LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1 990. (Fichamento e Resenha) Fichamento Citação
LUCKESI, Cipriano Carlos.
São Paulo: Cortez, 1990.
Capítulo 2 - Educação e sociedade: redenção, reprodução e transformação. “[...] que sentido pode ser dado à educação, como um todo, dentro da socieda de? Da resposta a essa pergunta segue-se segue- se uma compreensão da educação e d o seu direcionamento.” (p.37). “A educação seria, assim, uma instância quase que exterior à sociedade, pois, d e fora dela, contribui para o seu ordenamento e equilíbrio permanentes. A educ ação, nesse sentido, tem por significado e finalidade a adaptação do indivíduo à sociedade”. (p.38). “[...] a tendência “critico“critico-reprodutivista” não se traduz numa pedagogia, ou seja, ela não estabelece um modo de agir para a educação, como propunha a tendê ncia anterior e como proporá a seguinte”. (p.42).
“[...] A força de trabalho possui duas vertentes que servem diretamente ao siste ma produtivo: uma vertente biológica e outra cultural”. (p.43). “Para demonstrar o funcionamento da escola como instrumento da sociedade d ominante, conduzindo não só à aprendizagem do “saber”, mas também do “sab er comportar-se”, Althusser sentiu necessidade de analisar a estrutura social, situ ando o papel específico da escola dentro deste esquema”. (p.45). Capitulo 3 - Tendências Pedagógicas na Prática Escolar “[...] Genericamente, podemos dizer que a perspectiva redentora se tra duz pelas pedagogias liberais e a perspectiva transformadora pelas pedagogias progressista s.” (p.53). “A tendência liberal renovada acentua, igualmente, o sentido da cultura como d esenvolvimento das aptidões individuais. Mas a educação é um pro-cesso intern o, não externo; ela parte das necessidades e interesses indivi-duais necessários para a adaptação ao meio. A educação é a vida presente, é a parte da própria experiência humana. A escola renovada propõe um ensino que valorize a auto educação (o aluno como sujeito do conheci-mento), a experiência direta sobre o meio pela atividade; um ensino cen-trado no aluno e no grupo”. (p.55). “Papel da escola - A atuação da escola consiste na preparação inte-lectual e m oral dos alunos para assumir sua posição na sociedade. O com-promisso da esc ola é com a cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade. O caminho c ultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se es forcem”. [...] “Conteúdos de ensin o - São os conhecimentos e valores sociais ac u-mulados pelas gerações adultas e repassados ao aluno como verdades”. [...] “ Os conteúdos são separados da experiência do aluno e das realidades sociais, v alendo pelo valor intelectual, razão pela qual a pedagogia tradicional é criticada como intelectualista e, às vezes, como enciclopédica”. [...] “Métodos - Baseiam-s
e na exposição verbal da matéria e/ou demostração”. [...] “A ênfase nos exercíci os, na repetição de conceitos ou fórmulas na memorização visa disci plinar a me nte e formar hábitos”. (pp.56-57).
Resenha: Apresentação do autor Luckesi nasceu na cidade de Charqueada, um pequeno distrito do município de de maç ão acadêmica é a seguinte: (1). Bacharel em Teologia, pela Faculdade de Teologia Nossa Senh ora da Assunção, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1968; (2). Licen ciado em Filosofia, pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Católica do Salvador, Salvador, Bahia, 1970; (3). Mestre em Ciências Sociais, pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, 1976; (4). Doutor em Ed ucação: Filosofia e História da Educação, pelo Programa de Pós-Graduação em Educação, da P ontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1992; (5). Psicoterapeuta em Biossínte se, formado pelo Centro de Biossíntese da Bahia, credenciado pelo Center for Biosynthesis Inter national, sediado em Heyden, Suiça, 1996; (6). Terapeuta formado pela Escola Dinâmica Energé tica do Psiquismo, Salvador, Bahia, 1997. Profissionalmente, atualmente é Professor Pós-aposentado do Programa de Pós- graduaç ão da Faculdade de Educação (FACED), na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Nesse Prog rama, além de ministrar aulas, o Professor Luckesi também orienta Dissertações de Mestrado, d esde 1985; também orienta Teses de Doutoramento, desde 1992; coordena o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Ludicidade (GEPEL); e trabalha em consultório como terapeuta, des de 1995. Suas obras publicadas são: 1- Equívocos Teóricos na Prática Educativa, ABT, Rio, 1982 (esgotado); 2 - Fazer Universidade: uma proposta metodológica, Cortez Editora, São Paulo, 1984 (2005, na 14ª edição); 3- Prática docente e avaliação, ABT, Rio, 1990 (esgotado); 4- Filosofia da Educação, Cortez Editora, 1990 (2005, 21ª reimpressão); 5- Introdução à Filosofia, UFBA, Salvador, 1992 (esgotado); 6- Introdução à Filosofia: aprendendo a pensar, Cortez Editora, São Paulo, 1995 (, 2005, 5ª ediç ão);
