Professor Profe ssor do Seminário Seminário Teológico de Dallas descobre que que Deus Deus continua continua a fal fa l a r e a curar curar nos dias de hoje
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Pr P r o fess fe sso o r do d o S em inár in ário io Teológico de Dallas descobre que Deus continua a fa la r e a cu c u r a r nos no s d ias ia s d e hoje ho je Surpreendido Surpreendido pelo Poder do Espírito Espírito é um livro
oportuno, qne causará certo desconforto tanto aos tradicionais, quanto aos pentecostais. É uma narrativa teológica de alto nível: confessional, testemunhai e bíblica. O leitor também será surpreendido pelo poder do Espírito. Gordon Gordon D. Fee professor profe ssor de Novo Testamento do Regem Rege m College
Este livro é uma chama ardente. Através de fascinantes histórias, de uma revigorante visão da Bíblia Bíbl ia e de uma teologia teolo gia de paixão e poder, . o Dr. Deere Deer e investe-se contra a posição pos ição tradicional que ensina terem os dons espirituais cessado r.o tempo dos apóstolos. O Dr. Dr. Deere não admite neutralidade. neutral idade. Ou você está com ele nesta busca por mais do Espírito Santo, ou está contra ele. Surpreendido pelo Poder do Espírito exige responsabilidade responsabilida de e opção, não uma reação qualquer. qualquer. Bm ce K. Waltke altke,, professor profess or de Antigo Testamento Testamento do do Regente College
Autor Ex-professor do Seminário Teológico de Dallas, EUA. E um dos colaboradores do Bible Knowledge Commentary, da Bibliotheca Sacra, Charisma e Equipping the Saints. Saints.
Jack Jack Deere Deere
Profe Pr ofessor ssor do Seminário Teoló Teológico gico de Dalla D allass descobre descobr e que Deus continua continu a a f a l a r e a curar cu rar nos dias de hoje
Todos os Direitos Reservados. C opyright © 1995 1995 para a língua portuguesa da Casa P ublicadora das das A ssembléias de Deus. Título do original em inglês: Surprised by the Pow er o f the Spirit Spirit
Zondervan Publishing House, Grand Rapids, Michigan Primeira edição em inglês: 1993 Tradução: João Marques Bentes Capa: Hudson Silva
248.2
- Ex periên cia Religiosa Deere, Jack DEEs Surpreendido pelo Poder do E spírito.../Jack Deere l.ed. - Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Asse m bléias de Deus, 1995. 1995. p. 2 8 6 .cm .c m . 14x21 ISB N 85-263-0041-5 85-263-0041-5 1. Ex periên cia Religiosa 2. Fa lar em Línguas Línguas 3. Milagres CD D 248.2 - Ex periência R eligiosa eligiosa 248.29 231.73
Casa Casa Publicadora das Assembléias de Deus
Caixa Postal 331 20001-970, Rio de Jan eiro, RJ, Brasil Brasil Ia Edição/1995
índice R eco n h ecim en to s ...............................................................................9
CHOCADO E SURPREENDIDO 1 A Chamada Telofônica que Mudou Minha Vida ............................ 13 2 Surpreendido pelo Espírito Santo.................................................... 25 3 Sinais e os Membros de Wimber .................................................... 35 CONCEPÇÕES DESPEDAÇADAS 4 O Mito da Pura Objetividade Bíblica..............................................47 5 Porque Muitos Crentes Não Crêem nos Dons Espirituais............... 61 6 Respondendo aos Abusos Espirituais ................ .............................. 81 7 Assustados Até a Morte pelo Espírito Santo ................................... 91 8 Eram os Milagres Temporários?...................................................... 101 9 Por que Deus Cura?........................................................................117 10 Por que Deus Concede Dons Miraculosos?.....................................133 11 Porque Deus Não Cura..................................................................145 BUSCANDO OS DONS E O DOADOR 12 Buscando os Dons com Diligência .................................................. 161 13 Paixão por Deus.............................................................................173 14 Desenvolvendo o Amor e o Poder ................................................ 189 Epílogo - Ouvindo Deus Falar no Dia de Hoje ................................... 201 APÊNDICES Apêndice A Outras Razões pelas quais Deus Cura e Opera Milagres ........................................................... 211 Apêndice B Os Dons Espirituais Cessaram com os Apóstolos?......................................................... 221 Apêndice C Houve Somente Três Períodos de Milagres?...................245 .
Notas................................................................................................... 259
Para Leesa, Quem é esta que aparece como como a alva do dia, ia, formosa como como a lua lua, pura como o sol, sol, formidável como como um exército com bandeiras? bandeiras ? (Cantares de Salomão 6.10)
Reconhecimentos
D e sc o n h eç o c omo omo um autor poderia poderia ter um a melhor melhor e x pe p e r iê n c ia com co m u m e d ito it o r d o q u e a q u e t e n h o tid ti d o com co m o p esso es soaa l da Zondervan. Em todos os níveis suas habilidades e gentilezas têm sido avassaladoras. Em particular, quero agradecer ao Dr. Stan Gundry, que supervisionou este projeto, do começo ao fim, com um notável grau de paciência e habilidade, e também a meu editor, Jack Kuhatscheck, cujos consideráveis talentos têm melhorado sig nificativamente o livro. Também quero mostrar-me agradecido a Joyce Smeltzer, ao Dr. Samuel Storms e ao professor Wayne Grudem, os quais leram os manuscritos em sua inteireza e fi zeram muitas sugestões valiosas. Também agradeço a Lara Gangloff, que digitou o manuscrito e cujas habilidades secretariais e administrativas ajudaram a trazer este livro à sua fase terminal. Também sinto-me endividado à minha esposa, Leesa, a qual não somente me deu valiosas sugestões e correções para o li vro, mas também serviu como fonte inexaurível de encorajamento a mim, durante a sua escrita. Finalmente, pre ciso agradecer a três maravilhosos adolescentes, Craig, Scott e Alese, os quais, com uma excepcional paciência e compreen são, suportaram um pai ausente durante os estágios finais desta obra.
CHOCADO E SURPREENDIDO
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A Chamada Telefônica que Mudou Minha Vida
N as minhas mais indisciplinadas fantasias jamais teria so
nhado que uma simples chamada telefônica alteraria o curso de m inha vida - e não somente de m inha vida, mas tamb ém de numerosas pessoas de meu círculo. Antes daquela chamada eu sabia para onde me estava diri gindo. Minha vida era ao mesmo tempo confortável e segura. Eu estava no controle, e gostava dela deste modo. A maior parte do tem po eu perc ebia o que Deus estava fazendo. Mas, quando tornei a depositar o fone no gancho, naquele dia frio de janeiro de 1986, tudo m udo u abrup tam ente. Eu já não sabia para onde ir, nem o que D eus faria. Conforme as coisas aconteceram, minha vida nunca mais seria a mesma após aquela conversa telefônica. Eu nunca mais sentiria o consolo e a segurança de pensar que estava no con trole de m inha própria vida. U m a falsa segurança - hoje o sei —mas é bom viver sob o fanta sm a dessa ilusão. Caso eu sou besse da dor e do traum a que jaziam à m in ha frente , jamais teria apanhado aquele telefone. Mas então teria acontecido con forme as palavras de um cântico popular interiorano: “Eu teria perd id o a dança”, e isto constitu iria um a dor maior ainda. Eu era o mais improvável candidato do mundo à “brinca deira” que Deus estava prestes a fazer comigo. Eu estava com ple ta ndo m eu décimo ano como pro fesso r no departa m ento de Antigo Testamento do Seminário Teológico de Dallas e o sé-
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timo como pa stor em u m a igreja bíblica que eu ajud ara a come çar, em Fort Worth. No outono anterior, eu retornara com minha família de uma ausência de ano inteiro para estudar na Alemanha. Tinha sido um ano maravilhoso, e eu estava exci tado pelo retomo ao ensino e a meus deveres pastorais. Minha principal paixão consistia em ensinar e pregar a Pa lavra de Deus. Acreditava que a coisa mais importante na vida era estudar a Palavra de Deus, e que a maioria de nossas ne cessidades - ou, pelo m enos, nossa mais imp ortan te necessida de —poderia ser satisfeita através do estudo das Escrituras. Se tal necessidade não pudesse ser satisfeita desse modo, então estaríamos em dificuldades, pois eu havia abraçado um sistema teológico que não deixava a Deus muito espaço para ajudarnos. O Deus no qual eu acreditava e a respeito do qual ensi nava n ão estaria tão envolvido em nossas vidas como o fora nas vidas dos crentes do Novo Testamento. Na ocasião, isso não me preocupava muito, porque pensava que Ele mesmo preferia as coisas dessa maneira. Acreditava que Ele fizera as mud anças. Para dizer a verdade, imaginava que Deus respondia a orações, mas somente a certos tipos de oração. Exemplificando, e u estava convencido de que D eus n ão con cedia mais os dons miraculosos do Espírito; não havia necessi dade deles. Agora tínhamos a Bíblia completa. Naturalmente, Deus algumas vezes fazia milagres. Afinal, Ele é Deus, e pode fazer qualquer coisa que desejar. Simplesmente, Ele não fazia as coisas com tanta freqüência. De fato, as fazia tão raramente que, durante todos os meus anos como crente, não poderia apon tar um único milagre de cura confiadamente resu ltante do poder de Deus. Eu nem ao menos tinha ouvido falar em algum mi lagre desses! Também não podia apontar um milagre historica mente comprovado, após a morte dos apóstolos, excetuando-se a conversão, que eu acreditava, como até hoje, ser o maior dos milagres. Além da conversão, minhas experiências mais próxi mas de um milagre eram respostas às orações, especialmente acerca de necessidades financeiras, por demais específicas para serem relegadas a meras coincidências. A ausência de milagres em m inh a experiência, co ntudo , não me perturbava, porque estava convicto de que Deus operara essa
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mudança. Eu tinha a confiança de poder provar pelas Escritu ras, pela teologia e pelo testemunho da história eclesiástica, que Deus suspendera os dons sobrenaturais do Espírito Santo. Ta m bém confiava que D eus não mais falava conosco, exceto através de sua Palavra escrita. Sonhos, visões, impressões interi ores e coisas similares eram-me tão subjetivas e ambíguas que chegavam a nausear-me. Soava-me como terrível afetação quan do um de meus alun os me confidenciava: “Deus falou comigo e. . .” Dificilmente alguma coisa poderia provocar um a repreensão mais rápida e amarga do que a declaração: “Deus falou comigo”. Pa ra mim, qualquer palavra que se seguisse a tal declaração teria autoridad e idêntica à das Escrituras. Isso parecia-me não som en te presunção , mas um a blasfêmia! E u gostava de lançar no ridí culo pessoas que diziam que Deus lhes falara. Como o leitor já deve ter sentido, eu não era o tipo de crente que olha para “algo mais” da parte de Deus. Não precisava de milagres de cura. Minha família e eu sempre havíamos gozado de boa saúde, e, nas raras ocasiões em que precisávamos de algumas bandagens ou um pouco de medicina, os médicos da família eram mais do que suficientes. A nossa congregação era jovem, e pouquíssimas mortes haviam ocorrido em sete anos de história. Curas divinas não apareciam na nossa lista de prioridades. Por certo eu não precisava que Deus falasse comigo sobre os métodos subjetivos que Ele usava com as pessoas da Bíblia. A fi nal, agora eu dispunha da Bíblia, e era uma daquelas poucas pessoas que possuíam um a teologia excepcionalmente boa. Não, nem eu, nem meu círculo de amigos olhávamos para “algo mais”. Se havia algum problema, era como se eu desse mais de mim mesmo a Deus. M inha esposa, todavia, tinh a um po nto de vista diferente do meu. De fato, se existe alguma razão hum ana pela qual eu tenh a recebido aquela chamada telefônica, poderia atribuí-la às suas orações por mim. Leesa é uma dessas poucas pessoas que vivem a vida cristã, em lugar de falarem sobre ela. Ela preferia passar um a hora orando por alguém do que repreendê-lo por dois m inu tos, por causa de algum pecado. Em bora não o dissesse, ela sentia que me faltava ainda alguma coisa da parte de Deus.
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Durante o ano em que vivemos na Alemanha (1984-85), ela costumava fazer passeios de cerca de duas horas, todas as tardes, nas colinas da Floresta Negra. Quando eu lhe pergun tava sobre seus passeios, ela me dizia que estava orando . N u n ca lhe perguntei pelo que estava orando, e ela nunca me disse nada, mas a verdade é que orava por mim. No decurso dos anos, ela tinha visto minha paixão por Deus ressecar-se lenta mente, como os reservatórios do Sul da Califórnia durante a seca. Eu não tinha consciência de estar perdendo a paixão por Deus. Pensava apenas que tinha crescido. Mas ela temia que eu me tivesse tomado complacente e satisfeito comigo mesmo. Via minhas atitudes como se um inimigo de Deus estivesse chamando as nossas vidas. Sempre vou acreditar que foram as orações de Leesa que moveram Deus a fazer com que um ho mem, do outro lado do país, apanhasse um telefone e chamasse o meu número. N os fins do outo no de 1985, a liderança de m in ha igreja resolveu que teríamos um a conferência bíblica de primavera. Após um a reunião, q uando o presidente da jun ta de anciãos e eu nos encaminhávam os para os nossos carros, ele perguntou -m e q uem eu gostaria que fosse o orador da conferência. Sem hesitação, respondi que gostaria de convidar o Dr. Joh n W hite, psiquiatra britânico e escritor evangélico. Ele havia escrito cerca de 15 li vros, todos os quais minha esposa e eu havíamos lido. Era m eu escritor pop ular favorito, e e u estava absolutamente certo de que ele faria um maravilhoso trabalho. Sabia, por meio de seus escritos, que ele tinha a Palavra de Deus em elevada estima, sendo um hom em inteligente, com m uita experiência nas áreas práticas da vida cristã. E pensava haver descoberto exce lentes indícios de que ele era também um dispensacionalista. (De fato, havia algo dos Irmãos de Plymouth em sua formação.) Ví nham os usando seus livros há anos em nossa escola dominical. O pre sid ente da ju n ta de anciãos concord ou im edia tam ente com a minha sugestão. N o dia seguinte, contata m os por telefo ne o editor do Dr. W hite , p ara descobrir como trazê-lo à nossa igreja. O editor disse-nos que o mais provável seria o Dr. W hite não aceitar nosso convite, porque sua agenda estava repleta pelos 18 meses seguin
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tes. Nossa única chance seria pedir-lhe para falar de algum tó pico sobre o qual estivesse escreven do, visto que ele não gos tava de falar de coisas que já havia escrito. O editor deu-nos umas poucas dicas para nos aproximarmos do Dr. White, mas não um grande encorajamento. Nosso presidente enviou-lhe um convite através do editor, mas dentro de pouco tempo recebí amos uma polida carta do Dr. White declinando de nosso con vite. Por alguma razão, eu ainda não estava preparado para de sistir. Escrevi ao Dr. W h ite u m a carta pessoal, rogando-lhe que viesse. Poucos dias após ter escrito a carta, recebi a chamada telefônica que alterou a direção de minha vida e ministério. A cham ada foi do Dr. W hite . Fiquei chocado pelo fato de ele ter-me chamado, e mais chocado ainda po r ter-me chamado tão rapidamente. Ele disse: “Alô, Jack, sou Jo hn W hite. Q uero agradecer-lhe por ter-me convidado para sua conferência bíblica de primavera. Penso que seria capaz de trabalh ar nessa conferência. Sobre o que você gostaria que eu falasse?” Armado com as informações do editor, repliquei: “Oh, não sei. Que tal alguma coisa sobre a qual você esteja escrevendo ou pesq uisando atualm ente?” “Bem, estou tra balhando em um livro sobre o Reino de Deus. Q ue tal lhe parece?” perguntou-m e. “Isso é maravilhoso! G ostamos do R eino de De us aqu i”. E n tão pensei: Grande!Teremos uma conferência profética: diferentes po nto s de vista sobre o M ilênio ou variados conceitos do R eino em diferente s campos teológicos. Acrescentei: “Ora, você e eu sabemos o que é o Reino de De us, mas terei de d ar um relatório aos anciãos. Gostaríamos de te r q uatro conferências para o fim da semana. Com o você gosta ria de dividi-las?” Ele replicou: “ Q uan do p enso sobre o Reino de D eus, penso acima de tud o sobre a autoridade de Cristo. Se você que r que eu dê q uatro preleções, pen so que gostaria de oferecer algo assim: a prim eira seria a auto ridade de Cristo sobre as tenta ções”. “Correto ”, respondi. “A segunda, a autoridade de Cristo sobre o pecado”. “Bom”.
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“A terceira, a autoridade de Cristo sobre os demônios”. H u m m m , pense i, demônios1 Bem, penso que deve existir demônios em algum lugar. Certamente havia muitos deles no prim eiro século. (Para onde eles teriam ido, depois dissoI) E acredito que se ainda há de m ônio s soltos, Cristo deve ter au toridade sobre eles. Essa seria uma preleção interessante, ainda que não revestida de muita relevância prática.
Concordei: “Bem. . . por certo. . . okay”. “E a quarta preleção seria a autoridade de Cristo sobre as doenças”, finalizou. “D oença s!” exclamei, pro cura ndo restringir a tensão em minha voz. Certamente eu o tinha compreendido mal.
“Você não disse doença, não foi?” “Sim, foi isso que eu disse”. “Você não está falando sobre curas, está?” Q uase cuspi fora a palavra “curas”. Eu tinh a desdém p or qualquer coisa que tives se a ver com curas. “Bem, sim. Estou”. Quase não podia acreditar em meus ouvidos. Até alguns m om entos, eu estava certo de que o Dr. W hite era um a pessoa sã, de sólida formação teológica, um hom em inteligente. Mas agora estava falando sobre curas! Ele é psiquiatra, raciocinei. Talvez “curas” refiram-se a algu ma espécie de psicoterapia. Po r conseguinte, indaguei: “Você não está falando sobre curas físicas, está?”
“Bem, não estaria me limitando a curas físicas”, explicou-me, “mas inc luindo curas físicas”. “ Você de ve estar brincando! Ce rtam ente você sabe que Deus não está mais curando, e que os dons miraculosos do Espírito passa ram quando o últim o dos apóstolos m orreu. Por certo você sabe disso, não é assim?” Eu jamais havia encontrado uma pessoa a quem eu considerasse inteligente que não soubesse disso.
O D r. W hite não me deu resposta. Pensei: Bem, talvez ele seja um tanto fraco nessa área. Afinal, não é um teólogo treinado, apenas um psiquiatra. To m ei o silên
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cio dele como uma espera, para que eu provasse pela Bíblia minha afirmação. Portanto, disse-lhe: “Sabemos que o dom de curar passou porq ue, ao olharm os para o m in isté rio dos apóstolos, vemos que eles curavam completa e instantaneamente, de modo irreversível, e que todos aqueles por quem oravam eram cura dos. Não vemos mais esse tipo de cura hoje, mesmo em movi mentos ou grupos que reivindicam possuir poderes de cura. Bem pelo contrário, o que vemos nesses grupos são curas gra duais, parciais, que algumas vezes não ocorrem —muitas pesso as nunca são curadas. Sabemos, portanto, que o tipo de cura que acontece hoje não é o mesmo da Bíblia”. “Você pensa que toda instância em que os apóstolos ora ram por alguém ficou registrada nas Escrituras?” perguntou o Dr. White. Pensei po r alguns mom entos e respondi: “N aturalm ente que não. Temos apenas uma pequena fração do ministério deles e do ministério de Jesus registrado nas páginas do Novo Testa mento”. “Então, não é possível que tenham orado por alguém, e esse alguém não fosse curado, e que isso apenas não esteja registrado nas Escrituras?” Tive de concordar, porque a Bíblia não registra todas as vezes em que os apóstolos oraram por pessoas. E é possível que em algumas oportunidades elas não tenham sido curadas. O Dr. White acabara de apanhar-me num erro de interpre tação. Eu havia usado u m argum ento baseado no silêncio. O ra, isso era uma coisa que eu ensinava cuidadosamente meus alu nos a não fazerem nunca. Quando o assunto dos dons do Es pírito vin ha à tona, por exem plo, um dos estu dante s poderia dizer: “Você não precisa falar em línguas para ser um homem espiritual, porque Cristo nunca falou em línguas”. Então eu perg unta ria: “C omo você,sabe que Cristo nunca falou em lín guas?” E aquele aluno retrucaria: “Porque as Escrituras não dizem que Ele falou em línguas” . E eu im ediatam ente corrigiria o aluno, lembrando-lhe que não se pode usar o que as Escritu ras nã o dizem como argumento. Por exemplo, as Escrituras não nos dizem que Pedro tinha filhos, mas isto não justifica con
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cluir, pelo silêncio da Bíblia, que ele não tinha filhos. Este é o argumento do silêncio. N o entanto, eu aca bara de usar o mesm o arg um ento com o Dr. White, e me sentia embaraçado. Permanecia convicto, po rém, de que estava com a razão. Eu tinha quatro outros argu mentos bíblicos, alinhados e preparados para sair, mas pensei que deveria mostrar-me mais cuidadoso, desta vez. Não queria ser apanhado em um outro erro. M eu próximo argum ento seria que o apóstolo Paulo, no fim de sua vida, não pôde curar Epafrodito (Fp 2.25-27), nem Trófimo (2 Tm 4.20), nem as freqüentes enfermidades de Tim óteo (1 T m 5.23). Para mim, esta era a prova de que o dom de curas tinh a aban donad o o apóstolo Paulo, o u estava no pro cesso de deixá-lo. Mas pensei: O que eu responderia a este argumento, se eu tomasse a posiçã o do Dr. W hite! Sim ples m ente diria que esses três inciden tes prova m que nem todos p o r quem os apóstolos oravam eram curados! Isso me atingiu como um um tiro de magnum 44. Minha segunda prova não pro vava coisa alguma! E, quando examinei os três argumentos que ainda tinha para usar, descobri que havia neles algo de errado. Nos debates te ológicos, eu procurava colocar-me no lugar do oponente, e exa minava pela sua perspectiva, de maneira bem crítica, os meus argumentos, procurando pontos fracos ou de evasão. Mas mi nha crença cessacionista nunca havia sido seriamente desafia da. Jamais precisara examinar esses argumentos tão de perto, porque todos os que faziam parte do m eu círculo aceitavam nos sem discutir. Apesar de ainda acreditar que estava com a razão, exaspe rei-me por encontrar erros em meus argumentos. Portanto, apenas deixei escapar para o Dr. White: “Bem, você já viu alguém ser curado?” “Oh, sim”, respondeu ele com voz tranqüila. Ele não queria argumentar comigo. Nada tinha para vender-me. De fato, era eu quem estava procurando trazê-lo à nossa igreja. Portanto, ele apenas disse: “Oh, sim”, mas não ofereceu exemplos. To m ando de novo a ofensiva, pedi-lhe: “Con te-me sua cura espetacular mais recente”.
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“Não estou certo sobre o que você quer dizer com espeta cular, mas contar-lhe-ei duas curas recentes que me impressi onaram”. Então, co ntou-me de um a criança peq uena , na M alásia, que estava coberta com eczemas, da cabeça à po nta do pé. A eczema estava crua em alguns lugares, e soltava um líquido. Tal era o desconforto da criança que havia mantido os pais acordados nas últimas 36 horas. Agia de maneira tão selvagem, que tive ram de agarrá-la para orar por ela. Assim que o Dr. White e sua esposa, Lorrie, impuseramlhe as mãos, a criança caiu no sono. V inte minutos após a oração a limosidade parou, e a vermelhidão começou a desaparecer. N a m anhã seguinte, a pele da criança havia re to m ado seu as pecto norm al. Esta va com ple ta m ente cura da. O D r. W h ite contou-me uma segunda história espetacular de ossos que re almente mudaram sob suas mãos, enquanto ele orava por al guém que tinha uma deformidade. Depois de ouvir as duas narrativas, concluí: H á som ente duas opções. Ou o Dr. W h ite m e está dizen do a verdade, ou está mentindo. Mas ele não está enganado. Ele é médico. De fato , te m sid o um p rofessor associado de psiquia tr ia fa z 13 anos. Já escreveu sobre alucinações, e sabe a diferença entre enfermidades orgânicas e psicossomáticas. Ele não está em ganado. Ou está me dizendo a verdade, ou me enganando in tencionalm en te. Pensei sobre isso por alguns momentos. O que ele teria a ganhar, me enganando? Ele não estava pedind o pa ra vir à m inha igreja; eu é que estava rogando que viesse. Outrossim, tudo em suas maneiras refletiam o Espírito do Senhor Jesus. Eu estava convencido de que ele me dizia a verdade. Estava convicto de que Deus havia curado as duas pessoas sobre as quais ele tinha acabado de falar. Mas também estava convencido de que Deus não concedia mais os dons do Espírito, e que deveria haver outra explicação para aquelas curas. Por conseguinte, disse-lhe: “Bem, Dr. White, acredito que o que o senhor me está dizendo é verdade, e gostaria que o sen ho r viesse à m inh a igreja e apresentasse as quatro preleções, incluindo essa sobre as curas”.
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“Há mais uma coisa sobre a qual precisamos discutir, Jack. Se eu for à sua igreja, eu não gostaria apenas de falar sobre curas. Gostaria também de orar pelos enfermos”. “Orar pelos enfermos! Você quer dizer, na igreja?” Eu es tava pasmo. Minha mente percorreu rapidamente as alternati vas. “Não poderíamos apenas tomar um aleijado ou um cego e ir a alguma saleta isolada onde ninguém soubesse o que esta ríamos fazendo ali?” Eu estava certo de que se orássemos por um enfermo, diante da igreja, e ele não fosse curado, alguém teria sua fé destruída. “Bem, poderemos trabalhar os detalhes quando eu chegar”, replicou ele. E acrescentou: “Mas eu não gostaria de apenas falar sobre curas, mas também de orar por algum enfermo, na igreja”. Falou-me com grande gentileza, mas eu sabia que se não lhe fosse permitido orar pelos enfermos, ele não viria. Respirei fundo, antes de responder: “Bem, Dr. White, eu realmente quero que o senhor venha e apresente as preleções, e aceito que ore pelos enfermos de minha igreja, mas isto não depende só de mim. Os demais pastores e anciãos têm de con cordar, antes que tornemos o convite oficial. E não estou certo de como responderão a essa sugestão”. “Compreendo seus temores, Jack, bem como os temores de les. Se você quiser retirar o convite, não me sentirei ofendido. Apenas tomarei tudo como a vontade do Senhor”. Despedimo-nos, e dali fui diretamente para a reunião dos anciãos. Anunciei aos anciãos e pastores que tinha boas e más no tícias. As boas eram que o Dr. John White havia reconsiderado nosso convite para as conferências bíblicas da primavera, e decidira aceitá-lo. Todos ficaram satisfeitos. “E quais são as más novas?” quiseram saber. “Ele quer dar algumas conferências sobre curas e orar pelos enfermos, em nossa igreja”. “O senhor está brincando!” “Foi o que respondi a ele”. Nas duas hora s seguintes, discutimos se era mesm o aconse lhável trazer o Dr. White para nossa conferência. Ao término
A Cham ada
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do debate, quando cada um já dera sua opinião, um dos ho mens declarou: “Essa conferência pode dividir a nossa igreja”. Minha palavra final sobre o assunto foi: “Penso que deve mos ter essa conferência, mesmo que venha a dividir a igreja. Olhemos a questão por este prisma: iniciamos esta igreja com apenas um punhado de gente. Se nossa igreja dividir-se, supo nho que poderemos começar outra com apenas um p unh ado de gente, se for necessário”. Conforme as coisas ocorreram, Deus usou até mesmo minha aparente insensibilidade para realizar seu propósito. A conversa com o Dr. White e a reunião subseqüente com os anciãos teve lugar em janeiro de 1986. Decidimos unanime mente convidar o Dr. White e confirmar a conferência para abril, embora estivéssemos certos de que os dons miraculosos do Espírito Santo já houvessem cessado. Passei boa parte do tempo, de janeiro a abril daquele ano, estudando as Escrituras, a fim de descobrir o que elas dizem sobre curas e dons do Espírito. Na primeira vez em que estu dara o assunto, não o fizera de mente aberta e franca. Homens piedosos e brilhante s haviam me dito que a Bíblia ensin a terem os dons do Espírito cessado com a morte do último dos após tolos, e que Deus só fala através de sua Palavra escrita, hoje em dia. Disseram-me que Deus não está mais curando, e levaramme a crer nas curas como algo raro, não mais um aspecto sig nificativo do ministério da Igreja. Portanto, não estudara as Escrituras para descobrir realmente o que elas ensinam sobre curas e dons do Espírito. Antes, pro curava recolher mais razões por que Deus não mais fazia tais coisas. Agora, porém, questionava todos os meus argumentos cessacionistas à luz do ensino bíblico.1E, desta vez, tentei ser tão objetivo quanto podia. À época da conferência, em abril, minh a m aneira de pensar sofreu uma radical reversão. Meus estudos convenceram-me de que Deus curaria sempre e que a cura é um aspecto imp ortante no ministério da igreja. E fiquei convencido de que a Bíblia não ensina que os dons do Espírito já passaram. Nenhum dos argu mentos cessacionistas continuava tendo o poder de convencerme. Eu ainda não sabia se os dons do Espírito eram válidos
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para o dia de hoje, mas estava certo de que não podia usar as Escrituras p ara provar que haviam cessado. Tam bém comecei a crer que Deus pode falar à parte das Escrituras, embora nunca em contradição a elas. Tais descobertas provocaram um cataclismo em m eu e n ten dimento. Mas minha m aneira de pensar não m udara por eu ter visto um milagre ou por ter ouvido Deus falar de maneira so brenatu ral. Eu não tivera tais experiências. Jamais tivera so nhos, ou visões, ou transes, ou qualquer outra experiência que pudesse id entificar como sobrenatu ral, além da m inha experi ência de conversão. A mudança em minha maneira de pensar não resultara de qualquer experiência ou fenômeno sobrenatu ral. Antes, resultara de um pa ciente e inte ns o estud o das Escri turas. Quase contra a minha vontade, passei a acreditar que Deus cura e fala hoje em dia. Eu ainda guardava uma significativa repulsa ao dom de línguas. Mesmo que esse dom fosse para hoje, eu não queria ter nada a ver com ele! Não queria parti cipar do que eu considerava um abuso dos movimentos pentecostal e carismático. Portanto, senti-me crendo em coisas com a minha mente, sem que em meu coração tivesse muita certeza se as queria em minha vida ou na minha igreja. Entretanto, sabia que se as Escrituras en sinam que as curas e o falar de D eus fora da Bíblia são fenômenos significativos para a igreja, então tínhamos de segui-los, mesmo que não os desejássemos. Essas eram as mi nhas conclusões, quando chegou o mês de abril. Nossa confe rência estava prestes a começar.
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JJ/nquanto me dirigia ao aeroporto para ap anh ar o D r. W hite, sentia-me tenso p ela expectativa. Os meses que eu passara estu dando as Escrituras tinham -me dado um a nova perspectiva para o poder de De us, e eu sen tia que estava prestes a emb arcar em um novo estágio de minha vida cristã. Po r causa de um a desinformação sobre o vôo do D r. W hite, foi-me preciso quase ho ra e meia pa ra encontrá-lo. Finalm ente, eu o vi na calçada em frente aos terminais. Após um pequ eno trajeto de carro e um a agradável conversa, chegamos na igreja. O santuário estava cheio até a sua capacida de. Eu me sentia agradecido pelo grande núm ero de pessoas pre sentes —mas também estava ligeiramente apreensivo. Eu bem sabia que as pessoas corresponderiam otimamente às conferênci as do Dr. W hite, mas tem ia sobre sua palestra e “demo nstração” de curas. As primeiras três sessões ocorreram conforme o esperado. Mas, no sábado à tarde, o D r. W hite apresentou a sua últim a preleção, a respeito da autoridade de Cristo sobre as enfermidades. Havia aproximadamente 300 pessoas na audiência. Após um tempo de perg unta s, no final de sua preleção, ele convidou as pessoas virem à frente, para orar pelas suas necessidades espirituais e físicas. Pensei que u ma ou duas pessoas fossem corresponder. Ao invés disso, aproximadamente uma terça parte do auditório literalmen-
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te correu para a frente. Alguns pastores e anciãos também desceram para ajudar o D r. W hite a orar po r aquela gente. Eu não podia acreditar no que via! Pessoas que eu conhecia bem, que pare ciam tã o no controle de suas vidas, estavam de joelhos, claman do e pedin do orações. Lem bro-m e de um a m u lher rica confessando que não se sentia amada por ninguém, exceto por seu marido. Ela pedia que o Senh or removesse aquela barreira que sentia em redor dela. Lembro-m e de um outro h o mem muito forte, de joelhos, confessando que estava consumido de inveja por causa do sucesso de um de seus amigos, e por causa de seu próprio insucesso. Até parecia que todas as pessoas ao meu redor estavam sofrendo. Eu estava perplexo e meio repug nado. M inh a primeira reação foi taxar aquilo tudo de emocionalismo. Mas o emocionalismo é sempre despertado p or alguma forma de manipulação. Nesse caso, tínhamos ouvido apenas um a bem pouco emocionante preleção sobre curas, seguida por uma sessão bas tante acalorada de perguntas e respostas, durante a qual alguns de meus amigos tinh am dito coisas m uito po uco efusivas ao D r. W hite (o qual, a propósito, em mom ento algum perdeu o autocontrole ou respondeu de modo brutal). E, ao encerrar a sessão, o D r. W hit e fizera um convite bastan te realista, sem qualquer música ou apelo emocional, a qualque r um que quisesse oração. Como explicar as lágrimas, as confissões e a honestidade quase chocante do que estava acontecendo na minha frente? Tivesse sido eu um melhor estudante da história do reavivamento, teria com preendido que aquele fenôm eno já havia ocorrido em inúmeras ocasiões durante períodos de reavivamento, em que o Espírito Santo fora derramado sobre alguma igreja ou cidade. Eu não sabia, mas o Espírito Santo fora derramado sobre a m inh a igreja! Era como se o próprio D eus tivesse tirado a rolha da garrafa dando ao povo permissão para exprimir tod a a dor que estava guardada lá dentro por tão longo tempo. A honestidade e a coragem q ue foram necessárias p ara confessarem seus pecados e suas dores indicavam realmente a presença do Espírito entre nós naquele dia. Eu não tin h a certeza de qu anto gostava de tud o aquilo —mas o p ior aind a estava por vir.
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Uma senhora muito distinta e inteligente, que eu conhecia há m uito tempo, viera me procurar depois do culto, pedindo que eu e outro ancião orássemos por ela. Era uma mulher bem educada, criada nos mesmos moldes tradicionalistas que eu. Ti nha um notável coração para Deus, passava horas em oração e era um a excelente mestra d a Bíblia. N o entan to, p or m uitos anos sofrera temores e depressão. A raiz de seu problema era um forte desejo pela aprovação alheia. Quase que se podia ch amar de “concupiscência pela apro vação humana”. E esse desejo estava controlando a sua vida. “Gostariam de orar por mim?” pediu ela. O ancião e eu começamos a orar, e absolutamente nada su cedeu, nós três sabíamos. Ela agradeceu e afastou-se. Voltei-me para ora r por algumas outras pessoas, mais ou menos com os mesmos resultados. Alguns m inutos mais tarde, no tei que ela estava na fila para falar com o Dr. White. Encaminhei-me na sua direção quando ela começava a contar sua história ao Dr. White. Visto que eu não tivera muito sucesso ao ora r pelas pessoas, pense i que deve ria ouvir o Dr. W hite orar por ela, para ver se aprend ia alguma coisa. “M uito bem, vamos o rar po r você, ent ão ”, disse ele à min ha amiga. Quando ela inclinou a cabeça, era mais como se a estivesse abaixando, envergonhada. O desespero parecia estar ao redor dela, alimentando a sua dor. Como um pai gentil, o D r. W hite pôs a mão sob o queixo dela e levantou -lhe a cabeça. “O lhe para cima” , disse ele, “você não precisa m ais fazer isso. Você é um a filha do Rei”. Fiquei paralisado diante da cena. Pensei: “Esse é um toque excelente. Tenho que relembrar-me dessas palavras: Olhe para cima, você é uma filha do R ei”. Por esse tempo, eu ainda supu nh a que técnicas e fórmulas eram as chaves para a cura. M iseri cordiosamente, eu logo estaria livre dessa idéia. Então ele pôs a mão de leve sobre um dos ombros dela e disse: “ Senhor, leva tu a serva Linda [não é seu verdadeiro nome] à tua presença agora, no nome de Jesus Cristo. Ela não sente o
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afeto do Senhor Jesus Cristo por ela. Permite que ela sinta em seu coração o quanto Jesus a ama”. Quando ouvi o Dr. \Vhite dizer isso, acendeu-se uma luz de ntro de mim. E pensei: Natu ralm ente , é p or isso que ela sente necessidade da aprovação de seus semelhantes . Ela não sente em seu coração o ateto qu e Jesus tem p o r ela. Se ela realm ente se sentisse amada po r Deus, a aprovação de outras pessoas não lhe seria tão importante . Então o Dr. White orou: “Se existem quaisquer trevas que estejam ma nipulando essa dor, oro pa ra que t u a desfaças agora”. Quando ele disse aquelas palavras, a cabeça de Linda come çou a subir e a descer, e ela começou a lamuriar-se. Ela não po dia para r. Eu nunca tin h a visto nada como aquilo! Era como se aqueles sons tivessem vida própria. Ela parecia ter perdido a consciência, ou pelo menos o controle do corpo. Sen ti um a p re sença atormentadora em torno dela. Os que estavam no auditório ficaram chocados diante do que estava sucedendo. Eu nun ca tin ha visto um demônio, mas estava convencido de que estava olhando para a obra de um deles na quele mom ento. “Em nom e de Jesus, eu te orden o que a deixes em paz agora”, disse simplesmente o Dr. White. E tudo pa rou pron tam ente. Ele não permitiria que o demônio a humilhasse diante de toda aquela gente. Mais tarde, minha amiga recebeu oração em particular, a fim de que o espírito maligno se afastasse definitivamente. Atualmente, Linda minis tra poderosamente no ensino e na cura. Por que eu estava tão certo de que acabara de presenciar um espírito mau em ação? Porque aquela mulher nunca agiria da quele modo em público, e nem faria coisas tão embaraçosas. Ela não tinh a formação carismática. Nã o havia a m ínima possibilida de de ser aquela um a con du ta aprendida. Posteriormen te, ela me disse que uma força “tinha subido” e a agarrado, e que ela sentira-se impo tente. Som ente o nome do Sen hor Jesus trouxe-lhe de volta o controle. Enquanto eu a via sendo atormentada, pensei em todos os anos que ela havia passado em aconselhamento cristão, sem qualquer melhoria significativa. Ela havia seguido orientações
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espirituais de seus pastores, e até recebera julgamentos de alguns deles. Todavia, embora orasse e lesse a Bíblia fielmente, ela nun ca demonstrara melhora e a razão é simples: havia um poder demoníaco po r detrás de grande parte de sua depressão e temor. Senti lágrimas rolando-me pelo rosto, quando percebi o dano que pastores arrogantes, como e u mesm o, pode m infligir aos fi lhos do Senhor. Algumas vezes estamos tão seguros de que sabe mos as causas da dor ou da depressão de alguém! As pessoas, acreditávamos, melhorariam se seguissem nossas pequenas pres crições espirituais. Mas quando elas aceitavam nossos conselhos e não melhoravam, então nos irávamos contra elas. Pensei em todos os maus conselhos que eu dera àquela querida senhora, bem como em todos os anos de aconselh am ento pro fissio nal a que se submetera. Percebi quão tolos nós, pastores e conselhei ros, havíamos sido. Não se “aconselha” demônios a deixarem as pessoas. E nem os demônios saem quando alguém ace ita nossos conselhos e torna-se mais disciplinado. Os demônios só saem através do pod er do sangue de Cristo. A té o D r. W hite chegar, ne nh um dos pastores ou conselheiros tivera o discernimento p ara perceber a causa das aflições de Linda, pelo que ela tinh a “sofri do muito às mãos de seus médicos”. Foi naquele m om ento exato, pela prim eira vez em que pu de ter a certeza, que o Senhor falou comigo. As palavras soaramme, não audíveis, mas tão claras como se fosse: “Você é um enganador e um manipulador; você está brincando de igreja”. Escritas, essas palavras podem parecer muito duras; mas não me soaram assim naquele dia. O que ouvi não foi um a cond ena ção, mas um convite. De alguma mane ira en tend i que estava em um a encruzilhada na vida, e que a m aneira pela qual eu respon desse àquela voz estabeleceria um novo direcionam ento à m inha vida. O u e u estaria me m ovendo mais para perto de Deus, ou me afastando dEle. Então sim plesmente respondi: “Sim, Se nh or”. Esse simples “sim”, foi o começo de um re aprendizado do que significa tornar-se filho no Reino de Deus. Não somente temos de tomar-nos como crianças para entrar no R eino dos Céus (Mt 18.3), mas também precisamos con tinuar n a hum ildade de um a criança, se quisermos progredir no Reino (M t 18.4). Q uan do eu disse “ sim”, estava conco rdando com a avaliação que Deus fez de m eu cará ter e ministério. Eu tin ha acabado de cruzar o limiar de
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um arrependim ento que se tornaria tão profundo que e ventual mente quebraria as cadeias de alguns dos mais arrogantes pre conceitos acerca da vida e ministério cristãos. Entretanto, não senti as cadeias caindo de mim, na ocasião. Ao invés disso, sentime como uma pequena criança, cujo pai está prestes a mostrarlhe um caminho melhor. N a m anhã seguinte era domingo. Acord ei-m e em estado de choque. Nossa igreja havia sido visitada por um demônio! Pusme a pensar no quanto refletiria à freqüência no domingo. Mais do que isso, porém, indaguei sobre os conflitos e divisões que poderia m surgir. Q uan to mais eu pensa va, maio r o te m or que me assaltava. Agora eu não estava tão seguro de querer essé novo ministério se isto significava que as pessoas se tornari am emotivas e que demônios haveriam de manifestar-se aber tamente. Então fiz algo que um teólogo treinado jamais faria. Senteime no divã, abri a Bíblia ao aca so e comecei a ler. Sempre me considerei acima disso. Sem pre desprezara as pessoas que c ostu mavam tomar passagens ao acaso, numa espécie de “roleta bíbli ca”. O que eu deveria ter feito era apanhar a concordância e olha r todas as passagens sobre o temor; m as nã o foi isso que fiz. Simplesmente abri a Bíblia e pedi que Deus falasse comigo. Abri em Lucas 8, e meus olhos caíram imediatamente sobre o versículo 26 - bem em cima da história do endem oninh ado geraseno. Li a história tod a, a maravilhosa história de como Jesus expulsou uma legião de demônios de um homem, e como o in divíduo voltou à normalidade. Então cheguei ao versículo 37: “Todo o povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles, pois estavam possuídos de grande medo. E Je sus, tomando de novo o barco, voltou”. Eu estava prestes a fazer o que os gerasenos tinham feito. Em grande misericórdia, o Senhor Jesus Cristo tinha visitado a nossa igreja e enviado o Espírito S anto p ara impelir à confissão e descobrir o po de r demo níaco, a fim de fortalecer-nos e curarnos. E agora eu estava a ponto de pedir-lhe que nos deixasse, porq ue estava com medo da reação de algumas pessoas. A rre pendi-m e im edia tam ente e p edi ao Senhor perd oar-m e. E disse-
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lhe que sempre que Ele quisesse tratar com um demônio em nossa igreja, tinha a minha aprovação. Te rm inad a a conferência, os anciãos e pastores concordaram que deveríamos começar a orar regularmen te pelos enfermos em nossa igreja. Ao término de nossos cultos, simplesmente convi daríamos as pessoas que quisessem receber a Cristo como seu Salvador, ou desejassem oração pelas suas necessidades esp iritu ais, físicas ou financeiras. Não tínhamos a mínima intenção de nos tornar carismáticos (pentecostais).1Simplesmente queríamos cumprir o mandamento bíblico de Tiago 5.14-16:
Está alguém entre vós doente1 Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo*o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser4he'ão perdo' ados. Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua - eficácia, a súplica do justo. Deixamos a igreja saber que dorav ante estaríamos aplicando essa passagem em nossos cultos e nas reuniões de aconselhamento. Doravante, os anciãos e os pastores da igreja estariam dispostos a visitar os lares, sempre qu e fossem chamados, p ara o rar pelos enfermos. N atura lmente , sempre havíamos desejado fazer aquilo; mas agora nós realm ente encorajávamos pessoas a obed ecerem o texto. E também os informamos de que sempre que viessem em busca de aconselh am ento , ficaríam os felizes não som ente em aconselhá-los, mas tamb ém em impor-lhes a mãos e orar po r eles, de acordo com o modelo do Novo Testamento. Pouco tempo depois de havermos começado a orar pelas pessoas em nossos cultos, um a senhora, chamada R uth Gay, procurou-me. Ela contou-me que tinha um aneurisma, e que na quarta-feira iria a um hospital para fazer um a segunda angiografia. (An eurisma é um vaso sangüíneo inchado, de modo que as p a redes se tornam finas. O perigo é que os vasos podem estourar, resultando na morte da pessoa.) Na quinta-feira, os médicos haveriam de operá-la a fim de reparar o aneurisma. Ela pe rgu n tou se poderíamos ir à sua casa, na segunda-feira à noite, a fim
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de orarmos por ela. Nesse dia, Leesa, Joyce Smeltzer (esposa de John Smeltzer, um de nossos pastores) e eu fomos à casa de Ruth . Ela vivia sozinha; tinha se separado do resto da família. Sentiase solitária, deprimida e assustada d iante da im inen te cirurgia. Ao entrar em sua casa, pudemos sentir a melancolia que a cercava. Conversamos um pouco com Ruth, e então colocamos as mãos sobre a cabeça dela, pedindo ao Senhor que lhe tirasse o aneurisma. Oramos calmamente, pedindo por aquela cura es pecífica. N ão re pre endem os dem ônios, nem gritamos, nem agi mos impelidos por qualquer excitação religiosa. Pedimos simples mente que o Senhor tocasse naquele vaso sangüíneo e tirasse o aneurisma. N en hum de nós ouviu o Senhor falar direta m ente naquela noite, e nem vimos quaisquer manifestações sob renaturais. Mas, ao sair da casa, todos tínham os a sensação de que o Senhor havia curado Ruth. Não dissemos a ela, mas havíamos sentido a pre sença de Deus ali. E, na quarta-feira pela manhã, recebi uma chamada telefônica da parte de Ruth. Ela acabara de fazer sua segunda angiografia. Sua voz estava tão fraca que eu qu ase nã o podia ouvi-la. Ela disse: “Jack, eu fui curada”. “O quê?” “Eu fui curada” . “Você está brinca ndo ”. “Não , é verdade. O aneurisma desapareceu”. “O que disse o seu médico?” “Ele disse que eu tinha sido curada. Uma enfermeira veio ver me esta manhã, e disse-me que foi um milagre”. “Você perguntou ao médico como ele poderia explicar isso?” “Ele não tem qua lquer explicação. Disse-me que aneurismas não desaparecem voluntariam ente. O s aneurismas precisam ser corrigidos cirurgicamente. P erguntei-lhe se ele já tinh a visto algo semelhante, e ele respondeu que nunca, e que não tinha expli cação para o que acontecera, mas que eu havia sido curada”. Essa foi a primeira cura d ocum entada pela medicina, em nossa igreja. Deus m ostrara grande misericórdia po r um a de suas filhas que estava solitária, deprimida e assustada. Con tinua m os, pois, a ora r pelos enfermos, e presenciamos outras curas - algumas físi-
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cas, outras emocionais. Também vimos algumas manifestações demoníacas, embora nunca mais em cultos públicos. D uran te m inha nova av entura com o Senhor, eu havia sido prim eiram ente su rp reendido pelas Escrituras e, em seguida, pelo Espírito. Mas isso foi apenas o começo.
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^s ^u an do contatei inicialmente o D r. W hite, não sabia que, sete meses antes, encontrava-se ele moran do em A naheim , Esta do da Califórnia, e ffeqüentando a igreja de John Wimber. O irmão Wimber era então pastor da Vineyard Christian Fellowship, em Anaheim, e líder do “Movimento Vineyard”. Após minha conversa inicial com o Dr. W hite , colocara-me ele a pa r de tudo. N o momento, isto não significou muito para mim, pois jamais ouvira falar sobre Joh n W imb er o u sobre Vineyard. Isto porqu e já não lia, h á anos, quaisquer revistas populare s evangélicas, e eram estas justa m ente que traziam os relatórios sobre W im be r e a Vineyard. O D r. W hite falou-me de Wim ber de man eira positiva. Acon selhou-me, inclusive, a entrevistar-me com Wimber para falar acerca de cura divina. Em seguida, mencionou as curas operadas através de W imber; curas estas, aliás, que ele mesmo estava para averiguar. Depois disso, ouvi dizer que W im be r estava para vir a Fo rt W orth , onde faria conferências n a Igreja Batista de Lake Country. Resolvi ouvi-lo na quinta-feira à noite. Não me sentia, po rém, muito confortável em visitar uma igreja batista que estava nadand o n um movimento chamado “a terceira ond a”. Além do mais, já havia sido advertido por uns amigos a respeito de John Wimber. Segundo se dizia, coisas bizarras aconteciam nessas reu niões. Por precaução, levei comigo dez membros de minha igreja.
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Teria testemunhas que haveriam de confirmar que eu lá esti vera apenas para avaliar, e não participar. Como havíamos chegado tarde, sentamo-nos na última fi leira, bem perto da porta (só para estarmos em segurança). Os presentes já estavam cantando. Alguns erguiam as mãos, mas nada de estranho estava acontecendo. Passados 30 m inutos, o pastor Jim Hylton, um dos oradores mais requisitados entre os batistas do Sul, apresentou John Wim ber. A o assumir o púlpito, W imb er anu nciou que, naq uela noite, discorreria sobre o Reino de Deus. Imediatamente, disse comigo mesmo: Co nfron tarei cada palavra sua, avaliando-a pelas Escrituras. Já se haviam passado 20 minutos de mensagem, e eu estava ali: concordando com tudo quanto ele dizia sobre o Reino de Deus. N a realidade, eu mesmo poderia ter proferido aquela con ferência numa de minhas aulas, no seminário, e ninguém haveria de levantar qualquer objeção. E o mais surpreendente é que passei a gostar genuinamen te daquele homem. O que W imb er dizia era verdade; e ele o fazia de maneira entretenedora. Também era honesto acerca de suas próprias falhas. Parecia haver pouquíssima prete nsão naquele pregador. Depois de um a hora , mais ou m e nos, ele anunciou ter chegado “o tempo da clínica”. Pen sei eu: Tem po de clínica? Isso deixa as pessoas esquisitas. Além disso, anunciou que pediria a Deus que lhe mostrasse o que o Espírito Santo queria que fosse feito no restante daquela reunião. “Não faço idéia da direção que devemos tomar. Mas acredito que o Senh or nos m ostrará o que Ele quer que façamos esta noite. Pedirei, pois, que o Espírito Santo manifeste-se agora”, disse ele. Pedir que o Espírito Santo venha? Onde está essa oração na Bíblia? pergunte i a mim mesmo.
Fiquei ainda mais preocupado qu ando W imber anunciou que faria uma oração que não existia na Bíblia. Embora eu mesmo faça orações que não se enc on tram nas Sagradas Escrituras, pareceu-me errado Wimber haver anunciado que falaria com o Espírito San to. Ele deveria dirigir-se ao Pa i mediante Jesus, a tra vés do Espírito Santo . Pelo men os essa é a fórmula que os crentes norm alme nte u sam em suas orações.
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Como ele haveria de pedir a um Espírito onipresente que se apresentasse naquela reunião? Contudo, os salmistas rogaram ao Senhor insistentem ente para que Ele se apresentasse ao seu povo. N a verdade, eu não sabia dizer p or quê; mas aquilo me perturb ava. Talvez alguém me estivesse pertu rba nd o. E esta possibilidade me assustava. Tentei dissipar essa idéia, dizendo a mim mesmo que o Espírito Santo é um cavalheiro, e que jamais espantaria os filhos de Deus com uma teologia falha. Eu continuava perturbado. Outras pessoas, aparentemente, encontravam-se na mesma situação em decorrência da quela simples oração: “Ve m E spírito San to” . Sentindo o desassossego na audiência, W imb er resolveu interromper a sua “clínica” para admoestar os presentes. “Pedirei ao Espírito Santo que venha. Não tenham receio dos demônios ou do diabo. Q uan do o crente roga ao Pai celeste pelo Espírito Santo, Ele nunca lhe dá cobras ou escorpiões”. Com essa admoestação, todos passamos a nos sentir mais calmos e seguros. Em seguida, W im ber explicou-nos: “Os únicos demôn ios que se manifestarão são os que vocês trouxeram consigo mesmos”. Com essa observação, todos começaram a se sentir incomodados de novo, até mesmos os que detinham uma teologia perfeita. Finalm ente pediu q ue o Espírito Santo viesse. Então, W imb er ficou em silêncio, o mesmo acontecendo com a audiência. De pois de um m inuto, W im ber o lh ou para cima e disse: “Finalm en te sei o que o Se nho r que r fazer esta noite. Ele me deu algumas palavras de conhecim ento quanto às curas”. Isso significava que Deus haveria de curar algumas pessoas naquela noite. Com o jamais estivera num culto como aquele, não sabia como me comportar. Wimber confirmou: Deus queria curar os que estivessem so frendo de dores nas costas. Então, um bom número de pessoas foi à frente, a fim de receber a oração da fé, que seria feita, não por W im ber, mas por outros irmãos. Passados alguns poucos minutos, ele declarou: “Há uma mulher aqui que sofre de terrí veis dores nas costas, mas ainda não veio à frente. Venha aqui; pois o Senhor a cura rá agora m esm o”.
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Ao ouvir tal revelação, pensei: É incrível. Até ali, meus es tudos das Escrituras tinham-me feito acreditar que Deus fala conosco para advertir-nos, orientar-nos e dar-nos a direção apropriada. Todavia, nunca tinha visto alguém, fora das Escri turas, obter algo assim tão específico da parte de Deus. Agora, porém, sei que Wimber estava meramente ilustran do 1 Coríntio s 14.24-26:
Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo, ou indouto, é ele por todos convencido, e por todos julgado; tor nam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e, assim, pros trando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemunhan do que Deus está de fato no meio de vós. Que fazer, pois, irmãos1 Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação, aquele outro língua, e ainda outro interpreta ção. Seja tudo feito para edificação. Deus houvera dado a Wimber uma revelação acerca de al guém que Ele queria curar, para que toda a igreja fosse edificada. Pensei então: Isso é realmente incrível. E exatamente como Pau
lo disse que a igreja deveria ser .
Porém, ninguém veio à frente.
Pobre John Wimber! Estava indo tão bem falando sobre o Reino. Se não tivesse tentado essa tal clínica, a reunião teria sido um sucesso. Senti-me embaraçado e desapontado ao mesmo tem po. Wimber, porém, não compartilhando de meu desapontamen to, anunciou um segundo fato sobre aquela mulher: “Você foi consultar um médico há alguns dias, mas essa dor, que a perse gue há tanto tempo, não quer deixá-la. Por favor, venha à fren te”. Essa foi a coisa mais incrível que eu jamais o uvira. E ra como se fora uma das narrativas proféticas do Antigo Testamento. Porém, nenhuma mulher levantou-se ou veio à frente. Agora a tensão crescia significativamente no salão. Wimber fez uma pausa; parecia estar orando. Em seguida, declarou: “Seu nom e é M argarida” . E com um sorrido tipo vovô, acrescentou: “Margarida, levante-se e venha cá imediatamente”. Ela, pois, se levantou, e começou a andar um tanto sonolenta.
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Era a coisa mais admirável que eu já tinha visto. Fora exa tamente assim que Paulo disse que deveria acontecer. Em to dos os presentes, profunda admiração e convicção. Todavia, antes que Margarida chegasse à frente, uma onda de ceticismo e desgosto acabou por me assaltar: E se ele a pagou para agir dessa formai Ela pode vir se apresentando assim em diversos lugares. Como posso acreditar nesse pretenso milagre1 Quando a dúvida já começava a tomar conta de mim, o hom em sentado ao meu lado, a qu em eu conhecera fazia 15 anos, exclamou: “E M argarida, minh a cun had a”. A cunhada de Mike Pinkston foi até à frente naquela noite. E, tendo os irmãos orado, ela foi pron tam en te curada. Eu con he cia aquela família. Sabia que ne nh um cambalacho havia naqu ela cura. Fora realm ente um a ilustração vívida de como e ra a igreja do N ovo T esta m en to, conforme no -lo revela o capítulo 14 de 1 Coríntios. Terminada a reunião, lá estava eu. O primeiro da fila para falar com Joh n Wim ber! Leesa e eu tínham os algumas perguntas a fazer-lhe acerca dos acontecime ntos daqu ela noite. Joh n mostrou-se m ui bondoso pa ra conosco. Respon deu-no s às indagações com toda a paciência, e até deu algumas instruções, enquanto orava pelos enfermos e problemáticos. M eu conhec imen to sobre as curas e o ministério revelador do Espírito Santo era teórico, mas o de Wimber era prático. Ele sabia, realmente, como tais coisas são operadas. Foi um a noite fascinante; jamais a esquecerei. Foi a noite em que começou nossa amizade com John e Carol Wimber; uma amizade que levaria, eventualmente, a trabalharmos juntos. Durante 1986 e 1987, John Wimber e eu tornamo-nos ami gos chegados. D uran te esse período, Leesa e eu fomos a diversas conferências Vineyard. E continuam os a apre nd er mais sobre as curas e o m inistério a tual do Espírito San to, tan to nas Escrituras quanto na prática. A amizade com Wimber e meu crescente interesse pelo ministério sob renatural do Espírito Santo levaramme a renunciar minha igreja, resultando inclusive em minha demissão do Seminário Teológico Dallas onde lecionava. Antes, porém, encontrara-m e com outr o hom em que seria divinamente usado para alterar o curso de m inha vida. Seu nom e é Pa ul Cain.
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N o outo no de 1987, durante m eu últim o semestre no Sem i nário Teológico Dallas, eu havia ajudado a George Mallone a dar início à igreja Grace Vineyard, em Arlington, Texas. Em setembro, quando George e eu estávamos em Kansas City, para uma conferência, Mike Bickle, pastor da então Kansas City Fellowship (numerosa igreja com cerca de 3000 pessoas), falarame sobre o ministério de Paul Cain. Este, nos fins da década de 1940 e nos começos da década de 1950, havia desempenhado importante papel no reavivamento de curas daquela época. Mike contou-me muitas histórias fascinantes sobre alegados incidentes sobrenaturais que circundavam-lhe o nascimento, vida, e muitos milagres qu e ocorriam em seu m inistério. Em 1958, ele tornou-se tão desgostoso com a corrupção e com os abusos que se tinham cristalizado no movimento de curas do qual fazia parte, que foi obrigado a deixá-lo. Por 25 anos, viveu em relativa obscuridade, pastorean do um par de igrejas, e exercendo um ministério itinerante. Ocasionalmente, falava a grandes reuniões. M ike disse que Pau l era um m anancial de informações acerca de todos os que, durante a década de 50, alegaram terem sido usados no m inistério de cura. Ele conhecia cada pessoa pro em i ne nte den tro daquele movimento. Vira o lado bom e o lado ruim do movimento. Observara homens, dotados por Deus, começa rem bem e terminarem mal; e também convivera com aqueles que se haviam mantido incorruptíveis durante todo aquele tem po. Quando George e eu voltamos de Kansas City, convidamos Paul a almoçar conosco. Era verdade; Paul era de fato uma fonte de conhecimentos acerca de todas as personalidades e eventos daquela época. Fizemos-lhe pergun tas po r quase duas horas. N o ano seguinte, Pau l e eu tornam o-nos bons amigos. Co m partilha mos de muitas refeições, e conversávamos com freqüência pelo telefone. Durante esse tempo, porém, eu ainda não o tinha ou vido pregar ou ensinar, e nem o vira usar o dom de revelação, que o tornara famoso no início de seu ministério. Em setembro de 1988, minha família e eu nos preparamos para deixar F ort W o rth , Texas, a fim de p artir para A naheim , Califórnia, para nos unirm os a John W imber, n o m inistério da Vineyard Christian Fellowship, em Anaheim. Durante aquele
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tempo, Paul Cain e eu trabalhamos em nossa primeira reu nião. Falávamos n a Escola M inisterial de Emmaus R oad, n o Texas. A escola, dedicada ao ministério prático, é dirigida por T. D. Hall. Ta nto H al como a m aioria de seus auxiliares viera de igre jas batistas do Sul. Eles já haviam começado a crer nos dons do Espírito Santo. P aul e eu deveríamos com partilhar as respon sabi lidades de ensino para a hora m atutina, dura nte a primeira sema n a de setembro. Nos dois prim eiros dias, Paul compareceu às reuniõ es, mas não se sentia à vontade para falar. Isso era um tanto irônico, visto que eu estaria falando sobre curas, e esperava-se que Paul fosse usado pelo Sen hor nas curas. Mas n a terceira m anhã , e u vi algo que alteraria para sempre meu conceito sobre o ministério do Espírito Santo. Paul acabara de pregar sua maravilhosa mensagem, e já co meçava a orar pelos enfermos e problemáticos. Havia cerca de 250 pessoas presentes naquela manhã. Em seguida, começou a orar pelos diabéticos. Ele olhou para uma senhora com cabelos brancos à sua direita, e lh e disse: “A senhora não te m diabete; sua contagem de açúcar no sangue é baixa. Mas o S enh or a cura desse mal. Eu a vejo nu m a visão a ssentada nu m a cadeira amare la. A senhora está dizendo: Se eu pudesse ao menos fazer isso até amanhã. Suas alergias atorm entam -nas tan to que, algumas vezes, lhe deixam acordada a noite inteira. O problema com a válvula de seu coração desaparecerá em nome de Jesus, bem como a excrescência em seu pâncreas”. O temor do Senhor já tomava todo o salão. Os presentes choravam abertamente diante do poder que o Senhor demons trava por uma de suas filhas. Paul ainda disse àquela irmã: “O diabo havia lhe arranjado essa enfermidade nervosa”. Ao ouvir tais palavras, o marido daquela irmã começou a chorar. Mas imediatam ente Pau l disse: “O Senh or já interrom peu esse plano. Você não terá nenhum ataque dos nervos”. Então, subitamente Paul declarou: “Penso que isso é tudo qu an to o Senh or qu er que e u faça agora”. Em seguida, ele assentou-se n a fileira fronteiriça de bancos. Todos ficamos chocados. Jamais havíamos presenciado coisa semelhante. Embora houvesse testemunhado curas maravilho-
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sas nos anos anteriores, nunca vira um servo de Deus revelar um caso de enfermidade com tantos detalhes e, em seguida, determinar a cura em nome de Jesus. Isso fez-me lembrar do poder revelador de Eliseu, que alertou o rei de Israel quanto aos planos dos sírios. Era como as curas no Novo Testamento, onde os apóstolos ordenavam a cura em nome de Jesus. Estávamos realmente boquiabertos. Ninguém sabia como encerrar a reunião. O temor ao Senhor era tão forte que ninguém ousava agir de maneira presunçosa. Finalmente, Jack Taylor levantou-se com lágrimas nos olhos, e dirigiu-nos a todos em um hino. A mulher curada chama-se Linda Tidwell. Tive a oportuni dade de conversar com ela e com seu marido diversas vezes desde 1988. N aquela mesm a semana, ela foi ao seu médico. Sua baixa contagem de açúcar estava agora normal, e suas alergias havi am desaparecido. O sopro no coração fora curado. Sua depres são e condição nervosa, já não existiam. Enfim, os detalhes apontados por Paul foram confirmados com exatidão. Um ano mais tarde, ela me confidenciou algo que Paul lhe dissera, e que, na ocasião, não lhe parecia razoável. Ele lhe havia dito: “Vejo-a sentada numa cadeira amarela”. Ela ficou matutando sobre isto por muito tempo. Tais palavras não lhe faziam sentido, porque eles não tinham nenhuma cadeira ama rela. Foi então que ela se lembrou que, antes de haverem se m udado para Forth W orth , ela havia pintado a cadeira de balanço. E ela se tin ha esquecido de que a cor original da ca deira era o amarelo. Paul havia realmente tido uma visão de D eus. D esde aquele tempo , L inda passou a visitar as igrejas em Dallas/Forth Worth, para dar o seu testemunho. Desde setembro de 1988, venho testemunhando o Senhor usar a Paul dessa maneira. Não estou dizendo isso para exaltar o homem. Acredito que Deus esteja usando um número de pessoas como ele em diferentes partes do m undo. Acredito ainda que essa espécie de ministério está à disposição da igreja atual.1 Pois o Senhor nos tem dado meios para cultivar esse ministé rio. Infelizmente, há desvios que podem impedir o avanço des se ministério em nossos dias.
