Afinal de contas, os ecos de seus hosanas em honra do profeta mal se dissipara. Se apenas cinco dias atrás “todo o m undo” 0 aplaudia - e Pilatos não estava com pletam ente ignorante do fato; cf.
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M ateus 27.18;M arcos 1 5 .9 ,1 0 -, iriam eles agora voltar-se contra ele? (Não é verdade que os aclam adores de H osana consistiam exclusiva mente de gente da Galiléia, e as m ultidões que exclam aram “C rucifi que-o!” exclusivam ente de Jerusalém ; ver sobre o capítulo 12.) E stá claro que o próprio governador sugeriu que o povo escolhesse Jesus em detrim ento de Barrabás. Ele disse, “Vocês querem que eu solte o rei dos judeus?” De um ponto de vista estratégico, esta últim a frase foi um erro. M esm o em sua desesperada tentativa de escapar à sua res ponsabilidade com respeito a Jesus, Pilatos não foi capaz de resistir à oportunidade de jogar no meio de seu apelo sincero um pouco de ironia. Esse prisioneiro, am arrado, im potente (pelo m enos ao que p a re c ia )... o rei dos judeus, o único rei que os judeus tinham sido capazes de produ zir, um rei sobre cuja destruição seus líderes estavam em penhados. Que ridículo! 40. E ntão gritaram novam ente, dizendo; Não este hom em , m as Barrabás! Ora, Barrabás era salteador. A fim de entender o relato bastante abreviado dado no Quarto Evan gelho, particularm ente as palavras do versículo 40, é necessário consul tar M ateus 27.19-21. A partir deste, parece que teria chegado um m en sageiro nesse exato e crítico momento para inform ar a Pilatos de um sonho que teria causado à sua esposa muito sofrimento. Enquanto Pila tos estava ocupado com essa m ensagem de sua esposa, “os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse B arrabás e fizesse m orrer Jesus” (M t 27.20). Será que esses líderes infam es lem braram ao povo que ao escolher Jesus eles estariam favorecendo seu inimigo m ortal? Teriam eles atinado com o fato de que exatam ente um instante atrás Pilatos zom bara deles cham ando Jesus de o rei dos ju d eu sl Teriam eles relem brado todos os crim es que Pilatos com etera anteriorm ente contra a nação judaica? E eles intim idaram aqueles que no com eço foram inclinados a escolher Jesus (cf. 7.13; 9.22; 19.38; 20.19)? De qualquer maneira, quando Pilatos reaparece e pergunta ao povo qual é sua decisão, estes gritam: “Solte B arrabás!” Eles devem ter gritado isso m ais de um a vez. João provavelm ente presum e que os leitores tinham sido informados sobre esses gritos nos Sinóticos (ver pp. 49, 50), pois ele escreve: “Eles gritaram m ais uma vez.” O que eles urravam era, “Não esse hom em (ou “N ão esse sujei-
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lo”), m as B arrabás!” B arrabás - que significa, filh o do pai, o que provavelm ente indicava que ele era filho de um rabi - era um ladrão notório, um salteador (cf. 10.1, 8; M t 21.13; 26.55; 27.38,44; M c 11.17; 14.48; 15.27; Lc 10.30, 36; 19.46; 22.52; 2Co 11.26). Ele era um ho mem que fora preso por causa de determ inada insurreição feita na cidade e p o r assassinato (Lc 23.19). O povo escolheu precisam ente esse homem. E essa escolha, em bora inteiram ente injustificada e per versa, m uito além que as palavras possam expressar, estava de acordo com 0 decreto e a providência de Deus. Barrabás deve sair livre a fim que Jesus seja crucificado, seu povo salvo e Deus glorificado! Para a Síntese ver pp. 847, 848.
C a p ít u l o 1 9 JOÃO 19.1-16 1 ^ ] Então Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo. 2 E os soldados tran1 y çaram uma coroa de espinhos, puseram-na em sua cabeça e atiraram um manto de purpura ao seu redor; 3 e iam marchando em sua direção, dizendo: Salve, rei dos judeus! E continuavam a dar-lhes murros no rosto.“" 4 E Pilatos saiu de novo e lhes disse: Vejam, eu lhos estou apresentando para que saibam que eu não vejo nele crime algum. 5 Então Jesus saiu, ainda usando a coroa de espinhos e o manto de purpura. E Pilatos lhes disse: Eis o homem! 6 Então, quando os principais sacerdotes e seus guardas o viram, gritaram, dizendo: Crucifique-o! Crucifique-o! Disse-lhes Pilatos: Tomem-no vocês mesmos e o crucifiquem, porque, de minha parte, não acho nele crime algum. 7 Os judeus lhe responderam: Temos uma lei, e de acordo com essa lei ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus. 8 E quando Pilatos ouviu essa palavra, ficou muito atemorizado, 9 e, tor nando a entrar na residência do governador, disse a Jesus: De onde és? Mas Jesus não lhe deu resposta. 10 Então Pilatos lhe disse: Comigo não falas? Não sabes que tenho autoridade“'^ para soltar-te e autoridade para crucificar-te? 11 Jesus respondeu: “Você não teria nenhuma autoridade“'^ sobre mim, se ela não lhe fosse dada do alto.“'’ Portanto, quem me entregou a você tem pecado ainda maior. 12 Com o resultado disso, Pilatos passou a esforçar-se por soltá-lo. Os judeus, porém, clamavam, dizendo: Se soltar esse homem, você não é amigo do imperador.“'“ Todo aquele que se faz rei se rebela contra o imperador. 13 Então Pilatos, ao ouvir essas palavras, levou Jesus para fora e sentouse no tribunal, no lugar chamado Pavimento de Pedra, em aramaico Gabatá. 14 IÎ era a Preparação da Páscoa.“'^ Era por volta da hora sexta. E ele disse aos
411. 412. 413. 414. 415.
Literalmente: “dando-lhe m unos”. Ou: direito. IIC; ver Introdução, pp. 62, 63. I1IA2; ver Introdução, pp. 63-65. Ou, simplesmente, “sexta-feira pascal”
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judeus: “Eis aqui seu rei! 15 Então eles gritaram: Fora com ele, fora com ele, crucifique-o! Disse-lhes Pilatos: Eu devo crucificar seu re il Responderam os principais sacerdotes; Não temos outro rei a não ser o imperador! 16 Então Pilatos lhos entregou para que fosse crucificado.
19.1-16 1. E ntão Pilatos tom ou a Jesus e m andou açoitá-lo. M ais um a vez Pilatos, frustrado em suas tentativas de fugir ao seu dever, procura um a solução conciliatória. Ele ordena que Jesus seja levado e açoitado (pois am bos os verbos são, naturalm ente, causativos). Esse açoitamento era um a tortura horrenda.'*"’ O açoite rom ano consistia de um cabo de m adeira curto ao qual eram presas várias cordas que tinham nas pontas pedaços de chum bo ou metal, e com fragm entos de ossos pontudos. As chicotadas eram aplicadas especialm ente (nem sem pre exclusivam ente) nas costas nuas e encurvadas da vítima. O corpo era às vezes rasgado e dilacerado de tal form a que veias e artérias profundas - algum as vezes até as entra nhas e os órgãos internos - ficavam expostos. Tal açoitam ento, do qual os cidadãos rom anos eram isentos, freqüentem ente resultava em m or te. E le precedia a execução, ou era dado com o sinal de que a pessoa a quem ele era adm inistrado estava para ser crucificada. Parece, entretanto, que, no presente caso, Pilatos ordenou esse açoi tam ento não com o um sinal de crucificação, mas para evitar a necessi dade de sentenciar Jesus a ser crucificado. Chegam os a esta conclu são com base nas seguintes evidências: 1. A passagem 19.12 claram ente m ostra que até m esm o depois do açoitam ento Pilatos ainda tentou desesperadam ente libertar Jesus. 2. O utra passagem , 19.5, parece indicar que o governador estava tentando despertar piedade pelo prisioneiro. Ver sobre esse versículo. 3. A interpretação que acham os m ais possível é consistente com as características da personalidade de Pilatos, as quais foram m enciona das anteriorm ente. Ver pp. 222, 223. Pilatos estava consistentem ente tentando fu g ir do problema. Ele desejava livrar-se do caso de Je416. Consultar as seguintes fontes: Josefo, Guerra dos Judeus II, 8, 9; V, xi, 1; Eusébio, História Eclesiástica IV, xv, 4. Ver também em W.D.B., p. 538.
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sus. Ele estava tentando desesperadam ente encontrar um jeito de, por um lado, evitar que Jesus fosse crucificado, e no entanto, por outro lado, escapar da vingança de Anás, Caifás e com panhia. Podem os im aginar com o Jesus ficou depois do açoitam ento, cober to de m arcas e dilacerações horríveis causadas pelas vergalhadas e pancadas. Não ficam os surpresos ao ler que Sim ão, o cireneu, se sentiu com pelido a levar a cruz depois de Jesus tê-la carregado por um pouco de tem po (19.16, 17; cf. Lc 23.26). D eve-se ter em m ente que os sofri mentos do Hom em de Dores não eram apenas intensos, mas tam bém vicários; Cf. Isaías 53.5. “M as ele foi traspassado por nossas transgressões e m oído por nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e p o r suas p isa d u ra s fo m o s sarados." 2, 3. E os soldados trançaram um a coroa de espinhos, puse ram -na em sua cabeça e atiraram um m anto de púrpura em torno dele; e passaram a m archar em sua direção, dizendo: Salve, rei dos judeus! E continuavam a dar-lhe m urros no rosto. O açoitam ento foi seguido pelo arrem edo de um a coroação e sau dação, no pátio do Pretório (M c 15.16). Em algum lugar das vizinhan ças os soldados encontraram uns ramos espinhosos. M uitos com enta ristas, em harm onia com a opinião dos cruzados, m encionam a Spina Christi ou Arbusto Palinrus com o tendo sido a planta da qual a coroa de tortura foi trançada, cujos ramos têm espinhos horrendos e cujas folhas lem bram a hera usada na coroação de im peradores e generais. Essa planta ainda existe na Judéia. Entretanto, m uitos arqueólogos têm ressaltado que poucos países do tam anho da Palestina têm tanta varie dade de plantas espinhosas. Ver tam bém as passagens bíblicas com o Juizes 8.7, Salm o 58.9; Oséias 9.6; M iquéias 7.4. A ssim sendo, é im possível estabelecer com certeza qual foi a planta que os soldados usa ram. Isso, porém , tem pouca im portância. M ais significativo é o fato de que espinhos e cardos são m encionados em Gênesis 3.18 em conexão com a queda de Adão. Portanto, aqui em 19.2, 3 Jesus é retratado com o suportando a m aldição que reside sobre a natureza. Ele a suporta a fim de libertar dela a natureza (e a nós) (Rm 8.20, 21). Com crueldade feroz, os soldados enfiaram a coroa de espinhos na
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cabeça de Jesus provocando o escorrim ento de filetes de sangue de sua fronte pela face, pelo pescoço e pelo corpo (que ainda doía terrivel m ente por causa dos açoites). Eles queriam torturá-lo. Tam bém que riam zom bar dele. A coroa de espinhos satisfazia aos dois propósitos. Eles agravaram o am argo insulto e o sofrim ento ignom inioso por meio de outra paródia desrespeitosa; jogaram em volta de Jesus o que era provavelm ente um descartado m anto velho e desbotado, de algum sol dado, de um a cor que lem brava a púrpura real. N a m ão de Jesus colo caram um caniço, com o um arrem edo de cetro (este últim o item não é registrado por João, mas ver M t 27.29). Depois se puseram a m archar diante dele, provavelm ente em formação, fazendo-lhe, zom beteiram en te, a saudação: “Salve, rei dos judeus!” E enquanto faziam isso, eles o esbofeteavam . Parece-nos que dizer que tam bém essa z o m b a ria /o ra ordenada p o r Pilatos'"'' é dificilm ente justificado. O registro disponível não ju sti fica esta interpretação. Pilatos é quem ordenou os açoites (19.1). Não parece que tam bém tenha sido totalm ente responsável (em bora certa m ente até certo ponto, pois ele podia tê-la evitado!) pela zombaria. O nde estava Pilatos quando tudo isso acontecia? Evidentem ente no interior de sua residência. Ver o versículo seguinte: 4, 5. E P ilatos saiu ou tra vez e lhes disse: Vejam , eu lhos estou apresentando para que saibam que eu não encontro nele crim e algum . E ntão Jesus saiu, ainda usando a coroa de esp i nhos e 0 m anto de púrpura. E ele lhes disse: Eis o homem ! Q uando Pilatos aparece perante o público m ais um a vez, ele volta a repetir a razão pela qual apresentava Jesus perante eles, ou seja, “para que saibam que eu não acho nele crim e algum ” (ver tam bém 18.38; 19.6 para um veredicto sem elhante). E óbvio que ele deveria ter liber tado o prisioneiro im ediatam ente. M as de novo hesita. D essa vez, em total coerência com todas suas tentativas anteriores de se livrar do caso, ele tenta apelar para a sim patia do povo. Ele lhes exibe um espe táculo patético: Jesus coberto de talhos profundos, com sangue escor rendo pelas faces, pelo pescoço e pelas costas; a horrível “coroa” ain da estava enfiada em sua cabeça; e ele ainda estava usando o m anto 417. Assim, por exemplo, Lenski, op. cit., pp. 1226-1228.
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púqjura. Então Pilatos exclam a: “Eis o hom em !” Ele já não sofreu o suficiente? É realmente necessário infligir-lhe mais punição? E por acaso ele parece ser algum rebelde perigoso? Que isso parece ter sido o que ia pela cabeça de Pilatos quando disse essas palavras, parece ser evidente pela resposta dada pelos su mos sacerdotes e oficiais. Eles parecem ter entendido que o que o governador quis dizer foi: “Porventura seria necessário fazer m ais al gum a coisa contra este homem, no qual eu não encontrei culpa alguma, e que já sofreu bastante, além de que ele não se parece em nada com um revolucionário? Isso não basta?” 6. E ntão, quando os principais sacerdotes e seus guardas o viram , gritaram : Crucifíque-o! Crucifíque-o! Pilatos lhes disse: Tomem-no vocês m esm os e o crucifiquem , porque eu, de m inha parte, não acho nele crim e algum . M al Pilatos term inara seu dram ático apelo e já as pessoas mais endurecidas dentre todas (observe: não a multidão), os sum os sacerdo tes e seus guardas, à vista do objeto de sua inveja dem oníaca, com e çam a gritar: “Crucifique-o! C rucifique-o!” Repetidam ente essas terrí veis palavras são gritadas até tornar-se um refrão m onótono, um a toa da lúgubre e agourenta: “Crucifique-o ... crucifique-o ... crucifique-o.” Em total exasperação, o governador responde, “Tom em -no vocês m esm os e crucifiquem -no porque eu, de m inha parte, não acho nele crim e algum ” . É claro que Pilatos sabia muito bem que, sem sua auto rização, eles não podiam crucificar Jesus! De um a m aneira velada, ele os está lem brando de sua im potência política. Ele odeia esses ju deus que lhe têm causado tantos problem as. E, ao m esm o tem po, ele os teme. De outra m aneira, há m uito teria soltado o prisioneiro. Além do mais, eles sabem que ele está com m edo deles! Vale a pena contar quantas vezes o governador pronunciou as pala vras, “eu não acho nele crim e algum ” . No Quarto Evangelho é encon trado em 18.38; 19.4; 19.6. M as a essas devem ser acrescentadas: M ateus 27.23; 27.24; M arcos 15.14; Lucas 23.4; 23.13-15; 23.22. M esmo quando se consideram as passagens duplicadas, ainda assim o fato perm anece: Pilatos enfatiza e constantem ente reitera a verdade que em Jesus não havia causa para acusação. E, por interm édio de
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Pilatos, é o próprio Deus que declara a perfeita inocência de seu Filho. Contudo, dentro de poucos m om entos este m esm o Pilatos sucum biria ao persistente clam or dos judeus e iria sentenciar Jesus a m orrer a m orte m aldita da crucificação. “N ão acho nele crim e algum ... não acho nele crim e algum ... não acho nele crim e algum ... E então ele o entrega para ser crucificado.” Assim se lê o registro sagrado. M as com o pode um Deus justo perm itir isso? Só há uma solução. E la se encontra em Isaías 53.6, 8; “mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüida de de nós todos... Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão de meu povo, foi ele ferido.” Cf. Gálatas 3.13. 7. O s judeus lhe responderam : Temos um a lei, e de acordo com essa lei ele deve morrer, porque a si m esm o se fez Filho de D e u s. Os ju d eu s sabiam m uito bem (provavelm ente especialm ente os líderes) que Pilatos está tentando fugir da questão e está tentando devolvelhes Jesus. É evidente que não querem isso. Então, a essência do que dizem é o seguinte: “Depois de um exam e cuidadoso nós o encon tram os culpado, isto é, culpado quando julgado de acordo com nossa própria lei. N a verdade, descobrim os que ele m erece pena de m orte porque é um blasfem o (cf. Lv 24.16). Por diversas vezes, ele, sendo apenas um hom em , se intitulou Filho de Deus (cf. 3.16; 5.18; 8.53; 10.30, 33, 36; M t 26.63). Dessa maneira, você, Pilatos, tem a obrigação de sentenciá-lo à m orte” . É verdade - com o as referências claram ente indicam - que Jesus tinha declarado por diversas vezes ser ele o Filho de Deus, seu Filho Unigênito, seu Filho num sentido m uito singular. Ver sobre 1.14. Isso era ou a mais horrível blasfêm ia ou a mais gloriosa verdade. Os m em bros do Sinédrio, endurecidos pelo pecado, escolheram a prim eira alter nativa. Baseado nisso, o conselho o condenou (M t 26.63-66). Por fim, o caso estava cada vez mais claro. M as por que por f i m l Porque eles não tinham apresentado essa acusação im ediatam ente, isto é, no início do julgam ento perante o governador? Provavelm ente porque eles acha vam que um a acusação desse teor teria m uito pouco valor aos olhos de um pagão. M as, agora, quando todos os outros m étodos possíveis ti nham falhado, e Pilatos estava de novo dizendo, “eu não acho nele crim e algum ”, eles apresentam a única acusação que era oficial. Tal
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vez a essa altura falassem tão orgulhosam ente de sua lei (“Temos um a lei”) porque Pilatos os tinha lem brado do fato de que eles eram um povo subjugado (ver sobre o v. 6). É com o se, em resposta, eles agora quisessem dizer, “M as por acaso o governo rom ano não nos deixou um a considerável m edida de liberdade para regular nossos próprios negócios? Porventura não gozamos de autonom ia? E não é seu dever, Pilatos, respeitar nossas leis referentes a essas questões? Temos um a lei, e de acordo com essa lei deve morrer, porque ele se autoproclam ou 0 Filho de D eus.” 8, 9. Q uando Pilatos ouviu essa palavra, ficou m uito atem ori zado, e, tornando a entrar na residência do governador, disse a Jesus: De onde és? Jesus, porém , não lhe deu resposta. Pilatos estava agora mais tem eroso do que nunca. Esse novo tem or não era tanto pela determ inação pertinaz dos judeus de fazer as coisas do jeito que queriam, mas principalm ente por essa nova inform ação que agora lhe davam. O quê? Esse prisioneiro m isterioso era um filho dos deuses? Seria essa porventura a razão de sua m ulher ter passado por tais agonias no sonho que tivera com ele? Ver M ateus 27.19. Então, estrem ecido no mais profundo de sua alm a por essas incer tezas supersticiosas, o juiz, com Jesus, tom a a entrar na residência. “De onde és?”, pergunta ansiosam ente. M as não recebe resposta algu ma. E na verdade ele não merecia receber nenhum a resposta. Segura mente que um hom em tão radicalm ente corrupto, que tinha dado or dens a que Jesus fosse açoitado quase até a morte, em bora soubesse (ele m esm o tendo declarado vezes seguidas) que esse prisioneiro era inocente, não m erecia um a resposta. Além disso, se Pilatos tivesse pres tado m ais atenção às palavras que Jesus dissera anteriorm ente (18.36, 37), poderia ter descoberto a resposta à sua pergunta! 10. E ntão P ilatos lh e disse: C om igo não falas? N ão sab es que tenho autoridade para soltar-te e autoridade crucificar-te? O que Pilatos faz nesse m om ento é totalm ente com um em casos dessa natureza. D eve-se lem brar que ele estava trem endo todo (ver sobre 19.8, 9). E, para tentar esconder o medo, ele com eça a contar vanta gem! Indignado, ele explode: “Comigo (observe a posição do pronom e no início cia frase) não falas? Com o te atreves? Tu não sabes quem eu
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sou? E não entendes que “Eu tenho autoridade (ver sobre 1.12; 10.18) para soltar-te e autoridade para crucificar-te?” Pilatos fala de soltar antes de m encionar crucificar, provavelm ente porque soltar Jesus era 0 que estava em prim eiro lugar em sua m ente, isto é, se ele pudesse fazer isso sem prejudicar-se, do contrário certam ente que não! 11. Jesus respondeu: N enhum a autoridade teria sobre“'“ m im , se ela não lhe fora dada de cim a. Jesus lança em rosto a Pilatos o fato de que a autoridade de que se vangloriava lhe fora delegada. Era um a m issão sagrada, e a prestação de contas pelo desem penho era um a responsabilidade pela qual teria de responder a Deus. Jesus continua: Portanto, quem m e entregou a você tem p eca do ainda maior. Pilatos de fato recebera autoridade para pronunciar a sentença neste caso. A falha em reconhecer que essa autoridade lhe fora dada e que ele tinha de responder a Deus pela m aneira com o a exercia, o tornava culpado. M as Caifás, com o sumo sacerdote em exer cício, tinha perversam ente condenado o Justo e o entregara a Pilatos com 0 pedido de que ele fosse sentenciado à m orte de cruz, não rece bera nenhum a autoridade de Deus para com eter essa infâmia. Além disso, Pilatos, em bora corrupto ao m áxim o, não entendia por com pleto o que ele estava fazendo. M as Caifás agia com conhecim ento e deter m inação inflexível (ver sobre 11.49, 50). Portanto, o pecado de Caifás era m aior do que o pecado de Pilatos. Existe graduação em pecado (Lc 12.47, 58). A quem m uito foi dado, muito lhe será pedido! 12. Com o resultado disso, P ilatos passou a esforçar-se por soltá-lo, os ju d eu s, porém , clam avam , dizendo: Se você soltar esse hom em , então não é am igo do imperador. Todo aquele que se faz rei se rebela contra o imperador. Da resposta de Jesus (v. I I ) um fato ficou claro a Pilatos; esse prisioneiro não era algum rebelde. Naturalm ente que o governador pres sentira isso o tem po todo, mas agora ele tinha certeza. Esse hom em tinha consideração pela autoridade de Pilatos (ver v. 11). Então, saindo novam ente para onde o povo podia vê-lo e ouvi-lo, Pilatos intensificou seus esforços por soltar Jesus. A razão pela qual ele não obteve êxito 418. A tradução sobre é provavelmente coiTcta. Não foi provado que a preposição usada no original deva significar contra nesse contexto. Ver Gramm, N.T., p. 607.
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em suas sucessivas tentativas foi devido à sua própria fraqueza moral, sua falta de disposição em fazer o que era certo independentem ente do custo. Q uando os judeus finalm ente com eçaram a gritar: “Se você sol tar esse hom em (ou esse sujeito), então não é am igo do im perador” , Pilatos capitulou ante seus desejos. Foi esse protesto que desconcertou o governador. Em sua im aginação fértil, ele viu com o estava para per der seu prestígio, sua posição, suas propriedades, sua liberdade e até mesmo, quem sabe, sua vida. A maneira com o os judeus desfecharam esse últim o golpe teve o efeito de acabar por desm ontar Pilatos. Eles sim plesm ente disseram : “Se você soltar esse hom em , então não é a m i go do imperador.”'^''^ M as Pilatos entendeu im ediatam ente a im plica ção dessa frase, que era muito mais do que ela de fato expressava. Ela queria dizer que, “Você será então considerado inimigo do mui descon fiado im perador Tibério. E é claro que vamos fazer um a queixa formal contra você. Vamos dizer ao im perador que você fecha os olhos à alta traição contra o governo; que soltou um hom em culpado de sedição contínua, um hom em que até m esm o se perm itiu cham ar rei de Israel (12.13; cf. M c 11.10; Lc 19.38). Vamos acusá-lo de estar sendo com placente com os rebeldes. E então, o que será de v o c ê T Essa foi a gota d ’água. Dá para im aginar a raiva que essas pala vras desencadearam no coração de Pilatos! Ele bem sabia que esses judeus eram uns m entirosos, e que eles não tinham am or algum pelo governador romano, ou por seu imperador. Ele tinha absoluta convic ção do fato de que bem no fundo de seu coração, eles m esm os eram desleais ao máximo. Contudo, aqui estavam, aparentem ente, m uitíssi mo perturbados pela lealdade política daquele que nunca, nem m esm o uma vez, dissera um a palavrinha siquer que fosse contra o governo de Roma. Eles eram uns hipócritas desprezíveis, mas eles o tinham encur ralado. 13. Então Pilatos, ao ouvir essas palavras, levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, num lugar cham ado Pavim ento de Pedra, no aram aico Gabata. 419. Se o termo “amigo do imperador” (amicus Caesaris) - para o qual A. Deissmann, op. cit., pp. 377, 378 - é usado aqui como um título oficial (como mais tarde, nos dias de Vcspasiano) faz pouca diferença. O contexto parece apontar para uma direção de uso nãolécnico.
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O m om ento pelo qual toda a história da redenção estivera esperan do havia então chegado. Pilatos então decidiu entregar Jesus para ser crucificado. João, cujo relato da paixão de Cristo é freqüentem ente abreviado, se tom a m uito m inucioso em sua descrição do que ocorreu no m om ento. Ele levou Jesus para fora (ou: fez com que levassem Jesus para fora). Então Pilatos sentou-se. O sentido não é que ele fez com que Jesus se sentasse na cadeira do juiz com o m ais um ato de zom baria. Em bora essa tradução seja preferida por autoridades em i nentes (M offat, Goodspeed, M ontgom ery), o verbo usado aqui não pre cisa ter esse sentido. Além do mais, é muito im provável que Pilatos fosse dim inuir a si m esm o e ao seu tribunal oficial desse m odo.“*™ N esse m om ento, Pilatos assenta-se para pronunciar a sentença. Ele sentou-se na sua cadeira oficial que ficava num a plataform a com degraus (o substantivo tribunal ou cadeira do ju ízo - ver especial m ente seu sentido original em Atos 7.5 - se relaciona ao verbo pisar, andar). Para o substantivo, ver tam bém M ateus 27.19; Atos 12.21; 18.21, 16, 1 7 ;2 5 .6 ,10, 17;Rom anos 14.10 (tribunal de Deus); 2 C orín tios 5.10 (tribunal de Cristo). O tribunal ficava no Pavimento de Pedra (em aram aico Gabata). Esse pode ser o que foi recentem ente escava do na vizinhança da Fortaleza de Antônia.'*^' Ver tam bém sobre 18.28 (a localização do Pretório). 14. E era a preparação da Páscoa, Isso não significa que “era a preparação para a Páscoa”, com o se João quisesse indicar que Jesus foi sentenciado antes do dia da Páscoa. Esse dia de preparação (cozi nhar 0 alim ento para ser usado naquele dia etc.) precedia o sábado, não as festas. A expressão sim plesm ente significa que era a sextafeira da sem ana da Páscoa. Ver tam bém sobre 13.1 e sobre 18.28. Um com entário m uito claro se encontra em Lucas 23.54, “E era o dia da preparação, e com eçava o sábado”-, e em M arcos 15.42, “da pre paração, isto é, a véspera do sábado”. João, em com pleta harm onia com os outros E vangelhos, ensina que Jesus foi sentenciado e cruci ficado na sexta-feira, que era o dia da preparação para o sábado. 420. Ver F. M. Derwacter, “The Modern Translators and John 19.13: Is It Sat or Seated?” Classical Journal, XL (1944-1945), 24-28. Trata-se de um artigo muito bom. 421. L. H. Vincent, “L’Antonia et le Prétoire”, Revue Biblique, XLII (1933), 83-113.
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Nesse caso particular, era o dia da preparação da (pertencente à) se m ana da Páscoa. E ra por volta da hora sexta. M uito se tem escrito com referên cia a essa breve nota de tempo. Os críticos da B íblia citam esta passa gem com o um a prova positiva de que existem erros e contradições nas Escrituras. Então M arcos não disse que Jesus foi crucificado na “hora terceira” (M c 15.25), isto é, às nove horas da m anhã? C ertam ente que cie foi sentenciado antes de ser crucificado. C ontudo, segundo João (dizem os críticos), o sentenciam ento aconteceu ao meio-dia (“por volta da hora sexta”). M as já se m ostrou em outras passagens que o autor do Quarto Evangelho com toda probabilidade usou o sistema civil roma no para contar as horas. Ver sobre 1.39; 4.6; 4.52. Se ele o usou nessas passagens, por que não o faria aqui? Com relação às duas declarações - a de João, ou seja, que Jesus foi sentenciado p o r volta das seis horas da m anhã; e a de M arcos, que ele foi de fato pregado na cruz às nove da manhã, dificilm ente se pode dizer que estão em conflito irreconciliável um a com a outra.“*^^ Deve-se ter em mente que João não disse seis horas em ponto, mas cerca de seis horas. Suponham os que foi na verdade seis e meia. Adm itim os que m esm o assim ainda perduram as dificuldades, m as a dificuldade não é tão grande. É difícil entenderm os com o o julgam ento perante Pilatos (na realidade o julgam ento Pilatos-H erodes-Pilatos) foi Ião rápido, com o tudo pode ter transpirado tão rapidam ente. Por outro lado, não parece provável que o Sinédrio estivesse fazendo tudo em seu poder para apressar Pilatos a um a decisão? Não é porventura verdade que essa augusta instituição tentava apressar o caso desde o m om ento cm que Jesus foi preso? A reunião m atutina do Sinédrio de fato pode ter acontecido m uito cedo! Ela pode ter durado apenas uns poucos m inu tos. Afinal de contas, todo m undo sabia com antecipação o que ia ser decidido. N a verdade, a decisão fora tom ada m uito tempo atrás. U m a vez tendo Pilatos pronunciado a sentença, os ânimos se esfriciram. E ntão três horas se passaram entre a sentença e a crucificação; 422. Parece-me que linguagem que Lenski usa em conexão com essa questão é forte ilcmais. Admitimos que de fato uma dificuldade permanece, mas certamente não se trata de um conflito irreconciliável. Ver R. C. H. Lenski, op. cit. 1249, 1250.
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ou, digam os, duas horas e m eia (no caso de a sentença ter sido pronun ciada às seis e m eia da manhã, “p o r volta das seis horas”). Por que tanto tem po se passou entre um acontecim ento e outro não sabemos. E ele disse aos judeus: O lhem seu rei! E ssa exclam ação deve ter sido pronunciada com um a pontada de zombaria. E ra originada de profundo ressentim ento. Eis o rei de vocês, ó judeus, algemado, fraco, indefeso, ensangüentado, sentenciado a um a morte horrível, a pedido de vocês! Pilatos tira proveito. Com o ele odeia esse povo! 15, 16. E ntão eles clam aram : F ora com ele! fora com ele! cru cifiq u e-o ! P ilatos lhes d isse: D evo cru cifica r seu rei ? Os principais sacerdotes responderam : Não tem os outro rei a não ser o im perador. E ntão P ilatos lhos en tregou para que fosse crucificado. Os sacerdotes e a m ultidão instigada pelos sacerdotes sentiram a pontada da incôm oda pergunta de Pilatos. Então, em resposta à sua observação m aliciosa e exasperada gritam por sua vez; “Fora com ele! fora com e le ! crucifique-o!” O governador lhes deu um a últim a estoca da, dizendo: “Devo crucificar seu re iT (No original, a ordem das pala vras é: “Seu rei eu devo crucificar?”) Im passível, mas com evidente hipocrisia, o principal sacerdote responde, “Não tem os outro rei a não ser 0 im perador” . De certa m aneira, eles estavam certos! Tendo rejeitado a própria esperança m essiânica, quando disseram: “Fora com ele! fora com ele! crucifique-o!” (um a esperança que, no caso dos principais sacerdo tes, a m aioria de saduceus, nunca foi muito fervorosa), eles não tinham nenhum direito de ter Jesus com o rei (líder espiritual, no sentido de 18.36, 37). O único que eles reconheciam com o rei era Tibério. E m es m o esse reconhecim ento é definitivam ente falso. Eles se esquecem , entretanto, que Deus, com o rei do universo, ainda não term inou de tra tar com eles. N um sentido indubitável e terrível, ele é ainda se rei. Indescritíveis castigos não estavam longe. Eles continuam desde então. Ver R om anos 11.25. Enquanto confessavam um a firm e lealdade ao im perador, eles ao m esm o tempo aludiam à possível deslealdade do governador. É com o se dissessem : “Nós não temos outro rei a não ser o imperador. E você.
