Módulo 1- Unidade 1 A pólis
Em Atenas, cidade-estado grega, em V a.c, surgiu a democracia, considerada a mais justa e digna forma de governo. Apesar da sua cultura comum, os gregos nunca formaram uma unidade política, pelo que o mundo helénico era constituído por uma multiplicidade multi plicidade de pólis, isto é, pequenas comunidades independentes organizadas em torno de um núcleo urbano, e pressupunha a existência de um corpo cívico, leis e de um território próprio. Das várias cidades Estado, sobressaiu o caso de Atenas, com a sua hegemonia militar, política e cultural em toda a Grécia. Esta cidade-estado fazia parte de Ática, que incluía zonas agrícolas, montanhosas, um Porto de Mar, o Pireu, que se organizavam em torno da cidade propriamente dita. Esta tinha um território pequeno, mas um corpo populacional bastante elevado, com mais de 400 000 residentes. Entre a sua população, destacava-se os escravos e metecos (estrangeiros oriundos de outras cidades-estado), aos quais não era reconhecido o estatuto de cidadãos e portanto, não tinham direitos cívicos, que também não eram concedidos às mulheres. mulheres. Pelo contrário, o corpo cívico ateniense era bastante reduzido, ainda que de uma importância extrema, cabendo-lhe o governo, organização das cerimónias e a implementação das leis. Para além destes 3 fatores imprescindíveis à existência da pólis, esta tinha também que ter autarcia, ou seja, ser autossuficiente, especialmente a nível económico. Por todas estas características, a pólis era considerada como a forma de organização ideal, uma vez que era a que melhor proporcionava o desenvolvimento político, moral e intelectual dos cidadãos. Organização do espaço cívico
Apesar da existência de várias pólis do mundo helénico, estas organizavam-se de um modo semelhante, no entanto, é de destacar o caso de Atenas, uma vez que esta se afirma como um caso de excelência. Regra geral, para além das zonas que as rodeavam, como o Porto de Pireu, no caso de Ática, e os territórios agrícolas, as cidades-estado eram formadas por duas zonas cívicas, sendo elas a acrópole e a ágora. A acrópole situava-se num local alto e rodeado por muralhas, e para além de ser uma zona marcadamente defensiva, que servia de proteção aos atenienses em caso de guerra, tinham sobretudo funções religiosas, sendo especialmente um local de culto. cult o. Era aqui que se erguiam os principais templos da cidades, para além de ser o espaço preferencial para a realização realização de cerimónias, como as grandes procissões, mas também local de destino daqueles que pretendiam honrar os deuses com as suas oferendas. Por sua vez, a ágora constitua a praça pública das cidades atenienses, e era neste local que se desenrolava a vida cívica, pelo que era o ponto de encontro da população, onde se discutiam os diversos assuntos da pólis. Esta localizava-se na parte baixa da cidade e era um espaço social, mas acima de tudo a zona administrativa e económica por excelência, tendo várias funções. Tinha, portanto, uma função económica, uma vez que durante a manhã, neste local, se realizava um mercado, mas também social e cívica, pelo que durante a tarde os cidadãos reuniam-se neste espaço para conviver e discutir, valorizando-se assuntos como a administração da pólis, cultura e organização. Este espaço dispunha também de vários edifícios e construções, sendo um centro político, uma vez que acolhia os principais edifícios edifícios administrativos dedicados ao funcionamento do governo da cidade, como a Eclésia e a Bulé, mas também dispunha de Stoas, que permitiam abrigar as pessoas do sol escaldante e da chuva, mas também era onde se
realizava o tribunal. Por fim, graças à elevada religiosidade dos gregos, aqui existiam também vários templos e altares. Apesar de ser nestes dois espaços que se encontravam os edifícios mais belos e importantes, em redor da ágora organizavam-se os bairros residenciais, com ruas estreitas e pequenas casas cúbicas. Democracia Ateniense
No mundo helénico, Atenas, ocupava um lugar de destaque devido ao seu poderio económico e militar, esta era também um importante centro cultural e político cujo exemplo se irradiou por toda a Grécia, destacando-se a sua forma de governo. Politicamente, Atenas organizava-se segundo uma democracia marcada pelo seu caráter direto e limitado a um corpo restrito de cidadãos, no entanto, a sua instituição não se deu de um momento para o outro, pelo que numa fase inicial a administração estava governada a um conjunto de ricos proprietários, e só a partir do século V, se tornou aberta a todos os cidadãos. Para tal acontecer, a democracia ateniense delimita-se por 3 características essenciais, sendo esta a isonomia, a isocracia