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N as páginas que se seguem , quero com partilhar com você algumas das coisas que tenho aprendido nestes últimos anos, tanto nas Escrituras como na experiência prática. Elas o ajudarão a aprender como perseguir e experimentar os dons do Es pírito sem os abusos que ta nto vem pre ju dic ando a O bra de Deus. Também quero compartilhar com você das objeções teológicas que eu tinha ao atual ministério do Espírito Santo, bem como as respostas que rem overam de mim tais objeções. Finalmente, quero discutir os temores e os empecilhos que tenho experimentado ao tentar ministrar no poder do Espírito Santo, e como essas coisas vêm sendo removidas.
CONCEPÇÕES DESPEDAÇADAS
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T_Jm psiquiatra teve uma vez um paciente que se julgava morto. Nenhuma argumentação conseguia convencê-lo do con trário. Finalmente, em desespero, o psiquiatra saiu-se com um plano brilhante . Ele resolveu que provaria ao pacie nte que as pessoas mortas não sangram. D eu-lh e vários m anuais médicos a serem lidos, e marcou u m enco ntro pa ra a sem ana seguinte. O paciente leu os manuais, e chegou no consultório no dia combinado. “Bem, o qu e você descobriu na leitura?” pergu nto u o psiqui atra. “Descobri que as evidências médicas provam que homens m ortos não sangram” , retruco u o paciente. “Portan to, se um a pessoa chegasse a sangrar, você saberia com certeza que ela não estaria morta!?” O paciente concordou. Aquele era o momento que o psiquiatra estava esperando. Puxou de um alfinete, e espetou a ponta do dedo do paciente. Imed iatamen te ap areceu um a gotícula de sangue. O paciente olhou para seu dedo e, horrorizado, exclamou: “O h, m eu Deus! Hom ens mortos re almen te sangram!” Tod os gostamos de pens ar que somos pura m ente razoáveis e objetivos. Mas a verdade é que, conforme alguém já disse, geral-
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mente forçamos o nosso cérebro a justificar aquilo em que já cremos. Eu também era um daqueles crentes que amam dizer a si mesmos que não vivem conforme as suas experiências, mas de acordo com a Palavra de Deus. Minha prática e minhas crenças eram determinadas pelos ensinamentos das Santas Escrituras — ou assim pensava eu. Somente em anos recentes a arrogância dessa convicção torn ou-se p aten te para mim. D e alguma maneira, devo ter pen sado que era um a exceção ao ensino de Jeremias 17.9: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Que me teria feito pensar ser o meu coração tão puro que podia enten der claramente meus motivos para crer e fazer as coisas que eu fazia? A verdade é que todos temos muitas razões para acredi tar e fazer as coisas, e as Escrituras são uma dessas razões. Algumas vezes, as Escrituras nem ao menos são a razão primá ria de nossas crenças e práticas, sem imp ortar o qua nto p rotes te mos o contrário. A idéia de que se pode chegar a um a pu ra objetividade bíbli ca na determinação de todas as práticas e crenças é uma ilusão. Todos somos significativamente influenciados pelas circunstân cias: a cultura na qual vivemos, a família na qual crescemos, a igreja que atendemos, nossos professores, desejos, alvos e desa ponta m ento s, nossas tragédias e traum as. Noss a experiência de termina muito mais do que estamos cônscios ou admitimos. Perm ita-me ilustrar esse ponto para você. E comum os pro fessores de tedlogia protestarem que as Escrituras, e não suas experiências, é que determinam sua doutrina. Se você pergun tar a um professor do Seminário Dallas o seu ponto de vista sobre o Milênio (o reinado de mil anos de Cristo na terra, descrito em Apocalipse 20.4-6), ele responderá que é prémilenista. Isso significa que Cristo reinará aqui por mil anos, antes da criação dos novos céus e da nova terra. Se você per guntar por que acredita nisso, ele declarará que esse é o claro ensino das Escrituras. Mas se você fizer a mesma pergunta a um professor do Se minário Westminster, provavelmente ele responderá que ele é amilenista (diferente do Seminário Dallas, o Seminário Westminster não exige de seus professores esse ponto de vista
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sobre o Milênio, mas a maioria deles é amilenista). Isso signi fica que não haverá um reinado de mil anos de Jesus sobre a terra, entre a sua segunda vinda e a criação dos novos céus e da nova terra. E, também, se lhe perguntarmos por que crê assim, ele responderá que esse é o claro ensino das Escrituras. N ão podem am bos esta r com a razão, mas podem estar sem qualquer razão. A verdade é que tanto o Seminário W estm inster quanto o Seminário Dallas têm piedosos, inteligentes e habilido sos intérprete s das Escrituras que discordam num as poucas do u trinas. Não obstante, ambos os lados defenderão suas posições dizendo ser esse o claro ensino das Escrituras. Suspeito que essa não é a verdade inteira que cerca a questão. A verdade é: se tomarmos um estudante que não ten ha po sição sobre o Milênio, e o enviarmos ao Seminário Westminster, pro vavelm ente ele acabará sen do um amilenista. Porém , se en viássemos o mesmo aluno ao Seminário Dallas, seria ainda mais provável que ele saísse dali um pré-m ilenista. H averá poucas exceções a essa regra. Nosso meio ambiente, nossas tradições teológicas e nossos mestres têm todos muito a ver com o que acreditamos. Em alguns casos, têm m aior influência sobre o que cremos do q ue a próp ria Bíblia. Consideremos o exemplo seguinte. Tanto o amilenista quan to o pré-milenista estariam d efinidam ente equivocados. Se o prémilenista estiver errado, então não importa o quanto ele venha a protestar; a verdade é que a sua d ou trina nã o se teria derivado das Escrituras, porquanto não constaria delas. Com o passar dos anos, tenho observado que a maior parte daquilo que os crentes a creditam não se deriva do paciente e stu do das Escrituras. A maioria dos crentes acredita no que acredita porq ue piedosos e respeitados mestres os ensinaram assim, como já vi ilustrado por cente nas de casos. M as o que conto abaixo é um dos que nunca esquecerei. Os formandos de seminários que desejam entrar no programa doutoral precisam passar tanto por exames escritos quanto por exames orais, antes de serem admitidos. Com o professor, um a de minhas tarefas era ajudar a ad ministrar esses exames juntam en te com alguns de meus colegas. N aquele dia partic ular, estávamos examin ando três jovens candidatos. Ministrávamos os exames orais, a parte mais impo r
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tante dos requisitos de entrada. Nesse exame, quatro a cinco professores interrogam os alunos sobre linguagem hebraica, ar queologia, outros campos técnicos de estudo relativos ao Antigo Te stam ento e acerca de suas visões pessoais da teologia. A razão para este últim o aspecto do exame é que não queremos dar o título de doutor a um estudante cuja teologia o seminário não aprove. O primeiro estudante a ser examinado naquele dia havia al cançado conceito A em quase todas as matérias, em seu an terior treinamento de seminário, e ensinara por um ano em outro seminário. Ele respondeu prontamente a todas as per guntas técnicas sobre o Antigo Testamento. A última parte do exame dizia respeito aos seus pontos de vista teológicos. Na quele dia, foi decidido que eu lhe faria as perguntas. M inh a pri meira indagação foi: “O que você pensa sobre a deidade de Jesus Cristo?” Sua resposta foi rir-se de mim —algo não muito bom durante u m exame doutoral! E melhor esperar obter a graduação para então zombar dos professores. Disse-lhe, então, que era sé rio, e que realmente estava interessado em saber o que ele pen sava acerca da deidade de Jesus. “Bem, creio na plen a deidade do Senhor Jesus Cristo”, repli cou ele. Disse-lhe que era bom que ele acreditasse na deidade do Senhor Jesus Cristo, pois também acreditávamos. Em seguida, perguntei-lhe p o r qu e ele acreditava na deidade de Cristo. “Porque as Escrituras ensinam que Jesus é Deus”, disse ele. “Ótimo, é nisso que também cremos. Agora, diga-nos um texto específico, do Antigo ou do Novo Testamento, que ensi na de forma nada ambígua de que Jesus é Deus”. Pela primeira vez, durante todo o exame, o ar de confiança desvaneceu-se de seu rosto. Ele hesitou por um momento, e então asseverou: “A deidade de Jesus é ensinada por toda a parte no Novo Testamento”. “Poderia você ser um pouco mais específico? Diga-nos um texto que o declare sem qualquer ambigüidade”. Depois de hesitar pelo que me pareceu um tempo muito lon go, ele finalmente explodiu com: “Eu e o Pai somos um”.
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Confirmei ser aquela a afirmação de João 10.30, mas signi ficaria realmente que Jesus é Deus? Eu poderia dizer-lhe, para exemplificar, que ele e eu éramos um; mas isso provaria que éramos o mesmo, ou da mesma família? Jesus poderia estar querendo dizer que Ele e o Pai tinham um só propósito. Ele desistiu de usar João 10.30. Não sabia o bastante para citar os próximos versículos, que demonstravam claramente te rem os judeus entendido sua declaração como uma reivindica ção de deidade. Tivesse-os citado, eu teria admitido que essa passagem ensin a de fo rm a clara a deidade de Jesus. N o fim, poré m, ele não pôde citar-nos um a só passagem bíblica sobre a deidade do S enho r Jesus Cristo. Ali estava um h om em que havia completado quatro anos de colégio bíblico e quatro de seminá rio, que era mestre em teologia e ensinara por um ano em um seminário bíblico conservador. En tretanto , nã o era capaz de citar uma única referência sobre a deidade de Jesus! Minha pergunta seguinte era sobre como alguém pode che gar ao Céu. Queríamos que ele nos desse uma clara referência à doutrina da justificação pela fé no Senhor Jesus Cristo. Re petiu-se a situação da prim eira pergunta . Ele não foi capaz de apontar uma só referência sobre a justificação pela fé em Jesus Cristo. Q uan do fiz a terceira pergu nta - o que ele pensava acerca dos dons miraculosos do Espírito Santo -, sua confiança pare ceu retornar. Com firmeza, respondeu que tais dons não mais eram dados à igreja. Novamente, argumentou que esse era o claro ensino das Escrituras. Perguntei-lhe qual a mais forte evidência, na Bíblia, de que os dons miraculosos do Espírito haviam passado. “A Bíblia ensina que houve apenas três períodos em que os milagres eram comuns na história do trato de Deus com o seu povo: nos dias de Moisés e Josué, de Elias e Eliseu e de Cristo e seus apóstolos —três períodos de duas gerações cada. Os mi lagres tornar-se-ão comuns novamente durante o reinado do Anticristo, na Grande Tribulação”, respondeu, sem hesitação. “Você chegou a essa posição devido a um cuidadoso estudo indutivo das Escrituras?” perguntei. “Correto”.
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Nesse ponto, eu sabia que ele não estava dizendo a verdade. Ele não chegara a essa posição mediante um cuidadoso estudo das Escrituras. Benjamin Breckrenridge Warfield, o teólogo de Princeton, tinha popularizado essa posição no começo do sécu lo XX, expediente que os teólogos reformados e dispensacionalistas têm usado desde então. O mesmo ensino foi passado por um ou mais dentre nós aos estudantes, e agora ele estava tentando convencer-me de que havia chegado àquela conclusão mediante um cuidadoso estudo das Escrituras. Sua desonestidade era mais do que eu estava disposto a to lerar, pelo que lhe disse: “Vejamos se você é capaz de defender sua posição. Comecemos pelo primeiro capítulo de Gênesis. Vamos percorrer o livro para ver se há nele evidências bíblicas que sustentem essa teoria. Lembre-se que deveríamos achar somente três períodos em que os milagres são comuns. Que teve lugar no primeiro capítulo da Bíblia?” “Foi ali que Deus criou o mundo”. “Que dizer sobre o segundo capítulo?” “Essa é a história da criação do mundo, com o homem no centro”. “E no terceiro capítulo?” “Foi quando o diabo tentou Adão e Eva, e levou-os a pecar. Então, Deus teve de expulsá-los do jardim do Éden”. “Essas coisas foram miraculosas?” “Bem, sim, mas é preciso começar por algum ponto”. “Muito bem. Que dizer sobre o quarto capítulo?” “Foi o primeiro homicídio”, disse ele. “O capítulo quinto é uma genealogia. Que aconteceu nos capítulos seis a nove?” “Deus varreu a terra inteira com o dilúvio, salvando oito pessoas, na arca; espécimes de cada anim al vivo foram miracuíosamente salvos”. “E no capítulo dez?” “Outra genealogia”. “E no capítulo 11?”
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“Conta-se ali a história da torre de Babel, onde Deus des ceu e confundiu a língua de todas as famílias da terra”. “Portanto, os 11 primeiros capítulos de Gênesis não se ajus tam bem à sua teoria, não é verdade?” “Sim, mas isso é história primeva; quero dizer que você es peraria coisas como essas, no começo”. “O. K. Por amor à argumentação, vamos eliminar os 11 pri meiros capítulos da Bíblia. No capítulo 12 e no restante do livro de Gênesis, movemo-nos para uma simples narrativa bi ográfica. Que aconteceu no capítulo 12?” “Deus chamou soberanamente a Abraão para deixar Ur dos caldeus e partir para uma terra onde começaria um programa para re dim ir a hum anid ade inteira”. “Você percebe algo sobrenatural ou miraculoso em outro ponto na vida de Abra ão?” “Bem, no capítulo 15 houve o forno ardente e a tocha fla mejante que passou entre as partes do sacrifício que Abraão tinha arrumado [ver Gn 15.17]. Além da conversa com Deus, no capítulo 17, o Senhor e seres angelicais aparecem a Abraão, no capítulo 18, e comem com ele. Em seguida, acontece a des truição de Sodoma e Gomorra, quando os céus chovem fogo e enxofre sobre as duas cidades [ver Gn 19]. Temos ainda o nas cimento sobrenatural de Isaque, no capítulo 21, e o encontro de Abraão com o anjo do Senhor, na ocasião em que oferece Isaque sobre o altar, no capítulo 22”. “Por conseguinte, a vida de Abraão não se presta à teoria de que os milagres foram comuns apenas nos tempos de Moisés e Josué, não é verdade?” “Não”. “E que dizer sobre Isaque, Jacó ou José? Haveria em suas vidas algo de miraculoso ou sobrenatural?” “N o capítulo 28 - a visão messiânica dos anjos que subiam e desciam pela escada, quando Jacó dormiu”. “Que mais sucedeu na vida de Jacó?” “N o capítulo 32. Ele luto u com Deu s - ou seja, o Cristo pré-e ncarn ado - pela noite toda. Além disso, no caso de José houve todos aqueles sonhos e interpretações”.
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“Portanto”, disse-lhe, “até onde vão as evidências, o livro de Gênesis não serve para apoiar sua teoria, não é verdade?” “É verdade”. “Agora, estamos no livro de Êxodo, e já vimos que a vida de Moisés e de Josué contêm milagres e ocorrências sobre naturais. Portanto, deixemos os livros de Êxodo a Josué, e passem os ao livro dos Juízes. Você vê algo de m iraculoso nesse livro?” Ele respondeu: “Bem, o Anjo do Senhor apareceu a Gideão, e houve aquela questão do velo de lã. O Anjo do Senhor apa receu também aos pais de Sansão; e houve o próprio poder miraculoso de Sansão”. “Portanto, o livro de Juízes não se ajusta à sua teoria, não é assim?” “Não”. “O que temos no livro de 1 Samuel?” “Um profeta cujas palavras não caíam por terra” (1 Sm 3.1921).
E assim a discussão prosseguiu. Capítulo após capítulo, o estudante foi forçado a alistar ocorrências miraculosas e sobre naturais que contradiziam sua asserção de que milagres só ocor reram em três períodos da história de Israel.1Desta maneira, o estudante não somente foi forçado a admitir que não podia defender a sua posição, mas também a reconhecer que as Es crituras a contradizem. Depois que ele partiu, examinamos dois outros jovens pro missores. Ambos saíram-se bem nas questões técnicas, mas seu desempenho nas questões teológicas foi quase tão miserável qua nto o do primeiro - fiz a todos as mesmas perguntas. Q ua n do o último estudante partiu naquele dia, observei a meus colegas quão desapontadora fora toda a experiência. Declarei: “Esses estudantes não estão crendo em alguma coisa porque a Bíblia assim o ensina, mas porque certas pessoas de influência em suas vidas incutiram-lhes essas doutrinas. Eles não obtive ram suas crenças por terem estudado cuidadosamente as Escri turas. Nem ao menos podem defender suas crenças, usando as Escrituras”.
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Um dos professores mais idosos disse: “Isso é verdade; mas eu teria de dizer que a experiência de hoje é mais a regra do que a exceção, nesses exames”. Todos aqueles estudantes vieram ao exame confiantes de que suas crenças eram baseadas nas Escrituras, mas estavam completamente iludidos. Se esta era a situação de um seminá rio, como seria num ambiente não acadêmico? A experiência e a tradição determinam a maior parte do que crêem as pessoas ligadas às igrejas evangélicas, em lugar de um cuidadoso, paci ente e pessoal estudo das Escrituras. Escreveu J. I. Packer: “N ingu ém po de reivindicar estar isen to das tradições. De fato, uma maneira segura de ser engolido por essas tradições consiste em pensar que se está im une às mesmas... A questão, portanto, não é se temos tradições, mas se nossas tradições conflitam com o padrão único e absoluto sobre essas questões: as Santas Escrituras”.2 Contudo, nem Packer, nem eu estamos sugerindo que toda tradição é má. Concordo com a declaração de Packer no sen tido de que:
Todos os crentes são, ao mesmo tempo, beneficiários e vítimas das tradições. Beneficiários, por receberem verdade e sabedoria nutrientes da fidelidade de Deus em gerações pas sadas; vítimas, quando tomam como automáticas coisas so bre as quais é preciso indagar, pois acabam tratando como absolutos dhános padrões de crença e comportamento que devem ser vistos como humanos, provisórios e relativos. Somos todos beneficiários de tradições boas, sábias e sãs, e vítimas de tradições pobres, sem sabedoria e enfermas.3 Há muitos crentes, para exemplificar, que acreditam na deidade de Jesus, mas não poderiam jamais defender sua dei dade com base nas Escrituras. Embora creiam que as Escrituras ensinem que Jesus é Deus, não chegaram a essa crença medi ante um estudo cuidadoso das Escrituras, mas por ser parte das tradições que lhes foram entregues por seus mestres. Neste caso, os crentes beneficiam-se da tradição porque ela se ajusta per feitamente ao ensino das Escrituras. En tretan to, q uand o nosso sistema de crenças estende-se para além dos fundamentos básicos da fé (a deidade de Jesus, a jus
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tificação pela fé, a morte expiatória de Jesus, e assim por dian te), para coisas não-fundamentais (a forma de batismo ou de conduzir a Ceia do Senhor, ou alguma visão particular do Mi lênio) ficamos muito mais dependentes das tradições do que nos apercebemos. Nesses casos, Packer nos oferece um sábio conselho: “O que deveríamos fazer é reconhecer que estamos cobertos de tradições, boas e más, a uma extensão muito maior que a nossa percepção, e devemos aprender a indagar à luz das Escrituras, perguntas críticas acerca do que temos aceito sem discussão”.4 Alguns, no e ntan to, deixam de reconhecer a im portância das tradições e de outros fatores em nosso meio amb iente n a d eter minação e moldagem de nossos pontos de vista. Edward Gross indaga po r que há tantas interpretações. Eis sua resposta:
Há duas simples razões pelas quais há tantas interpreta ções: a ausência de um estudo abrangente e a falta de seguir as simples regras da hermenêutica (a ciência da interpretação bíblica).5 Em seguida, ele cita três regras hermenêuticas, sumariadas por Charles Hodge: as Escrituras devem ser interp re tadas em seu sentido gramatical e histórico; as Escrituras inte rpretam as Escri turas e não podem contradizer-se; a orientação do Espírito Santo deve ser buscada par a se inter pre tar as Esc rituras.6 Gross co n cluiu que: O emprego dessas regras nos ajudará na determinação do verdadeiro sentido das Escrituras. Se os crentes constante mente se unissem através de uma completa investigação des sas simples regras, as diferenças de interpretação praticamen te desapareceriam.7 Estou certo de que existem outros que crêem sinceramente, como Gross, que a falta de estudos sobre as diferenças hermenêuticas podem explicar a diversidade teológica contem porânea. E ntretanto , penso não existirem m uitos teólogos h a bilidosos nem intérp retes re alm ente conhecedores das Escritu ras que concordem com Gross.
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Quando eu ensinava no Seminário Dallas, todos os mem bros da faculdade que eu conhecia concord avam com as três regras sumariadas por Hodge, e todos acreditávamos no estudo abrangente da Palavra. No entanto, discordávamos de maneira significativa da posição teológica reformada que Gross cita por todo o seu livro. Porventura nós, os dispensacionalistas, não estudamos as Escrituras tão acuradamente quanto os teólogos reformados, dos quais discordamos? Estaríamos sendo inconsis tentes em nossa aplicação dos três princípios hermenêuticos? A verdade óbvia é que a falta de um estudo mais abrangente das Escrituras e princípios diversos não podem explicar a maioria das modernas diferenças teológicas.8
As Tradições e os Dons do Espírito Se você trancasse um crente recém-convertido em uma sala, com uma Bíblia, e lhe dissesse para estudar o que as Escrituras dizem sobre curas e milagres, ele jamais sairia daquela sala como um cessacionista. Sei disso por experiência própria. Antes de converter-me, aos 17 anos de idade, eu não tinha qualquer treinamento teológico, nem nas Escrituras, nem na história do Cristianismo. Imediatamente após o Senhor ter-me salvo, co mecei a devorar as Escrituras. Lia-as dia e noite, e as memori zava. Porém, quando comecei a inquirir de meus recém-achados mestres evangélicos acerca dos milagres nas Escrituras, fui ensinado que Deus não mais os realiza através dos homens. Fui ensinado que o verdadeiro milagre, o único que realmente im porta , era a conversão dos perd idos. V isto serem pessoas pie dosas - a quem eu respeitava - que me estavam dizendo tal coisa, e que eu não via qualquer milagre em minha própria experiência, para contrabalançar esse ensino, aceitei o parecer delas como veraz. Dediquei-me ao evangelismo, e logo me es queci dos milagres e das curas. Esse não é um sistema doutrinário que se adota espontane amente. Foi preciso que m e en sin assem que os dons do Espí rito haviam passado. Agora, 27 anos depois, tenho o privilégio de estar em ambos os lados desse debate teológico. Estou abso lutamente convencido de que as Escrituras não ensinam que os dons do Espírito passaram com a morte dos apóstolos. Não é o
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ensino bíblico que tem levado pessoas a desacreditarem no ministério miraculoso contemporâneo. Há uma razão fundamental pela qual crentes que confiam na Bíblia não acreditam na atualidade dos dons miraculosos do Espírito Santo: eles nunca os viram. Suas tradições, naturalmente, apoiam essa falta de fé, mas elas não teriam sucesso se não estivessem ligadas à falta de experiência com milagres. Deixe-me reiterar o que já disse: os crentes não descrêem nos dons miraculosos do Espírito por ser este um ensino das Escri turas, mas porque ainda não os experimentaram. N e n h u m dos escritores cessacio nis ta s que conheço te n ta firmar seu ponto à base exclusiva das Escrituras. Todos ape lam tanto para as Escrituras quanto para a história presente e passada em apoio a essa sua posição.9 G eralm ente passa despercebido que esse apelo à história, quer passada quer p resen te, é, n a realid ade, um argum ento baseado n a experi ência, ou, melhor ainda, alicerçado sobre a falta de experi ência. Estava eu argumentando com um bem conhecido teólogo sobre os dons do Espírito. Comentei que não havia, na Bíblia, a mínima partícula de evidência de que os dons do Espírito haviam passado. Ele retorquiu: “Eu não iria até esse ponto, mas sei que não se pode provar a cessação dos dons do Espírito mediante as Escrituras. Entretanto, não os vemos claramente na história posterior da Igreja, e nem fazem parte de nossa própria tradição teológica”. Esse homem ensinava em um seminário dogmaticamente cessacionista, mas em suas conversas privadas admitia livremente que sua doutrina não podia ser comprovada pelas Escrituras. Ele mencionou a segunda mais importante razão por que as pessoas hoje descrêem nos dons do Esp írito: não há, na histó ria da Igreja, milagres da qualidade daqueles do Novo Testa mento. E a terceira razão mais comum para essa descrença é o abuso perceptível dos dons, nas igrejas e movimentos contem porâ neos de curas. N enh um a dessas razões, afinal, encontram -se nas Escritu ras. Elas estão todas baseadas sobre a experiência pessoal. N a
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realidade, nos dois primeiros casos, estão fundamentadas sobre a falta de experiência. E comum acusar-se os pentecostais de edificarem sua teolo gia sobre a experiência pessoal. Entretanto, os cessacionistas, em última análise, edificam sua teologia a respeito dos dons miraculosos sobre sua falta de experiência. Até o próprio abuso dos movimentos contemporâneos é um argumento baseado na experiência negativa com os dons. O que estou a dizer, por conseguinte, é que as razões verdadeiras para a descrença na atualidade dos dons do Es p írito não se baseiam nas E scrituras, mas n a experiê ncia. Nos capít ulo s que se seguem, exam inarem os essas razões com maiores detalhes.
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Porque Muitos Crentes Não Crêem nos Dons Espirituais
No encerram ento do capítulo anterior, afirmei que a verda
deira razão pela qual os crentes não crêem na atualidade dos dons do Espírito é não terem presenciado milagres. Contudo, ninguém admite abertame nte que essa é a causa de sua incredu lidade. Tive nu m erosas conversas com teólogos e leigos de todas as partes do mund o. Q uan do lhes perguntava porque rejeitavam os dons miraculosos do Espírito, respon diam que os “ministérios de cura” contemporâneos são muito diferentes do ministério dos apóstolos. E eu também costumava pensa r dessa forma. Quando examinava os ministérios de cura de Jesus e seus apóstolos, via instan tâne as, irreversíveis e completas curas.1T am bém via-os curar as mais difíceis doenças imagináveis. Pessoas que nasciam cegas podiam, de repente, ver; os mancos podiam andar e mesmo saltar de alegria; leprosos recebiam peles limpas e suaves; membros aleijados e deformados tornavam-se sãos e fortes de novo; mortos eram trazidos de volta à vida; e tempes tades ferozes recebiam ordens de acalmar-se. Parecia qu e Jesus e seus apóstolos podiam c urar à vonta de, sob quaisquer condições. Eu não conhecia ninguém que tivesse experimentado ou mesmo visto curas como aquelas. Todos os relatos de curas que tin h a ouvido soavam como se fossem psicossomáticas —a do r de cabeça de alguém desaparecia porque suas tensões mentais eram aliviadas. Quando alguém me contava de uma cura orgânica, eu não pod ia verificá-la. Eram-m e sempre relatadas po r terceiros.
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Visto que tanto eu como aqueles em quem eu confiava jamais havíamos te stem unhado um a cura verdadeiramente ins tantânea, irreversível e completa, como no tempo dos apósto los, concluíamos que elas não mais aconteciam. As curas gra duais, parciais e algumas vezes reversíveis que ocorrem atual mente, as quais eu não podia averiguar, não se equiparavam ao que eu presumia ser o dom de curas do Novo Testamento. À primeira vista, nosso motivo de rejeição parecia-se com um argumento bíblico, mas, em última análise, não é assim. Quando muito, é apenas uma confissão de falta de experiência. O argumento diz tão-somente que eu não vejo um ministério contemporâneo que inclua milagres da qualidade do Novo Testamento. Porém, minha tão limitada experiência não pode ser usada como prova de que tal ministério inexista. Acredito que Deus, atualmente, opere milagres de qualida de idêntica aos do Novo Testamento, e que os tem realizado através de toda a história da Igreja. Mas, por amor ao argu mento, suponhamos que nenhum ministério dessa natureza exista atualmente. Nem isso conseguiria provar que Deus re tirou o ministério miraculoso do Novo Testamento. Teríamos de saber a razão pela qual esse ministério não existe na atu alidade. De fato, uma das razões poderia ser a de que Deus o retirou intencionalmente. Entretanto, o motivo final para a cessação dos dons poderia ser devido à reação da Igreja atual. O soerguimento de uma liderança burocrática talvez tenha triunfado sobre os indivíduos “espiritualmente dotados”. Ou sua ausência poderia ser devida à incredulidade generalizada na Igreja, ou ainda a outros fatores. Como devemos decidir? Não apelando para aquilo que ve mos ou não vemos, mas apelando para o ensino claro e espe cífico das Escrituras. E isso fá-lo-emos em breve; mas por en quanto quero trabalhar o ponto de que a real ou perceptível ausência dos dons miraculosos não é um argumento alicerçado nas Escrituras, e sim na experiência. Há também alguns problemas bíblicos com relação às curas no Novo Testamento, conforme já estabeleci. Esses problemas estão alicerçados sobre duas falsas suposições.
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Falsa suposição número 1: a cura era “automática” A primeira suposição é que os dons de cura de Jesus e dos apóstolos eram “automáticos”. Por “automático”, retiro-me à idéia de que eles poderiam curar qualquer um, em qualquer tempo e lugar, à sua vontade. Eu considerava os dons de cura uma possessão permanente a ser exercida com grande discri ção. Imaginava que eles pudessem operar curas e milagres ou pro fetizar conform e tivessem vonta de.2 Se essa é a sua posição acerca dos dons de cura, posso ga rantir que você jamais encontrará alguém que os possua. Exa m inand o as Escrituras, você terá de concluir que tamp ouco Jesus e seus apóstolos os possuíam! Eles não podiam curar à vontade —em qualq uer te m po e lugar, sob quaisquer condições. Três incidentes na vida de Jesus demonstram que Ele não possuía essa liberdade de cura r. Ao rela ta r a his tó ria da cura do paralítico, em C afarnaum , Lucas escreveu: “O ra, aconteceu que num daqueles dias, estava ele ensinando, e acbavam-se ali as sentados fariseus e mestres da lei, vindos de todas as aldeias da Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar” (Lc 5.17, grifo meu). Qual o motivo de Lucas ter dito que “o poder do Senhor estava com ele para curar”, se Jesus podia curar a qualquer tempo, sob quaisquer condições e por critérios próprios? Essa declaração só faz sentido se virmos as curas como uma prerro gativa soberana de Deus Pai, o qual algumas vezes dispensa seu poder para curar, e outras vezes o reté m .3 O segundo incidente é igualmente esclarecedor. João 5 con ta a história da cura do hom em que estava paralítico havia 38 anos. Ele estava deitado junto ao poço de Betesda quando Je sus se encontrou com ele. Havia também muitos outros enfer mos ao redor do poço, devido à tradição que dizia que uma vez por ano o anjo do Senhor descia para agitar as águas do poço, e que o primeiro que se atirasse nas águas em movimento seria curado. Por conseguinte, o poço de Betesda era como um hos pital, para onde as pessoas traziam seus amigos, parente s e amados, a fim de cuidar deles, na esperança de serem os pri-
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meiros a cair nas águas. O ponto é que, ao encontrar Jesus o paralítico, havia m uitos outros doentes ao redor do poço (Jo 5.3). Jesus formulou ao paralítico uma pergunta que tem intriga' do a muitos: “Queres ser curado?” (Jo 5.6). Nunca entendi o significado dessa pergunta até começar a orar pelos enfermos. Eu supunha que todas as pessoas enfermas quisessem ser cura das, sobretudo aquelas que têm males crônicos, como a parali sia e a cegueira. Mas agora, tendo orado por milhares de pes soas ao redor do globo, durante os últimos sete anos, tenho descoberto que certas pessoas não desejam a cura. De fato, toda a sua identidade prende-se à doença, e elas têm medo das trans formações que ocorrerão em suas vidas caso sejam curadas. Se você suspeita ser este o caso de alguém que você qu er ver curado, é im por tante aconselhá-lo e identificar o problema antes de orar por ele. Seja como for, o hom em nunca respondeu se queria ser curado, mas Jesus curou-o instantânea e completamente. Era de supor que Jesus curasse outras pessoas ali, em redor do poço de Betesda. Em muitas ocasiões, nos evangelhos, Cris to havia curado multidões de pessoas. Por diversas vezes en contramos a declaração “e curou todos os que estavam doen tes” (Mt 8.16; 12.15; Lc 6.19). Não obstante, Jesus curou so mente aquele homem, à beira do poço de Betesda. Por que motivo Ele ignorou os outros enfermos? Imediata mente após a cura, encontramos Jesus envolvido em uma dis p u ta teológica com os líderes religiosos dos ju deus. E aqui Ele responde à pergunta, além de informar o princípio que gover nava todo o seu ministério. João 5.19 revela: “Então lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho tam bém sem elhan tem ente o faz”. Jesus curou apenas uma pessoa à beira do poço de Betesda, naquele dia, porque o Pai só estava curando um a pessoa. Se o Pai não es tivesse curando, Jesus também não poderia curar, pois devota va total obediência à soberana vontade do Pai, em todos os aspectos de seu ministério. Jesus não podia curar conforme sua pró pria vontade, porq uanto estava comprometido não fazer nada
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indep endente da vontade do Pai; fazia somente o qu e agradava a quem o enviara. E esse não é um ensino isolado, mas um dos temas principais do evangelho de João. Por várias vezes Jesus afirmou só fazer o que seu Pai fazia. Disse também que o en sino que ministrava não era seu; provinha daquEle que o en viara (Jo 3.34; 5.30; 7.16; 8.28; 12.49,50; 14-10,24,31). Incidentalmente, esse princípio responde a uma pergunta que me v inha fazendo o temp o todo: “Se você acredita em curas e pensa ter esse ministério, por que não sai a esvaziar hospi tais? Por que não percorre as favelas ou lugares como Calcutá, na índia, onde poderia fazer um grande bem?” A resposta a essa pergunta é que o dom de curas não é automático, nem pode ser exercido segundo nossos próprios critérios. O próprio Senhor Jesus esteve em um “hospital”, mas curou somente um homem. A única maneira de desenvolver um eficaz ministério de curas em algum hospital ou nas favelas de Calcutá seria pela direção do Senhor Jesus Cristo. O mesmo princípio é válido quando a pergunta é formulada de maneira diferente. Ocasionalmente, perguntam-me por que enfermidades mais sérias não são curadas tão facilmente quan to as “triviais”. Por que, em algumas ocasiões, são dadas pala vras de conhecimento para orar por pessoas com enxaqueca, mas não por alguém preso a uma cadeira de rodas? Os céticos chamam isso de tragédia e expressam “preocupação” por aque les presos a cadeiras de rodas que não são curados. E zombam da cura de enfermidades como as psicossomáticas. Se as pessoas que conduzem as reuniões não são fraudes, mas servos sinceros que realmente procuram seguir a orienta ção do Senhor, com certeza não saberão dizer que tipos de cura irão ocorrer. De acordo com o princípio de João 5.19, Deus decide quem será curado, e dirige seus servos de acordo com sua vontade. É nossa responsabilidade ouvi-lo e seguir e sua orientação, ao invés de determinar quem será curado. As pessoas que zombam quando Deus resolve curar as en fermidades mais corriqueiras em vez de resolver os casos difí ceis, podem estar zombando da sabedoria e da vontade de nosso Pai. Por outro lado, se “curadores” prom ete m que Deus livrará pessoas das cadeiras de rodas, da cegueira, e assim por diante,
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em suas reuniões particulares, e isso não acontece, estão abrin do espaço para críticas. Ne ste último caso, tanto o discernimen to quanto a integridade dos que estiverem dirigindo as reuniões poderã o ficar sob suspeita. Um terceiro incidente demonstra, de forma conclusiva, que Jesus não curava de acordo com sua própria vontade. Ele retornava à sua casa, em Nazaré, deixando atrás de si um povo ofendido, o de sua cidade, porque “não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Admirou-se da incredulidade deles” (Mc 6.5,6). Mateus relata o mesmo incidente, dizendo que Jesus “não fez ali mui tos milagres, por causa d a incredulidade deles” (M t 13.58). Em outras palavras, Deus permitiu fosse o ministério de seu Filho limitado, pelo menos em determinadas ocasiões, devido à in credulidade do povo. Assim, Jesus não podia curar de forma independente do Pai, pela sua própria vontade ou em qualquer circunstância.4 Se isso era verdade quanto ao Filho de Deus, quanto mais com os apóstolos? E, ao examinarmos o ministério dos apósto los, o que encontramos? Disse-lhes Jesus, em João 15.5: “Sem m im n ad a podeis fazer”. Jesus dissera a mesm a coisa a respeito de si mesmo: “Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, ju lg o” (Jo 5.3 0). Os apóstolos, igualm ente, nada podiam realiza r de miraculoso à parte da soberana vonta de de Deus. Encontramos numerosas ilustrações desse princípio nas vidas dos apóstolos. Por exemplo, quando o Senhor usou a Pedro para curar o aleijado da porta Formosa (At 3.1ss), o povo olhava admirado para o apóstolo. Pedro sen tiu-se horrorizado com a possibilida de de ser a cura creditada a ele, e explicou ao povo: “Israelitas, por que vos maravilhais disto, ou por que fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar? O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós traístes e negastes perante Pilatos, quando este havia decidido soltá-lo” (At 3.12,13, grifo meu). Pedro deixou claro que a cura do pa ralítico não fora resultado de sua própria virtude, mas da sobe rana vontade do Pai celestial.
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Quem reaimente pensa que Pedro poderia entrar no Tem plo, a qualquer hora e curar a qualquer um que quisesse? Sim, havia derramamentos extraordinários de poder curador e graça na vida de Pedro e dos demais apóstolos, mas esses derrama mentos não foram iniciados pelos apóstolos; pelo contrário, foram iniciados pela soberana vontade de seu Pai celeste. Ca bia-lhes apenas re conhecer a iniciativa do Pai e obedecer. O mesmo princípio é ilustrado na vida de Paulo. O apóstolo estava pregando em Listra, e um homem aleijado desde o nas cimento o escutava. Lucas conta que Paulo, “fixando nele os olhos e vendo que possuía fé para ser curado, disse-lhe em alta voz: Apruma-te direito sobre os pés” (At 14.9,10). Novamente, a cura não foi uma iniciativa do apóstolo. Antes, ele percebeu que o homem tinha fé, e então declarou-o curado. Não era algo que Paulo pudesse fazer à vontade. Só podia curar quando as circunstâncias conduziam a isto. Não tivesse Deus concedido fé àquele homem, Paulo jamais o declararia curado d Há também exemplos negativos da vida de Paulo, quando não conseguiu que amigos seus fossem curados. Não conseguiu curar Epafrodíto (Fp 2.25-27); deixou Trófimo doente em Mileto (2 Tm 4.20); e precisou exortar seu querido filho na fé, Timó teo, a tomar um pouco de vinho, em vista de sua debilidade estomacal e das freqüentes enfermidades (1 Tm 5.23). Supõem alguns que Paulo não pôde curar seus três amigos por não ter liberdade para utilizar-se dos dons de curar sobre os cristãos; que os dons de curar só podiam ser ministrados aos incrédulos, ou na presença destes, para convencê-los da vera cidade do Evangelho.6 Fosse isto verdade, por qual motivo Paulo curou Eutico, um crente, ressuscítando-o diante de uma assembléia composta ex clusivamente de cristãos? (At 20.7-12). Outrossim, o dom das curas, mencionado em 1 Coríntios 12.9, é declarado como sen do para a edificação dos que estão na igreja (ver 1 Co 12.7). Outros têm afirmado que o fracasso de Paulo em curar Epafrodito, Trófimo e Timóteo deveu-se à retirada do poder de curar do apóstolo. É uma explicação inaceitável. Tería mos de admitir que os milagres cessaram antes da morte dos
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apóstolos. Não há qualquer argumento contextuai que apoie tal sugestão. A luz dos textos mencionados acima, é muito mais fácil acre ditar que os apóstolos não podiam curar à vontade, que depen diam da vontade do Senhor Jesus.7 Uma ilustração conclusiva dessa verdade é o caso do jovem epiléptico. E especialmente significativa, porque ocorreu após Jesus ter-lhes dado poder e autoridade sobre todos os dem ôn ios e todas as enfermidades (Mt 10.1; Lc 9.1). Contudo, não pude ram curar um menino endemoninhado que, além da epilepsia, tentara o suicídio (Mt 17.16). Depois de Jesus ter curado o m enino, os discípulos perguntaram -lhe porqu e eles não haviam podid o expulsar o demônio. Jesus respondeu-lhes: “P or causa da pequenez da vossa fé” (Mt 17.20). E simplesmente falta de compreensão das Escrituras supor que alguém possa curar à vontade. A relação entre os apóstolos e o Senhor e a nossa relação com Ele são por demais estreitas para adm itir um a explicação tão mecânica. Por conse guinte, ao tentar compreender os dons de curar, hoje, não esperemos encontrar pessoas que possam curar indiscriminadamente. Apesar de tudo, parecia-me que o hiato entre o ministério de curas dos apóstolos e o atual era por demais extenso, para que eu aceitasse os dons espirituais do presente como bíblicos. A qualidade e o número de pessoas curadas pelos apóstolos era muito superior ao que eu pen sava estar ocorrendo hoje. Foi nesse ponto que percebi a segunda falsa suposição acerca do ministério neotestamentário de curas e milagres.
Falsa suposição número 2: o ministério de cura dos apóstolos era o mesmo que os dons de curar Um dia, quando guiava meu carro de volta para casa, de pois de ensin ar várias classes por um dia in te iro, ocorreu-m e que deveria haver uma distinção entre o ministério apostólico de curas e os dons de cura dados ao Corpo de Cristo. Cheguei a essa conclusão, primeiramente, porque percebi que em 1 Coríntios 12.8-10 Paulo estava descrevendo os dons
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espirituais dados ao Corpo de Cristo, e não somente aos apóstolos. Há evidências abundantes dessa distribuição. O dom de profecia, por exemplo, podia ser encontrado na igreja em Tessalônica (1 Ts 5.20), Roma (Rm 12.6), Éfeso (Ef 4.11) e em outros lugares espalhados por todo o livro de Atos (At 11.27; 13.1; 15.32; 19.6; 21.9). O dom de línguas, encontramo-lo em Jerusalém (At 2), Samaria (At 8.5ss), Cesaréia (At 10.46), Éfeso (At 19.6), bem como Corinto. Milagres havia nas igrejas da Galácia (G1 3.5). A larga distribuição de dons espirituais ao Corpo de Cristo é o que Joel profetiza ao ver o Espírito Santo derramado sobre a terra, nos últimos dias (J1 2.28,29). Pedro cita Joel para argumen tar que o dom de línguas dado no dia de Pentecoste foi um dos sinais do cumprimento da profecia (At 2.16). Com o derrama mento do Espírito Santo, no dia de Pentecoste, houve dons para o Corpo de Cristo inteiro. De fato, Pedro diz que cada crente recebeu um dom ministerial, um xárísm a (1 Pe 4.10)8, a mesma palavra que Paulo usa em 1 Coríntios 12 (v. 4,9,28,30,31) para indicar os dons espirituais. Ele sustenta que todos os dons espi rituais operavam na igreja em Corinto (1 Co 1.7). A evidência do Novo Testam ento, portanto, força-nos à conclusão de que os dons miraculosos não estavam confinados aos apóstolos, pois foram distribuídos a todo o Corpo de Cristo. Percebi também que os dons espirituais variam quanto à in tensidade e força. Paulo admite isso no tocante ao dom de pro fecia. Em Romanos 12.6, escreve: “Tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada; se profecia, seja segundo a proporção da fé”. H á diferentes medidas de graça e fé no exer cício dos dons espirituais. O próprio Paulo tinha o dom de lín guas mais desenvolvido que qualquer crente de Corinto (1 Co 14.18)9. Timóteo permitira que um de seus dons espirituais decli nasse em força, pelo que Paulo teve de encorajá-lo a que reavivasse “o dom de Deus, que há em ti pela imposição das minhas mãos” (2 Tm 1.6). Todos esses textos demonstram que os dons espiri tuais ocorrem com variados graus de intensidade e força. N in guém tem dificuldades em reconhecer que os dons nãomiraculosos variam quan to à força de sua m anifestação. Alguns mestres têm maior capacidade para ensinar do que outros. Lucas, por exemplo, retratou Apoio, pregador e mestre, como “homem
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eloqüente e poderoso [no grego, dúnatos] nas Escrituras” (At 18.24). Alguns evangelistas têm maior potencial do que outros, e assim por diante. Por analogia, podemos esperar a mesma coisa no tocante aos dons do Espírito. Essa diferença parece ser notada até entre os apóstolos, no Hv t o de Atos. Pedro e Paulo são apresentados como os mais notáveis quanto a curas e milagres. O ministério de Pedro era tão extraordinário que, ao que tudo indica, até sua sombra era usada por Deus para curar! (At 5.15). Todos os apóstolos fo ram usados para o perar sinais e maravilhas (A t 5.12), mas Lucas parece destacar a Pedro . E, quando Paulo entra em cena, Lucas também o retrata como possuidor de extraordinários poderes de cura, “a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas e os espíritos malignos se retiravam” (At 19.12). Paulo e Pedro foram os únicos apóstolos a quem Lucas menci onou como homens que ressuscitaram mortos. Até entre os apóstolos, portanto, nota-se uma possível variação de força quanto aos dons espirituais. Minha terceira descoberta foi que, considerados como um todo, os apóstolos são-nos apresentados como os indivíduos n o táveis dentro da Igreja. Embora eu esteja certo de que tenham recebido xarísmata, tal como outros no Co rpo de Cristo, o Novo Testamento jamais descreve seus ministérios de cura pelo ter mo xárisma. Antes, o ministério miraculoso dos apóstolos é designado pela expressão sinais e maravilhas. Q ue são os “sinais e m aravilhas” ? N o A ntigo Te stam ento , essa expressão é usada com maior freqüência para descrever as grandes pragas que Deus enviou ao Egito e o subseqüente li vramento de Israel do jugo daquela nação (Dt 4.34; 6.22; 7.19; 23.9; 26.8; 34.11; Ne 9.10; Sl 135.9 etc.). No Novo Testamen to, “sinais e maravilhas” descrevem os ministérios de Jesus (At 2.22), dos apóstolos (At 2.43; 5.12; 14.3; 15.12; Rm 15.18,19; 2 Co 12.12), de Estêvão (A t 6.8) e de Filipe (A t 8.6 ).10 A expressão “sinais e maravilhas” é utilizada para descrever um derramamento incomum do Espírito Santo. Não é usada em contextos onde apenas um ou dois milagres ou curas são mencionados, mas em contextos onde tem lugar uma grande abundância de milagres (por exemplo, At 5.12; 8.7) e quando
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os que os contem plam ficam boquiabertos.11A té m esmo Simão, habilidoso nas artes ocultas, ficou admirado diante dos sinais de Filipe (At 8.13). Sinais e maravilhas ocorrem em meio ao reavivamento, em conexão com a proclamação do Evangelho. E as únicas pessoas que a Bíblia declara terem produzido sinais e maravilhas, fora do Senhor Jesus e seus apóstolos, são Estêvão e Filipe. Portanto, as conclusões a que cheguei são as seguintes: Primeiro, há uma clara distinção entre os sinais e maravi lhas e os dons de . .curar. Os»—)■ sinais e maravilhas são um* derra, «» * tg - y marnepto rlp^_milagre.s.. viprnlarins pcppciticamente ao reavivamento e à proclamação do Evangelho. Os dons de curar são dados à igreja para sua edificação (1 Co 12.7), e não são necessariamente vinculados ao reavivamento ou à abundância" de milagres. Segundo, é um erro insistir que o ministério apostólico de sinais e maravilhas é padrão para os dons de curar, dados aos demais crentes do Novo Testamento. Encontramos vívidas des crições de sinais e maravilhas realizados pelos apóstolos; mas à parte desse ministério há poucas ou nenhum a descrição de cren tes comuns que tivessem dons de curar, ou exemplos de dons miraculosos operando nas igrejas locais. N ão é razoável insistir que os dons esp irituais miraculosos devam ser iguais aos dos apóstolos, em intensidade e força, para serem aceitos como legítimos.12N in guém exigiria o mesm o no tocante aos dons não-miraculosos, como o ensino e o evangelismo. Por exemplo, quem, na história da Igreja, poderí amos considerar um mestre igual a paulo? Lutero? C alvino?13 Desconheço quem possa fazer tal reivindicação. E, já que não há ninguém que se iguale ao apóstolo Paulo, devemos concluir que o dom de ensino foi retirado da Igreja? Por igual modo, devemos supor que todo evangelista realize um trabalho idên tico ao do apóstolo Paulo? Quem já implantou tantas igrejas ou começou tantas novas obras com a sua profundidade e autori dade? Temos de admitir a variação de intensidade e qualidade no trabalho dos evangelistas, dos mestres, e com relação a outros dons espirituais. Por que, então, não admitir a mesma variação quanto aos dons de curar, de milagres, de profecia?
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É natural tenha sido o ministério de curas dos apóstolos maior que o dos demais membros do Corpo de Cristo. Os após tolos foram especialmente escolhidos pelo Senhor para serem seus representantes especiais, e foi-lhes dado poder e autorida de sobre todos os demônios e todas as enfermidades (Mt 10.1; Mc 3.13-15; Lc 9.1); receberam a promessa especial de que seriam “revestidos de poder” vindo do alto (Lc 24.49; cf. At 1.8); possuíam uma autoridade que nenhum outro membro do Cor po de Cristo chegou a possuir. Paulo, por exemplo, tinha a autoridade de entregar alguém a Satanás, para a destruição da carne’(1 Cò 5.1-5). Se tivermos de dizer que o ministério apostólico estabelece o padrão pelo qual devemos julgar os dons relacionados em Romanos 12 e 1 Coríntios 12, então seríamos forçados a con cluir que nenhum dom, miraculoso ou não, nos foi dado desde aqueles dias! Pois, quem pode medir-se com os apóstolos, em qualquer aspecto? Em terceiro lugar, não devemos concluir que os sinais e maravilhas cessaram com a morte dos apóstolos. Estêvão e Fi lipe não eram apóstolos, e no en tanto exerceram um ministério de sinais e maravilhas similar ao dos apóstolos. E pode ter havido outros além deles. Note-se também que o Novo Testa m ento não exclui a pos sibilidade de futuros reavivamentos, acompanhados de sinais e maravilhas. De fato, é bíblico anelar e orar por tais reavivamentos. Consideremos a oração de Atos 4.29,30: “Ago ra, Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus ser vos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, en qu an to estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios, por in termédio do nome do teu santo Servo Jesus”. Se a Igreja levas se a sério esta oração, quem sabe quantos sinais e maravilhas seriam derramados sobre nós? N ão vejo, no Corp o de Cristo, a mesm a qualidade dos mi lagres realizados pelos apóstolos. Mas nem por isso sou levado a concluir que Deus não esteja usando pessoas para realizar milagres e curas hoje em dia. De fato, tem sido meu privilégio ser amigo de pessoas como John Wimber, generosamente agraciado por Deus em poder
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para curas e milagres, e Paul Cain , a quem já mencionei, a pessoa mais prendada que conheç o nesse m inistério. Em certas ocasiões tenho visto Paul ser visitado por aquilo que chamo de domínio do poder apostólico: ele ordena ou declara a cura, ao invés de orar por ela. Tenho-o visto ordenar a espíritos que façam silêncio ou deixem suas vítimas; e, diante de uma sim ples ordem, os espíritos partem . Em março de 1990, participávamos de um a reuniã o em Mel bourn e, A ustrália, n a W averly C hristia n Fellowship, cujo pas tor é Kevin Connor. Terminada a reunião, Paul orou por algu mas pessoas do auditório. Ele apontou para um homem que estava no fim do auditório, e disse: “Seu ombro direito está separado”. Paul nunca tinha visto aquele homem, e não havia o menor indício de que seu ombro estivesse separado. De fato, somente o homem, que era atleta, e sua mãe, sabiam que seu ombro estava separado. Paul disse: “Estenda a mão ao Senhor Jesus, e seu ombro será curado”. Quando o homem estendeu a mão, instantan eam ente recebeu a cura. Ele começou a balan çar os braços e a dar graças ao Senhor. Em junho de 1992, Edward e Jewell Levsen, de Turtin, Califórnia, estavam presentes a um a conferência em Kansas City, Missouri, onde Paul Cain era um dos oradores. A família Levsen estava se retirando da vida ativa e se preparava para voltar ao Estado de Iowa. Sentiam que sua utilidade para Deus estava terminada ou significativamente minimizada. Já estavam em idade de aposentadoria. Edward tinha um severo caso de artrite nos ombros, e Jewell tinha problemas tanto no pescoço quanto nas costas. Os Levsens tinham estado presentes a outras conferências onde Paul Cain tinha falado, pelo que estavam familiarizados com a maneira como o Senhor o usava. No entanto, nenhum deles esperava que lhes fosse m inistrado algo por interm édio de Paul Cain. U m a tarde, cerca de um a sem ana antes da conferência, Jewell orou: “Pai, sei que Paul Cain chama apenas líderes, nas reuni ões, mas não o usarias para falar com crentes comuns? Não espero ser cham ada, m as, se for, cham ar-me-ás de Jewell Floyd? [Floyd era o nom e de solteira de Jewell] Se falares comigo atra-
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vés de Paul Cain, eu gostaria que me desses um a resposta. Te nh o ouvido o que muita gente diz sobre mulheres no ministério; mas quero ouvir-te sobre o assunto. Sei que já sou idosa de mais para continuar no ministério, mas ainda quero saber como nos vês no ministério”. O Senhor, então, deu a Paul uma visão sobre Jewell e seu marido, enquanto o conferencista orava em seu quarto de ho tel, antes de uma das reuniões. Terminada a mensagem naque la tarde, Paul olhou para o do auditório e disse: “Há alguém aqui de nome Edward. Você veio do Oeste, e o nome de sua esposa é Jewell”. E, quando Edward e Jewell se levantaram, Paul olhou para Jewell e disse: “O nome Jewell Floyd significa alguma coisa para você” ? Im ediata m ente Jewell começou a chorar, vencida pela terna onisciência do Senhor. Em seguida, Paul falou de seu desânimo: O Senhor disse que chamou você, e que isso aconteceu lá no Estado de Iowa. O Senhor lhe chamou e teve sua mão sobre você. E isso não termina enquanto não terminar! E algo está acontecendo a Lisa [a filha do casal]. Algo está acontecendo à toda a sua família! Suas orações têm sido ouvidas. E Lisa já está tendo um encontro com o Senhor, sua vida está sendo transformada. Deixem-me dizer-lhes que vocês são aqueles sobre os quais eu falei esta noite, que poderão ter sonhos após os 60 anos de idade. Vocês são duas pessoas que verão a glória de Deus ain da vivos. E quero que saibam que ainda não terminou para você, Edward, e nem para você, Jewell. Então, ao olhar para Jewell, Paul disse: “Você tem dores desde o pescoço e daí para baixo, até o fim da espinha, e em seus pés e suas pernas”. Jewell reconheceu que era verdade. Paul disse-lhe que ela seria curada pelo Sen hor naquela noite. Em seguida, olhou para Edward e declarou: “Estou tendo uma visão de sua dor agora mesmo. A artrite no ombro quase o tem matado. O Senhor vai curar essa artrite”. Em seguida, olhou novamente para Jewell e disse: “Creio que seu aniversário é em julho. O Senhor acaba de curar seu marido como presente de aniversário”. Cerca de seis semanas mais tarde, recebi uma carta de Jewell. Escreveu ela: “Imediatamente após a reunião de sexta-
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feira à noite, apalpei meu pescoço e soube que ocorrera um milagre: a estrutura muscular havia mudado! Senti-me curada desde o começo do m eu pescoço e daí por diante, até o final da espinha. Seriam necessárias algumas páginas para dizer-lhe qual foi o diagnóstico do médico”. Vi Edward e Jewell no outono de 1992. Eles se tinham matriculado na Escola Ministerial de Emmaus Road, em Euless, Texas. Ambos também estavam completamente cura dos das enfermidades apontadas por Paul e cheios de uma paixão renovada pelo Senhor. Esta vam encanta dos com as curas, mas Jewell estava igualmente agradecida pelas respostas específicas que obtivera de Deus. Ele lhe demonstrara seu terno afeto, chamando-a pelo nome de solteira e fazendo-a saber que mulheres podem ser chamadas e usadas no minis tério. Permitira ainda que ela e Edward soubessem que não eram velhos demais para o ministério. Ambos os exemplos estão próximos do nível de curas apos tólicas. Em primeiro lugar, a debilidade foi revelada so bre na tu ralmente; e, em segundo lugar, o Senhor declarou que haveria de curar o casal. Pa ul não oro u pela cura dos dois; sim plesmen te a proferiu. Esse tipo de cura caracterizava, com freqüência, o ministério do Senhor Jesus e o dos apóstolos. Gostaria de dizer que Paul Cain vive nesse terreno, mas não seria verdadeiro. Há oportunidades em que Paul ora pela cura de alguém, tal como o resto de nós. Mas há ocasiões em que essas manifestações parecem mais freqüentes e muito se melhantes às do ministério dos apóstolos. Assim, por que a dificuldade em acreditar que o Senhor usa pessoas dessa m aneira hoje em dia? Por que a dificuldade em crer que algumas pessoas são mais dotadas para a cura do que outras? Não temos problemas para acreditar que algumas pes soas são mais dotadas do que outras quanto ao ensino, evangelismo e administração. Por que a dificuldade em aceitar o mesmo princípio no campo das curas e milagres? Essa explanação solucionou-me o problema da inconsistên cia entre o modelo apostólico e o que eu estava vendo e ouvin do n a igreja.14Se não vemos curas apostólicas na Igreja atual, não significa que Deus não as esteja concedendo, ou que haja retirad o do C orp o de C risto os dons de cu rar.15
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É possível que estejamos sendo como Jacó, que teve de con fessar: “Na verdade, o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia” (Gn 28d6).
Os dons miraculosos na história eclesiástica Se a razão principal de os crentes não acreditarem nos dons miraculosos é porque não os vêem, a segunda razão mais pode rosa é que alguns sentem que não há evidências de tais dons entre a morte dos apóstolos e os dias atuais. Se os dons são perm anentes, como puderam perder-se através da histó ria ecle siástica, ou, pelo menos, por grandes períodos de tempo? Assumamos por um momento que os dons realmente se perderam . Então, não seria a prim eira vez que o povo de Deus teria perdido dons divinamente conferidos. Algum tempo após a morte de Moisés, perdeu-se, ou o Pentateuco inteiro, ou pelo menos o livro de Deuteronômio, sendo descoberto novamente já no ano de 622 a. C., durante o reinado de Josias (2 Rs 22.8). Pense nisso o leitor: o povo de Deus perdeu as Escrituras! Para todos os propósitos práticos, isso ocorreu uma segunda vez, na história eclesiástica, quando as pessoas não mais podi am ler o Antigo e o Novo Testamento originais, nem as tradu ções latinas da Bíblia. Foi somente na época da Reforma que as Escrituras se tornaram novamente acessíveis às pessoas, em seus próprios idiomas. C ertam ente não foi Deus quem as ocultou; houve, sim, negligência da Igreja. Elá outros exemplos. Um dos mais preciosos ensinos dados à Igreja é a doutrina da justificação pela fé em Cristo. Pouco depois da morte dos apóstolos, porém, os escritos de alguns dos pais apostólicos começaram a dem onstrar que a doutrina da justificação pela fé estava sendo pervertida (cf. A Epístola de Barnabé e O Pastor de Hermas). Éventualmente, essa doutrina perdeu-se e não foi in teiram ente recuperada, senão à época da Reforma Protestante, nos séculos XV e XVI. Teria Deus reti rado por aproximadamente 1500 anos uma doutrina fundamental do seio da Igreja? Ou a justificação pela fé não era mais impor tante para Ele? Os exemplos podem ser multiplicados. Os irmãos dispensacionalistas, por exemplo, afirmam que a Igreja Primi-
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tiva acreditava no pré-milenismo e no arrebatamento prétribulacional. Contudo, precisam admitir que ambas as doutri nas perderam-se na história eclesiástica, e só foram recupera das nos tempos de Darby, no século XIX. Como poderia a Igreja perder algo que julgava perm anente? A Igreja parece te r extraviado as Santas Escrituras e as do u trinas fundamentais sem qualquer dificuldade. Por que lhe se ria difícil perder os dons espirituais? Saliente-se que o argumento da ausência dos dons não é bíblico; está alicerçado apenas na experiência. Se os dons fo ram perdidos pela Igreja, a questão mais importante não é se eles se perderam, mas sim po r que se perderam. Naturalmente, pode ser o resultado de um a obsolescência div in amente p lane jada, conform e alguns tê m arg um enta do (no entanto, quando estudamos o propósito dos milagres e dons do Espírito somos forçados a concluir que n ão p odem os u sar essa explicação). Po r outro lado, é possível que Deus jamais tivesse a intenção de fazer cessar os dons, e que a Igreja é que os tenha rejeitado. A perd a dos dons talvez tenh a sido causada por um a lidera nça buro crá tica, que afasto u as pessoas espiritualm ente dota das.16 O povo, então, cessou de buscar os dons espirituais (em direta desobediência aos mandamen tos de Deus, 1 Co 12.31; 14.1,39) e d e e x e r c ê - l o s n a s ig r e j a s , d e i x a n d o , f in a l m e n t e , d e experimentá-los. Ou talvez tenha ocorrido por juízo divino à incredulidade, à apostasia e ao legalismo estabelecidos na Igre ja. Inúm ero s outros motivos podem explicar essa suposta au sência dos dons espirituais na história eclesiástica. Como já disse, devemos basear nossa posição em afirma ções claras e específicas das Escrituras. Em última análise, so mente a Bíblia, e não a mera pesquisa histórica, resolverá a questão. A pesquisa histórica é uma ciência imperfeita. Quem, real mente, conhece a história eclesiástica assim tão bem? Dispo mos apenas de um a fração da literatura do período da m orte do último apóstolo até a Reforma Protestante. Em outras palavras, de um período de 1400 anos restaram pouquíssimos documen tos sobre os quais podemos alicerçar nossos estudos. Seriam essas escassas fontes suficientes para convencer de que os dons do Espírito S anto se perdera m através d a história da Igreja?1'
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Porém, perderarti'Se realmente os dons espirituais? Há amplas evidências da presença dos dons espirituais por toda a história da Igreja. Após ter estudado vários documentos histó ricos, D. A. Carson, um respeitado erudito do Novo Testamen to, concluiu:
Há evidências suficientes de que, sob alguma forma, os dons “carismáticos” acompanharam a Igreja através dos séculos, a tal ponto que é inútil insistir, sobre bases doutrinárias, que são todos espúrios, ou fruto de atividades demoníacas, ou de aber rações psicológicas.18 Tais evidências, no entanto, nem sempre foram manuseadas de maneira imparcial. Com freqüência, os relatos sobre mila gres têm sido lançados no descrédito pela alegação de que as testemunhas eram por demais crédulas, ou que sua teologia era incorreta. Agostinho acreditava que os dons miraculosos tinham sido retirados da Igreja. No entanto, já no fim da vida, escreveu uma série de retratações, e essa foi uma delas. No livro A Cidade de D eus (livro 22.8) ele declara que em menos de dois anos soube de mais de 70 milagres, averiguados e registrados, em sua cidade, Hipona. Ninguém, entretanto, corroborou seu tes temunho! Warfield, que normalmente aceita Agostinho como digno de confiança e reconhece na sua obra uma grande contribuição à história da doutrina, não aceita o seu testemunho aqui. Essa rejeição deve-se em parte ao fato de que algumas das curas noticiadas por Agostinho teriam sido operadas através de relí quias, esp ecificamente a través dos ossos de Estêvão .19A paren temente, para Warfield, isso constitui-se base suficiente para demonstrar que Agostinho não era uma testemunha digna de confiança. Warfield não se preocupa em provar a possibilidade de tais curas haverem ocorrido, nem discute o fato de que os ossos de Eliseu fizeram um homem ressuscitar (2 Rs 13.21) ou a relevância deste texto nos milagres citados por Agostinho. De fato, Warfield reconhece haver, do século IV em diante, numerosos relatos de milagres, e que as testemunhas não eram obscuros neuróticos, mas “eruditos notáveis, teólogos, prega-
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dores”.20N essa conexão, W arfield m enciona: Jerô nim o, o p rin cipal erudito bíblico de seus dias; Gregório Xazianzeno; Atanásio; Crisóstomo, o maior pregador da época; Ambrósio, o mai or eclesiástico do período; e o próprio Agostinho, a quem W arfield considera “o m aior pen sad or de sua épo ca”.-1 A todos esses líderes, considerou-os Warfield testemunhas indignas de confiança. O tratamento preconcebido das evidências históricas tem , pois, m erecido severa crítica.22 Talvez caiba aqui apontar para o fato de que o caráter es tranho não e critério para se estabelecer a verdade, ou se algo é bíblico ou antibíblico. As Escrituras relatam fatos estranhos. O profeta Isaías andou despido e descalço por três anos, como sinal contra o Egito e contra Cuxe (Is 20.3); o profeta Oséias recebeu ordens de casar-se com uma prostituta (Os 1.2); os ossos de Eliseu ressuscitaram um homem (2 Rs 13.21); lenços e aventais que haviam tocado em Paulo curaram enfermos e expeliram demônios (At 19.12). E coisas ainda mais estranhas podem ser encontradas n a Bíblia. Suponhamos que eu lhe contasse que, numa visão, contem plei o trono de D eus. N essa visão havia quatro criatu ra s sem e lhantes a um leão, um boi, um homem e uma águia, cada qual com seis asas e cheias de olhos por dentro e por fora. Essas criaturas diziam: “Santo, santo, santo”, enquanto voavam ao redor do trono de Deus, dia e noite. Quem acreditaria nessa visão, não estivesse registrada em Apocalipse 4.6-8? Não estou sugerindo creiamos em cada coisa estranha que nos é contada. Mas n ad a deve ser considerado inverossímil ou antibíblico sim plesm ente por ser estranho. Pesquisas recentes tendem a exergar os relatórios de mila gres através da história da Igreja sob uma luz muito mais po sitiva.23 Quando percebi que havia errado ao equiparar o ministério de sinais e maravilhas dos apóstolos com os dons de curas con cedidos aos demais crentes, minha principal objeção teológica ao ministério co ntem porâneo dos milagres desvaneceu-se. Ta m bém foi útil com pre ender que o m in istério de curas de Jesus e dos apóstolos não operava de forma automática ou mecânica. Alimentava eu um preconceito teológico, combinado a uma leitura superficial do Novo Testamento. Agora, pela primeira
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vez, estava pesquisando, com a mente aberta, o que as Escritu ras dizem sobre curas e milagres. Também fiz uma leitura imparcial da história eclesiástica, procurando evidências dos dons do Esp írito. E descobri que há muito mais do que eu fora levado a acreditar. Entretanto, eu ainda tinha de saltar outras duas barreiras, antes de dizer que estudara as Escrituras com imparcialidade. Se acreditando nos dons do Espírito eu tivesse de compartilhar dos abusos do movimento pentecostal, não estava seguro de querer acreditar neles. Mas inteiramente à parte de qualquer abuso dos dons, eu sentia uma repulsa aos dons reveladores especialmente o dom de línguas —porque se me apresentavam por demais subjetivos. Tam bém pareciam dim in uir a im portâ n cia da Bíblia, pondo em perigo a sua autoridade. Não obstante, os ensinos das Escrituras me estavam levando na direção dos dons espirituais - contra a minh a vontade.