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Pilatos? Onde está sua lealdade?” Que eles tinham isso em mente, dificilm ente se contesta (ver sobre 19.12). Então Pilatos lho entregou; não no sentido em que eles - os judeus - fossem então crucificá-lo, mas no sentido em que ele se rendia a seus desejos. H um anam ente falando, a inveja tinha triunfado, a inveja dos líderes. D esde esse tem po a inveja freqüentem ente triunfa; contu do, o que aconteceu neste caso é único. N esse m om ento ela triunfou cm lançar fora o Justo. Porém, ao (aparentem ente!) ganhar essa bata lha, ela perdeu a guerra. Em conexão com 19.15, 16, devem ser lidas as seguintes passa gens inspiradoras: Lucas 23.24, 25 e M ateus 27.24, 25.
Síntese de 18.12-19.16 Ver o Esboço na p. 783. O Filho de Deus M orrendo como um Substituto de Seu Povo. O Julgamento e a Negação. O Esboço bastante detalhado que fornecem os na p. 783 tem em si mesmo a natureza de um a síntese. Além disso, observe o seguinte: A. Perante Anás, julgam ento e negação O verdadeiro Sum o Sacerdote, Jesus Cristo, é levado perante os sumos sacerdotes corruptos, Anás e (um pouco m ais tarde) seu genro Caifás. O prim eiro, em bora não mais o sum o sacerdote em exercício e presidente do Sinédrio, era ainda quem m andava. Ele era orgulhoso, am bicioso e rico. Enquanto Jesus passava por um a audiência prehm inar perante ele, Pedro, tendo sido introduzido por João no palácio, levantou suspeitas da criada encarregada da porta. C hegando-se a ele, ela disse (com m alícia na voz), “P orventura você é tam bém um dos discípulos desse hom em ?” Chocado pela pergunta inesperada e direta, Pedro foi pego de surpresa, c apesar de todas suas prom essas de lealdade feitas anteriorm ente, ele respondeu abruptam ente: “Não sou” . D essa maneira, com o se a hum ilhação que Jesus estava passando perante Anás não fosse suficiente, essa aflição foi acrescentada ao seu amargo sofrim ento, a de ser negado por um dos discípulos e líder. A iiiidiência prelim inar em si foi um a farsa, com o tam bém o resto do jull>,amento perante os judeus. Ele foi um a farsa no sentido em que nenhu
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m a tentativa séria foi feita para se descobrir a verdade. A m orte de Cristo tinha sido decidida há m uito tempo. O veredicto era uma con clusão pré-assentada. Anás, além do mais, estava m ais interessado em descobrir qual era o m ontante dos seguidores de Cristo do que so bre seu ensinam ento, exceto na m edida que esse ensino pudesse servir ao propósito de fornecer material para form ular um veredicto desfavo rável. Pediram a Jesus que testificasse contra si mesm o. Q uando ele recusa a fazer isso e pede que apresentassem testem unhas, um m ise rável soldado o esbofeteou, e lhe fez um a pergunta injuriosa. Com m a jestade, 0 Senhor defendeu seu próprio pedido de que se ouvissem tes tem unhas. A inda amarrado, Jesus foi enviado a Caifás. Enquanto perante Caifás e o Sinédrio, Jesus fez sua boa confissão que resultou-lhe em insulto e injúria; Pedro, tendo voltado ao pátio, do qual buscara escapar, estava outra vez sendo assaltado com perguntas do tipo: “Porventura você é tam bém um dos discípulos dele?” “Não sou”, respondeu, m entindo novam ente. Um parente de M alco então perguntou: “Eu não o vi no jardim com ele?” M ais um a vez Pedro ne gou e no m esm o instante o galo cantou! B. Perante Pilatos, julgam ento Para a síntese desta seção, indicam os o Esboço. U m a observação esclarecedora, entretanto, se faz necessária. No Esboço, lem bram os o gesto de Pilatos em conexão com o costum e de soltar um prisioneiro por ocasião da Páscoa, e no presente caso o prisioneiro era Jesus, a segunda tentativa do governador de se livrar da responsabilidade. Essa foi de fato a segunda tentativa no que diz respeito ao Evangelho de João. Porém , com o fato histórico foi a terceira tentativa, pois ela foi precedida de um a tentativa da parte de Pilatos de fazer Herodes assu m ir a responsabilidade pelo caso. Porém, isso não é registrado no Quarto Evangelho. A lição principal a ser aprendida a respeito do julgam ento perante Pilatos é que ninguém pode ser neutro com respeito a Jesus. Ou é a seu favor ou contra ele. A “neutralidade” de Pilatos falhou com pleta m ente. E le sucum biu à últim a intim idação e entregou Jesus para ser crucificado. Repetidas vezes Pilatos proclam ou a inocência de Cristo. Depois
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ele o sentenciou! E stá claro que Jesus sofreu o castigo não por suas próprias faltas mas por nossos pecados (ele não tinha nenhum ), e tudo sofreu voluntariam ente. Ao discutir os detalhes da Paixão, o olhar deve perm anecer fixo nele, em seu sofrim ento, em seu amor! 17 Então levaram Jesus; e ele próprio, carregando a cruz, saiu para (um lugar) chamado Lugar da Caveira, que, em hebraico, é chamado Gólgota, 18 onde o crucificaram e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. 19 E Pilatos também escrevera um título, que foi colocado sobre a cruz. Nele estava escrito: Jesus de Nazaré, o Rei dos judeus. 20 Muitos judeus leram esse título, porque o lugar em que Jesus fora crucificado era perto da cidade; e estava escrito em aramaico, latim e grego. 21 Então os principais sacerdotes passaram a dizer a Pilatos: Não escreva o Rei dos judeus, mas sim que ele disse: Sou o rei dos judeus. 22 Pilatos respondeu: O que escrevi, escrevi. 23 Ora, depois que os soldados crucificaram Jesus, tomaram-lhe as vestes e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte, e (tomaram) a túnica. A lúnica, porém, era sem costura, toda tecida de alto a baixo. 24 Então eles disse ram uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela (para ver) de quem será. (Isso foi dito) para cumprir-se a Escritura: Repartiram entre si minhas vestes e sobre minha túnica lançaram sortes. Os solados, de fato, fizeram essas coisas. 25 E junto à cruz de Jesus estavam sua mãe, sua irmã, Maria, (mulher) de Cléopas e Maria Madalena. 26 Então, quando Jesus viu sua mãe e junto dela o discípulo amado, disse à sua mãe: Mulher, eis aí seu filho. 27 Depois, ele disse a esse discípulo: “Eis aí sua mãe! Dessa hora em diante, o discípulo a levou para sua própria casa. 28 Depois disso, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para cum prir-se a Escritura, disse: Estou com sede. 29 E stava ali um vaso cheio de vinagre. Então eles fixaram uma esponja embebida em vinagre num caniço de hissopo, e a levaram à sua boca. 30 Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está terminado. E, inclinando a cabeça, rendeu seu espírito. 31 Então os judeus, já que era a Preparação, para que no sábado os corpos não ficassem na cruz - pois era grande o dia daquele sábado - , rogaram a Pilatos que suas pernas fossem quebrassem , e fossem tirados. 32 Então os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que tinham sido crucificados com ele. 33 Quando, porém, chegaram a Jesus e viram que já estava morto, não lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados lhe espe tou o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água. 35 Aquele que viu isso, testificou, e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que está dizendo a verdade, para que também vocês possam continuar crendo. 36 Porque essas coisas aconteceram para cumprir-se a Escritura:
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Nenhum de seus ossos será quebrado. 37 E outra vez, outra Escritura diz: Eles estimarão aquele a quem traspassaram.
19.17-37 17, 18. E ntão levaram Jesu s; e ele p róp rio, carregan d o a cruz, saiu para (um lugar) cham ado L ugar da Caveira, que em aram aico é cham ado G ólgota, 18 onde o crucificaram e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no m eio. O versículo 17 contém tudo o que João tem a dizer sobre o que aconteceu na Via Dolorosa. Para um relato m uito mais com pleto, ver Lucas 23.26-32. Os soldados tom aram Jesus e, em bora suas costas estivessem dila ceradas pelos m uitos talhos profundos com o resultado do açoitam ento ao qual fora subm etido, eies o fizeram carregar sua própria cruz. Ele a carregou pelo tem po que sua condição física o permitiu. Depois, Sim ão de Cirene foi requisitado para continuar a árdua tarefa (Lc 23.26; cf. M t 27.32; M c 15.21). M uito tem sido escrito sobre a form a da cruz. Teria essa cruz a form a da letra X (cruz de Santo André), da letra T (cruz de Santo Antônio) ou de punhal (a cruz latina)? À luz do fato de que o título (ver sobre o v. 19) foi escrito acim a da cabeça de Cristo (M t 1 1 3 1 \ Lc 23.38) é bastante provável que os artistas estejam certos em adotar dentre as três possibilidades, a cham ada tipo punhal, ou cruz latina. Ao que parece, a cruz inteira (o poste e o travessão) foi colocada nas costas de Cristo. Pelo menos, não há nada no texto que sugira outra coisa. A idéia da vítim a carregando a cruz na qual ele seria levantado nos lem bra Isaque, que carregou a lenha para o holocausto (Gn 22.6). As palavras, “E carregando sua cruz, saiu” im plicam num a m aldição quádrupla: 1. A m orte por crucificação era em si considerada um a m aldição (G1 3.13); “porquanto o que for pendurado no m adeiro é m aldito de D eus” (Dt 21.23, válido m esm o quando se trata de pendurar um cadá ver; quanto m ais então com relação a um a pessoa viva). Que a cruz era um term o de horror está tam bém claro no versículo 31 do capítulo presente; de 1 C oríntios 1.23; e de Filipenses 2.8.
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2. C om pelir a pessoa sentenciada, nesse caso Jesus, a carregar a cruz aum entava a vergonha. 3. Tê-la carregado, pessoalm ente, com o significado de ter feito isso sozinho, em bora ela fosse pesada e seu corpo já tivesse sido sub metido a terríveis punições, realça o fato de que o Servo Sofredor esta va sendo levado em com pleto abandono. 4. Sair da cidade para ser crucificado (“ele saiu”) acrescentava ainda outro elem ento à m aldição, com o é claram ente ensinado em H e breus 13.12, 13, com base em Êxodo 29.14; Levítico 4.12, 21; 9.11; 16.27; N úm ero 19.3. O lugar em que a crucificação ocorreu era cham ado Lugar da Caveira. Para ficar o m ais perto possível do som (bem com o do sen tido) do original, deve-se dar o equivalente em inglês: O lugar do Crânio. O termo, vindo do grego e traduzido do aramaico, Gólgota, significa caveira. O latim Calvaria (do qual se deriva Calvário) tam bém significa caveira. Está relacionado com calvus, calva (cf. o ale mão kahl, holandês Kaal, que significam calvo] portanto, crânio sem cabelo).'*-^ M as, por que esse lugar era cham ado Lugar da Caveira? Várias respostas têm sido dadas: a. porque ele lem brava um a caveira; b. por que, segundo um a lenda aceita por m uitos (encontrada nos escritos de Orígenes, Anatásio e Epífanes), a caveira de Adão fora ali descoberta; c. porque era um iugar de execução; d. porque era um lugar onde havia caveiras espalhadas. Algum as dessas teorias são objetáveis de im edia to. M esm o a. (form ato de caveira) não há certeza absoluta. Epífanes, escrevendo no século 4°, já havia rejeitado essa idéia, dizendo que o lugar não lem brava um a caveira de modo algum. (M as C irilo de Jeru salém parece indicar que havia um a certa sem elhança, Catechetical Lectures XIII, 39.) A m elhor resposta é: não sabem os a razão pela qual o lugar era cham ado Lugar da Caveira. O nde era o Calvário? Alguns que fizeram a viagem à Palestina o localizaram a cerca de 227 m etros a nordeste do portão de Damasco. Esse é 0 Calvário de Gordon. O m orro realm ente se assem elha a um 423. Cf. 0 Latin Dictionary da Harper, Nova York, 1907; verbetes calvaria, calvu.s, p. 273.
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crânio. Fica fora do portão, perto de um a rodovia. Em sua vizinhança existem túm ulos abertos na rocha e nos jardins. Com o alguns o vêem, isso resolve o problem a. Outros intérpretes, entretanto, objetam a esta teoria, pelas seguintes razões; 1. O form ato parecido com caveira (buracos dos olhos, topo arre dondado) pode ser devido à escavação artificial desde o tem po de C ris to. E m esm o se não, com o podem os saber se o nom e L ugar da C aveira significa lugar parecido com caveira? 2. Este lugar não tem apoio de tradição. C erca de quinhentos m etros para o sudoeste do Calvário Gordon, e dentro das paredes da cidade m oderna, fica a Igreja do Santo Sepulcro. Esse é o lugar apoiado pelas tradições prim itivas. Se algum crédito tiver de ser dado a essa tradição, deve ser provado prim eiro que a. esse local estava de fato “fora do portão” nos dias do m inistério de Jesus na terra (1 9 .1 7 ,18;H b 13.12,13); b .q u e estava, não obstante, próxim o do muro da cidade (19.20); c. que ela estava próxim o de um a estrada ou rodovia (M t 27.39); e d. e que em suas vizinhanças im ediatas havia um jardim (Jo 19.41). Até o presente, essas coisas ainda não foram provadas com respeito a nenhum lugar (seja o local tradicional, ou o Calvário de G or don, ou ainda qualquer outro qualquer). Por causa da fisiografia geral de Jerusalém e suas vizinhanças, entretanto, se sabe bem que nem um dos dois locais mais favorecidos pode estar m uito longe do local real onde o Senhor foi crucificado.'*^'' Aí, então, eles o crucificaram . O pronom e se refere aos soldados, com o está claro em 19.23. No original, o fato m ais glorioso na história da redenção é expresso em apenas três palavras (literalm ente “onde o crucificaram ”). Esse m odo de execução existia em m uitas nações antigas, com o na M acedônia, na Pérsia, na Síria, no Egito, no Im pério Rom ano. (Os judeus usavam outros m étodos, especialm ente o apedre jam ento.) R om a geralm ente (nem sempre!) reservava essa form a de punição para escravos e para aqueles que tinham sido condenados por crim es hediondos. 424. Ver também a discussão m I.S.B.E., o artigo “Golgotha” , de E. W. G. Masterman; W.D.B., p. 99, e Ilustração XVIIC; e Viewmaster Travelogue, Carretei n°4001, Gethsemane to Calvary, cenas 2-7,
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Exatam ente o que levou Pilatos a crucificar os outros dois com •lesus, um de cada lado, não foi revelado. Poderia ser para insultar os judeus, com o se ele quisesse dizer, “Este é seu rei, do m esm o nível que dois outros hediondos crim inosos” . Porém , do ponto de vista divino, esse era um lugar de honra, pois Jesus viera “ao m undo para salvar pecadores”. Além do mais, nessa crucificação entre dois m alfeitores (Lc 23.33) a profecia estava se cum prindo, Isaías 53.12: “foi contado com os transgressores.” Já se disse que a pessoa crucificada “m orre mil m ortes” . Grandes pregos eram pregados traspassando as m ãos e os pés (20.25; cf. Lc 24.40). Entre os horrores que a pessoa sofria enquanto ficava suspensa (com os pés apoiados num a pequena tábua, não m uito longe do chão), estavam os seguintes: inflam ação severa, inchaço dos ferim entos nas regiões das unhas, dor intolerável por causa dos tendões partidos, terrí vel desconforto por causa da posição esticada do corpo, dor de cabeça latejante e sede abrasadora (19.28). No caso de Jesus, a ênfase, entretanto, não deve ser posta na tor tura física que ele suportou. Já se disse que som ente os condenados ao inferno conhecem o que Jesus sofreu quando m orreu na cruz. N um sentido, isso é verdade, pois eles tam bém sofrem a m orte eterna. Devese, entretanto, acrescentar que eles nunca estiveram no céu. O Filho de Deus, por outro lado, desceu das regiões de infinito prazer da com u nhão mais íntim a possível com seu Pai (1.1; 17.5) para as profundezas iibismais do inferno. N a cruz ele clam ou, “M eu Deus, m eu Deus, por que me desam paraste?” (Mt 27.46). 19, 20. Pilatos escrevera tam bém um título, o qual foi colo cado sobre a cruz. Nele estava escrito: Jesu s de N azaré, o rei dos ju d eu s. 20 M uitos judeus leram esse título, porque o lugar em que Jesus fora crucificado era perto da cidade; e estava es crito em aram aico, latim e grego. Acim a da cabeça de Jesus, Pilatos fez com que escrevessem um lílulo (M t 27.37: acusação; M c 15.26 e Lc 23.38: sobrescrito) para que fosse lido. Com relação a esse título (um título, de fato, porque no caso de Jesus nenhum crime foi registrado!) os críticos encontraram outra contradição na Bíblia. Eles apontam para o fato de que as pala
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vras das quais ele foi com posto difere em todos os quatro Evangelhos. M as este argum ento é bastante fácil de se refutar. C ertam ente não era preciso que cada escritor dos Evangelhos escrevesse todas as pala vras. C ada um deu a essência, com o ele a viu. O título com pleto deve ter sido com o segue: ESTE É JESUS DE N A ZA RÉ O R EI DOS JU DEUS. Então M ateus diz que a acusação que foi escrita sobre a cabe ça de Jesus era: ESTE É JESUS O REI DOS JUDEUS (M t 27.37). M arcos diz que a inscrição era: O REI DOS JUDEUS (Mc 15.26). N a versão de Lucas, o sobrescrito era: ESTE É O REI DOS JUDEU S (Lc 23.38). E segundo João, que estava presente pessoalm ente e a teria lido, o título era: JESUS DE N A ZA RÉ O R EI DOS JUDEUS. Onde, exatam ente, está a discrepância? U m a pessoa que presen ciou um acidente seria considerada m entirosa se ela não relatar tudo o que ocorreu? Ora, devido ao fato de que o lugar onde Jesus foi crucificado ficava perto da cidade (e ali havia m uitos judeus saindo e entrando da cidade para assistir à festa da Páscoa), esse título foi lido por muitos. A lém do mais, m esm o aqueles que tinham vindo de lugares longínquos, e tinham esquecido o aram aico, mas sabiam ler em grego, podiam interpretar o título. Ele foi escrito em aram aico, que era a língua falada pelos judeus da Palestina (e ainda por alguns outros!), em latim, a língua oficial do governo, e em grego, a língua do com ércio e da cultura. O rei dos judeus fo i crucificado a pedido dos judeus; que todo mundo fique sabendo disso. Rejeitando-o, eles rejeitaram a si p ró p rios. E que a rejeição dos últim os significa “recon ciliação do m undo” (os eleitos de Deus de toda tribo e nação). Ver Rom anos 11.15. Portanto, o m undo inteiro deveria ler esse título! Aqui está o Salvador que tem significado internacional. 21, 22; E ntão os p rin cip ais sacerd otes passaram a d izer a P ilatos: N ão escreva o Rei dos ju d eu s, m as sim que ele disse: Sou o rei dos judeus. Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi. Foi o próprio Deus que, em sua providência m aravilhosa, dirigiu a m ão de Pilatos. Isso de nenhum a m aneira tom a Deus responsável pe los m otivos de Pilatos em escrever o título. N em significa que Deus interpretou o título da m esm a m aneira que o governador. C ontudo, as
JOÂO 19.23, 24
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palavras, em si, eram verdadeiras. Elas eram verdadeiras no sentido cm que o rei dos judeus é crucificado a fim de poder ser o rei de um reino espiritual (ver sobre 18.36, 37) que não reconhece distinções nacionais nem raciais, um reino no qual os judeus de língua aram aica, os rom anos e os gregos - sim, os eleitos de toda “tribo, língua, povo e nação” (Ap 5 .9 )- s ã o os cidadãos. Ver sobre 1.29; 3.16, 17; 4.42; 6.33, 5 I;8 .1 2 ;9 .5 ; 10.16; 11.52; 12.32. Para os principais sacerdotes, esse título é um insulto. Com toda probabilidade, essa foi a intenção de Pilatos. Esses dignitários judeus entram em contato com o governador com o pedido, “Não escreva. Rei dos judeus, mas sim que ele disse: Sou o rei dos judeus.” Para os prin cipais sacerdotes (e, talvez, m ais ainda para os fariseus m em bros do Sinédrio) a idéia de que, “O Rei dos Judeus, a Esperança de Israel”, estava sendo crucificado, era algo difícil de engolir. E se tom ou ainda mais am argo quando refletiam no fato de que essa m aldição tinha sido pronunciada sobre ele a pedido delesl Isso não pode ser. A todo custo Pilatos tem de trocar o título para designar o crime que Jesus com elera. Então ele não com etera o crim e de dizer que era o rei dos judeus? D essa vez, porém, Pilatos recusa ceder. A inda transbordando de raiva por causa da grande derrota que sofrerá, ele consegue pelo m e nos um a pequena vitória. C urta e incisiva é sua resposta: “O que escre vi, escrevi.” Fica com o está! E e com o se estivéssem os ouvindo a voz de Deus confirm ando esta sentença sucinta. Ele tam bém estava dizendo: “O que eu escrevi, eu escrevi.” 23, 24 O ra, depois que os soldados crucificaram Jesu s, to m aram -lhe as vestes e fizeram quatro p artes, um a parte para cada soldado; e (pegaram ) a túnica. A túnica, porém , era sem costura, toda tecida de alto a baixo. D isseram , pois, uns aos ou tros: Não a rasguem os, m as lancem os sortes sobre ela para ver tic quem será. (Isso foi feito) para se cum prir a Escritura: R epartiram entre si m inhas vestes e sobre m inha túnica lançaram sortes. Com o era costum e, as vestes que tinham sido usadas pelo condeniido eram divididas entre aqueles que executavam a sentença. Cf.
JOÃO 19.25
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É interessante com parar a lista de João com as listas sem elhantes em M ateus e M arcos. M ateus 27.56
M arcos 15.40
João 19.25
1. M aria M adalena
1. M aria M adalena
1. A m ãe de Jesus
2. M aria, m ãe de Tiago e José
2. M aria, m ãe de Tiago e José
2. A irm ã de sua m ãe
3. A m ãe dos filhos de Zebedeu
S.Salomé
3. M aria (provavelm ente mulher) de Cléopas 4. M aria M adalena
P or que só essas quatro m ulheres são m encionadas aqui em 19.25 não foi revelado. Não é im provável que tivessem com ele um relacio nam ento mais estreito do que as outras m ulheres. Assim sendo, por exem plo, a m ãe de Jesus é m encionada, e tam bém a m ãe dos filhos de Zebedeu (que eram discípulos de Jesus, pertencentes ao círculo dos três m ais chegados). Um a com paração entre a lista fornecida por M ateus e a de M arcos pareceria indicar que o nom e da m ãe de Tiago e João era Salomé. N ão podem os aceitar a teoria'*^’ de acordo com a qual João m enci ona som ente três m ulheres. Se isso fosse verdade, as duas innãs (a m ãe de Jesus e sua irmã) teriam o m esm o nom e (M aria). Além disso, neste caso, João, em bora m encionando nom inalm ente a mãe de Jesus, iria não sim plesm ente m encionar o nom e de sua irmã, com o tam bém inform aria aos leitores que ela m antinha o m esm o relacionam ento com Cléopas (sendo provavelm ente sua esposa). Isso não é de m odo algum razoável. O mais provavelm ente correto é a idéia de que “a m ãe dos filhos de Z ebedeu” e “Salom é” e “a irm ã de sua m ãe” eram a m esm a pessoa.'*^“ Pode até ser que as três listas sejam idênticas com um a única exquando se convenceram de que os soldados não as machucariam? 427. Para os argumentos em favor desta teoria, ver Lenski, op. cit., pp. 1266-1270. 428. Ao aceitar a teoria de quatro mulheres, estou totalm ente de acordo com F. W. Grosheide, op. cit., pp, 499-501; G. T. Purves, art, “M ary” in W,D.B.; e muitos outros.
JOÂO 19.25
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ceção, ou seja, que João acrescenta a m ãe de Jesus (sem m encioná-la pelo nome). Se isso for verdade, chegam os à seguinte harmonia; A m ãe de Jesus. Sua irmã, que segundo M arcos era Salomé, mãe de Tiago e do autor do Quarto Evangelho (ver p. 46). M aria, a m ulher de Cléopas. E la - se essa harm onia estiver correta - é a m ãe de Tiago, o M enor, e de José. M aria M adalena. D eve-se enfatizar, não obstante, que esta síntese, em bora provável, não pode ser provada. Tom ando essas quatro na ordem dada, e presum indo que a harm o nia esteja certa, as referências do Novo Testam ento a elas são com o segue; (1) A m ãe de Jesus. Seu nom e era M aria. Ela era a esposa de José. Outras referências a ela são encontradas nas seguintes passagens; M ateus 1.1 6 , 18,20; M arcos 6.3; Lucas 1.27,3 0 ,3 4 , 3 8 ,3 9 ,4 1 ,4 6 ,5 6 ; 2.5, 16, 19, 34; João 2.1, 3, 5, 12; 6.42; 19.25, 26, 27; Atos 1.14. Ver também pp. 155-161. (2) Salom é. Ver M ateus 27.56; M arcos 15.40; 16.1; João 19.25. (3) M aria, m ulher de Cléopas. Ver M ateus 2 7.56,61; 28.1; M arcos 15.40, 47; 16.1; Lucas 23.10; Jo 19.25. (4) M aria M adalena. Ver M ateus 27.56, 61; 28.1; M arcos 15.40, 47; 16.1, 9; Lucas 8.2; 24.10; João 19.25; 20.1, 2, 11-18. Enquanto bem pouco se saiba sobre Salom é e Maria, m ulher de Cléopas, m ais foi registrado sobre M aria M adalena. Ela residia em M agdala, localizada na costa sudoeste do M ar da Galiléia. Jesus reali zara um m aravilhoso ato de misericórdia, expulsando dela sete dem ôni os. D essa m aneira, não surpreende que ela tivesse se tom ado um a das mais gratas discípulas do Senhor. (De passagem , ela não era a m ulher de má reputação, cuja história é registrada em Lc 7.36-50. E ssa identi ficação lhe faz um a injustiça.) Ela era um a das m ulheres que, um a vez lendo se tom ado seguidora de Jesus, ajudou-o em seu m inistério dandolhe de seus recursos financeiros. Não ficam os surpresos ao encontrála junto à cm z, no túmulo quando Jesus foi sepultado (junto com M aria,
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JOÃO 19.26, 27
m ulher de Cléopas), e novam ente no túm ulo no terceiro dia (junto com M aria, m ulher de Cléopas, e com Salomé). Para m ais inform ação a seu respeito, ver sobre João 20.1, 2, 11-18. E m bora a f é dessas m ulheres não fosse o que deveria ter sido, seu am or pelo Senhor é certam ente evidente todo o tem po. Ao que parece, de todo o círculo de hom ens, som ente um estava presente na cruz. Esse era o apóstolo João. Mas havia várias mulheres. Toda honra lhes seja dada,, à sua coragem e ao seu amor. 26, 27. Ora, qu an do Jesus viu sua m ãe e o discípulo a qu em am ava, de pé (ali), ele disse a sua mãe: M ulher, Eis aí seu filho! D epois disse àquele discípulo: Eis sua mãe! D essa hora em d i ante o discípulo a levou para sua própria casa. Das sete palavras pronunciadas na cruz, João registra três. As sete, com suas referências, são as seguintes: (1) “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que estão fazendo” (Lc 23.34). (2) “H oje você estará com igo no paraíso” (Lc 23.43). (3) “M ulher, Eis aí seu filho!... Eis aí sua mãe! (Jo 19.26-27). (4) “M eu Deus, meu Deus, por que m e desam paraste?” (M t 27.46; M c 15.34). (5) “Estou com sede” (Jo 19.28). (6) “Está consum ado!” (Jo 19.30). (7) “Pai, em tuas m ãos entrego meu espírito” (Lc 23.46). Portanto, o que tem os aqui em 19.26, 27 é a terceira palavra da cruz. E ra um sofrim ento para Jesus ver sua m ãe no meio daqueles que estavam perto da cruz. Ele sofria por causa do sofrim ento dela. Parado ao lado dela estava o apóstolo João. O particípio de parado é m asculi no e se refere som ente a João. Então, pode-se fazer um a paráfrase da sentença com o segue: “Então, quando Jesus viu sua mãe, e quando ele viu o discípulo que ele am ava parado (ao lado dela), ele disse à sua m ãe” etc. Sobre a frase “o discípulo que ele am ava”, ver pp. 13-49; tam bém sobre 13.23; e para o verbo em distinção de seu sinônimo, ver 21.15-17. N inguém m elhor que João entendia Jesus. Além do m ais, o am or do Senhor por ele evocava a resposta do amor. Assim, o vemos aqui na cruz.
JOÂO 19.26-28
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Jesus, então, vendo os dois, disse à sua mãe, “M ulher, Olhe! Seu filho” . E ra m uito gentil de sua parte dizer “M ulher” e não “M ãe” . A palavra “m ãe” teria feito com que a espada penetrasse ainda m ais fun do no coração de M aria; aquela espada afiada e dolorosa de que Simeão falara (Lc 2.35). Aqui na cruz, exatam ente com o nas bodas em Caná (ver p. 158) foi muito gentil da parte de Jesus enfatizar, pelo uso da palavra mulher, que M aria não devia mais pensar nele com o m eramente seu filho, pois, quanto mais ela o visse como filho, mais iria sofrer quando ele sofresse. M aria devia com eçar a vê-lo como seu Senhor. Sim, mes mo assim ela ainda iria sofrer, mas esse sofrimento seria de um a natureza diferente. Ela iria saber que, em bora sua agonia fosse indescritivelmente terrível, essa agonia era, contudo, gloriosa por causa de seu propósito. Ela iria, então, concentrar-se em seu significado redentor. Assim sendo, não mãe, mas mulher. O sofrimento m eramente emocional de M aria como qualquer mãe sofreria por ver seu filho sendo cm cificado - deve ser substituído por algo mais elevado e nobre, isto é, por adoração! Ao dizer, “M ulher, eis aí seu filho!” , Jesus estava entregando M aria aos cuidados de João que, com o se mostrou (ver sobre 19.25), pode bem ter sido seu próprio sobrinho, o filho de sua irm ã Salom é. Parece que João tinha um a acom odação em Jerusalém (tam bém Pedro; ver sobre 20.2), em bora sua casa de fato fosse na Galiléia. Pode-se per guntar, “M as, por que M aria não foi entregue aos cuidados de seus outros filhos?” A resposta é: provavelm ente porque eles ainda não o tivessem recebido pela fé viva (ver sobre 7.5). E, além disso, quem poderia cuidar m elhor de M aria do que o discípulo que Jesus am ava? Para o discípulo, Jesus disse, “Olhe! Sua m ãe!” João entendeu im e diatam ente, e daquela hora em diante a levou para sua própria casa. É verdade que aqui está im plícita um a lição sobre a responsabilida de dos filhos (pense em Jesus) para com seus pais (pense em M aria). Mas certam ente essa não é a lição principal. O sofrim ento de Jesus ao ver M aria sofrer, e especialm ente seu m aravilhoso am or - os cuida dos do Salvador seus, mais do que os cuidados de um filho para com sua mãe - estas são as coisas nas quais se deve pôr ênfase. 28. Depois disso, uma vez que Jesus sabia que tudo já estava consumado, para cumprir-se a Escritura, disse: Estou com sede.
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JOÄO 19.28-30
D epois de dizer as palavras (1) - (4), Jesus sabia que sua obra em favor dos outros tinha sido com pletam ente cum prida. Em toda sua jo r nada terrena, e especialm ente na cruz, ele tinha sofrido a ira de Deus contra o pecado para poder livrar dela seu povo e m erecer-lhe a salva ção eterna. A tarefa fora com pletada. Jesus sabia disso, pois conhecia todas as coisas em sua totalidade e um a a um a. Para o conhecim ento de Jesus, ver tam bém sobre 1.42, 47, 48. 2.24, 25; 5.6; 6.64; 16.30; 21.17. Conseqüentem ente, voltando-se para suas próprias necessidades, ele disse: “Estou com sede.” Ele disse isso a fim de que, tam bém com respeito à sua sede, a profecia pudesse cum prir-se. As Escrituras esta vam em constante cum prim ento na vida e na m orte do Senhor. Ver sobre 19.23, 24. No presente caso, as profecias do Salm o 22.15 e do Salm o 69.21b estavam se cum prindo. Para o Salm o 22 com o um salmo m essiânico, ver sobre 19.23, 24; para o Salm o 69, sem elhantem ente, ver sobre 2.17 e sobre 15.25. Foi sugerido que Jesus desejava abrandar sua agonizante sede a fim de ser capaz de pronunciar o alto brado de Lucas 23.46 (a sétima palavra; ver sobre 19.26, 27). Isso é possível, mas o texto nada diz a esse respeito. Aqui tam bém , com o anteriorm ente, a ênfase deve ser posta no in finito am or do Senhor, revelado em sua disposição de sofrer a sede abrasadora a fim de que, para seu povo, ele pudesse ser a fonte etem a de água viva. Para o sofrim ento físico de Jesus, ver tam bém sobre 19.18. Para Jesus com o a fonte de água viva, ver sobre 4.10-15; e sobre 7.37-39.