e a isegoria. A isonomia significa igualdade perante a lei, pelo que todos os cidadãos se regiam por leis iguais, sem privilégios baseados na riqueza ou prestígio da família. A isocracia consiste na igualdade de acesso a cargos políticos, pelo que todos os cidadãos tinham i direito e dever de participar no governo da polís, sendo as decisões tomadas em conjunto pois todos tinham igual direito a voto. Por fim, destaca-se a isegoria, que consiste na igualdade de direito no uso da palavra, ou seja, todos podiam exprimir a sua opinião nos vários órgãos de governo e administração, sendo a liberdade de palavra limitada apenas pelos interesses do Estado. No entanto, o verdadeiro exercício da democracia só foi possível com duas figuras bastante importantes, tais como Clístenes e Péricles. Clístenes é considerado o fundador da democracia grega e estabeleceu uma nova divisão administrativa do território, que fracionou em 10 tribos, onde existiam 110 demos, das quais todos os anos eram sorteados os cidadãos que deveriam prestar serviço nos vários órgãos administrativos, sendo daí que deriva a palavra democracia (poder do povo). Já Péricles completou estas reformas com a criação das mistoforias, uma espécie de subsídio feito pelo Estado aos que exerciam funções públicas, e este é que permitiu o funcionamento da democracia direta pois permitia aos mais pobres a participação na vida política. Exercício dos poderes
A administração da pólis competia a vários órgãos administrativos: Eclésia (Assembleia popular) - participavam todos os cidadãos para discutir e votar as leis,
decidir da paz e da guerra, e deliberar sobre os vários assuntos da cidade e magistraturas, sendo o voto exercido no braço no ar. Bulé (Conselho dos 500)- Partilhava com a Eclésia
o poder legislativo, e elaborava as propostas de lei, esta era também responsável por resolver os assuntos correntes. Este era formado por 500 membto e funcionavam numa espécie de sistema rotativo, as Pritanias, pelo que alternavam no poder 50 membros de cada tribo. Arcontes- Tirados à sorte 1 por
tribo, e eram magistrados prestigiados com funções religiosas e judiciais, como a organização das cerimónias funerárias e religiosas e apresidencia dos
tribunais. Era entre os antigos arcontes que se recrutavam vitaliciamente os membros do Areópago, sendo por este motivo o seu elevado prestígio. Por fim, destacam-se os estrategos, que comandavam a marinha e o exército, e eram eletios por base na sua competência. Estes eram considerados os verdadeiros chefes de Atenas, controlando a sua política externa e financeira. Para além disso, a justiça era executada por 2 tribunais, o Areópago, formado porá ntigos arcontes, e tinham funções bastante limitadas, competindo-lhes os crimes de homicídio e desrespeito aos deuses, e o Helieu, a quem competia o julgamento de maior parte dos delitos e era constituído por 600 membros de cada tribo. Democracia direta
Para além das várias instituições democráticas existentes, é de salientar o caráter direto da democracia ateniense, onde cada cidadão atuava por si próprio e desempenhava à vez os cargos necessários à administração da cidade, pelo que o exercício da democracia constituía uma componente bastante importante. Para tal, era necessário assegurar a participação de todos os cidadãos da Cidade-Estado, pelo que estes utilizavam o sistema de sorteio relativamente ao sistema de eleição. É de salientar, também, a importância da oratória, pelo que para ocupar os cargos mais importantes, que não eram sorteados, mas eleitos, era necessário o dom da palavra e a arte de bem falar, pelo que todo o cidadão deveria ter as competências necessárias para apresentar as suas propostas e discuti-las nos meios, e para justificar as suas ideias. Para tal, foram fundadas escolas de retórica, onde se instruíam os filhos das melhores famílias para que estes conseguissem dominar o discurso político. Limites da Democracia
Existem vários limites à democracia ateniense que, apesar de avançada para a época, acabava por não concretizare os ideais de uma verdadeira democracia na conceção atual da palavra. Tal resulta do facto de que a maioria da população se via excluída da participação política e de vários direitos civis. Assim, é de destacar a reduzida dimensão do corpo cívico, pelo que na segunda metade do século V, em toda a Ática existiam apenas 40 000 cidadãos atenienses, dos quais se excluíam os filhos e mulheres dos cidadãos, mas também os escravos e metecos sem direitos. Assim, a participação democrática estava reserada a uma escassa minoria. Para ser considerados cidadãos, estes tinham de ser filhos de pai e mãe ateniense, ter cumprido o serviço militar, geralmente iniciado aos 18 anos, pelo