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£^uase todos já experimentaram, ou já ouviram falar, dos abusos que ocorrem dentro do movimento pentecostal, e em outros grupos que acreditam nos dons do Espírito. Alguns desses abusos podem ser bastante assustadores. Ántes da reunião na Vineyard, eu estivera apenas num encontro que poderia ser chamado pentecostal. Isso aconteceu durante meu terceiro ano no colégio. Um grupo de alunos, todos trabalhando num minis tério evangélico, resolvemos ouvir um jovem evangelista que estava realizando uma reunião de reavivamento numa bem conhecida igreja pentecostal de nossa cidade. Fomos àquela reunião especialmente para zombar e entreter-nos. E não fica mos desapontados. Corria o ano de 1970. O jovem evangelista apresentou-se de “hippie”. Em lugar de falar com base nas Escrituras, contou a história de sua conversão. Segundo o seu testemunho, con vertera-se ele enquanto estava na prisão, acusado de usar dro gas. Sentado num canto da cela, certo dia vira o Senhor Jesus e dois anjos flutuando. Jesus, então, parou a fim de olhá-lo, mas um dos anjos segurou-lhe o braço, e disse ao Senhor: “Vem, Jesus; vamo-nos embora daqui. Ele não é nada; é apenas lixo”. Mas Jesus ordenou ao anjo que esperasse, pois tinha poderosos planos para o jovem. N ada que o jovem evangelista disse naquela tarde tinha o toque da verdade. E, em nossa opinião, nem o seu estilo visto so aumentava-lhe a credibilidade.
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O co m itê que ele fez na conclusão da mensagem não visava à salvação dos pecadores, mas os que buscavam receber o ba tismo no Espírito Santo e o dom de línguas. Feito o convite, alguns de meus amigos foram à frente pa ra verem mais de perto o que estava acontecendo. Lá, viram dois homens orando por um terceiro. Eles diziam a este que abrisse a boca e emitisse sons. O homem assim o fez, e imediatamente foi anunciado que ele havia recebido o dom de línguas. A experiência daquela noite confirmou o que já sabíamos: os dons do Espírito Santo não estavam sendo distribuídos. Aquelas reivindicações não passavam de pretensões de pessoas crédulas e enganadas. Ou, pior ainda, eram ludíbrios deliberados. Concluí, por isto, que todas as reuniões pentecostais eram iguais àquela. Não é de surpreender que Deus não me deixasse ver a coisa genuína. Se estamos com a mente fechada, Deus não nos revela seus mistérios. Como não havia sinceridade em m eu coração, jamais deveria ter-me surpreendido p or D eus n ão haver lançado suas pérolas aos porcos. Os abusos que ocorrem no movimento pentecostal são ine gáveis. Tenho testemunhado emocionalismos, exageros, profe cias manipuladas e ausência de alicerces bíblicos. Não diria ser esta a regra, mas um a triste exceção.1M as tam bém devo adm itir que, quando exortados, os líderes pentecostais procuram corri gir rapidamente tais abusos.
A Significação dos Abusos Que significação dar a tais abusos? Deveríamos vê-los pelo' prism a das Esc rituras. Parece surp reendente , mas a Bíblia en sina que Deus opera milagres entre os que cometem tais abu sos, erros doutrinários e até imoralidade. Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento ilustram am pla m ente essa assertiva. Sansão não adquiriu sua extraordin á ria força através de exercícios físicos. Sua força era sobrenatu ral; as Escrituras não deixam dúvidas quanto à sua procedência (Jz 14.6,19; 15.14). Certa ocasião, na cidade de Gaza, Sansão passou a noite com um a p rostituta (Jz 16.1). C ertam ente sem e lhante imoralidade levá-lo-ia a perder o poder do Espírito San
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to. Não obstante, quando os inimigos rodearam a cidade a fim de capturá-lo, Deus o fortaleceu de tal forma que ele arrancou os portões da cidade, e os levou para o alto de um a m ontan ha, zombando assim dos filisteus (Jz 16.2,3). O Novo Testamento também tem seus próprios exemplos. A igreja em C orinto era tão rica em dons espirituais, que Pa ulo foi obrigado a reconhecer que não lhes faltava qualquer dom (1 Co 1.7). Não obstante, os coríntios eram tão sectários, que o apóstolo chegou a chamá-los de “m un da no s” (1 Co 3.1). Acres cente-se ainda que havia entre eles imoralidade tão sórdida que causava espécie até mesmo entre os pagãos (1 Co 5.1,2). Não satisfeitos, embriagavam-se por ocasião da Ceia do Senhor! E alguns deles afirmavam que não havia ressurreição (1 Co 15.12). Todavia, temos aqui uma igreja dotada com todos os dons espirituais. Ao escrever às igrejas da Galácia (provavelmente em 49 d.C.), Paulo sabia que a heresia havia arrebatado de tal ma nei ra aquelas igrejas que foi obrigado a afirmar-lhes: “Admira-me que estejais passando tão d epressa daquele que vos cham ou n a graça de Cristo, para o utro evangelho” (G 11.6). A seriedade da condição espiritual dos gálatas é revelada nesta outra passa gem, na qual Paulo lhes indaga: “O gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo ex posto como crucificado” (G1 3.1). Embora as igrejas da Galácia estivessem prestes a deixar o verdadeiro evangelho, Paulo lhes aviva assim a mem ória: “A que. le, pois, qu e vos conced e o Esp írito e qu e o pera milagres en tre vós, porventura o faz pelas obras da lei, ou pela pregação da fé?” (G1 3.5 ). N a frase, “qu e op era milagres en tre vós”, o verbo “opera” está no tempo presente. Isso significa que Paulo afir mou que os milagres estavam ocorrendo entre os gálatas no exato momento em que ele lhes escrevia. Esse breve exame leva-nos a três conclusões inevitáveis. 1) Os abusos e até impurezas não descredenciam os dons distribu ídos pelo Espírito Santo. H aja vista o que acontecia em C orinto. 2) Os erros doutrinários não invalidam os milagres. Exemplo disso temos nas igrejas da Galácia.23) Os milagres nem confir mam e nem apoiam as doutrinas ou práticas quer de igrejas, quer de indivíduos.
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Por conseguinte, os sinais e maravilhas que ocorriam nas igrejas da Galácia não corroboravam os ensinos heréticos ali ministrados. O mesmo se pode dizer com respeito a Corinto. Só há uma mensagem que os milagres neotestamentários apoi am e contirmam: é a mensagem evangélica acerca da pessoa e da obra de Jesus Cristo. G rande parte da literatura cessacionista tem falhado po r ig norar as três conclusões apresentadas. Cada vez que os dons espirituais aparecem na história, os cessacionistas detém-se a procurar abusos ou erros doutrinários nas igrejas e grupos que os receberam. E quando constatam alguma heresia ou abuso, imediatamente concluem que os dons não são definitivamente de origem divina.3 E como se concluíssem n ão serem reais os dons em Corinto, e os milagres nas igrejas da Galácia.
Abusos Não-Pentecostais Dentro da Igreja Atual U sa-se. m uitas vezes os exageros oco rridos en tre os pentecostais para se pro var que os dons do Esp írito Santo já não são dados à Igreja hoje em dia. Mas essa espada corta em ambos os sentidos. Há, infelizmente, abusos em todas as ex pressões do cristianismo. Acontece, poré m , que nos acostu m a mos tanto aos próprios abusos, que eles já não nos parecem tão ruins quanto os alheios. Q uan do p rofessor do Sem inário Dallas, estava eu almoçando com um grupo de estudantes. Um deles, de repen te, m encionou John W imber e Peter Wagner. Mas um ou tro retrucou: “Ten ho um problema sério com esses dois homens”. Perguntei: “Po r quê?” “Porque ensinam no Seminário Fuller”. Indaguei-lhe o que havia de tão m au a respeito do Seminário Fuller. O estudante respondeu que ambos não mais confessam a do utrin a da ine rrância da Bíblia. Por isso, já não eram dignos de nossa confiança. Q ua nd o a discussão progredia, tornou-se ainda patente a indignação daquele jovem sem inarista. Naquele mesmo dia, o estu dante foi ao mesm o escritório, e confessou que vinh a lutand o com um vício h á 15 anos: a po rn o
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grafia. Disse-me ainda que, mesmo freqüentando o seminário, pro curara por três vezes a com panhia de prostitu ta s. O jovem era casado, tinha filhos e pastoreava uma igreja local. Mas o que mais me admirou foi o fato de ele não con siderar como adultério sair com as prostitutas. Não obstante, ele se indignava com o fato de um professor já não aceitar a inerrância das Escrituras. Mas o que dizer de sua concupiscên cia? O que dizer de seu pecado? Não eram igualmente graves? Mais tarde, quando os irmãos de uma igreja pentecostal fo ram orar por ele (a seu pedido), ele sentiu-se mui perturbado por ter um daqueles hom ens falado suavem ente em línguas. Novam ente , o jovem m ostrou mais preocupação com um apa rente abuso do que com a concupiscência que lhe vinha escra vizando.4 D uran te o tempo em que estive tentand o ajudar aquele po bre jovem, ponderei freqüente m ente sua situação. O aspecto mais perturb ado r não era que ele houvesse caído nu m gravíssimo pecado sexual, e estivesse vivendo, agora, sob o poder da con cupiscência. Afinal, isso tem acontecido a crentes em todos os ramos da Igreja hoje em dia.5O que mais me perturbou foi o fato óbvio de que ele valorizava mais a doutrina do que à sua vida moral. Essa prioridade não é característica de um coração regenerado. Era algo que os mestres, sem o quererem, lhe ha viam instilado. Tal ênfase não pode ser encontrada no ensino do Novo Testamento. Essa ênfase perverte a doutrina, pois dá mais importância à mente do que ao coração. Afirma que confiar nas coisas certas é mais importante do que fazer as coisas certas. Aquele pastor fazia do conhecimento o valor supremo de sua vida. A exigên cia pela pureza doutrinal achava-se acima da pureza de sua própria vida. Considerava eu, agora, o fruto desse tipo de doutrina. Um jovem pastor perdera a capacidade de chorar pelos pró prio s pe cados, mas ainda defendia apaixonadamente a autoridade da Bíblia. A reivindicação intelectual pela pureza doutrinária, às expensas da santidade pessoal, é um abuso tão grande quanto qualquer erro que esteja sendo cometido no movi mento pentecostal.
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Deixe-me dar-lhe outro exemplo. Conheço um homem for mado num seminário. Durante o período de estudo, e mesmo depois, fora um homossexual praticante. Ele era tão habilidoso em levar uma vida dupla que nenhum de seus amigos cristãos e nem qualquer membro de sua igreja chegara a suspeitar dele. Apesar da aparência, achava-se envolvido em algumas das pi ores perversões homossexuais. Ele conseguiu levar esse estilo de vida por muitos anos. Su bitam ente , poré m , foi atingido por um a enferm idade que lhe ameaçava a vida. Viu-se confinado a um hosp ital, o nde foi con duzido numa cadeira de rodas à sala de operações. O médico que o a tend eu, disse-lhe que, com tod a a probabilidade, ele não sobreviveria à cirurgia. Ao ouvir isso, clamou a Deus, rogando-lhe por misericór dia. Enfim, pediu-lhe perdão por ter-lhe sido tão infiel e por haver enganado os amigos por tanto tempo. Arrependeu-se de sua homossexualidade, prometendo que nunca mais voltaria a praticar tais atos. A to contínuo, im plo ro u a D eus que o curas se, e que lhe concedesse mais uma oportunidade. Como você acha que Deus responde a uma oração dessa? Deus poup ou-lhe a vida, recuperando-o pron tam ente da ci rurgia. Eu não chamaria sua recuperação de milagre, mas de uma forma ou de outra um milagre ocorreu. Ao sair da cirurgia, todo o seu desejo homossexual já o havia abandonado. O cruel capataz, a quem tinha servido por tantos anos, agora já não podia ser encontrado em parte alguma. A quele servo de Deus estava livre. O poder do sangue da cruz fizera um milagre maior que qualquer cura física de que tenho conhecimento. Após deixar o hospital, ele decidiu cumprir o voto que fi zera a Deus. P ensou que a melhor m aneira de fazê-lo seria voltar à sua igreja, e confessar publicamente seu pecado. A essa altu ra, porém , ele já era porta do r do vírus da A IDS. E, assim, pediu que os anciãos da igreja o ungissem com óleo em consonância com Tiago 5.14-16. Você acha que os anciãos da igreja regozijaram-se por ter esse filho pródigo voltado à casa paterna? Não foi o que acon teceu. Em primeiro lugar, duvidaram de sua conversão. Depois, pediram-lhe que deixasse a igreja. E, fin alm ente, recusaram-se
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a orar por ele. Nem ao menos apertavam-lhe a mão com medo de contraírem a AIDS. Vencido, o pobre irmão deixou a igreja. Quanto a você, não sei. Mas eu preferiria ter o mais infantil dos emocionalismos em minha igreja a viver de forma tão farisaica e com um coração tão frio e indiferente. Talvez você pense que esses relatos sejam isolados. M as eles são bastan te com uns n a ala anticarismática da igreja. Vivi nessa facção por mais de 20 anos, e testemunhei muitos desses inci dentes. Essa facção abusa tanto da Palavra de Deus como os pentecostais que deixam de lado as recomendações paulinas quanto ao uso dos dons espirituais. Já que não acreditam na profecia, não ousam para controla r e m anip ula r as pessoas. Mas usam a Palavra de Deus e sua interpretação para lograrem objetivos semelhantes. J. I. Packer assim descreveu esse grupo: A insistência com que os cristãos conservadores exigem que os adultos aceitem as tradições de fé e prática como se fossem crianças que recebem ordens para fechar os olhos, abrir a boca e engolir qualquer coisa que se lhes dêem, evidencia precon ceito e tendência para o cultismo.6
ala da igreja que Pac ker descreve sem dúvida zombaria da idéia da infalibilidade papal. Contudo, trata suas tradições como se fossem infalíveis. E também desonra as Escrituras, dando às passagens controversas as mais ridículas inte rpre tações, sem pre que estas discordem de suas práticas e cânones. A
Quando o Fundamentalismo Toma-se Abusivo Com os exemplos que dei, não estou criticando o meu se minário, pois tenho uma grande dívida para com o Seminário Teológico de Dallas. Meus professores transmitiram-me amor e santo respeito à Palavra de Deus, que são um dos meus mais preciosos tesouro s. Eles dem onstraram -m e carin ho e afeição. Minha educação e o magistério que exerci no Seminário Teo lógico de Dallas foram-me mui valiosos.
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N ão critico, nem o seminário, nem os ram os não-c arism á ticos da Igreja. O que critico é o fundamentalismo abusivo. Não resta dúvida de que os abusos pentecostais são reais e sérios como fiz questão de mostrar. Haja vista também os recentes livros anticarismáticos mostrando ad nauseam tais abusos. To davia, os anticarismáticos não admitem os próprios abusos. E estes são tão sérios quanto aqueles. Todas as igrejas cometem abusos. Algumas sentem-se mais inclinadas ao emocionalismo; outras a um frio e legalista farisaísmo que, aos seus olhos, parece justo. Mas ambas estão cometendo erros igualmente sérios. Com freqüência mostramonos cegos para com os próprios abusos, pois a maioria destes deriva-se de uma ênfase errada ou de aplicações erradas de algo que parece bom. Não abusamos de nossas fraquezas; abusamos dos pontos fortes. Eis porque nossos abusos são vistos com tanta dificuldade - são abusos de po ntos fortes, algo que já abençoou a nós mesmos e a outras pessoas.
Nossa Atitude para com os Abusos Espirituais O propósito deste capítulo não é desculpar os abusos dos grupos carismáticos ou pentecostais, nem condenar os abusos das igrejas tradicionais. Pelo contrário: precisamos cultivar uma piedosa e bíblica atitu de para com os abusos esp irituais —sem importar onde ocorram. H á duas atitudes diferentes que podemos tom ar com respei to aos abusos espirituais. Controlá-los, eliminando-os de vez. Exemplificando: poderíamos eliminar o abuso do dom de lín guas proibindo os crentes de falarem em línguas. Também poderíamos elim in ar o abuso de várias liberdades pro ibid o tais liberdades. Embora as Escrituras proíbam essa abordagem, ela vem sendo observada desde o começo da história eclesiástica. Mas como um grupo que professa acreditar na Bíblia po deria fazê-lo? Racionalizando o mandamento bíblico. O após tolo Paulo diz que não se deve proibir o falar em línguas (I Co 14.39), mas alguns dizem que isso não se aplica aos nossos dias.
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Esse método, além de ser desonroso às Escrituras, constituise num controle autoritário que entrava a espontaneidade es piritual e min a a vida da igreja local. Também oculta o pecado e o próprio abuso. Tenho visto muito mais maldade e pecado encoberto nas igrejas fundamentalistas autoritárias do que em qualquer outro ramo do cristianismo.7 A melhor abordagem consiste em encarar os abusos e os erros doutrinários. Ao invés de ficarmos chocados ao vê-los, devemos, graciosa e pacientemente, corrigi-los. Em alguns ca sos, descobriremos que aquilo que pensávamos ser abuso não o era, mas apenas um passo avante. Os ministros da época de George Whitefield (1714T770) consideravam a pregação no campo como desonra ao Evange lho de Jesus Cristo. Eventualmente, porém, a Igreja chegou a constatar: os que se opunham a Whitefield é que estavam re almente desonrando o Evangelho. E, assim, a pregação ao ar livre passou a ser aceita como um meio válido e eficaz de se conquistar as almas para Cristo. Também precisamos de uma dose saudável de humildade, pois o nosso coração é enganoso e desespera damente enferm o (Jr 17.9). Temos de entender que nem as nossas interpretações nem as nossas práticas são infalíveis. Conforme J. I. Packer havia declarado, “somos vítimas e beneficiários de nossas pró prias tradiç ões”.
Somente quando nos conscientizarmos de que somos passí veis de ser enganados é que poderemos ver as coisas com mais clareza. Apelaremos, en tão, pa ra que De us revele-nos as falhas, e liberte-nos das muitas cegueiras que nos prejudicam a vida cristã. Davi assim confessou sua cegueira: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno. (SI 139.23,24) Se o homem que “era como o coração de Deus”, e que teve o privilégio de escrever salmos tã o maravilhosos, ro gou ao Se nhor que lhe revelasse as falhas e pecados, quanto mais nós devemos buscar este ministério revelador?
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Tenho observado que Deus normalmente não viola os pre conceitos do orgulho religioso. Haja vista os fariseus. Morre ram convencidos da validade de suas tradições e erros. Seu orgulho excluiu-os da correção divina, porquanto Deus “resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça” (1 Pe 5.5). Paradoxalmente, muitas das doutrinas esposadas pelos fariseus eram bíblicas e verazes. Eis porque preferiria ter alguns erros doutrinários e humildade do que exibir perfeita ortodoxia com um coração exaltado. Se o que professa um a do utrin a falsa for humilde, poderá ser corrigido. Mas os exaltados, apesar de sua ortodoxia, não deixarão de sofrer a ira divina.
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Assustados Até a Morte pelo Espírito Santo
Em18 de abril de 1906, o Los A ngeles Tim es noticiou acer-
ca de um novo e estranh o reavivamento que estava sacudindo a cidade. Sob o título “Estranha Babel de Línguas”, o repórter assim discorreu sobre o acontecimento:
Reuniões estão sendo efetuadas numa cabana da ma Azusa, perto da ma São Pedro. Os devotos da estranha doutrina pra ticam os ritos mais fanáticos, pregam as mais loucas teorias e se esforçam até a excitação em seu zelo peculiar. Negros e um minguado número de brancos compõem a congregação que, à noite, torna-se odiosa às vizinhanças devido aos uivos dos adoradores. Estes passam horas balançando o corpo para a frente e para trás, numa atitude nervosa de orações e súplicas. Eles afirmam que possuem o “dom de línguas”, e se dizem capazes de compreender semelhante babel.1 Naquele mesmo dia, oco rreu o grande terremoto de São Fran cisco, destruindo grande parte da cidade. Quando o abalo foi sentido por aqueles que se achavam reunidos n a rua A zusa, um “tremor espiritual” sacudiu a reunião de maneira singular e inexplicável.2 Em bora os abalos fossem sentidos em tod a a costa do Estado da Califórnia, os efeitos do terremoto espiritual da rua Azuza mostraram-se mais fortes: espalharam-se por todo o país. O reavivamento, que prosseguiu ininterruptamente por três anos,
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deu origem ao moderno pentecostalismo. Desde o início, porém, os fenômenos físicos ocorridos durante o reavivamento jamais deixaram de ser ridicularizados. Eram vistos como um “frenesi de zelo religioso”. E os que recebiam o dom de línguas eram caracterizados como se “falassem gorgolejos, sem palavras”. Manifestações físicas incomuns não são raras na história da Igreja, especialmente nos períodos de reavivamento. Elas ocorriam às vezes de forma inesperada e inexplicável. Durante o Reavivamento Evangélico da Inglaterra, em fins de 1730 e começos de 1740, John Wesley testemunhou numerosos “sinais externos” durante a sua prédica. Em 17 de junho de 1739, por exemplo, quando pregava numa área rural e “convidava ansiosamen te atodos os pecadores a que entrassem ‘no Santo dos sa nto s’ po r meio desse ‘novo e vivo cam inh o’” ,
muitos dos que o ouviram, começaram a clamar a Deus com fortes gritos e lágrimas. Alguns caíram, não lhes restando ne nhuma força; outros tremiam e se balançavam terrivelmente; ainda outros eram despedaçados com uma espécie de movi mento convulsivo, e isso com tanta violência que, com freqüência, quatro ou cinco pessoas não eram capazes de segurar os que assim se encontravam.3 Quando seu amigo e companheiro de ministério, George Whitefield, ouviu falar desses sinais, apresentou enérgica objeção. Mas a 7 de julho de 1739, Wesley registrava em seu diário:
Tive oportunidade de talar com ele sobre aqueles sinais que, por tantas vezes, tinha acompanhado a obra interior de Deus. Descobri que suas objeções eram baseadas em grosseiros mal-entendidos. Mas no dia seguinte, ele teve oportunidade de informar-se melhor. Pois nem bem tinha ele começado a cha mar os pecadores à frente, quando quatro pessoas caíram perto dele quase ao mesmo momento. Uma delas jazia sem qualquer sentido. A segunda tremia excessivamente. A terceira sentia fortes convulsões por todo o corpo, mas não fazia ruídos, a não ser profundos gemidos. A quarta, igualmente convulsionava se, clamando a Deus com fortes choros e lágrimas.
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Wesley concluiu suas notas com a seguinte declaração: “A partir de hoje, confio, todos perm itirem os que D eus efe tue a sua própria obra da m aneira que m elh or lhe apro uver” .' Por essa mesma época, quem teria imaginado que semelhan tes “sinais” estariam ocorrendo também num acomodado recanto da Nova Inglaterra? Episódio este que passaria a ser conhecido como um dos maiores reavivamentos da história norte-america n a - o Grande Despertamento? Não obstante, era o que ocorria regularmente nas reuniões de Jon atha n Edwards, considerado o maior teólogo da América do Norte. Assim Jon atha n Edwards descreveu um a dessas reuniões em sua igreja: O contágio propagou-se rapidamente por todo o salão. Muitos jovens e crianças. . . pareciam vencidos pelo senso de grandeza e glória das coisas divinas. Portavam-se com admira ção, amor, alegria, louvor e compaixão para com os que se consideravam perdidos. Outros achavam-se vencidos pela ago nia em razão de seu estado pecaminoso. Enfim, no salão não havia senão choros, desmaios e coisas parecidas (a ênfase é minha).5 Durante o outono, Edwards deixou escrito que era mui freqüente ver uma casa repleta de clamores, desmaios, convulsões, tanto em meio à agonia quanto em meio à admi ração e à alegria. . . Isso acontecia com tanta ífeqüência, que alguns, nem conseguiam voltar para casa, mas permaneciam a noite inteira onde estavam (a ênfase é minha).6 N o u tra ocasião, Edwards descreveu o m in istério de Buell, o qual
permaneceu aqui por três semanas depois que retomei: conti nuou havendo grandes sinais que acompanhavam seus labores; muitas de suas afeições religiosas eram multiplicadas além de tudo quanto se vira. E houve casos de pessoas que jaziam quietas, num estado de transe, permanecendo imóveis por vin te e quatro horas; mas depois, davam a impressão de haverem estado no céu e presenciado objetos gloriosos e deleitosos (a ênfase é minha).7
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Essas manifestações causaram preocupação em duas fren tes. Conforme Edwards sugeriu, embora fossem elas reações legítimas à obra do Espírito, podiam ser pervertidas por Sata nás, induzindo os crentes a desviarem-se dos caminhos do Se nhor. N um a outra frente , essas man ifestações levaram diversos ministros evangélicos conservadores a criticarem as reuniões de Jonathan Edwards, qualiíicando-as como obras da carne ou do diabo. Edward Gross é um exemplo de quem, atualmente, forma ria ao lado dos oponen tes de Jonath an Edwards. C itando C harles Hodge, Gross concluiu
que nada existe na Bíblia capaz de levar-nos a considerar tais manifestações como efeitos legítimos dos sentimentos religio sos. Nenhum resultado similar seguiu a pregação de Cristo ou de seus apóstolos. Não ouvimos falar de clamores, desmaios, convulsões ou alucinações nas assembléias que eles dirigiam.8 Contrariamente à declaração de Hodge, a Bíblia indica que as “expressões corpóreos” podem ser efeitos legítimos do Espí rito Santo. Elas ocorrem tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Manifestações Físicas nas Escrituras De acordo com as Escrituras, o Espírito Santo produz, nos santos, estas reações: tremores, balanços, transes, fraquezas e colapsos físicos. Tais reações podem ser causadas por fenômenos espetacu lares operad os pelo Espírito S anto , o u por teofan ias9 (Ex 19.1625), aparições angelicais (Mt 28.4), voz audível de Deus (Mt 17.6,7), visões (D n 8 .27 ; 10.1-11; A t 10.10-23)10; foram causa das ainda pela presença de Cristo durante seu ministério terre no (Jo 18.6), e por seu aparecimento já glorificado (At 9.1-9). Todos os fenômenos alistados são mais ou menos tangíveis e experimentáveis. As Escrituras também registram reações físicas diante de obras menos visíveis e tangíveis de Deus. Os salmistas, po r exem
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plo, estremeciam ao experim entar a presença de Deus. O auto r do Salmo 119 escreveu: “Arrepia-me a carne com temor de ti; e temo os teus juízos” (v. 120). Não era incomum o povo de Deus trem er em sua presença. Aliás, o Senhor esperava tal reação de seus filhos. Disse ele, através da boca de Jeremias: “Não temereis a mim? diz o Senhor; não tremereis dian te de mim. . .?” (Jr 5.2 2).11Entre os que o temem, até sua presença intangível é motivo de tremores e reações seme lhantes (Is 66.2; Ed 9.4). Os que o não temem, porém, não se deixam impressionar de m aneira alguma. O choro é outra manifestação à intangível presença do Se nho r. Ao ler o livro da Lei ao povo, todos começaram a chorar, derramando abundantes lágrimas (Ne 8.9). O choro não era re sultado de histeria ou de manipulações psicológicas, porquanto os líderes judeus não queriam ver o povo reagir dessa maneira (Ne 8.9). O choro era realmente espontâneo. O choro causado pela leitura ou pregação das Escrituras e por nossa falha em observar a Palavra de Deus é algo que deveríamos cultivar. Não se trata de fraqueza nem de instabilidade emocio nal. E, sim, desensibilidade para com a Palavra de Deus. É um sinal do quanto aborrecemos o pecado. Serve também para evi denciar nossa saúde espiritual e emocional. Neste sentido, a in capacidade de chorar só revela um a coisa: u m coração endureci do e traumatizado. O arrebatamen to de sentidos pode também ser um a reação à presença do Senhor. Eis como Paulo narra a sua experiência: “Tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, sobreveio-me um êxtase, e vi aquele que falava comigo: Apressate, e sai logo de Jerusalém, porque não receberão o teu testem u nho a meu respeito” (A t 22.17,18). Como resultado desta expe riência, o apóstolo pôde salvar a própria vida e dar novo rumo ao seu ministério (At 22.19-21). Outras vezes, ainda, os crentes, em virtude da presença do Senhor, podem en trar n um estado que parece embriaguez. Isso aconteceu a Ana durante sua oração (1 Sm 1.12-17). E Saul, embora o texto sagrado não o explicite, certamente pareceu estar embriagado quando o Espírito veio sobre ele. Saul tirou toda a roupa e caiu por terra o dia inteiro (1 Sm 19.23,24).
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N o dia de Pentecoste , m uitos peregrinos que se achavam em Jerusalém par a adorar, supuseram que os discípulos de Cristo estavam embriagados. Esta conclusão foi tomada não porque eles falassem línguas, pois isto seria sinal de inteligência. Mas por causa de sua reação à descida do Esp írito Santo. Finalmente, há uma outra categoria da obra do Espírito que, freqüentemente, produz larga gama de manifestações físicas. Referimo-me à expulsão de demônios, que pode resultar em ge midos, convulsões, inconsciência etc (Mc 1.23-28; 9.14-29). Todas essas manifestações fazem sentido quando percebe mos que Deus pode tocar em nossas emoções, corpos e mentes. Além do mais, a Bíblia apoia o fato de que as reações físicas podem ocorrer dia nte da obra do Esp írito das mais variadas maneiras.
O Espírito Põe a Ordem em Meio ao Caos N os dias de Jo nathan Edwards, m uitos deixaram de ver o Grande Despertamento como obra do Espírito, alegando que Deus jamais agiria daquela maneira por ser Ele um Deus de ordem, e não de confusão (1 Co 14.33,40). Os tais acreditavam que Deus não poderia ser o responsável por aquelas manifes tações porquanto resultavam em confusão. Semelhante acusa ção ainda é bem comum hoje. Edward Gross cita novamente Charles Hodge: O testemunho das Escrituras não é meramente negativo sobre o assunto. Antes, exorta a que todas as coisas sejam feb tas com decência e ordeiramente. Ensinamos que Deus não é o autor de confusão, mas é um Deus de paz, em todas as igrejas dos santos (1 Co 14.33,40). Tais passagens dizem respeito particularmente â maneira de nos conduzirmos na adoração pública. E evidente que clamores em voz alta e convulsões são incoerentes com tais coisas, pelo que deveriam ser desencorajadas. Elas não podem provir de Deus, porquanto Ele não é o autor da confusão.12 A resposta de Jonathan Edwards aplica-se também aos mo dernos críticos:
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Se Deus agradasse em convencer as consciências de modo que não possamos evitar as manifestações externas a ponto de interrompermos a liturgia, não penso que essa confusão ou interrupção seja infeliz. E como se estivéssemos no campo a orar por chuva, e fôssemos de repente interrompidos por um aguaceiro abundante. Oxalá quisesse Deus fossem todas as assembléias inter rompidas com tal confusão no próximo domingo! Não preci samos ficar tristes por interromper a ordem dos meios se a finalidade dessa ordem for obtida. O que busca um tesouro não há de ficar triste por ser interrompido bruscamente pelo precioso achado.13 N outras palavras, Edwards dizia que D eus pode usar meios caóticos para gerar a ordem. Observar uma pessoa estrebucharse por estar sendo libertada do demônio não é nada agradável. Mas libertada, sua vida passará a refletir a mais perfeita das ordens; uma ordem que somente Deus pode produzir. Seria grave equívoco, pois, usar a admoestação paulina, no sentido de que todas as coisas sejam feitas com decência e ordem, para apagar o Espírito.
Testes que Revelam a Genuína Obra de Deus N ão raro, o que consideramos abuso espiritual é, n a verda de, genuína obra do Espírito Santo. Como, porém, discernir o genuíno do falso? As críticas recebidas por Jona tha n Edwards dura nte o G ran de Despertam ento, impeliram-no a escrever o seu ensaio intitulado “As Marcas Distintivas de u m a O bra do Espírito de Deu s”. Nesse clássico, Edwards estabeleceu os critérios para se determinar o que é um a obra gen uína do Espírito Santo. Seu primeiro proble ma consiste em determinar a significação das manifestações corpóreas que ocorriam durante as suas reuniões. Escreveu ele que
uma obra não deve ser julgada por quaisquer manifesta ções físicas como lágrimas, tremores, gemidos, gritos, agoni as, fraqueza, pois as Escrituras não nos autorizam a fazê-lo.14
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Em síntese, as manifestações nada provam, porque a Palavra de Deus não nos fornece qualquer regra pela qual possa mos julgá-las. Além do mais, elas podem ser reações legítimas diante de alguma obra divina. Contudo, nem sempre são genu ínas. Nalguns casos, têm origem meramente humana e até demoníaca. Por outro lado, o Espírito pode operar inde pen de n temente de tais manifestações. As pessoas podem ser curadas ou salvas, sem gemidos, tremores ou outros fenômenos seme lhantes. É até mesmo possível que os demônios sejam expulsos sem qualquer manifestação física. O primeiro e principal teste de qualquer ministério, obra ou ensino, é a concordância com a Palavra de Deus. O padrão, po r conseguinte, devem ser as Escrituras e não a nossa interpretação das Escrituras. Edwards concluiu: se as Escrituras não falam diretamente sobre uma questão em particular, o único teste para se determinar a genuinidade da obra de Deus consiste em verificar se tal obra manifesta o fruto do Espírito Santo.15Esse é o teste que Jesus nos deu para discernirmos entre o verdadeiro e o falso ministério profético: Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim toda árvore boa produz bons frutos, nem a árvore má produz frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. (Mt 7.16-20)
Testar o fruto de uma obra é absolutamente essencial nos casos em que as Escrituras não se manifestam. Esse teste tam bém é aplicável aos que, embora esposem doutrin as corretas, o fruto de suas vidas e de seu ministério não se harmoniza com tais doutrinas. Consciente ou inconscientemente, os tais enganam-se a si mesmos. N ão devem os avaliar algo m ediante a sua bizarria ou estranheza. O estranho não é regra bíblica para se determinar se uma ação ou ministério procedem ou não de Deus. Suponhamos que víssemos um alcoólatra, que espanca a sua esposa e é inimigo de Deus, gritando e, de repente, cair imóvel
Assu A ssusta stado doss A té a Mort«? pe Io Espírito Sant Sa nto o
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po p o r 2 4 h o ra s d u r a n t e u m a re u n iã o reli re ligi gios osa. a. E, se o ta l h o m e m se levantasse para nunca mais beber ou bater na esposa? E se ele começasse a amar a Deus acima de tudo? E começasse a amar a Deus e à sua Palavra? Por mais bizarro que isso nos par p arec ecee sse, ss e, terí te ríaa m o s d e e x tra tr a ir d a í a s e g u inte in te con co n clu cl u são sã o : o E spí sp í rito San to realmente ope rou nessa vida. vida. Pois Pois nem o diabo, diabo, nem a carne produzem amor a Deus, à família, nem libertam do víci vício. o. T al coisa coisass aconteceram e con tinuam a acontecer du rante os avivamentos.
Reagindo Diante das Manifestações Físicas de Hoje Diante das manifestações físicas causadas pela obra de Deus, devemos nos alegrar, mas jamais glorificá-las. Se as glorificarmos, estaremos levando o povo a falsas crenças e ênfases equivocadas. Pois o mais importante não são as manifestações, mas as obras que as provocam. provocam. A obra do Espíri Espírito to deve ser ho nra da n a con vicç vicção, ão, no pe rdão, na salva salvação ção,, n a c ura e no livramento; jamais deve ser honrada por causa de sua reação. Se em prestarm os signif significa icação ção às às ma nifestações, o povo h av e rá de eq uipará-las ao Espírito, Espírito, considerando-as evidência do do es piri pi ritu tual al.. Erro igualmente significativo seria suprimir tais manifestações. Imaginemos alguém que esteja sob a intensa convicção gerada pe p e lo E s p írit ír ito o S a n to, to , e q u e e ste st e ja tre tr e m e n d o em v irtu ir tu d e d essa es sa convicç convicção. ão. Imaginem Imaginem os ag ora que tolice tolice a nossa se lhe o rden ás semos a se controlar. Correríamos o perigo de apagar as chamas do Espírito. N ã o d evem ev em o s te m e r , p o is, is , as m an ife if e sta st a ç õ e s g e n u ínas ín as.. C o m freqüência, freqüência, tenh o enco ntrado crentes que acreditam acreditam facilmente facilmente que os demônios podem falarcom voz audível, jogar-nos pensa mentos ruins, produzir sensações físicas e outros efeitos corpo rais rais.. M as eles eles tê m dificu dificuldad ldades es para acreditar que D eus possa ou que ira manifestar-se manifestar-se em nossos dias. dias. São justa m ente esses esses cren tes que são levados a confundir a legítima manifestação do Espí rito. Tod o temor do diabo diabo é um temor irracional. Nenhum cren cren te deveria temer a Satanás. O único ser a quem somos ensina
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dos a temer é a Deus. Ora, se Deus é a causa dessas manifestações, Ele as usará para o bem. Mas se o diabo é a causa de alguma manifestação em particular, ele tem de ser barrad o pelo po p o d e r d o s ang an g u e de C ris ri s to. to . E m a m bos bo s os caso ca sos, s, n ã o tem te m os qualquer base bíblica para temer as manifestações físicas. Finalmente, jamais nos devemos sentir desapontados se alguma obra do Espírito não for acompanhadas por qualquer manifestação física. E se tentarmos manufaturar tais reações, estaremos mistificando uma pura e genuína obra do Espírito. N e s te p a rtic rt icu u la r, ofer of ereç eço o u m ú ltim lt im o con co n selh se lho o . C o s tu m a va perturba r-m e ao ver alguém “fingind o” manifestações físi física cass nas reuniões. Ora, isso também acontecia nos dias de Edwards, e acontecerá em qualquer lugar onde as genuínas obras do Espírito Santo se manifestem. O genuíno sempre será imitado. Algumas vezes, essa imitação é fácil de ser percebida, mas às vezes não pode ser percebida. Minha experiência com falsas manifestações tem-me levado a acreditar que elas não são tão sérias quanto havia imaginado. Os que, voluntariamente, são levados levados a levantarem levan tarem as mãos ou tremerem, normalmente não são “perigosos”. São pessoas inseguras e solitárias. Só querem um pouco de atenção. Elas não causam nenhum transtorno. Os únicos que se deixam es pa p a n t a r são sã o os v isit is itaa n tes te s q u e a in d a n ã o e s tão tã o a p a r d o q u e e stá st á ocorrendo. Se estes forem sinceros, certamente haverão de bu b u s c a r u m a expl ex plic icaç ação ão plau pl ausí síve vel. l. No N o s caso ca soss de c o m p o r ta m e n to b izar iz arro ro e exib ex ibic icio ion n ista is ta,, os pa p a s to res re s d e v em a p rox ro x im a r-se r- se dess de ssas as p esso es soas as,, e, g entil en til,, m as f ir ir memente, exortá-las a se comportarem convenientemente. Ali ás, quando falamos sobre a significação bíblica das manifesta ções físicas, e as discutimos abertamente, há bem pouco abuso nessa área.
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Eram os Milagres Temporários?
^Nenhum cessacionista chegou à conclusão de que Deus não opera mais sinais e maravilhas, e que os dons do Espírito Santo já passa pa ssaram ram,, pela pe la simples leit le itu u ra da Bíblia. A d o utri ut rin n a do cessacionismo não se originou do estudo cuidadoso das Escritu ras. Ela nasceu da experiência. O fracasso em ver milagres na própria experiência e em localizá-los na história passada requer uma explanação. Como você explica a ausência de milagres em sua experiência, quando o Novo Testamento está recheado deles? Essencialmente, há três possibilidades. A primeira é que há algo de errado com a sua experiência. A segunda, que Deus retirou os milagres por que seu propósito para eles era temporário. E a terceira, que isso está guardado entre os mistérios divinos, como os da elei ção ção e da p redestinação. A prim eira resposta o levaria levaria a esperar o elem ento miraculoso, miraculoso, qu and o sua experiência seria seria corrigi corrigida. da. A segunda o conduziria a não m ais esperar po r qua lque r milagr milagre. e. E a terceira deixaria a questão em aberto. Até onde sei, ninguém realmente tentou argumentar a fa vor da terce ira possibil possibilidade. idade. Desde os dias dias da Reforma, m uitos teól teólog ogos os protestantes têm argum entado em p rol da segunda, segunda, ou seja, que os dons do Espírito tinham natureza temporária. Os reformadores tinham duas grandes razões para argumentar contra os milagres. Seus adversários, os católicos-romanos, apelavam para os milagres da Igreja Romana em apoio à dou-
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trina católica. Com efeito, diziam: “Temos milagres que mostram que Deus aprova a nossa doutrina. Outrossim, contamos com uma longa história de milagres que se estende até aos tempos do Novo Testamento. Para quais milagres vocês podem apontar, como evidência de que Deus aprova a doutrina de vocês?” Esse ataque levou os reformadores protestantes a negar a validade validade dos milagres católico católicoss - os passados e os de sua época - e a form form ular argum entos teológi teológicos cos co ntra eles.1 eles.1 Porém, não acredito fosse essa a principal razão de os reformadores terem buscado argumentos contra os milagres. Creio que a principal razão era a falta de experiência com milagres. Tivessem eles testemunhado milagres dignos de nota, jam ja m ais ai s te r ia m a rg u m e n tad ta d o q u e s eu p ro p ó s ito it o e ra te m p o rá rio ri o . Os reformadores viram-se obrigados a se definir: a falta de milagres devia-se a algum defeito em sua experiência ou a uma obsolescência divinamente programada? E preferiram a última alternati alternativa. va. A gora, gora, tinham à sua frente a m onu m ental tarefa tarefa de explicar por que Deus tinha sido tão liberal em operar milagres no primeiro século da era cristã e tão avesso a eles nos séculos seguintes. O trunfo consistiria em provar que Deus tinha pro pó sito si toss tem te m p o rári rá rio o s com co m os m ilagr ila gres es.. M as, as , com co m o fazê-lo? Eles Eles dispunh dispunh am , essencial essencialmente, mente, de três maneiras. A prime i ra - e a me lhor - seria seria en con trar declaraçõe declaraçõess bíbli bíblica cass espe especí cífi fica cass que demonstrassem essa intenção de Deus. A segunda era a dedução teológica. Essa maneira de argumentar não era tão de cisi cisiva va qu an to a prim eira, em bora fosse fosse um meio válido válido de prova r doutrinas. A terceira terceira era a experiê experiência ncia.. Pod eriam tirar suas suas co n clusões clusões da própria experiência e da experiência experiência de outros, na his tória passada. Assim, examinariam 1300 anos de história eclesi ástica, em busca de evidências dos dons espirituais entre os cris tãos de séculos anteriores. O argumento baseado na experiência, sem qualquer sombra de dúvida, é o mais débil dos três. Pois o exame da história pas p assa sad d a, com co m fre fr e q ü ê n cia ci a , n ã o n o s d á a cert ce rtez ezaa dos do s fato fa toss o u de sua interpretação. Outrossim, quando examinamos a nossa pró p ró p r ia expe ex peri riên ênci cia, a, p odem od em os c o n h ec e r os fato fa tos, s, mas ma s n ã o a razão deles. Para exemplificar, podemos saber que entramos em de pre p ress ssãã o , m as n ã o p o r qu e estamos deprimidos. Fizemos alguma coisa para despertar essa depressão? Seria ela resultante de
Eram Er am os Milagres Te Temp mporá orário rios’ s’
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circunstâncias fora do nosso controle? Assim, mesmo quando po p o d e m o s p rec re c isa is a r a c u r a d a m e n te, te , talv ta lvez ez n ã o c o m p re e n d a m o s a razão dos fatos. Os reformadores, portanto, não deixara deixaram m dm ãdas sobr sobree qual dos três argumentos valorizavam acima dos demais. Sola Scriptura (“somente as Escrituras”) foi o lema da Reforma. Contudo, eles agora enfrentavam não apenas um obstáculo formidável, mas também intransponível, porquanto não podi am oferecer um único texto das Escrituras Escrituras que ensinasse que os milagres e dons espirituais estavam confinados ao período do No N o v o T e s ta m e n to . E p e sso ss o a alg al g u m a foi fo i capa ca pazz d e fazê fa zê-l -lo. o.2 2 Privados do que seria a mais poderosa arma de seu ar senal, ou seja, o claro apoio das Escrituras, os reformadores viram-se forçados a apelar para deduções teológicas. Mas como haveriam de provar que os milagres tinham caráter temporário, com base em um livro que começa, persiste e termina com milagres?
O Argumento Cessacionista Primário Eis como conseguiram fazê-lo: argumentaram que o propó sito primário dos milagres do Novo Testamento era autenticar os apóstolos como autores fidedignos das Santas Escrituras. Como esse argumento provaria que os milagres eram temporá rios? Escrito o Novo Testamento, os milagres teriam cumprido o seu propósito e não mais seriam necessários porque agora a Igreja estava de posse da Palavra de Deus escrita e miraculosam ente confirma da.3Este perman ece com o o argu m en to primário dos cessacionistas modernos. Seria Seria inútil argum entarem que o propósito prim prim ário dos dos m i lagres era autenticar o ministério de Jesus. Fosse isto verdade, não haver ha veria ia como explicar explicar os milagres milagres realizados realizados pelos apóstolos. N e m p o d e ria ri a m dize di zerr q u e s e u p ro p ó s ito it o e ra a u te n t ic a r a mensa gem ge m acerca acerca de Jesus, pois pois os milagre milagress co ntinu ariam sendo n eces sári sários os en qu an to foss fossee propagada. Em ou tras palavras, se a gera ção de novos convertidos do primeiro século precisava dessas autenticações, por que as gerações seguintes não precisariam? A única posição defensável era a de que os milagres auten ticavam o ministério dos apóstolos. Até hoje, se alguém per guntar por que somente os apóstolos precisavam de autentica ,
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ção para seu testemunho, os cessacionistas têm uma resposta na ponta da língua. Os apóstolos não eram testemunhas co muns. Eles eram únicos, por serem os autores das Santas Escri turas. Por conseguinte, precisavam de mais credibilidade do qualquer outra testemunha da história. Portanto, o propósito dos milagres não era simplesmente autenticar os apóstolos como fiéis testemunhas de Jesus, mas também demonstrar serem os apóstolos mestres dignos da doutrina. Os milagres, em última análise, transformavam autores humanos em pessoas divina mente acreditadas. Em termos práticos, os cessacionistas afir mam que o real propósito dos milagres foi confirmar as Escri turas, e que, portanto, não são mais necessários, pois a Igreja possu i agora a Palavra de D eus escrita. Mas os cessacionistas têm de provar duas coisas. Primeira, precisam m ostrar que os milagres autenticavam o ministério dos apóstolos. Segunda, que esse era o propósito prim ário dos milagres. Se ficasse demonstrado que os milagres não autenti cavam os apóstolos, ou que houve outros propósitos igualmen te importantes por detrás dos milagres, toda a sua teologia entraria em colapso. A semelhança das pessoas de meu círculo teológico, eu havia aceitado a explicação dos mestres cessacionistas para o propó sito dos milagres, sobretudo conforme no livro de Benjamin Breckenridge Warfield, Counterfeit Miracles. Como outros fundamentalistas, eu tinha certeza de estar crendo num “claro ensino das Escrituras”. Quando relembro aquele período de minha vida, sei que não era assim. Eu aceitava os argum entos cessacionistas porqu e nunca tinha visto um milagre e precisava de uma justificação bíblica para m in ha falta de experiência. Aquele te le fo nem a do D r. W hite levou-me a exam inar essa posição com a m ente bem mais aberta. E descobri que aquele a rgum ento tin ha tan ta força quanto um pardal em meio a uma tempestade de vento. Meu argumento mais forte tornou-se minha “mais forte fraqueza”. Após minha conversa com o Dr. White, determinei exami nar cada referência a curas e milagres no Novo Testamento para ver o que descobria acerca dos pro pósitos dos milagres. Eu jamais fizera isso! E o que descobri convenceu-m e de que as curas e os milagres não tinham caráter temporário.
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Um Exame Mais Cuidadoso A primeira coisa que notei foi que há bem poucas declara ções no Novo Testamento acerca dos propósitos dos milagres. Não encontrei n ada do tipo: “D eus deu milagres a fim de que...” Mas descobri que sua finalidade é algumas vezes indicada por palavras como “função”. Marcos, por exem plo, diz que os m i lagres “confirmam” (Mc 16.20); João afirma que eles “testifi cam” (Jo 5.36); e Pedro declara que Jesus foi “aprovado” pelos milagres (At 2.22). Em outras passagens, infere-se o propósito pelo contexto ou pelos resultad os. Um dos claros propósitos dos milagres era autenticar o ca ráter de Jesus e seu relacionam ento com o P ai celestial. Q ua nto a isso, os milagres demo nstram : Deu s estava com Jesus (Jo 3.2); Jesus viera de Deus (Jo 3.2;9.32,33); Deus enviara a Jesus (Jo 5.36); Jesus tinha autoridade, na terra, para perdoar pecados (Mc 2.10,11; M t 9.6,7; Lc 5.24,2 5); Jesus foi aprovado p or D eus (A t 2.22); o Pai está em Jesus e Jesus está no Pai (Jo 10.37,38; 14.11); o Reino de Deus veio através de Jesus (Mt 12.28; Lc 11.20); Jesus é o Messias (Mt 11.1-6; Lc 7.18-23) e o Filho de Deus (Mt 14.25-33). Um segundo propósito era a autenticação da mensagem de Jesus. Essa era a principal função dos milagres, até onde o ministério dos apóstolos dizia respeito. Marcos disse que o Se nhor confirmava “a palavra [que os apóstolos pregavam] por meio de sinais, que se seguiam” (Mc 16.20).4Lucas, ao descre ver o ministério de Paulo e Barnabé em Icônio, diz que o Se nhor “confirmava a palavra da sua graça, concedendo que por mão deles se fizessem sinais e prodígios” (At 14.3). Notemos que, em ambos os textos, o Senhor confirmava não os apósto los, mas “sua palavra”, ou seja, a mensagem que os apóstolos pregavam . Assim , temos dois pro pósitos principais: os milagres confirmavam o Senhor Jesus e sua mensagem. Fiquei chocado ao descobrir que nenhuma referência a milagres dava te ste m un ho 5 dos apóstolos, ou os con firmava.6 Em suma, os milagres não con firma m os apóstolos! E isso ajusta-se perfeitamente à teologia do Novo T estam ento. Com a vinda de Jesus Cristo, Deus queria toda a atenção voltada para seu Filho. A tarefa primária do Espírito Santo é exaltar a Jesus
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Cristo. Deus não está interessado em dar testemunho de seus servos, mas sim de seu Filho e da mensagem do Evangelho.
Argumento Baseado em 2 Coríntios 12.12 Algumas pessoas apontam 2 Coríntios 12.12 como prova de que os sinais e maravilhas tinham o propósito de confirmar os apóstolos. A tradu ção da NIV dá exatamente essa impressão: “As coisas que m arcam u m apóstolo - sinais, maravilhas e milagres — foram feitas entre vós com grande perseverança”. Essa tradução, porém , não é exata. U m a tradução mais lite ra l seria: “O s sinais de um apóstolo foram realizados entre vós todos com toda a perseverança, com sinais, milagres e maravilhas”. N essa passagem , Paulo usa a pala vra “sin al” (n o grego, semeion) de duas maneiras diferentes. A frase “sinais de um apóstolo” não p ode referir-se a milagres, po rqu anto Paulo estaria dizendo que “os milagres de um apóstolo foram feitos en tre vós com sinais e maravilhas e milagres”. Paulo não diz que “os sinais de um apóstolo” eram milagres, mas que eram acom panhados p or sinais, maravilhas e milagres.7Se Paulo quisesse dizer que os sinais do apostolado eram sinais, maravilhas e milagres, teria usado uma construção diferente no grego.8 Quais os sinais do apostolado de Paulo? Em contraste aos falsos apóstolos (2 Co 11.13-15), Paulo apela pa ra os seus pr ópr i os sofrimentos como vindicação de seu apostolado (2 Co 11.1633; cf. G1 6.17; 1 C o 4.9-13; 2 Co 6.3-10).9 Hug hes sugere que a vida im po luta de Pau lo era u m dos sinais de seu ap ostolado.10 Plum m er ap on ta pa ra a eficácia da pregação de Paulo, isto é, as muitas conversões entre aqueles a quem Paulo pregava, era tam bém um desses sinais.11M artin acre scenta a chamada divina (1 Co 1.1; 2 Co 1.1).12Segundo ele, visto q ue os milagres pod em ser fraudados pelos falsos apóstolos, Paulo estava insistindo, em 2 Coríntios 12.12a, que tais sinais não eram o principal critério para se identificar um após tolo. O apóstolo estaria sugerindo que os verdadeiros sinais do apostolado —sua vida e seu ministério —são os que mais importam... Afirmar que “sinais, maravilhas e obras pode rosas” são os sinais primários do apostolado contradiz os en-
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sinos de Paulo nos capítulos 11A3 (bem como nos capítu los l'9)P
Co ncordo com as conclusões de M artin: “As obras de Paulo {em 12.12a) são as realizações, e não a prova de seu apostolado”.14 Q uan do comecei a pon de rar sobre a idéia de que os milagres foram dados para co nfirmar os apóstolos e seu ministério, desco bri que não som ente era anti-bíblica, mas ta m bém ilógica. Se o propósito primário dos sinais, maravilhas e milagres fosse co nfir m ar os apóstolos, po r que Estêvão e Filipe fizeram sinais e m ara vilhas? A alegação de que os apóstolos lhes haviam imposto as mãos, não responde a pergunta. Por que teriam outros também seu ministério caracterizado po r sinais, m aravilhas e milagres? E por que fo ram concedidos à Igreja dons de curas e milagres? (1 C o 12.7-10; G1 3.5). Jamais ouvi ou li um a resposta convincen te. H á outro problema sério com essa argumentação. Retom emo s a um p onto já estabelecido: se os milagres de Jesus foram sufici entes para confirmá-lo, e à sua mensagem , po r que os apóstolos também realizaram milagres? A resposta-padrão é que os apósto los tinha m de fazer milagres para m ostrar que eram testem unha s fidedignas de Jesus Cristo e mestres dignos de confiança da d ou trina cristã. Mas p or qu e não p odiam apenas pregar acerca dos milagres, conforme faz a Igreja atualmente? N ão somos nós, hoje, considerados testemunhas dignas de confiança, sem fazer mila gres? Se é assim, por que então os apóstolos precisavam de mi lagres? Os reformadores argumentavam que os apóstolos eram mais do que m eras testemu nha s - eram os escritores das infalí veis Escrituras. Os milagres, pois, seriam necessários para confir m ar essa missão. Mas, seria bíblico esse argumen to? Os milagres seriam necessários pa ra confirm ar as Escrituras?
A Autoridade das Escrituras Repousa Sobre Milagres? N enh um dos auto res das Escritura s apela aos milagres para comprovar sua inspiração. Por certo eles sabiam que estavam elaborando as Escrituras. Paulo, por exemplo, escreveu: “Se al guém se considera profeta, ou espiritual, reconheça ser manda mento do Senhor o que vos escrevo” (1 Co 14-37; cf. 1 Ts 4.15).
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N ão obsta nte reivindicar auto ridade divina para seus escritos, Paulo jamais apela para os milagres a fim de comprová-la. Tampouco o faz Pedro, ao referir-se aos escritos de Paulo como Escrituras (2 Pe 3.16). N enhum texto bíblico afirma que a auto ridade das Escritu ras repousa sobre milagres! Na realidade, dá-se precisamente o contrário. As Escrituras testam os milagres, mas os milagres não podem continuar as Escrituras. Moisés esclareceu isso bá muito tempo. Ele advertiu o povo de que se um profeta ou sonhador anunciasse algum sinal ou maravilha, e não se cum prisse, deveriam ignorar o milagre (Dt 13.1-5). Se a função princip al dos milagres fosse confirm ar as Escrituras, como al guém julgaria os milagres e profetas falsos (Mt 7.15-23), os falsos cristos (Mt 24.24), ou o anticristo? (2 Ts 2.9). Essa teoria é incoerente com o caráter do cânon das Escri turas. H á autores que não foram apóstolos, e que nun ca tive ram um único milagre registrado! Esses incluem Marcos, Lucas e Judas (o irmão do Senhor, que escreveu a epístola de Judas). O livro de Hebreus é até anônimo! Todos esses escritores eram não-apóstolos, e acerca de nenhum deles ficou registrado um só milagre. Esses livros têm menor autoridade do que as epís tolas de Paulo? Se a autoridade das Escrituras repousa sobre os milagres feitos por seus autores, então esses escritos necessari amente revestir-se-iam de uma autoridade secundária. Se aqueles que mantêm essa teoria responderem que Lucas era amigo ou associado de Paulo, no ministério, e que esse é o motivo pelo qual seus escritos devem ser considerados como inspirados, então eles teriam que abandonar a idéia que os mila gres eram necessários pa ra confirmar as Escrituras. E teriam que adicionar um novo critério para a canonicidade: a amizade ou associação com um dos apóstolos. Esse critério tam bém não con ta com qualquer apoio das Escrituras. E, se argumentarem que Pedro comissionou Marcos a fim de que escrevesse o evangelho que tem seu nome, então já estarão depen dend o das tradições, e não da própria Bíblia. Ademais, isso requer que se defenda a estranhã posição de que as tradições estabelecem a autoridade das Escrituras. Seja como for, temos cinco obras que constituem uma por ção considerável das Escrituras —os evangelhos de Marcos e
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Lucas, o livro de Atos, as epístolas de Judas e aos Hebreus — que não podem ser explicados pela teoria de que os milagres serviram para confirmar a Bíblia. A teologia ortodoxa tem assegurado que a autoridade das Escrituras jamais dependeu dos milagres, mas repousa sobre o seu Autor .15Embora certo número de fatores ajudem a convencernos, somos levados a crer nessa autoridade pelo testemunho do Espírito Santo .16
Foram Necessários Milagres para Lançar a Igreja? As pessoas que consideram os milagres restritos ao primeiro século vêem as obras realizadas por Jesus e seus apóstolos como um foguete, que “lançou” a Igreja - um artifício para chamar a atenção do mundo ao Evangelho. Mais tarde, quando a Igreja estava firmemente estabelecida e o Evangelho era destaque entre as religiões do mundo, o “foguete” pôde ser então abandonado, sem grande perda para a Igreja. Thomas Edgar expressou esse ponto-de-vista ao escrever: A Igreja, em seus primeiros passos, estava em uma situação diferente da Igreja após o primeiro século da era cristã, onde o Cristianismo se firmava nos principais centros do mundo co nhecido... Os estágios iniciais do Cristianismo, entretanto, não tinham como pano de fundo a perspectiva humana. A men sagem era incomum e assustadora. Um homem executado em um pequeno país estava sendo apresentado como o Filho de Deus, o qual viera a fim de morrer por todos os homens; e àqueles que nEle confiassem, Deus, por sua graça, lhes per doaria os pecados. Poucas pessoas fora dos limites de Israel tinham ouvido falar de Jesus. Ele morreu antes de ser a Igre ja estabelecida, executado depois de uma breve carreira. Es ses fatos pelo menos mostram a dificuldade enfrentada pelos primeiros evangelistas. Quem podería aceitar tal mensagem? Entretanto, os dons de sinais miraculosos punham aquela mensagem sob uma perspectiva diferente, \isto que os mila gres a evidenciavam como procedente de Deus. A situação, desde o primeiro século, nunca mais foi a mesma. Hoje, mis-
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sionáríos em áreas longínquas fazem referência a um indiví duo que cem reputação mundial, bem como a uma religião universalmente reconhecida. Esses missionários vêm de paí ses onde o Cristianismo prevalece. Os milagres, hoje, podem ser de ajuda na confirmação do Evangelho. Isso pode ser ver dadeiro ou não, visto que uma completa e bem testemunha da confirmação já foi dada por Cristo e pelos apóstolos, mas continua ignorada por até por pessoas que vivem em países onde o Evangelho é bem conhecido. Pouca dúvida há, no entanto, de que a necessidade de confirmação era maior no começo do que hoje em dia.17 De acordo com esse argumento, a Igreja infante precisava dos milagres para crescer; mas a Igreja madura podia dispensálos. O discurso de Edgar encerra uma contradição que ele não tenta resolver. Se a Igreja, no primeiro século, precisava de milagres para expandir-se, por que não precisa mais no nosso século XX? Se os milagres eram benéficos no p rincípio, po r que não agora? W arfield denuncia essa explicação como antibíblica.18 De fato, durante sua longa discussão, Edgar não cita um único versículo das Escrituras em apoio à sua teoria. Warfield tam bém salienta que essa linha de raciocínio é ilógica, e a declara “inútil”.19 A explicação de Edgar também é falsa porque substitui o poder de D eus pela aceitação por parte do m undo. Edgar m an tém que o Cristianismo, depois de reconhecido, e possuidor de alguma reputação (a ênfase é minha), não mais necessitava dos milagres. Porém, quem haveria de trocar o poder miraculoso de Deus pela reputação terrena? Warfield responde a uma teoria semelhante ao escrever: “Quando a proteção do maior poder sobre a terra estava assegurada [isto é, o império romano], a idéia parece ser a de que o poder de Deus não era mais neces sário” .20 O nd e, nas Escrituras, po de alguém en co ntra r susten to para tal idéia? Finalmente, há mais uma coisa nesse argumento que me pertu rba. Já declarei que um a das funções legítim as dos m ila gres era confirmar o Senhor Jesus e sua mensagem. Mas em que ponto foram os milagres necessários para que as pessoas cressem no Evangelho? Edgar, po rém , escreve como se essa fosse a realidade, pelo menos no começo da Igreja. Por quê? E que,
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para Edgar, a obscuridade histó rica e a novidade da mensagem pareciam requerer milagres. Ele perg unta : “Q uem poderia acei tar tal mensagem?” Isso chega muito perto de diminuir o poder da mensagem do Evangelho, que “é o poder de Deu s para a salvação” - ou seja, é suficiente à parte dos milagres. Certamente Deus não precisava operar milagres a fim de atingir essa finalidade. O maior milagre do mundo é Deus nos amar a ponto de entregar seu Filho para morrer por nós. Seu amor é uma rea lidade, e permanecerá para sempre um mistério inexplicável. A encarnação foi o mais no tável dos eventos so brenaturais, segui do da morte do Filho de Deus e de sua ressurreição. E certa mente a maior maravilha de todas é que, tão-somente median te a fé em Jesus Cristo, recebemos o dom da vida eterna. Por certo, o maior dos poderes conhecidos da hum anida de é o pod er da cruz. Por meio da cruz, não somente recebemos o perdão de nossos pecados, como também o acesso à gloriosa presença de Deus. O poder da morte de Cristo é tão grande que ne nh um cren te precisa viver sob qualquer escravidão moral, ou à mercê da concupiscência, da ira, do pecado, do temor, da morte ou de Satanás. Certamente essas boas-novas são a melhor que a hu manidade recebeu. A mensagem do Evangelho é maior do quequalquer milagre que a acompanhe; é capaz de, por si mesma, conquistar os corações! Quando eu estava com 17 anos de idade, e entregue à re beldia, m eu coração foi tota lm ente captu rado por Jesus, quan do um amigo falou-me da inexplicável graça que há no Evan gelho. Eu não conhecia o restante do Novo Testamento e nada sabia dos milagres. No entanto, a 18 de dezembro de 1965, às duas horas da madrugada, m ediante a fé no Senh or Jesus Cris to, tornei-m e nov a criatura, exatam ente como descreve o após tolo Paulo: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o po der de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”. (Rm 1.16,17)
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Paulo tinha suprema confiança no glorioso Evangelho de Jesus Cristo. Não estava ela depositada nos milagres, na habi lidade ou piedade humanas. A gloriosa mensagem do Evange lho é a única resposta ao dilema humano. Diz Edgar, porém: “Quem poderia aceitar essa mensagem?” Lídia e seus familiares não tiveram dificuldade alguma em acei tar a mensagem de Paulo, sem o acompanhamento dos mila gres (At 16.14,15). No primeiro século, o Espírito Santo era perfeitam ente capaz de pro duzir convicção sem os milagres (Jo 16.8). O ministério de João Batista produzia convicção e arre pendim ento , e, no entanto, João não realizava milagres (Jo 10.41). Até mesmo as religiões do mundo e os cultos têm nas cido e estão florescendo sem o poder dos milagres. Queremos, a sério, reivindicar algo menor que o poder do Evangelho de Jesus Cristo? Acredito terem os milagres função autenticadora. E, mais adiante, discutiremos como podem abrir portas para a pregação do Evangelho e levar pessoas ao arrependimento. Entretanto, a simples pregação do Evangelho pode fazer todas essas coisas sem o auxílio dos milagres. Os milagres, quando ocorrem para autenticar a pregação do Evangelho, são feitos na base da gra ça, não pela necessidade de contrabalançar alguma deficiência. Os milagres são dons de Deus, e podem servir a m uitas fun ções. Mas não se deve isolar nenhuma delas como último e necessário propósito dos milagres, a menos que tenhamos claras evidências bíblicas para assim pensarmos.