Capítulo 2 – Educação e sociedade: redenção, reprodução e transformação Luckesi neste capitulo, tem por objetivo considerar algumas perspectivas q ue analisam a educação enquanto espaço de redenção, reprodução e transform ação do conhecimento e das práticas educacionais no ensino público brasileiro. Para o autor a educação pública pode ser definida como uma estrutura comple xa, que engloba desde os atores da escola, a comunidade e as instâncias gover namentais, numa intricada trama que tende à homogeneização em um sistema de currículo único nacional, contudo, possível também, como afirma Luckesi, pe nsar a escola em sua especificidade, enquanto espaço sociocultural singular, ond e circulam interesses coletivos e particulares que podem superar o modelo de e ducação centralizadora do Estado. Ao considerar o sentido polissêmico da educação, sua face reprodutora e sua face transformadora, Luckesi mostra as que estas, salientam as contradições que abrem espaço para a inovação e superação da repetitividade dos modelos pedagógicos generalizantes. Desta forma, olhar a escola como espaço sociocultu ral peculiar é pensar, dialeticamente, nas relações educacionais que ocorrem no interior das escolas, da comunidade onde ela está inserida e sua relação mais a mpla com a sociedade e os projetos didático-pedagógicos encaminhados pelas políticas públicas governamentais. Na analise de Luckesi percebemos que novas formas de sociabilidade edu cacional requerem novas práticas de intervenção e participação, pela comunidad e escolar e pela sociedade civil nas políticas públicas, mas que podem ser teori zadas a partir dessas três perspectivas teóricas clássicas e caras ao pensamento sociológico, são elas: (1) - A educação como redenção da sociedade : neste pensamento a socie dade é concebida como um organismo de seres humanos em um conjunto har
monioso e aqueles que não se enquadram neste organismo se consideram a p arte da sociedade. A educação como instância social, concebida como redenção, age de forma a contribuir ao ordenamento equilíbrio permanente. Ajuda a ada ptar o individuo à sociedade. (2) – A educação como reprodução da sociedade : nesta linha de pensam ento da sociologia, a educação faz parte da sociedade que a reproduz no seu cotidiano. A educação como qualquer outra instância social deve ser vista tamb ém do ponto de vista de seus condicionantes econômicos, sociais e políticos. El a também tem que ser vista numa visão crítica, pois é abordada através de seu s determinantes e reprodutivista, pois é vista como um elemento destinado a re produzir seus próprios condicionamentos, pois se não ela desaparecerá. Luckesi cita Althusser, que diz que a escola deve atuar de dois sentidos: deve-se apren der os saberes práticos, ler e escrever por exemplo; e também o saber de com portamento, ou seja, as regras da moral, sociais e políticas. A instituição Escola substituiu a instituição Igreja em relação da veiculação de valores e regras. A es cola age, portanto, por valores e aperfeiçoa, ao máximo, o sistema dentro do q ual está inserida e ao qual serve. Luckesi, diz que não é a escola que institui a sociedade, mas é ao contrário, a sociedade que institui a sociedade ao seu serv iço. Logo por mais força que se faça tal instituição sempre reproduzirá a ideolo gia dominante, e, pois, a sociedade vigente. (3) – A educação como transformação da sociedade : nesta tendência, a e ducação pode ser compreendida como mediação de um projeto social. Os teóri cos vêem a possibilidade de agir a partir dos próprios condicionamentos históric os. Esta linha de pensamento, interpreta a educação dimensionada dentro dos d eterminantes sociais, com possibilidades de agir estrategicamente. Portanto, a ed ucação, nesse ponto de vista poderá ser reprodutivista desde que seja também
criticizadora e poderá estar a serviço de um projeto de libertação da sociedade capitalista. Capitulo 3 - Tendências Pedagógicas na Prática Escolar Neste capitulo, Luckesi, trata das concepções pedagógicas, abordand o as diversas tendências teóricas que pretenderam dar conta da compreensão e da orientação da prática educacional em diversos momentos e circunstâncias d a história humana. São elas: 1. Pedagogia Liberal : A linha pedagógica liberal não é necessariamente pr ogressista, defende a predominância da liberdade e dos interesses individuais, o que aparece como um reflexo da sociedade capitalista. Difunde então a ideia d a igualdade de oportunidades, porém não leva em conta a desigualdade de co ndições. A pedagogia liberal é dividida entre liberal tradicional e liberal renovad a que se desdobra de acordo com o texto em: liberal renovada progressista, lib eral renovada não-diretiva, liberal tecnicista. 1.1 Tendência liberal tradicional : segundo esta tendência o papel da escola é preparar o aluno para ocupar um lugar na sociedade, preocupando -se com a cultura e tratando os problemas sociais de forma estanque. Os conteúdos são aqueles acumulados por sucessivas gerações de uma forma “tradicional”, que s ão transmitidos como verdades absolutas. Na relação professor aluno, predomin a a autoridade do professor e uma disciplina imposta. 1.2 Tendência liberal renovada : de acordo com este desdobramento da te ndência liberal a função do ensino é adequar às necessidades do individuo ao meio social. Os conteúdos de ensino levam em conta experiências com as quais os sujeitos podem deparar-se no dia-a-dia. Os métodos de ensino valorizam a experimentação pragmática e o aprender fazendo.