que tinham, aproximadamente, mais de 20 ou 21 anos. Apesar da igualdade do processo de transformação em cidadãos, estes tinham algumas funções diferentes, pelo que aos mais ricos exigidos impostos suplementares, as liturgias. Do estatuto de cidadãos, eram excluídos as mulheres, metecos e escravos. As mulheres, apesar de terem um papel essencial na transmissão da cidadania, tinham poucos direitos, pelo que lhes estava cingida uma vida recolhida dedicada aos trabalhos domésticos e educação das crianças. Estas não tinham diretos de propriedade ou administração de bens, e não eram possuidoras do seu próprio estatuto de pessoa, pelo que a sua tutela passava do pai para o marido. Estas habitavam numa zona específica da casa, o gineceu, e quase não saiam à rua. Os metecos eram considerados os estrangeiros da cidade, e não podiam participar na vida política, casar uma ateniense, ou possuir terras e casas, para além de terem de pagar um imposto
específico, o metécio, e prestar serviço militar. Pelo contrário, podiam recorrer aos tribunais e participar nas festas religiosas, e asseguravam a maior parte da produção artesanal e trocas comerciais Por fim, na base da sociedade ateniense encontravam-se os escravos, que constituam quase metade da população da ática. Eram maioritariamente de origem estrangeira, presos de guerra ou obtidos no mercado, e eram considerados meros objetos, não lhes sendo reconhecida personalidade civil, família ou direito de possuir bens. O seu tratamento e condições de vida dependia da sua situação concreta, pelo que os escravos domésticos podiam considerar-se privilegiados, como as amas de leite, e outros viviam em condições bastante difíceis a executar trabalhos pesados. Cultura aberta
Apesar de divididos em cidades-estado, os gregos têm uma forte unidade cultural, partilhando a mesma língua, os mesmos deuses e mesmas tradições sendo conhecidos como Helenos, pelo que todos os que não tinham a mesma cultura eram apelidados de Bárbaros. Esta identidade cultural era reforçada pelo contacto estabelecido entre as pólis, através dos artistas e professores, que passeavam de cidade em cidade, peregrinos, e mesmo pelas ligações comerciais, destacando-se o caso de grego devido à sua superioridade económica e cultural A religião é um dos principais aspetos comuns, e desempenhava um papel fundamental na vida dos gregos, podendo ser de carater privado, exercido pela família, ou público, através das várias manifestações que decorriam dentro das pólis, ou de todo o mundo grego. Apesar de adorarem as mesmas divindades, cada pólis tinha os seus cultos próprios e veneravam os deuses protetores da cidade. A organização do culto ficava a cargo do cidadão, e a sua participação era considerada um dever cívico. As principais funções ficavam a cargo dos arcontes e magistrados, e as despesas eram suportadas pelo tesouro público e cidadãos mais ricos. Destacam-se as festas em honra da Deusa Atenas, as Panateneias e as Grandes Panateneias, de carater marcadamente cívico e bastantes luxuosas, com concursos musicais, provas desportivas e procissões, bem como por oferendas, e as Grandes Dionisíacas, em honra do deus Dionísio, cujos rituais deram origem ao teatro, com os coros e danças que homenageavam os deuses. Neste caso específico, as festividades dionisíacas aliavam o culto sagrado ao carater competitivo, cujos autores competiam com um conjunto de 3 peças que eram avaliadas pelo júri que determinava o vencedor, e podiam participar poetas de todo o mundo grego, destacando-se Ésquilo, Sofócles e Erópedes, e Aristófanes. A crença nos mesmos deuses originou pontos de referência religiosa onde convergiam peregrinos de toda a Heláde, como os Santuários de Delfos e Corinto, onde, periodicamente, se realizavam competições artístico-desportivas de carater religioso: os jogos, onde o esforço dos atletas era considerado uma homenagem aos deuses que escolhiam o vencedor, destacando-se os jogos em honra de Zeus em Olimpia, onde convergiam cerimónias religiosas com provas desportivas onde apenas os homens e adolescentes livres de pura descendência grega podiam participar. O prémio era uma coroa de glória de ramos de oliveira, e devido ao carater sagrado do símbolo, estes conseguiam ascender à categoria de heróis. Estas celebrações pan-helénicas contribuíram para a união do mundo grego, fazendo esquecer as desavenças e incentivando o sentimento de identidade nacional. Educação:
Até aos 7 anos as crianças eram educadas pela mãe no gineceu, e a partir daí, as raparigas ficavam em casa onde aprendiam a exercer as tarefas domésticas e os conhecimentos necessários às funções femininas, e os rapazes iam para a escola e preparavam-se par ser cidadãos.