Usando os Evangelhos e os Atos Para Apoiar os Milagres Atuais Alguns têm afirmado que não podemos usar os evange lhos e o livro de Atos como evidência de que De us c ura ou opera milagres atualmente, por serem livros de “transição”. Atos dános o registro da transição da era do Antigo Te stam ento p ara a do Novo Testamento. Mostra a Igreja em sua fase inicial, e, portanto , não poderia dete rm in ar o que é norm al n a vida ecle siástica. T ud o o què seria possível estabelecer com base n o Livro de Atos é o que era normal naquele período de imaturidade da Igreja. Acima de tudo, argumentam, não podemos extrair dou tri
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nas do livro de Atos; para a Igreja, as doutrinas devem ser extraídas das epístolas de Paulo. Se esse argumento fosse válido, os evangelhos e o livro de Atos nada nos diriam sobre a atitude de Jesus para com as curas e milagres, hoje. Isso apenas refletiria sua atitude nos primórdios da Igreja. Esse arg um ento , contu do, é falso por al gumas razões. Em primeiro lugar, os teólogos sempre usaram os evange lhos e o livro de Atos para apoiar suas doutrinas. Para exemplificar, desde os dias de C alvino a teologia reform ada tem se deleitado em usar os textos de João 6.44 e Atos 13.48 para pro var a doutrina da eleição incondicional. D e igual modo, os dispensacionalistas apelam para João 1.17, usado para provar que há clara distinção entre as dispensações da Lei e da graça. Professores de missões e evangelistas regularmente utilizam os mesmos livros para ensinar sobre missões e evangelismo. Os evangelhos e o livro de Atos são fontes primárias para a cristologia. São essenciais para o estudo de como o Novo Tes tamento se utiliza do Antigo. O livro de Atos é crucial na questão do governo eclesiástico (cf. At 20.17ss). Portanto, não é verdadeiro o argum ento de que n ão podem os utilizar os evan gelhos e o livro de Atos para estabelecer doutrinas. Porque, na prática, todos fazem isso. O que esse argumento pretende realmehte é impedir sejam utilizados os evangelhos e o livro de Atos para defender a atu alidade dos dons espirituais. As pessoas que se utilizam desse argumento estão em pregando um a hermenêutica anti-sobrena tural na leitura do livro de Atos. Deixe-me explicar. A herm enêu tica é a ciência da inte rpre tação. Dela nos utilizamos para interprétar as Escrituras (ou qualquer texto escrito). Hermenêutica anti-sobrenatural é um sistema de interpretação que elimina os elementos sobrenatu rais da Bíblia. Teólogos liberais alemães, como Bultmann, “desmistificam” os milagres do Novo Testamento, afirmando que jamais ocorreram milagres, sob hipótese alguma; antes, teriam sido histórias criadas para dar expressão aos mitos cor rentes no Oriente Próximo antigo. Escritores tradicionais, que jamais sonharia m em tratar as Esc rituras desse m odo, em pre gam a hermenêutica anti-sobrenatural de outra maneira. Para
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estes, ocorreram milagres naqueles tempos, porém não mais se presta m para os dias de hoje. Sempre que um de meus estudantes declarava ter sido ins pirado a to rn ar- se missionário m edia nte a leitura da história de Paulo, no livro de Atos, dava-lhe minha bênção. Pensava ser essa um a m aneira válida de usa r as Escrituras. Por o utro lado, se algum aluno me dissesse que, pela leitura do livro de Atos, sen tiu-se desejoso de ser usado por Deus no ministério de curas, en tão eu o corrigia imed iatamen te. D izia-lhe que estava fazendo uso indevido das Escrituras. M eu vered ito era: “Você pode co pi ar os elementos não-miraculosos dos evangelhos e do livro de Atos, mas não os milagres”. Eu lia os evangelhos e o livro de Atos através das lentes da herm enêu tica and -sobren atural, e, cada vez que chegava a um a história de milagre, elas me perm itiam enxergar sua veracidade, mas filtravam q ualq uer aplicação que tivessem pa ra os dias at u ais. Com o justificar a herm enêu tica and-sobrenatural? O nde , nas Escrituras, somos informados de que devemos ler a Bíblia dessa maneira? O nde, nas Escrituras, somos orientados a copiar os ele mentos não-miraculosos e a descartar a atualidade dos milagres? Esse argum ento tam bém é falso po r um a segunda razão. No m und o antigo, no O rien te Próximo, do qual a Bíblia faz pa rte, a m aneira mais com um devcom unicar um a d ou trina teológica era contando uma história. As vezes os escritores modernos tratam os evangelhos e o livro de Atos como se fossem nada mais do que relatos jornalísticos. Definitivam ente, são mais que isso; eles são, em si mesmos, teologia. Lucas, ao escrever o terceiro evangelho e o livro de Atos, selecionou o material com extremo cuidado, para ensinar verdades teológicas bem definidas aos seus leitores.21 A prática de utilizar histórias para ensinar teologia ainda é comum no Oriente. Participei de uma grande conferência em Cingapura, e um dos pastores locais informou-me que um dos anciãos chineses de sua igreja costum ava respo nd er a perguntas teológicas com histórias. Q ua nd o pensam os acerca de qua nto do Antigo e do Novo Te stam ento consiste em narrativa, somos for çados a concluir que Deus também aprecia esse método de en sinar teologia.
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Em minha cópia do Novo Testamento da King James Version, os evangelhos e o livro de Atos ocupam 205 páginas, e as epístolas de Paulo, 87; outras epístolas, 34 páginas, e o Apocalipse, 22. Os evangelhos e o livro de Atos ocupam 59 por cento do N ovo T esta m ento . Todas as epístolas junta s per fazem 35 por cento. Fosse verdadeiro o argumento de que não podem os usar os evangelhos e o livro de A to s como fo ntes doutrinárias, seríamos forçados a considerar 59 por cento do Novo Testam ento como doutrinariam ente sem valor. Teríam os apenas 35 por cento do Novo Testamento para estabelecer nossas doutrinas! Obv iamente, ningu ém acredita nisso. Dizer que não se pode utilizar os evangelhos e o livro de Atos para determinar a re levância dos milagres à Igreja atual, é mera arbitrariedade. Tal afirmativa não tem base nas Escrituras, mas em preconceito. Temos ainda uma terceira razão para considerar falso tal argumento: ele contradiz as Escrituras. O apóstolo Paulo disse: “Toda Escritura é inspirada po r Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 T m 3.16). Pa ulo disse: “T od a Escritura ” - e não: “ Som ente as epís tolas”, ou: “Exceto os evangelhos e o livro de A tos ” - é útil para o ensino. H á tam bém um a ou tra contradição. Paulo, em suas epístolas, pelo menos seis vezes ordena aos cre nte s que sigam o seu exem plo conform e ele seguia o exem plo de Cristo , ou aprova aqueles que seguiam o seu exemplo (1 Co 4.16,17; 11.1; Fp 3.17; 4.9; 1 Ts 1.6; 2 Ts 3.9). P aulo nã o estabelece qualqu er distinção en tre elementos miraculosos e não-miraculosos, em sua vida. Paulo imitava a Cristo, que tinh a um a história de milagres, e o mesmo sucedia com Paulo. Porque, então, competiria a nós imitar so m ente a parte que não envolvia milagres nas vidas de Jesus e de Paulo? São eles nossos exemplos apenas na vida moral? Paulo não estabelece ta l distinção. Lembremos q ue o único registro inspirado da histó ria eclesi ástica é o livro de A tos! Esse é o único período d a vida da Igreja aprese ntado sob a ótica divina e a cujo registro podemos creditar cem por cento de precisão. O livro de Atos é a m elh or fonte de que dispomos para saber como deve ser a vida quando o Espírito Santo está pre
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sente e operando na Igreja. Encontramos nesse livro uma Igreja apaixonada por Deus, disposta ao sacrifício - ao po nto do ma r tírio - e que operava milagres. Po r que De us a desejaria dife rente, hoje? Alguém, sinceramente, preferiria a Igreja dos dias de Calvino, ou a do século XX, nos Estados Unidos da Amé rica, como modelo? Lembre-se de um p on to já mencionado: se um recém-convertido, que nada sabe de história do Cristianismo ou de Novo Testamento, fosse trancado numa sala por uma semana, com uma Bíblia, sairia dali crendo que os milagres fazem parte da experiência atual da Igreja. Seria necessário um teólogo muito astuto para convencê-lo do contrário.
Quaisquer que sejam os propósitos atribuídos aos milagres do N ovo T esta m ento , não se pode afirm ar que D eus os ten h a rea lizado por necessidad e, ou por supostas deficiências que circun davam a pregação inicial do Evangelho. As curas e os milagres eram dádivas da parte de Deus. O Evangelho jamais dependeu deles. Também não se pode dizer que os milagres tinham o pro pósito de confirm ar os apóstolos ou provar a auto ridade das Es crituras. N ão obstante, o Novo Testa m ento —incluindo os evangelhos e o livro de Atos —revela que Deus realizava milagres. Ele curava pessoas, e tin h a im porta nte s propósitos com essas cu ras. Explo raremos esses propósitos mais amplamente, nos próximos dois capítulos.
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Por que Deus Cura?
J á faz mais de 18 anos qu and o descobri, nu m a sexta-feira à tarde, que m inha esposa estava grávida daquele que seria nosso prim ogênito. Foi um a grande celebração! M as no sábado pela manhã, Leesa teve de ser levada às pressas para o hospital, pois estava prestes a abortar. O médico, que era também um bom amigo, declarou: “Serei honesto. Sei o quanto vocês querem a criança, mas é provável que essa gravidez termine em aborto. Darei a Leesa o medicamento apropriado, e a enviarei para casa a fim de descansar. Em todo o caso, não quero que vocês percam a espera nça”. Sentamo-nos no divã de nosso pequeno apartamento, e aí choramos. Passamos por todas as emoções oriundas de tal situ ação. Mas em meio à tristeza, pensei: “Espere um minuto. Se não aceito passivamente as opiniões dos teólogos, como aceita ria as de um médico?” Tinha outro amigo que era médico, e que havia escrito um manual sobre ginecologia. Chamei-o pelo telefone, e lhe disse: “Acabamos de chegar do médico, e ele diz que Leesa pode ter um aborto. Quero a sua opinião”. “Quais os sintomas dela?” perguntou-me ele. Então alistei todos os sintomas de Leesa. “O caso de Leesa foi diagnosticado corretamente. Se essa criança vier a nascer, há oite nta p or cen to de chance de que ela seja deformada tanto física quanto mentalmente. E vocês gas
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tariam grande parte de sua vida e de seu dinheiro cuidando dela. O mais provável, contudo, é que Leesa perca a criança. E, isso, afinal, pode representar uma bênção para vocês, que ain da são jovens e poderão ter outros filhos. Se vocês não fossem crentes, eu lhes diria que essa é a maneira pela qual a natureza livra-se dos que não são suficientemente fortes para sobreviver. Como vocês são crentes, penso que Deus está lhes poupando de grande dose de sofrimento e gastos, ao permitir que o bebê não sobreviva”. Há 18 anos, consolei-me com essas palavras; resignei-me a perder o filho. Hoje, firm ado no que sei sobre a natu reza, pro pósitos e poder de Deus, não me conform aria. Mas naquele tempo, infelizmente, era uma pessoa diferente, dotado de uma teologia menor, e que punha restrições à obra de Deus. Tornei a pôr o telefone no gancho, e voltei ao quarto onde estava Leesa. Eu qu eria que ela tam bém se consolasse com aqu e las palavras. Ela continuava sentada no divã, chorando. Seu rosto estava vermelho e inchado; o nariz, escorrendo; os olhos, congestionados. Disse-lhe eu: “Leesa, tudo dará certo. Acabo de falar com outro médico”. Relatei-lhe tudo quanto nosso segundo amigo me dissera. Leesa, entretanto, parecia não ouvir uma palavra do que eu lhe dizia. Pensei que ela estivesse perturbada para ouvir-me. Por isso, aproximei-me e repeti-lhe tudo quanto ouvira do médico. En tretanto, ela continuou recusando-se a reconhecer-me. A essa altura, comecei a ficar exasperado, por não estar ela me dando ouvidos. Sua reação, porém, não se fez por esperar. Embora seus olhos estivessem quase cerrados pelo inchaço, desferiam raios como relâmpagos. Suas palavras foram ainda mais surpreen dentes: “Não me importo com o que você está dizendo. Não há maneira de eu crer que a perda desse bebê seria uma bênção. Eu amo esse bebê de todo o meu coração. A pior coisa no mundo que me poderia acontecer seria perdê-lo. Não me im porta quão defeituoso seja ele. Passare i o re sto de m inha vida cuidando dele, se Deus permitir que eu o tenha”. Fiquei boquiaberto. Tive o sen timen to de estar pisando terrá santa. Resolvi não dizer mais nada, pois me era difícil compre ender os sentimentos de minha esposa em relação àquela cri ança que estava sendo gerada.
Por q u e
Deus Cu ra
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Como podia ela sentir-se daquela maneira acerca de uma criança que ainda não havia nascido? Além do mais, ela sabia estar grávida há menos de 24 horas. E, nesse período, a novi dade só lhe havia causado tristeza e pesar. Não obstante, a pior coisa que lhe podería acontecer, segundo suas próprias pala vras, era perder a criança! Onde ela havia obtido aquela espé cie de amor? De onde lhe viera tanta compaixão? Enquanto, estonteado, ponderava aquelas questões, a palavra raham ex plodiu-m e no cérebro como se fora a bala de algum franco atira dor angelical. A melhor maneira de exprimir a compaixão de Deus, no Antigo Testamento, era mediante o termo hebraico raham , “ventre”.1Mas de onde haviam os hebreus selecionado tal pa lavra para expressar a compaixão divina? Mui provavelmente das observações de um marido hebreu ao ver os intensos sofri mentos de sua esposa grávida pelo infante que estava sendo gerado em seu ventre. Ele sabia que ela tinha um amor tão grande por aquela criança que ele ainda não podia experimen tar. Em meu espírito, olhei para o céu, e disse: “Este é o sen timento que minha esposa nutre pelo nosso filho que ainda não nasceu. E creio que tu sentes o mesmo por nós. Não é verdade, Senhor?” Somos como aquele infante no ventre: moralmente debili tados e em tudo dependentes de Deus quanto às nossas própri as vidas. A criança que Leesa trazia no ventre causava-lhe dor, e ameaçava-lhe a vida. Nós, igualmente, causamos dor a Deus. Custamos a vida de seu único Filho. Eis porque o Pai celeste é tocado por nossa dor. Ele não quer que os seus “pequeninos” se percam (Mt 18.6). Visto ser Deus compassivo, Ele deseja ajudar-nos em todas as nossas dificuldades. Quando alguém me diz que Deus não está mais curando, ou que cura apenas mui raramente, tenho vontade de lhe per guntar: “E para onde se foi a compaixão do Senhor? Jesus Cristo não visita mais as nossas igrejas? Não nota mais a nossa dor? N ão cuida mais de nossos entes queridos que se ach am nos hospitais e hospícios? Não se importa mais com nossos bebês que nascem deformados? Não, não penso que a compaixão divina tenha diminuído. Pelo contrário: Ele continua tão dis-
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posto hoje como no prim eiro século a to carm os os espíritos e corpos. A Igreja é que mudou; Deus não. N este cap ítulo, pois, exploraremos não som ente a compai xão de Deus, mas também algumas das razões pelas quais Ele curava no passado e continua a curar em nossos dias.
Deus Cura Movido pela Compaixão e pela Misericórdia O ministério de curas de Jesus foi motivado por sua com paix ão. U m incidente típic o acha-se regis trado em M ate us 14.13,14: Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, à parte; sabendo-o as multidões, vieram das cidades seguindo-o po r terra. Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfer mos.
Foi a compaixão que motivou Jesus a curar leprosos (Mc 1.41,42), o jovem en dem oninhado (Mc 9.22), o cego (M t 20.34), e até a ressuscitar mortos (Lc 7.11-17). Em Mateus, a multipli cação de pães às qua tro m il pessoas não foi motivada pelo desejo de Cristo em demonstrar que é o pão da vida, mas pela sua compaixão por aquela multidão pobre e faminta (Mt 15.32). De igual modo, Jesus curou o cego (Mt 9.27-31; 20.29-34), o endemoninhado (Mt 15.22-28; 17.14-21) e os leprosos (Lc 7.13,14) em resposta aos seus respectivos clamores. E até mes mo a cura do mais notório endemoninhado de Novo Testa mento é atribuída à misericórdia divina (Mc 5.19). Os textos que acabamos de mencionar demonstram que a compaixão e a misericórdia divinas foram os fatores predomi nantes nas curas narradas no Novo Te stam ento.2En quan to Jesus perc orria as estradas poeirentas da Pale stin a, ia sen do tocad o pelas dores e enferm idades dos que o rodeavam . Ele não se desgostava daqueles cujos corpos estavam infectados pela lepra. Mas impunha-lhes as mãos e os curava. Certo dia, sentiu-se movido em seu espírito ao ver um cortejo fúnebre que condu
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zia o cadáver do filho único de uma viúva. Sentiu-se movido de íntima compaixão e o ressuscitou! Quando lhe traziam os alei jados, os cegos e os defeituosos, Ele não se m antinha in dif eren te. Jesus não lhes fazia dissertações teológicas; antes, curava a todos. Compreender a compaixão de Cristo pelos enfermos e ba queados pela sorte tem grandes implicações práticas. Com freqüência, deparo-me com pessoas entusiasmadas que devotam grande parte de seu tempo a orar pelos enfermos e problemá ticos. Algumas delas vêem quase nenhum resultado neste mi nistério. Conversando com elas, não é difícil descobrir por que obtêm tão pouco sucesso. Em primeiro lugar, sua motivação prim ária não é a compaixão; é a expectativa de algo excitante, sobrenatural, ou provar a seus oponentes teológicos que Deus continua a curar. Tais motivos não são apropriados para se obter a cura di vina. Deus não tem a obrigação de satisfazer-nos a curiosidade, nem ajudar a seus filhos a vencer disputas desnecessárias. O grande motivo de Deus é justamente demonstrar compaixão por seus filhos. E se você dem onstrar a mesm a compaixão pelos enfermos e oprimidos, o poder curador de Cristo fluirá através do ministério que Ele lhe entregou. Rogue ao Pai celeste que lhe permita sentir compaixão pelos doentes e amargurados de espírito. Afirmar Igreja atual por nós. Se samos estar natural.
que Jesus haja retirado seu ministério curador da é admitir que Ele também já não sente compaixão crermos, porém , num Salvador compassivo, preci cientes de seu am or em dispensar-no s a cura so bre
Deus Cura para Glorificar a Si Mesmo e a Seu Filho O propósito explícito de algumas curas era o de glorificar o nome de Deu s. H aja vista a ressurreição de Lázaro. N a ocasião, disse Jesus a seus discípulos: “Esta enfermidade não é para a morte, e, sim, para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado” (Jo 11.4). Depois disse a Marta:
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“Não te disse eu que se creres verás a glória de Deus?” (Jo 11.40). Embora tenha o milagre demonstrado também ser Jesus a ressurreição e a vida, o propósito declarado era o de glorificar a Deus. Na realidade, ambos os propósitos não formam uma contradição. Pois quando Jesus ressuscitou a Lázaro, demons trou ser Ele próprio a ressurreição e a vida e, com isso, levou o povo a glorificar a Deus. O mesmo propósito pode ser visto nas curas apostólicas. Lucas assim narrou a cura do aleijado que ficava na porta Formosa do templo: À vista disto, Pedro se dirigiu ao povo, dizendo: Israelitas, por que vos maravilhais disto, ou por que fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivésse' mos feito andar? O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós traístes e negastes perante Piíatos, quando este havia decidi do soltá-lo. (At 3.12,13, a ênfase é minha)
Essa cura também alcançou seu intento, como Lucas o re gistra: “. . . porque todos glorificavam a Deus pelo que acon tecera” (At 4.21). Essa foi uma reação normal do povo, que já vinha obser vando o ministério miraculoso de Jesus. Com freqüência, lou vavam e glorificavam ao Deus de Israel. Para exemplificar, ci tamos Mateus: E vieram a ele muitas multidões trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos e outros muitos, e os largaram junto aos pés de Jesus; e ele os curou. De modo que o povo se maravilhava ao ver que os mudos falavam, os aleijados re cobravam saúde, os coxos andavam e os cegos viam. Então
glorificavam ao Deus de Israel.
(Mt 15.30,31, a ênfase é minha)
Esse é um dos grandes temas do evangelho de Lucas. O povo glorificou a Deus ao ver Jesus curar o paralítico que fora descido através do eirado da casa (Lc 5.24-26), ressuscitar o
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filho da viúva de Naim (Lc 7.16), libertar a mulher encurvada pelo esp ír ito im undo (Lc 13.13,17) e dar vista ao cego (Lc 18.42,43). Lucas leva o tema a uma conclusão apoteótica: “E quando se aproximava da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos passou, jubilosa, a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinham visto” (Lc 19.37). Jesus realmente esperava que o povo acolhesse o poder curador de Deus a fim de o glorificar. Havendo curado os dez leprosos, Jesus entristeceu-se ao ver que somente um voltara para agradecer: “N ão era m dez os que foram curados? O nde estão os nove? Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?” (Lc 17.17,18). A natureza dos milagres do Se nho r Jesus tinh a como essên cia glorificar a Deus. Quando Ele transformou água em vinho, por exem plo, su a glória foi m anifesta da (Jo 2.I I).3Todos esses textos demonstram que os seus milagres não serviam apenas para aute nticar-lhe a mensagem, mas tam bém para que o Pai fosse glorificado no Filho. A semelhança da compaixão de Deus, esse propósito não está arraigado em alguma circunstância histórica. Deus sempre esteve preocupado em trazer a glória a si mesmo e ao seu Filho. Por isso é que as curas constatadas hoje têm de servir, neces sariamente, para o mesmo propósito. Aliás, tenho observado, em não poucas ocasiões, que, quando Deus cura alguém, quer pública quer privadam ente , os circunstante s reagem im edia ta mente louvando e glorificando a Deus. Glorificar a Deus através de curas e milagres era mui pro eminente no ministério de William Duma. Esse famoso prega dor negro sul-africano foi usado por Deus em muitos milagres notáveis até o fim de seus dias em 1977. A reputação de Duma era tão grande que até os brancos visitavam a sua igreja, bus cando ser curados por Jesus Cristo. Isso numa época e num lugar onde os brancos eram proibidos de visitar igrejas negras. D um a era um homem realmente santo. Fazia um jejum anu al de vinte dias, na mais completa solidão, para obter direção e poder para o seu min istério. C ontudo, não lançava sua santi dade como o segredo dos milagres e curas que o Senhor reali zava por seu intermédio. O seu segredo é encontrado no título de sua biografia, Take Your Glory, Lord. Em português: “Tom e
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a sua glória, Senhor”. Quando impunha as mãos sobre os en fermos para orar, seu pensamento dominante era que o Filho de Deus fosse glorificado. E o Senhor jamais deixou de o hon rar com muitos milagres notáveis, incluindo a ressurreição de uma menina.4 Con heço muitos obreiros que almejam ter um ministério de curas, mas confessam que, quando impõem as mãos sobre os enfermos, ficam preocupados. E, se Deus não operar? Como serão considerados pelos presentes? Preocuparm o-nos com a nossa própria glória não é a m anei ra correta de se obter a resposta divina. Pois Deus não se pre ocupa primariamente com a maneira pela qual parecemos aos olhos do mundo. Ele permitiu que seu próprio Filho se passas se por tolo diante do mundo no Calvário (1 Co 1.18-25). Tam bém perm itiu que os seus apóstolos se tornassem espetáculos diante do Universo inteiro (1 Co 4.9-13). Por que pensaríamos fosse Deus se preocupar com a nossa reputação quand o perm i tiu que seus apóstolos parecessem “loucos” por causa de Cristo (1 Co 4.10). Ele não há de curar para impedir-nos de parecer tolos. Entretanto, Ele o fará para que o seu Filho seja glorifi cado. É o que nos dizem as Escrituras e a própria experiência cristã. Passei por esse temor quando comecei a orar pelos enfer mos. Entre outras coisas, perguntava o que os meus colegas, no seminário, pensariam de mim. E os meus amigos? Por muitos anos, havia ensinado que Deus raramente curava por meios sobrenaturais em nossos dias. Por conseguinte, o que eles diri am de mim se eu começasse a orar pelos enfermos, e as pessoas não fossem curadas? Naqueles primeiros dias, o Senhor “fez um negócio” comi go. Foi como se Ele dissesse: “Se você não tomar o crédito quando alguém for curado, não terá de levar a culpa quando outro alguém não o for”. Noutras palavras: se tivermos o cui dado de dar ao Senhor a devida glória, então Ele arcará com todas as responsabilidades quanto aos que forem e aos que não forem curados. O amor à fama tem colocado muitos ministérios em dificul dade. Infelizmente, os ingênuos e mal orientados demonstram grande deferência para com os que são usados no ministério de
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cura. Não raro, pastores e evangelistas encorajam tal prática, contando histórias em que eles mesmos são o centro da atem ção. E, assim, usurpam o lugar do Senhor Jesus. Os que agem assim, serão repreendidos (Jo 5.44). Quanto a mim, acredito que muitos dos que alegam terem grandes ministérios de curas são, na verdade, fraudulentos. Em bora alguns deles tenham sido re alm ente usados pelo Senhor, perd eram com o te m po a prio rid ade do R ein o e passaram a se autopromoverem, atraindo grandes multidões e significativas so mas de dinheiro. Os que se promovem acabam perdendo o mi nistério e a comunhão com o Senhor. Se você deseja ser usado pelo Senhor de maneira significa tiva, cultive o desejo de ver o Filho de Deus glorificado. Glo rificando-o, jamais naufragaremos na fé, nem seremos induzi dos ao erro.
Deus Cura em Resposta à Fé A mulher que sofria do fluxo de sangue há 12 anos, veio quase se arrastando por detrás de Jesus, tocou-lhe na orla do manto, e foi instantaneamente curada. Jesus, sentindo que vir tude saíra de si, voltou-se à mulher: “Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou” (Mt 9.22). De igual modo, foi a fé duma cananéia que impeliu a Jesus a curar-lhe a filha endemoninha da. Disse-lhe Ele: “O mulher, grande é a tua fé! Faça-se con tigo como queres” (Mt 15.28). Foi ainda a fé que motivou-o a curar o paralítico que lhe baixaram do eirado em Cafarnaum. As Escrituras dizem que “vendo-lhes a fé” (Mt 9.2), Ele curou o paralítico.5 Esse mesmo princípio encontra-se no ministério dos após tolos. Lucas deixou registrado que em Listra costumava estar assentado certo homem aleija do, paralítico desde o seu nascimento, o qual jamais pudera andar. Esse homem ouviu falar de Paulo, que, fixando nele os olhos e vendo que possuía fé para ser curado, disseAhe em alta voz: Aprumaste direito sobre os pés. Ele saltou e andava. (At 14.840)
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O Novo Testam ento ensina claramente que Deus responde à fé, curando os enfermos. Três histórias de curas, no ministério de Jesus, revestem-se de particular significação para os crentes de hoje. A primeira descreve dois cegos que vieram a Jesus, solicitando-lhe a cura. O Senhor, então, lhes pergunta: “Credes que eu possa fazêlo?” (Mt 9.28). A pergunta não somente sublinha a importân cia da fé para a cura, mas também realça a natureza da própria fé. Ter fé em Deus significa confiar que Ele tem poder também para curar. Embora eu já tenha me deparado com muitos in cré dulos na igreja, a vasta maioria dos crentes afirma que Ele pode curar. Apesar de estes dizerem que Deus possa fazer qualquer coisa, seus corações acham-se distantes desta profissão. Certa ocasião, discutia eu com um grupo de teólogos profis sionais, quando o assunto passou a girar em torno da cura divina. Eles, então, começaram a enumerar as coisas que não pediriam a Deus que curasse. Uns citavam a cegueira; outros, a surdez; e outros ainda, a deformidade física ou o restabelecimento de um membro amputado. Como se vê, eles só poderiam orar por resfriado e dor de cabeça. Antes que a discussão terminasse, aqueles doutos senhores já haviam negado, virtualmente, a po ssibilidade de qualq uer milagre em nossos dias. Em síntese, aqueles homens disseram que Deus poderia curar a cegueira ou ressuscitar os mortos. Chegaram até a afirmar que Deus cura atualmente.Todavia, não estavam dispostos a orar pelas enfermidades citadas. Intelectualme nte, assentiam que Deus pode curar, mas em seus corações não tinham real con fiança em Deus. A questão, pois, não é se Deus pode curar, mas se Deus realmen te cura. N a seg unda narrativa, um leproso veio a Jesus e lhe rogou: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me” (Mt 8.2; a ênfase é minha). Esse homem certamente acreditava na habilidade de Jesus em curar qualquer enfermidade terminal. Mas também compreendeu que não seria curado simplesmente por que acre ditava no poder curador de Cristo. Por isso, disse: “Se quise res”. A fé que Deus requer não é uma certeza psicológica, mas a confiança em sua capacidade e vontade em curar. E a confi ança de que Deus ama a seus filhos e os cura de fato.
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Há, em nossos dias, uma doutrina da cura que anda à beira da presunção. Ensina que é da vontade de Deus curar todas as enfermidades. De acordo com os seus promotores, tudo quanto nos resta fazer é confessar e reivindicar a nossa cura, pois Deus é obrigado a curar-nos. Outra, porém, foi a atitude do leproso: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me”. E Jesus honrou-lhe a fé: “Quero, fica limpo!” (Mt 8.3).6 Certa ocasião, ouvi o relatório de uma mulher que fora curada após ter confessado por 184 vezes: “Eu estou curada”. O homem que deu o relatório indagou: “Que aconteceria se ela tivesse parado na centésima octogésima terceira vez?” Ora, não estou negando que a cura tenh a realmen te ocorrido. Pois Deus não requer sejam a nossa teologia e prática perfeitas para que Ele possa operar. Mas tal ensino pode ser destrutivo, porque desvia-nos da fé em Deus para uma mera certeza psicológica. Uma certeza que Deus realmente não requer. Sei que há ocasiões em que Deus nos dá uma certeza psi cológica quanto à realização da cura. Em minha vida, tem ha vido ocasiões em que, ao orar por um enfermo, não paira qual quer dúvida sobre a cura deste. Certa vez, uma jovem mãe de nossa igreja, chamada Karen Hersom, telefonou-me. Em prantos, contou-me que se achava grávida novamente, mas que a criança, que trazia no ventre, enfrentava sérios problemas. Segundo revelara a ultra-sonografia, o rim da m en ina estava atrofiado. Ap esar de o médico lhe haver assegurado que o outro rim era normal, e que o bebê seria capaz de viver bem com apenas um rim, Karen não se confor mava. Enquanto ela me narrava os fatos, uma paz divina instalouse em mim, impelindo-me a dizer àquela mulher: “Não se pre ocupe, Karen. Nós oraremos por você, e Deus curará o seu bebê”. “O senhor realmente pensa assim?” indagou ela. “Sim”, respondi. “Tudo ficará bem”. Ao colocar o fone no gancho, comecei a perceber a gravida de do que eu havia dito. Tinha feito algo que raramente faço quando oro pelos enfermos. Eu tinh a prometido a cura a Karen.
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Quando Karen veio ao meu escritório no dia seguinte, meu amigo, Steve Zarit, e eu, oramos por ela. E houve algumas ma nifestações físicas do poder de Deus sobre Karen naquele mo mento. Dez dias mais tarde, ela foi novamente ao mesmo mé dico, que pediu uma segunda ultra-sonografia. E lá estava o milagre! Ambos os rins do bebê exibiam agora as mesmas di mensões; ambos saudáveis e normais. O bebê nasceria três meses mais tarde sem nenhum problema físico. Depois dessa ocasião, já orei diversas vezes por bebês pre maturos que vieram a morrer. E isso levou-me a compreender que não sou capaz de produzir qualquer certeza psicológica. Ela é um dom de Deus; não pode ser manufaturada pela mente humana. Se você realmente não acredita na capacidade e na boa vontade divina para curar, provavelm ente jamais experi mentará esse tipo de fé. A terceira narrativa é acerca do menino endemoninhado e epiléptico do capítulo 9 do Evangelho de Marcos. O pai o trou xera aos discípulos, mas estes não puderam expulsar o demô nio. Se aquele homem tinha qualquer fé no começo, o fracasso dos discípulos certamente dissipou-lha. Então ele rogou a Je sus: “Mas se tu podes alguma cousa, tem compaixão de nós, e ajuda-nos”. Jesus retrucou-lhe: “Tudo é possível ao que crê”. Esse é um princípio enfatizado por Jesus de modo con sistente (Mt 21.21,22). Jesus não impôs qualquer limitação ao que podemos pedir a Deus. E por que haveríamos nós de limitá-lo? Os professores que m encionei não pediríam a Deus que cu rasse cegueiras e paralisias. Limitar-se-iam a rogar-lhe que gui asse as mãos do médico numa cirurgia e no aviamento das receitas. Por que limitar a Deus? Eles limitam o poder curador de Deus quando se recusam a ensinar sobre a cura divina ou não encorajam a oração em favor dos enfermos. Talvez você jamais tenha visto o Senhor curar um cego ou um paralítico, mas por que você deixaria sua experiência esta belecer limites a Deus? Você acredita que Ele pode atuar so bre naturalmente de outras maneiras. Então creia que Ele, de fato, cura de maneira sobrenatural? Durante o tempo em que fui estudante e professor de semi nário, ouvia constantemente os estudantes testemunharem acer-
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ca de como Deus lhes havia suprido sobrenaturalmente as ne cessidades. Não era raro ouvir um estudante dizer que precisa va de 139 dólares para pagar as despesas e, sem saber de onde, eis o cheque de 139 dólares. Já ouvi numerosas histórias dessa natureza. A maioria dos crentes não tem qualquer dificuldade em acreditar que Deus age sobrenaturalmente em questões como essas. Por que, então, é tão difícil acreditar que Ele possa en direitar uma coluna, ou regular a química de algum diabético? Teria Deus capacidade apenas para resolver problemas finan ceiros? N ão pod eria Ele end ireitar um a colun a vertebral? A con tece, porém, que nos limitamos a orar por nossas necessidades, mas não o fazemos em relação às nossas enfermidades. Se Deus curava, em resposta à fé, nos dias do Novo Testamento, então por que Ele não nos responderia hoje m ediante a mesm a fé? Se não há curas, hoje, o problema repousa sobre a capacidade da Igreja em crer em Deus quanto à cura. Relembremo-nos destas três características da fé: 1. A fé no po de r cura dor de Jesus é confiar que Ele real' mente cura. 2. A fé no desejo que Jesus tem de cura r não deve ser equiparada à certeza psicológica. Ele curará até mesmo quando não temos nenhuma psicológica. 3. A fé não im põe restrições à habilidade de Deus em favor de seus filhos, porquanto “tudo é possível àquele que crê”.
Deus Cura em Resposta à Sua Própria Promessa Há outra razão irrefutável para crermos ser a cura um mi nistério primário da Igreja atual. Em Tiago 5.14-16, Deus comissiona a Igreja a exercê-lo:
Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo'O com óleo em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser' lhe'ão perdoados. Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
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Agora, pois, pergunte a si mesmo por que Deus ordenou à Igreja que orasse pelos enfermos, fazendo-lhe uma promessa que, de há muito, se constitui numa norma. Muitas igrejas que acreditam n a infalibilidade de suas Bíblias, não sabem que Tiago 5.14-16 faz parte do texto sagrado. Lecionei no seminário por dez anos antes de haver encorajado os alunos a aplicarem esta passagem de Tiago. Q uanto aos que me haviam discipulado, jamais disseram ser resp onsabilidade da igreja orar e ungir os enfermos. Os membros da igreja jamais pedirão a seus pastores que orem por eles, a menos que sejam ensinados a fazê-lo. E tam bém jamais te rão confiança no poder cura dor de Deus, se não forem doutrinados corretamente. Assim que nos pusemos a en sinar e a pôr em prática Tiago 5.14-16, Deus começou a curar em nossa igreja. Ruth Gay, a irmã que mencionei no capítulo 2 deste livro, foi a primeira beneficiada por esta nossa tomada de posição. Jesus a curou de um aneurisma. N ão são apenas os anciãos, ou presbíteros, da igreja que devem orar pelos enfermos. No versículo 16, Tiago ordenou a todos os crentes: “E orai uns pelos outros, para serdes cura dos”. Se a Igreja inteira levasse mais a sério a ordem divina, mais curas seriam operadas em nosso meio.
N este capítulo, vimos que o m in isté rio de curas está arrai gado ao eterno desejo do Pai em glorificar a si mesmo e ao Filho, à sua profunda compaixão pelos que sofrem e à sua constante disposição em responder aos que exercem a fé. Ele também cura em resposta à sua própria ordem e promessa que fez à Igreja. Bastam essas quatro razões para convencer-nos de que o propósito divino à cura acha-se baseado sobre sua natu reza imutável, e não sobre circunstâncias históricas. As Escrituras oferecem-nos ainda outras razões pelas quais Deus cura. Embora sejam elas discutidas longamente no Apên dice A, mencioná-las-ei abreviadamente aqui. Ele cura para levar o pecador ao arrependimento e abrir-lhe as portas para o Evan gelho. Ele cura para ensinar-nos a respeito de si mesmo e de seu Reino. Ele cura a fim de demonstrar a presença de seu Reino. Ele cura para atender às pessoas que lho pedem. E Ele
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cura por suas razões soberanas, conhecidas somente por Ele mesmo. N en hu m a dessas razões está alicerçada sobre as circunstâ n cias históricas qu e caracterizaram a Igreja do primeiro século de nossa era. Elas encontram-se arraigadas ao caráter e aos propó sitos eternos de Deus. Se o Senhor curava no primeiro século da era cristã por estar motivado pela sua compaixão e miseri córdia pelos que sofriam, por que retiraria Ele essa compaixão pelo simples fato de os apóstolos não se encontrarem mais entre nós? Não sente Ele mais compaixão pelos leprosos? Será que não se comove diante de um aidético? Se Jesus e os apóstolos curaram no primeiro século a fim de trazer glória a Deus, por que não iria permitir hoje que seu Filho fosse glorificado atra vés do ministério da cura? Osvpropósitos bíblicos para a cura continuam válidos até hoje. A medida que nos alinhamos a eles, passamos a compro var que, realmente, Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eter namente. Ele continua a curar.
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Por que Deus Concede Dons Miraculosos?
^ s ío ou tono de 1987, estava eu dirigindo um estudo bíblico de uma semana. Na noite de quarta-feira, particularmente, havia cerca de 100 pessoas reunidas. Ao término da reunião, demos ao povo a oportunidade de compartilhar publicamente qual quer coisa que pensassem ter sido revelada pelo Senhor e trou xesse edificação aos presentes. Uma jovem mulher, de nome Karen Fortson (hoje Sra. Tom Davis) estava sentada na fileira da frente. Ela imediatamente levantou-se, e disse, de modo gentil: “O Senhor mostrou-me um jovem senhor, que pela prim eira vez se reúne conosco. Ele é escravo da porn ografia. O Senhor quer ajudá-lo, mas não pretende deixá-lo embaraçado. Depois da reunião, deve procurar e pedir oração a um dos lí deres”. Karen mais tarde revelou-me estar tão certa de que o Senh or lhe havia falado, que teve medo de olhar em volta. Tin ha certeza de que o Senhor lhe mostraria o jovem, e ela não que ria saber! Quando a reunião terminou, o jovem veio até mim, pálido, tremendo e suando. E confessou-me: “Sou aquele de quem a jovem estava falando”. Ele estava preso à porn ografia desde a adolescência. E, apesar de ser, agora, um estudante de seminá rio, com esposa e filhos, co ntinu ava escravo - mais do que nun ca. No en tanto , fez um a completa confissão a mim e a outro pasto r, e oram os por ele.
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y.iTpreendido pelo Poder do Espírito
Em 1 C orín tíos 1 4.24,25, Paulo descreve o que aco ntec eu naquela noite: Porém, se todos profetizarem, e entrar algum incrédulo, ou indouto, é ele por todos convencido, e por todos julgado; tornam-se-lhe manifestos os segredos do coração, e assim, prostrando-se com a face em terra, adorará a Deus, testemu nhando que Deus está de fato no meio de vós. Aquele seminarista não acreditava que os dons do Espírito tivessem validade para hoje, e era hostil ao dom de línguas. Qualificava quem falasse em línguas como ignorante. Ele viera aquela noite ao nosso estudo bíblico justamente para avaliá-lo. Mas Deus resolveu que o jovem é quem devia ser avaliado. Histórias como essa não são incomuns. Contudo, a despeito dos testemunhos de que Deus ainda hoje opera milagres na Igreja, muita gente insiste em afirmar que os dons espirituais cessaram com a morte dos apóstolos. Essa questão deve ser estabelecida por declarações específicas das Escrituras, e não por vagas deduções teológicas ou sim ples asserções pessoais. Os capítulos 12 a 14 de 1 Coríntios oferecem-nos seis razões para a perm anência dos dons miraculosos na Igreja até a volta do Senhor. E a mais importante dessas razões é o propósito declarado dos dons espirituais.
Propósito dos Dons Espirituais: Fortalecer a Igreja Paulo não deixa dúvidas quanto ao propósito dos dons es pirituais. Cada dom foi concedido para fo rtalecer e edificar a Igreja. Em 1 Co ríntios 12.7, o apóstolo escreve: “A m anifesta ção do Espírito é concedida a cada um, visando a um fim pro veitoso” (grifo meu). Que dons Paulo tinha em mente quando fez essa declaração? Nos quatro versículos seguintes, ele pros segue: Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo Espírito, té: e a outro, no
i_r que
Deus Concede Dons
Miraculosos?
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mesmo Espírito, dons de curar; a outro, operação de milã' gres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá' las. Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas cousas, distribuindo'as, como lhe apraz, a cada um, individualmente.
Pau lo reafirm a o pro pó sito dos dons espirituais em 1 Coríntios 14.26. Notemos, uma vez mais, os dons específicos que ele menciona: “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina, este traz revelação, aquele ou tro língua, e ainda outro interpretação. Seja tudo feito para edificação ” (grifo meu).1 Visto ser o propósito dos dons espirituais fortalecer a Igreja, as curas, os milagres, as línguas e a profecia não se confinavam aos apóstolos, ou a umas poucas pessoas do primeiro século da era cristã. Antes, esses dons foram largamente distribuídos no seio da Igreja. Como já disse, o dom de profecia encontrava-se na igreja em Roma (Rm 12.6), Corinto (1 Co 12.10), Éfeso (Ef 4.11), Tessalônica (1 Ts 5.20) e Antioquia (At 13.1). O Novo Testamento também cita alguns indivíduos não-apóstolos, mas que eram chamados profetas ou exerciam dons de revelação: Agabo (At 11.28; 21.10,11), Judas e Silas (At 15.32), as quatro filhas de Filipe, que profetizavam (At 21.9), e Ananias (At 9.1019). Milagres eram operados em Corinto (1 Co 12.20) e nas igrejas da Galácia (G1 3.5). Havia dom de línguas em Jerusalém (At 2.1-13), em Cesaréia, entre os convertidos gentios (At 10.44' 48), em Éfeso (At 19.1-7), em Samaria (At 8.14-25) e em Corinto (1 Co 12—14).2 O propósito de fortalecer a Igreja é particularmente verda deiro quanto ao dom da profecia. Paulo mantém que “o que profetiza, fala aos homens, edificando, exortando e consolan do” (1 Co 14.3). E, novamente: “O que profetiza edifica a igre ja” (1 Co 14.4). Visto ser a edificação o propósito primário dos dons espiri tuais, como poderia alguém concluir que foram retirados da Igreja? Se esses dons edificaram a Igreja no primeiro século, por que não a edificariam no século XX? As próprias declara ções da Bíblia força-nos a crer na sua continuidade.
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Deus Ordena Desejemos Ardentemente os Dons Espirituais Visto serem os dons espirituais que edificam o Corpo de Cristo, não é de surpreender que Paulo tenha ordenado por três vezes aos crentes coríntios que “desejassem” intensamente ou “se esforçassem” pelos dons espirituais (1 Co 12.31; 14.1,39). N ão lhes disse simplesm ente que aceitassem ou tolerassem os dons, mas que fossem “zelosos” acerca deles.3 Paulo não queria que os crentes coríntios - ou qu aisquer outros cristãos do Novo T estam ento - mantivessem um a atitu de passiva em relação aos dons espirituais. A questão revestese de maior significado quando consideramos a situação em Corinto, onde o abuso dos dons espirituais causara sérios pro blemas. A solução de Paulo para a co ntrovérsia, entreta nto, não era o abandono nem a passividade, mas o cuidado em exercer os dons conforme as regras por ele estabelecidas nos capítulos 12 a 14 de 1 Coríntios. Essas regras têm sido ignoradas por grande parte da Igreja atual. Igrejas há que não apenas se mostram passivas como tam bém são hostis aos dons espirituais. Perseguem os que aceitam os dons e desencorajam a outros de segui-los. Isso é pura de sobediência à Palavra de Deus. A maioria dos cessacionistas declaram encerrado o ministé rio dos dons ao término do Novo Testamento ou à morte do último dos apóstolos. O último livro - Apocalipse - foi escrito em torno de 95 d.C., segundo a maioria dos estudiosos, embo ra alguns o datem tão cedo quanto 69 d. C. Provavelmente, o último apóstolo a morrer foi João, pouco depois de 95 d. C. Pau lo escreveu 1 Co ríntio s em cerca de 55 d.C. D e acordo com a teoria cessacionista, as regras estabelecidas por Paulo só tive ram valor, para a Igreja, durante quarenta anos, aproximada mente! Ao morrer o último apóstolo, ou ao término do livro de Apocalipse, 1 Coríntios 12.31; 14.1 e 14.39 teriam sido postos de lado. E-me impossível acreditar que Paulo tenha ordenado aos crentes buscassem com tanto zelo algo cuja validade seria de apenas 40 anos. Desconheço qualquer analogia que favoreça tal interpretação.
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Por que Paulo ordenou aos crentes desejassem ansiosamente os dons espirituais? Porque o seu valor consiste na edificação da Igreja. Então, são valiosos agora.
Deus Ordena Não Proibamos o Falar em Línguas O dom das línguas certamente é o que tem gerado mais controvérsia na Igreja atual. O mesmo ocorreu na igreja em Corinto, no primeiro século. Há muitas razões para desconfi ança, mas a principal delas é a atitude de algumas pessoas que receberam o dom. Elas supõem ser o dom de línguas o maior dos os dons, e acreditam serem mais espirituais que os outros crentes porque o possuem. Um dos motivos pelos quais devemos considerar os outros mais importantes do que nós mesmos (Fp 2.3) é que, quando começamos a nos ver como espiritualmente superiores, sempre causamos confusão na igreja. A contenda, associada ao abuso, tem levado alguns pastores a me dizer que, mesmo que o dom de línguas sejam atuais, eles não o querem em suas igrejas. Posso entender seus sentimentos. Mesmo depois de ter co meçado a acreditar na atualidade dos dons do Espírito, por um bom tem po ain da sentia forte aversão ao dom de línguas. Não me interessava por ele, e muito menos o desejava. Por causa dos abusos que esse dom pode produzir, essa é uma reação natural. No entanto, não era a reação que Paulo queria nas igrejas. Visto ser o dom de línguas tão controvertido e potencial mente explosivo, talvez pensássemos que o mais sensato seria recomendar aos coríntios: “Não mais faleis em línguas”. O apóstolo, porém, insiste no oposto: “Não proibais o falar em outras línguas” (1 Co 14.39). Quer gostemos ou não, a infalível Palavra de Deu s o rden a não sejam proibidas as línguas. Fossem as línguas um dom temporário, a ser retirado de circulação em 40 anos, o mandamento de Paulo não teria sentido. Por que suportar algo tão controvertido por 40 anos? Por que não proi bi-lo inteiramente? Certa vez, em conversa com um professor de seminário, de safiei a regra de sua instituição, que não admitia estudantes
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pentecostais. Lem brei-lhe as palavras de Paulo: “Não proibais o falar em outras línguas”. Ele retrucou: “Essa não é a Palavra de Deus para hoje”. Mas, quando o desafiei a prová-lo biblica mente, ele não conseguiu. Não obstante, estava convicto de que 1 Co ríntios 14.39 não mais se aplicava à Igreja de hoje. O que diriam os teólogos conservadores se fosse aplicado o mesmo proceder a outros textos paulinos? Suponhamos que eu afirmasse que a ordem paulina: “Tudo, porém, seja feito com decência e ordem” (1 Co 14-40) não mais se aplica aos dias de hoje. Não poderia provar isso biblicamente, mas estou certo de que tinha ligação direta com o ambiente cultural de Paulo. Po deria também alegar que se tratava de um problema específico da igreja em Corinto. E, que aconteceria se eu dissesse que também não é válida para hoje esta instrução paulina: “Ora, aos casados, ordeno, não eu mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido”! (1 Co 7.10). Como no primeiro exemplo, não teria como provar minha afirmativa através de textos espe cíficos das Escrituras, mas poderia arranjar alguns argumentos teológicos e históricos para defender essa idéia. Se eu publicasse tais pensamentos, em pouco meses seria apontado como um teólogo liberal, alguém que não mais valo riza a Palavra de Deus. Mas, é precisamente isso que teólogos ortodoxos e mestres bíblicos tê m feito com 1 Coríntios 14.39. Eles tê m separado uma parte da Palavra de Deus como se não fosse válida. E sem qualquer prova bíblica! Se eu tivesse de anular parte do Novo Testamento, não poderia fazê-lo à base de deduções teológicas ou de experiências históricas posteriores. Antes, precisaria da autorização específica de algum texto do Novo Testamento.
O Apóstolo Paulo Valorizava o Dom de Línguas Antes de convencer-me da atualidade dos dons do Espírito, tin h a verd adeira aversão a duas passagens de 1 Co ríntio s 14. N ão podia compre ender por que Paulo as tin h a incluído. A primeira encontrava-se no versículo 5: “Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas”. Como poderia o apóstolo Paulo
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dizer tal coisa? E como era perturbadora a declararação seguinte: m uito mais, porém, que profetizásseis”! Eu não podia aceitar que Paulo estivesse afirmando que todos os crentes deveriam falar em línguas. Para exemplificar, ele via o seu celibato como um dom espiritual, e desejava que todos os crentes fossem celibatários (1 Co 7.7 usa a pala vra xá rism a em referência ao celibato de Paulo). E, com certeza, não estava insinuando que todos os crentes devam ser celibatários. Ele simplesmente tinha um alto conceito de seu próprio celibato. Meu problema era que ele parecia estar colocando o dom de línguas no mesmo pedestal! O que haveria de tão grandioso nesse dom, que levou Paulo a desejar que todos os crentes o cultivassem? A segunda passagem era o versículo 18: “Dou graças a Deus, porq ue falo em outras línguas mais do que todos vós” (1 Co 14.18). Daqui podemos tirar três conclusões a respeito de Paulo. Primeira, ele passava mais tempo falando em línguas do que qualquer outra pessoa em Corinto. Segunda, seu dom de línguas era maior em sua intensidade do que o dom de línguas de qua lque r o utra pessoa em C orinto .4 E terceira, Pa ulo estava se referindo à sua vida devocional, porquanto afirma no versículo 19: “Contudo, prefiro falar na igreja cinco palavras com o meu entendimento, para instruir outros, a falar dez mil palavras em outra língua” . Como poderia aquele homem, sobrecarregado de responsa bilidades, passar tanto tempo falando em línguas? Ele só faria isso se o dom de línguas fosse imensamente valioso à sua vida espiritual. De fato, era precisamente o que ele ensinava: “O que fala em outra língua a si mesmo se edifica” (1 Co 14.4).5 Eis, portanto, a razão de ele desejar que todos os crentes tivessem o dom de línguas. Porventura seria tal preocupação coerente com algo de valor temporário? E não nos esqueçamos de que Paulo estava escrevendo sob a inspiração do Espírito Santo! Ele não estava transmitindo sua opinião pessoal, mas o pensam ento de Deus. N ão há outro exemplo, nos escritos de Paulo, onde tão alto valor seja atribuído a algo que, supostamente, estaria limitado ao primeiro século da era cristã. Tenho de confessar que me
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perturbava o fato de Paulo valorizar ta nto aquele dom que me causava repulsa.
Os Dons Espirituais São Necessários à Saúde do Corpo de Cristo Em 1 Coríntios 12.4-11, Paulo enfatiza que há diferentes ti pos de dons concedidos ao Corpo de Cristo, mas que todos são dados pelo Espírito Santo. Em seguida, o apóstolo compara, nos versículos 12-27, a variedade de dons na Igreja a um orga nismo humano. O ponto firmado por ele é que todos esses dons são necessários à saúde da Igreja, tal como as várias par tes do corpo humano dependem umas das outras: “Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde o olfato?” (v. 17). E: “Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós” (v. 21). Paulo conclui a seção, dizendo: “Se um mem bro sofre, todos sofrem com ele” (v. 26). A metáfora do organismo humano pretende mostrar que todos os dons são necessários à saúde do Corpo de Cristo.6 Quem afirma que os dons miraculosos descritos nos versículos 8-10 cessaram com a morte dos apóstolos oblitera a analogia do corpo humano. É como se declarasse, contrariando Paulo: “Nem todas as partes do corpo são necessárias”. Mas, quem poderia arrancar desses versículos tal declaração?
Os Dons Espirituais Cessarão com a Volta de Cristo Paulo escreve aos coríntios: “De maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 1.7). Parece estar sugerindo aos crentes de Corinto - bem como aos demais cristãos - que os dons espirituais lhes serão úteis até a volta de Cristo. Entretanto, em 1 Coríntios 13.8-12, Paulo vai além de mera sugestão, afirmando claramen te que os dons do Espírito só serão interrompidos quando Jesus voltar: O amor jamais acaba; mas havendo profecias, desapare cerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará;
porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos. Quan do, porém, vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sen tia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das cousas próprias de menino. Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, então vere mos face a face; agora conheço em parte, então conhecerei como também sou conhecido. Paulo admite que as profecias, as línguas e o dom do conhe cimento um dia cessarão. De fato, haverá um tempo quando todos os don s espirituais chegarão ao fim - po r ocasião d a volta do Senhor Jesus Cristo. Três frases levam-nos a essa conclusão: (1) “Quando vier o que é perfeito”; (2) quando virmos “face a face”; e (3) quando “conhecerei como também sou conhecido” (w. 10,12). Examinemos de maneira breve o significado de cada uma dessas frases. Alguns argumentam que a palavra “perfeição” (v. 10) referese à matu ridad e d a Igreja. Se a plena m aturidad e da Igreja esti vesse em vista, essa seria um a inte rpretação aceitável. A p alavra traduzida aqui por “perfeição” pode referir-se à maturidade, e a analogia do versículo 11 envolve o termo. Os dons espirituais foram dados à Igreja para levá-la à plena maturidad e; ocorrendo isso, os dons não serão mais necessários. No entanto, as Escritu ras ensinam claramente que a plena maturidade, ou “perfeição”, só será atingida por ocasião da volta de Cristo (1 Jo 3.2,3; Ef 5.27). Entretanto, se está em pauta alguma forma inferior de maturidade, essa interpretação enfrentará dificuldades insupe ráveis. Quem, na igreja de hoje, pode afirmar que contempla Jesus face a face? Quem pode dizer com certeza como é conhe cido por Deus? E quem ousaria ao menos insinuar ser a Igreja de hoje mais madura que a do primeiro século? Outros tentam argumentar que a “perfeição” refere-se à con clusão do cânon das Escrituras. Assim, concluíd a a Bíblia, a Igre ja não mais precisaria dos dons espirituais. Porém esse ponto de vista encerra argumentos decisivos contra ele mesmo. Em pri meiro lugar, não há rio contexto nenhuma alusão às Escrituras ou à coletânea dos livros sagrados. Em segundo lugar, não po demos afirmar que, pelo fato de termos as Escrituras, vemos
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Cristo face a face, ou que alcançamos o pleno conhecimento das coisas. Fosse essa teoria correta, estaríamos dizendo que Paulo viu apenas u m reflexo, como num espelho, mas nós vemos face a face; que Paulo conhecia em parte, e nós, plenamente. Embora tenhamos hoje a Bíblia completa, qual de nós poderia alegar conhecimento e experiências espirituais superiores aos do apóstolo Paulo?7 A expressão “face a face” (v. 12) também aponta para o re torno de Cristo. No Antigo Testamento, significava ver a Deus pessoalm ente. Jacó viu Deus face a face quando luto u contra o Anjo do Senhor (Gn 32.30). Gideão, após ter recebido a visita do Anjo do Senhor, exclamou: “Ai de mim, Senhor Deus, pois vi o Anjo do Senhor face a face” (Jz 6.22). Êxodo 33.11 diz: “Falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo”.8 Paulo, po rtanto, referia-se ao tempo em que veremos Jesus face a face. Esse tempo só pode referir-se ao retorno de Cristo, quando “todo olho o verá” (Ap 1.7). Finalmente, a declaração: “Então conhecerei como também sou conhecido” (v. 12), só pode significar a volta do Senhor.9 Paulo não está afirmando que nos tomaremos oniscientes, mas que nosso conhecim ento será mais acurado, sem informações ou concepções equivocadas.No momento, nosso coração é engano so e está doente (Jr 17.9). Porém o Senhor, ao retornar, remove rá todo traço de pecado de nossos corações, pelo que então co nheceremos conforme somos conhecidos.
Por que D eus continua a conceder dons miraculosos à Igreja? Conform e vimos neste capítulo, 1 Coríntios 12-14 apresenta seis razões que se aplicam tão bem aos dias de hoje quanto no primei ro século da igreja: 1. Deu s concede dons miraculosos para fortalecer o Corpo de Cristo. 2. Deus ordena anelemos ardentem ente os dons espirituais miraculosos, especialm ente o de profecia.
Por que D eus Concede Dons M iraculosos ?
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3. Deus ordena não proibamos o falar em línguas, mesmo quando houver abusos. 4. O alto valor que Paulo dava ao dom de línguas indica ser esse dom de valor significativo no cultivo da intimidade com o Senhor. 5. A analogia do corpo hum ano indica que todos os dons espirituais são necessários à saúde do Corpo de Cristo. 6. As Escrituras afirmam que os dons miraculosos só irão cessar com a volta do Senhor Jesus. À luz dessas declarações, é virtualmente impossível argumentar que Paulo ou as Escrituras tenham previsto a cessação dos dons espirituais antes do retorno do Senhor.
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Porque Deus Não Cura
N o dia 15 de janeiro de 1990, Duane Miller, pastor da
Primeira Igreja Batista em Brenham, Texas, perdeu a voz ao término do culto matutino dominical, impossibilitando-o de pregar à noite. O médico re comendou-lhe, entã o, descansar por seis meses. No final deste período, constatou-se que a camada de mielina de suas cordas vocais havia sido danificada, preju dicando-lhe irremediavelmente a voz. Ele tentou diversas tera pias, mas em vão. E, assim, foi obrigado a re nunciar ao pastorado no outono de 1990. Nos prim órdios de 1992, ele com eçou a lecionar a um a classe de Escola Dominical na Primeira Igreja Batista em Houston. Ele o fazia mediante o uso de um microfone especial, que lhe deixava a garganta mui irritada, prejudicando-lhe a ingestão de alimentos sólidos e líquidos. N um domingo pela m anhã, a 17 de ja neiro de 1993, quando concluía a leitura de Salmos 103.3 à sua classe de Escola Do minical: “Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades...”, ele deteve-se nes ta passagem para dizer que há dois pon tos de vista extremos acerca da cura. Ouçamos as próprias palavras de Duane: Há o grupo que acredita que Deus sempre cura miracu losamente; e há o grupo daqueles que dizem que isso nunca ocorre. Mas tais posicionamentos acabam por encerrar a Deus numa caixa. E Ele não pode submeter-se a tal capricho.
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Com respeito à cura divina, você só precisa fazer uma coisa. Recuar e dizer: “Sei que Deus opera de tempos em tempos, mas não sei dizer por quê. Não posso compreender po r que alguns são curados e outros não o são. Mas, de uma forma ou de outra, tudo depende da soberania de Deus”. Terminado este comentário, comecei a ler o versículo se guinte daquele salmo: “Quem da cova redime a tua vida. . .” E A XIXHA VOZ voltou. Senti-a em minha garganta! Gostaria de dizer que sabia exatamente o que estava aconte cendo, e que não me achava surpreendido. Mas, na verdade, estava assustado até à morte. Parei, gaguejei, e então disse mais duas ou três palavras. “Estou mesmo me ouvindo?” Embora não compreendesse o que estava acontecendo, sabia que Deus estava fazendo algo. Tentei voltar à lição, mas não pude. E ninguém se impor tou com isso. Todos começaram a glorificar o nome de Deus e a chorar. Naquelas 200 pessoas que se encontravam na sala de aula, não havia olhos secos. Alguém começou a cantar a doxologia. Outro declarou que acabáramos de ser testemu nhas do poder de Deus. Agradecendo ao Senhor pelo que Ele havia feito, saímos da igreja.1
O Senhor não deu qualquer explicação a Duane Miller. Sim plesm ente, de acordo com a sua soberania, devolveu-lhe a voz. Nos dois últimos capítulos, tente i explicar algumas das razões pelas quais Deus cura e concede, ain da hoje, os seus dons miraculosos. No entanto, há ocasiões em que nenhum motivo pode ser encontrado para a concessão ou retenção de tais tipos de operação. A introdução à narrativa do paralítico, descido através do telhado, simplesmente afirma: “E o poder do Senhor estava com ele para curar” (Lc 5.17).2 Deus pode recusar-se a curar, ou a livrar, sem que para isso tenha de dar-nos qualquer explicação. No capítulo 12 de Atos, por exemplo, tanto Tiago quanto Pedro foram postos na prisão por Herodes. Deus perm itiu que Tiago fosse executado, mas libertou a Pedro sobrenaturalmente. Às Escrituras não expli cam por que Deus agiu dessa forma. Nem razões divinas nem humanas são oferecidas. De qualquer forma, a morte de Tiago e o livramento de Pedro serviram aos propósitos soberanos de Deus. Procurando entender por que Deus cura, ou deixa de
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curar, sempre devemos ter em m ente que os seus caminhos nã o são os nossos caminhos (Is 55.8). Não obstante, a Bíblia nos oferece algumas razões bem definidas para explicar por que o poder miraculoso de Deus é retido em várias ocasiões.