29, 30. E stava ali um vaso cheio de vinagre. E ntão fixaram um a esponja im pregnada de vinagre num caniço de hissopo, e a levaram à sua boca. Q uando, pois, Jesus tom ou o vinagre, d is se: E stá consum ado. E inclinando a cabeça entregou seu espírito. O vaso cheio de vinagre, vinagre azedo do tipo que os soldados bebiam , foi a fonte por meio da qual a sede de Jesus foi m inorada. M esm o no processo de satisfazer, de m odo limitado, essa terrível ne cessidade física, Jesus foi escarnecido. M as João não conta essa parte da história. Ver M ateus 27.48, 49. Ele faz, entretanto, m enção do fato
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de que eles (provavelm ente se referindo ao centurião e um dos solda dos, o últim o obedecendo às ordens do prim eiro), tendo m ergulhado uma espoja num vaso de vinagre (isso está claram ente im plícito), fixoua “num caniço de hissopo, e a levou à sua boca” , de m odo que esse líquido pudesse dar algum alívio a seus lábios ressecados e a sua gar ganta. M uito se tem escrito sobre este hissopo. Alguns vêem um erro e o substituiriam por um term o m uito sem elhante e m ais curto que é tradu zido por hissopo. (Em vez de ú o o c ó i t c o eles preferem òoow.)''^'-' Eles apontam para o fato de que hissopo é um a erva que não tem um caule bastente longo para servir de caniço (M t 27.48), no qual fixar a espon ja. Portanto, eles “corrigem ” o texto e usam o term o grego mais curto, que significa lança. M as isso é certam ente desnecessário. O hissopo ou caniço de hissopo a que João se refere pode bem ter sido a manjerona (Origanum maru), cuja haste lenhosa é rija e bastante com prida para satisfazer todos os requerim entos. Ela não precisava ser muito longa para alcançar os lábios de Jesus, pois a cruz provavelm ente não ficava m uito acim a do chão. Tendo recebido o vinagre, Jesus disse, “E stá term inado” (ou con sumado). Do modo com o Jesus via, a obra com pleta de redenção (tanlo obediência ativa quanto passiva, o cum prim ento da lei e o fato de ter suportado sua m aldição) enfim se finalizava. E se alguém objetar que o ■sepultamento ainda não tinha acontecido, e isso tam bém (bem com o o repouso no túm ulo até o m om ento da ressurreição) fazia parte da hum i lhação de Cristo, a resposta é m uito simples: na m ente de Cristo, o sepultam ento era tão certo que ele podia falar com o se este tam bém já (ivesse ocorrido. Ver tam bém , quanto a isso, sobre 17.4 e sobre 17.11. Tendo dito isso, Jesus inclinou sua cabeça - um instante antes dis so, dizendo um a palavra mais, Lucas 23.46 - e entregou seu espírito. Ele 0 entregou. N inguém lho tomou. Ele deu sua vida. Ver sobre 10.11 ; tam bém sobre 19.34-37. Para o significado do term o espírito, ver so bre 13.21, especialm ente nota 291. 429. Assim, por exemplo, E. J. Goodspeed, Problem.<: o f New Testament Translation, Chicago, 1945, pp. 115, 116. Também Joachim Camerarius, Sylburg, Beza, Boisius, Cobet, Dahnan, Howard. Ver também F. Field, Notes on the Translation o f the New Testament, Cnmbridge, 1899, pp. I06ss.
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JOÃO 19.31-33
31-33. E ntão os judeus, visto ser a Preparação, para que no sábado os corpos não fícassem na cruz - pois era grande o dia desse sáb ado rogaram a P ilatos que se lh es q uebrassem as pernas e fossem tirados. Os soldados foram e quebraram as per nas ao prim eiro e ao outro que tinham sido crucifícados com ele. Q uando, porém , chegaram a Jesus e viram que já estava m orto, não lhe quebraram as pernas. Algum as vezes, os m em bros do Sinédrio podiam ser m uito escru pulosos em observar os detalhes da lei cerim onial. Não é verdade que a terra seria profanada se um corpo ficasse pendurado durante toda um a noite num a árvore? Ver D euteronôm io 21.23. E ssa profanação seria ainda pior se os corpos perm anecessem na cruz no sábado. Estava ficando tarde (a tarde da preparação, ou seja, sexta-feira; ver sobre 19.14, 42); já era quase pôr-do-sol e o sábado se aproxim ava. A lém do mais, esse sábado em particular era m uito “m uito grande” , porque era o sábado da festa da Páscoa, um a festa de sete dias. Então os judeus (provavelm ente os principais sacerdotes), pediram a Pilatos que as pernas dos crucificados fossem quebradas para apres sar a morte. Então os corpos poderiam ser retirados e tudo ficava ter m inado antes do sábado. E sse procedim ento de quebrar os ossos (crurifragium , com o é cham ado) m ediante pesados golpes de m artelo ou ferro era terrivel m ente desum ano. Ele causava a m orte que, de outra m aneira, poderia levar m uitas horas ou até m esm o dias. O Dr. S. Bergsm a, num artigo a que eu vou m encionar com m ais detalhes mais adiante (ver sobre os vs. 34-37), diz: “O choque causava um dano tão cruel aos ossos, que podia ser o golpe de m isericórdia e causar a m orte” . Pilatos prontam ente lhes deu permissão. João viu com o os soldados quebraram os ossos aos dois m alfeitores. Ele viu tam bém que, ao nota rem que Jesus já estava m orto, não lhes quebraram os ossos. É bem provável que eles deixaram de fazer isso por ordem do centurião, sobre quem o Sofredor do m eio causara tão profunda im pressão (Lc 23.47). Não seria provável tam bém que José de A rim atéia (ver sobre o v. 38) já houvesse dito ao centurião que ia pedir perm issão a Pilatos para tirar 0 corpo de Jesus da cruz?
JOÄO 19.34-37
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34-37. M as um dos soldados perfurou seu lado com um a lan ça, e im ediatam ente saiu sangue e água. E aquele que viu isso testificou , e seu testem u n h o é verdad eiro; e ele sabe que está dizendo a verdade, para que vocês tam bém continuem crendo. Porque essas coisas aconteceram para se cum prir a Escritura: N enhum de seus ossos será quebrado. K novam ente diz outra Escritura: Eles adm irarão aquele a quem traspassaram . A fim de assegurar que nem a m enor possibilidade de vida perm a necesse no corpo de Jesus, um dos soldados, com um a lança, lhe perfu rou o lado. Se ele estava segurando a lança com a m ão direita, com o é provável, com toda probabilidade o lado esquerdo de Jesus foi perfura do. Im ediatam ente escorreu água e sangue do ferim ento. João se estende no relato desse fato e dedica-lhe quatro versículos. Ele teria tido um propósito em fazer isso. É bem possível que estivesse tentando dizer a seus leitores que Cristo, o Filho de Deus, morreu de fa to (segundo sua natureza hum ana). A m orte de Jesus não foi m era aparência; ela foi real. O apóstolo estivera ali e vira sangue e água escorrer do lado do Senhor. Que todos os docetistas tom em nota disso! Ver tam bém p. 52. M as o que fez com que sangue e água escorressem da abertura feita pela lança? M uito se tem escrito sobre isso. C onsultar os vários com entários; tam bém o artigo B lood and Water in I.S.B.E. Segundo esse artigo, a explicação fisiológica pode ser que a m orte de Jesus resultou da rutura do coração em conseqüência de grande agonia m en tal e dor. U m a m orte assim seria quase que instantânea, e o sangue, ao fluir para o pericárdio, coagularia em coágulos verm elhos (sangue) e soro lím pido (água). Esse sangue e água então teriam sido Hberados pela abertura feita pela lança. O artigo m enciona os nom es de vários médicos notáveis que aceitaram essa teoria. M uito recentem ente, o Dr. Stuart Bergsm a, m édico proem inente cm Grand Rapids, M ich, (anteriorm ente m édico-m issionário na Etiópia - C irurgião do Hospital Tafari M akonnen, G eorge M em orial Building, Adis A beba - ; posteriorm ente m édico-m issionário na índia; autor de Rainbow Empire Grand Rapids, M ich., 1932; e Sons o fS h eb a , Grand
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JOÂO 19.34-37
Rapids, M ich., 1933) escreveu um artigo excelente sobre este assunto. Foi publicado em março de 1948 no Calvin Forum. O Dr. B ergsm a gentilm ente me autorizou a fazer citações de seu artigo. Sabiamente, ele evitou uma conclusão definitiva. O assunto é dem asiado incerto, e especialistas de doenças do coração (e particular m ente da rutura do coração) não parecem estar em total acordo. Não obstante, está claro, no artigo, que o Dr. B ergsm a se inclina na direção da teoria da rutura do coração com o um a explicação para o sangue e água que jorraram do lado de Jesus. Ele pesquisou o assunto com um a precisão característica e consultou diversos especialistas no cam po do coração e sua rutura. Em seu artigo, ele cita as fontes (livros e artigos publicados, bem com o correspondência particular). Antes de entrarm os neste assunto m ais plenam ente, algum as idéias errôneas devem ser eliminadas: 1. A proposição “Jesus morreu de coração partido” , geralm ente evoca oposição imediata. Estam os acostum ados a usar essa frase m e taforicam ente. D essa maneira, com referência a um a pessoa que foi seriam ente ferida em seus afetos, costum am os dizer, “Isso partiu-lhe o coração” . Ora, é claro que Jesus não m orreu de desapontam ento. Ele m orreu com o vitorioso. Quando falam os da possibilidade de sangue e água jorrarem do lado do Senhor, indicando um a anterior rutura do co ração, estam os usando o term o num sentido puram ente fisiológico. 2. Outro erro que precisa ser rem ovido é que, se Jesus m orreu por causa de um rom pim ento do coração, ele não entregou sua vida. Sua m orte não foi então um sacrifício voluntário. N aturalm ente, essa con clusão é inteiram ente errônea! Jesus com total certeza entregou sua vida em sacrifício voluntário. Isso está claro em todos os ensinam en tos das Escrituras, especialm ente em 10.11; ver sobre essa passagem . M as vam os im aginar, por um m om ento, que Jesus, conquanto sabendo m uito bem que tom ando sobre si a ira de Deus, rom peria seu coração, decide fazer isso de qualquer modo, porventura poderíam os dizer que sua m orte não foi voluntária? O caráter voluntário da m orte de nosso Senhor não seria certam ente dim inuído de modo algum. 3. Um outro erro deve ser rem ovido, ou seja, que a perfuração com a lança causou-lhe a morte. Isso é absolutam ente errado, pois o escri tor inspirado, antes de dizer qualquer coisa sobre a perfuração do lado
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de Cristo, já havia escrito: “Quando, pois, Jesus tom ou o vinagre, disse, ‘Está term inado’. E, incHnando a cabeça, rendeu seu espírito” . O que João escreveu com respeito à perfuração com a lança não fo i para descrever o que causou a morte de cristo, m as p ara m ostrar que Jesus já havia de fa to morrido! Além disso, com o o Dr. S. Bergsm a diz em seu artigo, “Pressupor, com o alguns o fazem , que a lança perfu rou um coração ainda vivo, e assim foi responsável pelo sangue com água, é contrário ... à ciência, pois nesse caso sairia sangue puro. Foi na crucificação em si que a m orte se concretizou, não na perfuração com lança pelo soldado” . Tendo descartado esses erros, agora exporem os a posição do Dr. Bergsma, citando suas próprias palavras: “Em m inha opinião, que eu hum ildem ente m antenho sem o apoio das quatro prim eiras autoridades citadas, mas certam ente apoiada pe las duas últim as citadas, a presença de qualquer quantidade considerá vel de soro e coágulos sangüíneos, escorrendo após o ferim ento com a lança, com o descrito acima, som ente poderia vir do coração ou da bol sa pericárdica. Devem os concordar, de início, que nenhum a doença preexistente afetava o corpo de Cristo. Ele era o cordeiro perfeito de Deus. E extrem am ente raro, quase im possível, dizem as autoridades, que o m úsculo do coração norm al se rompa. Cristo, entretanto, sofreu com o nenhum hom em antes ou depois jam ais sofreu, O Salm o 69.20 diz profeticam ente, ‘O opróbrio partiu-m e o coração’. O versículo se guinte continua: ‘Por alim ento me deram fel e em m inha sede me de ram a beber vinagre’. Eom am os a segunda profecia com o literalm ente cumprida, mas muitos consideram fantástico tom ar tam bém o versículo 20 literalm ente. Se o coração de Cristo não se rom peu, é difícil explicar qualquer acúm ulo de sangue e água com o descrito por João. A efusão normal do pericárdio de trinta m ililitros, ou menos, seria meram ente um fio a escorrer, que não seria percebido por ninguém ” . João escreve que ele viu isso. Ele está dando testem unho com au toridade daquilo que seus próprios olhos testem unharam . P ara o verbo testificar, ver sobre 1.7,8. Esse testem unho é genuíno. “Ele” - prova velm ente se referindo a Cristo - sabe que João está dizendo a verdade, líle está dizendo a verdade com referência ao sangue e à água (pro vando que Cristo de fato tom ou sobre si a natureza hum ana, e que em
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sua natureza hum ana ele de fato m orreu) a fim de que os leitores não venham a deixar-se enganar por heresias docetistas, mas possam con tinuar crendo. Ver tam bém sobre 20.30, 31. Não é totalm ente im possível que o Evangelho de João, altam ente sim bólico, se proponha a ligar este sangue e água com os efeitos da expiação por Cristo; algo como fazemos na atualidade quando cantamos: “Que a água e o sangue, que de teu lado traspassado jorraram , sejam a dupla cura do pecado, purifiquem -m e de sua culpa e poder.” 1 João 5.6 talvez aponte nessa direção. Cf. João 3.5; 7.37-39. Q uando João viu com o os soldados se abstiveram de quebrar os ossos de Cristo, ele viu nisso o cum prim ento das palavras registradas em Ê xodo 12.46; N úm eros 9.12. N enhum osso do cordeiro pascal po dia ser quebrado. Cristo era o verdadeiro cordeiro pascal. Ver sobre 1.29; ler tam bém IC oríntios 5.7. Quando o apóstolo observou a perfuração do lado de Cristo, ele viu nisso 0 cum prim ento da profecia de Zacarias 12.10. Para um a visão ge ral das profecias de Zacarias, ver sobre 12.14,15. As palavras do profeta são citadas aqui mais aproxim adam ente do original hebraico, e não da LXX. A m esm a profecia, num a forma ligeiramente modificada, se en contra em Apocalipse 1.7. Para o presente - aqui em 19.37 - tudo o que se pretende é mostrar que a perfuração com a lança cumpriu a profecia.
Síntese de 19.17-37 Ver o Esboço na p. 783. O Filho de Deus M orrendo com o Subs tituto p o r Seu Povo. A C rucificação. A. Jesus carregando a cruz; pregado à cruz entre dois m alfeitores. O Rei dos Judeus crucificado entre dois crim inosos. Esse arranjo feito pelo governador provavelm ente teve o objetivo de insultar os ju deus. M as, agora o outro lado: o Salvador crucificado entre dois peca dores, um dos quais iria ser salvo. Por Deus (e em cum prim ento da profecia) esse arranjo foi providencialm ente efetuado para retratar o glorioso propósito da cruz.
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B. A disputa sobre o título. E m bora Pilatos não o soubesse, esse título foi inspirado! Foi o p ró prio Deus quem realm ente o escreveu. Foi inspirado no que foi omitido: não havia m enção de pecado algum, Foi inspirado no que expressou: o Rei dos Judeus crucificado a fim de que o Rei de ambos, judeus e gentios - eleitos de todas as nações - , pudesse ser m anifesto. C. A divisão das vestes. Um m aravilhoso cum prim ento da profecia e o suportar da m aldição a fim de nos livrar dela. Quanto à fração fornecida no versículo 24, não dou testem unho de sua precisão. Eu a transcrevi m esm o assim porque estou convencido de que ela aponta na direção da verdade, isto é, o cum prim ento verdadeiram ente m aravilhoso da profecia em conexão com Cristo. Quem pode ouvir um a rendição do M essias e não ficar im pressionado com ela? D. A Palavra a M aria e a João O coração m ais am oroso de todos (o de João) perm aneceu junto a Jesus. A ele e só a ele M aria foi confiada. Isso revela o “caráter” de Jesus. E. A sede de Jesus; sua morte. O próprio evangelho que proclam a em alta voz a deidade de Cristo tam bém revela de m odo notável sua hum anidade. Foi em sua natureza hum ana - e somente em na sua natureza hum ana - que ele sofreu. A natureza divina não pode sofrer. Entre o brado: “Estou com sede” , e o brado, “Está term inado”, pouco tem po se passou. Depois, ele rendeu seu espírito. É impossível enfatizar o caráter voluntário desse feito de form a suficiente. E claro que isso não elim ina a idéia de um a causa física que ocasionou a m orte física. M as a causa física tam bém estava com pletam ente em seu poder. F. A perfuração de seu lado. A lém do que já foi dito, observe o seguinte: 1. A teoria da rutura do coração (anterior à perfuração pela lança!) tem os seguintes pontos em seu favor: a. Ela leva m uito a sério a profecia do Salm o 69.20 (“O opróbrio partiu-m e o coração”), e aceita o m esm o cum prim ento literal dessa
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profecia com o é com um ente aceita com referência ao versículo se guinte (“Por alim ento me deram fel e em m inha sede m e deram a beber vinagre”). b. A rgum enta-se que essa teoria dá um a explicação razoável à efu são de sangue e água, no quê as outras teorias falham . c. Essa teoria enfatiza a grandeza da agonia m ental e espiritual de Cristo. A m orte normal por crucifixão pode não causar um a rutura do coração, mas esta não era um a m orte com um. Esse Sofredor suportou a ira de Deus contra o pecado. Ele sofreu a m orte eterna, as angústias do inferno! 2. Esta teoria tem as seguintes fraquezas; a. Não vai além de m era possibilidade. Elevá-la ao nível de proba bilidade exigiria mais inform ações do que as que são fornecidas nos Evangelhos. Assim, por exemplo, nem ao menos podem os provar que o lado perfurado foi o esquerdo. b. Faltam descobertas post-m ortem com referência a pessoas que m orreram por crucifixão. M esm o se as tivéssem os, elas ainda assim não poderiam m ostrar o que teria acontecido no caso desse Sofredor ímpar. c. Pode ter ocorrido um milagre, ou pode haver outro modo nãom iraculoso de justificar a efusão de sangue e água. Sim plesm ente não sabem os. Com o foi apontado, o Dr. Bergsm a se expressou com grande e louvável cuidado. Seu artigo é digno de estudo cuidadoso. U m ponto, já enfatizado na exegese, deve ser enfatizado um a vez mais; O registro inspirado não está interessado em nos m ostrar como é que o sangue e a água jorraram do lado de Jesus. Ele está inte ressado em revelar o fa to em si. Portanto, nossa atenção deve f i xar-se neste ponto: Sangue e água de fa to saíram do lado de J e sus. Portanto, ele era certam ente humano e tinha um corpo real mente humano. Ele certamente morreu. Seu sangue e seu Espírito, com absoluta certeza, purificam do pecado. A profecia sem dúvida alguma se cumpriu tanto na omissão do crurifragium , em seu caso, quanto na efusão de sangue e água.
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38 Depois dessas coisas, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus, solicitou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus; e Pilatos lhe deu permissão. Então ele foi e retirou o corpo de Jesus. 39 E foi também Nicodemos, aquele que anterior mente fora ter com ele à noite, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés. 40 Então eles tomaram o corpo de Jesus e o envolveram em bandagens com os aromas, como é o costume entre os judeus para o sepulta mento. 41 No lugar em que Jesus fora crucificado havia um jardim , e neste um sepulcro novo, no qual ninguém fora ainda posto. 42 Ali, portanto, por causa do (dia da) preparação dos judeus, e já que o sepulcro ficava perto, deposita ram 0 corpo de Jesus.
19.38-42 38-40. D epois dessas coisas, José de A rim atéia, que era d is cíp ulo de Jesu s, ainda que ocu ltam ente pelo receio que tinha dos ju d eu s, solicitou a Pilatos que lhe perm itisse tirar o corpo de Jesus; e Pilatos lhe deu perm issão. E ntão ele foi e retirou o corpo de Jesus. E foi tam bém N icodem os, aquele que anterior m ente fora ter com Jesus à noite, levando cerca de cem libras de um com posto de m irra e aloés. E ntão tom aram o corpo de Jesu s e 0 en volveram em b an d agen s com os arom as, com o é costum e entre os ju d eu s para o sepultam ento. Im prim im os juntos estes versículos porque José e N icodem os agi ram de com um acordo. Eles teriam com binado com antecedência quanto ao que cada um deles faria. Portanto, eles foram preparados. Que ha via tam bém m ulheres presentes está claro nos outros Evangelhos. Ver, por exem plo, Lucas 23.55. Depois de tudo haver-se cum prido, e ficar estabelecido que Jesus tinha m orrido, José de A rim atéia apareceu em cena. Ele era um ho mem rico (Mt 27.57), devoto (Mc 15.43) e um m em bro do Sinédrio (Lc 23.51) que não consentira (tendo se ausentado durante a votação?) na conspiração para condenar Jesus e para crucificá-lo (Lc 23.50,51). A Arim atéia de onde ele era, provavelm ente era a antiga R am ataim -zofim, situada um pouco mais de 32 quilômetros ao norte de Jerusalém , ou 24 quilôm etros a leste de Jope. Ele havia sido um discípulo de Jesus som ente em secreto. Ele se
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deixara dom inar por medo pecam inoso; pensando talvez que, se ele fizesse qualquer coisa por Jesus, os outros m em bros do Sinédrio o ex pulsariam do conselho, e não só do conselho, m as até m esm o da sina goga. Ver sobre 7.13; 9.22; e 20.19. M as agora, com o fruto da expia ção pela m orte de Cristo e am or por ele, esse hom em subitam ente se tornou m uito corajoso. Ele vai a Pilatos e lhe pede o corpo de Jesus. M arcos 15.43 enfatiza a ousadia do ato. A ousadia aparece especial m ente no fato de que ele agiu m esm o sabendo que seus colegas do Sinédrio iriam ficar inteirados disso! Ao certificar-se de que Jesus realmente havia expirado (Mc 15.44), Pilatos concedeu-lhe permissão. Então José voltou ao Calvário e, com a ajuda de outros, tirou o corpo da cruz. Como isso foi feito não é revelado. Teremos de deixar essa lacuna para ser preenchida pelos artistas. O que sabemos é que José teve a cooperação voluntária de N ico dem os. Para N icodem os, ver sobre 3.1-21 e sobre 7.50-52. Enquanto José forneceu as bandagens e seu próprio túm ulo novo (M t 27.60), N icodem os forneceu as especiarias ou os aromas. Ele levou um a m is tura de m irra e aloés. A mirra provavelm ente fora extraída de um a pequena árvore com m adeira odorífica, isto é, a B alsam odendron da Arábia; o aloés, de um a árvore grande, a A gallocha, cuja m adeira con tém resina e fom ece um perfum e em pó. Nicodem os levou um a m istu ra desses dois, cerca de cem libras em peso. Para a m edida desse peso, ver sobre 12.3. Cem dessas libras som avam cerca de uns trinta quilos. C ertam ente um a contribuição im portante. À m edida que as bandagens de linho iam sendo enroladas em volta do corpo, m em bro após m em bro, a m istura de m irra e aloés era espa lhada. E ssa era a m aneira na qual os judeus preparavam seus m ortos para o sepultam ento. Eles não em balsamavam com o faziam os egípci os, que rem oviam as entranhas e o cérebro. 41, 42. No lugar onde Jesus fora crucificado havia um jardim , e neste um sepulcro novo, no qual ninguém fora ainda posto. Ali, portanto, por causa do (dia da) preparação dos judeus, e com o o sepulcro fícava perto, depositaram o corpo de Jesus. O corpo de Jesus foi levado para um túm ulo. Com o esse túm ulo figura proem inentem ente no relato da ressurreição, é necessário dedi car-lhe um a atenção maior. Vamos listar os pontos de inform ação que
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as Escrituras (e num a m edida restrita a Arqueologia) fom ece com res peito a esse túm ulo. A partir de um a lista recente de m aterial arqueoló gico, extraím os uns poucos itens; ver a nota de rodapé.'*“ (1) Sua localização. O túm ulo era localizado na proxim idade im e diata do Calvário: “No lugar onde Jesus fora cracificado havia um ja r dim ” . Visto que não sabemos onde o era Calvário, tam pouco sabemos onde esse túm ulo ficava. Ver sobre 19.17. Alguns viajantes que viram o “Jardim do Túm ulo” num recanto reservado, ao pé de um m orro com a form a de um crânio hum ano, estão convencidos de que esse túm ulo, com sua antecâm ara e câm ara m ortuária espaçosa, com um único lu gar apropriado para com portar um corpo, seria aquele a que os E van gelhos se referem . Deve-se adm itir que em m uitos aspectos a descri ção desse túm ulo se encaixa na inform ação que pode ser visualizada a partir dos relatos dos Evangelhos. Outros que tam bém viram e investi garam o local não ficaram nem um pouco convencidos, e alegam que o túm ulo do Jardim é provavelm ente de data m uito m ais recente que o século 1° d.C. É provavelm ente im possível chegar a qualquer conclu são definitiva com respeito à identidade do sepulcro no qual Jesus foi depositado. E por que esta conclusão deve ser considerada lam entável? A bondosa providencia preparou um túm ulo próxim o. Era o dia da preparação dos judeus. Ver sobre 19.14, 31. Em outras palavras, era sexta-feira. O pôr-do-sol estava se aproxim ando. D essa m aneira, para que tudo pudesse ficar pronto antes do sábado, não se podia perder tempo. O corpo de Jesus não podia ser sepultado num túm ulo distante. O tem po não permitia. (2) Seu estado recente. Esse túm ulo era novo. Ver tam bém sobre 13.34. Era novo no sentido de nunca haver sido usado. C orm pção e decom posição nunca haviam entrado nele. Esse era um lugar adequa do para depositar o corpo do Senhor. Cf. o Salm o 16.10. 430. George W. Elderkin, Archaeological Paper, VII: Golgotha, Kraneion and the Holy Sepulchre, Springfield, Mas., 1945; W.H.A.B., p. 99; A. Van Deursen, Bijbels Beeid Woor denboek, Kampen, 1947, pp. 72, 73; E. L. Sukenik, The Earliest Records o f Christianity, um resumo especial de The American Journal o f Archaeology, Menasha, Wis., outubrodezembro, 1947. Esta é uma descrição de um túmulo de família perto de Jerusalém. O túmulo esteve em uso do século 1° a.C. na primeira metade do século 1° d.C. A descrição desse túmulo deve ser comparada com a informação bíblica relativa ao túmulo de Cristo. Existem alguns pontos de semelhança; também algumas diferenças.
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(3) Seu proprietário. Segundo M ateus 27.60 era o próprio túm ulo de José. E José era um hom em rico. Portanto, Isaías 53.9 nos ocorre à m ente de im ediato, “mas com o rico esteve em sua m orte” . (4) Sua aparência geral. Esse túm ulo não era um a cavem a natu ral. Ele fora aberto num penhasco sólido ou num a rocha (M c 15.46). Depois de depositar o corpo de Jesus, José (com ajuda de outras pesso as, é claro) fechou a entrada do túm ulo com um a grande pedra (M t 27.60). Essa pedra em particular era muito pesada (ou muito grande) (M c 16.4). A entrada do túm ulo era m uito baixa, com o é evidente pelo fato de M aria ter de abaixar-se a fim de olhar no túm ulo (20.11). Pedro fez o m esm o (20.5; Lc 24.12). Nas extrem idades correspondentes à cabeça e aos pés do local onde o corpo foi colocado, a rocha fora deixada com um a espessura suficiente para form ar um a espécie de assento (20.12). É claro que a câm ara do sepulcro de José não continha um a esca vação vertical ou nicho (kôk) dentro do qual o corpo de Jesus pudesse ser introduzido de pé. N a Palestina existem m uitos túm ulos desse tipo, m as esse não era um deles, pois, se fosse, os anjos não poderiam ter sido encontrados sentados um à cabeceira e outro aos pés. Parece que a câmara m ortuária do sepulcro de José tinha (não com um a prateleira ou banco) um a depressão - um local onde o piso tinha sido lavrado um pouco mais baixo - no qual o corpo de Jesus podia repousar. Im agine, portanto, o túm ulo de José. Ele tinha: a. uma entrada baixa para o interior da câmara; b. um a pedra muito pesada (prova velm ente circular, e que rolava num a canaleta) na frente dessa entra da; c. um selo afixado à pedra (a pedido dos m em bros do Sinédrio, M t 27.66), isto é, um cordão coberto com argila ou cera, no qual um selo tinha sido im presso; ver o artigo “Seal” in I.S.B.E.; d. um a câmara mortuária com elevações onde pessoas podiam sentar-se, e entre es tas: f. um a reentrância na qual o corpo de Jesus repousou. Alguns acham que havia um pátio sem teto ou antecâm ara, form a da por um a parede sem icircular em frente da câm ara m ortuária. O u tros negam isso. M as isso não faz nenhum a diferença im portante para a interpretação. Vemos a pedra excessivam ente pesada, o selo, o guarda. “Tenha
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uma sentinela; vá e tom e-o tão seguro quanto puder” (M t 27.65), disse Pilatos aos m em bros do Sinédrio que o foram perturbar na m anhã de sábado. “R i-se aquele que habita nos céus; o Senhor zom ba deles” (SI 2.4). Ver o capítulo seguinte (ressurreição), João 20.
Síntese de 19.38-42 Ver o Esboço na p. 783. O Filho de Deus Morrendo como Subs tituto de Seu Povo. O sepultamento. O sepultam ento de Jesus era um elem ento necessário em sua hu m ilhação. Por meio dele, ele santificou o túm ulo para seus seguidores. No sepultam ento, a profecia se cum priu. (Ver a exegese.) Os atores principais foram José de A rim atéia e Nicodem os, cuja coragem tem de ser adm irada. O túm ulo era localizado no jardim de José, nas vizinhan ças im ediatas da craz. O local exato não pode ser determ inado atual mente. Isso é algo pelo qual bem podem os agradecer a Deus. Se fosse conhecido, o local provavelm ente teria recebido m ais honra do que Cristo. (Algo desse espírito, de fato, prevalece ainda atualm ente, em conexão com aqueles lugares que são proclam ados com o sendo autên ticos.) O túm ulo estava equipado com o que era provavelm ente um a entrada baixa, em frente do qual era rolada um a pedra m uito pesada, na qual um selo foi afixado por ordem de Pilatos, a pedido do Sinédrio; por últim o, havia um a câm ara m ortuária espaçosa provavelm ente com um declive para acolher o corpo de Jesus. N esse túm ulo, por causa de sua proxim idade, e porque o sábado estava chegando, o corpo de Jesus foi colocado. Em bora o sepultam ento seja um elem ento na hum ilhação de Cristo, não obstante ele perm ite antever um relance de sua exaltação: é um túm ulo novo. A corrupção nunca entrara ali. O corpo de Jesus não sofreu corrapção. Deus garantiu isso. O túm ulo pertencia a um hom em rico. E ra um túm ulo adequado para um rei! Aqui tudo aponta para a exaltação.
ESBOÇO DOS CAPÍTULOS 20, 21 Tema: Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, Durante Seu M inistério P essoal Triunfando G loriosam ente: Ressurreição e Aparecim entos. I.
20.1-10 A visita de Pedro e João ao túm ulo. As evidências da ressurreição encontradas dentro do túm ulo
II.
20.11 -18 A parecim ento a M aria M adalena
III.
20.19-23 A parecim ento aos discípulos, exceto a Tomé
IV.
20.24-31 A parecim ento aos discípulos, Tomé tam bém presen te; conclusão: declaração do propósito do evangelho.
V.