Assim, estes, com a ajuda do gramático, aprendiam a leitura, aritmética, escrita, exercício físico, seguindo-se depois a aprendizagem da poesia e música, devido ao ideal grego de mente sã em corpo são. Os jovens mais abastados prosseguiam estudos, sendo acompanhados pelo pedagogo. A educação intelectual era complementada com a preparação física, a cargo do pedótriba, pelo que com o ideal acima referido, era necessário desenvolver ambas as áreas, para alem de preparar para o serviço militar. A preparação física continuava a partir dos 15 anos nos ginásios, praticada em recintos apropriados, as palestras. Nestes ensinavam-se também Matemática e Filosofia. A educação do cidadão completava-se, depois, no exercício da vida cívica, através da participação nas assembleia e dos vários órgãos administrativos, pelo que estes podiam desenvolver a retórica, a arte de bem falar, nas escolas dedicadas a esta aprendizagem. Arquitetura
A arquitetura grega é predominantemente religiosa, pelo que os projetos mais minuciosos e materiais mais ricos eram reservados para estes edifícios, sendo que apesar das várias tipologias, como os santuários, se destacam os templos, o simbolo máximo da estética grega, transmitindo o ideal de proporção e harmonia próprios desta cultura, bem como o seu caratér belo e estético. Estes utilizavam linhas retas, predominantemente, e tinham como suporte o sistema trílitico, o que demonstra a sua intensa racionalidade e simplicidade. Para além disso, para a sua construção e decoração foram criadas várias ordens arquitetónicas, como a dórica, mais antiga, com um capitel simples e liso, um friso dividido em métopas e tríglifos, uma arquitrave lisa e ym fuste mais simples e sem base, a jónica, mais decorada, leve e graciosa, com colunas mais elaboradas e fina, suportadas por uma base e encabeçadas por capiteis em voluta, e uma arquitrave lisa, bem como um friso decorado com relevos, e a coríntia, mais elaborada e recente, sendo profusamente decorada, pelo que o fuste +e mais fino e decorado, terminando num capitel decorado com vários elementos e sobretudo folhas de acanto. Os templos eram cobertos por um telhado de duas águas, formando um triangulo de suporte designado de frontão, normalmente decorado com várias esculturas. Estes edifícios tinham a função de abrigar a estátua da divindade, e tinham uma planta simples, normalmente retangular (apesar de também ser redonda) dividida na pronaos (antecâmara), naos (sala central e grande com a estátua) e opistodomus (pequena onde se guardavam as oferendas). O facto de partirem de regras e proporções confere-lhes um elevado sentido harmonioso e racional, apesar de lhe serem administradas proporções óticas para acentuar a sua perfeição. Escultura
Aliada especialmente à religiosidade grega, a escultura tinha como principal temática, a representação dos deuses gregos, mas também o próprio Homem ideal, procurando para tal, esculpir um corpo perfeito, obtido pela conjugação de elementos retirados de diversos modelos. Esta procura bela beleza física ideal revela o espírito grego, que sempre valorizou o corpo humano e buscou a perfeição, pelo que são representados, para alem dos deuses, jovens atletas ou personalidades gregas conhecidas. Estas eram versões idealizadas dos modelos representados, pelo que as suas imperfeições eram retocadas e era-lhes conferido uma expressão serena e contemplativa. É de destacar também o seu elevado naturalismo, traduzido pelos corpos realistas e geralmente representados nus, e pela sensação de movimento, presente, por exemplo, no discóbolo. Para alcançar o ideal da beleza, os gregos dedicaram-se ao estudo das proporções, tendo o primeiro cânone escultórico sido definido por Policleto, na sua obra “O Dorífer o, onde definia que o corpo era composto por 7 cabeças, a medida base. É de destacar também o escultor Fídias, que concebeu toda a decoração escultórica do Pártenon.