Apostasia O que entristece a Deus impede-o de operar sobrenatural m ente.3Q ua nd o o povo a pó stata da fé4e afasta-se de Deu s a fim de seguir coisas vãs, Ele não mais o abençoa. Isso pode acontecer a um indivíduo, a um grupo ou mesmo a uma nação inteira. Temos vários salmos que foram compostos durante perío dos de apostasia na história de Israel. O salmo 74, por exem plo , fo i escrito d u ran te o exílio b ab ilón ico .5 N o p rim eiro versículo, o salmista lamenta por haver Deus rejeitado a seu povo. E, nos versículo s seguin tes, desc reve as devasta ções provocadas pelos adversários. Então, ele m uda a natu reza de seu lamento: Já não vemos os nossos símbolos; já não há profeta; nem, entre nós, quem saiba até quando. Até quando, ó Deus, o ad versário nos afrontará? Acaso blasfemará o inimigo incessantemente o teu nome? Por que retiras a tua mão, sim, a tua des tra, e a conservas no teu seio?
A ausência de sinais e prodígios, bem como a ausência do ministério profético, não era uma situação normal em Israel. Pelo contrário: era evidência do juízo divino sobre a terra. A apostasia dos israelitas, portanto, obrigou Deu s a retirar sua mão m iraculosa de sobre toda a nação. Embora o Salmo 77 haja sido composto noutro tempo da história de Israel, tamb ém descreve o julgam ento divino em conseqüência da apostasia: Rejeita o Senhor para sempre? Acaso não torna a ser pro pício? Cessou perpetuamente a sua graça? Caducou a sua pro messa para todas as gerações? Esqueceu-se Deus de ser benig no? ou, na sua ira, terá ele reprimido as suas misericórdias? (Selá). Então disse eu: Isto é a minha aflição: mudou-se a destra
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do Altíssimo. Recordo os feitos do Senhor, pois me lembro das tuas maravilhas da antiguidade. Considero também nas tuas obras todas, e cogito dos teus prodígios. O teu caminho, ó Deus, é de santidade. Que deus é tão grande como o nosso Deu D eus? s? Tu és o Deus De us que operas operas maravilhas, maravilhas, e, entre os p o ' vos, tens feito notório o teu poder. (SI 77.744)
De acordo com o salmista, Deus estava tão indignado con tra o seu povo, que parecia havê-los rejeitado para sempre.6 Pois a apostasia impedia-os de experimentar o favor, o amor imutável e a compaixão divinos. A evidência de que Deus não mais demonstrava compaixão por seu povo era a ausência de po p o d e r e m ilag il agre ress n a n a ção çã o . O salm sa lm ista is ta refe re feri riu u -se -s e aos ao s m ilagr ila gres es como algo que tinha acontecido somente na “antiguidade” (v. 11). Ele nã o mais qu eria viver sob esse esse tipo tip o de julg am ento. en to. O salmista já havia rogado a Deus que demonstrasse nova mente o seu poder (v. 11). Só lhe restava relembrar os “feitos do Senhor”. Embora não estivesse mais experimentando o poder divino, refere-se ele a Deus como o “Deus que operas maravi lhas”. Aliás, o salmista faz questão de usar o verbo operar no pr p r e s e n te , e n ã o n o p a ssad ss ad o (v. 14). N o u t r a s p alav al avra ras, s, p erce er ceb b ese claramente que a ausência de prodígios devia-se à apostasia do povo, e não a alguma mudança em relação à atitude divina quanto aos milagres. Talvez a melhor ilustração sobre o efeito da apostasia se encontre em Juízes. Este livro foi escrito num padrão cíclico. C ada cicl ciclo o com qu atro fase fases. s. Primeira: o povo com ete apostasia. Segunda: Deus os entrega aos opressores. Terceira: o povo se arrepende e clama por misericórdia. E quarta: Deus levanta um libertador que os livra de seus opressores. Conforme ilustra o livro de Juízes, a apostasia sempre leva o po p o v o a p e r d e r a p re s e n ç a de D e u s. No N o A n tig ti g o T e s ta m e n to , a ap o sta st a sia si a g e ralm ra lm en te assu as su m ia a forma de idolatria. Hoje, essa forma de apostasia expressa-se de diferentes diferentes maneiras n a cu ltura ocidental. ocidental. A ganância ganância,, po r exem plo pl o , é u m a form fo rm a de id o latr la tria ia (Cl (C l 3 .5 ). N o s E stad st ado o s U n ido id o s, alguns segmentos da Igreja usam a ganância como a principal motivação para se contribuir para a obra do Senhor. Alguns pre p reg g a d o res re s fala fa lam m de Jesu Je suss com co m o algu al gu ém rico ri co,, cujo cu jo p rin ri n c ip a l d e
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sejo é que todos sejamos ricos. De acordo com tais pregadores, quanto mais dermos, mais teremos. Esse “batismo de ganância” é, na verdade, uma forma de idolatria, que acabará por expulsar a Deus da vida de quem a adota. Também podemos cometer outras apostasias. Quando um crente entrega-se à imoralidade, comete anostasia moral. Escre veu o apóstolo João: “Se dissermos que mantemos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade” (1 Jo 1.6). Se andarmos nas trevas, perderemos tanto a sua presença quanto o seu poder. Finalmente, deparamo-nos com a apostasia doutrinária. Era exatamente esse tipo de apostasia que Himeneu e Alexandre cometiam (1 Tm 1.20). As igrejas liberais, que negam a deidade de Jesus, sua expiação vicária, seu nascimento virginal, sua res surreição corporal e seu breve retorno, jamais experimentarão o poder de Deus em seu meio. Jamais presenciarão curas divi nas ou milagres. O poder de Deus pode permanecer num indivíduo ou num grupo por algum tempo, mesmo depois de haverem estes em bar b arca cad d o n a lgu lg u m tra tr a jeto je to da ap o stas st asia ia.. A té a Jezab Jez abel, el, de T ia tir ti r a , foi dado um tempo para que se arrependesse de sua imoralida de (Ap 2.21-23).Todavia, a paciência divina pode exaurir-se. E, quando isso acontece, Deus retira sua presença do meio de seu po p o v o .'
O Legalismo e a Fé Morna Isaías deixou-nos o registro destes trágicos juízos divinos contra a nação de Israel: Porque o Senhor derramou sobre vós o espírito de profum do sono, e fechou os vossos olhos, que são os profetas, e vedou as vossas cabeças, que são os videntes.8
O estupor que Deus infligiu a Israel impediu-o de entender po p o r q u e esta es tav v a sen se n d o julg ju lgad ado. o. P a r a q u e o juíz ju ízo o se apre ap ress ssas asse se,, o Senhor chegou inclusive a cegar os olhos espirituais dos ho mens mais sensíveis de Israel: os profetas e os videntes (Is 29.11,12). O que o levou a remover o ministério do Espírito de entre seu povo? A este respeito, Isaías também escreveu:
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Surpreendido pelo Poder do Espírito Espírito
O Senh S enhor or disse disse:: Visto que este povo se aproxima aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente apren deu...” (Is 29.13)
O legalismp dos israelitas expulsou a presença de Deus do melo de de seu povo. povo. Extemam Extema m entè, pareciam pied piedoso osos; s; internam intern am en en te, achavam-se longe de Deus. O legalismo cega e extingue o Espírito Santo. O mais interessante é que os legalistas não que rem admitir adm itir seu legali legalismo. smo. Mas as suas suas obras obras acabam sempre por desmascará-los. O pior aspecto do legalismo é que ele expele para longe a pre p ress e n ç a d e D e u s . N o co com m eço eç o de seu se u m inis in isté téri rioo , Isaí Is aías as teve te ve uma visão, na qual o Senhor se queixava da multidão de sacri fícios que lhe eram oferecidos em meio ao legalismo (1.11). Ele ouviu o Senhor exclamar: “Não continueis a trazer ofertas vãs” (1.13). O Senhor também afirmou que não olharia para os israelitas quando estivessem orando (1.15). Nem mesmo aos seus jeju je junn s d a ria ri a Ele El e a ten te n ç ã o (58 (5 8 .3). .3 ). O lega le galis lism m o sim si m p lesm le sm e n te n o s corta da presença do Senhor. O legalismo é composto de regras criadas pelo homem, pos turas etc. Todavia, não se importa se o coração desvia-se de Deus. Sua essência, pois, consiste em confiar na atividade re ligiosa, levando-nos a amar mais a prática religiosa do que a Deus. O alvo da vida é amar a Deus de todo o nosso coração. Ne N e s te p a rtic rt icuu lar, la r, o lega le galis lism m o e rgu rg u e -se -s e co com m o o m ais ai s séri sé rioo d e sa sa fio ao maior dos mandamentos. Ora, se Deus não tolerou o legalismo entre o antigo Israel, nem Jesus o tolerou entre os escribas e os fariseus, como Ele o toleraria entre nós hoje? A irmã gêmea dq lecalisnro é a fé morna,e complacente. Exemplo disso é a igreja em Laodicéia. EmBora fosse uma das igrej igrejas as mais mais ricas ricas da Á sia Men or, n ão passava de um a congrega ção morna (Ap 3.16). Apesar de sua triste condição, ela teimava em dizer: “Estou rico e abastado, e não preciso de cousa alguma” (Ap 3.17). Se estamos satisfeitos com nossa condição espiritual, é porque já nos tornamos mornos espirituais. Não resta dúvida
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de que devemos sempre ser gratos por tudo quanto possuímos em Deus, mas jamais nos conformar com a nossa condição es pir p irit ituu a l. D ev evem em o s q u e r e r sem se m p re m ais ai s de D e u s, de sua su a p r e s e n ça, e do caráter de Cristo (G1 4.19). Caso contrário, entraremos num estado de complacência, redundando em mornidão. E se pe p e rm a n ece ec e rm o s m o r n o s, Jesu Je suss n o s r e p r e e n d e r á co com m o o fez co com m o anjo de Laodicéia: “Estou a ponto de vomitar-te da minha bo b o c a ” (A p 3.16) 3.1 6).. Se a apostasia é a perda da pureza espiritual, o legalismo e a fé morna são a perda da intimidade com Deus e da comu nhão com os santos, ambas indispensáveis para o ministério. Jesus só operava aqueles grandes sinais por causa de sua comu nhão com o Pai (Jo 5.19). Os apóstolos, por seu turno, também dependiam de sua comunhão com Jesus para realizar grandes obras (Jo 15.5). Por conseguinte, a perda da intimidade com Deus significa fracasso ministerial. A falta de intimidade com Deus invariavelmente conduz à pe p e rd a d a u n ida id a d e e n tre tr e os c ren re n tes te s . E sta st a r e p o u s a sobr so bree o a lice li cer r ce dos profetas e dos apóstolos. Jesus orou pela unidade dos fiéis para que o mundo saiba que o Pai enviou a Jesus e ama a Igreja (Jo 17.23). Sem unidade, a Igreja nunca terá credibilidade diante do mundo, e nem terá poder para cumprir a sua missão. A apostasia, o legalismo e a fé morna, são os mais sérios pro p robb lem le m a s q u e a Igr Ig r eja ej a a tu a l e n f re n ta. ta . E tais tai s co coisa isass im p e d e m o ministério miraculoso que o Espírito Santo quer desenvolver em nossos dias. Entretanto, acredito que exista outro fator ain da mais prejudicial. Refiro-me à incredulidade.
Incredulidade Ao visitar sua própria cidade, Nazaré, Jesus teve de se de pa p a r a r co com m a inc in c red re d u lid li d ad adee e a té co com m o de desd sdém ém.. P o r cau ca u sa disso, dis so, conforme registra Marcos, “não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Admi rou-se da incredulidade incredu lidade deles” (Mc 6.5,6). 6.5 ,6). O ra, sendo o Filho de Deus^onipotente, por que “não pôde fazer ali nenhum mi lagre”? É que há coisas que nem mesmo o Onipotente pode fazer. Ou seja: Ele não pode ir contra a própria natureza (Hb
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6.18). Ele não p ode od e te r co m un hão hã o com as trevas (1 Co 5.14 5.14;; 1 Io 1.6). Mateus escreveu a respeito do mesmo incidente, mas não nã o p ô d e fazer milagres em Nazaré. Antes, re disse que Jesus não nã o fez fe z ali muitos milagres, por causa da incredu gistrou: “E não lidade deles” (Mt 13.58, a ênfase é minha). Penso que Mateus ajuda-nos a compreender o que Marcos quis dizer. Não deve mos interpretar o “não pôde” de Marcos num sentido absoluto. Aliás, em diversas ocasiões, Jesus operou milagres apesar da flagrante falta de fé.9 fé.9Tiag o tr ata esse esse princíp io de o u tra m an ei ra: “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4.2). Noutras pala vras: você não pedirá a Deus algo que não acredita que Ele lho dará. Lembra-se da história daqueles teólogos que haviam prepa rado uma lista das enfermidades pelas quais não orariam? En quanto eles faziam aquela lista, não pude deixar de pensar em Tiago 4.2. Quando um deles declarou que não oraria por um cego, pensei: Fique Fiq ue tranq tra nqui uilo lo.. V o cê nunc nu nca a pres pr esen enci ciar ará á tal m i lagre! Eles jamais orarão por curas miraculosas, e provavelmen te nunca as verão. “Nada tendes, porque não pedis”. Se voc vocêê ainda não viu nen hu m a cura verdadeiramente divi divi na, pergunte a si mesmo: “Quantas vezes já orei pedindo um milagre?” Não estou falando de orações ritualistas. Esse tipo de oração não p assa de cortesia pastoral, sem real expectação expectação quanto qu anto a um milagre. O que eu quero saber é se você já entrou num quarto de hospital, e orou pelo enfermo para que este fosse miraculosamente curado? A maioria dos crentes com quem já tive tive o portun idad e de falar falar nu nca viram viram u m milagr milagre, e, pois jamais jamais se deram ao trabalho de impor as mãos sobre os enfermos. A coisa que mais me surpreende, hoje, não é a freqüência com que Deus cura, mas a própria ausência da cura entre os evangélicos. E isto evidencia apenas uma coisa: incredulidade. A maioria dos seminários conservadores que conheço não ensina acerca da disposição de Deus em curar os enfermos. Mui tos, aliás, chegam a ensinar que desejar os milagres é um mal que precisa ser ba nid o.10Como esse essess form ando s estão ass um in do igrejas, passarão a estas exatamente o que aprenderam. Eis po p o rq u e tã o p o u c as igre ig rejas jas estã es tão o e x p e r im e n ta n d o h o je as m a ra vilhas divinas.
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Embora eu não seja mais professor, ainda sou convidado a fazer preleções em seminários e noutros ambientes acadêmicos. E tenho descoberto que um crescente número de professores e líderes eclesiásticos já começam a se abrir aos dons espirituais. Frequentemente, ouço: “Sou aberto aos dons do Espírito, e ao fato de que Deus continua a operar milagres”. Mas ser aberto às realidades divinas não é tudo. E necessário crer nessas rea lidades. Se um não-cristão morrer enquanto acha-se aberto à possi bilidade de que Jesus m orr eu na cruz pelos no ssos pecados, ele, o não-cristão, irá para o inferno. Estar aberto não garante as bên çãos de D eus; é preciso crer e seguir o que Ele ord enou. Jesus nunca disse: “Bem-aventurados os abertos”. Você entregaria seu dinheiro a um corretor que declarasse estar aberto a tirar lucros com o dinheiro que você vem po up an do a vida toda? Ser aberto não significa muita coisa. Em certo sentido, é m elhor ser hostil às coisas espirituais do que estar aberto a elas. Paulo n ão rec om end ou qu e estivéssemos abertos aos dons espirituais, mas que os buscássemos diligentemente (1 Co 12.31; 14.1,39). N o prim eiro século, as pessoas seguiam a Jesus e aos após tolos para receberem curas e milagres. Levavam-lhes os seus enfermos, esperando fossem estes curados e libertados dos de mônios. Não acredito que a Igreja atual veja curas e milagres, até que venha a ter fome do poder de Deus.
O Valor Remidor dos Sofrimentos N in guém re alm ente sabe em que co nsistia “o esp in ho na carne” de Paulo. Talvez fosse um a enfermidade, embo ra tam bém seja possível que fosse algum tipo de perseguição. De qualquer forma, Deus preferiu não removê-lo, como o próprio apóstolo o declara: Por causa disso três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o po der de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injú -
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rias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando sou fraco, então é que sou forte. (2 Co 12.840)
Paulo era sustentado pela graça remidora quando era obri gado a suportar algum tipo de sofrimento por amor a Cristo. Pedro expressou o valor dos sofrimentos de uma maneira diferente: Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que o valor da vossa fé, uma vez confirmado, muito mais precioso do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo. (1 Pe 1.6,7)
Pedro diz quatro coisas que deveriam proporcionar-nos gran de consolo diante dos sofrimentos. Primeira: o sofrimento é para “agora”. N o enta nto, algumas vezes somos te nta dos a p en sar que ele há de perd urar p ara sempre. sSegunda: a duração desse sofrimento é “por algum tempo”. A luz da eternidade, não passa ele de um hálito ou de um vapor. Terceira: Pedro afirma que o sofrimento só nos vem “se for necessário”. Final mente, o sofrimento é comparado a um processo de refinamen to. Somos “testados pelo fogo” para que o nosso caráter seja aperfeiçoado, resultando em louvor, glória e honra ao Senhor Jesus Cristo. Portanto, se você crê que o Senhor Jesus cura, mas não obtém a cura de suas enfermidades, tenha certeza de uma coi sa: esse seu sofrimento redundará em maior glória para o Filho de Deus. Se essa é a intenção do Pai Celeste, Ele dar-nos-á a graça necessária para suportar a aflição. Cabe aqui uma advertência. O sofrimento remidor e o jul gamento divino são duas coisas distintas. Quando Pedro usa a expressão “se necessário”, ele não se refere ao julgamento, pois Deus po de pe rmitir que o sofrimento nos advenha por variadas razões. Jó, po r exemplo, foi considerado pelo p róprio Deus como o mais reto e inculpável de todos os homens. Todavia, o Se
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nhor permitiu fosse ele objeto de duríssima prova. Portanto, não podemos ter nossas aflições em conta de julgamento. Embora possa Deus enviar-nos juízos catastróficos por cau sa de nossos pecados (1 Co 5.1-5), Ele só o faz devido a nossa pertinácia em porfiar no cam in ho da in ju stiça. Mas se você está em paz com Deus, e mesmo assim acha-se em terrível sofri mento, não permita que o diabo o atormente com as suas acu sações. Persevero em orar para que os meus sofrimentos sejam re movidos, a menos que o Senhor me diga ser sua intenção sub meter-me a tal prova. Nesse caso, passo a confiar ainda mais nEle como o meu amoroso Pai. E, assim, rebato os pensamen tos que “o acusador de nossos irmãos” tenta lançar em minha alma (Ap 12.10).
Tempo Soberano e Mistérios Soberanos N o começo deste cap ítulo, m encio nei que, às vezes, Deus não apresenta qualquer razão por que Ele cura ou deixa de curar. Quando Jesus estava à beira do poço de Betesda, ele só curou um paralítico (Jo 5.1-15), embora houvesse outros enfer mos ao redor do tanque. Não somos informados por que foi da vontade de Deus curar uma pessoa e deixar as outras com suas enfermidades. Certa vez, fui orar por um bebê que nascera somente com um a peq uen a porção do cérebro. A criança viera a um lar, cujos pais já haviam perd id o dois filhos em m ortes trágicas. Solicitado a ir à UTI do hospital orar pela criancinha, comecei a repensar a minha fé. Lembrei-me de uma famosa cura, medicamente do cumentada, de um bebê que nascera em Vancouver, na C olúmbia Britânica, sob condições semelhantes. O pai da criança, Paddy Duclow, me havia descrito a cura que deixara os médicos perple xos. Pensav a ainda na quela cura, quan do entre i na sala para o rar pelo nenê. Fiquei admirado ao ver o garotinho. Ele era bonito! Parecia tão saudável e normal. Os pastores da família e eu oramos pela criança. Embora não tivéssemos um senso perfeito da presença divina, sabíamos que havia boas chances de o menino ser cura do. No dia seguinte, porém, o garoto morreu.
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Ao voltar para a minha cidade, fiquei sabendo que o Senhor havia curado uma mulher que sofria de uma doença ve nérea. Uma mulher, aliás, que ainda não havia dado mostras de sincero arrependimento. Senti a ira avolumar-se dentro de mim. E perguntei por que Deus curou uma mulher que não merecia ser curada, e deixou um bebê inocente morrer. Foi como se o Senhor me dissesse: “Mas, quem merece ser curado? Como devo dispensar minha misericórdia?” Essa reprimenda foi-me suficiente. Deus não me explicou por que o bebê m orrera e p or que havia curado a mulh er. Mas relembroume o fato de ser Ele soberano.
Estou certo de que há outros fatores que influenciam os milagres ou a ausência deles. Existem paradas e recomeços nos derramamentos das curas miraculosas, tal como acontece na história dos reavivamentos. Em todas as eras, pessoas são sal vas e curadas, mas nas épocas dos derramamentos soberanos da graça, tais coisas acontecem com abundância. Na história da Igreja, o avivamento não é constante, pois vemos, nestes dois mil anos, o Corpo de Cristo sair e entrar dos reavivamentos. Alguns segmentos da Igreja, aliás, jamais experimentaram reavivamento. Com exceção dos aborígenes, os australianos ainda nã o tiveram u m reavivam ento. Mas isto não significa que Deus não esteja mais reavivando a igreja, porque Ele sabe a hora certa de agir. Além das paradas e fluxos do tempo divino, estou certo de que h á ou tros fatores bíblicos que influenciam a freqüência dos milagres. Mas também há fatores humanos que inibem o der ramamento do poder de Deus: apostasia, em todas as suas formas, legalismo, mornidão espiritual e incredulidade. Qualquer igreja —pentecostal, terceira onda, não-carismática, ou mesmo anti-carismática —pode ser culpada por estes três erros. N ão creio que tais fatores venham a ser vencidos pela nossa mera resistência. O antídoto para esses pecados é ter uma co munhão mais íntima com o Senhor, que deu a Salomão esta promessa:
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Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humi lhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra. (2 Cr 7.14)
Se a Igreja seguisse esse conselho, Deus nos daria qualquer coisa que lhe pedíssemos segundo a sua soberana vontade: reavivamentos, milagres, revelações e uma intimidade maior com Ele. Uma das grandes tarefas dos pastores de nossa geração é levar a Igreja a acreditar nessa promessa. Por conseguinte, deixemos de lado nossa incredulidade para seguir diíigentemente o Senhor.
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.L/eesa e eu temos uma amiga, mui querida, que é afligida por severas dores de cabeça. A té hoje, nenhum médico foi capaz de curar-lhe ou pelo menos diagnosticar-lhe as dores. As vezes, estas são tão terríveis que chegam a prostrá-la. Nossa amiga é uma dona-de-casa exemplar. Ama a Deus de todo o coração, passa as primeiras horas da m anhã m editando n a Bíblia e lu tando em oração pelo avanço do Reino de Deus. Disse-nos ela, certa vez, que aquelas poucas horas matutinas eram a razão para o seu viver. Ela está co nvicta de que Deus a colocou sobre a terra para labutar em oração a fim de que a sua glória seja revelada. Temos orado ao Senhor para que a cure, mas até agora ela só têm piorado. Recentemente, um médico prescreveu-lhe uma droga infalível contra a dor. O problema é que ela tem de to mar a droga antes de dormir, e esta a deixa tonta metade da manhã. Agora, nossa amiga acha-se no seguinte dilema: se tomar a droga não poderá concentrar-se na oração e leitura bíblica. Se não a tomar, terá de sofrer aquelas severas dores de cabeça. No entanto, seu tempo de oração é- lhe tão importante que, com freqüência, ela se esquece do medicamento, preferindo supor tar aquelas dores. Freqü entem ente, perguntam-me p or que acredito que a cura seja tão importante. Esta pergunta deveria ser feita à nossa amiga que vem padecendo com aquelas dores de cabeça. Ela respcn-
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derá que a dor física, às vezes, é insuportável, mas deixar de orar e meditar é ainda mais frustrante. Ela, porém, preferiria ter a graça da cura e, com mais refrigério, dedicar-se ao Senhor. Os enfermos não têm dificuldade alguma em responder-nos por que a cura é im porta nte . Os médicos e hospitais existem porque a cura é im porta nte . Como no m undo ocidental, a me dicina tornou-se mui eficiente, as pessoas acham que não pre cisam mais de Deus. Mas os desenganados encontram na cura divina uma nova perspectiva. Já me pus ao lado de um leito de hospital para observar um pequeno e lindo m enin o m orrer de AID S. O médico fez tu do quanto foi possível para salvá-lo. A igreja da família tinha dito aos pais da criança que o caso era irremediável. E o seu pastor, inclusive, havia chegado ao extremo de pregar contra a cura divina. Contudo, os pais do menino ainda mantinham a espe rança na cura divina. Você não precisa ter AIDS para perceber quão importante é a cura divina. Nenhuma de nossas enfermidades, ou dores, é insignificante aos olhos do amoroso Deus. Ele, na verdade, or dena-nos: ”... lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, por que ele tem cuidado de vós” (1 Pe 5.7). E legítimo, pois, apre sentar-lhe qualquer coisa que nos cause ansiedade: uma enfer midade simples, ou crônica. Qualquer que seja a questão, te mos a sua permissão para lançar-lhe nossas ansiedades. A cura é tão importante para o nosso Pai Celeste, que ele ordenou aos anciãos da igreja que orassem pelos enfermos, como parte de seu ministério pasto ral (Tg 5.14-16). Deus interessase por todo o nosso ser. Ele preocupa-se com nosso corpo e não apenas com a nossa mente e vontade. Há uma mentalidade gnóstica na igreja atual, que ensina não estar Deus interessado em nosso corpo. O apóstolo João não compartilhava dessa doutrina. João mostrou o interesse de Deus pelo nosso corpo, quan do, sob a inspiração do Espírito Santo, escreveu a Gaio: “Ama do, acima de tudo faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma” (3 Jo 2). A cura não é o único dom espiritual importante. O Senhor exortou-nos a que desejássemos ansiosamente os dons, especi almente o de profetizar (1 Co 12.31; 14.1,39). Eles são-nos da
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dos como instrumentos para edificar o corpo (1 Co 12.7). Por isso, não podemos prescindir deles. Aliás, o apóstolo Paulo, apesar de seu conhecimento das coisas de Deus, jamais descar tou o uso dos dons espirituais. Cada dom contribui de maneira maravilhosa para o cres cimento do corpo de Cristo. Mas tais contribuições jamais serão sentidas, a menos que a liderança da igreja aprenda a cultivá-los.
Como Cultivar os Dons do Espírito Alguns cre ntes acham difícil cultivar ou d esenvolver os dons espirituais.1Essa dificuldade deriva-se do fato de se ver os dons como se fossem mágicos ou mecânicos. Um professor pode crescer no dom do ensino, e um evangelista no dom do evangelismo. Por que alguém, então, não cresceria nos dons de cura ou de profecia? A verdade é que podemos crescer em cada exercício e dom espiritual. Mas há algumas coisas que precisamos observar para que os dons do Espírito sejam cultivados em nossas vidas e igrejas. Primeiramente, você precisa estar convicto de que o ensino bíblico acerca dos dons aplica-se tam bém aos dias de hoje. E que eles são destinados a todos os crentes (1 Pe 4.10), e não apenas para uns poucos privilegiados. Em seguida, deve-se passar a procurar diligentemente os dons espirituais. Uma das coisas mais importantes que já fiz foi orar especificamente pelos dons que eu sentia que o Senhor queria dar-me. Embora o Espírito Santo distribua os dons a cada um, conforme Ele quer (1 Co 12.11), somos encorajados por Paulo a buscá-los. Se você possui o dom de línguas, por exemplo, deve orar, pedindo o de interpretação (1 Co 14.13). Não se mostre passivo. Não diga: “Receberei o dom que Deus me quiser dar”. Deus também poderia fazer de você um grande erudito da Bíblia, mas não conheço ninguém que haja chegado a esta condição sem esforço e dedicação total. Também não conheço nenhum grande evangelista sem que este tenha se dedicado integralmente às almas perdidas.
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Relembremos esta passagem: “Nada tendes, porque não pedis ” (Tg 4-2). O ro todos os dias especificam ente pelos dons do Espírito que quero ver operando em minha vida. A cura, por exemplo, é um dom que quero experim entar re gularm ente em meu ministério. Portanto, oro constantemente ao Senhor para que me dê auto ridade e poder neste particular. Além dis so, menciono especificamente as enfermidades que desejo ver curadas. A segunda coisa que devemos observar é que os dons espi rituais têm de ser exercidos sob uma base regular. Assim que comecei a pedir a Deus que me desse o ministério de curas, passei a ora r pelos enferm os. A maioria das pessoas por quem orava, a princípio, não era curada. Muitos foram os meus momentos de embaraço. Porém, não há outra maneira de se crescer ministerialmente. O bom atleta é aquele que se aplica com afinco e jamais desiste. O mesmo se aplica ao discípulo de Cristo. No início, os discípulos de Cristo mostravam -se incrivelmen te embotados, e não pareciam na da promissores. En tretan to, eles não desistiram. Pense nos dons espirituais em termos da parábola dos talentos (Mt 25.14-30). Se não nos arriscarmos, nossos ta lentos jamais serão multiplicados. O Senhor não ficará satisfeito conosco. A terceira coisa que sinto ser útil é, naturalmente, o estudo dos dons espirituais. As Escrituras têm muito a dizer acerca dos dons espirituais. A Bíblia oferece-nos muitos exemplos e prin cípios úteis a respeito do ministério de milagres. Venho lendo diversos livros que tratam do assunto, além de biografias de homens usados poderosamente nos ministérios sobrenaturais. Outra coisa que me tem sido extremamente útil é a amizade com pessoas mais avançadas nos dons espirituais. As Escrituras dizem que “como o ferro com o ferro se afia, assim o homem ao seu amigo” (Pv 27.17). Estarei sempre endividado com ami gos como Joh n W imb er e Pau l Cain, que me têm “afiado” dentro da área dos dons espirituais. Também é mui útil contar com uma atmosfera amistosa quando se começa a pôr em prática os dons do Espírito. Se a sua igreja não crê no dom de línguas, o culto de adoração não é o melhor lugar para você pôr em prática esse dom. O melhor
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lugar são os pequenos grupos domésticos, onde as pessoas po derão se conhecer relativamente bem e sentirem maior segu rança. E mu ito mais fácil proferir um a palavra profética defron te de 20 pessoas conhecidas e que o amam do que enfrentar 500 pessoas num culto de domingo à noite. Bastante úteis também são as conferências sobre os dons espirituais. Pois além das experiências compartilhadas pelos diversps oradores, pode-se constatar curas, revelações e o exercício regular dos dons espirituais. A conferência ideal é aquela que leva os participantes a exercitarem os dons do Espírito. Há vários anos, enquanto corria ao longo da margem de um rio, pedia ao Senhor que me concedesse mais dons de curar. De repente, uma voz irrompeu-me na mente: “Para o que você os quer?” Embora reconhecesse a voz do Senhor, fiquei ofen dido, porque, entre outras coisas, minha busca pelos dons do Espírito me havia custado caras amizades. E, se eu seguia os dons era por causa da obra de Deus. Por que, então, me faria Ele tal pergunta? No entanto, percebi que o Onisciente não faz perg untas busca ndo inform ações. A pergunta fora feita por minha causa, e não para preen cher hiatos no conhecimento de Deus sobre a minha psicolo gia. Quando pus-me a ponderar a questão, percebi que havia ainda muita carnalidade em meu desejo pelos dons do Espírito. Uma das formas de o Senhor Deus demonstrar misericórdi as a seus filhos é torná-los conscientes de seus pecados. Você não pode arrepender-se de um pecado que desconhece. Quan do a luz divina expõe nossas trevas, arrependemo-nos, confes samos nossas transgressões, e recebemos seu perdão (1 Jo 1.9). Sem o ministério revelador do Espírito Santo, não poderíamos compreender os motivos de nosso coração (Jr 17.9,10). Tudo isso se reveste de extrema importância, porque nossos motivos são um fator significativo na concessão do poder divino. Recordando, Jesus fazia milagres para provar que Ele era o Filho de Deus, para mostrar a verdade do Evangelho, para glo rificar o Pai, para demonstrar compaixão pelos que sofrem, para abrir as portas para o evangelismo etc. Quando compartilha mos de seus motivos, Ele confia-nos o seu poder. Portanto, se oro pela concessão dos don s espirituais, també m devo o rar para
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ter o mesmo amor que tinha (e tem) Jesus pelos aflitos e amar gurados. Finalmente, mesmo tendo aprendido tudo sobre os dons es pirituais, seja paciente. N ão despreze o dia dos pequenos come ços. Seja grato por tudo quanto estiver aprendendo e por toda resposta às suas orações. Seja grato até pela frustração, quando as coisas parecerem caminhar lentamente. Se você persistir na busca pelos dons, mais lhe será dado. Os que querem mais de Deus e dos dons do Espírito, geral mente sentem como se as coisas estivessem se movendo de forma mui lenta. As vezes acham que estão prestes a perder tudo. Mas se você realmente deseja mais de Deus, sua misericórdia jamais o deixará. Tais desejos foram postos em seu coração pelo Pai Celestial, por isso Ele jamais o abandonará . A santa frustração que você agora sente tem por objetivo atraí-lo mais e mais a Deus. Ele quer que você seja agradecido por aquilo que já possui mas não deseja que você se contente com o que já te m . E, à semelhança de Paulo, você h á de “o conhecer e o poder da sua ressu rreição e a com unhão dos seus sofrim entos, conformando-me com ele na sua morte” (Fp 3.10).
Ponha Sua Confiança em Cristo Se você realmente quiser experimentar o ministério sobre natural do Espírito Santo, talvez a coisa mais importante que tem a fazer é depositar toda a confiança no poder, na sabedoria e na bondade de Deus. O poder para os milagres não se deriva de nossa piedade, mas do precioso sangue do Filho de Deus. Depois que Jesus curou todos os enfermos de Cafarnaum, Mateus escreveu: “. . . para que se cumprisse o que fora dito por in te rm édio do pro feta Isaías: Ele mesmo to m ou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças” (Mt 8.17). O evangelista citou o capítulo 53 de Isaías, que descreve a morte vicária de Jesus. E, assim, Mateus ensina-nos que o poder de curar só há de ser encon trado nu m único lugar - na cruz de Cristo. N unca ten te levar D eus a cura r alguém sim plesm ente por que esse alguém merece ser curado. Ninguém é curado por que o merece. Somos curados somente por causa da bondade do
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Filho de Deus, expressa em seu sacrifício por nós. Jamais caia no erro de pensar que a sua piedade levará a cura aos entermos. Lembre-se que, após Pedro haver sido usado para curar o paralítico à porta do tem plo , ele disse a m ultidão perplexa: “Israelitas, por que vos maravilhais disto, ou por que fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar? O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós traístes e negastes perante Pilatos, quando este havia decidido soltá-lo” (At 3.12,13). Jamais dependa de fórmulas ou tradições. Os sete filhos de Ceva, sacerdote judeu, pensavam terem descoberto a fórmula para se expulsar demônios. Certo dia ord enara m a um homem endemoninhado: “Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo pre ga” (At 19.13). Eles usaram o nome certo e até sabiam quem era o verdadeiro Jesus “a quem Paulo prega”. E, finalmente, fizeram uso da palavra certa: “Esconjuro-vos”. De acordo com a sua fórmula, eles haviam feito tudo cor retamente, mas o demônio não pensava assim. Por isso, domi nou os sete homens e pô-los a correr... nus e a sangrar! Sim, eles tinham a fórmula certa, mas não a relação pessoal certa. O poder divino não depende de palavras, mas sim de uma relação pessoal (Jo 15.5). Não podemos sair por aí gritando palavras e ordens corretas, esperando resultados positivos. Temos de ter comunhão com Cristo para usarmos com eficácia o seu mara vilhoso nome. Algumas vezes, o Senhor me leva a orar de certa maneira ou a fazer determinada coisa. Minha tendência é transformar em fórmula aquela oração bem-sucedida. Se funcionou antes, funcionará agora. Isso pode parecer-nos mais seguro do que ouvir as instruções do Pai celeste para cada ocasião. Eis o que declarou o próprio Cristo: “O Filho nada pode fazer de si mes mo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai” (Jo 5.19). Nosso modelo deve ser Jesus, e não nossas fórmulas ou tradições. Um amigo meu, o Dr. Ralph Neighbour, Jr., escreveu um livro intitulado The Seven Last W ords o f the Church: “W e’ve N ever D one It That W ay Befo re ”. Entre outras coisas, o Dr. N eighbour diz que a nossa servidão às tradições podem fazernos perder a liderança do Espírito Santo. Se Deus realmente
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falava sério quando afirmou: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos” (ls 55.8), então perderemos a direção divina se dependermos de nossos raciocínios, interpretações e tradi ções para se fazer a sua obra. Um a parcela considerável da Igreja teme qua lque r coisa nova ou que difira de suas tradições. Tais crentes têm medo de se rem enganados. Temem as infiltrações da Nova Era, ou outra qualquer que não esteja de acordo com a sua maneira de agir que vem caracterizando sua conduta nos últimos 50 anos. Eles têm mais confiança na habilidade de Satanás de enganar-nos do que na habilidade de Jesus Cristo em liderar-nos. N ão re sta dúvida de que a Nova Era e o ocu ltismo consti tuem séria ameaça à Igreja. Mas existe uma ameaça muito maior: o legalismo, o farisaísmo e a servidão às tradições. Esse tradicionalismo cego exaure a vida da Igreja, e persegue qual quer obra que o Espírito Santo queira estabelecer entre nós. E absolutamente imperativo que depositemos toda nossa confiança na capacidade de liderança do Senhor e não nas astúcias de Satanás.
Identificando Nossos Dons Identificar nossos dons espirituais não é tarefa tão difícil quanto se pensa. Há várias chaves para se os descobrir. O indí cio mais óbvio e prático são os êxitos alcançados em nosso ministério. As áreas em que você é mais bem sucedido prova velmente são as que você é espiritualmente dotado. Se você fracassa repetidamente no ensino, mas obtém sucesso no evangelismo, isso indica que você possui um dom evangelístico. N atu ralm ente, você te rá de m in istrar em várias áreas até dete r minar os dons que possui. Tenho descoberto ainda que nossos desejos geralmente in dicam os dons que temos ou que o Senhor nos quer conceder. Quando simplesmente desejava ser usado num ministério de curas, não tinha qualquer evidência de que o Senhor me havia dotado com os dons de curar. Mas quando comecei a orar pelos enfermos, descobri que esse era um dos dons que o Senhor me queria dar. Portanto, não se mostre passivo em relação aos dons
espirituais. Lembre-se da recomendação de Paulo para que bus quemos com zelo os dons espirituais (1 Co 12.31; 14.1,39). Ele também nos disse que poderíamos orar, pedindo os dons espi rituais (1 Co 14.13). O conselho de outros também é importante. Sempre é pos sível nos enganarmos acerca de nossos dons. Tenho um amigo que tem o dom do evangelismo, mas prefere dedicar-se ao ensino. Em situações como essa, o conselho de um amigo che gado pode poupar-nos de muita frustração. Finalmente, os dons podem ser dados através da imposição de mãos. No Novo Testamento, os apóstolos assim procediam, conforme Paulo o fez em relação a Timóteo (2 Tm 1.6). Mas os apóstolos não eram os únicos que podiam repartir os dons espirituais. Paulo exortou a Timóteo: “Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido m ediante profecia, com a imposição das mãos do pre sb itério ” (1 Tm 4.14). Depois que John Wimber orou por mim, notei um desen volvimento imediato dos dons espirituais em meu ministério. N ão julgo que isso fu ncione de m aneira automática. Tudo deve ser feito sob a liderança do Espírito Santo, ou nada sucederá. Por conseguinte, podemos identificar nossos dons espiritu ais pelo menos de quatro maneiras diferentes: através de nosso êxito ministerial; de nossos desejos; dos conselhos dos mais ex perientes; e da imposição de mãos.
Quando Você se Acha em Transição A cada semana, encontro-me com pessoas que se acham em processo de transição. Procedente de alguma denominação his tórica, não acreditavam no batismo no Espírito Santo ou na atualidade dos dons espirituais. Mas, agora, começam a se abrir à realidade penteco stal. Co m freqüência, essa transição é acom panhada por grande conflito: igrejas se dividem , amizades se desmancham, casamentos são postos à prova, acusações são feitas e assim por diante. Conhecendo ambos os lados da ques tão, sei que grande parte desse conflito não é necessário nem inevitável. Considere o pior aspecto de um cenário. Você faz parte de um grupo que não acredita nos dons do Espírito, e trata com
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hostilidade aqueles que acreditam. Mas, de repente, você é atra ído pelos dons do Espírito, e se convence de sua validade para os nossos dias. Então, o que fazer? A primeira coisa que se pensa é que a igreja, ou grupo, ta mbém está experim entando igual transformação. Isso torna-se crucial se você é o pastor da igreja. Por este motivo, é preciso ter discernimento para saber se a congregação também está sendo alcançada pelo poder do Espírito. Acredito que o Senhor realmente quer transformar toda a Igreja. As últimas estatísticas indicam que a Igreja está moven do-se rápida e inevitavelmente para os dons do Espírito Santo. Ela está retornando à sua herança do primeiro século. Quanto a mim, acho-me convencido de que, enquanto toda a Igreja não abraçar os dons do Espírito, não conseguiremos cumprir as tarefas que nos confiou o Senhor Jesus. Entretanto, Deus tem sua própria agenda para cada um de nós. Ele não chamou Paulo no mesmo dia em que convocou a João. Por conseguinte, não suponha que a sua transformação envolva automaticamente a transformação de toda a sua deno minação ou grupo. Isto pode acontecer, ou não. Se você é o pastor de uma igreja que não quer acreditar nos dons do Espírito Santo, com certeza será obrigado a abdicar ao pasto rado. Mas se o Senhor lhe disser que irá transfo rm ar a sua igreja, então espere que Ele faça a obra. De uma forma ou de outra, é muito importante seguir a orientação do Espírito Santo. Um de meus alunos no seminário pastoreava uma igreja havia mais de dez anos. Sob seu ministério, a igreja crescia significativamente. Mas, tendo ele aceitado a realidade dos dons espirituais, percebeu que aquele ainda não o tempo de o Se nhor transformar a igreja. Por conseguinte, renunciou ao pasto ra do, e arrum ou um em prego secular. Ele e sua esposa uniram-se a uma igreja pentecostal. E, de vez em quanto, prega e ensina nessa igreja, além de aceitar convite para ministrar a palavra em outras congregações. T em sido m uito difícil para esse meu amigo estar fora do pastorado. Entretanto, ele e a esposa estão tranqüilos q uan to ao plano de Deus pa ra suas vidas. Depois que se aceita os dons do Espírito, você passa a sentir como se tivesse nascido de novo. A Bíblia, agora, parece-lhe
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inteiramente nova. Os evangelhos e o livro de Atos adquirem uma vida que você jamais imaginou que existia. Coisas que você havia relegado ao primeiro século da era cristã, agora tomase uma possibilidade para a Igreja atual. Trata-se de um mara vilhoso despertamento. Mas como se dá com todo despertamento, o entusiasmo humano pode prejudicar a obra divina. Se o seu pastor não vir a sua transformação sob uma ótica positiva, não o ro tu le nem o pressione. Em lugar disso, ore por ele e pela sua igreja, para que eles também ouçam com precisão a voz do Espírito Santo. Não suponha que, ao ouvirem o Espí rito Santo, eles venham a acompanhar os seus passos. Talvez Deus tenha para eles uma agenda diferente da sua. Seu pastor já vem sendo criticado e pressionado por muitos motivos, por isso não lhe acrescente outros cuidados. Pela min ha pró pria experiência, sei quão difícil é o m in istério pastoral. A l guns, achando que você esteja isento de erros, cegamente o seguirão para qualquer lugar. Mas a maioria sempre está zan gada com você por um motivo ou por outro. Por isso, trate o seu pastor com amor e compreensão. Acima de tudo, nunca se una a qualquer grupo para fazer oposição ao seu pastor. E preferível deixar a igreja e os amigos do que se rebelar contra a autoridade que o próprio Deus ins tituiu. Se o Senh or quiser trans form ar essa estrutura , Ele o fará sem o concurso de quem quer que seja. Durante o seu período de transição, mesmo que você não se rebele contra o seu pastor, é provável que venham a entendêlo mal, acusando-o de participar de reuniões secretas com a “elite espiritual” da igreja. Poderão até dizer que você é um instrumento de Satanás, levantado para causar confusão entre os fiéis. Salomão ensina-nos como a responder às acusações que nos fazem: “Não apliques o teu coração a todas as palavras que se dizem, para que não venhas a ouvir o teu servo a amal diçoar-te. Pois tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amal diçoado a outros” (Ec 7.21,22). A verdade é que temos dito coisas negativas acerca de nossos amigos, quando deles discor damos, mesmo não sendo nossa intenção fazê-lo. Certa vez enfrentei um desses conflitos. Na oportunidade, disse e ouvi coisas pesadas. Contudo, chegado o momento de
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nos despedirmos, tive de olhar meus queridos amigos e colabo radores nos olhos. E, aí, nos abraçamos e choramos, pois não tínhamos a intenção de dizer tais coisas. Como gostaria de haver seguido o conselho que estou lhe dando agora! A causa de Cristo nunca avançará enquanto nos atacarmos mutuamente. Neste sentido, um a das mais eloqüentes admoestações que jamais encontrei ao longo dessas linhas acha-se no prefácio da obra do bispo Burnet, The Life o f G od in the Soul o f Man, escrito por Henry Scougal, no final do século XVII.2 Alguém tem que acabar com a prática de trocar insulto por insulto. Jamais se esqueça de que imediatamente depois de Paulo ter exortado a seus leitores “entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons”, ele escreveu: “... se não tiver amor, nada disso me aproveitará” (1 Co 13.3).
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m a de min has tarefas mais agradáveis, como professor de seminário, foi a de ensinar o livro dos Salmos. E gratificante meditar sobre o texto hebraico dos Salmos, passeando pelas intrincadas figuras de linguagem. Todavia, por mais que eu amasse os Salmos, havia neles duas coisas que me “perturbavam”. Uma delas era a intensidade com que os salmistas buscavam a Deus. Deixe-me dar alguns exemplos. Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando irei e me verei perante a face de DeusI (Sl 42.1,2)
O Deus, tu és o meu Deus forte, eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, numa terra árida, exausta, sem água. (Sl 63.1) Uma cousa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, e meditar no seu templo. (Sl 27.4)
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Os meus olhos antecipam as vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras. (SI 119.148)
C. S. Lewis, ao descrever esse fenômeno, recusa-se a chamálo de “o amor de Deus”, por acreditar não ser esse pensamento verdadeiro. Prefere referir-se ao anseio dos salmistas como um “apetite por D eu s”.1Mas Lewis receava que a expressão fosse forte demais para algumas pessoas. Pessoalmente, penso ser ela muito bra nda, em relação ao que encontramos nos Salmos. Prefiro usar expressões como “fome por D eu s” ou “paixão por De us” . T al era o anelo dos autores dos Salmos por Deus, que chegava a mos trar-se avassalador —e isso me deixava perturbado. Sim, perturbava-me porque comecei minha vida cristã sen tindo pelo menos um pouco desse anelo. Aos 17 anos de idade, novo convertido, ficava acordado até altas horas da noite, espe rando que todos em casa se tivessem recolhido, a fim de que eu pu desse conversar com D eus sem interrupções ou sem me distra ir. Lembro-me de sair chispando até o correio para receber meu último pacote de versículos “Navigator” para decorar, e então ficar até às três ou quatro horas da madrugada, memorizando cada um deles e meditando. N in guém me forçava a essas coisas. Eu as fazia porque tin ha fome de Deus. Porém, depois que me to m ei professor de seminá rio e passei a ensiná-las, já não mais ficava acordado até altas horas da noite, memorizando a Bíblia. Não mais podia dizer, como o salmista, que “os meus olhos antecipam as vigílias noturnas, para que eu m edite nas tu as pala vra s” (SI 119.148). N ão que eu ten ha deixado de experimentar a presença de Deus. D e fato, passei uns bons momentos com o Senhor nesse período. No entanto, seria demais afirmar que minha alma tinha “sede de Deus”. E, cada vez que lia ou meditava numa daquelas passagens, assalta va-me uma sensação de culpa. A segunda coisa que me perturbava era a emoção dos salmistas. Eles não somente dem onstravam um a inten sa alegria no Senhor, mas também convidavam os outros à mesma alegria, como se essa fosse uma norma para todo crente. Pode-se racio nalizar uma expressão como: “Regozije-se Israel no seu Criador, exultem n o seu Rei os filhos de Sião” (SI 149.2). Mas o salmista
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não para aí; ele prossegue, para explicar o que queria dizer com “regozije-se Israel no seu Criador”. No versículo seguinte, exorta o povo: “Louvem-lhe o nome com flauta [danças, na versão da Sociedade Bíblica Trinitariana]; cantem-lhe salmos com adufe e harpa” . Danças? Sim, o salmista convoca o povo a louvar a Deus com danças. Sua alegria era tão grande que lhe envolvia todo o corpo. Era-lhe necessário mais que a voz para expressar o que sentia. A dança era um modo com um de expressar intensa alegria no Senhor. M iriã, D avi e a filha de Jefté foram de tal modo invadi dos pelo júbilo, que dançaram diante dE ledN ão estou tentand o arrumar argumento em favor das danças em nossos cultos; pelo contrário, ressalto que a alegria era tão grande que aqueles san tos não podiam impedir a si mesmos de dançar. A alegria é uma daquelas emoções que tenho encontrado várias vezes nos Salmos. Os salmistas também podiam exprimir tristeza quase ilimitada por causa do próprio pecado o u da a usê n cia de Deus. Ouça novamente o autor do Salmo 42: A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: Quando irei e me verei perante a face de Deus? As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite, enquanto me dizem continuamente: O teu Deus, onde está?” (SI 42.2,3) Qualquer um que tenha lido os Salmos sabe que os salmistas eram capazes de extremos emocionais. E eu não apreciava muito essa característica. Não me incomodavam as emoções extravasa das nos ginásios de esporte e campos de futebol, no entanto me pareciam inadequadas ao am biente religioso. Ao comentar a ausência de emoções nos cultos de sua deno minação, C. S. Lewis declarou: “Temos uma terrível preocupa ção com o bom gosto”.3E eu pensava que as emoções, dentro de um ambiente religioso, eram de mau gosto. Repelia-as e descon fiava delas. Para mim, apenas as pessoas fracas se emocionavam. Até hoje trago na mente a imagem de um de meus filhos a chorar. Ele chorava não porque se tivesse machucado, mas
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porq ue seus sentim ento s haviam sido feridos. Irritei-me com ele. Não gostei de ver aquelas lágrimas, porque as interp retei como um sinal de fraqueza, mesmo num menino de sete anos. Eu gostava de dizer que vivia de acordo com a Palavra de Deus, e não por sentimentos. Eu havia pregado tantos sermões sobre o tema, que já considerava os sentimentos e a Palavra de Deus inimigos entre si. Perturbava-me nos salmistas o fato de não compartilharem de meus pontos de vista sobre as emoções. Os salmistas pareciam dar plena vazão aos sentimentos. Não tinham vergonha de sua apaixonada fome de Deus, nem da intensa alegria que sentiam em sua presença, nem das lágrimas que derramavam sobre os próprios pecados. Eu me preocupava porque minhas experiências não se equiparavam às deles; e eu não conseguia encontrar um método satisfatório para racionalizá-las. Seriam aquelas experi ências normativas? Por que, então, as minhas eram tão diferen tes? Embora não seja psicólogo, penso saber o motivo de tanta repulsa às emoções: um trauma de infância misturado ao sistema teológico que adotei poucos anos após a minha conversão. Q uan do eu era um rapazinho, admirava meu pai mais do que a qualquer outro hom em - mais do que a qualquer herói do ci nema ou da televisão. Via nele um homem incrivelmente inteli gente. Ele parecia ter resposta a qualquer pergunta que eu lhe fizesse. Via-o também como fisicamente poderoso. Ele havia combatido na Segunda Guerra Mundial. Certa ocasião, foi ferido por estilhaços, que se enterrara m pro fu ndam ente em suas costas, e, mesmo assim, ainda continuou lutando por dois dias. Para minha mente jovem, ele era um homem varonil em todos os sentidos. Tudo aconteceu não muito depois de meu décimo segundo aniversário, num a ho ra em que m eu pai estava sozinho em casa. Ele en trou na cozinha, derram ou uísque sobre café e despejou alguns barbitúricos n a m istura. Escreveu alguma coisa num a fo lha de papel, e foi para a sala de estar. Ajustou o toca-discos para que tocasse por diversas vezes a mesma música, uma triste peça para pia no intitu la da “Last D ate”. Ficou ali, escuta ndo, até to mar uma das armas de fogo da família e pôr fim à sua angústia.
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Meu pai deixou uma viúva de 34 anos de idade, com quatro filhos para cuidar. Eu era o mais velho; minha irmã era a mais jovem, e tin ha três anos de idade. D ia nte daquele traum a, tom ei a decisão de ser um homem forte e de nunca me deixar atingir daquela forma no vamente. Meu avô materno morreu naquele mesmo ano por causa de um ataque de coração. De súbito, eu era o homem da família. Ad quiri, en tão, um a atitude estóica que não tinh a lugar para as emoções. Cinco anos mais tarde, fui maravilhosa e totalm ente conve r tido, e penso que poderia ter feito as pazes com minhas emoções, não fora o sistema teológico que adotei.
Racionalizando Nossa Falta de Paixão Já confessei que havia um abismo entre a minha maneira de pensar e a dos salm istas. M as eu teria sido mais honesto se ad mitisse que minha atitude nada tinha a ver também com o comportamento dos grandes heróis da Bíblia, pois todos pareci am dem onstrar contínua paixão por Deus, a qual eu havia per dido. Eu tinh a duas opções: ou procurava de alguma forma readquirir o meu entusiasmo, ou arranjava uma boa desculpa por tê-lo perd id o. Fiq uei com a segunda opção, adota ndo um sistema te ológico que justificava o meu desprezo pelos sentimentos. Dizia o sistema que os sentimentos são enganadores, razão pela qual não se podia confiar neles; que se deveria ta m bém desconfiar de tudo que fosse subjetivo; que a Bíblia era objetiva, pelo que so mente nela se poderia confiar. Diz-nos a Bíblia que o maior dos mandamentos consiste em amar a Deus, e ao próximo como a nós mesmos (M t 22.36-40 ). Esse amor não seria, a p rin cípio, um sentimento. De fato, o amor é, realmente, uma obedi ência aos mandamentos de Deus. Afinal, Jesus declarou isso explicitamente, em João 14.15,21,23: Se me amais, guardareis os meus mandamentos... Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. Se alguém me ama, guardará a minha palavra...
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Eu estava convencido de que os sentimentos não são im porta nte s, conta nto que se esteja obedecendo ao Senhor. Sen timentos corretos deveriam seguir ações corretas, porém, mes mo que assim não aconteça, o mais importante é obedecer os mandamentos de Deus. Ora, visto ser a Bíblia o registro obje tivo dos mandamentos divinos, estaríamos amando a Deus pela simples obediência a esses mandamentos. Essa era a filosofia que eu adotara, e que preguei durante anos. Sujeitei-me a uma versão anêmica do Cristianismo por conveniência, para racio nalizar minha falta de “apetite por Deus”. Permita-me ilustrar por que esse sistema oferece uma ver são defeituosa, não somente do Cristianismo, mas também do amor. Tenho ouvido, em minhas classes de seminário e nas igrejas que pastoreio, confissões de alguns homens que se sentiam for temente atraídos pela pornografia. Alguns deles conseguiam re sistir à tentação. Contudo, sentiam-se perturbados porque, em seus corações, permanecia o desejo de olhar revistas e filmes pornográficos. N ão era algo de sua vontade, entreta nto . Eu cos tumava dizer-lhes que não se preocupassem, contanto que não estivessem olhando pornografia. Afinal, sensações corretas de veriam seguir-se a ações corretas, pelo que seus sentimentos mudariam em breve. No entanto, algumas vezes os sentimentos não mudavam. E, em certos casos, prosseguiam durante anos. De acordo com o meu sistema, esses sentimentos realmente não eram importantes, desde que se estivesse obedecendo. En tretanto, olhemos a questão da perspectiva de suas esposas. Es tariam elas satisfeitas por saber que seus maridos desejavam olhar o corpo de outras mulheres? E, embora eles não cedessem ao pecado, elas se sentiriam traídas pelo fato de seus maridos estarem desejando ver pornografia. Todo casal sabe que essa é uma forma distorcida de Cristi anismo. Seria este o melhor de Deus para nós: resistir, pela disciplina, a um pecado do qual continuamos escravos em nos sos coracões? Em algumas oportunidades, tenho aconselhado casais em que o marido, apesar de fiel e bondoso provedor, perdeu a paixão pela esposa, não mais sentindo por ela o amor dos primeiros anos de casamento. Seu proceder é correto, mas os sentimentos
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não mais estão presentes. Que esposa ficaria satisfeita com esse tipo de amor? Eu havia abraçado, pois, uma forma de Cristianismo que separava, radicalmente, a obediência dos sentimentos. Obedi ência sem emoção é mera disciplina ou força da vontade. Não é amor. Você não pode separar a paixão do amor. O verdadeiro amor manífesta-se não somente através dos atos, mas também por sentim ento s. O afeto e a paixão são aspectos in dis pensá veis do amor a Deus. O alvo da vida cristã não é apenas a obediência aos manda mentos de Deus, mas o obedecê-lo de coração (Rm 6.17; Ef 6.6). Ninguém pode obedecer a Deu s dessa m aneira, a menos que te nha os seus m and am entos escritos no coração. Essa é a grande dife rença entre o santo do A ntigo T estam ento e o crente do Novo: temos acesso ao ministério do Espírito Santo, que escreve os mandamentos de Deus em nossos corações (Jr 31.33; Hb 10.16). N ão precisamos conte nta r-nos co m um a obed iência mecânica. Podemos odiar o que Deus odeia, e amar o que Ele ama. M eu sistema justificava sentimentos mornos para com Deus e seus filhos. No entanto, Jesus disse aos crentes de Laodicéia: “Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vom itar- te da m in ha boca” (A p 3.16). E m 1 7 4 6 , J o n a t h a n E d w a r d s p u b l i c o u The Religious Affectio ns, livro no qu al argum entava que “a verdad eira religião deve consistir em m uito afeto s”.4Edwards observou que um a das principais obras de Satanás é
propagar a idéia de que todos os afetos e emoções não devem ser considerados, no campo religioso, mas evitados como se fossem tendências perniciosas. Ele sabe que isso transforma qual quer religião em mera formalidade e eficazmente destrói tudo que é espiritual, fechando as portas ao Cristianismo autêntico. Edwards prossegue:
Assim como não há verdadeira religião onde nada mais existe senão sentimentos, não há verdadeira religião onde não há sentimentos religiosos... Se os grandes valores da religião forem corretamente compreendidos, eles afetarão o coração...
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Desprezar os sentimentos religiosos é a maneira mais fácil de endurecer os corações dos homens, encorajando-os em sua estupidez e falta de bom senso, conservando-os em um estado de morte espiritual, enquanto vivos, para levá-los, finalmente, à morte eterna.6 Edwards esforça-se para provar, mediante as Escrituras, que o Cristianismo é uma religião tanto de emoções quanto de vonta de. Ele demonstra o grande destaque dado pelas Escrituras “ao temor, à esperança, ao amor, ao ódio, ao desejo, à alegria, à tris teza, à gratidão, à compaixão e ao zelo”.' Não podemos amar a Deus, nem obedecê-lo, sem santificar as emoções.
Sendo Seduzido A ironia em tudo isso é que quase todos começam a vida cristã com um apaixonado anelo pelo Senhor Jesus. Ao longo do caminho, porém, muitos perdem essa paixão; mas é necessário perm anecer assim - a menos que a nossa teologia diga que é norm al a vida cristã sem paixão por Jesus. Q uan do me converti, não tinh a q ualquer noção religiosa ou eclesiástica. Imediatamente, porém, apaixonei-me pelo Senhor Jesus. E comecei a devorar sua Palavra. Falava com Ele constan temente, e dava testemunho dEle a todos os meus amigos incré dulos. Era tão zeloso nesse particular que perdi todos os meus amigos, com a exceção de apenas dois. Essa perda, contudo, não me afetou muito, p orque eu estava am ando a Jesus, e na da mais realmente me importava. Com o tempo, porém, perdi aquele prim eiro am or, e adotei um a teologia que justificav a a perda. Entretanto, não foi a teologia que me levou a perder o primeiro amor. Passado cerca de um ano, a paixão original que sentia pelo Sen hor começou a enfraquecer. Não poderia apo ntar o dia ou a hora em que isso aconteceu, nem apresentar um motivo. Sei apenas que meu amor transferiu-se para algo muito diferente: m inha denominação. Eu tinha m uito orgulho dela, e não en ten dia por que alguns verdadeiros cristãos se recusavam a abraçar nossa d outrin a. Imaginava també m que m inha igreja talvez fosse a melhor de toda a denominação.
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1§ 1
N ão penso ter am ado de mais m in ha denomin açã o. O p ro blema é que eu am av a Jesus de men os. Essa inversão de valores ocorre tão lentamente, e de maneira tão sutil, que é quase im possível percebê-la ante s de ser apanhado na armad ilha. E n tre tanto, arrependi-me de pôr minha igreja à frente de Jesus, e aquela paixão original começou a retornar. Mas fui novamente seduzido. Enquanto me preparava para tornar-me professor de seminário, desenvolvi uma paixão in tensa pelo estudo da Palavra de Deus. E acabei amando mais a Bíblia do que ao seu Autor. Caí numa outra armadilha. Sem perceber, passei a considerar o conhecimento das Es crituras a essência da vida cristã. C. S. Lewis refere-se a este tipo de erro da seguinte maneira: “O indivíduo algumas vezes (não com freqüência) alegra-se por não ser um grande teólogo; e de maneira igualmente fácil se ilude, pensando ser um bom cristão”.8Essa é um a armadilha em que caímos facilmente, q ua n do se vive nu m a comu nidade acadêmica, onde o propósito pr in cipal é ensinar as Escrituras e treinar pessoas a fazer o mesmo. Só depois de muito tempo aprendi que conhecer a Bíblia não é a mesma coisa que conhecer a Deus; amar a Bíblia não é a mesma coisa que amar a Deus; e que ler a Bíblia não é a mesma coisa que ouvir a Deus. Os fariseus conheciam a Bíblia, amavam-na, liam-na, mas não conheciam, nem amavam, nem ouviam a Deus. Um dia, porém, Jesus lhes disse: O Pai que me enviou, esse mesmo é que tem dado tes temunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma. Também não tendes a sua palavra permanente em vós, porque não credes naquele a quem ele enviou. Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eter na, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo não quereis vir a mim para terdes vida. (Jo 5.37'40, grifo meu) Os fariseus passavam horas estudando as Escrituras. Não obstante, eles nunca haviam escutado a voz do Pai. E possível ler a Bíblia diariamente sem jamais ouvir a voz de Deus!
