UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO CAMPUS ITAQUERA – SÃO PAULO CURSO SERVIÇO SOCIAL DISCIPLINA: FMTM - V Prof ª. Leonice
Transformações Societárias e Serviço Social
Silvia Cristina Teixeira Martins
São Paulo 2013
RA 1010823-1
UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO CAMPUS ITAQUERA CURSO SERVIÇO SOCIAL
Transformações Societárias e Serviço Social - resenha crítica
Silvia Cristina Teixeira Martins
RA 1010823-1
Resenha crítica apresentada à Disciplina: FMTM - V Prof ª. Leonice
A presente resenha aborda o assunto tema referente às transformações sofridas pela sociedade e os reflexos nas profissões, principalmente no Serviço Social. O autor faz uma brilhante exposição do reflexo histórico que vivemos, trazendo reflexões desde a década de 70 e como as transformações decorrentes dessas mudanças afetam diretamente a vida social e incidem sobre as profissões. Segundo ele, as interações entre as transformações societárias e o complexo teórico, prático e político que inclui cada profissão encaminham à uma reflexão, especialmente no Serviço Social com o cuidado de se precaver em relação a dois aspectos: - “fuga para o futuro”, ou seja, há uma preocupação em examinar possibilidades de desenvolvimento futuras como uma ausência de atenção para as realidades atuais, o que parece encobrir as dificuldades presentes; - “análise projetiva e especulativa”: uma consideração abstrata de dados emergentes da vida social com tendência a um cenário futuro, o que normalmente acaba virando especulação e falácia. Por isso, Netto (2006) tem todo o cuidado de explicar muito bem seu entendimento sobre capitalismo tardio e as transformações societárias, a globalização e o padrão de competitividade e superlucros e as suas consequências nos processos produtivos de trabalho. Após expor muito bem a crise dos anos 70, a transição de um regime rígido para um mais “flexível” em que a economia sofreu o processo de financeirização e uma produção difusa, no nível social, o autor coloca o desaparecimento das antigas classes sociais como o campesionato (conjunto de camponeses ). No plano político, na sociedade civil, há uma crise das representações tradicionais da classe trabalhadora, uma emergência de novos movimentos sociais. O Estado sobre uma desqualificação, com a “cultura anti-Estado” e o neoliberalismo. As responsabilidades atribuídas ao Estado passam a ser responsabilidade da sociedade civil. Neste contexto, toda essa reestruturação do capitalismo tardio processa-se também no Brasil justamente pela sua inserção subalterna no sistema capitalista mundial e pela sua formação econômico-social. Aqui no nosso país, a derrota da ditadura na metade dos anos 80 traz a falência do “modelo econômico”, mas não a quebra da dominação burguesa. A burguesia parecia estar sujeita à direção da sociedade brasileira, porém, sua própria natureza associada e servil ao capital estrangeiro e a tendência da mesquinhez da classe não se submetiam. Os setores populares também cresceram após vinte anos de opressão e repressão e se sentiam dignos de cobrar essa “dívida social”. As particulares brasileiras dizem que não há um welfare state para ser destruído, a efetividade dos direitos sociais é relativamente baixa, não há “gorduras” nos gastos sociais, pois nossos indicadores sociais são assimétricos à capacidade industrial instalada. Em suma, as transformações societárias no capitalismo tardio aqui no Brasil, marcam a “modernização conservadora” operada pelo grande capital e a “dívida social” o que significa que
enfrentaremos em curto e médio prazo um cenário econômico e sociopolítico nada favorável, mas com uma certa tendência à inserção sob a hegemonia burguesa no mundo “globalizado” pelo capital. Assim, nos anos 90, o Serviço Social se apresenta como uma profissão relativamente consolidada, pois, tem seus déficits de formação profissional, aplicação teórica-prática e a problemática da legitimidade social: a profissão é demandada por classes sociais dominantes, mas os usuários são majoritariamente de classes e camadas subalternas. Além do surgimento de outras profissões que trazem conflitos de atribuições como, por exemplo, a Psicologia Social, Sociologia Aplicada, Administração de Recursos Humanos e Educação. O que acarreta no desenvolvimento de novas competências principalmente no que diz respeito à pesquisa, produção de conhecimentos e o conhecimento sobre a realidade social. Essas novas competências precisam estar inseridas na formação profissional que está sendo muito discutida principalmente no que diz respeito à ortodoxia das correntes marxistas quase como um dogma e às lacunas existentes no trabalho do assistente social. Hoje, há uma demanda objetiva do Serviço Social oriunda das relações capitalistas, da concentração de propriedade e renda, do processo de exclusão/inclusão social, os impactos da urbanização veloz e descontrolada, a ruptura das relações familiares, o perfil demográfico do país, e da necessidade de mecanismos de cobertura e proteção maço e microssociais, tudo isso pra que se possa constituir um quadro societário que garanta aos assistentes sociais um trabalho tanto nos paradigmas das relações interindividuais como nas relações de força, poder e exploração. Nos próximos quatro anos, o debate em torno do Serviço Social tenderá à uma direção social estratégica, e estará no centro da polêmica profissional de manter, consolidar e aprofundar a atual direção estratégica ou contê-la, modificá-la ou revertê-la. As perspectivas imediatas de desenvolvimento profissional estarão diretamente ligadas ao desdobramento desse debate.
Bibliografia NETTO, José Paulo. Transformações societárias e Serviço Social. Notas para uma análise prospectiva da profissão no Brasil. Abril. 1996.