As estátuas eram geralmente construídas em mármore ou bronze, e normalmente eram pintadas com cores variadas, para além de ostentarem vários detalhes, sendo polidas e incrustadas, nos olhos utilizavam-se pedras coloridas, e certas partes do corpo eram realçadas com cobre vermelho, e podiam mesmo ter pestanas falsas de arame. Devido à sua fragilidade, várias das esculturas romanas não chegaram até à atualidade, mas foram feitas várias cópias, bastante semelhantes, pelos romanos, apesar de, normalmente, de inferior qualidade e sem os detalhes e cores. Relativamente à pintura, aparecia muito associada à escultura e arquitetura, apesar de se destacarem exemplares da pintura grega nos vasos cerâmicos.
Módulo 1- Unidade 2 Roma situava-se na Península Itálica, junto ao Rio Tibre, no Sul da Europa e no centro do Mediterrâneo. Esta foi fundada por Rómulo, segundo a lenda de Rómulo e Remo, e apesar de inicialmente ser apenas uma pequena aldeia de pastores, foi-se desenvolvendo. Esta passou por diferentes períodos, uma Monarquia, Tirania, Oligarquia, mas em 509 a.c foi instituída uma República que durou até 27 a.c. Foi a partir do seu tempo como República que Roma se tornou num Império que se estendeu pelas duas margens d Mar Mediterrâneo que, totalmente sobre o domínio Romano, ganhou a designação de “Mare Nostrum”. Cidades:
O Império Romano ficou intimamente ligado à Cidade pelo que após as conquistas, uma das suas maiores preocupações foi a reorganização dos centros urbanos, ou a sua criação, de forma a proporcionarem as condições necessárias ao desenvolvimento dos povos. O Mundo Romano era então um mundo de cidades com instituições governativas próprias destinadas a resolverem os problemas locais. Estas seguiam o modelo de Roma, a urbe por excelência, que era o centro de Poder e o coração do Império Embora as cidades constituíssem centros administrativos capazes de resolver os problemas locais, o Império funcionava como um Estado centralizado sujeito à autoridade máxima de Roma, pois a sua vasta extensão exigia um poder forte e eficiente capaz de salvaguardar a ordem e segurança. Administração e Poder
Nos primeiros séculos de conquista, Roma continuava a governar-se pelas antigas instituições, isto é, os Senados, Comícios e Magistraturas. O Senado era uma assembleia permanente que apreciava as propostas de lei, geria as finanças públicas, fiscalizava os magistrados, dirigia a política externa e nomeava os Governadores das Províncias. Os Comícios eram assembleias periódicas formadas pelo conjunto dos cidadãos e elegiam os magistrados e votavam nas leis. Já as magistraturas detinham o poder executivo e dividiam-se em cônsules, pretores, edis, tribunas, censores e governadores, e em situações extraordinárias podia surgir o Ditator No entanto, com a expansão do Império estas não satisfaziam as necessidades do vasto território que era o Império Romano e, perante o período de crise política, surgiu o desejo de encontrar um chefe capaz de estabelecer a ordem e estabilidade, destacando-se Octávio César Augusto que, devido à sua astúcia, conseguiu eliminar os rivais, fazer regressar a paz e conquistar o povo
e o senado. Este não eliminou as velhas instituições devido ao apego dos Romanos, e alicerçou nelas o seu poder, mas foi-lhes retirando alguns poderes e criando novos órgãos. Este foi nomeado Imperator em 27 a.c, e acumulou várias magistraturas, como o de Cônsul, Princeps Senatus, Imperium Proconsular, Augusto (divino), Poder Tribunício, Pontífice Máximo, e Pai da Pátria. Com o acumular das várias magistraturas, este concentrou em si todos os poderes, afirmando-se imperador. Assim, controlava as magistraturas, podia modificar a composição do Senado, nomeava os Altos Funcionários do Estado, e passou a ser olhado como um ser divino. Apesar de ser considerado um ser divino, apenas permitiu o culto ao Imperador nas províncias fora de Roma, e, ao contrário dos imperadores que lhe seguiram, só foi considerado Deus após a sua morte. Para além disso, promoveu a divinização das virtudes imperiais, como a Vitória Augusta e a Paz Augusta, e incentivou o culto à cidade de Roma. O culto a Roma e ao Imperador tornaram-se num importante elemento de união política, capaz de unir os diferentes povos do Império. Direito Romano