Capítulo 21 Aparecim ento no M ar de Tiberíades A. A pesca m aravilhosa de peixes e desjejum na m anhã n a praia (vs. 1-14) B. A “restauração” de Pedro; predição com res peito a Pedro; correção de um m al-entendido com relação a um a afirm ação de Jesus sobre João; testem unho final (vs. 15-25)
C a p ít u l o 2 0 JOÃO 20.1-10 ^ 1 E, no primeiro dia da semana, M aria M adalena foi ao sepulcro de Á . W m anhã bem cedo, enquanto ainda estava escuro, e notou que a pedra fora removida do sepulcro. 2 Então correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus amava, e lhes disse: Eles tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. 3 Então Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao sepulcro. E corriam lado a lado. 4 O outro discípulo, porém, com eçou a tom ar a dianteira, correndo mais depressa que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. 5 E, abaixando-se, viu as bandagens de linho jogadas (ali); entretanto, não entrou. 6 Então Simão Pedro, seguindo-o, chegou e en trou no sepulcro; e observou as bandagens jogadas (ali), 7 e a faixa que estive ra em torno da cabeça de Jesus não estava com as bandagens, mas dobrada num lugar à parte. 8 Então entrou tam bém o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu, 9 pois eles ainda não tinham compreendido a Escritura, que ele deveria ressuscitar dentre os mortos. 10 Então os discípu los voltaram outra vez para casa.
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1. E no prim eiro dia da sem ana, M aria M adalena foi ao se pulcro de m anhã bem cedo, enquanto ainda escuro, e notou que a pedra fora rem ovida do sepulcro. É m anhã de dom ingo, o prim eiro dia da semana^^' Enquanto ainda está escuro, algum as m ulheres deixam suas casas (ou alojam entos tem431. Faz pouca diferença se entendermos o plural grego para sábado como se referindo ao dia ou à semana inteira (o tempo entre um dia de descanso ao outro). Se a leferência for ao dia, então a idéia é que esse era o primeiro dia a contar do dia de sábado; portanto, o primeiro dia depois do dia de sábado. Se for à semana inteira, o resultado continua o mesmo: o dia indicado, então, não é o último dia da semana, mas o primeiro. Em qualquer caso, o significado é o domingo. O substantivo plural usado no original pode significar tanto o dia de sábado quanto a semana.
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porários), “levando os aromas que haviam preparado” (Lc 24.1). Elas foram com a finalidade de ungir o cadáver (Mc 16.1). C om parar com 12.1; contrastar com 19.38-40. Quem eram essas m ulheres? M aria M adalena e M aria, mãe de Tia go (ou simplesmente “a outra M aria”), são mencionadas pelos nomes nos outros Evangelhos (Mt 28.1; M c 16.1; Lc 24.10). M arcos acrescen ta Salomé (Mc 16.1). Lucas acrescenta Joana, e parece indicar que ha via outras (Lc 24.10; cf. tam bém Lc 23.55 e 24.1). Ver sobre 19.25. João provavelm ente presum e que os leitores estão fam iliarizados com os outros Evangelhos, e limita sua história a M aria M adalena. Ver pp. 49, 50. Entretanto, ele deixa im plícito que outras m ulheres tinham acom panhado M aria (20.2: “não sabem os”). Em bora fosse ainda escuro quando as m ulheres saíram de casa, o sol já tinha saído quando chegaram ao túmulo. Enquanto se arrastavam tristem ente para fora dos portões de Jeru salém, iam preocupadas com a grande pedra da entrada do túm ulo (M c 16.3). Para a aparência do túm ulo e sua localização ver sobre 19.41,42. Porém , de repente elas viram - provavelm ente num a volta do cam inho - que a pesada roda de pedra, já havia sido rem ovida; não apenas afastada, m as realm ente rem ovida (retirada da canaleta), de m odo que estava caída no chão! Em nenhum lugar se diz que essa pedra tivesse de ser rem ovida para que o Senhor pudesse sair do túm ulo. Que o corpo ressurreto do Senhor era tal que ele era capaz de deixar o túm ulo m esm o que a pedra não fosse rem ovida, parece claram ente im plícito em 20.26; ver sobre esse versículo. M esm o assim, a pedra tinha de ser rem ovida. Isso era necessário por duas razões: 1. Para indicar que o túm ulo tinha sido vencido e que a vitória tinha sido alcançada. 2. Para que Pedro e João pudessem entrar (ver sobre 20.6, 8), e que todos pudessem ver que o túm ulo estava vazio! Q uando a m ãe de Tiago, o M enor, a m ãe de Tiago e João, Joana e as outras m ulheres entraram no túm ulo, não encontraram o corpo do Senhor Jesus (Lc 24.3). M aria M adalena com eçou a correr em busca de ajuda nessa terrível situação. E la estava convencida de que o túm ulo tinha sido violado pelos inimigos. Para M aria Madalena, ver sobre 19.25.
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2. E ntão ela correu e foi ter com Sim ão Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus am ava, e lhes disse: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabem os onde o puseram . N ão surpreende, absolutam ente, que JVÍaria, grandem ente alarm a da (cf. M c 16.8), corresse a avisar Pedro e João. Esses dois eram provavelm ente considerados os apóstolos principais. Eles eram freqüen tem ente vistos juntos (ver sobre 21.7). Não obstante, em bora seja gra m aticalm ente possível que estivessem hospedados no m esm o lugar, a interpretação m ais natural do original é que cada um tinha sua própria casa em Jerusalém . Ver tam bém 19.27 e 20.10. Am bos teriam ficado profundam ente surpresos com o relato de M aria. João era, além do mais, o discípulo a quem Jesus amava. Para ver o significado dessa expressão, ver sobre 13.23, 24; para a identidade desses apóstolos, ver pp. 13-49; e para o verbo (amava; aqui em 20.2 o original em prega o verbo m enos com um , com o é indicado no Quadro da p. 940), ver sobre 21.15-17, especialm ente a n o t a 458. Terrivelm ente apavorada, M aria exclam a, “Eles tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram ” . Para o estado mental de M aria, ver p. 906. O túm ulo aberto era a razão para o desespero de M aria. Ela pensava, “Os inim igos voltaram à carga. Não satisfeitos em m atar o Senhor, ainda por cim a roubam o túm ulo. Agora não resta nem m esm o o corpo de Jesus” . É interessante observar, no entanto, que M aria ainda cham a Jesus o “Senhor”. Ver sobre 1.38 e sobre 12.21. O que indica que, pelo menos, ela aprendera a vê-lo com o seu grande Benfeitor. Isso não surpreende; ver sobre 19.25. 3, 4 Então Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao sepul cro. Eles corriam lado a lado. O outro discípulo, porém , com e çou a assum ir a dianteira, correndo m ais depressa que Pedro, e chegou p rim eiro ao sepulcro. Pedro e João, perplexos pelo relato de M aria, partem im ediatam en te em direção ao túmulo. No início, eles são descritos com o apenas andando; depois, correndo lado a lado; finalm ente, com o ainda corren do, m as agora João na frente e Pedro atrás. João chega ao túm ulo prim eiro. M uito tem po depois, João, já em idade avançada recorda a cena com o se ela tivesse acontecido no dia anterior. D aí sua descrição ser tão vivida.
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JOÃO 20.5-7
Duas perguntas são feitas. A prim eira é, “O que levou esses dois hom ens a deixarem de andar e com eçarem a correr! Seria, talvez, um a m ensagem das m ulheres que, a essa altura, tinham deixado o tú m ulo, e tinham algo muito surpreendente a dizer aos apóstolos?” Ver M ateus 28.1, 5-8 e paralelos. N ão sabemos. A pergunta seguinte é, “O que levou João a ultrapassar Pedro?” A resposta poderia ser: ele tinha a juventude em seu favor. M as de novo não sabemos. É inútil especular. 5. E, abaixando-se, viu as bandagens de linho jogadas (ali); todavia não entrou. Alguns preferem um a tradução diferente aqui. M as a versão “Ten do olhado rapidam ente, ele viu”, soa estranha. Com toda certeza, o verbo em pregado no original nem sempre, necessariam ente, significa abaixar-se. Não obstante, quando ele é usado em conexão com viu (ou notou), esse é sem dúvida o significado mais natural. A entrada, com o em muitos túm ulos orientais sem elhantes os de hoje, era prova velm ente baixa. D essa maneira, duas ações eram necessárias: prim ei ro, a pessoa tinha de se abaixar. Tendo se abaixado, ela podia olhar para dentro. Não é verdade que o fato de abaixar-se teria tom ado im possível ver as bandagens de linho na depressão em que o corpo de Jesus fora depositado. Isso seria verdadeiro só se essa depressão fosse m uito profunda. Q uando João se abaixou e olhou, ele viu as bandagens de linho. Ver sobre 19.40; tam bém sobre 11.44 (em que se usa um sinônimo). O significado dessas faixas deixadas ali é discutido em conexão com os versículos 6 e 7. João não entrou. Ele estava totalm ente alarm ado. Q ualquer idéia sobre ressurreição nem ao menos passara por sua mente. 6, 7. E ntão Sim ão P ed ro, segu in d o-o, ch egou e en trou no sep u lcro , e observou as b and agen s de linh o jo g a d a s (ali), e a faixa que estivera em torno da cabeça de Jesus, que não estava com as bandagens, m as dobrada num lugar à parte. É inteiram ente com patível com a conduta norm al de Pedro que ele, em bora fosse ultrapassado por João, um a vez no sepulcro, tenha entra do antes. Ver sobre 13.9. O que João m eram ente notou do lado de fora
JOÃO 20.6, 7
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ao olhar para dentro, Pedro, um a vez dentro, observou. É óbvio que ele viu muito mais que João e tam bém viu m ais claramente. E o que ele viu era realm ente m aravilhoso. Aqui estavam as bandagens de linho dispostas em ordem, e a faixa que estivera ao redor da cabeça de Cristo deixada num lugar à parte. Para as bandagens, ver sobre 19.40; tam bém sobre 11.44 (o sinônimo). Para a faixa, ver sobre 11.44 (em países de clima quente, mesmo o lenço usado pelos vivos é chamado faixa). O que exatam ente significava tudo isso? N esse ponto é necessário enfatizar que se deve ter o cuidado de não ler no texto mais do que ele de fato inform a. Idéias tais com o estas, ou seja, de que a faixa estava deixada ali com o se ainda não tivesse sido rem ovida da cabeça, e que as bandagens estivessem dispostas com o se Jesus ainda estivesse den tro delas, ou com o se o corpo tivesse sido abstraído delas são alheias ao texto. Nem ao m enos sabemos onde exatam ente as bandagens de li nho e a faixa estavam . Tam pouco João ou Lucas (em seu Evangelho, 24.12) diz qualquer coisa a esse respeito. O que Lucas enfatiza é que as bandagens estavam ali deixadas à parte, o que, novam ente, não significa que elas estavam dispostas em algum a posição m isteriosa, em violação às leis da gravidade; mas sim plesm ente indica que elas esta vam ali sem o corpo. Os fatos que são revelados já são por si só m aravilhosos sem orna mentos exegéticos (?). O que eles indicam é o seguinte: tudo no sepul cro estava bem -organizado. O corpo do Senhor não m ais estava ali. Nenhum dos discípulos estivera ali para rem ovê-lo, nem algum inimigo visitara o túm ulo a fim de pilhá-lo. Em qualquer desses casos, as banda gens não estariam ali. Será que o Senhor, ele próprio, teria rem ovido as bandagens e a faixa da cabeça, e providenciado para si um a vestim enta igual a que era usada pelos vivos, e calm a e m ajestosam ente tinha “co locado tudo em ordem ” no túm ulo, pondo as bandagens aqui e a faixa ali (bem dobrada ou enrolada num lugar à parte), e depois partira do túmulo gloriosamente vivo? Não é dito explicitam ente no relato que Pedro im ediatam ente che gou a todas essas conclusões, isto é, que Jesus tinha ressuscitado dos mortos. Parece, no entanto, que ele logo atingiu esse nível de fé. Ele a atingiu um pouco depois de João, talvez depois que os dois tivessem discutido o assunto juntos. Ver o versículo 9.
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JOÄO 20.8-10
8, 9. E ntão, o outro discípulo, que chegara prim eiro ao se pulcro, entrou tam bém e viu, e creu, pois eles ainda não tinham com preendido a E scritura, que ele tinha de ressuscitar dentre os m ortos. N esse m om ento, João entra no túmulo. Para um a descrição do tú mulo, ver sobre 19.41, 42. Ele viu e creu. O que ele viu? Exatam ente o que Pedro vira. No que ele creu? Que Jesus tinha de fato ressuscitado dentre os m ortos, e que ele era realm ente o M essias, o Senhor da G ló ria, o Filho de Deus em seu sentido m ais exaltado. Isso não é nada m enos que fé viva no ato de abraçar a verdade da ressurreição. N essa altura, alguns com entaristas parecem achar que o propósito do texto é enfatizar a fra q u eza da fé do apóstolo, com o se o significado seguisse esta ordem: a fé desses hom ens ficava a um passo da des crença, pois eles precisavam ver antes de se disporem a crer. Entre tanto, esse não é, com toda probabilidade, o ;entido das palavras. O que elas querem dizer é: eles agora viram e creram. Eles viram as coisas que o Senhor tinha arrum ado de m aneira que despertasse e fortaleces se sua fé. As Escrituras tam bém com eçaram a ter, então, um novo sentido. A nteriorm ente as belas passagens com o o Salm o 16.10, 11; Salm o 110.1,4; Salm o 118.22-24; eIsaías 53.11, 1 2 -p a ssa g e n s estas que fazem referência à ressurreição de Cristo - tiveram pouco signifi cado para eles. Agora, essas mesm as passagens estavam com eçando a assum ir seu significado! A gora eles entendiam que a gloriosa ressur reição de Cristo era um a necessidade divina. Cf. Lucas 24.26. N o Dia do Pentecostes, e depois dele, tudo isso se tom aria ainda m ais claro.
10. E ntão, os discípulos voltaram outra vez para casa. O clí max fora alcançado. No coração de João havia regozijo, e isso é (ou logo será) verdade tam bém no coração de Pedro, com o ele próprio testifica (IP e 1.3). Então, cada um volta ao lugar em que estava aloja do. N o lar de João há alguém que deve ter-se rejubilado ao ouvir sobre o fato. Esse “alguém ” era a tia do apóstolo, M aria, a m ãe de Jesus. Ver sobre 19.27; depois sobre 19.25.
JOÂO 20.11, 12
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11 M aria, entretanto, perm anecia junto à entrada do túmulo, chorando. Enquanto chorava, abaixou-se, e olhou para dentro do túmulo, 12 e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de Jesus fora posto, um à cabeceira e outro aos pés. 13 Então eles lhe disseram: Mulher, por que está chorando? Ela lhes disse: Eles levaram embora meu Senhor, e não sei onde o puseram. 14 Ao dizer isso, ela voltou-se e viu Jesus em pé (ali), mas não sabia que era Jesus. 15 Jesus lhe disse: Mulher, por que está chorando, a quem está procurando? Ela, supondo ser ele o jardineiro, disse-lhe: Senhor, se o levou embora, diga-me onde o colocou, e eu o r e m o v e r e i 16 Jesus lhe disse; M iri am! Ela voltou-se e lhe disse em aramaico: Raboni! (Que quer dizer Mestre.) 17 Jesus lhe disse: Não se apegue a mim, porque ainda não subi para o Pai. Mas vá ter com meus irmãos e diga: Eu subo para meu Pai e seu Pai, para meu Deus e seu Deus. 18 Maria M adalena foi e anunciou aos discípulos: Eu vi o Senhor, e (contou-lhes) que ele lhe dissera essas coisas.
20.11-18 11, 12. M aria, entretanto, perm anecia junto à entrada do tú mulo, chorando. Enquanto chorava, abaixou-se e olhou para den tro do túmulo, e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde 0 corpo de Jesus fora posto, um à cabeceira e outro aos pés. A história agora se volve para M aria M adalena. Ver sobre 19.25 e sobre 20.1, 2. É razoável supor que ela dem orou um pouco mais a chegar ao túm ulo do que João e Pedro. H á os que pensam que em seu cam inho de volta ao jardim de José, M aria teria encontrado os dois apóstolos, que lhes relataram o que tinham visto no túm ulo e, com o resultado, o tem or de M aria de que os ladrões tivessem roubado o cor po de Jesus, teria sido substituído por um a esperança de que mãos am igas o tivessem removido. Entretanto, se esse encontro aconteceu, seriam os forçados a concluir que a fantástica convicção que tinha se insinuado no coração de Pedro e João com o resultado do que tinham visto no túm ulo, causou pouca im pressão em M aria. Isso de fato é possível. Não obstante, desde que nada no relato sugere um a conversa entre os apóstolos, de um lado, depois que eles estiveram no túm ulo, e M aria, por outro, é m elhor abandonar inteiram ente esta teoria. É talvez m ais seguro afirm ar que M aria voltou ao túm ulo sozinha, e que no ca m inho ela não parou para conversar com ninguém . 432. ID; ver Introdução, pp. 60, 62.
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JOÂO 20.13
Então, M aria estava parada fora do túm ulo, chorando. Para o sig nificado desse verbo, ver sobre 11.31,32 (e com parar com o verbo usa do em 11 .35; ver tam bém sobre esse versículo). Sua dor pungente se extravasava em soluços constantes e descontrolados. Enquanto dava vazão à sua am arga tristeza, ela se abaixou para olhar dentro do túm ulo (ver sobre o v. 5). Ela viu dois anjos, sentados, um à cabeceira e outro aos pés, onde o corpo de Jesus estivera antes. D eve-se provavelm ente considerar que esses dois anjos aparece ram sob a form a de dois jovens (cf. M c 16.5). Suas vestes brancas indicavam santidade (talvez tam bém alegria e vitória). Eles sim boliza vam o triunfo da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, da graça sobre o pecado. Para a aparência geral do túm ulo e do lugar onde os anjos se sentaram , ver sobre 19.41 e 42. M as, por que esses anjos apareceram às m ulheres e não a Pedro e João? Seria porque a fé das m ulheres era tão m ais fraca do que a dos hom ens, que elas precisavam de apoio extra do m inistério dos anjos? Essa resposta tem sido sugerida, m as não encontram os nada no relato que lhe dê apoio. N a verdade, poderíam os ir na direção oposta, e dizer que a aparição desses anjos e a m ensagem que trouxeram (prim eiro às outras m ulheres, M t 28.6-7; depois a M aria, Jo 20.13) era um a recom pensa especial pelo ministério singular de am or no qual essas m ulheres, inclusive M aria, tinham se com prom etido. M as a m elhor resposta é a sim ples adm issão de que não sabemos o m otivo pelo qual os anjos apa receram às m ulheres (no presente caso, a M aria) e não aos homens. O céu m ostrou um interesse vital na ressurreição de Cristo. A au sência de anjos é que teria sido surpreendente. 13. E eles lhe d isseram : M ulher, p or que está ch oran d o? Im plícita à pergunta dos anjos está a m ensagem : “Esta ocasião é de alegria, não de choro” . Não poderíam os acrescentar que a pergunta seja um a expressão de desaprovação, feita de m odo tem o, com o se o anjo quisesse dizer, “Então os ensinam entos do Senhor com relação à sua m orte e ressurreição im inentes foram totalm ente em vão? M aria, você não se envergonha de sua incredulidade?” M as a dor e a tristeza inundavam a alm a de M aria de tal m aneira que ela não fica com medo, nem ao m enos surpresa por ver esses anjos
JOÂO 20.14, 15
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ou por sua pergunta. E la parece até m esm o mais à vontade na presen ça deles do que, por exem plo, num livro'*^^ recente, “Jacobus”se sente na presença de “G abriel” . N a m ente tem pestuosa de M aria só há espaço para um pensam en to expresso no que E les levaram em bora m eu Senhor, e não sei onde o puseram . Pode-se tam bém traduzir com o, “M eu Senhor foi levado em bora” etc. O bserve: M aria ainda fala de Jesus com o o m eu Senhor (ver sobre 20.2). Oh, se pelo m enos soubesse onde o corpo estava, ela po deria fazer o que viera fazer na tumba. Além disso, só de estar junto dele - m esm o que fosse apenas estar perto de um corpo m orto - já representaria um a certa satisfação. 14. Ao dizer isso, ela voltou-se e viu Jesus em pé (ali), m as não sabia que era Jesus. M aria estava olhando para dentro do túm u lo (20.11, 12). Depois, ela se volta e olha na direção oposta. P or quê? Aqui há novam ente espaço para teorizar. Um as poucas am ostras se guem: a. porque Jesus subitam ente aparecera, e os anjos que o viram de onde estavam no túm ulo se curvaram em adoração, levando M aria a virar-se a fim de ver por que os anjos fizeram isso; b. porque os anjos, ao verem Jesus, apontaram para ele, assim indicando a M aria que ela devia olhar para o outro lado do túm ulo; c. porque M aria ouviu alguém aproxim ar-se; d. porque os anjos subitam ente sum iram da vista; etc. Não aprouve ao Senhor responder. O único fato que nos é im portante é que M aria estava agora diante de um a pessoa que ela não reconhece. Ver sobre o versículo seguinte: 15. Jesus lhe disse: Mulher, por que está chorando, a quem está procurando? N ovam ente M aria ouve a m esm a pergunta que lhe havia sido feita um m om ento antes: “Mulher, por que está choran do?” Ver sobre o versículo 13. N ote a correspondência sem elhante entre as palavras do anjo às m ulheres (Mt 28.5, 7) e as palavras que elas ouviram dos lábios do próprio Senhor um pouco mais tarde (Mt 28.10). N o reino perfeito há perfeita harmonia. Os anjos dizem o que seu Senhor diz. E a pergunta era oportuna e apropriada, pois certam en te esse não era momento para choro! O estranho acrescenta, “a quem 433. Arjen M iedema, Talks With Gabriel (traduzido do holandês por Henry Zylstra), Grand Rapids, Mich., 1950.
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JOÂO 20.15
está procurando?” O bserve: a quem e não o quê. E m bora em sua resposta aos anjos M aria falasse sobre seu Senhor, ela não estava procurando por ele, mas sim por um cadáver. Ela estava procurando por algum a coisa e não por alguém. Q uando aquele que se dirige a M aria então pergunta: “a quem está procurando?”, ele está com eçan do a m udar seus pensam entos para outra direção. E la deve com eçar a procurar por um a pessoa, não por um a coisa. E la, su pondo ser ele o jardin eiro, respondeu: Senhor, se o levou em bora, diga-m e onde o colocou, e eu o rem overei. P or que M aria pensa que essa pessoa que se lhe dirige é o jardinei ro de José? Respondem os: 1. Porque, devido à sua descrença, ela não está procurando pelo Salvador ressurreto. 2. Porque talvez Jesus tivesse um a aparência diferente da de antes (ver M c 16.12; cf. 9.3). Contudo, o fato de ela o tom ar pelo jardineiro prova que ele tinha a form a humana. 3. Porque no jardim ela esperava ver um jardineiro ou zelador. A esse suposto jardineiro, M aria diz: “Senhor, se o levou em bora, diga-m e onde o colocou, e eu o rem overei.” A qui “senhor” é usado com o form a de tratam ento [em português], conform e o original, não “Senhor” . Ver p. 142, nota 44. M aria então pede a essa pessoa um favor: se ele, por razões particulares, tinha trans ferido o cadáver, que tivesse a bondade de dizer a M aria onde o colo cou, para que ela possa rem ovê-lo para algum lugar conveniente em que possa prestar-lhe os cuidados necessários. É verdade que M aria de fato diz, “o” , não “isso” , m as está claro que ela tem em m ente o corpo de Cristo. Em conexão com funerais, sem elhante linguagem (pes soal em lugar de im pessoal) é em pregada m esm o hoje em dia. O versículo 16 provavelm ente im plica que, depois de haver dito isso, M aria, talvez desesperada por um a resposta satisfatória, se virou, de m odo que ficou novam ente olhando para o túm ulo aberto. Isso, afi nal de contas, no caso de um a m ulher desolada, não seria estranho. E sta interpretação do que aconteceu é provavelm ente m elhor do que atribuir um significado muito incomum ao particípio oxpacjíelaa (por exem plo, tendo se inclinado para frente) com o usado neste versículo.
JOÃO 20.16, 17
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16. Jesus lhe disse: M iriam ! C om infinita ternura e sim patia, num tom que lem brava os dias passados, Jesus agora se dirige a M aria usando uma única palavra, “M iriam ”.'*^'' O nom e original aram aico pelo qual seus pais e am igos a teriam cham ado m uitas vezes, o nom e que Jesus sem pre usara ao falar com ela, é em pregado tam bém neste caso. Jesus se lhe dirige usando seu nom e nativo, em sua língua m atem a. E la voltou-se e lhe disse em aram aico: R aboni! (Q ue quer dizer M estre.) Q uando M aria ouve essa palavra - seu próprio nom e em sua própria língua - pronunciado daquela m aneira fam iliar com o só um a pessoa já havia pronunciado, ela se volta rapidam ente e se vira para o lado oposto do túm ulo, n a direção de quem falava (ver sobre o v. 15) e com um a palavra de surpresa dram ática, feliz reconhecim ento e reverência hum ilde, exclam a, “R aboni” . Em bora essa palavra (que ori ginalm ente significava meu mestre ou meu professor) tenha um signi fica d o que se aproxim a bastante (e pode até ser idêntico) de “R abi” e é traduzido assim por João (“professor”) para benefício de seus leitores de fala não aram aica da Ásia Menor, um uso de fato que era m uito m enos com um que Rabi. Para o uso de Rabi, ver p. 142, nota 44. O título Rahboni era dado apenas a alguns rabis, por exem plo, a Gam aliel I e Gam aliel II. Ele era freqüentem ente usado com referência a Deus. 17. Jesus lhe disse: Não se apegue a m im , porque ainda não subi para o Pai. O que Jesus provavelm ente quis dizer foi isto: “Não pense, M aria, que me segurando tão firm em ente (cf. M t 28.9), você possa me prender para sempre perto de você. A com unhão ininterrupta que você alm eja deve esperar quando tiver subido eternam ente para o Pai.” Jesus não fazia objeção a ser tocado. De outra m aneira, com o pode explicar-se sua palavra a Tomé? Ver sobre 20.27. O que ele con denou foi a noção errada de M aria, de que o modo de antigo com pa nheirism o fosse recomeçar, em outras palavras, que Jesus iria nova m ente viver num a associação diária e visível com seus discípulos, tanto hom ens quanto m ulheres. A com unhão, na verdade, recom eçaria; mas ela seria m uito mais rica e bendita. Seria a com unhão com o Senhor glorioso, no Espírito e com sua Igreja.'*^^ 434. A forma aramaica é mais bem com provada do que o grego aqui no versículo 20.16. 435. E sta interpretação bastante com um que se encontra em m uitos com entários é
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JOÄO 20.17
M as vá a m eus irm ãos e diga-lhes: E u subo para m eu Pai e seu Pai, para m eu D eus e seu Deus. Tanto M aria M adalena quanto as dem ais m ulheres recebem um a m ensagem a ser transm itida aos onze. M as enquanto as outras m ulhe res devem dizer aos homens o que acontecera (“ele ressuscitou dos m ortos”) e onde Jesus os encontrará (“Ele está indo adiante de vo cês para a Galiléia; lá vocês o verão” ; M c 16.7), M aria deve anunciarlhes que o grande acontecim ento na história da redenção está para acontecer (“subo para meu P ai” etc.). Jesus agora cham a os discípulos por um nom e novo; “irm ãos” (Cf. SI 22.23; 122.8; Hb 2.11.) U m novo relacionam ento - com unhão no Espírito, que está para ser derram ado - requer um nom e novo, um nom e ainda m ais íntim o do que o belo nom e “am igos” . Os irm ãos pertencem a um a e m esm a família. Eles têm muito em com um . Eles com partilham da m esm a herança. Conseqüentem ente, todo crente verdadeiro é um co-herdeiro com Cristo (Rm 8.17). Do m esm o modo, no sentido espiritual, Deus não é Pai de todos os homens, mas som ente daqueles que, tendo sido escolhidos desde a eternidade, abraçaram o Filho pela viva fé. Esses - todos esses, somente esses são irm ãos de Cristo. Q uando refletim os sobre o fato de que apenas uns poucos dias antes esses hom ens “o deixaram e fugiram ”, é ainda m ais notável que Jesus, em terna m isericórdia, está disposto a cham á-los meus irmãos. O que M aria deve dizer-lhes sobre é isto; “Eu subo (está para acontecer; tanto, 0 tem po presente) para m eu Pai D eus.” Jesus faz um a distinção aqui
a m ensagem de Cristo para eles é certo que vai acontecer; por e seu Pai, para m eu Deus e seu e ao m esm o tem po enfatiza a
melhor, me parece, do que a que Jesus aparece dizendo a Maria, “Não me detenha; porque estou com pressa; eu estou a caminho do céu” . Algumas idéias relacionadas, por exemplo, de que João quis dar a idéia de que Jesus subiu nesse mesmo dia, ou que somente uma semana se passou entre ressurreição e ascensão, dificilmente merecem discussão. O Evangelho de João claram ente ensina três aparecimentos subseqüentes: um nessa mesma noite (20.19-23); outro, uma semana mais tarde (20.24-29); e um terceiro “depois dessas coisas” , em que não é especificado quanto tempo depois (capítulo 21). Sobre todo o tema da ascensão de Cristo, ver também C. Stam, De Hemelvaart Des Heren (dissertação de doutorado submetida à Free University em Amsterdã), Kampem, 1950.
JOÃO 20.18
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intim idade da relação entre ele, seu Pai e os discípulos. À luz deste fato, a distinção é claram ente evidente, a saber, que ele não diz: “eu subo para nosso P ai.” Sua filiação difere da deles; portanto, ele diz: “para meu Pai e seu Pai.” Ver sobre 1.14 para essa distinção. Ele é Filho por natureza; eles são filhos por adoção. Portanto, tam bém , “e para meu Deus e seu D eus.” Não obstante, a intim idade da com unhão é tam bém enfatizada: o m esm o Deus que é o Pai de Jesus é tam bém o Pai dos discípulos! É para esse Deus e Pai que Jesus está subindo. E ssa é a m ensa gem a ser transm itida aos discípulos. É ao m esm o tem po a lição que M aria precisa aprender. 18. M aria M adalena foi e anunciou aos discípulos: E u vi o Senhor, e (lhes contou) que ele lhe d issera essas coisas. Para onde o Senhor foi depois de aparecer a M aria não foi registra do. A lém do m ais, inclusive é o caso perguntar se, caso tivesse sido registrado, nós seriamos capazes de entender, pois deve-se ter em mente que o período de sua associação diária com os discípulos havia acaba do. Ele sim plesm ente aparece, ora a este, ora àquele; e devem os per guntar, “O nde ele ficava no período entre os aparecim entos?” Sabe mos m uito pouco sobre a natureza do corpo ressurreto e sobre suas idas e vindas. Com M aria, o caso é diferente. Ficam os sabendo que ela fez o que lhe fora ordenado. M aria deve ter sido um a m ulher profundam ente em otiva. De certo m odo, ela nos lem bra Pedro. N um m om ento está chorando copiosam ente. Todo seu coração está posto em suas lágri mas, de tal modo que m esm o a presença dos anjos dificilm ente lhe chega à consciência. M as, no m om ento seguinte - o m om ento do feliz reconhecim ento, quando o Senhor ressurreto pronuncia seu nom e tudo mudou. “R aboni”, ela exclam a; e, ao chegar aos discípulos, ela m al pode esperar para gritar, “Eu vi o Senhor!” (Para Senhor, ver sobre 20.2,13). E la já não estava pensando num cadáver. Não, este era o Senhor vivo, gloriosam ente ressurreto do túmulo! M aria passou sua mensagem , palavra por palavra, exatam ente com o o Senhor lhe disse que falasse. E essas palavras teriam sido como maçãs de ouro num a salva de prata.
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JOÂO 20.19
19 Ao anoitecer desse dia, o primeiro da semana, e, por medo dos judeus, estando trancadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, veio Jesus, pôs-se no meio deles e lhes disse: Paz seja com vocês. 20 E, dizendo isso, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, pois, os discípulos ao verem o Senhor. 21 Então Jesus lhes disse novamente: Paz seja com vocês. Assim como o Pai me com issionou, assim eu os estou enviando. 22 E, havendo dito isso, soprou e lhes disse: Recebam o Espírito Santo. 23 Se vocês perdoarem os pecados de alguém, eles são perdoados;“^^ se (os) retiverem em alguém, eles sâo retidos.“”
20.19-23 19. A o a n o itecer d esse d ia, o p rim eiro da sem an a, e, por m edo dos judeus, estando trancadas as portas do lugar onde os d iscíp u los se en con travam , veio Jesu s, pôs-se no m eio deles e lhes disse: P az seja com vocês. Note a ênfase que é dada ao dia específico em que Jesus apareceu aos discípulos com a exceção de Tomé. João podia ter escrito, “Ao cair da noite do prim eiro dia.” M as ele é m uito m ais específico. Está claro que ele quer enfatizar que esse não era outro dia senão o prim eiro da sem ana. Então, ele com eça dizendo: “Ao cair da noite desse dia.” Isso já m arca o dia com o sendo o prim eiro dia, à luz do contexto (20.1). Mas ele não está satisfeito com isso. Então, prossegue: “desse dia, o prim ei ro da sem ana.” O N ovo Testam ento, em toda parte, ressalta o dia da ressurreição de Cristo com o sendo o principal entre os dias da semana. Ver M ateus 28.1; M arcos 16.2; Lucas 24.1; João 20.1, 19, 26; Atos 20.7; 1 C orínti os 16.2; A pocalipse 1.10. P ara o significado de “o prim eiro dia da sem ana” , ver sobre 20.1. E ra noite. À luz de Lucas 24.29, 33, 36 tem os o direito de concluir que 0 acontecim ento registrado nesta passagem não se deu no início da noite. D a m aneira que os judeus contavam os dias, já não era m ais o prim eiro dia da semana. Mas João, em bora judeu, está escrevendo muito tem po depois de M ateus e M arcos, e não parece preocupar-se com o sistem a judaico de contar as horas. Ver sobre 1.39. 436. IIIA3; ver Introdução, pp. 63-65. 437. IIIB3; ver Introdução, pp. 63, 65, 66.