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Outra grande ironia: eu pregava muitos sermões sobre a importância de fazer e não apenas saber o que a Bíblia diz. Esforçava-me mais em compreender a Bíblia e a teologia orto doxa do que em seguir o Filho de Deus e tornar-me como Ele. Eu não fazia idéia de quão profunda era a decepção que apo derara de mim. Alguns óbvios sinais identificam aqueles que põem a Bíblia acima de Jesus. Eles falam mais sobre a Bíblia do que de Jesus. Ter uma correta doutrina é, para eles, mais importante do que levar uma vida correta. Para eles, é mais importante o que se acredita do que a maneira como se age. Seus líderes podem ser duros, autoritários. Pecados de orgulho, arrogância e crueldade religiosa são muitas vezes desculpados ou negligenciados. Pre gar a Palavra, para eles, é mais importante do que tê-la como perfeito modelo. Detesto admitir, mas todas essas características eram reais em minha vida. Algumas pessoas se deixam seduzir por exterioridades. Con sideram o comportamento moral e o dever a essência da vida cristã. Aqueles que agem assim terminarão por desenvolver o mesmo tipo de justiça própria que caracterizava os fariseus. C on sidere o que Jesus disse aos culpados desse pecado:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes negligem ciado os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a mise' ricórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas. Guias cegos! que coais o mosquito e engolis o carne' lo. Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes por dentro estão drei' os de rapina e intemperança. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique lim' po. A i de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos, e de toda imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
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Se a essência da vida cristã se transformar em obediência a regras, seremos levados, à justiça-própria. Sempre gostei de pensar em mim mesmo como uma pessoa liberta do legalismo e da justiça-própria. De fato, admirava mi nha própria imagem de santo “não-conformista”. Mas, a des peito dessa pequena fantasia, já fu i por várias vezes seduzido ao legalismo e à justiça-própria, em meu andar com o Senhor. Deixe-me contar-lhe como o Senhor mostrou essa minha falha. N o processo de deixar a m in ha igreja em Fort W o rth e m eu trabalho de professor no seminário, meus sentimentos pelo Se nhor Jesus começaram a reavivar-se. Pela época em que tínha mos mudado paraAnaheim, na Califórnia, para fazer parte do pessoal da Vin eyard C hris tian Fellow ship, eu me sentia mais próxim o do Senhor do que nos primeiros dias após a m in ha conversão. Um dia, durante o outono de 1988, dirigia-me para meu escritório na igreja, quan do surpreendi-me e xperimentand o um a imensa alegria. Fiz um breve exame de minha vida e não en contrei razão para estar assim tão feliz. Não havia férias nem viagem à vista; não adquirira possessões, nem podia enumerar vitórias espirituais recentes. Apenas estava me sentindo feliz a caminho de um dia ordinário de trabalho. E comecei a pergun tar ao Senhor o porquê de tal sensação. Analisando minha vida, percebi que estava próximo do Se nhor como há muito tempo não estivera. Estava orando e me ditando na Escrituras mais do que nunca. Sempre estudara a Bíblia a fim de preparar os sermões, mas agora o tempo parecia melhor aproveitado. Eu me estava entregando às pessoas como jamais fizera em m eu ministério. E, pela prim eira vez em m i nha vida, eu estava orando sobre uma base regular. (Uma das coisas boas em ser um cessacionista é que, uma vez você acredite nas “coisas que passaram lá pelos fins do pri meiro século”, está livre para incluir nelas aquilo que você não gosta. Eu, particularmente, incluía nessa categoria o jejum.) Sem perceber, comecei a congratular a mim mesmo pelo meu andar com o Senhor, minha consistência e minha discipli na. Naquele exato momento, o Senhor falou comigo, tão clara
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mente como se em voz audível: Não te regozijes em tua lealda~ de ao Senhor Jesus - regozijaste no pró prio Senhor Jesus. Se te regozijares em tua lealdade, ela te levará à justiça' própria. Com essa revelação, pude contemplar minha vida sob uma perspectiva divina. Percebi que havia períodos em que eu esta va mais próximo do Senhor, para em seguida ver essa proximi dade interrom pida - quan do começava a regozijar-me po r mi nha lealdade. Poucos dias mais tarde, o Senhor mostrou-me onde estava o problema, através da parábola do fariseu e do publicano, em Lucas 18.9-14. O fariseu orava: “O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúl teros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho”. A oração do fariseu de m ons tra qu e ele se regozijava em sua lealdade a Deus, em lugar de regozijar-se em Deus. Se fizermos como ele, tam bém seremos levados à justiça-própria, que, por sua vez, nos fará desprezar os nossos semelhantes (Lc 18.9). Algumas pessoas são seduzidas, e colocam os dons espiritu ais acima do Sen hor Jesus - parece ter sido o que aconteceu aos crentes coríntios. Outras, deixam-se seduzir pelo emocionalismo. Esforçam-se por alcançar certo nível de senti mentos mais do que buscam ao Senhor Jesus. Tais pessoas são facilmente levadas a excessos emocionais. E há outra sedução, que atua com maior sutileza. O estilo de adoração tem passado por uma mudança radical. Grande parte da Igreja, hoje, usa hin ários com menos freqüência, op tando por uma forma contemporânea de música. Em lugar de dois ou três hinos, no começo do culto, muitas igrejas adotam um extenso período de adoração musical. Em minha opinião, isso não é ruim, mas até mesmo nesse particular vejo pessoas seduzidas. Algumas estão “adorando a adoração”, ao invés de adorarem ao Senhor Jesus. Tenho até encontrado pessoas que põem a vida cristã acima do Senhor Jesus. Freqüentadores de igrejas e estudantes de se minários têm-se convertido a um estilo de vida, não a Cristo Jesus. Eles am am a vida cristã - a com unh ão, os cultos, a con; tribuição as causas justas, a leitura da Bíblia e as orações. E possível alguém fazer tu do isso e não co nfiar em Jesus Cristo
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para perdão dos pecados e recebim ento da vida eterna. Tenho visto estudantes de seminário serem levados a Cristo somente no quarto ano de treinamento. Diáconos chegam à fé após anos de serviço fiel em igrejas conservadoras. O que estou dizendo é que é possível colocar coisas boas acima do Senhor Jesus, sem que se perceba. Podemos pôr a Bíblia e seus mandamentos acima do Senhor, como também os dons espirituais e as várias formas de adoração. O mesmo podemos fazer com os diversos ministérios —testemunho, cui dado pelos pobres, oração pelos enfermos. É possível o crente ser seduzido por todas essas coisas. Não devemos equiparar Jesus a qualquer dessas coisas. Je sus não é uma doutrina, uma teologia, um princípio abstrato, um ministério, uma igreja, uma denominação, uma atividade ou um estilo de vida. Jesus é uma Pessoa real, e exige que o coloquemos acima de tudo. Nenhuma dessas coisas morreu por nós; o Filho de Deus morreu por nós. Se começo a dar mais atenção ao meu ministério que ao Filho de Deus, aquele se tornará um ídolo em minha vida, afastando-me de Jesus. Quão facilmente confundimos amar as coisas boas com o amar a Jesus! E quão facilmente nos tornamos leais a essas coisas sem nos dedicar a Deus! Mais do que qualquer outra coisa, a paixão por Deus deve ser guardada e cultivada, ou a perderemos. Tenho descoberto que quase tudo de bom em minha vida está sempre pronto a competir com meu tempo e intimidade com Deus. A essência da vida consiste em amarmos a Deus, para então amarmos o seu povo (Mt 22.36-40).
Amando com Paixão Com freqüência falo sobre a “paixão” por Cristo em lugar de amor a Cristo, porquanto a palavra am or perdeu o sentido original em muitos círculos religiosos de hoje. Conforme já disse, teólogos e pregadores populares têm insistido em definir o amor prim ariamente em term os de dever, sem qualquer referência às suas qualidades emocionais. Mas o amor a Deus destituído de emoção é um produto da mente dos mestres modernos. A Bí blia jamais define o am or dessa maneira.
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Gosto da palavra paixão, porque ela salienta o lado emoci onal do amor. Paixão pode ser definida como “qualquer tipo de sentimento por meio do qual a mente é poderosamente afetada ou movida: uma emoção veemente, ordenadora, dominante”/ A paixão é um sentimento que leva a mente e a vontade à ação. O termo paixão cobre uma gama inteira de sentimentos - apropriado p ara quem ama a D eus. Refiro-me a coisas como desejo, anelo, zelo, afeto, ânsia e fome, sentimentos caracterís ticos de uma pessoa profundamente apaixonada. Os sentimentos apaixonados devem caracterizar nosso rela cionamento com o Senhor Jesus. Naturalmente, desejamos ser perfeitam ente obedientes ao Senhor, mas que essa obediência se derive da paixão por Ele. Obedeçamos a Jesus, não simples mente por disciplina, senso de dever, recompensa ou temor à punição. Sirvamo-lo, sim, pela alegria de poder agradá-lo. Se for a disciplina, em última análise, o que nos im pulsiona a buscar Jesus, eventualmente haveremos de desistir dessa busca. Mas o cristão apaixonado nunca desistirá. Essa é a natureza do amor (Ct 8.6,7). Seja a nossa vida caracterizada por um sentimento sem restrições para com o filho de Deus. Seria isso um alvo realista, ou apenas um pensamento dita do pelo desejo? Tenho ouvido alguns mestres ensinarem que, no começo de nossa relação com Deus, é normal termos paixão por Ele, mas que após um te m po re la tivam ente curto é também normal substituirmos essa paixão por uma sensação mais fiel de dever e disciplina. Alguns até afirmam que a perda da pai xão é sinal de maturidade espiritual. Quanto a mim, penso que a Bíblia diz exatamente o contrário. Pense o leitor naquelas citações extraídas dos Salmos, no começo deste capítulo. Os salmistas não tinham perdido sua pa ixão por Deus. Estavam cheios de fome e an elo por Ele. U ti lizaram-se das mais vívidas mensagens para expressar seu anelo por Deus. Assim com o a corça se m ostra sedenta por correntes de águas, a alma do salmista tinha sede de Deus (SI 42.1,2). Davi declara que sua maior oração era poder estar na casa de Deus simplesmente para “contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo” (SI 27.4). Se os santos do Antigo Testamento sentiam-se apaixonados por Deus, quanto mais
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deveriam estar os crentes da Nova Aliança, que vivem à luz do Calvário e do poder do Espírito Santo! Entretanto, se perdermos essa paixão, como poderemos recuperá-la? E como a nossa paixão por Deus relaciona-se à nossa experiência com o seu poder? Exploraremos essas ques tões no capítulo final.
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m belo dia, Jesus chegou a Betânia, e resolveu permane cer na casa de Maria, irmã de Marta e Lázaro (Lc 10.38-42). Maria, mostrando desejo e afeto pelo Senhor, sentou-se a seus pés para ouvir tu do quanto Ele dizia. Em bora fosse a hora do almoço, ela preferiu ouvir o Mestre. De conformidade com as regras de hospitalidade daquele tempo, Maria era responsável, juntamente Marta, por servir a Jesus e aos seus discípulos. Mas o seu desejo em ouvi-lo era mais forte. Seu afeto pelo Senhor predominou sobre as regras norm ais da e tiqueta. E stou certo de que se Jesus dissesse a M aria que fosse ajudar a Marta, ela tê-lo-ia feito imediatamente. Mas não havia como deixar a presença do Salvador. Quando Marta censurou a atitude de Maria, Jesus lhe res pondeu que esta havia escolhido a m elh or parte, e que n in guém lha tiraria. Os pregadores com freqüência usam esse incidente para real çar a necessidade do estudo bíblico. No entanto, Maria não es tava estudando a Bíblia; estava sentada aos pés do Amado, ou vindo atentamente tudo quanto Ele lhe dizia. O profundo amor de Maria pelo Senhor também seria cons tatado seis dias antes da última Páscoa. Ele sabia que só teria mais seis dias até a sua morte. Por isso, deixando de lado todas as pessoas e lugares “politicamente corretos” em Jerusalém, foi a Betânia, que distava três quilômetros a sudeste de Jerusalém. Jesus
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pre fe riu o lar de Lázaro, M arta e M aria, porq ue aí seria ungido para o seu sepultam ento. A quem Deus daria a honra de ungir a seu Filho? M aria entrou n o apo sento d urante a refeição, carregando um frasco de nard o p uro, u m pe rfume que valia pelo menos o salário de um ano todo. Então ela “desperdiçou” aquele caríssimo per fume, derramando-o aos pés do Senhor. Em seguida, enxugou os pés do Senhor com os cabelos (Jo 12.1-3). Embora extraordinário, este ato foi considerado impróprio. Maria interrompeu a refeição, aproximou-se de um convidado do sexo masculino, deixou seus cabelos soltos, à maneira do que faria uma mulher imoral, e se pôs a fazer o trabalho de uma escrava. O que a levou a humilhar-se e a transgredir tan tas normas?1O que a levou a desperdiçar tanto? Ela reconheceu a grandeza de Jesus. Sabia ser Ele digno de toda aquela extravagância. Ele também era digno da mais pro funda humilhação que ela pudesse sofrer. Maria era impulsio nada por uma santa paixão pelo Filho de Deus. Ela “dilapidou” o perfume no Salvador, como o faria com a própria vida. Aque la extravagância refletia um a “extravagância” ainda maior: seus sentimentos por Cristo. Tanto João quanto Lucas fornecem-nos esses “instantâne os” de Maria, pois tinham como objetivo apresentar-nos a vida dela como modelo para todos nós. Como podemos copiar tal vida? Como podemos desenvolver a mesma paixão e devoção por Jesus?
Desenvolvendo Paixão por Jesus Há três passos para desenvolvermos tal paixão por Jesus. O prim eiro é óbvio. Você não poderá amar a alguém ou te r por esse alguém paixão se você não o conhece. A semelhança de Maria, devemos dedicar nosso tempo em conhecer a Jesus. Quanto mais nos assentamos a seus pés, mais o conheceremos. E quanto mais o conhecermos, mais haveremos de amá-lo. Devemos separar um período diário para a meditação nas Escrituras e a oração. Jamais devemos permitir seja este tempo mecânico ou ritualista. Precisamos ter em mente que é possível ler a Bíblia como um fariseu, sem jamais o uvir a voz de Deus (Jo
Desenvolv endo o A m o r e o Pode r
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5.37). É possível deixar nosso tempo de oração degenerar-se numa mera lista de compras endereçada a Deus. Em nossos períodos regulares de meditação e oração, deve mos lembrar-nos de que o nosso propósito é conhecer uma Pessoa que fala, guia, encoraja, revela e convence. Ele se ira e perdoa. Podemos entristecê-lo ou alegrá-lo. É o que as Escritu ras nos dizem. No entanto, um a leitu ra mecânica da Palavra de Deus, ou um a oração ritualista, jamais nos conduzirá à presença de Deus. Eis a oração do salmista: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei” (SI 119.18). Ele sabia que, sem a presença divina, Ele jamais “veria as maravilhas da lei”. Peça e venha à presença de Deus. Há coisas que todos conhecemos. Temos sido ensinados so bre elas desde a nossa conversão. O problema, pois, não con siste em se conhecer tais coisas, mas em as colocar em prática. Quando eu era pastor de uma determinada igreja, minha prin cipal exortação era que as minhas ovelhas orassem e lessem a Bíblia. E, constantemente, ouvia-as confessarem que não ora vam nem liam a Bíblia com regularidade. Passados dez anos, descobri que o mesmo acontece com muitos pastores. Os crentes com quem falo acreditam que a Palavra de Deus e a oração sejam realmente indispensáveis, mas não se aplicam a tais exercícios. Na maioria dos casos, isso não é ocasionado por nenhum a falha moral. A nte s evidencia um a religiosidade mecânica. As pessoas tendem a viver sob a ilusão de que sempre terão tempo para orar e meditar na Palavra de Deus. Essa é uma das mais bem sucedidas mentiras do diabo. Ele sabe que, se puder manter você afastado da presença de Deus, conseguirá derrotálo com facilidade. Neste sentido, de nada lhe valerão os vastos conhecimentos bíblicos, nem os dons espirituais. O importante mesmo é viver na presença de Deus. Não há um único herói bíblico que não tivesse chegado à presença de Deus de maneira regular. Siga o exemplo deixado por Josué, e medite na Palavra de dia e de noite (Jo 1.5-9). Siga o exemplo de Paulo, e ore continuamente (1 Ts 5.17). Siga o exemplo de Maria, e sente-se aos pés de Jesus (Lc 10.39). Para seguir tais exemplos, devemos aprender a separar um tempo
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regular para ler a Palavra de Deus e falar com Ele. Se o fizer mos, o Senhor jamais nos deixará desapontados. Eis aqui a segunda chave para se adquirir paixão pelo Se nhor Jesus. Em cada relacionamento pessoal, são erguidas, de vez em quando, barreiras. Não é diferente em nosso relaciona mento com o Senhor. Sempre que pecamos, ergue-se uma bar reira entre nós e Ele. A culpa do pecado pode impedir-nos de entrar em sua presença. Só há uma coisa que removerá as barreiras entre Deus e seus filhos desobedientes: Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mante mos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos peca' dos, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. (ljol.7'9) A culpa pelo pecado é-nos tirada sempre que o confessa mos, confiados no poder do sangue de Jesus Cristo. Essa é outra verdade que nos é ensinada desde a nossa conversão. Não obstante, encontro tantos crentes que vivem vergados sob a culpa do pecado, que mais parecem viver sob a condenação do diabo. Muitos dizem-me que confessam seus pecados, mas não se “sente m ” perdoados. Mas não basta pro nunciarmos algumas palavras sobre nossos pecados e transgres sões; devemos confiar no poder do sangue de Jesus para sermos realmente perdoados. Nunca seremos santos o bastante e nem disciplinados o suficiente para entrar na presença de Deus. Precisamos apenas de uma única coisa: o sangue de Jesus. U m a ou tra coisa é absolutam ente essencial pa ra sermos con sumidos de paixão pelo Filho de Deus. Em minha vida cristã, tenho cometido o mesmo engano por muitas e muitas vezes: depositar confiança em minha disciplina, boas intenções e co nhecimento da Bíblia, para ter mais amor a Deus. Contudo,
193 sempre termino no legalismo e na justiça-própria quando po nho minha confiança nessas coisas. Um dia o Senhor acabou com tudo isso, quando um caro amigo meu, Mike Bickle, disse-me que nunca se recuperara do choque provocado por algo que o Senhor lhe havia dito: “Se chegares^ a vencer n a yida cristã, não será porq ue és um bòm síguidhr. Mas .porque m eu Filho é um bom líder. Põe tua con fiança em sua habilidade d e lidera r, e não em tua_ habilidade de sêgüi-lo”. A revelação vazou-me o coração. Percebi por que a ju stiça-pró pria e o legalismo sem pre haviam se mostrado tão fortes em minha vida. N ão esto u dizendo que não precisam os de disciplina, co nhecimento bíblico, ou um comportamento piedoso. Nem es tou dizendo que devemos ser passivos, deixando que Deus faça tudo. Refiro-me, porém, à nossa atitu de e confiança. Cumprenos fazer as coisas certas, mas nunca devemos depositar nelas nossa confiança. Nossos corações são incrivelmente inclinados a se enganarem (Jr 17.9), e nossos pés inclinados a se desvia rem da vereda da justiça (Rm 3.10-18). A luz dessas verdades, como poderíamos confiar em nossa capacidade de seguir a Jesus? Já atingi um estágio na vida, onde percebi que a minha pai xão pelo Filho de Deus não é conquista minha, mas um dom recebido do Pai. Afinal, não é assim que as maiores coisas nos são concedidas? Disse Tiago: “N ad a tend es, po r que n ão pe dis” (Tg 4.2). Os maiores dons que Deus nos reservou ser-nos-ão concedidos mediante nossos rogos. Portanto, passe mais tempo pedin do a Deus, para que Ele lhe conce da paixão por Jesus. Um a oração tem contribuído pa rticularme nte p ara gerar-me mais paixão pelo Senhor Jesus. E a maior oração de toda a Bíblia: a oração sumo sacerdotal do Senhor Jesus (Jo 17) Trans formei o último versículo dessa oração em minha própria oração:
Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja. (Jo 17.26)
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Jesus revelou, em sua oração, que havia declarado o nome do Pai aos discípulos. Noutras palavras: Ele mostrou-lhes quem o Pai é. Jesus o fez tendo em mira um propósito dominante: Ele queria que seus discípulos o amassem como seu Pai celeste o ama. Li este versículo muitas vezes antes de compreendê-lo. E na prim eira vez em que o ente ndi, fiquei perplexo. Como poderia amar a Jesus como Deus o ama? Naturalmente, ninguém pode amar com o amor com que Deus ama. Também não podemos ser santos como Deus. No entanto, Deus nos recomenda: “Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). E através do pod er de seu Espírito que podemos anda r em san tida de. Por interm édio desse mesmo p oder, é-nos possível viver nos sas vidas com uma paixão abrasadora por nosso Senhor. O Pai ama o Filho mais do que a qualquer outro ser. Ele é devotado ao Filho. Seus olhos jamais deixam o Filho. Tudo quanto o Pai faz, fá-lo pelo seu Filho. Jesus, pois, orou para que fôssemos impulsionados pela mesm a paixão. Pa rafrasee i João 17.26 a fim de orar da seguinte forma: “Pai, concede-me o poder, vindo do Espírito Santo, para amar ao Fi lho conforme tu mesmo o amas”. Faço essa oração quando me levanto; durante o dia, quando me deito. Meu coração tem sido cativado por essa oração. Orando assim, confesso a Deus que, se Ele não me conceder o Espírito Santo, nunca terei paixão por seu Filho. Posso mudar de mente, mas apenas o Espírito Santo pode m udar m eu coração.2 Se você orar sobre uma base regular, a paixão pelo Filho de Deus começará a fluir para o seu coração. Poderão ser necessá rios meses, ou mesmo anos, antes que você observe alguma dife rença significativa. De fato, você nunca será capaz de apontar o dia ou a hora em que começou a ser consumido pela paixão pelo Filho de Deus. Mas os outros, sim. Eles dirão que você foi trans formado, que há um a bondade em seu ser que ainda não haviam notado. N ão se mostre passivo ao adquirir paixão pelo Filho de Deus. Faça disso o grande enfoque de sua vida. Ponha seus olhos sobre o Filho de Deus (Hb 12.2). Você descobrirá que o seu amor por Ele realmente é imenso. Você amará o que Ele ama, e odiará o que Ele odeia.
Dese nvolv endo o Amor
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Paixão e Poder O que toda essa conversa a respeito de paixão tem a ver com o poder e com os dons do Espírito? Simplesmente isto: O amor a Deus é a chave para o poder. Eis o segredo dos discí pulos do Senhor:
Jesus subia ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar, e a exercer a autoridade de expelir demônios. (Mc 3.1345) N a ve rsão de M arcos, Jesus aponto u os doze com três pro pósitos: (1) estar com Ele; (2) preg ar; e (3) expelir de môn ios. A ordem em que esses três propósitos é apresen tada é altam en te significativa. Antes de ministrar, foram chamados “para es tarem com Ele”. Os seres humanos mais poderosos são os que têm estado com Jesus (At 4.13). A intimidade com o Senhor, o “estar com Ele”, sempre produz paixão por Ele. Pense em Moisés, Daniel, Pedro, João e Paulo. Todos consumidos de paixão por Deus. Conforme temos visto, paixão e poder não se confinam aos pro fe tas do Antigo Testa m ento nem aos apóstolos do Novo. Considere mais um episódio da vida de Maria. Quando Lázaro, irmão de Maria, morreu, Jesus chegou àque le lar quatro dias depois. Marta foi a primeira a saudá-lo: “Se nhor, se estiveras aqui não teria morrido meu irmão” (Jo 11.21). Jesus respondeu-lhe com uma das maiores declarações teológi cas da Bíblia: “Eu sou a ressurreição e a vid a” (Jo 11.25, a ênfase é minha). Momentos mais tarde, Maria foi ao encontro de Jesus, e disse-lhe as mesmas palavras: “Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria m orrid o” (Jo 11.32). Só que, n esta ocasião, Jesus chorou. Em seguida, foi ao sepulcro e ressuscitou a Lázaro. Se Marta arrancou um grande ensino teológico do Mestre, Maria fê-lo chorar, e levou-o a ressuscitar-lhe o irmão. Os que têm amor apaixonado pelo Senhor Jesus, podem movê-lo de uma maneira que as outras pessoas não conseguem
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por mais que tentem. A paixão por Jesus deu a M aria acesso ao poder de Jesus. Permita-me o leitor dar-lhe um exemplo dramático e con temporâneo que ilustra o que quero dizer. Mahesh Chavda, um evangelista largamente conhecido por suas curas e milagres, enfrentou um terrível dilema em maio de 1985. Seu filho, Aarão, acabara de nascer com cinco meses de gestação. Os médicos não deram a M ahesh e sua esposa, Bonnie, nenhuma esperança. A morte da criança era certa e iminente. Os médicos disseram que, mesmo que o menino sobrevivesse, não passaria de um “vegetal”. Mahesh já estava com diversas conferências marcadas. Sua esposa e o bebê encontravam-se no hospital, e ele estava de viagem marcada para África. Ele sentia que o Senhor lhe orde nava fosse cumprir seus compromissos, mas suas emoções leva vam-no a ficar. Como poderia deixar Bonnie sepultar sozinha a Aarão? Bonnie, porém, persuadiu a M ahesh a ir. “Seu trabalho con siste em ir quando o Senhor o chamou a ir”, disse ela. “Não importa se você está aqui, Jesus está presente. Se Aarão viver, será por causa da intervenção divina, e não porque você está em casa”. Mahesh deixou Bonnie, e foi a UTI onde seu minúsculo filho lutava por continuar vivo. Aarão pesava apenas 539 gra mas. O menino cabia-lhe na palma da mão. Mahesh ficou observando-o lutar pelo oxigênio. Então, ele o ungiu e orou por ele. Finalm ente, olhou para o pequenino filho e disse: “Aarão, parece que eu não o verei mais. Quero que você saiba que seu papai muito o ama. Mas Jesus o ama ainda mais. Se eu nunca mais ver você nesta terra, sei que o verei no Céu”. Semanas mais tarde, havendo Mahesh terminado as cruza das no Zâmbia, entrou em contato com Bonnie. Miraculosa mente, Aarão ainda se agarrava à vida. Mahesh apanhou um avião para o Zaire, onde passou aquele nove de junho de 1985. Mahesh não conhecia os organizadores da cruzada em Kinshasa. Ele esperava um ajuntamento de 700 a 800 pessoas. N a m anhã de segunda-feira, por ocasião da reunião dos líderes, 2300 pessoas fizeram-se presentes. No encerramento da reu
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nião, uma mulher idosa, cujo corpo achava-se coberto de tu mores cancerígenos, foi instantaneamente curada. Os tumores desapareceram completamente. As notícias sobre a cura espalharam-se como um incêndio numa floresta, durante a seca de agosto. Naquela noite, 10.000 pessoas vieram à reunião! E ta nta s foram as curas, que até as bruxas e feiticeiras, que tinham vindo para perturbar a re união, se converteram, arrependendo-se publicamente de seus peca dos. No dia 12, a multidão já beirava a casa dos 30.000. N aquela m anhã, M ulam ba M anik ai estava de pé, no meio da multidão. Embora seu coração estivesse esmagado, ele ouvia Mahesh atentamente. Ao contrário de seus vizinhos da rua Lumbi, Mulamba e seus familiares eram crentes. No dia ante rior, ele encontrara seu filho de seis anos, Katshnyi, paralisado e comatoso. Mulamba e seu irmão mais velho, Kuamba, leva ram o menino para ao hospital. E o diagnóstico não era nada animador: malária cerebral. N a quarta-feira, às quatro hora s da madrugada, ao se apro ximarem da Clínica Mikondo, o pequeno Katshinyi, de apenas seis anos de idade, sofreu um espasmo e parou de respirar. Na clínica, o médico aplicou-lhe uma injeção, e tentou reavivá-lo, mas tudo inútil. “Seu filho está morto”, disse o médico a Mulamba. “Nada posso fazer por ele. Só resta levá-lo ao Hos pital M ama Yemo, em Kinsh asa, para ser lavrado o atestado de óbito”. N o referido hospital, o m enin o foi novam ente declarado morto. Mulamba deixou ali o corpo de seu filho, e foi em busca de dinheiro para a permissão de sepultamento. N a ru a, M ulam ba começou a orar, pedin do ao Senhor que lhe ressuscitasse o filho, se isto realmente fosse para maior glória de Cristo. Foi exatamente aí que se lembrou da história de como Pedro ressuscitara a Dorcas. Mulamba, então, ouve claramente a voz de Deus: “Por que estás chorando? Meu servo está nesta cidade. Vai atrás dele”. Mulamba compreendeu que o Senhor se referia a Mahesh. Ele correu à praça Kasavubu, onde Mahesh estava pregando para 30.0 00 pessoas. Era exatam ente meio-dia, quando o evan gelista concluía a mensagem. O ito horas já se haviam passado desde a m orte de Katshinyi.
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De súbito, Mahesh sentiu como se Deus o tivesse levado a outra dimensão. Ele não tinha mais consciência da multidão. Ficou envolto em silêncio. A voz gentil do Espírito Santo faloulhe clara e inequivocamente: “Há aqui um homem cujo filho morreu esta manhã. Convida-o a vir à frente. Quero fazer algo de maravilhoso”. Mahesh repetiu estas mesmas palavras ao imenso auditório. Mulamba, então, veio correndo e gritando: “Sou eu! Sou eu!” Imediatamente Mahesh impôs as mãos sobre a cabeça de Mulamba e orou: “Senhor Jesus, em teu nome repreendo os poderes das trev as e da m orte que estão opera ndo sobre a vida do filho deste homem, e peço-te que envies o teu Espírito de ressurreição para trazê-lo de volta à vida”. Feita a oração, a multidão se abriu para que Mulamba pu desse voltar correndo ao hospital. Eis o que sucedeu no hospital, ao meio-dia daquele 12 de ju n h o de 1985. E n qu an to M ahesh orava sobre M ula m ba, Kuamba sentiu o corpo do menino mover-se. Em seguida, o garoto espirrou. Katshinyi sentou-se, e pediu comida, e come çou a chamar pelo pai. Não é preciso dizer que o hosp ital ficou de cabeça para baixo. Mulamba entrou no quarto, enquanto Katshinyi chamava por ele. Mulamba segurou o filho, e começou a dar graças a Deus. A notícia do milagre espalhou-se pela cidade. E, naquele fim de semana, mais de 200.000 pessoas vieram ouvir o Evan gelho. E muitos foram salvos e curados. Vi uma cópia do atestado de óbito de Katshinyi Manikai, com o selo oficial. Um cético poderia afirmar que a morte de Katshinyi foi um diagnóstico equivocado, e que ele estivera apenas em estado de coma. Entretanto, isso não explicaria a questão do horário da revelação, nem a recuperação imediata do menino. Conheço Mahesh Chavda pessoalmente, e estou convenci do da integridade de seu ministério. Além disso, tenho o tes temunho daquelas 30.000 pessoas de Kinshasa, no Zaire, que ouviam a palavra de Deus naquele 12 de junho de 1985.
Desenv olve ndo o A m or e o Poder
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O irmão de Mulamba, Kuamba, tornou-se crente naquela manhã mesmo. A família Manikai continua residindo na rua Lumbi, número 26, em Kinshasa. Deus recompensou a Mahesh por sua fidelidade de duas maneiras. Primeiramente, Ele lhe permitiu presenciar e partici par de um a ressu rreição miraculosa. Em segundo lugar, le m bro u-se do pequeno Aarão, e curo u-o com pletam ente. Hoje, Aarão Chavda é um menino saudável e normal.3
A maturidade espiritual não consiste em possuir vastos co nhecimentos bíblicos ou espetaculares dons espirituais. Os car nais podem possuir ambas as coisas. A maturidade espiritual consiste em compartilhar dos afetos de Deus e discernir-lhe a voz. E amar aquilo que Deus ama e odiar aquilo que Deus odeia. Os crentes espiritualmente maduros amam apaixonada mente a Deus e ao seu povo, e odeiam qualquer coisa que os afasta Deus. Somente no contexto de tal amor o conhecimento da Bíblia e os dons do Espírito haverão de atingir os propósitos divinos. O poder do Espírito pode fluir sem empecilhos através do amor apaixonado por Deus e por seus filhos. Entre as mulheres da Bíblia, penso que Maria é a que melhor exemplifica essa paixão pelo Filho de Deus. Entre os homens, teríamos de falar no apóstolo João, chamado de “o discípulo a quem Jesus amava”. A Bíblia Viva chama João de o “amigo mais íntimo de Jesus” (Jo 13.23). João sempre havia recebido perm issão para esta r do “lado de den tro ” dos acontecim entos mais importantes da vida de Cristo. Era o mais íntimo de Jesus, e todos sabiam disso. Por ocasião da Ultima Ceia, Jesus deixou todos os discípu los perplexos ao revelar que um deles haveria de traí-lo. Apesar de sua curiosidade, ninguém se atrevia a perguntar-lhe quem seria. Nem mesmo Pedro. Então este voltou-se para João, e pediu -lho: “P erg unta -lho tu ”. Sem qualq uer hesitação, João voltou-se a Jesus, encostou a cabeça no peito do Mestre, e perg unto u: “Q uem é, Senhor?” E Jesus re spondeu-lhe im edia tamente, dando o pedaço de pão a Judas Iscariotes. Como se vê, João era o melhor amigo de Jesus.
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E, no dia seguinte, quando Jesus jazia pendurado na cruz, e olhava um universo onde todo traço de Deus parecia haver desaparecido, somente João e quatro mulheres estavam ao pé do madeiro. Olhando para baixo, Jesus vê sua mãe. Quem cuidaria dela agora.7 Seus irmãos? O s apóstolos? N ão, todos o haviam abandonado. Em seguida, olha para João. E foi como se o Filho de Deus houvesse dito em seu coração: “João, és o único que me resta. Ninguém mais cuidará de minha mãe”. Com te m a afeição, Jesus diz a M aria: “Mu lher, eis aí teu fi lho”. E ao melhor amigo: “Eis aí a tua mãe”. João realmente era o melhor amigo de Jesus. Mas não pre cisava ser o único. Todos podemos dedicar nossas vidas ao Senhor Jesus. Por que você não tom a a atitude de Maria, e escolhe a me lhor parte? Por que você não é como João, tornando-se o melhor amigo de Jesus? O coração de Jesus é grande o bastante para acomodar muitos outros melhores amigos, e muitas outras Marias.
Epílogo Ouvindo Deus Falar no Dia de Hoje
Kevin Forest tom ou -se crente pouco depois de haver conclu ído o colégio. Seu “pass ad o” não fora nad a bom. T in h a c resci do num meio imoral, e a imoralidade sexual o havia escravi zado. Após a sua conversão, conseguira viver longe da imora lidade por pelo menos um ano. Depois, teve uma recaída. Foi mais ou menos por esse tempo, que ele se encontrou e casou com Regina. No caso de Kevin, o casamento não conse guiu pôr fim ao seu comportamento imoral. Mesmo depois de casado, ele con tinu ou em sua vida de imoralidades - em bora Regina nunca o tivesse descoberto. Eles tomaram-se uma família. Apesar dos filhos, Kevin pros seguiu em seus adultérios. Regina, finalmente, descobriu uma das aventuras amorosas do esposo. Apesar disso ter-lhe partido o coração, ela o perdoou. Q ua nto aos outros casos, Kevin preferiu omitir. E, embora tivesse lhe prometido ser fiel, reiniciou suas práticas adulterinas. Em 1986, a filhinha de dois anos, Fiaylie, morreu em conseqüência de um tumor no cérebro. A tristeza de Kevin transfor mou-se em ira contra o Senhor. Por que Deus tomara a sua menininha? Para puni-lo por seus pecados secretos? Não obstante, nem mesmo a perda da filha pôde levar Kevin ao arrep endim en to. Ele continu ou a levar um a vida dupla. Exteriormente, e ra um marido fiel, bom pa i e crente exemplar. Em segredo, porém, es tava enterrado até ao pescoço na imoralidade sexual.
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Conforme Kevin escorregava para trevas mais espessas, Re gina aproximava-se mais e mais do Senhor. Kevin começou a desprezá-la por causa dessa sua comunhão com Cristo. Em julho de 1989, os Forests estavam residindo em Santa Maria, Estado da Califórnia, e freqüentando a Vineyard Christian Fellowship, quando Regina descobriu outro caso de Kevin. Após o primei ro confronto, Regina chamou seus pastores, Cari Tuttle e Ralph Kucera, pedindo-lhes ajuda. A esposa de Cari, Sonja, foi à casa dos Forests consolar Regina, enquanto Kevin encaminhou-se à casa de Ralph e Finda Kucera. Kevin tinha duas alternativas: suicidar-se ou assumir nova identidade. Para impedir uma desgraça, os pastores tiveram de agir com energia. Paul Cain estava na cidade naquela semana, a fim de falar a uma conferência que a Vineyard estava promovendo. N a noi te em que Kevin e Regina se preparavam para romper defini tivamente os laços, o Senhor deu a Paul Cain uma visão acerca do drama que os Forests estavam vivendo. Quando ele desper tou na manhã seguinte, chamou Cari Tuttle e disse: “Há um problema doméstico em sua igreja”. “F verdade”, confirmou Cari. “O nome dela é Regina. Qual é o nome dele?” perguntou Paul Cain. “É Kevin”. “Ouça, Cari, esse homem quer fugir. Não o deixe fazer isso. Certifique-se de que ele estará na reunião desta noite. O Se nhor quer fazer uma obra na vida dele”. Tanto Kevin quanto Regina vieram à igreja naquela noite, mas não sentaram-se juntos. No final de sua mensagem, Paul pediu a Kevin que se levantasse. Um homem cham ado Kevin saltou imediatamente do banco, mas não era Kevin Forest. Paul disse: “Não, você não é o Kevin que eu vi na visão. Há um outro Kevin aqui”. Então, lentamente, Kevin Forest pôs-se de pé. “Kevin, não quero embaraçá-lo, mas seu casamento está em ruínas”, disse-lhe Paul. “Na noite passada, tive uma visão so bre você e Regina - esse é o nome de sua esposa, não é mes mo? Eu não quero deixá-lo embaraçado. Antes, quero restaurá-
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lo. Embora sua esposa seja uma mulher santa, Satanás tem levado você ao pecado. Ele quer destruí-lo. Ele planeja matá-lo antes de seu trigésimo aniversário. Foi o diabo quem matou o seu bebê, e não Deus”. Kevin sentiu que irado com Deus por Deus o responsável pró prio quem dera a
seu coração poderia partir-se. Ele estava causa da morte de Haylie, mas não fora pela morte de sua menininha. Fora Ele perm issão ao diabo para ferir sua família.
“Satanás quer matá-lo, porque sabe que Deus tem um pla no para você e Regina. Onde está sua esposa?” perguntou Paul. “Aí está você, Regina”. Paul olhou para Regina, e falou-lhe como um pai fala à filha. “Regina, por favor confie em mim. Você deve perdoar seu marido”. Então Paul pediu a ambos que fossem à frente. “Regina, você é uma mulher santa. Satanás é o seu verda deiro inimigo. Na noite passada, o Senhor mostrou-me que seu pai e seu irmão estão mortos [O irmão de Regina m orrera três meses antes de sua filha, Haylie]. O diabo está atacando você. O devorador está à sua porta agora, mas o Senhor disse que as suas vidas e o seu casamento serão restaurados. “A única maneira de escapar ao adversário é o total perdão. N a noite passada, as coisas poderiam te r sido piores. Kevin, em nome de Jesus, arrependa-se agora! “O Senhor irá ajudá-lo. Kevin, olhe para m im - desta noite em diante, você terá poder sobre o diabo. Regina, perdoe o seu marido, porque a partir da meia-noite de hoje, seu marido nunca mais será chamado ‘Kevin’, e, sim ‘St. John’”. Porque esse é o seu nome do meio. “Vamos louvar ao Senhor por isso. ‘Senhor, eu pronuncio uma bênção sobre este casamento que se acha em ruínas. Se nhor, cura o câncer deste casamento’. “De agora em diante, declaro-os novamente marido e mu lher. Eu quero que vocês conheçam o novo St. John e Regina. Amém. “Quero que vocês agradeçam a Deus por isso!”
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O que acaba de ser narrado nâo chega a descrever adequa damente o que se passou na igreja, naquela noite. As pessoas foram vencidas pela presença do Senhor. Algumas choravam de modo incontrolável. Outras, com medo de que seus pecados fossem revelados, arrep ende ram -se deles e passaram a levar um a vida santa. Outras ainda adoravam ao Senhor por suas ternas misericórdias e por seu poder onisciente. H ouve tal autoridade e tal poder nas palavras que Pau l pr o feriu naquela noite, que não posso descrever aqui por faltar-me a adequada expressão. O único nome que ele sabia por meios na tura is era o de Kevin. Todas as demais coisas - todos os outros nom es, os eventos e a restauração do casam ento - lhe haviam sido revelados pelo Senhor. Essa é uma das razões pelas quais suas palavras tiveram ta m anho impacto. As pessoas c omp reenderam que eram palavras verdadeiramente proféticas. E estas, conforme ensinou Paulo, fizeram com que todos caíssem de rosto em terra, declarando que Deus estava entre eles! (1 Co 14-24,25). N o dia seguinte, Paul Cain disse ao pasto r T uttle que 12 outros matrimônios achavam-se em situação delicada, e que o Senhor usaria o arrependimento de Kevin e o perdão de Regi na para curá-los. Duas semanas mais tarde, Kevin e Regina renovaram seus votos de casamento diante de toda a igreja. Posteriormente, Cari Tuttle declarou à igreja que outros casa mentos estavam em perigo, e que o Senhor os ajudaria tam bém, se estivessem dispostos a arrepender-se e a perd oar, con forme os Forests haviam feito. Doze casais levantaram-se, e apro ximaram-se do altar da igreja para receberem oração. Até onde Cari sabe, todos estão indo muito bem. Atualmente, Kevin atende pelo nome de “João”. O Senhor deu a João e Regina duas belas filhas no lugar daquela que Satanás havia matado. Não somente o casamento dos Forests foi salvo, mas também suas vidas foram completamente trans formadas pela graça que lhes foi comunicada naquela noite de 5 de julho de 1989. Atualmente, são líderes de grupos domés ticos. O poder satânico da imoralidade sexual sobre João foi que brado naquela noite, e ele descobriu o poder do sangue do Filho de Deus para purificar, restaurar e libertar. O diabo havia con-
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vencido a Kevin Forest que ele só tinha duas alternativas: fugir ou suicidar-se. O ministério profético do Espírito Santo, po rém, deu-lhe outra e melhor alternativa. A mais difícil transição para mim não foi aceitar o que as Escrituras ensinam acerca das curas e milagres que Deus con tinua a fazer. Para mim o mais difícil foi acreditar que Ele ain da fala nos dias de hoje. N atu ralm ente, ele conti nua falando através das Esc rituras, mas não é sobre isso que estou me referindo agora. Estou me referindo às outras maneiras pelas quais Deus nos fala. A p róp ria Bíblia registra-nos as várias ocasiões em que D eus falou com voz audível, por meio de sonhos, visões, anjos e outras maneiras. A Bíblia, porém, ensina que Ele ainda fala dessas maneiras. Consideremos os sonhos. Como você sabe se um sonho veio mesmo de Deus? E, se for de Deus, como interpretá-lo? As Escrituras oferecem regras de interpretação para os sonhos? Teria o sonho a mesma autoridade que a Bíblia? Se é verdade que há quatro vozes competindo pela nossa atenç ão - a voz de De us, a voz do diabo, as vozes de nossos semelha ntes e a nossa própria voz - onde a Bíblia ensina como discernir a voz de Deus das outras vozes? A subjetividade envolvida na ten tativa de se discernir a ver dadeira voz de Deus pode levar-nos a duvidar que Deus con tinue a falar de várias maneiras. Em segundo lugar, por que seria necessário usar esses meios subjetivos se temos a Bíblia? Não é a própria Bíblia quem nos ensina que ela é tudo o que o crente precisa para ser “perfeito e perfeitamen te habilitado pa ra toda boa ob ra”? (2 Tm 3.17). Em terceiro lugar, se eu ad mitir que D eus ainda fala à parte da Bíblia, não estarei abrindo um novo cânon sagrado? Teori camente, que impediria alguém de escrever novos livros com tal pretensão? Ou deveria supor que Deus fala de duas manei ras diferentes: através da Bíblia, sem qualquer erro; pelas reve lações privadas, com possibilidade de equívocos. N ão obsta nte, as Esc ritu ras ensinam que D eus não pode mentir (Hb 6.19). Mas se eu aceitar que Deus continua falan do, estaria a autoridade da Bíblia comprometida?
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Em quarto lugar, há os abusos - “O Senhor ordenou-m e a dizer...” Se acreditamos que Deus ainda fala, não estaremos abrindo a porta para o controle e manipulação de pessoas? E se desobedecermos a alguém que diz: “Deus ordenou-me que lhe dissesse... ” não seria isso como desobedecer um profeta bíbli co? Em quinto lugar, tem-se a impressão de que há textos bíbli cos que são claramente contra a idéia de que Deus ainda fala. Hebreus 1.1-2 parece indicar que os profetas faziam parte de uma classe inferior de revelação, mas agora, nestes últimos dias, Deus nos falou através de seu Filho. Uma possível interpreta ção do trecho de Efésios 2.20 é que a profecia era um dom fun dam enta l que não mais foi entregue, visto já es tar alicerçando a Igreja de Cristo. Finalmente, parece haver um a diferença radical entre a pro fecia, na Bíblia, e as que hoje ouvimos. Estas jamais poderiam ser comparadas às palavras de Isaías ou Jeremias. Um de meus amigos ouviu, certa feita, uma profecia bastante exótica numa igreja carismática rural: “Assim diz o Senhor: Não te culpo por estares assustado; pois algumas vezes eu também fico assusta do”. Mesmo que a profecia contemporânea não desça a esse nível, parece ba stan te diferente da profecia bíblica para ser levada a sério. Essas eram as tensões contra as quais eu lutava, quando comecei a estudar o assunto de maneira objetiva, clara e sem certos preconceitos. Hoje, após anos de experiência e intenso estudo, estou con vencido de que Deus realmente fala-nos pela Bíblia e fora da Bíblia. E, aí, não há nenhuma contradição com as Escrituras. E Ele fala a todos os seus filhos, e não apenas aos dotados com dons proféticos. Ele falará conosco com notáveis detalhes, para que não nos fique qualquer dúvida. Agora, portanto, acho na Bíblia as respostas àqueles proble mas que me pareciam tão complexos e intrincados. Sei que o diabo vem divulgando suas “revelações”. Haja vista o crescimento da Nova Era. Mas isto não nos deve impe dir de estar sempre atentos à voz de Deus. Infelizmente, grande
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parte da Igreja de hoje te m mais confiança na capacidade de Satanás enganar do que na habilidade d e Deus em falar conosco. Há uma grande diferença entre a voz de Deus e a voz de Satanás. Além disso, contamos com salvaguardas bíblicos que não nos deixam confusos. E possível acreditar que Deus ainda fala, sem diminuir um jota sequer da autoridade da Bíblia.
APÊNDICES
Apêndice A
Outras Razões pelas quais Deus Cura e Opera Milagres
^^uando comecei a estudar as curas e milagres nos evange lhos e no livro de Atos, descobri muitas outras razões para que tivessem acontecido. Os motivos expostos abaixo não se preten dem exaustivos, mas confirmam o fato da continuidade dos mi lagres na Igreja. Deus cura por que é solicitado a curar. Algumas vezes a Bíblia não revela a razão de curas efetuadas por Jesus, além do fato de terem sido solicitadas. Certa vez, na região de Decápolis, trouxeram-lhe um homem surdo, que com grande dificuldade podia falar. O texto sim plesm ente diz que “lhe suplicaram que impusesse a mão sobre ele” (Mc 7.32). Jesus curou-o simples mente por ter sido solicitado a fazê-lo. Nenhuma outra razão é mencionada, como a fé, a compaixão de Jesus ou a glória de Deus. Posteriormente, em Betsaida, um cego foi trazido à sua presença, e o texto sagrado diz que lhe rogaram “que o to casse” (Mc 8.22). Jesus cura o homem, e, novamente, nenhuma razão aparece no contexto, além do pedido. Assim, aparentemente, há casos em que uma simples petição é suficiente para motivar Deus a curar. Isso deveria encorajar-nos a sermos muito mais livres em nossas petições. N ão obsta nte , pessoas hoje afirm am que é errado - e até mesmo pe cam inoso - desejar sinais e ma ravilhas.1Alicerçam sua dou trina sobre um a declaração feita por Jesus em M ateus 12.39:
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“Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas”. Mas, é pecado suplicar por um milagre? Se um de nossos entes queridos adoecer e for desenganado pelos médicos, esta ríamos pecando se pedíssemos a Deus que o curasse? Pecaría mos ao pedir um milagre na vida de um amigo a quem temos testificado por muitos anos, sem sucesso, como forma de fazêlo acreditar em Deus? Estaria errando a igreja que orasse por derrama m ento do Espírito Santo - com sinais e maravilhas em sua cidade, para que pessoas sejam levadas à fé? Um exame mais cuidadoso, entretanto, revela que essa re serva para com os milagres encontra-se não em Jesus, mas na mente de alguns escritores modernos. Por duas vezes Jesus condena os que lhe pedem um sinal, chamando-os de “ímpia e adúltera geração”. O primeiro pedido (Mt 12.38) veio imedia tamente depois de Jesus haver curado um homem possesso por um demônio que o deixara cego e mudo (Mt 12.22); o segundo (Mt 16.1), imediatamente após uma das multiplicações de pães (Mt 15.32-39). Em ambas as passagens, os escritores dos evan gelhos cuidam em mostrar que Jesus recusa-se a mostrar um sinal logo após ter realizado algum milagre admirável. Também é importante saber quem lhe pediu sinal. Em Mateus 12.38, foram os fariseus; em Mateus 16.4, foram os fariseus e os saduceus. Basta esse fato para sabermos que a solicitação não foi sincera. Estariam querendo aqueles religio sos sinais maiores que a libertação de um possesso por demô nios ou mais impressionantes que a alimentação de quatro mil homens? Na passagem paralela a Mateus 12.38, Lucas deixa claro que os fariseus estavam pedindo a Jesus um sinal do Céu, com o propósito de testá-lo (Lc 11.16). O mesmo ocorre por ocasião do segundo pedido (Mt 16.1; cf. Mc 8.11). Podemos entender por que os fariseus queriam submeter Jesus a teste. Mas, por que pediram um sinal do Céu? Aparentemente, eles pensavam que um sinal proveniente do Céu seria uma prova inconteste de que Jesus era o Messias. N ão haveria possibilidade de frau de. O endem oninhado talvez não fosse realme nte possesso; sua surdez poderia ter u m a causa psicossom ática. A multiplicação dos pães bem poderia tratar-se de ilusionismo, ou talvez os relatórios fossem exagerados. Nem
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mesmo a ressurreição de alguém poderia competir com um si nal do Céu. Afinal, quem poderia garantir que a pessoa estava realmente morta? Mas não seria possível manipular um sinal de proporções cósmicas.2E é provável que os fariseus o tives sem pedido por estarem absolutamente certos de que Jesus não era capaz de realizá-lo. O que Jesus repreende aqui não é o desejo de receber, mas a exigência de sinais por parte de um coração incrédulo. Fosse errado desejar sinais, ou mesmo buscá-los, seria difícil explicar esta oração da Igreja do Novo Testamento:
Agora, Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua pala vra, enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e pro dígios, por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus. (At 4.29,30) Se essa oração representa um mau desejo, entenda-se por que Deus responderia:
Tendo eles orado, tremendo o lugar onde estavam reuni dos, todos ficaram cheios do Espírito Santo, e, com intrepi dez, anunciavam a palavra de Deus. (At 4.31) Deus responde com um terremoto a um pedido de sinais e maravilhas! E o capítulo seguinte registra um derramamento de sinais e maravilhas (At 5.12ss). Se a busca pelo miraculoso é condenável, por que Paulo exorta os coríntios a buscarem os dons espirituais? (1 Co 12.31; 14-1,39) .3A ve rda de é que D eu s se agrada quando lhe pedimos sinais ou curas de maneira e pelas razões corretas. Deus cura para remover em pecilhos ao ministério. Após sair da sinagoga, em Cafarnaum, Jesus vai à casa de Pedro e encon tra a sogra deste acamada, com febre. Então, “aproximando-se, tomou-a pela mão; e a febre a deixou” (Mc 1.31). Marcos acres centa que ela, assim que foi curada, passou “a servi-los”. Neste caso, a enfermidade a estava impedindo de servir ao Senhor Jesus, pelo que Ele a curou. Em outras ocasiões, o Senhor pre
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fere não remover o empecilho por meio da cura, mas dá graça ao crente para suportá-lo, e servir a Deus assim (cf. 2 Co 12.7; 1 Tm 5.23). P orta nto , se a enfermidade nos está imped indo de servir ao Senhor, temos permissão para pedir a Deus que a remova.
Deus opera milagres a fim de ensinar-nos. Os teólogos cha mam a isso de “propósito pedagógico dos milagres” (derivado do vocábulo grego paideuo, “educar crianças”). Era o que João tinha em m ente qua ndo cham ou de “sinais” os milagres de Jesus. “Sinal” é aquilo que aponta para algo maior, além de si mes mo. Naturalmente, todos os milagres de Jesus nos ensinam alguma coisa sobre sua natureza e ministério, e também sobre a natureza do Reino de Deus. Ao transformar água em vinho, por exem plo, Jesus não estava apenas dem onstra ndo seu poder sobre a natureza ; antes, revelava um a característica de seu Reino - o ordinário transformado em extraordinário. O com entário do mestre-sala - de que o m elhor vinho fora deixado para o fim talvez nos indique a maneira como o Reino culminará. O próprio Jesus não hesitava em retirar lições de seus mila gres. Quando amaldiçoou a figueira, de modo que ela secou, os apóstolos lhe perguntaram qual o significado daquilo. E Ele usou o prodígio para de m onstrar o pode r da fé e da oração (M t 21.1822). Não acredito que as coisas sejam diferentes, hoje em dia. Pelo contrário, penso que todas as respostas às nossas orações têm a função de nos ensinar. Se dedicássemos tempo para medi tar sobre os milagres, as curas e as respostas às nossas orações, então seríamos ensinados algo além dos próprios milagres.
Deus opera milagres a fim de levar pessoas à salvação. Os teólogos referem-se a isso como o propósito soteriológico (de rivado do termo grego soteria, “salvação”) de Deus, que se divide em três categorias. Deus opera milagres para levar pessoas ao arrependimento, para abrir as portas ao evangelismo e para confirmar seu Filho e a mensagem do Evangelho. Os milagres podem levar pessoas ao a rrependimento. Q ua n do Jesus levou Pedro, Tiago e João a uma pesca miraculosa, Pedro “prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5.8). Esse milagre serviu para convencer a Pedro de seus pecados, levando-o ao arrependi mento. Era o que Jesus esperava das cidades onde efetuara a
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maior parte de seus milagres (Mt 11.20-24). Ele faz uma obser vação similar com respeito aos líderes religiosos: “Se eu não tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro fez, pecado não teriam; mas agora não somente têm eles visto, mas tam bém odiado, ta nto a mim, como a m eu P ai” (Jo 15.24). Os milagres efetuados por Jesus deveriam ter levado os líderes religiosos ao arrepend imen to. N o entan to, eles endureceram seus corações, e seus pecados tornaram-se piores ainda. Os milagres a brem as portas pa ra o evangelismo. Por m uitas vezes os evangelhos registram que, após um milagre, a notícia percorria a terra, fazendo o povo indagar acerca de Jesus e desejar ouvi-lo (Mt 9.26,31; Mc 5.20; Lc 5.15; Jo 4.30,42; 6.2; 12.911,17-19). O mesmo acontecia no ministério de Filipe: “As multidões atendiam, unânimes, às cousas que Filipe dizia, ou vindo-as e vendo os sinais que ele operava” (At 8.6). De modo semelhante, o Senhor usou a Pedro para levantar o paralítico Enéias. Fucas conta que “viram-no todos os habitantes de Fida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor” (At 9.35). Idên tica reação quando o Senhor, por intermédio de Pedro, ressus citou a Dorcas: “Isto se tornou conhecido por toda Jope, e muitos creram no Senhor” (At 9.42). O Novo Testamento ensina que os milagres atraíam multi dões. Os milagres não garantem a fé, mas chamam a atenção das pessoas para o Evangelho. A freqüência à sua igreja certame nte a um entaria se o Senhor curasse um paralítico ou uma vítima da AIDS durante um dos cultos. Muitas pessoas viriam pelas razões erradas. Algumas viri am para assistir a um espetáculo, como se estivessem num circo. Estou certo de que o milagre também atrairia crentes ortodoxos, que viriam para contestá-lo ou, falhando isso, para “provar” que foi realizado pelo diabo. Mas, seja qual for a razão de sua vinda, importa que ouçam o Evangelho ser pregado com clareza e pod er, pois estarão, assim, na posição de serem convencidos pelo Espírito Santo. Os milagres também confirmam Jesus Cristo e a mensagem do Evangelho. Já discorri sobre a natureza dessa autenticação no capítulo 8. Concluí que ela confirmava Jesus e sua mensa gem, mas não os apóstolos. Concluí também que a mensagem do Evangelho é auto-suficiente: não precisa dos milagres para
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atingir seus objetivos. João Batista não fez nenhum milagre (Jo 10.41). No entanto, levou muita gente ao arrependimento. Todo o povo acreditava ser ele um profeta. Religiões que jamais pre senciaram um milagre florescem no mundo atual. Assim, embora não precisasse dos milagres, Deus graciosamente os realizou. Os milagres, todavia, eram importantes. Jesus apela para o valor de confirmação dos milagres: “Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras” (Jo 14.11). Esta é uma incrível demonstração de sua graça, como se dissesse: “Se vocês não podem acreditar pelas minhas palavras, acreditem pela evidência de meus milagres”. E os milagres de Jesus produziam fé. Após a ressurreição de Lázaro, João registra: “Muitos, pois, dentre os judeus que ti nham vindo visitar Maria, vendo o que fizera Jesus, creram nele” (Jo 11.45 ; 12.11). Não significa, entretanto, que os mila gres levem sempre os homens à fé. Algumas vezes, levam ao endurecimento do coração. Para alguns, a ressurreição de Lázaro produziu fé; mas produziu efeito diferente num outro grupo. Quando os fariseus ouviram que Jesus tinha ressuscitado a Lázaro, não contestaram o milagre (Jo 11.46,47). Pelo contrá rio, até reconheceram que se Jesus continuasse a fazer mila gres, todos acabariam acreditando nEle (Jo 11.48). Ao invés de aceitá-lo como Messias, porém, reuniram-se para tramar sua morte (Jo 11.49-53). Tam bém queriam m atar a Lázaro, a fim de que fosse removida a evidência do grande milagre (Jo 12.10,11).4 Muitas pessoas não têm problemas em aceitar que os mila gres cumpram sua função em lugares como a China ou a Áfri ca. Mas, por que não também no mundo ocidental? E, se ti nham uma função nos dias do Novo Testamento, por que não a teriam hoje? Qual a razão de se ter estabelecido limitações geográficas e cronológicas aos milagres? Alguém poderia objetar: “O mundo ocidental possui a Bí blia, mas não a África ou a China, que estão em situação se melhante aos crentes do período coberto pelos evangelhos e pelo livro de A to s”. Mas não é bem verdade. Nessa época, estava já a Igreja recebendo as epístolas de Paulo, bem como tinha de posse alguns evangelhos. Mesmo não fosse esse o caso, o argumento ainda assim seria inválido. Pois, conforme já vimos, não era função dos milagrés
Ou tras Razões pelas puais Deus Cur a e Ope ra Milagres
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validar as Escrituras, e sim o contrário. Nenhum texto bíblico afirma que a Bíblia veio para substituir os milagres. A natureza humana não se alterou nos últimos dois mil anos. Se os mila gres foram úteis à mensagem do Evangelho, no primeiro século da era cristã, também o são neste século.
Os milagres manifestam o Reino de Deus. Quem poderia imaginar um reino messiânico sem milagres e sem curas? O Antigo Testamento profetizava que o Messias haveria de inici ar um reino que teria curas tanto espirituais quanto físicas. Isaías escreveu: Os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; pois águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. A areia esbraseada se transformará em lagos, e a terra sedem ta em mananciais de águas; onde outrora viviam os chacais crescerá a erva com canas e juncos. (Is 35.6,7) Escreve também: O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu, para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos, e a pôr em liberdade os algemados. 5 (Is 61.1) O Espírito Santo seria derramado sobre todo o povo, sem distinção de idade, sexo ou posição social (J1 2.28,29). De acor do com a profecia de Joel, o derramamento do Espírito resul taria em grande abundância de sonhos, visões e profecias. Di ferente do período do Antigo Testamento, onde somente uns p ou co s p ro fe tiz a v am ou o p era v am m ilagres, fen ô m e n o s miraculosos seriam largamente distribuídos entre o povo de Deus, com a vinda do Reino. Esses fenômenos não eram apenas sinais; faziam parte do Reino, que é o governo de Deus e de seu Cristo. O Reino de Deus veio com Jesus. E Deus começou a exercer seu governo de uma nova e decisiva maneira. Para exemplificar, Jesus exercia uma autoridade sobre os demônios como nunca se vira (Mc 1.27). O próprio Jesus de-
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clara: “Se, porém, eu expulso os demônios, pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós” (Mt 12.28). Afinal, seria inú til declarar a chegada do Rein o de De us, se ninguém fosse capaz de expulsar os seus inimigos. O poder de expulsar demônios não é somente um sinal de que o Reino de Deus está presente, mas parte essencial do governo divino. Porquanto Jesus veio para destruir as obras do diabo (1 Jo 3.8). Entre outras coisas, o diabo emprega seu poder sobrenatu ral para cegar a mente dos incrédulos (2 Co 4.4-6), manter as pessoas em escravidão, através do tem or da m orte (H b 2.14,15), provocar enferm idades físicas (M t 9.32; 12.22; Lc 13.11) e m en tais (Lc 8.26-39), e, finalmente, permitir que os demônios en trem e habitem nos seres humanos (Mt 12.45; cf. Judas, em Jo 13.27). Eis algumas das obras do diabo que Jesus veio destruir. As obras do diabo não podem ser destruídas pelo poder humano. Se a enfermidade tem origem no poder demoníaco, nenhum tratamento médico conseguirá curá-la. A mulher que vivia curvada há 18 anos jamais teria seu caso solucionado por cirurgiões, porque sua enfermidade era de origem demoníaca (Lc 13.10-17). Somente um milagre de Deus poderia curá-la. Sua cura não serviu apenas para assinalar a presença do Reino. Sem manifestação de poder, o Reino não seria confirmado, e essa obra particular do diabo não teria sido destru ída.6 Sem poder para libertar as pessoas da escravidão do diabo, o Rein o não passaria de um discurso vazio. Uma outra linha de evidências demonstra que os milagres eram vistos pelos escritores do Novo Testamento como parte essencial do Reino: a relação íntima e consistente entre a pre gação do Reino e a ocorrência de milagres no ministério de Jesus.
Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda a sorte de doenças e enfermidades entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria; trouxeram-lhe, então, todos os doentes, aco metidos de várias enfermidades e tormentos: endemoninha dos, lunáticos e paralíticos, E ele os curou. (Mt 4.23,24; cf. Mt 9.35)
Outras Razões pelas puais Deus Cura e Opera \ í ú
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Jesus não se contentava em pregar sobre o Reino; fazia ques tão de demonstrá-lo por obras de poder. O mesmo pode ser dito a respeito dos apóstolos. Quando Jesus os enviou a proclamar o Reino, deu-lhes também autori dade sobre os demônios e todas as enfermidades (Mt 10.1,7,8; Lc 9.1,2). Podemos concluir que Jesus considerava tanto os demônios quanto as enfermidades inimigos do Reino. E os apóstolos venciam esses inimigos proclamando o Reino e usan do a autoridade que lhes fora delegada. Milagres também ocorrem no ministério dos que não são apóstolos, quando se proclama o Reino de Deus. Os 70 envi ados por Jesus proclamaram o Reino de Deus e curaram enfer mos (Lc 10.9,17). Filipe anunciou o Reino de Deus aos sarnaritanos e também operou obras maravilhosas (At 8.6,7,12). Faz sentido, pois o Reino indica o governo de Deus sobre nós como também sobre as forças malignas que podem nos atingir o espírito e o corpo. Onde quer que Satanás possa ferir, Cristo pode curar. Os milagres e o Reino de Deus estão inseparavelmente vinculados um ao outro.' Deus cura com pro pósito s soberanos. Vale a pena reiterar este ponto. Algumas curas do Novo Testamento não apresen tam qualquer evidência de serem resultado da fé dos curados ou dos que os trouxeram a Jesus, nem fazem alusão à glória ou à compaixão do Senhor. Em suma, eram simples atos da von tade divina, como se evidencia por uma série de milagres ocor ridos num dia de sábado (Mt 12.9-13; Mc 3.1-5; Lc 6.6-10; 14.14; Jo 5.1-9). H á tam bém a cura da o relha de Malco (Lc 22.50,51), onde Jesus se recusa a aceitar as conseqüências do ato precipi tado de Pedro. Há ocasiões em que o Senhor cura de forma inesperada, sem razão aparente. Ou ocorre o contrário: a cura tão esperada não acontece. São atos da soberania de Deus, que não tem a obrigação de nos revelar seus propósitos.
Apêndice B
Os Dons Espirituais Cessaram com os Apóstolos?
B e n ja m im Breckinridge W arfield, professor do Seminário Princeton, foi quem popularizou o argumento de que os dons do Espírito haviam sido dados somente aos apóstolos. O pro pósito dos dons, de acordo com W arfie ld, era aute nticar os apóstolos como mestres fidedignos da doutrina de Cristo. Morrendo os apóstolos, os dons desapareceram juntamente com eles. Warfield escreveu em 1918:
Fica claro, pelos registros do Novo Testamento, que os dons extraordinários não eram possessão comum de todos os cris tãos, mas apenas dos apóstolosJ Os dons faziam parte das credenciais dos apóstolos, como agentes autorizados de Deus na fundação da Igreja. Sua fun ção confinava-se assim, distintamente, à Igreja apostólica, e, passaram com os apóstolos. 2 Os descendentes teológicos de Warfield não mudaram em nada seus argumentos. Vejamos o que Peter Masters escreveu:
Toda cura, no livro de Atos, foi realizada por um após tolo, ou por seu representante. E se ficarmos estritamente com os registros bíblicos, os únicos três “deputados” que
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tiveram qualquer envolvimento em curas foram Estevão, Fi lipe e talvez Barnabé (At 14-3). Fora esse grupo seleto, não há atividades de curas, por meio de “dons”, registradas em Atos ou nas epístolas. . . Nestes dias de confusão carismática, precisamos constan temente chamar a atenção para os textos que provam terem sido os sinais e maravilhas peculiares e exclusivo dos apósto los. ’
À primeira vista, tanto a declaração de Warfield quando o argumento de Masters, parecem fazer sentido. U m exame mais acurado, porém, os derruba por terra.