Aliado à necessidade de governar um território tão vasto, foi necessário desenvolver o direito Romano, capaz de definir as normas a seguir. Numa fase inicial, este era baseado na tradição oral e no costume- o Direito Consuetudinário. No entanto, como este estava sujeito a deturpações, em 452 a.c redigiu-se a Lei das 12 Tábuas, o primeiro código de Direito Roamno e a fonte do Direito Público e Privado. No entanto, estas mostraram-se insuficientes, e como tal, surgiram novas leis capazes de dar resposta às questões mais complexas e divididas em diferentes áreas de aplicação, tendo sido compilada no século V pelo Imperador Justiniano. Esta foi aplicada a todas as populações do Império Extensão da Cidadania
A sociedade Romana tinha uma estrutura complexa dividida em patrícios, cavaleiros e na plebe, mas o título de cidadãos, só era concedido a alguns. Estes podiam casar, votar, possuir terras, proceder á atos jurídicos e ser eleito para magistraturas, mas são obrigados a servir o exércio e pagar impostos. Numa fase inicial, o título de cidadão estava reservado aos naturais de Roma e aos seus descendentes, pelo que os povos conquistados tinham um estatuto inferior que variava de região para região. Aos territórios que compõe Itália, a primeira região conquistada, foi concedido o direito latino, mas a partir de 49 a.c, todos os homens livres foram equiparados a cidadãos romanos. Nos povos recém conquistados não era possível conceder a todos o título de cidadãos, pelo que este era normalmente atribuído aos que se destacassem por mérito ou bons serviços prestados. Este processo de progressiva extensão da cidadania concluiu-se no século III quando o Imperador Caracala concedeu a plena cidadania Romana a todos os povos conquistados, o que foi um fator importante para a união do mundo romano. Para integrar os povos conquistados os romanos usaram vários métodos de interação como o exército, a construção de obras públicas, o poder centralizado do imperador, e a extensão da cidadania, a Língua, Moeda, Estradas e Religião. Sociedade urbana, comercial, monetária e esclavagista O povo romano era um povo pragmático e realista, tal como é visível na Arte e no Direito, pois estes privilegiavam a utilidade e eficiência em vez da beleza. Estes aceitaram o que melhor havia de cada povo e integraram esses elementos na sua cultura, como a etrusca e a helénica.
Urbanismo
O centro da cidade era o Fórum onde se localizavam os edifícios relacionados com a administração da cidade, como a Cúria, Basílica e os templos. Eram construídas segundo planos rigorosos com ruas perpendiculares e sistemas de esgotos orientados por duas ruas principais, o cardo e o decumanos, em cujo centro se situava o Fórum, local de encontro das gentes, e muitas vezes eram construídos outros fóruns. O sentido prático e utilitário dos romanos está presente em inúmeras construções de uso público, de lazer e entretenimento, como o circo, anfiteatros e teatros, termas, e aquedutos, para distribuir a água potável. Quanto as zonas de habitação destacam-se as domus (moradias) e insulae (prédios de colmo e madeira). Ensino-
Aos 7 anos os rapazes e raparigas iam ao literator onde aprendiam as letras, escrita, leitura, cálculo e trechos poéticos, e os mais abastados aprendiam em casa, e ficavam ai até aos 11 anos. Seguia-se o ensino secundário pelo gramático, e aperfeiçoavam o conhecimento da língua e estudavam as principais obras literárias. Aprendiam matemática, geometria, música e astronomia. Aos 17 anos, os mais ricos dos rapazes iam para o ensino superior, ensinados pelo menthor, centrado no ensino da retórica e do direito. O Estado incentivou o ensino pois era um meio de unificação do império e tornaram o ensino gratuito, criaram novas escolas e protegeu professores.
Arquitetura- Utilidade, pragmatismo, Solidez- resolução das necessidades do império.