JOÂO 20.19
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D evido ao m edo dos judeus, os discípulos tinham trancado as por tas. Para esse m edo inspirado pelas autoridades judaicas (pensam os especialm ente no Sinédrio), ver sobre 7.13; 9.22; 14.27; 19.38. As au toridades tinham conseguido que Jesus fosse m orto. Será que os após tolos seriam os próxim os no program a de destruição? O lugar exato onde os discípulos se reuniam não é especificado. Ver, entretanto. Atos 12 . 12. N ão é difícil entender o que fizera com que eles se reunissem . H ouve tantos acontecim entos estranhos e experiências m aravilhosas nesse dia, que um a reunião se fazoa necessária. Jesus já havia apareci do a M aria M adalena, às m ulheres e a Cléopas mais seu com panheiro, e a Pedro. Ver sobre 21.1. Pedro e João, e tam bém as m ulheres, estive ram dentro do túm ulo. O que eles viram era m aravilhoso dem ais para ser expresso em palavras. N a verdade, não surpreende que os discípu los buscassem a com panhia uns aos outros nessa noite de dom ingo. De repente, Jesus apareceu, e ficou no m eio deles! M as com o isso foi possível, se as portas estavam trancadas? (As portas - plural referem -se, talvez, ao p o rtã o da casa e a p o rta da sala na qual estavam reunidos; mas pode tam bém indicar as duas portas de duas folhas que form avam o portão.) À pergunta de com o esse súbito aparecim ento fora possível, todos os tipos de resposta já foram dados. Algum as dessas respostas devem ser rejeitadas de im ediato; por exem plo, Jesus estivera escondido na sala; ele “esgueirou-se” para dentro quando os dois hom ens de Em aús entraram ; ele entrou pela (o substituto oriental de nossa) janela; ele desceu pelo telhado etc. Aqueles que acreditam que a natureza hum a na de Cristo estava agora de posse das qualidades da natureza divina respondem que essa natureza hum ana se tom ara então onipresente.'*^** Temos grande respeito pela fé e pelo conhecim ento daqueles que são inclinados a aceitar esse últim o ponto de vista. Juntam ente conosco, eles adoram Jesus com o o Filho de Deus, e conosco aceitam a Palavra de Deus com o sendo infalível. N a batalha contra o liberalism o de todo tipo, eles fazem com que m uitos se envergonhem . Não obstante, não podem os aceitar esta solução. N ão acreditam os que nem no estado de 438. Assim, por exemplo. R.C.H. Lenski, op. cit. p. 1340,
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JOÂO 20.20
hum ilhação nem no de exaltação as duas naturezas possam confundirse ou fundir-se, de m odo que um a partilha das qualidades da outra. Nós acreditam os que nosso Senhor Jesus Cristo deve ser reconhecido “em duas naturezas inconfundíveis e imutáveis, bem com o indivisibilidade e inseparabilidade” (Sím bolo de Calcedônia). A lém do mais, acreditam os que as palavras “Veio Jesus” são mais bem interpretadas literalm ente. Ele não apenas se p ô s subitam ente no m eio deles, mas ele de fato veio e ficou! Se sua natureza hum ana fosse onipresente, ele não teria de vir (a m enos que sua vinda fosse tom ada no sentido m etafórico). À pergunta, “M as com o é possível que Jesus, que não era um m ero fantasma, m as possuía um corpo real (em bora um corpo ressurreto), viesse e ficasse quando as portas estavam tran cadas?”, as Escrituras não dão nenhum a resposta. Algum dia nós ire mos entender. Colocando isso de um modo diferente, se poderia dizer tam bém : “O corpo ressurreto tem qualidades diferentes daquelas que têm o corpo pré-ressurrecto” (IC o 15.42-44; cf. Fp 3.21). M as essa não é realm ente um a resposta à pergunta. Jesus fala de paz aos discípulos atônitos. Ele disse: “Paz seja com vocês.” Para explicação, ver sobre 14.27; 16.33; 20.21,26. Ele disse isso agora com o aquele que de fato lhes m erecera essa paz. 20. E, dizendo isso, m ostrou-lhes as m ãos e o lado. M uito, sim, m uitíssim o se acha implícito nesta afirmação: 1. A pessoa que está de pé no meio do pequeno círculo é realm ente Jesus. Não é nenhum a outra pessoa. As m arcas de suas m ãos (onde os pregos foram fincados) e a cicatriz em seu lado o identificam . 2. Essa pessoa tem um corpo real. Ela tem mãos. Ela m ostra seu lado (provavelm ente o lado esquerdo). Ela não é um fantasm a. Que os docetistas saibam disso! Nos dias de João, havia m uitos deles. 3. Não era apenas o espírito de Cristo que se levantara do túm ulo - com o os liberais ensinam - , mas o corpo também! Tratava-se real m ente de um a ressurreição corporal. 4. A paz pronunciada sobre os discípulos - não só pronunciada, m as de fato dada - era real; ela fora com prada por um preço! Que os discípulos vejam suas m ãos e seu lado. Então, que eles m editem e adorem .
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A legraram -se, pois, os discípulos ao verem o Senhor, Lucas fornece o m elhor com entário sobre essa passagem em João. Os discí pulos não se alegraram de imediato. Prim eiro eles, quando o viram de pé tão de repente, ficaram com medo. Pensaram que estavam vendo um espírito ou fantasma. Então Jesus, com terno amor, disse, “P or que vocês estão perturbados? E por que sobem dúvidas ao seu coração? Vejam m inhas m ãos e m eus pés, que sou eu m esmo; apalpem -m e e verifiquem , porque um espírito não tem carne nem ossos, com o vêem que eu tenho” (Lc 24.38, 39). Eles se regozijaram . Não obstante, “ain da não acreditaram , por causa da alegria” (Lc 24.41). Então, Jesus lhes disse: “Vocês têm aqui algum a coisa que com er?” Eles lhe deram um pedaço de peixe assado. Ele o tom ou e o com eu na presença deles. Jesus então repetiu as palavras que foram ditas anteriorm ente. Ver Lucas 24.36-49. Quando finalm ente acreditaram sem m ais dúvidas, era porque nada m ais podiam fazer. Observe que, segundo João aqui em 20.20 - e tenha em mente que João estava ali quando isso aconteceu - , os discípulos por fim viram Jesus com o seu exaltado Senhor. P ara o term o, ver sobre 1.38; 12.21 ; cf. tam bém 20.2, 13, 18. 21. E ntão Jesu s lhe d isse n ovam ente: P az seja com vocês. A ssim com o o Pai m e co m issio n o u , eu tam b ém os estou e n viando. A todos os presentes Jesus (aos dez, aos hom ens de Em aús e aos outros) Jesus repete: “Paz seja com vocês.” Para o significado, ver sobre 20.19. N ão é estranho que ele tenha repetido essa palavra. Seu aparecim ento repentino tinha causado alarm e instantâneo. Em bora o medo tivesse dim inuído, tendo a alegria tomado seu lugar, conceder paz aos presentes poderia justificar repetição. Ao acrescentar: “Assim com o o Pai” etc., Jesus diz, em substân cia, o que ele dissera antes. Portanto, ver sobre 17.18 para a explica ção. Há, entretanto, um a diferença im portante. N a passagem anterior, essas palavras são dirigidas ao Pai (“Assim como me enviaste ao mundo, tam bém eu os enviei ao m undo”); agora elas são dirigidas aos discípu los (com um a m udança do verbo que, entretanto, não é muito im portan te): “Assim com o o Pai me com issionou (pode-se tam bém traduzir en viou), eu tam bém os estou enviando” . A partir do fato de que havia outras pessoas na sala além dos dez
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(Lc 24.33) - os dez tinham alguns visitantes que estavam com eles (Lc 24.33) alguns concluem que não havia nada de oficial a respeito desse “envio”. M as em bora as palavras fossem dirigidas a toda a Igre ja, não é verdade que a tarefa de proclam ar o evangelho ao m undo seja, não obstante, executada principalm ente por aqueles que são especial m ente escolhidos? P or meio deles a Igreja inteira leva a mensagem de Deus ao mundo. É desnecessário dizer que todo crente tem um dever im portante, ou seja, o dever de testem unhar alegre e incessante m ente. Que Jesus tinha os dez (e num sentido tam bém o apóstolo ausente, Tomé; portanto, os onze) em m ente segue-se tam bém da passagem sem elhante ou paralela em 17.18,20. Observe-se: “Assim com o me enviaste ao m undo, tam bém eu os enviei ao mundo. ... Não rogo so m ente por estes, mas tam bém por aqueles que vierem a crer em mim, por interm édio de sua palavra.” Esses versículos podem ser parafrase ados assim: “Assim com o me enviaste ao m undo, eu tam bém enviei estes onze homens ao m undo. ... Não rogo som ente por estes onze homens, m as tam bém por aqueles que vierem a crer em mim, por inter m édio de sua palavra.” A analogia entre o envio do Filho com o M ediador e o envio dos apóstolos foi explicada em conexão com 17.18. /I autoridade de co missão é a mesm a; a mensagem é a m esm a (todavia, há esta diferen ça: Jesus, por meio de sua expiação, torna a m ensagem possível; os apóstolos sim plesm ente a proclam am !); e os homens a quem é pro clamada são os m esm os. Portanto, “assim com o ... tam bém ” . 22, 23. E , havendo dito isso, soprou e lhes disse: R ecebam o Espírito Santo. Se vocês perdoarem os pecados de alguém , eles são perdoados; se vocês (os) retiverem de alguém , eles são re tid os. Tendo lem brado aos discípulos o fato de que sua ressurreição em nenhum sentido os exim ia da tarefa divinam ente ordenada, Jesus so prou. O m elhor texto não traz “Ele soprou sobre eles”, mas sim ples mente, “Ele soprou” . Esse sopro (cf. as explicações de 3.8) tem signi ficado sim bólico. Ele sim bolizava um dom especial do Espírito Santo. N um sentido, esse dom é dado a toda a Igreja. No entanto - ver tam
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bém sobre o v. 21 - deve ser exercido pelos oficiais, som ente por eles, por eles corporativam ente. Esse dom em particular indicado aqui é para o perdão ou para a retenção de pecados, que neste contexto deve sig nificar; declarar que os pecados de alguém estão perdoados ou retidos (não perdoados). Que os apóstolos não podiam agir independentem ente, isto é, à par te do Espírito, que fala na Palavra, Já é evidente pelo fato de que o dom é ligado com o Espírito! “R ecebam o Espírito Santo ... Se vocês perdo arem os pecados de alguém, eles lhe são perdoados” etc. Absolvições pronunciadas arbitrariam ente não têm nenhum valor no céu. Então, a igreja tem o direito de, agindo por meio de seus oficiais, declarar que os pecados são perdoados ou retidos apenas quando ela age em harm onia com a Palavra inspirada pelo Espírito. M as quando suas ações estão em conform idade com a P alavra (que exige que essa disciplina seja exercida em espírito de am or), então esse poder é m uito real, e se refere a qualquer um (seja quem for) cujos pecados são declarados perdoados ou retidos. M as, visto que a Igreja só pode declarar o que Deus j á fe z (cf. Mc 2.7), lemos; “Se vocês perdoarem os pecados de alguém , e\es f o ram (e continuam a ser; portanto são) perdoados; se vocês (os) retive rem de alguém , e\es fo ra m (e continuam a ser; portanto são) retidos. Essa passagem com certeza sugere M ateus 16.19; 18.18. É claro que a passagem de M ateus se refere à autoridade que a Igreja exerce m ediante o ofício apostólico. Seria portanto lógico que aqui em João 20.33 0 significado fosse o mesmo. Porém , m uitos escritores rejeitam fortem ente qualquer noção de ofício. 439. Muito tem sido escrito, especialmente durante os últimos anos, a respeito do signi ficado exato do tempo perfeito no caso de ambos os verbos que aparecem nas apódoses; por exemplo, W. T. Dayton, Greek Perfect Ten.':e in Relation to John 20:23, Matt. 16:19, and Matt. 18:18 (dissertação não publicada de doutorado em Teologia, subm etida ao coipo docente do Northern Baptist Theological Seminary, Chicago, III. 1945); R. A. Baker, “The Forgiveness of Sin: An Interpretation of Matt. 16:19; 18:18; and John 20.23”, Review and Expositor, 41 (1944) 224-235; ver também o artigo de H. J. Cadbury a respeito deste assunto in JBL 58 (setembro. 1939). 440. Lemos afirmações como as seguintes: “O surgimento da lei eclesiástica e da consti tuição da Igreja é uma apostasia das condições pretendidas pelo próprio Jesus e originalmen te realizada” (afirmação de Sohm, citada com aprovação por A. Harnack, The Constitution
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Ofício im plica um a tarefa divinam ente designada (dada a alguns hom ens e não a outros) com autoridade para executá-la. Esta autorida de refere-se à vida e à doutrina. Que foi estabelecida por C risto e exercida pelos apóstolos está claro em passagens com o M ateus 16.18, 19 (porventura a idéia de chave - para abrir e fechar - não indica autoridade?) e a idéia de atar e desatar - qualquer que seja o significa do - não tem o m esm o significado?) 18.18; 28.18; 1 Coríntios 5.3, 4; 2 Coríntios 10.8. Que esta autoridade era por sua m ediação investida sobre os m inistros e presbíteros de m aneira que tinham tam bém um ofício e eram revestidos de autoridade está claro à luz das seguintes passagens: Atos 14.23; 20.28; 1 Tim óteo 1.18; 3.1, 5; 4.14; 5.17; 2 Tim óteo 4.1, 2 ;T ito 1.5-9; 3.10; A pocalipse 2.20. E ssa autoridade - que segundo João 20.23 im plica o direito de ex pulsar da Igreja e restaurar o pecador à com unhão - deve ser exercida no espírito de amor. E la tem com o seu propósito o “aperfeiçoam ento dos santos para o desem penho de seu serviço, para a edificação do corpo de C risto” (E f 4.12); e seu objetivo m áxim o pode ser expresso nestas belas palavras: “Até que todos cheguem os à unidade da fé e do pleno conhecim ento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à m edida da estatura da plenitude de C risto” (E f 4.13). Os apóstolos que estavam reunidos nessa sala, nesse glorioso dia de Páscoa, precisavam de conforto. Em si m esm os eles eram fracos e pecadores. Isso tinha sido dem onstrado repetidas vezes, tam bém du rante esses últim os poucos dias. Será que eles ainda tinham o direito de and Law o f the Church, Nova York, 1910, p. 5); “Não existem indícios nas Escrituras de uma comissão formal de autoridade para governo do próprio Cristo” (R J. A. Hort, The Christian Ecclesia, Londres, 1897, p. 84); “O apostolado foi fundado pelo próprio Jesus, não como um cargo eclesiástico, mas como um ministério de pregação” (Cari von Weiszäcker, The Apostolic Age o f the Chri.stian Church, Londres, 1894); e “A autoridade do apostolado era de um tipo espiritual, ético, ou pessoal. Não era oficial” (J. C. Lambert, art. “Apostle” I.S.B .E ). O. Linton, que defende a idéia do ofício apostólico, resum e os pontos de vista daqueles que a ele se opõem como segue: “Alies amtliche wird ängstlichst vermieden. Diese Lehr israe litas der gerade Gegenpol zu der Katholischen Ansicht, Nach dieser war der Apostel der von Jesus selbst zur Regierung der Kirche Bevollm ächtigte.’ E novamente: ‘Jesus habe die Apostel nur zum Predigen und zum Dienst an der Gemeinde bestellt, nicht zum Regieren über die Kirche” , De igual modo, C, B, Bavinck, outro defensor da realidade e originalidade do ofício apostólico afirma, “Van een ambt moet men maar niet spreken” (art, “Apostel” Christelijke Encyclopaedic),
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se cham arem apóstolos, os representantes oficiais de Cristo, escolhi dos para levar sua m ensagem aos filhos dos hom ens e para exercer autoridade no meio dos crentes? O Salvador ressurreto dá essa palavra de encorajam ento. Sem autoridade, o caos reinaria supremo! 24 Tomé, porém, um dos doze, aquele que era chamado Gêmeo, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Então os outros discípulos passaram a dizerlhe: Vimos o Senhor. Ele, entretanto, lhes disse: A menos que eu veja em suas mãos as marcas dos pregos e ponha meu dedo no lugar dos pregos, bem como minha mão em seu lado, definitivamente não crerei.““' 26 E, oito dias depois, seus discípulos estavam novam ente lá dentro, e Tomé com eies. Jesus veio, conquanto as portas estivessem trancadas, pôs-se no meio e lhes disse: Paz seja com vocês. 27 Então disse a Tomé: Ponha aqui seu dedo e veja minhas mãos; chegue também a mão e a ponha em meu lado; e não mais seja incrédulo, mas crente. 28 Tomé respondeu e lhe disse; Meu Senhor e meu Deus. 29 Jesus lhe disse: Porque você me viu, por isso creu; bemaventurados os que, ainda que não vejam, crêem. 30 Na verdade““- Jesus fez na presença dos discípulos muitos outros si nais, que não estão escritos neste livro. 31 Estes, porém, foram escritos para que vocês continuem crendo que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, continuem tendo vida em seu nome.
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25. Tomé, porém , um dos doze, aquele que era cham ado
0 G êm eo, não estava com eles quando Jesus veio. Então os ou tros discípulos passaram a dizer-lhe: V im os o Senhor. E le, en tretanto, lhes disse: A m enos que eu veja em suas m ãos as m ar cas dos p regos, e p onha m eu dedo no lu gar dos p regos, bem com o m inha m ão em seu lado, definitivam ente não crerei. Para Tomé, seu nom e e caráter, ver sobre 11.16; 14.5. H ouve um a reunião “dos D oze” . N a verdade, só dez estiveram presente (m ais al guns visitantes bem -vindos), mas o pequeno grupo é ainda tecnicam en te cham ado “os D oze”, da m esm a m aneira que entre nós, quando quin ze ou dezessete m em bros da assem bléia estão presentes, ainda fala mos desses presentes com o “a assem bléia” . A lém do mais, Tomé era 441. lllA l; ver Inti'oduçâo, pp. 63, 64. 442. Ver H. E. Dana e J. R. Mantey, A M anual Grammar o f the Creek New Testament, Nova York, 1950, p. 255; e cf. a tese do Dr. Mantey, “The M eaning of oun in John’s W ritings” .
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um dos doze apóstolos que foram originalm ente escolhidos. Ele deveria estar ali. Por não estar presente, ele perdeu a alegria de ver o Senhor ressurreto, e de ouvi-lo dizer palavras de paz. N a verdade, ele perdira a paz. É evidente que à luz do versículo 25 ele não tinha paz. Ele estava arrasado, nervoso, atribulado. M as os outros discípulos ficaram com pena dele. Além do quê, quando o coração está cheio a boca passa a falar. Então os outros discípulos - os dez (e provavelm ente tam bém os dois de Em aús e ou tros que estavam presentes) - passaram a dizer-lhe:, “Vim os o Se nhor.” Ver sobre 20.18. Em bora a referência im ediata aqui seja aos apóstolos que tinham estado presentes na sala na noite da Páscoa, é inteiram ente provável que tam bém outros (que podem ter estado pre sente ou não), por exem plo, M aria M adalena e as outras m ulheres, passaram a dar alegre testem unho do que tinham visto. H ouve diversos “aparecim entos” antes da noite da Páscoa. Ver sobre 21.1. Tomé, entretanto, apegava-se à sua teimosia. Ele era um discípulo m uito devoto; era tam bém muito m elancólico. C onseqüentem ente, seu m undo caiu quando Jesus foi crucificado. Ele era um dos “m ais infeli zes de todos os hom ens” (IC o 15.19). Quando os outros continuam a m artelar a m aravilhosa história em seus ouvidos, ele finalm ente protesta, “A m enos que eu veja em m ãos as m arcas dos pregos, e coloque m eu dedo no lugar dos pregos, defini tivam ente não crerei” . Ou seja, “Eu definitivam ente não acreditarei que Jesus é o Senhor ressurreto” . Tomé está disposto a acreditar... isto é, sob determ inadas condições\ E ele m esm o há de im por essas condições. A m isteriosa pessoa sobre a qual os outros estão falando tanto deve preencher certos requi sitos que Tomé vai estabelecer; ela deve passar por alguns testes que Tomé vai aplicar. Ouvir falar sobre ela (m esm o que seja por m eio da queles que o ouviram e viram ) não basta. Tomé já ouviu dem ais. Tomé quer ver. Tomé quer tam bém sentir. Ele quer ver as marcas dos pre gos, e colocar seu dedo no lugar dos pregos. No original há um a inte ressante aliteração aqui; as palavras para marcas e lugar são quase idênticas ( t ú t t o í ; e x ó t t o c ; ) , algo com o nosso imprimido e impresso. Tomé não ficará satisfeito se m eram ente vir as m arcas que os pregos
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deixaram na superfície das m ãos daquele que fora crucificado; não, ele precisa introduzir seu próprio dedo nas cicatrizes! E ainda assim isso não basta. Tomé deve poder introduzir sua m ão na horrível m arca dei xada pela lança. Bem, se esse personagem misterioso de quem Tomé tem ouvido falar tanto satisfizer a todas essas exigências, então... e não antes, Tomé crerá; mas, se não, ele definitivamente não (où crerá. Para a discussão sobre os pregos e a lança, ver sobre 19.23, 24. 26-28. E oito dias depois, seus discípulos estavam novam ente lá d en tro , e Tom é com eles. Jesu s veio, co n q u an to as p ortas estiv essem tr a n ca d a s, p ôs-se no m eio d eles e lh es disse: P az seja com vocês. E ntão disse a Tomé: Ponha aqui o dedo e veja m inhas m ãos; chegue tam bém a m ão e a ponha em m eu lado; e não m ais seja incrédulo, m as crente. Tomé respondeu e lhe d is se: M eu Senhor e m eu Deus. Para a expressão “oito dias mais tarde” , ver tam bém sobre 12.1. Em pregando o m étodo inclusivo de com putação de tem po - o m étodo segundo o qual, por exem plo, a terça-feira seria três dias após dom ingo - João afirm a que passados oito dias o acontecim ento da noite do dom ingo anterior se repetiu. O tem po e o lugar eram, com toda proba bilidade, o mesm o. Teria o Senhor esperado até a noite de dom ingo a fim de encorajar seus discípulos a observarem esse dia - e não outro com o 0 dia de descanso e adoração? Isso parece ser provável. D esta vez Tomé estava presente. É provavelm ente correto afirm ar que sua presença nessa ocasião era o resultado do trabalho de teste m unho no qual os outros estavam com prom etidos. N aturalm ente que isso não é certeza. É tam bém possível que Tomé tenha voltado a juntarse ao grupo pela simples razão de que ele não tinha outros am igos, e nenhum outro lugar para ir. O resto do versículo 26 é quase um a repetição palavra por palavra do versículo 19. Ver sobre esse versículo. Novam ente, em bora as por tas estivessem fechadas e trancadas, Jesus apareceu de repente. Ele se coloca no m eio do grupo. Ele fala de paz (e im petra a paz sobre eles). Depois, dirige-se a Tomé. No espírito de terna condescendência para com as condições estabelecidas por Tomé, Jesus adm oesta seu vacilante discípulo. A fim de ver quão precisam ente as exigências de
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Tomé foram cum pridas, devem os colocar as palavras de Tomé ao lado das de Jesus. Observe-se: A s E xigências de Tomé 1. A m enos que eu veja em suas m ãos a m arca dos pregos, 2. e ponha m eu dedo no lugar dos pregos, 3. bem com o a m ão em seu lado, 4. definitivam ente não crerei.
A s Ordens de Jesus 2. Veja m inhas m ãos 1. Ponha aqui o dedo 3. Chegue tam bém a m ão e a po nha em meu lado 4. Não seja incrédulo, mas crente.
Para cada exigência de Tomé havia um a ordem de Cristo, em bora a ordem na qual os com andos foram dados não seja exatam ente a das exigências. A m aneira condescendente com que Jesus lida com Tomé certa m ente indica que ele era ainda o m esm o Jesus. Seu am or não dim inuí ra. Ele podia ter repreendido Tomé asperam ente, mas o trata muito am orosam ente. U m a pergunta tem sido feita, “Será que Tomé realm ente fez o que Cristo lhe ordenara fazer?” Em bora a resposta não seja especifica m ente dada, provavelm ente ele o fez. N a verdade, pode-se fazer a pergunta: “Será que ele teve escolha?” Não teria sido obrigado a obe decer às instruções? Além disso, temos Lucas 24.39, e especialm ente 1 João 1.1. Tendo ouvido as palavras de Jesus - aquelas palavras que eram tão m aravilhosas porque elas correspondiam em todos os detalhes às palavras de Tomé - , e tendo provavelm ente visto suas m ãos e tocado suas cicatrizes, Tomé exclama, “M eu Senhor e m eu D eus” . Essa confis são deve ser entendida à luz da experiência im ediatam ente antece dente de Tomé; m elhor ainda, deve ser entendida à luz da auto-revelação im ediatam ente precedente de Jesus. Jesus se revelara com o sen do (com respeito à sua natureza divina) aquele que é Onisciente. É nesse exaltado sentido que Tomé agora cham a Jesus meu Senhor e m eu D eus. Ele, que pouco tem po atrás, estava tentando “agir com o um senhor sobre o Senhor” (estabelecendo-lhe condições), se torna agora
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submisso. Tomé não m ais deseja legislar sobre o supremo. E m Jesus, ele reconhece seu soberano, sim, seu Deus de fato! Para um judeu, essa era um a confissão notável. 29. Jesus lhe disse: Porque você me viu, por isso creu. Bem aventurados os que, em bora não vendo, crêem . Não havia nada de errado com as palavras de confissão de Tomé. M as havia algo de errado com o m odo com o ele chegou a esse nível de fé. Ele deveria ter crido m esm o sem ver. Para o benefício daqueles que viriam a crer neles nos anos que seguiriam , Jesus então diz, “B em -aventurados são aqueles que, em bora não vendo, crêem ” . Fé que resulta de ver é boa; mas fé que resulta do ouvir é m ais excelente. E ssa é a lição clara de todas as Escrituras; ver, por exem plo, M ateus 8.5-10; João 4.48; Ro m anos 10.14; e 1 Pedro 1.8. 30, 31. Na verdade Jesus fez na presença dos discípulos m u i tos outros sinais, que não estão escritos neste livro. E stes, p o rém , foram escritos para que vocês continuem crendo que J e sus é o C risto, 0 Filho de D eus, e para que, crendo, continuem tendo vida em seu nom e. Com essa gloriosa confissão de Tomé, “M eu Senhor e m eu D eus”, 0 autor alcança seu propósito. D eve-se com parar essa confissão com a sublim e declaração de 1.1: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava face a face com Deus, e a Palavra era D eus” . O propósito do evangelista fora sem pre este: m ostrar que Jesus é realm ente Deus (ou, caso se prefira, o Filho de Deus; portanto, da exata essência de Deus). A ressurreição e particularm ente o aparecim ento aos discípulos, in clusive Tomé, tiveram o efeito de extrair essa confissão do coração e da boca do “m elancólico e devoto discípulo” . A ressurreição foi o m aior sinal de todos. Para o significado do term o sinal, ver p. 160. Houve m uitos sinais. Eles foram feitos na pre sença dos discípulos, para que estes hom ens fo ssem testem unhas qua lificadas, isto é, para que eles fossem capazes de dar testem unho au torizado com respeito ao que tinham visto, ouvido e experim entado. Ver sobre 1.7, 8. É verdade que ninguém viu de fato a ressurreição. M as os discípulos viram o Cristo ressurreto, e isso certam ente indicava a reali dade da ressurreição. João não “desm itologiza” . (C ontrastar com R. Bultmann.)
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Além do grande sinal da ressurreição, os sinais registrados no Quarto Evangelho são: água transform ada em vinho, a cura do filho do oficial do rei, a cura do hom em paralítico no tanque de Betesda, a m ultiplica ção de pães e peixes para alim entar os cinco mil, a cura de cego de nascença e a ressurreição de Lázaro. M as estes não são de m odo algum tudo. Pode-se perguntar: “Não foi a purificação do tem plo um sinal? Não foi a entrada triunfal em Jerusalém outro sinal?” Além disso, com o foi dito em 2.11, 0 sinal nunca fic a só. Não é apenas um a obra de poder. Existe sem pre um mais: o m ilagre introduz o ensinam ento com referência a Cristo. Algum as vezes esse ensinam ento está im plíci to; freqüentem ente é expresso, algum as vezes em discursos longos. C onseqüentem ente, chegam os à conclusão de que, do com eço ao fim, o Quarto Evangelho é um livro de sinais. E o registro dos m aravilhosos feitos de Cristo e seu significado] O ra João não registrou todos os feitos e ensinam entos de Cristo. Ele foi bem seletivo. Ele provavelm ente presum ia que os leitores já tinham estudado os outros Evangelhos anteriores; ver pp. 49, 50. Além disso, em alguns desses feitos a deidade plena de Cristo não foi tão claram ente revelada com o nos outros. E, finalm ente, registrar todos os feitos e palavras importantes teria sido impossível. M as este último ponto não é dado aqui nos versículos 30 e 31, mas sim em 21.25. Ver sobre essa passagem . Qual foi, então, o propósito de João em registrar os sinais que ele registrou? A resposta é expressa nestas palavras: “Estes, porém , foram escritos para que vocês possam continuar crendo...” Observe: conti nuar crendo. Lem bre-se de Cerinto, que estava tentando m inar a fé da Igreja na deidade de Cristo! Essa fé tinha de ser fortalecida. O inim igo tem de ser repelido. Para com entários adicionais sobre este aspecto do propósito de João, ver pp. 53-55. Para Jesus com o Filho de Deus, ver tam bém sobre 1.1,14. Q uando a Igreja continua aceitando Jesus com o aquele que era divinam ente nom eado e qualificado (conseqüentem ente com o divina m ente ungido), isto é, com o o Cristo, o cum prim ento de todas as espe ranças e prom essas do Antigo Testamento; quando ela continua a reconhecê-lo com o o Filho de Deus, em seu sentido mais exaltado do ter mo, ela continua a ter vida - vida eterna; ver sobre 1.4; 3.16 - em seu
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nom e, isto é, em e por meio de abençoada aceitação de sua revelação na esfera da redenção.
Síntese do Capítulo 20 Ver o Esboço na p. 876. O Filho de D eus Triunfando G loriosa mente. R essurreição e Aparecim entos. 1. A Visita de Pedro e João ao Túm ulo Q uando M aria M adalena, grandem ente alarm ada porque a pedra tinha sido rem ovida da entrada do túm ulo, correu a Pedro e João para obter ajuda, esses hom ens responderam im ediatam ente. A fim de obter um quadro real de Pedro e João andando, e depois correndo ao túm ulo, deve-se estudar a fam osa pintura de Burnand. Os artistas com fre qüência desconsideram as inform ações dadas nas Escrituras, mas nes te caso temos um a pintura que até onde eu posso julgar, é fiel às E scri turas de todos os modos. Deve-se notar, nessa pintura (o original está no M useu de Luxem burgo, Paris), a ilusão de m ovim ento produzido pelo cabelo de João ondulando para trás, a inclinação do corpo para frente, os longos cachos de Pedro esvoaçando ao vento etc. É evidente que “o outro discípulo” está, nesse exato m om ento, com eçando a ultra passar Pedro. E m bora João tivesse chegado prim eiro, Pedro entrou antes no tú mulo. Depois João entrou tam bém . O modo com o tudo estava ordena do dentro do túm ulo, a ausência do corpo, a recordação de passagens do A ntigo Testam ento que eles agora viam sob um a nova luz, levaram esses hom ens (prim eiro João, depois Pedro) a acreditar que Jesus tinha de fato ressuscitado. n . O Aparecim ento a M aria M adalena O choro de M aria, seu com portam ento perturbado m esm o na pre sença dos anjos (tão grande era sua tristeza), sua conversa com os anjos e, finalm ente, sua conversa com a pessoa que ela cria ser o jard i neiro, são descritos vividam ente. U m a palavra, “M iriam ”, pronunciada da m aneira m ais fam iliar e carinhosa, m udou tudo para M aria. Ela res pondeu, “R aboni” . Jesus então deu-lhe um a lição sobre a m aneira na qual a com unhão contínua com ele poderia ser obtida. Ela relatou a experiência aos discípulos.