Os Dons Sobrenaturais Estavam Limitados aos Apóstolos? A primeira dificuldade que o argumento acima citado en frenta é a possibilidade de Estevão e Filipe haverem recebido os dons m ediante a imposição de mãos dos apóstolos.4Embora Atos 6.6 não o afirme, estou disposto a aceitar tal possibilidade.5 Sempre que o livro de Atos usa a expressão “sinais e ma ravilhas” há referência a uma grande abundância de milagres feitos por aqueles que pregavam a Jesus. Quem se atarefa no ministério de sinais e maravilhas em Atos? Lucas diz-nos por duas vezes que os apóstolos faziam “muitos sinais e maravi lhas” (At 2.43 e 5.12). Quando ele nos ilustra os milagres apos tólicos, limita-se a mostrar-nos os sinais operados através de Pedro e Paulo. A exceção são as maravilhas que aconteciam mediante Estevão e Filipe. Por que Lucas escolheu dois apóstolos e dois não-apóstolos para ilustrar o ministério dos sinais e maravilhas? Sem dúvida havia muitas histórias de milagres efetuados pelos outros após tolos. Lucas, porém, as deixou de lado por não se ajustarem aos seus propósitos. Se fosse realmente seu objetivo ensinar-nos que o ministério dos sinais fosse distintamente apostólico, não teria ele dado mais atenção aos milagres dos demais membros do colégio apostólico? E, além do mais, teria suprimido as his tórias de Estevão e Filipe. Se, como afirmam Warfield e seus descendentes teológicos, o propósito primário dos sinais e das maravilhas era autenticar os
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apóstolos, então por que Estevão e Filipe também os operaram? Se replicarem, dizendo que é porque os apóstolos lhes impuseram as mãos, ainda não terão respondido à pergunta. Então,por que os apóstolos lhes impuseram as mãos, dando-lhes tal poder? Se os sinais e maravilhas foram, realmente, dados para autenticar os apóstolos, não há nenhum a razão por que Estevão e Filipe devam fazer milagres. Eis uma séria incoerência para a qual não encon trei nenhuma resposta satisfatória dos cessacionistas. Esses autores têm u m problema m uito mais sério. Usam mé todo falho de interpretação da Bíblia.6 Devemos levar em consideração, que a narrativa bíblica se detém apenas em determinadas histórias. O livro de Atos, por exemplo, tem Pedro como o principal personagem dos primei ros 12 capítulos, cabendo a João um papel secundário. Do capí tulo 13 em diante, Paulo passa a ser o personagem dominante. A Bíblia é a história, de um povo especial, que desempenhou papeis significativos no plano redentivo de Deus. A maioria dos exem plos bíblicos, portanto , foram extraídos das vidas dos que se tor naram proeminentes. Por conseguinte, é impossível justificar, lógica ou biblicamente, um princípio hermenêutico (1) que seja prim ariamen te baseado sobre a observação que somente alguns poucos na Bíblia possuem ou fazem certas coisas, e (2) que fun ciona p ara justificar a cessação dessas mesmas coisas. Exemplificando, Paulo foi o único que saiu a implantar igre jas, enquanto os outros apóstolos parecem ter perm anecido em Jerusalém. Isso significa que somente Paulo tinha o intuito de fundar igrejas? Embora a observação seja correta, a conclusão é falha, porquanto contradiz a Grande Comissão (Mt 28.18-20; Lc 24-47; At 1.8). Portanto, o fato de que somente alguns pos suíram e fizeram certas coisas, é irrelevante, em si mesmo, para determinar se tais coisas tinham por finalidade ser temporárias ou perma nentes na vida da Igreja. As Escrituras apresentam-nos diversas vidas como modelos (Hb 11.4-12.3; 1 Co 4.16,17; 11.1; 1 Ts 1.6). Os intérpretes modernos, entretanto, lêem as histórias dos apóstolos, de Este vão, de Filipe, de Àgabo, e supõem que os milagres de tais per sonagens não devem ser copiados ou sequer esperados na expe riência cristã moderna.
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Em Atos, somente cinco pessoas são mencionadas como ten do feito sinais e maravilhas: Pedro, Paulo, Barnabé, Estevão e Filipe. Deveríamos concluir que somente elas obraram de forma sobrenatural? Não, porque somos informados que outros apósto los também realizaram sinais e maravilhas, embora não sejam mencionados pelo nome (At 2.43; 5.12). Será justo concluir que somente os apóstolos fizeram sinais e maravilhas? Não, porque temos os exemplos de Estevão e Filipe, que contradizem tal con clusão. E, mais im por tante ainda, falta-nos um a declaração espe cífica no livro de Atos, ou em qualquer outro lugar, de que o ministério de sinais e maravilhas limitava-se realmente aos após tolos. Quando examinamos as Escrituras, descobrimos que a asserção de Warfield de que somente alguns poucos receberam dons sobrenaturais é completamente falsa. Masters foi mais cuidadoso em sua afirmação. Ele disse que todo exemplo de cura, no livro de Atos, foi realizado por um apóstolo, ou por seu representante. E se ficarmos estritamen te com os registros bíblicos, veremos que os únicos três “de putados” que tiveram qualquer envolvimento em curas fo ram Estevão, Eilipe e Barnabé (At 14.3) . 7
Masters limita seu argumento aos exemplos específicos de curas. Dependendo de como vemos o ministério de Ananias, a declaração de Masters fica aberta a dúvidas, porquanto esse discípulo foi usado para curar a cegueira de Paulo (At 9.17,18).
Uma Pesquisa Sobre Sinais, Maravilhas e Milagres A seguir, damos o resultado de uma pesquisa sobre as ocor rências de sinais e maravilhas, no Novo T estam ento , bem como sobre as ocorrências dos dons do Espírito. Lembre-se de que o argumento de Warfield é de que os dons espirituais foram concedidos somente aos apóstolos. O registro bíblico, todavia, mostra-nos outra realidade. Em Lucas 10.9, Jesus concede autoridade aos 72 discípulos para curarem os enfermos em sua missão de pregar as Boas Novas.
Os Dons Espirituais Cassnr.o".
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Apóstolos:
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N o versículo 17, desse mesm o capítulo, eles re to rnam cheios de regozijo: “Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome”. Jesus reconhece, de fato, ter-lhes concedido tal autorida de. Como se vê, não foram apenas os apóstolos que receberam os dons de maravilhas. Houve também o caso de anônimo que foi assunto de um diálogo entre João e Jesus, em Marcos 9.38,39: Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não seguia conosco. Mas Jesus respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e logo a seguir possa falar mal de mim.
Esse é um caso extremam ente interessante. Temo s aqui um anônimo, que fazia algo que somente Jesus e os apóstolos, até ali, eram capazes de fazer - expelir demônios. No en tanto, nem Jesus e nem os apóstolos tinham imposto as mãos sobre ele, e nem o tinham reconhecido como membro oficial do grupo apostólico. Por que Marcos incluiu essa história em seu evan gelho? Sem dúvida, essa é outra exceção significativa à teoria de que somente os apóstolos e seus seguidores faziam milagres. Isso posto, nem mesmo nos evangelhos o ministério miraculoso se limita aos 12 apóstolos. Quando nos voltamos para o livro de Atos, descobrimos que muita gente exercia vários dons do Espírito Santo. Veja mos, por exemplo, o caso das línguas: 1. Os 120 (At 2) 2. Os samaritanos. (Certamente eles falaram em línguas, pois Atos 8.18 diz que Simão “viu” os samaritanos receberem o Espí rito Santo.) 3. Comélio e os gentios que estavam com ele (At 10.45,46) 4- Os 12 discípulos em Éfeso (At 19.6) Também houve um certo número de pessoas, mencionadas em Atos, que recebeu o dom profético: 1. Ágabo (A t 11.28; 21.10,11)
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2. O s indivíduo s em A tos 13 d 3. Os profetas Judas e Silas (At 15.32) 4. Os discípulos em Tiro, os quais “movidos pelo Espírito... recomendavam a Paulo que não fosse a Jerusalém” (At 21.3) 5. As quatro filhas solteiras de Filipe, que profetizavam (At 21.9) 6. Ananias (At 9.10-18) N a lista que acabamos de citar, há um a im pressionante variedade de figuras não-apostólicasagraciadas com os dons do Espírito, num livro devotado quase que exclusivamente aos mi nistérios de Pedro e Paulo. Ananias é um dos mais interessantes exemplos de um per sonagem não-apostólico que teve um ministério miraculoso. Sua obscuridade relativa torna-o ainda mais interessante. A única coisa que sabemos a respeito dele é que era “piedoso conforme a lei, tendo bom testemunho de todos os judeus que ali mora vam” (At 22.12). Ao dirigir-se a Saulo, Ananias exerceu tanto um dom de curas como o dom profético (At 9.10-18). Mais do que isso, foi através das mãos de Ananias que Saulo foi cheio do Espírito Santo (At 9.17). Deus, portanto, usou um indivíduo não-apos tólico para conferir o Espírito Santo a um apóstolo! E provável que Paulo tenha recebido seus “poderes de operação de mila gres” naquela mesma instância (At 9.17).8 A conclusão de Masters carece de fundamento. Primeira mente, por haver limitado seus exemplos aos dons de curar. Como já vimos, mesmo Ananias não sendo um apóstolo, foi usado para curar um apóstolo (At 9.10-18).9Por conseguinte, se Masters quer argumentar que os dons miraculosos cessaram por estare m presos exclusivamente aos apóstolos, ele não pode limitar suas conclusões a som ente um dos dons espirituais. N em pode limitar suas observações ao livro de Atos. Pois quando examinamos o restante do Novo Testamento, descobrimos que a evidência em favor dos milagres, das curas e de outros dons do Espírito, é significativamente mais ampla que aquela que nos é dada no livro de Atos.
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Todos os dons do Espírito estavam em operação na igreja em Corinto (1 Co 12.7-10). Alguns estudiosos aventam a pos sibilidade de que 1 Co 12.8-10 seja apenas um sumários dos dons concedidos àquela igreja. Mas Paulo contradiz especifica mente tal sugestão ao afirmar aos coríntios que nenhum dos dons espirituais ( xarísmata) lhes faltava (1 Co 1.7). O dom da profecia também estava em pleno uso em Roma (Rm 12.6), em Tessalônica (1 Ts 5.20) e em Éfeso (Ef 4.11). E, na Galácia, os milagres eram comuns.10
Papel dos Apóstolos ao Conferirem Dons Espirituais Warfield argumentou que somente nas duas instâncias iniciais da descida do Espírito, no Pentecoste e no batismo de Cornélio, os dons são confe ridos sem a imposição de mãos por parte dos apóstolos. Não há instância registrada de sua conferência mediante a impo sição das mãos de qualquer outro além de um apóstolo. 11
Se verdadeiramente é necessário receber dons espirituais através da imposição de mãos de um dos apóstolos, por que Pedro não teve de impor as mãos sobre Cornélio? Há outras exceções. Muitos figuram em Atos como dotados do dom de profecia. Todavia, não se registra de que os após tolos lhes houvessem imposto as mãos. Estou-me referindo a Ágabo (At 11.28; 21.10,11), ajudas e Silas (At 15.32) e às quatro filhas de Filipe (At 21.9). Há também o caso de Ananias, que impôs as mãos sobre Paulo a fim de que este recebesse o Espí rito Santo.12Fora do livro de Atos encontramos idênticas evi dências. Timóteo, por exemplo, recebeu um dom espiritual através da imposição demãos do presbitério (1 Tm 4.14).13 Edward Gross formulou o argumento originalmente expres so por Warfield da seguinte maneira: Tanto as declarações diretas quanto as implicações das Escrituras apoiam o ensino de que os dons espirituais foram dados somente através da agência dos apóstolos. A conclu
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são, pois, é que quando os apóstolos morreram, os dons miraculosos deixaram de ser conferidos. Uma coisa dependia da outra. 14 Se Warfield argumentava que os dons só eram conferidos através da “imposição das mãos dos apóstolos”, Gross substi tuiu essa frase por outra, “somente através da agência de um apóstolo”. Dessa maneira, Gross pôde reivindicar que Cornélio e seus amigos receberam o dom de línguas através da “agência” de Pedro, embora Pedro não lhes tivesse imposto as mãos. Para Gross, o texto mais importante é Atos 8.5-19. E aí que se acha a história da conversão dos samaritanos. Filipe fez gran des sinais entre os samaritanos e lhes pregou a Cristo, de tal modo que muitos deles se converteram, faltando-lhes apenas receber o Espírito Santo. Esse é o único lugar, após o Pentecoste, onde alguém claramente crê no Senhor Jesus mas não rece be o Espírito Santo im edia tam ente. Foi necessário que Pedro e João orassem por eles. Por que houve a demora na doação do Espírito Santo aos samaritanos? Gross responde a essa pergunta:
Filipe era um operador de milagres (A t 7, 13). Portanto, por que ele não pôde conferir os sinais correspondentes aos samaritanos através da oração no nome de Jesus/ A resposta simples e óbvia é: Filipe não era apóstolo. Filipe podia pregar e realizar milagres; mas era da vontade de Deus que somente os apóstolos conferissem dons miraculosos.h Gross tem razão. A resposta que ele dá é simples, mas é simples demais. A questão não gira primariamente em torno dos dons miraculosos, mas em torno da concessão do Espírito Sa nto.16Co nsideremo s a avaliação feita pelo professor T ur ne r sobre tal posição:
Dizer que os samaritanos, em Atos 8 .14'17, “receberam todos o poder de operar sinais, mediante a imposição das mãos apostólicas”, e que isso serviu de paradigma, é total falta de bom senso, e precisa ser rotulado como tal. Houve imposição de mãos e sinais, mas Lucas estava interessado em mostrar o
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recebimento, por parte dos samaritanos, do Espírito prome' tido em Atos 2 a todos; não um carisma especial para operar sinais autenticadores do ministério apostólico.1' Para entendermos esta questão, precisamos compreender a história dos samaritanos. Por toda a sua história, eles recusa ram-se a submeter-se à autoridade dos líderes divinamente escolhidos de Israel. Chegaram mesmo a produzir sua própria edição dos cinco primeiros livros da Bíblia, e recusavam-se a reconhecer o resto do Antigo Testamento. Ao adiar o dom do Espírito até os apóstolos poderem impor-lhes as mãos, Deus estava, de uma vez para sempre, corrigindo esse problema. Os samaritanos, pois, seriam conscientizados a submeterem-se aos apóstolos em Jerusalém. Por conseguinte, não eram simplesmente os dons miraculosos que estavam em pauta. Era a doação do Espírito Santo e a submissão à autoridade apostólica. Existem outros dois obstá culos intransponíveis à teoria de Gross. A Igreja em Roma não havia sido fundada por um apóstolo, e nem fora jamais visitada por um apóstolo, até onde vai o registro bíblico. N ão obstante , ela tinha o dom da profecia (Rm 12.6-8). Diante deste fato, afirma Gross: “Isso podería ter sido conferido pelos apóstolos aos líderes romanos quando eles ainda estavam em Jerusalém, após su a conversão ao C ristian ism o”.1S Embora Gross afirme que há declarações diretas das Escri turas em favor de sua teoria, ele jamais as apresentou, porque elas realmente não existem.
A Alegada Perda do Dom de Curas por Parte de Paulo A falha de Paulo em curar a Epafrodito (Fp 2.25-27), Ti móteo (1 Tm 5.23) e Trófimo (2 Tm 4.20) indica, para alguns estudiosos, que o dom de curas do apóstolo já havia cessado mesm o an tes de s ua mo rte.19Geisler pe nsa que essa conclusão é aprovada por outras indicações bíblicas. Segundo ele, as Es crituras que abordam o “período inicial” (33-60 d.C.) trazem abundância de elementos miraculosos, ao passo que as Escritu ras que tratam do “período posterior” (60-67 d.C.), não têm
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qualquer exemplo de línguas, curas, exorcismos ou ressurrei ções de morto s.20 O argumento de Geisler não tem convicção, por tratar-se de um argumento baseado no silêncio. Geisler argumentou que “de Efésios a 2 Timóteo não temos menção de línguas, curas, exorcismos ou ressurreições de m orto s” .22 Ele conclui, p o rta n to, afirmando que, visto que tais coisas não são mencionadas, não deveriam estar ocorrendo durante o período daquelas epís tolas (mais ou m enos de 60 a 68 d.C .).23 Pa ra que o argum ento de Geisler possa ser aceito, Paulo teria de mencionar os refe ridos dons em suas epístolas.24 Eu pod eria usar a m esma metodologia de Geisler para “pro var” que Paulo perdera seu dom de celibato aí por 60-67 d.C. Pois o apóstolo se refere ao seu celibato como um carisma (1 Co 7.7), e é evidente que ele o valorizava altamente, mas não o menciona em suas últimas epístolas (Efésios e 2 Timóteo). Mas estaria eu justificado a concluir que ele não possuía mais o dom do celibato? Naturalmente, não. Eu teria de provar pri meiro que ele deveria ter mencionado esse dom, se ele ainda o tivesse. Espero que, agora, você possa perceber a incapacidade de um argum ento baseado no silêncio para prov ar qu alquer coisa pelas Escrituras. O livro de Atos compõe-se de histórias, enquanto as epís tolas abordam p roblemas particulares em igrejas individuais. U m dos propósitos de Atos é mostrar as obras contínuas de Jesus em seu min istério de po de r.23 Pau lo estava n a prisão qu and o escreveu Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. Eis por que são chamadas epístolas da prisão. Como é óbvio, não ha veriam de estar cheias de narrativas acerca de operação de milagres, nem de seu ministério evangelístico. Ele estava apri sionado! Suas três últimas epístolas, no fim de sua vida, escri tas a Timóteo e a Tito, centralizam-se sobre o conselho a esses dois jovens pastores. Por que deveríamos esperar que ele dis sesse a Timóteo e a Tito a respeito de milagres? Há outro problema com a observação de Geisler acerca das últimas porções das Escrituras. Geisler deixa de mencionar que as visões e revelações proféticas mais explícitas não aparecem em Atos. Elas ocorrem cerca de 30 anos após a morte de Paulo.
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Refiro-me às visões e profecias dadas a João, em torno de 95 d.C., e registradas no Apocalipse. Isso significa que os dons de revelação continuavam funcionando com grande força, 30 anos depois de G eisler haver dito terem eles cessado.26 Voltando a Paulo, perguntamos: Por que Deus tiraria os dons de curar de Paulo? Nenhum cessacionista pode oferecer um a razão coerente pa ra a esse respeito. Os cessacionistas acre ditam que os dons de curar autenticavam os apóstolos e seu ministério, especialmente na produção das Escrituras. Com base nessa teoria, Paulo não mais precisava da autenticação divina? Isso significa que as epístolas escritas no fim de sua vida não tinham a mesma autenticação divina? Ainda há outra incoerência na teoria de Geisler. Por que Deus teria deixado o dom profético e o dom revelador de Paulo para escrever as Escrituras, mas tiraria dele o dom de curar? Pois o apóstolo continua fazendo declarações proféticas em sua última epístola (2 Tm 4.6-8).27
As Escrituras Ensinam que o Apostolado Cessou? A maioria dos cessacionistas supõe que o apostolado é um dom espiritual. Em seguida, tentam provar, por meio das Escri turas, que o apostolado cessou, concluindo ser este um dom espiritual temporário. Essa conclusão admite a possibilidade de outros dons também serem temporários, N a realidade, há m uita gente que, não obstante acreditar nos dons do Espírito, admitem já ter passado o ministério apos tólico.28 E eles ficam irritados quando a conversação volta-se à possibilidade de haver apóstolos nos dias de hoje. A preocupação gira em torno de duas questões: os apósto los, além de escreverem as Escrituras, tinham uma autoridade tão grande que desobedecê-los significava desobedecer a Deus. É difícil imaginar alguém, na Igreja contemporânea, que tenha semelhante autoridade. Mas antes de chegarmos a alguma con clusão apressada, há um número de questões que devemos considerar.
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O Apostolado é um Dom Espiritual? Muitos escritores supõem seja o apostolado um dom espiritual. Mas essa suposição não é comprovada. O próprio Paulo não qualifica o apostolado de dom, nem no capítulo 12 de 1 Coríntio s e nem em Efésios 4-11. Ele jamais aplica o termo grego xárism a ao apostolado.29 Se o apostolado não é um dom espi ritual, o que é então? Os apóstolçs não são mencionados na lista dos dons de 1 Co 12.8-10.30 É virtu alm en te impossível definir o “do m ” do apostolado. Mas como alguém poderia chegar a uma reunião e exercer o apostolado? Um apóstolo pode ensinar, profetizar, curar, liderar ou administrar. Mas o que significaria o exercício do dom do apostolado? Simplesmente não podemos pensar em apostolado à parte dos apóstolos históricos. No Novo Testa mento, um apóstolo jamais foi concebido como um dom, mas alguém divinamente comissionado. Quem Eram os Apóstolos do Novo Testamento? Os primeiros a serem chamados de apóstolos, no Novo Tes tamento, foram os 12 discípulos originais de Jesus (Mt 10.2). Com o afastamento de Judas, Matias foi escolhido para substi tuí-lo (At 1.21-26). Esse grupo é ímpar, e não poderia de forma alguma ser aumentado. O requisito para alguém ser membro do grupo original dos apóstolos era que tivesse estado com Jesus desde o batismo de João e que fosse testemunha ocular debita ressurreição (At 1.21ss). Os nomes dos 12 estão inscritos nas 12 pedras das muralhas da Nova Jerusalém (Ap 21.14). Eles, por conseguinte, formam um círculo fechado; depois de Matias, n e nhuma inclusão foi admitida. Entretanto, houve outros apóstolos, mas nunca foram con tados entre os “doze”. E claro que o Novo Testamento enxerga tanto Paulo como B arnabé como apóstolos (At 14.4,14). Tiago, irmão do Senhor, é claramente chamado de apóstolo por Paulo (G1 1.19,31cf. 1 Co 15.7), e tam bém aparece, juntam ente com Pedro, como um dos maiores líderes da igreja em Jerusalém, durante o concílio nesta cidade (At 15.13-19).
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Haveria outros apóstolos? É possível que Paulo também se refira a Silas como apóstolo (1 Ts 2.7).32Romanos 16.7 também parece indicar que Andrônico e Júnias eram apóstolos. Fin al mente, a expressão “todos os apóstolos”, em 1 Coríntios 15.7, pode referir-se a um número não especificado de apóstolos, em adição aos “doze”, já mencionados em I Coríntios 15.5.33 Sumariando, o Novo Testamento ensina claramente que houve 15 apóstolos ao todo: os 12, além de Paulo, Barnabé e Tiago. Mui provavelmente, Silas foi um décimo-sexto apóstolo. Talvez Adrônico, Júnias e alguns outros apóstolos, cujos nomes não nos foram fornecidos (1 Co 15.7), deveriam ser adicionados a essa lista. O fato de haver falsos apóstolos (2 Co 11.13) indica que o número de apóstolos, nos tempos do Novo Testamento, não podia ser fixado, pois doutra sorte não haveria qualquer possibilidade dos tais se mascararem de apóstolos.34 Requisitos para o Apostolado no Novo Testamento N esta seção, não estarei discutindo os requisitos para alguém tornar-se membro do grupo dos “doze”. Já vimos que se tratava de um círculo ímpar que não admitiria quaisquer adições além de Matias. Antes, aqui estaremos ocupados com aqueles que se tor naram apóstolos após os 12. Embora tivessem estes um lugar de singular importância na história da redenção, o Novo Testam en to não ensina que o segundo grupo de apóstolos tivesse menor autoridade do que aquele primeiro formado pelo próprio Cristo durante o seu ministério. No entanto, os requisitos para alguém tornar-se membro desse segundo grupo de apóstolos são leve mente diferentes, porquanto estes homens não estiveram com o Senhor Jesus desde o começo de seu ministério, a começar pelo batism o de João Batista. Neste ponto , dependemos basicamente das descrições de Paulo sobre seu próprio apostolado. Afinal, foi justamente ele quem estabeleceu os requisitos e as características do apostolado. Não podemos, pois, confundir essas duas exigências. Por um lado, muitos são os que podem compartilhar de certas caracte rísticas com os apóstolos, mas isso não faz deles apóstolos. Os apóstolos fazem sinais e maravilhas (Atos 2.43), por exemplo;
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mas Estevão e Filipe, embora também os fizessem (At 6.8; 8.6), jamais fo ram considerados apóstolos. Se confundirmos os requisitos do apostolado com as carac terísticas do apostolado, seremos levados a multiplicar a lista desses requisitos indefinidamente.Também acabaremos por excluir dessa lista alguns verdadeiros apóstolos. Por exemplo, se dissermos que produzir as Escrituras é um requisito para o apostolado, então teremos de excluir todos os apóstolos que não as produziram. Paulo estabeleceu três requisitos para alguém ocupar o apostolado. O primeiro e mais importante é a chamada e a comissão específicas por parte do Senhor Jesus Cristo (G1 1.1; Rm 1.1,5; 1 Co 1.1; 2 Co 1.1). Os dois outros requisitos são firmados em 1 Coríntios 9.1,2: Não sou eu, porventura, livre .7 não sou apóstolo7 . não vi a Jesus, nosso Senhor 7 acaso não sois fruto do meu trabalho no Senhor 7 Se não sou apóstolo para outrem, certamente o sou para vós outros; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor. O segundo requisito é que o apóstolo deve ter visto o Se nhor Jesus Cristo. No caso de Paulo, esse requisito foi satisfei to na estrada para Damasco (At 9.1-9). O terceiro requisito talvez não seja a rigor um requisito, mas uma característica ou pro va do apostolado. Refiro-m e ao seu apelo aos coríntios, que são por ele chamados de “o selo do seu apostolado”. Noutras palavras: Paulo apelava para a eficácia de seu min isté rio, esp e cificamente no plantio de igrejas. Fica aparente, pois, que o único requisito do apostolado é a chamada pessoal e a comissão do Senhor Jesus Cristo. Ter visto o Senhor ressurrecto não o pressuposto básico. Pois ou tros o tinham visto (1 Co 15.6), e nem por isto tornaram-se apóstolos. Semelhantemente, não poucos foram os que se tor naram eficazes no ministério e até na implantação de igrejas, como Filipe em Samaria, por exemplo, mas isso não os fez apóstolos. Po rtanto, é fund am ental para o apostolado a chama da pessoal e a comissão dad a pelo Se nhor Jesus C risto .33
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Características do Apostolado no Novo Testamento Há características que Paulo salienta em seus escritos. Outros podem com partilh ar delas sem serem, contu do, apóstolos; mas seria difícil imaginar qualquer apóstolo que não fosse possuidor de tais características. Em primeiro lugar, temos os sofrimentos. Os textos mais im po rtante s q ua nto a essa característica são: 1 Coríntio s 4.913; 2 Coríntios 4.7-12; 6.3-10; 11.23-33 e Gálatas 6.17. O pro pósito teológico por detrás desse sofrim ento é dado em 2 Coríntios 4.7: Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Os sofrimentos dos apóstolos, pois, não ocorrem por aci dente, mas são divinamente tencionados. Deus exibiu publica mente suas debilidades, permitindo-lbes que sofressem e fos sem perseguidos. Ele deixou que fossem mal entendidos e pa recessem desprotegidos (passaram fome, frio e andaram mal vestidos), para que ninguém pusesse a sua confiança nos “va sos de argila”, mas antes, no poder que Deus tem de usar os vasos de barro. Vezes sem conta, o Senhor exibe os apóstolos como homens vulgares e fracos (2 Co 12.9,10). E isso para que a glória seja dada a Ele pela suprema grandeza de seu poder, e não aos homens. De acordo com o Novo Testamento, é impossível conceber um apóstolo que não estivesse intimamente familiarizado com os sofrimentos e as perseguições. Atualmente, há os que buscam se firmar como apóstolos, mas não querem partilhar dos sofrimentos apostólicos. Como se não bastasse, ensinam que Deus quer que os crentes vivam na riqueza e conforto, com pouca ou mesmo nenhuma experi ência com os sofrimentos. A segunda característica é o discernimento especial quanto aos mistérios divinos. Os apóstolos recebem discernimento di vino acerca dos mistérios de Cristo (Ef 3.1-6), quanto ao mis tério da piedade (1 Tm 3.16), quanto ao mistério da conversão de Israel (Rm 11.25-32). Paulo, por exemplo, tivera revelações
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acerca das quais o comum dos mortais não poderia ter acesso (2 Co 12.4,7). Esse discernimento, porém, não é peculiar dos apóstolos, pois os profetas também o tiveram (Ef 3.5).36 A terceira característica do m inistério apostólico é a pres en ça de sinais e maravilhas, enquanto proclamam o Evangelho. Jesus prometeu-lhes o revestimento de poder (Lc 24-49; At 1.8). Vejam os milagres de Barnabé e Paulo em Atos 14.3 e 15.12. No entanto, embora essa seja uma característica do mi nistério apostólico, não pertence exclusivamente aos apóstolos, porquanto Estevão e Filipe também faziam sinais e maravilhas. A quarta característica é a integridade dos apóstolos (1 Co 1.12; 2.17; 4.2 e 7.2). Outros, naturalmente, podem ostentar igual integridade sem serem apóstolos, mas como imaginar um apóstolo que não fosse impoluto e íntegro? A última característica apostólica é a autoridade. Aos 12 fora dada autoridade sobre os demônios e sobre todas as enfer midades (Mt 10.1; Mc 3.15; 6.7; Lc 9.1). Entretanto, essa au toridade não cabia somente aos apóstolos, porquanto também fora dada aos 70 (Lc 10.19). E o indivíduo anônimo, cuja his tória é mencionada em Marcos 9.38-41, ao que tudo indica, também possuía autoridade sobre os demônios. Algumas vezes, a natureza da autoridade apostólica é mal compreendida. Não é incomum se ver tal autoridade como se fosse exercida sobre os crentes. Quando a autoridade é menci onada no Novo Testamento, em conexão com os apóstolos, trata-se primariamente de autoridade sobre as forças contrárias ao Reino de Deus. É verdade que A nanias e Safira caíram mortos enquanto Pedro os desmascarava (At 5.1-11). Mas Pedro real mente tinha autoridade para matar os crentes que pecassem? Penso que não. E mais provável que Deus lhe tivesse mostrado o pecado de ambos, revelando-lhe o que tencionava fazer-lhes. Paulo também tinha autoridade para conceder dons espiri tuais. Ele relembrou a Timóteo que despertasse o dom que havia nele, e que lhe fora dado através da imposição de suas mãos (2 Tm 1.6; cf. Rm 1.11). Não obstante, até isso não é unicamente apostólico, porquanto os anciãos também têm a autoridade para conceder dons espirituais (1 Tm 4.14).
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Paulo reivindicou que lhe fora concedida autoridade para edificar e não para destruir (2 Co 10.8 e 13.10). A idéia de edificação provavelmente refere-se ao papel fundamental que os apóstolos tinham ao estabelecer igrejas no primeiro século (Ef 2.20). Era clara a intenção de Paulo ao enfatizar o aspecto positivo de sua auto ridade - edificar. Mas a referência à “des truição” não era apenas uma ameaça vazia ou uma mera figura de linguagem. Paulo tinha autoridade para entregar membros da igreja a Sata nás em instân cias pa rticulares (1 Co 5.5; 1 Tm 1.20). Paulo advertiu os coríntios de que se não mudassem de atitude, ele teria de chegar a eles “com vara” (1 Co 4.18-21). Paulo estava claramente reivindicando possuir poder divino para impor julgamento sobre a igreja, caso aqueles crentes não se arrependessem. Ta l autoridade p ertencia exclusivamente aos apóstolos? Pe n so que não. Concebe-se que Deus ainda usa os seus servos para entregar palavras de julgamento e advertência. Conheço diver sos casos em que crentes foram avisados a se arrependerem, pois, caso contrário, suas vidas lhes seriam tiradas. Aliás, sei de duas instâncias, onde vidas foram ceifadas em cumprimento à palavra profética. Alguns talvez objetem por eu não ter alistado a capacidade de produzir as Escrituras como parte da autoridade apostólica. A razão é que nem todos os apóstolos seriam incluídos nesta característica. Na realidade, somente três dos 12 apóstolos ori ginais escreveram livros sagrados —Mateus, João e Pedro. Por outro lado, alguns que não eram apóstolos deixaram seus no mes no cânon sagrado. Na realidade, nem ao menos sabemos quem escreveu o tratado aos Hebreus, e, no entanto, faz parte das Escrituras. A Bíblia já está completa, e não mais precisa mos de nenhuma revelação. Argumentos de que o Ofício Apostólico Cessou MacArthur alistou seis razões pelas quais, segundo ele, o ofí cio apostólico cessou: 1. A Igreja foi fundada sobre os apóstolos. 2. Os apóstolos foram testemunhas oculares da ressurreição de Cristo.
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3. Os apóstolos foram escolhidos pessoalmente por Jesus Cristo. 4. Os apóstolos eram autenticados por sinais e maravilhas. 5. Os apóstolos eram dotados de autoridade absoluta. 6. Os apóstolos ocupam um lugar de honra eterno e ím par.3' A primeira coisa a notar acerca desses argumentos é que nem MacArthur, nem qualquer outra pessoa, pode apresentar qualquer texto específico das Escrituras que nos indique ter cessado o ministério apostólico. Todos esses argumentos estão baseados em deduções teológicas, e não em declarações especí ficas das Escrituras. Resposta ao número um: O fato de os apóstolos terem exer cido um papel fundamental no estabelecimento da Igreja (Ef 2.20) não significa que o Senhor não pudesse chamar outros apóstolos. Será que a função apostólica resumiu-se à fundação da Igreja? O fato de uma empresa ter um diretor fundador não significa que ela não possa, futuramente, ter outros diretores. Por outro lado, Efésios 4.11-13 pode indicar que Deus haja tencionado que os apóstolos continuassem até à volta de Jesus. Cinco m inistérios - apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres —foram dados à Igreja (v. 11). Por quê? Paulo responde a essa pergunta, dizendo que tais ministérios foram outorgados para equip ar os cre ntes, a fim de que estes possam fazer a obra de Deus. Por quanto tempo? O apóstolo responde a essa per gunta no versículo 13: . . .até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura de Cristo. (Ef 4.13, a ênfase é minha)
A única referência, nos escritos de Paulo, que tenho desco berto que m encio na especificam ente a “d uração” do min istério dos apóstolos é o “até” do começo de Efésios 4-13. Se isso for tomado literalmente, então significa que a Igreja contará com a presença de apóstolos até que atinja a maturidade descrita nesse versículo.
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Entretanto, há outras interpretações de Efésios 4-11-13. Todavia, meu posicionamento é este: não possuímos qualquer declaração específica das Escrituras, indicando que haveria ape nas “uma” geração de apóstolos. Entretanto, há uma declara ção específica, reafirmando que teremos apóstolos pelo menos até que a Igreja atinja a maturidade. E, no presente, é difícil enxergar a Igreja como se já tivesse chegado à maturidade des crita por Paulo. Resposta ao número dois: E verdade que um apóstolo pre cisava ser teste m un ha ocular da ressurreição de C risto. N o caso de Paulo, isso se deu após ter o Senhor subido ao Céu (At 9.19). Mais tarde o apóstolo referir-se-ia a essa visão como uma “visão celestial” (At 26.19). Noutro lugar, Lucas usou essa palavra para indicar visões angelicais (Lc 1.22 e 24.2 3). O que haverá de impedir o Senhor de aparecer a outros da mesma forma? Desconheço qualquer razão escriturística pela qual Ele não possa fazê-lo. Resposta ao número três: O que haveria de impedir o Se nhor de escolher pessoalmente e comissionar a outros apósto los? Ele fez isso a Paulo, a Tiago, a Barnabé, e, mui provavel mente a Silas. Por que Ele não poderia fazê-lo hoje em dia? Escreve MacArthur: “Quando as epístolas pastorais estabele cem princípios para uma liderança eclesiástica duradoura, fa lam em anciãos e diáconos. N un ca m encio nam apó stolos”.38 N ovam ente , esse é um arg um ento alicerçado sobre o silêncio. Po r que as epístolas pastorais teriam de me ncion ar o apostolado? Anciãos, diáconos e apóstolos existiam lado a lado na Igreja do Novo Testa m ento . A Igreja precisava de regras que governas sem a seleção de ambos, porquanto Jesus deixara tal tarefa à sua Igreja. Por outro lado, a Igreja jamais escolheu seus após tolos. O próprio Jesus os escolheu pessoalmente. Por que, en tão, Paulo escreveria a Timóteo e a Tito, dando-lhes regras para escolher ou eleger apóstolos? Resposta ao número quatro: Também já demonstrei que os apóstolos não foram autenticados por sinais e maravilhas. Para dizer a verdade, eles praticavam sinais e maravilhas, mas estes não os autenticavam; antes, autenticavam ao Senhor Jesus e à sua mensagem. Não há nenhuma razão bíblica, que impeça a Cristo de garantir um derramamento de sinais e maravilhas à
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Surpreendido pelo Poder do Espírito
sua Igreja, nem neste século e nem em qualquer outro. E, como também já vimos, o ministério dos sinais e maravilhas não é uma característica exclusiva do ofício apostólico. Outros tam bém os operaram. Resposta ao número cinco: Não penso que MacArthur es teja corretos quando dizem que os apóstolos tinham “autorida de absoluta”. MacArthur escreveu: “Quando os apóstolos fala vam, não ha via mais discussã o”.39 Isso não é verdade. A hip o crisia de Pedro foi tão grande em Antioquia, que até Barnabé foi por ela contagiado, juntamente com um bom número de outros cristãos judeus, o que levou a Paulo a repreendê-lo di ante do grupo inteiro (G1 2.11-21). Noutra ocasião, Paulo e Barnabé não puderam convencer a crentes judeus da Judéia que a circuncisão era desnecessária. Foi preciso um concílio da Igreja, em Jerusalém, para resolver a questão (At 15.1-35).
Há uma tendência entre alguns escritores protestantes em deificar os apóstolos. Gross, por exemplo, afirma que um após tolo “nada ensinava em contradição à Palavra de Deus (G1 1.8,9) ”.40 N o en tanto , Paulo inform ou que, qu and o P edro che gou a A ntioqu ia, seu exemplo levou certo núm ero de conversos à hipocrisia. Sem dúvida, Paulo viu-se obrigado a fazer oposi ção a algum ensino de Pedro. Não creio que os apóstolos tives sem jamais cometido qualquer equívoco ao escreverem sob a inspiração do Espírito Santo, mas eles não viviam sob a cons tante inspiração do Espírito Santo. Conforme fica demonstrado no caso de Pedro, eles estavam sujeitos a pecados significativos como qualquer um de nós. A doutrina da inspiração envolve somente a porção da Pa lavra escrita de Deus dada a cada um dos apóstolos escritores. A doutrina da inspiração não se estende às suas interpretações ou opiniões. Em minha opinião, MacArthur, Gross e seus se guidores, ultrapassaram significativamente a tudo quanto a Bíblia diz sobre a autoridade dos apóstolos. Mas estou certo de que os escritores modernos assim se posicionaram a fim de preservar o caráter dos apóstolos e a autoridade da Palavra. Mas não po dem os reivindicar à Palavra de Deus algo que ela não re iv in dica para si mesma. Eu também poderia afirmar que as Escrituras ensinam, que antes da volta de Cristo, o Senhor comissionará duas testemu
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nhas que terão maior autoridade e poder do que os apóstolos jamais tiveram. Refiro-m e a Apocalipse 11.3-6: Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco. São estas as duas oliveiras e dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra. Se alguém pretende causar-lhes dano, sai fogo das suas bocas e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente deve morrer. Elas têm a autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade tam bém sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem.
A semelhança dos apóstolos (At 1.8), esses dois homens são chamados de testemunhas. Eles também profetizarão e usufrui rão de uma proteção e autoridade que nem mesmo os apóstolos tiveram. Seu ministério e os sinais que os acompanharão serão superiores aos dos apóstolos. Não obstante, eles não poderão modificar uma vírgula sequer das Escrituras que hoje temos. Isso demo nstra que Deu s pod eria constituir apóstolos em q ual quer tempo da história sem violentar sua Palavra. Acho irônicos os que insistem ter o ministério apostólico chegado ao fim. Certa vez, passei várias horas discutindo dife renças teológicas com um homem completamente dedicado à teologia reformada. Intrigado com a minha crença nas verdades pentecosta is, ele alegou que estas estão em desacordo com os princípios da Reform a, por colocar em perigo a auto ridade da Bíblia. Enquanto discutíamos, ao invés de reagir com base nas Escrituras, ele continuamente citava escritos do período da Reforma. Aquele meu interlocutor estava mais à vontade com os escritos de Calvino do que com a Bíblia. Para ele, Calvino tinha mais autoridade que Paulo e os demais apóstolos. Esse caso não é incomum. Tenho encontrado muitos cren tes mais confiantes em suas tradições teológicas do que nas Escrituras. Isso faz com que Calvino e Lutero, por exemplo, sejam mais importantes para eles do que os apóstolos.
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Surpreendido pelo Poder do Espírito
Resposta ao nú mero seis: O argumento de MacArthur de que “os apóstolos têm um eterno e ímpar lugar de honra” é apoiado em Apocalipse 2L14. Aqui se diz que os nomes deles acham-se inscritos nas 12 pedras fundamentais das muralhas da N ova Jerusalém. M as esse arg um ento não leva em considera ção a Paulo, a Barnabé ou os outros apóstolos do Novo Testa mento que surgiram depois dele. Todos admitem que os 12 apóstolos têm um lugar único na história da salvação. Mas não é isso que está em jogo. Se Deus sentiu apropriado chamar três ou quatro apóstolos enquanto os 12 ainda viviam, por que não chamaria outros após o primeiro século? As Escrituras, defini tivamente, não ensinam que os apóstolos cessaram.
Acredito que os 12 apóstolos tenham sido singulares em sua chamada, e formaram de fato um círculo fechado. Entretanto, a chamada de Paulo, Barnabé e Tiago, abre a possibilidade de Deus convocar outros apóstolos em qualquer época da história. N enhum texto específico das Escrituras im pede que Jesus apa reça e comissione outros ao ofício apostólico. No futuro, Ele comissionará duas testemunhas, que terão poder ainda maior que os apóstolos do primeiro século da era cristã (Ap 11.3-6). E isso não porá em perigo a autoridade das Escrituras. Se no fim da história da Igreja, Ele dará duas testemunhas que serão maiores em autoridade e poder do que os apóstolos do Novo Testamento, por que não poderia comissionar mais apóstolos à Igreja antes desse período? Mesmo que os apóstolos tivessem cessado, nada provaria em relação ao ministério de sinais e maravilhas. Pois nem si nais, nem maravilhas nem os dons do Espírito foram limitados aos apóstolos. A tentativa em se provar que os dons foram concedidos exclusivamente através dos apóstolos não tem base escriturística; é uma ilusão procedente dos preconceitos teoló gicos. Talvez o pior exemplo desse tipo de preconceito seja pro var que o apóstolo Paulo tenh a perd id o seu dom de curas aí pelo ano de 60 d.C., cerca de sete a oito anos antes de com ple ta r seu m inistério.
Os Dons Espirituais Cessaram com os Apóstolos?
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Por conseguinte, o argumento que busca vincular os dons a pa ssagem dos apóstolos é com ple tam ente fútil. N ão pode ser pro vado biblicamente. Os dons do Espírito e os sinais e m ara vilhas jamais estiveram vinculados aos apóstolos.
Apêndice C
Houve Somente Três Períodos de Milagres?
John MacArthur é um proponente moderno do ponto de vista de que houve apenas três períodos de milagres de acordo com o registro bíblico. Ele formula seu argumento da seguinte maneira: A maior parte dos milagres bíblicos aconteceu em três períodos relativamente breves da história bíblica: nos dias de Moisés e Josué, durante os ministérios de Elias e Eliseu, e no tempo de Cristo e seus apóstolos. Excetuando'Se esses três períodos, os eventos sobrenatu rais, registrados nas Escrituras, não passam de incidentes iso lados. Nos dias de Isaías, por exemplo, o Senhor derrotou sobrenaturalmente ao exército de Senaqueribe (2 Rs 19.35,36), curou a Ezequias e fez a sombra do sol recuar (20.111). Nos dias de Daniel, Deus preservou a Sadraque, Mesaque e Abede-Nego na fornalha (Dn 3.20-26). Em sua maior parte, porém, eventos sobrenaturais como esses não caracterizam o trato de Deus com o seu povo. . . Todos os três períodos de milagres foram tempos em que Deus outorgou sua revelação escrita em quantidades substanciais. Os que operavam mila gres eram essencialmente os mesmos que anunciavam uma era de revelação. Moisés escreveu os primeiros cinco livros das Escrituras. Elias e Eliseu introduziram a era profética. Os após tolos escreveram quase todo o Novo Testamento.1
Há certas dificuldades com esse argumento, que, aliás, já vem sendo abandonado pelos cessacionistas. A primeira diz
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Surpreendido pelo Poder do Espírito
respeito ao propósito desses três períodos de milagres. A razão para cada um desses períodos, de acordo com essa teoria, é que eles autenticaram a revelação escrita que Deus concedia na ocasião. Nos casos de Moisés, Josué, Cristo e dos apóstolos, estavam sendo, de fato, outorgadas revelações escritas. Mas no caso de Elias e Eliseu não houve qualquer revelação escrita. A primeira revelação profética escrita só apareceria nos dias de Isaías, Miquéias e Àmós, quase 100 anos depois da morte de Elias, e 50 anos, no mínimo, depois da morte de Eliseu. A idéia de que os milagres eram comuns somente nos tem pos de Moisés e Josué e de Elias a Eliseu também é contraditada por uma declaração específica das Escrituras: Tu puseste sinais e maravilhas na terra do Egito até ao dia de hoje, tanto em Israel, como entre outros homens; e te fizeste um nome, qual o que tens neste dia. (Jr 32.20)
Se essa declaração tiver de ser tomada literalmente, o pro feta Jeremias está dizendo mui claramente que via sinais e maravilhas ocorrendo em seu próprio tempo (seu ministério começou em 626 a.C., e terminou após 586 d.C.) tanto em Israel como em outras nações.2 Há outra incoerência nessa teoria. MacArthur afirma que Elias e Eliseu introduziram a era profética. Mas isso não corresponde aos fatos. Foi Samuel quem introduziu a era pro fética. Ele foi o profeta acerca de quem foi dito: “. . .e nenhu ma de todas as suas palavras deixou cair em terra” (1 Sm 3.1921). Outrossim, no tempo de Samuel, já havia outros grupos de profetas (1 Sm 10.5). Se a teoria que M acA rth ur apresenta fosse coerente, teríamos de esperar que os dias de Samuel fossem precedidos por grande quantidade de milagres. Finalmente, não coloco em dúvida ter sido o Novo Testa mento uma era de novas revelações. Mas M acA rthur certamente erra ao afirmar que “os apóstolos escreveram quase todo o Novo Testamento”. Marcos, Lucas e Judas não eram apóstolos, e Hebreus é um tratado anônimo. Esses livros compreendem, aproximadamente, 42 por cento de todo o volume do Novo Testamento.
Houve Somente Três Períodos de Milagres!
247
Outra falha grave dessa teoria é afirmar que não houve eventos sobrenaturais fora desses três períodos. U m a rápida pesquisa no Antigo Testamento revelará quão comuns foram os eventos m iraculosos por toda a história do antigo Israel. N em ao menos examinaremos os livros de Exodo a Josué, porquanto tratam de Moisés e Josué; nem consideraremos as ocorrências sobrenatura is de 1 Reis 17 a 2 Reis 13, pois re tratam o período de Elias e Eliseu. Façamos de conta, que tais porções das Escrituras hajam sido arrancadas de nossas Bíblias. Isso significa, naturalmente, que não teremos as dez pragas com as quais o Senhor visitou o Egito. Também nos faltará a divisão do mar Vermelho, e a ascensão de Elias na carruagem de fogo para o Céu. Que tipos de milagres e eventos miraculosos restarão? De conformidade com MacArthur, nossa nova Bíblia já estaria devidamente expurgada do elemento sobrenatural, e tudo q uan to achássemos de sobrenatural não passaria de “incidentes isola dos”. Que o leitor julgue quão exata é essa teoria, ao conside rar os eventos que figuram na tabela abaixo:
Descrição Gênesis
1- 3
Criação da terra e queda do homem
5.24
O arrebatamento de Enoque
6.9 - 8.19
O dilúvio de Noé
ll.lss
Confusão das línguas na torre de Babel
12.1-3
Chamada sobrenatural de Abraão
12.17
A praga na casa de Faraó
15.12-21
O transe de Abraão com o fogareiro fumegante e a tocha de fogo
16.7
O anjo do Senhor aparece a Hagar
17 .lss
O Senhor aparece a Abraão
248
Surpreendido pelo Poder do Espírito
Descrição Gênesis iP ont.) 18-lss
O Senhor e anjos aparecem a Abraão
19.11
Anjos cegam os homens de Sodoma
19.23ss
O Senhor destrói Sodoma e Gomorra
19.26
A mulher de Ló torna-se uma coluna de sal
20.3ss
Deus avisa a Abimeleque, por meio de um sonho, para não tocar em Sara
20.17ss
Deus salva as vidas de Hagar e Ismael
21.1ss
Sara concebe miraculosamente a Isaque
22.11
0 anjo do Senhor impede que Abraão sacrifique a Isaque
24.12ss
O servo de Abraão é conduzido a Rebeca
25.21
Rebeca concebe sobrenaturalmente a gêmeos
25.23ss
O Senhor fala a Rebeca acerca do destino dos gêmeos em seu ventre
26.2
O Senhor aparece a Isaque
26.24
0 Senhor torna a aparecer a Isaque
28.12ss
O Senhor aparece a Jacó
31.3
0 Senhor fala a Jacó, o rdenando-lhe voltar à Palestina
32.1
Os anjos de Deus encontram-se com Jacó
32.24ss
Jacó luta com o Anjo do Senhor toda a noite
35.9
Deus aparece a Jacó e abençoa-o
37.5ss
Os sonhos de José
Ho uv e Somente Três Períodos de Mila gres1
249
Descrição G ê n e s i s ( co nt .)
38.7ss
O Senhor mata Er e Onã
40.1ss
José interpreta os sonhos do copeiro-mor e do padeiro-mor
41-lss
José interpreta o sonho de Faraó
J u íz e s
J
2-1-5
O anjo do Senhor aparece a todo o Israel
3.9ss
O Espírito do Senhor dota Otniel para livrar a Israel
3.31
Sangar mata 600 filisteus com um aguilhão
4.4ss
Déb ora profetiza a Baraque
6.11
O Anjo do Senhor aparece a Gideão
6.36
O milagre do velo de lã de Gideão
7.1ss
O Senhor envia o pânico contra Midiã, e Gideão derrota-os com somente 300 homens
11.29ss
O Espírito do Senhor desce sobre Jefté para livrar Israel dos filhos de Amom
13.3ss
O Anjo do Senhor aparece a M anoá e sua mulher
14 - 16
Feitos sobrenaturais de Sansão
Samuel
1.19ss
Ana concebe sobrenaturalmente a Samuel
3.1ss
O Senhor aparece pela primeira vez a Samuel
3.19-21
O Senhor não deixa cair por terra a nenhuma palavra de Samuel
" ;
Surpreendido pelo Poder do Espírito
Descrição 1 S a m u e l (cont.i
5.1-5
A destruição do ídolo Dagom
5.6ss
O Senhor fere os filisteus com tumores
6.19ss
O Senhor mata alguns homens de Bete-Semes :
9-10
Ministério profético de Samuel a Saul
10.20SS
Saul é escolhido como rei de Israel
ll.óss
O Espírito do Senhor dota a Saul para livrar Israel dos filhos de Amom
ló.lss
Ministério profético de Davi a Samuel
h O
O Espírito do Senhor desce sobre Davi
16.14
O Espírito do Senhor abandona a Saul, e um espírito maligno, da parte de Deus, o aterroriza
18.10,11
Um espírito maligno faz Saul tentar matar a Davi
19.9,10
|
Novam ente, um espírito maligno faz Saul tentar matar a Davi
19.20ss
Por três vezes o Espírito do Senhor vem sobre os mensageiros de Saul, e eles profetizam
19.22ss
O Espírito do Senhor vem sobre Saul e ele profetiza
23.4,10-12; 30.8
O Senhor orienta sobrenaturalmente a Davi por várias vezes
2 Samuel
2.1
O Senhor orienta sobrenaturalmente a Davi
5.19
O Senhor orienta sobrenaturalmente a Davi
;
Hou ve Somente Três Períodos de Milagres1
251
Descrição 2 S a m u e l (cont.)
5.23,24
O Senhor orienta sobrenaturalmente a Davi
6.7
O Senhor tira a vida de Uzá
7.5ss
N atã profetiza a Davi
12.1ss
N atã profetiza a Davi
12.15ss 12.25
O Senhor mata o filho de Davi N atã profetiza acerca de Salomão
21.1
0 Senhor explica a Davi a causa da fome
24.11
O Senhor fala com Davi através de Gade, e mata a 70.000 israelitas
1 R e is 3.3ss
O Senhor aparece a Salomão e concededhe grande sabedoria
8.10ss
A glória do Senhor enche o templo
9.2ss
0 Senhor aparece pela segunda vez a Salomão
ll.llss
O Senhor diz a Salomão de que tirará dele o reino
11.29ss
O profeta Aías prediz a Jeroboão que o Senhor lhe dará as tribos de Israel
13 .lss
Um homem de Deus prevê o nascimento de Josias, racha o altar de Betei, resseca a mão de Jeroboão e cura-a
13.20ss
Um antigo profeta profetiza a morte do homem de Deus, e o Senhor mata o homem de Deus por meio de um leão
]
252
Surpreendido pelo Poder do Espírito
Descrição 1 Reis (com.)
14.5
O Senhor impede que a esposa de Jeroboão engane o profeta Aías, e ele profetiza o julgamento da casa de Jeroboão
16.1ss
Jeú profetiza julgamento contra Baasa
2 Reis 15.5
O Senhor fere Azarias com lepra
19.20ss
Isaías profetiza a Ezequias acerca de Senaqueribe
19.35
O Anjo do Senhor mata 185.000 assírios
20.5ss
' Isaías profetiza que o Senhor adicionaria 15 í anos à vida de Ezequias
20.10ss
0 Senhor faz a sombra do relógio de sol recuar dez graus na escadaria de Acaz
20.16ss
Isaías profetiza julgamento a Ezequias
21.10ss
O Senhor antecipa juízo contra Judá através de seus profetas
22.14ss
A profetiza Hulda prevê juízo sobre Judá, mas abençoa a Josias
1 Crônicas
12.18
0 Espírito Santo impele a Amasai para profetizar a Davi
21.1
Satanás impulsiona Davi a fazer o censo de Davi
21.16
Davi vê o Anjo do Senhor
21.20
Araúna vê o mesmo Anjo
Hou ve So mente Três Períodos de M ilagres?
253
Descrição 1Crônicas (cont.) 21.26
O Senhor envia fogo do céu sobre o altar de Davi
2 Crônicas 7.1
Fogo desce do céu para consumir as oferendas de Salomão
11.2
Semaías profetiza ao rei Reoboão a não combater contra Israel
12.5
Semaías profetiza contra Reoboão
12.7
Semaías profetiza de novo a Reoboão, de que Deus teria uma certa medida de misericórdia
13.15ss
Deus livra sobrenaturalmente a Judá
13.20
O Senhor mata a Jeroboão
14.12ss
0 Senhor livra Judá sobrenaturalmente dos etíopes
15.1ss
Azarias profetiza ao rei Asa
16.7ss
0 vidente H anani profetiza juízo sobre o rei Asa
25.7ss
Um homem de Deus profetiza a Amazias para não levar o exército de Israel à batalha com ele
25.15ss
Um profeta antecipa o juízo contra Amazias, por causa de sua idolatria
28.9ss
Odede profetiza juízo contra o exército de Israel, se este se recusar a libertar os cativos de Judá
254
Surpreendido pelo Poder do Espírito
Descrição E s d r a s 5 .1
Ageu e Zacarias profetizam aos judeus que estavam em Judá
J
1- 2
38-42
Perseguição satânica sobrenatural contra Jó, por permissão de Deus Conversa de Deus com Jó e restauração de sua sorte
D a n i e l 2.lss
Deus revela o sonho de Nabucodonosor e sua interpretação a Daniel
3.1ss
; Os três amigos de Daniel andam dentro da . fornalha de fogo
4.19-27
; Daniel interpreta o segundo sonho de Nabucodonosor
4-28ss
Deus aflige Nab ucodonosor com insanidade
5.5ss
A mão de Deus aparece e escreve o julgamento de Belsazar sobre a caiadura da parede
5.17ss
Daniel interpreta o escrito
6.1ss
Daniel é preservado na cova dos leões
7-12
Visões sobrenaturais dos últimos dias e visitas angelicais são dadas a Daniel
Basta um exame superficial sobre a tabela acima para se cons tatar que nem MacArthur, nem qualquer de seus seguidores, pode expurgar a abundâ ncia de eventos sobrenaturais do A ntigo Tes-
Ho uve Somente Trê s Períodos de Milagres!
255
tamento. Os sinais e maravilhas encontram-se espalhados por todo o Antigo Testamento. Sobre que eventos sobrenaturais estamos falando aqui? A tabela acima pode ser sumariada da maneira seguinte: 1. Aparições do Senhor a diversos indivíduos 2. Aparições de anjos a indivíduos e a grupos de pessoas 3. Salvamentos sobrenaturais 4- Livramento sobrenatural de grupos e até da nação toda 5. Dotações espirituais: a. força física subre-humana b. compreensão pro fética e palavras proféticas c. orientação e direção sobrenaturais 6. Julgamentos sobrenaturais: a. destruição de indivíduos b. destruição de exércitos c. destruição de cidades d. destruição da terra e. outros juízos sobrenaturais como enfermidades, ceguei ra, insanidade e pragas 7. Sonhos, transes e visões sobrenaturais 8. Interpretações sobrenaturais 9. Concepções miraculosas 10. Curas miraculosas 11. Interação satânica e demoníaca com os homens 12. Sinais cósmicos: a luz do sol retrocede dez graus, fogo cai do céu etc 13. Um consistente ministério profético dos dias de Samuel até o fim do cânon do Antigo Testamento . Esses são os tipos de milagres, sinais e maravilhas que ocor rem por todo o Antigo Testamento. Mas não foi só isso que ocorreu durante este período. Omiti, por exemplo, a visão de Isaías no dia em que morreu o rei Uzias (Is 6.1-13), as estra nhas visões e acontecimentos de Ezequiel etc. O ministério profético é, natu ra lm ente, um ministério sobrenatu ral.
256
Surpreendido pelo Poder do Espírito
O livro de Daniel devasta a teoria de MacArthur. Mostra que o sobrenatural não está confinado aos períodos de Moisés e Josué e de Elias e Eliseu. Daniel contém, proporcionalmente, mais eventos sobrenaturais que os livros de Exodo a Josué. Cada capítulo de Daniel é pontilhado de ocorrências sobrenaturais! MacArthur contestaria a tabela acima apresentada, pois ele define milagre como “um evento extraordinário operado por Deu s através de um a agência hum ana, um evento que não pode ser explicado p or forças n atu rais” .3 Ele nã o oferece qua lque r apoio bíblico para sua definição, baseando-se apenas na Systematic Theology, de A. H. Strong. Na realidade, MacArtur não sabe definir o que é o milagre. Ao definir milagre como algo que deve ocorrer através de “uma agência humana”, ele elimina coisas como visitações angelicais, juízos divinos e sinais cósmicos como milagres. Levanos isso a não considerarmos o livramento de Pedro da prisão, por parte de um anjo, como milagre. O mesmo se pode dizer em relação ao terremoto do capítulo 16 de Atos. O mais ridí culo de tudo é que o ponto de vista de MacArthur não nos perm ite cham ar a ressurreição de Jesus Cristo de milagre. E, como sabemos, este é o maior milagre que as Escrituras regis tram. Então, como devemos chamar tais coisas? E como devemos classificar os outros fenômenos relatados nas Escrituras que, embora sobrenaturais, não foram ocasionados por alguma agên cia humana? MacArthur nada responde. Ele limita-se a arrolálos como de “sinais e maravilhas”.4 Se é verdade que a expressão “sinais e maravilhas” referese a milagres empreendidos através da agência humana, tam bém é verdade que os “sinais e as mara vilhas” ou apen as os “sinais” podem referir-se a milagres feitos sem a intervenção da agência humana. Pedro, por exemplo, refere-se a Jesus como “varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodí gios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós” (At 2.22). Pedro também citou a profecia de Joel: “Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais em baixo na terra; sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor” (At 2.19-29, a ênfase é minha). Aqui, prodígios
Ho uve Somente Três Períodos de Milagres?
257
e sinais referem-se claramente a juízos sobrenaturais sobre a terra, independentemente de agência humana. Deus também operou muitas coisas miraculosas sem a agên cia humana durante a jornada de 40 anos de Israel no deserto. Ele guiou os israelitas, mediante uma coluna de fogo à noite, e de uma nuvem durante o dia, alimentando-os com o maná, enviando-lhes pragas para discipliná-los etc. Estêvão referiu-se a todas essas coisas como sinais e maravilhas de D eus (At 7.36 ). O rei Dario louva a Deus pelo livramento de Daniel, e referese a esta intervenção como um dos sinais e maravilhas de Deus (Dn 6.27).5 Logo, a definição de milagres, po r parte de M acA rthur, sim ple sm ente não resiste à luz das Esc rituras. MacArthur não aceita como normativos quaisquer eventos sobrenaturais que aparecem na tabela acima. Do livro de Samuel em diante, por exemplo, há uma corrente contínua de palavras proféticas que dão orientação, julgamento, bênção, advertência e promessas ao povo de Deus. Há também visões regulares, sonhos, aparições angelicais, teofanias, aflições e enfermidades enviadas por Deus. Algumas dessas coisas feitas através da agência humana, e outras pelo próprio Deus. As Escrituras ensinam que esses eventos sobrenaturais fazi am parte da vida do povo hebreu no Antigo Testamento. Ocorriam com alguma regularidade em cada geração de crentes do Antigo Testamento. Quando os fenômenos sobrenaturais deixavam de ocorrer, os escritores da Bíblia considerava sua ausência como um sinal do juízo divino. Eis como o salmista se expressa: “Por que nos rejeitas, ó Deus, para sempre? Por que se acende a tua ira contra as ovelhas do teu pasto?” (v. 1). Então, após descrever o julga mento que caía sobre Israel, o salmista lamenta: “Já não vemos os nossos símbolos; já não há profeta; nem, entre nós, quem saiba até quando” (SI 74.9). Há um lamento similar em Salmos 77.7-10. Agora, porém, o salmista recusa-se a aceitar a ausência dos feitos sobrenatu rais do S enho r.6 Ele, então , refere-se ao S enh or como “o Deus que operas maravilhas” (v. 14). Um dos piores julgamentos que poderia vir sobre Jerusa lém, foi registrado por Isaías: “Porque o Senhor derramou so-
258
Surpreendido pelo Poder do Espírito
bre vós o espírito de pro fundo sono, e fechou os vossos olhos, que são os profetas, e vendeu as vossas cabeças, que são os videntes” (Is 29.10). Não ter os benefícios do ministério dos pro fe tas e vid entes era considerado como um juízo desastroso da parte do Senhor. Aparentemente MacArthur gostaria que acreditássemos que, entre seus alegados períodos de milagres no Antigo Testamen to, a vida dos crentes consistia basicamente em estudo bíblico e oração, com pouca ou nenhuma evidência do sobrenatural. Esse cenário simplesmente não se ajusta ao quadro que acima apresentamos. Mesmo que MacArthur pudesse provar que todas as ocor rências sobrenaturais na Bíblia estiveram confinados a três períodos: de Moisés e Josué, de Elias e Eliseu, e de Cristo e seus apóstolos, isso ainda não significaria que as Escrituras en sinem que os milagres terminaram com Cristo e seus apóstolos. MacArthur ainda teria de provar que as Escrituras realmente ensinam que os milagres terminaram nesse terceiro período. As Escrituras terminam com a introdução do Reino de Cristo. Introdução essa acompanhada de milagres e fenômenos sobrenaturais. O único registro divinamente inspirado que te mos da vida eclesiástica é que milagres e orientações sobrena turais eram relativamente comuns. O Reino de Cristo é apre sentado com milagres. Mesmo que tivessem havido apenas dois períodos de milagres no Antigo T esta m ento , isso não pro varia que o Reino de Cristo teria apenas um breve período de mila gres. Tu do se trans form ou com a vinda de Cristo e de seu Reino. Ora, todas as coisas são possíveis àquele que confia. Dons de cura foram dados a toda a Igreja. Os anciãos de vem ter um ministério regular de curas (Tg 5.14-16). Se houve um, quatro ou cinco períodos de milagres no Antigo Testa mento, isso é irrelevante para se determinar se o Reino de Cristo deve ter milagres como parte normativa da vida eclesiástica.Isso deve ser determinado à base de declarações específicas do Novo Testamento. Na ausência destas, o argumento de MacArthur entra em colapso sob o peso de todos os milagres do Gênesis ao Apocalipse.