Inspirada na arte etrusca (arco de volta perfeita, abóbada de berço e cúpula) e grega (plantas dos templos e ordens) mas era mais criativa e usava diferentes técnicas e materiais, pelo que para além dos tradicionais usava o opus caementicium; oriente (mosaico). Tinha uma decoração exagerada, e criou mais duas ordens (compósita e toscana), conhecimentos de topografia e cofragem. Podia ser religiosa (santuários, altares, templos) e pública (estradas, pontos, termas, aquedutos, basílicas, anfiteatros, circos, teatros), e privada (domus, insulla e villae), e comemorativa (colunas honoríficas e arcos do triunfo) O templo tinha planta retangular, carater frontal, falso peristilo, erguia-se sobre um podium, e as colunas e entablamento tinham apenas funções decorativas.
Na escultura destacam-se estátuas e relevos, muitos exemplares de obras gregas, mas também
representavam imperadores, chefes políticos, deuses e cenas de batalha. Eram caracterizadas pelo Realismo e Naturalismo, mas também pela idealização do corpo humano para representarem o ideal de beleza e perfeição e utilizavam mármore e bronze. A pintura era feita a fresco nas paredes e representava paisagens, cenas mitológicas e do quotidiano.
Módulo 1- Unidade 3 Cristianismo:
O cristianismo surgiu na Palestina, no seio do Império Romano, com o nascimento de Jesus, no ano 0. Ele considerava-se o verdadeiro de filho de Deus, e até aos 33 anos andou a pregar a sua fé, até á sua crucificação no ano 30 d.c. A partir daí, começou a ganhar muitos apoiantes e inimigos também. Era uma religião inovadora, porque apenas venerava um deus único, e espalhava uma mensagem de igualdade e fé, acreditava na salvação pela fé, na ressurreição e vida para além da morte. No entanto, apesar da sua mensagem universal, porque ao contrário do judaísmo não privilegiava nenhum povo, e revolucionária porque contrariava as desigualdades sociais, visto acreditar na igualdade de todos, fossem pobres, ricos, escravos, aos olhos de Deus todos eram iguais. Ganhou diversos inimigos porque não respeitarem os deuses tradicionais, contrariarem os hábitos enraizados, e por acreditar na igualdade de todos, equiparando assim o escravo ao senhor, numa sociedade que sobrevivia á base do esclavagismo. Isto fez com que os cristãos fossem vitimas ed sangrentas e violentas perseguições, sendo as mais conhecidas e violentas as de Nero, acusando-os de serem os responsáveis pelo Incendio de Roma, e as de Diocleciano. A sua mensagem difundiu-se rapidamente, beneficiando do sistema político do Império Romano e das suas vias de comunicação. Foi ganhando adeptos ao longo de tempo, inicialmente nas classes mais pobres, mas cativando mesmo as classes mais altas, até que o primeiro imperador cristão surgiu na figura de Constantino que em 337, através do Édito de Milão, proclamou a liberdade de culto, legalizando assim o cristianismo e ordenando que lhes fossem devolvidos os bens confiscados nas anteriores perseguições, e beneficiando-lhes, concedendo-lhes os cargos mais altos, realizando doações, e construindo templos dedicados ao Deus Cristão. Em 325, convocou o concelho de Niceia, de forma a organizar e definir as verdades doutrinais. A partir de Constantino a maior parte dos Imperadores era cristão, até que finalmente, em 380, o Imperador Teodósio, através do édito de Tessalónica, declara esta a religião oficial do Império, substituindo os tempos que foram também roubados por templos cristão, e alterados os ofícios religiosos. No entanto, algumas das tradições romanas e da antiga religião foram aproveitadas para suportar a nova religião, o cristianismo. O direito canónico (sagrado, da igreja), era baseado no Direito Romano, a retórica, anteriormente utilizada pelos gregos e romanos serviu para propagar as vontades de deus, os princípios da filosofia, foram utilizados para fundamentar a nova fé. Pinturas, mosaicos, frescos, dedicados aos deuses pagãos foram substituídos e o seu significado alterado de modo a proclamar a nova fé, assim como os antigos templos e construções foram utilizadas para a nova fé ser divulgada, e a liturgia foi enriquecida por aspetos do cerimonial imperial. Assim, o império universal humano, era agora um império cristão, com uma única religião espalhada por toda a zona territorial, e apesar de haver um deus, o imperador continuou a ser venerado porque este agora era o mandatário de deus na terra para governar em seu nome.