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III. O A parecim ento aos Discípulos Exceto Tomé Esse aparecim ento súbito de Jesus quando as portas estavam fe chadas não pode ser explicado de um modo em que a m ente hum ana possa entendê-la. O Senhor não só provou sua ressurreição (até m es m o m ostrando aos discípulos seu lado e suas mãos), m as ele tam bém deu-lhes um a bênção muito necessária, a paz, aquela paz obtida por m eio da cruz. Ele os confortou mais, inform ando-lhes que sua tarefa, com o seus representantes oficiais, continuaria. Em bora todos eles o tivessem abandonado e fugido, ele ainda os considerava seus apóstolos, com autoridade para dirigirem a Igreja. IV. O A parecim ento aos Discípulos, Tomé Presente Também A beleza desta história se tom a evidente neste particular, que Jesus atende a todas as exigências de seu discípulo equivocado (mas devoto). Tomé tem perm issão (até lhe é ordenado) para ver e sentir as m arcas dos ferim entos no corpo de Cristo. O tratam ento am oroso que Tomé recebeu fez brotar de seus lábios a exclam ação gloriosa (um a confis são que seria ainda mais gloriosa se Tomé não tivesse estabelecido suas condições), “M eu Senhor e meu D eus” . Com isso, o Evangelho voltou ao seu ponto de partida, isto é, a deidade de Cristo (ver sobre 1.1). D essa maneira, aqui (com a exceção de um Suplem ento, capítulo 21) ele termina. Seu propósito é expresso nos versículos 30, 31 (ver a exegese).
Reflexão sobre a Ressurreição de Cristo Trevas ao M eio-dia U m a escuridão que encobriu o sol e a lua. Nunca houve um dia m ais escuro. Jesus de N azaré está pendurado num a cruz entre dois ladrões. Ouça seu brado: “Está consum ado, ó Pai, em tuas m ãos eu entrego meu espírito.” As luzes estão apagadas, todas elas! Veja ali o pequeno grupo de seguidores. Os Onze Seu M estre ... se foi. Seu Am igo - e que amigo! - partiu. Seus planos ruíram. Suas esperanças se desfizeram . Eles estão perplexos.
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confusos. Eles se desesperam . Estão com o hom ens cuja frágil em barcação fica presa num bloco de gelo; só vêem gelo, muito, m uito gelo, desolação, por centenas de quilômetros. Gelo, gritos lancinantes, gem i dos, rangidos. Porventura eles algum dia verão seus entes queridos de novo? D igam adeus à esperança, sim, todos os que entram aqui. Ou para m udar a im agem -e le s se assem elham a hom ens que foram con denados a m orrer e estão definhando num buraco de prisão, m edonho, horroroso, bem sabendo que o “m elhor” que podem esperar é a chega da do carrasco. Ver João 20.19, “eles estavam com as portas tranca das, com m edo dos judeus.” Jesus de N azaré ... crucificado... esse era o Adeus à Esperança! Estarei exagerando? Não haveria um raio de esperança que bri lhasse através das nuvens da tristeza e do desespero? U m a esperança lá no fundo, de que algum a luz fendesse a escuridão, que as trevas pudessem ceder à aurora, que ... quem sabe ... o M estre pudesse ... viver de novo? Leia o relato você mesmo: “E eles, quando ouviram que ele estava vivo, e tinha sido visto por ela, não acreditaram ” (Mc 16.11). “E eles foram e contaram aos outros. N enhum deles acreditou neles" (M c 16.13). “E as... m ulheres... contaram essas coisas aos apóstolos. E essas palavras pareciam -lhes um a conversa fútil; e eles não acreditavam ne las” (Lc 24.10, 11). “E ele censurou-lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto depois que ele ressuscitou” (Mc 16.14). “Os outros discípulos, pois, disseram -lhe (a Tomé), Vimos o Se nhor. M as ele lhes disse: Se eu não vir em suas m ãos o sinal dos pregos, e ali não puser o dedo, e não puser a m ão em seu lado, eu não acredita rei” (Jo 20.25). N em ao m enos um entre os onze esperava que Jesus se levantasse do túm ulo. Esse pensam ento nem sequer lhes vinha à m ente. Jesus estava morto. Ele tinha partido. Aqueles dias felizes de com unhão e com panheirism o íntim o com o G rande Profeta de N azaré nunca, nunca m ais haveriam de voltar.
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C léopas e Seu C om panheiro Esses dois am igos de Jesus estavam voltando a Em aús. Era prim a vera. No entanto, eles não ouviam o canto dos pássaros. N ada perce bem no despertar da natureza. Arrastando os pés, sob o céu pesado, eles seguem a cam inho de casa ... de volta de um funeral! U m ente querido acabara de ser sepultado. Jesus de Nazaré. “Sim, estrangeiro, esperávam os que fosse ele quem haveria de redim ir a Israel.” “E spe rávam os - tem po passado - , mas agora toda a esperança se foi. A Cruz e o Túm ulo destruíram todo resquício de esperança. E desespero eterno reina em nosso coração.” M aria, M ãe do Senhor Ela tam bém estava petrificada pelo gelo do inverno. U m a espada traspassava sua alma, Lucas 2.35, pois vira seu querido filho, seu pri m ogênito, m orrer a m orte de um crim inoso. U m sentim ento de tristeza avassaladora me invade toda vez que eu ouço o antigo hino que descre ve as lágrim as de Maria: “Stabat m ater dolorosa Juxta crucem lacrim osa ...” Para ela tam bém , a Cruz era o Adeus à Esperança. / l í M ulheres Vejam essas m ulheres trilhando tristem ente as ruas de Jerusalém tão cedo no dom ingo de m anhã. Enquanto os onze discípulos se encon tram em luto profundo e desespero, Tomé parecendo um hom em que foi pego no m eio de um terrem oto, sem chão debaixo de seus pés, Pedro afogado em remorsos, João ternam ente cuidando da m ulher com a alm a devastada (M aria); enquanto a noite desceu sobre esses ho mens, o que vão fazer as m ulheres? É seu destino dar as boas-vindas ao Senhor Ressurreto? De modo algum. A cruz arrasou suas esperan ças. O túm ulo as enterrou para sempre. Elas vão ... ungir um corpo sem vida, o cadáver de Jesus de Nazaré, o Am igo e Auxiliador. Jam ais houve um grupo de hom ens e m ulheres m ais abatidos, desa pontados e esm agados! Talvez sua experiência seja mais bem descrita no conhecido poema:
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“A gora ele jaz morto, longe daqui está, num a cidade síria enlutada; e acim a de sua tum ba, com olhos brilhantes as estrelas sírias espiam ” . Q uando o M estre m orreu, os discípulos tam bém m orreram com ele. Suas esperanças, aspirações, afeições mais profundas e esperan ças m ais acalentadas foram enterradas com o Senhor. Se algum dia a esperança fosse revivida em seu coração, suas alm as teriam de ser resgatada dos grilhões da morte. Teria de haver um novo com eço... e isso ... pelas leis da lógica hum ana ... era im possível. E então ... A m ensagem gloriosa da Páscoa Um novo com eço! Luz nas trevas! A vida vencendo a morte! O Senhor verdadeiram ente ressuscitou! Aqui tudo muda. A cruz, o pró prio instrum ento de desespero, tom a-se um objeto de glória. A ressur reição de Jesus Cristo dos m ortos é a fonte de viva esperança. Ouçam a m ensagem de alegria exuberante, louvor e ações de graças. Ouçam na dos lábios daquele que experim entou o m ais profundo e negro de sespero e rem orso. Pedro diz: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo sua m uita m isericórdia, nos regenerou para um a viva esperança, m edi ante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os m ortos” (IP e 1.3). “Ele nos regenerou para um a viva esperança.” A gora Pedro pode sorrir novam ente. Todos nós podem os ser felizes de novo. U m a espe rança viva e real, um desejo m ais a expectativa mais a convicção de que nossa vida não é em vão. U m a esperança não baseada em lendas ou fantasias, mas sobre a inam ovível R ocha da ressurreição do túm ulo de Cristo. Os apóstolos proclam am a ressurreição porque eles não po dem fazer mais nada. A prova era muito clara! Ele vive. Portanto, a vida vale a pena. Assim , todas as coisas coo peram para o bem daqueles que am am a Deus. Portanto, nós tam bém viverem os. E, conseqüentem ente, a m aldição que estava sobre o uni verso será rem ovida e aguardam os um novo céu e nova terra. Todas as trevas foram dispersas. A esperança vive novam ente. Um jorro de luz desce dos céus velados: um anjo poderoso e terrí
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vel chega. Sua aparência é a de um relâm pago e suas vestes brancas com o neve. E o anjo diz: “Não temam. Eu sei que vocês procuram Jesus, o crucificado. Ele não está aqui. Ele ressuscitou, com o lhes dissera” (M t 28.5, 6). Ele ressuscitou .... e a esperança reviveu.
C a pítu lo 21 JOÃO 21.1-14 1 Depois dessas coisas, Jesus manifestou-se aos discípulos novamente ao Mar de Tiberíades; e ele se manifestou da seguinte maneira: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado o Gêmeo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e mais dois de seus discípulos. 3 Simão Pedro lhes disse: Eu vou pescar. Eles lhe disseram: Também vamos com você. Eles saíram e entraram no barco, mas nessa noite nada apanharam. 4 E quando o dia estava já rompendo, Jesus estava de pé na praia, mas os discípulos não reconheceram que era Jesus. 5 Jesus, pois, lhes disse: Rapazes, porventura vocês têm algo para se comer? Eles responderam: Não. 6 Então ele lhes disse: Lancem a rede à direita do barco e apanharão peixes.““ ^ Eles lança ram (a rede) e já não podiam puxá-la, por causa do grande número de peixes. 7 Então o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor! Então Simão Pedro, ouvindo que era o Senhor, cingiu-se com sua veste de pescador, porque havia se despido, e lançou-se ao mar. 8 Mas os outros discípulos vieram com o barco - pois não estavam longe da praia, apenas uns noventa metros - puxan do a rede cheia de peixes. 9 Ao saltarem em terra, viram ali umas brasas e, em cima, um peixe; e também um pão.'*'” 10 Jesus lhes disse: Tragam alguns dos peixes que vocês acabaram de pescar. 11 Simão Pedro entrou no barco e arras tou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e, em bora fossem tantos, a rede não se rompia. 12 Jesus lhes disse: Venham, comam. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: E tu, quem és? porque sabiam que era o Senhor 13 Jesus veio, tomou o pão e lhes deu, e de igual modo o peixe. 14 E essa foi a terceira vez que Jesus se manifestou aos discípu los, depois de haver ressuscitado dentre os mortos. M
Á.
1
1 junto
443. Literalmente: “e acharão” 444. Ou “peixe e pão” .
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C om entários Prelim inares Sobre o Capítulo 21 I. A utoria Quem escreveu este capítulo? Ver o que foi dito com referência a isso na p. 45. Ter certeza absoluta é im possível. Se um a pessoa decidir acreditar que foi o próprio João que, com suas próprias mãos, escreveu (ou pelo m enos ditou) o capítulo 21 inteiro (ou com a exceção dos vs. 24 e 25), ele nada vai encontrar em sua gram ática ou em seu vocabulá rio que 0 im peça de fazer isso.'*"'’ 445. Diferenças gramaticais suficientem ente importantes para provar a diferença em autoria não foram ainda demonstradas por ninguém, embora tentativas tenliam sido feitas. O fato, por exemplo, de que no capítulo inteiro a partícula Iva, que ocoiTe abundantemente no Quarto Evangelho (no capítulo 17 ocone nada menos que dezenove vezes!) não ocoire nem mesmo uma vez, significa muito pouco. Se isso for mesmo enfatizado, então o Capítulo 2 seria um problema, pois em todo esse capítulo a partícula citada só ocone uma vez! O vocabulário também não decide a questão. Ele deixa espaço a qualquer uma das teorias: a. que o autor foi o próprio João; ou b.que o autor foi outra pessoa que era muito íntim a de João. Dentre os mais de cinqüenta verbos diferentes (e,'formas verbais) encontrados nos versículos 1-23 desse vigésimo primeiro capítulo do Evangelho de João, uma dúzia deles não são encontrados nem uma vez nos vinte capítulos anteriores. (Entretanto, quatro desses doze são encontrados numa outra obra do autor, o livro do Apocalipse.) Os verbos a que nos referimos são: pescar (v. 3), poder [ser capaz] (v. 6), perguntar (v. 12), comer [tomar o café da manhã] (vs. 12 e 17), apascentar (vs. 15 e 17), cingir (v. 18), envelhecer (v. 18), estender (v. 18); também os seguintes (João 2J e o livro de Apocalipse): puxar (v. 8), ousar (v. 12), pastorear (v. 16), voltar (vs. 20). Também, nesse Evangelho, dentre aproximadamente trinta substantivos que ocorrem em 21.1-23, somente oito são peculiares a essa seção (não ocorrendo em nenhuma outra parte do Quarto Evangelho)', eles são: romper do dia (v. 4), praia (v. 4), alguma coisa para comer (v. 5), rede (v. 6). peixe (v. 6), veste de marinheiro (v. 7), côvados (v. 8: “duzentos côvados”, que é cerca de noventa metros), e cordeiro (v. 15). Naturalmente, quando um novo assunto é introduzido (o único milagre de pesca relatado por João), novas palavras são usadas. De qualquer maneira, umas poucas outras palavras podem ser esperadas. E, algumas vezes, uma palavra pode ocorrer num sentido novo; por exemplo, irmãos (21.23). Observar também as seguintes semelhanças entre os conteúdos dos capítulos 1-20, de um lado, e do 21.1-23 do outro. 1. O Capítulo 21 começa com a frase familiar, “depois dessas coisas” (ver sobre 5.1). 2. O mar da Galiléia é chamado “m ar de Tiberíades” (21.1) assim como em 6.1. 3. Os três discípulos, cujos nomes são m encionados em 2!.2, tinham sido mencionados antes. Ver a nota 447. Entretanto, aqui, pela primeira vez, ficamos sabendo que Natanael era de Caná da Galiléia. 4. Há aqui a menção “daquele discípulo que Jesus amava” (21.7, 20) da mesma maneira que em 13.23; 19.26 (cf. 20.2). 5. Também está aqui a mesma transição de irlolou (21.6) para irXoiápLow (21.8) como no capítulo 6 (cf. 6.17-20 com 6.22). 6. As palavras, “Jesus veio e tomou o pão, ... de igual modo, o peixe” (21.13) lembram 6.11. 7. O versículo 14 - “E essa foi a terceira vez. que Jesus se m anifestou aos discípulos” - não têm sentido à parte de 20.19, 26. 8. Encontramos o conhecido Amém duplo em 21.18. Ver sobre 1.51.
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Não obstante, favorecem os a teoria de que outro líder em Éfeso (provavelm ente um discípulo de João), sob a direção do Espírito Santo, e com total aprovação de João, escreveu 21.1-23 (e provavelm ente tam bém o v. 24 em nome dos presbíteros - observar o pronom e “nós” - , e novam ente em particular o v. 25; observar com o o “nós” do v. 24 m uda para ‘eu” no v. 25) devido às seguintes considerações: 1. A conclusão do capítulo 20 (vs. 30 e 31) deixa a im pressão de que o relato (dos capítulos 1-20) term ina aqui. 2. O autor dos capítulos 1-20 nunca m enciona a si próprio ou os m em bros de sua fam ília im ediata pelo nom e (cf. 1.35-41; 13.23; 18.15; 19.25-27, 35; 20.2-10), porém , quem quer que tenha escrito 21.2 m en ciona “os filhos de Zebedeu" (o pai de Tiago e João). 3. A longa sentença descritiva que é usada aqui em 21.20 para indicar que “o discípulo a quem Jesus am ava”, ou seja, “que tam bém na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus e perguntara. Senhor, quem vai trair-te?” - perm anece em contraste com a m aneira velada na qual o autor dos capítulos 1-20 constantem ente se referiu a si próprio (1.35; cf. 1.40; 13.23; 19.26; 20.2). II. Propósito O capítulo 21 sempre fez parte deste Evangelho. P or que ele foi acrescentado depois da bela conclusão encontrada em 20.30, 31 ? V á rias razões têm sido apresentadas. Visto que deve ter havido algum as considerações práticas que ocasionaram a adição deste suplem ento, existe provavelm ente mais de m eram ente um elem ento de verdade nos propósitos seguintes que foram sugeridos: 1. Para provar que o Cristo ressurreto ainda tem interesse por sua Igreja, e que seu poder m aravilhoso e seu terno am or não tinham dim i nuído de m odo algum. Ver 21.1-14, especialm ente os versículos 5, 6 e 12. - Entretanto, porventura os versículos 20.19-29 não provam o m es m o fato? N a verdade, sim, m as o capítulo 21 pode ser considerado com o um a evidência adicional desse fato. 2. Para lem brar os discípulos do fato de que eles devem ser p esc a dores, não apenas no sentido com um do term o (21.3), m as tam bém , e especialm ente, de homens (21.15-17). Entretanto, neste contexto devese ter em m ente que aqueles a quem se faz referência nos versículos
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15-17 já estão na Igreja; tam bém , que a figura aqui em pregada não é a do pescador, mas a do pastor que cuida do seu rebanho. Não obstante, 0 propósito sugerido poderia ser correto; porventura a reflexão sobre o m ilagre registrado em 21.6 não lem bra o anterior, registrado em Lucas 5, e tam bém a conclusão moral (ou profecia) anexada a ele em Lucas 5.10 (que os discípulos iam pescar hom ens)! O trabalho do reino deve ser retom ado com disposição! 3. Para enfatizar à Igreja que Pedro tinha sido totalm ente restaura do. É possível que houvesse suscitado sobre se a um hom em , que peca ra tão gravem ente, poderia ainda ser confiada a im portante tarefa de pastorear o rebanho de Jesus Cristo. Este capítulo se em penha em rem over essa dúvida. Ver 21.15-17. 4. Para enfatizar mais uma vez a verdade confortadora da predes tinação, ou seja, o que quer que aconteça em nossa vida foi sabiam ente ordenado pelo Senhor, exatam ente da m esm a m aneira que a gloriosa m orte de Pedro foi prevista e predita. Ver 21.18, 19. 5. Para desfazer o m al-entendido com relação ao que Jesus dissera a respeito do “discípulo a quem Jesus am ava”, isto é, para acabar com 0 rum or de que Jesus quisera dizer “que aquele discípulo não m orre ria” . Ver 21.20-23. 6. Para dar oportunidade aos presbíteros de Éfeso de apresentar um testem unho oficial e unânim e com respeito à confiabilidade das coi sas registradas no Quarto Evangelho. Ver 21.24. E, finalm ente, 7. Para explicar por que muitos outros acontecim entos que foram divulgados durante a estada terrena de Cristo não foram registrados. E possível que de outro m odo alguns ficassem perguntando, “Por que isso não foi registrado? Por que aquilo não foi incluído?” Ver 21.25. 21.1-14 1. D epois dessas coisas, Jesus m anifestou-se novam ente aos d iscípu los ju n to ao M ar de T iberíades; e ele se m anifestou da segu inte m aneira. Para o significado de “depois dessas coisas”, ver sobre 5.1. Jesus se manifestou, isto é, m ostrou sua glória. Ele não apenas fez um súbito aparecim ento físico, de modo que seus discípulos pudessem vê-lo, mas
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provou a continuidade de seu poder e amor, sua m ajestade divina e sua terna com paixão divina e humana, com o essas qualidades se expres savam em palavras e ações nessa ocasião.'’“*'’ Em vista do contexto, é provável que a expressão “m anifestou-se” deva aqui (e em 21.14) ser qualificada m ais precisam ente. E la se refe re aqui especificam ente à revelação que o Senhor Jesus Cristo fe z de si m esm o a seus discípulos quando ele se apresentou vivo d e pois de sua paixão p o r m eio de muitas provas durante um período de quarenta dias (At 1.3). O que tem os aqui (21.1-23) é um registro de um de seus “apareci m entos” pós-ressurreição de Cristo. É o núm ero 7 na lista (ver tam bém sobre 21.14).
Aparecimentos 1. A M aria M adalena (Mc 16.9; Jo 20.11-18). 2. Às m ulheres (M t 28.9, 10). 446. João tinha predileção pelo verbo manifestar. Eu contei dezoito casos de seu uso no Quarto Evangelho e na Prim eira Epístola (Lenski contou dezessete, op. cit., p. 1376): 1.31; 2.11; 3.21; 7.4; 9.3; 17.6; 21.1 (duas vezes); 21.14; 1 João 1.2 (duas vezes); 2.19; 2.28; 3.2 (duas vezes); 3.5; 3.8; 4.9. Esses dezoito casos podem ser classificados como segue: a. Primeira pessoa do singular aoristo indicativo ativo: 17.6 (eu manifestei seu nome). b. Terceira pessoa do singular aoristo indicativo ativo: 2.11 (Jesus manifestou sua glória); 2 I.I (duas vezes: Jesus manifestou-se). c. Terceira pessoa do singular aoristo indicativo passivo: 21.14 (Jesus foi manifestado, foi feito manifesto); 1 João 1.2 (duas vezes: a vida se manifestou); IJoão 3.2 (ainda não se manifestou o que haveremos de ser); 1 João 3.5 (ele se m anifestou para tirar os pecados); 1 João 3.8 (Para isto se manifestou o Filho de Deus: para que pudesse destruir as obras do diabo); 1 João 3.8 (o amor de Deus foi manifesto para este propósito, para que ele pudesse destruir as obras do diabo); I João 4.9 (Nisto se m anifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado seu Filho unigénito ao mundo). d. Segunda pessoa do singular aoristo imperativo ativo: 7.4 (manifeste-se - ou simples mente: “m ostre-se” - ao mundo). e. Terceira pessoa do singular aoristo subjuntivo passivo: 1.31 (mas, a fim de que ele fosse m anifestado a Israel); 3.21 (paia que se torne manifesto - ou evidente - que seus feitos foram feitos em Deus); 9.3 (isso aconteceu para que as obras de Deus sejam manifestas - ou: m ostradas - nele); 1 João 2.28 (se ele se m anifestar ...em sua vinda); 1 João 3.2b (quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele). f. Terceira pessoa do plural aoristo subjuntivo passivo: 1 João 2.19 (para que ficasse m anifesto que nenhum deles é dos nossos). Cf. também Apocalipse 3.18; 15.4, Está claro a partir disto que o verbo é usado em conexão com: a. a revelação da glória de
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3. A Cléopas e seus com panheiros (Lc 24.13-35). 4. A Sim ão (Lc 24.34; IC o 15.15). 5. Aos discípulos, exceto Tomé (Jo 20.19-23). 6. Aos discípulos, com Tomé presente (Jo 20.24-29). Todos esses ocorreram em Jerusalém . Depois que os discípulos foram para a Galiléia, em obediência às instruções que lhes foram da das pelo Senhor, Jesus aparece novam ente: 7. Aos sete, junto ao M ar de Tiberíades (21.1-14). 8. Aos discípulos, num “m onte” na Galiléia, onde Jesus fez um a grande declaração, deu-lhes a grande com issão e proclam ou a grande presença (M t 28.16-20). M uitos com entaristas consideram esse apare cim ento com o o de núm ero 9. 9. Aos quinhentos (IC o 15.6). 10. A T iago, 0 irmão do Senhor (IC o 15.7). O local, se foi na G ali léia ou Judéia, não foi informado. Q uando os discípulos regressaram a Jerusalém : 11. Aos onze no M onte Olival, perto de Jerusalém (At 1.4-12; cf. Lc 2 4 .50,51). O aparecim ento seguinte, que é especificam ente registrado, é pelo Senhor, dos céus: 12. A Paulo, quando ele estava a cam inho de Dam asco (At 9.3-7; 22.6-10; 2 6.12-18;lC o 9.1; 15.8). Pode ter havido muitos outros. Quantos, não sabem os (cf. At 1.3). Com relação a essas “m anifestações” ou “aparecim entos” , o se guinte deve observar-se:
Deus nas palavras e obras de Jesus em sua primeira vinda; b. o mesmo, em sua segunda vinda; e c, mais especificamente, em conexão com seus aparecimentos depois da ressurreição. É também empregado d. numa maneira mais geral, para indicar a vinda à luz de algo que estava oculto, a revelação de uma pessoa em seu verdadeiro caráter (se bom ou ruim) (1 Jo 2,19; 3.2). A tentativa (feita algumas vezes) de distinguir entre (jjai^epóco e ãiTOKaA.úirTGü de uma m anei ra tal que cfiavepóu significaria exibição pública (mostrar-se aos homens em geral) enquan to áTTOKotXúiTTCo indicaria revelação interna (aos crentes somente) requer m odificação consi derável à luz das referências dadas acima (na qual o verbo (jjoíyepóu é usado). À luz dessas referências, preferimos a definição que demos nesta nota e no texto.
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a. Não estam os tratando aqui do universo da irrealidade, de um fantasm a, um a aparição, um a alucinação, um sonho m eram ente subje tivo ou visão. Ao contrário, em cada caso, é o próprio Senhor em pes soa que se manifesta. b. A expressão m anifestou-se é usada aqui em 21.1, 14 para enfa tizar a idéia de que Jesus não está m ais habitando com os hom ens com o havia feito anteriorm ente. Ele aparece de repente em cena. E assim tam bém desaparece. M as enquanto está com eles, eles o vêem (em bo ra nem sem pre im ediatam ente) com o seu Senhor, glorioso e ressurreto. As palavras, “E ele se m anifestou da seguinte m aneira”, foram provavelm ente acrescentadas porque o relato desse “aparecim ento” em particular é bastante longo e circunstancial. 2, E stavam ju n tos Sim ão Pedro, Tomé, que era cham ado o G êm eo, N atan ael, que era de Caná da G aliléia, os (filh os) de Z eb ed eu e m ais dois de seus discípulos. Não surpreende encontrarm os todos esses hom ens juntos aqui na Galiléia. O Senhor havia prom etido que iria encontrar os discípulos nes se lugar (M t 28.7, 10; Mc 16.7). Além disso, quatro dos cinco discípulos aqui m encionados estavam juntos desde o com eço do m inistério de Je sus. Estam os nos referim os a Sim ão Pedro, a N atanael e aos filhos de Zebedeu (João e Tiago). Ver sobre 1.35-51. N esta ocasião, André e Filipe estavam tam bém entre aqueles m encionados. Seriam estes os “m ais dois de seus discípulos” que agora reaparecem no final do Evan gelho? N ão sabem os quem eram esses dois. Q ue eles faziam parte dos D oze é bastante certo (ver 21.1, “aos discípulos”). Que aqui em 21.2 a razão pela qual os dois não são m encionados pelo nom e é “porque ain da não haviam sido apresentados no corpo principal do livro (capítulos 1 -20)”, é bastante improvável e hm itaria as possibilidades a dois dentre três dos seguintes homens: M ateus, Tiago o M enor, e Simão, o Zelote.'*“''' Para a inferência quanto a derivar-se da m enção aos “filhos de Z ebedeu” , ver pp. 911, 912.
447. Todos os outros (i.e., todos exceto Mateus. Tiago, o Menor, e Simão, o Zelote) tinham sido apresentados antes. Ver nossos comentários sobre as passagens seguintes com referências aos discípulos cujos nomes são mencionados ou estão implícitos no Quarto Evangelho:
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JOAO 21.3
3. Sim ão Pedro lhes disse: E u vou pescar. D isseram -lh e os outros: Tam bém vam os com você. Pedro é hom em de ação. Ele geralm ente age antes que João o faça. João geralm ente entende antes que Pedro o faça. Então Pedro diz, “Eu vou pescar” (literalm ente). Será que isso significa que Pedro vira suas costas (ou: já havia virado suas costas) à pregação, considerando que não valia m ais a pena, di zendo-lhe (ou: havendo-lhe dito) adeus, e voltando (ou: havendo volta do) à sua antiga ocupação? Alguns dos m elhores com entaristas (inclu sive F. W. Grosheide) são dessa opinião, enquanto outros (exem plo, R.C.H. Lenski) parecem ridicularizar a idéia. Prova contundente não existe em nenhum dos casos. É certo que esses hom ens tinham de ganhar a vida, e pelo m enos alguns dos m encionados eram (ou tinham sido) pescadores por profissão (Mt 4.18,21). P or outro lado, tam bém é verdade que m ais tarde Jesus iria enfatizar e re-enfatizar que Pedro devia ser um pastor de homens. Ver, além do mais, o que se disse na p. 911 acim a, no item 2. Além disso, em bora Jesus, depois de sua ressur reição, já tivesse se m anifestado a Pedro, pode ser que não lhe tivesse ficado inteiram ente claro - ele que havia negado o M estre três vezes , que ainda tivesse o direito de retom ar suas atividades espirituais com o m issionário ou com o m inistro. Portanto, a idéia de que Pedro, pelo m e nos por enquanto, tivesse desistido de sua atividades do reino e tivesse voltado à sua ocupação antiga não pode ser inteiram ente descartada. E pelo que diz 16.32, não parece que nessa decisão de retom ar as ocupa ções antigas, em tem po integral, e desistir da idéia de se concentrar diligentem ente nos trabalhos do Reino, os outros tinha se juntado a ele? Ver sobre esse versículo. A. Mencionados pelo nome; Simão Pedro: 1 .4 0 ,4 1 ,4 2 ,4 4 ; 6.8, 68; 13.6, 8, 9 ,2 4 , 36, 37; 18.10, 11, 15, 16, 17, 18, 25, 26, 27; 20.2, 3, 7, 11, 15, 16, 17, 20, 21. André: 1.40, 44; 6.8; 12.22. Filipe: 1.43, 44, 45, 46; 6.5, 7; 12.21, 22; 14.8, 9. Natanael (chamado Bartolomeu nos Sinóticos): 1.45, 46, 47, 48, 49; 21.2. Tomé: 11.16; 14.5; 20.24, 26, 27, 28, 29; 21.2. Judas, o Maior: 14.22. Judas, o Traidor: 6.71; 12.4; 13.2, 26, 29; 18.2, 35. B. Por referência indireta ou velada: Tiago, o irmão do autor: 1.41. João: 1.35, 37, 38, 39; 13.23, 24, 25; 18.15, 16; 19.26, 27; 20.2, 3, 4, 8; 21.7, 20, 23, 24.
JOÃO 21.4, 5
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Os outros seis discípulos estão prontos para seguir a liderança de Pedro. De fato, quando diz, “Eu vou pescar”, ele pode ter deixado im plícito, “Q uem vai com igo?” E les saíram e entraram no barco, e nessa noite nada apanha ram . Em bora esses hom ens, depois de terem em barcado (provavel m ente no barco de Pedro), tivessem escolhido a hora mais apropriada para pescar, e em bora pelo m enos alguns deles fossem pescadores experientes, eles labutaram e pelejaram a noite inteira, mas não pega ram nada. A história se repete. Será que eles se lem braram da experi ência anterior que tiveram, a qual está registrada em Lucas 5? E seria o fracasso de toda um a noite um a revelação do desagrado de Deus para com eles, por terem negligenciado o trabalho do R eino? M as Deus ainda os amava! Portanto, em sua providência am orosa, seu fracasso total teria tido o propósito de pôr em relevo a grandeza da dádiva que ele estava para providenciar. 4. E quando o dia já estava rom pendo, Jesus estava de pé na praia, m as os discípulos não reconheceram que era Jesus. A ex pressão, “o dia j á estava rom pendo”, enfatiza a frustração que esses hom ens sentiram por toda a longa noite e aparentem ente infindável. Finalm ente 7<í raiava a aurora e eles não tinham pescado nada. O lhan do para a praia, vêem um hom em . Era Jesus, mas não o reconheceram . P or que não? Teria sido porque a descrença lhes cegara os olhos? Porque os olhos deles estavam sendo sobrenaturalm ente im pedidos de reconhecê-lo (cf Lc 24.16)? Por causa da natureza e aparência de seu corpo? A razão não é dada. D ificilm ente pode ser porque eles estives sem longe demais da praia. Afinal de contas, eles estavam a apenas cerca de noventa metros (21.8), a um a distância audível (21.5). Talvez, nesse caso, em que nada se m enciona que pudesse indicar um fator sobrenatural, a explicação m ais natural é a melhor, ou seja, que a cerra ção ou neblina lhes tom asse im possível identificarem a pessoa n a praia. C ontudo, é impossível ter certeza. 5. E ntão Jesus lhes disse; R apazes, p orven tu ra vocês têm algo para se comer? M ui am orosam ente o Senhor se dirige aos discí pulos com o “R apazes” . Ver p. 243. Ver também 1 João 2.13, 18, onde João já envelhecido usa a m esm a expressão. Quando Jesus acrescen ta, “Vocês não têm nada para comer, têm ?”, esperando um a resposta
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JOÃO 21.6
negativa, ele não quis dizer, “Vocês têm algum a coisa para eu com er? Eu gostaria de com prar peixe” . Em vez disso, ele faz a pergunta a fim de cham ar sua atenção para o fato de que sua volta à ocupação antiga tinha sido um com pleto fracasso. Eles tinham fracassado em reconhe cer adequadam ente o plano de Deus para sua vida. É com o se estives se dizendo, “Vocês não pescaram absolutam ente nada, não é? Sem mim vocês nada podem fazer. Vejam se aprendem a lição de um a vez por todas. E agora eu vou lhes m ostrar onde devem lançar a rede a fim de pegar peixe (cf. 6). Vocês não tem nada para comer,'*'*** têm ? Por isso eu lhes preparei o desjejum ” (cf. v. 9). Esta explicação, como foi indicado, tem a vantagem de estar em harm onia com o contexto. 6. E les responderam : Não. E ntão ele lhes disse: L ancem a rede à direita do barco e apanharão peixes. Os discípulos, exaus tos, respondem à estranha pergunta (“Rapazes, vocês não têm nada para comer, têm ?”) com um a única palavra, “N ão” - “Lancem a rede à direita (literalm ente, “nas partes certas”, mas essa é sim plesm ente um a expressão idiom ática) do barco, e encontrarão (no sentido de apanhar peixe)”, diz o hom em na praia. Teria sido essa ordem que prim eiro abriu os olhos de João, de form a que com eçou a conjeturar sobre quem seria o estranho? Teria ele se lem brado de um a instrução sem elhante no início do m inistério de Cristo (cf. Lc 5.4)? Teria havido algum a coisa na voz do estranho - calm a, m ajestade, segurança, auto ridade - que im pressionou esses pescadores exaustos? Seja com o for, eles obedeceram de imediato: Então (a) lançaram e já não podiam puxar a rede, por causa do grande núm ero de peixes. Pescadores experientes geralm ente não aceitam instruções de al guém totalm ente estranho. Pode-se im aginar que poderiam ter dito, “Você vai querer, aí a noventa m etros distante de nós, em pé na praia, nos dizer onde lançar a rede? É óbvio que nos é m uito mais fácil saber m os 0 que está acontecendo nos dois lados do barco do que para você 448. TTpooíjíáYLot', um artigo principal de alimentação do gênero peixe, em vez de um simples tempero para o alimento. Comparar o termo usado abaixo no versículo 9 e também no versículo 6.9; ver p. 290. Sobre os dois substantivos -rtp00(j)áYL0u e ói|)ápiov, ver J. H. M outon e G. Milligan, op. cit., pp. 470 e 551.