1.3 Tendência liberal não diretiva : neste desdobramento a função do ensin o está em proporcionar por parte do aluno a formação de atitudes, em um cl i ma favorável a uma mudança interna do indivíduo. Os conteúdos aplicados visa m desenvolver a comunicação e as relações interpessoais, os conteúdos tradicio nais são dispensáveis, a função do professor é ajudar o estudante a organizar s uas ideias em um ambiente educacional centrado na figura do aluno. 1.4 Tendência liberal tecnicista : dentro deste desdobramento, o interesse c entral da educação de massa é a formação de indivíduos competentes para o mercado de trabalho. Os conteúdos são transmitidos de uma form a objetiva, as sim são utilizadas abordagens metodológicas sistêmicas e abrangentes colocand o o aluno em contato com sistemas técnicos. 2. Pedagogia Progressista : Na pedagogia progressista o caráter sócio-políti co da educação é tratado explicitamente, ela entende a educação como uma fo rma de superação e evolução coletiva, buscando de diferentes formas a formaç ão de seres que atuem criticamente na sociedade. Entre os desdobramentos exi stem dois com características semelhantes, o libertador e o libertário, ambos são pautados em construções coletivas antiautoritárias estando mais presentes na e ducação não formal. Já a crítico social dos conteúdos resgata de forma crítica o s conteúdos tradicionais. 2.1 Tendência progressista libertadora : nesta tendência, professores e alun os extraem da realidade vivida os conteúdos vistos em sala de aula, buscando a transformação desta realidade. O trabalho do educador se dá em meio a gru pos de discussões por meio dos quais a educação deve ser autogerida. O profe ssor aparece como o mediador do conhecimento. 2.2 Tendência progressista libertária : a exemplo da tendência anterior, a p rogressista libertária tem como um dos seus pilares a auto-gestão, assim buscase a preparação do aluno para a atuação libertária em outras instâncias, n este s
entido seu conteúdo político é bem expresso. O pressuposto de que o indivídu o atinge sua realização pessoal apenas a partir do desenvolvimento da coletivid ade. Os conteúdos são colocados à disposição do aluno que deve decidir sobre o qual deve aprofundar-se, o conhecimento é tido então na forma de resposta s que contribuam com o avanço da coletividade. 2.3 Tendência Progressista crítico social dos conteúdos : nesta tendência a uma retomada dos conteúdos, admitindo sua importância, porém os conteúdos são reavaliados de uma forma crítica. Esta tendência visa preparar o aluno para o mundo adulto buscando transformação social que toma por instrumento a ló gica educacional vigente. Dentro desta tendência não basta apenas transmitir os conteúdos, eles devem ser ligados à realidade social buscando transformá-la. O s métodos são atrelados aos conteúdos, mas buscam uma transmissão crítica. Conclusão Cipriano Luckesi trata de uma forma geral as tendências pedagógicas, ele ncando os pontos centrais de cada desdobramento teórico e esclarecendo suas aplicações práticas.A educação foi apresentada segundo três correntes filosóficas, a tendência redentora, que acredita que a educação tem poderes sobre a soci edade, ou seja, otimista, a tendência reprodutivista, aquela que é crítica em rela ção à compreensão da educação na sociedade, ou seja, pessimista e a tendênci a transformadora, que é crítica e se recusa tanto no otimismo ilusório quanto n o pessimismo imobilizador. Como o próprio Luckesi afirma, em seu website, ele faz uma opção pela cosmovisão transformadora, pela qual a educação é uma força presente na tra ma constitutiva da vida social. Em sua concepção, devemos colocá -la a serviço do ser humano, individual e coletivo, na busca de sua emancipação, ou seja, na busca da igualdade de condições de vida para todos, por dentro da própria vi da social e não por fora dela.
Dentre as linhas pedagógicas, certamente os pressupostos progressistas sã o mais interessantes, por estarem pautados na formação de uma liberdade efeti va, porém a criticidade progressista esbarra nas estruturas educacionais brasileira s muitas arcaicas e ainda hoje com traços tradicionais. A situação colocada cert amente exige que como futuros profissionais da educação, dominemos as teoria s apresentadas por Luckesi. Na prática docente cada vez mais cheia de desafios o importante é extrair o q ue cada uma delas apresenta de melhor, dando subsídios para que possamos c riar estilos próprios e coerentes de atuação pedagógica.