Notas
Capítulo 1 1. O term o “cessacionista” descreve aquele que acredita terem os dons miraculosos do Espírito Santo cessado com a morte do último dos apóstolos, ou pouco depois. Capítulo 2 1. Eu ainda tinh a preconceito contra os pentecostais. Eu ainda não tin ha me reunido com nenhum deles, pelo que conservava todos os antigos estereótipos. Capítulo 3 1. Quando afirmo que esse ministério está disponível à Igreja atu al, não quero dizer que seja possível a qualquer crente atingir o nível do ministério de Paul Cain. Esse “repúdio” não subentende os dons de Paul como únicos no Corpo de Cristo, embora sejam excepcionais. Temos vários exemplos de dons em nível excepcional, hoje em dia, como o ministério evangelístico de Billy Graham.
Capítulo 4 1. Nesses capítulos, há milagres que não foram mencio nados pelo estudante. No capítulo 19, por exemplo, além da destruição de
260
Surpreendido pelo Poder do Espírito
Sodoma e Gomorra, há o milagre dos anjos que cegaram os sodomitas (w. 9-11) e o da esposa de Ló transformada em coluna de sal (w. 24'26). Apesar de haver realmente maior concen tração de ocorrências sobrenaturais nos ministérios de Moisés e Josué, e de Elias e Eliseu, há evidências de milagres por todo o Antigo Testamento. O argumento dos “três períodos” é dis cutido plenamente no apêndice C. 2. J. I. Packer, “The Comfort of Conservatism”, em Power Religion, editor Michael Horton. Chicago: Moody Press, 1992, págs. 286 -287. 3. Idem, pág. 289. 4. Idem, pág. 290. 5. Edward Gross, Miracles, Demons, and Spiritual Warfare. Grand Rapids; Baker, 1990, pág. 168. 6. Idem, pág. 170. 7. Idem. 8. Um núm ero cada vez maior de teológos reconhece isso, a tu almente. Por exemplo, Oliver R. Barclay escreveu: “Todos nós somos influenciados em nossa maneira de pensar pelas nossas tradições, pela nossa educação e pelo pensamento ge ral de nossa era. Essas forças tendem por moldar nossas idéias mais do que percebemos, conformando-nos aos modismos de nosso tempo, ou às tradições nas quais fomos criados, e não tanto à verdade revelada” (“When Christians Disagree”, em Signs, Wonders and Healing, editor John Goldingay. Leicester, England: Inter-Varsity Press, 1989, pág. 8). 9. Nem mesmo o maior dos eruditos cessacionistas, Benjamim Breckenridge Warfield, pôde construir sua tese baseado nas Escrituras somente. Ele apelou também para “o testemunho de idades posteriores” (Counterfeit Miracles. Edimburgo: Bann er of Truth Trust, 1918; reimpresso em 1983, pág. 6). Capítulo 5 1. Num sentido restrito, não sabemos se todas as curas neotestamentárias eram irreversíveis, pela simples razão de não dispormos de informações posteriores acerca das pessoas cura das. Doenças causadas por demônios podem ter retornado a pessoas que não tenham se arrependido após a cura (Mt 12.43-
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261
45; Jo 5.14), bem como as produzidas pela ansiedade, não tenha causa sido tratada. 2. Esse é o ponto de vista de John MacArthur. Ele escreveu: “De acordo com as Escrituras aqueles que possuíam dons miraculosos podiam usar esses dons à vontade” ( C h a r i s m a t ic C h ã o s . Grand Rapids, Midi.: Zondervan, 1992, pág. 215). 3. A Bíblia declara que é Deus quem cura, e Ele cura de acordo com a sua soberana vontade, não segundo o querer humano (SI 72.18; 103.3; 136.4; Êx 15.26). O livro de Atos menciona Es têvão, Filipe, Pedro e Paulo a operar milagres, mas no sentido de serem agentes de Deus. Os próprios apóstolos nunca reivin dicaram crédito pelas curas. Sempre davam glórias a Deus. Com freqüência, Lucas descreve o Senhor a curar “através” dos após tolos (At 2.43; 5.12), ou simplesmente refere-se a esses mila gres como “feitos por Deus” (At 14.3 e 15.12). 4. Por favor, não en tenda mal a minha cristologia neste ponto. Creio que Jesus era e é onipotente. Mas estou dizendo que Ele, voluntária e continuam ente permitia que sua onipotência fosse limitada, pela submissão à vontade do Pai (Fp 2.5-11). 5. No capítulo 13 de Atos há uma diferente ilustração desse mes mo princípio. Elimas, o mágico, estava se opondo ao testemu nho de Paulo a Sérgio Paulo. O Espírito Santo, então, veio sobre Paulo e o encheu. E Paulo pronunciou uma maldição sobreElimas: “Pois agora eis aí está sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo. No mesmo instante caiu sobre ele névoa e escuridade e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão” (A t 13.11). Porventura teria Paulo pronunciado a maldição por sua própria vontade? Fosse assim, ele teria um poderoso instrumento para usar em todas as suas disputas com os judeus. A cegueira de Elimas foi uma iniciativa do Espírito Santo. 6. Essa é a sugestão de MacArthur em seu livro, C h a r i s m a t ic C h ã o s , pág. 215. 7. Ver às págs. 229-231 um a completa avaliação da idéia de que os três “fracassos” de Paulo indicavam que ele perdera o dom de curar. 8. Não há unanimidade quanto à definição da palavra x á r i s m a . Das 17 ocorrências no Novo Testamento, 16 encontram-se em Paulo e uma vez em Pedro (1 Pe 4-10). Paulo a emprega de maneira tão diversa que é quase impossível defini-la. Uma das
262
Surpreendido pelo Poder do Espírito
melhores discussões sobre xárisma encontra-se em Max Turner, “Spiritual Gifts Then and Now”, Voz Evangélica 15, 1985: 7-64. Turner conclui que as várias listas paulinas de dons “são claramente ad hoc e incompletas, sugerindo que Paulo virtualmente considerava xárisma tudo o que fosse dado para a edificação da Igreja. Q uanto a conclusões similares, ver D. A. Carson, Showing the Spirit. Gran d Rapids: Baker, 1987, pág. 19ss; e W ayne Grudem , Systematic Theology. Grand Rapids, Mich.: Zondervan, a ser publicada em 1994, cap. 52. Grudem oferece a seguinte definição: “Dom espiritual é a capacidade concedida pelo Espírito Santo e usada em qual quer ministério da Igreja” (idem, cap. 52). E justifica: “Essa é uma definição lata, e incluiria tanto os dons relacionados às habilidades naturais (ensino, misericórdia e administração) qu an to os ‘miraculosos’ (profecia, curas, discernim ento de espírito etc). Isso porque Paulo inclui os dois tipos de dons espirituais em sua lista (Rm 12.6-8; 1 Co 7.7; 12.8-10,28; Ef 4.11) . Contudo, nem todas as habilidade naturais estão inclu ídas, visto que o apóstolo é claro em afirmar que os dons espirituais devem estar sob ‘um só e o mesm o Esp írito’ (1 Co 12.11) , os quais visam ‘a um fim pro veitoso ’ (1 Co 12.7), de vendo todosser usados para a ‘edificação’ (1 Co 14.26)” (idem). 9. Ver infra, pág. 138SS. 10. Filipe não é autorizado a fazer sinais e maravilhas, somente sinais (At 8.6). Outrossim, em Atos 8.6 temos os únicos exem plos específicos do que seriam esses sinais: exorcismo, cura de paralíticos e coxos. 11. Grudem assim define um milagre: “Milagre é um a atividade divina menos comum, na qual Deus desperta a admiração das pessoas e dá testem unho de si mesmo” . Ele se justifica ap e lando para a deficiência de outras definições: Exemplificando, uma das definições de milagres é esta: “Milagre é uma direta intervenção de Deus no m undo”. Po rém, essa definição assume uma posição deísta, onde o mun do continua o mesmo e Deus só intervém no mesmo ocasi onalmente. Sem dúvida esse não é o ponto de vista da Bí blia, de acordo com o qual Deus faz a chuva cair (Mt 5.45), a grama crescer (SI 104.14) e de contínuo sustenta todas as coisas por sua palavra e poder (Hb 1.3). Outra definição fala de “uma atividade mais direta de Deus no mundo”. Porém, tal definição sugere que a providência divina de alguma maneira não é “direta" - e novam ente têm-se uma posição
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deísta. Outra definição: “Milagre é Deus operando no mundo sem intermediários”. No entanto, se Deus operasse “sem intermediários", não teríamos nenhum exemplo de milagre na Bíblia, pois é difícil pensar num milagre ocorrendo dessa forma. Num a cura, por exemplo, algumas propriedades físi cas são envolvidas. Jesus, utilizou-se cinco pães e dois peixes para realizar o milagre da multiplicação. A transformação de água em vinho, naturalmente, precisou do primeiro elemen to. Essa definição, pois, parece inadequada. Há quem defina milagre como “exceção a uma lei natu ral”, ou “Deus agindo contra as leis da natureza”. Mas a expressão “leis da natureza”, na compreensão popular, im plica em qualidades inerentes que operam independentemente de Deus. Para realizar um milagre, Deus precisaria intervir ou “quebrar” essas leis. Essa definição também não explica de modo adequado o ensino bíblico sobre a providência. Há também quem defina milagre como “um evento im possível de explicar por meio de causas naturais”. Essa defi nição é inadequada porque (1) não inclui Deus na realização do milagre; (2) supõe que Deus não usa causas naturais quando opera de maneira íncomum ou admirável e que só ocasionalmente intervém no mundo; (3) resulta em signifi cativa minimização de milagres reais e no aumento do ceti cismo, pois nem todos os milagres são “inexplicáveis”. Portanto, a definição de que milagre é uma maneira m enos comum de Deus operar no mundo parece ser a mais adequada. Também parece ser a mais coerente com a doutri na da providência de Deus ('Systematic Theology, cap. 52).
12. Anos depois de eu ter percebido essa distinção, encontrei algo similar, escrito pelo professor Max Turner: Seja como for, os “curadores” têm dado margem aos crí ticos que insistem não termos hoje o mesmo dom concedido à Igreja apostólica. Nos tempos do Novo Testamento, as curas eram instantâneas, sem fracasso, irreversíveis, cobriam toda forma de enfermidades, dependendo do xárisma do curador e não da fé do interessado, e, assim sendo, era um sinal aos não-evangelizados. Mas talvez esse contraste seja forçado. Não precisamos duvidar de que o ministério dos apóstolos era assinalado por eventos de curas ocasionalmente dramáticos (ver A t e 2 Co 12.12); mas, conforme já advertimos, preci samos relembrar que as curas descritas no livro de Atos são, algumas vezes, extraordinárias (cf. 19.11). Também são des conhecidas experiências de fracasso (2 T m 4-20; M t 12.45; Jo 5.14). Quanto aos dons de cura “ordinários” (1 Co 12.10 etc.; cf. Tg 5.15), esses podem ter sido menos imediatos e
Surpreendido pelo Poder do Espírito
espetaculares (“Spiritual Gifts Then and Now”. Evangélica 15, 1985).
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13. Refiro-me aqui ao ministério de ensino de Paulo. Natural mente, as epístolas que ele escreveu revelam a profundidade desse dom. 14. Tenho de admitir que eu nunca havia pesquisado com since ridade casos reais de curas. Isso também é verdadeiro no to cante à maioria dos cessacionistas que conheço. Muitos afir mam nunca ter visto uma cura espiritual documentada pela medicina. A verdade é que a maioria deles jamais se dispôs a procurar tais comprovações, porque “já sabem” que elas não existem. Certa vez, convidei um amigo, também professor de te ologia, para investigar um milagre realizado através de outro professor do seminário, que recém começara a crer nos dons miraculosos. Um menino havia sido curado dos olhos e dos ouvidos. O pai do menino informou-me que tinha a docu mentação médica. Meu amigo, porém, recusou-se a inves tigar. Disse-me que não duvidava que um milagre tivesse ocorrido, mas não acreditava que Deus o tivesse feito! Portanto, não tinha necessidade de investigar. Não quis sequer discutir o assunto! 15. Tenho ouvido muitos relatórios de curas apostólicas em vári os lugares ao redor do mundo, mas não as tenho verificado. Só para citar uma, Cari Lawrence, que foi missionário no Sudeste da Àsia por quase 20 anos, relata que os milagres são tão comuns nas igrejas domésticas na China que um livro inteiro poderia ser escrito, só com os mais recentes (The Church in China. Minneapolis: Bethany House Publishers, 1985, pág. 73, n. 7). Até algumas ressurreições tem sido documentadas (págs. 75ss). Creio que há muitas curas, hoje, as quais ninguém se deu ao trabalho de documentar. 16. Por exemplo, em dois conhecidos estudos da profecia neotestamentária, tanto David Hill (New Testament Prophecy, 1979, pág. 191) quanto David Aune ( Prophecy in Early Christianity and the Ancient Mediterranean World, 1983, pág. 338) con cluem que foi a liderança da Igreja que abandonou o dom da profecia, e não Deus. 17. Além de raras, as fontes históricas dos primeiros 1500 anos da Igreja têm recebido atenção insuficiente por parte dos eru ditos. Tumer comenta: “Não há história crítica acerca de qual quer desses três dons [curas, profecias e línguas] sobre os quais preferimos discutir; embora isso não seja dizer que nos faltem
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pesquisas sem i-populares ou altam ente parti dária s” (Vox Evangelical 15, 1985, pág. 41). De fato, poucas pessoas real mente possuem a habilidade lingüística ou capacidade crítica para avaliar essas fontes. 18. Showing the Spirit, pág. 166. 19. Warfield, Counterfeit Miracles, págs. 38ss. 20. Idem, págs. 37 e 38. 21. Idem, pág. 38. 22. Por exemplo, Turne r (“Spiritual Gifts T hen and Now ”, págs. 41 e 42) observa que o livro de Warfield “muda violentam en te de um tratamento confessionalista, e, algumas vezes um tanto evidencialista, ingênuo, quanto aos milagres da era apostólica, para um ceticismo com respeito aos milagres do período pó s-apostólico. Tivesse ele dem onstrado a mesma abertura às reivindicações pós-apostólicas, qual dos milagres não teria merecido a sua defesa e aprovação? E, tivesse ma nifestado ceticismo quanto aos relatos do Novo Testamento, quão poucos dos milagres dos apóstolos (ou do próprio Se nhor) teriam escapado ao espírito agudo e suas críticas!” 23. Para exemplificar, ver Ronald Kydd, Charismatic Gifts in the Early Church. Peabody, Mass.: Henrickson Publishers, 1984; Cecil M. Robeck, Jr., “Origin’s Treatment of the Charismata in I Corinthians, 12:8-10", em Charismatic Experiences in History, editor Cecil M. Robeck, Jr. Peabody, Mass.: Hendrickson Publishers, 1985, págs. 11-25; Donald Bridge, Signs and Wonders Today. Leicester, Inglaterra: Inter-Varsity Press, 1985, págs. 174ss.; Paul Thigpen, “Did the Power of the Spirit Ever Leave the Chu rch ”, Charisma 18:2, 1992, págs. 20-29; Morton T. Kelsey, Healing and Christianity. Nova Iorque: Harper and Row, 1973, págs. 129-199; James Edwin Davison, “Spiritual Gifts in the Roman Church: I Clement, Hermas and Justin Martyr” (tese Ph.D., Universidade de Iowa, 1981); e Cecil Robeck, Jr., “The Role and Function of Prophetic Gifts for the church at Carthage, 202-258 d.C.” (tese Ph.D., Fuller Theological Seminary, 1985). Capítulo 6 1. MacArthur, em Charismatic Chãos, leva os leitores a crer que esses abusos são característicos de grupos pentecostais. O au tor parece ter baseado sua exposição nos exemplos mais bizar ros da literatura e da televisão. Até onde sei, ele não tem
6 6
Surpreendido pelo Poder do Espírito
contato regular com movimentos que cultivam os dons do Es pírito. Tenho passado os últimos anos a viajar pelo mundo, falando a esses cristãos. Tenho subsídios muito mais sólidos que os de MacArthur e seus pesquisadores, e conheço melhor a literatura pentecostal. E minha experiência leva-me a uma conclusão oposta à de MacArthur. Apesar de que abusos re almente ocorrem, mas não com grande regularidade, na mai oria das igrejas onde os dons são cultivados. E esses abusos são corrigidos, quando os líderes são responsáveis. Os grupos bizarros são minoria nos movimentos pentecostais, e não con tam com a aprovação de líderes sérios. 2. Não significa que a doutrina não importa, quando avaliamos eventos miraculosos. Mas sugere que Deus permitirá conside ravelmente mais desvios quanto a questões doutrinárias do que muitos grupos contemporâneos estão dispostos a admitir. 3. Essa é a abordagem de John MacArthur, em C h a r i s m a t i c C h ã o s . Por todo o livro, MacArthur contenta-se em citar exem plo após exemplo de abusos, em vez de examinar mais a sério as Escrituras e os argumentos t e o l ó g i c o s de seus irmãos pentecostais. A certa altura, ele comenta: “Em parte alguma o Novo Testamento se ensina que o Espírito de Deus pode levar os crentes ao transe, desmaio ou a um frenesi” (pág. 158). Estaremos lendo a mesma Bíblia? O Senhor fez cair em t r a n s e a Pedro, no eirado da casa de Simão (At 10.10), e a Paulo, quando este orava no Templo (At 22.17). Quando a “desmaiar”, João caiu “como morto” aos pés do Senhor Jesus, em Apocalipse 1.17. E quando a um “frenesi”, os 120, no cenáculo, experimentaram algo parecido, que levou muitos a pensar que eles estivessem em briagados (A t 2.13-15). MacArthur, s u p õ e que a própria doutrina pentecostal produz os abusos. No entanto, ninguémcontesta a ocorrência de abu sos. A questão é a relação entre eles e a doutrina pentecostal. Os abusos, na maioria, não se originam de doutrinas erradas, mas de aplicações errôneas a doutrinas corretas. 4. É interessante que ele não sinta liberdade para confessar seu pecado em sua própria igreja, nem a qualquer de seus amigos cessacionistas. 5. MacArthur escreve como se a imoralidade sexual fosse mais comum na ala carismática da Igreja ( C h a r i s m a t ic C h ã o s , págs. 21, 167 e 253).
Notas
26 7
6. J. I. Packer, “The Comfort of Conservatism”, em P o w e r R e l i g i o n , editor Michael Horton. Chicago: Moody Press, 1992, pág. 286. Nesse artigo, Packer cham a a atenção para a crítica que E. J. Carnell recebeu quando “descreveu o fundamentalismo norte-am ericano como o evangelicalismo que se tornou cúltico” (pág. 293). 7. O fundame ntalismo autoritário pode ser uma praga tan to para as igrejas que cultivam os dons do Espírito quanto para as tradicionais. A questão, neste caso, não aborda os dons de maneira alguma. Capítulo 7 1. Conforme citado por V inso n Synan, ta l M o v e m e n t in
th e
U n i te d
T h e H o l in e s S 'P e n t e c o S '
S ta te s .
Grand Rapids, Mich.:
Eerdmans, 1971, págs. 95 e 96. 2. Idem, pág. 106. 3.
J o u r n a l s f r o m
O c t o b e r 1 4 , 1 7 3 5 t o N o v e m b e r 2 9 , 1 7 4 5 , vol.
1 of T h e W o r k s o f J o h n W e s l e y , terceira edição. G rand Rapids, Mich.: Baker, 1991, pág. 204. 4. Idem, pág. 210. 5. Jonathan Edwards, “An Account of the Revival of Religion on No rth H am pton em 1740 - 1742, as Comm unicated in a Letter to a minister of Boston”, em J o n a t h a n E d w a r d s o n R e v i v a l . Carlisle, Pa.: The Banner of Truth Trust, 1984, pág. 150. 6. Idem, pág. 151. 7. Idem, págs. 153 e 154. 8. Gross. 9.
M i r a c l e s , D e m o n s , a n d S p i r i t u a l W a r f a r e ,
pág. 91.
T e o t a n i a é o termo
usado para descrever o aparecimento de Deus a um indivíduo ou grupo. Os teólogos geralmente con sideram as teofanias do Antigo Testamento como aparições do Cristo pré-encarnado, e não de Deus Pai, porquanto nin guém jamais viu a Deus - o Pai (Jo 1.18).
10. A experiência em Daniel lO.lss é interessante. Somente Daniel pôde ver “o homem vestido de linho”, mas os ho men s que estavam com ele experimentaram um temor tão grande, por causa da presença de Deus, que fugiram (Dn 10.7).
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Surpreendido pelo Poder do Espírito
11. É duvidoso que a palavra “tremer” seja usada aqui como fi gura de linguagem. Quem não tremeria diante do Senhor? 12. Gross, Miracles, Demons, and Spiritual Warfare, pág. 91. 13. Jonathan Edwards, “The Distinguishing Marks of a W ork of the Spirit of God”, em Jonathan Edwards on Revival. Carlisle, Pa.: The Banner of Truth Trust, 1984, pág. 127. 14- Idem, pág. 91. 15. Idem, pág. 118. Capítulo 8 1. Calvino lamentou que seus oponentes católicos não “cessavam de assediar nossa doutrina, repreendendo-a e difamando-a com nomes que a tomam odiosa e suspeita. Chamam-na de ‘nova’ e de ‘nascimento recente’. Repreendem-na como ‘duvidosa e in certa’. E perguntam quais milagres a têm confirmado” ( Institutes of the Christian Religion, Discurso de Prefácio, 3). 2. Os textos mais usados são Efésios 2.20 e Hebreus 2.3,4. A interpretação cessacionista de Hebreus 2.3,4 é avaliada na nota 6 deste capítulo. 3. Calvino não era tão radical acerca do propósito dos milagres quanto seus seguidores haveriam de tornar-se. Nas Instituías ele viu milagres “provando a deidade de Jesus, porquanto, de modo difèrente dos apóstolos, Cristo fazia milagres pelo Seu próprio poder [1.13.13]; confirmando o Evangelho pregado pelos apóstolos [PA3]; e ele usou os milagres de Moisés para argu mentar que os milagres confirmaram a Escritura e vindicaram a autoridade dos servos de Deus [1.8.5]”. A ênfase dos reformadores à função autenticadora dos mi lagres cristalizou-se, em sua forma final, no livro de Benjamim Warfield, Counterfeit Miracles. Warfield via o propósito dis tintivo ou primário dos milagres como a autenticação dos apóstolos como mestres fidedignos da doutrina. Em última análise, o propósito dos milagres seria autenticar a revelação escrita de Deus. Em minha opinião, essa é a melhor tentativa de se provar, pelas Escrituras, que os milagres e os dons miraculosos foram confinados ao período do Novo Testamen to. 4. A maioria dos eruditos do Novo Testamento não crê que este, ou os 12 últimos versículos do evangelho de Marcos, tenham
Notas
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sido escritos por ele próprio, mas que a conclusão original do livro se perdeu, e que esses versículos foram adicionados pos teriormente por outra pessoa. No entanto, foram escritos bem cedo, na história da Igreja, pois acham-se em vários manus critos de Tassiano, o D i a t e s s a r o n (170 d. C.). Também foram citados por Irineu (que morreu em 202 d. C.) e por Tertuliano (que morreu em 220 d. C.). Esses versículos, pois, refletem o que a Igreja antiga pensava acerca dos propósitos dos mila gres, mesmo se considerados não-originais. 5. O verbo “testem unhar” , m a r t u r e o , é usado em Atos 15.8 para dizer que os gentios, na casa de Cornélio, “mostraram [isto é, deram testemunho] que ele os aceitara, dando-lhes o Espírito Santo, tal como fizera conosco”. 6. A palavra traduzida po r “confirmar”, b e b a i o o , também é usa da para a confirmação das promessas que Deus fizera aos pa triarcas (Rm 15.8) e para indicar o fortalecimento que Deus proporciona aos seus servos (1 Co 1.8; 2 Co 1.21; Cl 2.7; Hb 13.9). Porém, jamais é usada para indicar milagres que con firmem um servo. Hebreus 2.3,4 é com freqüência usado pelos cessacionistas para provar que os milagres cessaram juntamen te com os após tolos. O autor de Hebreus indaga: C o m o e s c a p a r e m o s n ó s , s e n e g li g e n c ia r m o s t ã o g r a n d e salvaçãol
a
q u a l, t e n d o s i d o a n u n c i a d a i n i c i a l m e n t e p e l o
S e n h o r , f o h n o s d e p o i s c o n f ir m a d a p e l o s q u e a o u v ir a m ; d a n d o D e u s
iu n ta m e n te c o m
e le s , p o r s in a is , p r o d í g i o s e v á r io s
m i la g r e s , e p o r d i s tr i b u i ç õ e s d o E s p í r i to S a n t o s e g u n d o a s u a vontade.
O texto de Hebreus, todavia, não está limitando os mila gres aos apóstolos, nem afirmando que a mensagem foi con firmada pelos apóstolos, mas “pelos que ouviram” ao Senhor. Os apóstolos não foram os únicos que ouviram o Senhor. Outros também o ouviram, fizeram milagres e receberam dons do Espírito. O autor parece estar dizendo que tanto ele quan to seus leitores jamais ouviram o Senhor pessoalmente ou presenciaram um de seus milagres. Eles tinham escutado a mensagem do Senhor Jesus através “daqueles que a tinham ouvido” díretamente, e Deus confirmou-a com a operação de sinais e milagres. 7. “Sinais, m aravilhas e milag res” estão n o caso dativo e provavelmente devem ser tomados como dativos de acomp anham ento.
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8. Ele teria usado o caso nominativo, em lugar do dativo. Ver Ralph P. Martin, 2 Corínthians. Waco, Tex.: Word Books, 1986, pág. 436. 9. A palavra, em 2 Coríntios 12.12, traduzida por “perseveran ça”, upomone, subentende também “em sofrimento”. Paulo evoca as revelações do Senhor em defesa de seu apostolado (2 Co 12.1-10). 10. Pbilip Edgcumbe Hughes, jPauPs Second Epistle to the Corínthians , The New International Commentary on the New Testament. Grand Rapids: Eefdmans, 1962, pág. 457. Ele cita 2 Coríntios 1.12; 2.17; 3.4ss; 4.2; 5.11; 6.3ss; 7.2; 10.13ss e 11.6,23ss. 11. Alfred Plummer, Second Epistle of St. Paul to the Corínthians. Edimburgo: T & T Clark, 1915, pág. 359. Ele cita 2 Coríntios 3.2 e 1 Coríntios 2.4 e 9.2. 12. Martin, II Corínthians, pág. 434. 13. Idem, pág. 434-436. 14- Idem, pág. 438. 15. Eis o que ensina a Confissão de Fé de W estm inster: A autoridade das Santas Escrituras, pelo que ela deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de quah quer homem ou igreja, mas inteiramente de Deus (o qual é a própria verdade), o seu Autor; pelo que deve ser recebida, por ser a Palavra de Deus (1.4).
Os teólogos de Westminster apelam para 2 Pedro 1.19,21; 2 Tim óteo 3.16; 1 João 5.9 e 1 Tessalonicenses 2.13. Calvino faz a mesma coisa em suas Instituías (1.7.5). 16. Consideremos de novo o ensino de W estm inster: Podemos ser movidos e induzidos pelo testemunho da Igreja a uma alta e reverente estima pelas santas Escrituras; e pela celestialidade da questão, pela eficácia da doutrina, pela majestade do estilo, pelo consentim ento de todas as partes, pelo escopo do todo (que é dar toda a glória a Deus), pela plena descoberta que ela faz do único caminho de sah vação do homem, pelas muitas excelências incomparáveis e pela sua total perfeição, são argumentos mediante os quais ela se evidencia abundantemente como a Palavra de Deus; contudo, apesar de nossa plena persuasão e segurança da
No tas
271
verdade infalível, e da autoridade divina, tudo se deriva da o p e ra ç ã o i n te r n a d o E s p í r it o S a n t o , d a n d o t e s t e m u n h o p e la e c o m a P a l a v r a e m n o s s o s c o r a ç õ e s ( 1 .5 ) .
Quanto a este ponto, os teólogos da Westminster apelam para 1 João 2.20,27; João 16.13,14; 1 Coríntios 2.10-12 e Isaías 59.21. Calvino estabelece o mesmo ponto nas Instituías (1.7.5). 17. Thomas Edgar, Miraculous Gifts. Neptune, N. J.: The Loiseaux Brothers, 1983, págs. 263 e 264. 18. Counterfeit Mirades, pág. 21. 19. Warfield elimina essa explicação como antibíblica (idem, pág. 21), e a chama de “inútil”, visto que a razão
q u e e la d á p a r a a c o n t i n u a ç ã o
d o s m il a g re s p e l o s
p r i m e i r o s tr ê s s é c u lo s , s e é q u e e la é v á li d a , é ig u a l m e n t e v álid a p a ra s ua c o n t in u a ç ã o n o s é c u lo X X . O q u e o l h a m o s como
o p e r í o d o
d a i m p l a n t a ç ã o d a I g r e ja
é determinado
p e lo
n o s s o p o n t o d e v i sta . S e a u t il id a d e d o s m i la g r e s, n o p l a n t io d a Ig r e ja , f o i r a z ã o s u f i c i e n t e p a r a s u a o c o r r ê n c i a n o I m p é r i o R o m a n o
e
n o s é c u l o I II , é d i f íc i l n e g a r q u e p o s s a s e r r e p e -
tid a , d ig a m o s , n o i m p é r io c h i n ê s d o sé c u lo X X . M a s p o r q u e ir à C hina ? A
I gr e ja n ã o
se
a c h a e s s e n c i a l m e n t e n a p o s iç ã o
d e u m a i gr eja m i s sio n á r ia e m q u a l q u e r lu g a r n e s t e m u n d o d e
lon d e b a t ív e l se
i n c r e d u li d a d e ! Q u a n d o to m a m o s u m a “v is ã o r e a l m e n t e
ga" d a s c o is as , n ã o é os p o u c o s 2 0 0 0 a n o s
um a q uestão pelo m eno s
q u e s e t ê m p a s s a d o d e s d e q u e o C r iS '
ti a n is m o v e io a e s te m u n d o n ã o s ão u m n ú m e r o í n f im o , e s e a era e m
que
( B e n ja m i m B .
a d a Ig r e j a P r i m i t iv a . 7 Counterfeit Miracles. E d im b u r g o :
v iv e m o s n ã o é a i n d a W a r f ie l d ,
T h e B a n n e r o f T r u t h T r u s t , 1918; e d iç ã o re im p r e ss a d e 19 7 2, p á g . 3 5 ) .
Os anglicanos, aos quais Warfield replicava, mantinham a mesma teoria de Edgar, só que viam os milagres cessando no fim do século III, e não no fim do século I, como defendia Edgar. As objeções de Warfield ainda são válidas, sem impor tar onde pusermos a cessação dos milagres. 20. Idem. 21. Esse assunto é referido atualmente, nas disciplinas acadêmi cas como “teologia narrativa”. Os avanços em discussões eru ditas recentes de teologia narrativa deveriam eliminar para sempre o argumento de que não podemos usar os evangelhos e o livro de Atos como fontes doutrinárias.
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Capítulo 9 1. Os escritores hebreus simplesmente pun ham essa palavra no plural abstrato ra I f m i m , quando queriam expressar a compai xão de Deus. 2. O verbo mais usado no Novo Testamento para referir-se à compaixão de Deus é s p l a n x i n í z o m a i . Esse verbo é usado 12 vezes. Uma vez, para indicar a compaixão do samaritano pelo homem ferido (Lc 10.33). Nas outras 11, refere-se à compai xão de Deus. Em duas parábolas distintas, Jesus usa o verbo para referir-se à compaixão de Deus no salvamento e perdão de pecadores (Mt 18.27; Lc 15.20). Nas demais vezes em que é empregado refere-se à compaixão como a principal motiva ção para Jesus curar e fazer milagres. Qual é o sentido de s p l a n x i n í z o m a i quando se refere à com paixão de Deus? A forma nominal da palavra originalmente referia-se às partes internas do homem: coração, fígado e assim por diante. Podia ser usada para indicar as entranhas de um animal sacrificado, mas tornou-se comum a referência às par tes inferiores do abdômen - os intestinos e, especialmente, o ventre ( T h e o l o g i c a l D i c t i o n a r y o f t h e N e w T e s t a m e n t , edito res Gerhard Kittel e Gerhard Fridrich. Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1971, 7:548). Alguns teólogos acham pesado demais usar uma palavra que indica “intestinos” para referir-se à compaixão de Deus. Entretanto, penso que os escritores do Novo Testamento estavam procurando impressionar seus leitores com o poder e a força da compaixão de Deus. Talvez tivessem em mente um sentimento físico associado à compaixão. 3. Houve uma conexão similar, no Antigo Testamento, entre o miraculoso e a manifestação da glória de Deus (Nm 14.22). 4- Mary Garnett, T a k e Y o u r G l o r y , L o r d p W i l l i a m D u m a H i s L i f e S t o r y . POB, 50, Roodepoort 1725, África do Sul: Baptist Publishing House, 1979, pág. 40ss. 5. Tecnicamente, a fé levou Jesus a primeiramente perdoar os pecados do homem; então, como prova de que seus pecados estavam perdoados, Ele o curou. 6. Deve-se sempre pedir no espírito de “se assim quiseres”. Às vezes as pessoas usam essa expressão para mascarar sua incre dulidade, mas ela é a única atitude apropriada à petição.
N ot as
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Capítulo 10 1. Escreveu M acA rthur: “Os pentecostais acreditam que os dons miraculosos espetaculares foram dados para a edificação dos crentes. A Palavra de Deus dá apoio a tal conclusão? Não . De fato a verdade é justamente o contrário”. Não compreendo como MacArthur pode concluir que não há apoio bíblico para o propósito edificador dos dons espirituais. Ele nunca discute os textos bíblicos relevantes (por exemplo, 1 Co 12.7; 14.35,26) que derrubam essa teoria. 2. Essa lista não é exaustiva. Provavelmente todas as igrejas do Novo Testam ento tinham esse dom em operação. 3. A palavra grega zeloo tem várias traduções. Pode significar “esforçar-se após algo”, “desejar”, “exercitar-se intensamen te”, “sentir-se profundamente atraído por alguma coisa” ou “manifestar zelo” (W. Bauer, A Greek-English Lexicon o f the New Testament and Other Christian Literature, editores W. F. Arndt e F. W. Gingrich, rev. F. W. Gingrich e F. W. Danker. Chicago: The University of Chicago Press, 1979, pág. 338). A N IV traduz zeloo por “desejar ansiosam ente, a NASB por “desejar an ela nte m ente” e a KJV por “cobiçai ard ente mente”. MacArthur alega: “Coisa alguma nas Escrituras indica que os milagres da era apostólica tinham por propósito ser contínu.os nas eras subseqüentes, e nem a Bíblia exorta os crentes a
buscarem quaisquer manifestações miraculosas do Espírito San to” (Charismatic Chãos, pág. 117, grifo meu ). Essa é uma asserção incrível. Paulo claramente exorta os crentes a busca rem as manifestações miraculosas do Espírito Santo, em 1 Coríntios 12.31; 14.1,39. MacArthur nem se dá ao trabalho de examinar a sério esses textos. A única razão para MacArthur fazer tal afirmação pode ter sido a idéia de que em 1 Coríntios 12.31 Paulo não tin ha em mente os dons alistados nos versículos 8-10. Mas certamente essa seria uma reivindicação arbitrária. E ele nega que Paulo esteja exortando os crentes a buscarem a profecia sobrenatural, mas referindo-se simplesmente à pre gação da Palavra. Obviamente, MacArthur contradiz o cará ter sobren atural e revelador da profecia descrito por Paulo em 1 Coríntios 14.24,25 e, especialmente, 14.26. N en hum estudo exegético ou erudito apoiaria MacArthur em uma asserção tão arbitrária (MacArthur admite algumas profecias sobrena turais antes que o Novo Testamento fosse completado, para
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instruir as igrejas em questões não cobertas pelas Escrituras, mas limitou esse tipo de profecia à era apostólica). 4. Alguém sugeriu que 1 Coríntios 14.18 pode ser traduzido como segue: “Agradeço a meu Deus, porque falo mais línguas do que todos vós, juntamente”. Ver Àrchibald Robertson e Alfred Plummer, First Epistle of St. Paul to the Corínthians. Edim burgo: T & T Clark, 1911, pág. 314. 5. Fee comenta que essa função das línguas “algumas vezes tem sido chamada de ‘auto-edificação’, o que significa que ela é então vista como pejorativa. Mas Paulo não tenciona dizer isso. A edificação de si mesmo não é egocêntrica. A edificação pessoal do crente vem através da oração e do louvor” ( I Corínthians, pág. 657). 6. A analogia do corpo foi prevista por Isaías, que se referiu aos profetas de Israel como “vossos olhos” (Is 29.10). 7. Grudem concluiu que a única explicação plausível para “o perfeito”, em 1 Coríntios 13.10 é que deve referir-se ao tempo da vinda de Cristo. Richard Gaffin, que é tanto habilidoso exegeta quanto cessacionista, conclui: A vinda do “per feito” (v. 10) e do “então” do pleno conhecimento do crente (v. 12) sem dúvida refere-se ao tem po do retorno de Cristo. A idéia de que essas palavras refe rem-se à conclusão do cânon do Novo Testamento não é crível exegeticamente (Perspectives on Pentecost. Phillipsburgo, N. J.: Presbyterían and Reformed Publishing Company, 1979, pág. 109).
8. Quando o Antigo Testamento fala em “ver” a Deus “face a face” refere-se ao Anjo do Senhor, que é o Cristo pré-encarnado. Deus Pai não permitia a ninguém ver o seu rosto (Ex 33.20; Jo 1.18). 9. A tradução da New International Vermino, “plenamente co nhecido”, reflete acuradamente o sentido do verbo grego epiginosko.
Capítulo 11 1. Essa história figurou no Baptist Standard, edição de 7 de fe vereiro de 1993, pág. 24. O irônico dessa cura é que Duane Miller era um ex-pastor das Assembléias de Deus, que havia
No ta s
275 27 5
deixado deixado a denom inação por d iscordar da sua teologia teologia - do falar em línguas e da cura divina. 2. Mais tarde , Lucas diz diz que Jesus perd oo u os pecados do para para* * lítico, quando Ele viu a fé deles (ver 5.20). Antes que hou vesse qualquer menção à fé, porém, o autor revela que o po der do Senhor já estava presente para curar. 3. Deus é onipresen te. Uso o termo “presença pres ença”, ”, aqui para pa ra refe refe rir-me à sua presença benéfica, a sentida, e não a ontológica. 4. Não estou usando o termo “apostasia” no sentido técnico, mas no sentido geral de “cair para trás” ou “desviar-se”. 5. O Salmo 74 é atribuído atrib uído a Asafe, um dos direto res de coro de de Davi. No entanto, isso provavelmente significa que foi escrito po r u m de seus d esce es cend nden ente tess (cf. The NIV N IV Study Bible Bible,, pág. 860). 6. Não está claro se o julgamento foi sobre a nação como um todo, ou somente sobre o salmista. 7. Eis Eis a razão pela qual nã o se deve con den ar apress ap ressadam adam ente os milagres, quando ocorrem no meio de um grupo que adota doutrinas erradas, erradas, atribuindo-os a Satanás. Na igreja igreja da Galácia ocorriam milagres divinos (G1 3.5), embora estivesse no pro cesso de abandonar o Evangelho (G1 1.6; 3.1). 8. Isaías 29.10. 9. Ver apêndice A, pág. 211. 10. James Boice alega ter sido isso o que Jesus quis dizer em Mateus 12.39-42 (“A Better Way: The Power of the Word andSpirit”, em Power Religion, Religion, editor Michael Horton. Chi cago: Moody Press, 1991, págs. 125 e 126). Ver apêndice A, págs. 211211-21 213. 3. Capítulo 12 1. Gross. Miracle 69 . Miracless, Demons, and Spiritual Warfar Warfare, e, pág. 69. 2. Henrv Scougal, The Life of God and the Soul of Man. Harrisonburgue, Va.: Sprinkle Publications, 1986, reimpressão, pág. 17. Capítulo 13 1. C. S. S. Lewis, Reflections N ovaa Iorqu Io rque: e: H arco ar cou u rt, rt , Reflections on the Psalm Psalms. s. Nov Brace & World, 1958, pág. 51.
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2. Êxodo Êxo do 15.20; 2 Samue Sam uell 6.16; Juizes 11.34. 11.34. Cf. 1 Samu Sa muel el 18.6,7; Salmos 30.11; 150.4 e Jeremias 31.4,13. Psalms, pág. 52. 3. Reflections on the Psalms, 4. Jonathan Edwards, The Religious Affections. Carlisle, Penn.: The Banner of Truth Trust, reimpressão 1984, pág. 29. 5. Idem, pág. 49. 6. Idem, págs. 49 e 50. 7. Idem, págs. 31ss. 8. Reflections on the Psalms Psalms,, pág. pág . 57. The Oxf Ox ford or d English Dictionary Dicti onary7 7, “paixão”, III.6. 9. The Capítulo 14 1. Q uant ua ntoo aos detalhes e ao pano pan o de fundo de João 12.T8, 12.T8, ver Rudolf Ru dolf Schnackenberg, Schnackenberg, The Gospel According to St. John, tra dutor Cecily Hastings, e outros. Nova Iorque: The Seabury Press, 1980, II: págs. 365-370. 2. Em Romanos Rom anos 5.5 Paulo diz que o Espírito Santo nos dá uma um a revelação pessoal do amor abundante de Deus por nós. Se é precis pre cisoo a ope o peraç ração ão do Espí Es pírit ritoo Sant Sa ntoo para pa ra sentirmos o amor de Deus, quanto mais é o ministério do Espírito Santo necessário pa p a ra produzir prod uzir o amor a Deus em nossos corações! 3. Essa Essa história é contada com detalhes por po r Ma Mahesh hesh Chavda Chavd a em Only Love Can Make a Miracle. Ann Arbor, Mich.: Servant Publications, 1990. Apêndice A: 1. Cf. Norman Geisler, Signs and Wonders. W h e a to n , 11 111.: Tyndale Hous H ousee Publishers, 1988 1988,, pág. 14 144; e John Woodh W oodhouse ouse,, “Signs and Wonders and Evangelical Ministry” em Signs and Wonders and Evangelicals. Homebush West, NSW, Austrá lia: Lancer Books, 1987, pág. 26. 2. Um sinal s inal do céu não seria necessariamen necess ariamente te incontroverso, incontrove rso, visto visto que até o diabo, aparent apa rentem emente ente,, foi capaz capaz de fazer fazer cair fogo fogo do céu ( Jó 1.16). 3. As outras passage passagens ns do Novo Testam Tes tamento ento que dizem dizem respeito a essa questão são 1 Coríntios 1.22, onde Paulo afirma que os
Not N otas as
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jude ju deus us busc bu scam am sinais, sina is, e três trê s passa pas sage gens ns do evan ev ange gelh lho o de João Joã o (2.18; 4.48 e 6.30). 4. Em adição à dureza durez a do coração coração dos líderes religiosos, religiosos, o Novo Testamento menciona outros que não quiseram confiar, não obstante um grande milagre (Lc 16.19-31). Por esses exem plos, plo s, algumas algu mas pesso pe ssoas as host ho stis is ao m inis in isté téri rio o de curas cur as atu at u al têm tê m concluído que os milagres não têm valor de autenticação. Mas o fato de os fariseus não terem crido significa apenas que existem pessoas tão endurecidas que, por mais evidências que encontrem, ainda assim não confiam. N ã o é i n c o m u m os t e ó l o g o s d i m i n u í r e m a f u n ç ã o autenticadora do miraculoso sobre outras bases. Em 1741, Jon atha n Edwards Edwards escreveu escreveu este eloqü ente parágrafo: parágrafo: P ortan to,
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m i r a c u lo l o s o s n o s t e m p o s g lo l o r io i o s o s q u e s e a p r o x im i m a m d a Ig Ig r e j a ,
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g ló l ó ri r i a d e s t e s t e m p o s , m a s a n t e s , a d i m i n u i r ia i a . D e m i n h a p a r te te , e u p r e fe f e r ir i r í a d e s f r u t a r as a s d o c e s i n f lu l u ê n c i a s d o E s p í r it it o , q u e m o s t r a m a d i v i n a b e le l e z a d e C r is i s to t o , d a g ra r a ç a i n f i n i ta ta , d o a m o r i m o r r e d o u r o , d e s e m p e n h a n d o o s s a n t o s e xe x e r cí c í ci c i o s da d a fé fé , d o a m o r d iv i v i n o , d a s a n t a c o m p l a c ên ên c i a
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D e u s p o r u m q u a r t o d e h o r a , d o q u e t e r v i s õ e s e r e v e l a ç õ e s p r o f é t i c a s o a n o i n t e i r o . P a r e c e - m e m u i t o m a i s p r o v á v e l q u e D e u s d ê r e v e l a ç õ e s i m e d i a t a s a s e u s s a n t o s , n o s t e m p o s n e g r o s d e p r o fe f e c ia i a , d o q u e a g o ra r a , n a p r o x i m i d a d e d o m a i s g l o ri rio s o
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Jonathan Edwards on Revival. E d i m b u r g o :
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T r u s t , re r e i m p r e s s o e m 1 9 8 4 , p á g s . 1 4 0 e 14 1 4 1) 1).
Essa não é uma visão da qual possam compartilhar Jesus ou o Novo Testamento. Disse Jesus: “Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemu nham a meu respeito, de que o Pai me enviou” (Jo 5.36). João Batista não operou milagres (Jo 10.41). O testemunho de Jesus, no entanto, foi confirmado por suas próprias obras miraculosas. Isso fez o testemunho de Jesus maior que o de João. Em outras palavras: uma mensagem confirmada por obras
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miraculosas tem maior confirmação do que uma em que os milagres estão ausentes. 5. Cf. Isaías 42.1-9; 49.1-13. 6. Gaffin argum enta que os os milagres milagres “desvendam a essência essência mes ma do Reino, mas que, não obstante, não são a sua essência” ( P e r s p e c t i v e s o n P e n t e c o s t , pág. 45). Ele usa a ressurreição de Lázaro como exemplo da relação entre os milagres e o Reino. E afirma: Esse ev even ento to não aponta apon ta sim ples pl esme ment ntee para a regenera' ção ou renovação interior e purificação do pecado, mas an qu e a reivindicação reivindicação de Jesus ( “Eu sou a ressur tes, mostra que vid a”,, v. 25) 25 ) tem a ver com o hom em inteiro, que reição e a vida” a salvação em Cristo diz respeito à restauração dos pecado res em sua inteireza psicossomática. A ressurreição de Lázaro Lázaro aponta para a ressurreição glorificada e espiritual dos crem tes, por ocasião do retorno de Cristo. Mas — e a qui está o po p o n to —através —através do milagre, Lázaro não recebeu recebe u aquele corpo glorificado; eventualmente ele morreu, foi sepultado e, com outros crentes mortos, aguarda a ressurreição... Neste senti' do, pois, as várias operações do Espírito são provisionais e, em algumas instâncias, funcionam como sinais (idem).
Por amor ao argumento, eu me sentiria feliz em admitir que as curas e bênçãos terrestres são provisionais. Também me sentiria feliz em aceitar que os milagres têm uma função de sinal, entre outros propósitos. Visto à luz da eternidade, a atual forma do Reino é provisional. O evangelismo, para exemplificar, não será necessário no estado eterno. Mas isso não quer dizer que o evangelismo não seja parte essencial do Reino. Sendo o governo de Jesus essencial ao Reino de Deus, não se pode negar que o poder sobre os inimigos de Deus, dos quais o principal é o diabo, também é essencial para o Reino. 7. Max Tur ne r argum enta ess essee mesmo mesmo ponto: “O mais mais assusta dor é que Warfield e os que nele se espelhavam, tenham deixado de perceber que, para os escritores do Novo Testa mento, as curas não eram sinais confirmatórios externos, mas pa p a rte rt e do escop esc opo o da salvaçã salv ação o anun an unci ciad ada, a, que qu e além alé m do e s p irit ir itu u al, atingia o psicológico e o físico. O alvorecer da salvação, considerado holisticamente, foi o começo da retrocesso da opressão de Satanás (Lc 4.18-21; 7.20ss; At 10.38 etc.). Como tal, as curas continuavam sendo consideradas como revestidas de uma função legítima no tocante a Jesus e aos apóstolos
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(em torno de quem eles se juntaram com especial intensida de). Mas, essencialmente, eram parte das primícias do Reino de Deus e da mensagem de salvação que a Igreja anunciava. Assim, havendo enfermos na Igreja, Tiago esperava que a oração de fé dos anciãos lhes trouxesse a cura (Tg 5.15), o que sugere que os escritores do Novo Testamento não consi deravam as curas curas inde pendente pen dente s da d a mensagem do Evangelho” (“Spiritual (“Spiritual GiftsThen and Now ”, VoxEvangélica 15,1985: 38). Apêndice B: 1. Benjamim B. Wa Warfield, rfield, Counterfeit Mirades. Edimburgo: The Banner of Truth Trust, 1918, reimpresso em 1972, págs. 235 e 236. 2. Idem, Idem , pág. 6. 3. Peter Pete r Masters, The Healing Epidemic. Epidemic. Londres: The Wakeman Trust, 1988, págs. 69 e 70. 4. No caso de Filipe, a palavra maravilha maravilhass não é usada, mas é evidente, pelo contexto, que seu ministério não foi menos miraculoso que o de Estêvão ou o dos apóstolos. 5. O livro livro de Atos não m enciona qu aisquer poderes miracul miraculosos osos dados aos outros cinco homens sobre os quais os apóstolos im pu p u sera se ram m as mãos. mã os. D e acor ac ordo do com A tos to s 6.1-6, o prop pr opós ósito ito da imposição imposição de mãos não era conceder poderes àqueles homens, mas separá-los para o ministério. 6. O termo term o “literatu “liter atura ra de de narrat nar rativa iva”” refere-se às às porções das das Escri turas que contêm histórias, como os livros de Reis, noAntigo Testamento, ou os evangelhos e o livro de Atos, no Novo Tes tamento. E interpretada de modo diferente da poesia (os Can tares de Salomão), dos hinos (os Salmos), da sabedoria (Pro vérbios e Eclesiastes), da literatura didática (as epístolas do Novo Testamento) e da profecia (o Apocalipse). 7. Masters, The Healing Epidemic, pág. 69. 69 . N ão e nten nt end d o p o r que qu e Masters insiste em chamar Barnabé de “deputado” de um após tolo, quando as Escrituras, claramente, o chamam “apóstolo” (At 14.14). 8. Lucas Lucas usa a mesma expressã expressão o para descrever Paulo sendo cheio cheio com o Espírito Santo e os apóstolos (At 2.4). Warfield protes ta: “Atos 9.12-17 não consitui exceção, conforme alguém dis se; Ananias operou um milagre sobre Paulo, mas não lhe con-
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feriu poderes de operação de milagres. O poder de Paulo era original, como o de um apóstolo; não lhe foi conferido por ninguém”. Não obstante, Ananias é uma exceção à teoria de Warfield de que somente os apóstolos e aqueles a quem os apóstolos impuseram as mãos receberam os dons miraculosos. Ananias estava exercendo os dons de curas e profecia, sem que qualquer apóstolo lhe tivesse imposto as mãos. Outrossim, quando foi que Paulo obteve poder para realizar mila gres, senão no momento em que foi cheio com o Espírito? 9. Masters ten ta diminuir o exemplo de An anias a curar Saulo, no capítulo 9 de Atos, mas não convence ninguém. 10. De acordo com Pe ter M asters, Paulo n ão se referia aos mi lagres que Deus estava fazendo através dos membros das igrejas da Galácia, mas aos milagres que ele fizera em sua visita recente àquelas igrejas ( The Healing Epidemíc, pág. 134). Se esse ponto de vista estivesse correto, Paulo não teria usado o particípio presente para descrever a situação, mas teria dito: “Aquele que vos deu o seu Espírito e operou milagres entre vós fá-lo porque vós observais a lei, ou por que credes no que ouvistes?” Porém, Paulo não usa o tempo passado. Deu s es tava opera ndo milagres entre as igrejas da Galácia, durante a ausência de Paulo. Alguém poderia alegar que é Deus quem opera os milagres, e homens dotados por Ele. No Novo Testamento, porém, Deus é sempre o sujeito final quando há a manifestação de milagres. Por exemplo, imediatamente antes de fazer a lista dos xarísmata, Paulo escreve que Deus “é quem opera [energon] tudo em todos” (1 Co 12.6). Seria normal, no tempo em que Paulo escreveu Gálatas, imaginar que 3.5 refere-se ao dom de operação de milagres. Burton argumenta que a linguagem de Paulo “subentende que o apóstolo tinha em mente, principal mente, as manifestações carismáticas do Espírito” (Ernest De Witt Burton, The Episde to the Galatians. Edimburgo: T & T Clark, 1921, pág. 151). Lightfoot chama a nossa atenção para a similaridade do particípio energon, em Gálatas 3.5, a energemata, palavra us ad a para descrever o dom de operação de milagres em 1 Coríntios 12.10. Assim, a epístola dem onstra que havia uma larga distribuição dos dons miraculosos do Espírito por toda a Igreja do Novo Testamento. Não estavam esses dons confinados aos apóstolos e seus associados mais íntimos.
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11. Warfield, Counterfeit Miracles, págs. 21 e 22. 12. Ver à pág. 236. 13. Timóteo também recebeu um dom adicional mediante a im posição de mãos de Paulo (2 Tm 1.6). Alguns podem alegar que as duas passagens referem-se ao mesmo dom. Porém, des conheço qualquer evidência que comprove essa idéia. Outrossim, também não há a menor evidência de que Paulo tenha imposto as mãos sobre todos quantos possuíam dons espiritu ais em Corinto (1 Co 12-14), em Roma (Rm 12.6), em Tessalônica (1 Ts 5.20), em Éfeso (Ef 4.11) e na Galácia (G1 3.5). Portanto, o argumento de Warfield não somente é baseado no silêncio, como também contradiz fatos específicos do Novo Testamento. 14. Gross, Miracles, Demons, and Spiritual Warfare, pág. 49. 15. Gross, Miracles, Demons, and Spiritual Warfare, pág. 46. 16. Note que Lucas não faz qualquer menção a dons espirituais em conexão com o ministério de João e Pedro entre os samaritanos (At 8.14-25). A ênfase claramente recai sobre o rece bim ento do Espírito Santo. O Espírito Santo é mencionado cinco vezes, em seis versículos (14-19), mas os dons não men cionados uma única vez nos versículos 14-25. 17. Max Turner, “Spiritual Gifts Then and Now ” págs. 37 e 38. 18. Gross, Miracles, Demons, and Spiritual Warfare, pág. 48. 19. Alguns têm apontado em 2 Coríntios 12.7-10 mais um exem plo do retrocesso dos dons de Paulo. Entretanto, tudo o que sabemos com certeza é que um espírito atormentador por trás desse problema (v. 7). Não sabemos dizer, porém, se o ator mentador estava provocando alguma enfermidade ou uma oposição ao ministério de Paulo - por exemplo, a perseguição da parte dos judaizantes. Em conseqüência, essa passagem é irrelevante para se discutir a permanência ou não dos dons espirituais na vida de Paulo. 20. Geisler, Signs and Wonders, págs. 136 e 137. 21. Idem, pág. 137. 22. Idem, pág. 136. 23. Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom são chamadas “as epístolas da prisão”. Suas datas não são precisas. Alguns acre ditam que foram escritas de Êfeso, entre 53 e 55 d.C.; outros, em Cesaréia, entre 57 e 59 d.C., mas o consenso geral parece
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indicar que foram escritas de Roma, entre 60 e 61 d.C. As epístolas de 1 Timóteo e Tito, teriam sido escritas en tre 63 e 65 d.C., depois de Paulo ter sido solto de seu primeiro apri sionamento em Roma. Conforme se crê, 2 Timóteo foi escrita no fim da vida de Paulo, durante seu último período de apri sionamento em Roma, entre 66 e 67 d.C. 24. Na realidade, em Efésios Paulo não menciona o dom de pro fecia quando diz que profetas são dados à Igreja (Ef 4.11), um texto que Geisler convenientemente negligenciou. Ao formu lar seu argumento, ele foi cuidadoso em omitir que não se tem registro de profecias entre 60 e 68 d.C. 25. No temos que Lucas inicia o livro de Atos referindo-se ao seu evangelho como “relatando todas as cousas que Jesus fez e ensinou” (At 1.1). O evangelho de Lucas é o começo dos feitos e ensinos de Jesus, e o livro de Atos é a sua continuação. 26. MacArthur tem uma maneira similar de manipular as Escri turas. Ele escreve, acerca de Paulo: Embora ele, a certo tempo, aparentemente possuísse a capacidade de curar à sua vontade (At 28.8), ao se aproximar do fim da vida parece não demonstrar evidência desse dom. Ele aconselha Timóteo a tomar um pouco de vinho por causa do estômago, uma maneira comum de tratar enfermidades naqueles tempos (1 Tm 5.23). Mais tarde, já no fim da carreira, deixa um irmão doente em Mileto (2 Tm 4-20). Por certo o teria curado se pudesse fazê-lo. Nas primeiras páginas de Atos, Jerusalém estava repleta de milagres. Após o martírio de Estêvão, porém, não houve mais registro de milagres naquela cidade. Algo estava mm dando (Charismatic Chãos, págs. 125-126).
Será que MacArthur quer nos fazer acreditar que os dons miraculosos do Espírito Santo começaram a desaparecer após o sétimo capítulo de Atos? Paulo nem se havia convertido ainda, e os dons já estavam sendo retirados dos apóstolos, em Jerusalém? A começar pelo martírio de Estêvão, Lucas introduz o que veio a tornar-se conhecido como “narrativas de estrada”. A cada uma dessas narrativas, há um gradual afastamento de Jerusalém. No capítulo 8, para exemplificar, o eunuco etíope converte-se em uma estrada já distante de Jerusalém. No capítulo 9, Paulo converte-se em uma estrada distante de Jerusalém. E no capítulo 10, Pedro viaja por uma estrada que
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partia de Jerusalém, a fim de anun ciar o Evangelho aos gen tios. Sim, naturalmente, “alguma coisa estava mudando”, mas não era a retirada dos milagres. Lucas estava habilmente de monstrando o começo do cumprimento de uma predição de juízo do Senhor contra Jerusalém. 27. Outrossim, a idéia de que Deus retirou o dom de curas de Paulo pode contradizer a própria delaração paulina, em Ro manos 11.29: “Porque os dons [xarísmata] e a vocação de Deus são irrevogáveis”. 28. Grudem concorda que “apó stolo” é um ofício, e não um dom espiritual. 29. Alguém poderia objetar, contudo, que Paulo refere-se aos após tolos como dons espirituais, porque em Efésíos 4.11 apóstolos, evangelistas, pastores e mestres aparecem coma exemplos de “dons” mencionados anteriormente, emEfésios 4.8. Entretan to, a palavra traduzida por “dom”, em Efésios 4*7, não é a mesma que Paulo usa para indicar os dons espirituais. De fato, em Efésios 4.11 Paulo não estava descrevendo os dons espirituais ( xarísmata), mas cinco ministérios diversos, cuja função era equipar os santos para fazerem a obra de Deus. 30. Gordon D. Fee, The First Epistle to the Corinthians, New International Commentary on the New Testament. Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1987, pág. 620. 31. AJguns não aceitam que este versículo mostre claramente Tiago como apóstolo, entretanto, o texto grego virtualmente exige essa interpretação. Ver Grudem, The Gift of Prophecy, pág. 272. 32. Não é provável, porém, que ele esteja vendo a Tim óteo como apóstolo, em 1 Tessaíonicenses 2.7. Ver G rudem, idem, págs. 272-275. 33. En tretanto , há várias interpretações pa ra esse texto. Ver Fee, I Corinthians, págs. 731-732. Epafrodito (Fp 2.25), alguns irmãos anônimos e, talvez, Tito (2 Co 8.23) também são cha mados apóstolos. Entretanto , a maior parte dos eruditos pensa que, nestes casos, devemos pensar no uso não-técnico do ter mo, dando-lhe o mero sentido de “mensageiro”. 34. Essa observação foi feita há muito tempo por Robertson e Plummer, First Epistle o f St. John to the Corinthians, segunda edição. Edimburgo: T & T Clark, 1914, pág. 279.
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35. Naquilo que se tornou um dos ensaios clássicos sobre o apostolado neotestamentário, Karl Rengstorf sustenta que “com um encontro pessoal com o Senhor ressurreto, sua co missão pessoal parece ter sido a única base do apostolado”
(TDNTÍ-A31). 36. Alguns, entretanto, argumentam que os profetas menciona dos em Efésios 3.5 e 2.20 devem ser identificados com os apóstolos. 37. MacArthur, Charismatic Chãos, págs. 123-125. Thomas Ed gar afirma que 1 Coríntios 15.8 é também um argumento para a cessação dos apóstolos. Paulo estava enumerando uma lista de pessoas que tinham visto ao Senhor Jesus ressureto, quan do escreveu o versículo 8: “E, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo”. Edgar utiliza-se desse versículo para afirmar que Paulo foi o último a ver o Senhor Jesus ressurreto e, portanto , o último dos após tolos ( Miraculous Gifts Neptu ne, N. J.: Loizeaux Brothers, 1983, págs. 60-62). Mesmo fosse essa a correta interpretação, não significa que Jesus não pudesse aparecer a outras e no mear outros apóstolos. Paulo havia sido o último a ter visto ao Senhor Jesus na época em que a epístola foi escrita. To davia, essa não é a única interpretação possível, e nem mes mo a provável (Fee, First Corínthians, págs. 732-734). 38. MacArthur,
Charismatic Chãos, pág.
124.
39. Idem, pág. 125. 40. Gross, Miracles,
Demons, and Spiritual Warfare, pág.
53.
Apêndice C: 1. MacArthur, Charismatic Chaos, págs. 112-114. Foi Warfield quem popularizou esse argumento. Todavia, ele foi mais caute loso do que MacArthur, ao proferi-lo. Para Warfield, houve quatro períodos de revelação. Ele acrescentou aos três o pe ríodo de Daniel. Ver B. B.Warfield, “Miracles”, em A Dictionary of the Bible, quarta edição, J. D. Davis, editor. Grand Rapids: Baker, 1954, pág. 505. 2. M acA rthu r ouviu a gravação de um a mensagem min ha sobre esse ponto. Ele atirou-se contra a minha interpretação da se guinte maneira:
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Deere está tão determinado em achar apoio bíblico para um contínuo ministério de sinais e maravilhas que leu mal Jeremias 32.20... Deere acredita que Jeremias estava dizen do que sinais e maravilhas continuaram no Egito e em Is rael, após o êxodo, e reconhecendo a existência dos sinais em seus dias. O que Jeremias escreveu, naturalmente, foi que Deus fizera um nome para si mesmo através dos sinais e maravilhas que realizou no Egito, e que seu nome era reconhecido “até este dia”, tanto em Israel como entre os gentios. Qualquer um familiarizado com a história do Antigo Testamento sabe que os milagres do êxodo foram ímpares, e que os israelitas sempre os relembravam, como evidência da grandeza de seu Deus ( C h a r i s m a t ic C h ã o s , pág. 113). Basicamente, MacArthur tem criticado meu uso de Jeremias 32.20, afirmando que todos sabem que Jeremias estava se refe rindo aos sinais e maravilhas do passado, e não de seus dias. Ao que tudo indica, MacArthur pensava ser êssa assertiva suficiente para explicar Jeremias 32.20 e como refutação ao uso que fiz dessa passagem. Mas ele não faz referência ao texto da epístola aos Hebreus que sublinha a expressão “até este dia”. Embora, na opinião de MacArthur, eu não esteja qualificado como “familiarizado com a história do Antigo Testamento”, ainda assim gostaria de sugerir que se tome a declaração de Jeremias literalmente, por algumas razões. Em primeiro lugar, isso é exatamente o que uma interpretação literal do texto hebraico significa. A frase traduzida por “até este dia”, quando usada sobre costumes ou outras atividades, refere-se à continu ação daquela atividade pelo menos até o tempo de quem escre veu (cf. Js 9.27; 13.13; 15.63; 16.10;23.8,9 e B. D. B, pág. 401, quanto a muitos outros exemplos). Em segundo lugar, o espíri to da profecia continuava na terra, no tempo de Jeremias. A profecia é tanto um sinal como uma maravilha, de acordo com a Bíblia. Consideremos a declaração de Isaías: Eis-me aqui, e os filhos que o Senh or me deu, para si nais e para maravilhas em Israel da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no mon te de Sião. (Is 8.18)
À luz da tradição profética, a própria presença e o minis tério de Jeremias na terra é uma condição suficiente para a compreensão literal de “até este dia”.