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aí de longe! Além do mais, nós som os pescadores. Sabem os m uito bem 0 que estam os fazendo. Portanto, estranho, não tente nos dar conselhos não solicitados.” Porém , eles não fizeram nada disso. N em ao m enos com eçaram a objetar para depois m udar de idéia e obedecer. Eles nem ao m enos dizem , “Toda a noite nos esforçam os e nada pescam os..., m as sob tua palavra lançarem os as redes” (cf. Lc 5.5). N ada disso! Em vez disso - profundam ente im pressionados com o tom incisivo da voz do estranho - , eles obedeceram com prontidão militar. Então lan çam a rede do lado direito, e im ediatam ente ela ficou tão cheia de pei xes, que esses pescadores se esforçavam (observar a ênfase do tem po im perfeito), m as não podiam puxar a rede para dentro do barco. E ra um m ilagre. Jesus não havia criado todos esses peixes de re pente, m as havia providenciado para que, no m om ento adequado, esse cardum e estivesse no lugar certo para ser apanhado. E o propósito do m ilagre era abrir os olhos desses homens, fazê-los ver que por si sós nada podiam fazer, e para fortalecer sua fé ne/e! 7. Senhor!
Então o discípulo a quem Jesus am ava disse a Pedro: E o
O que nós dissem os em conexão com 21.3 - “Pedro geralm ente age antes de João, mas geralm ente João entende antes de P edro” - é ilustrado tam bém neste caso. Ele, que fora o prim eiro a entender o significado das bandagens de linho e do lenço de cabeça (20.8), foi tam bém o prim eiro a discernir que o estranho na praia era o Senhor. Im ediatam ente, ele inform a a Pedro a respeito dessa descoberta notá vel. João e Pedro aqui estão juntos novam ente, com o sem pre (ver so bre 1.35-41 - onde a presença de João está im plícita 13.23, 24; 18.15, 16; 20.1-10; depois 21.2, 7, tam bém os versículos 20-22 deste capítulo; depois At 3.1-4; 8.14-17; e G1 2.9). No reino de Deus, o ho m em de ação e o hom em de visão se com plem entam . Para o significa do de “o discípulo a quem Jesus am ava”, ver sobre 13.23. Para o verbo (am ava), ver a nota 458. Sim ão Pedro, ouvindo que era o Senhor, cingiu-se com sua veste de pescador, porque havia se despido, e lançou-se ao mar. Pedro, da m aneira que lhe é típica, age im ediatam ente. A idéia de que ele já estava usando sua roupa de pescador e que agora apenas aperta va o cinto à sua volta (R. C. H. Lenski, op. cit., p. 1381) está em
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JOÂO 21.8
conflito com a cláusula que vem a seguir, a saber, “porque havia se despido” . Ao vestir sua roupa e am arrar o cinto, Pedro se preparou para pisar na praia e encontrar seu Senhor! Antes disso, a fim de faci litar seus m ovim entos durante a noite atarefada, porém infrutífera, ele (e talvez os outros tam bém ) estava sem inu (talvez apenas com um a espécie de tanga). Im petuosam ente, Pedro se lança ao mar, que, entre tanto, a essa distância da praia não era provavelm ente m uito fundo. Ele está a cam inho a fim de dar as boas-vindas a seu Senhor. Não o encon tram os novam ente até que chegue na praia novam ente e entre no bar co (21.11). 8. O s outros d iscípu los, porém , foram com o b arco - pois não estavam longe da terra, apenas cerca de noventa m etros puxando a rede cheia de peixes. Os outros discípulos, sendo menos im pulsivos que Pedro, foram mais vagarosos em chegar, pois tinham perm anecido no b a r c o . A s sim sendo, por m eio do barco, que deve ter atracado pouco depois que Pedro chegou à praia - pois a distância era de cerca'*™ de “duzentos côvados”“-'’' ou noventa metros - eles chegaram à terra. A rede cheia de peixes foi arrastada atrás da embarcação.
449. Literalm ente, o “barquinho”, ou “ a pequena em barcação m arinha”. Entretanto, quando um homem se torna familiarizado com um determinado objeto pelo uso constante, ele pode se referir a ele por um diminutivo, sem contudo estar se referindo ao seu tamanho lim itado. Cf. o holandês: “het bootje” . O m esm o barco é citado no versículo 8 e no versículo 6. Ver mais na p. 910 acima. 450. Observar úç, da mesma maneira que em 11.18, onde esta expressão é explicada. 451. Ao criar o corpo humano e suas proporções, o Senhor nos dotou de um conveniente padrão de medidas que foi usado pelos antigos e que, até certo ponto, permanece em uso até hoje. O côvado, mencionado aqui em 21.8, pertence a esse sistema de medições. Assim, temos: a. O polegar (c f a “regra do polegar”), holandês: duim - a distância transversal desse dígito interno é de cerca de uma polegada. b. O dedo ou dígito - a distância transversal é de cerca de 3/4 de polegada (Jr 52.21). c. Os quatro dedos juntos ou a largura de uma mão - uma distância de quatro vezes 3/4 de uma polegada, isto é, três polegadas (2Cr 4.5). d. O palmo, a m aior distância coberta pela mão aberta - uma distância de três mãos; portanto, nove polegadas (Êx 28.16). e. O côvado, o comprimento do antebraço. A palavra que é usada aqui em 21.8 original mente significava antebraço, e adquiriu conotação secundária de comprimento do antebra ço. Equivale a dois palmos ou dezoito polegadas (1/2 jarda).
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9. Então, quando desem barcaram , viram ali um as brasas e, em cim a, um peixe, e tam bém um pão. Foi um a belíssim a cena que se apresentou aos olhos dos discípulos assim que alcançaram a praia. Num contraste nítido com sua incapaci dade para providenciar alim ento para si m esm os, havia ali um braseiro no qual aquele que estava na praia preparara um a refeição sim ples de pão e peixe (òi|;ápLov, aqui com o em 6.9, 11, um petisco para acom pa nhar o pão; ver tam bém na nota 448 acima). U m bom argum ento pode ser apresentado à idéia de que aqui no versículo 9 devem os traduzir com o “um peixe” e “um pão” em vez do indefinido “peixes e pão”, tradução essa que - deve-se adm itir - , tam bém é possível. O versículo 13 parece indicar que havia apenas um pão (observar o artigo definido) e apenas um peixe. A lém disso, a notável sem elhança entre 21.13 e 6.11 parece indicar que em ambos os casos estam os lidando com um milagre de multiplicação. 10. Jesu s lhes disse: Tragam alguns dos peixes que acab a ram de apanhar. Jesus não quis dizer, “Tragam alguns dos peixes de vocês, do contrário não vamos ter o suficiente para com er.” Ao contrá rio, ele sim plesm ente queria que descartassem os peixes pequenos e separassem os peixes grandes, retirando-os da rede, e deliciassem seus olhos com eles, a fim de que pudessem m editar na grandeza do m ilagre e suas im plicações espirituais. f. A braça, o comprimento de braços estirados. Eqüivale a quatro côvados ou seis pés. Tanto o termo em inglês quanto em grego (ópyuiá) são derivados da raiz que significa estirar (At 27.28). g. O furlong (comprimento de um sulco) - grego oiáôLou' - eqüivale a cem braças ou seiscentos pés ou 1/8 de uma milha romana (6.19; 11.18; Ap 14.20; 21.16). Era o compri mento de um curso olímpico. Portanto, o termo significa pista de corrida [ou estádio] em ICoríntios 9.24. h. A jornada de um sábado eqüivale a dois mil côvados ou mil jardas, ou um quilômetro (A t 1.12). i. O p é originalmente indicava o comprimento de um pé humano. O pé atual inglês ou americano (medida de comprimento) é m ais longo do que o pé médio do homem. Quando não há nenhuma régua ou trena disponível, esta medida de comprimento comum pode ser aproximada acrescentando-se um palmo e uma mão. j. A milha - do grego ^Ui.ou', e do latim ntilia passuum: mil passos - , a distância coberta por mil passos duplos (Mt 5.41). Como as medidas do corpo humano não são constantes, e também por outras razões, essas distâncias não são exatas e levam a variações em diferentes períodos da História, e em diferentes países.
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JOÃO 21.11, 12
11. Sim ão Pedro entrou no barco e arrastou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e, em bora fossem tantos, a rede não se rom pia. D a beirada do barco Pedro desprende o topo da rede e através da água ele a arrasta na direção da praia, onde, com toda probabilidade com a ajuda dos outros (pois ela estava m uito pesada; ver sobre o v. 6 acim a), foi puxada para a praia. Q uando os peixes grandes foram separados, eles foram conta dos. No total deu cento e cinqüenta e três!'*^^ C ertam ente um pesca das m ais notáveis! U m a carga tão pesada de peixes poderia facilm ente ter rom pido a rede (como em Lc 5.6), mas, no presente caso, o Senhor havia providenciado para que isso não ocorresse. 12. Jesus lhes disse: Venham , com am . De um m ilagre o relato agora prossegue para o seguinte, em bora o propósito dos dois seja es sencialm ente o mesmo. Como os hom ens estavam cansados e fam in tos, Jesus nesse m om ento os convida a desjejuar. N enhum dos discípulos ousava (observe a força do tem po im perfeito aqui: eles nunca chegaram a ponto de fazer isso) perguntarlhe: O senhor, quem és? Porque sabiam que era o Senhor. Eles estavam dom inados por reverência em sua presença e tam bém absolu ta e intim am ente convencidos a respeito da identidade do hom em na praia, para ousar fazer perguntas e extrair'*'’'’ inform ações dele sobre este assunto. Eles sabiam que era o Senhor, o M estre ressurreto e glorioso.
452. D entre as interpretações estranhas, e na m aior parte alegóricas, deste item de informação, eu encontrei o seguinte: a. Os peixes não forara contados até que chegassem à praia a fim de ensinar que o número exato dos salvos permanece desconhecido até que tenham alcançado a praia do céu. b. Os antigos contavam 153 variedades de peixe! c. Existe aqui uma referência velada a M ateus 13.47,48, e uma indicação de que todos os tipos de pessoas serão salvos. d. A referência é a uma importante data na história da Igreja, ou seja, 153 d.C. e. O total representa a soma de todos os números de 1 a 17. Bem, e daí? f. Em caracteres hebraicos, o equivalente numérico de Simon lona é 153. g. O número 153 representa cem para os gentios, cinqüenta para os judeus, e três para a Trindade. 453. Observe o prefixo deste verbo, semelhante àquele do nosso extrair, examinar. Lite ralm ente o verbo significa perguntar (a fim de descobrir); indagar cuidadosamente; cf. o verbo holandês uitvragen.
JOÂO 21.13, 14
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13. Veio Jesu s, tom ou o pão e lhes deu, e de igual m odo o peixe. O significado desta afirm ação foi sugerido acim a, na p. 917. É im portante ter-se em m ente que o que Senhor dá a esses hom ens não é o peixe que haviam pescado! Ele m esm o lhes preparara o desjejum , o que m isteriosam ente é m ultiplicado de m aneira que um pão e um peixe (em am bos os casos o original tem o artigo definido) chegam para um a refeição para todos esses hom ens. Que é intenção do autor com unicar este fato é fácil de ver quando se com para 6.11 (o m ilagre dos cinco pães e dois peixes) com a passagem presente (21.13): 6.11
21.13
“Jesus, portanto, tom ou os pães e, depois de dar graças, distribuiu-os e lhes deu, e de igual modo entre os que estavam sentados; e tam bém igualm ente o peixe.”
“Veio Jesus, tom ou o pão, os peixes, tanto quanto eles quisessem .”
M uito se tem escrito sobre o fato de que aqui em 21.13 não lemos, “e, depois de dar graças” . Mas seria necessário que o evangelista es crevesse todos os detalhes do que aconteceu? 14. E essa foi a terceira vez que J esu s se m a n ifesto u aos d iscípu los, depois de h aver ressuscitado dentre os m ortos. Para o significado do verbo manifestar-se, ver sobre 21.1 e tam bém a nota 446. Jesus não se m anifestou aos seus inim igos (At 10.41), mas aos seus am igos. E m bora o presente aparecim ento seja m enciona do com o o de núm ero 7 na lista dada em conexão com o versículo 1, não obstante, se excluirm os do relato que o Senhor se revelou às m u lheres e a pessoas, e contar apenas aqueles nos quais ele apareceu ao círculo mais íntimo de discípulos considerados com o um grupo (embora não necessariam ente com todos os m em bros presentes), chegam os à conclusão de que essa foi a terceira m anifestação. Que João tinha isso em m ente é claro a partir da frase “aos discípulos” . O prim eiro é regis trado em 20.19-23; e o segundo, em 20.24-29. Para a Síntese, ver p. 911.
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JOÃO 21.15
15 Depois de terem comido, Jesus disse a Simão Pedro: Simão, (filho) de João, você me ama mais do que estes? Ele lhe disse: Realmente, Senhor, tu sabes que eu tenho afeição por ti. Ele lhe disse: Alimente meus cordeiros. 16 Ele lhe disse pela segunda vez: Simão, (filho) de João, você me ama? Ele lhe disse: Realmente, Senhor, tu sabes que eu tenho afeição por ti. Ele lhe disse: Pastoreie minhas ovelhas. 17 Ele lhe disse pela terceira vez: Simão, (filho) de João, você tem afeição por mim? Pedro se entristeceu por ele lhe dizer pela terceira vez: Você tem afeição por mim? E ele lhe disse: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu com preendes que eu tenho afeição por li. Jesus lhe disse: Alim ente minhas queridas ovelhas. 18 Mui solenemente eu lhe asseguro que, quando era mais jovem , você costumava cingir-se a si mesmo e andar por onde queria (andar); porém, quando ficar velho, estenderá as mãos e outro o cingirá e o levará para onde você não quer (ir). 19 (Isto ele disse para expressar o tipo de morte com que Pedro havia de glorificar a Deus.) E depois de lhe haver dito isso, acrescen tou: Siga-me. 20 Pedro voltou-se e viu que também (os) estava seguindo o discípulo a quem Jesus amava, aquele que também na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem te trairá? 21 Vendo-o, pois, Pedro disse a Jesus: Senhor, e quanto a este? 22 Jesus lhe disse: Se eu quiser que ele perma neça até que eu venha, o que isso lhe i m p o r t a Q u a n t o a você, siga-me, 23 Então, tornou-se corrente entre os irmãos que ele dissera que aquele discípulo não morreria; no entanto, Jesus não lhe disse que ele não morreria, mas: Se eu quiser que ele permaneça até que eu venha, o que isso lhe importa?“’'' 24 Este é o discípulo que dá testemunho a respeito dessas coisas, e que as escreveu; e sabemos que seu testemunho é verdadeiro. 25 Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem escritas uma a uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos.“'''’
21.15-23 15. D ep o is de terem com id o, J esu s d isse a S im ão P ed ro: Sim ão, (fílho) de João, você m e am a m ais do que estes? Terminado o desjejum , o Senhor agora se volta para Pedro a fim de publicam ente reintegrá-lo em sua função, ou pelo m enos a fim tornar conhecido a toda Igreja que ele fora perdoado e que a ele, bem com o aos outros, fora confiado o cuidado do rebanho de Jesus Cristo. As circunstâncias devem ter feito Pedro lem brar-se da cena de sua negação. E se as circunstâncias em si não fizeram com que ele se 454. IIIB l; ver Introdução, p. 63, 65. 455. IlIB l; ver Introdução, p. 63, 65. 456. IIIB I; ver Introdução, p. 63, 65.
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lem brasse, então o que estava para acontecer tinha essa intenção. O bserve as seguintes sem elhanças: 1. Foi perto de um braseiro que Pedro negara seu M estre (18.18). É aqui à beira de um outro braseiro que lhe é pedido que confesse (seu am or por) seu M estre. 2. Três vezes P edro negara seu M estre (18.17, 25, 27). Três ve zes ele precisa agora reconhecê-lo com o seu Senhor, a quem ele am a (21.15-17). 3. A predição com referência à negação foi introduzida com o sole ne A m ém duplo (13.38; ver sobre 1.51). A predição que im ediatam ente seguiu à confissão de Pedro foi introduzida de m odo semelhante (21.18). M ostrou-se, porém,'*” que a sem elhança é ainda m ais intencio nal. Em ordem reversa, as três m esm as idéias - 1. Seguir, 2. Cruz, 3. N egação - ocorrem aqui em 21.15-19 com o em 13.36-38. N aquela outra ocasião, Jesus dissera: “P ara onde eu estou indo, você não pode me seguir agora.” Com referência à m orte de Pedro na cruz Jesus predissera, “M ais tarde, porém , você me seguirá.” E ntão o M estre predisse a negação nestas palavras: “M ui solenem ente eu lhe assegu ro que certam ente o galo não cantará antes que você me negue três v ezes.” C ontra o 3., as três negações, perm anecem as três afirm ações que Jesus exige de Pedro em resposta a estas perguntas: “Você m e ama m ais do que estes? ... você me am a? ... você tem afeição por m im ?” A seguir, houve a predição com referência a 2., a m orte de Pedro n a cruz, com estas palavras, “Você estenderá as mãos, e outro o cingirá e o levará para onde você não quer ir.” E quanto a I., Seguir, a ordem, “Siga-m e... você, siga-m e” ocorre mais para o final da história da res tauração de Pedro. Cf. tam bém M arcos 8.34 para esses três m esm os conceitos. Existe, entretanto, outro traço notável de sem elhança para o qual a passagem agora em estudo (21.15) cham a a atenção. Jesus disse a Pedro, “Sim ão (o nom e que esse discípulo tinha antes de ser encontra do por Jesus; portanto, muito apropriado aqui, para lem brá-lo de seu 457. Ver o artigo de John Foster, “Denying O n e se lf’, ExT. 54 (1943), 331.
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com portam ento tão parecido com o de um a pessoa que não conhece a Jesus), filho de João, você me am a m ais do que estes?” As palavras “m ais do que” não se referem a coisas, com o este barco, esta rede, estes peixes, mas a estes homens, de pé aqui (ver sobre 21.2). A pergunta era pertinente, pois Pedro se gabara: “A inda que todos caiam num a cilada por causa de ti, eu, no entanto, jam ais cairei” (M t 26.33). Cheio de total e injustificável am or-próprio, ele se colocara aci m a dos outros. E sta confiança em si causara sua derrota. A ssim sendo, na presença desses hom ens, ele deve agora fazer sua confissão. E le lh e d isse: R ea lm en te, Sen hor, tu sa b es q u e eu ten h o afeição por ti. De duas m aneiras a resposta de Sim ão difere da pergunta do Se nhor: 1. Ele não m ais se com para com os outros colegas discípulos, colocando-os em desvantagem . Seu “sim ” (yaí, não “sim ” no sentido de, “Sim, eu te amo m ais do que os outros te am am ”) se liga ao fato de que ele tem em seu coração algo sem elhante ao que Jesus está pergun tado; algum a coisa semelhante, mas não exatam ente a m esm a, assim sendo, 2. Ele usa outro verbo (tenho afeição), um verbo com um senti do ligeiram ente diferente.'*^** C om um a m odéstia apropriada e reserva gentil Pedro, hum ilhado pela lem brança de sua queda, se recusa a usar o term o m ais elevado para amor, o verbo que Jesus usou. Para o am or com conhecim ento e propósito, o am or da devoção de todo coração, acerca do qual Jesus estava perguntando, Pedro usa o substituto mais subjetivo, afeição. Ao m esm o tem po, em lugar de gabar-se, com o se ele tivesse total conheci m ento do estado de seu próprio coração, ele se entrega ao (e apela para o) conhecim ento de seu Senhor. Pedro diz, “Tu sabes que eu te nho afeição por ti.” Com respeito ao conhecim ento que o Senhor tem, ver sobre 2.25; cf. 2 Coríntios 11.31; Gálatas 1.20. Afeição a Jesus é um pré-requisito obrigatório para prestar serviço em seu reino. E em terna m isericórdia, Jesus está disposto a conceder esse grande privilégio àquele que declara nada mais que um tipo de am or dos m ais hum ildes (em bora ainda m ais precioso). Então,
458. Ver esta nota no final deste capítulo, onde ela foi colocada por causa de sua extensão.
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E le (Jesus) lhe disse: A lim enta m eus cordeiros. P ara o signifi cado desta expressão em com paração com as ordens sem elhantes nos versículos 16 e 17, ver sobre o versículo 17. 16. E le lh e d isse p ela seg u n d a vez: S im ão, filh o de João, você m e am a? A segunda pergunta difere da prim eira. Ela exam ina ainda mais fundo e é m ais dolorosa. É com o se Jesus estivesse dizendo, “Sim ão, por seu silêncio com referência a estes outros, você indicou que não m ais acredita que me am a m ais do que eles me amam . M as agora, deixando as com parações de lado, você m e ama de fa to e de verdad e l” Jesus de novo usa o m esm o verbo que ele usara antes. Ele está novam ente perguntando se Sim ão o am a com devoção consum ada e com todo seu ser (não apenas com as em oções, m as tam bém com a m ente e com a vontade). E le lh e d isse: R ea lm en te, Sen hor, tu sab es que eu ten h o afeição por ti. Pedro dá a m esm a resposta de antes. Ele ainda não ousa afirm ar que possui o am or de teor m ais elevado. Ele lhe disse: Pastoreia m inhas ovelhas.'*’'^ Ver sobre o versí culo 17. 17. Ele lhe disse pela terceira vez,-: Sim ão, (fílho) de João, você tem afeição por m im ? D essa vez Jesus desceu até o nível de Pedro, usando o m esm o term o para am or que Pedro usara. O Senhor parece duvidar que Simão realm ente tivesse pelo m enos essa hum ilde afeição que ele alegava. Pedro se entristeceu por ele lhe haver dito pela terceira vez: Você tem afeição por m im ? E ele lhe disse: Senhor, tu conheces todas as coisas, e tu com preendes que eu tenho afeição por ti. O fato de Jesus haver posto a pergunta nessa fo rm a entristeceu a Pedro. Isso é com preensível. Q ualquer pessoa que m entalm ente se posicione num a situação sem elhante pode sentir o m esm o de im ediato. 459. A escolha entre irpopaia e npopátia no versículo 16 é bastante equilibrada. O N.N. trás irpopátia no texto, mas seu sistema crítico não mostra que ele seja mais bem atestado que irpópaTa. Visto que Jesus mudou a pergunta a cada vez, algo pode ser dito em favor da teoria de que ele também mudou a forma de sua ordem em cada uma, embora basicamente a exigência a Pedro permanecesse a mesma.
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Com o poderia Pedro não ficar triste quando Jesus parece pôr em dúvi da até m esm o este sentim ento subjetivo, sua afeição pelo Senhor? No fundo de seu coração, Pedro está convencido de que ele possui esse am or m ais hum ilde. M as aprendeu a lição. Ele não se atreve a apelar para nada dentro de si mesm o. Então agora, m ais enfaticam ente do que antes, ele apela para a onisciência de seu Senhor. Ele diz; “Senhor, tu sabes todas as coisas." E porque Jesus sabe todas as coisas, ele deve ser capaz de p erceber que Pedro tem afeição por ele. (O prim eiro verbo é oíóaç; o segundo é yli^wokçlç; ver sobre 1.10, 31; 3.11; 8.28.) Jesu s lhe disse; A lim enta m inhas queridas ovelhas. O que exatam ente Jesus quis dizer com essa tríplice cobrança que ele faz a Pedro? É dificilm ente provável que, ao falar de cordeiros (v. 15), ovelhas (v. 16) e queridas ovelhas (ou ovelhinhas\ observar o dim inutivo, mas isso não deve ter nada a com idade ou tamanho, mas se deve à terna afeição de C risto pelos seus), ele tinha em m ente grupos diferentes dentro da Igreja; por exem plo, crianças pequenas, adultos e jovens. A noção de que Jesus se refere aos grupos por faixas etárias não é mais razoável do que a crença de que, na alegoria do Bom Pastor (capítulo 10), três diferentes grupos de pessoas sejam indicados por ladrões, estranhos e m ercenários. M ais apropriadam ente, conquanto todos os três term os se refiram ao m esm o rebanho do Bom Pastor, Jesus Cristo, este rebanho é visto de três prism as diferentes. Os crentes e seus filhos são vistos, antes de tudo, com o cordeiros, pois eles são fracos e im aturos; desta maneira, necessitados do alimento para fortalecimento na Palavra; segundo, como ovelhas, propensas a vagarem e dependentes em tudo; portanto, ne cessitadas de ser pastoreadas (ver sobre o capítulo 10); e, finalm ente, com o queridas ovelhas, im aturas e necessitadas da nutrição tem a e am orosa da Palavra. É com o se o M estre dissesse a Pedro: “Simão, você era fraco com o um cordeiro, andava errante com o um a ovelha, não obstante, no decur so de tudo isso você, com o um a querida ovelhinha, sem pre foi objeto de m eus cuidados tem os e am orosos. Ora, tendo aprendido com suas ex periências (por causa de seu sincero arrependim ento), considere os m em bros de m inha Igreja com o sendo seus cordeiros, e os apascente;
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suas ovelhas, e as pastoreie; sim, com o suas queridas ovelhinhas, e ao apascentá-las, as ame! N ão negligencie o trabalho entre o rebanho, Simão. Essa é sua m issão de fa to ! Volva-se a ela!” D essa m aneira, Pedro foi total e publicam ente restaurado. Com referência a pastorear as ovelhas e tudo o que isso implica, ver sobre o capítulo 10. O sentido m etafórico de apascentar - especialm ente, no que concerne ao caráter do alim ento - é explicado nas passagens se guintes: Deuteronôm io 8.3; Jó 23.12; Salm o 119.103; Isaías 55.1, 2; Jerem ias 3.15; 15.16; João 6.33-35, 51, 58; 1 C oríntios 3.2; 10.3, 4; 1 Pedro 2.2; e A pocalipse 2.7, 17. 18. M ui solenem ente eu lhe asseguro que, quando era mais jovem , você cingia a si mesmo e andava por onde queria; quando, porém , você ficar velho, estenderá as m ãos e outro o cingirá e o levará para onde você não quer (ir). Para as palavras de introdução solene, ver sobre 1.51; tam bém acim a, sobre 21.15. Observe: “Q uando você era m ais jo vem ... quan do você ficar velho” . Isso (junto com o fato de que Pedro m orreu du rante o reinado de N ero, e era então já um “velho”) parece indicar que no ano de 30 d.C. Pedro era de m eia-idade; m ais velho do que João, mas ainda não velho. Jesus de certa form a está dizendo: “Em sua m o cidade, sem pre que queria sair, você costum ava cingir-se (literalm en te, “você costum ava pôr seu cinto”, m as aqui provavelm ente algo mais geral, “você costum ava se vestir para viagem ”) e andava por onde você queria andar” . A im plicação é que, de m odo geral, Pedro fazia o que bem queria quando era mais jovem , mas tam bém que nem sem pre ele fazia o que era certo. M isericordiosam ente, Jesus não está dizendo que esse com portam ento, mais ou m enos livre e indisciplinado, ainda era a característica do homem. Podem os acreditar que sua experiência dos dias recentes lhe ensinara um a lição. Essa descrição da antiga conduta desinibida de Pedro está em níti do contraste com a predição que segue im ediatam ente: “Porém , quan do você ficar velho, estenderá as mãos, e outro o cingirá e o levará para onde não quer (ir).” Em sua idade avançada, chegaria o momento quando, longe de desfrutar a liberdade de m ovim ento, Pedro teria de levantar seus braços para que um a corda fosse am arrada em tom o dele (ou.
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possivelm ente: para que ele fosse preso a um a cruz; assim Tertuliano). C ontrário à vontade da carne, ele seria então levado ao lugar de execu ção. Q uanto a isso, é interessante observar que a expressão, “estender as m ãos” , é freqüentem ente usada pelos autores gregos e pelos Pais prim itivos para indicar crucifixão.
19. (Isto ele disse para ind icar o tip o de m orte p elo qual Pedro glorificaria a Deus.) A passagem claram ente indica que, quando foi escrita, Pedro já havia saído de cena da história. Em sua m orte D eus fora glorificado (um a expressão tam bém usada com referência à própria paixão e m or te de Cristo, 13.31, 32), pois nessa disposição para sofrer o m artírio pela causa de Cristo, a graça de Deus foi m agnificada. O m odo pelo qual Pedro m orreu foi relatado pelos pais da Igreja com o segue: Eusébio: “JVIas Pedro parece ter pregado no Ponto e na Galácia e na Bitínia e na Capadócia e na Ásia, aos judeus da Dispersão, e por último, tendo ido a Roma, ele foi crucificado de cabeça para baixo, pois assim ele mesmo pediu para m orrer” {História Eclesiástica III, i). Tertuliano: “Em R om a foi Nero quem prim eiro m anchou de sangue essa fé ascendente. Então Pedro foi cingido por outro quando ele foi pregado na cruz” {Antídoto p ara a P icada do Escorpião X V ). Cf. tam bém Orígenes, Contra Celso II, xlv). E depois de haver dito isso, ele acrescentou: Siga-m e. A or dem, “Siga-m e” , não era no sentido literal, com o se, desse m om ento em diante, Pedro tivesse de acom panhar Jesus passo a passo. D eve-se ter em m ente que a associação diária e visível, do Senhor com seus discí pulos, havia cessado. Assim, o que Jesus quis dizer foi, “Seja m eu discí pulo e m eu apóstolo, e nessa função siga-m e no serviço, no sofrim ento e na m orte (estando disposto a suportar o sofrim ento e m esm o o m artí rio por am or a m im )” . E ra um cham ado renovado ao discipulado e aos deveres do ofício apostólico (cf. M t 4.19, 20). 20. Pedro voltou-se e viu que (os) estava segu ind o o d iscí pulo a quem Jesus am ava, aquele que tam bém na ceia se recli nara sobre o peito de Jesus e dissera: Senhor, quem te trairá? 460. Ver J. H. Bernard, op. cit., pp. 708-710.