A capital do Cristianismo era Roma, e o bispo desta cidade, foi proclamado de papa (pai em grego). Por ter nascido no Império Romano, assimilou muita da sua cultura, ainda que adaptada e reformulada, como a retórica, os princípios da filosofia antiga, que fundamentavam a nova fé, o Direito Romano, que esteve na base do direito canónico, que regula as questões administrativas e disciplinares, a liturgia, inspirada no cerimonial imperial, e a arquitetura religiosa, bem como outros aspetos artísticos, como os frescos, mosaicos, estátuas e relevos. Para além disso, a Igreja preservou também o legado politico da Antiguidade na ideia de concentrar o poder forte numa única pessoa, o Papa, a autoridade suprema, expressão da vontade divina e símbolo da unidade cristã. Crise do Império Romano
No século III, o Império Romano entra em decadência, mergulhando assim numa crise política e militar. Após o assassinato do Imperador Severo Alexandre, o Imperio Romano observou por meio século uma enorme sucessão de imperadores, que facilmente eram assassinados ou substituídos do seu cargo se outro oponente melhor lhe opunha. Este período de instabilidade politica foi assim denominado por anarquia militar, visto que ninguém conseguia impor a ordem do império. A juntar-se a este problema politico, outro problema surgiu. Alguns povos bárbaros, que viviam nas fronteiras do Império, por vezes ultrapassavam-nas vindo-se o mundo romano invadido em vários pontos, e sem o exército, cujo longo período de pax romana tinha amolecido ao longo do tempo, via-se agora desorganizado, não conseguindo impor a ordem. Sobrevivendo, no entanto, a esta época turbulenta, até que o imperador Diocleciano, convencido de que o império romano era demasiado grande para conseguir ser protegido e governado sozinho, o dividiu em 4. Apesar de haver outros imperadores como Constantino ou Teodósio, que o tenham conseguido governar unido, após a Tetrarquia Imperial, o pensamento da imensidão do Território surgiu outra vez no governo de Teodósio, dividindo-o em 2, definitivamente: no Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, que durou pouco tempo caindo depois em 476 com o deposta do imperador Rómulo, e no Império Romano do Oriente, também conhecido por Império Bizantino, com capital em Constantinopla, que caiu em 1453 com a tomada de Constantinopla pelos Turcos. Invasão Bárbara
Os bárbaros, os povos que habitavam para lá das fronteiras romanas, não falavam latim nem tinham os mesmos costumes, a partir do século III começaram a invadir constantemente o Império Romano, fazendo a própria Roma sentir-se ameaçada, e causando a divisão do Império Romano, até que o inevitável aconteceu. No fim do século IV, os Hunos chegaram ás margens do Império Romano, semeando o terror nos povos germânicos que invadiram assim o império, pilhando-o e saqueando-o, até que em 410, os Visigodos pilham e saqueiam Roma durante 3 dias, abalando assim o poder Romano, até que anos depois, agora com novas incursões dos Hunos, estes voltam a atacar invadindo o império, fazendo com que este entrasse em ruinas e nada sobrasse. Até que por fim, em 476, o ultimo imperador de Roma, Rómulo, é deposto, assinalando assim a queda do Império Romano do Ocidente.
Alterações
Após a queda do Império Romano, uma diversidade de Reinos surgiu no antigo espaço do reino, no entanto efémeros com fronteiras indefinidas, com exceção da Península Ibérica, e na Gália. A europa viveu assim um período ed instabilidade e violência, no qual diversas alterações a nível politico, económico, social e cultural aconteceram. A nível político, o caos favoreceu a anarquia e a injustiça, as autoridades deixaram de ser respeitadas e ninguém conseguia impor a ordem, passando o poder a pertencer aos mais fortes. A nível económico, a insegurança e pilhagens constantes favoreceu o abandono dos campos, as industrias e o comércio paralisaram, causando assim fomes e epidemias e a consequente quebra demográfica, as cidades perderam a sua importância e a população sobrevivia á base de uma economia de subsistência, havendo assim êxodo rural. Por fim, a vida cultural esmoreceu, visto que as cidades eram os principais centros de cultura, que foram assim destruídos. Houve um retrocesso cultural e a barbarização da europa. A igreja assumiu assim um papel de relevo, servindo de modelo ordenador e aglutinador de uma sociedade dividida, porque era a única instituição estável, organizada, capaz de impor justiça á comunidade de fieis e por ser a única coisa que os ligava ao antigo império, tendo também uma ação civilizadora, conseguindo cristianizar e barbarizar os bárbaros.