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Jesus cam inha para longe do grupo para que possa desaparecer da m esm a form a que tinha aparecido. M as, enquanto ele ia, Pedro parece ter cam inhado junto a ele. Alguns interpretam isso com o se Pedro ti vesse tom ado de modo literal o que Jesus dissera m etaforicam ente (“siga-m e”). D isso não tem os prova precisa. Entretanto, a sugestão não pode ser sim plesm ente descartada. O fato de Jesus repetir sua ordem (“siga-m e”) pode significar que Pedro não tinha com preendido seu significado (ver sobre 21.22). Depois de andar uns poucos passos ao lado de Jesus Pedro, ao se virar, observa que alguém os está seguindo. Esse alguém é “o discípulo a quem Jesus am ava, aquele que tam bém na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus e perguntara. Senhor, quem te trairá?” Para essa senten ça descritiva, ver sobre 13.23-25, e tam bém a nota 458; para a luz que essa sentença lança sobre a autoria deste capítulo, ver p. 911. Ver João seguindo Pedro não causa surpresa. Com m uita freqüên cia, os dois estão juntos, com o foi indicado (ver sobre 21.7). Eles são am igos íntimos. Onde um estava, o outro queria tam bém estar. 21. Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e quan to a este? Sendo um am igo íntim o de João, Pedro naturalm ente está profundam ente preocupado sobre o futuro de seu com panheiro. U m m om ento atrás Jesus havia predito com o Pedro haveria de glorificar a Deus em sua m orte com o mártir. Iria João acom panhá-lo nessa expe riência? Pedro queria saber. Porém , em bora a nós, se porventura estivéssem os presente, a per gunta pudesse parecer altam ente pertinente - prova do interesse de Pedro por seu colega m ais novo - , os olhos penetrantes do Senhor sondava mais profundam ente dentro do coração e da m ente do discípu lo sem pre vacilante. Jesus sabia que essa súbita m udança de rum o na conversa com Sim ão indicava que a ordem “siga-m e” não havia sido registrada, ou pelo m enos não o suficiente. Portanto, 22. Jesus lhe disse: Se quero que ele perm aneça até que eu venha, o que isso lhe im porta? Você, siga-m e. C om essas palavras o Senhor im prim e na m ente de Pedro o fato de que a curiosidade sobre o futuro de João deve ceder lugar à obediência à ordem todo-im portante do Senhor, “Siga-m e ... A lim ente m eus cordeiros ... Pastoreie m i
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nhas ovelhas ...Alim ente m inhas queridas ovelhas.” Pedro não deve fic a r tão profundam ente interessado no conselho secreto de D eus (com respeito a João) que deixe de prestar atenção à vontade reve lada de D e u s! É um a lição que todo crente em qualquer época deve guardar no coração. H á trabalho para se fazer. Existem alm as para serem alcançadas. H á um a tarefa a se realizar. Que Pedro direcione sua atenção para isso! A lgum as pessoas ficam sem pre fazendo perguntas. Elas pergun tam tanto que sua m issão real na vida acaba por não receber a devida atenção e energia. Existem ocasiões que fazer perguntas não é ade quado. Alguém bem disse certa vez que um hom em que foi ferido por um a seta com penas envenenadas não deve com eçar a perguntar, “Oh, de que terá sido feita esta seta? D e que pássaro serão estas penas? Será que a pessoa que a atirou tem cabelos escuros ou claros, será ela baixa ou alta?” Que ele, em prim eiro lu g a r,/a fa algum a coisa! 23. Então, tornou-se corrente entre os irm ãos que ele disse ra que aquele discípulo não m orreria. Aqui som os apresentados à irmandade cristã prim itiva. O term o irm ãos é usado aqui num sentido diferente do uso em 2.12; 7.3, 5, 10 (e m esm o um tanto diferente de sua conotação em 20.17); ver sobre es sas passagens. Os m em bros da Igreja Prim itiva são indicados aqui. Eles constituíam a fam ília cristã e com o tal se consideravam irmãos. Cf. Atos 1.16; 2.29, 37; 6.3; 7.2; 9.30; etc. Esses “irm ãos” interpretaram de modo incorreto as palavras de Jesus com referência a João. Eles tam bém colocaram a ênfase onde Jesus não a havia posto. N a observação de Jesus a Pedro, a coisa mais im portante era: “Você, siga-m e” . O resto (“ Se eu quero que ele perm a neça até que eu venha, o que isso lhe im porta?”) era secundário. N a verdade, a repreensão era necessária, mas sua intenção era desviar a m ente de Pedro de sua curiosidade para seu cham ado. Esse cham ado era, afinal de contas, a questão que im portava! Porém para os irmãos, o que ficou sendo secundário tornou-se a coisa principal e daí a inter pretação incorreta. E m bora o versículo 23 pudesse fazer sentido m esm o que João já tivesse m orrido, não obstante, certam ente transm ite um sentido mais
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inteligível se for interpretado com o tendo sido escrito enquanto João ainda vivial Depois da m orte de João, a necessidade prática de relatar essa interpretação incorreta por parte da Igreja com referência à pala vra do M estre relativa ao discípulo am ado, provavelm ente teria desa parecido. O erro teria se corrigido autom aticam ente pelo sim ples fato da partida do discípulo deste cenário terreno. Com João ainda vivo, o erro tinha de ser corrigido a fim de que os crentes pudessem pôr a ênfase no lugar certo e não viessem a ter sua fé abalada quando João afinal m orresse. Assim sendo, lemos: No entanto, Jesus não dissera que ele não m orreria, mas: Se eu quero que ele perm aneça até que eu venha, o que isso lhe im porta? Para o significado disso, ver sobre o versículo 22. Observe na passagem citada que ela indica três pessoas: Jesus ... Pedro (“ele”) ... João (“ele”); e novam ente Jesus (“eu”) ... João (“ele”) ... Jesus (“eu”) ... Pedro (“lhe”). A questão agora é: a quem se refere palavra este na sentença se guinte? 24. E ste é o discípulo que dá testem unho a respeito dessas coisas e que as escreveu. “E ste” não pode referir-se a Jesus, pois ele não era discípulo. Deve referir-se a Pedro ou a João. M as Pedro já não estava m ais dando testem unho (exceto indiretam ente por m eio de suas epístolas e pelo testem unho daqueles a quem ele ensinou), com o já se tom ou claro, com base em 21.18,19. Tampouco é possível introduzir um a nova pessoa a essa altura. O pronom e “este” claram ente refere a alguém que acabara de ser m encionado. Som ente João ficara. Essa pessoa, portanto, deve ser João. C oerentem ente, a passagem deve sig nificar: “Este discípulo (João) ainda está testem unhando (usa-se o particípio presente: iiapTupcSv) e, além disso, ele é quem escreveu (usa-se 0 particípio aoristo: Y p á i|; o c ç ; o artigo definido é provavelm ente autênti co em am bos os casos) essas coisas” . As duas idéias são distintas; portanto, não: “Por m eio de seu Evangelho, João está ainda dando tes tem unho” , m as, “Este discípulo, João, é o que ainda está dando teste m unho oralm ente; e recentem ente ele registrou essas coisas” . O versículo 25 claram ente m ostra que a expressão “essas coisas” não se referem ao conteúdo de apenas um capítulo. Ela se refere às outras coisas que o apóstolo relatou nos capítulos 1-20. Indiretam ente, ela se refere inclusive aos fatos registrados no capítulo 21, pois esta
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história sobre João e Pedro e outros discípulos deve ser obtida do (da boca do) discípulo a quem Jesus amava. A m aneira na qual ela foi finalm ente registrada deve ter sua total aprovação. Não obstante, é tam bém claro que houve a contribuição de outros no capítulo 21 (seja com o um todo ou em parte), pois a sentença se guinte diz: E sabem os que seu testem unho é verdadeiro. O Quarto Evangelho é aqui cham ado um testemunho. É a procla m ação oficial, por um apóstolo e testem unha ocular, das boas-novas concernentes a Jesus, o Filho de Deus. Ver tam bém sobre 1.7, 8. Ora, o que o versículo 24 oferece é um a declaração de confiança, um testem unho com respeito a um testem unho. Os autores desse testem unho se expressam em linguagem muito positiva. Toda a ênfase é colocada no adjetivo verdadeiro. O bservar sua posição dianteira na sentença: “E sabem os que seu testem unho é verdadeiro.” Tendo co nhecido João por m uito tempo, tendo vivido com ele dia após dia, tendo ouvido sua história e a de outros, tendo lido sobre ela nos Sinóticos e, acim a de tudo, tendo experim entado o testem unho do Espírito Santo no próprio coração com referência à veracidade e excelência do conteúdo deste Evangelho, esses hom ens escreveram dessa maneira. As pessoas que apresentam esse testem unho não se identificaram pelo nome. Com toda probabilidade, eram os presbíteros da Igreja de Éfeso (ou: os presbíteros das igrejas em Éfeso e vizinhanças). Na verdade, o Quarto Evangelho não tem necessidade desse teste munho. Ele se firm a em seu próprio m érito. Carrega em si a marca registrada de sua genuinidade. Mas em bora este Evangelho não neces site desse testemunho, o círculo de Cerinto precisava dele! Ver p. 49. Por meio da negação da deidade de Cristo ele estava destruindo o signi ficado de sua expiação e solapando a fé da Igreja. E esse círculo de Cerinto ainda está conosco. Ele tem persistido através dos séculos, apa recendo agora nesta forma, depois naquela. É o dever da Igreja oferecer resistência a Satanás e testem unhar tanto oficialmente quanto extra-oficialm ente (tanto com o um a instituição quanto com o um organismo). 25. H á, porém , ainda m uitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem escritas uma a um a, creio eu que nem no m u n do inteiro caberiam os livros que seriam escritos.
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Para o m otivo de esta passagem ter sido acrescentada, ver sobre 20.30. Este versículo de encerram ento tem sido cham ado hipérhole (exagero retórico). Sua im portância tem sido m inim izada. Ele tem sido caracterizado com o a opinião subjetiva de um escriba. Porém , na reali dade o que se apresenta aqui é um a conclusão m uito apropriada. M ui tos, m uitíssim os fatos da estada de Cristo na terra foram registrados neste livro. Todos eles serviam para fortalecer a fé da Igreja na deida de e auto-suficiência de Jesus. M as agora que o livro estava term inado, ninguém deve com eçar a crer que a história estava com pleta no senti do em que tudo o que Jesus fizera estava registrado nele. Com o seria possível alguém depositar na form a escrita a im portância com pleta de tudo o que Jesus fez, enum erar os fatos um a um, e m ostrar o significa do de cada palavra e obra nas quais seu am or (e todas as outras virtu des divinas) foi tão gloriosam ente m anifestado? É literalm ente verda deiro que, se alguém tentasse fazer isso, haveria de descobrir “que nem no m undo inteiro caberiam os livros que seriam escritos”, e isso pela sim ples razão de que nenhum núm ero finito pode jam ais registrar os feitos realizados por seu Infinito Amor. Foram encontradas na parede de um estreito quarto de um asilo, escritas a lápis, as conhecidas palavras: “Se pudéssem os encher os oceanos com tinta, e os céus fossem feitos de pergam inho; e todo graveto na terra se convertesse em penas, e toda criatura exercesse o ofício de escriba. Ao escrever o am or celestial de Deus os oceanos secariam suas águas; e todos os livros não poderiam cabê-lo m esm o que fossem esticados de céu a céu.”
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Síntese do Capítulo 21 Ver o Esboço na p. 876. O Filho de D eus Triunfando G loriosa mente. Ressurreição e Aparecim entos. Aparecim ento Junto ao M ar de Tiberíades. Ver as O bservações Prelim inares II. Propósito (pp. 911, 912), que ao m esm o tem po dá um Sumário ou Síntese do conteúdo e signifi cados de todo este capítulo.
458. I. A Pergunta Formulada A pergunta deve ser cuidadosamente formulada. Não é; “áyaTTáco e (jjiXéco algumas vezes são usadas de modo alternado? Existe uma área de concordância entre eles?” Que os verbos têm muito em comum e que àvairáu está cada vez mais invadindo o território de (titÃéu se sabe bem. Não concordamos com aqueles que acreditam que existe “uma grande distinção” (R. C. H. Lenski, op. cit., p. 1393) em significado entre os dois verbos. Mas embora a área de concordância possa ser bem ampla, isso ainda deixa espaço à pergunta: “Há alguma distinção, pelo menos em alguns contextos?” Tampouco a pergunta é: “Seria possível a estes dois homens (Jesus e Pedro), que conver savam entre si em aramaico, escolhessem sinônimos com distinção tão delicada, de tal m aneira que a nuança exata do significado de cada verbo pudesse ser preservada quando a história fosse traduzida para o grego; e foram encontrados os equivalentes aram aicos precisos para ávartáu e (|)U€a)?” Simplesmente não temos o texto aramaico escrito, se é que em algum tempo houve um. E não sabemos o suficiente para podermos afirmar categorica mente que de modo algum poderiam essas distinções tão sutis ser transmitidas pelo aram ai co daquela época. Somos forçados a proceder com base no texto grego tal como ele se encontra à no.i.ia di.';posição, na convicção de que ele é totalmente inspirado; portanto, preciso de todas maneiras possíveis. A pergunta, então, é esta: “Aqui em 21.15-17 os dois verbos áyaTiáco e c|)iA.€u são idênticos em significado, de forma que a variação em seu uso é meramente estilística, ou será que os dois verbos como aqui empregados transmitem significados que diferem até certo ponto, sendo que esse ponto é tal que a história dependa dessa diferença?” II. Aqueles que Aceitam a Primeira Alternativa (Identidade de Significado) Entre os tradutores que não vêem diferença e portanto usam o mesmo verbo sete vezes em suas respectivas traduções de 21.15-17, estão os seguintes: W ycliffe (1380), Tyndale (1534), “Cranmer” (The Great Bible, 1539), Geneva (1557), R heim s (1582), e A.V. (1611). Para esses seis em colunas paralelas, ver The E nglish Hexapla, Londres, 1841. Outras traduções para o inglês que não mostram nenhuma dife rença são: Coverdale (1535), John Rogers (1537), Taverner (1539), Bishops (1568), Al. Campbell (1826), Norton (1855), Anderson (1864), Noyes ( 1869), English Revised (1881), A.R.V. (1901) - ver, entretanto, a nota de rodapé M offat (1913), Ballantine (1923), Torrey (1933), Spencer (1937), a New Catholic Authorized (1941) e a R.S.V. (1946) sem pelo menos uma nota de rodapé para indicar que o original usa dois verbos diferentes.
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A essa lista se devem acrescentar traduções em outras línguas como a siríaca e a peshita (ver a edição publicada pela American Bible Society, 1932, e também a publicada pela British and Foreign Bible Society, 1950), o holandês (Statenvertaling, 1619), o francês (D ’Ostervald, 1917), o alemão (ex., Lutero, 1522, e traduções posteriores), o dinam arquês (ver o Novo Testamento em dinamarquês e inglês publicado pela American Bible Society, 1914) entre outros. Dentre os comentaristas, para m encionar apenas alguns, M. Dods {in E xpositor’s Greek Testament, sobre esse versículo) acredita que os verbos eram intercambiáveis meramente por amor à eufonia; W. F. Howard (in Interpreters Bible) não vê diferença; The Westminster Study Edition o f the Holy Bible, em seus comentários, vê apenas variações estilísticas, e muitíssimos outros comentaristas mais antigos (inclusive Cal vino) são inteiramente om is sos a respeito desse ponto ou expressam a opinião de que as duas palavras são idênticas em significado. G. Abbott-Smith, Manual Greek Lexicon o f the New Testamen t, verbete ayaTTatj, deixa a questão em aberto {“Se essa distinção existe” etc.); “Bauer e Kittel, em seus léxicos, não lançaram nenhuma luz nova sobre o problem a” (assim E. G. Goodspeed, Problems o f New Testament Translation. Chicago, 1945, pp. 117, 118; eu concordo). John A. Scott, num artigo, “The Words of Love in John xxi.lS ff.” , CLW, 39 (19451946), 71,72, defende a posição de que aqui não há qualquer distinção entre os dois verbos, e que o autor “considera-os como exatam ente a mesma palavra” . III. Aqueles que Aceitam a Última Alternativa (Diferenças em Significado) A lista dos nomes do outro lado é igualm ente formidável. Jerônimo (383 d.C.) detectou uma distinção aqui, e ele tem tido seus seguidores através dos séculos, até m esmo na atualidade. Uns poucos destes serão listados, juntos com a versão que eles propõem; “Diligis? ... Amo” (Jerônimo, na Vulgata, 383). “Você me ama? ... Tu me és querido” (Weymouth, 1903, e Montgomery, 1923). “Você me ama? ... Eu sou teu amigo” (The Twentieth Century, 1940). “Você é meu amigo? ... eu te amo” (Ferrar Fenton, 1905). “Você me é devotado?... Eu te amo” (Goodspeed, 1923; novamente, 1945). “Você me ama? ... Eu te sou afeiçoado” (Concordant, 1927) “Você me ama? ... Eu tenho afeição por ti” (Lenski, 1931). “Você se importa comigo? ... Eu te amo” (Ronald Knox, 1944). “Você me preza amorosamente? ... Eu te amo” (Verkuyl, Berkeley Version. 1945). “Você me é devotado? ... Eu te amo ternamente” (Williams, 1949). “ Hebt gij mij waarlijk lief? ... (Gij weet dat) ik u lieflieb” (holandês. 1951, Nieuwe Vertaling). “Hastu m y Ijeaf? ... (João witte dat) ik fen João hald” (frísio, 1946). “Alskar du mig? ... (du vet, att), jag har dig kar (sueco, 1917). Em apoio a esta posição existe uma longa lista de comentaristas; por exemplo, C. Bouma, C. R. Erdman, F. W. Grosheide (em bora com louvável cautela), R.C.H. Lenski, A. T. Robertson, Th. Zahn, etc. J. H. Moulton e G. Milligan em seu Vocabulaiy o f the Greek New Testament Illustrated from the Papyri and Other N on-Literaiy Sources, Grand Rapids, Mich., 1952 (reimpressão da edição de 1930), afirmam (na p. 2), “No caso de um escritor tão absolutam ente simples como João, é extremamente difícil conciliarmos o uso sem sentido de sinônimos, onde o ponto im por.ante pareceria residir na identidade da palavra em pregada” . R.C. Trench, Synonyms of the N ew Testament, Grand Rapids, 1948 (reimpressão da edição de 1880)
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devota uma seção a essas duas palavras, e se posiciona claramente ao lado daqueles que vêem uma distinção de sentido aqui (ver pp. 63-65). L. Berkof, Principies o f Biblical Interpreta tion, Grand Rapids, Mich,, 1950, defende o mesmo ponto de vista (pp. 72, 73), como também o faz Thayer em seu Greek-English Lexicon o f the New Testament, Nova York, 1889, p. 653. Um dos artigos mais abrangentes e cientificamente escritos em favor da distinção é o de B. B. W arfield, in PThR, XVI (1918), 153-203. Ele afirma: “Ninguém deve duvidar que as palavras usadas aqui (em Jo 21.15-17) em sentido distintivo pareceriam incríveis antes da experiência”. Com uma tal divisão de opinião m anifesta sobre este assunto, achamos apropriado apre sentar os fatos pertinentes, a fim de que o leitor possa obter uma visão clara da m aneira com o os dois verbos em questão são usados nos Q uatro Evangelhos. Portanto, agora apresentam os IV. Um Quadro que Indica o Significado dos Verbos àyctmí^ e (jitAeo) nos Evangelhos.
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V. R esultados do Estudo do Quadro A partir de um cuidadoso estudo do Quadro, torna-se claro o seguinte: (1) Decididamente, a palavra prevalecente para amor é àvairáu. É usada a fim de indicar quase toda nuança ou variedade de amor. (2) Ambos os verbos são usados com relação a; a. O amor do Pai pelo Filho. b. O amor do Pai por seus discípulos. c. O amor de Jesus por seus discípulos (o verbo sendo reservado para o amor de Jesus por Lázaro; enquanto que o verbo áyairáa) é empregado com respeito ao amor de Jesus por Marta, Maria e Lázaro e pelos Doze. d. O amor de Jesus pelo apóstolo João. e. O amor dos discípulos por Jesus. f Am or pecaminoso. g. O amor dos fariseus pela honra e pela exibição pública. Embora este amor não prove necessariamente que os dois verbos têm significado idênti co, isso indica que os significados nesses contextos aproxim am -se muito um do outro. O verbo àyaváío está tomando o lugar do verbo (j)LA.éco. (3) Que existe, contudo, uma diferença - embora ligeira e que aos poucos está desapare cendo - entre os dois verbos (pelo menos, em alguns contextos) é evidente à luz das seguintes considerações: a. Sempre que um mandamento ou preceito é instituído (seja no Antigo Testamento ou no Novo Testamento, não faz nenhuma diferença quanto a isso), o verbo é sempre àyamío', nunca (titÃéu. Assim, “Amem a Deus”, “Amem a seu próxim o” , “Amem uns aos outros” e “Amem a seus inimigos”, todos requerem o verbo àyaiTáw (ex., àYawâie áÃXTÍÀouç). b. O amor dentro do círculo familiar é indicado por 4)LÃé(j. c. Beijar (um sinal exterior de amor) requer o verbo (jiiÃéco. Tudo isso certam ente aponta na direção da conclusão de que, embora os dois verbos tenham um significado muito aproximado, de m odo que em certos contextos podem ser usados de m aneira intercambiável,mesmo assim uma diferença pode ser detectada. Existem alguns contextos nos quais àvairáu é a palavra correta, e (|)iÀéco não serve; e outros onde o oposto é verdadeiro. Além do mais, a área na qual se deve buscar essa diferença em significado é também evidente à luz de um estudo do Quadro. Posso ser instruído a buscar (o que eu considero) o bem -estar de alguém , e fazê-lo partindo de um m otivo elevado e idealista, e/ou por devoção a um princípio (seja bom ou mau). Não posso ser instruído a ter afeição por uma pessoa. Devoção e emoção não são a mesma coisa. As emoções não podem ser dominadas. Também, visto que ij)iÀ€(o é o verbo usado em conexão com laços fam iliares e beijar, isso pareceria implicar e colocar em evidência um elemento de sentimento subjetivo que não é (pelo menos não necessariamente) enfatizado pelo verbo áyaTOtü. A conclusão a que chegamos com base nos estudo do uso desses dois verbos nos E vange lhos (conclusões quanto à semelhança em significado e quanto às diferenças prováveis era detem iinados contextos) são totalmente confirmadas pelo restante do Novo Testamento. Paulo usa ijjiÃéco somente duas vezes (IC o 16.22 e Tt 3.15). Apocalipse a traz duas vezes (3.19; 22.15). Para o restante, ela desaparece completamente. Por outro lado, o substantivo beijo (<|)LA.r|[j,a cf. 4)tA.éci)) ocorre freqüentem ente (Rm 16.16; ICo 16.20; 2Co 13.12; lT s5 .2 6 ; IPe 5.14 e também em Lc 7.45; 22.48). Observe também “amantes de prazeres” (((ítÀiíôoi^oi) em lugar de “amigos de D eus” (((jíAóeeoi) em 2 Timóteo 3.4; O verbo ávaTráu é empregado mais de trinta vezes por Paulo; cerca do m esmo número
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de vezes por João em suas Epístolas; e cerca da m etade das vezes nos outros livros do Novo T estam ento. No grego atual 4)iA.ã) é definido como tendo o significado: “beijar, amar” ; ávancõ: “amar, gostar, ser afeiçoado a” . Observar que atualmente ávaTrõ é amplo em seu sentido; contudo a expressão externa de afeição no beijar é ainda 4>Llri|ia. Usado amplamente é cl)íí.oç e em combinações; cf. N.T. VI. Razões Pelas Quais Concordamos com Aqueles que Vêem Distinção no Significado Desses D ois Verbos Aqui em 2 1.15-17. (1) Não foi demonstrado que esses dois verbos são completamente idênticos em significa do em outros lugares nos Evangelhos. Então, por que eles deveriam ser com pletamente idênticos aqui? A possibilidade de uma distinção deve pelo menos ser considerada. (2) Será que um autor que geralmente distingue cuidadosamente entre um verbo e outro para o/a/-, cf. 11.22; 14.16; entre um verbo e outro para co/í/íece/-, 1.10, 3 1; 3 .1 1; 8.28; e entre vários verbos para ver, cf. 20.5-8, colocaria perto um do outro dois verbos para amar sem uma distinção em significado, e será que ele faria isso neste contexto? Isso parece pouco provável. (3) O versículo 17 não diz que Pedro ficou entristecido porque Jesus lhe fez exatamente a mesma pergunta três vezes (ou a mesma pergunta pela terceira vez), o que, de fato, não teria sido verdade, mesmo se desconsiderarmos a disputada diferença em significado entre os dois verbos, mas que ele ficou triste por causa da terceira vez (observe-se o artigo definido aqui, e sua ausência no versículo 16: "uma segunda vez” ) ele perguntou: (jnAelç |ae; (4) Ao traduzir os dois verbos da mesma maneira, a conversa é reduzida a uma mera repetição. Não há, portanto, nenhum progresso entre as perguntas dois e três. Jesus nova mente faz a mesma pergunta que Pedro havia acabado de responder. Imaginamos que se pode sugerir uma razão para esse procedimento, mas é difícil de acreditar que Jesus fai ia isso. (5) Justamente pelo fato de Pedro escolher em sua resposta uma palavra diferente da que Jesus usou em sua pergunta, e que ele o faz, não uma, mas duas vezes seguidas, aponta na direção de uma diferença em significado (por menor que seja) entre as duas palavras. Seria difícil - e talvez impossível - dar uma ilust/-ação atual do uso de dois sinônimos empregados assim, e não produzir o mesmo efeito, ou seja, aquela diferença em significado. Por exemplo: Q. “Você recomendou esta pessoa, mas a conhece de fato?” R. “Sim, ela é minha conhecida” . Q. “Você a conhece?” R. “Ela é minha conhecida” . Q. “Você a conhece?” O homem m ostra desagrado quando lhe é perguntado pela terceira vez, “Você a conhe ce?” Ele responde, “Ora, escute! Você nos conhece muito bem para saber que ela e eu nos conhecem os de fato” . Conhecer de fa to uma pessoa é uma coisa; ser um conhecido da pessoa não é tão forte, não implica necessariamente um grau de intimidade ou familiaridade. Sinônimos dificilmente são (se algum a vez!) exatam ente iguais em significado em todo contexto. Portanto, também áyaiTáó) e 4)iA.€
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natural espontânea, na qual as emoções tomam parte mais proeminente do que o intelecto ou a vontade. Nota sobre João 3.13b: “Que está no céu”. Alguns m antêm essa frase (Zahn, Lenski, Burgon entre outros). Apelos ardentes são feitos à sua manutenção. Se esses argumentos conseguem convencer mesmo a maioria dos estudiosos conservadores que fizeram um estudo especial de crítica textual é duvidoso. Os seguintes devem ser consultados: N. N., dispositivo textual, A. T. Robertson, Introduc tion to the Textual Criticism o f the New Testament, Nova York, 1925, p. H I (mas cf. sua observação com dispositivo textual em N. N.); A. W. Argyle, “The Elem ents of New Testament Textual Criticism ”, in Bible Translator, julho, 1953, p. 23; Grosheide, op. cit., Vol. I, p. 226, nota I ; R.S.V. sobre essa passagem; a tradução holandesa (Nieuwe Vertaling). A. T. Robertson afirm a como sendo sua opinião que a frase é “provavelm ente um a interpretação” (Word Pictures, Vol. V, p. 49). Grosheide conserva o texto de Nestle, e omite a frase em seus comentários. Argyle afirma que a atestação de B, S, L é tão forte que as palavras provavelmente deveriam ser rejeitadas. O Dr. B. M. Metzger, do Princeton Seminary, que é conhecido como um especialista em crítica textual e tem realizado muito trabalho de valor neste campo, gentilmente m e forneceu algumas informações às quais eu não tinha acesso no momento. Ele também afirmou sua própria conclusão definida, ou seja, que a frase não deve ser considerada autêntica. D e sua carta, cito o seguinte; “A frase não consta dos seguintes testemunhos: Aleph B L W 083 33 1241 1293 e 1010; sahidic, alguns manuscritos do bohairic, e o subachmimic cópta (de acordo com sir Herbert Thompson ...); Tatiano (segundo Ephraim e o medieval Italian Harmony no dialeto veneziano); Didymus e Cyril of Alexandria. Nas edições de Westcott e Hort, B. Weiss, H. von Soden, e A. Merk a sentença não é impressa como parte do texto original; sem dúvida é para ser entendida como um comentário interpretativo que gradativamente entrou em vários tipos de textos do Novo Testamento numa data primitiva, o Neutral ... texto por si só permanece sem aceitar essa versão fundamentalmente ‘ocidental’.” O Dr. Metzger ainda ressalta que, no conjunto da oitava edição do Novo Testamento de Tischendorf, que Hort possuía e que no qual este últim o (juntam ente com W estcott) trabalhou enquanto preparava seu próprio texto, Hort acrescentou várias evidências patrísticas ao texto mais curto de João 3.13 e corrigiu dois erros no aparato de Tischendorf (onde o último citou evidências patrísticas em favor da adição). O Dr, Metzger, portanto, afirma: “Portanto, existem menos evidência em seu favor e mais evidência contra a versão que o usuário comum de Tischendorf poderia imaginar,” Sou da opinião de que argumentos de evidência interna mais foiles do que os que foram apresentados até agora terão de ser apresentados, antes que a maioria dos especialistas no campo da crítica textual esteja convencida de que esses argumentos têm peso suficiente para compensar a falta de evidência textual. Sou também da opinião de que, se as palavras que foram mantidas, o exemplo de A.S.V. deve ser seguido; isto é, uma nota deveria indicar o fato de que “muitas autoridades antigas omitem que está no céu”. De fato, neste caso, poderia ser ainda melhor, se houver espaço, afirmar precisamente quais textos mantêm e quais omitem essas palavras. Com respeito à pergunta, “Será que 3.13b expressa a verdade?” , a resposta é muito fácil. Ela certamente dá expressão à sublime e mais gloriosa verdade bíblica: Jesus Cristo, o Filho Unigênito, está sempre no seio do Pai (1.18). Jesus Cristo (segundo sua natureza divina) está sempre presente no céu mesmo que (segundo sua natureza divina e humana) ele esteja presente na terra.
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Caro leitor N esta edição do C om entário de João alguns textos, observações ou infor m ações m encionados nos C om entários de M ateus, M arcos e L ucas, encontram -se em páginas diferentes das indicadas nas notas daqueles com entários. O quadro abaixo identifica aquelas notas, o local neste C om entário para onde elas rem etem , e o local onde na verdade se encontra a inform ação procurada.
remete a C N T Mateus
nota
C N T João
página(s)
244
12-18,31-33 36 66,67 6 6 ,6 8 ,2 ,1 3 4 ,2 1 8 ,2 6 0 , 374,446 36,173,188,189
308 377 388 459 467 473 481 494 529 551 559 646 656 713 718 723 732 749 833 834 875 900
90 276,277 205,206,207 494-501 78,79 216-218 125 188,189 206 36,188,189 216-218 46 324,325 119 171-173 190 104,391 85 391 174,175 420 448
3
6 34 118
Mas nesta edição do C N T de João encontra-se na(s) página(s) 25-31 55,56 95,96 95,9 6,98,328,490, 592,644,784,876 55,56,232,233,250252 126 664-666 577-580 935-944
110-112 284-287 171 250,251 272,273 55,56,250-252 284-287 67-69 723,724 472,473 535-538 559 454,805,806 119,120 805,806 539,540 844,845 878,879
remete a CNT João
CNT Marcos
Mas nesta edição do CNT de João encontra-se na(s) página(s)
nota
página(s)
31
36,173,188,189
328 456 506 585 605 612 755 815
33-36 33-35 119 206 85 71,72,141,142 385-387 103
55,56,232,233,250252 365-370 365-369 163 272,273 119,120 101-103,192-194 797-800 142
82,83
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William Hendriksen Th.D. (Princeton Theological Seminary), por dez anos foi professor de Novo Testamento no Calvir Seminary. Iniciou a sua sérií de comentários em 1953. Desde a sua morte, em 1982 seu trabalho foi continuado e completado pelo Dr. Simor Kistemaker, professor de Novo Testamento no Reformed Theological Seminary.
"Os comentários de William Hendriksen sâo excelentes e uma enorme contribuição para um campo que se encontra long( de estar congestionado. Eles ajudam a satisfazer uma necessidade definida e urgente." R alph Earle
COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO
João O Comentário de Jo ão de William Hendriksen tornou-se o modelo para os recursos evangélicos no estudo do quarto evangelho. Foi dessas exposições que nasceu esta série. A tradução e o comentário de Hendriksen passam da descrição joanina da glória do Cristo pré-encarnado e de seu amor para a chamada de pecadores e sua revelação pessoal como o Messias. Hendriksen organiza o seu estudo em torno do entendimento que João possuía da cruz. A série de Comentários do Novo Testamento foi preparada para o estudante da Bíblia que deseja profundidade e clareza. Cada volume apresenta introdução e esboço, uma tradução crítica, comentário e aplicação.
W illiam H e n d rik se n Th.D. (Princeton Theological Seminary), por dez anos foi professor de Novo Testam ento no Calvin Seminary. Iniciou a sua série de comentários em 1953. Desde a sua morte, em 1982, seu trabalho foi continuado e completado pelo Dr. Simon Kistemaker, professor d Testam ento no Reformed Theological Seminary.
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